As 10 pessoas mais inteligentes do mundo
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As 10 pessoas mais inteligentes do mundo
As 10 pessoas mais inteligentes do mundo Há alguns meses, recebi de um amigo uma lista com 10 pessoas que o autor do texto dizia serem as 10 pessoas mais inteligentes do mundo. Para elaborar uma lista que pudesse ter uma probabilidade razoável de reunir as 10 pessoas mais inteligentes vivas, seria necessário um estudo profundo e extenso sobre a obra de milhares de potenciais candidatos, que deveriam passar pela avaliação de juízes altamente capacitados, especialistas nas áreas de atuação destas pessoas, e cada juiz atribuiria um escore a cada candidato, todos os juízes seguindo um critério unificado, como estimar quantos desvios-padrão acima da média cada candidato estaria, conforme a dificuldade dos problemas que resolveram. Ainda assim haveria muitas divergências sobre dezenas de pessoas que deveriam constar na lista e algumas que deveriam sair. Pelo menos seria um trabalho diligente, cujo resultado mereceria algum crédito e teria boas probabilidades de que cada integrante da lista tivesse pelo menos uns 30% de probabilidade de merecer estar num top-20 e talvez mais de 10% de probabilidade de merecer estar num top-10. No caso da lista que recebi, era superficial e com absurdos, não descrevia o critério usado no rankeamento, entre outros problemas. Todas as 10 pessoas listadas são inquestionavelmente muito inteligentes, porém talvez apenas 2 delas pudessem realmente constar numa lista top10 mundial. Passados alguns dias, o amigo Gerson Peres Batista a publicou, outro amigo, Victor Barbosa, me enviou e fez alguns comentários muito simpáticos, depois o amigo Régis Ramos Rodrigues a comentou... Depois a lista começou a se propagar sem que fosse acompanhada de uma análise crítica sobre a procedência ou exatidão daquela informação. Em geral, parece haver um entendimento claro das pessoas de que esta lista apresenta problemas, ainda que seja uma percepção subjetiva, mas ao mesmo tempo se várias pessoas a estão divulgando, sem que seja contestada, isso produz um efeito semelhante ao que fez o Geocentrismo sobreviver como verdade dogmática por 2000 anos, simplesmente porque cada pessoa achava que se estivesse errado, alguém já teria refutado antes, e se haviam se passado 2000 anos sem uma refutação, indicava que deveria estar certo. Por isso me parece necessário discutir alguns pontos importantes. Parece haver uma lista em inglês, uma em espanhol e provavelmente em outros idiomas. Uma tem fotos das pessoas, outra tem caricaturas. Uma delas é esta: http://www.superscholar.org/smartest-people/ As 10 pessoas listadas no artigo são: William Stephen Hawking Kim Ung-Yong Paul Allan Rick Rosner Gary Kasparov Andrew Wiles Judit Polgar Christopher Hirata Terence Tao James Woods Nota: no primeiro link que recebi, o nome de Chris Hirata estava errado. Aparecia como “Irata”. No link atual, “Terence” e “Gary” aparecem com 2 RR (“Terrence” e “Garry”). Ainda que possa haver flexibilidade na grafia de alguns nomes, em outros casos não há, e o autor da lista não teve o cuidado de escrever corretamente os nomes das pessoas selecionadas por ele. Isso me faz pensar sobre quanto tempo ele dedicou à análise da obra destas pessoas para que pudesse decidir quais deveriam compor a lista. No presente artigo, farei uma breve análise sobre os integrantes e sobre a adequação da lista à proposta de ranquear os 10 mais inteligentes. Para começar, reproduzo, em itálico, um comentário que postei abaixo de comentários do amigo Regis e outros: Kasparov e Judit são brilhantes, embora Kasparov tenha obtido dois escores incompatíveis com o que seria esperado para ele em dois testes de QI: Eysenck e Raven, com escores 135 e 123. Nenhum destes testes é apropriado para medir QIs acima de 130, porque as questões são excessivamente elementares e nem de longe se comparam à complexidade e à dificuldade das dezenas de problemas que Kasparov resolvia em cada partida. Se os escores medidos por estes testes fossem corretos, não seria possível que Kasparov tivesse muito mais que uns 1900 de rating. Por outro lado, há uma diferença gritante entre Kasparov e Judit. Ambos são brilhantes, mas Kasparov é muito mais. A Judit certamente mereceria estar numa lista das 1000 pessoas mais inteligentes, mas entre os 10 citados, apenas 2 deles poderiam estar corretamente incluídos num grupo de top-10: Kasparov e Tao. Com alguma condescendência, Wiles e Hawking talvez pudessem constar numa lista top-100 ou top50. Além disso, James Simons e Gregory Perelman não poderiam ser excluídos de nenhuma lista séria que pretendesse reunir os 10 mais inteligentes vivos. Gell-Mann, Weinberg e Penrose também deveriam constar numa lista top-100 ou top-50 com um pouco mais de méritos do que Hawking. Nunca James Woods ou Paul Allen poderiam constar numa lista de 10 mais inteligentes do mundo que pretendesse ser minimamente justa. Rick Rosner é um caso à parte. O escore 192 atribuído a ele foi obtido no Titan Test. A norma do Titan calculada por Ronald Hoeflin é claramente inflacionada nas proximidades do teto. Em 2003, calculei as normas do Titan Test e do Mega Test usando o mesmo método para normatização do Sigma Test, chegando a tetos perto de 167 (rIQ) em cada, não 193 ou 192. Um estudo feito por Bob Seitz sobre os mesmos testes, com uma metodologia diferente, levou a conclusões semelhantes, com teto perto de 170 para o Mega e o Titan. Então não há evidência suficiente de que Rosner tenha resolvido qualquer problema com nível de dificuldade muito acima de 170 de QI ou obtido algum escore que pudesse ser unanimemente reconhecido como representativo de um nível intelectual correspondente a algo acima de 170 de QI. Antes de prosseguir, considero interessante comentar sobre o QI 190 atribuído a Kasparov. De acordo com o amigo Eduardo Da Costa, Kasparov foi examinado com dois testes, os já citados acima, e obteve escores muito abaixo de 190. Não há registro de que Kasparov tenha alguma vez atingido um escore próximo a 190 em qualquer teste de QI, diferentemente de Fischer, que obteve escore 187 em teste de QI que lhe foi aplicado na infância e que cópia digitalizada do laudo chegou a circular pela rede. O QI 190 de Kasparov consiste numa conversão de rating em QI seguindo uma fórmula proposta por Bill McGaugh: QI = 100 + (Rating – 1282)/17,3 Se aplicar esta fórmula ao rating FIDE máximo alcançado por Kasparov, o QI correspondente é 190,7. A mesma fórmula fornece para Fischer 186,9. Mas a fórmula de Mc Gaugh foi proposta numa época em que o efeito inflacionário sobre o rating ainda não havia afetado sensivelmente os escores. De acordo com estudos de Rod Edwards, a partir de 1985 o rating FIDE inflacionou cerca de 139 pontos, e antes de 1985 não há evidência de inflação. Edwards calculou também os ratings de jogadores desde o ano 1809 até 1911, com base nos resultados dos jogos daquela época, enquanto Jeff Sonas calculou os ratings de 1840 até 2005. O próprio Arpad Elo calculou os ratings vitalícios de vários jogadores desde o século XIX. Aparentemente o efeito inflacionário começou por volta de setembro de 1985 e vem se agravando a cada ano. O artigo de Edwards sobre isso pode ser acessado aqui http://members.shaw.ca/redwards1/ Foram realizadas algumas reuniões para debater sobre os motivos que poderiam provocar o efeito inflacionário, mas parece que não se chegou a um consenso. Minha opinião é de que provavelmente parte deste efeito se deve aos torneios para “compra e venda de rating” realizados a partir de meados dos anos 1980, coincidindo com a época detectada por Edo em que o efeito começou a se manifestar. Alguns torneios em países asiáticos e europeus começaram repentinamente a produzir jogadores com 2600 de rating, mas com força de 2000. Isso porque quando jogadores com rating jogam contra jogadores sem rating, mesmo que os jogadores com rating percam, eles não perdem pontos. Isso permite que jogadores sem rating comprem pontos e saiam com rating inicial muito acima de suas forças verdadeiras, e depois vão gradualmente perdendo este rating artificial nos torneios, inflando os ratings de quem joga com eles, e seus oponentes transmitem o efeito a quem joga com eles etc., propagando a inflação como uma epidemia. Outro fator que pode contribuir para a inflação é a melhoria no nível técnico devido à evolução do jogo, porém este efeito deve ser mínimo, pois a evolução do jogo existe desde os primórdios do Xadrez, enquanto a inflação é um fenômeno recente. Com este efeito inflacionário, a fórmula precisa de alguns ajustes. Na época em que Bill determinou os parâmetros da fórmula, o desvio-padrão no rating FIDE era 277. O histograma ao lado mostra a distribuição de frequência de ratings FIDE em cada intervalo. Atualmente o desvio-padrão é 268 (com base em 171.117 jogadores na lista de janeiro de 2014). Além disso, houve efeito Flynn acumulado e inflação no rating. A distribuição é nitidamente assimétrica. Se determinar a tendência central com estimadores robustos como biweight de Tukey e ondas de Andrews, encontramos 1919 para a tendência central, em vez de 1897 da média aritmética. Tomando este valor (1919) como melhor representação da tendência central, pode-se verificar que o desvio-padrão nos escores acima da tendência central é 134 e nos escores abaixo da tendência central é 181. Uma pequena parte deste efeito pode ser atribuída ao fato de o valor de “k” assumir valores diferentes em função do rating e do número de partidas disputadas. Para jogadores com histórico de menos de 30 partidas, k=30. Se tiver mais de 30 partidas e rating abaixo de 2400, k=15. Se tiver rating acima de 2400, k=10. A redução no valor de k é aproximadamente compensada pelo aumento no número de partidas disputadas por jogadores com rating mais alto, resultando num aproximado equilíbrio. Assim, uma fórmula que representa melhor a conversão de rating em QI para o início de 2014 é: QI = 100 + (Rating – 1367)/16,75 E por esta fórmula, atualizando o rating de Fischer, ele teria QI em torno de 193, enquanto Kasparov teria 191, Carlsen 190. Mas com base em quê se poderia supor que o rating seja conversível em escores de testes de QI? Para que se possa compreender com clareza a resposta a esta questão, antes será necessário compreender alguns conceitos estatísticos, tais como regressão, correlação, colinearidade e incerteza. O ideal seria também compreender por completo os fundamentos de Teoria da Medida, ou pelo menos de Teoria de Resposta ao Item (TRI), que é a ferramenta estatística usada tanto para normatizar testes de QI quanto para calcular o rating de Xadrez. Tanto os métodos de Elo quanto de Edo e Sonas são baseados no modelo de Rasch de Teoria de Resposta ao Item, e o mesmo modelo de Rasch é também usado em muitos testes psicológicos e pedagógicos. Os principais exames dos Estados Unidos equivalentes aos nossos vestibulares, SAT e GRE, utilizam TRI no processo de normatização. O Enem passou a usar TRI em 1999 e o provão do MEC também. É um dos melhores métodos de que se dispõe para esta finalidade. Pois bem, Bill McGaugh e outros compararam os QIs e os ratings de vários jogadores e verificaram que há correlação positiva entre rating e QI. Quando se fala em “correlação” é importante não confundir com “colinearidade”. No excelente TextBook da Statsoft, pode-se encontrar uma explicação bastante didática sobre o conceito de correlação: http://www.statsoft.com/Textbook/Basic-Statistics#Correlationsb Para compreender a sequência do texto, é altamente recomendável ler e compreender o conceito de correlação descrito neste link. Como existe correlação positiva entre QI e rating FIDE, torna-se possível converter um no outro. Há algumas dificuldades, porque os testes de QI são aplicados no Exército, em escolas e na população em geral, de modo que o escore médio do teste representa muito aproximadamente o perfil da população. No Xadrez isso não acontece porque ocorre self selection. Entre as pessoas com QI 120, a porcentagem delas que se interessa em aprender Xadrez e o praticam regularmente é muito maior do que a porcentagem de pessoas com QI 90 que se interessa em aprender e praticar Xadrez. Entre as pessoas com QI 140, a porcentagem das que se interessam por Xadrez é maior do que entre as pessoas com QI 120. Isso faz com que o QI médio dos jogadores seja sensivelmente mais alto do que o QI médio da população em geral. Uma das consequências disso é a média de rating no Xadrez não corresponde ao QI médio da população em geral, mas sim a um valor sensivelmente maior. Além disso, a assimetria na distribuição do rating é um pouco maior do que a assimetria na distribuição dos QIs. Estes dois fatos precisam ser levados em consideração ao fazer a conversão, ou, no mínimo, precisa-se posicionar corretamente a média de rating no ponto correto da distribuição de QI, que não é na média de QI. Isso pode ser feito por diferentes procedimentos, chegando-se a resultados ligeiramente distintos, mas bastante semelhantes. A fórmula proposta por Bill McGaugh é uma das melhores, porque praticamente não apresenta grandes distorções em qualquer região do espectro que seja considerada. Neste site http://www.jlevitt.dircon.co.uk/iq.htm , por exemplo, a fórmula proposta é gravemente incorreta, porque sugere que para rating 1000 o QI seja 0 e para rating 1700 o QI seja 70. Geralmente uma pessoa com 1700 de rating tem inteligência nitidamente acima da média, muitos são médicos ou engenheiros. O QI médio nestas classes de profissionais é cerca de 120 a 125. Em contrapartida, o QI 70 na escala de Wechsler serve para diagnosticar ou para corroborar diagnóstico de embotamento severo, que aflige 2,1% da população, ou seja, são pessoas com inteligência abaixo de 98% da população em geral, enquanto os jogadores com 1700 de rating estão quase no extremo oposto, no topo dos 5% a 10% mais inteligentes da população. Portanto esta fórmula é gravemente incorreta. A fórmula de Bill tem a virtude de representar com boa precisão os QIs de 30 a 200 e os ratings de 0 e 3000. A tabela a seguir apresenta os ratings correspondentes a cada faixa de QI, e na primeira coluna está o percentil correspondente a cada nível de QI. O percentil indica a porcentagem da população com QI igual ou menor ao respectivo nível. Para que a fórmula faça mais sentido, deve-se interpretar o rating como uma r-QI R-Melao R-McGaugh p-QI sd= 16 268 277 variável competência e o QI como uma aptidão. Assim, um m= 100 1367 1282 100 0.0032% -4.00 36 295 174 25.8 elevado QI indica o potencial de alcançar determinado 0.0088% -3.75 40 362 243 31.6 0.023% -3.50 44 429 313 37.1 rating se uma série de condições forem atendidas além 0.058% -3.25 48 496 382 42.5 da aptidão, tais como estudo e treinamento. 0.135% -3.00 52 563 451 47.7 0.298% 0.621% 1.22% 2.3% 4.0% 6.7% 10.6% 15.9% 22.7% 30.9% 40.1% 50.0% 59.9% 69.1% 77.3% 84.1% 89.4% 93.3% 96.0% 97.7% 98.8% 99.38% 99.70% 99.87% 99.942% 99.977% 99.9912% 99.9968% 99.9989% 99.99966% 99.999898% 99.999971% 99.9999924% 99.9999981% 99.99999955% 99.999999901% 99.999999979% -2.75 -2.50 -2.25 -2.00 -1.75 -1.50 -1.25 -1.00 -0.75 -0.50 -0.25 0.00 0.25 0.50 0.75 1.00 1.25 1.50 1.75 2.00 2.25 2.50 2.75 3.00 3.25 3.50 3.75 4.00 4.25 4.50 4.75 5.00 5.25 5.50 5.75 6.00 6.25 56 60 64 68 72 76 80 84 88 92 96 100 104 108 112 116 120 124 128 132 136 140 144 148 152 156 160 164 168 172 176 180 184 188 192 196 200 630 697 764 831 898 965 1,032 1,099 1,166 1,233 1,300 1,367 1,434 1,501 1,568 1,635 1,702 1,769 1,836 1,903 1,970 2,037 2,104 2,171 2,238 2,305 2,372 2,439 2,506 2,573 2,640 2,707 2,774 2,841 2,908 2,975 3,042 520 590 659 728 797 867 936 1,005 1,074 1,144 1,213 1,282 1,351 1,421 1,490 1,559 1,628 1,698 1,767 1,836 1,905 1,975 2,044 2,113 2,182 2,252 2,321 2,390 2,459 2,529 2,598 2,667 2,736 2,806 2,875 2,944 3,013 52.7 57.5 62.2 66.7 71.1 75.5 79.7 83.8 87.9 92.0 96.0 100.0 104.0 108.0 112.1 116.2 120.3 124.5 128.9 133.3 137.8 142.5 147.3 152.3 157.5 162.9 168.4 174.2 180.3 186.6 193.1 200.0 207.2 214.6 222.4 230.6 239.1 Além disso, o conjunto de habilidades necessárias ao bom desempenho no Xadrez e o nível de desenvolvimento de cada uma destas habilidades não é igual ao conjunto de habilidades e ao nível de desenvolvimento de cada uma delas que se precisa ter para o bom desempenho num teste de QI. Para cada atividade intelectual ou modalidade, como Matemática, Filosofia, Gô, Damas, Xadrez etc., é preciso ter um determinado conjunto de talentos e cada um destes talentos precisa estar acima de determinado nível. Pode-se compensar um talento menos desenvolvido com outro mais desenvolvido, como no caso de Karpov, que possui menos talento para encontrar lances brilhantes em complicações táticas do que Kasparov, mas Karpov compensa isso com um maior talento analítico, que lhe permite reduzir o jogo a seus elementos fundamentais, simplificando os problemas que precisa resolver e maximizando suas probabilidades de encontrar os melhores lances. Isso não significa que Karpov não tenha um talento muito grande para as complicações táticas. Significa que, se for medir em desvios-padrão, Karpov talvez esteja 4 ou 4,5 desvios-padrão acima da média em talento para as complicações táticas, que é um nível mais alto que o da grande maioria dos mestres, e 6,5 desvios-padrão acima da média para as posições estratégicas mais tranquilas e finais, que é um nível muito mais alto do que seu talento para jogar nas posições complexas, talvez o mais alto do mundo. Kasparov talvez esteja no nível de 6 desvios-padrão acima da média em ambos os tipos de posição. Assim, a competência global no Xadrez é determinada pela combinação das várias competências específicas para lidar com cada fase do jogo ou cada tipo de posição. O mesmo ocorre em outras áreas. Einstein, por exemplo, não era tão bom com formalismo matemático, mas era brilhante em compreender os processos subjacentes aos fenômenos físicos, em conceber modelos matemáticos capazes de representar estes fenômenos e em formular experimentos para testar a adequação de seus modelos aos fatos experimentais. Quando se mede a correlação entre rating e os escores em testes de QI, o que se está na verdade medindo é a semelhança nos conjuntos de competências que são necessárias ao bom desempenho nestas duas atividades, tendo em mente que cada competência é exigida num nível diferente em cada atividade, e algumas competências que são muito importantes para o sucesso em determinada atividade podem nem sequer serem necessárias na outra. No Xadrez Postal, por exemplo, a capacidade de memorizar grande número de lances de abertura ou de posições de finais, acaba sendo menos importante do que a habilidade para organizar e administrar grande volume de informações de bases de dados e de várias engines. Para que a correlação medida possa refletir corretamente a similaridade entre os conjuntos de competências que são necessárias ao bom desempenho nestas duas atividades, é imprescindível que pessoas que constituem a amostra considerada no cálculo tenham dedicado aproximadamente o mesmo tempo ao estudo do Xadrez e tenham se empenhado com mesmo nível de determinação para obter o melhor escore possível nos testes de QI. Como geralmente há grande diferença no tempo que cada pessoa dedica ao Xadrez, isso afeta a medida de similaridade entre as variáveis, e o resultado não reflete propriamente a similaridade entre rating de Xadrez e escore em testes de QI, mas sim a similaridade destas variáveis num grupo específico de pessoas, um grupo no qual uma das variáveis se distribui com um nível de instrução e de treinamento muito variado. Isso precisa ser levado em consideração quando se usa a fórmula de Bill para converter QI em rating, para que fique claro que o QI indica apenas o potencial para se alcançar determinado rating, no caso de a pessoa se dedicar o suficiente. Também é importante considerar que para níveis cada vez mais altos de rating, torna-se necessário reunir um conjunto cada vez mais específico de habilidades que devem complementar a dedicação. Einstein, por exemplo, ainda que seu QI fosse um pouco maior que o de Kasparov, provavelmente nunca conseguiria chegar ao nível de Kasparov no Xadrez, mesmo que se dedicasse tanto quanto Kasparov se dedicou, porque faltavam a Einstein algumas das aptidões necessárias para atingir o nível de Kasparov no Xadrez. Talvez nem Einstein nem chegasse a 2200 ou 2300 de rating, mesmo que se dedicasse o máximo possível. Analogamente, é provável que Kasparov também não alcançasse o nível de Einstein na Física, mesmo que se dedicasse exclusivamente a isso, porque faltam a Kasparov algumas aptidões necessárias para alcançar o nível de Einstein na Física. Tanto Einstein poderia ser (e de fato foi) um bom enxadrista, quanto Kasparov poderia ser um bom físico. Einstein teve força equivalente a cerca de 1800 de rating, e Kasparov certamente poderia ser Ph.D. em Física se se dedicasse a isso. Na verdade, ambos poderiam ser bons em praticamente qualquer atividade intelectual que escolhessem. Mas em nenhuma delas poderiam ser tão bons quanto foram no Xadrez (Kasparov) ou na Física (Einstein), que são atividades para as quais seus talentos parecem ter sido especialmente selecionados para se tornarem notáveis nelas. Muito bem, depois de toda esta explicação sobre como foi “construída” a informação de que o QI de Kasparov é 190, e de tentar deixar claro o que realmente significa a relação entre QI e rating, vamos voltar à proposta original do artigo e analisar a lista dos top-10 mais inteligentes. Farei breves comentários sobre cada um deles e também sobre alguns que acredito que deveriam constar numa lista que tivesse como proposta reunir os 10 mais inteligentes. William Stephen Hawking O trabalho de Hawking sobre radiação de buracos-negros foi um dos mais revolucionários no século XX, porque antes disso se pensava que nada poderia escapar de um buraco-negro, nem mesmo a luz. Já no século XVIII, Laplace calculou a velocidade inicial necessária para que um objeto lançado a partir da superfície de uma estrela pudesse escapar de sua força gravitacional e descrever uma órbita aberta (parabólica ou hiperbólica), e concluiu que, dependendo da relação entre o raio e a massa da estrela, ela não poderia emitir luz porque a velocidade da luz seria menor que a velocidade de escape em sua superfície. Antes dos experimentos de Michaelson e Morley, antes de existirem Relatividade Geral e Mecânica Quântica, Laplace não tinha como compreender corretamente as implicações disso, mas usando Mecânica Newtoniana podia facilmente perceber que uma estrela com a mesma massa do Sol e raio de 2,95 km não poderia emitir luz. Até os anos 1970, ainda se pensava que nada poderia escapar de um buraco-negro, nem a luz, pois que o define um buraco-negro é o fato de sua velocidade de escape na superfície (no horizonte de eventos) ser igual à velocidade da luz no vácuo. O que Hawking pensou e revolucionou a compreensão que se tinha sobre isso, foi que, como os buracos-negros são gerados pelos restos dos núcleos de estrelas massivas que explodem em supernovas ou hipernovas, sabendo que toda estrela possui um movimento de rotação, então o buraco-negro remanescente de uma supernova deveria conservar parte do momento angular e também deveriam girar. Se ele gira, então a pseudoforça centrifuga faz com que ele se achate nos polos, ou seja, um buraco-negro em rotação não pode ser perfeitamente esférico. Quando se fala em “buraco-negro” esférico, na verdade se está falando do horizonte de eventos, que é a região situada a 1 raio de Schwarzschild da singularidade. Não é muito apropriado afirmar que a singularidade fica no “centro” do buraco-negro, mas pode-se interpretar mais ou menos como se fosse isso. Uma das implicações de um buraco-negro não ser perfeitamente esférico é que a força gravitacional e a velocidade de escape nas imediações do raio de Schwarzschild não é uniforme, mas sim varia com a latitude. Um buraco-negro em rotação apresenta uma região elipsoide chamada ergosfera, na qual pares de partículas virtuais surgem e desaparecem no vácuo quântico, tal como previsto pelo Princípio da Incerteza, sendo que quando uma das partículas virtuais é atraída para a singularidade e a outra escapa, como a paridade da massa não pode ser violada, a partícula que “caiu” no buraco-negro precisa ser interpretada como tendo massa negativa para compensar a partícula que escapou, e isso pode ser interpretado, sob o ponto de vista de um observador externo, como radiação emitida pelo buraco-negro. Na verdade, não é emitida pelo buraco-negro, mas sim resultante de processos que ocorrem em sua ergosfera. Penrose e Hawking também demonstraram o teorema da singularidade com base nos axiomas em que se fundamenta a física contemporânea. A maioria dos físicos entende que o autor principal deste trabalho foi Penrose, enquanto Hawking também teve uma participação importante. O trabalho é interessante, engenhoso e tem méritos, mas o mérito maior é atribuído a Penrose. Hawking se tornou uma estrela na mídia por se enquadrar no estereótipo do gênio bizarro mais do que pela grandiosidade de seu trabalho. Não há dúvida sobre a genialidade de Hawking, sobre a importância de sua obra e sobre seus méritos, mas o motivo de ele constar na lista, enquanto Penrose não, é muito mais por sua fama do que por seu intelecto, e o mesmo se aplica a todos os outros da lista da SuperScholar, que são basicamente as pessoas mais inteligentes entre as muito famosas, não as mais inteligentes do mundo. Hawking ter feito o que fez, mesmo com suas limitações físicas, multiplicam seus méritos intelectuais. Contudo, a parte principal de sua obra foi realizada nos anos 1970. A esta altura, já havia sido diagnosticada sua esclerose múltipla amiotrófica, porém ele ainda falava e a doença não dificultava tanto seu trabalho quanto dificulta nos dias hoje. Hawking é um modelo de coragem, de determinação, de força de vontade, mas objetivamente ele não produziu ao longo de sua carreira algo que o possa incluir numa lista das 10 pessoas mais inteligentes. Talvez, se não tivesse sido acometido pela doença, pudesse ter ido muito mais longe. Mequinho, por exemplo, se não fosse pela miastenia gravis, ele teria boas chances de se tornar campeão mundial, mas independentemente do motivo que o possa ter impedido, objetivamente ele não se tornou. Hawking é uma das personalidades mais admiráveis, mais marcantes e mais importantes dos séculos XX e XXI, tanto por seus trabalhos expressivos quanto por sua luta contra uma doença degenerativa devastadora. Creio que ele deveria constar numa lista de top-100 ou mesmo top50 dos mais inteligentes do mundo. Kim Ung-Yong Não sei muito sobre ele. É uma figura famosa nas comunidades de alto QI por ter sido registrado no Guinness com 210 pontos de QI e ter sido uma criança prodígio. Ele foi convidado pela NASA para ir estudar nos Estados Unidos e obteve seu Ph.D. aos 16 anos. Mas sua carreira como adulto é relativamente comum, semelhante à de um engenheiro com 150 ou 160 de QI. Até onde sei, não realizou trabalhos inovadores que tivessem ganhado destaque, não conquistou prêmios expressivos em concursos intelectuais. Obteve seu doutorado sem qualquer distinção especial na Universidade do Colorado. Para efeito de comparação, William James Sidis doutorou-se Cum Laude em Harvard aos 16 anos. Harvard é muito mais consagrada do que a Universidade do Colorado, e uma distinção Cum Laude não é concedida a qualquer um, mesmo assim Sidis não chegou a prestar contribuições muito extraordinárias quando adulto (em parte porque se afastou da vida acadêmica). No grupo Etranger da Prometheus Society, conheci pessoas que, aos 4 anos de idade, escreviam poemas e falavam 5 idiomas, tiveram o QI medido na infância em cerca de 400, mas na idade adulta pontuavam perto de 170 nos testes. Difícil incluir Kim numa lista de top-10 ou mesmo top-100 mais inteligentes. Enquanto ele não desenvolver trabalhos que confirmem seu talento, não há como saber muito sobre sua real capacidade. Quando se considera as habilidades de uma criança prodígio muito jovem e se tenta projetar como ela será quando adulta, geralmente se supõe que ela apresentará uma curva de evolução típica e se prevê resultados extraordinários. Em alguns casos é realmente assim, como Gauss, Morphy ou Mozart. Mas na maioria das vezes não é, e depois de certa idade a curva de evolução acaba sendo mais lenta, além de a criatividade não se sobressair tanto quanto a capacidade analítica. Uma criança pode impressionar ao resolver um problema analítico, ou mesmo por memorizar e repetir informações, mas esse tipo de performance não impressiona tanto num adulto. O que se espera de um adulto brilhante é que apresente soluções criativas, profundas e corretas a problemas difíceis, que muitas outras pessoas inteligentes tenham tentado resolver. Paul Allan Os QIs de Paul Allan e Bill Gates foram calculados a partir dos escores que obtiveram no SAT. Allan obteve 1600 (escore perfeito) e Gates 1590. Escores próximos ao teto estão sujeitos a maior incerteza, porque há poucas pessoas com scores neste nível para comparar. Algumas fontes consideram que o escore de Gates corresponde a 160 de QI e o de Allan a 165+. Outras consideram 170. O fato é que o nível de dificuldade das questões do SAT é adequado até cerca de 140 de QI, e isso torna qualquer escore acima de 140 uma medida da velocidade para resolver problemas no nível de 140, que é muito diferente de medir a habilidade para resolver problemas complexos, correspondentes a níveis mais altos de QI. O sucesso de Gates como empreendedor e desenvolvedor acaba sendo um critério mais apropriado para estimar seu nível intelectual do que seu escore no SAT, enquanto o trabalho de Allan como administrador acaba também servindo melhor a este propósito do que seu escore no SAT. Creio que Gates e Allan estejam aproximadamente no mesmo nível, com QI entre 160 e 180. É bastante alto, mas muito longe de ser suficiente para top-10 ou top-100. Um QI 180 em raridade pode corresponder a top-1000 numa população com 7,2 bilhões de pessoas das quais cerca de 4,5 bilhões são adultas. Estou usando o termo “QI” para significar o nível intelectual real, não o escore obtido num teste. A grande maioria dos testes usados em clínicas não tem questões com dificuldade apropriada para medir QIs acima de 130, embora os laudos declarem escores de 170, 180 e até mais. Para informações mais detalhadas sobre a fidedignidade, representatividade, adequação, validade de constructo e outras propriedades de testes de QI, recomendo a leitura deste artigo: http://www.sigmasociety.com/artigos/historia.pdf Rick Rosner Já comentei sobre ele no início do artigo. Rosner é uma das pessoas mais famosas das comunidades de alto QI, por ter sido o único a obter escore perfeito em um dos testes de Hoeflin, o Titan Test. Kevin Langdon e Ronald Hoeflin, nos anos 1970 e 1980, foram pioneiros na elaboração de testes de QI difíceis, com questões apropriadas para medir o desempenho mental acima de 150 de QI e até acima de 160 de QI. De acordo com o método de Wechsler para normatização de testes, que é usado até hoje, associando cada pontuação de QI a um nível de raridade, um QI 160 numa escala com desvio-padrão 16 corresponde a um nível de raridade de 1 em 10.000, ou seja, apenas 1 em cada 10.000 pessoas alcança um QI de 160. É importante não confundir o método de Wecheler (que associa o QI com o nível de raridade) com a escala de Wechsler (que tem desvio-padrão = 15). Na época que os testes de Hoeflin começaram a ser aplicados, algumas pessoas alcançaram escores muito altos e também surgiram as primeiras polêmicas sobre a confiabilidade naqueles resultados. Bob Seitz e Grady Towers calcularam suas próprias versões da norma destes testes. Bob Seitz trabalhou na NASA e Towers trabalhou por mais de 30 anos como estatístico e foi membro no comitê psicométrico da Prometheus Society. Hoeflin é filósofo, fundador de algumas das primeiras comunidades de alto QI altamente seletivas, como Mega Society e Prometheus. Embora os três provavelmente estejam aproximadamente no mesmo nível de competência, Towers é o mais credenciado para calcular corretamente a norma destes testes. Num artigo preliminar, Towers chegou a um valor perto de 201 para o teto do Mega, mas adotando métodos bayesianos, revisou seu cálculo inicial e chegou a algo entre 165 e 170 para o teto do Mega Test. Bob Seitz chegou a cerca de 170. Em 2003, desenvolvi um novo método para normatização de testes que permite gerar logaritmos de escores em escala de proporção. Usando o mesmo método para calcular as normas do Titan e do Mega Test, cheguei a cerca de 167 para o teto de cada. Nós 3 chegamos a resultados muito semelhantes, de 165 a 170, usando métodos diferentes. O único que encontrou como resultado um teto acima de 190 para o Mega e o Titan foi Hoeflin. Embora a diferença de 170 para 190 possa parecer não tão grande, os níveis de raridade em cada caso são muito diferentes. Um QI 170 representa o nível de raridade de 1 em 160.000, enquanto o nível de raridade para um QI 190 é 1 em 110.000.000, quase 1.000 vezes mais raro. No Mundo deve haver cerca de 70 pessoas com QI acima de 190 e 50.000 pessoas com QI acima de 170. Portanto é uma diferença importante. Na verdade, as abundâncias relativas de diferentes níveis de QI são muito diferentes do que as previstas pelo método de Wechsler, porque a distribuição dos QIs na população só é aderente a uma distribuição normal no intervalo entre 70 e 130. Esse assunto é discutido com mais detalhes nas normas de 2003, 2004 e 2005 do Sigma Test e no artigo “Resumo histórico sobre testes de inteligência”. O fato é que o Titan Test tem algumas questões interessantes, com nível de dificuldade muito acima dos testes de QI usados em clínicas, porém muito abaixo do que seria adequado para medir QIs num nível acima de 180. Para um nível de 190, a dificuldade das questões é ainda menos adequada. Muitas das questões verbais são na verdade muito fáceis, desde que a pessoa seja um anglófono nativo e tenha um vasto vocabulário. Além desta avaliação subjetiva sobre os níveis de dificuldade, o cálculo objetivo da norma do teste por 3 pessoas diferentes aponta um teto entre 165 e 170 para o Mega Test e o Titan Test. Como Rosner não realizou nenhum trabalho criativo expressivo além de seus escores em testes de QI, é difícil aceitar a tese de que ele tenha um nível intelectual muito acima de 160 ou 170. Gary Kasparov Em minha opinião, entre as 10 pessoas da lista, ele é a que mais nitidamente não pode ter sua posição contestada. Kasparov é o que mais merece estar numa lista dos 10 mais inteligentes. Isso não significa que ele deveria ser necessariamente o número 1, no topo da lista, mas é o que reúne evidências mais fortes, mais consistentes e documentadas de forma objetiva. Sua partida contra Topalov, em 1999, em que protagonizou uma das combinações mais extraordinárias da história, envolve problemas com um nível de dificuldade muito alto e seu desempenho nesta partida demonstra uma criatividade fabulosa. Suas numerosas contribuições com a Teoria de Aberturas, suas ideias profundas e originais, sua excepcional compreensão do jogo, revelam uma inteligência quase tão aguda quanto a dos maiores físicos e matemáticos dos últimos tempos. Pouco depois que Kasparov jogou sua famosa partida contra Topalov, vários GMs de ponta, como Ftacnik, Seirawan, Stohl, Speeman, Kavalek, R. Byrne, Ree, Sisniega, Morgado, Zanicki e dezenas de outros, publicaram seus comentários e, mesmo estes GMs usando engines, no momento mais crítico da variante mais crítica, com 26...Dc5 27.Df6 Dd6 vários deram a posição como empatada, outros deram como incerta, outros deram como melhor para as Brancas. Quando Kasparov publicou suas próprias análises, mostrou que nesta variante as Brancas venceriam com o brilhante e surpreendente 28.Be6!! Não é com base em 1 lance de 1 partida que se pode estimar o talento de uma pessoa. Mas esta partida com Topalov é apenas um exemplo que se repetia com frequência, em que os melhores do mundo não viam o que somente Kasparov conseguia ver. Andrew Wiles A vida de Wiles foi praticamente devotada à demonstração do Último Teorema de Fermat, o mais famoso problema dos últimos séculos e cuja solução traz avanços importantes à Teoria dos Números. Por se tratar de um problema que permaneceu 300 anos sem solução, mesmo tendo sido examinado por muitos dos maiores matemáticos de cada época, o nível de dificuldade é altíssimo e os méritos de Wiles também. Ainda que muitos outros já tivessem trabalhado no problema antes dele e deixado grande parte da solução preparada, os méritos de Wiles são incontestáveis. As fontes que atribuem a Wiles 170 de QI certamente estão equivocadas e deve ser algo entre 180 e 190. O problema é duríssimo, sem dúvida, mas o motivo de o teorema ter passado 300 anos sem demonstração não se deve tanto à dificuldade inerente ao problema, mas sim ao fato de que há poucos no mundo que conhecem o necessário para começar a tentar demonstrar o teorema por um caminho razoável. Quando eu era adolescente, em 1992, improvisei uma demonstração para o Último Teorema de Fermat, mas rapidamente me dei conta de que estava incorreta. Mais detalhes em http://www.saturnov.com/artigos/269-quatroantecipacoes-por-enquanto . Em 2003, o amigo Marc Heremans me informou que o Dr. Kaida Shi, professor de Matemática numa Universidade da China, apresentou uma demonstração muito similar à minha, porém o Dr. Shi não se deu conta de que estava incorreta e o artigo dele continua on-line. Na época que cheguei a pensar sobre isso, não consegui formar uma opinião abalizada sobre a dificuldade deste problema, porque a solução de Wiles é altamente especializada e não tenho conhecimento para julgar, pois em minhas tentativas como adolescente, não consegui me aproximar de nada que pudesse ser uma solução adequada. A grande maioria dos matemáticos nos últimos séculos nem sequer se interessou em trabalhar no problema por longo tempo, porque precisariam estudar um volume imenso de material e se desviar das pesquisas nas quais estavam envolvidos, com o risco de não chegar a nada no final. Wiles pegou pronta a conjectura de Shimura-Taniyama, da qual o Teorema de Fermat pode ser interpretado como um caso particular. Apesar disso, seus méritos ainda são muito grandes. Na época em que Wiles apresentou sua demonstração e a submeteu ao escrutínio dos especialistas, verificaram que estava incompleta e somente anos mais tarde, com a colaboração de Richard Taylor, é que a demonstração foi finalizada. Ainda assim é um trabalho monumental. Alguns afirmam que Wiles não recebeu a medalha Fields apenas porque não era elegível (um dos quesitos é ter menos de 40 anos), mas o fato é que Richard Taylor, que teve participação decisiva na demonstração, tinha menos de 40 anos e também não a recebeu. Se a entidade responsável pela homologação da Medalha Fields julgasse que o trabalho era o mais digno do prêmio naquele quatriênio, creio que simbolicamente deveriam conceder o prêmio a Richard Taylor. Em vez disso, criaram um prêmio “especial” para Wiles. Isso poderia ser interpretado como algo equivalente a um “Honoris Causa”, que seria um prêmio acima do habitual, ou como um prêmio de consolação. A Medalha Fields “normal” é de ouro, mas Wiles recebeu uma de prata. Isso me parece claramente um prêmio de consolação. Se fosse equivalente a um “Honoris Causa”, teria sido uma medalha de platina. Então, como não conheço o suficiente para julgar os aspectos técnicos do trabalho de Wiles, tenho que confiar no julgamento do comitê que concede a Medalha Fields e me basear no julgamento deles. Além desse trabalho, assim como Hawking, Wiles coleciona uma respeitável lista de outros prêmios notáveis e seguramente deve constar numa lista de top-100 ou top-50. Judit Polgar Até onde sei, o QI 175 ou 179 atribuído à Judit é na verdade um QI calculado, assim como do Kasparov. Ela é de longe a melhor enxadrista da história, mas sua melhor classificação foi ficar entre top-10 do mundo no Xadrez absoluto, em abril de 2003, sendo o Xadrez apenas uma das modalidades intelectuais que precisam ser levadas em consideração ao tentar selecionar os integrantes de uma lista top-10 mais inteligentes. (agradecimento a Tiago A. dos Santos pela informação sobre a lista de abril de 2003, com a Judit top-10) Ela foi uma menina prodígio, bateu o recorde de Fischer de GM mais novo, e seus resultados no Xadrez são sem dúvida muito expressivos. Já ouvi comentários sobre a Judit resolver problemas de cálculo integral aos 11 anos de idade. Poderia constar numa lista top-1000. Christopher Hirata Assim como Kim, foi um garoto prodígio, com a diferença que foi o mais jovem medalhista numa Olimpíada Internacional da Física, que é um prêmio expressivo de nível mundial e numa atividade intelectual com problemas razoavelmente complexos. Também não tenho conhecimento de trabalhos expressivos que tenha realizado ou de prêmios que tenha recebido por prestar contribuições importantes à Ciência ou à Matemática. Seu resultado mais relevante talvez seja seu prêmio na Olimpíada Internacional da Física. As Olimpíadas Internacionais da Matemática são eventos intelectuais de peso, com problemas difíceis, quase no nível dos problemas dos testes de Hoeflin, e ainda por cima com prazo de poucas horas para resolver (os de Hoeflin não tem limite de tempo). Os problemas da Olimpíada de Astronomia são quase piada, de tão fáceis e elementares, exigindo quase exclusivamente decorar e reproduzir informações, mas quase nada de raciocínio. Os da Física e da Computação são intermediários, mais perto da dificuldade dos problemas das Olimpíadas da Matemática. Um resultado neste nível deve ser suficiente para constar numa lista de top1000 dos mais inteligentes do mundo, mas dificilmente top-100. Terence Tao Medalha Fields compartilhada. Isso já basta para top-20. A Medalha Fields é um prêmio conferido ao autor ou aos autores do(s) trabalho(s) mais expressivo(s) em Matemática a cada intervalo de 4 anos. Já ouvi dizer que Alfred Nobel não criou a modalidade de seu prêmio para Matemática porque tinha um inimigo que era um dos maiores matemáticos da época, e não queria correr o risco de que algum dia o prêmio que ele oferecia fosse destinado a este inimigo. Para preencher esta lacuna e não deixar os melhores matemáticos esquecidos, foi criada a Medalha Fields. É um prêmio com peso muito maior que o Nobel, embora seja menos famoso. O Nobel é anual e atualmente é oferecido em 6 categorias, enquanto a Fields é quadrienal e tem apenas uma categoria. Além disso, o Nobel é fortemente influenciado por motivos políticos, especialmente o Nobel da Paz, mas também todos os outros. Há também muita burocracia no Nobel, que muitas fazes acaba fazendo com que os mais dignos de recebê-lo não sejam laureados, enquanto outros com menos méritos o recebam. A Medalha Fields é menos burocrática e com menor influência política, geralmente os ganhadores são de fato os autores dos trabalhos mais importantes do período. Dois casos graves de Nobel mal atribuídos são o de Penzias e Wilson e o caso de Einstein. Penzias e Wilson desconheciam os trabalhos nos quais Gamow previa a existência de uma radiação de fundo que poderia ser interpretada como eco do Big-Bang, e acidentalmente depararam com esta radiação sendo detectada pelo radiotelescópio em que trabalhavam. Não conseguiram entender o que era aquele ruído e chegaram a pensar que se tratava de fezes de pombos na antena! Limparam a antena, mas os ruídos continuaram. Não me recordo o relato detalhado feito por Feynman sobre isso, mas no final Penzias e Wilson perceberam que se tratava da radiação de fundo prevista por Gamow, e levaram o Nobel por terem confundido o eco do Big-Bang com fezes de pombos. A radiação de fundo lhes foi esfregada no nariz, por mera sorte e, mesmo assim, demoraram para perceber a notável descoberta que se afigurava diante deles. Depois receberam um Nobel pela descoberta, ao passo que Gamow, autor intelectual do trabalho que previa a existência desta radiação, já estava morto e não recebeu nada. No caso de Einstein, nunca recebeu nada por sua Teoria da Relatividade, que é um dos trabalhos mais importantes da história e talvez o maior dos últimos 3 séculos. O Nobel conferido a Einstein em 1921 foi devido a seus trabalhos sobre o feito fotoelétrico. Um terceiro caso também grave envolveu Murray Gell-Mann, já citado neste artigo. Gell-Mann ganhou o Nobel de 1969 por sua teoria dos quarks, publicada em 1961. Alguns meses antes dele, George Zweig ofereceu para publicação um trabalho basicamente igual, que chamava “Teoria dos Ases”, também baseado nos caminhos dos octetos e com toda uma estrutura equivalente à da Cromodinâmica Quântica, porém o artigo de Zweig foi recusado pela revista sob a alegação de que aquela era uma revista séria e não publicava artigos de ficção. Também há o caso do brasileiro Cesar Lattes, que participou de dois trabalhos laureados com o Nobel de Física, mas não recebeu nenhum. Durante anos se falou sobre uma suposta carta escrita por Bohr, que deveria ser aberta 50 anos depois de sua morte, em 1962, na qual Bohr prometia revelar o motivo pelo qual Lattes não recebeu o Nobel. Em 2012 houve alguns rumores sobre o assunto, mas ao que parece a carta não existia ou foi perdida/destruída. A medalha Fields e o título de campeão mundial de Xadrez são provavelmente as duas distinções intelectuais de maior peso, por serem os mais difíceis de conquistar e os menos sujeitos a burocracia e à influências políticas. Além disso, solucionou vários problemas em diversos ramos da Matemática. Tao, ao lado de Kasparov, é um dos poucos realmente merece estar numa lista top-10. James Woods Woods estudou no MIT e abandonou a carreira acadêmica para ser ator. É muito inteligente, algumas fontes lhe atribuem 180 de QI. Um QI 180 na escala Cattell correspondente a 155 na escala Stanford-Binet. É um QI elevado, com nível de raridade perto de 1 em 3.000, mas isso o coloca apenas entre os top-2.000.000 mais inteligentes, não entre os 10. Ele obteve 1580 no SAT, abaixo de Bill Gates e Paul Allen. Embora 1580 seja um excelente escore, confirma apenas um QI pouco abaixo de 160. Criticar uma lista como esta, de 10 pessoas mais inteligentes do mundo, é muito difícil, porque acaba sendo necessário criticar pessoas brilhantes por não serem ainda mais brilhantes. Woods tem um nível de inteligência 1 em 3.000, ou seja, a cada 10.000 pessoas, apenas 3 apresentam um nível similar ou acima do dele. Não é pouco, mas é muito longe do nível necessário para ser incluído numa lista top-10 mundial. Portanto, desta lista de top-10 eu manteria 2 nomes: Gary Kasparov e Terence Tao. Outros nomes que acrescentaria são James Simons, Gregori Perelman, talvez também John Nunn e Magnus Carlsen. Se fosse uma lista mais extensa (top-50), incluiria Murray Gell-Mann e Steven Weinberg. James Simons é um caso sui generis, que trabalha na área mais competitiva entre todas e alcançou os melhores resultados da história, disparadamente à frente do segundo melhor (talvez George Soros seja o segundo). Por conhecer de perto e com profundidade a área em que ele trabalha, tenho uma ideia muito clara e precisa sobre o nível de dificuldade envolvido. É muito mais difícil do que Xadrez Postal, talvez centenas de vezes mais difícil, e não existe bibliografia de boa qualidade em que se possa se basear. É necessário criar praticamente tudo a partir do zero e edificar uma Ciência inteira antes de começar a resolver o problema. Para complicar ainda mais, há grande abundância de bibliografia escatológica, que além de não fornecer informações úteis, ainda por cima dá pistas falsas que induzem a erros. Na vida acadêmica, os mais brilhantes pesquisadores publicam de graça suas descobertas em troca de prestígio, mas na selva do Mercado Financeiro, os melhores profissionais da área não compartilham a maioria de suas principais descobertas e invenções. Se Simons publicasse tudo que descobre, ele certamente teria sido laureado meia dúzia de vezes com o Nobel de Economia e, talvez, de Física. Em 1993, quando Kasparov se desentendeu com o presidente da FIDE e criou a PCA, foram realizados 2 campeonatos mundiais e, numa entrevista, perguntaram a ele quem era o verdadeiro campeão mundial, ao que Kasparov respondeu: “aquele do evento que oferece maior prêmio”. Posteriormente, ao citar esta entrevista, o GM Yasser Seirawan comentou: “com esta resposta, Kasparov acaba de atribuir o título a Fischer”, já que no match revanche Fischer-Spassky, 1992, a bolsa foi maior do que entre Kasparov-Short, 1993. Adotando um critério semelhante ao sugerido por Kasparov, Simons é a pessoa com mais méritos por ser o mais bem sucedido na atividade mais competitiva e mais difícil que existe: ganhar dinheiro no Mercado Financeiro. Mas este critério não seria aplicável a Bill Gates ou a outros que ganham dinheiro em outras atividades? Certamente que não! Pelo simples fato de que ganham graças ao peso do fator sorte. Quando Bill Gates começou, ele não fazia a menor ideia de onde chegaria. Ele queria ter sucesso, mas provavelmente não imaginava que iria tão longe. Mas quando Simons começou, em 1982, suas projeções provavelmente já permitiam que ele soubesse como estaria, financeiramente, em 2014. Bill Gates perdeu 70% de sua riqueza com a queda das bolsas em 1999, enquanto Simons lucrou neste período. A diferença fundamental é que Gates ganha passivamente, quase à deriva, como fruto da sorte de uma ideia que teve sucesso, enquanto Simons ganha porque consegue prever os movimentos dos preços com probabilidade de acerto um pouco acima de 50%. Dennis Ritchie, por exemplo, criador do Unix, realizou um trabalho intelectual equivalente ou superior ao de Gates, mas não ganhou nada com isso porque seguiu um caminho diferente. Tanto Ritchie quanto Gates e Jobs realizaram trabalhos expressivos, criativos, até mesmo geniais, e não podem ser medidos com base no sucesso financeiro que alcançaram, pois a dificuldade de seus trabalhos não tem relação direta com a recompensa financeira, como ocorre no caso de Simons. Esta é uma das diferenças fundamentais. Na atividade de Gates, Jobs e Ritchie, o melhor não é necessariamente o que ganha mais. Na atividade de Simons sim. Gregori Perelman é talvez quase tão brilhante quanto Simons, mas com perfil muito diferente. Assim como Tao, também recebeu uma medalha Fields, porém a recusou. Jean Paul Sartre, quando ganhou o Nobel de Literatura e recusou o prêmio, fez uma ressalva ao recusá-lo, dizendo que se futuramente ele precisasse de dinheiro, gostaria de ter garantida a possibilidade de mudar de ideia e receber o prêmio. No caso de Perelman ele precisava, mesmo assim recusou. Perelman mora com sua mãe, num ambiente que, segundo os vizinhos, oferece risco à saúde pública, cheio de baratas. Pelo que sei, ele não tem vínculo com nenhuma universidade e faz suas pesquisas de forma independente. Uma figura exótica e extraordinária. Além de recusar a medalha Fields, Perelman também demonstrou um teorema do qual a conjectura de Poincaré é um caso particular. A conjectura de Poincaré foi um dos 7 problemas do milênio, com prêmio de 1 milhão de dólares para quem o resolvesse. Perelman deu uma solução mais completa do que o problema pedia, mas também recusou o prêmio. Eu não ficaria surpreso se o pessoal que fez a lista dos top-10 da SuperScholar tivesse tentado incluí-lo, mas ele tivesse recusado. Então colocaram James Woods de última hora. Edward Witten é outro nome que jamais poderia faltar numa lista top-10 e cometi o erro crasso de me esquecer dele. Se o amigo Thiago Bertho tivesse lido este artigo antes desta correção, ele me esquartejaria. Até onde sei, Witten é a única pessoa que ganhou uma medalha Fields e um prêmio Nobel de Física. Foi autor da Teoria M, que uniformiza as diversas Teorias das Cordas. As Teorias das supercordas são, talvez, as mais criativas do século XX, inclusive se comparadas à Teoria da Relatividade, Mecânica Quântica e Teoria dos Quarks. A Teoria dos Quarks, por exemplo, consiste numa expansão do modelo (baseado em partículas) da estrutura fundamental da matéria, que organizada hádrons, mésons e híperons com base nos quarks que os constituem. Antes da Teoria dos Quarks, não havia uma classificação consistente para as diversas partículas, inclusive o méson mu era incorretamente classificado como um méson, e hoje é classificado como um lépton e é mais comumente chamado de “múon” ou “partícula mu”, em parte graças à Teoria dos Quarks. Um lépton é uma partícula elementar, isto é, acredita-se que não seja constituído por outras partículas “menores”, ao passo que um méson é constituído por um quark e um anti-quark. Além disso, nas interações fracas os léptons estão sempre associados a um neutrino, necessário para preservação do número quântico leptônico, enquanto os mésons não. Em contraste à Teoria dos Quarks, a Teoria das Cordas é completamente diferente e inovadora, porque em vez de interpretar a estrutura fundamental da matéria como constituída por partículas que formam outras partículas e que interagem umas com as outras por meio de forças, a Teoria das Cordas parte da premissa de que não existem partículas nem forças, mas sim cordas vibrando em diferentes estados, num hiperespaço de 11 dimensões, sendo 3 dimensões espaciais ortonormais, o eixo de expansão ct e 7 dimensões degeneradas. Esta é uma abordagem completamente diferente de qualquer outra na história da Física e igualmente boa para descrever os fenômenos observados. Representa praticamente uma reformulação completa de toda a Física que tenta explicar a estrutura fundamental da matéria. É muito abrangente e em alguns aspectos se mostra superior à Física de Partículas, como na explicação para fenômenos como EPR ou EPRB (Einstein-Podolsky-Rosen-Bohm), por exemplo, em que se tenta medir simultaneamente a velocidade e o momento de inércia de uma partícula usando uma fonte de emissão que gera pares de partículas “gêmeas” emitidas em direções opostas, mas o Princípio da Incerteza continua válido e, ao medir a velocidade de uma das partículas, isso interfere instantaneamente no momento inercial da outra. A maneira como a Teoria das Cordas interpreta este fenômeno é mais consistente com a Teoria da Relatividade. Ainda não há resultados experimentais suficientemente acurados que permitam determinar se as Teorias das Cordas são representações da Natureza melhores do que as propostas pelo modelo de Física de Partículas, mas se forem, será uma revolução nos paradigmas comparável ou até mais dramática do que quando Galileu e Kepler mostraram que o Heliocentrismo era um modelo Cosmológico mais consistente com os resultados experimentais do que o Geocentrismo. É o tipo de ideia que ocorre uma vez a cada 400 anos. John Nunn foi um garoto prodígio e é um dos táticos mais criativos da história do Xadrez, além de ser tri-campeão mundial de Solucionismo. O nível dos participantes nos campeonatos de solucionismo é quase comparável ao do mundial de Xadrez, inclusive alguns dos melhores do mundo em Xadrez participam no mundial de Solucionismo. Nunn foi aprovado para cursar Matemática em Oxford aos 15 anos, o mais jovem nos últimos 350 anos, onde obteve seu Ph.D., aos 26. Embora Xadrez convencional, Solucionismo e Matemática não sejam áreas muito diferentes, obter um levado nível de sucesso nas 3 e ser tri-campeão mundial numa delas é bastante expressivo. Magnus Carlsen ainda não mostrou tudo que tem a mostrar. Com apenas 22 anos, já conquistou o título de campeão mundial de Xadrez e teve uma das maiores diferenças de rating sobre o segundo melhor. Foi o terceiro desafiante na história a vencer invicto um match contra o campeão mundial, equiparando-se a Capablanca e Kramnik nesta proeza. Embora Futebol não seja uma atividade predominantemente intelectual, e depende muito mais da motricidade, coordenação, velocidade, resistência e aptidões físicas, também requer inteligência e adiciona 2 cents para os méritos de Carlsen. Outra crítica a ser feita é que existem outras listas com propostas semelhantes, mas com outros nomes e outras polêmicas. A seguir, aponto os links para apenas três delas. Escolhi as duas primeiras porque os autores das listas (Laurent Dubois e Arlindo Junior?) se lembraram de mim. E a segunda lista porque reúne alguns colegas e amigos, como Evangelos Katsioulis, que gentilmente me convidou para a World Intelligence Network, Mislav Predavec e Kenneth Ferrell. http://www.maisondugenie.com/genies/index-en.html http://pt.slideshare.net/aaaj/mentes-geniais http://www.therichest.com/business/the-top-10-most-intelligent-people-in-the-world/ Um detalhe interessante é que a foto de Evangelos Katsioulis no artigo está errada. Não faço ideia de quem seja a pessoa na foto, mas seguramente não é ele. Update: Desde que escrevi o artigo, recebi sugestões para alguns nomes que deveriam constar na lista dos top-10. No total, foram sugestões de mais de 15 nomes diferentes, além dos 7 já listados. Esta é uma das dificuldades para se fazer uma lista top-10, quando não existe um ranking oficial no qual se possa se basear, e é preciso comparar, por meio de avaliações subjetivas, a importância da obra de pessoas que atuaram em áreas diferentes. Entre os nomes sugeridos, creio que nenhum poderia preencher uma das 3 vagas em aberto no top-10, mas alguns merecem pelo menos serem lembrados como possíveis candidatos a top-100 ou mesmo top-50: Stephen Smale (sugerido por Pedro Ayala), Peter Higgs (sugerido por um amigo de Regina Ribeiro que removeu sua postagem e não me recordo o nome), Allan Guth (não me recordo quem sugeriu) Marilyn Vos Savant, sugerida por Ivan Sampaio. Além dos que já citei anteriormente: Roger Penrose, Steven Weinberg, Murray Gell-Mann, William Stephen Hawking.