ditorial esta Edição

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ditorial esta Edição
Saúde
em
exame
Informativo Médico
E
ditorial
Edição 03 • Outubro 2006
N
esta Edição:
Prezado(a) Colega,
A medicina diagnóstica avança rapidamente por todo o
mundo. Existem estudos que prevêem evolução nos próximos dez anos semelhante a que existiu nos últimos cem
anos. Aproveitamos esta terceira edição do Saúde em
Exame para abordar estudos e discutir alguns dos avanços
em todo o mundo. O tema de nossa principal matéria é uma
preocupação mundial, a infecção pelo Helicobacter pylori,
considerada atualmente a infecção bacteriana mais prevalente no mundo, com colonização de cerca de 50% da
população mundial e de até 80% dos brasileiros.
página
Falamos também sobre o desenvolvimento de um novo
meio de cultura seletivo para rastreamento de pacientes
colonizados por cepas multirresistentes, que levou a
Diagnósticos da América a participar da Interscience
Conference on Antimicrobial Agents and Chemoterapy,
realizada em San Francisco, nos EUA, no mês de setembro.
Na mesma matéria, trazemos a descrição de um novo
método de genotipagem de Staphylococcus aureus por
meio do seqüenciamento de genes, que codificam exotoxinas conhecidas como exotoxinas estafilocócicas, e que
levou a DASA a participar da edição de agosto do
periódico médico Journal of Clinical Microbiology.
Para relaxar, aproveitamos a proximidade das férias do final
de ano e falamos de viagens. Em dicas de lazer, nesta
edição, falamos sobre Punta del Este, no Uruguai, o destino certo para quem quer aproveitar o verão. Esperamos que
goste.
Uma boa leitura!
2
Diagnósticos da América participa de
Publicação e Congresso Internacional
página
3
Caso Clínico:
Citometria de Fluxo no Estudo
Oncohematológico
página
8
Helicobacter pylori:
Importância do Diagnóstico
página
10
Neurofisiologia na
Diagnósticos da América
página
11
Lazer & Cultura
Dr. Luiz Gastão Mange Rosenfeld
VICE-PRESIDENTE MÉDICO
DIAGNÓSTICOS DA AMÉRICA
Punta del Este é destino certo no verão
página
12
Agenda: Congressos, Eventos e Cursos
Envie suas sugestões para a próxima edição do Saúde em Exame: [email protected]
Diagnósticos da América participa de Publicação e
Congresso Internacional
Foi publicado na edição de
agosto de 2006 no periódico
médico Journal of Clinical
Microbiology a descrição de um
novo método de genotipagem
de Staphylococcus aureus,
através do seqüenciamento de
genes que codificam exotoxinas,
conhecidas como exotoxinas
estafilocócicas.
Esta publicação contou com a
participação da Microbiologia da
Diagnósticos da América do Rio
de Janeiro, da Fundação
Osvaldo Cruz e da Escola de
Saúde Pública da Universidade
da Califórnia. Em comparação
com os dois métodos conhecidos de genotipagem, a eletroforese em gel de campo pulsado
(PGFE) e tipagem por seqüenciamento de vários loci (MLST), o
método proposto é baseado na
análise de mutações de base
únicas (SNP) e foi capaz de discriminar subgrupos de S. aureus
resistentes à meticilina (MRSA)
dos sensíveis a este antibiótico
(MSSA), de acordo com as suas
características epidemiológicas
específicas. Esta capacidade de
discriminação ganha importância após a descrição do MRSA
comunitário, com casos já rela-
tados no Brasil, nos Estados do
Rio de Janeiro, São Paulo e Rio
Grande do Sul.
Diferentemente dos MRSA já
conhecidos, principalmente por
causarem infecções hospitalares, que possuem o gene
MecA tipos I, II ou III, esta cepa,
inicialmente descrita em infecções comunitárias, possui o
Gene MecA tipo IV e tem um
maior poder de disseminação e
maior virulência devido à produção da toxina PantonValantine (PVL). A utilização
desta nova técnica de genotipagem foi capaz de diferenciar
os MRSA MecA IV dos MRSA
antigos, auxiliando na compreensão e abrindo futuras possibilidades de novos métodos
diagnósticos
mais
rápidos
para uma bactéria com padrão
de infecção agressivo.
(New Staphylococcus aureus
genotyping method based on
exotoxin (set) genes.
J Clin Microbiol. 2006 Aug; 44
(8): 2728-32.)
Além de ter colaborado na publicação acima, a Diagnósticos da
América apresentou na Interscience Conference on Anti-
microbial Agents and Chemotherapy, realizada em San Francisco, nos EUA, no mês de
setembro, um novo meio de cultura seletivo para rastreamento
de pacientes colonizados por
cepas multirresistentes. Devido à
solicitação de um hospital
específico, preocupado com o
aparecimento de cepas de
Acinetobacter sp. sensíveis apenas à Polimixina, foi desenvolvido
um meio seletivo, acrescentadose Imipenem ao meio tradicional
Agar sangue, inibindo assim o
crescimento de cepas sensíveis
a este antibiótico.
Este meio de cultura seletivo se
mostrou excelente para o isolamento de Acinetobacter sp. e
Pseudomonas aeruginosa resistentes ao Imipenem, um problema emergente nos principais
hospitais do país. Além disso,
este meio também foi capaz de
identificar MRSA, outra bactéria
multirresistente muito freqüente
em nossos hospitais. Com este
novo
meio
seletivo,
a
Diagnósticos da América é
capaz de liberar os resultados
de rastreamento para estas bactérias com maior rapidez e
confiabilidade.
Caso Clínico
Citometria de Fluxo no Estudo
Oncohematológico
Paciente do sexo feminino, 73
anos, em investigação de esplenomegalia. Apresenta no hemograma uma leucometria normal
com linfocitose relativa, sem atipia
linfocitária relevante (Figura 1),
anemia
e
trombocitopenia
(100.000/mm3) discretas.
A figura 2-B mostra a distribuição
linfocitária através do imunofenótipo, observando-se que o
CD19+ (em vermelho) está com o
valor percentual acima do normalmente encontrado no sangue periférico, condição representativa de
uma linfoproliferação da célula B.
Uma amostra de sangue periférico foi enviada para a citometria
de fluxo com o objetivo de determinar o fenótipo dos linfócitos e
constatar a existência de alguma
anormalidade patológica diagnóstica.
Como estratégia de estudo, podese usar um único anticorpo monoclonal de linhagem específica para
selecionar as células patológicas.
Neste caso particular, o marcador
CD19 é o utilizado (figura 3-C), por
ser o de melhor especificidade
para identificar linfócitos B.
Entretanto, para comprovar que
esta linfoproliferação é anormal, é
necessário acessar a clonalidade,
isto é, determinar se a população
de células linfóides é derivada de
uma única célula (monoclonal) ou
de múltiplas células (policlonal). A
monoclonalidade, ao contrário da
policlonalidade, está associada
freqüentemente à malignidade. A
citometria de fluxo pode ser usada
para fornecer este dado, identificando a população de células B
com expressão restrita a cadeias
leves kappa ou cadeias leves
Na figura 3, a marcação simultânea de CD19/Kappa/Lambda
demonstra mais uma vez no histograma A que as células
pesquisadas estão na região de
linfócitos. Toda a população de
linfócitos B CD19+ revelada no
histograma C, é constituída na verdade, de três tipos de células,
Acima: Figura 1
Distensão de sangue periférico corado
com May-Grunwald-Giensa
Abaixo: Figura 2
CD3/CD4/CD8/CD19/CD56
Histograma A:
Células hematológicas no padrão
morfológico (SSxFS).
Histograma B:
Distribuição imunofenotípica na
população linfocitária.
104
1024
O protocolo de triagem para valorização clínica das linfocitoses
utiliza marcadores imunológicos
que identificam as subpopulações linfocitárias, incluindo:
CD19-linfócitos B, CD3-linfócitos
T, CD4/CD8-subpopulações T e
CD56-célula Natural Killer. A figura 2-A exibe o padrão morfológico das células hematológicas
através de duas coordenadas:
SS (side scatter) e FS (forward
scatter), representando granulosidade e tamanho celular,
respectivamente.
lambda. Esta é uma característica
das síndromes linfoproliferativas
B, diferentemente da célula normal que apresenta policlonalidade. Para esta finalidade, usa-se
a combinação de marcadores
CD19/Kappa/Lambda.
B
103
768
A
102
512
Eosinófilos
CD3+ CD8+
CD3+ CD4+
Linfócitos
0
256
FSC-Height
512
768
1024
101
Linfo B
Patológico
100
CD3/56 PE
256
Monócitos
0
SSC-Height
Neutrófilos
100
101
CD8/19-FITC
102
103
104
104
1024
Linfo B Normal
CD19+ kappa+
Linfo B
Patológica
CD19+ kappa+
Linfo B Normal
CD19+
Lambda+
256
512
768
100
KAPPA PE
0
101
102
512
256
0
SSC-Height
B
103
768
A
1024
100
101
102
103
104
512
768
1024
LAMBDA-FITC
104
FSC-Height
102
101
100
Figura 3
CD19/Kappa/Lambda
Histograma A:
Padrão morfológico
Histograma B:
Discriminação das populações de
linfócitos B
Histograma C:
População de linfócitos CD19+
CD19 PERCPCY5.5
103
C
0
256
SSC-Height
como demonstradas no histograma B. Fica evidente a presença de
uma população B clonal kappa
positiva (vermelho) e duas outras
residuais policlonais de linfócitos B
normais (verde – kappa e azul –
lambda).
Uma vez detectada a população
neoplásica (clonal), procede-se à
identificação do fenótipo da
mesma, analisando a expressão de
vários marcadores para células B.
Os padrões e as intensidades de
expressão encontrados são muito
úteis no diagnóstico diferencial
entre as síndromes linfoproliferativas B. Mostraremos alguns histogramas encontrados na análise
imunofenotípica destas células.
Observemos o marcador CD5,
encontrado em linfócitos T normais, linfócitos B neoplásicos da
leucemia linfocítica crônica B e
em um grupo de linfomas não
Hodgkin. A figura 4-B ilustra bem
as células neoplásicas CD5+
(vermelho), as células CD5+
/CD2+ (azul) correspondentes ao
linfócito T e os linfócitos B normais CD2-/CD5- (verde).
Na figura 4-C, estas mesmas
células neoplásicas apresentam
um CD20+ com baixa intensidade (posição mais baixa), quando comparado com o CD20+ das
células residuais normais (posição mais alta em verde) e um
CD22 negativo. Em 4-D, estas
células são positivas para o
CD23 e negativas para o CD79b.
Assim, vai se formando o perfil
das células patológicas, constituído de um grupo de fenótipos
positivo ou negativo, que induz a
uma probabilidade diagnóstica.
Outras combinações de monoclonais são vistas.
A figura 5 mostra uma importante
análise referente à imunoglobulina
de superfície IgM, que revela posi-
tividade de baixa intensidade e do
FMC7, cuja expressão negativa
mostra-se de grande valia na
conclusão diagnóstica.
Para este paciente, foi realizada a
marcação de inúmeros marcadores (CD13, CD11b, CD34,
CD64, CD56, bcl-2, etc.) para o
mapeamento imunofenotípico,
que não foram demonstrados nos
histogramas.
Finalmente, a análise por citometria de fluxo mostrou o seguinte
fenótipo que permitiu a caracterização diagnóstica:
Positivo:
CD19, CD5, CD23, bcl-2,
kappa monoclonal
Positivo fraco:
CD20, IgM superfície
Negativo:
CD22, CD79b, FMC7,
CD10
104
1024
B
102
512
256
512
768
100
CD2 FE
101
256
SSC-Height
0
0
1024
100
101
102
103
104
LAMBDA-FITC
104
104
FSC-Height
D
Linfo B Patológicos
CD19+ CD23+
103
103
C
100
101
102
CD22 FITC
Figura 4
CD19/CD2/CD5
CD19/CD20/CD22
CD19/CD79b/CD23
CONCLUSÃO
Perfil imunofenotípico compatível
com o diagnóstico de Leucemia
Linfocítica Crônica B (LLC-B).
COMENTÁRIOS
A LLC-B representa nos países
ocidentais 30% de todas as
leucemias e é a mais comum das
doenças linfoproliferativas crônicas (±70%). A doença ocorre em
adultos com idade entre 50 e 70
anos, sendo mais freqüente nos
homens do que nas mulheres,
103
102
104
101
CD79b PE
101
Linfo B
Patológicos
CD19+ CD20+
fraco
100
102
Linfo B Normais
CD19+ CD22+
CD20+
100
CD20 PE
Linfo B Patológicos
CD19+ CD5+
103
768
A
100
101
102
103
104
CD23 FITC
numa relação de 2:1. A grande
maioria dos pacientes é assintomática e comumente a doença
é descoberta através de uma distensão de rotina do sangue periférico. Nos pacientes sintomáticos, os achados mais comuns
são de linfoadenopatia periférica
generalizada, perda de peso e
cansaço. A esplenomegalia está
presente em 50% dos casos.
Originados de uma população de
células B CD5+, localizada na
zona do manto dos folículos linfóides, estes linfócitos neoplásicos, na verdade, se acumulam
sem aumento da proliferação,
como resultado de anormalidades
na apoptose. O proto-oncogene
bcl-2 produz a proteína bcl-2, que
inibe a morte celular apoptótica.
Esta proteína se expressa intensamente na maioria dos casos de
LLC-B, prolongando a sobrevida
das células neoplásicas e permitindo sua infiltração no sangue
periférico, medula óssea e em
outros tecidos linfóides.
Subseqüentemente, os pacientes
podem desenvolver citopenias
(anemia e trombocitopenia), como
resultado do envolvimento progressivo da medula óssea ou de
anormalidades autoimunes que,
associado à hipogamaglobulinemia e à disfunção de célula T,
induzem à ocorrência de infecções bacterianas, fúngicas e
virais, aumentando a severidade
da doença.
Segundo Moreau et Cols, os
achados imunofenotípicos compõem um sistema de pontuação
ou score (tabela 1) que é útil para
distinguir a LLC de outras
leucemias crônicas B (tabela 2).
Os scores que variam de 3 a 5
estão correlacionados com LLCB, enquanto que scores de até 2
tornam muito pouco provável este
diagnóstico.
104
104
A
Linfo B
Patológicos
CD19+ IgM+ fraco
103
103
100
101
102
103
101
100
CD19 PERCP
102
102
101
100
CD 9 PE
B
Linfo B Patológicos
CD19+
FMC7-
104
100
101
102
103
104
IgM-FITC
104
FMC7-FITC
C
101
100
Figura 5
CD19/FMC7, CD19/IgM, bcl-2/CD10
bcl-2 FITC
102
103
Linfo B Patológicos
CD19+ CD10- bcl2
100
101
102
103
104
CD10 PE
No caso presente, o diagnóstico
de LLC-B não ofereceu dificuldades (score de 5), mesmo na
presença de linfocitose pouco elevada, devido ao seu fenótipo
aberrante (CD20+ fraco/ CD5+
/CD23+ /IgM+ fraco /FMC7-). A
anemia pode ser devido à infiltração medular ou à hemólise
autoimune e a trombocitopenia
pode ocorrer por hiperesplenismo,
falha da medula óssea ou processo imune. Enfim, estes dados de
anemia e trombocitopenia associados à esplenomegalia, sugerem
que a doença possa estar num
estadiamento clínico mais avançado, o que permite dizer que um
diagnóstico mais precoce talvez
pudesse ter sido feito se a linfocitose tivesse sido mais valorizada.
Pacientes de LLC-B podem
desenvolver transformação para
linfoma de grandes células (síndrome de Richter) ou leucemia prolinfocítica de piores prognósticos.
Este caso ilustra bem a necessidade da imunofenotipagem, ao
lado da morfologia das células do
sangue periférico (Figura 1),
como instrumento imprescindível
para a realização do diagnóstico
diferencial de linfocitoses não
relevantes, que podem passar
despercebidas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Matutes E, Owusu-Ankomah K,
Morilla R, et al.
The immunological profile of Bcell disorders and proposal of a
scoring system or the diagnosis
of CLL. Leukemia. 1994;
8:1640-5.
Moreau EJ, Matutes E, A’Hern
RP, et al.
Improvement of the chronic lymphocytic leukemia scoring system with the monoclonal antibody SN8 (CD79b). Am J. Clin
Pathol 1997; 108:378-82.
M L Sánchez, J Almeida, B
Vidriales, M C López-Berges, M
A García-Marcos, M J Moro, A
Corrales, M J Calmuntia, J F
San Miguel and A Órfão.
Incidence of phenotypic aberrations in a series of 467 patients
with B chronic lymphoproliferative disorders: basis for the
design of specific four-color
stainings to be used for minimal
residual disease investigation.
Leukemia (2002) 16, 14601469.
M L Sánchez, J Almeida, B
Vidriales, M C López-Berges, M
A García-Marcos, M J Moro, A
Corrales, M J Calmuntia, J F
San Miguel and A Órfão.
Heterogeneity of neoplastic cells
in B-cell chronic lymphoproliferative
disorders:
biclonality
versus intraclonal evolution of a
single
tumor
cell
clone.
Haematologica 2006; 91:331339
TABELA 1:
Sistema de score para diagnóstico diferencal entre LLC-B
e outras Linfoproliferações B maduras
Marcador
Expressão
Score
CD5
Positivo
+1
CD23
Positivo
+1
Ig superfície
Positivo fraco
+1
CD79b
Negativo
+1
FMC7
Negativo
+1
Imunofenotipagem das Doenças
Linfoproliferativas Crônicas B
TABELA 2:
DLPCCD20/
Ig sup CD19
CD23
B
CD22
CD5
CD11c FMC7
CD25
CD10 CD79b
LLC
Fraco
+
Fraco
+
+
Fraco
-
-/+
-
-
LP
+
+
+
-
-/+
-
+
-/+
-
+
HCL
+
+
+
-/+
-
+
+
-/+
+/-
+
LCM
+
+
+
-
+
-/+
+
-/+
LZM
+
+
+
-
+
-/+
+
-/+
-
+
LF
+
+
+
-/+
-
-
+
-/+
+
+
LLC—Leucemia Linfóide Crônica
LF—Linfoma Folicular
LZM—Linfoma B de zona marginal
HCL—Hairy Cell Leukemia
LCM—Linfoma da Célula do Manto
Ig sup—Imunoglobulina de superfície
LP—Leucemia Prolinfocítica
+
Helicobacter pylori:
Importância do Diagnóstico
A infecção pelo Helicobacter pylori é
considerada atualmente a infecção
bacteriana mais prevalente no
mundo. Esta bactéria coloniza cerca
de 50% da população mundial,
principalmente nos países em
desenvolvimento, como o Brasil,
cuja prevalência pode chegar a
70-80%. Geralmente, esta alta taxa
se correlaciona ao baixo nível sócioeconômico e às condições precárias de saneamento básico. O
modo de transmissão ainda é controverso, mas certamente está relacionado à água e alimentos contaminados e transmissão fecal-oral.
Ao aderir ao epitélio gástrico, o H.
pylori produz toxinas que conferem
à bactéria maior virulência e
provavelmente maior habilidade em
extrair nutrientes do epitélio gástrico, levando a uma inflamação da
mucosa mais extensa e a maiores
níveis de colonização gástrica pela
bactéria. Apesar de todas as cepas
de H. pylori causarem gastrite, a
atividade da mesma é regulada por
cepas mais toxigênicas. Possivelmente, por esta razão, estas
cepas estão mais associadas à produção da úlcera péptica e do
câncer gástrico.
Após a infecção aguda pelo H.
pylori, o paciente desenvolve uma
gastrite leve e superficial no corpo e
uma gastrite mais intensa no antro.
A presença de metaplasia gástrica
no duodeno favorece a colonização
do H. pylori no bulbo e a produção
de úlcera duodenal. Após anos de
infecção, a inflamação crônica da
mucosa gástrica antral, produzida
pela bactéria, lesa o epitélio gástrico, que é substituído por um epitélio
do tipo intestinal. Esta metaplasia
intestinal, muitas vezes, é multifocal,
aparecendo no antro e corpo. A
gastrite atrófica é o resultado
dessas alterações inflamatórias crônicas, sendo principal precursor do
câncer gástrico.
A grande importância conferida
atualmente à infecção pelo H. pylori
se justifica porque a úlcera péptica é
hoje considerada uma doença
infecciosa, afastada a etiologia por
anti-inflamatórios não hormonais, e,
por isso, apresentando cura após a
erradicação da bactéria. Além
disso, os estudos atuais se concentram na relação da infecção do H.
pylori, na promoção do câncer
gástrico e do linfoma MALT. Em
1994, a Agência Internacional de
Pesquisa em Câncer (IARC) classificou o H. pylori como sendo um
carcinógeno do grupo I.
Evidências epidemiológicas de
estudos cortes demonstraram que
pacientes com câncer gástrico,
principalmente precoce, tinham alta
prevalência de infecção pelo H.
pylori. A regressão da gastrite produzida pelo tratamento da bactéria
diminuiu na última década a
incidência de câncer gástrico.
Numerosos trabalhos demonstraram que pacientes tratados do
câncer gástrico precoce reduziram
significativamente a recorrência do
câncer após a erradicação da bactéria, quando comparados com
aqueles que não foram tratados
com antimicrobianos. A seqüência
esperada na produção de câncer
seria a bactéria produzir com o
tempo uma gastrite atrófica, levando à metaplasia intestinal, displasia
e por último o adenocarcinoma.
Quanto mais difusa a metaplasia
intestinal, maior a chance de carcinogênese. Esta quantificação é
muito difícil, levando em consideração que as biópsias coletadas
durante o exame endoscópico
representam pouco de toda a
mucosa gástrica. Por isso, quanto
maior for o número de amostras
colhidas durante a endoscopia (do
antro e corpo, ao longo da pequena curvatura), maior será a representação da presença e da extensão da metaplasia intestinal na
mucosa gástrica. Sabe-se ainda
que pacientes que desenvolvem
úlcera duodenal raramente vão
desenvolver o adenocarcinoma
gástrico.
Parece que a normo ou hipercloridria (presente em pacientes
com úlcera duodenal) seria um fator
protetor nos pacientes H. pylori
positivos contra o desenvolvimento
do câncer gástrico. Apesar de todas
as evidências relacionando a
infecção pelo H. pylori e o adenocarcinoma gástrico, os estudos
ainda são controversos na indicação de tratamento de todos os
pacientes infectados. A carcinogênese gástrica provocada pelo H.
pylori é um evento raro, com risco
de câncer durante toda a vida de
pacientes infectados estimado em
5%. Além disso, características
específicas da bactéria, como o seu
genótipo e o polimorfismo genético
do hospedeiro, e também fatores
ambientais devem ser determinados
para identificarmos um subgrupo de
pacientes com maior risco de
desenvolver o câncer gástrico. Este
grupo de pacientes certamente se
beneficiaria do tratamento da bactéria. Outra questão ainda controversa é se a erradicação do H. pylori
eliminaria o processo da carcinogênese ou apenas deixaria este
processo, já iniciado previamente,
mais lento.
Em relação ao Linfoma MALT de
baixo grau, numerosos estudos
demonstraram a associação da
infecção pelo H. pylori com o linfoma. Mais de 90% dos pacientes
com linfoma são infectados pela
bactéria e a erradicação da mesma,
como tratamento isolado, leva a
uma remissão clínica e endoscópica. A representação endoscópica
a endoscopia digestiva alta. Após a
realização da biópsia, podemos
realizar o teste da Urease ou o estudo histopatológico da mucosa. Este
último é considerado o teste padrão
ouro no diagnóstico da presença da
bactéria na mucosa gástrica, seja
com coloração pela Hematoxilina e
eosina ou colorações especiais
como a prata ou Alcian blue. Para
ampliar o campo diagnóstico, devese colher pelo menos quatro biópsias durante a endoscopia digestiva
alta; duas do antro e duas do corpo,
ao longo da pequena curvatura e
grande curvatura.
Helicobacter pylori
do linfoma MALT é diversa, mas a
irregularidade da mucosa e a multiplicidade de úlceras são as mais
freqüentes. O linfoma MALT pode
ter uma distribuição focal ou difusa
e o diagnóstico depende da biópsia
do tecido infiltrado por linfócitos
com lesões linfoepiteliais e a confirmação por imunohistoquímica. O
endoscopista deve biopsiar a
mucosa doente e também a
mucosa aparentemente normal,
onde a detecção da bactéria é mais
freqüente.
Para o diagnóstico da infecção pelo
H. pylori, podem ser usados exames invasivos e não invasivos. Os
primeiros necessitam da coleta de
biópsia da mucosa gástrica durante
O teste da Urease consiste em um
meio líquido ou gel rico em uréia,
com corante sensível a mudança de
pH. É um teste de baixo custo, com
sensibilidade de 90%. O fragmento
gástrico coletado durante a endoscopia é colocado neste meio e se
possuir urease (presença de H.
pylori) ocorrerá hidrólise da uréia em
amônia e dióxido de carbono. O pH
do meio vai aumentar com a presença da amônia e mudar a cor do
gel de amarelo para vermelho. Este
resultado pode ser lido de 5 minutos
a 24 horas, bem mais rápido e barato do que o histopatológico. No
entanto, pela possibilidade de resultados falsos negativos, quando a
análise histopatológica da mucosa
gástrica estiver indicada ou o
paciente apresentar úlcera péptica
associada, é recomendado processar os dois métodos diagnósticos. A
cultura da bactéria proveniente de
biópsia endoscópica é muito difícil,
pouco sensível e onerosa, não
estando disponível na maioria dos
laboratórios. A sua maior indicação
seria estabelecer, pelo TSA, a qual
antibiótico uma determinada bactéria é sensível, nos raros casos de
refratariedade aos tratamentos
usuais.
Quanto aos métodos não invasivos
para o diagnóstico da infecção pelo
H. pylori, o teste sorológico tem
grande sensibilidade; no entanto,
não serve como controle de cura
pela permanência freqüente de anticorpos IgG no sangue de pacientes
tratados. O teste respiratório é realizado com uréia marcada com carbono 13 ou 14 e é um teste de alta
sensibilidade e especificidade para
o diagnóstico, sendo indicado
quando não há necessidade de
uma avaliação endoscópica da
mucosa gástrica. Isso ocorre em
pacientes com úlcera duodenal
tratada, como controle da erradicação da bactéria. Independente do
teste utilizado para a determinação
da erradicação da bactéria após
tratamento, o melhor é solicitar o
exame depois de, no mínimo, 1 mês
do tratamento e sem o paciente
estar utilizando antiácidos, evitando
assim resultados falso negativos.
Ao longo de todos esses anos de
conhecimento da infecção pelo H.
pylori, algumas questões estão
estabelecidas:
1. As principais indicações para o
tratamento do H. pylori são na
úlcera duodenal, na úlcera gástrica,
no linfoma gástrico do tipo MALT,
em pacientes tratados de câncer
gástrico, em parentes de primeiro
grau de pacientes com câncer
gástrico e em pacientes que desejam ser tratados.
2. Excetuando-se de estudos controlados, só se recomenda pesquisar o H. pylori se pensarmos em
tratar o paciente.
3. Vários esquemas terapêuticos
estão disponíveis e com taxas de
erradicação em torno de 90%. O
importante é a associação do
inibidor de bomba de próton ao
esquema antimicrobiano, que deve
conter pelo menos dois antibióticos
(esquema tríplice), sendo os mais
utilizados a claritromicina e amoxacilina por 7 a 14 dias.
Situações ainda controversas na
literatura e cuja indicação de tratamento ainda não está totalmente
estabelecida: nas dispepsias não
ulcerosas, nas gastrites, durante o
uso prolongado de anti-inflamatórios não hormonais, no uso
prolongado de inibidores de bomba
de próton, na DRGE e em pacientes
infectados pelo H. pylori para prevenção do câncer gástrico e sem
história familiar de câncer. Novos
estudos são necessários para
esclarecer estas lacunas.
Neurofisiologia na Diagnósticos da América
O Serviço de Neurofisiologia da Diagnósticos da América tem como proposta
aliar alta tecnologia com recursos humanos altamente capacitados.
Realizamos em nível ambulatorial os
seguintes exames:
A neurofisiologia é uma especialidade ligada à neurologia, que engloba procedimentos clínicos, testes e exames, dos
mais simples aos mais sofisticados, para
diagnóstico de possíveis patologias do sistema nervoso.
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O principal objetivo do serviço é procurar
auxiliar os médicos especialistas
no diagnóstico de doenças como epilepsia, demências, distúrbios de comportamento, desordens do movimento,
neuropatias e outras patologias neurológicas.
Os laudos são entregues aos pacientes
rapidamente, proporcionando relatórios
com alto padrão de documentação e
clareza de informações, estando nossos
profissionais disponíveis para interagir com
os médicos assistentes.
Nossa equipe é formada por especialistas
que procuram interagir com outras especialidades, com o objetivo de obter sempre o melhor resultado e conforto ao
paciente.
Com equipamentos de última geração,
estamos prontos para atender pacientes
de todas as idades.
•
EEG em vigília, com hiperventilação e
fotoestimulação intermitente;
EEG em sono espontâneo;
EEG em sono induzido ;
EEG em sono e vigília;
Mapeamento cerebral com EEG;
Eletroneuromiografia;
Potenciais evocados
somato-sensitivos.
Nosso crescimento e reconhecimento
resultam do investimento contínuo em
profissionais qualificados e experientes,
qualidade e tecnologia. Estamos sempre à
disposição para dar total suporte aos diagnósticos, esclarecendo dúvidas sobre
exames, preparo ou quaisquer outras
informações relacionadas à área de medicina diagnóstica.
Lazer & Cultura
Punta del Este é destino certo no verão
Península reúne belas paisagens e atrações para qualquer visitante
Punta del Este, no Uruguai, conhecida no mundo
inteiro pela agitação, hotéis de luxo e cassinos, é
uma caixinha de surpresas. Não é à toa que a cidade
de 10 mil habitantes recebe cerca de 250 mil turistas
por ano. Suas badaladas praias são invadidas no
verão por muita gente jovem e bonita, mas a região
também oferece programas para quem prefere o
campo.
Além disso, Punta combina grande oferta de hotéis e
atrações, bons restaurantes, um cassino ao melhor
estilo Las Vegas com funcionamento 24 horas, e, o
melhor: tudo isso com clima de segurança de
primeiro mundo.
É fato que mesmo no inverno, com temperatura
média de 13ºC, a cidade mantém seu charme e
muita programação, mas é mesmo no verão que
Punta del Este ferve. Os ares do Uruguai são
litorâneos, com praia fluvial, banhada pelo rio da
Prata, e de mar, com o Atlântico. As águas são
geladas em qualquer época do ano. As praias
marítimas, também conhecidas por “praias bravas”
atraem os jovens, principalmente para a prática de
esportes, como o surfe, e a paquera. As fluviais são
mais tranqüilas e familiares, propícias também para
os esportes náuticos. Uma visita a Punta del Este
não pode deixar de incluir a clássica caminhada na
orla da praia para ver o pôr-do-sol.
Para quem quer sossego, uma das praias mais
bonitas é José Ignácio, que reúne trechos de
natureza virgem, paz e silêncio, em uma área
bastante afastada dos centros mais agitados.
Mas se o que você quer mesmo é ver e ser visto, o
endereço é outro: o balneário Manantiales, onde estão
algumas das praias mais famosas, verdadeiros points
da agitação que têm ápice a partir do meio da tarde.
O dia em Punta del Este é diferente do convencional.
Por conta das noites de badalações, que se estendem madrugada afora, é a partir do meio-dia que as
primeiras pessoas começam a aparecer pelas ruas.
Às 16h, os restaurantes estão lotados para o almoço.
A face boêmia do balneário pode ser conferida em
uma das famosas festas oferecidas por celebridades
e milionários em suas mansões, ou em endereços já
conhecidos como garantia de diversão.
Em Punta, as noites começam com um aperitivo nos
pubs que ficam lotados na área do porto, passam
pelos bares próximos à Ponte La Barra, conhecida
como “Ponte do Camelo” por suas duas ondulações
características, e terminam nas danceterias de La
Barra, onde a ordem é se divertir até o sol raiar.
Punta del Este também é famosa por seus cassinos.
Se no dia seguinte o desejo for pelos ares do campo,
basta cruzar a “Ponte Camelo” para deixar para trás
as praias e se hospedar, ou simplesmente passar o
dia, em propriedades conhecidas como “chácaras
marítimas”, onde é possível praticar esportes como
golfe, rugby ou pólo. Se a busca for por realmente
fugir da agitação com programas alternativos, é
imprescindível uma visita a Maldonado, nos arredores
de Punta del Este, que exibe a cultura do país em
museus e importantes marcos, revelando as marcas
de um passado de colonização espanhola.
A
genda
61º Congresso Brasileiro de
Cardiologia – XXII Congresso
Sul-Americano de Cardiologia
21 a 25/10/2006
Recife – Pernambuco
Tel: (21) 2286-4060
http://congresso.cardiol.br
XXXIII Congresso Brasileiro de
Pneumologia
01 a 05/11/2006
Fortaleza – Ceará
Tel: (85) 4011-1572
http://www.sbpt.org.br/pneumo2006
38º Congresso Brasileiro de
Ortopedia e Traumatologia
11 a 14/11/2006
Fortaleza – Ceará
Tel: 0800 727 7268
[email protected]
http://www.cbot2006.com.br
XIX Congresso Brasileiro de
Cardiologia Pediátrica
11 a 15/11/2006
São Paulo – SP
Tel: (21) 2286-4060
[email protected]
http://www.asconcongressos.com.br
/pediatrica/home.html
52º Congresso Brasileiro de
Ginecologia e Obstetrícia
19 a 22/11/2006
Florianópolis – Santa Catarina
Tel: (48) 3222-3985
[email protected]
http://www.sulbrasileiro2006.com.br
I Conferência Sul-Americana de
AVC e Neurointensivismo
05 a 06/12/2006
São Paulo – SP
Tel: (11) 3155-0900
[email protected]
VIII Congresso Brasileiro de
Cirurgia da Obesidade
05 a 09/12/2006
Salvador - Bahia
Tel: (71) 2104-3477
[email protected]
http://www.cbcobahia.com.br/cbcobahia
/index.html
XVII Congresso Brasileiro de
Cancerologia
22 a 25/11/06
Belo Horizonte – Minas Gerais
Tel: (31) 3227-1011
[email protected]
http://rhodeseventos.com.br
/cancerologia
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Expediente
Saúde em Exame é uma publicação trimestral da Diagnósticos da América S. A.
Presidente do Conselho de Administração: Dr. Caio Auriemo
CREMESP: 13707 Vice-Presidente Médico: Dr. Luiz Gastão Mange Rosenfeld Diretor - Desenvolver Medicina Diagnóstica: Dr. Octavio Fernandes
Assessoria Científica: Dr. Alberto Chebabo Colaboraram nesta edição: Alberto Chebabo, Ana Tereza Pugas, Igor Couto da Cruz,
Tania Amaral Queiroz, Eduardo Jorge Coordenação: Hilton Mello - Marketing Diagnósticos da América
Projeto Gráfico e Diagramação: Graphic Designers Jornalista Responsável: Kátia Obertopp MTB 42622
Outras informações sobre os assuntos técnicos veiculados nesta publicação podem ser obtidas pelo Canal do Médico:
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Na Bahia e Ceará: BA: (71) 2109-0600 / 2109-8800 CE: (85) 3462-6000
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