Joaquim da Fonseca
Transcrição
Joaquim da Fonseca
Niterói Niterói Joaquim da Fonseca Patrocínio Apoio CIDADES ILUSTRADAS Copyright © Joaquim da Fonseca TE X TO Joaquim da Fonseca TRA DUÇ ÃO Cecilia Giannetti RE V I S ÃO Bruno Dorigatti A SS E SS O RI A DE P RO DUÇ ÃO E O RI E NTAÇ ÃO E M P E S Q UI S A DE CA M PO Maria da Glória Silva Lagoeiro capa e P rojeto G RÁ FI C o Retina 78 DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP) ANGÉLICA ILACQUA CRB-8/7057 F744n Fonseca, Joaquim da Niterói / Joaquim da Fonseca; [coordenador Roberto Ribeiro de Barros]. – Rio de Janeiro : Casa 21, 2012. 84 p. : il. color. (Cidades Ilustradas; n. 12) ISBN 978-85-88627-21-5 1. Niterói (RJ) – obras ilustradas 2. Cidades – descrições e viagens 3. Niterói (RJ) na literatura I. Título II. Série 12-0149 4 Joaquim da Fonseca CDD 918.53 CDU 913(815.3) Todos os direitos desta edição reservados à: Casa 21 Ltda Rua Visconde de Paranaguá, 37-D 20241-070 – Rio de Janeiro – RJ www.editoracasa21.com.br Niterói é um charme! Simples assim. E o livro de Joaquim da Fonseca revela esse segredinho guardado por aqueles que moram do lado de cá da Baía de Guanabara. É como abrir uma concha e descobrir, lá dentro, uma pérola. Uma espécie de discreto charme que o niteroiense, igualmente discreto, não divulga pelos quatro cantos. Prefere a surpresa, manter o sabor da descoberta aos que visitam a “cidade sorriso”. O processo de revelação começa quase sempre com aquela surrada piada-provocação: a vista mais bonita de Niterói é a do Rio de Janeiro. A resposta matreira é um convite irrecusável para passear por aqui. O dia pode começar com uma visita ao Mercado de Peixe, seguido de um pulo a uma das nossas praias oceânicas. Que tal? Lá, nada do caos do trânsito interferindo no som das ondas. A cantada continua: ângulos inusitados do Pão de Açúcar, jogar conversa fora em um boteco de verdade e terminar o dia assistindo ao pôr-do-sol do alto do Parque da Cidade. Ah, as crianças ainda podem brincar de carrinho bate-bate no Campo de São Bento! Aviso amigo: cuidado ao aceitar tal convite, pois a chance de não querer mais abandonar o ritmo cadenciado e repleto deste discreto charme da vida niteroiense é grande. Quer fazer um teste? Abra este livro... Mas nem tudo são flores. Niterói, hoje, enfrenta a fúria dos piratas da construção civil – que querem, a todo custo, saquear este bucolismo – e a permissividade do poder público. Neste sentido, as aquarelas de Joaquim da Fonseca são um alento e um alerta. Um alento porque os traços do artista gaúcho captaram a verdadeira alma da cidade: a de lugar para se viver em paz, convivendo com a beleza arquitetônica e a arte, com o mar e o cais, com os mitos e os costumes só nossos. E um alerta de que esta Niterói corre o risco de se perder para sempre na teia da especulação imobiliária. Que a beleza do trabalho de Joaquim da Fonseca nos inspire a cuidar, a preservar e a lutar pela cidade que queremos. Anna Azevedo Panorama visto da ponte Niterói é bela. Coisa mais linda, é também coisa mais grande, porque a cidade tem o tamanho de uma capital, o que ela já foi outras vezes. Conhecê-la bem, requer um tempinho. A maioria dos visitantes se hospeda na vizinha Rio de Janeiro e eles não sabem o que estão perdendo quando dedicam apenas um dia para percorrer Niterói, o que é comum, mas é pouco. Para ver bem, precisa mais que isso. Tanta beleza e riqueza não podem ser abraçadas em uma visitinha curta e corrida. Mesmo assim, ironia ou não, é o que está ocorrendo aqui. Este livro, que deve ser considerado como uma crônica visual, é a impressão limitada de um visitante que vê a cidade pela primeira vez e procura expressar o encanto e a surpreendente emoção experimentada no curto espaço de menos de uma semana. Esse foi o tempo dedicado a percorrer a cidade e tomar anotações, esboços e fotografias de referência que resultaram nas aquarelas destas páginas. É, portanto, a visão de um forasteiro que, embriagado com tanta beleza, registra um ponto de vista que não tem a pretensão de ser definitivo, profundo ou analítico. É a observação de quem passa, vê e se esforça para registrar o momento que viveu. Literalmente, um panorama visto da ponte. O cais das barcas que fazem a travessia Niterói-Rio The pier ferrys for the ones which cross the Rio-Niterói bridge over Guanabara Bay 8 Joaquim da Fonseca Niterói etc. e tal Pois é, a ponte é mesmo a vedete de Niterói, um de seus portais de que estão sempre se multiplicando. Niterói tem uma população entrada e saída. Com 14 quilômetros de comprimento, bem maior de cerca de meio milhão de habitantes, e esse povo cresce com que o litoral estendido da cidade, a Ponte Rio-Niterói ou Ponte a chegada de mais gente que vem atraída pela boa qualidade de Presidente Costa e Silva, como é o seu nome oficial, atravessa vida, oportunidades de boa educação, em busca de tranquilidade e a Baía de Guanabara desde a Ponta do Caju, no Rio de Janeiro, segurança social, como também enfeitiçados pela beleza natural até o bairro de São Lourenço, quase no centro de Niterói. É obra de suas montanhas e praias. gigantesca, uma das maiores pontes do mundo. Seu vão central é alto o bastante para permitir a passagem de navios de grande cultural. Bibliotecas, museus, teatros, cinemas, concertos, porte, como petroleiros e transatlânticos. Inaugurada em 1974, espetáculos, feiras, exposições, centros culturais de todas as sua obra consumiu todo o cimento então disponível na região, naturezas mantêm viva uma tradição que vem de longos anos. provocando uma crise na indústria da construção. O movimento de O que Niterói tem de melhor é a vista do Rio, desdenham os veículos é intenso e a ponte fica congestionada nas horas de pico, vizinhos cariocas. O que é uma verdade, só que Niterói tem isso nos dias feriados e fins de semana prolongados. e o Rio não tem. A paisagem da vizinha mais célebre e maior que Outros acessos importantes da cidade são as estações das cidade. É uma paisagem exuberante e inevitável, que está presente rodovias que se irradiam para o interior. Quem está voando em toda a orla niteroiense. O Pão de Açúcar, por exemplo, está aterrissa e decola nos aeroportos Santos Dumont e Tom Jobim, sempre ciumentamente espionando e aparecendo na frente de no Rio de Janeiro. Quem vem pelo mar, geralmente desembarca qualquer das praias de Niterói, cada vez mostrando uma face também no porto do Rio. diferente do manjado perfil pelo qual é conhecido mundialmente. Na Praia de Piratininga, aparece encarando frontalmente, bem recortado litoral ocidental da Baía de Guanabara e a orla do de frente, a faixa comprida de areia clara e brilhante. Está mais Oceano Atlântico, estendendo seus dedos em direção ao interior próximo da Fortaleza de Santa Cruz, em Niterói, que do bairro de por entre os vales das montanhas, formando bairros e núcleos Botafogo, no Rio. Ladeira no Bairro de São Lourenço Slope in the São Lourenço neighbourhood Joaquim da Fonseca está no outro lado da baía é um dos patrimônios mais famosos da barcas que atravessam a baía, desde o Rio de Janeiro, e as A zona urbana de Niterói acompanha por 11 quilômetros o 10 Sintonizada com seu tempo, Niterói desenvolve intensa atividade O cacique valente Mais que quatrocentona, Niterói tem quase a idade do Brasil. Foi fundada em 1573, numa época em que Batizado como cristão, Arariboia recebeu o nome de Martim corsários e bucaneiros franceses e holandeses pirateavam a costa brasileira, surrupiando o nosso valioso Afonso de Sousa. Não confundir com o outro, nobre cortesão pau-brasil. português que atingiu a celebridade como navegador. Mesmo Quem fundou a cidade foi um índio. Corajoso e destemido, o cacique Arariboia tem uma história sendo um atlético e exímio nadador, Arariboia morreu afogado logo costurada entre a realidade e a lenda. Índio chefe da tribo dos temiminós, era filho de outro notório em seguida, em 1574, na Ilha de Mocanguê, hoje uma base naval da cacique, Maracajé-guaçu. O domínio dos temiminós era a Ilha de Paranapuá, hoje Ilha do Governador. Marinha do Brasil, situada nas proximidades do centro de Niterói. Em 1555, os invasores franceses, com o apoio dos ferozes índios tamoios que dominavam o lado Arariboia é celebrado com um monumento na praça frente ocidental da Baía de Guanabara e não deixavam ninguém se aventurar por lá, tomaram o controle da à estação das barcas, bem no centro da cidade. Sua estátua baía. Expulso pelos franceses, Arariboia seguiu com sua tribo para a Capitania do Espírito Santo. Lá, está configurada como um índio nada bonito, atarracado, mas catequizado pelos jesuítas e pelos colonizadores portugueses, iniciou os seus feitos gloriosos. Aliados aos musculoso e bem sarado. Tem as feições sérias, o olhar desafiador portugueses, ele e seus índios ajudaram a correr com outros invasores, dessa vez holandeses, mandando- fuzilando para o outro lado da baía. Sua atitude, com os braços os de volta para casa. cruzados sobre o peito, é ao mesmo tempo séria e solene, Um novo governador-geral enviado por Portugal, Mem de Sá, chegou em 1560 com soldados armados arrogante e atrevida. Corajoso e decidido, tem o pé direito lançado para expulsar os franceses e retomar a Baía de Guanabara. Arariboia foi chamado para ajudar, liderando para a frente. Defende e protege com os ombros poderosos a seus 8 mil índios guerreiros, obrigou os franceses a vestirem o boné e se mandarem do Brasil. cidade que se estende às suas costas. Parece afirmar, como fez Foi heróica a ação de Arariboia no confronto que ocorreu na atual Praia do Flamengo, no Rio, onde os franceses se aquartelavam. Depois de atravessar a baía a nado, galgar penhascos e despenhadeiros, cruzar ravinas e tremedais, Arariboia foi o primeiro a entrar no baluarte inimigo. Empunhando uma dois séculos mais tarde seu congênere Sepé Tiaraju, índio como ele, nos campos meridionais do país: “Esta terra tem dono!”. A estátua, obra dos escultores Dante Croce Caetano e Dante tocha, tocou fogo no paiol de munições dos franceses, que explodiu e foi pelos ares. Rambo em ação em Moacir Croce, foi inaugurada em 1965, nas comemorações do 4° pleno século XVI. Com isso, acabou-se a alegria dos franceses. Centenário da cidade. Em 1573, os portugueses estabelecidos no Rio de Janeiro premiaram Arariboia com terras do outro lado da Baía de Guanabara. Dessa vez, o cacique teve então a missão de proteger aquele lado da entrada da baía. A sesmaria concedida a ele recebeu o nome de São Sebastião dos Índios. Ali foi construída a capela que constituiu a semente de onde nasceu a cidade de Niterói. 12 Joaquim da Fonseca Monumento a Arariboia, no centro da cidade Araribóia Monument, in the city center Passeio no tempo Nikiti A história da cidade passou em seu início por altos e baixos, teve tempos de brilho e tempos de sombra. Niterói Os niteroienses chamam carinhosamente a sua cidade de nasceu com o nome de Vila de São Sebastião dos Índios. Com a morte de Arariboia, a vila entrou em decadência Nikiti, herança dos tempos em que a grafia do nome da e foi esquecida pelos séculos que seguiram. Ganhou nova notoriedade como Vila Real da Praia Grande, quando cidade era Nictheroy. a família real de Dom João VI escolheu o lugar para sua casa de lazer. Com a realeza circulando, vendedores e mascates apareceram e foram se estabelecendo, alimentando o crescimento. Em 1834, Praia Grande tornou-se a capital da Província do Rio de Janeiro. No ano seguinte, passou a chamar-se A lista das celebridades que nasceram em Niterói seria imensa. No entanto, podemos lembrar alguns dos mais conhecidos, como os cantores Agnaldo Rayol, Ronnie Von, Byafra e Cauby Peixoto. Nictheroy, que significa na língua tupi “água escondida”. A condição de capital trouxe notáveis desenvolvimentos Outro niteroiense famoso é Sérgio Mendes, que projetou a bossa urbanos. Foi instituída a navegação a vapor, a iluminação pública a óleo de baleia, o abastecimento de água e nova brasileira na música norte-americana e internacional. No abriram-se caminhos para o interior. Um planejamento urbano ampliou o bairro de Icaraí, formando o bairro de futebol, tem Edmundo e Marcelinho Niterói. Tem Ismael Silva, Santa Rosa. sambista que compôs “Se você jurar” e “Antonico”. O comediante A Revolta da Armada, em 1893, causou a perda do título de capital, que passou para Petrópolis. Nictheroy só passou a ser novamente a capital dez anos depois. A partir da entrada do século XX, a cidade deslanchou estavelmente, com investimentos que possibilitaram os sistemas de bonde e com isso o crescimento de bairros como Icaraí e Itaipu de um lado e Ponta d’Areia do outro. Dedé Santana, um dos “Trapalhões” e o ator Murilo Benício são astros da tevê que nasceram em Niterói. Também niteroiense foi o venerável teatrólogo Leopoldo Fróes. Mas não tem mulher nessa história? Tem sim, e de montão. Surgiram praças e jardins públicos, ruas começaram a ser alargadas. Foi construída a estação hidroviária, e a Tem Nélia Paula, Nicette Bruno, Wilza Carla, superstars que se cidade ganhou a rede de esgotos. projetaram no teatro. Tem as cantoras Marília Medalha e Zélia Com o tempo, a cidade continuou se embelezando, com a construção da avenida da Praia de Icaraí, e foi alargada com o aterro da Praia Grande, no centro da cidade. Este aterro possibilitou o projeto do Caminho Duncan. E tem ainda a eterna Leila Diniz. Esses são só alguns dos niteroienses famosos, quase todos da Niemeyer, um investimento que deu nova feição e projeção internacional para Niterói. Na orla do Atlântico, área do entretenimento. Há os mais eruditos, também, basta lembrar melhoramentos possibilitaram um crescimento nos investimentos imobiliários. O grande marco que mudou os pintores Ari Parreiras e Milton Dacosta, ainda que em épocas e Niterói, no entanto, foi a construção da Ponte Presidente Costa e Silva. estilos diametralmente opostos. Tampouco podemos esquecer o Quando houve a fusão do estado da Guanabara com o estado do Rio de Janeiro, em 1975, Niterói perdeu, mais jornalista, romancista, biógrafo e dramaturgo Antonio Callado. uma vez, o título de capital, que passou para a cidade do Rio de Janeiro. Ginástica matutina para todos, todos os dias, nas praças do centro Exercising in the morning for everybody, everyday, at the center’s squares 14 Joaquim da Fonseca Os sete guardiões da cidade Até o lado feroz da cidade é belo. No decorrer da história, a importância estratégica da defesa militar da Baía de Guanabara impôs a construção de um sistema de fortificações que compreende vários baluartes distribuídos pela entrada da baía. Niterói é protegida por sete fortalezas. Em todas elas o panorama que abarca a Baía de Guanabara, o Oceano Atlântico e as montanhas da região é magnífico. Fortaleza de Santa Cruz A Ponta de Santa Cruz, onde está a fortaleza, avança sobre o canal de cerca de mil metros que dá entrada à Baía de Guanabara, em frente à ilha da Fortaleza da Lage e à Fortaleza de São João, que está bem ao pé do Pão de Açúcar. Pelo canal cruzam todas as embarcações que entram ou saem da baía. O acesso por terra à Fortaleza de Santa Cruz é feito desde a Praia de Jurujuba. A primeira fortificação construída naquele local foi feita pelo almirante francês Villegaignon, em 1555. Essas bocas de fogo do francês invasor foram tomadas pelos portugueses em 1567, que então começaram uma construção mais resistente e poderosa. Em 1612 já contava com 20 canhões, quando passou a ser chamada de Fortaleza de Santa Cruz da Barra. Foi ampliada em 1860 e depois em 1888. Serviu como presídio político no século XIX e voltou a ser presídio militar em 1968. No interior da fortaleza está a Capela de Santa Bárbara, construída em 1612. A fortaleza está aberta à visitação pública. Por qualquer razão, o guia só permite fotografar o lado esquerdo do percurso da visita. A Fortaleza de Santa Cruz Santa Cruz Fortress A Fortaleza de Santa Cruz, no canal de entrada da Baía de Guanabara Santa Cruz Fortress, in the canal at the entrance of the Guanabara Bay 16 Joaquim da Fonseca Forte do Gragoatá Parecendo uma belonave de pedra encalhada na Praia do Gragoatá, próximo à Igreja de São Domingos e portanto quase no centro da cidade, o Forte do Gragoatá foi construído entre 1610 e 1710. Seus canhões estão desativados e hoje ali está instalado o quartel de comando da 2a Brigada de Infantaria do Exército. Não está aberto à visitação pública. Forte Barão do Rio Branco Com entrada pela Praia de Jurujuba, o Forte Barão do Rio Branco abriga uma instalação militar de artilharia. É o portal de entrada para os fortes de Imbuí, do Pico e de São Luiz. O forte tem uma interessante coleção de armamento antigo e viaturas, com peças que vão desde os tempos coloniais, canhões e caminhões remanescentes da II Guerra Mundial, até veículos militares mais recentes. O forte começou a ser construído como um observatório, em 1555, e em 1567 passou a ser armado e transformado em bateria. O Forte de Gragoatá, do século XVII, quase no centro da cidade Gragoatá Fort, XVII century, almost in the city center Portão de entrada do Forte Barão do Rio Branco, em Jurujuba Entrance gate to Barão do Rio Branco Fort, in Jurujuba Ambulância Dodge da FEB, relíquia da II Guerra Mundial, no Forte Rio Branco FEB’s Dodge Ambulance, II World War relic, at Rio Branco Fort 18 Joaquim da Fonseca Forte de Imbuí Foi construído em 1863, quando recebeu o nome de Forte Dom Pedro II, numa belíssima praia que pode ser vista somente do alto do Forte do Pico, pois a visitação ao local é severamente restrita. Ali funciona o campo de treinamento de um destacamento militar de elite, no estilo dos comandos. O que eles estão treinando lá, boa coisa não há de ser, pois não deixam ninguém chegar perto. O forte é constituído de uma enorme casamata de concreto, que visto do alto parece um imenso queijo redondo, partido pelo meio. Forte da Boa Viagem Localizado na Ilha da Boa Viagem, sua construção é estimada no ano de 1695, quando então era chamado Forte da Barra. Existem atualmente apenas ruínas do forte, ocultas pela vegetação e um pouco abaixo da Igreja da Boa Viagem, que ocupa o topo da ilha. O Forte de Imbuí Imbuí Fort 20 Joaquim da Fonseca Forte do Pico A vista lá de cima é estonteante. De um lado, toda a Baía de Guanabara, desde o Pão de Açúcar e o Corcovado, até à Serra dos Órgãos, com o pico do Dedo de Deus, em Teresópolis, longe, longe no horizonte. Do outro lado, a orla do Atlântico, desde a praia e o Forte de Imbuí, passando pelas lagoas de Piratininga e Itaipu, até Itacoatiara. Construído a 250 metros de altura e encarapitado no Morro do Pico, tem acesso pelo Forte Barão do Rio Branco, onde começa a subida. O forte foi iniciado em 1715 e, quando atingiu a obsolescência, foi desativado em 1965. Forte de São Luiz Agora em ruínas, o Forte de São Luiz foi construído em 1775, ao lado do Forte do Pico. Os dois fortes foram ligados um ao outro por ordem de Dom Pedro II, em 1891. O Forte do Pico e o Forte de São Luiz Pico Fort and São Luiz Fort 22 Joaquim da Fonseca O Caminho Niemeyer O charme, a beleza e os encantos mil de Niterói estão expressados em sua fantástica paisagem natural de praias e montanhas, como também nas edificações e monumentos históricos que nos levam de volta a um passado rico de tradições e registram grande parte da história do Brasil. Ao mesmo tempo que preserva seus encantos e suas relíquias, a cidade dá também um salto para o futuro, exibindo com esplendor a superlativa arquitetura de vanguarda de Oscar Niemeyer. O primeiro marco foi a construção do Museu de Arte Contemporânea (MAC), sobre a Praia da Flecha. Arrojado e audaz, o edifício do museu, de formato circular, equilibra-se no topo de um penhasco que avança sobre as águas da baía, como se estivesse pronto a alçar voo. É um disco voador, espanta-se o populacho. É um pássaro, explica Niemeyer. O museu destina-se a abrigar a arte contemporânea e, além de seu acervo permanente, apresenta mostras temporárias. A beleza do prédio tornou o museu um ícone representativo da cidade, é o cartão-postal de Niterói. A exuberante beleza do prédio do MAC inspirou um projeto mais ousado. Para revitalizar a vasta área compreendida pelo Aterro da Praia Grande, no centro da cidade, até a Praia de Boa Viagem, a prefeitura solicitou a Oscar Niemeyer um projeto especial, que resultou num conjunto de edificações que se estende por 3,5 quilômetros e passou a ser denominado Caminho Niemeyer. O MAC, Museu de Arte Contemporânea, projeto de Oscar Niemeyer MAC, the Museum of Contemporary Art, an Oscar Niemeyer’s project 24 Joaquim da Fonseca O Caminho Niemeyer inclui vários projetos. O primeiro deles, como vimos, é o Museu de Arte Contemporânea. Outros são a Praça JK, sob a qual está uma garagem subterrânea; o Memorial Roberto Silveira, que guarda importante acervo histórico e iconográfico de Niterói; o Teatro Popular de Niterói, com 380 lugares em seu salão interno, mas com um palco que pode ser aberto para uma ampla praça, ampliando para 20 mil espectadores a audiência ao ar livre; o Centro do Cinema Brasileiro, museu de cinema com o formato curioso de um enorme rolo de filme; a Estação Hidroviária da Praia de Charitas, terminal onde aportam os catamarãs que ligam Niterói ao centro do Rio de Janeiro; o prédio sede da Fundação Niemeyer, espaço cultural que atrai visitantes e pesquisadores de todo o mundo. Estão ainda em projeto uma torre panorâmica, de 60 metros de altura, com restaurante, bares e um mirante; um Terminal de Integração Multimodal, que vai substituir o Terminal Rodoviário João Goulart, a atual estação das barcas e uma estação de metrô; um oceanário; uma capela flutuante; e a transformação da Concha Acústica, próxima ao Campus da Universidade Federal Fluminense, em arena multiuso. Dois outros projetos, a catedral batista e a catedral católica, foram suprimidos. Em um dos bancos da Praça JK, há uma escultura em tamanho natural de Niemeyer discutindo um de seus projetos com Juscelino Kubitschek. Não deixe de sentar ao lado deles para uma foto. O Teatro Popular de Niterói, no Caminho Niemeyer Niterói’s Popular Theater, at Caminho Niemeyer (Niemeyer Way) Japoneses jogando “getoboru” (gateball) na Arena do Caminho Niemeyer Japanese playing “getoboru” (gateball) in the Arena at Caminho Niemeyer (Niemeyer Way) 26 Joaquim da Fonseca As igrejas de Niterói Observando o número de igrejas existentes, algumas com a idade da cidade, vê-se que Niterói sempre foi uma cidade religiosa. Predominam as igrejas católicas. Mas são inúmeros os templos de outros cultos, protestantes, evangélicos, budistas. Os centros espíritas são quase centenários. Há uma pequena comunidade judaica. O número elevado de casas que vendem artigos para os rituais de candomblé e umbanda mostram que a prática desses cultos é bastante popular. As igrejas descritas aqui são todas católicas, porque são marcos não só da cultura religiosa da cidade, como também do acervo histórico e arquitetônico que fazem o acervo cultural de Niterói. Igreja de São Lourenço dos Índios A igreja é considerada o monumento da fundação de Niterói. Aqui foi construída a primeira capela que marcou o nascimento da cidade. Em 1769 foi construída uma capela mais sólida, de pedra e cal, substituindo a anterior, feita de taipa e cobertura de palha, como eram as construções indígenas. Desde então, o templo foi sendo melhorado e ampliado e a igreja que vemos hoje tem as características das construções jesuítas do século XVII. Está situada no alto do bairro de São Lourenço, perto do centro da cidade. Igreja de São Lourenço dos Índios, no bairro de São Lourenço São Lourenço dos Índios Church, in São Lourenço’s neighbourhood 28 Joaquim da Fonseca Catedral de São João Batista Na Praça São Pedro, no centro da cidade, está a catedral, camuflada pelo arvoredo da praça. É do século XVII e tem duas torres sineiras. Igreja de São Lourenço da Várzea Desde a praça de São Lourenço dos Índios, vê-se a torre altaneira de São Lourenço da Várzea, lá embaixo, no Ponto Cem Réis, perto do cais de Ponta d’Areia. A igreja, de arquitetura eclética, é mais moderna, foi construída no século XIX. Igreja de São Domingos Construída no século XVII, fica no bairro de Gragoatá, pertinho da Praça Leoni Ramos. Foi visitada pelo rei Dom João VI, que veraneava na Praia Grande, em uma casa perto dali. Basílica de Nossa Senhora Auxiliadora A Basílica, em estilo neogótico, foi construída no século XIX e é famosa por seu órgão, um dos maiores do mundo. Está situada no bairro de Santa Rosa. Catedral de São João Batista, na Praça São Pedro São João Batista Cathedral, on São Pedro Square Igreja de São Lourenço da Várzea, no Ponto Cem Réis, perto de Portugal Pequeno São Lourenço da Várzea Square, at Ponto Cem Réis, next to Little Portugal (Portugal Pequeno) 30 Joaquim da Fonseca Basílica Nossa Senhora Auxiliadora, no Bairro Santa Rosa, famosa por seu órgão Basilica Nossa Senhora Auxiliadora, in Santa Rosa’s neighbourhood, famous for its organ Monumento a Nossa Senhora Auxiliadora, no Bairro Santa Rosa Nossa Senhora Auxiliadora’s Monument, in Santa Rosa’s neighbourhood Igreja de São Domingos, no Bairro de Gragoatá São Domingos Church, in Gragoatá’s neighbourhood 32 Joaquim da Fonseca Igreja de São Francisco Xavier, na extremidade da Praia de São Francisco São Francisco Xavier Church, on the edge of São Francisco Beach Ilha de Boa Viagem; no topo, a Igreja de N. Sra. da Boa Viagem, do século XVII Boa Viagem Island; on the top, Nossa Senhora. da Boa Viagem Church, XVII century Igreja de São Francisco Xavier A pequena igreja branca de São Francisco Xavier está deitada sobre a colina que separa as praias de São Francisco e Charitas. É do início do século XVII e foi construída pelos padres jesuítas donos daquelas terras. Acreditou-se por muito tempo que o construtor foi o Padre José de Anchieta, no entanto verificou-se que o padre morreu muitos anos antes do início das obras da igrejinha. Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem Situada no topo da Ilha da Boa Viagem, sua construção foi iniciada em 1668 e concluída em 1734. A igreja foi vítima de dois incêndios, um em 1870 e outro em 1977. Passou por várias restaurações e é um dos monumentos de Niterói tombados pelo IPHAN. Capela de Santa Bárbara Localizada dentro da Fortaleza de Santa Cruz, a Capela de Santa Bárbara é do século XVII. Tem uma curiosa torre sineira que no topo se reparte em duas. Igreja de Nossa Senhora do Bonsucesso, no Bairro de Piratininga Nossa Senhora do Bonsucesso Church, in Piratininga’s neighbourhood Igreja Nossa Senhora do Rosário, no Bairro de Cubango Nossa Senhora do Rosário Church, in Cubango’s neighbourhood 36 Joaquim da Fonseca Igreja de São Sebastião de Itaipu, de 1755 São Sebastião de Itaipu Church, from 1755 38 Joaquim da Fonseca Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Cidade, na Rua da Conceição Nossa Senhora da Conceição da Cidade Church, on Rua da Conceição (Conceição Street) O centro da cidade O centro nevrálgico da cidade é a Praça Arariboia, ao redor da qual estão a Estação da Barcas, o Terminal Rodoviário João Goulart, os principais shoppings da cidade, os populares como o Bay Marketing e os sofisticados como o Plaza. O vai-e-vem dos passantes é intenso, gente que anda apressada, alguns com pasta sob o braço, sacola de compras pendurada no ombro, outros com mochila nas costas. Os quiosques que vendem inutilidades chinesas e os estandes de jornais e revistas estão sempre atopetados de curiosos (os niteroienses gostam de ler e de estarem bem informados). O tráfego de ônibus e carros é confuso e congestionado. Tudo sob o olhar vigilante de Arariboia que severo e perplexo em seu pedestal observa todo o agito ao seu redor. Edifício da Câmara Municipal, na Praça da República Câmara Municipal Building, at Praça da República (República Square) O Liceu Nilo Peçanha, na Praça da República Liceu Nilo Peçanha, at Praça da República (República Square) 40 Joaquim da Fonseca O centro é onde se concentra o que a cidade tem de mais interessante em sua arquitetura, prédios que registram a memória do passado histórico, a riqueza do presente e a visão do futuro. Em frente à Praça Arariboia está o volumoso edifício dos Correios, imponente em seu estilo eclético. Perto, nas ruas que irradiam dali e na Praça da República, encontram-se o Teatro Municipal, a Biblioteca Pública, o Palácio do Ingá, a Câmara Municipal, o Fórum, o Liceu Nilo Peçanha, e outros edifícios históricos, lembrando que a cidade já foi a capital administrativa do Estado. Alguns desses palácios e sobrados estão hoje transformados em museus. Nas proximidades, ao redor da Praça da Cantareira, estão edificações da universidade e o belo Solar dos Jambeiros, um sobradão de 1872 que foi residência de um cidadão português muito rico e hoje é um museu. O casarão, com a fachada coberta com azulejos portugueses e uma belíssima sacada de ferro forjado que cerca todo o prédio, é imponente no meio de um bosque plantado bem no centro da cidade. O telhado do sobradão tem seus beirais com telhas de cerâmica decorada. E, por falar em futuro, o Caminho Niemeyer principia ali mesmo no centro, do outro lado da Praça Arariboia. O Museu do Ingá, que já foi Palácio do Governo quando Niterói era capital Ingá Museum, which once were the Governor’s Palace, when Niterói was the capital A Biblioteca Pública, na Praça da República Public Library, at Praça da República (República Square) 42 Joaquim da Fonseca O Museu Antônio Parreiras na Rua Tiradentes, no Bairro do Ingá Antônio Parreiras Museum on Rua Tiradentes (Tiradentes Street), in Ingá’s neighbourhood 44 Joaquim da Fonseca O pós-moderno no Morro da Penha. Postmodern on Penha’s Hill. Lendas e mistérios Toda a cidade histórica que se preze tem suas lendas, mistérios, causos de assombração e fantasmas inconvenientes. Niterói, com sua idade quatrocentona, também tem as suas estórias. Em muitas delas os protagonistas são políticos e gente famosa, como também tipos populares conhecidos de todo mundo. Em outras, os atores pertencem ao anedotário urbano. E tem algumas que fazem parte do folclore da cidade. As narrações que seguem são deste último grupo. A Pedra de Itapuca A Pedra de Itapuca está bem no comecinho da Praia de Icaraí. Ali perto, em tempos remotos, vivia Jurema, a índia que estava prometida, contra a sua vontade, ao mais forte e bravo guerreiro da tribo. Foi quando apareceu Cauby, homem de nação estranha e desconhecida dos índios. Jurema e Cauby apaixonaram-se um pelo outro. Às escondidas, Jurema cantava para seu amado, que a ouvia embevecido. O romance acabou sendo descoberto e Jurema e Cauby foram cruelmente castigados. Cauby, no entanto, conseguiu fugir. Jurema, depois de curada de seus ferimentos, deixou de cantar. Vagava à noite pela praia, chorando de saudades de Cauby. Chegou então o dia de seu casamento forçado. Na véspera da cerimônia, desesperada, Jurema voltou à praia e recomeçou a cantar. Foi quando Cauby surgiu das águas. Abraçados um ao outro, amaram-se a noite inteira, até que foram surpreendidos pelos índios da tribo de Jurema que, enfurecidos, acabaram por matar os amantes na luta que se seguiu. Tupã, comovido, e a pedido de Jacy, a Lua, abençoou os amantes sacrificados e os transportou para o interior da pedra, onde estão eternamente unidos. O Solar do Jambeiro Solar do Jambeiro (Jambeiro’s Mansion) 46 Joaquim da Fonseca O busto de bronze de Dom Pedro II A santa renitente A francesa de São Francisco Bem no meio da Praça Leoni Ramos, o centro mais movimentado A linda imagem de Santa Bárbara, situada no altar da capela A primeira moradora do bairro de São Francisco, que lá chegou das noitadas de Nikiti – a chamada Lapa de Niterói – está o busto de que leva seu nome no pátio da Fortaleza de Santa Cruz, gosta em 1933, era uma francesa que trazia perfumes da França para Dom Pedro II, moldado em bronze em tamanho maior que o natural do lugar onde está. Contam que em várias ocasiões tentaram revender no Rio de Janeiro. Ela morava em um casarão enorme, e equilibrado sobre uma esfera giratória que representa o universo. transferir a imagem para outro lugar, mas em todas as vezes o situado em uma colina que contornava parte do bairro. O pequeno monumento carrega a triste fama de ser pé-frio: tem mar tornou-se tempestuoso e revolto, de tal modo que sempre o poder de anunciar desgraça e morte. A casa para a qual o busto impedia o embarque da santinha. aparecia voltado, pela manhã, estava inexoravelmente condenada a um desastre. Algo horrível iria acontecer nela, provavelmente um dos seus moradores deixaria de viver. Era comum um morador girar a direção do busto para outro lado, para escapar do azar e não ser atingido pelo esconjuro. O incêndio da antiga oficina da Cantareira (a companhia das Depois que a francesa morreu, já em avançada idade, a casa foi demolida. Passados alguns anos, pessoas que faziam caminhadas nessa colina afirmavam que, ao passar por ali nas brumas das A Capela de Santa Bárbara, do século XVII, no interior da Fortaleza de Santa Cruz Santa Bárbara Chapel, XVII century, inside Santa Cruz Fortress noites de março, uma suave fragrância de perfume emanava do ar e era possível ver essa casa. Em uma de suas janelas estava, debruçada, a velhinha francesa. O ovni de Icaraí barcas que atravessam a Baía de Guanabara), situada em um dos No inverno de 1990, moradores juram ter visto na Praia de cantos da praça, é atribuído à maldição do busto. Contam também Icaraí um objeto voador não identificado. O suposto disco voador, que foi o mau olhado do busto do imperador que causou a falência grandioso e luminoso, emitindo incandescência, chegou a pousar de várias casas comerciais ao redor da praça. na areia, deixando marcas circulares. Foi um agito na cidade, com a televisão e os jornais acorrendo para registrar o acontecimento. Só depois é que se descobriu que as marcas na areia foram feitas O busto mal-assombrado de Dom Pedro II, na Praça da Cantareira Dom Pedro II’s haunted bust at Praça da Cantareira (Cantareira Square) 48 Joaquim da Fonseca por uma senhora moradora nas redondezas. Niterói e o mar Além das praias sem fim, o mar está sempre presente na cidade. Na gastronomia, por exemplo. Em Portugal Pequeno, bairro de pescadores, está o pitoresco Mercado do Peixe, onde se pode escolher o pescado preferido, recém-chegado do mar, que pode ser preparado num dos restaurantes do andar superior. Niterói é uma filha do mar. Um dos seus principais meios de vida está na indústria naval. É um pólo industrial importante baseado principalmente nos seus poderosos estaleiros navais, onde são construídos e reparados desde pequenos barcos de pescadores e rebocadores, até imensos navios petroleiros e plataformas de extração de petróleo. Com suas gigantescas torres essas plataformas mais parecem fantasiosas naves cibernéticas criadas pela mente de Moebius para as aventuras siderais de seus personagens extraterrenos. Lembra o Blade Runner? Cais de Ponta d’Areia, junto ao bairro de Portugal Pequeno Ponta d’Areia’s Pier, next to Little Portugal (Portugal Pequeno) Plataforma de petróleo ancorada na Baía de Guanabara Oil platform anchored in Guanabara Bay 50 Joaquim da Fonseca Gente do mar circula pelas ruas do centro, especialmente nos lados da Ponta d’Areia e Portugal Pequeno. Fuzileiros e marinheiros de folga, garbosamente fardados, cruzam com hooligans e hagares noruegueses tatuados que saem dos portões dos estaleiros. Nos bares do cais, negros americanos discutem em castelhano qual a melhor maneira de se trocar uma válvula de oleoduto. Na mesa ao lado, pescadores de Ponta d’Areia debatem o Fla-Flu de domingo. Garotas niteroienses, com jeans dois números menores, passam equilibrando-se sobre saltos muito altos, espiando e sorrindo para dentro dos bares, a caminho da barca e de seus empregos no Rio. Enquanto isso, os albatrozes e as garças sobrevoam o emaranhado de barcos que se acotovelam no cais. O Mercado do Peixe, que tem a proteção de São Pedro Pescador The Fish Market, which is protected by São Pedro Pescador (St. Peter The Fisherman) Igreja Nossa Senhora de Fátima, no cais de Ponta d’Areia Nossa Senhora de Fátima Church, at the Ponta d’Areia pier 52 Joaquim da Fonseca Niterói e a montanha Além da orla de praias, Niterói se espalha por entre colinas, vales e montanhas. Está pontilhada de jardins, bosques e parques, cada um mais belo que o outro. O mais espetacular deles é o Parque da Cidade, uma área de preservação ambiental no topo do Morro da Viração, a 270 metros de altura. Pura beleza, lá de cima tem-se a visão panorâmica das lagunas, das praias oceânicas, da cidade de Niterói, da Baía de Guanabara inteirinha, e do mar aberto. A vista do Rio de Janeiro desde lá, é fantástica, só pode ser descrita com superlativos, com gigante pela própria natureza deitado eternamente em berço esplêndido e tudo mais. Provavelmente foi lá que Osório Duque Estrada e Francisco Manuel da Silva se inspiraram para compor o nosso Hino Nacional. O parque tem rampas de decolagem para paragliders, asas-deltas e parapentes. Um urubu morador nas redondezas enturmou com os pilotos do voo livre, que lhe dão comidinhas, guloseimas e agrados. O urubu malandro pegou uma boca, pois não precisa mais se esforçar para catar o seu pãozinho de cada dia. Agradecido, vez em quando acompanha o voo dos pilotos, escoltando-os até lá embaixo, na Praia de Charitas, onde aterrissam. Já saiu até na televisão. O panorama que se vê no Parque da Cidade The landscape you see from Parque da Cidade (City’s Park) 54 Joaquim da Fonseca No bairro de Fonseca encontra-se o Horto Botânico, mais conhecido como Jardim Botânico de Niterói, criado há mais de um século para cultivar e distribuir sementes e mudas de frutíferas e plantas medicinais. Caminhando pelas trilhas do jardim, pode-se reconhecer em seus bosques jatobás, jequitibás, jacarandás, sapucaias e algumas espécies raras, que só se encontram na Amazônia, como o pau-mulato. Os niteroienses amam as flores. São muitos os quiosques que vendem flores o ano inteiro. E são famosas as floriculturas que se espalham pelas partes mais altas da cidade, como no Parque Florestal Florália do Bairro de Pendotiba, que possui enorme orquidário, devidamente bem cuidado por Branca de Neve e seus sete gnomos. No centro da cidade está o Campo de São Bento, pequeno parque arborizado em cujas alamedas é montada uma concorrida feira de artesanato. Neste parque está instalado também o Centro Cultural Paschoal Carlos Magno. A feira de artesanato no Jardim de São Bento Craft fair at Jardim de São Bento (São Bento’s Garden) Imagem de Nossa Senhora no Jardim de São Bento Nossa Senhora’s (Madona’s) statue at Jardim de São Bento (São Bento’s Garden) Niterói by night A vida noturna de Niterói corre solta pelos points mais badalados. Começa na Praça da Cantareira (que também se chama Praça Leoni Ramos e que também se chama Largo de São Domingos), pelos bares e restaurantes que distribuem suas mesas nas calçadas. Ali, ao redor do mal amado busto de Dom Pedro II, grupos de samba, de rock e de jazz tomam conta do campinho, a maioria estudantes da universidade, que fica ali perto. A balada é tal que o lugar ficou conhecido como a Lapa de Niterói. Mas essa vida continua por outros embalos da cidade, espalhando-se pelas pizzarias de Jardim Icaraí, pelos calçadões da Praia de Icaraí e pelos redutos mais chiques da Praia de São Francisco e da Praia de Charitas. Os niteroienses são festeiros. Festa e festa, principalmente nas comemorações juninas, com as festas de arraial, e nas festas de fim de ano, que não deixam a cidade dormir. Muito mais ainda no Carnaval, que rivaliza em popularidade até com o da sua irmã mais celebrada e mais velha, do outro lado da baía. Banda de garotas na Praça da Cantareira Girl band at Praça da Cantareira (Cantareira Square) A Igreja da Penha, no alto do Morro da Penha, perto de Portugal Pequeno Penha Church, on Morro da Penha’s top, next to Little Portugal (Portugal Pequeno) 58 Joaquim da Fonseca Niterói musical O entretenimento na cidade provavelmente se manifesta muito mais pela música. Niterói é fundamentalmente musical. O culto ao samba está vivo e autêntico em suas rodas de samba de raiz, que são muitas e acontecem também em qualquer dos bares da cidade, sempre que aparecer um violão, um pandeiro, um cavaquinho ou qualquer outro instrumento musical. Vale até caixa de fósforos. Niterói tem uma infinidade de blocos de rua e de bairros que durante o Carnaval animam os desfiles na passarela da Rua da Conceição. As escolas de samba são várias, quase duas dezenas, sendo as maiores e mais populares a Unidos do Viradouro e a Acadêmicos de Cubango, que já fizeram bonito nos desfiles cariocas da Avenida Presidente Vargas e do Sambódromo. Porém, não só de samba vive a cidade. São inúmeros e produtivos os grupos de MPB, de rock em todas as suas variações e da chamada música jovem. Jazz, rhythm and blues e música erudita também fazem parte da cultura da cidade. Calma, calma, tem ainda forró arretado e música sertaneja, sim, senhora. Roda de samba de raiz, na Toca da Gambá, um bar de respeito no Bairro do Barreto Samba group playing “samba de raiz” in Toca da Gambá, a well respected neighbourhood bar in Barreto 60 Joaquim da Fonseca Praias que não acabam mais O litoral de Niterói, com seus 11 quilômetros de extensão, é constituído por um recortado de enseadas, baías e praias bem como de montanhas que se derramam em penhascos sobre a baía e sobre o oceano. As areias das praias niteroienses são abundantes, finas e alvas. As praias da baía não são recomendadas para banho, devido à poluição da água. As oceânicas, são todas irrestritas. Praia de Gragoatá É uma pequena faixa de areia, tranquila e arborizada, junto ao Forte de Gragoatá. Próxima ao centro da cidade, fica no trajeto do Caminho Niemeyer. Praia da Boa Viagem Com cerca de 450 metros, fica junto à Ilha da Boa Viagem. Um lugar preferido por pescadores. Praia das Flechas Situada entre a Praia da Boa Viagem e a Praia de Icaraí, está quase ao sopé do MAC de Oscar Niemeyer. Em frente à praia, como diminutas ilhas, emergem as pedras de Itapuca, onde residem para sempre abraçados Jurema e Cauby, e a Pedra do Índio, que pela sua conformação parece ter a cabeça de um índio com seu cocar. Bem, procurando com esforço e apelando para a imaginação, dá para reconhecer o índio na pedra. A Pedra do Índio, no início da Praia de Icaraí Indian Rock, where Icaraí Beach begins A Praia de Icaraí Icaraí Beach 62 Joaquim da Fonseca Praia de Icaraí É a praia mais badalada da cidade. Ajardinada e arborizada, cercada de edifícios, é quase uma miniatura de Copacabana, onde se localizam butiques e lojas chiques. Passeio preferido para quem faz caminhadas e pratica o ciclismo, tem facilidades para várias atividades esportivas. A Praia de Icaraí é também palco para eventos festivos e sociais. A vista que se descortina do outro lado da Baía de Guanabara, com o Pão de Açúcar e o Corcovado de vedetes, é espetacular. Praia de São Francisco Tem 750 metros de extensão e calçadão arborizado com palmeiras e amendoeiras. A atividade social noturna é intensa, promovida pelos restaurantes e bares que acompanham o calçadão. No final da praia, no alto da colina, está a igrejinha de São Francisco Xavier. Praia de Charitas Outro centro social de badalação noturna, a Praia de Charitas se estende por um quilômetro de areia fina e alva. Preferida por quem pratica windsurfe e esqui aquático, é também o ponto de pouso dos paragliders que voam desde o Parque da Cidade, lá em cima, na montanha. Aqui está localizada a Estação Hidroviária onde aportam os catamarãs que fazem a travessia da Baía de Guanabara, até o Rio. A estação, com um píer que se projeta enseada adentro, foi projetada por Oscar Niemeyer e é constituída de um conjunto de restaurantes e bares chiques, além de instalações confortáveis e qualificadas para quem aguarda os barcos. A Estação Terminal Hidroviária em Praia de Charitas, obra de Oscar Niemeyer Waterway Station at Charitas Beach, Oscar Niemeyer’s project 64 Joaquim da Fonseca Praia de Jurujuba Um verdadeiro recanto de pescadores, a Praia de Jurujuba mantém ainda uma identidade pitoresca e colorida com seu emaranhado de barcos de pesca, pontilhado pelas garças brancas que sobrevoam e se espreguiçam sobre os barcos. O calçadão que acompanha a praia está sombreado pelos ipês, amendoeiras e palmeiras. Na extremidade da praia, a Igreja de São Pedro dos Pescadores, com sua torre pontiaguda, está cercada por bares e restaurantes típicos, famosos por sua culinária de frutos do mar. Praias de Adão e Eva Consideradas como gêmeas, essas duas pequenas praias estão situadas logo na entrada da Baía de Guanabara. Alinhadas entre penhascos, Adão tem 250 metros de areia e Eva tem 150 metros. Foram famosas, em outros tempos, pela prática do naturismo, imagina-se que Adão para os rapazes e Eva para as moças. Hoje o nudismo ainda é tolerado nas duas praiazinhas, mas os aficionados têm procurado agora outros centros, devido à poluição da baía. Praia de Piratininga Comprida de quase três quilômetros, a Praia de Piratininga é a praia oceânica mais próxima de Niterói. Praia do Sossego Pequenina e situada entre Piratininga e Camboinhas, aninhada entre dois penhascos, tem difícil acesso. Devido a isso, é mais procurada por quem vem pelo mar, de lancha ou de iate. Barcos de pesca no porto de Jurujuba Fishing boats Jurujuba’s pier A Praia de Jurujuba, com a Igreja de São Pedro dos Pescadores Jurujuba Beach, with São Pedro dos Pescadores (St. Peter The Fisherman) 66 Joaquim da Fonseca Praia de Camboinhas O nome veio de um navio que encalhou na praia, anos atrás. Com dois quilômetros e meio, é uma extensão da vizinha Praia de Itaipu. Está pontilhada de quiosques que vendem quitutes e petiscos de frutos do mar, servidos em mesinhas na areia da praia. Camboinhas é um bairro residencial sofisticado e chique. A praia é procurada principalmente por velejadores e praticantes de windsurfe. Praia de Itaipu Itaipu é um encantador recanto, com uma praia de mar manso e areia fina e clara. A vila de pescadores, arborizada com amendoeiras e coqueiros e com seus barcos de pesca reunidos sobre a areia, proporciona um cenário autêntico e típico. Vários bares e restaurantes na beira da praia oferecem petiscos e pratos de frutos do mar. Junto à vila, está localizado o remanescente de um antigo convento religioso, hoje funcionando como Museu Arqueológico, apresentando objetos pré-históricos achados no sambaqui existente nas proximidades. Perto dali está a Igreja de São Sebastião de Itaipu. A praia não é extensa e está separada da Praia de Camboinhas por um canal que liga a Lagoa de Itaipu com o mar. Junto a este canal instalou-se uma aldeia indígena onde são oferecidos cursos e oficinas de artesanato e pesca. Museu Arqueológico em Itaipu, antigo convento religioso Archaeological Museum in Itaipu, once a convent O canal que liga a Lagoa de Itapu ao mar, na Praia de Camboinhas Canal which links Lagoa de Itaipu (Itaipu Pond) to the sea, at Camboinhas Beach 68 Joaquim da Fonseca A Praia de Itaipu Itaipu Beach A Praia de Itaipu Itaipu Beach Praia de Itacoatiara Itacoatiara, uma das mais belas praias oceânicas de Niterói, é o paraíso dos surfistas. É frequentada pela juventude natureba e ligadona com as atividades esportivas, que curtem as altas ondas de sua água transparente e azulada. Tem 700 metros de comprimento e, numa das extremidades, uma diminuta enseada, a Prainha, que é quase uma piscina, protegida das ondas. É o point da criançada. Na outra extremidade da praia eleva-se o paredão do Morro do Costão, que marca o limite do município de Niterói. A Praia de Itacoatiara Itacoatiara Beach 72 Joaquim da Fonseca View From the Bridge Niterói is beautiful. Such a pretty thing, and also such a huge thing, because the city has the size of a capital, which it used to be, and a few times before. It takes a while to get to know it well. Most visitors stay at the neighbour Rio de Janeiro and they don´t know what they are missing when they dedicate just one day to visit Niterói, which is not unusual, but is not enough. To really see it, you´ll need more than that. So much beauty and richness can´t be embraced in one little visit, short and in a rush. Even though, ironic or not, this is what is happening here. This book, which must be considered as a visual chronicle, is a limited impression of a visitor who sees the city for the first time and tries to express the enchantment and the amazing emotion he has experienced through the short period of less than a week. This was the time dedicated to walk through the city and take notes, make sketches and photos for reference, which resulted in the watercolors on theses pages. it is, therefore, the vision of an outsider, who, inebriated by such beauty, registers a point of view which has no pretense of being definitive, profound or analytic. It is the outlook of one who passes by, sees it all and strives to capture the moment one lived. Literally, a scenary seen from a bridge. Niterói Et Al So, the bridge really is the star of Niterói, one if its entrance and exit portals. With 14 kilometers, way larger than the extended coast of the city, Rio-Niterói bridge or Presidente Costa e Silva bridge, its oficial name, crosses the Baía de Guanabara (Guanabara bay) from Ponta do Caju, in Rio de Janeiro, up until the São Lourenço neighbourhood, almost in the center of Niterói. It is a gigantic construction, one of the biggest bridges in the whole world. Its central span is high enough to allow the passage of large ships, such as tankers and ocean liners. Inaugurated in 1974, its making consumed all of the cement available in the region, causing a crisis in the construction industry. The traffic is intense and the bridge gets a traffic jam on rush hours, holidays and long weekends. Other important accesses to the city are the ferrys station, which cross the bay from Rio de Janeiro, and the highways which radiate inside. The ones who come flying land on Santos Dumont and Tom Jobim airports, in Rio de Janeiro. The ones coming from the sea generally also disembark in Rio´s harbor. Niterói´s urban region accompanies the Baía de Guanabara´s indented west coast and the Atlantic Ocean´s edge for 11 kilometers, extending its fingers inwards through the valleys of the mountains, creating neighbourhoods and centers which are always multiplying themselves. Niterói has a population of more or less half a million inhabitants, and this crowd grows with the arrival of more people who come attracted by the high quality of life, good opportunities in education, and in search for tranquility and safety, as they are enchanted by the natural beauty of its mountains and beaches. In tune with its time, Niterói develops intense cultural activities. Libraries, museums, theaters, cinemas, concerts, shows, fairs, exhibitions and cultural centers of all kinds keep alive what has been a tradition for many years. The best thing about Niterói is the view to Rio, the carioca neighbours usually say in disdain. Which is actually true, but Niterói has that and Rio doesn´t. The landscape of the biggest and most celebrated neighbour on the other side of the bay is one of the most famous patrimonies of the city. It is a lush and inevitable scenery, which is present all over the Niterói´s shore. The Pão de Açúcar (Sugar Loaf), for example, is always spying jealously and appearing in front of all of the beaches of Niterói, showing each time a different face of its notorious profile, for which it is known worldwide. At Piratininga Beach, it faces the long range of white, brilliant sand with its full front. It is closer to the Santa Cruz fortress, in Niterói, than to the district of Botafogo, in Rio The Mighty Cacique More than 400 year old, Niterói is nearly Brazil´s age. It was founded in 1573, a time when French and Dutch pirates and buccaneers pillaged the Brazilian coast to steal our valuable Pau-Brasil. The city was founded by an Indian. Bold and fearless, the cacique (chief) Arariboia, who founded Niterói, has a mix between reality and legend a his story. He was Indian chief of the tribe of temiminós and was the son of another notorious chief, Maracajé-guaçu. A Ilha de Paranapuã (Paranapuã Island), known today as Ilha do Governador (Governor’s Island), was the temiminós´ field. In 1555, the French invaders, with the support of the savage tamoios Indians, who dominated the western side of the Baía de Guanabara and would not let anyone venture there, took control of the bay. Expelled by the French, Arariboia followed to the Espírito Santo Captaincy with his tribe. Catechized by the Jesuits and the Portuguese colonists there, he started their glorious deeds. Allied to the Portuguese, he and his Indians helped to oust the other invaders, such as the Dutch, sending them back home. A new general-governor sent by Portugal, Mem de Sá, arrived in 1560 with armed soldiers to expel the French and take over the Baía de Guanabara. Arariboia was summoned to help, leading his 8 thousand Indian warriors and forcing the French to pack their bags and go home. Arariboia´s attitude on the confrontation that occurred at what today is known as Flamengo Beach, in Rio, where the French barracked, was no doubt heroic. After crossing the bay swimming, climbing cliffs, steeps, gullies and crossing quagmires, Arariboia was the first to enter the enemy´s stronghold. Armed with a torch, he set fire to the French´s ammunition depot, which exploded and blew up. Rambo in action in the 16th century. With this, he put an end to the French merriment. In 1573, Portuguese who were established in Rio de Janeiro rewarded Arariboia with some land across the Baía de Guanabara. This time, the chief had a mission to protect that side of the bay entrance. The allotment he was granted was called São Sebastião dos Índios. The chapel built there was the seed from which the city of Niterói was born. Baptized as a Christian, Arariboia was then named Martim Afonso de Sousa. Not to be confused with the other, a noble Portuguese courtier who reached fame as a browser. Even being an athlete and an excellent swimmer, Arariboia drowned soon after, in 1574, in the Isle of Mocanguê, now a naval base of the Brazilian Navy, located near the center of Niterói. A monument celebrates Arariboia in the square opposite the station of the ferrys, right in the city center. His statue is shaped a stocky Indian, not handsome, but muscular and sharp. It has serious features, a challenging look shooting across the bay. His pose, arms crossed over his chest, is both grave and solemn, arrogant and audacious. Courageous and determined, he has his right foot forward. With powerful shoulders, defends and protects the city behind him. It seems to assert, as did two centuries later Sepé Tiaraju, his counterpart, an Indian like him, in the southern fields of the country: “This land has an owner.” The statue, a work from sculptors Dante Croce Caetano e Dante Moacir Croce, was inaugurated in 1965 to celebrate the 4th centenary of the city. A Walk Through Time In the beginnng the city had its ups and downs, times of esplendor and shadows. When Niterói was born, it was given the name of Vila de São Sebastião dos Índios (San Sebastian of the Indians village). With the death of Arariboia, the town fell into decay and for centuries it was forgotten. It gained new notoriety as Vila Real da Praia Grande (Praia Grande’s Royal Village), when the royal family of Dom João VI (King John VI) chose the place for his vacation house. With the royalty circulating in the region, vendors and hawkers started to appear and settled there, fueling the growth. In 1834, Praia Grande became Rio de Janeiro Province’s capital. The following year, it began to call itself Nictheroy, which means in Tupi language “hidden water”. Its position as capital brought remarkable urban developments to the area. It was established steam navigation, the lighting of whale oil, water supply and also roads were opened to the interior. Icaraí neighbourhood was expanded by urban planning, forming the district of Santa Rosa. The Armada Rebellion (Revolta da Armada) in 1893, caused the loss of its position as capital, which was then given to Petrópolis. Only ten years later would Nictheroy become capital again Upon the entry of the 20th century, the city steadily boomed, with investments which enabled the tram systems and thus the growth of neighbourhoods such as Icaraí and Itaipu on one side and Ponta d’Areia another. There were squares and public gardens, and streets began to be extended. A waterway station was constructed, and the city got its sewerage system. Over the years the city continued to be embellished with the construction of Praia de Icaraí’s avenue, and was enlarged with the landfill of Praia Grande, in the city center. This enabled the project to design the landfill of Caminho Niemeyer (Niemeyer Way), an investment that gave Niterói a new face and also international recognition. Improvements enabled a growth in property investments bordering the Atlantic. The milestone that changed Niterói, however, was the construction of the Presidente Costa e Silva Bridge. When the state of Guanabara merged with the state of Rio de Janeiro, in 1975, Niterói once again lost its position as capital city, which was then passed onto Rio de Janeiro. Nikiti The niteroienses fondly call their town Nikiti, a legacy from those times when Nictheroy was how its name was spelled. A complete list of celebrities born in Niterói would be huge. However, we’ll recall just some of the most well known, as the singers Agnaldo Rayol, Ronnie Von, Byafra and Cauby Peixoto. Another famous niteroiense is Sergio Mendes, who contributed to the success of Brazilian bossa nova around the world. In soccer, there is Edmundo and Marcelinho Niterói. There is Ismael Silva, a samba composer who wrote “Se você Jurar” and “Antonico.” The comedian Dedé Santana, one of the “Trapalhões”, and actor Murilo Benício are TV stars born in Niterói. The venerable playwright Leopoldo Froes was also a niteroiense. But isn’t there a woman in this story? Yes, there were loads of them. Nélia Paula, Nicette Bruno, Wilza Carla, superstars who became famous first in the theater. Also there are singers Zelia Duncan and Marilia Medal. And the eternal Leila Diniz. These are just some of the famous niteroienses, most of them in the entertainment business. There are also more erudite personalities; just remember the painters Ari Parreiras and Milton Dacosta, even though they belonged to times and diametrically opposed styles. Nor can we forget the journalist, novelist, biographer and playwright Antonio Calado. LEGENDS AND MYSTERIES All the historic city worth its salt has its legends, mysteries, tales of inconvenient ghosts and ghouls. Four hundred year old Niterói also has its own stories. In many of them, the protagonists are politicians and celebrities, as well as popular characters known worldwide. In others, the actors belong to urban anecdotes. And there are some who are part of the folklore of the city. The stories that follow are of the latter group. The Stone Itapuca A Pedra de Itapuca (Itapuca Stone) is located at the very beginning of Praia de Icaraí (Icaraí Beach). Nearby, in ancient times, there lived Jurema, the Indian woman who was betrothed against her will to the strongest and bravest warrior of the tribe. Then appeared Cauby, a strange man and of a nation unknown to the Indians. Jurema and Cauby fell in love with each other. Secretly, Jurema sang to his beloved, who listened in rapture. The romance was eventually discovered and Jurema and Cauby were cruelly punished. Cauby, however, managed to escape. Jurema, after her wounds were healed, no longer sang. She wandered along the beach at night, crying and missing Cauby. So the day of her forced marriage arrived. On the eve of the ceremony, desperate, Jurema returned to the beach and started to sing. That’s when Cauby emerged from the waters. Hugging each other, they made love until they were surprised by the Indians of Jurema’s tribe who, enraged, eventually killed the lovers in the ensuing struggle. Tupã, moved, and by request of Jacy, the Moon, blessed the lovers who had been sacrificied and carried them into the rock, where they are forever united. The French Lady of São Francisco The first resident of the district of São Francisco, who arrived there in 1933, was a French woman who brought perfume from France to resell it in Rio de Janeiro. She lived in a huge mansion, located on a hill which surrounded part of the neighbourhood. After the French lady died, in advanced age, the house was demolished. A few years later, some people who walked that hill, while they passed that area, through the mists of night in March, said they could feel a sweet fragrance of perfume emanating from the air, and that they could see the house. In one of its windows, there she was, bent, the old lady of France. The Bronze Bust of Dom Pedro Ii Right in the middle of Leoni Ramos square, the busiest nighlife center of Nikiti – also called the “Niterói’s Lapa” - is the bust of Dom Pedro II, cast in bronze, made in a size larger than natural, and balanced on a rotating sphere which represents the universe. The small monument bears the sad reputation of bringing bad luck: it supposedly has the power to proclaim doom and death. The house the bust used to face every morning was inexorably doomed to disaster. Something horrible would happen in it, probably one of its residents would no longer live. It was common that a resident would rotate the direction of the bust to the other side, his chance to escape and not be hit by conjuration. The fire in the old Cantareira workshop (the boats company which cross the Baía de Guanabara), located in one corner of the square, is imputed to the curse of the bust. People also say that it was the evil eye of the emperor’s bust that caused the bankruptcy of several businesses around the square. The UFO of Icaraí Residents swear that in the winter of 1990 they saw at Praia de Icaraí an unidentified flying object. The alleged flying saucer, grand and luminous, radiating incandescence, came to land on the sand, leaving circular marks. It was a buzz in the city, with television and newspapers hurrying to record the event. Only later it was discovered that the marks in the sand were made by a lady who lived nearby. The Stubborn Saint The beautiful statue of Santa Bárbara (Saint Barbara), located on the altar of the chapel that bears her name, in the courtyard of the Santa Cruz fortress, likes the place where she is at. People say that on several occasions they tried to transfer the image somewhere else, but every time the sea became turbulent and tempestuous, so that it always prevented the shipment of the saint. The Niemeyer Way The charm, beauty and the thousand delights of Niterói are expressed in its fantastic natural landscape of mountains and beaches, as well as in buildings and monuments which lead us back to a past rich in tradition and which register much of the history of Brazil. While preserving its charms and relics, the city also gives a leap into the future, showing with splendor Oscar Niemeyer’s superlative avantgarde architecture. The first milestone was the erection of the Museum of Contemporary Art (MAC) at the Praia da Flecha (Flecha Beach). Bold and daring, the building has a circular shape and is balanced on top of a cliff that goes on the bay, as if ready to take flight. It’s a flying saucer, the mob says in amazement. It’s a bird, says Niemeyer. The museum is intended to house contemporary art and, in addition to its permanent collection, it presents temporary exhibitions. The beauty of the museum building has become an icon representative of the city, it is the postcard of Niterói. The lush beauty of the MAC building inspired a bolder project. To revitalize the vast area from Praia Grande’s (Grande Beach) landfill, in the city center, up to the Praia da Boa Viagem (Boa Viagem Beach), the city requested Oscar Niemeyer a special project, which resulted in a number of buildings which covers 3.5 kilometers and came to be called Caminho Niemeyer (Niemeyer Way). The Caminho Niemeyer includes several projects. The first, as we have seen, is the Museum of Contemporary Art. Others are JK Square, beneath which there is an underground garage, the Memorial Roberto Silveira, which holds an important historic and iconographic Niterói collection, the Teatro Popular, with 380 seats in its inner courtyard, but with a stage that can be open to a large square, extending to 20 thousand spectators sitting outdoors; Brazilian Cinema Center, which is the museum of cinema, and is curiously shaped as a huge roll of film; Estação Hidroviária da Praia de Charitas (Waterway Beach Charitas Station), a terminal where they dock the catamarans which link the port of Niterói with Rio de Janeiro; the main building of the Niemeyer Foundation, a cultural space which attracts visitors and researchers from all around the world. Still in design are a panoramic tower, 60 meters high, with restaurant, bars and a gazebo, a Terminal de Integração Multimodal (Multimodal Integration Terminal), which will replace the Terminal Rodoviário João Goulart (João Goulart Bus Terminal), the current ferry station and a subway station; an oceanarium; a floating chapel, and the transformation of the Acoustic Shell, next to the Universidade Federal Fluminense, into a multipurpose arena. Two other projects, the Baptist Cathedral and the Catholic cathedral, were cut out. In one of the benches of the JK Square, there is a life-size sculpture of Niemeyer discussing one of his projects with Juscelino Kubitschek. Be sure to sit next to them for a picture. THE SEVEN GUARDIANS OF THE CITY Even the truculent side of the city is beautiful. Throughout history, the strategic importance of the military defense of the Baía de Guanabara imposed the construction of a system of fortifications which comprises several bastions distributed by the entrance of the bay. Niterói is protected by seven forts. In all of them the panorama envolving the Baía de Guanabara, the Atlantic Ocean and the mountains of the region is magnificent. Forte do Gragoatá Looking like a stone battleship stranded on the Praia do Gragoatá (Gragoatá Beach), near the Igreja de São Domingos (Church of St. Dominic) and then almost in the center of town, Forte do Gragoatá (Gragoatá Fort) was built between 1610 and 1710. Their cannons are deactivated and today the 2nd Infantry Brigade of the Army’s command headquarters is installed there. Not open to the public. Forte da Boa Viagem Located on the Ilha da Boa Viagem (something like “Good Voyage Island”), its construction is estimated in the year of 1695, when it was called Forte da Barra (Barra Fort). There are now only ruins of the fort, hidden by vegetation, just a little below the Igreja da Boa Viagem, which is located on the top of the island. Fortaleza de Santa Cruz The Ponta de Santa Cruz, where the fortress is located, advances over the channel which is about a thousand meters long and gives entrance to the Baía de Guanabara, opposite the Fortaleza da Lage island (Lage Fortress) and Fortaleza de São João (St. John Fort), which is just at the foot of Pão de Açúcar (Sugarloaf Mountain). All vessels entering or leaving the bay must cross the channel. Land access to Fortaleza de Santa Cruz is made from Jurujuba Beach. The first fortification built at that location was made by the French admiral Villegaignon in 1555. The fire power of the invading French were taken by the Portuguese in 1567, who then started building a stronger and more powerful fort. In 1612 it already had 20 guns, when it started to be called Fortaleza de Santa Cruz da Barra. It was enlarged in 1860 and then in 1888. It served as a political prison in the 19th century and then again a military prison in 1968. Inside the fortress there is the chapel of Santa Barbara, built in 1612. The fortress is open to the public. For whatever reason, the guide allows you to photograph only the left side of the chapel during the course of the visit. Forte Barão do Rio Branco With its entrance through Praia de Jurujuba (Jurujuba Beach), Forte Barão do Rio Branco (Barão do Rio Branco Fort) hosts a military artillery. It is the gateway to the forts of Imbuí, Pico and São Luiz. The fort has an interesting collection of old weapons and vehicles, with pieces ranging from colonial times, guns and trucks remnants of World War II and recent military vehicles. The fort began to be built as an observatory in 1555, and in 1567 became armed and turned into a battery. the niteroienses beaches are abundant, thin and white. The beaches of the bay are not recommended for bathing due to water pollution. The ocean beaches are all unrestricted. that accompany the boardwalk. At the end of the beach, on the hill, there is the little church of São Francisco de Xavier. Praia da Boa Viagem With about 450 meters, it is situated on the Ilha da Boa Viagem. A favorite spot for fishermen. Praia de Charitas Another night clubbing center, the Praia de Charitas (Charitas Beach) extends over a kilometer of fine and white sand. Preferred by those who practice windsurfing and water skiing, it is also the landing point of paragliders flying from the City Park, up there on the mountain. Here is located the Waterway Station, where they dock the catamarans that cross the Baía de Guanabara to the Rio de Janeiro station. It has a pier that juts into the cove, designed by Oscar Niemeyer, composed of a number of smart restaurants and bars, and also comfortable facilities and qualified for those waiting for the boats. Flechas Beach Located between Praia da Boa Viagem and Praia de Icaraí, it is almost at the foot of the MAC, by Oscar Niemeyer. In front of the beach, Itapuca stones emerge as tiny islands, where Jurema and Cauby live forever embraced, and also the Pedra do Índio (Indian Rock), which frame seems to have the head of an Indian with his headdress. Well, putting some good effort and imagination into looking at it, it is actually possible to recognize the Indian in the stone. Praia de Jurujuba A true haven for fishermen, Praia de Jurujuba (Jurujuba Beach) still retains a picturesque and colorful identity with its tangle of fishing boats, dotted by white egrets flying and lounging on the boats. The boardwalk that follows the beach is shaded by ipes, almond and palm trees. At the end of the beach, the Igreja of São Pedro, O Pescador, (Church of St. Peter the Fisherman), with its pointed tower, is surrounded by nice restaurants and bars, famous for its seafood cuisine. Forte São Luís Now in ruins, Forte São Luís was built in 1775, next to Forte do Pico. Both were strongly linked to each other by order of Dom Pedro II in 1891. Praia de Icaraí It is the liveliest beach in town. Arboreous, full of gardens and surrounded by buildings, it is almost a miniature of Copacabana, where there are shops and stylish boutiques. It’s a favorite for those who practice walking and cycling, and has facilities for various other sports activities. The beach is also Icaraí stage for social and festive events. The view that unfolds across the Baía de Guanabara, with the Pão de Açúcar and the Corcovado as the stars, is spectacular. Praias de Adão e Eva Considered as twins, these two small beaches are located at the entrance of the Baía de Guanabara. Aligned with cliffs, Adão has 250 meters of sand and Eva, 150 meters. They were famous in other times for the practice of naturism (it is thought that Adam was for the boys and Eve, for the girls). Today nudity is still tolerated in two small beaches, but now the fans of nudism have tried other locations, due to the pollution of the bay. MORE BEACHES THAN ONE CAN TAKE The coast of Niterói, with its 11 km long, consists of a cut of coves, bays, beaches and mountains that spill on cliffs overlooking the bay and the ocean. The sand of Praia de São Francisco It has 750 meters long and a boardwalk tree-lined with palm trees and almond trees. The night’s intense social activity is promoted by the restaurants and bars Beach Piratininga With almost three kilometers long, Praia de Piratininga (Piratininga Beach) is the ocean beach which is closer to Niterói. Forte Imbuí It was built in 1863, when it was named Dom Pedro II Fort, on a beautiful beach which can only be seen from the top of Pico Forte, for the visitation to the site is severely restricted. There runs the training camp of a military elite, command style. Whatever they are training it there, it musn’t be a good thing, because they don’t let anybody get anywhere near it. The fort consists of a huge concrete bunker, which, when seen from above, looks like a huge round cheese, broken in half. Forte do Pico The view from up there is breathtaking. On the one hand, all the Baía de Guanabara, from the Pão de Açúcar and the Corcovado, to the Serra dos Órgãos, with the peak of the Dedo de Deus, in Teresopolis, far away on the horizon. On the other hand, the edge of the Atlantic, from the beach and Forte Imbuí, past the Piratininga and Itaipu ponds, to Itacoatiara. Built 250 meters tall and perched on the Morro do Pico, Forte do Pico can be accessed by Forte Barão do Rio Branco, where the climb begins. The building of the fort started in 1715 and, when it reached obsolescence, was deactivated in 1965. Gragoatá Beach It is a small strip of sand, quiet, arboreous, close to Forte do Gragoatá. Near the city center, it is located in the path of the Niemeyer Way. Praia do Sossego Small and located between Piratininga and Camboinhas, nestled between two cliffs, it is of difficult access. Because of this, it is sought by those who come by sea, by boat or yacht. Praia de Camboinhas Its name came from a ship that ran aground on the beach years ago. With two and a half kilometers, it is an extension of the nearby beach of Itaipu. It is dotted with kiosks selling seafood snacks and delicacies, served at small tables on the beach. Camboinhas is a sophisticated and upscale residential neighbourhood. The beach is visited mostly by yachtsman and windsurfers. Praia de Itaipu Itaipu is a charming retreat, with a beach of fine sand, and its sea calm and clear. The fishing village lined with almond and coconut trees and their fishing boats gathered on the sand provide an authentic and typical setting. Several bars and restaurants on the beach offer seafood snacks and dishes. Near the village are located the remains of an ancient religious retreat, now functioning as the Archaeological Museum, with prehistoric objects found in a nearby deposit of shells. Close to it there is the Igreja de São Sebastião de Itaipu (Church of St. Sebastian from Itaipu). The beach is not vast and is separated from Praia de Camboinhas by a canal that connects the Itaipu lagoon with the sea. Along this canal there is a settled Indian village which offers classes and workshops in crafts and fishing. Praia de Itacoatiara One of the most beautiful ocean beaches of Niterói, Itacoatiara is a paradise for surfers. It is attended by young people who enjoy organic, natural food and lifestyle, and sports activities, and also its waves of clear, blue water. It has 700 meters long and, at one end, there is a tiny cove, called Prainha, which is almost a swimming pool, protected from the waves. That is where the children play. On the other end of the beach rises the wall of the Morro do Costão, which marks the limit of Niterói county. THE CHURCHES OF NITERÓI Noting the number of existing churches here, some the same age as the city, one sees that Niterói has always been a religious city. Predominantly Catholic churches. But there are numerous other temples, Protestants, Evangelicals, Buddhists. The spiritual centers are almost centenarians. There is a small Jewish community. The high number of businesses that sell articles used in the rituals of Candomblé and Umbanda show that these practices are very popular. The churches described here are all Catholic, not only because they are landmarks of the city’s religious culture, but also carry the historical and architectural that make the cultural heritage of the city of Niterói. Igreja de São Lourenço dos Índios This church is considered the monument of foundation of Niterói. It was here that the first chapel, which marked the birth of the city, was built. In 1769 a more solid chapel, with bricks and mortar, was erected, replacing the previous one, which was made of mud and straw coverage, as were the indigenous buildings. Since then, the temple was improved and expanded and the church we see today has the characteristics of the Jesuit-century buildings of the 17th century. It is situated high up in the district of São Sebastião, near the city center. Igreja de São Lourenço da Várzea From the square of São Lourenço, O Índio, one can see the lofty tower of São Lourenço da Várzea, down there, at the Ponto Cem Réis, near the pier of Ponta d’Areia. The church, with its eclectic architecture, is more modern; it was built in the 19th century. Catedral de São João Batista The Cathedral is on São Pedro’s Square, in the city center, camouflaged by the trees of the plaza. It is from the 17th century and has two bell towers. Igreja de São Domingos Built in the 17th century, it is located in the neighbourhood of Gragoatá, close to the Leoni Ramos Square. It was visited by King John, who summered in Praia Grande, in a house nearby. Basílica de Nossa Senhora Auxiliadora Built in neo-Gothic style during the 19th century, the basilica is famous for its organ, the largest in the world. It is located in the Santa Rosa neighbourhood. Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem Situated atop Ilha da Boa Viagem, its construction started in 1668 and was completed in 1734. The church has suffered two fires, one in 1870 and another in 1977. It has undergone several restorations and is one of the monuments of Niterói listed by IPHAN. Igreja de São Francisco Xavier The small white Igreja de São Francisco Xavier is lying on the hill which divides the beaches of São Francisco and Charitas. It is from the early 17th century and was built by Jesuit priests who owned those lands. For a long time it was believed that the builder was Father José de Anchieta; however it was found that the priest died many years before the beginning of the construction of the little chapel. Capela de Santa Bárbara Located within the Forte de Santa Cruz, the Capela de Santa Bárbara (Chapel of Santa Barbara) is the 17th century. It has a curious bell tower, which, on the top, divides itself in two. THE CITY CENTER The neuralgic center of the city is Praça Arariboia (Arariboia Square), around which you can find the Ferry Station, Terminal Rodoviário João Goulart, the biggest malls in the city, like the popular Bay Marketing and the sophisticated Plaza. People hurry, coming and going intensively, some carry a briefcase under an arm, or a shopping bag slung over one shoulder, some with a backpack. The kiosks that sell useless Chinese stuff and the newspapers and magazines stands are always crowded with onlookers (niteroienses enjoy reading and being informed). Buses and cars traffic is confusing and congested. All of this happen under the watchful eye of Arariboia, who, severe and baffled on his pedestal, observes the bustle around him. The center is where is concentrated the city’s most interesting aspects in its architecture, buildings that register the memory of its history, the wealth of its present and a vision of its future. Opposite the Arariboia Square there is the massive Post Office building, impressive in its eclectic style. Nearby, on the streets that radiate out and on the Praça da República (Republic Square), are the Municipal Theatre, the Public Library, the Palace of Inga, the City Council, the Forum, the Lyceum Peçanha Nile, and other historic buildings, showing that the city has been the administrative capital of the state. Some of these palaces and mansions are now turned into museums. Nearby, around the Praça da Cantareira (Cantareira Square), are the university buildings and the lovely Solar dos Jambeiros, a two storey mansion of 1872 which was the residence of a rich Portuguese citizen and is now a museum. The house, with a façade covered with Portuguese tiles and beautiful wrought iron balconies surrounding the entire building, stands imponent in the middle of a grove planted right in the center of the city. The roof of mansion has decorated ceramic tiles on its eaves. And speaking of the future, the Niemeyer Way begins right there in the center, across Praça Arariboia. Niteroi and Sea In addition to the endless beaches, the sea is always present in the city. In gastronomy, for example. In Portugal Pequeno (Little Portugal), a neighbourhood of fishermen, there is the picturesque Fish Market, where you can choose your favorite fish, fresh from the sea, which can be prepared in the restaurants upstairs. Niterói is a daughter of the sea. One of its main livelihood is in the marine industry. It is an important industrial center based mainly on its powerful shipyards, where they are built and repaired, from small fishing boats and tugs to huge oil tankers and oil drilling platforms. With its gigantic towers, these platforms look like fanciful cyber ships created by the mind of Moebius to the sidereal adventures of his extraterrestrial characters. Remember Blade Runner? Seafarers circulate through downtown streets, especially on the sides of Ponta d’Areia and Portugal Pequeno. Marines and sailors off duty, jauntily uniformed, cross hooligans and tattooed Norwegian hagares who leave the gates of the shipyards. In the bars of the pier, black Americans discuss in Castilian what would be the best way to replace a valve pipeline. At the next table, fishermen from Ponta d’Areia discuss Sunday’s Fla-Flu soccer game. Niteroiense girls wearing jeans two sizes too small balancing on very high heels, watch and smile into the bars on their way to the ferry boat and their jobs in Rio. Meanwhile, albatrosses and herons fly over the tangle of boats that jostle at the pier. Niterói and the Mountain Beyond the edge of its beaches, Niterói spreads through hills, valleys and mountains. It’s dotted with gardens, woods and parks, each more beautiful than the other. The most spectacular of these is the Parque da Cidade (City Park), an environmental preservation area at the top of Morro da Viração, 270 meters high. Pure beauty, the panoramic view from up there includes lagoons, the ocean beaches, the city of Niterói, the entire Baía de Guanabara, and the open sea. The view of Rio de Janeiro from there is fantastic, and can only be described with superlatives, such as “giant by its own nature, lying eternally in splendor birth...” and everything. It was probably there where Osorio Duque Estrada and Francisco Manuel da Silva were inspired to write our National Anthem. In the neighbourhood of Fonseca you can find the Horto Botânico, better-known as Jardim Botânico (Botanic Garden) in Niterói, established over a century to grow and distribute seeds and seedlings of fruit trees and medicinal plants. Walking the trails through the Garden, one can recognized in its groves jatobas, jequitibas, jacarandas, sapucaias and some rare species, which can only be found in the Amazon, such as the pau-mulato (mulatto calycophyllum). The niteroienses love flowers. There are many kiosks selling flowers all year round. And the nurseries that spread along the higher parts of the city are famous, such as the ones in the Parque Florestal Florália do Bairro de Pendotiba (Florália Forest Park, in the Pendotiba neighbourhood), which has a huge nursery, properly taken cared by Snow White and her seven gnomes. In the center of the city is the Campo de São Bento, a small arboreous park in whose alamedas is assembled a crowded craft fair. It is also installed in the park the Cultural Centro Cultural Paschoal Carlos Magno (Carlos Magno Cultural Center). Niterói by Night The Niterói’s nightlife runs rampant through the city’s hottest spots. It starts on Praça da Cantareira (also called Leoni Ramos Square, and Largo de São Domingos too), in the bars and restaurants that spread their tables around on the sidewalks. There, around the bust of the unloved King Peter II, groups of samba, rock and jazz take over the soccer field, mostly formed by students from the university, which is nearby. The party is so wild that the place has become known as the Lapa of Niterói. But this nightlife extends itself to other places, permeating the pizza restaurants of Jardim Icaraí, the boardwalks by the Praia de Icaraí and the most elegant strongholds of Praia de São Francisco and Praia de Charitas. Niteroienses are revelers. Party and party, especially in the bonfire celebrations (Festas Juninas, which happen between June and July), with its fairs, and the parties by the end of the year, when the city never sleeps. Even more on Carnival, when Niterói’s rivals in popularity even with the most celebrated one, his older sister’s, across the bay. Musical Niterói The entertainment in the city is more likely to manifest itself through music. Niterói is fundamentally musical. Reverence to samba is very much alive and authentic in its rodas de samba de raiz (small samba groups which play authentic samba), which are plentiful and take place in many bars in town, wherever there is a guitar, a tambourine, a ukulele or other musical instrument. Even a matchbox can do the trick. Niterói has many blocos de rua (groups of revelers on street Carnival) and neighbourhoods that exhilarate during the Carnival parades on Rua da Conceição. The samba schools (Escolas de Samba) are numerous, nearly two dozen, the largest and most popular of them being Unidos da Viradouro e Acadêmicos de Cubango, which have already made beautiful parades in Rio’s Presidente Vargas avenue and the Sambódromo. However, the city doesn’t breath only the samba. There are countless and productive groups of MPB, rock in all its variations and the so-called youth music. Jazz, rhythm and blues and classical music are also part of the city’s culture. Cool it, cool it, there is still the forró arretado and the country music, yes, ma’am. Oratório com a imagem de São Pedro, no cais de Ponta d’Areia Oratory with the image of Saint Peter, in the quay of Ponta d’Areia