logística reversa: percentual de ocupação dos paletes na carga e os

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logística reversa: percentual de ocupação dos paletes na carga e os
MARINGÁ MANAGEMENT
LOGÍSTICA REVERSA: PERCENTUAL DE
OCUPAÇÃO DOS PALETES NA CARGA E
OS CUSTOS DE RETORNO
Fernanda Leandro1*
RESUMO
Sabe-se que a logística se originou nos tempos da guerra, onde a necessidade
de fornecimento e locomoção de artigos bélicos tinha que estar no local certo
e hora certa. Atualmente o entendimento de logística não foge a esta regra,
contradizendo-se somente quando nos referimos que a agilidade e precisão sejam destinadas a objetivos ilógicos como a guerrilha. Com os avanços dos estudos da administração, adicionar a logística ao planejamento, controle, organização e direção de projetos e afins não foi uma tarefa difícil. A cada dia que
passa as pessoas, organizações e o mundo exigem que essas cinco vertentes
estejam interligadas à velocidade da luz. Voltado a estudantes, profissionais e
pessoas interessadas neste assunto, o presente trabalho busca aprimorar e
simplificar o entendimento da lógica na atualidade trazendo citações de autores considerados doutores nesta área, bem como as diferenciações dos ramos desse seguimento. O interessante neste caso é que, ao considerar o termo logística, não deixamos de visualizar as suas dimensões. Não se pode pensar que logística seja somente o ato de transportar materiais. O objetivo geral
desse trabalho é a interação da teoria com um estudo de caso, onde de forma
simplista, consegue-se demonstrar como o tema proposto pode se co-relacionar com o dia-a-dia das pessoas.
Palavras-chave: Logística reversa. Palete. Reaproveitamento.
REVERSE LOGISTIC: PERCENTAGE OF OCCUPATION OF THE
PALLETS IN THE LOAD AND THE COSTS OF RETURN
ABSTRACT
It is known that the logistic one originated in the times of the war, where
the necessity of supply and warlike article locomotion had that to be in place
certain e alias process. Currently the agreement of logistic does not run
away to this rule, itself contradicting when in we relate them that the agility
and precision are destined the illogical objectives as the guerrilla. With the
advances of the studies of the administration, to add the logistic for to the
planning, has controlled, organization and direction of similar projects and
was not a difficult task. To each day that if passes the people, organizations
and the world demand that this five sources are linked to the speed of the
light. Come back the students, professionals and people interested in this
subject the present work searchs to improve and to simplify the agreement
of the logic in the present time bringing citations of considered authors
doctors in this area, as well as the differentiations of the branches of this
pursuing. The interesting one in this in case that it is that when considering
the logistic term, we do not leave to visualize its dimensions. Not it can think
that logistic either the act to only carry materials. The general objective of
this work is the interaction of the theory with a case study, where of simple
form it is obtained to demonstrate as the considered subject can co-become
related with day-by-day of the people.
Keywords: Reverse logistic. Pallet. To reuse.
*
Administradora em Comércio Exterior. Prof. Especialista
da Faculdade Maringá. e-mail:
[email protected]
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LOGÍSTICA E SEUS CONCEITOS
Com base em fontes que certificam que a palavra logística se origina do verbo alojar (de
origem francesa), utilizada com freqüência
na era militar, pode-se conceituar a mesma
como: a arte de transportar, abastecer e alojar. Tornando o termo mais amplo na área
administrativa, nos tempos atuais, pode-se
traduzir como a arte de gerenciar o fluxo de
materiais e produtos da fonte para o usuário.
Leite (2003) define que a logística é o processo de planejar, executar as atividades, implementar e controlar o fluxo de produtos –
da origem ao ponto de consumo – de maneira eficiente, atendendo às necessidades
dos clientes. Assim entende-se que a logística deve conciliar os desejos e necessidades
de consumidores, com o menor custo possível em prazo adequado, até mesmo superando expectativas e interesses de fornecedores
e consumidores.
A logística integra um processo cujos componentes são desde as informações para a fabricação ou agregação de valores de produtos e serviços, até suas embalagens, armazenamento, transporte, estoque e manuseio
de materiais. Essas variáveis são de extrema
importância, pois afetam diretamente a eficiência dos suprimentos e as formas de distribuição industrial. Esse fluxo engloba desde a
matéria-prima, produtos em processos, produtos acabados e as informações de todas
essas áreas.
que alteram o fluxo de mercadorias dentro
das empresas.
Com esse pressuposto e seguindo os pensamentos de Ballou (1993), pode-se dizer que
a logística empresarial procura dar aos profissionais uma visão geral sobre a administração do fluxo de bens e serviços em organizações orientadas ou não para o lucro.
Para Leite (2003), a logística empresarial é
uma área de crescente interesse que tem concentrado seu foco de estudo principalmente
no exame dos fluxos da cadeia produtiva direta naqueles que vão das matérias-primas primárias ao consumidor final, desenvolvendose em mercados com crescente volume de
trocas de mercadorias com características e
exigências em ambientes de alta concorrência, obrigando as empresas a utilizarem novas e dinâmicas concepções de suas estratégias em todos os setores da organização e
em particular nesta área de atividade.
Em uma visão ampla, observa-se que a logística se subdivide em: logística de suprimentos;
logística de produção; logística de distribuição e logística reversa. Dentre estas quatro
vertentes os autores se limitaram ao assunto logístico reversa, que é o tema geral deste
artigo. Tal limitação origina-se na mega-estrutura logística que é a união das suas subdivisões, o que levou os autores a optarem por
explicitar um dos ramos nesse primeiro momento.
ENTENDENDO A LOGÍSTICA REVERSA
Em meio às informações diretivas, observase ainda que a logística e suas operações
nunca desempenharam papel tão importante nas organizações. Com possibilidades de
alterar as expectativas dos clientes, podem
mesmo chegar a superá-las com um bom planejamento, ou ainda na alteração da localização geográfica, continuamente podem transformar a própria natureza dos mercados, fatos que, por sua vez, podem gerar restrições
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Entende-se a logística reversa como a área
da logística empresarial que planeja, opera
e controla o fluxo e as informações logísticas correspondentes ao retorno dos bens
pós-venda e pós-consumo, atuando por meio
dos canais de distribuição reversos e agregando-lhes valor de diversas naturezas, entre
os quais destacam-se: econômica, ecológica,
legal, logística, de imagem corporativa en-
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tre outros. Observa-se que a logística reversa objetiva, por meio de fluxos reversos, tornar possível o retorno dos bens ou de seus
materiais constituintes ao ciclo produtivo ou
de negócios, usando de meios que vão desde a operacionalização do fluxo, da coleta dos
bens, por meio de processamento logístico,
separação, seleção e até mesmo reintegração ao ciclo. Uma visualização simplificada do
processo pode ser observada na Figura 1 –
Figura 1 – Fluxos Logísticos
Fonte: Carneiro (2002, p. 46).
Segundo Carneiro (2002), a logística reversa
trata basicamente dos processos nos quais
produtos e embalagens retornam do ponto de consumo para o ponto de origem. Os
produtos podem apresentar defeitos, exigindo substituições ou reparos; inteiros ou suas
partes componentes podem ser descartados, recuperados ou reciclados. O mesmo se
dá com suas várias formas de embalagens,
desde as que acondicionam o produto e chegam até o ponto de consumo até aquelas que
apenas auxiliam o serviço de transporte em
vários pontos da cadeia logística.
desses processos. O mesmo autor afirma,
ainda, que este processo está em evolução
face às novas possibilidades de negócios relacionadas ao crescente interesse empresarial e de pesquisas nesta área na última década. As empresas, preocupadas com a gestão ambiental, começaram a reciclar materiais e embalagens descartáveis tais como:
latas de alumínio, garrafas plásticas, caixas
de papelão, entre outros, que, por sua vez,
passaram a se destacar como matérias-primas e deixaram de ser tratados como lixo. A
logística reversa está presente no processo
de reciclagem, uma vez que esses materiais
retornam a diferentes centros produtivos em
forma de matéria-prima.
Os autores destacam a importância de não
se confundir logística reversa com reciclagem que, segundo Leite (2003), é o canal reverso de revalorização, em que os materiais
constituintes dos produtos descartados são
extraídos industrialmente, transformando-se
em matérias-primas secundárias ou recicladas que serão reincorporadas à fabricação
de novos produtos.
A logística reversa trata do gerenciamento
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Ainda conforme os pensamentos de Leite
(2003), a sociedade como um todo no mundo econômico tem-se preocupado cada vez
mais com os diversos aspectos do equilíbrio
ecológico. Os canais de distribuição reversos
ganham destaque sob a perspectiva ecológica. O aumento veloz do descarte dos produtos de utilidade após o primeiro uso, motivados pelo aumento da descartabilidade dos
produtos em geral, não encontrando canais
de distribuição reversos de pós-consumo devidamente estruturados e organizados, provoca desequilíbrio entre as quantidades descartadas e as reaproveitadas, gerando um enorme volume de produtos descartáveis. Essa
nova vertente ecológica de preocupação tem
incentivado ações de empresas e governos
a esforços de defesa de sua imagem bem
como de seus negócios, visando amenizar os
efeitos mais visíveis dos diversos tipos de impactos ambientais.
Logística Reversa Aplicada aos Produtos
Segundo Carneiro (2002), no enfoque da logística reversa encontram-se os processos
de reparação de defeitos, trocas em garantia, devoluções e atividades promocionais. A
logística reversa trata do recolhimento de
produtos ou de suas partes pelo fabricante
original, cujo destino final poderá ser a destruição do produto ou peça, substituição integral ou o reparo da parte danificada.
Eis algumas situações em que a logística reversa é aplicada aos produtos:
Recall (veículos, eletrodomésticos
produtos eletrônicos).
Substituição de produtos com validade vencida (alimentos, remédios).
Trocas em garantia de produtos
defeituosos (eletrodomésticos, roupas, enlatados amassados, etc.).
Venda de produtos novos à base de
troca de produtos usados (computadores, geladeiras, televisores).
Recolhimento de publicações vencidas (jornais que sobraram nas
bancas, listas telefônicas de anos
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anteriores, livros didáticos).
Distribuição de peças de reposição
para assistência de aparelhos diversos.
Recolhimento de produtos perigosos (peças radioativas dos antigos
pára-raios).
Recolhimento de produtos que oferecem riscos ambientais (pneus
velhos, baterias de celulares, baterias de veículos, telefones celulares usados, embalagens de produtos químicos), pois podem gerar
vazamento de produtos químicos.
Recolhimento de produtos contaminados (água mineral, refrigerantes, enlatados, carnes).
Sobras de produtos perecíveis (frutas, legumes e vegetais em pontos
da cadeia de valor como: supermercados, armazéns, centros de
distribuições, centrais de abastecimentos).
Sobras de artefatos de guerra (granadas, munições, armamento).
Recolhimento de livros com erros
de impressão, erros de fatos históricos, erros de grafia, censura,
determinações judiciais.
Recolhimento de sobras industriais
(resíduos plásticos, metálicos, químicos, papelão).
Recolhimento de produtos devolvidos por defeito.
Devoluções comerciais normais.
A lista acima é mais extensa do que se apresenta e às vezes certos processos de logística reversa são confundidos com os próprios
processos de reciclagem, como já citados pelos autores.
Logística Reversa de Embalagens
A logística reversa é aplicada nos dois tipos
principais de embalagem: a embalagem que
acompanha o transporte e a movimentação
do produto dentro dos elos da cadeia de fornecimento e valor (embalagem de logística),
e a embalagem final do produto (embalagem
de marketing).
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OS PALETES NA LOGÍSTICA
Paletes ou estrados são plataformas destinadas a suportar cargas permitindo a movimentação por meio de garfo (de empilhadeiras
elétricas, a gás ou manuais), onde os produtos podem ser unitizados. Os paletes têm
como função a movimentação de grande escala. A palavra palete é uma adaptação do
termo inglês “pallet”.
Para Sobral (2006), paletes são dispositivos
de unitização de cargas criados para dinamizar a movimentação mecânica na produção
industrial, nos depósitos e tendem a agilizar
os meios de transporte no momento de carregamento e descarga.
Bertaglia (2005) afirma que o palete é uma
plataforma fabricada de metal, madeira ou fibra, projetada para ser movimentada mecanicamente por meio de empilhadeiras, paleteiras, guindastes, carrinhos hidráulicos ou
veículos similares. As principais vantagens do
seu uso correspondem à redução de recursos nas etapas logísticas de armazenagem,
transporte e movimentação, além de maior
agilidade nos tempos de carga de descarga.
Já Keedi (2005) afirma que o palete pode
ser entendido como qualquer estrutura própria para acomodação de carga, feito de madeira, plástico, metal, fibra, papelão ou qualquer material que se adapte a seu propósito e não interfira com a carga, seja ela sólida, líquida, gasosa, química, alimentos, seca,
refrigerada etc. Esta estrutura é construída
para servir de piso às mercadorias que serão
unitizadas nela até certa altura.
Keedi (2005) ainda afirma que o palete pode
ser projetado e construído para ser único
(one way), o que quer dizer que ele não deverá retornar ao ponto de origem, sendo a
utilização normal no comércio exterior. Também pode ser para infinitas utilizações, normalmente para uso interno em armazéns ou
para troca de mercadorias entre matrizes, fi-
liais, congêneres etc., ou mesmo para utilização ao redor do mundo através da utilização
de paletes de terceiros na forma de aluguel.
Devem ser consideradas as possibilidades
de utilização de modelos e dimensões de paletes constantes das normas técnicas e/
ou normas internacionais. Exemplos das dimensões constantes das normas brasileiras que derivam da ANSI (American National Standards Institute) propõe paletes com
1100 x 1100mm, 1200 x 1000mm, 1100
x 825 mm, 1100 x 1320mm e de 1100
x 1650mm. As normas técnicas internacionais ISO (International Organization for Standardization) propõem as dimensões de 800
x 1200mm, 1000 x 1200mm, 1140 x
1140mm e para os contêineres série 2, paletes de 1200 x 1200mm.
Existem vários materiais que são utilizados
para a fabricação dos paletes. Os autores se
limitaram aos paletes feitos de madeira, pois
a proposta inicial deste trabalho tem co-relação com a logística reversa e a reutilização
dos paletes desse material.
Palete de Madeira
A utilização de madeiras em embalagens e
paletes obedece a uma prática tradicional. A
disponibilidade de determinadas espécies na
região ou proximidades tem sido o principal
critério de especificação. O dimensionamento estrutural e os detalhes construtivos são
uma decorrência dessa prática. Com isso, a
especificação é feita com base na indicação
das espécies conhecidas.
Para Sobral (2006), a especificação da madeira por suas propriedades relevantes, como
a resistência à flexão, à compressão ou ao
choque, independentemente da identificação
das espécies, é tecnicamente a melhor forma de controlar a qualidade do material pretendido, além, naturalmente, das especificações dimensionais, de teor de umidade e de
limitação de defeitos das peças.
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Quanto à decisão para a escolha da madeira,
recomenda Sobral (2006) a utilização das reflorestadas, devido à uniformidade das mesmas, mantendo-se dessa forma um padrão
da característica física do palete. O governo
brasileiro incentivou na década de 1960 o reflorestamento das regiões sul e sudeste de
madeiras de gêneros Pinus e Eucalipto, entre
outras. Essas madeiras são muito indicadas
para produção de paletes e embalagens.
O Pinus possui uma resistência relativamente
baixa devendo ser utilizado para a vedação,
enquanto o Eucalipto, por ser uma madeira
dura e resistente, deve ser usado como parte estrutural.
A Norma Internacional de Medida Fitossanitária – NIMF nº. 7 15, editada pela FAO em
março de 2002, estabelece diretrizes para
a certificação fitossanitária de embalagens,
suportes e material de acomodação confeccionados em madeira e utilizados no comércio internacional para o acondicionamento de
mercadorias de qualquer natureza.
Os serviços prestados para dar cumprimento
às Portarias (499/99, NT. 108 e 278/04),
têm a finalidade de combater e impossibilitar
a entrada em nosso país de pragas, principalmente “Anoplophora glabripennis”, conhecida
como o besouro chinês, capaz de destruir florestas inteiras.
A triagem da madeira é efetuada por Engenheiros Agrônomos/Florestais (credenciados junto ao Ministério da Agricultura), nos
TRA’S (Terminais retroportuários Alfandegados) ou outros terminais onde estejam depositados os contêineres.
Uma das formas de tratamento Fitossanitário é o Tratamento a Calor “AQF”, o cumprimento das Portarias (499/99 146/00, NT.
108, 278/04 e NIMF nº 155), mediante a
ocorrência de pragas no mundo, principalmente nos países Asiáticos, diz que todos os
casos oriundos desses países, após a inspe-
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ção, deverão ter seus paletes, caixas, engradados e peações, encaminhados à tratamento Fitossanitário. Esses tratamentos expõem
a madeira a uma temperatura de 56ºC, por
um período mínimo de 30 minutos, suficientes para eliminar pragas. Esse tratamento
está de acordo com as exigências internacionais de controle do meio ambiente (NIMF
15), pois utiliza GLP e não emite poluentes na
atmosfera. Em apenas duas horas, as embalagens de madeira já estão liberadas. Após a
execução de tratamento, é emitido um “certificado de tratamento a calor” (AQF), o qual é
registrado no Ministério da Agricultura, finalizando com este as exigências das referidas
Portarias.
Outra opção de Tratamento Fitossanitário é a
fumigação. Usa-se o brometo de metila (gás)
CH3Br nas dosagens de 80g/m3 (importação) e 48g/m3 (exportação), com tempo de
exposição de 24 horas e tempo de aeração
de 3 horas. Consiste no tratamento das embalagens de madeira através da aplicação do
gás bromento de metila, “produto químico”
que exige 24 horas de isolamento após sua
aplicação. Após sua realização, é emitido um
“certificado de Expurgo”, o qual é registrado
no Ministério da Agricultura que comprova o
cumprimento das exigências legais.
Ocupação dos Paletes em Cargas e os Custos de Retorno
Como já conceituado, a logística reversa nada
mais é que o retorno de algum bem envolvido no fluxo da logística. Assim sendo, o palete se insere nesta definição. Empresas de diversos ramos utilizam os paletes para melhor
armazenar e locomover suas mercadorias, o
custo unitário de obtenção desse facilitador
atualmente é, em média, de R$ 20,00 (vinte
reais), adicionado aos serviços mencionados,
já que os paletes proporcionam uma maior
agilidade e rapidez quando precisados, “just
in time”. Mas a pergunta principal é: o que é
feito com esses paletes após usados ou mesmo após sua vida útil?
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Geralmente as empresas utilizam do descarte, pois os paletes são fabricados com madeira de pouca durabilidade, e, quando deformados, não se vê com bons olhos a reconstrução dos mesmos, já que os custos de um
desses facilitadores são redundantes aos benefícios que ele proporciona na logística.
Em uma distribuidora de bebidas da cidade
de Maringá-Pr, os paletes agilizam em 65% o
processo logístico, sendo utilizados em 100%
no armazenamento e transporte das bebidas
da fábrica aos centros de distribuições. O único problema gerado pelos mesmos na empresa é a quebra e inchaço da madeira, o
que reduz a vida útil do mesmo, tornando inviável a sua reconstrução. Para se “livrar” desses transtornos a empresa utilizava-se da incineração.
Esta incineração pode ser compreendida, na
visão ambiental, como prejudicial à natureza,
o que compromete a “imagem” da empresa.
Preocupados em aniquilar este problema, os
gestores logísticos da empresa conseguiram
parceiros que reutilizam estes paletes como
matéria-prima sem que a mesma se envolva
com o processo, ficando dispensada das responsabilidades sobre o meio ambiente entre
outros. Outra vantagem direta é a possibilidade de utilizar a cessão desse material para
outras empresas em uma área chamada diretamente de responsabilidade social, já que
a empresa já não mais atrapalha o meio-ambiente com o processo de incineração, bem
como auxilia diretamente outras pessoas a
auferirem lucratividade com o que antes era
tão e quão somente um resíduo.
e antigamente queimados pela primeira empresa.
Com o auxílio de algumas serras elétricas, réguas e grampos para madeira, a empresa de
caixaria transforma os paletes em caixas utilizadas na logística de produtos como: frutas,
peixes e verduras, cujo processo encontra-se
descrito na seqüência.
O Processo de Reutilização
Após adquiridos os paletes da distribuidora
de bebidas, o primeiro passo é o desmanche do mesmo, onde são utilizadas somente
as “ripas”. Os pregos e tocos de sustentação
são comercializados pelo desmontador como
parte do pagamento por este trabalho, não
interessando para a empresa de caixaria.
Afirma o responsável pela produção das caixas, senhor Ricardo Tomé, que 70% do palete se torna em 100% para a fabricação das
caixas. Destacamos que a utilização de paletes não é a única forma de adquirir a matéria-prima dessa empresa. A mesma também
utiliza sobras de madeira destinadas à exportação.
A madeira é comercializada por volume (metro cúbico), o que torna viável a compra dos
paletes e mesmo o resto das madeiras de
exportação, custando, em média, R$50,00
(cinqüenta reais) o metro cúbico.
O custo com o transporte da distribuidora de
bebidas até o local de desmanche e o percurso até a fábrica de caixas custa em torno
de R$180,00 (cento e oitenta reais), o que
pode variar conforme o preço do combustível
utilizado no veículo transportador.
O REVERSO LOGÍSTICO NO CASO
O gestor de uma empresa de caixaria da cidade de Jandaia do Sul, Paraná, após trabalhar por alguns anos na distribuidora de bebidas já citada, teve uma visão empreendedora
sobre a reutilização dos paletes inutilizados
Quando a madeira chega para ser utilizada
para a fabricação das caixas, elas já estão
prontas para entrarem no processo produtivo, sem a necessidade de uma limpeza ou
tratamento específico já que as caixas a serem fabricadas se destinam a produtos ali-
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mentícios. Uma máquina tem o trabalho de
lixar completamente essa madeiras o que as
deixam com aspectos de novas.
Cada palete rende 8 ripas que medem 1,20
metros de comprimento, com 15 milímetros
de altura e 12 centímetros de largura, que
rendem 32 ripas para a fabricação das caixas. Dessa forma, com cada palete se fabricam 8 caixas. A empresa possui uma capacidade instalada para 5.000 caixas dia, usando sua capacidade máxima somente nas épocas de safras.
O custo médio de montagem de cada caixa
gira em torno dos R$0,30 já contando nesse
levantamento a mão-de-obra e o custo da madeira, ficando no final com o valor de R$0,50
já pronta para o fabricante. O preço de venda
de uma caixa é de R$1,50 à R$1,80 o que
varia conforme o modelo de caixa. A comercialização dessas caixas se dá no interior dos
Estados de São Paulo e Paraná. Mesmo com
a distância na distribuição, não são observados grandes números de avarias e perdas, já
que os defeitos detectados são insignificantes, como: soltura de grampos que são facilmente repregados.
Todos os resíduos do processo produtivo são
aproveitados, fazendo com que nada seja
desperdiçado, como afirma o responsável
pela produção senhor Tomé: “Da madeira só
não se aproveita o “tombo” da árvore, pois o
resto tudo se aproveita, o pó de serra gerado pelo corte da madeira é vendido para as
granjas de frangos da região, onde são usados como forração do chão das mesmas, assim como todas as outras sobras da madeira
(os pedaços) são vendidos a olarias/caldeiras onde são queimados”.
CONCLUSÃO
Ao abordar a logística reversa procura-se fomentar uma questão ainda pouco difundida e mostrála de forma discutida dentro do aspecto logístico.
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A logística reversa é uma realidade econômica viável e extremamente interessante para
as organizações, tanto para as que produzem quanto para as que somente comercializam produtos, pois possibilita uma integração que beneficia todos os envolvidos no processo.
Fazendo parte deste ambiente empresarial e
cada vez mais competitivo, as empresas procuram ter diferenciais, não apenas em qualidades, qualificações e competitividade, mas
também em responsabilidade social, dando
aos seus clientes produtos confiáveis e assim
satisfazendo-os em suas necessidades.
O exemplo analisado nesse artigo demonstra
claramente as possibilidades de uma integração que gera benefícios para a primeira empresa, que não possuía destinação para os
paletes, tendo que dispô-los como resíduo;
para a segunda empresa que reduziu drasticamente seu custo com matéria-prima para
a produção de seu principal produto e, em
uma análise mais abrangente, também para
o meio-ambiente como um todo, já que diminuiu a quantidade total de resíduos no sistema total produtivo.
Utilizando uma analogia interessante, a da
valorização do que anteriormente se “jogava
fora”, vê-se claramente nas empresas analisadas uma preocupação com a maximização
dos benefícios que a logística reversa pode
gerar, trazendo vantagens diretas e mensuráveis para todos os envolvidos no processo.
Por isso é bastante inteligente por parte das
empresas desenvolverem processos logísticos reversos, pois, num futuro próximo, será
o diferencial competitivo, evidenciando grandes perspectivas de crescimento no mercado nacional.
REFERÊNCIAS
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