aromatologia - Aromalandia

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aromatologia - Aromalandia
AROMATOLOGIA
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Texto de Penny Price
“Penny Price é aromaterapeuta por mais de 20 anos, reconhecida
como professora de aromaterapia clínica e de pós graduação,
diretora da Penny Price Academy do Reino Unido e proprietária da
marca Penny Price de óleos essenciais.”
Tradução do original em inglês: Fábián László
Qualquer frasco de óleo essencial carrega o aviso: “não ingerir”. Mas, na aromatologia
o uso interno é seguramente recomendável. Ao contrário do que se acredita, isso não é
perigoso ou irresponsável, já que muitos medicamentos dão advertências ao público ou não
estão disponíveis a ele de uma certa maneira, mas, nas mãos de um terapeuta qualificado,
eles podem ser usados seguramente.
A atual censura e preocupação relacionada ao uso de óleos essenciais como
medicamento só tem base se o terapeuta não for adequadamente qualificado, inexperiente e
sem credenciais para conduzir tal prática. Por exemplo, todos os frascos de óleos essenciais
contêm um segundo aviso: “mantenha longe dos olhos”. Entretanto, a solução preparada
adequadamente por um terapeuta qualificado pode ser administrada nos olhos apesar do
aviso. O público em geral precisa ter consciência da potência tanto benéfica quanto prejudicial
dos verdadeiros óleos essenciais. É no uso ou no abuse que qualquer terapia se torna perigosa
ou benéfica.
Historicamente, tanto a aromaterapia quanto a aromatologia, compartilham a mesma
base indivisível do desenvolvimento de medicamentos fitoterápicos ou alopáticos. A
aromaterapia foi assim denominada na década de 20, por um químico francês, Gattefossé, e só
a partir de então a aromaterapia foi diferenciada da fitoterapia. Certamente, não houve na
época nenhum problema no uso interno dos óleos essenciais. Desde aquela época, na França,
a prática de todos os métodos de uso dos óleos essenciais continua intacta e bem sucedida.
Na França, os óleos são administrados internamente (oralmente) por médicos e fitoterapeutas
como um método extremamente eficiente no tratamento de problemas digestivos e das vias
urinárias, atacando o problema direto na sua raiz. A aplicação tópica (não a massagem),
inalação e compressas são os métodos mais comuns praticados na França.
Quando a aromaterapia foi importada para a Inglaterra nos meados do século XIX, ela
foi introduzida através da estética. Assim, começou-se diluindo os óleos essenciais em óleos
carreadores para uso de uma forma terapêutica distinta, sendo a massagem introduzida e
vindo esta forma de prática a ser conhecida pelos franceses como o “Estilo Inglês de
Aromaterapia”. Como a primeira Organização de Aromaterapia na Inglaterra era formada
basicamente por esteticistas, as regras da estética a serem seguidas são de nunca se utilizar
nada oralmente. Essa regra foi benéfica por um lado, porque os produtos de aromaterapia
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estavam disponíveis no mercado de qualquer maneira. A qualidade e a pureza desses
produtos era, no mínimo, questionável. Se esses produtos, adulterados e sintéticos, eram
perigosos se usados topicamente, podemos imaginar os danos se usados oralmente.
Nós precisamos de ter uma definição da aromatologia como distinta da aromaterapia.
Mas essa divisão é um tanto falsa e forçada, já que a aromatologia é um ramo da
aromaterapia, entendida de forma apropriada. Devido à idéia difundida na Inglaterra de que
aromaterapia consiste de massagens com óleos essenciais, todos os outros usos ficaram
obscurecidos. A aromaterapia abraça todos os métodos de se utilizar os óleos essenciais. A
falta do uso interno e intensivo restringiu a aromaterapeuta à massagem, compressas e
tratamentos caseiros... Certamente, as escolas de aromaterapia devem se responsabilizar
seriamente em assegurar de que todos os aromaterapeutas em formação tenham o
conhecimento sobre a segurança do uso interno e intensivo dos óleos. Atualmente, para ser
um aromaterapeuta na Penny Prince Academy (o único colégio no presente na Inglaterra
dando este tipo de qualificação), o candidato deve adquirir também uma qualificação em uma
terapia complementar ou ortodoxa. O período de treinamento é de dois anos, onde o aluno
explora a composição química dos óleos e seus efeitos na fisiologia e patologia humana e seus
potenciais efeitos na psique. Perigos quanto à toxidade, reações alérgicas, etc são explorados
em profundidade. Enquanto, nos cursos de aromaterapia a massagem é o principal tema,
aromatologistas estudam de forma limitada a massagem, empregada para condições
localizadas de forma específica. O treinamento está mais voltado para um uso correto para o
tratamento.
O foco da discussão sobre os óleos usados na aromatologia tem sido no seu uso
interno. Apesar do uso interno estar sendo estudado em profundidade, seu uso prático tem sido
restringido à problemas digestivos. Isso é uma generalização que ignora a variedade dos
diferentes e possíveis usos da aromatologia. Ainda mais comum é a aplicação intensiva do uso
tópico, o que vai do uso de 2 ou 3 gotas até 3 a 4 ml, dependendo do caso. Citando um caso
do tratamento de esclerose múltipla, uma combinação de 80 gotas de óleos apropriados ao
fortalecimento do sistema imunológico, foi aplicada na pele de um cliente diariamente, em um
período total de cinco dias. O resultado foi uma melhora significativa, percebendo o próprio
cliente a melhora de sua vitalidade. Esse tratamento foi o suficiente para dar início a um total
processo de cura e um caminho para se voltar para uma vida mais ativa e equilibrada.
Reconhecendo que alguns não aceitam a esclerose múltipla como uma desordem válida, os
resultados mostraram que a saúde do cliente foi dramaticamente melhorada após a aplicação
intensiva dos óleos essenciais. Os efeitos foram duradouros e o tratamento foi levado adiante
utilizando diluições normais da aromaterapia para uso em casa.
Na literatura disponível sobre o assunto, há vários relatos de casos, apropriadamente
apresentados, que dão testemunho à eficácia da aromatologia. Dew et al apresenta um estudo
sobre o uso de óleo de hortelã pimenta para síndrome do intestino irritado. Observando-se
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Hoje em dia, existe um debate sobre uma legislação apropriada ao uso de óleos
verdadeiros. Eles estiveram presentes na Farmacopéia Britânica por muitos anos, vindo a se
tornarem a base de muitos medicamentos que ainda são utilizados hoje em dia. Contudo óleos
essenciais verdadeiros não podem ser regulamentados como remédios. Devido a eles serem
obtidos de uma simples planta, e as plantas estarem sujeitas a uma série de variáveis (do
clima, solo, quantidade de luz, etc), é impossível determinar de forma adiantada a
cromatografia (GLC) de qualquer óleo. Até o presente momento a maioria dos óleos essenciais
verdadeiros estão enquadrados dentro da legislação de alimentos e cosméticos. Este é o caso
para um “padrão base”, não do tipo “padrão de eficácia” que existe nos EUA, para se
estabelecer e que pode permitir um conceito apropriadamente adequado dos óleos essenciais,
tanto utilizando-os na aromaterapia pela massagem ou intensivamente em aplicações tópicas
ou internamente como na aromatologia.
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cada período do tratamento notou-se que os pacientes se sentiram significativamente melhores
depois da ingestão de cápsulas de hortelã pimenta quando comparados com um placebo
(p,0.001) e considerando-se o óleo de hortelã pimenta melhor do que o placebo no alívio dos
sintomas abdominais (p,0.001). Pacientes que ingeriram o óleo de hortelã tiveram um número
reduzido de sintomas diários (p, 0.001) mas não houve redução no número contrações
intestinais diárias (Dew et al, 1984: 398).
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Senhora F, 56 anos, sofria de uma esquizofrenia profunda. Havia estado em hospitais
psiquiátricos por muitos anos. Sofria anteriormente de tuberculose, e durante três anos
sofreu de faringite e bronquite crônicas com quadro de febre persistente, a qual resistiu
ao tratamento antibiótico. Sua condição geral era problemática e fraca. Em outubro de
1969 ela foi tratada com oligoelementos e aromaterapia, ambos na forma de
supositórios. Sua temperatura voltou ao normal em três semanas. Os resultados foram
consolidados com 20 dias de tratamentos, todos os meses durante seis meses.
(Valnet, 1983: 237).
Pesquisa de Zarno a respeito dos efeitos do óleo de tea tree na Candidíase produziram
resultados bastante encorajadores. Essa pesquisa confirma tudo o que já se sabe
sobre o tea tree:, que ele é altamente anti-séptico, anti-fúngico e imunoestimulante. Ela
recomenda 2-3 gotas do óleo em um tampão para aplicação interna 2 vezes ao dia, 6
gotas no banho e 2 gotas em água morna para gargarejar após as refeições. (Zarno et
al, 1994).
Outra pesquisa feita por May et al, prova a eficácia e a segurança das cápsulas de óleo
de hortelã pimenta, (90mg) e óleo de alcarávia (50mg) quando estudados em uma
experiência placebo controlada em pacientes com dispepsia não ulcerativa. Após 4
semanas de tratamento a intensidade da dor foi significativamente reduzida nos grupos
tratados com a combinação dos óleos de hortelã/alcarávia quando comparado aos que
foram tratados com placebo. Antes do início do tratamento, todos os pacientes
reportaram dor moderada ou severa, enquanto ao final do estudo, 63.2% do total de
pacientes estavam livres da dor. Nos pacientes tratados com óleos, os sintomas da dor
reduziram 89.5%. (May et al, 1996: 1149).
Existem muitos outros estudos clínicos sobre óleos essenciais que demonstraram sua
eficácia, notavelmente entre eles os estudos de Penoel. Juntamente com Franchomme,
Penoel, que tem estado na vanguarda de muitos dos experimentos e ensinos das várias
aplicações da aromatologia. O conceito total da aromaterapia tem sido aceito na Inglaterra
(e tem então significado a introdução da aromatologia) por Shirley Price. Houve muitos
outros no início dos anos 70, que introduziram alguns aspectos da aromaterapia, mas
somente Price continuou defendendo o uso holístico dos óleos essenciais. Tisserand,
recentemente, também tem defendido esta forma de uso dos óleos essenciais. (Tisserand,
1977: 319).
Na Grã Bretanha, por inúmeras razões, entre elas ignorância e apreensão, a
aromaterapia tem sido reduzida a uma fração de seu potencial. Não é mais do que
“massagem com cheiros” para muitas pessoas. Muitos argumentos têm sido apresentados
por alguns (e.g., Lis-Balchin, 1997) contra qualquer tipo de uso da aromatologia, chegando
até mesmo a alegar ser esta uma prática ilegal. Tais pessoas argumentam que o uso
interno dos óleos essenciais seja perigoso. Ao fazer isso eles demonstram a ignorância
com relação à terapia ao qual praticam. Óleos essenciais aplicados pela massagem são
absorvidos pelo corpo através da pele (enquanto o óleo carregador permanece largamente
sobre a superfície). Uma vez que o óleo tenha atravessado a pele, ele é rapidamente
absorvido pela corrente sanguínea e levado ao corpo inteiro. Então ao invés de conceituar
a aromatologia como se ela fosse um estudo completamente separado, seria melhor
aceitá-la como sendo parte da aromaterapia, sendo que não existem argumentos
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Valnet apresenta muitos estudos de casos em seu trabalho sobre aromaterapia, entre eles:
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Enquanto existe um consenso geral sobre segurança, existem deferentes pontos de
vista sobre os potenciais perigos de diferentes óleos (Tisserand et al, 1995, Price, 1995),
assim como há diferentes perspectivas sobre os uso dos próprios óleos.
Em qualquer treinamento há elementos que devem ser assimilados para propósitos de
ganhos de consciência. Os que foram treinados em aromatologia, podem ou não seguir os
diferentes modos de aplicações tópicas e internas que aprenderam. Entretanto o
treinamento em si já dá muito mais consciência e mais conhecimento sobre os óleos e
seus usos terapêuticos do que qualquer curso de aromaterapia em “Estilo Inglês” daria.
Pode ser possível que a cautela dos que defendem e querem preservar o “uso inglês”
da aromaterapia seja motivado por um instinto de sobrevivência. Porque o período de
estudo para um uso mais amplo da aromaterapia é maior e o curso é definitivamente muito
mais científico. A defesa da aromatologia não é uma defesa contra os que não tiveram um
estudo mais acadêmico sobre o assunto, mas que se interessam pelo assunto. Como com
qualquer outra disciplina, existem diferentes limiares, que permitem uma prática mais
ampla, cada nível com seus diferentes focos. A massagem continua a ser uma terapia
válida, mas não é a soma da aromaterapia. No momento presente, a política defendida
pelos vários grupos, que tentam promover seu uso em particular, ameaça apagar o
propósito de qualquer terapia, o qual seria beneficiar pessoas. Certamente, o único
propósito válido em qualquer terapia é o de ajudar as pessoas a redescobrirem a saúde e,
juntamente com isso, um senso de auto estima. Se a aromatologia tem alguma
contribuição positiva a ser feita como uma parte intrínsica da aromaterapia, então todos os
argumento contrários serão inválidos.
“BREVES COMENTÁRIOS: Como na Inglaterra e em várias outras partes do mundo,
incluindo o Brasil, ainda vemos a visão restritiva da utilização dos óleos essenciais dentro
da Aromaterapia. Apesar de há quase 10 anos estarmos travando uma batalha pioneira no
Brasil com o ensino da aromatologia dentro de parâmetros mais flexíveis de ensino (devido
a fatores econômicos, de tempo e culturais) ainda se vêem muitas pessoas com uma visão
restritiva do uso oral de óleos essenciais, incluindo muitos bons profissionais do meio. Algo
ainda muito complicado ainda presente no Brasil é o problema da desunião e
competitividade entre os profissionais. Sendo esta a área mais avançada da fitoterapia
para tratamento de doenças, e dado ao fato de estar crescendo mais e mais a cada dia o
número pesquisas feitas em Universidades e o reconhecimento do poder curativo dos
óleos essenciais, a visão futurista é de que esta nova terapêutica venha a se tornar um dos
sistemas mais eficazes e cientificamente reconhecidos dentro das chamadas “Terapias
complementares ou holísticas”. Fábián László
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sustentáveis que as separe de qualquer forma, sendo no uso da massagem ou de outras
formas. É conhecido que o uso irresponsável dos óleos internamente pode causar
irritações no estômago. Isso deve ser levado em conta. Entretanto, o uso irresponsável de
qualquer outro medicamento fará o mesmo. A aspirina, por exemplo, sabe-se que ela
exacerba úlceras estomacais, sendo que alguns ainda sugerem que a ela é uma causa das
úlceras. Então é por isso que aromaterapeutas (que praticam aromatologia) precisam ser
treinados com tanto rigor quanto qualquer médico. Existe um argumento em que a cirurgia
cerebral é perigosa e não deveria ser feita. Nem todos os médicos são competentes o
suficiente para realizar uma cirurgia cerebral. Mas um cirurgião bem treinado poderá
realizar tal operação com segurança e esperando obter um resultado positivo.
Similarmente, alguns óleos essenciais podem causar severas irritações cutâneas se
aplicados em largas quantidades, mas um terapeuta terá que ser bem treinado para saber
a química e os perigos de diferentes aplicações de um óleo em particular.
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Referências:
1. Drew, M J, Evans, B K, Rhodes, J. 1984 "Peppermint Oil for the Irritable Bowel Syndrome: A
Multicentre Trial." The British Journal of Clinical Practice (1984), 394-395.
2. Elsona, C E, Underbakke, G L, Hanson, P, Shrago, E, Wainberg, R H, Qureshi, A A.
1989 "Impact of Lemongrass Oil, an Essential Oil, on Serum Cholesterol." LIPDS (1989) 24(3), 677-679.
3. Franchomme, P, Penoel, D. 1996 L'aromatherapie exactement, Limoge: Roger Jollois.
5. May, B, Kuntz, H, Kieser, M, Kohler, S 1996 "Efficacy of a Fixed Peppermint Oil/Caraway Oil
Combination in Non-ulcer Dyspepsia." Arzneim-Forsch/Drug Res. (1996) 46(II), 1149-1153.
6. Penoel, D. 1992a "Sinusitis and Bronchitis." The International Journal of Aromatherapy (1992) 4(2), 2627. 1992b "Eucalyptus smithii Essential Oil and Its in Aromatic Medicine." British Journal of Phytotherapy
(1992) 2(4), 154-159.
7. Price. L 1995 Alpha To Omega: Constituents and Properties. Hinckley: SPA.
8. Price, S, Price, L. 1995 Aromatherapy for Health Professionals, Edinburgh: Churchill Livingstone.
9. Tisserand, R. 1977 The Art of Aromatherapy. Saffron Walden: Daniel.
10. Tisserand, R, Balacs, T. 1995 Essential Oil Safety: A guide for health care professionals. Edinburgh:
Churchill Livingstone.
11. Valnet, J. 1993 The Practice of Aromatherapy, Saffron Walden: Daniel.
12. Zarno, V. 1994 "Candidiasis: A Holistic View." The International Journal of Aromatherapy (1994) 6(2):
20-23.
13. Penny Price Academy: www.penny-price.com
14. [Breves comentários] Flégner, Fábián László - Guia de óleos essenciais de todo o mundo – Ed. Laszlo
(em prelo)
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©
4. Lis-Balchin, M. 1997 "Essential Oils and 'aromatherapy': their modern role in healing." Journal of the
Royal Society of Health (1997), 117(5): 324-329.
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