EVOLUCIONISMO E DIFUSIONISMO CULTURAL 1 OBJETIVO: Esta

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EVOLUCIONISMO E DIFUSIONISMO CULTURAL 1 OBJETIVO: Esta
EVOLUCIONISMO E DIFUSIONISMO CULTURAL 1
OBJETIVO: Esta aula tem por objetivo explicar aos estudantes de Administração e Direito duas
teorias que marcaram o início do estudo “científico” da Antropologia e os primeiros passos da sua
compreensão das diferenças culturais.
A história da antropologia está indissociavelmente ligada à busca pelo conhecimento de
nossa origem, isto é, das formas mais simples de organização social e de mentalidade até as formas
mais complexas das nossas sociedades. No século XIX, a etnologia se aderiu à teoria do
monogenismo enquanto a antropologia física defendia o poligenismo. Foi nesse período que
surgiram dois linhas de pensamento teórico entre os etnólogos acerca da origem do ser humano: o
evolucionismo e o difusionismo.
1. Evolucionismo cultural clássico
O evolucionismo foi influenciado pela teoria da seleção natural de Charles Darwin que se
consistia na tentativa de explicar a diversidade de espécies de seres vivos através da evolução. No
entanto, a teoria de evolução empregada pelos etnólogos deve mais a outro autor, o sociólogo e
filósofo Herbert Spencer, cujo conceito de evolução difere em importantes aspectos daquela
desenvolvida por Darwin. Mesmo assim, posteriormente, a abordagem Spenceriana ficou conhecido
como ‘darwinismo social’.
Os étnologos evolucionistas consideravam a sociedade européia da época como o apogeu
do processo evolucionário. Portanto, este pensamento estava inserido em uma visão etnocêntrica
que coloca a organização sócio-políco-econômica européia como grau máximo de civilização.
Entretanto, mesmo considerando esse pressuposto, a antropologia cultural da época não se tornou
uma pseudociência racista.
A tese evolucionista apoiava o princípio da unidade psíquica da humanidade de Adolf
Bastian, e defendia a existência de apenas uma espécie humana idêntica inicial (monogenismo), que
se desenvolve tanto em suas formas tecno-econômicas como nos seus aspectos sociais e culturais. A
evolução ocorre em ritmos desiguais, de acordo com as populações e localizações geográficas,
passando pelas mesmas etapas, para alcançar o nível final de "civilização". Assim, a proposição
básica era de que o desenvolvimento humano seguiu estágios. Em cada étapa a experiência humana
acumulava, levando a formação cultural cada vez mais avançada. Esta ideia - de que a experiência
humana acumula - foi inspirada no raciocínio empírico de John Locke e outros filósofos do
‘empirismo’ do Séc XVIII.
Dois argumentos davam suporte ao evolucionismo: movimento unilinear e o determinismo
tecnológico ou social. Segundo a tese evolucionista, haveria um caminho só a ser trilhado por todas
as sociedades, numa trajetória vista como obrigatória, seguindo uma única linha ascendente, de
estágios mais simples aos mais complexos (do mais selvagem ao mais civilizado). O determinismo
social e cultural defende que o indivíduo é determinado pelo meio sócio-cultural, portanto define o
estagio de maior evolução de uma sociedade, pelo grau de complexidade de sua tecnologia; já o
determinismo biológico defende que a biologia é que determina o indivíduo, implicitamente os
sujeitos de pele mais alva seriam os mais evoluídos. Os evolucionistas culturais clássicos não
pregaram esta postura abertamente, sendo os antropólogos físicos e os biólogos do Sec.XIX os
maiores defensores desse ‘racismo cientîfico’.
Os tópicos de interesse dessa corrente teórica eram basicamente casamento, família e
organização sócio-política; religião, magia e outros sistemas ideológicos; relação indivíduosociedade. Interessavam-se, portanto no estudo das tecnologias, idéias e formas de organização
social.
O método científico usado na antropologia (etnologia) é a comparação de dados, retirados
1 Escrito
pelas
autoras
Marina
Rute
Pacheco
&
Dilaze
http://ant1mcc.blogspot.com/2009/04/difusionismo-e-evolucionismo.html
Mirela
Fonseca.
Retirado
de
das sociedades e contextos sociais, classificados de acordo com o tipo (religioso, de parentesco,
etc), determinado pelo pesquisador. Os dados coletados lhe serviriam para comparar as sociedades
entre si, fixando-as num estágio específico, inscrevendo estas experiências numa abordagem linear,
diacrônica, de modo a que todo costume representasse uma etapa numa escala evolutiva.
Não se pode generalizar e atribuir as características acima a todos os autores que foram
adeptos a essa corrente. Apesar da maioria dos pensadores evolucionistas terem trabalhado em
gabinetes, um dos mais conhecidos: Lewis H. Morgan realizou pesquisas com algumas tribos dos
Estados Unidos. Morgan compreendeu que grande parte da complexidade da cultura nativa
americana em pouco tempo seria destruída como conseqüência do fluxo de europeus, por isso
considerava tarefa crucial documentar a cultura tradicional e a vida social desses nativos. Outros
pensadores importantes para o evolucionismo cultural são: Edward Burnett Tylor, considerado o pai
do conceito moderno de cultura; John Lubbock, primeiro a rejeitar a cronologia bíblica que dizia
que o mundo teria uns meros 6 mil anos: introduziu os termos paleolítico e neolítico, Velha e Nova
Idades da pedra, hoje reconhecidas como períodos-chave do passado pré-histórico. A partir do
estudo desses pesquisadores podemos perceber a relação existente entre arqueologia e etnologia que
resultou na quebra do historicismo universal.
2. Difusionismo
Outra corrente que surgiu em contraponto ao evolucionismo foi o difusionismo. Segundo os
difusionistas, “o homem originário teria vivido em pequenos grupos que isolados, com o tempo
criaram ciclos culturais bem caracterizados, resultantes do confronto de diferentes grupos com
diferentes meios”. A partir das ideias difusionistas nasceram as primeiras teorias sobre o contato e a
troca cultural entre sociedades diferentes.
A antropologia difusionista veio em resposta ao evolucionismo e foi sua contemporânea. Foi
caracterizada pela anti-unilinearidade, ou seja, não admitia a reta constante e ascendente cultural
defendida pelos evolucionistas. Portanto, a cultura para o difusionismo era um mosaico de traços
advindos de outras culturas precussoras com várias origens e histórias.
Privilegiava o entendimento da natureza da cultura, em termos de origem e extensão, de uma
sociedade a outra. Para os difusionistas, o empréstimo cultural seria um mecanismo fundamental de
evolução cultural. O difusionismo acreditava que as diferenças e semelhanças culturais eram
consequência da tendência humana para imitar e a absorver traços culturais, como se a humanidade
possuísse uma "unidade psíquica", tal como defendia Bastian.
Dentro do difusionismo existia duas correntes principais: uma britânica e outra alemã. Na
escola Alemã, conduzida por Wilhelm Schmidt e Fritz Graebner, acreditava-se que os traços
culturais difundiam-se em círculos para outras regiões e pessoas através de áreas culturais variadas.
Esses círculos culturais eram chamados de 'Kulturkreise'. A escola alemã foi a principal
especialização, uma vez que o evolucionismo foi questionado por Herder, que foi inspirado pela
unidade psíquica proposta por A. Bastian, trazendo a questão da singularidade e da geografia da
herança cultural de cada povo.
Na versão britânica do Difusionismo existia apenas um centro cultural primordial (difusão
heliocêntrica, alusão ao Deus Sol egípcio) que era o Egito Antigo, do qual todos os traços culturais
derivaram. Os principais adeptos dessa teoria inglesa foram G. Elliot Smith e William J. Perry.
O difusionismo tem respaldo científico, a partir do momento que suas inferências são
baseadas em achados arqueológicos e pesquisas etnográficas.
BIBLIOGRAFIA
ERIKSEN, Thomas .H. & Nielsen, Finn S. História da Antropologia. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007
LAPLANTINE, F. Aprender Antropologia. São Paulo: Brasiliense, 2003. [1988]
www.antropologia.com;
www.wikipedia.org.

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