Cálculo dinâmico simplificado da carga térmica
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Cálculo dinâmico simplificado da carga térmica
estudosemdestaque por | Ruivo C. R. | Área Departamental de Engenharia Mecânica. Esc. Sup. Tecnologia da Univ. do Algarve. [email protected] Carlos Barrosa Responsável do mercado português Interessado em micro geração? “Albasolar conta com as melhores marcas e equipa humana para bem atender o instalador. Como responsável do mercado português sinto a necessidade de acompanhar os nossos clientes no processo de desenho e fornecimento das instalações fotovoltaicas, quer de ligação à rede ou isoladas”. Cálculo dinâmico simplificado da carga térmica associada à radiação solar através de vãos envidraçados Resumo A optimização de um qualquer espaço ou conjunto de espaços de um edifício de modo a que a climatização seja feito apenas com recursos a sistemas passivos exige a simulação dinâmica do seu comportamento térmico, nomeadamente a conversão do ganho de calor associado à radiação solar incidente nos vãos envidraçados em carga térmica. Neste trabalho apresenta-se uma metodologia simplificada para o cálculo dinâmico da carga térmica associados aos ganhos solares em vãos envidraçados. Esta metodologia é mais abrangente relativamente à metodologia clássica da ASHARAE (1989) porque pode ser aplicada a casos em que o factor solar do vão envidraçado seja variável e, com mais rigor, aos casos em que existe sombreamento variável sobre o vão envidraçado. Palavras-chave: Carga térmica solar, envidraçado, metodologia simplificada Introdução A carga térmica de um espaço consiste nas parcelas de calor sensível e latente que o sistema de climatização deve retirar ou fornecer ao ar ambiente para assegurar a manutenção da sua temperatura e da sua humidade relativa. A maior parte dos sistemas de ar condicionado não tem qualquer controlo de humidade relativa e apenas controlam a temperatura mínima no período de Inverno e a temperatura máxima no período de Verão. A carga térmica de um edifício varia significativamente ao longo do dia, devido principalmente ao efeito de natureza transiente da radiação solar que incide no edifício e também à inércia térmica do espaços do próprio edifício. O processo de acumulação de calor nas diversas envolventes do edifício conduz a que os ganhos de calor não se transformem na sua totalidade em carga térmica para o espaço. Por este facto, caso o efeito de inércia não seja tido em conta no cálculo da carga térmica corre-se o risco de os equipamentos de climatização ficarem bastante sobre-dimensionados. Por outro lado é importante tirar partido deste efeito em sistemas de climatização passiva. A determinação da carga térmica de uma zona de um edifício é um procedimento relativamente complexo quando se pre72 | Janeiro/Fevereiro climatização tende fazer uma análise rigorosa. Normalmente adoptam-se metodologias simplificadas, as quais se baseiam na realização do cálculo parcial da carga térmica associada a cada um dos ganhos de calor: (i) condução através das paredes, envidraçados, tecto, pavimento; (ii) radiação solar através dos envidraçados; (iii) ganhos internos devido à iluminação, pessoas, equipamento; (iv) infiltrações de ar/ventilação. Neste trabalho apresenta-se uma metodologia modificada para o cálculo dinâmico da carga térmica associados aos ganhos de calor em vão envidraçados. Esta metodologia alternativa continua a ser simplificada mas é mais abrangente relativamente à metodologia clássica indicada no manual da ASHRAE (1989) porque pode ser aplicada a casos em que o factor solar do vão envidraçado é variável no tempo e com mais rigor as casos em que existe sombreamento variável no tempo sobre o vão envidraçado. Metodologia de cálculo da carga térmica A metodologia simplificada da ASHRAE para calcular a carga térmica de arrefecimento em vãos consiste na decomposição do cálculo da carga em duas parcelas. A primeira parcela refere-se à componente da carga térmica associada ao ganho de calor que atravessa o envidraçado devido à diferença de temperatura dos ambientes exterior e interior. A segunda parcela refere-se à componente da carga térmica associada à radiação solar incidente e que se transmite para o interior do espaço. Este ganho de calor não se traduz imediatamente na sua totalidade em carga térmica. Para além da inércia térmica constata-se que esta componente da carga térmica depende também da hora do dia, mês, orientação, sombreamento exterior e interior e das características do vidro. A segunda parcela da carga térmica num envidraçado com área A e com coeficiente de sombreamento SC é calculada através de: Especializados na distribuição de equipamento fotovoltaico (1) em que SHGFmax corresponde ao ganho máximo de calor verificado através do vão envidraçado de referência e CLF designa o factor de carga de arrefecimento que engloba simultaneamente os efeitos da variação diária do ganho ALBASOLAR Avenida D. Joao I, 674 1º DT 4435-208 Rio Tinto Gondomar (Porto) [email protected] - www.albasolar.pt PORTUGAL l ESPAÑA l USA l FRANCIA estudosemdestaque 1º Fabricante Ibérico de calor e também da inércia térmica do espaço. Esta formulação não é aplicável aos casos em que o factor solar dos vãos envidraçado é variável e nos casos em que existe sombreamento também variável sobre os vãos envidraçados. Justifica-se assim o desenvolvimento de uma metodologia alternativa, ainda que simplificada , que permita fazer o cálculo dinâmico da carga térmica através de vão envidraçados, não só para o dimensionamento de sistemas activos de climatização e para a avaliação do consumo de energia bem como para o dimensionamento de sistemas passivos de climatização. A expressão de cálculo dinâmico da carga térmica devido à radiação solar incidente Irad num envidraçado com factor solar FS que é proposta neste trabalho é a seguinte: MÁQUINA IMPAR EM PORTUGAL Linha automática de fabrico de condutas com aros directamente incorporados, sem fugas, sem soldaduras, sem corrosão, melhor acabamento. (2) em que o parâmetro CLF aqui não assume o mesmo significado que assume na metodologia clássica expressa pela expressão (1) porque o valor da radiação incidente Irad é variável de hora para hora ao contrário da variável SHGFmax que independentemente da hora de cálculo assume sempre um valor fixo. Assim sendo, o significado do parâmetro CLF nesta metodologia alternativa será semelhante ao significado que assume na formulação do cálculo dinâmico, em base horária, da carga térmica devido a ganhos sensíveis internos ASHRAE (1989). A carga térmica associada a ganhos sensíveis internos é calculada com: Tubo SPIRO EUROAR até 2500 Ø espessura 0,50 a 2 mm (3) em que Pot é a potência associada à taxa de geração de calor no interior do espaço durante um período de tempo com início e fim conhecidos. O parâmetro CLF é o factor de carga de arrefecimento, o qual depende do tipo de ganho, da inércia térmica do espaço e também da duração e do início do período em que o ganho ocorre internamente. Das expressões (2) e (3) e por analogia com a decomposição dos ganhos internos em cargas térmica, o ganho de calor Pot associado à radiação solar é dado por: com uma potência Poti com uma duração de uma hora e com início à hora i. enquanto a carga térmica na hora j associada a todos os ganhos horários é calculada por: (4) Esta formulação do cálculo da carga térmica apresenta as mesmas dificuldades que surgem nos casos do cálculo da carga térmica associada aos ganhos internos com potência variável ao longo do dia pelo facto da radiação incidente variar e o factor solar do vão envidraçado também poder variar no tempo. No sentido de ultrapassar este obstáculo, o procedimento aqui proposto consiste em calcular o perfil horário da potência associada aos ganhos solares e tratar separadamente a conversão do ganho em cada hora na respectiva carga térmica correspondente. A carga térmica em cada hora corresponderá assim ao somatório das cargas térmicas de cada ganho horário, sendo cada ganho horário tratado como se fosse um ganho interno 74 | Janeiro/Fevereiro climatização 19º Aniversário (5) A carga térmica na hora j associada ao ganho Poti que ocorre na hora i é calculada por: (6) (7) A aplicação desta metodologia alternativa exige pois que se conheça o perfil de valores CLFj para cada tipo de inércia térmica do espaço e apenas para o caso particular em que o ganho seja gerado durante um período de uma hora. Tais perfis podem ser determinados experimentalmente ou numericamente através de modelação dinâmica detalhada do comportamento térmico dos espaços. Qualquer dos modos uma outra via que aparenta ser viável, ainda que aproximada, consiste em tentar gerar esse perfil a partir dos perfis de CLF que estão tabelados na ASHRAE (1989) para a ocupação, iluminação e equipamento. 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O cálculo da carga térmica é feito para um dia de Julho num local com 40ºN de latitude, considerando inércia térmica média para o espaço. O perfil da radiação incidente está representado na Tabela 1, bem como o perfil do factor solar considerado, o qual foi gerado tendo em conta a posição do dispositivo de sombreamento interior e o factor solar do vidro duplo (envidraçado sem dispositivo de sombreamento: FS=0.75; envidraçado com dispositivo de sombreamento: FS=0.47). Na Tabela 2 indica-se o perfil de CLFj que foi gerado a partir dos dados tabelados no manual da ASHRAE (1989). Na Tabela 3 apresentam-se os resultados da carga térmica obtidos com a presente metodologia. Tabela 1 - Valores de radiação incidente Irad,i (W m-2) e de factor solar FSi Hora i 1 2 3 4 5 6 7 8 Irad,i 0 0 0 0 0 63.3 190.9 327.8 FSi 0.75 0.75 0.75 0.75 0.75 0.75 0.47 0.47 Hora i 9 10 11 12 13 14 15 16 Irad,i 426.7 468.1 447.4 368 447.4 468.1 426.7 327.8 FSi 0.47 0.6 0.7 0.7 0.6 0.6 0.6 0.6 Hora i 17 18 19 20 21 22 23 24 Irad,i 190.9 63.3 0 0 0 0 0 0 FSi 0.6 0.47 0.47 0.47 0.47 0.47 0.47 0.47 Tabela 2 - Valores de CLFj para espaços com inércia térmica média Hora j 1 2 3 4 5 6 7 8 CLFj 0.580 0.032 0.020 0.020 0.019 0.019 0.019 0.019 Hora j 9 10 11 12 13 14 15 16 CLFj 0.019 0.019 0.019 0.019 0.019 0.019 0.019 0.019 Hora j 17 18 19 20 21 22 23 24 CLFj 0.019 0.019 0.017 0.012 0.012 0.012 0.012 0.012 Tabela 3 - Valores da carga térmica solar Q j (W) Hora j Q j Hora j Q j Hora j Q j 1 2 3 4 5 6 7 8 44.5 44.2 43.4 42.1 40.2 37.9 52.8 85.8 9 10 11 12 13 14 15 16 121.9 179.9 222.5 217.3 166.6 193.9 203.3 191.3 17 18 19 20 21 22 23 24 64.3 95.6 62.7 45.1 44.7 44.6 44.6 44.6 76 | Janeiro/Fevereiro climatização Conclusões Neste trabalho apresentou-se uma metodologia para o cálculo dinâmico da carga térmica associada aos ganhos solares em vãos envidraçados. A metodologia proposta é de fácil implementação em folha de cálculo EXCEL bem como em qualquer rotina de um código de cálculo. A principal vantagem relativamente à metodologia clássica da ASHRAE consiste no facto de poder ser aplicada quando o factor solar do vão envidraçado é variável e quando existe sombreamento variável sobre o vão envidraçado, aspectos de particular importância no dimensionamento e avaliação do consumo de energia de sistemas de climatização activa bem como na optimização de sistemas de climatização passiva quer na óptica do aquecimento quer na óptica do aquecimento ambiente. Qualquer dos modos, justifica-se desenvolver algum trabalho experimental e numérico com vista à determinação de perfis de CLFj para várias tipologias de espaços e várias tipologias de vãos envidraçados para depois serem utilizados de forma expedita em folhas de cálculo ou em rotinas de códigos de cálculo. Referências ASHRAE Handbook, Fundamentals Volume (1989), American Society of Heating, Refrigerating and Air-Conditioning Engineers, Inc. Atlanta, GA.