TURISMO RURAL Meios de Hospedagem
Transcrição
TURISMO RURAL Meios de Hospedagem
PROGRAMA TURISMO RURAL “AGREGANDO VALOR À PROPRIEDADE” O DA AGRIC ÇÃ UL ES P A DO FAESP TA D O A TUR UL FEDE RA TURISMO RURAL Meios de Hospedagem O D E SÃ O SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL Administração Regional do Estado de São Paulo SENAR SÃO PAULO FEDERAÇÃO DA AGRICULTURA DO ESTADO DE SÃO PAULO Gestão 2008-2011 Fábio de Salles Meirelles Presidente AMAURI ELIAS XAVIER Vice-Presidente EDUARDO DE MESQUITA Vice-Presidente JOSÉ CANDÊO Vice-Presidente MAURÍCIO LIMA VERDE GUIMARÃES Vice-Presidente LENY PEREIRA SANT’ANNA Diretor 1º Secretário JOSÉ EDUARDO COSCRATO LELIS Diretor 2º Secretário ARGEMIRO LEITE FILHO Diretor 3º Secretário LUIZ SUTTI Diretor 1º Tesoureiro IRINEU DE ANDRADE MONTEIRO Diretor 2º Tesoureiro ANGELO MUNHOZ BENKO Diretor 3º Tesoureiro SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL Administração Regional do Estado de São Paulo Conselho Administrativo Fábio de Salles Meirelles Presidente DANIEL KLÜPPEL CARRARA Representante da Administração Central BRAZ AGOSTINHO ALBERTINI Presidente da FETAESP EDUARDO DE MESQUITA Representante do Segmento das Classes Produtoras AMAURI ELIAS XAVIER Representante do Segmento das Classes Produtoras Mário Antonio de Moraes Biral Superintendente Sérgio Perrone Ribeiro Coordenador Geral Administrativo e Técnico PROGRAMA TURISMO RURAL “AGREGANDO VALOR À PROPRIEDADE” TURISMO RURAL Meios de Hospedagem O DA AGRIC ÇÃ UL ES P A DO FAESP TA D O A TUR UL FEDE RA São Paulo, 2006 O D E SÃ O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural Administração Regional do Estado de São Paulo SENAR SÃO PAULO © SENAR-AR/SP – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Administração Regional do Estado de São Paulo Rua Barão de Itapetininga, 224 - CEP 01042-907 - São Paulo, SP - www.faespsenar.com.br PROJETO DA OBRA SENAR-AR/SP – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Administração Regional do Estado de São Paulo Idealização: Fábio de Salles Meirelles - Presidente do Sistema FAESP - SENAR-AR/SP Supervisão Geral do Programa Turismo Rural: Jair Kaczinski - Chefe da Divisão Técnica do SENAR-AR/SP Responsável Técnico: Teodoro Miranda Neto - Chefe Adjunto da Divisão Técnica do SENAR-AR/SP Elaboração do Texto: Cândida Maria Costa Baptista, Celso Ledo Martins, Cíntia Tomie Suguino e Rosemeire Jorge PRODUÇÃO EDITORIAL FUNPEC – Fundação de Pesquisas Científicas de Ribeirão Preto Coordenação Editorial: Mirian Rejowski Revisão Técnica: Carlos Alberto Ferreira Gonçalves, Diego Mendes,Fanny Paulina Kriechle Kuhnle, Mauro Albuquerque Pinheiro e Mirian Rejowski Pesquisa Iconográfica: Graziela Sabino,Janaina Britto e Luiz Mapelli Revisão de Texto: Janaina Britto e Mirian Rejowski Projeto Gráfico: Janaina Britto Editoração Eletrônica: Douglas Deschauer Rejowski, Reynaldo Trevisan Junior e Tathyana Borges T938 Turismo rural: meios de hospedagem / Serviço Nacional de Aprendizagem Rural. Administração Regional de São Paulo. -- São Paulo : SENAR-AR/SP, 2006. (Programa Turismo rural “Agregando valor à propriedade”, 5) ISBN 85-99965-05-0 1. Turismo rural – Manual 2. Meios de hospedagem (Zona rural) – São Paulo I. Serviço Nacional de Aprendizagem Rural. Administração Regional de São Paulo II. Série CDD 338.4791 910.98161 Ficha catalográfica elaborada por: Maria Elizabete de Carvalho Ota – CRB - 8/5050 É proibida a reprodução total ou parcial deste manual por qualquer processo, sem a expressa e prévia autorização do SENAR-AR/SP. SUMÁRIO APRESENTAÇÃO, 5 CAPÍTULO 1 – MEIOS DE HOSPEDAGEM NO ESPAÇO RURAL, 7 Significado da Hospitalidade, 8 Hospitalidade e Turismo Rural, 8 Tipos de Meios de Hospedagem, 10 Organização e Funcionamento, 16 Recepção e Reservas, 18 Governança, 29 Dimensionamento de Móveis, Equipamentos, Utensílios e Enxoval, 40 Revisão, 43 CAPÍTULO 2 – Planejamento físico do meio de hospedagem, 44 Patrimônio Arquitetônico, 45 Planejamento e Dimensionamento das Áreas, 48 Revisão, 56 CAPÍTULO 3 – PlaNEJAMENTO ECONÔMICO-FINANCEIRO do meio de hospedagem, 57 Projetos e Análises Financeiras, 58 Revisão, 67 Bibliografia, 68 APRESENTAÇÃO Seja bem-vindo ao Programa de Turismo Rural “Agregando Valor à Propriedade” do SENAR-AR/SP. Esse Programa visa ampliar o olhar sobre a propriedade rural, fornecendo ferramentas para identificar e implantar negócios de Turismo, de acordo com os recursos encontrados no meio, aliados às habilidades e vocações do produtor rural e de sua família. Idealizado a partir de experiências no campo, direciona-se ao objetivo final de fixar o homem à terra e de consolidar a agricultura no Brasil, país continental. Esta Cartilha foi elaborada com o objetivo de fornecer subsídios ao conhecimento dos diferentes tipos de instalações e serviços de hospedagem no meio rural, para que se possa planejar, implantar e gerenciar um negócio de sucesso, ou seja, um empreendimento competitivo no mercado. Acreditamos que esta Cartilha, além de ser um recurso de fundamental importância para os profissionais de Turismo Rural, constitui, certamente, um valioso instrumento para o sucesso da aprendizagem proposta pelo SENAR-AR/SP. Fábio de Salles Meirelles Presidente do Sistema FAESP-SENAR-AR/SP 1º Vice-Presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA Meios de Hospedagem no espaço rural Neste Capítulo você vai: • entender o significado da Hospitalidade no Turismo Rural e conhecer diferentes Meios de Hospedagem no espaço rural; • aprender como ocorre o funcionamento e a operação nesses empreendimentos e como dimensionar os seus móveis e utensílios. SIGNIFICADO DA HOSPITALIDADE A arte de hospedar A arte de hospedar é uma atitude que acompanha o ser humano desde as épocas mais remotas, quando as pessoas se deslocavam por diversos motivos e, durante o caminho, necessitavam de lugares para parar e recompor suas energias para a próxima jornada. Sabemos que é uma característica do ser humano a curiosidade e a vontade de conhecer lugares novos, de trocar experiências com esses lugares e com as pessoas que não são de seu convívio diário. Na Antiguidade, particularmente na Grécia e em Roma, as pessoas viajavam por motivos religiosos, para troca e aquisição de mercadorias e também para reuniões esportivas e de lazer. Naquela época, era comum os viajantes se hospedarem em moradias de outras pessoas, com ou sem parentesco. Assim, as adaptações dos locais, hábitos e costumes, seja de quem hospedava ou era hospedado, ocorriam naturalmente. Procurava-se receber o outro em sua casa da melhor maneira possível, como também quem era acolhido procurava ser o menos inoportuno possível. Seja qual fosse o motivo das viagens, com o passar dos tempos os viajantes começaram a usar outros locais para se hospedar, como hospedarias, alojamentos em mosteiros, hospitais para cura, pequenas pousadas e depois 1. Hospitalidade: ato de acolher, de hospedar e receber, da qualidade do hospitaleiro e do tratamento delicado, cortês e amável. 2. Hóspede: estrangeiro; forasteiro; aquele que é recebido por outra pessoa ou que é acolhido com hospitalidade. pequenos hotéis. Assim, aquele que hospedava foi organizando a sua maneira de receber, acolher e atender as necessidades dos hóspedes, desenvolvendo o caráter profissional e técnico da hospedagem. Nesse momento já estava presente o conceito, mesmo que primário, da hospitalidade e do bem receber o hóspede. Uma das principais tendências do turismo de lazer é a procura por empreendimentos desenvolvidos em espaços naturais que valorizem a natureza e a cultura local. O homem urbano busca voltar às suas origens, procurando no espaço rural lugares que remetam ao seu passado. HOSPITALIDADE E TURISMO RURAL Quando falamos em receber turistas no espaço rural, vale lembrar que “a primeira impressão é a que fica”. Para receber turistas no espaço rural, Turismo Rural: Meios de Hospedagem FAESP SENAR-AR/SP não basta só sermos hospitaleiros e atendermos bem as pessoas. A aparência física do local, das instalações, das edificações e dos objetos também é importante, pois tudo se complementa no momento da hospedagem. A grande parte dos clientes do Turismo Rural é proveniente das cidades. Como seus hábitos são os de moradores urbanos, quando se hospedam no espaço rural procuram sensações diferentes das que estão acostumados a viver no seu dia-a-dia. Esse turista, mesmo antes de sair de sua casa já “imagina” algumas cenas visualizando como será sua viagem ao campo. Tal qual um filme, ele projeta momentos de prazer, o que irá fazer e até como deve ser o cenário em que estará. Nós também imaginamos muitas vezes como será um novo hóspede, seu nome, de onde vem, seus hábitos e o que ele espera do nosso empreendimento. No processo de hospedagem ocorrem muitas trocas de vivências e conhecimentos. Mas para que tudo aconteça da melhor forma, precisamos preparar a propriedade e a equipe, ou seja, devemos “organizar a casa para o bem receber”. Conhecendo bem quem é o nosso público-alvo, suas características, necessidades, comportamentos e expectativas, podemos hospedá-lo muito melhor. Nesse sentido, nem sempre precisamos oferecer aos hóspedes os Dica 1. Organizar a casa para bem receber é um processo que envolve várias etapas como veremos ao longo deste Módulo. 2. Devemos receber o hóspede com educação e atenção, valorizando nossa cultura, hábitos e costumes. mesmos padrões de conforto comumente usados nas cidades, em hotéis urbanos. Cada local possui suas características, qualidades, belezas e, princi- Foto de Reynaldo Trevisan Junior, 2006 Foto de Reynaldo Trevisan Junior, 2006 palmente, o seu valor. Hotel Fazenda Pousada do Quilombo, em São Bento do Sapucaí (SP) Hotel Fazenda Pousada do Quilombo, em São Bento do Sapucaí (SP) FAESP SENAR-AR/SP Meios de Hospedagem no Espaço Rural A boa hospitalidade fica clara quando o hóspede volta para seu local de origem melhor do que quando chegou e satisfeito com a hospedagem e Como podemos perceber a boa hospitalidade? com a equipe que o recebeu e o acolheu. TIPOS DE MEIOS DE HOSPEDAGEM O local onde podemos nos hospedar e satisfazer nossas necessidades é chamado Meio de Hospedagem: um local para acomodar, descansar, repor energias, alimentar e entreter. A hospedagem no Turismo Rural tem características de hospedagem doméstica e comercial: Atenção 1. O meio de hospedagem comercial mais conhecido é o Hotel. 2. Tanto na hospedagem doméstica quanto na comercial, há o pagamento pelo serviço prestado. • Doméstica: ocorre dentro dos espaços da casa, da família, da propriedade, fazendo com que o hóspede participe dos hábitos, costumes e tarefas cotidianas dos moradores locais; uma maneira informal e personalizada de atender o hóspede. • Comercial: apesar de todo o acolhimento, faz uso dos padrões de qualidade, de métodos de serviços e técnicas pré-definidas. Na composição da rede turística, os Meios de Hospedagem são um dos pilares do tripé que apóia o Turismo, como já vimos nos Módulos 1 e 3. TURISMO Transporte Entretenimento Hospedagem e Alimentação Dentre os diferentes Meios de Hospedagem, vamos destacar os principais empreendimentos que têm lugar no espaço rural: 10 Turismo Rural: Meios de Hospedagem FAESP SENAR-AR/SP • HOTEL FAZENDA • POUSADA RURAL • FAZENDA HOTEL • ACANTONAMENTO • CAMPING • SPA RURAL 1. Hotel: termo original do frânces que siginificava mansão ampliada e mobiliada; edifício público ou privado, luxuoso e imponente. • OUTROS Hotel Fazenda É o estabelecimento de médio a grande porte, adaptado em fazendas ou propriedades rurais que se desmembraram destas, e não necessariamente produtivas. Com equipamentos novos ou adaptados de antigas fazendas, destina-se à prática de atividades recreacionais campestres e ao contato com a natureza. Possui amplas instalações receptivas, algumas de valor histórico e arquitetônico, em áreas rurais de destacado valor paisagístico. Caracteriza-se como um hotel no espaço rural, que oferece serviços de alojamento, hospedagem, lazer, podendo ainda oferecer espaços diferenciados para eventos, tratamento de saúde etc. O segmento de mercado que mais o freqüenta são as famílias em busca www.donacarolina.com.br, 2006 de uma aproximação com a vida no campo. Hotel Fazenda Dona Carolina, Itatiba (SP) FAESP SENAR-AR/SP Meios de Hospedagem no Espaço Rural 11 Fazenda Hotel É o estabelecimento situado em propriedade rural, cujo diferencial é a produção agrícola e/ou pastoril a manutenção dos hábitos rurais. O hóspede busca essa opção de hospedagem visando um total desligamento de sua rotina e uma atividade de lazer diferenciada, integrando-se com a comunidade www.fazendavilarica.com.br, 2006 www.paraitinga.com.br, 2006 local. Fazenda Vila Rica, Itatiba (SP) Fazenda Paraitinga, São Luiz do Paraitinga (SP) Tem como principal atrativo a participação do hóspede na rotina do trabalho no campo, associada aos passeios a cavalo, às caminhadas, às reuniões para ouvir “causos”, lendas e cantigas, e, principalmente, apreciar a comida típica regional ou local. Oferece serviços de um hotel - alojamento, alimentação e entretenimento - sem comprometer a integração do hóspede ao ambiente rural. Recebe principalmente famílias, além de grupos de estudantes com finalidades educativas e jovens em busca do contato com a natureza e a vida no campo. Atenção Podemos adaptar alguns cômodos da casa ou uma outra construção (casa de colonos, tulha, senzala) para acolher o turista, que passsa a vivenciar o cotidiano da família e da propriedade. Pousada Rural É um estabelecimento de pequeno porte que utiliza construções de valor histórico ou construções novas, situadas em fazendas ou pequenas e médias propriedades. De administração familiar, destaca-se na arte de acolher o hóspede. Apresenta instalações rústicas e confortáveis com aproveitamento de elementos da cultura e natureza locais na decoração interna e externa. Oferece serviços de alojamento, alimentação baseada na cozinha regional ou local, contato com a natureza e com as lidas do campo e atendimento personalizado e informal. Geralmente se vincula a um forte atrativo turístico na propriedade ou região (processo produtivo, arquitetura típica, festa popular, 12 Turismo Rural: Meios de Hospedagem FAESP SENAR-AR/SP atrativo natural etc.). Tem como principal cliente o turista de lazer, em especial as famílias que www.pousadadonamanoela.com www.anjosdovento.com.br buscam o aconchego e a simplicidade do campo. Vista da Pousada Latitude 22, Arraial do Cabo (RJ) Vista da Pousada rural Dona Manoela, Gonçalves (MG) Acantonamento É o estabelecimento de hospedagem dirigido especialmente a crianças e jovens para a prática de atividades recreativas, esportivas e/ou culturais. Normalmente apresenta dormitórios e banheiros coletivos ou até para quatro leitos, do tipo pavilhão, restaurante ou refeitório, e estruturas que permitem atividades em grupos. É comercializado em pacotes principalmente nos períodos de férias e feriados prolongados. Fora desses períodos, é promovido para a realização de www.paiolgrande.com.br, 2006 http://marcelinas-rio.com.br, 2006 eventos de organizações como igrejas, associações, empresas etc. Acantonamento - Paiol Grande, São Bento do Sapucaí (SP) FAESP SENAR-AR/SP Fogueira no Acantonamento dos alunos do Colégio Marcelinas (RJ) Meios de Hospedagem no Espaço Rural 13 www.paraitinga.com.br, 2006 1. Trailer: reboque ou semi-reboque tipo casa, com duas, quatro ou seis rodas, acoplado ou adaptado à traseira de automóveis, utilizado em geral em atividades turísticas, como alojamento, ou para atividades comerciais. 2. Motor Home: veículo automotor cuja carroceria é fechada e destinada a alojamento, escritório, comércio ou finalidades análogas. Acantonamento ou Acampamento de férias Pousada Rural Fenix, São Luis do Paraitinga (SP) Camping ou Acampamento Turístico É o estabelecimento que oferece espaços, instalações e serviços para acampamento ao ar livre (espaço gramado ou não e arborizado), mediante uso de barraca, tenda, trailers ou outros equipamentos como motor home. Tem infra-estrutura básica (pontos de energia elétrica, área para lavar e estender roupas, telefone comunitário ou público) e edificações centralizadas de higiene e alimentação (banheiros, refeitório, lanchonete). É procurado principalmente por jovens e famílias que valorizam o contato www.vilaboadegoias.com.br www.campingcasarao.com.br, 2006 com a natureza. Camping - Goias Velho (GO) Camping Casarão, Itu (SP) Spa Rural É o estabelecimento que disponibiliza ao hóspede equipamentos voltados para o bem-estar físico e/ou emocional, como salas de massagens, banhos especiais, alimentação balanceada normalmente com produtos orgânicos produzidos no local, caminhadas e atividades ao ar livre. Atende principalmente o turista individual, jovens ou adultos, em busca de tratamentos anti-estresse, pós-operatório, emagrecimento, rejuvenescimento, anti-depressão, descanso, desintoxicação alimentar, ou de valores espirituais junto à natureza. Requer mão-de-obra especializada conforme os serviços oferecidos (médico, psicólogo, nutricionista, massagista, orientador espiritual). 14 Turismo Rural: Meios de Hospedagem FAESP SENAR-AR/SP www.spaconchas.com.br Foto de Luiz Mapelli, 2005 Spa Rural - Canto da Floresta Hotel Resort Eco-Místico, Serra Negra (SP) Sala de massagem e musculação - Cabo Frio (RJ) Outros Meios de Hospedagem Podemos, ainda, citar outros estabelecimentos de hospedagem no espaço rural: • Colônias de Férias: de propriedade corporativa (entidade associativa), oferece equipamentos, instalações e serviços de hospedagem, destinado aos associados de entidades privadas ou públicas, normalmente com instalações mais simples, tipo albergues. São utilizados principalmente em períodos de férias, feriados e finais de semana, ou durante o ano todo por associados aposentados. • Locação de Imóveis para Temporada: o proprietário aluga sua propriedade (sítio ou chácara) a um particular ou à uma organização para temporada (férias, feriados e finais de semana) ou para determinados eventos (casamentos, seminários, reuniões etc.). O espaço rural tem importante patrimônio natural e cultural. Por isso, o desenvolvimento do turismo precisa respeitar a integridade desses recursos, ressaltando os aspectos diferenciais da paisagem rural, da tran- Recomendações importantes qüilidade, do repouso, da arquitetura de época e popular, dos costumes e para a hospedagem no espaço rural hábitos da população rural. Nesse espaço, podemos criar uma oferta de hospedagem alinhada ao maior contato com a natureza, à promoção de atividades ao ar livre e ao estabelecimento de um verdadeiro diálogo entre turistas e a população rural. Para tanto, é importante desenvolver um turismo organizado de pequena escala (não massivo), administrado pela população rural. FAESP SENAR-AR/SP Meios de Hospedagem no Espaço Rural 15 ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO No caso de um Meio de Hospedagem no espaço rural, é comum que algumas pessoas acumulem funções para o bom aproveitamento de todos os envolvidos no empreendimento. Mesmo assim, temos que conhecer a organização geral de um Meio de Hospedagem que pode ser dividida em vários setores, os quais funcionam de forma integrada: administração, recepção, reservas, arrumação e limpeza, lavanderia, cozinha, bar e restaurante, manutenção e jardinagem, e outros (ponto de venda, lazer e entretenimento, eventos, alimentação, médico-terapêutica etc.). Vamos identificar então quais são os setores importantes para o funcionamento de cada tipo de Meio de Hospedagem no espaço rural. Para tanto, devemos considerar o público-alvo e os serviços que pretendemos e podemos oferecer. Dica 1. Uma pousada rural pode oferecer apenas café da manhã, contando com o setor de Cozinha. 2. Um hotel fazenda pode oferecer espaço para congressos e reuniões, contando com o setor de Eventos. 3. Um meio de hospedagem misto pode ser também implantado no espaço rural (sítio de Locação e Acantonamento) 4. Um pequeno Ponto de Venda pode ser instalado no saguão (hall de entrada), oferecendo serviços básicos (protetor solar, escova e pasta de dente etc.) e/ou artesanais (produtos locais ou da região. 16 Tipo de Meios de Hospedagem Público-Alvo Setores Hotel Fazenda Fazenda Hotel Pousada Rural Acantonamento Camping Turismo Rural: Meios de Hospedagem FAESP SENAR-AR/SP Spa Rural Locação de Temporada Outros Agora que já compreendemos de forma geral a organização e o funcionamento de cada tipo de Meio de Hospedagem, podemos definir qual o tipo que iremos implantar na propriedade rural selecionada. O Tipo de Meio de Hospedagem a ser implantado na propriedade selecio- Qual tipo de Meio de Hospedagem deve ser implantado na propriedade rural? nada é: Neste Módulo trataremos apenas dos setores relacionados à hospedagem, pois outros setores já foram ou serão enfocados em outros módulos do Programa, como podemos ver no esquema a seguir. Reservas Recepção Arrumação e Limpeza Lavanderia Manutenção e Jardinagem Módulo 5 Administração Modulo 3 Ponto de Venda Módulo 4 FAESP SENAR-AR/SP Meios de Hospedagem no Espaço Rural 17 Cozinha Bar Módulo 6 Restaurante Outros (Lazer e Eventos) Módulos 7 e 9 Como estamos considerando um Meio de Hospedagem Rural de pequeno Unidade Habitacional (UH): uma Unidade Habitacional se refere ao “espaço físico” de uso privativo do hóspede, sendo identificado geralmente por um número. Pode ser um quarto, um apartamento, uma suíte, um apartamento duplo, uma suíte presidencial e até um chalé. a médio porte, temos que simplificar sua estrutura de setores. Assim, vamos reunir os setores fundamentais da hospedagem em duas áreas que serão detalhadas neste Capítulo: • Recepção e Reservas; • Governança (arrumação, limpeza, lavanderia, manutenção e jardinagem). É importante saber que nessas duas áreas todos os procedimentos são definidos à partir do tipo de acomodação dos hóspedes, a chamada Unidade Habitacional (UH). Reservas e Recepção O setor de Reserva e Recepção de um meio de hospedagem é responsável pela impressão que o hóspede leva do estabelecimento, pois nele estão as pessoas que o atendem desde a reserva até o fechamento da conta. Vejamos a seguir dois fluxogramas do ciclo de reservas em um meio de hospedagem, www.fazendaalvorada.com.br a partir das formas de atendimento mais comuns. Recepção no Hotel Alvorada, Cunha (SP) 18 Turismo Rural: Meios de Hospedagem FAESP SENAR-AR/SP Ciclo de Reservas - Atendimento Telefônico Cliente Indiretamente Diretamente Agências / Empresas Setor de Reservas É possível atender Não é possível atender Ficha de Reservas Respostas Mapa de Ocupação Planilha de Reservas Ciclo de Reservas - Atendimento Pessoal Cliente Hóspede com Reserva Hóspede sem Reserva Preenchimento da ficha de entrada (“check-in”) Determinação da Acomodação Abertura de Fatura Lançamento de Despesas Fechamento de Contas (“check-out”) FAESP SENAR-AR/SP Meios de Hospedagem no Espaço Rural 19 É muito importante definir com cuidado quais são as tarefas de cada colaborador no processo de hospedagem, definindo as funções e responsabilidades por meio da descrição de cada cargo. Cargos e Tarefas O Atendente de Reservas e Recepcionista é quem dará o acolhimento ao hóspede, ouvindo-o com atenção. Nessa primeira conversa podemos perceber suas necessidades e expectativas, assim providenciar a entrada deste (“check-in”). Suas tarefas são: Tarefas do Atendente de Reservas/Recepcionista • Executar o atendimento telefônico. • Realizar as reservas, sejam elas de particulares, de agentes de viagem ou de empresas. • Controlar a disponibilidade de UH’s por meio do mapa de reservas. 1. “Chek-in”: registro de entrada de um hóspedo no meio de hospedagem. 2. “Voucher”: documento emitido por agências de turismo como comprovante de reserva de acomodação, de refeições e outros serviços oferecidos. • Elaborar alterações e cancelamentos de reservas. • Elaborar os “vouchers” de confirmação da reserva, enviando-os ao cliente pelo correio, fax ou internet. • Concretizar o “check-in” com reserva e sem reserva (“walk-in”). • Preencher o formulário referente ao “check-in”: Ficha Nacional de Registro de Hóspedes (FNRH) ou similar. • Determinar a acomodação (UH) solicitada. • Fornecer as primeiras informações sobre a propriedade, as acomodações e outros serviços. • Depois do hóspede instalado, fazer a abertura da conta, registrando a forma de pagamento tratada na reserva ou no balcão. 3. “Walk in”: do inglês, invasor ou intruso; significa a chegada do hóspede sem reserva. • Lançar os débitos (despesas) nas contas. 4. “Check-out”: registro da saída de um hóspede do meio de hospedagem. O Mensageiro (Carregador de bagagem) é quem acompanha o hóspede • Coordenar a ocupação e disponibilidade. • Fechar as contas no “check-out”. até as acomodações. Suas tarefas são: • Acompanhar o hóspede à recepção e à UH após o “check-in”, e atender os seus pedidos, encaminhando-os aos responsáveis. Tarefas do Mensageiro • Mostrar todos os serviços, as acomodações e os equipamentos, testando-os para ver se está tudo funcionando. • Levar as mensagens ao hóspede. • Retirar a bagagem do hóspede no “check-out”. • Verificar se o apartamento está em ordem e se por acaso o hóspede 20 Turismo Rural: Meios de Hospedagem FAESP SENAR-AR/SP não esqueceu nenhum pertence, ou, ao contrário, se está levando algum pertence do hotel. Serviços e Controles Depois de compreender as funções que cada colaborador tem sob sua responsabilidade, observamos que a área de Recepção e Reservas possui algumas peculiaridades que facilitam o trabalho de organização da Hospedagem. Vamos ver agora os serviços e controles dessa área. Para que as tarefas de controle possam ser executadas, temos que: • Conhecer os tipos de UH´s, diárias e reservas. • Usar adequadamente alguns impressos (formulários). Condições Básicas para realizar os Seviços e Controles • Contar com equipamentos necessários. Tipos de UH e Diárias Quem responde pela recepção e pelas reservas deve conhecer a nomenclatura que o mercado utiliza para as acomodações (UH) e os tipos de diárias cobradas nos Meios de Hospedagem. Essas diárias se fundamentam no tipo de acomodação ou UH (quarto, apartamento etc.), como explicado no quadro a seguir. Quarto descrição Quarto sem banheiro privativo Apartamento Quarto com banheiro privativo Apartamento para deficientes Quarto com banheiro privativo, tipo de uh portas mais largas e barras de Atenção Um Meio de Hospedagem pode ter um ou mais tipos de UH’s. apoio, rampas de acesso e móveis adaptados Suite Sala, quarto e banheiro Apartamento conjugado Dois quartos interligados e um único banheiro Apartamentos comunicantes Dois apartamentos interligados por uma porta que pode ser fechada, permitindo sua venda individual Chalés Mesma configuração de apartamentos ou suites, mas situados em áreas externas FAESP SENAR-AR/SP Meios de Hospedagem no Espaço Rural 21 www.fazendapirahy.com.br, 2006 UH da Fazenda Pirahy, Itu (SP) Tendo por base o tipo de UH, as diárias são definidas a partir de: Características das U’Hs que são • número de camas; • tipo (regime) de alimentação; consideradas para a • faixa etária dos hóspedes; definição de diárias • tempo de permanência. Vejamos os quadros a seguir. Tipo de Diária Single 1 hóspede Double 2 hóspedes em cama de casal Twin 2 hóspedes em camas de solteiro Triplo 3 hóspedes Quádruplo 4 hóspedes Coletivo Mais de 4 hóspedes Tipo de Diária Atenção Você pode redefinir essas faixas etárias conforme for melhor para o seu empreendimento! 22 Número de Camas (leitos) Faixa Etária dos Hóspedes Completa (100% do valor) Acima de 12 anos Meia (50% do valor) De 2 anos a 12 anos incompletos “Free” (0% do valor) Menos de 2 anos Outras Grupos específicos (casais com filhos até 6 anos, pessoas acima de 60 anos etc.) Turismo Rural: Meios de Hospedagem FAESP SENAR-AR/SP Tempo de permanência e regime de alimentação Tipo de Diária “Day use” ou “day camp” (dia no campo) Ocupação da UH por um período de até 12h, geralmente no período das 8 às 20h, sem hospedagem Pernoite Ocupação da UH por um período de 24h, sem nenhuma refeição incluída na diária Pernoite com café da manhã Ocupação da UH por um período de 24h com o café-da-manhã incluído na diária Pernoite com meia pensão Ocupação da UH por um período de 24h com o café-da-manhã e mais uma refeição (almoço ou jantar) incluídos na diária Pernoite com pensão completa Ocupação da UH por um período de 24h com o café-da-manhã, almoço e jantar incluídos na diária Pacotes de hospedagem Ocupação da UH por um período de vários dias incluindo refeições e outras atividades (passeio de barco, baile de carnaval, traslados etc.); diária aplicada principalmente por hotéis de lazer Seguindo os conceitos trabalhados neste item, vamos definir, mesmo que seja de forma preliminar, os tipos de UH do nosso Meio de Hospedagem e as diárias que nele podemos praticar: Tipos de UH Tipos de Diárias FAESP SENAR-AR/SP Meios de Hospedagem no Espaço Rural 23 Tipos de Reserva Os tipos de reserva mais conhecidos são: reservas individuais e reservas de grupo. As reservas individuais podem ser feitas diretamente pelos clientes, empresas ou agências de turismo. Quando feitas pelos clientes ou por empresas, solicitamos depósito conforme a política do meio de hospedagem; em ambos casos devemos esclarecer a forma de pagamento e a garantia de “no show”. “No show”: falta de comparecimento do cliente sem aviso prévio. Quando feitas por agências de turismo, em geral após a solitação da reserva, devemos solicitar um documento que a garanta, ou seja, o “voucher”. As reservas de grupo, por envolverem volume maior de UH’s e de outros serviços, devem ser bem documentadas. É fundamental que seja documentado tudo o que for acertado entre o setor de reservas e a empresa ou agência que a solicitou. Devemos abrir uma pasta e guardar toda a documentação para o controle dessas reservas. Aviso de Reserva É um impresso utilizado para preencher todos os dados e informações sobre o hóspede, sendo utilizado no momento em que a reserva é solicitada por telefone, fax, internet ou pessoalmente. Deve ter uma seqüência lógica que facilite ao atendente obter: • todas as informações necessárias para o perfeito atendimento ao hóspede; • dados que facilitem a busca de informações sobre a idoneidade do cliente. Logotipo e nome do Empreendimento Nome: Check-in: Check-out: Nº Adultos: Nº crianças: Tel.: E-mail: Tipo de pensão: Endereço: Cidade: Fax: Estado: Tipo de Acomodação: Forma de pagamento: Solicitações especiais: Responsável pela reserva: 24 Data: Turismo Rural: Meios de Hospedagem FAESP SENAR-AR/SP Mapa de Ocupação Também chamado de plano de reservas, é utilizado para o lançamento de todas as reservas solicitadas com antecedência; é o impresso que permite a visualização da ocupação do hotel. Vejamos o exemplo a seguir. Hotel: Mês/Ano: Nº / Tipo UH Data: 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 01 DBL 02 STE 03 TWN 04 TWN 05 TWN 06 STE 07 DBL 08 DBL 09 DBL 10 TWN Total de UH´s Vendidas Registro do Hóspede (“check-in”) O registro do hóspede é feito com o preenchimento de uma ficha. O Embratur e a ABIH indicam um modelo de ficha, a FNRH – FICHA NACIONAL DE REGISTRO DE HÓSPEDES (FNRH), que podemos adaptar de forma mais simples, conforme nossas necessidades. Segue um exemplo: FAESP SENAR-AR/SP Meios de Hospedagem no Espaço Rural 1. EMBRATUR: Instituto Brasileiro de Tursimo, órgão ligado ao Ministério do Turismo. 2. ABIH: Assossiação Brasileira da Indústria de Hotéis. 25 Cadastro do Hóspede (frente) Nome: Endereço: Município: Estado: Telefone: E-mail: Ocupação: RG: Data de Nascimento: Acompanhantes: Data: Assinatura: Cadastro do Hóspede (verso) Obs: No verso dessa ficha podemos fazer anotações sobre as preferências dos hóspedes quanto à localização da UH, travesseiros altos ou baixos, solicitações especiais, entre outras informações que podem auxiliar na superação das expectativas do cliente. 26 Turismo Rural: Meios de Hospedagem FAESP SENAR-AR/SP Fatura É um dos impressos mais importantes da recepção, pois é onde o recepcionista registra todas as despesas do hóspede durante sua estada. Assim como os outros impressos, também podemos elaborar a fatura de acordo com as necessidades de nosso empreendimento. Vejamos o modelo a seguir, que é de um hotel. Fatura Ciiente Nome: Endereço: Cidade: Telefone: Modelo Data: Número de hóspedes: Quartos ocupados: Tarifa: Seção Dia____ Dia____ Dia____ Dia____ de Fatura Dia____ Dia____ Dia____ Totais Hospedagem Telefonia Frigobar Restaurante Lavanderia Garagem Cofre Outros Totais Subtotal Detalhes do pagamento Dinheiro Cheque Cartão de Crédito Nome Imposto TOTAL Observações: Obrigado por nos escolher! Controle de Ocupação Hoteleira É a operação mediante a qual controlamos o movimento mensal dos hóspedes no Meio de Hospedagem. Registramos diariamente o número de entradas, de saídas, de hospedados e de UH’s ocupadas no chamado Boletim de Ocupação Hoteleira (BOH). Assim como a FNRH, existe um modelo indicado pelo Embratur e pela ABIH, mas podemos adaptá-lo de forma mais simples, conforme nossas necessidades. Vejamos o modelo a seguir. FAESP SENAR-AR/SP Meios de Hospedagem no Espaço Rural 27 PREVISÃO DE OCUPAÇÃO (Próximos ____ dias) DATA ENTRADAS Período ____/____/____ a ____/____/____ SAÍDAS HOSPEDADOS Nº DE UH’S OCUPADAS _______/_______/_______ “Livro de Ocorrências” Um outro controle simples que dá bons resultados é o livro de ocorrências (“log book”). Nele são registradas as comunicações entre os recepcionistas de diferentes turnos. Assim toda informação é passada para o recepcionista que assume o turno, evitando-se atropelos e contratempos. Equipamentos Os equipamentos necessários para o Setor de Reservas e Recepção são os seguintes: • Computadores conectados à Internet; • Telefones (e fax); • Sistema hoteleiro: se não for possível a aquisição de programas específicos, pode-se elaborar um sistema informatizado para um pequeno Meio de Hospedagem rural ou fazer os controles manualmente. 28 Turismo Rural: Meios de Hospedagem FAESP SENAR-AR/SP GOVERNANÇA O setor de Governança é responsável pela limpeza e arrumação das unidades habitacionais (UH) e de todas as áreas do Meio de Hospedagem, bem como da lavanderia/rouparia. Em estabelecimentos de pequeno a médio porte, os setores de manutenção e jardinagem podem estar, também, nesta área. Para o bom funcionamento desse setor e participação no atendimento aos clientes, a equipe - governanta, camareira(s), copeira(s), jardineiro(s) e/ou encarregado de serviços gerais - deve trabalhar de forma integrada e hamônica. Governanta Previsão de ocupação Dimensionamento e controle do enxoval Delegação a tarefas Escolha de produtos e utensílios Camareiras / Jardineiro / Lavadeiras e Faxineiras Serviços Gerais Passadeiras Limpeza e Manutenção Lavar e Passar arrumação e reparos nas todo enxoval das UH’s UH’s Lavar e Pas- Limpeza e Manutenção sar roupas de arrumação e reparos nas hóspede das demais demais áreas áreas Manutenção e reparos das áreas jardinadas FAESP SENAR-AR/SP Meios de Hospedagem no Espaço Rural 29 Cargos e Tarefas Governanta Enxoval: o enxoval, na hotelaria, se refere aos lençóis, toalhas, roupões entre outras peças de cama e banho que ficam à disposição do hóspede na UH. A principal tarefa da Governanta é assessorar a Gerência no equacionamento do enxoval. Para dimensionar o enxoval, vamos lembrar que os tecidos duram muito mais quando bem cuidados, isto é, quando lavados com produtos adequados e deixados para descanso 24h, tempo que as fibras do tecido necessitam para se refazerem. Em Meios de Hospedagem de grande porte (hotéis de negócios e/ou de lazer) é recomendado comprar 4 (quatro) peças de cada item do enxoval, pois uma deve ficar uma na cama, uma no carrinho, uma na lavanderia e a última descansando para a recuperação. Para os Meios de Hospedagem rural, com ocupação principalmente nos finais de semana e feriados, além de alguns períodos de férias, sugerimos também a compra de 4 (quatro) peças de cada item do enxoval, sendo: uma peça na cama, uma na lavandeira, uma no estoque e uma para descanso e atendimentos emergenciais. Exemplo de enxoval em um Meio de Hospedagem rural, com 10 UH’s double (20 leitos): • 80 unidades (ou peças) de lençóis de cima; • 80 unidades (ou peças) de lençóis de baixo; • 160 fronhas, pois são 2 travesseiros para cada cama; • TOTAL: 160 unidades (ou peças) de lençóis + 160 fronhas. A duração das roupas (enxoval) está relacionada à: Qual a duração das roupas do Meio de Hospedagem? • Qualidade das roupas: é importante escolhermos tecido de qualidade para todo o enxoval, pois é um investimento considerável, e não podemos estar a todo o momento realizando trocas e substituições; • Rotatividade: se não possuirmos um estoque compatível de roupas com o fluxo de hóspedes, sua rotatividade será muito grande. Em função disso, o tecido se deteriorará mais rapidamente. • Forma de manuseio: em relação aos equipamentos e produtos de limpeza, devemos ter alguns cuidados especiais, pois não adianta termos excelentes produtos de limpeza e equipamentos sofisticados se quem os manusear não souber extrair o máximo da capacidade e potência dos mesmos. 30 Turismo Rural: Meios de Hospedagem FAESP SENAR-AR/SP Recomendamos a utilização de lençóis, fronhas e toalhas na cor branca em função de: • evitar que o tecido tenha aparência de desbotado; • identificar o aspecto de limpeza; • facilitar a composição das peças (decoração); Por que os lençóis, fronhas e toalhas de banho em hotéis são geralmente brancos? • viabilizar a reposição de peças. O enxoval de uma UH padrão (apartamento duplo) pronta para ocupação é o seguinte: Para o banheiro Para cada cama 1 lençol de baixo (lençol inferior) 2 toalhas de rosto 1 lençol de cima ou virol (lençol 2 toalhas de banho superior) 2 fronhas 1 piso 2 sabonetes pequenos ou 1 2 travesseiros (por pessoa) padrão 2 cobertores ou edredons (sendo 1 Outras amenidades, dependendo extra) Alerta do tipo de Meio de Hospedagem 1 colcha ou cobre leito 1 protetor de colchão Não devemos utilizar lençóis com elástico, pois não são recomendáveis para este tipo de atividade em função de sua manutenção. 1 travesseiro extra vestido com fronha A governanta é quem responde pelos serviços utilizados pelos hóspedes antes, durante e após sua estada e pela organização de toda a área de limpeza e conservação do meio de hospedagem. São suas tarefas: • realizar os cálculos de funcionários por turno de trabalho; • controlar o estoque de enxoval e produtos de limpeza; • realizar o treinamento dos colaboradores; • definir o padrão de qualidade dos serviços de arrumação e limpeza; • orientar e checar todos os serviços de limpeza e arrumação das UH´s, das áreas sociais e dos serviços, criando rotinas e distribuindo as tarefas de forma adequada; • zelar pela boa aparência dos funcionários; • escolher os utensílios e produtos corretos para cada serviço; FAESP SENAR-AR/SP Meios de Hospedagem no Espaço Rural 31 • auxiliar os hóspedes, principalmente em situações especiais (morte, briga, roubo, vazamento, arma de fogo, entre outros); • solicitar serviços de reparo e zelar pelo conforto de todos os envolvidos no processo de hospedagem, dos hóspedes (clientes externos) aos funcionários (clientes internos). Para poder definir o número de funcionários (camareiras) necessários por turno é importante levar em consideração alguns aspectos: Dica O número de funcionários (colaboradores) de um meio de hospedagem varia conforme seu tamanho e suas características. • previsão de ocupação; • profissionais treinados e capacitados; • características físicas do Meio de Hospedagem; • nível de padrão de qualidade. Camareira ou Arrumadeira É o profissional responsável pela limpeza, higienização e arrumação das unidades habitacionais e áreas sociais, inspeção de “check-out”, reposição e controle de material utilizado para o serviço, atendimento de pedidos e reclamações. Lavadeira/Passadeira É o profissional que responde pela lavanderia garantindo o fornecimento de enxovais e roupas limpas a todos os setores e seus colaboradores. Em algumas pousadas de pequeno porte os serviços de lavanderia são terceirizados, isto é, a roupa é lavada em uma lavanderia fora do estabelecimento de hospedagem. Nesse caso devemos fazer o controle de saída e entrada da roupa, bem como da qualidade da lavagem desta. A lavanderia é o subsetor da Governança que deve ser visto com muita atenção e cuidado. A partir de cálculos de ocupação real e prevista, podemos avaliar se compensa implantarmos uma lavanderia ou se optamos por lavar a roupa fora do empreendimento. Encarregado de Serviços Gerais/Jardineiro Realiza a manutenção preventiva e corretiva, planejada adequadamente, 32 Turismo Rural: Meios de Hospedagem FAESP SENAR-AR/SP evitando transtornos para os hóspedes e aumento de despesas ao proprietário. Nesse sentido troca lâmpadas e conserta goteiras e vazamentos, curtos elétricos, dentre outros serviços. Mantém a paisagem externa limpa e ordenada cuidando para que o jardim, o sistema de iluminação externo, e a sinalização estejam sempre bem www.fazendasaofrancisco.com.br, 2006 conservados e ordenados, além de outras áreas como baias, oficinas etc. Jardins da Fazenda São Francisco, São José do Barreiro (SP) Serviços e Controles Existem formulários que servem para solicitação ou lembrete de serviços, usados quando um hóspede faz tal pedido na reserva. É importante que tudo esteja preparado antes da chegada do hóspede, para que ele se sinta bem acolhido. Solicitação de Serviços Data da Solicitação FAESP SENAR-AR/SP Descrição da Solicitação Providenciar para (Data) Meios de Hospedagem no Espaço Rural Solicitado por Serviço Executado em: (Data) 33 Os serviços e controles são ainda importantes para analisarmos a periodicidade em que as tarefas devem ser executadas de forma planejada e ordenada. Exemplo de tempos e tarefas a serem executadas: • Diárias: limpeza e arrumação diária das unidades habitacionais, bem como requisições de itens necessários. • Semanais: requisição de materiais de limpeza e faxina pesada nas unidades habitacionais desocupadas. • Mensais: contagem de enxovais e utilidades existentes na rouparia de andar. • Trimestrais: vira de colchão. • Semestrais: limpeza e lavagem de cortinas e carpetes. Dica O Carrinho da Camareira deverá ser adequado ao Meio de Hospedagem, ao número de UH´s do mesmo e ao estilo e características da sua construção. www.hospmoveis.com.br, 2006 • Anuais: inventários gerais. Carrinho de camareira Outros controles importantes são descritos a seguir: • Controle de Ocupação de Apartamentos (Folha de Serviço da Camareira): Com esse controle podemos saber quais UH’s estão sendo ocupadas e quais estão limpas para podermos otimizar as vendas, caso haja necessidade. Outro dado importante refere-se à segurança. Assim como os demais controles, devemos elaborar um que seja específico para o nosso empreendimento. Vejamos o exemplo a seguir. 34 Turismo Rural: Meios de Hospedagem FAESP SENAR-AR/SP FAESP SENAR-AR/SP Meios de Hospedagem no Espaço Rural 35 Nº Apto Camareira Nº Pessoas Entrada Saída Ocupado Vago Interditado Dormiu Fora Limpo OK Sem Folha de Serviço da Camareira Bagagem Pouca Regular Muita Observaçõs Data • Controle de Requisição de Materiais por Semana: possibilita maior controle dos materiais que estão sendo utilizados pelas camareiras, ao mesmo tempo em que evita desperdícios. Indica quais materiais deverão ser comprados e suas quantidades, auxiliando na minimização de custos. Itens Materiais de Limpeza Unidade Álcool Litro Detergente Frasco Escova para piso Esponja dupla face 2ª Semana 3ª Semana 4ª Semana Total Unidade Unidade Inseticida Frasco Lâmpadas Unidade Limpa metais Litro Lustra móveis Unidade Luvas Frasco Óleo Singer Frasco Papel higiênico Unidade Saco de lixo (60 l) Saco de lixo (100 l) 1ª Semana Unidade Unidade Sapólio Unidade Vassoura Unidade Rodo Unidade Pá de lixo Unidade Pano de chão Unidade Pano de limpeza Unidade Flanela Unidade Amenidades Mini sabonete Unidade Fósforo Unidade Lenço Unidade Shampoo Unidade Condicionador Unidade Outros 36 Turismo Rural: Meios de Hospedagem FAESP SENAR-AR/SP • Controle e Inspeção de Apartamento e Banheiro: a camareira realiza o controle com o auxílio de um “check list”, como o exemplo abaixo. “Check list”: lista de verificações de tarefas, ações, produtos e serviços. Check list - Inspeção de Apartamento e Banheiro Camareira: Apto R RR Data: Manutenção Apto: Banheiro Porta Porta Teto Teto Parede Parede Armário Janela Cama Vaso Sanitário Arandelas Bidê Ar condic. Ralos Quadros Recipientes de lixo Cortinas Box com cortinas Janelas Banheira Banquetas Suporte: papel higiênico Recipientes de lixo Espelho Rodapés Pia Piso de chão Piso Tapetes Rodapé Suprimentos do apto Suprimentos do banheiro OBS: OBS: R = ITENS COM NECESSIDADES DE RETOQUE FAESP SENAR-AR/SP RR= RETOQUE REALIZADO Meios de Hospedagem no Espaço Rural 37 • Vira de Colchão Para aumentar a durabilidade dos colchões e para que estes não fiquem com marcas devido ao peso constante, faça a virada do colchão a cada três meses, conforme a ilustração a seguir. JAN JUL ABR OUT Face 1 do Colchão Face 2 do Colchão É comum, também, a prática da aspiração para limpar os colchões, com www.anrbody33.com aspirador de pó normal ou específico para esse fim. Modelo aspirador de pó 38 Turismo Rural: Meios de Hospedagem FAESP SENAR-AR/SP FAESP SENAR-AR/SP Meios de Hospedagem no Espaço Rural 39 Flanelas Panos para Copos Pano de limpeza Toalha de piso Toalha de rosto Toalha de piscina Toalha de banho Protetor de travesseiro Travesseiro infantil Travesseiro Fronha infantil Fronha Colcha/cobre leito infantil Colcha/cobre leito solteiro Colcha/cobre leito casal Colcha de piquet Infantil Colcha de piquet solteiro Colcha de piquet casal Cobertor infantil Cobertor solteiro Cobertor casal Lençol infantil Lençol solteiro Lençol casal Discriminação dos Itens Logotipo / Nome Estoque Inicial Estoque Rouparia Subtotal Perdas DATA: ____/___/___ Apto. Lavanderia Inventário Inventário do Enxoval Estoque Anual Almoxarifado Qtde. Ideal PREVISÃO DE COMPRAS: A Comprar Dimensionamento de móveis, equipamentos, utensílios e enxoval Móveis e Equipamentos Conforme, o público, o tipo de meio de hospedagem, os tipos de UH´s, o número de camas e os tipos de diárias, definiremos os móveis e equipamentos a serem adquiridos. Nem tudo precisa ser comprado. Podemos aproveitar móveis antigos ou usados para decorar e valorizar o ambiente. Isto diminui o nosso investimento inicial. Lista de Móveis e Equipamentos de UH - Sugestão Cama de casal Poltrona Cama de solteiro Cinzeiro (apartamento para fumantes) Sofá cama Cesto para lixo Berço Assento para vaso sanitário Penteadeira com banco ou cadeira especial Prateleira sobre a pia, abaixo do espelho ou bancada ao Guarda-roupa ou armário embutido redor da pia Criado-mudo Chuveiro com box ou cortina Mesa com cadeiras ou bancadas Porta sabonetes Maleiro Suporte ou prateleira para artigos de banho Telefone ou intercomunicador interno Porta toalhas Sistema de refrigeração e calefação (ar condicionado, ven- Porta papel higiênico tilador, lareira) Tomada com indicação de voltagem www.fazendaalvorada.com.br Abajour ou iluminação para criado-mudo e escrivaninha Camas de solteiro em uma suíte no Hotel Alvorada, Cunha (SP) 40 Turismo Rural: Meios de Hospedagem FAESP SENAR-AR/SP Dimensionamento e Investimentos em Móveis e Equipamentos Descrição Quantidade Valor Unitário Valor Total Valor FAESP SENAR-AR/SP Planejamento Físico do Meio de Hospedagem 41 Utensílios e Enxoval Para dimensionar o enxoval, devemos, também, levar em conta as características de cada empreendimento em particular. A lista que segue é uma sugestão, ou lembrete, pois devemos adaptá-la às necessidades do nosso Meio de Hospedagem. Lista de Utensílios e Enxoval de UH - Sugestão Lençol casal Colcha/ cobre leito infantil Pano para copos Lençol solteiro Fronha Flanela Lençol infantil Fronha infantil Armário Cobertor casal Travesseiro Prateleira Cobertor solteiro Travesseiro infantil Balde Cobertor infantil Protetor de travesseiro Carrinho da camareira Colcha de piquet casal Toalha de banho Rodo Colcha de piquet solteiro Toalha de piscina Vassouras Colcha de piquet Infantil Toalha de rosto Escovão Colcha/cobre leito casal Toalha de piso Escova de limpeza Colcha/cobre leito solteiro Pano de limpeza Aspirador (geral) Dimensionamento e Investimentos em Utensílios e Enxoval Descrição Quantidade Valor Unitário Valor Total Valor 42 Turismo Rural: Meios de Hospedagem FAESP SENAR-AR/SP Definição dos Colaboradores do Meio de Hospedagem Quantidade Colaboradores Cargo ou Função Valor REVISÃO • Significado da Hospitalidade • Hospitalidade e Turismo Rural • Tipos de Meios de Hospedagem • Organização e Funcionamento • Reservas e Recepção • Governança • Dimensionamento de Móveis, Equipamentos, Utensílios e Enxoval Até agora conhecemos os tipos de Meio de Hospedagem que podemos implantar em uma propriedade rural, como é seu funcionamento e a operacionalização dos setores de hospedagem. No Capítulo 2 vamos realizar o planejamento físico do empreendimento, aproveitando as estruturas existentes ou construindo novas estruturas. FAESP SENAR-AR/SP Meios de Hospedagem no Espaço Rural 43 Planejamento Físico do meio de hospedagem Neste Capítulo você vai: • compreender a importância do Patrimônio Arquitetônico no Turismo Rural e os cuidados para a valorização das estruturas; • aplicar os conceitos de planejamento físico no dimensionamento das áreas na propriedade. 44 Turismo Rural: Meios de Hospedagem FAESP SENAR-AR/SP PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO Importância Como foi visto no Módulo 4 - Ponto de Venda de Produtos, receber e hospedar pessoas no espaço rural é uma atividade que possui características, onde o tempo, os objetos, a paisagem e o patrimônio arquitetôncio representam um grande valor. Dica Hospedar-se em um Meio de Hospedagem rural torna-se, para muitos, um momento único e especial onde o estilo da construção e os materiais utilizados são o cenário e onde acontece a experiência turística. Releia o Capítulo 2 da Cartilha do Aluno do Módulo 4 - Ponto de Venda de Produtos A boa apresentação, conservação e manutenção das edificações são fundamentais para que o cenário do acolhimento no momento da hospedagem seja perfeito. Isto não quer dizer que adaptações físicas não possam ser feitas, principalmente em antigas propriedades que possuem uma história rica. As edificações no espaço rural apresentam a história do que se passou em outras épocas, registrado em suas paredes e objetos. Visitar propriedades antigas é reencontrar, impecavelmente conservado, um período de nossa história. É poder usufruir seu acervo e sua natureza, com uma estrutura de hospedagem cuja decoração normalmente proporciona descontração, des- www.fazendapinhal.com.br canso e vivência cultural extraordinária. Fazenda Pinhal Com essa preocupação, podemos identificar e reconhecer o estilo arquitetônico e histórico dos prédios da nossa propriedade, descrevendo as características das suas construções, num quadro a seguir, como o modelo a seguir. FAESP SENAR-AR/SP Planejamento Físico do Meio de Hospedagem 45 www.fazenfavilarica.com.br, 2006 Sede da Fazenda Vila Rica, Itatiba (SP) Construções Século Cultura Estilo Cuidados e Valorização das Estruturas Físicas e Recursos Existentes Agora que já conseguimos identificar qual o estilo das construções da nossa propriedade e que cada época teve o seu charme, vamos descobrir o que precisa ser consertado e substituído para podermos trabalhar com o Turismo Rural. Em relação ao Meio de Hospedagem no qual os hóspedes estarão acomodados, a substituição de peças das construções deve ser feita com muito rigor, investigando-se primeiro o que se usava originalmente, nas épocas em que foram feitas. Por exemplo, para trocar folhas de janelas devemos saber como eram as originais. Como já vimos no Módulo 4, antes de começar a arrumar e consertar as 46 Turismo Rural: Meios de Hospedagem FAESP SENAR-AR/SP estruturas físicas temos que fazer uma vistoria cuidadosa observando sempre a partir do telhado para as fundações e alicerces. Dica Cuidados para as Novas Construções e Áreas de Expansão Quando for necessária uma nova construção, é importante que analise- 1. Aproveite as construções antigas. 2. Mantenha as características originais. 3. Crie o histórico da construção e da restauração. mos alguns aspectos para valorizar ainda mais o patrimônio, como já vimos no Módulo 4, tais como: Atenção • O projeto arquitetônico, principalmente a fachada, deve estar em harmonia com a paisagem local, considerando o relevo, a vegetação e as principais características da região. • Soluções devem ser criadas para atender o aumento de demanda de Releia os detalhes desta vistoria na Cartilha 4 para não esquecer de algum item. energia que certamente virá e estudadas soluções alternativas como: placa de captação de luz solar (painel solar), cata-vento, geradores à gasolina ou diesel etc. • O tratamento de água residual e de esgoto não deve poluir os rios e o lençol freático; existem formas eficientes e baratas de tratamento como o biodigestor. • O impacto sobre o meio ambiente deve ser minimizado, evitandose áreas de terraplanagem de grande porte e sapatas de grandes profundidades. • A construção deve estar situada de modo a evitar o corte de árvores e a retirada de pedras; não deve estar próxima a lugares com barulho. Sapata: um tipo de fundação para construções mais pesadas que são instaladas em terrenos mais fracos. • A iluminação natural deve ser privilegiada; é aconselhável que as varandas e janelas sejam direcionadas, sempre que possível, para as faces Norte, Nordeste e Noroeste. • As unidades habitacionais, sempre que possível, devem estar com uma distância razoável umas das outras, evitando assim interferência de som; se isso não for possível, devemos utilizar materiais que isolem o som, como paredes duplas recheadas com lã de vidro ou soluções similares. • A ventilação deve ser a mais natural possível; a ventilação cruzada (aberturas na frente e atrás das instalações) muitas vezes resolve esse problema adequadamente. FAESP SENAR-AR/SP Planejamento Físico do Meio de Hospedagem 47 Foto de Graziela Castilho Sabino, 2004 Capela da Pousada Vizinha da Lua, Piquete (SP) PLANEJAMENTO E DIMENSIONAMENTO DAS ÁREAS Já vimos os cuidados que temos que ter em relação às estruturas existentes e áreas de expansão, agora vamos analisar como dimensionar e conciliar os espaços na propriedade. Planejamento Físico da Propriedade Dica O planejamento físico da propriedade deve estar de acordo com as necessidades e desejos de toda a família do empreendedor. Para trabalharmos com o Turismo Rural, é importante termos uma visão completa de: • todos os atrativos, recursos e edificações existentes e propostas; • o que já existe e onde estão localizados dentro da propriedade; • o que será necessário ou precisa ser criado ou transformado. Essa visão completa deve ser registrada em um mapa de estudo de implantação, onde devemos colocar todos os recursos naturais (lagos, matas, plantações, montanhas, rios etc.) e as edificações (casa sede, curral, casas de colonos, paiol etc.). Para tanto, precisamos retomar o croqui da propriedade que fizemos no Módulo 1 (Exemplo 1) e aperfeiçoá-lo em um novo croqui (Exemplo 2). 48 Turismo Rural: Meios de Hospedagem FAESP SENAR-AR/SP Exemplo 1 9 7 8 6 5 2 3 4 1 1. Porteira 4. Pasto 7. Plantação 2. Paiol 5. Casa Sede 8. Rio 3. Estábulo 6. Casa de Colonos 9. Mata Nativa Nesta fase é importante que tenhamos definido quais espaços são de uso das atividades rurais (atividades relacionadas à plantação, aos animais etc.) e quais serão destinados ao uso dos turistas e hóspedes. Com isso podemos, por meio de um desenho ou esquema, mostrar em círculos onde cada uma dessas áreas está localizada. É importante observar o fluxo de atividades, os caminhos, as dificuldades e os acessos de ligação entre cada atrativo ou mesmo entre cada edificação. A visão e qualidade da paisagem nos caminhos devem ser as mais agradáveis possíveis, assim como a distância entre cada edificação. FAESP SENAR-AR/SP Planejamento Físico do Meio de Hospedagem 49 Exemplo 2 9 7 8 6 5 2 4 3 1 1. Porteira 4. Pasto 7. Plantação 2. Paiol 5. Casa Sede 8. Rio 3. Estábulo 6. Casa de Colonos 9. Mata Nativa Reforma e Adaptação das Edificações Quando optamos por utilizar as edificações existentes para o turismo rural, as pesquisas referentes ao estilo e à história das edificações é o ponto de partida, como já observamos. Nem sempre essa adaptação é fácil e, por vezes, irá requerer uma boa organização de atendimento e funcionamento. É interessante utilizarmos as edificações já existentes na propriedade, com o que minimizamos os custos de novas construções e aproveitamos o que já está pronto. Algumas edificações podem ser adaptadas para outras funções no turismo rural e com isso a descaracterização e gastos com construções novas podem ser menores. As casas de colonos, estábulos e outras edificações podem ser adaptadas perfeitamente a novos usos sem terem seus aspectos totalmente perdidos. É esse o momento ideal para confirmarmos os segmentos 50 Turismo Rural: Meios de Hospedagem FAESP SENAR-AR/SP de demanda dos hóspedes ou turistas do nosso empreendimento e, no caso da hospedagem, a definição de que tipos de quartos serão necessários. Definição do Uso das Edificações O primeiro item importante na escolha das edificações e suas futuras funções é o que se refere ao fluxo de atividades e segurança, como já vimos no Módulo 4. Não podemos aproveitar as casas dos colonos para o uso de hospedagem sem considerar o trajeto que os hóspedes farão para chegarem à propriedade, a sua circulação interna, os acessos que utilizarão na partida, os espaços abertos e sua segurança. No caso da utilização da casa sede como meio de hospedagem, esta de- Dica Devemos evitar caminhos que facilitem a saída dos hóspedes do Meio de Hospedagem sem que os mesmos passem e sejam vistos pela Recepção. verá contar como adaptações, mas também com limitações para não descaracterizá-la, reforçando que não é necessário a existência de banheiro em todos os quartos. Cuidados para Elaboração da Planta Baixa do Projeto A importância de conhecermos os setores que compõe os Meios de Hospedagem está relacionada à facilidade de identificar o fluxo de informação, o quadro de funcionários, e como planejar as estruturas físicas para melhor atender a essas necessidades. Em Meios de Hospedagem não informatizados, é aconselhável que os setores de Reserva e de Recepção se concentrem em um só, o que auxilia a troca de informações entre ambos. Essa condição não é necessária para os sistemas informatizados ligados em rede, pois o sistema disponibiliza as informações para todos os setores, independentemente de sua localização física. É importante saber que a área do saguão deve ser proporcional à quantidade de UH´s que possuímos, para que no momento em que o hóspede preencha as fichas de “check-in” ou faça “check-out” tenha espaço . Os regulamentos para os Meios de Hospedagem do Embratur e da ABIH sugerem no mínimo, 1m² de área social por UH. Isto significa que se temos 20 apartamentos, devemos ter no mínimo 20m² de área social. Num Meio de Hospedagem rural, este espaço pode contar com uma sala de estar ou um espaço aconchegante; não precisa ter necessariamente divisórias. FAESP SENAR-AR/SP Planejamento Físico do Meio de Hospedagem 51 Áreas de Hospedagem - Unidades Habitacionais O dimensionamento físico deve considerar quais são os tipos de UH’s, e principalmente, o tamanho das camas e outras peculiaridades, que definimos no capítulo anterior. Classificação das UH’S por Número de Camas Tipo Nº de Camas Observação “Double” 2 camas de solteiro (1 x 2m cada) Opção de 1 bicama ou 1 beliche não é muito usual “Twin” 1 cama de casal (1,40 x 2m) Tamanho padrão aproximado Triplo 3 camas de solteiro (1 x 2m cada) Opção de 1 cama de solteiro e 1 bicama ou 1 beliche, conforme o tipo de meio de hospedagem e o espaço disponível Quádruplo 4 camas de solteiro (1 x 2m cada) Opção de 2 camas de solteiro e 2 bicamas ou 2 beliches, conforme o tipo de meio de hospedagem e o espaço disponível Coletivo Depende do número de leitos Várias opções de camas, bicamas e beliches, dependendo do número de leitos e espaço disponível Agora vamos ver a dimensão mínima e máxima para os diferentes padrões de Meios de Hospedagem, considerando as construções novas. Dimensões por Padrão de UH´s Padrão Área Econômico Médio Superior 80 a 85% 70 a 75% 60 a 65% 17m² a 25m² 25m² a 30m² 30m² a 35m² 3m 3,3m 3,6m Comprimento mínimo do quarto (para uma cama de casal ou duas de solteiro) 4,5m 5,0m 5,5m Dimensão mínima do banheiro 3,2m² 4,0m² 4,5m² Terraço privativo – largura mínima 0,8m 1,0m 1,3m Corredor das UH´s – largura mínima 1,2m 1,5m 1,8m Área de hospedagem (UH´s) em m² comparada à área total construída Área total construída da UH (quarto + banheiro) Largura mínima do quarto (da parede da cabeceira à parede oposta) 52 Turismo Rural: Meios de Hospedagem FAESP SENAR-AR/SP Para o dimensionamento físico de um Meio de Hospedagem a ser implantado ou para o redimensionamento físico de um já implantado ou em funcionamento, temos que considerar os seguintes aspectos: • prever, se possível, um hall antecedendo o banheiro e o quarto, proporcionando assim maior privacidade interna; • prever, se possível, banheiros com janelas voltadas para área externa; • distribuir as peças sanitárias privilegiando uma maior privacidade, de forma a dispor na ordem de visualização primeiramente o lavatório de frente à porta, em seguida o vaso sanitário e o box o menos visível possível; • distanciar, o máximo possível, as janelas das unidades habitacionais para proporcionar melhor privacidade acústica e visual; • dimensionar, conforme a necessidade do público, a disposição dos móveis para montagem de cama extra; • planejar a disposição dos móveis do quarto, de maneira a propiciar uma maior privacidade. Exemplo: ao abrirmos a porta, não devemos visualizar imediatamente a cama; • atentar para que as cabeceiras das camas estejam alinhadas com as janelas, pois propiciam admiração da paisagem por quem estiver recostado nelas; • prever espaços de circulação ao redor das camas; • não colocar cama debaixo da janela, com as laterais encostadas em paredes e nem sem nenhuma parede atrás da cabeceira. Com os dados que obtivemos no capítulo anterior e neste, podemos rever e definir a quantidade, o tamanho e os tipos das UH´s do nosso empreendimento: Nº da UH FAESP SENAR-AR/SP Tamanho Planejamento Físico do Meio de Hospedagem Tipo de UH 53 Elementos Naturais Vistas - Paisagens Quando o hóspede procura um Meio de Hospedagem no espaço rural, antes de qualquer coisa ele procura um local que seja bucólico e que não tenha tanto a sensação de cidade e, o mais importante, tenha uma vista bonita. A janela é a grande moldura que o hóspede busca sempre que entra na edificação. Assim, os elementos de visão, iluminação, insolação, ventilação e odores são muito importantes. A determinação de aberturas nas edificações pode e deve ser escolhida levando em consideração os elementos acima mencionados. No entanto, nem sempre é necessário termos montanhas e lagos, mas algo que seja contemplativo aos olhos de quem observa. Se por ventura a vista do horizonte não for muito bela, ao menos podemos ter um belo jardim ou gramado, pois o hóspede se ocupará em observar os detalhes das plantas ou de alguma plantação. Iluminação e Insolação Dica A insolação deve ser observada criteriosamente. Em regiões mais quentes, o excesso de insolação pode transformar a estada do turista em uma experiência desagradável. A boa claridade dos cômodos é o cartão do bem receber as pessoas. O uso da iluminação natural, sempre que possível, além de economia de energia é a luminosidade ideal. Devemos localizar facilmente os pontos de interruptores pelos cômodos e não esquecer de identificar as tomadas com suas voltagens, principalmente nas UH’s. O sol da manhã é o mais higienizador e acolhedor, sendo assim recomenda-se que as janelas das UH’s sejam voltadas em sua direção. Por sua vez, os quartos que ficam voltados para o sol da tarde tendem www.noronha.info/chambre.br Foto de Graziela Castilho Sabino, 2004 a ser mais quentes, o que pode requerer o uso de ventiladores. Corredor ensolarado dos apartamentos da Fazenda Santo Antônio, Sabino (SP) 54 Apartamento com insolação na Pousada do Francês, Fernando de Noronha (PE) Turismo Rural: Meios de Hospedagem FAESP SENAR-AR/SP Ventilação No turismo rural o estudo da ventilação é fundamental pois ambientes arejados são sinal de saúde e alegria; porém ventania demais pode ser um grande problema. Assim a escolha de aberturas de janelas e portas devem prever ambientes com aeração equilibrada. Devemos observar nos meses do ano o sentido que o vento costuma percorrer toda a propriedade. O vento traz, também, aromas que podem ser agradáveis e convidativos a passeios, como no caso de jardins e plantações, mas a brisa de áreas como mangueirão, pasto e outras pode ser problemática. Também o vento costuma trazer, às vezes, poeira, insetos, folhas; portanto, o uso de telas nas janelas www.fazendacapoava.com.br, 2006 pode ser muito útil. Planta baixa - Fazenda Capoava, Itu (SP) Fatores da Decoração A aparência e organização são fundamentais, mesmo que a sua propriedade seja simples, pois demonstram zelo e dedicação. Um bom acolhimento dos hóspedes começa nos detalhes de caminhos cuidados, canteiros de flores e folhagens que agradam aos olhos ao mesmo Dica O exagero na decoração deve ser evitado. A valorização dos ambientes pode ser feita com pequenos detalhes. tempo em que conduzem aos locais corretos. Valorizando os tipos de espécies nativas de sua região, sem dúvida estaremos valorizando a natureza local e descaracterizando minimamente a propriedade. Os móveis e objetos de decoração devem mostrar a forma como a família e a população do local vive, apresentando ao hóspede a identidade do local e das pessoas que nele vivem. FAESP SENAR-AR/SP Planejamento Físico do Meio de Hospedagem 55 www.macacos.com.br Dica A sinalização do empreendimento deverá ser planejada como um conjunto, para toda a propriedade. Sinalização de acesso à Pousada Vista da Montanha, Nova Lima (MG) A sinalização dos acessos e das instalações deve ser feita com materiais que se harmonizem com o lugar, de forma visível mas não chocante. Quanto melhor e mais completa a informação constante nas placas, mais o cliente se sentirá seguro e à vontade, e não invadirá locais indevidos e perigosos. O Meio de Hospedagem é o grande cenário de sensações e experiências novas que o hóspede terá, sentirá e vivenciará. Façamos então desse local, um ambiente acolhedor e receptivo. Assim nosso negócio será um sucesso. REVISÃO • Patrimônio Arquitetônico • Planejamento e Dimensionamento Físico Até aqui, conhecemos mais um pouco sobre hospedagem no espaço rural e seu planejamento físico. No Capítulo 3 vamos elaborar o planejamento econômico-financeiro do nosso Meio de Hospedagem no espaço rural. 56 Turismo Rural: Meios de Hospedagem FAESP SENAR-AR/SP planejamento Econômico-FinanceirO do meio de hospedagem Neste Capítulo você vai: • retomar e aprimorar as análises financeiras dos 9 passos já estudados no Módulo 3; • elaborar o planejamento econômico-financeiro aplicado a um Meio de Hospedagem no espaço rural. FAESP SENAR-AR/SP Planejamento Físico do Meio de Hospedagem 57 PROJETOS E ANÁLISES FINANCEIRAS Vamos, agora, retomar os 9 PASSOS DA RAZÃO, aplicando-os aos nossos empreendimentos rurais. 1. Listar investimentos iniciais. 2. Definir impostos que incidirão. 3. Calcular a depreciação do bem. 4. Estimar a demanda e o faturamento. 5. Calcular custos e preços de venda. 6. Elaborar um balanço. 7. Calcular o tempo de retorno do capital investido. 8. Definir o ponto de equilíbrio. 9. Estimar a margem de contribuição. 1º PASSO: INVESTIMENTOS INICIAIS 1.1 construções e outros DESCRIÇÃO VALORES Construções BENS DEPRECIÁVEIS Reformas Placas de Sinalização Projeto Paisagístico Iluminação Externa (a) Subtotal Abertura de Empresa Impressos em Geral Capital de Giro Outros - Imprevistos (b) Subtotal 58 Turismo Rural: Meios de Hospedagem FAESP SENAR-AR/SP 1. 2 MÓVEIS E EQUIPAMENTOS DESCRIÇÃO QTDE. VALOR UNITÁRIO VALOR TOTAL (c) Subtotal 1. 3 UTENSÍLIOS DESCRIÇÃO QTDE. (a) VALOR UNITÁRIO (d) Subtotal FAESP SENAR-AR/SP VALOR TOTAL Planejamento Econômico-Financeiro do Meio de Hospedagem 59 1. 4 RESUMO DOS INVESTIMENTOS INICIAIS DESCRIÇÂO VALORES Construções e Outros - Transferir subtotal item 1.1 (b) Móveis e Equipamentos - Transferir subtotal item 1.2 (c) Utensílios - Transferir subtotal item 1.3 (d) (e) Total de Investimentos 2º PASSO: MPOSTOS A PAGAR TIPO % Simples - Federal / Estadual ISSQN - Municipal IRPJ e CSLL - Federal PIS - Federal COFINS - Federal ICMS - Estadual Total 60 Turismo Rural: Meios de Hospedagem FAESP SENAR-AR/SP 3º PASSO: DEPRECIAÇÃO DOS INVESTIMENTOS VALOR INVESTIDO ITENS VIDA ÚTIL (ANO) % ANO VALOR DEPRECIADO/MÊS Construções - Transferir subtotal item 1.1 (a) Móveis e Equipamentos - Transferir subtotal item 1.2 (c) Utensílios - Transferir subtotal item 1.3 (d) Total de Investimentos 4º PASSO: ESTIMATIVA DE CLIENTES MESES Nº DE CLIENTES VALOR UNITÁRIO VALOR TOTAL Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Total Média por mês (%) FAESP SENAR-AR/SP (f) Planejamento Econômico-Financeiro do Meio de Hospedagem 61 5º PASSO: CÁLCULO DOS NOSSOS PREÇOS CUSTOS VARIÁVEIS R$ Mão-de-obra Variável Insumos de Alimentação Energia Elétrica Bebidas Materiais de Limpeza Gás/Lenha Materiais Descartáveis Comissões Encargos Financeiros (Cartão, Empréstimos etc.) Outros Impostos/Taxas Outros (Pulsos Telefônicos) Combustível Manutenção Total de Custos Variáveis Mensal Rateio dos Custos Variáveis = Total anterior : (f) (g) Cálculo dos NOSSOS PREÇOS Neste momento (5º Passo) estamos “ prevendo” como será a operação futura da empresa. O que são custos variáveis? Custos e despesas variáveis: são aqueles que só ocorrem quando há venda de produtos e serviços. Por exemplo: mão-de-obra de diaristas (guias, monitores), alimentos, bebida, energia, materias etc. 62 Turismo Rural: Meios de Hospedagem FAESP SENAR-AR/SP 5º PASSO: Cálculo dos NOSSOS PREÇOS CUSTOS FIXOS R$ Mão-de-obra Fixa (com encargos) + Pró-Labore Contador Taxas e Impostos Fixos (ITR, ALVARÁS) Comunicação (assinatura de telefone e Internet) Depreciação dos Imobilizados Propaganda em Guias, Revistas etc. Outros Total de Custos Fixos (h) Rateio dos Custos Fixos = (h) : (f) (i) Total de Custos Unitários = (g) + (i) (j) Impostos __% sobre (j) (k) Lucro esperado __% (Sugestão: 20%) sobre (j) + (k) (l) Preço de Venda = (j) + (k) + (l) ou de mercado (m) Cálculo dos NOSSOS PREÇOS Esse resultado serve para mostrar se teremos condições de competir no mercado da região. O que são custos fixos? Custos e despesas fixas: são aqueles que não variam com as vendas; não importa o quanto estamos vendendo, eles serão sempre iguais. Por exemplo: pró-labore, aluguel, salários mensais, taxas, contribuições etc. FAESP SENAR-AR/SP Planejamento Econômico-Financeiro do Meio de Hospedagem 63 6º PASSO: RESULTADOS - BALANÇOS CONTAS R$ Receita Bruta = (f) x (l) (1) Impostos (PIS, COFINS, ISS, SIMPLES) (2) Receita Líquida = (1) – (2) (3) CUSTOS VARIÁVEIS R$ Mão-de-obra Variável Materiais Descartáveis Insumos de Alimentação Energia Elétrica Bebidas Materiais de Limpeza Gás/Lenha Comissões Encargos Financeiros (cartão, empréstimos etc.) Outros Impostos/Taxas Outros (Pulso Telefônico) Combustível Manutenção Outros (4) Total de Despesas Variáveis CUSTOS FIXOS Mão-de-obra fixa (com encargos) Contador Taxas e Impostos Fixos (ITR, ALVARÁS) Comunicação (assinatura de telefone e internet) Depreciação dos Imobilizados Propaganda em Guias, Revistas etc. Outros Total de Despesas Fixas (5) Resultado Mensal = (3) – (4) – (5) (6) 64 Turismo Rural: Meios de Hospedagem FAESP SENAR-AR/SP Preste atenção no 7º Passo! 7º PASSO: TEMPO DE RETORNO DO CAPITAL INVESTIDO Nada mais é do que o Total Investido (e) : Lucro Mensal (6) Agora, tome a sua decisão! Teremos retorno do capital investido em: Meses ou _____________ Anos 8º PASSO: PONTO DE EQUILÍBRIO - PE Definição: Ponto de Equilíbrio é aquele momento em que o valor das vendas (quantidade x preço unitário) se IGUALAM com os custos de produção somados às despesas fixas, ou seja, é quando conseguimos zerar as nossas contas (Receitas = Despesas). O gráfico abaixo ilustra este momento. Vendas (R$) Ponto de Equilíbrio Qtde x Preço Unitário Lucro Custo Total Prejuízo Tempo FAESP SENAR-AR/SP Planejamento Econômico-Financeiro do Meio de Hospedagem 65 Vamos calcular os valores unitários. Para tanto, é só dividir os Valores Totais pela quantidade de Vendas que foi estimada mensalmente. DESCRIÇÃO R$ Preço de Venda (PV) unitário ...... (m) (I) Custos Variáveis (CV) unitário ..... (g) (II) Lucro Bruto (LB) unitário ....... (I) – (II) (III) Temos que o Custo Fixo Total (i) era de R$ _________ , portanto o Ponto de Equilíbrio é o resultado da divisão do Custo Fixo Total pelo Lucro Bruto Unitário (III). PE Custo Fixo Total (h) Lucro Bruto Unitário (III) PE unidades A partir da quantidade vendida acima é que o empreendimento passará a dar lucro. Pensando de outra forma, podemos afirmar que o PE é a quantidade mínima que DEVemos vender por mes para não termos prejuízo. 9º PASSO: MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO - MC A margem de contribuição (MC) é bastante interessante para descobrirmos qual o produto que está agregando um VALOR maior no empreendimento rural. É expressa em porcentagem (%). Definição: Margem de Contribuição nada mais é do que a diferença entre o Preço de Venda e os Custos Variáveis, que vai contribuir para o pagamento dos Custos Fixos e o Lucro. Quanto maior for a colaboração para o pagamento do custo fixo, maior será a nossa Margem de Contribuição. Podemos ter, então, uma MC para cada produto que vendemos. 66 Turismo Rural: Meios de Hospedagem FAESP SENAR-AR/SP EXEMPLO: Num restaurante rural o que será que está agregando mais valor, Bebidas ou Comidas? Para responder essa pergunta devemos fazer uso da MC. Utilizando a Margem de Contribuição (MC) descobriremos quais são os produtos que merecem maior esforços de venda para aumentar o Lucro. Bebidas Valor da venda de um refrigerante Custos Variáveis Lucro Bruto MC X 100 % X 100 % Comidas Valor da venda de uma refeição Custos Variáveis Lucro Bruto MC Conhecendo a MC desses dois produtos, quais deles devem receber maior concentração de esforços de venda? REVISÃO • Projetos e Análises Financeiras Agora já sabemos como elaborar o planejamento econômico-financeiro do Meio de Hospedagem espaço rural. No próximo Módulo, vamos comprender como instalar um Meio de Alimentação visando o desenvolvimento do Turismo Rural na sua propriedade. FAESP SENAR-AR/SP Planejamento Econômico-Financeiro do Meio de Hospedagem 67 BIBLIOGRAFIA Nestas referências , você vai: • encontrar todas as fontes que foram consultadas para escrever esta Cartilha; • selecionar as obras para você aprofundar seu conhecimento. 68 Turismo Rural: Meios de Hospedagem FAESP SENAR-AR/SP ALMEIDA, Joaquim Anécio; RIEDL, Mário (Orgs.). Turismo rural: ecologia, lazer e desenvolvimento. Bauru: Edusc, 2000. ANDRADE, Nelson; BRITO, Paulo Lucio de; JORGE, Wilson Edson. Hotel: planejamento e projeto. São Paulo: Senac, 2000. ANSARAH, Marilia Gomes dos Reis (org.). Turismo: segmentação de mercado. 4.ed. São Paulo: Futura, 2001. BARRETTO, Margarita. Manual de iniciação ao estudo do turismo. 12 ed. Campinas: Papirus, 2002. CÂNDIDO, Índio. Governança em hotelaria . 2ª ed. Caxias do Sul: Educs. CÂNDICO, Índio; VIEIRA, Eleonora Vieira de. Gestão de hotéis: técnicas, operações e serviços. Caxias do Sul: Educs, 2003. CASTELLI, Geraldo. Administração hoteleira. 9.ed. Caxias do Sul: Educs, 2001. CASTELLI, Geraldo. Hospitalidade: na perspectiva da gastronomia e da hotelaria. São Paulo: Saraiva, 2005. CASTROGOVANNI, Antonio Carlos (org.).Turismo urbano. 2.ed. São Paulo: Contexto, 2001. CATUREGLI, Maria Genny. Dicionário inglês português: turismo, hotelaria e comércio exterior. São Paulo: Aleph, 1998. CHON, Kye-Sung; SPARROWE, Raymonf T. Hospitalidade: conceitos e aplicações. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003. COSTA, Silvia de Souza; AUTRAN, Margarida; VIEIRA, Silvia Marta. Pousada: como montar e administrar. Rio de Janeiro: Senac Nacional, 2002. DAVIES, Carlos Alberto. Cargos em hotelaria. Caxias do Sul: Educs, 1997. DAVIES, Carlos Alberto. Manual de hospedagem: simplificando ações na hotelaria. Caxias do Sul: Educs, 2002. DIAS, Reinaldo; AGUIAR, Marina Rodrigues de. Fundamentos do turismo. Campinas: Alínea, 2002. LINZMAYER, Eduardo. Curso de gestão de pequenos meios de hospedagem. Aprender a empreender para pequenos meios de hospedagem. ABIH/Sebrae: 2005. LINZMAYER, Eduardo. Guia básico para administração da manutenção. São Paulo: Senac, 1994. LINZMAYER, Eduardo. Guia das profissões hoteleiras: governança. São Paulo: Senac/ OIT, 1982. LINZMAYER, Eduardo. Guia das profissões hoteleiras: recepção. São Paulo: Senac/OIT: 1982. PEARCE, Douglas G. Geografia do turismo: fluxos e regiões no mercado e viagens. São Paulo: Aleph, 2003. PERETTO, Maria. Proposta de classificação e normas de hospedagem em turismo rural brasileiro. In: OLIVEIRA, C. G. de; MOURA, J. C.; SGAI, M. (eds.). FAESP SENAR-AR/SP Bibliografia 69 Turismo, novo caminho do espaço rural brasileiro. Piracicaba, 2000. PETROCCHI, Mario. Hotelaria: planejamento e gestão. São Paulo: Futura, 2002. PORTUGUEZ, Anderson Pereira. Agroturismo e desenvolvimento regional. São Paulo: Hucitec, 1999. PRAXEDES, Walter. Reflexões sociológicas sobre a hospitalidade. Revista Espaço Acadêmico, n. 37, jun. 2004. REJOWSKI, Mirian; COSTA, Kramer Costa (orgs.). Turismo contemporâneo: desenvolvimento, estratégia e gestão. São Paulo: Atlas, 2003. RUSCHMANN, Doris van de Meene. Turismo e planejamento sustentável: a proteção do meio ambiente. Campinas: Papirus, 1997. VALLEN, Gary e Jerome. Check-in, check-out: gestão de serviços em hotelaria. Porto Alegre: Bookman, 2003. Yázigi, Eduardo. A pequena hotelaria e o entorno municipal: guia de montagem e administração. São Paulo: Contexto, 2003. www.embratur.gov.br - EMBRATUR. Novo sistema de classificação de empreendimentos turísticos. Brasília:1996 www.abih.com.br www.angelfire.com/wy/wyrd/paghistory.html www.unav.es/hAntigua/textos/docencia/epigrafia/juridica/tessera3.html 70 Turismo Rural: Meios de Hospedagem FAESP SENAR-AR/SP Sinta coragem e avance! O desconhecido sempre nos traz medo e insegurança, mas temos que olhar o novo como uma oportunidade de medir nossa capacidade de vencer obstáculos, criar e inovar. Há pessoas que ficam paralisadas, estagnadas frente a uma situação nova. E são justamente estas situações em que é preciso AGIR! De suma importância perguntar, questionar, pensar e se comprometer para atingir o sucesso em tudo que fazemos. Nessa época de mudanças, é preciso que nos envolvamos em nossos causas. Que participemos mais. Que ousemos mais. Que sejamos mais guerreiros, no melhor sentido da palavra. É um engano acreditar que funcionários pacíficos e acomodados correm menos riscos. Corre risco quem não se envolve, quem não participa, quem não opina, quem quer permanecer sempre distante da luta pela conquista do crescimento e do sucesso. Num mundo agitado como o nosso, é preciso que todas as pessoas encontrem tempo para ler, estudar, aprender e, conseqüentemente, crescer. Sei que as tarefas do dia-a-dia nos fazem achar que é quase impossível conseguir encaixar algo em nossa agenda, mas a verdade é que um curso, um seminário ou uma palestra podem nos abrir novos horizontes, apresentar novas pessoas e, muitas vezes, nos dar ferramentas que facilitam neste momento de novos processos. Além disso, teremos a chance de perguntar, questionar, exercitar a inteligência que precisa ser motivada com novos assuntos e interesses para que a vida não caia numa exaustiva rotina. Hoje não é o maior que vencerá o menor, mas sim o mais rápido vencerá o mais lento - e quanto mais rápida for a nossa capacidade de nos adaptarmos a mudanças, maiores serão nossas oportunidades de vencer! Acredite em você, na sua equipe, nas sugestões do seu pessoal. Sinta coragem e avance! Pense nisso. Andréia Guedes FAESP SENAR-AR/SP Bibliografia 71 O SENAR - Serviço Nacional de Aprendizagem Rural é uma entidade de direito privado sem fins lucrativos. Criado pela Lei n.º 8.315, de 23 de dezembro de 1991, e regulamentado em 10 de junho de 1992, teve a Administração Regional de São Paulo criada em 21 de maio de 1993. Instalado no mesmo prédio da Federação da Agricultura do Estado de São Paulo, o SENAR-AR/SP tem como objetivo organizar, administrar e executar, em todo o Estado de São Paulo, o ensino da Formação Profissional e da Promoção Social Rurais, dirigido a pequenos produtores, trabalhadores rurais e seus familiares. SENAR SÃO PAULO PROGRAMA TURISMO RURAL “AGREGANDO VALOR À PROPRIEDADE” 1. Turismo Rural: Oportunidades de Empreendimentos 2. Turismo Rural: Identidade e Cultura 3. Turismo Rural: Gestão de Empreendimentos 4. Turismo Rural: Ponto de Venda de Produtos Módulos 5. Turismo Rural: Meios de Hospedagem Específicos 6. Turismo Rural: Meios de Alimentação 7. Turismo Rural: Atividades Turísticas em Áreas Naturais 8. Turismo Rural: Atendendo e Encantando o Cliente Módulos Introdutórios Módulos de Consolidação 9. Turismo Rural: Resgate Gastronômico 10. Turismo Rural: Consolidação do Programa SUPLEMENTOS Roteiro de Inventário Turístico Legislação e Turismo Rural FAESP – Federação da Agricultura do Estado de São Paulo SENAR-AR/SP – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural Administração Regional do Estado de São Paulo