Colunas - Ultraviolet U2

Transcrição

Colunas - Ultraviolet U2
Colunas
14 de fevereiro de 2011
© 2001-2011. Todos os direitos reservados.
Apresentação
Os textos contidos neste documento foram escritos por membros da Ultraviolet, fã clube
brasileiro da banda de rock irlandesa U2, para uma sessão do nosso site, “Colunas”, nos
anos de 2001 a 2006. A sessão não existe mais, infelizmente, e obviamente a informação
apresentada aqui não é exatamente a mais recente. No entanto, o humor e o charme dos
autores não diminuiu com o passar dos anos e tenho certeza de que aqueles que se dispuserem a ler estas páginas vão se divertir e se informar.
Os autores, conforme indicados para cada texto, são os donos do que escreveram. Se
você deseja copiar ou publicar novamente alguns trechos deste documento, por favor entre
em contato com os administradores da Ultraviolet para que depois possa entrar em contato
com o autor do texto e pedir a sua permissão.
Carolina Feher da Silva / Mirrorball
Ultraviolet: http://www.ultraviolet-u2.com/
Índice
Apresentação..............................................................................................................................2
Lemon Thoughts, por Gone.......................................................................................................7
Debutando…..........................................................................................................................8
Bom demais pra ser verdade?...............................................................................................9
Amar é…............................................................................................................................... 11
“A Grand Madness”............................................................................................................. 12
The Edge.............................................................................................................................. 13
31/01/1998...........................................................................................................................14
…and when I go there…....................................................................................................... 16
Quando o U2 salva sua vida................................................................................................ 18
I know a boy, a boy called Trampoline…............................................................................ 19
I can’t change the world…................................................................................................... 21
Os fãs e os hits..................................................................................................................... 22
Manifesto POP.....................................................................................................................23
Os vídeos..............................................................................................................................25
Happy Birthday, Bono!....................................................................................................... 27
A million dollar soundtrack!...............................................................................................28
Pegue uma carona nessa viagem…..................................................................................... 29
Lá vamos nós outra vez.......................................................................................................30
10 things I hate about U(2).................................................................................................32
Hey Mr. Glamour Man….....................................................................................................34
Delírios de fã........................................................................................................................35
Dupla de dois ;)................................................................................................................... 36
Os tesouros que poucos conhecem..................................................................................... 37
Vendo o som (?).................................................................................................................. 39
L-A-R-D-E…N-C-E.............................................................................................................. 41
Mais do mesmo - comentários novos sobre assuntos velhos............................................ 43
U2 no Brasil! U2 no Brasil! U2 no Brasil! U2 no Brasil!................................................... 46
Assim não dá….................................................................................................................... 48
MANUAL DO UV NINJA!.................................................................................................. 50
Enxugando as lágrimas….................................................................................................... 57
A ZOO TV é aqui..................................................................................................................59
Historiadora do Rock, por Lucila Saidenberg........................................................................ 62
O Sagrado Mês de Outubro.................................................................................................63
31 de Outubro......................................................................................................................64
A história do mundo de acordo com o Rock and Roll.......................................................65
A história do mundo de acordo com o Rock and Roll........................................................67
A história do mundo de acordo com o Rock and Roll....................................................... 69
A história do mundo de acordo com o Rock and Roll........................................................ 71
A história do mundo de acordo com o Rock and Roll........................................................73
A história do mundo de acordo com o Rock and Roll........................................................76
A história do mundo de acordo com o Rock and Roll.......................................................78
U2, o Superbowl, e o mais recente capítulo da emocionante novela: “U2 e seu caso de
amor com a cultura americana” (ou: damned if you do, damned if you don’t)...............80
U2, o Prêmio Grammy, o CEO e a atual guerra da indústria fonográfica contra os fãs...82
Rock & Roll x Espiritualidade: U2 e a Transcendência.....................................................84
A introdução de Bono para o Livro de Salmos...................................................................86
Pequena História do Rock Irlandês....................................................................................89
Bono e O’neill na Africa.......................................................................................................91
Como foi gravado Achtung Baby........................................................................................ 93
Elvis Presley........................................................................................................................ 98
Um Mundo Sem Companias Gravadoras.........................................................................100
As três Glórias................................................................................................................... 102
Deus salve a Guitarra Elétrica! (Parte 1).......................................................................... 104
Deus salve a Guitarra Elétrica! (Parte 2)..........................................................................106
As Mulheres no Rock........................................................................................................ 108
Rock, Roll e a fan feminina................................................................................................ 111
Agora eu sei por que isso se chama uma “peregrinação”.................................................114
O que o amor tem a ver com isso?.....................................................................................118
A Imagem de Bono............................................................................................................ 120
O Que Comem as Estrelas................................................................................................. 122
O Show Perfeito................................................................................................................. 125
Por que é impossível fazer pouco do trabalho humanitário de Bono e manter a
própria credibilidade......................................................................................................... 127
Entrevista a mil por hora.................................................................................................. 130
U2 For Girls, por Rafaela Comunello....................................................................................132
Não só músicos, mas HOMENS!.......................................................................................133
‘É tudo sobre bateria’. E o baterista também!.................................................................. 134
Além das asas da sua imaginação..................................................................................... 136
Dalton Brothers For Girls................................................................................................. 138
Feliz U2 novo!....................................................................................................................140
E no palco, você!................................................................................................................142
Sex And U2.........................................................................................................................145
Intimidades........................................................................................................................148
Don’t push me ‘cause I’m close to The Edge!....................................................................151
Alta… fidelidade?...............................................................................................................154
Uno, dos, tres… anos sem atualizar!................................................................................. 157
Vertigo: Veni, vidi, vinci!...................................................................................................160
U24US, por André Braun...................................................................................................... 163
U24US................................................................................................................................164
U24US................................................................................................................................166
U24US................................................................................................................................170
U24US................................................................................................................................ 172
Drogas no U2..................................................................................................................... 174
Ser solidário....................................................................................................................... 176
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires...............................................178
07/03/2002....................................................................................................................... 179
11/03/2002........................................................................................................................180
12/03/2002........................................................................................................................181
14/03/2002....................................................................................................................... 182
15/03/2002....................................................................................................................... 183
18/03/2002....................................................................................................................... 184
20/03/2002.......................................................................................................................185
26/03/2002.......................................................................................................................186
28/03/2002.......................................................................................................................187
29/03/2002.......................................................................................................................188
01/04/2002....................................................................................................................... 189
03/04/2002.......................................................................................................................190
05/04/2002....................................................................................................................... 191
08/04/2002.......................................................................................................................192
10/04/2002....................................................................................................................... 193
16/04/2002....................................................................................................................... 194
17/04/2002........................................................................................................................195
19/04/2002....................................................................................................................... 196
24/04/2002....................................................................................................................... 197
25/04/2002.......................................................................................................................198
29/04/2002.......................................................................................................................199
30/04/2002.......................................................................................................................201
03/05/2002...................................................................................................................... 202
06/05/2002...................................................................................................................... 203
07/05/2002...................................................................................................................... 204
08/05/2002...................................................................................................................... 205
09/05/2002...................................................................................................................... 206
10/05/2002.......................................................................................................................207
14/05/2002.......................................................................................................................208
16/05/2002.......................................................................................................................209
21/05/2002....................................................................................................................... 210
23/05/2002....................................................................................................................... 212
24/05/2002....................................................................................................................... 213
27/05/2002....................................................................................................................... 214
28/05/2002....................................................................................................................... 215
05/06/2002.......................................................................................................................216
07/06/2002....................................................................................................................... 217
11/06/2002........................................................................................................................218
13/06/2002.......................................................................................................................220
17/06/2002........................................................................................................................221
18/06/2002.......................................................................................................................222
19/06/2002.......................................................................................................................223
24/06/2002...................................................................................................................... 224
25/06/2002.......................................................................................................................225
27/06/2002.......................................................................................................................226
03/07/2002.......................................................................................................................227
04/07/2002...................................................................................................................... 228
11/07/2002........................................................................................................................229
16/07/2002........................................................................................................................231
24/07/2002.......................................................................................................................232
29/07/2002.......................................................................................................................234
27/08/2002.......................................................................................................................235
03/09/2002.......................................................................................................................237
10/09/2002.......................................................................................................................238
16/09/2002.......................................................................................................................239
26/09/2002.......................................................................................................................241
03/10/2002.......................................................................................................................243
11/10/2002........................................................................................................................ 245
22/10/2002....................................................................................................................... 247
29/10/2002.......................................................................................................................248
19/11/2002........................................................................................................................ 249
27/11/2002........................................................................................................................250
07/12/2002....................................................................................................................... 252
12/12/2002........................................................................................................................253
18/12/2002........................................................................................................................256
16/01/2003....................................................................................................................... 258
21/01/2003....................................................................................................................... 260
31/03/2003....................................................................................................................... 262
11/05/2003........................................................................................................................264
21/08/2003.......................................................................................................................266
18/09/2003.......................................................................................................................267
19/11/2003........................................................................................................................268
11/11/2004.........................................................................................................................270
23/12/2004........................................................................................................................271
10/05/2005....................................................................................................................... 272
16/06/2005....................................................................................................................... 276
21/07/2005....................................................................................................................... 278
16/08/2005.......................................................................................................................280
13/09/2005....................................................................................................................... 281
31/10/2005....................................................................................................................... 283
23/12/2005....................................................................................................................... 285
03/02/2006...................................................................................................................... 286
14/02/2006.......................................................................................................................287
06/03/2006...................................................................................................................... 289
03/07/2006...................................................................................................................... 292
Lemon Thoughts, por Gone
ULTRAVIOLET – COLUNAS
8
Debutando…
Por Gone, publicado originalmente em dezembro de 2001.
É com espírito natalino que estréio esta reles coluninha. É pequena, é de pobre, mas é limpinha. hehehehe :)
Toda sexta-feira estarei aqui — não sou Papai Noel, mas tô sempre com o saco cheio.
Fim de ano, fim de turnê. Aqui pra baixo do Equador estamos só a ver navios. E ver o
dinheiro ir embora com o DVD novo… Afinal de contas, vai sair em VHS ou não?!
Ano novo, album novo. Será? Quando sai, alguém se arrisca? Pelo andar da carruagem, talvez saia em… October! Mas vai saber. Às vezes nós estamos aqui discutindo como
idiotas enquanto os caras já podem ter 5 músicas inteiras prontas. Eu não duvido mais
nada do U2, sinceramente.
Apesar da imensa dúvida sobre a (não)vinda da banda ao nosso Brasil, no fundo espero que venham e tragam um show inédito, não uma Elevation Tour. Algo só pra nós e
nossos ‘hermanos’ Latinos, Australianos e Japoneses. Claro que, se tiverem outros, melhor
ainda. Como na PopMart, que foi tão democrática, até Israel (aeee Lucilla :), Sarajevo e
África do Sul foram presenteados. Chega de EUA por enquanto, né?! Adoraria ver os americanos morrendo de inveja - e comprando passagens pro exterior, só pra ver esse
show novo.
Bem, sonhar por enquanto não paga imposto, né.
Espero que a empolgação dos rapazes — se é que é verdadeira mesmo — não seja só
fogo de palha. Mesmo porque não tenho certeza se eles agüentam o tranco de ‘duas sem tirar de dentro’, pra maliciar um pouco a expressão. ;)
É a idade, galera. Estar na estrada há 25 anos é coisa de louco. Eles merecem um prêmio só por conseguirem conviver em paz esse tempo todo. O segredo é o amor. Não é, me ninas? :)
Pra encerrar, mas ainda no gancho, só uma divagação. Acho que o principal fator que
liga tanto os fãs de U2 com a banda é o fato de que os dois lados são puro amor - esses ca ras TÊM que amar muito o que fazem pra durar tanto. E nós amamos de todo coração as
sensações e os sentimentos que a música deles nos traz. Não é lindo?
É por isso que todos nós deveríamos estar… into the heart.
Achtung, babies… :)
Até sexta-feira!
…and remember…
BUY A LEMON, NOT WHY A LEMON!
xxx
PriLemonTart
Lemon Thoughts, por Gone
9
Bom demais pra ser verdade?
Por Gone, publicado originalmente em dezembro de 2001.
Olá, meus amiguinhos de UV… não sei como está sendo pra vocês receber essa notícia sobre um possível novo álbum do U2, mas pelo menos pra mim, além de bizarro (como diria
Lully!) foi… estranho. Tenho a impressão de que isso é bom demais pra ser verdade. Em
outras palavras, não estou acreditando muito. Por ser muito bom e por ser tão pouco… digamos, ‘confiável’.
Talvez depois do choque de receber um sonoro “NÃO” da Universal Music sobre a
vinda do U2 pra cá ainda em 2001, eu tenha ficado meio anestesiada quanto a isso tudo.
Com medo de que esse “não” seja um não definitivo, uma certeza - e das ruins.
E a idéia de um novo disco também não me convence porque foi exatamente a primeiríssima hipótese levantada depois do “não”[traumático!], uma seqüência de raciocínio
aparentemente óbvia para alguns (impensável, pra mim!) =
pausa na tour —> novo disco —> nova tour.
“Foi assim com Zooropa, por que não poderia acontecer de novo?”. Ficou a pergunta
no ar - eu é que não me arrisco a responder.
Apesar da insegurança quanto à veracidade da informação, mais um fator para rejeitá-la é o imenso medo de me animar demais com a idéia e ter *aquela* decepção caso ela
não seja verdadeira. Esse é o grande motivo, eu diria.
Foi perguntado na UV pela Maria Teresa sobre a expectativa com o disco, como o que
aconteceu com ATYCLB, os trechos de 30 segundos, e tal. Pois bem, conheçam o outro lado
da moeda (isso supondo que pelo menos a grande maioria foi atrás das músicas antes do
lançamento do album!).
Na época eu não baixei absolutamente nada, só Beautiful Day porque era single e já
tocava no rádio. Peguei só os E-cards, mas eu arrancava o fio das caixinhas de som antes
de abri-los, pra não estragar a surpresa. Ou seja, preferi me consumir na angústia e na expectativa e ter toda a surpresa de uma só vez. Tanto que, mesmo tentando ao máximo me
segurar, foi inevitável dar aquele berro ao estar com o CD na mão pela primeira vez, dentro
da loja. Ouvir o disco ‘de verdade’, na data [supostamente] ‘certa’ foi uma emoção MUITO
GRANDE, muito especial. Não tem explicação, como aliás tudo relacionado ao amor pela
banda - não tem explicação, também.
Por essa razão tudo me leva a crer que, se rolar de novo o mesmo esquema de 30 segundos, não vou ouvir novamente. Morro de ansiedade, mas não ‘estrago’ a sensação de estréia, de renovação, aquele medo do desconhecido e o friozinho na espinha de estar com o
disco na mão, rasgar o plastiquinho, colocar no rádio… e deixar cada canção simplesmente
CHEGAR. (hihihihihihi plagiando o Edge no video ABaby… “I like the songs that just
seem to arrive!”… sweet:)
Voltando à questão do album novo, preciso ainda pensar muito e tentar ‘digerir’ a
idéia e ver se amadurece aqui na cabeça-dura. Pensem vocês, também… sobre o que pode
vir por aí, o estilo, o tom e o elemento surpresa que sempre aparece na obra da banda.
Pra, quem sabe, daqui uns tempos, a gente ler essas discussões e sentir um enorme
alívio - claro, tudo isso já com o disco novo tocando… hehehehehe
E quem tem HBO, é hoje… Elevation Tour 2001. Talvez nunca a veremos ao vivo, talvez vejamos algo…AINDA MELHOR… even better…! Quem vai saber…?
Achtung, y’all!
Feliz Natal!
]*BUY A LEMON, NOT WHY A LEMON!*[
xxx
ULTRAVIOLET – COLUNAS
PriLemonTart
10
Lemon Thoughts, por Gone
11
Amar é…
Por Gone, publicado originalmente em janeiro de 2002.
…sofrer.
Cada vez mais percebo que todo tipo de amor inclui o sofrer. Uma coisa é quase indissociável da outra. Em tudo. E com o U2 não seria diferente. Fã sofre… acho que a maioria
de nós pode dizer isso sem a menor sombra de dúvida. Só quem realmente ama sabe, e entende, como é isso.
A gente sofre esperando um disco novo, sofre ouvindo 10 segundos de uma música (e
imaginando o resto dela!), sofre ouvindo o novo single (e imaginando o resto do álbum!),
sofre com o clipe novo (se é bom, sofre. Se é ruim, sofre também!), sofre esperando a turnê, sofre se a turnê vem (ansiedade!), sofre se a turnê não vem (frustração! desespero!
etc!), enfim, sofre a cada notícia.
Sofre e chora também! Chora vendo o Bono dar o sangue pelas coisas em que ele
acredita (alguém se lembra do “Free Your Mind Award” em 1999?), chora quando ele puxa
uma menina pra dançar (ok, essa só as meninas…), chora de orgulho com 8 indicações
ao Grammy.
Boa parte desse sofrimento vem mesmo da angústia. Do não-saber. São rumores, boatos, notícias sem confirmação ou de fontes duvidosas. E é nessas horas que bate aquela
invejiiiiiinha de fãs de outras bandas/artistas… que decidem algo agora e daqui 5 minutos
a notícia está no ar na internet, distribuída para a imprensa e para os fã-clubes. Exemplos?
Não faltam. Os Foo Fighters fazem isso o tempo inteiro. A rotação da notícia é rápida, ninguém fica nessa ‘gastura’. A Alanis Morissette também. Ela própria faz questão de manter
o site dela sempre atualizado e com as últimas novidades sempre à mão.
Do outro lado do Atlântico, nossos irlandeses têm um dos sites mais visitados do
mundo mas que… é cheio de manter os “mistérios”. Não há notícias concretas, é tudo meio
vago e confuso. Nesse meio tempo, do lado de cá, continuamos a especular, a imaginar,
a esperar.
Se é tudo tão ‘triste’, por que estamos nessa, então? Além do mais, gastamos tudo que
temos (e o que NÃO temos, também!) nesse amor irrefreável. Estamos nessa simplesmente
pelo próprio amor. Não existe outra explicação, e seria bobagem procurar qualquer outro
motivo, no fim das contas.
Quarta perna da turnê. Vamos continuar sofrendo. :)
Plagiando meu colega Zé Simão, “nóis sofre mas nóis goza”!!!!!
Home… that’s where the hurt is.
_____BUY A LEMON, NOT WHY A LEMON!–—
xxx
PriLemonTart
ULTRAVIOLET – COLUNAS
12
“A Grand Madness”
Por Gone, publicado originalmente em janeiro de 2002.
Adoro essa frase do Bono pra descrever a ZOO TV, o assunto de hoje. Estava revendo um
video, um dos primeiros shows da tour. Mesmo já sabendo de cor o que ia acontecer, fiquei
mais uma vez boquiaberta.
Vejamos. Nós fãs, a crítica, o mundo todo aplaudiu a atitude de dispensar a ‘extravaganza’ e partir pra uma coisa mais limpa e íntima na Elevation Tour. Mas, na minha opinião, não haverá outro show como a ZOO TV.
Tentem imaginar como ficava a cabeça de uma pessoa ao ir embora pra casa depois
de ver esse show. Ela provavelmente não teve nem tempo de anotar a placa do caminhão
que a atropelou!
Quando se fala em grandes turnês da história, o que vem à mente? Madonna e seu
Girlie Show, com bailarinos e figurinos a dar com pau? A caixa de truques de Michael Jack son? A Voodoo Lounge e seus demônios infláveis, ou mesmo a Bridges to Babylon e sua
ponte no meio do público, com os Stones? Ou mesmo o porquinho voador do Pink Floyd?
Certamente daqui a alguns anos não será a Elevation Tour que fará parte dessa lista dos
‘memoráveis’. PopMart foi o maior espetáculo da Terra, mas ainda existe uma mágica inex plicável na ZOO TV que a torna única. Talvez sua capacidade de surpreender, já que tudo
era possível, contrariando a previsibilidade da PopMart.
Definitivamente ZOO TV é o show do U2 que entrou pra história.
Admirável não por seu tamanho nem por sua ousadia, essa tour merece os créditos e
os méritos por ser o tapa na cara de quem só conhecia — e só esperava — o U2-certinhobandeira-branca dos anos 80. Mudança de visual, mudança de atitude. Teve gente que não
gostou. Isso na época, pois com certeza hoje deve pagar um pau pra um show tão bom!
Pra largar os “três acordes e a verdade” e mostrar um lado repleto de cinismo e sar casmo não é pra qualquer um. Em português claro, tem que ter muito ‘cajones’ (LOL!) pra
fazer isso. Afinal de contas, eles estariam automaticamente deixando de corresponder às
expectativas de um público que vinha de 10 anos. Mas, ei, não é isso o melhor do U2, não
se deixar prever?
Aliás, a ZOO TV é a cara do Bono. Tudo acontecendo ao mesmo tempo, de forma inusitada, muitas vezes sem sentido algum, e ao mesmo tempo com todos os sentidos possíveis. Típico!
E quem mais pra ter a idéia de fazer uma entrada tão triunfal quanto aquela, com direito a cigarrinho e tudo mais?
ZOO TV foi uma loucura. Uma loucura grandiosa. Que, 10 anos depois, ainda tem o
mesmo impacto. Isso me faz pensar no que poderia ter acontecido se a turnê tivesse continuado. A gente pode pensar que eles fizeram tudo. Mas certamente não fizeram nem a metade.
“Things like that drive me out of my mind!”
^v^v^BUY A LEMON, NOT WHY A LEMON!.:.:.:.:.:.
xxx
PriLemonTart
Lemon Thoughts, por Gone
13
The Edge
Por Gone, publicado originalmente em janeiro de 2002.
Simplesmente The Edge. Este pode ser tranqüilamente colocado entre os grandes e consa grados nomes do rock. E pensar que ele começou sabendo menos que três acordes.
O que é admirável no Edge não é sua técnica ou sua habilidade; é sua inteligência. Ele
sabe muito bem o que faz, e está sempre com a consciência musical falando mais alto durante os shows. Poucos músicos têm tanta intimidade com seus intrumentos quanto Edge e
suas guitarras.
Vai dizer que não dá *gosto* ouvir uma música tão bem construída (estruturalmente)
quanto The Fly? Não só pelo solo marcante, mas por toda a canção: ouve-se The Edge do
começo ao fim.
Mais uma coisa que o U2 tem e outras bandas tentam ter sem sucesso: equilíbrio. Se a
gente for calcular, o que o Bono tem de talento e capacidade pra letras, o Edge tem para a
melodia e estrutura técnica da música do U2. Uma coisa é proporcional à outra! Porque na
boa… letras legais ajudam, mas se não tiver uma melodia forte (e agradável!) por trás… o
tiro sai pela culatra.
Não sei como é pra vocês, mas eu particularmente AMO os números instrumentais do
U2. E realmente gostaria que eles fizessem (ou tivessem feito…) mais deles. São muito
bons! De Things To Make And Do a Boomerang, a gente nota o quanto o Edge é fundamental, o quanto ele é preciso! Seus riffs são certeiros, atingem em cheio o ouvido da gente… e
mesmo com toda essa singularidade ainda forma um conjunto perfeito com o baixo e a bateria.
E outra, eu acho que qualquer banda decente tem que ter músicas instrumentais boas, claro!
Ponto pros irlandeses. Como viver sem uma pérola do tipo Race Against Time?
Indo um pouco mais além, no quesito The Edge, o que seriam de músicas como Bullet
The Blue Sky - ou mesmo Mofo - sem o peso e a peculiaridade do Edge? E riffs como o de
Walk On, que em tão pouco tempo já é clássico… memorável!
Se o cara não é MUITO bom, não sei quem é.
Mesmo porque… toda esse estilo ganha vida própria. Não precisa ser expert em U2
pra ouvir um pedaço ‘solto’ (sem letra) de uma música da banda pra reconhecer. Faça o
teste com alguém que goste de rock, goste de U2 mas não seja fã - é tiro certo.
Já aconteceu comigo… quando eu ainda não era fã. Liguei o rádio e ouvi aquela guitarra…. não sabia que música era, mas pensei na mesma hora “isso parece tanto com
U2…”, aí o Bono começou a cantar e era mesmo. Dancing Barefoot. Não conhecia a música,
nem imaginava que era um cover. Mas ainda assim tinha a marca registrada do U2 nela.
O que mais dizer sobre The Edge? Nada. Ouça Achtung Baby inteiro (o disco é Edge
por inteiro), principalmente Who’s Gonna Ride… e veja qualquer video, de qualquer época.
Digno - e mais do que merecido - membro do restrito “clube” dos grandes guitarristas
de todos os tempos.
“…and boys and girls collide to the music in my ear”
\/\/\/\/\/BUY A LEMON, NOT WHY A LEMON¡!¡!¡!¡
xxx
PriLemonTart
ULTRAVIOLET – COLUNAS
14
31/01/1998
Por Gone, publicado originalmente em fevereiro de 2002.
Há quatro anos… PopMart São Paulo.
Claro que o tema da coluna dessa semana não poderia ser outro.
Mesmo porque esta data, 31 de janeiro de 1998 foi um marco na minha vida. E aposto
que na da maiora de vocês também.
Pra quem foi e pra quem não foi, as sensações podem ter sido diferentes (acreditem,
ver pela TV tem suas vantagens, mas… it’s NOT better than the real thing, baby!). Mas as
emoções definitivamente são muito parecidas.
Os 90 mil privilegiados que puderam estar lá ao vivo certamente assistiram a um
show que nunca imaginariam ver — e que jamais verão outro igual.
Ao invés de divagar poeticamente sobre o assunto, façamos uma reconstituição
do ‘crime’!
Os portões abrem, a multidão ansiosa invade o gramado (e as arquibancadas… e cadeiras…) do estádio do Morumbi. Um sol de rachar. Calor demais, água de menos. O tem po demora a passar.
Algumas vezes as caixas de som tocam “Bittersweet Symphony”, do hoje já finado The
Verve. Até hoje dá arrepio cada vez que eu ouço essa música; ela me lembra da ansiedade
(sabe aquela dorzinha que dá no estômago quando uma coisa te aflige muito?!?!…. hehehehe).
Show do Gabriel Pensador. Oh não! Hora da galera ir ao banheiro, comer,
conversar… nossa, quanta gente de costas pro palco… O dia ainda está claro. O tempo não
passa. E o show do cara não acaba nunca.
Em seguida, o tal Bootnafat. Alguém sabe o que aconteceu com eles?
Bem, com certeza levantaram a galera bem mais que o primeiro, com os covers de
bandas nacionais (Que país é esse, Eu quero ver o oco, Desordem), e a empolgante Killing
In The Name Of, do Rage Against.
…pelo menos pareceu demorar menos…
Tá escurecendo. O tempo ainda não passa. De som, Bob Marley. “Every little thing is
gonna be alright”. Era o que se esperava.
Escureceu. Continua calor. E a Pepsi custa 3 reais! Valia mais pelo gelo do que pelo
refrigerante… :p
Ai meu deus.
É agora.
Começa MISSION IMPOSSIBLE. Muita gente que não conhecia o esquema do show
demorou a se tocar. Mas só a gritaria histérica dos fãs já acendeu aquela galera.
Pânico total - vai começar MESMO.
Finalmente!
O corpo se agita, todo mundo bate palmas, os olhos procuram pelo U2. Cadê eles, caramba… parece que eles querem mesmo que a gente enlouqueça.
Ao fim da música, o momento supremo de que o sonho era agora real: PopMuzik. As
luzes do estádio se apagam, uma a uma… cada luz a menos fazia o coração aumentar a velocidade das batidas.
Escuridão total. E a explosão POP surge no telão gigantesco.
De repente… spotlights num caminho aberto no meio da galera. São eles. Tenho certeza. Não dá pra ver direito, aliás é impossível ver, mas eu sei que são eles e eu sinto a presença deles.
Lemon Thoughts, por Gone
15
Quando sobem no palco (e aparecem no telão), acontece a decolagem pra essa jornada inesquecível que foi PopMart.
Todas as canções, todas as falas, todas as imagens. Tudo o que aconteceu ali foi único.
Momentos que, hoje na memória, são de uma intensidade que o tempo não apaga.
Abstraindo um pouco do motivo principal de todos estarem ali, ou seja, a música propriamente dita, uma lembrança muito marcante é a do quanto esse show foi importante na
história da banda e dos fãs. Milhões viram pela tv. Nós estávamos lá. E muito mudou pro
U2. É muita honra saber que contribuimos para isso.
Há quatro anos também, Bono pediu que o Brasil ganhasse a copa do mundo pela Ir landa. E foi aquele vexame que dispensa comentários. Se bobear, esse ano é mais fácil
*nós* pedirmos à Irlanda não que ganhe, mas que ao menos vá mais longe que a gente na
copa… hehehehe
Texto”>[Okay, justiça seja feita depois do jogo que acabou de acabar, Brasil 6 X 0
Bolívia :p]
Ouvimos Sunday Bloody Sunday, ouvimos “40”, com aquela imagem divina do coração tomando a parte do meio do telão toda. Ninguém mais na PopMart ouviu “40”; o está dio inteiro cantou junto.
Fomos privilegiados. Rejoice, meu povo. Rejoice.
Quem tiver isso em vídeo, tente rever e reviver tudo o que aconteceu naquele dia. E
procure não se revoltar muito com o fato de estar 4 anos sem um show dessa banda
tão maravilhosa.
Nossa hora ainda há de vir, keep the faith!
Seu país é lindo, seu povo é lindo, suas vozes são lindas. Não esqueceremos vocês.
Obrigado, Bono. A recíproca é verdadeira.
“it’s not the last night on earth… it’s just pop life in São Paulo…”
§$§$§$§ BUY A LEMON, NOT WHY A LEMON! §$§$§$§
xxx
PriLemonTart
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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…and when I go there…
Por Gone, publicado originalmente em fevereiro de 2002.
I go there with you!
A coluna dessa semana é especial. Alguns poderão sentir-se excluídos do assunto,
mas… é apenas um relato.
Já que estávamos no tema “aniversários” (da PopMart), essa semana foi a vez de comemorarmos mais um: há 3 anos aconteceu o primeiro encontro *oficial* de Ultraviolets,
aqui em São Paulo.
Houve dois outros encontros antes, menores e muito mais “informais”. Mas 6 de fevereiro de 1999 inaugurou o nascimento dessa grande família que é a Ultraviolet São Paulo.
Reunimo-nos num ‘restaurante’ (não exatamente… hehe), numa tarde chuvosa de sábado. Pouca gente já se conhecia. Tudo aconteceu ali, o monte de letrinhas que a gente só
via na tela do micro em forma de gente, e gente muito bacana, por sinal.
Quase 30 pessoas passaram pelo lugar aquele dia. Além de nos conhecermos pessoalmente, é óbvio que ouvimos (e vimos!) U2, trocamos idéias e impressões, nos afeiçoamos a
uns mais que a outros… e assim começou tudo o que somos hoje.
Pra quem é de fora, de outros lugares onde esse tipo de ‘evento’ ainda não acontece,
pode ser meio difícil de entender… mas é muito bom descobrir que a partir de um único
ponto em comum, você consegue verdadeiros amigos. É ver pra crer. Ainda mais porque
nos conhecíamos por internet… Encontros de “pen-pals” (amigos que se correspondem via
carta) são sempre tão aclamados, mas sempre houve um pé atrás com a virtualidade.
Nós estamos aqui pra provar que nem sempre isso é uma roubada.
De todas as pessoas que conhecemos naquele sábado, muitas desertaram (da amizade, da lista, e até do próprio U2, acreditem!), muitas nunca mais vimos, mas ainda há a
meia-dúzia de “fiéis” que mantém a tradição de encontros regados a U2, bebida e risadas.
O pessoal de Brasília e Curitiba seguiram nosso exemplo. Perguntem a eles se não é
maravilhoso. No Rio, a coisa só pegou depois da *famosa* (e maldita. *preciso* ressaltar
isso.) U2 Week. Em outras regiões não estou muito informada, mas creio que em Minas o
povo se encontra também.
Das outras regiões, organizem-se e tentem. Vocês conseguirão, senão amigos verdadeiros, pelo menos bons colegas de som e copo.
Na metade desse mesmo ano, 1999, ocorreu o primeiro encontro NACIONAL de
UV’s. Foi pequeno, sim, havia apenas 4 presenças interestaduais mas… foi ótimo mesmo assim.
Depois de muito estudar e tentar promover outro, chegamos à conclusão que um verdadeiro encontro nacional só vai acontecer quando o U2 voltar pro Brasil pra fazer show.
Sim, porque uma prévia disso rolou no Rio em novembro de 2000, mesmo porque tinha
gente de todo o país. Mas nada comparado com um show, esse, que estamos esperan do tanto.
E venham dispostos, porque mesmo sem confirmação de show já temos milhares de
idéias pro encontro, com direito a festa e muitas outras coisas.
Pra minha família UvSampa, um beijo enorme. Vocês moram no meu coração. :)
E os novatos são SEMPRE bem-vindos.
Não somos doentes, não comemos criancinhas, não atropelamos duendes. Não temos
o hábito de “falar mal” dos outros, ainda mais de quem não conhecemos, nem temos nada
contra ninguém. Acho que “uns e outros” é que têm contra nós :)
Lemon Thoughts, por Gone
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Talvez por inveja. Totalmente desnecessária, porque nunca é tarde pra formar sua
própria turma, na sua região. Só não venha tentar destruir amizades alheias.
Peace on Earth, galera…
Eu não poderia encerrar este texto sem mencionar o precursor de todos os encontros,
quem sempre agitou e deu a maior força pra gente ser tão unidos como somos hoje: Mr.
Enio ‘Rock’, o nosso internacional de Porto Alegre para o mundo.
Valeu, Enio. Apareça em Sampa logo, estamos com saudades.
ULTRAVIOLETS DESTA NAÇÃO… UNITE!
“we ate the food, we drank the wine… everybody having a good time!” :)
*þ*þ*þ* BUY A LEMON, NOT WHY A LEMON! »««»»««»
xxx
PriLemonTart
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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Quando o U2 salva sua vida
Por Gone, publicado originalmente em março de 2002.
Antes de iniciar, uma breve desculpa pelo quase um mês de ausência. Foram 3 motivos
(um por semana): 1- fiquei sem micro; 2- fiquei COM micro e atualizando minha HP (veja
djá! www.lemontart.hpg.com.br ! YAY!) dias seguidos a fio; 3- esqueci :0 shame, shame…
Ok. Quando o U2 salva sua vida.
Já comentou-se isso “n” vezes na UV, desde que ela existe, e é o tipo de coisa que “só
quem é fã entende”. Aquela coisa que parece um aviso divino: você liga o rádio no exato
momento em que uma música do U2 está tocando. Ou, com um ‘pouco’ mais de sorte, liga
a tv na MTV e está lá: aqueeeeele clipe que você estava morrendo de vontade de ver.
Que isso é legal, todo mundo sabe.
Mas talvez nem todo mundo tenha experienciado receber esse “presente” dos deuses
irlandeses num momento em que tudo o que você PRECISA é daquilo.
Seja numa hora de stress total, ou de tristeza, depressão… e de repente vem aquela
musiquinha, que para tantos outros que estão ouvindo pode ser insignificante ou só “legalzinha”, mas que salva seu dia, sua hora, sua VIDA.
Obviamente isso não vale quando você vai lá e põe o CD pra ouvir.
Entra novamente o mérito do Bono como compositor das letras e a habilidade de
Edge, Adam e Larry para casar essas letras com uma melodia —praticamente— perfeita.
E é onde cada um se apropria dessa riqueza, relacionando-a com as próprias experiências.
Exemplo?
A música foi escrita para uma mulher muito forte, que luta muito para tentar alcançar
uma igualdade no seu país e por isso foi perseguida e mantida prisioneira. Aung San Suu
Kyi. E lá está você, ouvindo “Walk on.. what you’ve got they can’t steal it, no they can’t even
feel it…”, e pensando no quanto isso serve pra você. Se o Bono te conhecesse, você até arriscaria dizer que a música foi escrita em sua homenagem! ;)
Como esse cara consegue fazer isso? “Isso” significando entrar na mente da gente e e
entender, ou melhor, adivinhar o que está se passando?!
Não, não é o cara que faz isso.
É cada um que adequa cada frase à sua própria vida.
Nada de errado nisso, é claro.
Pra encerrar, se essa música que vem na hora certa é por coincidência ou não, ninguém vai saber explicar. O que é e de onde vem essa força, que chega no momento mais
crucial e oportuno possível?
Sei lá!
Mas aqui entre nós sempre haverá a certeza de que, sim, o U2 salva vidas, e, sim, o
U2 vai continuar salvando nossas vidas, até no (espero) longínquo dia em que a banda acabar.
Slainte!
“Walk on!”
‘^’^’^’^’ BUY A LEMON, NOT WHY A LEMON! ~.~.~.~.~.~
xxx
Pri LemonTart
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Lemon Thoughts, por Gone
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I know a boy, a boy called Trampoline…
Por Gone, publicado originalmente em março de 2002.
…you know what I mean.
Quem não gosta de textos apaixonados, pode parar aqui mesmo. Esta semana o assunto é Mr. Adam Charles Clayton. Pra quem não sabe, paixão maior desta que vos fala.
Também popularmente conhecido como Sparky, Spoon boy… ih, ele é tão gentil que atende
por qualquer um desses nomes.
Vamos lá. Uma biografia resumida desta figura única, em homenagem a seus singelos
42 aninhos.
O filho do meio do casal Brian e Jo Clayton sempre foi meio ‘desajustado’. Pai comandante, mãe aeromoça… e os bons costumes do pequeno inglesinho foram pelo buraco. A
mudança de Oxfordshire (Inglaterra) para Dublin só contribuiu para isso. Os Clayton logo
fizeram amizade com uma outra família de ingleses imigrantes, os Evans. Sim, Garvin,
Gwenda e os filhos David Dick e Jill. Matriculados na mesma escola, já estavam com meio
caminho andado pra bandalheira. Anos 60, sabem como é.
Na sala de aula, Adam era o terror dos professores. Disperso, desatento, sempre com
a mente voando por aí. Isso sem contar as palhaçadas, os puns que ele soltava em plena
classe - e o pior era a cara de pau: ao ser repreendido, ele fazia AQUELA cara de humilde,
abaixava a cabeça e soltava um “Yes, sir” com a cara mais deslavada do mundo.
Na adolescência, com pais que viviam de viajar, numa dessas Adam acabou indo junto. Foi parar na Ásia, onde conheceu pessoas um tanto quanto ‘suspeitas’, que o iniciaram
na arte da maconha e das viajadas totais. Ele voltou totalmente bicho-grilo, vestindo túnicas e outras roupas pouco comuns no lugar.
Ninguém dava nada pra aquele moleque desajeitadão, que não fazia muitas amizades
no colégio e que era expulso das aulas freqüentemente por atrapalhar o andamento das
mesmas. Aí ele no mural aquele (bom e velho…) anúncio colocado por um outro fedelho,
querendo formar uma banda. Ele procurou o carinha, encontrou o amigo Evans e foi a uns
ensaios — mas não se animou muito. Afinal ele não era músico. Na verdade, não tinha nem
idéia de como se tocava aquele tal de baixo.
“O que eu faço com isso?”, perguntava.
“Puxe as cordas com os dedos, ouça o som que sai delas”, valioso conselho dado
por David.
Ele tentou. Ele persistiu. A prática leva à perfeição, certo?
Mas ainda faltava algo naquela banda. Ou alguém. Foi quando surgiu um daqueles
esquisitões, do bando dos Virgin Prunes, querendo cantar. Bono Vox. Os outros dois caras
que queriam tocar acabaram desistindo. E quando sobrou só o quarteto ali naquela cozinha, uma química doida fez a fórmula dar certo.
Adam se encarregou de procurar um nome melhor que “Feedback” (muito simplório)
ou “Hype” (pretensioso demais!). Trocou idéia com uns roqueiros influentes na época, que
deram a dica: U-2. Puta nome bacana, avião de guerra, submarino e o escambau. O nome
foi adotado e Adam, eleito empresário da banda. Depois de ralar como todo iniciante, tocando em concursos e festivais amadores (de escolas, geralmente), a coisa foi pegando,
meio no tranco, mas pegando.
Nosso herói continuou ali, sempre procurando melhorar. Ele não desistia. Não por
arrogância ou burrice. Mas por convicção. Ele sabia que podia ser bom. Mas precisava se
esforçar. Esforço esse que era coletivo: antes que percebessem, eles já estavam de contrato
ULTRAVIOLET – COLUNAS
20
assinado, gravando compacto e depois LP. E Adam continuava em sua trilha, aprendendo
sempre sobre música, sobre seu instrumento, sobre como tirar o melhor som dele.
E assim a progressão acontecia; do molecão largado a um homem feito (ai…). Os cabelos — e os óculos —, sempre extravagantes, foram diminuindo, à medida em que seu som
ficava mais e mais profissional, de grande qualidade. Amadurecimento de caráter, de profissão, e lá estavam Adam e seus três fiéis amigos no topo do mundo.
Algumas confusões, o envolvimento com as drogas e a bebida, muitas mulheres. Tudo
isso tumultuou seu caminho. No limite da coisa, a banda perigou acabar por um deslize
dele. Mais uma vez a força de vontade e a persistência colocou tudo no lugar. Claro, com
uma mãozinha do anjo-da-guarda-e-boss Larry Mullen. O período pós-ZOO TV, quando
Adam se reabilitou, ficando limpo por completo até hoje, foi muito importante na carreira
da banda e na vida pessoal dele.
Missão impossível? Não… Adam chegou lá. Depois de passar por tantas coisas, a imagem que hoje se tem deste homem é de uma personalidade tranqüila - como todo bom pisciano! Um típico gentleman inglês, gentil, simpático, encantador. De uma sinceridade assustadora - é olhar nos olhos dele pra ver toda a verdade da vida dele.
E, claro, facilmente incluído em algumas listas dos melhores baixistas do rock.
Enfim, pra encerrar, não bastasse tudo isso ele ainda é lindo demais ;)
Sou muito suspeita pra falar, já que enxergo nele tudo o que eu possa imaginar de
bom num homem. Melhor parar antes que desperte a revolta coletiva…!
Então, FELIZ ANIVERSÁRIO, NOSSO ‘JAZZMAN’ (como diria B-man) PREFERIDO.
Keep holding your “mysterious powers” over women. We’ll be grateful.
Eternally yours, ADAM! ALWAYS!
xxx
Pri Lemon
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I can’t change the world…
(…but I can change the world in me!)
Por Gone, publicado originalmente em março de 2002.
Já que o assunto está em voga, vamos divagar sobre ele também.
Tá lá na capa da Time: “Can Bono save the world?”. Os fãs respondem, em coro, sem
hesitar: “Siiiiiiiiiiiiiiim!!!”. Ao que parece, talvez ele possa mesmo. Não só por ser tão bem
relacionado (contatos são tudo!), mas também por sua força de vontade. Não é qualquer
um que larga tudo, preocupado com os países pobres. Alguns levantam dúvidas se isso é
mesmo sincero. Nós aqui do lado dos fãs sabemos bem que o nosso B-man não precisa
nem disso nem de nada pra se auto-promover, ou pra aparecer na mídia. E já faz um
bom tempo.
Já nos idos de 1981 ele pensava em mudar o mundo; e mesmo se não conseguisse, estaria feliz por ter tentado (“I reeeeejooooice…”). Daí pra frente todo mundo conhece a história, não?!
As bandeiras brancas, Live Aid, Band-Aid, Artists United Against Apartheid, turnê
com a Anistia Internacional (cujo endereço das principais sucursais saem nos encartes dos
discos até hoje), Bono na Etiópia, participação no projeto Red Hot + Blue, campanha Stop
Sellafield, link com Sarajevo na ZOO TV, a *música* Miss Sarajevo, o War Child, PopMart
em Sarajevo, Net Aid, ganhar o prêmio “Free Your Mind” com direito a discurso de Kofi
Annan, Jubilee 2000, apoio a Aung San Suu Kyi, Tributo aos Heróis, SuperBowl, Fórum
Econômico Mundial… ufa! Haja fôlego!
Não é à toa que, como Larry disse - e pra não misturar as coisas: missões heróicas e
banda - eles tenham que “dar um tempo” de vez em quando e esperar o Bono se dar por satisfeito… ou ao menos convencê-lo de que ele ainda faz parte de uma banda! E aí vem a
pergunta que tanto nos aflige:
Será que os empenhos de Bono em salvar o mundo podem vir a ‘prejudicar’ o U2?
Já andaram falando que a banda poderia se separar por conta disso - o que foi sumariamente desmentido por McGuinness esta semana, graças a São Patrício. Aliás ele também falou em estúdio, em disco novo… o que nos remete a um (novo) fio de esperança: ok,
ficamos sem Elevation Tour, mas a próxima VAI TER que vir pra cá. Não seria justo ficar
de fora duas vezes em menos de 2 anos :/
Voltando à pergunta acima, eu particularmente creio que não. Aliás acho muito bom
esse “break” de vez em quando na banda - exceto pela angústia da espera, é claro! - para
que eles possam respirar novos ares, renovar o gás e nos trazer trabalhos espetaculares
como foi All That You Can’t Leave Behind. Os três anos entre este e POP foram como três
décadas, mas valeu a pena.
Banda que não se renova e só fica o tempo inteiro junta acaba se desgastando, ficando
repetitiva e maçante. Então, B-man, continue sua missão. Como disse Kofi Annan, ainda
há muitas mentes a serem libertadas. Walk on!
“He says he’ll change the world someday;
I rejoice!”
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xxx
Pri LemonTart
[email protected]
[coluna escrita em 20/03, publicada com atraso]
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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Os fãs e os hits
relação de amor e ódio?
Por Gone, publicado originalmente em abril de 2002.
Responda sem pensar: QUANTAS VEZES VOCÊ JÁ OUVIU O SEU CD BEST OF U2?
Não dá pra responder sem pensar, né?! Tem que contar quantas foram. Três?
Quatro? Sim, falando só do CD de HITS, não de b-sides.
Sinceramente. A relação dos fãs com os greatest hits da banda é de amor e ódio. Se
por um lado, quando rolam aquelas enquetes de “qual seria o setlist dos seus sonhos”, sempre há pérolas como Tomorrow, Acrobat etc… por outro lado, como imaginar um show do
U2 sem New Year’s Day ou Where The Streets Have No Name?!
Fato é que, pra ouvir no rádio, 80% do Best of já está BEM desgastado. Qual a graça
de se ouvir Sunday Bloody Sunday, aquela versão de estúdio?! Tirando Unforgettable Fire
e When Love Comes To Town (October também não, ok), as outras faixas já foram tocadas
à exaustão pelas rádios e pelos próprios fãs — ou alguém aqui vai dizer que comprou o
Joshua Tree por causa de One Tree Hill e não por With Or Without You ou Streets?…
Tudo isso só prova que o U2 é uma das poucas bandas que fazem um som que entram
pelo ouvido e, antes mesmo de chegar ao cérebro, passam pelo coração. Por mais que um
show só com raridades seja algo maravilhoso de se imaginar, invariavelmente ficará a sensação de “algo faltando”. Seria Pride? Ou I Still Haven’t Found…?
O barato do Best Of, no caso do U2, foi o glamour da coisa. Aquele mistério, os boatos
sobre a edição limitada e, óbvio, as cópias numeradas. Teve gente que jogou na loto com o
número do CD…
Mas antes de pensar no Best Of como uma coisa “ruim” (do ponto de vista de fã),
pensem no público em geral. Muita gente passou anos sonhando com esse disco, justamente pra poder ouvir aquilo que (ainda) toca no rádio direto. Jogada de marketing? Golpe comercial? O U2 se vendeu? It’s the end of the world? Depende.
Uma das poucas conclusões aceitáveis é de que o nome “Best Of” é descabido. Porque
nem sempre o que faz sucesso é bom. Aliás, quase nunca. Ok, isso não se aplica ao U2, mas
definitivamente na opinião dos fãs mais… digamos… “engajados”, as músicas contidas neste disco *não são* as melhores! A maioria salvaria Bad ou I Will Follow e nada mais. Seria
muito mais verdadeiro se este fosse um “U2 Greatest Hits” — seria tão e somente o que realmente é.
A questão é: devemos “desprezar” os grandes hits?
Jamais. Mesmo porque ninguém vira fã sem conhecer pelo menos UM hit da banda.
Depois vêm as desconhecidas, o “cult” da coisa, mas sem hit não tem divulgação e sem divulgação não tem fã - nem turnê!
Então, amiguinhos, ouçam seus Best Of’s, mesmo achando o disco de b-sides infinitamente mais interessante. Além da releitura da carreira da banda durante os anos 80, é
uma boa oportunidade de relembrar os primeiros motivos que levaram cada um de nós a
conhecer melhor e amar esta banda. Missão de fé.
“…but they could not take your PRIDE — in the name of love!”
Ao som de… THE BEST OF U2 1980-1990!
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PriLemonTart
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Lemon Thoughts, por Gone
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Manifesto POP
Por Gone, publicado originalmente em abril de 2002.
Momento para assassinar opiniões mal fundamentadas e repletas de preconceitos que cercam uma obra sensacional como POP, criando uma aura de “ilegalidade” ao redor dela. Esqueça tudo o que você já ouviu falar a respeito de POP até hoje.
Já chegando ao final dos anos 90, este disco teve ousadia de ser novo e competência
para ser inteligente. Diferente de tudo o que havia sido feito até então (característica principal da banda), o álbum inovou com agressão, arrasando a “moda” da época, com padrão
U2 de qualidade.
A ruptura com o passado é marca notável ao longo do disco, o que remete a seu irmão
mais famoso dos anos 90, Achtung Baby. A diferença entre os dois é óbvia; Achtung rompia com a imagem de “a banda que ia salvar o mundo”. POP rompeu com o som quadrado
e sem cor que se fazia até então. Deixando de lado a crítica e a opinião de fãs xiitas, vamos
à análise do contexto do disco, seus méritos e também seus defeitos.
Bono já disse muitas vezes que, quando da gravação do disco, desejava incorporar de
tudo um pouco à sonoridade de POP: trance, hip hop, thrash etc. O resultado é este: uma
grande mistura, heterogênea, que deu muito certo. Uma viagem de cores, sons, vibrações e
batidas; tudo muito bem mexido e com um toque da boa e velha melancolia irlandesa.
A ordem escolhida para as músicas foi feliz; a obra traz uma gama de estilos diferentes, que não precisaram estar casados para se ter um bom resultado.
O disco começa com Discothèque. Dançante, com uma guitarra pesada e vigorosa,
muitos efeitos de pedal e microfone. Ainda assim, sobre espaço para o baixo e a bateria se
sobressaírem. A passagem para Do You Feel Loved é natural. Mesmo com efeitos semelhantes, batida dance e samplers, o baixo domina a canção.
MoFo é uma faixa forte, de uma guitarra que tem o peso de um terremoto e letra quase auto-biográfica de Bono; é talvez a música que mais se destaca no disco. De repente as
“luzes” se apagam e o abismo de If God Will Send His Angels abre-se sob os pés de quem
ouve. Muitas menções a Deus, Jesus, anjos, enquanto “blips” e “boings” soam baixinho no
fundo. Coisas do Flood. Da interpretação apaixonada de Bono, o final em fade leva à próxima música, Staring At The Sun. Esta, a única que remete ao U2 “tradicional”, de pegada
mais rock e refrão fácil, que gruda no ouvido sem irritar.
[menção honrosa ao clipe maravilhoso desta música!]
A próxima, Last Night On Earth, fecha um ciclo, o “Lado A” de um disco de vinil.
Também rock’n’roll, a explosão das caixas de Larry e a guitarra quase frenética de Edge são
marcantes; entretanto, com menos efeitos a canção é bem mais eficiente (o que aconteceu
ao vivo).
Abrindo o ciclo seguinte, Gone é angústia, é sofrimento, é… beleza. Apesar dos pedais
e dos samplers, o sentimento não se dissipa, pontuando a música com a voz e o tom de
Bono, além do baixo pronunciado de Adam. Em seguida, Miami traz o caos. É a música
mais visual do disco, de letra descritiva e melodia urbana. Uma canção que é de fato a cara
da cidade; a guitarra no final é quase metal, como um tornado fazendo girar toda a confusão que habita Miami.
The Playboy Mansion é o elemento chave que sempre figura qualquer álbum do U2:
crítica. Desta vez, recheada de ironias e eufemismos (escondidos nos trocadilhos ao longo
da letra), alia-se à melodia despreocupada para quebrar as pernas da elite e do glamour.
Onde “não haverá tempo para o sofrimento, não haverá tempo para a dor”, como diz a le tra. Os sons finais fazem a ponte e se “emendam” com a próxima música, a sensual If You
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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Wear That Velvet Dress. Marca registrada de Bono, uma letra que gera múltiplas interpretações, registrada com tom de voz inconfundível, irresistível. A guitarra de Edge amarra o
laço de elegância da canção.
A seguir, Please, um grito de protesto diferente dos que se faziam antes. Pode-se dizer
que é uma Sunday Bloody Sunday versão anos 90. A revolta é a mesma, a motivação também; os meios é que são outros: a letra é menos direta, coberta de metáforas e simbolismos. O U2 muda de estilo na música e atitude no palco, mas a alma irlandesa - e a conseqüente indignação com o que presenciam a seu redor - permanece.
Fechando o álbum, Wake Up Dead Man é tão sentimental quanto Gone, tão religiosa
quanto If God… e tão pungente quanto MoFo. Não no sentido de semelhanças no som, mas
na intenção por trás da música. Como sempre, uma música que deixa aquela sensação quase ‘incômoda’, intrigante, como outras faixas que fecham discos anteriores (vide MLK, Mothers of the Disappeared e, principalmente, Love is Blindness).
O desenho no cd, do espectro de cores, é a expressão máxima que resume o próprio
disco; como se as cores substituíssem cada som que compõe a obra. A capa em estilo Pop
Art, o próprio conceito da turnê PopMart, do consumismo, do dinheiro e de coisas grandiosas… bem, este é outro assunto, maior e mais complexo.
Em resumo, o que desagradou alguns foi o uso excessivo de samplers, pedais e efeitos, além do enorme preconceito sobre Discothèque e a mentalidade de que o U2 tinha “virado dance music”. Realmente esta não foi a melhor faixa para ser lançada como primeiro
single. Mas se foi um erro, pelo menos foi um erro grandioso, como diria Adam. ;)
Finalizando, talvez o grande mérito do disco seja a capacidade despertar paixão e
ódio. POP é marcante e, como tudo o que é marcante, é amado e odiado.
Para os que se encaixam na categoria “eu odeio”, tentem livrar-se de todos conceitos
anteriores, todas as idéias, críticas, opiniões e, claro, sons. POP é o novo. Esqueça o medo
do desconhecido e deixe-se levar nesta viagem.
“And I don’t have to know how, and I don’t need to know why…”
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PriLemonTart
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Os vídeos
Por Gone, publicado originalmente em abril de 2002.
Que o U2 é uma banda muito visual, isso dá pra perceber. Basta olhar para as turnês; o elemento visual, inaugurado na ZOO TV, é forte. Mesmo uma produção como Elevation Tour
jogava com as luzes e os painéis. A falta de monitores e telas não tornou o show menos “espetáculo”.
Olhando a videografia da banda, além de sentir os momentos distintos de cada fase
(além do visual deles, evolução total!), são registros da formação e da maturação da banda
ao longo do tempo. Dá pra sentir cada momento. A energia em Under a Blood Red Sky; o
clima de estúdio de Unforgettable Fire… o pé na estrada de Rattle And Hum (e os deliciosos Outtakes! São sensacionais!), enfim…
Cabe aqui uma indagação: seria o U2 indissociável de sua imagem?
Com o advento da Mtv, gravar videoclips virou ‘obrigação’ pra todo artista. Ainda assim a moda demorou a pegar — pelo menos na Europa. Entretanto, o U2 sempre gravou
clipes, e muitos. Somando *todos* até hoje (incluindo versões alternativas de uma mesma
música - só One tem 5! -, remixes e versões ao vivo), a lista está em algo perto dos 75 videos. Vai gostar de gravar clip assim lá na… ;)
Vejamos. O bom e velho “I Will Follow” (o original! Aquele no estúdio, fundo branco,
Bono dançando horrivelmente). 1980, primeiro disco, banda inexperiente, produção precária (era a banda tocando na frente de um croma-key!). Que banda esperava fazer sucesso
com *isso*? LOL!
Em seguida vieram “Gloria”, “A Celebration” (sensacional), “New Year’s Day”, “Two
Hearts…” a coisa continuava morna.
Mais ou menos na época em que “Pride” fazia sucesso, veio o Live-Aid. Daí pra frente,
qualquer um que já tivesse ouvido falar, mesmo que vagamente, em U2, reconheceria a
cara do Bono. De With or Without You em diante é história; ter aparecido na capa da Time
foi uma expressão máxima disso.
Os home videos são outra prova. Temos registros das turnês do U2 desde War - a única sem show lançado foi Unforgettable Fire. E já dá pra prever que, depois da próxima tur nê, sairá o vídeo com o show também. Isso, é claro, depois que sair o do Best of 19902000…
Bono é um showman. Só a presença dele num palco já seria o suficiente pra levantar o
público. Isso, somado à performance da banda, a harmonia, a química que rola ao vivo são
os elementos chaves para que as pessoas queiram não só ouvir o U2, mas vê-los também.
Quem nunca se comoveu com as demonstrações de carinho do Bono com os outros?
Dito isto, a conclusão vem fácil.. Impossível viver sem os sorrisinhos do Adam, a concentração do Edge, as bronquinhas do Larry e o poder de performance do Bono…!
[vendo o lado feminino da coisa, a melhorada do look dos meninos de uns tempos
pra cá foi uma bênção! hehehehehe]
No meio da salada que são esses 70-e-tantos vídeos, tem muita coisa boa (“Staring at
the sun” original, “Even better”, “Where the streets”, “Lemon” só pra começar) e coisa ruim
também (“Last night on Earth”… só lembro desse, agora!). Vale a pena conhecer todos,
apesar da dificuldade em encontrar alguns, incluindo o famoso “Red hill mining town”, que
ninguém nunca viu. Quer dizer, alguns wirelings dizem que viram, mas e pra provar?…
Quem
quiser
a
lista
de
todos
os
clipes
é
só
consultar: www.lemontart.hpg.com.br/promovid.htm
Afinal de contas… quem morre em “All I Want Is You”, o anão ou a menina?
ULTRAVIOLET – COLUNAS
LOL!
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26
Lemon Thoughts, por Gone
27
Happy Birthday, Bono!
Por Gone, publicado originalmente em maio de 2002.
Ora, ora, ora… semana de comemoração! Está se aproximando o dia de São Bono! Amém!
10 de Maio de 1960. Dona Iris Hewson, que Deus a tenha, trouxe à luz um menino. “À
luz” literalmente; Paul David Hewson nasceu para iluminar a vida de muita gente. Um garoto que sofreu muito, encontrou um amor que o mantém de pé [isso é contestável, eu
sei…], mas chegou ao topo do mundo. Dinheiro, sucesso, fama, multidões de admiradores:
nada disso mudou o coração puro do menino que um dia pretendia mudar o mundo. Mal
ou bem, ele conseguiu.
O que há de tão mágico neste homem? Sua voz? Suas letras? Sua personalidade? Seu
carisma? O brilho que existe ao redor dele? Ou o brilho do azul de seus olhos…? Tudo isso,
nada disso. O que nos conecta a ele talvez seja a enorme consciência que ele tem de que,
muito antes de ser um homem público, ele é simplesmente… *humano*, tanto quanto
qualquer um de nós.
Bono consegue ser simples mesmo quando está cercado de luxo e luxúria; ele tem
uma capacidade raríssima de despertar emoção nas pessoas - quem mais consegue levar 50
mil pessoas às lágrimas? -; ele tem dinheiro e se preocupa com quem não tem; ele é rocks tar e não é nada arrogante! De que mais uma pessoa precisa?
Em seus esforços para ajudar a quem precisa, dá pra perceber que existe algo de quase missionário nele. Bono tem, definitivamente, uma missão nessa vida. Se essa missão é
ou não a de salvar o mundo, não se sabe; mas a principal missão ele já está cumprindo há
mais de 25 anos. É a de tocar o coração e a alma das pessoas através de seu canto, de sua
voz, de suas palavras. Seja falando de amor ou de guerra, de saudades ou de sexo, de drogas ou de religião, nosso B-man relata o mundo à sua volta de uma maneira que quem ouve
assimila completamente, se relaciona e se apropria daquilo. Sua música não é banal, sem
motivo; ela vem do coração e da mente, do espírito e da aura.
Paul Hewson completa esta semana 42 anos de uma vida muito intensa e muito bem
vivida - ele que o diga. Ele viu de tudo, sentiu, experimentou, conheceu, realizou sonhos; os
próprios e o de muita gente. Gente esta que precisa que ele continue dizendo e cantando
tudo o que vê e sente.
[E, claro, mulheres apaixonadas pelo par de olhos azuis e voz sensual… que precisa do
charme e da sensualidade desse homem!]
É natural que um homem assim desperte paixão e inveja. Felizmente estamos do lado
do bem - como ele.
Então… sexta-feira acenda sua vela e faça uma prece para São Bono, para que ele con tinue *iluminando os nossos caminhos*!
“I’m just a singer, some say a sinner… rolling the dice, not always a winner…”
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ULTRAVIOLET – COLUNAS
28
A million dollar soundtrack!
Por Gone, publicado originalmente em maio de 2002.
Bono demorou 8 anos para conseguir fazer seu filme sair de sua cabeça e virar realidade
nas telas de cinema. A trilha sonora, porém, é ainda mais interessante que o enredo em si.
Nota: não entraremos no mérito sobre a qualidade do filme; o assunto é a música
ambiente, a trilha sonora!
O filme abre com uma vista panorâmica e espiral sobre a cidade de Los Angeles. Ouve-se The First Time. Confessem: quantos aqui não mudaram completamente de opinião
sobre a música depois de ver esta cena?
Eu sou uma dessas pessoas, falo por experiência própria. First time era a única faixa
do Zooropa que eu pulava, sempre. Nunca vi nada de especial na música. Depois desta
cena, e do filme todo, ela mudou de cara, de cor, de tom. Que música maravilhosa!
Há quem faça ligação entre a letra e a trajetória do próprio Tom Tom. Faz sentido,
considerando a letra assim: “I have a lover” (= Eloise), “I have a brother” (= Izzy) e a repetição de “and I threw away the key” no final como sendo Tom Tom jogando fora a própria
vida, quando pulou do topo do hotel.
A partir disso, fica mais fácil entender a música, já que ela foi escrita na época em que
o roteiro do filme fervia na cabeça do Bono. Ou seja, ela adquiriu sentido anos depois,
quando inserida no filme.
Never Let Me Go, Falling At Your Feet e Dancin’ Shoes são outros pontos altos durante o filme. Lógico, toda a trilha foi feita em cima do filme, mas tudo se encaixa tão perfeita mente que é impressionante. Talvez por isso tanta gente tenha se interessado mais pela
música do que pelo filme em si.
Stateless também merece destaque - afinal era uma música de todo o U2 e não só de
Bono. Uma canção, forte, marcante, e, por que não, sensual. Há um clima envolvente ao
longo da música e sua evolução, fazendo desta uma peça irresistível, deliciosa.
Fora os instrumentais, como Funny Face e Tom Tom’s Dream, que não poderiam expressar melhor a cena onde são tocadas. Torna as coisas indissociáveis: a música fica totalmente visual e o filme sem a música fica incompreensível e, além disso, sem graça. Isso é
um grande mérito, já que geralmente os cd’s de trilha sonora costumam ter uma ou duas
músicas boas, de artistas conhecidos, e o resto - os instrumentais - é monótono, enfadonho.
Enfim… o disco é uma pérola, uma trilha sonora fora do comum, muito diferente da
maioria; até porque o filme também o é.
Não é à toa que é o xodó do Bono - quando quiser impressioná-lo, peça para que au tografe o encarte deste cd. Ele se comove por completo - temos testemunha viva disso na
UV! hehehehe
“…they’re all falling at your feet!”
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Lemon Thoughts, por Gone
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Pegue uma carona nessa viagem…
…seja um Passageiro!
Por Gone, publicado originalmente em maio de 2002.
Passengers é o caso típico de divisão: há os que amam e os que odeiam. Nada de meio termo. É impossível alguém gostar “mais ou menos” deste projeto. Afinal, ao lado da definição da palavra “experimental” no dicionário deveria vir a ilustração da capa. É o experimental ao quadrado, ao cubo, à décima oitava potência.
Nossos meninos costumam dizer que o culpado dessa “xaropada” foi o Brian Eno. Ok.
Mas eles também adoram uma viagem, e é dispensável dizer que o Bono é o campeão nesse
quesito, certo?
Tirando o Larry, é claro, que só pensa com o lado direito do cérebro (palavras do próprio!) e considera esse disco um acidente de percurso na carreira do U2.
[Alguém ainda duvida que foi dele a idéia de assinar o disco como Passengers e não
como U2?… hehehehehe]
Viu só? Ele próprio é exemplo do grupo dos “odeio esse disco”!
Porém, “experimental” lembra algo com fortes tendências a ser incompreensível, ou
complexo demais. Que nada. Passengers nasceu da idéia de fazer trilhas sonoras para filmes que não existiam - o que mudou mais tarde, já que “Beyond the clouds” e “Ghost in the
shell” de fato são reais.
A sonoridade do disco, em meio a tantas esquisitices e coisas que só poderiam vir da
cabeça do Eno (e do Bono, insisto!;), tem ótimos números de guitarra e baixo.
Os instrumentais são pontos altos, além de serem extremamente visuais, ou seja, o
tipo de música que você ouve e “visualiza” uma cena onde ela se encaixa. Um exemplo? Associe a primeira faixa com o nome do (suposto) filme, “United colours of plutonium”. Alguém consegue “enxergar” pequenas explosões coloridas? [ou sou só eu que tenho esse tipo
de delírio? LOL!]
Mas o piano de Beach Sequence é absolutamente admirável.
Dos vários momentos do disco, destacam-se as músicas “sérias”: Slug, Your Blue
Room e, óbvio, Miss Sarajevo. As três tinham jeitão de single, mas contexto é contexto, né,
e Sarajevo pareceu a escolha mais acertada para a época.
Em compensação, é notável a irreverência e o despojamento em uma faixa como Elvis
Ate America. A começar pelo título, claro, além da letra: cômica. Praticamente dá pra vêlos terminando de gravar a música e caindo na gargalhada.
Isso sem contar as várias “piadinhas”, trocadilhos e outras brincadeiras intencionais
distribuídas em tudo o que se refere ao disco: desde as músicas em si até o encarte, a capa,
os nomes dos filmes e os créditos.
O nome Passengers foi realmente uma escolha feliz, já que esse álbum é mesmo uma
grande viagem.
Apertem os cintos e… entrem no clima!
“time… shoots on by…”
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Lá vamos nós outra vez
…com o sempre polêmico October.
Por Gone, publicado originalmente em junho de 2002.
Pare e pense: tirando Gloria, Tomorrow, October (e Scarlet por motivos óbvios! LOL!),
quais outras músicas do October você canta junto quando ouve?
Aposto que a maioria dos fãs sabe de cabeça as letras do Boy e do War, mas October
que é bom, nada…
Depois ainda defendem o October com unhas e dentes, coitadinho, tão discriminado!
Ok, eu sei, em quatro anos de lista esse assunto já foi e voltou “n” vezes mas o tabu
permanece. O que há de errado no October? Por que é tão fácil “gostar menos” dele?
Claro, existem exceções, gente que ama incondicionalmente esse disco, mas isso é
normal e não é desses que estamos falando aqui. Quero chegar a uma média, uma parcela
significativa de pessoas que defendem o October de quem declara abertamente que *não
gosta* desse disco (nada de errado nisso, aliás!). Isso sendo que, às vezes, nem elas própri as gostam TAAAANTO assim dele.
Ah, e antes que reclamem, reitero que ninguém tem obrigação de saber letra alguma;
é só uma questão de gostar realmente de um disco, de conhecer e admirar a sonoridade
dele (quem não sabe inglês, que assovie junto, ué!), e não apenas defender por defender, só
pra não deixar passar alguém que não tem pudores de dizer que não gosta de algum trabalho do U2.
Vamos recapitular a história do álbum. 1981, a banda volta de uma bem-sucedida turnê pelos EUA. Bono já tinha praticamente todas as letras para um novo disco quando… o
cabeção simplesmente *perdeu* o caderninho onde elas estavam escritas, além da grana da
banda (uma boa soma, por sinal).
Não bastasse isso, conflitos internos envolvendo religião quase pôs um fim na breve
história do U2. Adam era o dissidente dos outros três, que se aprofundavam na espiritualidade e estavam quase deixando a carreira de músicos em segundo plano. A coisa ficou
meio feia, mas eles conseguiram conversar civilizadamente e, com a ajuda fundamental de
McGuinness, seguiram em frente.
Gravaram o disco muito rapidamente, em menos de dois meses, com letras improvisadas, pouco ensaiados. Falando português claro, a coisa foi feita meio “nas coxa” mesmo.
Alguém poderia usar essa história toda pra justificar a qualidade mais “baixa” do disco. Ok, até certo ponto é aceitável. Não pelas letras, mas pelo tempo em estúdio e pelos ensaios - banda mal ensaiada não toca tudo o que realmente sabe. Mas o resto não é descul pa, não. Qual o problema com as letras? Todo mundo não idolatra Tomorrow? Só porque o
resto não tem o peso dessa, é ruim?
A questão permanece em aberto, já que ninguém descobre o que *tem* (ou *não
tem*, né, vai saber) nesse disco pra gerar esse racha. É como se houvesse um buraco entre
Boy e War. Uma mancha escura, que varia de intensidade dependendo de quem olha.
Eu particulamente ainda estou em cima do muro. Mas quanto mais ouço, mais gosto.
É quase um aprendizado - cada dia um elemento “novo” salta da música e me atinge em
cheio. O que é natural com todos os outros discos do U2’; é que simplesmente esse proces so é mais demorado no October.
…ou quem sabe o pessoal não precisa apenas exercitar mais os ouvidos pra chegar à
essência do disco?…
“Singing song that makes me happy
Lemon Thoughts, por Gone
I’m not happy with you…”
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10 things I hate about U(2)
(dez coisas que eu odeio em vocês… u-dois :p)
Por Gone, publicado originalmente em junho de 2002.
É dispensável dizer o quanto o U2 é maravilhoso, a melhor banda do universo etc etc etc, e
citar os milhões de motivos porque os amamos. Mas… fã que é fã mesmo conhece tudo de
bom *E* de ruim sobre seu ídolo.
Esqueça o papo de que U2 é perfeito. Sejamos razoáveis, eles podem parecer tão bons
que talvez não sejam desse planeta, mas são sim, e nós também.
Então lá vão dez coisinhas que, pelo menos pra mim, me deixam triste ou com raiva
(ou os dois!) em relação ao U2. Concorde, discorde, discuta, crie a sua. Aqui vão as minhas,
por ordem de lembrança, não de importância.
1- O mau-humor do Larry.
Realmente, é um disperdício. Um homem tão bonito, tão talentoso… poderia ser
‘even better’ (;) se fosse pelo menos um mínimo de simpático. Às vezes me dá raiva só de
olhar pra cara amarrada dele. LOL!
Não bastasse isso, as poucas piadas que ele tenta fazer acabam saindo péssimas… a
gente ri pra não chorar!
2- New Year’s Day, Pride, One e Sunday Bloody Sunday ao vivo.
Na boa. A não ser que seja num show ao vivo AQUI no Brasil, essas já enjoaram. Não
só por serem hits, mas pelo fato de o U2 tocar essas músicas em praticamente *todos* os
shows desde que cada uma delas foi lançada! Aaaaaaagh! O caso mais grave é NYD, que
eles tocam há quase VINTE ANOS em quase todo show! Poupe-me!
3- A demora entre os albums…
…claro, a partir de Zooropa pra frente. A distância entre Pop e All That You… foi abismal, 3 anos que pareciam 3 décadas. E lá se vão mais quase 3 anos (vai saber!?) até o pró ximo. Ansiedade é legal, mas nem tanto!
4- O mistério na divulgação de notícias.
Aproveitando o gancho da anterior; quando não existia U2.com, a gente vivia de informações da imprensa (que 50% das vezes acabavam não se confirmando… alguém lembra quantas revistas publicaram o possível lançamento do tal “Rather Go Blind” em 98??) e
boatos em geral. Agora que existe o site, as notícias concretas são raras, ainda tem toda
uma frescura na hora de divulgar o que acontece.
Como eu já disse anteriormente, muitas outras bandas por aí mantêm seus sites atualizados quase diariamente contando tudo sobre a banda, mesmo quando esta está parada.
U2.com acaba sendo um disperdício (nesse sentido).
5- Bono esquecer as letras!!!
Ok, dá a graça do show, afinal se tudo saísse sempre perfeito não ia ter graça nenhuma… mas o Bono chuta o balde. Honestamente. Se eu fosse citar exemplos, não ia terminar
nunca. Então só pra ficar com a expressão máxima dessa lerdeza de B-man, o ‘papelão’
(sensacional) que ele fez ano passado na Elevation Tour tentando cantar “People Get Ready”. Ele cantou:
“People get ready… when you don’t know the lyrics…”
Ai Bono… só você!
6- A quantidade de material inédito que o U2 tem “na gaveta” e não libera.
Lemon Thoughts, por Gone
33
Alguém consegue imaginar a quantidade de demos, músicas inacabadas, versões alternativas, letras soltas ou alteradas, b-sides, remixes inéditos, sobras de clipes, vídeos etc
tem na gaveta do U2 desde 1976?
É m-u-i-t-a coisa, gente. Dizem que quem tem o poder sobre tudo isso é o Edge. E que
ele até estava *pensando* em fazer algum tipo de compilação, tempos atrás. Até agora, necas.
Tirando o Salomé e as músicas pré-Boy (e versões demo), a única coisa lançada foi o
disco de B-sides com o Best Of. Mas até aí… grande coisa. Isso qualquer um baixa da net.
Bem que o Edge podia abrir o baú e ir lançando aos pouquinhos, né?… Não tudo, mesmo
porque seria impraticável, mas pelo menos um aperitivo!
7- Músicas imperdíveis que não foram lançadas em album (do U2)
Curto e grosso: Night and Day, Hold Me, Thrill Me… e I’m Not Your Baby. Sim, *eu
sei*, existe o Red Hot and Blue, a trilha do Batman e a trilha do Fim da Violência, mas eu
realmente acho que essas deveriam ter saído num disco DO U2. Mais gente deveria ter
acesso a elas, porque são *muito boas*.
Ok, Night and Day é cover, mas e daí? Vai dizer que essa versão não tem a cara
do U2?…
8- Eles pensam que a “America” se resume aos EUA!
Primeiro que eu já acho errado chamar EUA de America (em inglês). Segundo que
“eles” pode ser apenas “Bono”. Aliás tenho quase certeza disso - a fixação é dele e os outros
três têm que ir atrás por falta de opção. E quem sofre é a gente! O que tem de tão bom lá
que não tem na Europa?
Por que eles merecem mais shows do que todo o resto do mundo somado? snif…
9- Só depois de 8 turnês é que a gente veio ganhar a primeira!
Certo, certo, justiça seja feita. Tio McGuinness disse que na época da Joshua Tree
tour fez contato com gente daqui pra trazer o U2 e não rolou. ZOO TV idem.
Mesmo assim, esperar 18 anos pra conhecer o que tem pra baixo da linha do equador
(e à esquerda de Greenwich) é demais. E outra, se eles gostaram tanto quanto disseram,
por que não voltaram ainda?
(por último, a mais óbvia e a mais unânime)
10 - Ficamos de fora da Elevation Tour!!!!!!!!!!!!!!!!
Teve showcase, teve clipe como prêmio de consolação. Tudo muito lindo. Mas nada
disso substitui show de verdade, my friends. Eu sabia, eu sabia, eu avisei o meu povo que
foi ao Rio que isso era um jeito sem-graça de disfarçar e não trazer turnê pra cá. Dito e feito. A turnê acabou e temos uma p*** de DVD gravado onde, onde onde???? EUA, claro.
Por sinal com 3 músicas a menos devido aos FDP’s que tem show a dar com pau e ainda
aprontam a palhaçada de ficar de costas pro palco.
Se essa não é uma coisa detestável sobre o U2, então nenhuma das outras acima é.
Uau. Não pensei que seria tão difícil encontrar coisas irritantes sobre o U2. Não é à
toa que as 3 últimas são praticamente as mesmas…
Se for o caso, semana que vem coloco os *meus 10 motivos pra amar o U2*; o que
também não vai ser nada fácil!
“sweetheart… you’re so cruel!”
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ULTRAVIOLET – COLUNAS
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Hey Mr. Glamour Man…
…have a happy one!
Por Gone, publicado originalmente em agosto de 2002.
De volta de férias! Desculpem não ter avisado antes; foram férias forçadas…
Bem, que assunto poderia ser senão o nosso aniversariante da semana, não?!
MR. THE EDGE!
Apesar de já ter dedicado uma coluna anteriormente ao fofo-mor da guitarra, Edge
nunca é demais.
Pra começar, já devemos agradecer aos céus pelo destino reservado ao pequeno David
Howell Evans. Ele poderia ter permanecido na condição de completo *nerd*, como o irmão
Dick! Mas não, a vocação para a música o chamou para o piano, que foi substituído pela
guitarra um tempo depois e… bem, o resto é história.
É bobagem bater mais uma vez na tecla de que sem qualquer um dos quatro o U2
nunca teria sido - nem jamais será - como é. Mas eu insisto na teoria de que o Edge dese quilibra. O comprometimento dele com a música parece ser mais por amor do que por ta refa. Não que os outros não amem; é só ver aquele trecho do Making Of The Joshua Tree
onde Edge fala sobre With Or Without You pra entender o que eu quero dizer.
Também é por isso que o U2 é *tão bom* ao vivo. Sim, porque atualmente se fosse
depender só da performance (vocal) do Bono, a coisa ficaria complicada. O Edge é bom em
disco. Mas ao vivo ele é insuperável!
Primeiro pela capacidade de segurar as viajadas (e erratas!) do Bono, improvisar, criar, entender os sinais dele e do Larry… ufa! Além disso, a técnica e, muito mais, a paciência
para se estender num solo ou num mesmo riff por mais tempo, quando nosso B-man prolonga os discursos ou as corridas por entre o público, ou se perde no backstage (há registros memoráveis disto na ZOO TV! Num deles, Bono vai *ao banheiro* no final de uma
música, volta atrasado para a próxima e, pior, carregando uma *toalha*! LOL!)…
E isso tudo desde o começo. Mesmo sabendo o básico do básico nos ensaios na cozinha do Larry, ele sempre segurou as pontas e incentivou os demais a fazer o mesmo. Garanto que muita da determinação dos garotos em prosperar veio dos conselhos (e broncas,
e toques) de Mr. The Edge.
Ah… isso sem mencionar a personalidade dele. A doçura em pessoa. Tanta classe e
glamour só podem ter vindo de sua educação britânica! Além de ser um gentleman, simpá tico, carismático…
E, essa é só para as garotas, um charme irresistível; que no começo é meio obscuro,
não salta aos olhos como a beleza plástica do Larry ou a cara de canalha do Bono. Em compensação, quem descobre se apaixona!
The Edge é tudo de ótimo. Feliz aniversário para esse grande músico, paizão e, acima
de tudo, grande pessoa.
“I don’t know what to say about this man!” - Bono, tentando apresentar Edge durante
o showcase em New York (12/2000)!
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Lemon Thoughts, por Gone
35
Delírios de fã
Por Gone, publicado originalmente em agosto de 2002.
O U2 sempre nos faz sonhar. Principalmente sonhar acordados. Com o amor, com um
mundo melhor, ou até mesmo com outras bobagens menores.
Todo fã, de qualquer artista, sempre tem “sonhos malucos”, e pode passar horas imaginando historinhas divertidas (ou mesmo mais calientes!) envolvendo os ídolos.
Com o U2 não é diferente, é claro.
Quem aqui nunca se imaginou, ao menos, encontrando os meninos pessoalmente? E
depois ficou pensando no que dizer, qual seria sua reação etc…
É um exercício de imaginação muito gostoso, que acaba envolvendo os mais curiosos aspectos.
A gente imagina um anúncio no U2.com dizendo que a banda sairia em turnê e que
faria uns… 10 shows aqui no Brasil, nas principais capitais. Lindo!
Ou, num parâmetro diferente, faz planos e mais planos pra conseguir uma grana e segui-los pela Europa, ver o maior número de shows possíveis e tudo mais.
As meninas levam vantagem, afinal, são quatro homens (maravilhosos, diga-se de
passagem!). Aí é que a imaginação não tem limites, mesmo. A gente sonha encontrar o
Bono (ou o Adam, ou o Edge…!) e despertar o interesse dele… e por aí vai. ;)
Sonhar (de verdade, à noite) também acontece. E o absurdo das situações inusitadas
acaba sendo o mais engraçado. Estar em Dublin, na porta do estúdio e ser chamado para
dentro, ou mesmo estar na porta do hotel, ou invadir o palco. Tudo é possível no nosso
subconsciente, que com certeza também é fã de U2. Afinal, é ele quem “adivinha” que está
tocando U2 no rádio e faz com que a gente sintonize na emissora certa, na hora exata.
Como acontece eu não sei, mas temos uma ligação especial com essa banda.
Também vale mentalizar - para quem acredita no poder da mente. Desejar algo tão
intensamente, até que se torne real. Vale a pena tentar, não acham?
Poderíamos instituir no próximo dia de São Patrício uma corrente U2er. Marcar um
horário para todos os UV’s repetirem o mantra:
“U2 NO BRASIL! U2 NO BRASIL! U2 NO BRASIL!”
LOL!
Antes de encerrar, só queria deixar meu “daydream” preferido e mais freqüente. Que
é, obviamente, o meu encontro com o Adam. Num plano mais realista da coisa, eu *vejo*
(de tanto imaginar as imagens mentais já são quase concretas!) os meus amigos se afastando e abrindo caminho para que eu possa chegar nele. O que aconteceria eu não faço idéia,
apesar de me imaginar completamente MUDA e tremendo dos pés à cabeça.
Depois que alguém nos fotografasse e eu conseguisse um autógrafo, eu pediria para
alguém me tirar dali o mais rápido possível - para que eu pudesse ter o meu chilique, faniquito, ataque histérico ou o que seja.
GRITAR MUITO, e BEM LONGE dele, é claro. Posso morrer DEPOIS, nunca na frente dele!
Convido vocês a postarem no comentário - ou me mandarem por email, se assim preferirem - seus sonhos.
Vou ficando por aqui; semana que vem tem mais!
“And if you dream so dream outloud!”
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36
Dupla de dois ;)
Por Gone, publicado originalmente em setembro de 2002.
Hoje eu estava assistindo àquele programa Mtv Icon Aerosmith, e, ao ver exposta a relação
do vocalista Steven Tyler com o guitarrista Joe Perry, pensei imediatamente em Bono e
Edge, é claro.
No programa, os caras diziam se gostar como irmãos, porque não se “termina” uma
relação com um irmão.
Bono e Edge são, definitivamente, mais que irmãos. Eles se completam, eles precisam
um do outro. Seriam siameses? Ou apenas almas gêmeas?
“There’s no divorce in this band”, disse Larry, aqui mesmo, no Brasil. Um casamento
de quatro pessoas - no qual duas nunca se divorciariam MESMO.
Não vamos tentar discutir de onde vem ou como funciona a química que une essa dupla inseparável -não faria sentido. O mais intrigante disso tudo é pensar que dois seres tão
diferentes se entendem com tamanha perfeição. Não pode ser só a convivência. Afinal, eles
se integram tão bem desde o começo.
Na música e fora dela, o companheirismo e, por que não, o amor tão evidente de
Edge e Bono é um exemplo de relação rara hoje em dia - pouca gente se “agüenta” por tanto tempo. Quem já ouviu falar num desentendimento entre os dois?
Naturalmente, é de se esperar uma rusga ou outra ao atravessar tanto tempo, tantas
fases (conturbadas) e tantas mudanças. Mas eu ponho a minha mão no fogo - duvido que
eles tenham conseguido ficar mais de 48 horas sem se falar.
Antes que venha algum engraçadinho querendo insinuar algum tipo de relação sexual
entre eles, aviso de antemão que não é disso que estou falando, e que também não faz a
menor diferença. Quem acredita no amor, e no amor verdadeiro, provavelmente entende
melhor - e desprovido de preconceito ou malícia - o jeito que eles se olham e um enxerga o
que o outro está pensando.
Basta ver o entrosamento dos dois no palco - quem mais além do Edge para entender
os sinais do Bono, e acompanhá-lo nas improvisadas doidas que ele inventa…?
Ver quando o Bono também está tocando (guitarra, ou mesmo violão) e o Edge prati camente o guia pela música (todo mundo sabe que o Bono não é o que se pode chamar de
especialista em guitarra, né?!).
Vê-los cantando juntos, em dois microfones ou em apenas um.
Seja o que for que une estas duas almas, qualquer explicação ou teoria é dispensável.
Nada nem ninguém nesse mundo vai fazer com que eles se separem.
E Tyler e Perry que me perdoem, mas eu sou mais Hewson e Evans. Porque se os irmãos não “terminam”, as almas gêmeas, depois de se encontrar, não vivem uma sem a outra.
E nós também não!
“It’s our hero!”
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Lemon Thoughts, por Gone
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Os tesouros que poucos conhecem
Por Gone, publicado originalmente em setembro de 2002.
Poucas coisas são tão injustas sobre as bandas internacionais quanto os b-sides. Eles não
são nada democráticos! Claro, deve-se esclarecer que, para eles, não há nada de injusto
nisso - as pessoas compram os singles, logo, têm acesso aos b-sides. Nada de errado nessa
lógica. Exceto que… estamos no Brasil, certo? Nada de singles por aqui, certo? Só compra
single (agora mais ainda) que mtem dinheiro sobrando, certo?
Pois é. Tudo bem que hoje em dia com facilidade da internet, dos MP3 e dos progra mas de troca de arquivos (obridado, Napster!) fica mais fácil superar o obstáculo logístico
do single e conseguir as músicas mas… e como era isso nos anos 80?
Quem aqui no Brasil (que não tinha a possibilidade de ir ao exterior ou pedir para al guém trazer) conhecia os lados B do U2?
Boa pergunta. Talvez eles simplesmente não conheceram.
Ah, sim, saiu o disco com B-sides junto com o Best Of. Mas isso em 1998! Trocamos o
seis pela meia-dúzia ou não?!
Vale a lei do “antes tarde do que nunca”!
Só que o mais desesperador disso tudo é saber, hoje, que justamente estas músicas
que ficaram para trás são verdadeiras jóias. Quem já ouviu sabe, quem não ouviu, procure saber.
A começar pela essencial “Boy-Girl”: a origem do U2, a primeira raiz, do bom e velho
U2-Three. Espetacular canção.
Mais do que complementar cada fase da banda, estas pérolas relegadas aos lados B
dos compactos (imaginem a preguiça de alguns, após ouvir a faixa-título do single no lado
A, de ter que ir até a vitrola e virar o disquinho - e pior: pra ouvir uma música desconheci da do outro lado!) marcam a evolução e o amadurecimento do som que os meninos batalhavam pra fazer.
Canções como “Touch”, “Treasure” ou mesmo os instrumentais (já defendidos nesta
coluna como vitais!) “Endless Deep” ou “J. Swallow” (que até tem letra, mas absolutamente ininteligível!) não deveriam ser privilégio de poucos. Entendem a injustiça agora?
Coisas mais recentes também! Como não? Os lados B dos anos 90 são tão bons quanto os antigos. De maneiras diferentes, é claro, isso nem precisava dizer. Tanto os covers
(“Satellite of love”, “Fortunate son” e “Paint it black”, isso só pra citar os de Achtung Baby)
quanto as ‘ovelhas negras’ de cada album (“Holy Joe”, “Slow Dancing”, “North and South
of the River”… e por aí vai!) também mereceriam - e deveriam! - ser mais acessíveis.
Além disso, algumas dessas músicas são extremamente divertidas, ou trazem elementos no mínimo curiosos; por exemplo, algumas desafinadas terríveis do Bono - mas muito
bonitinhas, também! Ou coisas doidas, como a evolução de um instrumental relativamente
simples como “Boomerang” para uma coisa cheia de efeitos adicionais e vocais sem sentido
de Edge e Adam, com Bono chegando no meio e dando uns palpites também.
Como resolver esta questão? Apelar para o que se tem, é a resposta óbvia. Primeiro,
faça uma lista com as músicas que deseja conhecer. Depois, vasculhe todas as páginas e todos os sistemas de troca de arquivo, encha o saco de deus-e-o-mundo. Encomende para os
“pirateiros” de plantão. Faça amizade com eles e consiga por um preço mais baixo! ;)
Mas não deixe nunca, jamais, em tempo algum, de conhecer estes pequenos e maravilhosos TREASUREs!
“You say it’s love, it’s not the money…”
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ULTRAVIOLET – COLUNAS
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Lemon Thoughts, por Gone
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Vendo o som (?)
Por Gone, publicado originalmente em dezembro de 2002.
OLÁ!
Depois de longas férias forçadas, estou de volta!
Uns anos atrás entrei na página pessoal de uma garota que se assinava “BonoGrrrl”.
Entre as seções, havia uma foto dela vestida de MacPhisto (igualzinha, por sinal) e milhões
de motivos pelos quais a menina amava o Bono (como se alguém precisasse de muitos!).
Um deles era bastante peculiar: cinqüenta e tantas menções a “chuva” nas letras do
Bono. Achei isso muito curioso. A menina devia ter fixação por chuva pra contar quantas
vezes o Bono citava, verificar cada letra. Isso antes de All That You Can’t Leave Behind
(será que ela entrou em êxtase quando ouviu “Summer RAIN”?). O site saiu do ar, é uma
pena, pois eu recomendaria por efeito de curiosidade e de diversão. A tal BonoGrrrl era
meio doida.
Lembrei disso essa semana, ao rever fotos com os meus amigos da Ultraviolet e um
deles usava uma camiseta com o MacPhisto. Veio-me a lembrança da menina fantasiada. E
lembrei das menções à chuva.
Por associação (e pura divagação-filósofica-inútil, é claro!), lembrei de uma discussão
que tive com as meninas num chat, sobre algumas músicas do U2 serem tão visuais.
Há letras que a gente vai ouvindo e enxergando tudo o que o Bono diz. Outras trazem
cores, ou imagens abstratas.
Explico.
O exercício é o seguinte: escolha uma música e a ouça de olhos fechados. No escuro
funciona melhor. Que imagens você ‘enxerga’ à medida que a música avança? Se a canção
fosse um objeto, concreto, que cor teria?
Tem gente que não vê nada; já outros criam cenários cinematográficos…
Um exemplo que parece saltar à memória de imediato é “Acrobat”. Dizer que essa
música é “obscura” não é exagero. Aliás, eu diria que é uma música escura, não obscura.
Ao ouvi-la, vejo uma atmosfera azul marinho e roxa. Como uma sala fechada, e aquele ar
pesado rodeando o som.
Viagem? Talvez.
Tente outra vez. “In a lifetime”. Vejo os campos verdes da Irlanda numa noite fria…
aquele fog, estrelas no céu…
Ou um mais fácil: “In God’s Country”. É simples de imaginar o “desert sky” e a “desert rose”, ou até mesmo uma “naked flame”.
Não é difícil ver as cores em “MoFo”. Nem por influência do show (se bem que combinou bastante; a pessoa que pensou naquilo deve ter enxergado aquelas cores todas ao ouvir
a música!), mas ela é mesmo uma canção com muitas cores. Nenhuma delas dura muito
tempo, numa seqüência cromática randômica e descontrolada.
Vai ver a tal BonoGrrrl ouvia “Who’s gonna ride your wild horses” e, ao ouvir “took a
drive in the dirty RAIN…” e imaginava-se (ou ao Bono, ou os dois!) no meio da chu va suja…
É um joguinho divertido. Mas acho que ninguém entende quando eu digo que vejo
“bolinhas” em “Elevation”. Nem eu sei explicar.
Mas uma coisa é certa: os videoclipes ajudam, mas a gente não precisa deles para
*ver* as músicas.
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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Tudo bem, diga que é bobagem, mas pelo menos uma vez isso já aconteceu. Ou vai dizer que das últimas vezes que o céu escureceu você não pensou que estava chegando uma
“summer rain” ou uma “electrical storm”?…
“I can’t see what you see…” ;)
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L-A-R-D-E…N-C-E
um tributo atrasado :)
Por Gone, publicado originalmente em dezembro de 2002.
Só depois desse tempo todo fui perceber a enorme injustiça de… não dar os parabéns de
aniversário ao Larry!
Ok, está “meio” tarde, então, ao contrário das outras três, esta não será uma coluna
de aniversário. Apenas um tributo à “espinha dorsal” (palavras de Bono) da banda.
It’s all about drums!
Sem Larry a coisa perde a estrutura. Honestamente. Aquele lance de o Bono dizer que
no começo o único que tinha alguma noção de música era o Larry faz todo sentido. O Edge
pode ser um puta guitarrista (e é, óbvio!), mas como o próprio Larry já disse, fica fora do
tempo em 99.99% das músicas… e quem mais pra entender esse timing dele? Mr. Mullen,
é claro.
Obviamente alguém lembra daquela situação totalmente atípica (alô, alguém me refresque a memória, ONDE foi aquele show?) que aconteceu na Elevation Tour ano passado. A gente sabe que geralmente o Bono é o perdido no meio da música, erra a letra e tudo
mais. Nesse show, logo em Beautiful Day, o Bono era o único certo, os outros três erraram.
Vocês se lembram disso, não? Foi muito hilário, e dá pra imaginar o Larry totalmente
puto da vida. Por ter errado e, conseqüentemente, dado permissão ao Bono de dar aquele
sorrisinho “viu? fala de mim agora!”…
Mas tudo bem, coisas como essa acontecem nas melhores famílias e nas melhores
bandas. E apesar de também enxergarmos um milhão de defeitos no Larry (ele canta mal!
ele é rabugento! hehehehehe), podem apostar que quem coloca ordem na cozinha é ele.
Não tem birra do Bono, não tem opinião sensata do Edge, não tem sugestão do Adam ou
intromissão de produtor que desvie as coisas do rumo imaginado por ele.
O astro e galã de Electrical Storm (hahaha!) ouve todo tipo de bobagem do Bono, fica
ali escondido atrás da bateria (deve até preferir este relativo anonimato!) e ainda assim resiste, firme e forte. Certamente o U2 não deve ser exatamente o tipo de banda que idealizou quando colocou aquele (abençoado!) anúncio no mural da escola. Talvez ele quisesse
algo menor, de proporções no máximo britânicas… ou outro tipo de som, outra orientação
(quem será que queria que Joshua Tree fosse um álbum country?!…).
Só que eu duvido que ele se arrependa. Ele queria tocar bateria numa banda. Faz isso
há 27 anos e foi, é e será muito recompensado por isso. Pelo prazer de tocar e por tudo o
que vem “incluso no pacote”.
No interlúdio, outra cena de Larry emputecido: o Lemon-breakdown. Isso mesmo, o
dia em que o limão da PopMart não abriu. Alguém consegue ouvi-lo lá dentro xingando o
Bono e dizendo algo como “Maldita hora em que eu deixo vocês fazerem as loucuras do
Bono só para agradá-lo! Eu odeio esse limão! Que papel ridículo!”…
Calma, Larry. Veja o lado positivo da coisa. Você foi a Graceland e - mesmo incomodado com o túmulo do Rei ser “no quintal” - até sentou na moto dele. Conheceu o mundo
(na faixa!), tomou muita Guinness (‘de grátis’!!), ganhou uma graninha razoável pra sustentar a prole…
Um homem realizado. E realizador. Sem ele não estaríamos aqui. Nada disso seria possível!
Obrigada, Larry, por suportar esses três malucos por tanto tempo - e também por ser
o anjo da guarda e melhor amigo do Adam.
ULTRAVIOLET – COLUNAS
E um feliz aniversário atrasado! :)
“you can do just what you please, wild honey…”
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Lemon Thoughts, por Gone
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Mais do mesmo - comentários novos sobre assuntos velhos
(ou “correndo atrás do tempo perdido”)
Por Gone, publicado originalmente em dezembro de 2005.
Oi, gente!
Anos depois, aqui estou, para retomar a coluna. Morrendo de remorso por ter parado
todo esse tempo, mas antes tarde do que nunca — assim como a vinda do U2!
Fazia uns dias que eu estava pensando num tema para esta coluna e tentar recuperar
o tempo perdido. Ocorreu-me justamente o assunto mais óbvio: comentar as coisas que
aconteceram no mundo U2er de 2002 pra cá. São tantas coisas que achei melhor falar apenas sobre os lançamentos oficiais. Porque se fosse entrar nos temas 46664 ou Live 8, a coluna não teria fim…
Então vejamos.
Dezembro de 2002 - DVD Best Of 1990-2000
Ah, esse sim! “Todos” os clipes da era 90’s, mais Beautiful Day e duas versões de
Stuck (a do estádio, completamente dispensável, diga-se de passagem!). Além dos inéditos
Electrical Storm, com performance dramática do Larry digna de Oscar (é, gente, passam-se
os anos e eu continuo adorando pegar no pé do Larry! :D), e The Hands That Built America
- esse poderia ter passado em branco…
E digo “todos os clipes” entre aspas porque faltou a terceira versão de Even Better
Than The Real Thing (aquele da fita Achtung Baby) e as duas outras versões “misteriosas”
de One, totalizando cinco(!). Tem gente que jura que já viu, mas pra mim é lenda. Se alguém tiver disponível, favor compartilhar com os colegas de lista, ok?
Os documentários também são bons, especialmente Missing Sarajevo. Enfim, o registro é imperdível, esse item é obrigatório. Não preciso nem dizer que o ponto alto do DVD é
o clipe de Lemon, certo? ;) YAY!
Novembro de 2003 - DVD Go Home
Na minha humilde opinião, o melhor show do U2 de todos os tempos. Emocionante,
empolgante, cativante… perfeita sintonia… esse até quem não é “fã” da banda tem que ter:
é um espetáculo de boa música do começo ao fim. É uma pena que o show não tenha sido
lançado 100% na íntegra, a edição peca em alguns momentos, mas só para os olhos mais
observadores. Quem se entrega ao clima do show, nem percebe.
O destaque é unanimidade: a história das 500 libras em Out of Control. Difícil
não chorar…
Setembro de 2004 - Vertigo (a música)
Nova música! Deu aquele friozinho na espinha de imaginar o que viria por aí. Alguns
estranharam, e a história de dizer “uno, dos, tres, catorce” deu o que falar… mas verdade é
que essa música nasceu com vocação não apenas pra hit, mas pra ser um clássico da história do rock. Não é exagero, não! Daqui uns 20 anos essa música será lembrada e ainda vai
ter banda tentando copiar.
Novembro de 2004- ALBUM NOVO! OBA!!! How to dismantle an atomic bomb
Estranho pensar que já fez um ano, parece que foi ontem. Todo mundo já deu sua
opinião, então chegou a minha vez.
Eu particularmente não achei “tãaaaooo” maravilhoso assim, como muitos na lista.
Tem músicas fortes, como Miracle Drug e City of Blinding Lights, mas acho que no geral é
um album mediano. É superior a All That You Can’t Leave Behind, mas ainda assim parece
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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que falta alguma coisa. All Because Of You faz ‘barulho’ mas não resolve a falta de *energia* como Elevation fazia no disco anterior.
Fora que, pra mim, a melhor música do disco é A Man And A Woman, e essa nem sequer foi tocada ao vivo. E Original of the Species é CHATA demais.
Tudo isso é só meu ponto de vista, não quero tentar convencer ninguém a gostar menos do disco, ok?
Resumindo, pra mim não foi tão impactante. Mas isso até começar a ouvir essas faixas ao vivo… assunto do próximo tópico.
AH sim, o DVDzinho extra… meia-boca, não? O documentário não fala nada além do
que eles disseram em entrevistas na época ou um pouco depois. E a fotografia é horrível,
quem inventou aquela luz? (LOL)
Março de 2005 - Vertigo Tour 2005
A tour começou em março e por aqui já começou a choradeira porque aparentemente
tínhamos ficado de fora mais uma vez. Mas a cada bootleg essa mágoa se transformava em
vontade de fazer qualquer coisa (literalmente!) pra juntar dinheiro e ir ver esse show no
exterior a qualquer custo! Alguns de nossos heróis UV’s foram, viram e venceram. Todos
juram que foi o melhor investimento que já fizeram.
Quem não foi antes e ainda não crê em apresentações no Brasil, vai ter a chance de
seguir pra Argentina. A confirmação não sai nunca, e já estamos enlouquecendo! Mas claro
que isso tem um bom motivo, concordam?
Isso já dá assunto pra mais uma coluna (ótima idéia, aliás! LOL)… o que fazer, se não esperar?
Novo U2.com / iPod U2 / Box iTunes com músicas inéditas
O site ganhou uma legião de inimigos por causa da venda dos ingressos, mas pra mim
o problema dele é ser mal desenhado, o texto fica ilegível! Já iPod eu não tenho e nem vou
ter tão cedo, então deixa pra lá. E as músicas inéditas, confesso que não baixei nenhuma e
só ouvi duas ou três. Preciso correr atrás disso… se alguém puder me passar, agradeço! :D
Novembro de 2005 - DVD Vertigo Tour Chicago
Esse saiu faz pouco tempo e também divide opiniões. Uns se derreteram, outros não
se impressionaram. Mas todos concordam que R$60 (em média) por um DVD simples é
abusivo, e que a Universal Music Brasil não liga a mínima para os produtos que lança. Aqui
não tem nem vai ter edição dupla, e essa simples não vem com um único extra e nem um
encartezinho pra remédio.
Ainda bem que o show compensa tudo isso. Ok, foi nos EUA (já tínhamos experiência
em relação ao Elevation Boston, de que, só pra registrar, eu não gostei!), mas nesse a história é bem diferente. É o tipo de show em que não dá tempo nem de prestar atenção na rea ção do público. É hipnotizante e tão emocionante quanto Go Home. São duas horas e meia
de U2 em essência, sem aparato tecnológico ou visual pra esconder quem esses quatro irlandeses são de verdade.
Eu recomendo com 11 estrelas ou mais, e acho que quem não gostou não deve ter
prestado atenção ou acompanhado a banda nos últimos anos… porque é impossível não
achar esse show O MÁXIMO.
Uau, até que rendeu, não? :D
Bom, prometo que vou tentar escrever regularmente de novo. Não garanto periodicidade, mas aguardem que uma hora eu apareço!
Dúvidas, comentários, mensagens de apoio e depósitos na minha conta (LOL) para
[email protected]
Ah, e pra quem está no orkut e ainda não faz parte da comunidade Adam Clayton (oh!
heresia!!!!), tá na mão:
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=66953
“And you broke every heart thinking every heart mends…”
Lemon Thoughts, por Gone
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ULTRAVIOLET – COLUNAS
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U2 no Brasil! U2 no Brasil! U2 no Brasil! U2 no Brasil!
2006 - o ano da VERTIGEM!
Por Gone, publicado originalmente em janeiro de 2006.
NOTA: este texto foi escrito na véspera do anúncio oficial, quando ainda circu lava o boato “quase oficial” sobre o ingresso de mil reais para a Hot Area.
Mesmo já sabendo que o mesmo não existirá, o texto reflete o calor do mo mento que muitos de nós sentiram, e vou deixar assim apenas a título de registro. Favor desconsiderar!
Hello, hello!
Estamos em vertigem! 2006 chegou e o U2 vem pro Brasil! VIVA! Porém… (e sempre
existe um “porém”)
Desde que a notícia chegou até nós, no final de julho (e há de ser feita a ressalva em
honra ao nosso insider André Braun, que cantou a bola em primeira mão!), tudo o que a
gente queria era uma certeza. Ou sim, ou não, o que fosse, para acabar com a angústia. Naturalmente o que todos queriam era o “OK”, o “Brazil here we come” ou qualquer equivalente. Quase cinco meses de sofrimento e finalmente nos foi revelada a verdade. E é justamente esse o problema - o famoso “triste, mas real”. Falaremos disso mais adiante.
Antes, preciso ser bem honesta e dizer que eu estava cética quanto à vinda da tour pra
cá. Em 2000, logo após a U2 Week, eu profetizei pra todos os meus amigos UV’s: a Elevation não viria, e o showcase foi um prêmio de consolação antecipado. Dito e feito.
Como o cenário empresarial e financeiro não evoluiu maravilhas de lá pra cá, achei
que novamente ficaríamos de fora. Somem a isso o agravante do “trauma” da PopMart pelo tumulto no RJ e pelas lambanças de Franco Bruni, ECAD e cia.ltda. Mas, no fundo,
havia uma esperançazinha… sempre tem, né? Só que dessa vez foi diferente; ao invés da esperança se dissipar e morrer lentamente, ela foi crescendo… até culminar na notícia preliminar. Ter, agora, a certeza de que vai acontecer de verdade é mais que uma surpresa boa,
é um alívio.
Quer dizer… “ERA” um alívio, até saber dos exorbitantes e astronômicos preços dos
ingressos. De deixar qualquer um indignado, principalmente nós, fãs, que esperamos tanto
tempo por isso, mas não contávamos com a astúcia dos empresários e da Rede Globo (ou
vocês não acham que a presepada toda tem o dedo deles?!).
Quem quiser ver os dois shows vai desembolsar módicos R$ 360. Se for estudante (e
tiver a sorte de conseguir a meia-entrada), fica pela bagatela de R$ 180. Não suficiente
isso, dessa vez todo mundo se ferrou: quem vai se arriscar na pista, quem vai tentar arquibancada (e morrer com R$ 160 por show!), e até quem queria um ingresso mais baratinho
nas cadeiras intermediárias — se quiser entrar ali, vai ter que comprar sacola fashion por
R$ 380! E sem reclamar, afinal, haverá privilégios! Bebida de graça (o que será? Cerveja
GUITT’S ou qualquer outra dessas “genéricas”??! LOL) e decoração (oh!). E o risco de
trombar com os amiguinhos do clã Diniz, que não vão querer ficar na “hot area” no meio
do povão (ricos, pra nós, mas pra eles é tudo povão), é claro.
E a facada no coração, os 1000 mangos da tal hot area. Sim, 3 1/3 salários mínimos
pra ficar perto do palco. É tão ultrajante que prefiro nem comentar, acho que o próprio número fala por si.
Tudo bem, sejamos pessoas desprendidas dos bens materiais, e superemos estes “obstáculos”…
Lemon Thoughts, por Gone
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Passado o golpe no bolso, só nos restará esperar. Fora um estressado aqui e outro ali,
a expectativa é gostosa e saudável. Aquela empolgação, caravanas se programando, planejando cada detalhe… e acho que isso acaba tendo o efeito de uma grande catarse grupal!
Digo isso porque, em 1998, poucos de nós tinham com quem compartilhar essa espera, fazer todos os planos e sonhar junto a cada momento.
Acho que esse é o grande barato de ser Ultraviolet. É falar a mesma língua, saber exatamente como é este momento.
Sei que pra muitos será a primeira vez, o que a torna ainda mais especial. A minha re comendação é que não hesitem em fazer “loucuras”, porque a gente não sabe quando terá
outra oportunidade como essa. Se estiver ao seu alcance e não for prejudicar ninguém,
FAÇA. Pelo U2 e por você, pela experiência inesquecível que você viverá. Quando tudo terminar, você vai olhar pra trás e se sentir orgulhoso e privilegiado de ter participado de tudo
isso. Sem um único arrependimento.
Eu realmente espero que todos possam comprar seus ingressos e que não sejamos vítimas (em dobro!) de aproveitadores ou golpistas. Só não vamos sofrer antes da hora, ok?
Vamos concentrar nossas energias nos encontros antes, durante e depois, nas camisetas
(todo mundo uniformizado na fila!), nos cartazes ou faixas que levaremos pro Morumbi…
Tendo tudo isso em mente, é só fazer acontecer - e ver o sonho se realizar!
Quanto ao abuso nos preços, vamos deixar essa burocracia para depois. Claro que não
vamos ficar calados, mas devemos debater idéias para fazer o “protesto” (ou o que seja) de
forma organizada. Assim como nossa banda preferida, vamos lutar contra aquilo com que
não concordamos.
Só pra encerrar: não sei quantos de vocês acompanharam o mês de janeiro de 98 na
MTV… desde que os ingressos foram colocados à venda, passava em quase todo intervalo
uma vinheta com cenas do clipe Staring At The Sun, e no final o locutor dizia:
“U2 NO BRASIL - CADA DIA MAIS PERTO…”
Cada vez que eu ouvia isso, me arrepiava inteira e os olhos já se enchiam
de lágrimas…
Desta vez, não tem vinheta ainda (e talvez nem tenha), mas, a cada novidade sobre a
vinda deles, dentro da minha cabeça o locutor continua dizendo… “U2 no Brasil… cada dia
mais perto…” E ainda é de arrepiar. Mas isso não é nada, esperem só até cair a ficha de
todo mundo! :D
Não percam, na próxima coluna… o fabuloso “MANUAL DO UV NINJA”, um guia
para encarar o show do U2, nos níveis iniciante, intermediário e avançado. Fácil, rápido e
indolor! ;)
“Lights go down and all I know is that you give me something…”
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Assim não dá…
(haja paciência!)
Por Gone, publicado originalmente em janeiro de 2006.
Olá, amigos.
Antes do texto de hoje, apenas uma breve explicação sobre o tema anterior… escrevi
aquele texto um dia antes do anúncio oficial da venda (caótica, saberíamos dias depois) dos
ingressos para o primeiro show. Por isso a bronca contra a suposta Hot Area, e tudo mais.
Coloquei uma nota no dia seguinte, mas pra quem não teve a chance de reler, fica aí o recado.
Sei que prometi que está coluna conteria o sensacional manual do UV Ninja… mas
vou adiar o assunto por dois motivos:
1- Não tem como não comentar o FRACASSO que está sendo a (des)organização desse show com o qual sonhamos há anos (portanto, tema da coluna de hoje!);
2- Melhor deixar o manual pra quando o show estiver mais perto, pra deixar o clima
mais animado (estamos muito tensos ultimamente, e isso só vai melhorar quando passar a
tempestade!), e para que ninguém deixe de aproveitar as dicas por mero esquecimento! :D
Ok, o assunto já deu tudo o que tinha que dar (inclusive número recorde de mensagens na lista e creio que no fórum também), mas não dá pra ignorar.
Os srs. Niemeyer e Accioly merecem o “TROFÉU JOINHA” do século. Não dá pra não
comentar o show de incompetência e despreparo pra montar um show do porte do U2. Pra
não chover no molhado, não vou nem começar a enumerar as cagadas (desculpem a palavra, mas não existe outra melhor!) que esses dois e suas equipes fizeram no último mês,
não vale a pena.
Só gostaria de ressaltar que isso era mais ou menos previsível… se considerarmos a
experiência dessas pessoas nesse ramo (em todos os aspectos), já dava pra saber que não ia
ser fácil. Muita gente já sabia que o site não ia suportar o número de acessos. Infelizmente
aconteceu. E poucos (considerando-se o número total de ingressos) conseguiram antever
(ou adivinhar, caso prefiram) NO QUE iam se transformar as lojas do Pão de Açúcar naquela fatídica segunda-feira.
Deixo aqui minha solidariedade e, mais que isso, meu apoio na indignação dos que
não conseguiram, mesmo tendo passado no mínimo 10 horas na fila.
Concordo com quem propõe que façamos barulho chamando a atenção para o tratamento que nos foi (e é) dado - por todas as partes, pelos organizadores, pela Universal Mu sic e até pelo Pão de Açúcar, que a essas horas deve estar com ódio da letra “U” e do núme ro “2”…
Acho que qualquer movimento nesse sentido será muito válido, principalmente agora, que sabemos que a notícia da baixaria chegou aos ouvidos da banda. E sinceramente espero que eles tomem alguma atitude a respeito, nem que seja simplesmente o Bono soltar
alguma indireta durante o show, mas que dê o recado. O resto, deixa por nossa conta, Bman, já que aprendemos com você a não ficarmos omissos diante das coisas com que
não concordamos.
O sistema de vendas para o segundo show vai mudar, aliás, já mudou, mas será que
vai adiantar? Quantas pessoas vão trabalhar nesse call center? 30? 50? 100? A gente já fica
com o sinal de ocupado tocando na cabeça só de pensar. Ou pior: imaginem esse cenário
ainda mais terrível: se o telefone for um 0300 (R$ 0,33 por minuto mais impostos!). A
gente liga, cai numa central e fica aquela musiquinha de espera, ou então a “agradável”
Lemon Thoughts, por Gone
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mensagem “Todos os nossos atendentes estão ocupados, por favor, aguarde!”. E nisso se
passam cinco, 15, 25, 40 minutos e nada… e os caixas da telefônica engordando. E o ingresso saindo pelo dobro do preço, só com o valor da ligação! Não é de desanimar qualquer um?
Infelizmente nós, que somos os *consumidores*, quem está pagando pelo serviço, somos tratados como seres inferiores, e desrespeitados sistematicamente. Nossa única opção
é protestar, e isso vamos tentar providenciar o mais rápido possível. E, no mais, é paciência, meus queridos, muita paciência diante desse futuro incerto.
E que as injustiças não prevaleçam (nesse quesito incluo a presença de VIP’s, globais
e ganhadores de promoções que já estão tomando o lugar de muitos fãs de verdade no
show do dia 20) para o dia 21, e que os que amam
essa banda de verdade tenham uma segunda chance de assistir ao melhor show da
melhor banda do mundo — com um mínimo de dignidade, e mais: COM A ALMA LAVADA.
Muita sorte pra todos nós.
Até a próxima!
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MANUAL DO UV NINJA!
Para usuários iniciantes, intermediários e avançados! ;)
Por Gone, publicado originalmente em fevereiro de 2006.
Queridos UV’s,
Como prometi na penúltima coluna, publico hoje o fabuloso MANUAL DO UV NINJA! Um guia completíssimo para encarar essa odisséia que serão os shows do U2 no nosso
lindo país.
Eu sei que já fizeram isso mil vezes, que já existe um guia mais “sério” feito pelo Adriano Macêdo de Fortaleza (acho que não é da UV, se for, desculpe! :p). Mas a minha proposta é diferente. São dicas bem humoradas pra gente se desestressar um pouco, e, claro,
se programar pra não esquecer nenhum detalhe. Nem todas as sugestões devem ser levadas a sério, ok?! Nada de levar ao pé da letra. Não aceitarei reclamações posteriores!!!
Muitas das coisas descritas aqui são bem óbvias pra quem já é veterano em shows
grandes. Mas quero ajudar quem não é, e, principalmente, quem é de fora e não está acostumado a freqüentar shows em estádios.
Vou dividir o guia em tópicos, e cada um terá três “graus” de sugestões: “Normal” é
quando o bom senso impera. “Tosco” é uma coisa mais exaltada e sem medo de ser feliz. E
“Ogro” é a total falta de noção (às vezes para o bem, às vezes para o mal…)!!!
Bem, a essa altura, todos já devem estar com os ingressos na mão ou pagos (no caso
dos do dia 21). Se não estão, I’m so sorry, então corra atrás do prejuízo, mas sem fazer bur rada. Não compre de cambista ou de qualquer um que queira vender por preço maior, ok?
Esta foi, definitivamente, a parte mais difícil para todos os que vão no show – fãs ou
não. Agora, para nós, fãs malucos, ainda há “N” outras coisas a serem providenciadas.
Sei que quem vem de outras cidades ou estados terá ainda mais dificuldades, mas
acho que o planejamento da viagem e da estadia já foi feito há meses, e se não foi, infelizmente não sou eu quem vai poder ajudar.
1- A Véspera
Vai ser impossível, mas tente dormir bem. Quanto mais agitado você estiver, menos
disposto estará no momento do show. Guarde suas energias para a hora certa! (Se vier
numa viagem de ônibus noturna, peça para o pessoal deixar pra cantar só depois que amanhecer, pra todo mundo dormir em paz e tentar diminuir o cansaço da viagem!)
Já no dia anterior, pegue os ingressos e os deixe em local bem visível. Se for levar mochila ou bolsa, arrume com antecedência e leve só o necessário: dinheiro, documento (RG
para não ser indigente, carteirinha de estudante pra quem pagou meia, e carteira de motorista/documentos do carro para quem precisar).
O item “o que comer” e afins será tratado com detalhes mais abaixo.
1 a) - Buscando os ingressos no Pacaembu no dia do show (pra quem vem de fora)
Onde quer que seja o seu desembarque (rodoviárias ou aeroportos), o primeiro passo
é pegar um ônibus que passe em qualquer estação de metrõ. Em Congonhas tem vários
(Vila Mariana, Ana Rosa), em Cumbica tem um que vai até a estação/terminal Barra Funda
(metrô), e todas as rodoviárias são anexas ao metrô.
Pegue o metrô e siga os mapas das linhas (na estação e dentro dos vagões! não tem
erro!) pra chegar à estação CLÍNICAS do metrô (linha 2 - verde, acesso pela estação Ana
Rosa ou Paraíso na linha 1 - azul). De lá, dá pra ir A PÉ ao estádio do Pacaembu, é uma
descida pela Rua Major Natanael, ao lado do cemitério Araçá.
Lemon Thoughts, por Gone
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Quem estiver no Formule 1 Consolação, não precisa nem do metrô - vá se exercitar
um pouquinho e faça todo o percurso a pé, mesmo!
Pra voltar e se dirigir ao Morumbi, é só fazer o caminho inverso, ou seja, subir a mesma rua de novo (haja pernas!). Daí em diante é mais fácil descer até a Avenida Rebouças e
pegar um ônibus para o Morumbi lá - mas tudo isso você descobre perguntando, não tem
quem não saiba indicar.
Se você estiver na Barra Funda, melhor ainda, pois de lá sai um ônibus (linha 6232,
VILA IDA) que passa na Praça Charles Miller, que é onde fica o estádio do Pacaembu.
Não esqueça do comprovante de depósito, CPF e RG!
2- Chegando ao MorumTRI (sorry, periferia!!! :P)
Antes de sair de casa, pergunte-se mil vezes: “EU PEGUEI O(S) INGRESSO(S)????”
Às vezes, no meio da correria, a gente corre o risco de se esquecer desse “pequeno”
detalhe! Enquanto não estiver seguro de que os tem em mãos, não ponha os pés na rua!!!
A seguir, tudo vai depender do horário em que você pretende chegar ao estádio.
Como todos sabem, São Paulo é a cidade do trânsito, e, em se tratando de uma manhã de
segunda-feira (ou de terça, quase igual), podem ter certeza de que o trânsito vai estar parado, SIM. Se estiver chovendo, então, nem se fala, pior ainda.
Normal: Pegar o carro/táxi/ônibus/van e chegar lá pelas 10 ou 11 da manhã.
Tosco: Chegar no domingo às 5 da tarde.
Ogro: Acampar desde a quarta-feira anterior na porta do estádio!
Para quem vem de fora e vai ficar em hotel, organizem-se para contratar o serviço de
traslado (van). Vai sair barato pra todo mundo e é mais seguro e confortável. Procurem informações com os hotéis ou mesmo buscando telefones das empresas especializadas na internet.
*De carro:
São várias opções, e todas dependem da origem. Melhores rotas:
Vindo do centro ou da zona leste: Rua da Consolação até o final, Avenida Rebouças
até o final, atravessar a Ponte Eusébio Matoso e pegar a Avenida Francisco Morato um
bom trecho. Seguir as placas até a Avenida Jorge João Saad, que leva até o estádio.
Vindo da zona sul: Avenida Brigadeiro Faria Lima sentido bairro, entrar no acesso à
Avenida Cidade Jardim. Seguir até o final, atravessar a Ponte Cidade Jardim e seguir pela
Avenida Luis Oscar Americano. Mais à frente já começa a Avenida Morumbi, entrar à di reita na Rua Lebret, que depois muda de nome (Av. Jules Rimet). O estádio fica no final
dessa rua.
Vindo da zona oeste: dependendo do bairro, fica mais perto ir pelas Marginais, mas o
trânsito é maior. Pode ser uma opção melhor pela Pompéia/Sumaré, sair na Dr. Arnaldo e
pegar a Rebouças, ou evitar o trânsito descendo pela Cardeal Arcoverde (a diferença é pouca devido à largura diminuta da rua, mas nunca se sabe…), entrar à esquerda na Henrique
Schaummann e cair na Rebouças. Seguir o caminho descrito acima.
Vindo da zona norte: se não quiser ir até o centro (via Avenida Tiradentes, Anhangabaú e acesso à ligação Leste-Oeste via Arcos do Bixiga para entrar na Consolação), arrisque
pegar as Marginais Tietê e Pinheiros, e entrar na ponte Eusébio Matoso à direita, fazendo o
mesmo caminho “centro”. Mas prepare-se para “AQUELE” congestionamento…
Existem outros caminhos, óbvio, mas esses são os mais conhecidos. Se você conhece
algum que evite o trânsito pesado, me avise! :D
Onde estacionar: tem o bolsão e alguns (poucos) estacionamentos, que já custam caro
normalmente e que com certeza vão aumentar o preço nos dias dos shows. Se houver vaga
na rua, você corre o risco de furtarem ou depredarem seu carro, mesmo se tiver “flaneli nha” jurando que vai tomar conta (e que vai te pedir, no mínimo, 20 reais adiantados). É
bom não arriscar.
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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Algumas casas costumam abrir as garagens para estacionamento - é questão de sorte
e do horário que você vai chegar. Em 98, paguei R$ 30. Nem imagino quanto deve custar
hoje em dia… Mas mesmo esse método não garante 100% de conforto, pois as casas em geral são grandes e vão deixar entrar quantos carros forem possíveis, o que significa que, se o
seu carro for dos primeiros a chegar, provavelmente a saída vai estar trancada por quem
chegou por último e bloqueou a passagem… então você terá que esperar todos os outros
chegarem pra tirar os carros da frente pra você sair.
Depois de tudo isso, podemos concluir que o stress e a grana pra ir de carro não compensam, certo?!
Isso é opção de cada um, não vou sugerir nada, tirem suas próprias conclusões!
*De ônibus:
São poucas as linhas que passam EM FRENTE ao estádio. As que eu consegui pesquisar são:
5118 (Terminal João Dias) - pegar no Largo São Francisco ou na Av. Brigadeiro
Luis Antônio.
5119 (Terminal Capelinha) - idem
7241 (circular Praça Ramos de Azevedo) - pegar na própria Praça Ramos de Azevedo
(centro velho, estação Anahngabaú do metrô), ou nas avenidas Ipiranga, São João ou Consolação.
775F (circular Hospital das Clínicas) - pegar na Av. Dr. Arnaldo (próxima ao hotel
Formule 1 Consolação).
647R (circular Pinheiros - não confundir com o 647T) - pegar no Largo de Pinheiros
(atualmente em obras, portanto o trânsito estará complicado) - acesso não tão fácil pra
quem vem da região do centro ou da Paulista, pois terá que pegar outro ônibus para chegar
até lá.
647P (COHAB Adventista) - pegar na Av. Brig. FARIA LIMA (também longe do centro/Paulista).
647A (Valo Velho) - idem.
Existem outros ônibus que passam em avenidas grandes, como Av. 9 de Julho, Av.
Rebouças ou Rua Augusta, mas nenhum (até onde sei) passa no estádio ou na Av. Jorge
João Saad. Há várias linhas que passam pela Avenida Morumbi, mas ela é extensa e a caminhada pode ser grande, portanto, não vou indicar nenhuma por não ter certeza de qual
delas passa mais perto do estádio.
Quem quiser consultar outros itinerários de ônibus, a prefeitura disponibiliza esse
ótimo e funcional serviço no site:
Consulta
*De trem:
Fazer a integração (vindo do Brás, da Luz ou da Barra Funda) até a linha B - estação
Presidente Altino ou Osasco. Pegar a linha C. Descer na estação Morumbi. De lá, pegar um
ônibus, porque ainda está longe pra c…!
*De táxi:
Procure ir de ônibus ou metrô até o centro ou à zona sul, para o táxi sair mais barato.
Se você está pensando em pegar um táxi nas rodoviárias (Tietê, Barra Funda ou Jabaquara) ou, pior ainda, dos aeroportos (Congonhas nem tanto, mas Cumbica…), pode ir reservando o mesmo valor que você pagou no ingresso para o show! Deixe o táxi como última
opção, ou como opção de volta.
Uma vez que você tenha chegado ao estádio, procure alguém da organização ou mes mo um policial, que poderá orientar sobre o portão de entrada correspondente ao seu ingresso.
3- Na fila
Lemon Thoughts, por Gone
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A espera é longa, as horas se arrastam e não há muita coisa para fazer. O jeito é pro curar distração, como jogar baralho, cantar as músicas do U2, contar piadas ou mesmo
preencher uma revistinha de palavras-cruzadas. Só procure não “CAUSAR” muito, para
não incomodar quem não for da sua turma, ou você vai arrumar confusão antes mesmo de
entrar no estádio!
Vai sozinho? Nada de timidez, então! Puxe assunto com quem estiver na sua frente na
fila. Fãs de U2 já são pessoas acima da média (uhuuu!!!), e com certeza serão amistosas o
suficiente para “adotar” a sua companhia!
Normal: Conversar, cantar, fazer novas amizades e organizar a fila (entre os primeiros, porque depois de um certo ponto já não há mais condições!).
Tosco: Gritar, plantar bananeira, sair correndo pela fila, enfim, qualquer coisa para
chamar a atenção de quem você não conhece.
Ogro: Fazer motins contra os cambistas, negociar preços com os ambulantes (ou mesmo furtar alguma mercadoria! Aí não, né, gente!), provocar a polícia (má idéia! :D), tentar
invadir o estádio antes da hora ou desorganizar a fila.
—> mas sei que nenhum fã verdadeiro de U2 vai ser ogro nesse quesito! ;)
3- a) O que levar para a fila
Dependendo de quanto tempo você ficará na fila, provavelmente vai sentir fome,
sede, vontade de ir ao banheiro, tomar sol (ou chuva!)… como resolver tudo isso? Levando
consigo alguns itens básicos.
O principal é verificar o tempo antes de sair de casa. Se o céu estiver limpo, passe
protetor solar (se estiver planejando ir de madrugada, leve o protetor com você e se besun te após as 8h, já que o horário de verão já terá terminado). Se estiver nublado, leve o prote tor (se for possível). É bom levar, também, a famosa capa de chuva. Em qualquer banca de
jornais se compra uma por R$ 3. Na fila, se chover, ambulantes tentarão vendê-las mais
caro, entre R$ 10 e R$ 15!
Leve alguma coisa para comer e para se hidratar. Água é básico, mas pode ser com prada na hora. Mas notem que as garrafinhas de 500 ml (ou 510 ml) custam, nos supermercados, em média R4 0,70. Na fila, você pagará de R$ 2 a R$3 (ou mais, dependendo
do calor).
O ideal é levar um sanduíche natural leve, uma ou duas barras de cereal e a água, ou
água de coco em caixinha. Hidrata e alivia o calor. Se ainda assim tiver fome ou sede, leve
dinheiro para comprar na hora. E, novamente, tudo depende de quanto tempo você pretende ficar na fila.
Bebida alcoólica não é recomendada. Não sabemos se será permitida a entrada no estádio, mas, mesmo se você beber tudo o que levar antes da abertura dos portões, correrá o
risco de passar mal e perder o show!
Quanto ao banheiro, provavelmente haverá aquelas cabines químicas que em meia
hora ficam imundas. Os homens não têm problema, pois acabam urinando em qualquer lugar, mesmo. Já as mulheres… tentem ir de saia e peçam para alguém fazer “cabaninha” na
hora em que for necessário. E não esqueçam o papel higiênico!
Para ambos: se der aquela vontade de fazer o “número dois”… aí você tá danado, meu
amigo! hahahaha Só garanto que na hora você VAI encontrar um jeito, qualquer jeito! :D
Para os hipocondríacos: leve uma farmacinha, principalmente se você for sugestionável. Exemplo: seu amigo vira pra você e diz: “tô com dor de cabeça”. Pronto, dali cinco minutos a sua cabeça já começa a latejar.
Remédios bons: neosaldina para dor de cabeça, engov para quem for beber, dorflex
para quem tem dores musculares, pepsamar para o estômago, luftal para flatulências e
imosec para quem tiver comido feijoada na véspera (hahahaha). As meninas podem levar,
ainda, atroveran. Se não para si própria, para alguma amiga (sempre aparece uma morrendo de cólica, já repararam?). Tudo isso em comprimidos, naturalmente.
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Normal: levar um pacote de biscoitos ou um sanduíche, mais um gatorade ou garrafinha de água.
Tosco: levar uma mochila ou sacolas com vários sanduíches e/ou pacotes de salgadinhos, além de biscoitos, chocolates e latinhas de refrigerante.
Ogro: levar um isopor com gelo cheio de cerveja, uma garrafa de vinho barato, vodka
vagabunda ou conhaque e, pra comer, uma pizza inteira comprada na véspera (de preferência aquela de calabresa que fica cheia de formiga).
3- b) O que vestir
Mesmo se não estiver calor, vá com uma camiseta regata ou blusa de alças, pois frio
não vai fazer (nas primeiras horas da manhã fica meio friozinho, sim, mas nada que seja
insuportável). Pode até estar chovendo, mas na hora do show, com todo mundo pulando
junto, não tem como não suar. Como já foi recomendado acima, as meninas podem apostar
nas saias (desde que não muito curtas, para evitar o assédio! Infelizmente em shows ainda
tem muito babaca que aproveita o tumulto pra ficar passando a mão nas mulheres).
Nos pés, o tênis é o mais indicado. Invariavelmente você VAI levar (vários) pisões nos
pés. Se as meninas quiserem arriscar a sandália rasteirinha, boa sorte, mas cuidado com
unhas encravadas ou calos…
E, ÓBVIO, TODO MUNDO UNIFORMIZADO COM A CAMISETA DA ULTRAVIOLET!!! E o tag no pescoço! Pra quem ainda não tem, é só baixar do Gmail da lista (não vou
divulgar a senha aqui, óbvio).
E pra quem ainda não entendeu pra que ele serve, as instruções são as seguintes: baixe a imagem, use um editor para ESCREVER SEU NOME ou nick na parte preta (opcional
- ideal pra quem não vai com a camiseta), mande imprimir e plastificar. Faça um furo e
pendure num cordão para usar no pescoço. Fácil!
4- Entrando no estádio
Se você chegou tarde e não conseguiu um bom lugar na fila, não vai ser criando tumulto ou tentando furar que você vai mudar isso. Portanto, fique em seu lugar e colabore
para que tudo dê certo. Entenda que, mesmo sem estar colado na grade, o show vai ser maravilhoso do mesmo jeito.
O sorteio para a hot area será feito pelo código de barras dos ingressos. Se a luz for
vermelha, você está fora, infelizmente (e não vai rolar tentar suborno com aquela notinha
de 50, porque serão os seguranças da banda, estrangeiros, que seguem estritamente as ordens!). Se der verde, comemore, MUITO, e escolha alguém muito especial para ir com
você! Se você for numa turma grande, façam um sorteio entre todos, para ninguém ficar magoado!
Certifique-se de que você está em boas condições físicas para dar aquele ‘sprint’ em
direção à felicidade, quer dizer, ao palco. Cuidado para não se contundir antes do show!
Treinar na esteira durante essa semana vai ajudar! Todo mundo em forma,
galera!!! :D
Normal: seguir na fila, e, ao passar pela catraca, sair correndo para garantir um lugar bom.
Tosco: ficar gritando e perturbando todo mundo, tentar passar na frente e sair correndo *e* gritando quando passar da catraca.
Ogro: discutir com os fiscais, arrumar confusão, tentar pular a catraca e ainda levar
porrada dos seguranças!
5- O que entra e o que não entra
No ingresso só diz que não entram latas, garrafas e objetos cortantes ou pontiagudos.
Mas já circula a informação de que não será permitida a entrada de máquina fotográfica
(um absurdo!). Se você fizer muita questão de entrar com a câmera, leve ou combine com
algum amigo que vá levar mochila ou bolsa, e tente algumas das dicas a seguir.
Normal: não levar a câmera, ou levar uma descartável.
Lemon Thoughts, por Gone
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Tosco: tentar o método de distribuir entre os amigos: um fica com as pilhas, outro
com o filme (ou cartão de memória, no caso da digital), e um terceiro com a câmera vazia.
Esconder as pilhas e o filme/cartão no tênis, dentro da cueca, dentro do sutiã. Pilhas velhas
na câmera e novas no bolso/bolsa.Usar fundo falso na mochila.
Ogro: usar os famosos “esquemas de presidiário”. Sei de vários, mas não vou publicar
por questão de segurança. Quem quiser, pode me mandar uma mensagem em particular,
que eu respondo!
Mas já aviso que, mesmo se você conseguir entrar com a câmera (por vias legais ou
não), não há garantias de que os seguranças não vão confiscá-la la dentro, no meio da platéia. Isso já aconteceu em outros shows aqui no Brasil, e, como haverá transmissão na TV
do primeiro show, é provável que a fiscalização seja mais rigorosa.
Faça tudo por sua conta e risco!
Quanto aos celulares com câmera, dizem que será proibido, mas acho meio impossível impedir as pessoas de entrarem com celular no estádio. Realmente não sei como isso
vai acontecer.
Outro ponto importante para quem vai de pista é: na correria, provavelmente você se
perderá dos seus amigos, a menos que vocês esperem todos entrarem para seguir juntos
até a platéia. Se não for possível fazer isso, combinem com antecedência um PONTO DE
ENCONTRO para depois do show, principalmente se vocês forem embora juntos. Esse local pode ser qualquer um que tenha uma referência fácil de se encontrar. Exemplo: na porta dos banheiros, em frente a barraquinha de merchandising (se tiver), perto de uma árvore ou barraca de lanches etc.
6- Esperando pelo show na pista
Essa é a pior parte. Na fila, pelo menos você está perto dos seus amigos e há espaço
para sentar, ou você pode circular, ir ao banheiro etc. Uma vez no meio da muvuca, você
não tem saída. Ou melhor, até tem, mas não vai conseguir voltar para o lugar onde estava.
E ninguém quer perder o lugar na frente, certo? Então a única dica é ter paciência e se
manter calmo, para não criar confusão. Segure a necessidade (os meninos geralmente
usam copos, mas isso é horrivelmente anti-higiênico!), a fome e a curiosidade e fique exa tamente onde você está. Tentar forçar a passagem é pior ainda. Além de não conseguir,
você provavelmente será “jogado” para trás quando o show começar.
Durante o show de abertura, geralmente a pista esvazia um pouco, e esse é o momen to de avançar em direção ao palco. Mas também não tente passar a qualquer custo – pelo
mesmo motivo citado acima.
Com isso em mente, é continuar esperando o tempo passar, curtir o show de abertura
(pra quem gosta, que não é o meu caso :P) e preparar o coração para o grande
momento!!! :)
7- Durante o show (também na pista)
Chegou o que estávamos esperando há tanto tempo. Grite, berre, cante a plenos
pulmões. Mas não perca a noção. Principalmente em relação ao empurra-empurra, que
sempre acaba ferindo alguém. Vamos curtir, sim, e muito, mas em paz.
E as meninas mais novinhas, POR FAVOR, não fiquem histéricas nem tentando chamar a atenção do Bono de qualquer jeito. Ele NÃO VAI te notar, muito menos te chamar
pro palco, ele simplesmente IGNORA gente histérica. É só ver nos DVD’s. Não adianta.
Quanto mais “low-profile” você estiver, maiores as suas chances. Portanto não irrite nem
ele nem as outras pessoas ao seu redor! :P
Os cartazes / faixas / plaquinhas também não são muito bem recebidos, pois bloqueiam a visão do pessoal. Evite. Mas se for mesmo levar, deixe para levantá-lo em momentos
“estratégicos”, e não por muito tempo. Senão vão tomá-lo da sua mão e picar em mil pedacinhos!
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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Garotas, também não pensem em subir nos ombros de seus namoradinhos/amiguinhos/irmãozinhos. Isso vai atrapalhar muita gente e vão tentar te derrubar. Ou seja, vai ser
bem pior. Ninguém tem culpa se você é baixinha (eu também sou, fazer o quê?!)…
De resto, é ter todas as letras decoradas, ver, ouvir e se emocionar com o maior espe táculo da Terra!!!!
8- Depois do show
Não adianta ter pressa. A saída é sempre caótica. Se você precisar MUITO ir embora
rápido, infelizmente terá que sair duas músicas antes do final do show. Porque, mesmo se
for tentar ir logo depois que a banda sair do palco, não vai rolar. Você vai ter que atravessar
no meio de milhares de pessoas que continuarão olhando estarrecidas e de boca aberta
para o palco (com toda razão!!! ;), fora a fila que já vai estar se formando por quem ficou
na parte de trás, no finalzinho.
A saída a pé já é difícil. De carro, então, desista. Continue lá dentro do estádio e espere NO MÍNIMO 40 minutos pra tentar sair. Ainda assim, mesmo se conseguir pegar o carro rápido, ainda vai enfrentar, por baixo, mais meia hora de congestionamento. Então, não
se estresse! Espere mais um pouco para a situação se amenizar.
E MUITO CUIDADO COM BANDIDOS, esse é o horário em que eles pegam a gente
de surpresa, pois estamos cansados e desatentos. Procure estar sempre em grupo, em locais iluminados e que tenham pelo menos um policial por perto. Guarde muito bem seus
documentos para evitar futuros aborrecimentos.
Pra quem depender de condução: muito provavelmente já não haverá ônibus nesse
horário. Pode ser que perueiros improvisem algum esquema (e vão cobrar caro pela passagem), mas não tem como saber com antecedência por ser “extra-oficial”. O táxi vai ser a
melhor opção, mas vai sair bem caro por ser bandeira 2, e pelo fato do Morumbi ser afastado do centro (e, por conseqüência, da maioria dos outros bairros da cidade).
Uau! Depois de tudo isso, é chegar em casa e descansar para o dia seguinte, ou para a
volta à rotina (essa vai ser a parte mais dolorosa, depois de dias tão intensos e cheios
de magia)…
Espero ter dado minha pequena contribuição com este guia.
Bom show pra todos nós! A gente se vê no Morumbi segunda-feira de madrugada!!!
BUY A LEMON, NOT WHY A LEMON!
Lemon Thoughts, por Gone
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Enxugando as lágrimas…
…e ainda tentando me refazer…
Por Gone, publicado originalmente em março de 2006.
Faz mais de um mês que eu estou pensando no que escrever nesta coluna. Isso mesmo, antes mesmo do U2 chegar eu já estava preocupada com o quê eu ia escrever aqui. Talvez
porque já soubesse exatamente o que ia acontecer: eu ia ter um bloqueio. Tive. Ainda estou
tendo, por sinal.
Juro que estou escrevendo sem ainda ter a certeza sobre o que falar. Porque, embora
tudo já tenha sido dito, ainda há coisas que simplesmente não podem ser ditas, pois não há
como traduzi-las em palavras. Sensações que desafiam a barreira da consciência - não têm
nome e não dá pra explicar o que é ao certo.
Só sei que, desde que ouvi o último “Good night” ao final do show do dia 21, tenho me
sentido assim. Primeiro veio o vazio, aquela sensação ruim de saber que tudo o que é bom
acaba. Depois, um misto de euforia e satisfação (durante os poucos ‘lapsos’ de consciência
que me fazem ver o quanto eu fui abençoada por TUDO o que aconteceu comigo naqueles
dias lindos) com momentos de total desespero e impotência. A sensação que fica é que “o
U2 foi embora e levou junto um pedaço de mim”.
Mas não quero que essa coluna seja depressiva, porque foi tudo bom demais pra que
o meu primeiro texto depois do furacão Vertigem seja recheado de sentimentos assim, tristes… Então, ainda tentando juntar os pedaços da minha vida que sobraram depois que vivi
quatro dias tão intensos (minha “maratona” começou no sábado), acho que ainda tenho algumas coisas para comentar… podem não ser as mais relevantes ou as mais inéditas (mesmo porque eu sei que demorei… :P), mas são coisas que resistem dentro do meu cérebro e
da minha alma…
Começo com uma pergunta: alguém reparou que pouquíssimas pessoas conseguiram
comentar *o show* em si? A execução das músicas, as guitarras do Edge e assuntos afins?
Alguns arriscaram falar sobre o setlist, mas ninguém consegue fazer um review que mencione apenas o show, sem “contaminar” o texto com a emoção que transbordou do Morumbi
naquelas duas noites. Ah, e por “ninguém” leia-se “nós, fãs”.
Por um lado, acho natural. Pode parecer clichê, mas é daqueles casos em que se pode
dizer, sem culpa, “sem comentários”… novamente pela falta de palavras para descrever
tudo aquilo. Acho que fomos (e ainda somos, talvez) incapazes de ser críticos — não que
isso seja ruim, pelo contrário, eu acho ótimo! Quem teria a coragem de dizer que o Edge errou uma nota em tal música, ou que o Larry parecia descoordenado no começo de Love
And Peace? Mesmo se alguma dessas coisas tivesse acontecido, não faria o menor sentido
falar sobre isso, pois foi tudo tão maior, grandioso, que esse tipo de detalhe perde total mente a importância… Pro inferno com a técnica ou com a perfeição! O Bono errando a letra de All I Want Is You *inteira* foi a coisa mais linda do mundo. Queria que ele viesse errar a letra de qualquer música por aqui toda semana…
Não suficiente esse espetáculo ter sido tão intenso (olha as palavras fugindo de
novo…), acho que, para a maioria dos UV’s, outro fator que pesou foi ter visto o(s) show(s)
na companhia dos amigos. Tenho certeza que poucos de nós foram à PopMart em 98 na
companhia de amigos que fossem fãs da banda. Desta vez, tivemos a oportunidade de dividir esse momento com pessoas que sentem exatamente o que nós sentimos. Todos na mesma sintonia. Arrisco dizer que pudemos até “comentar o show silenciosamente” com essas
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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pessoas. Não era preciso dizer nada - apenas um olhar (geralmente inundado por
lágrimas!) traduzia imediatamente qualquer comentário. Quer coisa melhor que isso?
Bom, acho que melhor que isso só a energia desses quatro MENINOS no palco. Porque era o que eles pareciam - meninos. Felizes, satisfeitos, emocionados acima de tudo. E
estampada no rosto a certeza de que valeu a pena ter voltado. E nós fomos recompensados
com sorrisos e demonstrações de carinho e gratidão que eu vi poucas vezes (ou nenhuma?
Não consigo me lembrar, pois todo o resto parece tão pequeno depois dessa experiência esmagadora!) de uma banda com seu público.
É piegas e totalmente parcial dizer isso, mas eu sei (todos nós sabemos, não?) que esses dois shows foram particularmente especiais para o U2. Espero que especiais o suficiente para que eles tenham vontade de voltar na próxima turnê, também. Claro que os acontecimentos recentes vão influir, e muito, em qualquer decisão futura da banda, mas isso é assunto pra depois. Os oito anos que eu esperei para revê-los ficaram para trás naquelas duas
noites, e eu soube que nada foi em vão. Tudo valeu, desde o sofrimento que foi não ter ido
à famosa U2 Week em 2000, até algumas das dificuldades para que tudo desse certo desta
vez. Eu esperaria, sofreria e choraria tudo de novo, sem pensar duas vezes.
Pra fechar com meu relato pessoal, continuo sem saber como pra contar pra vocês
qual foi a sensação de ter visto tão de pertinho Bono, Larry e Adam no aerporto (e nem vou
começar a falar do Adam, senão a coluna não acaba mais!), do quanto foi legal o show da
U2 Cover na Saraiva, com direito a Ultraviolet de presente pra nós, “amarelinhos”, que estávamos lá, o quanto cada minuto na fila foi divertido - ainda que cansativo -, como toda a
espera desgastante valeu a pena, como eu me senti ao encostar na grade na Hot Area e tantas outras coisas que aconteceram naqueles dias. Mais que isso - da quantidade de EMOÇÕES que tomaram conta de mim, do quanto eu ri e chorei. Quem sabe daqui um tempo,
quando tudo isso “assentar” dentro de mim e eu consiga acalmar o meu espírito, possa dividir isso com vocês com alguma exatidão… Mas ainda tenho a sensação de que isso nunca
será possível.
BUY A LEMON, NOT WHY A LEMON!
Lemon Thoughts, por Gone
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A ZOO TV é aqui
Por Gone, publicado originalmente em abril de 2006.
Er… esta coluna deveria ter sido publicada há exatos 15 dias. Acontece que, enquanto escrevia a mesma, me chegou “a notícia”, isto é, fiquei sabendo do noivado do Adam. Isso
me deixou muito abalada psicologicamente (LOLLLL), e só agora consegui terminar o
texto. Sabem como é, a gente perde o chão quando fica sabendo dessas coisas sobre a
pessoa amada… ;)
Hello, hello!
Passados os efeitos do TSUNAMI U2, retomamos nossas atividades (quase) normais! :D
O assunto é ZOO TV. Ou melhor, referências à ZOO TV em plena Vertigo Tour. Digo
referênciaS, no plural, porque não foi só o set de três músicas do Achtung Baby na seqüência que remetem àquela turnê. Há muitas outras sutilezas que, pra bom entendedor, nos levam de volta à aquele que foi o melhor show do U2 de todos os tempos - na pobre opinião
desta colunista que aqui tecla, naturalmente.
Comecemos pelo mais óbvio, o set Zoo TV depois da (matadora!) seqüência Where
The Streets… + One. Deparamo-nos com o zoo boy (ou astro boy, sei lá qual o nome certo
desse desenho; só o conheço por este nome, se alguém souber o correto, me conte!), que
rapidamente se transforma numa máquina de caça-níquel pronta pra arrancar as mais variadas reações do público. E não vamos entrar no mérito das figuras brasileiras que apareceram nos shows daqui, ok? LOL
Em seguida, o simpático astronautinha ganha vida, vira desenho animado com participação especial do “dublador” convidado John Abraham Hewson, mais conhecido como
filho caçula do Bono, chamando a mamãe. Coisa fofa!
Então vem a apoteose, aquele momento grandioso que abria os shows da turnê de
92/93. Bono entra no palco (que pena que não era caracterizado de The Fly!!!), com direito
a uniforme, chapeuzinho e aquela imagem clássica dos chutinhos no telão. Ok, é uma gravação, eu sei… mas, se fosse ao vivo, seria ainda mais espetacular! A música começa, e ele
faz tudo o que fazia antigamente, até o movimento de um braço que impede o outro de fazer a saudação nazista.
As imagens no telão, então, nem se fala. Aquele “Z” gigantesco, as estrelas da união
européia, e a foto deles meio que olhando pro horizonte (a foto é recente, e chega a ser quase como uma versão de uma foto BEM parecida que eles fizeram lá pelos idos de 1992),
muita cor… “o tempo é um trem que faz do futuro, passado… te deixa ali parado na estação
com a cara grudada contra o vidro…” - não tinha vidro, mas estávamos todos com a cara
colada assistindo a esse trem passar, não?
Não suficiente isso pra nos deixar de queixo caído, The Fly vem imediatamente a seguir. Quem não tinha pirado ainda (difícil!), perdeu o controle nessa hora. Além do estímulo musical (e QUE estímulo, pelos deuses! The Edge!!!! Aquele solo!!!), o telão… o telão!
Todas aquelas frases e palavras, o caos em forma de texto, excesso de informação, tudo o
que você sabe está errado! Desta vez, ainda mais complexo - não são apenas palavras vagas, mas palavras faltando letras, frases faltando palavras (e faltando sentido!)… você fica
sem saber pra onde olhar! Pra banda? Pro palco? Pro telão? Brincar de palavras-cruzadasmentais em pleno show do U2? Bizarro! Confesso que eu fiquei quase metade da música
olhando, paralisada, pro telão. Tentando ‘decifrar’ as mensagens. Isso mesmo, eu caí na armadilha! LOL
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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“I don’t wanna hear, I’ don’t wanna see”, não quero ouvir, não quero ver, o segredo
está em você. Tudo isso entrava pelos olhos e formava um grande ponto de interrogação no
senso de compreensão de qualquer mortal ali presente. Mas logo tudo se encaixou - o con teúdo não era importante (naquele momento!), só a forma! Forma FANTÁSTICA, por sinal, que eles encontraram de se atualizar, de transpor para o momento atual tudo o que já
era “denunciado” naquela época em relação à mídia, ao espetáculo, ao sensacionalismo e,
por que não, às lavagens cerebrais às quais estamos sujeitos o tempo todo. “Television, the
drug of a nation”, me vem à memória. Ironicamente, este mesmo show chegou algumas
centenas de milhares de lares brasileiros pela…TV. Watch some more!
[Só um rápido adendo: pra mim, o impacto maior foi o simples fato de que essa música estava mesmo sendo tocada ali, na minha presença, coisa que eu achei que nunca acon teceria. Realizações de sonhos contínuas naquele estádio! Mas faltou a roupa de vinil… o
cabelo tingido … e os fly goggles, claro! Ah, The Fly… não sei qual dos dois eu amo mais, o
homem ou a música!]
Fechando o ciclo (musical) ZOO TV, Mysterious Ways. Sempre empolgante, sempre
sexy. OK, até aqui, todo mundo viu e ouviu. Sem novidades. Mas será que mais alguém
juntou os outros “pedacinhos” de ZOO TV espalhadas pelo show e juntou tudo no mesmo
balaio? Vejamos.
Until The End Of The World. Mais uma música de Achtung Baby (na verdade, a primeira do show :P). No telão, as seqüências numéricas desordenadas, rápidas, absurdamente ilógicas. Alguém se lembra disso, em algum lugar do passado? ;)
Aliás, alguém se lembra, também, daquela data que aparecia no video ZOO TV Sydney, 23/02/1998? Tinha gente que jurava que era profecia, que o mundo ia acabar, e outras loucuras do gênero! LOL
Só não entendo [até hoje] qual a relação entre números e o significado da letra (que
não vem ao caso comentar aqui)…
Outro indício: Pride. Pra cantar essa, Bono volta ao palco usando um singelo paletó
preto, diferente do casaco que ele usou o show inteiro. Ora, surpresa! Mesmo look de
quando ele cantava Pride na ZOO TV! Coincidência? Só B-man pode responder!
Quer mais? One. Ok, One é tocada em TODO show desde que foi lançada. Mas na
PopMart e na Elevation Tour não aparecia nos telões/telinhas a palavra “UM” em vários
idiomas, aparecia? One, Um, Uno, Un, Ein… Pois é, na Vertigo Tour, voltou a aparecer.
Não tinha a imagem dos bisões, nem das flores, mas a mensagem já estava completa mesmo sem eles.
Pra 99% dos fãs que não viram a ZOO TV ao vivo e em cores, tudo isso pode ser interpretado como um “prêmio de consolação”, uma pequena amostra do que perdemos tantos
anos atrás. Por outro lado, também foi chance única e certamente inesquecível pra quem
esteve na Vertigo Tour.
Porém, os mais inquietos, como eu, ficam com a pergunta na cabeça… POR QUE recriar, agora e ainda que em menor escala, uma turnê que foi deixada para trás pelo tempo e
pelas mudanças de atitude ou postura da própria banda? Ainda mais ressuscitando Zoo
Station, que não foi single, e que quem não é fã provavelmente não reconheceu e não entendeu - talvez também não gostou, depois de ter ouvido uma coleção de hits (tenho uma
forte tendência a me opor a isto, todo mundo sabe, mas nada que mereça um texto inteiro
com as mesmas reclamações batidas de todo fã die-hard! hahahaha)…?
Ah, como eu queria poder ter a chance de fazer só ESTA pergunta a algum dos
U2ers… sério! Em caráter meramente jornalístico, neste caso (e apenas NESTE caso!
LOL!). Acho muito estranha (não ruim, sensacional! Mas estranha!) essa quantidade de referências diretas e indiretas à primeira tour de proporções nababescas da banda.
Alguém arrisca algum palpite?
Lemon Thoughts, por Gone
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Quero saber, também, quantos mais além de mim e de algumas das pessoas que estavam comigo, saíram do show dizendo que Zoo Station foi a melhor música da noite. Comentários são bem-vindos!
BUY A LEMON, NOT WHY A LEMON!
Historiadora do Rock, por Lucila Saidenberg
Historiadora do Rock, por Lucila Saidenberg
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O Sagrado Mês de Outubro
Por Lucila Saidenberg, publicado originalmente em outubro de 2001.
Outubro é um mês sagrado. Bom, pelo menos deveria ser… pra nós, fans do U2.
Num mundo ideal, e eu tenho certeza que voces vão concordar comigo, todos os aspectos das nossas vidas diárias seriam regidos pelo nosso amor por essa banda de Rock.
Uma vez livres para expressar o nosso amor pelo U2 sem constrangimento, nós nos
vestiríamos como eles, falaríamos usando expressões tiradas das letras das canções, nos
comportaríamos seguindo os exemplos (positivos, eu espero) deles, e até comeríamos (e
beberíamos) alimentos que nos lembram a banda. O U2 seria, efetivamente, uma religião.
Aliás, muitos de nós ja fazemos tudo isso de qualquer maneira, pra falar a verdade…
Se o U2 é uma religião, (ou pelo menos deveria ser), nós precisamos de festivais. Não
pode haver religião sem eles.
Nos velhos bons tempos da “Wire” original, lá por 1999, foram propostas datas como
os aniversários dos U2ers, (é claro), e demais datas do calendario oficial, como “MLK Day”,
e “Mandela Day” a serem devidamente adotadas e adaptadas para sua nova funcao.
E, é claro, o mês de Outubro inteiro.
Eu acho que nem é preciso explicar o por quê, mas lá vai assim mesmo:
Para os antigos Celtas, Outubro era o último mês do ano, um mês de mudanças, e de
preparação para os difíceis meses de inverno que se aproximam.
Mas acima de tudo, Outubro simbolizava o fim e o início do ano agrícola, um período
de descanso depois de muito trabalho nos campos, no resto do ano. Era um mês de espe rança, mas tambem de melancolia.
Esse sentimento parece se refletir perfeitamente tanto no disco, como na canção de
nome “October”.
Os U2ers, modernos Cristãos, mostram aqui toda a influência que o passado Celta da
Irlanda ainda exerce sobre a cultura do país, mesmo que a intenção inicial deles tenha sido
apenas “fazer música”…
Um mês que merece tanto uma música, como um disco inteiro do U2 “batizados” em
seu nome, tem obrigatoriamente de ser especial, certo? Pelo menos para nos… Certo?
Voltando à antiga “Wire”, naquela epoca foi resolvido que, num mundo ideal, o “Sagrado Mês de Outubro” seria uma espécie de “Ramadan”, onde os fans dormiriam o dia
todo e fariam festas “regadas” a muito U2 a noite inteira.
As festividades do “Sagrado Mês de Outubro” culminariam, é claro, com as festividades do aniversário de Larry Mullen Jr., no dia 31, que é em si só, um dia cheio de seu pró prio simbolismo.
Mas isso já é assunto pra coluna da semana que vem…
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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31 de Outubro
Por Lucila Saidenberg, publicado originalmente em outubro de 2001.
Duendes, demônios, fantasmas, abóboras, crianças fantasiadas, o início do inverno no hemisfério norte, a “adoção” de tradições Celtas pelos Cristãos, e o grupo de Rock U2.
O que é que tudo isso tem em comum? Eu explico: o dia 31 de Outubro.
Os duendes, demônios, fantasmas, abóboras e crianças fantasiadas fazem parte de
Halloween, a “festa dos horrores”, o “dia das bruxas”, em 31 de Outubro.
31 de Outubro, para os antigos Celtas, marcava o início do inverno. O solo congelado,
aparentemente sem vida, faz germinar as sementes tornando possível o florescimento das
plantas na primavera.
Na tradição Celta, esse era um dia de introspecção, e de reverência aos espíritos dos
antepassados. Um dia mágico no qual todo tipo de seres sobrenaturais andavam pelo mundo.
Os Cristãos mais tarde adotaram a data, transportada para primeiro de novembro,
com um novo nome: “dia de todos os santos”, ou “all hollows”, de onde deriva o nome
“Halloween”. E até no Brasil essa tradição acha expressão no “dia das almas”, em 2 de novembro.
31 de Outubro era e ainda é um dia mágico, de fim e início, onde tudo eh possível.
E o U2? O que é que o U2 tem a ver com o dia 31 de Outubro? Eu explico: Larry Mul len Jr.
É no mínimo curioso que o rapaz que tomou a iniciativa de formar o U2 tenha nascido justamente neste dia. Um dia mágico, de fins e inícios. Um dia onde tudo eh possível.
Larry é o início, e potencialmente o fim do U2. Bono já disse que, assim como o Larry
criou a banda, só ele pode “desbandá-los”. Só o Larry pode acabar com a banda. Fim e início.
E todos nós sabemos que, com o U2, sua ideologia e sua música, tudo é possível. A
música do U2 é mágica, e tem o poder de mudar a vida das pessoas para melhor.
Bono, numa entrevista do tempo em que a banda ainda estava no início das gravações
de ATYCLB, se declarou constrangido com esse lado mágico do U2. Ele nao quer que os
fans pensem que o U2 estaria envolvido com “magia negra”…
Talvez eu possa explicar isso tambem, e humildemente me oferecer a desfazer essa
dúvida do nosso cantor predileto…
Mesmo nos piores tempos da “caça às bruxas”, na Europa Medieval, a Igreja fazia
uma distinção entre dois tipos de magia: A “magia negra” (ou ritual), que seria ligada às
antigas religiões da Europa e por isso considerada “demoníaca”… e a “magia natural”, que
era não apenas tolerada pela Igreja, mas inclusive considerada uma benção.
A diferença entre os dois tipos de magia é que a “magia natural” (ao contrário da magia ritual, que de “demoníaca” tem muito pouco, aliás) não pode ser controlada. O recipiente desse tipo de magia sabe que ela existe, e sabe que quando, e se, ela acontece, ela só
traz benefícios. Mas ele nao pode “chamar” essa magia. Tudo o que ele pode fazer é rezar, e
esperar pelo melhor.
A “magia natural” é um talento, um presente dos céus. Uma coisa que está ou não
está presente. A Graça Divina.
E na minha opinião, essa é a “mágica” do U2, uma mágica que existe e desce dos céus
para agraciar a banda desde que um certo bilhete foi espetado no quadro de avisos de uma
escola em Dublin, por Larry Mullen Jr, nascido a 31 de Outubro.
Feliz Aniversário, Larry!!!!
Historiadora do Rock, por Lucila Saidenberg
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A história do mundo de acordo com o Rock and Roll
Introdução: O Rock como revolução cultural dos Jovens.
Por Lucila Saidenberg, publicado originalmente em novembro de 2001.
“Não confie em ninguém que tenha mais de 30 anos”, diziam os hippies nos anos 60. E por
muito tempo, esse foi um dos lemas do Rock and Roll. Mas mesmo os hippies, e no fim o
próprio movimento (contra) cultural deles, acabaram vivendo para ver a vida depois
dos 30.
E em 2001, também o Rock completa os seus 50 aninhos… O termo “Rock and Roll”
foi usado pela primeira vez em 1951 pelo radialista Alan Feed em Cleveland, USA.
Na minha posição de fan do Rock, e fan também da história do Rock, eu gostaria de
apresentar aqui uma série de colunas descrevendo (pelo menos no meu entendimento) este
mais importante dos movimentos culturais do século 20, porque eu acredito que um entendimento a fundo do impacto que esse movimento teve (e ainda tem) sobre a história e
sociedades do mundo é essencial para uma melhor apreciação da música em si.
A nossa estória comeca logo após a segunda guerra mundial onde o mundo, entre a
crise e a esperança dos anos do pós-guerra, vê um grande aumento no índice de nascimentos.
Logo a Europa, e principalmente a Inglaterra, se veria às voltas com milhões de adolescentes à procura de um modelo no qual moldar as suas próprias personalidades, e mesmo de um lugar definido na sociedade, que até aquele tempo tratava a crianças e jovens
como “adultos pequenos”.
E esse exemplo parecia vir dos Estados Unidos, os grandes vencedores da segunda
guerra, que então começaram a ser vistos como “os líderes do mundo livre”.
O cinema, e subsequentemente a então recém-inventada televisão, são desde aquela
época os veículos de difusão da cultura americana também na Inglaterra, causando a agora
já tão conhecida mania do mundo de querer ser como os americanos.
Mas já naquele tempo o próprio cinema era um fenômeno estabelecido, do topo dos
seus então 60 anos de idade. As românticas experiências cinematográficas dos primeiros
cineastas, que empolgavam suas platéias a ponto de fazê-las levantar dos seus assentos e
correr perante a imagem de um trem que corre na direção da câmera, já eram então uma
coisa do passado.
Os jovens, na sua necessidade tanto de identidade como de entretenimento, precisava
de algo diferente, algo novo.
Algo empolgante, do qual eles tambem pudessem participar. Um filme pode ser empolgante, mas não se pode “entrar” nele e interagir com os atores. E muito poucas pessoas
tem a chance de se tornar atores. Ainda mais atores de Hollywood.
A música se apresentou então como alternativa. Da música todos podem participar:
quem não toca um instrumento, canta. Quem não canta pode dançar, e quem nao sabe
dançar sempre pode marcar o rítmo com os pés… E a música é, sobretudo, uma atividade
social que permite aos jovens se reunirem em grupos para experienciá-la.
Mas mesmo o Jazz (estilo musical revolucionário surgido nos anos 20 e 30, que foi a
rebeldia dos pais dos jovens do pós - guerra) era visto como “careta” pelos jovens dos anos
50 por pertencer à geração anterior. Porque todo adolescente, como se sabe agora, precisa
se identificar com algo que seja só dele, algo que o permita encarar o “outro” e dizer, com
absoluta certeza e segurança: “Eu nao sou você. Eu sou uma pessoa por meu próprio mérito.”
ULTRAVIOLET – COLUNAS
66
E esse “algo” estava, felizmente, por vir em breve, nascido no delta do Mississipi e nos
bares de New Orleans, nos Estados Unidos.
Um estilo musical que viria a ser conhecido como “Blues” porque, como todo movimento genuinamente popular, falava muito do sofrimento e tristeza do povo que o criou.
Esse povo eram principalmente os negros, descendentes dos escravos americanos, um
povo que ainda vivia sob intenso racismo por parte da população branca dos Estados Unidos.
Com a adoção pelos jovens brancos do Blues, Rhythm and Blues, e outros estilos da
música negra americana começava um novo movimento cultural que iria causar grandes
mudanças no modo como os jovens vivem e se relacionam com o mundo, para a felicidade
dos jovens e o extremo desgosto de seus pais, e inclusive do governo americano…
Historiadora do Rock, por Lucila Saidenberg
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A história do mundo de acordo com o Rock and Roll
Capítulo 1: O Rock and Roll como catalizador da igualdade social (EUA, os anos
50 do século 20)
Por Lucila Saidenberg, publicado originalmente em novembro de 2001.
Citando Jim Morrison (que é assunto para a próxima coluna, mas tudo bem): “Naquele
tempo tudo era mais simples e mais complicado.” No início dos anos 50 nos EUA, as rádios
dirigidas ao público branco tocavam um tipo de música, e as dirigidas ao público negro tocavam outro tipo de música.
Era simples assim.
E, é claro, nada era tão “simples” assim. Numa sociedade predominantemente branca e de passado escravagista, a segregação racial (sancionada pelo governo americano) reinava. Os dois públicos não se misturavam: nas cidades haviam “bairros brancos” e “bairros
negros”, nas escolas as crianças negras eram obrigadas a sentar nas carteiras ao fundo da
sala, e até nos ônibus os passageiros negros sentavam na parte de trás, para citar alguns exemplos.
Mas quando a mudança social se faz necessária, o que o governo não faz, faz o povo.
Desde os anos 30, nos EUA, a música “Folk” era veículo de idéias e protesto. As canções,
muitas vezes de autores anônimos, passavam de pais para filhos de boca a ouvido por gerações.
A essa tradição se uniu à crescente popularidade das “rádios negras” cuja música, por
artistas como Chuck Berry, Little Richard and Sam Cooke, atraía um número crescente de
ouvintes brancos.
Surgiram então os “shows itinerantes”, reunindo vários cantores e grupos negros que
tocavam “Rhytm and Blues” e apresentavam os seus maiores sucessos um após o outro,
numa espécie de “mini festival”. Um dos organizadores desse tipo de entretenimento era
Alan Freed, o DJ de Cleveland que passou a ser conhecido como “Mr. Rock ‘n’ Roll”.
Altamente populares junto aos jovens, esses shows e sua transmissão pela TV eram
vistos com suspeita e hostilidade pelos pais e até pelo governo americano. Pequenos
“escândalos”, como um “incidente” onde um artista negro tirou uma menina branca para
dançar foram o suficiente para que esses shows passassem a ser fortemente policiados,
com sua interrupção sumária a qualquer sinal de “desordem”. Os jovens na platéia eram
inclusive proibidos de levantar dos seus lugares para dançar, uma ordem da polícia que
provou ser impossível de ser obedecida, apesar dos pedidos repetidos dos músicos, e dos
esforços da platéia para colaborar. Muitos shows terminavam mais cedo por causa disso…
Com o sucesso dos “shows itinerantes”, artistas brancos começaram a tocar a sua própria versão do “Rhythm & Blues”. Alguns, como Jerry Lee Lewis (que começou sua carreira
como músico de estúdio, tocando piano com os “Little Green Men”, a “banda da casa” dos
estúdios “Sun” de Sam Phillips em Memphis, no mesmo tempo em que Elvis e Johnny
Cash gravavam lá) chegaram a se apresentar como parte do “show itinerante” de Freed enquanto outros, como os Everly Brothers e os Righteous Brothers apresentavam uma “alternativa branca”, baseada em ricas harmonias vocais e na tradição das músicas Folk e Country que têm raízes na música folclórica da Escócia e da Irlanda.
Chamado por Sam Phillips de “um homem branco de alma negra”, Elvis Presley foi o
primeiro real Rock Star. A música de Presley combinava influências de Blues, Country e
Gospel, unindo estilos musicais oriundos dos dois lados da divisão racial.
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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Elvis foi violentamente criticado por pais e professores em 1957, sendo taxado de ser
vulgar e uma má influência, principalmente por causa de seus movimentos sugestivos que
lhe renderam o apelido pejorativo de “Elvis the Pelvis”, e três apresentações no “Ed Sulli van Show” onde ele foi filmado somente da cintura pra cima. Existe inclusive um documentário televisivo chamado “Elvis from the waist up” que é (significantemente) narrado
pelo nosso Bono (“nosso” e do U2, é claro).
No Brasil, a introdução do Rock se deu em 1955 com a gravação de uma versão em
português de “Rock Around the Clock”, de Bill Halley and the Comets, rebatizada de “Ronda das Horas”, por Nora Ney.
Mas parte por ser considerado um estilo musical “inferior” à música local, e parte
pela dificuldade que os primeiros roqueiros brasileiros (que ainda não tinham “cara de
bandido”) tinham de cantar em inglês o Rock, reduzido a versões em português de grandes
sucessos importados dos EUA e composições instrumentais, não chegou a ter um impacto
maior na cultura brasileira em sua primeira década no país. Os artistas Cely Campelo e
Sérgio Murilo foram respectivamente a “rainha” e o “rei” do Rock brasileiro nos anos 50.
Uma das características do Rock instrumental brasileiro são os arranjos rock experimentais para músicas de outros estilos, como tangos e canções brasileiras tradicionais, da
mesma maneira que as primeiras bandas de rock nos EUA e no Reino Unido adaptavam o
Blues e até canções infantis (que caem sob a classificação “folk”, aliás) para arranjos “upbeat” baseados fortemente na guitarra elétrica. A beleza do Rock como estilo musical está na
facilidade com a qual ele se da à experimentação, acomodando e absorvendo outros estilos
musicais sem perder as suas próprias características.
O Rock só passaria a ter maior importância no Brasil após o golpe militar de 1964,
quando, como nos EUA, se transformaria em movimento de protesto.
De volta aos Estados Unidos o Rock, como movimento espontâneo de aproximação
das raças, receberia um forte golpe. Alan Freed, “Mr. Rock ‘n’ Roll”, foi acusado pelo governo americano de receber dinheiro (suborno) para tocar certas gravações (a chamada
“payola”) e caiu em desgraça, sendo despedido das estações de TV e rádio onde trabalhava.
Mas com a continuação dos protestos e tumultos raciais nas ruas dos Estados Unidos,
e sua transformação no movimento pelos Direitos Civis nos anos 60, o Rock voltaria com
força total, tomando novos rumos, atravessando o Atlântico na direção da Inglaterra e retornando aos EUA com efeito devastador.
Historiadora do Rock, por Lucila Saidenberg
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A história do mundo de acordo com o Rock and Roll
Capítulo 2: O Rock como protesto por justiça social (anos 60 do século 20)
Por Lucila Saidenberg, publicado originalmente em dezembro de 2001.
Parte 1:
Antes de mais nada, eu gostaria de pedir uma linha de meditação silenciosa em honra
à memória de George Harrison, o legendário guitarrista que faleceu vítma do câncer aos 58
anos em 29/11/01
––––––––––––––––––––––––––––––––––Ele voltará a ser lembrado mais adiante, mas vamos começar pelo começo:
“Venham Senadores, Congressistas,
Por favor atendam ao chamado
Não fiquem parados na porta,
Não bloqueiem a passagem
Porque aquele que vai se ferir
Será aquele que não agiu
Há uma batalha lá fora
E ela esta violenta
Ela logo sacudirá suas janelas
E fará tremer suas paredes
Porque os tempos estão mudando”
(Bob Dylan, The Times are A-changing)
As linhas acima caracterizam bem o que estava acontecendo nos Estados Unidos nos
anos 60. Com o assassinato do Presidente Kennedy em 1963 e o início da Guerra do Vietnam em 1964, o processo de inquietude social que havia começado na década anterior só
fez piorar.
Os jovens dos EUA tomaram uma posição radical anti-guerra e pró-direitos humanos,
e o Rock se tornou mais do que nunca a “trilha sonora” dos tempos.
Nos anos 60 a música “negra”, a maior influência cultural na música popular americana dos anos 50, perdeu um pouco da sua força.
Motown, a maior gravadora americana de música negra, adotou um estilo mais sofisticado para os músicos e bandas sob o seu selo, criando um visual mais refinado, organizando aulas de etiqueta para eles (um costume que continua até os dias de hoje em muitas
gravadoras), e mudando inclusive o estilo musical dos artistas de Blues e R&B para um
som mais “Gospel”. A intenção era produzir um som e visual ao qual pais e mestres não se
opusessem, destruindo a imagem negativa de drogas e álcool à qual o R&B estava associado.
A mesma gravadora também passou a adotar os métodos de trabalho usados nas fábricas automobilísticas de Detroit, a cidade onde estava situada. Detroit era chamada “Motor Town” e daí vem o nome “Motown”.
Transformada em uma “máquina de fazer sucessos”, com um método padrão de composição, controle de qualidade e uma seção de rítmo com músicos fixos, Motown criou
uma “fórmula de sucesso” que chegou a funcionar por algum tempo, mas fazia os singles
soarem todos parecidos entre si por “virtude” dos músicos fixos da seção de rítmo.
Enquanto isso, liderado por músicos como Bob Dylan, o movimento Folk crescia na
sua popularidade como voz de protesto, que a música negra parecia estar perdendo.
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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Na costa oeste surgia a “geração das flores”, os chamados “Hippies”, com sua ideologia de paz, amor, orientalismo hindu, e sua militância pacifista, enquanto na costa leste os
jovens estavam mais preocupados com os aspectos mais mundanos de sexo, drogas e o violento submundo urbano.
Esse estilo mais “sombrio”, liderado pelo grupo Velvet Underground, pavimentaria o
caminho para o surgimento do movimento Punk nos anos 70.
Atravessando o Atlântico, os problemas e frustrações dos jovens ingleses não eram
menores. Sentindo-se “sufocados” por uma cultura excessivamente tradicionalista e por
uma economia fraca caracterizada por desemprego crônico e massivo, os jovens ingleses
acharam um “sopro de ar fresco” no R&B que chegava em discos importados dos Estados Unidos.
Inspirados pela nova música muitos jovens ingleses passaram a empunhar guitarras
na tentativa de imitar seus heróis de além-mar. Entre eles estavam 4 rapazes de Liverpool,
que tinham em comum a paixão por R&B, o estilo Soul da Motown, e o Rock de Chuck
Berry, Little Richard e Elvis Presley.
Diz a lenda que o recém falecido George Harrison ganhou seu lugar na banda por sa ber fazer algo que John Lennon não sabia: imitar os solos de guitarra dos artistas americanos. (Nota para mim mesma: quando começando uma banda de Rock, antes de mais nada
tenha certeza que o seu guitarrista sabe o que está fazendo).
Depois de um período formativo tocando Blues na Alemanha como banda de acompanhamento para o cantor inglês Tony Sheridan, os Beatles partiram para uma carreira altamente bem sucedida e deram início, com sua visita aos EUA em 1963, à “Invasão Britânica” dos anos 60.
Historiadora do Rock, por Lucila Saidenberg
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A história do mundo de acordo com o Rock and Roll
Capítulo 2: O Rock como protesto por justiça social (anos 60 do século 20)
Por Lucila Saidenberg, publicado originalmente em dezembro de 2001.
Parte 2:
O enorme sucesso dos Beatles nos Estados Unidos abriu o caminho para que outras
bandas inglesas “inundassem” o mercado musical americano. Bandas como os Rolling Stones, The Animals, The Kinks, The Who e Dave Clark Five ofereciam mais rebeldia e melhor
qualidade musical, efetivamente seduzindo os jovens americanos que virtualmente pararam de comprar discos de artistas americanos, passando a preferir aos ingleses. Isso causou uma séria crise na indústria fonográfica americana.
Mas a reação dos músicos americanos não tardaria a vir: “casando” o estilo de Bob
Dylan com o dos Beatles, e investindo pesadamente em covers das canções de Dylan (4
num disco só - tanto, que covers de Dylan viraram mais uma “fórmula de sucesso” para
muitas outras bandas) e na guitarra elétrica Rickenbacker de 12 cordas, o grupo The Byrds
foi a primeira “resposta” americana efetiva à Invasão Britânica.
O estilo dos Byrds ficou conhecido como “folk rock” e o próprio Bob Dylan causou furor ao aderir a ele, trocando sua guitarra acústica e gaita por uma guitarra elétrica. Muitos
de seus fans nunca o perdoariam, acusando-o de ser um “vendido”.
O movimento pacifista e contra-cultural iniciado nos Estados Unidos e veiculado pelo
Rock para a Inglaterra chegaria também ao Brasil, onde a recém-instaurada ditadura militar tornava a vida de todos extremamente difícil e até perigosa.
Ao Pop-Rock da “Jovem Guarda”, movimento encabeçado por Roberto Carlos e Erasmo Carlos (cujo estilo musical foi apelidado de iê-iê-iê por causa de sua evidente influência
Beatles) veio se juntar a Tropicália, um movimento musical e artístico que unia o Rock, o
Blues, o Jazz, o Folk e a música psicodélica americana aos estilos tradicionais brasileiros.
A Tropicália (surgida como resposta à Bossa Nova) se prestou a intensa experimentação musical, ajudando com suas letras irreverentes e visual Hippie a subverter o rígido governo militar e devolver um sentimento de liberdade intelectual (ainda que limitada) a artistas e fans. Seus maiores representantes eram Gilberto Gil e Caetano Veloso (que chegaram a ser presos por um curto período em 1968 por causa de suas “atividades musicais
subversivas”) e a banda Os Mutantes de Rita Lee, que é considerada a criadora do Rock
Brasileiro. É dela a linha “Roqueiro brasileiro sempre teve cara de bandido” que eu não re sisti de citar na minha coluna anterior. Com esta frase, de sua canção “Orra Meu”, ela faz
menção aos duros tempos quando um músico brasileiro podia ser preso por praticar
sua arte.
De volta ao mundo de língua inglesa, e especialmente os EUA, a música do guitarrista
Jimmy Hendrix e o rock psicodélico de Janis Joplin eram a “trilha sonora” da Guerra do
Vietnam e fonte de consolo para muitos jovens soldados americanos que, mesmo embrenhados nas traiçoeiras matas de uma terra estranha ainda achavam tempo e espaço para
ativar seus toca-discos e tirar da música um pouco de paz interior.
A música do grupo The Doors e seu carismático (e imprevisível) vocalista Jim Morrison completavam o cenário musical e a “Sagrada Trindade” (os 3 Jotas) do Rock Americano.
Enquanto na Ingaterra os jovens lutavam por identidade e liberdade de expressão
próprias, a luta contra a discriminação racial, contra a guerra e a favor dos direitos civis
nos EUA continuava a crescer em intensidade, criando um verdadeiro abismo entre gera-
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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ções e uma quase guerra civil, que culminou (o governo do Presidente Nixon via o Rock
como uma ameaça à ordem civil e reagiu violentamente) em 1970 com o ataque da Guarda
Nacional americana a uma passeata de estudantes na Universidade de Ohio que resultou
na morte de 4 estudantes (Jeffrey Miller, Sandra Shcheuer, William Shroeder e Alison Krause).
E finalmente, o infame Cherles Manson desferiria o golpe de misericórdia aos anos
60 num ataque à mansão do Executivo Musical que o rejeitou em suas tentativas de se tornar um Rock Star, matando a atriz Sharon Tate, que estava na casa como hóspede.
As súbitas mortes de Jimmy Hendrix e Janis Joplin (ambos aos 27 anos de idade) no
fim de 1970 e de Jim Morrison em 1971 viriam a simbolizar o fim de uma era, o que me traz
à mente mais uma frase-ícone do Rock nos anos 60, a famosa “Eu espero morrer antes de
ficar velho”, da música “My Generation”, do grupo The Who.
Essa é mais uma das ironias do Rock, porque tanto o guitarrista e letrista Pete
Townshend como o vocalista Roger Daltrey estão aí vivinhos da silva para lembrar e refletir.
E eu espero que eles continuem assim ainda por muitos anos, pois apesar de entender
o sentimento de revolta que os levou a escrever e cantar essa linha, eu penso que ninguém
merece morrer jovem.
Historiadora do Rock, por Lucila Saidenberg
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A história do mundo de acordo com o Rock and Roll
Capítulo 3: O Rock como cura para o tédio e protesto contra a cultura
consumerista (anos 70 do século 20)
Por Lucila Saidenberg, publicado originalmente em janeiro de 2002.
Ok, em uma palavra, citando os Sex Pistols: ANARQUIA!!!
Com o fim dos anos 60, o movimento dos direitos sociais nos EUA (que pode ser considerado tanto vitorioso, por causa da aprovação pelo governo americano da Lei dos Direitos Civis em 1964, como derrotado, por causa do estado de quase guerra civil a que ele levou o país) simplesmente “evaporou”. Os jovens, cansados de sair em passeatas e lutar com
a polícia, desistiram do ativismo e começaram a optar por estilos musicais mais “leves”,
mais “introspectivos”, que refletiam essa nova ideologia.
O Rock então se tornou mais “sofisticado”, dominado por bandas como Pink Floyd e
Yes, que ajudariam a criar um estilo que ficaria conhecido como “Rock Progressivo” (ou
“Prog” pra abreviar). Esse estilo era caracterizado por canções que chegavam a durar 20
minutos, longos solos de bateria e arranjos “classicos” e “épicos” que continham inclusive
acordes em sétima aumentada. (Teoria musical, gente, o tipo da coisa complicada…) Tão
complicada, de fato, que em pouco tempo começou a ameaçar o Rock de se tornar “elitista”
e “frio”.
Os Hippies, por sua vez, elevaram o Rock Psicodélico a uma nova categoria, que veio
a ser conhecida como “Glam Rock” (Rock “Glamuroso”). Esse estilo era uma reação ao
“Prog”, tido como pomposo por eles. O Glam Rock era caracterizado tanto pelas roupas,
cabelos e maquiagens (também e principalmente para os homens) chamativas como por
uma batida “tribal”, um ritmo básico e dançante. A idéia era uma tentativa de retorno às
raizes do Rock nos anos 50, tido como “dias de glória”, mas incorporando o visual hippie.
O estilo nasceu na Inglaterra, só depois relutantemente atravessando o mar em direção aos
EUA, principalmente porque os americanos não gostam de ver os seus homens de batom.
Alguns expoentes do estilo eram David Bowie, Slade, T-Rex e Elton John. Outros,
como Roxy Music (e seu tecladista “andrógino” Brian Eno, que mais tarde seria demitido
da banda supostamente por ser mais bem apessoado - e talentoso - que o cantor, Brian
Ferry) e o americano Alice Cooper seriam “disputados ” tanto pelos fans de Glam Rock
como pelos fans do Punk. A única coisa que os dois movimentos tinham em comum, além
da profunda antipatia um pelo outro e da mútua reivindicação da criação da canção de três
minutos, era a mais profunda ainda antipatia que os dois movimentos tinham pelo Rock
Progressivo. O que o Rock Progressivo e o Glam Rock tinham em comum, embora nunca
admitiriam isso, era a alienação. Tendo surgido em 1969-70, o Glam Rock entraria em decadência já em 1975 quando até os Rolling Stones aderiram e David Bowie passou a tocar Disco.
Enquanto isso, já desde 1965 nos clubes de Nova Yorke (como o Electric Circus e o
Dom, que ficava no subterrâneo do primeiro clube) “cozinhava em fogo baixo” um movimento Rock mais pesado, menos “flores no cabelo”, que havia nascido justamente como
uma reação ao movimente Hippie. Esse movimento ficaria sem nome até 1975, mas desde
o começo também se oporia ao “Rock Progressivo”. A mais famosa banda a “sair” do Dom
foi o Velvet Underground, de Lou Reed.
Se a autoria do conceito da canção de três minutos é do Glam Rock, o Punk Rock o
elevaria à categoria de emblema oficial do movimento. A ideologia do Punk se baseava
numa reação radical ao comercialismo da indústria fonográfica, e ao consumerismo que,
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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aliado à falta de empregos e o tédio fazia com que muitos jovens se sentissem verdadeiros
“párias”, excluídos de uma sociedade onde para estar “por dentro” eh necessário ter poder
aquisitivo, que eles obviamente não tinham. Por exemplo, antes de ser recrutado por Malcolm McLaren para fazer parte dos Sex Pistols (o mais conhecido grupo Punk, embora decididamente não um dos mais autênticos, e se diz até que McLaren os teria “préfabricado”), Steve Jones costumava roubar artigos de logistas descuidados, como tantos
outros moleques da sua idade. McLaren o pegou roubando na sua loja de roupas, e o resto
é história (do Rock)…
Outro marco do movimento era o clube CBGB na Chinatown de Nova York, um dos
poucos lugares onde bandas Punk tocavam regularmente. Tocavam lá uma vez por semana
grupos como Television, Blondie, Talking Heads, Patti Smith e sua banda (que foi um dos
primeiros artistas/bandas em NY a gravar um album por uma gravadora comercial) e The
Ramones. Os integrantes do grupo The Clash decidiram formar uma banda depois de ver
um show dos Ramones. David Bowie e Brian Ferry eram freqüentadores assíduos, e ajudavam a espalhar as boas novas.
Uma das maiores influências musicais sobre o Punk era o Ska, um precursor do Reggae. O Reggae mesmo já era uma fusão de Ska com R&B. Outras influências viriam da música Soul da Motown e o próprio R&B. Um dos problemas dos DJs (na sua maioria imigrantes) em Londres era o que tocar para seu público composto de jovens das minorias étnicas e os Punks que vieram se juntar a eles. As bandas Punks, que faziam a música que
eles gostavam, ainda não tinham nada gravado… O que tocar? Reggae, “é claro”! E o interessante é que os jovens gostavam, porque essa música refletia tudo o que estava acontecendo na vida deles, o que a música comercial da sociedade consumista não fazia…
No Brasil a música passaria os anos 70 “encalhada” na Tropicália, que então tomou
aspéctos do Glam Rock e da Disco, e no Rock de Rita Lee. A verdade é que a violência do
movimento Punk nunca foi bem aceita pelos pacíficos brasileiros, que preferiam extravasar
sua rebeldia ao govern militar pela irreverência, e não por “sangue, suor e lágrimas”.
O Punk também se baseava no princípio do “faça você mesmo”: De fato, qualquer um
podia começar uma banda. Não era preciso saber tocar um instrumento, e às vezes era até
melhor não saber… Não era preciso ser bom músico para fazer boa música: as canções
eram curtas, com batidas rápidas, volume alto, sem solos. Três acordes bastavam. Não era
preciso vestir roupas chamativas e caras. Bastava o que se vestia normalmente no dia-adia, ou mesmo para trabalhar, para os poucos sortudos que trabalhavam em fábricas. Roupas duráveis, como o jeans, jaquetas de couro preto, e os “enfeites” da cultura industrial:
correntes e alfinetes de segurança.
Nenhuma gravadora queria distribuir a sua música? Sem problemas: as bandas, em
conjunto com seus fans e os donos dos lugares onde as bandas ensaiavam e se apresentavam, criavam verdadeiras gravadoras independentes, completas com um sistema de informações e distribuição, jornais, fanzines e gibis. Esse tipo de tomada de auto-poder conduz
a outras possibilidades de emprego autônomo, consciência e responsibilidade social, e ativismo.
Lá pelo fim dos anos 70 várias das mais bem-sucedidas bandas Punk começaram a
ser absorvidas pelas grandes gravadoras comerciais, os jovens das classes média e alta começaram a aderir “à moda” (o Punk era um movimento da classe trabalhadora), e o movimento começou a enfraquecer. Além disso, os Skinheads, uma das “tribos” punk mais radicais, seriam temporariamente seduzidos pelos fascistas tanto na Europa como nos EUA, o
que daria uma péssima imagem ao movimento todo e especialmente aos próprios Skinheads, que deram duro para se livrar da má influência e até hoje trabalham duro para se livrar do estígma.
Historiadora do Rock, por Lucila Saidenberg
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Com Blondie aderindo ao Rap e depois à própria Disco, e o amadurecimento dos próprios jovens, o movimento mudou e amadureceu também, em preparação para sua entrada
nos anos 80…
O que??? Voce ainda está aqui???
Desligue esse computador e vá começar uma banda de Rock! Já!
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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A história do mundo de acordo com o Rock and Roll
Capítulo 4: A volta do Rock como movimento social e político (anos 80 do
século 20)
Por Lucila Saidenberg, publicado originalmente em janeiro de 2002.
“Tonight we can be as one”. (U2)
Os anos 80 começaram de forma traumática, com o assassinato de John Lennon em
1980, mas mesmo assim o Rock voltou com força total, depois do período de confusão que
foram os anos 70. Formaram-se milhares de novas bandas ao redor do mundo, e essas
bandas criaram dezenas de estilos musicais. Una-se a isto o surgimento do canal de TV especializado em música “MTV” nos Estados Unidos em 1981, e a base para a revolução dos
anos 80 estaria formada. Mas mais do que isso, junto com o Rock voltou o ativismo social e
político dos jovens, desta vez de uma forma mais inteligente. Se antes o método era o confronto direto contra o sistema, desta vez o Rock resolveu usar o sistema de modo a fazê-lo
concordar em mudar, e ainda pensar que foi idéia sua. Assim surgiram as várias caridades
e projetos, influenciados pela ideologia do “faça você mesmo” do Punk.
Ao Punk sucedeu o Post-Punk, que pode ser considarado um “refinamento” do movimento-mãe. A ambição do jovem Punk de ser reconhecido como parte da sociedade se de senvolveu na ambição de querer mudar o mundo, o visual era mais refinado e a música se
tornou mais elaborada. De um estranho cruzamento de Punk com Glam Rock nasceu o Heavy Metal (o nome do movimento nasceu de uma crítica publicada num jornail, onde o colunista dizia que essa nova música soava como metal pesado caindo do céu). Outros desenvolvimentos, ou “sub-tribos” do Post-Punk, seriam os movimentos New Wave (mais leve e
dançante, quase Pop) de bandas como os B52’s, Dark/Gothic (de visual tétrico e canções
melancólicas) de Siouxie and the Banshees, The Smiths e The Cure, e o New Romantic (caracterizado por roupas extremamente elegantes e música quase Pop) de Duran Duran.
Na verdade, a diferença entre Rock e Pop nos anos 80 era mais semântica do que outra coisa. Todos eram influenciados pelo Rock, e a diferença estava mais no visual e na
“proposta ideológica” do que na música em si: o rock era mais pesado na batida, com letras
“conscientes” e visual despojado, enquanto o Pop era mais dançante e despreocupado.
Enquanto isso, os melhores nomes do Rock internacional teimavam em não se enquadrar em estilos fixos. Sting deixou o grupo The Police, do qual foi baixista e cantor nos
anos 70, para lançar-se em carreira solo. Seu primeiro disco solo continha influências do
jazz e até uma canção em ritmo de valsa. Outro grupo que não se enquadrava em classificação nenhuma, e que insiste em ser assim até hoje, era o emergente U2. O camaleão David
Bowie tambem insistia em desafiar os rótulos, deixando o Glam pra lá e adotando um esti lo mais Pop/Rock. Grupos como Tears for Fears, UB40, Simple Minds e REM completavam os grandes nomes da cena do rock nos anos 80. Mas é claro que são tantas as bandas e
os artistas que se destacaram nessa época que é impossível citar a todos.
No Brasil, os anos 80 foram a época em que o Rock brasileiro realmente achou o que
estava procurando, mesmo sem a MTV, que só chegaria ao Brasil no início dos anos 90. A
primeira real banda de rock comercial brasileira foi a Blitz, formada em parte por atores de
teatro. O sucesso da Blitz (que aliás era mais Pop do que Rock) abriu caminho para muitas
outras bandas, que não perderam tempo em tomar conta das ondas do rádio. O Rock brasi leiro nesse tempo se dividia entre “hilário” e “completamente sério”. As bandas Legião Urbana, Capital Inicial, IRA!, e mais tarde o RPM e Barão Vermelho eram algumas das sérias.
As engraçadas eram bandas como Biquini Cavadão, Paralamas do Sucesso, e o Ultrage a
Historiadora do Rock, por Lucila Saidenberg
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Rigor. Em meados dos anos 80 o governo militar convocou eleições livres e deixou a chefia
do país. O reflexo disso na música se deu principalmente nas letras, que a princípio passaram a conter “desabafos” sobre o exército e a polícia, e depois passaram a fazer livre uso
de palavrões…
Voltando ao mundo de fala inglesa, o Rock estava de novo descobrindo sua força
como movimento de cunho sócio-político: artistas e bandas como os já citados Sting e U2,
junto com muitos outros, passaram a apoiar abertamente organizações como Greenpeace e
Amnesty International, participando de concertos organizados por elas e encorajando seus
fans a seguir seu exemplo. O interessante de projetos de caridade como o Live Aid e o USA
For Africa é que, além de promover uma boa causa na luta contra a pobreza no mundo, re presentavam o que havia de melhor em artistas e bandas. Estavam todos lá: se o leitor quer
ter uma idéia de quem foram os maiores artistas dos anos 80, tudo o que se tem a fazer é
recorrer à coleção de discos (nao CDs) do irmão mais velho, ou fazer uma busca na Inter net sobre esses dois projetos.
Mas a verdade é que o Rock acabou ficando de novo grande demais para seu próprio
bem, como havia sido no fim dos anos 60. A este fator se uniu a crescente popularidade de
estilos de música negra americana como o Hip-Hop, que passaram a tomar um espaço
cada vez maior nas ondas do rádio. Além disso, muitos grandes nomes do rock mundial começaram a ser virtualmente dizimados pela peste dos anos 80, a AIDS, que ainda hoje faz
vítmas entre artistas, traumatizando e enfraquecendo a cena musical no mundo…
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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A história do mundo de acordo com o Rock and Roll
Capítulo 5: O declínio do Rock nos anos 90, e perspectivas para o novo século.
Por Lucila Saidenberg, publicado originalmente em fevereiro de 2002.
“No future, No future for you” (The Sex Pistols, God Save the Queen)
Qualquer um que ouse tentar enquadrar um passado tão recente no domínio histórico está pedindo por encrenca. Mas até aí não houve nenhum período na história do Rock
onde ele não tenha estado tão “encrencado” como nos anos 90.
A verdade é que os anos 90 até que começaram bem… em 1991-2 o Rock ainda estava
“bem das pernas”, com lançamentos novos de grandes bandas dos anos 80 como o U2
(numa auto-reinvenção de tirar o fôlego), REM e Metallica, que prometiam continuar nos
anos 90 a mesma glória que foi o Rock na década anterior.
Em seus passos seguiam novos nomes, como Nirvana e o movimento “Grunge” nascido em Seattle, cuja base musical era uma combinação de Punk e Heavy Metal. Com visual
unisex para meninos e meninas, composto de camisas de flanela amarradas na cintura, camisetas de bandas de rock por baixo, e bermudas largas, o Grunge era caracterizado pela
revolta da “Geração X” contra tudo e todos, de jovens que haviam crescido num mundo li beral, mas sem futuro, ou pelo menos era isso que eles pensavam. Grupos como Soundgarden, Alice in Chains e Pearl Jam seguiam o mesmo caminho, e tudo estava bem… até 1994.
1994 foi o ano em que o Rock dos anos 80 morreu. Por um lado, havia um sentimento
até de euforia: Blur e Oasis batalhavam pelo primeiro lugar nas paradas Pop, enquanto novos artistas como Jeff Buckley e os Manic Street Preachers lançavam álbuns que se tornariam ícones da música naquela época.
E aí começou: Kurt Cobain, o vocalista da banda Nirvana, banda de rock Grunge, alternativa e independente, a maior promessa do início dos anos 90, a banda cujo álbum Nevermind mudaria para sempre o modo como os jovens pensam em música e os lançaria
rumo a um sucesso sem precedentes… Kurt Cobain, artista sério e despretensioso, se assustou com o sucesso repentino e pôs fim à própria vida em 5 de Abril de 1994.
O choque causado por esse ato de egoísmo e covardia foi demais para o mundo do
Rock. Em profundo luto, os fans perderam a fé no Rock alternativo, se voltando ao culto do
“mártir”, ou à alienação na cultura das drogas, e o vácuo deixado por Cobain e Nirvana foi
logo preenchido pelo Pop barato e o Hip-Hop, veiculados pela agora “vendida” MTV.
Com a tragédia do Rock internacional, no Brasil o Rock também perderia a força e seria gradualmente substituído pelos rítmos locais e música Pop de estilo vulgar, para o supremo desgosto dos jovens que cresceram embalados pelo espetacular Rock Brasileiro da
década anterior. Tristemente o Rap, misturando o Reggae e o Ska a rítmos locais como o
Pagode, eh o único movimento musical Brasileiro na atualidade que ainda guarda características que que foi um dia o nosso Rock… O Grupo de Hard Rock Sepultura, que tem su cesso internacional gravando em inglês é a única excessão.
Na confusão que se seguiu à morte de Cobain tudo se radicalizou. O rock foi se fechando em si cada vez mais, se tornando ainda mais alternativo e inacessível ao público da
cultura Pop de Boy Bands, cantoras adolescentes feitas “adultas” artificialmente antes de
seu tempo, e a música dançante movida a drogas como o Ecstasy se tornou tao dominante
como vazia.
Mas ainda assim o Rock continuou ativo, através de bandas como Radiohead, que
gradualmente e sem alarde revolucionaria o Rock mais uma vez, vingando a morte de Kurt
Cobain, sem perder seu estatus de banda alternativa. E por outro lado as “baixas” continu-
Historiadora do Rock, por Lucila Saidenberg
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ariam, levando de nós músicos promissores e causando grave dano ao Rock. Em 1995 morria Richey Edwards, dos Manic Street Preachers, e em 1997 Jeff Buckley, uma das mais belas vozes dos anos 90, cairía com seu carro dentro de um rio, num trágico acidente.
Em todo caso, a virada do século viu sinais de recuperação, com a volta de grandes
bandas como U2 e REM, e o surgimento de bandas novas como Coldplay e Travis, que junto com relativos veteranos como os Red Hot Chilli Peppers, parecem estar trazendo o Rock
de volta ao seu merecido lugar no centro das atenções do público em geral.
No campo do ativismo social, os anos 90 viram a volta/continuação do projeto que
começou com o Live Aid. Liderado ainda por Bob Geldoff, e tendo Bono do U2 como principal porta voz, o projeto Jubilee procura uma solução a longo prazo para a fome e
HIV/AIDS que ainda assolam o continente africano, desta vez usando o sistema do
“lobbying”. Bono parece estar disposto a falar com quem quer que queira ouvir, e os resultados até agora tem sido animadores.
Na minha tentativa de dividir o Rock por décadas, para efeito desta série de colunas
que termina hoje, eu me permiti uma série de simplificações, a mais grave delas a de começar cada “década” do Rock junto com as décadas do calendário convencional. A verdade é
que por alguma coincidência, ou ironia cósmica, os grandes avanços e as grandes tragédias
do Rock se dão em meados de cada década. Assim nós temos a primeira consolidação do
Rock americano mais ou menos em 1955, o nascimento do Punk em 1965 e sua “explosão”
em 1975, o ponto alto do rock dos anos 80 com o concerto Live Aid em 1985, e finalmente a
“morte” dos anos 80 junto com Cobain em 1994.
Em todo caso, isso quer dizer que na verdade a “década de 90” do Rock mundial apenas começou, e se considerarmos os recentes desenvolvimentos do Rock nos últimos anos
e o modo como ele vem gradualmente se recobrando desde 1995, seria seguro talvez prever
que grandes coisas ainda estão por vir, que o Rock não morreu realmente, e renascerá
como a Fênix das próprias cinzas lá por 2005, com o surgimento da proxima revolução
musical, trazida por uma nova banda que ainda está enfiada em alguma garagem
pelo mundo…
Mais uma vez, o que voce ainda está fazendo aqui??? Escuta… a série terminou. Foi
legal enquanto durou, e daqui 2 semanas eu volto com outra coisa. Agora… Voce está vendo aquela guitarra lá no canto? Vai tocar com a sua banda, vai… ainda dá tempo.
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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U2, o Superbowl, e o mais recente capítulo da emocionante
novela: “U2 e seu caso de amor com a cultura americana”
(ou: damned if you do, damned if you don’t)
Por Lucila Saidenberg, publicado originalmente em fevereiro de 2002.
A recente apresentação da banda irlandesa de Rock U2 no intervalo de meio tempo do Superbowl, a final do campeonato de futebol americano, a apoteose da superficialidade do
mundo ocidental, causou grande confusão entre os críticos americanos. Há quem diga que
o U2 é a mais famosa, comercialmente bem-sucedida, “consciente”, “engajada”, e mesmo a
melhor banda do mundo na atualidade. A banda, que é tão famosa por seu ativismo como
por sua música, tocou uma ótima seleção de três canções, passou sua mensagem de solida riedade para com o povo americano em seu sofrimento após o atentado em 11 de Setembro
último, e alcançou uma audiência de 800 milhões de espectadores ao redor do mundo.
Um completo sucesso de acordo com todos os critérios, certo? Não… errado. Isto é,
pelo menos na opinião dos críticos. Nas últimas semanas após a dita apresentação, o U2
vem sendo chamado de todos os pejorativos existentes no mundo do Rock: falsidade, superficialidade, ego inchado, falta de rebeldia, ingenuidade, e mesmo o pior de todos, o feio
“vendidos”, reservado a artistas e bandas que comprometem seus ideais por dinheiro.
Como se todos os supracitados pejorativos não bastassem, os patriotas americanos os acusam tambem de desrespeito à bandeira, porque o vocalista Bono a usou como forro de
sua jaqueta.
Assim como quando da polêmica causada em
1865 pelo quadro “Olympia” do pintor francês Manet, algo na combinação entre uma banda de ideais
tão elevados e uma festa americana tão popular como
o Superbowl não se assenta bem. “Quem é Olympia?”
perguntavam-se os críticos da época: Sofisticada demais para ser classificada de reles prostituta, vulgar
demais para uma dama da sociedade, e tratada a pinceladas simples demais para ser considerada “boa
arte”, sua presença nua e insolente em tamanho natural na parede do Salão de arte de Paris causava embaraço e mesmo revolta a seus espectadores.
“Quem são U2?” perguntam-se os críticos de hoje. Como
pode um “mero bando de roqueiros” querer fugir aos estereótipos do mundo do Rock, e ser mais do que simples entretenimento? Como pode uma banda que nem americana é, e que
no passado criticou duramente as políticas daquele país, encabeçar a mais americana das celebrações, e livremente usar
“símbolos sagrados” como a bandeira num mero forro para
jaquetas? Além do mais, o U2 é uma banda “grande” demais
para o Superbowl: antes de convidá-los, a direção do evento
tinha em mente um grande sucesso americano do passado, a
cantora Diana Ross.
Como “Olympia” eles são ousados, mesmo insolentes.
Como ela, eles são iconoclastas, se recusando ocupar tanto
tanto o pedestal da sofisticação como a sargeta da vulgarida-
Historiadora do Rock, por Lucila Saidenberg
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de, mas sem escarnecer de ambos. Eles mantêm simples a sua mensagem, e almejam fazêla alcançar o maior número possível de pessoas. Sua rebeldia é centrada no inconformismo
e na vontade de mudar o mundo, mesmo usando métodos convencionais como o lobby po lítico e o uso da média. A “afronta” do U2 está em não tomar nada por óbvio, forçando seus
espectadores a pensar de maneira diferente do normal sobre o mundo que os cerca.
Mas apesar dos críticos a apresentação foi bem recebida pelo público. Foi passada a
mensagem, e a boa qualidade do desempenho da banda impressionou positivamente a milhões de espectadores casuais, levando a um acentuado aumento em vendas de seu mais
recente CD. Bono já usava a bandeira americana como forro de sua jaqueta muito antes do
11 de Setembro, e o fato de que alguém finalmente notou só pode ser um desenvolvimento
positivo. Mais do que isso, a banda se recusou a aceitar pagamento por sua apresentação.
“Vendidos”? Definitivamente não.
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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U2, o Prêmio Grammy, o CEO e a atual guerra da indústria
fonográfica contra os fãs
Por Lucila Saidenberg, publicado originalmente em março de 2002.
Ok, vamos começar pelo mais importante: O U2.
Os 4 prêmios que os nossos roqueiros favoritos receberam foram a coroação de um
ano maravilhoso, e mesmo os rumores de um suposto “milagre” da transformação da àgua
mineral em vodka não conseguiram embaçar o brilho de mais essa vitória. Todos nós sabe mos que Bono é Deus, mas esse não é o estilo dele em milagres.
Restaurado seu status de maior banda de Rock do mundo, e talvez a única ainda fiel
às raízes o suficiente para merecer esse título, o U2 volta ao estúdio para mais um período
de trabalho àrduo, e Bono volta à sua linha geral de milagres, mais na area da aproximação
de corações e a multiplicação de pães e peixes.
Enquanto isso, a indústria fonográfica está em polvorosa. O longo e chato discurso do
Chief Executive Officer (CEO) do RIAA (Recording Industry Association of America) vem
provar duas coisas: 1) a Internet (e os Mp3s) realmente causou uma crise séria na indústria
da música e 2) eles não fazem a mínima idéia de como lidar com isso. Uma coisa é certa:
esconder a cabeça na areia e pôr a culpa da sua própria incompetência nos fãs não vai ajudar.
O fato é que os Mp3s devolveram a indústria fonográfica à estaca zero, e retrocederam o modo como o público consome música em 50 anos, afetando a indústria em seu
ponto mais vulnerável: a maneira como as gravadoras fazem dinheiro.
Há 50 anos, quando os primeiros de Rock começaram a vender seus discos, os fãs
preferiam comprar os singles. Os álbums não valiam o preço, porque geralmente continham 1 ou 2 canções de maior sucesso, sendo o resto bem mais fracas, incluídas só para
“preencher espaço”. E 3 ou 4 singles de 2 ou 3 (e às vezes 4) músicas cada custavam o mesmo que um LP.
Os LPs só passaram a ter melhor vendagem nos anos 60, quando artistas como os Beatles e Bob Dylan provaram ser possível gravar um disco inteiro de boas canções. Com isso,
os singles passaram a ser o meio usado pelas gravadoras para promover os LPs nas rádios.
Esse método funcionou bem até os anos 90, quando ocorreu um grande declínio na qualidade da música apresentada aos fans por rádios cada vez mais limitadas em formato e conteúdo pelas próprias gravadoras, cada vez mais preocupadas com o lado comercial da indústria.
Enquanto nos anos 50 e 60 uma só estação de rádio nos EUA tocava uma seleção representativa de todos os estilos musicais disponíveis ao público, hoje em dia as rádios se
“especializam” em (isto é se limitam a) um único estilo musical, como Pop, Country, Adult
Contemporary, Classic Rock, College Rock, e por aí vai.
As conseqüências dessa política são várias, e nenhuma delas beneficia ao público. Nos
anos 50 e 60 todo mundo escutava o mesmo material nas rádios, e a variedade de estilos e
canções estimulava a comparação, o que levava os artistas a sempre se esforçar por melhorar a qualidade de suas canções. Mais, a abundância de estilos em um só formato de rádio
dava ao público a oportunidade de decidir por si mesmo quais eram as melhores canções e
artistas. Isso criava os grandes hits inesquecíveis e os consensos populares. Músicas como
“Yesterday” dos Beatles e “Don’t be cruel” de Elvis Presley eram sucessos aclamados em
unanimidade por todos os ouvintes.
A divisão das rádios em estreitas “fatias” de estilo alienou o público. Nós já não escutamos todos as mesmas músicas, e a escolha do que é melhor já não é deixada a nós, mas é
Historiadora do Rock, por Lucila Saidenberg
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impingida pelas gravadoras cada vez mais desesperadas por sucessos instantâneos, porque
a falta de comparação pelo público tambem causa a alienação dos artistas, que perdem a
noção do que é realmente “boa música”. Além disso, cada estilo tem seu #1 toda semana,
confundindo o público mais ainda e tornando os artistas quase anônimos pela abundância
de hits “fabricados”.
E para piorar, o advento dos Mp3s tornou os singles irrelevantes. Com a baixa na
qualidade dos discos, novamente cheios de “enchimento” para 1 ou 2 boas canções, o público passou a querer colecionar apenas as canções de melhor qualidade. Mas por que comprar singles que custam quase o mesmo que um álbum, hoje em dia, se o MP3 vem de graça?
Acostumadas com vendas abundantes a altos preços, as gravadoras esqueceram que o
público não é bobo. Acostumadas ao monopólio, elas não sabem lidar com a competição,
honesta ou não, da Internet. Iludidos pela própria grandeza, elas esquecem que são apenas
intermediários cuja verdadeira função é aproximar fãs e artistas. Desorientados, os CEOs
recorrem ao ataque aos fãs.
Como todos sabem, a solução para conflitos de qualquer espécie não é bélica, mas diplomática. As grandes gravadoras ainda podem fazer dinheiro vendendo (pasmem) gravadores de CDs, aparelhos portáties de tocar Mp3s, e até CDs em branco. As grandes grava doras podem voltar a formatos de rádio mais democráticos, afixar preços mais baixos para
os CDs já gravados, e exigir maior qualidade musical de seus artistas, em lugar de se preo cupar apenas em ganhar dinheiro. Como toda nova tecnologia, o Mp3 não tornará as gravações convencionais obsoletas, nas achará o seu lugar ao lado delas.
Os fãs fariam bem em adotar uma política de equilíbrio: por um lado fazer download
de Mp3s como se fossem singles, “amostras” de um álbum, e por outro “adotar” um artista
predileto (especialmente dentre os novos) e ajudar a promovê-lo de todas as maneiras possíveis, seja pedindo que as rádios toquem suas canções com mais freqüência, seja votando
neles nos websites especializados em música, e seja mesmo comprando CDs e camisetas, e
indo aos shows enquanto fazendo uma campanha ativa junto às grandes gravadoras pela
melhoria da qualidade da música, e preços mais baixos. Esta é a Internet, gente, isso é possível!
Porque quem realmente sai prejudicado nessa “guerra” toda são os artistas, os “civis
inocentes” que precisam tanto do apoio das gravadoras como do nosso, os fãs, para sobreviver. A música não é apenas a profissão deles. Ela é também um meio de expressão emocional (às vezes o único) e uma vocação que chega a beirar o sagrado, em sua intensidade.
Vide U2.
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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Rock & Roll x Espiritualidade: U2 e a Transcendência
Por Lucila Saidenberg, publicado originalmente em março de 2002.
Neste nosso mundo materialista, a cultura do show bizz e conceitos como Deus e a espiritualidade nem sempre andam de mãos dadas. A não ser, é claro, que a banda de Rock U2
esteja envolvida.
Como o próprio Bono diz, o tabu no mundo da música Pop / Rock não são as drogas,
nem o sexo. O tabu é a espiritualidade. Escândalos envolvendo sexo, drogas ou os dois são
considerados “normais”, e já não chocam a mais ninguém. Aliás, esses escândalos são geralmente provocados pelos próprios artistas e usados como meio de promoção e publicidade barata. Um exemplo: George Michael estava completamente esquecido, até que foi pego
nos banheiros do Central Park em Nova Iorque com outro homem. Depois disso a carreira
dele voltou à ativa, e está dando frutos até hoje. Mas experimente o artista admitir acreditar em Deus ou professar uma religião, para ver o que acontece: Será no mínimo olhado de
soslaio, como se tivesse acabado de chegar de Marte.
E no entanto, o U2 consegue trazer a espiritualidade de encontro ao Rock. É claro que
isso é visto com desconfiança pelos críticos. É claro que uma coisa não se assenta bem com
a outra. A diferença é que o U2, ao contrário de outros artistas e grupos, não se deixa acanhar pelas críticas. No ver de Bono, tudo se resume em ter Deus “de passsagem pela sala”.
Uma situação em que a presença de Deus se faz sentir na música, seja no estúdio ou em
concerto. Por definição, o processo que permite que a presença de Deus seja sentida por
seres humanos se chama transcendência.
A transcendência éa capacidade que os seres humanos têm de de se elevar acima de
suas próprias limitações, e perceber realidades diferentes da habitual. Nesse caso, a Realidade Divina. Mas mesmo a visão que Bono tem da transcendência é motivo de polêmica. O
ex-frei, e autor da teologia da libertação, Dr. Leonardo Boff faz uma distinção entre dois ti pos de transcendência: uma verdadeira, atingida por meio da meditação e prática religiosa,
e outra falsa, à qual se chega, entre outras coisas, atravéz da frequência a shows de Rock e a
veneração a bandas e artistas.
E em 99.9% dos casos o Dr. Boff estaria certo. O “culto” que se faz hoje em dia aos
ídolos do mundo Pop / Rock, por mais excitante e mesmo comovente que seja, é na maioria dos casos vazio e superficial, por ser baseado única e exclusivamente no Ego de artistas
medíocres, que nao têm nada de mais profundo a oferecer. Mas o Dr. Boff aparentemente
não conhece o U2 e sua proposta ideológica, ou não acredita que euma banda de Rock pos sa ser diferente das outras. Como nós sabemos, o U2 não é apenas centrado no “culto” às
personalidades da banda (infelizmente necessário para facilitar a venda de CDs). Mais do
que isso, a banda tenta sempre dar a Deus o crédito por seu talento, carisma e sucesso, “redirecionando” o culto e apontando-o novamente na direção certa. A direção não do Ego,
mas do espírito.
E é por isso que, a meu ver, a transcendência à qual se chega por meio da música e
frequência aos shows do U2 é verdadeira, apesar de não ser atingida pelos métodos tradicionais. Na triste situação em que nosso mundo se encontra face ao crescente materialismo e
à perda de popularidade das religiões convenconais, eu prefiro tomar o meu exemplo de
pessoas para as quais a espiritualidade ainda é importante, mesmo que essas pessoas sejam “apenas” os integrantes de uma banda de Rock.
Como já disse o Dalai Lama, quando comentou sobre a necessidade de se manter a fé
apesar do materialismo moderno: “qualquer espiritualidade é melhor do que espiritualida-
Historiadora do Rock, por Lucila Saidenberg
85
de nenhuma”. As pessoas precisam ter algo em que acreditar, algo que as eleve acima de
suas limitações, mesmo que já tenham perdido a fé em sua religião original.
Triste? Talvez…
Mas é verdade.
Walk on.
Bibliografia recomendada:
Tempo de transcendência / Leonardo Boff. Rio de Janeiro : Editora Sextante, 2000
The Dalai Lama’s Book of Wisdom (edited by Matthew E. Bunson) Random
House, 1997
Selections from the book of PSALMS (with an introduction by Bono) Grove
Press New York, 1999
OU, mais especificamente:
A introdução do Bono para o Livro dos Salmos (Na internet, em algum lugar,
ou me contatem em privado)
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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A introdução de Bono para o Livro de Salmos.
Com a palavra, Bono
Por Lucila Saidenberg, publicado originalmente em abril de 2002.
Depois da minha mais recente coluna, vários UVs me escreveram pedindo a introdução
que Bono fez ao livro dos Salmos… mas em Português. Como eu acho que esse texto do
nosso rock star favorito é realmente importante para a compreensão da espiritualidade nas
músicas do U2, eu decidi traduzir…
Então lá vai: com a palavra, Bono!
***
Explicar a fé sempre foi dificil. Como voce explicaria um amor e lógica no coração do
universo quando o mundo está tão fora dos eixos? O que dizer sobre a verdade poética ver sus a verdade factual achada nas escrituras? Teria o livre arbítrio nos crucificado? E o que
dizer dos personagens ardilosos que habitam o tomo conhecido como a Bíblia, que alegam
ouvir a voz de Deus?
Você tem que estar interessado, mas e Deus, será que Ele está?
Explicar a fé é impossível… visão sobre visibilidade… instinto sobre intelecto… Um
compositor de canções toca um acorde com a fé que ele vai ouvir o próximo em sua cabeça.
Um dos escritores do Livro de Salmos era um músico, um harpista cujos talentos
eram requeridos no “palácio” como o único remédio capaz de acalmar os demônios do rabugento e inseguro Rei Saul de Israel. Este é um pensamento ainda inspirador: Marilyn
cantou para Kennedy, as Spice Girls para o Príncipe Charles…
Na idade de 12 anos, eu era um fan de David. Ele parecia familiar… como um pop star
podia parecer familiar. As palavras nos Salmos eram tao poéticas como religiosas, e ele era
um star. Antes que David pudesse realizar a profecia e ser Rei de Israel, ele teve que tomar
uma surra razoável. Ele foi forçado ao exílio e acabou numa caverna em alguma cidade de
fronteira sem nome enfrentando o colapso do seu ego e o abandono por Deus. Mas ai é que
essa novela começa a ficar interessante. Foi lá que se acredita que David compôs o seu primeiro Salmo - um blues. Isso é o que os Salmos parecem, pra mim, como os blues. O homem gritando com Deus - “Meu Deus, Meu Deus, por quê me abandonastes? E permaneceis longe de minhas súplicas e de meus gemidos?” (Salmo 22)
Eu ouço ecos dessa escaramuça sagrada quando o não-sagrado bluesman Robert
Johnson uiva, “Tem um cão do Inferno nos meus calcanhares” (‘There’s a hellhound on my
trail’) ou Van Morrison canta. “De vez em quando eu me sinto como uma criança sem mãe”
(‘Sometimes, I feel like a motherless child’). Texas Alexander imita os Salmos em ‘Justice
Blues’: ‘I cried Lord my father, Lord kingdom come. Send me back my woman, then thy
will be done.’ (“Eu gritei Deus meu Pai, Deus do Reino dos Céus. Me mande minha mulher
de volta, e então será feita a sua vontade”). Humoroso, às vezes blásfemo, o blues era uma
música apóstata mas, exatamente por causa de sua oposição, ele elogiava o assunto do seu
primo perfeito, o gospel.
Abandono e deslocamento são o material dos meus Salmos favoritos. O Saltério pode
ser uma fonte de música gospel, mas para mim o que o Salmista realmente revela é o de sespero e a natureza do seu relacionamento especial com Deus. Honestidade, mesmo ao
ponto da raiva. “Até quando, Senhor? Até quando continuareis escondido?” (Salmo 89), ou
“Atendei à voz de minha prece” (Salmo 5).
Salmos e hinos foram onde eu experimentei minha primeira música inspiracional. Eu
gostava das palavras, mas eu não tinha muita certeza quanto às melodias - com a excessão
Historiadora do Rock, por Lucila Saidenberg
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do Salmo 23, “O Senhor é meu pastor”. Eu os lembro mais sussurrados e entoados do que
cantados. Mas eles me prepararam para a honestidade de John Lennon, a linguagem barroca de Bob Dylan e Leonard Cohen, a garganta aberta de Al Green e Stevie Wonder.
Quando eu escuto esses cantores, eu me reconecto com uma parte de mim para a qual eu
nao tenho uma explicação - Minha “alma” eu acho.
Palavras e música fizeram para mim o que sólida, mesmo rigorosa, argumentação religiosa nunca conseguiu fazer - elas me apresentaram a Deus, não à crença em Deus, mas
mais um senso de experiência de DEUS. Mais do que arte, literatura, meninas, meus amigos, o caminho para o meu espírito era uma combinação de palavras e música. Como resultado, o Livro dos Salmos sempre estava aberto para mim e me levou à poesia de Eclesiásti co, Cântico dos Cânticos, o Livro de John… Minha religião não podia ser ficção, mas tinha
que transcender os fatos. Ela podia ser mística, mas não mítica e definitivamente não ritual…
Minha mãe era Protestante, meu pai Católico. Em qualquer outro lugar que não a Irlanda isso não teria nada de mais. Os “Prods” tinham as melhores melodias e os Católicos
tinham o melhor cenário. Meu amigo Gavin Friday costumava dizer: “O Catolicismo Romano é o Glam Rock da religião” com suas velas e cores psicodélicas - azul cardeal, escarlate e
púrpura - as bombas de fumaça do incenso e o soar do sininho. Os Prods eram melhores
com os sinos grandes, eles podiam pagar por eles. Na Irlanda, riqueza e Protestantismo
iam juntos. Ter qualquer um dos dois era colaborar com o inimigo - quer dizer, a Grã-Bretanha. Isso não entrava na nossa casa.
Depois de ir na Missa no topo da colina, em Finglas no lado norte de Dublin, meu pai
esperava do lado de fora da pequena capela da Igreja da Irlanda na base da colina, onde
minha mãe tinha trazido seus dois filhos…
Eu me mantinha acordado pensando sobre a filha do pastor e deixava meus olhos
mergulharem no cinema dos vitrais. Esses artistas Cristãos tinham inventado os filmes.
Luz projetada atravéz de cores para contar uma estória. Nos anos setenta a estória eram os
“Troubles”, e eles vinham atravéz dos vitrais, com pedras jogadas mais de malandragem do
que de raiva. Mas a mensagem era a mesma: o país estava para ser dividido em linhas sectárias. Eu tinha um pé nos dois campos, então o meu Golias virou a própria religião: eu comecei a ver a religião como a perversão da fé. Eu comecei a ver Deus em todos os outros lu gares. Em meninas, diversão, música, justiça e ainda - apesar da tradução pomposa de
King James - as Escrituras…
Eu amava essas estórias pelas razões mais ordinárias. Esses eram filmes de ação, com
alguns homens e mulheres durões… as perseguições de carro, as casualidades, o sangue e
as entranhas. Haviam muito poucos beijos…
David era uma estrela, o Elvis da Bíblia, se nós podemos acreditar no trabalho de Mi chelangelo. E, nada usual para esse “rock star”, com sua paixão por poder, paixão por mu lheres, paixão pela vida, ele tinha a humildade de alguém que sabia que seu talento trabalhava mais do que ele jamais iria. Ele até dançou nu na frente de suas tropas - o equivalente bíblico de uma perambulação real. David era definitivamente mais um artista de palco
do que um político.
De qualquer maneira, e parei de ir a igrejas e me envolvi com um tipo diferente de religião. Não ria. Isso é o que estar numa banda de rock é. Showbizz é shamanismo, música é
adoração. Seja a adoração de mulheres ou o criador delas, do mundo ou seu destruidor,
que venha daquele lugar antigo chamado alma ou do córtex cerebral, estejam as preces em
fogo com raiva muda ou desejo ingênuo, a fumaça sobe, para Deus ou algo com o qual você
substitui a Deus - geralmente você mesmo.
Anos atrás, sem achar palavras e com 40 minutos de tempo de gravação até o fim do
nosso tempo no estúdio, nós ainda estávamos procurando uma canção para fechar o nosso
terceiro álbum, War. Nós queríamos pôr algo explicitamente espiritual no disco para con-
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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trabalançar a política e o romantismo que ele continha; como Bob Marley ou Marvin Gaye
fariam. Nós pensamos nos Salmos - Salmo 40. Houveram algumas caretas. Nós eramos
uma banda de rock muito “branca”, e essa pilhagem das escrituras era tabu para uma banda de rock branca a não ser que fosse a “serviço de Satã”. Ou pior, Gótico.
O Salmo 40 é interessante porque ele sugere um tempo onde a graça vai substituir o
karma, e o amor vai substituir as estritas leis de Moisés (em outras palavras, cumprí-las).
Eu amo esse pensamento. David, que cometeu alguns dos atos mais egoístas como também
os mais generosos, contava com isso. O fato que as escrituras estavam cheias até a borda de
pessoas inescrupulosas, assassinos, covardes, adúlteros e mercenários costumava me chocar. Agora isso é uma fonte de grande conforto.
“40” virou a canção que fecha os shows do U2, e em centenas de ocasiões, literalmente centenas de milhares de pessoas de todos os tamanhos e formatos de camisetas têm gri tado de volta o refrão, catado do Salmo 6: “How long (to sing this song)” (Até quando can tar esta canção). Eu tinha pensado nisso como uma questão irritante, puxando a barra da
manga de uma divindade invisível cuja presença nós sentimos apenas quando agimos com
amor. Até quando fome? Até quando ódio? Até quando até que a criação cresça e o caos de
sua precoce, infernal adolescência será descartado? Eu achava estranho que a vocalização
de questões como essas pudesse trazer tanto conforto - pra mim, também.
Mas para voltar a David, não está claro quantos desses Salmos David ou seu filho Sa lomão realmente escreveram. Alguns estudiosos sugerem que os reis nunca molharam suas
penas na tinta e que havia uma multitude de sagrados escritores fantasmas (Holy Ghost
writers). Que diferença faz? Eu nao comprava Leiber e Stoller - eles eram apenas os escritoraes das canções dele… Eu comprava Elvis.
Historiadora do Rock, por Lucila Saidenberg
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Pequena História do Rock Irlandês
Por Lucila Saidenberg, publicado originalmente em maio de 2002.
Como foi visto na série sobre a História do Rock em geral, o Rock é uma invenção america na que foi adotada, adaptada e há quem diga inclusive melhorada pelos ingleses. Para a
maioria dos fans de Rock no mundo todo essa informação bastaria…
Mas nós somos fans de uma banda de Rock Irlandesa, então como fica? Qual é o papel da Irlanda na História do Rock? Quais foram as condições que possibilitaram o surgimento do U2?
Foi asssim:
Ainda nos anos 60, o Folk Rock chegou à Inglaterra, e começou a se espalhar como
fogo. E os irlandeses, que não são bobos nem nada, não demoraram a adotar a nova música.
Como descreve Nik Cohn, autor de um dos primeiros livros sobre o assunto, escrito
ainda nos anos 60, o advento do Rock na Irlanda foi como a vinda do messias. Criado no
lado protestante de Derry, na Irlanda do Norte, ele ouviu Tutti Frutti de Little Richard uma
noite quando se perdeu pelas ruas da cidade e foi parar por engano no lado católico da cidade. E sua vida mudou para sempre. O Rock, virtualmente desconhecido pelos protestantes, fazia com que os garotos católicos, que por todas as leis da Irlanda naquela época não
eram absolutamente nada, uma população marginalizada pela maioria protestante, conseguissem por alguns momentos se libertar de sua condição e se transformar em heróis.
Na Irlanda, o Folk Rock da Inglaterra tomou a forma de Celtic Rock, quando a nova
forma de música comecou a ser adaptada e misturada aos rítmos e instrumentos locais. A
primeira banda irlandesa a ficar relativamente famosa tocando música Celta com guitarras, baixo, bateria e amplificadores foi Sweeny’s Men em 1968, mas há quem diga que as
raízes do Celtic Rock estão na Escócia do começo dos anos 60.
Naquele tempo na Escócia e na Irlanda as cidades eram pequenas, e o povo vivia em
comunidades que tinham como uma de suas tradições os bailes semanais, aos quais absolutamente todos os membros da comunidade compareciam. As bandas tradicionais que tocavam nesses bailes tinham então a delicada tarefa de tentar agradar aos mais velhos e
também aos mais jovens, tocando seleções de músicas para todos os gostos. E assim como
mudam os tempos, muda a música, e as bandas têm que mudar também. Os jovens passaram a gostar de Rock, e as bandas, para agradar, tinham que tocar Rock, mesmo sem ter os
instrumentos certos. A fusão do estilo tradicional com a nova música criou o Celtic Rock.
Depois de “cozinhar em fogo baixo” nos anos 60, o Rock irlandês passou a ter sucesso
nos anos 70 quando Phil Lynott formou o Thin Lizzy, em 1970. A banda acabou em 1984
com a morte de Lynott, mas nesse meio tempo já havia conseguido abrir o caminho para a
“Invasão irlandesa” que se seguiu.
Os Boomtown Rats, formados em 1975 por Bob Geldoff foram os próximos a ter sucesso mundial, e foi o Concerto Live Aid de 1985, organizado por Geldoff, que trouxe o U2,
formado por Larry Mullen Jr. em 1976, às salas de visitas de todas as casas do mundo,
apressando a já inexorável conquista do mundo que o U2 faria nos anos que se seguiram.
Outros nomes dignos de nota são Van Morrison e Elvis Costello, que muito fizeram
para o bem do Rock irlandês em particular e do Rock mundial em geral.
Depois que o U2 finalmente pôs o alfinete sobre a Irlanda no mapa do Rock mundial
muitas outras bandas seguiram seus passos nos anos 80 e 90. Podem ser citadas bandas
como os Waterboys, The Commitments, os Cranberries, The Undertones e artistas como
Sinéad O’connor, Rory Gallagher e bandas mais “Celtas” do que “Rock”, como os Corrs.
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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Bandas como ASH, Paradox e The Divine Comedy fazem a cena atual do Rock irlandês, e para o futuro veremos bandas como Aslan e artistas com Brendan Keeley fazendo o
orgulho dos irlandeses na música mundial.
E eu tenho o orgulho de dizer que esta semana descobri uma nova banda de Dublin
que ainda vai fazer furor, se as condições atuais da indústria da música não impedirem… O
nome da banda é Polar, e o site deles fica em:
http://www.polarofficial.com
Vale a pena visitar!
Historiadora do Rock, por Lucila Saidenberg
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Bono e O’neill na Africa.
Por Lucila Saidenberg, publicado originalmente em junho de 2002.
Apelidados de “o estranho casal” pela média americana, “Bono Mulder” e “O’neill Scully”
terminaram há pouco sua visita de 10 dias à África.
Os 2 “Pauls” não poderiam ser mais diferentes um do outro, apesar da ironia da homonimidade. Rock Star/engajado e Político/homem de negócios, a diferença se fez sentir
no momento em que os dois se viram a bordo do mesmo avião pela primeira vez. Bono, saído diretamente da festa de despedida de solteiro do Edge, de roupas em desalinho e barba
por fazer (e, suspeita-se, uma bela ressaca) e O’neill, recém-chegado de um congresso na
Europa, sóbrio e impecável em seu terno-e-gravata-com-direito-a-camisa-branca-e-tudo.
Mas as diferencas não param por aí. Nada podia ser mais diferente do que os motivos
que os levaram, juntos, à África. O primeiro senhor, nosso Rock Star favorito, foi ao conti nente para chamar a atenção da propria média e tentar provar que os problemas da África
são reais e urgentes (mas que com ajuda e boa administração podem ser superados). O segundo, secretário do tesouro (ministro das finanças) dos EUA, foi lá para demonstrar por
“métodos científicos” que os sucessos da África no combate à pobreza e doenças são irrelevantes e que o (pouco) dinheiro destinado por seu país para a ajuda internacional foi des perdiçado, justificando assim a política “mão-de-vaca” americana.
E entre piadas, roupas esdrúxulas, cordiais “alfinetadas” mútuas, cantorias improvisadas, o forte cheiro da maconha fumada pelos empregados da indústria Ford na África do
Sul e muita tensão velada, os dois conseguiram provar exatamente o que queriam de acordo com seus próprios métodos.
Sim, a África tem problemas gravíssimos, e precisa de ajuda. Sim, a ajuda passada
nem sempre conseguiu causar os efeitos desejados, mas mesmo assim foram feitos progressos importantes. O’neill insiste em “ver resultados”, enquanto Bono insiste que eles estão bem ali, na frente deles, e pede mais dinheiro para ajuda. O’neill ofereceu poços artesianos: Bono quer os poços *e mais* os recursos para a sua manutenção, porque construir os
poços e depois abandoná-los aos desgastes do tempo não ajuda em nada, e até prejudica.
Mas enquanto as ONGs (Bono) e o governo americano (O’neill) discutem, os governos da África não querem caridade. O que eles realmente precisam, e isso eles deixaram
claro, é uma porção do “Bolo Global” através de condições justas de comércio e iguais
oportunidades e direitos no mercado internacional.
Porque como está não pode ficar: a ajuda dos Eua é mínima, insuficiente e dada com
avarice, ao mesmo tempo que o governo americano dá 180 bilhões (prestem atenção, UVs:
eu disse BI, não “mi”…) em subsídios aos seus próprios fazendeiros, que então vão e “inundam” os mercados africanos com produtos mais baratos, causando graves danos às economias locais. Em Gana, por exemplo, o arroz apodrece nos campos por causa dessa política.
Nao há compradores.
Na verdade, o que O’neill está dizendo é “nós não queremos dar ajuda porque o que
eles precisam é comércio, e nós não vamos comerciar com eles porque nós não queremos”.
Os resultados dessa “missão” só serão vistos no futuro, e resta saber se a combinação
do charme do Bono com os problemas e o heroísmo da África será o suficiente para abrir a
carteira do governo americano. Uma coisa é certa, pelo menos: O’neill andou usando os
óculos de lentes azuis que Bono deu pra ele…
E apesar de tudo, e da intensa cobertura da viagem pela média escrita nos jornais e
pela Internet, eu sinto que pelo menos mo que diz respeito à TV o governo americano con seguiu passar a perna no Bono.
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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É interessante como a TV sabe mostrar apenas os estereótipos, as imagens patéticas:
imagens de crianças morrendo de fome na Etiópia quando se acreditava que nada poderia
ser feito por elas eram comuns nos anos 80, mas imagens equilibradas dos esforços até
mesmo heróicos dos africanos para remediar a situação hoje em dia “não dão ibope”.
E como se não bastasse o cinismo das redes de TV, o governo americano resolveu não
deixar nada ao acaso: poisé, meus amigos… A viagem de W. Bush à Russia exatamente ao
mesmo tempo não foi nenhuma coincidência. Ela foi habilmente orquestrada para “roubar” de Bono as manchetes principais, pois afinal o Presidente é sempre “mais notícia” do
que o secretário das finanças…
Historiadora do Rock, por Lucila Saidenberg
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Como foi gravado Achtung Baby.
Por Lucila Saidenberg, publicado originalmente em julho de 2002.
Mexendo outro dia na minha biblioteca eu me deparei com um songbook de Achtung Baby
que eu tenho aqui, e achei este interessante artigo escrito por Brian Eno, o legendário produtor, sobre o processo técnico e criativo que acompanhou as gravações do disco. Então…
Com a palavra, Brian Eno!
“Cool”, o elogio ultimativo dos anos 80, resume mais ou menos tudo o que o U2 não
é. Eles são positivos onde o cool é cínico, envolvidos onde ele é desinteressado, abertos
onde ele é evasivo. Pensando sobre isso, de fato, cool não é uma noção que você gostaria de
aplicar freqüentemente aos irlandeses, um povo que fácil e brilhantemente satiriza, elabora, questiona, e geralmente faz estórias curtas muito longas, mas que raramente cultiva o
apetite pelo desdenho cultivado - o não-envolvimento deliberado - pelo qual os ingleses
têm tanto orgulho. Os irlandeses são contadores de estórias, criadores de modelos, grandes
vendedores e fantasistas inspirados que refazem o seu mundo por re-descrição - várias vezes por dia. Temperamentalmente, eles não são inclinados a se manter expectadores da
idéia de alguma outra pessoa de como as coisas deveriam ser: eles vão saltar direto pra
dentro e reinventá-la por si mesmos. A “realidade”, aquele árido pescoço de garrafa de
pensamento europeu, vem a parecer muito mais relativa e negociável lá: algo a ser continu amente reinventado, mesmo a preço de ocasionalmente se perder o contato com ela completamente. E é esse envolvimento temerário que os faz terminalmente uncool: pessoas
que são cool ficam em volta das margens e observam os erros e triunfos de pessoas que são
uncool (- e aí escrevem sobre elas).
Então aqui estou eu, escrevendo sobre esse disco com o qual eu tive um envolvimento
tangencial, espero eu ainda quente da experiência. U2 pediu a Dan (Lanois) e a mim para
produzir esse álbum com eles, mas eu já tinha feito planos para muito do período. O papel
com o qual eu acabei ficando era assim luxuoso: Eu vinha de vez em quando para uma se mana de cada vez, ouvia o que tinha acontecido, e fazia comentários e sugestões. Eu podia
apontar para algo e dizer: “isso não faz muito por mim”, e sugerir como poderia ser feito de
outra maneira sem ser feito ciente de que eu estava casualmente descartando três semanas
de trabalho. Por outro lado, eu podia vir e reanimar a todos sobre algo que tinha, por qual quer motivo, caído em desfavor. Eu posso pensar em trabalhos piores do que ouvir algo
que você gosta e depois dizer às pessoas que fizeram isso por quê elas deveveriam gostar
também. Mas a sólida espinha dorsal do trabalho de produção eram Dan e (o engenheiro)
Flood, que ficaram com ele atravéz de meses de altos e baixos e curvas sinuosas, e mantiveram sua concentração e bom humor. E, é claro, os próprios membros da banda, cujo oti mismo tenaz e perseverança natural infectam a todos que trabalham com eles.
O que é até melhor, porque trabalhar num disco do U2 é um processo longo e difícil.
O modelo parece ser o seguinte: duas semanas de gravações produzem dúzias de começos
promissores. Uma longa lista aparece no quadro negro, canções com nomes estranhos que
ninguém consegue lembrar (“essa é aquela com o baixo deslizante ou a guitarra que soa
como uma lâmina de gelo?”). Essas são tiradas da gaveta, examinadas, tocadas de novo,
trabalhadas sobre, cantadas com, postas de lado, transformadas em bootleg, e tiradas da
gaveta de novo até que elas começam a se consolidar em algo ou a cair no esquecimento. A
lista no quadro negro começa a ficar mais curta, enquanto Bono, a Madre Teresa das canções abandonadas, apaixonadamente continua defendendo o caso de cada idéia que experienciou mesmo a mais transitória existência: “nós temos que ter uma canção como essa no
disco”, “isso vai ficar fantástico no show ao vivo”, “imagine isto saindo do rádio do seu car-
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ro”. Mas à medida que as semanas passam, e as estações passam fora das janelas do estú dio, algumas coisas parecem começar a manter uma forma enquanto outras são passadas
por cima.
E uma linguagem começa a evoluir. Essa é uma linguagem de elogio e crítica, os primeiros marcos que descrevem a paisagem dentro da qual essa nova música está sendo feita. Palavras-chave nesse disco eram lixo, desperdício, sombrio, sexy e industrial (todas
boas) e sincero, educado, doce, justo, rockista e linear (todas ruins). Era bom se uma músi ca te levava para uma viagem ou te fazia pensar que o seu estéreo estava quebrado, mau se
ela te fazia pensar em estudios de gravação ou no U2. Sly Stone, T-Rex, Scott Walker, My
Bloody Valentine, KMFDM, The Young Gods, Alan Vega, Al Green and Insekt eram todos
bons. E a própria Berlin, onde muitas das primeiras gravações foram feitas (nostalgicamente para mim - nós estávamos na mesma sala onde onde o disco “Heroes” de Bowie foi
feito (1)) virou um pano de fundo conceptual para o disco. A Berlin dos anos 30 (2) - deca dente, sensual e sombria - ressoando de encontro à Berlin dos anos 90 - renascida, caótica
e otimista - sugeriu uma imagem de cultura numa encruzilhada. Da mesma maneira, o disco veio a ser visto como um lugar onde fibras incongruentes eram permitidas a se tecer
juntas e onde um cenário des-unificado (mas definidamente europeu) seria permitido emergir.
A diversidade emocional do disco foi configurado na diversidade de suas inspirações:
Psicodelismo, Glam, R&B e Soul. Mas essas eras anteriores da música pop foram caracterizadas não por uma busca pela perfeição mas por entusiasmos bizarros, orçamentos pequenos, técnica errática, equipamento em mau estado e um abandono selvagem. A contradição
entre tudo isso e o modo como nós estávamos trabalhando fez com que surgissem muitas
perguntas. Se permitido escolher, quão expontâneo seria o seu disco, e o quanto você consertaria? Você está realmente gravando um disco numa garagem, ou você está gravando
um disco que te lembra de como soam os discos que são feitos em garagens (da maneira
como um cineasta usa uma câmera portátil para dar a impressão da urgência de um docu mentário)? Será que faz alguma diferença se as pessoas ouvindo o disco dizem: “aquele disco soa como lixo”, em vez de, “eles escolheram deliberadamente fazer um disco que soa
como lixo”? Pode você usar aquela ironia desinteressada e trabalhada e ainda assim passar
uma imagem de sinceridade emocional ao mesmo tempo? Por outro lado, será “sinceridade” importante, ou será que nós somos como atores, que passam impressões plausíveis de
sinceridade? Deve um disco ser um retrato de onde voce está agora, ou de todos os lugares
onde voce também poderia estar?
E aí vêm mais questões: se você sabe que você vai provavelmente vender vários milhões de álbuns só com base no que você já lançou no passsado, será que não seria melhor
se manter consistente com as coisas que você já lançou? Será que você está enganando as
pessoas ao se mover em novas direções? As pessoas te valorizam por sua constância ou
suas surpresas? É fácil para um teórico (normalmente alguém que não está vendendo 20
milhões de discos) responder a essas questões: naturalmente, ele ou ela vai recomendar a
escolha supostamente mais arriscada, de mandar para as lojas o álbum mais estranho e ex tremo possível. Mas essa posição aparentemente heróica é baseada numa visão romântica
do que é que os artistas fazem; a idéia de que eles arrastam públicos ignorantes até novos e
chocantes mundos para o seu próprio bem. Há uma certa nota medicinal no processo todo
- se você não gosta disso, é porque deve estar te fazendo bem. A música pop nunca foi realmente assim: seus praticantes nem sempre se escondem atrás dos véus cintilantes da Arte,
dividindo o mundo entre aqueles que estão por dentro e aqueles que estão por fora - eles
esperam que quantidades significantes de pessoas gostem deles (ou que pelo menos falem
deles). Eles querem ser parte de um mundo que seja excitante para eles, e não passar além
dele. Na verdade eu não consigo pensar em nenhum artista que eu conheço que não esteja
Historiadora do Rock, por Lucila Saidenberg
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preocupado com as reações de seus ou suas ouvintes: não de um ponto de vista de dar a
eles o que eles querem, mas de não trair a confiança deles.
Então agora você está começando a entender a situação: nós deixamos as canções de
Berlin três longos parágrafos atrás e caímos em uma série de discussões sobre “o que é que
nós estamos realmente fazendo?”. Isso é normal. Isso pode nos tomar três ou quatro horas
por dia - dois ou três dias por semana. Os discos do U2 levam um longo tempo para ficar
prontos não porque faltam idéias, mas porque eles não param de falar sobre elas.
Mas discos que levam um longo tempo para ficar prontos (Achtung Baby levou mais
ou menos um ano), flertam com a maldição que eu chamo “Holywoodização”. Esse é o processo pelo qual as coisas são niveladas, racionalizadas, bem iluminadas de todos os lados,
cuidadosamente equilibradas, sistematicamente testadas contra todas as fórmulas, mandadas a vários comitês, e finalmente feitas triumfantemente impossíveis de se notar. Essa é a
abordagem do isqueiro Dunhill à cultura, enxertando um conceito miserável de refinamento numa moldura que range conceptualmente, onde faltas de coragem, entusiasmo e imaginação encontram excessos de brilho e lustro. A única razão pela qual o pop ainda não
caiu completamente nessa armadilha é que poucos investidores - e por isso poucas opiniões - têm sido tradicionalmante envolvidas no processo de se fazer um disco (3). Comparados com os lucros que uma banda que vende tanto quanto o U2 pode esperar, os custos da
gravação são tradicionalmente bem pequenos. E comparada com filmes, a música é técnicamente relativamente simples: um disco é geralmente o resultado do trabalho de um time
pequeno e bem entrosado que trabalha em contato estríto e numa continuidade de atenção. Por isso “grandes” discos continuam aparecendo que são genuinamente surpreendentes, que não foram diluídos à normalidade, feitos bregas ou democraticamente castrados.
Eu tenho a impressão que, seja lá o que for que as pessoas vão acusar esse disco de
ser, não vai ser uma dessas coisas. Foi um passo largo dado com confiança. O estado de espírito do U2 indo para esse disco era parecido com o de logo antes de The Unforgettable
Fire; prontos para algo maior, se rebelando contra os seus próprios estereótipos. Escutando o resultado, isso tudo faz sentido, soa coerente. Você pode ser perdoado por pensar que
eles sabiam o que eles queriam antes de começar, mas eu não acho que isso seja verdade.
Eu duvido que qualquer um o saiba enquanto não está envolvido, e mesmo assim pode levar algum tempo até que ele reconheça isso. Há uma leitura de bússola muito vaga quando
você começa, algumas setas e palavras de código que te põe a caminho, alguns oasis musicais que voce esperará visitar no caminho. Mas essas são apenas pistas: elas não te dizem
onde você vai chegar, apenas pelo que é que você vai passar. Por outro lado, em compensação, você pode saber o que voce não quer fazer, e bastante do processo de fazer um disco
vem a ser a tarefa de achar um espaço cultural que ainda não está saturado de ressonâncias
e sobretons indesejados. Esse pode ser um novo espaço, um que ninguém havia identificado antes, ou pode ser um lugar velho que de repente soa viçoso de novo. O pop tem muito a
ver com re-avaliação, em se conectar aos periódicos ciclos de energia que as coisas irradiam enquanto recedem para se tornar história. Ocasionalmente acontecem memoráveis
momentos de visão, luzes poderosas para a elas nos dirigirmos destemidamente, e quando
eles acontecem eles suprem o impulso para todo um novo trabalho. Apesar de que ninguém senta e espera por eles (quem espera nunca alcança), se a sua atenção está em outro
lugar, você pode perdê-los. É por isso que os mixes preliminares são tão importantes; eles
te permitem adiar a sua atenção.
Atenção é perceber onde você está, em contraste com onde você pensou que estaria. É
fácil ficar preso no trabalho de overdubbing, mexendo e puxando, mas isso na maioria das
vezes não te leva muito longe de onde você começou. Pulos maiores pedem um tipo de destreza, a agilidade de passar de lá pra cá entre detalhe e todo, de zoom para ângulo largo. A
vantagem de se trabalhar em compania é que você não precisa fazer tudo sozinho. Com o
U2 é muito raro que aconteça de todo mundo na sala estar usando a mesma lente ao mes -
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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mo tempo. Larry (Mullen) e Adam (Clayton) são de confiança para manter o ângulo aberto
quando as coisas começam a perder a perspectiva ou passam a ser enfocadas de uma maneira estreita demais: eles se transformam na voz da consciência musical. Edge, o arqueologista dos mixes preliminares, escava atravéz de camadas anteriores no desenvolvimento
da canção e emerge triumfante com uma visão diferente numa fita kassete gasta. Steve
Lilywhite, uma bem vinda adição no estágio da mixagem, entra refrescado e entusiástico,
livre de história, e confia nos seus ouvidos talentosos. Dan escuta o sentimento, o esqueleto
da canção, e chama a atenção para para coisas que todos os outros haviam parado de perceber. Flood desperta canções adormecidas com remixes brilhantes e originais depois que
todos nós já fomos pra casa. Eu confio nos meus instintos, fico cada vez mais cheio de dú vidas ou entusiástico, resmungo no meu melhor inglês e liberalmente me contradigo. Todas essas mudanças de perspectiva fazem o desenvolvimento de uma canção uma coisa
muito não-linear: do lado de dentro, o processo muitas vezes parece caótico, pulando de
uma identidade para outra, esticando as canções para lá e para cá até que tudo desmonte, e
então recolhendo os pedaços e começando tudo de novo.
Mas o pescoço de garrafa (na maioria dos discos, provavelmente) é a escrita das letras. Por quê? Porque o liricista assume o trabalho realmente específico de pôr a música
em foco, de apontá-la para algum lugar. Palavras são objetos muito afiados. Num dia vocal
Bono aparece com muitas folhas escritas que ele espalha como um leque no chão da sala de
controle. Dan, como sempre, terá feito a situação a mais encorajadora possível: geralmente
sem fones de ouvido, um microfone de segurar na mão, monitores no volume máximo, um
eco legal, boa iluminação - e ele considera todos os problemas técnicos que se seguem
como seus, e não do músico. Bono começa a cantar, pulando fisicamente e conceptualmente atravéz da canção emergente, tecendo fibras líricas em modelos maiores. O vocal passa
graciosamente entre linguagem reconhecível e Bongloês fluente - uma improvisação semilinguística que forma pontes temporárias entre espaços nas letras. O sentido é moldado um
pouco de cada vez, polido, alargado, invertido, descartado, ressuscitado. Atenção especial é
dada a tênues mudanças em tom e ênfase. Linhas que não tem onde morar passam esperançosas de um verso a outro. Uma única palavra que não se assenta bem engasga o pro gresso por meia hora. Flood fuma, se identificando. Dan toma notas com cuidado, Shannon (Strong, assistente) e Robbie (Adams, assistente de engenheiro) mantêm todos os
muitos dados atualizados. O trabalho continua dessa maneira até que várias faixas são gravadas. A paisagem comeca a ficar mais detalhada.
Mais tarde, Dan e Flood trabalham atravéz das faixas, compilando um best-of daquela tarde de trabalho, linha por linha, e fazendo um mix preliminar. Bono escuta e estuda
essa compilação pelos próximos dias, e muda uma palavra ou uma linha ou um verso, refraseia e canta de novo, e o processo acontece de novo. Dessa maneira ele começa a centrar
em uma performance, uma atitude, um personagem. Ele descobre quem está cantando a
canção, e que tipo de mundo essa pessoa habita. Quem e onde.
No meio tempo, alguem vai entrar na sala com um mix preliminar velho que ele acabou de redescobrir que, apesar de todas as suas falhas, tem algo. O que é? Nós podemos recuperá-lo sem abandonar tudo o que aconteceu desde então? Nós podemos conseguir o
melhor dos dois? Quando o processo falha, o resultado é uma coisa diluída, cheia de acor dos e homogeneizada. Quando dá certo, e um híbrido passa a existir, há uma sinergia de
sentimentos e nuances que ninguém havia previsto. Se isso acontece, vira notícia. E tem
mitas dessas notícias nesse disco. So Cruel é épica e íntima, apaixonada e fria, Zoo Station
é petulantemente maníaca, industrialmente jovial, Ultra Violet (Light My Way) tem uma
melancolia helicóptera, Mysterious ways tem um fundo pesado e uma cabeça leve. É difícil
achar um único adjetivo para qualquer das canções: esse é um album de contradições musicais, de sentimentos que não deveriam existir juntos, mas que são de algum modo críveis.
Historiadora do Rock, por Lucila Saidenberg
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E isso é exatamente o que eu sempre gostei na música pop; é essa habilidade que ela
tem de criar paisagens emocionais loucas e depois te convidar para vir e dançar dentro delas.
Brian Eno, 1991
Notas da Lucilla:
1 - Brian Eno foi o produtor, nos anos 70, de três dos melhores álbuns de David
Bowie, que são considerados uma Trilogia.
2 - Berlin dos anos 30: Assistam “Cabaret” com Liza Minelli e Joel Grey, se vocês ainda não fizeram isso.
3 - Lembrem-se que isso foi escrito no começo dos anos 90. Hoje em dia, 10 anos depois, parece que tem muito mais dinheiro envolvido na produção da música Pop…
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Elvis Presley
25 anos sem o Rei do Rock and Roll
Por Lucila Saidenberg, publicado originalmente em agosto de 2002.
O último dia 16 de Agosto marcou os 25 anos desde que Elvis Presley, conhecido como o
“Rei do Rock”, passou deste mundo para o céu dos músicos. O que se segue é um pequeno
tributo ao Rei.
Elvis Aharon Presley nasceu em 1935, filho de Gladys e Vernon em Missisipi. Há boatos que sua mãe seria descendente de Judeus, e que por isso Elvis seria Judeu também,
pelo menos por um vínculo étnico. Isso explicaria a tolerância religiosa de Elvis, educado
por sua mãe a quem ele adorava, e a tolerância que seus fans “herdaram” dele. Em seus últimos meses ele usava um crucifixo, um amuleto egípcio e um amuleto judaico numa corrente ao pescoço para, em suas próprias palavras, “não ser barrado no Céu por uma tecnicalidade”.
Aos 13 anos se mudou com a família para Memphis, onde terminou o primário e o secundário e começou a trabalhar como ajudante no teatro e motorista de caminhão. Depois
começou a cantar nos clubes locais, e recebeu o apelido de “Country Cat” (um trocadilho
entre “gato do mato” e “homem do campo”). Aos 20 anos assinou um contrato com a gravadora RCA e em 1956 lançou seus primeiros singles, “Love Me Tender” e “Heartbreak Hotel”. Nos 40 anos que se seguiram vendeu 600.000.000 discos e singles, ganhou
150.000.000 Dólares de 35 filmes dos quais participou, e influenciou a gerações de músicos. Mesmo John Lennon, que declarou ser mais popular que Jesus Cristo, teve que reconhecer: “Antes de Elvis não havia nada”.
Elvis soube incorporar em sua música influências da música Country à qual cresceu
escutando, do Gospel que escutava na igreja, e do Blues. O que ele conseguiu foi criar um
gênero musical novo, que ficou conhecido como “Rock and Roll”.
Em seus primeiros anos ficou conhecido tanto por sua música como por seus movimentos provocantes no palco, que lhe renderam o apelido “Elvis the Pelvis” e apresentações na TV onde era filmado apenas da cintura para cima.
Elvis Presley tinha uma grande presença no palco, mas era um ator frustrado, apesar
de ser um dos que mais ganharam dinheiro em Hollywood. Ele participou de 35 filmes em
menos de 20 anos e recebeu meio milhão de Dólares e até metade dos lucros de cada filme
por sua participação. Mas o processo de fazer filmes o entediava, e lhe tirava a auto-confiança. Ele queria ser um grande ator como seus heróis James Dean e Marlon Brando, mas a
indústria cinematográfica o mantinha preso à imagem de Playboy, o que o fazia cada vez
mais desgostoso.
No fim ele desistiu dos filmes e voltou a fazer música em tempo integral, no começo
dos anos 70. Elvis passou então a fazer shows sem parar, mas o modo de vida desregrado
que levava começou a prejudicar sua qualidade de vida.
A vida que Elvis levava nos anos 70 era louca, sem noção mesmo. Ele ficava acordado
todas as noites, a noite inteira, e tentava dormir de dia. Para isso tomava pílulas para ficar
acordado à noite, e depois tomava tranquilizantes para dormir. E aí precisava acordar à
tarde, mas o efeito dos tranquilizantes o deixava atordoado. Então tomava novamente pílu las para acordar. Isso se desenvolveu num verdadeiro vício. E é claro, havia a comida. É
preciso lembrar que Elvis foi criado no Sul dos Estados Unidos, onde se come tudo frito,
“junk food” para todos os efeitos, especialmente à noite. Esse era o seu “remédio” contra a
depressão da qual sofria.
Historiadora do Rock, por Lucila Saidenberg
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Apesar da fama, Elvis era um homem solitário, que desconfiava que a maioria de seus
amigos o procurassem não pela sua personalidade, mas por sua fama.
Elvis continuou fazendo shows até o fim, com uma determinação que beirava a teimosia. Às vezes os shows eram constrangedores. Muitas vezes ele esquecia as letras das
músicas, e os jornais o ridicularizavam por isso.
Em Março de 1977, 5 meses antes do fim, Elvis finalmente concordou em fazer uma
pausa em sua turnê interminável e viajou com os seus amigos, conhecidos como a “Máfia
de Memphis” para o Havaí, um lugar que amava. Nesse período ele parou de tomar remédios e voltou a uma forma física aceitável, jogando futebol.
Muitos respiraram aliviados, pensando que o Rei havia se livrado das drogas de uma
vez por todas, mas assim que ele voltou a cantar tudo voltou a ser como antes, com a comi da, as drogas, as muitas mulheres e a vida desregrada.
Seu último show foi em Indiana. Esse foi um grande show, no qual ele deu a alma e
cantou muito bem, mas sua aparência física estava péssima.
No dia de sua morte, ao meio dia e dez, seu melhor amigo e diretor de palco Joe Esposito foi chamado às pressas pelo telefone, porque Elvis havia desmaiado na banheira.
Joe aplicou os primeiros socorros enquanto esperava a ambulância chegar, mas a morte de
Elvis foi confirmada na chegada ao hospital.
O Rei havia sido vítima de uma parada cardíaca. Seu coração não foi forte o suficiente
para agüentar os anos de drogas, comida gordurosa e vida louca.
Sua morte deixou um vácuo que ainda não foi preenchido no coração de seus fans, e
sua lenda ainda faz novos fans e vende discos aos milhões.
A herança que Elvis nos deixa é uma de tolerância, rebeldia e boa música, à qual o
U2, que também são grandes fans dele, se mantém fiéis.
O Rei está morto, longa vida aos Reis!
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Um Mundo Sem Companias Gravadoras
Por Lucila Saidenberg, publicado originalmente em setembro de 2002.
A maioria das pessoas vêem o futuro da indústria da música numa era “Pós-Gravadoras”
como um mundo de ilimitados downloads de MP3s grátis.
Bom, vocês me desculpem, mas isso é uma visão nada realista das coisas, baseada na
mesma ganância que alimenta a atividade de muitas das gravadoras hoje em dia. Isso não
vai acontecer, e não deveria acontecer.
Mesmo que as gravadoras deixem de existir em seu formato atual, a estrutura básica
da indústria da música (da qual os artistas precisam desesperadamente para poder distribuir e vender a sua música) deve ser mantida viva.
Sim, os artistas precisam VENDER sua música. Deixar as pessoas ouvir de graça pode
ser muito generoso e simpático, mas isso não poe comida na mesa (no fim das contas, essa
é a verdadeira ambição de um artista: usar o seu talento para se sustentar). E não, um artista profissional não pode ser bem sucedido comercialmente como músico e ter um emprego em tempo integral ao mesmo tempo. As coisas simplesmente não funcionam assim,
especialmente nas artes performáticas.
Então nós precisaremos escolher entre ter a música paga pelos fans, ou eventualmente não ter música nenhuma.
Ok, então vamos imaginar que o “dia” chegou, e nós não temos mais gravadoras no
mundo. Elas se tornarram “iníquas”, e Deus mandou a Internet para destruí-las como castigo.
Os artistas gravam suas canções e prensam seus próprios CDs em seu equipamento
particular. Eles encomendam as caixinhas de acrílico diretamente da fábrica, e mandam
imprimir os folhetos para os CDs (que eles criaram por si mesmos ou encomendaram de
artistas gráficos) direto nas gráficas.
Perfeito. Eles tem um produto. Talvez ele seja até bom. Eles pagaram os custos diretamente de seus bolsos, e agora eles querem (precisam) vendê-lo para nós.
Agora, como exatamente eles vão fazer isso? (NÃO, as gravadoras não existem mais,
lembram?) Como vão as rádios saber que tem música nova no mercado, e como vão as lojas de discos receber os CDs para vender? Será que nós vamos precisar de estações de rádio
e lojas de CDs? Canais de música na TV… Eles vão sobreviver?
E mais importante ainda, como vamos nós, os potenciais compradores, saber o que
está disponível para nós e como nós vamos fazer para trazer a música para casa?
Então é aí que todo mundo espera que a internet vá poder ajudar, certo? Esqueça os
downloads de graça. Os músicos têm o direito de ganhar dinheiro com o seu talento.
Na ausência de gravadoras, os artistas certamente serão capazes de fazer a propaganda de sua música e vender os CDs a partir dos seus próprios sites. O fan provavelmente poderá escolher entre abaixar as canções (mediante pagamento, é claro) e os gráficos para os
folhetos e gravar seus próprios CDs, ou comprar um pronto que seria então mandado para
sua casa pelo correio.
Mas como nós vamos ficar sabendo quais artistas existem, e como é a sua música?
Nós teremos que “pular” de site para site, mesmo que sejam milhares deles?
No fim, cada artista terá que estabelecer a sua própria “gravadora”. O equipamento
de gravação e o aluguél de estúdio e equipe de produção não são baratos, para dizer o mínimo. Como vão os novos artistas ser capazes de pagar por eles? Promoção e propaganda
também não são baratos, e podem ser extremamente limitados se não feitos de uma maneira organizada. Eu não temho muita certeza se a música seria mais barata.
Historiadora do Rock, por Lucila Saidenberg
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As estações de rádio provavelmente reteriam o seu estatus e utilidade, com a condição de que elas tenham acesso à maior variedade possível de artistas e canções. Mas de
novo, como elas receberiam essa informação?
Sites de “Notícias Musicais” poderiam se tornar vitais na pesquisa de novas bandas e
artistas para que os fans não precisem achar todos eles sozinhos, mas aí eu creio que todos,
artistas e fans, teriam de trabalhar bem mais para conseguir os resultados desejados.
A indústria da música poderia ficar mais democrática, menos centralizada, e provavelmente menos corrupta. Os custos de produção subiriam e as vendas certamente cairiam, até que os MP3 de graça sejam postos sob controle e os fans se acostumem em ser
compradores ativos de música, ao invés de consumidores passivos.
Os artistas mais estabelecidos ganhariam menos dinheiro (Bono teria que ir morar
numa casa menor mesmo sem se tornar político), e essa histeria ao redor deles iria diminuir bastante. E novos artistas teriam mais dificuldade em construir uma carreira.
O resultado final seria uma indústria com menos dinheiro, menos artistas, e mais esforço para artistas e fans, mas aí talvez a música fique melhor, e nós poderíamos finalmente ter certeza que o nosso dinheiro estaria indo diretamente para os artistas, mesmo que o
“produto final” seja mais dificil de conseguir.
Mas esse é um cenário altamente idealizado. Os jornais não desapareceram por causa
das notícias no rádio, nem foram os cinemas feitos obsoletos pelos aparelhos de TV.
O que geralmente acontece é que novas tecnologias não substituem, mas acham o seu
lugar ao lado das outras, mais antigas.
As gravadoras não vão desaparecer, nem os MP3s serão para sempre de graça. Mas a
indústria da música vai experienciar uma mudança de formato nos próximos anos. Quão
profunda vai ser essa mudança dependerá de quão profundamente a Internet mudará os
nossos hábitos como apreciadores e compradores de música.
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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As três Glórias
Por Lucila Saidenberg, publicado originalmente em novembro de 2002.
A canção “Glória” do U2 é inspirada em outra canção do mesmo nome que foi escrita por
Van Morrison, músico que viria a se tornar um dos heróis dos U2ers.
Van Morrison nasceu George Ivan Morrison a 31 de Agosto de 1945 em Belfast, Irlanda do Norte. Sua mãe era cantora, e seu pai um ávido colecionador de discos de Jazz e Blues americanos. Aos 15 anos Van deixou os estudos para seguir carreira musical numa banda de R&B. Pouco depois ele fundaria a sua própria banda, chamada “Them” e escreveria
“Glória”, que apesar de não ter sido um grande sucesso na época em que foi lançada, acabou sendo regravada por vários outros artistas, os Doors e Patti Smith entre eles.
Ousada para aquela época, a letra original de Van Morrison é pouco mais do que a estória quase inocente do sentimento de antecipação de um rapaz que está esperando por sua
namorada em seu quarto. Numa disposição mais sexual do que romântica, mas incrivelmente sem malícia, ele espera pela moça que cherará à meia-noite para fezê-lo “se sentir
bem”. E enquanto espera ele imagina, quase agradecido, como ela virá andando por sua
rua, como ela baterá em sua porta e entrará em seu quarto.
No refrão ele meio chama, meio grita o nome dela num misto de orgulho, admiração
e puro êxtase. G-L-O-R-I-A, ele soletra. O som do nome é transformado numa representação do próprio prazer que ele sente, ou antecipa sentir.
Os primeiros a regravar Glória foram os Doors, que fizeran da canção um de seus
grandes sucessos. Mas os instintos predadores de Jim Morrison dão à letra uma dimensão
mais sombria, quase violenta. Subtamente, a moça é uma menor de idade confrontada por
um homem mais experiente, e os amantes mal se conhecem. Ela não apenas vai à casa
dele, mas o leva à sua enquanto seus pais não estão, e Jim assim insinua que ela estaria
procurando no sexo casual o amor que não recebe do pai ocupado e da mãe ausente.
Se antes a canção era mais sobre sexo do que sobre amor, agora ela é puro sexo. Se
antes havia uma quase-igualdade e consentimento mútuo entre os amantes, agora o foco
está todo no homem, que deixa pouca escolha à menina. Ele ainda se refere a ela como
“minha rainha”, mas o romantismo da antecipação deu lugar à crueza da consumação.
Patti Smith foi a primeira dos artistas do movimento Punk que tocavam no clube
CBGB em Nova Iorque a assinar contrato e lançar um disco, dando assim o tom ao movimento todo, e sua versão de Glória passou a representar a própria essência do Punk.
Antes de mais nada Smith adicionou à canção uma dimensão espiritual que não existia em suas duas primeiras versões, descobrindo em “Glória” uma “culpa católica” que ela
se apressa em rejeitar: “Jesus morreu pelos pecados de alguém, mas não pelos meus”. Essa
iconoclastia se tornaria a base da ideologia de todo o movimento.
Como seus predecessores, Patti dá sua própria interpretação à letra, adicionando detalhes e elementos ao que agora já se tornou a “saga” de Glória. A antecipação cheia de esperança e alegria está de volta, a moça de Smith é adorável em seu “lindo vestido verme lho” e o rapaz está de novo feliz de tê-la em sua cama, como era o personagem masculino
de Van Morrison.
Mas o que faz de sua versão um dos marcos na história do Rock é o fato de que, por
conservar o caráter predominantemente masculino da canção mesmo numa voz feminina,
Patti Smith reconquista um senso de poder da mulher sobre sua própria sexualidade. Estranhamente, o foco da canção deixa de ser o masculino, para passar a ser o feminino. Su bitamente a mulher é o centro ativo da narrativa, e não mais o objeto passivo cuja estória é
contada por outros.
Historiadora do Rock, por Lucila Saidenberg
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E no processo, “Glória” ganha uma vida própria: Ela agora é para todos os efeitos
uma personagem com uma estória, uma quase-personalidade. 3 canções em uma, uma por
todas e todas por uma, Glória é o arquétipo feministico da menina-mulher que perde sua
inocência na cama de um homem, que começa sua busca pelo amor no mundo dos adultos
de todas as maneiras erradas, mas que no fim supera a solidão e a culpa iniciais para se
tornar uma mulher segura de si, e dona do próprio destino, apesar mesmo dos homens e
de sua sociedade e religião que são feitas para mantê-la subserviente.
O círculo se fecha com uma quarta “Glória”, a canção de mesmo nome que foi escrita
pela banda U2. A canção “Glória” do U2 não é mais uma versão da canção de Van Morrison, mas um misto de homenagem aos seus heróis Van Morrison e Patti Smith, e de uma
missa católica, que é de onde vêm as palavras em latim da canção do U2.
A eles, que encontram Glória já uma mulher feita e experiente, nada resta senão prestar a ela homenagem, humildemente expressando sua admiração pelo princípio do poder
feminino e inacessível, reconhecendo sua própria inadequação frente oas seus heróis, mesclando o feminino ao divino como é comum na iconografia da banda e rezando sobre ela a
missa católica, para livrá-la da culpa que Smith descobriu.
Depois de tudo o que passou, Glória se tornou uma idéia, mais que uma simples canção. Uma idéia que define em grande parte a própria história do Rock dos anos 60 aos
anos 80.
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Deus salve a Guitarra Elétrica! (Parte 1)
Por Lucila Saidenberg, publicado originalmente em dezembro de 2002.
Ok, esqueça a tipografia.
Esqueça o telégrafo, o rádio, a TV…
Nem mesmo a Internet e os MP3 tem comparação. Eles não tem a mínima chance.
E a eletricidade conta apenas como o ponto de partida que fez tudo possível.
Se a gente parar para pensar, do ponto de vista de músicos e fans de Rock & Roll, o
maior avanço tecnológico na história da humanidade é, de todas as maneiras e sem sombra
de dúvida, o advento da guitarra elétrica.
A guitarra elétrica nasceu da necessidade e do desejo por um instrumento capaz de
som de maior volume, um que fosse apropriado para as cada vez maiores salas de concerto
que começaram a surgir no século 19. Com isso em mente, músicos, técnicos e inventores
começaram a experimentar com vários instrumentos e meios de amplificação, também
acústicos e, com o aumento do uso doméstico da eletricidade no começo do século 20, tam bém eletrônicos.
De caixas de música a pianos, tudo foi tentativamente eletrificado, e no fim a “guitarra espanhola”, mais conhecida como “violão”, se revelou ideal para a amplificação eletrônica.
A guitarra acústica que nós conhecemos hoje como “violão” é o mais recente desenvolvimento numa longa linha de instrumentos relacionados que pode ser traçada para trás
até o século 13. Pesquisadores nos apontam para o ano de 1265, quando guitarras são cita das por escrito pela primeira vez por Juan Gil de Zamora em seu livro “Ars Musica”. Na quele tempo a guitarra era um instrumento bem menor do que é hoje, e ela era encordoada
com 4 pares de cordas. A invenção da guitarra é atribuída aos Catalãos, na Espanha. Os es panhóis são sem dúvida os maiores responsáveis pelo desenvolvimento e popularização da
guitarra acústica, e é por isso que os violões de hoje são chamados de “guitarras de estílo
espanhol”, para distinguí-los das guitarras havaianas, também chamadas de “guitarras de
aço”. Na metade do século 16 um quinto par de cordas foi adicionado, e já no início do século 19 os cinco pares de cordas haviam sido substituídos por 6 cordas avulsas. O violão de
hoje é uma versão maior e mais ressonante do instrumento, que foi desenvolvida por Manuel Torres no fim do século 19.
Em 1923 o engenheiro Loyd Loar acoplou um captador sonoro (pickup, para os guitarristas de plantão) eletrostático a um violão, e por volta de 1931 Adolph Rickenbacker e
George Beauchamp desenvolveram o captador eletromagnético. O aparelho é composto
por até 7000 voltas de fio de cobre fino enrolado em volta de um íman, e ele produz um
campo magnético que amplifica as vibrações das cordas.
O problema era que, justamente porque o corpo do violão é feito oco para vibrar e
amplificar o som que vem das cordas, a aplicação de um captador elétrico a ele causava
efeitos altamente indesejáveis como distorções, sobretons e microfonia, porque o captador
captava as vibrações combinadas das cordas e do corpo do violão. Foi apenas bem mais
tarde que guitarristas aprenderiam a apreciar e cultivar a fina arte da distorção do som da
guitarra elétrica.
Para compensar por isso, Beauchamp e Rickenbacker montaram o seu captador
numa “guitarra de colo” havaiana. Esse tipo de guitarra é feita de metal, e se toca no colo
do músico com a ajuda de uma barrinha de aço. A guitarra elétrica deles foi apelidada de
“Frying Pan” (A Frigideira), e se tornou a primeira guitarra elétrica comercialmente
bem sucedida.
Historiadora do Rock, por Lucila Saidenberg
105
O guitarrista Les Paul foi o primeiro a solucionar o enigma de como amplificar uma
guitarra de estilo espanhol: uma vez que o corpo da guitarra era o maior problema, ele eli minou-o completamente, substituindo-o por um pedaço de madeira de pinho em 1940. Assim nascia “The Log” (O Cepo), que foi a primeira guitarra elétrica como nós as conhecemos hoje.
Também nos anos 40, Leo Fender começou a experimentar com guitarras de corpo
sólido e nos anos 50 a compania Gibson se tornou a maior competidora de Fender na produção em massa de guitarras elétricas para o já então florescente mercado.
Nos anos 60 Jimi Hendrix e outros começaram a experimentar com o próprio som da
guitarra, manipulando-o e tirando proveito de efeitos antes indesejados como microfonia e
distorção. Hendrix ficou famoso com sua técnica de tocar bem perto do amplificador enquanto operando a barra de tremolo para criar efeitos de som nunca antes ouvidos. Outro
efeito criado por Hendrix envolvendo a barra de tremolo era chamado “dive bombing”
(bomba de profundidade?), e envolvia o uso da barra de tremolo para baixar a nota mais
baixa da guitarra ainda mais, freqüentemente forçando o instrumento a desafinar-se. Nos
anos 80 o inventor Floyd Rose iria aperfeiçoar o sistema de tremolo, tornando possível
para o guitarrista usar o efeito repetidamente.
Hoje, por causa que o som da guitarra não depende do formato de seu corpo sólido,
guitarras são manufaturadas em todas as cores, formas e tamanhos, inclusive sendo feitas
sob encomenda para acomodar gostos e idéias particulares de guitarristas. A aparência físi ca da sua guitarra diz tanto sobre você como músico e como artista quanto o seu domínio
da técnica. Algumas delas tem até 3 captadores em diferentes lugares, cada um com um
som diferente. Captadores podem ser arrumados em pares, e combinados de várias maneiras para criar as mais diversas combinações de sons. Alguns deles extendem um só íman
sob todas as 6 cordas. Outros tem um íman separado para cada corda. Alguns captadores
usam um parafuso sob cada corda, para que a altura de cada um possa ser ajustada. Quanto mais perto da corda, mais forte o sinal.
A maioria das guitarras é “passiva”, o que quer dizer que elas não emitem eletricidade
por si sós. A vibração das cordas é que produz o sinal no captador, sinal esse que é então
levado por um circuito elétrico muito simples para os amplificadores. Como aparelho, a
guitarra elétrica convencional é ao mesmo tempo extremamente simples e extremamente
complexa, sendo capaz de produzir sons extremamente diversos.
Amplificadores são na verdade tão parte da guitarra como um instrumento como as
cordas. Se voce tentar tocar uma guitarra desligada, o som que virá dela será quase inaudível. Os amplificadores para guitarras são feitos de maneira a tornar distorções um efeito
fácil de ser produzido, inclusive com o uso de tubos de vácuo e coisas no gênero.
(continua)
ULTRAVIOLET – COLUNAS
106
Deus salve a Guitarra Elétrica! (Parte 2)
Por Lucila Saidenberg, publicado originalmente em dezembro de 2002.
A maioria das guitarras é “passiva”, o que quer dizer que elas não emitem eletricidade por
si sós. A vibração das cordas é que produz o sinal no captador, sinal esse que é então levado
por um circuito elétrico muito simples para os amplificadores.
Mas até aí algumas guitarras não são “passivas”, como no caso da Infinite Guitar
(“Guitarra Infinita”) inventada por Michael Brook e tocada por The Edge da banda U2, que
pertence à classe das tecnológicamente mais avançadas guitarras “ativas”, que usam circuitos eletrônicos alimentados por uma bateria para ajudar na amplificação e para produzir
efeitos de som.
Para fazer bem simples uma primeira explicação, a Infinite Guitar usa um captador
extra no braço para criar um campo magnético que joga o tom das cordas de volta sobre si
mesmo, fazendo-as vibrar indefinidamente. O resultado é muito similar ao produzido pela
interação entre o captador e o auto-falante. Diz-se que esse efeito é uma resposta superior
ao “E-bow” (não me pergunte.), que faz mais ou menos a mesma coisa, mas requer que o
guitarrista use uma de suas mãos para segurar o aparelho, e só pode ser usado em uma
corda de cada vez. Pelo menos com o sistema da Infinite Guitar o guitarrista tem as duas
mãos livres para tocar.
Mas a coisa é mais complexa que isso: aparentemente a guitarra infinita de Brook incorpora o que foi descrito como uma “caixa preta” que tem dentro uma placa de circuitos
que age como um tipo de equalizador. O captador no braço é chamado “re-transmissor eletromagnético” e o que fica no corpo é um captador do tipo “duncan” que funciona como
um condutor. (Se você pensa que eu entendi o que eu acabei de escrever, bem. [risos]). De
qualquer maneira, esses dois mandam o sinal das cordas de um para o outro para criar o
efeito. Os captadores da Infinite Guitar são aparelhos de alta impedância, que requerem
algo como 100 volts para criar um campo magnético forte o suficiente para manter a corda
vibrando. Eu não sei o que você acha, mas a coisa toda me parece meio perigosa. (Pra você
ter uma idéia, as tomadas Brasileiras são de 110 volts).
E também existe a questão do “braço escavado” do protótipo da guitarra infinita, o
que quer dizer que a madeira entre os trastes foi retirada, criando um espaço vazio e conca vo entre eles. Isso faz certos efeitos mais fáceis de se conseguir, como por exemplo a aplicação de vibrato em notas individuais dentro de um acorde.
Brook fez apenas mais 2 ou 3 cópias de sua Infinite Guitar: uma ele deu a The Edge,
outra ao músico e produtor Daniel Lanois, e se diz que uma terceira pertenceria a Brian Eno.
Depois da invenção original de Brook outros músicos produziram sistemas semelhantes e aperfeiçoados, um admitidamente inspirado na guitarra infinita original, e outra que
se diz ter sido um desenvolvimento independente. A verdade é que a primeira patente
americana de um “sustainer” foi outorgada em 1892, mas o aparelho só se tornou viável recentemente.
Alan Hoover e Gary Osborne viram a guitarra de Brook de perto quando o U2 tocou
em Indianápolis em 1986 e Dallas Schoo, o técnico de guitarra de The Edge, deixou-os tocar algumas notas nela depois do ensaio da tarde. Eles então construiram sua própria versão de um “sustainer” (sustenidor, para os guitarristas de plantão), patenteando os refinamentos que eles fizeram, mas não os princípos básicos, que eles consideram pertencer a
Michael Brook. Um desses refinamentos foi a introdução de um condutor de baixa impedância, para que uma simples pilha seja capaz de ativá-lo. Floyd Rose patenteou um sus-
Historiadora do Rock, por Lucila Saidenberg
107
tainer magnético em 1990, e afirma nunca ter ouvido falar do dispositivo de Brook antes.
Acontece. Outro sustainer no mercado hoje em dia é o da compania Fernandes, que é o que
The Edge está usando. Ele é alimentado por uma bateria alcalina de 9 volts, que certamente parece mais segura. Por um segundo ali atrás eu estava realmente preocupada. Risos!
Os sustainers hoje em dia são produzidos em massa, como um componente de uma
guitarra já pronta ou como um kit que pode ser instalado e removido de guitarras convencionais à vontade, sem requerer mudanças drásticas no instrumento, fazendo com que guitarras mais antigas e raras possam ser convertidas sem danos. Pelo menos, isso é o que o
vendedor vai te prometer.
Do ponto de vista da minha altamente impressionável imaginação, a guitarra elétrica
é o monstro de Frankenstein que deu certo, é a eletricidade trazida à vida através da músi ca, ou a eletricidade dando vida e uma quase personalidade a um simples pedaço de madeira e umas poucas cordas de náilon.
Diz-se que elas tem “temperamentos” e até “personalidades”, elas podem ser amantes
carinhosas ou caprichosas, e guitarristas muitas vezes criam um relacionamento com suas
guitarras que é ao mesmo tempo quase romântico e quase místico, algumas vezes obssessivo, e guitarras algumas vezes ganham nomes, como a famosa “Lucille”, de BB King. Alguns
dizem que ser capaz desse relacionamento, desse caso de amor, é um pré-requisito indispensável para qualquer um que se proponha ser um bom guitarrista.
Chas Chandler, o baixista do grupo The Animals que se tornou o empresário de Jimi
Hendrix, costumava dizer que a guitarra é (ou deveria ser) como um rifle é para um soldado: Ela é a sua arma. Você come com ela, dorme com ela, a sua vida depende dela, e se ver
sem ela significa que você está em sérios apuros. Chandler percebeu que algo estava muito
errado com Hendrix no momento em que ele o viu sem sua guitarra numa festa em Londres pela primeira vez desde que eles se conheceram, anos antes. Pouco tempo depois
Hendrix estaria morto
Eu pessoalmente prefiro a idéia da guitarra como amante.
A verdade é que a guitarra elétrica encontrou uma resistência inicial de tradicionalistas quando foi inventada e introduzida pela primeira vez no mundo da música. Ela era vista como uma “curiosidade”, e havia dúvidas se ela era mesmo um instrumento musical “de
verdade”. Músicos de Country e Jazz nos Estados Unidos foram os primeiros a adotá-la e
defendê-la. O Rock & Roll entusiasmadamente a adotou nos anos 50, e já nos anos 60 guitarristas eram os heróis de toda uma geração.
Guitarras choram e gemem, elas soltam gritos de gelar o sangue ou sussurram com
carinho, elas tem “birras” como qualquer pessoa, e são capazes das mais bizarras, divertidas ou perturbadoras “conversas musicais” com outros instrumentos e até mesmo com a
voz do cantor, comentando-a ou à letra da canção. E elas transformam em heróis os rapa zes e moças que são corajosos o suficiente para enfrentá-las e talentosos o suficiente para
trazê-las sob o seu controle.
O que mais se pode pedir da maior invenção da humanidade até hoje? E é por isso
que eu digo, e repito: Deus Salve a Guitarra Elétrica!
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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As Mulheres no Rock
Por Lucila Saidenberg, publicado originalmente em janeiro de 2003.
Até agora, por toda esta série de artigos eu tenho apenas mencionado os artistas e bandas
que eu percebo como relevantes no que eu percebo como seus momentos definidores (seu
primeiro ou maior sucesso, ou até mesmo suas mortes) sem realmente fazer diferença entre os sexos. Se um artista era relevante dentro do assunto eu simplesmente jogava o seu
nome no meio e mexia bem, sem levar em consideração se era homem ou mulher.
Num mundo ideal, não haveria necessidade nehuma em fazer todo esse furor sobre
diferenças entre homens e mulheres no Rock. Só a música, a atitude e o talento deveriam
ser relevantes, e eu sinceramente espero que chegue logo o dia no qual o sexo de uma pes soa se torne irrelevante como princípio definidor do que as pessoas são e fazem para viver.
Não é isso que deveria ser importante.
Diz a lenda que um fan se aproximou de Joni Mitchell um dia para dizer a ela que ele
achava que ela era a maior compositora feminina de todos os tempos. E qual não foi a sua
surpresa quando ela se ofendeu com o elogio dele e virou as costas. Joni Mitchell é uma
das maiores compositoras de todos os tempos, e ela já então sabia que se ela é homem ou
mulher não deveria ter importância nenhuma.
Mas a verdade é que o Rock sempre foi (e ainda é) percebido como uma “coisa de ho mem”, na qual mulheres teriam um “papel secundário”, na maioria das vezes como admiradoras e espectadoras. O Rock foi inventado pelos homens, e toda a sua atitude é orientada para eles. (A guitarra elétrica mesmo é um símbolo fálico, por exemplo… O Artista Antes Conhecido Como Prince é um dos mestres desse tipo de simbolismo).
Em todo caso, uma outra verdade eh que, tanto quanto sexo, o Rock é antes de mais
nada uma “coisa de atitude”. E a boa notícia é que talento e atitude valem mais do que todo
o resto. E foi isso que fez possível para as mulheres se tornar mais do que simples especta doras passivas e empunhar uma guitarra com confiança em si mesmas. Mais do que isso, a
democracia do Rock deu às mulheres com talento mais do que o direito a uma atitude; ele
deu a elas uma voz com a qual criar sua própria versão da “contra-cultura”.
Os primeiros nomes femininos, tanto quanto eu sei, associados com o movimento
(Folk) Rock foram Joan Baez e Joni Mitchell nos anos 60. E assim mesmo o nome “Bob
Dylan” é sempre lembrado na mesma frase, como se os dois nomes das duas mulheres
“não fossem o suficiente” sem o dele. Bom, eles são mais ou menos um trio, pra falar a ver dade. Enfim… Nos anos 50 quase todas as artistas pertenciam ao Soul e o Blues, geralmente naqueles grupos vocais exclusivamente femininos como como The Supremes e The Ronettes, e o Rock era uma coisa exclusivamente masculina.
Foi nos anos 60 que as mulheres se tornaram aceitas no mundo do Rock. De repente
haviam mulheres por todos os lados. De Tina Turner a Janis Joplin, passando por grandes
nomes como a guitarrista Bonnie Raitt; as mulheres passaram a ocupar o centro do palco
com gosto.
Nos anos 70 o Rock aprendeu nomes como Patti Smith, a cantora Ann Wilson e sua
irmã a guitarrista Nancy Wilson, Chrissie Hynde dos The Pretenders, Maureen Tucker,
percussionista com o Velvet Underground, e Debbie Harry, vocalista da banda
Punk/Pop Blondie.
Eu vi o feminino como uma forma de poder pela primeira vez no começo dos anos 80,
quando eu vi o vídeo de “Sweet Dreams (Are Made of This)” dos Eurythmics pela primeira
vez. Eu nunca tinha visto uma mulher com o visual que Annie Lennox tinha naquele vídeo.
Ela era incrível, quase irreal, com seu cabelo curtíssimo vermelho-fogo e aqueles olhos
Historiadora do Rock, por Lucila Saidenberg
109
azuis, de uma cor que beirava o azul-elétrico. Eu pintei o meu próprio cabelo de vermelho
por anos por causa dela… Foi decididamente uma revelação. Outras mulheres que chamaram a minha atenção nos anos 80 foram The Bangles, The Go-Go’s, Kate Bush, Stevie
Nicks da banda Fleetwood Mac e Suzanne Vega, e Tracy Chapman, entre outras. Como eu
disse antes, os anos 80 foram um tempo tão prolífico que seria impossível dar os nomes de
todos nesse formato tão limitado…
E nos anos 90 nós tivemos (anida temos, e eu espero que ainda tenhamos por um
longo tempo) pessoas como Alanis Morissette, The 4 Non Blondes, Dolores O’Rierdan dos
The Cranberries, Courtney Love da banda Hole, Gwen Stefani da banda No Doubt, PJ Harvey, Sarah Bettens da banda K’s Choice, Sinéad O’Connor, Sheryl Crow, e Tori Amos.
A multiplicidade de nomes e a alta qualidade da música faz parecer fácil para uma
mulher “sobreviver” no ambiente do Rock, mas como em tudo mais no século 20, as mulheres tiveram que conquistar o seu lugar no mundo da música, e o processo ainda não terminou.
Como sempre, quando o assunto são as mulheres tudo fica mais complicado. A expressão “vendida” ganha todo um novo significado, assim como toda a questão da imagem.
A idéia que se tem de mulheres roqueiras, especialmente no Rock pesado, sempre foi a da
modelo “vestida” com 3 pedacinhos de lenço, e a exploração dessa imagem é maior nos vídeos. E isso é algo que muda muito devagar, com relutância, mesmo depois desse tempo todo.
Artistas mulheres estão sob a mesma pressão como todas as outras mulheres na sociedade, com a diferença que as cameras agem como uma lente de aumento, exagerando a
tudo e aumentando a pressão. Antes de mais nada, as normas da sociedade ditam que uma
mulher deve ser bonita em todos os momentos. Ela tem que ser magra, e ela tem que ser
sexy sem ser “atirada”. Ela pode até ter uma atitude, mas nunca ser “durona demais”. E
não importa quão boa seja a sua música, a sua apresentação sempre vai ser avaliada antes
de mais nada pela sua aparência física.
Para os homens um bom visual é uma vantagem, mas não uma absoluta necessidade
como é para as mulheres. Um homem pode não ser um “príncipe encantado”, mas se a sua
música é boa ele será perdoado por esse “detalhe desprezível”. Por outro lado, se uma mu lher é muito, mas muito bonita mesmo ela pode vender a sua música aos milhões, mesmo
que essa música não valha muito. Esse é o princípio no qual a indústria do Pop parece se
basear atualmente. Não importa que as britneys, shakiras e cristinas do mundo não tocam
os próprios instrumentos. Elas sabem cantar suficientemente bem, e elas sabem decididamente dançar, e elas tem uma ótima aparência na frente das câmeras… e ninguém vai se
lembrar delas em 20 anos.
Mas a tragédia não é essa. A tragédia é a manipulação da imagem da mulher pela máquina Pop de hoje que criou as britneys, shakiras e cristinas em primeiro lugar, e que está
agora mudando a maneira como as adolescentes vêem a si mesmas, e como elas definem a
beleza. As moças são levadas a esquecer que o visual das modelos é a excessão e não a norma. Mas até aí ninguém vai contar a verdade a elas enquanto elas estiverem dispostas a pagar fortunas em “dietas milagrosas”, cirurgias cosméticas e todos os tipos de cremes e roupas para tentar criar em si mesmas um visual que é muitas vezes impossível.
Eu não vejo nada errado com mulheres bonitas, é claro. Mas a imagem pura e sim plesmente não deveria ser toda a razão de ser da indústria da música. Não é assim tão difícil achar mulheres com boa aparência que são também boas musicistas. Muitas delas estão
por aí afora praticando a sua arte na obscuridade neste exato momento, mas vão ter muita
dificuldade em assinar um bom contrato com uma gravadora porque elas não têm a “aparência certa”, ou de qualquer outra maneira não se adaptam às estreitas definições que a
indústria estabeleceu para as mulheres sob a sua proteção.
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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Veja um outro exemplo, o de Blondie. Eles têm uma cantora, Debbie Harry, que é absolutamente linda, e acima de tudo o grupo realmente fez uma diferença no mundo da música e no movimento Punk. Mas parece que nem ela está imune à “tirania da imagem” do
mundo da música. Eles voltaram a tocar juntos recentemente. Debbie continua a ser uma
mulher bonita, e a música da banda continua a ser tão boa como foi no passado, Mas ela
não foi capaz de se livrar da imagem de “bonequinha” de 20 anos atrás. Ela não conseguiu
competir com sua imagem mais jovem, e a volta da banda foi encurtada por causa de um
detalhe técnico. Eu acho isso uma coisa muito triste.
Hoje em dia mulheres musicistas conquistaram uma situação na qual elas são um
pouco menos exploradas, mas a indústria da música ainda faz desnecessáriamente difícil
para roqueiras se estabelecer sem usar a sua sexualidade como peça central da sua imagem. O preconceito ainda existe, e ainda é cultivado por aqueles que têm a ganhar com
isso. O dilema da roqueira continua: como vender a sua música sem vender o seu corpo,
sem ser uma “vendida”?
A maioria das roqueiras hoje concordam que ser sexy é uma coisa boa, enquanto o
controle sobre a sua imagem está nas suas mãos. As conquistas das mulheres roqueiras nos
últimos 30 anos criaram uma nova imagem feminina: mulheres hoje em dia podem ser
sensíveis enquanto fortes, ser sexys e ainda assim ter um cérebro, e vulneráveis enquanto
permanecendo independentes. Uma mulher pode finalmente ter uma atitude sem perder
sua femininidade.
Mas um ponto crucial ainda precisa ser conquistado: e esse é a verdadeira igualdade
com os homens. O dia em que as mulheres no mundo da música conseguirem isso, o dia
em que sua música valer mais do que a sua aparência, muito provavelmente porque as mulheres em outros setores da sociedade também vão ter conquistado essa igualdade, vai ser
o dia no qual textos como o que eu escrevi agora não serão mais necessários.
Historiadora do Rock, por Lucila Saidenberg
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Rock, Roll e a fan feminina
Por Lucila Saidenberg, publicado originalmente em março de 2003.
“Sim, mas ele é casado, você sabe…”
Essas palavras estão penduradas, quase tangíveis, sobre a cabeça de toda fan de Rock
que faz jus ao nome, como uma lâmina rotativa.
Mas é tudo uma armadilha, na verdade. Uma grande armadilha, e ela é tão pegajosa
como ela é doce. Essa coisa toda da adoração das meninas pelos músicos de Rock, que é
promovida de propósito pela máquina da propaganda da indústria fonográfica para nos viciar. A armadilha é feita sob medida para brincar com os nossos sonhos mais doces e os
nossos piores pesadelos, nossas esperanças e nossas frustrações… E por quê? Para que al gumas pessoas possam fazer “algum” dinheiro da necessidade que eles criam em outras
pessoas só para vender música.
(Eu sei que essa armadilha tem uma versão que é dirigida aos rapazes também, mas
para eles a coisa funciona de uma maneira levemente diferente. Uma maneira que ainda
assim tem base na exploração da sexualidade feminina… Mas porque eu sou uma moça, eu
vou falar sobre o meu lado da experiência, e se você é um rapaz, e você está começando a se
sentir embaraçado, por favor sinta-se livre para esperar pela próxima coluna… nós garotas
precisamos “bater um papo”.)
Onde estávamos? Ah, sim: “nossas esperanças e nossas frustrações”. A mesma coisa
acontece com tudo o que é dirigido às mulheres na sociedade consumidora de hoje. As propagandas de maquiagem, as revistas de moda, as “dietas milagrosas” e as lingeries sexys.
Tudo é apresentado a nós mulheres com a intenção de nos fazer acreditar que nós absolu tamente precisamos dessas coisas para viver, e que nós não podemos passar sem elas. Parece até que nós não somos “mulheres de verdade” se nós não nos alinhamos com as modas atuais em roupas, maquiagem, peso e forma do corpo e comportamento em geral.
E é claro, isso não é uma coisa ligada apenas ao Rock. Isso é uma coisa da indústria
da música como um todo, não importa o estílo musical; é parte da “promoção” que todas as
gravadoras fazem de seus artistas. Não faz diferença se eles são casados, se eles são felizes
em seus relacionamentos, ou mesmo se eles realmente querem parecer “sexys” ou se eles
estão apenas interessados em unicamente fazer música.
Quando você se dá conta, em toda a sua volta em jornais e revistas e na TV estão imagens de um grupo de 4 ou 5 homens segurando instrumentos musicais (ou não), todos arrumadinhos e olhando para a câmera como se seu único propósito no mundo fosse parecer
bonito e/ou sexy. A idéia é a mesma que existe por trás das propagandas de cigarro que
mostram carros chiques e mulheres bonitas: “compre o nosso produto e tudo isso pode ser
seu” (e esta é a essência do lado masculino da armadilha. Isso é o que eles vendem para os
rapazes: “compre o CD, e a cantora de biquini pode ser sua também”. Realmente, beira ao
fetichismo.) Mas é claro que se você aceita a sugestão deles, tudo o que você vai conseguir é
um pouco de música agradável e uma séria infatuação com um (ou todos) de 4 ou 5 homens que você nunca viu antes na sua vida e com quem você provavelmente nunca vai se
encontrar. Você se vicia, e isso é tudo. E se você chega a ter a sorte de se encontrar com a
banda, as chances são que você vai ganhar um abraço e um autógrafo, e pronto. “Oi, linda,
eu também te amo, e não se esqueça de comprar o nosso novo CD que vai ser lançado
em breve…”
Eles fazem de tudo pra te atrair, e depois te mantêm a um braço de distância.
Aí fica fácil de entender por que existem tantas groupies e “candidatas a groupie” no
mundo do Rock & Roll. Se a banda a que você admira é composta de homens solteiros (ou
ULTRAVIOLET – COLUNAS
112
até mesmo casados) que não se importam de realizar as fantasias de umas poucas fans,
passa a ser “quase OK” (porque nenhum comportamentio sexual é realmente OK quando
as mulheres tomam a iniciativa, não é?) que elas fiquem por perto, mas o problema começa
quando eles não estão realmente a fim.
Imaginar fantasias sobre o U2 é o arquétipo do dilema da fan de Rock… Parece que
ser uma fan feminina da banda é mais divertido que ser um fan masculino, e os rapazes às
vezes se ressentem disso… Os U2ers são não apenas grandes músicos, mas também homens muito sexys. Mas o pior de tudo é que eles sabem disso, e usam o seu charme para
segurar a nossa atenção sempre que eles têm a chance… Mesmo se ele dizem que não. Eles
tentam ser discretos, não usar essa “ferramenta” demais, ao contrário de certas bandas pop
por aí, mas assim mesmo. Eles a usam. E depois que não digam que eles não fizeram nada
para merecer as nossas obcessões… E aí eles passam um bom polidor de metais nas alian ças e as deixam aparecer em primeiro plano na capa do disco. Isso é realmente um tapa na
cara de qualquer mulher que se proponha a ser fan da banda.
Até mesmo Larry Mullen Jr., o “senhor seriedade”, o baterista mais bem apessoado
do mundo (dono do rosto perfeito e do nariz dissonante), que sempre fez tudo o que pôde
para ficar fora disso, recentemente sucumbiu à máquina. Por um lado, o vídeo que ficou
conhecido como “Electrical Porn” é colírio para os olhos das meninas, uma espécie de concessão que o homem mais frio do Rock fez para as suas fans. É quase uma doce vingança,
poder vê-lo fazer com uma atriz o que nós sempre imaginamos que ele poderia estar fazen do conosco todos esses anos. Mas ele também não teria feito o vídeo se ele não soubesse
que está bem protegido pela “máquina”, se ele não soubesse que continua tão inacessível
como sempre. Como se fosse um jogo de gato e rato, na verdade.
De certo modo, isso tudo é muito cruel.
E o amor provavelmente não é o que nós estamos pensando, mas nós pegamos o que
nós conseguimos… é tudo que a gente consegue achar. Eu estaria mentindo se dissesse que
sou imune a isso tudo. Eu não sou. Eu sou tão viciada como todas as outras meninas.
E até aí esse aspécto da “máquina” tem uma outra função na sociedade. Ou pelo menos tinha, ou deveria ter. Às vezes isso é usado, como no caso das famigeradas “boy bands”,
para agir como uma válvula de escape para o tipo de pensamentos produzidos pelos hor mônios das meninas adolescentes. Dessa maneira as meninas mais novinhas (e eu devo deduzir que os meninos mais novos também) podem “ensaiar” todo o processo de se apaixonar e ter um relacionamento, em preparação para o que realmente deve acontecer mais
tarde em suas vidas, de preferência muito mais tarde, quando eles estiverem em idade de
se casar. Mas o que está realmente acontecendo com toda essa promoção da música pop
que usa a sexualidade quase que completamente sem romance, é que as crianças estão vendo nessa “promoção da música através do sexo” uma quase permissão para começar a vida
sexual mais cedo.
De qualquer maneira, no passado essa segunda função do uso da sexualidade na música costumava funcionar da maneira desejada… A escritora destas linhas lembra de muitas noites quando ela era adolescente, noites virgens e febris, noites de muito virar na cama
sem poder dormir, ao som de “With or Without You”, pensando no menino que era a minha paixão naquele mês na escola… Por sorte, a imagem dele podia ser substituída pela do
Bono, seu cabelo longo preso num rabo de cavalo, e seu violão pendurado, esquecido, de
seu ombro… A personificação da frustração romantica/sexual…
Esse tipo de fantasia era mais seguro, e a longo prazo provou ser mais sábia também:
porque o “gatinho” na escola logo perderia o seu charme e passaria a ser visto como realmente era… Ele era apenas mais um garoto. Mas o U2 nunca perdeu seu charme… Está “no
contrato”, é parte do trabalho deles. Muitos anos depois ainda é mais divertido sonhar com
eles, apesar de tudo. Mesmo depois de ter visto mais ou menos como a máquina funciona.
Historiadora do Rock, por Lucila Saidenberg
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Talvez seja por isso que a Internet está tão cheia de “estórias de ficção” de caráter sexual, hoje em dia. Nós mulheres tínhamos que fazer parar aquela “lâmina rotativa” e retomar o poder sobre os nossos sonhos e a nossa sexualidade. Sem vergonha, e sem sentimento de culpa… Mais do que tudo, escrever ou ler uma estória dessas é algo que nos permite
aliviar as nossas frustrações. E isso também nos dá um senso de “vingança”, porque é algo
sobre o qual os “personagens” das estórias não têm nenhum controle. Ou talvez seja apenas mais um simtoma da obcessão. Porque quando você já não é mais uma adolescente, e
você ainda tem essas fantasias, você sabe que você está em apuros.
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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Agora eu sei por que isso se chama uma “peregrinação”
Por Lucila Saidenberg, publicado originalmente em maio de 2003.
Shows de rock são incríveis. Eles são ótimos, e todos deveriam ir a um pelo menos uma vez
na vida, e quanto mais melhor. Certamente, é uma das “obrigações sagradas” de todo fan
de rock, seja quem for e esteja onde estiver.
Mas nunca confunda um show de rock na Irlanda, mesmo que seja um show do U2,
com uma peregrinação. Eu tive a sorte e o prazer de visitar a Irlanda, a “Meca” de todos os
fans do U2, não apenas uma, mas duas vezes. Na primeira vez eu fui para assistir o show
que eles fizeram no castelo de Slane em agosto de 2001. Grande show, que teria sido a apoteóse daquela turnê se os atentados de 11 de setembro não tivessem criado a necessidade
que a banda voltasse aos EUA para consolar os fans de lá. Um show de rock é uma experi ência inesquecível, mas não é uma peregrinação.
Uma peregrinação é o que eu fiz agora: na verdade começou como uma chance de
uma vez na vida de encontrar com uma grande amiga minha do Canadá, a Vanessa, que
passou um ano inteiro em Dublin, e de com ela assistir ao Festival Medieval, novamente no
castelo de Slane. Na peregrinação não é importante o que você vai fazer lá, mas o “local sagrado” em si. O importante é visitar o lugar, com tempo para andar pelas ruas, para conhe cer os lugares históricos, e para sentar na frente do estúdio numa época na qual os U2ers
também estejam lá.
Uma coisa que se faz muito em Dublin é andar. Leve uma roupa a prova de àgua, um
bom guarda-chuva, e sapatos macios para as longas caminhadas que você terá obrigatóriamente de fazer. E foi uma peregrinação, certamente: você precisa andar um bocado, você
precisa se perder, achar o seu caminho de novo, ir e vir muitas vezes. E aí você precisa esperar.
Mas eu estou me adiantando demais com a estória. Voltemos atrás um pouco: a primeira coisa que eu fiz em Dublin, depois de encontrar com a minha amiga, foi jogar uma
moeda na fonte en St. Stephen’s Green e pedir por bom tempo e boa sorte. E pode-se dizer
que o meu desejo foi plenamente atendido.
Pra começar, o tempo melhorou logo no dia seguinte, o que nos permitiu pegar o Dart
para ir a Killiney e passear na praia sob a casa do Bono, onde recolhemos várias pedrinhas
de formatos e cores interessantes, e depois subimos o monte para apreciar a vista, passan do na frente dos portões do Bono 2 vezes, na ida e na volta. Eu suspeito que a passagem
que permite a subida da praia à rua do Bono é menos uma escada para uso humano que
um sistema de escoamento de àgua. De qualquer maneira, os fans que passaram lá antes
de nós pintaram pixações e deixaram mensagens para o Bono por toda a extensão da passagem. O lugar é muito bonito, e vale uma visita, mas é claro que a privacidade da casa do
Bono deve ser respeitada.
Da lá nos continuamos em frente com a Dart e nossas passagens “day rambler” até
um balneáreo chamado Bray. Lá nós almoçamos Nachos e Salsa regados a Ale num pub, e
passeamos por mais uma praia cheia das pedrinhas. O engraçado é que uma das paradas
do trem suburbano, que se chama Dalkey, teve uma das placas pichadas por um gaiato irlandês que mudou o nome do lugar para “Donkey” (burrico). E “bray” é a palavra inglesa
para “zurrar”…
Historiadora do Rock, por Lucila Saidenberg
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A “sorte grande” eu tirei no dia seguinte, 6 de
maio, quando eu fui visitar o estúdio pela primeira vez.
Eu precisei esperar apenas uma hora e meia lá na frente. O Edge chegou uma hora depois de mim, e saiu para
cumprimentar a mim e a outras 2 fans dali meia hora,
depois que Sam, que trabalha no estúdio, saiu para perguntar de onde éramos, e se já haviamos estado lá antes, e para nos dizer que ia avisar ao Edge que estávamos lá.
Eu me esqueci de tirar a luva pra apertar a mão
dele, porque apesar de ser primavera lá, estava um frio
de 14 a 17 graus, e ele me olhou a princípio como se eu
tivesse caído da lua… Sorry, Edge, eu devia ter rirado as
luvas, mas a sua primavera é como o meu inverno… Luvas a parte, ele é exatamente tão humilde e simpático
como a gente sempre acreditou. Eu não achei palavras
pra dizer quase nada, mas as outras fans compensaram
pelo meu silêncio: perguntado “como vai”, ele respondeu “Vamos indo, trabalhando
muito”, mas olhando pra gente com aquele jeito de quem diz “não olhem assim pra mim,
eu não sou tão especial assim”.
Ele assinou coisas e tirou fotos, como a foto abaixo atesta, e logo entrou de novo para
continuar trabalhando duro. Segundo ele, a banda espera terminar de gravar o novo disco
no outono.
O resto da semana eu passei na cidade, passeando, visitando lugares históricos e museus, e comprando presentes
para parentes e amigos, me sentindo como a proverbial “formiga no labirinto”: cada vez que eu atravessava a cidade eu
me perdia um pouco menos. Eu só não sei se os pés das formigas doem como os meus doeram… E eu também aprendi
como atravessar as ruas como uma verdadeira dubliner: primeiro você aperta o botão no poste, depois você olha para o
lado oposto ao qual você olharia se estivesse em qualquer outro lugar do mundo, e aí você atravessa assim mesmo, com
sinal verde ou sem sinal verde, carros ou sem carros… A vida
é boa…
No Sábado dia 10, aniversário do Bono, Vanessa e eu
fomos visitar o castelo de Slane e participar do Festival Medieval. A apresentação dos “Devil’s Horsemen” foi simplesmente espetacular, e o show das Mediaeval Baebes foi muito
bonito. Elas são ótimas cantoras, e mereciam ter cantado
para mais gente. Eu acho que muito poucas pessoas visitaram o festival naquele dia, o que é realmente uma pena.
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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Depois do show nós fomos visitar o castelo em si,
e tivemos a honra de ter como guias primeiro Alexander, Lord Slane, o filho de 26 anos de Henry Conygham, Earl Mountcharles, o dono do castelo e amigo da
banda. E o Earl em pessoa foi o nosso segundo guia e
nos levou para ver o salão de festas onde o U2 gravou o
disco “The Unforgettable Fire” em 1984. Eu me senti
completamente honrada. Lord Slane é um rapaz muito
simpático, e ele tem as mãos mais bonitas que eu já vi
num homem. Se ele tivesse nos guiado por mais dois
minutos, eu acho que me apaixonava… hehe. A nossa
terceira guia no passeio pelo castelo foi uma senhora
muito simpática, que trabalha para eles. Há que lembrar que o lugar também serve de centro de convenções
e hotel, e que pode ser alugado inteiro por 13.000 Euros por noite, ou cada quarto em separado, a precos
nada baratos.
A estátua romana ao lado da qual tanto Bono
como eu tiramos fotos fica no salão de festas. Outra característica famosa do castelo é a decoração do teto do
salão de festas, que se salvou do incêndio que houve lá
em 1991 por puro milagre. Mais detalhes sobre o castelo no seguinte link: http://www.slanecastle.ie/main.htm
Eu só tenho 3 palavras para descrever esse dia que
eu passei lá: lindo, lindo e lindo.
De volta a Dublin, eu tirei o Domingo todo para
dormir. E enquanto isso parece que mãe natureza decidiu que eu tinha tido bastante sol por uma semana em
Dublin: voltou a chover torrencialmente.
E parece que, junto com o sol, foi-se a minha sorte: Bono passou a semana toda fora da Irlanda, se pavoneando em festivais de cinema em Nova Iorque e sei lá
mais o quê. Se ao menos ele estivesse promovendo as suas causas humanitárias, eu entenderia. Mas cinema, really… Quando ele finalmente voltou, os U2ers o acorrentaram dentro
do estúdio, e não o deixaram sair nem para cumprimentar os fans. Eu sei. Eu passei 10 horas inteirinhas sob sol e chuva na porta do estúdio na segunda feira, eu até falei com Sam,
mas Bono não saiu para me ver.
Paciência. Podia ter sido pior, eu podia não ter encontrado com nenhum deles. E o
Edge é tão U2er como o Bono, o Adam e o Larry. Mas de agora em diante eu me declaro
fan do Edge, pro Bono aprender a não sair pelo mundo a toda hora, que o guitarrista dele
rouba todas as suas fans… hehe.
Mas com Bono ou sem Bono, eu tive ótimos 10 dias na Irlanda. Eu encontrei minha
grande amiga Vanessa, conheci uma grande amiga da minha grande amiga, a Bárbara, que
também é um barato de pessoa, passei uma semana morando com elas e Peter, o proprietário, numa casa de mais de 150 anos de idade com direito a fantasma e tudo, apertei a
mão do Edge, visitei o castelo de Slane e passeei por Dublin até ficar com os pés doendo e
sarar de novo.
Lindo, divertido, incrível, inesquecível, difícil de acreditar, maravilhoso! Esse passeio
foi tudo o que eu sonhei que seria. Se você tiver na sua vida a oportunidade de visitar a Ir-
Historiadora do Rock, por Lucila Saidenberg
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landa, vá, e você não se decepcionará. E eu estarei rezando por vocês. Todo fan do U2 merece “fazer a peregrinação”, pelo menos uma vez na vida…
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O que o amor tem a ver com isso?
Por Lucila Saidenberg, publicado originalmente em julho de 2003.
Caros Uvs:
A coluna vai sair um pouco, desta vez, de seus temas usuais, i.e. a historia do Rock e a
minha experiência como fan do U2. Mas existe outra coisa importante que eu preciso dizer,
e este espaço é tão bom como qualquer outro na Internet, para isso.
Aos fans que fazem questão de ler única e exclusivamente sobre música eu peço que
esperem pela próxima coluna. Obrigada.
Permitam-me começar parafraseando a Sócrates , o famoso filósofo grego (ele disse
isso sobre o casamento, mesmo porque no tempo dele se você quisesse “namorar” você tinha que casar primeiro, mas dá na mesma): “Ame. Ame mesmo. Se seu amor for correspondido você vai ser feliz, e isso é uma coisa boa. Se não, você vai virar filósofo, e isso também é um coisa boa.”
Eu acho que estou virando filósofa, mas Sócrates disse que isso é uma coisa boa, e Sócrates é um homem honrado.
A grande tragédia da cultura popular atual no ocidente é o romantismo. Fala-se demais sobre o amor, em incontáveis livros, filmes, canções, artigos de jornal, etc, etc, etc.
Ninguém sabe o que é o amor, de onde ele vem, como atraí-lo, como despertá-lo,
como cultivá-lo, ou como evitar que ele acabe. E mesmo assim todo mundo fala sobre ele o
tempo todo, interminavelmente. Ninguém sabe nada sobre o amor, mas todo mundo tem
algo a dizer sobre ele. Inclusive eu, ao que parece.
Incontáveis crônicas e livros por ano, todo ano, tentam analisar, descrever, definir,
comentar, e mesmo dissecar o amor. E todos os seus autores acham que podem ensinar aos
outros algo sobre esse velho desconhecido do ser humano, o amor, quando eles mesmos
geralmente não fazem a mínima idéia de sobre o que é que estão falando. Enfim. Se outros
podem, eu também posso. E isso é o que eu tenho a dizer:
O amor não se explica: se vive. Tudo aquilo que é dissecado está fadado a morrer antes de seu tempo. Amor não se discute, e muito menos se discute com o amor: ele está pre sente, ou não está. Simples assim.
O ser humano tem medo de tudo o que ele não conhece, tudo o que ele não entende.
E para vencer o medo, o ser humano precisa capturar o objeto do seu medo, para então
tentar analisar, descrever, definir, comentar, dissecar, catalogar, pôr num vidrinho com
formol e depois esquecer. Mas o que funciona tão bem com batráquios e insetos não é assim tão eficiente quando se trata de sentimentos.
O que o ser humano, no seu afã de trazer o amor sob o seu controle esforça-se por es quecer, é o fato que esse mesmo amor é uma força da natureza, que por isso mesmo não
pode ser, nem nunca será, controlada.
Esse romantismo desenfreado está para o amor como a religião está para Deus: romantismo e religião podem ser “vendidos”, ou de qualquer maneira “empurrados” para nós
de um modo ou de outro, para nos fazer servir os propósitos de outras pessoas. Mas o amor
e Deus não estão à venda.
Parafraseando a Bono, em sua célebre definição da religião: “o romantismo é o que
fica quando o amor vai embora, e as pessoas ficam para trás, procurando algo com o que
preencher o vazio.”
Assim como Deus, o amor não exige sacrifícios e não prescreve rituais. Sacrifícios, rituais, e análises intermináveis são sinais externos, artifícios daqueles que têm medo de
Historiadora do Rock, por Lucila Saidenberg
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olhar para dentro do próprio coração, daqueles que não querem tomar responsabilidade
por aquilo que poderiam talvez encontrar dentro de si.
Do amor não se foge: o amor se aceita. Aceita-se o amor que está dentro de si, e acei ta-se o amor que outras pessoas oferecem a você. De maneira completa e sem discussão,
mesmo que não se tenha a intenção ou a possibilidade de retribuí-lo. Qualquer outra reação diante do amor é covardia, e um absoluto desrespeito. A si mesmo, à pessoa amada (ou
à pessoa que te ama) e ao próprio amor.
Em amar, em ser amado, e em dar a merecida honra ao amor dos outros se resume a
solução para o dilema da existência humana. E isso foi Erich Fromm, o famoso psicólogo e
filósofo social que disse, e não eu.
Se esse simples fato não for mantido em mente a todos os momentos, então todas as
crônicas, todos os artigos, livros, filmes e canções perdem todo e qualquer sentido e se tor nam apenas uma balbúrdia incompreensível.
Dessa balbúrdia toda, de todas essas estórias românticas que a indústria literária já
me empurrou, para mim faz sentido apenas uma frase, uma citação em latim, a única coisa
que se salva de um livro especialmente críptico, no qual me parece que até mesmo o autor
perdeu o fio da meada de sua idéia original, que me pareceu ter sido a própria citação final:
“Cras amet qui nunquam amavit, quique amavit, cras amet.”
“Que aquele que nunca amou ame amanhã, e que aquele que já amou ame amanhã também.”
Simples assim.
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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A Imagem de Bono
Por Lucila Saidenberg, publicado originalmente em outubro de 2003.
Ok, de pintura eu entendo. Não foi à toa que eu estudei arte na universidade por 3 anos,
portanto eu tenho o que dizer sobre o assunto da pintura “Image of Bono” de Louis le Brocquy, que foi comissionada pela National Gallery, em Dublin.
Como todos os fans do U2 que estão acompanhando este acontecimento sabem, essa
é uma das maiores homenagens que o governo da Irlanda pode fazer a seus cidadãos. Bono
está sendo homenageado, imortalizado mesmo, por seu trabalho humanitário e sua contribuição para não apenas a música popular, mas também à arte na Irlanda.
O renomado pintor-celebridade (e pintor de celebridades) Louis le Brocquy nasceu
em Dublin em 1916. Estudou química em Trinity College nos anos 30, e em 1938 mudou-se
de Dublin para Londres, casou-se e passou a estudar arte informalmente, visitando os
grandes museus em Londres, Paris, Veneza e Genebra. Brocquy viveu por algum tempo no
Sul da França, onde impressionistas e post-impressionistas como Monet, Cézanne e Van
Gogh também viveram e pintaram, mas foi forçado a voltar para a Irlanda quando os Nazistas ocuparam parte da França em 1940.
A figura humana sempre foi o principal tema na pintura de le Brocquy, desde os anos
30 e 40. O que mudou, ao longo dos anos, foi o modo como ele trata o assunto.
O estilo de le Brocquy é bastante eclético, mas uma forte influência do cubismo de Picasso se faz notar, principalmente nos primeiros quadros, mas na verdade ao longo de toda
a sua carreira. O site oficial do artista cita o estilo cubista do pintor polonês Jankel Adler
(1895-1949), de quem le Brocquy foi amigo, como uma importante influência nos anos 40.
Nos anos 50 a influência de Picasso “pré-cubista” (pós-impressionista) se faz sentir,
no trabalho de le Brocquy, combinada com algo do simbolismo de Marc Chagall. A partir
dos anos 60, e nos anos 70 adentro, o pintor tenta “quebrar” as influências cubistas, e trazer formas mais curvilíneas e orgânicas para dentro do seu trabalho.
Eu entendo, olhando para os demais retratos dele, de onde “Image of Bono” se origina, e porque suas imagens grotescas atraíaram a atenção de Bono e Gavin Friday, que costumavam cabular aulas, quando adolescentes, para visitar a National Gallery, onde seus
trabalhos estavam expostos. Há algo de “dia das bruxas” no seu estilo de retratos dos anos
70, que lembram autopsias, mais do que qualquer outra coisa. Seus retratos “dissecam” a
imagem representada. Nos anos 40, o pintor inclusive trabalhou como ilustrador, fazendo
desenhos de operações para uma tese sobre a região da glandula pituitária, no cérebro,
para o cirurgião Adam A McConnell.
Suas formas humanas nos anos 90 são quase completamente abstratas, em contraste
com as formas concretas de inspiração cubista dos anos 30. Eu gosto do modo como as
imagens parecem “saltar” da tela, quase tri-dimensionais, e de como as “fronteiras” entre
pintura e tela parecem se fundir, fazendo com que o médium (tinta, tela) e a idéia (imagem) se tornem uma coisa só.
A pintura “Image of Bono” me lembra algo dum quadro que Picasso pintou em 1910,
entitulado Portrait of Ambroise Vollard. A diferença é que a imagem de Bono se baseia em
formas curvas, e não cúbicas. Mas a meu ver, o princípio é o mesmo. No afâ de emprestar
movimento à imagem estática na tela, o artista a decompõe em seus elementos básicos.
Como devemos chamar a esse novo estilo? “Roundism”?.
Mas eu tenho uma notícia a dar. A pintura, como expressão, e talvez até mesmo como
técnica, morreu. Principalmente depois da invenção da fotografia e da TV, não há nada que
Historiadora do Rock, por Lucila Saidenberg
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a pintura possa contribuir para a nossa percepção de imagens, que a TV, com suas imagens
em movimento, não possa.
Sinceramente, eu não gostei da “Imagem de Bono”, que me deixou muito preocupada.
Por várias razões, a citar:
Em primeiro lugar, eu teria gostado mais de ver o retrato de Bono pintado no estilo
dos retratos de “Francis Bacon” ou “James Joyce“, do mesmo artista. Ou no estilo de “fusão” com a tela, mais recente, chamado “presença”, pelos críticos. A necessidade de se fazer
um retrato “elogioso” do objeto do estudo artístico leva le Brocquy, tão inclinado a “dissecar” quase clinicamente as suas imagens, a uma concessão perigosa, fazendo com que a
pintura “não funcione”, nem como elogio, e nem como estudo desinteressado.
A seguir, esse tipo de “devaneio lírico” se presta mais a outros médiums, como caneta
sobre papel pautado, ou notas musicais sobre o ar, que são, necessariamente, meios abstratos. A aplicação desse tratamento a quadros figurativos, sempre leva a uma “decomposição” da figura que, a meu ver, não é muito bem vinda. Aliás é esse exatamente o dilema da
pintura contemporânea, que morreu e esqueceu de cair. Se le Brocquy quer expressar “dinamismo”, que mostre a Bono cantando, de preferência junto com a sua banda.
O que me leva ao meu ponto final: a “Image of Bono” abre um precedente perigoso na
história da banda U2, sem a qual Bono não teria chegado aonde chegou, porque ela não
está representada. A “idéia” chamada “Bono”, a “lenda viva” na qual ele se transformou por
seu trabalho humanitário não é fruto dos esforços de um único ser humano, mas de quatro.
Contem-se aqui também The Edge, Adam Clayton e Larry Mullen, e mesmo um quinto ser
humano, Paul McGuinness.
Se continuar assim, a banda ainda vai ser apresentada, em suas aparições na TV e rádio, como “Bono e U2”, como a um tempo quiseram fazer com “Jim Morrison e os Doors”.
Assim como Jim bronqueou com o apresentador e exigiu ser apresentado apenas como
“The Doors”, reclamo eu: o carisma do cantor deve ser cuidadosamente cultivado para promover a banda como um todo, mas nunca ser deixada ofuscar aos outros membros.
Se eu fosse Bono, eu estaria um pouco ofendida com a homenagem um tanto “desastrada” que lhe foi prestada, na melhor das intenções.
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O Que Comem as Estrelas
Ou: The Edge e o Sorvete de Aspargo
Por Lucila Saidenberg, publicado originalmente em março de 2004.
A gente é o que a gente come.
Pelo menos, isso é o que diziam os antigos.
Mas eu tenho a impressão que muita gente ainda acredita nisso. E talvez seja até ver dade, vai saber… O “problema” é que até os U2s, recentemente, parecem ter sucumbido a
essa crença.
Comida é uma coisa que está intimamente ligada ao “estatus” social de uma pessoa.
Ao que parece, para ser considerado “chique” você não apenas precisa se vestir de uma certa maneira, ou gastar o seu dinheiro com certos tipos, marcas e grifes de comodidades (de
casas a eletrodomésticos, passando por carros e todo o resto)… para ser considerado chique, mas chique mesmo, você precisa comer sua comida nos mesmos lugares e da mesma
maneira que as outras pessoas “chiques” desse mundo.
E pra ser considerada “chique”, uma comida não pode ser qualquer comida. Receitas
conhecidas, testadas e milenares são aceitáveis apenas se forem parte da cultura culinária
da moda, ou se contiverem o ingrediente do momento, como foi o nosso maracujá (“passiflora”, para os chiques) há algum tempo atrás. No momento parecem estar sendo levadas
em conta as propriedades medicinais e curativas dos ingredientes, principalmente ervas
e temperos.
Para ser considerada chique uma comida tem que ter um quê de artístico, de inusitado, de criativo, de… de chique, mesmo. Na verdade, quanto mais esquisito, estranho mesmo, melhor.
O gosto de Adam Clayton por sushi, e a presença garantida de Bono no restaurante
V.I.P. do momento (mais para ser fotografado na compania de outros chiques do que para
comer, é a verdade) já são velhos conhecidos de fans do U2 no mundo todo.
Infelizmente, depois que o sushi virou “fast food”, produzido em série para as massas,
me parece que os chiques estão perdendo seu interesse por ele.
Mas nem por isso os U2s vão deixar de ser chiques a respeito do que comem. Afinal
de contas, não se pode passar 24 horas por dia, 7 dias por semana fazendo música ou lutando para salvar o mundo. Eles têm que parar pra comer de vez em quando. E quando
voce é uma das pessoas mais ricas da Irlanda, por mais simples que você seja dentro do seu
coração, de vez em quando há que se fazer uma concessão ao chiquê que assola o mundo
na atualidade.
Ao que parece, foi esse o caso durante a recente festa de casamento de The Edge em
18 de junho de 2002 com sua amada de muitos anos, o segundo amor de sua vida, Morleigh Steinberg.
Apresenta-se o problema: como fazer uma festa simples, pequena, privada, em casa
mesmo, mas que ao mesmo tempo passe toda a impressão possível do maior chiquê? Só
que nesse caso a “casa” é a sua residência de verão no sul da França. Mas enfim, desde que
a classe média passou a poder comprar casas de veraneio, ter uma casa dessas já não é tão
fora do usual. Além disso, “metade” do lugar pertence a Bono.
Então, como se se dá um toque elegantemente “chique” a uma festinha em família entre amigos célebres? Simples! Deixando escapar para imprensa e fans que a sobremesa
será nada menos que… sorvete de aspargos.
Historiadora do Rock, por Lucila Saidenberg
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Taí uma coisa inusitada, da qual nunca se ouviu falar na maioria das cozinhas do
mundo. E como boa fan que eu sou, dedicada a minha banda predileta, eu resolvi ser “chi que” por um dia e pelo menos pesquisar a receita de tão requintado prato.
O que provou ser uma tarefa difícil. O negócio é tão chique, mas tão chique mesmo,
que o tal sorvete de aspargos tem marca registrada, e a receita parece ser um daqueles segredos de estado que são mantidos escrupulosamente longe da Internet. Aliás, já soube de
casos cabeludos onde informações secretas e códigos de software acharam seu caminho
para as páginas públicas da Internet em questão de minutos, o que torna o nosso elusivo
sorvete de aspargos algo muito, mas muito especial e secreto mesmo. Tem coisa mais chique que isso?
Mas, para uma boa “arqueóloga internética” que sou, não vai ser uma simples receita
que vai se esconder de mim entre as muitas páginas da Net, que a cada dia que passa fica
mais parecida com uma grande torta de “massa folhada”.
A receita que eu achei talvez não seja exatamente aquela que foi feita especialmente
para a festa de casamento do Edge, mas é chique o suficiente. Tanto, que vem com o nome
do chefe que a criou, Chef Meinrad Neunkirchner, e o nome de seu restaurante, Academie,
em Viena, na augusta Áustria.
Chama-se Aspargos Doces com Morangos e Sorvete, e prepara-se da seguinte maneira:
Serve 4.
Pra começar, chefe Neunkirchner nos ensina a preparar um exótico e delicado sorvete
de cor verde-clara com uma erva chamada “Mouron dos Pássaros” (ou Stellaria Media, em
seu nome científico, ou ainda “chickweed”, para os não tão chiques de fala inglesa), que parece ser bastante comum na culinária européia, mas considerada mato nas Américas.
Aliás, a tal erva é tão chique, mas tão chique mesmo, que é citada nos diários do Im perador D. Pedro II, lembrados numa matéria do Jornal de Petrópolis. Em seu texto, nosso
ex-monarca comenta que, em seus livros, o francês Saint Hillaire conta que a teria visto
crescer no alto da Serra da Piedade.
Por esse motivo, o chefe logo nos tranqüiliza, em seu artigo, e roga a nós amadores
substituir o sorvete por pistache. Mais ou menos 500 gr de sorvete de pistache. Menos mal,
mas menos chique também…
E aliás de novo, na minha pouco chique opinião de leiga, eu diria que outra substitui ção possível seria sorvete de baunilha, que, afinal de contas, vai bem com tudo.
Em todo caso, para os mais ousados, aí vai a receita do tal sorvete:
Sorvete de Mouron dos Pássaros:
Dois maços de Mouron dos Pássaros
1 copo de leite
1 copo de creme de leite (desses usados pra fazer chantili)
4 gemas
1 ovo inteiro
1/2 meio copo de açúcar
Para fazer o sorvete: Passe o vejetal pelo liquidificador com um pouco d’àgua para fazer 1/4 de copo de suco de Mouron (para os íntimos) . Ferva o leite e o creme juntos numa
panela de fundo grosso sobre fogo médio. Numa pequena tigela, bata juntos o açúcar e os
ovos. Misture uma colherada generosa do leite quente ao ovo batido, e depois lentamente
adicione os ovos ao leite quente, misturando gentilmente. Ponha a mistura em banho maria numa panela com àgua fervendo e cozinhe até que esteja grossa o suficiente para cobrir
as costas de uma colher. Passe o suco de Mouron por uma peneira fina, e em seguida misture ao creme na panela. Congele num fazedor de sorvete, de acordo com as instruções do
fabricante. Guarde no congelador.
Isso, só pra começar.
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Em seguida ele apresenta a receita dos aspargos, propriamente ditos. Ele não explica,
mas eu tenho a impressão que os aspargos aqui citados são os da variedade fresca, vendidos a preço de ouro, refrigerados na seção de verduras de supermercados chiques. O nosso
mais humilde aspargo enlatado é pré-cozido, e a receita dos fabricantes contém sal, o que o
tornaria inapropriado aos nossos chiques desígnios.
Aspargos Doces:
1 copo de vinho branco seco
1 copo d’àgua
suco de 1/2 limão
1/2 copo de açúcar
12 morangos grandes, limpos e cortados em quartos
12 peças de aspargos brancos, descascados
1/4 copo de Cointreau ou outro licor com sabor de laranja
1 colher de sopa de açúcar de confeiteiro
1 copo de pistaches moídos
Para preparar os aspargos: Ferva juntos o vinho, àgua, suco de limão e açúcar. Adicione cuidadosamente os aspargos ao líquido e cozinhe por 3 minutos. Adicione metade dos
morangos e continue cozinhando por mais 2 minutos, ou até que o líquido tome a cor dos
morangos. Remova os aspargos e ponha sobre toalhas de papel para escorrer o excesso de
líquido. Remova os morangos e passe por uma peneira fina para criar um purê. Combine o
Cointreau, mais 1 colher de sopa do açúcar de confeiteiro e o purê numa tigela média. Adicione os morangos restantes e reserve para marinar por 5 minutos.
Para servir: Tire os pratos de sobremesa que tinham sido guardados na geladeira
por algumas horas. Ponha 3 aspargos quentes em cada um. Com uma colher, espalhe sobre
eles o molho de morangos. Ponha uma bola de sorvete do lado. Espalhe o pistache moído
do outro lado dos aspargos.
Bom apetite.
E é claro que uma sobremesa tão chique só pode vir acompanhada de uma taça de
champanhe, nada menos.
Garçon, uma cidra, por favor!
E um “sunday” de baunilha e cereja com chantili e molho de caramelo, que é o sorvete
mais chique que eu me arrisco a tomar.
Quanto ao sorvete de Arpargos, bem, eu tenho certeza que The Edge e seus amigos
sabem tão bem quanto nós que brincar de ser chique de vez em quando é uma coisa boa, e
ajuda a fazer da vida uma aventura mais divertida.
Historiadora do Rock, por Lucila Saidenberg
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O Show Perfeito
Por Lucila Saidenberg, publicado originalmente em fevereiro de 2006.
Eu não costumo escrever sobre “fatos recentes”, mas como os shows do U2 que acabaram
de acontecer no Brasil vão certamente entrar para a história do rock internacional em terras tupiniquins, lá vai.
Não é ufanismo, nem puxassaquismo meu aos meus amigos brasileiros, e nem uma
tentativa de me gabar às custas de fans que ainda não assistiram a shows da banda lá fora,
mas dos 3 shows do U2 que eu já assisti na vida, o do dia 20 de fevereiro em São Paulo foi
o melhor. Pop Mart Tel Aviv foi muito tenso. Não importa o quanto tentaram, Bono e a
banda não conseguiam relaxar e se entregar ao próprio show, cada um por seus motivos. O
Show no castelo de Slane foi lindo, mas muito triste. O pai do Bono havia falecido 3 dias
antes, e eu imagino a dificuldade que deve ter sido para ele fazer um show, de luto e tudo.
Já o show de segunda feira, a meu ver, foi perfeito. A banda inteira em ótima forma,
Bono com a voz impecável, e nenhuma “nuvem escura” pairava sobre a atmosfera do show,
pelo menos durante o mesmo. Foi pura música, beleza e alegria. O tipo da coisa que me faz
sentir tão feliz e com o coração tão cheio, que não há espaço nem ao menos para lágrimas
de felicidade. Aliás, o clima do show imitou o das condições atmosféricas daquele dia:
qualquer ameaça de “mau tempo” provocada pela péssima organização foi logo afastada
pelos “ventos favoráveis aos fans” da própria banda.
E “ameaças” não faltaram. Se nada pairava sobre o show em si, em volta ficou uma
espessa cortina de fumaça e espelhos.
Para começar, temos a própria venda de ingressos: descontrolada no primeiro dia, fez
com que muitos ingressos fossem parar nas mãos de trapaceiros e cambistas, além dos defeitos em máquinas que deixaram muitos fans furiosos nas filas. Já na segunda vez, que eu
mais gostei da venda pelo telefone foi o fato de ter lido hoje nos jornais online que os cambistas foram efetivamente driblados, e haviam poucos ingressos disponíveis nas mãos deles
para o segundo show. Tanto, que eles tiveram que recorrer a outras formas de desonestidade em cima do tema “ingresso”, para conseguir dinheiro dos poucos fans a quem eles conseguiram enganar.
Mas foi só no dia anterior ao show, conversando com outros fans no maravilhoso
pocket show da U2-Cover, que eu entendi o tamanho da canalhice dos (des)organizadores,
e sua total ignorância e falta de respeito com a banda e sua ideologia “inclusiva”. Ao que
parece, eles ainda estão sob a influência do preconceito arrogante (o “ranço geracional” tão
sabiamente identificado pela jornalista Sylvia Colombo da Folhateen, em sua bem equilibrada coluna intitulada “Demagogia não diminui os méritos de Bono”, quando comenta a
superficial coluna do editor da Ilustrada Marcos Augusto Gonçalves, intitulada “Bono personifica a chatice da incorreção política”) que vê a shows de rock como puro comercialismo, a bandas como pseudo-artistas ávidos por fama a qualquer preço e a fans como babacas alienados.
Primeiro, foi o boato que os ingressos para a “Hot Area” seriam vendidos a 1000 reais
a unidade. A mim parece que nossos organizadores, imbuídos dessa cultura de celebritismo deslumbrado e exclusão endêmica existente no Brasil, viram esse “espaço reservado” e
o interpretaram de acordo com os próprios interesses. Que bela chance de ganhar dinheiro
às custas dos outros, não?
Depois, quando a banda fixou os preços e a chance (real ou não) de ganhar 1000 reais
por pessoa na “Hot Area” voou pela janela, aparentemente foi decidido que então a àrea
em questão (no estilo do show dos Rolling Stones, aliás organizado pelos mesmos que fize-
ULTRAVIOLET – COLUNAS
126
ram o show do U2) ficaria reservada para celebridades, como atores, esportistas e outros
VIPs, a exemplo de ganhadores de sorteios e concursos. Nunca os elitistas iriam sequer
pensar em deixar uma àrea tão nobre do espaço à disposição de “gente comum”… Novamente a banda intercedeu a favor de seus fans, e o espaço foi finalmente aberto aos primeiros 3 mil que conseguiram correr rápido o suficiente (esta que vos escreve inclusive, viva!),
apesar dos pedidos insistentes dos bombeiros por “calma, pessoal”.
E assim, fans comuns e celebridades tiveram o “privilégio” de assistir juntos ao maior
show da terra. Se bem que eu vi um “VIP” ou dois fazendo aquela carinha de nojo que só os
novos-ricos conseguem fazer, quando perceberam que teriam de assistir ao show no meio
do “povinho”. Mas a recíproca também é verdadeira: um fan ao meu lado comentou maldosamente que um certo ator de TV (do meu outro lado) devia estar “bêbado ou drogado”,
só porque estava curtindo o show com a mesma cara embevecida do resto dos fans. Foi
nessa hora que me caiu a ficha, e eu finalmente entendi o tamanho do abismo que separa
as classes sociais em nosso país, e o tamanho do trabalho que ainda teremos, Bono incluí do, se realmente quisermos erradicar a pobreza no mundo.
Será que a geração dos nossos pais, que tinha por volta de 20 anos de idade nos anos
60, e que viveu junto conosco os anos 80, estava tão ocupada olhando para seus próprios
umbigos que não entendeu as duas importantes revoltas culturais, diretamente ligadas ao
rock e à cultura Pop, que aconteceram nessas épocas? Como é possível viver numa sociedade onde a música popular e os artistas que a produzem são tão carregados de ideologias e
se manter cínicos aponto de não aprender nada, e interpretar a tudo como mera demago gia? Ou será que são apenas alguns dos jornalistas e certos intelectuais? Seria a memória
humana realmente tão curta assim? Graças a Deus eu posso dizer que meus próprios pais
nunca foram hippies, mas são cabeças o suficiente para ter assistido com empolgação à
apresentação de Paul McCartney no Live 8, e para gostar da música do U2 e entender per feitamente o que os discursos de Bono significam. Portanto, nem todos os membros da geração enterior à nossa são caretas. Mas em compensação, aqueles que o são…
Fica aqui a lição, para quem quiser aprender: pode ser que Bono peque por uma certa
demagogia regada à necessidade de ser diplomático, mas suas energias estão voltadas na
direção certa. Talvez os métodos da nova geração sejam falhos, por falta das ferramentas
corretas, mas são os únicos que temos para lutar pelo fim dos males que afligem o nosso
mundo, como a pobreza, a degradação ambiental e a desigualdade social. Talvez haja uma
certa alienação em ser fan de uma banda de rock, mas todos têm o direito de ser felizes, e
de escolher a melhor forma de sê-lo. Nós fizemos a nossa escolha. Resta aos outros respeitá-la.
Enfim. Graças a Deus, tão logo o show começou, todo o sofrimento pessoal dos fans
foi esquecido. As longas filas para comprar ingressos, e depois entrar no estádio, as falhas
na organização, as tentativas de exclusão, as queimaduras de sol, os preços salgados, os
cambistas… tudo foi deixado para fora. O sacrifício valeu à pena. Os valores nos quais acreditamos venceram, mesmo que apenas por algumas horas.
E isso, o show perfeito, a beleza, a esperança, a magia e a música, ninguém vai conseguir tirar de nós.
Historiadora do Rock, por Lucila Saidenberg
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Por que é impossível fazer pouco do trabalho humanitário de
Bono e manter a própria credibilidade.
Por Lucila Saidenberg, publicado originalmente em março de 2006.
Desde a coluna anterior eu venho pensando: eu fui tão eficiente em apontar o dedo para
aquelas pessoas que tentaram fazer com que Bono, o U2 e seu show parecessem ser menos
do que realmente são, que me esqueci que quando se aponta um dedo, em qualquer dire ção, três outros de seus próprios dedos apontam de volta para você.
Talvez seja oportuno dar aqui uma explicação do porquê Bono e seu trabalho são tão
importantes, e por quê não podem mais ser ignorados ou ridicularizados, como alguns ainda tentam fazer. E eu imagino que tentem fazer isso partindo de velhos preconceitos a respeito de uma mítica “alienação” dos jovens e de seus ídolos musicais, ou talvez de um
medo que as elites têm de toda tentativa de tomada de consciência por parte das “massas”,
o que poderia levar a uma muito temida tentativa de tomada de poder “pelos pobres”.
Qualquer que seja o motivo, ignorância ou cinismo, do preconceito de certas pessoas contra líderes populares, não adianta apenas apontar dedos sem pelo menos explicar o porquê.
Uma coisa é certa: ninguém pediu a Bono que fizesse coisa alguma, mas a verdade é
que alguém precisava fazer alguma coisa, e ele foi a pessoa que achou em si mesmo e nos
contatos à sua volta a força moral e as ferramentas para fazer esse trabalho. Ele era, e ainda é, a pessoa certa no lugar certo, e é isso que importa.
Vejamos:
Se o U2 tivesse tocado no Live AID em 1985 e Bono não tivesse ido à África, bastaria.
Se Bono tivesse ido à África mas isso não tivesse mudado sua vida, bastaria.
Se mudasse sua vida, mas Bono não virasse ativista, bastaria.
Se virasse ativista mas não tivesse falado com Jeffrey Sachs, George W. Bush e o
Papa, bastaria.
Se Bono tivesse falado com todas essas pessoas (entre outras) mas não tivesse ido ao
G8 e ao Fórum Econômico Mundial, bastaria.
Se tivesse ido ao FEM e não tivesse lançado “Edun” e “Red”, também bastaria…
Bastaria para nós fans, que nunca exigimos de Bono ativismo algum mas o apoiamos
a cada passo do caminho. Mas é claro que para o próprio Bono, nada disso basta. O que ele
quer é ver a extrema pobreza erradicada do planeta o mais rápido possível, e nesse sentido
serão necessários todos os esforços de todos os envolvidos em potência máxima, se quiser mos ver algum resultado um dia.
Olhando para trás, eu sinceramente considero um disparate e uma teimosia que chega às raias da burrice a posição de certos jornalistas e pseudo-intelectuais terceiro-mundistas, que ainda ousam criticar e ridicularizar o trabalho humanitário do cantor do U2. O
compromisso que Bono tem com a procura de uma solução para a crise mundial da AIDS,
da fome e da pobreza já foi classificado de “real e persistente ao longo dos anos” por gente
como Katherine Marshall, que é nada menos que Diretora do Banco Mundial.
E que anos foram esses? Vamos tentar recapitular:
Em 1998, após mais de uma década de comprometimento com a luta contra a pobreza na África, ele aceitou um chamado do movimento intitulado Jubilee 2000 (hoje “Drop
the Debt”) para participar de um projeto ambicioso: persuadir, em menos de 2 anos, aos
governos mais ricos e poderosos da terra a cancelar a dívida externa de dezenas dos países
mais pobres do mundo, localizados em sua vasta maioria na África. O plano era deletar es sas dívidas, que por causa dos altos juros haviam se tornado impossíveis de pagar, no ano
2000, com a ajuda de um processo aberto, justo e transparente.
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Depois, estabelecer uma nova disciplina para empréstimos que evitasse que as dívidas chegassem a valores altos demais novamente. Um bom plano, que ainda não foi implementado completamente e até mesmo falhou em alguns pontos, mas que também teve alguns sucessos.
Isso foi antes, inclusive, do Pacto Global lançado pela ONU em 2000 (quando ficou
claro que o “Movimento do Milênio” não teria o resultado esperado mas também não poderia ser interrompido), que estabeleceu metas para a diminuição da extrema pobreza no
mundo até 2015.
A partir daí, Bono “adotou” o Prof. Jeffrey Sachs, de Harvard (que adotou o Jubilee
2000), e aprendeu Economia com ele, que enviava faxes com números e explicações a Dublin às 9 da manhã, o que significava que Sachs estava acordado nos EUA às 4 da madrugada.
Bono passou o ano de 1999 praticamente todo em Washington, fazendo o lobby do
Jubilee 2000 com qualquer um que quisesse escutar, e especialmente com aqueles políticos em lugares-chave que menos queriam ser persuadidos. A todos eles, encantou com sua
capacidade de persuasão, e seu completo conhecimento da causa, seus números, e teorias
econômicas sérias para a solução do problema. E não era como ele não tivesse trabalho
musical a fazer no estúdio do U2.
E ele não parou por aí! Com o esperado não-perdão de todas as dívidas da África no
ano 2000, Bono criou sua própria ONG, a DATA, que tem uma agenda clara: promover o
fim das dívidas, a cura da AIDS e a inserção do continente africano na economia mundial
em condição de igualdade, em troca de democracia, responsabilidade fiscal e transparência
dos governos africanos beneficiados.
Desde então ele voltou com força total ao lobby, se aliando a figuras de peso internacional como Bill Gates e Tony Blair, Primeiro Ministro da Grã-Bretanha, forjando amizades, como a do Secretário Geral da ONU, Kofi Annan, sendo indicado para o prêmio Nobel
da Paz por três vezes seguidas, e virtualmente colecionando prêmios e menções honrosas
por seu trabalho em prol de pelo menos duas das métas do milênio: a erradicação da fome
e da pobreza, e a cura de doenças como a AIDS e a malária. E ainda arruma tempo para
compor música de boa qualidade, gravar discos e fazer shows com o U2 no mundo inteiro.
Como se não bastasse, Bono ainda partiu das palavras à prática, e passou a idealizar
produtos de Responsabilidade Social Empresarial, como a marca de roupas de luxo EDUN,
em conjunto com sua esposa Ali e o estilista Ronan Grégoire, que visa combater a explora ção de trabalhadores do terceiro mundo (América Latina e África) na indústria têxtil e promover o comércio justo de seus produtos e a linha “Red” de produtos de grifes famosas,
que reverte parte dos lucros para o combate à AIDS.
Se Bono fosse o oportunista que alguns tentam pintar, ele teria ficado no estúdio escrevendo lindas e emocionadas canções a favor dos pobres e assinando cheques. Mas não,
ele foi lá, falou com os políticos, com diretores das mais importantes instituições econômicas do mundo, se tornou presença constante e bem-vinda em palácios de governos como o
Americano e o Britânico e instituições conceituadas como o Fórum Econômico Mundial,
falou com a imprensa, conscientizou, mobilizou, sensibilizou, e conseguiu fazer com que
uma discussão que antes era puramente acadêmica se tornasse parte da pauta da maioria
das agências de notícias no ocidente, e assunto de debate em muitas comunidades de jovens na Internet, algo tão conhecido e bem-compreendido pelas pessoas nas ruas das grande cidades quanto por seus governantes.
O que me deixa pasma é que as pessoas que atuam a esse nível de “governo global”
não são bobas. Elas sabem exatamente como identificar e afastar pessoas que não são sinceras, ou que estão lá apenas para tentar “aparecer” às custas delas. Se Bono fosse um desses oportunistas, interessado apenas em se promover à custa de outros, ele já teria sido banido dos altos círculos pelos quais transita, e caído em desgraça. O simples fato que ele ain -
Historiadora do Rock, por Lucila Saidenberg
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da é bem-vindo à presença de grandes líderes, e ainda recebe prêmios como a Medalha Pablo Neruda no Chile, Embaixador da Consciência da Anistia Internacional, e menções
como Pessoa do Ano de 2005 pela revista Time vêm apenas provar que Bono é um ativista
sério e comprometido com sua campanha em prol da África.
Minha opinião é que a intenção e o empenho são válidos e o plano do Bono é bom,
mas depende demais da boa vontade de líderes políticos a quem um desenvolvimento maior de regiões como a África (uma “tomada de poder” por parte dos mais pobres) não inte ressa do ponto de vista econômico, e esse é o único ponto de vista que realmente importa
no mundo de hoje.
Por mais persuasivo que Bono seja, apenas o lobby junto aos líderes mundiais talvez
não seja suficiente para mudar a situação do mundo. Mas talvez seja aí que entram as pessoas comuns e os jovens da Internet, aquelas pessoas que têm o direito e o dever do voto, e
que pelo seu voto consciente podem realmente mudar coisas.
O Brasil está entrando em ano de eleição. Pensem nisso.
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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Entrevista a mil por hora
Por Lucila Saidenberg, publicado originalmente em junho de 2007.
Lembram do tempo em que a Internet ainda era chamada de “Information Superhighway”
(“super-estrada da informação”, numa tradução livre)?
Poisé. Outro dia me senti assim. Não me perguntem como, mas eis que, nas minhas
“pedaladas” pela Net, eu acabei dando uma “trombada virtual” com ninguém menos que…
o homem que foi o motorista do U2 durante a mais recente passagem da banda pelo Brasil.
O nome dele é Carlos Eduardo, ou Cadu, para os amigos.
Desde que o conheci já cheguei a trocar algumas palavras com ele, que é sempre muito bem educado e atencioso, mas que nunca tem muito tempo para conversar. E como a
minha curiosidade é muita, resolvi fazer esta entrevista. Assim, dou a ele a chance de res ponder às minhas perguntas com calma, e aproveito para escrever uma coluna para a UV.
Isso é o que se chama unir o agradável ao agradável… (risos)
Certamente, a história dele irá interessar a vocês tanto quanto a mim. Assim sendo,
vamos às perguntas:
UV: Antes de mais nada, o básico: cidade onde mora, idade, estado civil, tipo físico
(altura, cabelos, olhos)?
Cadu: Moro em São Paulo, tenho 42 anos, solteiro, 1.80m, 79 kg, não sou um atleta,
mas tambám não sou gordo. Olhos castanhos claros e os cabelos já estão clareando…rsrs
UV: Tem algum hobbie, pratica algum esporte?
Cadu: Malho todos os dias (mas não sou bombado… odeio), corro, nado e já pratiquei automobilismo por 9 anos.
UV: O que você faz da vida, quando não está dirigindo para o U2?
Cadu: Sempre fui do Mercado Financeiro. Hoje sou Diretor Financeiro.
UV: Soubemos que um dos requisitos para se trabalhar para o U2 é saber falar inglês
muito bem. Onde e como você aprendeu inglês? Viveu no exterior? Onde, por quanto tempo?
Cadu: Bom, morei na Inglaterra por um ano e no meu trabalho sempre tive muito
contato com investidores estrangeiros, o que me deu muita fluência na língua.
UV: Como, exatamente, você chegou ser contratado pela banda? Certamente, não foi
respondendo a um anúncio de jornal… ou foi?
Cadu: Sempre que conto essa estória ninguém acredita, mas é a pura verdade. E não
irei “inventar” uma só para que as pessoas acreditem. Lá vai… Tenho um grande amigo que
tem um primo que sempre trabalhou com transporte de executivos, etc… Um dia ele foi
buscar uma churrasqueira emprestada com ele e comentou que estavam precisando de
pessoas para trabalhar na turnê da Banda. Esse meu colega não podia ir (por vários motivos) mas mencionou o meu nome. Na semana seguinte eu fui visitar esse colega, que foi
justamente o dia que o primo dele foi devolver a tal churrasqueira. Daí nos conhecemos,
ele comentou rapidamente o que era (não fazia idéia de que iria ficar com o pessoal da ban da, já que foram várias pessoas e muitas só levaram bagagem ou o pessoal da técnica). Passei por uma leve entrevista e foi marcado o dia para nos reunirmos. Ai me disseram: “Você
vai guiando aquele carro ali”. (Minha vontade era só a de ver o show, juro.) Fomos para o
aeroporto e uma hora depois Mr. Adam Clayton entrou no carro com uma assistente e um
segurança, com quem fui conversando no trajeto. Depois desse dia, me escolheram para ficar diretamente com o Bono. Quando foram para a Bahia, o Adam Clayton ainda ficou
mais uma semana aqui em SP e pediu que eu lhe acompanhasse, e claro… aceitei.
UV: E como foi a experiência? Como são eles, no papel de patrões?
Historiadora do Rock, por Lucila Saidenberg
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Cadu: Em momento algum senti esse papel de patrão. Todos foram muito educados
e chegamos até a dar umas risadas dentro do carro. Todos simpáticos (cada um a sua maneira). O Bono fez algumas perguntas sobre a cidade e inclusive pediu um auxilio no Portu guês dele, já que iria falar algo no show. Foi dai que saiu a frase “Brasil, prontos para
o Hexa”.
UV: Nós fãs temos certas “crenças” acerca dos membros da banda, como pessoas:
por exemplo, Larry seria o mais “rabugento” enquanto Adam seria o mais simpático. Isso
se confirma? E sobre os temperamentos de Bono e The Edge, o que você tem a dizer?
Cadu: Vou falar dos que tive mais contato. O Bono é uma pessoa adorável, mas como
o assédio é muito grande o ambiente fica um pouco estressante, fora isso está de bem com
a vida. The Edge estava com um problema familiar e eu respeitei, ou seja, quase não conversei com ele, apenas ouvi (até porque não tinha como não ouvir) a conversa dele com o
Bono a caminho do estádio. Larry, conversei muito pouco pois não saia do celular, mas
amigos me disseram que também é muito simpático. Já o Adam, com quem fiquei bastante
tempo, é uma pessoa fantástica. Ao contrário do que pensam, ele é bem simples, e “low
profile”. Eu o levei para fazer algumas compras e ele foi de chinelo… muito, muito simpático realmente.
UV: Que anedotas/estórias você pode nos contar sobre eles? Algo curioso ou divertido que você tenha presenciado?
Cadu: O Bono tentando falar Português foi engraçado. Havia tido o show dos Stones
no Rio uma semana antes e durante a “aula de Portuguê” dei uma frase que iria no calcanhar dos Stones… ele riu e disse “aí já é demais”.
UV: Você ainda mantém contato com alguém da banda?
Cadu: Tive por um bom tempo com o Adam, mas já faz um bom tempo que não trocamos e-mails. Foi mais por causa de um favor que lhe fiz aqui, só isso.
UV: Você se considera fã do U2? Tem algum CD deles em casa? Qual sua canção predileta do U2?
Cadu: Ahh sim, claro sou super fã, tenho vários CD’s e a música que eu mais gosto
é ONE.
UV: Qual a sua impressão a respeito dos fãs da banda, e do nosso comportamento
durante aqueles dias?
Cadu: É incrível o que uma adolescente de 15, 16 anos é capaz de fazer. Chora, grita,
berra e até se joga na frente do carro. Não adianta voce dizer para elas irem para o estádio
e garantirem um bom lugar (o que seria melhor do que ficar na frente do hotel naquele sol
escaldante). Mas de maneira geral o comportamento dos fãs foi bem normal. Excessos
existem em qualquer lugar!
UV: Há mais alguma coisa que você queira nos dizer?
Cadu: Agradecer a oportunidade de poder compartilhar essa estória e torcer para
que na próxima visita da Banda eles se lembrem de mim!!!
Mil vezes obrigada por suas respostas.
Esperamos que esse seja o início de uma grande amizade entre os fãs e um motorista
muito especial.
U2 For Girls, por Rafaela Comunello
U2 For Girls, por Rafaela Comunello
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Não só músicos, mas HOMENS!
Por Rafaela Comunello, publicado originalmente em outubro de 2001.
U2 For Girls. Sugestivo, não acha? Pois estou inaugurando uma nova coluna aqui na Ultraviolet, direcionada às mulheres fãs da banda. Este nome, ‘U2 para garotas’ surgiu há mais
de três anos, quando pretendia fazer uma webpage com este nome para as fãs da banda.
Por vários motivos a página acabou não saindo, mas a idéia ficou e o manifesto feminino
das fãs da banda você pode encontrar aqui, quinzenalmente.
Às vezes quando se fala de uma banda de rock, algumas pessoas têm a mania de dividir os fãs em duas categorias: os fãs homens, adoradores da música e da personalidade do
próprio artista e as fãs mulheres, que gritam, choram, acham lindos, colecionam as fotos
mais bonitas e a música acaba se tornando até um mero detalhe. Isso pode até existir, mas
não necessariamente com as fãs do U2. Nós também adoramos as músicas, letras, ações e a
personalidade da banda. Mas não vejo problema algum em achar alguns deles charmosos!
Muito pelo contrário.
Já fui muito criticada por admirá-los desta maneira. Alguns, até mulheres, chegavam
a dizer que eles não faziam parte de nenhuma ‘boy band’ (apesar de que o Bono nega até a
morte) para eu chegar a desejar a eles. Pois desejo sim, acho os U2ers charmosos, bonitos e
mais. Então tomo o direito de falar sobre os desejos e vontades das fãs mulheres (ou… até
homens! Qual o problema?) da banda.
Longe de mim querer criar alguma guerra entre os sexos, mas que levamos vantagem
na hora de nos comunicar com algum integrante da banda, levamos. Porém, se você procurar pela internet, só vai encontrar sites e fanzines muito unissex, relacionados a uma opinião independente de quem está lendo. Em pleno século XX, com a total mudança de com portamento de ambos os sexos, nós temos o total direito de termos uma visão feminina da
banda. Então essa coluna é direcionada àquelas que, não satisfeitas com o ‘produto’ nacional, foram procurar nas terras irlandesas e encontraram o melhor possível. Não queremos
saber de demagogia barata, dizendo que eles não sabem quem nós somos. Quem disse que
me importo? Pra mim eles são muito importantes e de um modo ou de outro sei que eles
sabem que vários fãs alucinados se encontram abaixo da linha do equador, no país do samba e futebol.
Mas não é só isso que uma fã do U2 acha da banda, acredite, não é só nos belos olhos
azuis do Bono que prestamos atenção. Prestamos muita atenção nas letras, no modo de tocar, nas entrevistas que eles dão. Porque se eu vou dedicar tanto tempo (e dinheiro) a eles,
que seja por completo. A sorte é que os integrantes do U2, além de formarem uma banda
que toca muito bem e escreve músicas lindas, são bonitos. Eu costumava ter uma teoria de
que aquele recado no mural de mensagens deixado pelo Larry em 1976 na Mount Temple
na verdade foi deixado pelo Paul McGuinness, procurando caras de jeitos e tamanhos dife rentes para agradar a toda a platéia feminina. Claro que isso não é verdade, mas que eles
conseguiram juntar a fome com a vontade de comer… ah! se conseguiram…
Enfim, pode criticar à vontade! Pode apoiar também. Sei que existem várias meninas
pelo mundo e no Brasil que acham a mesma coisa e têm vergonha de confessar seus senti mentos. Pois confesse, porque aqui é o espaço das garotas, meninas, mulheres fãs do U2
representadas por mim, uma outra fã que adora eles de paixão!
E sem querer plagiar ninguém, darei uma sugestão de música a cada coluna, daquelas
que foram escritas para nós. Esta semana começamos bem românticas. Pode confessar,
você também tem uma pontinha romântica… ‘If you Wear That Velvet Dress’.
––––––setembro de 2001, por Rafaela Comunello
ULTRAVIOLET – COLUNAS
134
‘É tudo sobre bateria’. E o baterista também!
Por Rafaela Comunello, publicado originalmente em outubro de 2001.
Em 1998, quando a banda veio ao Brasil pela primeira vez (oficialmente, claro), alguns jor nais cariocas e até nacionais anunciaram que Larry Mullen Jr tinha deixado o hotel à tarde
para ir a um shopping da alta sociedade carioca para ir malhar. E os fãs foram atrás.
Em uma entrevista em alguma época da carreira, Bono confessou que o Larry era o
queridinho das professoras na época de colégio por ser o mais bonitinho da classe. Além de
sua beleza, o próprio Larry, em um momento nada modesto, disse que era ele quem mandava no U2. ‘It’s all about drums’*.
‘That’s A Lie’? Isso não importa! Larry, nascido Lawrence Joseph Mullen (e depois
Jr), está completando 40 anos, acredite ou não. O segredo ainda não se sabe, mas dizem as
más línguas na Wire que ele dormiria em formol todas as noites, ou pior, o que nós vemos
é um clone feito alguns anos atrás do querido baterista.
Cantando ele pode até ser uma catástrofe. Você pode conferir algumas músicas, como
o clássico da banda irlandesa Thin Lizzy ‘Whiskey In a Jar’ (que na verdade, é mais uma
música de bar da Irlanda, coisa que o Sr. Mullen sabe o que é muito bem!), em alguns bootlegs por aí… Mas quem iria se preocupar com a voz desafinada dele cantando no chuveiro,
por exemplo?!
Foi-se o tempo em que o vocalista era o centro único e principal das atenções de toda
a banda de rock. E no U2 não pode ser diferente, já que o baterista é também um belo centro das atenções. E ele é uma exceção, porque geralmente os bateristas tem aquele aspecto
‘fofinho’ porque ficam o tempo todo sentados. Não o Larry.
Sua personalidade não é das mais fáceis. Dizem que ele é do tipo quietão, fechado e
que detesta multidões; principalmente de fãs. Faz poucas piadas, fala quando necessário.
Mas ao mesmo tempo, o cara quietão ainda se emociona quando visita pela primeira vez a
chama eterna do caixão de Elvis, seu grande ídolo, em Graceland.
Mas tome cuidado. Quer um conselho? Se um dia encontrar o Larry não dê uma de
histérica, não grite, não fale que o ama, não diga que ele é tudo para você porque, apesar de
isto tudo poder ser verdade, e tanto ele como você saberem disso, ele nem vai olhar para
você. É só ter paciência! Se o Larry fosse uma bala, com certeza seria de limão.
Posso até parecer meio piegas, repetitiva, o que for. Mas, estando no final de outubro,
as atenções acabam se voltando ao integrante do U2 que, ao mesmo temp em que pode ser
taxado como o cara mais sério da banda, mais frio, é também o foco de olhares dos milha res fãs da banda onde quer que ele vá.
E quer coisa mais estranha? Se não fosse por ele, o Feedback nunca teria existido.
Nem o The Hype. Nem… o U2. Nem esta lista de discussão, nem esta homepage e nem…
esta coluna! O que for que você pense do Larry, ele é o grande responsável - ou, irresponsável! - pela maior banda de rock do mundo hoje.
- Música da Semana do U2 para as mulheres, quer você goste do Larry ou não, é ‘Lady
With The Spinning Head’**. Preciso explicar alguma coisa? Até mais!
* A frase ‘It’s all about drums’ encontra-se no vídeo oficial do U2 ‘Achtung Baby: The
Videos, the cameos and a whole lot of Interference from ZOO TV’ (Polygram Video / Island
Visual Arts - 1992). Larry fala a frase logo no começo da fita, na primeira ‘Interferência’, di zendo algo como se o U2 fosse ‘tudo sobre bateria’. Na sinopse do filme na parte de trás do
VHS, onde é indicada a seqüência dos eventos do filme, a frase tem como resposta ‘THAT’S
A LIE’, ou ‘ISTO É UMA MENTIRA’.
U2 For Girls, por Rafaela Comunello
135
** A música encontra-se no single da música ‘Even Better Than The Real Thing’, e
pode ser encontrada facilmente na Internet.
––––––26 de outubro de 2001, por Rafaela Comunello
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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Além das asas da sua imaginação
Por Rafaela Comunello, publicado originalmente em novembro de 2001.
Hoje em dia existem especialistas até no quesito sonhos. Alguns estudam de onde vem, outros o que causa, outros até desvendam certos mistérios escondidos neles. Você pode encarar os sonhos de diversas maneiras ou como uma espécie de divertimento enquanto você
não faz nada inconsciente por algumas horas, isto é, dorme. Ou mesmo um filme de terror
aterrorizante num pesadelo daqueles que você acorda suando frio.
O interessante é sonhar com ídolos. Eu, quando comecei a virar uma fã mais assídua
do U2, comecei a sonhar com eles. O primeiro foi um sonho bem tímido; tinha ficado até
muito tarde acordada para gravar um especial da banda na televisão e acabei sonhando
que o Bono apareceu na frente da minha casa, todo perdido e vestindo as mesmas roupas
da entrevista. Nem nos falamos, ele só entrou na minha casa e depois saiu, sem rumo.
Depois de um tempo, os sonhos começaram a virar mais constantes. Sonhava com a
banda inteira, mas quem mais aparecia era o Bono. Hoje em dia, nos meus sonhos, geral mente tenho conversas enormes, como se eu fosse uma grande amiga deles, em várias partes do mundo.
Voltamos aos especialistas. Recentemente, li numa revista alguns significados bem
para leigos sobre os sonhos; e quando falava ‘Sonhos com pessoas famosas’ a revista criticava essa atitude (?) comentando que a pessoa deveria voltar-se mais à realidade do que se
focalizar em pessoas que ela nem conhece.
Ora! Qual o problema? Podemos encarar os sonhos com o nosso ídolo como algo bem
positivo. Se você dificilmente, ou nunca!, vai ver o Bono andando na frente da sua casa ou
tomando um chazinho com você em uma praça de Paris, qual o problema em ter momentos assim nem que inconscientes? Com certeza nenhum.
Mas… Como tudo tem seus prós e contras, com os sonhos não poderia ser diferente.
Claro, eles duram muito pouco e acabam. Quero dizer, quando você acorda é até pior porque simplesmente dá até mais vontade de tomar o tal chazinho com o Bono, porque você
queria que realmente aquilo tivesse acontecido. E no final você passa até raiva!
Porém, o mais interessante é quando estes sonhos se tornam mais diferentes, ou, vamos dizer assim, picantes. Pode confessar: se você acha pelo menos os U2ers atraentes, senão sexys, já teve um sonho mais interessante. Não me entenda mal! Mas também, se você
quiser, sonhe com aquilo mesmo, o sonho é seu e de mais ninguém. Logicamente não posso descrever algum sonho deste tipo aqui, porque vai da imaginação de cada uma…
O que? Você nunca sonhou com os U2ers? Então pega uma caneta e anota uma receita bem fácil pra sonhar com eles. Pegue sua foto mais bonita do seu integrante favorito. Se
for possível, pegue várias ou até um livro. Caso você não tenha, serve encarte de cd ou até a
sua imaginação para aquela foto linda. Leve para a cama e coloque um cd do U2 no rádio
com uma música daquelas mais calminhas e deite. Concentre-se no U2er e pense na razão
de você gostar tanto dele. Pense nas coisas mais positivas e feche os olhos, continue con centrada. Pronto, daqui a pouco você sonha. Caso você não consiga, tenta de novo e
de novo!
Isso dá até um soninho… Se você conseguir sonhar manda o seu sonho pra cá! E se
você já sonhou, mande também!
***
Dica: vá até a página principal do site da UV e vote no seu visual favorito do U2. E
quer saber? Comente, grite, fale o que quiser porque você tem direito! Abaixo quem quer
nos calar. O U2 é do povo! E das mulheres.
U2 For Girls, por Rafaela Comunello
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Última notinha: leia sempre que puder as colunas daqui da Ultraviolet que estão nota
10! E obrigada pelo apoio, é por isso que estamos aqui!
Música da semana para nós: ‘Be There’. Se você não conhece corra e encontre, a mú sica é uma daquelas ‘não-lançadas’ mas vale a pena porque é linda. Não tem nada a ver
com o tema desta coluna, mas é que eu fui lembrar de uma música da época da ‘The Dream
It’s Over’ e saiu essa. Coisa de fã!
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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Dalton Brothers For Girls
Por Rafaela Comunello, publicado originalmente em novembro de 2001.
Há alguns anos, uma banda fez muito sucesso em muito pouco tempo e sumiu da mesma
maneira. Seria normal se nós estivéssemos falando de uma das bandas comerciais formadas por garotos, daquelas que despencam das gravadoras em milhares todos os anos. Mas
não. Falo de uma especial. Uma banda que todos sentiram falta. E poucos foram os que pu deram realmente assisti-los ao vivo: a banda apenas se apresentou três vezes em sua carreira.
Esta banda chegou a abrir algumas vezes para o U2, e, numa recente discussão entre
fãs sobre quem deveria abrir os futuros (e incertos) shows do U2 no Brasil, a resposta foi
unânime: deveriam ser eles, os Daltons Brothers. Desculpe se você veio a esta coluna ler
sobre o U2, mas dessa vez eu preciso falar sobre os Dalton Brothers.
A família Dalton teve seus descendentes no Faroeste americano, mais precisamente
no lendário estado do Texas. Começaram de pouco em pouco, mas após algum tempo, a
banda já ficou muito famosa pela região, fazendo apresentações em bares locais com sua
mais pura música country. A banda é composta por quatro irmãos: Luke, Duke, Alton e
Betty, a irmã mais nova (não é necessário discutir aqui sobre a reputação de Betty Dalton).
Hoje em dia, todos eles ainda residem no rancho da família, no Texas, com exceção de Alton, o vocalista, que vive em Dallas com sua esposa e sua penca de filhos.
Suas maiores influências foram definitivamente as lendas do cenário country, que vinham de Willie Nelson a Johnny Cash. Porém, a sua maior admiração vai para o Sr. Hank
Williams, que, além de ter inspirado esta abençoada família, os motivou para ‘seguir em
frente com o country e não com esta droga de rock ‘n’ roll’, palavras do próprio Williams.
Porém, o que levou os Dalton Brothers ao sucesso mundial foi definitivamente tocar
no ato de abertura de três shows do U2, na turnê do álbum ‘The Joshua Tree’. Naqueles
dias, tocaram apenas duas músicas, mas foi o suficiente para abalar completamente os
shows do U2, que vinham após a breve apresentação dos irmãos. Até hoje, desconhece-se a
razão da banda ter sumido após a última apresentação, no dia 12/12/87, em Hampton, mas
acredita-se que eles teriam ficado muito traumatizados com o sucesso repentino que fizeram, desbancando totalmente o U2 naqueles três shows. Mais chocado que os próprios irmãos ficou o U2, que entrou em uma grave crise de depressão e decidiu seguir a moda dos
Daltons. Uma prova disto é o fato de o U2 ter se aproximado mais da música country a partir do álbum seguinte da banda, ‘Rattle And Hum’; além das aparições dos mesmos influenciadores dos irmãos Dalton em várias músicas do U2.
Apesar de tudo, os fãs dos irmãos continuam firmes. As fãs ainda gritam e choram
desesperadamente por Alton quando ouvem os primeiros acordes de Lucille e no ano de
1987 e 88 o nome feminino mais registrado no mundo foi, realmente, Betty e masculino,
Luke. Provavelmente um deles deve ter se isolado no Tibete, outros vivem com suas esposas, mas continuam com o legítimo espírito country familiar americano. Nós acreditamos
que um dia os Dalton Brothers haverão de voltar. E quem irá abrir para eles será o U2, não
o contrário.
***
Obviamente isto foi uma brincadeira! Se você for fã do U2 há um bom tempo deve saber quem foram os Dalton Brothers. Caso contrário, aqui vai uma explicação resumida: o
U2, em três shows da Joshua Tree, decidiu fazer uma banda country para abrir seu próprio
show. Não se sabe de quem veio a idéia, mas eles se vestiram como mandava o figurino, e
U2 For Girls, por Rafaela Comunello
139
tocaram ‘Lucille’ e ‘Lost Highway’, do próprio Hank Williams. No caso, Bono era Alton,
The Edge era Luke, Larry era Duke e Adam era, acredite, Betty.
Na realidade, os originais Dalton Brothers existiram, mas, na verdade, eram uma
gangue de irmãos que roubava bancos e trens, mais precisamente na década de 90 do sécu lo XIX (pra você que fugiu da escola, 1890). Alguns roubos não foram bem sucedidos, o
que fez a gangue se esconder por um longo tempo. Na volta, Robert, o chefe da gangue,
idealizou seu maior ato no crime: roubar dois bancos no mesmo momento. O plano falhou
miseravelmente e apenas Emmet, um dos irmãos, saiu vivo desta história. A família Dalton
também fez sua ‘fama’ no Canadá (com os primos destes Daltons). Então, os nossos Dalton
Brothers seriam na verdade descendentes daqueles ladrões.
Você encontra muito facilmente em mp3 as gravações destas apresentações, nas datas seguintes:
01/11/87 - Indianópolis, IN
18/11/87 - Los Angeles, CA
12/12/87 - Hampton, VA
***
Para finalizar a coluna desta semana, gostaria de agradecer a todos os e-mails que recebi, a maioria, claro, de mulheres, apoiando e elogiando a coluna. Várias me mandaram
sonhos, os mais diversos, e a maioria deles aconteceu com a minha técnica. Se você não
conseguiu, continue tentando! Além disso muitas estão me cobrando sobre o resultado da
enquete, sobre qual seria o meu estilo favorito do U2. Não me pronunciei ainda mas o farei, com certeza! Mas tem que ser uma coisa bem elaborada, pra não fazer feio pra ninguém (como se nós nos importássemos com isso!).
Falando em coluna, você viu que a da Lucilla já tem até versão em francês? O que
você está esperando pra ler ela em português aqui no site da Ultraviolet? E a do André, em
clara desvantagem por ser o único colunista que não pode falar tão bem assim do U2 que já
desconfiam, também merecia uma versão em outra língua. Acho que a próxima minha vem
em alemão, para ver se fica mais bonito. Porque ‘Mercì Lucilla’ não é para qualquer um.
Em tempo, feliz aniversário!
A música para nós desta semana é uma que não foi escrita pelo U2, mas é um cover
muito bacana que eles fizeram da música, imortalizada na voz de Elvis Presley, ‘Can’t Help
Falling In Love’. De preferência o remix, que é lindíssimo! Os autores da música são o George Weiss, Creatore e Peretti, mas você nem se lembra disso enquanto escuta a voz do
Bono. Ela está presente na trilha sonora do filme ‘Honeymoon in Vegas’, que traz apenas
versões de músicas do Elvis feitas por outros cantores e bandas.
Vai atrás da música, escute enquanto vai dormir, sonhe com o U2 (ou com os Dal tons, tanto faz!) e até a próxima!
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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Feliz U2 novo!
Por Rafaela Comunello, publicado originalmente em dezembro de 2001.
É praticamente inevitável. Toda vez que chega esta época do ano, a nossa tendência é relembrar o que aconteceu durante o ano que passou. E eu, como uma mortal nada incomum, vou fazer a mesma coisa na coluna desta semana. Mas, obviamente, vou relembrar o
ano que passamos acompanhando a nossa banda querida que esteve muito ativa neste começo de milênio.
Para os fãs brasileiros do U2, o ano foi um tanto traumático. Após o início da nova
turnê, em fevereiro, os boatos de que a banda viria tocar no Brasil eram inúmeros. Da mesma maneira com que ficamos cheios de esperança guardando nosso suado dinheirinho
para a possível vinda, ficamos também frustrados ao longo em que o ano passava, ao ver
que a turnê tinha acabado e nada de datas certas. Ao menos a mobilização foi muito positiva: tanto na América do Sul quanto na Austrália, os abaixo-assinados foram muito organizados, chegando às mãos dos responsáveis pela turnê e até nos ouvidos da própria banda.
Eu posso dizer que o U2 se superou nesta turnê. Além do dinheiro que arrecadaram,
parece que eles rejuvenesceram vários anos da mesma maneira com que parecia que eles
tinham envelhecido na Pop Mart. Não digo de aparência somente, mas também de atitude.
Mas não seria uma grande antítese a banda ter rejuvenescido sua atitude onde, na verdade,
é claro o fato de que eles amadureceram? Com certeza, mas esta diferença ficou incubada
em uma só postura da banda. E de um modo muito diferente, o que é muito usual no U2,
diga-se de passagem.
O pique da banda não caiu em um só momento, mostrando o quanto eles ainda estão
em forma para enfrentar uma turnê longa e cansativa como esta pareceu ser. Nem mesmo
Bono, que neste ano, no mesmo tempo em que perdeu seu pai, ganhou mais um filho, não
cancelou show algum devido ao seu sofrimento e angústia por não estar acompanhando o
crescimento de seu filho recém-nascido e ficar com seu pai em seus últimos momentos de
vida. Muito pelo contrário, a impressão que ele nos passa é de que todo aquela dor acaba
no palco: ele trata seus fãs como amigos, dividindo tanto suas alegrias quanto sofrimentos.
Os shows trouxeram uma banda forte e confiante. Se em algum momento passou pela
cabeça de algum deles que seria a última turnê ‘mundial’ (entre aspas, por enquanto) da
banda, agora talvez não seja verdade. E ficaram até mais bonitos naquele cenário. Parece
até que eles representaram todo o nosso amor pela banda naquele coração: tanto eles entraram nos nossos, como os fãs puderam entrar no deles. A Elevation Tour refletiu muito
bem o nome: elevou, levantou, colocou para cima.
O ano também foi de novidades. Os clipes lançados este ano foram os mais impressionantes possíveis. Claro, não é todo dia em que vemos o U2 salvando o mundo, lutando contra eles próprios! Nem o The Edge piscando para você (infelizmente). A segunda versão de
‘Stuck In a Moment…’ trouxe ainda o Larry sorrindo como nunca. Além, claro, dos quatro
jogando futebol na praias cariocas na linda versão brasileira, com muito orgulho, de
‘Walk On’.
O estilo deles também foi inovador, e agradou muito! Perceba que o estilo não se trata
apenas das roupas que a banda veste, mas também, e principalmente, do modo em que
eles tratam sua música, carreira, entrevistas, fãs, concertos… Eles amadureceram bastante.
Acho que agora, mais do que nunca, nós os enxergamos não apenas como integrantes de
uma banda de rock, mas também como homens de verdade. Crescidos, responsáveis, conscientes… gente, o U2 cresceu! Agora nem tudo é brincadeira, não se trata apenas de limões,
azeitonas, televisões, mas sim de coisas sérias, de amor. Sim, amor! Eles amadureceram o
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suficiente para mostrar ao mundo esse amor, essa paixão, esse compromisso com a música, com o rock, com os fãs.
Há um ano atrás, a extinta revista Showbizz afirmou que 2000 era o ano de ouro do
U2. Hoje eu acredito que 2000 foi um ano memorável para banda, mas que 2001 foi muito
maior, mais intenso, mais vibrante. Acho até que, na verdade, aquela relação às vezes boba
que muitos fãs fazem com o milênio (U2000, U2001…) na realidade é uma certeza. Vamos
falar por muito tempo ainda sobre os anos que começam com ‘dois’, que aqueles são os
anos do U2. Talvez esse ano que passou provou, pra todos nós, que não é só a banda. É a
grande, a maior banda de rock, em todos os aspectos possíveis, da atualidade e do futuro. E
eu, que ainda me perguntei se esse seria o ano do U2. Foi muito mais do que isso.
***
Com certeza, não foi só um grande ano para o U2, mas também para os fãs. Falo em
nome daqueles que acompanham a Ultraviolet a um bom tempo, principalmente desde que
foi lançado o álbum ‘All That You Can’t Leave Behind’, acompanhar os primeiros segundos
das músicas, todas as novidades de um álbum novo. Este sentimento aumenta muito agora
que a possibilidade de um novo disco ser lançado é maior. Acompanhar as premiações, en trevistas, concertos, set lists, campanhas… Há muito tempo faço parte da Ultraviolet, mas
este foi um ano intenso para nós. Não me imagino fora desta lista de discussão e considero
grande parte dos integrantes verdadeiros amigos, apesar de não conhecer a maioria. Quero
desejar a vocês um bom natal e um maravilhoso ano novo. E, principalmente, que este ano
que vai começar seja cheio de novidades e felicidades, e com muito U2; todos juntos.
A música para esta semana é… inevitável como o tema desta coluna. ‘Christmas (Baby
Please Come Home)’ não foi escrita pelo U2, mas a banda fez uma versão ótima. Porém,
talvez mais do que a música em si, o clipe não traz dúvidas, é um dos melhores da banda. A
razão: além de ser em preto e branco, a piscadinha do Bono no começo é de matar qualquer uma! Aliás, agora só falta a do Larry e do Adam em um clipe.
E de bandeja! Se você nunca viu esse clipe nem ouviu a música, corre até o site da organização que lança os discos todos os anos ‘A Very Special Christmas’ que você pode tanto
ouvir a música quanto ver o clipe. E se liga, o U2 participou do primeiro disco lançado
em 1986.
Até a próxima, e lembre-se: qualquer sugestão, crítica, dúvida, orientação emocional
(em questão do U2, claro!) o e-mail para contato está aí embaixo. E defenda o que você
acredita, não tenha vergonha de ser o que é e nem do que você acha. Quem é que paga
suas contas?
––––––14 de dezembro de 2001, por Rafaela Comunello
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E no palco, você!
Por Rafaela Comunello, publicado originalmente em janeiro de 2002.
Quando chega a grande hora esperada, milhares de garotas já se aprontam, seu grito, seu
charme, seu cabelo… Aos primeiros acordes da música, ele olha atentamente para aquelas
que gritam por seu nome e choram, com os olhos cheios de lágrima e esperança. E aponta
para uma felizarda, que vai ao seu lado desacreditada. Uma sorri, milhares choram. Para
elas, chega a ser pior do que uma loteria, porque o prêmio é entregue ali, na hora, ao vivo.
A inveja destas milhares que estão ali, mais outras milhares que verão o vídeo ou as fotos
no dia seguinte não chega a ser nada para aquela menina que dança lentamente ao som de
uma das músicas mais famosas da banda ao vivo, e com um dos cantores mais desejados
do mundo sussurrando a letra ao seu ouvido. Ele a beija e devolve ao público. Para ele, é só
mais uma. Já ela nunca vai esquecer daquele momento em toda sua vida.
Já disse isto, e não canso de repetir: vida de fã mulher é um problema. Isso porque,
além de termos de agüentar outras pessoas falando que nossa adoração pelo ídolo não passa de fase e que só gostamos deles devido à sua beleza, sempre existe o sonho. Sim, aquele
sonho de conhecer o ídolo. Mas no nosso caso, amadoras do U2, vai além. O nosso sonho é
aquele que o Bono realiza para alguém a cada show: subir no palco e dançar com ele.
É difícil explicar a razão de ele fazer isso. Talvez seja aquela carência que todo o rock
star sente depois de algum tempo sem a ‘paparicação’ usual. Ou então mesmo uma pequena solidariedade pelas meninas desesperadas que ficaram esperando horas, ou até dias, na
fila para estar na frente. Essa espera significa que deram toda a sua energia para poderem
ficar esmagadas, morrendo de sede, fome, serem maltratadas pelos seguranças que nem
respondem uma pergunta, suando, molhadas, escrachadas, com a maquiagem escorrendo
que elas pensaram que poderia ficar bonito para ele ver, ou a escova que daria um ar mais
decente naquela pessoa nervosa. Isso tudo só para ter um olhar, poder ver de perto, tocar
na mão, dizer que ama… Só pode ser solidariedade.
Com certeza, a probabilidade de ser você a escolhida é muito pequena, mesmo você
estando na primeira fila, porque ele vai escolher alguém da frente de qualquer jeito. E todos aqueles ‘alguéns’ estão da mesma maneira que você, resumindo: pavorosas. Não adian ta pensar que ele não vai resistir aos seus lindos olhos, ou às sardinhas de seu rosto, porque o Bono estará agitado, pulando, correndo, concentrado no show, e ainda, na idade em
que está, os olhos não devem enxergar como faziam antes. As chances se tornam
iguais, então.
Não pense que o sonho está se tornando distante, mas também não deixe de rezar
toda noite antes do show para quem quer que você acredite para que ajude ali, na hora da
escolha. Mas algumas coisas podem se tornar vantagens na hora de subir no palco. Reze
para a Sra. Alison não estar no recinto, pois assim ele não chama ninguém, como não o fez
nos shows da Elevation Tour em que ela estava prestigiando seu marido. Fazer um protótipo das meninas chega a ser difícil, mas não impossível. É fato: grande parte das meninas
que ele chama para subir no palco são parecidas com a mesma ‘oficial’, morena, cabelo no
ombro, ‘spanish eyes’*. Não vá mudar toda sua aparência, mas, quem sabe, escurecer um
pouco o cabelo perto do show ajude! Ah, sem esquecer, daquelas muitas que ele chama que
tem a tal carinha de lolita. Não me massacrem por falar isso, principalmente as com mais
experiência, mas é o que ele faz! Ao menos vocês tem muito mais vantagens na hora de
uma conversa séria: acredite, uma menina de 16 anos não tem tanta sabedoria e conhecimento quanto vocês nem aqui nem em Marte.
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Passar aqueles minutinhos no palco pode ser muito gratificante, mas ao mesmo tempo odiável. Porque, o pior de tudo, após toda essa lição quase que inútil sobre como ser
uma das convidadas ao palco mais desejado do mundo, é que, quando chega a hora da es colha, você não é a ‘iluminada’. Acredite, você não será a única a pensar que é mais bonita
que ela, ou ter raiva e, principalmente, inveja dela. Mas nada que não mude o estado após a
infeliz descer do palco e começar uma nova música.
Por outro lado, não tem sentimento igual ao de você ser o alvo! Não é besteira. Isso
porque, além de você estar ali, no palco, no meio daquele ritual intenso que é um show,
com todos os seguidores da banda, e estar realizando seu sonho de conhecer, ao menos pro
alguns segundos, o seu grande ícone, também estará despertando aquela invejinha em todas as outras meninas que, enquanto estavam indo em direção ao show, pensavam que elas
poderiam ser as escolhidas naquele dia. Qual o grande problema disso? Infelizmente vários! Você não vai ganhar nada com isso. Se subisse alguma conhecida no palco, eu, particu larmente, ficaria muito feliz. Isso porque ela estaria representando não só o seu amor, mas
o amor de todas aquelas meninas desesperadas. Este é o melhor modo de encarar, acredite.
Mesmo assim, a gente continua a pensar que aquela menina do show do DVD recémlançado do U2, de Boston, ainda é muito boba!
Se você realmente tiver levado seu pezinho-de-coelho, seu trevo quatro folhas e ter
usado aquela calcinha que sempre te deu sorte, e ser chamada ao palco, don’t panic! Sem
pânico! Quem sabe treinar algumas palavras além do mísero ‘I Love You’ - que a gente jura
que não vai falar, mas sempre escapa - para falar para ele, em inglês, como dizer o quanto
ele significa para você, o quanto é importante, pode ser precioso. Isso não vale apenas para
o palco, mas sim encontros repentinos em aeroportos, hotéis e bailes da vida. E, sinceramente, faria de tudo para tentar pegar os óculos que ele estiver usando, mas como é crime
e talvez ele não goste que levem souvenirs de sua roupas ou cabelo, pode se tornar algo
muito chato e você não quer parecer chata na frente do Bono, ou quer?
Por fim, vou dar umas diquinhas que podem até ser úteis na hora do show. Se quer
chamar a atenção do Sr. Hewson, não será com uma faixa pedindo para subir no palco para
dançar, ou com uma camiseta dizendo explicitamente o que faria com ele a quatro paredes.
Um cartaz* funciona para alguns, mas aos músicos amadores, que não foram poucos nesta
turnê, pedindo para tocar guitarra em certa música, ou piano. Ser explícita não é o fundamental. Seja verdadeira.
Se não der certo na hora do show, não desanime, nem se revolte. Aquela não é a obrigação dele, e o ingresso não garante subir no palco e uma festinha depois do show. Quando
for a um show do U2, no Brasil, onde no nosso caso é quase que raro, vá organizadamente,
junte vários fãs que estejam dispostos a ir ao hotel, tentar ir a alguns lugares que eles forem, mas tome cuidado com o limite entre ser fã e ser inconveniente. O hotel funciona se
não há correria, gritaria ou outras coisas do tipo, porque não estamos tratando de uma
banda adolescente, mas sim de uma banda com muitos anos de experiências com fãs que,
apesar de atendê-los assim que possível, detestam multidões e gritos exagerados. Mas, no
final, a gente acaba não se controlando, falando as palavras todas em português, ficando
com cara de besta e rindo até não poder mais por um bom tempo. Coisa de fã! (ainda bem).
***
A coluna, desta vez, demorou mas saiu. Prometo a todos que me cobraram a atualização da coluna que isso não vai acontecer novamente, porque o tempo de turbulência (lê-se
vestibular) já passou, e bem passado! Devo confessar que esta coluna saiu depois de eu ler
sobre os tais boatos de que eles estarão vindo em direção dos trópicos no ano que vem. Às
vezes é só mais um boato, às vezes não, mas que eu estou bem animada, com certeza estou.
Só nos resta esperar, não é?
Música para nós, desta semana, é a duvidosa ‘With Or Without You’, que geralmente
é a música em que o Bono leva as meninas ao palco. Duvidosa porque não se sabe o signifi -
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cado dela até hoje, drogas ou amor. Mas sem dúvida nenhuma, é, acima de tudo, uma bela
música. Do álbum ‘The Joshua Tree’, de 1987.
* Spanish eyes, além de ser o nome de uma música do U2 que está entre os b-sides do
single ‘I Still Haven’t Found What I’m Looking For’ e ser supostamente destinada a Alison
Stewart, é uma locução para designar uma menina com olhos espanhóis, castanhos, gran des e ao mesmo tempo forte, briguenta, decidida, como as espanholas. No caso, seriam
mesmo os olhos escuros e grandes.
* Ao longo da turnê Elevation Tour 2001, vários músicos levaram cartazes aos shows,
se convidando para tocar piano, guitarra ou violão junto com a banda durante uma música.
Um dos primeiros subiu ao palco e tocou piano em Stay; outro, em um show em Boston, levou um cartaz falando ‘Me + guitar = People Get Ready’, e conseguiu. Subiu ao palco e to cou tão bem quanto o Bono improvisou a letra da música. Após esses acontecimentos, muitos outros levaram cartazes insistemente para tocar com o U2. Claro, direitos iguais, eles
também podem subir ao palco. Mas sem histerias, garotos, isso é exclusividade só nossa!
Se você quer comentar sobre essa coluna, as antigas, dar uma sugestão, criticar, elogiar, mande um e-mail. E até a próxima!
––––––27 de fevereiro de 2002, por Rafaela Comunello
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Sex And U2
Por Rafaela Comunello, publicado originalmente em fevereiro de 2002.
Uma de nossas honrosas colunistas, a Pri Lemontart, costuma usar muito uma frase que
certa vez foi dita por seu sex simbol mor, o grande baixista do U2, Adam Clayton. A frase,
traduzida, diz o seguinte: ‘Temos sexo em nossa música’. Então, convenhamos. Não somos
nós afirmando, mas sim o próprio integrante admitindo. Eles têm desejo, amor, divertimento e principalmente sexo em suas músicas.
Digo isto porque, a cada música da semana que consideramos mais ‘calientes’ e damos nossas opiniões, muitos costumam até nos censurar falando que vemos segundas intenções em tudo, principalmente nas músicas da banda. Mas é a mais pura verdade! São
inúmeras as provocações para as fãs não só em músicas, mas em entrevistas, declarações,
roupas e claro, nos clipes.
Ninguém nunca chegou a confirmar que músicas como ‘Mysterious Ways’, ‘Babyface’,
‘Do You Feel Loved’ entre tantas outras são realmente sobre este ‘tema’, mas desde quando
alguma das declarações de Bono sobre o significado das músicas algum dia já foram totalmente verdadeiras e concretas?! Como um bom poeta, ele prefere deixar que as pessoas si gam sua opinião por si. Além do fato de ele ser casado, ter quatro filhos e não querer que o
mundo saiba sobre sua perversão!
Outras declarações indicam claramente o que a banda, e principalmente o porta voz
do U2 (lê-se Bono), acham sobre o assunto. Quando perguntado se dançava bem, Bono falou que dançava melhor ‘na horizontal’. No Brasil ele confessou que aqui encontravam-se
as três coisas que temos a ver com os irlandeses, mas de um modo mais explícito, e uma
delas era realmente o sexo. Sem contar quando, em uma entrevista, eles chegaram a reve lar qual dos U2ers teria o seu ‘órgão reprodutor masculino’ maior (2).
E esta ‘abertura’ (no melhor sentido possível!) só aconteceu depois de eles estarem
mais velhos. A sensação que parece a todos os fãs, hoje, é que como eles eram considerados
um tanto quietos e acalmados durante a juventude, hoje, em sua vida adulta, quiseram ‘tirar o atraso’, e isto chegou ao limite - se há limites nesta seção - quando o número ‘30’ pe sou mais na idade dos garotos irlandeses de Dublin. Hoje em dia, é tudo muito mais explí cito nas declarações da banda e na própria liberdade como estrelas de rock.
É certo que, no começo dos anos 80, grande parte das músicas falava de assuntos totalmente fora deste alcance. Acho que talvez a idéia de salvar o mundo distanciou os meninos, e principalmente o autor das músicas, de um assunto que pode até ser considerado fútil ou sem necessidade. Ou talvez o fato de a abanda não estar ainda consagrada para poder
ter mais liberdade em suas composições, fez com que eles escrevessem músicas políticas e
religiosas. Realmente, algumas músicas apareciam em lados-b, mas nada muito descarado.
O exemplo mais evidente é a própria ‘Party Girl’, que falaria sobre uma personagem muito
corrente na vida dos roqueiros: a groupie, garota que quer se encontrar com um cantor ou
artista de sucesso para conseguir um ‘contato’ maior.
Mas ao final da década, eles já se soltavam muito mais com músicas que falavam sobre vontades (‘ I Trip Through your Wires’), amor (‘Heartland’) e principalmente vícios e
desejos, em uma música específica que diz tudo em seu próprio nome: ‘Desire’ - ‘Desejo’.
Seria desnecessária qualquer palavra para descrever a música perante a um nome destes.
As evidências são maiores ainda quando, em certo ponto da música, Bono fala, baixinho,
‘Suck my ****’. O clipe então, é uma tentação para todas as mulheres. Aquilo mais parece
uma forma de hipnotizar qualquer fã: repetições de imagens dos integrantes, nas ruas de
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um bairro um tanto underground de Nova York, com todas aquelas chamadas de luzes à lá
Las Vegas.
Ao chegar à década de 90, a banda se soltou de vez! Não sabemos se eles foram influ enciados pela cantora Madonna, que na época também escancarou tudo e todos, ou se foi a
atmosfera da última década do século que chamava a pessoas para aproveitarem a vida an tes que o ‘mundo acabasse’. O fato é que o Achtung Baby e a ZOO TV anunciaram o que o
U2 seria dali para frente. Nunca uma frase foi tão bem colocada como a célebre ‘Is it art, or
is it pornography?’. Não só as músicas muito sugestivas, nem apenas a atitude da banda,
mas até os personagens do Bono foram os mais sexy possíveis. O The Fly, que não conseguimos separar até hoje o personagem do próprio Bono, fazia gestos obscenos, utilizava as
câmeras como seu objeto sexual e se insinuava para as meninas da platéia. O Bono mesmo
já chegou a tirar a roupa em uma entrevista, uma vez. (e quem não queria ser o entrevista dor ali?)
Nada mais óbvio é a foto do querido baixista já citado, que poderia ter resultado em
outro nome a um dos álbuns mais famosos do U2, já que o próprio aparece nu em pêlo na
contracapa do álbum, para a felicidade das fãs de plantão. E para a infelicidade dos americanos, que tiveram seus álbuns censurados bem no quadradinho que tinha a tal foto. Outras fãs mais sortudas ainda tiveram a sorte de poder ver, mas pela parte de trás, o mesmo
tomando sol em uma das sacadas do Copacabana Palace Hotel, no Rio de Janeiro,
em 2000.
Os clipes e as músicas de Achtung Baby são indescritíveis. Isso porque, se o Marvin
Gaye tem uma ‘Let’s Get It On’, e a Madonna tem uma ‘Erotica’, o U2 tem uma ‘Even Better
Than The Real Thing’. Ela não se trata apenas sobre arte ou pornografia, como dizia a tal
frase, e nem adianta perguntar se é uma coisa ou outra. É a própria arte pornográfica. Fa lar sobre o desejo e a satisfação deste que uma pessoa pode ter vendo televisão é o espelho
do que o começo dos anos 90 significou para o U2. E aquela, a televisão, nos ajuda muito,
porque seria muito difícil vermos o U2 girando, sem a câmera fitando os corpos dos integrantes do jeito que pôde fazer. É o clipe mais ‘vale a pena ver de novo’ de todos os tempos!
Até o clipe remix abusa da boa vontade de um botão chamado ‘rewind’.
Deste álbum, surpreendentes também foram as músicas ‘deixadas de lado’, que encontram-se nos lados-B dos singles. ‘Lady with The Spinning Head’, com a frase pouco sugestiva ‘6 and 9 again’ e ‘Where Did it All Go Worng’, que pergunta várias vezes se você fez
alguma coisa.
O Pop também foi uma continuação deste ciclo sexual, digamos assim, que a banda
está passando. A banda continua com músicas com alto teor de provocação, já que o álbum
inclui músicas que supõe desde infidelidade, sexo e drogas até religião e política. A atitude
continuava ousada, e na turnê Pop Mart, em todos os shows, Bono pegava uma menina da
platéia e dançava no palco, ato que não realizava tão constantemente como o fez nesta turnê. E mesmo o figurino: tanto Bono quanto The Edge abusaram das camisetas de músculo
(como se precisassem! ;-) nos shows.
Hoje em dia, esta posição ainda reflete em muitas músicas da banda, como a muito
sexy ‘In A Little While’ ou ‘Wild Honey’. Mas a bolada da vez é, sem dúvida, Elevation.
Será, até a extinção de todos os fãs do U2 no planeta, uma das músicas mais discutidas devido a seu efeito dúbio: alguns fãs acham que é sobre drogas, outros sexo.
Eu continuo achando que é sexo, como quase todas as músicas do U2. Talvez seja sim
a visão de cada um que acaba contando, mas que eles também tem sua queda por esse
tema, com certeza, têm. Mas não se desespere, querida amiga fã, se você vir sexo em tudo
quanto é letra do U2. Porque se você está achando que é uma depravada, bem, talvez você
seja. Talvez eu seja também. Mas é porque adora uma banda mais depravada ainda do que
todas nós!
***
U2 For Girls, por Rafaela Comunello
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* o Título: Tentei fazer um paralelo com o nome daquela série de muito sucesso da
HBO chamada ‘Sex And The City’. É sempre bom explicar um título tão sem graça
como este!
* (2) Para os curiosos de plantão, segundo os U2ers, deu Adam ‘na cabeça’. Ops!
Com toda essa história de sexo, e depravação, e ninfomaníacos, não deu pra deixar de
comentar o que conversei com uma amiga estes dias. Lendo a coluna da Lemontart, que
está com uma grande audiência na minha própria coluna e aparece mais do que o próprio
Larry, lembrei que, apesar de ser uma libriana de setembro, também sou virgem. Sou virgem por deixar duas oportunidades sagradas escaparem em minhas mãos. Poderia não ser
mais hoje em dia, mas por descuido, acabei mantendo minha virgindade. Sou virgem do
ato em si, mas posso dizer que vendo pela televisão talvez não seja mais virgem teoricamente. Porque sei o que devo fazer, o que vou falar, o que vou ver… Já vi tantos fazerem!
Espero que eu possa, rapidamente, deixar de ser virgem. Virgem de show de U2, meus caros. Tenho certeza que são muitos pelo país. Então, vamos nos unir! Somos virgens e daí?
Não quer dizer que queremos nenhum tipo de celibato, mas estamos esperando a hora certa! Virgins and proud of it!
***
Confessionário U2
Estes dias, li em algum jornal uma coluna em que todo mês o autor revelava uma confissão, de algum defeito dele não-revelável e, a partir de um tempo, os leitores começaram
a enviar seus defeitos e foram publicados. Como nada se cria, tudo se copia, me proponho a
fazer o mesmo. Em toda coluna vou colocar um pecado meu, que às vezes não confessaria
pra ninguém, mas como minha vida é um livro aberto, vou faze-lo aqui! Na primeira, eu
coloco um pecado meu, e a partir daqui, se alguém quiser, envie o seu pecado que eu colocarei aqui. Vou colocar um por coluna, então seja criativo e sincero, não vá inventar um pecado, hein? Logicamente, não é um pecado qualquer! É um pecado de fã do U2 que, aos
olhos do Santo Mirrorball, pode ser um pecado mortal. E como confessar é o melhor cami nho, vamos lá! (Você, se preferir, não precisa se identificar!)
O meu pecado desta coluna é um bem simples, chega a ser bobo: nunca decorei a música Numb. Talvez seja pecado, porque gosto de decorar todas, desde as mais raras até as
mais difíceis, em latim. E essa, eu não sei. A única parte que lembro é uma sugestiva de
quando cometi outro pecado. Perguntei ao ‘Oráculo’ do U2.com uma certa pergunta e ele
disse ‘Don’t Expect, Suggest’. Só lembro desta parte. Acho a música legal, a voz do Edge é o
máximo e o clipe também, mas dificilmente chego até o fim quando vou ouvir o Zooropa.
Aliás, qualquer dia destes eu conto qual foi minha pergunta-pecado. Eu adorei a resposta!
***
A coluna desta semana foi feita ao som de ‘Desire (Hollywood Remix)’. É o remix do
clipe de ‘Desire’ que todos conhecemos, com as vozes gospel e as sirenes. Mais adequado
impossível! E é a música da semana. Acredite, ela é ainda melhor do que a original.
That’s all folks, até a próxima! Pra enviar alguma sugestão para a coluna, criticar ou
mandar seu pecado para o próximo Confessionário (mandem mesmo, porque senão, vocês
terão que agüentar os meus que são tão sem graça como o do vizinho que pulou a cerca), o
e-mail de sempre é [email protected]
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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Intimidades
Por Rafaela Comunello, publicado originalmente em março de 2002.
No Brasil, esses programas chamados de reality shows, onde câmeras filmam a vida de um
grupo de pessoas 24 horas por dia para depois virar atração para outras milhares, que
vêem na televisão suas intimidade e segredos, viraram a grande moda. Isso não é novidade
em países europeus, que apresentam há quase duas décadas programas deste tipo, sendo
que o primeiro, pasmem, foi planejado pelo mesmo idealizador do Live Aid e grande amigo
de Bono em causas sociais, o inglês Bob Geldof. Esse comportamento de curiosidade e até
voyeurismo, dizem alguns especialistas, é um instinto natural do ser humano. E esta vontade de observar a vida pessoal aumenta mais ainda quando o ‘observado’ se trata de uma
pessoa famosa. Isso porque, nós, sendo pessoas ‘aparentemente’ normais, vivendo nossa
vida rotineira todo santo dia, sempre achamos que aquela pessoa que aparece nas notícias
dando voltas no mundo no maior glamour são seres de outro planeta. Obviamente, se tratam de seres humanos como todos os outros, mas, claro, com alguma coisa diferente para
ser o alvo de tantas atenções mundialmente.
Tem gente que acha que estes artistas têm o dever de mostrar sua vida na televisão, e
que praticamente mantêm uma dívida universal com seus fãs: devem mostrar sua casa
nova a cada reforma, sua família a cada mudança, seus sentimentos a cada vivência. Eu
acredito que eles não têm obrigação nenhuma conosco, a não ser, claro, tratar-nos muito
bem por sermos fãs. Mas eu tenho sim, muita curiosidade de saber o que acontece na vida
dos meus ídolos quando eles acordam, ou o que fariam em certas situações. Alguns negam
até a morte que poderiam assistir aqueles programas, ou que têm a curiosidade, talvez por
vergonha, ou para tentar manter alguma posição intelectual inexistente. Na verdade eu assumo e não tenho vergonha de dizer: morro de curiosidade pra saber sobre a vida íntima
de cada integrante dos U2.
Quem sabe essa curiosidade surja do fato de que eles sempre, desde o começo da carreira, mantiveram suas vidas pessoais a sete chaves. E foram corretíssimos nesta decisão,
pois não são raros os artistas e músicos que sobrevivem não de seu trabalho, mas das fotos
de sua nova casa ou dos boatos que alimentam relações inexistentes. Não gostaria de ver
qualquer um dos U2ers posando para fotos em sua sala de estar, mostrando a porcelana
chinesa caríssima, com sua esposa/namorada e filhos sorrindo falsamente. Mas eu sempre
tive curiosidade de poder ver como é a casa deles além dos portões, ou como eles se comportariam de manhã, acordando de mau humor, ou até saber dos fatos pessoais marcantes
de suas vidas. Com certeza, essa minha idolatria a eles é o que gera a minha grande curiosi dade. Eu os admiro muito, e acho que cada um tem sua genialidade inconfundível. Será,
então, que gênios se comportam como nós? Devem se comportar na intimidade, óbvio,
como todo mundo. Só que sempre dá aquela vontade de ver de perto o que está acontecendo.
Os fãs do U2 já tiveram a oportunidade de ter uma experiência como essa duas vezes:
durante a gravação dos álbuns ‘Pop’, em 1997, e ‘All That You Can’t Leave Behind’, em
2000, foram instaladas câmeras dentro do estúdio e a imagem aparecia ao vivo, ou em fotos atualizadas, em diversos sites da Internet. A câmera que mostrava uma sala onde a
banda se reunia constantemente não revelou muito, a não ser que Larry ficava a maior parte do tempo lendo e sentado em um sofá azul no canto da sala. Ao menos pudemos ver
como é o famoso Windmill Lane Studios, em Dublin, por dentro. Em compensação, intimidades nada.
U2 For Girls, por Rafaela Comunello
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Já ouvi muita gente, principalmente
mulheres, falando que gostaria de ser uma
mosca por alguns segundos para poder ver o
Bono brincando com os filhos, ou no lugar
mais íntimo do mundo (leia-se banheiro). Ou
melhor ainda: poder trabalhar na casa de algum membro da banda. Realmente, se eu
trabalhasse de faxineira na casa do Bono não
ia ligar pra nada mesmo. Às vezes nem precisava ver ele todo dia, mas pelo menos poder
chegar perto dos discos de platina, ouro, diamante e todos os outros prêmios que o U2 já
levou já compensaria muito.
Não estou defendendo nenhum tipo de
invasão de privacidade. Realmente, esses programas são a síntese da completa falta do que
fazer e revistas que só falam de intimidades de artistas só são úteis quando seu dentista se
atrasa. Também espero que os U2ers continuem com sua privacidade mantida e não em
capas de tablóides ingleses sensacionalistas. O U2 é capaz de sustentar sua fama, como
sempre o fez, com sua música e ações memoráveis. Além disso, mais deplorável ainda, seria vê-los através de câmeras, diariamente. Mas realmente, a curiosidade continua.
Como fã, reservo o direito de querer saber da vida do meu ídolo. Talvez seja pra isso
que servem as dezenas de biografias que já foram lançadas sobre a banda. Mas às vezes eu
acho que além da vontade e curiosidade de saber sobre a vida deles, todo fã tem uma pontinha de vontade de poder participar da vida de seu ídolo, de perto, do lado. Eu gostaria de
poder estar do lado da banda em todas as situações marcantes da vida artística deles. Senti
isso recentemente, na apresentação do Grammy, deu vontade de abraçar e dizer parabéns.
Mas eu acredito que todos os fãs fazem parte da vida deles. Mesmo estando longe, só ouvindo, só torcendo, só admirando. Dificilmente qualquer um de nós vai poder se sentir
próximo o suficiente deles pra ser considerado um grande amigo. Mas mesmo assim, estamos lá na hora de votar, de comprar, de torcer, de amar. De um modo ou de outro fazemos
parte da vida deles como eles fazem da nossa. Mas como eu queria saber da intimidade dos
U2ers, ah eu queria…
***
Confessionário U2
Estou começando a acreditar que os fãs do U2 são os mais pecadores do mundo. Re cebi muitos e-mails confessando seus pecados, os mais variados possíveis. Aqui vão alguns
deles. Continuem mandando os seus! Mas não esqueça de dizer de onde você é e se você
quer que eu publique seu nome.
“Quando o U2 veio ao Brasil pela primeira vez, o Bono, numa entrevista, não parava de falar nas mulheres brasileiras. Independente de qual era a pergunta, era sempre a
resposta, por isso eu não consigo parar de imaginar quais os tipos de perversões ele deve
ter na sua bagagem de rock star, creio que devem ser inúmeros, porque o próprio já é pecado personificado.”
- Alexandra / Rio de Janeiro-RJ
Ale, não se preocupe! Com certeza você não foi a única que imaginou isso. Todo mundo sabe que os roqueiros geralmente têm sua vida social bem agitada, e a do Bono daria
um livro enorme. Bate na madeira! Se tem algum pecador aqui, com certeza não é você, é
o Bono!
“Eu tenho um pecado,mas aí já é algo em comum com TODOS os fãs do U2.Quem
não tiver pelo menos um único pecado em relação ao U2 que atire o primeiro paralelepípedo! Acho que o meu principal pecado é o seguinte: eu nunca escutei o cd October por
ULTRAVIOLET – COLUNAS
150
inteiro! Eu acho isso horrível.Como uma pessoa que é fã do U2 desde os 17 anos,tem todos os álbuns da banda,um monte de videoclipes gravados,etc pode nunca ter ouvido um
álbum por inteiro? Será preguiça? Má vontade? Falta de vergonha na cara? E olha que
eu gosto de algumas músicas desse cd. A que eu mais ouço é ‘Tomorrow’. Fico pensando
em quais condições o Bono escreveu a letra dessa música,seu estado emocional,sabe?A
própria ‘October’ é linda, aquele piano é fantástico! E tem ‘Scarlett’, que eu gosto muito,
acho meio onírica,adoro a bateria do Larry nessa música.’Glória’ eu também ouço bastante.”
- Leitora anônima
É um pecado meio grave. Ainda se você não tivesse o álbum, mas você tem! Então,
tire uma horinha pra escutar o ‘October’ até o fim. Você não vai se arrepender. Se chegar
na metade e der aquela vontadezinha de desligar e colocar algum outro que tenha mais
hits, ajoelhe-se no chão e reze um pouquinho para o Santo Mirrorball, que tenho certeza
que ele ouvirá as suas preces e a ajudará. Falando sério, se ele não ‘descer’ de primeira, escute de novo. O álbum é denso, meio pesado. Alguns não o entendem, mas o fato é que o
álbum é excelente.
***
A música para garota desta semana é uma que faz parte do Salomé, aquele bootleg
que traz as músicas roubadas nas gravações do ‘Achtung Baby’. Chama-se ‘Heaven And
Hell’, e, apesar de ser totalmente crua e não ter sido incluída posteriormente em nenhum
álbum ou single, é lindíssima. Fala dos extremos do amor, o paraíso e o inferno.
Até mais, continue lendo as colunas e escreva! Opiniões, críticas, elogios, pecados, tudo!
U2 For Girls, por Rafaela Comunello
151
Don’t push me ‘cause I’m close to The Edge!
(…ou queria estar)
Por Rafaela Comunello, publicado originalmente em abril de 2002.
Foi anunciado há algumas semanas que o querido guitarrista do U2, The Edge, irá finalmente legalizar sua união de anos com Morleigh Steinberg. Eles ainda não o tinham feito
porque na Irlanda, até um tempo atrás, o divórcio não era permitido. Desta maneira, então, ele ainda era casado legalmente com Aislinn, namoradinha de colégio e responsável
por causar tristeza no rapaz durante a turnê ZOO TV, o que o fez se aconchegar nos ombros da dançarina do ventre que acompanhava a banda durante a turnê, a própria Morleigh.
Logo depois, uma charge foi publicada na internet com os dizeres ‘Edge casa-se pela
segunda vez’ e um desenho de Edge vestido de noiva de braços dados com Bono, de noivo,
em uma igreja. A maioria dos fãs não recebeu o desenho com estranheza, já que não é
mentira para ninguém que esta amizade, que já ultrapassou 25 anos, é quase um casamento.
The Edge é aquele eterno companheiro de Bono e ainda compete à fama de integrante
mais simpático do U2, entre os fãs. Na banda, sua posição de guitarrista não foge à regra
das outras bandas de rock: ele é uma das partes mais importantes, mas não chega (ainda
bem) a ser aquele deus, indestrutível. Já foi premiado várias vezes por tocar tão bem seus
riffs e está consagrado no hall dos guitarristas mais famosos e talentosos das últimas décadas.
Inglês, mas praticamente um irlandês, Edge, quando mais jovem, não fazia o tipo popular ou escandaloso, também não tirava notas espetaculares e nem foi expulso nenhuma
vez dos colégios que estudou. Podia ser considerado um garoto normal, e até tímido. Sua
carreira musical foi influenciada por seu irmão, Dick Evans, que construiu sua própria guitarra e chegou a participar do U2 em seu começo. Na vida amorosa, Edge acabou casandose com sua namoradinha de adolescência, que acabou o deixando mais tarde por motivos
desconhecidos, e, logo depois, começou a namorar Morleigh, com quem está junto até
hoje. Tem quatro filhos com nomes os mais diferentes possíveis, que vão desde Arran (que
nunca se descobriu se é Aaran, Arran ou Araan) a Blue Angel (Anjo Azul).
Apesar de ser reservado em grande parte do tempo, seja em entrevistas, em meio aos
fãs e mesmo no palco, ele transmite uma sensação serena e amigável para os fãs e admiradores. Dos poucos escândalos que o U2 já se envolveu, ele não está incluso em nenhum deles. E provavelmente será difícil vê-lo destratando algum fã, ou mesmo ignorá-los, por
mais que esteja com dor de cabeça ou por simplesmente não gostar de bagunça.
Musicalmente, Edge não poderia ser melhor. Toca maravilhosamente e, quem diria,
canta também. Além das poucas músicas gravadas ao longo da carreira com o U2 que tinham com seu vocal principal, os fãs em todo o mundo que foram a algum show da turnê
Pop Mart puderam ver, de perto, o guitarrista dar amostras de suas aptidões vocais em
músicas que foram desde a memorável ‘Macarena’ até ‘Daydream Believer’. Além, claro, de
Sunday Bloody Sunday no aniversário do acontecimento, aqui no Brasil.
Do ponto de vista feminino, The Edge também não fica para trás. Alguns podem até
dizer que ele não foi um grande colírio em sua juventude, escondido em roupas estranhas e
cabelos duvidosos. Mas, ao longo do tempo, ele foi tomando destaque no quesito beleza do
U2 e hoje ele é comparado a vinho: quanto mais velho, melhor! Já teve cabelos espalhafa-
ULTRAVIOLET – COLUNAS
152
tosos, compridos, entradas e hoje investe no visual totalmente clean. Isto é, sem cabelo algum. Claro, com chapéus e gorros muito originais para cobrir a (indesejada?) careca.
Suas roupas também nunca ficaram para trás na originalidade. Decerto que, lá pelo
final da década de 1970, ele usava certas roupas dignas a punk rockers não extravagantes.
Suas transformações também foram inúmeras, passando de jeans rasgados a camisetas
com números e mensagens nem tão subliminares assim. Mas o ponto alto fashion, e bizarro, de Edge foram, sem dúvida, suas vestimentas coloridas e, quem sabe, purpurinadas, da
ZOO TV. Uma foto chega a ser famosa entre os fãs, que revelou tal originalidade em jeans
verde-limão com estrelas e bordados. E o que dizer, também, de seu anel ‘U2’ e as calças
pretas com lantejoulas da capa de Achtung Baby?
Nada! Já que ele sempre terá seu jeitinho e isto é o que o torna original, sempre. Até
mesmo seu apelido é totalmente único. The Edge significa ‘a extremidade’, ‘o limite’ e diria
respeito ao seu queixo, à sua personalidade e ao seu jeito forasteiro de ser. Segundo Bono,
nem sua mãe lembra mais seu nome verdadeiro! E é este mesmo Bono o cúmplice, e réu,
de tantas aventuras com seu eterno companheiro, seja no U2 ou fora dele. E para aqueles
que ainda insistem em dizer que o porto seguro, ou ponto fraco, de Bono é sua esposa, eu
digo que, ao contrário, este ponto de equilíbrio também é seu velho amigo. Alguns fãs con fundem, várias vezes essa amizade e amor em algo maior. Eu dou certeza, é algo muito
maior, superior, é uma relação inigualável de, reiterando, companheiros e cúmplices.
Infelizmente, esta que vos fala nunca teve a grande oportunidade de ver o querido
guitarrista de perto. Mas há aquelas que juram de pés juntos que ele é o mais charmoso
dos U2ers. E eu não duvido! Dizem elas, também, que os antes desconhecidos olhos azuis
também brilham tanto quanto os do nosso desejado Bono. E porque será que, por ter tantas qualidades, Edge ainda fica atrás dele na preferência feminina? Bono tem todas as
atenções por ser o vocalista, usa óculos coloridos, roupas extravagantes, fala besteira, grita,
pula, dança… Talvez se ele fizesse o mesmo, também seria mais um na foto de queridinho
do mês de alguma revista adolescente. Mas então… não seria o mesmo Edge reservado,
misterioso e atencioso que é. E nós não iríamos querer desvendar todos os segredos que a
camisa número 1, o gorro preto, a calça verde e, principalmente, os lindos olhos azuis,
guardam. E sempre vão guardar.
***
Confessionário U2
“Bom, minha confissão…puxa isso dói, mas que seja….aí vai: De-tes-to Red Light!
Pronto, saiu. Agora sério, juro que tentei gostar dessa música, até que a letra é legal,
nada de especial…já aconteceu de uma música do U2 não me “bater” bem no ouvido, mas
depois de algum tempo eu já saia cantarolando… Mas com essa não… Só que eu sei a
quem culpar!
São aquelas malditas “The Coconuts”! Não suporto o vocal daquelas bruacas!”
- Maria Teresa / Porto Alegre - RS
É um pecado não muito grave não gostar de alguma música da banda, porque, como
você mesma disse, tem música que não desce mesmo. Ainda mais, se a culpa é do grupo
vocal que faz, alegremente, os famosos ‘ta ra ra’. Talvez se você ouvir a música passando
pelos vocais seja algo positivo, quem sabe! Mas não se preocupe, você já reconheceu que
não gosta não pelo U2, mas pelas meninas, já é um grande começo. Isso, com certeza, não
diminuirá suas chances de ir para o céu e encontrar alguém como o Mirrorball.
“Eu tenho um pecado gravíssimo. Tenho 22 anos e amo o U2 desde os 12. “Joshua
Tree”, “Rattle and Hum”, “Under a blood red sky” eu amava, idolatrava. Mas quando vi o
Bono vestido com uma roupa dourada, todo maquiado, com aqueles chifrinhos, interpretando McPhisto, pra mim foi o fim. Me desliguei completamente do U2 por alguns anos.
Achei que todas as idéias de amor e paz que o Bono sempre pregou tinham se acabado
naquela figura ridícula que ele se transformou. Depois passou. Mas mesmo assim eu não
U2 For Girls, por Rafaela Comunello
153
pude ir no show pois estava grávida e fiquei com um pouco de medo do empurra-empurra. Do ano passado pra cá, me deu uma saudade enorme da fita do “Rattle…” na qual eu
sei cada palavra, cada gesto de tanto que eu assisti. Então resolvi ver de novo, chorei e
me senti envergonhada de ter ficado tanto tempo longe de tudo. Agora depois de assistir
“Elevation”, vi que a alma do U2 ainda é a mesma e jurei para todo o sempre que nunca
mais vou fraquejar….. será que serei perdoada ? Estou me esforçando pra isso… Beijos.”
- Nídia
O pecado é fortíssimo. Estava pensando até em chamar uma autoridade, o Papa ou
mesmo o psiquiatra para resolver este problema! Brincadeiras à parte, eu entendo seu problema, Nídia. Muitos fãs que eram acostumados com aquela pose de bom meninos não entenderam muito bem o que se passou com a banda com a virada da década. Alguns deles,
até hoje, ainda não aceitam o U2 dos anos 90 e lamentam essa mudança. Mas é pura questão de incompreensão, tanto da posição do Bono como da banda na época. Perceba que,
apesar de usar roupas brilhantes, chifrinhos e todo o resto, ele ainda se preocupava com as
questões sociais. Exemplo maior é a lendária ligação para Sarajevo, em guerra na época,
em que ele chorou e se sentiu ridículo por ter toda a parafernália da ZOO TV e eles não terem nada. Aquilo foi, somente, um dos alter egos do vocalista. Um personagem, que tinha
muito do Bono, mas não tudo. Eu indico, para sua salvação, ler a Bíblia. Não a católica, claro, e sim o livro ‘U2 At The End Of The World’, do Bill Falanagan, que explica todo o espírito da ZOO TV, como surgiu e qual o propósito. O livro é em inglês e excelente. E é conhecido como ‘Bíblia’ para os fãs por ser completo e enorme.
***
Foram quase dois meses para a atualização da coluna. Bloqueio criativo? Quem sabe.
O fato é que eles andam muito quietinhos, e então falta inspiração nova. Sei que a gravação
do álbum toma muito tempo da banda, e que eles precisam descansar depois de tantos
shows, mas dá aquela saudade de vê-los em premiações, festas, programas, lugares… E
aquela aflição chega! Álbum novo, músicas novas. É questão de esperar. E esperar muito,
até o final do ano se vão longos meses. Mas por eles, fazemos todos os sacrifícios!
Se alguém quiser, por algum motivo qualquer, sugerir algum tema, eu não só o convido, como intimo a fazê-lo! O mesmo com o Confessionário, que vai de vento em popa e,
nestes longos dias sem atualizar, recebi diversas. Vale lembrar que, ao enviar sua confissão, diga se você quer ser identificado e onde mora.
A música para nós, meninas, garotas, mulheres, é ‘In A Little While’. Não sei quais
são as intenções, ou quais foram as inspirações, para a letra da música, o fato é que ela é
muito bonita e muito, eu disse extremamente sexy. Ou você não desaba praticamente
quando a frase ‘You turn me on’ surge no meio da música? É, eu também.
ULTRAVIOLET – COLUNAS
154
Alta… fidelidade?
20 anos de um mito fiel. Será?
Por Rafaela Comunello, publicado originalmente em agosto de 2002.
Quando abri espaço para que os leitores desta humilde coluna se manifestassem e contassem seus pecados fiquei surpresa ao ver que um deles se destacava, por estar presente em
grande parte das meninas, em relação ao nosso fab4.
Durante a década de 1980, o U2 era visto no mundo musical como os bons meninos
vindos da Irlanda que, mesmo com sua prepotência ocasional, teriam surgido para salvar o
rock e, logicamente, o mundo. Seus rostos de vinte e tantos anos traziam a inocência de
meninos recém-saídos da garagem de casa e de fraldas recém tiradas. Entre estas características de bons meninos, eles também traziam na bagagem de estrelas de rock somente o
quesito musical, nada de escândalos de sexo e drogas. Quesito, aliás, habitual das bandas
de heavy metal dos anos 80. Quase inexistentes, também, eram os boatos envolvendo a
vida pessoal da banda, já que quase todos os integrantes já eram comprometidos antes
mesmo de se tornarem famosos.
A mudança de comportamento da banda com a virada da década também mudaria a
visão da imprensa especializada no ramo em noticiar sobre a vida pessoal das celebridades,
a conhecida fofoca. Isto porque, se antes a banda pouco falava de sexo e mesmo amor em
suas músicas, agora o assunto se tornara descarado não só nas letras, como também em
declarações e mesmo ações e gestos sugestivos que envolveriam um Bono vestido de vinil e
uma pobre filmadora. Se antes pouco interessava a pose de garotos católicos aos tablóides
do gênero, agora seria um belo banquete noticiar tais gestos, declarações e principalmente,
aparições públicas suspeitas. Logicamente, a mudança de postura da banda não justifica
nenhum doas boatos que começariam a surgir na época. Porém, da mesma maneira, não
considere uma mera coincidência o fato de que a mudança de comportamento não tenha
relação alguma com o fato eles estarem mais expostos.
Por estar à frente da banda, Bono é quem recebe mais atenção não só dos fãs, como
também da própria mídia. E é este mesmo Bono o campeão das histórias e boatos que o
trazem como protagonista, juntamente com mulheres, famosas ou não. Estranhamente, se
trata da mesma pessoa que construiu, ao longo de sua carreira e vida pública, um certo
mito de fidelidade e relacionamento com sua namorada dos tempos de escola, com quem
está casado há 20 anos, Alison Stewart.
Logo no começo dos anos 90, duas mulheres famosas estavam nas miras do que se
pode chamar de boato, para um caso. E Bono estaria envolvido. Uma, a atriz Winona Ri der, estava em recente ascensão na carreira, no começo de seus vinte anos. Pouco se sabe
sobre qualquer envolvimento com o cantor, mas sabe-se que eles eram grandes amigos, e
saiam constantemente juntos. Ela pode ser vista vestindo a roupa do personagem The Fly
no documentário realizado pela MTV sobre a mega turnê ZOO Tv. Nenhuma prova mais
consistente foi apresentada por jornal algum, e com o tempo o possível caso foi caindo em
esquecimento pelo público, e substituído por algum outro do mundo da mídia.
A segunda mulher abordada pelos jornais foi a famosa modelo Cristhy Turlington.
Assim como Rider, ela também estava presente dos holofotes da imprensa por ser, na épo ca, uma das mais famosas e requisitadas modelos do mundo. Os dois podem ser vistos juntos posando para uma edição do ano de 1992 da revista de moda Vogue. Dizem as más lín guas que o caso dos dois tenha tomado uma proporção tão gigantesca que Bono teria até
comentado com Ali que tinha intenção se assumir todo o caso. Obviamente, nada foi con-
U2 For Girls, por Rafaela Comunello
155
firmado. No ano de 2001, os jornais publicaram que Christy estava prestes a se casar e que
Bono a levaria até o altar, substituindo o pai da modelo, já falecido. Mesmo sendo adiado,
o casamento não achegou a acontecer. O motivo é, também, desconhecido. Aliás, a data tinha sido marcada para o trágico 11 de setembro. A última vez que os nomes de Bono e Christy foram mencionados em uma notícia juntos, foi na festa de despedida de solteiro do
guitarrista da banda, The Edge, onde, além dela, a modelo Helena Christensen também estiveram presentes.
Mais recentemente, boatos envolvendo o cantor foram ainda mais berrantes na imprensa irlandesa. Alguns meios de comunicação noticiaram que a vocalista do grupo também irlandês The Corrs, Andrea Corr, estaria saindo com Bono. Após muitas fotos de encontros também diversos, os assessores de imprensa dos dois cantores negaram a existência do caso, alegando que se tratava de uma amizade antiga entre as duas famílias. Mesmo
assim, entre alguns fãs ficou uma certa dúvida, ainda mais após o show que rendeu a gravação de um DVD e um disco ao vivo do The Corrs, onde Bono participa em duas músicas,
‘Summer Wine’ e uma regravação da música ‘When the stars go blue’, do nova iorquino
Ryan Adams. Esta última música foi lançada recentemente como single, e o videoclipe traz
questões entre fãs. Talvez e possivelmente grandes amigos, mas não se pode negar que Andrea fita durante o clipe inteiro Bono, que, parecendo até constrangido, evita os olhares da
moça. Os dois ainda dançam, juntos no palco, mas um clima de distanciamento paira
no ar.
Definitivamente, são assuntos extremamente polêmicos. Há os que defendem a grande fidelidade do artista, e há ainda os que acreditam que Bono durma em um poleiro em
sua mansão em Dublin. O fato é que nada nunca foi confirmado oficialmente por ninguém,
não se sabe se por falta de interesse ou por terem a convicção de que a vida pessoal de
Bono trate apenas a ele e seus relacionados; não aos fãs e imprensa em geral. Destaco que
nada destes supostos acontecimentos devem interferir na maneira com que qualquer fã enxergue a banda, já que, neste caso, se trata apenas sobre a música, e mais nada. Porém,
confesse: você também sente vontade de saber, caso contrário já deve ter se perguntado sobre isso algum dia.
Apesar de todas as histórias, Bono continua, segundo o próprio, muito bem casado. A
relação entre os dois é, sem dúvida alguma, extremamente forte. O que se deve lembrar é
que todas estas histórias se tratam de boatos, nada confirmados. Até segunda ordem ou
qualquer confirmação oficial, o que provavelmente nunca acontecerá, Bono nunca manteve
relação maior do que pura e simplesmente que amizade com estas mulheres. Assim como a
cantora Stevie Nicks, a modelo Kristen McMenamen ou a vocalista do grupo irlandês Clannad, Maire ni Brennan, entre tantas outras que já apareceram, ou irão algum dia aparecer
como sendo fisgadas pelo cantor. Alison ainda pode ser o porto seguro de Bono, mas, quem
sabe, o marinheiro acredite que existem muitos outros cais por aí, a serem explorados.
Isso, meus amigos, é algo que nunca iremos saber.
***
Confessionário U2
“Eu gostaria de dizer sobre um pecado que cometo todos os dias, todas as horas, todos minutos e todos os segundos. EU MORRO E DERRETO (DE CIÚMES) QUANDO EU
VEJO ALGUMA COISA DE UMA PESSOA NA QUAL É CASADA COM O BONO VOX QUE
SE CHAMA A–— (Não gosto nem de pronunciar seu nome e muito menos seu sobre
nome). Acho ela metida e enjoada, mas eu sei que é só porque eu queria demais estar no
lugar dela. Meu caso é grave? Por favor, me responda, estou em caso de EMERGÊNCIA!”
- Lívia Cristina / Minas Gerais
Calma, sem pânico. O seu caso não é grave, mas você deveria rever esses conceitos.
Você não gostar dela pelo simples fato de ela ser a esposa do Bono não é uma coisa que
seja, digamos assim, saudável. Logicamente as pessoas têm toda a liberdade de gostar ou
ULTRAVIOLET – COLUNAS
156
não das outras, mas se for pra não gostar, que sejam por motivos plausíveis! O que eu que ro dizer é que você deve, realmente, superar este ciúmes da maneira com que preferir.
Quando você tiver certeza que não é ciúmes que sente, daí conversamos.
“Oi Rafaela, bem meu pecado é meio cabuloso, mas acho que comum entre as fãs do
U2. Fico pensando em coisas como qual a posição preferida deles na cama, quais as suas
fantasias e os seus desejos, qual foi o lugar mais estranho que cada um deles já transou.
Gostaria de saber o cada um deles acham de relacionamentos com fãs e traições. Às vezes
eu penso que eu podia ser suas consciência só para saber o que se passa nessa cabecinha”.
- Camila / São Paulo
Com certeza não é a única pessoa. Esta história de querer saber sobre suas preferências pessoais, sejam elas quais forem, é um assunto extremamente polêmico, porque envolvem várias razões que podem ser justas ou concretas para alguns, e absurdas para outros.
Não há nada de mal pensar nesse tipo de coisa. É quase que inevitável já que, convenha mos, se trata de uma banda com membros extremamente charmosos! Não se preocupe, é
muito normal entre fãs que, além da música, também admiram a beleza, o sorriso, a voz, o
jeito… enfim, o próprio conjunto dos U2ers.
***
Depois de tanto tempo sem atualizar foi uma necessidade escrever uma coluna tão
grande! Gostaria de dizer que fiquei extremamente feliz de ler as pessoas que deixaram co mentários, ou mandaram e-mails, pedindo por uma atualização da coluna. São tantos motivos que eu não devo sequer comentá-los aqui pois seria mais um livro, além do habitual
da coluna. Sobre o tema desta semana, gostaria de ressaltar que esta coluna é aberta para
que nós, os famosos e consagrados colunistas ;) possamos expor nossas opiniões sobre a
banda ou o tema que foi escolhido por nós. Confesso que pensei milhares de vezes antes de
escrever sobre o tema, pois, por ser um membro da Ultraviolet há quase três anos, percebi
que este tema, quando entra na roda de discussões, só sai depois de muita porrada verbal.
Mas, se for pra discutir, é pra isso que servem os e-mails e os comentários. Sim comentários! Inovação desde a coluna anterior. Só peço que, se alguém desejar confessar alguma coisa que seja pelo próprio e-mail, para que não perca a graça e a surpresa. Já os comentários,
se forem educados, obrigada, que sejam feitos ali embaixo.
Não basta prometer, mas creio que voltaremos ao sistema quinzenal da coluna. Aceito
sugestões de tema, como habitual. Até a próximas, sem esquecer do aniversário do querido
guitarrista The Edge, que foi no último dia 8 de agosto.
A música desta coluna não é necessariamente do U2. ‘Falling at your feet’ participa da
trilha sonora do filme O Hotel de Um Milhão de Dólares, muito conhecido por nós, fãs da
banda. Cantada por Bono, ela é extremamente simples, mas tanto a letra, como a voz serena e o piano durante a música são de desarmar qualquer um. Eu recomendo para ouvi-la
com alguém muito querido. E que não tenha ciúmes algum da voz sexy do Bono, obviamente!
––––––20 de agosto de 2002, por Rafaela Comunello
U2 For Girls, por Rafaela Comunello
157
Uno, dos, tres… anos sem atualizar!
Ou “a menina sem tempo que passou por uma crise U2-tencial”
Por Rafaela Comunello, publicado originalmente em janeiro de 2006.
Desde minha última coluna aqui no excelentíssimo site da Ultraviolet já se vão mais de 3
anos. Para ser mais precisa, 3 anos, 4 meses e 19 dias… É tempo, hã? É sim.
Mesmo que não precise, porque óbvio, confesso que ‘naquela época’, três anos atrás,
ainda me sobrava um pouco mais de tempo para dedicar aos meninos. ‘Ainda’, porque já
era reduzido. Passar tardes e tardes garimpando notícias sobre a banda, notícias, bootlegs
e raridades, e principalmente passar horas a fio discutindo sobre pequenos detalhes em
músicas e nos integrantes, o que rendia e-mail quilométricos à nossa adorada lista, é algo
que não consigo imaginar na minha correria atual.
‘Tempo é a gente que faz’, eu sei, e não quero fazer de bode expiatório a minha correira atual como uma desculpa para a absoluta falta de colunas e dedicação à minha adorada
banda, mas algumas coisas se tornam meio ‘inevitáveis’ depois de um tempo. Sim, continuei acompanhando aqui e ali o que tem acontecido, ainda me empolgo com quaisquer notícias, mas toda aquela minha dedicação incondicional acabou se dissipando por motivos
mais pontuais e urgentes.
Acontece que no meio dessa brincadeira algumas coisas passam despercebidas. Sua
disposição acaba diminuindo e os discos não mais saíam da prateleira para serem ouvidos
com a mesma freqüência de antes, e é quando uma grande amiga minha veio comentar
algo, naquela época recente, sobre a banda, e eu nem fazia idéia do que se tratava, me toquei: será que não me importo ou pior, não gosto mais do U2 como fazia antigamente?
Acabo de lembrar de um momento meio antigo e bobo da minha vida, daqueles que a
gente nunca sabe porque lembra. Eu tenho disso e você provavelmente também. Um deta lhe distante e até meio insignificante de sua vida, algo não necessariamente marcante, mas
que te faz lembrar de uma época ou acontecimento com toda a precisão do mundo. Pois
bem, daí eu tinha alguns poucos anos e ocupava meus dias pensando nas poucas coisas que
preenchiam minha pré-adolecência, os garotos e amigas e planos e minhas espinhas.
Numa volta pra casa de ônibus do colégio pra casa, eu ouvia meu singelo walkman (em
eras de Ipod e fones de ouvido albinos, alguém, além de mim, ainda usa essa
‘engenhoca’?), uma fitinha bacanuda contento alguma de minhas várias coletâneas dedicadas exclusivamente ao U2. Na época eu também tinha tempo para fazer coletâneas da banda, com músicas selecionadas pela minha pessoa para dias alegres, melancólicos, apaixonados, chuvosos, larrymullenosos e por aí vai.
Em certo ponto da fitinha, que não tenho nem idéia qual era, ouvindo um dos tantos
versos que mudaram minha vida e alimentavam minha paixão adolescente pela banda,
senti uma pontada de emoção e aquela lagriminha piegas caiu do canto do olho. Pra completar o momento meigo e cliché ao nível máximo, pensei com meus botões que não era
possível que um dia eu iria deixar de amar esses caras como eu estava amando naquele momento.
Pensei nas milhares de pessoas que deixam suas causas depois que crescem, abandonam suas lutas e credos e não tem coragem nem de levantar uma bandeirinha, gritar alguma coisa na rua, ou mover-se de fato em prol de alguma coisa que o valha. Porque, afinal,
essas pessoinhas execráveis que são os adultos precisam ganhar dinheirinhos cada vez
mais e se sustentar e alimentar tooodo esse sistema porco e capitalista e inútil a que esse
monte de gente se acomoda cada vez mais.
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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Já eu não: nunca que iria largar minhas bandeiras, quando fui escolhida pra ser fã do
U2 (sim, sou quase uma versão feminina adulta de Danny Torrance, a escolhida, afinal não
fui eu quem escolheu isso; oras, ninguém nunca me perguntou nada a respeito, então eu
deixo é a responsabilidade pra outros alguéns, não eu!) e jurei que o Bono é meu pastor e
nada me faltará, eu não posso chegar e decepcionar o militante non-stop desde as épocas
de Hype e Feedback que ele é.
Acontece que a menina cresceu um pouco, estudou outro pouco, trabalhou mais um
tanto e descobriu que, veja só: ela precisa se dedicar sim a outras coisas porque, afinal, o
mundo não é bem daquele jeito que a garota ‘revoltadinha’ achava que era, ou talvez até
seja, mas alguém precisa parar de te sustentar algum dia e você se virar e outras coisas vi ram prioridade. Visto até os olhos de nostalgia, olhando para trás: cartinha pra fã-clube,
moedinhas não utilizadas no “recreio” pra comprar revistas e discos, comecinho de internet e até o início da Uv. Nostalgia, porque quem me dera ter mais tempo pra dedicar tantas
horas dos meus dias para fazer exclusivamente coisas que gosto, inclusive e principalmente, papear sobre um verso obscuro de uma canção perdida da banda ou o quão charmoso
anda o Sr. Clayton.
A questão é que as prioridades acabam mudando de tempos em tempos em nossas vidas. Descobri as Américas agora, mas na época eu não tinha muito idéia do que era isso.
Invejo quem possa fazê-lo várias horas por dia, mas eu não posso mais. E conseguir alguns
dias no meio de fevereiro ou março para viajar para assistir a um show da banda não é tão
simples como antigamente.
Só um recado pra menina do walkman, no fundo do ônibus, sonhando com aquelas
milhões de coisas: não deixei a luta não, nem de acreditar, sabe. Ainda sou inocente e acho
que podemos mudar o mundo e tento fazer isso todo santo dia, do meu próprio jeito. E pequena, continuo não te decepcionando: a banda eu não deixei de amar não. Isso a gente
não deixa. ‘Ficante’ a gente larga, namorado a gente pede um tempo, mas aqueles lá… você
vira um adulto chato de terno e gravata e cheio de palavras babacas, como as que uso de
vez em quando, mas esse amor não perde espaço. Hearts and thoughts, they fade away,
será? Acho que sim. Apagar já é outra história.
Vez ou outra arranjo uma desculpinha dizendo que é falta de tempo ou falta de grana,
mas isso aí é mania de gente de século novo que não sabe administrar seu tempo. Eu acho
que nem consegui aprender isso ainda.
Mas eu sei que ainda amo porque ficou ali, escondidinho, nos meses que eu nem comi
direito pela correria, nem sabia os filmes que estavam passando no cinema. Só que quando
começam a pipocar boatos e discussões e confirmações aqui e ali, o friozinho na barriga já
reaparece, os discos novos e antigos voltam a fazer parte da minha programação musical
diária, e assistir a shows deles em devedês se torna tão mais interessante como há pouco
tempo atrás era. Eletrizante.
Peço que me perdoem. Pela demora, pelas palavras emotivas e choramingonas. Pô,
minha ‘U2 For Girls’, desculpaí pelo pó acumulado. E aos meus meninos, um ‘sorry’ bem
carregado. Fevereiro, ‘tamos aí, já tomando uma dose extra diária de água porque a desidratação (choros e afins) vai ser forte.
***
Não vou prometer nada, já que promessa é feita para não ser cumprida. Acabo no
branco então essa coluna, sem prometer a próxima, quinzenalmente, anualmente, sei lá.
Acho que, no caso da U2 for Girls, aquele ditado que vovó já dizia, só aparece quando
muda o Papa, acabou funcionando. Não mais: prometo! Ops… Mas eu volto, tenham certeza.
Eu queria reativar o confessionário, música da semana, explicar todas as minhas referências do texto (ninguém deve ter entendido bulhufas), mas acho que dessa vez passa.
Voltamos de pouquinho, pra não machucar.
U2 For Girls, por Rafaela Comunello
159
Ah, e daí nós vamos ver o U2 daqui a pouco e eu estou cada vez mais nervosa e eufórica. Coisa de iniciante. Virgem mesmo, e daí? E um dos motivos que me deixa mais feliz
(além do óbvio, duh!), é o monte de gente que eu vou encontrar nos shows da banda, gente
que eu converso há muito tempo, sem ter encontrado pessoalmentee a grande maioria até
hoje, mas por quem eu guardo um enorme carinho. E alguns outros queridos que vou reencontrar. Ou conhecer. Poucos dias para a confirmação oficial e a correria para venda de ingressos: ui!
Bom janeirinho pra vocês. Porque dois-mile-seis eu já sei que vai ser bom demais!
––––––9 de janeiro de 2006, por Rafaela Comunello
ULTRAVIOLET – COLUNAS
160
Vertigo: Veni, vidi, vinci!
Um não-review sobre a vinda do U2 ao Brasil
Por Rafaela Comunello, publicado originalmente em março de 2006.
Quando o U2 veio pela primeira vez ao Brasil na PopMart, eu estava para completar 14
anos. Não trabalhava, não tinha dinheiro e não conhecia ninguém em São Paulo ou Rio de
Janeiro. Isso fez com que eu ficasse em Curitiba por uma semana inteirinha chorando em
casa, vendo a banda pela tevê e comprando tudo que via pela frente que saísse na imprensa. Assistindo à transmissão da Mtv do show do dia 31 de janeiro de 1998, em meio ao meu
quase-afogamento de lágrimas, prometi a mim mesma que isso não ia acontecer novamente. Da próxima vez estaria lá e faria tudo que o protocolo de fã adolescente manda: aero porto, hotel, falar com fãs, dormir na fila e todo o resto.
8 anos depois, realizei meu sonho.
Foi tudo perfeito. E indescritível.
Eu poderia fazer um review extenso e detalhado sobre cada música, cada suspiro,
cada passo da banda aqui no Brasil, mas não vai dar certo. A única coisa que posso dizer é
que eu estava lá. Bem do tipo camiseta ‘Vertigo Brasil 2006: EU FUI’. Eu fui, senti tudo
aquilo, amei tudo aquilo, chorei tudo aquilo. E vocês também. Quem não foi, espero que da
próxima dê certo.
Falaria, por exemplo, do quanto foi delicioso ouvir um sonoro ‘Bom dia!’, assim mesmo, em português, vindo de Bono, às 7 da manhã no aeroporto, recém vindo do México.
Passando também pelo ‘Agora é nossa vez’ e ‘Esta é a nossa festchinha particular’ nos
shows. E, principalmente, quando ele falou um embolado ‘Santa Catarina’, estado que tenho orgulho de ter nascido!
Eu também poderia falar sobre os olhos azuis mais fascinantes de toda a galáxia. Os
olhos mais tenros e sinceros que eu já vi na vida. Depois de termos encontrado com os ‘meninos’ no aeroporto, um dos comentários foi este: o Bono tem os olhos MUITO marcantes.
Ele passa uma ternura absurda, uma sinceridade inacreditável. Ele te olha nos olhos, e TODOS que encontraram com ele falaram a mesma coisa. E tem gente que é capaz de falar
que tudo que ele faz é por auto promoção. Aqueles olhos não mentem. O cara é foda mesmo. Ponto final.
E Bono viu o Lula. Discutiram sobre o nosso Brasil. Falem o que quiserem, mas eu
achei isso lindo. Tirando a Marisa nas fotos morrendo de se esticar pra pegar na mão do
querido. Tá bom, ela também teve seu momento fã de U2 descontrol, mas deixa pra fazer
isso nas fotos particulares, não posando pra imprensa.
Por sinal, uma das coisas que pensei durante o show: Bono escreveu Pride para ele
mesmo, sem saber. Um homem vem em nome do amor. É ele mesmo, gente! Claro que fala
sobre o MLK, por sinal eu acho esplêndida a leitura dos artigos da Declaração dos Direitos
Humanos pela Sra. King, falecida há poucas semanas. Mas esse refrão de Pride descreve o
homem incrível que ele é. Sempre foi. E esse monte de crítico que adora falar besteira so bre esse cara fenomenal que vá catar coquinho. Sem respeito algum, aliás. Mexeu com
Bono, mexeu comigo.
Também falaria sobre o sentimento de vazio que se estabeleceu por várias horas
quando foi cogitada a possibilidade de Edge não vir tocar com a banda. Agora com toda
essa tristeza de notícia que a banda suspendeu os shows por tempo indeterminado, a nossa
felicidade dá uma trégua por solidariedade a ele. Uma prece a Sian. ‘Hang on there, baby
diva’. E hang on there, querido Dave.
U2 For Girls, por Rafaela Comunello
161
Eu poderia também comentar sobre a ótima seleção de músicas que precederam ambos os shows, em especial ‘Summer babe’ do Pavement, que me fez lembrar do meu summer babe que eu abandonei em casa por uns dias para perseguir o meu sonho. Ou sobre o
auxiliar de som que, ao passar o baixo do Adam, veio pela passarela tocando ‘I wanna be
adored’ dos Stone Roses. E principalmente ‘Wake up’ do Arcade Fire que só os fãs sabiam
que seria *A* música que iria preceder o show. Nunca gritei tanto quanto naqueles
‘Ooohh…’. Totalmente children, wake up: eles estão chegando. EEEEVERYONE!
Falando ‘no homem’, queridas, como ele consegue ficar tão lindo? Hoje, inclusive, é
aniversário dele. 46 anos muito bem conservados e vividos, obrigada! Adam é vinho e ponto final. Por sinal, ele no show é a simpatia em pessoa. Olha para os fãs que se amontoam
para chegar mais perto dele, distribui piscadelas e sorrisos. E o beijo de Bono em Adam,
nas duas noites, foi o momento U2 for Girls total dessa vinda deles ao Brasil.
Sobre a Katilce, pô, tanta coisa legal para comentar sobre os shows e o pessoal encar na nessa garota? Digamos que eu já falei sobre isso antes. Inclusive eu previ o perfil da
moça. Se ela é parecida com a oficial, minhas crianças, é porque tem um motivo. Mas vejam da seguinte forma: ela nem bingo ganha mais! Se você sobe no palco e dança com o
Bono, más notícias, sua sorte de toda a vida, economizada das vezes que você não abriu o
guarda chuva dentro de casa e nem quebrou espelhos, acabou por ali. Desejo que ela ganhe
algumas dezenas de reais com sua fama passageira e passar bem!
Falaria sobre as horas sentadas no Morumbi, dando risada e recebendo xingamentos
de quem passava na rua ao lado; das horas de espera na madrugada no aeroporto devidamente recompensadas, das várias horas sem dormir, das horas com sol forte no rosto, empurrão e briga porque se mexeram 1 milímetro do lugar original.
Poderia falar também sobre o cabelinho molhado do Larry e seus potes de gel. No aeroporto, depois de duas horas de espera depois de o avião da Vertigo aterrisar em Guarulhos, tínhamos certeza que a demora para eles descerem do avião era o Larry, no banheiro,
ajeitando o cabelo. E o garoto sorri! Muitas e muitas vezes. E, se tratando de Larry, falar
sobre seus atributos físicos nunca é demais. Quem viu de perto pôde perceber ‘aquilo tudo’.
Até cantando ele ficou meigo, além da respostinha marota na entrevista ao Fantástico ao
chato de plantão do Álvaro Pereira junior. ‘It’s a musical journey…’ Só nós entendemos.
Mas eu queria falar mesmo é da Ultraviolet. Ela mesma. Linda desse jeito, que até
apelido tem. Sou uma Uv desde 1999. São sete anos. Nesse tempo todo convivi virtualmente com gente de quem não sabia de seus passados, loucuras, sonhos. Só sabia de uma coisa:
tinham o mesmo amor pelo U2 que eu. Naquele tempo, eu achava que ninguém gostava de
U2. Não como eu, ao menos, já que não conhecer ninguém que mantinha a mesma paixão
pela banda me fazia crer nisso. Óbvio que isso não existia e com a Uv eu descobri que não
sabia nem 1% sobre a banda. Hoje devo saber uns 30% e olhe lá.
E esta vinda da banda ao Brasil me fez ter contato com os Uvs ‘além mar’, digo, além
Paraná. Vi que não conheço mais ninguém na Uv, porque ela hoje em dia é gigantesca.
Enorme. Incontrolável quase. Mas controlada com muita maestria e profissionalismo. Dei
voltas e voltas pelo Morumbi nos dias de fila, assim como procurei cada um no show da U2
Brasil, e a cada amarelinho era um grito de alegria! Conheci gente linda, sotaques diferentes, mas a mesma felicidade e empolgação.
Ai, a camiseta da Ultraviolet! E a camiseta entregue a Bono com seu nome assim que
pisou no Brasil? Ele virou um ‘amarelinho’ também. Parte do maior, mais lindo e imbatível
fã clube dessa banda tão amada. Amém! Pra quem não sabe, a responsável foi a querida vice-presidenta, Adra, a primeira fã a beijá-lo em solo brasileiro.
Queria também falar da TAG da Ultraviolet, ou credencial, como queiram chamar.
Ela era tão linda e profissional que todo mundo que nos via com elas tinha medo, achava
que éramos da produção ou coisa que o valha. Ou, como no meu caso, serviu pra vendedor
ambulante no estádio tirar uma com a minha cara e me chamar pelo nome. Aliás, teve mui -
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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ta gente que conseguiu colher frutos com ela, de uma ou outra forma. Bem feito aos que fi caram com vergonha e não quiseram ser reconhecidos como Uvs.
Falando de Uvs, e sim, eles todos existem, preciso falar também de pessoas que me
receberam como se eu as conhecesse há muito tempo, em especial uma querida que me recebeu em sua casa, sem saber se eu era uma psicopata, cleptomaníaca, mal humorada ou
qualquer coisa do tipo. Que me ofereceu caminha gostosa e cafezinho fresco. Conversa sobre as coisas da vida até as 7 da manhã. E cadelinha fofa (além das outras, claro! :) pra eu
afofar um pouco.
E às minhas queridas amigas do ZOO com quem convivi dias bárbaros que não teriam acontecido, pelo menos não daquela forma incrível, se não estivesse com vocês todas,
mando um beijo gigante. Em ordem alfabética pra não dar briga, Adra, Andréa Rosa, Carol
Feher, Flávia Zetterman, Pri Lemon, obrigada por tudo. Vocês são lindas, poderosas, incríveis e merecem tudo. E Drea, sim, seu reinado está em boas mãos!
Só sei que voltei a Curitiba, depois de quase uma semana perseguindo e falando só
sobre o U2 com a fatídica DPS (depressão pós show) mas voltei com mais certeza ainda de
que eu AMO a Ultraviolet. Amei ter conhecido todos vocês. O problema é que depois que
você vai em dois shows esplendorosos como aqueles, o que você faz da sua vida? Nenhum
show vai ser igual àquele. Pelo menos não o de outras bandas. O negócio é esperar pelos
próximos. E vão ter sim, vários e em breve, pode acreditar.
Queria falar por último de quando o Bono veio de mansinho, cabeça baixa, do lado da
multidão, ali na minha frente, subiu as escadas, virou e ela estava lá, linda, brilhando. Meu
brasão lindo. Amo o Brasil. O U2 o ama também. Acabou. O resto é história. E a nossa a
gente fez bonito. Vertigo: veni, vidi, vinci.
We win. We loose. IT’S PERFECT!
––––––13 de março de 2006, por Rafaela Comunello
U24US, por André Braun
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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U24US
Por André Braun
U24US??? Por que este nome? Acho que a pergunta deve ser outra…
Por que escolhemos o U2 para ser nossa banda preferida?
Por que escolhemos o caminho que o U2 percorre para seguir, porque escolhemos as
canções que eles tocam para ser a trilha sonora de nossa vida?
Por que às vezes estamos tristes e não queremos falar com ninguém, apenas colocamos um cd do U2 para escutar, apenas aquela voz, aquela melodia nos conforta?
Por que às vezes estamos super felizes, queremos comemorar com todos, queremos
que todos compartilhem aquele momento de felicidade conosco, então colocamos uma música do U2 bem alta, pois esta com certeza é a melhor maneira de passar a felicidade
para todos?
Por que desde a primeira vez que ouvimos e começamos a desvendar a história dessa
banda, nunca mais conseguimos nos desligar dela?
Por que sempre que vemos algum membro do U2 ser homenageado, sentimos orgulho como se nós estivéssemos sendo homenageados?
Por que fazemos questão de tentar passar o nosso conhecimento e tornar um amigo
ou familiar nosso mais um fã do U2?
Poderia ficar aqui escrevendo esta coluna apenas listando perguntas deste tipo, pois
elas são inúmeras. A grande questão é tentar de alguma forma repondê-las, tentar “expli car o sentimento inexplicável” que sentimos em relação ao U2. Esta frase em parênteses
pode parecer a maior anti-frase do mundo para pessoas que não sintam o que nós sentimos.
A relação que um fã do U2 tem com o outro, como uma banda de um país distante
pode fazer várias outras pessoas do mundo inteiro se unirem a tal ponto de se tornarem
verdadeiros amigos? Eles não pregam uma religião nem uma política para isso, eles não
pregam nada. Não existe uma doutrina para ser seguida. Eles apenas transformam em melodia os nossos sentimentos, apenas transformam em estrofes as nossas dores e em acordes as nossas alegrias.
Seria tudo isso proposital? Intencional? Nos atingir em cheio no nosso ponto mais
fraco, a emoção?
Ou seria tudo apenas uma conseqüência de ter pessoas “normais” em cima de um palco, pessoas que se preocupam com o resto do mundo, pessoas que se preocupam com os
seus fãs e pessoas que sentem de verdade o que nós sentimos?
Como pode pessoas tão importante no Show Bizz serem tão acessíveis? Tão simples?
Tão humanas? Tão sensatas?
Será que são eles que são perfeitos demais ou será que são os outros “astros” que são
errados? Será que eles estão apenas fazendo a coisa certa, a coisa mais simples, ou será que
o que eles fazem em relação aos outros é realmente digno de louvor?
É para isso que resolvi escrever esta coluna, para de alguma forma tentar responder
algumas das tantas questões que coloquei aí em cima, para comentar e, o mais importante,
compartilhar tudo que possa estar envolvido na grande aventura, a grande viagem que é
ser um fã do U2.
Para isso conto com o apoio de vocês, com sugestões, críticas e idéias, para que toda a
semana a gente tenha aqui algo que possa fazer a gente refletir, discutir, concordar, discordar ou apenas rir. Algo que talvez possa nos ajudar a explicar a verdadeira dimensão dessa
paixão que sentimos pelo U2.
U24US, por André Braun
165
Esta coluna não é apenas para fãs antigos, ou aquele fã que sabe tudo, que tem tudo
do U2, esta coluna também é para a pessoa que ainda não sabe se é fã, ou que se tornou fã
agora, que esta começando a comprar todos os álbuns da banda, é para que fãs assim en tendam a emoção que essa banda nos passou, que motivou pessoas a fazer uma lista, um
site, se unirem, essa emoção que com certeza contagia a todos que abrem um pequeno espaço e deixam o U2 entrar em sua vida.
Espero que a U24US se torne realmente um espaço do U2 para nós. Obrigado.
André Braun
Frase da Semana
“You say when he hits you, you don’t mind
Because when he hurts you, you feel alive
Oh no…
Is that what it is?”
Stay - Zooropa
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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U24US
Por André Braun
Olá, pessoal.
Bom, nesta semana, como também não recebi muitos e-mails com sugestões, ou seja,
nem sei se tem alguém lendo essa coluna… (Ah, o pessoal da equipe da ultraviolet-u2.com
lê, porque recebo e-mails reclamando dos meus erros de ortografia que, acreditem, não são
poucos. Thanks, Carol!!) Então, voltando ao assunto, eu mesmo resolvi escolher o tema da
coluna desta semana: o tão falado e comentado show da Elevation Tour em Boston, que
passou na DirecTV durante 2 semanas.
Não sei se todo mundo sabe, mas esse show teve alguns rolos. Tem um pessoal que foi
em vários shows da E.T pelos USA (E.T = Elevation Tour, USA = ahh vocês sabem :-) ) que
sempre era o primeiro a chegar e conseqüentemente sempre ficava lá na frente no coração.
Se não me engano eles eram liderados por uma tal de Patty. No dia da filmagem em Boston. ela estava lá com a sua “tchurminha” há muitas horas na frente da fila quando de repente chegaram algumas pessoas da produção do show. Elas pegaram algumas pessoas que
estavam mais para trás na fila e as levaram para dentro do estádio.
O pessoal da turma da Patty foi questionar a produção sobre o que estava acontecendo e eles foram informados de que não era nada de mais e que aquelas pessoas selecionadas não iriam ficar na frente no show.
Mas aí quando foram abertos os portões e eles chegaram à pista, aquela turma selecionada, que eles chamaram de “pessoas mais bonitinhas”, estava lá na frente.
Diante disso a turma da Patty, muito revoltada com a atitude até aí atribuída à banda,
resolveu fazer protestos durante o show, como por exemplo não vibrar tanto e às vezes até
se sentar, formando um buraco no meio do coração. Depois de muita discussão e, se não
me engano, depois que uma fã conseguiu falar com o Bono a respeito do fato, ele explicou
que eles haviam feito isso não para colocar pessoas mais bonitas na frente para a filmagem
do DVD e sim porque eles estavam cansados de ver as mesmas caras sempre na frente no
show, que eles estavam dando a oportunidade para pessoas que trabalham, que não podem
ficar o dia inteiro na fila, mas que são tão fãs quanto eles, de ficarem na frente do show.
Isso gerou muitas discussões. Alguns diziam que o U2 estava certo, que todos têm
que ter a chance de sentir a emoção de ficar na frente de um show do U2. Outros disseram
que isso não passou de uma lorota da banda, que eles nunca haviam se preocupados com
isso e que realmente eles queriam pessoas mais bonitas e mais arrumadas na frente do palco para melhorar as filmagens. Bom, não vou entrar nesse mérito da questão, quem sabe
em uma próxima coluna, deixo você refletir um pouco sobre isso.
No começo da coluna eu disse que ia comentar o show. Você já está aqui embaixo e já
de saco cheio, com o olho ardendo e ainda não leu droga nenhuma sobre o show. Ok, ok, eu
juro que vou falar sobre ele, acontece que era essencial que você conhecesse os fatos acima
para que possa entender o meu comentário do show.
O primeiro reflexo e talvez o mais forte dessa confusão toda é o corte de algumas músicas do show que não entraram no DVD (se não me engano são New Year’s Day, Mysterious Ways, Pride e One). Para nós fãs e até para não fãs isso fez muita falta, até porque elas
são músicas super conhecidas da banda.
Mas vou comentar o que eu vi. O DVD é a compilação das filmagens de dois dias de
shows em Boston, por isso algumas vezes você percebe que em uma mesma música existem imagens coladas (o mesmo que fizeram com os clipes do show do Projac que foram ao
U24US, por André Braun
167
Fantástico. Quem esteve no show e prestou bem atenção no que passou na televisão sabe
do que eu tô falando).
O show começa com Elevation, entrando com a visão da câmera dos óculos do Bono,
que particulamente achei uma das grandes sacadas deste DVD. Logo no começo de Elevation, se você prestar bem atenção no coração, você vai ver que apenas uma parte dele pula,
dança, canta etc, a maioria do pessoal tá tipo meio parada com os braços cruzados… mas a
emoção do resto do público cobre isso.
Em Beautiful Day, você percebe que existem várias imagens coladas. Até naquela
hora em que o Bono canta abrindo as mãos para cima, depois que ele abre as mãos e o microfone já está lá em cima a voz dele continua saindo, depois entra o backing vocal. Isso fez
um amigo meu dizer na hora “Ah, o Bono tá dublando”, mas logo depois ele também sacou
que não se tratava de uma dublagem e sim de uma colagem de imagem dos dois shows mal
feita, afinal as imagens eles podem colar, o som fica mais difícil. Acredito que eles escolhem o áudio do melhor dia e depois vão colando os melhores takes das gravações daquela música.
Until The End Of The World rola super bem. As visões dos óculos são um show à parte, como já disse lá em cima. Depois no final, o grande duelo, onde pela visão dos óculos do
Bono parece que ele dá uma senhora cabeçada no Edge. Tem o grande duelo, muito bom,
bem melhor do que o da Popmart, os chutes do Bono na guitarra do Egde com as batidas
do Larry cobrindo no fundo e depois o Bono esfregando o microfone na guitarra é demais…
A galera vai à loucura… Quando acaba The Edge sai correndo para tocar o teclado de New
Years Day, quando de repente em uns 5 segundos, não tem New Years Day, já estamos em
Stuck in a Momment, com o Bono já no palco sem os óculos, ou seja, sem as câmeras tam bém, ahhhh, e Stuck rola perfeitamente, com o Bono segurando alguma coisa na mão (não
tenho a mínima idéia do nome daquilo) para fazer o ritmo.
Mais para a frente o Bono pára um pouco, fala que estava mal há alguns dias mas que
a banda e o publico o ajudaram muito, e que sua voz tinha voltado, por isso ele estava cantando melhor. Depois veio uma apresentação linda de Kite, com muita emoção na voz do
Bono. No final ele cantou um verso sozinho no violão, provando que realmente toca algu ma coisa… Opa, toca mesmo? Porque em I Will Follow ele também toca violão. Eu nunca
tinha visto ele tocar qualquer instrumento em I Will Follow e, sinceramente, não achei diferença nenhuma. Para mim aquilo ali tava totalmente desplugado. (Isso de o Bono tocar
ou não tocar nada também já gerou várias discussões. Minha opinião continua a mesma.
Bono não toca violão nem guitarra.)
Em seguinda tem Gone com um final muito bom. Depois o Edge joga a guitarra dele
no chão e chuta, não sei por quê, ouvi falar que no chat que teve ele respondeu que fez isso
porque eles assassinaram a música naquela versão.
O bicho começa a pegar mesmo em Sunday Blood Sunday, acho que a partir daí a
banda começou a se tocar que tinha algo errado. Bono estava super empolgado depois de
New York e tal quando no começo de Sunday Blood Sunday alguém taca alguma coisa na
cara do Bono, aparentemente a tampa de uma garrafinha de água. Ele se esquiva muito rá pido (o que deixa longe a idéia daqueles que falam que o Bono entra drogado no palco.
Ninguém sob efeito de drogas conseguiria ter um reflexo tão rápido como Bono teve aquela
hora. Bom, mas drogas também são discursão para outras colunas. :-) )
Depois que Bono se esquiva ele faz um sinal de paz para a o lugar de onde veio o objeto e dá para perceber claramente que ele fica meio down. Perde um pouco do ânimo, ali
possivelmente caiu a ficha.
E foi toda a banda que sentiu isso, veja no começo de Desire. Fique olhando só para o
Larry, perceba que ele fica encarando muito o pessoal do meio do coração. Ele faz um sinal
negativo com a cabeça, tipo desprezando aquelas pessoas.
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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Quando Bono chama o resto da banda para o meio do palco dá para perceber também
que o Larry vem meio P da vida e nem olha pra galera do coração.
Em Where The Streets Have No Name, fica comprovado que essa música é a que mais
levanta o público em um show do U2, talvez pelas luzes explodindo na sua cara e pela batida que parece estar no ritmo do seu coração.
Bad… Bom, Bad só tenho a dizer que Bad é “a música”. Você sabe o que estou dizendo.
Depois temos Bullet the Blue Sky, aquele final do Bono com a lanterna falando do
Mark Chapman (o homem que matou Jonh Lennon), e vem With Or Without You, que na
minha opinião é o ponto alto do show. O Bono pega uma menina, deita com ela no palco e
eles cantam a música juntinhos, quando chega na parte do “OHHHHH” o coração se acende como se fosse um grito mesmo. A tomada de câmera também é perfeita, pega os dois
cantando juntinhos olhando para cima. Depois Bono olha para a menina, canta um pedacinho da musica para ela e dá um beijo na boca. O povo delira e a menina… Bem, a menina
quase tem um troço, hehe. Ele se despede dela e volta para o palco principal. Aa seqüência
temos The Fly. No começo Bono vai pra frente do coração e canta encarando o pessoal lá
no meio. Você percebe por uma tomada por trás das pernas do Bono que o pessoal fica
meio constrangido, porque Bono está meio que expressando uma raiva para eles. Se você
ver a cena devagar e com atenção vai ver que, do ponto de vista da câmera que filma por
trás das pernas do Bono, parece que no final ele aponta para o seu órgão genital, tipo “aqui
pra vocês”.
Você percebe que nessa mesma hora Adam e Edge mandam um típico sorriso para o
Bono como se fossem dizer “Isso aí, cara, mostra que é a gente que manda e tal, boa lição”.
Aí você acha que Mr. Paul Hewson, 41 anos, depois de quase 2 horas de show está
morto? Enganado, meu amigo. Ele dá um pique e dá 2 voltas correndo pelo coração, depois
pula no meio do público e volta correndo, se atirando no telão como uma mosca na parede. Perfeito.
Depois vem One. Ops, One não veio, foi cortada, lembra? Aí vem uma tomada de
Wake Up Dead Man e Walk On, que parecem ser claramente do outro dia, não do mesmo
dia da maioria das músicas que passaram do show.
Walk On caiu como uma luva como música para fechar o show, até porque a versão
ao vivo consegue ser mais linda do que a do CD (coisa fácil para o U2). Ela explode, depois
fica devagar, depois explode de novo, com a letra e as imagens da maleta em luzes na platéia… Maravilhosa.
Esse show mostrou que a Elevation Tour, mesmo sendo em um lugar pequeno para
um público pequeno, em relação às outras turnês do U2, é um show muito grandioso. A
iluminação é um show à parte e, mesmo com o pessoal fazendo o protesto deles lá, saiu um
ótimo show, será legal quando sair o DVD mesmo, para nós fãs será um prato cheio. Para
quem não é fã acho uma boa pedida, se bem que eles com certeza irão sentir faltas de al guns hits.
Mas no meu modo cru de ver o show acho que Stay compensou One, Sunday Bloody
Sunday compensou Pride e The Fly compensou a falta de Mysterious Ways.
Acho que como todo vídeo oficial do U2, assim com a Popmart México, ZooTV em
Sydney, Red Rocks, ficou um ótimo trabalho final, conseguindo passar com certeza a idéia
e a mensagem da turnê e da fase da banda.
Frase da Semana
“And you can dream, so dream out loud, and don’t let the bastards grind
you down.”
U24US, por André Braun
Acrobat — Achtung Baby
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U24US
Por André Braun
Olá, leitores desta humilde coluna. Recebi muitos mails de pessoas pedindo para eu falar
sobre a possível vinda do U2 com a Elevation Tour para o Brasil. Resolvi então escrever
uma coluna sobre o tema, mas quando estava na metade lembrei que já havia comentado
na lista sobre essse assunto há um tempo atrás. Então parei para ler os meus dois comen tários e vi que o anterior estava melhor, por isso eu o estou colocando como matéria desta
semana. Espero que vocês gostem.
Eu acho que com certeza a tour desse disco irá passar pela América do Sul, sim…
Acho que isso não tem como negar, mas o problema agora é: quando?????? Todo mundo
aqui já sabe que a Elevation Tour é a tour mais lucrativa do ano. Vocês acham que isso é
por acaso? Por que o U2 (quando digo U2 não digo apenas Larry, Adam, Bono , Edge, digo
toda uma empresa com centenas de funcionários, que movimenta milhões) iria querer tocar em lugares pequenos, gastar pouco com produção (em relaçao as outras tours) e cobrar
ingressos muito caros como vem cobrando? Qualquer pessoa sabe que se você reduz os
custos e aumenta o preço, o que você quer? Muito lucro em pouco tempo.
Acho que é isso que o U2 quer, pra mim o U2 está fazendo um fundo, tipo uma poupança, com tudo que eles estão arrecadando com a Elevation Tour. Eles não venderam a
tour dessa vez, vocês sabiam? Vender a tour é como eles fizeram na Popmart. Eles vendem
a tour por um preço X para uma empresa. Na Popmart foi uma empresa européia, esqueci
o nome, e essa empresa então explora a tour, e em um acordo com U2 repassa os lucros
etc. Não sei muito bem como funciona a parte financeira dessa venda da tour, nao sei
quanto o U2 leva etc. Só sei que eles não se preocupam com nada, uma empresa especializada organiza tudo, escolhe todos os lugares e vende a tour para empresários locais (vocês
lembram quando o U2 anuciou a Popmart no K-Mart?). Lá eles já tinham programado as
três pernas da Popmart, inclusive a última perna “resto do mundo”. Por que isso??? Por
que? Para os empresários dos países já saberem que a banda iria vir ao seu país e assim
sendo comprar aqueles shows do seu país da empresa responsável pela exploração dos
shows. Eles fazem as cotas de patrocínio e colocam à venda. Se nenhum empresário estivesse disposto a comprar os shows do U2 no Brasil, mesmo eles tendo anunciado na coletiva do K-Mart que viam ao Brasil, eles não viriam porque nao teriam verbas para chegar
aqui com as próprias pernas. Não teriam um fundo, uma poupança que pudesse bancar a
vinda deles aqui sem empresários ou patrocinadores. Viram? Fundo, poupança… Lembram
o que eu disse lá em cima?
Vocês podem falar “ah, o U2 é muito rico, Bono é bilionário, mora em um castelo etc
etc etc”. Concordo, mas você acha que o Bono vai tirar o dinheiro do bolso dele pra bancar
uma tour? Nunca, isso é separado, negócios são negócios. O que ele tem, o que ele ganha
com venda de discos, imagens etc, é dinheiro dele, é disso que ele vive e mantém o seu padrão de vida, tanto ele quanto os outros três. Não é ele quem vai pegar o dinheiro da conta
e bancar uma tour, que como a Zootv e a Popmart, não trouxeram grandes lucros, muitos
dizem até que elas trouxeram prejuízo.
Bom, então voltando à Elevation Tour, com ela eles estão tendo lucros absurdos em
cada concerto. Eles não devem estar gastando para a Elevation Tour ficar de pé nem 20%
do que eles estão ganhando com ingressos, souvenir (que todos sabem que os dessa tour
estão custando o olho da cara) etc.
Muito bem, acaba a Elevation Tour e em novembro eles lançam o DVD, mais uma
coisa que vai fazer entrar muito dinheiro. E o que eles fazem? Ficam com um fundo de re-
U24US, por André Braun
171
serva enorme, uma grande quantia em caixa. Sendo assim eles podem montar uma estrutura gigante, acredito eu maior que a Popmart e a ZooTV, e cair na estrada sem ter medo
de prejuízo e, muito melhor para eles, sem ter que vender a tour, já que com essa grana que
eles guardaram eles têm dinheiro pra andarem sozinhos em qualquer lugar do mundo,
irem para onde eles quiserem. Uma forte indicaçao de que isso vai acontecer é o avião que
eles estao usando (não sei se é comprado ou alugado durante um tempo). O que importa é
que o Elevation Air é um Boieng D11. Isso não é avião para ficar voando de cidade para cidade. Esse tipo de avião é feito para viagens inter-continentais, viagens longas em grandes
altitudes. Se eles quisessem um avião apenas para ficar rodando pelas cidades da Europa
com certeza teriam comprado ou alugado, sei lá, um avião de menor porte e com um custo
menor de manutenção. Ou seja, se eles estão com um MD11 é porque eles estão querendo
voar para longe e não apenas fazer vôos de 2 horinhas…
O avião é mais uma coisa que aponta para isso, que eles estão montado uma estrutu ra, juntando dinheiro com a própria tour, para que no meio da tour eles não se vejam apertados e tenham que tirar dinheiro de onde não devem.
Acho que agora eles devem voltar para o estúdio, gravar mais um disco e vir com uma
nova tour, muito maior, em grandes estádios, telões gigantes, limões e tudo mais que possa
existir. Sinto que eles querem fazer algo muito maior do que tudo que já foi visto, mas para
isso eles precisam de dinheiro, muito dinheiro, e é isso que eles estão fazendo. Na ZooTV o
esquema foi mais ou menos parecido, mas parece que eles não montaram uma estrutura
tão boa, por isso não deu tanto lucro. Agora acho que chegou a grande hora, a hora da
grande tour, que se dane o dólar, os equipamentos pesados etc, eles vão aonde quiser, mesmo tendo gente disposta a organizar o show por lá ou não. Eles vão aonde estão os fãs.
E acredito que a próxima tour deve começar em algum lugar fora do eixo USA-EUROPA, pois eles não vao querer desgastar a imagem deles por lá com uma tour após a outra, acho que USA-EUROPA será a última perna dessa nova tour.
E lembram que o Bono disse que gostaria de iniciar a próxima tour aqui no Brasil?
Quem sabe não será essa? Quem sabe eles não tocam no Maracanã???
Podem ficar tranqüilos, eu penso que o U2 irá vir para cá, sim, com a Elevation Tour.
Não sei se o nome será esse mesmo, mas que vai ser pra divulgar esse disco e um próximo
e que vai ser muito grande, maior que tudo que nós pensamos ou imaginamos. Isso vai ser
sim, com certeza!
Frase da Semana
“You hurt yourself, you hurt your lover then you discover
What you thought was freedom is just greed.”
Gone
Thanks to Ana Vitti
ULTRAVIOLET – COLUNAS
172
U24US
Por André Braun
Fala cambada,
Essa semana rolou um link pela Internet de um jornalista do New York Post falando
mal do Bono.
Disse que o show da ET que ele foi em NY estava ótimo mas o Bono tinha que apenas
cantar e não ficar fazendo discursos dizendo quando eles devem agir com paz ou com raiva.
Será que realmente o Bono já está passando dos limites? Lembro uma vez um documentário no 60 Minutes no qual perguntaram ao Larry se essas investidas do Bono na área
social prejudicavam ou ajudavam a banda.
Larry respondeu que até ajudam, trazendo novas idéias, mas se ele falasse que não
estaria prejudicando a banda seria mentira. Pois era como se estivesse faltando uma perna
em uma mesa de quatro pés.
Todos nós sabemos dos engajamentos sociais do Bono desde o começo de sua carreira
artística. Sempre se preocupando com problemas ao redor de todo o mundo, usando a sua
imagem em pró de qualquer campanha que tenha uma causa justa e politicamente correta.
Mas será que isso não está desgastando demais a imagem de nosso B-MAN? Ou será
que boas ações nunca são demais?
Eu sinceramente acho que ele pode e deve ajudar essas causas nobres como ele vem
ajudando, mas acho que para tudo tem um limite. Existem algumas coisas para as quais
não é necessária tanta exposição, poderiam ser feitas por trás, ajudar sem precisar mostrar
a cara para o mundo e dizer que está ajudando.
Com certeza ele deve agir assim em muitos casos, deve ter muitas entidades, centros
de apoio etc, que ele ajuda e que a gente não faz nem idéia.
Ele sempre soube dividir suas atitudes sociais de sua vida privada, tentando preservála ao máximo, mas tentando passar sempre em suas músicas e seus discurssos idéias para
seus fãs, idéias sobre como cada um fazendo a sua parte pode ser muito útil em um todo
para ajudar o próximo.
O que não pode acontecer é ele se envolver tanto nesse seu lado social e começar a
misturar as coisas, atrapalhar a evolução da banda, porque na minha opnião o Bono em
suas causas sociais é ótimo, mas ele em cima de um palco comandando uma banda e uma
platéia enlouquecida é bem melhor.
Acho que o Larry é meio grilado com isso. Todo mundo sabe que o U2 quase acabou
de uma vez por diferenças de crenças religiosas entre eles. Para mim quem deve ter segura do essa barra foi o Larry e o McGuinness.
E desde então eles devem ter achado algum método, alguma receita pra tentar manter
os 4 unidos sem tirar a liberdade pessoal de cada um deles.
Há de convir que depois de tanto tempo na estrada, durante uma turnê, tocando quase todo dia, durmindo no mesmo hotel, comendo na mesma mesa etc, cada um deve enjoar
do outro ao ponto de procurar coisas alternativas para fazer, que não sejam envolvidas com
nenhum outro integrante do grupo (tá aí tantos vocalistas lançando discos solo, sem a banda, e depois voltando pra banda ou não).
Um dos segredos do U2 foi nunca ter feito isso (fora as participações pequenas deles
em alguns projetos), foi o fato de eles darem tanto tempo entre um disco e outro, uma turnê e outra, cada um cuidando um pouco de suas vidas, de seus problemas particulares e
quando tudo estiver um tédio, ligar pro resto da turma e falar: “Aí, vamos tirar um som
hoje no estúdio?”.
U24US, por André Braun
173
Por isso tenho medo dessas atitudes sociais do Bono, que cada dia são mais constantes. Tenho medo de ele tomar mais gosto disso do que pela própria banda. Não que as par ticipações dele no mundo político e social devam parar, mas acho que elas devem ser mais
amenizadas, um pouco mais moderadas, eu acho, para que todo mundo veja o Bono como
o cantor do U2 que está ajudando uma ação social. E não veja o Bono como um humanitário que toca em uma banda de rock.
Frase da semana
”They say be careful where you aim
Cause where you aim you just might hit
You can hold onto something so tight
You’ve already lost it”
Dirty Day - Zooropa
Ps: Não deixe de ler as colunas da Rafaela e da Lucilla, que estão D+.
ULTRAVIOLET – COLUNAS
174
Drogas no U2
Por André Braun
Olá, tenho recebido alguns e-mails pedindo para que eu comente a relação do U2 com
as drogas.
Sempre tentei fugir do assunto, por se tratar de algo muito delicado, mas uma hora eu
ia ter que acabar escrevendo sobre ele, então que seja agora.
Bom, não tenho a mínima intenção, ou melhor, pretensão de esclarecer essa dúvida
de uma vez por todas, até porque eu não sei a verdade. Como disse na coluna anterior, só
vou expressar a minha opinião aqui.
Seria no mínimo difícil acreditar que uma banda que está há tanto tempo no show
business, que participa de um movimento tão forte como é o rock, não tenha tido nenhum
contato com drogas até hoje.
O único caso oficialmente relatado ate hoje é o do Adam, que foi pego com algumas
“trouxinhas” de maconha.
O U2 assume uma posição tão social, tão legal em relação ao que é certo ou errado,
eles se preocupam tanto em passar uma imagem boa para seus fãs, um ideal legal a ser seguido, que eu acredito que o U2 não quer que a gente copie apenas suas roupas, mas tam bém suas atitudes. Talvez por isso eles estão tantas vezes aí ajudando todas as causas nobres possíveis.
Acho que se amanhã descobrem que eles são todos viciados, não conseguem viver
sem a droga, são totalmente dependentes químicos, seria uma negação total. Para alguns
todo o trabalho desempenhado pela banda até hoje não passaria de uma farsa, seria mais
ou menos aquilo: “Faça o que eu falo mas não faça o que eu faço.”
Eles se preocupam tanto em zelar pela suas famílias, tentar expô-las ao mínimo. Se
eles se importam tanto com elas, acho inaceitável o uso de drogas.
Às vezes dão um close no Bono, por exemplo, e ele está com uma cara totalmente de
drogado, aí o pessoal se vira e fala pra mim: “Ah, Braun depois tu vem me falar que os ca ras não se drogam”.
Minha explicação para isso é óbvia, uma experiência própria. Uma vez há uns 2 anos,
eu acho, eu saltei de pára-quedas. Bom, não existe a mínima chance de eu explicar aqui pra
vocês qual a sensação de se jogar no nada, sobre o mar azul lá em baixo… Sair de um avião
em pleno vôo, ficar 40 segundo (que na verdade parecem umas 2 horas) em queda livre,
vendo o mudo girar ao seu redor. É uma sensação totalmente alucinante, algo extraordiná rio que só quem já saltou de pára-quedas pode entender.
Então, naquele dia, em todo lugar que eu ia depois do salto (horas depois do salto),
todo mundo olhava na minha cara e falava: “Porra, Braun, que droga boa foi essa que você
tomou? Nunca vi você com essa cara.” Era a adrenalina, a adrenalina fica o dia inteiro no
seu corpo. Tinha vezes bem depois (lembro que o salto foi de manhã antes do meio-dia), na
janta, por exemplo, que eu lembro que do nada me deu um puta calafrio na espinha, eu me
tremi todo e meus olhos ficaram vermelhos. Era a adrenalina, ela ainda estava correndo
pelas minhas veias, é como uma droga, te dá onda, te dá aspecto de drogado, mas é apenas
adrenalina. Acho que a adrenalina poderia ser considerada uma droga natural (e muito boa
por sinal).
Então, voltando ao assunto, acho que a única droga que o U2 usa é a adrenalina, subir
em um palco, tocar para 200 mil pessoas, torcer pra não dar nada errado, saber que o pessoal ali espera o máximo de você. Com certeza deve jogar a adrenalina lá em cima.
U24US, por André Braun
175
Não acredito que mesmo depois de 20 anos de turnê você se acostuma com uma coisa
dessas. Foi o que eu perguntei para o meu instrutor de pára-quedas, que na época já tinha
mais de 2 mil saltos, se agora já era normal pra ele saltar. Ele disse que se sente mais seguro, confia mais no trabalho dele, mas que quando ele salta do avião o frio na barriga é o
mesmo de quando ele deu o primeiro salto. Acredito que com o U2 seja a mesma coisa, eles
já estão experientes, mais confiantes, já sabem os “macetes” da profissão, mas todo dia a
adrenalina deve subir lá em cima. Você tem que ser um iceberg pra se acostumar a uma situação dessas.
Outra droga nem tão natural que o U2 deve usar é a bebida, mas isso tem uma explicação muito lógica que com certeza é mais verdadeira do que qualquer outra explicação
que eu possa tentar achar aqui. ELES SÃO IRLANDESES.
Então continue se espelhando nos seus ídolos, procure drogas naturais (como a adrenalina), tente se manter o mais distante possível das outras drogas, mas não se esqueça de
uma boa Guinness no final de semana :-)
Frase da semana
“She runs through the streets
With her eyes painted red
Under black belly of cloud in the rain
In through a doorway she brings me
White gold and pearls stolen from the sea”
Running to Stand Still
Gostaria de dedicar essa coluna para Adra, não que ela seja drogada, apenas por
achar que ela na primeira vez que a encontrei, me fez pensar do modo que penso hoje so bre a relação de drogas com o U2. Thanks Adra.
ULTRAVIOLET – COLUNAS
176
Ser solidário
Por André Braun
Fala aí, pessoal. Bom, nessa semana, para dizer a verdade, a vida foi meia tumultuada para
mim e nem corri muito atrás de informações sobre o U2 na rede a fim de me dar alguma
idéia para escrever a coluna. Além do que NINGUEM MANDOU E-MAIL COM SUJESTÃO
DE ASSUNTO DESTA VEZ!!!
Esse é o título da coluna dessa semana, SER SOLIDÁRIO, então seja solidário, ajude
essa pobre alma dando sugestões de assuntos para que meus 2 neurônios Tico e Teco possam trabalhar.
Para não falar que não procurei nenhum material do U2 na rede, eu baixei a mp3 de
Joy (música do Bono e do Mick Jagger), que é d+ e também peguei mais alguns shows da
Elevation Tour.
A maioria de vocês já devem saber que o IRA (Exercito Republicano Irlandês) entrou
em fase de desarmamento algumas semanas atrás destruindo suas armas. Uma noticia
muito boa, muito boa mesmo para todo o mundo, que infelizmente foi abafada pelos grandes meios de comunicação já que eles estavam mais preocupados em falar da Guerra do
Afeganistão, que dá muito mais IBOPE. É por isso que dizem que “notícia ruim é que é notícia boa”.
Todo mundo também deve saber que Sunday Blood Sunday foi escrita sobre o Domingo Sangrento (acho que já falei disso aqui na coluna também né?). Bom, o que estou
querendo dizer é que o final do ano está chegando (não que boas ações devam ser feitas
apenas no final do ano), mas esse tempo é bom porque para a grande maioria tenho certeza que na família há uma festa, troca de presentes, comida farta na mesa.
Mas você já parou para pensar que naquele mesmo momento de alegria, enquanto
você estiver dando um gole no seu vinho, tem gente na rua morrendo de frio e de fome, que
não tem nada para comemorar (“nothing changes on New Years Day”), lembram-se disso?
Então é isso… Acho que muito mais do que para a gente, para essas pessoas necessitadas nada realmente muda em um dia de ano novo.
Você pode dizer “a vida para mim está dura, está difícil” e tal mas, poxa, pára para
pensar, você pelo menos tem a chance de estar em um computador, aqui nesse site, isso já
é muita coisa para quem não tem nada o que comer.
Então quero deixar essa mensagem: faça algo de bom para o próximo, qualquer coisa,
ajude com o mínimo que você puder um outro ser humano nesse fim de ano. Com certeza
tem muita gente precisando de ajuda.
Você pode falar “Ah, mas você não falou merda nenhuma de U2 na sua coluna hoje.”
Então eu respondo. Quando eu tive a idéia de fazer minha coluna a intenção não era ape nas falar de U2 e sim de passar a mensagem, a emoção e o sentimento do que é ser fã do
U2, e ser humano. Ajudar o próximo com certeza se não for a principal é uma das maiores
mensagens que a banda tenta nos passar durante todos esses anos.
E a frase da semna hoje é muito simples, pequena, mas é a principal, é a mais forte, é
a que fala tudo sem dizer nada….
“One life
But we’re not the same
We get to
Carry each other
Carry each other”
U24US, por André Braun
One
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Trash, Trampoline & The Party Girl, por
Andréa Rosa Pires
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
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07/03/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em março de
2002.
É dificil dar um pontapé inicial numa apresentação, onde não posso parecer muito inteligente e nem muito fútil, mas juntando a inteligencia e a futilidade vou escrever aqui tudo
que for de bobagens, de noticias relacionadas ou não ao U2, tudo que você gostaria de sa ber mas tem vergonha de perguntar, pois você esqueceu de comprar a última edição da Caras...
• Saiu na Revista Elle que “o músico Bono do U2, a atriz Cristiana Reali, Madonna,
estilista Jean-Paul Gaultier e as top models Naomi Campbell, Claudia Schiffer, entre
outras celebridades, estão na relação dos que compraram as bolsas do designer bra sileiro Gilson Martins. Ele acaba de pôr no ar uma loja virtual. O trabalho de Gilson
é de fato bem-feito, especialmente a Linha Brasil.”
O site da loja é este aqui.
• O U2 fechou o clube Spy em Dublin para comemorar os oito prêmios recebidos no
Meteor Ireland Music Awards. A menina que aparece com o Edge nesta foto é uma
do Zootopia chamada Lilski. Os pais dela são amigos do Paul McGuinness e ela foi
convidada para a festa depois da premiação. Não tinha nenhuma senhora presente
na festa além dela, não há comentários sobre outras.
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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11/03/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em março de
2002.
• O tablóide Irish People, que apesar do nome é americano, publicou uma matéria dizendo o Bono tinha sido ameaçado de morte pelo Taliban.
O jornal não parece ter nenhuma credibilidade. Eles distorceram muito a matéria da
Time sobre o Bono, dando a entender que havia sérios conflitos entre ele e os outros
membros da banda, pois ele não estava se dedicando ao U2 o suficiente devido ao
seu envolvimento político.
Mesmo assim, durante o Meteor Awards, em Dublin, os seguranças estavam proibindo as pessoas de entrarem no banheiro juntamente com os membros do U2.
Também foi anunciado (oficialmente, dizem) que o U2 não vai mais sair em turnê
no meio do ano na Europa, como tinha sido anteriormente programado. Será verdadeira a notícia do Irish People?
• Umas das coisas que Bono sabe fazer muito bem é falar, principalmente em público
e ainda mais falar de coisas de que ele gosta e de pessoas de que ele gosta ainda
mais. Um exemplo marcante é o discurso que ele fez para Frank Sinatra no
Grammy. Só que este ano a turma do Rock’n’Roll Hall Fame parece que está queren do economizar tempo e deixou de convidar Bono, dando lugar a Eddie Vedder do
Pearl Jam na introdução dos Ramones ao Rock’n’Roll Hall Fame de 2002. Minha
indignação é que Bono estava entre os mais cotados para a tal introdução. Será que
ele ficou triste ou ele não poderá ir? Muitas coisas estranhas estão acontecendo no
mundo U2ítico, muitas dúvidas e poucas explicações!!!
• Neste final de semana Bono se encontrou com dois ex-presidentes, seu amigo Bill
Clinton e Mikhail Gorbachev, num jantar na embaixada russa, pela instituição
“Frank Foundation International of Washigton DC”.
• Haja estante! Mais um prêmio para a banda. Agora foi World Music Awards, na categoria “World’s Best Selling Irish Band”. Eles não foram na entrega. Este evento
acontece todo ano em Mônaco.
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
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12/03/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em março de
2002.
• Mesmo com o estranho cancelamento de shows que iriam acontecer na Europa agora no meio do ano, Bono não pára. Sua agenda de eventos sociais está repleta. On tem, mais uma vez em Nova Iorque, Bono estava no 15th Annual Nordoff Robbins
Silver Clef Award Dinner & Auction, onde encontrou amigos como Bruce Springsteen e Steve Van Zandt.
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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14/03/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em março de
2002.
• Antes de mais nada, Adam Clayton, feliz aniversário!!!
• Aquele evento no qual Bono foi na segunda-feira, o 15th Annual Nordoff Robbins
Silver Clef Award Dinner & Auction, é feito por uma instituição de caridade onde
usam a música como terapia em crianças e adultos com problemas. Para arrecadar
fundos, eles fizeram este jantar, onde foram leiloados alguns itens. Bono arrebatou o
primeiro vinil de Dr. Hook and the Medicine Show, que contém o hit “Sylvia’s Mothers”. Perguntaram ao Bono se ele era fã do Dr. Hook. Ele disse que sim. Também
perguntaram se o U2 gravaria alguma canção dele e Bono respondeu que absolutamente que não. Mas o que o Bono queria mesmo era uma guitarra que foi de George
Harrison, usada no grupo Travelling Willburys, com Bob Dylan e Tom Petty, sendo
que os dois também autografaram a guitarra.
• Depois de um final e de um começo de semana agitados em Nova York, Bono foi à
Washigton, onde teve uma daquelas reuniões básicas com senadores e deputados
(democratas e republicanos). O assunto mais uma vez foi a AIDS, dívidas dos países
do Terceiro Mundo, entre outros.
• E por falar nestas reuniões do Bono, saiu hoje no Daily News que ele está muito ansioso, pois esta semana o Presidente George Bush irá aprovar um envio de dinheiro
para ajuda de combate a AIDS na África. Da última vez em que o presidente abriu a
mão foi uma contínua vergonha, que deve ter deixado Bono muito fulo da vida.
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
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15/03/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em março de
2002.
• Esta noticia aqui é só uma suposição. Que o Bono é muito amigo da banda The Corrs
todo mundo já sabe. Mas que coincidência, as Corrs e Bono em Washington, tirando
foto com o presidente Bush. Os motivos do Bono nós já sabemos, mas o
das Corrs???
• De todos os secretários, senadores, deputados e presidentes, papa e pessoas ligadas
ao poder, Bono já tinha falado com todas. Só faltava este, ele mesmo, o presidente
dos Estados Unidos George Bush. Uma pena a imprensa brasileira não mencionar
nada da presença dele tão ilustre na Casa Branca, mas a imprensa americana boazinha como só deu toda cobertura, a notícia foi até capa do jornal New York Post.
• St. Patrick Day’s chegando, onde e como será que eles vão comemorar? Bono está
nos Estados Unidos, a festa é muito boa em Nova Iorque, mas será que ele estará
por lá ou irá comemorar juntos aos seus patrícios na sua terra natal?
ULTRAVIOLET – COLUNAS
184
18/03/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em março de
2002.
• Ontem passou no canal E! um programa muito bizarro, onde escolheram quem foi
mal e bem vestido ao Grammy 2002. Todo ano este programa acontece. Ano passado The Edge foi uns dos escolhidos entre os piores, sua camiseta número 3 foi execrada. Este ano fiquei até com medo, afinal Bono foi com barba por fazer, blusa por
fora da calça, o uniforme de sempre. Mas Joan Rivers, a apresentadora do programa, se encantou com o Bono. Ele não ficou entre os piores e nem entre os melhores,
simplesmente foi elogiado como o mais encantador, um perfeito gentleman, com todas qualidades de um homem superior.
• Olha a minha incompetência! Ou melhor, incompetência dos paparazzis e do povo
em geral. Não encontrei nada sobre os U2ers comemorando o St. Patrick’s Day, estou indignada! Onde será que eles estavam?
• Mas nada como se encontrar com presidente dos Estados Unidos. Bono foi matéria
no New York Times de domingo (isto é tudo!!!) e até aqui a Veja deu uma notinha (o
conteúdo não é esta coisa, pois é a Veja) na coluna Gente, com foto e tudo. E a foto
ela deve ter pedido emprestado do nosso site, pois é igualzinha e colocamos primeiro.
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
185
20/03/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em março de
2002.
• Por aquela foto na revista Time onde uma criança africana está no colo do Bono, nós
já tínhamos uma idéia da visita dele à Africa. Hoje no jornal Boston Globe, Jeffrey
Sachs, um dos acompanhantes da viagem, escreveu que Bono cantou a musica I
STILL HAVEN’T FOUND WHAT I’M LOOKING FOR para algumas pessoas com
AIDS. Deve ter sido um momento de ternura, a emoção da viagem.
• Como são complicadas as amizades, que o diga o Bono. Depois de se encontrar com
George Bush na quinta-feira passada, alguns amigos do Bono têm torcido o nariz
para ele devido à visita. Sabe, aquela coisa, como ele pôde falar de justiça social e se
encontrar com George Bush? Acho que Bono já tinha previsto tal reação destes tais
“amigos”. Mas infelizmente, para resolver alguns problemas, certas pessoas, inclusive George Bush, são indispensáveis.
• Ontem foi a noite do Rock’N’Roll Hall Of Fame. Como já sabem, Bono, que era um
dos mais cotados para apresentar a introdução dos Ramones ao Hall Of Fame, não
foi chamado. Em seu lugar, o vocalista do Pearl Jam Eddie Vedder fez a tal apresentação em trajes punks e tudo. E mencionou Bono e Edge no seu discurso: “That’s
why I go over to Johnny Ramone’s house and do yard work three times a week, just
to absolve some of the guilt. And a bunch of people do it, like Bono and Edge do
the windows.”
ULTRAVIOLET – COLUNAS
186
26/03/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em março de
2002.
• Voces já devem saber que quarta-feira passada os casais Bono e Ali, The Edge e
Morleigh estavam prestigiando um desfile de moda beneficente em Dublin. Quem
organizou o desfile foi Ronan Keating (ex-Boyzone, que não estava presente, estranho, deve ter acontecido algo) para fundação Maire Keating. O momento engraçado
da festa foi quando Guggi, ele mesmo, o amigo de infância e companheiro constante
de Bono, desfilou com um vestido vermelho, todo esquisito!
• Mais tarde houve um outro momento engraçado. The Edge estacionou seu carro em
lugar errado e sua Mercedez Benz foi rebocada pelos guardas de trânsito de Dublin.
Mas o mau motorista da banda não é o Bono?
• E por falar nele, o incansável Bono foi à Londres depôr a favor de seu amigo Peter
Buck, o guitarrista do REM. Ele agrediu alguém em Londres, teve um processo básico e Bono foi como testemunha falar da boa índole do rapaz.
Bono é mesmo pau para toda obra é só chamar que ele vai… Ainda mais para salvar
alguma coisa.
• Para quem é hiper, super, mega hype da vida, deve conhecer o DJ Spiceee, um DJ
interativo que faz um sucesso legal com o povo que dança. Ele se apresenta em lugares bem variados no mundo todo. Numa dessas andanças ele parou na Bósnia.
Quando ele acabou de se apresentar, foi descansar e sem querer entrou na área VIP
do evento, dando de cara adivinhem com quem? Com ele mesmo, nosso Bono. Ficou
sem palavras com o susto que levou, pois não é pouca coisa abrir a porta e dar de
cara com o Bono.
Agora imaginem como Bono viaja e a quantidade de milhas que possui, incalculável.
• Felicidades à The Edge e Morleigh, que provavelmente em junho vão se unir oficialmente. Também parabéns a Mrs. Hewson pelos seus 42 aninhos…
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
187
28/03/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em março de
2002.
• Com o Oscar no domingo, todo mundo só fala do Oscar, da roupa da Nicole, da Halle, da fulana e quase nada do U2… E também falam daquela gente inútil: Britney,
Kylie e por aí vai…
Até que encontro esta nota, adivinha de quem? Bono e Christy Turligton, eles sempre voltam…
Saiu no tablóide New York Daily News.
“Bono investiu na coleção de yoga de sua amiga Christy Turligton, pagando $2000
por uma toga Nuala na Bendel’s.”
Além de tudo que o Bono faz, ele ainda encontrou tempo para ajudar o negócio de
sua amiga, a top model Christy Turligton, comprando por uma quantia pequena de
dois mil dólares uma roupa de yoga na Bendel’s…
• Como bons católicos, os meninos devem ir hoje à missa dos lava pés. Amanhã Bono
deve ficar relembrando com alguns amigos que anos atrás houve o acordo do Good
Friday (Acordo Sexta-Feira Santa). O IRA fez o acordo com a Inglaterra para plebiscito, aquele do YES, que teve show e tudo mais em Belfast. Aí ele pega o coitado do
amigo dele e começa a falar da importância das palavras de Jesus, do perdão, dos
EUA, dos encontros deles com os presidentes e deputados… No sábado eles vão à
missa tde Aleluia e no domingo de Páscoa, o almoço com a família, isso antes de eles
também irem à missa de Páscoa….
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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29/03/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em março de
2002.
• Só uma curiosidade. Vocês sabiam que a primeira cerimônia de casamento entre
duas pessoas do mesmo sexo na Irlanda aconteceu em junho de 1997 em Dublin no
Kitchen Cafe? Isto mesmo, o lugar do qual o U2 é dono. O ritual que consagrou a
união de Shane Harte e Noel Byas durou cinco minutos e foi realizado por uma drag
queen. Os noivos vestiam uniformes de marinheiro. A Irlanda, apesar de majoritariamente católica, é um dos países mais liberais do mundo com relação aos direitos
dos homossexuais. Provavelmente não tinha nenhum dos integrantes da banda presente pois nesta época eles estavm nos EUA com a Pop Mart.
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
189
01/04/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em abril de
2002.
• A top model Christy Turlington separou-se de seu noivo Ed Burns. O que temos a
ver com isso? É que Bono levaria a noiva ao altar. Mas porque ele a levaria? Christy
não tem pai (óbvio!!!) e, como Bono é muito amigo dela e ela muito amiga do Bono e
fã do U2, para ela não tinha pessoa mais especial do que ele. Para quem não sabe
quem é a pessoa, Christy é figurinha carimbada da maioria dos shows do U2 e se
transformou em amigona de toda família U2 e ainda mais de Bono and family.
• Em novembro de 1992, Bono saiu na capa da revista Vogue UK junto com Christy Turlington.
• Semana passada, em visita à Dublin, a ex-primeira dama americana e atual senadora Hillary Clinton tomou um café com Bono no Clarence Hotel. Em uma das paletras que ela deu em uma universidade ela comentou este fato.
• 120 euros ou R$292,65 foi a multa que Edge teve que pagar por aquele incidente
com seu carro.
ULTRAVIOLET – COLUNAS
190
03/04/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em abril de
2002.
• Ali Hewson, a esposa do Bono, foi vista sozinha assistindo o show do cantor e ator
americano Billy Bob Thornton. Ele se apresentou no dia 1° de abril em Dublin.
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
191
05/04/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em abril de
2002.
• Como bom cavalheiro, The Edge deve ter ido a Los Angeles pedir a mão da Morleigh
em casamento e aproveitou para dar um passeio na Disney. Ele foi visto passeando
com os filhos, amigos, Morleigh e outros mais. Ele estava com um exclusivo guia do
parque só para ele.
E, vamos dizer assim, sem querer ele encontrou Daniel Lanois em Los Angeles e os
dois ficaram discutindo sobre o Best Of que vem por aí…
ULTRAVIOLET – COLUNAS
192
08/04/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em abril de
2002.
• Alicia Keys, aquela cantora que deixou a impressão de ter dado uma esnobada no
Bono no Grammy, falou hoje (08/04) na Folha de S.Paulo sobre este negócio de ficar famosa e conviver com gente famosa, e mencionou nossa estrela maior Bono.
Folha - Um ano atrás, você era uma total desconhecida. Hoje, tem cinco prêmios
Grammy na mala e circula por aí com Sting, Elton John, Bono… Foi um susto esse
sucesso repentino?
Keys - É muito emocionante conhecer essa gente. São pessoas que eu sempre admirei muito, a vida toda. Quando você é jovem, está começando a correr atrás do que
você quer, não passa pela sua cabeça que você possa um dia tirar uma foto abraçada
com o Bono. É claro que assusta, mas ao mesmo tempo me pego rindo sozinha por
causa disso.
• Na Inglaterra o Tottenham, clube de futebol, deve estar com problemas financeiros.
É que seus fãs fizeram souvenirs para vender e arrecadar fundos para o clube. Alguns dos souvenirs à venda são gnomos e olha que maldade: o jornal The Mirror
comparou os gnomos ao The Edge. Dizem que eles são parecidos. Isso teríamos que
ver para crer.
• A crise está em todos os lugares com a notícia da Kitchen fechando. Outro que não
está arriscado a fechar mas está em crise é o Slane Castle, sim, o local preferido da
nossa banda preferida para fazer shows preferidos por todos nós fãs.
Salvo que local preferido para nós fãs daqui é no Brasil, Slane é Slane e fim de papo.
E que Deus salve todos nós! Amém.
• E por falar em salvação, o nosso salvador, o super Bono, vai ter que apertar e encaixar mais um prêmio na estante. Agora é o prêmio Robert Burns, este dado a 15 personalidades pelo seu comportamento humanitário, escolhidas entre homens e mulheres que ajudaram o planeta. Além do Bono, é claro, foram premiados a modelo e
futura senhora Paul McCartney Heater Mills e o Senador George Mitchell, entre outros.
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
193
10/04/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em abril de
2002.
• Domingo o jornal inglês Sunday Times publicou a lista dos mais ricos. Adam, Bono,
Edge e Larry ao todo sendo o U2 são o quinto mais rico da Irlanda, com 663 milhões
de euros. Dividindo por quatro assim por alto, 165,75 milhões para cada um.
Nada mal!
• Tem horas em que fico imaginando que na casa de cada um deles tem um local para
guardar os troféus pessoais e nos escritórios da U2 Co. deve ter os outros direciona dos à banda, então eles vão ter que apertar um pouco a estante e colocar mais um.
Agora é o “The Best Music DVD” na Holanda. Este prêmio foi dado na premiação
Dutch DVD Award. Com qual trabalho eles ganharam? Foi com o DVD do U2 Elevation Tour Boston.
• A Casa Christie’s de Londres, famosa por seus célebres leilões, vai no dia 30 de abril
leiloar alguns artigos do U2. O mais inusitado é um tênis velho e sujo que deve estar
fedido também pois o estado é lamentavel. O tênis é do Larry Mullen, estilo All Star
(se não é um deste), mas fico imaginando, comprar um vestido da Princesa Diana é
uma coisa mas um tênis velho surrado… Mas tem coisas limpinhas também, como
um chapéu de cowboy, uma calça e um par de brincos do Bono estilo The Joshua
Tree. (Ah, se eu tivesse dinheiro!!!!) Do U2, tem umas fitas cassetes autografadas.
• Saiu no New York Post que o filme “Gangs of New York”, no qual o U2 faz parte da
trilha sonora, deve estrear na semana do Natal. O filme já esta pronto mas eles estão
tendo uma briga de produtores. Enquanto a briga não se resolve, tinha um boato de
que um dos produotes tinha convidado o U2 para assistir o filme num show particular patrocinado por Martins Scorsese, o diretor. Martin deve ser muito fã do U2 pois
há muito tempo surgiu um boato de que Bono iria participar do filme Cassino, onde
ele seria o cafetão da Sharon Stone, mas como todos sabem isto não aconteceu.
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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16/04/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em abril de
2002.
• Nosso primeiro e melhor amigo do Bono, Gavin Friday, esteve doente nos últimos 3
meses e ficou afastado do jet set irlandês neste tempo. Agora está melhor e já está
trabalhando na trilha sonora do novo filme do também amigo do Bono Jim Sheridan. O nome do filme é “East of Harlem”.
• Ontem no tablóide Irish Mirror saiu uma nota um tanto diferente, para não dizer
outra coisa. Vocês já imaginaram o nosso Bono como “primeiro damo” da Irlanda?
É isso mesmo que você leu. Saiu um boato dizendo que o partido trabalhista irlandês teria convidado Ali Hewson para se candidatar a presidente da Irlanda. O motivo seria que a Ali hoje está envolvida na campanha contra a usina nuclear de Sellafi led, na Inglaterra. Esta usina foi a mesma que o U2, junto com o Greenpeace, invadiu para fazer um protesto na década de noventa. A campanha da Ali é mandar cartões postais ao primeiro ministro Tony Blair, Príncipe Charles e outras autoridades
inglesas. Agora é esperar para ver, mas tudo ainda é apenas um boato.
• Semana passada comentei que haja estante para tantos troféus que o U2 ganha. Mas
desta vez em duas premiações que teve semana passada o U2 não ganhou nada.
Uma das premiações foi o Juno Awards (no Canadá) e a outra foi o Nokia TMF
Awards (na Holanda). Eles concorriam na categoria de melhor disco mas não levaram nada.
• E por falar em Juno Awards, o produtor Daniel Lanois foi homenageado nesta festa.
O U2 participou via vídeo, mandando uma saudação bem engraçada para o Danny,
o nosso produtor preferido…
• Em uma entrevista recente, o fofo Moby comentou que seus heróis de infância são
Bono, David Bowie e Michael Stipe entre outros e que, como ele cresceu, estes heróis se tornaram seus amigos, o que é muito estranho para ele, pois assim deixaram
de ser heróis. Não que isso seja ruim mas ao contrário muito bom, hoje eles são amigos, o que é muito melhor… Que confusão!!!
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
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17/04/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em abril de
2002.
• Hoje em Dublin teve um almoço bem animado, pois todos os integrantes do The
Corrs foram almoçar com a Ali Hewson. Eles irão dar apoio na causa da usina nuclear de Sellafield, o “Stop Sellafield”. Nas próximas semanas quem irá se pronunciar a
respeito da campanha é o rei de todas elas, ele mesmo, o nosso Bono.
• E falando da campanha de Sellafield, este assunto deve estar na boca do povo de
Dublin, pois a Ali está dando entrevistas, saindo em jornais e revistas e falando em
programas de rádio. Ontem mesmo ela se pronunciou em uma rádio local. Se você
quiser saber mais sobre o assunto do momento na Irlanda, visite o site
http://www.shutsellafield.com/. Você pode deixar mensagem de apoio e conhecer
tudo sobre a campanha.
• Devido a esta campanha e toda mobilização a respeito é que saíram boatos sobre a
candidatura da Ali à presidência, mas como disse o porta voz do partido trabalhista
irlandês, há um longo caminho pela frente, pois as eleiçoes serão em 2004.
• Nosso espaço está muito feliz que o U2 tem sido o 9º artista mais influente nos ulti mos 50 anos de acordo com o New Musical Express. Eu sei que para nós eles são e
sempre serão o primeiro lugar do universo, mas…
E aproveito e deixo meus parabéns ao New Musical Express ou, para os íntimos,
NME, pelos seus 50 anos de serviços prestados à música mundial e de excelentes capas e matérias com o U2.
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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19/04/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em abril de
2002.
• Daniel Lanois em uma recente entrevista confessou que na noite do Grammy Bono,
Larry, Adam, Edge e ele prórprio estavam com garrafinhas de água Evian na mão, só
que dentro não tinha água e sim vodka!
• E por falar em vodka, podemos considerar a bebida russa como a preferida no momento por eles, pois em várias entrevistas dadas durante a Elevation Tour eles sempre estavam bebendo vodka.
Se a Elevation Tour fosse lembrada por uma bebida, seria com certeza vodka, como
a champanhe que é a cara da Zoo TV.
• E vamos falar de outro assunto do momento, só que sério. É a campanha Stop Sellafield. Na quarta escrevi falando do almoço entre a Sra. Hewson e grupo The Corrs. O
encontro ocorreu tudo bem e eles aproveitaram para levar os postais símbolo da
campanha no Hospital Mater, onde estão crianças internadas para tratamento devido ao acidente que ocorreu na usina de Chernobyl. Aliás estas crianças são assistidas
pela organização Children of Chernobyl, que tem como colaboradora Ali Hewson.
• Depois que anunciaram que a Kitchen está com os dias contados, um outro estabelcimento do U2, ou melhor, do Bono e Edge, que não anda bem das pernas é o famoso Hotel Clarence. Segundo matéria do jornal inglês The Mirror, o balanço anual
acabou no vermelho. Vamos rezar e torcer muito para que tudo dê certo, pois o Hotel Clarence é o ponto U2 turístico mais glamouroso para ser visitado em Dublin.
Seria muito pitoresco chegarmos um dia em Dublin e encontrarmos os pontos U2
turisticos assim: ali onde foi construído aquele edíficio se encontrava o estúdio onde
o U2 gravou maioria de seus discos, ali onde hoje é uma igreja foi um dia a boate
The Kittchen, mais ali na frente onde é um shopping antigamente era o Hotel Cla rence. Não, não e não!!!
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
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24/04/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em abril de
2002.
• A Sra. Ali Hewson falou sobre aquele boato de que ela seria candidata a presidente
da Irlanda. Como maioria suspeitava foi mesmo um boato. Ela alegou que não tem
tempo, entre outras cositas, e agradeceu, dizendo que era uma honra, mas que não
daria mesmo.
• E ainda falando da Ali Hewson e de sua falta de tempo, perguntaram se o Bono a
ajuda em alguma coisa, como tarefas domésticas. Ela disse que ele até tenta mas não
é um bom cozinheiro…
• Mas cá entre nós era só o que faltava para o nosso Bono, ah, ele está perdoado! Afinal, só para citar um exemplo, ser cantor do U2 já está de bom tamanho.
• E por falar na vida familiar do Bono, na matéria que saiu na revista People em fevereiro deste ano Bono falou que é um pai bastante atuante. Deu um exemplo de que
na época da turnê E.T. ele pegou suas garotas Eve e Jordan e foi passear pela Cali fórnia. Uns dos programas foi ir ao cinema e até mesmo à Disney. Isso sem esquecer
do fofíssimo Eli, que também acompanhou papai na Elevation Tour, nos passeios
em praias californianas, em parques e em outros mais… Completando que ele disse:
“Eu sou um pai muito mais atuante do que muitos por aí que levam uma vida normal”.
• A prefeitura de Dublin já deve estar acostumada, pois sempre tem um integrante do
U2 querendo aumentar a casa e por isso pedindo autorização. Quem fez isto recentemente foi o nosso baixista preferido Adam Clayton.
• No dia 19 de abril no Dublin’s Burlington Hotel Bono e The Edge cantaram a música
Stand By Me. Na festa estavam John Hume e Seamus Mellon. Estes dois foram duas
peças importantes para o processo de paz da Irlanda do Norte. Como disse a notícia,
eles não cantaram, honraram estes dois homenageados. Para ligar o nome à pessoa,
vocês devem lembrar que o U2 fez um show em Belfast em 1998 para campanha do
plebiscito, que ocorreu nas duas Irlandas, aquela do Yes e No. O U2, apoiando o
sim, levou estes dois políticos ao palco e Bono ergueu as mãos deles, gritando palavras de ordem como paz e yes e tudo mais.
• Para terminar, o DATA, aquela instituição que o Bono criou para suas causas, terá
um escritório em Washington. Bono (sua equipe) está procurando um local.
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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25/04/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em abril de
2002.
• O artista plástico irlandês David Egan abrirá uma exposição no dia 19 de maio em
Sidney, Austrália, chamada David Egan’s Music to Eyes. As pinturas que serão expostas foram todas inspiradas em letras e músicas do U2.
• Como você deve ter lido na seção de notícias do nosso site, a banda pop irlandesa
Bellefire regravou a música do U2 All I Want Is You. Umas das integrantes da banda
declarou que Bono pessoalmente elogiou a regravação e disse que adora mulheres
cantando suas músicas. A música fará parte do primeiro single da banda, com lançamento previsto para o dia 29 de abril.
• Está a todo vapor os preparativos para a viagem que Bono irá fazer em maio à África
com o secretário do tesouro americano Paul O’Neill. Mais detalhes da viagem na
nossa seção de notícias, mas vou adiantando que não é nenhum passeio turístico.
• Olha o lado bom ser fã do U2. De uns tempos para cá, nomes de senadores, de deputados americanos tanto republicanos como democratas, de secretários do FMI e até
o nome do secretário do tesouro dos EUA viraram nomes comuns entre nós fãs, isto
sem contar o povo da ONU, OMS etc. Até sabemos do último encontro que George
Bush teve na Casa Branca e muito mais. Para quem pensa que fã de banda de rock é
alienado, se enganou. Pelo menos se for fã do U2, pois hoje já podemos sentar à
mesa e conversar com aquele primo chato estudante de economia (ou com seu chefe, colega de trabalho, tanto faz) que acha que sabe tudo, pois podemos agora opinar
sobre a última entrevista que Paul O’Neill deu ao New York Times sobre, por exemplo, o pagamento das dívidas externas dos países do terceiro mundo.
E até nós meninas podemos aproveitar o assunto para impressionar algum pretê intelectual, do qual estamos afim.
Abençoado seja o Bono e, claro, toda a banda!!!
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
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29/04/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em abril de
2002.
• Bono e Andrea Corr, Guggi e Caroline Corr mais o namorado da Andrea saíram juntos a uma festa. Sem querer apertar aquela mesma tecla, Bono e Andrea Corr, será
que são…? Mas por que eles não escreveram assim: Bono, Guggi, Caroline Corr mais
Andrea Corr e seu namorado foram a uma festa esta semana em Dublin? Se existe
alguma verdade nestas fofocas todas eu não sei, mas bem que a imprensa poderia
ter um pouco de bom senso, às vezes. Coitado do namorado da Andrea Corr!
• Todas as atenções da semana passada foram parar em Belfast, pois lá aconteceu o
prêmio anual da revista Hot Press, o Hot Press Irish Music Awards. E ocorreu uma
coisa, assim digamos, básica, pois o U2 ganhou prêmios e foram 3: o de melhor banda, o de melhor vocalista masculino para o Bono e o de melhor banda ao vivo, ou
melhor apresentação ao vivo ocorrida na Irlanda por uma banda irlandesa. Como
diria o José Simão da Folha, tucanaram o nome deste prêmio, que em inglês é “Best
live gig in Ireland by an irish act”.
Todos eles estavam presentes. The Edge foi receber o “Best live…”. Foi ele quem falou sobre o possível lançamento do DVD do show de Slane em dezembro, show este
que ocorreu no ano passado. Aliás foi por este show que eles ganharam o prêmio.
Larry Mullen entregou o prêmio Rory Gallagher Musician Award para Caroline Corr.
Bono também entregou um prêmio, o “Best Live Gig in Ireland by International Artist”, para o Radiohead, que é o mesmo que o U2 ganhou só que é para banda es trangeira que tocou na irlanda.
Um pequeno comentário, ou melhor, uma curiosidade. No Grammy eles camuflaram vodka em garrafas d’água. Agora na premiação da Hot Press, será que foi tudo
na garrafa normal mesmo ou até mesmo num copo ou teve uma outra garrafinha camuflada?
Mais um comentário. Parabéns, U2!!!
• Se você quiser saber quais foram os outros ganhadores, incluindo Ash, Corrs e U2,
veja o site da Hot Press ou o da BBC. Aquele aliás transmitiu a premiação ao vivo
pela net.
• Anteriormente comentamos sobre a banda Bellefire. Elas tocaram All I Want Is You
na premiação da Hot Press. Imagino como elas ficaram nervosas, afinal o U2 estava
na platéia.
• Agora, não mais falando sobre os prêmios da Hot Press, numa outra premiação The
Edge foi considerado o sexto “Most Over-Rated Guitarist” (guitarrista mais supervalorizado) no site icwales.co.uk.
ULTRAVIOLET – COLUNAS
200
• Enquanto Bono estava em Belfast, sua esposa Sra. Hewson estava com sua companheira de luta e amiga Adi Roche na abertura de uma exposição sobre o 16º aniversário do desastre de Chernobyl, chamada Blackwind Whiteland Living with Chernobyl. Quem abriu a exposição foi a ministra Liz O’Donnell, exposição esta que estará na cidade até 17 de maio. Ano passado esta mesma exposicão fez uma excursão
pelos EUA.
• O professor Jeffrey Sachs deu uma entrevista no Irish Times. Para quem esqueceu
quem é a pessoa, é o nosso amigo professor de economina da Universidade de Ha vard. Mas como assim, nosso? E não é? Amigo do Bono é nosso amigo. E na entrevista ele mencionou o próprio, falando que ele não é um político, que ele é uma es pécie de número 2. Eu não entendi direito, este “number two”. Mas falou que ele é
uma pessoa séria, inteligente, um ser humano querendo mudar o mundo, mas usando as armas certas. Ele foi só elogio…
Mais um nome para guardar. Não é todo dia que um professor da Harvard fica tão
comum entre nós fãs.
• Quinta-feira passada, como todo mundo sabe, ocorreu em Belfast a noite da Hot
Press, com shows e tudo o mais. Eu falei que houve show da Bellefire, cantando All I
Want Is You. Palavras de Bono a respeito da apresentação: “Estava muito emocionado assistindo aquelas lindas garotas cantando uma música sobre o compromisso
que as pessoas têm de fazer com suas vidas. Elas merecem o sucesso…”
Desculpem minha livre tradução, mas resumindo, ele adorou e desejou boa sorte
às meninas….
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
201
30/04/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em abril de
2002.
• A edição espanhola da revista Rolling Stone de maio trouxe uma lista com os 50 artistas mais sexys de todos os tempos. É claro que nosso Bono está lá. Achei bem baixa a posição em que ele ficou, que foi a 33ª. Mas nesta lista tem um diferencial: eles
misturam homens com mulheres. O primeiro lugar ficou para Jennifer Lopez, seguida da Madonna e por aí vai… Vocês querem ver a lista completa? Está no site da revista.
• Vocês se lembram de Howie B? Sim, aquele mega DJ famoso que produziu o maravilhoso álbum POP. Ele deu uma entrevista falando que irá nas próximas semanas a
Dublin para o casamento do Edge.
• Se ele for se casar em maio, e como o Bono com certeza irá à cerimonia, o dia então
será antes de 20 de maio, logo, logo…
Ou depois em junho, pois Howie B não explicou se estas práximas semanas são 2, 8
ou 10.
• Mas não esquecendo que dia 20 de maio Bono irá à África, bem no dia do aniversá rio do John, 1 aninho e longe do papai…
ULTRAVIOLET – COLUNAS
202
03/05/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em maio de
2002.
• Foi lançado na Irlanda um livro chamado “Echos of Suicide”. Este livro reúne vários
textos e músicas de celebridades irlandesas sobre um tema bastante delicado, o suicidio. The Edge e Bono contribuíram para este livro com sua experiência sobre o assunto.
• Enquanto o professor Jeffrey Sachs considera o Bono o político número 2 do mundo, ou melhor, o segundo político mais importante do mundo, o dublê de ator The
Rock, que fez um filme, digamos, horroroso chamado “Escorpião Rei”, desconhece o
nosso guitarrista The Edge. Numa entrevista ao um jornal irlandês, ao mencionarem
o nome The Edge, ele pergunta “Quem é The Edge?” Tudo bem, ninguém precisa saber, mas um pouco de informação ao falar com um jornalista irlandês é preciso. Isso
é culpa da assessoria dele. A pergunta foi feita a respeito de seu nome, que é meio
parecido com The Edge.
• Mas nós fãs vamos nos vingar. Afinal quem é The Rock?
• Terça feira passada Bono e sua esposa Ali deram um tempo em seus serviços e foram dar um apoio ao nosso amigo Guggi, que inaugurou uma espécie de galeria de
arte em Dublin.
No site da Showbizz Ireland tem mais detalhes e fotos deste evento. Para curiosidade de nós fãs, uma foto do Bono dando um singelo beijo na boca da Ali.
Coisa rara vinda deste casal, pois eles são muito, mas muito discretos!
• Mas não posso me conter e deixar de comentar… Tudo bem que se trata de uma se nhora com quatro filhos, séria, de respeito, e eles estão numa cidade fria, que é Dublin. Mas acho que agora na primavera agitada da cidade, não é preciso um decote
tão fechado quanto o da Ali Hewson.
• Mas inverteram-se os papéis! Bono é quem está com uma blusa aberta ao estilo
dele… Uns dois botões abertos não fazem mal a ninguém, principalmente ao nosso
charmoso vocalista…
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
203
06/05/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em maio de
2002.
• Com certeza a grande notícia da semana é que Aung San Suu Kyi foi libertada.
Walk on!
• A revista Quem da semana passada traz uma notinha sobre o casal maravilha irlandês, sim, eles mesmos, Bono e Ali, com foto e tudo. Eles noticiaram que o Bono estará indo no final do mês para uma missão na Africa e também falaram sobre Ali e sua
campanha para o fechamento da usina nuclear de Sellafield.
• E por falar nela e na campanha, todos sabem que o objetivo da campanha era man dar cartões postais para o primeiro ministro britânico Tony Blair, para o príncipe
Charles e também para o presidente da usina. Ali, não contente em mandar o seu
cartão pelo correiro, foi pessoalmente a Londres e entregou um cartão enorme no
gabinete do Tony Blair.
ULTRAVIOLET – COLUNAS
204
07/05/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em maio de
2002.
• Sabem quem faz aniversário hoje? Um dos personagens mais interessantes criados
por Bono durante toda sua carreira. Mr. MacPhisto está completando 9 anos. Ele
nasceu durante o ensaio da ZOOTV que o U2 estava fazendo em Rotterdan, Holanda. Era o início da ZOOTV na Europa.
Enquanto isso o grande mestre Mirrorball teria ficado em Las Vegas jogando em
cassinos, assistindo shows e pregando aos quatros ventos “I HAVE VISION!!! TELEVISION!!!”
• U2 Day, isso mesmo, o dia U2. Mas essa não é idéia de fãs, não. Foi sugerida pelo
governo da Irlanda. Eles querem aumentar os números de feriados no ano, surgiu a
discussão para a escolha de um dia especial e uma das sugestões foi o U2 Day.
A idéia foi considerada exótica, mas quem sabe num futuro bem distante ela não
vingue, pois seria tudo de bom visitar Dublin no U2 Day.
• Que não iria gostar era St. Patrick, pois teria um concorrente forte!!!
• Na revista Decision de maio tem uma foto do Bono lendo poemas de Seamus Heaney para Ruth Graham Bell. A foto foi tirada em fevereiro, dias depois da festa do
Grammy. Para quem não sabe, Ruth é uma escritora e missionária religiosa. Seus livros falam sobre relacionamentos de mães e de como cuidar dos filhos etc. Ela é
muito famosa nos EUA. Ela é esposa do também famoso missionário evangelista
Billy Graham, sendo que a revista é publicada pela Associação Evangelista Billy Graham.
• Aí vocês ficam na dúvida. O que Bono foi fazer com esta mulher, além de ler os poemas? Foi com certeza pedir apoio para as crianças da África e quem sabe também
pedir uns conselhos ou fazer uma troca de idéias, afinal Bono é papai de quatro tesouros…
• Se um dia Bono tiver dar um livro de presente, podem ter certeza de que será do Se amus Heaney. Em todas as visitas que Bono faz pelo mundo afora e que não são
poucas, ele sempre tem um exemplar de algum livro do Seamus para dar de presente. O Papa, Bill Clinton, o presidente de Bósnia, entre outros, já ganharam.
Isso é que é fazer propaganda da cultura do seu país. Governantes irlandeses, não
riam, aprovem o U2 Day, eles merecem!
• Bono deu publicamente seu apoio a Belfast como capital cultural da Europa
em 2002.
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
205
08/05/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em maio de
2002.
• Livre como uma passarinha saltitante na floresta, a cantora canadense Nelly Furtado esteve em São Paulo fazendo um único show na última segunda. No meio do
show ela cantou um trecho de “What’s Going On”, de Marvin Gaye, que foi o mesmo
trecho que ela cantou no single-projeto lançado por Bono para ajudar as crianças
com AIDS na África e as vitimas de 11 de setembro. Numa entrevista coletiva ontem
perguntaram sobre sua participação no projeto e ela disse: “Quando Bono convida, é
impossivel dizer não.”
• Com certeza, dizer não ao Bono é sacrilégio imperdoável.
• E só relembrando, a Nelly Furtado também abriu alguns shows da Elavation Tour
nos Estados Unidos ano passado.
• Esta é para quem gosta de designers. O Hotel Clarence foi projetado pela empresa
United Designers, que também projetou um outro hotel em Belfast, o Ten Square.
Este por sua vez hospedou os membros do U2 quando ocorreu o Hot Press Awards.
Aliás o hotel tem um bar simpático onde ocorreu uma festinha depois da cerimônia,
que também contou com uma visita de policiais fazendo uma inspetoria… Agora ficamos pensando, o que temos a ver com isso? Vamos fazer o seguinte: pensar que
ninguém do U2 pagou diária, pois quem sabe foram eles que indicaram a empresa
de designers. E sobre os policiais dentro do bar, é que o Bono estava lá no momento
e dizem que rolou algumas piadinhas…
Moral da história: você é quem escolhe…
• E por falar em hotéis, um fã do U2 com certeza teve na vida alguma curiosidade sobre Irlanda ou até mesmo vontade de visitar o país e tal. Se não teve, pode ter certeza de que terá. E quando tiver, irá folhear ou até mesmo comprar um guia de viagem
da Irlanda, principalmente aqueles que colocam pontos U2-turísticos. Se você comprar um guia recente verá que o Hotel Clarence é um dos melhores lugares para se
hospedar na Irlanda. Hoje no Irish Times saiu uma relação dos melhores restaurantes, lugares e hotéis para receber bem os turistas. Parabéns ao nosso hotel Clarence
pela sua honrosa colocação.
• E sempre na esperança de uma dia pelo menos tomar um café no Clarence Hotel,
juro que conto se é verdade mesmo tudo o que se fala dele.
• Em Belgrado esta semana houve a estréia da versão deles do Show do Milhão. Uma
das perguntas foi qual o verdadeiro nome do Bono. Nas reportagens não falaram se
acertaram ou não, mas se por acaso a pessoa tiver o mesmo nível dos “artistas brasileiros”, podem estar certos de que erraram… Eu queria saber quais eram as alternativas.
ULTRAVIOLET – COLUNAS
206
09/05/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em maio de
2002.
• Fazendo um enorme sucesso nos Estados Unidos, “The Osbournes” estreou na MTV
brasileira esta semana. Um site americano fez uma previsão inusitada de como seriam outros programas do mesmo tipo, dando um exemplo com o Bono, como “The
Bonos”. Agora imaginem uma câmera seguindo Bono e família 24 horas. Eles até colocam piadinhas sobre o que Bono falaria, a quantidade de Guinness que Bono beberia.
• Eu iria adorar o programa, mas duvido que Ali deixaria, afinal eles nunca abriram as
portas de sua casa para a Caras, ou melhor, para a Hello Magazine. Mas uma coisa
nós poderiamos saber: quantas vezes Bono conta por dia que visitou o papa, conheceu Frank Sinatra, vai à Casa Branca…
Mais detalhes sobre esta piada está no link http://www.twincities.com/mld/pioneerpress/living/3215408.htm.
• Até amanhã, dia de São Bono, com participação especial de Jordan, sua filha.
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
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10/05/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em maio de
2002.
• “Tryin’ To Throw Your Arms Around The World” é uma das minhas músicas preferidas de todos os tempos e conto isto porque o autor desta música hoje está completando 42 anos muito bem vividos. Gostaria de agradecer e desejar um feliz aniversário ao Bono.
• Hoje deve estar rolando uma festa de aniversário em Dublin. Onde? Não sei (colunista incompetente)! Provavelmente o lugar da festa do pessoal é o bom e velho Ho tel Clarence. Mas sempre tenho dúvidas. Pois é mais provável ainda que haja festa
para Jordan. E aí minha dúvida aumenta ainda mais. Como eles fazem as comemorações? Tipo, até dez da noite para Jordan e depois para o Bono?
• Eu não sei qual é o lugar da festa, aceito sugestões, ou melhor informações corretas!
• Maio é um mês agitado na casa dos Hewsons, pois além do aniversário do Bono e da
Jordan, tem também o aniversário do pequeno John. Mais uma possibilidade surgiu. Será que eles vão fazer um pacotão comemorando os três de uma vez? Pois no
dia do aniversário do Jonh, Bono estará embarcando para a África.
• Desisto. Onde quer que seja a festa, qualquer que seja o dia, nem vou pensar mais
nisso. Paparazzis, please! Entrem em ação, eu quero notícias!!!! Eu preciso informar
meu povo.
• Caviar e Crystal para o Bono, que ele merece, e Coca-Cola e brigadeiro para a Jordan
que ela merece também.
Parabéns, Bono!
ULTRAVIOLET – COLUNAS
208
14/05/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em maio de
2002.
• Minha imaginação na última sexta-feira foi longe com a história dos aniversários.
Até sugeri um pacotão de aniversário da familia Hewson (Bono, Jordan, John). Imaginei de tudo, mega festas com mega convidados, festas para a Irlanda inteira comentar o ano todo… Mas não foi nada disso. Como vocês leram nas ultimas notícias
do nosso site, a comemoração foi bem tranqüila e quem compareceu foi os nossos
melhores amigos de hoje e sempre, Gavin Friday e Guggi.
• Uma sugestão de um site legal é o www.lilliesbordello.ie. É um local super vip e chiquérrimo, onde teve a comemoração dos 42 anos de vida bem vivida do Bono.
• E por falar em comemoração, Guggi comentou que não tinha idéia qual presente daria ao Bono. Agora fico imaginando a dificuldade que ele está enfrentando para encontrar um presente para o Bono. Não deve ser tarefa fácil. Apesar de tantos anos de
convivência, ainda deve ser bem complicado dar algo a ele.
• O baixista Tony Kanal, do No Doubt, banda da queridíssima Gwen Stefani, em entrevista para a Rolling Stones argentina falou que quando eles têm que tomar uma
decisão importante na banda, eles sempre pensam antes em como o U2 ou The
Clash tomariam a tal decisão… Depois que eles abriram os shows da Elavation Tour,
eles ficaram muito queridinhos da nossa banda.
• Para quem leu a Ultraviolet (lista), a Carol passou a notícia de que o Edge está de
casa nova, pois como diria aquele velho ditado, “quem casa quer casa nova”. Só que
a Morleigh não ganhou uma casa e sim uma linda mansão de 10 milhões de euros.
• Com este preço, só para quem pode e merece, pois o Edge, com aquela quantidade
de filhos, filhos dos amigos e dos parentes, tem que ter casa enorme mesmo. Aliás a
casa se parece bastante com a do Bono.
• No New York Times de domingo, há uma matéria falando que foi aprovado o envio
de 1,3 bilhões de dólares à África (agora sim, uma quantia razoável!) para ajudar o
combate à pobreza. Nesta matéria mencionaram a figura cult que anda em Washigton cobrando estas atitudes. É claro que estamos falando do Bono e de seus inúmeros encontros que ele teve com todo aquele povo do poder.
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
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16/05/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em maio de
2002.
• Diretamente dos cinemas e das histórias em quadrinhos, a dupla dinâmica BatmanBono e Robin-Geldof está pronta para salvar o mundo e defender os fracos e oprimidos. Foi mais ou menos neste tom de brincadeira que o site da revista canadense
Chart, o chartattack.com, anunciou que Bono e Bob Geldof, a dupla dinâmica, irão à
reunião do G-8, que acontecerá em junho no Canadá. Antes de chamar o Bono de
Batman, eles até mencionaram que Bono é embaixador de todas as coisas boas
do mundo.
• Nem precisa escrever o que eles vão fazer por lá. Podem ter certeza de que não é
cantar, lançar disco ou coisa e tal. Mas até o momento não está agendada nenhuma
reunião com algum super líder presente.
• A banda The Cranberries, que está em excursão pelos Estados Unidos, fez um show
ontem em Boston. Na crítica do show falaram que o look da Dolores O’Riordan está
parecidíssimo com o do Bono na ZooTV. Eles estão mesmo querendo agradar o casal
Hewson de todas as maneiras, pois eles já tinham feito uma música em homenagem
à Sra. Ali Hewson. Se você é fã do Cranberries e quiser ler a crítica do show, vá ao
site do jornal Boston Globe.
E ainda sobre o show, a banda de abertura, Flickerstick, tocava um som mezzo U2 e
mezzo Tears for Fears.
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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21/05/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em maio de
2002.
• Dia 20 de maio foi o início da “turnê africana” que o Bono está fazendo com o secretário do tesouro americano, Paul O’Neill. Gana é o ponto de partida, sendo que hoje
eles já tem até visita marcada. Depois de Gana eles irão a Uganda, Etiópia e África
do Sul.
• O avião no qual eles irão fazer estas visitas ganhou um apelido bastante familiar,
U3. Daryn Kagan, uma repórter da CNN, também irá acompanhar as visitas, do que
sairá uma espécie de diário de bordo. Quem é telespectador assíduo do canal agora
tem um bom motivo para não tirar os olhos da telinha, porque pode aparecer a qualquer momento alguma notícia deles. No site da CNN, você tem acesso a fotos e notícias e a tudo o que está ocorrendo na viagem a Gana.
• Fã do U2, a filha de Paul O’Neill também irá acompanhar o papai nesta turnê africa na. Com certeza deve ser a primeira vez que a menina sai para um compromisso oficial sem reclamar muito, pois ela terá ninguém menos do que Bono ao seu lado.
Tudo bem que os passeios não estão entre os mais legais e bonitos de se fazer, mas
já vale a pena.
• Como vocês leram aqui, Bono e Bob Geldof, vulgo Batman e Robin, já têm dia marcado para os encontros com líderes do G-8. São os dias 26 e 27 de julho em Kananaskis, Alberta, Canadá.
• Alguns dias atrás comentei que um dos nossos DJs favoritos, Howie D, estava de
malas prontas à Dublin, para o casamento do Edge. Provavelmente quando ele falou
que iria à Dublin naquele momento não deveria estar confirmado se o casamento seria em Dublin ou não, isso porque tudo indica que será na França.
• Isso mesmo. Depois de comprar a mansão mais cara da Irlanda, o glamour não acabou por aí. O casamento de The Edge e Morleigh será na Riviera Francesa. Será uma
cerimônia fechada e secreta (só nós vamos saber, mais ninguém, não conte a ninguém), em St. Jean Cap Ferrat. O local será o hotel Royal Riviera, onde irá acontecer
a festa de casamento. Na lista de convidados estão, é óbvio, todos da Cia. Ltda. U2
mais o pessoal do REM e a fofa amiga super model Christy Turligton e outros VIPs
do mundo a fora.
• Como é uma cerimônia secreta, a data exata do dia está guardada a sete chaves. Sabe-se que será quando Bono chegar da África, daqui a duas semanas.
• Meus amigos jornalistas e paparazzis estão de prontidão. Quando alguém souber a
data, contaremos a você, mas lembre-se: é segredo.
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
211
• É claro que toda a equipe da Ultraviolet Co. mais seus adoravéis assinantes estão ansiosos pelo tão aguardado, o mais que aguardado convite para este que é o primeiro
casamento glamouroso da era luxo e riqueza do U2.
• Se você, como eu, já acendeu todas as velas, fez promessas e tudo o mais para receber este meigo convite, visite o site www.royal-riviera.com e reserve já seu quarto.
Mas eu queria mesmo era dormir em algum quartinho da casa do Bono, que é
ali pertinho.
• Ontem foi o dia do aniversário do John, isso mesmo, o irmãozinho do meu tesouro
Elijah, que vem a ser filho do Bono e da Ali. Parabéns John!!!
• Sobre a viagem a Gana, o U3 decolou da Alemanha para África, pois os principais
tripulantes estavam em lugares diferentes, Paul O’Neill estava na Hungria e Bono
nos Estados Unidos.
• O que Bono estava fazendo nos Estados Unidos? Ele estava especificamente em
Nova York, na festa de despedida de solteiro do Edge. De hoje em diante, elejo o
Edge o cara mais glamouroso do U2 ou melhor do mundo. Ele vai morar na mansão
mais cara da Irlanda, vai casar no chiquérrimo litoral francês e faz festa de despedida de solteiro em Nova York. Luxo e riqueza é pouco! Imaginem o lugar paradisíaco
no qual será a lua de mel.
• Que homem versátil é o Bono. Saiu de uma festa em Nova York e foi direto a Gana.
Do champanhe à água sem maiores problemas.
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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23/05/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em maio de
2002.
• Arranjem mais um lugarzinho na estante pois está indo mais um prêmio. O U2 é impossível mesmo. A música Walk On ganhou o prêmio “best song musically and lyrically” no Ivor Novello Awards, que aconteceu em Londres. Nenhum dos U2ers estava por lá, mas tenho certeza de que agradecem de coração a todos…
• Eles não foram pois o Edge deve estar cuidando dos preparativos de sua mega festa,
Larry deve estar em Dublin, o Adam está em Nova York.
• E por falar em Adam em Nova York, ele também estava na festa de despedida de solteiro do Edge. Fontes garantem que a festa durou um final de semana inteiro. Estou
absolutamente sem palavras, imaginem como foi a festa!
• A probabilidade da festa de casamento durar uma semana é grande.
• Vocês notaram, vou bater meu recorde, não falei nada do Bono ainda…
• Estou adorando o Bono com a CNN no pé dele. Todo dia tem fotos e notícias novas,
no mundo só se fala nisso. Menos o Brasil, que parece que não está incluído no
mundo. Nos jornais escritos, televisão, a atenção para esta viagem é praticamente nula…
• Deixando isso de lado, a viagem a Gana acabou e hoje ele se encontra na África do
Sul. Em Gana teve de tudo, ele cantou numa escola, vestiu aquelas roupas típicas
africanas (está hilário!!!), foi até na feira (única foto que faltava no nosso álbum), falou com o povo e, claro, com as autoridades, o assunto principal da visita, mas isso
vocês ficam sabendo na parte de news do nosso site.
• Para vocês não ficarem perdidos, dêem uma olhada no calendário das visitas:
20/05 - 23/05 - Gana (já foi, ok!)
23/05 - 26/05 - África do Sul
26/05 - 28/05 - Uganda
28/05 - 31/05 - Etiópia
De 01/06 em diante, só Deus sabe. Provavelmente ele irá a Dublin e dará um beijo
de feliz aniversário no filho. Depois Paris, ou melhor, Riviera Francesa, para a mega-hiper-festa de casamento do Edge.
• Estou preocupada porque meu convite ainda não chegou!!!
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
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24/05/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em maio de
2002.
• Foram vistos saindo dos estúdios Hannover Adam Clayton, Larry Mullen e The
Edge, cada um saindo com seu respectivo automóvel.
• E falando no homem glamour The Edge, aviso que ainda não recebi nenhum convite
de casamento. As Organizações Ultraviolet Co. estão preocupadas com essa demora.
• Houve um tempo em que Bono só cantava One por onde andava. Não importava a
ocasião, dá-lhe One. Era One para lá e One para cá. One era a música. Agora na África ele mudou o disco. A música da vez é I Still Haven’t Found What I’m Looking For.
Hoje ele a cantou pela segunda vez. A primeira foi em Gana para uma menina de 12
anos numa escola onde ele fez uma visita. Ela falou que nem sabia o que era U2.
Agora novamente na África do Sul. Tudo bem que lá não foi ele quem iniciou. O pessoal da escola tinha preparado uma homenagem ao Bono. Eles iriam fazer uma
apresentação com a música, só que teve problema no som. Já que o dono, autor e
cantor da música estava lá, ele aproveitou e cantou. E todo mundo adorou.
• Atenção, a estante mais lotada de prêmios do planeta precisa de mais espaço, pois a
Music Video Production Association, para os íntimos MVPA, concedeu o prêmio de
melhor “Soundtrack Video of the Year” a Elevation. Se com o próximo disco eles ganharem tantos prêmios como com este, não tem como não falar “Haja estante!!!”
• Mas voltando ao Bono em sua visita africana, hoje ele foi a um hospital chamado
Chris Hani Baragwaneth. Lá ele conheceu um garotinho de 11 meses chamado Thomas Gqubile. Bono se encantou com a criança, dando até comida na boca, brincando, fazendo careta. Ele deve ter se lembrado dos seus filhotes e matado um pouco
a saudades.
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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27/05/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em maio de
2002.
• Vocês devem lembrar que na semana passada eu tinha falado do Ivor Novello
Awards, que ninguém do U2 foi receber o prêmio de melhor canção para Walk On.
Engano é que ninguém me avisou de que o nosso homem glamour The Edge estava
lá e recebeu o prêmio em nome do grupo e, além de agradecer a todos, dedicou o
prêmio à nossa guerreira amiga Aung San Suu Kyi. Em uma entrevista da rádio BBC
de Londres, Edge disse que Walk On surgiu depois que eles conheceram o filho de
Aung na cerimônia “Freedom of Dublin” em 2000, na qual aliás eles foram os homenageados.
• Falha minha, eu juro que nunca mais cometo uma falha dessas. E por falar em falha,
quem está cometendo uma é o serviço dos correios, pois até o exato momento ainda
não recebi o tão esperado convite de casamento da Morleigh com o Edge.
• E continuando a tour africana do Bono, sábado na África do Sul ele se encontrou
com Nelson Mandela. Eles devem ter trocado ótimas idéias.
• Domingo à noite Bono e Paul O’Neill se despediram da África do Sul e seguiram…
• Pela segunda vez no ano Bono está visitando Uganda. Como é de costume, eles foram visitar hospitais, fábricas, falar com o presidente e, claro, foram a uma escola,
onde aliás Bono cantou uma musiquinha aos alunos. Só que desta vez não foi I Still
Haven’t Found… e sim The Long and Winding Road dos Beatles.
• Caso um dia vocês forem a alguma festa, um simples jantar ou uma reunião de ami gos na mansão da família Hewson (leia-se casa do Bono) e por consequência forem
ao banheiro, não estranhem se encontrarem uma caneta, lápis e papel (sem ser o higiênico, é claro). É costume as pessoas que usam o tal banheiro deixarem uma mensagem aos donos da casa. Entre os que deixaram sua mensagem estão Bill Clinton, o
presidente da Bósnia, Van Morrison e Salman Rushdie, que aliás já deixou vários
poemas. A mais engraçada foi a mensagem do cantor tudo de bom Robbie Williams.
Conforme ele disse, ao visitar o tal banheiro ele estava tão bebado e, vendo aqueles
poemas todos, ele não pensou duas vezes e escreveu “Para Bono com amor, Robbie”.
Só que ele não se lembra se escreveu assim correto, ele acha que escreveu “Para
Bongo for love Robbble”.
Não se esqueçam de que, quando forem fazer uma visita ao Bono, levem uma dedicatória bem bonita já feita em casa, pois também é de costume o uso em excesso de
bebida alcoólica na mansão.
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
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28/05/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em maio de
2002.
• Antes de mais nada e não querendo ser chata, ainda não recebi nenhum convinte de
casamento. Qual casamento? Do Edge e da Morleigh.
• O site Dotmusic divulgou uma lista em que os telespectadores do canal a cabo americano VH-1 elegeram os homens mais influentes da música pop e onde o nosso
Bono ficou em 6º lugar. Quem ficou em primeiro lugar foi o tudo de bom Robbie
Williams. Como é uma lista em que o voto foi popular, digo que as fãs do Robbie fi zeram um bom trabalho. Lógico que não estou desmerecendo o Robbie, longe
de mim…
• E por falar no Robbie e aquela história do banheiro da família Hewson, a visita ocor reu quando Robbie foi fazer show no Slane Castle em 2000, no qual ele fez uma homenagem meiga e cantou One.
• Além de Bono e Paul O’Neill em Uganda, quem fez companhia para eles foi o ator e
comediante americano Chris Tucker. Ele acompanhou a dupla em visita a um centro
de apoio a pessoas infectadas com AIDS.
• De Uganda vem notícias que está havendo divergência de idéias entre Bono e Paul
O’Neill. Ficamos na torcida, é claro, pelas idéias do Bono, porque, agora sério, gente,
este povo político americano republicano é meio lunático, para não dizer outra coisa. Só a presença de Paul O’Neill nestas visitas pela Africa é uma vitória muito gran de que o Bono conseguiu.
• O site da revista People fez uma comparação da atriz Angelina Jolie e Bono, dizendo
que, apesar da fama, glória e fortuna, eles se preocupam realmente com os proble mas sociais mundiais. E fez um paralelo das ações que cada um tomou, para tornar
o mundo melhor.
• Que Deus os abençoe!
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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05/06/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em junho de
2002.
• Seja bem vindo, mês de junho, este que será marcado como o mês do casamento do
The Edge e Morleigh…
• E adeus ao mês de maio, que teve em todos os seus 31 dias a nossa principal estrela
Bono, ele mesmo, que encerrou sua turnê africana com o secretário do Tesouro dos
EUA Paul O´Neill, sendo que o último país a visitar foi a Etiópia.
• O U23, avião oficial desta turnê, deixou Bono no Aeroporto de Shannon na Irlanda,
sendo que o restante da tripulação ficou toda em Washington. Em momento de descontração total na viagem de volta, Paul O´Neill usou os óculos azuis Bvlgari do
Bono e também uma camiseta por cima da sua camisa com dizeres “The Odd Couple
Tour of Africa 2002”. Aliás esta camiseta foi presente de Bono, que além deste deixou uma caixa de cerveja, para terminar com chave de ouro. Que tal 115 Guinness
para todos voltarem para Washington? Isto aconteceu na escala obrigatória que a
tripulação fez na Irlanda para deixar o nosso fofo mais amado do mundo, que aliás
patrocionou estas poucas cervejas. Isto e mais um pouco de toda viagem saiu no
Washigton Post de ontem de 04/06/02.
• Para uma análise política e séria da viagem vamos aguardar pronunciamento do
Bono, pois quase todos os dias sai uma análise diferente por um jornalista diferente,
então são muitas idéias. Vamos esperar Bono. Quanto ao Paul O´Neill, ele pediu
para esperar até setembro.
• Chris Tucker, aquele ator e comediante que se encontrou com eles na África, domingo passado na entrega de prêmios do MTV Movie Awards, ao ganhar um prêmio por
sua atuação no filme RUSH II, nos agradecimentos mencionou a viagem e disse que
algumas coisas mudaram na sua vida…
• Ele foi visto andando pelas ruas de New York, mas com quem? Com ele, o nosso bateirista discretíssimo Larry Mullen Jr.
• E para encerrar, voltamos ao casamento do mês e provavelmente do ano. É bem
provável que o casamento do The Edge seja neste final de semana.
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
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07/06/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em junho de
2002.
• E lá vamos nós com a coleção de nomes de políticos americanos importantes. Anote
mais este, senador George Voinovich. Não ocorreu nenhum reunião importante entre ele e o Bono, ele apenas mencionou o nome do Bono, pois o Backstreet Boy Kevin Richardson iria apresentar uma queixa ao senado americano a favor de uma
causa geológica/ecológica que ele apóia. O senador boicotou a queixa e alegou que
não quer nenhum estrela pop se promovendo às custas de uma causa mal sabendo o
que ela representa. E disse mais: se fosse o Bono, ele sim, um homem que sabe o
que fala, sabe o que pede, Bono apresenta argumentos sobre o que fala, é conhecedor profundo do assunto.
Coitado do menino! Qualquer boa causa é sempre bem vinda a ser defendida. Mas
nada como uma boa causa ser defendida pelo Bono. Isto que é respeito e prestígio…
É, crianças, como diria minha mãe, isto é assunto para gente grande!
• E por falar em gente grande, quem esteve, ou melhor, ainda deve estar essa semana
em Dublin é o ex-presidente dos EUA Bill Clinton. Na quarta passada ele foi a uma
festa no nosso hotel preferido, o Clarence. Depois da festa Bono e ele saíram para
conhecer a cidade.
• Depois da aventura e ainda vivos (faço esta colocação pelo fato de que Bill Clinton
deve ter saído de carro com Bono e mais provavelmente com o Bono no volante),
Bono e Bill Clinton foram a uma cerimônia, ou melhor, um jantar em que eles foram
convidados de honra. A festa da “Academy of Achievement” aconteceu no Hotel
Four Seasons, onde Bono e Bill responderam perguntas de alunos e professores.
Esta festa ocorre anualmente sempre com diversas personalides do mundo político,
social e musical. E como eles eram os convidados de honra, eles ingressaram no Hall
of Fame da academia.
• E a cada dia Bono fica ainda mais luxuoso. Não temos palavras para descrever como
este homem evolui a cada dia… E por falar em evolução, não vamos esquecer que
mesmo sem saber ou ter certeza, bem provavelmente neste final de semana ocorrerá
o glamouroso casamento do ano com The Glamour Man Edge e The Dance Glamour
Girl Morleigh.
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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11/06/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em junho de
2002.
• Um dia comentei em tom de brincadeira que a Ali deveria morrer de vergonha pois
Bono diz algumas coisas, digamos assim, sem nexo referentes ao estado de suas roupas de viagem, como uma tal gravata que estava suja de sopa, sendo esta a única que
ele teria levado à viagem à África no mês passado. Uma “revistinha” americana chamada US Magazine nas suas matérias super interessantes sobre cortes de cabelo de
Jennifer Lopez aproveitou a “gravata suja” e emendou ao texto uma análise sobre a
viagem à África, chamando Bono de “slob”, algo tipo porcalhão, atrapalhado. Eu
acho que se eles não têm competência para escrever algo sério sobre um assunto sério (viagem à África), não deveriam pegar uma coisa tão informal e relacionar aos
assuntos que foram levantados na viagem. O que deve pensar uma pessoa leiga ao
ler esta matéria, não conhecendo nada do Bono, África e toda a sua luta.
• Nós que conhecemos Bono sabemos de sua expontaneidade e gostamos disto e entendemos isto mas e quem não conhece? E ainda sai na chamada da matéria “He
is Slob”.
• Mistério! Pelo que andou a carruagem semana passada, provavelmente não foi neste
final de semana que aconteceu o casamento do nosso homem glamour com a sua
glamour girl.
Nem preciso escrever que estou falando do Edge e da Morleigh…
• Sabe aquela coisa, é tudo mistério, é em segredo, mas o mundo interio sabe o dia e a
hora. Isto ocorreu agora na Irlanda, com o casamento de Paul McCartney com a modelo Heather Mills. O Beatle disse o famoso “I do” em cerimônia secretíssima num
castelo irlandês, que contou com 300 celebridades como convidados, entre eles nosso Bono. Ninguém fala nada, não vê nada, mas aviões cheios de celebridades do
mundo da música e da moda estão aterrissando desde segunda-feira na nossa terra
querida. Como o casal recusou os US$1,5 milhões pela cobertura exclusiva da Hello
Magazine, esperamos que alguém com muita sorte registre alguma coisa, principalmente dos convidados.
• E por falar em cobertura exclusiva, The Edge também deve ter recusado que a Hello
ou a Ok Magazine registre algo do seu casamento. Apesar das quantias tentadoras,
acho que The Edge e Paul McCartney não precisam disso, afinal promoção deste
tipo é a ultima coisa de que eles precisam, pois uma coisa é notória em ambos: eles
têm muito TALENTO.
• Só para ficar mais interado no assunto, a Hello Magazine e a Ok Magazine são duas
revistas de maior circulação na Inglaterra referente a celebridades. Elas são as mães
dos similares brasileiros, como as revistas Caras e Quem, entre outras. Quando uma
celebridade se casa, ganha nenê, batiza o filho, enterra a mãe, elas pagam quantias
enormes por coberturas exclusivas. Para quem tem sede de auto promoção, isto é
quinta maravilha do mundo, mas pessoas sérias e talentosas como The Edge não
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
219
precisam disso, pois seu trabalho abrage muito mais e tem muito mais conteúdo do
que uma capa de revista de fofoca.
• Apesar de absurdo para uns, eu adoraria ler e ver algum dia umas matérias exclusi vas do U2 nestas revistas, tudo isto devido ao meu duro trabalho nesta coluna…
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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13/06/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em junho de
2002.
• A principal revista de música da Irlanda, a HotPress, está fazendo 25 anos de vida e
para a sua edição de aniversário eles prepararam uma matéria básica com o U2.
Quem fará entrevista seremos nós. É só mandar um e-mail para [email protected]. Claro que terá uma seleção das melhores perguntas com as melhores respostas. Então peça já para seu amigo irlandês reservar um exemplar para você e se você
quiser fazer uma pobre colunista feliz, com toda a minha humildade aceito também
um exemplar de presente!
• Como contei semana passada, o ex-presidente dos EUA Bill Clinton esteve em Dublin e se encontrou com seu amigo Beth, ou melhor, Bono. Eles foram a uma festa
no nosso preferido Hotel Clarence quarta feira e depois foram dar umas voltinhas
pela cidade. Advinha a qual região Bono o levou? Claro que foi no Temple Bar. Eles
entraram no bacanérrimo-hiper-mega-vip-club Spy. Lá eles deram um susto na moçada. É que lá estava presente um pessoal comemorando sua formatura. O susto foi
daqueles. Não é todo dia que você encontra numa pista de dança Bill Clinton e
Bono. Se você quiser conhecer o tal lugar e marcar para ir na sua próxima viagem a
Dublin, veja o site www.spydublin.com.
• Só para completar, eles ficaram até às 3 da manhã e não estavam com suas esposas.
Por falar nelas, a Ali foi embora depois da festa no Clarence, não acompanhou o marido na voltinha pela cidade. Mas, convenhamos, ela tem quatro crianças para cuidar e tempo é tudo, principalmente para mulheres ocupadas como ela.
• Em entrevistas com o pessoal do U2 sempre perguntavam por que eles não moram
nos grandes centros europeus, como Londres, ou nos EUA, como Nova York, e eles
respondiam que Dublin era a cidade perfeita pois era calma e sossegada. Acho que,
de tanto enfatizar a cidade, neste verão Dublin, ou melhor, o país inteiro será invadido por diversas celebridades do mundo. A invasão começou esta semana com o casamento do Sir Paul McCartney e seus 300 convidados VIPs.
• Com a invasão de VIPs e a cidade por sua vez cheia, o pessoal do U2 é que foge.
Larry e Adam são constantemente vistos em Nova York. The Edge se casará a qualquer momento na França. Bono, este não tem palavras. Como diria aquele ditado irlandês famoso, “se você quiser se enconder do Bono é só ir a Dublin, dificilmente ele
te encontrará”.
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
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17/06/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em junho de
2002.
• Recentemente, ou melhor, neste final de semana, no site do U2 Guatemala, saíram
duas fotos do Edge com a Morleigh e seu filhinho Levi fazendo compras em um supermercado em Malibu, EUA. Agora fica a minha dúvida. Quando vai ser este casamento? Ou estou perdida e esta cerimônia já ocorreu… Oh, dúvida cruel!!!
• Tirando minha dúvida matrimonial e comentando a foto, eles fazem uma linda família. Felicidades eternas para eles.
• O estúdio Hannover deverá ser demolido mesmo. Com toda nossa corrente positiva,
com petições e até mesmo com o apoio do U2, o estudio deverá ser demolido. Este
Conselho de Planejamento da Irlanda não tem sentimentos. É um preço muito caro
que nós fãs estamos pagando para o desenvolvimento da cidade. Será que um planejamento deixando pelo menos nosso estúdio de pé não seria possível? A importância
deste lugar é tão grande, é como se matassem o último mico leão dourado do plane ta. Dou exemplo deste animal pois é um verdadeiro mico o que Dublin e sua administração estão pagando para o mundo.
• O U2 na copa do mundo. Que vários jogadores de futebol gostam do U2 não é novidade, afinal quem não gosta do U2? Mas tem pessoas que me pergutam se o Bono
está assistindo aos jogos, torcendo e coisa e tal. Pelo que sei do Bono, ele não é muito chegado a este esporte. Lembramos que, quando pequeno, Bono jogava xadrez.
(Na infância, ele deve ter sido péssimo jogador na escola e pegou um trauma enorme, jurando a si mesmo que seria o melhor cantor do mundo e um excelente jogador
de xadrez). Então no meu entender Bono deve ser um daqueles torcedores normais
de copa do mundo. Adam, ele é muito chique, deve torcer como o Bono. Até no clipe
versão americana de Stuck in a Moment ele lê jornal no estádio. O Edge e o Larry
são os que mais gostam de futebol. Eles estão nos EUA, então nem seguindo direito
as partidas eles estão e a Irlanda já está eliminada.
• Mas você pode alegar, falando na copa passada, que Bono assistiu o jogo final Brasil
x França. Mas esta partida, antes de ser um jogo de futebol, foi um grande aconteci mento esportivo europeu e recebeu todo tipo de público e até teve desfile de moda.
Mesmo não entendendo nada sobre o assunto e nem torcendo para nenhuma seleção, o importante era participar daquele momento.
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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18/06/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em junho de
2002.
• Até que enfim! Mesmo sem ter sido convidada, saiu hoje no site da Showbizz Ireland
que o casamento do ano será esta semana. Casamento de quem? Do glamourman
The Edge com sua glamourdance Morleigh.
• Vocês já sabem quais são os convidados, mas tem um que é especial. Este será o terceiro casamento ao qual ele irá só no mês de junho. Isso mesmo, o Bono. Semana
passada Paul McCartney, esta semana The Edge e na outra semana, Caroline Corr.
• Com certeza Bono e Ali formam um casal básico. Um exemplo da amostra do diários
dos dois:
Querido diário, hoje, dia 11 de junho, é o casamento do Paul com a Heather. A festa
será num belo castelo no interior. Temos expectativas de encontrar vários amigos…
Querido diário, hoje, dia 18 (leia-se qualquer dia desta semana), estamos em nossa
casa no litoral sul da França. Até que enfim chegou o grande dia, o dia do casamento
do Edge com a Morleigh. Que lindos! Rezamos muito para este dia chegar e graças
ao bom pai o dia está lindo para a cerimônia. Nossa amiga Christy também está conosco…
Querido diário, hoje, dia 24 (leia-se 24 em diante), estamos na Espanha. O verão espanhol é muito bom, me sinto em casa. Este vilarejo é muito aconchegante. Caroline
Corr e Frank Woods escolheram bem este local…
Querido diário, (qualquer dia depois da maratona), o dia está monótono. Estamos
em Dublin e ninguém marcou nenhum casamento. Vou dar uns toque para Anne se
casar com o Larry. Quem sabe eles escolhem a Grécia, Taiti, Ilhas Maldivas…
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
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19/06/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em junho de
2002.
• Amanhã dia 20 de junho Bono se encontrará com o presidente francês Jacques Chirac para discutir sobre os problemas econômicos mundiais, dando aquele enfoque
na África.
• Com isso chegamos à conclusão que mais uma vez o estilo básico Bono de ser predomina. Aquela coisa: “Estou em Paris, não posso só ficar matando meu tempo com
futilidades. Vou marcar uma reunião com o presidente, afinal tenho tantas coisas
novas para falar sobre minha última viagem à África e já me preparando para o mês
que vem, que tem a reunião do G-8”.
• Seguindo a lógica, quinta em Paris, final de semana no Côte D´Azur. Uh-la-la!!!
• E falando em fim de semana agitado, vocês se lembram que mês passado ocorreu
em Nova York a festa despedida de solteiro do Edge. O New York Post de hoje publicou que a festa foi, assim, uma coisa família, a mesma turma de sempre, pois quan do pensamos em festa de despedida de solteiro, nos vem à cabeça várias strippers e
muita sacanagem… Mas em vez das strippers quem compareceu à festa foram as
mesmas amigas de sempre, Christy Turlington e Helena Christensen, além de, claro,
Bono, Larry e Adam. O cardápio da festa foi encomendado em um restaurante vienense, que incluiu aspargos com sorvete e vinho austríaco.
• Aproveitando a deixa de comida e restaurantes, quando você for a Belfast, não deixe
de visitar o restaurante Deane´s. Dizem que é o preferido do pessoal do U2 e eles recomendam.
• A musa de Walk On, a extraordinária Aung San Suu Kyi, deu uma entrevista para a
BBC. Uma das perguntas feitas foi sobre a música do U2 dedicada a ela. Aung respondeu que está eternamente grata. O que eles fizeram foi extraordinário, não só
para ela como também para o país inteiro e mil coisas.
ULTRAVIOLET – COLUNAS
224
24/06/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em junho de
2002.
• 22 de junho de 2002 foi o grande dia. Depois de tanto suspense e segredo, o nosso
“glamourman” The Edge disse o famoso “I do” para a nossa “glamourdance” Morleigh. A cerimônia foi realizada dentro de um castelo medieval chamado “Château
de la Chèvre d’Or”. A cerimônia foi judaica e os cumprimentos e a festa foram no
jardim do castelo, regados a muito champanhe Cristal.
• O jardim foi decorado para festa com mais de 400 tipos de flores, vindas até da
América do Sul. Será que tinha alguma plantinha brasileira por lá? Pois a “rosa”
aqui não foi convidada…
• O padrinho não foi o Bono e sim a Chantal O’Sullivan, amiga dos noivos.
• Convidados além da família U2, estavam presentes Michael Stipe do REM, Lenny
Kravitz, Christy Turligton, Helena Christensen, Bob Geldof, Dennis Hopper, Guggi e
muito mais…
• Também estavam presentes as 3 filhas do Edge do seu casamento anterior: Holly,
Aaron e Blue. E, claro, Sian e Levi foram ver o papai e a mamãe se casarem.
• Entre o U2, o único que apareceu em fotos foi Bono com a Ali. O gosto duvidoso da
roupa do Bono depois nós discutiremos, mas gravata mais uma vez ficou em casa.
Isto é outro capitulo…
• The Edge e Morleigh estavam muito bonitos. Edge estava com seu gorrinho de sempre. Muitos o atribuíram ao fato de ter sido uma cerimônia judaica. Morleigh estava
perfeita no seu vestido, que estava bem apropriado ao horário e à ocasião, estava
linda. E o brilhos nos olhos dele com o brilho nos olhos dela era tudo.
• Depois da festa oficial, todos foram para a casa do Bono e de The Edge, chamada
“Villa Eze les Roses”. Esta festa foi noite adentro.
• A cerimônia civil foi em Dublin, pouco antes de embarcar para a França.
• Atenção, a toda hora estão chegando notícias sobre a cerimônia, então qualquer alteração e/ou novidade que ocorrer, vamos publicar durante a semana.
• Mais um detalhe da famosa festa de despedida de solteiro do Edge: Bono sóbrio fala
muito, imagine Bono bêbado, fazendo um discurso enorme sobre o Edge. Ainda
mais neste tipo de festa, uma hora deve ter sido pouco. Haja, vinho!!!
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
225
25/06/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em junho de
2002.
• Com a história toda de casamento, esqueci de mencionar que Bono se encontrou
com o presidente francês Jacques Chirac no Palácio Elysee na última quinta feira.
Bono estava bem humorado, sendo que a reunião deve ter sido bem descontraída. A
respeito da visita Bono disse: “Eu estou aqui porque ele (Chirac) tem um paixão pela
África e quero transformar esta paixão em dinheiro.” Depois ele completou que o
Chriac deu a ele 50 francos ou 7 euros para o táxi de volta.
• Quebrando todos os protocolos, o Bono estava de gravata, mas com uma camisa azul
xadrez para fora da calça e um paletó para tentar disfarçar. Dava a impressão de que
o Bono saiu correndo por estar atrasado para o encontro e colocou a primeira roupa
que viu pela frente.
• E falando das roupas limitadas do Bono, a do casamento do The Edge estava até bonita. A roupa era em tom claro, bem apropriada para o horário. Tinha até uma flor
da lapela. Mas uma coisa não gostei: se ele é uma espécie de garoto propaganda dos
óculos Bvlgari, está faltando na coleção dele um com lentes claras. Daquele com lentes vermelhas eu não gostei e não combinou com nada.
• Sobre a Ali não posso opinar pois na única foto disponível ela não está de corpo inteiro. Então não posso criticar nem elogiar meio vestido.
• Liam Gallagher do Oasis está muito “engraçadinho” desde que lançou disco novo.
Sempre vem com uma piadinha sem graça sobre o Bono ou U2. Estou achando que
“bigmouth” do Oasis está querendo aparecer e que está rolando uma invejinha básica do nosso amado vocalista.
• Por outro lado e outro nível, Kofi Anaan, secretário geral da ONU, em um discurso
em Illinois mencionou Bono e sua viagem africana com Paul O´Neill. No discurso
ele citou Bono como “MEU AMIGO”.
• E por falar em Paul O’Neill, respondendo uma pergunta sobre a tour africana com
Bono, ele mencionou em tom de brincadeira que da próxima vez vai com a Brit ney Spears.
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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27/06/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em junho de
2002.
• Bono deve estar triste. Ele não pôde ir à reunião do G-8 no Canadá. Mas para não
passar em branco ele marcou presença fazendo uma participação via fone. Isto é, ele
ligou para o primeiro ministro canadense Jean Chretien. A conversa foi, claro, para
ele e eles não se esquecerem da África.
• Como Bono tinha alertado naquela visita ao George Bush, eu serei a pedra no sapato
e, como uma boa pedra, sempre alerta aos problemas da África. E tem que ser mesmo, pois se bobear eles sempre “esquecem”.
• Um jornal de Belfast, em uma matéria sobre o novo disco do ex-boyzone Ronan Keating, mencionou que ele pode ser o sucessor do Bono.
• Eu detestei esta história. Sucessor do Bono, eu nem gosto de pensar nisto. O jornalista deve ter surtado e confundido um pouco só porque o Ronan é irlandês, cantor,
solidário e, em suas entrevistas recentes, está mencionando muito os problemas do
mundo… Mesmo assim não gostei, pois eles têm pontos muito distintos.
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
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03/07/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em julho de
2002.
• Bem vindo ao mês de julho, vamos fazer 4 meses juntos aqui no maravilhoso site da
Ultraviolet, o lugar mais legal do planeta.
• E ainda em julho, iremos falar do casamento do ano. Não vai me dizer que já esqueceu o casamento do Edge com a Morleigh. Só por curiosidade, Naomi Campbell e família Corrs, apesar de muito amigos, não foram à festa… E por falar na festa, ela terminou exatamente dentro do iate de Paul Allen (amigo do Bono e sócio de Bill Gates, trabalha na Microsoft) no domingo de manhã.
• Fofoquinha básica. Vocês sabiam também que a ex-mulher do Edge, a Aislinn, se divorciou recentemente pela segunda vez?
• Para quem lê a revista americana People, saiu algumas fotos do tão comentado casamento… Se sair alguma coisas na magazines inglesas, aviso.
• Sábado passado Bono esteve em Londres para o show do maravilhoso David Bowie.
Nos bastidores, o espírito tiete baixou em Bono e ele foi dar um beijo em David
Bowie. Calma, não foi um beijo a la Liam Gallagher. Foi uma coisa meiga, sendo que
David Bowie retribuiu também. Muito meigos! E os bastidores estavam repletos de
amigos, como o melhor produtor de disco do universo, Brian Eno.
• Nada como um bom show de rock, ainda mais sendo de David Bowie, pois Bono deveria estar muito chateado. Aquele pessoal do G-8 não mostrou empenho e nenhuma determinação a la Bono para ajudar o povo africano. O todo poderoso George
Bush falou que vai à África ano que vem. Vamos ver e vamos deixar o Bono descansar pois em julho começa a temporada de férias da família Hewson com muito sol
e calor…
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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04/07/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em julho de
2002.
• O canal americano “mais desejado por mim”, o VH1, fez uma pesquisa para saber
quais são os artistas mais sexys do mundo. Por uma coisa assim óbvia o Bono ficou
na posição 15º. Acima dele em 14º Madonna. Para saber o restante abaixo e acima,
entre no site da VH1 que lá tem a lista completa.
• No site da Reuters saiu uma matéria falando que o Bono, em uma entrevista, confessou que sua grande paixão é fazer música e não política. Como ele está sempre em
evidência no mundo político, muitos ficam com esta dúvida, mas ele disse que não
há nada melhor no mundo do que cantar, ainda mais com a banda que ele tem. Desculpem as outras bandas, mas U2 é U2 e o resto é playback…
• Ainda nesta matéria falaram que ele escreveu músicas em bares do sul da França.
Pelo visto esta casa dele na França é um ponto de referência para ele. Lá ele recupe ra suas forças e sua criatividade fica impossível de tão boa. Agora convenhamos que,
num lugar daqueles lindo, é claro que o resultado é só coisas boas…
• Mas uma coisa ele não desprezou: sua vida política. Apenas disse que música é o que
ele mais gosta de fazer. Eu particulamente adoro e admiro as duas coisas, pois fazem
muito bem ao mundo.
• Como prometi avisar, na revista mãe da Caras, a Hello Magazine (inglesa), tem matéria do casamento do The Edge. Não deram capa mas tem matéria.
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
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11/07/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em julho de
2002.
• Nossa, faz uma semana que não atualizo a coluna. Mas também o Edge está em lua
de mel, o Larry e o Adam nem sequer saem na rua para deixar alguém tirar uma fotinho deles. Até o Bono está descansando. Mas parece que ele foi visto ontem em
uma festa em Dublin com a Ali, mais detalhes futuramente…
• Para não ficar sem assunto, vou responder as perguntas que me fizeram na parte
de comentários.
1- Nós não fazemos serviço de self service. A Ultraviolet Co ainda não oferece este
tipo de serviço de aviso por email quando a coluna ou o site sofrem alguma atualização, pois as atualizações são diárias. Nosso lema é “Onde o U2 estiver, a Ultraviolet
estará com eles”.
2- Não confunda, é Liam Gallagher o desbocado que fala mal do Bono.
3- Se um dia falei com um certo ar de gozação da Ali, não foi por maldade. Eu adoro
a mulher que pariu o meu tesouro Eli e ainda faz meu Bono feliz…
4- Um dos maiores inimigos do Bono é seu personal stylist. Lentes vermelhas não
combinaram com aquela roupa do casamento do The Edge. A Bvlgari precisa fazer
mais modelos para seu famoso garoto propaganda.
5- Nem John nem Eli serão sucessor de Bono, apenas herdeiro. Ou será a mesma
coisa? Mas com certeza aquilo foi coisa de jornalista irlandês que tinha acabado de
ter um surto…
6- A ex-mulher do Edge tambem é ex-mulher de um outro qualquer. Mas dizem que
ela já está com outro. Ela não desiste, está a procura da felicidade. Boa sorte!
7- Nome dos filhos deles só sei assim na lata os do Bono, que são Jordan, Eve, Eli e
John. Os do Larry são Aaron Elvis e Ava. Tem mais um outro do qual ele não fala e
não mostra. Se não é Bono falar dele num show, ninguém saberia que ele existe. Os
do Edge com a Morleigh são a Sian e o Levi, com a Aislinn são Blue Angel, Holly
e Aaron.
8- Para conseguirmos uma matéria exclusiva do casamento, vamos ter que juntar
todas as notas que mandei que saíram na mídia e um dia fazermos um especial casamento do Edge. Por falar em mídia, saiu matéria sobre o casamento em todas as revistas. Falo em revistas como Caras, Hello (inglesa e esponhola), US, OK magazine,
Gente, Le Figaro, People (EUA e América Latina), Contigo, Quem, Chiques e Famosos, jornais diversos e principalmente tablóides.
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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9- Não deixem de colocar seus comentários, minhas amigas, pois meus amigos têm
vergonha de falar ou escrever que lêem minha coluna. Amigas, muita força com
muito U2.
10- Comentários carinhosos das minhas amigas Carol, Adra, Lucilla, Lully, Lemon,
Maria Teresa, Carla, Rafaela, Mandie e todos… Obrigada mesmo.
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
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16/07/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em julho de
2002.
• Se algum dia Bono bater na porta da sua casa pedindo um copo d’água, cuidado,
pois infelizmente seu maravilhoso organismo não aceita qualquer Minalba. Não adianta correr ao supermercado mais próximo e gastar todo o seu dinheiro com a Evian. Você terá que entrar em contato com seu distribuidor de importados e pagar
mais $27,50 na água Voss. Isso mesmo, água Voss dos límpidos rios da Noruega.
Você encontra a água mais pura do mundo e a preferida do Bono, quer mais? O de sign da garrafa foi projetado por Calvin Klein. Foi o Hotel Hitz Carlton em Nova
York que proporcionou mais este dado curioso sobre este hóspede mega VIP.
• Agora entendi por que no Grammy ele colocou vodca na garrafa Evian. Ele não gosta
de água Evian!
• Semana passada o casal Bono e Ali foi a um evento patrocinado pela revista “Social
& Personal”, onde aconteceu uma entrega de prêmios a personalidades irlandesas
que atuaram socialmente e politicamente. Bono ganhou na categoria “Action Time”
e Ali concorreu também pelos seus esforços na luta do meio ambiente.
• Chris Martin, vocalista do Coldplay, em entrevista para a revista Q, mencionou que
supostamente Bono fez um implante de cabelo. Mais tarde o assessor do Bono disse
que era mentira. Eu não sou cabeleira, mas quando vejo fotografias do Bono sempre
reparo que aquele cabelo dele é meio esquisito. O aspecto é diferente, não sei explicar. Se ele fosse um ser comum, eu apostaria que a tinta que ele usa não presta. Depois volto e penso: não, ele é o Bono. É aquele que, quando a Elavation Tour estava
no Texas, mandou chamar seu cabeleiro preferido em Nova York. Então a tinta não
é a culpada.
Conversando com amigas e entendidas no assunto, elas afirmaram praticamente
que o Bono usa implante, sim. Se vocês repararem em fotos do Bono na Elavation
Tour na Europa, na época em que seu pai estava internado, há fotos nas quais ele
aparece com cabelo branco em lugares estratégicos. E outra coisa, a genética. Deus é
muito bom, todos já sabem, mas ser muito bom para o Bono já é demais. Seu irmão
Norman é careca, como era seu pai Bob Hewson.
Então há uma probabilidade de o Bono ser como o Edge, sendo que o glamourman
fica bem melhor de touca. Eu sei que vai ser muito constrangedor o Bono em alguma entrevista confessar: “sim, eu fiz implante de cabelo em uma clínica maravilhosa
em Los Angeles”. Pelo sim do implante, pelo não do implante, é só o excesso de tinta
preta e pouca hidratação. Só iremos saber daqui a alguns anos, pois o tempo é cruel
e não esconde nada. Se não esconder, vá àquela clínica maravilhosa em Los Angeles,
New York, Dublin ou até na Noruega e aproveite para tomar uma garrafinha de Voss
que deve fazer um bem para pele…
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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24/07/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em julho de
2002.
• Meus amigos, hoje os assuntos dos quais iremos tratar são muito sérios. Um deles
pode servir de exemplo para as futuras mamães. Vamos comentar sobre parto. Isso
mesmo o que você leu, parto ou parir, ganhar nenê, dar a luz e qualquer outra expressão que vocês conheçam. É que Ali usou um método revolucionário para apressar o serviço de parto. O porquê dessa pressa toda é que o marido dela estava de folga pois a Elevation Tour fez uma breve pausa no mês maio. Sendo assim Bono podia
acompanhar todo o nascimento do John (estamos falando do nascimento dele, o fofíssimo John). Mas John não estava com nenhuma pressa. Então o método pioneiro
utilizado foi o seguinte: a Ali assistir um filme de terror australiano chamado Chopper.
Então anotem. Se você tem um marido rock star que está de folga no meio de uma
turnê e você está grávida e quer aproveitar aquele momento de folga dele para ganhar seu nenê, assista Chopper. Com garantia comprovada pelo Bono. Olha o que
ele disse:
“A Ali tem aversão a filmes violentos então ela pensou que se ela colocasse o Chop per, que foi feito por um amigo nosso, poderia funcionar… e funcionou realmente.”
E tem mais. Bono declarou que é a favor do parto sem dor, da administração de
anestésicos para atenuar as dores. Ele disse a uma jornalista do The Observer: “Por
que alguém escolheria não ter alívio para a dor? Seria como escolher ter uma gripe.”
• Nem tudo são flores nos atos de Bono pelo mundo. Jo Whiley é uma bela e famosa
DJ conhecida como a Rainha da Radio 1 (emissora da BBC). Dizem que gente como
Madonna e Liam Galagher já fez fila para ser entrevistada por ela. Pois bem, ela falou que o Bono tinha uma queda por ela até que ele descobriu que ela era casada.
“Ele canta toda mulher que ele encontra”, ela disse. “Nós somos amigos e toda a vez
que um de nós tem filhos nós trocamos presentes. Bono é engraçado, porém eu me
lembro de uma vez, quando ele começou a ler um poema de amor pra mim. Daí ele
olhou em volta e viu que Steve (o marido dela) estava sentado atrás de mim. Então
ele disse: ‘Oi Steve, você provavelmente não vai levar essa numa boa, mas eu vou
continuar mesmo assim’. E foi o que ele fez. Steve não se importou. Ele até que gosta
do Bono.”
Explicação: por que não gostei deste ato do Bono? É que em vez de uma DJ, bem
que poderia ser uma colunista de um famoso site chamado Ultraviolet, que escreve
coisas lindas sobre ele na coluna Trash, Trampoline and The Party Girl. E o melhor
é que ela não tem nenhum Steve para atrapalhar. Que coisa!!!!!!
• Mais uma da Ali. Só que agora não é sobre parto e sim sobre seu trabalho. Saiu no
Express Newspapers que ela recusou o convite para um almoço de trabalho com um
representante do embaixador britênico há algumas semanas. O assunto seria sobre
seu protesto antinuclear contra a Usina de Sellafield. Pelo visto ela quer falar é com
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
233
Tony Blair. Aprendeu com marido. Nada de secretário ou representante, ela quer falar com quem manda mesmo. Só que tem um problema: Tony Blair não quer falar
com ela. O porquê eu não sei, mas quem sabe algum dia quando ela estiver com o
marido e o Tony der um tchauzinho, ela pega ele de canto e conversa com Sr
Tony Blair.
Outro, que coisa!!!!
• No showbizzireland.com, saiu que seus garotos preferidos, que por uma coincidência enorme são meus preferidos também, estão todos em Dublin. Estão todos de volta para seus lares depois de meses de viagens, festas, casamentos. Os recém casados
The Edge e Morleigh e crianças estão curtindo a casa nova. Bono está em casa, deu
até entrevista semana passada em uma rádio em Dublin (será que a DJ desta rádio é
bonita também?). Larry e Adam, eu não tenho certeza mas devem estar em casa,
pois a notícia foi bem clara, os meninos de volta à cidade…
Claro que eles estão a inteira disposição e aceitam qualquer convite de casamento,
congresso, velório, festa de aniversário, exposição ou qualquer coisa. Tenho certeza
de que a presença do Bono está confirmada. Claro que nestas festas tem que ter bastante glamour, luxo e riqueza para ficar a altura do nosso vocalista preferido.
• Viram que hoje os assuntos foram sérios. Tratamos de saúde, política… A próxima
coluna será sobre educação, economia e muito mais.
E dedico esta coluna à minha amiga Maria Teresa. A coluna não poderia ter sido fei ta se não fosse pela ajuda luxuosa dela.
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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29/07/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em julho de
2002.
• Continuando nossa saga sobre assuntos sérios, vamos falar sobre economia. Quero
dizer, só uma informação de que o secretário do tesouro dos Estados Unidos, Paul
O’Neill, estará no Brasil nos dias 05, 06 e 07 de agosto. Ele também visitará a Argentina e o Uruguai. O que temos a ver com isso? Simples, duvido que quando você
assistir o Jornal Nacional e ver a cara do cidadão, você não irá lembrar automatica mente que ele fez uma “turnê” com Bono na África.
• Ontem no Sunday Mirror saiu uma matéria muito fofa sobre o Bono. Ele convidou o
casal Lizzie Finnegan e Keith para passar duas noites na suíte presidencial do Clarence com tudo pago. Seria uma espécie de lua de mel para o casal, já que eles se ca saram em 2000 e não tiveram a oportunidade de ter uma lua de mel. O motivo é que
a Lizzie, além de ser muito fã do U2, também sofre de um grave problema de saúde.
Para se ter uma idéia, ela já fez cinco vezes transplante de fígado, só que sempre o
órgão é rejeitado por seu organismo. Bono soube da história desta jovem e de seu
sonho de ter uma lua de mel. Não fez por menos e ofereceu estes dias no Clarence
para eles. O estado de saúde dela não é dos melhores, pois ainda precisa de um novo
transplante. Mas sua esperança e força de vontade são grandes assim como o coração generoso do Bono.
• Estamos rezando e torcendo muito para Lizzie. Dias melhores virão para ela e para
todo mundo.
• A revista Irish America colocou o meu, o seu, ou melhor, o nosso Bono na capa, com
uma matéria falando sobre seus envolvimentos políticos e também sobre a Ali.
• No dia 27 de julho fez 22 anos que o U2 tocou pela primeira vez ao ar livre, num fes tival chamado “Dublin Festival 1980”, para uma platéia de 15 mil pessoas.
• Há boatos, rumores e outras coisas sobre o single novo do U2 dizendo que até uma
DJ da rádio BBC de Londres já tem o tal single, o qual seria um presente dado pelo
Bono. Fãs viram os meninos no estúdio, tiraram fotos, pegaram carona e coisa tal. O
bas-fond está rolando em Dublin.
• Quando crescer eu quero ser DJ da BBC de Londres. Não é possível. Uma recebe poesias, outra recebe antes do mundo um single com a nova música.
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
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27/08/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em agosto de
2002.
• Ao som de Electrical Storm, volto hoje com as novas, que aliás não são muito novas
assim, mas que preciso dividir com vocês, aqui neste meigo espaço. Vamos fazer de
conta que este meigo espaço estava inativo temporariamente devido às férias fantásticas e chiquérrimas que passei em Mônaco, França e Espanha.
• Em Mônaco, soube que Bono e Ali estavam passeando no iate do Príncipe Albert,
junto com The Edge e senhora. Ah! Sabem quem também estava com eles? Um maldito capuz modelo Pop Mart, que insistia em perseguir Bono. Mas o maldito capuz
não foi sozinho. Quem o acompanhou foi o chapéu de cowboy do Edge, também modelo Pop Mart. Só faltaram os óculos de lentes vermelhas, mas como ele não queria
ser humilhado pelos novos modelos Bvlgari, preferiu ficar em Dublin.
• Dois detalhes deste passeio:
1- Chapéus do Edge são sempre bem vindos.
2- O príncipe Albert também acompanhou todos ao passeio.
• Depois de Mônaco, a próxima escala foi na França, necessariamente no litoral francês, na casa de The Edge e Bono. Com o mar Mediterrâneo como testemunha, todos
do U2 junto com seus familiares comemoraram o aniversário de vinte anos de casamento do Bono e Ali. Testemunhas disseram que houve até queima de fogos. Depois
de muita champanhe eles aproveitaram e filmaram um novo clipe da música Electrical Storm.
Parabéns Bono e Ali, pelos 20 anos desta bela união. Fogos de artifícios! Se eu fosse
a Ali convidaria até uma escola de samba e faria um belo carnaval fora de época… E
viva o amor!!!
• Quem também fez aniversário foi o meu tesouro, que na minha humilde opinião, é
uma das mais belas obras primas que Bono já criou. Parabéns, Eli!!!
• Não sei se você leu aqui no meigo espaço que este ano Bono e família iriam ficar fartos de tanto bolo de casamento. Pois é, cerimônias de casamentos viraram um programa comum na agenda da família Hewson. Quem se casou desta vez foi Caroline
Corr, baterista da banda The Corrs. O casório ocorreu no litoral espanhol em Mallorca.
• O encontro de Ali e Andréa Corr, junto com seus respectivos pares, parece que pôs
um ponto final na eterna questão da Andréa ser amante irlandesa do Bono. Assunto
já farto que nós, em clima de comemoração de 20 anos de casamento, damos
por encerrado.
ULTRAVIOLET – COLUNAS
236
• Mônaco, França e Espanha. Que tal voltar a Dublin a tempo de desejar com super
atraso um feliz aniversário ao Glamour Man número 1 do mundo? Ele, The Edge, no
último dia 08 de agosto fez aniversário. Parabéns!
• Dados estáticos, para você não fazer feio, se um dia se encontrar com Bono.
Você sabia que ele adora jogar bingo? Isso mesmo, ele adora jogar bingo com seus
amigos. Muitos astros famosos já foram em sua casa e jogaram divertidas partidas
de bingo, no lar doce lar da família Hewson.
Todo mega star que se preze, quando se hospeda em algum hotel, sempre usa um
outro nome para não ter confusões com alguns fãs intrometidos ou algum jornalista
pentelho. Dizem que o nome que o Bono mais usa é J.C. Penny.
E por falar em hotel, uns dos hotéis preferidos do Bono, quando vai esquiar com a
família em Austian (EUA), é o Four Seasons. Aliás este tem uma filial em Dublin,
concorrente direta do glamouroso The Clarence.
• O tablóide inglês The Sun publicou que em uma recente pesquisa feita pela rede
BBC Paul Hewson ficou entre as 100 personalidades de maior destaque na história britânica.
• Por enquanto é só. Esta semana colocarei em dia tudo que ocorreu neste meio tempo que o meigo espaço fico inativo e esta colunista em férias babilônicas e espetaculosas…
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
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03/09/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em setembro
de 2002.
• No meigo espaço da semana passada, esquecemos de informar que no começo do
mês de agosto o casal Bono e Ali foi passar um final de semana em Veneza, visitando museus.
• E setembro já começou bem: música nova e um provável clipe novo ainda este mês.
Como todos já devem saber, quem faz participação especial no novo clipe é a atriz
Samantha Morton. O papel dela no clipe é de uma sereia.
• E com tanta coisa nova, cd duplo, single duplo e até um DVD, colunista prevê um
rombo no orçamento no final do ano. Esta crise ainda me mata! Feliz Natal para todos…
• Na música Electrical Storm o Bono já dá o recado para nós fãs: “Baby, don’t cry”. E
vamos às compras…
• OK, Bono, não vou chorar, mas ainda não engoli esta história de presente para amiga DJ da BBC. Como diria meu amigo Morrissey, enforque a DJ ao som de Electrical
Storm… Panic.
• Chega de surtar, Dona Andréa, e vamos a mais notícias. Quem lançou disco recentemente foi o comediante e gato Jimmy Fallon. Para quem não conhece, ele trabalha
no Saturday Night Live. O disco se chama The Bathroom Wall. Na faixa “Troll Doll
Jingles” ele faz uma “homenagem” ao nosso Bono ou uma tiração de sarro, como
preferirem. No site do U2 Guatemala, na seção de download, você pode ouvir esta
singela musiquinha.
• No site da BBC, saiu uma matéria sobre nomes esquisitos dados aos filhos por celebridades. Consta na lista que o nome do meu tesouro é estranho, meu povo. O que
há de estranho em Elijah Bob Patricius Guggi Q Hewson?
• Um outro site chamado Centre Daily Times colocou o álbum Zooropa como uns dos
mais estranhos já lançados.
Resumindo, este povo não entende nada….
• Saiu semana passada em um site que fãs do U2 estão cada vez mais politizados devido aos trabalhos que a banda faz pelo mundo a fora, em particular o Bono. Para
quem lê minha coluna, isso é velho, pois só mesmo o U2 nos faz saber que o secretá rio do tesouro americano se chama Paul O’Neil, que existe um professor de economia em Havard chamado Jeffrey Sachs, e o nome de tantos outros ministros, deputados, presidentes…
• Beijos a todos!!!
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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10/09/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em setembro
de 2002.
• Não existe coisa mais legal do que escrever esta coluna e ainda falar sobre o meu tesouro Elijah e seus irmãos. No canal Fox semana passada passou um especial sobre
moda para bebês. Falaram que o super papai Bono atravessa o mundo para comprar
roupas lindas e exclusivas para os seus pimpolhos.
• Tudo culpa da Victoria e do David Beckham. Depois que este ilustríssimo casal batizou seu filho de Romeo, que muitos ingleses comentam que é homenagem ao carro
Alfa-Romeo, sempre há uma matéria com nomes exóticos que rock stars dão aos
seus pimpolhos. E mais uma vez o nome do meu tesouro é mencionado, agora
acompanhado da sua irmãzinha Memphis Eve.
• Eu sei que não são nomes, digamos, comuns, mas tem uma vantagem: o Bono não
está homenageando nenhuma marca de carro.
• Eu queria um dia ver o Bono falando sobre a escolha dos nomes de cada filho. Deve
ter cada história interessante. A história do nome do meu tesouro é fácil. O Bono es tava bêbado, o Guggi estava ao seu lado e ele tinha acabado de ligar para seu pai e
dito que tinha feito uma promessa para St. Patrick. Quando chegaram ao cartório,
estava passando na TV o comercial com a música do Quincey Jones e tinha uma bíblia aberta na parte da história do profeta Elias.
• Semana passada em Cannes, na França, fizeram uma festa beneficente chamada
Vincent Longo 5th Anniversary Event Benefiting amFAR and Sabera. Nem preciso
escrever que o Bono estava presente e junto com ele vários amigos. Ele cantou, dan çou e fez gracinhas com uma cadeira, cantando Lady Marmalade com a cantora Patti Labelle.
• Na cerimônia, Bono fez uma introdução ao chamar Sting para ser homenageado.
Entre outras palavras que ele falou em seu discurso, saíram coisas como sexo tântrico, yoga, bastantes filhos e ser um dos melhores compositores e cantores
do mundo…
• No Trinity College do País de Gales, no curso de teologia, foi incluído no currículo
uma matéria chamada “Rock of Ages”, onde se estudará letras de músicas do U2, entre outras coisas… Com certeza, músicas como Even Better Than The Real Thing e
Desire não serão incluídas.
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
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16/09/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em setembro
de 2002.
• Sempre que estou fazendo alguma pesquisa em busca de novidades sobre o U2 encontro alguma nota onde consta que algum famoso foi a Dublin e ficou hospedado
no hotel The Clarence.
• O motivo da escolha do hotel deve-se ao fato de ele ser uns dos mais famosos hotéis
da cidade e de também pertencer ao Bono e The Edge. O hotel foi inaugurado em
1852 e adquirido pelo U2 em 1992. Na revista Marie Claire deste mês, tem uma matéria sobre Dublin, onde eles descrevem o hotel assim: “O Clarence, mais conhecido
como o ‘o hotel do Bono Vox’, serve um pouco como exemplo de lugar que combina
história e modernidade sem afetação. Antes de ser comprado por Bono, esse hotel
antigo à beira do rio Liffey hospedou milhares de irlandeses católicos (e pobres),
que vinham a Dublin participar de festividades religiosas. A atitude de receber gente
duplamente excluída, pela pobreza e por ser uma minoria no país, ganhou a simpatia de Bono, que também se hospedou muitas vezes ali na época em que não era nem
rico nem famoso. O hotel foi reformado com a supervisão minuciosa do dono, que
escolheu até os quadros que decoram os quartos, e reaberto em 96. Aos poucos, o
Clarence foi ganhando foi ganhando reputação de lugar mais descolado de Dublin.”
• Agora sim entendi por que o Bono comprou o hotel.
• Além de confortáveis e babilônicas suítes com lençóis de linho egípcio, você pode
desfrutar do chiquérrimo restaurante Tea Room ou, se preferir, tomar um pint de
Guinness no The Octogan Bar ou simplesmente conversar no The Study, local do
hotel reservado para descanso. Quem sabe em algum destes lugares podemos numa
coincidência incrível encontrar o dono do hotel.
• Mais sobre o hotel e Dublin você pode conferir na revista Marie Claire do mês de setembro.
• E por falar no dono do hotel, Oprah Winfrey, umas das maiores apresentadoras da
TV americana, fará um especial no seu programa chamado “Rock Star Bono’s Mission To Save The World”. Ele irá ao ar agora no próximo dia 20. O programa da
Oprah é uma espécie de programa da da Hebe americano. Com isso Bono e suas
propostas terão uma audiência muito mais abrangente e diversificada.
• E por falar em TV americana, hoje, dia 16 setembro, o tão aguardado clipe da música Electrical Storm teve sua premiere mundial na MTV e VH1 USA. Ainda não assisti, mas vi fotos do clipe e podemos constatar que Larry Mullen foi enfeitiçado pelo
canto da sereia. Em muitas cenas Larry e a sereia vivem momentos, digamos, calientes.
ULTRAVIOLET – COLUNAS
240
• Na próxima coluna, espero já ter visto o clipe com todos os detalhes e assim darei
meu parecer preciso da performance de Larry sendo enfeitiçado pelo canto da sereia
ao som de uma Electrical Storm.
• Só para terminar, o casal Hewson estava na lista de convidados para o casamento de
Gwen Stefani do No Doubt e Gavin Rossdale do Bush. A cerimônia estava prevista
para ter acontecido em Londres neste último final de semana. Mais novidades na
próxima coluna, pois até o momento ainda não saiu nada. Esta minha equipe não é
mais mesma.
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
241
26/09/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em setembro
de 2002.
• Como você deve ter lido antes aqui, Bono foi a Chicago gravar o programa da Oprah,
que passou na televisão gringa “USA” no último dia 20. Estando na cidade, Bono
aproveitou e foi assistir o show dos Rolling Stones. Não satisfeito em ser apenas um
mero espectador, ele subiu ao palco e deu uma canja básica no show. O povo foi ao
delírio. E por falar em delírio, advinhem o que aconteceu após o show, o que estes
meninos não aprontaram. Somente um comentário: “It’s only rock’n’roll, but I
like it!!!”
• De Chicago a Nova York, diretamente da “Mercedes-Benz Fashion Week Spring Collections 2003”, vamos ao mundinho fashion. Uma coluna fashion com uma colunista fashion não pode deixar de comentar que o fashion Bono foi convidado (convite
aceito) para assistir ao desfile da Rosa Chá. Não é luxo? Bono assistiu um desfile de
moda brasileira. Mas cá entre nós, os biquínis eram lindos, as modelos idem, mas
quem fez a fila andar foi o Bono. Ele parou tudo, foi uma das figuras mais comentadas da ferveção fashion-hype-up-to-date dos últimos tempos.
• Além de ofuscar biquínis de diamantes, Bono foi à festa pós-desfile no restaurante
Man Ray e mais uma vez arrasou. O mundinho fashion agradece e nós aqui ficamos
na torcida pois quem sabe, sentindo o gostinho de ver biquínis brasileiros, Bono não
aproveita e venha ver outros desfiles.
• Não precisa ser necessariamente um desfile, pode até ser um show com sua banda,
juro que ninguém vai reclamar…
• Só para completar, Bono foi ao desfile da Rosa Chá porque a empresa que cuidou do
evento tem como sócia a Naomi Campbell, amiga do Bono.
• E por falar em amiga do Bono, e ainda em Nova York, a fofa Christy Turlington lançou um livrou sobre ioga. É claro que no lançamento o nosso querido e amigo Bono
foi dar seu apoio e pegar um exemplar do livro. Afinal até roupa para praticar ioga o
Bono já tem.
• E nem um oceano separa essa febre fashion do Bono. Mais uma vez em Londres,
Bono foi à inauguração da loja Stella McCartney junto com sua amiga fofa Christy
Turlington. (Será que eles foram juntos de Nova York a Londres??? Cala a boca, Andréa!) Depois da festa de inauguração, Bono foi a uma festa com Christy e mais alguns amigos. Eles ficaram na área vip da boate, só eles. Aliás muito animados, tomaram 5 garrafas de Crystal, que custou $3.500,00. (Brasileiros, não façam a conta.
É um choque muito grande na conversão, não façam!!!! 3.500 x 3,756 = ???? Cinco
garrafas de Crystal. Mas são cinco garrafas do melhor champanhe do mundo, ao
lado do melhor cantor do mundo, numa festa privê!!! Tá bom.)
CORREÇÃO (28/09/2002): A loja foi inaugurada em Nova York mesmo. Em Londres ele foi a uma pré-estréia (da qual falarei na semana que vem).
ULTRAVIOLET – COLUNAS
242
• O poder é tudo!
• Deixando o glamour e a champanhe de lado, vamos falar do Larry. Sim, ele mesmo,
o nosso modelo, manequim, ator e nas horas vagas baterista do U2. Assisti o clipe
várias vezes e o que tenho a dizer é que a sereia é bonita e sua roupa é linda, a praia
é divina e maravilhosa, a água da banheira trabalha super bem com a sereia, mas
como nada é perfeito… Deixa para lá, o Larry é sem dúvidas uns dos maiores bate ristas do mundo. O mundinho fashion mais uma vez agradece. Uma
bela fotografia!!!
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
243
03/10/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em outubro de
2002.
• Uma coisa horrível aconteceu nesta minha coluna fashion. Falei que o Bono tinha
ido a Londres na inauguração da loja da Stella, mas foi em Nova York mesmo. Depois da festa, todos foram (todos = celebridades, modelos, atrizes, cantores, aquele
povo todo) a um outro lugar, onde se divertiram num karaoke, sendo que depois o
Bono foi àquela festa onde gastou aquela fortuna (para mim!) de $3.500,00.
• Agora sim em Londres, Bono foi a uma pré-estréia do filme “My Kingdom”. Ele entrou de braços dados com uma loura, cujo nome até hoje não descobri. Lá ele encontrou aqueles “todos”, agora na versão inglesa, e dizem que ainda assistiram o filme.
• A onda fashion não pára nunca. Agora é a vez do Adam Clayton. Ele apareceu no
“Hermes Fashion Show” em Londres. Muito feliz e contente, o Adam apresentou sua
noiva. Foi a primeira vez que ela apareceu leve e solta para as fotos. As outra aparições dela foram rápidas de relâmpago. Nem dava para ver direito. Agora sim conhecemos a tão famosa noiva do Adam Clayton.
• O ator, modelo, manequim e baterista do U2, Larry Mullen, deu um par de baquetas
autografadas para um leilão beneficiente, para ajudar o hospital de Dublin “The
Children’s Hospital”. Se você estiver interessada, é só entrar no site do hospital.
• No próximo mês, novembro, sairá na revista inglesa Q uma matéria onde o nosso
Bono foi considerado “The Most Powerful Man in Music” ou algo como o “Homem
Mais Poderoso da Música”. Este prêmio é bem merecido, pois o nosso menino superpoderoso é o melhor mesmo.
• Outro prêmio para o Bono será dado pelo instituto American Irish Historical Society. Ele será premiado com a Medalha de Ouro 2002. O nosso atleta merecedor deste nobre prêmio ganhará devido, como todos já sabem, à sua cruzada humanitária.
A entrega da medalha e todas homenagens serão em Nova York no hotel Waldorf
Astoria dia 07 de novembro.
• Li e ouvi muitos comentários a respeito da amizade de Christy Turlington e Bono.
Aqui um pequeno relato sobre esta ligação meio perigosa e misteriosa que ronda estes dois:
• 1- Ela é fã do U2.
• 2- A amizade não é somente entre ela e o Bono e sim entre ela e toda a família U2.
Exemplo: ela estava no casamento do Edge e Morleigh.
• 3- Ela esteve presente nas ultimas três turnês do U2 sempre como convidada, prin cipalmente na ZooTV. Nesta, aliás, ela até viajava com a banda.
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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• 4- Suas amigas namoraram pessoas ligadas ao mundo U2: Naomi Campbelll com
Adam e Helena Christensen com Michael Huntence (INXS), amigo do Bono.
• 5- Ela saiu na capa da Vogue inglesa em 1992 junto com o Bono e ainda fizeram um
editoral mezzo caliente e mezzo rock’n’roll.
• 6- Ali e Christy são muito amigas. Aliás Christy sempre que pode ajuda Ali em suas
causas humanitárias, como por exemplo um desfile de moda que teve em Dublin,
onde os lucros foram destinados às crianças de Chernobyl.
• 7- Dizem que uma vez Bono estava literalmente de “saco cheio” da imprensa falando
sempre de um possível relacionamente dele com a Christy. Então Bono teria comentado que iria assumir de vez este romance. Ali não gostou da idéia porque isto seria
muito ruim para a reputação da Christy.
• 8- A confiança da Ali é tanta que uma vez ela pediu para que a Christy a substituisse
numa reunião na ONU, onde Bono faria um discurso.
• 9- Não é somente shows que a Christy freqüenta. Ela vai a eventos, premiações ou
qualquer coisa ligada ao U2. Também quando vai a Dublin ela se hospeda no The
Clarence ou na casa do Bono.
• 10- Nunca nada foi provado, ninguém nada sabe. O que sabemos é que na próxima
turnê ela estará presente no show de estréia, participará da festa depois do show e
tudo o mais…
• Mas uma coisa é certa. Ela, como fã, nunca vai chegar ao nosso nível, pois ela nunca
irá pegar uma fila para entrar no show ou pegar uma outra fila para comprar o CD
novo. Ela nunca irá ler Trash, Trampoline & The Party Girl. Também pudera, ela
não sabe ler em português. Coisas da vida, não é, Christy?
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
245
11/10/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em outubro de
2002.
• Últimas, urgente!!! Bono não foi visto em nenhum desfile na Semana de Moda em
Milão e até o momento ele também não apareceu em nenhum desfile da Semana de
Moda em Paris. O povo fashion clama sua presença, até a sandália da Gisele quebrou quando ela soube que Bono não estaria presente… Será que a febre fashion
está abaixando?
• Mas como tudo tem uma explicação, Bono avisou que não deu. Na próxima quem
sabe. Mas ele deixou bem claro, só se for desfile de biquínis brasileiros.
• Além dessa explicação, teve outra. O nosso melhor amigo de infância, o Guggi, abriu
uma exposição na Solomon Gallery de Dublín chamada “New York”. Além do Bono,
Ali e Jordan, estavam presentes os irmãos Corrs, o glamourman The Edge, o nosso
outro melhor amigo de infância Gavin Friday, o ator Woddy Harrelson, enfim, todo
o povo showbizz da Irlanda.
• Resumindo, Bono não poderia deixar de prestigiar seu grande amigo.
• O mundinho das artes plásticas agradece!
• O povo do Grammy adora o U2 mesmo. Dois dias antes da entrega do Grammy
2003, a academia fará uma festa onde homenageará Bono com o prêmio de “Personalidade do Ano”. O dinheiro arrecadado neste evento será doado para a instituição
“MusiCares Financial Assistance Program”. Tudo isto acontecerá em fevereiro
de 2003.
• Você sabendo tudo antes!
• E por falar em prêmios, não custa lembrar que o nosso Bono está na lista dos possíveis indicados ao Nobel da Paz deste ano. Caso isto aconteça, será a glória da glória
mais glória e todas as glórias do mundo.
• Todo mundo torcendo, rezando, acendendo velas. Amém!!!
• A sempre polêmica Sinead O’Connor aprontou mais uma. Agora foi uma indireta ao
Bono. Ela disse que não põe fé nestas histórias de artistas querendo ajudar o mundo. Tudo bem que existem muitos artistas picaretas, mas não acreditar nas palavras
e atitude do Bono é imperdoável, uma heresia!!!
• “Les Caves du Roy” em St. Tropez é um club muito bem freqüentado. Dizem que é o
preferido de Bono. Na sua próxima viagem a St. Tropez, não deixe de visitá-lo!
ULTRAVIOLET – COLUNAS
246
• A revista inglesa Q de novembro está com o U2 na capa, esta acompanhada por uma
linda matéria e tudo sobre o Bono ser o homem mais poderoso do mundo da música.
• Colunista desesperada. Qual será o preço desta Q??? Em momentos de crise, um
medo toma conta. Qual será o preço desta revista??? Ela é inglesa, é em libra, o dólar nas alturas. Pânico toma conta!!! Aceito ajuda!
• E por falar em ajuda, sabem quem falou com quem por telefone recentemente? Sim,
o secretário do tesouro Paul O’Neill. Ele falou com quem? Sim, com ele, o nosso Bono.
• E por falar em secretário do tesouro e ajuda, vocês devem ter reparado que o nosso
site está com um banner acima e precisando de um click. Não custa nada, é só um
click e pronto. Quando tudo estiver ok, prometemos uns banners mais sugestivos,
como: clique agora e ganhe sem sorteio uma viagem a Dublin com direito a uma carona com o Bono.
• E como diria a querida Evita, quer dizer, Madonna como Evita, na sacada da Casa
Rosada em Buenos Aires: “I’m a Ultraviolet U2 fan / And always will be / Have I
said too much? / There’s nothing more I can think of to say to you / But all you have
to do is look at me to know / That every word is true.”
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
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22/10/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em outubro de
2002.
• Antes de começar com as notícias da semana, gostaria de lembrá-lo: você já deu seu
click no banner hoje? Se não, por favor dê seu click que eu espero, ou melhor, a co luna mais aguardada da semana espera.
• Com toda a minha modéstia, vamos às aventuras babilônicas e espetaculosas da
banda mais maravilhosa do planeta.
• Eu já tinha dado como encerradas as notícias de Bono em Nova York até que apareceu esta nova. É que Bono mais sua amiga fofa Christy Turlington foram a uma boate de strip e pagaram uma “lap dance”. Minha equipe jornalística disse que esta modalidade é quando uma mulher dança nua para a pessoa, neste caso Bono e Christy.
• Não sei ao certo a veracidade desta notícia, mas é um babado do babado, isto é.
• E por falar em veracidade, a revista italiana RockStar deste mês deu capa e matéria
para o Bono. Na matéria há trechos nos quais que diz que Bono aprovaria uma ação
militar dos Estados Unidos contra o Iraque. O jornal italiano Corriere de la Sera publicou esta entrevista. Bono, sabendo desta história, escreveu um artigo para o jornal, sendo este publicado. Ele desmentiu a entrevista, principalmente a parte da
ação militar contra o Iraque, dizendo que eles fizeram uma adaptação livre de uma
entrevista que ele deu em setembro de 2001 para a revista HotPress, depois dos
atentados do dia 11/09.
• Nós fãs, que conhecemos Bono, com certeza não acreditaríamos nesta entrevista,
pois sabemos que ele é da paz, pela paz a qualquer custo.
• O setor editorial italiano deve estar passando por um momento grave, pois além de
publicar uma entrevista de um ano atrás, as fotos são as mesmas que saíram na revista Details em novembro de 2001.
• Se você for a Milwaukee, não deixe de visitar a exposição da fotógrafa Veronica Rusnak. Você terá a oportunidade de ver várias fotos de celebridades roqueiras por ela
fotografadas e numa destas fotos está o nosso Bono.
• Bono, Gavin Friday e Paul McGuinness estavam presentes no show de Prince semana passada em Dublin.
• O mundinho fashion mandou avisar que John Rocha é o atual estilista preferido de
Bono. John nasceu em Hong Kong. Na década de 70 mudou-se para Londres e de pois Dublin, onde se instalou e virou o estilista preferido e amigo de Bono e Cia.
ULTRAVIOLET – COLUNAS
248
29/10/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em outubro de
2002.
• Eu e minha equipe jornalística estamos muito preocupadas, porque há semanas que
não sabemos nada sobre eles. O “nada” que não sabemos é da vida social deles: nenhuma festa, inauguração, jantar, nada…
• Restaurantes, boates, hotéis só fazem uma pergunta: por onde anda Bono e Cia
Ltda ?
• Qualquer notícia a respeito, por favor escreva. Colunista desesperada!
• Andrea Corr entrou para um seleto grupo de amigos que fazem cinema. Que espécie
de grupo é este? É que sempre que o diretor irlandês Jim Sheridan faz um filme, a
trilha sonora tem o auxílio luxuoso de Gavin Friday, Maurice Seezer e Bono. No seu
novo filme o trio estará presente mas agora quem cantará a musica é Andrea Corr,
minha xará e vocalista do The Corrs.
• Este não é o primeiro grupo seleto do qual a Andréa Corr faz parte. Ela também pertence ao invejado e odiado (pelas fãs, claro, as que não fazem parte ainda!) grupo de
supostas amantes do Bono.
• Veneno, veneno e veneno!!! Telefone do Butantã, por favor?
• Prévia da coluna para janeiro de 2003. É que neste mês está previsto que Ali Hew son organizará mais um desfile de moda beneficente em Dublin, sendo que no último desfile organizado por Ali quem participou e arrasou foi o baterista, ator, modelo e manequim Larry Mullen e mais umas dúzias de top models do momento.
• Extra! Extra! Extra!!!!
• No momento em que estou escrevendo, recebo a notícia de que o U2 dará uma entrevista pela Internet (detalhes na lista e site da UV). Mas o interessante e alívio é
que descobri que The Edge está em Dublin, que o Bono e o Larry estão em Nova
York e o Adam está passeando lá pelo lados da Índia.
• Não existe lugar mais cara do Adam do que Índia e região.
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
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19/11/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em novembro
de 2002.
• Criançada linda, sorria!!!! Sim, sim, sim, eu voltei para alegria de todos, fiquei duas
semanas com uma crise horrível de não saber o que escrever, mas estou de volta.
• E quem também está de volta na seção de lançamentos é o novo disco do U2. Tudo
bem que as músicas já conhecemos, afinal é uma coletânea, mas as novas versões
new mixes e remixes estão um luxo. Mas luxo mesmo é o encarte, lindo, lindo, lindo…
• Na última Rolling Stone com os Simpsons na capa, tem duas páginas de fotos do
Bono. Tem ele na banheira, de vestido, com Frank Sinatra e uma linda mas pequena
dele na piscina com meu Eli. Calma, infelizmente não dá para ver a sunga do Bono…
• Este mês na série espécies do seminário da NME está o U2, recheado com fotos lindas entre outras coisas.
• Ontem, dia 18/11, Bono recebeu o prêmio “Humanitarian Laureate Award”, da organização Simon Wiesenthal Center. Na premiação estava seu amigo Lou Reed, entre
outros, mas quem o acompanhou na cerimônia foi sua amiga, fotógrafa e top model
Helena Christensen.
• No dia 01/12, dia mundial de luta contra AIDS, Bono dará uma entrevista na CNN
para o programa Larry King Live. Para quem mora em São Paulo, no Canal 21 em
UHF está passando o programa do Larry King com legendas, só que atrasado. Pelo
andar da carruagem a entrevista do Bono estará no ar em janeiro 2003. Quaisquer
novidades informaremos!!!!
• Além dessa entrevista no dia 01, Bono está planejando junto com seus companheiros do DATA ir na cidade de Nebraska participar de um evento em apoio ao movimento “Save Sub-Saharan Orphans”.
• A atriz Ashley Judd também está cotada para participar deste evento.
• No dia 1° de dezembro, Dia Mundial de Luta Contra A AIDS, Bono estará com a
agenda lotada. Além de muita coisa a dizer, neste ano Bono lutou como nunca e
como poucos na luta contra a AIDS.
• Wyclef Jean, amigo “New day” e companheiro de luta do Bono, se apresentou em
Dublin semana passada. Como Bono estava nos Estados Unidos, The Edge, também
amigo de Wyclef, prestigiou o músico em seus shows.
ULTRAVIOLET – COLUNAS
250
27/11/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em novembro
de 2002.
• Aos longo dos anos Zeca Camargo, do Fantástico, entrevistou várias personalidades
do mundo. Todas essas entrevistas ele irá reunir em um livro com lançamento previsto para o ano que vem. As entrevistas serão divididas no estilo de A a Z. Está previsto que a letra B será um famoso vocalista de uma certa banda irlandesa.
• Esta tenho que devidir com vocês. O mundo pop está em crise: Madonna pede dinheiro emprestado, Wynona Rider assalta loja Sacks (no julgamento, o nome do
Bono foi mencionado, pois constava o nome dele na agenda telefônica da garota!!), a
Gisele Bündchen namora playboy falido e o meu salário está igual ao do Michael
Jackson: cada vez menor. Mas graças a Deus o tempo passa e o tempo voa e a poupança dos nossos meninos continua numa boa. Ainda mais que vem aí o DVD The
Best of 1990-2000. Já fui ao shopping pedir para o Papai Noel. Caso o velhinho erre
novamente minha casa pela 28ª vez, aceito o presente de você, você mesmo, que
esta aí sentado lendo. Ah, e aproveite também para dar um cliques nos nossos banners. Este na página inicial do site é o da London Calling.
• A nação Ultraviolet agradece!
• O U2 está mais uma vez na capa da revista irlandesa Hot Press. Detalhe na foto: o
nosso glamour man The Edge está com uma camiseta onde os dizeres são os mesmos dos da placa de identificação que a atriz Jane Fonda teve quando foi presa.
Gente, eu não sei se o nome certo é placa de identificação, mas sabem quando a pessoa vai presa e tira umas fotos de perfil, frente, com a data e coisa e tal, é esta mes mo. Ele deve ter comprado em Los Angeles na mesma loja onde vendem aquelas camisetas com os dizeres “Free Wynona”.
• Ali Hewson esteve presente na galeria de arte Blue Leaf Gallery no lançamento dos
cartões de natal que o artista plástico irlandês Rasher desenhou. A venda destes cartões terá renda revertida para The Chernobyl Children Project.
• Enquanto Ali está em Dublin, Bono foi visto, filmado e gravado em um show do Bruce Springsteen em Miami, onde cantaram a linda música “Because the Night”.
• No dia 15 de dezembro o canal americano VH1 faz uma festa de premiação para os
melhores do ano. As categorias são sempre inusitadas, quero dizer, diferentes. Não
tem aquela coisa batida de melhor música, melhor banda e coisa e tal. Uma das cate grorias é o “We Could Be Heroes”. Nem preciso dizer que o nosso super herói
está concorrendo.
• E por falar no super herói… Domingo, dia 01 de dezembro, é dia mundial de luta
contra a AIDS e na CNN tem The Larry King Show com Bono. Já está até gravado,
pois neste dia vai comerçar a “The Heart of América Tour”.
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
251
• Esta tour terá Bono e a atriz Ashley Judd, mais toda equipe do DATA (organização
que o Bono criou como suporte para sua ajuda à África). Eles visitarão sete estados
americanos, sendo:
01 - Dezembro / Nebraska: Lincoln e Omaha
02-03 - Dezembro / Iowa: Iowa City e Waterloo
03-04 - Dezembro / Illinoois: Chicago
05 - Dezembro / Indiana: Indianápolis
06 - Dezembro / Ohio: Cincinnati
07 - Dezembro / Kentucky: Lousville
08 - Dezembro / Tennessee: Nashville
• As visitas serão palestras, depoimentos, debates para encontrar alguma solução para
este grande mal. Terá tambem participação de ativistas, de diversas pessoas envolvidas na luta contra a AIDS. Se o Bono cantará é outro departamento sobre o qual
ninguém informou nada. Para participar, você morador destas cidades terá que retirar antes um convite gratuito, sendo que os do dia 01 em Nebraska estão esgotados.
• Mais detalhes no site www.data.org, onde há uma foto do Bono apontando um dedo,
dizendo que você pode ajudar. Visite!
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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07/12/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em dezembro
de 2002.
• The glamourman, mais conhecido como The Edge, teve seu momento fashion em
Dublin. Ele foi visto nos desfiles da “Trilogy Fashion”. Mas onde ele foi visto e se fez
presente foi na festa após os desfiles, na boate Lillies Bordello, repleta de super models.
• Bono, que no momento está nos Estados Unidos, pediu que The Edge fizesse esse favor de recepcionar as top models amigas. Pedido este atendido com enorme prazer.
• Ainda escreverei um livro sobre “O fascínio das Top Models sobre os integrantes da
banda irlandesa U2” ou um outro nome bem comprido. Acho que vou usar até como
tese de mestrado, será que alguma faculdade aceitaria?
• Vocês viram Larry King Live? O Bono estava muito fofo. Tudo bem que os assuntos
eram os mesmos de sempre. O que eu adorei foram os intervalos mostrando várias
fases do U2 e Bono.
• Outro programa muito legal que passou semana passada foi o “Diário do Bono e Chris Tucker na África”. Tudo bem que vocês leram antes aqui na minha coluna, mas
nada mais legal do que ver em imagens.
• Ver o Bono rebolando em uma dança africana. Sem comentários!
• No site da MTV americana eles estão fazendo um leilão de objetos famosos de gente
mais famosa ainda e o Bono contribui com objeto, praticamente parte do corpo dele:
seu maravilhoso óculos Bvlgari lentes azuis. O leilão já começou no dia 06 e termina
agora dia 13 de dezembro. Toda a renda será doada à instituição LIFEbeat, que trata
sobre a prevenção da AIDS.
• Semana que vem minha coluna é inteiramente dedicada à “Heart of América Tour”:
o dia-a-dia do Bono e sua trupe literalmente no coração da América.
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
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12/12/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em dezembro
de 2002.
• Como havia prometido, hoje coloco aqui todo o relato da Heart of America Tour,
mas antes algumas coisas que ocorreram neste meio tempo.
• Como vocês, fãs informados, já devem ter lido, o Secretário do Tesouro dos Estados
Unidos Paul O’Neill pediu demissão do cargo. Para quem não se lembra, ele acompanhou Bono na sua última visita à África.
• Bono, ao saber da demissão, disse que está tranqüilo pois confia na administração
do presidente Bush, que, independente de quem entrar no cargo, continuará na política de apoio à África.
• O U2 autorizou o uso de suas músicas para o vídeo de apresentação da candidatura
da Irlanda/Escócia junto à UEFA para ser sede da Eurocopa 2008 (campeonato de
seleções européias).
• Arquitetos atenção!!! Dia 28 de fevereiro é o último dia de inscrição para o
desenho/projeto da torre onde será o próximo estúdio do U2.
• Segunda feira passada, dia 09 de dezembro, foi a pré-estréia do tão aguardado novo
filme de Martin Scorsese, Gangs of New York. Compareceram os atores principais
do filme, como Leornado de Caprio, Cameron Diaz, Daniel Day Lewis, e também os
autores da trilha sonora, Bono e The Edge (faltou Adam e Larry). Todos desfilaram
no carpete vermelho, num frio de matar. Aliás Bono estava acompanhado da Ali.
Depois de ver o filme, uma galerinha mais Bono e The Edge foram à festa de comemoração e deram aos presentes felizardos o prazer de ouvir uma versão acústica da
música tema.
• Heart of America Tour
• 1 de dezembro - Lincoln, Nebraska.
A data para o início não poderia ser outra senão o Dia Internacional de Combate e
Prevenção à AIDS. Várias reuniões e encontros em igrejas e entidades durante o dia
e à noite na Universidade de Nebraska discursos de Bono e da atriz Ashley Judd,
Warren Buffett (ativista convidado por Bono) e Lance Armstrong. Na pauta dos discursos, o momento crítico da AIDS na África e a oportunidade que os Estados Uni dos tem de ajudar. E no encerramento da palestra Bono pegou o violão e cantou
uma musica inédita chamada American Prayer.
• 2 e 3 de dezembro - Iowa
Segundo dia. Mais uma vez reuniões com líderes comunitários e de entidades com
direito a um almoço no restaurante “Iowa Harvest Diner” e à noite uma palestra na
ULTRAVIOLET – COLUNAS
254
Universidade de Iowa. Nesta palestra tinha 1600 pessoas, sendo que os convites foram disputados “a tapas”. Este evento teve o nome de “Heart of America: Africa´s
future and Ours”. Quem também estava presente era uma outra ativista convidada,
Agnes Nyamayarwo (enfermeira de Uganda que virou ativista do DATA). No final
um coral de crianças do Gana cantou junto com o Bono I still haven’t found what
I’m looking for.
• No dia seguinte, mais reuniões e participação em eventos. Um dos assuntos em
questão era direcionado à população: uma das formas de ajudar é escrevendo cartas
aos seus governantes e representantes no congresso e senado, exigindo ajuda ao
povo africano.
• Nota: no restaurante onde eles almoçaram na segunda foi oferecido 30 kits de lanches ao toda a equipe da Heart of America.
• 4 de dezembro - Illinois
O roteiro é praticamente o mesmo, com a inclusão do ator Chris Tucker, reuniões,
discursos e encontros. O primeiro lugar a ser visitado foi uma igreja, a Faith Apostolic Church. Depois eles fizeram um encontro no Chicago Tribune. No final da reunião Chris Tucker pediu um minuto para fazer uma oração. À noite foram ao Wheaton
College, com uma platéia com 2000 estudantes.
Nota: Entre uma reunião e outra, Bono deu um entrevista ao programa de TV matutino chamado “Today Show” onde, sem querer, ele falou BULLSHIT e como era ao
vivo, não deu tempo para o famoso beep… A Associação de Senhoras ficou horrorizada. Como pode um pai de família falar uma coisas destas na TV! Oh, shit!!!
• 5 de dezembro - Indiana
Reuniões com ativistas, jornalistas e líderes comunitários. Destaque para a reunião
que teve no jornal “The Indianapolis Star”. Almoçaram no Hossier Heartland e depois foram ao teatro “Madame Walker Theatre Center” com uma platéia com 1000
pessoas. Presentes Bono, Ashley, Chris Tucker, Agnes Nyamayarwo, Dr. Joia Mukherjee entre outros…
Nota: Dario Franchitti, marido de Ashley Judd, apareceu para se juntar ao time.
• 6 de dezembro - Ohio
Na cidade de Cincinatti, foram à redação do jornal Cincinnati Enquirer, onde conversaram com ativistas e representantes de grupos de apoio à AIDS. Também visitram uma galeria de fotos. Depois do almoço eles foram se encontrar com líderes religiosos, entre outros, no National Underground Railroad Freedom Center.
Nota: Ashley Judd não participou neste dia.
• 7 de dezembro - Kentucky.
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
255
Várias reuniões com religiosos, ativistas e, entre outros, um novo membro entre
eles: a irmã de Ashley, Wynonna Judd. Ashley voltou para casa com o marido. À
noite todos foram à Northeast Christian Church com platéia de 1000 pessoas.
Nota: a turnê foi feita com 3 ônibus, Bono voltando aos velhos tempos de viajar
de ônibus.
• 8 de dezembro - Tennessee.
Último dia da turnê. Em Nashiville vão a uma igreja, onde se encontram com ativistas. A última conferência da turnê se chamou “Protecting Infants from HIV: Nasville
and Beyond”.
• Em todos estes dias, Bono falou que estamos vivendo um caso de emergência, que
temos que tomar providências urgentes. O futuro está comprometido se nós não
ajudarmos logo, quero dizer, se os países ricos como os Estados Unidos e os europeus não ajudarem logo. Os africanos estão pagando um preço muito alto pela indiferença e descaso que os grandes estão tendo. Não podemos ignorar, temos que agir
e já. Não foram exatamente estas as palavras, este é um apanhado geral da tecla que
o Bono está apertando para que todos ouçam e façam alguma coisa.
ULTRAVIOLET – COLUNAS
256
18/12/2002
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em dezembro
de 2002.
• À mestra Carol com carinho e à Master Mater Dra. Adra com carinho… Estou tiran do férias por conta própria, volto depois das festas, mil beijos, eu amo vocês… E estamos por aí.
• Heart of America Tour já terminou e ainda rende vários frutos, como por exemplo
Ashley Judd comentando que Bono tem medo de altura, que em Nebraska ele deu
um pouco de trabalho. Isso porque ele estava sóbrio, com um pouqinho de vodca o
moço vai às alturas literalmente.
• Ainda sóbrio, Bono declarou ao jornal Chicago Tribune que adora assistir os Teletubbies, que o desenho é psicodélico, coisa e tal. Isso que é pai dedicado. Agora fico
imaginado a cena do papai Bono com John e Eli, assistindo juntos o programa e
Bono explicando a fase psicodélica de Jimi Hendrix, que ele é um dos grandes responsáveis pela fórmula do programa com as cores de violeta, azul, verde e amarela e
todo aquele papo. Tenho certeza de que o Eli NÃO falou:
- Papai, conta de novo, de novo, de novo!!!
• Ainda no Chicago Tribune, Bono rasgou a seda literalmente ao Enimem, disse que o
rapaz é um letrista excepcional e comparou o rapper ao poeta Rimbaud, disse que
seus escritos segue a mesma tradição do poeta francês.
• Nem a mãe dele faria um elogio como este, quer dizer, a mãe dele foi enterrada
quando ele limpou armários da vida dele.
• Isso é o tipo de coisa que fará parte da biografia do U2 no capítulo “Coisas que só o
Bono poderia dizer”.
• Quando o Bono chegou da turnê Heart of America, ele foi a Nova York, assistiu a
pré-estréia do filme “Gangs of New York” e também coordenou a “Operation Christmas Child”. Essa operação se trata de levar 83 mil caixas de sapatos para crianças de
Uganda como presente de Natal. Eles foram enviados no maior avião do mundo, o
Antonov 225, diretamente de JFK para Uganda. Antes de embarcar os presentes,
Bono discursou, cantou com coral de crianças de Gana, fez outros discursos e por
fim o avião fez uma boa viagem.
• Você leu aqui antes que o canal americano VH1 iria fazer uma premiação dos melho res do ano e que o Bono estava concorrendo, certo? Mais certo ainda é que o Bono
ganhou na categoria “We could be heroes”. Nem preciso escrever o porquê, apenas
parabéns ao nosso herói.
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
257
• No site da BBC (UK) está tendo uma votação para saber quem causou mais impacto
na sociedade em 2002. Uma das concorrentes é Ali Hewson pelo seu trabalho este
ano para fechamento da usina nuclear de Sellafield.
• Por US$ 2.125,00 foi arrematado o óculos Bvulgari lentes azuis do Bono no site da
MTV americana.
• Por enquanto é só, espero e desejo que os nossos meninos passem um belo Natal e
um Ano Novo maravilhoso.
• E também desejo a vocês, meus leitores queridos, um Feliz Natal e um belo 2003.
Ano que vem estarei aqui firme e forte, com muitas novidades, até mesmo novidades natalinas e de ano novo, afinal eles sempre podem estar sonhando tudo outra vez…
• E na primeira semana de janeiro volto com uma retrospectiva de tudo de bom que
aconteceu por aqui e com eles em 2002.
• Agradeço a todos e principalmente aos meus colaboradores, que fizeram desta coluna um sucesso. Obrigada Bono, Ali, Eve, Jordan, Eli (I love you!!!), John, The Edge
(Glamourman) sua Sra. Morleigh, seus cinco filhos, o modelo/manequin/ator/baterista Larry, Anne, seus três filhos Elvis, Ava e o desconhecido, Adam e sua bela noi va, Paul McGuinness e senhora, Guggi e família, Gavin e família, cidade de Dublin,
Riveira Francesa, os países de África (eu sei, Bono, nós podemos ajudar, ok), Paul
O’Neill, Christy Turlington, Andrea Corr e irmãos, Ashley Judd, a DJ da BBC, a nação Ultraviolet-U2 e todo mundo que participou, toda a família U2, todas as top models, todos os jornalistas, paparazzis, companheiros de luta e todos e mais todos.
• Amo vocês!
ULTRAVIOLET – COLUNAS
258
16/01/2003
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em janeiro de
2003.
• Não encontro palavras para iniciar a primeira coluna de 2003. Não sei como começar mas vamos fazer como maioria das colunas fazem, aquele balanço de 2002.
• Mas aqui é diferente. Se o ano de 2002 está todo aqui no nosso site, em minhas co lunas anteriores ou nas notícias anteriores, desculpa! É tudo culpa do U2. Eles não
tiram férias e as notícias de 2003 estão aí, batendo na porta, querendo entrar. Mas
vou fazer apanhado bem rápido deles no ano que passou.
• Em 2002 o U2 ganhou 4 Grammys, cantou no SuperBowl, teve lançamento de coletânea, lançamento de DVD coletânea, tudo década de 90, música inédita na trilha do
filme Gangues de Nova York, estúdio destruído, novo estúdio sendo planejado e
novo disco para 2003, com tudo de bom que nós merecemos. Teve música nova com
clipe novo e várias outras supresas.
• Adam Clayton pela primeira vez mostrou ao mundo sua bela namorada e fez umas
viagens exóticas pelo lado exótico do planeta.
• Larry Mullen, com este até a Academia ficou supresa. Ele surgiu no clipe de Electrical Storm como ator. Isso mesmo, ele não se conteve em ser baterista, modelo, manequim e se aventurou em novas áreas. Todos já devem ter conferido o grande talento cinematográfico de Larry. Ricardo Machi, se cuida! Larry vem aí. Brincadeiras
à parte, Larry participou no belíssimo clipe de Electrical Storm. Não entraremos em
mais detalhes, o clipe é lindo.
• The Edge, ele se casou, simplesmente se casou com sua bela dançarina Morleigh, em
cerimônia no Cote Da’Zur. Muito luxo e glamour e brindes com Crystal. Glamour
man, arrasou.
• Bono em 2002 foi a vários casamentos, festas, inaugurações, pré-estréias de filmes,
desfiles de moda, enterros, aniversários, despedidas de solteiro, festinhas privê com
top models e ainda sobrou um tempinho para levar o secretário do tesouro americano à África, dar palestras sobre o combate à AIDS, participar de fóruns econômicos.
Dizem as más línguas que ele também foi à casa dele em Dublin ver se estava tudo
em ordem, assim como a seu apartamento em Nova York e a sua casa em
Cote Da’Zur.
• E todos fizeram mais algumas coisinhas… Para a próxima coluna, peço até sugestões. Quero dar um prêmio Trash, Trampoline and Party Girl ao momento do ano.
• 2003 está batendo na porta aí, gente. Batendo não, já entrou e seja bem vindo.
• O U2 está concorrendo mais uma vez ao Grammy, pela música “Walk on”. Está também concorrendo ao Globo de Ouro pela música da trilha sonora do filme Gangues
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
259
de Nova York. Se o Globo de Ouro é uma prévia do Oscar, quem sabe pela primeira
vez vou assistir uma premiação do Oscar com o U2.
• A Galeria da Fama do Rock vai promover a partir do dia 08 de dezembro uma exposição sobre o U2. Vai ter vários itens U2-related adoráveis, como o chapéu que o
Bono usou na capa do Joshua Tree. Eu quero ir!!!
• Sexta feira passada Bono e The Edge foram a pré-estréia do filme Gangues de Nova
York em Dublin. O Edge estava acompanhado e o Bono, sozinho. No final do filme,
todos foram a uma festinha e ouviram The Hands that Built America ao violão.
Na pré-estréia no Brasil, nem Leonardo di Caprio deu certeza. Brincadeira, pré-estréia no Brasil é sábado à meia noite em algum shopping perdido por aí…
• The Edge e Morleigh passaram o Ano Novo e a festa de Reveillon no club Lillies Bordello em Dublin.
• Surgiram boatos de que o Bono iria para o Iraque. Depois os boatos foram desmentidos.
• Semana que vem sem falta, prêmio Trash, Trampoline and Party girl. Participe!
ULTRAVIOLET – COLUNAS
260
21/01/2003
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em janeiro de
2003.
• Cobertura do U2… really, really fucking brilliant… no Globo de Ouro 2003.
• Não vou escrever sobre o filme Chicago ou The Hours ou até mesmo sobre The
Gangs of New York. Claro que vou mencionar mas o enfoque principal é U2.
• The Gangs of New York ganhou melhor direção por Martin Scorsese. Nos agradecimentos, além de ao pai, mãe, Deus e toda academia, ele agradeceu ao “Bono do U2”.
• The Hands That Built America foi eleita a melhor canção para trilha sonora e concorreu com Madonna, Paul Simon, Bryan Adams e Eminem.
• Quem entregou o prêmio foi Elton John. Aliás Elton estava dividindo a mesa com
Bono, The Edge e Morleigh.
• Uma questão solta no ar: onde estava a Ali? Ela vai muito bem, obrigada, estava em
Dublin, preparando o desfile de moda do dia 23.
• Bono e The Edge atravessaram o tapete vermelho. Estavam muito animados e muito
bem vestidos. O estilo era aquele Gucci-Prada-Armani de ser lindo e gostoso.
• Glamour puro!!! Bono, claro, lentes Bvlgari azuis, cor de céu…
• A premiação aconteceu no Hotel Beverly Hilton em Beverly Hills, cheio de celebridades. A mesa onde eles estavam era perto do palco.
• A primeira aparição no palco foi quando Bono foi apresentar o filme The Gangs of
New York. Ele levou um papel e leu a introdução do filme. Houve comentários de
que teve um povo que não entendeu a introdução. Deve ter sido o excesso de Moet
Chandon à vontade nas mesas.
• Se fosse enumerar os pontos positivos da festa, com certeza o discurso de agradecimento do Bono ficaria entre os 10 mais.
• “…really, really fucking brilliant”, disse Bono ao receber o prêmio.
• A melhor coisa em convidar um rock star para uma premiação é esta: ouvir “really,
really fucking brilliant”.
• Dizem que Bono estava falante, contava piadas, falava do Scorsese, do povo irlandês, do povo americano, do italiano, falava muito, o Edge só escutando. Disseram
que houve momentos em que parecia que o Edge estava cochilando, pois o Bono não
parava a matraca.
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
261
• Depois da premiação, a festa. A melhor coisa da premiação. Todos foram para festa
da Miramax. Bono entrou acompanhado da atriz Cate Blanchet. O que aconteceu lá
dentro, depois conto…
• Só sei de uma coisa: com esta vitória, temos 99% de chance de a música ser indicada
ao Oscar e o Oscar é transmitido pelo SBT com comentários de Marília Gabriela e
Rubens Evald Filho. Será domingo dia 23 de março. Os indicados saem dia 11 de fe vereiro. É costume a academia exigir que os concorrentes de melhor canção cantem
na cerimônia.
• Espero que todos os integrantes apareçam com suas lindas esposas e noivas, que as
mocinhas se vistam MUITO BEM, pois não quero ninguém passando vergonha,
principalmente eu, que estarei em casa.
• Um apelo. Ali Hewson, não me apareça de sapato de plataforma naquele tapete vermelho. Contrate um personal stylist. Em Hollywood tem de montão, todos especializados em Oscar. Prepare uma scarpa mui bella.
ULTRAVIOLET – COLUNAS
262
31/03/2003
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em março de
2003.
• Notícias, moda, música, prêmios, Oscar, The Edge, guerra, Larry, Bush, Iraque, Sadam, Bagdá, Pentágono, Adam, U2, drogas, cinema, Nova York, violência, sexo,
Bono, rock and roll e muito mais vocês encontram aqui.
• Depois de uma reclusão meio sem explicação, estou de volta linda e loura e de franja, uma coisa assim meio Gisele de ser.
• Durante estes meses quando estive reclusa, aconteceram muitas coisas que com certeza vocês já sabem… Vamos somente para os últimos acontecimentos.
• Antes de vocês pensarem que sou uma mulher fútil, que em meio a um turbilhão de
problemas pelos quais o mundo passa vou escrever futilidades do tipo o perfume
predileto do Bono é Blv da Bulgari, estamos todos cientes dos problemas do mundo
e nossa equipe reza toda noite, inclusive para que o Bono nunca escreva uma música
chata como a última da Madonna.
• Senhor, que o Bono nunca tenha uma crise Madonna de ser…
• Não tem como não falar do Oscar. Aconteceu semana passada e o U2 perdeu para o
Enimem. Adoraria parar tudo e escrever uma coluna com tudo que aconteceu, inclusive a vitória. Adoraria ver Jon Rivers perguntando para Ali onde ela tinha comprado aquele vestido. Adoraria ouvir as palavras do Bono ou do Edge (bobagem ou não,
eu queria ouvir). A festa estava num climão, onde eles arranjaram uma forma de calar a boca de todo mundo. Não teve tapete vermelho e foi sugerido a todos os ganhadores que só poderiam agradecer durante 45 segundos e não falar nada a respeito
da guerra.
• Resumindo, hey, hey, hey, Michael Moore é nosso rei!!!
• Quantos aos nossos irlandeses, vamos aos casais.
• Larry e Anne: merecem um Oscar de casal mais sem graça. Esqueceram de avisar
para os dois que era o Oscar e não a festa de aniversário do sobrinho. Tudo bem que
cada um tem seu estilo, mas ali era uma ocasião especial. Na próxima vez contrate
um personal stylist ou nem vá.
• The Edge e Morleigh: a Sra. Glamourman era a mais bonita da turma. Ela leu o convite, ou melhor, sabia onde iria. Que pena que o Edge não estava perfeito. Nota 6
para ele.
• Adam e cadê a noiva? Ele foi sozinho à festa e uma pergunta que não quer calar,
cadê a noiva? Sobre seu traje, vou pensar da seguinte forma: “para não ficar diferente da turma vou assim mesmo”.
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
263
• Bono e Ali: ele definitivamente detesta gravata e faltou também fazer a barba. Ela
estava com um vestido muito simples e meio fora de forma e com uma sandália não
adequada ao Oscar. Aliás, o casal estava muito contente na festa pós Oscar da revis ta Vanity Fair. Parecia que tinham ganhado alguma coisa. A alegria era tanta que no
meio da animação dançante, Bono comentou que irlandês é um brasileiro sem ritmo.
• Brasileira, loura, solteira. Procura-se, além de emprego, irlandeses, de preferência
cantores de rock (Bono) para ensinar ritmo e glamour. Ganha grátis um guia completo do livro “Como procurar um personal stylist em Hollywood e se dar bem em
todas as festas glamourosas do planeta”.
• Uma coisa faltou em ambos, aquele broche com símbolo da paz que maioria usava.
• Eu sei que o clima não era para puro glamour e diamantes, mas já que estão na festa, pelos menos não me matem de vergonha, afinal não era o MTV Awards.
• Esta semana li um provérbio irlandês muito bonito: “Vestido da Ali Hewson e da
Anne, nem a Wynnona Rider tem coragem de roubar”.
• Depois de escrever um livro, gravar um disco, namorar o Adam e um monte de gente e também, claro, irritar meio mundo, a Srta. Naomi Campbell terá um filme sobre
sua vida. Nele contará sobre seu namoro com o Adam. O nome do filme é “Naomi:
The Rise and Fall of the Girl From Nowhere”.
• Minha amiga Jennifer Lopez ou simplesmente J-lo disse que algum dia, ou melhor,
no dia que luz diamante brilhar sobre o céu, ou coisa parecida, será lançada uma
música dela com o Bono.
• Saiu no Dublin Daily Interactive uma entrevista da minha amiga Morleigh onde ela
fala da dificuldade que foi ao se mudar para Dublin. Afinal ela morava em uma cidade grande, Los Angeles. Ela também fala do encontro dela com o U2, dizendo que o
Bono a convidou para trabalhar com eles desde da época da turnê The Joshua Tree.
• “Bono: His life, Music and Passions”, de Laura Jackson, nome da última biografia
do Bono lançada recentemente.
• Jordan e Eve não devem ter gostado de ver seu papai novamente fumando. Foi assim que ele apareceu em uma conferência semana passada em Nova York.
ULTRAVIOLET – COLUNAS
264
11/05/2003
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em maio de
2003.
• Para o Bono com carinho.
Poem for My 43rd Birthday
To end up alone
In a tomb of a room
Without cigarettes
Or wine
Just a lightbulb
Grayhaired
And glad to have
The room.
… in the morning
they`re out there
making money
judges, carpenters
plumbers, policemen
barbers,carwashers,
dentist, florists,
witress, cooks
cabrives…
and you turn over
to your left side
to get the sun
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
265
on your back
and out
of your eyes.
Este é um poema de Charles Bukowski, de quem aliás o Bono gosta muito… e parabéns ao Bono.
• Sabem quem fez aniversário também???
A coluna, coitada. Ela está tão esquecida que até no seu aniversário nós esquecemos
dela. Se continuar assim, vou gastar horrores no psicólogo para a minha coluna esquecer este trauma. Parabéns, TTATPG!
• E outra, no começo ano sugeri nomes para o prêmio Trash, Trampoline and Party
Girl 2003. Como minha grana está curta, aproveito o aniversário e entrego ao Bono
este humilde prêmio como forma de demonstrar todo meu carinho e devoção. Graças a ele conseguimos manter um ano de sucesso, glamour, amor e tudo mais.
• P.S.: Bono, infelizmente você terá que buscar o prêmio na minha casa. Caso isto não
ocorra, vou ser obrigada a entrar em uma organização criminosa e seqüestrar o meu
tesouro Eli.
ULTRAVIOLET – COLUNAS
266
21/08/2003
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em agosto de
2003.
• Em primeiro lugar, desculpe pelo atraso da minha coluna, minha vida pessoal este
ano está muito complicada e por vários motivos fico sem tempo de me dedicar à mi nha adorável coluna.
• Em segundo lugar, parabéns a Eve, que no dia 09/07 fez aniversário, e ao meu tesouro Eli, que também fez aniversário agora dia 18/08.
• E, claro, ao Edge, que no dia 08/08 fez aniversário, ao nosso glamourman, o melhor
guitarrista do mundo e ainda melhor amigo do mundo e tudo melhor do mundo,
toda felicidade do tamanho do céu e muita paciência com o Bono.
• O grupo Ultraviolet & Co. fundou o fórum sobre o U2, que contém grandes assuntos
a serem discutidos. Se você ainda não se cadastrou, entre já, estamos aguardando
você lá e também na nossa velha e boa lista. A UV precisa de você!!!
• A banda punk irlandesa Stiff Little Fingers terá um documentário na TV irlandesa e
Bono irá participar como comentarista falando sobre a história da banda. Esta, aliás,
foi muito influente no som do U2.
• Nosso querido Bob Dylan irá fazer um filme chamado “Masked and Anonymous”.
Ele fará o papel de um músico que só irá fazer um show beneficente porque o U2
não está disponível no momento. Que poder para nossa banda.
• Bono e família foram vistos visitando uma mansão chamada Lissadell House no
condado de Sligo, Irlanda, só que infelizmente Bono não conseguiu comprar a tal
casa, ou melhor, a tal mansão.
• Nos comentários da coluna, alguém comentou que reparo muito em roupa. Aqui é
único espaço do universo onde posso falar este tipo de coisa. Eles não são apenas roqueiros, hoje são muito mais do que isso, são personalidades mundiais, que entraram para história praticamente, e meus olhos fashion não conseguem não notar que
o Bono usou uma plataforma gritante na festa de aniversário do Mandela.
• Mais uma vez, não deixe de conferir nossa página, pois ela está sendo atualizada diariamente e estamos contando com a auxílio luxuoso da nossa amiga Maria Teresa.
E se tudo ocorrer bem e o universo ficar a meu favor, voltarei ao normal junto com
a Trash.
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
267
18/09/2003
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em setembro
de 2003.
• Manifesto: eu quero meu Bono de volta!!!
Não, ele não foi embora ou largou tudo e foi meditar nas montanhas do Himalaia.
O que eu quero dizer é que quero meu homem sexy de volta.
• Sempre defendi o Bono. Sempre fui uma espécie de Dona Íris, a mãe do Bono. Ele
sempre estava lindo e perfeito. Até aqueles óculos vermelhos horríveis eu achava
lindo no Bono. Mas agora em St. Tropez… Que decepção!
• Tudo bem, achei a atitude de ficar diferente, todo de preto na praia (calça comprida
e camisa, calor de 40°), bem rock and roll, adorei! Mas faltava um “quê” nele, ele pa recia aquele tiozinho de praia.
• Agora ele está nos Estados Unidos, com aquele bronze St. Tropez todo, mas sei lá, o
“quê” dele, será que ele o esqueceu em algum lugar? Ele é tão distraído.
• Eu, como Bonolover assumida e declarada, quero meu homem sexy de volta.
• Eu sei que é impossível meu homem ZooTV voltar, o meu homem Joshua Tree ou
até mesmo o meu Elevation voltar. Mas quem foi rei nunca perde a majestade, como
diria minha avó, então, Bono, eu imploro, encontre seu sex appeal e volte para nós.
Volte a ser o que sempre foi, o nosso homem sexy de ontem, hoje e sempre…
ULTRAVIOLET – COLUNAS
268
19/11/2003
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em novembro
de 2003.
• Gostaria de agradecer por todas as manifestações de carinho que vocês, minhas amigas, me deram em relação ao meu desabafo do movimento “Eu quero meu Bono
de volta”.
• Graças a Deus, ele deu aquela melhorada. Sabe, é aquela coisa, você pode até estar
mal, mas Bono com corte de cabelo ruim, não!
• Obrigada, meu Pai celestial, ele está melhorando… e eu também.
• Este ano as coisas não foram muito boas. Ano passado eu escrevia quase toda semana. Este ano, não fiz nem 10 colunas. Perdi o emprego, Oscar (U2), perdi um já perdido namorado (Mario), entre outras coisas. Ganhei um novo amigo, que brevemente, com força de todas vocês que estão lendo e mais de todos deste planeta, será meu
namorado. Ganhei também o campeonato europeu de futebol (Milan) e ganho sempre a companhia de vocês para lerem esta coluna.
• E que venha 2004 com CD, turnê, novo corte de cabelo, novas roupas, novas broncas e tudo o que sempre gosto no mundo maravilhoso do U2.
• Para terminar esta coluna simples e singela, quero desejar parabéns ao Larry, dar
uma dica de presente de Natal, o novo DVD “U2 Go Home” e pedir uma singela ajuda ao nosso site. O capitalismo selvagem nos obriga a solicitar de vocês, companheiros, uma ajuda. Gente, R$ 1,00 só e você ajuda nosso site e pode concorrer a um CD
“We Will Follow”. Que tal? Mais detalhes desta promoção na lista, OK!
• Quanto estava desempregada, além de assitir TV, procurar emprego, pensar na sombra, eu também li muito. Tem um trecho do livro “As Meninas” que lembra muito o
papel do Bono no mundo:
- Pode incluir o testemunho de um sarcedote peruano, Wenceslau Calderón de La
Cruz, não é um belo nome?
- Wenceslau o que?
- Caldéron de La Cruz. Considera homens como Guevara e Luther King, verdadeiramente santos.
- Não gosto de Luther King - ele resmunga.
- Deixa então só o Che, mas repense sobre Luther King. Antigamente a santidade era
vista como o máximo da penitência, caridade, aquilo que você sabe. Mudou tudo.
Hoje um cristão não pode alcançar a salvação da alma sem servir objetivamente à
sociedade. Não sei explicar, mas todo aquele que luta com plena consciência para
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
269
ajudar alguém em meio da ignorância e da miséria, todo aquele que através dos seus
instrumentos de trabalho, do seu ofício der a mão ao vizinho, é santo. Os caminhos
podem ser tortos, não interessa. È Santo.
ULTRAVIOLET – COLUNAS
270
11/11/2004
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em novembro
de 2004.
• Plagiando descaradamente José Simão, Buemba, Buemba, Buemba.
Sim eu voltei, aqui estou, la chica caliente da la Trash, Trampoline and The
Party Girl.
Sim, eu desapareci. Digamos que fui a Cuba bailar salsa, depois fui ao México atrás
do subcomandante Marcos.
• Vamos falar o que interessa, de uma bomba atômica que está prestes a explodir, o
novo disco do U2.
Depois de quatro longos anos eles voltaram. E com CD novo, o nosso mundo ferve
com notícias, fofocas, boatos e fuxicos dos mais variados.
• Quando vi o cabelo do Bono com chapinha, eu tremi, até chorei. Não acreditava que
o homem da minha vida, aquele que creio ser o homem mais perfeito do planeta, tinha feito chapinha. Não agüentei, fiquei muito brava, fiz greve de U2. Pode parecer
ridículo. Sim, eu fiz uma greve de U2. Muitos falaram: “Mas como? Você não vai ouvir U2 porque o cabelo do Bono está horríivel?” Ou aqueles diziam: “Mas o cabelo
do Bono sempre foi horrível!” Nada adiantou. Fiz greve!
Várias negociações depois, no último dia 06 de novembro, minha greve acabou e
hoje estamos aqui querendo mais do que tudo ver o encarte do novo CD.
• Houve um boato na Internet que o Larry iria sair do U2 para se dedicar à carreira de
ator. Já não basta um Ricardo Machi no mundo, teremos que aturar dois. Como ele
gosta muito do Elvis, ele deve ter esta frustração
para ser ator. Nem uma Actors Studios dá jeito naquilo!
Vocês já imaginaram assistir um filme assim: Ondas do Amor, estreando o baterista
do U2, Larry Mullen. Queima o filme da banda, caramba. Todos temos um nome a
zelar, principalmente eu. Como fã, exijo que este seja apenas um boato.
• Por enquanto é só, mas não vou mais sumir, estarei com toda minha equipe novamente procurando notícias espetaculares dos nossos homens maravilhosos e sua
musica fantástica.
Besos.
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
271
23/12/2004
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em dezembro
de 2004.
• Eu acho que devo ter escrito esta frase em alguma coluna passada, aquela “eu nem
sei como começar este texto, mas alguma voz fala para mim, Andrea, pelo começo, please!”
• Poderia fazer uma retrospectiva com o melhor do U2 em 2004, mas como eu só fiz
uma coluna este ano, então acho que eu não mereço fazer uma retrospectiva, apesar
de adorar retrospectivas. Por falar nela, vocês leram a Veja da semana passada
(13/12) com entrevista do Sr. Bono? Reparem como o Sérgio Martins fala: “mas o Sr.
Bono”, “então Sr. Bono”. Era muito senhor, eu achei estranho, afinal ele é simplesmente Bono. Eu sei que é sinal de respeito mas é muito senhor para meu gosto. Mas
no final achei que ele entrou no personagem do Bono e estava entrevistando Deus.
• Mas melhor do que ler a Veja da semana passada é ler a Veja desta semana, onde, na
seção de cartas, tem uma carta singela desta humilde colunista, página 30, mostre a
todos. Mande cartas a Veja elogiando minha carta.
Mas o que isto tudo tem a ver com retrospectiva? É que a edição da revista na qual a
minha carta foi publicada é a Retrospectiva 2004 by Veja.
Outra coisa: mês passado eu ajudei com meu auxílio luxuoso um jornalista da Revista MTV sobre o U2. Ele queria saber o que o U2 fez no Brasil. Ele não me deu créditos. Por favor escreva à revista da MTV exigindo que fale que fomos nós que ajudamos o menino. Se não der créditos a mim, dê ao nosso site ou ao nosso pessoal.
• Apesar daquele cabelo horrível, o Bono está fucking great again! Nossa, ele voltou a
ser aquele Bono.
• E por falar nele, está tudo certo que todos eles, nossos queridos, e suas belas famílias irão passar as festas de final de ano na Irlanda, porque em 2005 ele estarão pelo
mundo a fora. Sendo que o Brasil não pertence ao
mundo.
• E com isso teremos muita coisa para comentar em 2005.
• Vamos nos preparar porque vem muita emoção por aí…
Desejo a vocês, meus amigos queridos, um Feliz Natal e um 2005 com muito U2 e,
claro, paz, amor, dinheiro, Bono, The Edge, Larry e Adam…
ULTRAVIOLET – COLUNAS
272
10/05/2005
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em maio de
2005.
• Eu acabei de ler minha coluna que escrevi no ano de 2002 sobre o aniversário do
Bono. Ele estava fazendo 42 anos. Naquele mês ele iria à África e eu enfatizei naquele texto onde seria a festa? E como seria a festa? Eu mudei de 2002 para 2005. Não
procurei nada sobre a festa de aniversário do Bono. Hoje a notícia é que o Bono vai
ajudar a campanha brasileira do Fome Zero. Bono também deve ter mudado, pelo
menos o corte de cabelo mudou, e para pior. Mas nós mudamos, o mundo mudou,
assim como o cabelo do Bono para pior. Ou não? Isso depende de como você vê e
como está o seu mundo.
• Muita gente reclama que não falo uma frase sem mencionar o cabelo do Bono e me
esqueço do músico Bono mas aqui é o espaço para falar do cabelo do ruim do Bono.
O músico nós temos o site todo para noticiar.
• Mas aqui, agora, vou fazer meu tributo ao Bono, ao querido Paul David Hewson.
• Obrigada Bono, por cantar as melhores músicas já cantadas neste planeta.
Obrigada Bono, por cantar na melhor banda do mundo.
Obrigada Bono, por não ter vergonha de acreditar em Jesus Cristo.
Obrigada Bono, por usar aquele rosário no peito.
Obrigada Bono, por usar o termo Glam rock do cristianismo.
Obrigada Bono, por Saint Patrick.
Obrigada Bono, pelo seu bom humor.
Obrigada Bono, por você fazer os belos discursos.
Obrigada Bono, pelas Guinness que bebi.
Obrigada Bono, pelos pubs que frequentei.
Obriagda Bono, pelos amigos de vida inteira que encontrei.
Obrigada Bono, por me apresentar os salmos de David.
Obrigada Bono, por cantar o salmo 40.
Obrigada Bono, por cantar Gloria.
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
273
Obrigada Bono, por cantar Gloria do Van Morrison.
Obrigada Bono, por cantar todas as minhas dores e alegrias.
Obrigada Bono, por escrever o roteiro de Million Dolar Hotel. Eu amo o seu filme.
Obrigada Bono, por me apresentar Win Wenders.
Obrigada Bono, por me apresentar Salman Rushdie.
Obrigada Bono, por me apresenatar todos seus amigos escritores irlandeses.
Obrigada Bono, por me apresentar Allan Ginsberg e Burroughs.
Obrigada Bono, por receber Charles Bukowski na Zoo TV.
Obrigada Bono, por me apresentar toda Pop Art.
Obrigada Bono, por me apresentar Velvet Underground.
Obriagda Bono, por cantar Satellite of Love.
Obrigada Bono, por me apresentar Patti Smith.
Obrigada Bono, por me apresentar David Bowie.
Obrigada Bono, por todo punk rock do planeta.
Obrigada Bono, por me apresentar bandas punks irlandesas.
Obrigada Bono, por me apresentar toda a cultura musical irlandesa.
Obrigada Bono, por me apresentar o cinema irlandês.
Obrigada Bono, por me apresentar a verdade do IRA.
Obrigada Bono, por me apresentar Mario Lanza.
Obrigada Bono, pelo Mirrorball.
Obrigada Bono, pelo McPhisto.
Obrigada Bono, pelo Elvis Presley, conheci Graceland.
Obrigada Bono, por cantar com o melhor cantor do mundo, Frank Sinatra.
Obrigada Bono. por freqüentar o Grammy todos anos.
Obrigada Bono, por não freqüentar o mundo de Caras.
ULTRAVIOLET – COLUNAS
274
Obrigada Bono, por andar com as mais belas modelos do planeta.
Obrigada Bono, por andar com as mais belas e melhores atrizes do planeta.
Obrigada Bono, por andar com os melhores atores do planeta.
Obrigada Bono, por não ter prenconceito e cantar com diversos cantores e cantoras
do mundo pop.
Obrigada Bono, por aparecer no Jornal Nacional.
Obrigada Bono, por nos apresentar que hoje temos um problema grave: AIDS
na África.
Obrigada Bono, por ter ido à África e mostrado ao mundo o que está acontecendo.
Obrigada Bono, por pedir ajuda à África aos grande do mundo.
Obrigada Bono, pelo Jubileu 2000.
Obrigada Bono, pelo DATA e ONE.
Obrigada Bono, pelo melhor show do Live Aid.
Obrigada Bono, por escrever e cantar a melhor música que o Luciano Pavarotti
já cantou.
Obriagda Bono, por apresentar a guerra injusta em Saravejo.
Obrigada Bono, por me fazer gostar de política.
Obriagda Bono, pela homenagem de Pride ao Martin Luther King.
Obrigada Bono, por me mostrar que é preciso ser político e agir.
Obrigada Bono, por cantar em Saravejo.
Obrigada Bono, por cantar no Brasil.
Obrigada Bono, pelo mair show que vi ao vivo na minha vida.
Obrigada Bono, pela Zoo TV.
Obrigada Bono, pelo POP.
Obrigada, por With or Without You, nossa primeira música.
Obrigada Bono, pela chance de falar alemão, uma vez na vida, Acthung Baby!
Obrigada Bono, por ter sambado no Salgueiro.
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
275
Obrigada Bono, por ter feito quatro filhos lindos.
Obrigada Bono, por ser bom esposo para Ali.
Obrigada Bono, por ser amigo eterno do Edge, Larry e Adam.
Obrigada Bono, obrigada Bono, são tantas coisas, você é tão importante para minha
vida. Obrigada por tudo e parabéns!
ULTRAVIOLET – COLUNAS
276
16/06/2005
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em junho de
2005.
• Say goodnight
She waits for me to turn out the light
Really still
She waits to break my will.
Woah-oh
Yes, and I know the truth about you.
She cat.
And in the daylight
A blackbird makes a violent sight
And when she is done
She sleeps beside the one
Woah-oh-oh
Yes, and I know the truth about you
She cat.
Yes, and I know the truth about you
She cat.
• Fiz um acordo comigo mesma, prometendo uma coluna mensal da Trash, Trampoline and Party Girl.
A letra de An Cat Dubh aqui no início é uma homenagem à minha amiga Adra, que
este mês está fazendo megapixels a mais nesta máquina digital que podemos chamar de vida. Para quem conhece esta mulher e tem o prazer de tê-la como amiga
sabe que o resultado da foto está a cada vez mais bonito.
• Então vamos ao U2. Eles foram à América, não causaram grandes estragos, todos os
quartos de hotéis estão inteiros e todos querem o U2 de volta. Não é porque eles não
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
277
quebraram nada, porque onde eles passam reluz tudo a ouro e o faturamento vai
às alturas.
• Agora eles estão em casa na Europa. No primeiro show em Bruxelas, 60 mil pessoas,
o palco lindo! Tem aquela coisa que você já viu antes, mas se viu era U2. Então U2
em grandes palcos é sempre bom para mundo. Um habitat natural, podemos assim dizer.
• Aproveitando o momento Fashion Rio, vocês já visitaram o site www.edun.ie? É o
site da grife da Ali Hewson. Gente, eu também quero aquelas roupas. Para quem for
à Europa ou América, aceito qualquer peça da coleção. É usual e moderna, fez até o
Bono usar calçaa jeans. Eu só vi o Bono usando calçaas jeans em poquíssimas ocasiões. E outra, é mais barato que qualquer outro tipo de roupa via Daslu. E ainda por
cima você está ajudando uma causa. Nada melhor do que ajudar uma causa ligada
ao nosso e meu Bono.
• Na próxima coluna não vou falar do Bono e de meus amigos pessoais, somente
Edge, Larry e Adam. Prometo.
• Para terminar, uma pequena homenagem à Flávia, que também está aumentando os
megapixels. Ela fala que não gosta desta música, mas quando conheci esta moça, ela
na época falava, “Esta é minha música”. Isso nunca mais saiu da minha cabeça e
para mim sempre será a musica dela.
• In a little while
Surely you’ll be mine
In a little while… I’ll be there
In a little while
This hurt will hurt no more
I’ll be home, love
• Só para constar, Adra e Flávia são moderadoras da Ultraviolet Mailling List. Conheci elas na lista e hoje somos amigas para a vida inteira. Tá vendo que na Ultraviolet,
além de informação sobre U2, você pode conseguir coisas valiosas como a amizade.
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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21/07/2005
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em julho de
2005.
• Eu queria ter o poder de escrever uma frase, aquela frase para dar início a este texto,
todo mundo achá-la fantástica e começar a ler e ler, todos impulsionados pela minha primeira frase. Mas enfim não a encontro e com isso já comecei e vai ser assim mesmo.
• Eu prometi que não iria falar sobre ELE este mês. Mesmo sabendo que ELE foi à Escócia este mês para a reunião do G8, falou com toda a imprensa e até saiu no Jornal
Nacional. Eu não iria mencionar nada sobre ELE, mesmo que ao vivo às 10 da manhã de um sábado, ele, junto com a nossa banda querida, subiu ao palco e começou
a cantar com Paul McCartney o seguinte verso: “It was twenty years ago today Sergeant Pepper taught the band to play…” E também não vou comentar que ELE não
pulou na platéia para tirar alguém para dançar, como há 20 anos. Acho que o Edge e
o Larry olharam para ELE e falaram: “Por favor, desta vez não estaremos sozinhos.
Somos os primeiros a cantar, por favor se comporte. Pense bem, até seus filhos estarão assistindo, meus filhos também estarão assistindo, se comporte. E outra, a Angelina Jolie e Gwyneth Paltrow estarão na platéia.”
Ah, o Adam não falou nada. Deu aquele sorriso, rindo da situação. Crazy People.
• Também não vou comentar que até no Fantástico eles todos apareceram. Até falaram em show no meio do mar. Pelo contexto do Fantástico show no meio do mar
está certo. Afinal ali tudo é Fantástico, o show da vida. Eles
ainda usam este slogan?
Chega de Globo!
• Vocês compraram ou irão comprar a pulseira branca da One? Eu vi uma foto DELE
com a pulseira. Se eu não tiver aquela pulseira, vou me sentir o pior ser humano do
mundo. ELE está tão lindo na propaganda daquela pulseira. ELE pode vender qualquer coisa para mim que eu compro. Eu raramente dou as costas para ELE. E se
ELE está na partileira me olhando, não tem como eu não levar ELE comigo. Sou capaz de passar cheque sem fundo. O U2 quebra tudo.
Mas tem um item que não consigo comprar: uma passagem aérea para ir ver um
show deles. Deve ser porque eu escrevo na Internet sobre a minha cara de pau em
passar cheque sem fundo.
• Anton Corbjin, todo mundo sabe que ele quebra tudo também quando o assunto é
fotografia de banda de rock, ainda mais banda de rock linda como a nossa. Ele fez
um livro inteiro com várias fotos tiradas ao longo da carreira e depois colocou tudo
aquilo em uma exposição. Agora veja bem, um pacote completo e perfeito seria ir assistir um show do U2 e depois ir à exposição. Melhor do que isso só sendo convidada
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
279
a tomar uma cerveja com ELE mais a banda e ficar discutindo sobre qualquer assunto.
A exposição está na Holanda. Agora sim fechou o ciclo. Não existe lugar mais perfeito para tomar uma cerveja depois do show do U2 do que em uma exposição
como esta.
• Mês que vem não vou prometer nada mas uma coisa é certa… não vou falar.
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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16/08/2005
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em agosto de
2005.
• Eu estou vivendo uma época confusa, é muita crise política na minha vida e muita
coisa chata acontecendo nesses últimos meses. Eu nunca li a parte de política dos
jornais, como estou fazendo agora. Você de uma hora para outra corre para chegar
mais cedo em casa a fim de assistir em todos detalhes depoimentos de CPIs. Com todos esses e outros problemas, você esquece que o guitarrista mais fofo do mundo fez
aniversário e você não escreveu nada para ele. Simplesmente imperdoável.
• Eu não sei tocar guitarra, não conheço nada sobre guitarra, mas, para mim, ele é o
melhor guitarrista de todos os tempos, o melhor amigo de todos, o companheiro
para todas as horas, o sábio da banda, o inteligente, o elegante. Fica bem de touqui nha, gorrinho, chapéu de cowboy. Confesso que não gostava daquele cabelão da
época Joshua Tree, mas com o tempo ele ficou fabuloso, irresistível. Até o seu companheiro de palco fica com gracinhas. Diz a lenda que já viram até selinho no palco.
Sabemos que ele adora dança do ventre, casou-se com uma bailarina e com ela teve
dois lindos filhos. Casou-se com tudo o que tem direito, aliás casou-se mais de uma
vez. No começo, antes da bailarina, ele tinha outra musa, com a qual também teve
lindas filhas. Aliás, hoje em dia, estas meninas devem estar diferentes, já são moças.
Quando ele fala, eu presto atenção, afinal o que ele fala é correto, é certo. Não estou
duvidando dos outros, mas ele é garantia, pode confiar. Ao homem que tem tantos
filhos quanto Abraão, Edge, vou pedir um solo, porque isto é com você, meu guitar
hero. The Edge, parabéns! Te espero ano que vem.
• E por falar em ano que vem, que notícia! U2 no Brasil em 2006. Algumas coisas ainda são flores no noticiário.
• Até mês que vem, com bastantes flores! Beijos.
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
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13/09/2005
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em setembro
de 2005.
• Hoje não seria um dia ideal para iniciar um texto novo, mas está tudo novo para
mim. Eu sei que muitos vão escrever falando que sou egocêntrica, metida, mas,
puxa, no dia do meu aniversário, eu mereço deixar um pouco meu serviço de lado
(sorry, boss!) e escrever.
• Ainda mais escrever sobre as coisas mais fofas do planeta: o Bono, The Edge, Adam
e Larry. E por falar em escrever…
• No fórum da Ultraviolet, surgiu um tópico muito divertido e engraçado sobre as
amigas do Bono. O cara, vocês sabem, é gente fina. A relação de amigas dele é fantástica, sabem, celebridade problemática. Aquela que se preze tem Bono como amigo. Ainda bem que sou problemática.
• Minha amiga xará, Andrea Corr, problemática pero no mucho, vai gravar outra música para uma outra trilha sonora com o Bono. Qual filme? Ninguém falou.
• Surgiram vários boatos que a Sra. Ali Hewson seria candidata a presidente da Irlanda. Bono não deve gostar do papel de “primeiro damo”. Ele sempre foi vocalista. De
uma hora para outra ficar ao lado, vai ser difícil encarar. O Bono é frontman por natureza, não tem outro papel na vida dele. E outra, a imprensa vai ficar no pé dele a
cada garrafa de champanhe que ele beber com suas amigas problemáticas. Vai colocar o mandato da Ali em risco.
• Já começou a terceira parte da Vertigo Tour e com ela passou um furacão na cidade
mais cool dos Estados Unidos. New Orleans é de cortar o coração, é muito triste o
que aconteceu naquela cidade. Nós, como fãs do U2, temos a lembrança do filme
Ratle and Hum, onde eles ficam olhando o rio Mississippi… Vocês lembram?
Mississippi and the cotton wool heat
Sixty-six - a highway speaks
Of deserts dry
Of cool green valleys
Gold and silver veins
All the shining cities
In this heartland
ULTRAVIOLET – COLUNAS
282
• É claro que teve aquele show básico para arrecadar dinheiro para as vítimas e o U2
tocou One. O nome do show foi “Shelter From the Storm: A Concert for the Gulf Coast” (“Abrigo da Tempestade: Um Concerto para a Costa do Golfo”). Ele foi exibido
ao vivo e sem intervalo comercial pela ABC, CBS, FOX, NBC, WB e UPN. Se não me
engano, no Brasil também, embora eu só tenha visto em trechos no Jornal Nacional.
• Sabe o que dá mais raiva nisso tudo? Você pensa: aquela cidade fica no país mais
rico e poderoso do mundo. Por que aquilo? Até a Gisele Bundchen ficou indignada e
falou na TV americana hoje de manhã.
• Gente, antes de morrer, eu li que o Maluf foi preso. Eu vivi para ver esta notícia.
Pode ser por pouco dias, mas li. Sobre aquelas flores que falei no mês passado, ainda
não apareceram. Quero dizer, a única flor que apareceu foi eu mesma (Andréa
Rosa). Aí eu penso, PQP, eu quero descer e assistir um show do U2, porque está feia
a situação aqui e lá, está tudo errado. Vamos ao U2, Andréa? OK.
• Voltamos. A Vertigo Tour já está a todo vapor nos States. Setlist com algumas alterações, mas tudo nos conformes assim como aquela pura certeza de que eles estarão
aqui no ano que vem.
• Como está no comecinho, eles ainda não aprontaram nada, não comeram nada, não
fizeram nada, só os shows.
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
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31/10/2005
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em outubro de
2005.
• Vou roubar uma frase de uma amiga: estou com uma preguiça monstruosa. Hoje é o
último dia de outubro. Tinha esquecido que no mês de outubro ainda não tinha feito
meu texto mensal sobre o U2 para Ultraviolet. Ainda bem que hoje é aniversário do
Larry e fica como desculpa que esperei até o fim do mês para escrever e aproveitar
para falar sobre o Larry, afinal, neste ano, a temática principal do meus textos foram
aniversários. E seria um pecado mortal não escrever nada sobre o nosso louro baterista. Diz a lenda que foi ele que escreveu no mural da escola um aviso sobre montar
uma banda. Por sorte, alguns meninos leram este aviso e hoje estamos aqui escrevendo e lendo sobre esta banda. Olha o poder do aviso. Podemos chamar isso simplesmente de o chamado, algo para mim divino, pois dele surgiram os nossos deuses. Mas apesar de ser o dono do aviso, da idéia e da banda e que foge deste Olimpo
de deuses, ele mostra que é esperto. Ele sabe das coisas e não brinca com isso. Ele é
fã de Elvis Presley, tem alguns filhos, é casado com a Ann, tem a irmã que trabalha
com ele, a Cecilia, e adora motos. E discreto, é um líder. Deixa o Bono lá na frente,
falando as coisas, e de lá no fundo, de trás da bateria, comanda tudo. Deve adorar
cantar, mas, como cantor, ele é o melhor baterista que já existiu. Adorar atuar, sim,
ele é um ator meio “tragic”. Digamos que também como ator ele é um ótimo baterista. Uma coisa é clara: ele estava de mau humor na Zoo TV. Ele, para mim, é um daqueles caras básicos, que gostam das coisas bem feitas e sem frescura. Então, my
first boss, o homem do my first job, que tanto ouvimos, parabéns pra você.
• A banda está fazendo seus shows, o Bono perdeu o Nobel da Paz. Para quem já perdeu o Oscar para aquele rapper, o que é o Nobel da Paz? Não ligo mais para nada a
que o Bono e U2 vierem a concorrer, não quero mais sofrer. Mandaram-me vários
emails falando que o Bono almoçou com o Bush. Grande coisa, almoçar com aquela
coisa, quem se importa, alguém tem que fazer o papel imundo do poder. O que eles
fizeram mais? Ah, o Bono saiu na capa da Rolling Stones, minha proxima aquisição.
Ele fala tanta coisa. Sabe aquela entrevista que vale a pena ler? Então, é essa, Bono
na Rolling Stones.
• Sexta surgiu um email sobre possíveis shows do U2 no México e na América do Sul.
Vou confessar uma coisa: adoraria ver um show do U2 na Irlanda, mas eu nem so nho com isso. Eu não me esforço em nada para ir à Irlanda, então fica na categoria
do adoraria. Não queria ver o show em Miami ou no Texas, acho estes estados sem
graça, republicanos demais para mim. Mas um show do U2 em Machu Pichu é fazer
piada comigo, é tirar barato do pobre povo peruano. Não estou falando em tom de
piada ou tirando barato, gente, seria tudo. Eu tomaria todas as vacinas necessárias e
iria para lá sem nenhum problema. Mas é bem dificil um show por lá, assim como a
tão esperada reunião do Pink Floyd em Machu Pichu. Mas um show como o do Rolling Stones já seria o suficiente, na praia. Mas, resumindo, um show solo do Bono lá
em casa, é o mais perfeito de todos. Com esse sim eu sonho, quer dizer, um senhor sonho-show.
ULTRAVIOLET – COLUNAS
284
• Que pena que outubro acabou. Aconteceu tanta coisa legal comigo pessoalmente,
apesar da preguiça monstruosa de escrever, aconteceram mil coisas. Se eu tivesse
um blog, teria vários tópicos, mas outubro acabou e que novembro venha mais fantástico ainda.
• Muita luz na vida de todo mundo que leu esta coluna. Eu amo vocês.
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
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23/12/2005
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em dezembro
de 2005.
• Minha coluna do mês de novembro está atrasada 51 dias. Uma vergonha! Vamos dizer que estamos sofrendo de uma síndrome terrível de ansiedade pela vinda deles
em fevereiro. Vamos também dizer que o aviso oficial está deixando uma mulher à
beira de um ataque de nervos. Isso sem contar outros “males” terríveis dos quais sofro diariamente no lado pessoal, mas isso não interessa e voltamos a falar do U2.
• Fui ao show do Pearl Jam em São Paulo e só pensei no U2, em como sou baixinha,
que aquele estádio era muito grande e como só tem cabeçudo neste mundo. E meu
pensamento era único: como uma baixinha que não tem mais dezoito anos vai assistir o baixinho dela no Morumbi? Mas isto é problema para 2006.
E eu não estou conseguindo falar do U2 sem cair nos problemas existenciais da loser-mór aqui. Vou tentar.
• Então o Bono ganhou o prêmio personalidade do ano pela revista Time. A revista
Time adora o Bono. Ele deve dar muita credibilidade à revista, que, assim como o
Grammy, é a premiação mais careta e chata do mundo. Nada supera a chatice daquela premiação! Mas eles convidam o U2, os indicam em várias categorias e fazem
esta diva-loser-mór assistir este programa. Não é pretensão, mas eles precisam da
minha audiência.
• Mas, sabem de uma coisa, eu queria tanto ver o Bono cantando com a Patti Smith!
Eles cantaram juntos em Nova York. Ela é uns dez mil ídolos do Bono, assim como
umas dez mil “ídolas” da minha vida. Eu li uma vez que Horses da Patti Smith foi
um álbum que o Bono ouviu muito depois que sua mãe morreu, ou melhor, foi o primeiro disco que ele comprou. Depois li ele falando dela na Rolling Stones, como já
ouvi ele falando dela anteriormente. Eu sei que é meio obrigação gostar dela, afinal
Horses é uma obra prima, ela é uma deusa e eu, como diva-loser-punk-rock-mór, tenho mais do que obrigação de gostar dela. Nem foi por obrigação, simplesmente ela
é o máximo. A música Gloria é uma espécie de liturgia sobre ela (frase de Bono na
Rolling Stone), quer dizer, a música que ela canta.
• Mas amigos, hoje estou muito confusa, afinal só tenho cinco dias úteis para trabalhar e entrar numa short vacation, mas suficiente para colocar a cabeça em ordem.
Mas antes um Feliz Natal e um 2006, ah, em 2006 eu quero ver todo mundo ao
vivo! Muitos beijos.
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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03/02/2006
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em fevereiro de
2006.
• Por favor, alguém aí tem alguma senha verde para acabar com a minha ansiedade?
Mas por favor, sem fila.
• Além da senha verde, eu quero uma senha rosa para encontrar um namorado. Também quero uma senha amarela para ter algum dinheiro, afinal até na revista Contigo! saiu uma matéria com Bono e a família, com foto e tudo. Vocês não imaginam
minha alegria ao vê-los rodando numa xícara gigante em algum parque de diversão.
• Meu menino Eliajh saiu na revista, que lindo! O John também. Como falei destes
meninos, eles nasceram noticiados na minha coluna.
• Agora vocês imaginem, revista Contigo!, onde você fica sabendo dos próximos capítulos da novela e ainda lê uma matéria sobre o Bono.
• Mais uma vez frisando bem a minha situação, estas senhas todas, eu gostaria de têlas, sem fila.
• Um comentário sobre a epopéia que foi ter estes ingressos. Para mim, quando se
fala em show, quer dizer, show é um bem cultural, cujos ingressos compramos igual
a um de cinema, teatro, exposição. Mas aqui, a compra deste ingresso se tornou,
sim, uma batalha. Cada ingresso na mão era como se você tivesse ganhado o grande
prêmio do dia. Coisa que só os grandes fazem ou coisas que só uma organização
amadora faz. Ou será que foi um bando de fãs afoitos? Alguns culpam os fãs, outros,
os organizadores. Eu culpo os organizadores, detesto todos. Aquela coisa “festa de
aniversário na Ilha Fiscal” não é a mesma coisa que um show do U2.
• Agora na fé, por favor. Senha azul para ter muita fé, que na Epopéia parte II, todos
nós seremos felizes e sairemos com o grande prêmio.
• U2 é U2, tudo por U2, inexplicável este amor.
• Eu escrevi esta coluna semana passada. Hoje queria escrever outra, mas para não
perder esta coluna, o amor pelos amigos esta no ar e uma nova coluna irá chegar em
breve, bem em breve.
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
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14/02/2006
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em fevereiro de
2006.
• You bury your treasure where it can’t be found
But your love is a secret that’s been passed around.
There is a silence that comes to a house
Where no-one can sleep.
I guess it’s the price of love; I know it’s not cheap.
Oh, come on, baby, baby, baby, light my way.
Oh, come on, baby, baby, baby, light my way
Baby, baby, baby, light my way.
I remember when we could sleep on stones.
Now we lie together in whispers and moans.
When I was all messed up and I heard opera in my head
Your love was a light bulb hanging over my bed.
Baby, baby, baby, light my way.
Oh, come on, baby, baby, baby, light my way.
Ultraviolet é linda mesmo.
• Eu não sei vocês, mas nos dias 20 e 21/02 eu tenho compromisso e este é inadiável.
E espero encontrar todos, sim, meus amigos, será o maior encontro da história da
Ultraviolet Mailling List Forum Corporation Ltda. Por causa da Ultraviolet minha
vida mudou de rumo de uma forma assim devastadora. Desde que entrei nela, conheci amigos que viraram super amigos. Particularmente hoje tenho seis irmãs
(Adra, Carol, Flávia, Lully, Lupa e Pri Lemon). Minha baianidade não me permite
ter só seis irmãs, eu quero é mais, irmãs, irmãos. Eu amos vocês, ultravioletos. Vocês light my way!
• Ah, vocês deixam que 01 vez por mês eu escreva estas mal traçadas linhas, como sou
grata por esse cargo. E quando vocês comentam, gente, que alegria, alguém leu. É
um alívio! Eu tenho complexo de inferioridade, me acho às vezes burra demais por
fazer parte de um grupo como o de vocês. Eu amo tanto vocês que hoje posso escre -
ULTRAVIOLET – COLUNAS
288
ver que se eu conhecer o Bono, eu o deixo a vocês, somente a vocês, Ultraviolet, a
mega sena.
Meu reino por um beijo. Do Bono, é claro!
• Gente, eu não sei o que escrever, estarei dia 20 no portão 18. Encontro vocês, parada
eu não sei ficar, devo ir de portão em portão ver vocês…
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06/03/2006
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em março de
2006.
• Na coluna anterior, eu escrevi a seguinte frase: “Eu amo tanto vocês que hoje posso
escrever que se eu conhecer o Bono, eu o deixo a vocês, somente a vocês, Ultraviolet,
a mega sena. Meu reino por um beijo. Do Bono, é claro!” E agora? Rafaela Comunello, o reinado é seu conforme prometido. Ah, sim, a mega-sena é de vocês também,
por favor vejam se vocês ganham, porque quero ter amigo milionário para tomar banho de piscina aos domingos.
• Não vou comentar sobre os shows, acho que não precisa falar que foi fantástico e
que todo mundo gostou dele. Da tia distante do interior à mulher do açougueiro,
todo mundo falou: “Nossa, que show bonito este do U2! Que letras bonitas tem eles!
Nossa, não sabia que eles eram tão bons! E a Katilce, beijou o Bono na boca, ele não
é casado?” E você olha com aquela cara de “eu já sabia e eu estava lá”. Então, foi maravilhoso.
• Vocês podem me xingar horrores de exibida, mas preciso descrever uma data muito
especial, algo ocorreu na minha vida no dia 19 de fevereiro de 2006.
• No dia 18 de fevereiro, acordei bem cedo e fui me encontrar com a Pri Lemon para
irmos à casa da Flávia, onde iríamos nos encontrar com a Carol e a Rafaela. No ca minho para a casa da Flávia, compramos champanhe, porque nós somos a favor da
banalização do champanhe e era o U2 que estaria vindo nos visitar.
A caminho da casa da Flávia, a Pri falou para mim: “Dréa, vai dar tudo certo desta
vez, nós iremos vê-los. Com toda a confiança do mundo, te garanto: desta vez será a
nossa vez. Eu vejo você ao lado do Bono.” Tudo bem, chegamos na casa da Flavia.
Estávamos atrasadas e fomos todas para o estádio do Morumbi. Um dos programas
mais divertidos do dia 18 aqui em São Paulo era ir ao estádio do Morumbi ver aquele acampamento de fãs do U2. Chegamos lá, encontramos amigos, colegas, uma alegria só, e tomamos posse do nosso lugar na fila. Todo mundo, muita alegria, muito
luxo, aquela coisa “chique” de fila. Era engraçado o povo olhando para nós. Era sem pre a mesma coisa, apontavam e falavam: “Que absurdo! Que gente louca!” Louco
para mim é este povo, gente sem emoção.
Aí, o dia foi passando e eu fui para minha residência. Já era noite, o Rolling Stones
começou a passar na Globo e pensei: “Puxa, segunda-feira é a minha vez de ter a
sensação de ouvir a primeira música do show.” Já começou a dar aquele frio na barriga.
Recebo uma ligação: era a minha mana Pri Lemon, falando que nós iríamos ao aeroporto de madrugada, que era para eu ficar esperta, pois ela iria me ligar assim que
estivesse perto da minha casa, pois todas iríamos fazer parte da recepção dos meninos. Resumindo: não dormi, fiquei que nem zumbi, ansiosa, louca, subindo pelas
paredes. Ainda tinha horário verão, uma loucura. A Pri me liga, fala que já estava
ULTRAVIOLET – COLUNAS
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chegando na minha casa. Corro com tudo, me arrumo, pego algumas coisas, esqueço
outras, acordo a casa e a Pri chega. Eram umas 2 ou 3 da manhã.
Fomos à casa da Adra. A Adra entra no carro, vai na frente e nós atrás ou o contrá rio, não sei. Fomos embora. Aeroporto de Guarulhos, aí vamos nós!
A caminho do aeroporto, uma van preta passa ao nosso lado. Sabíamos que ali estava alguma coisa relacionada ao U2 (nela estava a possível intérprete deles). Chegamos no aeroporto, seguimos pessoas, fingimos ser chiques (isto é impossível, porque
já somos), ficamos estressadas, esquecemos faixas, bandeiras e não sei mais o quê…
E nós fomos ao local de onde sairia a banda. Estava frio, estávamos estressadas, nervosas, ansiosas e todos os “osas” existentes.
A Rede Globo estava ao nosso lado, filmando a gente. A equipe deles entrou no local
onde a imprensa poderia filmar a chegada do avião e a nossa amiga Adra entrou
com eles. Com celular ligado ao meu, ficamos minuto a minuto com informações sobre a chegada. Foram chegando mais fãs e fãs. E eu com a Adra no telefone. Foi
aquela coisa: o avião chegou e ninguém sai, e ninguém sai, até que começou sair alguém. Foi saindo gente, até o baixinho saiu com seu chapéu cowboy e a Adra me
fala: “Estou vendo o chapéu, ele está descendo”. Ela grita de um lado e eu de outro.
O pessoal, todos a postos, aquela coisa, até que ela me liga, chorando, mal conseguindo falar, dizendo que ela deu o presente a ele, que ele a beijou e ela o beijou. Chorei horrores também, era muita emoção. Até que vem aquela comitiva, de carros, eu
pronta para o ataque, pensando que ia morrer! Só faltava eu não conseguir nada…
O carro pára na minha frente, a polícia fica toda em volta e ELE sai do carro. Bono
fala: “Bom dia!” E foi aquela coisa: o tempo parou, o sol brilhou, eu não sei mais o
que escrever, porque parou tudo. Eu só sei que dei meu encarte do Pop para ele au tografar e ele autografou. Vi a mão dele, eu a peguei e beijei, ele beijou a minha, eu
falei umas coisas, ele me puxou para p lado dele, eu o beijei, ele me beijou, eu fiquei
dando beijinhos no rosto dele, eu o olhava. Aquela coisa: ele existe e veio de chinelo.
Olhei o pé dele, o olho dele, a cara, o rosto, tudo e tudo. Ele: “God bless you”. Ele entrou no carro, falou “thank you”… Aí é choro, choro alegre. Era uma coisa de sair
correndo na avenida e gritar para todo o mundo. Eu subiria uma montanha naquele momento…
• Este foi o meu momento que divido com vocês e sei que houve vários momentos,
acho que nem expressei tudo o que senti, mas quem já sentiu isso sabe o que é ver a
luz, ver ELE. Meninas, ele é lindo! O mundo parou. Foram alguns dos cinco minutos
guardados mais lindos da minha vida. Não tem também como não mencionar o beijo, abraço e a foto que a Pri Lemon tirou com Adam Clayton. Outro momento Kodak
da vida de todas nós.
• Eu sou a extremidade sexy do catolicismo. Bono cantou para mim:
The girl with crimson nails
Has Jesus ‘round her neck
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
Swinging to the music.
291
ULTRAVIOLET – COLUNAS
292
03/07/2006
Por Andréa Rosa Pires e sua equipe jornalística, publicado originalmente em julho de
2006.
• Dia 20 de fevereiro de 2006. A maior rede de televisão do Brasil, a Rede Globo,
transmitiu a partir das 22h o show da banda irlandesa U2. O pico de audiência foi
em torno de 47%. Depois de cinco músicas, o vocalista do U2 falou para as 75 milhões de pessoas que estavam presentes no show mais a audiência televisiva: “E aí,
prontos para o hexa?” Eu estava presente neste show e vi duas amigas olharem uma
para outra e falarem: “Ih, fodeu!” Por que elas se indignaram? Porque em 1998, dia
31 de janeiro, no show do U2, no mesmo estádio, Bono já tinha falado ao povo brasileiro: “Ganhem a Copa do Mundo, por nós.”
• Dia 30 de junho de 2006. Na mesma Rede Globo, ao meio dia, começou a transmissão do jogo da Copa do Mundo entre Alemanha e Argentina, audiência récorde de
51%. O comentarista do jogo falou: “Olha o Bono Vox do U2 na platéia.” Uma pergunta: para quem será que o Bono estava torcendo? Para Argentina ou para a Alemanha? Eu particularmente acho que ele estava torcendo para quem estava pagando a cerveja dele. Ele estava lá como convidado de algum amigo alemão. Se ele esta va torcendo ou não, nem ele se lembra deste detalhe.
• Dia 01 de julho de 2006. O time do Brasil perdeu a partida para França e foi elimi nado da Copa do Mundo. Como aconteceu em 1998 na França.
• Agora muitos falam que o Bono é pé-frio. Isto é mentira. Bono, quando fala nos
shows estas frases em português, são frases, digamos, simpáticas, que a intérprete
passa a ele para que ele interaja com a platéia. Isso foi tudo coincidência. Mas ele es tava torcendo para quem? Mais uma vez digo: para quem estava pagando a cerveja.
Gente, aquilo é um espetáculo, cheio de gente importante. Ele não iria perder aquilo
por nada. Até Mick Jagger estava na platéia mega vip da Inglaterra.
• Mas Bono, coitado, é um sem-time. A seleção do país dele é medíocre. Jogou bem,
assim, mais ou menos bem, em 1990 e 1994. Depois, nada demais. O uniforme é bonito. Nós, fãs do U2, o achamos uns dos mais belos. Mas fica só nisso. Futebol, como
sabemos, não é o forte do Bono. Ele pagou o maior mico aqui no Brasil, jogando na
casa do Edmundo com Romário. (Acho que este foi o maior feito do futebol irlandês.) Dizem que o Bono é sócio do Celtic, time da Escócia. Vejam bem, na Irlanda
nem tem um clube de respeito na Europa. Os irlandeses torcem pelo Celtic da Escócia.
• Então afirmo Bono não tem culpa, não é pé-frio. Ele é muito sortudo, isso sim, sortudo, rei de Midas, tudo o que ele toca vira ouro. Nós é que temos uma seleção de futebol medíocre. Então tudo isso é culpa da Dani Mel, a responsável pelo que o Bono
disse no palco. Aposto que se você chegar para o Bono hoje e falar a palavra “hexa”,
ele vai olhar para você e falar: “What????”
Trash, Trampoline & The Party Girl, por Andréa Rosa Pires
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• Hoje é dia 02 de julho e quatro times europeus estão na semifinal da Copa do Mundo. Eu torço pela França, porque o Zidane é o Edge da seleção francesa. Um mestre!
Mais sobre futebol, escreva para mim!

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