Paciente: JIBÓIA (Boa constrictor)
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Paciente: JIBÓIA (Boa constrictor)
2011 Paciente: JIBÓIA (Boa constrictor) Carlos Alberto Pereira Junior Carlos Henrique de Oliveira Nogueira Leonardo Serafim da Silveira NEPAS – Núcleo de Estudos e Pesquisas em Animais Selvagens Hospital Veterinário / Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro Jibóia (Boa constrictor, Linnaeus 1758) Existem cerca de onze subespécies de jibóias, sendo apenas duas encontradas no Brasil, a Boa constrictor constrictor (Fig. 1) e Boa constrictor amaralis (Fig. 2). São serpentes da família Boidae, família das grandes serpentes constritoras, como a própria jibóia e a sucuri (Eunectes murinus). Encontradas por todo o Brasil habitando a floresta amazônica, restingas, cerrado e mata atlântica podem chegar a medir quatro metros de comprimento, contudo geralmente não passa de cerca de dois metros. Como são serpentes de dentição áglifa, não possuindo presa inoculadora de veneno, são inofensivas ao ser humano. Figura 1: Boa constrictor constrictor. Paciente: JIBÓIA (Boa constrictor) 2011 Figura 2: Boa constrictor amarali. Hábitos e alimentação São serpentes de hábito noturno (o que pode ser verificado pelas pupilas verticais), mas podem ser encontradas durante o dia procurando um lugar para se abrigar à noite ou se alimentar. Podem ser consideradas serpentes de diversos habitats, com hábitos tanto terrícolas quanto arborícolas e até subaquáticas. Alimentam-se geralmente de mamíferos (roedores), mas podem alimentar-se também de aves e lagartos. Suas presas são mortas através de constrição, que ao contrário do que muitos pensam, não é uma ação que mata por quebrar os ossos da vítima e, sim, por comprimir o tórax do indivíduo, evitando assim os movimentos respiratórios e matando por asfixia. Reprodução São serpentes vivíparas, podendo gerar de 12 a 50 filhotes prontos, que nascem com cerca de 50 centímetros de comprimento. 2 Paciente: JIBÓIA (Boa constrictor) 2011 Mitos e lendas Serpentes desta espécie são rodeadas de histórias por vezes engraçadas e aterrorizantes. Por ser a segunda maior espécie da fauna brasileira, perdendo apenas para a sucuri (Eunectes murinus), são inúmeros os relatos de serpentes gigantescas, de até 10 metros de comprimento, jibóias que mamam e que cruzam com serpentes venenosas para se tornarem também venenosas. Curiosidades No Brasil existe o comércio legal desses animais, sendo vendidos mediante assinatura de termo de responsabilidade e com nota fiscal e legalização do IBAMA para transporte. Em serpentes da família Boidae podese notar a presença de esporas nas laterais da cloaca, vestígios da cintura pélvica, oriundas da evolução destes magníficos animais ápodos. Animais recebidos pelo NEPAS De longe, as jibóias são os animais mais frequentemente recebidos pelo NEPAS. Uma explicação para isso é o grande número de fragmentos florestais e pastos ao redor de Campos dos Goytacazes, fazendo com que animais desse porte não passem despercebidos quando estão próximos a casas ou estradas. De fevereiro de 2009 a fevereiro de 2011, foram cerca de 40 animais recebidos. Os animais atendidos, em sua maioria apresentam lesões por queimaduras, fraturas de mandíbula e desidratação, e após tratamento e reabilitação, quando possível, são encaminhados para reintrodução em áreas mais preservadas. 3 Paciente: JIBÓIA (Boa constrictor) 2011 Figura 3: Contenção de jibóia. Figura 4: Jibóia apresentando lesão por queimadura. 4 Paciente: JIBÓIA (Boa constrictor) 2011 Figura 5: Jibóia parasitada com carrapatos. Figura 6: Esporão (note-se na ponta da pinça). 5 Paciente: JIBÓIA (Boa constrictor) 2011 Além dos procedimentos padrões realizados nesses animais, como biometria, avaliação das condições físicas e presença de ectoparasitas, o NEPAS, em parceria com os setores de Cardiologia Veterinária e de Microbiologia do Hospital Veterinário da UENF, vêm realizando experimentos com eletrocardiografia, para definir um padrão eletrocardiográfico para esses animais, e colhendo material (swab oral e cloacal) para traçar o perfil microbiológico dos mesmos. Figura 7: Swab oral. 6 Paciente: JIBÓIA (Boa constrictor) 2011 Figura 8: Eletrocardiograma. Referências bibliográficas 1. Barbosa AR et al. (2006). Contribuição ao estudo parasitasitologico de jibóias, Boa constrictor constrictor Linnaeus, 1758, em cativeiro. Revista de Biologia e Ciências da Terra. Disponível em: http://eduep.uepb.edu.br/rbct/sumarios/sumario_v6_n2.htm. Acesso em: 04 Agosto 2011. 2. Mattison C (1995). The Encyclopaedia of Snakes. London: Cassel Paperbacks, 256 p. 3. Marques OAV, Eterovic A, Sazima I (2001). Serpentes da Mata Atlântica: Guia Ilustrado para a Serra do Mar. Ribeirão Preto: Holos, 184 p. 4. Pizzatto L, Marques OAV (2007). Reproductive ecology of Boinae snakes with emphasis on Brazilian species and a comparison to pythons. South American Journal of Herpetology: 107-122. 7
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