CIeNCIAS De LA COMUNICACIÓN

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CIeNCIAS De LA COMUNICACIÓN
ALAIC - ASOCIACIÓN LATINOAMERICANA
DE INVESTIGADORES DE LA COMUNICACIÓn
Cuerpo directivo (2005-2008)
Consejo Consultivo
Presidente
Erick R. Torrico Villanueva (Bolivia)
Ex-Presidentes
Luis Aníbal Gómez (Venezuela) - 1979-1980
Jesús Martín-Barbero (Colombia) - 1981-1982
Oswaldo Capriles / Alejandro Alfonso (Venezuela) - 1982-1984
Patricia Anzola (in memoriam - Colombia) - 1984-1989
José Marques de Melo (Brasil) - 1989-1992
Enrique Sánchez Ruiz (México) - 1992-1995
Luis Peirano (Perú) - 1995-1998
Margarida Maria Krohling Kunsch (Brasil) - 1998-2005
Vice Presidentes
Alfredo Alfonso (Argentina)
César R. Siqueira Bolaño (Brasil)
Directores
Migdalia Pineda de Alcázar (Venezuela)
Octavio Islas (México)
Ancízar Narváez Montoya (Colombia)
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■ GT 1 - Comunicación, Tecnología y Desarrollo
Coordinador: Gustavo Cimadevilla
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■ GT 2 - Comunicación y Ciudad
Coordinadora: Carla Colona
✉ [email protected]
■ GT 3 - Comunicación Política y Medios
Coordinador: Andres Cañizalez
✉ [email protected]
■ GT 12 - Comunicación Organizacional y
Relaciones Públicas
Coordinadora: Margarida M. K.Kunsch
✉ [email protected]
■ GT 13 - Comunicación Publicitaria
Coordinador: Paulo Rogério Tarsitano
✉ [email protected]
■ GT 14 - Historia de la Comunicación
Coordinador: Juan Gargurevich
✉ [email protected]
■ GT 4 - Economía Política de las Comunicaciones Coordinador: César Bolaño
✉ [email protected]
■ GT 15 - Medios Comunitarios y Ciudadanía
Coordinadora: Cicília M. Krohling Peruzzo
✉ [email protected]
■ GT 5 - Estudios de Recepción
Coordinadora: Nilda Jacks
✉ [email protected]
■ GT 16 - Telenovela y Ficción Seriada
Coordinadora: Nora Mazziotti
✉ [email protected]
■ GT 6 - Estudios sobre Periodismo
Coordinador: Eduardo Meditsch
✉ [email protected]
■ GT 7 - Ética y Derecho de la Comunicación
Coordinador: Ernesto Villanueva
✉ [email protected]
■ GT 8 - Folkcomunicación
Coordinador: Roberto Benjamim
✉ [email protected]
■ GT 9 - Comunicación y Educación
Coordinadora: Delia Crovi
✉ [email protected]
■ GT 17 - Teoría y Metodologías de la Investigación
en Comunicación
Coordinadora: Maria Immacolata
Vassallo de Lopes
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■ GT 18 - Internet y Sociedad de la Información
Coordinador: Octavio Islas
✉ [email protected]
■ GT 19 - Comunicación Intercultural
Coordinador: José Luis Aguirre
✉ [email protected]
■ GT 20 - Comunicación y Estudios Socioculturales
Coordinadora: Florencia Saintout
✉ [email protected]
■ GT 10 - Comunicación y Salud
Coordinador: Isaac Epstein
✉ [email protected]
■ GT 21 - Medios de Comunicación, Niños y Adolescentes
Coordinadora: Lucía Castellón
✉ [email protected]
■ GT 11 - Discurso y Comunicación
Coordinador: Eliseo Colon
✉ [email protected]
■ GT 22 - Comunicación para el Cambio Social
Coordinador: Alfonso Gumucio Dagron
✉ [email protected]
revista latinoamericana de
CIeNCIAS DE LA COMUNICAciÓn
Revista Latinoamericana de Ciencias de la Comunicación
AÑo iV – nº 7 • 2º semestre de 2007 • ISSN 1807-3026
La Revista Latinoamericana de Ciencias de la Comunicación es editada por la ALAIC - Asociación Latinoamericana de Investigadores de
la Comunicación. Se trata de un periódico científico semestral, de alcance internacional, que tiene como objetivo principal promover la
difusión, democratización y el fortalecimiento de la escuela del pensamiento comunicacional latinoamericano. Visa, también, ampliar el
diálogo con la comunidad académica mundial y contribuir para el desarrollo integral de la sociedad en el continente.
Editora:
Editores adjuntos: Comité Editorial
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Revista Latinoamericana de Ciencias
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Ficha catalográfica elaborada por el
Serviço de Biblioteca e Documentação - ECA/USP
Revista Latinoamericana de Ciencias de la Comunicación / [publicação
da Asociación Latinoamericana de Investigadores de la Comunicación].
— Ano 4, n.7 (2º sem. 2007). — São Paulo: ALAIC, 2007-176p ; 28cm
Semestral
ISSN 1807-3026
1. Comunicação 2. Comunicação - América Latina 3. Comunicação
- Pesquisa 4. Meios de comunicação - América Latina I. Asociación
Latinoamericana de Investigadores de la Comunicación.
CDD - 21 ed. - 302.2 302.2098
contenido
Editorial ............................................................................ 7
artículos ........................................................................11
estudios ............................................................................91
reseñas ..............................................................................97
ENTREVISTA .....................................................................100
COMUNICACIones cientÍficas ......................................113
NOTICIAS ..........................................................................161
normas ...........................................................................168
EDITORIAL
E
ste sétimo número da Revista Latinoamericana de Ciencias de la Comunicación registra,
nas suas várias seções, contribuições valiosas sobre estudos clássicos e contemporâneos
do campo da Comunicação.
A entrevista feita por Luis Peirano e Hugo Aguirre com Rafael Roncagliolo resgata o pensamento
de um dos mais destacados militantes da luta pela democracia e direitos humanos na América
Latina por décadas. Figura carismática e sempre à frente do seu tempo, sabe conciliar muito
bem sua formação de sociólogo com estudos questionadores do papel dos meios de comunicação
na sociedade. Foi um dos líderes dos debates em torno da NOMIC – Nova Ordem Mundial da
Informação e Comunicação nos anos de 1970. Participou da primeira fase de constituição da
ALAIC, sendo um dos seus propulsores. Para equipe editorial deste periódico científico é uma
satisfação fechar este ciclo de entrevistas com aqueles que denominamos “protagonistas da
ALAIC” e dos estudos de comunicação da América Latina, justamente com Rafael Roncagliolo.
A seção de artigos se inicia com o clássico artigo de Luis Ramiro Beltrán: “Adiós a Aristóteles:
la comunicación “horizontal”. Originalmente, publicado em português, na Revista Comunicação
e Sociedade do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Universidade Metodista
de São Paulo, em setembro de 1981, esta contribuição expressiva marcou época e ainda não
havia sido publicada no idioma espanhol. Trata-se de um estudo significativo, que, ao longo
desses 27 anos, tem sido referência para muitos estudiosos da Comunicação. Aborda a natureza
da comunicação, tal qual disseminada nos países desenvolvidos e confrontada nos países em
desenvolvimento. Examina as definições mais características da conceituação tradicional clássica.
Revisam-se as críticas iniciais e recentes, sublinhando um pensamento latino-americano ímpar.
Por fim, busca-se formular bases para um modelo de “comunicação horizontal” pertinente às
relações sociais intra-nacionais e internacionais. Para a ALAIC, por meio de sua revista, é um
privilégio resgatar este trabalho do professor Beltrán, permitindo que as novas gerações tenham
acesso a esse clássico estudo reflexivo que continua tão atual.
Dois artigos tratam diretamente da comunicação ibero-americana. José Marques de Melo em
“La comunicación iberoamericana frente al desafío de la globalización: sueños y pesadillas de la
comunidad académica” apresenta o texto da conferência inaugural que proferiu no X Congresso
Iberoamericano de Comunicação, realizado em Guadalajara, México, em novembro de 2007.
Fruto de sua condição estratégica de observador participante, sendo o único dos fundadores do
IBERCOM que teve a sorte e o privilégio de presenciar os dez encontros, assumiu o papel de
testemunha ocular dos fatos e destaca as lutas e as conquistas de um grupo de pesquisadores
travadas para formar uma comunidade ibero-americana de comunicação.
“El espacio audiovisual iberoamericano:entre el mercado y las políticas públicas”, com Enrique
E. Sánchez-Ruiz, reflete sobre os intercâmbios de imagens entre os países ibero-americanos: tanto
entre eles, como entre eles e o resto do mundo, num contexto global contemporâneo tão desigual.
Seu propósito visa verificar se os circuitos mundiais de intercâmbios de produtos audiovisuais
- tais como se têm desenvolvidos nas últimas décadas - favorecem ou não a comunicação entre
culturas.
A contribuição de Octavio Islas em “La sociedad de la ubicuidad, los prosumidores y un modelo
de comunicación para comprender la complejidad de las comunicaciones digitales” trata de
questões fundamentais do mundo contemporâneo. Para o autor no imaginário da sociedade da
ubiqüidade, em que as comunicações digitais incidem de forma categórica no desenvolvimento
e evolução dos novos ambientes comunicativos, a figura do emissor e receptor, assim como a
maioria dos modelos explicativos dos processos de comunicação, exibem, atualmente, limitações
em suas capacidades explicativas.Com o desenvolvimento da web 2.0 e suas versões posteriores, os usuários de Internet
ganham a dimensão de prosumidores, que, articulam novos ambientes comunicativos por meio de inevitáveis remediações
sobre o conjunto de dispositivos que acompanham o desenvolvimento das comunicações digitais móveis.
Eneus Trindade e Sérgio Fabiano Annibal em “Os efeitos do espaço na enunciação midiática da Publicidade” propõem
reflexões sobre a representação do espaço em mensagens publicitárias com base em investigações sobre a enunciação
midiática publicitária e os estudos de processos mediáticos em comunicação realizados por eles.
Na seção das comunicações científicas são contemplados estudos resultantes de pesquisas junto às mídias impressas,
televisivas e ao rádio. Em “La forma de las noticias: de la diligencia al telégrafo”, Paulina Brunetti procura resgatar
formatos convencionais que as práticas jornalísticas deram às noticias de lugares afastados (outras cidades, outros países)
na imprensa de Córdoba (República Argentina), desde a época em que a regularização dos transportes permitiu que as
diligências percorressem com regularidade os espaços nacionais (1852) até o advento do telégrafo (1871). Este artigo
analisa até o ano 1925 e mostra que um processo de mutações parece encontrar lentamente as melhores formas para
alcançar o público leitor.
“Cultura e ideologia na atribuição de significados aos produtos televisivos” é a contribuição de Marcia Perencin
Tondato. A hipótese principal da pesquisa tratou da aceitação de conteúdos que apelam para a exploração da violência
pela aquisição de um hábito, condicionado social e circunstancialmente, construído pelo simbolismo. Para tanto, a leitura
da programação foi observada pela abordagem qualitativa, seguida de um levantamento quantitativo dos hábitos de
consumo dos meios de comunicação e opinião sobre a programação. Foi, também, analisado o discurso de programas com
as características do foco de estudo. O resultado mostra um cenário de uma sociedade midiática, dependente da televisão
como fonte de informação, que elabora tal informação conforme o entorno social e cultural. O consumo é imediatista,
não havendo espaço para reflexão. A violência fica mais caracterizada nos programas relacionados ao entretenimento, na
medida em que desrespeitam o ser humano.
Outra pesquisa relacionada à televisão é a que foi produzida por José Carlos Lozano, Lorena Frankenberg e Carlos
del Valle Rojas. Em “La investigación empírica de audiencias televisivas en America Latina de 1992 a 2007”, revisam e
analisam em mais de 50 trabalhos a clareza conceitual, os marcos teóricos, a estratégia metodológica adotada, assim como
os principais autores mencionados nas referências destes estudos. Identificam-se as principais tendências, as lacunas e
omissões nas investigações da recepção televisiva. O trabalho oferece um primeiro diagnóstico sobre os pontos fortes e
fracos da investigação empírica de audiências na América Latina.
Em “Rádio e sociedade brasileira no cinema: de 1940 a 2000”, Doris Fagundes Haussen procura identificar, em seis
filmes nacionais, o “olhar” do cinema sobre o rádio, ou seja, como uma mídia registra a participação da outra e que tipo
de visão é repassado. Os filmes analisados referem-se ao período dos anos de 1940 até os de 2000. A seleção foi feita com
base nos filmes em que o rádio tem um papel central e cujo enredo represente períodos importantes vividos pelo veículo
na história nacional.
Na seção Estúdios registramos o Programa de Pós-Graduação em Integração da América Latina da Universidade de São
Paulo – PROLAM - USP. No conjunto deste programa interdisciplinar a área de Comunicação e Cultura é contemplada
nas linhas de pesquisa: Comunicação e Produção Artística e Crítica Cultural na América Latina. Ao longo dos seus 20 anos
de existência inúmeros estudos comparativos entre países da região têm sido desenvolvidos no campo comunicacional,
por meio exatamente dessas linhas de investigação. O PROLAM é um espaço por excelência para abrigar investigadores
e professores das mais diversas faculdades e/ou escolas de Comunicação do continente que pretendem desenvolver seus
estudos de pós-graduação stricto sensu em nível de mestrado e doutorado.
Esta edição, como as anteriores, expressa a pluralidade temática que caracteriza o pensamento comunicacional latinoamericano. Destaca contribuições pioneiras e ao mesmo tempo abre espaços para estudos contemporâneos. Essa é a missão
desta revista científica: democratizar o conhecimento que vem sendo gerado e fomentar o debate para consolidação das
Ciências da Comunicação numa perspectiva mundial.
Margarida Maria Krohling Kunsch
Editora
EDITORIAL
E
ste séptimo número de la Revista Latinoamericana de Ciencias de la Comunicación registra,
en sus varias secciones, contribuciones valiosas sobre estudios clásicos y contemporáneos
del campo de la Comunicación.
La entrevista realizada por Luis Peirano y Hugo Aguirre con Rafael Roncagliolo rescata el
pensamiento de uno de los más destacados militantes de la lucha por la democracia y derechos
humanos en América Latina por décadas. Figura carismática y siempre al frente de su tiempo,
sabe conciliar muy bien su formación de sociólogo con estudios cuestionadores del papel de los
medios de comunicación en la sociedad. Fue uno de los líderes de los debates sobre el NOMIC
– Nuevo Orden Mundial de la Información y Comunicación en los años de 1970. Participó de la
primera fase de constitución de la ALAIC, siendo uno de sus propulsores. Para el equipo editorial
de este periódico científico es una satisfacción cerrar este ciclo de entrevistas con aquellos que
denominamos “protagonistas de la ALAIC” y de los estudios de comunicación de América Latina,
justamente con Rafael Roncagliolo.
La sección de artículos se inicia con el clásico artículo de Luís Ramiro Beltrán: “Adiós a Aristóteles:
la comunicación ‘horizontal’”. Originalmente, publicado en portugués, en la Re­vista Comunicación
y Sociedad del Programa de Posgraduación en Comunicación Social de la Universidad Metodista
de São Paulo, en septiembre de 1981, esta contribución expresiva, marcó una época y todavía no
había sido publicada en el idioma español. Se trata de un estudio significativo, que, a lo largo de esos
27 años, ha sido referencia para muchos estudiosos de la Comunicación. Aborda la naturaleza de
la comunicación, tal cual fue diseminada en los países desarrollados y confrontada en los países en
desarrollo. Examina las definiciones más características de la conceptualización tradicional clásica.
Se revisan las críticas iniciales y recientes, subrayando un pensamiento latinoamericano sin igual.
Y finalmente, busca formular bases para un modelo de “comunicación horizontal” pertinente a
las relaciones sociales intranacionales e internacionales. Para la ALAIC, por medio de su revista, se
un privilegio rescatar este trabajo del profesor Beltrán, permitiendo que las nuevas generaciones
tengan acceso a ese clásico estudio reflexivo que continúa tan actual.
Dos artículos tratan directamente de la comunicación iberoamericana. José Marques de Melo
en “La comunicación iberoamericana frente al desafío de la globalización: sueños y pesadillas de la
comunidad académica” presenta el texto de la conferencia inaugural que profirió en el X Congreso
Iberoamericano de Comunicación, realizado en Guadalajara, México, en noviembre de 2007.
Fruto de su condición estratégica de observador participante, siendo el único de los fundadores
del IBERCOM que tuvo la suerte y el privilegio de presenciar los diez encuentros, asumió el papel
de testigo ocular de los hechos y destaca las luchas y las conquistas de un grupo de investigadores
trabadas para formar una comunidad iberoamericana de comunicación.
“El espacio audiovisual iberoamericano: entre el mercado y las políticas públicas”, con Enrique
E. Sánchez-Ruiz, reflexiona sobre los intercambios de imágenes entre los países iberoamericanos:
tanto entre ellos, como entre ellos y el resto del mundo, en un contexto global contemporáneo
tan desigual. Su propósito se centra en verificar si los circuitos mundiales de intercambios de
productos audiovisuales - tales como aquellos que se han desarrollados en las últimas décadas
- favorecen o no a la comunicación entre culturas.
La contribución de Octavio Islas en “La sociedad de la ubicuidad, los prosumidores y un
modelo de comunicación para comprender la complejidad de las comunicaciones digitales”, trata
de cuestiones fundamentales del mundo contemporáneo. Para el autor en el imaginario de la
sociedad de la ubicuidad, en que las comunicaciones digitales inciden de forma categórica en el
desarrollo y evolución de los nuevos ambientes comunicativos, la figura del emisor y receptor, así
como la mayoría de los modelos explicativos de los procesos de comunicación, exhiben, actualmente, limitaciones en sus
capacidades explicativas. Con el desenvolvimiento de la web 2.0 y sus versiones posteriores, los usuarios de Internet ganan la
dimensión de prosumidores, que, articulan nuevos ambientes comunicativos por medio de inevitables remediaciones sobre
el conjunto de dispositivos que acompañan el desenvolvimiento de las comunicaciones digitales móviles.
Eneus Trindade y Sérgio Fabiano Annibal en “Los efectos del espacio en la enunciación mediática de la Publicidad”,
proponen reflexiones sobre la representación del espacio en mensajes publicitarios con base en investigaciones sobre la
enunciación mediática publicitaria y los estudios de procesos mediáticos en comunicación realizados por ellos.
En la sección de las comunicaciones científicas son contemplados estudios resultantes de investigaciones junto a los
medios impresos, televisivos y a la radio. En “La forma de las noticias: de la diligencia al telégrafo”, Paulina Brunetti procura
rescatar formatos convencionales que las prácticas periodísticas dieron a las noticias de lugares alejados (otras ciudades, otros
países) en la prensa de Córdoba (República Argentina), desde la época en que la regularización de los transportes permitió
que las diligencias transitasen con regularidad por los espacios nacionales (1852) hasta el advenimiento del telégrafo (1871).
Este artículo analiza hasta el año 1925 y muestra que un proceso de mutaciones parece encontrar lentamente las mejores
formas para alcanzar al público lector.
“Cultura e ideología en la atribución de significados a los productos televisivos” es la contribución de Marcia Perencin
Tondato. La hipótesis principal de la investigación trata sobre la aceptación de contenidos televisivos que apelan a la
explotación de la violencia por la adquisición de un hábito, condicionado social y circunstancialmente, construido por
el simbolismo. Por tanto, la lectura de la programación televisiva fue observada por el abordaje cualitativo, seguido de un
levantamiento cuantitativo de los hábitos de consumo de los medios de comunicación y opinión sobre la programación.
También fue analizado el discurso de programas con las características del foco de estudio. El resultado muestra un escenario
de una sociedad mediática, dependiente de la televisión como fuente de información, que elabora tal información conforme
el entorno social y cultural. El consumo es inmediatista, no existiendo espacio para la reflexión. La violencia se queda más
caracterizada en los programas relacionados al entretenimiento, en la medida en que desrespeta al ser humano.
Otra investigación relacionada a la televisión es la que fue producida por José Carlos Lozano, Lorena Frankenberg y
Carlos del Valle Rojas. En “La investigación empírica de audiencias televisivas en América Latina de 1992 a 2007”, revisan y
analizan en más de 50 trabajos la clareza conceptual, los marcos teóricos, la estrategia metodológica adoptada, así como los
principales autores mencionados en las referencias de estos estudios. Se identifican las principales tendencias, las lagunas y
omisiones en las investigaciones de la recepción televisiva. El trabajo ofrece un primer diagnóstico sobre los pontos fuertes
y débiles de la investigación empírica de audiencias en América Latina.
En “Radio y sociedad brasilera en el cine: de 1940 a 2000”, Doris Fagundes Haussen procura identificar, en seis películas
nacionales, la “mirada” del cine sobre la radio, o sea, como un media registra la participación del otro y qué tipo de visión
es repasado. Las películas analizadas se refieren al periodo de los anos de 1940 hasta los de 2000. La selección fue hecha con
base en las películas en que la radio tiene un papel central y cuya trama representa periodos importantes vividos por el
vehículo en la historia nacional.
En la sección Estudios registramos el Programa de Posgraduación en Integración de América Latina de la Universidad
de São Paulo – PROLAM - USP. En el conjunto de este programa interdisciplinario, el área de Comunicación y Cultura es
contemplado en las líneas de investigación: Comunicación y Producción Artística y Crítica Cultural en América Latina. A
lo largo de sus 20 años de existencia innúmeros estudios comparativos entre países de la región han sido desarrollados en el
campo comunicacional, por medio de exactamente esas líneas de investigación. El PROLAM es un espacio por excelencia
que abriga investigadores y profesores de las más diversas facultades y/o escuelas de Comunicación del continente que
pretenden desenvolver sus estudios de posgraduación stricto sensu a nivel de maestría y doctorado.
Esta edición, como las anteriores, expresa la pluralidad temática que caracteriza el pensamiento comunicacional
latinoamericano. Destaca contribuciones pioneras y al mismo tiempo abre espacios para estudios contemporáneos. Esa es
la misión de esta revista científica: democratizar el conocimiento que viene siendo generado y fomentar el debate para la
consolidación de las Ciencias de la Comunicación en una perspectiva mundial.
Margarida Maria Krohling Kunsch
Editora
ADIÓS A ARISTÓTELES:
LA COMUNICACIÓN “HORIZONTAL”
Luis Ramiro Beltrán 12
LA COMUNICACIÓN IBEROAMERICANA FRENTE
AL DESAFÍO DE LA GLOBALIZACIÓN: SUEÑOS Y
PESADILLAS DE LA COMUNIDAD ACADÉMICA
José Marques de Melo 38
Enrique E. Sanchez-Ruiz 54
LA SOCIEDAD DE LA UBICUIDAD, LOS PROSUMIDORES Y UN
MODELO DE COMUNICACIÓN PARA COMPRENDER
LA COMPLEJIDAD DE LAS COMUNICACIONES DIGITALES
Octavio Islas 68
OS EFEITOS DO ESPAÇO NA ENUNCIAÇÃO
MIDIÁTICA DA PUBLICIDADE
Eneus Trindade
Sérgio Fabiano Annibal 78
artículos
EL ESPACIO AUDIOVISUAL IBEROAMERICANO:
ENTRE EL MERCADO Y LAS POLÍTICAS PÚBLICAS
ADIÓS A ARISTÓTELES:
LA COMUNICACIÓN “HORIZONTAL”*
Luis Ramiro Beltrán S.
Especialista boliviano en comunicación para el
desarrollo y periodista. Doctorado por la Universidad
del Estado de Michigan, EE.UU. Escribió este ensayo
en 1979 cuando era Vicepresidente de la Asociación
Internacional para Investigación en Comunicación de
Masas (IAMCR) y síndico del Instituto Internacional de
la Comunicación.
E-mail: [email protected]
12
* Traducción al español realizada en 1991 y, con autorización del autor, distribuida solamente entre sus alumnos por el Lic. José Luis Aguirre
Alvis, catedrático de Comunicación para el Desarrollo en la Carrera de Comunicación Social de la Universidad Católica Boliviana-La Paz.
Tiene como fuente a la revista Comunicación y Sociedad Nº 6, septiembre, 1981, Ed. Cortéz, Sao Paulo, págs. 5 a la 35. El artículo original en
inglés corresponde al año 1979, cuando fue requerido del autor por la Comisión Internacional para el Estudio de los Problemas de la Comunicación, UNESCO. Y fue publicado en ese idioma también en el volumen 5, número 1 (1980) de la revista Communication de Gordon and
Breach, New York, London and Paris, teniendo como editor a Karl Erik Rosengren.
resumen
El ensayo aborda la conceptualización de la naturaleza de la comunicación, tal proveniente de los
países desarrollados, siendo rebatida en los países en desarrollo. Este énfasis es apropiado puesto
que, aunque los intentos para revisar tal conceptualización también son obviamente pertinentes
a la comunicación dentro de las naciones, su importancia decisiva para la comunicación
entre ellas no debe ser soslayada. El ensayo destaca en primer lugar aquellas definiciones de la
comunicación más características de tal conceptualización tradicional o clásica. Luego pasa
revista sumariamente a las principales críticas, tanto iniciales como recientes, subrayando en
el caso de las últimas una seminal crítica latinoamericana. Finalmente, después de una rápida
reseña de anteriores intentos similares, busca formular bases para un modelo de “comunicación
horizontal” pertinente a las relaciones sociales intra-naciones e inter-naciones.
Palabras claves: Teorias y modelos de comunicação; Comunicación horizontal; Relaciones
sociales; Latinoamérica.
ABSTRACT
This essay discusses the conceptualization of the nature of communication formulated in
devel­oped countries and refuted by developing countries. The emphasis is appropriate for,
even though attempts to review such conceptualization are undoubtedly pertinent to the
communication within the countries as well, its decisive importance to the communication
among those countries should not be neglected. Firstly, the article points out the most charac­
teristic definitions of communication adopted by this traditional or classical conceptua­lization.
Then, it reviews the main criticism, both initial and more recent, underlining, in the latter, the
seminal Latin American criticism. Finally, after a brief review of previous similar attempts, the
article seeks to provide the basis for a “horizontal communications” model pertinent to social
relationships within and between nations.
Keywords: Theories and communication models; Horizontal communications; Social
relationships; Latin America.
RESUMO
Este ensaio aborda, conceitualmente, a natureza da comunicação, tal qual disseminada nos países
desenvolvidos e confrontada nos países em desenvolvimento. Primeiramente, este ensaio destaca
as definições de comunicações mais tradicionais, de matriz clássica. Em seguida, sumariamente,
revisam-se as críticas iniciais e recentes, sublinhando um pensamento latino-americano ímpar.
Por fim, busca-se formular bases para um modelo de “comunicação horizontal” pertinente às
relações sociais intra-nacionais e internacionais.
Palavras-chave: Teorias e modelos de comunicação; Comunicação horizontal; Relações
sociais; América Latina.
13
“Aquello que es utópico
no es lo inalcanzable
no es idealismo;
es un proceso dialéctico
de denunciar y anunciar,
denunciar la estructura deshumanizante
y anunciar la estructura humanizante”.
Paulo Freire
14
Introducción
La comunicación internacional era, en gran
parte, territorio de aguas mansas. Ya no lo es. En la
década actual ha llegado a ser un centro de grande
y a menudo caldeada controversia como parte de
una más extensa y creciente confrontación entre
los países desarrollados y aquellos en vías de
desarrollo. Beligerante malestar existía ya entre
ellos. Los países en vías de desarrollo se habían
percatado mucho antes de 1970 de que su vida
económica y política estaba dominada por los
países desarrollados, hasta un punto de impedirles
alcanzar el desarrollo. Lo que es un hecho más
bien nuevo es la plena conciencia de que tal
situación de dependencia está vigente también
en la esfera cultural. Y el reconocimiento de que,
más aún, la comunicación hace mucho al servicio
de los tres tipos de dominación neocolonialista es
algo claramente nacido en esta década. (Beltrán,
1978)
Los países del Tercer Mundo no están luchando
hoy sólo por acabar con el neocolonialismo
logrando un tratamiento justo en el comercio
y en la asistencia externa. Están persiguiendo
simultánea y articuladamente el establecimiento de
un “Nuevo Orden Económico Internacional” y un
“Nuevo Orden Internacional de la Información.”
(Gunter, 1978). Puesto que estos dos intentos
están siendo activamente resistidos por la mayoría
de los países desarrollados, la comunicación ha
llegado ahora a situarse nítidamente en el ámbito
del conflicto internacional.
En diferentes niveles y en diversos lugares
se presentan manifestaciones del conflicto,
mayormente por la vía de la discusión pública,
la que desde mediados de la década tomó a
menudo características combustivas. Un ejemplo
de ello fue la Conferencia Intergubernamental
sobre Políticas Nacionales de Comunicación
en América Latina llevada a cabo bajo el
patrocinio de la UNESCO en Costa Rica en
1976. Esta reunión incluyó recomendaciones
para lograr equilibrio en el flujo internacional
de información y para dotar a la región de una
agencia de noticias independiente capaz al menos
de aliviar las consecuencias del cuasi-monopolio
ejercido por la United Press International (UPI)
y la Associated Press (AP). Desde su inicio hasta
su conclusión, la reunión fue objeto de un
concertado y virulento ataque por parte de las
organizaciones internacionales de comunicación
que la consideraron una amenaza para la libertad
de información. (UNESCO, 1976). Otro caso
que ilustra el conflicto es la reciente aprobación
de una declaración sobre la comunicación
internacional por la Conferencia General de
la UNESCO (UNESCO, 1978). Este enunciado
conciliatorio es el producto de la fiera y ruidosa
batalla de años entre aquellos que lo consideraron
una expresión de intento de control totalitario de
la comunicación y aquellos que lo concebían, al
contrario, como la expresión de la voluntad de
democratizarla genuinamente. Las reuniones
periódicas de los Países No-Alineados, en un lado
de la lucha y, en el otro lado, los seminarios y
congresos de asociaciones como el International
Press Institute son ejemplos adicionales de los
numerosos escenarios involucrados en ello.
El conflicto abarca varias áreas principales de
preocupación. Por una parte, dirigentes políticos,
estrategas del desarrollo,
investigadores y
practicantes de la comunicación en los países
en desarrollo están cuestionando la estructura,
las operaciones, la financiación, la ideología y la
influencia de ciertas poderosas organizaciones
internacionales de la comunicación. Por otra
parte, están recusando muchos de los conceptos
tradicionales de comunicación nacidos en los
países desarrollados y hasta hace poco tiempo
aceptados también en el resto del mundo.
En el campo nombrado inicialmente, el papel
de las agencias internacionales de noticias,
de los exportadores de televisión y cine y de
los anunciadores transnacionales está siendo
condenado por tratarse de ser un instrumento
clave para la dominación externa. En el campo
ulterior los conceptos clásicos de “libertad de
prensa”, “derechos de comunicación” y “libre
flujo de información”, así como la propia
definición prototípica de noticias, están siendo
considerados también como instrumentales para
la dominación. Inclusive las influencias foráneas
sobre la orientación y ejecución de la investigación
y de la capacitación en comunicación están
sujetas a evaluación crítica (Rogers, 1976).
Finalmente, la conceptualización misma de
la naturaleza de la comunicación, tal como
proveniente de los países desarrollados, está
siendo rebatida hoy en los países en desarrollo.
Es a ese último fenómeno que se dirige el
presente ensayo. Este énfasis es apropiado
puesto que, aunque los intentos para revisar
tal conceptualización también son obviamente
pertinentes a la comunicación dentro de las
naciones, su importancia decisiva para la
comunicación entre ellas no debe ser soslayada.
El ensayo destacará primero aquellas definiciones
de la comunicación más características de tal
conceptualización tradicional o clásica. Luego
pasará revista sumariamente a las principales
críticas, tanto iniciales como recientes,
subrayando en el caso de las últimas una seminal
crítica latinoamericana. Finalmente, después
de una rápida reseña de anteriores intentos
similares, buscará formular bases para un
modelo de “comunicación horizontal” pertinente
a las relaciones sociales intra-naciones e internaciones.
Conceptualización tradicional
de la comunicación
Los intentos para definir la comunicación se
pueden remontar hasta Aristóteles, quien vió a la
“retórica” compuesta de tres elementos: el locutor,
el discurso y el oyente, y percibió su propósito
como “la búsqueda de todos los medios posibles de
persuasión”. Siglos más tarde, y habiendo muchas
mentes más en trabajo sobre el asunto, esta
definición clásica parece permanecer, sin embargo,
en las raíces de casi todas las conceptualizaciones
vigentes.
Laswell: Comunicadores en Pos de Efectos
En efecto, la definición de Lasswell (1948) que
es la más ampliamente aceptada de nuestra época,
esencialmente llevó adelante a la proposición de
Aristóteles añadiéndole dos elementos. En tanto
que Aristóteles había identificado el quién, el qué
y el a quién de la comunicación, Lasswell refinó
el esquema estipulando el cómo y haciendo
explícito el para qué como sigue:
“Una forma conveniente para describir un acto
de comunicación es la de dar respuestas a las
siguientes preguntas:
¿Quién
Dice qué
En cuál canal (medio)
A quién
Con qué efecto?”
Lasswell, vió que la comunicación desempeñaba
tres funciones: vigilancia del medio ambiente;
correlación de los componentes de la sociedad; y
transmisión cultural entre generaciones.
Según De Fleur (1968), al hacerlo así Lasswell
estaba tratando de moderar la mecanicista
15
influencia de la clásica teoría de EstímuloRespuesta de la psicología clásica. Estaba tomando
en cuenta variables contextuales o de situación
subrayadas como intervinientes entre F (fuente)
y R (receptor) por las teorías de “categorías
sociales” y de “diferencias individuales”. Su
paradigma básico obtuvo rápida y amplia
adhesión. Su atención a algunas consideraciones
socioculturales no la obtuvo.
16
Transmisión e Influencia
De Lasswell en adelante la noción de
transferencia habría de caracterizar a
muchas conceptualizaciones resultantes de la
comunicación. Tal fue el caso, por ejemplo, de la
definición de Berelson y Steiner (1964), también
ampliamente empleada: “La transmisión de
información, ideas, emociones, destrezas, etc.
por el uso de símbolos-palabras, cuadros, cifras,
gráficos, etc., es el acto o proceso de la transmisión
de lo que generalmente se llama comunicación.”
Similarmente, la noción de influencia (por
medio de la persuasión) como meta central de
la comunicación habría de incluirse en varias
definiciones posteriores, como la siguiente de
Osgood (1961): “En el sentido más general,
tenemos comunicación cuando quiera que
un sistema, una fuente, influencie a otra, al
destinatario, por manipulación de señales
alternativas que pueden ser transferidas por el
canal que los conecta.”
También, continuando con el paradigma de
Lasswell, Nixon (1963), subrayó dos ingredientes
del proceso: las intenciones del comunicador, y las
condiciones bajo las cuales se recibe el mensaje.
De la Electrónica: Fuentes y Receptores
Luego, los ingenieros Shannon y Weaver
(1971), surgieron con la teoría matemática de la
comunicación, cuya presentación hicieron con el
siguiente enunciado: “La palabra comunicación
se usará aquí en un sentido muy amplio para
incluir todos los procedimientos por los cuales
una mente puede afectar a otra”.
Shannon y Weaver conciben un sistema general
de comunicación como compuesto por cinco
partes esenciales:
1. Una fuente de información que produce
un mensaje o secuencia de mensajes para ser
comunicados al terminal receptor …
2. Un transmisor que opera sobre el mensaje
en forma de producir una señal susceptible de
transmisión por el canal …
3. El canal es solamente el medio usado para
transmitir la señal.
4. El receptor ordinariamente lleva a cabo la
operación inversa a la que hace el transmisor,
reconstruyendo el mensaje a partir de la señal ...
5. El destinatario es la persona (o cosa) a la que
va dirigido el mensaje.
Schramm (1961), adaptó a la comunicación
humana este modelo, construido esencialmente
para describir la comunicación electromecánica,
subrayando las funciones codificadoras y
decodificadoras de señales (mensajes) de la
mente. Definiendo la comunicación como
el compartir información, ideas o actitudes y
recalcando con diversos términos el principio
aristotélico de que la comunicación siempre
requiere de por lo menos tres elementos (fuente,
mensaje y destinatario), resaltó en el esquema
los componentes “codificador” y “decodificador”.
Anotaba Schramm: “Sustituya micrófono por
codificador y audífono por decodificador y se
encontrará usted hablando de comunicación
electrónica. Considere que la ‘fuente’ y el
‘codificador’ son una persona, que el ‘decodificador’
y el ‘destinatario’ son otra y que la señal es el
lenguaje y usted estará hablando de comunicación
humana.”
Berlo (1960), contribuyó también de manera
importante al análisis de las operaciones
codificador-decodificador en la comunicación
Los intentos para definir la comunicación se pueden remontar
hasta Aristóteles, quien vió a la “retórica” compuesta de tres
elementos: el locutor, el discurso y el oyente…
humana, sugiriendo la conveniencia de distinguir
entre fuente y codificador y entre decodificador
y receptor. Más aún, Berlo, abogó porque se
percibiera a la comunicación como un proceso:
“Si aceptamos el concepto de proceso, miramos
los sucesos y las relaciones como dinámicos,
en marcha, siempre cambiantes, continuos
... Como ingredientes dentro de un proceso
recíproco; cada uno afecta a los otros … La
teoría de la comunicación refleja un punto de
vista de proceso. Un teórico de la comunicación
rechaza la posibilidad de que la naturaleza
consiste en sucesos o ingredientes separables
de todos los otros hechos. Argumenta que no se
puede decir que una idea particular proviene
de una fuente específica, que la comunicación
se produce en un sólo sentido (en sentido
unidireccional) y demás.” (Berlo, 1960).
De la Cibernética: Retroalimentación
para Control
La cibernética añadió un factor más a la
descripción del proceso: la retroalimentación.
Se refiere a aquellos mecanismos de control
que habilitan a los organismos para ajustarse
automáticamente a las metas de comportamiento.
Estos son esencialmente mecanismos de
comunicación. En efecto, según Wiener (1950),
la cibernética: “Es el estudio de los mensajes y, en
particular, el control efectivo de los mismos...”.
Aunque se trataba de aplicar estos conceptos
básicamente a los ámbitos de la ingeniería y la
fisiología, varios teóricos de la comunicación
humana los aceptaron como útiles también para
describir el proceso de esta última. Porque si las
fuentes fueran a lograr, por vía de sus mensajes,
determinados efectos sobre los receptores, ellas
tendrían que obtener de éstos pistas reactivas
sobre la efectividad de sus intentos persuasivos y,
por consiguiente, ajustar sus mensajes a aquellas
metas. Un ejemplo de tal asimilación se encuentra
en el modelo propuesto por Westley y MacLean
(1957).
El Esquema Perdurable: F-M-C-R-E
Finalmente, el modelo de comunicación
humana o social que se deriva de las concatenadas
conceptualizaciones aquí reseñadas, llegó a
incluir como fundamentales a los siguientes
elementos: Fuente – Codificador – Mensaje
– Canal – Decodificador – Receptor – Efecto.
Y su propósito primordial – la persuasión – fue
puesto de relieve: “Cuando las gentes se controlan
entre sí, lo hacen primordialmente a través de la
comunicación” (Smith, 1966).
Las definiciones básicas y los esquemas generales
inventariados hasta aquí en este documento
permearon la literatura científica relativa a la
comunicación, reproduciendo sus elementos
clave en varias definiciones más especializadas.
Por ejemplo, Hovland (1948), entendió a la
comunicación interpersonal como una situación
de interacción en la cual un individuo (el
comunicador) transmite estímulos (generalmente
símbolos verbales) para modificar la conducta de
otros individuos (receptores de la comunicación)
en una situación de encuentro cara-a-cara. En
forma semejante, la comunicación de masas ha
sido percibida así: “Todo acto de comunicación
de masas puede ser descompuesto en cinco
elementos: comunicadores que transmiten deter­
minado mensaje a través de un canal a una
audiencia buscando cierto tipo de efecto. De igual
17
modo, la comunicación no verbal fue definida
como la transferencia de un significado que
conlleva ausencia de representaciones simbólicas
sonoras”. (Blake y Haroldsen, 1975).
En resumen, la definición tradicional de
comunicación es aquella que la describe como
el acto o proceso de transmisión de mensajes de
fuentes a receptores a través del intercambio de
símbolos (pertenecientes a códigos compartidos
por ellos) por medio de canales transportadores
de señales. En este paradigma clásico, el propósito
Las definiciones son el producto de
las reflexiones sobre la experiencia y,
a su turno, al menos hasta cierto
punto, orientan la práctica.
18
principal de la comunicación es el intento del
comunicador de afectar en una dirección dada el
comportamiento del receptor; es decir, producir
ciertos efectos sobre la manera de sentir, pensar
y actuar del que recibe la comunicación o, en
una palabra, persuasión. La retroalimentación
se considera instrumental para asegurar el logro
de los objetivos del comunicador.
Críticas Tempranas a las
Conceptualizaciones Tradicionales
Las definiciones son el producto de las
reflexiones sobre la experiencia y, a su turno, al
menos hasta cierto punto, orientan la práctica.
Básicamente, la conceptualización tradicional de
la comunicación y su paradigma clásico fueron
el resultado de la experiencia en comunicación
en los Estados Unidos de América y en Europa
Occidental. El modelo, por tanto, se reflejó hacia
atrás sobre la derivada práctica de la comunicación
(producción, enseñanza, investigación, etc.) y
no sólo en esos países sino en casi todo el resto
del mundo. Su impacto resultó especialmente
fuerte sobre las actividades de entrenamiento
e investigación en comunicación, las cuales
comenzaron hace unos cuarenta años. Texto
tras texto de estudio e informe de investigación
tras informe, especialmente entre 1950 y 1970,
llevaban la marca de dicho paradigma.
Ni Transmisión ni Acto
Sin embargo, el patrón no permaneció libre
de reto por mucho tiempo, aunque su influencia
habría de mostrar fuerza y penetración tan
extraordinarias que le permitieron sobrevivir
hasta hoy. Desde diversos puntos de vista unos
pocos precursores comenzaron objetando algunos
aspectos del modelo tradicional. Toch y MacLean
se encontraban entre ellos, pero un académico que
articuló y propagó una crítica temprana mayor
fue David K. Berlo, Director del Departamento
de Comunicación de la Universidad del Estado
de Michigan. Berlo (1963), argumentó contra lo
que él denominaba la teoría de comunicación del
“balde” como sigue:
“Este punto de vista supone que los significados
se encuentran en las palabras o en otros
símbolos y que la comunicación consiste en la
transmisión de ideas de un individuo a otro
por medio del uso de símbolos. Esto puede
caracterizarse como el proceso de verter las ideas
de la fuente a un balde –tal como una película,
un libro, un programa de televisión o lo que
sea– y, lanzando ese balde sobre el receptor,
vaciar el contenido dentro de su cabeza...
“La posición de la comunicación es la de que
los significados no están contenidos dentro de
los símbolos empleados sino que se encuentran
en la gente que produce y recibe esos símbolos.
No hay significados correctos para un símbolo.
Sólo existen los significados que la gente tiene.
“Correspondientemente, a la comunicación
no se la mira como la transmisión de ideas o
de información a través del uso del vehículo
mensaje-medio. Se la considera más bien
como la selección y transmisión de símbolos
que tienen la probabilidad de provocar en el
receptor el significado deseado.”
Aquí se objetaban dos suposiciones básicas
de la conceptualización tradicional. Por una
parte, la noción mecánica de transmisión de
conocimiento de una mente a otra por medio de
señales transportadas por canales estaba siendo
reemplazada por otra que argüía que los símbolos
eran solamente estímulos ejercidos por la fuente
sobre el receptor con la expectativa de que
harían que éste recuperara de su experiencia los
significados involucrados y así, probablemente,
obtener de él las respuestas de comportamiento
deseadas. En cierta forma ello implicaba un papel
no pasivo por parte del receptor. Y así, por otra
parte, el replanteamiento conllevaba una relación
de interacción en vez de una en la cual la acción
estaba solamente desarrollada por la fuente/
emisor del estímulo. Esto a su vez estaba enraizado
en la percepción de la comunicación como un
proceso que Berlo había propuesto. Más aún,
percibiendo a la comunicación como interactiva
y procesal, el concepto de retroalimentación tenía
que ganar en importancia. Su bidireccionalidad
era ahora exaltada conceptualmente. Más
tarde, algunos de los más distinguidos líderes
académicos de la profesión vinieron a compartir
este reconocimiento, como puede verse en la
siguiente afirmación de Daniel Lerner (1973):
“Hemos estudiado la comunicación como una
operación lineal en la cual un determinado
remitente emplea un cierto canal para entregar
un mensaje a un receptor (una audiencia), el
cual se ve entonces afectado en cierta forma
por ese mensaje … Hoy, aún profesionales
sobrios como nosotros reconocemos que la
El énfasis por negrita no es del original.
2 El énfasis por negrita no es del original.
interacción de doble vía y la retroalimentación
bidireccionales son conceptos esenciales en
nuestro pensamiento sobre la comunicación y
su futuro.”
Al referirse a los modelos tradicionales de
comunicación, Wilbur Schramm, mismo
admitió:
“Todos ellos fueron construidos sobre la idea
de algo que se transmite de un remitente a un
receptor. Voy a preguntar si esta sigue siendo la
forma más fructífera de ver la comunicación”.
Y al evaluar los modelos algo más orientados
hacia la sociedad, añadió: “Su elemento
esencial no es algo que pasa del remitente
al receptor, como una pelota de béisbol del
‘pitcher’ al ‘catcher’ (quizá como un bateador
entre ellos, que representa al ruido), sino más
bien una relación.”2
La enmienda parcial del concepto de trans­
misión, así como su corolario de proceso de
interacción, evidentemente no experimentaron
resistencia en el ámbito conceptual. En realidad,
muchos entendidos en la materia los compartieron
sinceramente, como se ve en la definición que
Gerbner (1958) hace de la comunicación como
in­teracción social a través del intercambio de
mensajes que implican la coparticipación cultural.
Los modelos desarrollados por Newcomb
(1953), Westley-MacLean (1957), y Schramm
(1973), pusieron énfasis sobre la audiencia como
componente activo del proceso; tan activo en
efecto que ahora fue llamado “obstinado” (Bauer,
1964).
La Práctica Traiciona a la Teoría
Al nivel operativo, empero, los conceptos
establecidos tenían –y todavía tienen–insig­
nificante aplicación a la práctica diaria.
Mayoritariamente la capacitación en comu­
nicación parece basarse todavía sobre la noción
19
de transmisión. Y en la actividad de investigación
muchos –por ejemplo, Brooks y Scheidel (1968),
Smith (1972) y Arundale (1971)– observan
que la mayoría de los estudios se llevan a cabo
todavía tomando la comunicación como un
fenómeno estático en tanto que la comunidad
académica profesa verbalmente adhesión a la
idea de proceso. Por otra parte, Bauer (1964)
demostró cómo estaba limitada la investigación
La práctica de la comunicación internacional
constituye un ejemplo elocuente de cómo
también al nivel de naciones la comunicación
ocurre esencialmente en dirección unilineal de
los países desarrollados a los subdesarrollados.
20
en comunicación por el paradigma de la
transmisión. Y Kumata (1956), explicó que la
adhesión a los viejos conceptos y métodos había
producido la investigación unidimensional en
comunicación, incapaz de hacer frente a las
complejas y dinámicas realidades sociales.
Similarmente, aunque el discurso profesional sí
reconoce ampliamente la naturaleza de “doble vía”
de la comunicación, la práctica de ella se ajusta
todavía en forma predominante al tradicional y
unilineal paradigma F-M-C-R-E.
Katz y Lazarsfeld (1955), demostraron que
el “efecto hipodérmico” de los medios de
comunicación de masas sobre el individuo aislado
entre la “muchedumbre solitaria” se daba en
realidad por mediación de grupos de referencia
y de individuos “influyentes” en forma de “flujo
de dos pasos”. Esto brindó la oportunidad para
poner atención a consideraciones de interacción
social. Sin embargo, “... lo que ellos describieron
como interacción entre el receptor y su red de
comunicación social era todavía generalmente un
modelo unilateral”, según Harms y Richstad.
En efecto, como Coleman (1958), lo señaló,
los investigadores en comunicación pusieron
exagerado énfasis sobre el individuo como objeto
de análisis, descuidando las relaciones entre las
fuentes y los receptores. La fuerte influencia
de la psicología social sobre la investigación en
comunicación suministró más tarde otro conjunto
de oportunidades para percibir a la comunicación
como afectada por la estructura que la contiene.
Y lo mismo hizo la investigación concomitante
que se basa sobre el muy popular modelo de
difusión de innovaciones. Sin embargo, sobre lo
primero, Zires de Janka (1973), señaló que “... la
estructura básica del esquema no sufrió alteración
ni fue objetada”. Y sobre lo último varios críticos
observaron que, a pesar de la atención prestada a
algunas variables socio-culturales, dicho modelo
falló en captar la influencia determinante que
las estructuras sociales arcaicas ejercen sobre
la comunicación (Cuéllar y Gutiérrez, 1971).
Admitiendo estos y otros inconvenientes, Rogers
(1975), abogó con firmeza por metodologías de
investigación como el análisis de las redes que
sondearan las relaciones.
La investigación no es la única área de actividad
en que el modelo tradicional muestra resistencia
obcecada. La práctica de la comunicación in­ter­
nacional constituye un ejemplo elocuente de cómo
también al nivel de naciones la comunicación
ocurre esencialmente en dirección unilineal de los
países desarrollados a los subdesarrollados. Como
se ha constatado ampliamente, las agencias de
noticias transnacionales y las firmas publicitarias
de Estados Unidos de América controlan la gran
mayoría de los correspondientes negocios casi en
todo el mundo. Y lo que por años se proclamó
como el “libre flujo de información” ha sido
hallado por la investigación como un flujo
bastante unidireccional y no propiamente libre,
especialmente en vista del uso que la propaganda
hace de las noticias y de los avisos encaminados a
manipular a la opinión pública Mattelart (1970),
Somavía (1976) y Reyes Matta (1976).
Información: No es Igual a Comunicación
Otra línea de crítica se enfocó sobre la confusión
entre información y comunicación resultante
también de los esquemas tradicionales. Un
analista argentino arguyó sobre la naturaleza de
la comunicación como sigue:
“La comunicación no es un acto sino un
proceso por el cual una individualidad entra
en cooperación mental con otra hasta que
ambas llegan a constituir una conciencia
común ... La información es, por el contrario,
sólo una transcripción unilateral del empuje
de un Emisor a un Receptor ... La irradiación
de mensajes sin retorno de diálogo, proveniente
de informantes centralizados, no puede
identificarse con la co-actividad intersubjetiva
que es la comunicación.” (Noseda, 1972).
Igualmente, el académico peruano Rafael
Roncagliolo (1977), sostuvo que “ ... estamos
pre­­senciando una reducción de la comunicación
humana –concepto que implica reciprocidad– en
favor de la información y la diseminación; es
decir, de todas las formas modernas de imposición
de los transmisores sobre los receptores a las
cuales erróneamente continuamos llamando
comunicación de masas”.
Académicos europeos manifestaron su acuerdo:
“Comunicarse se refiere a un proceso bilateral
que tiene elementos tanto emocionales como
cognoscitivos y que ocurre tanto en forma verbal así
como no verbal. Informar, por otra parte, se refiere
a un proceso unilateral de comunicación verbal
predominante dirigido hacia el conocimiento.”
(Rowak, Rosengren y Sigurd, 1977).
Y un analista de los derechos de la comu­
nicación, Jean d’Arcy (1969), predice que
“llegará el día en que la Declaración Universal
de los Derechos Humanos tendrá que abarcar un
derecho más amplio que el derecho del hombre a
la información, inicialmente planteado (en 1948)
en el artículo 19. Este es el derecho que tiene cada
hombre a comunicarse”.
La crítica hasta aquí reseñada en este documento
puede resumirse de la siguiente manera:
1. Las definiciones y los modelos tradicionales
son unilineales y erróneamente proponen la
noción mecánica de la comunicación como
transmisión de información de fuentes activas
a receptores pasivos. En realidad, no hay
transmisión; sólo hay provocación de significados
ya existentes en la gente que, al decodificar los
símbolos, participa activamente.
2. Esos modelos se basan, además, en la noción
errónea de que la comunicación es un acto,
un fenómeno estático en el cual la fuente es la
privilegiada; la comunicación es en realidad un
proceso en el cual todos los elementos actúan
dinámicamente. Por tanto, es eminentemente
un caso de relaciones sociales, un fenómeno de
intercambio múltiple de experiencias y no un
ejercicio unilateral de influencia individual.
3. Los modelos, finalmente, inducen a confusión
entre la información que puede transferirse
por un acto unilateral y la comunicación que es
diferente y más amplia que la información ya que
su naturaleza bilateral implica necesariamente
interacción que busca comunalidad de
significados o conciencia.
Críticas Recientes: Diversas Preocupaciones
La mayoría de las críticas a las definiciones
y modelos tradicionales de la comunicación
afloraron dentro de la propia sociedad que
las había generado: los Estados Unidos de
América. Por tanto, comprensiblemente, esas
críticas incluyeron aspectos de interés para esa
sociedad y excluyeron otros que no eran de su
incumbencia. Una en esta última categoría ha
sido, muy evidentemente, la persuasión. Con
raras excepciones, objeciones a la persuasión
21
22
como meta central de la comunicación no sur­
gieron en los Estados Unidos de América3. La
manipulación del comportamiento de la gente
por medio de la comunicación pareció natural y
legítima en ese país. Ya en 1957 Merton (1957),
había preguntado: “¿Cómo podemos analizar la
propaganda, el cine, la radio y los impresos de tal
manera que podamos determinar qué es lo que
probablemente produzca determinados efectos?”4
Por muchos años mucha gente se concentró en la
búsqueda de respuestas:
“La pregunta clave que ha dominado la
investigación y el desarrollo de la teoría
contemporánea en el estudio de los medios
masivos de comunicación puede resumirse en
términos simples, como por ejemplo: ‘¿Cuál
ha sido su efecto?’ ... La persuasión es un
solo efecto posible entre muchos, pero se ha
enfocado gran atención sobre él. Se ha supuesto
que un mensaje efectivamente persuasivo es
aquel que tiene propiedades capaces de alterar
el funcionamiento psicológico del individuo
de tal manera que responda manifiestamente
(hacia el objeto de persuasión) de la manera
deseada o sugerida por el comunicador”. (De
Fleur, 1956).
Por otra parte, cuando se prestó atención
a variables socioculturales que afectaban al
comportamiento de comunicación esto parecía
estar esencialmente motivado por persuasores
que habían aprendido que el individuo no podía
ser muy eficazmente influenciado si se le tomaba
como desgajado del contexto social. Básicamente,
el reto se convirtió entonces en cómo hacer el
mejor uso del medio ambiente de la sociedad
para ayudar a obtener del público respuestas que
se ajustaran a los objetivos de los comunicadores
3 Una de estas excepciones la constituyó Berlo (1969) : “Necesitamos concentrarnos en … formas en que la gente use los mensajes,
no como lo hemos hecho en el pasado, en … formas en que los
mensajes pueden usar a la gente.”
4 El énfasis por negrita no es del original.
o cómo asegurarse de que el individuo cumpliera
con las normas y los valores propios de su
estructura social.
Consideraciones éticas sobre la naturaleza y
consecuencias de los fines y manipulaciones del
comunicador y, relacionado con ello, preguntas
sobre si tiene o no derecho ilimitado a ejercer
persuasión aparecieron rara vez en el escenario
de los Estados Unidos de América. Ellas habrían
de surgir de otra parte.
Evidentemente, el paradigma clásico había
llevado a los investigadores a concentrar
sus estudios sobre cuán persuasible era el
receptor como individuo y como miembro de
agrupaciones sociales de modo de ser capaces
de ayudar a controlar su conducta. “Si de vez
en cuando se ha prestado atención a algún
otro aspecto de los medios de comunicación,
por ejemplo, a la naturaleza del comunicador,
a la estructura del contenido de los medios
o a la naturaleza de los públicos, la finalidad
primordial era ver cómo las variaciones en
estos factores habían influido sobre los tipos de
respuesta que resultaron de la exposición a los
medios de comunicación.” (DeFleur, 1956). No
es sorprendente, pues, que la investigación sobre
la fuente haya sido especialmente soslayada.
(Assman, 1973; Halloran, 1974).
La Persuasión: Un Instrumento
del Status Quo
El paradigma clásico también llevó a los
investigadores a poner su enfoque sobre las
funciones de la comunicación de masas en
la sociedad, el cual había sido expandido por
Lazarsfeld y Merton (1948), Wright (1959) y
otros más allá de las proposiciones básicas de
Lasswell.
En tanto que la orientación de efectos
buscaba descubrir qué es lo que los medios de
comunicación hacen a la gente, la orientación de
funciones se dirigía a descubrir qué es lo que esos
La presencia de un sesgo conservador en las operaciones
persuasivas puede no constituir una preocupación sustancial en
sociedades como la de los Estados Unidos de América.
medios de comunicación hacen por la gente.
Fue en Latinoamérica donde probablemente
primero se hicieron objeciones a las dos
orientaciones. Armand Mattelart, argumentaba
en 1970 de la siguiente manera:
“El estudio de los efectos indica la naturaleza
terapéutica y operativa de esta sociología
cuyo propósito es mejorar las relaciones entre
una determinada audiencia y una firma
comercial que emite mensajes ... El análisis de
las funciones indica la preocupación de esta
sociología con las motivaciones del receptor ...
Ahora, si buscamos el punto común entre estas
observaciones, veremos que ninguna de las dos
está concebida sin que el investigador endose
implícitamente al sistema social existente”.
El analista explicó su evaluación del fun­
cionalismo como una orientación en pro del
status quo al enfatizar “... el hecho de que el
indicador de una ruptura con el sistema (una
disfunción) no sea considerado nunca en su
aspecto prospectivo o transformador ... tal
disfunción jamás es explícitamente vista como
fundamento para otro sistema.” (Mattelart,
1970).
Facilitación del Mercantilismo
y la Propaganda
La presencia de un sesgo conservador en las
operaciones persuasivas puede no constituir una
preocupación sustancial en sociedades como
la de los Estados Unidos de América. Pero es
motivo de seria preocupación para sociedades
como las de América Latina, especialmente
en términos de comunicación internacional.
Así, naturalmente, varios latinoamericanos
compartieron las críticas tempranas al pa­ra­
digma tradicional tales como aquella sobre el
“mecanicismo”. Sin embargo, ellos adujeron, por
ejemplo, que el reconocimiento del hecho de
que la comunicación es un proceso no alcanza a
despojar al esquema de su afiliación autoritaria
(Gerace, 1973). También, comprensiblemente,
mostraron mucha mayor preocupación sobre
ciertos propósitos de la comunicación persuasiva
que la manifestada en los Estados Unidos de
América. Debido a una larga experiencia, los
latinoamericanos cuestionaron a esos fines como
herramientas al servicio del mercantilismo, de la
propaganda y de la alienación. Los vieron como
componentes tanto de la dominación externa
por los Estados Unidos de América como de la
que se ejerce internamente en todos los países de
la región por las élites del poder sobre las masas.
Los analistas latinoamericanos recordaron
que los padres fundadores de la ciencia de
la comunicación habían considerado a la
propaganda una necesidad, como Lasswell, quien
la veía como “el nuevo martillo y yunque de la
solidaridad social” (Lasswell, 1927). Estaban
conscientes dichos analistas de que la Segunda
Guerra Mundial fue el origen de la teoría, de
la investigación y de la práctica moderna de
la comunicación de masas. (Beltrán, 1976). Y
tuvieron razones para sentir que el paradigma
tradicional era bien apropiado para los fines
que perseguían los Estados Unidos de América y
Europa Occidental en la postguerra en cuanto a
la expansión de ultramar económica, política y
cultural de tipo imperial que mantiene a países
como los de la América Latina en una situación
de subdesarrollo que se asemeja a la de la época
23
24
colonial. (Cockroft, Frank y Johnson, 1972).
Tales preocupaciones tenían como fundamento
la evidencia del control cuasimonopólico de
las noticias internacionales, los anuncios y el
material de cine y televisión por parte de los
Estados Unidos de América, así como de las
correspondientes inversiones y políticas de ese
país en el exterior (Beltrán y Fox de Cardona,
1977). Los analistas también se manifestaron
alarmados cuando investigaciones en el Congreso
de los Estados Unidos de América revelaron
que, más allá de las actividades de propaganda
franca de la USIA, las actividades encubiertas del
gobierno de los Estados Unidos de América en
comunicación dentro y sobre la América Latina
se habían realizado no sólo para desacreditar
sino también para ayudar a derrocar algunos
gobiernos latinoamericanos con orientación de
cambio y legítimamente constituidos (Carvalho,
1977). Y señalaron que todas esas operaciones
eran ejemplos de la práctica de la comunicación
afín a la antidemocrática transmisión unilineal y
a la mentalidad de persuasión.
Por otra parte, los latinoamericanos no
encomian a la retroalimentación como se la
entiende en el paradigma clásico. Consideran
que expresa un privilegio de fuentes que llevan
a sus receptores a responder a las iniciativas de
quienes controlan los medios de comunicación
(Gerace, 1973). También destacan el que la
retroalimentación se usa exclusivamente para
asegurarse de que el mensaje se ajusta al receptor
de tal manera que éste lo entienda y cumpla con
los requerimientos del comunicador (Johannesen,
1971; Beltrán, 1974).
Alienación: La Imposición de una Ideología
Los latinoamericanos somos harto enfáticos
acerca de las influencias alienantes de la co­
mu­nicación de masas. La investigación ha
documentado ampliamente la influencia abru­
madora de la orientación, el contenido y la
financiación de los Estados Unidos de América
sobre los medios de comunicación de masas
de la región. Varios estudios han revelado la
inculcación de una serie de valores y normas
foráneas constitutivas de la promoción de todo
“un modo de vida”: la ideología capitalista.
Esto ocurre a través de virtualmente todos los
medios de comunicación, pero se muestra más
pronunciadamente en la televisión, en revistas
especializadas (incluyendo las de historietas), en
la propaganda transnacional en general y en las
noticias extranjeras (Beltrán, 1978).
Al estar preocupados por las consecuencias de
tal contenido de los medios de comunicación,
los latinoamericanos objetan también ciertas
conceptualizaciones no tradicionales de la
comunicación, tales como las de Marshall
McLuhan (1964). Por ejemplo, Antonio Pasquali
(1972), filósofo venezolano e investigador de
la comunicación, rechaza por conservador el
planteamiento de que “el medio es el mensaje”.
Esta objeción no significa negar que la ubicua
presencia de los medios de comunicación de
masas deba por sí misma ejercer alguna influencia
sobre la gente. Se dirige sí a prevenir que tal
afirmación conformista arroje un velo sobre la
realidad del impacto de los mensajes nocivos de
que son portadores los medios de comunicación
masiva. Estos puntos de vista los comparten
otros latinoamericanos como Díaz Bordenave
(1974): “A pesar de lo que sea que Marshall
McLuhan pueda argumentar, el contenido de los
medios de comunicación social es significativo para
el desarrollo de las personas y por consiguiente
para el desarrollo nacional”. Los latinoamericanos
no están muy seguros de que el mundo se haya
convertido en una “aldea global” porque, para
comenzar, millones de ellos no tienen acceso
alguno a ningún medio de comunicación de
masas. Y, si la magia de la electrónica está en
realidad acercando a la humanidad entera, temen
que la “aldea” estará más que nunca antes en
Freire (1970), lanzó una gran crítica a la educación
tradicional como instrumento de la dominación cultural de
las mayorías por las élites conservadoras.
la historia manejada por la minoría poderosa.
Por otra parte, no sólo los latinoamericanos
sospechan que McLuhan, con toda su imponente
originalidad, no está en realidad muy lejos de la
mentalidad clásica conservadora en que –como lo
anota Finkelstein (1969)– puede considerársele
el más importante vocero del poder corporativo
establecido.
Comunicación Vertical
“No podemos concebir el ejercicio del poder
del individuo A sobre el individuo B sin alguna
comunicación de A hacia B”. (Fajen, 1966). La
América Latina es un ejemplo muy claro de la
propiedad de tal afirmación. Una exigüa minoría
de su población ejerce poder sobre la vasta
mayoría para asegurarse la dominación total.
Para hacerlo así, las elites oligárquicas recurren
a la comunicación de masas como instrumento
para mantener inalterable la situación. Este uso de
la comunicación se hace a menudo en forma tan
antidemocrática que llega a ser “comunicación
vertical” como la llamaron Pasquali, Freire y
Gerace. Y esto que sucede entre las clases sociales
dentro de cada uno de los países de la América
Latina también ocurre entre todos ellos –una
sociedad dependiente– y los Estados Unidos de
América, su dominador externo. En ambos casos
los poderosos subordinan a los impotentes con la
ayuda de la comunicación.
La situación se encuadra nítidamente
en la linealidad del paradigma clásico que,
como lo sugiere la siguiente observación, no
favorece al comportamiento democrático de la
comunicación:
“Lo que ocurre a menudo bajo el nombre de
comunicación es poco más que un monólogo
dominante en beneficio del iniciador del
proceso. La retroalimentación no se emplea
para proporcionar la oportunidad de diálogo
genuino. El receptor de los mensajes es pasivo y
está sometido puesto que casi nunca se le brinda
la oportunidad proporcional para actuar al
mismo tiempo como verdadero y libre emisor;
su papel esencial es el de escuchar y obedecer.
Tan vertical, asimétrica y cuasi-autoritaria
relación social constituye, a mi modo de ver,
una forma antidemocrática de comunicación
... debemos ... ser capaces de construir un
nuevo concepto de la comunicación, un modelo
humanizado, no elitista, democrático y no
mercantilizado”. (Beltrán, 1974).
Muchos en Latinoamérica están de acuerdo
con esa clase de afirmaciones. Gerace (1973),
considera que es urgente concebir otras teorías
de la comunicación que estén más de acuerdo
con esta región y con el Tercer Mundo en general.
Y un académico paraguayo se expresa así:
“Debemos superar nuestra compulsión mental
de percibir nuestra propia realidad a través de
conceptos e ideologías foráneos y aprender a
ver la comunicación y la adopción desde una
nueva perspectiva”. (Díaz Bordenave, 1974).
La Perspectiva de Freire: Un Hito
Una puerta ancha de entrada a una fértil
avenida de nuevas perspectivas fue abierta en la
parte inicial de los años del 60 por un maestro y
filósofo de la educación, el brasileño Paulo Freire.
Su visión de la educación como un instrumento
para la liberación de las masas de la opresión por
las élites le ganó el exilio de su país a mediados de la
década. Desde entonces, escribiendo al principio
25
desde Chile y después desde Ginebra, él ha visto
sus ideas difundirse internacionalmente y ser
puestas en experimentación inclusive en África.
Aunque concentró su pensamiento en nuevos
principios y métodos de educación a nivel de
grupo y de manera especial en contextos rurales,
sus proposiciones han tenido, especialmente en
Latinoamérica, un impacto significativo sobre la
teoría de la comunicación en general, incluyendo
aquella que corresponde a los formatos de los
medios de comunicación de masas.
Freire consideró a los medios de
comunicación de masas como los
propagadores de los mitos, normas y
valores de las minorías oligárquicas.
26
Educación para la Opresión
Freire (1970), lanzó una gran crítica a la
educación tradicional como instrumento de
la dominación cultural de las mayorías por las
élites conservadoras. Así como Berlo apellidó al
esquema tradicional en comunicación la “teoría
del balde”, Freire llamó “educación bancaria” a la
pedagogía clásica.
Los “banqueros” (maestros) son aquellos que
representan a los “ricos” en conocimientos (los
miembros de las élites del poder que monopolizan
la información junto con todo lo demás de
algún valor en la sociedad) y son quienes hacen
los “depósitos” en las mentes de los “pobres”
(ignorantes), los estudiantes, quienes han de
recibir pasivamente la “riqueza” así transferida
a ellos. Los “depósitos” contienen el conjunto de
normas, mitos y valores de los opresores de la
humanidad. Si los oprimidos los aprenden bien,
pueden esperar ascender dentro de la estructura
socioeconómica, política y cultural que los
opresores presiden. Es decir, pueden “cobrar”
algún día los “depósitos” de bienes materiales que
los “banqueros” están dispuestos a concederles
en forma paternalista como recompensa por
adaptarse a su ideología y no trastornar el orden
establecido. Al obrar así los oprimidos tienden
en su mayoría a convertirse en opresores puesto
que, aunque algunos pueden querer actuar de
diferente manera, “le temen a la libertad”. De
esta manera las propias masas explotadas son
utilizadas para ayudar a asegurar la perpetuidad
del sistema. Y como Gerace (1973), señaló: “Tal
vez la peor opresión es aquella que hace presa del
alma del hombre, convirtiéndolo en la sombra de
su opresor.”
Por tanto, Freire (1970), advierte que: “Ninguna
pedagogía que sea verdaderamente liberadora puede
permanecer distante de los oprimidos tratándolos
como a desafortunados y ofreciéndoles modelos
provenientes de los opresores. Los oprimidos
deben ser sus propios ejemplos en la lucha por la
redención.”
¿Cómo se Propaga la “Verdad”?
Tras la “educación bancaria” yace –alega Pinto
(1972)– una teoría del conocimiento que define
la relación que prevalece entre un sujeto que sabe
y una realidad-objeto que se conoce. Se entiende
a tal realidad como algo estático y terminado. Y
ambos, el sujeto que sabe y el objeto conocido,
se consideran entidades metafísicas, así como
unidades fijas y distintas. Esta es la razón para
que la relación sujeto-objeto se haga muy difícil.
No es fácil para el sujeto comprender al objeto.
Cuando finalmente logra comprenderlo lo que
nace es una relación de propiedad entre el uno
y el otro. Aquí entra, añade Pinto, la noción de
la “verdad” como la posesión del sujeto. Busca él,
entonces, imponer su visión de la realidad como
definitiva y sin alternativa en las mentes de los
otros, los que la reciben también como definitiva
y, por tanto, no sujeta a duda, crítica o reto. Pinto,
concluye:
“Se genera entonces entre el educador y el
aprendiz una relación social totalmente
vertical: el educador-sujeto, poseedor de la
verdad absoluta, la deposita (la impone) en
la inteligencia del aprendiz, quien la recibe
pasivamente (la memoriza) ... Esta verticalidad
implica la dominación intelectual del educador
sobre el aprendiz, la cual es sostenida por un
sistema de sanciones disciplinarias de manera
tal que la verdad sea siempre aceptada sin
contrastación.” Pinto (1972).
Domesticación en Vez de Liberación
Freire siente que una relación tan autoritaria
es manipulatoria de las personas, las que son
tratadas como cosas o animales. Sin tomar en
cuenta lo mucho que ello pueda disfrazarse con
recursos docentes aparentemente no despiadados,
ese trato constituye una ofensa a la dignidad
humana y a la libertad. Tal “domesticación” es
sólo posible porque el maestro, en vez de ayudar
al estudiante a desmitificar la realidad, contribuye
a su mayor mistificación. Así al estudiante no se
le permite descubrir que la cultura es superior a
la naturaleza, que el hombre es un ser histórico
capaz de transformar constantemente su
realidad física y social y que los oprimidos, en vez
de aceptar esa realidad en forma fatalista, son
capaces de liberarse de ella y de construir una
diferente. Para mantener a la sociedad como está,
para evitar que sea evaluada en forma crítica,
el maestro no entra jamás en comunicación
real con los estudiantes; simplemente les
impone sus “comunicados”, impidiendo que
ellos desarrollen una conciencia autónoma de
la realidad. Porque la comunicación genuina
–entendida como diálogo dirigido a compartir
activamente las experiencias y a reconstruir la
realidad conjuntamente– privaría a ese maestro
de su poderosa ventaja: la manipulación. Freire,
hace con énfasis esta afirmación:
“Es por esto que, para nosotros, la educación
como práctica de la libertad no es la
transferencia o transmisión de la sabiduría o de
la cultura, no es la extensión del conocimiento
técnico, no es el acto de depositar informes o
hechos en los aprendices, no es la perpetuación
de los valores de una determinada cultura, no
es el esfuerzo de adaptación del aprendiz a su
medio ambiente.” (Freire, 1969)
Además de la sumisión y de la pasividad, la falta
de creatividad es vista como una consecuencia
del tipo “bancario” de educación. Impedida de
razonar críticamente, la persona se inhibe de
desarrollar su imaginación: su conciencia sobre
la naturaleza y la existencia social permanece
ingenua y a menudo mágica, como los que mandan
prefieren que sea. Esto puede también propiciar
el individualismo egoísta y la competencia
entre los oprimidos más que la solidaridad y
la cooperación. La sociedad permanece como
narcotizada para servir los fines de las minorías
que controlan la educación y la comunicación.
Los Medios: Agentes de Subyugación
Freire consideró a los medios de comunicación
de masas como los propagadores de los mitos,
normas y valores de las minorías oligárquicas y,
como tales, instrumentos de la comunicación
vertical y alienante encargados de ayudar al logro
de la subyugación de los oprimidos. Y al referirse
al formato de la educación interpersonal del
adulto, conocida como “extensión agrícola”,
establecida en Latinoamérica con la ayuda de
los Estados Unidos, el académico la atacó como
opuesta a la verdadera comunicación, puesto que
educar no es extender algo desde la sede de la
sabiduría hasta la sede de la ignorancia.
El letrado brasileño afirmó:
“Para nosotros la educación como práctica
de la libertad es, por encima de todo y ante
todo, una situación verdaderamente gnóstica,
aquella en la cual el acto de conocer no termina
en el objeto a ser conocido puesto que entra en
27
La comunicación no es una cuestión técnica que deba ser
tratada en forma aséptica, aislada de la estructura económica,
política y cultural de la sociedad.
comunicación con otros sujetos que también
son conocibles”. (Freire, 1969).
28
Hacia la Comunicación Democrática
Con muy pocas excepciones, los críticos
iniciales de las conceptualizaciones de la co­mu­
nicación no alcanzaron la profundidad sufi­ciente
para llegar a las raíces de lo que criticaron: la
economía y la política, el juego del poder. Una
de esas excepciones la constituyó el finado C.
Wright Mills (1956), quien denunció a los medios
de comunicación como promotores entre las
masas del “analfabetismo psicológico” dirigido a
favorecer a la hegemonía de las élites del poder.
Recientemente, Rogers(1974), sostuvo que:
“... los modelos lineales implican una visión
autocrática, unilateral de las relaciones humanas”
y calificó al modelo clásico como un “paradigma
en extinción”. Y el propio profesor Lasswell
(1972) al predecir en 1972 el futuro del mundo
de la comunicación en relación con el desarrollo
de las naciones, llegó a anticipar dos paradigmas
contrastantes. Rotuló a uno como el “modelo
oligárquico” que sirve a los propósitos de los
centros de poder transnacionales: “Al empeñarse
en la consolidación de un orden público mundial
oligárquico, los instrumentos de la comunicación
son empleados para adoctrinar y distraer”.
Lasswell (1972), llamó a la alternativa “modelo
participatorio”, bajo el cual ve él ve que “los
medios de comunicación de masas proporcionan
oportunidades de atención que generan y re-editan
planos comunes del pasado, presente y futuro
del hombre y fortalecen un sentido universal y
diferenciado de identidad e interés común.” Para
Harms y Richstad, el modelo oligárquico es
considerado “como paralelo al modelo lineal,
unidireccional de comunicación por transmisión
que se ha empleado en el estudio de la comunicación
de masas y de otros sistemas controlados por las
fuentes.”
En gran parte, sin embargo, fueron las
perspectivas latinoamericanas las que des­cu­
brieron las raíces del paradigma clásico de
transmisión/persuasión pro status quo: la natu­
raleza antidemocrática de las relaciones sociales
dentro de las naciones y entre ellas. En efecto,
virtualmente todas las críticas latinoamericanas
están bien condensadas en la expresión
“comunicación vertical”, es decir, de arriba hacia
abajo, dominante, impositiva, monológica y
manipuladora; en resumen, no democrática.
Así percibida, la comunicación no es una
cuestión técnica que deba ser tratada en forma
aséptica, aislada de la estructura económica,
política y cultural de la sociedad. Es un asunto
político mayormente determinado por esa
estructura y, a su turno, contribuyente a la
perpetuación de ella. Por tanto, la búsqueda de
una salida de tal situación se dirige al cambio de
la comunicación vertical/antidemocrática hacia
la comunicación horizontal/democrática. La
búsqueda comenzó más que todo en la década
presente en varios lugares mediante esfuerzos que
variaban en su alcance y enfoque, pero coincidían
en un propósito: democratizar la comunicación
tanto en el concepto como en la práctica.
Avances Teóricos y Prácticos
En diversos lugares del mundo, pero espe­
cialmente en los países menos desarrollados
y notoriamente en aquellos de la América
Latina, se está experimentando con tecnologías
de comunicación horizontal. Ellas son proce­
dimientos de comunicación cara a cara, tales como
la “concientización” de Freire, combinaciones
especiales de medios de comunicación de
masas con técnicas de grupo o formatos de
comunicación de grupo construidos con base en
modernos instrumentos audiovisuales.5
En Perú, por ejemplo, se están utilizando
unidades móviles de video para educación rural
no formal con procedimientos que proporcionan
a los campesinos la oportunidad de ser no sólo
receptores sino también emisores de mensajes.
(Calvelo Ríos, 1978; 1979). En ese mismo
país un gran esfuerzo con medios simples,
como periódicos de la comunidad y sistemas
de altoparlantes está convirtiendo a gente de
tugurios en comunicadores activos y autónomos
(Mata, Montesinos Mertz y Solezzi (1976). Y en
Uruguay el audio-cassette con dispositivos para
grabación hace que los granjeros cooperativos
participen en un tele-foro a nivel nacional cuyos
contenidos determinan ellos. (Kaplún, 1978).
UNESCO patrocina estudios, bibliografías y
publicaciones en este campo de tecnologías de la
comunicación por “minimedios” o “intermedios”.
Recientemente han tenido lugar en Yugoeslavia y
en Ecuador algunas reuniones internacionales
directa y exclusivamente orientadas a la
“comunicación participatoria”. (Gerace, 1978 y
Fraser, 1978).
Varios autores han contribuido al replan­
teamiento del concepto de comunicación.
Pocos, sin embargo, se concentraron en esta
tarea lo suficientemente como para llegar al
diseño sistemático de modelos de comunicación
democrática. Ya en 1967 Moles (1967), había
ofrecido la noción del “ciclo cultural” que
involucraba a “creador”, “micromedios”, “medios
5 N. del T.: El más antiguo ejercicio de esta forma de comunicación
fue el del surgimiento en Bolivia en 1947 de las radios mineras,
autofinanciadas y autogestionarias, propias de sindicatos de trabajadores que así tomaron la palabra en nombre del pueblo veinte años
antes de la aparición de proposiciones teóricas en tal sentido.
masivos” y “macromedios”. En 1970 Schaeffer
(1970), propuso “el triángulo de la comunicación”
con el “mediador” como centro. Al mismo tiempo
Williams (1970), urgió a los investigadores
para que estudiaran la comunicación como un
fenómeno de relaciones por “transacción”.
Al comienzo de la presente década, Johannensen
(1971), produjo un valioso resumen analítico de
las conceptualizaciones de “la comunicación como
diálogo”. Al analizar críticamente la comunicación
en su relación con la “cultura de masas”, Pascuali
(1972), aportó algunas bases para el pensamiento
de la comunicación horizontal. Díaz Bordenave
(1972), evaluó perceptivamente la evolución
inicial del concepto de comunicación hacia un
modelo democrático, que había recibido gran
estímulo del pensamiento de Freire.
Luego Cloutier (1973), planteó el esquema
“EMIREC” que trató de conjugar al emisor y al
receptor. Y, trabajando sobre el planteamiento de
Freire de “educación para la liberación” así como
capitalizando experiencias pioneras de Bolivia
y Perú, Gerace (1973), exploró todavía más
la naturaleza de la “comunicación horizontal”
y Gutiérrez (1973), escribió sobre la noción
del “lenguaje total”. Casi invariablemente con
estos y otros trabajos similares, se destacó al
diálogo como agente crucial de la comunicación
democrática, aunque tal vez no se trató en detalle
su naturaleza.
Una proposición más reciente y metódica es la
de Fernando Reyes Matta (1977), quien desarrolló
en considerable detalle un macro-operativo
“modelo de comunicación con participación social
activa”. Más que explícitamente intentar redefinir
la comunicación, este analista latinoamericano
propuso un amplio y pragmático diseño de
organización institucional para hacer factible
la comunicación horizontal. Aunque los
conceptos como “derecho de comunicación”,
“acceso” y “participación” no parecían haber sido
suficientemente definidos, Reyes Matta buscó
29
30
• Todos tienen el derecho a comunicarse
utilizarlos de maneras interrelacionadas. Otras
con el fin de satisfacer sus necesidades de
recientes contribuciones a la conceptualización
comunicación por medio del goce de los
de la comunicación horizontal son las de Azcueta
recursos de la comunicación.
(1978), Díaz Bordenave (1978), Jouet (1977,
• Los seres humanos se comunican con
(1978), y Pinto (1978). El CIESPAL (1978), publicó
múltiples propósitos. El principal no
un informe preliminar de su reunión de 1978 en
es el ejercicio de influencia sobre el
Quito sobre comunicación participatoria.
comportamiento de los demás.
Finalmente, dos investigadores norteame­
ricanos –L. S. Harms (1977, 1978) y Harms and
Hacia un Modelo de
Richstad– pioneramente llevaron a cabo esfuerzos
ComunicaciónHorizontal6
sistemáticos para interrelacionar las nociones
de “derechos de comunicación”,
“recursos” y “necesidades”. Lle­ga­
DERECHOS, NECESIDADES Y RECURSOS DE COMUNICACIÓN
ron a un “modelo de in­tercambio
de la comunicación humana”
que, a pesar de li­mi­taciones
como su naturaleza pu­ramente
diá­dica, ofrece in­tros­pecciones
ACESO
COMUNICADORES
COMUNICADORES
DIÁLOGO
de­mo­cratizantes y muestra con­
PARTICIPACIÓN
siderable poder heurístico. Este
modelo no trató de integrar
derechos-necesidades-recursos de
comunicación con acceso-diálogoMÚLTIPLES FINALIDADES DE LA COMUNICACIÓN
participación en co­mu­­­­­nicación. Y
ni el modelo de Reyes Matta ni el
Acceso es el ejercicio efectivo del derecho a
de Harms y Richstad se ocupan específicamente
recibir mensajes.
de las finalidades de la comunicación, como la
Diálogo es el ejercicio efectivo del derecho a
persuasión.
recibir y al mismo tiempo emitir mensajes.
Participación es el ejercicio efectivo del derecho
La naturaleza de la
a emitir mensajes.
Comunicación Horizontal
Comunicadores son todos los seres humanos
A la luz de las críticas examinadas, de las
aptos
tanto para recibir mensajes como para
proposiciones innovadoras que acabamos de
emitirlos.7
resumir y de otras consideraciones concomitantes,
Derecho a la comunicación es el derecho natural
el autor del presente ensayo propone ahora para
de todo ser humano a emitir y recibir mensajes
debate la definición que sigue:
intermitentemente o al mismo tiempo.
• La comunicación es el proceso de interacción
Necesidad de comunicación es tanto una de­
social democrática que se basa sobre el
intercambio de símbolos por los cuales los
6 N. del T.: Se repone este subtítulo que fuera accidentalmente
seres humanos comparten voluntariamente
omitido en el texto original.
sus experiencias bajo condiciones de acceso
7 N. del T.: Se repone esta definición que fuera accidentalmente
omitida del texto original.
libre e igualitario, diálogo y participación.
manda natural individual como un requerimiento
de la existencia social para usar los recursos
de comunicación a fin de entrar a compartir
las experiencias por interacción mediada por
símbolos.
Recurso de comunicación es cualquier elemento
energía/materia –cognoscitivo, afectivo o físico–
utilizable para hacer posible el intercambio de
símbolos entre los seres humanos.
Libertad es un concepto relativo. La libertad
absoluta no es deseable ni viable. La libertad
de cada individuo está limitada por la de otros
y esa restricción es el producto del acuerdo de
responsabilidad social al servicio del bien común.
La libertad de cada sociedad está condicionada a
la libertad de las demás sociedades.
El igualitarismo es un concepto relativo. La
abso­luta igualdad no es posible. No puede lo­
grarse la simetría total en la distribución de las
oportunidades para emitir y recibir mensajes.
Las oportunidades similares son posibles en la
medida en que resulte factible expandir las opor­
tunidades de recepción y en la medida en que el
reducir significativamente la concentración de
las oportunidades de emisión pueda no resultar
imposible. Por tanto, se busca un equilibrio
justo de las proporciones; no la equivalencia
matemática.
La influencia sobre el comportamiento es una
finalidad lícita sujeta a la condición de que no
sea unilateral, autoritaria o manipulatoria. Es
decir, la persuasión que al menos potencialmente
es mutua y que en efecto respete la dignidad
humana no tiene por qué descartarse como un
propósito de la comunicación. Aún en ese caso,
sin embargo, la persuasión no es sino una entre
las diversas metas de la comunicación y no debe
considerarse como la más importante.
Unas Pocas Consideraciones Operativas
1. El libre e igualitario proceso de comunicación
por acceso-diálogo-participación está basado
sobre la estructura de derechos-necesidades-
recursos y se dirige al cumplimiento de múltiples
propósitos.
2. El acceso es la precondición para la co­­mu­
nicación horizontal por cuanto sin oportunidades
similares para todas las personas de recibir men­
sajes no puede, para comenzar, haber interacción
social democrática.
3. El diálogo es el eje de la comunicación ho­
ri­zontal porque, si ha de tener lugar la ge­nuina
interacción democrática, toda persona debe
contar con oportunidades similares para emitir
y recibir mensajes de manera que se evite la
monopolización de la palabra mediante el
monólogo.
La convicción de que el diálogo –la con­
versación– está en el corazón de la verdadera
comunicación humana la sostienen no sólo los
educadores como Freire. Un filósofo como Buber
(1958), aboga con firmeza por ella. Y también
lo hacen psiquiatras y psicólogos como Carl
Rogers (1969) y Eric Fromm (1956). El diálogo
hace posible un ambiente cultural favorable a la
libertad y a la creatividad del tipo que el biólogo
Jean Piaget (1961), considera más conducente al
desarrollo total de la inteligencia.
Dado que, bajo tal perspectiva, estos papeles
opuestos se incluyen en un constante y equilibrado
desempeño dual, todos los participantes en el
proceso de la comunicación deben identificarse
como “comunicadores”, como correctamente
lo propusieron Harms y Richstad. Así la dife­
renciación entre las dos opciones separadas –
“fuente” y “receptor”– ya no resulta apropiada.
4. La participación es la culminación de la
comunicación horizontal porque sin opor­tu­
nidades similares para todas las personas de
emitir los mensajes el proceso permanecería
gobernado por la minoría.
5. Desde la perspectiva de la viabilidad práctica,
acceso-diálogo-participación constituyen una se­
cuencia probabilística. Esto quiere decir que, en
términos de grado de dificultad de logro, el acceso
31
La mesura es indispensable. La comunicación
horizontal es, en lo conceptual,
exactamente lo opuesto a la comunicación vertical.
32
está en bajo nivel, el diálogo en uno intermedio
y la participación en alto nivel. Se considera más
fácil lograr que más gente reciba los mensajes que
el construir circunstancias que tornen posible el
diálogo y el hacer esto último se considera más
factible que el convertir efectivamente a cada
persona en un emisor importante.
6. El acceso es esencialmente un asunto cuan­
titativo. El diálogo es eminentemente un asunto
cualitativo y la participación es un asunto
cualitativo/cuantitativo.
7. El acceso, el diálogo y la participación son
los componentes clave del proceso sistemático
de comunicación horizontal. Tienen relación de
interdependencia. Es decir: (a) a mayor acceso,
mayor probabilidad de diálogo y participación;
(b) a mejor diálogo, mayor y mejor la utilidad del
acceso y mayor el impacto de la participación;
y (c) a mayor y mejor participación, mayor
probabilidad de ocurrencia del diálogo y del
acceso. En conjunto, a mayor acceso, diálogo
y participación mayor satisfacción de las
necesidades de comunicación y efectividad de los
derechos a la comunicación y más y mejor serán
utilizados los recursos de comunicación.
8. La autogestión –ilustrada por la sobresaliente
experiencia yugoeslava con empresas de co­mu­
nicación que no son ni privadas ni gubernamentales
sino comunitarias– es considerada la más avanzada
e integral forma de participación puesto que
permite a la ciudadanía decidir sobre políticas,
planes y acciones. (UNESCO, 1977).
9. La retroalimentación es un elemento
clave del diálogo cuando opera en forma mul­
tidireccional equilibrada por la cual todas y cada
una de las personas envueltas en una situación de
comunicación la dan y la reciben en condiciones
similares. La retroalimentación es contraria
al diálogo cuando es unidireccional ya que
así está al servicio de la dependencia, no de la
interdependencia equilibrada.
10. La práctica de la comunicación horizontal es
más viable en el caso de formatos interpersonales
(individuales y de grupo) que en el caso de los
formatos impersonales de (masas). Una obvia
ex­pli­cación técnica para ello es la dificultad
in­trínseca de lograr la retroalimentación en
la co­municación de masas. Pero la principal
explicación es política: es el hecho de que los
medios de comunicación de masas son, en su
mayoría, atrincherados instrumentos de las
fuer­zas conservadoras y mercantilistas que con­
trolan los medios de producción nacional e
internacionalmente.
Una Palabra de Cautela y una
Palabra de Esperanza
La mesura es indispensable. La comunicación
horizontal es, en lo conceptual, exactamente
lo opuesto a la comunicación vertical. Pero,
en forma realista, la primera no debería con­si­
derarse necesariamente sustitutoria de la últi­
ma. Bajo determinadas circunstancias puede
serlo. Bajo diferentes circunstancias puede
cons­­tituir una alternativa coexistente. Como
Buber (1965), lo señaló, el diálogo no siempre
es posible. Y puede añadirse que, a menudo,
el monólogo no es evitable y a veces inclusive
se torna necesario, dependiendo de diversos
propósitos y circunstancias. Ellos pueden ser
vistos, sugiere Johannesen (1971), como los ex­
tremos de una cosa continua. Idealmente todas
las comunicaciones debieran ser horizontales. En
la práctica esto no siempre es posible ni tal vez
siquiera deseable. Por tanto, si la comunicación
vertical tiene que permanecer en escena hasta
cierto punto, lo que de ninguna manera debe
suceder es que sea manipulatoria, engañosa,
explotadora y coercitiva.
Al cerrar la presentación de este conjunto
preliminar de proposiciones esquemáticas sobre
comunicación horizontal (¿podría llamarse
brevemente el modelo “ horicom “?) esperemos
–parafraseando a Lasswell treinta años después–
que ésta también pueda probarse “una forma
conveniente de describir la comunicación”.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARUNDALE, R. B., The Concept of Process in Human Communication
Conservatism, Materialism, and Conformism, Gazette, Vol. 24, pp.
Research, Ph.D. Dissertation, Michigan State University, 1971.
61-85, 1978.
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COMUNICAciÓn
A comunidade científica latino-americana possui extensa e rica
produção científica na área de comunicação, que necessita ser divulgada em espaço democrático e possibilite a troca e o debate de
idéias. Lançada em outubro de 2004, durante o VII Congresso Latinoamericano de Ciencias de la Comunicación em La Plata, Argentina, a Revista Latinoamericana de Ciencias de la Comunicación
propõe-se a atender esta necessidade, promovendo a difusão,
democratização e o fortalecimento da Escola Latino-americana
de Comunicação, contribuindo para o desenvolvi­mento integral da sociedade e ampliando o diálogo com a comunidade
acadêmica mundial.
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Há também a opção de pagamento com cartão de crédito VISA, mediante o preenchimento dos
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37
LA COMUNICACIÓN IBEROAMERICANA
FRENTE AL DESAFÍO DE LA GLOBALIZACIÓN:
SUEÑOS Y PESADILLAS DE LA
COMUNIDAD ACADÉMICA
José Marques de Melo
Jornalista, escritor e pesquisador. Docente-fundador
da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de
São Paulo (ECA-USP), instituição em que obteve os títulos
de doutor, livre-docente, professor-adjunto e professor
catedrático de em Ciências da Comunicação (Jornalismo).
Atuou como pesquisador/professor visitante e proferiu
conferências em várias universidades estrangeiras. Atualmente é docente do Programa de Pós-Graduação em
Comunicação Social da UMESP, sendo titular da Cátedra
Unesco de Comunicação para o Desenvolvimento Regional. Fundou e presidiu a Sociedade Brasileira de Estudos
Interdisciplinares da Comunicação – INTERCOM e a Rede
Alfredo de Carvalho de História da Mídia. É autor de
inúmeros livros, dos quais os mais recentes são: História
38
do Pensamento Comunicacional (Paulus, 2003), História
Social da Imprensa (EdiPUCRS, 2003), Jornalismo Brasileiro (Sulina, 2003), A esfinge midiática (Paulus, 2004),
Teoria do Jornalismo (Paulus, 2006), Mídia e Cultura
Popular (Paulus, 2008), História Política das Ciências da
Comunicação (Mauad, 2008).
E-mail: [email protected]
RESUMEN
Invitado para proferir la conferencia inaugural del X Congreso Iberoamericano de
Comunicación, el autor optó por la condición estratégica de observador participante.
Siendo el único de los fundadores del IBERCOM que tuvo la suerte y el privilegio de
presenciar los diez encuentros, ha cimplido el rol de testigo ocular de los hechos,
además de plantear ganancias y pérdidas, sueños o pesadillas de los colegas voluntaria o
involuntariamente ausentes.
PALABRAS-CLAVE: PENSAMIENTO COMUNICACIONAL; COMUNICACIÓN INTERNACIONAL; HISTORIA;
IBEROAMERICA; AMÉRICA LATINA; BRASIL.
ABSTRACT
Invited to participate in the X Ibero American Communication Conference, and as such,
the author chose to play the strategic role of observer. As the only representative of the
IBERCOM founders, he was both fortunate and privileged to observe all ten meetings as
an eye witness, sharing gains and losses, dreams and apprehensions of his peers who, for
one reason or another, were unable to attend.
KEYWORDS: COMMUNICATION THINKING; INTERNATIONAL COMMUNICATION; HISTORY; IBERO
AMERICA; LATIN AMERICA; BRAZIL.
RESUMO
Convidado para proferir a conferência inaugural do X Congresso Iberoamericano de
Comunicação, o autor optou pela condição estratégica de observador participante. Sendo
o único dos fundadores do IBERCOM que teve a sorte e o privilégio de presenciar os dez
encontros, assumiu o papel de testemunha ocular dos fatos, além de mostrar ganhos e
perdas, sonhos e pesadelos dos colegas, voluntariamente ou involuntariamente, ausentes.
PALAVRAS-CHAVE: PENSAMENTO COMUNICACIONAL, COMUNICAÇÃO INTERNACIONAL; HISTÓRIA;
AMÉRICA IBÉRICA; AMÉRICA LATINA; BRASIL.
39
40
Viaje al pasado
Para clarificar el panorama es indispensable
decir que la jornada Ibercom tuvo diferentes
escenarios y distintos anfitriones.
Entre Sao Paulo (1986) y Guadalajara (2007),
nuestra peregrinación incluyó Florianópolis
(1989), Barcelona (1992), Santos (1997), Oporto
(1998), Santiago de Chile (2000), Maia (2003), La
Plata (2004) y Sevilla (2006).
Los saludos de bienvenida fueron expresados
por palabras y acciones de los colegas brasileños
Maria Immacolata Vasallo de Lopes y Margarida
Kunsch, los españoles Manuel Pares Maicas y
Francisco Sierra, el portugués Luís Humberto
Marcos, el argentino Alfredo Alfonso, la chilena
Lucia Castellón, además de los que vos hablan
hoy, yo mismo y también Enrique Sánchez Ruiz,
a quien debo la generosidad de mi presencia.
El vigésimo cumpleaños del Ibercom ya fue
celebrado en Sevilla, durante cena inmemorable.
Pregunto: ¿qué debemos hacer ahora? ¿Avanzar,
retroceder, rehacer el camino, cambiar de ruta,
terminar la jornada?
Creo que debemos tomar una decisión en la
asamblea de clausura. Los puntos de vista de las
personas que están involucradas en la carpintería
del Ibercom son polifacéticos y ni siempre
convergentes. Por eso, me impuse la obligación
de esbozar el estado de la cuestión, debatir sus
variables y naturalmente indicar la salida que me
parece más conveniente.
No podemos olvidar la coyuntura actual, pues
se trata del elemento que influye en las reflexiones
individuales y en las decisiones colectivas.
Me refiero al evento histórico que domina
nuestra agenda corriente, o sea, la celebración
del Bicentenario de la ruptura política entre la
Península Ibérica y los enclaves coloniales de
Portugal y España en el continente americano.
Este es un evento histórico muy importante
para todos los presentes. Para nosotros lati­
noamericanos significa la fundación de los
espacios nacionales, matrices generadoras de
nuestras identidades culturales. Y para los ibéricos
significa la reconquista de la dignidad nacional,
impulsada por las rebeliones populares de
Madrid a Oporto, que culminan con la expulsión
de los invasores franceses y la diseminación de
los ideales democráticos que determinan el fin de
“antíguo regimen” el la península.
Pero antes de exponer mis hipótesis y plantear
mi tesis, advierto que tomé el cuidado de exorcizar
el “mito de Adán”, que tanto seduce los pueblos
latinoamericanos. Sin duda, cultivamos el
síndrome de la “refundación”. Como bien dijo el
uruguayo José Maria Sanguinetti: de tiempos en
tiempos, imaginamos estar “naciendo de nuevo”,
asumiendo una postura de tierra arrasada”.
Renegamos el “pasado reciente”, que “debe ser
expulso de la historia para las profundidades
infernales”. Nuestro imaginario colectivo aún
tiene costumbre de inspirarse en el “incendio de
la Revolución Francesa” objetivando “reducir a
cenizas el pasado colonial. (Sanguinetti, 2007).
Identidades
Decir que hablamos de América Latina con
interlocutores situados en la Europa Ibérica quizá
no sea suficiente. Es necesario definir mejor los
interlocutores antes de tratar de las motivaciones
que están en las raíces de nuestro coloquio.
La tarea no es tranquila como parece. Voy a
tomar como ejemplo la declaración del historiador
inglés Peter Burke:
“Una de las cosas que me sorprendieron en la
primera visita que hice a Brasil, en los años 1980,
fue oír las personas hablando de la “América
Latina”. En el Reino Unido, se considera nor­
mal­mente que Brasil hace parte de Latino­amé­
rica. Pero las personas con las cuales yo hablaba
o que yo oía parecían dar como cierto que la
América Latina era otro lugar. De manera
similar, los británicos tienen la costumbre de
hablar de “Europa” y los sicilianos de “Italia”,
como si los términos no los incluyesen”. (Burke,
2005)
No es sin razón que intelectuales brasileños,
como es el caso de Maria Lucia Victor Barbosa,
han tenido necesidad de recorrer la misma ruta de
Cristóbal Colón y Pedro Alvarez Cabral, en busca
de sus raíces y de los trazos de nuestra identidad,
bajo el estímulo de las conmemoraciones del
Quinto Centenario del Descubrimiento (que los
hispanos celebraron en 1992 y los lusitanos en el
año 2000).
Ella empezó por la Península Ibérica, donde
“nosotros latinoamericanos, fuimos forjados por
la cruz y por la espada que quedaran impresas
en nuestros valores, en nuestras actitudes y en
nuestra visión de mundo”. (Barbosa, 1995, p. 15).
Pero la brasileña navegó desarmada. Dejando
en casa la cruz y la espada, no tuvo dificultades
en darse cuenta que “los españoles y portugueses
legaran a América Latina su cultura dominante”.
No fue difícil observar también que, a pesar de
originarios de una misma matriz, nosotros somos
pueblos diferentes.
“Así como trazos heredados de los padres
no impiden los hijos de tener su propia
personalidad, así nosotros latinoamericanos,
tenemos nuestras individualidades, en que pesa
la fuerte marca ibérica en nuestra manera de
ser” (Barbosa, 1995, p. 15)
Además, el juicio formulado por la autora
es visiblemente auto-crítico, desvinculando al
almirante Cristóbal Colón de “cualquier res­
ponsabilidad sobre aquello en que nos tornamos”.
Su observación es sibilina:
“No podemos culparlo por nuestros fracasos,
como aquellos que prefieren las actitudes
cómodas (…). Nuestro subdesarrollo,
nu­es­tra corrupción, nuestro populismo,
nuestro individualismo, nuestros Estados
patrimonialistas y clientelísticos y nuestras
sociedades desiguales empezaron a partir de
una embriogenia defectuosa y, de poco, cada
uno de nosotros desarrolló a su manera su
propia barbarie” (Barbosa, 1995, p. 16)
Quien nos observa de fuera, como el francés
Alain Roquié, percibe claramente la crisis de
identidad que enfrenta Latinoamérica.
“América es, desde Colón, el continente de los
malos-entendidos, El Almirante buscaba el
Camino de las Indias, descubrió los indicios,
o sea, El Nuevo Mundo. Un mundo que aún
permanece muy nuevo”. (Roquié, 1991, p. 15)
Tanto así que, delante de la apropiación
substantiva del término América por los pueblos
que viven al norte del continente, fuimos
compelidos a nos contentar con una designación
adjetiva. Y optamos por la expresión ambigua,
cuñada en 1839 por el francés Michel Chevalier.
En la fase de pos-independencia, ella fue
fácilmente adoptada por nuestras elites criollas,
“porque justificaba la admiración que sentían
por la cultura francesa”. Así, “América Latina fue y
no es un lugar, una entidad preexistente, pero un
proyecto político” (Burke, 2005).
Hasta mismo los antropólogos como Darcy
Ribeiro, quien dedicó atención especial al
conocimiento del proceso de civilización
transcurrido en este continente, no hesitó en
cuestionar: “¿Latinoamérica existe?”
Su respuesta es bastante clara, comportando
dos perspectivas: una vacilante (de naturaleza
geofísica) y otra afirmativa (de matriz
geocultural).
En el plano geofísico, las evidencias señalan en
dirección al nuestro “aislamiento”, condicionado
a la “dependencia” en relación a los centros
hegemónicos.
“Hasta hoy, nosotros, latinoamericanos, vivi­
mos como si fuéramos un archipiélago de islas
que se comunican por el mar y por el aire
y que, con más frecuencia, se vuelven para
afuera, para los grandes centros económicos
mundiales, que para adentro. Las propias fron­
teras latinoamericanas, corriendo al largo de la
41
cordillera desértica, o de la selva impenetrable,
aíslan más que comunican y raramente
posibilitan un convivir intenso” (Ribeiro, 1986,
p. 11)
En el terreno geocultural, constituimos un
mosaico caracterizado por la “uniformidad sin
unidad”, pues
“lo que sobresale en el mundo latinoamericano
es la unidad del producto resultante de la
expansión ibérica sobre la América y su biensucedido proceso de homogeneización. La
nuestra verdadera fisonomía está expresa en las
sociedades étnico-nacionales cuyas poblaciones
son producto del cruzamiento y quieren
continuar se fundiendo (…) Amalgamando
gente procedente de todos los cuadrantes de
la Tierra, se crearon aquí pueblos mestizos”
(Ribeiro, 1986, p. 18)
42
Su homogeneización se hace a través de
variables lingüísticas y culturales, heredadas de
los colonizadores ibéricos. Por tanto, asumir
esa “fisonomía iberoamericana” delante de la
“revolución termonuclear”, dínamo del proceso
de globalización en curso, representa una con­
tingencia “civilizatoria” a la que, según Darcy
Ribeiro, no podemos nos hurtar.
“El proceso civilizatorio que opera en nuestros
días (…), por más que afecte los pueblos lati­
noamericanos, sólo podrá reforzar su identidad
étnica como uno de los rostros por cual se ex­
presará la nueva civilización. Es hasta pro­bable
que engendre la entidad supranacional, que,
en el futuro, será el cuadro dentro del cual los
latinoamericanos vivirán su destino. Dentro
de ese cuadro se destacarán más visibles y
a­fir­mativas que hoy algunas nacionalidades
indígenas (quechua, aimará, maya, mapuche,
etc.) actualmente oprimidas. Pero el escenario
macro-étnico dentro del cual todos los pueblos
del sub-continente coexistirán tendrá una fiso­
nomía-iberoamericana.” (Ribeiro, 1986, p. 23)
Diversidades
A pesar de ese vaticinio histórico, nos deparamos
hoy con una “retórica negativa” en toda la región.
Ella traduce el sentimiento de desánimo que se
abatió sobre nuestras poblaciones después del
“fin de la bipolaridad”.
En estas coyunturas, las “fronteras nacionales”
se tornan precarias, frente a la creación de “redes
globales” a las cuales se incorporan “segmentos
de los países periféricos”.
América Latina se fragmentó,
“dividida entre un populismo regresivo y el
miedo de ser cautiva de un imperio ya sin
fuerzas”. (Cardoso, 2007).
El balance contemporáneo indica que
solamente tres países lograron una integración
más favorable en el mercado globalizado – Chile,
Brasil y México.
Delante de ese panorama dramático, se
comprende la tendencia observada en el mapa
de Latinoamérica, donde las divergencias se
sobresalen más que las convergencias.
Increíble es la ola de desprecio por nuestra
identidad cultural, anclada en el deseo de
“no querer ser latinoamericano”. Ese tipo
de sentimiento ha impulsado contingentes
expresivos de nuestro pueblo a caminar en la ruta
de la inmigración.
Reflexionando sobre la paradoja, Néstor García
formula una cuestión patética:
“¿Qué está ocurriendo en América Latina para
que un continente que ya expulsó centenas de
mil­lares durante las dictaduras de las últimas
décadas, siga empurrando los ecuatorianos, pe­
rua­nos y colombianos a huir para España, los
uruguayos en dirección a Australia mientras
otros imaginan que Estados Unidos y Cuba son
alternativas comparables?” Canclini (2002,
p.16)
Al mismo tiempo en que alarga las fronteras de
América Latina el aflujo de emigrantes centro y
sur americanos a los Estados Unidos imponen un
desafío a los propios estadounidenses.
“Pues, los latinoamericanos son los inmigrantes
más numerosos…(…) Mexicanos y estado­uni­
denses de descendencia mexicana en el sudeste,
puertorriqueños y dominicanos en Nueva
York y cubanos en Florida forman grandes y
influyentes comunidades. En 1990, las ciudades
estadounidenses con las mayores poblaciones
latinas eran Los Ángeles (4,7 millones), Nueva
York (1,9 millones), Miami (1 millón), Chicago
(0,7 millón) y Houston (0,7 millón). (…) La
verdad es que “la inmigración latinoamericana
está cambiando la cultura estadounidense”
(Chasteen, 2001, p. 263).
Hace sentido, por tanto, la indagación
- ¿Qué significa ser latinoamericano? - hecha, en
el inicio de este siglo XXI, por el antropólogo
argentino que vivencia la experiencia de
inmigrante en Mexico. Así también la premisa
por él construida – la condición actual de América
Latina extrapola su territorio – y el argumento
que los fundamenta:
“Aquellos que dejaron sus países y ahora
alargan nuestras culturas muy a frente de la
región, muestran la fragmentación dolorosa
de los latinoamericanos y también las
oportunidades que ofrecen los intercambios
globales” (Canclini, 2002, p. 12)
Para dar respuesta adecuada a esta y otras
cuestiones cruciales, que siguen como gritos
parados en el aire, Canclini ofrece algunas pistas
que desaguan en la idea matricial de este coloquio:
fortalecer la comunidad iberoamericana de
ciencias de la comunicación:
1) Ultrapasar las “litúrgicas lamentaciones
sobre la americanización” de América Latina,
contemplando también la “latinización de los
Estados Unidos “. Eso significa: ir a frente de la
descripción para construir “proyectos críticos”.
2) Retirar el pensamiento crítico de la oposición
maniqueísta entre estado y empresa privada,
entendiendo el Estado como lugar de articulación
de los gobiernos con las iniciativas empresariales
y los sectores de la sociedad civil.
3) Situar la “latinoamericanidad” como una
construcción híbrida, para la cual contribuyeron
los países mediterráneos de Europa, los indígenas
americanos y las migraciones africanas, sin dejar
de lado su diseminación en territorio europeo y
estadounidense.
Regreso al futuro
Regreso ahora a Sevilla, 2006, cuando ce­
lebramos los veinte años de Ibercom. Había en el
aire una tácita complacencia por el sencillo hecho
de existir un territorio de esta naturaleza. Espacio
capaz de propiciar el diálogo entre líderes de
comunidades académicas nacionales que poseen
identidad común.
Confieso que, reflejando sobre el itinerario ya
hecho, tengo necesidad de rememorar nuestro
punto de partida. O sea, el primer Ibercom, en
Sao Paulo, 1986.
Nunca pude olvidar las reacciones manifestadas
por colegas a quien mandé invitaciones para
comparecer a la reunión convocada por la
Sociedad Brasileña de Estudios Interdisciplinarios
de la Comunicación -Intercom.
Muchos de ellos expresaron descreencia
en relación a la propuesta recibida. O me
desestimularon a proseguir o se pusieron a
esperar para ver.
1Dos adhesiones fueron decisivas para el futuro de IBERCOM, las de
Miguel de Moragas y de Jesús Martín Barbero. El primero aprendió
inmediatamente el sentido de la iniciativa. No pudiendo comparecer, envió representación catalana, constituyera por Enric Saperas
y Charo de Mateo. El segundo no apenas compareció y participó
activamente, pero también convenció Patrícia Anzola, entonces
presidente de ALAIC a fortalecer el evento.
2 Otra colaboración fundamental fue la de Maria Immacolata Vassalo de Lopes y de su esposo João Aloísio Lopes, que me ayudaran a
organizar el encuentro, con la intención de que su realización seria
un complemento del congreso nacional de INTERCOM.
43
44
¿Cuáles los argumentos usados por los que
resistían a la idea de construir un espacio
iberoamericano de comunicación?
Generalmente las recusas partían del
siguiente raciocinio: si nosotros ya tenemos
espacios latinoamericanos, como Alaic –
Asociación Latinoamericana de Investigadores
de la Comunicación y Felafacs – Federación
Latinoamericana de Asociaciones de Facultades
de Comunicación Social, de los cuales también
participan los españoles y eventualmente los
portugueses, ¿por qué crear un nuevo frente que
se superpone a los ya existentes?
O entonces, retrucaban geopolíticamente.
Los internacionalistas decían: es preferible
incrementar nuestra presencia en la comunidad
mundial capitaneada por la AIERI – Association
Internationale des Études et Recherces sur
l’Information. Los nacionalistas afirmaban:
nuestro compromiso actual es fortalecer los
espacios nacionales, en proceso de sedimentación,
como la Amic – Asociación Mexicana de
Investigadores de la Comunicación, AVICS
– Asociación Venezolana de Investigadores de
la Comunicación Social o Apeic – Asociación
Peruana de Estudios e Investigaciones de la
Comunicación.
Todos tenían razón. Pero sus tesis no eran
suficientes para destruir la idea de la comunidad
iberoamericana.
Motivados por el clima de la guerra fría, los
internacionalistas redoblaban el entusiasmo
por los progresos de la Nomic – Nueva Orden
Mundial de la Información y de la Comunicación,
pretendiendo fortalecer las tesis de Sean Mac
Bride y soñar con un flujo equilibrado de
noticias, donde el Tercero Mundo dejase de ser
mero consumidor, pasando también a productor
activo de noticias.
Empeñado en construir políticas democráticas
de comunicación, los nacionalistas pusieron en
segundo plano la arena internacional, entendida
como terreno exclusivo de las vanguardias
militantes.
Estaban correctos también los latino­ame­
ricanistas que vislumbraban el fortalecimiento
de Latinoamérica frente al creciente poderío
del imperialismo estadounidense. Estos, o des­
pre­ciaban la contribución de nuestros antiguos
colonizadores, o reclamaban la obsesión de
los países ibéricos en se tornaren “europeos”,
relegando al plano secundario el intercambio con
la “periferia” sudamericana.
En medio a tamaño nudo de alternativas, se dio
lo que pocos esperaban: una brusca alteración de
rumbos en la política internacional. Perplejos,
asistimos todos a la queda del Muro de Berlín,
acompañando el cambio radical del panorama.
Fukuyama rotuló el episodio como el “fin de la
Historia”. Hobsbawan prefirió decir simplemente
que él abrevió el siglo XX.
El bloque soviético se deshizo, como un castillo
de cartas, encerrando el confronto leste-oeste.
Demostrando su fuerza como potencia aspirante
a la hegemonía planetaria, los EE.UU. de Reagan,
apoyados por la Inglaterra de Tatcher, dan el golpe
de misericordia en la Nomic, se retirando de la
Unesco -Organización de las Naciones Unidas
para Educación, Ciencia y Cultura.
Eso repercute inmediatamente en las comu­
nidades internacionales de ciencias de la comu­
nicación, fragilizando Alaic y cambiando la
correlación de fuerzas dentro de la Aieri.
Estrategia
Como testigo de todos estos acontecimientos,
a partir de la periferia atlántica, y encorajada por
el fin de más un ciclo autoritario en la geografía
brasileña, la dirección de Intercom decidió actuar
simultáneamente en muchas frentes.
Quizá sea necesario hacer aquí un paréntesis para
explicar la singularidad de la situación brasileña.
El Brasil vivió, durante el período de 1964-1988,
más un ciclo autoritario de su etapa republicana.
Decir que hablamos de América Latina con interlocutores
situados en la Europa Ibérica quizá no sea suficiente. Es necesario
definir mejor los interlocutores antes de tratar de las motivaciones
que están en las raíces de nuestro coloquio.
Después de la emancipación política de Portugal,
nuestro país adoptó el régimen monárquico, hasta
el final del siglo XIX. Al instituir la República, en
la crisis que se agigantó después de la abolición
de la esclavitud, la corporación militar asumió
la tutela del nuevo régimen. Y desde entonces
viene haciendo intervenciones en el edificio
gubernamental, lo que volvió a ocurrir en 1964,
en el apogeo de la Guerra Fría
Una de las consecuencias del régimen militar fue
el aislamiento de Brasil en el terreno intelectual.
Emergiendo en el auge del autoritarismo, la
comunidad académica brasileña en el ámbito
de las ciencias de la comunicación acompañó a
distancia el fortalecimiento de nuestra comunidad
internacional.
Voy usar dos ejemplos. El Brasil se perfiló como
país-fundador tanto de la Aieri (1957) cuanto
de la Alaic (1978). Pero nuestra participación
orgánica en la primera fase de las dos asociaciones
fue puramente residual. Esa representación se
hizo casi exclusivamente por el voluntarismo
de investigadores brasileños residentes en el
extranjero. Sea por exilados políticos, sea por
funcionarios de organismos internacionales, que
poseían movilidad para comparecer a los foros
convocados por nuestras asociaciones.
La Intercom, fundada en 1977, funcionó
al principio casi clandestinamente, por la
desconfianza con que el gobierno de turno
encaraba las sociedades civiles, aún que de
naturaleza científica. Encorralados dentro del
territorio nacional, hesitamos mucho al iniciar
nuestra participación colectiva en la arena ins­
titucional del campo de la comunicación. Todo
fue reducido al diálogo hecho aisladamente
con personalidades del área, que invitamos a
participar de nuestros congresos nacionales.
Solamente tomamos la decisión de la ofensiva
orgánica después de la instalación del gobierno
civil que hizo la transición democrática de 1985
a 1989.
Teníamos bien clara la estrategia de actuar
concomitantemente en varios frentes que no se
excluían. Empezamos por la idea de construir un
espacio alternativo, que nos parecía una acción
táctica para afirmar nuestra presencia en el
escenario mundial.
Ella se materializó a través del Ibercom, que
organizamos por la primera vez en 1986, con
la expectativa de crear una alternancia bienal
entre América y Europa ibéricas. ¿Por qué esa
opción regionalista en un escenario dominado
por la mística internacionalista dominante en el
plan político? Exactamente por la convicción de
que la cooperación internacional, en el espacio
académico, ni siempre obedece la misma lógica de
las relaciones político-económicas. Esa hipótesis
privilegiaba la proximidad cultural como un
camino para el intercambio universitario.
Partíamos de nuestra experiencia cotidiana. El
dominio de las lenguas extranjeras aún constituye
una barrera para la circulación del conocimiento.
¿Cómo superar el sentimiento de soledad que
nosotros brasileños experimentamos por la
circunstancia de nos comunicarnos en lengua
portuguesa? Cercados de hispanohablantes por
casi todas nuestras fronteras, la familiaridad
cultivada con el idioma oficial de nuestros vecinos
constituye un factor decisivo para superar la
45
46
sensación de aislamiento intelectual.
Siempre que indicamos en aula un texto en
español o promovemos una charla en esa lengua,
la posibilidad de aprensión de los contenidos
es más probable que si usamos otras lenguas
inevitablemente demandando traducción.
Por otro lado, la distancia histórica que nos
venía separando de Portugal, inducía a privilegiar
España en las relaciones europeas, donde los
estudios de comunicación habían avanzado, a
pesar del franquismo. En el espacio portugués,
la valorización del campo comunicacional es
posterior a la Revolución de los Claveles, que
encerró la era salazarista.
Fue la proximidad idiomática anhelada por el
uso del portuñol que nos encorajó a promover el
primer Ibercom. A pesar de la pequeña adhesión
inicialmente hipotecada, creíamos que valía la
pena insistir en el proyecto.
Llevamos en consideración dos variables que
influyeran en el aparente fracaso de la iniciativa.
Ellas no fueron explicitadas, pero pairaban en el
aire. Por un lado, una especie de desconfianza
sobre las relaciones de Brasil con los vecinos
países latinoamericanos. Se trata de la sospecha
de intereses “imperialistas”, en la época asociados
a la escalada de nuestro régimen militar. Por
otro lado, la obsesión dominante en la península
Ibérica, en aquella coyuntura, en el sentido de
integrarse a la comunidad europea.
Comprendiendo que eran obstáculos removibles
con el pasar del tiempo, no renunciamos al
proyecto de construcción de una comunidad
iberoamericana. El inicio de una nueva etapa en
la restauración de nuestra vida democrática, con
la aprobación de la Constitución Ciudadana de
1988, nos animaba a seguir luchando.
De acuerdo con la estrategia de actuar en varios
frentes, movilizamos la comunidad nacional a
hacerse presente y hacerse notar en el congreso
mundial de ciencias de la comunicación promovido
por AIERI en 1988, en la ciudad de Barcelona.
La posibilidad de inscribir comunicaciones en
lengua española ampliaba la oportunidad de
participación de los investigadores brasileños.
No apenas inducimos una expresiva delegación
a comparecer al congreso, como aún logramos el
reconocimiento de Intercom en la condición de
entidad asociada a la AIERI. Para marcar posición,
presentamos la candidatura de Brasil como sede
del próximo congreso mundial.
De esta manera, fortalecemos la meta de nuestra
integración a la comunidad internacional. Ella
no se ha limitado a la conquista de un espacio
horizontal en la geografía de AIERI, pero dio un
paso adelante, de naturaleza vertical. Decidimos
recuperar el tiempo perdido en las relaciones
internacionales, estableciendo acuerdos de
cooperación binacional. Y empezamos por
Francia, nuestra antigua compañera en el
campo cultural, que fuera muy solidaria con
la intelectualidad brasileña en los tiempos del
régimen militar.
Barcelona fue el escenario de esa dupla iniciativa
internacionalista. Fue también en territorio
catalano que vislumbramos dos otras ofensivas,
dotadas de perfil regionalista.
Auto-convocada por los latinoamericanos
presentes en el Congreso de AIERI, se realizó en
Barcelona una asamblea extraordinaria de ALAIC,
objetivando decidir el futuro de la asociación.
Casi en estado agonizante, la entidad luchaba con
dificultades para mantener viva la lumbre de la
comunidad latinoamericana de comunicación.
Por consenso, se decidió apelar a Intercom para
asumir el liderazgo del proceso de revitalización
de Alaic.
3 Para lograr la legitimación de AIERI, contamos con el aval catalano de los principales anfitriones, Miquel de Moragas y Manoel Parés
i Maicas. La conexión francesa fue articulada con el beneplácito del
entonces presidente de la SFSIC, Bernard Miége.
4 Al frente de ese movimiento estaban Rafael Roncagliolo, Fátima
Fernandez y Roque Faraone.
5 ALAIC fuera confiada a la guardia de las colegas Patrícia Anzola y
Elizabeth Fox, residentes en Colombia.
Fue la proximidad idiomática anhelada por el uso del
portuñol que nos encorajó a promover el primer Ibercom. A pesar
de la pequeña adhesión inicialmente hipotecada, creíamos
que valía la pena insistir en el proyecto.
Sin embargo, hacíamos una exploración sobre
la oportunidad de llevar adelante la formación de
la comunidad iberoamericana. Esa idea fue bien
recibida en España, encontrando flaca resonancia
en Portugal, tanto en Lisboa cuanto en Oporto.
Pesando los puntos a favor y en contra, la
directiva de Intercom, entonces presidida por
Margarida Kunsch, decidió investir en todas las
frentes abiertas:
1) Convocó simultáneamente el II Ibercom y la
Asamblea de Reconstitución de Alaic;
2) Lanzó la candidatura de Brasil para recibir
el próximo congreso de AIERI, después de
Yugoslavia, pactando con la SFSIC la realización
del I Coloquio Brasil-Francia de Ciencias de
Comunicación.
Tanto el II Ibercom cuanto la reunión de Alaic
se realizaron en Florianópolis, Santa Catarina, en
1989.
A pesar de la ausencia de los portugueses, el
Ibercom adquirió densidad, discutiendo el papel
de las industrias culturales en las sociedades
iberoamericanas. Fueron decisivas las presencias
de Enrique Bustamante, Ramon Zalo, Obdulio
Martin Bernal, Enrique Sanchez Ruiz, Patrícia
Anzola, Marclino Bisbal, José Benitez, etc.
La asamblea de ALAIC fue precedida por
el compromiso asumido por dos sociedades
científicas que sobrevivieran a los efectos recesivos
de la “década perdida” – la mexicana AMIC y la
brasileña Intercom.
Durante el primero trienio, hicimos pere­
grinación por diversos países – Argentina,
6 Especialmente manifestada por Enrique Bustamante, que sensibilizo a FUNDESCO para apoyarla.
Uruguay, Paraguay, Chile, Bolivia, Perú, Ecuador,
Colombia, Venezuela, Panamá, Cuba, Costa Rica
– en la tentativa de animar a los investigadores
de la comunicación a fundaren/refundaren
asociaciones nacionales. Luego nos dimos cuenta
de las enormes dificultades del liderazgo y de las
propias instituciones. Percibíamos la ausencia de
voluntad política para crear una red de sociedades
científicas bajo la égida de Alaic.
Delante de esa situación, tratamos de capitalizar
el potencial existente, convocando el I Congreso
Latinoamericano de Ciencias de la Comunicación,
lo haciendo coincidir con el Congreso Mundial
promovido por AIERI en Brasil. En 1992, los dos
eventos fueron realizados con mucho éxito.
Como se habla en lenguaje popular, matamos
dos pájaros de un tiro. Logramos integrar la
vanguardia de la comunidad académica brasileña,
capitaneada por Intercom, a la comunidad
mundial, aglutinada por la AIERI. Y, al mismo
tiempo, promovemos el diálogo de nuestros
latinoamericanistas con los colegas venidos de
innúmeros países de la de la región, sedientos de
intercambio intracontinental, que pasaran a se
agrupar según temáticas de interés común.
En el ámbito latinoamericano, cumplíamos
el acuerdo hecho con la Amic, pasando a los
mexicanos la consolidación de los grupos de
trabajo esbozados en Sao Paulo, lo que de hecho
ocurrió en 1994, en Guadalajara.
Hegemonía
En el ámbito internacional, logramos erigir
puentes destinadas al futuro intercambio de los
brasileños interesados en estudios comparativos
47
48
con sus pares actuando en otros países. En esa
ocasión, vivenciando “por dentro” la dinámica de
un congreso internacional, percibimos la muralla
disimulada por la hegemonía anglófona en el
seno de la comunidad académica internacional.
A pesar de la proyección conquistada por
Brasil, figurando en el ranking de Guaruja como
el segundo país con mayor volumen de trabajos
seleccionados y no obstante buena parcela
tuviera sido presentada en inglés, en verdad el
diálogo con nuestros pares de otras geografías no
fluyó satisfactoriamente. La interacción posible,
en aquella ocasión, se dio con los contingentes
francófonos o hispanos, cuya proximidad
cultural nos atraía mutuamente.
Luego después del congreso mundial, pro­
movemos en Sao Paulo, el Coloquio Brasil-Francia
de Ciencias de la Comunicación. Fue la primera
tentativa de una serie de reuniones bi-nacionales
entre pares que se comunican sin necesidad de
traducción. Continuados periódicamente, ellas
se realizaran, sea en Francia, sea en Brasil. Tal
iniciativa fue posteriormente testada con otros
países – Italia, Inglaterra, Dinamarca, España,
Portugal, Canadá y Estados Unidos.
No descuidamos del cultivo de oportunidades
para el diálogo internacional, continuando a
incentivar la presencia de delegaciones brasileñas
en los congresos bienales de AIERI. Pero luego
nos dimos cuenta que el espacio de AIERI
se reducía, cada vez más, a los investigadores
fluentes en inglés. Más do que eso: motivados
por los temas de una agenda sintonizada con la
ótica dominante en la vanguardia que gira en
torno de la órbita anglo-americana.
Sintomática fue la retirada francesa de este
frente. Ella no se dio ostensivamente, pero puede
ser comprobada por la reducida participación
de los académicos que se expresan en francés
(incluso belgas y canadienses). Eso, a pesar del
francés constituir lengua oficial de la AIERI y de
Francia ser la cuna de AIERI. La participación
francófona ha sido mantenida por el segmento
que eligió el inglés como segunda lengua.
Otra evidencia contundente es la creación de
una especie de “gueto hispano” en los congresos
bienales de AIERI. Respetando el dispositivo
estatuario de que el español es también segunda
lengua oficial de la asociación, los responsables
por la programación de las actividades
segmentan los trabajos inscritos en cada sección
o grupo de trabajo, aislando en el fin de cada
jornada aquellos escritos en español. Después
del intervalo, cuando los grupos retornan a los
recintos donde están reunidos, se percibe que
solamente quedaron los hispanohablantes. Los
otros se retiraron discretamente.
En el congreso de 2004, en Porto Alegre,
Margarida Kunsch, como vocera de Alaic, reclamó
públicamente esa actitud, recibiendo explicación
plausible por parte de Kaarle Nordestreng. El
finlandes, que exerce liderazgo histórico en
nuestra comunidad, justificó diciendo que los
colegas anglohablantes se retiraban de las salas
porque no eran capaces de ultrapasar la barrera
idiomática.
El contra-argumento de la profesora Kunsch
fue inmediato. ¿Si es así, cuál es el sentido de la
presencia de estas comunidades minoritarias en
el espacio internacionalizado que pretende ser
AIERI? La solución evidente sería la traducción
simultánea, pero esto es inviable por el alto costo
de los honorarios de los profesionales.
Contra-hegemonia
Se torna cristalina, por lo tanto, la necesidad
de espacios donde los investigadores que poseen
afinidades culturales puedan reunirse y dialogar
sobre el avance del saber comunicacional. El
ejemplo más interesante es de los países nórdicos.
Ellos formaran el Nordicom – Nordic Centre for
Media and Communication Research - y se valen
del inglés como lengua franca en sus encuentros
anuales.
Haciendo un balance de los 10 encuentros realizados,
nos dimos cuenta de que ha faltado voluntad colectiva para dar
sentido a esta emergente comunidad iberoamericana.
En el caso ibérico, no necesitamos siquiera
recorrer a un idioma-puente, ya que el español y el
portugués son fácilmente comprensibles a través
de la lectura y el portuñol funciona naturalmente
como artificio de expresión oral.
Más fuerte que el argumento de operacionalidad
comunicativa es el de la proximidad simbólica,
pues vivimos en sociedades que poseen relaciones
económicas, políticas y culturales más cercanas
de lo que las decurrentes de otras articulaciones
geopolíticas.
¿Por qué no fortalecer estos factores convergentes
para constituir una comunidad iberoamericana
de ciencias de la comunicación?
Esta fue la intención seminal en los IBERCOM,
pero la experiencia acumulada en estos 20 años
demuestra que, a pesar de seductora, la idea aún
no sensibilizó colectivamente las vanguardias
nacionales.
Haciendo un balance de los 10 encuentros
realizados, nos dimos cuenta de que ha faltado
voluntad colectiva para dar sentido a esta
emergente comunidad iberoamericana. Hagamos
un mapa situacional: Brasil recibió la parcela
mayor (Sao Paulo, Florianópolis y Santos);
Portugal acogió 2 eventos (Porto y Maia), España
2 (Barcelona y Sevilla); los restantes fueron
realizados en países hispanoamericanos: Chile
(1), Argentina (1) y México (1). Su manutención,
sin embargo, ha sido fruto de voluntarismo de
pocos abnegados.
La dificultad que hemos tenido para la
organización de los encuentros periódicos habla
por si sola. Pero es innegable la afluencia de las
nuevas generaciones, siempre que logramos hacer
convocatorias anticipadas. El reciente encuentro
de Sevilla fue notable. La presencia significativa de
españoles e hispanoamericanos fue sorprendente.
Esa, a pesar de la flaca credibilidad decurrente
del encuentro de Madrid en 2002, cuyo fracaso
determinó que fuese realizado improvisadamente
en Maia, región metropolitana de Oporto.
Operación Phoenix
Este es, a mi juicio, el momento apropiado para
reverter la situación. La coyuntura es favorable
para el resurgimiento de la energía creadora
que motivó, desde la Escuela de Sagres, el ciclo
de las navegaciones que significó en verdad el
hecho precursor de la actual globalización de los
mercados.
Sí, al principio, traté de exorcizar el “mito de
Adán”, me permito ahora rescatar el “mito de
Phoenix”, para inspirar la operación destinada a
rescatar el renacimiento a partir de las propias
cenizas. La coyuntura parece muy favorable, pues
tenemos hoy sociedades científicas nacionales
actuando decisivamente en los dos polos.
En Europa Ibérica, la Sopcom – Asociación
Portuguesa de Ciencias de la Comunicación
– ha dado señales evidentes de convergencia
lusitana, uniendo las vanguardias actuantes en
Lisboa, Oporto y Coimbra a los otros centros
universitarios del país. En España, lo que parecía
inviable, frente al autonomismo histórico de las
8 Marcado para realizarse en la Universidad Complutense de Madrid,
7Además de Maria Immacolata V. Lopes y Margarida Kunsch, en
el evento fue cancelado en la última hora, frustrando los participantes
Brasil, esa lista incluye Luis Humberto Marcos (Portugal), Manuel
que, sin saber de la postergación, viajaron inútilmente a España.
Parés i Maicas y Francisco Sierra (España), Lucia Castellón (Chile),
9 Gracias a la acogida del ISMAE – Instituto de Enseñanza Superior
Alfredo Alfonso (Argentina) y Enrique Sánchez Ruiz (México).
de Maia – el congreso fue realizado, gracias al empeño de Luis Hum-
49
El espacio creado por Ibercom puede se
transformar en una especie de forum para aglutinación táctica,
alcanzando la unidad a estratégica ya referida.
50
comunidades que forman el Estado nacional,
se torna realidad con la constitución de Alaic- Asociación española de Investigación de la Co­
municación. Congregando liderazgos madri­leños,
catalanes, vascos, navarros, gallegos, an­daluces,
canarios y muchos otros, la emergente sociedad
española denota también su vocación para el
diálogo más allá del mar. Diálogo iniciado en el
interior de la península, a través de los congresos
ibéricos que re-unieron portugueses y españoles,
vecinos próximos y al mismo tiempo distantes.
En la América Hispana, además de la actuación
de Amic – Asociación Mexicana de Investigadores
de la Comunicación o del Coneicc – Consejo
Nacional para la Enseñanza de las Ciencias de
la Comunicación, hace mas de tres décadas,
y recientemente de la Aboic – Asociación
Boliviana de Investigadores de la Comunicación,
observamos movimientos tendientes a aglutinar
los estudiosos de la comunicación en Venezuela,
Argentina y Chile, pero posiblemente también en
otros países que pasan desapercibidos a la mirada
de los observadores externos. Es notable aún la
presencia de dos entidades que demuestran
capacidad de movilización de las respectivas
comunidades académicas – Alaic junto a los
investigadores y Felafacs junto a los decanos y
profesores que participan de juntas universitarias
– pero también seduciendo las nuevas
generaciones, o sea, los estudiantes matriculados
en más de un millar de cursos de comunicación
dispersos en la geografía que va del Río Grande a
la Patagonia.
En América Lusófona la situación presenta
mucho más organizada.
Lideradas por Intercom, que está celebrando
30 años de actividades sin interrupción,
reuniendo más de mil investigadores de todo el
país, y por COMPÓS, que aglutina los programas
de pos-grado, existe más de una decena de
sociedades segmentadas que integran el campo
comunicacional.
Representando los investigadores de perio­
dismo, relaciones públicas, cine, cibercultura,
comunicación política, historia de los media,
folkcomunicación, economía política, divul­
gación científica, etc., tales asociaciones buscan
maneras de coexistencia harmónica, formando
la Federación Brasileña de Sociedades Científicas
y Académicas de Comunicación – Socicom– que
inicia eficaz interlocución con el Estado, las
Empresas y la Sociedad Civil.
Capitalizar el dinamismo alcanzado por tales
instituciones, fortaleciendo el intercambio de
conocimientos generados en nuestra megaregión, constituye el imperativo de esta coyuntura
marcada por el “síndrome de los países parientes”,
faceta de aquél “choque de civilizaciones” a que
se refiere Samuel Huntington (1993).
¿Cuáles las estrategias indispensables para
fomentar una comunidad iberoamericana sin
abandonar el área internacional?
1. Crear encuentros periódicos – congresos,
seminarios, coloquios – a través de los cuales
los jóvenes investigadores puedan compartir sus
observaciones científicas con pares culturalmente
sintonizados, expresándose en su propia
lengua. Para tornar más fluido ese diálogo, se
torna preciso estimular la difusión recíproca
del portugués y del español. De esta manera,
lograremos diseminar el legado cognitivo que
estamos acumulando, a partir de realidades
culturales que configuran campos de experiencia
comunes, o sea, iberoamericanas.
2. Estimular nuestras vanguardias nacionales
que se expresan con facilidad en inglés a seguir
participando de los encuentros internacionales
del área – tanto la IAMCR – Internacional
Association for Media and Communication
Research – cuanto la ICA – Internacional
Comunication Association – en el sentido de
difundir nuestros progresos investigativos. Para
que esa presencia no sea residual, como viene
ocurriendo hasta hoy, se torna indispensable
establecer una articulación orgánica, superando
eventuales disputas nacionalistas y capitalizando
nuestra identidad cultural.
3. Implementar proyectos comparativos de
investigación en comunicación que pueda dar
cuenta de aquellas tareas que García Canclini
destaca en su agenda para nuestro fortalecimiento
como bloque cultural capaz de participar de
manera creativa y competitiva en los intercambios
globales. Se incluye en esta lista la “producción de
contenidos”, la formación de nuevos públicos”, la
“promoción activa de la diversidad cultural”, la
creación de “indicadores culturales” en el sentido
de facilitar la cooperación y los intercambios
internacionales.
El espacio creado por IBERCOM puede se
transformar en una especie de forum para
aglutinación táctica, alcanzando la unidad a
estratégica ya referida. Lo que no tiene sentido
es continuar una pelea sorda por la conquista
de adhesiones personales o grupales. Desde ese
punto de partida será posible llegar al puerto que
nos asegure presencia significativa en la geografía
planetaria, comunicando ampliamente la riqueza
de nuestra diversidad cultural.
Creo que este X IBERCOM clausura un ciclo
histórico en la vida de nuestra comunidad. El paso
siguiente es la agregación de todas las asociaciones
nacionales y regionales en una federación iberoamericana de ciencias de la comunicación,
creando sinergia para defender nuestros intereses
comunes en el seno de la comunidad mundial.
Reuniendo fuerzas y planificando nuestra acción
colectiva tendremos posibilidad de intervenir de
forma consecuente en la arena global y al mismo
tiempo ocupar los espacios institucionales que
ambicionamos legítimamente.
Si las sociedades científicas legitimadas a nivel
nacional, como Intercom, Amic, Aboic, Sopcom y
AE-IC, juntamente con las congéneres regionales
como Alaic, AssIbercom, Ulepicc, en la compañía
de otras asociaciones nacionales/regionales
más cercanas a la enseñanza, como es caso de
Felafacs, Compós, Forcine, Coneicc, Fadecos, etc.,
negociando la institución de una confederación
iberoamericana, rápidamente llegaremos a la
constitución del Forum Ibercom. Se trata de un
espacio para encuentros mundiales de nuestras
vanguardias académicas, revisando a cada dos
años el estado de la investigación comunicacional
y estableciendo correlaciones con las tendencias
de
otras
comunidades
mega-regionales
(Nordicom o Lusocom) y naturalmente también
de los colectivos internacionales (ICA, AIERI).
Vencida esta batalla, la Operación Phoenix
puede ser reemplazada por la Operación
Ícaro, impulsando la Nave Ibercom a volar con
autonomía, soberanía, espirito de cooperación y
voluntad solidaria.
Pero esta en una tarea para la próxima
generación.
La generación que hoy empalma el liderazgo
iberoamericano está desafiada a asumir el com­
promiso de romper el aislamiento inercial que
nos está condenando a contemplar a distancia la
marcha de la Historia y a ser sencillos receptores de
las ideas comunicacionales importadas. Si lo hace,
como yo espero sinceramente, la generación de los
artífices del IBERCOM, además de prestar cuentas
de su labor utópico, pueden iniciar el disfrute de la
merecida jubilación, con el sentimiento de misión
cumplida.
51
52
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CIeNCIAS DE LA COMUNICAciÓn
sua eceba
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faç ra e r s
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53
EL ESPACIO AUDIOVISUAL
IBEROAMERICANO: ENTRE EL MERCADO
Y LAS POLÍTICAS PÚBLICAS
Enrique E. Sanchez-Ruiz
Profesor-investigador, Universidad de Guadalajara. Coordinador del Doctorado en Ciencias Sociales. Ex–presidente de
la Asociación Mexicana de Investigadores de la Comunicación
(AMIC) y de ALAIC. Presidente de Asibercom. Autor de más de un
centenar y medio de publicaciones académicas.
E-mail: [email protected]
54
RESUMEN
Nos interesa en este ensayo reflexionar sobre cómo podrían evolucionar los intercambios
de imágenes entre los países iberoamericanos: tanto entre ellos como de los mismos con el
resto del mundo, en un contexto global contemporáneo tan desigual. Veremos si los circuitos
mundiales de intercambio de productos audiovisuales, tal como se han desarrollado en los
últimos decenios, favorecen o no la comunicación entre culturas.
PALABRAS-CLAVE: POLÍTICAS PÚBLICAS; AUDIOVISUAL; IBEROAMERICA.
ABSTRACT
This essay poses a reflection on the evolution of the exchange of images within Ibero
American countries and between the continent and other countries all over the world,
within a global context characterized with extreme disparities. We also discuss whether
the international audiovisual exchange circuits, after decades of evolution, promote
communication among cultures.
KEYWORDS: PUBLIC POLICY; AUDIOVISUAL; IBERO AMERICA.
RESUMO
Este ensaio reflete sobre os intercâmbios de imagens entre os países ibero-americanos: tanto
entre eles, como entre eles e o resto do mundo, num contexto global contemporâneo tão
desigual. É nosso propósito verificar se os circuitos mundiais de intercâmbios de produtos
audiovisuais - tais como se têm desenvolvidos nas últimas décadas - favorecem ou não a
comunicação entre culturas.
PALAVRAS-CHAVE: POLÍTICAS PÚBLICAS; AUDIOVISUAL; AMÉRICA IBÉRICA.
55
56
Introducción
Algunos de los más importantes conflictos
interculturales tienen su origen en la ignorancia
mutua y las representaciones estereotipadas,
tendenciosas o sesgadas, que se sustentan en la
poca o nula—o simplemente parcial—infor­
mación de unos pueblos sobre otros (Gotsbachner
2001; Shaheen 2003). Los estereotipos, los malos
entendidos, los estigmas (Goffman 2003) y las
insidias interculturales, en principio, se pueden
resolver, o por lo menos disminuir, por el recurso
a la comunicación (Brewer 2003). Cuando con­
sideramos la escala mundial, o de grandes regiones,
como la de los pueblos iberoamericanos, no
podemos pensar la comunicación sin el recurso
a los modernos medios de difusión. Hoy en día
los medios forman parte de grandes industrias
culturales, frecuentemente integradas vertical,
horizontal y transversalmente en enormes con­
glomerados, que a su vez suelen ser parte de
más amplias corporaciones transnacionales,
diversificadas en múltiples campos industriales,
comerciales y/o de servicios (Bustamante, 2003).
El imperativo económico y la alta concentración
son rasgos distintivos de las industrias culturales.
La comunicación contemporánea mediática pasa
por, o, más precisamente, parte del mercado y de
los intereses comerciales.
Por otro lado, la comunicación entre los
pueblos por medio de los productos de las
industrias culturales se podría lograr con mayor
eficiencia sólo si los intercambios de tales
productos culturales (entre ellos, los mensajes
mediáticos) tuviesen algún grado de equilibrio,
es decir si no fuesen tan altamente desiguales.
Aplica aquí la expresión de los economistas
sobre déficit o superávit en la balanza comercial,
en este caso, de productos culturales. Cuando
la balanza comercial es demasiado sesgada,
altamente deficitaria hacia alguno de los lados,
los contactos culturales, las posibilidades de
comunicación (horizontal, mutua), son también
desequilibradas. Después de todo, recordemos
que “comunicación”, en su sentido más amplio,
significa “puesta en común”. Si tales flujos son
demasiado desiguales o asimétricos, se generan
redes y estructuras hegemónicas, tanto en el plano
económico como en el cultural. Redes asimétricas
que impiden la comunicación y la comprensión
de todos con todos, en lugar de propiciarla. Si
hay un desequilibrio muy grande, un pequeño
grupo de países, puede convertirse en “emisor”
casi único de mensajes, los cuales, en sus relatos,
pueden referirse y describir equivocadamente
a todos los otros participantes en los flujos e
intercambios. Lo que suele pasar es que esos
emisores principales estereotipan a los demás.
No los muestran en su diversidad, sino a partir
de una selección unilateral de rasgos imaginarios,
que no necesariamente reflejan o se refieren a la
realidad. Aclaramos que no somos ingenuos con
referencia a esperar que alguien (individual o
colectivo) no opere en absoluto con estereotipos,
o simplificaciones generalizantes (Cabedoche
2007). Todos lo tenemos que hacer, en mayor o
menor medida (Macrae et al 1996). Pero algunas
de esta clase de representaciones falseadoras son
producto de la ignorancia plena —cuando no
de la mala fe— y, de nuevo, por el recurso a la
comunicación, la información y la educación,
formal o informal, se pueden corregir aunque sea
un poco. Quizás cabe otra aclaración: tampoco
somos ingenuos y por lo tanto no esperamos que
se logre eventualmente el equilibrio perfecto,
o la igualdad absoluta, pero sí puede pensarse
realistamente en tendencias hacia la equidad. Éstas
es difícil esperarlas del mercado solo; más bien,
tendrían que ser producto de políticas públicas,
tanto nacionales como internacionales. Que se
me entienda bien: el problema no es la puesta
en circulación de estereotipos; es el dominio de
unos pocos (incluyendo sus estereotipos) en
los circuitos comunicativos globales (Gordillo
2007).
La comunicación contemporánea mediática
pasa por, o, más precisamente, parte del mercado
y de los intereses comerciales.
Nos interesa en este escrito reflexionar sobre
cómo podrían evolucionar los intercambios de
imágenes entre los países iberoamericanos: tanto
entre ellos como de los mismos con “el resto del
mundo”, en un contexto global contemporáneo
tan desigual. Veremos si los circuitos mundiales
de intercambio de productos audiovisuales, tal
como se han desarrollado en los últimos decenios,
favorecen o no la comunicación, en los términos
en los que hemos descrito antes.
¿Flujo unidireccional?
En los años setenta y ochenta se habló de flujos
en “un solo sentido” de programas televisivos,
ante los resultados de investigaciones realizadas
para la Unesco, coordinadas por el finlandés
Tapio Varis (Nordenstreng y Varis 1976; Varis
1985). “Un sentido” (one way) era una expresión
que, aparentemente, describía el predominio de
un solo país, Estados Unidos, en ese flujo global
televisivo. Pero tal manifestación —simple
artificio expresivo— de hecho ocultaba una
serie de circuitos intermedios, de pequeña y
mediana escala, que se realizaban entre países
pertenecientes a regiones geográficas próximas
pero, principalmente, a grupos de países lingüística
y culturalmente cercanos, o afines (regiones
geolingüísticas, se les llamó posteriormente;
ver Wilkinson 1995). El informe de la Unesco
describía esos movimientos regionales de
programas televisivos, protagonizados por países
que ya habían desarrollado capacidades de
producción y exportación, aunque en el contexto
de preeminencia global de un solo país. En el
caso de la cinematografía, desde prácticamente
todo el siglo pasado hasta el presente, también
ha ocurrido el dominio de una gran potencia
mundial, acompañado de circuitos regionales y
geoculturales, encabezados por unos pocos países
con gran capacidad de producción, como es el
caso de la India (con su “Bollywood”), o Hong
Kong (Unesco 2000; Guback 1980; Sánchez Ruiz
2003).
En una primera instancia, hay que apuntar
entonces que la imagen monolítica y unilateral
del “one way flow” en realidad nunca fue “literal”.
Es decir, que siempre tuvo un sentido figurado,
pues los trabajos empíricos e históricos del
decenio de 1970 consignaban la existencia
de aquellos flujos regionales y mercados en
áreas con afinidades lingüísticas y culturales.
Por ejemplo, en el análisis de Jeremy Tunstall
(1977) del desarrollo del mercado geolingüístico
audiovisual anglohablante, que dio pauta para
el dominio mediático global estadounidense
(“The Media are American”, se titula el libro),
se describen también muchos de estos circuitos
comerciales intermedios. Entonces, a pesar de
que se puede observar empírica e históricamente
el desarrollo de un “centro” que durante el Siglo
XX dominó los mercados audiovisuales a escala
planetaria, siempre han existido “contraflujos”
regionales, a su vez dominados por lo que se
podría llamar, siguiendo a Immanuel Wallerstein
(1979), “semiperiferias”, o potencias intermedias,
como México y Brasil con respecto a la televisión
en Latinoamérica (Sinclair 1999). Hablamos
entonces de redes y circuitos complejos, no
de un simple flujo unidireccional (Straubhaar
2007). Sin embargo, es un hecho que el comercio
planetario de productos culturales es altamente
1 El libro más reciente de Tunstall (2008), al momento de escribir
esto, se titula The Media Were American. U.S. Mass Media in Decline.
57
El postmodernismo, acrítico (o conformista) y fragmentador de las
miradas, complementó de maravilla al reinado del mercado pregonado
por el neoliberalismo y su individualismo metodológico.
58
desigual y por lo tanto desequilibrado, y que la
gran mayoría de países y naciones se encuentran
en el polo meramente receptor, algunos con
capacidad nula de producción y participación
en tales flujos comerciales/comunicativos/
culturales (Sánchez Ruiz 2001; Unesco 2006).
Se les puede llamar de otra forma, para “no
emparentarse” uno con enfoques críticos de
ciencia social, supuestamente ya superados,
pero no por eso dejarían de ser países periféricos
(Wallerstein 1979). Entonces, en los años setenta
se podía caracterizar la estructura de los flujos
internacionales del audiovisual (televisión, cine)
como desigual, aunque no monolíticamente
desigual. De los análisis que acabamos de referir,
no se desprendía, en absoluto, que fuese imposible
que un país produjera programas de televisión o
películas, aunque sí se podía corroborar que para
unos era relativamente difícil y para la mayoría
bastante más difícil, prácticamente imposible en
algunos casos, producir y más todavía exportar
imágenes y sonidos empaquetados en productos
culturales audiovisuales. Como ya lo indicamos,
de hecho algunos países habían comenzado ya
a producir y exportar mercancías culturales
audiovisuales.
Pero la tendencia a simplificar la mirada
predominó y la imagen simplificante de “una
vía” (literalmente, un solo sentido, vertical y
monolítico) rigió en estudios y escritos críticos
que, por cierto, asumían alguna versión muy
simplificada (y simplificante) del “imperialismo
de medios”, o del llamado “imperialismo cultural”
(o de la “dependencia cultural”). Recordemos
que en los decenios del sesenta y setenta hubo
en el mundo una efervescencia crítica ante
las desigualdades e injusticias que producía el
capitalismo. Ante la existencia de una aparente
alternativa histórica como el socialismo, el
episteme (o, llamémoslo clima de opinión global)
predominante “favorecía” tales tipos de críticas,
especialmente en los entornos académicos
latinoamericanos. Complementariamente a los
análisis críticos, cundió por el mundo la idea de
“políticas nacionales de comunicación”, junto
con la posibilidad de un “Nuevo Orden Mundial
de la Información y la Comunicación” (Nomic)
(Sánchez Ruiz, 2005a). Al contrario de lo que
sucedió hacia los ochenta y especialmente durante
el decenio de 1990, en los setentas se dudaba
más o menos generalizadamente de la eficacia y
la eficiencia de las “fuerzas”, o de las “leyes” del
mercado, para resolver los problemas humanos,
sociales, nacionales e internacionales. En los
ochenta emergió una “nueva derecha” mundial
comandada por Ronald Reagan y Margaret
Thatcher, que en alguna forma lideró las nuevas
tendencias políticas y económicas dominantes
y que culminó en el llamado “Consenso de
Washington”. Sobrevino el surgimiento y eventual
predominio planetario del credo neoliberal y el
cambio de episteme, por el derrumbamiento
del muro de Berlín (de hecho, obviamente nos
referimos al derrumbamiento del denominado
“socialismo real”) y la llamada “crisis de los
paradigmas” en ciencias sociales y más en general
de las “verdades” más o menos generalmente
aceptadas. De repente, se volvió “políticamente
incorrecto” criticar al capitalismo global, o su
credo, el neoliberalismo, en muchos encuentros
académicos y políticos internacionales. Se tiraron
a la basura en muchos cubículos académicos los
2 Una especie de “sentido común” dominante, académico y político.
textos del marxismo, la teoría de la dependencia
y otros enfoques y propuestas críticas de análisis
y cambio social. El postmodernismo, acrítico
(o conformista) y fragmentador de las miradas,
complementó de maravilla al reinado del mer­
cado pregonado por el neoliberalismo y su indi­
vidualismo metodológico. El nuevo episteme inhi­
bió las críticas a los intercambios desiguales y las
propuestas de políticas, alternativas al mercado y
al “free flow”, durante los dos últimos decenios del
siglo pasado, especialmente en los noventa.
Para abonar al punto de vista acrítico pre­do­
minante, en los ochenta se descubrió“con sorpresa”
que los (bueno, algunos) países latinoamericanos
estaban (de hecho, habían estado) produciendo
programas televisivos e incluso exportándolos
(Antola y Rogers, 1984). Aun más, en Estados
Unidos algunos estudiosos “descubrieron” que
un país “periférico”, México, había estado desde
los años sesenta exportando programación
televisiva a aquel país, el supuesto imperialista
cultural por excelencia, lo que exageradamente
llamaron “imperialismo mediático revertido”
(“reversed media imperialism”) (Gutiérrez y
Reina-Schement, 1984). Si bien es cierto que casi
toda la programación de la televisión hispana
en EU era proveída por Telesistema Mexicano,
según los datos del segundo estudio de Tapio
Varis (1984) ésta constituía alrededor de medio
punto porcentual como proporción del total de
las importaciones televisuales estadounidenses.
En contraparte, la programación del país del
norte significaba poco más de una tercera parte del
total de la oferta televisiva de los mexicanos, y en
el horario de mayor auditorio se incrementaba a
más de la mitad (Sánchez Ruiz 1986; Varis, 1984).
Los términos de la balanza comercial televisiva
favorecían claramente a Estados Unidos, por lo
3 La empresa Telesistema Mexicano, precursora de Televisa, vendía
que, nuevamente, fue un despropósito hablar de
“imperialismo revertido”.
¿Afinidad cultural iberoamericana?
Hacia la segunda mitad de los ochenta se
hicieron algunos descubrimientos empíricos
que, si bien hoy pueden sonar a perogrulladas, no
dejan de tener importancia analítica: Un primer
hallazgo, asaz “obvio”, fue que los televidentes
en prácticamente todos lados, preferían los
programas nacionales en cada caso, cuando
los había (Straubhaar, 2003). Por otro lado, al
observar que algunos países como México habían
desarrollado mercados regionales, se coligió que
operaría un principio de “afinidad cultural”, que
comenzaría por el lenguaje común (Wilkinson,
1995). Por cierto, a algunos de estos estudiosos se
les olvidó que los programas estadounidenses nos
llegaban a Latinoamérica doblados al español, no
en su idioma original.
Entonces, a partir de la teoría de la afinidad
cultural, “se predecía” que, en cualquier lugar,
los programas producidos localmente serían
los preferidos y los más ampliamente vistos; y
enseguida, se preferirían los de países con culturas
“afines”, a partir del idioma (Biltereyst, 1992). En
general, éste razonamiento sirvió para “probar”
que la industria audiovisual de Estados Unidos
no era tan poderosa como se decía. De acuerdo
con este argumento, de hecho, en realidad Estados
Unidos no era un país “imperialista cultural”, y
sus transnacionales del espectáculo no eran “un
peligro” para las identidades locales, nacionales
y regionales. Por cierto, este argumento se
redondeaba con otro, exagerado, sobre la
actividad y selectividad de los receptores, que
en el extremo resultaban libres e inmunes a las
influencias de los mensajes mediáticos (Sánchez
Ruiz 2005b).
gramación. El principal accionista en ambas firmas era don Emilio
Azcárraga Vidaurreta.
también Tunstall (2008)
a la Spanish International Network (SIN) la mayor parte de su pro-
4 Un amplio análisis—no exento de apología—del proceso de
complejificación de estas concepciones, en Straubhaar (2007). Ver
59
60
Algo más que contribuyó a modificar la imagen
de “sometimiento” audiovisual fue la “historia de
éxito de las telenovelas latinoamericanas” (Rogers
y Antola, 1985). En la expresión, y en la idea que se
siguió circulando, había también una exageración
y por lo tanto un falseamiento: en realidad
no se trataba de un suceso “latinoamericano”
(es decir, que ocurriese en todos los países del
subcontinente), sino solamente de unos pocos
países, señaladamente en Brasil y México
(Sinclair, 1999; Marques de Melo, 1995). Con
posterioridad se demostraría que por lo menos en
Europa, las telenovelas circulaban de manera más
que marginal, en Europa del sur, y básicamente,
provenientes de los dos países ya mencionados
(Biletreyst y Meers, 2000).
Ha ido resultando que la primera parte del
razonamiento de la “afinidad cultural” sí suele
aplicarse a la realidad: es decir, prácticamente
en cualquier país en donde exista una oferta
nacional televisiva, ésta atrae principalmente
(no únicamente) la atención del público. Sin
embargo, con respecto al cine la gente en casi
todo el mundo prefiere en primer término las
producciones hollywoodenses y en segundo lugar
lo nacional, cuando existe la oferta (Sánchez Ruiz
2003). Pero la aplicación del razonamiento de la
“afinidad cultural” a la programación televisiva
extranjera no parece aplicarse al pie de la letra
(Kiefl, 2003). En el caso de México, por ejemplo,
se esperaría que después de los programas
nacionales, por afinidad cultural la teleaudiencia
buscaría los iberoamericanos, digamos, argen­
tinos, o colombianos, o españoles. Pero en
México, como en casi todo el mundo, la segunda
selección televisiva, después de lo nacional,
5 Hay que tomar en cuenta, por ejemplo, las diferencias entre los
diversos los géneros televisivos. A esto mismo hay que agregarle que
uno de los principales “géneros televisuales” el el cine, es decir, las
películas cinematográficas, que se programan tanto en la televisión
aérea, como—y principalmente—en la de paga (Ver Sánchez Ruiz
2001).
suele ser la de programas estadounidenses,
especialmente películas cinematográficas (Jara
y Garnica, 2007). De vez en cuando, alguna
telenovela latinoamericana llega a las pantallas
caseras, pero no es muy frecuente el caso. En
la televisión de paga, muy esporádicamente,
se exhiben películas españolas y con mayor
frecuencia programas de concurso o variedades
(Gutiérrez, 2005). Televisión Española (TVE,
o alguna otra emisora, como Antena Tres) se
incluye en algunos sistemas de cable como parte
del menú. Pero en general no hay en México una
gran presencia española o iberoamericana más
en general ni en la televisión, ni en las carteleras
cinematográficas. Algo similar pasa en los demás
países latinoamericanos, en Estados Unidos (en
la TV hispana) y en España (Vilches, 2007).
Que se entienda bien: si afirmamos, basados en
investigaciones empíricas, tanto propias como
de otros, que algo casi no pasa en Iberoamérica,
no significa que creamos que es imposible que
suceda y por lo tanto que no vaya a pasar. Aquí
proponemos que se generen políticas públicas,
tanto nacionales como regionales, para propiciar
que si ocurran esos mayores intercambios, que a
su vez hagan circular una mayor diversidad en
la oferta cultural audiovisual para los públicos
iberoamericanos (ver Sánchez Ruiz, 2006). Por
otro lado, si bien hablábamos de demanda de
las teleaudiencias, hay una hipótesis plausible
referida a la oferta, en el sentido de que a las
grandes cadenas nacionales (Televisa, TV Azteca
en el caso mexicano), que son también las grandes
productoras y distribuidoras de televisión, puede
simplemente no convenirles abrir el mercado a
productoras de otros países iberoamericanos,
con lo que habría una especie de “proteccionismo
privado”, como el que nosotros hemos mostrado
que han ejercido en Estados Unidos las grandes
empresas cinematográficas (Sánchez Ruiz, 2003).
Los hábitos de consumo cultural —desarrollados
en períodos de mediano y largo plazo, aunque
Los hábitos de consumo cultural —desarrollados en períodos de
mediano y largo plazo, aunque sujetos a los vaivenes de las modas— se
pueden considerar parte del acervo cultural en cualquier lugar.
sujetos a los vaivenes de las modas— se pueden
considerar parte del acervo cultural en cualquier
lugar. Estos hábitos de consumo cultural incluyen
no solamente la exposición a determinados
medios como cine y televisión, o prácticas de
lectura y de escuchar música, sino también otros
patrones de consumo, como el vestir, o el comer
(Payne, 2002). Entonces, probablemente en
realidad el argumento de la afinidad cultural sí
se aplica, pero resultaría que prácticamente en
todo el planeta, los diferentes pueblos hemos
ido desarrollando una afinidad cultural con
Estados Unidos mediante el consumo durante
mucho tiempo de sus productos culturales, como
películas, algunos de sus programas televisivos,
rodeados por la música y todo un paquete
cultural que incluye formas de vestir, de comer
y de divertirse, especialmente afines a las clases
medias altas urbanas en todo el mundo. Así,
pues, consumimos filmes estadounidenses en
primer lugar y en segundo los nacionales, o los
“regionales” en virtud de algún tipo de afinidad
cultural desarrollada históricamente. Y en la tele,
vemos programas nacionales en primer término
y luego los estadounidenses, y de lejos vienen
los “otros”, incluidos los iberoamericanos. De
cualquier manera, hay ciertas tendencias más
o menos “obvias”, de acuerdo con los géneros
televisivos de que se trate. Por ejemplo, la
información que suele interesar más es la referida
a las realidades más próximas: lo local, lo nacional
(es difícil pensar la CNN compitiendo con los
noticiarios nacionales y locales en Iberoamérica).
Otros géneros, como las telenovelas, son parte
del nicho de especialidad de algunos países
latinoamericanos, como Brasil, México, Venezuela
y otros. Por dar un ejemplo, en el informe 2004
de Eurofiction-España (Vilches et al, 2004), se
señalaba que durante 2003 en las horas de mayor
audiencia, solamente el 27.8% de los programas
de ficción provenían de Estados Unidos, por
45.6% de España y 26% del resto de Europa (de
Latinoamérica, nada). En el horario nocturno
(“late night”), la ficción estadounidense subía al
41% y la “doméstica” disminuía a 59%, todavía
mayoritario. Sin embargo, de la programación
diurna lo importado de Estados Unidos subió
hasta el 71.6%, lo nacional decayó al 19%,
mientras que otras ficciones europeas llenaron
solamente un 2.7%. Añade el informe que:
Además de la ficción nacional, también
cedieron presencia en pantalla los productos
englobados en ‘Otras’, cuyo descenso se asocia,
en gran medida, a la menor influencia de las
series latinoamericanas, que perdieron fuerza
en nuestro país después de efímero reverdecer
del género en las televisiones privadas gracias
a Yo soy Betty, la fea (emitida en el año 2002
por Antena 3) (Vilches et al 2004: 11).
En suma, en muchos países del mundo se ha
ido desarrollando una afinidad cultural con los
estadounidenses, que se manifiesta en los hábitos
de consumo cultural (de nuevo, el consumo
cultural es parte constitutiva de la cultura de un
pueblo). Es muy interesante hacer notar que en
el mundo se ha ido expandiendo paulatinamente
el gusto por los productos culturales de Estados
Unidos, al mismo tiempo en que también se ha
ido generando un “antiamericanismo”, dirigido
especialmente a su gobierno y sus políticas
guerreras (Millar, 2005). Al igual que en el resto
6 Habemos trabajadores intelectuales “de izquierda” latinoamericanos, que no negamos nuestro gusto por el Jazz, el Blues y el Rock,
por ejemplo.
61
del mundo, también el cine estadounidense tiene
una presencia enorme en España, donde los filmes
latinoamericanos son menos que marginales
(Escala, 2006; Bonet y González, 2006). Con
respecto a las representaciones de la propia
industria española, es bastante elocuente el título
de un artículo: “El diálogo intercultural en el cine
español contemporáneo: entre el estereotipo y el
etnocentrismo” (Gordillo, 2007).
62
¿El mismo “idioma”?
Si bien es cierto que el lenguaje es importante,
nuevamente recuerdo que los programas
televisivos de Estados Unidos nos han llegado
desde siempre doblados al español, y las películas
cinematográficas por lo menos subtituladas.
Durante muchos años, los programas se doblaban
para Latinoamérica principalmente en la ciudad
de México, donde se desarrollaron ciertos
patrones de profesionalización de esa actividad,
pero también un acento “neutro” mexicano,
al que se acostumbraron en muchos países
latinoamericanos, cuyas empresas televisuales no
tenían los recursos para realizar el doblaje. Así,
la empresa dominante mexicana, Televisa, fungía
incluso como una especie de “gatekeeper”, en la
medida en que las televisoras de diversos países
compraban cada año de Estados Unidos solamente
los programas que se doblaban en México. Con
el crecimiento de la televisión en muchos países,
y el surgimiento de las nuevas modalidades de
paga, a su vez se han ido desarrollando otros
polos para la producción y el doblaje televisuales,
como Caracas, Miami, Buenos Aires, etc.
Por otro lado a pesar de que en principio
nos debería identificar el lenguaje común a los
públicos de habla hispana, hay de hecho variedades
dialectales y acentos que suelen constituirse en
barreras para la aceptación de los programas y las
películas por las audiencias (Pérez Cavaría, 1997).
De hecho, por ejemplo en España con frecuencia
“doblan al español” las películas latinoamericanas
habladas con los acentos respectivos de los países
de origen. La verdad es que la forma de hablar de
los mexicanos, los cubanos, los argentinos y los
españoles es suficientemente diversa, como para
que una buena parte del público cinematográfico
o televidente incluso pueda no entender algunas
expresiones. Pero precisamente es función de
que se fomenten los intercambios, para que se
incremente la “afinidad cultural” iberoamericana,
en este caso, en relación con los consumos
culturales (Wilkinson, 2003). A pesar de que
en los últimos años ha aumentado un poco la
presencia iberoamericana en los países de habla
hispana de esta región geolingüística, los flujos
son todavía escasos y solamente unos pocos
países participan en ellos. Por ejemplo, los países
del Mercosur están aumentando los intercambios
audiovisuales (Getino, 2006). La presencia de
programas latinoamericanos en la televisión
española, particularmente las telenovelas,
también se ha ampliado, según los análisis de
Obitel, el Observatorio Iberoamericano de la
Ficción Televisual (Vilches, 2005). De hecho, con
respecto a los programas de ficción, se ha generado
una estructura programática interesante en
algunas televisoras españolas: la barra vespertina
la vienen a ocupar telenovelas latinoamericanas
(las cuales, al parecer, ya no hay necesidad de que
se “doblen al español”); la barra nocturna en el
horario “prime time” las series españolas, y se
ha desplazado las series estadounidenses para la
barra nocturna tardía. Es decir, se está generando
la sensibilidad del público a otros acentos y
variedades dialectales del español.
¿Intercambio cultural… o comercio
internacional?
¿Se puede “perfeccionar” al mercado?
Recordemos que estamos hablando de un
negocio, de comercio, de industria, aunque sea
cultural. Estamos hablando de una realidad
que en la actualidad responde principalmente
a imperativos del mercado. Sin embargo, como
dirían los economistas neoclásicos, el de la
industria cultural audiovisual es un mercado
altamente “imperfecto”, porque está sumamente
concentrado, es altamente oligopólico, tanto
al interior de los países, como con respecto al
mercado internacional (Segovia, 2004; Becerra
y Mastrini, 2005). En este sentido, no se puede
esperar que las “libres fuerzas del mercado”
sean las que propicien la reducción de los
desequilibrios y las asimetrías en los intercambios
comerciales de productos culturales, mucho
menos que favorezcan flujos y circuitos pro­
piamente comunicativos. Como ya hemos visto
antes, desde los años setenta han circulado
dudas y cuestionamientos sobre la eficiencia
social—y aún económica—de los mercados
mediáticos, con propuestas para la generación
e instrumentación de políticas públicas, que no
necesariamente tienen que substituir al mercado.
Por ejemplo, la “competencia imperfecta”
que caracteriza a los mercados oligopólicos
mediáticos podría ser “remendada” en alguna
medida con políticas y leyes que favorezcan
la competencia y la competitividad, tanto al
interior de los países, como en el plano regional.
Pero como es de esperarse, quienes dominan
los mercados mundiales, como la Motion
Picture Association, presionan a los gobiernos
del mundo (directamente y mediante acciones
de, por ejemplo, el Departamento de Comercio
estadounidense) a no ejercer acciones y políticas
de apoyo a sus propias cinematografías, exigiendo
que se deje al mercado operar solo (Sánchez Ruiz,
2003). Sin embargo, está bien documentado que,
entre otros factores, históricamente los gobiernos
norteamericanos respaldaron de diferentes
maneras el desarrollo y la expansión de sus
empresas hacia el resto del mundo. Así que, ahora
que este país ya ocupa el lugar dominante, su
gobierno y empresas exigen que otros gobiernos
no apoyen sus propias industrias. Pero su
preeminencia planetaria no se logró solamente a
base de “oferta y demanda” (ibidem).
El episteme dominante está cambiando, en
virtud de los resultados desastrosos que ha
producido el capitalismo global. Cada vez más es
políticamente —y académicamente— correcto
criticar las enormes desigualdades que se han
producido, así como la búsqueda y propuesta
de políticas públicas que remedien en alguna
medida los problemas que han producido las
“imperfecciones” de los mercados. El caso del
programa Ibermedia es muy ilustrativo. Este es
Es en la producción, en la distribución
y en la exhibición, de forma global, orgánica
e integrada, que se tiene que producir este
movimiento propicio a múltiples flujos y
circuitos de comunicación.
un fondo común iberoamericano, creado en 1997,
que pretende promover en sus Estados miembros
y por medio de ayudas financieras, la creación de
un espacio audiovisual iberoamericano (Moreno
Domínguez, en prensa). Gracias a los apoyos
proveídos por este fondo común de algunos
países iberoamericanos, por ejemplo Bolivia y
otros países con una industria muy incipiente
han podido incrementar sus producciones
cinematográficas. Ibermedia es resultado y
concretización de políticas públicas que pueden
propiciar mejores y mayores flujos comunicativos
audiovisuales entre las culturas iberoamericanas.
Si bien no ha estado exento de problemas, se le
considera un programa exitoso:
Prueba del éxito es la continuidad en
el crecimiento de países que se quieren
sumar al mismo, principalmente países de
pequeño tamaño que gracias a las ayudas de
Ibermedia pueden incentivar una industria
cara pero emergente y estratégica como la
63
del audiovisual. Según su directora, Elena
Vilardell, el programa tiene actualmente sobre
la mesa solicitudes de ingreso de países como
Costa Rica, Ecuador o Paraguay y acaba de
sumar para la convocatoria de 2006 a Panamá
(ibid: 10).
64
El gran cuello de botella para el cine
iberoamericano es la estructura altamente
con­­centrada de la distribución, controlada
oligopólicamente por las“majors”estadounidenses
en todos los continentes. Pero un mercado
altamente concentrado no se va a corregir y
hacerse más competido automáticamente. De
hecho, en un mercado con estas características
no operan las llamadas “leyes del mercado”,
que presuponen, en el mejor de los casos—que
al parecer nunca en realidad ha existido—la
competencia perfecta (o el mejor acercamiento
posible). Las políticas públicas, las acciones
gubernamentales e intergubernamentales, en­
ton­ces, pueden complementar y corregir las
“imperfecciones” del mercado. Una imperfección
muy grande es que los productos culturales no son
simple y llanamente “mercancías”. Además de ser
productos con un valor de cambio, los productos
de las industrias culturales son también propuestas
de sentido, bienes simbólicos que contribuyen
a definir en el imaginario social lo propio y lo
ajeno, propuestas identitarias; generadoras de
afinidades y diferencias imaginarias. No hablamos
de influencias monolíticas sobre los receptores.
Pero sí se trata de discursos hegemónicos que
tienen efectos profundos de mediano y largo
plazo. La mayor parte de los públicos buscan los
medios audiovisuales para entretenerse, pero
en el camino, de pasada, se informan e incluso
aprenden. La mayor parte de lo que las personas
saben de política, por ejemplo, lo aprenden de la
tele (Sánchez Ruiz, 2005d). La mayor parte de lo
poco que sabemos los mexicanos sobre Venezuela
y los venezolanos (por ejemplo, que logran
lugares altos en el concurso de Miss Universo,
o en los últimos tiempos, que al parecer tienen
a un presidente un poco lenguaraz), lo hemos
aprendido de la tele. A veces, una parte de lo que
sabemos sobre otros pueblos iberoamericanos,
nos lo “enseñó” el cine estadounidense. Y ya lo
hemos comentado, con la mayor frecuencia a
partir de estereotipos y prejuicios que predominan
en aquel país.
Colofón
Hemos visto que los flujos comunicativos y
comerciales iberoamericanos mediados por las
industrias audiovisuales son bastante escasos
y altamente asimétricos, sesgados hacia el
predominio de los países más ricos. Esto, a la
vez, impide la diversidad de relatos, de géneros,
de representaciones en circulación, en vistas a lo
que podría constituirse verdaderamente en un
“espacio audiovisual iberoamericano”. Se tienen
que establecer e instrumentar políticas públicas
y acciones conducentes para que en nuestros
países se desarrollen industrias televisuales y
cinematográficas competidas y competitivas.
Es decir, lo primero que se tiene que combatir
es la alta concentración que existe en las
capacidades para la producción, la distribución
y la “entrega” de imágenes empaquetadas por
televisión, video y cine. Primero, al interior de
los países. Complementariamente, es necesario
que se pongan a funcionar los instrumentos
que ya existen e inventar otros, para activar y
dinamizar un mercado que a la vez permita que
nos conozcamos unos a otros, en esta región tan
rica culturalmente, con tanta diversidad como lo
es Iberoamérica.
Hay quienes pensamos que es posible producir
una mayor identificación entre las naciones
de habla hispana (lo que, por cierto, incluye
a los “hispanos” de Estados Unidos). Un paso
más difícil, pero no imposible, es la inclusión
de los países lusófonos iberoamericanos,
El episteme dominante está cambiando,
en virtud de los resultados desastrosos que ha
producido el capitalismo global.
Brasil y Portugal. Pero tal identificación, base
de algún tipo de identidad iberoamericana,
solamente puede partir del reconocimiento de
la diversidad. Tal como lo enuncié al principio,
es a través de mayores intercambios y flujos
comunicativos como se podrán reducir la
ignorancia, los estereotipos desfavorables y los
prejuicios, etnocéntricos y racistas a veces. Pero
en mercados altamente imperfectos, oligopólicos
o francamente monopólicos, no se puede lograr
un mayor balance y por lo tanto reducir las
asimetrías, si no se interviene en “auxilio” de las
fuerzas del mercado, ya que una vez concentrado,
continúan tendencias en el mismo sentido.
Estamos pensando en la posibilidad de que se
favorezcan políticas públicas al interior de los
países, pero también en el plano internacional, que
apoyen el desarrollo de la producción audiovisual
independiente, en aras de una convergencia ya
no solamente tecnológica y empresarial, sino
también espiritual, en el espacio iberoamericano.
Ya hay algunos esfuerzos que han arrojado sus
primeros resultados, como Ibermedia o Telesur
(Aharonian, 2007).
Hay algunos casos en el “espacio ibero­
americano”, en los que habría que comenzar casi
de cero. Por ejemplo, una de las conclusiones del
único trabajo académico que conocemos sobre la
presencia latinoamericana en Portugal a través
de los medios, es la siguiente:
La América Latina está prácticamente
ausente de la prensa portuguesa. Es como
si hubiese sido tachada en el mapa, a pesar
de los lazos históricos existentes. Y a pesar,
también, de la omnipresente telenovela
brasileña, que conquistó, desde hace ya casi
veinte años, los hogares portugueses y está
siempre en el lugar más alto de la preferencia
de las audiencias. O sea, estamos entre todo y
nada (Marcos, 1994: 144).
Es en la producción, en la distribución y en la
exhibición, de forma global, orgánica e integrada,
que se tiene que producir este movimiento
propicio a múltiples flujos y circuitos de
comunicación. No es el mercado y “sus fuerzas”
ciegas e insensibles, quien realizará lo conducente.
Pero tampoco es, sólo, el Estado. Hay individuos,
grupos e instituciones de la sociedad civil
interesados en un desarrollo cultural humano,
diverso y enriquecedor. También les corresponde
ejercer presiones tanto sobre el mercado como
sobre el Estado, para dinamizar tales circuitos
comunicativos.
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Más allá del imperialismo de los medios.
67
LA SOCIEDAD DE LA UBICUIDAD, LOS
PROSUMIDORES Y UN MODELO DE COMUNICACIÓN
PARA COMPRENDER LA COMPLEJIDAD DE LAS
COMUNICACIONES DIGITALES
Octavio Islas
Mexicano. Licenciado en sociología, maestro en
comunicación y desarrollo, maestro en administración y
tecnologías de información, doctor en ciencias sociales.
Director de Proyecto Internet-Cátedra de Comunicaciones
Estratégicas y Cibercultura del Tecnológico de Monterrey,
Campus Estado de México [http://www.proyectointernet.
org] Director de la Asociación Latinoamericana de Investigadores de la Comunicación (ALAIC). Coordinador de
los consejos editoriales de la revista web Razón y Palabra
[http://www.razonypalabra.org.mx], y Revista Mexicana de
Comunicación. Miembro del Sistema Nacional de
Investigadores (SNI). Su principal blog puede consultarse
en http://www.octavioislas.wordpress.com
Email: [email protected]
68
RESUMEN
En el imaginario de la sociedad de la ubicuidad, en el cual las comunicaciones digitales inciden de
forma categórica en el desarrollo y evolución de los nuevos ambientes comunicativos, las figuras
de “emisor” y “receptor”, así como la mayoría de modelos que ayer permitían explicar el proceso
comunicativo, hoy exhiben evidentes limitaciones en sus capacidades explicativas. El desarrollo de
las comunicaciones digitales móviles nos desplaza hacia una nueva ecología cultural: la sociedad
de la ubicuidad. Con el desarrollo de la web 2.0 y versiones superiores, los usuarios de Internet
han accedido a la condición de prosumidores. Los prosumidores articularán nuevos ambientes
comunicativos a través de la inevitables remediaciones sobre el conjunto de dispositivos que
acompañan el desarrollo de las comunicaciones digitales móviles.
PALABRAS CLAVE: PROSUMIDORES; INTERNET; SOCIEDAD DE LA UBICUIDAD; ECOLOGÍA DE MEDIOS;
COMUNICACIONES DIGITALES MÓVILES; MODELO DE COMUNICACIÓN; MCLUHAN.
ABSTRACT
In the imaginary of the ubiquity society, in which digital communication influences decisively the
development and evolution of new communicative environments, the “sender” and the “receiver”, and
the majority of the models that previously allowed to explain the communication process, today pose
evident limitations in its explanatory capabilities. The development of digital communication has
transported us into a new cultural ecology: the society of the ubiquity. With the development of the
web 2.0 and its latest versions, Internet users are granted the condition of the prosumers. The prosumers articulate new communication environments through the inevitable remediation of the plethora
of devices that result from the development of the mobile digital communication.
KEY WORDS: PROSUMERS; INTERNET; UBIQUITY SOCIETY; MEDIA ECOLOGY; MOBILE DIGITAL COMMUNICATION; COMMUNICATION MODEL; MCLUHAN.
RESUMO
No imaginário da sociedade da ubiqüidade, em que as comunicações digitais incidem de forma
categórica no desenvolvimento e evolução dos novos ambientes comunicativos, a figura do emissor
e receptor, assim como a maioria dos modelos explicativos dos processos de comunicação, exibem,
atualmente, limitações em suas capacidades explicativas. O desenvolvimento das comunicações digitais
nos coloca diante de uma nova ecologia cultural: a sociedade da ubiqüidade. Com o desenvolvimento
da web 2.0 e suas versões posteriores, os usuários de Internet ganham a dimensão de prosumidores.
Os prosumidores articulam novos ambientes comunicativos por meio de inevitáveis remediações sobre
o conjunto de dispositivos que acompanham o desenvolvimento das comunicações digitais móveis.
PALAVRAS-CHAVE: PROSUMIDORES; INTERNET; SOCIEDADE DA UBIQÜIDADE; ECOLOGIA DOS MEIOS;
COMUNICAÇÃO DIGITAL MÓVEL.
69
70
1. La sociedad de la ubicuidad
La ecología de medios ó Media Ecology,
conocida también como “Escuela de Toronto”,
“Escuela de Nueva York”, “Mediología”, “Escuela
de San Luis”, y “Escuela Norteamericana de
comunicación”, tiene como fundamento las
tesis de Marshall McLuhan, pero con el paso de
los años se ha enriquecido con las aportaciones
de reconocidos pensadores, destacando Neil
Postman, quien así define el objeto de estudio de
la ecología de medios:
“La ecología de los medios analiza como los
medios de comunicación afectan la opinión
humana, la comprensión, la sensación, y el
valor; y cómo nuestra interacción con los
medios facilita o impide nuestras posibilidades
de supervivencia. La palabra ecología implica el
estudio de ambientes: su estructura, contenido
e impacto en la gente”.
Entre las distintas escuelas que en las ciencias
de la comunicación se han ocupado de analizar
de manera integral el proceso de la comunicación, la ecología de medios se distingue por conceder particular énfasis al estudio de las nuevas
tecnologías y los ambientes comunicativos, pues
como atinadamente afirmó Marshall McLuhan
en el libro The medium is the massage. An inventory of effects (1967:26), en última instancia los
medios admiten ser comprendidos como tecnologías, y éstas, como prolongaciones del hombre:
“all media are extensions of some human faculty
psychic or physical”.
Una de las mejores explicaciones sobre la fenomenología de los cambios tecnológicos en
las sociedades –tema medular en la ecología de
medios-, corre a cargo de Neil Postman. El 27
de marzo de 1998, Neil Postman, entonces decano del Departamento de Cultura y Comunicación de la Universidad de Nueva York, Estados
Unidos, dictó, en Denver, Colorado, una de las
conferencias magistrales del “Congreso Internacional sobre Nuevas Tecnologías y Persona Humana: Comunicando la fe en el Nuevo Milenio, o
NewTech´98”. El título de la conferencia fue “Five
Things We Need to Know About Technological
Change” -Cinco cosas que necesitamos conocer
acerca del cambio tecnológico. Estas son las cinco tesis que enunció Postman en la referida conferencia:
1.- La cultura siempre paga el precio de la
tecnología.
2.- Siempre hay ganadores y perdedores en
el cambio tecnológico.
3.- Toda la tecnología tiene una filosofía.
4.- El cambio tecnológico no es aditivo; es
ecológico.
5.- Los medios de comunicación tienden a
convertirse en míticos.
Deseo centrar mi atención en la tercera
tesis de Neil Postman, la cual nos permitirá
comprender los fundamentos filosóficos que
permiten sustentar en Japón el imaginario
de la sociedad de la ubicuidad.
Del 5 al 9 de octubre de 2004 se desarrollaron
las actividades del CEATEC 2004, en Makuhari
Messe, Japón. El CEATEC es la exhibición
anual más importante en Asia de las industrias
1De acuerdo con Fernando Gutiérrez, director del Departamento de Comunicación del Tecnológico de Monterrey, Campus Estado de
México), y miembro del comité directivo de la Meida Ecology Assocaition (MEA), la Media Ecology es una metadisciplina que se encarga
del estudio de un conjunto complejo de relaciones o interrelaciones entre símbolos, los medios y la cultura. La palabra “ecología” implica
el estudio de los ambientes y sus interrelaciones: contenido, estructura, e impacto social. Un ambiente mediático es aquel que deriva de las
interealciones entre el hombre y las distintas tecnologías de comunicación como: libros, radio televisión, internet... La “ecología mediática” se
refiere al estudio de las técnicas, modos de información y códigos de comunicación como parte principal de un ambiente interrelacionado que
proyecta diferentes efectos en un contexto determinado.
2 Véase: http://www.media-ecology.org/media_ecology/ Fecha de consulta: 16 de mayo de 2008.
3 Véase: http://itrs.scu.edu/tshanks/pages/Comm12/12Postman.htm Fecha de consulta: 16 de mayo de 2008.
(…) la ecología de medios se distingue por conceder
particular énfasis al estudio de las nuevas
tecnologías y los ambientes comunicativos.
de electrónica avanzada y telecomunicaciones.
Las principales marcas presentan los nuevos
productos que introducirán al mercado. El tema
central del CEATEC 2004 fue “Sociedad Digital
Ubicua Enriquecida, Acelerando la siguiente
etapa”. En la referida edición del CEATEC 2004,
Kunio Nakamura, presidente de Matsushita
Electric Industrial Co., -corporativo del cual
forma parte Panasonic-, dictó la conferencia
magistral que inauguró las actividades de la
referida feria tecnológica. El título del discurso
de Nakamura fue: “Creando la sociedad de la
ubicuidad en Japón, una nación creada en la
tecnología”.
Japón se propuso acceder a la “sociedad de la
ubicuidad” en el año 2010. El término “sociedad
de la ubicuidad” –afirma Nakamura-, designa
una sociedad en la que cualquier persona puede
disfrutar, en cualquier momento y en cualquier
lugar, de una amplia gama de servicios a través de
diversos dispositivos terminales y redes de banda
ancha. El lema de la sociedad de la ubicuidad es
anyone, anywhere, anytime –cualquier persona,
en cualquier lugar, en cualquier momento-. La
importancia de las comunicaciones digitales
móviles evidentemente se encuentra implícita en
el lema de la sociedad de la ubicuidad. De acuerdo
con Nakamura, tres factores resultan de capital
importancia en el desarrollo de la sociedad de la
ubicuidad: una sólida infraestructura de redes,
eficientes dispositivos terminales, y servicios de
contenido. La banda ancha admite ser considerada
como la columna vertebral de la “sociedad de
la ubicuidad”, y Japón es uno de los países que
mayor cantidad de recursos ha destinado al
4 Véase: [http://www.ceatec.com/es/2004/exhibitors/f-regulation.
html]. Fecha de consulta: 16 e mayo de 2008.
desarrollo de una sólida infraestructura de redes
de banda ancha.
En 2001 el gobierno japonés puso en marcha la
iniciativa “e-Japan Stratetegy”. En la primera etapa
de la referida iniciativa, el gobierno y la iniciativa
privada destinaron los recursos necesarios para
establecer una sólida infraestructura de servicios
de banda ancha. En la segunda etapa de “eJapan Stratetegy”, el gobierno decidió impulsar
programas de alfabetización mediática para
extender el uso de avanzadas tecnologías de
información. Además, mediante el programa “eJapan”, los japoneses se han propuesto elevar las
capacidades de las redes ubicuas, anticipándose
así a la próxima generación de tecnologías de
información. De acuerdo con Nakamura, en
2010 las líneas fijas estarán en posibilidades
de transmitir datos 10 veces más rápido que el
ADSL. Además las transmisiones inalámbricas
serán 50 veces más rápidas que W-CDMA.
El impacto de e-Japón ha transformado la
administración pública y la educación. Gracias
a la incorporación de avanzados dispositivos
digitales, el aparato administrativo-burocrático
ha elevado significativamente su eficiencia.
Un gran número de ciudadanos hoy realiza la
mayoría de sus trámites gubernamentales en
línea, sin necesidad alguna de desplazarse a las
instituciones públicas.
En la educación, las avanzadas tecnologías de
información han favorecido el desarrollo de un
nuevo ambiente de aprendizaje: la educación
móvil. La educación móvil supone el desarrollo de
innovadores recursos de aprendizaje on demand,
los cuales representan una lógica extensión de la
sociedad de la ubicuidad. Toda persona puede
acceder a los recursos de aprendizaje disponibles
71
en la red, a cualquier hora y en cualquier lugar.
La educación móvil –en la cual dispositivos
como el iPod observan un rol estelar-, impondrá
profundos cambios en la educación como en
las instituciones educativas. En 1967 Marshall
McLuhan fue capaz de anticipar los profundos
cambios que resentiría la educación en las edades
posteléctricas: “There is a world of difference
between the modern home environment
of integrated electric information and the
classroom”.
Japón además se propuso acelerar el llamado
“apagón analógico”. La migración de las emisiones
de televisión convencional a la tecnología digital
prácticamente se ha consumado. La radiodifusión
digital terrestre se ha extendido a un mayor
número de ciudades. Mientras las empresas de
telefonía incrementan gigas a la capacidad de sus
anchos de banda, en Japón se registra una notable
expansión de la radiodifusión digital terrestre. La
convergencia digital de ambas industrias, señala
Nakamura, propiciará el desarrollo de un nuevo
72
5 En estricta oposición al concepto “modo de producción”, el cual,
de acuerdo con Karl Marx, permite explicar el cambio histórico a
partir de la división y lucha de clases, McLuhan ofreció la posibilidad de comprender el cambio histórico a partir de los “modos de
comunicación”, considerando en ellos, por supuesto, la relevante
contribución de los medios de comunicación, así como de las
tecnologías, en general. De acuerdo con Marshall McLuhan, resulta
imposible comprender los cambios sociales y culturales sin considerar la intervención de los medios. Según McLuhan, en el desarrollo
de la humanidad podemos advertir tres grandes eras, y en cada una
de ellas reconocer la eventual supremacía de algún medio de comunicación. En la primera era -Preliteraria ó Tribal-, predomina la
palabra; en la segunda era -la era de la Galaxia Gutenberg ó la edad
mecánica-, la supremacía corresponde a la palabra impresa; en la
ambiente comunicativo, con una gran variedad
de servicios.
El concepto “ambiente comunicativo” admite
particular relevancia en la ecología de medios.
Deacuerdo con la destacada investigadora
mexicana Claudia Benassini, las principales
características de los ambientes de comunicación
son dos:
“La primera, no son sólo contenedores, sino
procesos que cambian el contenido y hacen
visible el ambiente anterior. En consecuencia,
los nuevos medios son nuevos ambientes; esto
es por lo que los medios son los mensajes. A
manera de ejemplo, McLuhan señala que los
periódicos crean un ambiente de información,
pero aún sin crimen como contenido, no
seríamos capaces de percibir el ambiente.
Dicho de otra manera, los periódicos tienen
que presentar malas noticias, pues de otra
forma sólo habría anuncios o buenas noticias.
Sin las malas noticias, advierte, no podríamos
discernir las reglas de fondo del ambiente. La
segunda característica es que los ambientes
realmente totales y saturados son invisibles.
Los que percibimos son fragmentarios e
insignificantes comparados con los que no
vemos. No obstante, los ambientes creados
por las nuevas tecnologías resultan invisibles
mientras hacen visibles a los nuevos
ambientes. McLuhan ilustra esta característica
a través de las películas viejas que presenta
la televisión: las películas que alguna vez
fueron ambientales y visibles, a través de este
medio han devenido en una forma altamente
apreciada de hacer arte”. tercera era domina la electricidad, la cual nos conduce al desarrollo
de la “aldea global”. McLuhan además identificó tres innovaciones
tecnológicas fundamentales en la historia: la invención del alfabeto
6 Tomado del documento “Fundamentos teórico-epistemológicos
fonético que sacó al hombre tribal de su equilibrio sensitivo y le dio
del Grupo de Trabajo Internet, Sociedad de la Información y Ciber-
dominio al ojo; la introducción del tipo móvil en el siglo XVI, que
cultura, que Claudia Benassini preparó en 2006 para la Asociación
aceleró este proceso; y la invención del telégrafo, en 1844, que antici-
Latinoamericana de Investigadores de Internet (ALAIC). El docu-
pó una profunda revolución en la electrónica, la cual retribalizaría al
mento puede ser descargado de Internet en la siguiente dirección:
hombre, devolviéndole a su equilibrio sensitivo. McLuhan particu-
http://www.espacioblog.com/myfiles/alaic-internet/Cibercultura.
larmente centró su atención en las edades mecánica y eléctrica.
pdf. Fecha de consulta: 30 de mayo de 2008.
La palabra prosumidor –en inglés, prosumer-,
es un acrónimo que procede de la fusión de dos palabras:
“producer” (productor) y “consumer” (consumidor).
Las transmisiones de televisión móvil por
medio de dispositivos móviles -como los teléfonos
móviles-, a través de FTTH como de otras
modalidades de banda ancha, se han vuelto muy
populares en Japón. El éxito que alcanzó la serie
Winter Sonata -una producción representativa
del Broadband Drama Zoku (Broadband Drama
Crowd)-, la cual originalmente fue transmitida
a dispositivos móviles, estimuló en Corea del
Sur el desarrollo de una atractiva industria de
casas productoras especializadas en contenidos
exclusivos para la televisión móvil nipona.
La mayoría de los contenidos destinados a la
televisión móvil son servicios on demand. Ello
significa que cualquier persona, en cualquier
momento y en cualquier lugar, puede ver a
través de dispositivos móviles las producciones o
series que sean de su interés. No pocos medios
convencionales han resultado incapaces de
comprender la importancia del concepto on
7 En los años recientes, el teléfono móvil ha registrado importantes
transformaciones hasta convertirse en indispensable y multifuncional dispositivo de comunicaciones. En el imaginario de la sociedad
de la ubicuidad, el rol del avanzado dispositivo admite ser considerado como fundamental. El teléfono móvil ha trascendido a la
condición de “terminal tonta” y hoy permite tener acceso a Internet;
recibir y contestar correos electrónicos; asegurar el acceso a servicios
de televisión móvil, mapas y avanzados servicios de localización;
ser utilizado como cámara fotográfica, grabadora y avanzada remediación del popular “walkman”; asumir las funciones propias del
mando a distancia, e inclusive desempeñarse como útil dispositivo
de almacenamiento de información digital. De las nuevas generaciones de inteligentes dispositivos de comunicación móvil seguramente
derivarán nuevos usos y aplicaciones, como cartera digital para
transacciones en línea, tarjeta de crédito, identificación personal,
dispositivo de acceso aeroportuario, etc. El incremento en el número
de usuarios de Internet dependerá ahora de los dispositivos móviles
y no del incremento que registren el número de computadoras
disponibles con acceso a Internet.
demand. En 2004 la cadena de televisión NHK
ofrecía más de 400,000 programas en servicio
on demand. Es posible afirmar que el éxito de
YouTube, en buena medida es consecuencia de
haber anticipado la televisión por Internet on
demand.
A pesar de los notables adelantos tecnológicos
que es posible advertir en el desarrollo de
la segunda etapa de “e-Japan Stratetegy”, en
realidad el aspecto más relevante es resultado
de la alfabetización digital: la transformación de
cibernautas ordinarios en prosumidores.
2. Los prosumidores. Los actores
comunicativos de la web 2.0
La palabra prosumidor –en inglés, prosumer-,
es un acrónimo que procede de la fusión de dos
palabras: “producer” (productor) y “consumer”
(consumidor). El concepto fue anticipado por
Marshall McLuhan y Barrington Nevitt, quienes
en el libro Take Today (1972), afirmaron que la
tecnología electrónica permitiría al consumidor
asumir simultáneamente los roles de productor y
consumidor de contenidos. McLuhan infería que
en la edad posteléctrica los actores comunicativos
resentirían profundas transformaciones re­
sultantes de la complejidad inherente a los
nuevos ambientes comunicativos. El concepto
“prosumidor” por ende admite particular re­
levancia en la “ecología de medios”.
El destacado futurólogo Alvin Toffler introdujo
formalmente el término prosumidor, en 1980, en
el libro La tercera ola. El capítulo XX del referido
libro precisamente consigna el siguiente título: “El
resurgimiento del prosumidor”. Las actividades
73
de los prosumidores –anticipó Toffler- , definirían
el rumbo de la “economía invisible”:
“Durante la primera ola, la mayoría de las
personas consumían lo que ellas mismas
producían. No eran ni productores ni
consumidores en el sentido habitual. Eran,
en su lugar, lo que podría denominarse
prosumidores. Fue la revolución industrial lo
que, al introducir una cuña en la sociedad,
separó estas dos funciones y dio nacimiento
a lo que ahora llamamos productores
y consumidores (…) si examinamos
atentamente la cuestión, descubrimos los
comienzos de un cambio fundamental en
la relación mutua existente entre estos dos
sectores o formas de producción. Vemos
un progresivo difuminarse de la línea que
separa al productor del consumidor. Vemos
la creciente importancia del prosumidor.
Y, más allá de eso, vemos aproximarse un
impresionante cambio que transformará
incluso la función del mercado mismo en
nuestras vidas y en el sistema mundial”
(Toffler. 1981: 262-263).
74
En un libro reciente, Revolutionary wealth
(2006:153), Alvin y Heidi Toffler explicaron cómo
concibieron el término prosumidor, y que alcance
explicativo concedieron al referido concepto:
“In The Third Wave (1980), we therefore
invented the Word prosumer for those of us
who create godos, services or experiences
for our own use or satisfection, rather than
for sale or Exchange. When, as individual
sor groups, we both produce and consume
our own output, we are prosuming. If we
bake a pie and also eat it, we are prosumers.
But prosuming is not just an individual act.
Part of the purpose of baking that pie might
be to share it with your family, friends or
community without expecting money or
its equivalent in return. Today, given the
shrinkage of the world because of advances
in transportation, communications and I.T.,
the motion of prosuming can include unpaid
work to create value to share with strangers
half a world away. We are all prosumers
at one time or another, and all economies
have a prosumer sector because many of our
highly personal needs and wants aren´t or
can´t be supplied in the marketplace, or are
too expensive, or because we actually enjoy
prosuming or desperately need to. Once we
take our eyes off the money econmy and mute
all the econobabble, we discover surprising
things. First, that this prosumer economy is
huge; second, that it encompasses some of the
most important things we do; and third, that
even though it is given Little attention by most
economist, the $50 trillon money economy
they monitor couldm´t survive for ten minutes
without it”.
En La Tercera Ola, Toffler afirmó que el medio
de comunicación más poderoso y masificador
de las sociedades de la “segunda ola” ha sido la
televisión. El advenimiento de los prosumidores,
sin embargo, anticiparía el fin de la era de los
medios masificadores: “están desapareciendo
los días de la omnipotente red centralizada que
controla la producción de imágenes (…) los
medios de comunicación de la tercera ola están
destruyendo en un amplio frente el dominio
ejercido por los dueños de los medios de
comunicación de la segunda ola” (Toffler, 1981:
167). Toffler enseguida procedió a describir
los ambientes comunicativos que desplazan
consigo los medios masivos de la “segunda ola”,
y se aventuró a especular sobre los ambientes
comunicativos que introduciría la “tercera ola”.
Por ejemplo, para comprender el impacto de
YouTube en la ecología cultural de la industria
televisiva, resulta indispensable reparar en el
comportamiento que observan los prosumidores
en el ambiente comunicativo de YouTube, tal
como refieren Alvin y Heidi Toffler en el libro La
revolución de la riqueza (2006):
“En palabras de Betsy Frank, vicepresidenta
ejecutiva de investigación y planificación de
MTV Networks, “se trata de un público que
desea hacer su propia programación”. Los
nuevos instrumentos del consumidor ya otorgan
a los teleespectadores el poder de cortar y pegar
partes de programas para adecuarlos a sus
preferencias personales. Este desplazamiento
continuo de los tiempos estándar de los
huecos en la programación se acelerará a
medida que las audiencias de los medios de
comunicación, provistas de nuevas tecnologías,
produzcan sus propios contenidos. Al mismo
tiempo que los espectadores están creando sus
propios contenidos, también exigen acceder a
programas “a petición” antes que al horario
establecido por los medios de comunicación. En
palabras de William Randolph Hearst III, “la
televisión basada en el proveedor está muerta”
(Toffler. 2006: 99).
Los nuevos ambientes comunicativos que
introducen las comunicaciones digitales móviles,
estimulan la creatividad y la autonomía. Atento
a tal fenómeno, Thomas Friedman, autor del
libro La tierra es plana. Breve historia del mundo
globalizado del siglo XXI (2005), destaca el
in-forming y la colaboración como prácticas
comunicativas distintivas de los prosumidores en
los nuevos ambientes comunicativos que desplaza
consigo el desarrollo de la Web 2.0 (2005:164):
“jamás en la historia del planeta tanta gente ha
tenido la posibilidad de buscar por sí misma tanta
información acerca de tantos temas o acerca de
tanta gente”. De acuerdo con Friedman (2005.
198), el in-forming:
“es la capacidad de crear y desplegar
tu propia cadena de suministro, una
cadena de suministro de información,
de conocimientos y de entretenimiento.
El in-forming tendría que ver con una
colaboración individual: tú mismo
eres el que investiga, edita o elige el
entretenimiento, siguiendo tus propias
pautas y valiéndote de tu propia capacidad
y medios, sin necesidad de acudir a la
biblioteca o al cine o a una cadena de
televisión. El in-forming es búsqueda de
conocimiento”.
A diferencia del usuario de los medios
convencionales –cuyo acceso a la información
relevante en realidad depende de la voluntad
política de determinadas instituciones históricas, los prosumidores decididamente emprenden
la búsqueda de respuestas. La capacidad de
búsqueda del prosumidor representa una
evidente afirmación de su independencia, tal
como afirma Erich Schimidt, director general de
Google, citado por Friedman (2005: 169):
“La búsqueda es una tarea tan personal que
revierte en una emancipación sin igual del ser
humano (…) es lo contrario de que te digan
o te enseñen. Se trata de dotarse de medios
que te emancipen, es la atribución de poder
al individuo para que haga lo que considere
mejor con la información que desee”.
La colaboración representa una acción
comunicativa recurrente entre prosumidores.
Entre las principales cadenas de socialización
del conocimiento que ha propiciado el
desarrollo de Internet, destaca Google -la marca
emblemática de la economía del conocimiento. Sus fundadores –Larry Page y Sergen Brin, crearon la empresa en septiembre de 1998,
comprendiendo la importancia del in-forming,
el cual representa una de las expresiones más
evidentes del “prosumismo”:
“Los fundadores de Google vieron que a
finales de los 90 aparecían en internet cientos
75
de miles de páginas web nuevas cada día, y
que los motores de búsqueda existentes, que
tendrían que buscar palabras clave, no podían
seguir ese ritmo de crecimiento. Brin y Page,
que se conocieron en 1995 cuando estudiaban
informática en la Universidad de Stanford,
desarrollaron una fórmula matemática que
clasificaba una página web según la cantidad
de páginas web vinculadas a ella, partiendo
de la hipótesis de que cuantas más personas
creasen un vínculo con determinada página,
más importante debería ser ésta” (Friedman.
2005:167).
76
De acuerdo con lo asentado en la página
corporativa de Google: “el objetivo de Google
consiste en organizar información proveniente
de todo el mundo y hacerla accesible y útil de
forma universal”. Google es resultado de la
colaboración. La gente asume que la información
que está buscando se encuentra en Google o en
Internet: “y que todo se reduce a que los expertos
en tecnología vayan simplificando la manera de
acceder a ella, cada vez con menos pasos (…) La
democratización de la información está teniendo
un impacto profundo en la sociedad” (Friedman.
2005: 166). La democratización de la información
sin duda alguna es resultado de las acciones
comunicativas emprendidas por comprometidos
prosumidores, quienes colaboran compartiendo
información relevante con los demás.
Los prosumidores participan en el desarrollo de
redes wikis –centradas en el empleo colaborativo
de las tecnologías de cooperación-, las cuales
realizan un intenso trabajo asociativo cuyo
propósito es ofrecer información relevante en
la blogósfera u otros ambientes comunicativos,
sobre marcas, productos, servicios, “corporate
responsability y corporate citizenship”. A través
8 Véase: http://www.google.com/intl/es/corporate/index.html
Fecha de consulta: 25 de mayo de 2008.
de sistemas RSS es posible mantenerse informado
de los comentarios de prosumidores en blogs,
como de sus iniciativas en las redes sociales en las
cuales participan.
Entre las interesantísimas tesis contenidas en el
libro Futuro presente. El futuro es atreverse hoy. 101
Ideas-Fuerza para entender las próximas décadas,
Alfons Cornella y Sergi Rucabado destacan el
“x-casting”. El x-casting designa un fenómeno
recurrente en el imaginario de la sociedad
de la ubicuidad: toda persona –en cualquier
momento y en cualquier lugar- puede introducir
información a Internet. Toda persona que pueda
acceder a Internet representa un potencial
prosumidor. Tan simple hecho representa una
profunda revolución en la economía política de
los sistemas de comunicaciones.
Debemos reconocer a los prosumidores como
los actores comunicativos de la sociedad de la ubi­
cuidad. El papel de los prosumidores resultará
definitivo en las siguientes remediaciones que
ex­­perimentarán Internet como el conjunto de
dis­positivos que formen parte de los ambientes
comunicativos que deriven del desarrollo de las
comunicaciones digitales móviles.A continuación,
el modelo de comunicación que propongo, en el
cual he incorporado a los prosumidores como
actor comunicativo, destacando la importancia
de la gestión de la información y el conocimiento
a través de avanzados dispositivos digitales que
permiten las comunicaciones móviles:
(fig. pág. 77)
En ambientes comunicativos glocales propios
del imaginario de la “sociedad de la ubicuidad”,
el prosumidor o prosumidores -persona o
personas reales, avatares y/o robots programados
(bots)-, disponiendo de un extenso repertorio de
recursos multimedia, emprenden determinadas
acciones comunicativas, como expresar sen­
timientos, difundir información, gestionar in­
formación, compartir conocimientos, a través
de dispositivos e interfases digitales móviles o
Fig. 1 Modelo de comunicaciones digitales (Octavio Islas) para ambientes comunicativos
glocales, en el imaginario de la sociedad de la ubicuidad
ECOLOGÍAS CULTURALES PRECEDENTES
NUEVA ECOLOGÍA CULTURAL
UBICUIDAD
Cualquier persona, cualquier
momento, cualquier lugar
GLOCALIZACIÓN
Experiencia,información,
sentimientos, conocimientos
PROSUMIDORES
PROSUMIDORES
AVATARS
BOTS
AVATARS
BOTS
DISPOSITIVOS
INTERFASES
DIGITALES
AMBIENTES COMUNICATIVOS
PRECEDENTES
NUEVOS AMBIENTES
COMUNICATIVOS
Realidad real y virtualidad
estacionarias, para, en un proceso autológico,
propiciar las condiciones necesarias de
vinculación comunitaria con otro prosumidor o
porsumidores –que bien pueden formar parte de
una red social-, avatares y/o robots programados.
Al explorar las capacidades de los dispositivos e
interfases digitales, los prosumidores gestarán las
condiciones necesarias para acceder a ambientes
comunicativos más complejos, transitando a
una nueva ecología cultural.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CORNELLA, A., y RUCABADO, S. El futuro es atreverse hoy. 101
extensiones del ser humano. Barcelona: Paidós Comunicación, 1996.
Ideas-Fuerza para entender las próximas décadas. España: Ediciones
___________, y FIORE, Q. The medium is the massage. An inventory
Deusto, 2006.
of effects. New York: Bantham Books, 1967.
FRIEDMAN, T. La Tierra es plana. Breve historia del mundo
TOFFLER, A. La tercera ola. México: Edivisión, 1981.
globalizado del siglo XXI. España: mr Ediciones, 2005.
TOFFLER, A. y TOFFLER, H. La revolución de la riqueza. España:
MCLUHAN, M. Comprender los medios de comunicación. Las
Deusto, 2006.
77
OS EFEITOS DO ESPAÇO NA ENUNCIAÇÃO
MIDIÁTICA DA PUBLICIDADE
Eneus Trindade
Docente do Departamento de Relações Públicas,
Propaganda e Turismo (CRP) da Escola de Comunicações
e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), Brasil.
Pesquisador do Núcleo Interdisciplinar de Estudos da
Linguagem Publicitária (NIELP/ECA/USP). Doutor e Mestre pela ECA/USP, Brasil. Graduado em Publicidade pela
Universidade Federal de Pernambuco, Brasil.
E-mail: [email protected]
Sérgio Fabiano Annibal
Doutorando em Educação pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), Brasil.
78
Mestre em Estudos Literários pela Unesp, AraraquaraSP, Brasil. Graduado em Letras Português e Inglês pela
UNESP/Araraquara-SP. Colaborador do Núcleo Interdisciplinar de Estudos da Linguagem Publicitária (NIELP/
ECA/USP).
E-mail: [email protected]
RESUMO
A partir de investigações sobre a enunciação midiática publicitária e dos
estudos de processos mediáticos em comunicação, no âmbito do Núcleo
Interdisciplinar de Estudos da Linguagem Publicitária (NIELP/ECA/USP),
busca-se, neste trabalho, propor reflexões sobre a representação do espaço
em mensagens publicitárias.
Palavras-chave: enunciação publicitária; processos mediáticos e culturais; espaço discursivo; produção de sentido.
ABSTRACT
This article poses a reflection on representations of space in advertising copy
on the basis of investigation on mediatic enunciation in advertising and on
mediatic processes in communication carried out by the Núcleo Interdisciplinar de Estudos da Linguagem Publicitária (NIELP/ECA/USP).
Keywords: advertising enunciation; mediatic and cultural processes;
discursive space; generation of meaning.
RESUMEN
A partir de investigaciones sobre la enunciación mediática de la publicidad
y de los estudios de los procesos mediáticos en el Núcleo Interdisciplinar
de Estudos da Linguagem Publicitária –NIELP/ECA/USP, se busca en este
trabajo proponer reflexiones sobre la representación del espacio en los
mensajes publicitarios.
Palabras claves: enunciacíon publicitaria; procesos mediáticos e culturales; espacio discursivo; productión de sentido.
79
80
1. Apresentação
Muitos estudiosos da linguagem como Van Dijk
(2003, p.9) assinalam a necessidade de integrar a
Lingüística e a Análise de Discurso às Ciências Sociais. Concordamos com tal posição e pensamos de
forma ampliada, considerando além dos estudos
dos discursos lingüísticos, os de outras manifestações semióticas, como os discursos midiáticos, a
partir da hipótese que as representações discursivas são lugares de fabricação das construções dos
sentidos sociais.
No intuito de fortalecermos essa hipótese, percebemos a partir de Bakhtin que os signos nos discursos comportam o conflito social. E pela condição dialógica dos discursos tal autor demonstra
que a interação verbal (e as demais interações semióticas, em uma perspectiva expandida), ou seja,
as enunciações geradoras de enunciados entre interlocutores (sujeitos sociais em seus respectivos
tempos e espaços), consistem nos materiais privilegiados para se estudar os sentidos das culturas
(Cf. Bakhtin, 1995, p.110-27).
Logo, os fenômenos sociais passam pelo crivo
da razão humana e para que esta se objetive há a
necessidade da mediação da comunicação que se
dá por meio das linguagens. Assim, procuramos
discutir algumas construções de sentido da linguagem publicitária, a partir das representações
do espaço, considerando que as sociedades de
consumo se dão em espaços sociais e que os discursos apresentam as possibilidades de sentidos
que representam tais espaços.
O espaço é percebido como lugar de produção
de conhecimento sobre uma dada realidade social
e que ao mesmo tempo é objeto de investigação
para a formulação desse conhecimento, por meio
de suas formas objetivas, materializadas em discursos. A enunciação publicitária e os efeitos de
sentido nas representações espaciais de tais mensagens indicam essa possibilidade, o que aqui buscamos dar conta.
Por fim, cabe esclarecer que os exemplos con-
siderados neste texto são apresentados em mídia
impressa, mas isso não restringe a possibilidade
de aplicações desta reflexão a outras mídias, já que
as considerações teóricas feitas levam em conta o
processo publicitário em suas várias manifestações
midiáticas.
2. O espaço como episteme e como objeto
Fica-nos difícil promover alguma discussão em
Ciências Humanas sem considerar o sujeito inserido e interagindo com seu espaço, pois é nele que as
relações comunicacionais efetivamente ocorrem,
estabelecendo a todo instante a refração e a ação
do indivíduo em seu meio. Logo, consideramos o
espaço como episteme e objeto motivador do sujeito imerso em seu lugar social. Para nos auxiliar
nessa discussão sobre o espaço, revisitaremos os
espaços recriados pelas tipologias textuais que, por
sua vez, assemelham-se à tessitura social.
A reflexão que fazemos das produções artísticas
concebidas no espaço social nos faz refletir a importância de se criar um outro espaço, um espaço
ideal, evasivo e disciplinador, que nos transporte
para o mundo, como Platão diria ser, ideal. Tais
obras refletem o espaço, adicionando a ele personagens que atingem o espectador desse universo
de maneira reflexiva. Com isso, o espaço também
passa a ser ressignificado, por meio da apresentação de produtos simbólicos que têm como objetivos a catarse e o movimento. Com o passar do
tempo, o espaço que se misturou com os sujeitos
que o habitam, criando uma relação de espelhamento entre a instância espacial e a subjetiva, por
meio de suas representações, e foi se recriando em
outros veículos como as propagandas, que é um
instrumento para ressignificar os espaços onde o
capitalismo tem lugar garantido. Para observação
espacial das mensagens publicitárias, tomemos
como exemplos algumas publicidades turísticas,
de empresas de telefonia móvel e de cigarros.
Comecemos pelas publicidades turísticas para
Natal, no nordeste brasileiro, da Cia. de Viagem
Fica-nos difícil promover alguma discussão em
Ciências humanas sem considerar o sujeito inserido
e interagindo com seu espaço (...)
Figura 1
CVC (Fig.1): o que é vendido é um espaço evasivo
e quase onírico, um local onde você irá encontrar
um paraíso tão grande que quase seria capaz de
anular ou apagar temporariamente o espaço de
origem do comprador, possível consumidor. Nessa oferta de destino turístico feita pela publicidade
fica subentendida a experimentação sinestésica das
possibilidades de situações a serem vividas naquele
local de viagem e também o desejo do
consumidor, captado pela publicidade, que se manifesta no ato da leitura
do anúncio e que busca suspender o
cotidiano deste último, promovendo
uma mistura cultural, na qual, o espaço desconhecido e o estereotipado
da publicidade se encontram com o
espaço do receptor. Os dois espaços se
hibridizam, se contaminam, trazendo
junções socioculturais implícitas
Já a telefonia celular da marca Tim,
por exemplo, tem o slogan “Viver sem
fronteiras (Fig.2), para o espaço isso
significa a liberdade total e uma dis- Figura 3
sipação ou agregação de todos os espaços cabíveis
no imaginário do leitor/cliente dessa marca. E nas
mensagens de cigarro, por exemplo, a Marlboro,
com o seu “Mundo de Malboro”, apregoa um espaço perfeito e dominador pretendido e almejado
muitas vezes pelo leitor/fumante, como se o cigarro o transportasse
do seu espaço real
para o espaço recriado pela marca
em suas campanhas. Percebemos, Figura 2
nos exemplos, a temática do desejo, isto é, da ânsia
de conhecer o inusitado para afirmar ou negar a
subjetividade do consumidor.
Além disso, o espaço recriado pela publicidade e os valores compensatórios da subjetividade,
inerentes ao estímulo de consumo desse tipo de
mensagem, parecem consistir no objeto principal de desejo de consumir do possível comprador de um produto. Todos os aspectos colocados
reforçam a nossa posição de considerar o espaço
como episteme e objeto, pois a categoria em
pauta (assim como as
categorias de sujeito,
e o tempo sociais) é
fundadora para entendimento dos fenômenos do humano
em sua vivência social
e em suas relações,
ao mesmo tempo em
que a categoria é uma
instância fundadora
de representação de
todo e qualquer dis-
81
curso, pois toda comunicação social se dá entre
sujeitos, num determinado tempo e em um dado
espaço.
Nesse sentido, um outro aspecto deste trabalho,
que deve ser ressaltado, implica em entender que o
estudo do dêitico espaço na comunicação publicitária, como objeto, corre paralelo à legitimação do
campo, espaço, epistêmico da Comunicação, pois
como nos orienta o pensamento de Pierre Bourdieu a definição de um campo científico ultrapassa
os limites das esferas oficiais da ciência e se constitui por meio de um conjunto da produção cultural
cotidiana que demanda uma instrumentalização
do pensamento humano para a criação de métodos e técnicas para a produção de conhecimento
em uma dada área do saber (Cf. Bourdieu in Ortiz,
1983, p.137), publicado originalmente em (Bourdieu, 1976, p.88-104).
Assim, a legitimação de um espaço epistêmico se dá atrelada à formulação de discursos que
o representem e o configurem, por meio de seus
espaços discursivos e dos efeitos de sentidos do
próprio espaço da área de conhecimento, que se
atualiza e se torna objeto de seus discursos.
82
3. O espaço discursivo e o dêitico de
espaço no discurso
Os processos de enunciação e seus respectivos
discursos, a partir de uma concepção pautada na
Análise do discurso de linha francesa, são modulados por contextos de produção e de recepção das
mensagens, o que possibilita a configuração de
situações, ambiências discursivas, que geram um
espaço discursivo, conforme definiu Maingueneau
(1983, p.13).
Nesses espaços interagem discursos de diferentes gêneros. O confronto entre esses universos discursivos, independentemente de seus suportes ou
canais de comunicação, criam o que Charaudeau
e Maingueneau (2004, p.92) definiram como campo discursivo. O campo discursivo é efetivamente
o espaço de confluências de sentidos, dados na in-
terdiscursividade constitutiva de todo e qualquer
discurso, o que reflete sua condição dialógica.
As colocações anteriores remetem à compreensão dos espaços discursivos enquanto delimitações de campos discursivos que, no caso da
publicidade, podem ser constituídos nas inter-relações da publicidade com outros gêneros discursivos. O espaço discursivo como foi apresentado
não é uma prerrogativa exclusiva da publicidade,
estando presente em outros discursos.
Por outro lado, em uma dimensão intradiscursiva, pode-se pensar o espaço discursivo como a
concretude figurativizada no texto que dá forma
ou informa o lugar do enunciado, contaminado
em maior ou menor grau pelas marcas espaciais
dos contextos de codificação e decodificação dos
discursos em seus processos de enunciação (debreagens). Nesse sentido, não cabe mais a compreensão apresentada sobre espaço discursivo, pois
agora estamos tratando dos espaços dos e nos discursos e a esta referência semântica é o que denominamos de representações dêiticas de espaço.
Segundo Kerbrat-Orecchioni (1980, p.34-69), as
referências dêiticas, de modo sucinto, estão ligadas em discursos às referências extralingüísticas as
que estão vinculadas e lingüisticamente são manifestadas em três categorias: 1- a absoluta, 2- a
contextual e 3- a contextual. Para esclarecermos
melhor essas categorias, resolvemos apresentar
os seguintes exemplos: 1 - “São Paulo é o lugar de
gente feliz”; 2 - “A terra da garoa é o lugar de gente
feliz”; 3- “Lá é o lugar de gente feliz”. Nas três designações discursivas sobre o espaço, em especial
no exemplo hipotético de São Paulo, encontramos
representações que conferem uma precisão nominal do lugar/espaço que se fala, uma mais contextual que depende de um grau de conhecimento
sobre a realidade do lugar e outra simplesmente
dêitica que se refere a um espaço e que depende da
cooperação entre enunciador e enunciatário para
que a decodificação da expressão “lá” tenha pertinência semântica.
A mensagem publicitária, por se apresentar em várias mídias, e por sua
linguagem híbrida, se torna objeto de grande relevância para a postulação de alguns aspectos do dêitico espaço nos processos das comunicações.
Por outro lado, nesses exemplos do slogan turístico para a cidade de São Paulo, Brasil, percebemos outra complexidade de análise quando se
compreende que o espaço tem a função de sujeito
no discurso, proporcionando uma idéia de troca
de dêiticos do espaço como sujeito de quem se fala
algo. Essa troca configura uma embreagem híbrida no nível do enunciado.
Isso nos obriga a refletir sobre o fato de que nos
discursos midiáticos híbridos há uma possibilidade maior de trocas, embreagens entre elementos
de categorias dêiticas iguais e distintas entre si, em
função dos inúmeros recursos técnicos que tais
linguagens oferecem.
A mensagem publicitária, por se apresentar em
várias mídias, e por sua linguagem híbrida, se torna objeto de grande relevância para a postulação
de alguns aspectos do dêitico espaço nos processos
das comunicações.
Reconhecemos, como observa Benveniste (1974,
p.80), que todo ato de enunciação é único e que,
portanto, cada mensagem midiática, e a publicidade por extensão, são específicas enquanto discursos e processos próprios de enunciação. Por outro
lado, como estamos tratando de um universo de
discurso que possui características e intencionalidades bem demarcadas, buscamos apresentar
algumas categorias do dêitico espaço nos âmbitos
das enunciações e enunciados de processos publicitários, conforme os itens a seguir.
4. O espaço na enunciação publicitária:
aspectos e efeitos de sentido
A enunciação publicitária conforme apresentamos em outra oportunidade pode ser definida da
seguinte maneira:
A enunciação publicitária, portanto, é apreen-
dida como atividade da comunicação cultural, de
natureza ‘linguageira’ (manifesta-se no cotidiano),
híbrida e sincrética - apresentando suas constantes e normas específicas de coesão estilística elaboradas pelo pólo da emissão [...] mas também
por aqueles sujeitos da enunciação nos diferentes
níveis do processo de recepção, nos momentos/espaços que esses sujeitos da enunciação na recepção
interagem com os enunciados, que os estimulam à
aceitação de valores e que, por seu intermédio levam, às mercadorias/bens materiais e simbólicos.
(Barbosa e Trindade, 2003, p. 10).
Isto posto, podemos agora nos dedicar com foco
às questões do espaço da enunciação nos processos publicitários. Primeiramente, cabe esclarecer
que há neste ambiente discursivo dois grandes espaços: um da produção das mensagens (emissivo)
e outro da recepção, onde estão os enunciatários
possíveis consumidores.
Ao associarmos o fato anterior ao conceito de
debreagem e às discussões iniciais deste trabalho,
podemos afirmar que em maior ou menor grau
o espaço da produção discursiva deixa suas marcas mais evidentes ou implícitas. A presença mais
explícita, no nosso entender, é aquela que está
mais próxima do enunciado e que dá vida e circulação às mensagens, pois as variedades de suportes, canais de comunicação, dão a conformação
das mensagens, o que nos faz recorrer à máxima
de McLuhan , autor que afirmou que “o meio é
a mensagem”. Nesse sentido, cabe esclarecer que
há uma adaptação, das especificidades da enunciação publicitária em cada mídia (revista, televisão, rádio e internet), a partir do modelo geral
da enunciação publicitária elaborado em Barbosa
e Trindade (2003, p.11), que aqui se faz observar
de modo mais atento e que pontua as debreagens
83
(...) o espaço da publicidade, como explica a noção de signo
em Bakhtin, é um reflexo e uma refração da realidade com vistas aos
apelos de persuasão e de sedução para a sociedade de consumo.
84
do 3° ao 1° nível da enunciação publicitária que
envolve a Agência da publicidade (3° nível), a
etapa de produção das mensagens pelas empresas terceirizadas, responsáveis pela produção das
peças publicitárias (2° nível) e o primeiro nível da
enunciação que revela os enunciados publicitários
que são as mensagens postas em circulação nos diversos canais de comunicação em seus suportes.
Esse primeiro momento de formulação dos
enunciados é por si só um trabalho à parte que
revela as marcas dos espaços, tempos e sujeitos
dessas etapas da enunciação publicitária no pólo
da emissão e que merece uma atenção que agora
buscaremos apresentar nos veículos, objeto de estudo desta investigação: revista, rádio, televisão e
internet.
Na revista, ao realizarmos um recorte no modelo
geral e adaptando-o ao processo específico de produção dessa mídia, identificamos a permanência
do processo de criação tradicional pela agência de
publicidade, mas percebemos especificidades no
processo de produção do 2º nível da enunciação
da emissão que se refere ao trabalho do produtor
gráfico da agência, a partir do layout aprovado pelo
1 É importante deixar claro que o 4°, 5° e 6° níveis da enunciação da
emissão também têm suas marcas nos enunciados e correspondem,
respectivamente, aos tempos, espaços e sujeitos referentes, respectivamente, à comunicação integrada do anunciante (enunciador
do 4° nível), ao setor de marketing do anunciante (enunciador
do 5° nível) e ao anunciante em si (enunciador do 6° nível). Já no
pólo da recepção, o enunciatário em seus espaço e tempo tem as
mediações culturais, biológicas, da situação em que o receptor está
no momento da recepção, do estado afetivo deste e de suas características de consumidor, que também fazem parte dos enunciados
com suas projeções sobre estes últimos, ainda que idealizadas pelo
pólo da emissão. De qualquer forma, só há sucesso na comunicação
publicitária quando o receptor-consumidor entra em cooperação e
identificação com o ato de linguagem emitido.
cliente, em contratar fotógrafos, obter os direitos
de imagens, escolher modelos, conhecer o processo gráfico de produção da revista, na qual a mensagem será veiculada, para orientar a produção do
anúncio impresso. Após a finalização do processo,
obtêm-se a mensagem publicitária impressa de
revista, que é armazenada em um arquivo, finalizado, de suporte digital (CD), que encaminhado
para o veículo e reproduzido, dentro dos prazos.
Na mídia rádio, o processo de produção do comercial spot ou jingle, parte do trabalho de criação
do setor de redação. No caso dos spots e jingles os
efeitos sonoros, músicas e tipos de vozes dos locutores são selecionados a partir do trabalho do
produtor de Rádio Televisão e Cinema (RTVC) da
Agência, que, por sua vez, contrata uma produtora
de áudio (responsável pela gravação do comercial
spot ou jingle) no estúdio, realizando a gravação,
a mixagem dos sons e a edição para obtenção do
produto final, que deve retornar à agência para a
aprovação do cliente. Há também a busca pelos
direitos de uso da voz, compra de direitos autorais para uso das canções/músicas que compõem
os spots e no caso dos jingles, em específico, são
contratados músicos para construir a melodia da
letra que foi composta pela agência ou produtora
de áudio. O comercial só poderá ir ao ar quando
for aprovado pelo cliente.
Já na mídia televisão, é preciso considerar que
o processo de produção desta mídia, no caso da
publicidade se confunde com os processos de préprodução, produção e pós-produção do cinema,
pois os comerciais são feitos em película ou filme
digital e veiculados na TV.
Finalmente, chegamos à internet, compreendendo-a como mídia publicitária, que se configura em linguagem multimídia, ou seja, possui a
capacidade de agregar todas as outras linguagens
em um mesmo canal de comunicação. Por ser
também uma mídia jovem e dinâmica, a internet tem possibilitado inúmeros formatos e experimentações na publicidade. Em função disso, a
criação de um modelo da enunciação publicitária na internet torna-se complexo e por que não
dizer efêmero frente às possibilidades de transformação do meio.
Percebemos em todos os quatro meios de comunicação que os processos de produção gráfica e de
produção em RTVC são constitutivos de uma série
de elementos que vão propiciar a concretude exata da mensagem publicitária nos espaços ocupados pelas mídias impressa, sonora e audiovisual e
multimídia (internet). Eles configuram processos
codificadores que estão para além da agência e que
colocam o anúncio pronto para ser veiculado.
Ademais, o estudo do espaço da veiculação, ou
seja, o planejamento e atuação do meio como
mídia publicitária configura também uma etapa
importante para os estudos da enunciação publicitária à medida que o contexto de recepção, bombardeado repetidas vezes por uma mesma mensagem, tem a partir do número de inserções ou local
de acesso a um dado enunciado/mensagem, um
poder de amplificação e de retenção de seus significados junto aos receptores, dado este que não
pode ser desconsiderado no processo de produção
de sentido das mídias.
Todavia, além deste aspecto, o espaço da publicidade, como explica a noção de signo em Bakhtin
(1995, p.31-3), é um reflexo e uma refração da
realidade com vistas aos apelos de persuasão e de
sedução para a sociedade de consumo. Esse mundo recriado, na representação dos espaços, está determinado na dialética dos lugares e não-lugares
do mundo contemporâneo. Podemos compreender que estes lugares e não-lugares representados
pela publicidade são marcas textuais da realidade,
como discursos, que se ressignificam na realidade discursiva da publicidade. Esse processo se dá
pelo fato da categoria espaço ganhar um caráter
de não-lugar que é próprio da realidade vivida nas
sociedades de consumo. Aspecto típico do mundo contemporâneo, que também funciona, assim
como o aspecto atemporal, como uma espécie de
tempo e espaço universais, propícios à divulgação
de estilos de vida e de consumo de mercadorias
(bens materiais e simbólicos) a eles associados.
Logo, o conceito de não-lugar aqui se aproxima
das contribuições teóricas da antropologia de
não-lugar em Auge (1994). No entanto, lembramos ao leitor que esta é uma investigação sobre a
linguagem/discurso e os trabalhos de Augé, embora importantes, tratam a questão do espaço pela
antropologia.
Tal discussão nos permite construir alguns tipos
gerais, mais recorrentes de espaços da enunciação
nos discursos da publicidade: a) Os espaços universais; b) Os espaços do produto/marca; c) Os espaços cotidianos; d) O não-espaço; e) Os espaços
fragmentados; f) O corpo humano como espaço.
O item a corresponde às imagens referentes ao
espaço urbano das metrópoles, shoppings, entre
outros. O item b dá-se quando visualizamos o
produto exposto no espaço da mensagem, isto é,
os planos em detalhe do produto e/ou da marca,
com ou sem fundo infinito, e percebemos que eles
abstraem esses elementos do contexto real de seus
usos. O pack shot (assinatura ou plano do produto ou da marca) tomando a tela/página inteira
em um anúncio ou no final de uma mensagem
televisiva é uma expressão do não-lugar do enunciado, um espaço/simulacro. E esse destaque dado
ao produto/marca se refere à posição de primeiro
plano, que conota uma intencionalidade metafórica de lugar de liderança no mercado.
Em espaços cotidianos, item c, pela concepção
da enunciação-enunciada nos discursos da publicidade, corresponde aos cenários domésticos,
de trabalho e de lazer, os quais seguem da mesma
forma que os indivíduos, padrões que correspondem ao que se determina como consenso mun-
85
86
dial e, portanto, de valor universal dos espaços
de acordo com o perfil do público-alvo ao qual a
mensagem se dirige.
Na opção d, a do não-espaço, que diz respeito à
questão da ilusão de ausência deste proporcionada pelas novas tecnologias de comunicação/informação, principalmente a mídia digital, internet,
que, como dissemos anteriormente, transforma
o espaço em rede, agilizando o processo de transmissão de informação ao mesmo tempo em que
incute nas pessoas uma ideologia da proximidade
e de extinção das fronteiras, como manifesta o slogan já citado da Tim, “Viver sem fronteiras”.
Já no item e, o espaço fragmentado é amplamente trabalhado nas mensagens publicitárias
do mundo contemporâneo, por meio de artifícios metonímicos visuais e verbais, das partes que
formam o todo, como cenas de vários locais do
mundo, pessoas de raças e localidades distintas
que, embora remetam às representações distintas de subjetividades, estão associadas à idéia das
partes que estão contidas e contêm o todo. E produto/serviço anunciado é o elemento comum a
esses espaços.
Por fim, em f, o espaço cênico das mensagens
publicitárias se dá na valorização da máquina corporal, cujo apelo estético deixa o receptor, muitas
vezes, extasiado com a beleza apresentada nessas
peças que exploram o masculino e feminino como
lugar de estímulo ao consumo, sendo o corpo também um objeto de consumo, do desejo de identificação ou de possuir aquele corpo.
A tipologia apresentada se encontra como uma
sistematização, enquanto manifestações do contexto de enunciação nos enunciados dos processos publicitários. Outro dado a salientar, é que os
tipos dialogam entre si e podem ser ampliados e
não esgotam a riqueza de possibilidades das marcas da enunciação nas mensagens da publicidade, demonstrando que tanto o pólo da emissão,
quanto o da recepção deixam marcas já bastantes
recorrentes possíveis de serem mapeadas e que só
o estudo dos enunciados publicitários pode favorecer ao desenvolvimento desta proposta.
5. O espaço nos enunciados publicitários: aspectos e efeitos de sentido
Para compreendermos os efeitos de sentido do
dêitico espaço podemos recorrer à classificação
realizada por Fiorin (1999, p. 257-300), que define
no campo lingüístico de representações do espaço
na literatura brasileira nas seguintes categorias: a)
O espaço dominado; b) O espaço demarcado; c) O
espaço sistematizado; d) O espaço transformado;
e) O espaço subvertido; f) o espaço desdobrado.
Fiorin ainda acrescenta, com pertinência, que o
espaço é o elemento discursivo menos estudado
na teoria da enunciação, que aprofundou mais as
questões referentes ao sujeito e ao tempo, e destaca
que as melhores contribuições para o estudo do
espaço partem, principalmente, da produção intelectual de Gaston Bachelard e dos estudos sobre
espaço narrativo de Gérard Genette (Cf. Fiorin,
1999, p.257-9).
O espaço dominado, segundo o autor, é justamente o esforço que o analista faz para identificar os domínios dêiticos do lugar onde o discurso
acontece, ou seja, em suas marcas, para que nessa
seleção espacial que o diferencia do espaço contínuo, localizar o discurso em função do seu tempo
e sujeitos sabendo-se, pois, que o espaço diferencia-se do tempo por ser uma construção descontínua numa continuidade, por ser pluridimensional
ao contrário do tempo que é unidimensional e por
ter um ponto de organização que lhe faculta reversibilidade e simetria, enquanto o tempo em sua
organização é simétrico, porém irreversível (Cf.
Fiorin, 1999, p.260-1).
O espaço demarcado se constitui no domínio de
um discurso dado a partir dos signos que designam
a função espacial no enunciado. Consideramos os
discursos midiáticos, já que as marcas de lugar em
tais situações não se dão puramente por elementos
verbais. No caso da publicidade, as imagens e os
(...) há também que se considerar o fato de que em que
muitas mensagens publicitárias a categoria de espaço da
enunciação é também a do enunciado (...)
sons são matrizes de linguagem que definem uma
condensação ou extensão de espaços, o que implica em delimitações espaciais dialeticamente articuladas entre continuidade vs descontinuidade,
efeitos de profundidade vs superficialidade, claro
vs escuro, sons agudos vs grave, enfim, elementos
que na suas marcas e contradições implicam num
valor semântico, ainda que semi-simbólicos para
as intencionalidades de comunicação da mensagem não-verbal. Essas delimitações dialeticamente articuladas correspondem às tensões de significação que modulam os sentidos das categorias
aspectuais que constituem os modos do ser dos
espaços nos enunciados.
Já o espaço sistematizado no campo verbal se
dá nos estudos dos pronomes demonstrativos
e advérbios espaciais, servindo aos estudos no
campo lingüístico do dêitico espaço em suas representações publicitárias e seus efeitos de sentido, como os que acontecem em comercias de
comparação entre produtos de marcas concorrentes entre si, quando os locutores perguntam
qual é o melhor. Nesses casos o espaço se coloca
com uma função semântica que obriga o personagem-enunciador, bem como o enunciatário
da mensagem a tomarem posições discursivas,
em relação ao ato de linguagem que se dá por
um jogo de dêiticos espaciais: escolher entre “os
outros lá” e “esse aqui” do comercial.
O exemplo dado representa também um espaço
transformado, onde se dão os efeitos de trocas do
enunciado da narração para o enunciado-enunciado, como no caso em que o locutor off screen
(sujeito narrador, se dirige ao sujeito do enunciado, que representa o sujeito-receptor idealizado na
mensagem). Essas embreagens de sujeito implicam também em embreagens espaço-temporais,
hibridizando os espaços da publicidade com os do
receptor.
O espaço subvertido é um pouco mais complexo, pois implica em debreagens e embreagens
entre os níveis da enunciação e do enunciado na
mensagem, levando à presença dos espaços-sujeitos da emissão e da recepção no enunciado, mas de
formas bem marcadas. A marca, por exemplo, que
é uma representação de sujeito, acumula a função
de anunciante (elemento da enunciação da emissão no enunciado), ocupando um espaço na mensagem. Da mesma forma, as assinaturas das agências em anúncios impressos também possuem a
mesma função.
Há também que se considerar o fato de que em
que muitas mensagens publicitárias a categoria de
espaço da enunciação é também a do enunciado e
que esse espaço por embreagens e debreagens híbridas ocupa a função discursiva de espaço-sujeito
como acontece nos anúncios de turismo (Fig.1),
onde esse elemento ganha um sincretismo mais
amplo, graças aos sons e imagens do lugar que
auxiliam na construção do espaço-sujeito de quem
se fala. O espaço revela as marcas de um tempo da
enunciação no enunciado. Os dois exemplos anteriores nos levam à compreensão do espaço desdobrado, que pelas possibilidades técnicas midiáticas
ganha maior potencialidade de interação entre os
dêiticos.
2 O semi-simbolismo pode ser entendido como uma associação semântica por paralelismos, semelhanças. Por exemplo, ao falarmos sobre
mudanças e mostrando imagens, variadas, que mudam rapidamente, isso estabelece um semi-simbolismo entre as imagens que mudam e o
discurso verbal sobre mudança. Sobre o assunto ver: Greimas in Navarro (2002, p.92-4).
87
Com relação às últimas considerações, indicamos que os estudos de Genétte (1972; 1983)
sobre os espaços narrativos podem ser de grande
validade para construção de conceitos referentes às transformações de espaço e de tempo em
ambientes discursivos/narrativos, já amplamente
aplicados nos estudos literários e cinematográficos, mas pouco aplicados em outros discursos
midiáticos, principalmente nos efeitos de edição
em mensagens audiovisuais, que criam paralelismos de espaços, simultaneidade de tempos e
espaços e avanços e voltas nos tempos e espaços,
mas isso demandaria uma outra pesquisa e geram assuntos para um novo artigo.
88
6. Considerações Finais
Acreditamos que a importância de nossas reflexões acerca do espaço se encontra alicerçada sobre dois pontos: a atualização da categoria espaço
e a aproximação dessa categoria a outros estudos
que vem sendo desenvolvidos na contemporaneidade. Notamos também que a reflexão da categoria espacial nos suportes textuais conduz a um encantamento semelhante ao da literatura, à medida
que o trato com a linguagem leva o espectador a
uma evasão do seu espaço real, ativando o aspecto
fictício e sedutor da imaginação.
O paralelo existente entre esse tipo de estudo
e outros que vem sendo desenvolvidos na contemporaneidade estão nas pesquisas atuais sobre
a análise do discurso, que além do texto, volta o
olhar para o social também. Essa leitura demons­
tra que o ato de ler só se realiza por meio das inter-relações que se estabelecem com outros textos
e com o que está fora deles. Portanto, esse tipo
de estudo amplia a Comunicação Social, retirando-a do foco restrito aos suportes e recai sobre
a sua matéria-prima: a linguagem e a produção
de sentido das mídias, estabelecendo interfaces
com outras áreas, fato este que vem ocorrendo
nas pesquisas atuais de inúmeras áreas.
Logo, não foi nosso intuito com estas reflexões
esgotar o assunto, pois isso dependeria de um vasto material empírico de investigação e de décadas,
pois os processos de linguagem se modificam em
seus tempos e espaços, mas foi nossa intenção
inaugurar caminhos a partir de algumas postulações mais gerais do dêitico espaço nas enunciações e enunciados de processos midiáticos da
publicidade para aquilo que consideramos cada
vez mais possível, que é a formulação de uma teoria da enunciação midiática que fortaleça a área
de Comunicação desde a emissão até a recepção,
embora saibamos que estamos distantes das considerações sobre os sujeitos, tempos e espaços da
recepção mediática e que aqui ficamos restritos
às representações do espaço nas mensagens da
publicidade. Ademais, é importante registrar que
as colocações aqui realizadas estão passíveis de
críticas, revisões, aperfeiçoamentos e que a oportunidade deste texto nos dá espaço de discussão
para um debate mais amplo.
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89
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Y SOCIEDAD: UN DIÁLOGO PARA
LA ERA DIGITAL, varios autores, 2003.
Ciencias de la Comunicación y Sociedad: un diálogo
para la era digital, recoge las principales conferencias
presentadas en el VI Congreso Latinoamericano de
Investigadores de la Comunicación, realizado en junio
del 2002 y organizado por la ALAIC, la ABOIC y la
Universidad Privada de Santa Cruz de la Sierra-UPSA,
Bolivia. Detacados investigadores iberoamericanos
desarrollan las perspectivasmundiales y latinoamericanas sobre la relación comunicación y sociedad en la era
digital y a la vez rescatan la utopía construida por los
pioneros da la investigación comunicacional latinoamericana, planteando la reinvención de las políticas
de comunicación.
Editora: Editorial UPSA, Santa Cruz de la Sierra,
Bolívia.
COMUNICAÇÃO E GOVERNABILIDADE
NA AMÉRICA LATINA, Pedro Gilberto Gomes e
Valério Cruz Brittos.
Comunicação e Governabilidade na América Latina é uma
obra resultante das reflexões apresentadas pelos expositores
nas conferências e nos painéis centrais do VIII Congresso
Latino-Americano de Pesquisadores em Comunicação
(ALAIC), realizado na Universidade do Vale do Rio dos Sinos
(UNISINOS), em 2006, na cidade de São Leopoldo, Rio
Grande do Sul, Brasil.
São sete capítulos com temáticas essenciais para o
entendimento da mídia na América Latina, discutindo
elementos como ingovernabilidade, democracia,
desigualdade e midiatização social.
Editora: UNISINOS – RS – Brasil
Publicaciones
estudios
Universidade de São Paulo
Programa de Pós-Graduação em
Integração da América Latina da
Universidade de São Paulo – PROLAM/USP
Maria Cristina Cacciamali
Professora Titular da Faculdade de Economia, Administração e
Contabilidade da Universidade de São Paulo – FEA/USP e Presidente
do Programa de Pós-Graduação em Integração da América Latina
– PROLAM/USP.
Possui graduação em Economia pela Universidade de São Paulo
(1970), mestrado em Economia pela Universidade de São Paulo (1973)
e doutorado em Economia pela Universidade de São Paulo (1982).
Pesquisador nível 1 CNPq. Obteve a livre-docência em 1988, depois
de ter realizado Pós-Doutoramento na University of New Mexico e no
Massachusetts Institute of Technology. Deteve a cadeira Simon Bolivar
no Institut des Hautes Étude de L’ Amérique Latine, foi presidente
da Associação Brasileira de Estudos do Trabalho (2001-2003) e foi
assessora especializada da Organização Internacional do Trabalho para
o Seguimento dos Direitos Fundamentais no Trabalho (2001-2008).
Atualmente, é professora titular do Departamento de Economia e do
Programa Interunidades em Integração da América Latina nos cursos
de Graduação e Pós-Graduação. Coordenadora Científica do Núcleo de
Estudos e Pesquisas de Política Internacional - Estudos Internacionais
e Políticas Comparadas, NESPI (desde 2004) e professora visitante do
curso de pós-graduação em relações internacionais na América Latina
da Universidad de la Republica do Uruguai (UDELAR). Publicou 57
artigos em revistas especializadas, 46 capítulos de livros, parecerista de 9
revistas nacionais e estrangeiras. Orientou 7 Doutorados, 20 Mestrados,
35 monografias de final de curso. Tem experiência na área de Economia
do Trabalho e Economia Política Internacional, foco na América Latina,
atuando principalmente nos seguintes temas: mercado de trabalho,
política pública, informalidade, direitos fundamentais no trabalho - livre
associação dos trabalhadores e reconhecimento à negociação coletiva,
eliminação do trabalho infantil, erradicação do trabalho forçado e
supressão da discriminação na ocupação ou emprego.
91
1. Apresentação
O Programa de Pós-Graduação em Integração da América Latina da
Universidade de São Paulo – PROLAM/USP foi criado em 1988 durante
a gestão do Reitor prof. Dr. José Goldenberg, sob a forma de um
Programa Interunidades. A sua concepção envolvia o desenvolvimento
de estudos sobre as diferentes dimensões dos processos de integração
na América Latina, com o objetivo de cumprir duas metas:
3 a primeira, com caráter de agregação e formação de
recursos humanos, visava tanto criar uma instância de
reflexão acadêmico-científica (docência, pesquisa e extensão)
quanto formar especialistas na temática latino-americana
contemporânea, especialmente, sob a perspectiva da área de
humanidades, na qual a USP apresentava lacuna frente às
universidades de excelência do exterior. A construção de um
espaço institucional com essa finalidade foi motivada pela
aceleração do processo de mudanças estruturais no fim da
década de 80, dos processos de mundialização e de integração
regional, principalmente, dos países do Cone Sul;
92
3 a segunda, com caráter científico e metodológico, objetivava
a construção de um processo multidisciplinar para apreender e
compreender a realidade latino-americana em seus diferentes
aspectos e campos de ação.
A extensão para o Curso de Doutorado foi prevista em 1993, segundo a
Resolução nº 4.014, artigos 12 e 14 da Comissão de Pós-Graduação da
Pró-Reitoria de Pós-Graduação da Universidade de São Paulo, datada
de 13 de agosto daquele ano, durante a coordenação do prof. Dr. Sedi
Hirano. O projeto científico de extensão foi iniciado no final de 1996,
durante a coordenação da Profa. Dra. Maria Cristina Cacciamali,
quando a Comissão de Pós-Graduação do PROLAM/USP diagnosticou
a consolidação do curso de mestrado, uma vez que o programa contava
com quase 40 dissertações defendidas.
2. Missão
Formação de alunos, produção e divulgação científica sobre temáticas
da região latino-americana.
estudios
3. Objetivos
• Produzir conhecimento sobre diferentes processos de integração
– político, econômico, social e cultural – da região latino-americana
(Brasil, América Hispânica e Caribe);
• Formar recursos humanos de excelência acadêmica sobre temas da
integração;
• Fortalecer laços políticos, sociais e culturais entre o Brasil e os
demais países da região. O PROLAM/USP foi criado, e evolui no
presente momento, em torno de três linhas de pesquisa, cada uma
delas suportada por meio de um conjunto de projetos que absorvem
todos os alunos dos cursos de mestrado e doutorado.
4. Linhas de Pesquisa
O PROLAM/USP possui três linhas de pesquisa:
Sociedade, Economia e Estado
Projetos
- Mundialização, Integração, Desenvolvimento Territorial e Políticas
Públicas;
- Políticas Públicas no Campo de Trabalho, Educação e Saúde;
- Urbanização, Metropolização e Gestão Urbana na América Latina.
Práticas Políticas e Relações Internacionais
Projetos
- Relações Internacionais;
- Relações e Práticas Políticas na América Latina;
- Relações Internacionais e as Políticas Sociais.
Comunicação e Cultura
Projetos
- Comunicação na América Latina;
- Produção Artística e Crítica Cultural na América Latina.
93
5. Situação Atual
Atualmente a Comissão de Pós-Graduação do PROLAM/USP é
formada por docentes de cada unidade que compõe o Programa:
Faculdade Educação; Faculdade de Economia, Administração e
Contabilidade; Faculdade de Direito; Escola de Comunicações e
Artes; Faculdade de Arquitetura e Urbanismo; Faculdade de Filosofia,
Letras e Ciências Humanas e Faculdade de Faculdade de Economia,
Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto e um representante
discente.
Do total de 83 alunos matriculados, em 30 de abril de 2008, 42 são de
mestrado e 41 de doutorado. No momento, o PROLAM/USP possui
12 bolsas distribuídas em seu corpo discente, sendo 10 bolsas CAPES
e 2 bolsas FAPESP. Além disso, três doutorandos foram contemplados
com o Auxílio Estágio do Programa de Mobilidade Internacional do
Santander Banespa.
O Corpo Docente é composto por professores originários da
94
Universidade de São Paulo, atuando simultaneamente na sua unidade
de origem e no PROLAM/USP. Recentemente, houve o credenciamento
de três docentes provenientes da Escola de Artes, Ciências e
Humanidades do campus USP Leste, sendo que dois são egressos do
Programa, além de um docente do Departamento de Letras Clássicas e
Vernáculas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas.
Professores do PROLAM/USP organizaram o Núcleo de Estudo
e Pesquisa de Política Internacional - NESPI. O Núcleo absorve
mestrandos e doutorandos do Programa, além de outros colaboradores,
com a proposta de pesquisar e prestar serviços de extensão nos
campos do Comércio e Integração nas Relações Internacionais,
Desenvolvimento Territorial e Políticas Públicas Sociais, focados
especialmente nos países da América Latina.
O PROLAM/USP promove regularmente seminários, oficinas de
trabalho e mesas-redondas, nacionais e internacionais, com o objetivo
de complementar as atividades didáticas e de pesquisa. Essa atividade
é oferecida para a comunidade científica em geral, contribuindo dessa
maneira para o debate científico e a disseminação do conhecimento.
estudios
De um modo geral, tem-se promovido pelo menos um evento por
mês. Ao lado dos grandes eventos com diversas mesas-redondas,
palestra e trabalhos, há uma oferta regular de seminários apresentação de uma palestra seguida de debates, por professor
convidado. Essa regularidade tem permitido ao corpo discente
encontros sistemáticos que fornecem coesão ao Programa.
O Programa procura, igualmente, constituir-se em um pólo
facilitador de contatos e intercâmbios entre entidades pertinentes,
brasileiras ou estrangeiras. A troca de informações e de materiais
científicos, a presença de professores e conferencistas visitantes, de
reconhecidos centros de excelência acadêmica, a arregimentação
de alunos nos países da região, e o apoio ao trabalho de professores
brasileiros comprometidos com a temática da integração latinoamericana no exterior, estão entre os mecanismos acionados para
garantir a eficácia do Programa.
Parte expressiva dos vínculos institucionais é construída
diretamente pelos docentes e discentes do Programa, por meio
do desenvolvimento de seu projeto de pesquisa, criando redes
de contatos com pesquisadores, universidades, órgãos públicos
e privados. Destaca-se que muitos dos projetos de pesquisa de
longo prazo do Programa são desenvolvidos em conjunto com
pesquisadores de outras universidades brasileiras e do exterior,
gerando ambiente favorável à ampliação destes contatos.
Além dessas relações institucionais, o intercâmbio com
universidades e instituições brasileiras e estrangeiras se desenvolve
também diretamente em função dos próprios projetos de pesquisa
dos pós-graduandos.
6. Egressos
Em abril de 2008, o PROLAM/USP acumula o total de 241 defesas,
sendo 198 de Mestrado e 43 de Doutorado.
95
7. Publicações
A partir de 2002, foi criado um veículo de divulgação dos trabalhos
científicos sobre o tema da integração latino-americana por meio
do periódico intitulado Cadernos PROLAM/USP/Brazilian Journal
of Latin American Studies, com Conselho Editorial Internacional,
indexado sob o número 1676-6288; e disseminação dos trabalhos
acadêmico-científicos por meio de um campo específico na página
web do programa e por outros meios digitais. Atualmente, a
formatação da revista foi padronizada de acordo com os critérios
Scientific Eletronic Library Online - Scielo, com o objetivo de
inseri-la nesta biblioteca eletrônica que reúne periódicos científicos
brasileiros. Atualmente conta com 11 números, tendo sido
agraciada com suporte financeiro CNPq e CAPES.
8. Corpo Administrativo
96
Comissão de Pós-Graduação do PROLAM/USP
Presidente: Profa. Dra. Maria Cristina Cacciamali
Vice-Presidente: Profa. Dra. Cremilda Medina
Prof. Dr. Afrânio Mendes Catani
Profa. Dra. Amália Inés Geraiges de Lemos
Prof. Dr. Márcio Bobik Braga
Profa. Dra. Rebeca Scherer
Prof. Dr. Umberto Celli Júnior
Representantes Discentes: Donizetti Leônidas de Paiva e Pedro
Silva Barros
Secretaria
Raquel Martins Carvalho
William Almeida dos Santos
www.usp.br/prolam
[email protected]
ReseÑas
■
Teoría de la comunicación: la comunicación, la vida
y la sociedad, Manuel Martín Serrano, 338 p., 2007.
Este libro abarca tres temas que están adquiriendo cada vez más importancia,
a medida que se van ampliando las fronteras del conocimiento: los orígenes de la
comunicación, la naturaleza de la comunicación y la comunicación humana. Las
ciencias sociales y del comportamiento están concernidas por las contribuciones
de estos saberes comunicativos. Pero también las ciencias naturales. “Teoría de la
comunicación: la comunicación, la vida y la sociedad” desarrolla la teoría que se
requiere para las aplicaciones actuales de los estudios de la comunicación; y hace
comprensibles los resultados obtenidos por investigadores de muy diferentes
especialidades. Proporciona un repertorio de contenidos, leyes y conclusiones
que arman el conocimiento referido a la comunicación.
Editora: McGraw-Hill, Madrid, España.
■
Estado e Comunicação, Murilo César Ramos, Nelia R. Del
Bianco (Orgs.), 240 p., 2008.
Estado e Comunicação reúne alguns dos principais textos e palestras proferidas
no Colóquio Internacional e no Ciclo de Estudos Interdisciplinares de Comunicação, eventos que integraram o XXIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação realizado em 2006 na capital do Brasil. O mérito dessa coletânea está em
trazer o debate do tema a partir do olhar de pesquisadores renomados de diferentes países: França, Espanha, Portugal e México, África do Sul e Brasil. A diversidade
dos autores favoreceu a construção de um panorama atualizado da discussão sob
aspectos cruciais como a construção de políticas públicas democráticas em tempos
de liberalismo, a atuação de entidadades reguladoras, o funcionamento de sistemas
comunicacionais dos poderes instituídos e dos processos de controle dos fluxos
informativos e de difusão cultural.
Editora: INTERCOM, SP, Brasil.
■ LA INVESTIGACIÓN PERIODÍSTICA EN LA ARGENTINA, Alfredo
Alfonso, Martín Becerrra (compiladores), 196 p., 2007.
El libro está basado en un seminario realizado en la Universidad Nacional de Quilmes (UNQ), que contó con la participación de profesionales destacados y también de
profesores universitarios. La claridad conceptual de las exposiciones y la correspondiente repercusión que el seminario tuvo entre los asistentes se combinaron para disponer la publicación del material y compartir su contenido con la amplia comunidad
de interesados en el campo del periodismo y la comunicación. Los nombres de Susana
Viau, María Seoane, Daniel Santoro, Miguel Bonasso, Miriam Lewin o Eduardo Anguita resuenan junto al de otros periodistas de ayer y hoy que, en distintos lenguajes y
en diferentes contextos históricos, asumieron una de las premisas básicas del periodismo que es la necesidad de insertar el acontecimiento en el cauce de hechos que lo explican y condicionan.
Muchos de ellos son autores de trabajos señeros que permitieron enfocar mejor, y en muchos casos hasta
iluminar, espacios de las prácticas sociales, políticas y económicas hasta ese momento ignoradas por el
conjunto de la sociedad argentina.
Editora: Universidad Nacional de Quilmes Editorial, Buenos Aires, Argentina.
97
■ METODOLOGÍA
DE LA INVESTIGACIÓN COMUNICACIONAL. UNA
APROXIMACIÓN DESDE EL ESTUDIO DEL CONSUMO CULTURAL DE
LA RADIO ENTRE MUJERES MIGRANTES DE LA CIUDAD DE EL ALTO,
Carlos A. Camacho Azurduy, 265 p., 2007.
Luego de diez años de ejercicio docente en educación superior universitaria de
pre y postgrado en el área de metodología de investigación en Ciencias Sociales, el
comunicólogo boliviano considera que es más que pertinente su publicación para
coadyuvar en el desarrollo de una cultura profesional de investigación académica
en Comunicación Social, que brinde autonomización y legitimidad al campo. Esta
situación se hace particularmente evidente en nuestro contexto, ya que como sostuvo hace dos años atrás, la producción científica en las escuelas de Comunicación en
Bolivia está en profunda crisis.
Editora: Xtra Publi Editores, La Paz, Bolivia.
■ Periodismo
digital en México, Delia Crovi, Florence Toussaint,
Aurora Tovar, 222 p., 2006.
Como desarrollo tecnológico Internet tiene dos dimensiones de análisis: es
una innovación tecnológica que se ha ido construyendo socialmente y es también
un nuevo medio de comunicación e información. Mediante el estudio de una
muestra de periódicos, radiodifusoras y televisoras en sus versiones digitales, el
libro “Periodismo digital en México”, escrito por Delia Crovi, Florence Toussaint y
Aurora Tovar, tiene como propósito abarcar esas dos dimensiones. Pero en la red
el tiempo es efímero. Las transformaciones han sido muchas y rápidas. En este
contexto, los medios de comunicación no sólo fueron descubriendo las posibilidades de Internet, también se posicionaron como los protagonistas del cambio
98
en materia de difusión masiva de noticias periodísticas vía red. Al mismo tiempo,
otros emisores comenzaron a emerger con nuevas propuestas, cambiando las
formas de expresarse en ese nuevo medio.
Editora: Universidad Nacional Autónoma de México y SITESA ediciones, México.
■
Televisão Comunitária: dimensão pública e participação
cidadã na mídia local, Cicília Maria Krohling Peruzzo, 197 p., 2007.
Este livro resgata experiências pioneiras de televisão comunitária no Brasil desde
aquelas que se configuraram como TVs de Rua, exibidas em telões e em praças
públicas, até os novos modos de fazer TV, os canais comunitários na TV a cabo. O
objetivo geral é apresentar as modalidades de participação popular efetivadas nos canais comunitários no sistema cabo. São apresentados resultados de uma investigação
baseada em pesquisa bibliográfica, documental e em entrevistas. A pesquisa tomou
como amostra três canais comunitários do sistema cabo de televisão no Brasil. Teoricamente baliza-se pelos conceitos de participação que permitem captar a inserção
das pessoas nos meios de comunicação popular e comunitária, tomando por base
os níveis possíveis de envolvimento, de espectador ao tomar parte dos processos de
produção, planejamento e gestão da comunicação.
Editora: Mauad, Rio de Janeiro, Brasil.
ReseÑas
■
Entre el saber y el poder: pensamiento
comunicacional latinoamericano, José Marques de Melo,
386 p., 2007.
Esta es una obra para el estudio del pensamiento comunicológico
latinoamericano, cuya textura se hace perceptible bajo las luces rasantes de un
saber exhaustivo, fruto de décadas de indagación y del examen situado da la
acción penetrante del poder. Cuarenta años de saber se almacenan, pero no se
limitan, en estas páginas. No se ha publicado libro semejante en Hispanoamérica.
Visión holística y totalizadora, dotada a la vez de una extraordinaria sensibilidad
para el registro de lo peculiar, del dato sorprendente, de la voz inédita, recupera y
sistematiza como ninguna, muchísimo de lo que ha pensado sobre comunicación
y sus correspondientes dilemas en la América hispano-lusitana.
Editora: Comité Regional Norte de Cooperación con la UNESCO, México.
■
Matrizes, Revista do programa de Pós-Graduação em
Ciências da Comunicação da Universidade de São Paulo,
Ano 1, n.1, 248 p., 2007.
Matrizes é um periódico destinado à publicação da produção científica cujo
objeto de estudo é a comunicação lato sensu. Acolhe trabalhos teóricos, experiências de análise e formulações conceituais sobre processos comunicativos, meios,
mediações e emergências das interações na sociedade contemporânea de informação generalizada. Trata-se de um periódico aberto às reflexões sobre as transformações históricas das mediações na cultura; sobre as produções de linguagens e
suas interfaces; sobre as implicações sócio-políticas das atividades implementadas,
bem como de suas conseqüências cognitivas. Para isso, preserva o horizonte inter
e transdisciplinar dos aportes teóricos e metodológicos do pensamento comunicacional. Espera-se, por
conseguinte, redimensionar conhecimentos e tradições históricas que contribuem para definir, mapear e
explorar conceitualmente os eventos comunicativos, reavivando, os compromissos que são, igualmente,
parte da história do PPGCOM-ECA-USP. No limite, evidencia-se a necessidade de criar espaço de construção de uma teoria crítica e conseqüente das práticas de estudo da comunicação.
Editora: ECA/USP, SP, Brasil.
■
Entre miedos y goces. Comunicación, vida pública y
ciudadanías, José Miguel Pereira G., Mirla Villadiego Prins (Editores
académicos), 319 p., 2006.
En este libro se publican las conferencias impartidas por profesores e investigadores en el marco de la décimaprimera Cátedra UNESCO de Comunicación Social,
organizada por el Grupo de Investigación Comunicación, Medios y Cultura del
Departamento de Comunicación de la Pontificia Universidad Javeriana.
Editora: Pontificia Universidad Javeriana / Cátedra Unesco de Comunicación
Social, Bogotá, Colombia.
99
entrevista
LA INSTITUCIÓN
DE LA DEMOCRACIA
Entrevista a Rafael Roncagliolo
Por Luis Peirano Falconí
Doctor en Humanidades por la Pontificia Universidad Católica del Perú. Magister en Communication Arts por la Universidad de Wisconsin, Madison. Sociólogo, especialista en temas de
comunicación y cultura, y director de teatro.
Actualmente es profesor principal y Decano de la Facultad de Ciencias y Artes de la Comunicación de la PUCP. Es coordinador de las Maestría en Comunicaciones y Comunicación en Salud
en la misma universidad. Miembro del Tribunal de Ética del Consejo de la Prensa Peruana y Presidente del mismo entre los años 2006 y 2007.
Miembro de la Comisión Nacional de Cultura y de la Comisión Técnica Consultiva de la UNESCO.
Investigador y promotor de publicaciones y producciones culturales. Ha sido presidente de Desco, Centro de Estudios y Promoción del Desarrollo, y además ha dirigido diversas producciones
teatrales.
Por Hugo Aguirre Castañeda
Coordinador de la Especialidad de Comunicación para el Desarrollo de la Facultad de Ciencias
y Artes de la Comunicación de la Pontificia Universidad Católica del Perú (PUCP). Magíster en
Comunicación Pública por la Universidad de Puerto Rico. Actualmente participa del Diploma en
Comunicación Corporativa, Universidad de Piura, Perú.
100
Coordinador Académico de la Maestría en Comunicación en Salud. Profesor asociado de pregrado
y posgrado de la Facultad de CC.AA. de la Comunicación y de la Maestría en Comunicaciones de
la PUCP. Docente de los Diplomados de Análisis y Resolución de Conflictos del CARC-PUCP y de
Gestión de la Calidad del Instituto para la Calidad PUCP desde el año 2004. Ha sido docente de
las Universidades de Lima y Mayor de San Marcos.
Consultor para asuntos de comunicación en UNICEF, Asociación Multidisciplinaria de Docencia y
Estudios en Población (AMIDEP), la Academia para el Desarrollo Educativo (AED), entre otros.
Rafael Roncagliolo Orbegoso
Sociólogo y periodista peruano autor de diversas publicaciones. Profesor de postgrado
en las universidades de Lima, Católica y Nacional Mayor de San Marcos. Ha sido Consultor para el Instituto Interamericano de Derechos Humanos, UNESCO, el Programa de las
Naciones Unidas para el Desarrollo (PNUD), la Organización de Estado Americanos (OEA),
el Banco Interamericano de Desarrollo (BID) entre otros organismos internacionales.
Cuando se creó la Facultad de CCSS yo me pasé por una razón
patriótica: pensaba que las ciencias sociales eran más útiles para hacer
cosas por la transformación del país; esa era mi motivación.
En qué momento aparece el tema
de la comunicación en la trayecto­
ria profesional de Rafael Ronca­
gliolo
Originalmente yo estudiaba
Literatura y Psicología para empezar por el principio. Cuando
se creó la Facultad de CCSS yo
me pasé por una razón patriótica: pensaba que las ciencias sociales eran más útiles para hacer
cosas por la transformación del
país; esa era mi motivación. Terminé esos estudios de sociología
con la especialidad de ciencias
políticas en la primera promoción y empecé a trabajar en Desco con Eduardo Ballón, Carmen
Lora, Gustavo Riofrío y con Leila
Bartet los temas de educación
y Rodrigo Montoya, Guillermo
Molina y Luis Peirano. Hicimos
algunas cosas críticas en materia
de educación, un libro de crítica
de los textos escolares, y otra
cosa que se llamó “Detrás del
mito de la educación peruana”
con Guillermo Molina y Rodrigo
Montoya. Cuando llegó Luis
Peirano pasamos al tema de los
medios de comunicación como
un elemento tanto o más importante que la escuela por sus
resultados educativos. Entonces
publicamos un libro muy crítico
de la publicidad que se llamó
“La publicidad porque me gusta
pues” allí es donde se da mi
primer contacto con las comunicaciones.
Pero por esos años, estamos
hablando de la primera mitad
de la década de los setenta, yo
también empecé a hacer periodismo. Escribí artículos en la
prensa escrita, tuve un programa
de televisión, de manera que
empieza una relación con las
comunicaciones más profesional
que académica, más de trabajar
y hacer comunicaciones que de
estudiarla.
Es interesante, justamente es el
momento histórico en el que hay
una visión crítica de la comuni­
cación masiva...
Bueno estamos hablando del
momento en el que nace la
investigación crítica en comunicaciones en América Latina,
estamos hablando de cuando
Pasquali publica su trabajo
sobre cultura y comunicación
de masas. Y luego él mismo se
involucra también en el proyecto
Ratelve que es un proyecto de
transformación de la televisión
venezolana bajo el primer gobierno de Carlos Andrés Pérez;
estamos hablando de la época
en que Armand Mattelart, que
había ido a enseñar demografía
en Chile (nosotros hemos estudiado demografía con el libro
de Mattelart), raíz de los acontecimientos de la reforma de la
Universidad Católica de Chile y
de la huelga, de los estudiantes
que ponen en el frontis de la
universidad una letrero inmenso
que dice: “Chileno, El Mercurio
miente”, raíz de estos acontecimientos Mattelart hace un giro
y se pone a trabajar comunicaciones y lo primero que produce
es un cuaderno del Cerem (Centro de Estudios de la Realidad
Nacional) sobre comunicación
de masas y de allí Mattelart deja
la demografía y se dedica a las
comunicaciones.
Viene la reforma agraria en
Chile y publica más o menos en
ese contexto con Ariel Dorfman
el libro “Para leer el Pato Donald”. Todavía con Mabel Piccini
y es también el tiempo en el que
Eliseo Verón que suele ser olvidado injustamente, hace en Buenos Aires el primer seminario
sobre Lenguaje y comunicación
101
No yo diría que es más bien el encuentro con la Escuela de
Frankfurt. Es la recuperación de ella. Schmucler recupera a
Benjamin y el gran tema de las industrias culturales.
de masas y publica el libro que
se llama así también, que yo creo
que es el primer texto crítico sobre comunicaciones en América
Latina.
Estamos hablando también de la
época en que Paulo Freire em­
pieza a hacer su alfabetización
El ser un poco posteriores in­
volucra una revisión teórica de los
antecedentes de la mass communi­
cation research....
Bueno ese es el punto de
partida, si tu lees el artículo de
Mattelart que es fundacional en
ese sentido... ese es el punto de
partida.
concientizadora que luego se iba a
102
tuvo así y recuerdo que se crea
la sección de Economía Política
de la Comunicación que era la
que sostenía ese punto de vista
cuyos orígenes se remontan a la
Escuela de Frankfurt.
Pero si bien llegamos un poquito
tarde a este inicio que como tu has
señalado estaba ubicado más en
aplicar no sólo a la educación sino
Ese punto de partida en realidad
Chile, en Argentina, en Venezu­
también a las comunicaciones
es una conciliación con la Escuela
ela, Brasil... no llegamos tarde al
Y por último, estamos ha­
blando de la época en que Luis
Ramiro Beltrán que acababa
de regresar de estudiar, de
con­­­vertirse en el primer lati­
noamericano en obtener un es­
pe­cialista en comunicaciones en
Michigan, vino a América Latina
a trabajar con el IDRC, centro
canadiense. Y empieza a descubrir las limitaciones de lo que
había aprendido en Michigan.
Efectivamente este es el tiempo
cuando nace la Escuela Crítica
Latinoamericana.
El trabaja en­tonces con Elizabeth
Fox y publican un libro sobre
el tema.
Es también el año 72 cuando
Mattelart y Schmucler crean la
revista Comunicación y Cultura.
Estamos hablando de esa época.
Nosotros somos un poquito
posteriores… (risas)
de Frankfurt, con el postmarx­
primer debate político del tema a
ismo, con el estructuralismo.
nivel internacional. A eso si llega­
No yo diría que es más bien
el encuentro con la Escuela de
Frankfurt. Es la recuperación
de ella. Schmucler recupera a
Benjamin y el gran tema de las
industrias culturales. Porque
además todo esto se va a explorar inmediatamente en una
esfera académica internacional
que es primero la Asociación
Mundial de Investigación en Comunicación de Masas y después
los debates en Unesco.
Yo me acuerdo que por esa
época iba por primera vez a un
congreso de estos en Varsovia y
allí se crea esta estratégica institución que agrupaba a académicos de oriente y occidente...
Es muy curioso porque la
mayor parte de agrupaciones,
con la llegada de la Guerra Fría,
se dividieron. Pero acá se man-
mos bien temprano.
Es que antes del debate
internacional hay una serie de
experiencias latinoamericanas
polémicas e interesantes.
Cuando llega la televisión a
Chile, el presidente conservador Alessandri, decide que la
televisión debía estar en manos
de las universidades. Ya estaba el
proyecto Ratelve en Venezuela,
estaba la polémica reforma de
los medios en el Perú, en México
se intentó legislar sobre el derecho a la información.
El asunto del debate in­
ternacional tiene fecha ah,
yo creo que empieza en 1973
cuando hay una conferencia de
los No Alineados en Argel. Un
poquito antes el Acuerdo de
Cartagena había aprobado una
resolución en la que se habla del
entrevista
La Comisión Mc Bride empieza a discutir los problemas
de la comunicación en el mundo y paralelamente se empieza
a discutir la moción de la representación soviética
desequilibrio informativo y el 73
en Argentina se da la conferencia cumbre de Unesco a la que
asisten por primera vez muchos
países latinoamericanos, asiste
Cuba, Perú se incorpora. Va
Argentina. Allí, en esa reunión se
hace el siguiente razonamiento.
En los No Alineados hemos
peleado por la independencia
política, por la independencia
económica y por eso se fundó el
Grupo de los 77, Echevarría propone el Nuevo Orden Económica Internacional
¿Echevarría el presidente de
México?
Claro lo hace primero en
Naciones Unidas. Estamos
hablando del momento en el
que ocurre lo de Argel. Entonces
se concluye que hay un problema de colonialismo informativo. Entonces se hace una
resolución donde se afirma que
hay colonialismo económico y
colonialismo informativo. Y allí
empieza un movimiento de los
Países No Alineados sobre este
tema del colonialismo informativo. Lo que lleva a la UNESCO
en el 76 a crear la Comisión
McBride donde ya nosotros
estamos metidos. La gracia de
la Comisión McBride es que es
un encuentro entre políticos y
académicos.
Como todas estas comisiones, la anterior había sido la
Comisión Ford, después hubo
la Comisión de Pérez de Cuellar
sobre Cultura, eran comisiones
de notables. Entonces estaba,
por ejemplo, en la Comisión
McBride, el director fundador
de Le Monde, estaba el director
de la agencia Novosti, el director del New York Times y de
América estaban Gabriel García
Márquez y Juan Somavía.
La Comisión Mc Bride empieza a discutir los problemas de
la comunicación en el mundo
y paralelamente se empieza a
discutir la moción de la representación soviética que no
tiene mucho que ver con esta
discusión pero que oscurece el
panorama porque hace que la
prensa internacional trate este
tema como un tema de comunismo cuando no era así.
Yo estuve en Moscú tratando
de explicar a los soviéticos lo
que era esta cuestión del colonialismo informativo porque
ellos estaban en contra de que
se empiecen las paralizaciones.
Ellos estaban en contra, no entendían lo que estaba sucediendo. Entonces este debate es muy
importante porque además en
la comisión McBride cada uno
debía tener un asesor técnico, allí
había un grupo muy interesante.
Por ejemplo, el representante
holandés tenía a Jack Pronk
que fue varias veces Ministro de
Desarrollo y su asesor era Cees
Hamelink; el yugoslavo era el
profesor Osornik y su asesora
era Vera Pavlic; yo era asesor de
García Márquez, Reyes Matta
era asesor de Juan Somavía entre
otros. Entonces hacíamos una
especie de cocina de académicos
que llevábamos las cosas a eso
¿no?
Pero volviendo a la pregunta
inicial, yo en realidad me dedico
a escribir sobre comunicaciones
cuando salgo al exilio en el año
76. Porque hasta entonces había
sido un sociólogo más dedicado
al periodismo, y cuando salgo al
exilio trabajo en el último turno
de la noche del diario El Universal que fue un trabajo que me
dio el Sindicato de Periodistas
de México y que era de las 10:00
p.m. a las 6:00 a.m.
Al día siguiente que comencé
a trabajar, me llama Juan Somavía y me dice: yo estoy viajando a Europa pero me gustaría
contratarte a partir de octubre,
digamos dos meses después. Entonces fui director de la división
de comunicaciones del Ilet y
entonces empecé allí en el ILET
103
Yo creo que algunas ideas básicas del NOMIC siguen
vigentes, e incluso con mayor urgencia, pero que el marco
de este debate es radicalmente distinto.
(Instituto Latinoamericano de
Estudios Transnacionales) a escribir las primeras cosas sobre la
reforma de la prensa en el Perú,
y ya después empecé a trabajar el
tema de publicidad con Noreene
Janus, el tema de los No Alineados con Gregorio Selser, el tema
de la Iglesia con Reyes Matta, y
allí empecé a dedicarme a esto de
las comunicaciones.
Y entonces ya estaba incorporado
este marco teórico relacionado con
la economía política de la comuni­
cación... diríamos que los latino­
americanos de frente empezamos
con esa perspectiva política. Hay
104
antecedentes de cosas escritas
antes.
La publicación de textos en esa
perspectiva arranca en esa época
me parece. Una vez, en el curso
de postgrado que dicto, hice una
recopilación de los textos publicados sobre comunicaciones en
el Perú antes, claro que tenía una
perspectiva más funcionalista,
eso es en los años 60. Con los
70 arranca esta perspectiva de la
economía política de las comunicaciones.
la que parece ideal retomar todo
lo que tiene que ver con la teoría
de los efectos... ¿Eso ya murió o
vale aún? ¿Vale la pena reavivarlo?
Yo creo que está reavivado
por una razón muy simple, yo
diría que en los últimos 28 años
en América latina se estableció
la tercera oleada democrática
y que ha sido la más larga ¿no?
Incluso hoy día la preocupación
desde la democracia es ¿cómo
puede conciliarse la democracia
con la manera en que funcionan
los medios de comunicación?
Entonces hay una muy legítima
preocupación sobre los efectos
de los medios de comunicación.
Nadie va a volver a la teoría
de la aguja hipodérmica ni nada
de eso, pero el problema de los
efectos está hoy día presente y
más que nunca porque el desarrollo de la vida democrática
se ha mediatizado a tal punto
que el problema de las comunicaciones puede ser central. Yo
diría que el problema número
uno para la democracia son las
comunicaciones.
En ese sentido, el gran debate del
NOMIC en el que ustedes eran
Nuestra conversación se ha movido
de alguna manera protagonistas
de manera interesante y nos ll­
podría decirse que está vigente.
evaría a comparar lo ocurrido en la
¿Cuáles son los elementos de ese
época del NOMIC con la época ac­
debate que tienen influencia hoy
tual. Hoy estamos en una época en
en día?
Yo creo que algunas ideas
básicas del NOMIC siguen
vigentes, e incluso con mayor
urgencia, pero que el marco
de este debate es radicalmente
distinto. Cuando la comisión
hizo su informe cada uno de los
miembros tenía derecho a poner
sus notas propias, como un
apéndice. En lo que redactaron
los latinoamericanos García
Márquez y Somavía (yo también
participé en la redacción y eso
está publicado en el informe)
hay cuatro párrafos que dicen:
“para nosotros el problema es
democratizar las comunicaciones”. Democratizar las sociedades. Ese el tema...
Sigue siendo el mismo...
Ese tema es el de mayor urgencia que antes.
Pero hay algunos errores que se
cometieron ¿Qué cosa que valió
en ese momento que no vale ya?
Bueno en primer lugar ese debate estaba demasiado centrado
en la información. Yo diría hoy
que mucho más importante que
la información es el entretenimiento, digamos los aspectos
educativos del entretenimiento,
también el poder de la publicidad, cosas que en ese momento
eran menos transparentes. El
entrevista
Para nosotros el modelo era el de la televisión europea.
A partir del 82 con Mitterand se termina el monopolio público
europeo para darle espacio a las radios piratas...
debate estaba centrado en las
agencias de información. Recuerdo que nosotros hicimos un
libro que se llamaba “Las agencias de noticias frente a los No
Alineados” desmenuzando cómo
éstas desfiguraban la “realidad”.
Hoy en día las agencias son un
tema importante pero no tanto o
mucho menos frente a la concentración de la propiedad de los
medios...
¿Qué otra cosa no vale?
Muchas otras. Otra cosa es que
en ese momento había dos modelos de televisión en el mundo.
El modelo americano de televisión privada financiada por la
publicidad y el modelo europeo
de televisión pública sin publicidad, financiada con impuestos o
como la televisión italiana, por
bloques de publicidad que tienen
que ser muy creativos para que
funcione.
El europeo en general era entonces el modelo pre­dominante
en el mundo. Ese es un debate
que se remonta a la aparición de
la radio en los años veinte cuando los europeos crean la BBC,
y los americanos, después de un
enorme debate -hay que decirloescogen la televisión privada
comercial. Pero eso fue un debate
largo en el congreso de los Esta-
dos Unidos, no era tan simple.
Entonces en ese momento,
todavía existía ese otro modelo
que hoy día ya no existe. Por eso
el debate era distinto. Hoy día
todo el mundo acepta lo comercial, que hay un lugar para el
espacio privado en los medios de
comunicación. En ese momento,
eso era una tesis existente en 32
países del mundo de los cuales 16
eran del hemisferio americano
(se refiere a la TV privada). Para
nosotros el modelo era el de la
televisión europea. A partir del
82 con Mitterand se termina el
monopolio público europeo para
darle espacio a las radios piratas...
Claro eso era al principio, para
legalizar a las radios piratas, que
además cumplían cierta función
importante...
Claro eso fue al principio y
las radios piratas eran las radios
rebeldes, fueron estas las que
pelearon por eso. Pero hoy día el
panorama es totalmente distinto.
A nadie se le va a ocurrir plantear el monopolio de la televisión
estatal. Luego en ese momento
todavía predominaba la idea de
que el Estado podía compensar
el efecto del mercado libérrimo.
Hoy en día las experiencias del
Estado en las comunicaciones
son tan malas que a nadie se le
ocurre pensar vías que impliquen
al Estado en esto.
Y el problema sigue vigente
pues es más agudo que antes,
porque antes por ejemplo, se
prestaba atención a la prensa
escrita porque todavía la televisión no era tan poderosa como
lo es hoy. Hoy en día la prensa
escrita pasa a ser el espacio ilustrado ¿no? Por ejemplo ahora El
Comercio, La República, Perú.21
insisten en quiénes son sus
colaboradores, los que escriben
opinión, ya que eso ha pasado a
ser muy importante ahora. Antes
lo más importante antes era el
aspecto noticioso. En la actualidad es la radio quien se ocupa
principalmente del aspecto
noticioso, luego está la televisión,
entonces los problemas no están
en la prensa escrita que resulta
mucho más democrática y plural.
Los problemas están principalmente en la televisión.
Ahora, ese cambio tiene también
que ver con cambios ideológicos y
políticos. Ya no es posible aislar el
tema comunicacional de los vecto­
res sociales, económicos.
El escenario actual es uno muy
ale­jado de la comprensión de la
gente común o corriente. Ya no se
entiende nada y se ha perdido un
poco la idea de emisor. Ya no se
105
Antes, estos intelectuales estaban más preocupados por la escuela,
por la prensa escrita, es curioso pero los sociólogos estaban hablando de estas cosas cuando ya la televisión era la dominante.
sabe quién le habla a las
au­diencias, esa forma de ser de
la co­­mu­nicación masiva actual
difiere mucho de la de hace unos
treinta años...
Si. Yo creo que Sartori, que
escribió un best seller muy
polémico,
Pero que a ti te gusta y citas
mucho.
106
Si a mi me gusta, porque Sartori es en realidad un especialista
en ciencia política y en el sistema
de partidos y de repente se mete
en las comunicaciones y escribe
este libro que me parece también
controvertido, pero interesante,
que llame la atención sobre el
tema con Homo Videns. Claro,
es una preocupación que no es
exclusiva de Sartori. Ya Karl Popper se había manifestado antes y
había escrito unas cosas terribles
sobre el poder de la televisión,
en fin, hay una lista de gente que
está preocupada por el problema.
Antes, estos intelectuales estaban
más preocupados por la escuela,
por la prensa escrita, es curioso pero los sociólogos estaban
hablando de estas cosas cuando
ya la televisión era la dominante.
Ahora empiezan tardíamente a
volver sobre la televisión. Incluso
había desprecio por la televisión.
Yo recuerdo que me dijeron que
la televisión no era para discutir
cuestiones serias.
Después vinieron los pro­
gramas televisivos de Luis Alberto Sánchez, de Mario Vargas
Llosa y la percepción cambió un
poco. Lo que quiero decir es que
las cosas se mediatizaron en tal
forma como parte de un proceso
largo que no es un proceso de
manipulación y que tampoco es
uno técnico exclusivamente. Se
ha dado una verdadera revolución cultural como lo fue en
su momento la aparición del
lenguaje en el ser humano, la
aparición de la escritura a la
cual dicho sea de paso Platón y
los sabios egipcios se oponían,
como fue la aparición de la imprenta y es ahora esta cosa de la
cultura audiovisual y digital que
es una profunda transformación
cultural que afecta a todos, también a la política que era básicamente una política hecha en
base a relaciones cara a cara. Y
hoy en día es una política hecha
en base a la relación mediática.
Esto es muy interesante
porque el Perú, por ejemplo,
hasta antes del Golpe Militar
del 1968, lo más importante de
la política era el mitin, también
la célula partidaria del partido
de izquierda. Las siguientes
elecciones del 78 y 80, ya son
distintas, la televisión pasó a
ser el escenario. Entonces ahora
cada vez hay menos mítines. Los
locales partidarios son locales
casi abandonados, las célula es
algo que ya no existe, el sentido
de la pertenencia al partido ya
no se mide como militancia
sino como cosecha de votos. Y
eso responde a un proceso de
transformación cultural que
hace preguntarse qué queda de
la democracia en esto. O mejor
¿cómo recuperar los ideales
democráticos en un paisaje radicalmente distinto?
Hay un gran consenso de que el
aporte latinoamericano al pensa­
miento sobre la comu­nicación
mundial ha sido muy importante.
Creo que eso es incuestionable.
¿Cómo resumirías ese aporte y
cuál es el estado actual?
Del estado actual te puedo
decir poco porque yo soy una especie de tránsfuga de las comunicaciones, porque he regresado
a la democracia que era mi
primera preocupación, mi preocupación inicial o de partida. No
estoy muy al tanto, hace muchos
años que no voy a los congresos
internacionales. Pero yo creo
que si se reconoció un aporte,
por varias cosas, primero porque
estos académicos en cierta forma
entrevista
Yo creo que por esta razón los latinoamericanos pasaron
a ser un punto importante de referencia porque la producción
latinoamericana se reveló como muy notable.
eran sujetos de cierta envidia
por los demás. Eran académicos
políticos. Freire era un exiliado,
Mattelart era un exiliado, Verón
en cierta forma era un exiliado. Pasquali se había metido a
hacer un proyecto de televisión
en Venezuela, Freire se propuso hacer un proyecto educativo aceptado por el gobierno
brasileño de la época. Entonces
es gente que está también en
la acción. Yo creo que no era el
caso de académicos que sólo
vivían en la universidad y punto.
Estos académicos latinoameri­
canos además eran políticos,
tenían posiciones políticas, no
eran académicos neutrales. Y
habían participado de procesos
de cambio y a partir de ello
había una reflexión muy crítica
pero muy ahondada en la realidad. Yo creo que por esta razón
los latinoamericanos pasaron
a ser un punto importante de
referencia porque la producción
latinoamericana se reveló como
muy notable.
Pero además yo sí creo que
hubo una profunda transformación entre la primera y a segunda generación de pensadores
lati­noamericanos, ojo no en
edad, porque las edades pueden
ser las mismas. Hay una segunda
generación en términos de las
fechas de producción donde
están Jesús Martín Barbero, Néstor García Canclini, Oscar Landi
(desgraciadamente fallecido) y
muchos más que hacen el gran
aporte –para usar el título de
Martín Barbero- de pasar “de los
medios a las mediaciones”.
Esto sí es una transformación
muy profunda y rica y como detrás de esto hay una riqueza de
pensamiento muy grande, esta
generación refuerza el interés
por el aporte latinoamericano.
Es muy interesante notar que
en las dos generaciones hay
filósofos: Pasquali y Freire eran
filósofos y Martín Barbero y
García Canclini también tienen
formación filosófica, eso les da
alguna profundidad de pensamiento. A mi me parece que el
aporte teórico de estos autores
segundos es tanto o más que el
de los primeros porque además
tuvieron una repercusión internacional extraordinaria.
Después se genera una gran influ­
encia sobre la formación de comu­
nicadores en el mundo académico.
Cuando mira en per­s­­­pectiva a los
teóricos lati­noamericanos se en­
cuentra ori­ginalidad a la vez que
re­petición...
Yo creo que se ha malentendido la historia de las comunica-
ciones como supuesta disciplina,
Héctor Schmuder relata esto con
mucha gracia en un libro medio
de memorias que él tiene.
“Memoria de Comunicaciones”
¿no?
Si, que es el encuentro entre
los de la escuela de Frankfurt
y los empiricistas en Nueva
York cuando los de Frankfurt
salen exiliados. Entonces, lo que
cuenta Schmucler, es que llegan
Adorno y el gran publicista Paul
Lazarsfeld, también exiliado, y
le ofrece un trabajo en la radio
de la universidad de Columbia
y creo que ese es el gran lío, que
para ellos el trabajo en comunicaciones era muy vinculado
al análisis empírico de cosas
concretas.
Esta investigación nace vin­
culada a la radio, los efectos
de la radio, en la guerra y en la
publicidad. Todo eso nace junto.
La mass comunication re­search
nace en frente de eso. Para el
señor Adorno, como para Horkheimer, era un problema del
papel de las comunicaciones en
el mantenimiento del Status Quo
y la autorización del potencial
revolucionario. Entonces, son
dos visiones totalmente distintas.
Una es la del filósofo, la otra es
la investigador empírico en el
107
Hay un mercado laboral para el uso dela
comunicación en el desarrollo.
108
sentido más llano. Creo que eso
ha atravesado toda la historia de
los estudios en comunicación.
En el comienzo hay, como bien
decía Lucho, una relación entre
la visión crítica y la posibilidad
de hacer aplicaciones concretas
y ahí creo que nace la comunicación para el desarrollo. Yo
no sé si se puede marcar cuál
es el punto de partida de esto,
pero de alguna manera diría
que la enseñanza de las comunicaciones en América Latina
tenía muy presente la idea de la
comunicación utilizable para el
desarrollo por el mismo hecho
de su origen crítico, porque estos
investigadores a su vez estaban
vinculados a la enseñanza. Hay
tres cosas que nacen juntas en
América Latina el mismo año:
la Felafacs, la Asociación Latinoamericana de
Investigadores de la Comu­ni­ca­
ción y la FELAP (Federación
Latinoamericana de Periodismo). Las tres nacen el mismo
año, y esto creo no es casualidad, hay personas que estaban
en las tres. Entonces, la enseñanza es muy vinculada a lo que
está pasando en este campo de la
producción intelectual.
Una de las cosas que me ha
parecido bien interesante en
la Facultad de la PUCP, es que
cuando se creó esta especialidad yo pensé que iba a ir muy
poca gente y en realidad va
muchísima gente por que hay
un mercado laboral. Hay un
mercado laboral para el uso de
la comunicación en el desarrollo.
fría que empezaba ya podero­
samente. Entonces, las comuni­
caciones se concentran allí en la
publicidad, en la persuasión, en
la propaganda, en la difusión de
las innovaciones, de donde surge
Everett Rogers. Es fascinante que
rescates esa línea que puede ser
muy pálida al principio pero que
es donde está el origen de todo
Esta preocupación es, como tu
esto.
has dicho muy bien, primigenia,
En las elecciones americanas
del 36, aparecen varias cosas
juntas: Primero las campaña por
radio. Primera vez que un presidente de los Estados Unidos da
un mensaje por radio el día de
navidad. Segundo la publicidad
política, campañas contratadas,
publicidad contratada y encuestas de opinión. Ahí aparece
Galtung por que su suegro era
candidato a no se qué y le dicen:
mira estas encuestas, vamos a
hacer una encuesta en serio.
Todo es una secuencia. Surgen
Merton, Lazarsfeld, Bererson,
gente que desarrolla técnicas de
análisis empírico.
es primigenia porque cuando
Lazarsfeld llega, él era un tipo
que le interesaba la filosofía, que
le interesaba la música como a
Adorno, como a Horkheimer, eran
humanistas. Lo que pasa es que
los Estados Unidos se integran
muy rápidamente mediante su
asociación con Robert K. Mer­
ton. Obviamente, lo empiezan
apre­­-sionar en términos de una
instrumentalización de sus planteamientos y sus hallazgos. Por
un lado, el lado de la telefonía
que los intelectuales miraban con
desprecio. Así como tú has dicho
que miraban con desprecio a la
televisión, miraban con des-precio
al teléfono. El teléfono es impor­
Schramm que se convierte en la
tantísimo ¿no es cierto?
estrella del tema y Everett Rogers
Ahora todo circula a través del
teléfono
que ha sido activo hasta hace muy
¿Qué opina sobre la comunicación
para el desarrollo?
fría, las aplicaciones a la guerra
pocos años. A pesar de toda la
crítica latinoamericana sus teorías
Y finalmente la guerra, la guerra
son utilizadas mucho en lo que a
entrevista
Yo siempre digo: los medios no son omnipotentes,
pero tampoco son impotentes, lo que son es prepotentes.
comunicación para el desarrollo se
veces un trabajo pionero, que tú
refiere... ¿Tú crees que los aportes
has buscado y que no sabes donde
de la mass comunication research
está, y que deberías buscar por
tienen algún nivel de vigencia?
que debe estar en algún sitio. Es
Si
sobre la necesidad de los nuevos
marcos conceptuales para en­
Acabas de decir que ya nadie cree
tender la comunicación hoy.
en la teoría de la aguja hipodérmi­
Bueno, ese trabajo es una
ponencia que yo presente en
un seminario en Ámsterdam.
Si no me equivoco, a fines del
76. Estaba yo recién llegado a
México. Y se llama así, creo, “Comunicaciones y necesidad de un
nuevo marco conceptual” y yo lo
encuentro citado, pero la verdad
es que no se dónde está, tengo
que buscarlo.
ca, ya nadie cree en una relación
de causa y efecto directa, ¿enton­
ces en qué consiste su vigencia?
En primer lugar, porque
siempre que hay efectos. Yo
siempre digo: los medios no son
omnipotentes, pero tampoco
son impotentes, lo que son es
prepotentes. Y además yo creo
que la ciencia tiene un elemento
de análisis empírico necesariamente. No puede ser pura
especulación.
En qué consiste esta necesidad
frente al avance empírico y la
fundamentación empírica que
Tu nunca has evadido esa dimen­
es muy importante, es también
sión empírica en tus trabajos e
importante estos nuevos marcos
incluso tu formación en sociología,
conceptuales. ¿Por qué? ¿Cómo lo
en estadística, por ejemplo, la has
planteas?
valorado siempre y de hecho tu
Bueno, ya ese trabajo es
obsoleto. Pero la idea era esa,
que habían tales transformaciones en los fenómenos de
la comu­nicación que no se
podían seguir mirando con los
esquemas de análisis anteriores
que, por e­jem­plo, como hemos
estado hablando, pensaban que
la edu­cación era más importante
que la comunicación, ponían el
presencia a ese nivel en el campo
académico de las comunicaciones
es muy valorado, por ejemplo, por
los alumnos de nuestra Maestría.
Pero al mismo tiempo has sido
muy enfático desde hace muchos
años en la necesidad de tener
nuevos marcos conceptuales para
entender la comunicación. Yo me
acuerdo que te he pedido muchas
én­fasis sobre la prensa escrita,
ponían el acceso a la información cuando en realidad lo
más im_portante de la comunicación es su efecto educativo,
el nivel de la connotación más
que el de la denotación, cosa
que ahora los post-modernistas
han recuperado rotundamente.
Entonces, era la necesidad de
atender a una nueva realidad y
hay toda una biografía de esa época. Por ejemplo, me acuerdo de
un libro de un francés Bernard
Catelard sobre la publicidad que
decía: la publicidad es la palabra
dominante de nuestra época.
Primero era la palabra religiosa,
en el siglo de las luces la palabra
científica; Ahora todo se modela
según la publicidad. Hasta los
programas de educación como
Sesame Street. Ahora, yo creo
que lo más importante es la
teoría. En esto quiero ser bien
claro y parte del problema del
empiricismo es que pretende
reemplazar la teoría con la mera
evidencia empírica. Hay un
famoso libro de Blaylock que
se llama “Theory Construction” donde dice que la teoría se
construye a través de la demostración de correlaciones que se
mantienen a control de cualquier tercer factor posible, eso me
parece bien.
109
Yo creo que como parte de la formación hay que propiciar la
reconciliación del educando con el razonamiento matemático
que es una de las formas de pensar indispensables.
Sin quitarle méritos a Blalock por
lo que hace.
110
Al mismo tiempo, yo creo
que hay que hacer investigación
empírica y la investigación
empírica requiere técnica. Hay
que conocer las técnicas de la
investigación cuantitativa que
son técnicas estadísticas de­­sa­
r­­rolladas por la mass comu­
nication research a partir de
la explicación de la estadística
de las comunicaciones de las
ciencias sociales que empieza
con ello a comienzos del siglo
XX. En realidad la riqueza de la
producción de técnicas estadísticas de análisis viene de la mass
comunication research y yo creo
que forma parte indispensable
de la formación hoy día en comunicaciones. Primero, porque
permite analizar y segundo
porque entre los estudiantes de
comunicaciones como entre los
estudiantes que vienen de humanidades, en general, también
hay una terrible deformación
que viene de la escuela que es la
inhibición frente al razonamiento matemático.
Yo creo que como parte de la
formación hay que propiciar la
reconciliación del educando con
el razonamiento matemático
que es una de las formas de
pensar indispensables. Entonces, la es­tadística es una buena
manera de producir eso. Es muy
importante la enseñanza de la
estadística y por eso empecé a
enseñar estadística en el año 76.
En ese momento yo estaba en
Ciencias Sociales era accidentalmente jefe del departamento de
ciencias sociales por que había
renunciado el anterior jefe y
había sido elegido por medio de
votación. En ese año, como yo
estaba muy metido en el periodismo, dije: quiero enseñar algo
que me distraiga. Cualquier cosa
en teoría me va a traer a discusiones políticas, entonces yo
dictaba el curso de Estadística.
Lo dictaba los sábados de ocho
a diez de la mañana. Yo vivía en
Chaclacayo * Venía los sábados
por que tenía un efecto relajante,
para mi era como un entretenimiento.
iento ni da garantía de seriedad,
pero es parte del conocimiento
de la realidad. Todo esto nació
con unos alemanes que querían
comparar las fuerzas entre
los estados, la producción, las
exportaciones, la población, la
riqueza natural para eso usaban
los números ¿no? Pensar que los
números empobrecen la realidad me parece una estupidez.
¿Existe una disciplina que se llama
comunicación?
Tengo mis dudas.
¿Existe una disciplina que se llama
sociología?
También tengo mis dudas.
¿Cómo ves tú el asunto de en­
tender desde las ciencias sociales,
en el sentido más lato, la prob­
lemática de la comunicación?
¿Qué piensas tú en función de tu
experiencia que debe tener un
alumno en su caudal, en su bagaje
Una percepción entre los estu­
intelectual académico y prag­
diantes es que el proceso de
mático para tratar el tema de la
matematización del conocimiento
comunicación?
va a quitarle relación con la reali­
Yo no sé si la comunicación es
una disciplina en sí misma en
el sentido de tener un método
propio, exclusivo o una teoría
exclusiva, propia. Ciertamente
es un objeto muy importante
y un campo profesional muy
importante. Las razones claras
dad. ¿Que opinas de eso?
Que es una estupidez. Los
números son parte de la realidad. Hay cosas que yo las
miro con números, no todo, ni
tampoco el hecho de que estén
en libros reemplaza el pensam-
entrevista
Si yo voy a hacer, por ejemplo, comunicación para el desarrollo tengo que tener una idea del país, no es lo mismo comunicación para el desarrollo en Alaska que en Perú.
justifican olvidarse de la otra
discusión. Como universidad
tienes que formar profesionales, obviamente, no solamente
in­te­­lectuales ni principalmente
intelectuales. Yo si creo que hay
un objeto en la comunicación y
un campo profesional que son
las comunicaciones.
Perú. Me podría quedar con los
dos pilares: los co­no­cimientos
instrumentales, que los menciono primero por que nosotros
tenemos que poner énfasis en
nuestro mundo que es probablemente la formación. Yo creo que
la formación es clave.
¿No está faltando un elemento
¿Qué debe tener un alumno como
que tenga que ver específica­
bagaje? ¿Qué debe estudiar?
mente con la cultura?
¿Qué debe conocer?
La formación se refiere
también a la cultura, a la ética
también, al arte también.
Yo creo que una formación en
comunicaciones tiene que tener
un conjunto de conocimientos instrumentales. Si yo voy a
hacer televisión, tengo que saber cómo se maneja la cámara,
si yo voy a hacer prensa escrita,
tengo que saber ortografía.
Este núcleo de conocimientos
instrumentales es lo que garantiza el aspecto profesional. Pero
al lado de eso creo que debe
haber un conjunto de elementos intelectuales. En-tonces, ahí
hay que estudiar teoría de las
comunicaciones, método de
investigación y la relación entre
las comunicaciones y su contexto comunicacional. Si yo voy
a hacer, por ejemplo, comunicación para el desarrollo tengo
que tener una idea del país, no
es lo mismo comunicación para
el desarrollo en Alaska que en
Formar comunicadores para el de­
sarrollo implica reconocer que el
desarrollo es posible. ¿Es posible?
No estoy seguro. El desarrollo
es posible bajo ciertas condiciones. Por ejemplos, yo creo
que las condiciones principales
para el desarrollo no son las
destrezas técnicas para manejar
programas concretos. Las condiciones prin-cipales tienen que
ver con la política económica del
Estado. El desarrollo es posible
cuando hay un Estado decidido
a impulsar el desarrollo lo que es
fácil decirlo pero es mucho más
complicado.
rollo en un país donde la presión tributaria es 13%? Entonces, el Estado no tiene capacidad
de hacer programas de desarrollo. En Chile la presión tributaria es 30%. Igual que Estados
Unidos que es de 30%. Entonces
hay recursos para hacer programas de desarrollo. Nosotros
no te-nemos recursos para hacer
pro­gramas de desarrollo. Por
eso te digo, tu me preguntas si
el desarrollo es posible, bueno,
bajo ciertas condiciones. Tú estás for­mando profesionales que
tie­nen el manejo del programa
de desarrollo pero el hecho que
existan los profesionales no es
una garantía para el desarrollo.
Las condiciones básicas tienen
que ver con la política de Estado.
Supuesto lo cual es muy im­por­
tante formar profesionales que
sean capaces de desarrollar pro­
gramas de desarrollo concretos.
Escuchamos hace no mucho de
Ignacio Ramonet, una descripción
del escenario contemporáneo
como uno en el que hay un equi­
librio y una relación muy afiatada
entre poderes económicos, políti­
cos y mediáticos distanciados in­
clusive, independizados del poder
La política es un aspecto funda­
de la ciudadanía. Hoy como nunca
mental.
antes la ciudadanía está total­
¿Como vamos a hacer desar-
mente ale_jada de lo que ocurre
111
Yo creo que el punto de vista de Ramonet es muy
importante por su capacidad crítica y por hacerlo como director de le Monde Diplomatique.
en ese otro ámbito y planteaba la
necesidad de fortalecer el poder
de la ciudadanía.
112
Yo creo que el punto de vista
de Ramonet es muy importante
por su capacidad crítica y por
hacerlo como director de le
Monde Diplomatique. Yo diría
que el desafío que tenemos es
más o menos el siguiente: la
democracia contemporánea
nace sobre la idea del ciudadano.
La democracia es un sistema
en el cual los políticos ofrecen
propuestas a los ciudadanos
para que los ciudadanos elijan la
forma de gobierno. Se basa en el
supuesto de que el elector es un
ciudadano. La gran revolución
democrática es la conversión
de los súbditos a ciudadanos.
Lo que ha pasado o lo que está
pasado en estos años es que
estamos convirtiendo a los
ciudadanos en consumidores. La
diferencia entre el ciudadano y
el consumidor es que al ciudadano hay que convencerlo, al
consumidor hay que seducirlo.
Y entonces cuando el trabajo
político ya no consiste en convencerlo, en base a una propuesta, sino en seducir en base a un
técnica de marketing la pregunta
es ¿todavía hay democracia ahí?
Esa es la pregunta y es un lado
comunicacional. La pregunta es:
La democracia es un escenario
para los ciudadanos, ¿existe una
democracia en un escenario
donde los ciudadanos se han
convertido en consumidores?
Por otro lado, estamos hablando con la fuerza de las imágenes
casi metafórica. Por que también
no es que exista el ciudadano
puro que no tenga nada de consumidor o el consumidor puro
que no tenga nada de ciudadano. Parte del aporte de García
Canclini en esta inclusión entre
ciudadanos y consumidores
especialmente reivindicar el
papel de consumo en la definición de las relaciones sociales.
Estamos simplificando, por así
decirlo, pero es una manera de
expresar lo que es para mí el
problema central en principio de
la relación entre comunicación y
democracia.
Antes hablaba yo con más
énfasis en la comunicación, aho­
ra hablo con más énfasis en la
institución de la democracia.
LA FORMA DE LAS NOTICIAS:
DE LA DILIGENCIA AL TELÉGRAFO
Paulina Brunetti 114
CULTURA E IDEOLOGIA NA ATRIBUIÇÃO DE
SIGNIFICADOS AOS PRODUTOS TELEVISIVOS
LA INVESTIGACIÓN EMPÍRICA DE AUDIENCIAS
TELEVISIVAS EN AMERICA LATINA DE 1992 A 2007
José Carlos Lozano
Lorena Frankenberg
Carlos del Valle Rojas 138
Rádio e sociedade brasileira
no cinema: de 1940 a 2000
Doris Fagundes Haussen 150
COMUNICACIONES CIENTÍFICAS
Marcia Perencin Tondato 124
LA FORMA DE LAS NOTICIAS:
DE LA DILIGENCIA AL TELÉGRAFO
Paulina Brunetti
Profesora Titular de la cátedra de Lingüística de
la Escuela de Ciencias de la Información (Univ.Nacional de Córdoba). Investiga sobre historia de la prensa
cordobesa. En el año 2005, obtuvo el primer premio
en el concurso de Investigación en Periódicos Argentinos “Prof. Jorge B. Rivera”, otorgado por la Biblioteca
Nacional de la República. Ha publicado el libro Relatos
de prensa: la crónica policial en los diarios cordobeses
de comienzos del siglo XX (1900-1914) y “Sensacionalismo y renovación en la prensa gráfica cordobesa”
en Ensayos sobre la prensa, editado por la Biblioteca
Nacional de la República.
E-mail: [email protected]
114
resumen
Este artículo procura rescatar las formas convencionales que las prácticas periodísticas
dieron a las noticias de lugares lejanos (otras ciudades, otros países) en la prensa cordobesa
(República Argentina) desde la época en que la regularización de los transportes permitió
que las diligencias recorrieran regularmente los espacios nacionales (1852) hasta el
advenimiento del telégrafo (1871). Éste fue imponiendo otra forma de comunicar pero,
a pesar de su importancia, no dejó de convivir con antiguas estructuras. El recorrido
llega hasta el año 1925 y muestra un proceso de mutaciones que parece encontrar muy
lentamente las mejores formas para alcanzar al público lector.
Palabras clave: Diligencia; Telégrafo; Noticias; Formas.
ABSTRACT
This article traces the evolution of conventional practices adopted by the printed press in
the province of Cordoba, Argentina, in the coverage of foreign material (news from other
provinces and countries). The analysis concentrates on the period from 1852 – the year of
the introduction of regular stagecoach transport across the country – to 1925. During this
period, the advent of the telegraph, in 1871, gave rise to a different type of communication,
which continued to co-exist with the traditional press. The intention is to show the process
of changes operated to best reach and involve the public.
Keywords: Stagecoach; Telegraph; News; Forms.
resumO
Este artigo procura resgatar as formas convencionais que as práticas jornalísticas deram
às noticias de lugares afastados (outras cidades, outros países) na imprensa de Córdoba
(República Argentina) desde a época em que a regularização dos transportes permitiu que
as diligências percorressem com regularidade os espaços nacionais (1852) até o advento do
telégrafo (1871). Foi-se, desse modo, impondo outra forma de comunicar, que, apesar de
sua importância, não deixou de conviver com antigas estruturas. Este artigo analisa até o
ano 1925 e mostra que um processo de mutações parece encontrar lentamente as melhores
formas para alcançar ao público leitor.
Palavras-chave: Diligências; Telégrafo; Notícias; Suportes.
115
116
Introducción
Pocas veces, hasta donde conocemos, la forma de
las noticias de lugares lejanos ha sido objeto de un
análisis diacrónico que muestre las particularidades
que, en cada región, fueron tomando estos textos.
La información tiene una larga historia y poco
sabemos acerca de antiguas estructuras noticiosas
aun cuando el surgimiento de los dispositivos
técnicos que marcaron la historia de los media
haya sido reiteradamente tratado. Inspirados en las
proposiciones teóricas de Roger Chartier (1994)
según quien los textos no existen fuera de los
dispositivos que los generan y de las formas con
las que se dan a leer, hacemos un breve recorrido
que, partiendo de un momento clave en la historia
argentina, llega hasta el año 1925, procurando
mostrar escrituras y formas que mutan, a veces
de manera oscilante, hacia una mayor legibilidad.
Puede verse en ellas un lento proceso de cambio,
dependiente de innovaciones técnicas pero quizás
también de la práctica diaria que no encontró
fácilmente los modos y recursos para generar
los textos dados a publicidad. Desde nuestra
perspectiva y siguiendo la línea anunciada, el
discurso, la estructura y el paratexto de las noticias
de otras provincias y países en la prensa local
apuntan a nuevos públicos lectores modificando
así no sólo su registro de referencia sino también
su modo de interpretación.
1. Diligencias y mensajerías
En los comienzos de ese camino que poco a
poco, desde el siglo XIX, fue perfeccionando las
máquinas de comunicar, se encuentra uno de los
medios más antiguos de transmisión de noticias:
los caminos y las diligencias que los recorrieron y
cuya puesta en funcionamiento no fue en el mismo
momento según las regiones. Ellas cumplieron
1 Elementos que rodean al texto “y lo prolongan por presentarlo en
el sentido habitual de la palabra, pero también en su sentido más
fuerte: por darle presencia, por asegurar su existencia en el mundo,
su ‘recepción’ y su consumación” (Genette, 2001, p.7).
durante largos años la tarea de llevar a través del
espacio nacional la información que ya la prensa
requería para su público lector. Si bien el dato es
conocido, rara vez se ha planteado cómo se sirvió
la prensa de estas primeras posibilidades ni cómo
fueron publicadas las noticias que lentamente, a
través de esas vías, trajeron y llevaron nuevas a las
distintas ciudades. En la Argentina, el momento
inicial se ubica en el año 1852 al ser derrotada la
dictadura de Juan Manuel de Rosas y comenzar el
proceso de organización nacional con la victoria del
general Justo José de Urquiza en la batalla de Caseros
(3 de febrero de 1852). Se trata de momentos
iniciales en cuanto en la historia de la prensa
argentina puede hacerse un corte fundamental:
antes o después de Caseros ya que el movimiento
periodístico se torna particularmente activo desde
1852, aun cuando la prensa ya existía anteriormente.
A partir de allí se intenta romper el aislamiento entre
las provincias y estructurar un espacio nacional
mediante el establecimiento de un sistema de vías
de comunicación. Bajo la dirección provisoria del
general Urquiza se procedió a la organización de
las comunicaciones entre las provincias confedera­
das. En función de esto, se comenzaron a construir
las primeras redes y para ello se implantó el servicio
de Mensajerías Argentinas prestado por dos
catalanes quienes también recibían viáticos por los
trabajos preliminares de apertura de caminos, tarea
ingente en muchos casos Así se establecieron, en
primer lugar, dos correos mensuales desde la ciudad
de Rosario a la de Mendoza, vía Río Cuarto; y dos
también mensuales a la ciudad de Córdoba. Desde
este último punto, se despacharon dos correos para
el norte hasta Jujuy. Además, se establecieron otros
dos desde Paraná a Corrientes (Bosé, 1938, p.20). Así
surgía la primera red de comunicación en un vasto
espacio caracterizado por extensas tierras de difícil
recorrido.Este mejora­miento fue una respuesta,
en principio, a las necesidades que imponían los
cambios a nivel económico: la expansión comercial
y la dependencia de las economías locales respecto
del territorio nacional. Pero, de la organización de
correos y la creación de mensajerías se beneficiará
la prensa en lo que respecta a la obtención de
información, según veremos en los puntos que
siguen que están referidos a la prensa de la ciudad
argentina de Córdoba.
1.2. En los comienzos: fragmentos de cartas
privadas y paquetes de periódicos
La información de lugares lejanos tiene, en la
prensa cordobesa, un origen particular: la citación
en el periódico de correspon­dencia perteneciente
al circuito privado de información o de periódicos
que, empaquetados, llegaban a Córdoba cada 15 ó
20 días. Una columna de El Imparcial, nacido en
Córdoba en el año 1855, se encontraba subdividi­da
con los siguientes títulos: “Diligencia del Lito­ral”,
“Noticias de Buenos Aires”, “Santiago del Estero”.
Allí aparecían generalmen­te las “noveda­des” de
lugares lejanos y proporcionaban datos políticos y
mercantiles (precios, ventas, compras, etc.) a partir
de dos fuentes:
1) Correspondencia: las cartas (o fragmentos
de ellas) publicadas en el diario pertenecían
al circuito privado: inicialmente destinadas a
individuos particulares, luego eran “citadas”
para información del público lector. De manera
simultánea y paulatina, va emergiendo la figura
del “corresponsal”.
2) Diarios recibidos de otras provincias: el tráfico
de diarios era intenso y regular. La circulación de
la información entre los diversos puntos del país
había sido posibilitada por una medida tomada
por la Inspección General de Correos que liberó
de derechos postales a los periódicos nacionales y
extranjeros (Bosé, 1938, p.32).
Algunos fragmentos de cartas privadas eran
reproducidos textualmente lo que suponía
seguramente ciertas reservas relacionadas con
aquello que era publicable y lo que no. Una
serie de huellas discursivas permiten suponer las
convenciones que determinaron el uso del género
epistolar en la prensa. Así, era común colocar
puntos suspensivos antes o después del fragmento
citado o en espacios donde los nombres propios
comprometían las identidades implicadas; por
cierto se habían omitido esos nombres y partes
referidas a la vida privada de los involucra­dos en
el intercambio. Así, la tensión entre lo privado y
lo público escinde la escritura y la lectura en dos
partes bien diferencia­das y, quizás, desde su misma
escritura, algunos fragmentos epistolares estaban
destinados a su publicación.
El periódico menciona siempre la carta privada
como fuente: parece lo común y normativamente
apropiado; pero también las circunstan­cias del
discurso que presiden la construc­ción de estos
textos nos permiten acceder a otra característica
de aquella práctica: su dependencia del circuito
privado y la validez de la carta en tanto fuente digna
de credibilidad. Igualmente, otro implícito surge
respecto de las rutinas periodísticas: una de las tareas
del diario era proporcionar datos que se obtenían
del circuito privado de información. Los enunciados
que refieren las fuentes son explícitos, además,
respecto de los diversos modos de obtención de
la carta:
1) Alguna de las personas que formaban parte
de la redacción del diario reciben en forma
individual cartas de las que luego publican un
fragmento (“En carta del 14 del presente se nos
dice lo siguiente…”).
2) La carta se obtiene por relaciones personales
(“Trascribimos de una carta del Paraná a un amigo
lo siguiente...”).
3) El diario no menciona la fuente (“A falta
de correspondencia de aquella ciudad hemos
recogido los siguientes datos de algunas que
hemos visto dirigidas a algunas personas…”). El
estilo casi impersonal de estos anuncios se opone
a las otras menciones y, si tenemos en cuenta la
dependencia del circuito privado, es posible aceptar
la afirmación de Habermas (1981, p. 59), según
la cual el tráfico de noticias se desarrolló no sólo
117
Este artículo procura describir la escritura de hombres ignotos que
regularmente se lanzaron a la tarea de informar, a
veces quizás por amistad, a veces posiblemente por una paga.
118
vinculado con las necesidades del tráfico mercantil;
las noticias también se convirtieron en mercancía:
“Una parte del material de noticias recibidas
comenzó pues a imprimirse periódicamente y a
venderse anónimamente, consiguiendo así, pues,
publicidad”. Si así fue, sería otro modo de obtención
de información que la superficie textual no podía
delatar.
Pero fuera de estos casos de cita textual, el
material que, cada vez, recibían los redactores era
copioso: varias cartas y paquetes de periódicos.
La publicación de noticias de lugares lejanos
no podía realizarse en un solo día. Después del
primer anuncio, las novedades se publicaban en el
transcurso de muchos días. En estos casos, se utiliza
el estilo indirecto de citación (en adelante EI) pero
con características particulares:
El Imparcial. 20/05/1857
Noticias de Buenos Aires
Hemos tenido cartas de esa provincia, y
periódicos hasta el 5, y nos apresuramos en
poner en conocimiento de nuestros lectores lo
mas importante que encontramos.
-El Dr. Alsina debia recibirse el 6, y el ministerio
quedaba compuesto del SR. Riestra, en el
Ministerio de Hacienda; El Dr. Barros Pazos
en el Gobierno, y el General Zapiola, en el de
Guerra y Marina.
-La Tribuna trae la renuncia que el Dr.Alsina
elevó à las Càmaras, y que no fué haceptada, y
ataca con mucho calor al Dr. Carreras por haber
sido el primero que se parô para haceptarla y por
que no habia votado por ese candidato.
-El Sr. Juan Carlos Gomez se habia separado de
la Redac­cion de ese diario por creer cumplida
Se respeta fielmente en las transcripciones la ortografía de los
textos originales.
ya la mision que lo trajo â Buenos Aires pues
que el partido unitario se habia apoderado del
gobierno. Este señor se marchaba à Montevideo
à consolar a sus hermanos, y sufrir con ellos el
azote que pesa sobre ese país.
Esta noticia, como se ve, no tiene un tema sino
varios: cada ítem inaugura uno nuevo y el texto, en
su conjunto, posee coherencia global en la medida
en que todas las novedades provienen del mismo
sitio, aunque la reducción de la información es
especialmente notable.
En cuanto a las fuentes, el diario no diferencia
entre cartas y periódicos; esto es, concede a ambos la
misma jerarquía. Desde el punto de vista gramatical,
desaparece la estructura de citación canónica:
no hay verbos de comunicación ni conjunción
subordinan­te en el enunciado inicial. Se conoce
que, cuando un discurso se cita en EI, se producen
una serie de transformaciones en el sistema deíctico
ya que todo discurso se acomoda a la situación de
enunciación de quien habla. En el caso concreto de
la deixis temporal, cuando el tiempo del hablante
citado es anterior al hablante que cita se utilizan
los llamados “tiempos verbales relativos”; esto es,
tiempos cuyo significado temporal sólo puede
establecerse a partir del verbo principal o de alguna
expresión adverbial ya que están indirectamente
medidos en un enunciado. Su situación en la línea
de nuestras representa­ciones temporales necesita ser
fijada por el contexto u otra categoría gramatical.
Sin embargo, los tiempos relativos utilizados en cada
ítem de la noticia transcripta, y que son signos de EI,
no presentan ninguna referencia temporal explícita
a partir de la cual se los pueda medir. Para un lector
de hoy, se impone la pregunta: ¿Cuándo ocurrieron
estos hechos? Las únicas dataciones precisas
corresponden al discurso citante de modo que el
momento en que ocurrieron los acontecimientos
narrados quedan indeterminados en un pasado
relativamente lejano. Sólo se puede inferir un eje:
los hechos ocurrieron en el momento o poco antes
de escribirse la carta o de publicarse el diario en el
lugar de origen. Por aquellas épocas, toda distancia
implicaba largo tiempo; se trataba, en la percepción
de sus habitantes, de un tiempo espacializado
(la distancia espacial se unía a la temporal) y la
prensa no anulaba este efecto de lejanía, en tanto
los acontecimientos se narraban como acaecidos
en un pasado distante. Ligada al saber compartido
de redactores y lectores, una convención implícita
señalaba que todo había ocurrido antes de enviarse
las novedades, aun cuando no se supiera bien
cuándo. Las noticias eran nuevas porque llegaban
por la última diligencia, pero los redactores no
pretendían presentarlas como recientes, ni podía
así concebirlas su experiencia del mundo. Por
eso, a la “actualidad”, en todo caso, pertenecía lo
ocurrido en el lapso que mediaba entre cada llegada
de la diligencia, lo que marcaba un eje temporal
importante y también las fechas de los diarios y
cartas recibidas. En este sentido, los redactores eran
muy cuidadosos en las dataciones; sin embargo,
en la redacción de la noticia sólo eventualmente
aparece una fecha o adverbio de tiempo.
La citación de cartas privadas no parece haber
sido un procedimiento que se prolongara en el
tiempo. Como veremos, muy pronto se encuentra
otra manera de obtener información que quizás ya
existía en otras ciudades, pero no en Córdoba: se
trata de las primeras corresponsalías.
3 Mien­tras el pretérito imperfecto presenta los hechos como coextensi­
vos al momento de escribir la carta, el pretérito pluscuamper­fecto
los presenta como anteriores al momento de escribirla. Podemos
inferir que la carta de donde fue tomada la cita utilizaba el presente
o los pretéritos (indefinido o perfecto tomando como referencia el
momento de su escritura) y se transponían en el EI de la siguiente
manera: el presente y futuro en pretérito imperfecto y los pretéritos en
pluscuamperfecto.
1.3. Comienzan a trabajar los corresponsales
Se sabe que la prensa latinoamericana ha tenido
corresponsales ilustres como Rubén Darío y José
María Samper; no obstante, este artículo procura
describir la escritura de hombres ignotos que
regularmente se lanzaron a la tarea de informar, a
veces quizás por amistad, a veces posiblemente por
una paga. Pero, así, arrastrados por la urgencia del
requerimiento inauguraron, en la prensa, una larga
descendencia discursiva.
Apenas comenzaron a ampliarse los caminos,
las Mensajerías Argentinas aumentaron su red, y
el movimiento de correos se fue regularizando.
Coincidentemente con estos progresos comienza a
aparecer en la prensa un nuevo discurso proveniente
de lugares lejanos. El Imparcial publica artículos
que lo independi­zan del circuito privado: están
escritos por personas residentes en las ciudades
más importantes de las distintas provincias y
son enviados para su publicación. Son los textos
de los “corresponsales” cuyas características
principales son: actúan como agentes propios del
diario, viven en el lugar desde donde escriben y
conservan las formas del género epistolar; esto
es, los corresponsales escriben cartas al diario: 1)
Colocan lugar y fecha en la parte superior y derecha,
mencionan el destinatario a la izquierda (“Querido
amigo”, “Estimado señor”, etc.); 2) Redactan un
primer párrafo cuyo tema suele ser la carta misma (
“Te escribo...”; “He recibido tu carta y te contesto...”;
“Hace tiempo que debía escribirte…”, etc.) y
cuya función es abrir el intercambio epistolar ; 3)
Luego del cuerpo, en el que se dan informaciones,
concluyen con un párrafo final que cierra el
texto, seguido –generalmente– de una fórmula de
despedida o saludo (“Dejo aquí mi correspondencia
para continuarla en el próximo correo sobre el
mismo tema, con algunos detalles curiosos para
probar lo que son nuestras elecciones y nuestros
hombres”); 4) Finalmente, aparece un nombre
propio o simplemente la palabra “corresponsal”.
El diario, simplemente, colocaba el nombre del
119
120
lugar como título y debajo, entre paréntesis, a
manera de aclaración: “de nuestro corres­ponsal”.
La fórmula tendría connotaciones importantes
respecto de la capacidad del medio ya que indicaba
la posesión de un recurso informativo cualificado.
Así se tipificaba un nuevo rol y una nueva relación
intersubjetiva no conocida hasta ese momento en
la prensa cordobesa. Aunque las cartas privadas
trajeran fragmentos pasibles de ser publicados,
estaban necesariamente destinadas a una sola
persona y, en función del grado de proximidad
entre el autor y el lector, se presuponían muchos
conocimientos compartidos. Así es posible encontrar
enunciados como el siguiente: “...y creemos tener
por acá al Chacho con el Sr. Bustos y algunos otros
que Ud. ya sabe”. La expresión “ya sabe” indicaba
no sólo que el lector era capaz de completarla con
nombres propios sino también de interpretar el
matiz peyorativo de la expresión, al menos en la
Argentina. Por el contrario, en las cartas de los
corresponsales aumenta el grado de explicitud
(detalles o especificaciones de tiempo, descripciones
del lugar, identificación de protagonistas, etc.) y sólo
permanecen presupuestos generales. Aunque no
es posible transcribir en este artículo una de estas
cartas porque son muy extensas, su característica
fundamental la constituye una nueva percepción
del destinata­rio: “el público lector”. Cuando el
autor prefigura el paso de lo privado a lo público,
del lector conocido al desconoci­do, el discurso
adopta otras características aun cuando se inscribe
en la estructura del género epistolar. Así nacieron
los corresponsales en la prensa cordobesa y así
continuaron aunque nuevos tiempos trajeron otras
formas de comunicación.
2. Llegan los hilos que llevan la palabra
a la velocidad del rayo
Esta fue la expresión que usó El Eco de Córdoba
cuando, en el año 1871, con las líneas del ferrocarril
arribaron a Córdoba las telegráficas. En ese momento,
Véase Brunetti, Paulina (1996).
la ciudad quedó conectada con Montevideo
(Uruguay) y las ciudades argentinas de Buenos
Aires, Santa Fe y Rosario. Pero el uso del telégrafo
sería limitado en la prensa por mucho tiempo.
Sus redes se fueron ampliando paulatinamente
en el territorio nacional y su instalación no acabó
con las cartas de las corresponsalías y las revistas
de periódicos que siguieron siendo fuente de
información por muchos años aunque ahora
viajaban, en general, en ferrocarril. De él se sirvió
la prensa de modo que, desde fines del siglo XIX,
fueron permanentes los anuncios en los diarios
ya sea del envío al interior de la provincia de
Córdoba de los llamados “corresponsales viajeros”
–quienes recorrían pequeñas poblaciones–, ya
sea de la designación de “agentes” – una suerte de
representantes de los diarios que, viviendo en una
localidad, realizaban las suscripciones, recibían
publicidades y enviaban notas a las redacciones–
. En un país particularmente caracterizado
por su extensión, la red de comunicación
articuló mensajerías, ferrocarril y telégrafo, en
oportunidades combinados. Las agencias de
noticias aun cuando prontamente se impusieron
no parecen haber sido las primeras y únicas
proveedoras, sobre todo en el caso de la información
nacional. El diario Los Principios cuenta que, en
los años inmediatos a su nacimiento (1894), tuvo
un corresponsal en Buenos Aires. Se trataba de un
particular que enviaba despachos por medio del
telégrafo y trabajaba desde el palacio del Correo
Central donde, en Buenos Aires, tenía instalada
su oficina. Una ley reconocía el 5 % de rebaja
a los telegramas enviados a los diarios, pero en
general eran de unas pocas palabras. Por algún
tiempo la frase alcanzó a dos centavos y medio
por palabra. El diario añade que por aquellas
épocas fue muy utilizado el “extensor telegráfico”
que se encargaba de aumentar el texto sin costo.
Desde 1871 y hasta 1925, las agencias de noticias con las que
trabajó el periodismo cordobés, entre otras, fueron Havas, United
Press, Austral, Asociated Pres, Saporitti.
La narración no revela más al respecto aunque
es posible inferir usos y abusos. Pero, ¿cómo se
publicaban las noticias llegadas por el telégrafo?
Durante muchos años todos los diarios presentaron
la misma característica: en una columna y bajo un
titular que rezaba Boletín Telegráfico, Telegramas,
etc. se ordenaban una cantidad variable de éstos
precedidos por el lugar de origen y la fecha de envío.
Una de sus particularidades más importantes fue
su brevedad y descontextualización, como lo ha
señalado Eleazar Díaz Rancel (1991, pp. 74,82) y
puede verse a continuación:
La Libertad (10/10/1890)
Buenos Aires, Octubre 10. Lisboa e Inglaterra
pidieron á Portugal un arreglo inmediato sobre
su reclamación motivada por el apresamiento del
vapor capturado hace pocos meses por el capitan
Acevedo
-Continúa la crisis ministerial
Madrid 7-Asegúrase que el cólera hizo su
aparición en Granada
Roma 9. En el banquete ofrecido a Crispi; éste
pronunció un discurso demostrando la necesidad
de la triple alianza.
Asistieron al banquete 139 diputados, 52
senadores, todos los ministros, muchos personajes
políticos y representantes de la prensa.
-Aquí se acabó la farsa de la revolución. Nadie a
tomado en serio estas alarmas.
-Escasez de noticias, todo en calma
Corresponsal
Como se observa, no todos los telegramas están
fechados el día anterior y esto sería probablemente
así por la dependencia de la ciudad de Córdoba de la
de Buenos Aires para recibir algunas informaciones.
Excepto la noticia referida al cólera en Granada, las
demás no son fácilmente comprensibles aun cuando
el lector pudiera completar con su conocimiento
del mundo los datos referidos al “apresamiento del
vapor” o a las identidades del “capitán Acevedo”
o la de “Crispi” o a “las amenazas revolucionarias
en Roma”. Por ello se señala que el telégrafo
“valorizando una información salida de su contexto,
favorece una cierta incoherencia del discurso, y
privilegia la velocidad en detrimento del análisis”
(Barbier y Bertho Lavenir, 1999, p.148).
Sin embargo, las noticias en esta columna no
se mantuvieron iguales en el tiempo y no todos
los despachos fueron extremadamente breves. Su
número se fue incrementando, pero quizás lo más
significativo, y pocas veces tenido en cuenta, es que
en los primeros veinticinco años del siglo XX hubo
–especialmente en la noticia nacional– mutaciones
notables, que si bien no afectaron el discurso de los
despachos, sólo transcriptos en la misma forma en
que llegaban, sí recayeron sobre la diagramación,
la tipografía y todos los elementos del paratexto
(títulos, intertítulos, sumarios) siempre “al servicio
de otra cosa que constituye su razón de ser: el
texto” (Genette, 2001, p.16). Tales mudanzas
consistieron en una serie de experiencias más o
menos innovadoras en una columna que, como
otras, no gozaba de la estabilidad que hoy tienen
las secciones de los diarios. Así es posible observar
que, desde comienzos del siglo XX, los telegramas
no sólo están precedidos por el lugar de origen
sino que a éste se suma, anunciando a cada uno,
una suerte de sumario constituido por oraciones
breves:
La Libertad. 1º de julio de 1905
Inglaterra
La cuestión de Marruecos- La nota de
Rouvier
Londres. 1º de julio. Personas autorizadas de los
círculos diplomáticos declararon que el gobierno
alemán se ha adherido sin ninguna restricción á
la última nota pasada por M. Rouvier.
6 Hacia el año 1900, el territorio de la República Argentina, para
los efectos del servicio postal y telegráfico había sido dividido en 23
secciones o distritos con resultados diversos respecto del servicio telegráfico ya que “el telégrafo ha seguido necesariamente al riel y la traza
telegráfica general ha resultado ser una obra del acaso y no de ninguna
distribución técnica regular ni meditada” (La Libertad. 29/03/1900).
121
Desde la segunda década del siglo XX, los
diarios dominantes en Córdoba fueron La Voz del
Interior y Los Principios, su posición de poder
en el campo quedó manifestada claramente con
el advenimiento de la Primera Guerra Mundial.
En 1914, su estallido produjo una ruptura en la
organización habitual de la información. En ambos
diarios se quiebra la acostumbrada monotonía de
la sección Telegramas. El día 4 de agosto de 1914
–aun cuando los titulares ya anunciaban desde días
antes a tres columnas los preliminares bélicos– La
Voz del Interior informaba el comienzo de la
guerra con un inmenso titular a siete columnas
Los dos diarios dieron amplio espacio a
ingentes cantidades de telegramas que por día
alcanzaban de 80 a 100, proveídas por Havas.
122
(el ancho completo de la página) y nueve líneas.
Esta información, intensamente demandada por
el público, se expandirá a lo largo de dos páginas
y media durante bastante tiempo. Los dos diarios
dieron amplio espacio a ingentes cantidades de
telegramas que por día alcanzaban de 80 a 100,
proveídas por Havas. Cada uno se fechaba con
nombre del lugar de origen, día y hora de llegada
del cable y todos se publicaban según el orden de
arribo. En un intertítulo que señalaba ÚLTIMA
HORA, los matutinos publicaban telegramas
recibidos después de las dos o las tres de la mañana
de la noche anterior. A poco del inicio de la guerra
los diarios señalaban: “SERVICIO TELEGRÁFICO
NACIONAL Y EXTRANJERO EXCLUSIVO
PARA…”. En los años subsiguientes se perfeccionó
la diagramación de la columna telegráfica; los
sumarios en negrita que ya se venían utilizando
se generalizaron precediendo a una serie de
despachos agrupados según el horario de llegada
y, por lo tanto, heterogéneos temáticamente. Por
ello estos sumarios sólo pudieron construirse a
la manera de frases u oraciones cortas contiguas
en las que se mixturaban hechos diferentes. En
muchas oportunidades la noticia sobre un mismo
acontecimiento debía leerse a través de dos o tres
telegramas discontinuos. La columna, cada día,
quedaba así segmentada por un número variable
de sumarios en negrita como el siguiente:
La Voz del Interior. 1/08/1914
Gira del ministro de agricultura. El directo
de “La Nación” retado a duelo- La venta de
los acorazados-El duelo Atencio-DoyhenardInterrupción del lance- Otro duelo- El Diputado
Palacios y el Partido Socialista- Las senadurías
salteñas
Después del cual se transcribían los telegramas
y retornaba otro resumen semejante que
inauguraba un nuevo grupo de noticias. Pero
pronto los despachos se hicieron más extensos
y entre 1916/1917 se observa una cuidada
diagramación: las noticias ahora se agrupaban
con los siguientes títulos: Noticias de la Guerra,
Noticias Argentinas, Noticias Mundiales, y a estas
últimas se las dividía según los países. El paso de
una a otra forma debió ser significativo en cuanto
a la dispersión informativa que provocaba la
disposición por horario de llegada, según fueran
de la “Guerra Grande” o de la Capital Federal.
Hacia el año 1920 el diario Los Principios señalaba
que se había pasado a “una diagramación que
demostraba mayor comprensión en la presencia
de la noticia” y aunque los sumarios continuaron
construyéndose de la misma manera, se produce
otra mudanza de especial importancia: los
telegramas se ordenaban, cuando se trataba
de noticias nacionales, temáticamente. Así se
observan intertítulos como Militares y Navales,
Notas Sociales, Movimiento Obrero, Noticias
Educacionales, etc. los que precedían a no más
de uno o dos telegramas, mientras las noticias
internacionales se seguían dividiendo por
países. Habría que señalar que para esta época
la información también se recibía por teléfono
desde Buenos Aires. En el año 1924, se profundizó
el cuidado en la titulación y cada telegrama se
encontraba precedido de un intertítulo, aunque
entre uno y otro había en ocasiones poca diferencia
de longitud.
La Voz del Interior. 1/11/1924
Convención radical irigoyenista
Buenos Aires, Octubre 31- Reuniose la
convención radical irigoyenista aprobando elegir
los candidatos a concejales para la próxima
reunión
En Moscú se festeja el reconocimiento del
soviet por Francia
Moscú, Octubre 31. Con gran regocijo se festeja
en Rusia el reconocimiento del gobierno del
soviet por parte de Francia, esperándose que lo
haga también Estados Unidos
Pero los cambios no fueron lineales, también
era posible volver hacia formatos anteriores
para retomarlos luego de un período o, en
oportunidades, se mezclaban las formas. No
obstante, hasta 1925 parece imponerse la división
temática para el agrupamiento de telegramas
lo que indudablemente significó un especial
esclarecimiento que parece propiciar una
estructura coherente para una lectura selectiva
de las noticias.
Así, poco después de la Primera Guerra, la
diagramación y los recursos paratextuales se
tornan en artífices de nuevas formas que buscan
el mayor y mejor aprovechamiento del espacio
como la facilidad de la lectura. La prensa comienza
a ostentar la combinación de familias de tipos,
pero también sus variantes: redondas, negritas,
cursivas y versalitas; mayúsculas para los títulos,
minúsculas cursivas para los sumarios. De esta
manera, el espacio de la página adquiere una suerte
de armonía visual que da cuenta del esfuerzo
por llegar al lector. Todas estas mutaciones se
ligaron a la posibilidad que cada diario tuvo
de cambiar sus rotativas y de añadir nuevos
formatos en la tipografía. Así la columna de
noticias nacionales se abría con grandes títulos
de tipografía diferente, que el espacio de este
artículo no nos permite transcribir, y luego uno
o dos telegramas se anunciaban, por ejemplo, de
la siguiente manera:
SESIÓN DE LA CÁMARA DE
SENADORES
El juicio político al Dr. Oro no es fallado
Buenos Aires, Julio 1º- (….)
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
diaria. El Imparcial (1855-1857). Revista Argentina de Lingüística.
BARBIER, Frédéric, BERTHO LAVENIR Catherine: Historia de los
Año III. Nº 3 y 4. Buenos Aires, 1996.
medios. De Diderot a Internet. Buenos Aires: Colihue, 1999.
CHARTIER, Roger: El orden de los libros. Barcelona: Gedisa, 1994.
BOSÉ, Walter. La organización de los correos nacionales en la
DÍAZ RANGER, Eleazar. La información internacional en América
Confederación argentina (1852-1862). In: _____. Labor del centro
latina. Caracas: Monte Ávila Editores, 1991.
de Estudios. Buenos Aires: U­niversi­dad Nacional de La Plata, Tomo
GENETTE, Gérard: Umbrales. Buenos Aires: Siglo XIX, 2001.
XXI, 1938.
HABERMAS, Jügern: Historia y crítica de la opinión pública.
BRUNETTI Paulina. Correspondencia y corresponsales en la prensa
Barcelona: Gustavo Gili, 1981.
Lejos nos encontramos en este momento de
las monótonas maquetas verticales de tipos
homogéneos en las que se inscribieron las
primeras noticias de lugares lejanos pero quizás
lejos también de nuevas mutaciones que fueron
imponiendo, a agencias y redacciones, formatos
como la pirámide invertida. No obstante, y en
todo caso, la llegada de modernas formas estuvo
precedida de un largo proceso de experiencias de
cambios vinculados a la materialidad de la página
que el lector seguramente no percibía con detalle
pero que indudablemente fue pensada para su
mejor comprensión.
123
CULTURA E IDEOLOGIA NA
ATRIBUIÇÃO DE SIGNIFICADOS
AOS PRODUTOS TELEVISIVOS
Marcia Perencin Tondato
Doutora em Ciências da Comunicação pela ECA-USP.
Professora-pesquisadora na Universidade Metodista de
São Paulo desde 1999, onde coordena o Núcleo de Pesquisa da Agência de Relações Públicas. Publicações: Década de 1990: TV de sinal aberto busca seu caminho em
tempo de globalização. In: REIMÃO, Sandra (coord.).
Em Instantes: notas sobre programas na Tv brasileira
- 1965-2000. São Bernardo do Campo (SP): Metodista,
2006; Umesp: avaliação de desempenho na vida profissional dos egressos de Relações Públicas. In: MARQUES
DE MELO, José (org.). Pedagogia da comunicação:
matrizes brasileiras. São Paulo: Angellara, 2006. Artigos
em: Dia-logos, Comunicação & Sociedade, Comunicação
124
& Educação, Communicare, FAMECOS.
E-mail: [email protected]
resumO
A hipótese principal da pesquisa aqui descrita tratou da aceitação de conteúdos que
apelam para a exploração da violência pela aquisição de um hábito, condicionado social e
circunstancialmente, construído pelo simbolismo. Para tanto, a leitura da programação foi
observada pela abordagem qualitativa, seguida de um levantamento quantitativo dos hábitos de
consumo dos meios de comunicação e opinião sobre a programação. Além disso, foi analisado
o discurso de programas com as características do foco de estudo. O resultado nos mostra um
cenário de uma sociedade midiática, dependente da televisão como fonte de informação, que
elabora tal informação conforme o entorno social e cultural. O consumo é imediatista, não
havendo espaço para reflexão. A violência fica mais caracterizada nos programas relacionados ao
entretenimento, na medida em que desrespeitam o ser humano.
Palavras-chave: Televisão; Recepção; Violência; Sensacionalismo.
ABSTRACT
The study looks at the audience acceptance of TV programs with violent content, almost as a
habit socially acquired and based on symbolism. The work was based on a qualitative research
followed by a quantitative study on consumers’ habits and public opinion survey on TV
programming. The author also analyzed the discourse of TV programs fitting the object the
study. The result reveals a media-based society, dependant on TV as a source of information,
albeit delivery of information also depends on social and cultural environment. Consumption
is immediate, leaving no room for reflection. Violence then is depicted particularly in
entertainment shows, materialized in the absence of respect for the human being.
Keywords: Television; Reception; Violence; Sensationalism.
resumEN
La hipótesis principal trata de la aceptación de contenidos que apelan a la explotación de la
violencia por la adquisición de un hábito, condicionado social y circunstancialmente, construido
por medio del simbolismo. Para ello, la lectura de la programación fue observada por el
abordaje cualitativo y fue realizado un levantamiento cuantitativo de los hábitos de consumo
de los medios de comunicación y opinión sobre la programación, en especial programas con
características sensacionalistas. El resultado nos muestra un escenario de una sociedad mediática,
dependiente de la televisión como fuente de información, que elabora tal información conforme
su entorno social y cultural. El consumo es “inmediatista”, no habiendo espacio para reflexión. La
violencia queda más definida en los programas relacionados al entretenimiento, en la medida en
que no respetan al ser humano.
Palabras clave: Televisión; Recepción; Violencia; Sensacionalismo.
125
126
1. Introdução - construção de significados
No início do século XXI, ao mesmo tempo em
que o desenvolvimento tecnológico aliado às
mudanças nas esferas política, econômica, com
profundas repercussões sociais e até geográficas,
promove a diversidade, a segmentação, ampliando
a oferta de produtos midiáticos, o conteúdo dos
meios de comunicação de massa continua na
pauta dos estudos. Não importa o progresso
tecnológico ou a diversificação das possibilidades
de leitura, a televisão vê reforçada sua posição
de ‘bode expiatório’ (McQuail, 2000, p.38.) ou
de panacéia, representando ainda a principal
forma de disseminação dos valores hegemônicos,
valores esses percebidos como ‘naturais’ graças
ao “controle social que pode ser exercido sem
violência física, simplesmente catalogando todo
protesto e questionamento como fora do senso
comum e dentro dos domínios do insano, do
irracional” (White, 1995, p.53).
O homem constrói os significados a partir da
Cultura em que está inserido, a qual intercambia
com a Ideologia. Entender como os significados são
atribuídos a partir das experiências individuais e
coletivas tem como pressuposto analisar os efeitos
de sentido a partir do fato de que é no discurso que
ocorre a relação entre o pensamento, a linguagem
e o mundo e que a Ideologia é um mecanismo
estruturante dos processos de significação, das
maneiras como o sentido é mobilizado para
manutenção da relação de dominação (Orlandi,
2001, p.96). O homem é um animal amarrado
a teias de significados que ele mesmo teceu, e a
Cultura seria constituída por estas teias (Geertz,
1989, p.15). Os contextos e processos disso
decorrentes estão estruturados por relações
assimétricas de poder, por acesso diferenciado
a recursos e oportunidades e por mecanismos
institucionalizados de produção, transmissão e
recepção de formas simbólicas (Thompson, 1999,
p.23-4), por conseguinte, de cunho ideológico.
Porém, a guerra pela audiência não permite
mais que as intenções da emissão sejam restritas
a grupos muito específicos, ao contrário, muitos
textos tentam enveredar por vias “conservadores”
ou “liberais” “para cativar o maior público possível,
enquanto outros difundem posições ideológicas
específicas que muitas vezes são esmaecidas por
outros aspectos do texto” (Kellner, 2001, p.123).
Principalmente em uma televisão generalista
como a brasileira, em um país de dimensões
territoriais como o Brasil, dominado por dois,
no máximo três, grupos de comunicação. Os
conteúdos, ainda que produzidos para um
determinado perfil de público, devem contemplar
expectativas de públicos secundários, o que nos
indica caminhos para entendermos como pessoas
supostamente diferentes consomem os mesmos
conteúdos: cada grupo lê no conteúdo aquilo
que melhor convier para sua posição no contrato
hegemônico, ou nas palavras de Hannah Arendt
(apud Souki, 1998, p.57), conforme a ‘camada que
ocupa na cebola’, imagem que Arendt, em oposição
ao modelo piramidal autoritário. Nesta “estrutura
da cebola”, a Ideologia permitiria o ocultamento
da realidade ao filtrar os elementos originados
no centro ideológico, que chegam ao “mundo
periférico”, recriados pelas formas simbólicas, nem
sempre reproduzindo sua origem.
A partir de um conjunto de conteúdos que
contemplam normas e valores da Ideologia,
realiza-se a Hegemonia, na definição gramsciana
(Coutinho, 1999, p.111). Em um ambiente
hegemônico não existem antagonismos na
representação de um ‘real’ orientado por interesses,
todas as situações são tomadas como absolutas.
Para que essas ‘generalizações’ sejam possíveis sem
a necessidade do exercício do poder explícito são
realizadas alianças a partir de um contrato que
tem como base a dinâmica das escolhas culturais,
em que são buscados os elementos organizadores
de uma condição a ser tida como natural e geral
(Coutinho, 1999, p.73).
Na relação hegemônica, o popular é incorporado
ao processo de dominação social, por meio de uma
estratégia ideológica, prevalecendo a vontade geral
como interesse comum, em oposição à vontade
de todos (Coutinho, 1999, p.204). O popular
torna-se elemento chave dessa compreensão ao
permitir que as classes subalternas materializem
e expressem seus “modos de viver e pensar”,
dando-lhes representatividade sociocultural. Ao
interpretar sentidos, representações e atividades a
partir do cotidiano, as classes subalternas filtram
e reorganizam o que vem da cultura hegemônica,
integrando isso com o que vem de sua memória
histórica (Martín-Barbero, 1997, p.104-5),
naturalizando todo o processo.
O auto-reconhecimento das classes populares
nos conteúdos televisivos, caracterizados pelo
capital cultural dominante, decorrentes de um
complexo processo de trocas negociadas permite,
ao menos, tolerar a base hegemônica. No estudo
da recepção de conteúdos televisivos orientados
para a exploração dos acontecimentos por meio
do sensacionalismo, o reconhecimento da situação
hegemônica importa na avaliação de como “os
sentidos cotidianos, representações e atividades são
organizados e interpretados de tal modo que (...)
pareçam naturais, inevitáveis, eternos e, portanto,
indiscutíveis” (Sullivan, 2001, p.122). A televisão
funciona como uma oportunidade de sentir-se
parte do contexto maior, concorrendo para a
identificação popular na cultura hegemônica,
permitida pelas indústrias culturais, defendida
por Martín-Barbero.
2. Explorando a recepção - caminhos
metodológicos
Entender os processos comunicativos significa
verificar a interação entre discurso, subjetividade e
contextos, o que implica a reflexão sobre questões
1 A pesquisa aqui apresentada é parte da tese de doutoramento, defendida pela autora na Escola de Comunicações e Artes da Univer-
epistemológicas do campo da comunicação,
teóricas da efetivação dessa comunicação e
metódicas da observação e apreensão de todo o
processo (Lopes, 1990). Dentro da perspectiva de
que a construção de sentidos pela recepção se dá
a partir das “mediações”, estruturamos a busca
da compreensão da construção de significados
segundo um modelo empregando abordagens
qualitativas e quantitativas, permitindo a apreensão
das interações dos ambientes micro, constituintes
do contexto macro. Partindo de informações
O homem constrói os significados
a partir da cultura em que está inserido,
a qual intercambia com a ideologia.
prestadas pelos sujeitos-receptores sobre suas
percepções e opiniões sobre a programação
de televisão, mapeamos quantitativamente o
consumo de TV, focalizando aspectos relevantes
a uma programação polêmica, centralizada na
exploração dos acontecimentos cotidianos em
bases sensacionalistas.
A interação que ocorre nas entrevistas focalizadas
e nos grupos focais possibilitou compreender
o processo de realização do fenômeno em
estudo, e a identificação e avaliação das relações
entre as diversas variáveis que o constituem
no momento mesmo da coleta de dados.
Considerando que a recepção se dá no cotidiano
das pessoas, para conhecer este cotidiano, foi
realizado um mapeamento quantitativo do
perfil socioeconômico e de consumo midiático
do telespectador de um público composto pelas
classes AB, C e DE, morador na região do ABC
paulista, entendendo que este perfil contempla a
média da população urbana, pela diversidade de
origens, profissões e atividades, características dos
moradores desta região. Também foram analisados
sidade de São Paulo, em março de 2004, sob o título: Negociação de
sentido: recepção da programação de TV aberta.
2 Segundo Critério Brasil de classificação socioeconômica.
127
o discurso de três programas representativos
do aspecto da ‘exploração’ da violência, foco
específico do estudo realizado, assim considerado
pelo receptor, tendo em vista uma comparação
entre emissão e leitura.
3. O que falam sobre os programas os resultados
Os meios de comunicação de massa são um
espaço privilegiado para que estabeleça o diálogo
indivíduos x cultura x poderes. Se no passado
este diálogo ficava restrito aos círculos políticos,
hoje, o acesso universal aos conteúdos dos meios
Os meios recorrem a uma combinação de
estratégias sabendo, ou não, que cada
indivíduo lê os conteúdos a partir do
entorno social, cultural, econômico.
128
e a necessidade de conquistar públicos, seja
em contextos mercadológicos competitivos ou
em situações de autoritarismo, exigem que os
emissores considerem a recepção como um grupo
ativo, em um processo dialógico. As análises aqui
apresentadas entendem os discursos constituídos
por textos polissêmicos que trazem as marcas
de um contexto complexo, constituído pelo
cotidiano, que problematizamos como espaço e
tempo de construção de sentido.
A emissão é massiva, procurando atingir a
todos. Os meios recorrem a uma combinação de
estratégias sabendo, ou não, que cada indivíduo lê
os conteúdos a partir do entorno social, cultural,
econômico. O sentido dado aos discursos dos
programas se constrói no encontro entre o texto
televisivo, caracterizado pela fragmentação e
sobreposição de assuntos, e o texto da recepção,
tradução de experiências e conhecimentos, ou
seja, no interdiscurso promovido por ambos os
palimpsestos. Partimos do “pressuposto de que a
sociedade é um grande campo de batalha, e que
essas lutas heterogêneas se consumam nas telas
e nos textos da cultura da mídia e constituem
o terreno apropriado para um estudo crítico
da cultura da mídia” (Kellner, 2001, p.79). Ao
considerarmos na análise as categorizações por
classe sócio-econômica, não nos restringimos às
possibilidades econômicas, pelo contrário, mesmo
sendo um critério que tem como indicadores a
posse de bens consumíveis, entendemos esta posse
como reflexo de desejos e necessidades, o que nos
leva aos contextos sociais e culturais, lembrando
que estes contextos são ‘determinados’ pela cultura
e processos hegemônicos.
Percebemos que no processo de avaliação o
que é dizível é melhor expressado no lúdico. O
jornalismo não precisa ser ‘inteligente’, “jornal
comentado é chato, longo”, basta informar sobre
os acontecimentos. Já o humorismo tem que
ser “inteligente”, os filmes, “interessantes” e as
novelas, coerentes com os valores e experiências
de cada um. Pessoas das classes socioeconômicas
AB usam mais estereótipos para expressarem suas
percepções e opiniões, o que atribuímos a um maior
acesso aos meios, o que se reflete em uma maior
assimilação de critérios hegemônicos, uma vez
que, acreditamos, como Kellner (2001, p.81), que
a cultura da mídia leva “os membros da sociedade
a ver em certas ideologias ‘o modo como as coisas
são’”, naturalizando posições de origem política,
assim, ajudando “a mobilizar o consentimento às
posições políticas hegemônicas”.
Os comentários do grupo AB mostram que seus
componentes supõem ter um senso crítico mais
desenvolvido, ou pelo menos mais alerta, porém,
isso não se reflete em uma prática diferenciada.
Consomem os mesmos programas, com rotinas
semelhantes aos demais grupos. Pessoas da classe
D são mais ‘espontâneas’, descrevem seus hábitos
com mais liberdade, o que resulta em um perfil
de maior aproximação dos meios, especialmente
rádio e TV: gostam de ouvir rádio e assistir à
televisão, e somente fazem isso quando há forte
identificação com os conteúdos, caso contrário,
“vão dormir, ou conversar com os vizinhos”.
3.1. O consumo dos meios - hábitos
da recepção
Os programas são, espontaneamente, iden­
tificados pelos seus apresentadores, pelo gênero
e pelo horário de exibição. Falam que pela
‘manhã’ e à ‘tarde’ são apresentados programas
com mulheres, que ensinam receitas e dão
conselhos dos médicos. Aos ‘domingos’ não há
uma programação, só os programas musicais.
Um aspecto relevante no discurso de classificação
é o reconhecimento da programação a partir
das atividades cotidianas. Aos domingos, os
programas musicais proporcionam lazer, o mesmo
acontecendo com alguns programas exibidos à
tarde, para algumas pessoas, um momento de
relaxamento.
De domingo, eu gosto do Jovens Tardes. ... Eu
gosto de assistir coisa que tem cantor, porque
anima. Dia de domingo, eu gosto de assistir o
Campeonato Espanhol na Band.
De lazer que eu assisto é da Band, o da Márcia.
... eu gosto do Jô. De domingo, eu assisto ao
Padre Marcelo! Depois, ligo na Aparecida do
Norte, canal dois, direto, oito horas. Aí vem,
Enesita Barroso, música caipira. Depois disso
vem a corrida. É um lazer ‘pra’ mim.
Telejornais, filmes, telenovelas e esportes são os
gêneros preferidos pelos entrevistados, sendo os
telejornais os mais assistidos (74,6%). Os telejornais
são considerados diferentes uns dos outros ao
mostrarem os assuntos sob diferentes pontos de
vista. O papel representado pela televisão como
principal meio de informação transparece também
na classificação dos programas considerados
os melhores: Jornal Nacional (27,3%), Jô
Soares (10,3%), Globo Repórter (9,6%) e
Fantástico (9,3%). É clara a intertextualidade
Tabela 1 - Programas considerados os melhores
Programa
Porcentagem
Jornal Nacional
27,3%
Jô Soares
10,3%
Globo Repórter
9,6%
Fantástico
9,3%
Globo Esporte
5,0%
Jornal da Globo
4,8%
Os Normais
4,3%
Casseta e Planeta
3,8%
Novelas1
3,8%
Jornais/Telejornais
3,3%
Mulheres Apaixonadas
3,3%
Domingo Legal
2,2%
3
na leitura da programação reforçada na mistura
de gêneros: Jornal Nacional e Globo Repórter
fornecem a informação pura, enquanto Jô Soares
e Fantástico propiciam um misto de informação
e entretenimento, um ajudando a ‘fechar’ o dia e
o outro a iniciar a semana. (tabela 1)
Na distribuição de audiência (tabela 2), 38,6%
para telenovelas e 34,5% para esportes explicase pela distribuição de homens e mulheres na
amostra. Especificamente, as mulheres preferem
novelas (58,44%) e os homens preferem esportes
(62,3%). Outros gêneros em que há diferenciação
de preferência são programas de fofocas, preferidos
pelas mulheres (20,35%) e humorísticos, preferidos
pelos homens (20,22%).
Essa diferença de preferência reflete uma questão
cultural sobre o papel da mulher na sociedade.
Ainda que os costumes tenham se modificado,
com a inserção da mulher no mercado de trabalho,
com algumas mudanças de valores, notamos
que, no cotidiano do lar, os comportamentos
estereotipados persistem: mulheres gostam de
fofocas e homens, esportes e sexo (representado
aqui pelos programas humorísticos brasileiros,
Jô Soares vai ao ar, de segunda a sexta, no final da noite, e Fantástico domingo à noite.
129
Tabela 2 - Gêneros de programas preferidos
Gêneros preferidos
Total
Homens
Mulheres
Telejornais
74,64%
79,78%
70,56%
Filmes
44,44%
47,54%
41,99%
38,65%
13,66%
58,44%
Novelas
130
4
Esportes
34,54%
62,30%
12,55%
Programa de auditório
14,73%
10,93%
17,75%
Humorísticos
14,49%
20,22%
9,96%
Desenhos
12,56%
11,48%
13,42%
Fofocas
12,08%
1,64%
20,35%
Nenhum
0,24%
0,00%
0,43%
Outros
11,35%
7,65%
14,29%
com forte conteúdo de apelo sexual, exploração
do corpo feminino e situações sexistas).
Às vezes eu assisto (ao) jogo. É que meu
marido gosta, pra ele não ficar assistindo só!
O (marido) assiste ao Cidade Alerta. Eu não
suporto aquilo. ... ele chega e eu estou assistido
aos Flintstones, desenho animado. Ele fala,
tira desses Flintstones. Show do Milhão, eu
gosto! Meu marido não gosta.
Eu assisto também a Praça é Nossa, que passa
de sábado. Tem Zorra Total também que é no
cinco. Quando passa uma mulherada lá ...
Para informar-se, o telespectador prefere o
formato jornalístico mais próximo do épico, com
preponderância da ação sobre a emoção. Nesse
sentido, 46,9% dos entrevistados preferem os
programas jornalísticos que dão as “principais
notícias do dia”, o que associamos à característica
de exposição rápida às informações, sem exigência
de comentários ou análises que permitam uma
visão mais detalhada das situações. A opção
por formatos com participação ativa do âncora
constituem-se em exceções à regra, representando
19,3% de nossa amostra que assinalam “noticiários
comentados” como seus preferidos.
4 Sem especificação, novelas em geral.
Na preferência pela programação vale notar
algumas peculiaridades em relação ao gosto
das pessoas de menor poder aquisitivo. Não
havendo motivos de identificação, sejam eles
racionais, pela proximidade com a realidade
vivida, ou emocionais, pelo sonho de mudanças
dessa realidade, os conteúdos distantes desta são
negados. Nestas categorias estão as novelas, que
apresentam situações glamorizadas e os programas
femininos, que fornecem orientações sobre
culinária e beleza.
Novela eu não assisto. Na novela, todo mundo
é rico e tem carro importado ... ficam sempre
na sala. Parece que não sai para trabalhar.
... Eu gosto também é da Claudete. Eu gosto
também dela quando passa notícia. Gosto
quando passa notícia ou então, quando ela
passa lá do Nordeste, fazendo pamonha,
fazendo canjica, essas coisas assim.
Na fala dos telespectadores, na expressão de
suas preferências e formas de leitura, notamos
a influência das estratégias comunicacionais da
emissão. O interesse não no fato em si, mas na
maneira como é apresentado. O fato transformado
em emoção, a ação transformada em tragédia, o
cotidiano transformado em epopéia.
Eu gosto de assistir também aquele programa
do Vagner Montes, que tem na Record!
Você viu o menino de dez anos? Que queria
uma escola, morar numa escola externa?
Um menino de dez anos, aquilo ali chamava
atenção. Eu chorei, todo mundo da platéia
chorou!
Mesmo realizando as leituras dentro de um
contexto hegemônico, mesmo que as estratégias
comunicacionais não permitam leituras que
extrapolem as situações sociais estabelecidas por
uma dinâmica capitalista, consumista, em que
“muitos ‘nasceram’ para ter pouco e poucos para
terem muito”, percebemos que cada um ‘reflete’
sobre esses conteúdos e seu significado dentro da
sua realidade.
3.2 O que os meios falam - características
dos conteúdos
Como representantes da emissão, com foco
em aspectos sensacionalistas, foram selecionados
os programas Cidade Alerta, Brasil Urgente
e Programa do Ratinho. Os dois primeiros
considerados jornalísticos, de caráter policial, que
acompanham os acontecimentos ao vivo, com
equipe de repórteres equipados com motocicletas
e helicópteros, para verificar “os fatos onde eles
estiverem”, nas palavras de seus apresentadores.
Por ocasião da pesquisa, primeiro semestre de
2003, o apresentador do programa Cidade Alerta
da Rede Record era Milton Neves, substituindo,
José Luiz Datena, que passa à frente do Brasil
Urgente, da Rede Bandeirantes.
O Programa do Ratinho5 foi escolhido por ter
sido considerado o pior programa da televisão.6
Carlos Massa, o Ratinho, é a razão de ser do
5 O programa saiu do ar em 2004.
6 Vale lembrar que no segundo semestre de 2002, os índices de
audiência do Programa do Ratinho atingiam a marca de 19%
(dados IBOPE), que caem para menos de 5% no primeiro semestre
programa que usa como estratégia de comunicação
o inusitado, num contexto que mistura informação,
entretenimento e assistencialismo. Ao mesmo
tempo em que apresenta aberrações, num tom
apelativo, buscando a audiência pelo suspense,
atende aos pedidos de ajuda para solução dos mais
diversos problemas familiares.
Mesmo sendo semelhantes, Brasil Urgente7e
Cidade Alerta 8, na opinião dos receptores,
têm características diferentes, um sendo
mais argumentativo, sem que isso signifique
profundidade de análise por parte do apresentador,
e o outro mais expositivo, também sem significar
uma reflexão sobre os acontecimentos. Os
dois trabalham com recursos discursivos de
argumentação e persuasão, metáforas, exageros,
generalizações, sendo o discurso do Brasil Urgente
mais subjetivo, um atrativo para aquela parcela
da audiência que considera isso uma prestação
de serviço na medida em que aponta caminhos,
soluções para os fatos noticiados. Outras estratégias
utilizadas são os silêncios, as repetições, incluindo
o tratamento dado às imagens.
Datena, em Brasil Urgente trata os assuntos
de forma subjetiva, investindo na criação e
manutenção de sua imagem pessoal, enquanto
Milton Neves trabalha mais no sentido da equipe.
A maioria dos entrevistados comenta o papel dos
apresentadores dos programas, em um discurso
de reprovação em alguns casos e, em outros, de
total aprovação e cumplicidade. Essa diferença
se reflete na percepção e, conseqüentemente, na
preferência do telespectador, que vê em Datena
um representante do povo, alguém que fala pelos
menos favorecidos.
Os homens preferem uma narração mais
descritiva, sem que isso, necessariamente, implique
em uma preocupação com a neutralida7de
por parte do narrador. Quanto mais ‘detalhes’
forem fornecidos, melhor conceituado será o
de 2003. O que talvez explique as transformações no programa, que
modifica seu foco às quartas-feiras, a partir de julho de 2003, com a
7 Apresentado por Datena.
apresentação de um quadro musical.
8 Em 2003, apresentado por Milton Neves.
131
apresentador. Para os telespectadores mulheres,
principalmente das classes C e D, o elemento
mais importante dos programas polemizados são
os apresentadores, considerados defensores da
população mais vulnerável, menos protegida, com
menos recursos. Regra geral, homens e mulheres
consideram o tratamento dado às ocorrências
ou os discursos utilizados pelos apresentadores
exagerados e, até, abusivos. Na visão comparativa
do receptor, Brasil Urgente informa menos do
que Cidade Alerta, porém é mais argumentativo.
Para alguns, a argumentação significa prestação de
serviço à sociedade, para outros, estão esticando a
conversa. Em ambas as perspectivas, o receptor se
considera parte ativa do processo, captando apenas
o que lhe convém.
Tem programa que eu gosto de ver a imagem
mesmo ... eles dão a notícia e não ficam
comentando e esticando a conversa naquele
assunto, por isso que eu gosto. Eles falam um
monte de coisa, só que a gente absorve o que
interessa.... Tem que assistir de passagem e
não ficar encucado.
132
Em um discurso repleto de lugares-comuns,
repetições, vazios e não-ditos, os apresentadores
se colocam como expositores da verdade sobre a
situação sócio-econômica do país, apropriandose de diversas falas, sem elaboração lógica ou
conseqüente. Assim como Hannah Arendt fala
da banalidade do mal como “uma possibilidade
humana, uma contingência e, sendo assim,
(acha-se) inscrito na sua liberdade” (Souki,
1998, p.144), podemos falar aqui da banalidade
da (des)informação promovida pela mídia, que
apresenta acontecimentos desconectados de
qualquer seqüência lógica explicativa, ligados
por uma exposição ideológica, que resulta um
panorama ficcional de uma realidade que nunca
é mostrada.
O texto é homogêneo. O padrão de sobreposição
de imagens, assuntos, retomadas, é seguido do
início ao fim, possibilitando ao telespectador uma
recepção sem compromisso com a elaboração,
sem exigir reflexão. É um texto aparentemente
produzido individualmente, no qual o apresentador
é o senhor, mas conduzido pelas exigências da
conquista da audiência, com estratégias de edição
dos fatos que atendem às normas ficcionais. Os
apresentadores criam relações entre as ocorrências,
forçando um palimpsesto ao sobrepor informações
sem preocupação com a coerência. A ordem da
apresentação é a ordem dos fatos e estes ocorrem
a todo o momento. A cidade está um caos, é essa
a mensagem dos programas.
Na recepção, percebe-se o reconhecimento das
estratégias de comunicação, cada um fazendo
a sua leitura, conforme a vivência e o capital
cultural. Para uns, o que se passa nestes programas
é a representação da realidade, e nesse grupo
identificamos as pessoas com menos possibilidade
de diversificação de fontes de informação e
maior carência material. Este grupo considera
informativos os programas na medida em
que orientam e alertam sobre a questão da
sobrevivência na grande cidade. Outro grupo vê
essa programação como produto de uma demanda
social, partindo de uma visão hegemônica de
que a televisão atende aos anseios da sociedade
e que a saída é a ampliação de horizontes pela
diversificação de fontes de informação, ao acesso
a que, infelizmente, nem todos têm condições.
Todos, ou a maioria, dizem não gostar do
Programa do Ratinho, porém, esse mesmo grupo
assiste ao programa, todo ou parte,9 e comenta
suas características com propriedade de quem
refletiu sobre o que está falando, ou seja, revelando
uma recepção ainda que não crítica, pelo menos
bastante ativa. Pela polêmica existente a respeito
deste programa, as pessoas procuram justificar
a audiência, vêem o programa “por acaso”,
9 O Programa do Ratinho chegou a atingir 36 pontos no Ibope na
Grande São Paulo, no horário da novela das 20h na Rede Globo.
“pela diversão”, “porque ele ajuda os outros”.
Comentam que a participação das pessoas em
quadros considerados desrespeitoso e de mau
gosto se faz por questões financeiras, o que se torna
uma justificativa, principalmente em tempos de
dificuldades econômicas.
3.3. O que falam sobre os conteúdos a leitura feita pelo receptor
Estimulados a refletir sobre o que assistem, as
novelas, os filmes, os programas de humorismo
são os gêneros mais problematizados, uma vez
que jornalismo é o real, e o real não é objeto de
discussão. Tal compreensão reflete uma condição
hegemônica, sem antagonismos na representação
de um ‘real’ orientado por interesses, em que todas
as situações são tomadas como absolutas.
Para 63,8% dos entrevistados, a televisão
representa um meio de informação, embora
também considerem que seja distração (50%).
É considerada fonte de diversão por 20,5% e um
hábito por 19,6% (tabela 3). A programação de
TV, como um todo, é considerada falha, porém é a
única opção de lazer da população. Essa é a opinião
das pessoas e o argumento para a audiência de
uma programação considerada deficiente em
proporcionar informação de valor e diversão
saudável. (tabela3)
O fato de ser a TV a principal opção de lazer
não significa que seja a única. Dentre as atividades
“para passar o tempo” mencionadas, aquelas que
promovem a interação social são as de maior
destaque: sair de casa, praticar esportes, fazer
atividades com netos, passeio e bate-papo. Ainda
que nessas ocasiões manifestem-se subprodutos
do consumo televisivo, seja nas temáticas das
conversas, ou nos padrões de consumo de bens,
o que observamos é que a maneira como isso
ocorre não se constitui, em momento algum, uma
via de mão única. Retomando Martín-Barbero,
verificamos nesse processo que a recepção
extrapola o momento da audiência, fazendo
parte do estabelecimento do indivíduo como ser
social.
Eu assisto para passar o tempo. Eu prefiro
mais ler uma revista, ler um jornal ...
Completa um pouco do seu dia a dia. Quando
você chega do serviço você quer ouvir ou
ver qualquer coisa que aconteceu. Eu uso a
televisão para ver esporte, música, humor...
assim acaba passando o tempo.
O discurso dos receptores nos mostra um
cotidiano caracterizado por um contexto em
que a presença da televisão é interpretada como
constituinte natural. A televisão ‘faz parte’ da
rotina, sem contudo, ‘ser a rotina’. Percebe-se que a
relação com esse meio é dialógica, as pessoas ligam
e desligam a TV, ou a deixam ligada o tempo todo,
conforme suas necessidades de entretenimento e
informação. Assistem à televisão porque está lá,
de fácil acesso, bem ou mal, informando sobre o
que acontece na cidade e no mundo. A tabela 3 nos
mostra que, para homens e mulheres, a televisão é
Tabela 3 - A televisão para você ...
Total
Homens
Mulheres
Informa
63,77%
68,1%
60,3%
Distrai
50,00%
42,9%
55,6%
Diverte
20,53%
22,5%
19,0%
É um hábito
19,57%
16,5%
22,0%
Ensina coisas boas
7,25%
10,4%
4,7%
É assunto para conversar
6,76%
3,8%
9,1%
133
um meio de informação e distração, sendo que ela
‘ensina coisas boas’ mais para os homens do que
para as mulheres, que, por sua vez, têm na televisão
um hábito.
É só você ligar lá e ela já te dá uma ampla
visão da coisa, uma reportagem no Taiti, outra
lá no México. ... Mas é assim: a televisão ligada
e eu cuidando dos meus afazeres.
Eu almoço assistindo, eu assisto (ao) SPTV,
depois Globo Esporte, o Jornal Hoje. Depois
eu assisto (a)o Marcelo Rezende, que é o
Repórter Cidadão, depois eu mudo para
aquele da Record. Simone Nicoli. De lazer
que eu assisto é da Band, o da Márcia.
Depois eu vou para o Cidade Alerta. Quando
termina, eu desligo porque não quero saber
de nada.
134
Educação é uma das funções consideradas menos
relevantes à televisão, sendo que por educação
entendem programas que “ensinem a fazer alguma
coisa” (67,3%), uma visão instrumental que
não inclui a formação cidadã do telespectador.
Entretanto, existe uma grande expectativa em
relação ao papel da televisão como educadora junto
às mães. As donas-de-casa se ressentem da falta de
programas que conversem com elas, que lhes dêem
dicas sobre como cuidar da família.
Às vezes eu assisto o Pra Você, de quinta-feira,
porque vai o ginecologista. Ele presta muito
esclarecimento sobre a saúde da mulher... Eu
e meus filhos assistimos à Malhação. Se tem
assunto de aborto, é nessa hora que eu comento
que o que a menina iria fazer estava errado.
Ao invés daquela Aparecida Liberato, Ana Maria
Braga e aquele papagaio ficar falando besteira,
fofoca, por que não ensinam o aposentado
a ter uma vida mais sadia? ... Eu não estou
participando do Show do Milhão, estou em casa
assistindo, mas eu estou adquirindo cultura. Ele
dá entretenimento com cultura.
No delineamento da presença da violência na TV
fica claro que a dramatização e a manipulação são
os principais fatores de desagrado. A exploração de
situações fora do comum (aberrações e exotismo)
e o uso de vocabulário vulgar são os aspectos
mais citados, sendo que na relação imagem x
palavras, as palavras adquirem maior peso entre
as pessoas com acesso à maior diversidade de
meios, enquanto aquelas com acesso restrito
praticamente não fazem esta diferenciação. A falta
de respeito e as brigas em programas de auditório
são as situações consideradas mais violentas.
Mostrar cenas de morte e fatos reais são situações
violentas para 12% e 10% dos respondentes. As
diferenças entre homens e mulheres só acontecem
em relação à falta de respeito e o vocabulário
utilizado, a primeira situação considerada mais
violenta pelas mulheres, 35,4% contra 21,3% dos
homens, e a segunda pelos homens, 4,9% contra
2,7% das mulheres (tabela 4).
Violência na televisão normalmente não é
relacionada a programas jornalísticos, sejam
eles de caráter sensacionalista ou não. Violento
é a dramatização que não é identificada como
um recurso jornalístico. A narração de fatos
envolvendo mortes, ataques, acidentes e desastres
é considerada prestação de serviço. Para os
telespectadores homens, esses programas são um
alerta para a população, e a maneira como os fatos
são narrados, em etapas, ao longo da programação,
é considerada uma forma de detalhamento,
interpretada como orientação sobre os perigos da
cidade. Essa interpretação promove um cenário de
uma sociedade fora de controle, de uma cultura
de violência, pois “o outro é sempre visto como
um potencial inimigo de quem se deve, sobretudo,
desconfiar” (Rondelli, 1996, p.35).
A audiência a conteúdos criticados pelo sen­
sacionalismo e exposição desnecessária de mazelas
e situações desrespeitosas se dá pela falta de opção,
e a curiosidade é uma das principais motivações.
As pessoas não consideram os programas violentos
Tabela 4 - O que é violência na TV
Total
Homens
Mulheres
Falta de respeito
29,1%
21,3%
35,4%
Brigas em programas de auditório
22,9%
19,1%
26,0%
Cenas que mostram a morte
12,1%
13,1%
11,2%
Mostrar a realidade
10,3%
9,3%
11,2%
Guerra por audiência
5,7%
7,1%
4,5%
Mostrar sangue
5,2%
4,9%
5,4%
Cenas que envolvem sexo
4,7%
4,4%
4,9%
Manipulação de situações
4,4%
5,5%
3,6%
Armas
4,2%
3,3%
4,9%
Vocabulário
3,7%
4,9%
2,7%
Situação ao vivo
2,2%
1,6%
2,7%
Não sabe
2,0%
3,8%
0,4%
Situações que exploram crianças
1,2%
1,1%
1,3%
Outros
17,2%
23%
12,6%
Pergunta de Resposta Múltipla
porque na verdade nada é exposto com lógica.
A carnavalização dos acontecimentos dificulta a
reflexão. A programação de TV de modo geral não
é violenta, por isso reclamam e reclamam, mas não
fazem nada efetivo para mudar. Na realidade, a TV
é uma grande catarse, um canal através do qual as
pessoas refletem seus medos e angústias em morar
em uma cidade complexa.
Conclusão
A conclusão é que vivemos em uma sociedade
midiática em que as relações são elaboradas pelas
mediações. Mesmo que existam extremos, a
recepção é ativa, porém não reflexiva, caracterizada
por um contrato hegemônico. As exteriorizações
de uma certa preocupação com os rumos que
a programação de TV toma e o que isso pode
significar para a sociedade são momentâneas,
terminando sempre com uma posição de que “é
assim mesmo” e se tem audiência é porque alguém
gosta. Vivemos uma cultura individualista que
colabora para a manutenção de uma condição
de dominação hegemônica. A televisão, para se
manter hegemônica, trabalha com os valores da
diversidade, da liberdade de escolha. As pessoas
não se sentem parte de um todo, responsáveis por
esse todo, acreditam que agem individualmente,
que suas ações não têm repercussão porque são
individuais.
O emissor concebe o receptor como consumidor,
curioso e individualista. Para ele, a complexidade
da cidade favorece a exploração da curiosidade
natural das pessoas, mostrando situações que enfa­
tizam um ambiente violento, no qual o receptor
necessita de proteção, obtida com as informações
sobre os “últimos acontecimentos, ao vivo e com
ex­clusividade”. A emissão é caracterizada por
um discurso superficial, repetitivo, fragmentado,
aparentando ação e dinamismo, com emoção, apro­
ximando-se do épico, da epopéia e do drama. O uso
enfatizado da tecnologia - equipes móveis, replays
– são indicadores de modernidade, exclu­sividade,
preocupação com a prestação de serviço.
Percebe-se que a matriz social do discurso dos
entrevistados se constitui dos aspectos percebidos
pelo receptor, de acordo com seu ambiente
135
136
social e cultural, fazendo uma leitura emocional,
individualizada, das narrações: “os apresentadores
mostram os fatos, e eu aproveito o que interessa”.
Separa informação de entretenimento, quando
requisitado a fazer uma avaliação conjunta, sem
que isso se reflita no consumo geral, quando
emoção e razão não se separam. O discurso do
receptor reflete o discurso do emissor: meios de
comunicação de massa significam informação,
que não necessita ser detalhada. A tecnologia
significa a possibilidade de captação do fato, na
sua forma mais real. O controle interacional é
exercido pelos recursos lingüísticos, por silêncios
e pelos intervalos comerciais, traduzidos em
oportunidade para mudar de canal.
Quando o receptor diz que a televisão “não faz
nada além do que retratar a realidade”, ele está
em consonância com um contexto ideológico
que mostra uma sociedade violenta como
nun­ca, mesmo que isso não se confirme nas
estatísticas históricas. Tal interpretação é fruto
do bombardeio de informações. Os fatos são
vistos isoladamente, não há contextualização ou
reflexão. Daí a interpretação da violência apenas
como sendo atos individuais (as pegadinhas,
o deboche, o desrespeito). Tal interpretação
nos remete ao princípio de que violência é um
fenômeno naturalmente relacionado à ausência de
regras, ao caos. Sentimo-nos violentados quando
somos pegos em uma situação para a qual não
estávamos preparados, para a qual não tivemos
condições de planejar uma reação, associando o
fator imprevisibilidade à insegurança. Por que nos
sentimos inseguros? Porque não temos controle
sobre o que irá ocorrer. A exploração de imagens e
relatos que retratam sangue e morte é considerada
elemento necessário a um conteúdo jornalístico.
Hoje vivemos num contexto mais do que ideo­
lógico, em que o ‘real’ é orientado por in­teresses
que se compactuam em alianças com bases na
dinâmica de escolhas culturais. A análise dos
significados dados aos conteúdos dos programas
de televisão, os comportamentos notados: a aversão
(nada presta), em alguns casos a des-sensibilização
(o mundo é assim mesmo), em outros até a
apatia ou mesmo a elaboração (eu converso
so­bre os programas), nos mostra a superfície
de uma leitura que reflete, acima de tudo, uma
assimilação hegemônica da representação dos
acontecimentos.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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3a. ed.. Campinas (SP): Pontes, 2001.
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GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC,
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KELLNER, Douglas. A cultura da mídia. São Paulo: EDUSC, 2001.
Comunicação & Educação, São Paulo: CCA-ECA-USP/Moderna,
LOPES, Maria Immacolata V. Pesquisa em comunicação: formulação
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MARTÍN-BARBERO, Jesús. Dos meios às mediações – Comunicação,
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THOMPSON, John B. Ideologia e cultura moderna: teoria social
McQUAIL, Denis. McQuail’s mass communication theory. 4th ed.,
crítica na era dos meios de comunicação de massa. 3a. ed.. Petrópolis
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O’ SULLIVAN, Tim e outros. Conceitos-chave em estudos de
WHITE, Robert (editor). Televisão como mito e ritual. Comunicação
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& Educação, São Paulo: ECA-USP/Moderna, no. 1, ano I, 1995,
ORLANDI, Eni P. Análise de discurso - princípios e procedimentos.
set./dez.
Colección GTs ALAIC
Publicaciones
LA INVESTIGACIÓN EMPÍRICA DE
AUDIENCIAS TELEVISIVAS EN AMERICA
LATINA DE 1992 A 2007
José Carlos Lozano
Director del Centro de Investigación en Comunicación e
Información (CINCO) y de la Cátedra en Medios de Comunicación (CIMECOM) del Tecnológico de Monterrey, Campus Monterrey, México. Es Doctor en Comunicación por la
Universidad de Texas en Austin y autor del libro Teoría e
Investigación de la Comunicación de Masas (Ed Pearson).
Email: [email protected]
Lorena Frankenberg
Investigadora asociada en la Cátedra de Investigación
en Medios de Comunicación (CIMECOM) y alumna de la
138
Especialidad en Comunicación y Estudios Culturales en el
Doctorado en Estudios Humanísticos del Tecnológico de
Monterrey, Campus Monterrey, México. Obtuvo la Maestría
en Humanidades por la Universidad de Monterrey.
Email: [email protected]
Carlos del Valle Rojas
Doctor en Comunicación y Periodismo por la Universidad
de Sevilla, España. Director y Académico del Departamento
de Lenguas, Literatura y Comunicación y Director y Académico del Programa de Magíster en Ciencias de la Comunicación, en la Facultad de Educación y Humanidades, de la
Universidad de La Frontera, Temuco-Chile.
Email: [email protected]
RESUMEN
El artículo reporta los avances de una revisión documental de estudios empíricos de audiencias
de televisión realizados en América Latina y publicados entre 1992 y 2007 en las principales
revistas científicas del campo. El estudio revisa y analiza en más de 50 trabajos encontrados, la
claridad conceptual, la explicitación de los marcos teóricos, la estrategia metodológica seguida,
así como los principales autores mencionados en las referencias de dichos estudios. El artículo
ofrece un primer diagnóstico sobre las fortalezas y debilidades de la investigación empírica de
audiencias en América Latina. Subraya la necesidad de cuidar el rigor metodológico y de enfatizar en el análisis de lecturas ideológicas y su impacto en las audiencias.
Palabras clave: Audiencias Televisivas; Estudios Culturales; Recepción Televisiva;
Investigación empírica de audiencias.
ABSTRACT
This paper registers the findings of a methodological review of 53 Latin American empirical
studies on television reception published between 1992 and 2007 in the most relevant specialized
journals. The analysis assesses the studies according to their theoretical approach, the research
techniques adopted, their sample size, the type of audience studied, the type of television content researched and the scholars most often referred to. The paper closes with a diagnosis of the
strengths and weaknesses of current Latin American empirical research on television audiences
and points out the need for more methodological accuracy and more emphasis on the analysis
of ideological readings and their impact on the audiences.
Keywords: Television audiences; Cultural studies; Empirical audience research.
RESUMO
Este artigo trata dos avanços de uma revisão documental de estudos empíricos de audiências
televisivas na América Latina e publicados entre 1992 e 2007, nos principais periódicos do campo.
O estudo revisa e analisa em mais de 50 trabalhos a clareza conceitual, os marcos teóricos, a
estratégia metodológica adotada, assim como os principais autores mencionados nas referências
destes estudos. Identificam-se as principais tendências, as lacunas e omissões nas investigações
da recepção televisiva. Pode-se verificar a supremacia dos estudos culturais como perspectiva
metodológica, a vida cotidiana e as mediações familiares como objetos de estudo e a falta de
solidez nas estruturas metodológicas. Assim, este trabalho oferece um primeiro diagnóstico sobre
os pontos fortes e fracos da investigação empírica de audiências na América Latina.
Palavras-chave: Audiência televisiva; Estudos Culturais; Recepção Televisiva; Investigação
empírica de audiências.
139
1. Introducción
El propósito principal de este artículo radica
en explorar y valorar la investigación empírica
de audiencias televisivas realizada en América
Latina durante los últimos quince años. Nuestro
estudio no pretende ser una réplica al trabajo de
investigadores como McAnany y La Pastina (1994)
que hicieron lo propio para la bibliografía sobre
recepción de telenovelas latinoamericanas, pues
incluye todos los géneros televisivos abordados
en los estudios disponibles en revistas académicas
de la región. Esto se ha hecho con el fin de
ampliar la base de conocimiento que permita
a los investigadores de la televisión en general
y sus audiencias analizar la situación actual,
plantear propuestas y generar sugerencias hacia
el futuro. Se han examinado para este propósito
los métodos empleados en las investigaciones, los
marcos teóricos utilizados, la procedencia de los
trabajos, los géneros estudiados y el conocimiento
derivado.
140
2. Los estudios de recepción en
América Latina
Anterior a la década de los noventa los estudios
sobre comunicación en América Latina se
enfocaban principalmente en el análisis crítico de
los medios como instituciones, otorgándole muy
poca atención a la investigación de audiencias.
La concepción general de los investigadores se
centraba en considerar al receptor como un ente
pasivo ante el dominio y la hegemonía de las
industrias culturales. Los estudios entonces se
apoyaban en el análisis de la economía política o
en el análisis de contenido. Estos planteamientos
ignoraban casi por completo el estudio de
los procesos de recepción y consumo en las
audiencias latinoamericanas. En una sociedad
dominada por el capitalismo, los teóricos de
la dependencia asumían que comprobando la
existencia de la transnacionalización en el proceso
de producción y distribución, se presuponía la
transnacionalización de los procesos de recepción
(Lozano, 1990/1991).
Ante este panorama, a partir de la segunda mitad
de los años ochenta empezó a surgir una nueva
perspectiva crítica interesada en los procesos de
recepción y consumo de los productos culturales.
Los trabajos de García-Canclini (1988), Martín
Barbero (1987) y González (1987), apuntaban
hacía nuevas consideraciones sobre el aspecto
cultural y las mediaciones que utilizan los
receptores para interpretar los significados
comunicacionales.
Desde la década de los noventa, los trabajos
inscritos en la nueva perspectiva reflejan esta
concepción de audiencias activas que ya era
común en enfoques críticos de otras partes del
mundo desde fines de los setenta pero que por el
auge de los paradigmas de la dependencia y del
imperialismo cultural no se había extendido en
esta región. Académicos en los diferentes países
latinoamericanos empiezan entonces a generar
conocimiento en esta línea siguiendo el liderazgo
teórico de Martín Barbero, García Canclini,
Orozco y González. Los resultados evidencian un
movimiento de las comunidades académicas de
distintos países en este sentido (Del Valle, 2004a,
2004b).
Expuesto así el panorama general sobre la
investigación de audiencias televisivas en América
Latina, se procede a mostrar el resultado del análisis
de los 51 trabajos encontrados en este contexto en
las revistas académicas más importantes de la
región a partir de 1992. Las preguntas que guían
esta investigación fueron las siguientes: a) ¿Cuál
es la importancia y presencia de los estudios
empíricos de recepción televisiva en comparación
con otro tipo de trabajos publicados en las
revistas seleccionadas?, b) ¿Son las telenovelas el
principal objeto de estudio o la investigación en
América Latina se ha diversificado a otros géneros
televisivos?, c) ¿Qué enfoques teóricos y analíticos
predominan al interpretar los hallazgos de estas
investigaciones?, d) ¿Qué tan detallada y rigurosa
es la metodología empleada en estos estudios?
3. Método
El análisis comprende 53 trabajos publicados
desde 1992 en revistas latinoamericanas de
comunicación y ciencias afines. La revisión se
realizó buscando los estudios inscritos en esta
temática que estuvieran disponibles en las revistas
especializadas más importantes de América Latina
en su versión electrónica, y algunas en papel
propiedad del CINCO (Centro de Investigación
en Comunicación e Información) del Tecnológico
de Monterrey.
La base de datos utilizada consta de 24 revistas
que sumaron un total de 378 números revisados.
Se buscaron los textos completos de los artículos
en las bases de datos en línea Redalyc (Red de
Revistas Científicas de América Latina, el Caribe,
España y Portugal), Revcom (Revistas Eletrônicas
de Ciências da Comunicação, de Brasil), la
base de datos del Centro de Documentación del
CONEICC en el ITESO, el portal INFOAMERICA
y los sitios originales de las revistas Diálogos
de la Comunicación, Razón y Palabra, Global
Media Journal en Español, ZER y Palabra-Clave.
En papel se consultaron todos los ejemplares
de 1992 a la fecha de Comunicación y Sociedad,
de México y el Anuario de Investigación de la
Comunicación CONEICC. De Chile 7 Revistas,
entre las disponibles, según se precisa aquí:
Reflexiones Académicas, Faro, Re-presentaciones,
Tercer Milenio, Légete, Cuadernos de Información
y Comunicación y Medios cuya búsqueda sólo
arrojo dos hallazgos. De varias revistas, como
las brasileñas, sólo se revisaron los números que
estaban disponibles en el sitio Revcom, los cuáles
en la mayoría de los casos eran muy pocos. Los
hallazgos sobre este país, así, no pueden tomarse
como una muestra representativa debido al
significativo número de ediciones pendientes de
analizar.
La limitación de esta muestra radica en la falta
de acceso a algunas publicaciones académicas de
los diversos países, así como la carencia del texto
completo disponible en red. Debe considerarse
que este trabajo está en proceso, ya que la
búsqueda de las ediciones faltantes de cada revista
seleccionada se sigue realizando. Asimismo, falta
incluir otras revistas, sobre todo de países como
Venezuela, Colombia, Perú, Argentina, Uruguay,
etc., que no aparecían en ninguna de las bases de
datos consultadas. Para ello, actualmente se está
trabajando con un grupo de colegas en esos países
para la segunda fase de esta investigación, la cual
incluirá dichas publicaciones. De cualquier forma
consideramos que las principales revistas han sido
incluidas y que el número de estudios revisados
alcanza a reflejar las principales tendencias en
la investigación latinoamericana de audiencias
televisivas publicadas en las revistas académicas
de la región.
Es importante señalar que parte de la in­
vestigación empírica de audiencias televisivas se
publica en libros, capítulos de libros y cuadernos
de investigación que no se tomaron en cuenta en
este estudio debido a la dificultad en identificarlos
y consultarlos.
Cada uno de los 53 trabajos incluidos ha sido
cuidadosamente analizado para alimentar una
base de datos compuesta por campos en donde se
especifica el nombre de la investigación, el autor,
la publicación, el país de procedencia, el año, la
técnica utilizada, el enfoque teórico así como los
autores citados en la obra, la muestra, la claridad
de las preguntas de investigación y la metodología
expuesta. A partir de esa base de datos, se procedió
a analizar cuantitativa y cualitativamente la
información recabada.
4. Resultados
¿Cuál es la importancia y presencia de los
estudios empíricos de recepción televisiva en
comparación con otro tipo de trabajos publicados
141
en las revistas seleccionadas? La Tabla 1 muestra
que solo el 14% de todos los artículos publicados
en 378 números de las 24 revistas seleccionadas
eran investigaciones empíricas de recepción
televisiva. Si otros tipos de estudios de campo
son incluso menos populares, como parece ser
el caso, este hallazgo podría indicar un patrón
en las revistas latinoamericanas de favorecer la
publicación de ensayos teóricos sobre los trabajos
empíricos. O quizás sólo refleje la situación actual
de la academia latinoamericana de comunicación,
más propensa al trabajo teórico que al empírico
por la falta de fondos y la escasa preparación de los
investigadores para el trabajo de campo (Lozano,
2007). (Tabla 1)
4.1. De la telenovela a otros géneros televisivos
McAnany y La Pastina (1994) encontraron entre
1970 y 1993, 26 trabajos en revistas académicas,
libros y tesis de posgrado que analizaban la
recepción de telenovela. En la presente revisión,
sólo 12 o el 23% de los 53 trabajos revisados,
se concentraron específicamente en la revisión
Tabla 1 - Número de estudios empíricos de audiencias televisivas publicados en
revistas académicas de América Latina entre 1992-2007 por título
Título
142
Comunicación y Sociedad
Anuario de Inv. CONEICC
Diálogos de la
Comunicación
Culturas Contemporáneas
Zer
Palabra-Clave
Intercom
Contemporánea
Nombre Falso
Razón y Palabra
FAMECOS
Fronteiras
Global Media Journal
Comunicação & Sociedade
Contracampo
Comunicación
Rev Mexicana de Ciencias
Políticas y Sociales
Reflexiones Académicas
Comunicación y Medios
Faro
Legeté
Re-Presentaciones
Cuadernos de Información
Tercer Milenio
Total1
País
Período
Revisado
# de ediciones
revisadas
# de estudios
empíricos
encontrados
sobre recepción
televisiva
% de ediciones
con estudios
empíricos
de recepción
televisiva
México
México
92-07
94-06
34
13
14
10
41
77
Perú
92-07
42
5
12
México
España
Colombia
Brazil
Brazil
Argentina
México
Brazil
Brazil
México
Brazil
Brazil
C. Rica
92-06
96-07
96-01
00-07
03-06
01-07
96-07
01-07
04-07
04-07
02-04
02-03
00-06
27
21
16
14
5
9
58
20
9
7
5
2
11
4
4
3
2
2
2
1
1
1
1
0
0
0
15
19
19
14
40
22
2
5
11
14
0
0
0
México
92-06
45
1
2
Chile
Chile
Chile
Chile
Chile
Chile
Chile
99-02
93-06
05-07
03-06
07
93-07
06-07
4
7
5
7
2
12
3
378
1
1
0
0
0
0
0
53
25
14
0
0
0
0
0
14%
Latina. La Tabla 3 muestra que más de
la mitad de las investigaciones revisadas
se basan en esta aproximación y la Tabla
4 confirma esta conclusión al identificar
a Morley, Orozco, Martín Barbero,
García Canclini y James Lull como los
autores más citados. Este hallazgo no
es raro en una región como América
Latina en donde los estudios críticos
como la teoría de la dependencia y el
imperialismo cultural primero, y los
Tabla 2 - Porcentaje de estudios por género televisivo
Género
f
%
Varios
29
54.7
Telenovelas
12
22.6
Noticias
8
15.0
Entretenimiento
1
1.8
Series
1
1.8
Ninguna
1
1.8
Reality shows
1
1.8
Total
53
100%
de este género (Tabla 2). Más de la mitad de los
artículos revisan el consumo televisivo en general,
algunos incluso estudiando varios géneros al
mismo tiempo. Esto podría considerarse una
tendencia de la investigación más reciente por
tomar en cuenta distintos tipos de contenidos
que consumen los diferentes tipos de audiencias,
algunos preocupados por el origen geográfico
de los programas preferidos, otros revisando la
diversidad de contenidos preferidos por segmentos
específicos de la audiencia como los jóvenes, e
incluso otros más interesados en las mediaciones
familiares en el proceso de ver televisión.
La recepción de noticias es un área de creciente
interés particularmente en una región en la cual
la investigación sobre periodismo se ha centrado
en los contenidos de noticias o en los propios
periodistas. El hecho de que 16% de todos los
estudios revisados dediquen su análisis a la
recepción de noticieros, revela la atención que este
género está recibiendo por algunos académicos
latinoamericanos. En contraste, géneros como
series televisivas y reality shows, con importante
cantidad de producciones e importaciones,
son casi ignorados por los estudios dedicados a
analizar el consumo.
4.2. La supremacía de los estudios culturales
Estudios culturales es, por mucho, la perspectiva
teórica que inspira la mayoría de los trabajos
empíricos sobre recepción televisiva en América
Tabla 3 - Porcentaje de estudios por enfoque teórico
Enfoque
F
%
Estudios culturales
30
56.7
No identificado
10
18.9
Análisis de recepción
3
5.7
Otro
3
5.7
Usos y gratificaciones
2
3.8
Ecléctico
3
5.7
Educación para los medios
1
1.9
Varios
1
1.9
Total
53
100%
143
estudios culturales después, se han enraizado en
las últimas décadas (Tabla3 e 4).
Las valiosas aportaciones de autores como Martin
Barbero, García Canclini, Orozco, González y
Fuenzalida entre otros en la década de los ochenta
en el campo de los estudios culturales, siguen
siendo el fundamento teórico para la mayoría
de estos trabajos en la región. Sin embargo,
resulta interesante observar que el trabajo más
reciente sobre audiencias no ha incorporado aún
las contribuciones de los nuevos investigadores
empíricos contemporáneos. Martín Barbero,
García Canclini y González, por ejemplo, no han
realizado trabajo empírico —y casi nada de trabajo
teórico— en audiencias televisivas en los últimos
15 ó 20 años.
Mientras que la supremacía de los estudios
Tabla 4 - Número de artículos citando a un autor
más de dos veces dentro del texto
Autor
f
David Morley
15
Guillermo Orozco
15
Jesús Martin Barbero
12
Néstor García Canclini
8
James Lull
8
Klaus B. Jensen
5
Jorge González
4
Ien Ang
3
Gilberto Jiménez
3
Valerio Fuenzalida
2
Stuart may
2
Juan José Igartua y Carlos Muñiz
2
Michael Morgan y James Shanahan
2
Roger Silverstone
Otros autores con dos a o más menciones en un solo artículo
Total
144
de ellos son encuestas descriptivas
que intentan ofrecer información
básica sobre patrones de consumo.
Otros han sido realizados por autores
identificados con la perspectiva de
estudios culturales, pero por alguna
razón no lo explicitan en la revisión
de la literatura, en las preguntas
de investigación o incluso en la
interpretación de sus resultados. Dos
estudios más abordan el importante
tema de la violencia y la televisión,
pero desde una base ecléctica o
inexplícita.
4.3. Falta de atención a
lecturas ideológicas
55
La Tabla 5 muestra que aún siendo
136
los estudios culturales la perspectiva
teórica predominante en investigación
empírica de audiencias televisivas, muy pocos
trabajos abordan la pregunta central del impacto
ideológico de los medios o la capacidad de las
audiencias para negociar, resistir o rediseñar los
contenidos ideológicos preferentes. Sólo 7 de
más de 30 trabajos, se basan en decodificación y
lecturas de contenidos ideológicos, confirmando
la preocupación de Morley (1997) sobre los
2
culturales se explica por la importancia histórica
de las aproximaciones críticas en la región,
nuestra revisión muestra un rango muy bajo de
diversidad e interés en otras tradiciones teóricas.
La perspectiva de los efectos predominante en los
Estados Unidos (agenda setting, análisis del cultivo,
aprendizaje social, entre otros) está completamente
ausente en el corpus analizado. En América Latina,
por tanto, las audiencias televisivas no parecen
estudiarse desde diferentes
perspectivas teóricas como
Tabla 5- Porcentaje de artículos por tópico estudiado
ocurre en Estados Unidos o
Tópico
f
%
Europa Occidental.
Otros
12
22.6
Un hallazgo sorprendente
Vida cotidiana
8
15.1
es el número tan elevado
7
13.2
Mediación familiar
de estudios que no men­ Otras mediaciones
7
13.2
cionan explícitamente los Lecturas ideológicas
7
13.2
fundamentos teóricos desde Consumo de medios
5
9.4
los cuales plantean sus Género
2
3.8
2
3.8
Consumo
de
contenidos
estadunidenses
preguntas de investigación o
2
3.8
interpretan sus resultados: 9 Violencia y Efectos
1
1.9
estudios que representan el Credibilidad de las noticias
Total
53
100%
17% de los reportes. Algunos
investigadores culturalistas que pasan por alto
cuestiones importantes como el poder y la
ideología en el trabajo empírico.
Todos los demás trabajos basados en estudios
culturales se centran en el análisis y comprensión
del papel de la televisión en la vida cotidiana de las
audiencias o en el rol de la familia y/o escuela como
mediaciones de recepción televisiva. Sin embargo,
resulta importante señalar la relevancia de estos
estudios (y muchos otros publicados en libros y
revistas no contempladas en esta revisión), para el
conocimiento de las formas en que la familia y la
escuela filtran el consumo y decodificación de los
programas televisivos en América Latina.
En contraste, otras áreas de gran interés cuando
se estudia la recepción televisiva como podrían
ser la violencia, la credibilidad de las noticias,
la apropiación de la agenda mediática o la
adopción de versiones televisadas de la realidad,
están escasamente estudiadas en la muestra. Esta
cuestión se debe también a la falta de diversidad
en las aproximaciones teóricas utilizadas por
los investigadores latinoamericanos y podría
ser incluso indicador de la falta de diversidad
en la capacitación de futuros académicos en los
programas latinoamericanos de posgrado en
comunicación.
4.4. Avances en el frente metodológico
Nuestra revisión de 53 estudios publicados en las
revistas académicas más importantes de la región,
muestra que en los últimos 15 años un número
significativo de investigadores latinoamericanos
sigue haciendo poca o nula referencia a sus
metodologías (Tablas 6 y 7). Alrededor del 39%
de los trabajos no explican o explican de manera
incompleta su metodología, y alrededor del 34%
de los estudios no incluye una sección formal de
método en el cuerpo del trabajo (el porcentaje
sube a 49% si también se incluyen los artículos
que sí explicitan su metodología pero lo hacen
en alguna otra sección). Este hallazgo muestra el
largo camino por recorrer en América Latina en la
capacitación de investigadores de la comunicación
para lograr el rigor y la exigencia deseada en el
trabajo empírico. Así mismo, este resultado alerta
sobre la necesidad de que los editores y evaluadores
de revistas académicas sean más estrictos al
Tabla 6 - Porcentaje de estudios que
explican su metodología
Explican método
Completamente
Parcialmente
No explican
Total
f
32
14
7
53
%
60.4
26.4
13.2
100%
Tabla 7 - Porcentaje de estudios con
sección de método
Sección de método
Sí
No
Sí, pero con diferente nombre
Total
f
27
18
8
53
%
50.1
33.9
15.1
100%
dictaminar y aprobar las investigaciones puestas
a su consideración para ser publicadas.
Sin embargo, en un tono más optimista, los
hallazgos demuestran el logro de un mejor
balance entre las diferentes técnicas disponibles
para la investigación de audiencias (Tabla 8). La
encuesta sigue ocupando un lugar importante,
pero los métodos cualitativos se han diversificado
con el uso de entrevistas a profundidad o
focalizadas, grupos de discusión, etnografías y
otras estrategias cualitativas. Un avance interesante
es el creciente uso de la combinación de encuesta
con métodos cualitativos dentro del mismo
estudio, demostrando una tendencia hacia
la triangulación de los resultados. Este es un
satisfactorio paso hacia adelante para una región
en donde los métodos cuantitativos habían sido,
hasta hace poco, rechazados por su asociación
“inherente” con el positivismo (cfr. Mattelart,
145
Tabla 8 - Porcentaje de estudios por técnica
Técnica
Encuesta
Entrevista a profundidad o focalizada
Encuesta y una técnica cualitativa
f
13
13
10
%
24.5
24.5
18.9
Grupos de discusión
6
11.3
Etnografía
Otras técnicas cualitativas
Datos secundarios
Historias de vida
Total
3
3
4
1
53
5.7
5.7
7.5
1.9
100%
1976) y en donde el divorcio académico entre
los defensores de los métodos cualitativos y
los seguidores de los cualitativos sigue estando
presente en muchos casos.
146
5. Discusión
A pesar de la fuerte presencia de los estudios
culturales en América Latina, la teoría e
investigación desarrollada y las contribuciones de
académicos como Martin Barbero, García Canclini
y Orozco, no sólo a nivel regional sino a nivel
global, la investigación empírica de audiencias
televisivas sigue siendo escasa. La tendencia de
los académicos latinoamericanos a optar por
ensayos teóricos sobre el trabajo empírico, ya sea
por falta de recursos económicos o capacitación
metodológica, ha permanecido presente en los
últimos 15 años.
El análisis de 53 estudios de audiencias televisivas
encontrados en 378 números de 24 de las revistas
en comunicación más importantes de América
Latina, ofrece algunas bases sólidas para detectar
los enfoques predominantes en géneros, tipos de
audiencias, aproximaciones teóricas y técnicas
de investigación que han caracterizado el trabajo
empírico entre 1993 y el 2007. Uno de los
hallazgos más relevantes es el desplazamiento de
las telenovelas como foco central de los estudios
de recepción en la región. Mientras que el 23%
del número total de estudios sigue reflejando un
interés hacia este género, en los últimos 15 años
se ha mostrado una creciente preocupación por
explorar el complejo ensamble de contenidos
televisivos que consumen los diferentes segmentos
de la audiencia y la recepción de programas
de noticias. De cualquier forma, parece existir
una necesidad de más estudios empíricos de
recepción televisiva en géneros particulares
que han adquirido relevancia por su cantidad
de producción y consumo en la mayoría de los
países de la región. Los reality shows, las series,
las caricaturas y los programas deportivos, entre
otros, han adquirido gran popularidad y han
sido hasta ahora poco estudiados de manera
particular. Es entonces sorprendente no encontrar
trabajo cualitativo en la recepción y apropiación
de géneros o programas individuales diferentes a
la telenovela o los noticieros.
Para una región reconocida académicamente
en el mundo por su interés en el imperialismo
cultural y los efectos ideológicos de las industrias
mediáticas locales y trasnacionales sobre las
audiencias, es raro encontrar que sólo 7 de
51 estudios se concentran en las lecturas y
negociaciones ideológicas de los televidentes.
Los culturalistas latinoamericanos parecen estar
tomando el mismo camino impuesto por sus
colegas en Estados Unidos y Europa, rechazando
cuestiones como ideología y poder, y centrando
su atención en temas como vida cotidiana o
mediaciones familiares y escolares en el proceso
de ver televisión. Aunque el desplazamiento
de las teorías y aproximaciones positivistas
puede ser considerado de manera favorable
entre los académicos latinoamericanos, quienes
posiblemente lo interpretan como un intento de
evadir otro tipo de dependencia de Estados Unidos,
también resulta importante resaltar la uniformidad
que genera, así como el empobrecimiento de
debates, habilidades, aproximaciones y puntos
de vista teóricos y metodológicos. La mayoría
de las debilidades de la investigación empírica
latinoamericana en este campo pueden provenir
de esta homogeneidad y falta de diversidad en la
enseñanza y revisión teórica de los programas de
posgrado en comunicación en la región.
Mientras que el corpus estudiado en esta
revisión muestra que la investigación empírica
de audiencias televisivas en América Latina se
ha vuelto mas plural y sofisticada en el uso de las
técnicas cuantitativas y cualitativas, mostrando una
tendencia favorable al combinar ambas estrategias
en un solo estudio, existe aún un largo camino por
recorrer con respecto al rigor metodológico, no
sólo en el diseño de la investigación y el trabajo
de campo, sino en la explicación requerida en
los reportes de hallazgos con el fin de evaluar su
calidad y relevancia.
Como se ha mencionado anteriormente, este
artículo forma parte de una investigación en
proceso sobre estudios empíricos de recepción
televisiva en América Latina. La inclusión de
las revistas pendientes no contempladas en este
corpus, podría cambiar ligeramente algunas de
las conclusiones de esta revisión. Sin embargo,
consideramos que los 53 estudios encontrados en
378 números de 24 revistas líderes de la región,
representan una muestra válida para extraer
inferencias sobre las tendencias, fortalezas y
debilidades de esta línea de trabajo.
La investigación empírica de audiencias en
América Latina tiene un gran potencial para
contribuir significativamente en el conocimiento
de los procesos de consumo, negociación y
apropiación de contenidos televisivos en el
marco mundial. El tamaño de la región, el valor
incuestionable del pensamiento teórico local y
la coexistencia de la tradición, la modernidad
y la posmodernidad propia de los países
latinoamericanos (García Canclini, 1990) podría
conducir a conocer patrones de consumo y
recepción considerablemente diferentes a los
observados en la investigación actual de los países
industrializados.
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SEMINARIOS
CONGRESOS DE LA ALAIC
1992 y Escola de Comunicações e Artes da Universidade
de São Paulo
São Paulo, Brasil
Tema: Comunicación latinoamericana: desafíos de la
investigación para el siglo XXI
2000 y Facultad de Ciencias de la Comunicación e
Información/ Universidad Diego Portales
Santiago do Chile, Chile
Tema: Sociedad de la Información: Convergencias y
diversidades
1994 y Departamento de Estudios de la Comunicación
Social/Universidad de Guadalajara
Guadalajara, México
Tema: La investigación iberoamericana en Comunicación
ante el nuevo milenio
2002 y Facultad de Comunicación Social y Humanidades/
Universidad Privada de Santa Cruz de la Sierra
Santa Cruz de la Sierra, Bolívia
Tema: Ciencias de la Comunicación y sociedad: Un
diálogo para la era digital
1996 y Escuela de Comunicación Social/ Universidad
Central de Venezuela
Caracas, Venezuela
Tema: Las transformaciones de las comunicaciones: los
nuevos retos de la investigación
2004 y Facultad de Periodismo y Comunicación Social/
Universidad Nacional de La Plata
La Plata, Argentina
Tema: 70 años de Periodismo y Comunicación en
América Latina
1998 y Departamento de Comunicação Social/Universidade
Católica de Pernambuco
Recife, Brasil
Tema: Ciencias de la Comunicación: Identidades y
fronteras
2006 y Universidade do Vale do Rio dos Sinos
Rio Grande do Sul, Brasil
Tema: Comunicación y Gobernabilidad en América
Latina
SEMINARIOS DE LA ALAIC
1999 y Universidad Andina Simón Bolívar / Universidad
Catolica Boliviana/ Centro Interdisciplinario Boliviano de
Estudios de la Comunicación
Cochabamba, Bolivia
Tema: Comunicación y Desarrollo
2005 y Escola de Comunicações e Artes da Universidade
de São Paulo
São Paulo, Brasil
Tema: Democratizar la Comunicación: ¿una tarea
pendiente?
2001 y Facultad de Periodismo y Comunicación Social/
Universidad Nacional de La Plata
La Plata, Argentina
Tema: Comunicación y política en la cultura mediática
2007 y Universidad Andina Simón Bolívar
La Paz, Bolivia
Tema: Urgencias latinoamericanas en investigación
comunicacional: perspectivas crítico-epistemológicas
Rádio e sociedade brasileira
no cinema: de 1940 a 2000
Doris Fagundes Haussen
Profa. Dra. do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da PUCRS e Pesquisadora do CNPq.
E-mail: [email protected]
150
1 Este artigo faz parte de uma pesquisa mais ampla sobre O Rádio no Cinema Brasileiro que traça um panorama dos filmes nacionais com o
rádio no enredo. Participou da pesquisa a Bolsista de Iniciação Científica PUCRS/CNPq Michele Bicca Rolim.
RESUMO
A presença do rádio no cotidiano da sociedade brasileira é sempre citada nos estudos sobre
este veículo de comunicação. Neste sentido, o presente artigo procura identificar, em seis
filmes nacionais, o “olhar” do cinema sobre o rádio, ou seja, como uma mídia registra
a participação da outra e que tipo de visão é repassado. Os filmes analisados referem-se
ao período dos anos 40 até os 2000, e são: Rádio Auriverde, A estrela sobe, O escorpião
escarlate, A hora mágica, Se segura malandro e Uma onda no ar. A seleção foi feita com
base nos filmes em que o rádio tem um papel central e cujo enredo represente períodos
importantes vividos pelo veículo na história nacional.
Palavras-chave: Rádio; Cinema; Sociedade brasileira.
ABSTRACT
The importance of the radio in Brazilians’ daily life and has always been stressed in research
on this means of communication. In this respect, the article seeks to assess how the radio is
depicted in six Brazilian films, i.e., the registration of one medium by another and the way
radio is presented. The productions selected for the analysis are from 1940s to 2000: Rádio
Auriverde, A estrela sobe, O escorpião escarlate, A hora mágica, Se segura malandro and
Uma onda no ar. Those titles were selected because the radio is a central element of their
plots, and especially because they present the radio as an essential medium in the country’s
history.
KEYWORDS: Radio; Cinema; Brazilian Society.
RESUMEN
La presencia de la radio en el cotidiano de la sociedad brasilera es siempre citada en los
estudios sobre este vehículo de comunicación. Este artículo intenta, así, identificar en
seis películas nacionales la mirada del cine sobre la radio, o sea, de qué manera un medio
registra la participación del otro. Las películas abordan el periodo comprendido entre los
años 40 hasta el 2000, y son: Rádio Auriverde; A estrela sobe, O escorpião escarlate, A hora
mágica, Se segura malandro y Uma onda no ar. La selección de películas ha sido hecha
a partir de identificar en ellas el rol central que la radio tiene y cuya trama representa
importantes períodos vividos por el vehículo en la historia nacional.
PALABRAS CLAVE: RADIO; CINE; SOCIEDAD BRASILEÑA.
151
152
A importância do papel desempenhado pelo
rádio no Brasil, ao longo de sua trajetória, é
inegável. Inúmeros estudos, principalmente a
partir da década de 90, têm-se preocupado em
registrar este fato. No entanto, uma reflexão sobre
como o cinema tem-se ocupado do rádio e como
ambos têm registrado a sociedade ainda não foi
feita. Assim, neste artigo procura-se responder
a esta questão através da análise de seis filmes
nacionais em que o rádio tem papel destacado e
que representam períodos importantes vividos
pelo veículo na sua trajetória no contexto da
sociedade brasileira.
Dos seis filmes analisados, dois foram produzidos
na década de 70; três na década de 90 e um nos
anos 2000. Sobre as décadas a que se referem
os enredos, dois remetem aos anos 40, dois aos
50, um aos anos 70 e um aos 80/90. Quanto ao
gênero, são três dramas, duas comédias e um
documentário. Para fins de análise da sociedade
brasileira, adotou-se a obra de Boris Fausto (2002),
que classifica a história do país através de sete
períodos: a Colônia, o Império, a República, a Era
Vargas, o Brasil Democrático, o Regime Militar
e a Redemocratização. Em relação à tecnologia,
utilizou-se a tese de Cunha (2001) que analisa o
horizonte de expectativas das sociedades sobre
esta evolução . A autora destaca quatro fases
nesta evolução (explicitadas adiante), das quais
duas foram detectadas nos filmes analisados:
a segunda (1925-1950), em que o rádio se
consolida como veículo de massa no país, e a
terceira (1950-1975), quando os descobrimentos
tecnológicos (transistor e FM) são incorporados
e provocam alterações nas emissoras e nos usos:
a segmentação de programações e públicos (o
jovem), a portabilidade do aparelho e as rádios
piratas e livres.
A seguir são relacionados os filmes, com os seus
dados, sinopses e um resumo da participação do
rádio e os elementos em destaque:
• Rádio Auriverde – Diretor: Sylvio Back;
lançamento: 1991; período a que se refere o enredo:
anos 40. Sinopse: Através das musicalmente
alegres e debochadas transmissões de uma rádio
clandestina, tema-tabu entre os pracinhas, o filme
acaba também revelando as tragicômicas relações
entre os Estados Unidos e o Brasil durante a
Segunda Guerra Mundial. O filme penetra no
universo da guerra psicológica que conturbou a
participação do Brasil no conflito, apresentando
imagens e sons inéditos da presença da Força
Expedicionária Brasileira na Itália e, também, da
cantora Carmem Miranda.
Participação do rádio: Personagem principal,
através da emissora fictícia clandestina, chamada
Rádio Auriverde.
Elementos em destaque: A denúncia e a ironia
são características do filme, sendo a dominação
norteamericana um dos seus principais temas.
1 Um levantamento desta produção, relativo ao período entre 1991 e 2001, foi realizado por esta autora e encontra-se disponível no site da Famecos/PUCRS www.pucrs.br/famecos/vozesrad.A pesquisadora Sonia Virginia Moreira também publicou, recentemente, sobre o tema o artigo
Pesquisa de Rádio no Brasil: a contribuição da Intercom (1997-2004). São Paulo: Intercom, 2007.
2 A autora apóia-se na teoria da Estética da Recepção, de Jauss, para definir o conceito de expectativas tecnológicas. Segundo Zilberman, in
Cunha (2001, p.34), a Estética da Recepção “procura entender os efeitos das obras e acontecimentos do passado desde a perspectiva do leitor
contemporâneo, sobre quem ainda repercutem os efeitos dos movimentos ocorridos em outras épocas. Para chegar ao resultado, é necessário
construir o horizonte de expectativas perante o qual foi criado e recebido um texto no passado, para formular as perguntas a que deu uma
resposta. Com isso, a teoria busca inferir como o leitor pode entendê-lo. Essa reconstrução faculta igualmente determinar a diferença entre a
compreensão da obra no passado e hoje”. Neste sentido, ao aproximar esta questão à do rádio, Cunha (idem, p.39) considera para o seu trabalho
que “leitor e texto ou audiência e rádio dialogam dentro de um mesmo horizonte histórico, conforme a proposta de Jauss para a literatura, e que
é importante verificar as características específicas do objeto a ser estudado”. Para a autora, “oralidade e palavra escrita são suportes do rádio e
da literatura e devem ser reconhecidos em suas diferenças, mas também por sua inserção na cultura, definindo-se pela linguagem, relacionados
a regras da tradição narrativa. O ser humano, por sua vez, é parte deste processo, envolvido pelas marcas destas regras, dentro dos diferentes
horizontes históricos”.
No entanto, uma reflexão sobre como
o cinema tem-se ocupado do rádio e como ambos têm
registrado a sociedade ainda não foi feita.
A falta de condições da FEB e a precariedade do
exército brasileiro são alvos da crítica do rádio.
Horizonte de expectativa: Segundo (19251950).
Período histórico: Era Vargas.
• A estrela sobe – Diretor: Bruno Barreto;
lançamento: 1974; anos a que se refere o enredo:
40. Sinopse: O filme baseia-se na obra de mesmo
título, de Marques Rabelo. Leniza Meyer, a
personagem central, participa de um programa
de TV e é apresentada pelo animador como um
“patrimônio da música popular brasileira”. Ela
é, agora, a veterana a dar notas aos candidatos à
carreira de cantor. Ainda que uma diferença de
muitos anos a separe dos calouros a enfrentar os
microfones, a câmera, o público e o júri, ela vê na
moça de hoje, a Leniza de ontem. O filme volta
ao passado: sua primeira aparição como caloura,
a rotina na pensão da mãe, a ligação amorosa com
Mário Alves, em quem vê alguém interessado em
penetrar no meio radiofônico; a revolta contra a
baixeza dos bastidores do rádio. Leniza faz bem
os testes e avança na carreira pouco a pouco.
Passa a cantar na melhor estação de rádio do
Rio de Janeiro, faz shows no Cassino da Urca e
dança em filmes musicais. Vendo a felicidade dos
calouros com o primeiro triunfo, Leniza relembra
o caminho da glória.
Participação do rádio: Papel principal.
Aparecendo em cenas internas e externas, a
Rádio Metrópolis é a responsável pela ascensão
da personagem principal.
Elementos em destaque: O imaginário
correspondente ao rádio naquela época, o sonho
de ascensão social de uma classe. Dentro da
trama encontra-se a figura do malandro que
sobe na vida atrás de pequenos golpes. Como por
exemplo, a protagonista, que para conseguir mais
destaque acaba se envolvendo com um rico dono
de sapatarias. Além disso, também se envolve
com uma famosa cantora de rádio, que a ajuda a
conhecer o meio e cobre suas despesas.
Horizonte de expectativa: Segundo e Terceiro
(1925-1950 e 1950-1975).
Período histórico: Era Vargas e Brasil
Democrático.
• O escorpião escarlate – Diretor: Ivan Cardoso;
lançamento: 1990; período a que se refere o
enredo: anos 50. Sinopse: Através de uma ouvinte
de rádio, a jovem desenhista de moda, Glória,
os heróis radiofônicos ganham vida. A fantasia
mistura-se com a realidade, transformando o
cotidiano de todos. O filme se passa na década
de 50, na cidade do Rio de Janeiro. Glória é
aficionada por radionovelas, em especial a que
está no ar. Os capítulos são apresentados por
dois locutores, que dizem:“Diretamente dos seus
estúdio de radioteatro, bem na praça Mauá, no
coração da cidade maravilhosa, Cashmere Bouquet,
com o perfume que traz o amor até você, apresenta
a eletrizante Aventuras do Anjo, com mais um
capítulo da série o Escorpião Escarlate, de Álvaro
Aguiar”. Uma das características da radionovela
é a continuidade dos capítulos, com hora e dia
marcado, como se observa na fala do locutor:
“Continuem ouvindo de segunda a sexta-feira
neste mesmo horário As aventuras do Anjo”. A
personagem acaba trocando o real pelo imaginário
e sendo perseguida pelo vilão Escorpião Escarlate,
já que associa os crimes que vêm acontecendo na
cidade com aqueles que escuta na radionovela. A
personagem é, então, convidada a trabalhar na
153
emissora, a Rádio Nacional, a mesma que transmite
o seriado. Ela conhece o personagem Anjo, e se
envolve amorosamente com ele.
Participação do rádio: Papel fundamental,
aparecendo em diversas cenas do filme,
principalmente nos bastidores da rádionovela
As Aventuras do Anjo, transmitida pela Rádio
Nacional.
Elementos em destaque: O papel da radionovela
na sociedade brasileira, misturando ficção e
realidade.
Horizonte de expectativa: Terceiro (19501975).
Período histórico: Brasil Democrático.
154
• A Hora Mágica – Diretor: Guilherme de
Almeida Prado; lançamento: 1998; período a que
se refere o enredo: anos 50. Sinopse: Em 1950,
a Rádio Brasil (RB) recebe seus artistas para
algumas dublagens, outros tantos comerciais
e, principalmente, interpretar seus papéis na
radionovela Um Assassino Está Entre Nós. Tito
Balcárcel dá voz às peripécias do galã em filmes
de gêneros variados, ao lado da estrela Lyla Van e
interpreta o mordomo Matias. Este vive às voltas
com suas fantasias folhetinescas até apaixonarse por Lúcia, jovem ambiciosa, indiretamente
envolvida num crime, que colocará o romântico
Tito no centro de uma teia rodeada de pequenos
mistérios. Som e imagem apontam um caminho
nada comum nas diferentes histórias vividas pelo
protagonista de A Hora Mágica.
Participação do rádio: Papel Fundamental,
abordando as radionovelas dos anos 50. Elementos
em destaque: O rádio, em seu período áureo,
através das radionovelas, desempenha um forte
fator de coesão social. A sociedade nacional
compartilha seus sentimentos através da ficção
radiofônica. Os estereótipos do vilão e do herói
estão muito presentes.
Horizonte de expectativa: Terceiro (19501975).
Período histórico: Brasil Democrático.
• Se segura malandro – Diretor: Hugo Carvana;
lançamento: 1977; período a que se refere o
enredo: anos 70. Sinopse: Um instrumento de
poder e tecnologia, a estação clandestina de rádio
conta a história tropical do final de século XX. É
de lá que Paulo Otávio comanda o espetáculo e
as histórias vão se encadeando. O programa não
pode sair do ar: está a mil no coração do Brasil,
e Paulo Otávio aciona sua repórter Calói Volante
na direção de outros acontecimentos. Os impasses
não terminam e são engraçados na mesma medida
em que são trágicos.
Participação do rádio: É elemento fundamental,
tanto que o título do filme é o nome do
programa.
Elementos em destaque – Vários elementos
da identidade carioca aparecem no filme, como
a malandragem, o marido traído, o funcionário
insatisfeito que enlouquece e seqüestra o elevador
ameaçando uma velha. Também é enfocado
o casal vindo do interior que acaba caindo na
criminalidade e roubando cachorros para pegar a
recompensa, assim como o ladrão que corre pela
praia. Tudo com humor e satirizando a realidade.
No filme a malandragem é usada como uma forma
de driblar a falta de oportunidade, presente na
vida dos brasileiros. Por se tratar dos anos 70,
o filme faz uma crítica ao sistema tocando em
assuntos polêmicos como a falta de trabalho e
de oportunidades, e ao final os repórteres são
presos.
Horizonte de expectativa: Terceiro (19501975).
Período histórico: Regime Militar.
• Uma Onda no Ar – Diretor: Helvécio Ratton;
lançamento: 2002; período a que se refere o enredo:
anos 80. Sinopse: Jorge, Brau, Roque e Zequiel são
quatro jovens amigos que vivem em uma favela de
Belo Horizonte e sonham em criar uma rádio que
seja a voz do local onde vivem. Eles conseguem
transformar seu sonho em realidade ao criar a
Rádio Favela, que logo conquista os moradores
locais por dar voz aos excluídos, mesmo operando
na ilegalidade. O sucesso da rádio comunitária
repercute fora da favela, trazendo também
inimigos para o grupo, que acaba enfrentando a
repressão policial e a extinção da emissora.
Participação do rádio: É o personagem principal,
a Rádio Favela, que denuncia e protesta contra
injustiças e presta serviços à comunidade.
Elementos em destaque: A favela como ambiente
narrativo, é caracterizada como um lugar em que
a maior parte da população é formada por gente
pobre, honesta, trabalhadora e esperançosa.
O personagem principal do filme é Jorge, um
lutador que abre caminho no sistema social, que
tende a marginalizá-lo. Elementos como raça e
malandragem, violência e exclusão social podem
ser identificados no filme.
Horizonte de expectativa: Quarto (19752000).
Período histórico: Redemocratização.
O rádio e as suas fases
O rádio foi a tecnologia de comunicação que
percorreu todo o século XX, no mundo inteiro,
tendo passado por diversas transformações
em seu conteúdo e sua forma tecnológica. Seu
desaparecimento foi anunciado várias vezes,
principalmente quando a televisão se fez presente,
em particular após os anos 60 e, novamente na
atualidade, com o advento da internet.
É possível identificar na trajetória do rádio quatro
fases, que podem ser chamadas de horizontes de
expectativas, segundo Cunha (2001). A primeira
situa-se entre 1890 a 1925, período em que não
é considerado um meio massivo, e sim uma
experiência de transmissão de sinais a distância.
A pergunta que se coloca naquele momento,
a respeito da tecnologia é: “como comunicar à
distância?”. O segundo horizonte, de 1925 a 1950,
é quando o veículo se organiza e se consolida
como meio massivo, e a questão tecnológica
é: “para que servem as invenções?”. O terceiro
corresponde ao período de 1950 a 1975, quando
finda o seu período áureo e sofre modificações
para concorrer com a televisão, tornando-se
portátil pela invenção do transistor. A tecnologia,
neste período, aponta para as experiências das
rádios piratas e livres, a segmentação de público
(e de programação), possibilitada pela invenção
do transistor e da Freqüência Modulada (FM) e
impulsionada pela concorrência da TV, além de
uma atenção ao público jovem. E finalmente o
Apenas ao final da primeira fase é que
o rádio inicia sua trajetória no Brasil.
Em 1922 realizava-se a primeira emissão
radiofônica oficial no país, com um discurso
do então presidente Epitácio Pessoa (...)
quarto horizonte, conforme a autora, inicia-se em
1975 e chega à passagem do século XXI, quando
o veículo começa a se adaptar à tecnologia digital
e à internet, num contexto de globalização da
economia e mundialização da cultura.
Apenas ao final da primeira fase é que o rádio
inicia sua trajetória no Brasil. Em 1922 realizava-se
a primeira emissão radiofônica oficial no País, com
um discurso do então presidente Epitácio Pessoa,
durante a exposição comemorativa do centenário
da Independência no Rio de Janeiro, através de
alto-falantes. Em 1919, no entanto, a Rádio Clube
de Pernambuco já realizava experiências iniciais,
e em 1923, instalava-se a Rádio Sociedade do Rio
de Janeiro, fundada por Roquette Pinto, e que se
transformaria, em 1936, na rádio do MEC. As
primeiras programações do rádio no Brasil tinham
propostas educativas e culturais, como a da Rádio
Sociedade do Rio de Janeiro.
“As condições sob as quais operava a Rádio
Sociedade eram, na verdade, comuns às
155
156
emissoras de então que, num primeiro
momento, funcionaram mais como associações
ou clubes seletos, onde ao ouvinte cabia
também a função de programador musical.
Com base nesses dados, torna-se evidente
o papel do rádio naquela que podemos
considerar a sua primeira fase no Brasil: um
meio de comunicação voltado principalmente
para a transmissão de educação e cultura”
(Moreira ,1991, p.16).
O mundo vivia a Primeira Guerra Mundial
que marcaria uma mudança decisiva no campo
radiofônico. Segundo Cunha (2001), em 1919,
após o término da Primeira Guerra Mundial, é
que os estudiosos começam a pensar em tirar
proveito do que, até então, era considerado um
“defeito grave” no rádio. O defeito era, neste
horizonte, a possibilidade de captar com relativa
facilidade as mensagens que, da estação emissora,
eram endereçadas a um determinado destinatário.
O Brasil vivia, então, um momento classificado
por Fausto (2002) como o Período Republicano,
marcado pela política do “café com leite”, com o
predomínio político e econômico de dois estados,
São Paulo e Minas Gerais, e pela imigração, e
vigente entre o final do século XIX e 1930, com a
chegada de Getúlio Vargas ao poder.
A segunda fase do rádio é caracterizada pela
introdução da propaganda na programação
radiofônica e pela consolidação do veículo como
meio massivo. Conforme Cunha (2001), em 1930
existem aproximadamente 500 mil aparelhos.
Pesados, volumosos, dependendo de eletricidade e
antena, os rádios de válvula estão nas cozinhas ou
nas salas de jantar, em geral sobre um guarda-louça
ou uma prateleira. Desta forma, as informações
chegam às famílias quando elas estão reunidas,
normalmente, na sala principal da residência.
Na década de 1940, de acordo com Moreira
(1991, p.24) “o quadro predominante na área da
publicidade radiofônica sofre duas mudanças
fundamentais: em março de 1940, a estatização
da Rádio Nacional do Rio de Janeiro altera o
equilíbrio de forças no rádio brasileiro”. A partir
daquele ano, transformada em emissora estatal,
“mas com o direito de continuar a veicular
anúncios, a Nacional inicia, assim, a sua trajetória
como líder de audiência”. Para a autora, o segundo
fator decisivo para as mudanças ocorridas à época
no rádio brasileiro foi a chegada, em 1941, de
representantes do Birô Interamericano, que começa
a divulgar no Brasil o american way of life, ou seja,
“um estilo de vida compatível com o consumo de
produtos tipicamente norte-americanos. A partir
dessa experiência, os patrocinadores passam a
ter suas marcas e produtos associados aos títulos
dos programas”. Segundo Moreira, “a alteração
ocorrida na programação radiofônica atingiu
principalmente as radionovelas que – desde o
início da década de 1940 – constituíam um dos
grandes atrativos do rádio no País” (idem, p.25).
Em 1941, a Rádio Nacional do Rio de Janeiro
transmitia a primeira edição do Repórter Esso,
informativo que permaneceu no ar durante 27
anos e que transformou o padrão dos jornaisfalados, vigente até então no rádio brasileiro. A
cobertura jornalística era voltada para a Segunda
Guerra. Conforme Moreira, “no período anterior
ao lançamento do Repórter Esso, o radiojornalismo
brasileiro caracterizava-se pela ausência de
um tratamento redacional específico para o
veículo, ou seja, as notícias eram selecionadas
e recortadas dos jornais e lidas ao microfone
pelo locutor que estivesse presente no horário”
(1991, p.26). Esta fase, com início em 1930, foi
classificada por Fausto (2002) como a Era Vargas,
assinalada por mudanças na legislação trabalhista
e pela imposição do Estado Novo (1937-1945)
comandado por Getúlio Vargas.
O período seguinte, denominado por Fausto
(2002) de Brasil Democrático, estende-se de 1945
a 1964 e é marcado por altos e baixos. É a época
de ouro do rádio, que termina com a implantação
e o desenvolvimento da televisão. O Brasil vive
Vargas, no entanto, mantinha um bom relacionamento com os
artistas populares, por ter sido autor do Decreto legislativo que
estabelecia o pagamento de direitos autorais por parte
das empresas que atuassem com música.
um intenso período político, Getúlio Vargas volta
ao poder, em 1951, através de eleições diretas, e
passa a enfrentar grandes dificuldades, gerando-se
uma crise com o acirramento da luta política. Em
1954, Vargas suicida-se e novas eleições ocorrem
em 1955, quando chega à presidência Juscelino
Kubitschek, com seu lema “50 anos em 5”. Nas
eleições de 1960 vence Jânio Quadros (UDN), com
o vice João Goulart (PTB). Jânio renuncia e João
Goulart assume o governo com feições populistas.
As Forças Armadas decidem derrubar Jango do
poder e dão o golpe de Estado, terminando o
período do Brasil Democrático e começando a
fase denominada por Fausto (2002) de Regime
Militar.
No campo da comunicação, para Zuculoto
(2004, p.37) era um momento propício ao
desenvolvimento do radiojornalismo, “já que se
tratava de um período de atribulações políticas
e o público estava ávido por notícias”. Com a
chegada da televisão ao Brasil, o rádio sofre um
declínio, perdendo audiência, elencos e contas
publicitárias. De acordo com Moreira, “dadas as
novas circunstâncias, o rádio brasileiro passou a
carecer de readaptações e reformulações, a partir
da metade da década de 1950”. Isto porque “como
já não podia contar com um público cativo, o
veículo de sucesso dos anos anteriores passou
a procurar outras formas de identidade com o
ouvinte. Ali começava a ser delineada a presente
função do rádio: a de companheiro de qualquer
cidadão” (1991, p.30).
O veículo modifica a condição da escuta, com
a introdução do transistor. Segundo Cunha
(2001), em 1962, praticamente todos os aparelhos
fabricados são transistorizados. O transistor
logo transforma o rádio em um meio individual,
mudando também o uso social, pois cada um tem
a possibilidade de andar com seu aparelho. A época
também é marcada pela segmentação do público
e a censura do governo militar.
A maior parte da quarta fase do rádio é marcada
pelo fim ditadura no Brasil, no período assinalado
por Fausto (2002) como Redemocratização,
caracterizado por eleições diretas. Esta etapa é de
grandes transformações tecnológicas e adaptações
do veículo. Sem perder o seu formato original, as
estações de rádio criam sites na Web. Para Cunha,
“o meio alcança o século XXI encontrando o
fenômeno da internet, capaz de colocar o mundo
em rede e com grande poder de abrangência. As
ondas radiofônicas, por sua vez, passaram a ser
digitais e o rádio entendeu que deveria estar na
internet”. Segundo ela “o tempo e espaço, assim,
deixam de ser barreira, pois é possível ouvir
uma rádio de qualquer lugar do planeta, no
momento em que mais interessar” (2004, p.11).
Conforme a autora, o desafio da permanência
do rádio, ao longo do horizonte de expectativas
da sociedade brasileira, tem sido vencido devido
às características do veículo e às modificações
tecnológicas e de conteúdo que tem introduzido.
Os filmes e as fases do rádio
Os seis filmes analisados enquadram-se em
diferentes períodos da história brasileira, de acordo
com Fausto (2002). No período denominado pelo
autor de Era Vargas (1930-1945) situam-se Rádio
Auriverde e A estrela sobe. Este último também
compreende parte do período Brasil Democrático
157
A análise dos seis filmes com o rádio no enredo revela um amplo
panorama da sociedade brasileira, ao longo do século XX.
158
(1945-1964). Desta fase também fazem parte
Escorpião Escarlate e A Hora Mágica. Já Se segura
malandro situa-se na fase do Regime militar (19641985) e Uma onda no ar enquadra-se no período
da Redemocratização (1985 à atualidade).
Rádio Auriverde reflete com clareza o período
da Segunda Guerra mundial, a participação do
Brasil no conflito e a possibilidade técnica do
rádio em transmitir na clandestinidade, através
de ondas curtas. Ao mesmo tempo traz elementos
da cultura brasileira, como a música de Carmen
Miranda e o humor característico do brasileiro. A
estrela sobe, por sua vez, embora o enredo inicie
na década de 60, situa-se mais especificamente nos
anos 40, remetendo à juventude da personagem
principal.
Sobre a programação radiofônica desses anos,
Sola Pool (1992, p.87) lembra que:
“As radionovelas ou shows de variedades,
ainda que ruins, também eram bastante
melhores do que a média do que se podia
ver no teatro de bairro realizado por grupos
itinerantes, na ópera local ou nas salas de
espetáculos; as cadeias de rádio ofereciam
a possibilidade nacional de poder escolher.
Sem dúvida, melhor ou pior, o rádio era
diferente. Estava em casa; era ideal para o
sítio isolado ou para o igualmente isolado
habitante urbano, para quem os seus vizinhos
eram estranhos. Era uma atividade individual
ou familiar, e não compartilhada com a
comunidade ou a igreja”.
A sociedade brasileira desse período elaborava
a incorporação das novas tecnologias (cinema e
rádio) ao seu cotidiano. Sevcenko (1999, p.38)
salienta o fato de que a população brasileira do
início do século XX, em sua maioria, analfabeta,
teve que dar um grande salto para se ajustar a uma
nova ordem, “centrada nos estímulos sensoriais
das imagens e sons tecnicamente ampliados”. Para
o autor,
“Expostas de um lado às pressões de um
mercado intrusivo e de outro às intervenções
das elites dirigentes, empenhadas em modelar
as formas e expressões da vida social, as
pessoas e grupos se viram forçados a mudar,
ajustar e reajustar seus modos de vida, idéias e
valores sucessivas vezes”.
Nessa época, Getúlio Vargas, em seu primeiro
período (1930-1945), governava o país e
influenciava fortemente o rádio, e também o
cinema, através de sua política para os meios de
comunicação, que incluía a regulamentação da
publicidade, o incentivo ao cinema de propaganda
e o controle da informação divulgada. Para isto,
contava com a ação do DIP – Departamento de
Imprensa e Propaganda, criado em 1939. Em
sua organização, o DIP incluía uma Divisão
de Radiodifusão e outra de Cinema e Teatro, e,
todos eles sofriam a ação da censura do governo
(Haussen, 2001).
Vargas, no entanto, mantinha um bom
relacionamento com os artistas populares, por
ter sido autor do Decreto Legislativo (ainda como
deputado estadual pelo Rio Grande do Sul, em
1928) que estabelecia o pagamento de direitos
autorais por parte das empresas que atuassem com
música. Além disso, tinha um bom entendimento
desta relação, conforme suas próprias palavras:
“O anedotário do meu povo foi meu guia,
indicando-me o caminho certo através do
sorriso amável e do suave veneno destilado
pelo bom humor dos cariocas...foi este respeito
profundo à inteligência popular que criou a
identidade de nossos espíritos e a comunhão
entre a ação do governo e a vontade do povo”
(Vargas In: Skidmore, 1969, p.61).
Este, portanto, era o “espírito” da época em
que se desenrolam os dois filmes analisados. Os
outros dois, Escorpião Escarlate e A Hora Mágica,
já se situam nos anos 50 e se inserem na fase
Brasil Democrático (1945-1964), conforme a
categorização de Fausto (2002), e no terceiro
horizonte de expectativas tecnológicas (19501975), de acordo com Cunha (2001).
Os dois filmes, em que o rádio tem um papel
central, abordam a questão da fantasia relativa
a personagens novelescos. Em O Escorpião
Escarlate, os personagens da radionovela ganham
vida através da imaginação da ouvinte, e em A
Hora Mágica, os atores dão vida a personagens
da radionovela policial. A curiosidade é o que
o próprio personagem do mordomo da novela
vive às voltas com as suas fantasias folhetinescas,
ou seja, a ficção dentro da ficção. Os dois filmes
retratam, portanto, o envolvimento da sociedade
brasileira com o rádio, através de suas novelas,
mostrando a importância do veículo no imaginário
da época. Da mesma maneira, refletem uma certa
ingenuidade da sociedade de então.
O Brasil desse período era novamente governado
por Getúlio Vargas, agora como presidente eleito, e
vivia um momento diferenciado daquela primeira
etapa, com novas dificuldades e outra inserção
no contexto mundial. O rádio, como aponta
Cunha (2001), vivia o seu terceiro horizonte
de expectativas, em que a televisão já dava seus
primeiros passos e começava a fazer parte do
cenário dos próprios filmes. Em A estrela sobe,
por exemplo, o enredo inicia com a atriz principal
nos anos 60, em um programa de auditório de
televisão, selecionando candidatos. O que a remete
ao início da sua carreira, nos anos 40, no rádio.
O filme Se segura malandro situa-se nos anos 70,
já no período denominado por Fausto (2002) de
Regime militar (1964-1985) e no terceiro horizonte
de expectativas tecnológicas, conforme Cunha
(2001). Uma rádio clandestina faz uma sátira da
sociedade carioca (e brasileira) através da sua
programação, e há uma crítica à falta de trabalho e
de oportunidades, indicando o momento que vivia
o país. Por outro lado, a repórter que percorre a
cidade de bicicleta em busca de notícias, indica as
novas possibilidades tecnológicas de mobilidade
do rádio. A participação da TV em uma cobertura
jornalística também mostra a importância do
novo veículo na sociedade nacional.
O último filme analisado, Uma onda no ar,
insere-se no período de Redemocratização
(1985-2000), proposto por Fausto (2002), e no
quarto horizonte de expectativas tecnológicas,
conforme Cunha (2001). Trata-se de uma emissora
comunitária, clandestina, que quer ser a voz
dos excluídos da favela, reforçando a análise da
autora sobre a proliferação deste tipo de emissora,
no mundo inteiro, nesta fase. O motivo seria a
possibilidade tecnológica e o período vivido pela
sociedade brasileira que buscava romper com
todos os tipos de cerceamento às liberdades, após
o período ditatorial.
Considerações finais
A análise dos seis filmes com o rádio no
enredo revela um amplo panorama da sociedade
brasileira, ao longo do século XX. Os períodos
apontados por Boris Fausto desta trajetória do
país são perfeitamente identificados nas películas.
Da mesma forma, alguns dos horizontes de
expectativas tecnológicas propostos por Cunha
também são possíveis de serem detectados nos
filmes analisados que se situam no segundo e
no terceiro períodos registrados pela autora. Por
outro lado, destaca-se o fato de o cinema abordar
o rádio em seu período áureo, dos anos 40 e 50,
bem como o dos anos 70 e 80, com o fenômeno
das rádios piratas e livres. No entanto, o cinema
ainda não chegou a registrar o rádio dos anos
159
2000, incorporando as novas tecnologias ligadas
à digitalização e à internet.
Neste sentido, pode-se concordar com Sarlo
(1997, p.132), quando a autora se refere às
experiências com as tecnologias e o seu significado
(tanto técnico quanto mítico):
“a aura técnica é um fenômeno novo, que
se produz apenas quando uma área da
tecnologia está suficientemente próxima para
que outra pareça distanciada e inalcançável.
Nesta defasagem entre o efetivamente
incorporado à vida cotidiana e o que é apenas
uma promessa, instala-se a imaginação
ficcional, à qual interessam menos as
explicações detalhadas dos processos do que o
relato do que estes processos tornarão possível
quando os dominemos por inteiro”.
Tradução da autora.
Desta forma, segundo a autora (p.134), o
continuum fonografia-rádio-cine-televisão (e
acrescentamos agora a internet) “tem uma base
no realmente produzido e uma tensão em relação
ao que ainda não existe como possibilidade real
dentro dos marcos tecnológicos de cada época”.
Assim, em relação aos filmes analisados neste
artigo constata-se que este continuum pode ser
encontrado nos seus enredos, naquilo que já foi
efetivamente incorporado ao imaginário coletivo,
e no que há de expectativas. Da mesma forma que a
sociedade brasileira é captada, o desenvolvimento
das tecnologias de comunicação também pode
ser percebido em sua trajetória. Cinema e
rádio unem-se, nestas produções, contando
histórias tanto do cotidiano da sociedade nacional
como do desenvolvimento de suas tecnologias
e da apropriação e o uso das mesmas pela
comunidade.
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Alegre: Edipucrs, 2001.
v.1, n.1, p.34-45, abril, 2004.
NOTicias
IV Seminario de Alaic
examinó “El estado
de la investigación
comunicacional en
América Latina”
n
Del 8 al 10 de noviembre de
2007 se celebró en la Universidad
Andina Simón Bolívar en La
Paz, Bolivia, el IV Seminario
Latinoamericano de Investigación
de la Comunicación cuyo tema
central fue “El estado de la
investigación comunicacional en
América Latina”.
El Seminario fue inaugurado
con una ceremonia especial en que
la Asociación Latinoamericana
de Investigadores de la Comu­
nicación (Alaic) entregó una
medalla al mérito académico
al renombrado comunicólogo
boliviano Luis Ramiro Beltrán
Salmón.
El Primer Vicepresidente de la
Alaic, Alfredo Alfonso, hizo una
reseña de la actividad intelectual
del Dr. Beltrán, quien a tiempo
de agradecer el reconocimiento
ofreció una exposición en que
sintetizó la trayectoria de la
investigación latinoamericana
y llamó a revalorizar la senda
crítica y el compromiso de los
estudiosos de la Comunicación
con la solución de los principales
problemas que enfrenta la región
latinoamericana.
Posteriormente se llevó a
cabo el diálogo intitulado “Las
urgencias latinoamericanas en
investigación comunicacional”
en que participaron los pro­
fesores Margarida Krohling
Kunsch (Brasil), Alfredo Alfonso
(Argentina) y Carlos Arroyo
(Bolivia), además de que fue
leída la intervención del Prof. José
Marques de Melo (Brasil) —que
no pudo concurrir— por la
moderadora del diálogo, Karina
Herrera (Bolivia).
La inauguración fue matizada
por una selección de danzas
folclóricas que estuvo a cargo del
Ballet Folclórico de la Universidad
Católica Boliviana.
Durante los dos siguientes
días y con la participación de
investigadores, profesionales
y estudiantes de Argentina,
Boliv ia, Br asil, Colombia,
Chile, Ecuador, México, Perú y
Venezuela, se desarrollaron las
sesiones plenarias y los trabajos
en grupos.
E n p r i n c i p i o h u b o t re s
paneles:
1: Perspectivas crítico-epis­
temológicas en Metodología
de la investigación, Estudios
culturales y Economía política
de la comunicación, en que
participaron los profesores
Migdalia Pineda (Venezuela),
Aníbal Ford (Argentina) y César
Bolaño (Brasil).
2: Perspectivas crítico-epis­
temológicas en Comunicación
institucional y Comunicación,
desarrollo y educación, con las
exposiciones de los profesores
Margarida Krohling Kunsch
(Brasil) y Gustavo Cimadevilla
(Argentina).
3: Perspectivas crítico-epis­
temológicas en Comunicación y
medios y Comunicación y nuevas
tecnologías, con los profesores
Ancízar Narváez (Colombia) y
Octavio Islas (México).
Posteriormente, los asistentes
discutieron un conjunto de
ponencias en cuatro Mesas
Temáticas: 1) Comunicación,
medios y educación; 2) Lenguajes
mediáticos: prensa, radio, TV,
multimedia y nuevos medios;
3) Comunicación, desarrollo y
organizaciones, y 4) Producción
cultural e industrias del en­
tretenimiento.
Entre otros temas abordados en
las Mesas estuvieron los siguientes:
“Algunas transformaciones en
escritura e imagen. Posibles
impactos en la opinión pública”,
(Aníbal Ford, Argentina); “El rol
de la investigación teórica en las
Ciencias de la Comunicación
en América Latina” (M. Pineda,
Venezuela); “Cultura escolar y
cultura mediática en la sociedad
de la información. Un esbozo
teórico” (A. Narváez, Colombia);
“Lecturas críticas sobre las
representaciones sociales de la
imagen” (A. Alfonso, Argentina);
“Internet. La más profunda
remediación de la televisión” (O.
161
162
Islas, México); “La Comunicación
Organizacional y sus múltiples
perspectivas en la sociedad
contemporánea” (M. Kunsch,
Brasil); “La internacionalización
de la TV brasileña hoy” (C. Bolaño,
Brasil); “Emergencias sociales,
urgencias de la Comunicación.
El desplazamiento de lo im­
portante” (G. Cimadevilla,
Argentina); “Comunicación
para el desarrollo. Trayectos,
desencuentros y balance de
medio siglo de experiencias”
(Antonio Gómez, Bolivia); “El
tercer sector y el Derecho a la
Información” (Carlos Arroyo,
Bolivia); “El derecho humano a la
información y la comunicación.
Paradojas y perspectivas” (Carlos
Camacho, Bolivia) y “El nuevo
paradigma del emisor en el siglo
XXI: ciudadanía en construcción”
(Marcelo Guardia, Bolivia).
En la plenaria de cierre el
Director de la Alaic por México,
Octavio Islas, presentó al Instituto
Tecnológico de Monterrey como
sede oficial del IX Congreso de la
Alaic previsto para los días 9 a 11
de octubre de 2008.
La evaluación final del Semi­
nario fue realizada por el Segundo
Vicepresidente de la Alaic, César
Bolaño, y la clausura por el
Presidente, Erick Torrico.
u
n Protocolo de
Guadalajara anuncia el
fortalecimiento de la
comunidad iberoameri­
cana de ciencias de la
comunicación
(Fonte: http://octavioislas.wordpress.com)
Fortalecer la “comunidad
iberoamericana”, con el reto de
superar la “condición periférica”
que la megaregión ocupa hoy
en el seno de la “comunidad
mundial” de las ciencias de la
comunicación, fue el compromiso
asumido por los representantes
de 8 asociaciones académicas de
5 países-clave.
Reunidos en la Universidad
de Guadalajar a, México,
en el día 23 de noviembre
de 2007, investigadores de
España, Por tugal, México,
Brasil y Argentina anunciaran
la intención de fundar una
Confederación de Asociaciones
Académicas de Comunicación
para “preservar, fortalecer y
potencializar la identidad cultural
iberoamericana”, frente al desafío
de la “globalización política y
económica en proceso”.
E l m ov i m i e n to f u e re s ­
pal­dado por investigadores
de Chile, Venezuela, Cuba y
Puerto Rico, presentes al X
Congreso Iberoamericano de
Comunicación, recomendando
a la nueva directiva de la
Asociación Iberoamericana
de Comunicación, presidida
por el investigador mexicano
Enrique Sánchez Ruiz, liderar
la construcción de esse “espacio
de coordinación estratégica y
articulación orgánica” en la arena
internacional, sin embargo del
“reconocimiento y valorización
de la diversidad nacional, regional
o local”.
Para dar continuidad a esta
aspiración colectiva, los miembros
o representantes de asociaciones
nacionales como Intercom
(Brasil), Amic y Coneicc (México),
Fdaeccos(Argentina), AE-IC
(España) y de organizaciones
internacionales como Alaic
(ubicada en Bolivia), Ulepicc
(ubicada en España) y AssIbercom
(ubicada en Portugal) proponen
dos acciones estratégicas:
a) fundar la Confederación
Iberoamericana de Asociaciones
Académicas de Comunicación –
Ciberamericom – a la constitución
de la cual están invitadas todas
las asociaciones regionales o
nacionales congéneres – Felafacs,
Aboic, Compós, Sopcom, etc.
b) promover periodicamente
el Congreso Mundial de Comu­
nicación Iberoamericana –
Orbiamericom – con la finalidad
de diseminar el conocimiento
de punta generado en cada país,
región o comunidad particular,
vi­san­do su amplia difusión y
apli­cación; además de evaluar
las tendencias de la investigación
comunicacional iberoameri­
NOTicias
cana, visando su comparación
con otras comunidades geo­
políticoculturales; divulgar en
cada país y junto a la comunidad
mundial del campo la unidad en
la diversidad del pensamiento
comunicacional iberoamericano;
y también crear mecanismos de
cooperación intraregional que
puedan fortalecer la identidad
cultural iberoamericana, fo­
mentando su proyección inter­
nacional.
La agenda tentativa para ins­
titucionalizar este proceso incluye
las siguientes etapas:
Febrero 2008 – Encuentro pre­
paratorio para definición de la
naturaleza de la confederación,
durante el I Congreso de la AEIC, en el campus de la Universidad
de Santiago de Compostela,
España;
Octubre 2008 – Encuentro in­
ter­medio para discusión de la
estructura de la confederación,
durante el IV PANAMERICOM,
en el campus de la Universidad
Mayor, Santiago de Chile;
Abril 2009 – Asamblea fun­
dacional de la confederación en
la ciudad-sede del XI Ibercom,
que puede ser en el campus de la
Universidad de Isla de la Madera
(Portugal).
Abril de 2010 – Realización
del I Congreso Mundial de
Comunicación Iberoamericana –
Orbiamericom 2010 - planificado
para celebrar el bicentenario
del proceso de descolonización
iberoamericana, posiblemente
en el campus del Instituto Tec­
nológico de Monterrey, México.
El “Protocolo de Guadalajara”
fue firmado inicialmente por
8 investigadores que ocupan
funciones de liderazgo: José
Marques de Melo (Brasil), Luis
Humberto Marcos (Portugal),
Rodr igo Gómez (México),
Francisco Sierra (España),
Guillermo Mastrini (Argentina),
Francisco Martinez (México),
César Bolaño (Brasil), Luís
Albornoz (España) y confirmado
por 12 reconocidos académicos
como: Enrique Bustamante
(España), Enrique Sánchez Ruiz
(México), Lucia Castellon (Chile),
Eliseo Colón (Puerto Rico),
José Carlos Lozano (México),
Eduardo Vizer (Argentina),
Delia Crovi (México), Florence
Toussaint (México), Aymée
Veja Montiel (México), Ramón
Zallo (España), Migdália Pinedo
(Venezuela) y Mário Nieves
(Cuba).
u
n Felafacs faz
campanha para filiar
escolas brasileiras
(Fonte: Jornal Intercom Notícias, Ano 3,
n.78, São Paulo – SP – Brasil,
novembro de 2007)
A Federação Latino-Americana
de Faculdades de Comunicação
Social – Felafacs é um organismo
internacional do caráter não
governamental, com sede em
Lima, Peru, reconhecido pela
UNESCO, congregando grupos
da mais de 200 faculdades e
escolas de comunicação de
universidades de 21 países de
Ibero-América. Foi criada em
outubro de 1981 e tem como
intenção principal contribui para
o desenvolvimento da instrução
e da prática do profissional da
comunicação, em suas áreas
diversas, na América Latina.
Embora o ensino da comu­
nicação constitua a linha central
de sua atividade, a Felafacs tem
como linhas complementares
todas aquelas ações e iniciativas
que contribuem para melhorar
a mesma comunicação, em uma
perspectiva de desenvolvimento
integral na América Latina.
O Encontro Latino-Americano
de Faculdades de Comunicação
Social è a principal atividade
da Felafacs, que se realiza de
três em três anos em alguns
países da América Latina (o
Encontro do ano 2000 foi em
São Paulo). A publicação de
163
“Diálogos da comunicação”
(www.dialogosfelafacs.net)
e o Web site dos estudos de
comunicação em América Latina
(www.felafacs.org) são, junto com
outros projetos da investigação,
outras linhas importantes do
trabalho.
A Dra. Teresa Quiroz, Presidente
da Felafacs, convida, de maneira
muito especial, as faculdades e as
escolas de comunicação do Brasil
a participar dessa plataforma
regional. Os interessados em
filiar-se à Felafacs podem escrever
para: : [email protected]
u
164
n Para pensar a
comunicação Programa
de pós-graduação da USP
lança publicação para
debater as fronteiras
teóricas da disciplina
(Mariluce Moura – Revista Pesquisa
Fapesp - Edição 143)
Há quem insista na pura e
simples inexistência de uma
produção teórica consistente
ou de pensadores originais da
comunicação no Brasil. Mas há,
também, entre os estudiosos da
área quem invista no desmentido
dessa visão que parece oscilar
entre um certo ceticismo crítico
e uma flagrante má vontade.
E nesse campo se alinha agora
Matrizes, a recém-lançada revista
do Programa de Pós-graduação
em Ciências da Comunicação
da Universidade de São Paulo
(PPGCOM-USP), que vem à luz
com o propósito de oferecer ao
leitor material denso o suficiente,
de dentro e de fora do país, para
que ele possa refletir melhor e
com mais instrumentos sobre
a propriedade de uma ou outra
posição.
É em especial no chamado
dossiê, concentrado na primeira
parte da alentada publicação
semestral (247 páginas neste
primeiro número), que Matrizes
se dispõe a provocar essa
reflexão e, talvez, a reorientar o
debate sobre fronteiras teóricas
da comunicação, às vezes
excessivamente preso, para não
dizer estagnado, no problema de
uma definição precisa, rígida, do
objeto dessa disciplina. “O dossiê
será sempre temático e sempre
montado sobre perspectivas
autorais, quer dizer, ele deverá
trazer à cena aqueles que efe­
tivamente instigam propostas
inovadoras, estabelecem pon­
tes entre diferentes lugares
a partir dos quais se pensa a
comunicação, propõem um
aporte contemporâneo a antigos
pro b l em a s”, re su m e Iren e
Machado, uma das editoras da
revista, professora de semiótica
da cultura na pós-graduação e
de redação em língua portuguesa
na graduação da Escola de
Comunicação e Artes (ECA). Não
se conclua daí que somente quem
lida especificamente com teorias
da comunicação terá lugar nesse
espaço. “O pessoal de jornalismo,
fotografia, cinema etc., com
competência para dizer sobre
os meios com que trabalham,
suas linguagens e tecnologias,
certamente será chamado a
ocupá-lo”, diz Irene.
Matrizes surge, na verdade,
como um dos frutos do processo
de profunda reestruturação por
que vem passando o PPGCOM,
desde 2002, sob a liderança de
Maria Immacolata Vassallo de
Lopes, agora sua coordenadora,
além de presidente da Comissão
de Pós-graduação da ECAUSP, à qual se vinculam cinco
pro g r amas: Comunicação,
Ciência da Informação, Música,
Artes Visuais e Artes Cênicas. Foi
naquele ano que o pioneiro dos 31
programas de pós-graduação em
comunicação espalhados pelo país
aparentemente atingiu o ponto
mais crítico de sua existência,
assinalado em termos formais
por uma nota três na pontuação
atribuída pela Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (Capes), numa
escala de um a sete.
Segundo Immacolata, naquele
momento, o que os professores
da ECA empenhados na reforma
da pós-graduação primeiro
buscaram foi “um rearranjo
das competências que estavam
NOTicias
dispersas, um reagrupamento
das grandes áreas que haviam
constituído historicamente a
força do programa, uma espécie
de ‘des-departamentalização’
para rearticular os estudos então
dispersos da pós-graduação”.
Buscava-se recuperar as
competências de três grandes
áreas de estudos: teorias da
comunicação, os meios e sua
produção, e as interfaces da
comunicação com a cultura, a
tecnologia, a educação, a política
e outros aspectos da sociedade.
Tudo indica que o esforço vem
dando bons resultados, e sinal
disso é que na última avaliação da
Capes, divulgada em novembro
passado, a nota do programa da
USP já havia subido um ponto.
É claro que os professores
comprometidos com o programa
– cuja história se narra com a
criação do primeiro mestrado em
comunicação do país, em 1972, e
do primeiro doutorado, em 1980
– querem muito mais. Querem,
por exemplo, deixar claro que
têm alternativas a propor para
que se pense criativamente a
complexa área de comunicação.
“ S ó u m p ro g r a m a co m a
tradição e o reconhecimento
do PPGCOM da USP poderia
propor, como estamos fazendo,
uma reflexão sobre as linguagens
para, a partir delas, refletir sobre a
episteme”, comenta Irene. O que a
pesquisadora parece lembrar nesse
comentário é que, diferentemente
de outros programas, extre­
mamente preocupados com a
“cientificidade” dos estudos de
comunicação – o que implicaria
a rígida demarcação de seu objeto
e métodos –, capaz durante
algum tempo de garantir pontos
adicionais na avaliação da Capes,
a pós-graduação em comunicação
da USP não põe de lado o âmbito
da estética, em que sempre foi
forte. “Em sua reestruturação o
programa quer levar adiante a
acolhida a novas perspectivas sem
abandonar sua história”, dizem de
diferentes formas Immacolata,
que é uma respeitada especialista
nos estudos da telenovela
brasileira, Irene e Rosana de
Lima Soares, outra editora da
revista Matrizes, professora de
mídias no jornalismo e na pós da
Comunicação da USP.
Lugares-chave – Dentro dessa
visão, Matrizes pode ser entendida
como instrumento expressivo,
ao mesmo tempo provocador
e potencialmente polêmico,
de um projeto acadêmico que
reconhece que recortar o objeto
permanece como um grande
desafio da comunicação, mas
não quer ficar aprisionado a isso.
“O objeto é sempre instigante
e desafiador porque é móvel
e relacional, está sempre em
transformação”, diz Irene –
ainda que do ponto de vista das
instâncias políticas acadêmicas
o objeto da comunicação sejam
sempre os meios de comunicação
de massa e ponto. Mais produtivo
a esse projeto de onde emerge a
revista parece ser, por exemplo,
considerar os lugares a partir
dos quais os autores expressivos
construíram suas visões da
co­municação. Lugares de pen­
samento, bem entendido.
É assim que no primeiro
d o s s i ê re ú n e m - s e a r t i g o s
dos brasileiros Muniz Sodré,
Ciro Marcondes Filho e Lucia
Santaella, e dos estrangeiros
Jesús Martín-Barbero, Bernard
Miège e Giovanni Bechelloni,
com perspectivas crítico-teóricas
bem diversas. Oferece-se lado
a lado com a visão de Barbero,
na qual é a cidade e as relações
em seu espaço o lugar para
pensar contemporaneamente a
comunicação ou, dito de outra
forma, “as novas visibilidades
políticas da vida pública apre­
endidas como narrativa urbana”,
a originalidade do conceito
de Muniz Sodré sobre o bios
midiático – uma espécie de
nova forma de vida, virtual,
criada pela existência e pelas
relações que a mídia estabelece
no espaço social. Diz Muniz
desse universo: “Nesse mundo
de temporalidade fluida, onde
o estável e o durável são postos
em crise, fica afetada em vários
planos a própria periodização
da existência. Um deles é o da
165
166
indistinção entre tempos de
atividade: o tempo de trabalho
pode ser o mesmo da diversão
ou da formação educacional. As
etapas ou os momentos antes
tidos como especiais diluem-se
agora no frenesi de uma presença
permanente em rede. Como
o acontecer é ininterrupto,
fica difícil conceber atividades
‘desligadas’ ou com ‘duração’, isto
é, que escapem ao ordenamento
técnico do acontecimento. Este
último confunde-se, às vezes,
com o clique do usuário de um
computador conectado à rede
cibernética” (pág. 19).
Vários são os lugares, entre­
tanto, de cada um deles surge
a percepção de que é de comu­
nicação que se trata. É assim
também, como dito por Imma­
colota, Irene e Rosana no editorial
da revista, com “as indústrias da
comunicação na era global de
Bernard Miège; a comunicação
interpessoal que Ciro Marcondes
Filho recupera a partir de
Emmanuel Lévinas; as linguagens
na cultura das mídias que Lúcia
Santaella radiografa nos novos
objetos da comunicação móvel;
o cosmopolitismo examinado
por Giovanni Bechelloni”. De
fato, “em cada um, uma vertente
teórica na apreensão do campo
comunicacional”.
Matrizes, a par de toda essa
den­sidade de conteúdo, tem
uma grande preocupação em
se apresentar como um projeto
editorial bem construído, orgâ­
nico. Os textos bem cuidados
es­tão em diálogo com um visual
elegante, um tanto raro em
suas congêneres. Ao dossiê das
primeiras páginas se somam
seções como Media Literacy, um
espaço específico para a leitura
dos produtos de comunicação
“mediada em suas articulações
mais agudas e pontuais”, como
a telenovela ou os telefones celu­
lares. Em Pauta, que traz à tona
temas que contribuem para o
amadurecimento teórico do
cam­po da comunicação e mais
resenhas e notícias de teses e
dissertações.
A revista tem uma tiragem de
mil exemplares e já está disponível
no endereço eletrônico www.usp.
br/matrizes, no qual os artigos
dos brasileiros estão em inglês
e os dos estrangeiros no idioma
de origem.
u
NOTicias
70 AÑOS DE PERIDIODISMO Y
COMUNICACIÓN EN AMÉRICA LATINA:
Memoria y perspectivas
Recupera las reflexiones de los más destacados
investigadores del campo académico convocados
en el año 2004 por la Facultad de Periodismo y
Comunicación Social de la Universidad nacional de La
Plata, pionera en los estudios de Comunicación en el
continente, para celebrar los setenta años de la creación
del primer curso de periodismo de América Latina.
En esa oportunidad se realizaron en forma conjunta
tres grandes Congresos: VII de ALAIC, VIII de Ibercom
y VI de RedCom. Este libro compila sus ponencias, en
torno a cuatro grandes ejes temáticos: la formación
en Periodismo Y Comunicación en América Latina; la
Investigación y los contextos en Comunicación Social;
el pragmatismo utópico como estrategia profesional y
las lecturas y miradas para pensar el nuevo siglo.
Publicaciones
167
normas
Normas de publicação para a
Revista Latinoamericana
de Ciencias de la Comunicación
FORMATAÇÃO
Norma geral
Os textos de artigos, entrevistas, estudos e comunicações científicas deverão ter uma extensão máxima de 9 páginas no tamanho
INSTRUÇÕES GERAIS
em fonte Times New Roman de corpo 12, com espaçamento simples
periódico científico semestral, de alcance internacional, que tem o
entre as linhas, alinhamento justificado e recuo de 1 cm no início dos
objetivo principal de promover a difusão, democratização e o forta-
parágrafos. Na prática, o tamanho máximo dos textos corresponde a
lecimento da escola do pensamento comunicacional latino-america-
cerca de 33.000 caracteres (com espaços) ou 5000 palavras, incluindo
no. Além disso, visa também ampliar o diálogo com a comunidade
título, as notas de pé de página, resumos, palavras-chave, textos, re-
acadêmica mundial e contribuir para o desenvolvimento integral da
ferências bibliográficas e anexos.
sociedade no continente.
Primeira página
Conteúdo editorial
Os artigos submetidos à revista podem pertencer a qualquer uma
das categorias listadas a seguir:
2 Comunicações científicas: descrição de pesquisas, metodologia, análise de resultados e conclusões.
2 Artigos: reflexões de pesquisadores latino-americanos, artigos
especiais, análises, reflexões e conclusões sobre temas acadêmicos ou
profissionais. Os artigos publicados devem referir-se à área de Ciências da Comunicação.
2 Entrevistas: discussões com personalidades de interesse para a pesquisa em comunicação.
2 Estudos: programa - informação sobre as diferentes áreas de
168
DIN A4 (21,0 cm x 29,7 cm), com margens laterais de 3 cm, digitados
A Revista Latinoamericana de Ciencias de la Comunicación é um
Na primeira página devem constar:
2 Título: deve ser integralmente em caixa alta com no máximo
100 caracteres (com espaços), digitado em fonte Times New Roman
de corpo 14 com espaçamento simples entre as linhas, alinhamento
justificado e sem recuo de parágrafo. Os títulos, em nenhuma hipótese, devem conter notas de pé de página, nem ser submetidos à negrito,
itálico e sublinhado.
2 Identificação dos autores: abaixo do título, o(s) nome(s) e
sobrenome(s) do(s) autor(es) devem ser em caixa alta (apenas para
as iniciais) e caixa baixa (para o restante), digitados em fonte Times
New Roman de corpo 12, com espaçamento simples entre as linhas,
ali­nhamento justificado e sem recuo. Do(s) sobrenome(s) do(s)
pesquisa. Projeto - abstracts sobre diferentes projetos de pesquisa.
autor(es) deve(m) sair nota(s) de pé de página (de no máximo 400
Avaliação
caracteres com espaços) com breve apresentação do autor (titulação
Os trabalhos serão submetidos a julgamento. A avaliação será reali-
acadêmica, instituição onde atua e principais publicações) junto de
zada por especialistas do tema, membros do Conselho Editorial ou do
seu e-mail, telefone e endereço postal. Em mais nenhum outro lugar
Conselho de Honra. Os trabalhos poderão ser aceitos integralmente,
do texto deve constar os nome(s) e sobrenome(s) do(s) autor(es).
aceitos sob ressalvas ou recusados. Em caso da necessidade de modifi-
2 Resumos: abaixo da identificação do(s) autor(es), devem-se
cações para sua eventual aceitação, serão enviados a seus autores para
conter resumos (em espanhol, português e inglês) com no máximo
eventuais correções. Se estes os modificarem de uma forma aceitável
750 caracteres (com espaços), acompanhados de, no máximo, 4 pala-
para os critérios do Conselho Editorial, serão considerados finaliza-
vras-chave nas mesmas três línguas.
dos e a data de aceitação passará a ser a da finalização.
Citações, notas de pé de página e referências bibliográficas
Submissão de artigos
2 Citações:
A submissão de um trabalho implica que ele não tenha sido publi-
Para a citação maior de 3 linhas (fonte Times New Roman de corpo
cado, nem esteja em processo de revisão e nem será enviado a outra
12, em itálico, com espaçamento simples entre as linhas, alinhamen-
revista até receber um eventual julgamento negativo da arbitragem
to justificado), não se deve deixá-la entre aspas e deve-se retirá-la do
pertinente.
corpo do texto e colocá-la em destaque, deixando-a, integralmente,
O envio dos originais implica na aceitação do seguinte ponto: o co-
com recuo à esquerda de 1 cm.
pyright do artigo, incluindo os direitos de reprodução total ou parcial
Para citação menor de 3 linhas, deve-se deixá-la entre aspas no
do mesmo em qualquer formato, estarão reservados exclusivamente a
próprio corpo do texto, sem itálico, seguindo a norma geral do texto.
Revista Latinoamericana de Ciências de la Comunicación.
Somente serão publicadas as produções redigidas segundo as normas presentes e que tenham sido aprovadas pelo conselho editorial.
A Revista Latinoamericana de Ciências de la Comunicación recebe
Ambas as citações devem ser seguidas das indicações das referências bibliográficas, as quais devem estar entre parênteses com o sobrenome do autor (caixa alta para iniciais e caixa baixa para o restante),
ano da publicação e número de página.
artigos para a publicação nos períodos de suas chamadas de trabalho,
Exemplos para as indicações bibliográficas em ambas as citações:
a serem divulgadas com antecedência por diversos meios eletrônicos.
no caso de uma página a ser citada: (Andrade, 1987, p.153); no caso
Mais informações: [email protected].
de duas páginas a serem citadas: (Andrade, 1987, p.167-8); no caso
várias publicações de um mesmo autor publicadas em mesmo ano:
(Candido, 1999a, p.198), (Candido, 1999b, p.17).
ses. Folha de S. Paulo. São Paulo, 14 fev. 2007. Folha Dinheiro, p.12.
2 Teses e dissertações (SOBRENOME, Nome. Título em itálico:
2 Notas: as notas de pé de página devem ser numeradas auto-
subtítulo normal. Ano do depósito. Número total de páginas ou vo-
maticamente sistema numérico arábico (1, 2, 3, ...) e destinam-se
lumes. Tipo de trabalho - locação: [Trabalho de Conclusão do Curso
para informações explicativas ou esclarecimentos adicionais que não
(Graduação em...) (Especialização em...) / Dissertação (Mestrado
podem ser incluídos no corpo do texto. Recomenda-se que as notas
em...) / Tese (Doutorado em...) - Faculdade de... / Instituto de...],
sejam breves.
Universidade, Cidade da defesa, ano da defesa.):
2 Referências bibliográficas: as referências bibliográficas com-
CANDIDO, Antonio. Parceiros do rio bonito: estudo sobre a crise
pletas devem ser arroladas em ordem alfabética ao final do texto, con-
nos meios de subsistencia do caipira paulista. 226 f. Tese (Doutorado
forme a normatização e os exemplos abaixo:
2 Livros:
ROUANET, Sérgio Paulo. Mal-estar na modernidade: ensaios. 2ª
ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
MARTÍN-BARBERO, Jesus. Oficio de cartografo: travesías latinoamericanas de la comunicación en la cultura. Mexico, D.F.: Fondo de
Cultura Economica, 2002.
MATTELART, Armand; MATTELART, Michèle. História das teo-
em Sociologia) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas,
Universidade de São Paulo, São Paulo, 1954.
2 Artigos de internet (SOBRENOME, Nome. Título em itálico:
subtítulo normal. Disponível em: <endereço eletrônico>. Acesso em:
dia seguido do mês abreviado. Ano.
ECO, Umberto. Para una guerrilla semiológica. Disponível em: <
http://www.nombrefalso.com.ar/apunte.php?id=16>. Acesso em: 3
jan. 2007.
rias da comunicação. Tradução de Luiz Paulo Rouanet. São Paulo:
Edições Loyola, 2000.
LIMA, Luiz Costa (org.). Teoria da Cultura de Massa. São Paulo:
Paz e Terra, 2000.
Subtítulos no corpo do texto
Os subtítulos devem ser devem ser em caixa alta (apenas para as
iniciais) e caixa baixa (para o restante), digitados em fonte Times
2 Capítulos de livros:
New Roman de corpo 12, negrito, com espaçamento simples entre as
ROUANET, Sérgio Paulo. Iluminismo e barbárie. In:___. Mal-es-
linhas, alinhamento justificado, sem recuo e numerados pelo sistema
tar na modernidade: ensaios. 2ª ed. São Paulo: Companhia das Letras,
numérico arábico (1, 2,...). A seguir, um exemplo de como numerar
1993. p.9-45.
um capítulo e seus respectivos itens ou subtítulos:
ROCHA, Glauber. An esthetic of hunger. In: MARTIN, Michael
1. Comunicação de massa
(ed.). New Latin American cinema. Detroit: Wayne State University
1.1. Teorias da comunicação
Press, 1997. p.59-61.
1.1.1. As trocas e os fluxos
2 Artigos de periódico científico (SOBRENOME, Nome. Título
do artigo. Título do periódico em itálico (abreviado ou não), cidade
da publicação, v. seguido do número do ano ou volume, n. seguido
1.1.2. Indústria cultural
1.2. Ideologia e poder na comunicação
2. Cotidiano e movimento intersubjetivo
do número do fascículo, página inicial-final, mês abreviado, ano da
Figuras (fotos, mapas, diagramas, quadros,
publicação.):
organogramas, infográficos etc.)
MARTÍN-BARBERO, Jesús. Razón técnica y razón política: espa-
Devem estar digitalizadas em boa qualidade para impressão (reco-
cios / tiempos no pensados. Rev. Latinoamericana de Ciencias de la
menda-se 300 dpi e formatos de arquivos gráficos: GIF, JPG ou TIF) e
Comunicación, São Paulo, v.1, n.1, p.22-37, jul-dez, 2004.
numeradas. Em arquivo separado do texto principal, devem constar
2 Artigos publicados em imprensa (SOBRENOME, Nome. Tí-
as legendas correspondentes e as respectivas indicações de inserção
tulo do artigo. Nome do jornal ou revista, cidade de publicação, dia se-
no trabalho. Tabelas e quadros gerados e formatados dentro do Word
guido do mês abreviado. Ano. Número ou Título do Caderno, Seção
podem estar no próprio corpo do texto principal. É importante sa-
ou Suplemento, página inicial-final.):
lientar que como a revista é impressa em branco e preto, não se devem
VIEIRA, Fabricio. Bovespa sobe 2,87%, maior avanço em dois me-
conter figuras coloridas.
169
normas
Normas para colaboraciones de
la Revista Latinoamericana
de Ciencias de la Comunicación
La Revista Latinoamericana de Ciencias de la Comunicación recibe
artículos para publicación en los periodos de sus llamadas de trabajo,
a ser divulgadas con antecedencia por diversos medios electrónicos.
Más informaciones: [email protected].
INSTRUCCIONES GENERALES
La Revista Latinoamericana de Ciencias de la Comunicación es un
periódico científico semestral, de alcance internacional, que tiene
Norma general
el objetivo principal de promover la difusión, democratización y el
Los textos de artículos, entrevistas, estudios y comunicaciones
fortalecimiento de la escuela del pensamiento comunicacional lati-
científicas deberán tener una extensión máxima de 9 páginas en el
noamericano. Así como, procura también ampliar el diálogo con la
tamaño DIN A4 (21,0 cm x 29,7 cm), con márgenes laterales de 3 cms,
comunidad académica mundial y contribuir para el desarrollo inte-
digitados en tipo Times New Roman de cuerpo 12, con espaciamiento
gral de la sociedad en el continente.
simples entre las líneas, alineamiento justificado y tabulación de 1 cm
Contenido editorial
al inicio de los párrafos. De hecho, el tamaño máximo de los textos co-
Los artículos sometidos a la revista pueden pertenecer la cualquier
una de las categorías listadas a continuación:
2 Comunicaciones científicas: descripción de investigaciones,
metodología, análisis de resultados y conclusiones.
2 Artículos: reflexiones de investigadores latinoamericanos, artí-
rresponde a cerca de 33.000 caracteres (con espacios) o 5000 palabras,
incluyendo título, notas de pié de página, resúmenes, palabras-clave,
textos, referencias bibliográficas y anexos.
Primera página
En la primera página deben constar:
culos especiales, análisis, reflexiones y conclusiones sobre temas aca-
2• Título: debe ser integralmente en mayúsculas con un máximo
démicos o profesionales. Los artículos publicados deben referirse al
de 100 caracteres (con espacios), escrito en tipo Times New Roman de
área de Ciencias de la Comunicación.
cuerpo 14 con espacio simple entre las líneas, alineamiento justificado
2 Entrevistas: discusiones con personalidades de interés para la investigación en comunicación.
170
FORMATO
y sin tabulación de párrafo. Los títulos, en ninguna hipótesis, deben
contener notas de pié de página, ni en negrito, itálico o subrayado.
2 Estudios: programa: información sobre las diferentes áreas de
2• Identificación de los autores: debajo del título, el(los)
investigación. Proyecto: abstracts sobre diferentes proyectos de inves-
nombre(s) y apellido(s) de(los) autor(es) deben estar en mayúsculas
tigación.
(solamente las iniciales) y minúsculas (para el resto), escritos en tipo
Evaluación
Times New Roman de cuerpo 12, con espacio simple entre las líneas,
Los trabajos serán sometidos a juzgamiento. La evaluación será
alineamiento justificado y sin tabulación. Del apellido(s) del (de los)
realizada por especialistas del tema, miembros del Consejo Editorial o
autor(es) debe(n) salir nota(s) de pié de página (con un máximo de
el Consejo de Honra. Los trabajos podrán ser aceptados integralmen-
400 caracteres con espacio) con una breve presentación del autor (ti-
te, aceptados con cuestionamientos o recusados. En caso de la nece-
tulación académica, institución donde actúa y principales publicacio-
sidad de modificaciones para su eventual aceptación, serán enviados
nes) junto de su e-mail, teléfono y dirección postal. En ningún otro
a sus autores para eventuales correcciones. Si estos los modificasen
lugar del texto debe constar el (los) nombre(s) y apellido(s) del (de
de una forma aceptable para los criterios del Consejo Editorial, serán
los) autor(es).
considerados finalizados y la fecha de aceptación pasará a ser la de la
2• Resúmenes: debajo de la identificación del (de los) autor(es),
finalización.
deben encontrarse los resúmenes (en español, portugués e inglés) con
Sumisión de artículos
un máximo de 750 caracteres (con espacios), acompañados de, un
La sumisión de un trabajo implica que el no haya sido publicado,
ni que se encuentre en proceso de revisión y ni que sea enviado a otra
revista hasta recibir un eventual juzgamiento negativo del arbitraje
pertinente.
máximo, de 4 palabras-clave en los mismos tres idiomas.
Citaciones, notas de pié de página y referencias bibliográficas
2• Citaciones: para la citación mayor de 3 líneas (tipo Times New
Roman de cuerpo 12, en itálico, con espacio simples entre las líneas,
El envío de los originales implica en la aceptación del siguiente
alineamiento justificado), no se debe dejar entre comillas y se la debe
punto: el copyright del artículo, incluyendo los derechos de repro-
retirar del cuerpo del texto y colocarla en destaque, dejándola, inte-
ducción total o parcial del mismo en cualquier formato, estarán re-
gralmente, con tabulación a la izquierda de 1 cm.
servados exclusivamente a la Revista Latinoamericana de Ciencias de
la Comunicación.
Solamente serán publicadas las producciones escritas según las
normas presentes y que hayan sido aprobadas por el Consejo Editorial.
Para una citación menor de 3 líneas, se la debe dejar entre comillas
en el mismo cuerpo del texto, sin itálico, siguiendo la norma general
del texto.
Ambas citaciones deben ser seguidas de las indicaciones de las
referencias bibliográficas, las cuales deben estar entre paréntesis con
el apellido del autor (mayúsculas para iniciales y minúsculas para el
día seguido del mes abreviado. Año. Número o Título del Cuaderno,
restante), año de la publicación y número de página.
Sección o Suplemento, página inicial-final):
Ejemplos para las indicaciones bibliográficas en ambas citaciones:
en el caso de una página a ser citada: (Andrade, 1987, p.153); en el
VIEIRA, Fabricio. Bovespa sobe 2,87%, maior avanço en dois meses. Folha de S. Paulo. São Paulo, 14 fev. 2007. Folha Dinheiro, p.12.
caso de dos páginas a ser citadas: (Andrade, 1987, p.167-8); en el caso
2 Tesis y disertaciones (APELLIDO, Nombre. Título en itáli-
de varias publicaciones de un mismo autor publicadas en el mismo
co: subtítulo normal. Año del depósito. Número total de páginas o
año: (Candido, 1999a, p.198), (Candido, 1999b, p.17).
volúmenes. Tipo de trabajo - locación: [Trabajo de Conclusión del
2 Notas: las notas de pié de página deben ser enumeradas auto-
Curso (Graduación en...) (Especialización en...) / Disertación (Maes-
máticamente en sistema numérico arábico (1, 2, 3, ...) y se destinan
tría en...) / Tesis (Doctorado en...) - Facultad de... / Instituto de...],
para informaciones explicativas o esclarecimientos adicionales que
Universidad, Ciudad de la defensa, año de la defensa.):
no pueden ser incluidos en el cuerpo del texto. Se recomienda que
las notas sean breves.
2 Referencias bibliográficas: las referencias bibliográficas completas deben ser organizadas en orden alfabético al final del texto,
conforme la norma y los ejemplos a continuación:
CANDIDO, Antonio. Parceiros do rio bonito: estudo sobre a crise
nos meios de subsistência do caipira paulista. 226 f. Tese (Doctorado
en Sociología) – Facultad de Filosofía, Letras y Ciencias Humanas,
Universidad de São Paulo, São Paulo, 1954.
2 Artículos de internet (APELLIDO, Nombre. Título en itálico:
2 Libros:
subtítulo normal. Disponible en: <dirección electrónica>. Acceso en:
ROUANET, Sérgio Paulo. Mal-estar na modernidade: ensaios. 2ª
día seguido del mes abreviado. Año.
ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
MARTÍN-BARBERO, Jesús. Oficio de cartógrafo: travesías latinoa-
ECO, Umberto. Para una guerrilla semiológica. Disponible en: <
http://www.nombrefalso.com.ar/apunte.php?id=16>. Acceso en: 3
mericanas de la comunicación en la cultura. Mexico, D.F.: Fondo de
enero 2007.
Cultura Económica, 2002.
Subtítulos en el cuerpo del texto
MATTELART, Armand; MATTELART, Michèle. História das teo-
Los subtítulos deben ser en mayúsculas (apenas para las iniciales) y
rias da comunicación. Traducción de Luiz Paulo Rouanet. São Paulo:
minúsculas (para el restante), digitados en tipo Times New Roman de
Ediciones Loyola, 2000.
cuerpo 12, negrito, con espacio simples entre las líneas, alineamien-
LIMA, Luiz Costa (org.). Teoria da Cultura de Massa. São Paulo:
Paz e Terra, 2000.
2 Capítulos de libros:
ROUANET, Sérgio Paulo. Iluminismo y barbárie. In:___. Mal-es-
to justificado, sin tabulación y enumerados por el sistema numérico
arábico (1, 2,...). A continuación, un ejemplo de como enumerar un
capítulo y sus respectivos ítems o subtítulos:
1. Comunicación de masas
tar na modernidade: ensaios. 2ª ed. São Paulo: Companhia das Letras,
1.1. Teorías de la comunicación
1993. p.9-45.
1.1.1. Los intercambios y los flujos
ROCHA, Glauber. An esthetic of hunger. In: MARTIN, Michael
(ed.). New Latin American cinema. Detroit: Wayne State University
Press, 1997. p.59-61.
2 Artículos de periódico científico (APELLIDO, Nombre. Título
del artículo. Título del periódico en itálico (abreviado o no), ciudad de
1.1.2. Industria cultural
1.2. Ideología y poder en la comunicación
2. Cotidiano y movimiento intersubjetivo
Figuras (fotos, mapas, diagramas, cuadros,
organigramas, infográficos etc.)
la publicación, v. seguido del número del año o volumen, n. seguido
Deben estar digitalizadas en buena calidad para impresión (se re-
del número del fascículo, página inicial-final, mes abreviado, año de
comienda 300 dpi y formatos de archivos gráficos: GIF, JPG o TIF) y
la publicación):
enumeradas. En archivo separado del texto principal, deben constar
MARTÍN-BARBERO, Jesús. Razón técnica y razón política: espa-
las leyendas correspondientes y las respectivas indicaciones de inser-
cios / tiempos no pensados. Rev. Latinoamericana de Ciencias de la
ción en el trabajo. Tablas y cuadros creados y formateados dentro del
Comunicación, São Paulo, v.1, n.1, p.22-37, jul-dez, 2004.
Word pueden estar en el mismo cuerpo del texto principal. Es impor-
2 Artículos publicados en la prensa (APELLIDO, Nombre. Título del artículo. Nombre del periódico o revista, ciudad de publicación,
tante destacar que como la revista es impresa en blanco y negro, no se
debe incluir figuras a colores.
171
RULES
Rules for sending articles to the
Latin American Communication
Sciences Journal
FORMAT
General guidelines
Articles, interviews, studies and scientific papers shall not exceed
nine DIN A4(21.0cm x 29.7cm) typed pages, 3 cm side margins, in
GENERAL INSTRUCTIONS
ragraph indent left. Maximum size of the work is approx. 33,000 cha-
international bi-annual scientific publication, whose major goal is to
racters (including spaces) or 5,000 words, including title, footnotes,
promote the dissemination, democratization and the strengthening
abstract, key-words, texts, references and appendices.
of the Latin American communicational school of thinking. In addi-
Title Page
tion, the Journal also seeks to foster the dialog within the academic
community worldwide and to foster the development of the Latin
The title page should include:
2 Title: in capital letters, max. 100 characters (including spaces),
American society.
in 14-pt. Times New Roman, single-spaced, non-indented, justified
Editorial scope
text. Under no circumstances shall the titles contain footnotes, be un-
The articles submitted to the Journal may pertain to any of the categories listed below:
2 Scientific communications: description of research projects, methodology, analysis of results and conclusions.
derlined or in italics.
2 Author’s identification: below the title: the author’s full name
shall appear in 12-pt Times New Roman, capitals for initials only, single-spaced, justified text. The author’s last name shall refer to a foot-
2 Articles: views of Latin American researchers, special articles,
note (maximum 400 characters including spaces) including a brief
analysis, commentary and conclusions on academic or professional to-
presentation of the author (highest academic degree, affiliation, and
pics. The articles published should be pertinent to the Communications
main publications), e-mail address, telephone number and mailing
Sciences.
address. Nowhere else shall the name of the author(s) appear.
2 Interviews: discussions with prominent researchers in the communications community.
2 Studies: programs – information on different research areas. Pro-
172
12. point Times New Roman, single spaced, justified text, 1 cm pa-
The Latin American Journal for the Communications Sciences is an
Abstract: after the identification of the author(s), an abstract
(in Spanish, Portuguese and English) not exceeding 750 characters
(including spaces), shall appear containing a minimum of four key-
jects – abstracts on various research projects.
words in each of the languages specified.
Evaluation
Quotations, footnotes and references
The materials submitted will be forwarded to an evaluation by
2 Quotations: quotations longer than 3 typed lines (12-pt. Ti-
specialists, members of the Editorial Board or the Honorary Council.
mes New Roman, italic, single spaced, justified), shall appear without
Manuscripts may be fully accepted, accepted subject to certain changes,
quotation marks in a free-standing block of text, indented 1 cm from
or rejected. Materials conditioned to changes for publication will be
the left margin.
forwarded to the respective authors for the required corrections. Should
these changes meet the criteria established by the Editorial Board, the
work is considered accepted for publication and the acceptance date will
Quotations under 3 typed lines shall be included within the body
of the text, in the same point type.
In both cases, the quotations are to be followed by bibliographical
that of the final version.
references, between parenthesis, including the author’s last name (ca-
Submission of manuscripts
pital letters for initials only), year of publication and page number.
Papers submitted shall be unpublished and may not be under edi-
Examples of bibliographical references in both cases: when quoting
ting process; likewise, the papers shall not be under consideration by
one page: (Andrade, 1987, p.153); when quoting two pages: (Andrade,
another publication until rejected following the evaluation procedu-
1987, p.167-8); for several publications be the same author, published
re. Submission of originals implies the acceptance of the following:
in the same year: (Candido, 1999a, p.198), (Candido, 1999b, p.17).
copyright: Revista Latinoamericana de Ciencias de la Comunicación
2 Notes: footnotes are to be indicated by consecutively-generated
becomes the sole holder of the right to reproduce the article, in its en-
Arabic numbers (1, 2, 3, …) and are designed to provide explanatory
tirety or in part.
information or additional elucidation not included in the text. These
The Journal will only publish works submitted according to the
guidelines laid down in this document and approved by the Editorial
Council.
Revista Latinoamericana de Ciencias de la Comunicación encourages
notes should be brief.
2 References: complete bibliographical references are to be listed
in alphabetical order at the end of the text, according to the following
guidelines and examples:
submission of articles within the established deadlines, posted in ad-
2 References to an entire book:
vance on the electronic media; for further information, please contact:
ROUANET, Sérgio Paulo. Mal-estar na modernidade: ensaios. 2nd
[email protected]
ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
MARTÍN-BARBERO, Jesus. Oficio de cartógrafo: travesías latinoa-
pages or volumes. Type of work – field: [Graduation Project (Gradua-
mericanas de la comunicación en la cultura. México, D.F.: Fondo de
tion in …) (Specialization in …) / Dissertação (Master’s degree in …)
Cultura Econômica, 2002.
/ (Doctoral thesis in …) – School of … / Institute for …], University,
MATTELART, Armand; MATTELART, Michèle. História das teorias da comunicação. Tradução de Luiz Paulo Rouanet. São Paulo:
Edições Loyola, 2000.
LIMA, Luiz Costa (org.). Teoria da Cultura de Massa. São Paulo:
Paz e Terra, 2000.
2 References to a chapter in a book:
ROUANET, Sérgio Paulo. Iluminismo e barbárie. In:___. Mal-estar
na modernidade: ensaios. 2nd ed. São Paulo: Companhia das Letras,
1993. p.9-45.
ROCHA, Glauber. An esthetic of hunger. In: MARTIN, Michael
(ed.). New Latin American cinema. Detroit: Wayne State University
Press, 1997. p.59-61.
2 Reference to an article in a journal: (LAST NAME, Surname.
Article title. Name of the Journal in italic (acronyms allowed), place
City of dissertation defense, year of defense.):
CANDIDO, Antonio, Parceiros do rio bonito: estudo sobre a crise
nos meios de subsistência do caipira paulista. 226 f. Tese (Doutorado
em Sociologia) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas,
Universidade de São Paulo, São Paulo, 1954.
2 Reference to an internet source: (LAST NAME, Surname. Title
in italic: subtitle, normal. Available at :< electronic address>. Access
on: day, followed by month, abbreviated. Year.
ECO, Umberto. Para una guerrilla semiológica. Available at: http://
www.nombrefalso.com.ar/apunte.php?id=16. Access on: 3 jan.2007.
Subtitles within the text
Subtitles initials are to typed in capital letters (initials only), 12-pt
Times New Roman, single spaced, justified, non-indented and using
Arabic numbers (1, 2, …). Please refer to the following example:
of publication, v. followed by the number of the year or volume, n.
1. Mass media
followed by the number of the issue, initial and final pages, month,
1.1. Comunication theory
year of publication.):
1.1.1. Exchange and flow
MARTÍN-BARBERO, Jesús. Razón técnica y razón política: espacios / tiempos no pensados. Rev. Latinoamericana de Ciencias de la
Comunicación, São Paulo, v.1, n.1, p.22-37, Jul-Dec, 2004.
2 Reference to a newspaper or a periodical: (LAST NAME,
Surname. Article title. Name of the newspaper or magazine, place of
publication, day and month abbreviated. Year. Number or Name of
Supplement, Section or Annex, initial and final pages.):
VIEIRA, Fabricio. Bovespa sobre 2.87%, maior avanço em dois meses. Folha de S.Paulo. São Paulo, 14.fev.2007. Folha Dinheiro, p.12.
2 Reference to thesis and dissertations: (LAST NAME, Surname.
Title in italic: subtitle, regular. Year of registration. Total number of
1.1.2. The cultural industry
1.2. Ideology and power in communication
2. Daily life and the inter-subjective movement
Figures [photographs, maps, diagrams, tables,
organization charts, info graphs, etc.]
Electronic copies of photographs should be provided, where possible, in GIF, JPG or TIF format (minimum accepted resolution 300dpi),
and numbered. In a separate file, authors are to provide corresponding brief explanations of figures to be inserted. Tables and graphics
generated and formatted by Word may be inserted in the text. As this
is a back and white publication, color illustrations will not appear.
173
REVISTA LATINOAMERICANA DE
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CIENCIAS
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