R E V I S T A D E P E S Q U I S A E D E S
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R E V I S T A D E P E S Q U I S A E D E S
N ú me ro 0 1 - J unho 2 0 0 9 R E V I S TA D E P E S Q U I S A E D E S E N VO LV I M E N TO D A L I G H T SABER SABER 1 SABER junho 2009 Mensagem do Presidente É com enorme satisfação que a Light lança a sua revista de pesquisa e desenvolvimento. Nestas páginas, será possível encontrar um resumo do trabalho de nossa gente na busca da inovação e da melhoria na vida da sociedade. A motivação da Light na divulgação dos resultados do seu Programa de P&D vem do compromisso da empresa de tornar público para a sociedade, financiadora direta desse programa, via tarifa de energia elétrica, as ações voltadas para a inovação tecnológica. A Light tem o DNA do pioneirismo. E é gratificante comprovar que nossos profissionais internalizaram este espírito inovador, que contribui para que a Light continue despontando entre as maiores empresas do Brasil. Além disso, o P&D nos proporciona uma excelente oportunidade para que nossos profissionais troquem experiências com pesquisadores das universidades, centros de pesquisa e consultorias especializadas e com o setor fabril, resultando em um intercâmbio vantajoso para todos os segmentos. Uma empresa se faz fundamentalmente pela inovação. Pela capacidade de sua gente de não se acomodar. Os empregados envolvidos em pesquisa e desenvolvimento mostram muito mais do que coragem e perseverança. Eles mostram protagonismo. E conseguem, com isso, aprimorar os rumos de sua empresa. De seu estado. E de toda uma sociedade. Enfatizo também o importante papel do agente regulador, que por meio da nova regulamentação, implantada em maio de 2008, determinou que as concessionárias definissem um Plano Estratégico de Investimentos em P&D para um horizonte de 5 anos, com isso, fomentando ações mais planejadas e contínuas em busca da inovação. Os projetos em andamento na Light estão integralmente alinhados com nosso planejamento estratégico e, principalmente, com a essência de nossa missão. São projetos que melhoram o dia a dia dos clientes e da empresa e que são pensados de forma sustentável, protegendo o meio ambiente, nosso negócio e a população. Estamos em uma nova fase dos Programas de P&D, com a inserção de novas etapas na cadeia de inovação, aproximando a pesquisa da linha de produção. A partir de agora, a Light, além de valorizar a pesquisa acadêmica, passa a contribuir como indutora do desenvolvimento industrial, ao investir em projetos que percorrerão toda a cadeia de inovação (pesquisa aplicada-protótipo-cabeça de série-lote pioneiro-inserção no mercado). Devo reforçar também o meu prazer em perceber que o respeito pelo P&D não é só na Light. Já nesta primeira edição, doze empresas se juntaram a nós nesta empreitada. São nossos parceiros de pesquisa e desenvolvimento. Mas também são parceiros em nossa crença na força da inovação. Este é um projeto que já nasce vitorioso. Assim como as ideias de cada um dos nossos pensadores na Light. 2 José Luiz Alqueres Diretor-Presidente da Light 3 4 junho 2009 Há mais de 100 anos iluminando o futuro 06 Na vanguarda do setor elétrico 14 Sua majestade, o cliente 28 De projeto em projeto, construindo inovação 34 Todos em um só coração 46 Projetos em desenvolvimento 60 SABER 6/Ä+#/-5.)#!£²/ Sumário E a parceria com a Light é fundamental para uma trajetória de sucesso em busca do desenvolvimento. Com o compromisso de inovar sempre, o Lactec há 5 anos desenvolve projetos de Pesquisa & Desenvolvimento com a Light. Esse trabalho em conjunto vem fortalecendo cada vez mais as linhas de pesquisa do Lactec, trazendo como resultado a evolução continuada de tecnologias. Uma parceria que traz garantia de sucesso e qualidade a todos os projetos desenvolvidos. 5 SABER junho 2009 Há mais de 100 anos iluminando o futuro Há mais de 100 anos a Light ilumina o Rio de Janeiro. A empresa, que chegou ao Brasil no final do século XIX, manteve seu objetivo de impulsionar o progresso durante este período e pretende levá-lo adiante. Para isso, aliou seu Programa de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) ao Planejamento Estratégico e utilizará a inovação como uma das principais ferramentas rumo ao futuro. A nova regulamentação para o setor abriu as portas que faltavam para que fossem alcançados os objetivos desejados. “A inovação é o caminho para uma empresa que tem a longevidade da Light e que ainda assim pensa e age por um futuro grandioso”, observa Paulo Mauricio Senra, coordenador de Planejamento, Ambiente e Inovação da Light. 6 7 Há mais de 100 anos iluminando o futuro “ A inovação é o caminho para uma empresa que tem a longevidade da Light e que ainda assim pensa e age por um futuro grandioso. Paulo Mauricio Senra “ O coordenador ressalta que o nome dado ao seu cargo já sinaliza as intenções da empresa. que estejam em dia com a demanda do mercado, que sigam o que foi planejado estrategicamente para o futuro. Para ele, não existe uma empresa de energia que atualmente não se preocupe com sustentabilidade e com o planejamento estratégico. Sobre inovação, já se sabe da sua importância em um setor em que a cada dia a tecnologia é mais requisitada.“As três áreas nas quais trabalho envolvem praticamente toda a Light. A integração dos nomes é recente, mas foi fundamental para a empresa. Eu tenho a preocupação de manter este alinhamento, porque acredito na contribuição de cada um neste cenário”, frisa. “A Aneel estipulou um planejamento estratégico em P&D. De olho neste conceito, montamos o programa da Light alinhado com o nosso Planejamento Estratégico. Um dos exemplos neste cenário é a contribuição para solucionar a questão das perdas de energia elétrica. Para a empresa, isso é peça fundamental. Por isso, expusemos aos funcionários a necessidade de ideias e já vamos começar um projeto com este perfil”, afirma Paulo Mauricio Senra. Planejamento Estratégico e Inovação: uma fórmula de sucesso A junção é prova de visão de futuro da Light. Assim foi no passado, quando a empresa participou do crescimento do Rio de Janeiro. Para os que desconhecem a história da Light, a sua chegada transformou a vida da cidade. A companhia substituiu o bonde puxado a burro pelo elétrico, o lampião a gás pela luz elétrica, o fogão a lenha pelo gás canalizado, o mensageiro pelo telefone. Trabalha-se para que também seja assim no futuro: a preocupação constante com projetos que sejam inovadores, Paulo Mauricio Senra, coordenador de Planejamento, Ambiente e Inovação da Light 8 SABER junho 2009 É o caso do software em desenvolvimento em parceria com a Choice Tecnologia. O produto, que na atual fase agrega aportes de P&D, foca exatamente o maior desafio atual da Light, está sendo trabalhado há dois anos e deverá ser incorporado à rotina da empresa. “Esta é uma ferramenta computacional que maximiza os investimentos da empresa nesta área e tende a render resultados bastante positivos”,explica o superintendente de Recuperação de Energia, José Geraldo de Souza Pereira. O funcionamento do software é simples. O produto vai cruzar as informações sobre as medições de subestações e as configurações de rede. A partir daí, buscará dados de inspeção, indicando os alimentadores fraudados. É a tecnologia a serviço da empresa e, consequentemente, do cliente. Fornecer um serviço com qualidade também faz parte do Planejamento Estratégico da empresa e, neste panorama, a agilidade nas respostas ao cliente é primordial. Com este objetivo, no início de 2008 começou a ser utilizado o Simulight, um software que surgiu de um projeto que também responde pelo nome de Desempenho Dinâmico de Geração Distribuída Frente a Perturbações no Sistema Interligado Nacional (SIN) e Manobras na Rede de Distribuição. Em outras palavras, o produto – desenvolvido em parceria com a Coppe/UFRJ – analisa a interferência do autoprodutor na rede e vice-versa, possibilitando que a Light autorize com maior rapidez sua operação em paralelo com a distribuidora. O projeto surgiu a partir do racionamento de energia em 2001. Diante da questão, alguns clientes, em sua maioria industriais, optaram por instalar uma geração própria. “Esses equipamentos eram movidos a óleo diesel ou gás,mas a ideia era Substação Frei Caneca 9 Há mais de 100 anos iluminando o futuro Carlos Eduardo Vizeu, coordenador de um grupo de Planejamento e Qualidade de Energia da Light 10 SABER junho 2009 que tais geradores fizessem parte do sistema de distribuição. Para isso, é preciso realizar estudos, porque, em função de sua presença, a qualidade do fornecimento poderia cair, e a insegurança é elevada”, informa o coordenador de um grupo de Planejamento e Qualidade de Energia da Light, Carlos Eduardo Vizeu. O objetivo é que a Light possa desligar os equipamentos por qualquer motivo, além de avaliar a operação antes de o gerador começar a funcionar, assim como impedir o autoprodutor de religar seu gerador sem uma prévia autorização. Mas boas ideias podem surgir a qualquer momento, e a equipe do P&D está sempre disposta a viabilizar novos projetos. “O que queremos mostrar é que o P&D é uma ferramenta que vai ajudar a cada um dos envolvidos. Ele possibilita solucionar problemas do dia a dia e abre portas para a capacitação profissional”, diz Paulo Mauricio Senra. Com o Simulight, a operação foi facilitada. O software desenha a rede completa e permite que sejam feitas simulações de problemas diversos, como o desligamento da rede ou a aplicação de um curto-circuito. A partir daí, o desempenho do autoprodutor é observado e analisado pela empresa. “A tendência é que a geração distribuída cresça nos próximos 10 anos na matriz energética e as empresas decidam estar ligadas às distribuidoras, para que seus sistemas tenham maior estabilidade. Se não tivéssemos uma ferramenta adequada, acabaríamos perdendo o controle do nosso sistema”, observa Vizeu. O software veio justamente suprir esta demanda. Foi o caso do engenheiro de campo da área de Recuperação de Energia Rafael de Oliveira, que acaba de concluir seu MBA. Mesmo com pouco tempo na companhia, Oliveira aceitou o desafio de participar do grupo de estudos de P&D da sua área. Seu projeto, denominado “Sistema de Mapeamento de Perdas Comerciais”, foi acompanhado durante 18 meses. O processo desenvolveu ferramentas tecnológicas capazes de gerar os números mensais do Balanço Energético da Light de forma mais confiável e rápida e com menos custo. Para participar do P&D, basta ter uma ideia e disposição para desenvolvê-la. Na média, o projeto pode levar dois anos para ser concretizado. Por isso, comprometimento também é fundamental. Mas quem apostou não se arrependeu. Pelo contrário. Já começou a elaborar novas ideias, a fim de sugerir novos projetos. O projeto, iniciado no ciclo 2005/2006, foi concluído em abril de 2007 e contou com a parceria da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da empresa de sistemas Indra. Em termos de eficiência, não há o que discutir. Segundo Oliveira, para levantar os dados que fariam parte do Balanço Energético P&D para todos: uma ideia na cabeça e disposição para levá-la adiante Valorizar o P&D é o projeto da Light. Desta forma, a equipe do P&D pretende divulgar para toda a empresa os benefícios do programa. Algumas pessoas, especialmente os novos empregados, desconhecem o Programa de P&D ou costumam encará-lo como algo inatingível, teórico, voltado para a pesquisa. Ou seja, distante de sua realidade. O objetivo do coordenador Paulo Mauricio Senra é desmistificar o programa. “Há pessoas que desconhecem as vantagens do P&D e, por isso, não se acham capazes de se envolver no projeto. Queremos justamente mudar este pensamento.” Por isso, a equipe do P&D já prepara a chamada para novos projetos. Centro de controle de medição 11 Há mais de 100 anos iluminando o futuro junho 2009 SABER mensal da empresa eram precisos, em média, seis profissionais com dedicação integral por duas semanas. Depois, para analisar os dados, mais duas semanas. Neste ritmo, o balanço do mês de junho, por exemplo, acabava saindo em agosto. No novo sistema, desenvolvido em mais um projeto de P&D da Light, é preciso apenas um profissional, que em dois dias consegue reunir todos os dados. “O mais importante é que a equipe pode se dedicar a outros projetos e tarefas. Justamente no momento em que a Light pedia a colaboração de todos os funcionários no projeto Novas Tecnologias, na época, recémlançado”, lembra Oliveira. Hoje, o Balanço Energético mensal da empresa cumpre com mais eficiência a função de apontar, com clareza, que áreas de atuação da empresa têm mais perdas. O que acaba por gerar mais e mais possibilidades na área de P&D da Light. “Temos que desenvolver novas tecnologias para combater os focos detectados no balanço mensal”, afirma Oliveira. O mais interessante, porém, é o fato de todo o ciclo deste projeto de P&D ter consumido apenas R$ 600 mil. Valor, segundo Oliveira, já diluído pelos bons resultados nos dois anos de vida do novo sistema. “Não tenho o número exato, mas, com certeza, esse valor já foi recuperado”, afirma o engenheiro. Um belo trabalho em equipe. “Tenho orgulho de ter participado deste projeto. Nós apresentamos o problema e alguns caminhos para a solução. A UFF trouxe o conhecimento de lógica, a inteligência artificial. Já a Indra colocou tudo isso dentro de um sistema para que as informações pudessem ser disponibilizadas. O resultado é perfeito. Hoje, no final do ano, com as informações do Balanço Energético, é possível fazer o mapeamento para investimentos do ano seguinte”, conta Oliveira. 12 Como disse o coordenador de Inovação, Paulo Mauricio Senra, quem participa uma vez quer sempre colocar a cabeça para pensar outra vez. Este ano, Oliveira fará parte de mais uma equipe em um novo projeto de P&D. A missão agora é realizar o “Sistema de Inteligência para Otimização de Investimentos em Novas Tecnologias para Redução de Perdas”. Mas, desta vez, Oliveira estará mais envolvido ainda. O engenheiro, agora com o MBA já concluído, será um dos coordenadores do novo trabalho de P&D da área de Recuperação de Energia. 13 junho 2009 14 Na vanguarda do setor elétrico SABER Há um ano, o caminho entre uma boa ideia e um produto no mercado ganhou atalhos mais do que bem-vindos ao setor elétrico brasileiro. Até então, a tortuosa estrada da inovação muitas vezes transformava projetos promissores em protótipos obsoletos, fadados à eterna condição de pesquisas de laboratório. Atenta ao problema, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), lançou, em maio de 2008, um novo manual para a área de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), a fim de dinamizar a execução dos processos. Com o atual texto da Aneel para P&D, as curvas de ontem ganham novo traçado. Uma verdadeira autoestrada rumo à inovação. 15 Na vanguarda do setor elétrico “ A Light é uma empresa centenária e teve em boa parte da sua existência um papel modernizador para o setor elétrico brasileiro. Agora, a nova administração retoma esta tradição. Paulo Born “ Na linha de frente deste movimento, a Light se destaca mais uma vez. É uma das primeiras concessionárias do setor a desenvolver o programa de P&D seguindo o novo manual da Aneel. A ação da companhia vai abranger 42 projetos, que receberão R$ 32 milhões em investimentos. “A Light é uma empresa centenária e teve em boa parte da sua existência um papel modernizador para o setor elétrico brasileiro. Agora, a nova administração retoma esta tradição”, afirma o diretor de Desenvolvimento Sustentável e das Concessões da Light, Paulo Born. Considerada um marco na história do setor elétrico brasileiro, a nova regulamentação promete tornar a área de P&D, de fato, o caminho mais rápido e prático para as inovações de que o setor tanto carece. “Com agilidade, o P&D ganhará visibilidade. Por isso, foi importante o regulador ter sensibilidade para adaptar as regras, tornando-as mais coerentes com as demandas”, diz Born. Na prática, a partir do novo manual, a Aneel abriu mão da avaliação prévia dos projetos, o que, muitas vezes, poderia acarretar atrasos no início dos programas. “A cada novo ciclo para inscrições de projetos de P&D, a Aneel recebia uma quantidade enorme de projetos que tinham que ser analisados e aprovados para receberem recursos e começarem a existir. Agora, a empresa é gestora deste recurso”, explica o coordenador de Planejamento, Ambiente e Inovação da Light, Paulo Mauricio Senra. O gestor do curso de pós-graduação em P&D da PUC- RJ, Antônio José Junqueira Botelho, caracteriza o novo manual de P&D da Aneel como um “conceito aberto” de inovação. “A competição entre empresas e mesmo países exige, de forma cada vez mais rápida, soluções tecnológicas. A forma tradicional de se gerar inovação está definitivamente superada. O trabalho estrutural fechado em laboratórios, restrito a pesquisadores, foi substituído por um conceito aberto, onde há espaço para usuários, parceiros e empregados participarem deste processo. Para isso acontecer com a velocidade que o mercado pede, as parcerias se tornam o melhor caminho”, garante Antônio Botelho. 16 SABER junho 2009 É fato: tão importante quanto a autonomia para decidir em que projetos investir é a possibilidade de ampliar o leque de parcerias, antes praticamente restritas à companhia e ao meio acadêmico. Agora, a indústria também ganha força no processo. Pois, além do desenvolvimento do P&D e do protótipo, as concessionárias poderão buscar sócios no mercado para cumprir todas as etapas do lançamento de um produto. Incluindo o “Cabeça de Série”, o “Lote Pioneiro” e o “Projeto Comercial”. À frente de seu tempo Para o diretor Paulo Born, ganhar flexibilidade para tocar os projetos dá a empresa a vitalidade necessária para atender às demandas por novas tecnologias do setor elétrico brasileiro. Ele cita algumas áreas em que as pesquisas devem ganhar impulso, como por exemplo, processos para tornar as redes elétricas mais “inteligentes”. Além disso, as pesquisas vinculadas ao P&D podem apontar meios de o próprio cliente utilizar a energia de forma mais eficiente. Cabeça de série: é uma fase do desenvolvimento de um produto novo na qual chega-se a um pequeno lote do produto com base no protótipo inicial. Lote pioneiro: essa já é uma fase em que foi aprimorado e validado o cabeça de série, permitindo uma primeira produção do produto em lote de maior quantidade. Em verdade, Born aposta no uso mais apropriado dos recursos de P&D como fonte de soluções que podem ser revolucionárias. Segundo o diretor, este é um caminho para ajudar a afastar nosso maior fantasma em tempos de aquecimento global, a Paulo Born, diretor de Desenvolvimento Sustentável e das Concessões 17 Na vanguarda do setor elétrico junho 2009 emissão de CO2, consequência da queima de combustíveis fósseis. “O desenvolvimento sustentável passa pela melhoria das tecnologias. Veículos movidos a energia elétrica são um exemplo de como poluir menos. Poderá ser uma grande revolução, um caminho para reduzir as emissões dos gases que causam o efeito estufa. O Brasil parece ter um campo favorável para isso, uma vez que tem uma matriz energética baseada em energia limpa”, lembra o diretor. O professor Antônio Botelho ressalta o movimento mundial de prospecção de tecnologia, principalmente sustentável. “Com a globalização, empresas e países têm buscado a inovação onde estiver o talento para desenvolver determinada tecnologia. Talvez o maior trabalho das empresas hoje seja mapear em que parte do planeta está a inovação. O Brasil ainda tem uma longa jornada pela frente, mas está no caminho certo na busca de um lugar ao sol neste mundo tecnológico. Neste sentido, essa regulamentação da Aneel tem ajudado muito. Dentro do novo marco regulatório, há mais espaço e incentivo para se gerar negócios na área de P&D”, constata o professor da PUC-RJ. Todos ganham com as novas regras Se o caminho é inovar, a Aneel marcou um gol de placa com o novo manual. “Ao criar a possibilidade de colocar um produto no mercado, as possibilidades se multiplicam”, avalia Born. No passado, os recursos da Aneel aplicados na área estavam condicionados à aprovação prévia do órgão. “Todos ganham com as novas regras. Um sistema mais ágil ajuda a criar soluções tecnológicas que tenham urgência. Anteriormente, os projetos apenas atendiam às demandas de longa maturação. O que acontecia de fato é que, por vezes, destinavam-se recursos a estudos que não eram necessariamente os mais promissores ou relevantes naquele momento”, explica o diretor. Porém, observa, a liberdade para ser o próprio gestor do fundo de P&D tem seu preço. “No momento em que os projetos estão dispensados da aprovação prévia da Aneel, a nova regulamentação traz mais responsabilidade e risco para o processo”, pondera Born. 18 A preocupação do diretor é pertinente, uma vez que a Aneel tem o poder de vetar o projeto depois de concluído. Porém, segundo Tenório Junior, responsável pelo programa “ A regulamentação anterior cumpria seu papel, mas a nova criou mecanismos para materializar a inovação nos projetos Tenório Junior SABER “ de P&D da Light e coordenador do GT de P&D na Abradee, é um risco bem calculado. O livre arbítrio quanto às apostas em novos projetos das concessionárias é apontado por ele como uma mudança de paradigma. “Após 10 anos de atuação em P&D, há um amadurecimento de todos os envolvidos no processo, o que justifica esse avanço na regulamentação”, afirma, enfatizando que a criação de protótipos já existia, mas o que realmente possibilitou a visualização da inserção no mercado foi a criação de um “Cabeça de Série” e um “Lote Pioneiro”. Segundo Tenório Junior, apesar do otimismo com a nova regulamentação, foi o bom trabalho desenvolvido antes de maio de 2008 que pavimentou a nova autoestrada rumo à inovação. O coordenador do GT P&D da Abradee garante que o processo anterior rendeu bons resultados, mas admite que o trâmite dos projetos por vezes perdia o timing da necessidade das concessionárias. Agora, o panorama é outro, pois a nova regulamentação traz mais agilidade ao processo, e já é possível colocar à disposição no mercado o produto dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento que as empresas têm feito. “A legislação brasileira na questão do P&D já era avançada. Desde os anos 90, os recursos para a área de P&D são significativos, mas o sistema era realmente lento. Pela quantidade de recursos que é repassada para a área, não há como negar, são volumes altos e expressivos mesmo em 19 Na vanguarda do setor elétrico junho 2009 SABER relação a países desenvolvidos”, enfatiza o diretor Paulo Born. “A regulamentação anterior cumpria seu papel, mas a nova criou mecanismos para materializar a inovação nos projetos”, acrescenta Tenorio Junior. A Light é proativa e está de olho no produto final Outro ponto positivo na nova regulamentação é a promoção da proximidade entre os participantes da engrenagem que se movimenta até o fim do processo de inovação – desde os centros de pesquisas e universidades até a indústria. “A mudança proposta pelo novo manual não se refere somente ao ambiente interno, mas também ao externo. Antes, nosso trabalho se restringia ao universo de universidades, consultorias e centros de pesquisa e, desde o último ano, estamos de olho no setor fabril e suas oportunidades. Isso é enriquecedor e trará resultados significativos”, disse Tenório Júnior. Já o coordenador de Planejamento, Ambiente e Inovação da Light, Paulo Mauricio Senra, salienta mais um benefício obtido com o novo texto e que ajudará a trilhar com passos largos a estrada da inovação. Para ele, a Light mostrou a que veio, pois conseguiu capturar as ideias da melhor maneira possível e ser proativa neste cenário. “Tivemos um diferencial neste processo que considero de suma importância. Não ficamos paralisados pelo medo da mudança. Pelo contrário. Visualizamos a oportunidade e não perdemos tempo para começar a agir”, frisa. Hoje, a empresa tem 86 projetos em andamento. Ainda não há produtos no mercado, mas já são negociados royalties e correm processos de patenteamento. Para o professor Antônio Botelho, é fundamental aprimorar o uso do negócio de P&D e gerar a comercialização de produtos. “Vamos chegar à época em que será comum fazer patentes para comercializar os produtos de P&D. É caro investir em P&D, em inovação, por isso é preciso uma gestão que dê rentabilidade para a área”, argumenta. 20 Não há garantias de que a Aneel aprovará todos os projetos, mas há um sentimento geral de que as empresas estão preparadas para transformar novas ideias em bons projetos de 21 Na vanguarda do setor elétrico SABER junho 2009 P&D. E isso não é diferente na Light. “Agora, temos uma cota para pesquisa e desenvolvimento que podemos usar a cada momento. É algo que, certamente, vai estimular o interesse dos envolvidos no processo e, para nós, isso é muito interessante. Queremos chegar ao mercado no próximo ano”, disse o responsável pelo programa de P&D da Light e coordenador do GT de P&D na Abradee, Tenório Júnior. Vale lembrar que o benefício gerado para a empresa reverterá para o cliente. Afinal, é ele quem financia os programas, a partir do momento em que quita sua fatura de energia elétrica. A filosofia do P&D é reverter os benefícios para a sociedade, que é a grande financiadora do programa. transmissão de energia elétrica deveriam aplicar anualmente 0,5% de sua receita operacional no caso das Distribuidoras e 1% nas Transmissoras e Geradoras. Coube à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) avaliar e aprovar as condições para a execução das pesquisas e acompanhar seus resultados. As orientações que regulamentam a elaboração de projetos de P&D são dadas por meio do Manual de Programa de Pesquisa e Desenvolvimento do Setor de Energia Elétrica, que teve sua última versão aprovada em maio de 2008. A revisão foi feita a fim de melhorar a forma como os projetos são apresentados e fiscalizados. A partir dela, ficou estabelecido que, diferentemente da pesquisa acadêmica pura, os programas deveriam ter metas bem definidas e ser divididos em ciclos. A execução dos projetos passou a ser definida pelas empresas, e a avaliação final obrigatória enfatiza o resultado final. A empresa deve utilizar os critérios de originalidade, aplicabilidade, relevância e razoabilidade dos custos. O maior nicho deste mercado está no desenvolvimento de novos sistemas, softwares, materiais, dispositivos e equipamentos. Agora, o desafio é ultrapassar a fase de protótipos em direção à produção industrial, ou seja, promover a articulação entre universidades e centros de pesquisa com fabricantes, novas empresas de base tecnológica e governo. Assim, é possível buscar o fechamento do ciclo de cada projeto e fortalecer o parque tecnológico brasileiro. Equipe do Programa P&D da Light: Jorge Ricardo, Paulo Mauricio Senra, Tenório Junior de pé e Bruno Salermo A nova regulamentação 22 Para incentivar a busca por inovação no setor de energia elétrica, foi regulamentado no início da década o Programa de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), prevendo que as concessionárias e permissionárias de distribuição, geração e Mas não é só isso. O maior beneficiado será o cliente, que assegura o funcionamento dessa engrenagem a partir do pagamento de sua fatura. Os avanços vão otimizar a qualidade do fornecimento e contribuir posteriormente para a redução tarifária, à medida que diminui o custo de expansão marginal do sistema. A Lei 9.991, de 24 de julho de 2000, tornou compulsório o investimento das empresas de energia elétrica em P&D. Entre 2000 e 2008, a Light investiu cerca de R$ 78 milhões em seus Programas de P&D. 23 Na vanguarda do setor elétrico SABER junho 2009 Estratégia: P&D e o Plano de Valorização da Light A Light tem uma meta ambiciosa para os próximos dois anos: duplicar o valor das ações da companhia na Bolsa de Valores. O projeto, batizado como Plano de Valorização, prevê que em agosto de 2010 os papéis da empresa sejam negociados no mercado exatamente pelo dobro do que valiam em agosto de 2008. Evidentemente, a empreitada exige o esforço de todos os setores da empresa. Porém, algumas ações em determinadas áreas são consideradas estratégicas. E são exatamente nestes pontos, apontados como vitais para a concretização do objetivo da Light para o próximo biênio, é que a área de P&D C está presente com mais força. O novo manual da Aneel traz a agilidade e flexibilidade de que a empresa precisa para atuar Elvira Cavalcanti, superintendente de Controladoria e Planejamento da Light de forma pontual na modernização de seus sistemas. M Y CM MY A superintendente de Controladoria e Planejamento da Light, Elvira Cavalcanti, conta que o pontapé inicial aconteceu em agosto de 2006 e cumpriu sua primeira etapa exatamente CY CMY K dois anos mais tarde. Ou seja, agosto de 2008, quando foi concluído o processo chamado de Choque de Gestão na companhia. “O primeiro foco foi transformar a empresa. A Light tem uma história centenária. Nasceu privada, com os canadenses, tornou-se estatal por muitos anos e, por fim, foi privatizada por uma estatal francesa. Havia problemas de gestão, administração, perdas. Por isso, primeiro era importante mudar alguns métodos. Agora já temos uma empresa mais madura, mais atenta ao mercado. Podemos nos concentrar na valorização da nossa marca e neste sentido temos absoluta certeza que o P&D será um agente facilitador fundamental”, afirma Elvira. 24 25 Na vanguarda do setor elétrico junho 2009 O caminho para a competitividade e sustentabilidade A�PUC-RIO�PARTICIPA DO�P&D�DA�ANEEL SABER Dentro do atual cenário da economia mundial, a questão ambiental é sempre um capítulo à parte. Basta ver o quanto o novo presidente da maior potência econômica do planeta, Barack Obama, destinou para a reestruturação do setor elétrico norte-americano. Hoje, o sistema de distribuição de energia tem que ser sustentável, e fontes renováveis ganham status de estrela. Para o professor do curso de pós-graduação em P&D da PUC-RJ, Antônio José Junqueira Botelho, as empresas têm que estar preparadas para lidar com diferentes ciclos e deveriam aplicar anualmente 0,5% de sua receita operacional no caso das Distribuidoras e 1% nas Transmissoras e Geradoras. Antônio José Junqueira Botelho, professor do curso de pósgraduação em P&D da PUC-RJ Porém, o maior problema, de acordo com o professor, é que, até então, o setor elétrico tinha e ainda tem como característica ser pouco competitivo. A área de energia sempre foi um setor de “tecnologia madura”. Há mais de 100 anos, o conceito de como se produz e distribui energia está pronto e consolidado.“O marco regulatório cobra mudanças, quer empresas mais competitivas e menos acomodadas pelo fato de o setor de energia ser um segmento maduro”, sentencia o professor. O setor, que por vezes pareceu um gigante adormecido, entendeu a nova ordem no mercado e vê nas novas regras da Aneel um caminho para ganhar agilidade e se adaptar às mudanças. “Realmente, não há uma competição direta, como em outros setores, mas, por exemplo, os grandes clientes, a partir da nova regulamentação, podem começar a produzir a sua própria energia. O que acaba por gerar mais um mercado para as próprias concessionárias: desenvolver projetos para esses grandes clientes. Portanto, ao mesmo tempo em que a nova regulamentação pode gerar barreiras, também traz novas oportunidades de negócio”, acredita o professor. 26 27 SABER junho 2009 Sua majestade, o cliente Mais do que desenvolver inovações, os projetos de P&D da Light têm impacto direto na sociedade. As pesquisas e estudos que fazem parte da concepção destas iniciativas muitas vezes resultam na criação de um novo serviço, como é o caso do Chat para os grandes clientes, ou na prestação de um trabalho socioambiental, a exemplo dos projetos que monitoram os reservatórios da companhia. Um beneficia diretamente o cliente, ampliando as formas de acesso à empresa; o outro traz vantagens para o meio ambiente e para a população de maneira geral. 28 29 Sua majestade, o cliente Conversa online Para os 50 mil grandes clientes da Light, que incluem empresas, indústrias e estabelecimentos comerciais, o Chat é uma alternativa para resolver qualquer questão por meio de uma conversa online. As vantagens são muitas: além de ter custo zero para o cliente que acessa a ferramenta por um link no site da empresa, permite resolver tudo na hora e reduz o tempo de ocupação da linha telefônica. O que muitos usuários não sabem é que, com quase um ano de funcionamento, o Chat é resultado de um projeto de P&D que analisou 6.800 e-mails recebidos pelos profissionais que atendem os grandes clientes. Batizado de “Estudo e implementação de modelo de atendimento personalizado via web para o segmento de grandes clientes da Light”, o projeto teve a parceria de duas universidades – Coppe/UFRJ e UFF. De acordo com Fernanda Particelli, que gerenciou o projeto, o desafio era entender o que motivava o cliente a passar um e-mail, em vez de ligar, e que tipo de ação poderia ser feita para aprimorar o relacionamento do cliente com a empresa. “A análise mostrou que 38% dos contatos via e-mail eram para solicitações em geral e reclamações, 34% para informações e 28% de solicitações e pedidos de vistoria técnica”, detalhou. Fernanda Particelli, gerente do projeto que resultou no Chat para grandes clientes 30 SABER junho 2009 Este mapeamento, segundo Fernanda, proporcionou subsídios que levaram à implantação do Chat, que já operava para os clientes de baixa tensão. “Restava saber se funcionaria com os grandes clientes, com os quais trabalhamos de maneira personalizada, e o P&D ajudou nisso”. O resultado, acrescentou ela, foi uma ferramenta que potencializa o atendimento e contribui para aumentar a satisfação desse segmento de clientes. E os clientes aprovaram o Chat. Ronaldo Novato, que trabalha no Grupo Rayan, empresa do ramo de administração de condomínio de armazéns, costuma acessar o w e acha o recurso muito útil e funcional, por dar velocidade e permitir que os assuntos sejam resolvidos naquele instante. “Enquanto sou atendido pela Light, de forma online, concilio a atividade com outras tarefas, e consigo resolver ao mesmo tempo outra questão, por telefone, com empresas que não oferecem a mesma ferramenta de comunicação”. Projetos ambientais Não é apenas a Light e seus clientes que saem ganhando com os projetos de pesquisa e desenvolvimento. A sociedade como um todo é favorecida por essa combinação de estudos, análises e monitoramentos. Na área ambiental, isto é mais evidente e sinaliza o comprometimento da companhia com a preservação ambiental e com o desenvolvimento sustentável. Ao todo, quatro projetos ambientais estão sendo desenvolvidos pela empresa e envolvem equipes de pesquisadores de conceituadas universidades e instituições, como Unesp, UFRRJ e UniRio. Uma parceria que agrega conhecimento científico à competência técnica e experiência prática do quadro de profissionais da companhia que participam como gestores. “Os projetos, apesar de terem ações distintas, se complementam e atuam de maneira geral na melhoria da qualidade da água dos reservatórios que abastecem grande parte da população do Rio de Janeiro, na biodiversidade aquática e na preservação do meio ambiente como um todo”, comenta o gerente dos projetos, Luís Antonio Braga Grande, que conta com apoio do analista de Meio Ambiente Rinaldo Rocha no acompanhamento destas ações. Em resumo, acrescenta Luís Braga Grande, os projetos contribuem para a criação de mecanismos e ações de controle que permitem à empresa operar de forma sustentável, em especial, na atividade de geração de energia elétrica. Luís Antonio Braga Grande, gerente de projetos ambientais Conheça os projetos ambientais de P&D: Escada de Peixes – Estuda a eficiência da escada de peixes, sistema que facilita a migração durante a piracema e a passagem pelas barragens da Usina Hidrelétrica de Ilha 31 Sua majestade, o cliente dos Pombos. O projeto acompanha a saúde reprodutiva e populacional de espécies de peixes migradores em trechos do rio Paraíba do Sul onde se encontram os reservatórios e barragens do Sistema Light. Esse monitoramento é voltado para conhecer o comportamento dos peixes, além das causas da mortalidade nas unidades geradoras e possibilidades de desenvolvimento de métodos de controle. O estudo desenvolvido na Usina de Ilha dos Pombos contribuirá para avaliar a necessidade de implantação de sistemas de transposição nas demais usinas do Sistema Light. Macrófitas – O projeto monitora nos reservatórios as espécies de macrófitas, plantas aquáticas que alteram as condições físico-químicas da água, dificultam a produção de peixes e a navegação e interferem na geração de energia elétrica. É avaliada a eficácia da colheita das macrófitas, os custos do transporte e velocidade de degradação da biomassa colhida. Esses dados estão servindo de base para elaboração de modalidades de colheita mecânica e adoção de alternativas para dar usos ao material coletado. Entre os quais está a utilização como fertilizante, que pode ser usado na recuperação de pastagens degradadas e na fertilização de pomares de frutíferas. Com os resultados desses trabalhos, uma das ações previstas é a divulgação aos produtores rurais e incentivo ao recolhimento das macrófitas na draga e transporte para suas propriedades rurais, reduzindo o custo de transporte e deposição da Light. Bioáqua – O projeto tem o propósito de determinar a riqueza de espécies e estrutura de comunidades aquáticas (plâncton, insetos e anfíbios) dos reservatórios de Santana, Vigário e Lajes. O objetivo é identificar espécies que, por suas características ecológicas, possam ser sugeridas como bioindicadores da qualidade de água. 32 SABER junho 2009 Pisces – O objetivo é dar continuidade à recuperação e incremento das diferentes espécies de peixes do reservatório de Lajes por meio do emprego de medidas inovadoras de manipulação de habitats (introdução de abrigos artificiais) em conjunto com um programa integrado de manejo pesqueiro (monitoramento e repovoamento). A ideia também é correlacionar a abundância das espécies com a presença dos abrigos. -¶%&3&.5&$/0-0(*"4%&*/5&-*(³/$*"1"3"3&$61&3"±°0 %&1&3%"4"33&$"%"±°01-"/&+".&/50%&.&3$"%0 $0.&3$*"-*;"±°0%&&/&3(*"&05*.*;"±°0%& */7&45*.&/504 130+&504$0.3&46-5"%04$0.1307"%04&$0. &9$&-&/5&30* &26*1 &26*1&.6-5*%*4$*1-*/"3$0.$0/)&$*.&/50%04 130$&4404%&/&(»$*0%044*45&."4$03103"5*704&%& 5&$/0-0(*"%&10/5"%&*/5&-*(³/$*"$0.165"$*0/"- 5&.04"56"%0$0.130+&504%&1&426*4"%&4&/70-7*.&/50 &."1309*."%".&/5&%0.&3$"%0#3"4*-&*30%& %*453*#6*±°0%&&/&3(*"&-²53*$"$0/40-*%"/%0/044" 104*±°0$0.0$&/530%&*/07"±°0/04&503 33 junho 2009 SABER De projeto em projeto, construindo inovação Na vanguarda em diversas áreas, a centenária Light também está na dianteira quando se trata de inovação. A empresa tem projetos em protótipo, alguns em teste e outros em fase mais adiantada, para serem colocados em prática. O que têm em comum, além de serem inéditos e de trazerem benefícios para a sociedade, é a participação de empregados da Light em todo o processo e a potencialidade de se tornarem novos produtos ou serviços da companhia. 34 35 De projeto em projeto, construindo inovação junho 2009 Entre os projetos com potencial de serem colocados no mercado e que já chamam atenção quando apresentados em eventos está o robô que mede o grau de corrosão dos cabos de alumínio com alma de aço, muito comum em linhas de transmissão. Na Light, mais de 90% dos cabos são deste material. Inédito no continente americano, o Sistema de Detecção de Corrosão, Alma de aço: é o centro do cabo, de material mais duro. como foi denominado, vem sendo desenvolvido desde 2004, em conjunto com o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD). Apenas Japão e Coreia detêm tecnologia semelhante. A importância do projeto está em tornar mais precisa a inspeção das linhas de transmissão para identificar o estágio da corrosão, que acontece devido à exposição a chuva, “ Após Apóstestes testes em emcampo, campo,o o protótipo protótipoestá estásendo sendo aprimorado aprimoradoeeestá está em emconstrução construçãoum um segundo segundorobô. robô. José Benedito José Benedito SABER “ Entre as melhorias que estão sendo incorporadas ao projeto está a redução do peso do equipamento de 22 para 15 quilos, a inclusão de câmera de vídeo para a visualização externa e a adaptação para trabalhar com diferentes espessuras.“O projeto atual está adaptado para um tipo, mas como nosso objetivo é ter um serviço para atender ao mercado, temos que estar preparados para as diferentes demandas que podem surgir”, informa Benedito, que tem percebido uma expectativa grande com a chegada do serviço. “Quando falamos do projeto em eventos, sempre perguntam quando estará disponível”, revela. sol e poluição. “Atualmente, o método utilizado pela Light José Benedito, engenheiro e gerente do projeto e pelas demais concessionárias brasileiras Para que serve o robô? é essencialmente visual. O Sistema de Detecção de Corrosão pesa 22 quilos, Este diagnóstico subjetivo mede 409 mm de largura, 506 mm de altura e 225 pode a mm de profundidade, bem menor que os disponíveis manutenção”, comenta o no mercado internacional. É movido por uma bateria engenheiro e gerente do (12 V / 12 Ah), com autonomia de quatro horas, o que projeto, José Benedito. permite supervisionar em média 3.400 metros de cabos. comprometer Ele acredita que o robô É motorizado e controlado por rádio. Ao percorrer o marcará o início de uma cabo, o robô realiza medidas que permitem avaliar a nova forma de tratar a integridade da camada de zinco que o recobre. Quanto manutenção das linhas, agora de forma mais preventiva. menor a camada, maior o estado de corrosão. A leitura é “A substituição dos cabos tem um custo alto. O laudo feita por meio de um software. O resultado é um laudo que será fornecido pelo sistema informará a vida útil de que identifica o tempo de vida daquela linha, informação determinada linha e, em consequência, permitirá melhor que auxiliará no planejamento das futuras manutenções planejamento, seja para manutenção ou troca de cabos”, preventivas e corretivas das linhas de transmissão e destacou o gerente do projeto, informando que, após testes distribuição de energia elétrica. Protótipo do robô em campo, o protótipo está sendo aprimorado e está em 36 construção um segundo robô. 37 De projeto em projeto, construindo inovação Lacre para combater o furto de energia Criar mais um importante aliado no desafio de inibir o furto de energia. Este é o objetivo de outro projeto de P&D desenvolvido pela empresa: um lacre que muda de cor quando violado. Elaborado em parceria com a UFRJ e a empresa ELC, Há boas expectativas quanto ao projeto com relação à sua eficiência na inibição do furto de energia. Segundo o gerente do projeto, Nilton Leonardo Guilherme, o lacre ajudará a identificar uma possível fraude por meio apenas de uma inspeção visual. Ele explica que o mecanismo é resultado da associação entre as engenharias mecânica e química. O que significa que, em caso de violação, uma ampola que fica dentro do lacre é estourada e este passa de translúcido para a cor vermelha. “Já foram feitos alguns exemplares do lacre e testados com sucesso em Triagem”, informa Nilton, que conta com o apoio da gerente substituta, Danielle Menezes Alves, no desenvolvimento do projeto, que está fase de realização de testes mais apurados. Além de atender a uma demanda específica da Light, que é o combate ao furto de energia, o produto tem boa perspectiva de comercialização, pois pode ser usado para qualquer necessidade de garantia de não-violação. “Estamos otimistas com o resultado final e com a possibilidade de colocá-lo no mercado”, comenta Nilton, ressaltando ainda o alinhamento deste projeto a diretrizes estratégicas da Light, tanto na questão do combate às perdas quanto na de criação de produtos que proporcionem uma nova fonte de receita para a empresa. Nilton Leonardo Guilherme, gerente do projeto do lacre 38 SABER junho 2009 Mais proteção para o meio ambiente Comprometida com a segurança de suas operações, a Light dá prosseguimento a um projeto que nasceu para estudar mecanismos capazes de reter o óleo, presente nos transformadores, em caso de vazamento. À frente do projeto desde 2005, a engenheira de campo Maria Helena Adriano explica que a empresa já seguia as normas de segurança para estas possíveis ocorrências, mas o objetivo era ir além das exigências e garantir o máximo de proteção ambiental. “Cada transformador carrega em média 30 mil litros de óleo, um volume significativo, que pode vazar em função de superaquecimento ou se for, por exemplo, atingido por um tiro”, comenta a engenheira sobre o cenário que levou a empresa a buscar alternativas mais eficientes nesta área. O resultado foi a criação de um filtro com uma manta interna e sensores que acusam a presença de óleo. “A ideia é poder monitorar estas situações de dentro do Centro de Operação”, diz Maria Helena sobre o projeto, que tem a parceria da Bandeirantes e da CGTI e conta com um protótipo instalado na subestação Barra. Ela diz ainda que este novo produto foi desenvolvido justamente para subestações abertas ao tempo e teve como um dos desafios o desenvolvimento de uma manta que retivesse o óleo, deixasse a água passar e fosse viável economicamente. Além da possibilidade de monitoramento à distância, o projeto apresenta vantagens econômicas e operacionais. O filtro custa um terço do preço da opção usada atualmente, que é a instalação de uma caixa separadora de água e óleo. “Enquanto a caixa ocupa um espaço de 20 metros quadrados embaixo da terra, o filtro utiliza menos de dois, o que facilita a instalação.” A expectativa, segundo a engenheira, é dar continuidade ao projeto e ter um produto industrializado, que seja bem aceito no mercado, com possibilidade de atingir outros segmentos além do setor elétrico. “O filtro pode muito bem ser útil em um posto de gasolina, por exemplo”, diz Maria Helena. Maria Helena Adriano explica que o projeto vai garantir o máximo de proteção ambiental Poste sustentável O poste feito da resina de garrafa PET é um exemplo de que a inovação pode caminhar ao lado da proteção ambiental e da inclusão social. O projeto, em estudo pela Light em parceria com a UFRJ e a Polinova Consultoria em Polímeros, tem o propósito de elaborar uma alternativa aos postes de madeira e ainda gerar renda para as cooperativas de catadores de material reciclado, que terão um novo mercado para este material. De acordo com o gerente do projeto Fabrício Alves Nunes, o objetivo é dar um novo passo rumo à eliminação do uso da madeira como componente das redes de distribuição. “A madeira está sujeita a queimadas e ataques de insetos e fungos, o que pode resultar na descontinuidade do fornecimento de energia”, comenta ele, explicando que este tipo de poste é 39 De projeto em projeto, construindo inovação utilizado em locais de difícil acesso, principalmente em redes que têm traçado por alto de morros ou em áreas carentes. Baseado no tripé da sustentabilidade, o projeto desenvolveu um protótipo com vantagens ambientais, sociais e econômicas. É mais leve, antichama, antifungo, sem corrosão, fácil de manusear e com maior tempo de vida. “E utiliza a resina PET como principal matéria-prima. Para se ter ideia do impacto ambiental, a construção de um poste de 11 metros demanda 60 kg de resina, o que equivale a 1.800 garrafas PET que deixam de ir para os aterros sanitários”, detalha Fabrício. A opção por este material, que tem benefícios também do ponto de vista social, favorecendo o aumento de renda dos catadores, também reduz custos. “A resina de material virgem é 40% mais cara que a da garrafa PET”, informa o gerente do projeto. Ele diz ainda que a tecnologia desenvolvida permite a incorporação de materiais e aditivos como fibra de vidro, que apresenta propriedades mecânicas como resistência a tração, flexão, compressão e dureza apropriadas para essa aplicação. Outra novidade é que, durante o processo de modelagem do poste, pode-se ainda incorporar à resina outros materiais descartáveis, como lixo orgânico desidratado e cinzas. Fabrício Alves Nunes, gerente do projeto “poste verde” e as garrafas PET coletadas As vantagens operacionais também são muitas. O novo modelo diminui o risco de interrupção no fornecimento de energia, melhora o desempenho e a segurança do trabalho. “Mais resistente, pode ter garantida a sua integridade quando for necessário apoiar uma escada para a subida de um eletricista. E, no caso de substituição do poste, o peso menor facilita o trabalho das equipes de campo neste deslocamento”, enumera Fabrício. Eficiência operacional A busca pela melhoria da qualidade dos serviços prestados aos 3,9 milhões de clientes da Light se dá também por meio da inovação. Um exemplo prático disto é o projeto “Banco de Compensadores Série (BSC) com Dispositivo de Proteção por Chaveamento Shunt”, que estuda a criação de um equipamento mais eficiente e econômico que os existentes. 40 SABER junho 2009 Desenvolvido para regular a tensão na rede elétrica de forma instantânea e reduzir as perdas técnicas, o BSC desponta com uma alternativa à construção de rede de distribuição e ao recondutoramento, isto é, substituição dos cabos por outro com maior capacidade para passagem de energia. O protótipo está sendo instalado na Regional Vale do Paraíba, na Linha 6 kV Montalegre da subestação Miguel Pereira, quando entrará em fase de testes. À frente do projeto, o engenheiro de campo Clayton Vabo comenta que o crescimento da demanda por energia elétrica em uma determinada área pode ocasionar problemas de oscilação de tensão, o que geralmente é resolvido com reconstrução da rede. “A instalação do equipamento pode adiar este gasto com infraestrutura por mais de dez anos, representando uma expressiva economia para a empresa”, avalia o engenheiro sobre o projeto que ele pesquisa desde 94 e recentemente se consolidou como P&D. A iniciativa tem a parceria do Laboratório de Energia dos Ventos da Universidade Federal Fluminense (UFF). Com a instalação do BSC, outro fator interessante está no aumento de capacidade da linha de distribuição. Clayton explica que o equipamento pode gerar energia reativa (que tem a função de manter os campos magnéticos das cargas dos motores e percorre a rede junto com a energia ativa). “Com o BSC gerando energia reativa, consigo liberar o ’espaço’ ocupado por ela na linha, para passar mais energia ativa”, esclarece. O projeto de Clayton Vabo em instalação energia reativa: é a parte da energia consumida que não serve para o funcionamento de aparelhos elétricos. Quase produtos Outros dois projetos que têm boas perspectivas de se tornarem produtos e, além de atenderem a demandas da Light, serem colocados no mercado são o Espaçador e o Transformador Autoprotegido. Ambos contam com protótipos instalados na rede elétrica da companhia, em monitoramento, para avaliação do desempenho. O equipamento tem a função de manter um espaço de segurança entre os “fios” da rede elétrica e foi aprimorado mecânica e eletricamente, em comparação com os equipamentos atuais. A equipe do projeto - formada pela Light, a empresa Produtos para Linha Preformados (PLP) e o Centro de Pesquisas de Energia Elétrica da Eletrobrás (Cepel) – desenvolveu o protótipo a partir de um material mais resistente. energia ativa: é a energia consumida por um aparelho elétrico que é útil para o seu funcionamento. O propósito, segundo o gerente do projeto Roberto Dias, foi criar um equipamento que pudesse ser usado em redes aéreas compactas localizadas em ambientes com alto índice de 41 De projeto em projeto, construindo inovação poluição e temperatura.“Foram três anos (de 2003 a 2006) para chegar a esta versão que, além de mais resistente a quebras, apresenta menor custo de manutenção, o que é um diferencial se comparado a equipamento similar disponível no mercado internacional”, informa. Outra característica que distingue o novo modelo são os furos dispostos na parte do espaçador que faz a interface com o “fio”, o que facilita o escoamento da água de chuva, evitando o acúmulo. Dias comenta que os espaçadores instalados desde 2006 em 96 pontos diferentes da rede de distribuição da Light ainda não apresentaram problemas. “Este resultado inicial já demonstra os acertos do projeto”, afirma. Já o projeto do Transformador Autoprotegido tinha como desafio desenvolver um equipamento com tecnologia nacional, já que os similares disponíveis no mercado internacional apresentam alto custo do disjuntor, principal componente de Roberto Dias, gerente do projeto, e o protótipo do Espaçador SABER junho 2009 proteção. Dias explica que, sem a proteção, os transformadores provocam aquecimento e consequentemente diminuição de sua vida útil. “Esses defeitos são eliminados pelos disjuntores, que protegem contra sobretensão, apresentando-se como uma boa opção para áreas de sazonalidade de demanda de energia elétrica, como regiões de veraneio, por exemplo.” A metodologia adotada, acrescenta ele, reduz as chances de queima do transformador, que podem causar interrupção no fornecimento de energia e afetar significativamente os índices de qualidade como DEC (duração da interrupção) e FEC (frequência da interrupção). Também com foco no cliente e na eficiência de suas medição da conformidade da tensão, isto é, quando é preciso avaliar se a energia está chegando com oscilação ou variação da tensão, por exemplo. Segundo o engenheiro eletricista Rogério Prina, que gerencia o projeto, a expectativa é ter um equipamento que faça essas medições por meio de dois transformadores de potência e dois transformadores de corrente. “Esses equipamentos já fazem parte da infraestrutura do cubículo de faturamento dos clientes de média tensão. No entanto, a Aneel exige que a medição seja feita nas três fases, o que demanda mais um jogo de transformadores, que é instalado na rede a cada demanda por medição”, diz Prina. A Ferramenta Conversora, ainda em fase inicial de estudo em parceria com a Expertise Engenharia, eliminaria a necessidade de colocação desse aparato. “O equipamento teria a função de se fazer equivaler a uma medição com três transformadores de potência e três transformadores de corrente”, informa Prina. Além de facilitar essa operação, a ferramenta também reduz custos. “A Light tem hoje sete mil clientes em média tensão. Imagine o que representaria para a empresa incluir mais dois transformadores em cada unidade cliente. Para o cliente industrial, por exemplo, isto geraria transtornos como parada de produção”, avalia o engenheiro eletricista. Outro projeto conduzido por Prina é o de Soluções Não Convencionais para Regulação de Tensão em Rede Secundária de Distribuição (baixa tensão). Com o apoio da Universidade Federal de Uberlândia, já foram elaborados dois protótipos: o Autotransformador Regulado por Tensão e o Banco de Capacitores regulado por tensão. “O Autotransformador acompanha a mudança de tensão que acontece, por exemplo, em horários de pico, para mantê-la dentro dos limites estabelecidos como adequados pela Aneel”, comenta ele, acrescentando que a principal utilidade está no fato de ser uma alternativa à construção de rede. Esse projeto já conta com protótipo sendo monitorado na rede. Já o Banco de Capacitores, que tem a mesma função, ainda está na fase de testes de laboratório. Rogerio Prina, engenheiro eletricista operações, a Light investe no projeto da Ferramenta 42 Conversora de Qualimetria. O equipamento facilitará a 43 De projeto em projeto, construindo inovação junho 2009 SABER Inventos protegidos Para garantir a proteção de tantos projetos promissores, a Light não perde de vista os procedimentos de registros e depósitos de ativos de propriedade intelectual. O trabalho é conduzido por uma equipe do Jurídico que acompanha o andamento dos processos de patentes feitos por meio do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Já foram depositados registros tanto pela Light quanto pelos parceiros nas iniciativas. Entre os quais estão o robô (Sistema de Detecção de Corrosão), o Selo Químico e o Espaçador. Para este último, inclusive, a Light assinou o primeiro contrato para recebimento de royalties (cessão de direitos). Anna Luíza, Carla Pirahy e Marcio Noronha, equipe jurídica da Light “No contrato do Espaçador, a Light e o Centro de Pesquisas de Energia Elétrica da Eletrobrás (Cepel) vão receber uma taxa de cessão de direitos de 5%, sendo 2,5% para cada, sobre as receitas obtidas com a comercialização do produto”, detalha Tenório Júnior, responsável pelo programa de P&D da Light e coordenador do GT de P&D na Abradee, destacando o potencial de retorno dos projetos para a empresa. Segundo a advogada Anna Luíza Maris, é de interesse da Light fechar contratos que possam gerar receita para a companhia no futuro.“Para isso, queremos acelerar os processos, que pela natureza já são demorados. As patentes costumam levar de cinco a seis anos para saírem, devido a etapas que precisam ser cumpridas, como o preenchimento dos requisitos de novidade, atividade inventiva e aplicação industrial”, informa. Anna Luíza diz que um escritório especializado em patentes deve ser contratado para apoiar o andamento desses processos e apoiar na negociação de contratos comerciais. E para avançar ainda mais nesta área, começou em junho do ano passado um P&D que estuda justamente meios para acelerar o desenvolvimento de projetos. “Queremos observar os gargalos que vão desde o nascimento da ideia até a negociação para comercialização e, com estes dados, propor soluções para agilizar os processos”, informa Antonio Botelho, da PUC-Rio, coordenador do projeto. Incentivos Fiscais No contexto de Inovação, a Light tem se beneficiado quanto aos incentivos ligados à “Lei do Bem (Lei nº 11.196)”, destaca o gerente tributário Frederico Vieira. Em geral, há uma tendência de se entender que inovação tecnológica é algo dirigido às empresas de alta tecnologia. No entanto, ele salienta que outras que venham a desenvolver tecnologias para seus negócios podem se beneficiar de tais incentivos. É o caso então dos projetos de P&D da Light, que são totalmente aderentes às informações necessárias e exigidas pelo MCT no preenchimento do formulário utilizado para obtenção do benefício fiscal. 44 45 SABER junho 2009 Todos em um só coração 46 Não faz muito tempo, um jargão clássico era sempre disparado para apontar um bom funcionário: ele “dá o sangue” pela empresa. Hoje, para definir um profissional padrão dentro de uma corporação, talvez o correto seja dizer: ele “dá os neurônios” pela empresa. Mais do que alguém pronto para executar com grande disposição suas tarefas, a empresa precisa de empreendedores e de pessoas capazes de apresentar soluções. 47 Todos em um só coração Inovar é a palavra de ordem no mundo corporativo, e há muito esse caminho deixou de ambiente fértil para a inovação. Um organismo vivo em que cada um seja uma célula de transformação. ser uma via de mão única. Antes, o empregado era um mero receptor das novas tecnologias que chegavam à empresa. Neste novo cenário, a mudança de paradigma consiste em que cada um tenha a chance de ser o principal ator no processo de inovação. A Light quer transformar as boas ideias dos empregados em projetos e tornar o que eles pensaram em produtos no mercado. Se cada empregado pode e deve ser uma célula desse organismo que é a empresa, o P&D pode ser uma de suas artérias. O caminho para o sangue circular oxigenando o cérebro (as boas ideias) e fazer a companhia pulsar num só coração. Como em todo processo que exige uma mudança cultural, parece coisa de outro mundo ser a “célula-mãe” (o idealizador) da inovação. Porém, há um “caminho das pedras”, que responde pelo nome de Pesquisa & Desenvolvimento e é algo bem mais simples do que a maioria dos funcionários imagina. O coordenador de Planejamento, Ambiente e Inovação da Light, Paulo Mauricio Senra, explica que as três áreas sob sua coordenação envolvem toda a empresa. Portanto, todos podem participar. “Para mim, é um desafio diário, mas gosto desta interação e de ter noção das visões diferentes das pessoas em cada área. Essa diversidade estimula meu trabalho”, conta o coordenador da área de P&D da Light, um engenheiro elétrico que faz doutorado em Planejamento Energético. Assim, aos poucos, transitando por todas as áreas da Light, é que a equipe de P&D vem ganhando “corações e mentes” dentro da empresa. Gente como a jornalista Jordana Garcia, da Gerência de Comunicação da Light.“Minha visão sobre P&D mudou depois que comecei a gerenciar alguns projetos”, conta ela. “O que, ao meu ver, parecia ser técnico é, na verdade, uma oportunidade de trabalhar em projetos que fazem parte da estratégia da empresa. As possibilidades são infinitas.” Jordana Garcia, jornalista da Gerência de Comunicação 48 SABER junho 2009 A jornalista está convicta de que os programas de P&D da Light trazem inúmeros benefícios para a empresa, para os profissionais envolvidos e para o setor elétrico. “O P&D é a valorização da Light na prática. São projetos que valorizam as pessoas, a empresa e a área de concessão”, afirma Jordana. No momento, talvez este seja o principal desafio da área de P&D: fazer com que todos entendam o quanto é vantajoso participar desta engrenagem chamada Pesquisa & Desenvolvimento, e com isso, transformar a companhia em um A gerente de Compra de Energia da Light, Ana Pimenta, já é parte deste organismo vivo chamado inovação. Ana ressalta que a atuação do P&D não se limita à aposta da empresa numa boa ideia. Na sua opinião, o maior retorno para o funcionário está na capacitação que o P&D pode trazer. “O movimento de P&D da Light é uma porta aberta para nos mantermos permanentemente atualizados. Desde o ciclo 2003/2004, a Gerência de Compra de Energia participa do P&D da empresa, sempre agregando qualificação à equipe. Temos pessoas com mestrado e MBA. Hoje, os seis profissionais da minha equipe são extremamente capacitados, graças ao Programa de P&D”, diz a gerente. Segundo Ana, são desenvolvidos, na sua área, projetos de P&D em duas vertentes: buscar a automação necessária e antecipar resultados do mercado.“Alguns projetos nos deram a condição de quantificar resultados. Isso é fundamental, temos indicativos para saber se estamos no caminho certo ou não”, acrescenta ela. Em 2008, por exemplo, a Gerência de Compra de Energia da Light concluiu um estudo, em parceria com a PUC/RJ, sobre simuladores de regras para leilões de compra e venda de energia. Este ano, também em parceria com a PUC/RJ, estão em desenvolvimento novos instrumentos para gerenciar o risco da compra e venda de energia. O trabalho começou em agosto de 2008 e deve estar concluído em janeiro de 2010. “É importante criar uma metodologia segura. Nosso trabalho é prever as condições de compra de energia no futuro, para influir no valor do leilão. Às vezes, com antecedência de um ano, um ano e meio. O que é chamado, no mercado, de fechamento de carga”, conta a gerente. “É uma missão extremamente complexa. Daí a importância do P&D da Light, da parceria com o meio acadêmico, para gerarmos dados cada vez mais seguros da forma mais rápida, transparente e com o menor custo.” Ana Pimenta, gerente de Compra de Energia 49 Todos em um só coração SABER junho 2009 Ana Pimenta garante que não consegue mais ver o trabalho da equipe de Compra de Energia sem a participação da área do P&D. “Temos sempre as melhores cabeças do meio acadêmico perto da gente. É uma parceria que me faz sentir revigorada. Como se estivesse novamente na universidade.” Reestruturação tarifária Outra área repleta de números complexos e que já respira P&D é o setor de Regulação da Light. De acordo com a superintendente do setor, Ângela Magalhães, as parcerias proporcionadas pelo P&D da empresa são o caminho mais seguro para melhorar a qualidade dos dados aferidos pela Regulação. As informações levantadas pela equipe do setor têm influência direta na fatura mensal deixada na caixa do correio dos quase quatro milhões de clientes da Light. Os dados são levados em conta pela Aneel na confecção da tarifa. Ângela afirma que, hoje, mais de 50% do trabalho relativo a questões tarifárias na área de Regulação da companhia é fruto de estudos envolvendo o P&D. Porém, o trabalho que a equipe da superintendente tem pela frente é ainda maior. Ângela aponta a urgência de criar novas metodologias para aferir os números do setor. Segundo ela, este tipo de trabalho foi muito estudado nos anos 80, mas a partir Agregamos valor ao mercado de energia Criada em 2002, a Siglasul é uma empresa brasileira que integra um reconhecido grupo internacional com mais de 30 anos de experiência na área de consultoria regulatória. Nossa qualidade e reconhecimento no Brasil são frutos do trabalho de uma equipe multidisciplinar, formada por especialistas que desenvolvem metodologias específicas para cada Cliente. Assim, a Siglasul conquistou seu lugar na liderança como consultora regulatória de referência no setor de distribuição de energia elétrica. Para nós, compromisso é fundamental. Por isso, também somos parceiros P&D. Com uma de nossos Clientes no desenvolvimento de projetos de P&D. metodologia inteligente e o domínio da regulação e dos processos do setor de distribuição, auxiliamos na melhoria da gestão, diminuindo riscos e oferecendo um melhor resultado para você. Com a Siglasul, você agrega valor aos processos e a gestão regulatória da sua empresa. Nosso foco t Mercado t Custos Operacionais t Investimentos t Perdas t Qualidade t Tarifas Dentre nossos principais Clientes estão: Ângela Magalhães, Superintendente de Regulação 50 Siglasul Consultoria Ltda. 51 Rua Visconde de Inhaúma, 58 - sala 1401 - Centro | CEP 20.091-007 | Rio de Janeiro RJ | Tel / Fax: 55 21 3575-6000 | www.siglasul.com.br Todos em um só coração SABER junho 2009 daquela década, não houve mais pesquisas sobre estrutura tarifária.“A fórmula da composição é praticamente a mesma há 25 anos. Corrigir as distorções é uma tarefa complexa. O cliente já adequou o consumo ao modelo atual. Porém, como disse, há controvérsias sobre a atual metodologia que ficam ainda mais difíceis de se resolver em um país de dimensões continentais em que o consumo não é algo linear”, explica. O P&D da Light, mais uma vez, é apontado como o caminho mais seguro na busca de uma solução.“Levamos essas questões para a universidade e o mercado. Neste momento, temos o projeto Estrutura Tarifária, em parceria com a Unicamp, a PUC/ RJ, a Universidade Federal de Juiz de Fora e a empresa de consultoria Siglasul”, conta a superintendente. E para espantar a desinformação, o gerente de Perdas da Zona Oeste do Rio de Janeiro enumera algumas vantagens para quem decide deixar o P&D circular por suas veias: “Primeiro, como disse antes, não há nada mais gratificante do que ver uma ideia sua se materializar. Segundo, é uma oportunidade única de contato com o meio acadêmico, uma fonte de conhecimento inquestionável. Terceiro, sempre que concluímos um projeto do P&D da Light, saímos mais capacitados profissionalmente do que entramos. Quarto, é realmente importante incorporar a cultura da empresa de inovação, do compromisso com o crescimento sustentável.” Mas a reestruturação tarifária não é uma questão apenas da Light. Ângela está à frente de um projeto em âmbito nacional, envolvendo todas as concessionárias do país, que promete ser um marco na história do setor elétrico brasileiro. “Este ano, estamos desenvolvendo um P&D estratégico para reestruturação tarifária no país. Todas as distribuidoras de energia estão envolvidas neste estudo, em que a Light tem o papel de coordenadora. Em vários casos, poderemos levar experiências do P&D da Light para questões em âmbito nacional”, diz Ângela. Projeto de Braga diminui o uso de escadas P&D: do macro ao pontual Do projeto em âmbito nacional a soluções pontuais para áreas específicas, o P&D da Light pode e deve transitar com desenvoltura. O gerente de Perdas de Energia da Zona Oeste do Rio de Janeiro, Fernando Braga, descobriu isso há cerca de três anos, quando seu setor apresentou três projetos para os ciclos 2006/2007. “Não há nada mais gratificante do que ver uma ideia sua se concretizar. E não há ninguém melhor do que nós, que estamos no campo no dia a dia, para levar essas ideias à frente. Ninguém tem mais experiência do que a gente para resolver nossos problemas”, afirma Braga. Fernando Braga, gerente de Perdas de Energia da Zona Oeste do Rio de Janeiro 52 No entanto, segundo o gerente, há ainda colegas que vêem o P&D da Light como um caminho distante do cotidiano deles. “Por vezes, é um pouco de falta de informação sobre como funciona o P&D. É comum as pessoas manterem-se distantes de assuntos que não dominam”, comenta Braga. O primeiro projeto do P&D da Light do qual o gerente participou foi o de um “Bastão de Amperes”, para checar algum tipo de irregularidade. “Acessa-se a rede com o bastão, sem a necessidade de escadas. Então, você verifica a energia que está saindo do poste e entrando na casa do cliente. Ao mesmo tempo, há um outro funcionário verificando o relógio desse cliente”, conta Braga. “O volume de energia que é detectado pelo bastão tem que ser aferido na medição do relógio. Não pode haver diferença. Os aparelhos trabalham de forma simultânea, conectados por uma tecnologia que dispensa fios. Por isso, se há diferença entre o que é medido pelo bastão e a casa do cliente, isso é um forte indicio de furto.” Este projeto de P&D foi desenvolvido em parceria com a UFF. Braga conta como ficou impressionado com o processo 53 Todos em um só coração acadêmico. “Acompanhei tudo. Desde a ‘boa ideia’, porém ainda rudimentar, levada à universidade, até a transformação do que era apenas mais uma boa ideia em um produto. O trabalho dos pesquisadores foi aplicar a tecnologia certa para dar forma a uma solução que existia apenas em nossas cabeças”, lembra. Mercado Focado no P&D Foi exatamente a capacidade de transformar ideias em produtos que motivou outro profissional da companhia a se engajar de corpo e alma nos projetos de P&D da Light. O Coordenador de Analise de Reclamações/Faturamento Ivo Neves confessa que é um entusiasta do P&D:“Eu me empolguei com o programa. Logo percebi que o mercado está focado em P&D. Por isso, procurei me informar e capacitar.” Ivo Neves, Coordenador de Analise de Reclamações/ Faturamento, com seu projeto em fase de testes 54 SABER junho 2009 Formado em administração, Neves já fez cursos de pós-graduação nas áreas de Engenharia de Produção e em Gestão de Projetos. Segundo ele, a segunda pósgraduação já foi realizada pensando no P&D da Light. A primeira participação de Neves na área foi no ciclo 2006/2007. O trabalho, realizado em parceria com a empresa paranaense de tecnologia Lactec, chamava-se “Desenvolvimento de Conector Especializado para Corte de Fornecimento a Clientes de Baixa Tensão”. A proposta era simples: gerar tecnologia para realizar cortes de energia do cliente inadimplente com total segurança e controle. “Os projetos que desenvolvemos são ótimos para a empresa e para nossas equipes de profissionais, uma vez que estamos sempre com foco na segurança deles”, afirma Neves, que tem mais dois projetos lançados no ciclo 2008. Ambos foram iniciados em junho do ano passado e serão concluídos em 2010. Aberto a todas as áreas, setores e cargos, o P&D tem transformado a vida de quem embarca nesta viagem. A analista técnica da Light Gilcinea Rangel Pesenti também não esconde a empolgação com o P&D da Light: “Vejo o P&D como uma chance de desenvolvimento profissional dentro da empresa. No mundo corporativo, é uma grande oportunidade de crescimento.” O comprometimento com o P&D da Light levou a técnica à sala de aula do MBA na Fundação Getúlio Vargas. “Comecei o MBA por meio do projeto de P&D da Light, que durou dois anos. O curso da Getúlio Vargas estava descrito no nosso trabalho”, conta Gilcinea, que concluiu o projeto do P&D no ano passado, mas continua cursando o MBA. Sobre o projeto, ela informa que desenvolveu um software para gestão de bateria estacionária de subestações, batizado de “Estudo para Detecção e Gerenciamento de Falhas de Bateria”. Gilcinea explica que as baterias ficam nas subestações e, caso falte energia, é necessário que as baterias de controle funcionem. “Nosso equipamento desempenha esta função, fica acoplado às baterias, mandando informações para o servidor”, comenta. Quem participa pela primeira vez do P&D da Light não para mais: os projetos tomam corpo, ganham forma, e o envolvimento é para sempre. Por isso, Gilcinea já prepara outro projeto, que será apresentado no próximo ciclo. O objetivo é criar um hardware para aprimorar ainda mais o trabalho desenvolvido com as baterias no ciclo passado. Gilcinea Rangel, Analista Técnica da Light Além dos resultados obtidos na pesquisa dos projetos de P&D, outros desdobramentos trazem enormes ganhos para o processo de P&D. É o que salienta a coordenadora da Academia Light, Ana Raquel, que vê no Programa de P&D uma enorme ferramenta para a Gestão do Conhecimento na empresa, através da produção de novos conhecimentos e a transferência desses para o público da Light. Capacitar equipes da Light nos conceitos a serem utilizados na elaboração e implementação dos Projetos de P&D possibilita a aproximação desses colaboradores com a aplicação prática na Light, gerando uma melhor apropriação dos resultados dos projetos pela empresa, sendo um diferencial significativo para o maior benefício com o processo. Acrescentando a isso tudo, ressalta que as titulações obtidas nos projetos são consideradas como itens de alta relevância pelo regulador nas avaliações de factibilidade dessas pesquisas. 55 Todos em um só coração P&D: uma história construída em parceria No mundo moderno, a capacidade de inovar tornou-se o principal objeto de desejo das grandes corporações. E a área de Pesquisa & Desenvolvimento tem se mostrado o melhor e mais democrático caminho para as companhias chegarem à tão desejada inovação. Mas, talvez, a cereja do bolo neste processo seja o fortalecimento de parcerias. A triangulação entre empresas, meio acadêmico e mercado tem ajudado a resolver sérios problemas do setor elétrico. O furto de energia no Brasil, por exemplo, representa um prejuízo de aproximadamente R$ 5 bilhões por ano, cerca de 5% da energia adquirida pelas concessionárias. O número fornecido pelo gerente comercial da Itron Sistema e Tecnologia, Emerson de Souza, é bastante significativo. São 19,1 TWh medidos como perdas, volume suficiente para abastecer por um ano países como Nigéria, Croácia ou Cuba. Diante deste cenário, o combate às perdas é um dos maiores desafios. Desde 2007, um projeto de P&D desenvolve um novo sistema de redes de distribuição. A expectativa é que o projeto esteja concluído ainda este ano. Caso obtenha êxito ao ser implementado, a parceria terá dado um passo histórico no combate ao furto de energia. “As novas regras estimulam o desenvolvimento de produtos viáveis comercialmente, e por consequência,estimulam também a multiplicação deste tipo de parceria”, afirma o gerente da Itron Emerson Souza. Professor Geraldo Tavares, da UFF 56 SABER junho 2009 A nova regulamentação da Aneel também impulsiona parcerias com o meio acadêmico. “Para a universidade é ótimo, porque passamos a ter contato com problemas reais do Brasil. Os projetos de P&D da Light proporcionam a proximidade dos pesquisadores com os problemas do dia a dia da empresa”, afirma Geraldo Tavares, professor do Departamento de Engenharia Elétrica e coordenador do Laboratório da Energia dos Ventos da Universidade Federal Fluminense (UFF). Assim como ter um problema real e não teórico é importante para os pesquisadores da universidade, o caminho inverso também é fundamental. Imagine deixar que uma equipe de professores universitários fique encarregada de buscar a solução para uma adversidade crônica do seu dia a dia profissional. E todos altamente capacitados e imbuídos do propósito de encontrar a melhor forma de tornar sua rotina de trabalho mais prática e confiável. O P&D pretende proporcionar exatamente isso. A sua ideia para solucionar uma “dor de cabeça” profissional entregue a um centro de pesquisas universitário. O Laboratório dos Ventos da UFF, coordenado por Tavares, é um dos mais antigos parceiros da Light nesta missão. O professor da UFF chama atenção para a diversidade de assuntos que podem ser estudados a partir de uma parceria com o meio acadêmico. É o que Tavares chama de “arquipélago do conhecimento”. “Quando encontramos questões fora do nosso domínio, acionamos nossos colegas de outros centros universitários. Sejam da UFRJ, da UERJ ou da PUC, não importa, o intercâmbio não para. Vamos buscar o conhecimento onde estiver”, garante. Parceria até em Harvard O professor da PUC/RJ Maurício Frota, coordenador do curso de pós-graduação de Metrologia para a Qualidade da Inovação, é mais um a enfatizar a importância da parceria via P&D entre a Light e o meio acadêmico. “Quando a empresa sai da casca na busca da solução para seus problemas, como a Light tem feito, consequentemente os resultados aparecem”, disse Frota, que há dois anos desenvolve trabalhos em parceria com a Light. No momento, a empresa tem três trabalhos em fase de finalização no núcleo acadêmico do professor da PUC. Para o próximo ciclo, mais três projetos da Light serão iniciados com a parceria do professor Maurício Frota. Um em âmbito internacional. A proposta é estudar experiências bem sucedidas em outros países. Para tanto, o projeto de P&D da Light contará com a parceria de pesquisadores da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, e da ONU. O estudo quer trazer para a Light experiências bem sucedidas de P&D, para adaptá-las à nossa realidade. Professor Maurício Frota, da PUC/RJ E assim, de parceira em parceria, a Light pavimenta o caminho para o futuro como uma empresa comprometida com a inovação. 57 Todos em um só coração SABER junho 2009 SOLUÇÕES EFICIENTES, ENERGIA INTELIGENTE. Inovar é preciso Se houve um tempo em que navegar foi mais preciso do que até mesmo viver, como disse o poeta Fernando Pessoa, hoje, a palavra de ordem é inovar. Nada mais contemporâneo do que parafrasear o famoso lema dos antigos navegadores para enfatizar o quanto inovar é preciso. Reconhecido como o primeiro passo para a globalização do planeta, as Grandes Navegações marcam a passagem aos tempos modernos. Para lançar as caravelas rumo ao desconhecido e traçar no mapa as características geográficas do mundo tal qual conhecemos hoje, o principal combustível foi a coragem dos navegadores. No século XXI, mais do que consolidada, a globalização navega por outros mares. Com o avanço tecnológico que imprimiu velocidade ao planeta, as grandes conquistas agora acontecem num novo campo chamado mercado, e as naus respondem pelo nome de corporações.Neste mundo moderno, altamente competitivo, a corrida pelo topo do ranking tem um combustível essencial: a inovação. Por isso, cada dia mais, inovar é preciso. De forma ampla e irrestrita. Numa empresa com quase 4 mil funcionários como a Light, cada cabeça pode e deve ser uma fonte de inovação. Esta é a fórmula para garantir o desempenho turbinado de que os líderes precisam para estar à frente, e no setor elétrico não é diferente. O comprometimento de cada funcionário com a inovação dá à empresa a vitalidade necessária para levar eficiência e qualidade à vida diária de quase quatro milhões de clientes. Há mais de 6 anos o LETD vem transformando ideias em soluções na área de Engenharia Elétrica. Além de efetuar estudos e desenvolver pesquisas no setor de energia, nosso conceituado laboratório presta serviços de consultoria e executa projetos para as grandes empresas do mercado, com a experiência de um corpo técnico-científico formado por professores e engenheiros associados. Os novos desafios dos dias atuais também não podem ser esquecidos. O maior deles, sem dúvida, chama-se desenvolvimento sustentável. Se no passado, para alcançar as grandes conquistas, era preciso enfrentar e vencer as forças da natureza, hoje o mérito está em preservá-las. No grande tabuleiro do jogo corporativo, sai na frente quem descobriu o caminho das práticas ambientais sustentáveis. Mais uma vez, a capacidade de inovar entra em campo como principal agente para essa transformação. As grandes conquistas corporativas dependem de qualidade e eficiência e de serem ambientalmente sustentáveis. Para tanto, é indispensável a inovação. Foi o que demonstrou o coordenador de Operação de Rede da Light em Volta Redonda, Fabrício Alves Nunes, ao criar o “poste verde”. Feito com resina de garrafas PET, o poste é mais resistente e seguro e tem um custo menor de fabricação. A novidade ainda gera renda em comunidades carentes, por meio da coleta e reciclagem das garrafas. Esse caso é apenas um exemplo importante de como as boas ideias dos funcionários podem gerar inovação e criar novos negócios, essenciais a uma empresa moderna e inovadora. Nossos projetos de sucesso promovem, cada vez mais, a integração entre a Universidade, os Órgãos Governamentais, as Concessionárias de Energia Elétrica e a Indústria. Confira abaixo um desses projetos: Sistema de rede inteligente – Economia e praticidade caminham juntos. Através de uma nova rede inteligente, a energia é distribuída. NOSSOS PRINCIPAIS CLIENTES 58 Pode-se detectar qualquer ponto de alteração na rede, através do novo material de transmissão. Pelo sistema, o operador detecta a alteração e adota as devidas providências. LETD – Laboratório de Estudos de Transmissão e Distribuição – Departamento de Engenharia Elétrica Rua Passo da Pátria, 156 – bl. D – sala 513 – São Domingos – Niterói – RJ – CEP: 24.210-240 Tel: (21) 2629 5511 – Telfax: (21) 2629 5521 – email: [email protected] 59 junho 2009 60 Projetos em Desenvolvimento SABER 61 BIOÁQUA II: Qualidade de água, biodiversidade e biomanipulação de comunidades aquáticas nos reservatórios de Ribeirão das Lajes, Santana e Vigário - Luís Antonio Braga Grande Desenvolvimento de ferramenta para geração automática de diagrama ortogonal das redes de distribuição Vinicius Magalhães MOTIVAÇÃO MOTIVAÇÃO RESULTADOS O projeto foi motivado pela necessidade de melhoria de dois importantes aspectos do esquemático ortogonal atual da Light: a compactação do diagrama das redes de distribuição, para obtenção de uma visualização ampla dos alimentadores e a agilidade na montagem do diagrama, função fundamental para utilização pelo Centro de Operação em tempo real. Proporcionar às equipes de campo maior segurança na execução de manobras originadas no Centro de Operação da Distribuição e uma visão ampla dos circuitos de distribuição; agilizar o restabelecimento de clientes, o que traz impacto positivo no DEC; otimizar análises da rede de distribuição; proporcionar aos técnicos de campo um suporte para inspeções e atendimento; e garantir uma contingência para a perda total dos sistemas de operação/ gestão da distribuição. A necessidade de conhecer a qualidade ambiental de três reservatórios do Complexo Hidrelétrico de Lajes – Lajes, Santana e Vigário - formados por águas do Ribeirão das Lajes e dos rios Paraíba do Sul e Piraí, que entraram em operação em épocas distintas. Ou seja, Lajes em 1908 e Santana e Vigário em 1952. Esse conhecimento pressupõe o estudo das comunidades aquáticas presentes nesses reservatórios e, por conseguinte, a qualidade das suas águas. de peixe pode contribuir para a melhoria da qualidade ambiental, a partir da sua adaptação no ambiente e do consumo de vegetação aquática, presente em excesso no reservatório. Trata-se, de maneira simples, de avaliar também uma alternativa de controle biológico dessas plantas. RESULTADOS Saber de que forma a implantação do Complexo de Lajes alterou os ambientes, avaliando a necessidade da adoção de medidas mitigadoras de impactos remanescentes à implantação do empreendimento. Além disso, vêm sendo estudados alguns indicadores biológicos (bioindicadores) de qualidade ambiental - insetos, peixes, anfíbios (rãs e sapos, por exemplo) e répteis (crocodilos, jacarés, lagartos, cobras, tartarugas, jabutis, cágados), bem como desenvolvendo ações de educação ambiental. O Bioáqua tem gerado dados e informações importantes para o manejo sustentado das comunidades aquáticas presentes nos reservatórios, especialmente em Lajes, onde monitora a presença de algas azuis (cianobactérias), considerando que existem certas espécies que podem liberar toxinas nocivas para a saúde humana. Na fase I houve a produção de um DVD, que está disponível na Infoteca Light. Na fase II, destaca-se um minicurso de microscopia, ministrado para professores de Ciências da rede municipal de Piraí e a parceria com a Escola de Lajes para o projeto de Educação Ambiental denominado Inclusão Socioambiental, que já foi implantado nas turmas de quinta e oitava séries e está sendo implantado nas quartas séries. DESCRIÇÃO DO PROJETO ABRANGÊNCIA DE APLICAÇÃO Ao final de 2009, o projeto Bioáqua encerrará sua Fase II, na qual, além do monitoramento da qualidade das águas do circuito hidráulico do Complexo de usinas e das comunidades aquáticas presentes, desenvolve um experimento denominado biomanipulação de comunidades aquáticas. Ou seja, estão sendo instaladas gaiolas submersas no reservatório de Vigário, nas quais são introduzidas plantas aquáticas e posteriormente o confinamento de carpa capim chinesa, peixe herbívoro. O propósito principal é saber se essa espécie Para todo o Setor Elétrico. OBJETIVOS 62 SABER junho 2009 0382-08/2006 0382-05/2006 Projetos em Desenvolvimento OBJETIVOS O objetivo principal é desenvolver uma ferramenta para geração automática de diagramas ortogonais compactos da rede de distribuição, utilizando uma representação gráfica vetorial, baseado no Sistema de Gestão da Distribuição - SGD. DESCRIÇÃO DO PROJETO ABRANGÊNCIA DE APLICAÇÃO Esta nova ferramenta será especialmente útil para o Centro de Operação da Light, Gerências de Operação e Manutenção e Gerências de Expansão. O projeto consiste na geração de diagramas ortogonais compactos, baseados no Sistema de Gestão da Distribuição, que permitam uma visualização amigável dos circuitos pelo operador do Centro de Operação e a possibilidade de inclusão de novas funcionalidades. Os diagramas poderão representar a situação da rede de operação e a condição do projeto, além de possibilitar plotagem e exportação da imagem para suprir a necessidade de contingência do Centro de Operação da Light no caso de perda total dos sistemas destinados a Operação das Redes. 63 Desenvolvimento de conector especializado para corte de fornecimento a cliente de baixa tensão - Ivo Neves Desenvolvimento de postes poliméricos a partir de resina à base de garrafas PET - Fabricio Alves Nunes MOTIVAÇÃO MOTIVAÇÃO Resolver o problema dos cortes atuais por apresentarem pouca eficácia e custo elevado, demora na sua execução, além de nenhuma garantia nem comprovação de que foram executados, com impacto direto na inadimplência da companhia. OBJETIVOS Desenvolver um dispositivo eletromecânico de alta confiabilidade e baixo custo que opere como um conector elétrico para alimentação de um cliente de energia em baixa tensão, cuja função principal é a execução do corte comercial do cliente, de forma rápida, com comprovação do corte e que dificulte o autorreligamento sem prévia autorização da concessionária. DESCRIÇÃO DO PROJETO O projeto contempla o desenvolvimento de um dispositivo eletromecânico que permitirá executar o corte do cliente com total controle e rastreabilidade por parte da concessionária, melhorando a eficácia do corte do fornecimento de energia do cliente inadimplente e combatendo as perdas comerciais, por permitir uma ágil autuação de clientes fraudadores do sistema de distribuição de energia. O projeto contempla ensaios de tipo e rotina previstos em norma, desenvolvimento de protótipo e fabricação de peças para testes em campo, revisão de projeto com os resultados de campo, elaboração final de desenho industrial detalhado e cotado do conector e suas partes e produção das ferramentas finais de fabricação. O projeto encerra-se com o fornecimento de um lote piloto de 64 SABER junho 2009 1.000 peças cabeça-de-série para testes posteriores (não incluídos no projeto). Espera-se que o conector contribua de modo significativo, a curto prazo para a redução de perdas e melhoria da qualidade da energia oferecida. RESULTADOS Conector lacrado com parafuso especial, em plástico de engenharia que contém cartão com tag RFID (do inglês, “Identificação por Rádio Freqüência”) injetado e as barras de contato, que pode ser retirado quando efetuado o corte da unidade de consumo por inadimplência ou outros. ABRANGÊNCIA DE APLICAÇÃO Aplicação no setor elétrico como um todo. 0382-014/2007 0382-006/2007 Projetos em Desenvolvimento Melhorar o desempenho das redes que estão em locais de difícil acesso e substituir os atuais postes de madeira - sujeitos às queimadas e aos ataques dos agentes xilófagos (insetos que se alimentam de madeira) que podem acarretar a descontinuidade do fornecimento de energia - por outros que utilizam materiais renováveis, como a resina PET, com custo eficiente, mais leve, antichama, antifungo, livre de cupins e insetos, sem corrosão ou carbonatação e fácil de manusear. O projeto ainda contribuirá para o aumento de renda dos catadores desse tipo de material. Também permitirá diminuir custos e o risco da interrupção não programada no fornecimento de energia, melhorar o desempenho e a segurança do trabalho na manutenção corretiva. OBJETIVOS Os objetivos: criar uma nova dimensão de desempenho no âmbito da utilização de postes de madeira; dar um passo rumo à eliminação do uso da madeira como componente das redes de distribuição; e diminuir o impacto ambiental devido ao depósito desses produtos no meio ambiente. DESCRIÇÃO DO PROJETO plásticos compostos, especificamente os de resinas de poliéster reforçadas com fibra de vidro (PRFV), que possuem propriedades mecânicas tais como resistência a tração, flexão, compressão e dureza apropriadas para esta aplicação. Durante o processo, pode-se ainda incorporar à resina outros materiais descartados (lixo orgânico desidratado, restos de material plástico, cinzas), desde que finamente picotados. RESULTADOS O projeto resultou em protótipos de postes à base de resina PET pós-consumo. Está na fase dos ensaios dos protótipos, validação e registro da patente para prosseguir em um projeto de continuidade chamado de “cabeça de série” (aperfeiçoamento) e posteriormente o “lote pioneiro” (escala piloto de cabeça de série) e a “inserção no mercado”, fase que encerra a cadeia da inovação e busca a difusão no setor elétrico dos resultados obtidos. ABRANGÊNCIA DE APLICAÇÃO Além do produto proposto, o projeto envolve a difusão de conhecimento científico e tecnológico a partir da troca de experiências, participações em congressos e publicações de artigos em revistas da área. Sua aplicação não se restringe apenas à Light, mas ao setor elétrico como um todo. Foram desenvolvidos protótipos de postes à base de resina PET pós-consumo para substituição dos atuais postes de madeira, levando em consideração a capacidade de reciclagem deste material e a possibilidade de ainda serem adicionados ao produto outros materiais pós-consumidos. Permite a incorporação de diversos materiais em sua formulação como cargas minerais, resíduos de materiais descartados e aditivos para aumentar a resistência a chama, a luz ultravioleta, a umidade, cupins, etc. A fabricação de postes à base de materiais plásticos reforçados utiliza materiais 65 Projetos em Desenvolvimento Estudo de agrupamentos elétricos na MT por balanço energético Renato Amorim MOTIVAÇÃO MOTIVAÇÃO ABRANGÊNCIA DE APLICAÇÃO A motivação nasceu das limitações dos equipamentos disponíveis no mercado. Além disso, o projeto está totalmente alinhado com um dos objetivos globais da Light, a redução das perdas comerciais. Visto a potencialidade do equipamento no armazenamento de diversas grandezas elétricas e alto volume de dados, recentemente envolvemos a Coordenação da Qualidade de Fornecimento da Gerência de Engenharia da Distribuição, adequando o equipamento para atender às medições de qualidade de fornecimento previstas no PRODIST - Módulo 8 e na Resolução 505, da ANEEL. Desta forma, a aplicação do projeto se estende para todo o setor elétrico na área de estudos de Recuperação de Energia e Qualidade de Fornecimento da Distribuição. OBJETIVOS Desenvolvimento de tecnologia para diagnosticar e localizar falhas transitórias em redes de distribuição de média tensão. DESCRIÇÃO DO PROJETO O projeto constituiu-se do desenvolvimento dos protótipos do equipamento de medição e dos transdutores de sinais, seleção dos circuitos para realização dos ensaios, instalação dos protótipos e testes preliminares, ensaios de campo realizados, metodologia para tratamento dos sinais registrados e aplicação das redes neurais. RESULTADOS Construção de dois protótipos de medidor de baixo custo, compactos e para uso interno no ambiente de subestação, compostos de “hardware”e“software”,para monitoramento e registro das grandezas elétricas de tensão e de corrente em tempo real, com vistas à análise preditiva das ocorrências causadoras de falhas de características transitórias. Os dados relacionados com a ocorrência de uma falha são registrados como pontos de um oscilograma e são transmitidos via modem GSM/GPRS, na forma de um arquivo texto, para um site na WEB. ABRANGÊNCIA DE APLICAÇÃO Setor elétrico como um todo. 0382- 021/2007 Desenvolvimento de metodologia de gestão de falhas transitórias Antonio Francisco de Mello Neto A motivação foi o fato de que 92% dos circuitos que sofreram falhas permanentes acusaram também falhas transitórias precedentes. Portanto o correto diagnóstico e a localização da falha transitória podem direcionar ações de manutenção preventiva ou corretiva para impedir a ocorrência de falha permanente, com forte impacto nos indicadores de continuidade e a conseqüente redução de custos operacionais. 0382-09/2006 SABER junho 2009 OBJETIVOS Elaborar planos de ação de combate às perdas comerciais em áreas estrategicamente escolhidas, a partir dos balanços energéticos macros das Subestações, com a utilização de equipamentos eletrônicos de medição instalados ao longo dos circuitos aéreos de distribuição de MT (LDA). Isso se dará por meio da análise comparativa da energia fornecida e com os consumos extraídos do sistema de faturamento da Light das unidades clientes do respectivo agrupamento. DESCRIÇÃO DO PROJETO Desenvolver equipamentos e conjuntos sensor de corrente para medida de energia por indução magnética, móvel, de pequeno porte, com capacidade para 300 A, em 13,8 kV, que possa ser acoplado e desacoplado da Linha de MT com simplicidade (por bastão) e permita a parametrização e obtenção de dados do solo através de comunicação sem fio e de modo remoto do site da concessionária. RESULTADOS O projeto está em andamento e em dia com seu cronograma, realizado em parceria com a UFRJ. Tem previsão de término em outubro de 2009. Quanto ao protótipo, está apresentando resultados altamente satisfatórios em seus testes. 66 67 Projetos em Desenvolvimento SABER junho 2009 MOTIVAÇÃO ABRANGÊNCIA DE APLICAÇÃO Gerenciar o risco na atividade de compra de energia. Inicialmente para a Light, mas poderá ser estendido para todo o setor elétrico. OBJETIVOS Criar novos mecanismos de gerenciamento do risco e/ou adaptar para o setor elétrico mecanismos já existentes no mercado financeiro. DESCRIÇÃO DO PROJETO Desenvolver um sistema inteligente para gestão do risco nos contratos de compra de energia. 0382-026/2007 Industrialização de medidor com tecnologia desarticuladora de fraudes - Fernando Manhães 68 Entender o problema da perda sobre outro aspecto que não fosse o já conhecido: inadimplência e furto. Ou seja, compreender aspectos socioculturais, buscando encontrar uma estratégia de intervenção com base nesse novo entendimento. O objetivo foi desenvolver um software, utilizando técnicas de inteligência computacional, para determinar as tendências comportamentais dos clientes de baixa renda da Light e suas reações quanto à implantação de medidas preventivas e corretivas de combate às perdas e inadimplência. Ainda está em desenvolvimento. MOTIVAÇÃO RESULTADOS O sucesso no projeto de P&D Sistema de Medição Desarticulador de Fraudes - DESART, do ciclo 2003/2004, no qual foi obtida solução inovadora, possivelmente em âmbito mundial, para medição de energia elétrica trifásica sob condições de irregularidades (fraudes ou erros no sistema de medição). Ainda está em desenvolvimento. O objetivo é permitir que as perdas por fraudes na medição sejam recuperadas automática e concomitantemente às ações da Concessionária para punir os fraudadores, e ainda trazer inibição à realização das fraudes. MOTIVAÇÃO OBJETIVOS RESULTADOS OBJETIVOS Desenvolvimento de estratégia de combate a perda comercial a partir de aspectos socioculturais das comunidades de baixa renda Marliane Mendonça 0382-12/2006 0382-037/2007 SIGRICE: Sistema inteligente para gestão de risco em contratos de compra de energia - Ana Pimenta ABRANGÊNCIA DE APLICAÇÃO Este projeto de pesquisa deverá permitir à indústria brasileira oferecer a todas as concessionárias internacionais de energia um Sistema de Medição original e totalmente brasileiro, com solução inédita para o combate à fraude, promovendo uma importante contribuição aos programas governamentais de incremento da exportação nacional. antes de investir em soluções de alto custo ou retorno duvidoso. RESULTADOS O desenvolvimento de um programa de computador, que está na fase de capacitação para aplicabilidade, no qual foram implantados dados de 10 comunidades abrangendo 2.000 clientes. ABRANGÊNCIA DE APLICAÇÃO Setor da Light da área de baixa renda. Tem potencial de utilização para outras concessionárias, principalmente aquelas das regiões Norte e Nordeste do país, onde fornecem energia para grande número de comunidades carentes. DESCRIÇÃO DO PROJETO Um questionário foi elaborado para uma determinada amostra de clientes, abordando os principais temas de interesse, como ações de combate mais receptíveis pelo cliente, negociações mais flexíveis etc. Baseado em dados de cadastro da Light desses clientes, associados a outros bancos de dados internos ou externos, agrupam-se os clientes com características semelhantes. As respostas aos questionários e os dados cadastrais são conectados por intermédio de um identificador, selecionado durante o processo de preparação dos dados. Várias simulações de resposta comportamental dos clientes podem ser feitas por meio da escolha de questões-chaves. Através delas é possível avaliar os resultados das ações 69 SABER junho 2009 Perturbações no sistema interligado nacional (SIN) e de manobras no sistema de distribuição - Carlos Eduardo Vizeu Pontes Detector de curto de alta impedância Clayton Vabo MOTIVAÇÃO MOTIVAÇÃO DESCRIÇÃO DO PROJETO A ausência de um dispositivo técnico capaz de supervisionar e promover a operação de equipamentos de proteção contra defeitos de alta impedância, que além de promover perdas técnicas são responsáveis por acidentes fatais de pessoas e animais. O projeto compreende estudos e desenvolvimento de tecnologia,combinando o método de assinatura digital elétrica com processamento de sinais, objetivando a construção de protótipo de equipamento de supervisão e proteção contra defeitos de alta impedância (fio partido). O racionamento de energia elétrica a que o país foi submetido no ano de 2001, quando o governo federal impôs uma cota de redução de consumo de 20% para cada unidade cliente. Este fato incentivou os clientes que tinham a energia elétrica como um insumo importante do seu processo produtivo a investirem em geração própria, tornando-se autoprodutores (APs) ou produtores independentes (PIEs) de energia, instalando geradores térmicos em suas próprias plantas ou construindo pequenas centrais hidrelétricas (PCHs). A Light foi uma das distribuidoras que sofreram este tipo de problema e, diante da pressão dos APs e PIEs de se conectarem o mais rápido possível para resolverem seus problemas, e do governo em viabilizar esta geração para mitigar os efeitos do racionamento, desenvolveu uma ferramenta voltada especificamente para facilitar a análise destes novos agentes geradores. OBJETIVOS Desenvolver, em parceria com a Coppetec/ UFRJ, um software voltado à análise da interação de geradores de pequena capacidade e inércias leves (light inertia) com a rede elétrica, instalados na rede de Média Tensão (de 6,6 kV a 34,5 kV). O projeto, além de ser um programa com capacidade de representar todo o Sistema Interligado Nacional (SIN) e todos os seus geradores de grande porte e amigável (conversacional), teria a capacidade de montar a rede de distribuição da Light de forma rápida e confiável. implementado e em pleno uso na Light. O SimuLight tem capacidade para representar todo o SIN e processa um fluxo de potência que serve como inicialização para a simulação dinâmica. Tem a vantagem de ser desenvolvido na estrutura Windows e apresentar os resultados por meio de gráficos de fácil interpretação, que podem ser manipulados pelo usuário de forma a sobrepor grandezas, trocar escalas, permitir “zoom” em intervalos de tempo de interesse e salvar os resultados para a composição de relatórios. RESULTADOS 0382-017/2007 0382-06/2006 Projetos em Desenvolvimento OBJETIVOS Desenvolver uma alternativa técnica que possa ser industrializável, atendendo à demanda tecnológica de suma importância, capaz de proporcionar a operação segura de redes de distribuição de energia elétrica. Possibilita a análise de diversos problemas até então não avaliados, devido à indisponibilidade de ferramenta computacional adequada. Com a nova ferramenta é possível, entre outros, realizar estudos de ilhamentos da geração distribuída com parte do sistema da distribuidora, que naturalmente ocorrem devido a distúrbios de pequeno ou grande porte (blecautes) no Sistema Elétrico. Permitiu também estudos voltados à qualidade da energia elétrica. RESULTADOS O projeto está em fase de desenvolvimento. ABRANGÊNCIA DE APLICAÇÃO Aplicação em todo o setor elétrico nacional e internacional, em especial no segmento distribuição de energia. ABRANGÊNCIA DE APLICAÇÃO O projeto tem aplicação em qualquer concessionária de energia, pois permite a representação e simulação de qualquer evento no SIN. Esquema Protótipo em teste de campo DESCRIÇÃO DO PROJETO O projeto resultou no desenvolvimento do software SimuLight, para análise de fenômenos dinâmicos, que está 70 71 Projetos em Desenvolvimento 0382-022/2006 Modelo de simulação da base de remuneração regulatória sob a ótica de incremento de qualidade Jorge Vasconcellos da Cruz Nunes MOTIVAÇÃO A fim de assegurar a consistência das metodologias de projeção de investimentos, de forma compatível com os requisitos regulatórios vigentes, o projeto proposto visa desenvolver um instrumento que balize o montante de investimento contemplado, à luz das metas de qualidade definidas pela regulamentação, garantindo, assim, o equilíbrio econômicofinanceiro da concessão. OBJETIVOS O estudo visou a implementação de um aplicativo dedicado às especificidades da Light que permita um tratamento integral e consistente da definição de investimentos eficientes; perdas técnicas eficientes; e metas de qualidade correspondentes. DESCRIÇÃO DO PROJETO • Expressar os ativos da “Rede Existente“ em unidades modulares construtivas, compatíveis com os inputs do modelo de Empresa de Referência. • Calcular as perdas técnicas de Energia da “Rede Existente” e da “Rede Objetivo”. • Modelar a “Rede Objetivo” de forma que, cumprindo com os requisitos de qualidade predefinidos, minimize o custo total de longo prazo (investimentos + perdas + O&M). SABER junho 2009 • Determinar a qualidade da“Rede Objetivo”, a partir de taxas de falha do sistema elétrico (confiabilidade). DESENVOLVENDO IDEIAS, INTEGRANDO SOLUÇÕES. Esta é a nossa vocação. Há 9 anos atuando em parceria com Universidades, Centros de Pesquisa, Fabricantes e Indústrias, a Expertise • Determinar os investimentos de Expansão (como a diferença entre a “Rede Existente” e a “Rede Objetivo”) e Renovação (com base em uma análise do valor novo de reposição das instalações que tiverem chegado ao fim de sua vida útil). Engenharia tem cerca de 10 patentes requeridas e diversos produ- RESULTADOS lidade dos processos industriais frente aos distúrbios no sistema O projeto resultou na criação de um software de simulação que permite otimizar os investimentos sob a ótica da qualidade, com a definição de: elétrico. Trazemos qualidade, segurança e eficiência ao setor de • Módulos construtivos da “Rede Existente“ (inputs do modelo de ER); tos inseridos no mercado. Além de oferecer diagnósticos precisos na área de Qualidade da Energia Elétrica e de instalações elétricas, nós detectamos a sensibi- energia através de produtos, treinamentos e desenvolvimento de novas soluções em projetos de P&D, que não prejudiquem o meio ambiente buscando ao máximo a sustentabilidade. • Investimentos eficientes em expansão e em reposição; São 24 projetos aprovados pela ANEEL, sendo 13 concluídos e 11 • Perdas técnicas por nível de tensão, para as redes Existente e Objetivo; plinar composto por especialistas, mestres e doutores, responsá- • Metas de qualidade compatíveis com os investimentos antes definidas. oferece aos seus clientes. em execução. A empresa conta com um corpo técnico multidisciveis pela qualidade, dedicação e credibilidade que a Expertise ABRANGÊNCIA DE APLICAÇÃO A modelagem poderá servir conceitualmente para o aprimoramento metodológico almejado pela Aneel. O modelo visa concatenar os objetivos de modicidade tarifária, qualidade e confiabilidade do serviço prestado e preservar o equilíbrio econômico-financeiro da concessão. Para uma boa solução, você tem que ter EXPERTISE. Av. Santa Isabel, n. 260 – sala 5 – Térreo Barão Geraldo – CEP 13084-012 – Campinas - SP Fone: +55 (19) 3289-3435 Fax: +55 (19) 3289-8177 Contatos: [email protected] 72 Visite nosso site www.expertise-eng.com.br 73 Expediente junho 2009 SABER Diretoria da Light Diretor-presidente: José Luiz Alquéres Vice-Presidente Executivo e de Relações com Investidores: Ronnie Vaz Moreira Diretor de Operações e de Clientes: Roberto Alcoforado Diretor de Novos Negócios e Institucional: Paulo Roberto Ribeiro Pinto Diretor Jurídico: Luiz Claudio Salles Cristofaro Diretora de Gente: Ana Silvia Matte Diretor de Desenvolvimento Sustentável e das Concessões: Paulo Born Diretor de Geração: Luiz Fernando de Almeida Guimarães Diretor do Instituto Light: Mozart Vitor Serra Saber Revista de Pesquisa e Desenvolvimento da Light Diretoria de Desenvolvimento Sustentável e das Concessões Paulo Born Coordenação de Planejamento, Ambiente e Inovação da Light Paulo Mauricio Senra José Tenório Junior Contato: [email protected] Editada pela Superintendência do Público da Light Carlos Alberto Piazza Timo Iaria Coordenação de edição Jordana Garcia - Gerência de Comunicação da Light Contato: [email protected] Reportagem e Texto Print Comunicação Jornalista Responsável: Janice Caetano - Reg. nº RJ13124JP Projeto Gráfico e Editoração JAL Design Fotografias Alaor Filho Dario Zalis / Agência Tyba / Tetra Images, Getty Images / Shutterstock Felipe Varanda Guarim de Lorena Impressão WalPrint Tiragem: 10 mil exemplares 74 75 junho 2009 76
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