Clinical Case Studies Estudos de Casos Cl
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Clinical Case Studies Estudos de Casos Clínicos Euthyroid Patient with Elevated Serum Free Thyroxine George van der Watt1,a, David Haarburger1 and Peter Berman1 Paciente Eutireóideo com Tiroxina Livre Sérica Elevada George van der Watt1,a, David Haarburger1 and Peter Berman1 1 Division of Chemical Pathology, National Health Laboratory Service, Groote Schuur and Red Cross Children’s Hospitals, University of Cape Town, Observatory, South Africa. Envie correspondência para esse autor para: Division of Chemical Pathology, National Health Laboratory Service, Groote Schuur and Red Cross Children’s Hospitals, University of Cape Town, Observatory, South Africa, 7925. Fax +27216585225; e-mail [email protected] CASO Uma paciente de 32 anos se apresentou reclamando de aumentado rubor, transpiração e uma concentração elevada de tiroxina livre no soro (FT4)1 de 90.1 pmol/L (6.97 ng/dL) (limite intolerância ao calor com 3 meses de duração. de referência Histórico médico incluía púrpura tromboci- centração de hormônio tireoestimulante (TSH) topênica idiopática com 4 anos de duração, de 1.8 mIU/L (1.8 µIU/mL) (limite de referên- que tinha sido tratada por esplenectomia após fracassada imunosupressão com prednisona cia 0.35–5.5 mIU/L), e concentração de triiodotironina livre e normal (FT3) de 4.2 pmol/L e azatioprina e estava atualmente em remis- (0.33 ng/dL) (limite de referência são. Durante o exame, se descobriu que ela pmol/L). Investigação de repetição 1 e 2 me- estava clinicamente eutireóidea sem um bócio. ses mais tarde revelou um progressivo au- Ela também tinha desenvolvido um exantema mento da FT4 para 125.3 pmol/L (9.7 ng/dL) papular eritematoso difuso na face e nas costas, com lesões bolhosas no peito. Estudos de e 155 pmol/L ( 12.0 ng/dL), respectivamente. TSH e FT3 permaneceram dentro dos in- anticorpos imunofluorescentes realizados em tervalos de referência, assim como a T4 total uma biópsia de punção da pele foram positi- por RIA, em 155 nmol/L (12 µg/dL) (limite de vos para vários autoanticorpos, levando a um referência 58–161 nmol/L). Além disso, seu diagnóstico de lúpus eritematoso cutâneo su- teste deu positivo para anticorpos antitireope- bagudo. Esse diagnóstico foi posteriormente caracterizado por títulos positivos de autoan- roxidase em 110 IU/L (limite de referência <37 IU/L) e anticorpos antitireoglobulina em ticorpos de DNA dupla hélice e nucleares no 149 IU/L (limite de referência soro. Teste da função da tireóide em um Sis- Uma investigação de seus testes discordantes tema de Imunoensaio Advia Centaur® da função da tireóide foi iniciada. (Sie- 11.5–22.7 pmol/L), uma con- 3.5–6.5 <98.1 IU/L). mens Medical Solutions Diagnostics) revelou DISCUSSÃO Concentrações aumentadas de FT4 de soro, reposição de tiroxina. Outras causas menos com um TSH não suprimido, são mais fre- comuns incluem interferência de anticorpos quentemente vistas com terapia errática de no teste FT4 causando FT4 falsamente au- Clinical Case Studies Estudos de Casos Clínicos mentada, síndromes de resistência do hormô- AxSYM quanto o imunoensaio de quimilumi- nio da tireóide, adenoma pituitário secretor de nescência Abbott Architect para FT4 TSH, hipertiroxinemia desalbuminêmica fami- um modelo de 2 etapas no qual T4 análogo liar, terapia com amiodarona , e hipertireoi- marcado é introduzido apenas depois que dismo primário com interferência de anticor- material separado da amostra tenha sido re- pos no teste TSH causando resultados de TSH movido numa etapa de lavagem, deste modo falsamente aumentados. Mais recentemente, excluindo a interação entre anticorpos das pacientes tem sido descritos com deficiência amostras e análogo do hormônio. O fato de de deiodinase do tipo 2 devido a síntese de- que não há marcada interferência no teste do feituosa de selenoproteínas; esses pacientes T4 total nesse caso pode ser porque testes FT4 se apresentaram com FT4 aumentado e FT3 e sequestram uma fração muito menor do TSH normais(1). total no soro para minimizar as mudanças no Nesse caso, a interferência de autoanticorpos antitiroxina no teste FT4 parecia provável, visto que FT3 estava dentro dos limites de referência, mantendo o estado clinico eutireóideo. A mesma amostra da paciente produziu FT4 eutireóideo quando medida usando 2 outras usam T4 equilíbrio de ligação do T4. Como tal, é provável que títulos mais altos de autoanticorpos antitiroxina sejam necessários para causar interferência num teste de T4 total do que em um teste comparativo de uma etapa do FT4 análogo. plataformas de imunoensaios, a saber 14.5 Interferência de anticorpos em imunoensaios pmol/L e 13.4 pmol/L nas plataformas Ax- do hormônio da tireóide é variadamente des- SYM e Architect (Abbott Diagnostics), respec- crita para autoanticorpos do hormônio da ti- tivamente. Essa discrepância poderia ser ex- reóide (THAAbs), que ligam os hormônios en- plicada pelo fato de que o modelo Advia Cen- dógenos da tireóide diretamente; anticorpos taur usa um imunoensaio de uma etapa com heterófilos, que se ligam a anticorpos animais análogo de FT4 Nesse teste, o análogo é um usados em imunoensaios; ou fatores reuma- complexo IgG-T4 de alto peso molecular mar- tóides, que também se ligam a anticorpos cado com ésteres de acridínio (2). O soro e o animais usados em imunoensaios (3). A pre- análogo do FT4 marcado são introduzidos na valência dos THAAbs tem sido relatada ser de cubeta de reação simultaneamente, e FT4 da 1.8% na população geral e tão alto quanto 7% amostra e T4 análogo competem pelo anti- na doença da tireóide autoimune, embora a corpo de fase sólida. O material não ligado é frequência de significante interferência do lavado, e o análogo do FT4 ligado remanes- teste pelas THAAbs é consideravelmente me- cente é medido por quimioluminescência. Lu- nor (4)(5). Além disso, a maioria dos pacientes minescência aumentada é relacionada com FT4 com diminuído e vice versa. Durante esta única corpo tiroglobulina e autoanticorpo tireope- incubação, anticorpos anti-T4 da amostra po- roxidase, refletindo um subjacente processo dem se ligar ao T4 análogo, impedindo sua autoimune da tireóide (6). Baseado no tipo de união ao anticorpo de fase sólida, levando a um reduzido sinal de luminescência e a um interferência vista nesse caso, era mais provável que autoanticorpos antitiroxina fossem resultado de FT4 falsamente aumentado. Em responsáveis pelos discrepantes resultados contraste, tanto o fluoroimunoensaio Abbott obtidos. THAAbs também produzem autoanti- Clinical Case Studies Estudos de Casos Clínicos INVESTIGAÇÕES ADICIONAIS Nós realizamos os seguintes estudos para descrito, e a segunda foi mantida em tempe- demonstrar interferência dos autoanticorpos ratura ambiente. Após precipitação, FT4 antitiroxina no sistema de testes FT4. medido em soro não diluído e no sobrenadante tratado pelo PEG usando o Advia Centaur Precipitado peg t4 radiomarcado (8). Regressão linear produziu a equação de Alíquotas da paciente e soro controle foram incubados com solução de T4 marcada com I radioativo 125 (Coat-A-Count® Total T4 RIA; Siemens Medical Solutions Diagnostics) que é manufaturada com um agente bloqueador para impedir que a tiroxina interaja com as proteínas de ligação do hormônio da tireóide (7). Salina foi substituída por soro para calcular ligação não específica. Todas as amostras foram misturadas com volumes iguais de 25% polietilenoglicol (PEG-6000), e a radioatividade total foi determinada. Após centrifugação para precipitar a imunoglobulina, o sobrenadante foi descartado e a radioatividade residual no pellet de imunoglobulina foi medida. Ligação não específica foi subtraída de todas as leituras das amostras, e a percentagem final da ligação [125I]T4 foi calculada. Nesse caso, a amostra da paciente demonstrou uma capacidade de ligação do foi [125I]T4 de 71%, comparada com amostras controle em 7.6% e 8.7%. Este simples teste portanto demonstrou que uma imunoglobulina com específica ca- regressão: y = 0.614x – 0.46, onde y = FT4 pós PEG e x = FT4 pré PEG em pmol/L (y = 0.614x – 0.035 ng/dL). A distribuição ao redor da linha de regressão demonstrou pequeno erro randômico, com Sy·x of 0.73 pmol/L (0.056 ng/dL), coeficiente de correlação (r) = 0.99. O esquema de distribuição relativa produziu uma diferença relativa média entre valores FT4 pré e pós PEG de 41.4% (limite 33.6%–54.8%). Nós adicionamos o soro anticorpos antitiroxina da paciente em 8 amostras de soro não afetadas [limite FT4 10.7–28.7 pmol/L (0.83– 2.22 ng/dL)] para produzir falsos valores de FT4 de 23.3–52.2 pmol/L (1.8–4.05 ng/dL) e as submetemos ao mesmo procedimento. Isso foi feito para verificar se precipitação do PEG pode diferenciar a interferência dentro desta faixa. Todas as 8 amostras excederam intervalos previsíves 3SD na regressão linear, diferença, e esquemas residuais (Fig. 1). Usando a equação de regressão, nós também fomos capazes de prever o verdadeiro valor do FT4 soro. dos pacientes baseado no valor do FT4 pós PEG, e isso se correlacionou bem com resulta- Precipitação do peg elimina a interferência Nesse caso, foi possível demonstrar interfe- pacidade de ligação do T4 estava presente no dos obtidos em outros analizadores (Table 1). rência de anticorpos anti tiroxina no imuno- tadas [limite FT4 10.1–61.9 pmol/L (0.78–4.80 ensaio do FT4 do Advia Centaur por precipitação do PEG do soro e subsequente compara- ng/dL)] com apropriados valores TSH. ção da diferença entre resultados do FT4 pré Nós analizamos 54 amostras de soro não afeCada amostra foi dividida em 2 alíquotas; a primeira estava sujeita a precipitação do PEG como e pós PEG com aqueles dos controles. Clinical Case Studies Estudos de Casos Clínicos Figura 1. Regressão Linear do FT4 em sobrenadante tratado por PEG vs soro não diluído pré tratado em 8 amostras de soro incrementadas com soro de anticorpos antitiroxina ( ) e 54 amostras de soro não incrementadas (•). post-PEG supernatant - flutuante pós PEG in undiluted serum - em soro não diluído Tabela 1. Índices da função da tireóide da paciente medidos por 3 diferentes plataformas de teste . 1 TSH, FT4 em soro não diluído, FT4 prevista de soro tratado por mIU/mL pmol/L (ng/dL) PEG, pmol/L (ng/dL) Advia Centaur 1.15 >155 (>12) 12.3 (0.95) Abbott AxSYM 1.10 14.5 (1.12) — Abbott Architect 1.07 13.4 (1.03) — 1 FT4 previsto derivou-se da FT4 pós PEG e da equação de regressão linear: y = 0.614x – 0.46 pmol/L. Os dados sugerem a presença de anticorpos do hormônio da tireóide. A paciente não foi tratada para doença tireóidea e permaneceu clinicamente eutireóidea 6 meses mais tarde. Clinical Case Studies Estudos de Casos Clínicos PONTOS PARA SEREM LEMBRADOS Investigação da interferência do imunoensaio deve incluir análise de repetição, determinação da não linearidade com diluição, teste por método alternativo, e remoção de anticorpos interferentes ou estudos com agentes bloqueadores. Mudanças na concentração medida após remoção das imunoglobulinas ou adição de agentes bloqueadores são indicativos de interferência de anticorpos, contudo ne- nhum efeito não exclui a interferência. Resultados obtidos após diluição, remoção da imunoglobulina, ou estudos com agentes bloqueadores não devem se relatados, visto que eles podem não refletir concentrações verdadeiras. Comunicações claras entre clínicos e o laboratório são necessárias para minimizar o impacto da interferência do teste na tomada de decisão clínica. Agradecimentos Subvenção/Apoio: G. van der Watt foi financiado inteiramente por uma subvenção do National Health Laboratory Service of South Africa. Demonstrações Financeiras: Nada a declarar. Agradecimentos: Nós agradecemos o Dr. Carel Meyer pela assistência prática. Consultores peritos: Graham Beastall, Glasgow Royal Infirmary, Glasgow, UK; Krishna Chatterjee, University of Cambridge, UK; James Faix, Stanford University, CA. Notas de rodapé 1 Abreviações não padronizadas: FT4, tiroxina livre; TSH, hormônio tireoestimulante; FT3, triiodotiro- nina livre; THAAb, anticorpo antitireoideano. Referências 1. Dumitrescu AM, Liao XH, Abdullah MS, Lado-Abeal J, Majed FA, Moeller LC, et al. Mutations in SECISBP2 result in abnormal thyroid hormone metabolism. Nat Genet 2005;37:1247-1252. 2. Sapin R, Schlienger J, Gasser F, Noel E, Lioure B, Grunenberger F, et al. Intermethod discordant free thyroxine measurements in bone marrow-transplanted patients. Clin Chem 2000;46:418422. 3. Jones AM, Honour JW. Unusual results from immunoassays and the role of the clinical endocrinologist. Clin Endocrinol (Oxf) 2006;64:234-244. 4. Després N, Grant AM. Antibody interference in thyroid assays: a potential for clinical misinformation. Clin Chem 1998;44:440-454. 5. Sakata S, Matsuda M, Ogawa T, Rakuno H, Matsui I, Sarui H, et al. Prevalence of thyroid hormone autoantibodies in healthy subjects. Clin Endocrinol (Oxf) 1994;41:365-370. 6. John R, Henley R, Shankland D. Concentrations of free thyroxine and free triiodothyronine in serum of patients with thyroxine- and triiodothyronine-binding antibodies. Clin Chem 1990;36:470-473. 7. Allan DJ, Murphy F, Needham CA, Barron N, Wilkins TA, Midgley JEM. Sensitive test for thyroid hormone autoantibodies in serum. Lancet 1982;8302:824. Clinical Case Studies Estudos de Casos Clínicos 8. Sakata S, Komaki T, Ogawa T, Takuno H, Matsui I, Sarui H, et al. Evaluation of thyroid function in patients with thyroid hormone autoantibodies. Clin Chim Acta 1993;219:23-34. “This article has been translated with the permission of AACC. AACC is not responsible for the accuracy of the translation. The views presented are those of the authors and not necessarily those of the AACC or the Journal. Reprinted from Clin Chem, 2007; 54:7 1239-1241, by permission of AACC. Original copyright © 2008 American Association for Clinical Chemistry, Inc. When citing this article, please refer to the original English publication source in the journal, Clinical Chemistry.” “Este artigo foi traduzido com a permissão da AACC. AACC não é responsável pela acurácia da tradução. Os pontos de vista apresentados são aqueles dos autores e não necessariamente os da AACC ou do Jornal. Reimpresso da ClinChem, 2007; 54:7 1239-1241, por permissão da AACC. Cópia original © 2008 American Association for Clinical Chemistry, Inc. Quando citar este artigo, por favor refira-se à fonte de publicação original em inglês na revista,Clinical Chemistry.” Clinical Case Studies Estudos de Casos Clínicos A Girl with Goiter and Inappropriate Thyroid-Stimulating Hormone Secretion Mark D. Kellogg1,a, Terence C. Law1, Stephen Huang2 and Nader Rifai1 Uma Menina com Bócio e Inapropriada Secreção do Hormônio Estimulador da Tireóide Mark D. Kellogg1,a, Terence C. Law1, Stephen Huang2 and Nader Rifai1 Department of Laboratory Medicine, Children’s Hospital Boston, and Department of Pathology, Harvard Medical School, Boston, MA;2 Division of Endocrinology, Children’s Hospital Boston, and Department of Medicine, Harvard Medical School, Boston, MA. Envie correspondência para esse autor para: Department of Laboratory Medicine, Children’s Hospital Boston, Farley 720, 300 Longwood Ave., Boston, MA 02115. E-mail [email protected] CASO Uma menina branca de 15 anos se apresentou (RI 1.3–2.4 nmol/L) (206 ng/dL, RI 86–153), com flacidez no pescoço. Durante exame, um uma concentração do hormônio tireoestimu- nódulo foi apalpado no lóbulo direito da ti- lante (TSH) de 0.5 mIU/L (RI 0.3–5.0 mIU/L), e reóide. O pescoço estava flexível sem linfade- um coeficiente de ligação do hormônio da ti- nopatia anormal. Achados oculares relacionados à orbitopatia de Graves estavam ausentes. reóide (1/T-uptake) de 1.72 (RI 0.77–1.16) (Tabela 1). Análises foram conduzidas por Peso, altura e pressão sanguínea não eram imunoensaio quimiluminescente na platafor- marcantes, contudo a frequência cardíaca es- ma 2010 da Roche Elecsys. Índices de T3 livre tava alta em 104–114 bpm. A paciente tinha e T4 livre como calculados pelos clínicos foram um histórico de distúrbio de hiperatividade por falta de atenção e estava tomando atomo- 5.5 nmol/L (RI 1.3–2.4 nmol/L) e 292 nmol/L (RI 67–138 nmol/L), respectivamente, e, no xetina e fluoxetina. Não havia histórico de ir- contexto da concentração normal de TSH da radiação do pescoço na infância ou histórico paciente, sugeriram a possibilidade de secre- familiar de câncer de tireóide. Vários parentes ção de TSH inapropriada devido a resistência maternas contraíram disfunção da tireóide. ao hormônio da tireóide ou a um adenoma Sonografia mostrou um nódulo de 2cm no pituitário secretor de TSH. Análises para T4 lóbulo direito da tireóide. Aspiração com agu- livre do soro medida por diálise direta e RIA lha fina mostrou citologia benigna, mas a fa- foram conduzidas nos Laboratórios Médicos mília pediu lobectomia da tireóide direita de- Mayo e revelaram um T4 livre normal de 16.8 vido a persistente flacidez do pescoço. Dados pmol/L (RI 10.3–25.8 pmol/L) (1.3 ng/dL, RI laboratoriais pré-operatórios revelaram uma 1–2 ng/dL). Embora algumas características concentração total de tiroxina (T ) de 170 nmol/L [intervalo de referência (RI) 67–138 da paciente, incluindo sua taquicardia (1)(2), estivessem consistentes com a síndrome de nmol/L] (13.2 µg/dL, RI 5.2–10.7), concentra- inapropriada secreção de TSH, essa síndrome ção total de triiodotironina (T3) de 3.2 nmol/L é extremamente rara e o recomendado padrão 4 1 Clinical Case Studies Estudos de Casos Clínicos de tratamento é repetir os testes de função da conseguinte, a cirurgia marcada da paciente tireóide após foi adiada para avaliação mais precisa do es- 1 semana (2) para excluir os efeitos da doença não tireóidea e avaliar a tado de sua função da tireóide. possibilidade de artefato laboratorial (3). Por Tabela 1. Dados laboratoriais.1 T4 total, T3 total, nmol/L nmol/L (µg/dL) (ng/dL) TSH, mIU/L Coeficiente de ligação do hormônio da tireóide Março 1, 2007 Roche Elecsys 170 (13.2) 3.2 (208) 0.5 1.72 173 (13.4) 3.7 (240) 0.5 1.54 147 (11.4) 2.8 (182) 0.6 1.47 161 (12.5) 2.7 (175) 0.5 1.43 92 (7.1) 2.0 (130) 4 1.0 1.135 Março 12, 2007 Roche Elecsys Maio 11, 2007 Roche Elecsys Julho 11, 2007 Roche Elecsys Siemens Centaur, 2 3 laboratório 1 Siemens Centaur, 88 (6.8)2 2.1 (136)3 1.14 1.015 154 (11.9) 2.8 (182) 0.5 1.38 88 (6.8) 2.1 (136) 1.1 0.98 laboratório 2 Agosto 10, 2007 Roche Elecsys pré HBT Roche Elecsys pós HBT 1 A menos que mencionado de outra maneira, intervalos de referência para T 4 total, 67–138 nmol/L (5.2–10.7 µg/dL); T3 total, 1.3–2.4 nmol/L (86–154 ng/dL); TSH, 0.3–5.0 mIU/L; e coeficiente de liagação do hormônio da tireóide (1/T-uptake), 0.77–1.16. HBT, Tubo bloqueador Heterofílico (Scantibodies Laboratory). 2 Intervalo de referência 64–126 nmol/L (5.0–9.8 µg/dL). 3 Intervalo de referência 1.5–2.8 nmol/L (97–186 ng/dL). 4 Intervalo de referência 0.7–6.4 mIU/L. 5 Intervalo de referência 0.79–1.16. DISCUSSÃO Esse caso apresenta uma interessante combinação de resultados de testes da função da tireóide com aumentadas concentrações do hormônio da tireóide e concentrações normais de TSH em uma paciente clinicamente eutireóidea. Uma avaliação do artefato laboratorial é recomendada sempre que resultados iniciais Clinical Case Studies Estudos de Casos Clínicos sugiram o diagnóstico de secreção inapropri- vação de que o tubo bloqueador heterofílico ada de TSH, por causa da extrema raridade causou um aumento (não diminuição) no teste dessa condição e do risco de iatrogenia em não competitivo (TSH) não apoiou típica inter- pacientes com testes falsamente anormais da ferência do HAB via ligação da porção Fc. Um função da tireóide (3). valor falso-negativo pode ser visto, entretan- Dados de uma análise de repetição dos testes da função da tireóide são apresentados na Tabela 1. Resultados foram semelhantes às to, quando o anticorpo interferente se liga a 1 dos 2 anticorpos em um teste não competitivo(6), como no teste TSH da Roche Elecsys. análises prévias (Tabela 1). Para investigar Ligação dos anticorpos heterófilos à região possível interferência de anticorpos, testes da variável do anticorpo do teste (interação idio- tireóide usando um imunoensaio alternativo típica) é menos comum (5). Interações idiotí- de quimioluminescência foram conduzidos em picas ocorrem principalmente em pacientes 2 laboratórios usando-se a plataforma Advia que receberam tratamento com imunoglobuli- Centaur (Siemens Healthcare Diagnostics) nas animais (5). À luz da raridade das intera- (Tabela 1). Amostras tratadas com Tubo Bloqueador Heterofílico (Scantibodies Laboratory) ções idiotípicas, as interferências observadas nas amostras dessa paciente com anticorpos confirmaram que os métodos Roche Elecsys do teste contra 3 antígenos diferentes, asso- foram afetados pela interferência dos anticor- ciada com nenhuma história conhecida de tra- pos (Tabela 1). tamento da paciente com imunoglobilinas Testes de T4 e T3 totais na plataforma Roche Elecsys usam anticorpos derivados da ovelha e são baseados em princípios de testes com- animais, praticamente excluiu a possibilidade de uma interação idiotípica de um anticorpo antianimal humano. petitivos. O teste de T-uptake também usa Fator reumatóide (FR) pode também exibir anticorpos de ovelha e segue um princípio ligação não específica e tipicamente se liga à competitivo modificado. Em contraste, a pla- porção Fc dos anticorpos do teste, inibindo ou taforma Siemens Advia Centaur usa anticorpos impedindo a ligação do antígeno (5). No for- de camundongos. O teste TSH da Roche usa mato não competitivo do teste TSH total da anticorpo de camundongo e um anticorpo Roche, isso tipicamente resultaria num au- quimera mento de sinal, oposto de nossos achados. humana/de camundongo e é não competitivo em princípio. Como tal, nós começamos a procurar por um Os dados do Tubo Bloqueador Heterofílico fator comum em todos os testes. De acordo Scantibodies sugeriram interferência por anti- com o fabricante, todos os testes usavam uma corpos heterófilos (HABs), que são anticorpos partícula magnética marcada estreptavidina à endógenos que se ligam às imunoglobulinas qual biotina (ligada ao hormônio exógeno ou de outras espécies(4). Tipicamente, HABs se a um anticorpo específico TSH ) se ligaria. ligam à porção constante dos anticorpos do Adicionalmente, todos tinham um complexo teste e em formatos de testes não competiti- rutênio ligado ao anticorpo de detecção. Por- vos criam uma ponte entre anticorpos de captura e de detecção levando a resultados fal- tanto, anticorpos contra estreptavidina , biotina, e o complexo rutênio marcado foram samente aumentados (5). Em formatos de tes- considerados (7). tes competitivos, essa ligação Fc pode impedir ou interferir com a ligação do antígeno, levando a um falso aumento (5). Nossa obser- Uma alíquota enviada para Roche Diagnostics foi testada com a adição do "agente bloquea- Clinical Case Studies Estudos de Casos Clínicos dor da interferência Ru " acima daquela nor- para superar esses bloqueadores (8). Estimati- malmente encontrada no teste. Resultados vas da taxa de interferência são tipicamente não foram sugestivos de interferência contra o <1% mas variam de aproximadamente 0.4% a complexo rutênio [ T4 livre sem bloqueador 4% (5)(9). 14.7 pmol/L (1.1 ng/dL) e com bloqueador 14.6 pmol/L (1.1 ng/dL)]. Contudo, visto que o T4 livre pelo método da Roche não pareceu exibir interferência como vista com os outros métodos da Roche, a investigação conduzida pela Roche Diagnostics para investigar possível interferência Ru medindo-se T4 livre pode não ser suficiente para resolver a questão. Uma investigação mais apropriada teria usado T4 total (com demonstrada interferência ) e adição do bloqueador específico para ver se a É geralmente aceito que investigações da interferência devem incluir: (a) análise de repetição; (b) análise dilucional; (c) adição de imunoglobulinas para bloquear anticorpos interferentes; e (d) uso de um imunoensaio alternativo (5)(10). Vários estudos têm mostrado que a investigação deve usar múltiplas abordagens(8)(10). É importante manter em mente que resultados negativos não excluem a presença de uma substância interferente. Estudos interferência é removida. detalhados, tipicamente além do alcance da maioria dos laboratórios clínicos, são neces- Para investigar interferência da estreptavidina sários para especificamente se confirmar e e biotina, a amostra da paciente foi aplicada identificar a presença de um anticorpo inter- em uma coluna de agarose de estreptavidina ferente. (Pierce Biotechnology). Resultados de amostras não tratadas foram 0.51 mIU/L, 165 nmol/L (13 µg/dL) e 1.72 para TSH, T4 total, e T- uptake, respectivamente. Após o tratamento, os valores eram 0.48 mIU/L, 154 nmol/L (12 µg/dL), e 1.77. Os resultados indicam que interferência devido a biotina endógena, ou a anticorpos contra estreptavidina ou outras moléculas interagindo com estreptavidina, era improvável. Até agora, a exata natureza da interferência dos anticorpos é desconhecida. Uma resposta não linear para diluição é sugestiva de interferência de anticorpos mas pode também resultar de efeito gancho ou reatividade cruzada. Comumente, a avaliação da linearidade é subjetiva, baseada em regras de ouro tais como de que resultados lineares devem estar de acordo com 10% do resultado original da amostra não diluída. Entretanto, como Ismail e colegas ressaltam (8)(9), isso não é apropriado e fornecerá pobre detecção da interferência. Adicionalmente, os labora- Como todos os imunoensaios, métodos para tórios devem usar apenas diluentes validados hormônios da tireóide podem ser afetados por pelo fabricante, e devem estar cientes de que imprevisíveis e algumas vezes transitórias in- alguns imunoensaios não sustentam diluição terferências de anticorpos (5)(8). Visto que da amostra. esses casos são raros e a paciente específica, não é possível detectá-los usando-se práticas de controle de qualidade de rotina. Reagentes de testes tipicamente contem agentes bloqueadores (soros não imunes, fragmentos de anticorpos, IgG imobilizada) para reduzir a incidência de interferência baseada em anticorpos, mas tem sido estimado que 0.1% das amostras contenham títulos altos suficiente Embora imunoglobulinas de amostras de animais usadas para gerar anticorpos de testes sejam adicionadas para se unirem à interferentes potenciais, e mitigarem seu impacto, também tem sido recomendado se adicionar imunoglobulina de uma segunda amostra (11). Isso leva a uma investigação complexa se múltiplas amostras estão envolvidas. produto comercialmente disponível Um (Tubo Clinical Case Studies Estudos de Casos Clínicos bloqueador Heterofílico; Scantibodies Labora- vem manter em mente que o fato deles usa- tories) acrescenta aglutinantes patenteados à rem avaliação de método alternativo não indi- amostra e simplifica a condução de estudos ca qual método está correto. com agentes bloqueadores. No caso dessa paciente específica, o diagnós- Remoção de anticorpos interferentes pode ser tico incorreto de secreção inapropriada de realizada com os comercialmente disponíveis TSH teria forçado testes caros tal como MRI proteína G, colunas de afinidade de proteína cerebral e, se um A, ou polietilenoglicol incidentaloma pituitário (PEG). É importante estivesse presente, poderia ter levado a tra- controlar o efeito do tratamento medindo-se tamento inapropriado com medicações ou até outro analito e corrigir para recuperação. Re- mesmo cirurgia. Clínicos devem reconhecer sultados obtidos de estudos de remoção de que sintomas de disfunção da tireóide podem anticorpos não são reportados, e indicam ser variáveis e não específicos e devem consi- apenas que os valores originais são questio- derar a possibilidade de artefato laboratorial. náveis. Em resumo, interferência de anticorpos nos Os requisitos para adequada avaliação da diluição e de estudos de bloqueio são longos e caros. Desse modo, novo teste com um método alternativo é o meio mais fácil e mais rápido de avaliar a interferência. É importante se selecionar métodos que usem anticorpos de diferentes amostras animais do que aqueles imunoensaios permanece um problema que requer constante vigilância e boa comunicação entre os profissionais de laboratório e os clínicos. Ambos precisam se manter cientes do problema e rever os dados contra achados clínicos antes de iniciarem intervenções que possam ser desnecessárias. do teste original. Cientistas de laboratório de- PONTOS PARA SEREM LEMBRADOS Investigação da interferência do imunoensaio deve incluir análise de repetição, determinação da não linearidade com diluição, teste por método alternativo, e remoção de anticorpos interferentes ou estudos com agentes bloqueadores. Mudanças na concentração medida após remoção das imunoglobulinas ou adição de agentes bloqueadores são indicativos de interferência de anticorpos, contudo nenhum efeito não elimina a interferência. Resultados obtidos após diluição, remoção da imunoglobulina, ou estudos com agentes bloqueadores não devem ser reportados, visto que eles podem não refletir concentrações verdadeiras. Comunicações claras entre clínicos e o laboratório são necessárias para minimizar o impacto da interferência no teste na tomada de decisão clínica. Agradecimentos Subvenção/Apoio Financeiro: Nada a declarar. Demonstrações Financeiras: Nada a declarar. Clinical Case Studies Estudos de Casos Clínicos Notas de rodapé 1 Abreviações não padronizadas: T4, tiroxina; RI, intervalo de referência ; T3, triiodotironina; TSH, hormônio tireoestimulante; HAB, anticorpo heterófilo. Referências 1. Hauser P, Zametkin AJ, Martinez P, Vitiello B, Matochik JA, Mixson AJ, Weintraub BD. Attention deficit-hyperactivity disorder in people with generalized resistance to thyroid hormone. N Engl J Med 1993;328:997-1001. 2. Refetoff S, Weiss RE, Usala SJ. The syndromes of resistance to thyroid hormone. Endocr Rev 1993;14:348-399. 3. Davies TF, Larsen PR. Thyrotoxicosis. Kronenberg HM Melmed S Polonsky KS Larsen PR eds. Williams Textbook of Endocrinology 2008:333-376 Saunders Elsevier Philadelphia, PA. 4. Kaplan IV, Levinson SS. When is a heterophile antibody not a heterophile antibody? When it is an antibody against a specific immunogen. Clin Chem 1999;45:616-618. 5. Despres N, Grant AM. Antibody interference in thyroid assays: a potential for clinical misinformation. Clin Chem 1998;44:440-454. 6. Kricka LJ. Human anti-animal antibody interferences in immunological assays. Clin Chem 1999;45:942-956. 7. Sapin R, Agin A, Gasser F. Efficacy of a new blocker against anti-ruthenium antibody interference in the Elecsys free triiodothyronine assay. Clin Chem Lab Med 2007;45:416-418. 8. Ismail AA, Walker PL, Cawood ML, Barth JH. Interference in immunoassay is an underestimated problem. Ann Clin Biochem 2002;39:366-373. 9. Ismail AA. On detecting interference from endogenous antibodies in immunoassays by doubling dilutions test. Clin Chem Lab Med 2007;45:851-854. 10. Immunoassay Interference by Endogenous Antibodies; Proposed Guideline. CLSI document I/LA30-P: Clinical and Laboratory Standards Institute, 2007. 11. Levinson SS, Miller JJ. Towards a better understanding of heterophile (and the like) antibody interference with modern immunoassays. Clin Chim Acta 2002;325:1-15. Comentário Larry J. Kricka Department of Pathology & Laboratory Medicine, University of Pennsylvania Medical Center, Philadelphia, PA. Envie correspondência para o autor para: Department of Pathology & Laboratory Medicine, 7.103 Founders Pavilion, University of Pennsylvania Medical Center, 3400 Spruce St., Philadelphia, PA 19104. E -mail [email protected]. Interferências nos testes laboratoriais, imuno- de todos os esforços pela comunidade diag- ensaios em particular, continuam a ser um nóstica, interferências ainda ocorrem, algu- desafio significante na prática clínica do labo- mas vezes com desastrosas consequências ratório (1). Uma crescente conscientização para o paciente. para esse tipo de problema analítico é importante se os laboratórios quiserem evitar relatar resultados incorretos de testes. A despeito Esses 2 casos ilustram 2 diferentes circunstâncias que levaram à suspeita de interferência no teste. No caso relatado por van der Clinical Case Studies Estudos de Casos Clínicos Watt et al., foi a discordância nos resultados exemplo de interferência falso-positiva num dos testes da tireóide que alertou o laborató- teste competitivo (devido a ligação de um su- rio, e no caso relatado por Kellogg et al., in- posto anticorpo de antitiroxina ao conjuga- vestigação de um possível artefato laboratorial do) e ilustra os diferentes efeitos do interfe- foi um componente no padrão de tratamento rente num teste de uma etapa vs outro de du- para a suspeita síndrome rara de secreção as etapas do hormônio livre baseado em aná- inapropriada do hormônio tireoestimulante logos. (TSH). À luz de problemas contínuos com interferên- Ambos os casos ilustram as investigações que cias, a pergunta permanece se o Santo Gral são necessárias para se estabelecer a presen- dos imunoensaios, o imunoensaio livre de in- ça de uma interferência. Essas investigações terferências, estará algum dia dentro de nosso incluem análise de repetição, reanálise usando alcance. Melhoras de incremento na eficácia outro método, diluição, bloqueio, fraciona- dos agentes de bloqueio não erradicaram o mento da amostra por (por exemplo) precipi- problema. tação, e investigação de possível exposição do paciente à animais ou produtos animais (por se incubar todas as amostras nos tubos de bloqueio tipo Scantibody, são proibitivas devi- exemplo, preparados de anticorpos monoclo- do ao custo e impacto adverso na eficiência nais para terapia ou imagem ). O fabricante de operacional do laboratório. Alguns acreditam um kit de testes pode também ser um aliado que a resposta reside nas galinhas (4)! Anti- em tais investigações. Kellogg et al. colabora- corpos de galinhas não são suscetíveis a in- ram com o fabricante do kit de testes em al- terferências comuns tais como fatores reuma- guns dos estudos com agentes bloqueadores tóides e HAMA. A despeito dessa benéfica ca- que usaram um agente bloqueador de interfe- racterística, anticorpos de galinhas não tem rência Ru destinado a revelar uma interferên- feito sérias incursões para a dominante posi- cia com o complexo rutênio usado no teste de ção mantida pelo monoclonal do camundongo tiroxina livre (T4) . e outros anticorpos animais como reagentes À sua própria maneira, cada caso é notável. O caso relatado por Kellogg et al. é de especial interesse, visto que ele é um dos poucos casos relatados de uma negativa interferência em um imunoensaio sanduíche causada por um anticorpo circulante (2)(3). O achado mais comum é um resultado falso-positivo devido a um anticorpo interferente [por exemplo, anticorpo anticamundongo humano (HAMA)]. Esse caso também ilustra que frequentemente não é possível se verificar a exata identidade de um interferente. Esses tipos de estudos são também frustrados pela limitada quantidade de amostras disponíveis e pacientes que são perdidos no acompanhamento, desse modo excluindo estudos extensos e exaustivos. O case de van der Watt et al. representa um Estratégias alternativas, tal como do imunoensaio. Uma noção mais ambiciosa é de que o imunoensaio, e seus problemas concomitantes, serão substituídos por alguma técnica superior analítica baseada no não anticorpo. Não está claro qual tecnologia poderá varrer um método tão firmemente entrincheirado tal como imunoensaio com seu histórico de desenvolvimento e aplicação >50 anos. Em 2008, no que parece o auge do imunoensaio, é difícil se prever tal mudança do oceano. Entretanto, nós não devemos esquecer que enormes perturbações no status quo são raramente previstas com qualquer acurácia, e portanto o imunoensaio não é necessariamente garantido como o método de escolha para sua atual gama de analitos. Clinical Case Studies Estudos de Casos Clínicos Agradecimentos Subvenção/Apoio Finaneiro: Nada a declarar. Demonstrações Financeiras: Nada a declarar. Referências 1. Kricka LJ. Interferences in immunoassay: still a threat. Clin Chem 2000;46:1037-1038. 2. Bohner J, von Pape KW, Hannes W, Stegmann T. False-negative immunoassay results for cardiac troponin I probably due to circulating troponin I autoantibodies. Clin Chem 1996;42:2046. 3. Giovanella L, Ghelfo A. Undetectable serum thyroglobulin due to negative interference of heterophile antibodies in relapsing thyroid carcinoma. Clin Chem 2007;53:1871-1872. 4. Carlander D, Stalberg J, Larsson A. Chicken antibodies: a clinical chemistry perspective. Upsala J Med Sci 1999;104:179-189. Comentário Kenneth D. Burman Endocrine Section, Washington Hospital Center, and Department of Medicine, Georgetown University, Washington, DC. Envie correspondência para o autor para: Section of Endocrine, Washington Hospital Center, 110 Irving Street, NW, Room 2A-72, Washington, DC 20010-2975. Fax 202-877-6588; e-mail [email protected]. Medições discordantes de triiodotironina (T4),1 tiroxina (T3) do soro, e do hormônio tireoestimulante (TSH) devem sempre levantar suspeitas para condiçoes incomuns. A condição clínica do paciente é especialmene relevante e deve ajudar a guiar futura investigação labo- pituitário não funcional (1). Nessas circunstâncias, TSH medido pode ser discordante da bioatividade do TSH. Tumores pituitários secretores de TSH podem também desproporcionadamente secretar subunidade de TSH comparada com a molécula inteira de TSH (1). ratorial. Na vasta maioria dos casos, quando Se FT4, FT3 discordantes, ou valores de TSH um paciente tiver autêntico hipertiroidismo clínico com aumentados T4 ou T3, TSH sérico são obtidos, é apropriado se repetir as medições em vários testes difirentes. Medição do deve ser baixo ou indetectável (isto é, <0.01 T4 total e T3 também pode ser útil. O grau de mIU/L). Van Der Watt et al. lindamente des- anormalidade do laboratório sugere interfe- crevem as possíveis causas de um aumentado rência no teste. No caso descrito por van der T4 (FT4) livre do soro com um FT3 normal e Watt et al., FT4 foi marcadamente aumentada TSH. Eu gostaria de enfatizar várias circunstâncias específicas. Um tumor pituitário se- no contexto da FT3 normal e TSH. A coexistência de outro distúrbio autoimune, lúpus cretor de TSH pode mediar hipertiroidismo eritematoso cutâneo subagudo (assim como embora TSH do soro esteja baixo ou normal tireóidite de Hashimoto) também sugere que (1). A bioatividade do TSH depende de apro- possa haver específicos anticorpos T3 ou T4 priada glicosação da molécula do TSH, e isso formados. Finalmente, o desempenho de tes- pode ser alterado em pacientes com um tu- tes biológicos adicionais tal como um uptake mor pituitário secretor de TSH ou um tumor de iodo radioativo pode ser útil. Clinical Case Studies Estudos de Casos Clínicos No relato do caso de Kellogg et al., uma jovem sema et al. (4) descreveram pacientes com al- mulher com distúrbio de hiperatividade por terações nas membranas das proteínas trans- falta de atenção (ADHD) tinha um aumentado portadoras de hormônio da tireóide. T4 total do soro e Eles T3 total com baixo TSH identificaram mutações inativantes do trans- normal. FT4 determinada por diálise direta e portador 8 monocarboxilato e graves anorma- RIA estavam normais. Eles investigaram a lidades clínicas associadas de retardo psico- amostra de soro da paciente e determinaram motor e discordantes concentrações do hor- que havia interferência de anticorpos, embora mônio da tireóide. a precisa natureza do anticorpo não pôde ser identificada. Várias questões devem ser posteriormente enfatizadas. Kellogg et al. também discutem a habilidade dos anticorpos heterofílicos de interferirem no hormônio da tireóide e nos testes TSH. Esses Testes discordantes da função da tireóide po- anticorpos podem interferir com as medições dem ocorrer devido à interferência de anticor- totais assim como as livres do hormônio da pos como descrito. A ocorrência de testes dis- tireóide e são encontrados mais comumente cordantes da função da tireóide numa jovem mulher com um histórico de ADHD realmente em indivíduos com distúrbios autoimunes ou que tenham trabalhado com animais. aumenta a possibilidade de resistência do hormônio da tireóide (2). Tem-se pensado que o método mais rápido para ajudar a determinar se há substâncias Resistência do hormônio da tireóide (que está interferentes num teste do hormônio da ti- relacionada com os pacientes dos casos de reóide é diluir a amostra e determinar se as van der Watt et al. e Kellogg et al.) usualmente concentrações medidas na amostra diluída ocorre como um resultado de um defeito mo- estão lineares e paralelas com aquelas num lecular no receptor T3 que diminui a habilida- padrão ou outra amostra do soro. Kellogg et de do receptor de ligar T3, resultando numa al. salientam que essa técnica pode ser insen- prejudicada ação T3 na periferia assim como sível e pode não ser aplicável a todos os tes- no nível pituitário(3). Esses pacientes podem tes. Medições laboratoriais mais eficientes e estar clinicamente eutireóideos a despeito de diretas (por exemplo, adição de imunoglobu- terem T4 aumentado e/ou T3 e TSH detectável linas de bloqueio e alternadas medições de (3). Membros da família podem ter achados testes ) devem ser usadas quando resultados semelhantes, ajudando a confirmar o diag- discordantes são obtidos. nóstico; clinicamente é difícil sequenciar o receptor T3, visto que o teste não está prontamente disponível comercialmente. Os relatórios dos casos de van der Watt et al. e Kellogg et al. belamente enfatizam a importância clínica de se reconhecer e avaliar cir- Embora a vasta maioria dos casos de resistên- cunstâncias que podem resultar em valores cia do hormônio da tireóide seja devido a per- discordantes de T4, T3, e TSH. turbações nucleares do T3 recentemente, Frie- Agradecimentos Subvenção/Apoio Financeiro: Apoiado por um estudo de câncer da tireóide, Pfizer Inc. Demonstrações Financeiras: Nada a declarar. Clinical Case Studies Estudos de Casos Clínicos Notas de rodapé 1 Abreviações não padronizadas: T4, triiodotironina; T3, tiroxina; TSH, hormônio tireoestimulante. Referências 1. Beck-Peccoz P, Piscitelli G, Amr S, Ballabio M, Bassetti M, Giannattasio G, et al. Endocrine, biochemical, and morphological studies of a pituitary adenoma secreting growth hormone, thyrotropin (TSH), and alpha-subunit: evidence for secretion of TSH with increased bioactivity. J Clin Endocrinol Metab 1986;62:704-711. 2. Weiss RE, Stein MA, Trommer B, Refetoff S. Attention-deficit hyperactivity disorder and thyroid function. J Pediatr 1993;123:539-545. 3. Weiss RE, Refetoff S. Resistance to thyroid hormone. Rev Endocr Metab Disord 2000;1:97-108. 4. Friesema EC, Ganguly S, Abdalla A, Manning Fox JE, Halestrap AP, Visser TJ. Identification of monocarboxylate transporter 8 as a specific thyroid hormone transporter. J Biol Chem 2003;278:40128-40135. “This article has been translated with the permission of AACC. AACC is not responsible for the accuracy of the translation. The views presented are those of the authors and not necessarily those of the AACC or the Journal. Reprinted from Clin Chem, 2008; 54:7 1241-1244, by permission of AACC. Original copyright © 2007 American Association for Clinical Chemistry, Inc. When citing this article, please refer to the original English publication source in the journal, Clinical Chemistry.” “Este artigo foi traduzido com a permissão da AACC. AACC não é responsável pela acurácia da tradução. Os pontos de vista apresentados são aqueles dos autores e não necessariamente os da AACC ou do Jornal. Reimpresso da ClinChem, 2008; 54:7 1241-1244, por permissão da AACC. Cópia original © 2007 American Association for Clinical Chemistry, Inc. Quando citar este artigo, por favor refira-se à fonte de publicação original em inglês na revista,Clinical Chemistry.”
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