Untitled - CLC Portugal

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Untitled - CLC Portugal
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Copyright © 2009 by Perry Stone
Originalmente publicado em inglês por Charisma House
A Strang Company
Lake Mary, Florida, USA
Angels on Assignment
All Rights Reserved
Translated and used by permission of Strang Communications Company
Editor Responsável: Claudio Rodrigues
Coeditor: Thiago Rodrigues
Capa e Diagramação: Guil
Tradução: Christiano Titoneli Santana
Revisão de Texto: Ariana Fátima C. Baptista
Mitsue Siqueira da Silva
Stella Rodrigues Rosemberg
ISBN: 978-85-61411-61-9
1ª edição – Dezembro/2010
Impressão: Imprensa da Fé
Classificação: Moral Cristã e Teologia Devocional
Available in other languages from Strang Communications, 600 Rinehart Road, Lake
Mary, FL 32746 USA, Fax Number 407-333-7100 www.strang.com.
Impresso no Brasil
Introdução: O Escape da Morte
01
1 Vivendo à Sombra do Onipotente
05
2 Quando Coisas Ruins Acontecem com Pessoas Boas
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3 Mizpá – Formando a Aliança da Proteção
23
4 Mizpá e o Anjo da Aliança
29
5 O Guardião do Povo de Deus
43
6 Anjos – Missões Celestiais para o Povo desta Terra
53
7 Cinco Coisas que Ofendem os Anjos de Deus
81
8 O Conhecimento de Davi Sobre o Marco da Aliança Mizpá
107
9 Os Anjos e a Aliança Mizpá
115
10 A Aliança Estabelecida nos Umbrais
127
11 Jejum – Recebendo a Atenção dos Mensageiros Celestiais
137
12 O Milagre da Intercessão à Longa Distância
155
Notas
167
O Escape da Morte
C
om mais de 50 anos de vida, tenho recebido
milagrosamente o livramento de Deus. Em 1961, estava eu
sentado no banco da frente do carro do meu pai, quando o nosso carro capotou, batendo no outro que estava parado na estrada,
com defeito no farol. O impacto foi tão grande que minha mãe
foi parar no para-brisa, a força fez meu pai entortar o volante na
coluna de direção e eu fiquei quase amassado no painel do carro.
Minha mãe, com fraturas na mandíbula e nos joelhos, ficou muito
nervosa ao ver o meu corpo já sem forças debaixo do painel entre
os vidros quebrados. Ela achava que eu tinha quebrado o meu pescoço. Mas logo após algum tempo, ela ficou muito feliz por me
ouvir chorando. O choro quebrou o silêncio da morte, principalmente quando ela percebeu que eu estava soluçando, pois eu acabara de torcer o meu pé devido ao impacto.
Alguns anos depois, em 1966, a nossa família, no total de cinco
pessoas, sobreviveu a um outro acidente, quando, tarde da noite,
minha mãe dormiu dirigindo e acabou ultrapassando a faixa contínua dupla da pista, quase colidindo com um motorista de apenas
18 anos de idade. Eu estava meio sonolento atrás do carro e acordei
com o carro derrapando, dando uns solavancos e, de repente, o carro parou próximo à ribanceira. A árvore serviu como barreira para
não deixar o carro cair da montanha. O caminhoneiro falou: “Eu
vi o carro de vocês vindo em minha direção e peguei o sinalizador
1
2
de emergência, porque eu sabia que o carro bateria de frente com
meu caminhão; mas, algo pegou o carro de vocês e mudou a direção para a ribanceira”. Ele deu a entender claramente que alguém
tinha nos protegido.
Eu soube, mais tarde, que o poder da intercessão do meu pai
nos livrou de uma possível tragédia em nossa família, aquela noite. Doze horas antes do acidente, estávamos na casa da minha tia
em Ohio, EUA. Já de manhã cedo, naquele dia, meu pai estava
no quarto de joelhos no chão, em oração, pois havia sentido algo
muito perigoso sendo preparado para aquele dia. O livramento
chegou após as doze horas da mesma noite. E até o romper do dia,
estávamos no mesmo carro, indo para a cidade Big Stone Gap, na
Virginia.
Alguns anos atrás, estava eu sentado no lado direito da cabine
do avião, ao lado do meu amigo e piloto, Kevin Wright. A quase
três mil metros de altitude e faltando 20 minutos para aterrissar
em Chattanooga, Tennessee, o avião desviou para a esquerda e eu
ouvi um barulho parecido com o de um motor de um carro falhando quando a água se mistura ao combustível. Após alguns segundos, aconteceu mais uma vez, e vi que um sinal no monitor em minha direção revelava que o motor do lado direito havia parado de
funcionar. Tínhamos perdido um motor no ar! O momento ficou
tenso por alguns segundos, enquanto o piloto tentava fazer contato
com a base aérea em Atlanta. Depois de receber as instruções, decidimos continuar voando com apenas um motor até Chattanooga,
e acabamos pousando a uns poucos minutos após a meia-noite.
Após o pouso, eu disse ao piloto que eu podia sentir a oração
de alguém chegando até nós naquele exato momento. Quando ele
voltou para casa, a esposa dele lhe disse: “Você está bem?”
O Escape da Morte
3
Ele respondeu: “Agora estou”.
Ela perguntou: “O que aconteceu?”
Quando ele contou o ocorrido, sua esposa, Denise, comentou:
“O Senhor me incomodou, e não parei de orar por você a partir do
momento em que te vi sair da igreja para buscar Perry em Kentucky. O Senhor me incomodou de tal maneira que orei sem cessar,
pois eu havia sentido que você estava em meio a algum perigo”.
No dia seguinte, eu telefonei para a líder de oração, Bea Ogle,
pessoa esta que dirige mais de mil e quinhentos intercessores em
favor de nosso ministério. Perguntei a ela como estava, e ela respondeu-me que estava tudo bem. Entretanto, ela me disse que, na
noite passada, aproximadamente às 11:00 da noite, ela havia sentido que eu estava em perigo e orou incessantemente até às 00:15.
O problema no motor aconteceu um pouco depois das 11:00 da
noite, e pousamos depois de 00:15 da madrugada! Foram as orações de intercessão de Denise e Bea que nos sustentaram dentro do
avião durante a noite.
Ao longo dos anos, toda vez que o coração do meu pai se sentia
incomodado, ele sempre dobrava os
A aliança Mizpá
joelhos e entrava na mais profunda e
contrita oração. E mais tarde, sempre
enviará o socorro
vinha à tona a importância daque- dos anjos e envolverá
la oração intercessora contra algum
com a labareda de
tipo de perigo, sendo na família ou
fogo protegendo
em alguém próximo a nós. A oração
quem você ama, os
intercessora e a aprendizagem quanseus filhos e a você
to ao valor da oração têm sido o livramesmo.
mento de morte na minha vida e na
vida de meus familiares.
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Neste livro, mostrar-lhe-ei a importância da oração e da intercessão no livramento de ataques do Inimigo. Mas não é só isso.
Quero também apontar-lhe a singular e quase desconhecida aliança que roga a Deus para enviar os Seus anjos para nos socorrer e
envolver com a labareda de fogo, protegendo quem você ama, os
seus filhos e a você mesmo.
Esta aliança, chamada aliança Mizpá, é uma das alianças mais
singulares da Escritura e diz respeito à proteção de Deus quando
duas pessoas estão longe uma da outra. Venha comigo neste maravilhoso e profundo estudo da Palavra, sobre um assunto que nunca
antes foi-me apresentado ou até mesmo ensinado na igreja. Contudo, tenho vivido pessoalmente a bênção dessa aliança e espero que
minhas palavras possam impulsioná-lo a viver o mesmo.
Capítulo 1
Vivendo À Sombra
Do Onipotente
Tem misericórdia de mim, ó Deus, tem misericórdia de mim,
porque a minha alma confia em ti; e à sombra das tuas asas me
abrigo, até que passem as calamidades.
- Salmos 57:1
V
oltemos aos anos 70. Imagine que você tenha um
filho de 18 anos cujo trabalho consiste em viajar de automóvel de um estado para outro. De tempos em tempos, ele dirige de
10 a 15 horas direto, passando por grandes cidades como Atlanta,
Birmingham e até Nova York. Para chegar a tempo nos compromissos já pré-marcados, ele precisa literalmente sair às 10:00 da
noite e dirigir pela madrugada afora a fim de chegar no próximo
compromisso. Ele viaja sozinho.
Naquela época, não havia celulares, muito menos aparelhos
eletrônicos, iPhones, mensagens de texto ou sistema GPS – apenas
mapas e orelhões próximos aos armazéns. Por vezes, você aguarda
o seu retorno às oito da manhã após uma noite inteira no volante,
mas ele acaba chegando bem mais tarde. Nesse meio tempo, você
5
6
se pergunta se ele estava em perigo. Será que o pneu furou, deu
algum problema no motor ou será que faltou gasolina numa estrada das regiões montanhosas de West Virginia? É simplesmente da
natureza materna se preocupar.
Quem é esse rapaz de apenas 18 anos de idade? Esse rapaz sou
eu. Fui chamado ao ministério com 16 anos, e aos 18, eu comecei a
viajar ao redor de cinco estados diferentes, dirigindo horas durante
a noite de uma igreja à outra. Meu pai, Fred Stone, ainda tinha,
naquela época, cabelos bem pretos e ondulados. À medida que
seu cabelo ia ficando grisalho, ele sempre dizia: “Perry, este cabelo
branco é fruto de muitas horas de oração por você à noite, intercedendo a favor da sua segurança e proteção quando você estava
viajando pelo país”. Tendo eu agora um filho adolescente, posso
compartilhar do mesmo sentimento do meu pai.
O Perigo Ao Nosso Derredor
A vida é um longo caminho traçado por areias movediças e
precipícios. Quando uma mãe manda o seu filho ou marido para
a guerra, de modo a defender a sua pátria, o coração dessa mulher
fica acelerado toda vez que a programação televisiva é interrompida para mostrar um bombardeio ou um ataque suicida na região
em que os seus amados estão. Muitos filhos vão à escola pela manhã, mas não voltam à noite por influência de adultos com mente
perversa ou por alguns sedutores do Inimigo, tirando assim vantagem da inocência deles. O inesperado pode ocorrer inclusive nos
campus das faculdades, quando alunos mentalmente desequilibrados apontam uma arma para os seus colegas por raiva ou ódio. O
turno do trabalho divide a qualidade do tempo em família, às vezes
Vivendo à Sombra do Onipotente
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exigindo que a esposa ou marido viaje a trabalho tarde da noite,
sendo submetido aos perigos noturnos.
Na realidade, precisamos de uma proteção contínua – em casa,
no trabalho, na estrada, em suma, às vinte quatro horas do dia.
Há vários relatos na Escritura indicando que Deus pode e irá
nos proteger. Uma das palavras que denota o plano da proteção
de Deus é a palavra guardar. Quando os antigos sumos sacerdotes
davam a bênção ao povo, assim eles diziam: “O Senhor te abençoe
e te guarde” (Nm. 6:24). Essa palavra no hebraico é shamar, que
significa cercar, guardar e proteger. Uma das maiores passagens da
Escritura, e uma das minhas favoritas, é o salmo 91. Eu o chamo de
salmo da divina proteção:
Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo,
À sombra do Onipotente descansará.
Direi do Senhor: Ele é o meu Deus, o meu refúgio, a
Minha fortaleza, e nele confiarei.
Porque ele te livrará do laço do passarinheiro,
E da peste perniciosa.
Ele te cobrirá com as suas penas, e debaixo das suas asas
Te confiarás; a sua verdade será o teu escudo e broquel.
Não terás medo do terror de noite
Nem da seta que voa de dia,
Nem da peste que anda na escuridão,
Nem da mortandade que assola ao meio-dia.
Mil cairão ao teu lado,
E dez mil à tua direita, mas não chegará a ti.
Somente com os teus olhos contemplarás,
E verás a recompensa dos ímpios.
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Porque tu, ó Senhor, és o meu refúgio.
No Altíssimo fizeste a tua habitação.
Nenhum mal te sucederá,
Nem praga alguma chegará à tua tenda.
Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te
Guardarem em todos os teus caminhos.
Eles te sustentarão nas suas mãos,
Para que não tropeces com o teu pé em pedra.
Pisarás o leão e a cobra;
Calcarás aos pés o filho do leão e a serpente.
Porquanto tão encarecidamente me amou, também eu o
livrarei;
Pô-lo-ei em retiro alto, porque conheceu o meu nome.
Ele me invocará, e eu lhe responderei;
Estarei com ele na angústia; dela o retirarei, e o glorificarei.
Fartá-lo-ei com longura de dias,
E lhe mostrarei a minha salvação.
- Salmos 91:1-16
Essa poderosa mensagem começa logo no primeiro verso, usando quatro diferentes nomes em Hebraico referindo-se a Deus:
•
•
•
•
Altíssimo – El Elion
Onipotente – El Shaddai
Senhor – YHVH
Meu Deus – El
Esses quatro nomes revelam a completude do que Deus é
e o que Ele pode ser na vida de alguém. Ele é o Deus da aliança
Vivendo à Sombra do Onipotente
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(YHVH), o provedor de todas as nossas necessidades (El Shaddai), o único Deus (El Elion) e o Deus forte (El). O escritor desse
salmo - suspeita-se que seja Moisés - apresenta os nomes de Deus
que foram revelados nos primeiros cinco livros da Bíblia, chamados Torá. Na realidade, da época de Adão até os tempos de Moisés,
Deus havia revelado somente alguns nomes para o Seu povo. Após
Moisés partir para o Egito, Deus lhe revelou um novo nome, que
os hebreus nunca tinham ouvido antes falar:
Falou mais Deus a Moisés, e disse: Eu sou Jeová. Apareci
a Abraão, a Isaque e a Jacó, como o Deus Todo-poderoso;
mas pelo meu nome Jeová, não lhes fui conhecido.
- Êxodo 6:2-3 ( João Ferreira de Almeida)
Esse nome que na Bíblia escreve-se como Jeová, no Hebraico contém quatro letras chamadas de tetragrama (significando
quatro letras) e é identificado como o nome sagrado de Deus. A
palavra é grafada com quatro letras do Hebraico: yod, hei, vav e
hei (YHVH). Esse nome é traduzido no Antigo Testamento aproximadamente 6.823 vezes como “Senhor” e “Senhor Deus”. Esse
nome é considerado tão sagrado que consequentemente só o sumo
sacerdote tinha a permissão para falá-lo. Hoje, numa sinagoga,
quando os rolos bíblicos são lidos e as pessoas se deparam com esse
nome de quatro letras, elas não o proferem, pois o nome é sagrado, e elas não sabem a real pronúncia, mas substituem-no dizendo
“Adonai”, um outro nome para Deus.
No salmo 91, Moisés fala sobre o “esconderijo do Altíssimo”
e como permanecer “à sombra do Onipotente”. Por muitos anos,
fiquei em dúvida quanto ao significado do “esconderijo” e de “à
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sombra do Onipotente”. Depois de conversar com rabinos em Jerusalém e de fazer muitas pesquisas, acho que posso compartilhar
contigo algumas conclusões muito interessantes.
Na época de Moisés, o “esconderijo” era o Santo dos santos no
tabernáculo de Moisés. Era secreto a ponto de ser permitida somente a entrada do sumo sacerdote na tenda uma vez por ano, no
Dia da Expiação, para fazer expiação pelos pecados (Lv. 16:23, 2728). Era estritamente proibido a qualquer pessoa passar do véu que
separava o Santo Lugar do Santíssimo Lugar. No Santo dos santos
habitava a sagrada arca da aliança, a caixa dourada que guardava
um vaso dourado com o maná, a vara de Arão e as tábuas da lei, e
era o lugar secreto de Deus.
A Sombra Do Onipotente
O significado de “a sombra do onipotente” pede um estudo
mais detalhado. Há cinco passagens, incluindo o salmo 91, que
mencionam a sombra das asas de Deus. Quatro das cinco seguem
abaixo:
Guarda-me como à menina do olho; esconde-me, à sombra das tuas asas.
- Salmos 17:8
Quão preciosa é, ó Deus, a tua benignidade! Os filhos dos
homens se refugiam à sombra das tuas asas.
- Salmos 36:7
Compadece-te de mim, ó Deus, compadece-te de mim,
pois em ti se refugia a minha alma; à sombra das tuas asas
me refugiarei, até que passem as calamidades.
- Salmos 57:1
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Vivendo à Sombra do Onipotente
Pois tu tens sido o meu auxílio; de júbilo canto à sombra
das tuas asas.
- Salmos 63:7
Para entender o significado da sombra das asas de Deus, devemos voltar à época de Davi. Moisés e os seus pedreiros construíram
uma grande tenda feita de estacas de madeira e de peles de animais,
chamada de tabernáculo - erigido no deserto por quase 40 anos.
(Veja Êxodo 26.) Depois que Josué possuiu a Terra Prometida, a
tenda foi construída na região de Siló (1 Sm. 1:1-3). Cem anos depois de Josué, Davi desejava que a presença de Deus habitasse em
Jerusalém; dessa forma, ele pessoalmente levou a arca da aliança
do tabernáculo de Moisés à cidade de Jerusalém (2 Sm. 6). Davi
armou uma tenda especial para colocar a arca da aliança, iniciando
vinte e quatro horas de adoração ininterrupta, cantando e orando
dentro da tenda. Essa tenda especial é chamada de tabernáculo de
Davi.
Davi fez para si casas na cidade de Davi; também preparou
um lugar para a arca de Deus, e armou-lhe uma tenda.
- 1 Crônicas 15:1
Trouxeram, pois, a arca de Deus e a colocaram no meio da
tenda que Davi lhe tinha armado; e ofereceram holocaustos e sacrifícios pacíficos perante Deus.
- 1 Crônicas 16:1
Não somente a arca dourada permaneceu em Jerusalém, na tenda de Davi, mas também o rei organizou e nomeou vários músicos
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e cantores para adorarem diante da arca, incluindo escribas para
serem registradores e para anotarem cada palavra inspirada que fosse proferida enquanto o povo estivesse adorando próximo à arca:
Designou dentre os levitas os que haviam de ministrar
diante da arca do Senhor, e celebrar, e louvar, e exaltar o
Senhor, Deus de Israel, a saber, Asafe, o chefe, Zacarias, o
segundo, e depois Jeiel, Semiramote, Jeiel, Matitias, Eliabe, Benaia, Obede-Edom e Jeiel, com alaúdes e harpas;
e Asafe fazia ressoar os címbalos. Os sacerdotes Benaia e
Jaaziel estavam continuamente com trombetas, perante a
arca da Aliança de Deus.
- 1 Crônicas 16:4-6
( João Ferreira de Almeida, 2ª edição)
Depois de eu ter pesquisado os detalhes concernentes à arca
da aliança e ter aprendido um pouco mais sobre a tenda de Davi,
percebi que o mistério da sombra de Deus estava ligado à arca, e,
de alguma forma, compreendido por Davi no que diz respeito ao
tabernáculo que fora construído para o artigo sagrado.
A arca era uma caixa construída de madeira de acácia, revestida
por dentro e por fora com ouro puro. Havia uma tampa pesada de
ouro chamada “propiciatório”, com ouro batido nas extremidades,
dois querubins de ouro no propiciatório estendendo as suas asas
com os seus rostos voltados para a tampa (Êx. 25:10-22).
O tabernáculo de Davi diferenciava-se da tenda sagrada de
Moisés. O tabernáculo de Moisés tinha três câmaras sagradas: os
átrios externo e interno e o Santo dos santos. O Santo dos santos
era a Sala em que ficava a arca da aliança. No tabernáculo de Moi-
Vivendo à Sombra do Onipotente
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sés, somente o sumo sacerdote era permitido entrar no Santo dos
santos, uma vez ao ano no Dia da Expiação, para que pudessem
derramar o sangue do sacrifício no propiciatório da arca. Na tenda de Davi, porém, os adoradores podiam se aproximar da arca e
adorar.
As únicas asas que fazem alusão à presença de Deus são as asas
dos querubins pairando no propiciatório da arca. Como essas asas
tornaram-se a sombra de Deus?
Em 1988, conversei com um rabino canadense em Jerusalém, e
falei com ele sobre a minha teoria a respeito da “sombra do Onipotente”. É bem provável que a tenda de Davi deva ter tido o formato
de um grande quadrado ou, talvez, a tenda tenha sido retangular,
formada de peles de animais assim como o tabernáculo de Moisés.
Pensa-se que a arca fora colocada no nível da superfície das rochas
de calcário branco, rocha esta somente encontrada nas colinas e ao
redor de Jerusalém. A tenda tinha uma cobertura para proteger a
arca dos danos naturais. No calor, num sol escaldante, a cobertura
era retirada e a luz do sol refletia nas asas douradas dos querubins
no propiciatório, formando uma sombra ao chão. Isso tornou-se
a “sombra do Onipotente” e a “sombra de Suas asas”. Davi sabia
que somente os levitas poderiam fisicamente tocar ou mover a
arca da aliança. Contudo, ao adorar no tabernáculo, a pessoa podia ajoelhar-se na sombra da arca, ocasionada pelo reflexo que batia ao chão por causa da luz solar. Quando apresentei ao rabino
essas teorias, ele me respondeu que a minha explanação estaria
correta.
O inspirado escritor das quatro passagens em Salmos entendeu
que, uma vez que ele ou alguém ficasse na sombra da presença de
Deus, a proteção para o homem e para as lutas espirituais que os
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cercavam seria infinita. Se fôssemos adaptar o significado de estar
na sombra de Deus aos dias de hoje, diríamos que essas pessoas
tiveram um momento de intimidade na presença do Senhor por intermédio da adoração ou oração.
A arca da aliança não mais está no tabernáculo de Moisés, na
tenda de Davi ou no templo de Salomão. Perdida com o passar dos
anos, roubada pelos exércitos invasores ou escondida no Templo
do Monte, os homens jamais poderão saber. Entretanto, o propósito da arca era dar um parecer da futura expiação por intermédio
do Messias.
Na época de Moisés, havia três itens sagrados depositados na
caixa de ouro da arca da aliança. Eram eles, o vaso de ouro com o
maná, as tábuas de pedra da Lei de Deus e a vara de Arão - que tinha florescido (Hb. 9:4). Cada item refletia a imagem profética da
bênção espiritual que seria derramada aos cristãos sob a nova aliança. Cristo disse que Ele é o “pão que desceu do céu” ( João 6:41);
sendo assim, o maná no deserto que sustentou a nação foi uma previsão do pão vivo que traria a dádiva
Assim como a vara de da vida eterna aos que tomaram do
Arão florescia e dava Seu corpo e sangue ( João 6:53-58).
Após a conversão, a pessoa aprende
frutos, o servo de
a viver segundo a Palavra de Deus.
Deus que receber o
Cristo disse que o homem vive seEspírito Santo também gundo “toda a palavra que sai da
produzirá frutos
boca de Deus” (Mt. 4:4). As tábuas
espirituais na sua vida.
da lei na arca da aliança eram a Lei
(ou a Palavra) de Deus escrita na
pedra. Uma vez que somos salvos pela graça, devemos aprender
com a Palavra. O terceiro item na arca era a vara de Arão. O ramo
Vivendo à Sombra do Onipotente
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da árvore morta nas mãos do homem de Deus era um instrumento
usado para realizar milagres (Êx. 7:12). A vara era a retratação do
poder do Espírito Santo, que habitaria no servo de Deus.
A arca no chão de pedra, no Santo dos santos, é a imagem do
Próprio Cristo. Ele é o maná vivo, o Verbo feito carne ( João 1:14),
que enviou o Espírito Santo com os seus nove dons e nove frutos para habitar em nosso corpo, templo do Espírito Santo. Assim
como a vara de Arão florescia e dava frutos, o servo de Deus que
receber o Espírito Santo também produzirá frutos espirituais na
sua vida.
Recebamos e regozijemo-nos com as bênçãos a nós outorgadas
quando adentrarmos a presença de Deus. Todavia, as nossas bênçãos vêm seguidas de batalhas, e o quebrantamento espiritual vem
sempre após a guerra. Deste modo, há um mistério que envolve o
motivo do sofrimento dos justos com o propósito das lutas, conflitos e batalhas em nossa vida.
Capítulo 2
Quando Coisas Ruins
Acontecem com
Pessoas Boas
Saiu, pois, Satanás da presença do Senhor, e feriu Jó de úlceras
malignas, desde a planta do pé até o alto da cabeça.
- Jó 2:7
U
m dos mistérios mais mirabolantes é o motivo
das coisas ruins acontecerem com pessoas boas. Todos
nós já ouvimos histórias como, por exemplo, de um jovem muito
dedicado na igreja ter sido morto em um acidente de carro ou, então, a história de uma jovem mãe muito bonita, com três filhos, ter
sido acometida de câncer e, em pouco tempo, Deus acabou a chamando, deixando seus filhos para serem criados pelos familiares. O
motivo do sofrimento dos justos é sempre um verdadeiro enigma.
Jesus nos disse que “choveria sobre os justos e injustos” (Mt.
5:45). Essa frase faz alusão às tempestades vindas tanto em direção
aos justos como aos injustos. Jó disse: “O homem, nascido da mulher, é de poucos dias e cheio de inquietação”, e “O homem nasce
para a tribulação, como as faíscas voam para cima” ( Jó 14:1; 5:7).
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Evitando As Coisas Ruins
Não há uma verdade estabelecida ou uma explicação quanto
ao porquê das coisas ruins acontecerem. Contudo, após anos de
ministério, tenho algumas observações a respeito do que pode, em
alguns momentos, ajudar a evitar os acontecimentos ruins.
1. Evite fazer escolhas erradas.
Passar por caminhos perigosos à noite não é uma boa escolha. Deixar a sua carteira ou a sua bolsa no banco do seu carro,
enquanto você procura um lugar para ir ao banheiro, é pura tolice. Cortar a grama em lugares perigosos, como numa colina, pode
acabar matando-o ou ferindo alguém. Assim como já feriu e tirou
a vida de diversas pessoas que já conheci. Os cintos de segurança não estão nos carros para enfeite. O cano de uma arma não é
um telescópio para se colocar o olho, e dirigir bêbado pode fazer
o seu nome ser lapidado no epitáfio. Quando as pessoas fazem
escolhas imprudentes, elas abrem a porta para as dificuldades ou
tragédias.
2. Não despreze o bom senso.
Anos atrás, um pastor famoso, com uma igreja de mais de mil
membros, estava ministrando em Kentucky. Ele queria muito
voltar para Ohio no sábado à noite, para estar presente no culto
do domingo de manhã. Ele e os seus dois filhos resolveram voltar
em um jatinho. O tempo não estava nada bom, e várias pessoas
aconselharam-no a não fazer a viagem, pois seria muito perigoso.
Ele seguiu a sua própria vontade e não se importou muito com
os conselhos dos outros, e pouco depois da decolagem, o jatinho
Quando Coisas Ruins Acontecem com Pessoas Boas
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bateu nas árvores. A vontade dele passou por cima do bom senso.
Quando muitas pessoas aconselham você a não fazer algo, é uma
atitude sábia parar e prestar atenção, já que “há vitória na multidão
de conselheiros” (Pr. 24:6).
3. Cumpra com os seus deveres adequadamente.
Anos atrás, minha esposa, Pam, e eu estávamos nos divertindo
num jantar no Holiday Inn, em Cleveland, Tennessee, com um de
nossos filhos espirituais, um convertido chamado Wayne McDaniel. Depois do jantar, dirigimos cada um na sua própria van. Eu
peguei a estrada cortando para a esquerda, e ele foi direto. Dentro
de cinco minutos, vimos o carro dos bombeiros e as ambulâncias
passando por nós, indo na direção que tínhamos acabado de passar. Eu disse à Pam: “Eu não vi nenhum acidente, aonde eles estão
indo?” Trinta minutos depois, recebi uma ligação dizendo que os
freios da van de Wayne não estavam funcionando, e ele tinha perdido o controle da van, capotando e caindo entre as árvores. Quase
quarenta e oito horas depois, ele faleceu no CTI.
Indo ao hospital, lembrei-me de um papo rápido que havíamos
batido alguns dias atrás. Ele dizia: “Meus freios estão com problema; tô precisando consertar ou vão acabar me deixando na mão”.
Ou ele tinha esquecido ou não teve tempo para resolver o problema. Freios ruins são iguais aos fios elétricos de uma casa – o breu
chegará se não der um jeito na fiação. O acidente de Wayne fez-me
lembrar da palavra de Eclesiastes 7:17:
Não sejas demasiadamente ímpio, nem sejas louco; por
que morrerias fora de teu tempo?
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Eu poderia passar muito mais tempo listando os motivos que
levam a acontecer tanta coisa ruim. Entretanto, prefiro compartilhar com você como evitar as coisas ruins. Sem dúvida alguma, se
você e eu não estivéssemos protegidos pela mão de Deus, já teríamos partido para eternidade há muito tempo. Minha vida recebeu
o livramento em acidentes de carro em três épocas diferentes. Foi
por coincidência? Não, foi por oração.
4. Não esteja no lugar errado com as pessoas erradas e na hora
errada.
As companhias muito podem lhe influenciar. Muitos adolescentes se veem em perigo, em situações de risco especialmente
quando se trata de envolvimento com drogas e álcool, porque suas
companhias, assim como ímã, os puxam para o pecado. Muitos
adolescentes têm estado com as pessoas erradas no lugar errado,
na hora errada, e sofrem consequências terríveis, incluindo morte
prematura. Salomão escreveu: “Se os pecadores procuram te atrair
com agrados, não aceites” (Pr. 1:10).
Todos os exemplos previamente citados são resultados de muitos não prestarem atenção, não ouvirem ou não terem sabedoria.
Muitas vezes, no decorrer da vida, as circunstâncias ocorrem nas
coisas sobre as quais não temos controle. Por exemplo, sempre temos história de amigos que estavam sacando dinheiro, quando, de
repente, os assaltantes entraram com a arma apontada para cima,
mandando todo mundo deitar no chão. Outros já tiveram seus
carros amassados do lado, por causa de algum motorista imprudente que passara o sinal vermelho. Os lares de muitos cristãos têm
sofrido com tantas enchentes, desabando paredes e muitas vezes
as casas viram apenas barro. Nesses e em muitos outros exemplos,
Quando Coisas Ruins Acontecem com Pessoas Boas
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muitos de nossos irmãos sentem-se incapazes de defender a si mesmos ou aos seus próprios familiares. Por esse motivo, precisamos
conhecer e entender a capacidade, a complacência e as promessas
de Deus em proteger o Seu povo.
A Aliança da Proteção
Há várias alianças na Escritura que foram renovadas com apenas uma pessoa, e, ainda assim, o impacto dessas alianças ainda nos
influencia nos dias de hoje.
Deus fez uma aliança com Noé, que após o dilúvio Ele não mais
destruiria o planeta com água (Gn.
A aliança Mizpá
9:13-15). Como um sinal eterno a toda
alma vivente, Deus formou o arco-íris
é a promessa da
nos céus. Toda vez que chove sob os
capacidade e
raios da luz do sol, o reflexo forma um
complacência de
lindo e multicolorido arco, que perdura
Deus em proteger o
por mais de quatro mil anos, lembranSeu povo.
do à humanidade do sinal da promessa
de Deus a Noé e às gerações vindouras.
Uma outra aliança foi feita com Abraão. Deus prometeu aos filhos de Abraão, os judeus, que eles herdariam a terra de Israel para
todo sempre (Gn. 13:15). Depois de quase dezenove séculos de
diáspora, Israel renasceu como nação em 1948, e a semente natural
de Abraão, o povo judeu, retornou dos quatro cantos da Terra para
a sua terra natal.
Venho ensinando, por muitos anos, sobre as alianças da Bíblia,
enfocando sempre na nova aliança que foi justificada pelo sangue
de Cristo. Depois de muitos anos lendo e pesquisando sobre a Bí-
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blia, observei que havia uma aliança feita entre um sogro e o seu
genro, que eu sabia que existia no Antigo Testamento, mas nunca
havia considerado-a como padrão para uma aliança aos cristãos até
fazer uma pesquisa detalhada. Chama-se, então, a aliança Mizpá.