cornal lixadeiras

Transcrição

cornal lixadeiras
VidaBosch
Novembro | Dezembro de 2010 | Janeiro de 2011 • nº 23
Recicle a informação: passe esta revista adiante
Depois do poste, o bicampeonato
Antes de se consagrar na F-1, Fittipaldi
destruiu um Porsche nas ruas de São Paulo
André Klotz
Sem lousa, com diploma Número de matrículas no ensino à
distância cresce 600% em três anos
Sumário
02 viagem | Que bons ventos o levem para Jericoacoara, no Ceará
08 eu e meu carro | As barbeiragens e manobras incríveis de Emerson Fittipaldi
10 torque e potência | A onda flex está prestes a desaguar no mercado diesel
14 em casa | Insípida, inodora e incolor – e indispensável à decoração
editorial
20 tendências | Quem disse que andar de bicicleta significa pedalar?
24 grandes obras | Antes tido como inviável, porto de Rio Grande continua a crescer
Vai começar um
ano muito especial
26 Brasil cresce | Quando o diploma é de papel, mas as aulas são virtuais
O ano de 2010 foi excelente para a
VidaBosch. Mas temos certeza de
que 2011 será ainda melhor: serão
comemorados 125 anos do Grupo
Bosch e 150 anos do nascimento do
seu fundador, Robert Bosch.
Esse duplo aniversário é motivo de
orgulho para a Bosch, mas é especialmente importante enfatizar que
essa história só pode ser boa se for
percebida e levada adiante. Por isso,
em todas as edições de 2011 vamos
compartilhar com vocês a trajetória
da empresa e contar como ela se fortalece do seu passado para superar
os desafios do futuro.
Assim, reforçamos o compromisso
da Bosch para o futuro e o princípio
de sua estratégia corporativa, que se
resume em apenas quatro palavras:
“Tecnologia para a vida”.
Um ótimo Natal e um excelente 2011!
44 saudável e gostoso | Maracujá conjuga o doce e o amargo na ponta da língua
Boa leitura
A Redação
32 atitude cidadã | Por que a primeira infância tem de ser a primeira prioridade
38 aquilo deu nisso | Sistemas automatizados aposentam a ordenha manual
02
26
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direção de arte e diagramação: Buono Disegno
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Jaime Spitzcovsky (DRT-SP 26479)
32
Destaques on-line | www.vidabosch.com.br
tendências
eu e meu carro
Vídeo O sistema
que evita
80% dos
acidentes em
derrapagens
Expediente
VidaBosch é uma publicação trimestral da
Robert Bosch Ltda., desenvolvida pelo depto. de Corporate and Marketing Communication, Brand Management and Call Center
(RBLA/COM1). Dúvidas, reclamações ou sugestões, fale com o SAC Bosch: (011) 21261950 (Grande São Paulo) e 0800-7045446 ou
www.bosch.com.br/contato
10
Brasil cresce
Site Veja do que
os motores
de bicicleta
são capazes
em casa
Site A página
da Bosch
que treina
mecânicos
de todo o
Brasil
Site Conheça
a linha de
bombas
pressurizadas
da Bosch
2 | VidaBosch |
viagem
Moldada pelo vento
Shutterstock
Jericoacoara, no Ceará, deve boa parte de seus encantos às
ventanias, que formaram as dunas e transformaram o pacato vilarejo
em point para windsurfe e kitesurfe
| Por Walterson Sardenberg Sº
G
viagem
rande parte dos visitantes de Jericoacoara, formada por estrangeiros,
não consegue pronunciar o nome do lugar como recomenda a prosódia brasileira.
Menos ainda o de Jijoca de Jericoacoara, o
município cearense a que a vila pertence.
Ficou combinado assim: basta falar algo
semelhante a “Djerii”, com o acento tônico na segunda silaba, e pronto. Além de
mais simples, revela apreço, intimidade.
Não há data precisa para o momento em
que o vilarejo litorâneo, a 325 quilômetros
de Fortaleza, passou de Jericoacoara a “Djerii”. Mas essa troca ocorreu, sem dúvida,
na segunda metade dos anos 1980, quando
os estrangeiros começaram a descobrir a
beleza da singela vila de pescadores. Jeri,
como a tratam os 2,5 mil moradores (são
mais de 10 mil no verão!), vivia então às
escuras – e isso não é apenas uma metáfora. A luz elétrica chegaria apenas em 1998,
dez anos depois da bendita água encanada.
Isso significa que o vilarejo viveu no breu
durante o século das invenções. Hoje, quando algum hóspede da conectada pousada
Chili Beach recorre à rede wi-fi ou pluga
o seu iPod no aparelho a ele reservado no
quarto, decerto não sabe que Jeri, na prática, pulou do século 19 diretamente para
o Terceiro Milênio.
O ano de 1987 é uma referência constante. Naquela época, um bem informado
redator do caderno de turismo do jornal
“Washington Post” incluiu Jericoacoara
no ranking das dez mais belas praias do
planeta. Coincidentemente ou não, pouco
depois a atriz Pamela Anderson desembarcou no local – veio posar para uma edição
norte-americana da “Playboy”.
A equipe da revista, claro, usou como
cenário a imagem mais conhecida e também o maior chamariz do vilarejo: a Duna
do Pôr do Sol. O nome é autoexplicativo,
mas o ritual a que se refere merece descrição. Todo fim de tarde, os visitantes têm
um acordo tácito: subir, passo a passo, a
viagem | VidaBosch | 5
duna de 30 metros de altura, formada na
praia principal, de frente para o mar. Vista
de longe, a escalada lembra caravanas de
beduínos no deserto. Já a adoração ao Sol,
que se põe, exibicionista, sempre diante da
duna, com invariável simetria, remete às
civilizações pré-colombianas, mas sem o
desenlace dos sacrifícios. Tal como ocorre
com os grandiosos espetáculos, ele é sempre igual; e a cada dia diferente.
O reflexo solar vai transformando os
matizes das areias, do rosa ao escarlate,
passando pelo laranja, em uma escala de
cores digna dos mais sensíveis pintores de
marinhas – José Pancetti, por exemplo, se
vivo estivesse, daria um jeito de acomodar
o cavalete no terreno instável.
A praia começou a ficar famosa
no final dos anos 1980, quando
um jornalista norte-americano
a classificou como uma das mais
bonitas de todo o mundo
Formações de areia e rocha encantam
O encontro diário sobre a duna é duplamente romântico: ali iniciam-se as abordagens que, ao menos para os mais jovens
ou os mais dispostos, resultarão, mais tarde, nos sacolejos madrugada adentro nas
casas noturnas Mama África, Sky, Planeta
Jeri e Casa do Forró. As noites de Jeri são
esfuziantes a ponto de o proprietário da
padaria Santo Antônio dar-se ao direito de
trabalhar em um regime mais apropriado
a guardas-noturnos ou plantonistas hospitalares: ele abre às 2 da matina; fecha
antes das 6. E não tem conversa.
Dito assim, pode parecer que Jeri tornou-se quase um centro urbano, capaz de
agraciar o visitante com uma vida noturna
espelhada em uma metrópole. Esqueça.
O vilarejo manteve o juízo. Transformado
em área de proteção ambiental, limitou
a cobiça da construção civil, embutiu os
fios elétricos e deu a sorte de atrair hoteleiros e restaurateurs de bom senso.
Eles souberam caprichar no conforto e
nos serviços, mas deram preferência a
ambientes, digamos, rústico-chiques, de
sorte que, à parte raríssimas exceções,
não se construiu nada ao estilo Miami ou
Cancún. Tem mais: em geral, poucos vão
de carro a Jericoacoara. Melhor deixá-lo
em Jijoca e completar o trajeto em um veículo coletivo local. Os 23 quilômetros de
areia fofa de um ponto ao outro são um
óbvio entrave — quando não um impasse
para automóveis sem tração 4X4. Além
do mais, não haveria muito o que fazer
com um carro no vilarejo.
Jeri ainda tem apenas quatro ruas grandes: a Principal, a São Francisco, a rua da
Praia e a do Forró, descontadas as estreitas travessas. Todas continuam como na
época em que os moradores (eram 252 há
duas décadas) viviam do peixe farto, do
escambo e da agricultura de subsistência.
Em outras palavras: o chão das áreas públicas ainda é todo de areia. Não há nem
mesmo calçadas. Por isso, preferem-se os
jegues ao motor à explosão. A restrição
do piso impõe outra: a despeito do figurino ou da idade, cabe ao visitante de juízo
optar por sandálias de dedo, dessas mais
comuns, embora senhoras de contas bancárias mais exuberantes escolham aquelas
desenhadas pelo francês Christian Lou-
Jericoacoara proporciona descanso para os turistas e belas paisagens
boutin. Desperdício: resistem menos às
caminhadas – as senhoras e as sandálias.
Ainda nos final da década de 80, uma
dita autoridade local resolveu calçar um
trecho da rua Principal com paralelepípedos. Um pecado. A bem-aventurada natureza, felizmente, deu cabo da descabida
iniciativa. O projeto desandou. Em parte
devido às chuvas de março e abril (únicos
meses propensos a aguaceiros), mas, sobretudo, em virtude dos ventos e das areias,
que, sem clemência, cobriram as pedras.
Assim como na canção de Bob Dylan, a
resposta para o sucesso de Jericoacoara
está, em boa parte, no soprar dos ventos.
Deve-se a eles a mística da vila. Não bastasse terem criado a Duna do Pôr do Sol,
não descansam, em especial no segundo
semestre, levando, segundo a segundo, cada grão de areia para outro destino. Nos
meses finais do ano, alísios vindos da África atingem rajadas de até 80 quilômetros.
Assim, reformam a geografia, aliviam os
visitantes do calor e atraem os adeptos do
windsurfe e do kitesurfe (modalidade que
mescla surfe e parapente).
Eles vêm dos Estados Unidos, da Europa, da Ásia. De todos os continentes.
São supercampeões, campeões, apenas
adeptos ou agregados. Amam o vilarejo.
Comparam as condições de mar e vento
de “Djerii” a outros “picos top” — no linguajar da tribo — para a prática desse esporte: Tarifa (Espanha), Estoril (Portugal)
e Saint Marteen (Caribe). Trazem amigos,
namoradas, namorados e ajudam a espalhar o nome da vila mundo afora, com
a mesma frequência com que os ventos
removem as areias.
Passeios de bugue
Fotos Luiz Rocha
4 | VidaBosch |
Se o poder dos ventos levou o nome de
“Djerii” mundo afora, em contrapartida
arrasou uma vila vizinha, Tatajuba. Há três
décadas e meia, as 150 casas acabaram soterradas pelas areias. Acordava-se cedo
e varria-se o dia inteiro. Até se resignar
à fatalidade.
Quem conta essa história é Delmira das
Chagas Silva, 51 anos, antiga moradora de
Tatajuba. Todos os dias, ela parte da Nova Tatajuba, erguida quilômetros adiante,
para vender coco gelado na área da vila
6 | VidaBosch |
viagem
viagem | VidaBosch | 7
Shutterstock
Camocim
soterrada. É uma das paradas de um dos
três passeios oferecidos pelos bugueiros.
Este primeiro leva ao longo de adoráveis
praias desertas, até a Lagoa do Torto, onde
a diversão é acomodar-se nas redes montadas sobre a água límpida, enquanto se
espera pelo preparo da lagosta. Ninguém
reclama. Quem haveria de?
Outro passeio tem por destino a Lagoa
Azul, maior e ainda mais cristalina, ideal
para um banho reconfortante, embora ainda
desprovida de estrutura turística. A terceira
cartada dos bugueiros é o caminho até as
proximidades da Pedra Furada, rochedo
à beira-mar em que, mais uma vez, a ação
dos ventos, desta feita em colaboração com
a água, impôs sua força, desenhando um
arco de intrigante geometria.
Sempre eles, os ventos, a mover moinhos,
windsurfistas, birutas, veleiros, kitesurfistas, planadores, pipas e alguns dos nossos
melhores sonhos. Entre eles, Jericoacoara.
Itarema
Jericoacoara
CE - 202
James Harrison
Acaraú
402
CE - 434
CE - 216
CE - 187
Trairi
CE - 354
CE - 178
São Gonçalo
do Amarante
Paracuru
Sobral
Iraucuba
Fortaleza
222
222
Maracanaú
CE - 168
CE - 211
Guaraciaba
do Norte
Pacajus
020
Santa
Quitéria
CE - 257
A 325 km de
Fortaleza,
Jericoacoara
é ponto ideal
para a prática
do kitesurfe
Canindé
CE - 176
404
Como chegar
Jericoacoara está localizada no Ceará, 325 quilômetros a oeste de Fortaleza. É preciso dirigir com cautela,
pois nem sempre a qualidade das
rodovias é a melhor possível. No total, até Jijoca de Jericoacoara, são
cerca de quatro horas e meia de viagem. Comece pela rodovia Bezerra
de Menezes. Ela o levará à BR-222.
Serão 90 quilômetros nessa estrada.
No município de Umerim, deve-se
entrar à direita no sentido de Itapipoca, já na rodovia CE-354. Há um
trevo em Acaraú. Siga à esquerda,
rumando para Jijoca. Quase todos os
visitantes estacionam o carro nesse
município e seguem o trecho final
até Jericoacoara (23 quilômetros,
na areia) em uma jardineira pública.
Motoristas a bordo de valentes 4 X
4 podem seguir por conta própria.
Se o carro não tiver esse dispositivo, não tente dirigir, pois você pode
acabar com o seu veículo atolado
na areia fofa.
020
CE - 060
122
Onde ficar
Onde comer
Pousada Jeribá
A frequência de windsurfistas e kitesurfistas torna o lugar animado e cosmopolita. Mas não pense em alvoroço. Os
quartos são modernos, com ar-condicionado silencioso; e o serviço merece
menção. Além do mais, fica diante da
praia. Rua do Ibama, www.jeriba.com.
br. Tel.: (88) 3669-2096
Carcará
Aberto há nove anos, ainda é o melhor
da vila. Serve pratos fartos (sempre
para dois). Aventura-se, com sucesso,
em pratos internacionais – ceviche e
lula à provençal, por exemplo. Os mais
pedidos, com justiça, são aqueles à base de carne-seca. Rua do Forró, 530.
Tel.: (88) 3669-2013
Mosquito Blue
A piscina fica na frente da praia. Precisa mais? Há quem critique a estrutura
graúda (são 80 quartos) e a arquitetura. Mas não há lugar mais confortável.
Rua da Farmácia, www.mosquitoblue.
com.br. Tel.: (88) 3669-2203
Na Casa Dela
Chão de areia e quiosques de palha.
Tudo com muito charme. O que haveria de melhor em um praia? A cozinha
é regional. Tudo feito com capricho.
Rua Principal, 20.
Tel.: (88) 3669-2024
Chili Beach
Um dos mais novos. Tem quartos amplos
e muito bem equipados (até aparelho
para plugar o iPhone). Também oferece chalés. Por sinal, enormes. Rua da
Igreja, www.chilibeach.com.br.
Tel.: (88) 9909-9135
Espaço Aberto
Neste restaurante simples e simpático, foi instalada, em 1988, a primeira
torneira de Jericoacoara. Os pescados
estão na lista de frente do menu. Que
tal peixe ao molho de abacate e ervas?
Rua Principal, 104. Tel.: (88) 3669-2063
A Bosch na sua vida
Arranque perfeito para o verão
No verão, os mais de 7 mil quilômetros do litoral brasileiro se tornam um atrativo ainda maior na hora de programar sua viagem. Mas, antes de pegar o carro e se aventurar
por aí, é importante checar se o veículo está com tudo em
ordem. Afinal, ambientes salinos, típicos das regiões litorâneas, podem acelerar o desgaste de peças e componentes.
Para evitar esse incômodo, a Bosch desenvolveu a linha de
Cabos de Ignição Premium, aplicável em veículos a gasolina,
etanol, flex e GNV. Ela suporta altas temperaturas e tensão
elevada, sem falar na resistência ao contato com combustíveis, fluido de freio, óleo de motor e, claro, maresia. “O clima
pode agravar problemas no carro. A linha de cabos de ignição
passou por remodelação, com inclusão de silicone e EDPM
[etileno-propileno-dieno], materiais mais robustos, que evitam
fuga de corrente elétrica”, diz Fábio Betarello, coordenador de
trade marketing da linha de injeção, ignição e cabos da Bosch.
A fuga de corrente é inimiga do sistema de ignição. Betarello
explica que o sistema precisa de mais energia que a gerada pela
bateria. Portanto, há uma bobina de ignição que amplifica a tensão.
Arquivo Bosch
Tianguá
Para que a corrente elétrica produzida pela bobina seja conduzida às velas de ignição, que vão gerar a faísca necessária
para uma boa ignição, os cabos devem garantir que toda a
corrente elétrica gerada pela bobina alcance as velas sem
perda de potência, sob pena de o funcionamento do motor
não ser bem-sucedido. “Não se pode perder energia pelo caminho. Se o material usado for borracha, o ambiente salino
pode comprometer o componente”, diz. “E uma falha no sistema de ignição causa falha no veículo”, alerta Fábio Betarello.
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• Conheça a linha completa de Cabos de Ignição Premium Bosch
eu e meu carro
| Por Bruno Meirelles
Da perda total ao bi de F-1
Emerson Fittipaldi, que
destruiu um Porsche nas
ruas de SP quando jovem,
conta como o amor pelos
carros o tornou um ídolo
do automobilismo
E
le tinha como sonho disputar uma
prova de Fórmula 1 algum dia. Acabou indo muito além disso. Bicampeão da
principal categoria do automobilismo, vencedor duas vezes das temidas 500 milhas
de Indianápolis, Emerson Fittipaldi abriu
caminho para que o Brasil fosse reconhecido em todo o globo como um celeiro de
grandes pilotos. E conseguiu tudo isso da
forma de que mais gosta: ao volante.
Sua história com os carros começou muito
cedo. O pai, Barão Fittipaldi, era radialista
e grande incentivador do automobilismo
nacional. Levou o filho para o autódromo
pela primeira vez quando Emerson tinha
só 4 anos. “Assim que eu vi os carros passando, decidi que era isso que eu queria
fazer da minha vida”, revela o piloto.
Curiosamente, na primeira volta que
deu em Interlagos, onde depois venceria
por duas vezes o Grande Prêmio do Brasil
de Fórmula 1 (1973 e 1974), o motorista não
era ele. “Meu pai pediu para o piloto José
Asmuz me levar, e fui sentado no tanque
de uma carreteira”, conta.
Mesmo hoje, com mais de 60 anos e
longe das competições, ele não deixa de
lado o prazer de dirigir. E o modelo que
atende ao seu gosto exigente é o Chevrolet
Malibu, que chegou ao Brasil em meados
de 2010. “Ele tem uma característica de
carro compacto, similar aos europeus, e
é muito gostoso de guiar”, diz.
Acostumado a andar em alta velocidade,
o piloto não abre mão da segurança nem
mesmo fora do autódromo, onde prefere
um ritmo mais tranquilo. O carro atende
bem a esse requisito, pois conta com itens
como controle eletrônico de estabilidade, ABS, direção com assistência elétrica,
assistente de frenagem de emergência e
seis airbags.
“Outro dia estava vindo de Araraquara,
pela rodovia dos Bandeirantes, e vi um pessoal de moto passando a mais de 130km/h
e com gente na garupa. Se você quer correr
de motocicleta ou de carro, vai à federação,
a Interlagos. No autódromo você tem toda
a segurança para guiar em alta velocidade”, recomenda Fittipaldi, que pilotou em
uma época em que os pilotos saíam de casa para disputar um Grande Prêmio, mas
não sabiam se voltavam. “Você tinha que
conviver com um risco muito alto.”
Sua preocupação com a segurança vem
desde o inicío sua trajetória na Fórmula
1, há 40 anos. Em seu primeiro ano na categoria, ele perdeu seu companheiro na
Lotus, o austríaco Jochen Rindt, em um
acidente durante o GP de Monza. Detalhe: Rindt morreu no carro do brasileiro,
já que, um dia antes, Emerson destruíra a
Lotus do austríaco, tendo de ceder o seu
posto. “Foi um fim de semana muito trágico, e era a primeira vez que eu convivia
de perto com isso.”
Em luto, a Lotus não disputou as duas
corridas seguintes, mas voltou no último
GP da temporada, em Watkins Glen. E, justamente quando enfrentava as maiores dúvidas sobre a carreira, Emerson conseguiu
seu primeiro triunfo.
“Para mim, 1970 foi um ano muito especial, porque, vindo de uma tragédia em
Monza, eu pude ganhar nos Estados Unidos e ainda garantir o campeonato póstumo para o companheiro. Isso fez com
que eu continuasse motivado para a Fórmula 1”, diz.
Carros marcantes
Ao longo de suas mais de quatro décadas
de carreira, Emerson sentou em inúmeros
cockpits. No entanto, não tem dificuldades
em apontar o carro que mais o marcou: a
Lotus que o levou a seu primeiro título na
F-1, em 1972. “Era um carro que eu conversava com ele e ele conversava comigo.”
Outro que está entre os seus preferidos
é o Porsche. Sua história ao lado da marca
começou na década de 1960, quando, ao
lado do irmão Wilsinho Fittipaldi, importou um modelo da Alemanha. A ideia era
primeiro mexer no motor, colocar rodas
maiores e preparar o carro para correr.
Mas Emerson não resistiu e saiu para dar
uma volta com ele na região do Morumbi.
“Estava garoando e, logo na segunda
curva, eu entrei derrapando, e o poste
saiu correndo da calçada e bateu no carro”, brinca. Naquela época, nem o Porsche
contava com equipamentos de proteção
avançados. Dispunha de cinto de segurança, que Emerson usava. O piloto não
se machucou. Saiu do carro e espantou-se
com a sorte que teve. O problema maior
foi contar para o irmão. “Como o Porsche
era nosso, o prejuízo foi para os dois. Mas
a batida só aconteceu porque eu estava
ansioso para testar o carro. É por isso que
eu falo para as pessoas correrem no autódromo”, completa.
O incidente não abalou a relação dos irmãos, que em 1968 criaram um carro para
disputar a principal prova do automobilismo
brasileiro de então: as Mil Milhas de Interlagos. Após meses de trabalho artesanal,
nasceu o Fitti-Porsche, famoso pela sua
velocidade nos treinos, mas também por
quase sempre abandonar as corridas. “Foi o
carro mais rápido do Brasil na época”, diz.
Em 2008, Emerson escolheu justamente
um Porsche quando sucumbiu à saudade
das competições e voltou a correr em algumas provas da GT3 (categoria nacional
que reúne carros de turismo). “A prova mais
divertida que tive nesse breve retorno foi
no Rio de Janeiro. Chegamos em segundo,
o meu melhor resultado. Foi muito emocionante estar de volta ao lado do meu irmão.”
A Bosch na sua vida
Mais segurança contra derrapagens
As chances de um “poste sair correndo da calçada e bater”
em seu carro, como o bem-humorado Emerson Fittipaldi
define o acidente sofrido na chuva com o Porsche que importou nos anos 1960, são muito mais remotas hoje em dia.
O motorista conta atualmente com sistemas de segurança
como o ESP (sigla em inglês para Programa Eletrônico de
Estabilidade), eficaz contra derrapagens, responsáveis por
cerca de 40% de todos os sinistros com mortes no mundo.
O ESP, que pode evitar até 80% dos acidentes decorrentes
das derrapagens, segundo estudos internacionais, é resultado de um processo de aprimoramento a partir do ABS,
dispositivo que evita o bloqueio das rodas durante a frenagem. Ambos foram introduzidos no mercado pela Bosch.
“Além de fazer o que o ABS já realizava, o ESP percebe
quando o motorista vira o volante e o carro não obedece.
Quando isso acontece, o sistema entra em funcionamento
de forma autônoma”, explica Carlo Gibran, gerente de marketing e vendas da divisão Chassis Systems Control da Bosch.
Arquivo Bosch
André Klotz
8 | VidaBosch |
O ESP escolhe qual roda terá de ser freada para auxiliar no
processo de estabilização do veículo, diminuindo também o
torque do motor. Essa ação ocorre em milésimos de segundos. “O motorista pode pisar até o fim no acelerador que o
motor tem sua rotação regulada, voltando ao normal quando
preciso”, explica Gibran.
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• Vídeo mostra como o ESP mantém o automóvel na estrada mesmo em manobras abruptas
torque e potência
| Por Bruno Meirelles
Flex de peso
Com motor que funciona com diesel e gás natural, frota de caminhões e ônibus
pode passar por mudança tão radical quanto a introduzida nos automóveis flex
Konstantin Sutyagin
10 | VidaBosch |
Q
torque e potência
uando os carros flex começaram
a ser produzidos em escala industrial, em 2003, pairava certa desconfiança
em relação ao álcool — o fantasma da crise
de abastecimento da década de 80 ainda
assustava o mercado consumidor. Mas as
suspeitas foram deixadas para trás pouco
tempo depois. Em 2005, os modelos que
podiam rodar com qualquer proporção
de etanol e gasolina já eram 49% dos veículos novos vendidos no Brasil, segundo
a Associação Nacional dos Fabricantes de
Veículos Automotivos (Anfavea). Em 2009,
a fatia pulou para 84%.
Uma revolução parecida pode estar surgindo em outro segmento do mercado: o
de ônibus e caminhões. O sistema é diferente — permite que os motores trabalhem
com diesel e gás natural —, mas tem apelos
semelhantes: ganho ambiental, financeiro
e em liberdade de escolha.
O Sistema Diesel-Gás, em desenvolvimento pela Bosch em Curitiba e que encontra-se na fase de aplicação em modelos automotivos específicos, pode rodar
exclusivamente com diesel ou com até 85%
de gás natural veicular — mas não 100%. É
que, por não ter vela, o motor precisa do
diesel para iniciar o processo de combustão.
Depois desse estágio inicial, já é possível
rodar com alto percentual de gás.
Os principais benefícios são: gasto menor
para abastecer, manutenção da potência,
flexibilidade de escolha de combustível e,
sobretudo, menos emissão de poluentes.
Testes feitos por diversos especialistas
indicam que o GNV diminui em até 75%
a emissão de materiais particulados, os
maiores responsáveis por aquelas névoas cinzas vistas em grandes metrópoles.
Além disso, o Sistema Diesel-Gás emite
na atmosfera 20% menos gás carbônico,
um dos gases que mais agravam o efeito
estufa, e diminui a emissão de óxido de
torque e potência | VidaBosch | 13
nitrogênio, substância que pode causar
problemas respiratórios.
“O gás natural é um combustível fóssil
relativamente puro e queima bem se tiver a tecnologia adequada”, resume Guilherme Wilson, gerente de Operações da
Mobilidade da Federação das Empresas
de Transporte de Passageiros do Estado
do Rio de Janeiro (Fetranspor). Também
podem ser usados biodiesel e biometano,
combustíveis renováveis e “verdes”, que
são a tendência para o futuro.
Outro benefício é econômico. Enquanto o metro cúbico do gás natural custa em
média R$ 1,20, o litro do diesel para o frotista, que paga menos do que o motorista
comum, sai por mais de R$ 1,70. E há redução extra no custo, porque o GNV consome
menos — a economia é equivalente a três
litros de diesel a cada 100 km percorridos,
pelas contas de Roberto Falcão, membro
da Comissão de Tecnologia de Motores
Diesel da Sociedade de Engenheiros da
Mobilidade (SAE Brasil).
Há diferença no bolso, mas não ao volante. O sistema permite que, com GNV, o
veículo mantenha o desempenho do diesel, deixando inalterados aspectos como
torque, retomada, potência e dirigibilidade. Se o motorista não for avisado, talvez
nem perceba que está guiando com gás
natural – exceto pelo ruído, que é menor.
Isso acontece porque o aproveitamento do GNV é melhor em sistemas diesel do
que nos presentes em carros de passeio.
Falcão explica que, em motores do ciclo
Otto, como o usado em automóveis a gasolina e álcool, o gás expande e impede a
entrada de oxigênio suficiente para uma
combustão completa, fazendo com que o
carro perca até 20% do rendimento. Como nos motores diesel isso não ocorre, a
eficiência é maior.
Grandes diferenças
A novidade ainda não entrou em série, mas
já foi testada em vários veículos, e a Bosch
lançará um protótipo até o final do ano.
“Estamos iniciando uma história parecida
com a dos carros de passeio. Na época,o
mercado viu um potencial no álcool, mas
era complicado usar só esse combustível
por causa das flutuações de preços. En-
tão o usuário ganhou o poder de fazer essa escolha”, diz Leonardo Vecchi, chefe
da área de desenvolvimento de produtos
de inovação da divisão Diesel Systems da
Bosch América Latina.
Apesar de desempenhar uma função
semelhante, o flex para veículos pesados
apresenta diferenças importantes em relação ao sistema adotado nos automóveis.
Isso se justifica pelo fato de ele trabalhar
com dois materiais que não se misturam
(um líquido e um gás).
Assim, são necessários tanques distintos para armazená-los e injeções separadas para levá-los ao motor, com reflexos
no custo de produção. “O que dificulta a
adoção do gás nesse setor é que o investimento pesa, pois demanda muitos equipamentos”, afirma Roberto Falcão.
Entretanto, por lidar com um combustível mais barato, o investimento no flex
pode ser compensado ao longo da vida
útil do veículo. A Bosch fez um estudo
considerando uma taxa de substituição
do diesel pelo gás de 75%, com os preços
atuais dos combustíveis e uma rodagem
diária de 350 km durante seis dias por semana, em ônibus. A conclusão foi que o
novo sistema se paga em 1,2 ano.
O representante da Fetranspor também
avalia que há potencial para retorno econômico. Porém, esse objetivo deve vir acompanhado de garantia de abastecimento, preço
e infraestrutura. O maior problema, avalia
Guilherme Wilson, é a falta de uma política de governo clara e orientada para o seu
uso em veículo pesados. “Sempre faltou no
Brasil uma tecnologia veicular ou de conversão que pudesse dar sustentabilidade
técnica ao gás natural neste setor. Isso, a
Bosch estará disponibilizando. Precisamos
agora de apoio político.”
Já há avanços nessa direção, detecta
Sidney Oliveira, gerente de vendas e marketing da divisão Diesel Systems da Bosch
América Latina e diretor da Associação
Brasileira de Engenharia Automotiva. “A
matriz energética é uma política estratégica de governo, que ele controla com impostos. Houve um tempo em que o gás era
mais dedicado às usinas para geração de
energia, mas hoje, com o pré-sal, os veículos ganharam espaço.”
Gás natural
veicular emite
75% menos
materiais
particulados,
que são os
responsáveis
pela formação
da fumaça
cinza
Marcos Peron/kino.com.br
12 | VidaBosch |
De todo o gás usado no Brasil
em 2009, 44% era importado,
principalmente da Bolívia. Esse
cenário deve mudar quando os
campos recém-descobertos na bacia
de Santos entrarem em operação
Um dos possíveis obstáculos é a dependência do mercado externo. Os dados mais
recentes consolidados pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) indicam que a
oferta diária de gás natural no Brasil, em
2009, foi de 58 milhões de metros cúbicos.
Desse total, 44% era importado, originário
sobretudo da Bolívia. A agência não dispõe
de dados específicos sobre GNV, um dos
subprodutos do gás natural. De qualquer
forma, as descobertas recentes estão elevando rapidamente a produção nacional.
“Na bacia de exploração em Santos está
sobrando gás natural, e logo o país será
autossuficiente nesse combustível”, afirma
Roberto Falcão. “Precisamos de estrutura
como tubulações para atender o aumento
de demanda que o flex deve promover.”
Vai melhorar
Diante desses fatores todos, fica claro que
essa não é uma revolução que se dará em
prazo muito curto. De qualquer modo, o
consumidor brasileiro – e o meio ambiente
– perceberão melhorias logo. É que mesmo o diesel produzido e utilizado no país
deve ser aprimorado nos próximos anos,
com a entrada em vigor de regras mais rígidas para emissão de poluentes. Todo o
setor diesel deverá sentir as mudanças.
Em 2012 é que começa a valer a sétima
fase do Programa de Controle da Poluição
do Ar por Veículos Automotores (Proconve), que prevê que os veículos movidos
a diesel reduzam em 60% as emissões de
óxido de nitrogênio e em 80% os índices
de material particulado.
Ao mesmo tempo, a Petrobras se comprometeu a produzir um diesel com menos
enxofre. O mais comum no Brasil hoje é o
diesel com 500 partículas de enxofre por
milhão (chamado de S500). Em 2012, deve
ganhar espaço o S50 e o S10.
14 | VidaBosch |
em casa
| Por Chantal Brisac
Nada
como a
água
Kheng Guan Toh
Um convite à contemplação
e ao relaxamento, a água
valoriza áreas externas,
garante frescor
e aguça os sentidos
16 | VidaBosch |
em casa
em casa | VidaBosch | 17
Shutterstock
Neelsky
Andries Oberholzer
Fontes
e aquários
levam para
casas e
apartamentos
a sensação de
tranquilidade
transmitida
pela água
S
eja em um meditativo laguinho ao esti­lo japonês, em uma convidativa piscina ou numa simples fonte, a água sempre
teve seu lugar de destaque na arquitetura
e na decoração. Há 3 mil anos, os sábios
chineses já falavam da importância desse elemento vital. A prática do Feng Shui,
que surgiu na China nessa época, mostra a
união dessas duas forças naturais: o vento
(feng) e a água (shui). A primeira, sob essa
perspectiva, é uma energia invisível e que
não pode ser detida; já a segunda, além de
visível, pode ser canalizada. Conduzida e
usada da melhor forma, sem agredir a natureza, ela traz conforto, relaxamento, frescor e energia, entre outras boas sensações.
Com lugar de destaque no paisagismo,
a água se integra bem em qualquer espaço
externo, deixando os jardins ainda mais bonitos e agradáveis. Enquanto, em um estilo
mais solene, as fontes e espelhos d’água
pincelam o cenário de pátios e fachadas,
antigas ou contemporâneas, riachos e represas fazem parte de recantos pitorescos
em sítios e fazendas.
Mas como hoje a população está mais
concentrada nas cidades e, portanto, convive em espaços reduzidos, é natural que se
queira levar as sensações de tranquilidade
transmitidas por esse elemento para dentro de suas casas e apartamentos. Surgem
assim maneiras pouco convencionais de
incorporar a água em pequenos jardins,
varandas e até em ambientes internos.
Para a arquiteta Renata Fernandes,
que trabalha no renomado escritório de
Marcelo Faisal, de São Paulo, qualquer
projeto que leve em conta o uso da água
como elemento ornamental deve ser ecologicamente responsável, preocupandose, por exemplo, em reutilizá-la. “Dentro
desse parâmetro, os recursos são variados.
Podemos brincar com a ideia em espelhos, cortinas d’água ou mesmo trabalhar
a água em colunas, com cilindros, como
se fossem verdadeiras esculturas ou tótens aquáticos”, explica Renata.
O barulhinho que a água faz enquanto
percorre seu caminho produz uma musicalidade relaxante, que tem o dom de
deixar o cenário ainda mais prazeroso.
Projetos com água ajudam a abafar ruídos desagradáveis da cidade, como o das
buzinas no trânsito e das britadeiras em
construções, trazem maior umidade à casa
e neutralizam poluentes. São ideais nos
dias de calor, já que a evaporação do líquido cria minúsculas partículas no ar
que deixam o ambiente mais fresco. De
acordo com a doutrina do Feng Shui, ter
uma fonte em casa traz prosperidade. O
movimento do líquido faria com que as
energias circulassem positivamente pela
casa e ainda aumentaria o poder de foco
dos moradores.
Vantagens mais palpáveis? A água tem
a capacidade de ressaltar a plasticidade
do ambiente. O reflexo do céu, das nuvens
e da própria luz sobre sua superfície dá
sensação de aumento do espaço e é capaz
de duplicar imagens de objetos como esculturas e vasos. Ela também atrai animais
de estimação, que adoram se aconchegar
perto de fontes e espelhos d’água. Quem
tem fonte na varanda ou no jardim pode
Projetos com água
Cascatas e cortinas d’água
Podem ser elaboradas nos mais diversos estilos. Com distribuidor, em duas
quedas, efeitos espumantes, vários níveis, vertedor (iluminado ou não), em
parede, em pedra, em vidro e em roda
d’água. Servem para ambientes internos e externos.
Fontes interativas
Funcionam por meio de um moderno
sistema que gera um espetáculo dinâmico de jatos d’água e luz. O grande
diferencial é que esse modelo permite
a interação entre as pessoas e a água.
Ou seja, você pode tocá-la e caminhar
entre os jatos. Para isso, o local é coberto por um piso antiderrapante e um
conjunto de reservatórios recobertos
por grelhas metálicas, por onde saem
os jatos de água e os focos de luz,
criando efeitos e movimentos de acordo com uma sequência sincronizada.
A iluminação pode ser controlada por
painéis de comando equipados com temporizadores digitais. Assim, é possível
programar os horários de funcionamento – só durante a noite, por exemplo.
Aquário com peixes
Apesar da atração exercida por suas
mais variadas espécies, cores e movimentos, os peixinhos são apenas parte
de um ornamento que envolve outros
elementos. É um trabalho para equilibrar
o modelo de aquário, as plantas aquáticas, a iluminação, o efeito da bomba de
oxigênio, o filtro de limpeza, o sistema
de aquecimento, pedras de tamanhos
variados e outros itens decorativos, como
conchas, estrelas e corais nas versões
com água salgada.
Lago artificial
Caso a opção seja por um laguinho, o
ideal é colocar carpas, as preferidas pela
variedade de cores e longevidade – podem
viver até 100 anos. Kinguios, cascudos e
tilápias também são muito utilizados. No
entanto, há que se ter cuidado para não
contrariar algumas regras da natureza.
“Algumas espécies são inimigas naturais
e não devem ser colocadas em conjunto,
como tilápias e carpas”, diz a paisagista
Lucia Borges. A higienização mensal é
necessária para que o pH da água permaneça equilibrado e micro-organismos
não se acumulem, prejudicando os peixes. O uso de plantas aquáticas – caso
das ninfeias, sagitárias, alfaces d’água,
entre outras – também é essencial, já
que muitas espécies ajudam na limpeza.
Para auxiliar nesse processo, nada como
a orientação de um especialista.
18 | VidaBosch |
em casa
em casa | VidaBosch | 19
Joe Belanger
presenciar o banho diário de passarinhos
nesses pequenos espaços refrescantes.
“Existem diversos jeitos de aproveitar
as incríveis qualidades da água em uma
casa, e as fontes, que podem ser bastante
simples, são uma dessas formas”, pontua o
arquiteto paulistano João Vicente Cunha.
Segundo o especialista, vale também usar
pedras para amortecer a queda d’água e
escolher um motor silencioso, para que
não haja ruídos indesejáveis nesse cenário de sonho.
Segundo a consultora de Feng Shui Silvana Helena Occhialini, a presença de terra, árvores e água límpida transmite boas
sensações. “Hoje, essa arte se escora sob
quatro paredes, mas ela não perdeu sua
essência. O Feng Shui não é um recurso decorativo, mas uma arte que busca
saúde e harmonia”, afirma a consultora.
Para ela, as fontes de água são muito bemvindas, especialmente na entrada da casa.
Alguns cuidados são necessários. “Além
de manter a água limpa e funcionando, é
bom colocar gotinhas de água sanitária
na fonte para não criar musgo”, explica,
lembrando que a filosofia chinesa trabalha com os cinco elementos: água, terra,
madeira, fogo e metal. “Em nossa casa,
precisamos ter todos os elementos em
equilíbrio”, diz.
Fontes
Vanessa Branco/Divulgação
As fontes são um dos objetos mais utilizados por especialistas em Feng Shui.Feitas
de diversos materiais, incluindo metais,
PVC, cerâmica e bambu, elas podem ser
dispostas em pequenos espaços da casa
e do apartamento. Há algumas revestidas
de fulget (um revestimento também chamado de granito lavado) e com interior
de pastilhas de vidro.
Existem modelos que podem ser comprados prontos, especialmente os de
O motorzinho usado em
aquários também é recomendado
para fontes. Nelas, o nível da
água precisa ser verificado
periodicamente – sem água, a
bomba quebra
cerâmica. As artistas plásticas Vanessa
Branco (www.vanessabranco.com.br) e
Bia Ferreira da Rosa (www.biaceramica.
com.br) produzem belos exemplares de
minifontes de cerâmica, ideiais para recantos externos e internos.
Já nos projetos paisagísticos, o que conta
é a criatividade. Pedras coloridas, troncos
de árvores caídas, antigos dormentes de
ferrovias... são vários os materiais que
podem compor uma fonte ou uma lâmina
d’água instalada em um jardim. Plantas
especiais para a água também vão bem.
Em um projeto recente, a paisagista Gi-
gi Botelho concebeu um tanque que fica coberto por plantas aquáticas, como
ninfeias e papiros. A água da fonte cai em
uma parte repleta de seixos, dando um
ar rústico e agradável ao jardim.
O minimotor usado em aquários é o
mais indicado para as fontes. Ele faz a água
vibrar e subir pela bica. Ao cair, provoca
um barulhinho relaxante e deixa a fonte
aerada, o que a mantém livre de bactérias e mosquitos que se proliferam em
águas paradas. Mas o motor deve estar
sempre ligado, e o nível da água deve ser
observado com frequência. Os modelos
expostos ao sol tendem a evaporar rapidamente, por isso pedem abastecimento
constante. Sem água, a bomba quebra e
será preciso trocá-la. Por isso é importante fazer uma limpeza mais caprichada
a cada dois meses, desligando a bomba
da tomada, lavando a base com água e
sabão neutro e enchendo com água nova.
O equipamento por trás da decoração
Para fazer uma bela peça de decoração que funcione corretamente, como uma fonte ou um aquário, é necessário
ter um maquinário eficaz. A Bosch disponibiliza uma peça
no mercado que, aliada a acessórios, é capaz de fazer o
adereço funcionar da maneira que se deseja.
Na verdade, são dois tipos de bombas que tornam possível
que a água flua por uma fonte, por exemplo. “A do tipo fluxostato funciona de acordo com o fluxo de água. Ela pode
vir de uma caixa d’água. Já o modelo pressostado (foto ao
lado) libera o líquido à medida que diminui a pressão nos
canais a que está ligado. Por exemplo, quando uma torneira é aberta”, explica Ricardo Amaral, técnico da divisão de
aquecedores da Bosch.
No entanto, para que funcionem de forma apropriada, é
necessário que estejam ligadas a três acessórios. “A pessoa vai ter de pedir ao técnico que instale a bomba para
colocar um controlador, um filtro e um interruptor para
ligar e desligar. Só assim a bomba vai liberar o fluxo de
água”, enfatiza Amaral.
Segundo ele, depois de realizadas essas conexões, é possível fazer com que a fonte tenha uma série de proprieda-
Faça você mesmo
Que tal criar uma fonte? Acredite,
não é complicado. Tudo o que você
vai precisar, além de um vaso grande
de planta ou uma cuba de PVC, são
pedaços de bambus e pedras coloridas. Também é essencial uma bomba
submersa de baixa potência, como
as usadas em aquário. Para começar,
perfure com uma furadeira o pedaço
de bambu e coloque na lateral do
vaso. Ponha a bomba submersa no
vaso e passe por dentro do bambu.
Coloque seixos e pedras, encha de
água e sua fonte está pronta.
Arquivo Bosch
A Bosch na sua vida
des para funcionar de forma automática. “Quem instalar
pode colocar um temporizador ou um sensor de luz. Dessa forma, a fonte pode funcionar à noite e parar quando
amanhecer. Dá até para ficar iluminada quando o ambiente
estiver escuro”, completa o técnico da divisão de aquecedores da Bosch.
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Cascatas podem ser usadas em ambiente externo, como piscinas, ou interno
• Confira as diferenças de rendimentos das bombas pressurizadoras da Bosch
20 | VidaBosch |
tendências
| Por Manuel Alves Filho
Reforço nas
pedaladas
Bicicletas motorizadas, como as
de propulsor elétrico, se destacam por
seu apelo ecológico e garantem
mais conforto que as bikes convencionais
Shutterstock
O
trânsito caótico e a deficiência do transporte público, características comuns das grandes e médias cidades brasileiras, têm levado um número crescente de pessoas a buscar
alternativas de deslocamento para o trabalho, o estudo ou o lazer. No lugar do automóvel ou do ônibus, elas preferem lançar
mão das bicicletas, que aliam atividade física com poluição zero.
Essas duas características, porém, acabam às vezes sendo um
obstáculo para que essas bikes se disseminem ainda mais: não
é todo mundo que tem fôlego para pedalar por muito tempo ou
consegue chegar ao trabalho sem suar em bicas.
Para contornar esses inconvenientes, há uma alternativa que
pode ganhar espaço no mercado: bicicletas motorizadas. Há dois
tipos principais. As com motor a combustão – uma espécie de
versão contemporânea da antiga mobilete, ciclomotor bastante
popular na década de 1980 – conseguem percorrer de 75 a 160
quilômetros com um tanque de gasolina, mas são poluentes (embora menos que as motos) e sofrem a concorrência das motocicletas de menor cilindrada, que estão sendo vendidas com juros
cada vez menores a serem pagos em prazos cada vez maiores.
Já as de motor elétrico, chamadas de e-bike, criam um novo
filão. Rodam menos (cerca de 30 quilômetros), permitem que o
ciclista mescle pedaladas com aceleradas e não agridem o meio
ambiente, pois não queimam combustíveis fósseis. Numa época
em que o tema “mudanças climáticas” não sai da agenda mundial, é um atributo que faz diferença.
O Brasil não dispõe de estatísticas oficiais que apontem quantas
bikes motorizadas trafegam por suas cidades. Mesmo a Associação
Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo) informa não ter dados a
tendências
tendências | VidaBosch | 23
A manutenção
das bicicletas
motorizadas sai
bem mais em
conta do que a
das motos
respeito, por não contar com associados
que produzam esse tipo de veículo. Ainda
assim, há pistas de que a frota de magrelas
com motor esteja aumentando.
Ricardo Rosalem, gerente comercial
da MicroMachine, empresa em atividade
desde 1997 e que há dez anos fabrica dois
modelos com motor a combustão, observa
que houve retomada do crescimento das
vendas dos veículos motorizados de duas
rodas em geral. “Penso que as bicicletas
motorizadas também devem se beneficiar
dessa tendência, visto que o mercado para
elas já é crescente”, prevê.
As bicicletas elétricas que circulam no
Brasil são em grande parte importadas,
sobretudo da China. Em Goiânia, porém,
há uma fábrica genuinamente brasileira,
embora tenha o nome de Brazil Eletric
Bike. Comandada por Marlos de Souza, a
empresa atua há cinco anos no mercado
nacional, mas também exporta para países
da América Latina. Segundo o empresário,
as vendas ainda são relativamente tímidas, mas as perspectivas são boas. “Com
o trânsito dos centros urbanos cada vez
mais caótico e com a pressão social em
favor do uso de meios de transportes ambientalmente corretos, estou convencido
Bicicletas com motor elétrico,
conhecidas como e-bike, alcança
velocidade média de 40 km/h
e têm autonomia para rodar
por 30 quilômetros
de que a bicicleta elétrica será um dos veículos do futuro”, afirma.
Os modelos produzidos pela empresa
goiana desenvolvem velocidades médias
em torno de 40 km/h e custam a partir de
R$ 2 mil. O tempo de carga das baterias
varia de duas a oito horas, dependendo da
versão. Uma das características das e-bikes
fabricadas por Souza, assegura o empresário, é que elas são verdadeiramente híbridas. “Os veículos podem ser tracionados
pelo motor elétrico, pelo condutor, com
o auxílio dos pedais, ou pela combinação
dessas duas forças”, explica.
Os empresários do setor avaliam que
esses veículos apresentam vantagens em
relação tanto às motocicletas quanto às
bicicletas convencionais. A manutenção
é mais simples e barata que a das motos;
ao mesmo tempo, garantem um deslocamento por grandes distâncias sem causar
desgaste ou cansaço como as bicicletas.
Pelos cálculos de Souza, o custo-be-
nefício proporcionado pelo uso de uma
magrela elétrica é excelente. “O gasto é de
R$ 0,25 para cada 35 km percorridos. Ou
seja, é mais barato do que andar a pé, pois
o gasto com arroz, feijão e sola de sapato
é muito maior”, propagandeia, de forma
bem-humorada.
As bicicletas com motor a combustão
custam em torno de R$ 1,5 mil a R$ 3 mil,
conforme o modelo. A maioria promete
cumprir entre 50 e 80 quilômetros por
litro de gasolina, a uma velocidade que
pode chegar a 50 km/h.
O perfil dos clientes, tanto de um quanto
de outro modelo, é bastante variado – homens, mulheres, jovens, adultos. O uso,
também – para ir ao trabalho, à escola ou
para passear.
Norma polêmica
Apesar de todas as virtudes, as bicicletas
elétricas ou a combustão são alvo de polêmica. O Conselho Nacional de Trânsito
(Contran) baixou em 2009 uma resolução
equiparando esses veículos a ciclomotores.
Assim, pela legislação, eles precisam ser
dotados de equipamentos de segurança
(tais como espelhos retrovisores de ambos
os lados, farol dianteiro, lanterna traseira,
velocímetro e buzina). O uso de capacete
pelo piloto é obrigatório. Como dito anteriormente, esses veículos não têm autorização para circular por rodovias ou mesmo
vias de trânsito rápido, as chamadas expressas. Ou seja, só podem ser usadas em
ruas secundárias, de tráfego lento.
Seus condutores devem ter, no mínimo,
18 anos, e possuir habilitação para dirigir
motocicletas ou a chamada ACC, sigla para
Autorização para Conduzir Ciclomotor. O
processo de obtenção da ACC é o mesmo
da Carteira Nacional de Habilitação (CNH),
informa o coordenador geral de Infraestrutura de Trânsito do Departamento Nacional
de Trânsito (Denatran), Orlando Moreira
da Silva. “O candidato deve ser aprovado na avaliação psicológica, no exame de
aptidão física e mental, na prova escrita e
no exame prático, realizado em vias públicas”, acrescenta.
Os profissionais do setor reclamam. Os
fabricantes e revendedores, porém, afirmam que até uma criança pode conduzir
a e-bike, da mesma forma que as bicicletas
convencionais. “A bicicleta elétrica é inimputável, pois o mesmo Contran que estipulou essas normas também proibiu que
esses veículos sejam emplacados. Ora, se
não tem placa, como lavrar uma multa?”,
questiona Souza.
Na prática, elas estão situadas numa dimensão indefinida do trânsito, visto que
não equivalem nem às bicicletas convencionais nem às motos. Para o presidente da
União de Ciclistas do Brasil (UCB), Antonio
Miranda, por desenvolver velocidade muito superior a 25 km/h, teto definido para
as ciclovias, as bicicletas motorizadas não
podem circular nesses espaços.
Lucas Pimentel, presidente da Associação Brasileira de Motociclistas (Abram),
entidade que congrega 500 motoclubes
do país e representa 43 mil motociclistas,
avalia que a principal preocupação em relação ao trânsito das bikes a motor reside
na falta de fiscalização por parte dos poderes públicos municipais. Embora a legislação federal determine que as prefeituras
devam responder pelo registro e fiscalização desses veículos, isso dificilmente é
obedecido. “Eu desconheço cidades que
cumpram a determinação.”
A Bosch na sua vida
Motor ajuda ciclistas no trânsito
O trânsito das grandes cidades e o
transporte público insuficiente para
suprir as necessidades de locomoção
da população fazem com que cada
vez mais pessoas optem por comprar
uma bicicleta. Além de tudo, é uma
opção saudável. No entanto, há certa
rejeição quando se trata de pedalar
longas distâncias. Unindo a praticidade da bicicleta à comodidade oferecida pelas motos, surgem, então, as
chamadas “magrelas motorizadas”.
O sistema não substitui as pedaladas,
apenas as auxilia. O Sistema eBike
Bosch é composto por unidade de
acionamento, que inclui motor e sensores, uma bateria de íons de lítio
recarregável e HMI (Human Machine
Interface) localizada sobre o guidão.
O motor de 250 watts pesa apenas
2,3 kg e está posicionado de forma
estratégica no quadro, permitindo um
centro de gravidade baixo e, consequentemente, maior estabilidade ao
pedalar. A velocidade máxima é de 25
km/h, o que possibilita que a eBike
seja conduzida em ciclovias.
O dispositivo é acionado com pedaladas na e-Bike e permite escolher
entre quatro modos de apoio – Eco,
Tour, Sport e Speed – podendo ser
ajustado cada um em três níveis. Portanto, é possível optar entre 12 programas de força de apoio. A opção
Eco é a mais econômica e possibilita percorrer até 80 km. Já a Tour é
ideal para passeios de longo alcance. A Sport possibilita andar bem
no tráfego urbano, e a Speed, que
atinge a velocidade máxima de 25
km/h, permite percorrer a distância
de 35 km.
A bateria do Sistema eBike Bosch foi
projetada utilizando a tecnologia de
íons de lítio. Tem tamanho e peso
reduzidos, levando apenas duas horas e meia para ser completamente
carregada. Em uma hora, já está com
50% da carga preenchida.
A interface HMI recebe os dados a
partir dos três sensores da unidade
de acionamento. Assim, dá acesso a
informações como velocidade, status
da bateria, modos de apoio e distância a ser percorrida.
Em breve, a Bosch disponibilizará a
HMI Advanced, que contrará com interface USB para carregar telefones
celulares e MP3 players.
Arquivo Bosch
Barone Firenze
22 | VidaBosch |
Conteúdo exclusivo on-line I www.vidabosch.com.br
• Veja como o motor funciona em www.bosch-ebike.com
grandes obras
| Por Rafael Spuldar
João Paulo Ceglimski/Divulgação
Um porto
grande para
Rio Grande
Obras no segundo maior porto
do Brasil vão permitir tráfego de
navios maiores e devem
consolidá-lo como um dos principais
entrepostos do Cone Sul
E
m meados do século 19, engenheiros e
navegadores que visitavam a Barra do
Rio Grande duvidavam que o local, contato
entre a Lagoa dos Patos e o mar, no sudeste
do Rio Grande do Sul, pudesse abrigar um
porto. As águas eram muito agitadas, a profundidade era pouca, os trechos navegáveis
mudavam de lugar frequentemente. Mesmo
planos de aperfeiçoar a estrutura receberam
críticas. Tais obras eram tachadas de “inexequíveis” e “mais nocivas do que úteis”.
Para a sorte dos gaúchos e do Brasil,
esses e outros adjetivos bradados pela burocracia da época do Império logo caíram
no ridículo: em 1915 foi inaugurado o cais
principal do porto de Rio Grande, a 317
quilômetros de Porto Alegre, substituindo outro local do município que recebia
embarcações. Hoje, é o segundo maior do
Brasil em movimentação de cargas, atrás
apenas de Santos, e está recebendo fortes
investimentos federais para obras de ampliação e modernização.
Os novos aportes vão consolidá-lo como o
“porto do Cone Sul” — sua proximidade com
Uruguai e Argentina já lhe dá uma posição
estratégica para o transporte continental
de cargas. O “superporto” deverá fechar
2010 com o recorde de movimentação de
30 milhões de toneladas; para 2015, a previsão é que chegue a 50 milhões.
Os recursos têm potencial para mudar o
perfil do empreendimento. Com as obras,
navios com mais carga e de dimensão maior
poderão embarcar e desembarcar no município de Rio Grande. “Os navios que hoje
carregam 40 mil toneladas poderão carregar
80 mil, e isso muda a performance dentro
do canal”, destaca o superintendente do
porto, Jayme Ramis.
Desde 2008, o governo federal investiu
R$ 800 milhões em Rio Grande por meio
do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que serviram para aumentar o
calado (profundidade) do canal do porto
e para prolongar os molhes — estruturas
de pedra e concreto que avançam da terra
para o mar, protegendo a costa e dando
mais estabilidade para o leito navegável.
A ampliação do molhe oeste já terminou,
Assim que estiver concluída, a estatal dará
início à produção em forma seriada de oito
cascos FPSO (sistema flutuante de produção,
armazenamento e transferência de óleo)
para plataformas de petróleo submersíveis.
A Petrobras, que por contrato tem por dez
anos o direito exclusivo de usar o Polo Naval,
prevê injetar mais de R$ 12 bilhões no local.
A ampliação do porto e a inauguração do
polo também chamam a atenção de empresas nacionais e estrangeiras interessadas
em construir novos terminais privados e
estaleiros em Rio Grande. Segundo o superintendente, já existem estudos de viabilidade e protocolos de intenção nesse sentido.
“Estamos trabalhando na preparação do
porto de Rio Grande para ser efetivamente o porto do Cone Sul, no sentido de que
ele é o único na região com profundidade
compatível com grandes navios petroleiros
e graneleiros que operam linhas regulares
para Europa, Ásia e África”, diz Jayme Ramis.
Obra que gera mais obras
A ampliação da capacidade do porto está
ligada a outras reformas fundamentais pa-
e a do leste deve ficar pronta ainda em 2010.
Após as obras, cada estrutura ficará com
cerca de 4 quilômetros de comprimento.
A profundidade do porto será de 42 pés
(12,8 metros).
Outra etapa do empreendimento é a modernização do cais, com reformas estruturais em uma extensão de 1.125 metros. O
projeto, cuja licitação deve sair até o fim de
2010, tem custo estimado em R$ 113 milhões.
Barcos fora d’água
Os maiores investimentos relativos ao porto de Rio Grande, no entanto, destinam-se
não ao percurso das embarcações no mar,
mas fora dele. Trata-se do Polo Naval, em
especial do dique seco, estrutura portuária
destinada a reformas e construção marítimas. Feito em pouco mais de quatro anos,
em uma obra que empregou diretamente 1,4 mil pessoas, ele tem 430 mil metros
quadrados — o segundo maior do mundo.
Lá já está sendo construída a plataforma
P-55 da Petrobras. A obra, no auge, deve empregar de 2 mil a 2,5 mil pessoas diretamente.
ra o escoamento da produção e dos bens
transportados. Uma delas é a duplicação
da rodovia BR-392, que liga Rio Grande a
Pelotas — no período de safra da soja, por
exemplo, o fluxo de caminhões na estrada
chega a 1,6 mil por dia. O custo da obra,
que já está sendo realizada, fica na casa
de R$ 1,2 bilhão. Também está prevista a
duplicação da BR-116 entre Pelotas e Porto
Alegre – outro trecho tido como essencial
para as operações do porto de Rio Grande.
O superintendente vê o sistema ferroviário como a grande deficiência para escoamento dos produtos que chegam do mar.
Segundo Ramis, a linha férrea que liga Rio
Grande à região metropolitana de Porto
Alegre faz um desvio muito grande, o que
onera demais o transporte por trens.
De qualquer modo, o porto estuda uma
parceria para integrar-se a uma rede de
ferrovias que percorre, além do Rio Grande
do Sul, também Santa Catarina, Paraná e
Mato Grosso do Sul, num trajeto total de 3
mil quilômetros. A ligação poderia ir até o
Chile, dando ao Brasil uma opção geograficamente impossível: uma saída ao Pacífico.
A Bosch na sua vida
Contribuindo para o Polo Naval
A ampliação do porto de Rio Grande está
ocorrendo paralelamente à construção, no
local, do Polo Naval. É lá que serão feitas
e reformadas algumas das plataformas
mais importantes para a exploração de
petróleo no Brasil. Uma das estruturas
já em gestação é a P-55, da Petrobras.
Nesse processo, estão sendo usadas
três ferramentas da Bosch, “para que
o resultado seja satisfatório”, diz José
Maria da Silva Ramos, supervisor de almoxarifado da QUIP, empresa responsável pela construção e montagem das
plataformas em Rio Grande.
A Retífica Reta GGS 27 L Professional
vem sendo utilizada para fazer a limpeza dos tubos que transportarão óleo e
gás do solo do mar até a plataforma.
Com sua ponta abrasiva e dispositivo
que diminui vibrações, o equipamento
desbasta estruturas metálicas e dá bom
acabamento nos tubos.
A retífica também é importante na montagem das bases da plataforma — formadas
por peças e estruturas de metal, ligadas
por solda. A ferramenta deixa a solda
sem ranhuras, facilitando o encaixe das
peças metálicas.
A construção da plataforma também
recorre a esmerilhadeiras da Bosch. A
Esmerilhadeira Angular de 7 polegadas
GWS 21-180 Professional é usada nos
serviços de corte, desbaste e rebarbação em metais e soldas.
Já a Esmerilhadeira Angular 4 ½ pole-
Arquivo Bosch
24 | VidaBosch |
gadas GWS 6-115 Professional ajuda a
garantir a emenda ideal entre as peças
de ferro, que vão resultar na montagem
da plataforma e alcançar os pontos mais
difíceis de acesso.
As duas se destacam por serem facilmente manejáveis e por terem uma boa
relação entre peso e potência.
Conteúdo exclusivo on-line I www.vidabosch.com.br
• Saiba como usar a retificadeira reta da Bosch
26 | VidaBosch |
brasil cresce
| Por Felipe Lessa
Educação high-tech
estoura no Brasil
Shuttestock
Número de matriculados em cursos à distância cresce
600% em três anos e preenche lacuna no ensino superior no país
Q
brasil cresce
Yuri Arcurs
uem viveu os anos 80 bem se lembra. A década viu a disseminação de
meios pouco convencionais de ensino, com
cursos em grandes redes de televisão, por
correspondência e até aulas em áudio por
meio de fitas cassete, que vinham em revistas para tocar no finado walkman. Só que
o método de ensino à distância se disseminou e acompanhou o avanço da tecnologia. Hoje, o negócio é aprender na frente
do computador.
A popularização da internet banda larga
é apontada por especialistas como um dos
principais motivos para a recente explosão
brasil cresce | VidaBosch | 29
da educação à distância no Brasil. Para se
ter ideia, foi registrado um crescimento de
600% no número de alunos matriculados
nos cursos superiores on-line entre 2005 e
2008, segundo o censo realizado pela Associação Brasileira de Educação à Distância
(Abed) em 2009. Contudo, ainda existem
desafios a serem superados, como a falta
de professores qualificados e de material
didático adequado.
E o avanço tem sido evidente desde então. As ferramentas são as mais variadas
possíveis: trabalhos em grupo podem ser
feitos em salas de bate-papo, as aulas são
assistidas em vídeos transmitidos pela
internet e professores tiram as dúvidas
por e-mail. Aos poucos, os cursos menos
modernos, como os oferecidos pelo Instituto Universal Brasileiro e o Telecurso
2000, estão se atualizando e também utilizando a web.
Até o ano passado, essa foi a maneira mais
viável encontrada por 649.854 brasileiros
para ter acesso à educação superior, segundo
dados do Ministério da Educação (MEC). O
perfil de estudante também é variado. Vai
desde um chefe de uma família de classe
média baixa que busca se atualizar, mas
não encontra tempo em sua rotina, até um
jovem que sonha em ser veterinário, mas
mora numa fazenda do interior de Goiás.
Para o professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP)
Roberto da Silva, uma das maiores vantagens é a administração do próprio tempo. Um exemplo disso é o estudante de
pedagogia da Universidade Federal de
São Carlos (Ufscar) Marcelo Moura, que
não conseguiria conciliar o curso com
sua rotina de trabalho. Assim, utiliza as
madrugadas e finais de semana para fazer exercícios e ler os textos das aulas.
O perfil de
quem estuda
on-line é
bem variado:
administrar
o próprio
tempo é
uma das
vantagens
dessa
forma de
aprendizado
Segundo o MEC, até 2009 cerca de
650 mil brasileiros encontraram na
web a maneira mais viável de ter
acesso garantido ao ensino superior
Por outro lado, as exigências de tempo
chegam a ser maiores do que nos cursos
presenciais, pois, segundo o estudante,
“cada atividade, seja ela um fórum ou um
texto dissertativo, conta frequência, e, se
você não tiver 75% de presença, não pode
fazer as provas presenciais”. “Isso cansa
bastante e te obriga a ficar on-line mais ho-
ras do que ficaria numa sala de aula”, diz.
A possibilidade de desenvolvimento de
autonomia em relação aos estudos é vista
por Silva como um ponto positivo nesses
cursos, já que o aluno tem de se esforçar
muito mais e ser bastante ativo para conseguir um bom aproveitamento. “O estudante
desenvolve seu próprio saber, exercendo
sua preparação por conta própria. Aí, ele
apenas utiliza as orientações do professor,
mas não depende delas para aprender, como
é praxe no ensino presencial”, acrescenta
o docente. Moura partilha da mesma opinião em relação ao conhecimento autodi-
Zurijeta
28 | VidaBosch |
Fotoline
brasil cresce
brasil cresce | VidaBosch | 31
data, mas sente a falta de mais participação dos professores e tutores, pois “seria
muito produtivo que interferissem mais
em nossas discussões e textos”.
Outro ponto positivo é a variedade da
oferta, já que existem cursos para diversas
áreas do conhecimento, ainda que o foco
seja em ciências humanas e tecnológicas.
Segundo o censo da Abed, as formações
mais procuradas são administração, pedagogia e tecnologia. Também é possível
encontrar cursos na área de biológicas.
Além disso, instituições de elite do Brasil
já oferecem aulas on-line, como a Unicamp
e a USP. Até as universidades de Berkeley,
Yale e Harvard, nos Estados Unidos, disponibilizam gratuitamente a bibliografia
de parte de seus cursos para estudantes
autodidatas, mas não há qualquer vínculo ou diploma emitido pelas entidades.
Por outro lado, as aulas on-line não são
recomendadas para estudantes com pouca
escolaridade, pois a lacuna de formação
geral pode não só dificultar o desempenho
e o aproveitamento do curso como também mascarar as necessidades de capacitação. “É por isso que essa modalidade tem
funcionado melhor na graduação e pósgraduação, e não no ensino fundamental,
por exemplo”, explica Roberto. A pouca
interação com outros colegas também é
vista como um ponto negativo pelo professor, que acredita que o conhecimento
é construído de maneira coletiva, a partir
de observações e pelos erros próprios e
dos outros. “Claro que esse modelo não é
perfeito, existem lacunas que jamais seriam preenchidas. Ele é muito bom dentro
de um contexto relativamente específico”, afirma.
Além disso, o boom no setor não foi
acompanhado pela formação de professores capacitados para lidar com esse novo
tipo de método de ensino. Na opinião de
Fernando Rodrigues de Castro, gerente da
unidade de pedagogia do Centro de Educação à Distância (Cead) da Universidade
de Brasília (UnB), muitos educadores são
obrigados a se adaptar de forma abrupta
ao novo método, o que pode comprometer
a qualidade do ensino. O mesmo acontece com o desenvolvimento de material
didático adequado, que, segundo ele, ge-
Instituições renomadas no país já
têm aulas on-line, como a Unicamp
e USP. Nos EUA, Harvard está entre
as que oferecem material na rede
ralmente é apenas transposto do mundo
off-line para o on-line, não sendo adaptado de acordo com suas peculiaridades.
Rede conectada
A tecnologia tem sido fundamental para a
disseminação desse tipo de ensino, principalmente a popularização da internet
em banda larga, que, segundo o MEC, está presente em todos os municípios brasileiros. Outro dado bastante animador
é o crescimento do acesso à web, que
passou de 13,9 milhões de domicílios em
2008 para 18,3 milhões no ano seguinte,
representando um crescimento de 35%,
segundo a pesquisa TIC Domicílios 2009,
realizada pelo Comitê Gestor da Internet
no Brasil (CGIbr).
Segundo o secretário de Educação à
Distância do Estado de São Paulo, Carlos
Alberto Vogt, a tecnologia é responsável
não apenas pela montagem de sistemas de
aprendizados mais eficientes, mas também
de métodos de avaliação mais rígidos. “Isso deu mais credibilidade aos cursos, que
hoje possuem um bom padrão de qualidade e controle pelo governo”, afirma Vogt,
responsável pela criação da Universidade
Virtual Paulista, em 2008, uma parceria
entre as três principais universidades pú-
blicas estaduais – Unesp, Unicamp e USP
– para cursos semipresenciais.
Ainda existe muita desconfiança em relação à qualidade do ensino à distância,
tanto por parte dos estudantes como de
empresas, preconceito que se deve principalmente ao número espantoso de instituições de baixa qualidade. O MEC iniciou uma
fiscalização no setor há dois anos, sendo
que foram encontrados 5.163 centros funcionando sem o devido credenciamento e
que não cumpriam as exigências mínimas
estabelecidas. “É fato que ainda existe muito trabalho a ser feito para consolidar esse
tipo de ensino no Brasil, mas boas provas
já foram dadas de seu funcionamento, sobretudo na graduação e em cursos de especialização”, finaliza Rodrigues.
A Bosch na sua vida
Alavanca para o conhecimento
O setor empresarial já percebeu o potencial da internet como ferramenta de treinamento, e está investindo fortemente nesse ramo. Por meio do sistema Super Profissionais,
a Bosch capacita vendedores, distribuidores e aplicadores
(como mecânicos e eletricistas), além de pessoas que participam de seus programas de relacionamento.
O sistema surgiu em 2001, estabelecendo parceria por meio
de fascículos impressos encaminhados pelo correio. Foi renovado em 2006, diante da necessidade de se criar um canal
para levar conhecimento e informação sobre os produtos da
empresa para as cerca de 60 mil oficinas independentes do
Brasil. Hoje, está disponível tanto em português quanto em
espanhol e tornou-se mais do que um curso on-line: gerencia todo o processo de inscrição do Centro de Treinamento
Técnico Automotivo da Bosch.
De modo a tornar o conteúdo de aprendizado acessível, a
plataforma faz uso de recursos como simulações de componentes, vídeos, esquemas, narração em áudio e inúmeras
imagens, inclusive mostrando as peças em corte. O treino
à distância concentra quase todo o conteúdo teórico dos
cursos que a empresa oferece, e se tornou um pré-requisito
para quem quer participar das aulas presenciais.
“Com isso, nós tivemos um ganho de tempo enorme, pois
antes as aulas eram até 70% teoria, e hoje são 80% prática”,
Arquivo Bosch
30 | VidaBosch |
explica Lúcia Maria Cuque, chefe de treinamento técnico e
comercial da Bosch.
Outro benefício que a nova metodologia trouxe foi uniformizar
o nível dos estudantes que realizam a parte prática do treinamento. “As turmas reuniam pessoas em níveis diferentes
de conhecimento, juntando profissionais experientes com
iniciantes. Com isso, as aulas precisavam ser interrompidas
a todo instante para permitir que todos acompanhassem.
Agora as atividades fluem melhor, o que reflete no aproveitamento do curso”, completa.
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• Navegue pelo site do programa SuperProfissionais Bosch
32 | VidaBosch |
atitude cidadã
| Por Marianne Piemonte
Começando
do começo
Cuidar da saúde e da educação da
criança nos primeiros anos ajuda a
prevenir doenças e a criar adultos
bem-sucedidos. O resultado? Um país
economicamente mais saudável
Denis Babenko
V
ocê vai a uma consulta porque sua pressão está mais
alta do que o normal. Senta-se, e o médico logo pergunta: “Até que idade você mamou?” Estranho? Pode parecer, mas ele estaria corretíssimo em querer ter acesso
a essa informação. De acordo com o presidente da Associação Paulista de Pediatria, José Hugo de Lins Pessoa,
os primeiros seis meses de vida são fundamentais para
prevenir doenças que podem surgir na idade adulta, como
acidente vascular cerebral (AVC), enfartes e alterações
nas paredes das artérias. “É provável que um bebê saudável seja um idoso mais saudável”, diz o especialista, e
garante que não exagera.
Pessoa ressalta o exemplo dos países nórdicos, em
que além da pediatria há a puericultura, que enfatiza a
prevenção. “Não se trata de saber qual o remédio para
baixar a febre, mas como cuidar do seu bebê e alimentá-lo de maneira que ele não fique doente”, explica. Os
benefícios não se restringem ao indivíduo, mas à sociedade: crianças mais saudáveis custam menos ao sistema
de saúde quando adultas, pois adoecem menos.
Na educação não é diferente. Ao contrário do que se
pensa, a aprendizagem começa muito antes de a criança
entrar na sala de aula pela primeira vez. A importância
da etapa inicial da vida é tão relevante como na saúde.
“Esse é um período de constituição de vínculos, desenvolvimento da linguagem, motor e social”, diz Cristina
Nogueira Barelli, pedagoga do Instituto Singularidades,
voltado à formação de professores de educação básica.
Assim, investir em primeira infância, período entre zero
e 6 anos, é fundamental, como, aliás, confirma o professor
da Universidade de Chicago James Heckman, vencedor
34 | VidaBosch |
atitude cidadã
atitude cidadã | VidaBosch | 35
Poznyakov
Arteretum
Blue Orange Studio
Crianças que
recebem
incentivos
educacionais
desde a
primeira
infância têm
mais chance
de serem
adultos bemsucedidos
(BID): cada dólar investido em crianças de
até 6 anos gera uma economia de US$ 7 em
assistência social, atendimento a doenças
mentais, manutenção de sistemas prisionais e em evasão escolar, de acordo com
números citados pelo médico e psicoterapeuta João Augusto Figueiró, do Hospital
das Clínicas da USP. “O valor sobe para
US$ 15 por pessoa quando se fala em gastos com doenças que continuam a se manifestar na vida adulta, como depressão
ou abuso de drogas”, acrescenta ele, que
também é presidente do Instituto Zero a
Seis, uma organização não governamental
que luta para reconhecer a importância de
se investir na primeira infância.
Metas
No Brasil, apesar das visíveis melhoras,
como a implantação da licença-maternidade remunerada e prorrogada para
seis meses, dados de 2009 do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IB-
A Bosch na sua vida
Transformação social em um clique
O site do Instituto Robert Bosch no
Brasil está de cara nova. Responsável
por gestão de políticas, diretrizes e recursos de projetos sociais, culturais,
ambientais e educacionais mantidos
ou apoiados pela Bosch, a instituição
oferece agora novas ferramentas digitais para ampliar a interatividade com
o público e o acesso ao acervo histórico do grupo.
Otavio Antoniacci, gestor do Instituto Robert Bosch no Brasil, destaca que “ficou
mais fácil estimular a participação de
voluntários”. “A pessoa se cadastra no
site, passa a receber newsletters sobre
eventos ou cursos e poderá participar de
convocações no próprio sistema”, completa.
Ele explica ainda que é possível escolher
os projetos de que se quer participar, não
apenas do instituto como também de entidades parceiras. “Se você estiver interessado em dar aulas de inglês, por exemplo,
poderá se inscrever apenas para essa função”, acrescenta o gestor.
Mas o site não é voltado apenas ao cadastramento de voluntários. Ele oferece
acesso ao BoschDoc, um acervo histórico
com registros de temas ligados ao grupo
e às comunidades onde a empresa está
inserida, desde sua fundação no Brasil,
na década de 1950.
As antigas campanhas de marketing de ferramentas elétricas Bosch, aquecedores de
água e a rede de oficinas autorizadas são
exemplos dos temas que podem ser encontrados no arquivo digital do Centro de Memória Bosch, cujo acesso é feito mediante
cadastro na página do Instituto Robert Bosch.
Lá é possível encontrar também informações e imagens de produtos e tecnologias
desenvolvidas pela equipe de engenheiros
brasileiros da empresa, além de uma linha
do tempo (cronologia da Bosch na Alemanha e no Brasil). “No acervo histórico, o
internauta poderá fazer um tour virtual pela
sede mundial do instituto, na Alemanha”,
conclui Antoniacci.
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• Descubra as novas ferramentas digitais do site do Instituto Robert Bosch
Arquivo Bosch
do Nobel de Economia em 2000. “Trata-se
de uma rara iniciativa de política pública
que promove equidade e justiça social e,
ao mesmo tempo, fomenta a produtividade na economia e na sociedade em geral”,
escreveu ele em um artigo publicado em
2006 na revista “Science”. Heckman acredita que crianças que recebem incentivos
educacionais e desenvolvem capacidades
diversas desde a primeira infância terão
mais chances de se tornar adultos bemsucedidos. E adultos bem-sucedidos trarão mais desenvolvimento econômico. “A
educação é crucial para o avanço de um
país e, quanto antes chegar às pessoas,
maior será seu e efeito e menos custará ao
governo. Tentar sedimentar num adolescente o tipo de conhecimento que deveria
ter sido apresentado a ele dez anos antes
sai algo como 60% mais caro”, defende o
Nobel de Economia.
Outra conta impressionante foi feita pelo
Banco Interamericano de Desenvolvimento
36 | VidaBosch |
atitude cidadã
GE) mostram que entre os 16 milhões de
crianças de zero a 5 anos, 62% (cerca de
10 milhões) não frequentam creche nem
escola infantil. A proporção varia entre
os estados, mas em nenhum o benefício
alcança mais da metade das crianças — o
que dá uma dimensão da enorme tarefa
que o país tem pela frente.
A necessidade de priorizar a infância,
e também a adolescência e a juventude,
está inscrita na própria Constituição de
1988 (artigo 227). Quase sempre, porém,
essa determinação não é cumprida, como
atestam os números do IBGE. O setor privado tem dado contribuições para que o
cenário melhore – desde 1995, por exemplo,
a Fundação Abrinq concede o selo “Empresa Amiga da Criança”, que tenta mo-
atitude cidadã | VidaBosch | 37
bilizar as empresas para que invistam na
área. Entre os compromissos do programa
está o incentivo à primeira infância, seja
por meio de apoio a programas sociais já
existentes ou de doações para fundos de
direito de crianças e adolescentes. A gerente executiva da fundação, Denise Cesário, destaca que na base do projeto há
incentivo para que as empresas montem
suas próprias creches e estimulem o aleitamento materno.
Outro passo fundamental foi dado em
maio de 2010, com o lançamento do Plano
Nacional pela Primeira Infância, elaborado pela Rede Nacional Primeira Infância,
formada por organizações não governamentais, setor privado, governo e agências multilaterais, num total de mais de
de um indivíduo nos primeiros momentos
da vida permanecem inscritos por toda
existência nas conexões sinápticas de um
adulto. No entanto, os cuidados com a primeira infância constam há apenas 20 anos
na Declaração de Direitos da Criança — o
documento foi adotado pela ONU em 1959,
mas o adendo sobre a primeira fase da vida só foi feito em 1989, com a Convenção
sobre os Direitos da Criança. Isso indica
que a preocupação com os investimentos
nessa área é recente no mundo todo.
Os únicos países exemplares são os nórdicos, onde a licença-maternidade pode
chegar a um ano e o pai também tem o direito estendido para acompanhar os primeiros momentos de vida do filho. No entanto, segundo o presidente da Associação
70 associados. O documento, entregue à
Presidência da República, prevê uma série de metas para 2022 — ano em que se
completam dois séculos da independência do Brasil.
O plano estabelece, por exemplo, que até
esse prazo sejam atendidas na educação
infantil todas as crianças de 4 e 5 anos e
70% das crianças de até 3 anos, e que 100%
dos professores da área tenham formação
específica em nível superior, inclusive em
libras (a língua brasileira de sinais).
Preocupação recente
Figueiró, do Instituto Zero a Seis, conta
que há mais de 100 anos existem pesquisas demonstrando que acontecimentos de
ordem física, emocional, social e cultural
No país, 62% das crianças de zero a
5 anos não frequentam nem creche
nem escola infantil — o que indica o
desafio que o país precisa enfrentar
Paulista de Pediatria, eles ainda pecam
no quesito atenção: “Criança que não tem
carinho não cresce saudável”, diz Pessoa.
Mesmo em regiões desenvolvidas, como o Reino Unido, onde a experiência préescolar resultou em desenvolvimento intelectual mais acentuado, independência,
concentração e sociabilidade, há muito a ser
feito. A inglesa Sue Gerhardt, pesquisadora e fundadora do Oxford Parental Infant
Project (Oxpip), um projeto da Universidade de Oxford que oferece gratuitamente psicoterapia para pais de crianças até 2
anos, iniciou em 2010 uma cruzada contra
as creches e berçários britânicos. Ela chama
esses lugares de “depósitos de crianças”.
“A maioria dos profissionais nesses locais não tem boa formação e são mal remunerados, por isso a rotatividade deles
é imensa, o que é muito prejudicial”, diz a
pesquisadora. Sue sugere berçários e creches
que contem sempre com a participação de
um pai ou uma mãe do grupo de crianças,
uma espécie de cooperativa. “Só pessoas
envolvidas afetuosamente com as crianças vão ajudá-las a crescer”, argumenta.
Sem dúvida ainda há muito a ser feito. Já
há no Brasil bons projetos e diretrizes para
aplicação dos recursos. Mas falta cumprir,
de fato, a determinação da Constituição:
dar “absoluta prioridade” ao assunto.
Dmitry Naumov
Exemplares,
países nórdicos
dão licençamaternidade
de até um ano
às mães, para
acompanhamento
ainda maior
dos primeiros
meses de vida
do bebê
De pintura a aula de culinária
A creche do Santuário Menino Jesus de Praga, em Campinas (SP), começou como
um projeto tocado por colaboradores da igreja, em apoio a crianças carentes que
moravam nas redondezas do bairro Novo Cambuí. Aos poucos se expandiu. Hoje,
26 anos depois, tornou-se um centro assistencial com capacidade para atender 120
crianças de até 6 anos. Na creche, elas participam de atividades que abrangem todos
os níveis de desenvolvimento infantil, conta a pedagoga Rosane Ferreira. “Fazem
pintura, colagens, brincam com sucata, tintas e lápis de cor”, afirma. Além disso,
assistem a vídeos educativos, aprendem brincadeiras tradicionais – como roda,
ciranda e faz-de-conta – e até recebem aulas de culinária, com receitas que não
vão ao forno. “Assim elas aprendem lógica matemática, como contar os biscoitos
e dividi-los com os coleguinhas, tudo pelo lado lúdico”, acrescenta.
A procura pelos trabalhos do centro assistencial é tão grande que há lista de espera,
explica a gerente administrativa da instituição, Rosalie Personeni. Atualmente, são
112 as crianças atendidas. “A maioria é de Campinas, e alguns são filhos de trabalhadores de Novo Cambuí”, conta. As demais vagas são reservadas para o Conselho Tutelar, que pode encaminhar menores em situação de risco. Para se manter, a
creche conta com o auxílio da prefeitura e de empresas parceiras, como a Bosch.
“A Bosch, por meio do Instituto Robert Bosch, dá apoio financeiro para nossas obras
e doa alguns brindes para os eventos que organizamos. O Instituto ajudou a financiar
uma quadra poliesportiva para as crianças e um parquinho”, detalha Rosalie. Entre as
celebrações para recolher donativos estão as famosas festa da pizza e bacalhoada.
A creche realiza reuniões bimestrais entre pais e pedagogos, professores e assistentes sociais para discutir assuntos educacionais e referentes às condições de
vida de quem tem filhos no local. A saúde das crianças também não é deixada de
lado. Entre as atividades realizadas estão cuidados fonoaudiológicos e prevenção
a doenças infantis, com orientações sobre higiene e vacinação.
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• Assista ao vídeo que mostra como a creche apoiada pela Bosch ajuda as crianças
Arquivo Bosch
A Bosch na sua vida
38 | VidaBosch |
aquilo deu nisso
| Por Manuel Alves Filho
Chutaram o balde
Sergej Razvodovskij
Sentar no banquinho
para tirar manualmente
o leite da vaca é algo
em extinção. Sistemas
automatizados, que
controlam o desempenho
de cada animal, são
responsáveis por mais da
metade da produção de
leite do Brasil
A
cena do homem do campo ajeitando
o banquinho e amarrando as patas
traseiras da vaca para facilitar a tarefa de
ordenhar ainda pode ser vista aqui e ali,
principalmente nas pequenas propriedades rurais brasileiras. Aos poucos, porém, o trabalho manual vai sendo substituído por equipamentos avançados, que
contribuem para ampliar a produção e a
qualidade do leite, em boa parte porque
melhoram o bem-estar do gado e dos trabalhadores encarregados do seu manejo.
Cerca de 60% dos 27,5 bilhões de litros
de leite que chegam às prateleiras no Brasil
foram extraídos com uso da mecanização
e da automação, de acordo com estimativa
de Evandro Luiz Schilling, gerente de produtos da GEA Farm Technologies, uma das
duas fabricantes de ordenhadeiras mecânicas instaladas no país. “E a tendência é
de crescimento desse percentual”, afirma.
O setor leiteiro no Brasil vive hoje duas
realidades, conforme explica o presidente
da Associação Brasileira dos Produtores
de Leite (Leite Brasil), Jorge Rubez. Sem
recursos e sem conhecimento atualizado,
os pequenos produtores não empregam
tecnologia alguma. “Em geral, nem mesmo
sal mineral eles dão aos animais”, relata,
referindo-se a um dos elementos necessários à nutrição do gado. Já os proprietários de grandes rebanhos, diz, investem
em técnicas e equipamentos modernos,
que trazem impactos positivos para a produtividade e os ganhos.
Um dos exemplos é o uso de um modelo
de ordenhadeira mecânica denominado
“carrossel”. De formato circular e com capacidade variável (24 a 80 animais), ele
funciona da seguinte forma. Depois de
terem os tetos higienizados, as vacas vão
sendo acomodadas em compartimentos
individuais da máquina, que passa a girar em fluxo contínuo. Ao mesmo tempo em que o leite é extraído por sucção,
a ração, previamente formulada por um
veterinário, vai sendo liberada para os
animais. Um aspecto importante: a sala
onde o equipamento está instalado normalmente é climatizada, o que assegura conforto térmico ao gado. “Livre do
estresse provocado pelo calor, as vacas
aquilo deu nisso
aquilo deu nisso | VidaBosch | 41
produzem mais”, observa o presidente
da Leite Brasil.
Um sistema que tem um mecanismo
mais simples é o batizado de “balde ao
pé”. O leite é extraído mecanicamente e
encaminhado, por meio de um duto, a recipientes que ficam próximos dos animais.
Em seguida, os baldes são levados à refrigeração. “Em um estágio um pouco mais
avançado, é possível instalar dutos de aço
inoxidável que levam o leite até um coletor. Na sequência, com o auxílio de uma
bomba sanitária, o produto é transportado, também por canos, até o refrigerador.
Dos 27,5 bilhões de litros de
leite produzidos anualmente
no Brasil, cerca de 60% vêm de
ordenhadeiras mecânicas ou
automatizadas, segundo
estimativa de especialista do setor
Esse modelo traz conforto ao trabalhador,
que não precisa mais carregar o leite até o
local de refrigeração, e maior qualidade ao
produto, que fica livre do contato humano
e com o ambiente”, detalha Schilling, da
GEA Farm Technologies.
Quando o rebanho é maior, o processo
pode ganhar em sofisticação — e em eficiência. Com o apoio da automação, os sistemas de ordenha podem executar tarefas
complementares extremamente importantes para o gerenciamento do negócio. Mais
do que extrair o leite e transportá-lo com
segurança e higiene, os equipamentos são
capazes de aferir, por meio de sensores
que monitoram o fluxo do líquido, quanto
cada vaca produz e o momento em que o
leite acaba. “São dados fundamentais para
o pecuarista, que pode acompanhar diariamente o desempenho de cada animal e
identificar o momento exato de encerrar
o trabalho. Se o leite se esgota e a ordenha
continua, isso pode causar problemas de
saúde para a vaca, sobretudo ao úbere
[mamas]”, esclarece.
Há tecnologias ainda mais avançadas
que já são utilizadas em outros mercados.
Uma dessas formas é o sistema robotizado, que dispensa o trabalho humano
durante o processo da extração do leite.
“Esses equipamentos ainda não são utilizados no Brasil porque são extremamente
caros. Na Europa, porém, já são comuns.
Na Suíça, por exemplo, a robotização res-
Janet Faye Hastings
Em
comparação
com a ordenha
manual,
a mecânica
melhora
o bem-estar
do gado
Shutterstock
40 | VidaBosch |
ponde por metade do leite produzido no
país”, afirma Schilling.
O gerente de produtos aponta, ainda, o
emprego de recursos adicionais que podem
ajudar no aumento da produtividade. “As
vacas podem ser dotadas de podômetros,
iguais aos usados pelos atletas, que medem
quantos metros elas se locomovem por
dia. Isso ajuda o produtor a identificar se
o animal está doente, em virtude da pouca mobilidade, ou se está no cio, período
em que ele se movimenta de três a quatro
vezes mais do que o normal”, descreve.
“Esse último dado é fundamental, pois
a vaca tem de ser inseminada no tempo
exato. É bom lembrar que, sem um novo
bezerro a cada ano, não há produção contínua de leite.”
Há ainda alguns casos, raros no Brasil,
de produtores que põem música na sala de
ordenha para as vacas darem mais leite.
Pesquisas na Inglaterra indicam um salto
de até 50% na produção quando se toca
música clássica para o gado. Uma pesquisadora da Embrapa Gado de Leite, Maria
de Fátima Ávila Pires, avalia que os resultados são ainda preliminares. Ela especula
que o resultado pode estar mais relacio-
42 | VidaBosch |
aquilo deu nisso
aquilo deu nisso | VidaBosch | 43
nado ao ordenhador do que aos animais.
A especialista cita o que ocorre quando o
tradicional radinho de pilha está ligado.
“Segundo eles, a música ajuda a acalmar
os animais. Quando o aparelho é desligado ou a pilha acaba, eles dizem que as
vacas se mostram mais agitadas. Por hipótese, é possível que a música relaxe o
ordenhador, que, por sua vez, executará
sua tarefa estressando minimamente as
vacas”, arrisca.
No entender de Maria de Fátima, mais
importante do que levar canções suaves
ao curral é assegurar ao plantel conforto térmico, boa alimentação e condições
sanitárias adequadas.
Bicho também “fala”
Outra tecnologia recente que pode ajudar a incrementar o setor é um softwa-
Podômetros iguais aos usados
pelos atletas medem quantos
metros as vacas se locomovem,
identificando se o animal está
doente ou se está no cio. A técnica
torna mais precisa a inseminação e
garante a produção contínua de leite
re capaz de interpretar a vocalização de
aves, suínos e bovinos. Desenvolvido por
pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o programa
capta os sons emitidos pelos animais e os
traduz, revelando se eles “dizem” estar
com frio, fome, calor ou dor. “Nós já fizemos ensaios com gado leiteiro, e foi possível interpretar indicações desse tipo”,
afirma uma das integrantes da equipe de
pesquisadores, Daniella Jorge de Moura,
professora da Faculdade de Engenharia
Agrícola daquela universidade.
A cientista explica que para chegar ao
software foi preciso realizar uma série de
estudos em relação ao comportamento dos
animais. “Nós pudemos perceber diferenças
de espectro para situações distintas, como
dor, medo e fome”, afirma a especialista.
Ao comparar a vocalização dos animas
pertencentes ao rebanho com as emissõespadrão, atesta a professora, o criador terá
como identificar quais podem estar com
problemas, o que permitirá a adoção de
medidas corretivas imediatas. “O software
ainda não foi colocado no mercado porque depende de alguns ajustes que facilitarão o seu uso por parte dos criadores.
Mas penso que a ferramenta pode vir a
ser importante para vários segmentos,
inclusive o leiteiro”, prevê.
Do para-brisa à ordenhadeira
Em princípio, carro e produção de leite fazem parte de dois
universos bem diferentes. Mas não é bem assim. Um dispositivo fundamental para não deixar o leite coalhar tem suas
raizes na indústria automotiva.
Trata-se do motorredutor tipo CEP 310, da Bosch. Desenvolvido originalmente para movimentar os limpadores de parabrisas, o equipamento passou por algumas adaptações — de
rotação, tensão e torque, por exemplo — e agora é usado na
pecuária. Virou, então, um Sistema Agitador para Tanque de
Leite, aplicado em recipientes com capacidade de 150 a 1
mil litros. Assim, pode ser usado tanto na produção familiar
quanto por fazendeiros e latifundiários.
O motorredutor fica dentro do tanque de leite e tem como
função mexer o líquido, fazendo movimento circulares durante o processo de pasteurização, para não separar o soro
da gordura e impedir que o leite fique coalhado. Além de
serem econômicos e flexíveis, os motorredutores da Bosch
não têm cromo nem chumbo, substâncias nocivas à saúde.
Uma das vantagens do pequeno motor é permitir que o processo seja feito em tanques menores, a partir de 150 litros
(antes, isso só era possível em recipientes de pelo menos
Arquivo Bosch
A Bosch na sua vida
400 litros). Dessa forma, fica mais fácil a propriedades de
médio porte (até 70 litros de leite por dia) aderir ao sistema mecanizado.
Sem esse mecanismo, o leite armazenado nos latões tem de
ser coletado diariamente. Trabalhando com um equipamento refrigerador, o CEP 310 possibilita que isso seja feito de
dois em dois dias, sem grandes oscilações na temperatura
e sem deixar o líquido talhar.
Shutterstock
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44 | VidaBosch |
saudável e gostoso
| Por Maria Eduarda Mattar
Um
delicioso
paradoxo
Maracujá mescla doce e azedo em sua
composição; além do sabor único, a chamada
“fruta da paixão” possui um efeito calmante
Nir Darom
S
e formos ao vocábulo “doce”, nos melhores dicionários, haverá entre as definições algo como “o que não é amargo”. Do mesmo modo,
indo a “amargo” vamos nos deparar com significados que remetem ao
contrário do que se dizia no primeiro verbete. Doce e amargo, portanto,
são o que as gramáticas chamam de antônimo. Certo?
Bom, isso pode valer para os dicionários. Na prática, na ponta da língua — literalmente —, nem sempre é assim. Um caso típico: o maracujá. A
fruta, dona de uma combinação bem equilibrada de dois sabores opostos,
dá um toque do seu sabor agridoce a vários tipos de pratos da culinária
brasileira. Vai na calda, no sorvete, com o peixe ou o frango, na geleia, na
musse, na compota e no suco.
Acidez não lhe falta: o pH do suco de maracujá varia de 2,8 a 3,3 e a acidez, de 2,9% a 5%. Mas em sua composição há também diferentes tipos de
açúcar (de 8,3% a 11,6%), de acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa).
“Sucos, sorvetes e picolés, compotas e geleias: isso é o clássico do uso
do maracujá na nossa culinária”, pontua a chef Ana Luíza Trajano, que é
pesquisadora de cozinha brasileira, dona do restaurante Brasil a Gosto,
em São Paulo, e autora de livro homônimo, elaborado após suas viagens
pelo país para estudar a gastronomia nas diferentes regiões.
Nas incursões pelo interior, ela se deparou com vários usos da fruta.
Aqui se faz e aqui se come: o país é o principal produtor e consumidor
mundial de maracujá. Atrás vêm Colômbia, Peru e Equador, ainda de acordo com a Embrapa.
Não por acaso, o poeta Fagundes Varela (1841-1875), expoente do romantismo brasileiro — movimento que buscava ressaltar fatores “típicos”
Brasil é o principal produtor e
consumidor da fruta no mundo.
Das mais de 400 espécies
existentes, 200 são nativas do
território brasileiro
do Brasil — cantou em um de seus textos
mais famosos a beleza e os odores da flor
do maracujá, justamente o título do poema.
(Pelas rosas, pelos lírios, / Pelas abelhas,
sinhá, / Pelas notas mais chorosas / Do canto do sabiá, / Pelo cálice de angústias / Da
flor do maracujá!). Os versos, que seriam
publicados em inúmeras cartilhas escolares
ao longo do século 20, mesclavam galanteio
amoroso, autocompaixão e valorização
do ambiente brasileiro. O jovem escritor
(Varela tinha 28 anos quando o poema foi
publicado em livro) escolheu bem seu tema. O maracujá era propício para salpicar
palavras de coloração brasileira (sabiá,
sinhá, manacá, ubá): o vocábulo vem do
tupi mara kuya, que significa “alimento
na cuia”, em função de sua casca dura e
em forma de cuia, na qual pode ser consumido diretamente.
É bem verdade que o maracujazeiro
não é exclusivo do Brasil — as mais de
400 espécies são nativas da América do
Sul —, mas é aqui que se concentra a maioria delas. São cerca de 200, incluindo a
principal delas, o maracujá amarelo ou
azedo, nomes corriqueiros para a Passiflora edulis Sims, segundo a Embrapa.
O nome científico, aliás também ecoado
nos versos de Varela, não está ligado ao
despertar da libido: o maracujá não tem
qualquer efeito nesse sentido. O “passiflora”, que deu origem ao nome que a fruta
recebe em outras línguas, como passion
fruit, em inglês, refere-se aos elementos
presentes na flor que lembram a Paixão
de Cristo: os cravos seriam os pregos fincados em Jesus crucificado, os filamentos
da coroa seriam a coroa de espinhos, as
flores avermelhadas ou arroxeadas seriam
o sangue... (“As chagas roxeadas / Da flor
do maracujá”, como dizem os versos do
poeta romântico).
O Brasil exporta e consome mais a fruta
in natura, ao passo que outros países se
concentram na comercialização do produto em outras formas, como polpa e suco.
saudável e gostoso | VidaBosch | 47
De acordo com o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), só em 2009
foram produzidas quase 800 mil toneladas
da fruta, 5% a mais do que no ano anterior.
A Bahia é o estado líder no setor, mas há
boas e viáveis plantações em várias partes
do país, diz o cientista agrário e especialista
em melhoramento genético Claudio Horst
Bruckner, um dos autores do livro “Maracujá: tecnologia de produção, pós-colheita,
agroindústria, mercado”. “O maracujá tem
ciclo relativamente curto e é o que chamamos de cultura itinerante: quando há uma
praga, muda-se o local de plantio”, lembra
o especialista sobre a fruta, cujas sementes pegam na maioria dos tipos de solo.
“Uma das grandes vantagens é que se
acha maracujá o ano inteiro”, atesta Ana
Luíza. Em suas viagens, ela notou que a
fruta é muito utilizada no interior de São
Paulo e de Minas Gerais, onde costuma
figurar nas compotas. No Centro Oeste,
é mais usado em outros doces. Foi lá que
a chef aprendeu a fazer o doce de casca
de maracujá, que figurou durante algum
tempo no cardápio de seu restaurante.
Ela também aconselha o uso com peixes
e frango, na forma de calda. E lembra: além
da polpa, pode-se usar também a casca na
cozinha. Para isso, basta aferventar para
tirar o amargor, revela a chef, que produziu
as receitas da últimas página desta edição
de VidaBosch.
Essa versatilidade — tanto de aplicação,
quanto de plantio — é a principal vantagem
da fruta da paixão. “Às vezes coloco na so-
Cíntia Sanchez/Divulgação
saudável e gostoso
Teresa Azevedo
46 | VidaBosch |
bremesa do dia, por exemplo, a mousse de
maracujá”, diz a chef Beth Branco, do restaurante Beth Cozinha de Estar, que também
utiliza a fruta em pratos salgados. “Acho
que vai bem com peixe e frango assado,
sempre na forma de molhos”, acrescenta
ela, que assina a receita na página ao lado.
Calmante natural
Além de presentear o paladar com azedo
e doce em medidas equilibradas, o maracujá também traz benefícios para a saúde.
É calmante natural, como já propagavam
nossos avós e comprovam as pesquisas
acadêmicas. “Para fazer calmante, usase muito o maracujá amarelo. Suas folhas
são usadas em kits de plantas medicinais”,
explica Bruckner.
A cientista de alimentos Glaucia Pastore, da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp), coordenou uma pesquisa recente que comprova a faceta calmante do
maracujá. “O efeito calmante é bastante
conhecido de algumas espécies e é dado
pela substância conhecida como passiflorina, que é um conjunto de substâncias de
diversas estruturas químicas”, detalha a
pesquisadora.
O maracujá, segundo ela, tem também
presença de vitaminas C e as do complexo
B. De acordo com a Embrapa, ele é composto por 8,3% a 11,6% de açúcares totais,
7 a 20 mg/100g de ácido ascórbico (vitamina C), 12,5% a 18%, de sólidos solúveis,
além de conter niacina, potássio e outros
nutrientes. “Contém ainda uma quantidade apreciável de pectina, que é uma fibra
solúvel extremamente importante para
a função digestiva e intestinal humana”,
complementa Glaucia. Essas substâncias
estão tanto na polpa quanto na casca.
A pesquisadora afirma que o maracujá
também se saiu bem nos estudos sobre
potencial antioxidante. “Ele apresentou
relevante propriedade de combater os radicais livres”, resume. Em outras palavras,
ao combater radicais livres, responsáveis
pela oxidação das células, a fruta ajuda a
prevenir o envelhecimento. E isso ocorre
em função da presença da vitamina C, uma
das responsáveis pelo seu famoso sabor
cítrico. Mais uma prova de como sua acidez pode ser doce.
Filé de frango com ervas
e um toque de mostarda ao molho de maracujá
Prato a ser preparado
para quatro pessoas
8 colheres de sopa de açúcar
2 colheres de sopa de maizena
Ingredientes
Modo de preparo
filé de frango
filé de frango
8 filés de frango sem pele
Sal a gosto
4 colheres de sopa
de mostarda amarela
4 colheres de sopa de ervas
variadas bem picadinhas
(salsinha, manjericão, mangerona,
alecrim, tomilho e sálvia)
4 colheres de sopa de óleo de milho
Salgue os filés de frango.
Misture bem a mostarda com as ervas
e tempere os filés.
Em uma frigideira bem quente,
coloque duas colheres de sopa com
óleo e ponha os filés para fritar.
O ideal é fritar dois filés de cada vez
e acrescentar óleo aos poucos para
que as ervas não queimem.
Reserve em um lugar aquecido.
molho de maracujá
500 g de maracujá azedo
300 ml de água
molho de maracujá
Ponha a polpa das frutas para ferver.
Assim que levantar a fervura,
deixe esfriar um pouco e leve ao
liquidificador. Coloque para bater duas
ou três vezes na função pulsar.
Passe em uma peneira e leve ao fogo
em uma panela.
Acrescente o açúcar e deixe ferver.
Dissolva a maisena em um pouco de
água e, com um batedor de arame,
acrescente-a dissolvida no molho de
maracujá para que engrosse um pouco.
Para servir
Coloque os filés em uma travessa e
jogue por cima o molho de maracujá.
O que sobrar de molho pode ser
guardado na geladeira, pois ele tem
uma durabilidade bem grande.
48 | VidaBosch |
saudável e gostoso
orta Romeu com
T
calda de maracujá
Ingredientes
massa
600 g de Massa Filo
50 g de manteiga sem sal
300 ml de queijo cremoso
150 ml de leite condensado diet
100 ml de creme de leite UHT
5 g de adoçante
goiabada
1 kg de goiaba madura
6 colheres de sopa de adoçante
300 ml de água
Cravo a gosto
Canela a gosto
calda de maracujá
Modo de preparo para dez porções
massa: Corte quatro folhas de massa
no diâmetro de 10 cm. Depois,
coloque as folhas cortadas em uma
forma, uma sobre a outra, alternando
as camadas com manteiga.
Leve ao forno pré-aquecido a 170 ºC
por quatro minutos.
queijo cremoso: Coloque no
liquidificador e bata. Depois,
coloque em um saca puxa (saco feito
para confeitar) e leve à geladeira.
goiabada: Dissolva o adoçante na
água. Tire a polpa da goiaba, coloque
na panela e deixe em fogo brando
até dissolver. Em seguida, bata.
calda de maracujá: Tire o suco da
polpa e coloque em um liquidificador
junto com o amido e o adoçante.
Deixe em fogo brando até que
dissolva. Em seguida, deixe esfriar.
Para montar as porções, primeiro
recheie a massa com o queijo
cremoso.
Em seguida, adicione a goiabada
e finalize com riscos de calda de
maracujá.
destaque para colecionar
Rachel Guedes
1,5 l de polpa de maracujá
6 colheres de sopa de adoçante
3 colheres de sopa de amido
de milho

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