Christian Luiz da Silva - SBPE
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Christian Luiz da Silva - SBPE
CIDADES E RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS: Tendências, impasses e oportunidades nas Metrópoles brasileiras Valterci Santos fonte: GAZETA DO POVO 08/2008 Prof. Dr. Christian Luiz da Silva Coordenador Mestrado em Planejamento e Governança Pública Professor Mestrado e Doutorado em Tecnologia Universidade Tecnológica Federal do Paraná Economista e pós-doutor em Administração Pela USP Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/8046559694932152 CONTEXTO O agravamento do desequilíbrio entre população, recursos naturais e poluição, geradores da Crise Ambiental, foi determinante para a descentralização das políticas ligadas à área ambiental, a fragilidade das instituições são elementos relevantes para explicar a evolução da problemática da destinação final dos resíduos sólidos urbanos. A mudança da gestão e planejamento urbano destas cidades e aglomerações urbanas está relacionada a necessidade de uma transformação importante no estilo de vida e de política pública adequada. (ANGEL ET AL., 2005) • 79,68% (127.751.405 habitantes) residem em áreas urbanas, conforme IBGE (2000) VISTA AÉREA CURITIBA Fonte: google. Earth. Andre (2009) CONTEXTO MUNDIAL CRESCIMENTO POPULACIONAL VERTIGINOSO PÓS SÉCULO XX Fonte: Braga et al., 2005 CONTEXTO MUNDIAL Crescimento da população: 2005 = 6,5 bi; 2030 = 8,2 bi > 70 (0,7 para 1,9 bi em 2050 75% viverão em países em desenvolvimento 98 milhões migraram dos países em desenvolvimento para os mais desenvolvidos ou entre eles POPULAÇÃO MUNDIAL – 1970 A 2030 Fonte: OCDE – Perspectiva Ambientais 2030 CONTEXTO MUNDIAL • • • A urbanização não é um fenômeno recente, mas vem sofrendo mudanças em seu ritmo de distribuição. Houve forte crescimento demográfico durante gerações nas áreas urbanas e rurais. As grandes metrópoles são um fenômeno recente. Fonte: OCDE – Perspectiva Ambientais 2030 CONTEXTO MUNDIAL Estima-se que o crescimento Do PIB Mundial seja de 2,8% entre 2005 e 2030. O Brasil terá o mesmo ritmo de crescimento Foco será em serviço, mas produtos duráveis terão forte participação Fonte: OCDE – Perspectiva Ambientais 2030 CONTEXTO MUNDIAL CRESCIMENTO E CONCENTRAÇÃO DA POPULAÇÃO RM Curitiba/ PR Fonte: OCDE – Perspectiva Ambientais 2030 % Terra (2008) 12% % População (2007) 34% % PIB (2006) 34% 36% (2020) CONTEXTO MUNDIAL CRESCIMENTO DA CONCENTRAÇÃO POPULACIONAL Fonte: OCDE – Perspectiva Ambientais 2030 CONTEXTO BRASILEIRO De 1989 a 2000 • A geração de resíduos cresceu 49%-de 100 para 149 mil ton/lixo.dia; • Os resíduos destinados a aterros sanitários cresceram 14,2% - de 15,8% para 32% dos resíduos coletados. De 1991 a 2000 • A população cresceu 16,43% - de 146 para 170 milhões de habitantes • A coleta domiciliar cresceu 15% - de 64% para 79%, superando a cobertura de abastecimento de água Fonte: IBGE 1989/2000 Utilização e disposição dos resíduos sólidos municipais como uma das questões mais importantes da atualidade Hinrichs e Kleinbach (2003, p. 439). A rede coletora de acordo com o IBGE-2003, 99,41% dos 5.507 municípios brasileiros têm coleta de resíduos sólidos, destes 64,7% IBGE-2000 não sofrem nenhum tipo de tratamento e despejam seu esgoto “in natura”. LIXO URBANO Fonte: http://br.olhares.com/lixo_urbano_foto1898211.html CONTEXTO BRASILEIRO Resíduos Coletados e seu Destino/2000 99% dos municípios têm coleta convencional; 149.094 ton/lixo.dia, com a seguinte destinação: •59,03% lixões; •16,78% aterros controlado; •12,58% aterros sanitários; 65% dos municípios brasileiros com •03,86% compostagem; população até100 mil habitantes •02,82% reciclagem; dispõem o seu lixo a céu aberto. •02,62% aterros especiai; •01,76% incineração; e •00,55% áreas alagadas. •Baixa institucionalização. Em 70% dos municípios não existe órgão específico para a Limpeza Urbana; •Ausência de cobrança e de apuração de custos. Mais de 50% dos municípios não cobram pelos serviços, e se cobram os valores são muito inferiores à despesa real; •Despreparo técnico e escassez de pessoal qualificado por parte de grande parte do poder público, •Projetos inconsistentes e insustentáveis que geram desperdício de recursos; MINISTÉRIO DAS CIDADES Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental Resíduos: potencial PAÍS/ ITEM PRODUÇÃO (milhões de tonelada por ano) COLETA RECICLAGEM GANHO (por (milhões de ano, em toneladas bilhões de por ano) dólares) EUA 238 226 34% 57 União Europeia 228 226 45% 48 China 300 148 30% 34 Brasil 61 54 1,4% 10 QUADRO 1 – PRODUÇÃO E REAPROVEITAMENTO DOS RESÍDUOS EM PAÍSES E BLOCOS ECONÔMICOS SELECIONADOS - 2010 FONTE DOS DADOS BRUTOS: ABRELPE (2010) APUD EM PADOVANI (2011) A ECONOMIA DO LIXO TRATA-SE DE UMA ANÁLISE ECONÔMICA SOBRE OS CUSTOS E BENEFÍCIOS RELACIONADOS A: -USO DE RECICLADO x MATERIAL VIRGEM CUSTO SOCIAL IMPACTO AMBIENTAL CUSTO SAÚDE PÚBLICA... -EXTERNALIDADES REFERENTES AO CICLO DO RESÍDUO -POLÍTICAS REGULATÓRIAS IMPACTOS DIRETOS E INDIRETOS -FORMAS ALTERNATIVAS DE USO, COMO GERAÇÃO DE ENERGIA CUSTO ENERGIA, PRINCIPALMENTE GERAÇÃO GANHOS INDIRETOS – MERCADO CARBONO -TIPOS DE MATÉRIAS-PRIMAS UTILIZADAS CICLO DE VIDA DA MATÉRIA-PRIMA E RESPECTIVO CUSTO PARA PRODUÇÃO, COLETA E DISPOÇÃO -CUSTO LOGÍSTICO TRANSPORTE E ARMAZENAGEM -IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO DE RESÍDUOS CUSTO SOCIAL DOS PAÍSES IMPORTADORES A ECONOMIA DO LIXO Alguns mitos: Aumentar a coleta de reciclados sempre será bom negócio e diminuirá custo social para sociedade DEPENDE SOMENTE SE O CUSTO COM RECICLAGEM FOR MENOR QUE CUSTO COM MATERIAL VIRGEM + CUSTO COM DISPOSIÇÃO FINAL O “SUCESSO” NÃO PODE SER MEDIDO COM A TAXA DE RECICLAGEM – DEPENDENDO DA COMPOSIÇÃO E USO DOS RESÍDUOS O CUSTO POR SER MAIOR A análise do ciclo de vida é suficiente para definir a melhor alternativa de produção DEPENDE A ANÁLISE DEVE SER DA CADEIA COMPLETA DE RECICLAGEM E NÃO SOMENTE PELO IMPACTO AMBIENTAL DO PRODUTO A ECONOMIA DO LIXO Alguns mitos: O aumento da coleta de resíduos recicláveis é fruto de maior consciência ecológica DEPENDE PARTE PODE SER, MAS É PRINCIPALMENTE UM MERCADO PREÇO DO MATERIAL RECICLADO ESTÁ RELACIONADO COM O MATERIAL VIRGEM: QUANTO MAIS BARATO O VIRGEM, MENOR O PREÇO DO RECICLADO E MENOR A COLETA Reaproveitamento sempre trará ganhos econômicos DEPENDE O TIPO DE TECNOLOGIA, CUSTO E ACESSO, E A ESCALA SÃO DETERMINANTES PARA ESSE TIPO DE ANÁLISE. POR EXEMPLO: BIOGÁS Qual função do Planejamento energético para as cidades? • Funcionalidade dos diversos sistemas existentes e possibilidade de ampliação • Definir quais fontes e usos possíveis a partir dos recursos existentes • Identificar os impactos (sociais, ambientais e territoriais, institucionais e econômicos) da demanda e oferta de energia Em que afeta o planejamento energético? • Olhar costumeiro sobre a oferta para manter e ampliar os sistemas, mas.... • Revisitar a demanda e reuso dos recursos é tão relevante nas cidades quanto a expectativa por novas fontes (possibilidade e quantidade) Resíduos <=> Energia • Demanda: – Composição dos resíduos versus a demanda por tipo de resíduos – Capacidade de reaproveitamento – Logística reversa – Custo competitivo e disponibilidade confiável • Oferta: – Disposição em aterros controlados – Capacidade de geração de energia – Mercado de carbono auxiliar para a viabilizar investimentos em biogás DIMINUIR A DEMANDA DE ENERGIA COM O REUSO E REUTILIZAÇÃO DOS RECURSOS FATORES DE IMPACTO FATOR DE IMPACTO (%) AÇO VIDRO CIMENTO ALUMÍNIO ENERGIA 74 6 40 95 MATÉRIA-PRIMA 90 54 50 100 ÁGUA 40 50 - - POLUENTES ATMOSFÉRICOS 86 22 50 - POLUIÇÃO AQUÁTICA 76 - - - RESÍDUOS EM GERAL 100 54 - - RESÍDUOS MINERAIS 97 79 - 100 ÍNDICES DE REDUÇÃO DE RELEVANTES FATORES DE IMPACTO AMBIENTAL EM PROCESSOS INDUSTRIAIS DE GRANBDE IMPORTÂNCIA ECONOMIA DE RECURSOS NATURAIS PELOS PROCESSOS DE RECICLAGEM COM RESPECTIVA REDUÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL Aumento da Aglomeração: oportunidade ORGANIZAÇÃO USO E REUTILIZAÇÃO NA CADEIAS USO E CONSUMO DOS RECURSOS ORGANIZAÇÃO DA COLETA DISPOSIÇÃO E ABASTECIMENTO QUEM SÃO OS AGENTES? QUAIS SÃO SEUS PAPÉIS? ARRANJO PREFEITURA/ ENERGIA/ INDÚSTRIA? SUSBTITUIÇÃO DA FONTE PRIMÁRIA (CUSTO E DISPONIBILIDADE) DESAFIO • Mudar foco de discussão dos resíduos: não mais tratar como subemprego, mas repensá-lo como parte de um processo de uma cadeia • Envolve diferentes elementos e ações: legislação, arranjo institucional (confiabilidade), planejamento e reorganização da cadeia • Estudos e aplicações a partir de realidades locais – deverão superar limites que atravancam a própria implementação da PNRS POTENCIAL DE GERAÇÃO DE BIOGÁS APROVEITAMENTO ENERGÉTICO • Plano Nacional de Energia 2030: expectativa de 1300MW em termoelétricas usando RSU • Poucos exemplos: Aterro Bandeirantes (22MW biogás – garantia de venda de energia e negociação direta com consumidor final) • Crédito de carbono como alternativa para viabilizar geração por biogás (estudo Cachimba) • Aterro de São João: 24,8MW • Os dois com potencial para atender população de 500 a 600 mil habitantes • Usina Verde: parceria da iniciativa privada e UFRJ para atender 2,3 mil residências – geração pelo calor da incineração (energia elétrica) Com relação às questões do congresso... • Qual importância do planejamento energético? Fundamental. Necessário, mas não suficiente. • Há limites para o planejamento energético? Sim, pois depende muito de ações para concretizá-los e isso envolve mudanças institucionais e de comportamentos, como no resíduo • Qual vínculo entre crescimento do setor energético e o bem estar social? O Setor energético está associado ao bem estar social, mas, mais que seu crescimento, há necessidade de tornar-se mais racional o uso e disponibilidade AS CIDADES E OS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS PERMEIAM TODAS ESTAS QUESTÕES!