Joaquim da Fonseca

Transcrição

Joaquim da Fonseca
Niterói
Niterói
Joaquim da Fonseca
Patrocínio
Apoio
CIDADES
ILUSTRADAS
Copyright © Joaquim da Fonseca
TE X TO
Joaquim da Fonseca
TRA DUÇ ÃO
Cecilia Giannetti
RE V I S ÃO
Bruno Dorigatti
A SS E SS O RI A DE P RO DUÇ ÃO E
O RI E NTAÇ ÃO E M P E S Q UI S A DE CA M PO
Maria da Glória Silva Lagoeiro
capa e P rojeto G RÁ FI C o
Retina 78
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
ANGÉLICA ILACQUA CRB-8/7057
F744n
Fonseca, Joaquim da
Niterói / Joaquim da Fonseca; [coordenador Roberto Ribeiro
de Barros]. – Rio de Janeiro : Casa 21, 2012.
84 p. : il. color. (Cidades Ilustradas; n. 12)
ISBN 978-85-88627-21-5
1. Niterói (RJ) – obras ilustradas 2. Cidades – descrições e viagens
3. Niterói (RJ) na literatura I. Título II. Série
12-0149
4
Joaquim da Fonseca
CDD 918.53
CDU 913(815.3)
Todos os direitos desta edição reservados à:
Casa 21 Ltda
Rua Visconde de Paranaguá, 37-D
20241-070 – Rio de Janeiro – RJ
www.editoracasa21.com.br
Niterói é um charme!
Simples assim.
E o livro de Joaquim da Fonseca revela esse segredinho guardado por aqueles que moram do
lado de cá da Baía de Guanabara.
É como abrir uma concha e descobrir, lá dentro, uma pérola. Uma espécie de discreto charme
que o niteroiense, igualmente discreto, não divulga pelos quatro cantos. Prefere a surpresa,
manter o sabor da descoberta aos que visitam a “cidade sorriso”.
O processo de revelação começa quase sempre com aquela surrada piada-provocação: a vista
mais bonita de Niterói é a do Rio de Janeiro. A resposta matreira é um convite irrecusável para
passear por aqui.
O dia pode começar com uma visita ao Mercado de Peixe, seguido de um pulo a uma das nossas
praias oceânicas. Que tal? Lá, nada do caos do trânsito interferindo no som das ondas. A cantada
continua: ângulos inusitados do Pão de Açúcar, jogar conversa fora em um boteco de verdade e
terminar o dia assistindo ao pôr-do-sol do alto do Parque da Cidade. Ah, as crianças ainda podem
brincar de carrinho bate-bate no Campo de São Bento!
Aviso amigo: cuidado ao aceitar tal convite, pois a chance de não querer mais abandonar o
ritmo cadenciado e repleto deste discreto charme da vida niteroiense é grande.
Quer fazer um teste? Abra este livro...
Mas nem tudo são flores. Niterói, hoje, enfrenta a fúria dos piratas da construção civil – que
querem, a todo custo, saquear este bucolismo – e a permissividade do poder público. Neste
sentido, as aquarelas de Joaquim da Fonseca são um alento e um alerta. Um alento porque os
traços do artista gaúcho captaram a verdadeira alma da cidade: a de lugar para se viver em paz,
convivendo com a beleza arquitetônica e a arte, com o mar e o cais, com os mitos e os costumes
só nossos. E um alerta de que esta Niterói corre o risco de se perder para sempre na teia da
especulação imobiliária.
Que a beleza do trabalho de Joaquim da Fonseca nos inspire a cuidar, a preservar e a lutar pela
cidade que queremos.
Anna Azevedo
Panorama visto da ponte
Niterói é bela. Coisa mais linda, é também coisa mais grande, porque a cidade tem o tamanho de uma
capital, o que ela já foi outras vezes. Conhecê-la bem, requer um tempinho. A maioria dos visitantes
se hospeda na vizinha Rio de Janeiro e eles não sabem o que estão perdendo quando dedicam apenas
um dia para percorrer Niterói, o que é comum, mas é pouco. Para ver bem, precisa mais que isso.
Tanta beleza e riqueza não podem ser abraçadas em uma visitinha curta e corrida. Mesmo assim,
ironia ou não, é o que está ocorrendo aqui. Este livro, que deve ser considerado como uma crônica
visual, é a impressão limitada de um visitante que vê a cidade pela primeira vez e procura expressar
o encanto e a surpreendente emoção experimentada no curto espaço de menos de uma semana. Esse
foi o tempo dedicado a percorrer a cidade e tomar anotações, esboços e fotografias de referência
que resultaram nas aquarelas destas páginas. É, portanto, a visão de um forasteiro que, embriagado
com tanta beleza, registra um ponto de vista que não tem a pretensão de ser definitivo, profundo
ou analítico. É a observação de quem passa, vê e se esforça para registrar o momento que viveu.
Literalmente, um panorama visto da ponte.
O cais das barcas que fazem a travessia Niterói-Rio
The pier ferrys for the ones which cross the Rio-Niterói bridge over Guanabara Bay
8
Joaquim da Fonseca
Niterói etc. e tal
Pois é, a ponte é mesmo a vedete de Niterói, um de seus portais de
que estão sempre se multiplicando. Niterói tem uma população
entrada e saída. Com 14 quilômetros de comprimento, bem maior
de cerca de meio milhão de habitantes, e esse povo cresce com
que o litoral estendido da cidade, a Ponte Rio-Niterói ou Ponte
a chegada de mais gente que vem atraída pela boa qualidade de
Presidente Costa e Silva, como é o seu nome oficial, atravessa
vida, oportunidades de boa educação, em busca de tranquilidade e
a Baía de Guanabara desde a Ponta do Caju, no Rio de Janeiro,
segurança social, como também enfeitiçados pela beleza natural
até o bairro de São Lourenço, quase no centro de Niterói. É obra
de suas montanhas e praias.
gigantesca, uma das maiores pontes do mundo. Seu vão central
é alto o bastante para permitir a passagem de navios de grande
cultural. Bibliotecas, museus, teatros, cinemas, concertos,
porte, como petroleiros e transatlânticos. Inaugurada em 1974,
espetáculos, feiras, exposições, centros culturais de todas as
sua obra consumiu todo o cimento então disponível na região,
naturezas mantêm viva uma tradição que vem de longos anos.
provocando uma crise na indústria da construção. O movimento de
O que Niterói tem de melhor é a vista do Rio, desdenham os
veículos é intenso e a ponte fica congestionada nas horas de pico,
vizinhos cariocas. O que é uma verdade, só que Niterói tem isso
nos dias feriados e fins de semana prolongados.
e o Rio não tem. A paisagem da vizinha mais célebre e maior que
Outros acessos importantes da cidade são as estações das
cidade. É uma paisagem exuberante e inevitável, que está presente
rodovias que se irradiam para o interior. Quem está voando
em toda a orla niteroiense. O Pão de Açúcar, por exemplo, está
aterrissa e decola nos aeroportos Santos Dumont e Tom Jobim,
sempre ciumentamente espionando e aparecendo na frente de
no Rio de Janeiro. Quem vem pelo mar, geralmente desembarca
qualquer das praias de Niterói, cada vez mostrando uma face
também no porto do Rio.
diferente do manjado perfil pelo qual é conhecido mundialmente.
Na Praia de Piratininga, aparece encarando frontalmente, bem
recortado litoral ocidental da Baía de Guanabara e a orla do
de frente, a faixa comprida de areia clara e brilhante. Está mais
Oceano Atlântico, estendendo seus dedos em direção ao interior
próximo da Fortaleza de Santa Cruz, em Niterói, que do bairro de
por entre os vales das montanhas, formando bairros e núcleos
Botafogo, no Rio.
Ladeira no Bairro de São Lourenço
Slope in the São Lourenço neighbourhood
Joaquim da Fonseca
está no outro lado da baía é um dos patrimônios mais famosos da
barcas que atravessam a baía, desde o Rio de Janeiro, e as
A zona urbana de Niterói acompanha por 11 quilômetros o
10
Sintonizada com seu tempo, Niterói desenvolve intensa atividade
O cacique valente
Mais que quatrocentona, Niterói tem quase a idade do Brasil. Foi fundada em 1573, numa época em que
Batizado como cristão, Arariboia recebeu o nome de Martim
corsários e bucaneiros franceses e holandeses pirateavam a costa brasileira, surrupiando o nosso valioso
Afonso de Sousa. Não confundir com o outro, nobre cortesão
pau-brasil.
português que atingiu a celebridade como navegador. Mesmo
Quem fundou a cidade foi um índio. Corajoso e destemido, o cacique Arariboia tem uma história
sendo um atlético e exímio nadador, Arariboia morreu afogado logo
costurada entre a realidade e a lenda. Índio chefe da tribo dos temiminós, era filho de outro notório
em seguida, em 1574, na Ilha de Mocanguê, hoje uma base naval da
cacique, Maracajé-guaçu. O domínio dos temiminós era a Ilha de Paranapuá, hoje Ilha do Governador.
Marinha do Brasil, situada nas proximidades do centro de Niterói.
Em 1555, os invasores franceses, com o apoio dos ferozes índios tamoios que dominavam o lado
Arariboia é celebrado com um monumento na praça frente
ocidental da Baía de Guanabara e não deixavam ninguém se aventurar por lá, tomaram o controle da
à estação das barcas, bem no centro da cidade. Sua estátua
baía. Expulso pelos franceses, Arariboia seguiu com sua tribo para a Capitania do Espírito Santo. Lá,
está configurada como um índio nada bonito, atarracado, mas
catequizado pelos jesuítas e pelos colonizadores portugueses, iniciou os seus feitos gloriosos. Aliados aos
musculoso e bem sarado. Tem as feições sérias, o olhar desafiador
portugueses, ele e seus índios ajudaram a correr com outros invasores, dessa vez holandeses, mandando-
fuzilando para o outro lado da baía. Sua atitude, com os braços
os de volta para casa.
cruzados sobre o peito, é ao mesmo tempo séria e solene,
Um novo governador-geral enviado por Portugal, Mem de Sá, chegou em 1560 com soldados armados
arrogante e atrevida. Corajoso e decidido, tem o pé direito lançado
para expulsar os franceses e retomar a Baía de Guanabara. Arariboia foi chamado para ajudar, liderando
para a frente. Defende e protege com os ombros poderosos a
seus 8 mil índios guerreiros, obrigou os franceses a vestirem o boné e se mandarem do Brasil.
cidade que se estende às suas costas. Parece afirmar, como fez
Foi heróica a ação de Arariboia no confronto que ocorreu na atual Praia do Flamengo, no Rio, onde os
franceses se aquartelavam. Depois de atravessar a baía a nado, galgar penhascos e despenhadeiros,
cruzar ravinas e tremedais, Arariboia foi o primeiro a entrar no baluarte inimigo. Empunhando uma
dois séculos mais tarde seu congênere Sepé Tiaraju, índio como
ele, nos campos meridionais do país: “Esta terra tem dono!”.
A estátua, obra dos escultores Dante Croce Caetano e Dante
tocha, tocou fogo no paiol de munições dos franceses, que explodiu e foi pelos ares. Rambo em ação em
Moacir Croce, foi inaugurada em 1965, nas comemorações do 4°
pleno século XVI. Com isso, acabou-se a alegria dos franceses.
Centenário da cidade.
Em 1573, os portugueses estabelecidos no Rio de Janeiro premiaram Arariboia com terras do outro
lado da Baía de Guanabara. Dessa vez, o cacique teve então a missão de proteger aquele lado da entrada
da baía. A sesmaria concedida a ele recebeu o nome de São Sebastião dos Índios. Ali foi construída a
capela que constituiu a semente de onde nasceu a cidade de Niterói.
12
Joaquim da Fonseca
Monumento a Arariboia, no centro da cidade
Araribóia Monument, in the city center
Passeio no tempo
Nikiti
A história da cidade passou em seu início por altos e baixos, teve tempos de brilho e tempos de sombra. Niterói
Os niteroienses chamam carinhosamente a sua cidade de
nasceu com o nome de Vila de São Sebastião dos Índios. Com a morte de Arariboia, a vila entrou em decadência
Nikiti, herança dos tempos em que a grafia do nome da
e foi esquecida pelos séculos que seguiram. Ganhou nova notoriedade como Vila Real da Praia Grande, quando
cidade era Nictheroy.
a família real de Dom João VI escolheu o lugar para sua casa de lazer. Com a realeza circulando, vendedores e
mascates apareceram e foram se estabelecendo, alimentando o crescimento.
Em 1834, Praia Grande tornou-se a capital da Província do Rio de Janeiro. No ano seguinte, passou a chamar-se
A lista das celebridades que nasceram em Niterói seria imensa.
No entanto, podemos lembrar alguns dos mais conhecidos, como
os cantores Agnaldo Rayol, Ronnie Von, Byafra e Cauby Peixoto.
Nictheroy, que significa na língua tupi “água escondida”. A condição de capital trouxe notáveis desenvolvimentos
Outro niteroiense famoso é Sérgio Mendes, que projetou a bossa
urbanos. Foi instituída a navegação a vapor, a iluminação pública a óleo de baleia, o abastecimento de água e
nova brasileira na música norte-americana e internacional. No
abriram-se caminhos para o interior. Um planejamento urbano ampliou o bairro de Icaraí, formando o bairro de
futebol, tem Edmundo e Marcelinho Niterói. Tem Ismael Silva,
Santa Rosa.
sambista que compôs “Se você jurar” e “Antonico”. O comediante
A Revolta da Armada, em 1893, causou a perda do título de capital, que passou para Petrópolis. Nictheroy só
passou a ser novamente a capital dez anos depois.
A partir da entrada do século XX, a cidade deslanchou estavelmente, com investimentos que possibilitaram os
sistemas de bonde e com isso o crescimento de bairros como Icaraí e Itaipu de um lado e Ponta d’Areia do outro.
Dedé Santana, um dos “Trapalhões” e o ator Murilo Benício são
astros da tevê que nasceram em Niterói. Também niteroiense foi o
venerável teatrólogo Leopoldo Fróes.
Mas não tem mulher nessa história? Tem sim, e de montão.
Surgiram praças e jardins públicos, ruas começaram a ser alargadas. Foi construída a estação hidroviária, e a
Tem Nélia Paula, Nicette Bruno, Wilza Carla, superstars que se
cidade ganhou a rede de esgotos.
projetaram no teatro. Tem as cantoras Marília Medalha e Zélia
Com o tempo, a cidade continuou se embelezando, com a construção da avenida da Praia de Icaraí, e foi
alargada com o aterro da Praia Grande, no centro da cidade. Este aterro possibilitou o projeto do Caminho
Duncan. E tem ainda a eterna Leila Diniz.
Esses são só alguns dos niteroienses famosos, quase todos da
Niemeyer, um investimento que deu nova feição e projeção internacional para Niterói. Na orla do Atlântico,
área do entretenimento. Há os mais eruditos, também, basta lembrar
melhoramentos possibilitaram um crescimento nos investimentos imobiliários. O grande marco que mudou
os pintores Ari Parreiras e Milton Dacosta, ainda que em épocas e
Niterói, no entanto, foi a construção da Ponte Presidente Costa e Silva.
estilos diametralmente opostos. Tampouco podemos esquecer o
Quando houve a fusão do estado da Guanabara com o estado do Rio de Janeiro, em 1975, Niterói perdeu, mais
jornalista, romancista, biógrafo e dramaturgo Antonio Callado.
uma vez, o título de capital, que passou para a cidade do Rio de Janeiro.
Ginástica matutina para todos, todos os dias, nas praças do centro
Exercising in the morning for everybody, everyday, at the center’s squares
14
Joaquim da Fonseca
Os sete guardiões da cidade
Até o lado feroz da cidade é belo. No decorrer da história, a importância estratégica da defesa militar da
Baía de Guanabara impôs a construção de um sistema de fortificações que compreende vários baluartes
distribuídos pela entrada da baía. Niterói é protegida por sete fortalezas. Em todas elas o panorama que
abarca a Baía de Guanabara, o Oceano Atlântico e as montanhas da região é magnífico.
Fortaleza de Santa Cruz
A Ponta de Santa Cruz, onde está a fortaleza, avança sobre o canal de cerca de mil metros que dá entrada à Baía de Guanabara,
em frente à ilha da Fortaleza da Lage e à Fortaleza de São João, que está bem ao pé do Pão de Açúcar. Pelo canal cruzam todas
as embarcações que entram ou saem da baía. O acesso por terra à Fortaleza de Santa Cruz é feito desde a Praia de Jurujuba.
A primeira fortificação construída naquele local foi feita pelo almirante francês Villegaignon, em 1555. Essas bocas de fogo do
francês invasor foram tomadas pelos portugueses em 1567, que então começaram uma construção mais resistente e poderosa.
Em 1612 já contava com 20 canhões, quando passou a ser chamada de Fortaleza de Santa Cruz da Barra. Foi ampliada em 1860
e depois em 1888. Serviu como presídio político no século XIX e voltou a ser presídio militar em 1968.
No interior da fortaleza está a Capela de Santa Bárbara, construída em 1612. A fortaleza está aberta à visitação pública.
Por qualquer razão, o guia só permite fotografar o lado esquerdo do percurso da visita.
A Fortaleza de Santa Cruz
Santa Cruz Fortress
A Fortaleza de Santa Cruz, no canal de entrada da Baía de Guanabara
Santa Cruz Fortress, in the canal at the entrance of the Guanabara Bay
16
Joaquim da Fonseca
Forte do Gragoatá
Parecendo uma belonave de pedra encalhada na Praia do
Gragoatá, próximo à Igreja de São Domingos e portanto quase no
centro da cidade, o Forte do Gragoatá foi construído entre 1610
e 1710. Seus canhões estão desativados e hoje ali está instalado
o quartel de comando da 2a Brigada de Infantaria do Exército.
Não está aberto à visitação pública.
Forte Barão do Rio Branco
Com entrada pela Praia de Jurujuba, o Forte Barão do Rio Branco
abriga uma instalação militar de artilharia. É o portal de entrada
para os fortes de Imbuí, do Pico e de São Luiz. O forte tem uma
interessante coleção de armamento antigo e viaturas, com peças que
vão desde os tempos coloniais, canhões e caminhões remanescentes
da II Guerra Mundial, até veículos militares mais recentes. O forte
começou a ser construído como um observatório, em 1555, e em
1567 passou a ser armado e transformado em bateria.
O Forte de Gragoatá, do século XVII, quase no centro da cidade
Gragoatá Fort, XVII century, almost in the city center
Portão de entrada do Forte Barão do Rio Branco, em Jurujuba
Entrance gate to Barão do Rio Branco Fort, in Jurujuba
Ambulância Dodge da FEB, relíquia da II Guerra Mundial, no Forte Rio Branco
FEB’s Dodge Ambulance, II World War relic, at Rio Branco Fort
18
Joaquim da Fonseca
Forte de Imbuí
Foi construído em 1863, quando recebeu o nome de Forte Dom Pedro II, numa belíssima
praia que pode ser vista somente do alto do Forte do Pico, pois a visitação ao local é
severamente restrita. Ali funciona o campo de treinamento de um destacamento militar de
elite, no estilo dos comandos. O que eles estão treinando lá, boa coisa não há de ser, pois
não deixam ninguém chegar perto.
O forte é constituído de uma enorme casamata de concreto, que visto do alto parece um
imenso queijo redondo, partido pelo meio.
Forte da Boa Viagem
Localizado na Ilha da Boa Viagem, sua construção é estimada no ano de 1695, quando então
era chamado Forte da Barra. Existem atualmente apenas ruínas do forte, ocultas pela
vegetação e um pouco abaixo da Igreja da Boa Viagem, que ocupa o topo da ilha.
O Forte de Imbuí
Imbuí Fort
20
Joaquim da Fonseca
Forte do Pico
A vista lá de cima é estonteante. De um lado, toda a Baía de Guanabara, desde o Pão
de Açúcar e o Corcovado, até à Serra dos Órgãos, com o pico do Dedo de Deus, em
Teresópolis, longe, longe no horizonte. Do outro lado, a orla do Atlântico, desde a
praia e o Forte de Imbuí, passando pelas lagoas de Piratininga e Itaipu, até Itacoatiara.
Construído a 250 metros de altura e encarapitado no Morro do Pico, tem acesso pelo
Forte Barão do Rio Branco, onde começa a subida. O forte foi iniciado em 1715 e,
quando atingiu a obsolescência, foi desativado em 1965.
Forte de São Luiz
Agora em ruínas, o Forte de São Luiz foi construído em 1775, ao lado do Forte do Pico.
Os dois fortes foram ligados um ao outro por ordem de Dom Pedro II, em 1891.
O Forte do Pico e o Forte de São Luiz
Pico Fort and São Luiz Fort
22
Joaquim da Fonseca
O Caminho Niemeyer
O charme, a beleza e os encantos mil de Niterói estão expressados em sua fantástica paisagem natural de
praias e montanhas, como também nas edificações e monumentos históricos que nos levam de volta a um
passado rico de tradições e registram grande parte da história do Brasil. Ao mesmo tempo que preserva
seus encantos e suas relíquias, a cidade dá também um salto para o futuro, exibindo com esplendor a
superlativa arquitetura de vanguarda de Oscar Niemeyer.
O primeiro marco foi a construção do Museu de Arte Contemporânea (MAC), sobre a Praia da Flecha.
Arrojado e audaz, o edifício do museu, de formato circular, equilibra-se no topo de um penhasco que
avança sobre as águas da baía, como se estivesse pronto a alçar voo. É um disco voador, espanta-se o
populacho. É um pássaro, explica Niemeyer. O museu destina-se a abrigar a arte contemporânea e, além
de seu acervo permanente, apresenta mostras temporárias. A beleza do prédio tornou o museu um ícone
representativo da cidade, é o cartão-postal de Niterói.
A exuberante beleza do prédio do MAC inspirou um projeto mais ousado. Para revitalizar a vasta área
compreendida pelo Aterro da Praia Grande, no centro da cidade, até a Praia de Boa Viagem, a prefeitura
solicitou a Oscar Niemeyer um projeto especial, que resultou num conjunto de edificações que se estende
por 3,5 quilômetros e passou a ser denominado Caminho Niemeyer.
O MAC, Museu de Arte Contemporânea, projeto de Oscar Niemeyer
MAC, the Museum of Contemporary Art, an Oscar Niemeyer’s project
24
Joaquim da Fonseca
O Caminho Niemeyer inclui vários projetos. O primeiro deles, como vimos, é o Museu de Arte Contemporânea.
Outros são a Praça JK, sob a qual está uma garagem subterrânea; o Memorial Roberto Silveira, que guarda
importante acervo histórico e iconográfico de Niterói; o Teatro Popular de Niterói, com 380 lugares em seu salão
interno, mas com um palco que pode ser aberto para uma ampla praça, ampliando para 20 mil espectadores a
audiência ao ar livre; o Centro do Cinema Brasileiro, museu de cinema com o formato curioso de um enorme
rolo de filme; a Estação Hidroviária da Praia de Charitas, terminal onde aportam os catamarãs que ligam
Niterói ao centro do Rio de Janeiro; o prédio sede da Fundação Niemeyer, espaço cultural que atrai visitantes
e pesquisadores de todo o mundo. Estão ainda em projeto uma torre panorâmica, de 60 metros de altura,
com restaurante, bares e um mirante; um Terminal de Integração Multimodal, que vai substituir o Terminal
Rodoviário João Goulart, a atual estação das barcas e uma estação de metrô; um oceanário; uma capela
flutuante; e a transformação da Concha Acústica, próxima ao Campus da Universidade Federal Fluminense, em
arena multiuso. Dois outros projetos, a catedral batista e a catedral católica, foram suprimidos.
Em um dos bancos da Praça JK, há uma escultura em tamanho natural de Niemeyer discutindo um de seus
projetos com Juscelino Kubitschek. Não deixe de sentar ao lado deles para uma foto.
O Teatro Popular de Niterói, no Caminho Niemeyer
Niterói’s Popular Theater, at Caminho Niemeyer (Niemeyer Way)
Japoneses jogando “getoboru” (gateball)
na Arena do Caminho Niemeyer
Japanese playing “getoboru” (gateball)
in the Arena at Caminho Niemeyer (Niemeyer Way)
26
Joaquim da Fonseca
As igrejas de Niterói
Observando o número de igrejas existentes, algumas com a idade da cidade, vê-se que Niterói sempre foi uma cidade religiosa.
Predominam as igrejas católicas. Mas são inúmeros os templos de outros cultos, protestantes, evangélicos, budistas. Os
centros espíritas são quase centenários. Há uma pequena comunidade judaica. O número elevado de casas que vendem artigos
para os rituais de candomblé e umbanda mostram que a prática desses cultos é bastante popular.
As igrejas descritas aqui são todas católicas, porque são marcos não só da cultura religiosa da cidade, como também do
acervo histórico e arquitetônico que fazem o acervo cultural de Niterói.
Igreja de São Lourenço dos Índios
A igreja é considerada o monumento da fundação
de Niterói. Aqui foi construída a primeira capela que
marcou o nascimento da cidade. Em 1769 foi construída
uma capela mais sólida, de pedra e cal, substituindo a
anterior, feita de taipa e cobertura de palha, como eram
as construções indígenas. Desde então, o templo foi sendo
melhorado e ampliado e a igreja que vemos hoje tem as
características das construções jesuítas do século XVII.
Está situada no alto do bairro de São Lourenço, perto do
centro da cidade.
Igreja de São Lourenço dos Índios, no bairro de São Lourenço
São Lourenço dos Índios Church, in São Lourenço’s neighbourhood
28
Joaquim da Fonseca
Catedral de São João Batista
Na Praça São Pedro, no centro da cidade, está a catedral,
camuflada pelo arvoredo da praça. É do século XVII e tem duas
torres sineiras.
Igreja de São Lourenço da Várzea
Desde a praça de São Lourenço dos Índios, vê-se a torre
altaneira de São Lourenço da Várzea, lá embaixo, no Ponto Cem
Réis, perto do cais de Ponta d’Areia. A igreja, de arquitetura
eclética, é mais moderna, foi construída no século XIX.
Igreja de São Domingos
Construída no século XVII, fica no bairro de Gragoatá, pertinho
da Praça Leoni Ramos. Foi visitada pelo rei Dom João VI, que
veraneava na Praia Grande, em uma casa perto dali.
Basílica de Nossa Senhora Auxiliadora
A Basílica, em estilo neogótico, foi construída no século XIX e é
famosa por seu órgão, um dos maiores do mundo. Está situada
no bairro de Santa Rosa.
Catedral de São João Batista, na Praça São Pedro
São João Batista Cathedral, on São Pedro Square
Igreja de São Lourenço da Várzea, no Ponto Cem Réis, perto
de Portugal Pequeno
São Lourenço da Várzea Square, at Ponto Cem Réis, next to
Little Portugal (Portugal Pequeno)
30
Joaquim da Fonseca
Basílica Nossa Senhora Auxiliadora, no Bairro Santa Rosa, famosa por seu órgão
Basilica Nossa Senhora Auxiliadora, in Santa Rosa’s neighbourhood, famous for its organ
Monumento a Nossa Senhora Auxiliadora, no Bairro Santa Rosa
Nossa Senhora Auxiliadora’s Monument, in Santa Rosa’s neighbourhood
Igreja de São Domingos, no Bairro de Gragoatá
São Domingos Church, in Gragoatá’s neighbourhood
32
Joaquim da Fonseca
Igreja de São Francisco Xavier, na extremidade da Praia de São Francisco
São Francisco Xavier Church, on the edge of São Francisco Beach
Ilha de Boa Viagem; no topo, a Igreja de N. Sra. da Boa Viagem, do século XVII
Boa Viagem Island; on the top, Nossa Senhora. da Boa Viagem Church, XVII century
Igreja de São Francisco Xavier
A pequena igreja branca de São Francisco Xavier está
deitada sobre a colina que separa as praias de São
Francisco e Charitas. É do início do século XVII e foi
construída pelos padres jesuítas donos daquelas terras.
Acreditou-se por muito tempo que o construtor foi o Padre
José de Anchieta, no entanto verificou-se que o padre
morreu muitos anos antes do início das obras da igrejinha.
Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem
Situada no topo da Ilha da Boa Viagem, sua construção foi
iniciada em 1668 e concluída em 1734. A igreja foi vítima
de dois incêndios, um em 1870 e outro em 1977. Passou
por várias restaurações e é um dos monumentos de Niterói
tombados pelo IPHAN.
Capela de Santa Bárbara
Localizada dentro da Fortaleza de Santa Cruz, a Capela
de Santa Bárbara é do século XVII. Tem uma curiosa torre
sineira que no topo se reparte em duas.
Igreja de Nossa Senhora do Bonsucesso, no Bairro de Piratininga
Nossa Senhora do Bonsucesso Church, in Piratininga’s neighbourhood
Igreja Nossa Senhora do Rosário, no Bairro de Cubango
Nossa Senhora do Rosário Church, in Cubango’s neighbourhood
36
Joaquim da Fonseca
Igreja de São Sebastião de Itaipu, de 1755
São Sebastião de Itaipu Church, from 1755
38
Joaquim da Fonseca
Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Cidade, na Rua da Conceição
Nossa Senhora da Conceição da Cidade Church, on Rua da Conceição (Conceição Street)
O centro da cidade
O centro nevrálgico da cidade é a Praça Arariboia, ao redor da qual estão a Estação da Barcas, o Terminal Rodoviário João Goulart, os
principais shoppings da cidade, os populares como o Bay Marketing e os sofisticados como o Plaza. O vai-e-vem dos passantes é intenso,
gente que anda apressada, alguns com pasta sob o braço, sacola de compras pendurada no ombro, outros com mochila nas costas.
Os quiosques que vendem inutilidades chinesas e os estandes de jornais e revistas estão sempre atopetados de curiosos (os niteroienses
gostam de ler e de estarem bem informados). O tráfego de ônibus e carros é confuso e congestionado. Tudo sob o olhar vigilante de
Arariboia que severo e perplexo em seu pedestal observa todo o agito ao seu redor.
Edifício da Câmara Municipal, na Praça da República
Câmara Municipal Building, at Praça da República
(República Square)
O Liceu Nilo Peçanha, na Praça da República
Liceu Nilo Peçanha, at Praça da República
(República Square)
40
Joaquim da Fonseca
O centro é onde se concentra o que a cidade tem de mais interessante em sua arquitetura,
prédios que registram a memória do passado histórico, a riqueza do presente e a visão do
futuro. Em frente à Praça Arariboia está o volumoso edifício dos Correios, imponente em seu
estilo eclético. Perto, nas ruas que irradiam dali e na Praça da República, encontram-se o Teatro
Municipal, a Biblioteca Pública, o Palácio do Ingá, a Câmara Municipal, o Fórum, o Liceu Nilo
Peçanha, e outros edifícios históricos, lembrando que a cidade já foi a capital administrativa
do Estado. Alguns desses palácios e sobrados estão hoje transformados em museus. Nas
proximidades, ao redor da Praça da Cantareira, estão edificações da universidade e o belo Solar
dos Jambeiros, um sobradão de 1872 que foi residência de um cidadão português muito rico e
hoje é um museu. O casarão, com a fachada coberta com azulejos portugueses e uma belíssima
sacada de ferro forjado que cerca todo o prédio, é imponente no meio de um bosque plantado
bem no centro da cidade. O telhado do sobradão tem seus beirais com telhas de cerâmica
decorada. E, por falar em futuro, o Caminho Niemeyer principia ali mesmo no centro, do outro
lado da Praça Arariboia.
O Museu do Ingá, que já foi Palácio do Governo quando Niterói era capital
Ingá Museum, which once were the Governor’s Palace, when Niterói was the capital
A Biblioteca Pública, na Praça da República
Public Library, at Praça da República (República Square)
42
Joaquim da Fonseca
O Museu Antônio Parreiras na
Rua Tiradentes, no Bairro do Ingá
Antônio Parreiras Museum on Rua Tiradentes
(Tiradentes Street), in Ingá’s neighbourhood
44
Joaquim da Fonseca
O pós-moderno no Morro da Penha.
Postmodern on Penha’s Hill.
Lendas e mistérios
Toda a cidade histórica que se preze tem suas lendas, mistérios, causos de assombração e fantasmas
inconvenientes. Niterói, com sua idade quatrocentona, também tem as suas estórias. Em muitas delas os
protagonistas são políticos e gente famosa, como também tipos populares conhecidos de todo mundo. Em outras,
os atores pertencem ao anedotário urbano. E tem algumas que fazem parte do folclore da cidade. As narrações
que seguem são deste último grupo.
A Pedra de Itapuca
A Pedra de Itapuca está bem no comecinho da Praia de Icaraí. Ali perto, em tempos remotos,
vivia Jurema, a índia que estava prometida, contra a sua vontade, ao mais forte e bravo
guerreiro da tribo. Foi quando apareceu Cauby, homem de nação estranha e desconhecida dos
índios. Jurema e Cauby apaixonaram-se um pelo outro. Às escondidas, Jurema cantava para
seu amado, que a ouvia embevecido. O romance acabou sendo descoberto e Jurema e Cauby
foram cruelmente castigados. Cauby, no entanto, conseguiu fugir. Jurema, depois de curada de
seus ferimentos, deixou de cantar. Vagava à noite pela praia, chorando de saudades de Cauby.
Chegou então o dia de seu casamento forçado. Na véspera da cerimônia, desesperada,
Jurema voltou à praia e recomeçou a cantar. Foi quando Cauby surgiu das águas. Abraçados
um ao outro, amaram-se a noite inteira, até que foram surpreendidos pelos índios da tribo de
Jurema que, enfurecidos, acabaram por matar os amantes na luta que se seguiu.
Tupã, comovido, e a pedido de Jacy, a Lua, abençoou os amantes sacrificados e os
transportou para o interior da pedra, onde estão eternamente unidos.
O Solar do Jambeiro
Solar do Jambeiro (Jambeiro’s Mansion)
46
Joaquim da Fonseca
O busto de bronze de Dom Pedro II
A santa renitente
A francesa de São Francisco
Bem no meio da Praça Leoni Ramos, o centro mais movimentado
A linda imagem de Santa Bárbara, situada no altar da capela
A primeira moradora do bairro de São Francisco, que lá chegou
das noitadas de Nikiti – a chamada Lapa de Niterói – está o busto de
que leva seu nome no pátio da Fortaleza de Santa Cruz, gosta
em 1933, era uma francesa que trazia perfumes da França para
Dom Pedro II, moldado em bronze em tamanho maior que o natural
do lugar onde está. Contam que em várias ocasiões tentaram
revender no Rio de Janeiro. Ela morava em um casarão enorme,
e equilibrado sobre uma esfera giratória que representa o universo.
transferir a imagem para outro lugar, mas em todas as vezes o
situado em uma colina que contornava parte do bairro.
O pequeno monumento carrega a triste fama de ser pé-frio: tem
mar tornou-se tempestuoso e revolto, de tal modo que sempre
o poder de anunciar desgraça e morte. A casa para a qual o busto
impedia o embarque da santinha.
aparecia voltado, pela manhã, estava inexoravelmente condenada
a um desastre. Algo horrível iria acontecer nela, provavelmente
um dos seus moradores deixaria de viver. Era comum um morador
girar a direção do busto para outro lado, para escapar do azar e
não ser atingido pelo esconjuro.
O incêndio da antiga oficina da Cantareira (a companhia das
Depois que a francesa morreu, já em avançada idade, a casa foi
demolida. Passados alguns anos, pessoas que faziam caminhadas
nessa colina afirmavam que, ao passar por ali nas brumas das
A Capela de Santa Bárbara, do século XVII,
no interior da Fortaleza de Santa Cruz
Santa Bárbara Chapel, XVII century,
inside Santa Cruz Fortress
noites de março, uma suave fragrância de perfume emanava do
ar e era possível ver essa casa. Em uma de suas janelas estava,
debruçada, a velhinha francesa.
O ovni de Icaraí
barcas que atravessam a Baía de Guanabara), situada em um dos
No inverno de 1990, moradores juram ter visto na Praia de
cantos da praça, é atribuído à maldição do busto. Contam também
Icaraí um objeto voador não identificado. O suposto disco voador,
que foi o mau olhado do busto do imperador que causou a falência
grandioso e luminoso, emitindo incandescência, chegou a pousar
de várias casas comerciais ao redor da praça.
na areia, deixando marcas circulares. Foi um agito na cidade, com
a televisão e os jornais acorrendo para registrar o acontecimento.
Só depois é que se descobriu que as marcas na areia foram feitas
O busto mal-assombrado de Dom Pedro II, na Praça da Cantareira
Dom Pedro II’s haunted bust at Praça da Cantareira (Cantareira Square)
48
Joaquim da Fonseca
por uma senhora moradora nas redondezas.
Niterói e o mar
Além das praias sem fim, o mar está sempre presente na cidade.
Na gastronomia, por exemplo. Em Portugal Pequeno, bairro de
pescadores, está o pitoresco Mercado do Peixe, onde se pode
escolher o pescado preferido, recém-chegado do mar, que pode ser
preparado num dos restaurantes do andar superior.
Niterói é uma filha do mar. Um dos seus principais meios de
vida está na indústria naval. É um pólo industrial importante
baseado principalmente nos seus poderosos estaleiros navais,
onde são construídos e reparados desde pequenos barcos de
pescadores e rebocadores, até imensos navios petroleiros e
plataformas de extração de petróleo. Com suas gigantescas torres
essas plataformas mais parecem fantasiosas naves cibernéticas
criadas pela mente de Moebius para as aventuras siderais de seus
personagens extraterrenos. Lembra o Blade Runner?
Cais de Ponta d’Areia, junto ao bairro de Portugal Pequeno
Ponta d’Areia’s Pier, next to Little Portugal (Portugal Pequeno)
Plataforma de petróleo ancorada na Baía de Guanabara
Oil platform anchored in Guanabara Bay
50
Joaquim da Fonseca
Gente do mar circula pelas ruas do centro, especialmente
nos lados da Ponta d’Areia e Portugal Pequeno. Fuzileiros
e marinheiros de folga, garbosamente fardados, cruzam
com hooligans e hagares noruegueses tatuados que saem
dos portões dos estaleiros. Nos bares do cais, negros
americanos discutem em castelhano qual a melhor maneira
de se trocar uma válvula de oleoduto. Na mesa ao lado,
pescadores de Ponta d’Areia debatem o Fla-Flu de domingo.
Garotas niteroienses, com jeans dois números menores,
passam equilibrando-se sobre saltos muito altos, espiando
e sorrindo para dentro dos bares, a caminho da barca e
de seus empregos no Rio. Enquanto isso, os albatrozes
e as garças sobrevoam o emaranhado de barcos que se
acotovelam no cais.
O Mercado do Peixe, que tem a proteção de São Pedro Pescador
The Fish Market, which is protected by São Pedro Pescador (St. Peter The Fisherman)
Igreja Nossa Senhora de Fátima, no cais de Ponta d’Areia
Nossa Senhora de Fátima Church, at the Ponta d’Areia pier
52
Joaquim da Fonseca
Niterói e a montanha
Além da orla de praias, Niterói se espalha por entre colinas, vales e montanhas. Está pontilhada de
jardins, bosques e parques, cada um mais belo que o outro.
O mais espetacular deles é o Parque da Cidade, uma área de preservação ambiental no topo do Morro
da Viração, a 270 metros de altura. Pura beleza, lá de cima tem-se a visão panorâmica das lagunas,
das praias oceânicas, da cidade de Niterói, da Baía de Guanabara inteirinha, e do mar aberto. A vista do
Rio de Janeiro desde lá, é fantástica, só pode ser descrita com superlativos, com gigante pela própria
natureza deitado eternamente em berço esplêndido e tudo mais. Provavelmente foi lá que Osório Duque
Estrada e Francisco Manuel da Silva se inspiraram para compor o nosso Hino Nacional.
O parque tem rampas de decolagem para paragliders, asas-deltas e parapentes. Um urubu morador
nas redondezas enturmou com os pilotos do voo livre, que lhe dão comidinhas, guloseimas e agrados. O
urubu malandro pegou uma boca, pois não precisa mais se esforçar para catar o seu pãozinho de cada
dia. Agradecido, vez em quando acompanha o voo dos pilotos, escoltando-os até lá embaixo, na Praia de
Charitas, onde aterrissam. Já saiu até na televisão.
O panorama que se vê no Parque da Cidade
The landscape you see from Parque da Cidade (City’s Park)
54
Joaquim da Fonseca
No bairro de Fonseca encontra-se o Horto Botânico, mais
conhecido como Jardim Botânico de Niterói, criado há mais
de um século para cultivar e distribuir sementes e mudas
de frutíferas e plantas medicinais. Caminhando pelas trilhas
do jardim, pode-se reconhecer em seus bosques jatobás,
jequitibás, jacarandás, sapucaias e algumas espécies raras,
que só se encontram na Amazônia, como o pau-mulato.
Os niteroienses amam as flores. São muitos os quiosques
que vendem flores o ano inteiro. E são famosas as floriculturas
que se espalham pelas partes mais altas da cidade, como no
Parque Florestal Florália do Bairro de Pendotiba, que possui
enorme orquidário, devidamente bem cuidado por Branca de
Neve e seus sete gnomos.
No centro da cidade está o Campo de São Bento, pequeno
parque arborizado em cujas alamedas é montada uma
concorrida feira de artesanato. Neste parque está instalado
também o Centro Cultural Paschoal Carlos Magno.
A feira de artesanato no Jardim de São Bento
Craft fair at Jardim de São Bento (São Bento’s Garden)
Imagem de Nossa Senhora no Jardim de São Bento
Nossa Senhora’s (Madona’s) statue at Jardim de São Bento (São Bento’s Garden)
Niterói by night
A vida noturna de Niterói corre solta pelos points mais badalados. Começa na Praça da Cantareira (que também
se chama Praça Leoni Ramos e que também se chama Largo de São Domingos), pelos bares e restaurantes que
distribuem suas mesas nas calçadas. Ali, ao redor do mal amado busto de Dom Pedro II, grupos de samba, de
rock e de jazz tomam conta do campinho, a maioria estudantes da universidade, que fica ali perto. A balada é
tal que o lugar ficou conhecido como a Lapa de Niterói. Mas essa vida continua por outros embalos da cidade,
espalhando-se pelas pizzarias de Jardim Icaraí, pelos calçadões da Praia de Icaraí e pelos redutos mais chiques
da Praia de São Francisco e da Praia de Charitas.
Os niteroienses são festeiros. Festa e festa, principalmente nas comemorações juninas, com as festas de
arraial, e nas festas de fim de ano, que não deixam a cidade dormir. Muito mais ainda no Carnaval, que rivaliza
em popularidade até com o da sua irmã mais celebrada e mais velha, do outro lado da baía.
Banda de garotas na Praça da Cantareira
Girl band at Praça da Cantareira (Cantareira Square)
A Igreja da Penha, no alto do Morro da Penha,
perto de Portugal Pequeno
Penha Church, on Morro da Penha’s top,
next to Little Portugal (Portugal Pequeno)
58
Joaquim da Fonseca
Niterói musical
O entretenimento na cidade provavelmente se manifesta muito mais pela música.
Niterói é fundamentalmente musical. O culto ao samba está vivo e autêntico
em suas rodas de samba de raiz, que são muitas e acontecem também em
qualquer dos bares da cidade, sempre que aparecer um violão, um pandeiro, um
cavaquinho ou qualquer outro instrumento musical. Vale até caixa de fósforos.
Niterói tem uma infinidade de blocos de rua e de bairros que durante o
Carnaval animam os desfiles na passarela da Rua da Conceição. As escolas
de samba são várias, quase duas dezenas, sendo as maiores e mais populares
a Unidos do Viradouro e a Acadêmicos de Cubango, que já fizeram bonito nos
desfiles cariocas da Avenida Presidente Vargas e do Sambódromo.
Porém, não só de samba vive a cidade. São inúmeros e produtivos os grupos
de MPB, de rock em todas as suas variações e da chamada música jovem. Jazz,
rhythm and blues e música erudita também fazem parte da cultura da cidade.
Calma, calma, tem ainda forró arretado e música sertaneja, sim, senhora.
Roda de samba de raiz, na Toca da Gambá, um bar de respeito no Bairro do Barreto
Samba group playing “samba de raiz” in Toca da Gambá, a well respected neighbourhood bar in Barreto
60
Joaquim da Fonseca
Praias que não acabam mais
O litoral de Niterói, com seus 11 quilômetros de extensão, é constituído por um recortado de enseadas, baías e
praias bem como de montanhas que se derramam em penhascos sobre a baía e sobre o oceano. As areias das
praias niteroienses são abundantes, finas e alvas. As praias da baía não são recomendadas para banho, devido à
poluição da água. As oceânicas, são todas irrestritas.
Praia de Gragoatá
É uma pequena faixa de areia, tranquila e arborizada, junto ao Forte de Gragoatá. Próxima ao
centro da cidade, fica no trajeto do Caminho Niemeyer.
Praia da Boa Viagem
Com cerca de 450 metros, fica junto à Ilha da Boa Viagem. Um lugar preferido por pescadores.
Praia das Flechas
Situada entre a Praia da Boa Viagem e a Praia de Icaraí, está quase ao sopé do MAC de Oscar
Niemeyer. Em frente à praia, como diminutas ilhas, emergem as pedras de Itapuca, onde residem
para sempre abraçados Jurema e Cauby, e a Pedra do Índio, que pela sua conformação parece ter
a cabeça de um índio com seu cocar. Bem, procurando com esforço e
apelando para a imaginação, dá para reconhecer o índio na pedra.
A Pedra do Índio, no início da Praia de Icaraí
Indian Rock, where Icaraí Beach begins
A Praia de Icaraí
Icaraí Beach
62
Joaquim da Fonseca
Praia de Icaraí
É a praia mais badalada da cidade. Ajardinada e arborizada, cercada de edifícios, é quase uma
miniatura de Copacabana, onde se localizam butiques e lojas chiques. Passeio preferido para
quem faz caminhadas e pratica o ciclismo, tem facilidades para várias atividades esportivas.
A Praia de Icaraí é também palco para eventos festivos e sociais. A vista que se descortina do
outro lado da Baía de Guanabara, com o Pão de Açúcar e o Corcovado de vedetes, é espetacular.
Praia de São Francisco
Tem 750 metros de extensão e calçadão arborizado com palmeiras e amendoeiras. A atividade
social noturna é intensa, promovida pelos restaurantes e bares que acompanham o calçadão.
No final da praia, no alto da colina, está a igrejinha de São Francisco Xavier.
Praia de Charitas
Outro centro social de badalação noturna, a Praia de Charitas se estende por um quilômetro
de areia fina e alva. Preferida por quem pratica windsurfe e esqui aquático, é também o ponto
de pouso dos paragliders que voam desde o Parque da Cidade, lá em cima, na montanha. Aqui
está localizada a Estação Hidroviária onde aportam os catamarãs que fazem a travessia da Baía
de Guanabara, até o Rio. A estação, com um píer que se projeta enseada adentro, foi projetada
por Oscar Niemeyer e é constituída de um conjunto de restaurantes e bares chiques, além de
instalações confortáveis e qualificadas para quem aguarda os barcos.
A Estação Terminal Hidroviária em Praia de Charitas, obra de Oscar Niemeyer
Waterway Station at Charitas Beach, Oscar Niemeyer’s project
64
Joaquim da Fonseca
Praia de Jurujuba
Um verdadeiro recanto de pescadores, a Praia de Jurujuba mantém ainda uma identidade pitoresca e colorida com seu
emaranhado de barcos de pesca, pontilhado pelas garças brancas que sobrevoam e se espreguiçam sobre os barcos. O
calçadão que acompanha a praia está sombreado pelos ipês, amendoeiras e palmeiras. Na extremidade da praia, a Igreja
de São Pedro dos Pescadores, com sua torre pontiaguda, está cercada por bares e restaurantes típicos, famosos por sua
culinária de frutos do mar.
Praias de Adão e Eva
Consideradas como gêmeas, essas duas pequenas praias estão situadas logo na entrada da Baía de Guanabara. Alinhadas
entre penhascos, Adão tem 250 metros de areia e Eva tem 150 metros. Foram famosas, em outros tempos, pela prática
do naturismo, imagina-se que Adão para os rapazes e Eva para as moças. Hoje o nudismo ainda é tolerado nas duas
praiazinhas, mas os aficionados têm procurado agora outros centros, devido à poluição da baía.
Praia de Piratininga
Comprida de quase três quilômetros, a Praia de Piratininga é a praia oceânica
mais próxima de Niterói.
Praia do Sossego
Pequenina e situada entre Piratininga e Camboinhas, aninhada entre
dois penhascos, tem difícil acesso. Devido a isso, é mais procurada
por quem vem pelo mar, de lancha ou de iate.
Barcos de pesca no porto de Jurujuba
Fishing boats Jurujuba’s pier
A Praia de Jurujuba, com a Igreja de São Pedro dos Pescadores
Jurujuba Beach, with São Pedro dos Pescadores (St. Peter The Fisherman)
66
Joaquim da Fonseca
Praia de Camboinhas
O nome veio de um navio que encalhou na praia, anos atrás. Com dois quilômetros e meio, é uma extensão da vizinha Praia de Itaipu.
Está pontilhada de quiosques que vendem quitutes e petiscos de frutos do mar, servidos em mesinhas na areia da praia. Camboinhas
é um bairro residencial sofisticado e chique. A praia é procurada principalmente por velejadores e praticantes de windsurfe.
Praia de Itaipu
Itaipu é um encantador recanto, com uma praia de mar manso e areia fina e clara. A vila de pescadores, arborizada com
amendoeiras e coqueiros e com seus barcos de pesca reunidos sobre a areia, proporciona um cenário autêntico e típico.
Vários bares e restaurantes na beira da praia oferecem petiscos e pratos de frutos do mar.
Junto à vila, está localizado o remanescente de um antigo convento religioso, hoje funcionando como Museu Arqueológico,
apresentando objetos pré-históricos achados no sambaqui existente nas proximidades. Perto dali está a Igreja de São
Sebastião de Itaipu.
A praia não é extensa e está separada da Praia de Camboinhas por um canal que liga a Lagoa de Itaipu com o mar.
Junto a este canal instalou-se uma aldeia indígena onde são oferecidos cursos e oficinas de artesanato e pesca.
Museu Arqueológico em Itaipu, antigo convento religioso
Archaeological Museum in Itaipu, once a convent
O canal que liga a Lagoa de Itapu ao mar, na Praia de Camboinhas
Canal which links Lagoa de Itaipu (Itaipu Pond) to the sea, at Camboinhas Beach
68
Joaquim da Fonseca
A Praia de Itaipu
Itaipu Beach
A Praia de Itaipu
Itaipu Beach
Praia de Itacoatiara
Itacoatiara, uma das mais belas praias oceânicas de Niterói, é o paraíso dos
surfistas. É frequentada pela juventude natureba e ligadona com as atividades
esportivas, que curtem as altas ondas de sua água transparente e azulada.
Tem 700 metros de comprimento e, numa das extremidades, uma diminuta
enseada, a Prainha, que é quase uma piscina, protegida das ondas. É o point
da criançada. Na outra extremidade da praia eleva-se o paredão do Morro do
Costão, que marca o limite do município de Niterói.
A Praia de Itacoatiara
Itacoatiara Beach
72
Joaquim da Fonseca
View From the Bridge
Niterói is beautiful. Such a pretty thing, and also such a huge thing, because the city
has the size of a capital, which it used to be, and a few times before. It takes a while
to get to know it well. Most visitors stay at the neighbour Rio de Janeiro and they
don´t know what they are missing when they dedicate just one day to visit Niterói,
which is not unusual, but is not enough. To really see it, you´ll need more than that.
So much beauty and richness can´t be embraced in one little visit, short and in
a rush. Even though, ironic or not, this is what is happening here. This book, which
must be considered as a visual chronicle, is a limited impression of a visitor who
sees the city for the first time and tries to express the enchantment and the
amazing emotion he has experienced through the short period of less than a week.
This was the time dedicated to walk through the city and take notes, make
sketches and photos for reference, which resulted in the watercolors on
theses pages. it is, therefore, the vision of an outsider, who, inebriated by such
beauty, registers a point of view which has no pretense of being definitive,
profound or analytic.
It is the outlook of one who passes by, sees it all and strives to capture the
moment one lived. Literally, a scenary seen from a bridge.
Niterói Et Al
So, the bridge really is the star of Niterói, one if its entrance and exit portals. With
14 kilometers, way larger than the extended coast of the city, Rio-Niterói bridge or
Presidente Costa e Silva bridge, its oficial name, crosses the Baía de Guanabara
(Guanabara bay) from Ponta do Caju, in Rio de Janeiro, up until the São Lourenço
neighbourhood, almost in the center of Niterói. It is a gigantic construction, one of
the biggest bridges in the whole world. Its central span is high enough to allow
the passage of large ships, such as tankers and ocean liners. Inaugurated in 1974,
its making consumed all of the cement available in the region, causing a crisis in
the construction industry.
The traffic is intense and the bridge gets a traffic jam on rush hours, holidays
and long weekends.
Other important accesses to the city are the ferrys station, which cross the bay
from Rio de Janeiro, and the highways which radiate inside. The ones who come
flying land on Santos Dumont and Tom Jobim airports, in Rio de Janeiro. The ones
coming from the sea generally also disembark in Rio´s harbor.
Niterói´s urban region accompanies the Baía de Guanabara´s indented west
coast and the Atlantic Ocean´s edge for 11 kilometers, extending its fingers
inwards through the valleys of the mountains, creating neighbourhoods and
centers which are always multiplying themselves. Niterói has a population of
more or less half a million inhabitants, and this crowd grows with the arrival of
more people who come attracted by the high quality of life, good opportunities in
education, and in search for tranquility and safety, as they are enchanted by the
natural beauty of its mountains and beaches.
In tune with its time, Niterói develops intense cultural activities. Libraries,
museums, theaters, cinemas, concerts, shows, fairs, exhibitions and cultural
centers of all kinds keep alive what has been a tradition for many years.
The best thing about Niterói is the view to Rio, the carioca neighbours usually
say in disdain. Which is actually true, but Niterói has that and Rio doesn´t. The
landscape of the biggest and most celebrated neighbour on the other side of the
bay is one of the most famous patrimonies of the city. It is a lush and inevitable
scenery, which is present all over the Niterói´s shore. The Pão de Açúcar (Sugar
Loaf), for example, is always spying jealously and appearing in front of all of the
beaches of Niterói, showing each time a different face of its notorious profile, for
which it is known worldwide. At Piratininga Beach, it faces the long range of
white, brilliant sand with its full front. It is closer to the Santa Cruz fortress, in
Niterói, than to the district of Botafogo, in Rio
The Mighty Cacique
More than 400 year old, Niterói is nearly Brazil´s age. It was founded in 1573, a
time when French and Dutch pirates and buccaneers pillaged the Brazilian coast
to steal our valuable Pau-Brasil.
The city was founded by an Indian. Bold and fearless, the cacique (chief)
Arariboia, who founded Niterói, has a mix between reality and legend a his story.
He was Indian chief of the tribe of temiminós and was the son of another
notorious chief, Maracajé-guaçu. A Ilha de Paranapuã (Paranapuã Island), known
today as Ilha do Governador (Governor’s Island), was the temiminós´ field. In
1555, the French invaders, with the support of the savage tamoios Indians, who
dominated the western side of the Baía de Guanabara and would not let anyone
venture there, took control of the bay. Expelled by the French, Arariboia followed
to the Espírito Santo Captaincy with his tribe. Catechized by the Jesuits and the
Portuguese colonists there, he started their glorious deeds. Allied to the
Portuguese, he and his Indians helped to oust the other invaders, such as the
Dutch, sending them back home.
A new general-governor sent by Portugal, Mem de Sá, arrived in 1560 with
armed soldiers to expel the French and take over the Baía de Guanabara.
Arariboia was summoned to help, leading his 8 thousand Indian warriors and
forcing the French to pack their bags and go home.
Arariboia´s attitude on the confrontation that occurred at what today is
known as Flamengo Beach, in Rio, where the French barracked, was no doubt
heroic. After crossing the bay swimming, climbing cliffs, steeps, gullies and
crossing quagmires, Arariboia was the first to enter the enemy´s stronghold.
Armed with a torch, he set fire to the French´s ammunition depot, which
exploded and blew up. Rambo in action in the 16th century. With this, he put an
end to the French merriment.
In 1573, Portuguese who were established in Rio de Janeiro rewarded Arariboia
with some land across the Baía de Guanabara. This time, the chief had a mission
to protect that side of the bay entrance. The allotment he was granted was called
São Sebastião dos Índios. The chapel built there was the seed from which the city
of Niterói was born.
Baptized as a Christian, Arariboia was then named Martim Afonso de Sousa.
Not to be confused with the other, a noble Portuguese courtier who reached fame
as a browser. Even being an athlete and an excellent swimmer, Arariboia drowned
soon after, in 1574, in the Isle of Mocanguê, now a naval base of the Brazilian
Navy, located near the center of Niterói.
A monument celebrates Arariboia in the square opposite the station of the
ferrys, right in the city center. His statue is shaped a stocky Indian, not handsome,
but muscular and sharp. It has serious features, a challenging look shooting
across the bay. His pose, arms crossed over his chest, is both grave and solemn,
arrogant and audacious. Courageous and determined, he has his right foot
forward. With powerful shoulders, defends and protects the city behind him. It
seems to assert, as did two centuries later Sepé Tiaraju, his counterpart, an
Indian like him, in the southern fields of the country: “This land has an owner.”
The statue, a work from sculptors Dante Croce Caetano e Dante Moacir Croce,
was inaugurated in 1965 to celebrate the 4th centenary of the city.
A Walk Through Time
In the beginnng the city had its ups and downs, times of esplendor and shadows.
When Niterói was born, it was given the name of Vila de São Sebastião dos Índios
(San Sebastian of the Indians village). With the death of Arariboia, the town fell
into decay and for centuries it was forgotten. It gained new notoriety as Vila Real
da Praia Grande (Praia Grande’s Royal Village), when the royal family of Dom
João VI (King John VI) chose the place for his vacation house. With the royalty
circulating in the region, vendors and hawkers started to appear and settled
there, fueling the growth.
In 1834, Praia Grande became Rio de Janeiro Province’s capital. The following
year, it began to call itself Nictheroy, which means in Tupi language “hidden
water”. Its position as capital brought remarkable urban developments to the
area. It was established steam navigation, the lighting of whale oil, water supply
and also roads were opened to the interior. Icaraí neighbourhood was expanded
by urban planning, forming the district of Santa Rosa.
The Armada Rebellion (Revolta da Armada) in 1893, caused the loss of its
position as capital, which was then given to Petrópolis. Only ten years later would
Nictheroy become capital again
Upon the entry of the 20th century, the city steadily boomed, with investments
which enabled the tram systems and thus the growth of neighbourhoods such as
Icaraí and Itaipu on one side and Ponta d’Areia another. There were squares and
public gardens, and streets began to be extended. A waterway station was
constructed, and the city got its sewerage system.
Over the years the city continued to be embellished with the construction of
Praia de Icaraí’s avenue, and was enlarged with the landfill of Praia Grande, in the
city center. This enabled the project to design the landfill of Caminho Niemeyer
(Niemeyer Way), an investment that gave Niterói a new face and also international
recognition. Improvements enabled a growth in property investments bordering
the Atlantic. The milestone that changed Niterói, however, was the construction of
the Presidente Costa e Silva Bridge.
When the state of Guanabara merged with the state of Rio de Janeiro, in
1975, Niterói once again lost its position as capital city, which was then passed onto
Rio de Janeiro.
Nikiti
The niteroienses fondly call their town Nikiti, a legacy from those times when
Nictheroy was how its name was spelled.
A complete list of celebrities born in Niterói would be huge. However, we’ll
recall just some of the most well known, as the singers Agnaldo Rayol, Ronnie
Von, Byafra and Cauby Peixoto. Another famous niteroiense is Sergio Mendes,
who contributed to the success of Brazilian bossa nova around the world. In
soccer, there is Edmundo and Marcelinho Niterói. There is Ismael Silva, a samba
composer who wrote “Se você Jurar” and “Antonico.” The comedian Dedé
Santana, one of the “Trapalhões”, and actor Murilo Benício are TV stars born in
Niterói. The venerable playwright Leopoldo Froes was also a niteroiense.
But isn’t there a woman in this story? Yes, there were loads of them. Nélia Paula,
Nicette Bruno, Wilza Carla, superstars who became famous first in the theater. Also
there are singers Zelia Duncan and Marilia Medal. And the eternal Leila Diniz.
These are just some of the famous niteroienses, most of them in the
entertainment business. There are also more erudite personalities; just
remember the painters Ari Parreiras and Milton Dacosta, even though they
belonged to times and diametrically opposed styles. Nor can we forget the
journalist, novelist, biographer and playwright Antonio Calado.
LEGENDS AND MYSTERIES
All the historic city worth its salt has its legends, mysteries, tales of inconvenient
ghosts and ghouls. Four hundred year old Niterói also has its own stories. In
many of them, the protagonists are politicians and celebrities, as well as popular
characters known worldwide. In others, the actors belong to urban anecdotes.
And there are some who are part of the folklore of the city. The stories that follow
are of the latter group.
The Stone Itapuca
A Pedra de Itapuca (Itapuca Stone) is located at the very beginning of Praia de
Icaraí (Icaraí Beach). Nearby, in ancient times, there lived Jurema, the Indian
woman who was betrothed against her will to the strongest and bravest warrior of
the tribe. Then appeared Cauby, a strange man and of a nation unknown to the
Indians. Jurema and Cauby fell in love with each other. Secretly, Jurema sang to
his beloved, who listened in rapture. The romance was eventually discovered and
Jurema and Cauby were cruelly punished. Cauby, however, managed to escape.
Jurema, after her wounds were healed, no longer sang. She wandered along the
beach at night, crying and missing Cauby.
So the day of her forced marriage arrived. On the eve of the ceremony,
desperate, Jurema returned to the beach and started to sing. That’s when Cauby
emerged from the waters. Hugging each other, they made love until they were
surprised by the Indians of Jurema’s tribe who, enraged, eventually killed the
lovers in the ensuing struggle.
Tupã, moved, and by request of Jacy, the Moon, blessed the lovers who had
been sacrificied and carried them into the rock, where they are forever united.
The French Lady of São Francisco
The first resident of the district of São Francisco, who arrived there in 1933, was
a French woman who brought perfume from France to resell it in Rio de
Janeiro. She lived in a huge mansion, located on a hill which surrounded part of
the neighbourhood.
After the French lady died, in advanced age, the house was demolished. A few
years later, some people who walked that hill, while they passed that area,
through the mists of night in March, said they could feel a sweet fragrance of
perfume emanating from the air, and that they could see the house. In one of its
windows, there she was, bent, the old lady of France.
The Bronze Bust of Dom Pedro Ii
Right in the middle of Leoni Ramos square, the busiest nighlife center of Nikiti
– also called the “Niterói’s Lapa” - is the bust of Dom Pedro II, cast in bronze,
made in a size larger than natural, and balanced on a rotating sphere which
represents the universe.
The small monument bears the sad reputation of bringing bad luck: it
supposedly has the power to proclaim doom and death. The house the bust used
to face every morning was inexorably doomed to disaster. Something horrible
would happen in it, probably one of its residents would no longer live. It was
common that a resident would rotate the direction of the bust to the other side,
his chance to escape and not be hit by conjuration.
The fire in the old Cantareira workshop (the boats company which cross the
Baía de Guanabara), located in one corner of the square, is imputed to the curse
of the bust. People also say that it was the evil eye of the emperor’s bust that
caused the bankruptcy of several businesses around the square.
The UFO of Icaraí
Residents swear that in the winter of 1990 they saw at Praia de Icaraí an
unidentified flying object. The alleged flying saucer, grand and luminous, radiating
incandescence, came to land on the sand, leaving circular marks. It was a buzz in
the city, with television and newspapers hurrying to record the event. Only later it
was discovered that the marks in the sand were made by a lady who lived nearby.
The Stubborn Saint
The beautiful statue of Santa Bárbara (Saint Barbara), located on the altar of the
chapel that bears her name, in the courtyard of the Santa Cruz fortress, likes the
place where she is at. People say that on several occasions they tried to transfer
the image somewhere else, but every time the sea became turbulent and
tempestuous, so that it always prevented the shipment of the saint.
The Niemeyer Way
The charm, beauty and the thousand delights of Niterói are expressed in its
fantastic natural landscape of mountains and beaches, as well as in buildings and
monuments which lead us back to a past rich in tradition and which register much
of the history of Brazil. While preserving its charms and relics, the city also gives
a leap into the future, showing with splendor Oscar Niemeyer’s superlative avantgarde architecture.
The first milestone was the erection of the Museum of Contemporary Art (MAC)
at the Praia da Flecha (Flecha Beach). Bold and daring, the building has a circular
shape and is balanced on top of a cliff that goes on the bay, as if ready to take flight.
It’s a flying saucer, the mob says in amazement. It’s a bird, says Niemeyer. The
museum is intended to house contemporary art and, in addition to its permanent
collection, it presents temporary exhibitions. The beauty of the museum building
has become an icon representative of the city, it is the postcard of Niterói.
The lush beauty of the MAC building inspired a bolder project. To revitalize the
vast area from Praia Grande’s (Grande Beach) landfill, in the city center, up to the
Praia da Boa Viagem (Boa Viagem Beach), the city requested Oscar Niemeyer a
special project, which resulted in a number of buildings which covers 3.5
kilometers and came to be called Caminho Niemeyer (Niemeyer Way).
The Caminho Niemeyer includes several projects. The first, as we have seen, is
the Museum of Contemporary Art. Others are JK Square, beneath which there is
an underground garage, the Memorial Roberto Silveira, which holds an important
historic and iconographic Niterói collection, the Teatro Popular, with 380 seats in
its inner courtyard, but with a stage that can be open to a large square, extending
to 20 thousand spectators sitting outdoors; Brazilian Cinema Center, which is the
museum of cinema, and is curiously shaped as a huge roll of film; Estação
Hidroviária da Praia de Charitas (Waterway Beach Charitas Station), a terminal
where they dock the catamarans which link the port of Niterói with Rio de Janeiro;
the main building of the Niemeyer Foundation, a cultural space which attracts
visitors and researchers from all around the world. Still in design are a panoramic
tower, 60 meters high, with restaurant, bars and a gazebo, a Terminal de
Integração Multimodal (Multimodal Integration Terminal), which will replace the
Terminal Rodoviário João Goulart (João Goulart Bus Terminal), the current ferry
station and a subway station; an oceanarium; a floating chapel, and the
transformation of the Acoustic Shell, next to the Universidade Federal
Fluminense, into a multipurpose arena. Two other projects, the Baptist Cathedral
and the Catholic cathedral, were cut out.
In one of the benches of the JK Square, there is a life-size sculpture of
Niemeyer discussing one of his projects with Juscelino Kubitschek. Be sure to sit
next to them for a picture.
THE SEVEN GUARDIANS OF THE CITY
Even the truculent side of the city is beautiful. Throughout history, the strategic
importance of the military defense of the Baía de Guanabara imposed the
construction of a system of fortifications which comprises several bastions
distributed by the entrance of the bay. Niterói is protected by seven forts. In all of
them the panorama envolving the Baía de Guanabara, the Atlantic Ocean and the
mountains of the region is magnificent.
Forte do Gragoatá
Looking like a stone battleship stranded on the Praia do Gragoatá (Gragoatá
Beach), near the Igreja de São Domingos (Church of St. Dominic) and then almost
in the center of town, Forte do Gragoatá (Gragoatá Fort) was built between 1610
and 1710. Their cannons are deactivated and today the 2nd Infantry Brigade of the
Army’s command headquarters is installed there. Not open to the public.
Forte da Boa Viagem
Located on the Ilha da Boa Viagem (something like “Good Voyage Island”), its
construction is estimated in the year of 1695, when it was called Forte da Barra
(Barra Fort). There are now only ruins of the fort, hidden by vegetation, just a little
below the Igreja da Boa Viagem, which is located on the top of the island.
Fortaleza de Santa Cruz
The Ponta de Santa Cruz, where the fortress is located, advances over the channel
which is about a thousand meters long and gives entrance to the Baía de
Guanabara, opposite the Fortaleza da Lage island (Lage Fortress) and Fortaleza
de São João (St. John Fort), which is just at the foot of Pão de Açúcar (Sugarloaf
Mountain). All vessels entering or leaving the bay must cross the channel. Land
access to Fortaleza de Santa Cruz is made from Jurujuba Beach.
The first fortification built at that location was made by the French admiral
Villegaignon in 1555. The fire power of the invading French were taken by the
Portuguese in 1567, who then started building a stronger and more powerful fort.
In 1612 it already had 20 guns, when it started to be called Fortaleza de Santa
Cruz da Barra. It was enlarged in 1860 and then in 1888. It served as a political
prison in the 19th century and then again a military prison in 1968.
Inside the fortress there is the chapel of Santa Barbara, built in 1612. The
fortress is open to the public. For whatever reason, the guide allows you to
photograph only the left side of the chapel during the course of the visit.
Forte Barão do Rio Branco
With its entrance through Praia de Jurujuba (Jurujuba Beach), Forte Barão do
Rio Branco (Barão do Rio Branco Fort) hosts a military artillery. It is the
gateway to the forts of Imbuí, Pico and São Luiz. The fort has an interesting
collection of old weapons and vehicles, with pieces ranging from colonial times,
guns and trucks remnants of World War II and recent military vehicles. The fort
began to be built as an observatory in 1555, and in 1567 became armed and
turned into a battery.
the niteroienses beaches are abundant, thin and white. The beaches of the bay
are not recommended for bathing due to water pollution. The ocean beaches are
all unrestricted.
that accompany the boardwalk. At the end of the beach, on the hill, there is the
little church of São Francisco de Xavier.
Praia da Boa Viagem
With about 450 meters, it is situated on the Ilha da Boa Viagem. A favorite spot
for fishermen.
Praia de Charitas
Another night clubbing center, the Praia de Charitas (Charitas Beach) extends
over a kilometer of fine and white sand. Preferred by those who practice
windsurfing and water skiing, it is also the landing point of paragliders flying from
the City Park, up there on the mountain. Here is located the Waterway Station,
where they dock the catamarans that cross the Baía de Guanabara to the Rio de
Janeiro station. It has a pier that juts into the cove, designed by Oscar Niemeyer,
composed of a number of smart restaurants and bars, and also comfortable
facilities and qualified for those waiting for the boats.
Flechas Beach
Located between Praia da Boa Viagem and Praia de Icaraí, it is almost at the foot
of the MAC, by Oscar Niemeyer. In front of the beach, Itapuca stones emerge as
tiny islands, where Jurema and Cauby live forever embraced, and also the Pedra
do Índio (Indian Rock), which frame seems to have the head of an Indian with his
headdress. Well, putting some good effort and imagination into looking at it, it is
actually possible to recognize the Indian in the stone.
Praia de Jurujuba
A true haven for fishermen, Praia de Jurujuba (Jurujuba Beach) still retains a
picturesque and colorful identity with its tangle of fishing boats, dotted by white
egrets flying and lounging on the boats. The boardwalk that follows the beach is
shaded by ipes, almond and palm trees. At the end of the beach, the Igreja of São
Pedro, O Pescador, (Church of St. Peter the Fisherman), with its pointed tower, is
surrounded by nice restaurants and bars, famous for its seafood cuisine.
Forte São Luís
Now in ruins, Forte São Luís was built in 1775, next to Forte do Pico. Both were
strongly linked to each other by order of Dom Pedro II in 1891.
Praia de Icaraí
It is the liveliest beach in town. Arboreous, full of gardens and surrounded by
buildings, it is almost a miniature of Copacabana, where there are shops and
stylish boutiques. It’s a favorite for those who practice walking and cycling, and
has facilities for various other sports activities. The beach is also Icaraí stage for
social and festive events. The view that unfolds across the Baía de Guanabara,
with the Pão de Açúcar and the Corcovado as the stars, is spectacular.
Praias de Adão e Eva
Considered as twins, these two small beaches are located at the entrance of the
Baía de Guanabara. Aligned with cliffs, Adão has 250 meters of sand and Eva, 150
meters. They were famous in other times for the practice of naturism (it is
thought that Adam was for the boys and Eve, for the girls). Today nudity is still
tolerated in two small beaches, but now the fans of nudism have tried other
locations, due to the pollution of the bay.
MORE BEACHES THAN ONE CAN TAKE
The coast of Niterói, with its 11 km long, consists of a cut of coves, bays, beaches
and mountains that spill on cliffs overlooking the bay and the ocean. The sand of
Praia de São Francisco
It has 750 meters long and a boardwalk tree-lined with palm trees and almond
trees. The night’s intense social activity is promoted by the restaurants and bars
Beach Piratininga
With almost three kilometers long, Praia de Piratininga (Piratininga Beach) is the
ocean beach which is closer to Niterói.
Forte Imbuí
It was built in 1863, when it was named Dom Pedro II Fort, on a beautiful beach
which can only be seen from the top of Pico Forte, for the visitation to the site is
severely restricted. There runs the training camp of a military elite, command
style. Whatever they are training it there, it musn’t be a good thing, because they
don’t let anybody get anywhere near it.
The fort consists of a huge concrete bunker, which, when seen from above,
looks like a huge round cheese, broken in half.
Forte do Pico
The view from up there is breathtaking. On the one hand, all the Baía de
Guanabara, from the Pão de Açúcar and the Corcovado, to the Serra dos Órgãos,
with the peak of the Dedo de Deus, in Teresopolis, far away on the horizon. On the
other hand, the edge of the Atlantic, from the beach and Forte Imbuí, past the
Piratininga and Itaipu ponds, to Itacoatiara. Built 250 meters tall and perched on
the Morro do Pico, Forte do Pico can be accessed by Forte Barão do Rio Branco,
where the climb begins. The building of the fort started in 1715 and, when it
reached obsolescence, was deactivated in 1965.
Gragoatá Beach
It is a small strip of sand, quiet, arboreous, close to Forte do Gragoatá. Near the
city center, it is located in the path of the Niemeyer Way.
Praia do Sossego
Small and located between Piratininga and Camboinhas, nestled between two
cliffs, it is of difficult access. Because of this, it is sought by those who come by
sea, by boat or yacht.
Praia de Camboinhas
Its name came from a ship that ran aground on the beach years ago. With two and
a half kilometers, it is an extension of the nearby beach of Itaipu. It is dotted with
kiosks selling seafood snacks and delicacies, served at small tables on the beach.
Camboinhas is a sophisticated and upscale residential neighbourhood. The beach
is visited mostly by yachtsman and windsurfers.
Praia de Itaipu
Itaipu is a charming retreat, with a beach of fine sand, and its sea calm and clear.
The fishing village lined with almond and coconut trees and their fishing boats
gathered on the sand provide an authentic and typical setting. Several bars and
restaurants on the beach offer seafood snacks and dishes.
Near the village are located the remains of an ancient religious retreat, now
functioning as the Archaeological Museum, with prehistoric objects found in a
nearby deposit of shells. Close to it there is the Igreja de São Sebastião de Itaipu
(Church of St. Sebastian from Itaipu).
The beach is not vast and is separated from Praia de Camboinhas by a canal
that connects the Itaipu lagoon with the sea. Along this canal there is a settled
Indian village which offers classes and workshops in crafts and fishing.
Praia de Itacoatiara
One of the most beautiful ocean beaches of Niterói, Itacoatiara is a paradise for
surfers. It is attended by young people who enjoy organic, natural food and
lifestyle, and sports activities, and also its waves of clear, blue water. It has 700
meters long and, at one end, there is a tiny cove, called Prainha, which is almost a
swimming pool, protected from the waves. That is where the children play. On the
other end of the beach rises the wall of the Morro do Costão, which marks the
limit of Niterói county.
THE CHURCHES OF NITERÓI
Noting the number of existing churches here, some the same age as the city, one
sees that Niterói has always been a religious city. Predominantly Catholic churches.
But there are numerous other temples, Protestants, Evangelicals, Buddhists. The
spiritual centers are almost centenarians. There is a small Jewish community. The
high number of businesses that sell articles used in the rituals of Candomblé and
Umbanda show that these practices are very popular.
The churches described here are all Catholic, not only because they are
landmarks of the city’s religious culture, but also carry the historical and
architectural that make the cultural heritage of the city of Niterói.
Igreja de São Lourenço dos Índios
This church is considered the monument of foundation of Niterói. It was here that
the first chapel, which marked the birth of the city, was built. In 1769 a more solid
chapel, with bricks and mortar, was erected, replacing the previous one, which
was made of mud and straw coverage, as were the indigenous buildings. Since
then, the temple was improved and expanded and the church we see today has
the characteristics of the Jesuit-century buildings of the 17th century. It is
situated high up in the district of São Sebastião, near the city center.
Igreja de São Lourenço da Várzea
From the square of São Lourenço, O Índio, one can see the lofty tower of São
Lourenço da Várzea, down there, at the Ponto Cem Réis, near the pier of Ponta
d’Areia. The church, with its eclectic architecture, is more modern; it was built in
the 19th century.
Catedral de São João Batista
The Cathedral is on São Pedro’s Square, in the city center, camouflaged by the
trees of the plaza. It is from the 17th century and has two bell towers.
Igreja de São Domingos
Built in the 17th century, it is located in the neighbourhood of Gragoatá, close to
the Leoni Ramos Square. It was visited by King John, who summered in Praia
Grande, in a house nearby.
Basílica de Nossa Senhora Auxiliadora
Built in neo-Gothic style during the 19th century, the basilica is famous for its
organ, the largest in the world. It is located in the Santa Rosa neighbourhood.
Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem
Situated atop Ilha da Boa Viagem, its construction started in 1668 and was
completed in 1734. The church has suffered two fires, one in 1870 and another in
1977. It has undergone several restorations and is one of the monuments of
Niterói listed by IPHAN.
Igreja de São Francisco Xavier
The small white Igreja de São Francisco Xavier is lying on the hill which divides
the beaches of São Francisco and Charitas. It is from the early 17th century and
was built by Jesuit priests who owned those lands. For a long time it was believed
that the builder was Father José de Anchieta; however it was found that the priest
died many years before the beginning of the construction of the little chapel.
Capela de Santa Bárbara
Located within the Forte de Santa Cruz, the Capela de Santa Bárbara (Chapel of
Santa Barbara) is the 17th century. It has a curious bell tower, which, on the top,
divides itself in two.
THE CITY CENTER
The neuralgic center of the city is Praça Arariboia (Arariboia Square), around
which you can find the Ferry Station, Terminal Rodoviário João Goulart, the
biggest malls in the city, like the popular Bay Marketing and the sophisticated
Plaza. People hurry, coming and going intensively, some carry a briefcase under
an arm, or a shopping bag slung over one shoulder, some with a backpack. The
kiosks that sell useless Chinese stuff and the newspapers and magazines stands
are always crowded with onlookers (niteroienses enjoy reading and being
informed). Buses and cars traffic is confusing and congested. All of this happen
under the watchful eye of Arariboia, who, severe and baffled on his pedestal,
observes the bustle around him.
The center is where is concentrated the city’s most interesting aspects in its
architecture, buildings that register the memory of its history, the wealth of its
present and a vision of its future. Opposite the Arariboia Square there is the
massive Post Office building, impressive in its eclectic style. Nearby, on the streets
that radiate out and on the Praça da República (Republic Square), are the Municipal
Theatre, the Public Library, the Palace of Inga, the City Council, the Forum, the
Lyceum Peçanha Nile, and other historic buildings, showing that the city has been
the administrative capital of the state. Some of these palaces and mansions are
now turned into museums. Nearby, around the Praça da Cantareira (Cantareira
Square), are the university buildings and the lovely Solar dos Jambeiros, a two
storey mansion of 1872 which was the residence of a rich Portuguese citizen and is
now a museum. The house, with a façade covered with Portuguese tiles and
beautiful wrought iron balconies surrounding the entire building, stands imponent
in the middle of a grove planted right in the center of the city. The roof of mansion
has decorated ceramic tiles on its eaves. And speaking of the future, the Niemeyer
Way begins right there in the center, across Praça Arariboia.
Niteroi and Sea
In addition to the endless beaches, the sea is always present in the city. In
gastronomy, for example. In Portugal Pequeno (Little Portugal), a neighbourhood of
fishermen, there is the picturesque Fish Market, where you can choose your
favorite fish, fresh from the sea, which can be prepared in the restaurants upstairs.
Niterói is a daughter of the sea. One of its main livelihood is in the marine
industry. It is an important industrial center based mainly on its powerful
shipyards, where they are built and repaired, from small fishing boats and tugs to
huge oil tankers and oil drilling platforms. With its gigantic towers, these
platforms look like fanciful cyber ships created by the mind of Moebius to the
sidereal adventures of his extraterrestrial characters. Remember Blade Runner?
Seafarers circulate through downtown streets, especially on the sides of Ponta
d’Areia and Portugal Pequeno. Marines and sailors off duty, jauntily uniformed,
cross hooligans and tattooed Norwegian hagares who leave the gates of the
shipyards. In the bars of the pier, black Americans discuss in Castilian what would
be the best way to replace a valve pipeline. At the next table, fishermen from
Ponta d’Areia discuss Sunday’s Fla-Flu soccer game. Niteroiense girls wearing
jeans two sizes too small balancing on very high heels, watch and smile into the
bars on their way to the ferry boat and their jobs in Rio. Meanwhile, albatrosses
and herons fly over the tangle of boats that jostle at the pier.
Niterói and the Mountain
Beyond the edge of its beaches, Niterói spreads through hills, valleys and mountains.
It’s dotted with gardens, woods and parks, each more beautiful than the other.
The most spectacular of these is the Parque da Cidade (City Park), an
environmental preservation area at the top of Morro da Viração, 270 meters high.
Pure beauty, the panoramic view from up there includes lagoons, the ocean
beaches, the city of Niterói, the entire Baía de Guanabara, and the open sea. The
view of Rio de Janeiro from there is fantastic, and can only be described with
superlatives, such as “giant by its own nature, lying eternally in splendor birth...”
and everything. It was probably there where Osorio Duque Estrada and Francisco
Manuel da Silva were inspired to write our National Anthem.
In the neighbourhood of Fonseca you can find the Horto Botânico, better-known
as Jardim Botânico (Botanic Garden) in Niterói, established over a century to grow
and distribute seeds and seedlings of fruit trees and medicinal plants. Walking
the trails through the Garden, one can recognized in its groves jatobas, jequitibas,
jacarandas, sapucaias and some rare species, which can only be found in the
Amazon, such as the pau-mulato (mulatto calycophyllum).
The niteroienses love flowers. There are many kiosks selling flowers all year
round. And the nurseries that spread along the higher parts of the city are
famous, such as the ones in the Parque Florestal Florália do Bairro de Pendotiba
(Florália Forest Park, in the Pendotiba neighbourhood), which has a huge nursery,
properly taken cared by Snow White and her seven gnomes.
In the center of the city is the Campo de São Bento, a small arboreous park in
whose alamedas is assembled a crowded craft fair. It is also installed in the park the
Cultural Centro Cultural Paschoal Carlos Magno (Carlos Magno Cultural Center).
Niterói by Night
The Niterói’s nightlife runs rampant through the city’s hottest spots. It starts on
Praça da Cantareira (also called Leoni Ramos Square, and Largo de São
Domingos too), in the bars and restaurants that spread their tables around on the
sidewalks. There, around the bust of the unloved King Peter II, groups of samba,
rock and jazz take over the soccer field, mostly formed by students from the
university, which is nearby. The party is so wild that the place has become known
as the Lapa of Niterói. But this nightlife extends itself to other places, permeating
the pizza restaurants of Jardim Icaraí, the boardwalks by the Praia de Icaraí and
the most elegant strongholds of Praia de São Francisco and Praia de Charitas.
Niteroienses are revelers. Party and party, especially in the bonfire
celebrations (Festas Juninas, which happen between June and July), with its fairs,
and the parties by the end of the year, when the city never sleeps. Even more on
Carnival, when Niterói’s rivals in popularity even with the most celebrated one,
his older sister’s, across the bay.
Musical Niterói
The entertainment in the city is more likely to manifest itself through music.
Niterói is fundamentally musical. Reverence to samba is very much alive and
authentic in its rodas de samba de raiz (small samba groups which play authentic
samba), which are plentiful and take place in many bars in town, wherever there
is a guitar, a tambourine, a ukulele or other musical instrument. Even a matchbox
can do the trick.
Niterói has many blocos de rua (groups of revelers on street Carnival) and
neighbourhoods that exhilarate during the Carnival parades on Rua da Conceição.
The samba schools (Escolas de Samba) are numerous, nearly two dozen, the
largest and most popular of them being Unidos da Viradouro e Acadêmicos de
Cubango, which have already made beautiful parades in Rio’s Presidente Vargas
avenue and the Sambódromo.
However, the city doesn’t breath only the samba. There are countless and
productive groups of MPB, rock in all its variations and the so-called youth music.
Jazz, rhythm and blues and classical music are also part of the city’s culture. Cool
it, cool it, there is still the forró arretado and the country music, yes, ma’am.
Oratório com a imagem de São Pedro, no cais de Ponta d’Areia
Oratory with the image of Saint Peter, in the quay of Ponta d’Areia

Documentos relacionados