Julho de 2007 - res.ldschurch.eu

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Julho de 2007 - res.ldschurch.eu
A IGREJA DE JESUS CRISTO DOS SANTOS DOS ÚLTIMOS DIAS • JULHO DE 2007
MATÉRIA DA CAPA:
Seguir a
Mesma
Trilha p. 8
Terror e Glória nos
Últimos Dias, p. 18
Como Conversar
com os Jovens sobre
Pornografia, pp. 34, 38
Atividade: Onde Fica
Sião, no Mundo?
pp. A8, A12
Julho de 2007 Vol. 60 Nº. 7
A LIAHONA 00787 059
Publicação oficial em português d’A Igreja de Jesus Cristo
dos Santos dos Últimos Dias
A Primeira Presidência: Gordon B. Hinckley,
Thomas S. Monson, James E. Faust
Quórum dos Doze: Boyd K. Packer, L. Tom Perry,
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(A periodicidade varia de uma língua para outra.)
A LIAHONA, JULHO DE 2007
P A R A O S A D U LT O S
2
14
18
25
26
38
42
48
26 Parábolas do Mestre
Mensagem da Primeira Presidência:
O Perigo das Cunhas Ocultas
Presidente Thomas S. Monson
Três Ferramentas para Edificar um Lar Sagrado
Shirley R. Klein
Esta, a Maior de Todas as Dispensações
Élder Jeffrey R. Holland
Mensagem das Professoras Visitantes: Tornar-se
um Instrumento nas Mãos de Deus Praticando
a Santidade
Parábolas do Mestre
Conversa com os Jovens sobre Pornografia
Dan Gray
Vozes da Igreja
Lembrei-me dos Pioneiros
Daniel Cisternas
Tire as Crianças da Água! Janell Johnson
Conseguirei Falar Novamente?
Javier Gamarra Villena
Comentários
NA CAPA
Primeira capa: Fotografia: Riley M. Lorimer.
Última Capa: Fotografia dos jovens: Riley M. Lorimer;
fotografia de carrinhos de mão: Welden. C. Andersen.
18 Esta, A Maior de Todas
as Dispensações
CAPA DE O AMIGO
Ilustração: Jerry Thompson
IDÉIAS PARA A NOITE FAMILIAR
As idéias a seguir podem ser
usadas no ensino tanto
na sala de aula quanto
no lar.
“Lembrar-se de Iowa”,
p. 8: Pergunte à família o
que cada um levaria se
tivesse de se mudar,
como os pioneiros fizeram. Que
qualidades espirituais seriam necessárias para a jornada? Conte histórias de seus próprios antepassados
e das qualidades que os ajudaram.
“Três Ferramentas para Edificar
p. 14: Comecem
discutindo maneiras simples pelas
um Lar Sagrado”,
quais vocês podem tornar o lar um
lugar mais sagrado. Em seguida,
desfrutem uma refeição ou
sobremesa enquanto discutem a importância de realizarem refeições em família.
Por fim, planejem um
projeto que possam
realizar como família e discutam
que bênçãos espirituais e materiais podem receber por trabalharem juntos.
“Esta, A Maior de Todas as
p. 18: Convide cada
membro da família a descrever em
palavras ou por meio de desenhos
Dispensações”,
Ao procurar o anel (alemão) do CTR
escondido nesta edição, pense em como você
pode tornar sua família feliz.
O AMIGO:
PA R A A S C R I A N Ç A S
PA R A O S J O V E N S
Lembrar-se de Iowa Caroline H. Benzley
A Tua Fala Te Denuncia Élder L. Tom Perry
Minha Batalha contra a Pornografia Nome omitido
46 Você Sabia?
47 Mensagem Instantânea:
Desempenho Exemplar
Viktória Merényi
8
30
34
8 Lembrar-se
de Iowa
A2 Vinde ao Profeta Escutar:
Coragem no Milharal
Presidente James E. Faust
A4 Tempo de Compartilhar:
Fé em Família
Elizabeth Ricks
A6 Da Vida do Presidente
A4 Fé em Família
Spencer W. Kimball: Resistir
às Influências do Mal
A8 Coligação em Sião
A10 É o Suficiente Jane McBride Choate
A14 De um Amigo para Outro: Bênçãos do Templo
Élder Paul E. Koelliker
A16 Página para Colorir
A8 Coligação em Sião
TÓPICOS DESTA EDIÇÃO
“A Tua Fala Te Denuncia”,
p. 30: Encarregue um membro da
família de falar com a voz de um
tipo específico de pessoa, de um
bebê, de um personagem histórico
ou das escrituras. Peça aos membros da família que tentem adivinhar quem é a pessoa. Conte a
história do Élder L. Tom Perry e os
fuzileiros navais. Como nossa linguagem revela nosso caráter? Para
ajudar sua família a manter uma
boa linguagem, coloque as três
sugestões do Élder Perry em um
lugar bem visível.
“Coragem no Milharal”, p. A2:
Compare a história das irmãs
Rollins com a história de Néfi e
seus irmãos quando foram buscar
as placas de Labão (ver 1 Néfi 3–4).
Como a coragem foi demonstrada
em cada uma das histórias? Por
que é importante termos as
escrituras?
Ofender-se, 2
Arrependimento, 34
Oração, 43
Comunicação, 46
Parábolas, 26
Conversão, 42, A10
Perdão, 2
Coragem, A2, A6
Pioneiros, 8, 42
Corpo físico, 38
Pornografia, 34, 38, A6
Ensino familiar, 7
Primária, A4
Espírito Santo, 43
Professoras visitantes, 25
Família, 14, A4, A10, A16
Profetas, 8
Fé, 45
Responsabilidade, 14
Hinos, 47
Reunião de noite familiar, 1
História da família, A4
Sacerdócio, 46
Jesus Cristo, 26
Santidade, 25
Kimball, Spencer W., A6
Segunda Vinda, 18
Lar, 14
Templos, A10, A14
Liderança, 46
Trabalho, 14
Linguagem, 30
Virtude, 34, 38, A6
BORDA © ARTBEATS
suas esperanças de um futuro
melhor. Coloque em discussão coisas que possam impedir a realização
dessas esperanças. Leiam escrituras
sobre a fé. Como a fé pode ajudar
a afastar o temor? Usando o artigo,
discuta o que sua família pode fazer
parar regozijar-se no futuro.
A=O Amigo
A L I A H O N A JULHO DE 2007
1
MENSAGEM DA PRIMEIRA PRESIDÊNCIA
O Perigo das
Cunhas Ocultas
P R E S I D E N T E T H O M A S S. M O N S O N
Primeiro Conselheiro na Primeira Presidência
E
m abril de 1966, na Conferência Geral Anual da
Igreja, o Élder Spencer W. Kimball (1895–1985),
do Quórum dos Doze Apóstolos, fez um discurso
memorável. Ele citou uma história escrita por Samuel T.
Whitman, intitulada “Cunhas Esquecidas”. Também quero
citar alguns trechos do relato de Whitman, acrescentando
em seguida alguns exemplos de minha própria vida.
Whitman escreveu: “A tempestade de neve [daquele
inverno] não tinha sido muito forte. É verdade que alguns
fios de eletricidade haviam sido derrubados e que houve
2
um súbito aumento no número de acidentes ao longo da
rodovia. (...) Normalmente, a grande nogueira teria facilmente conseguido suportar o peso que se acumulou em
seus longos galhos. Foi a cunha de ferro escondida dentro
dela que causou o estrago.
A história da cunha de ferro começou muito tempo
antes, quando o fazendeiro de cabelos brancos [que hoje
mora na propriedade em que a nogueira se erguia] era um
menino na fazenda de seu pai. A serraria tinha acabado de
mudar-se do vale, e os novos moradores ainda encontravam ferramentas e peças de equipamento espalhadas por
toda parte. (...)
ILUSTRAÇÕES: DANIEL LEWIS
Naquele dia, em particular, [o menino
encontrou] uma cunha de madeireiro —
grande, plana e pesada, com 30 cm ou mais
de comprimento, entortada pelo uso. [A
cunha de madeireiro é utilizada para derrubar uma árvore, inserindo-se a cunha num
talho e golpeando-a com uma marreta para
alargar a fenda.] (...) Como já estava atrasado
para o jantar, o rapaz colocou a cunha (...)
entre os galhos da jovem nogueira que seu
pai havia plantado perto do portão principal.
Ele pretendia levar a cunha para o galpão
logo depois do jantar, ou em outra ocasião
em que estivesse passando por ali.
Ele realmente pretendia fazê-lo, mas
nunca o fez. [A cunha] estava ali entre os
galhos, um pouco espremida, quando ele
chegou à idade adulta. Estava ali, firmemente
presa, quando se casou e assumiu a fazenda
do pai. Estava parcialmente encoberta no
dia em que o pessoal da colheita jantou sob
a árvore. (...) Totalmente oculta na árvore,
a cunha ainda estava lá no inverno em que
caiu aquela tempestade de neve.
No silêncio gelado daquela noite de
inverno (...) um dos três galhos maiores se
partiu e caiu ruidosamente ao chão. O restante da árvore ficou com uma distribuição
desequilibrada de peso e também se partiu e
acabou tombando. Quando a tempestade passou, não restara sequer um broto da árvore
outrora majestosa.
Bem cedo pela manhã, o fazendeiro saiu
de casa para lamentar sua perda. (...)
Então seus olhos avistaram algo no tronco
desabado. ‘A cunha’, murmurou ele, reprovadoramente. ‘A cunha que eu encontrei no
pasto’. Num instante ele percebeu por que a
árvore tinha caído. Presa no tronco que crescia, a cunha impediu que as fibras dos galhos
se entrelaçassem como deviam”.1
Existem cunhas
ocultas na vida de
muitas pessoas que
conhecemos: sim,
talvez até em nossa
própria família.
Cunhas em Nossa Vida
Existem cunhas ocultas na vida de muitas
pessoas que conhecemos, sim, talvez até em
nossa própria família.
A L I A H O N A JULHO DE 2007
3
Gostaria de contar-lhes sobre um amigo muito querido,
que já partiu da mortalidade. Seu nome era Leonard. Ele
não era membro da Igreja, embora sua mulher e filhos fossem. Sua esposa serviu como presidente da Primária; seu
filho serviu honrosamente em uma missão. Tanto sua filha
quanto seu filho se casaram em solenes cerimônias no
templo e tinham suas respectivas famílias.
Todos que conheciam Leonard gostavam dele, tal como
eu. Ele apoiava a esposa e os filhos em seus chamados na
Igreja. Ele ia com eles a muitas atividades organizadas pela
Igreja. Ele levava uma vida digna e pura, uma vida de bondade e serviço ao próximo. Sua família e muitas outras pessoas se perguntavam por que Leonard tinha passado toda a
mortalidade sem as bênçãos que o evangelho proporciona
a seus membros.
Quando Leonard ficou idoso, sua saúde começou a
debilitar-se. Ele acabou sendo hospitalizado, às portas da
morte. Na última vez que conversei com Leonard, ele me
disse: “Tom, eu o conheço desde quando você era um
menino. Sinto que devo explicar-lhe por que nunca me
filiei à Igreja”. Então, ele contou algo que havia acontecido
com seus pais, há muitos e muitos anos. Relutantemente,
a família chegou a uma situação tal, que viu que precisaria
vender sua fazenda, e recebeu uma proposta. Nessa ocasião, um fazendeiro vizinho pediu-lhes que vendessem a
fazenda para ele, embora por um preço menor, acrescentando: “Sempre fomos bons amigos. Desse modo, se eu
comprar a sua fazenda, poderei tomar conta dela”. Por fim,
os pais de Leonard concordaram em vender a fazenda. O
comprador, aquele vizinho, ocupava um cargo de responsabilidade na Igreja, e a confiança que isso suscitava ajudou a convencer a família a vender-lhe a fazenda, embora
não tivessem percebido que receberiam muito mais se a
tivessem vendido para o primeiro comprador interessado.
Pouco tempo depois de a venda ter sido efetuada, o vizinho vendeu a própria fazenda juntamente com a fazenda
comprada da família de Leonard, que combinadas ficaram
muito valorizadas e alcançaram um preço de venda bem
mais alto. A antiga dúvida sobre o motivo pelo qual Leonard
jamais se filiara à Igreja tinha sido respondida. Ele sempre
sentira que sua família tinha sido enganada.
Ele confidenciou-me, depois de nossa conversa, que
sentia como se um grande fardo tivesse sido finalmente
4
removido de suas costas, ao preparar-se para encontrar-se
com o Criador. A trágedia foi que uma cunha oculta impedira que Leonard progredisse espiritualmente nesta vida.
Decidir Amar
Conheço uma família que veio da Alemanha para a
América. A língua inglesa era difícil para eles. Tinham poucos recursos, mas todos foram abençoados com amor ao
trabalho e amor a Deus.
Seu terceiro filho nasceu, mas viveu apenas dois meses
e depois morreu. O pai era marceneiro e construiu um belo
caixão para o corpo de seu querido filho. O dia do funeral
foi sombrio, expressando a tristeza que sentiam pela morte
do filho. A família caminhou até a capela, com o pai carregando o pequeno caixão, e um pequeno grupo de amigos
se reuniu. Mas a porta da capela estava trancada. O atarefado bispo tinha-se esquecido do funeral. Todas as tentativas de encontrá-lo foram em vão. Sem saber o que fazer,
o pai colocou o caixão debaixo do braço e carregou-o de
volta para casa, com a famíla a seu lado, caminhando sob
uma chuva torrencial.
Se a família tivesse um caráter mais fraco, eles poderiam
ter culpado o bispo e guardado ressentimentos. Quando
o bispo ficou sabendo da tragédia, foi visitar a família e se
desculpou. Com a mágoa ainda evidente no rosto, mas
com lágrimas nos olhos, o pai aceitou as desculpas, e os
dois se abraçaram num espírito de compreensão. Não restou nenhuma cunha oculta para causar mais sentimentos
de raiva. O amor e a aceitação prevaleceram.
O espírito precisa ser libertado de tudo que impeça
seu progresso e de ressentimentos não resolvidos para
que a alma sinta alegria na vida. Em muitas famílias, há
sentimentos feridos e uma relutância em perdoar. Não
importa, realmente, qual tenha sido a questão. Não podemos nem devemos permitir que ela continue a magoar-nos.
Condenar o outro faz com que as feridas permaneçam abertas. Somente o perdão cura. George Herbert, um poeta do
início do século XVII, escreveu: “Aquele que não perdoa
destrói a ponte que ele próprio precisará atravessar se desejar atingir o céu, porque todos precisamos ser perdoados”.
Belas são as palavras do Salvador quando estava prestes
a morrer na impiedosa cruz. Ele disse: “Pai, perdoa-lhes,
porque não sabem o que fazem”.2
DETALHE DE A CRUCIFICAÇÃO, DE HARRY ANDERSON
Disposição de Perdoar
Há pessoas que têm dificuldade em perdoar a si mesmas e se apegam a suas supostas imperfeições. Gosto muito da história
de um líder religioso que ficou ao lado de
uma mulher que estava morrendo, tentando
confortá-la, mas sem ter sucesso. “Estou
perdida”, disse ela. “Arruinei minha vida e
a de todos a meu redor. Não há esperança
para mim”.
O homem notou um retrato de uma linda
menina sobre a cômoda. “Quem é ela?” perguntou ele.
A mulher ficou radiante. “Ela é minha filha,
a única coisa bela em minha vida”.
“E você a ajudaria, se ela estivesse com problemas ou tivesse cometido um erro? Você a
perdoaria? Ainda continuaria a amá-la?”
“Claro que sim!” exclamou a mulher. “Eu
faria qualquer coisa por ela. Por que me pergunta isso?”
“Porque quero que você saiba”, disse
o homem, “que, figurativamente falando,
o Pai Celestial tem um retrato seu sobre a
cômoda Dele. Ele a ama e vai ajudá-la. Peça
Seu auxílio”.
A cunha oculta que impedira sua felicidade
foi removida.
Num momento de perigo ou de provação,
esse conhecimento, essa esperança e essa
compreensão proporcionam consolo para a
mente perturbada e o coração aflito. Todo o
Novo Testamento transmite a mensagem de
renascimento da alma humana. As sombras
do desespero são dispersas pelos raios de
esperança, a tristeza é substituída pela felicidade, e o sentimento de estarmos perdidos
na multidão desaparece com a certeza de
que o Pai Celestial Se importa com cada um
de nós.
O Salvador garantiu a veracidade disso
ao ensinar que nenhum pardal cai ao chão
sem que o Pai Celestial saiba. Ele concluiu
essa bela mensagem, dizendo: “Não
temais, pois; mais valeis vós do que muitos
passarinhos”.3
Há algum tempo, li o seguinte artigo
da Associated Press publicado num jornal.
“Desde a juventude, um homem idoso
morava com o irmão, uma pequena cabana
de um só cômodo, nos arredores de Canisteo,
Nova York. No funeral do irmão, ele contou
que, depois de uma briga, quando jovens,
eles dividiram o quarto ao meio com uma
B
elas são as
palavras do
Salvador
quando estava
prestes a morrer
na impiedosa cruz.
A respeito dos que
O crucificavam, Ele
disse: “Pai, perdoalhes, porque não
sabem o que fazem”.
linha riscada a giz no chão, e que nenhum
deles havia cruzado a linha ou trocado uma
única palavra com o outro desde aquele dia,
A L I A H O N A JULHO DE 2007
5
P
recisamos
vencer nosso
ego, nosso
orgulho e mágoa
e, depois, dar um
passo à frente e
dizer: “Eu realmente
sinto muito! Vamos
ser o que já fomos
um dia: amigos.
62 anos antes.” Que cunha oculta poderosa e
destrutiva.
Como Alexander Pope escreveu: “Errar é
humano, perdoar é divino”.4
Tomar a Iniciativa
Às vezes, nos ofendemos com muita
facilidade. Em outras ocasiões, somos teimosos demais para aceitar um sincero
pedido de desculpa. Precisamos vencer
nosso ego, nosso orgulho e mágoa e,
depois, dar um passo à frente e dizer: “Eu
realmente sinto muito! Vamos ser o que
já fomos um dia: amigos. Não passemos
para as gerações futuras os ressentimentos
e rancores de nossa época”. Removamos
todas as cunhas ocultas que só servem
para destruir-nos”.
De onde se originam as cunhas ocultas?
Algumas resultam de disputas não resolvidas, que levam a maus sentimentos, seguidos de remorso e tristeza. Outras começam
6
com desapontamentos, invejas, discussões
e mágoas imaginárias. Precisamos resolvêlas, deixá-las de lado e não permitir
que germinem, se espalhem e acabem
destruindo.
Uma amável senhora de mais de noventa
anos de idade veio procurar-me certo dia e
inesperadamente me contou várias mágoas
que tinha. Ela mencionou que muitos anos
antes, um fazendeiro vizinho, com quem
ela e o marido haviam tido desentendimentos ocasionais, pediu se poderia cortar
caminho por dentro de sua propriedade
para chegar até as terras dele. Ela fez uma
pausa, então, com a voz trêmula, disse:
“Tommy, eu não deixei que ele cruzasse
nossa propriedade, mas fiz com que ele
desse toda a volta, a pé, para chegar até as
terras dele. Eu errei e me arrependo disso.
Ele já morreu, mas como eu
gostaria de lhe dizer: ‘Eu sinto
muito’. Como desejaria ter uma
segunda chance”.
Ao ouvir seu relato, as palavras escritas por John Greenleaf
Whittier vieram-me à mente: “De
todas as palavras tristes escritas
ou faladas, a mais triste de todas
é: ‘Poderia ter sido’”.5
Em 3 Néfi, no Livro de
Mórmon, lemos este conselho
inspirado: “Não haverá disputas
entre vós (...).
Pois em verdade, em verdade
vos digo que aquele que tem o
espírito de discórdia não é meu,
mas é do diabo, que é o pai da
discórdia e leva a cólera ao coração dos homens, para contenderem uns com os outros.
Eis que esta não é minha doutrina, levar a
cólera ao coração dos homens, uns contra
os outros; esta, porém, é minha doutrina:
que estas coisas devem cessar”.6
Gostaria de concluir com o relato de dois homens que
são heróis para mim. Seus atos de coragem não foram
realizados em escala nacional, mas, sim, num lugar pacífico conhecido como Midway, Utah.
Transpor o Abismo
Há muitos anos, Roy Kohler e Grant Remund serviram
juntos em cargos na Igreja. Eles eram muito amigos. Eram
fazendeiros e tinham plantações e gado leiteiro. Houve,
então, um mal-entendido que se transformou numa certa
rixa entre os dois.
Mais tarde, quando Roy Kohler ficou gravemente
enfermo com câncer e tinha pouco tempo de vida, minha
esposa, Frances, e eu visitamos Roy, e eu lhe dei uma bênção. Ao conversarmos em seguida, o irmão Kohler disse:
“Quero contar-lhe uma das coisas mais sublimes que já
me aconteceu na vida”. Ele então me contou sobre os
mal-entendidos que tivera com Grant Remund e a discórdia que se estabelecera entre eles. Ele disse: “Estávamos
brigados um com o outro”.
“Então”, prosseguiu Roy, “eu tinha acabado de juntar
o feno para o inverno quando, certa noite, devido a uma
combustão espontânea, o feno pegou fogo, queimando
todo o estábulo e tudo que estava nele. Fiquei desolado”,
disse Roy. “Não sabia o que fazer. A noite estava escura,
com exceção das brasas que já se apagavam. Foi então
que vi faróis de tratores e equipamento pesado chegando
pela estrada, vindo da propriedade de Grant Remund.
Quando o grupo de resgate entrou em nossa propriedade e me encontrou ali com lágrimas no rosto, Grant
disse: ‘Roy, você tem uma grande bagunça para arrumar.
Meus rapazes e eu estamos aqui. Vamos ao trabalho’.”
Os homens se empenharam juntos na tarefa que tinham
diante de si. A cunha oculta que os separara por algum
tempo desapareceu para sempre. Eles trabalharam juntos
a noite inteira e todo o dia seguinte, auxiliados por várias
pessoas da comunidade.
Roy Kohler e Grant Remund já faleceram. Seus filhos
serviram juntos no mesmo bispado da ala. Considero realmente preciosa a amizade dessas duas famílias maravilhosas.
Sejamos sempre um exemplo em nosso lar e no fiel cumprimento de todos os mandamentos; que não haja cunhas
ocultas, mas lembremo-nos da admoestação do Salvador:
“Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos
amardes uns aos outros”.7 ■
NOTAS
1. Conference Report, abril de 1966, p. 70.
2. Lucas 23:34.
3. Mateus 10:31.
4. An Essay on Criticism, 1711, parte 2, linha 525.
5. “Maud Muller”, The Complete Poetical Works of Whittier,
1892, p. 48.
6. 3 Néfi 11:28–30.
7. João 13:35.
I D É I A S PA R A O S M E S T R E S
FAMILIARES
Depois de se preparar em espírito de oração, compartilhe
esta mensagem, utilizando um método que incentive a participação daqueles a quem você estiver ensinando. Seguem-se
alguns exemplos.
1. Peça a um membro da família que tente dar um laço no
cadarço do sapato com uma só mão. Coloque em discussão:
as rixas são como usar uma só mão para amarrar o sapato
e recusar ajuda. Compartilhe alguns exemplos citados pelo
Presidente Monson sobre como a vida das pessoas melhorou
quando perdoaram uns aos outros. Convide outra pessoa a
ajudar a dar o laço no cadarço do sapato. Testifique que o
perdão permite que recebamos maiores bênçãos.
2. Resuma a história da cunha e da árvore. Pergunte
como a recusa em perdoar se assemelha a deixar uma cunha
na árvore. De que modo essa recusa nos torna mais fracos?
Como o perdão conduz à cura? Leia um dos relatos do
Presidente Monson para ilustrar a necessidade do perdão.
Testifique a respeito das bênçãos que você recebeu por
seguir o exemplo de perdão do Senhor.
3. Pegue um fio de linha e divida a sala ao meio. Peça a
alguns membros da família que fiquem de pé em um lado da
sala e o restante, do outro lado. Conte novamente a história
dos dois irmãos. Remova o fio e discuta maneiras de evitar o
espírito de contenda. Leia João 13:35 e sugira aos membros
da família que demonstrem amor uns pelos outros.
A L I A H O N A JULHO DE 2007
7
Os carrinhos de mão e os pioneiros que
caminharam até Sião tornaram-se um
símbolo da migração SUD e da edificação da Igreja.
CAROLINE H. BENZLEY
N
uma manhã de verão de 1856, Janetta McBride, de
16 anos, começou a caminhar de Iowa até o vale do
Lago Salgado.
Sua jornada começara alguns meses antes, quando partira da Inglaterra com a família e cruzara o oceano Atlântico
de navio. Depois de chegarem aos Estados Unidos, continuaram a viagem de trem até Iowa City, Iowa, onde terminava a ferrovia que seguia para o oeste.
Em Iowa City, a família de Janetta juntou-se aos santos
dos últimos dias que uniam forças e suprimentos para a
parte final da jornada — uma caminhada de mais de dois
mil quilômetros, puxando ou empurrando carrinhos de
mão. Janetta McBride ficou com a Companhia Martin de
carrinhos de mão, uma das sete companhias que partiram
de Iowa City entre 1856 e 1857.
Olhando para o Oeste
Hoje, 150 anos depois, estamos no dia 9 de junho de
2006. Mais uma companhia de carrinhos de mão está partindo de Iowa City.
Dessa vez, porém, a companhia é formada por cerca de
70 rapazes e moças da Estaca Iowa City Iowa. Trajando roupas de pioneiros, com carrinhos de mão cheios de suprimentos, esses jovens estão reunidos no Parque Mórmon de
8
Carrinhos de Mão, nos arredores de Iowa City — o mesmo
lugar de onde partiu a primeira companhia de carrinhos de
mão, há exatamente 150 anos, no dia 9 de junho de 1856.
Ao nos voltarmos para o oeste, não há como não pensar
nos primeiros pioneiros que dali partiram há tanto tempo.
O jovem Kameron Hansen, da Ala I de Iowa City, pensa
em sua pentavó, Janetta McBride. Kameron, de 14 anos,
tem quase a mesma idade que tinha Janetta ao começar sua
caminhada até Sião.
“Gosto de pensar que ela ficaria muito contente de me
ver fazendo isso”, diz Kameron. “Espero que ela sinta orgulho por sua família continuar fiel na Igreja”. Kameron sabe
que sua jornada será bem mais curta e fácil do que a de
Janetta, mas sente-se grato por seus antepassados e pela
oportunidade de homenageá-los.
Anna Shaner, do Ramo Fairfield, também se sente
grata por honrar os pioneiros. Ela está admirada por eles
terem cruzado a fronteira, sem saber se sobreviveriam.
Anna sente-se muito fortalecida ao pensar nas pessoas
que, em suas palavras, “tiveram fé no que deviam fazer,
e coragem para fazê-lo”.
Essa longa jornada a pé é uma excelente oportunidade
para que todos os jovens de Iowa City honrem seus antepassados. Quer tenham pioneiros das companhias de carrinhos de mão na linhagem familiar ou não, os jovens são
membros da Igreja, portanto os pioneiros de carrinhos de
mão são seus antepassados espirituais.
Por Que Iowa?
Hoje, Iowa City, Iowa, é o coração do centro-oeste dos
Estados Unidos, mas há 150 anos, era a última fronteira
conhecida — o extremo oeste da ferrovia. A maioria dos
À ESQUERDA: ILUSTRAÇÃO: ERIC P. JOHNSEN; FOTOGRAFIAS: RILEY M. LORIMER E JANET THOMAS, EXCETO QUANDO INDICADO
LEMBRAR-SE
DE IOWA
Adolescentes da Estaca Iowa City empurram
seus carrinhos de mão, partindo do mesmo
lugar de onde os pioneiros de carrinhos de
mão partiram, em 1856. A trilha é hoje
preservada como um parque estadual.
A L I A H O N A JULHO DE 2007
9
E
mbora a jornada atual
dure apenas
um dia, é suficiente
para que os jovens se
dêem conta das dificuldades enfrentadas pelos pioneiros
de carrinhos de
mão. Página ao
lado: Jeff Fillmore
tenta reproduzir as
roupas que um
jovem pioneiro de
sua idade deve ter
usado. Allison Engle
e Summer Burch
experimentam
chapéus.
10
primeiros conversos que acamparam nos arredores de Iowa City, em 1856, eram emigrantes
da Europa. Já haviam viajado bastante, vindo
de muito longe, e tinham pouco dinheiro para
comprar carroções e suprimentos. Os moradores de Iowa City foram tolerantes com os
santos dos últimos dias, e os diários dos pioneiros relatam os atos de bondade praticados
por aquelas pessoas.
Quando o Presidente Brigham Young
anunciou as viagens de carrinhos de mão
como uma opção mais barata e rápida de viajar para Sião, aqueles santos ficaram ansiosos
para colocar à prova aquela alternativa. A primeira companhia de carrinhos de mão partiu
de Iowa City em 9 de junho de 1856.
A maioria das companhias de carrinhos
de mão fez a exaustiva jornada até o vale do
Lago Salgado em segurança, mas a viagem
foi bem mais difícil para o grupo de Janetta
McBride, a Companhia Martin, e também para
a Companhia Willie. As duas companhias foram
surpreendidas por tempestades de neve antecipadas, e mais de 200 pessoas morreram. A
jornada daquelas pessoas exigiu um imenso
sacrifício, que só pôde ser suportado devido
a sua fé no Pai Celestial e em Seu plano. Essa
mesma fé motivou todas as companhias de carrinhos de mão que percorreram aquele trajeto,
empurrando e puxando seus carrinhos até Sião.
Em 2006, a trilha dos carrinhos de mão fez
parte de uma comemoração sesquicentenária
dessa fé. Os membros da Estaca Iowa City
promoveram eventos, tais como um simpósio acadêmico, um festival pioneiro e uma
reunião devocional ecumênica. Esses eventos
homenagearam não apenas os pioneiros de
carrinhos de mão mas também os moradores
de Iowa que os ajudaram.
CONTE-ME UMA HISTÓRIA
R I L E Y M . LO R I M E R
Seguir o Profeta
Revistas da Igreja
Depois de um longo dia de caminhada pelos montes de
Iowa, os jovens têm agora um momento para refletir sobre
sua experiência. Emma Pauley lê novamente sobre a fé, em
Éter 12, que ela aprendeu nas aulas do seminário.
“Não sei se conseguiria percorrer todo o caminho a pé
até Utah”, diz Emma, “Mas os pioneiros conseguiram, e sei
que isso aconteceu graças à fé que eles tinham. Todas as
coisas grandiosas são feitas pela fé.”
A fé que os pioneiros dos carrinhos de mão possuíam
permitiu que atendessem ao chamado do Presidente Young
para que se reunissem no vale do Lago Salgado. Seu exemplo faz com que, para os jovens de Iowa City, seja mais fácil
seguir o conselho do profeta nos dias de hoje.
Uma das maneiras pelas quais jovens como Kameron
Hansen podem seguir o profeta é completando seu programa Dever para com Deus. Como ele explica: “Quando
penso nos pioneiros e no sacrifício deles, sinto mais vontade de cumprir todos os requisitos, para poder também
seguir o profeta”.
Seguir o profeta é algo muito importante para esses
jovens, e eles anseiam pela oportunidade de
vê-lo no domingo seguinte, num serão
comemorativo. A oportunidade de ouvir
a voz do profeta será o ponto alto da
comemoração.
Os primeiros pioneiros devem ter
sentido essa mesma emoção, quando
caminharam para o vale do Lago Salgado,
sabendo que a cada passo estariam
mais próximos de seu líder e
da oportunidade de
ouvir sua voz.
“É como um
tesouro que
As abelhinhas da Ala I de Iowa City eram jovens
demais para participar da jornada de carrinhos de mão,
mas estavam decididas a fazer parte da comemoração
dos pioneiros de carrinhos de mão. Por recomendação
de uma de suas líderes, as moças serviram como contadoras de história no Festival de Carrinhos
de Mão.
As meninas decidiram usar essa
experiência como projeto do Progresso
Pessoal. Cada menina costurou seu
próprio chapéu, como parte de sua
autêntica fantasia de pioneira para o
festival. Praticaram por várias horas
até decorarem o episódio que escolheram: a história de Fanny Fry, que viajou com a Companhia George Rowley
de carrinhos de mão em 1859.
Fanny foi separada da família
e enfrentou muitas dificuldades
enquanto cruzava as planícies. Certo
dia, ela desmaiou e foi atropelada por seu próprio carrinho de mão. Achando que a menina estivesse morta, caridosas irmãs começaram a preparar o funeral dela. As
abelhinhas de Iowa adoram contar como aquelas boas
irmãs ficaram surpresas quando Fanny abriu os olhos.
Apesar de seus ferimentos, Fanny prosseguiu com firmeza e por fim reencontrou sua irmã.
“Adoro pensar em como Fanny foi corajosa a ponto de
deixar a família e sobreviver”, diz Summer Burch. “Ela era
muito forte.”
“Eu a admiro porque ela nunca tinha uma atitude
negativa, mesmo quando as coisas davam errado”, diz
Allison Engle.
Na manhã do festival, Summer e Allison, juntamente
com outras abelhinhas, Miranda Decker, Kendra Dawson,
Lyssa Abel e Jenna Abel, demonstraram ter as mesmas
qualidades que tanto admiravam em Fanny Fry. Ventava
muito naquele dia chuvoso e frio. Mas elas enfrentaram o
frio com um coração disposto e um sorriso alegre. Cada
menina estava em seu posto, trajando uma roupa completa de pioneira, pronta para contar a história de Fanny
a todos que quisessem ouvi-la. ■
A L I A H O N A JULHO DE 2007 11
A HISTÓRIA DOS
CARRINHOS DE MÃO
Extraído de LeRoy R. Hafen e Ann W. Hafen, Handcarts
to Zion, 1960.
12
nos aguarda no final”, diz Skylar Hansen, da Ala I de
Iowa City.
Tendo concluído a jornada, os jovens de Iowa City estão
agora se aproximando de seu tesouro, mas ainda não chegaram lá. O dia seguinte é sábado, e há muito trabalho a fazer.
Agradecimentos
No ano de 2006, os membros da Estaca Iowa City Iowa
se mantiveram atarefados servindo às pessoas necessitadas da região. Essa foi a maneira de os membros dizerem
obrigado a uma comunidade que tanto ajudou os primeiros santos.
Hoje, os jovens têm a chance de servir. Embora 6h30
da manhã pareça muito cedo, Marc Humbert, da Ala I de
Iowa City, disse que a jornada do dia anterior deu-lhe mais
disposição e ânimo para acordar cedo e começar a servir.
“Participar da jornada me ajudou a lembrar o que era mais
importante”, disse ele, “e foi mais fácil servir”.
Marc não foi o único a mostrar-se ávido para servir.
Apesar da chuva que caía, era visível o entusiasmo dos
jovens que se revezavam visitando casas de repouso para
idosos, lavando carros de polícia, levando alimentos aos
albergues locais e limpando um parque.
Prestar esse serviço era o mínimo que eles podiam fazer
À ESQUERDA: FOTOGRAFIA DE CARRINHOS DE MÃO: WELDEN C. ANDERSEN
Eis alguns fatos históricos dos pioneiros
de carrinhos de mão:
• O Presidente
Brigham Young instruiu os santos dos
últimos dias a viajar
para Sião com carrinhos de mão porque
eram mais baratos que os carroções cobertos, permitindo que um número bem maior de santos conseguisse fazer a jornada.
• Ao todo, houve dez companhias de carrinhos de
mão, de 1856 a 1860.
• Os santos viajavam pela ferrovia até Iowa City,
Iowa. Depois de se equiparem, 7 das 10 companhias
de carrinhos de mão partiram de Iowa City. As outras
partiram de Florence, Nebraska.
• A maioria dos pioneiros de carrinhos de mão era
formada por emigrantes da Europa. Eles vieram da
Inglaterra, País de Gales, Escócia, Irlanda, Dinamarca,
Suécia, Noruega, Suíça e Itália.
• Com exceção das Companhias Willie e Martin (que
partiram tarde e foram apanhadas por tempestades de
neve antecipadas), as companhias registraram poucas
mortes ao longo da trilha.
• Embora as companhias de carrinhos de mão
tivessem enfrentado dificuldades, a fé manifestada por
muitos de seus integrantes permaneceu firme. Priscilla
M. Evans, da Companhia Bunker, disse: “As pessoas
zombavam de nós enquanto caminhávamos empurrando nossos carrinhos, mas o tempo foi agradável,
e as estradas eram excelentes, e embora eu tenha
adoecido e todos ficássemos muito cansados à noite,
ainda assim achamos que foi um modo glorioso de
viajar para Sião”. ■
O
Presidente
Gordon B.
Hinckley
fala em um serão.
Os jovens estão
emocionados com
a oportunidade
de ouvir o profeta
depois de passarem
um dia inteiro
prestando serviço
à comunidade.
para expressar gratidão à cidade que ajudou
os primeiros santos.
A História dos Carrinhos de Mão É a Minha
História
Depois de caminhar o dia inteiro na sextafeira e prestar serviço no sábado, os jovens sentem-se felizes por ser domingo — o momento
de ouvir o profeta em pessoa. Sentados agora
com suas respectivas famílias no serão comemorativo, os rapazes e moças sentem-se gratos
por sua nova compreensão da experiência dos
carrinhos de mão. As palavras do Presidente
Gordon B. Hinckley os inspiram a dar continuidade ao legado de fé que os pioneiros dos
carrinhos de mão deixaram. Ele diz aos jovens:
“Precisamos lembrar-nos sempre daqueles que
pagaram um preço terrível para estabelecer os
alicerces da grande obra destes últimos dias”.
Os pioneiros que partiram de Iowa City
em 1856 teriam se regozijado ao ouvir falar
dos pioneiros modernos que moram hoje na
Estaca Iowa City. Provavelmente se sentiriam
inspirados pela coragem dos jovens de hoje
que se esforçam em viver o evangelho em
um mundo tão confuso.
Anna Shaner, por exemplo, esforça-se
arduamente para ser um bom exemplo para
suas amigas e sua família. Sua fé lhe dá a força
de que precisa para permanecer no rumo
certo. Ela diz: “A experiência dos pioneiros
significa muito para mim porque eles
fizeram isso por mim. É a
minha história”. ■
Três Ferramentas
para Edificar um
LAR SAGRADO
As atividades diárias de nosso lar oferecem oportunidades para colocar em
prática o amor, o serviço, a obediência
e a cooperação.
sexo. Seria bom se pudéssemos expulsar esses invasores,
batendo neles com utensílios domésticos, mas já perdemos muitos de nossos rolos de massa e vassouras.
SHIRLEY R. KLEIN
Hoje em dia, é normal ouvirmos as jovens descreverem
suas metas para o futuro em termos de uma carreira profissional emocionante. Essas jovens provavelmente também desejam ser esposas e mães, mas hoje em dia parece
mais adequado anunciar em primeiro lugar as metas profissionais. Embora valorizemos essas oportunidades para
as mulheres, a maternidade e as prendas domésticas quase
desapareceram da sociedade moderna como uma jornada
natural e valorizada a ser trilhada pelas mulheres.
Em vez disso, a idéia dominante é a de que se as mulheres tiverem acesso às conveniências modernas, para cuidar
do lar e da família, estarão livres para buscar suas próprias
realizações. O lar é freqüente e erroneamente considerado
um lugar do qual as mulheres precisam se libertar. Algumas
ideologias até desejam que as mulheres pensem que os
deveres domésticos limitam seu potencial, e há mulheres
e homens que ficam tentados a desprezar os aspectos diários e importantes da vida no lar; por isso é que estão desaparecendo nossos rolos de massa e nossas vassouras.
Embora as conveniências modernas nos tenham libertado de alguns trabalhos no cuidado do lar, elas resultaram
no declínio da vida doméstica. Somos tentados a desprezar
o valor das atividades domésticas diárias, como as refeições
feitas em família e, nesse processo, perdemos importantes
oportunidades de crescimento individual e familiar. A escritora Cheryl Mendelson explica: “À medida que as pessoas
se tornam cada vez mais dependentes de instituições
externas para atender a suas necessidades [diárias],
(...) [nossas] habilidades e expectativas (...) diminuem,
Professora adjunta da Universidade Brigham Young,
Faculdade de Vida Familiar
P
ara os pioneiros, cuidar do lar significava trabalhar
arduamente e proteger-se do ambiente físico hostil.
Pensem na história de Ann Howell Burt. Ela emigrou
do País de Gales, casou-se e foi morar em um abrigo escavado na encosta de um monte, no norte de Utah, durante
o verão de 1863. Como jovem mãe, ela teve de trabalhar
arduamente para manter a família em ordem e cuidar de
suas necessidades. Ela registrou o seguinte em seu diário:
“Há alguns dias, matei uma cascavel com um rolo de
massa, quando ela subia a escada, rastejando. Eu estava
preparando o jantar, e o bebê estava no chão de terra. (...)
Fiquei muito assustada. (...)
(...) Há poucos dias, quando eu estava mantendo as
moscas afastadas do rosto do bebê, enquanto ele dormia
(...), descobri (...) uma grande tarântula subindo em direção à criança. Peguei a vassoura e a empunhei na direção
da tarântula. Quando ela subiu na vassoura (...) corri para
jogá-la no fogo.”1
Embora nem todos tenhamos que nos preocupar com
tarântulas ou serpentes invadindo nossa casa, temos influências até mais perigosas que nos ameaçam. Nossas tarântulas
e serpentes são morais e podem ser muito sutis. Incluem o
aborto, o desprezo pelas tarefas domésticas, a dificuldade
para realizar refeições em família, a inversão dos papéis do
pai e da mãe, o enfraquecimento do casamento pelo divórcio, e coabitação e casamento entre pessoas do mesmo
14
O Declínio da Vida Doméstica
reduzindo assim a probabilidade de que o lar consiga satisfazer a essas necessidades”.2
Numa conferência geral, o Presidente Spencer W. Kimball
(1895–1985) advertiu: “Muitas restrições sociais que no passado ajudaram a fortalecer e amparar a família estão-se dissolvendo e desaparecendo. Tempo virá em que somente
os que acreditarem profunda e ativamente na família conseguirão preservá-la, em meio ao mal que se fortalece ao
nosso redor”.3
Proteger Nosso Lar e Nossa Família
Como conseguiremos defender nosso lar do “mal que
se fortalece” e progredir rumo a nossas metas eternas?
FOTOGRAFIAS: HYUN-GYU LEE E MIN HEE LEE, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS
Em primeiro lugar, precisamos redescobrir e preservar
No Bible
Dictionary, lemos: “Só o lar pode comparar-se ao templo,
em santidade”.4 Se o nosso lar é comparado ao templo, o
que existe nele que o torna sagrado? Um dicionário define
sagrado como algo “pertencente ou dedicado a Deus;
digno de reverência; separado ou dedicado a uma pessoa,
objeto ou propósito; inviolável, que não se pode infringir;
vedado ou imune, como à violência ou interferência.”5
Apliquem esse conceito de sagrado às atividades diárias
do lar, como a hora das refeições, a música, a recreação,
lavar roupa e cuidar do lar e do quintal. Atividades materiais podem ter um propósito mais elevado e não devem
ser menosprezadas; elas nos dão a oportunidade de desenvolver e praticar as virtudes de caráter e o comportamento
a natureza sagrada do lar e seus propósitos.
ético. Realizando essas atividades diárias, podemos aprender verdades morais e praticar a honestidade, paciência,
caridade e bondade fraternal. Da recreação e das tarefas diárias do lar provém um rico contexto para que as crianças e
os adultos façam escolhas e aprendam com elas. Por exemplo, um filho, um cônjuge ou até um colega de quarto pode
decidir contribuir no lar, vendo o que precisa ser feito e
fazendo essas coisas com alegria. Ou então a pessoa pode
optar por esperar que lhe peçam, e depois reclamar da
inconveniência.
Os eventos diários do lar podem parecer tão simples a
ponto de menosprezarmos sua importância — tal como
aconteceu com os filhos de Israel ao serem castigados por
uma praga de serpentes. Para serem curados, eles tinham
simplesmente que olhar para uma serpente de bronze pendurada em uma haste (ver Números 21:8–9); mas, por isso
ser tão simples, muitos não o fizeram. “Por causa da simplicidade do método, ou seja, da facilidade dele, houve muitos que pereceram” (1 Néfi 17:41). As atividades diárias de
nosso lar podem ser simples, mas justamente por serem
simples, freqüentes e repetidas, elas oferecem oportunidades para edificar as pessoas e a família.
Em segundo lugar, precisamos fazer das refeições em
Hoje, muitos acham mais fácil
fazer individualmente um lanche rápido na cozinha, jantar
no carro ou ir ao restaurante mais próximo, para uma
refeição rápida, em vez de preparar o alimento e sentar-se
juntos em família.
família um evento diário.
A L I A H O N A JULHO DE 2007 15
A
té a menor
das crianças
pode sentirse individualmente
valorizada por algo
tão terreno quanto
dobrar a roupa
lavada. Ao longo dos
anos, à medida que
a complexidade das
tarefas aumenta, as
crianças adquirem
confiança em sua
capacidade de
decidir e fazer
coisas dignas.
16
O que estamos perdendo? A refeição em
família tem inúmeros efeitos benéficos. Há
evidências de que as refeições em família
ajudam as crianças a ter uma nutrição
melhor,6 menos problemas psicológicos e
menos comportamentos arriscados e autodestrutivos.7 A refeição em família num
ambiente positivo também desempenha um
papel importante na prevenção de práticas
pouco saudáveis de controle de peso.8
O simples ato de preparar uma refeição e
desfrutá-la juntos ajuda os membros da família a manter-se unidos. A refeição não precisa
ser sofisticada, para criar um momento no
qual podemos ficar sabendo dos sentimentos
que cada pessoa teve durante o dia. As distrações externas podem ser administradas, de
modo que a atenção se concentre no ato de
passar as travessas uns para os outros, no de
conversar e no de interagir. As crianças aprendem a compartilhar os alimentos com a família, em vez de pedir porções individualizadas,
como acontece num restaurante. A hora da
refeição em família dá aos filhos uma sensação de segurança, pois eles sabem o que é
esperado no fim de cada dia. Também é o
momento de expressar em uma oração a Deus
a nossa gratidão pela refeição e por outras
bênçãos. Talvez o mais importante seja que a
rotina das refeições em família possa promover conversas informais sobre o evangelho.
Em terceiro lugar, precisamos reconhecer
que as atividades em família têm efeitos
temporais e espirituais. Deus só nos deu man-
damentos espirituais — nenhum deles é temporal (ver D&C 29:35). Temporal significa algo
que dura somente pelo período desta vida. Os
mandamentos de Deus são eternos. Podemos
aplicá-los em nosso lar, dando-nos conta de
que nossas ações na Terra têm conseqüências
eternas. Nossas ações determinam a pessoa
em que nos tornaremos hoje e na vida futura.
Por exemplo, à medida que o pai e a mãe
“[amem]-se mutuamente e [amem] os filhos,
e (...) [cuidem] um do outro e dos filhos”,9
estarão promovendo o desenvolvimento de
características que lhes permitirão progredir
juntamente com os filhos na eternidade.
No lar, aprendemos lições de vida que edificam um caráter forte. O pesquisador familiar
Enola Aird nos lembra que no lar aprendemos
a trabalhar e a governar-nos, aprendemos boas
maneiras e princípios morais, aprendemos a nos tornar
auto-suficientes — ou não.10 “Sem o trabalho humanizador dos pais, mesmo que os filhos sejam muito inteligentes, altamente instruídos e bem-sucedidos, pode ser que
eles se tornem tão egoístas, egocêntricos e indiferentes a
ponto de serem praticamente incivilizados — incapazes de
exercer o espírito de comunidade com outras pessoas.”11
Se percebermos o valor da vida diária, veremos que até
a menor das crianças pode sentir-se individualmente valorizada por meio de algo tão terreno quanto dobrar a roupa
lavada. As crianças pequenas podem combinar meias, separar cores, dobrar toalhas e receber reconhecimento por
suas realizações. Ao longo dos anos, à medida que a complexidade das tarefas aumenta, as crianças adquirem confiança em sua capacidade de decidir e fazer coisas dignas.
Iluminar o Lar
As responsabilidades familiares são oportunidades de
praticar a aquisição de luz e verdade por meio da obediência. Jesus Cristo é a Luz do mundo. Quando O seguimos
e cumprimos Seus mandamentos, andamos em Sua luz.
Quanto mais de perto O seguirmos, mais luz e verdade teremos. Podemos ser um exemplo de obediência para nossos
filhos, prestando atenção às nossas responsabilidades. Por
exemplo, ao aprenderem a realizar regularmente suas tarefas, os pais e os filhos aprendem obediência e precisão no
cumprimento de pequenas coisas que têm conseqüências
menos graves. Desse modo, estarão mais bem preparados
para cumprir os mandamentos e fazer convênios sagrados.
Entre as instruções fundamentais e importantes dadas,
quando a Igreja foi organizada, estava o conselho de
“cumprir todas as obrigações familiares” (D&C 20:47, 51).
Três anos mais tarde, alguns irmãos que lideravam a Igreja
foram repreendidos por negligenciar suas obrigações
familiares (ver D&C 93:41–50). Atualmente, na Proclamação
da Família, somos novamente lembrados de nossas sagradas obrigações familiares.
Freqüentemente pensamos nas obrigações familiares em
termos de oração familiar, noite familiar e leitura das escrituras, mas devemos também lembrar que atividades como alimentar-nos e vestir-nos ajudam-nos a praticar amor, serviço,
obediência e cooperação. Essas rotinas simples e diárias têm
uma grande influência em nossa vida.
Acaso podemos achegar-nos mais ao Senhor por meio
da vida diária — por meio de refeições em família e recreações sadias? Sem dúvida alguma. Quanta luz queremos? O
Senhor prometeu: “Aquele que recebe luz e persevera em
Deus recebe mais luz” (D&C 50:24). E também: “[Darei]
ao fiel linha sobre linha, preceito sobre preceito; e com
isso vos testarei e provarei” (D&C 98:12).
Provem-se fiéis nas pequenas coisas e as coisas maiores
serão acrescentadas. As oportunidades de aprender e praticar no lar são sagradas; são momentos de crescer espiritualmente e achegar-nos ao Salvador. Esse processo de
crescimento é uma jornada para a vida inteira, e o ambiente
de nosso lar dá-nos oportunidades repetidas e constantes
de praticar esse processo de nos tornarmos pessoas e famílias mais semelhantes a Deus. ■
Extraído de um discurso proferido em um devocional realizado
na Universidade Brigham Young, em 5 de abril de 2005.
NOTAS
1. Sophy Valentine, Biography of Ann Howell Burt, 1916, pp. 24–25.
2. Home Comforts: The Art and Science of Keeping House, 1999, pp. 7–8.
3. “Families Can Be Eternal”, Ensign, novembro de 1980, p. 4.
4. Bible Dictionary, “Temple”, p. 781.
5. The World Book Dictionary, 1984, “sacred”, p. 1830.
6. Ver Tami M. Videon e Carolyn K. Manning, “Influences on Adolescent
Eating Patterns: The Importance of Family Meals”, Journal of
Adolescent Health, maio de 2003, pp. 365–373.
7. Ver Marla E. Eisenberg, Rachel E. Olson, Dianne Neumark-Sztainer,
Mary Story e Linda H. Bearinger, “Correlations between Family
Meals and Psychosocial Well-Being among Adolescents”, Archives of
Pediatrics and Adolescent Medicine, agosto de 2004, pp. 792–796.
8. Ver Dianne Neumark-Sztainer, Melanie Wall, Mary Story e Jayne A.
Fulkerson, “Are Family Meal Patterns Associated with Disordered
Eating Behaviors among Adolescents?” Journal of Adolescent Health,
novembro de 2004, pp. 350–359.
9. “A Família: Proclamação ao Mundo”, A Liahona, outubro de 2004, p. 49.
10. Ver “On Rekindling a Spirit of ‘Home Training’: A Mother’s Notes
from the Front”, em Taking Parenting Public: The Case for a New
Social Movement, ed. Sylvia A. Hewlett, Nancy Rankin, e Cornel West,
2002, pp. 13–28.
11. “On Rekindling”, p. 19.
A L I A H O N A JULHO DE 2007 17
Esta, a
Maior
de Todas as Dispensações
ÉLDER JEFFREY R. HOLLAND
Do Quórum dos Doze Apóstolos
FOTOGRAFIAS: MATTHEW REIER, EXCETO QUANDO INDICADO
D
irijo-me a vocês no contexto da ansiedade constante que há no mundo e
de alguns desafios que enfrentamos.
Desde o dia 11 de setembro de 2001, ficamos
mais temerosos e alarmados com os eventos
internacionais e com o uso indiscriminado da
palavra terror. Sei que muitos de vocês já se
perguntaram o que tudo isso significa em relação ao fim do mundo e sua vida nele. Muitos
se perguntam: “Será que essa é a hora da
Segunda Vinda do Salvador e de tudo o que
foi profetizado acerca desse evento?”
Realmente, pouco depois do dia 11 de
setembro, um missionário me perguntou
com toda a sinceridade e cheio de fé: “Élder
Holland, estamos nos últimos dias?” Vi sinceridade no rosto dele e um pouco de medo
em seus olhos. Eu disse: “Sim, Élder, estamos
nos últimos dias, mas não há realmente nada
de novo nisso. A prometida Segunda Vinda do
Salvador começou com a Primeira Visão do
Profeta Joseph Smith, em 1820. Podemos ter
certeza de que estamos nos últimos dias —
há vários e vários anos”. Dei-lhe um caloroso
aperto de mão e mandei-o seguir seu caminho. Ele sorriu, parecendo mais reconfortado
por colocar tudo aquilo no devido contexto,
e tinha a cabeça um pouco mais erguida
quando terminamos nossa conversa.
Apresso-me em dizer que sei muito bem o
que aquele jovem estava querendo saber. Na
verdade, o que ele estava dizendo era: “Será
que vou terminar minha missão? Valerá a pena
estudar? Posso ter esperança de casar? Terei
um futuro? Há alguma felicidade em meu
caminho?” E a resposta a vocês é a mesma
que dei a ele: “Sim, sem dúvida — para
todas essas perguntas”.
Quanto ao momento exato da triunfante e
publicamente testemunhada Segunda Vinda
e seus eventos abaladores, não sei quando
isso acontecerá. Ninguém sabe. O Salvador
disse que nem os anjos do céu o saberiam
(ver Mateus 24:36).
Devemos observar os sinais, devemos
viver o mais fielmente possível, e devemos
compartilhar o evangelho com todos, para
que as bênçãos e proteções estejam disponíveis para todos. Não devemos ficar paralisados de medo por causa desse evento e de
todos os outros que o acompanham e estão
a nossa frente. Não podemos deixar de viver
a vida. De fato, devemos vivê-la ainda mais
plenamente do que antes. Afinal de contas,
Deus espera que
vocês não apenas
enfrentem o futuro;
Ele espera que vocês
abracem e moldem
esse futuro: amemno, regozijem-se nele
e deleitem-se com
suas oportunidades.
A L I A H O N A JULHO DE 2007 19
Ter Fé e Não Temer
Acima, a partir do alto:
Templo de Curitiba
Brasil, em construção,
dezembro de 2006.
Templo de Helsinque
Finlândia, dedicado em
22 de outubro de 2006.
Templo de Nauvoo
Illinois, dedicado em
27 de junho de 2002.
Há apenas duas coisas que quero dizer a
vocês que estão preocupados com o futuro.
Digo essas coisas com amor e do fundo do
coração.
Em primeiro lugar, jamais devemos permitir que o medo e o pai do temor (o próprio
Satanás) nos afastem da fé e de uma vida fiel.
Todas as pessoas, em todas as eras, tiveram
de andar pela fé para um rumo que sempre
exibia certo grau de incerteza. Esse é o
plano. Simplesmente sejam fiéis. Deus está
no comando. Ele conhece vocês individualmente e sabe quais são suas necessidades.
Fé no Senhor Jesus Cristo — esse é o primeiro princípio do evangelho. Precisamos
prosseguir com firmeza. Deus espera que
tenhamos suficiente fé, determinação e confiança Nele, para continuarmos seguindo
adiante, vivendo e regozijando-nos. Ele espera
que vocês não apenas enfrentem o futuro;
Ele espera que vocês abracem e moldem
esse futuro: amem-no, regozijem-se nele
e deleitem-se com suas oportunidades.
Deus espera ansiosamente pela oportunidade de responder a suas orações e realizar
seus sonhos, como sempre fez. Mas Ele não
poderá fazê-lo se vocês não orarem, e tampouco poderá fazê-lo se vocês não sonharem.
Em resumo, Ele não poderá fazê-lo se vocês
não acreditarem.
Atualmente, há 124
templos em funciona-
Duas Escrituras Consoladoras
mento, e outros 11
Seguem-se duas escrituras, ambas dirigidas
aos que vivem em tempos trabalhosos.
A primeira está na seção 101 de Doutrina
e Convênios. Essa revelação foi dada quando
os santos que estavam reunidos no Missouri
sofriam terrível perseguição. Suponho, no
pior dos casos, que foi a época mais difícil
e perigosa — poderia dizer “cheia de
foram anunciados ou
estão em construção.
20
terror” — que a Igreja já conheceu.
Mas naquele momento assustador, o
Senhor disse a Seu povo:
“Portanto, que se console vosso coração
no que diz respeito a Sião; pois toda carne
está em minhas mãos; aquietai-vos e sabei
que eu sou Deus.
Sião não será removida de seu lugar, apesar de seus filhos estarem dispersos.
Os que permanecerem e forem puros de
coração retornarão para suas heranças, eles
e seus filhos, com cânticos de eterna alegria,
para edificar os lugares desolados de Sião —
E todas estas coisas para que os profetas
se cumpram” (D&C 101:16–19).
Portanto, consolem seu coração em relação
a Sião. E lembrem-se da definição mais fundamental de Sião que já foi dada: São os “puros
de coração” (D&C 97:21). Se continuarem
tendo um coração puro, vocês e seus filhos e
netos cantarão hinos de eterna alegria ao edificar Sião — e não serão expulsos de seu lugar.
O segundo versículo que citarei foi proferido pelo Salvador para Seus discípulos
quando Ele estava para ser crucificado e
eles enfrentavam medo, confusão e perseguição. Em Seu último conselho coletivo
a Seus discípulos, na mortalidade, Ele disse:
“Tenho-vos dito isto, para que em mim
tenhais paz; no mundo tereis aflições,
mas tende bom ânimo, eu venci o mundo”
(João 16:33).
Portanto, num mundo cheio de tribulações, lembremo-nos de nossa fé. Lembremonos das outras promessas e profecias que
nos foram dadas, todas elas reconfortantes,
e vivamos mais plenamente, com mais destemor e coragem do que em qualquer outra
época.
Cristo venceu o mundo e abriu um caminho para nós. Ele disse, especialmente para
os nossos dias: “Cingi vossos lombos e preparai-vos. Eis que o reino é vosso e o inimigo
não prevalecerá” (D&C 38:9).
NO ALTO, À ESQUERDA: FOTOGRAFIAS: WAGNER TOASSA JR.; SHAUN STAHLE, CORTESIA DE CHURCH NEWS; E JOHN LUKE
esta é a dispensação da plenitude dos
tempos.
H
á mais de dois mil anos, havia um
templo no Velho Mundo e dois ou
três templos na história do Livro
de Mórmon, mas hoje os templos estão-se
multiplicando tão rapidamente que mal
conseguimos contá-los!
Três Citações Proféticas
Isso nos leva ao segundo ponto que
desejo abordar sobre os dias em que vivemos. Estamos no palco da mortalidade,
na maior dispensação que já foi concedida
à humanidade, e precisamos tirar o melhor
proveito disso.
Eis uma de minhas citações favoritas do
Profeta Joseph Smith (1805–1844): “A edificação de Sião é uma causa que interessou o
povo de Deus em todas as eras; é um tema
sobre o qual profetas, sacerdotes e reis falaram com particular deleite; eles ansiaram
com alegria o dia em que vivemos; e inspirados por esse anseio celestial e jubiloso, cantaram, escreveram e profetizaram sobre esta
nossa época; (...) somos o povo favorecido
que Deus [escolheu] para trazer à luz a glória
dos últimos dias”.1
Observem esta afirmação semelhante,
feita pelo Presidente Wilford Woodruff
(1807–1898): “O Todo-Poderoso está com
este povo. Deveremos receber todas as revelações que precisarmos, se cumprirmos com
o nosso dever e obedecermos aos mandamentos de Deus. (…)
Enquanto eu (…)
viver, quero cumprir com
o meu dever.
Quero que
os santos
dos últimos dias cumpram com o seu dever.
O Santo Sacerdócio está aqui (…) Sua responsabilidade é enorme e magnífica. Os olhos de
Deus e de todos os santos profetas estão voltados para nós. Esta é a grande dispensação
de que se fala desde a fundação do mundo.
Estamos reunidos (…) pelo poder e mandamento de Deus. Estamos realizando a obra de
Deus. (…) Desempenhemos nossa missão”.2
Por fim, gostaria de compartilhar uma citação do Presidente Gordon B. Hinckley, nosso
profeta moderno, que nos guia hoje nestes
tempos desafiadores que enfrentamos: “Nós,
desta geração, somos a colheita final de tudo
o que passou. Não é o bastante ser apenas
conhecido como membro desta Igreja. Uma
obrigação solene repousa sobre nós.
Devemos encará-la e ocupar-nos dela.
Precisamos viver como verdadeiros seguidores de Cristo, com caridade para com todos,
retribuindo o mal com o bem, ensinando pelo
exemplo os caminhos do Senhor e desempenhando o amplo serviço que Ele delineou
para nós.
Que possamos viver dignos da gloriosa
investidura de luz, entendimento e verdade
eterna que chegaram até nós atravessando
os perigos do passado. De algum
modo, em meio a todos os que caminharam
sobre a Terra, fomos enviados para cá nesta
era singular e notável. Sejam gratos e, acima
de tudo, sejam fiéis”.3
Ao longo de um período significativo de
tempo, nossos profetas não se concentraram
nos horrores dos dias em que eles viveram
nem nos elementos sombrios dos últimos
dias, nos quais estamos vivendo, mas sentiram-se inspirados a falar das
oportunidades, bênçãos e,
acima de tudo, da responsabilidade de tirarmos proveito dos privilégios que nos são concedidos nesta, que
é a maior de todas as dispensações.
Gosto muito das palavras do Profeta
Joseph Smith, quando ele disse que os
profetas, sacerdotes e reis que nos antecederam “aguardavam com ansiedade
e alegria o dia em que vivemos; e (...)
cantaram, escreveram e profetizaram a
respeito desta nossa época”. Por que
eles se regozijaram tanto? Posso assegurar-lhes que não estavam pensando no
terror e nas tragédias. O Presidente
Woodruff disse: “Os olhos de Deus e de
todos os santos profetas estão voltados
para nós. Esta é a grande dispensação
de que se fala desde a fundação do
mundo”. Gostaria de repetir as
palavras do Presidente Hinckley: “Atravessando
os perigos do passado, [de] algum modo, em
meio a todos os que caminharam sobre a
Terra, fomos enviados para cá nesta era singular e notável. Sejam gratos e, acima de tudo,
sejam fiéis”.
Não sei como vocês se sentem a respeito
de tudo isso, mas de repente todas as ansiedades indevidas a respeito da época em que
vivemos se dissiparam em mim, e sinto-me
humilde, espiritualmente entusiasmado e
motivado pela oportunidade que nos foi concedida. Deus está zelando pelo Seu mundo,
Sua Igreja, Seus líderes e, sem dúvida alguma,
está zelando por vocês. Simplesmente vamos
cuidar para que sejamos “puros de coração”
e que sejamos fiéis. Quão abençoados serão
vocês. Quão afortunados serão seus filhos e
netos!.
Pensem na ajuda que recebemos para
levar a luz do evangelho a um mundo envolto
em trevas. Temos aproximadamente 53.000
missionários — muito mais do que em qualquer outra era. E esse número se repete a
cada dois anos, pelos que substituem os que
voltam para casa! No entanto precisamos de
ainda mais.
Há mais de dois mil anos, havia um templo
no Velho Mundo, e dois ou três templos na
história do Livro de Mórmon, mas hoje, os
templos estão-se multiplicando tão rapidamente que mal conseguimos contá-los!
Acrescentem o milagre do computador,
que nos ajuda a documentar nossa história
da família e a realizar as ordenanças de salvação para nossos entes queridos falecidos.
Acrescentem o transporte moderno, que
permite que as Autoridades
Gerais circundem o globo
e prestem pessoalmente
seu testemunho do
Senhor a todos os santos de todas as terras.
Acrescentem o fato de que
agora podemos “enviar” a palavra, como
dizem as escrituras, ‘aos lugares que não
podemos ir’, por meio da transmissão via
satélite (ver D&C 84:62).
Acrescentem todos os elementos de instrução, ciência, tecnologia, comunicação,
transporte, medicina, nutrição e revelação
que nos cercam, e então começaremos a compreender o que o anjo Morôni quis dizer
N
NO ALTO À DIREITA E ABAIXO: FOTOGRAFIAS © GETTY IMAGES, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS
os últimos dias, Deus derramará
Seu Espírito sobre “toda a carne”,
e toda a humanidade será abençoada pela luz que virá a todos os campos
de empreendimento, como parte da
Restauração do evangelho de Jesus Cristo.
quando citou repetidas vezes para o meninoprofeta Joseph Smith o profeta Joel, do Velho
Testamento, dizendo que nos últimos dias
Deus derramaria Seu Espírito sobre “toda a
carne” e que toda a humanidade seria abençoada pela luz que viria a todos os campos de
empreendimento, como parte da Restauração
do evangelho de Jesus Cristo (Joel 2:28;
grifo do autor; ver também Joseph Smith —
História 1:41).
Ponderemos todas essas bênçãos que
temos em nossa dispensação e façamos
uma pausa para dizer a nosso Pai Celestial:
“Grandioso és Tu”.4
Um Banquete de Núpcias
Gostaria de acrescentar outro elemento
a essa visão geral da dispensação. Como a
nossa é a última e maior de todas as dispensações, porque todas as coisas serão por fim
concluídas e cumpridas em nossa era, há,
portanto, uma responsabilidade específica
que recai sobre os ombros dos que são membros da Igreja hoje, mas que não tinha exatamente o mesmo peso para os membros da
Igreja de qualquer época anterior à nossa.
Temos a responsabilidade de preparar a
Igreja do Cordeiro de Deus para receber o
Cordeiro de Deus — em pessoa, em glória
triunfal, em Seu papel milenar como Senhor
dos senhores e Rei dos reis.
Temos uma responsabilidade, como Igreja
e como membros individuais dessa Igreja, de
ser dignos de que Cristo venha a nós, de ser
dignos de que Ele nos cumprimente e de que
Ele nos aceite e nos receba. A vida que apresentarmos a Ele naquele sagrado momento
terá de ser digna Dele!
Na linguagem das escrituras, somos
aqueles que foram chamados ao longo
de toda a história para preparar a noiva
(a Igreja) para o esposo (o Salvador) e ser
dignos de um convite para o banquete de
núpcias (ver Mateus 22:2–14; 25:1–12; D&C
88:92, 96).
Portanto, deixando de lado o medo do
futuro, sinto-me cheio de um senso avassalador de dever no sentido de preparar minha
vida (e, na medida do possível, ajudar a preparar a vida dos membros da Igreja) para
aquele dia há muito profetizado, para a ocasião em que apresentaremos a Igreja Àquele
a quem ela pertence.
Não sei quando esse dia especial virá.
Não sei se estarei presente para vê-lo.
Mas sei o seguinte: Quando Cristo vier, os
membros de Sua Igreja terão de parecer e
agir como os membros de Sua Igreja deveriam parecer e agir para ser aceitáveis a Ele.
Precisaremos realizar Sua obra e viver Seus
ensinamentos. Precisamos ser rápida e facilmente reconhecidos como Seus verdadeiros
discípulos.
Sem dúvida, foi por isso que o Presidente
Hinckley disse: “Não é o bastante [para nós,
vocês e eu, agora, em nossa época] ser apenas conhecido como membro desta Igreja.
(...) Precisamos viver como verdadeiros seguidores [de] Cristo”. Estes são os últimos dias,
e todos precisamos ser os melhores santos
dos últimos dias que pudermos ser.
Em meio ao conhecimento e à tecnologia
que abençoam a humanidade nestes últimos
dias, estão a pesquisa
do DNA, a pesquisa de
história da família com
o auxílio de computadores, e tratamentos
médicos avançados.
A L I A H O N A JULHO DE 2007 23
Viver com Confiança
NO MEIO ACIMA E ABAIXO: FOTOGRAFIAS: HYUN-GYU LEE E WELDEN C. ANDERSEN, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS
Para sermos os melhores santos dos últimos
dias que podemos ser,
precisamos fazer o trabalho do Senhor — edificar uma família forte,
aumentar a espiritualidade pessoal e servir
o próximo.
24
Há um futuro feliz para vocês e sua posteridade nestes últimos dias? Sem dúvida alguma!
Haverá momentos difíceis em que as terríveis
advertências e profecias sobre os últimos
dias serão cumpridas? É claro que sim. Será
que aqueles que edificaram sobre a rocha
de Cristo suportarão os ventos, o granizo e
violenta tempestade? Vocês sabem que sim.
Vocês receberam essa promessa de uma fonte
confiável. Vocês têm a palavra Dele. Essa
“rocha sobre a qual estais edificados (...) é
um alicerce seguro; e se os homens [e as
mulheres] edificarem sobre esse alicerce,
não cairão” (Helamã 5:12).
Deixo com vocês meu amor e meu testemunho de que Deus não apenas vive, mas Ele
nos ama. Ele ama vocês. Tudo o que Ele faz é
para nosso bem e nossa proteção. Há males
e tristezas no mundo, mas não há mal algum
Nele. Ele é nosso Pai — um pai perfeito — e
Ele nos ajudará a encontrar refúgio durante
a tempestade.
Testifico não apenas que Jesus é o Cristo,
o santo Filho Unigênito de Deus, mas também que Ele vive, que nos ama e que, pela
virtude e mérito de Seu sacrifício expiatório,
nós também viveremos eternamente.
Esta é Sua Igreja, o reino de Deus na
Terra. A verdade foi restaurada. Vivam com
confiança, otimismo, fé e devoção. Levem
a sério os desafios da vida, mas não fiquem
amedrontados nem desanimados por causa
deles. Sintam a alegria dos santos nos últimos dias — nunca a ansiedade incapacitante
ou o desespero destrutivo.
“Não temais, pequeno rebanho.
(...) Buscai [Cristo] em cada
pensamento; não duvideis,
não temais” (D&C 6:34, 36).
“Ainda não compreendestes
quão grandiosas são as bênçãos
que o Pai tem (...) e preparou para
vós. (...) Tende bom ânimo. (...) Vosso
Q
uando Cristo vier, os membros de
Sua Igreja terão de parecer e agir
como os membros de Sua Igreja
deveriam parecer e agir para ser aceitáveis
a Ele.
é o reino e são vossas as suas bênçãos e
são vossas as riquezas da eternidade” (D&C
78:17–18).
Deixo com vocês minha bênção, meu
amor e um testemunho
apostólico da
veracidade dessas coisas. ■
Extraído de um
discurso proferido
no serão do Sistema
Educacional da Igreja,
realizado em 12 de
setembro de 2004.
NOTAS
1. History of the
Church, volume 4,
pp. 609–610.
2. James R. Clark, comp.,
Messages of the First
Presidency of The
Church of Jesus Christ
of Latter-day Saints,
6 vols., 1965–1975,
volume 3, p. 258.
3. “O Despertar de
um Grande Dia”,
A Liahona, maio
de 2004, p. 84.
4. “Grandioso És
Tu”, Hinos,
no 43; grifo
do autor.
MENSAGEM DAS PROFESSORAS VISITANTES
Tornar-se um Instrumento nas Mãos
de Deus Praticando a Santidade
Selecione em espírito de
oração e leia as escrituras e ensinamentos desta
mensagem que atendam
às necessidades das irmãs que você
for visitar. Compartilhe suas experiências e seu testemunho. Convide
as irmãs a quem você estiver ensinando a fazerem o mesmo.
O Que É Praticar a Santidade?
Presidente James E. Faust,
Segundo Conselheiro na
FOTOGRAFIAS DE ESCULTURA E FERRAMENTAS: CRAIG DIMOND; FOTOGRAFIA DA INSERÇÃO: MATTHEW REIER, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS; BORDA © ARTBEATS
Primeira Presidência:
“A santidade é a força da
alma. Vem por meio da
fé e da obediência às leis
e ordenanças de Deus.
Então, Deus purifica-nos o
coração pela fé e o torna livre
do que é profano e indigno.
Quando alcançamos a santidade por meio da obediência
à vontade de Deus, sabemos
intuitivamente o que é certo e
o que é errado aos olhos do
Senhor. (...)
Devemos ir ao templo,
entre outros motivos, para
salvaguardar nossa santidade individual e a de nossa família.
Além do templo, com certeza
outro lugar da Terra que deveria ser
santo é a nossa casa. (...)
Que o Senhor abençoe cada um
de nós sem exceção em nossa responsabilidade especial de permanecer em lugares sagrados e, assim,
encontrar a santidade ao Senhor.
É aí que encontramos a proteção
espiritual necessária para nós e nossa
família” (“Permanecer em Lugares
não gostaria de ser tratada com carinho, de que zelassem por nós, de que
nos consolassem e nos instruíssem nas
coisas de Deus? Como isso acontece?
Com um ato de bondade, uma expressão de amor, um gesto atencioso, a
Santos”, A Liahona, maio de 2005,
mão estendida para ajudar a qualquer
pp. 62, 67–68).
Élder Dieter F. Uchtdorf, do Quórum momento. Minha mensagem, porém,
não é para essas pessoas que recebem
dos Doze Apóstolos: “Desenvolver
esses gestos de caridade, mas para
qualidades cristãs em nossa vida não é
uma tarefa fácil, especialmente quando todas nós, que devemos praticar esses
atos de santidade todos os dias. Para
deixamos de lidar com situações absnos tornarmos como Jesus Cristo, o
tratas e começamos a encarar a vida
real. O teste consiste em praticar o que Profeta Joseph ensinou: ‘Vocês devem
abrir a alma às outras pessoas’.” (“Para
proclamamos. Podemos
que Todas Nós Nos Sentemos Juntas
verificar nosso progresso quando essas no Céu”, A Liahona, novembro de
2005, p. 110).
qualidades cristãs
precisam tornar-se
Bonnie D. Parkin, ex-presidente
visíveis em nossa
geral da Sociedade de Socorro: “Os
vida — como marido convênios — ou seja, as promessas
ou esposa, pai ou
solenes que fazemos com o Pai
mãe, filho ou filha,
Celestial, são essenciais para nosso
em nossas amizades,
progresso eterno. Passo a passo, Ele
no trabalho, nos negónos ensina a tornar-nos semelhantes a
cios e no lazer. Podemos
Ele, convidando-nos a participar de
reconhecer nosso cresciSua obra. No batismo, fazemos convêmento, assim como podem
nio de amá-Lo de todo o nosso coraas pessoas ao
ção e de amar nossas irmãs e irmãos
nosso redor,
como a nós mesmas. No templo, fazequando aumen- mos também o convênio de ser obetamos nossa
dientes, abnegadas, fiéis, honradas e
capacidade de
caridosas. Fazemos o convênio de
‘[agir] em toda
sacrificar-nos e de
a santidade
consagrar tudo que
diante [Dele]’
temos. (...)
(D&C 43:9)”
“O Senhor
(“Qualidades
nos chamou
Cristãs — O Vento Debaixo de Nossas para fazermos tudo o
Asas”, A Liahona, novembro de 2005,
que pudermos com ‘santip. 102).
dade de coração’ [D&C 46:7].
E a santidade é fruto do cumpriComo Posso Praticar a Santidade e Ser mento dos convênios. (...) A santidade impele-nos a dizer: ‘Eis-me
um Instrumento nas Mãos de Deus?
aqui, envia-me’” (“Com Santidade
Kathleen H. Hughes, ex-primeira
de Coração”, A Liahona, novembro
conselheira na presidência geral da
de 2002, pp. 103, 105). ■
Sociedade de Socorro: “Quem de nós
A L I A H O N A JULHO DE 2007 25
PA R Á B O L A S D O
Mestre
© PROVIDENCE COLLECTION
Jesus ensinou por parábolas para ocultar o significado delas. Desse modo,
os ouvintes da parábola
aprendiam as verdades
religiosas na medida de
sua fé e inteligência.
Acima: Parábola dos Talentos,
de Henry Coller. “Respondendo, porém,
o seu senhor, disse-lhe [ao que havia
enterrado seu talento]: Mau e negligente
servo; (...)
Tirai-lhe pois o talento” (Mateus
25:26, 28; ver vv. 14–30).
26
À esquerda: Parábola do
Acima: Resgate da Ovelha
E, chegando a casa, convoca os amigos
Semeador, de George Soper.
Perdida, de Minerva K. Teichert.
e vizinhos, dizendo-lhes: Alegrai-vos
“Eis que o semeador saiu a semear.
“Que homem dentre vós, tendo cem
comigo, porque já achei a minha ovelha
ovelhas, e perdendo uma delas, não
perdida.
E, quando semeava, uma parte da
semente caiu ao pé do caminho (...)
deixa no deserto as noventa e nove, e
Digo-vos que assim haverá alegria no
E outra parte caiu em pedregais (...)
não vai após a perdida até que venha
céu por um pecador que se arrepende,
E outra caiu entre espinhos (...)
a achá-la?
mais do que por noventa e nove justos
E outra caiu em boa terra” (Mateus
13:3–5, 7–8; ver vv. 3–23).
E achando-a, a põe sobre os seus
ombros, gostoso;
que não necessitam de arrependimento”
(Lucas 15:4–7).
A L I A H O N A JULHO DE 2007 27
Acima: Cinco Delas Eram
Joio, de James Tissot. “O reino dos céus
o reino dos céus será semelhante a dez
é semelhante ao homem que semeia a boa
virgens que, tomando as suas lâmpadas,
semente no seu campo;
saíram ao encontro do esposo.
E cinco delas eram prudentes, e cinco
loucas.
As loucas, tomando as suas lâmpadas,
não levaram azeite consigo.
Mas as prudentes levaram azeite em
suas vasilhas, com as suas lâmpadas. (...)
À meia-noite ouviu-se um clamor: Aí
vem o esposo, saí-lhe ao encontro. (...)
E as loucas disseram às prudentes:
Dai-nos do vosso azeite, (...)
Mas as prudentes responderam,
28
À direita: O Inimigo Semeou o
Prudentes, de Walter Rane. “Então
Mas, dormindo os homens, veio o
seu inimigo, e semeou joio no meio do
trigo. (...)
E, quando a erva cresceu e frutificou,
apareceu também o joio.
E os servos do pai de família, indo ter
com ele, disseram-lhe: Senhor, não semeaste
tu, no teu campo, boa semente? (...)
E ele lhes disse: Um inimigo é quem
fez isso. (...)
“Deixai crescer ambos juntos até à
ceifa; (...) Colhei primeiro o joio (...) para
dizendo: Não seja caso que nos falte a nós e
o queimar; mas, o trigo, ajuntai-o no meu
a vós” (Mateus 25:1–4, 6, 8–9; ver vv. 1–13).
celeiro” (Mateus 13:24–28, 30).
À direita: O Fariseu e o
os olhos ao céu, (...), dizendo: Ó
Publicano, de Robert T. Barrett.
Deus, tem misericórdia de mim,
“O fariseu, estando em pé, orava
pecador!
consigo desta maneira: Ó Deus, graças
Digo-vos que este desceu justificado
te dou porque não sou como os demais
para sua casa, e não aquele; porque
homens, roubadores, injustos e adúlteros;
qualquer que a si mesmo se exalta será
nem ainda como este publicano. (...)
humilhado, e qualquer que a si mesmo
O publicano, porém, estando em
se humilha será exaltado (Lucas 18:10–11,
13–14; ver vv. 9–14).
CORTESIA DO MUSEU DE HISTÓRIA E ARTE DA IGREJA
pé, de longe, nem ainda queria levantar
Acima: O Bom Samaritano,
de Gustave Doré. “Mas um samaritano,
que ia de viagem, chegou ao pé dele e,
vendo-o, moveu-se de íntima compaixão;
E, aproximando-se, atou-lhe as feridas,
deitando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o
sobre a sua cavalgadura, levou-o para
uma estalagem, e cuidou dele” (Lucas
10:33–34; ver vv. 25–37).
À esquerda: Filho Pródigo,
de Clark Kelley Price. “E, levantando-
se, foi para seu pai; e, quando ainda
estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de
íntima compaixão e, correndo, lançouse-lhe ao pescoço e o beijou” (Lucas 15:20;
ver vv. 11–32). ■
A L I A H O N A JULHO DE 2007 29
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As palavras que você
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Do Quórum dos Doze Apóstolos
FOTOGRAFIAS: CHRISTINA SMITH, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS
U
m dos grandes personagens do Novo
Testamento, por quem sempre tive
especial interesse, foi Pedro. Ele teve
de esforçar-se arduamente para vencer as
coisas do mundo e preparar-se para ser uma
testemunha e um mestre do evangelho de
Jesus Cristo. Há uma lição interessante a ser
aprendida quanto ao relacionamento entre
o Salvador e Pedro, nas horas finais, antes
do julgamento e a crucificação do Salvador.
“Disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que,
nesta mesma noite, antes que o galo cante,
três vezes me negarás.
o
v
i
t
a
t
s
pre
ssificá-lo e qualificá-lo.
Disse-lhe Pedro: Ainda que me seja mister
morrer contigo, não te negarei” (Mateus
26:34–35).
Nossa Fala Revela Quem Somos
Chegaram então aqueles momentos fatídicos em que Pedro não se identificou como
discípulo do Salvador, mas seu amor por Ele
exigiu que estivesse presente nos julgamentos, para ver o que aconteceria.
“Pedro estava assentado fora, no pátio;
e, aproximando-se dele uma criada, disse:
Tu também estavas com Jesus, o galileu.
Mas ele negou diante de todos,
dizendo: Não sei o que dizes.
E, saindo para o vestíbulo,
outra criada o viu, e disse aos
que ali estavam: Este também
estava com Jesus, o Nazareno.
E ele negou outra vez
com juramento: Não
conheço tal homem.
rud
e
l
e
v
í
s
n
e
s
A L I A H O N A JULHO DE 2007 31
A
fala de Pedro
revelou quem
ele era e
onde tinha sido
criado. Nossa fala
expressa o tipo de
pessoa que somos e
expõe nossa formação e estilo de vida.
Descreve nosso modo
de pensar bem como
nossos pensamentos
íntimos.
32
E, daí a pouco, aproximando-se os que ali
estavam, disseram a Pedro: Verdadeiramente
também tu és deles, pois a tua fala te denuncia.
Então começou ele a praguejar e a jurar,
dizendo: Não conheço esse homem. E imediatamente o galo cantou.
E lembrou-se Pedro das palavras de Jesus,
que lhe dissera: Antes que o galo cante, três
vezes me negarás. E, saindo dali, chorou
amargamente” (Mateus 26:69–75).
Assim como a fotografia do passaporte, a
assinatura, ou a impressão digital pode identificar uma pessoa, a fala de Pedro revelava quem
ele era e onde tinha sido criado. Da mesma
forma, vocês são classificados e colocados em
uma categoria específica pelas pessoas que os
ouvem falar. Nossa fala expressa o tipo de
pessoa que somos e expõe nossa formação
e estilo de vida. Ela descreve nosso modo de
raciocinar e nossos pensamentos íntimos.
Provavelmente vemos mais palavras profanas e vulgares sendo usadas hoje do que em
qualquer outro período da história. Tive uma
experiência pessoal em minha vida que me
mostrou como a utilização de uma palavra
errada pode chocar aqueles que não esperam
que usemos uma palavra assim. Eu estava
num acampamento de recrutas dos fuzileiros
navais dos Estados Unidos, durante a Segunda
Guerra Mundial. Evidentemente, a linguagem
utilizada pelos meus colegas fuzileiros não
era do tipo que vocês usariam. Sendo um
missionário que retornara recentemente do
campo, decidi que manteria minha linguagem em um nível mais elevado do que a utilizada pelos outros. Procurei constantemente
evitar a utilização até dos palavrões mais simples e comuns.
Certo dia, estávamos atirando no campo
de tiro ao alvo, para determinar nossa qualificação final. Eu tinha me saído bem nas
posições de 100, 200 e 300 jardas. Estávamos
então na posição de 500 jardas. Tudo que eu
precisava era de uma classificação razoável —
precisaria apenas acertar o alvo, mesmo que
não acertasse bem no centro — e então me
tornaria um perito em tiro ao alvo. Estávamos
entusiasmados com o desejo de atingir a excelência e de estar no topo da lista do pelotão,
no tiro ao alvo. Fiquei tenso na posição de
500 jardas e no primeiro tiro joguei o ombro
contra o rifle. Evidentemente, a bandeira foi
erguida — tinha errado o alvo. E assim, perdi
também a oportunidade de ser qualificado
como perito em tiro ao alvo.
Deixei escapar um palavrão que eu tinha
decidido que jamais usaria. Para minha surpresa e vergonha, de repente, o grupo inteiro
parou de atirar, e todos se viraram e olharam
para mim com a boca aberta. Qualquer outro
fuzileiro naquela posição naquele dia poderia
ter usado aquela palavra sem que ninguém
A NEGAÇÃO DE PEDRO, DE CARL HEINRICH BLOCH, CORTESIA DO MUSEU HISTÓRICO NACIONAL DE FREDERIKSBORG, EM HILLERØD, DINAMARCA
Uma Palavra Chocante
desse atenção. Mas como eu tinha decidido que manteria
os padrões do campo missionário enquanto estivesse
entre os fuzileiros navais, todos ficaram chocados quando
me esqueci de quem eu era.
O próprio Salvador nos instruiu a respeito do uso da
linguagem. Ele disse: “O que contamina o homem não é
o que entra na boca, mas o que sai da boca, isso é o que
contamina o homem” (Mateus 15:11).
Muitas vezes, em nosso empenho de refrear a linguagem imprópria, procuramos palavras para substituí-las.
Às vezes, elas são tão parecidas com as palavras vulgares
que provavelmente todo mundo sabe que estamos substituindo os palavrões e, na verdade, não estamos melhorando o nosso vocabulário.
Muitas vezes, fico perplexo ao ouvir durante a reunião sacramental discursos de missionários que retornaram do campo. Ouço palavras, frases e expressões que
eles aprenderam no campo missionário e que eram realmente substitutos para vulgaridades, demonstrando sua
incapacidade de dominar um vocabulário adequado e
de deixar a impressão correta do que estiveram fazendo
na missão.
2. Se você cometer um deslize e disser um palavrão ou
uma palavra que o substitua, reconstrua mentalmente
a frase sem a palavra vulgar ou a palavra substituta.
3. Repita a nova frase em voz alta.
Por fim, você acabará desenvolvendo o hábito de falar
sem usar palavras vulgares.
Acho que as instruções que Paulo deu aos santos de
Éfeso são úteis hoje, a todos nós:
“Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas
só a que for boa para promover a edificação, para que dê
graça aos que a ouvem.
E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual
estais selados para o dia da redenção” (Efésios 4:29–30).
Tenha a coragem de manter sua linguagem limpa e
pura. Melhore seu vocabulário — isso o colocará entre
aqueles que serão encontrados servindo ao Senhor.
O Salvador ensinou: “O homem bom, do bom tesouro do
seu coração tira o bem, e o homem mau, do mau tesouro do
seu coração tira o mal, porque da abundância do seu coração
fala a boca” (Lucas 6:45).
Que sua boca expresse a abundância do que há de bom
em seu coração, é minha oração por todos vocês. ■
Como Melhorar Sua Linguagem
Para todos os que adquiriram o costume de usar palavras profanas ou vulgares e gostariam de corrigir esse
hábito, gostaria de oferecer uma sugestão.
1. Assuma o compromisso de apagar essas
palavras de seu vocabulário.
a
h
n
e
t
n
Ma sua em
g
a
u
ling
a
p
lime
!
a
r
pu
33
PROCURE
ABRIGO
“A desculpa dada é
de que essas coisas
[a pornografia] são
difíceis de evitar,
elas estão sempre diante de nós e
não há escapatória. Suponham
que haja uma tempestade de neve
rugindo e uivando ao seu redor.
Vocês não conseguirão pará-la.
Mas podem vestir-se adequadamente e procurar abrigo para que
a tempestade não os afete.”
Presidente Gordon B. Hinckley, “Um Mal
Trágico entre Nós”, A Liahona, novembro
de 2004, p. 61.
34
Minha Batalha
contra a Pornografia
NOME OMITIDO
ILUSTRAÇÕES: ROGER MOTZKUS
E
u tinha apenas dez anos de idade
quando tive meu primeiro contato
com a pornografia. Estava na casa de
um amigo mais velho e assistíamos à televisão. Ele foi até seu computador e disse que
tinha algo para me mostrar. Quando perguntei o que era, ele disse: “Fotografias de garotas sensuais”. Eu disse que olhar para esse
tipo de coisas era contrário à minha religião,
mas ele disse: “É, eu sei. Mas todo mundo
vê essas coisas. É natural”. Recusei-me a
olhar e fui embora.
Dois anos depois, eu estava novamente
na casa do meu amigo. A diferença foi que
dessa vez deixei a curiosidade e a tentação
me dominarem, e concordei em ver o que
ele tinha para me mostrar. Esse foi o maior
erro da minha vida. Todos os dias fico desejando não ter entrado por esse caminho.
Continuei a ver pornografia em meu computador. Ele ficava num lugar isolado, mas se
alguém entrasse, eu dizia que era uma imagem que entrara sem ser solicitada na tela
ou dava outra desculpa. Durante todo o ano
seguinte, silenciei o meu sentimento de culpa
e nem sequer tentei parar de ver pornografia.
Convenci a mim mesmo de que era uma coisa
natural e ignorei todos os conselhos que ouvi
na Igreja dizendo o contrário. Não me dei
conta, a princípio, mas eu tinha ficado viciado
em pornografia. Comecei a olhar para as
moças de modo diferente, e sinto vergonha
dos pensamentos que tive.
Numa conferência de jovens, meu presidente de estaca disse que ver pornografia
tornava os jovens indignos de exercer o sacerdócio. Seu discurso me convenceu de que eu
precisava parar. A princípio, achei que conseguiria fazê-lo sozinho. Não quis contar para o
bispo, porque não queria que ele me condenasse pelo que eu estava fazendo. Em vez
disso, resolvi simplesmente parar de olhar.
Infelizmente, minha resolução não durou
muito tempo. Prometia a mim mesmo todas
as vezes que aquela seria a última, mas o vício
estava tão enraizado em mim que, pouco
depois, estava olhando de novo.
Muitos outros pecados resultaram desse.
Continuei a ir para a Igreja, mas não prestava atenção. Deixei que Satanás tivesse
poder sobre minha vida e perdi a influência
do Espírito. Menti a respeito da leitura das
escrituras no seminário. Menti sobre meus
registros de escotismo. Até colei na escola.
Tornei-me tudo aquilo que me tinham ensinado a não ser.
Cinco anos se passaram, nos quais eu tentava vencer meu vício por meio de oração e
Por mais que
me esforçasse
para livrar-me
do vício, eu
estava sempre
perdendo a
batalha. Por
fim, descobri
que não conseguiria fazê-lo
sozinho.
A L I A H O N A JULHO DE 2007 35
PREVENÇÃO
A melhor defesa contra a pornografia é não
vê-la. As dicas a seguir ajudam a prevenir o
primeiro passo rumo ao vício e todas as
suas conseqüências:
• Muitas pessoas que têm problemas com a pornografia foram iniciadas por um amigo. Se alguém se
oferecer para mostrar-lhe pornografia,
saia imediatamente. Escolha cuidadosamente as pessoas com quem você passa
seu tempo.
• Tenha a coragem de desligar qualquer
mídia que mostre coisas imorais ou fale sobre
a imoralidade, seja qual for a classificação etária.
• Coloque os televisores e os computadores em
um local da casa no qual muitas pessoas transitem.
Não use o computador quando estiver sozinho
em casa.
• Certifique-se de que todos os computadores
com acesso à Internet que você usar tenham um
filtro que bloqueie sites pornográficos. Proteja-se
contra a tempestade da pornografia (ver a citação
do Presidente Hinckley, na página 34).
• Nunca abra e-mails de alguém desconhecido.
Se acidentalmente encontrar pornografia na Internet,
desligue imediatamente o computador e informe um
adulto.
• Ouça os sussurros do Espírito Santo. Ele o avisará quando você estiver em uma situação perigosa.
RECUPERAÇÃO
Se você for apanhado pela armadilha da pornografia, é preciso que se arrependa e sobrepuje o
vício. Esforce-se no processo de arrependimento,
com a ajuda de seu bispo ou presidente de ramo.
Os Serviços Familiares SUD dão as seguintes
sugestões para a recuperação de um vício:
• Pare de racionalizar suas ações.
Você precisa parar de justificar seu vício.
• Interrompa o círculo vicioso. Impeça
que o seguinte círculo vicioso se repita:
36
Fase 1: A preocupação — concentração
em imagens mentais que sejam sexualmente
estimulantes.
Fase 2: Ritualização — adoção de rotinas que
conduzam ao uso da pornografia.
Fase 3: Ver ou usar pornografia.
Fase 4: Desespero.
Você pode vencer a tentação de ver pornografia
quebrando o ciclo em qualquer um dos quatro pontos. Eis algumas maneiras de impedir que a fase 1
o conduza à seguinte:
1. Controle seus pensamentos e desejos. Utilize
a fé, o jejum, a oração e o estudo das escrituras
para vencer pensamentos impuros. Substitua os
pensamentos indignos assim que eles entrarem
em sua mente, ouvindo música inspiradora, recitando escrituras decoradas ou pensando em coisas
saudáveis.
2. Mude sua rotina. Faça algo diferente, como
dar uma caminhada, ler as escrituras, conversar
com um amigo, praticar um esporte ou tocar um
instrumento musical.
3. Elimine a oportunidade. Não se permita ver
pornografia: elimine o acesso a ela.
4. Ore pedindo que a esperança substitua seu
desespero. Não permita que as recaídas o desanimem. Por meio do arrependimento e do perdão,
você pode sentir esperança em vez de desespero.
Vencer o vício é um processo que requer tempo.
Os bem-sucedidos são os que persistem.
• Busque auxílio profissional. Um vício grave
pode exigir aconselhamento profissional. Em algumas áreas, seu bispo ou presidente de ramo pode
encaminhá-lo ao escritório mais próximo dos
Serviços Familiares SUD, que têm um programa
de recuperação para as vítimas de vícios. Visite o
site www.ldsfamilyservices.org para mais informações. O folheto da Igreja Que a Virtude Adorne
Teus Pensamentos (código 00460 059) também
contém informações úteis para vencer o vício da
pornografia.
EVITE A
ARMADILHA
“A pornografia tem
como resultado os
frutos corruptos
da imoralidade,
de lares destruídos e de vidas arrasadas. A pornografia suga a força
espiritual necessária para a perseverança. A pornografia pode ser
comparada à areia movediça. A
pessoa pode cair na armadilha
facilmente e sucumbir tão logo
entre nela, a ponto de não conseguir ter idéia dos sérios danos
que provoca. É provável que a pessoa precise até de ajuda especializada para sair da areia movediça
da pornografia. Quão melhor é
jamais experimentá-la.”
manter minha mente concentrada
autocontrole. Mas não consegui venem coisas sagradas. Descobri que o
cer o vício sozinho.
estudo diário das escrituras foi uma
Por fim, admiti para meus pais
das maneiras mais úteis de erguer
que tinha um problema com pornominhas defesas espirituais. Quando
grafia. Disse para eles: “Preciso de
eu estava vendo pornografia, nem
ajuda. Não consigo fazê-lo sozinho”.
sabia onde estavam as minhas escrituEmbora tenha sido difícil para eles,
ras. Mas agora eu sabia que precisava
meus pais compreenderam e tentaler as escrituras todos os dias para
ram ajudar-me. Eles me incentivaram
resistir à tentação.
a conversar com o bispo.
Também tive que tomar mais
Eu sabia que meus pais estavam
cuidado com o que assistia e ouvia.
certos, mas eu tinha medo de falar
Muitos programas de televisão e filcom o bispo. Eu o considerava meu
mes falam da imoralidade como se
amigo e não queria que soubesse
fosse uma coisa natural. Dei-me conta
dos pecados que eu ocultara por
Élder Joseph B. Wirthlin, do Quórum
de que isso é natural para o homem
tanto tempo. Quando finalmente
dos Doze Apóstolos, “Firmes Prossegui”,
natural, que é inimigo de Deus (ver
reuni coragem para procurá-lo, fiquei
A Liahona, novembro de 2004, p. 101.
Mosias 3:19). Somente por intermédio
surpreso de ver como ele foi comda Expiação de Jesus Cristo consegui
preensivo. Não senti que estava me
deixar de lado o homem natural e ser
condenando; ele só queria ajudar.
perdoado de meus pecados. Sei que,
Assim que confessei tudo ao
se há alguém que pode compreender
bispo e comecei a me arrepender,
o remorso que senti por meus pecaminha vida imediatamente ficou
dos, essa pessoa é o Salvador, que
bem melhor. Compreendi que
sofreu todas as coisas.
para arrepender-me totalAbandonei meu vício de pornogramente de meu vício em
fia. Adquiri uma compreensão de que
pornografia, eu precisava
graças à Expiação, há esperança eterna.
arrepender-me de todos os
Embora eu precise manter-me constanmeus pecados. Devolvi todos os
temente atento, vencerei essa guerra
meus prêmios do seminário e as
com a ajuda do Espírito em minha vida.
insígnias de mérito do escotismo,
Sei que o diabo ainda procurará tentaradmitindo que não tinha merecido
me, mas ele jamais prevalecerá, se eu
recebê-los. Também confessei a
tiver o Salvador ao meu lado.
meus professores da escola que
Aprendi, da maneira mais difícil,
tinha colado.
que basta uma pequena faísca para
Com a ajuda do bispo, dei-me
dar início a uma conduta nociva difícil de ser abandonada,
conta de como era importante confessar tanto ao bispo
que não traz nada além de sofrimento. Deixei que uma
quanto ao Senhor (ver D&C 58:43). Antes, eu tentava lutar
vã curiosidade me levasse ao pecado e ao desespero, mas
contra o vício sozinho, mas agora, eu tinha meus pais, meu
estou motivado a manter-me afastado dessa praga pelo
bispo e, mais importante, o Senhor ao meu lado. Essas são
resto de minha vida. Espero ansiosamente pela oportunidefesas muito fortes contra a tentação.
dade de servir em uma missão, casar no templo e, por fim,
Instalamos um bloqueio no computador, e comecei a
viver com o Pai Celestial e Jesus Cristo novamente. ■
colocar gravuras do templo ou do profeta ao lado dele para
DO ALTO À ESQUERDA: FOTOGRAFIAS: JED CLARK, WELDEN C. ANDERSEN, JOHN LUKE E TAMRA RATIETA
AREIA
MOVEDIÇA
A L I A H O N A JULHO DE 2007 37
Como Conversar com os
Jovens sobre a Pornografia
Se os pais e os líderes do sacerdócio falarem
abertamente com os jovens sobre as intimidades, serão capazes de ajudá-los a compreender e evitar os perigos espirituais, emocionais
e físicos da pornografia.
DA N G R AY
Assistente social clínico licenciado
FOTOGRAFIAS: CRAIG DIMOND, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS
O
s jovens de hoje estão sendo bombardeados com imagens explícitas — a
maioria delas carnais e voluptuosas.
Mas devido à complexidade e à natureza delicada das questões sexuais, muitos pais hesitam ou ficam envergonhados de discutir o
assunto com os filhos. Conseqüentemente,
muitos jovens buscam respostas com amigos
mal-orientados ou com a mídia corrupta,
adquirindo uma visão incorreta da sexualidade. Isso pode conduzir a um comportamento impróprio.
Queremos ensinar aos nossos jovens a lei
da castidade e ajudá-los a evitar as tristezas
da imoralidade. E o que nós, pais e líderes do
sacerdócio podemos fazer? Precisamos conversar com nossos jovens a respeito da natureza
sagrada das intimidades humanas e ajudá-los
a compreender e dominar os sentimentos
associados a essas intimidades.
Se ensinarmos apenas a respeito da sexualidade imprópria, nossos jovens podem tornar-se inseguros. Podemos inadvertidamente
transmitir esta mensagem desorientadora: “Os
pensamentos e sentimentos sexuais são maus,
pecaminosos e errados — reservem-nos para
alguém que vocês amem”. Os jovens que recebem apenas mensagens negativas a respeito
da sexualidade podem concluir: “Como a atração e os desejos sexuais são maus, e esses
sentimentos são muito fortes em mim, então
devo ser mau”. Esse tipo de pensamento pode
resultar em sentimentos de baixa auto-estima,
indignidade e vergonha, que fazem os jovens
sentir-se distantes do Espírito.
Uma conversa franca pode evitar grande parte dessa
confusão. Ao conversarmos com nossos jovens a respeito
da natureza sagrada de nosso corpo e da procriação,
poderemos ajudá-los a compreender e a evitar os perigos
espirituais, emocionais e físicos da pornografia.
Nosso Corpo: Sua Natureza Sagrada
A mídia freqüentemente exibe uma visão pouco realista de
como nosso corpo deve parecer e o que ele representa. Essa
visão leva as pessoas a verem o corpo como um objeto, em
vez de uma parte essencial da alma. A aceitação dessa visão
pode levar a uma quase adoração do “corpo perfeito” e,
quando não conseguem isso, ao autodesprezo.
Em vez de deixar que a mídia ensine aos nossos jovens
esse destrutivo ponto de vista mundano, podemos ensinarlhes que nosso corpo, sob todos os aspectos, é maravilhoso,
uma dádiva de Deus, criado para proporcionar alegria e
satisfação. Em 1913, o Élder James E. Talmage (1862–1933),
do Quórum dos Doze Apóstolos, declarou: “Fomos ensinados (...) a olhar para este nosso corpo como uma dádiva de
Deus. Nós, santos dos últimos dias, não consideramos o
corpo como algo a ser condenado e abominado. (...)
Consideramos [o corpo] como um sinal de nosso legado
real. (...) Uma característica exclusiva da teologia dos santos
últimos dias é o fato de considerarmos o corpo como uma
parte essencial da alma.”1 Essa compreensão pode ajudar
os jovens a olhar para o próprio corpo e o de outras pessoas com profundo respeito.
O Élder Jeffrey R. Holland, do Quórum dos Doze
Apóstolos, também falou a respeito da natureza sagrada
do nosso corpo:
“Precisamos simplesmente compreender a doutrina SUD
revelada e restaurada a respeito da alma e do papel elevado
e inextricável que o corpo desempenha nessa doutrina.
Uma das verdades ‘claras e preciosas’ restauradas nesta
dispensação é a de que ‘o espírito e o corpo são a alma do
homem’ [D&C 88:15; grifo do autor]. (...)
A exploração do corpo (incluam a palavra alma aqui) é,
em última análise, uma exploração Dele, que é a Luz e a
Vida do mundo.”2
Nossa Sexualidade: Uma Dádiva
Além de sermos abençoados com um corpo físico, recebemos também o poder sagrado da procriação. Nosso Pai
Celestial sancionou o ato de expressão sexual no casamento e permitiu que os casais sintam prazer, amor e
satisfação nessa expressão. O Presidente Spencer W.
Kimball (1895–1985) declarou: “No contexto do casamento legítimo, a intimidade das relações sexuais são corretas e divinamente aprovadas. Nada há de impuro ou
degradante na sexualidade propriamente dita, mas por
meio dela o homem e a mulher se unem num processo
de criação e numa expressão de amor”.3 Nosso desejo
sexual — quando devidamente expressado — deve, portanto, ser visto como uma dádiva maravilhosa e sagrada.
O Presidente Boyd K. Packer, Presidente Interino do
Quórum dos Doze Apóstolos, falou aos jovens da Igreja
sobre esse assunto. Seus vigorosos pontos de vista podem
ajudar os pais a ensinarem seus filhos a respeito da natureza positiva e sagrada desse poder.
“Nosso corpo foi dotado de um poder de criação que é
sagrado. Uma luz, por assim dizer, capaz de acender outras
luzes. Esse dom somente deve ser usado dentro dos laços
sagrados do matrimônio. Por meio do exercício desse poder
de criação pode-se conceber um corpo mortal, no qual
entrará um espírito, e uma nova alma nascerá nesta vida.
Esse poder é bom. Ele pode criar e suster a vida em família, e nela encontramos a fonte da felicidade. Ele é concedido a praticamente toda pessoa que nasce na mortalidade.
É um poder sagrado e importante, e digo novamente a
vocês, meus jovens amigos, que esse poder é bom. (...)
Grande parte da felicidade que vocês terão na vida dependerá de como usarem esse sagrado poder de criação.”4
Os Efeitos Nocivos da Pornografia
Uma das coisas que pode corromper esse poder
sagrado é a pornografia. O Presidente Gordon B. Hinckley
disse que, por meio da utilização dessas coisas, “a mente
dos jovens se torna distorcida com conceitos falsos. A
exposição contínua leva a um vício que é quase impossível de ser vencido”.5
Muitas pessoas, até psicólogos profissionais, toleram ou
até aprovam o uso da pornografia como uma conduta inofensiva. Justificam essa atitude dizendo que isso é “normal”
e não causa nenhum dano, se for feito em lugar isolado e
particular. Essa mesma racionalização é usada para desculpar a prática da auto-estimulação que acompanha o uso
da pornografia. Portanto, como respondemos quando um
A L I A H O N A JULHO DE 2007 39
jovem perguntar: “O que há de tão errado na pornografia
e na auto-estimulação?” Os quatro pensamentos a seguir
podem ser úteis ao abordar essa questão.
Ela degrada a alma, uma alma pela qual Jesus Cristo
O corpo faz parte da alma; portanto, quando olhamos para o corpo de outra pessoa para satisfazer nossos
próprios desejos voluptuosos, estamos desrespeitando e
degradando a alma daquela pessoa, bem como a nossa. O
Élder Holland nos advertiu das conseqüências de justificar
uma atitude leviana em relação a essas coisas: “Quando
banalizamos a alma de outra pessoa (incluam a palavra
corpo aqui) estamos banalizando a Expiação, que salvou
aquela alma e garantiu sua existência eterna. E quando
alguém brinca com o Filho da Retidão, a própria Estrela da
Alva, brinca com uma chama e um calor mais brilhante e
sagrado que o sol do meio-dia. Não se pode fazer isso sem
se queimar.”6 A pornografia denigre e degrada o corpo e
o espírito. Precisamos respeitar tanto a nossa própria natureza sagrada quanto a das outras pessoas.
expiou.
Ela pode impedir-nos de atingir o mais pleno potencial
Nosso Pai Celestial criou nosso corpo e
nosso espírito. Ele sabe como eles trabalham melhor juntos. Ele sabe o que nos ajudará a atingir nosso potencial e
o que prejudicará nosso progresso. Ele sabe o que devemos ingerir e o que devemos evitar. Os profetas nos ensinam que as imagens pornográficas que deixamos entrar
em nossa mente prejudicam nosso espírito e que, ao
fazê-lo, estamos colocando em perigo nossa capacidade
de sentir alegria e felicidade. No entanto, se seguirmos
as ordens do Senhor contidas nas escrituras e recebidas
por meio dos profetas, poderemos atingir o potencial
mais pleno de nossa alma.
Ela pode se tornar um vício. A visão repetida da pornografia, especialmente quando associada à auto-estimulação,
pode se tornar um hábito ou até um vício. O vício se estabelece quando a pessoa se torna dependente do “êxtase”
produzido pelas substâncias químicas liberadas pelo organismo quando a pessoa vê pornografia. A pessoa aprende
a ficar dependente dessa atividade para fugir dos problemas da vida e de coisas que provocam estresse emocional, como mágoa, raiva, tédio, solidão ou cansaço. Essa
dependência se torna muito difícil de vencer e, às vezes,
acaba resultando em encontros sexuais fora dos laços do
matrimônio.
de nossa alma.
40
Ela cria uma expectativa irreal para o casamento.
Quando a pessoa vê pornografia e fica excitada, o corpo
sente o mesmo padrão de excitação que ocorre num encontro sexual real. Quando esse comportamento é repetido
com freqüência, tanto o corpo quanto a mente se tornam
condicionados a certas imagens e condutas sexuais que
podem criar uma expectativa irreal e nociva do que deva ser
um relacionamento sexual. E tais expectativas, ao serem
levadas para o casamento, criam mágoa, desconfiança,
conflito, confusão e traição de confiança entre os cônjuges.
Virtude Incessante
O Senhor oferece imensas bênçãos aos que têm pensamentos puros e virtuosos associados à caridade: “Que a
virtude adorne teus pensamentos incessantemente; então
tua confiança se fortalecerá na presença de Deus; e a doutrina do sacerdócio destilar-se-á sobre tua alma como o
orvalho do céu. O Espírito Santo será teu companheiro
constante” (D&C 121:45–46).
De que modo podemos manter pensamentos virtuosos
“incessantemente?” Os que são bem-sucedidos em vencer
os pensamentos e comportamentos impróprios são aqueles que aprendem a ocupar-se em rotinas diárias virtuosas.
Essas rotinas podem incluir:
• Ouvir música inspiradora.
• Desfrutar as criações de Deus na natureza.
• Manter nosso corpo limpo e saudável.
• Ler as escrituras e bons livros.
• Deleitar-se com risos junto aos amigos e familiares.
• Participar de conversas que não sejam degradantes
nem indecentes.
• Expressar gratidão em oração e rogar pela capacidade
de resistir à tentação.
• Cercar-se de coisas virtuosas no lar e no local de trabalho, inclusive pinturas, gravuras e presentes de entes
queridos, objetos que nos façam sorrir ou coisas que
nos ajudem a ter boas recordações.
Todas essas coisas podem tornar-se símbolos de virtude
e podem manter nossa mente concentrada e menos susceptível aos desejos do homem natural. Se os jovens conseguirem aprender e implementar essas estratégias em sua
vida, começarão a sentir as maravilhosas bênçãos mencionadas em Doutrina e Convênios 121.
Também é vital que compreendam que
todos nós temos fraquezas a superar. As fraquezas não nos tornam indignos do amor de
Deus. Na verdade, vencer nossas fraquezas faz
parte do plano do Senhor para nós. Quando
o Senhor nos conscientiza de nossas fraquezas, e nós seguimos Seu mandamento de ser
humildes e submissos (e não angustiados e
desesperançados), coisas maravilhosas começam a acontecer.
Podemos entregar nosso coração ao Senhor
com fé. Então, por Sua graça e poder — e não
somente por nossa força de vontade — Ele
fará com que “as coisas fracas se tornem fortes” (Éter 12:27) para nós.
Não nos foi dito que Ele retiraria de nós as
nossas fraquezas. Pode ser que continuemos
a ser tentados e atormentados por nossas fraquezas, mas se formos humildes e mantivermos a fé, o Senhor nos ajudará a resistir às
tentações.
O que os jovens com problemas relacionados à pornografia precisam saber é que não
estão perdidos, que nós e o Senhor ainda
os amamos, e que há uma saída para o
problema. O Presidente Hinckley disse:
“Suplique ao Senhor do fundo de sua alma
para que Ele remova de você o vício que o
escraviza. E tenha a coragem de procurar a
amorosa orientação de seu bispo e, se necessário, o conselho de profissionais atenciosos”.7
Nossos jovens não devem sentir-se envergonhados de procurar a ajuda dos pais, do sacerdócio e de profissionais.
Como pais e líderes, precisamos envolvernos na vida de nossos jovens, esforçando-nos
para criar um ambiente onde se sintam seguros. Precisamos ser destemidos em nossa
comunicação com eles a respeito dessas
importantes questões, incentivandoos a permanecer próximos dos princípios do evangelho e a fortalecer-se
contra os poderes do adversário.
Precisamos saber quais são e monitorar as atividades de nossos jovens
— inclusive a utilização da Internet
— e discutir abertamente as bênçãos e os perigos da sexualidade
humana, ouvindo-os e dando-lhes
orientação e conselhos sensatos.
Evidentemente, não devemos
contar casos pessoais tirados de
nossas próprias experiências íntimas. Mas usando os princípios discutidos neste artigo, podemos ajudar nossos
jovens a compreender claramente o poder e o
potencial dos desejos sexuais que eles sentem.
Mais importante, precisamos dar um bom
exemplo para nossos jovens. Eles observam
como lidamos com as influências negativas.
Nossos jovens precisam compreender que
sabemos que a influência do adversário não
tem comparação com o poder e influência
divina do Senhor, em Quem depositamos
nossa confiança. ■
A J U D A PA R A
VENCER A
PORNOGRAFIA
Que a Virtude Adorne
Teus Pensamentos é um
novo folheto indicado às
pessoas que têm problemas com a pornografia.
Ele discute como:
• Reconhecer a mídia
destrutiva.
• Resistir à tentação da
pornografia e fugir dela.
• Abandonar o vício da
pornografia.
Que a Virtude Adorne
Teus Pensamentos (código
00460 059) também cita
escrituras e outros recursos
da Igreja a respeito do arrependimento, da santificação
do corpo e de como vencer
as influências mundanas. Os
líderes da Igreja e membros
da família podem compartilhar o folheto com entes
queridos que tenham problemas com a pornografia.
QUE A VIRTUDE
ADORNE TEUS
PENSAMENTOS
NOTAS
1. Conference Report, outubro de 1913, p. 117.
2. Of Souls, Symbols, and Sacraments, 2001, pp. 11, 13.
3. The Teachings of Spencer W. Kimball, org. Edward L.
Kimball, 1982, p. 311.
4. “Why Stay Morally Clean”, Ensign, julho de 1972,
p. 111; grifo do autor.
5. “Um Mal Trágico entre Nós”, A Liahona, novembro
de 2004, p. 61.
6. Of Souls, Symbols and Sacraments, p. 13.
7. A Liahona, novembro de 2004, p. 62.
A L I A H O N A JULHO DE 2007 41
VOZES DA IGREJA
de reféns, batalha de rua, corrida por
túneis e edifícios e atendimento de
primeiros socorros. Depois de cada
teste, mal tínhamos tempo para descansar antes de prosseguir para o
Daniel Cisternas
próximo ponto de verificação.
O asfalto congelante fazia meus pés
ficarem dormentes, e meus ombros
uando eu tinha 19 anos, fui
doíam por causa do equipamento
chamado para servir no exérpesado. No entanto, continuei em
cito sueco. Como sinaleiro
frente e tentei não reclamar. Nosso
da artilharia, servi no grupo de
grupo enfrentou condições climáticas
apoio e no pelotão de frente da
árduas e provações difíceis, mas contiOitava Companhia.
nuamos marchando como irmãos de
Às quatro da manhã de um dia de
armas. Ao longo do caminho, enconinverno, nossos oficiais nos ordenatramos civis espantados que riam,
ram que vestíssemos o equipamento
apontavam o dedo e gritavam para nós.
completo e nos reuníssemos do lado
Eu estava cansado, com frio, sujo
de fora dos alojamentos, em vinte
e dolorido quando chegamos ao desminutos. Cansado e faminto por
tino final, e o ônibus
causa das atividades do dia anteveio buscar-nos.
rior, senti que mal fechara os
embrei-me
Durante a viagem de
olhos e lá estava eu novamente
das histórias
volta à base, pensei
preparando-me para enfrentar
de fome,
nas provações que
um novo teste. Lembro-me do
frio e dor; das
que senti ao sair do calor dos
zombarias; das
alojamentos para o frio indescricaminhadas por
tível que fazia lá fora.
quilômetros sem
Um imenso ônibus militar
fim — as mesmas
chegou para apanhar-nos.
coisas que eu
Disseram que estávamos indo
tinha vivenciado
para Estocolmo, para um grande
naquele dia.
teste que determinaria se estaríamos qualificados para continuar o nosso treinamento. Ao
chegarmos à cidade, fomos
divididos em três grupos, com
mapas e destinos diferentes.
Caminhamos pelas ruas de
Estocolmo, totalmente equipados
com armas, munição e outros equipamentos. A cada ponto de verificação, tínhamos de realizar um
teste físico, como por exemplo,
confronto com o envolvimento
Lembrei-me
dos Pioneiros
Q
L
42
meu pelotão e eu tínhamos suportado e perguntei-me se aquele treinamento teria alguma utilidade, além
das medalhas concedidas no final.
Perguntei-me se alguém mais, além
de nós, teria passado por provações
como as que tínhamos enfrentado
naquele dia.
De repente, pensei nas dificuldades
e sacrifícios enfrentados pelos pioneiros dos primeiros dias da Igreja.
Lembrei-me das histórias de fome, frio
e dor; das zombarias; das caminhadas
por quilômetros sem fim — as mesmas coisas que eu tinha vivenciado
naquele dia. A grande diferença
foi que eu tive de suportar aquilo
somente por um dia. Os pioneiros viajaram no frio e na neve, chuva e calor,
caminhando em meio à lama e poeira.
Tinham pouca segurança física, contando apenas com a fé na proteção
do Senhor. Os pioneiros caminharam
para encontrar Sião porque o Senhor
ILUSTRAÇÕES POR DOUG FAKKEL
tinha uma obra maravilhosa para ser
realizada por aqueles membros.
De repente, sem pensar, comecei
a cantar “Vinde, Ó Santos” (Hinos,
n.º 20), e bem ali no ônibus, comecei
a sentir algo diferente dentro de mim.
Um grande calor e felicidade fluíramme pelo corpo. Eu não era ativo na
Igreja naquela época, e achava que
jamais voltaria, mas de repente tive
um sentimento, que me dizia: “Volte
para a Igreja”.
Quando cheguei à base, liguei
para meus pais e disse que os amava
e que desejava voltar para a Igreja.
O domingo seguinte foi uma imensa
provação para mim, pois eu precisava
de coragem para voltar, por ter ficado
afastado por tanto tempo. Não foi
fácil, mas valeu a pena. Minha família
e os demais membros me ajudaram a
sentir-me bem-vindo.
Comecei a preparar-me para servir
em uma missão, e dois anos depois,
recebi um chamado para servir na
Missão Cabo Verde Praia. Quando
cheguei a Salt Lake City, a caminho do
Centro de Treinamento Missionário,
vi a obra maravilhosa realizada pelos
pioneiros na construção de um templo magnífico e no planejamento de
uma bela cidade. Sussurrei brandamente: “Obrigado”.
Hoje, quando me pergunto se
aquele teste militar teve algum
valor, respondo que sim, sem dúvida
alguma, porque naquele momento
de reflexão dentro de um ônibus, ao
lado de um pelotão de companheiros soldados, dei-me conta de quão
importante era a obra de Deus. Valeu
a pena porque voltei para o Senhor
e estou hoje fazendo Sua obra e Sua
vontade. ■
Tire as Crianças da Água!
Janell Johnson
E
ra um dia agradável, no verão
de 2003. Fui com meus cinco
filhos visitar a família de
minha irmã, saindo de nossa casa em
Logan, Utah, viajando de carro até
Bear Lake. Da casa dela até o lago,
são poucos minutos de caminhada.
Depois de conversarmos um pouco,
decidi levar meus filhos e duas primas, Kami e Erin, para brincar à beira
do lago.
Junto à margem, a água estava
quente, e soprava uma brisa suave
quando me sentei numa cadeira, para
ler e relaxar. Olhei para o lago e notei
que Kami estava a uns 50 metros da
margem, flutuando numa prancha de
isopor. Como o lago ficava muito
fundo bem perto da margem, acenei
para ela e a chamei para mais perto,
mas, àquela distância, ela não ouviu
minha voz.
Naquele momento, comecei a sentir-me inquieta e ouvi o Espírito sussurrar que as crianças precisavam sair
da água. Chamei todas as crianças
para que viessem para perto da margem, e relutantemente elas vieram
em minha direção. De repente,
o Espírito falou bem alto e claro,
dizendo: “Tire as crianças da água!”
Virei-me para as montanhas que estavam atrás de nós e vi nuvens escuras
se juntando. Um relâmpago brilhou
intensamente no céu.
“Saiam da água”, gritei. “Está
A L I A H O N A JULHO DE 2007 43
G
ritei para
que Kami
ouvisse
minhas palavras
e soubesse que
eu estava orando.
“Pai Celestial, por
favor, dá-nos forças
para fazer isso”.
chegando uma tempestade com
raios e trovões!” Corri para Kami,
que estava então a uns 70 metros de
distância. Naquele momento, uma
rajada de vento nos atingiu. Meu filho
de oito anos, Dallin, tentava carregar
outra prancha para fora da água, mas
o vento o atingiu como a uma vela de
barco e o derrubou no chão.
Tentei chegar até onde Kami estava
o mais rápido que pude, mas o vento
a carregava para mais longe na água.
Não sou boa nadadora, e com as
ondas se erguendo a meu redor,
continuei a caminhar dentro da água.
Vi que ela estava batendo os pés o
mais forte que podia, inclinando-se
para um lado da prancha, mas isso de
nada valia contra o vento feroz. Ela
ainda estava sendo carregada para
as águas profundas.
44
As águas começaram a ficar cada
vez mais profundas enquanto eu
caminhava, até atingirem meus
ombros. Então, senti meus pés atingirem um local em que o leito do
lago se aprofundava subitamente.
Tive de parar, mas ainda estava a uns
18 metros de Kami. Abri a boca para
chamá-la, mas para meu terror, não
pude emitir som algum. Quando
finalmente consegui, minha voz saiu
engasgada. Foi então que me dei
conta de o quanto a água estava fria
naquele lugar. Percebi que eu estava
entrando em hipotermia. Eu também
não conseguiria voltar. Nós duas iríamos nos afogar.
Naquele momento, usando todas
as forças que me restavam, gritei
para Kami de modo que ela ouvisse
minhas palavras e soubesse que eu
estava orando. “Pai Celestial, por
favor, dá-nos forças para fazer isso”.
Num instante, um calor inundou
meu corpo, e minhas forças voltaram. Minha voz tornou-se clara e
forte, e gritei: “Kami, reme com
as mãos!” Os braços da garotinha
de dez anos a impulsionaram num
nado “cachorrinho”. Ela mal tinha
forças para fazer qualquer diferença
contra o vento terrível, mas foi
como se mãos gigantescas a estivessem empurrando gentilmente até
meu braço estendido. Continuei
a gritar-lhe palavras encorajadoras,
até que nossos dedos se tocaram;
naquele momento eu soube que
o Pai Celestial tinha me levado
até ela, e que conseguiríamos
salvar-nos.
Na margem, Dallin chorava
enquanto o vento e a areia o fustigavam cruelmente. Tive de usar todas
as forças para carregar o menino, as
outras crianças, as pranchas e os
brinquedos para dentro do carro.
Ao longe, o som estridente de uma
sirene encheu o ar, anunciando um
incêndio causado pelos relâmpagos
nas montanhas. Aquilo pareceu piorar a situação dramática em que nos
encontrávamos, mas eu sabia que
tínhamos sido preservados por auxílio divino.
Contei às crianças o que havia
acontecido na água e, assim que
chegamos à casa da minha irmã,
agradecemos em oração por Ele ter
salvado nossa vida. Quando o fizemos, senti o imenso amor do nosso
Pai Celestial. Sei que Ele conhece
cada um de Seus filhos e sinto-me
muito grata por Ele ter estado
conosco naquele dia. ■
Conseguirei
Falar
Novamente?
Javier Gamarra Villena
E
u já servia em uma missão
no meu próprio país, Peru,
havia vários meses, quando
conheci Santiago. Ele freqüentava a
classe de membros novos da Escola
Dominical, mas não tinha sido batizado. Nem tinha ouvido as palestras
missionárias. Fiquei sabendo que
ele tinha um defeito na fala que
o deixava inseguro por causa de sua
dificuldade para comunicar-se.
Durante a maior parte de sua vida,
Santiago tinha sido capaz de falar claramente e tinha sido abençoado com
uma bela voz para o canto. Mas então,
sofreu um derrame. Depois de passar
muito tempo em um centro de reabilitação, aprendeu a andar novamente,
mas ainda tinha dificuldade para falar.
Ficamos entusiasmados quando
Santiago decidiu ouvir-nos. Em nossa
primeira visita, ele tentou falar, e nós
tentamos compreender. Ele gostou
particularmente de ler o Livro de
Mórmon em voz alta. Nós o amávamos e o admirávamos.
Certo dia, enquanto estávamos conversando sobre as ordenanças do evangelho, Santiago disse que estava pronto
para o batismo e a confirmação. Depois
de terminarmos a palestra, ele se levantou, com os olhos brilhantes e, com
grande dificuldade, perguntou: “Élderes, depois que eu for batizado, serei
capaz de voltar a falar normalmente?”
Fiquei atônito por um momento e
alta e fazendo os exercícios que o
a princípio não soube o que responmédico lhe recomendara. “O Senhor
der. Mas atendendo à influência do
viu meu esforço e me devolveu a voz”,
Espírito, eu disse, confiante: “Sim, se
disse ele. “E não demorará muito para
você tiver fé suficiente, o Senhor lhe
que Ele me abençoe com a capaciconcederá seu desejo”.
dade de cantar novamente”.
No dia de seu batismo, lembreiNão consegui conter as lágrimas.
me da pergunta de Santiago quando
Naquele dia, Santiago ensinou-me
lhe pediram que prestasse seu testeuma grande lição. As promessas do
munho. Eu sabia que algumas das
Senhor nem sempre são cumpridas
promessas do Senhor não são cumimediatamente, mas são cumpridas,
pridas imediatamente e fiquei me
mesmo assim. ■
perguntando se Santiago não se
sentiria desapontado, caso sua
capacidade de falar não melhorasse
imediatamente. Nos dias que se
seguiram, ele ainda tinha dificuldade
para falar, mas não me pareceu preocupado com isso.
Pouco depois, fui transferido e não
voltei a ver Santiago até o final de
minha missão, quando fui despedirme dele para voltar para casa. Meu
companheiro e eu não o encontramos
em casa e já estávamos indo embora,
quando subitamente ouvimos uma
forte voz nos chamar. Era Santiago!
Entramos em sua casa, e ele nos
disse que estava muito feliz por ser
membro da Igreja.
Após alguns minutos,
antiago
observei que ele
sabia que
estava falando quase
o Senhor
perfeitamente.
lhe concederia seu
Surpreso, eu disse:
desejo. Portanto,
“Santiago, você está
demonstrou sua
falando bem agora!”
fé e fez sua parte
Ele disse que sabia
lendo o Livro de
que o Senhor lhe con- Mórmon em voz
cederia seu desejo.
alta.
Portanto, demonstrou
sua fé e fez sua parte,
lendo o Livro de
Mórmon em voz
S
Aconteceu em Julho
Dica de Liderança
30 de julho de 1837: Vencendo
uma corrida até o rio Ribble com
outros candidatos ao batismo,
George D. Watt tornou-se o primeiro
converso da Grã-Bretanha. O Élder
Heber C. Kimball o batizou.
24 de julho de 1847: Brigham
Young e outros pioneiros entraram
no vale do Lago Salgado.
24 de julho de 1929: A Missão
Tchecoslováquia foi organizada.
9 de julho de 1976: A Missão Japão
Okayama foi organizada.
O Presidente James E. Faust,
Segundo Conselheiro na Primeira
Presidência, ensinou: “Quando o
Salvador estava dando treinamento de
liderança a Pedro, Ele disse: ‘Quando
te converteres, confirma teus irmãos’
(Lucas 22:32).
É interessante observar que Ele usou
a palavra confirmar.
É muito difícil confirmar ou fortalecer
sem ser um bom
comunicador.
Freqüentemente surgem problemas,
não porque o plano tenha falhas, mas
porque a comunicação é inadequada”
(“These I Will Make My Leaders”,
Ensign, novembro de 1980, p. 36).
Portanto, quando estiver planejando com sua família, classe ou
quórum, lembre-se de ser claro ao
comunicar-se. Você precisa não apenas falar, mas também ouvir: ouvir os
que estão sob sua responsabilidade
de liderança, ouvir seus pais e líderes
dos jovens e, mais importante, ouvir
o Espírito.
Reconhecer o Poder de Deus
As seguintes passagens das escrituras ilustram exemplos do poder de Deus e mostram o que
o sacerdócio pode fazer. Leia cada passagem e encontre a gravura correspondente.
___ Gênesis 1:1
___ Marcos 14:22–24
___ João 11:39–44
___ João 9:1–7
___ 3 Néfi 11:21
___ Helamã 12:9–17
6
1
2
46
3
4
5
NO ALTO: OS PIONEIROS ENTRAM NO VALE, DE J. B. FAIRBANKS, CORTESIA DO MUSEU DE HISTÓRIA E ARTE DA IGREJA; À ESQUERDA: DETALHE DE ACALMANDO A TEMPESTADE, DE TED HENNINGER; FOTOGRAFIA: STEVE BUNDERSON, COM
A UTILIZAÇÃO DE MODELOS; LÁZARO, DE CARL HEIRICH BLOCH, CORTESIA DO MUSEU HISTÓRICO NACIONAL DE FREDERIKSBORG, EM HILLERØD, DINAMARCA; FOTOGRAFIA: JOHN LUKE, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS; CRIAÇÃO DOS
ANIMAIS E AVES, DE STANLEY GALLI; FOTOGRAFIA: DAVID STOKER, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS
Você Sabia?
MENSAGENS INSTANTÂNEAS
DESEMPENHO EXEMPLAR
VIKTÓRIA MERÉNYI
N
ao baile e me ouviram tocar o hino.
A irmã disse que tinha sido maravilhoso ouvir o hino numa atividade
que não havia sido patrocinada pela
Igreja, e que isso fortaleceu o testemunho de todos os que participaram
do evento.
Descobri que nunca sabemos
quando estamos dando um bom
exemplo e que até as menores
ações podem ter uma repercussão importante
na vida de outras
pessoas. ■
ILUSTRAÇÃO: CHRIS HAWKES
a Hungria, quando uma turma
se forma no curso médio, realizamos um grande baile. Todos os
professores, pais e amigos são convidados. Os membros da turma dançam e fazem outras apresentações.
Quando me formei, foi-me pedido
que fizesse uma dessas apresentações. Decidi tocar piano. Uma das
peças que decidi tocar era um hino
da Igreja. Não há muitos membros da
Igreja na Hungria, por isso achei que
nenhum membro da Igreja ouviria
minha apresentação.
No domingo após o baile, uma
irmã da Igreja foi procurar-me, entusiasmada, cumprimentou-me e disse
que ela, outros membros da Igreja e
alguns pesquisadores tinham-me
ouvido tocar. Alguns membros
menos ativos também foram
A L I A H O N A JULHO DE 2007 47
COMENTÁRIOS
Uma Mensagem para Meu Pai
Um Missionário Aprende
Lembrei-me das Necessidades de
A Liahona de setembro de 2006 foi
extraordinária. Sei que o Presidente
James E. Faust estava realmente inspirado ao escrever sua mensagem “O
Pai Que Se Importa”. Parecia que ele
estava falando diretamente para mim
e minha família. Há seis filhos em
minha família, e perdemos nossa mãe.
Depois de ler o artigo, não hesitei em
mostrá-lo para o meu pai, que se tornara menos ativo. Sei que esse artigo
vai fortalecê-lo.
Outras Pessoas
Certa noite, eu estava lendo a edição de janeiro de 2006 de A Liahona.
O artigo do Presidente Gordon B.
Hinckley, em Vinde ao Profeta
Escutar, intitulado “Permaneçam no
Caminho Elevado”, imediatamente
me chamou a atenção. Enquanto lia
aquele artigo inspirador, cada palavra
iluminava todo o meu ser. Ele se
tornou um mapa para eu seguir em
minha jornada pela vida.
Ao voltar para a universidade,
depois de minha missão, descobri que
o trabalho acadêmico era realmente
difícil para mim.
Como estudante
de ciências e matemática, parecia
que eu tinha
esquecido todo o
meu conhecimento
básico de química,
física e matemática
enquanto estivera na
missão. Mas, embora
minha volta à universidade a princípio tenha sido
difícil, as coisas que eu havia
aprendido na missão — como pesquisar
para encontrar respostas — elevaram
meu estado de espírito e minha aplicação nos estudos. Sinto-me feliz por ter
colocado o Senhor em primeiro lugar
em minha vida e servido em uma missão. O artigo “Na Equipe do Senhor”, de
R. Val Johnson, em A Liahona de março
de 2006, confirmou esses sentimentos.
Coleen Emily G. Mabilog, Filipinas
Aristotle Kyeremanteng Fokuo, Gana
Um Mapa para Minha Vida
SEU FEEDBACK
Se você quiser ter a oportunidade
de enviar seu feedback a respeito de
A Liahona por meio de breves pesquisas de opinião ocasionais, envie por
e-mail o seu nome, ala e estaca (ou
ramo e distrito) para liahona@
ldschurch.org. Escreva “Reader
Survey”, em inglês, na linha de
assunto.
48
Volker P. Gebhard, Alemanha
Explicações Verdadeiras
Tive a felicidade de conhecer os
missionários de sua Igreja. Graças
àqueles rapazes, conheci A Liahona.
É uma revista maravilhosa! Ela dá uma
visão completa da missão e dos princípios de sua Igreja. Discute problemas
e também a maneira de resolvê-los.
Também fala do rumo que a Igreja
tomará no futuro.
Li o artigo “A Queda de Adão e
Eva”, na edição de junho de 2006
de A Liahona. Quero agradecer a
vocês por defenderem nossa primeira
mãe, Eva, e por sua busca incansável
por explicações verdadeiras de eventos
complexos descritos no evangelho.
Alla R. Muriseva, Rússia
FOTOGRAFIA: JOHN LUKE, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS
Tshibasu M. E. Baron, República
Democrática do Congo
Acho que A Liahona de outubro
de 2006 foi uma das melhores
que já foram publicadas.
Sei que muitos pesquisadores da Igreja acharam
que a revista falava diretamente para elas. Eu,
que já sou membro
da Igreja há muitos
anos, descobri que
os membros antigos
podem tornar-se cegos
para as preocupações,
temores e necessidades
dos que acabaram de filiar-se
à Igreja ou estão prestes a fazê-lo.
A Liahona de outubro lembrou-me
das necessidades dessas pessoas.
PA R A A S C R I A N Ç A S • A I G R E J A D E J E S U S C R I S TO D O S S A N TO S D O S Ú LT I M O S D I A S • J U L H O D E 2 0 0 7
OAmigo
VINDE AO
PROFETA ESCUTAR
P R E S I D E N T E J A M E S E . FA U S T
cerca, assistindo assustadas a toda aquela
destruição. Embora estivesse aterrrorizada, Mary Elizabeth estava com os olhos
luz que brilha em seu semblante
fitos naquelas páginas preciosas. Ela e a
vem do Senhor. Essa mesma luz
irmã correram do lugar em que estavam
iluminou o caminho para Mary
escondidas, apanharam as escrituras e saíElizabeth Rollins, de 15 anos, e sua irmã
ram correndo. Algumas pessoas da multiCaroline, de 13, em um dia sombrio e
dão enfurecida as viram e ordenaram que
frio, em Independence, Missouri.
parassem. Mas as corajosas meninas corEra o ano de 1833 e uma multidão
reram para um grande milharal, onde se
furiosa irrompeu pelas ruas de
O Presidente Faust
deitaram no chão, sem fôlego. Colocaram
Independence, queimando propriedades
conta
uma
história
cuidadosamente as páginas das revelações
e causando grande confusão. No caminho
verdadeira de
no meio das altas fileiras de milho e cobrideles estava a casa do irmão William W.
heroísmo
e
proteção
ram as páginas, deitando-se sobre elas. Os
Phelps, onde era guardada a prensa. Ele
divina que pode
agitadores reviraram o milharal à procura
estava imprimindo as revelações recebidas
guiar-nos hoje
das meninas, chegando muitas vezes bem
pelo Profeta Joseph Smith. A multidão desem dia.
perto delas, mas não as encontraram. Por
truiu a prensa e jogou os pedaços na rua.
fim, pararam de procurar.
No entanto, empilharam as páginas impresCreio que a luz do Senhor orientou Mary e Caroline
sas no quintal para poderem queimá-las mais tarde.
em relação ao que deviam fazer e onde deviam se esconMary Elizabeth e
der com segurança. Essa luz brilha para vocês e será
Caroline estavam
seu guia, tal como o fez para as irmãs Rollins. Ela
escondidas atrás da
[os] manterá em segurança, mesmo que o perigo
esteja à espreita.
[Meus queridos jovens amigos], vocês
podem ficar [afastados] do mal, como as
irmãs Rollins fizeram, se desenvolverem seu
próprio testemunho do Salvador. Ao fazerem
isso, crescerão em força espiritual. ●
Segundo Conselheiro na Primeira Presidência
A
Extraído de um discurso da reunião geral das Moças,
de abril de 2006.
A2
ILUSTRAÇÃO DE MILHO: ROBERT A. MCKAY; FOTOGRAFIA DO PRESIDENTE FAUST: BUSATH
PHOTOGRAPHY; À DIREITA: SALVANDO O LIVRO DE MANDAMENTOS, DE CLARK KELLEY PRICE
Coragem no Milharal
PA R A P E N S A R
1. Embora tivessem medo, Mary Elizabeth e Caroline
arriscaram a vida para salvar as revelações que se
tornariam parte de Doutrina e Convênios. Como você
pode demonstrar seu amor pelas escrituras hoje em dia?
2. Enfrentar a ameaça das multidões enfurecidas exige
coragem. Que ameaça você enfrenta hoje em dia que
exige coragem de sua parte?
3. Como você pode desenvolver um testemunho do
Salvador? Como seu testemunho pode ajudá-lo(a) a
afastar-se do mal?
Nota: Se não quiser remover páginas da revista, essa atividade pode ser
copiada ou impressa a partir do site www.lds.org. Para o inglês, clique em
“Gospel Library”. Para outros idiomas, clique em “Languages”.
TEMPO DE
COMPARTILHAR
F
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m
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í
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l
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“A felicidade na vida familiar é mais provável de ser alcançada quando fundamentada
nos ensinamentos do Senhor Jesus Cristo”
(“A Família: Proclamação ao Mundo”, A Liahona,
outubro de 2004, p. 49).
ELIZABETH RICKS
Quando os missionários chegaram à cidade de
William Jarvis, em Lancashire, Inglaterra, alguns
homens tentaram impedi-los de pregar. Mas
eles continuaram mesmo assim, e William e sua esposa,
Jane, filiaram-se à Igreja.
A família de William partiu da Inglaterra para viajar
para a América em 1859. Após 13 semanas em um
veleiro e muitas viagens de trem, eles se uniram a
outros imigrantes da companhia George Rowley de
carrinhos de mão. William puxou um carrinho de mão
por mais de 1.600 quilômetros.
Jane ficou doente e morreu. A companhia precisava
desesperadamente de alimentos, por isso William ficou
para trás para enterrar a esposa. Dois conversos suecos
também ficaram para ajudar.
Quando retomaram a jornada, viram alguns índios
cavalgando em sua direção. William ficou preocupado.
Imaginem seu alívio quando viu que os índios eram
amigos. Os índios riram dos carrinhos que os homens
estavam puxando. Então, eles próprios pegaram os carrinhos e os puxaram até alcançar a companhia! O neto
de William escreveu mais tarde: “Nunca uma pequena
boa ação foi tão apreciada”. (Ver Jeston Jarvis, A Short
Sketch of the Life of William Jarvis.)
Em julho, comemoramos a entrada dos pioneiros
no vale do Lago Salgado. Os pioneiros demonstraram
grande fé. William Jarvis tinha fé. Ele foi um exemplo
para sua família. Vocês têm exemplos de fé em sua
família e vocês mesmos podem ser exemplos de fé.
Se sua família seguir Jesus Cristo com fé, vocês serão
abençoados.
ILUSTRAÇÃO: BRAD TEARE
§
Atividade
Remova a página A4 e recorte as folhas.
Recorte a árvore e cole-a em cartolina. Escreva o
nome de um parente em cada folha. (Pode ser que você
precise copiar e recortar mais folhas.) Cole as folhas na
árvore da sua família. Você pode colocar os parentes do
lado de seu pai em uma parte da árvore e os parentes
do lado de sua mãe em outra parte. Você pode colar a
sua própria folha no tronco, já que você pertence aos
dois lados da família!
Idéias para o Tempo de Compartilhar
1. Realize um jogo do tipo “Quem Somos Nós?” Peça a algumas
crianças que representem famílias das escrituras, como Adão e
Eva, Leí e Saria ou José e Maria. Ajude-os a responder perguntas
do tipo sim-ou-não a respeito dessa família. Uma criança pode
perguntar: “Sua família está no Livro de Mórmon?” Quando cada
família for identificada, conte algo a respeito da família e mostre
onde a família aparece nas escrituras. Peça às crianças que pensem em uma boa qualidade daquela família que eles gostariam de
ter em sua própria família. Por exemplo: “Eu gostaria que minha
família seguisse a vontade de Deus como fez a família de Leí e
Saria”. No parágrafo sete de “A Família: Proclamação ao Mundo”,
leia: “A felicidade na vida familiar é mais provável de ser alcançada quando fundamentada nos ensinamentos do Senhor Jesus
Cristo”. Preste testemunho da importância de uma família justa.
2. Várias semanas antes do tempo de compartilhar, peça às
crianças mais velhas que se preparem para contar algo a respeito
do primeiro membro de sua respectiva família que se filiou à
Igreja. Se possível, escolha crianças cuja família tenha sido
membro por várias gerações e também crianças cuja família
seja recém-conversa. (Como alternativa, conte a história de líderes da Igreja, como Brigham Young e Parley P. Pratt, da lição 13
do manual Primária 5.) Faça uma lista de qualidades que as pessoas precisavam ter para filiar-se à Igreja há 150 anos. Faça
outra lista das qualidades que as pessoas precisam ter hoje para
filiar-se à Igreja. Mostre as semelhanças. Preste testemunho das
bênçãos que a família recebe graças ao evangelho. ●
O AMIGO JULHO DE 2007
A5
DA VIDA DO PRESIDENTE SPENCER W. KIMBALL
Resistir às Influências do Mal
Ei, você, rapaz.
Tenho aqui um livro que
acho que vai gostar.
A6
Era um livro vulgar cheio de
gravuras obcenas. Spencer
não tocou nele.
O homem tentou uma abordagem
diferente.
Venha para a cidade
comigo. Vou lhe mostrar
onde pode se divertir.
Está errado, senhor.
Esse livro não me
interessa.
De jeito nenhum. Sou representante de Jesus Cristo, não vou
com você a lugar algum.
ILUSTRAÇÕES: SAL VELLUTO E EUGENIO MATTOZZI
Quando era um jovem missionário, servindo na Missão dos
Estados Centrais dos Estados
Unidos, o Élder Kimball viajava
de trem para Chicago, Illinois,
quando um homem o abordou.
O homem se deu conta de que o
jovem missionário era sincero e, por
fim, deixou-o em paz. Spencer escreveu em seu diário que sentiu o rosto
ficar vermelho por uma hora.
Ah! Como
Satanás, por meio de
seus comparsas, tenta
desviar os jovens!
Agradeço ao Senhor
por ter tido forças
para resistir.
Mais tarde, como profeta, o Presidente Spencer W. Kimball falou a respeito de resistir ao mal.
A luta contra Satanás e suas
forças não é uma pequena escaramuça com
um antagonista desmotivado, mas uma grande
batalha com um inimigo tão poderoso, armado e
organizado, que podemos ser derrotados,
se não formos fortes, bem
treinados e vigilantes.
Adaptado de Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Spencer W. Kimball, 2006, p. 103.
O AMIGO JULHO DE 2007
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Ver instruções para esta atividade na página A12.
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Viagem do Brooklyn
Expedições de colonização
Navios da Europa
Coligação em Missouri
Coligação em Illinois
A trilha dos pioneiros
Illin is
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O Batalhão Mórmon
LEGENDA
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Coligação em Ohio
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Décadas de 1830s,
1840s e 1850s
Ohio
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ILUSTRAÇÕES: BRANDON DORMAN
Hoje
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Na manhã do sábado, a família viajou até a pequena
capela onde o Élder Metzer a batizou. Ela tremia quando
saiu da fonte batismal.
“Mamá, você está com frio”, disse Carlitos e abraçoua na cintura. “Precisa ir para casa e aquecer-se.”
Mamá fez que não com a cabeça. “Não é suficiente.
Ficarei aqui até ser confirmada. Como posso sentir frio
se o evangelho me aquece?” E ela foi confirmada como
membro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos
Últimos Dias.
Mas Mamá não achou que isso fosse o bastante.
Estava determinada a fazer com que Papá e Carlitos
aprendessem o evangelho restaurado, como ela tinha
feito. “Se vocês orarem, vão saber a veracidade do que
os missionários falaram”, disse ela.
Os Élderes ensinaram o evangelho de Jesus Cristo
para eles. Papá teria que abandonar seus cigarros.
É o Suficiente
“As famílias poderão ser eternas no plano do Senhor” (Músicas para Crianças, p. 98).
J A N E M c B R I D E C H O AT E
Inspirado numa histórica verídica
ILUSTRAÇÃO: DILLEEN MARSH
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arlitos enxugou as lágrimas com a manga da
camisa. Sua Mamá estava doente havia muitos
meses. Por fim, Papá a convenceu a ir até a cidade,
que ficava a muitos quilômetros de sua pequena vila,
para consultar um médico. Depois de muitos exames, o
médico disse que a Mamá de Carlitos estava com câncer.
Mamá se recusou a sentir pena de si mesma. “Ainda
tenho muito o que fazer”, disse ela.
Certo dia, dois jovens norte-americanos apareceram
na porta de sua pequena casa. “Somos de A Igreja de
Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias”, disse um
deles, num espanhol hesitante.
Mamá ouvia atentamente e de vez em quando fazia
algumas perguntas. Ela aceitou imediatamente a mensagem daqueles rapazes. “É a verdade”, disse ela.
Apesar de a doença causar-lhe muitas dores, Mamá
estava decidida a ser batizada e confirmada.
Carlitos ouviu os ensinamentos dos élderes
e sentiu a paz envolver seu coração. Ele
começou a compreender o calor que Mamá
havia descrito.
Em um mês, Papá parou de fumar. Pouco
depois, Papá e Carlitos foram batizados e
confirmados. Poucas semanas depois, Papá
recebeu o Sacerdócio Aarônico. Carlitos
teria de esperar mais três anos antes
de poder receber o sacerdócio.
Mamá estava muito fraca, mas ela
sempre conseguia ir para a Igreja e visitava as pessoas doentes da vila.
“Somos membros da Igreja de Deus,
mas isso não é suficiente”, Mamá disse
para Papá e Carlitos, certa noite.
“O que devemos fazer agora?” perguntou Carlitos. Ele adorava
aprender a respeito do
“Sei que a Terra foi
criada e a Igreja do
Senhor foi restaurada
para que as famílias
pudessem ser seladas e exaltadas como
entidades eternas.”
Élder Russell M.
Nelson, do Quórum
dos Doze Apóstolos,
“Fortalecer o
Casamento”,
A Liahona, maio
de 2006, p. 36.
evangelho e queria vivê-lo de todas as
maneiras.
“Precisamos ser selados no templo”,
disse Mamá.
O templo em Santiago era o que ficava
mais perto da casa deles. Mas eles não tinham
dinheiro suficiente para viajar até lá. Todo
dinheiro extra que Papá ganhava era usado
para comprar remédios para Mamá.
Então, Mamá começou a guardar pequenas quantias em uma jarra, a ‘jarra do
templo’. Ela a colocou junto à porta. As
moedas que ela guardava foram aumentando até que a família teve dinheiro suficiente para a viagem. No templo, a família
foi selada para esta vida e para toda a
eternidade.
Mamá estava radiante de alegria. “É o
suficiente”, disse ela. ●
O A M I G O JULHO DE 2007 A11
Coligação
em Sião
os primeiros dias da Igreja restaurada, foi
N
enviados para colonizar outras áreas do oeste dos
pedido aos membros que se reunissem num
Estados Unidos.
em Ohio, depois no Missouri e depois em Illinois. Após
continentes para reunir-nos em um só lugar. No mundo
serem expulsos de Nauvoo, Illinois, os santos dos últi-
inteiro, pioneiros do evangelho se reúnem em ramos,
mos dias deram início a uma grande jornada para o
alas, estacas e templos sagrados. Você é um desses pio-
oeste, até o vale do Grande Lago Salgado. Por muitos
neiros. Você tem uma jornada espiritual tão desafiadora
anos depois disso, os membros do mundo todo se
quanto a dos pioneiros em sua jornada para o oeste.
lugar central nos Estados Unidos. Primeiro foi
reuniam ali. Muitos cruzaram o oceano em veleiros.
Não nos é mais exigido que cruzemos oceanos ou
Instruções: Para homenagear os pioneiros do pas-
Depois, viajavam para Winter Quarters (que hoje fica
sado, recorte estas gravuras e coloque-as no mapa que
em Nebraska) por qualquer meio que pudessem,
está nas páginas A8–A9. Consulte a legenda para decidir
inclusive barcos e trens. Na jornada final através das
onde cada gravura deve ficar. Os Templos de Kirtland e
Grandes Planícies e as Montanhas Rochosas, os santos
Nauvoo foram desenhados para ajudá-lo. Para homena-
chegavam em carroções, carrinhos de mão, a cavalo
gear os pioneiros de hoje, que se reúnem em seus pró-
e a pé. Depois de chegarem ao vale, milhares eram
prios países, coloque as quatro famílias no mapa-múndi.
Nota: Se não quiser remover as páginas da revista, essa atividade pode ser copiada ou impressa a partir do site www.lds.org.
Para o inglês, clique em “Gospel Library”. Para outros idiomas, clique em “Languages”.
A12
Viagem do
Brooklyn
Em 1846 (um ano antes da chegada
dos pioneiros ao vale do Lago
Salgado), cerca de 220 santos dos
últimos dias vieram por mar para a
Califórnia, passando pelo extremo sul
da América do Sul, no navio Brooklyn.
Na viagem, que durou cinco meses e
percorreu 27.000 quilômetros, eles
foram atingidos por tempestades, e
12 morreram. Após sua chegada a
Yerba Buena (hoje São Francisco),
alguns permaneceram na Califórnia
e outros viajaram para Utah.
O Batalhão
Mórmon
ILUSTRAÇÕES: BRANDON DORMAN
Em 1846, o governo dos Estados
Unidos pediu a um grupo de santos
dos últimos dias que lutasse na Guerra
do México. Eles marcharam de Council
Bluffs, Iowa, por quase 3.200 quilômetros, até a Califórnia, fazendo jus a um
dinheiro que foi muito útil para ajudar
os santos. Eles não tiveram de lutar
uma única batalha, mas fizeram uma
das marchas mais longas da história
da infantaria.
O A M I G O JULHO DE 2007 A13
DE UM AMIGO
PARA OUTRO
“E acontecerá nos últimos dias que se firmará o monte da casa do Senhor (...) e concorrerão a ele todas as nações” (Isaías 2:2).
A
doro o templo. Quando eu era
criança, minha professora da Primária
levou minha classe para visitar os jardins do Templo de Salt Lake. Foi maravilhoso
passear pelo terreno, admirar as belas flores
e sentir o Espírito do Pai Celestial perto da
Casa do Senhor.
Minha professora mostrou que o templo
era feito de pedras de granito. Ela falou
do sacrifício realizado pelos pioneiros para
conseguir aquelas pedras tão especiais —
disse que eles levavam cinco dias para trazer cada uma delas até o local do templo.
“Estão vendo todas essas pedras?” perguntou ela. “Pensem no tempo que levou para
os pioneiros trazerem-nas até aqui e construírem este belo templo.” Lembro-me de
ter reconhecido o sacrifício feito por nossos
antepassados.
Foi uma experiência memorável. Também
foi um bom exemplo de como vocês, crianças, podem desfrutar as bênçãos do templo,
hoje em dia. Se vocês moram perto de um
templo, podem partilhar o ambiente espiritual dos jardins e arredores do templo.
Depois que forem batizados e confirmados,
poderão participar da dedicação de um templo. E haverá muitas outras dedicações; há
onze sendo planejadas atualmente! Depois
de completarem doze anos, poderão realizar batismos pelos mortos. Não importa
A14
Extraído de uma
entrevista com o
Élder Paul E.
Koelliker, dos
Setenta; por
Heather Kirby,
Revistas da Igreja
Aos 18 meses.
quão distante morem de um templo, o
importante é que se preparem agora mesmo
para essa oportunidade sagrada.
As crianças exercem uma influência vigorosa e positiva tanto nos adultos quanto em
outras crianças. Algumas crianças da Primária
do Distrito do Templo de Houston Texas
escreveram para os trabalhadores que estavam construindo o templo ali. A carta dizia:
“Queremos que saibam que o templo é
muito importante para nós. Como a terra
foi dedicada por um Apóstolo do Senhor,
o edifício e a terra são sagrados para nós.
O templo é o lugar onde nos casaremos.
Iremos para o templo para aprender o que
precisamos saber para retornar à presença
de nosso Pai Celestial. Que o Senhor os
abençoe pelo trabalho que estão fazendo
para nós”.
Os trabalhadores então levaram essa bela
carta e a colocaram em seu escritório. Eles a
liam todos os dias. Quando o templo foi concluído, os trabalhadores levaram seus próprios filhos para visitar o templo e sentir o
espírito que as crianças da Primária expressaram em sua carta.
Outra bênção em minha vida foi trabalhar bem perto do Presidente Gordon B.
Hinckley. Ao longo dos últimos nove anos,
a Igreja passou de um total de 51 para 124
templos. Esse milagre fortaleceu minha fé
e ajudou-me a compreender a importância
dos templos.
Em 1998, tínhamos 51 templos em funcionamento e 17 em construção. Então, na
FOTOGRAFIA CORTESIA DO ÉLDER KOELLIKER; ILUSTRAÇÃO: NATALIE MALAN
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conferência geral daquele ano,
o Presidente Hinckley disse que
precisaríamos ter 100 templos
até o final do ano 2000.1 Isso significava que 32 novos templos
teriam que ser construídos,
além dos 17 que já estavam em
construção. Achávamos que
seria uma tarefa impossível.
Mas tudo é possível quando
abençoado pelo Senhor. Foi
preciso muitos milagres para
fazer isso acontecer em um
período de tempo tão curto.
Muitas e muitas vezes, as coisas
aconteceram no momento
certo — como, por exemplo,
encontrar grama suficiente para
colocar no terreno do templo
poucas horas antes da realização da dedicação.
No ano de 2000, 34 templos
foram dedicados. Esse foi o
maior número de templos
dedicados em um só ano em
toda a história do mundo. O
Presidente Hinckley foi inspirado a construir mais templos.
Então, o Senhor abençoou-nos
magnificamente e ajudou-nos
a fazer isso acontecer, porque
Ele honra Seus profetas. Espero
que também honremos os profetas. E espero que vocês sempre valorizem e se preparem
para as bênçãos do templo. ●
NOTA
1. Ver “New Temples to Provide
‘Crowning Blessings’ of the Gospel”,
Ensign, maio de 1998, p. 88.
MINHA FAMÍLIA PODE SEGUIR JESUS CRISTO COM FÉ
“A felicidade na vida familiar é mais provável de ser alcançada quando fundamentada
nos ensinamentos do Senhor Jesus Cristo” (“A Família: Proclamação ao Mundo”,
A Liahona, outubro de 2004, p. 49).
A16
ILUSTRAÇÃO: THOMAS S. CHILD
PÁGINA PARA COLORIR
REPRODUÇÃO PROIBIDA
Acalentando Sara, de Lee Udall Bennion
Sobre a maternidade, o Presidente Howard W. Hunter (1907–1995), disse: “Sem dúvida, não precisamos
procurar muito longe para ver os heróis despercebidos e esquecidos da vida diária. (...) Estou falando
do valor incomum demonstrado pela mãe que — hora após hora, dia e noite — permanece ao lado de um
filho doente, cuidando dele. (...) Estou falando daquelas que estão sempre presentes para amar e nutrir”
(“True Greatness” [A Verdadeira Grandeza], Ensign, maio de 1982, p. 19).
P
recisamos lembrar-nos sempre daqueles que
pagaram um preço terrível para estabelecer os
alicerces da grande obra destes últimos dias”,
disse o Presidente Gordon B. Hinckley para os jovens
da Estaca Iowa City Iowa e outros. Ver “Lembrar-se de
Iowa”, p. 8.
02007 87059
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PORTUGUESE
2
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