Referências bibliográficas - Rede Universitária de Telemedicina

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Referências bibliográficas - Rede Universitária de Telemedicina
Impactos da
Rede Universitária de Telemedicina
Ações de educação contínua, pesquisa colaborativa,
assistência, gestão e avaliação remota
Fase I 2006/2009
Luiz Ary Messina
José Luiz Ribeiro Filho
editores
Rio de Janeiro, 2013
© Editores Luiz Ary Messina e José Luiz Ribeiro Filho/E-papers Serviços Editoriais
Ltda., 2013.
Todos os direitos reservados aos editores Luiz Ary Messina e José Luiz Ribeiro
Filho/E-papers Serviços Editoriais Ltda. É proibida a reprodução ou transmissão
desta obra, ou parte dela, por qualquer meio, sem a prévia autorização dos editores.
Impresso no Brasil.
ISBN 978-85-7650-371-2
Projeto gráfico, diagramação e capa
Juliana Jesus
Revisão
Elisa Sankuevitz
Produção Editorial
Thaís Garcez
Esta publicação encontra-se à venda no site da
E-papers Serviços Editoriais.
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I31
Impactos da rede universitária de telemedicina: ações de educação
contínua, pesquisa colaborativa e assistência remota: Fase I (2006-2009)/
organização Luiz Ary Messina, José Luiz Ribeiro Filho. - 1. ed. - Rio de
Janeiro: E-papers, 2013.
332 p.: il.; 23 cm
Inclui bibliografia
Anexos
ISBN 978-85-7650-371-2
1. Serviços de saúde - Brasil - Administração. 2. Hospitais - Serviços de
emergência. I. Messina, Luiz Ary. II. Ribeiro Filho, José Luiz.
13-01442
CDD: 362.11
CDU: 616-001
Sumário
Prefácio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Capítulo 1
A Rede Universitária de Telemedicina – RUTE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Parte I
Implantação e Operação das unidades da RUTE nos hospitais
universitários e de ensino . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
Capítulo 2
Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG):
a repercussão no sistema público de saúde de Minas Gerais . . . . . . . . . . . . 39
Capítulo 3
Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP):
Proposta, Desenvolvimento, Desafios e Perspectivas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
Capítulo 4
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP):
A Telemedicina e a Educação Interativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
Capítulo 5
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
Capítulo 6
Hospital Universitário Professor Alberto Nunes
da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
Capítulo 7
Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e
Universidade Estadual do Amazonas (UEA): Telessaúde na Amazônia . . . 78
Capítulo 8
Universidade Federal da Bahia (UFBA) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
Capítulo 9
Universidade Federal do Ceará (UFC) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
Capítulo 10
Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (HUCAM)
da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
Capítulo 11
Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) . . . 109
Capítulo 12
Hospital Universitário Lauro Wanderley
da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
Capítulo 13
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE):
A experiência do Núcleo de Telessaúde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128
Capítulo 14
Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR):
Sistema de Telemedicina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 154
Capítulo 15
Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC):
Telemedicina e Telessaúde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 158
Capítulo 16
Hospital Universitário – Hospital São Paulo (HU-USP)
da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 172
Capítulo 17
Universidade de São Paulo (USP – Cidade Universitária) . . . . . . . . . . . . . . . 183
Capítulo 18
Instituto Dante Pazzanese . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 187
Capítulo 19
Fiocruz: caminhos para incorporação institucional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 194
Capítulo 20
Santa Casa de Porto Alegre: Experiência em Telemedicina . . . . . . . . . . . . . 204
Parte II
O desenvolvimento de Grupos de Interesse Especial (Special Interest
Groups – SIGs) na Rede Universitária de Telemedicina (RUTE) . . . . . . . . . . 211
Capítulo 21
Os SIGs no contexto da Experiência Brasileira de Telessaúde: Telessaúde
Brasil, Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS), Rede Universitária de
Telemedicina (RUTE)/ Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) . . . . . . . 213
Capítulo 22
SIG-APS: O desafio de fortalecer a Atenção Primária no Brasil . . . . . . . . . . 225
Capítulo 23
SIG Tel@ rBLH: Conectividade em busca de conhecimento . . . . . . . . . . . . . 235
Capítulo 24
SIG em Educação Médica: Atividades, Impactos, usos e perspectivas . . . 241
Capítulo 25
SIG Endoped: Relato de experiências em Endocrinologia Pediátrica . . . . 247
Capítulo 26
SIG Odontologia: Diagnóstico Bucal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 254
Capítulo 27
SIG Oftalmologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 264
Capítulo 28
SIG do Abdome . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 267
Capítulo 29
SIG Ressuscitação Cardiopulmonar: Origem, evolução e perspectivas . . . 270
Capítulo 30
SIG Saúde Bucal Coletiva: Compartilhando o exercício colaborativo
de produzir inteligência coletiva na área . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 275
Capítulo 31
SIG Crianças e Adolescentes Saúde & Medicina:
Atividades, impactos, usos e perspectivas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 282
Capítulo 32
SIG Saúde Indígena . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 290
Capítulo 33
SIG Urologia: Medicina, Pesquisa e Tecnologias Emergentes . . . . . . . . . . . 298
Capítulo 34
SIG Teleodontologia:
Mobilização de uma nova rede de conhecimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 303
Parte III
Colaboração Internacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 311
Capítulo 35
A expansão da RUTE às redes colaborativas internacionais . . . . . . . . . . . . .313
Anexo I
Processo de homologação de ambientes de colaboração
por videoconferência e seu impacto sobre a RUTE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 319
Anexo II
Lista de Membros RUTE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 327
Anexo III
Lista de SIGs (Special Interest Groups) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 332
Sobre os editores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 334
Prefácio
O “O Impacto da Rede Universitária de Telemedicina – Fase I 2006/2009 –
em ações de educação contínua, pesquisa colaborativa, assistência, gestão
e avaliação remota” é uma publicação elaborada por mais de 140 autores e
colaboradores que nos mostra, de forma minuciosa, como foi o processo de
implantação de um programa de indução para a adoção das tecnologias da
informação de ponta, visando melhoria das condições de comunicação na
área da saúde.
Este programa de indução, a Rede Universitária de Telemedicina (RUTE), é
uma iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), coordenada pela Rede Nacional de Educação e Pesquisa (RNP), que teve início
com a implantação da infraestrutura necessária para a instalação de salas,
núcleos ou laboratórios de telemedicina em Universidades públicas e seus
Hospitais Universitários (HUs) e de ensino, que passam a sustentar a colaboração entre os parceiros, por meio de vídeo e webconferência, com palestras, educação permanente, Segunda Opinião Formativa e teleconsultas.
O sucesso do projeto se evidencia pela explosão de grupos de interesse especial (SIGs) acessando, intercambiando informações de caráter educativo, de
diagnóstico e de tratamento. Esta publicação nos traz os 50 SIGs que estão
em operação atualmente, as instituições que coordenam as atividades, e as
instituições participantes.
A obra é dividida em três partes: Implantação e operação das unidades da
RUTE nos hospitais universitários e de ensino; O desenvolvimento de Grupos de Interesse Especial (Special Interest Groups – SIGs) na Rede Universitária de Telemedicina (RUTE) e; Colaboração Internacional. No total são
35 capítulos que nos apresentam, desde a visão macro do processo até o
detalhamento da criação e atuação de alguns dos núcleos de Telemedicina
e Telessaúde pertencentes à RUTE, bem como de SIGs extremamente importantes para impulsionar o projeto, além da intersecção dos grupos no
contexto da Experiência Brasileira de Telessaúde: Telessaúde Brasil Redes e
da Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS)
A RUTE é o resultado de inúmeras cabeças pensantes que contribuíram em
todas as fases do processo e continuam somando novas ideias. Começou
com 19 membros e possui nos dias de hoje, 78 núcleos atuantes!
É preciso ressaltar, no entanto, que grandes projetos tem grandes e competentes líderes, e certamente este teve um que foi capaz de catalisar o processo de implementação em todas as suas fases, o Prof. Dr. Luiz Ary Messina, a
quem presto a minha homenagem. O engenheiro eletrônico Luiz Ary Messina possui 37 anos de experiência em computação e é, desde 2006, Coordenador Nacional da Rede Universitária de Telemedicina (RUTE), da Rede
Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP).
Daniel Sigulem
Professor Titular Aposentado do Departamento de Informática
em Saúde da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP
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Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Apresentação
Projeto coordenado pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) e integrado ao programa Telessaúde Brasil Redes, a Rede Universitária de Telemedicina (RUTE) é uma iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil, apoiada pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), pela
Associação Brasileira de Hospitais Universitários (Abrahue) e pela Empresa
Brasileira de Serviços Hospitalares S.A. (EBSERH).
Entre outros objetivos, a RUTE integra todos os hospitais públicos universitários e de ensino, cria formalmente núcleos de Telemedicina, apoia a
realização de videoconferências, análise de diagnósticos, segunda opinião
continuada e educação permanente, e webconferência, na infraestrutura de
comunicação da RNP.
O fomento a essas ações possibilita o desenvolvimento da educação e da
pesquisa, além de facilitar a atenção à saúde no País. E, ao mesmo tempo
em que permite novos processos de educação permanente a distância e assistência remota especializada, a prática em rede facilita a integração de especialistas, profissionais de saúde, residentes e estudantes na discussão de
novas metodologias de tratamento e procedimentos a serem adotados.
Atualmente a RUTE possui 78 núcleos criados, inaugurados e em plena operação em todos os estados do Brasil. Por estar na linha de frente nessa atuação, recebeu qualificação de melhor prática em Telemedicina pelo Banco
Interamericano de Desenvolvimento (BID), Organização Pan-Americana da
Saúde (OPAS) e Comissão Econômica para América Latina e Caribe (CEPAL),
em 2012.
A pesquisa colaborativa e o ensino permanente, por exemplo, utilizam-se
da conexão para integrar os 50 Grupos de Interesse Especial (Special Interest
Groups – SIGs) que a RUTE possui em plena operação, em várias especialidades e subespecialidades da saúde. São realizadas de 50 a 60 sessões científicas virtuais mensais de pesquisa colaborativa, com a participação de cerca
de 310 instituições, inclusive algumas da América Latina. Em 2012, foram
realizadas cerca de 600 sessões por ano de vídeo e webconferências; em média duas a três sessões científicas e/ou práticas diárias.
Os depoimentos transcritos neste volume demonstram os avanços realizados pelos primeiros 19 hospitais universitários e de ensino na implantação
de seus núcleos; nas inovações em produtos, procedimentos e processos
anteriormente impossíveis; nas dificuldades técnicas, organizacionais e gerenciais; e na criação de uma rede científica, que permite a integração dos
núcleos de conhecimentos e de suas aplicações entre as instituições participantes atuantes e aderentes da rede. A grande maioria desses hospitais
possui hoje conexão acima de 1 Gbps.
Hoje, além da RUTE, estão em andamento dois projetos importantes e de
abrangência nacional: O Programa Nacional de Telessaúde Aplicado à Atenção Primária, o Telessaúde Brasil Redes (www.telessaudebrasil.org.br), e a
Universidade Aberta do Sistema Único de Saúde (UNASUS) (www.universidadeabertadosus.org.br), ambos com recursos do Ministério da Saúde.
A aplicação de ações estratégicas e prioritárias do Ministério da Ciência,
Tecnologia e Inovação, Ministério da Educação e Ministério da Saúde nos
núcleos de Telemedicina e Telessaúde, apoiada na capacidade científica das
instituições de ensino e pesquisa, contribui de forma sustentável para o desenvolvimento de atividades nacionais, para o acompanhamento internacional e para a liderança na América Latina. Em parceria com instituições de
saúde municipais, estaduais, nacionais e internacionais, são desenvolvidos
projetos colaborativos de pesquisa, inovação, desenvolvimento, planejamento, gestão, avaliação, educação e assistência.
Enfim, os avanços facilitados por tais ações em redes de alto desempenho
criam uma nova etapa na integração e na consolidação das atividades de prevenção, atenção e cuidados especiais promovidos entre instituições de ensino e pesquisa e instituições demandantes, que permitirá cada vez mais uma
abordagem centrada na necessidade do profissional de saúde e do paciente.
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Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Capítulo 1
A Rede Universitária de Telemedicina – RUTE
Nelson Simões, Wilson Coury, José Luiz Ribeiro,
Gorgônio Araújo, Daniel Caetano, Luiz Ary MessinaColaboraram:
Vanessa Macedo, Max Moraes,
Thiago Lima Verde e Viviane Rosalem
Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP)
A Rede Universitária de Telemedicina (RUTE) é um projeto coordenado pela
Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) e integrado ao programa Telessaúde Brasil Redes. Com os resultados alcançados, a iniciativa é considerada
a maior do mundo: atualmente a rede abrange hoje 150 Hospitais Universitários e de Ensino e contempla 78 Núcleos de Telemedicina e Telessaúde,
inaugurados e em plena operação, localizados por todo o Brasil.
A rede também possui 50 Grupos de Interesse Especial em várias especialidades e subespecialidades da saúde em plena operação com 600 sessões por
ano de vídeo e webconferências gravadas e disponibilizadas no ICD-RUTE
(Intercâmbio de Conteúdo Digital). Isso representa uma média diária de
duas a três sessões científicas com a participação de cerca de 300 instituições, inclusive algumas da América Latina.
A rede está integrada ao Programa Telessaúde Brasil Redes, uma iniciativa
do Ministério da Saúde que busca melhorar a qualidade do atendimento e
da atenção básica no Sistema Único da Saúde (SUS), integrando ensino e
serviço por meio de ferramentas de tecnologias da informação para promover a Teleassistência e a Teleducação.
Os núcleos de Telessaúde e Telemedicina são dotados de equipamentos de
ponta para comunicação em tempo real e são conectados à infraestrutura
de rede de alto desempenho operada pela RNP. Atualmente, o Programa Telessaúde está presente em 14 estados, atendem a cerca de 10 mil equipes do
Programa Saúde da Família, 30 mil profissionais e 2.874 pontos em mais de
1.000 municípios brasileiros.
Em 2012, ambas iniciativas, Telessaúde Brasil Redes e RUTE, receberam a
qualificação de melhor prática em Telemedicina pelo Banco Interamericano
de Desenvolvimento (BID), Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e
Comissão Econômica para América Latina e Caribe (CEPAL).
Introdução
A missão da RNP é promover o uso inovador de redes avançadas no Brasil.
Além de fornecer conectividade, a RNP viabiliza a interação entre pessoas
e recursos postos à distância, possibilitando o desenvolvimento de novas
aplicações e protocolos de redes, com grandes benefícios para o público em
áreas como educação, cultura e saúde.
Hoje, a RNP desempenha papel essencial para a promoção de novos ciclos
de desenvolvimento em Internet no Brasil, constituindo-se em uma instituição com competência nas áreas de engenharia de redes (desenvolvimento,
projeto, implantação, operação, segurança, suporte, serviços, consultoria),
gestão da informação e computação.
Como organização, a RNP quer consolidar sua liderança em redes avançadas, conquistada nos mais de 10 anos de história da rede acadêmica. A área
de saúde tem demonstrado o maior interesse, praticidade e aplicabilidade.
A Rede Universitária de Telemedicina (RUTE) é uma iniciativa que tem como
objetivos principais aprimorar a infraestrutura de comunicação para Telessaúde presente nos hospitais universitários, nos hospitais certificados de ensino e nas instituições de saúde; criar formalmente núcleos de Telemedicina
e Telessaúde; e promover a integração dos projetos existentes nesta área.
A RUTE é uma iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
(MCTI) e utiliza recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), sob a
coordenação da RNP e com o apoio da Associação Brasileira de Hospitais Universitários e de Ensino (ABRAHUE) e do Conselho Federal de Medicina (CFM).
A RUTE contribui tanto para a melhoria na qualificação dos profissionais,
através do desenvolvimento de inovações na área de educação em saúde,
quanto no atendimento aos pacientes, por meio de diagnósticos a distância
e pedidos de Segunda Opinião Formativa. A infraestrutura tecnológica e de
comunicação fornecida aos núcleos nos Hospitais Universitários e de Ensino tem impacto na pesquisa colaborativa entre seus participantes e parceiros, contribuindo na melhoria na qualidade dos processos de diagnóstico e
no estudo de formas de avaliação do atendimento médico.
Destacam-se os seguintes componentes da situação institucional da Telemedicina e da Telessaúde no Brasil:
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Integração, em 2006, de iniciativas federais nos Ministérios da Saúde, C&T, Educação, Comunicação e Defesa.
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
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Criação da RUTE – Rede Universitária de Telemedicina: início em janeiro 2006 com 19 Hospitais Universitários (HUs) e de ensino; em
2007, mais 38 instituições, incluindo todos os HUs nas universidades
federais e implantação de núcleos em Instituição Federal de Ensino Superior (IFES) ainda sem HUs; em 2008, mais 26 instituições de
saúde passam a fazer parte da rede por meio de um convênio RNP
com o Telessaúde Brasil do Ministério da Saúde; em 2009, mais 75
instituições, incluindo todos os hospitais públicos certificados de
ensino. Em 2010, 150 instituições fazem parte da RUTE (listados nos
quadros apensos neste artigo).
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Portaria n. 561, de 16 de março de 2006, institui no âmbito do Ministério da Saúde a Comissão Permanente de Telessaúde, Subgrupos de
Conteúdo, Infraestrutura e Projetos, Reembolso, Padrões.
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Portaria n. 35, de 1 de janeiro de 2007, institui no âmbito do Ministério da Saúde o Programa Nacional de Telessaúde na Atenção Primária, com 9 núcleos/estados (UFRGS, UFSC, USP, UERJ, UFMG, UFG,
UFPE, UFC, UEA) e 900 pontos remotos.
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A Portaria n. 402, de 24 de fevereiro de 2010 institui, em âmbito nacional, o Programa Telessaúde Brasil para apoio à Estratégia de Saúde da Família no Sistema Único de Saúde, e o Programa Nacional de
Bolsas do Telessaúde Brasil e dá outras providências.
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A Portaria GM/MS n. 2.546, de 27/10/2011, redefine e amplia o Programa Telessaúde Brasil, que passa a ser denominado Programa Nacional Telessaúde Brasil Redes (Telessaúde Brasil Redes). Esse programa tem por objetivo apoiar a consolidação das Redes de Atenção
à Saúde ordenadas pela Atenção Básica no âmbito do Sistema Único
de Saúde (SUS). Revoga a Portaria GM/MS n. 402/2010.
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A Portaria n. 2.554 de 28/10/2011, institui no Programa de Requalificação Unidades Básicas de Saúde, o Componente de Informatização
e Telessaúde Brasil Redes na Atenção Básica, integrado ao Programa
Nacional de Telessaúde Brasil Redes.
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Criação da Câmara de Telemedicina do Conselho Federal de Medicina.
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Intercâmbio de Experiências em Telessaúde na América Latina, EUA
e Europa.
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Laboratório de Excelência e Inovação em Telessaúde em Belo Horizonte.
Capítulo  1. A Rede Universitária de Telemedicina – RUTE13
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Polo de Telemedicina e Telessaúde da Amazônia, e Projeto Rondon
de Telessaúde.
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Acordo Internacional Internet2 e RNP, no desenvolvimento da próxima geração de tecnologias e aplicações Internet, Telemedicina e
Telessaúde, RUTE e US Health Sciences, outubro de 2007.
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Protocolos Regionais de Políticas Públicas para Telessaúde na América Latina, projeto aprovado no Banco Internacional de Desenvolvimento (BID) em 2008 e assinado em 30/10/2009 pelo BID, pela
agência coordenadora do projeto, a Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (FUNDEP), e anunciado formalmente no Conselho
Brasileiro de Telemedicina e Telessaúde em 09/12/2009, com início
efetivo e participação dos seis Ministérios de Saúde da América Latina, FUNDEP, RNP e o BID, em videoconferência no dia 26/04/2010.
Atualmente são 12 Ministérios da Saúde com compromisso firmado:
Brasil, México, Colômbia, Equador, Uruguai, El Salvador, Argentina,
Chile, Venezuela, Guatemala, Peru e Costa Rica. A Organização Panamericana de Saúde (OPAS) e a Comissão Econômica para América
Latina e Caribe (CEPAL) têm apoiado o projeto.
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Operação de 50 Grupos de Interesse Especial (SIGs) em Saúde (listados nos quadros apensos neste artigo).
A RUTE implanta a infraestrutura de comunicação nos hospitais universitários e de ensino nas maiores cidades do País, beneficiando a criação de
núcleos de Telemedicina e Telessaúde, com investimento em equipamentos,
conexão e adequação de ambientes. O objetivo do projeto é permitir a todos os hospitais participantes usarem a rede RNP para operar aplicações de
Telemedicina e Telessaúde, incluindo vídeo e webconferência, para troca de
informações, palestras, educação permanente, Segunda Opinião Formativa
e teleconsulta; formando a base para a colaboração entre hospitais, centros
de atendimento e os capacitando à colaboração remota.
Produtos e processos na área da Saúde
Os objetivos são:
1. Implantar a infraestrutura para interconexão das Unidades de Faculdades, Hospitais Universitários e de Ensino das diferentes regiões do
14
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
País, permitindo a comunicação e a colaboração entre instituições
de ensino e pesquisa nacionais e internacionais.
2. Melhorar o atendimento das populações das regiões mais carentes
e sem atendimento médico especializado, através dos benefícios resultantes do intercâmbio de conhecimentos médicos especializados.
Os seguintes procedimentos foram implantados para estruturar a metodologia operacional na RUTE:
1. Criação da infraestrutura organizacional e tecnológica: coordenação nacional, comitê assessor composto por especialistas das maiores instituições de ensino e pesquisa do País, grupos de interesse em
áreas específicas da saúde, equipes de execução, manutenção, comunicação e operação da rede nacional e local nos núcleos de Telemedicina e Telessaúde.
2. O Comitê Assessor recomenda os procedimentos para o uso inovador da Rede Universitária de Telemedicina.
3. Cada instituição-membro (RUTE) apresenta seu projeto de Telessaúde, cria formalmente seu Núcleo de Telemedicina e Telessaúde,
com área física e equipe dedicada.
4. As instituições propõem, criam e coordenam Grupos de Interesse Especial, (SIGs, sigla em inglês), que promovem o desenvolvimento de
atividades colaborativas em especialidades e subespecialidades da
saúde, assim como temas específicos da Telemedicina e da Telessaúde.
5. Organiza workshops para estimular a compreensão de todos no trabalho colaborativo de integração nacional em ensino, pesquisa e na
melhoria do atendimento de saúde à população.
Para garantir a eficiência da rede, foram desenvolvidos serviços essenciais
para uma rede universitária de Telemedicina, com as seguintes funções:
1. Viabilizar a infraestrutura de comunicação.
2. Garantir a qualidade de serviço e a integração.
3. Estimular pesquisas colaborativas, cursos de formação interinstitucionais e assistência médica.
4. Envolver os principais atores: governo, academia e empresa.
5. Fornecer indicadores para avaliação dos serviços.
Capítulo  1. A Rede Universitária de Telemedicina – RUTE15
6. Estruturar e apoiar grupos de interesse nas especialidades da Saúde.
Outros fatores que garantem a demanda e a sustentabilidade das atividades são:
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Os profissionais de saúde vêm se tornando crescentemente criativos
na aplicação e no desenvolvimento de novas TICs em Telessaúde.
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A maioria dos profissionais de saúde será afetada no uso da Telessaúde na pesquisa, no ensino, na gestão, no diagnóstico e no tratamento de saúde.
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A introdução de disciplinas de Informática em Saúde, Telemedicina, Telessaúde e Biotecnologia nas Faculdades de Saúde fortalecerá
todo o sistema de saúde.
A RUTE viabiliza a seguinte infraestrutura em cada Hospital Público Universitário e Certificado de Ensino, e instituições de Saúde selecionadas pelo
Ministério da Saúde:
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Conexão a 1 Gbps nas cidades com a Redecomep (Redes Comunitária de Educação e Pesquisa).
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Criação formal do Núcleo de Telemedicina e Telessaúde.
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Adequação da Sala de Videoconferência, Teleconsulta e Telediagnóstico.
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Homologação de Salas de Videoconferência.
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Capacitação em TICs e Videoconferência.
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Criação e manutenção de Grupos de Interesse Especial (SIGs).
A RNP aplicou inicialmente recursos na infraestrutura nacional de comunicação para interligação das Universidades e Institutos de Pesquisas Públicas
em área metropolitana. Através das Redes Comunitárias de Educação e Pesquisa, o Programa Redecomep integra em redes de fibras óticas instituições
de E&P nas capitais e principais cidades brasileiras do interior.
O recurso aplicado na integração das instituições de saúde, através da RUTE
pelo MCTI em sua integração com o Telessaúde Brasil do Ministério da Saúde, permite o início da criação da rede da comunidade pública de Educação
e Pesquisa em saúde no Brasil.
O Programa Redecomep implanta infraestrutura de comunicação nas 27 capitais brasileiras por meio de seus PoPs (Pontos de Presença). O objetivo do
projeto é conectar as principais universidades públicas e centros de pesqui-
16
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
sa no País, com fibra ótica gerenciada por um consórcio local formado por
estas instituições e a RNP. Entretanto, a participação de governos estaduais e
municipais nas redes de Ensino e Pesquisa vem expandindo as possibilidades incluindo no consórcio, escolas e postos de atendimento de saúde das
redes públicas. Neste sentido, o MCT definiu outras 14 cidades localizadas
fora das capitais de estados, que servem de base para que outras cidades
estabeleçam consórcios no sentido de implantarem redes de ensino e pesquisa em seus municípios. Os critérios para implantação destas redes por
parte do MCTI, são:
ƒƒ
Existência de pelo menos duas instituições de ensino superior e pesquisa qualificadas como primárias pelo programa interministerial
MEC/MCT de apoio à RNP.
ƒƒ
Parceria com a prefeitura local para assegurar a sustentabilidade da
rede, oferecendo em contrapartida o direito de uso de dois pares de
fibras apagadas.
ƒƒ
Parceria com o governo estadual para ampliar a capacidade das conexões de longa distância entre o PoP da RNP no estado e a cidade
que receber a rede metropolitana no interior.
Neste sentido, é fundamental a articulação com as secretarias estaduais de
Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I), com o propósito de se acordar uma
política de parceria com os estados para a realização de investimentos conjuntos na ampliação do modelo para outras cidades.
A capacidade inicial disponível para as instituições usuárias nas redes
metropolitanas é de, no mínimo, 1Gbps baseado na tecnologia de Gigabit
Ethernet. Estas redes metropolitanas estão sendo instaladas e espera-se plena operação nas capitais em 2014 (Figura 1).
Capítulo  1. A Rede Universitária de Telemedicina – RUTE17
Figura 1 – Redes Comunitárias de Ensino e Pesquisa, 1Gbps, Brasil.
Redecomep
RR
RedeBV
AP
Rede Metropolitana
de Macapá
Rede Metropolitana de Castanhal
MetroBel
Rede Metropolitana de Altamira
AM
MetroMAO
Rede Metropolitana
de São Luís
PA
MA
GigaFOR
CE
Rede Poti
PI
AC
RO
RBMetroNet
RN
MetroCG
PE
SE
MetroTins
Redecomep-DF
MG
Rede Metropolitana de Uberlândia
Rede Metropolitana de Uberaba
MetroGyn
MS
Redecomep-BH ES
Rede Metropolitana
de Campo Grande
MetroVix
RJ
SP
FASE 1
Redes inauguradas
Redes operacionais até o final de 2013
MetroSampa
PR
Rede VASF
Remessa
DF
GO
ICONE
RAAVE
MetroAju
BA
MT
Pantaneira
GigaNatal
PB
AL
TO
Rede Metropolitana
de Porto Velho
Rede Metropolitana de Marabá
Rede Metropolitana de Santarém
Rede Metropolitana
de Curitiba
Rede Metropolitana
do Rio de Janeiro
Rede Inconf.Edu
Rede Metropolitana de São Carlos
Rede Metropolitana de Itajubá
Rede Metropolitana de Campinas
Rede Metropolitana de Petrópolis
Metronit
SC
FASE 2
Redes inauguradas
Redes operacionais até o final de 2013
REMEP-FLN
RS
MetroPOA
Recop
Redecomep em números
fase 1
305 instituições
63 instituições
27 redes
1.650 km
R$ 40 milhões
CONSORCIADAS
DE COBERTURA
EM INVESTIMENTOS
fase 2
PARCEIRAS
103 instituições
CONSORCIADAS
14 redes
330 km
R$ 10 milhões
DE COBERTURA
EM INVESTIMENTOS
Em 2010, a rede Ipê passou por um grande salto qualitativo, atingindo a capacidade agregada de 233,2 Gbps, um aumento de 280% em relação à capacidade agregada anterior. Nesta nova rede, que é a sexta geração do backbone operado pela RNP, as velocidades multigigabits (acima de 1 Gbps)
estão disponíveis para 25 dos 27 PoPs. A ampliação foi resultado de acordo
18
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
de cooperação com a empresa de telecomunicações Oi, que proverá à RNP
infraestrutura de transmissão em fibras ópticas para uso não comercial e
participará de projetos de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) de interesse
comum. http://www.rnp.br/backbone/index.php (Figura 2). Alguns dados:
cerca de 3, 5 milhões de usuários / Entre as 10 redes acadêmicas com maior
capacidade do mundo / 30 enlaces multigigabits / Mais de 300 campi conectados a partir de 1 Gbps / Mais de 800 instituições conectadas / 27.500
grupos de pesquisa beneficiados.
Na primeira fase da RUTE, que teve início em 2006, 19 instituições foram
beneficiadas. Com a expansão da rede, anunciada em agosto de 2007, o número total de instituições beneficiadas e participantes passou para 57, distribuídas em todos os estados do Brasil. Ainda em 2007, em parceria da RNP
com o Ministério da Saúde e o Programa Nacional de Telessaúde Aplicado
à Atenção Básica, 26 novos pontos de Telessaúde Brasil Redes e da RUTE
foram implantados nos 17 estados, complementares aos nove estados do
Protótipo do Telessaúde Brasil.
Figura 2 – RNP, Backbone, Brasil.
Capítulo  1. A Rede Universitária de Telemedicina – RUTE19
Em junho de 2009 foi lançada a terceira fase da RUTE, com a adesão de 60
hospitais públicos certificados de ensino (pela comissão bipartite Ministério da Educação e Ministério da Saúde) e 15 instituições da esfera administrativa federal. Hoje, portanto, considerando-se inclusive a existência de alguns núcleos de médio e grande porte (entre 10 e 50 pessoas) operacionais
em faculdades de medicina e hospitais universitários, o projeto abrange 150
instituições, que estão sendo equipadas e treinadas para conectarem-se entre si e com outras iniciativas de Telessaúde no Brasil e no mundo.
Atualmente 78 núcleos de Telemedicina e Telessaúde RUTE foram inaugurados em hospitais universitários, certificados e instituições de Saúde nas
cinco regiões brasileiras: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul.
Um bom exemplo da integração entre as iniciativas de Telessaúde promovida pela RUTE e que facilita e estimula o avanço das Pesquisas Colaborativas
são os chamados Grupos de Interesse Especial (SIGs, sigla em inglês).
Nestes grupos, que são criados e coordenados por instituições integrantes da RUTE, profissionais de saúde montam uma agenda de vídeo ou
webconferências para debater temas específicos. Estas reuniões, cuja periodicidade é definida pelo próprio grupo, podem ser voltadas ao ensino (através
de aulas à distância), à pesquisa (por meio de debates e discussões de caso),
ou ainda ao atendimento à distância (em pedidos de segunda opinião), conforme definição da Telemedicina do Conselho Federal de Medicina.
Atualmente, já são 50 SIGs, que atuam em áreas como Audiologia, Enfermagem, Cardiologia, Psiquiatria, Oftalmologia, Saúde de Crianças e Adolescentes, Radiologia Pediátrica, Abdome, Neurológica entre outras. O número de
institutos participantes nas reuniões periódicas destes grupos já ultrapassa
os 300, incluindo membros RUTE e outras instituições. Com o lançamento
da fase 3 da RUTE, a tendência é que o número de participantes nos SIGs
aumente ainda mais, assim como a diversificação dos temas estudados.
Os 50 SIGs que estão em plena operação, são coordenados pelas instituições
e especialistas membros da RUTE, com agendas de sessões de vídeo e/ou
webconferências mensais, quinzenais ou semanais: Animais Peçonhentos,
Atenção Primária à Saúde, Audiologia, Bucomaxilofacial, Cardiologia Pediátrica, Colaborativo em Educação Médica, Endocrinologia Pediátrica, Endometriose, Enfermagem em Oncologia, Enfermagem Intensiva e de Alta Complexidade, Ear Nose and Throat (ENT), Fonoaudiologia, Gestão de Hospitais
Universitários e Escola, Gestão de Programa de Atenção Básica e Saúde da
Família, Mastologia, Neurorradiologia, Oftalmo, Onco-Ginecologia, Padrões
20
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
para Telemedicina e Informática em Saúde, Patologia Cervical Uterina, Perinatologia, Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PDI), Política, Planejamento e Assistência em DST-Aids, Radiologia do Abdome, Radiologia e
Diagnóstico por Imagem em Abdome e Tórax, Radiologia Pediátrica, Rede
Nacional de Pesquisa Clínica (RNPC), Ressucitação Cardiopulmonar (RCP),
Saúde de Crianças e Adolescentes, Saúde Indígena, Serviços de Enfermagem
dos HUs, Ténico Operacional RUTE, Telecoloproctologia, Teledermato, Telenfermagem, Saúde Mental, Telepsiquiatria, Telerede BLH, Urologia e Urologia Pediátrica. Veja lista completa dos SIGs no anexo.
Deste total de SIGs, três deles chamaram a atenção dos Ministérios da Saúde, Educação e Planejamento, que coordenam em parceria com HUs, respectivamente, os seguintes: Cuidados Farmacéuticos, Residência Multiprofissional em Saúde e Saúde do Servidor Público. Em 2012, foram 600 sessões
de vídeo e webconferências gravadas e disponibilizadas no ICD-RUTE (Intercâmbio de Conteúdo Digital – RUTE).
Figura 3 – Transmissão de cirurgia NOTES (colecistectomia transvaginal)
na ISCMPA pelo Prof. Dr. Luiz Alberto de Carli em 30/09/2008.
Houve um crescimento de 137% de participação de instituições nos grupos,
no período em 2009, passando de 89 para 211 instituições participantes das
sessões de vídeo ou webconferência. Em alguns grupos houve participação
de até 400 pessoas remotas em sessões de Enfermagem Intensiva. Houve
também um crescimento de 157% no número de instituições parceiras de
membros RUTE de 21 para 54. Atualmente, o crescimento encontra-se na
faixa de 40% ao ano.
A RUTE tem servido de exemplo de inovação em colaboração científica,
possibilitando o desenvolvimento dos núcleos nos hospitais universitários
Capítulo  1. A Rede Universitária de Telemedicina – RUTE21
e a integração dos pesquisadores em todas as regiões do País. Este exemplo vem sendo considerado de relevância e inovação, inclusive por instituições internacionais como a University Corporation for Advanced Internet
Development (UCAID), responsável pela rede acadêmica norte americana
Internet2), e a Terena (Trans-European Research and Education Networking
Association), conforme relatou o coordenador da área de ciências da saúde
da Internet2, Michael McGill, na Terena Networking Conference 2009, em
Málaga, Espanha.
Em 2008, o Banco Interamericano de Desenvolvimento BID aprovou o projeto Protocolos Regionais de Políticas Públicas de Telessaúde para a América
Latina (Regional Protocol for Telehealth Public Policies in Latin American).
O convênio do BID foi assinado em 30/10/2009 com a agência coordenadora, a Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (FUNDEP) e anunciado
formalmente pelo representante do BID em 09/12/2009 em Belo Horizonte,
no II Workshop do Laboratório de Excelência e Inovação em Telessaúde –
América Latina, que antecedeu o IV Congresso Brasileiro de Telemedicina
e Telessaúde, com participação de mais de 700 congressistas e 30 representantes de 20 países.
A nova expansão da Rede Universitária de Telemedicina iniciada em junho
de 2009 inclui todos os hospitais públicos certificados de ensino e institutos
públicos federais do Ministério da Saúde, entre outros, nas áreas de Cardiologia, Oncologia, Reabilitação, Ortopedia e Trauma de deficiências (cegos,
surdos e mudos), Sanitária e Saúde Indígena. A existência de projetos anteriores de pesquisa nas universidades brasileiras, demonstrando aplicações e
educação remotas e assistência colaborativa estimulou ações governamentais e investimentos nas áreas de Infraestrutura de Comunicação, Telemedicina e Telessaúde.
Os resultados obtidos até o momento são surpreendentes, principalmente
devido à integração e à sincronia das atividades da RUTE, financiada pelo
MCTI e Finep, e do Programa Nacional de Telessaúde Aplicado à Atenção
Primária, o Telessaúde Brasil Redes, através da Secretaria de Gestão do Trabalho e Educação em Saúde, do Ministério da Saúde. Vale ressaltar a importãncia, a partir de 2010, da criação da Universidade Aberta do Sistema Único de Saúde (UNASUS) para a capacitação continuada dos profissionais de
saúde do SUS.
22
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Perspectivas futuras
As demandas e as perspectivas mundiais na área de Saúde, as pesquisas,
as novas TICs, a implantação e a expansão em cada um dos 78 núcleos da
RUTE atuais de Telemedicina e Telessaúde, nas universidades brasileiras,
hospitais universitários, institutos de pesquisa e hospitais certificados de
ensino, garantem a busca pela inovação, a sustentabilidade e o desenvolvimento de ferramentas, serviços e processos para educação, assistência
remota e pesquisas colaborativas, integrando as instituições em redes avançadas de comunicação.
O Telessaúde Brasil Redes e o Ministério da Saúde declararam no Conselho
Brasileiro de Telemedicina e Telessaúde, em Manaus em 11/2011, a expansão dos nove núcleos para a implantação em todos os 27 estados. Atualmente, em 2013, já foram implantados núcleos em 14 estados. O próprio ministro da Saúde, Alexandre Padilha, está determinando novas portarias e ações
para a manutenção, a inovação e a sustentabilidade desta nova prática. E o
governo federal garantiu a implantação até 2014, de banda larga em pelo
menos 30 mil pontos nas Unidades Básicas de Saúde através do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL).
Por meio das recentes portarias, a nova configuração do Programa Telessaúde Brasil Redes nos estados brasileiros estimula a atuação das Secretarias
de Estado e Secretarias Municipais da Saúde a disseminar atividades de Telemedicina e Telessaúde nos hospitais e centros de atendimento estaduais
e municipais. A criação da Universidade Aberta do Sistema Único de Saúde
(UNASUS) facilita o acesso e o treinamento de profissionais da Saúde.
As experiências de apoio à Segunda Opinião Formativa e teleconsultorias,
em parceria com as Secretarias de Estado da Saúde, como ocorrem em Minas Gerais e Santa Catarina, respectivamente nas áreas principalmente de
ECG, Radiologia, mas expandindo para todas as especialidades, já atendem
em conjunto mais de 800 municípios. No caso de Minas Gerais, obtém-se o
valor agregado do Tele Minas Saúde, financiado pela Secretaria de Estado
da Saúde de Minas, que fornece um eletrocardiógrafo para cada município
e garantia de plantão 12/7 compartilhado pelos hospitais da UFMG, UFU,
UFTM, UFJF, UFSJR e Unimontes. A avaliação econômica realizada em 80
municípios, e mais detalhada em alguns, garante que 70% dos pacientes
atendidos pelo Tele-Minas Saúde não necessitem ser transferidos para centros urbanos especializados e 12% do orçamento anual das Secretarias Municipais de Saúde pode ser economizado.
Capítulo  1. A Rede Universitária de Telemedicina – RUTE23
A parceria RUTE e Telessaúde Brasil Redes expande-se e garante maior coordenação e participação nos ciclos de debates de interesse do Ministério da
Saúde. Foram realizadas, plenamente com o apoio da RNP e da RUTE, nos
meses de novembro e dezembro de 2009, sessões de videoconferência sobre
Redução da Taxa de Mortalidade Infantil, com a participação interativa em
média de mais de 30 instituições nas regiões Nordeste e Amazônia Legal,
participação por videostreaming de 70 instituições; e o Ciclo de Controle do
Tabagismo, pelo INCA, com participação compartilhada com as Secretarias
de Estado da Saúde em todas as regiões do País, e inúmeras sessões sobre
Prevenção da Dengue e N1H1. Atualmente, tem sido realizadas videoconferências sobre mortalidade materna, inclusive com a presença do ministro
da saúde em todas as capitais brasileiras, através das salas de videoconferências RUTE nos HUs e de ensino.
Em 2010 e 2011, foram iniciadas atividades entre o Ministério da Saúde e os
SIGs de Saúde de Criança e Adolescentes, Saúde Indígena, Rede Nacional de
Pesquisa Clínica e Banco de Leite Humano. O SIG de Padrões também tem
seu desenvolvimento apoiado pelo Ministério da Saúde, Datasus e ABNT,
em preparação do Encontro Internacional da ISO-TC215-SC-WG2-N662 –
Informática em Saúde – Critérios de Qualidade para serviços e sistemas para
Telessaúde (Health Informatics – Quality criteria for services and systems for
telehealth_NTAProposal). Além disso, o Datasus prossegue no objetivo de
estabelecer o Registro Eletrônico de Saúde (RES), através de uma integração
e colaboração com a Comunidade de Saúde em rede.
Por meio do projeto “Protocolos Regionais de Política Pública para Telessaúde na América Latina” (RG-T1509), que teve início efetivo em abril de 2010,
obtém gradualmente estabelecer uma estratégia para a criação de redes integradas de ensino e pesquisa em temas de Telessaúde na América Latina,
a partir da integração das Redes Acadêmicas Avançadas, Comunidade de
Saúde e dos Ministérios de Saúde, Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação.
Através da Rede Clara, órgãos e instituições como a Organização Mundial
de Saúde (OMS), Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e Comissão
Econômica para América Latina e o Caribe (CEPAL) e de redes acadêmicas na
América Latina, como RENATA, CEDIA, CUDI, RAU, REUNA, confirmam interesse e apoiam o estabelecimento da rede regional. Os Ministérios da Saúde
dos países latinos também se interessam e reforçam a participação no projeto.
Os avanços tecnológicos constantes induzem à evolução, convencem até
àqueles mais reticentes à tecnologia, demonstram a capacidade das aplica-
24
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
ções em melhores visualizações e ensino, como é o caso das tecnologias em
4k (Figura 4).
Em 26 de fevereiro de 2013, o Brasil sediou a primeira transmissão em tempo
real de uma cirurgia em ultra alta definição (ultra HD). Também conhecida como 4k, a tecnologia permite gerar imagens em resolução quatro vezes
maior que a de imagens em full HD. O feito coloca o Brasil no grupo de nações que despontam em inovações tecnológicas para telemedicina e também no rumo de um novo paradigma de captação e transmissão de imagens
de altíssima qualidade.
A cirurgia cardíaca foi realizada em Natal, no Hospital Universitário Onofre
Lopes, integrante da Rede Universitária de Telemedicina (RUTE), e transmitida para o Laboratório de Realidade Virtual da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte (UFRN). Tratou-se de um teste do protótipo de equipamento para reprodução (player) e transmissão (streamer) em 4K que integra
o projeto Visualização Avançada, financiado pela Rede Nacional de Ensino
e Pesquisa – organização social supervisionada pelo Ministério da Ciência,
Tecnologia e Inovação.
“O projeto não contempla a aplicação da tecnologia 4K em uma área específica. Fizemos agora uma demonstração relacionada com telemedicina, mas
pretendemos ampliar para outras áreas como astronomia, cinema digital,
dança etc.”, explica o gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da RNP, Leandro Ciuffo. Segundo ele, a universidade foi escolhida para o experimento
porque, além de estar conectada à rede Ipê – infraestrutura de internet de
alta capacidade gerida pela RNP – também possui projetores 4K.
A transmissão, acompanhada remotamente por núcleos da RUTE, foi aprovada por pesquisadores ligados tanto à área médica como tecnológica. “Os
médicos e alunos puderam perceber detalhes da cirurgia que, muitas vezes, não são percebidos nem mesmo pela equipe médica na sala de cirurgia.
Imagine visualizar um coração ampliado com 2 metros de largura”, observa
Ciuffo. O gerente de P&D afirma que a tecnologia já foi testada e está disponível para ser utilizada, dependendo apenas de investimentos para sua
popularização: “A aplicação dessa tecnologia em outros hospitais, por exemplo, depende de investimentos que precisam ser feitos pelo governo ou pelos próprios hospitais para instalar os equipamentos necessários e capacitar
pessoal”, afirmou. A consolidação e a expansão prática desta e outras tecnologias estão em planejamento.
Capítulo  1. A Rede Universitária de Telemedicina – RUTE25
Foto: Magnus Nascimento
Figura 4 – Cirurgia cardíaca: captação, transmissão e visualização em
4k (2160x4096 pontos), realizada na UFRN no dia 26/02/2013
Capacidade laboratorial
Os 150 núcleos de Telemedicina e Telessaúde vêm se tornando laboratórios
de desenvolvimento e inovação de produtos, ferramentas, serviços e processos na área, através de editais, como o da Finep (Chamada Pública MCT/
Finep – Ação Transversal – Telemedicina – 09/2007, 01/2010), beneficiando
cerca de 40 projetos consorciados com 200 instituições. Outras fontes de recursos internacionais e nacionais e várias fundações estaduais de pesquisa
têm auxiliado na formação da capacidade laboratorial, principalmente dos
núcleos mais avançados.
Por meio de recursos concedidos principalmente pela RUTE e pelo Telessaúde Brasil, e parcerias com as Secretarias de Estado da Saúde e Fundações
de Estado de Apoio à Pesquisa, cada núcleo tem pelo menos infraestrutura
de comunicação e equipamentos para a prática da Telemedicina e Telessaúde. São esses: sistemas e equipamentos para vídeo e webconferência, computadores e softwares, switches, projetores, câmeras, scanner, TVs, impressoras, equipamentos e sistemas de som, adequação de sala de VC, serviço de
instalação física de link de internet e outros.
26
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Pessoal
A capacidade técnica total corresponde ao número total das pessoas trabalhando nos 150 núcleos da RUTE e o número de profissionais de saúde
e estudantes participando das atividades do núcleo, como os SIGs, os cursos à distância e assistência remota em teleconsultorias e Segunda Opinião
Formativa.
Hoje, a estimativa média é de 544 pessoas operando nos núcleos e 400 participações em SIGs. Se tivermos como base os 1.200 municípios atendidos
pelo Telessaúde Brasil Redes e mais 800 municípios atendidos pelos programas estaduais de MG e SC (cerca de 5.400 pessoas); temos um total médio
estimado de pelo menos 6.400 profissionais operando na iniciativa de Telemedicina e Telessaúde no Brasil.
As diretrizes básicas de operação da RUTE são determinadas pelo Comitê
Assessor RUTE, composto por especialistas das maiores instituições de ensino e pesquisa do País, MEC, MCTI, MS, ABRAHUE e Finep. O Comitê Assessor recomenda os procedimentos para o uso inovador da RUTE.
A capacidade técnica disponibilizada pela RNP para a Rede Universitária de
Telemedicina envolve profissionais das áreas de Soluções, Serviços, Operações, Relacionamento, Gestão de Projetos e Coordenação Nacional principalmente com o foco nas seguintes atividades:
Técnico/Operacional
ƒƒ
Receber as demandas de operação da Comunidade RUTE, discutir as
possibilidades, alternativas e soluções com os técnicos especializados da RNP, agendar os serviços de videoconferência, webconferência
e transmissão streaming da RNP, programar e coordenar os testes de
videoconferência/webconferência necessários para o bom funcionamento das sessões dos SIGs, eventos e inaugurações.
ƒƒ
Estabelecer os procedimentos para manutenção e evolução do site
da comunidade.
ƒƒ
Estabelecer os procedimentos de homologação, realizar as homologações das salas de videoconferência, estabelecer e manter o contato com a equipe técnica dos membros para orientá-los nos procedimentos e trocar informações técnicas e operacionais.
Capítulo  1. A Rede Universitária de Telemedicina – RUTE27
ƒƒ
Estabelecer em parceria com o Comitê Assessor a planilha de equipamentos e a especificação de cada um.
Administração de convênio com os membros RUTE
ƒƒ
Administrar todos os convênios com todos os membros RUTE, e todos os processos de acompanhamento de entregas de todos os produtos e serviços de cada um dos membros RUTE.
ƒƒ
Controlar os relatórios mensais de atividades enviados pelos estagiários, controlar a verba de cada unidade, e administrar os contratos
de estágio e pagamentos mensais.
ƒƒ
Planejar e organizar treinamentos para a equipe técnica, como as
turmas que formamos nas unidades da Escola Superior de Redes
para o curso de videoconferência.
RH
Aquisições/Financeiro
ƒƒ
Coordenar as compras das solicitações de equipamentos e serviços
nos núcleos da RUTE, avaliando especificações e equipamentos,
solicitando informações dos coordenadores e técnicos RUTE, mantendo os dados das instituições atualizados no sistema de compras,
acompanhando e orientando sobre uso e garantias dos equipamentos. Já foram feitas as aquisições e entregas de 2.000 equipamentos e
100 serviços de adequação de salas de videoconferência.
Comunicação
ƒƒ
28
Indicar, reunir e publicar as informações em boletim semanal e
mensal de eventos RUTE, divulgado nas sextas-feiras. Organizar
workshops e fóruns RUTE. Organizar e escrever artigos científicos
sobre a RUTE para publicação em jornais, revistas, livros, e anais de
congressos nacionais e internacionais, documentos e panfletos de
apresentação, divulgação e disseminação da RUTE e seus membros.
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
ƒƒ
Estabelecer, acompanhar, atualizar e executar um Plano de Comunicação estruturado para viabilizar maior integração na Comunidade.
Administração da Comunidade RUTE
ƒƒ
Administrar e atualizar o conteúdo do site RUTE, incluindo documentos, vídeos, listas de e-mails, pessoas e instituições.
ƒƒ
Estimular discussões, articulações, consórcios, pesquisas e desenvolvimentos de novas soluções e sistemas para melhoria de processos e atividades em Telemedicina e Telessaúde. Esta atividade tem
sido realizada em função das expectativas dos membros RUTE, do
MCTI, Telessaúde Brasil e da Finep. Além disso, os dois SIGs TICs
em Saúde e Técnico Operacional RUTE reúnem mensalmente as
equipes técnicas e de pesquisa dos membros RUTE para discussões
e ações necessárias.
ƒƒ
Apoiar a articulação e a organização dos 50 SIGs criados. Controlar
o operacional de todos os testes e todas as sessões diárias de videoconferência e webconferência.
Integração com outros projetos
ƒƒ
Avaliar, articular, planejar e orientar a ligação física e lógica dos
membros RUTE nas Redecomeps.
ƒƒ
Integrar as diversas atividades do Ministério da Saúde e do Programa
Telessaúde Brasil Redes em sintonia com os membros da RUTE. Algumas dessas atividades são de caráter técnico/operacional, outras
de articulação e disseminação pela rede.
ƒƒ
Articular e estabelecer cada vez mais a integração com outras redes
com atividades na Área de Saúde, como vem sendo realizado com a
área de ciências da saúde da Internet2, Geant2, APAN e com as redes
latino-americanas, através da Rede Clara (Conexão Latino Americana de Redes Avançadas).
ƒƒ
Atuar na Unidade Executora Central do projeto do BID na UFMG, e
atualizar as diretrizes e o cronograma do projeto do BID “Protocolos
Regionais de Política Pública para Telessaúde” (RG-T1509). Articular
a expansão do projeto para outros Países da AL.
Capítulo  1. A Rede Universitária de Telemedicina – RUTE29
ƒƒ
Estimular, acompanhar e apoiar a execução de todas as atividades
do projeto referentes a padrões e criação da rede latino-americana.
Apoiar na tutoria do curso a distância em Telessaúde para América
Latina, lançado em 10/04/2012, com a presença do Ministro da Saúde Alexandre Padilha, com participação de cerca de 350 estudantes
de 16 Países da América Latina e 25 tutores.
ƒƒ
Integrar, divulgar e disseminar projetos inovadores em Telemedicina
e Telessaúde na Comunidade RUTE.
Estruturação e Avaliação dos projetos e procedimentos
RUTE com o Comitê Assessor RUTE
ƒƒ
Estruturar os procedimentos técnicos, operacionais, administrativos
e financeiros.
ƒƒ
Apoiar a estruturação dos projetos individuais de cada membro RUTE.
ƒƒ
Apoiar e orientar todos os membros RUTE na criação, estabelecimento e consolidação dos núcleos de Telemedicina e Telessaúde.
ƒƒ
Estabelecer e aplicar procedimentos para possibilitar a avaliação de
todos os membros RUTE, cada um em sua fase de desenvolvimento.
ƒƒ
Gerar estatísticas de acompanhamento da comunidade e de cada
membro individual.
ƒƒ
Estabelecer e aplicar um Plano Empresarial de sustentabilidade dos
núcleos da Comunidade.
Parcerias
Após disponibilizar infraestrutura de comunicação para mais de 800 instituições de ensino e pesquisa, fornecendo acesso a mais de três milhões de
usuários, e conectando todas à rede acadêmica brasileira, a RNP está construindo comunidades de usuários.
O programa @LIS1, financiado pela União Europeia no período 2003-2006
estimulou os Ministérios de Saúde, Ciência, Tecnologia e Inovação na implantação de programas nacionais de Telemedicina e Telessaúde no Brasil.
30
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Destacam-se os seguintes projetos: Rede Clara, BH Telesalud, T@lemed e
Health for All.
Projetos de educação, pesquisa e assistência remota a pacientes em regiões
desprovidas de diagnóstico especializado, coordenados pela USP, Unifesp,
UEA, UFPE, UFMG, UERJ, ISCMPA, UFES e UFSC já demonstravam resultados bem-sucedidos da aplicação tecnológica à época, mas a formação das
comunidades ainda está em construção. Ainda como resultado @lis, a Rede
CLARA, Conexão Latino-Americana de Redes Avançadas, deu o primeiro
passo para a conexão das redes acadêmicas avançadas na América Latina,
conectando os países à Europa e USA, estimulando workshops, projetos e
construindo uma base para o desenvolvimento regional na América Latina.
A Rede Clara tem viabilizado reuniões de aproximação entre instituições e
redes avançadas na América Latina (AL). Iniciado em abril de 2010, o projeto de Políticas Públicas de Telessaúde na AL serve de plataforma de intercâmbio e integração dos Programas de Telemedicina e Telessaúde dos Países
Latino-americanos.
O avanço no Intercâmbio de Experiências em Telessaúde América Latina e
Europa em torno do Laboratório de Excelência e Inovação em Telessaúde,
em Belo Horizonte, tem estimulado e permitido articulações e o estabelecimento de parcerias formais e informais entre instituições nas Américas e
Europa.
O Acordo Internacional Internet2 (University Corporation for Advanced Internet Development UCAID, responsável pela rede acadêmica norte-americana Internet2) e RNP, no desenvolvimento da próxima geração de tecnologias e aplicações Internet, Telemedicina e Telessaúde, RUTE e US Health
Sciences, assinado em outubro de 2007, tem permitido o intercâmbio de experiências iniciais, através de videoconferências com o NIH, na área de Oncologia e o SIG internacional em Dermatologia, com coordenação do Grupo
de Telessaúde da Universidade de Miami, desde 2008, com sessões mensais
de videoconferência e participação da comunidade RUTE.
Entre os parceiros nacionais da RUTE, destaca-se o Programa Nacional de
Telessaúde Brasil Redes e a UNASUS, ambos do Ministério da Saúde (MS).
Em sua etapa piloto, o Telessaúde Brasil estava presente em nove estados
brasileiros. A partir da parceria com a RNP, o projeto teve sua abrangência
ampliada para outras 17 unidades da Federação. Além disto, esta iniciativa
do MS tem forte atuação em cidades do interior, o que colabora para a ex-
Capítulo  1. A Rede Universitária de Telemedicina – RUTE31
pansão do leque de instituições e iniciativas que podem estar em contato
com os membros da comunidade RUTE.
As iniciativas brasileiras em Telemedicina e Telessaúde alcançaram o estágio
de integração federal ministerial quando o Ministério da Saúde criou, em
março de 2006, a Comissão Permanente de Telessaúde, e em janeiro de 2007,
o Programa Nacional de Telessaúde Brasil Redes, com o protótipo aplicado
na Atenção Primária, implantando redes assistenciais em nove estados. Estas ações seguiram a primeira iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia
e Inovação em estabelecer a Rede Universitária de Telemedicina, baseado na
implementação da infraestrutura de comunicação nos Hospitais Universitários e de Ensino, em janeiro de 2006.
A infraestrutura de comunicação operada pela RNP, instituição governamental vinculada aos Ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação e Educação desde 1990, estimula as atividades em andamento em Telemedicina e
Telessaúde no Brasil, e recebe novo status de integração ministerial envolvendo os três Ministérios – MS, MEC e MCTI.
As sociedades de especialidades de saúde e o Conselho Federal de Medicina também apoiam as iniciativas, promovendo workshops nacionais nas
várias regiões brasileiras, integrando-se à ABNT e ao DATASUS, no apoio ao
estabelecimento de padrões, à SBIS na formulação da certificação no uso
de sistemas eletrônicos de registro de paciente e ao Conselho Brasileiro de
Telemedicina e Telessaúde (CBTMS) no apoio e no estímulo à inovação nas
iniciativas de Telemedicina e Telessaúde.
Os três programas integrados e extensão nacional no Brasil são: 1) O Programa Nacional Telessaúde Brasil Redes, com foco em assistência remota
para as especialidades de cuidados primários; 2) A Universidade Aberta do
Sistema Único de Saúde (UNASUS), com foco na educação contínua de profissionais do SUS; e 3) a Rede Universitária de Telemedicina, com foco na
criação de núcleos de Telemedicina, formando a comunidade científica em
rede avançada. Desenvolvimento importante e inovador de Telemedicina e
Telessaúde é a participação, coordenação, integração e financiamento por
parte dos Ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação, Educação e Saúde,
com base na Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP).
32
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Conclusões
As grandes regiões urbanas brasileiras são providas com as melhores infraestruturas de atendimento médico especializado. Entretanto, a grande
maioria do País ainda convive com uma situação deficiente de atendimento
médico especializado, acesso facilitado aos grupos de pesquisas colaborativas e educação continuada de remota qualidade.
Em um País com dimensões continentais, não se pode esperar uma cobertura médica de saúde especializada presencial em todas as regiões. A única
solução viável, e hoje economicamente sustentável, é a formação e a consolidação de redes colaborativas integradas de assistência médica e formação
permanente à distância.
Não se espera, no entanto, uma solução definitiva e imediata para as caravanas de ônibus, vans, ambulâncias, viaturas públicas e outros que chegam
diariamente aos hospitais universitários, provenientes das regiões e municípios do interior à busca de atendimento especializado, muitas vezes equivocadamente e prejudicando o atendimento necessário.
O que se espera, através da disponibilização gradual das redes, é estimular
e apoiar efetivamente as autoridades municipais, estaduais e nacionais na
organização colaborativa cooperativa e integrada do atendimento de saúde
à população, com a participação efetiva das Secretarias de Estado da Saúde
na coordenação da Telessaúde no Estado. Segundo dados do “Tele-Minas
Saúde”, com o atendimento a 660 municípios, 70% dos pacientes atendidos
à distância não necessitam ser transportados para diagnóstico e tratamento
em centros urbanos especializados, o que corresponde à economia de 10%
dos recursos da Secretaria Municipal de Saúde.
A grande motivação na utilização da Telemedicina, na prática, reside em fatos extremamente mensuráveis, como a comprovação da queda nos custos
de comunicação, a crescente disponibilidade atual de instituições e equipes
de saúde com desenvolvimentos e aplicações na área, e os resultados já obtidos nacional e internacionalmente de sua aplicabilidade e eficiência.
Além dos benefícios resultantes do intercâmbio de conhecimentos médicos
especializados, teleconferências, cursos de capacitação e formação continuada, discussão entre equipes médicas e Segunda Opinião Formativa, há
a melhoria no atendimento das populações das regiões mais carentes e sem
atendimento médico especializado.
Capítulo  1. A Rede Universitária de Telemedicina – RUTE33
O avanço das TICs na Telemedicina e na Telessaúde vem permitindo com
muito mais segurança, precisão, resolução, quantidade e qualidade nas
informações, que uma prática já realizada desde sempre pelos médicos e
profissionais de saúde – a busca por melhores informações, diagnósticos,
treinamentos e opiniões – sejam disponibilizadas em tempo real e no local
adequado. E ainda, novas tecnologias móveis e de maior precisão vêm sendo disponibilizadas a um custo acessível.
A prática simples de trocas de informações, diagnósticos, apoio ao atendimento à distância não implica necessariamente em grandes investimentos.
Entretanto, a prática plena da Telemedicina ainda é um caminho a ser perseguido: desafios éticos, médico-legal, riscos, responsabilidades, pagamento,
licenciamento, qualificação, padrões e legislação, além, naturalmente, de
conexão em regiões ainda desprovidas.
A Rede Universitária de Telemedicina iniciada em 2006, hoje com 78 núcleos
de Telemedicina RUTE conectados, inaugurados, homologados e em plena
operação, mantém sua expansão para integrar, via infraestrutura de comunicação da RNP, 150 núcleos de Telemedicina e Telessaúde, em todos os 46
hospitais universitários das IFES, todos os 60 hospitais públicos certificados
de ensino e 44 instituições públicas federais do Ministério da Saúde, estaduais e municipais, nas áreas de saúde da família, cardiologia, radiologia,
oncologia, enfermagem, oftalmologia, dermatologia, saúde da criança, reabilitação, ortopedia e trauma, cegos, surdos e mudos, sanitária e saúde indígena, entre outros. A Rede integra hoje mais de 300 instituições de ensino,
pesquisa e assistência em saúde, por meio de 50 SIGs, com média diária de
2 a 3 sessões, e mais de 600 sessões científicas de vídeo e webconferência.
Os projetos anteriores de pesquisa, desenvolvimento e aplicação existentes
nas universidades brasileiras estimularam ações governamentais e os resultados obtidos até o momento são surpreendentes, inclusive perante a comunidade internacional, principalmente devido à integração e à sincronia
das atividades da RUTE/RNP (MCTI) e da SGTES (MS), por meio do Telessaúde Brasil Redes e da Unasus.
A inclusão das Redes Nacionais de Ensino e Pesquisa nos planos de expansão da Atenção à Saúde, formando as Comunidades de Saúde em Rede, tem
demonstrado enorme capacidade de atuação, desenvolvimento, inovação,
conscientização, integração, disseminação e execução de Programas de Telemedicina e Telessaúde, influenciando-se entre si e estimulando novos procedimentos inclusivos em saúde. A Organização Pan-Americana de Saúde
34
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
lançou seu Plano de Ação em Telessaúde, em setembro de 2011, baseada
também nas Redes Nacionais de Ensino e Pesquisa e na definição da Organização Mundial de Saúde na aplicação das TICs na pesquisa colaborativa,
educação permanente à distância e assistência remota.
Ministério da Saúde integra PI-RNP
O Ministério da Saúde (MS) integra, oficialmente, o Programa Interministerial de Manutenção e Desenvolvimento da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (PI-RNP). A formalização da entrada do ministério no PI-RNP ocorreu em 25 de janeiro de 2012, com a indicação da diretora de programa da
Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES), Profª.
Drª Ana Estela Haddad, para o Comitê Gestor da RNP. Atualmente, a RNP
trabalha junto ao MS no projeto de expansão do Programa Telessaúde Brasil
Redes, que visa implantar núcleos de atendimento, ensino e pesquisa, através da telessaúde em todo o território nacional. Além disso, a RNP está desenvolvendo, através da RUTE, um planejamento com todas as secretarias
do ministério para identificação de novas demandas relativas à Telessaúde
e à Telemedicina.
Agradecimentos
Aos membros da RUTE, Programa Nacional de Telessaúde Brasil Redes,
Unasus, Comissão Permanente de Telessaúde, Comitê Assessor RUTE, RNP,
OPAS, Abrahue, BID, Ministério da Educação, Ministério da Saúde, Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação e Finep.
Referências bibliográficas
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Transversal ref. 2738/05, (UFPR, Unifesp, Pazzanese, Unicamp, UFES, UFBA, UFAL,
UFPE, UFPB, UFC, UFMA, UFAM, FioCruz, HC–FMUSP, HU-USP, ISCMPA, Uerj,
UFMG, UFSC), janeiro de 2006. Disponível em: <http://rute.rnp.br/documentos>.
Capítulo  1. A Rede Universitária de Telemedicina – RUTE35
Pesquisa Científica e Tecnológica em Saúde, Coletânea de artigos institucionais referente ao 1º Workshop em C,T&I na Área da Saúde nos Institutos de Pesquisa do
MCT. Subsecretaria de Coordenacao das Unidades de Pesquisa, maio 2010. ISBN:
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impact of using telehealth on primary care on the municipal budget in the State of
Minas Gerais, Brazil. In: MEDETEL, 2010.
Portaria n. 561, de 16 de março de 2006. Institui no âmbito do Ministério da Saúde a
Comissão Permanente de Telessaúde. Subgrupos de Conteúdo, Infraestrutura e projetos, reembolso, padrões.
Portaria n. 35, de 1º de janeiro de 2007. Institui no âmbito do Ministério da Saúde o
Programa Nacional de Telessaúde na Atenção Primária, 9 núcleos/estados (UFRGS,
UFSC, USP, UERJ, UFMG, UFG, UFPE, UFC, UEA) e 900 pontos remotos; em 2009 o
Acre torna-se o 10. Estado a implantar o Telessaúde Brasil.
Portaria n. 402, de 24 de fevereiro de 2010. Institui, em âmbito nacional, o Programa
Telessaúde Brasil para apoio à Estratégia de Saúde da Família no Sistema Único de
Saúde, e o Programa Nacional de Bolsas do Telessaúde Brasil e dá outras providências.
Portaria GM/MS n. 2.546, de 27 de outubro de 2011. Redefine e amplia o Programa
Telessaúde Brasil, que passa a ser denominado Programa Nacional Telessaúde Brasil
Redes (Telessaúde Brasil Redes). O Telessaúde Brasil Redes tem por objetivo apoiar
a consolidação das Redes de Atenção à Saúde, ordenadas pela Atenção Básica no
âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Revoga a Portaria GM/MS n. 402/2010.
Portaria n. 2554 de 28 de outubro de 2011. Institui no Programa de Requalificação
Unidades Básicas de Saúde, o Componente de Informatização e Telessaúde Brasil
Redes na Atenção Básica, integrado ao Programa Nacional de Telessaúde Brasil Redes.
ATN/OC-11431-RG, Protocolos Regionais de Política Pública para Telessaúde, LEG/
SGO/CSC/IDBDOCS #1893634, 30 de outubro de 2009, Fundep/UFMG, BID.
IV European Union – Latin America and The Caribbean Ministerial Forum on the
Information Society, @lis, An Alliance for Social Cohesion through Digital Inclusion,
Rio de Janeiro, 22-23 november 2004, Rio de Janeiro Declaration, VI Forum in Lisbon,
28-29 April 2006, Lisbon Declaration.
CAMPOS, F. Programa Telessaúde Brasil: a experiência piloto e os desafios da expansão, SGTES/MS. In: IV CBTMS, Belo Horizonte, 09 dez. 2010.
36
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Parte I
Implantação e Operação das unidades
da RUTE nos hospitais universitários
e de ensino
Capítulo 2
Hospital das Clínicas da
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG):
a repercussão no sistema público de saúde
de Minas Gerais
Maria Beatriz Moreira Alkmim, Lemuel Rodrigues Cunha,
Monica Pena de Abreu, Renato Minelli Figueira
Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais
As atividades de Telessaúde no setor público em Minas Gerais tiveram início no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC/
UFMG) a partir de 2001. Em 2005, por iniciativa da Fundação de Amparo à
Pesquisa de Minas Gerais (FAPEMIG), Secretaria de Estado da Saúde de Minas
Gerais (SES/MG) e Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) o foco da Telessaúde foi direcionado para regiões remotas do Estado com o Projeto Minas
Telecardio.
Após sucessivas expansões, as atividades de Telessaúde adquiriram tal importância e abrangência que o Conselho Diretor do HC/UFMG deliberou
em 2007 pela formalização do Centro de Telessaúde (CTS HC/UFMG), responsável pelas ações de Telessaúde na Instituição. Desde 2006 o CTS HC/
UFMG integra e colabora com projetos a nível nacional, tais como o Programa Telessaúde Brasil do Ministério da Saúde (MS) e a Rede Universitária
de Telemedicina (RUTE/RNP), tendo participação ativa nesse período na
Comissão Permanente de Telessaúde (MS), no Comitê Assessor do Projeto RUTE e na Comissão de Estudos Especiais/CEE–78 da ABNT. Em 2009
a SES/MG lançou o Projeto Tele-Minas Saúde como base para o serviço de
Telessaúde do Estado de Minas Gerais, em apoio às Redes de Atenção à Saúde. Outros projetos de pesquisa em Telessaúde financiados por agências de
fomento e órgãos governamentais se desenvolvem de forma sinérgica e
complementar. Este artigo descreve o impacto da implementação de atividades e pesquisa em telessaúde na instituição e sua repercussão no sistema
público de saúde em Minas Gerais por meio de diversos projetos colaborativos e integradores.
Metodologia de trabalho
O CTS HC/UFMG coordena a Rede de Teleassistência de Minas Gerais (RTMG),
uma rede colaborativa constituída de seis universidades públicas de Minas Gerais: Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), de Uberlândia (UFU), do
Triângulo Mineiro (UFTM), de Juiz de Fora (UFJF), de São João Del Rei (UFSJ)
e Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES). Em dezembro de
2012, estavam conectados à Rede 660 municípios correspondentes a 821 pontos de atendimento, sendo a grande maioria unidades de saúde da Atenção
Primária (APS). Além da APS, a rede conecta também alguns pontos da Atenção Secundária e todas as Unidades de Pronto Atendimento da capital. A equipe da rede é composta por 126 colaboradores entre técnico-administrativos,
teleconsultores, pesquisadores, docentes e acadêmicos. Cada polo universitário é coordenado por um docente e dispõe de infraestrutura física e de recursos
humanos semelhantes ao polo coordenador, porém de menor porte.
As atividades de teleassistência são representadas por teleconsultorias e telediagnóstico. As teleconsultorias são majoritariamente assíncronas por meio de
plantões reguladores em medicina, enfermagem, odontologia, fisioterapia, farmácia, psicologia, nutrição e fonoaudiologia. O telediagnóstico consiste em análise e laudos de eletrocardiogramas, MAPA, Holter e teleconsultorias síncronas
em cardiologia para suporte aos casos clínicos críticos. O serviço está registrado
no Conselho Regional de Medicina do Estado de Minas Gerais (CRM-MG).
A Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais (SES/MG) é o principal
financiador da Rede (557 municípios). O Ministério da Saúde custeia 100
municípios e a Prefeitura de Belo Horizonte as atividades de telecardiologia
para 147 Unidades Básicas de Saúde, um Centro de Especialidades Médicas
e sete Unidades de Pronto Atendimento.
Para viabilizar a operação das atividades de Telessaúde e o desenvolvimento
dos sistemas, a RTMG conta atualmente com servidores virtualizados para
alta disponibilidade, estações de trabalho de alta performance e equipamentos de videoconferência nos seis polos universitários que gerenciam a
demanda de 821 estações remotas.
A integração do HC/UFMG ao Projeto RUTE em sua Fase I foi fundamental para a ampliação da sua Rede de Telessaúde com aquisição de equipamentos e estruturação de uma sala de videoconferência. O projeto forneceu
ainda servidores, switchs, racks para servidores, computadores e notebooks,
potencializando a infraestrutura tecnológica já existente.
40
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
A sala de VCF, em operação desde setembro de 2010, dispõe de equipamentos
de projeção, videoconferência e sonorização, com capacidade para 26 participantes sendo fundamental para realização de reuniões e eventos a distância.
Em 2011 a RNP financiou a instalação da Sala de Telepresença, equipada
com áudio e vídeo em alta definição (Figura 1).
Atualmente o HC/UFMG conta com um link de alta capacidade (10 Gigabytes) ligado ao backbone nacional da RNP, à Rede Ipê e às Redes Comunitárias Metropolitanas de Educação e Pesquisa (Redecomep). Cerca de 10%
dessa capacidade é dedicada às atividades de Telessaúde.
Figura 1 – Salas de Videoconferência (A) e Telepresença
(D) do Hospital das Clínicas da UFMG.
A integração de parceiros da RTMG ao Projeto RUTE nas suas fases consecutivas (UFU, UFMT e UFJF) potencializou ainda mais a infraestrutura tecnológica da Rede para a prestação de serviços de Telessaúde.
Em complementação aos serviços assistenciais prestados, a Rede desenvolve estudos e pesquisas em Telessaúde e está credenciada na FAPEMIG
como uma das Redes de Pesquisa do Estado de Minas Gerais. A realização
simultânea de projetos de pesquisa permite a rápida incorporação de novas
metodologias, processos e soluções desenvolvidas. Atualmente, os projetos
já aprovados e em desenvolvimento são:
ƒƒ
Sistema Integrado de Gestão de Serviços de Telessaúde (FINEP).
ƒƒ
Projeto Piloto de Telessaúde Brasil – Angola (CNPq).
ƒƒ
TeleDiabetes: desenvolvimento e avaliação do desempenho de aplicativo de cuidado aos pacientes diabéticos utilizando-se de ferramentas de Telessaúde (CNPq).
Capítulo  2. Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais41
ƒƒ
Telecardiologia no atendimento do Infarto Agudo do Miocárdio em
Unidades de Urgência (FAPEMIG).
ƒƒ
Rede de Cuidado do Infarto Agudo do Miocardio (SMS/PBH).
ƒƒ
Análise Econômica da Aplicação da Telessaúde na Triagem da Retinopatia Diabética nos Centros Hiperdia do Estado de Minas Gerais
(FAPEMIG).
Resultados
Capilaridade e atendimento ao SUS
Após sucessivas expansões, a Telessaúde em Minas Gerais, inicialmente
uma pesquisa acadêmica (2005) foi transformada em política pública do
Estado para suporte às Redes de Atenção (2009). São atendidos pela Rede
660 municípios (mais de 70% do Estado) beneficiando cerca de 1.900 equipes de Saúde e da Família. Já foram realizados 1.232.604 eletrocardiogramas
e 50.075 teleconsultorias (Figura 3), o que representa uma média diária de
1.500 ECG e 70 teleconsultorias. As especialidades mais solicitadas são Medicina de Família e Comunidade (35%) e Dermatologia (20%). As dúvidas
mais frequentes estão relacionadas ao tratamento farmacológico (39%) e
etiologia das doenças (24%).
Gráfico 1 – Número de ECG e teleconsultorias realizadas
no período de junho/2006 a junho/2012.
40.000
35.000
2.000
ECG
Total de ECG: 950.862
Teleconsultorias online e offline
Total de teleconsultorias online e offline: 41.372
1.800
1.600
30.000
1.400
25.000
1.257
1.200
24.695
20.000
1.000
15.000
800
600
10.000
400
5.000
0
42
200
0
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Com o suporte de especialistas de seis grandes centros universitários os profissionais de saúde locais se sentem menos isolados e podem melhor orientar os pacientes sobre seus problemas de saúde, tornando o atendimento
mais resolutivo. Em média 80% dos atendimentos por Telessaúde evitam
o encaminhamento de pacientes para outros níveis de atenção. De 2005 a
2012, a RTMG economizou para o sistema público de saúde cerca de R$ 53,8
milhões com um investimento de R$ 17,2 milhões (retorno de R$ 3,12 para
cada R$ 1,00 investido), comprovando a viabilidade econômica da telessaúde em Minas Gerais.
Inovação e tecnologia
O CTS HC/UFMG desenvolve soluções tecnológicas inovadoras, em conformidade com padrões internacionais tais como HL7 e DICOM, para atender
com segurança e confiabilidade a crescente demanda de telediagnóstico.
Os padrões de interoperabilidade adotados permitiram a integração com a
Base de Registro Eletrônico em Saúde do Estado de Minas Gerais (B-RES)
para envio das informações clínicas do banco de dados da RTMG e permitiram também a integração com outros sistemas e diferentes equipamentos.
O Sistema de Teleconsultoria adota normas da ABNT sendo um sistema leve
de fácil acesso e utilização. Adota uma metodologia que facilita a interação
multidisciplinar entre solicitantes e teleconsultores. Esse sistema já foi disponibilizado para uso por outros núcleos de telessaúde no País.
O Sistema de Teleconsultoria tem capacidade para 500 acessos simultâneos
e o Sistema de Telediagnóstico conta hoje com uma base de dados com mais
de 1 milhão de registros. Essa base tem sido usada para validação de pesquisas em novas tecnologias. Somam-se a essas atividades a transmissão de
videoconferências diárias e as atividades da sala de Tele Presença.
Uma das linhas de pesquisa da RTMG tem sido o desenvolvimento de sistemas de apoio à decisão clínica no monitoramento de doenças crônicas,
disponíveis em tablets e celulares.
Ensino e Pesquisa
A tecnologia de videoconferência é disponibilizada para a instituição, tanto
para seu corpo clínico quanto para o nível diretivo, nas reuniões, eventos
ou transmissão de cirurgias. Por meio dessas soluções o HC/UFMG se conecta a diversas Instituições de Ensino e Pesquisa nacionais e internacioCapítulo  2. Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais43
nais e desenvolve rotineiramente atividades acadêmico-científicas colaborativas. Observa-se uma participação gradual dos diversos serviços clínicos
nos SIGs como atividade de educação permanente com inserção de alunos
e residentes. A Figura 4 apresenta o número de sessões de VCF no período
de 2005 a 2012.
O serviço conta com a participação de alunos de graduação, bolsistas de iniciação científica e inovação tecnológica. Foram concluídas uma dissertação
de mestrado e uma tese de doutorado na área e estão em andamento dois
pós-doutorados e uma dissertação.
Gráfico 2 – Número de sessões de videoconferência, 2005 a 2011.
250
Científicas
Administração
Total
200
150
100
50
0
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
Conclusão
A constituição de uma Rede de Telessaúde no Estado, tendo seus núcleos sediados em universidades e em seus respectivos hospitais universitários, resultou na potencialização de sua inserção no SUS e sua abrangência educacional, com aproximação de pesquisadores e geração de novos conhecimentos.
44
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
A gerência de projetos complementares foi fator fundamental para viabilizar
a incorporação da Telessaúde como política pública no Estado. Dessa forma,
as universidades expandiram suas áreas de atuação geográfica por meio da
incorporação das TICs. O modelo adotado pela Rede de Teleassistência de
Minas Gerais contribuiu para que as ações de telessaúde se transformasem
em política pública no Estado. Esforços devem ser empreendidos no sentido
de levar essa ferramenta até a última linha da cadeia de conhecimento para
que as melhores evidências e práticas em saúde alcancem também regiões
remotas, de forma rápida, eficiente e com baixo custo.
Agradecimentos
A todos os financiadores que contribuem para o desenvolvimento contínuo
da Telessaúde no Sistema Público de Saúde de Minas Gerais, aos profissionais de saúde usuários do sistema, aos parceiros nacionais e internacionais
e em especial aos gestores da Universidade Federal de Minas Gerais e do
Hospital das Clínicas pelo apoio ao trabalho realizado.
Referências bibliográficas
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Capítulo  2. Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais45
ABREU, M. P.; GOUVEIA, E. S.; LELES, F. A. G.; FIGUEIRA, R. M.; ALKMIM, M. B. M. De
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uploads/cbi/arquivos/Listagem-e-informacoes-dos-trabalhos-do-CBIS-2010.pdf>
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Disponível em: <http://www.fapemig.br/redes_de_pesquisa/programa_de_apoio/
index.php>.
46
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Capítulo 3
Hospital de Clínicas da Universidade Estadual
de Campinas (UNICAMP):
Proposta, Desenvolvimento, Desafios e Perspectivas
Marcos Tadeu Nolasco da Silva, Gustavo Pereira Fraga
e Bruno Monteiro Tavares Pereira
Faculdade de Ciências Médicas da
Universidade Estadual de Campinas, SP
Eneida Rached Campos, Edson Luiz Kitaka
e Antonio Carlos da Silva
Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Campinas, SP
O primeiro workshop da Rede Universitária de Telemedicina (RUTE), realizado nos dias 24 e 25 de abril de 2006, no Rio de Janeiro, marcou o lançamento para a sociedade brasileira, em especial para a comunidade acadêmica ligada à área da Saúde, do conjunto de ações nacionais em Telessaúde.
O Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (HC) esteve
presente naquele evento, no qual participaram os 19 hospitais universitários
convidados a integrar a primeira fase do projeto, conhecida como RUTE I.
Na ocasião, foi apresentado, pelo coordenador do Projeto RUTE no HC, o
professor Marcos Nolasco, o plano inicial de inserção do HC à rede. A proposta do HC consistia, resumidamente, na construção das instalações de
seu Núcleo de Telessaúde, que proporcionaria a base material para a realização de videoconferências e teleconsultas.
Entre as justificativas para a participação do HC, destacava-se a inserção decidida e proativa desta instituição, bem como de toda a Área da Saúde da
Unicamp, nas atividades de assistência, de ensino e pesquisa, no âmbito do
Sistema Único de Saúde (SUS). Neste contexto, a participação do HC simbolizou também a participação das demais unidades assistenciais, de ensino e
pesquisa ligadas à Unicamp, relacionadas:
ƒƒ
Hospital da Mulher professor Dr. José Aristodemo Pinotti (Caism).
ƒƒ
Centro de Hematologia e Hemoterapia (Hemocentro).
ƒƒ
Hospital Estadual Sumaré (HES).
ƒƒ
Centro de Diagnóstico de Doenças do Aparelho Digestivo (Gastrocentro).
ƒƒ
Centro de Estudos e Pesquisas em Reabilitação “Professor Gabriel
Porto” (Cepre).
ƒƒ
Centro de Controle de Intoxicações (CCI).
ƒƒ
Centro de Saúde da Comunidade (Cecom).
ƒƒ
Centro de Investigação em Pediatria (Ciped).
ƒƒ
Centro Integrado de Pesquisas Onco-Hematológicas na Infância (Cipoi).
ƒƒ
Centro Infantil Boldrini (referência em Oncologia e Hematologia
pediátricas).
Com 419 leitos de internação e uma grande rede de ambulatórios especializados, o HC é o maior hospital para assistência terciária e quaternária de
alta complexidade da Região Metropolitana de Campinas (RMC), e possui
infraestrutura adequada e em constante atualização para cumprir com seu
papel no sistema de saúde local e regional. Atua também de forma integrada
com a rede de Unidades Básicas de Saúde da RMC, em especial no município de Campinas, na qual a Faculdade de Ciências Médicas (FCM) se insere
por meio de seus cursos de graduação, especialização, aprimoramento e Residência Médica.
Além da liderança regional nos aspectos de ensino, pesquisa e assistência
em saúde, o HC conta com uma bem estabelecida infraestrutura de Tecnologia de Informação (TI). Tais recursos, tanto de hardware quanto de software, são coordenados por sua Divisão de Informática, que mantém em
permanente funcionamento o Sistema de Informação Hospitalar e a rede de
conectividade do hospital. Fisicamente, o HC está inserido na rede de fibra
óptica do campus da Unicamp, com velocidade de transmissão de dados de
um gigabit por segundo, conectada à Rede Nacional de Ensino e Pesquisa
(RNP) por meio da Academic Network at São Paulo (ANSP).
Integração de recursos
Em fevereiro de 2006, o professor Luiz Carlos Zeferino, então superintendente do HC, apresentou ao professor Marcos Nolasco o documento elaborado pela RNP com o delineamento do Projeto RUTE, convidando-o para
ser o coordenador da implantação do projeto no HC. Tal convite, embora
48
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
desafiador, foi percebido como uma oportunidade de retomar a participação da Unicamp na utilização da TI no contexto acadêmico da Área de Saúde
no Brasil. A instituição havia sido protagonista, por meio do seu Núcleo de
Informática Biomédica, coordenado pelo professor Renato Sabbatini, na década de 1990, de iniciativas pioneiras na área, como o Hospital Virtual Brasileiro e a publicação on-line Informática Médica. Tais iniciativas, no entanto,
haviam perdido a continuidade. Externamente à Área da Saúde, a Unicamp
registrava, desde 1997, uma iniciativa bem-sucedida e nacionalmente aceita
de uso de tecnologia da informação com fins educativos, a plataforma TelEduc, desenvolvida pelo Núcleo de Informática Aplicada à Educação, em
parceria com o Instituto de Computação.
Em março de 2006, as informações sobre o Projeto RUTE foram apresentadas
ao Conselho de Administração do HC, e iniciou-se a integração dos esforços
ligados ao projeto a atividades já em andamento na FCM, visando uma ação
sinérgica e uma otimização do uso de recursos humanos e materiais. Foi formado o Grupo de Trabalho em Telessaúde, contando com a participação da
analista de sistemas Eneida Rached Campos, da superintendência do HC,
do professor Abimael Aranha Neto, coordenador do Núcleo de Tecnologia
de Informação (NTI) da FCM, do professor Murilo Zeitune e da jornalista
Ana Diva Giraldi, do Gastrocentro, da Dra. Maria José Mastellaro, do Centro
Boldrini, e dos professores Satoshi Kitamura, do Departamento de Medicina
Preventiva e Social, e Konradin Metze, do departamento de Anatomia Patológica, entre outros participantes. Tal grupo, embora ainda não formalizado,
atuou de forma entusiástica durante o ano de 2006, com visitas a instalações
de centros de Telessaúde e Teleconferência em atividade, elaboração de estratégias de trabalho e definição de prioridades.
Nesta etapa, estabeleceu-se também cooperação com a Faculdade de Educação da Unicamp (FE), representada pelo engenheiro Gilberto Oliani. A cooperação da FE foi decisiva na transmissão da experiência conquistada com
a construção e operação de um ambiente modelar para videoconferência.
Em junho de 2006, o coordenador do Núcleo de Tecnologia de Informática
da FCM e o coordenador do Projeto RUTE foram indicados, por meio de
portaria da Reitoria da Unicamp, membros do Conselho de Tecnologia de
Informação e Comunicação (CONTIC) da Unicamp. Tal atribuição contribuiu para reforçar a relevância institucional das atividades de Telessaúde no
âmbito da universidade.
Capítulo  3. Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Campinas 49
Em agosto de 2006, a integração das atividades do Projeto RUTE no HC ao
contexto do emprego da tecnologia da informação na FCM consolidou-se de
forma adicional com a criação da Comissão de Ensino a Distância (CEAD),
inicialmente presidida pelo professor Ricardo Zollner, e, a partir de 2007,
pela professora Laura Ward. O coordenador local da RUTE passou a compor
o quadro de membros natos da CEAD.
Das reuniões do Grupo de Trabalho em Telessaúde resultou a proposta
apresentada pelo HC à coordenação da RUTE: a construção do Núcleo de
Telessaúde, situado em uma área estratégica no terceiro andar do hospital,
de fácil acesso e ampla circulação de profissionais. Adicionalmente, tal área
apresentava contiguidade com o Anfiteatro do HC, com capacidade para
150 lugares. Foi então elaborado um projeto para a composição do Núcleo
de Telessaúde, composto por uma sala de videoconferência com capacidade para 36 participantes, e com duas salas adicionais para a realização de
teleconsultas.
A concretização das ideias do Grupo de Trabalho em Telessaúde tornou-se possível a partir de dezembro de 2006, com a formalização do convênio entre a Unicamp e a RNP. Foi destinada uma verba inicial de cerca de
R$ 250.000,00 para a implantação da infraestrutura material do Núcleo de
Telessaúde do HC, incluindo aquisição de equipamentos e obras de engenharia civil. Além da contrapartida em recursos humanos, a FCM forneceu
uma verba adicional de cerca de R$ 50.000,00, necessária à plena realização
do projeto.
Do início de 2007 até o primeiro semestre de 2009, desenvolveu-se o processo de licitação de projetos, compra de equipamentos e execução das obras
civis das instalações do Núcleo de Telessaúde do HC. Nessa fase, destacaram-se as participações do engenheiro João Carlos de Jesus e do analista de
sistemas Edson Kitaka, da Divisão de Informática.
Nos anos de 2007 e 2008, enquanto prosseguiam as obras do Núcleo de Telessaúde, várias iniciativas contribuíram para, gradualmente, aumentar o
contato dos profissionais da Área da Saúde da Unicamp com o potencial das
tecnologias da informação. Tais atividades desenvolveram-se com colaborações decisivas do Núcleo de Tecnologia da Informação da FCM e do Centro
de Computação da Unicamp. Entre elas, destacam-se:
ƒƒ
50
A transmissão de procedimentos cirúrgicos, durante eventos coordenados pelas disciplinas de Otorrinolaringologia e Cirurgia Vascular.
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
ƒƒ
O oferecimento, em 2007, pelo professor André Morcillo, do Programa de Pós-Graduação em Saúde da Criança e do Adolescente, a pós-graduandos da Fundação Universidade Regional de Blumenau, da
disciplina de Introdução à Estatística Biomédica, a primeira disciplina de pós-graduação a distância oferecida pela FCM.
ƒƒ
O oferecimento, em 2008 e 2009, a mais de 50 profissionais, do Curso
de Saúde Baseada em Evidências, coordenado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e pelo Hospital Sírio-Libanês.
ƒƒ
A participação no módulo internacional “Telemedicina no Trauma”,
em novembro de 2008, durante o XXI Panamerican Trauma Congress, realizado em Campinas.
ƒƒ
A participação ativa do Gastrocentro no Programa NetGastro, apoiado pelas principais sociedades brasileiras das áreas de gastroenterologia e de cirurgia.
ƒƒ
A implantação, a partir do início de 2009, com financiamento conjunto da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e de recursos
próprios do HC, do Picture Archiving and Communication System
(PACS), pela Divisão de Imagenologia.
Um passo decisivo de formalização institucional foi a criação, em abril de
2008, por meio de portaria interna da diretoria da FCM, da Comissão Permanente do Núcleo de Telessaúde da Área da Saúde (NT-AS) da Unicamp, com
representantes de diversas unidades e serviços. Tal iniciativa contribuiu
para a consolidação das atividades no setor. A Comissão passou a coordenar
os novos serviços oferecidos pelo processo de Telessaúde, tais como videoconferências, teleconsultas, discussões entre equipes de saúde e cursos de
capacitação.
Atividades do núcleo
Em 31 de julho de 2009, foram inauguradas as instalações do Núcleo de
Telessaúde do HC (NT-HC), com a presença do coordenador nacional da
RUTE, Dr. Luiz Ary Messina, diversas autoridades, docentes e funcionários
da Área da Saúde da Unicamp. Em consonância com o projeto inicial, o núcleo ocupa uma Área total de 300m2, dotada de sala de videoconferência
para 30 participantes, salas de teleconsulta, lousa eletrônica, climatização,
design de interiores e arquitetura especialmente projetados para o aproveiCapítulo  3. Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Campinas 51
tamento máximo dos recursos (Figura 1). Também foram efetivamente estabelecidas as comunicações por cabo com o anfiteatro do HC e com o Centro
Cirúrgico. Para a coordenação técnica da operação do NT-HC foi designado
o analista Antonio Carlos da Silva.
Figura 1 – Sala de Teleconferência do NT-HC durante evento internacional.
A disponibilidade de instalações adequadas permitiu a intensificação das
atividades de Telessaúde na Unicamp. A atuação do NT-HC tem se concentrado na realização de teleconferências, devido ao grande potencial destas
atividades na educação profissional continuada e na discussão de casos clínicos e situações específicas em saúde. Até maio de 2013, foram realizadas
no NT-HC 583 videoconferências, 65 webconferências e 26 eventos diversos.
Neste contexto, tem sido crescente a participação de profissionais da FCM
nos Grupos de Interesse Especial (SIGs) da RUTE. A Unicamp atualmente
tem participação nos SIGs Sentinela, Gestão Hospitalar, Saúde da Criança e
do Adolescente, Técnico-Operacional, Bucomaxilofacial, Intoxicações, Colaborativo em Educação Médica e Endocrinologia Pediátrica. Também têm
sido sediadas no NT-HC as atividades do Curso de Saúde Baseada em Evidências, com uma nova turma em 2011. As disciplinas de Oftalmologia, Reu52
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
matologia e Neurologia e Cirurgia Plástica têm realizado reuniões de âmbito
nacional e internacional.
Entre os participantes do NT-HC, merece destaque a atuação da disciplina
de Cirurgia do Trauma, coordenada pelo professor Gustavo Fraga. As atividades ocorrem em cooperação com a Sociedade Brasileira de Atendimento Integrado ao Traumatizado (SBAIT), destacando-se a colaboração com
o Ryder Trauma Center, da Universidade de Miami, nos Estados Unidos da
América (EUA), cujo serviço de Telemedicina é coordenado pelo professor
Antonio Marttos Jr. A interação entre os serviços é centralizada na atividade
denominada Trauma Tele-Grand Rounds Conference. Nos últimos dois anos,
a especialidade coordenou ou participou de 91 teleconferências, sendo 74
delas internacionais, incluindo, além da Universidade de Miami, outros
centros acadêmicos dos EUA e da América Latina. As atividades envolvem
profissionais de vários níveis de formação, desde alunos de graduação a
médicos residentes, pós-graduandos e docentes. Em março de 2011, a especialidade coordenou, nas instalações da FCM, o “Curso Internacional de
Resposta Médica Avançada em Desastres”, com vários convidados nacionais
e internacionais.
As atividades de membros do NT-AS têm sido divulgadas recentemente em
periódicos acadêmicos e científicos. Dois artigos explorando as potencialidades da Telessaúde e da educação a distância em saúde foram publicados,
em 2008 e 2010, no Boletim da FCM, e o artigo intitulado “Initial experience
at a university teaching hospital from using telemedicine to promote education through video conferencing” foi recentemente publicado no São Paulo
Medical Journal. Adicionalmente, a equipe da Cirurgia do Trauma registrou
em livro as bases conceituais e operacionais da Telemedicina no trauma e
tem participado de estudos com parceiros internacionais.
Perspectivas
A avaliação das atividades de Telessaúde na FCM-Unicamp, desencadeadas
pela adesão ao projeto RUTE, sugere que houve pleno sucesso no estabelecimento de condições materiais e humanas adequadas ao uso dos recursos
de TI para educação continuada e capacitação profissional. As atividades de
assistência e pesquisa se encontram em etapas iniciais, e deverão ser intensificadas pelo estabelecimento de parcerias acadêmicas, nacionais e internacionais, e com instituições do setor público de saúde.
Capítulo  3. Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Campinas 53
A equipe do NT-AS tem estabelecido contatos para ampliação das atividades
de Telessaúde em âmbito estadual. Negociações iniciais têm sido realizadas
visando viabilizar a realização de teleconsultas para cooperação especializada com os Ambulatórios Médicos do Governo de São Paulo (AMEs). Vários
AMEs do leste do Estado de São Paulo desfrutam de gestão compartilhada
entre a Unicamp e a Secretaria de Estado da Saúde.
Em 2010, o estabelecimento de parceria entre o Centro de Educação dos
Trabalhadores da Saúde (CETS) da Secretaria Municipal de Saúde de Campinas, representada pelo doutor Fernando Chacra, e o NT-AS, resultou em
um experimento-piloto de teleconsulta especializada em Cardiologia. Com
a consultoria do professor Fernando Schellini, foi realizada junto a uma Unidade Básica de Saúde de Campinas, a discussão de um caso clínico e o aconselhamento de conduta terapêutica. Existem perspectivas de intensificação
de tais atividades em um futuro próximo.
Com a concretização da Telessaúde no contexto da prática profissional, de
ensino e pesquisa, podemos vislumbrar um cenário, nos próximos anos,
em que o uso dos recursos de TI permitirá a extensão de cuidados de maior
complexidade a pequenas localidades, racionalização de custos, integração
de serviços, motivação de profissionais e melhora nos indicadores de qualidade, estendendo benefícios a toda a sociedade.
Referências bibliográficas
SILVA, M. T. N.; ZEFERINO, L. C.; CAMPOS, E. R. Telemedicina e telessaúde: assistência, ensino e pesquisa na aldeia global. Boletim da FCM, v. 4, n. 1, p. 2, jul. 2008.
WARD, L. S.; SILVA, M. T. N.; ZIMMERMMAN, A. A Comissão de Ensino a Distância da
FCM. Boletim da FCM, v. 5, n. 7, p. 5, jan. 2010.
PEREIRA, B. M.; CALDERAN, T. R.; SILVA, M. T.; SILVA, A. C.; MARTTOS JR., A C.; FRAGA, G. P. Initial Experience at a University Teaching Hospital from Using Telemedicine to Promote Education Through Video Conferencing. Med J., São Paulo, v. 130, n.
1, p. 32-6, 2012.
PEREIRA, B. M. T.; MARTTOS JR., A. C.; FRAGA, G. P. Telemedicina na assistência e
no ensino. In: FRAGA, G. P.; SEVÁ-PEREIRA, G.; LOPES, L. R. Atualidades em clínica
cirúrgica – intergastro e trauma 2011. São Paulo: Atheneu, 2011. p. 3-13.
MARTTOS, A. C.; KUCHKARIAN, F. M.; ABREU-REIS, P.; PEREIRA, B. M.; COLLET-SILVA, F. S.; FRAGA, G.P. Enhancing trauma education worldwide through telemedicine.
World J. Emerg Surg. 2012 Aug 22; 7 Suppl 1:S4.
54
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Capítulo 4
Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo (FMUSP):
A Telemedicina e a Educação Interativa
Chao Lung Wen
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Introdução sobre Tecnologias Educacionais
Interativas para promoção da Educação 3.0
A educação é um processo complexo e, atualmente, com a facilidade de
acesso às tecnologias, ela pode ganhar reforços para potencializar os métodos clássicos. Quando a educação envolve aspectos relacionados com
qualificação profissional, ela deve também ser analisada e planejada sob
vários aspectos, entre eles a motivação, a disponibilização de acesso a materiais educacionais de qualidade, a interação com centros de excelência e a
avaliação de competências profissionais. Mais do que a disponibilização de
cursos, a construção de ambientes para avaliar competências (conhecimento cognitivo, raciocínio, capacidade de decisão, comportamento etc.) deve
receber atenção especial.
Embora a expressão Educação a Distância esteja amplamente difundida, a
Disciplina de Telemedicina da FMUSP tem-se voltado mais para os aspectos
da Educação Mediada por Tecnologia (Educação Interativa), sendo utilizado
o modelo de Teleducação Interativa quando há necessidade de prover educação para localidades fisicamente distantes. Este modelo foca no processo de
aprendizagem colaborativa, no qual se usa as tecnologias interativas para proporcionar a formação de um ambiente para desenvolvimento de aspectos relacionados com trabalho em equipe, liderança, capacidade de pesquisa, síntese, comportamental (atitude adequada em situações críticas), aprendizado
das diferentes realidades de saúde e trabalho multiprofissional, entre outros.
A construção de bons programas educacionais não pode ser vista exclusivamente no aspecto da informação teórica. Os bons programas devem sempre
procurar levar as experiências práticas e a aplicação dos fundamentos teóricos para solução de problemas. Desta forma, a integração de diversos recur-
sos tecnológicos educacionais interativos com matrizes de conhecimentos
e estratégias de comunicação torna-se importante a criação de Ambientes
Interativos de Aprendizagem que possibilitem o estudo e o aprendizado a
distância. A FMUSP e o HC-FMUSP possuem uma completa infraestrutura hospitalar, com corpo clínico e docente que possibilita a organização e
realização de capacitações profissionais em praticamente todas as áreas da
saúde, e oferece estrutura hospitalar e laboratorial para treinamento prático, integrados por uma grande rede de Telemedicina para fins de Educação
e Pesquisa (Rede EPesq), unindo as unidades assistenciais, educacionais e
de pesquisa de seus 320 mil metros quadrados, onde circulam cerca de 10
milhões de pessoas ao ano.
Figura 1 – Educação Interativa
A Teleducação Interativa ganha força quando o ambiente educacional é integrado a infraestruturas para avaliação de conhecimento. Além das formas
clássicas de avaliação de conhecimento, em formato de provas de múltiplas
escolhas, podem-se utilizar outros métodos modernos, tais como simuladores virtuais de casos clínicos e jogos interativos em conjunto com certificações de habilidades práticas. As avaliações podem ser feitas em Ambientes
de Simulação Realista. São na prática áreas que permitem aos professores
e “mentores” acompanharem todas as etapas, facilitando as discussões de
atitudes comportamentais e de técnicas práticas e até laboratórios de habilidades. Estes centros permitiriam a consolidação de estruturas destinadas
à certificação de competência e ao desenvolvimento de habilidades prático-comportamentais.
56
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Rede EPesq (Educação e Pesquisa)
do Sistema FMUSP-HC
Com objetivo de modernizar a infraestrutura de Telemedicina da Faculdade
de Medicina da USP, desde setembro de 2004, a DTM vem desenvolvendo
uma ação contínua interligando todo o quarteirão saúde (Faculdade de Medicina da USP, Complexo Hospital das Clínicas com todos os seus institutos,
Faculdade de Saúde Pública, Escola de Enfermagem, Instituto Médico Legal, Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo, Instituto do Câncer, Instituto Emilio Ribas) em uma rede própria dedica à Telemedicina. Por meio
da conexão com a rede USP-net, foram interligadas outras unidades de saúde, como o Hospital Universitário no campus da USP, Centro de Saúde do
Butantã, campus da USP em Bauru (Faculdade de Odontologia de Bauru,
Centrinho), Hospital das Clínicas e campus de Ribeirão Preto da USP (Faculdade de Medicina, Faculdade de Enfermagem, entre outros), campus de
São Carlos da USP, possibilitando formar uma rede de educação, assistência
e pesquisa em saúde.
Por meio dos seus CETECs (Centros de Tecnologia) a DTM vem promovendo ações conjuntas com outras entidades e redes, ampliando as áreas de
coberturas através da Telemedicina. Atualmente, por meio da Rede EPesq,
é possível desenvolver modelos educacionais inéditos no mundo, como a
conexão interativa entre diversas infraestruturas para oferecer ao aluno um
aprendizado global e integrado. Estão interligadas à rede Epesq áreas como
Figura 2 – Rede de Educação e Pesquisa (EPesq) do HC da FMUSP
Capítulo  4. Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo57
o moderno laboratório de habilidades baseado em manequins; o maior Serviço de Verificação de Óbitos do País – que permite realização de eventos de
discussão anátomo patológico baseado em casos de autópisia e demonstrações cirúrgicas em tempo real (realizadas mensalmente, ininterruptamente, desde 2002); salão da técnica cirúrgica; o Centro de Ensino e Pesquisa
em Cirurgia (CEPEC) para capacitação de cirurgias minimamente invasivas,
principalmente em intervenções videoassistidas, entre outros.
O sistema FMUSP-HC realiza mais de 500 atividades interativas anuais,
on-line por videoconferência, transmissão de evento pelos seis canais de
videostreaming formando redes colaborativas de aprendizagem.
Figura 3 e 4 – Centro de videoconferência e
webconferência e Teleambulatório da FMUSP
Sobre a Disciplina de Telemedicina da FMUSP
A disciplina de Telemedicina da FMUSP, primeira do País, foi criada em 1997,
sob a liderança do professor György Miklós Böhm, então professor-titular do
Departamento de Patologia. Ficou operacional a partir de 1998, iniciando-se
pela pós-graduação, ampliando para curso optativo da graduação em 2002
e em 2005, criou a primeira Liga de Telemedicina do Brasil. Pelo contexto
histórico do momento da sua criação, ela começou e ainda faz parte do Departamento de Patologia. Os objetivos da disciplina foram e são:
1. Ensinar e procurar institucionalizar a Telemedicina em nível de graduação e pós-graduação.
2. Incentivar e consolidar o uso da Telemedicina e da Telessaúde no
Sistema FMUSP-HC, e o difundir no País.
58
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
3. Modernizar os recursos educacionais na FMUSP e HCFMUSP, por
meio do uso de Tecnologias Educacionais Interativas (exemplo: Laboratório de mídias interativas 3D com mesa anatômica digital e impressoras 3D).
4. Organizar e consolidar a teleassistência com criação de estruturas de
teleambulatórios.
5. Implementar o Programa de Acessibilidade Digital em Saúde com a
criação do Repositório de Produção Intelectual para estruturação da
Nuvem do Conhecimento.
6. Criar e consolidar linhas de pesquisas em Telemedicina e Telessaúde.
7. Desenvolver iniciativas de promoção da saúde nas comunidades por
meio de ações do Projeto Jovem Doutor (envolvimento de estudantes – Programa de Saúde para as Comunidades baseadas em Telecentros) e atividades de Extensão Universitária.
8. Promover parcerias com instituições nacionais e internacionais para
formação de redes colaborativas.
9. Estruturar um Centro de Inovação e Sustentabilidade em Telemedicina para pesquisa e desenvolvimento de novas soluções, e estabelecer parcerias com a iniciativa privada.
10. Desenvolver o e-health, mobile-health e e-Care (Tablet da Saúde).
11. Fomentar a organização de ações de Telemedicina e Telessaúde nas
diversas profissões de saúde e nas profissões relacionadas (tecnologia, comunicação, sociologia, antropologia, entre outros).
A DTM desenvolve linhas de pesquisas e produz trabalhos científicos, educa
em nível de graduação e pós-graduação e presta assistência à comunidade.
Nos últimos anos a DTM vem liderando vários projetos (Edital 24 de 2010
– CAPES/MEC, Programa Nacional de Telessaúde Brasil Redes do Ministério da Saúde, Pró-Inovalab da Pró-Reitoria de Graduação da USP etc.), pesquisando e reunindo tecnologias para promover a Telemedicina de alta tecnologia, além de construir sistemas para promover a Telemedicina de larga
abrangência baseada na Internet (Ambiente Interativo de Aprendizagem e
Ambulatório Virtual).
Dentro do programa de pós-graduação do Departamento de Patologia, a
DTM-FMUSP, até 2013, formou 12 doutores e 5 mestres. Com características
Capítulo  4. Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo59
multiprofissionais, a formação envolveu pós-graduandos médicos (patologia clínica, oftalmologia, pediatria, dermatologia e cardiologia), biomédicos,
dentistas, comunicadores, educadores físicos e economistas.
A DTM-FMUSP tem experiência na organização e realização de dois cursos de especialização em microbiologia, com carga de 400 horas, e de cinco cursos de difusão, todos pela Pró-Reitoria de Extensão Universitária da
USP, usando recursos de Teleducação Interativa. Os cursos de difusão foram
realizados também como parte integrante das atividades educacionais do
Programa Telessaúde Brasil Redes do Ministério da Saúde, sendo que, em
dois cursos, houve capacitação de profissionais dos municípios de Manaus
e Parintins, usando tecnologias interativas on-line.
Apoiou a realização de dois cursos de extensão universitária (monitoramento
ambiental e poluição), com disponibilização do ambiente interativo de aprendizagem (AI-A) da Disciplina de Telemedicina (Cybertutor), e desenvolveu um
modelo educacional para o Programa Nacional de Educação Permanente em
Medicina Física e Reabilitação, curso multicêntrico e a distância de educação
permanente para residência médica em Medicina Física e Reabilitação juntamente com a Sociedade Paulista de Medicina Física e Reabilitação (SPMFR) e
com a Associação Brasileira de Medicina Física e Reabilitação (ABMFR).
Desde 2008, vem apoiando a realização do curso a distância “Principles and
Practice of Clinical Research – Clinical Trials” com o Department of Continuing
Education of Havard Medical School, e desde 2009, desenvolve a versão nacional
do curso (Pesquisa Clínica), pela Pró-Reitoria de Cultura e Extensão da USP.
Promove treinamento de médicos residentes no uso de recursos de Telemedicina/Telessaúde, durante os seus estágios no ambulatório de Doenças
Sexualmente Transmissíveis, no Centro de Saúde Geraldo Paula Souza FSP-USP, desde 2003. São mais de 430 médicos residentes treinados até 2013.
Desde 2002, juntamente com o Departamento de Patologia, é responsável
por reuniões de Telepatologia em webconferência em tempo real, como atividade para graduandos e residentes de Medicina de escolas médicas do
País (USP, Universidade Federal de MG, PR, UFMA, Universidade Estadual
de Londrina, Maringá, MA, Famema, Presidente Prudente, entre outros).
Em novembro de 2009, desenvolveu um kit denominado Guia Interativo de
Aprendizagem Médica, que reuniu em quatro DVDs 15 vídeos de discussão
anatomopatológica para treinamento de raciocínio investigativo, e imple-
60
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
mentou módulos interativos nos sete volumes da coleção Clínica Medica, da
Faculdade de Medicina da USP e do HCFMUSP.
Desde 2005 vem apoiando a organização e consolidação da Escola de Educação Permanente do HCFMUSP, e desde 2009, vem ampliando as suas atividades provendo a infraestrutura para utilização de tecnologias a distância
para estruturação de cursos multicêntricos (http://www.eep.edm.org.br).
Atualmente a Faculdade de Medicina da USP e o Sistema Hospitalar do
HCFMUSP formam um dos importantes polos de Telemedicina do Brasil,
e conta com moderna infraestrutura tecnológica e equipes de profissionais
especializados no desenvolvimento de conteúdo educacional, iconografias
didáticas, sistemas de educação interativa a distância e estratégias de certificação de capacitação.
Segunda Opinião Formativa
e Educação Contextualizada
Embora grande parte dos desenvolvimentos educacionais seja focada em
cursos, a integração com a prática profissional é fundamental para a motivação dos profissionais. Neste contexto, a utilização de métodos de Segunda
Opinião Formativa Especializada pode ser importante, pois permite desenvolver uma estratégia educacional que enfoque o aprendizado baseado na
problemática real. A integração dos ambientes interativos de aprendizagem
e dos ambulatórios digitais possibilita a estruturação de programas educacionais com este enfoque.
A Segunda Opinião Especializada Formativa é uma atividade interativa que
diferentemente do simples esclarecimento de dúvidas, foca na transmissão
de um conhecimento, de forma dirigida, para a construção do raciocínio. Está
centrada na formação do profissional que está fazendo a consulta, baseando-se no problema encaminhado a um profissional especializado. Pode ser
aplicada em todas as situações em que exista um profissional a distância que
necessite do apoio de outro profissional, transformando a experiência especializada em conhecimento aplicável para a resolução de um problema. Trata-se, em síntese, da integração dos conceitos educacionais, como o aprendizado baseado em problema, a saúde baseada em evidência, a tutoração prática
a distância e o suporte assistencial prático. Os resultados da discussão, quando trabalhados por um design de comunicação educacional, permitem gerar
Capítulo  4. Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo61
sínteses denominadas de unidades de conhecimento (áudios ou vídeos), que
ajudam na orientação contextualizada para a tomada de decisão.
Este modelo permite que o educador identifique as necessidades de um
profissional distante, transformando-se em uma dinâmica, que contextualiza a educação de acordo com as necessidades regionais. Ele é aplicável
nas profissões de saúde (medicina, odontologia, enfermagem, fonoaudiologia, fisioterapia, saúde mental e assistência social, entre outras) e também
nas profissões relacionadas, como comunicação, administração/gestão, Telemedicina, informática, pedagogia e tecnologia. É um método a distância
que pode contribuir com a educação continuada e permanente dos profissionais e não somente na solução de dúvidas. Esse processo se diferencia
por não se aplicar somente a área médica ou da saúde, mas sim em todos
os seguimentos que exista um profissional a distância utilizando recursos
de informática ou telecomunicação, para transformar sua experiência em
conhecimento para outro profissional. Trata-se de uma tutoração prática a
distância que permite ao educador reconhecer as necessidades de um profissional distante. É uma junção de educação contextualizada com atendimento às necessidades regionais.
Para consolidação da Teleassistência, a Disciplina de Telemedicina encaminhou obteve um parecer da Comissão de Bioética do HCFMUSP em relação
a Segunda Opinião Formativa para Atenção Primária, e teve o projeto criação de teleambulatório (Laboratório Digital de Aprendizagem Clínico Prático em Saúde) para educação na graduação aprovado pela Pró-Reitoria da
Graduação da USP, em junho de 2012, dentro do Edital Pró-Inovalab.
Figura 5 – Tecnologias Educacionais Interativas
62
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Projeto Homem Virtual (objetos educacionais
de aprendizagem) – Computação Gráfica 3D
Os meios de comunicação, principalmente os áudio-vídeo-gráficos desenvolvem formas sofisticadas de comunicação sensorial multidimensional, de
superposição de linguagens e mensagens, que facilitam a aprendizagem e
condicionam outras formas e espaços de comunicação. Os meios de comunicação operam imediatamente com o sensível, o concreto, principalmente,
a imagem em movimento. Ao mesmo tempo utilizam a linguagem conceitual, falada e escrita, mais formalizada e racional. Imagem, palavra e música se
integram dentro de um contexto comunicacional afetivo, de forte impacto
emocional, que facilita e predispõe a conhecer mais favoravelmente. Estas
tecnologias convergentes e combinadas modificam profundamente todas
as dimensões das ações e práticas educativas.
O desenho digital, somado ao conhecimento científico, permite a visualização detalhada de processos fisiológicos, bem como das causas e efeitos das
doenças, da ação de medicamentos e dos procedimentos cirúrgicos. É um
poderoso recurso iconográfico que auxilia o aprendizado, uma vez que facilita o entendimento em relação a um assunto específico. O Projeto Homem
Virtual é um método de Comunicação Dinâmica e Dirigida (CDD). Consiste na representação gráfica de grande quantidade de informações especializadas de modo agradável, interativo, dinâmico e objetivo. Os objetos de
aprendizagem criados a partir do Homem Virtual facilitam a compreensão
de assuntos complexos com a ajuda da comunicação roteirizada. Por isso,
transformam-se em uma tradução precisa do conhecimento científico, com
uma estratégia de comunicação adequada ao público-alvo. Mais do que
anatomia em 3D, o Homem Virtual é o instrumento que permite a visualização detalhada dos processos fisiológicos, das causas e efeitos das doenças,
da ação dos medicamentos e dos procedimentos cirúrgicos. Por exemplo: o
mecanismo de invasão de uma célula do fígado pelo vírus da hepatite; como
é o processo de marcha de uma pessoa normal e o de uma amputada; como
se dá a fonação e a dinâmica das cordas vocais; como funciona a articulação
temporomandibular etc. Essa ferramenta, cuja concepção foi iniciada em
2003 pela DTM-FMUSP, auxilia na capacitação de profissionais de saúde, no
ensino dos estudantes da área, na orientação de pacientes e na promoção da
saúde do público em geral.
A construção do Homem Virtual é resultado da integração de especialistas
científicos em determinados assuntos, com especialistas de Telemedicina e
Capítulo  4. Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo63
digital designers. Diferentemente das produções de computação gráfica clássicas, o Homem Virtual especifica e detalha cada uma das etapas científicas.
Essa ferramenta pode ser disponibilizada nas escolas, bibliotecas e espaços
culturais de todo País, para que os professores utilizem como um instrumento educacional, otimizando o tempo das aulas e facilitando a comunicação
professor-aluno. Os próprios alunos podem consultar o material nas bibliotecas como complemento dos conhecimentos adquiridos nas aulas.
Figura 6 – Homem Virtual
Essa ferramenta pode ser disponibilizada nas bibliotecas das faculdades de
Medicina, Odontologia, Enfermagem, Fonoaudiologia e outras, bem como
em outros tipos de instituições educacionais em todo o País, para que os
professores a utilizem na otimização do tempo das aulas para facilitar a comunicação com o aluno. Os próprios alunos podem consultar o material
nas bibliotecas para complementar os conhecimentos adquiridos nas aulas.
Mais do que isso, os estudantes podem se organizar para construir simuladores de casos clínicos a partir das sequências do Homem Virtual.
A DTM da FMUSP é atualmente um centro nacional no desenvolvimento de
materiais interativos e de comunicação gráfico-computacional para a Área
da Saúde. Possui uma equipe formada por médicos, docentes, analistas de
sistemas, estrategista de comunicação digital em saúde, digital designer,
projetista de educação interativa, entre outros. Em decorrência da qualidade
dos trabalhos, as produções foram utilizadas por diversas instituições, entre
elas a TV Rede Globo, 1ª e 2ª séries da Geração Saúde da TV-Escola/MEC,
64
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Programa de Eliminação de Hanseníase (Ministério da Saúde e Organização Pan Americana de Saúde), vídeos de prevenção do SGTES/Ministério da
Saúde, Espaço Saúde do Globo News, TV Record, TV Bandeirantes, Acessa
São Paulo (Telecentro do Governo do Estado de São Paulo), entre outros.
Referências bibliográficas
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Capítulo  4. Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo65
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66
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Capítulo 5
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
Alexandra Maria Vieira Monteiro, Munique Valério Santos,
Marta Rocha, João Paulo Pires das Neves e Edson Paulo Diniz
Hospital Universitário Pedro Ernesto
Evelyn Eisenstein e Mario João Junior
Faculdade de Ciências Médicas da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
A criação da Internet gerou um grau inaudito de conexão irrestrita entre as
pessoas tornando inexorável a incorporação do uso das tecnologias de informação e de comunicação, também, na saúde. Com esta visão, e de forma
pioneira, a Faculdade de Ciências Médicas, da Universidade do Estado do
Rio de Janeiro (UERJ), iniciou em 2003 ações em Telemedicina para teleconsultoria utilizando a teleconferência como meio de comunicação com
outros centros de excelência internacionais. Desde então, com a mudança progressiva de paradigmas e com a demanda espontânea estabelecida
na universidade, vinculado ao Centro Biomédico foi criado o Laboratório
de Telessaúde que está localizado no Hospital Universitário Pedro Ernesto.
Paralelamente, o governo federal instituiu dois programas utilizando recursos em Telessaúde com abrangência nacional: a Rede Universitária de Telemedicina, pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, e o Programa
Nacional Telessaúde Brasil Redes, pelo Ministério da Saúde. Estes dois programas de integração nacional e inclusão social, em saúde, permitem que
as atividades do Telessaúde UERJ sejam compartilhadas, simultaneamente,
por municípios geograficamente afastados e por centros acadêmicos de excelência nacionais e internacionais.
Núcleo RUTE – UERJ é composto pela fusão das ações de dois laboratórios
de pesquisa no uso das tecnologias em saúde: o Laboratório de Informática
Médica, localizado na Faculdade de Ciências Médicas, exclusivo para atividades médicas e o Laboratório de Telessaúde (Telessaúde UERJ), localizado
no Hospital Universitário Pedro Ernesto, que agrega todas as profissões em
saúde, inclusive a medicina. Este, pela abrangência internacional (Figura
1) e nacional (Figura 2) de suas atividades síncronas e assíncronas foi homologado, em 18/01/2010, na Rede Universitária de Telemedicina (RUTE).
Além disso, esse perfil multiprofissional e interdisciplinar resulta, até o pre-
sente momento, na participação em 30 grupos especiais de interesse (SIGs)
da RUTE. Por outro lado, pela associação de atividades com o Núcleo de
Técnico-Científico de Telessaude do Estado do Rio de Janeiro, do Programa
Telessaúde Brasil Redes, o Telessaúde UERJ tem atuação em todas as redes
de atenção à saúde que incluem desde ações na atenção primária até a alta
complexidade.
Figura 1 – Mapa de abrangência internacional do Telessaúde UERJ
Figura 2 – Mapa de abrangência nacional, com destaque para a
Região Sudeste – Estado do Rio de Janeiro, do Telessaúde UERJ
68
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Além disso, o Telessaúde da UERJ atua também na área de pesquisa em outros projetos, sendo um dos laboratórios do Instituto Nacional de Ciência e
Tecnologia – Medicina Assistida por Computação Científica, projeto coordenado pelo Laboratório Nacional de Computação Científica, apoiado pelo
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.
No telediagnóstico, a telerradiologia é o diferencial. Além das técnicas habituais de digitalização de imagens, foi desenvolvido, em parceria com uma
equipe multidisciplinar e com o apoio da Financiadora de Estudos e Projetos, uma solução de baixo-custo, sustentável e reprodutível para digitalização de filmes radiográficos. Nesse cenário, inclusive, já foram diagnosticados rapidamente casos de tuberculose pulmonar pós-primária, uma doença
ainda prevalente no Brasil.
Na comunidade, foi implementado um programa de teleconferências mensais, intitulado Telessaúde na Escola, integrando profissionais da saúde,
equipes escolares, famílias, adolescentes e crianças com o objetivo do fortalecimento da saúde integral da população.
Materiais e Métodos
O Núcleo RUTE-Telessaúde UERJ é composto por uma equipe multidisciplinar e multiprofissional que atua em colaboração nas diferentes áreas da
educação, da pesquisa da teleconsultoria síncrona e assíncrona e do telediagnóstico. Com esses objetivos, são realizadas, diariamente, diferentes
tecnologias para teleconferência, seja por webconferência, videoconferência
ou telepresença. Em sua maioria, as teleconferências são gravadas e disponibilizadas em um ambiente virtual de aprendizagem para serem reutilizados pelos diferentes grupos.
No que tange especificamente as atividades RUTE-UERJ, as telessessões
dos SIGs são gravadas e disponibilizadas para serem reutilizadas pelos grupos. Em geral, na dependência do objetivo e do público-alvo da telessessão,
ocorre uma associação entre as tecnologias de webconferência e videoconferência ampliando a abrangência e a integração entre todos os participantes.
Recentemente, com a incorporação de infraestrutura de telepresença, com
o apoio da RUTE, houve um salto de excelência na qualidade de áudio e de
imagem atingindo padrões internacionais.
Capítulo  5. Universidade do Estado do Rio de Janeiro69
Figura 3 – Plataforma colaborativa do Telessaúde UERJ
Resultados
Cerca de 34.500 profissionais de saúde estão cadastrados na plataforma colaborativa até o presente momento. Destes, 4,6% estão localizados em diferentes países. A produção técnico-científica remete a apresentação de 132
trabalhos científicos em eventos nacionais e internacionais, com destaque
ao congresso anual da Sociedade Internacional de Telemedicina e Telessaúde de 2012, quando a equipe de Telessaúde UERJ recebeu menção honrosa
por destaque técnico-científico.
Conclusão
O apoio governamental para a criação de infraestrutura adequada para Telemedicina e Telessaúde, no Brasil, está permitindo a implementação e sustentabilidade de rede integradas em saúde que resultarão, cada vez mais,
na inclusão, capacitação e atualização profissional eliminando as barreiras
geográficas, por conseguinte, qualificando o atendimento à população.
70
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Referências bibliográficas
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http://www.telessaude.uerj.br/colorindo-e-movendo/>
Plataforma colaborativa do Laboratório de Telessaúde Uerj. Disponível em: <http://
www.telessaude.uerj.br/ava/>
Capítulo  5. Universidade do Estado do Rio de Janeiro71
Capítulo 6
Hospital Universitário Professor Alberto Nunes da
Universidade Federal de Alagoas (UFAL)
Francisca Rosaline Leite Mota e Marcelo Costa Oliveira
Instituto de Ciências Humanas, Comunicação e Artes e Instituto
de Ciências da Computação da Universidade Federal de Alagoas
É sabido que os recursos orçamentários destinados aos programas de Atenção à Saúde muitas vezes são escassos e, nem sempre, suficientes para atender de modo satisfatório às demandas impostas pela sociedade, sobretudo,
no que se refere às necessidades das classes mais desprovidas de bens materiais e financeiros.
A Saúde Pública é motivo de incontáveis debates e reflexões não só na sociedade brasileira mas, em escala global. No Brasil, apesar da mortalidade
infantil ter diminuído em média 14% nos últimos cinco anos e a expectativa
de vida do cidadão brasileiro ter aumentado para 74,9 anos, ainda se observa uma discrepância muito grande na qualidade de vida da população
nas diferentes regiões do País. A realidade da saúde nos estados brasileiros
inspira cuidados, no Estado de Alagoas não é diferente e a população sofre
com deficiências, muitas vezes, gritantes no cenário atual.
Com os avanços científicos e tecnológicos, as ferramentas de e-health, Telemedicina e Telessaúde figuram como algumas das alternativas que emergem
no bojo da atual conjuntura do campo da saúde. A Organização Mundial de
Saúde (OMS) define a Telemedicina como “a oferta de serviços ligados aos
cuidados com a saúde, nos casos em que a distância é um fator crítico; tais
serviços são prestados por profissionais da Área da Saúde, usando tecnologias de informação e de comunicação para o intercâmbio de informações
válidas para diagnósticos, prevenção e tratamento de doenças e a contínua
educação de prestadores de serviços em saúde, assim como para fins de pesquisas e avaliações”. A Telessaúde é definida como “uso das tecnologias de
informação e comunicação para transferir informações de dados e serviços
clínicos, administrativos e educacionais em saúde”. Fica claro, nas definições apresentadas, o quão importante e benéfico pode ser o uso adequado
destes ferramentais. As possibilidades envolvem benefícios como:
ƒƒ
Facilitação do acesso às informações em saúde.
ƒƒ
Agilização dos processos.
ƒƒ
Possibilidade de compartilhamento das inovações.
ƒƒ
Troca de informações entre serviços, com redução dos custos e aprimoramento assistencial.
ƒƒ
Enfretamento das dificuldades para o transporte de pacientes especiais.
ƒƒ
Transformação dos processos de marcação de consultas especializadas.
ƒƒ
Promoção de educação e requalificação permanentes dos profissionais da área de saúde.
Com os avanços do Estado de Alagoas e a inserção em programas como a
Rede Universitária de Telemedicina (RUTE) e o Programa Telessaúde Brasil
Redes é importante e necessária a capacitação de discentes, docentes e profissionais de saúde nas questões tecnológicas.
Histórico
Nos dias 24 e 25 de abril de 2006, a Rede Universitária de Telemedicina
(RUTE) convocou simpósio na cidade do Rio de Janeiro, para difundir as
diretrizes do Projeto RUTE I, que incluiu os primeiros 20 hospitais universitários contemplados, dentre os quais foi inserido o HUPAA-UFAL, representado por João Batista Neto e Flávio Egídio Barbosa das Neves.
Ao inteirar-se dos objetivos do Projeto RUTE I, o diretor-geral Paulo Luiz Teixeira Cavalcante instituiu imediatamente o Comitê Assessor Local de Instalação da RUTE no HU-UFAL, através da Portaria n. 21/2006 de 3/05/2006,
substituída pela Portaria n. 27/2006/DG/HU/UFAL de 9 de junho de 2006,
ligada à diretoria de Ensino. Em Portaria n. 009 de 27 de julho de 2007, foi
criado o Núcleo de Telemedicina e Telessaúde do HUPAA-UFAL. No ano de
2009 a Coordenação do Núcleo ficou sob o encargo de Francisca Rosaline
Leite Mota e, em 2011 começou a contar em sua composição com os professores Aydano Pamponet e Diniz Fireman do curso de Ciências da Computação da UFAL.
Depois de muito esforço e dedicação e com base na necessidade de iniciar
o processo de implantação da Telemedicina e Telessaúde entre os profissionais, docentes e discentes de Saúde e Tecnologia da Informação, no Estado
de Alagoas, foram inauguradas em março de 2009 as instalações do Núcleo
Capítulo  6. Hospital Universitário da Universidade Federal de Alagoas73
de Telemedicina e Telessaúde do Hospital Universitário Professor Alberto
Antunes da Universidade Federal de Alagoas (HUPAA-UFAL). Trata-se de
uma iniciativa apoiada e financiada pela Rede Universitária de Telemedicina com a pretensão de contribuir para a obtenção de melhorias no processo
de Atenção à Saúde com vistas a promoção da saúde coletiva, bem como, no
trabalho de capacitação/atualização permanente dos profissionais e o fortalecimento das ações do próprio Núcleo. Durante todo o ano de 2009 e até
a presente data o Núcleo vem desenvolvendo ações no sentido de adentrar
definitivamente no cenário da Telemedicina e Telessaúde do País.
SIGs
Os Grupos Especiais de Interesse (Special Interest Groups/SIG’s) surgiram
no ano de 2007 com o objetivo de estabelecer parcerias para o desenvolvimento de um trabalho em rede nacionalmente. As parcerias promovem
intercâmbio de experiências e fomentam a produção do conhecimento.
Em consonância com o pensamento dos autores, acreditamos que os SIGs
apresentam-se como “infinitas possibilidades de aplicação dos recursos
de comunicação e informação a serviço da saúde. Da inquietação e da inconformidade diante dos problemas sociais surgem iniciativas que buscam
uma melhor qualidade de vida e consolida-se, nesse universo, a certeza de
que unir forças e compartilhar conhecimentos é a trajetória mais segura,
mais completa e mais rápida”. Nesse sentido o Núcleo do HUPAA vem participando de forma ativa das atividades promovidas e vem divulgando os
SIGs entre os professores, pesquisadores, estudantes de Ciências da Saúde
da UFAL e corpo técnico-administrativo do hospital. Pretende-se para este
semestre ampliar significativamente a divulgação dos SIGs por meio de estratégias de sensibilização sobre a importância dos mesmos. Atualmente o
HUPAA participa dos SIGs RUTE na área de Radiologia, especialmente nas
áreas de neurorradiologia, radiologia torácica, pediátrica e abdominal, contando com a participação de médicos especialistas. Além destes, também
participa das teleconferências dos grupos sentinela, oftalmologia, cardiologia pediátrica, pesquisa, desenvolvimento e inovação, enfermagem, gestão,
Sig Netgastro e técnico operacional RUTE.
74
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Disciplina Telemedicina e Telessaúde
O Núcleo conseguiu aprovar ao final do ano 2009 junto à direção da Faculdade de Medicina a criação da disciplina Telemedicina e Telessaúde. O que
se caracteriza como um importante passo no processo de sensibilização da
comunidade científica para a importância desta área para o desenvolvimento do Estado.
Participação em outros núcleos e projetos
A partir de fevereiro de 2010 o Núcleo de Telemedicina do HUPAA-UFAL se
integrou ao projeto de Telessaúde do Estado de Alagoas. Em conjunto com
a Universidade de Ciências da Saúde (UNCISAL), a Secretaria Estadual de
Saúde (SESAU), a Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Alagoas (FAPEAL), a Escola Técnica de Saúde Drª. Valéria Hora (ETSAL), a Secretaria Municipal de Saúde de Maceió e o Conselho de Secretários Municipais de Saúde
(COSEMS), participou da elaboração do plano de trabalho do projeto que
tem como prioridade o combate a mortalidade infantil no Estado a partir da
integração de equipes do Programa de Saúde da Família (PSF). Destaca-se
por dispor de uma estrutura diferenciada para a realização de teleconferências, o que permitirá a realização de atividades de educação permanente
on-line das equipes do PSF. A participação do Núcleo de Telemedicina do
HUPAA encontra-se em consonância com um dos principais objetivos do
Projeto Telessaúde Brasil Redes qual seja, “oferecer condições mais favoráveis à fixação dos profissionais de saúde em localidades remotas e de difícil
acesso, na medida em que possam romper seu isolamento a partir do estabelecimento de comunicação com os Núcleos de Telessaúde instalados em
diversas universidades”.
O NUTT/HUPAA/UFAL realizou nos anos de 2010, 2011 e 2012 o I e II Seminário Alagoano de Telemedicina e Telessaúde. Sendo que no ano de 2013,
em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas, promoveu
também o I Encontro Estadual de Telessaúde. Tais eventos trouxeram para a
arena de discussões temáticas extremamente relevantes no tocante ao uso
das Tecnologias de Informação e Comunicação utilizadas no campo da Saúde sob uma ótica que versou, entre outras coisas, sobre os aspectos conceituais e respectivas aplicações da Telemedicina e Telessaúde no âmbito
nacional e internacional. Nos eventos realizados foi possível constatar uma
Capítulo  6. Hospital Universitário da Universidade Federal de Alagoas75
significativa aceitação e receptividade por parte do público universitário
da Área da Saúde, de Tecnologia da Informação e Computação, bem como,
de profissionais já atuantes no mercado. O número de inscrições superou a
expectativa e extrapolou o quantitativo de vagas previstas. A temática das
tecnologias em saúde ganha cada vez mais fôlego no Estado Alagoano que
aos poucos adentra e adere aos ditames tecnológicos vigentes. Observou-se
a necessidade da realização de um fórum permanente de discussões sobre
a temática e, assim, definiu-se que o Seminário Alagoano de Telemedicina
e Telessaúde será permanente e se constituirá como um espaço para que o
debate se aprofunde e seja possível contribuir para os avanços na área, sobretudo, devido as demandas sociais que se configuram no cenário da Saúde Digital.
Perspectiva e Desafios
A Telemedicina e a Telessaúde são ferramentas que podem auxiliar na mudança qualitativa dos índices de agravos da saúde. Com base nessa ideia, as
perspectivas de realizações para o ano de 2013 do Núcleo de Telemedicina e
Telessaúde do HUPAA-UFAL são respectivamente:
1. Inauguração da sala receptora com 14 estações de trabalho.
2. Divulgação massiva para sensibilização sobre a importância do Núcleo.
3. Reestruturação do site.
4. Definição e aprovação do Regimento Interno.
5. Início das aulas da disciplina Telemedicina e Telessaúde.
6. Curso sobre aspectos práticos e conceituais do uso da Telemedicina
e Telessaúde.
7. Produção de material educacional para capacitação dos profissionais.
8. Elaboração de projetos para captar recursos a serem utilizados no
Laboratório Virtual.
9. Realização do IV Seminário Alagoano de Telemedicina e Telessaúde
e II Encontro Estadual de Telessaúde.
10. Realização de cursos de capacitação via webconferência para Equipes do Programa Saúde da Família (EPSF).
76
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
11. Realização de palestras e ações de informação em saúde para gestantes de Maceió.
12. Intensificação da participação de profissionais do HUPAA/UFAL nos
SIGs da RUTE.
Os indicadores de saúde são norteadores para as ações e rumos da Telemedicina e Telessaúde no Estado de Alagoas, mas, a postura e vontade política dos dirigentes aliada a pressão da sociedade são os elementos que vão
definir e promover as mudanças necessárias no quadro da saúde pública
do Estado alagoano. É necessário compromisso, vontade política e atuação
efetiva dos profissionais, pesquisadores, estudantes e, ainda, da população
enquanto sujeitos/atores determinantes nos processos de mudança. Os desafios são muitos mas, acredita-se que um maior estreitamento das relações
nacionais e o apoio constante da Rede Universitária de Telemedicina (RUTE)
possuem papel decisivo na consolidação e melhoria das ações de saúde não
só em Alagoas mas, no cenário nacional como um todo.
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Capítulo  6. Hospital Universitário da Universidade Federal de Alagoas77
Capítulo 7
Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e
Universidade Estadual do Amazonas (UEA):
Telessaúde na Amazônia
Pedro Elias de Souza, Ricardo Torres Santana
Universidade Federal do Amazonas (UFAM)
Cleinaldo de Almeida Costa
Universidade Estadual do Amazonas (UEA)
O Polo de Telemedicina da Amazônia (PTA) surgiu com o objetivo de melhorar a qualidade do atendimento da atenção básica do SUS por meio da ampliação da capacitação das equipes de saúde da família mediante tecnologia
capaz de promover a Teleducação, a Telessaúde e a Telemedicina, com resultados positivos na resolubilidade do nível primário e na saúde da população.
A Amazônia merece destaque por ser um polo regional que do ponto de vista
da saúde, educação e mesmo social, só pode ser resgatada por tecnologias
de telecomunicação aliadas à informática. Importante ressaltar que também é uma das áreas mais preocupantes do globo à opinião internacional.
Sua área geográfica cobre cerca de 60% do território nacional (um pouco
mais de 5.000.000 km2) e é chamada geopoliticamente de Amazônia Legal.
Estima-se que na Amazônia Legal vivem cerca de 21 milhões de pessoas. É
a região com a mais baixa densidade demográfica brasileira, 3,67 habitantes por km2, mas, com certeza é a que mais rapidamente aumenta: existem
dados que apontam uma percentagem anual de 4,5% contra uma média de
1,8% para o resto do País.
O Amazonas é o maior Estado da Federação, com 1.577.820,2 km2, possui 62
municípios e uma população estimada de 3.538.387 habitantes, sendo que
1.802.014 estão na capital, Manaus, e os 1.736.373 no interior.
A concentração urbana é ligeiramente maior do que a rural (55% contra
45%). Considera-se que parcela significativa da população amazônica está
excluída dos benefícios do progresso nacional e que a região da Amazônia
Legal apresenta os maiores problemas na participação dos níveis mínimos
de bem-estar econômico e social. Por exemplo: somente 35% da população
recebem esgoto sanitário e 68% tem abastecimento de água. A rede rodoviá-
ria é pobre e o transporte é feito basicamente por transporte fluvial e aéreo.
A energia elétrica fornecida serve cerca de 70% da população.
Figura 1 – O Estado do Amazonas
A dificuldade de acesso para os municípios do interior, a falta de estrutura nestes e o subdesenvolvimento socioeconômico para as áreas rurais tem
feito com que haja uma grande concentração de médicos na capital, principalmente os especializados. Hoje o CREMAM tem aproximadamente 7.326
médicos inscritos e destes 4.036 estão em atividade profissional, sendo 3.620
na capital e 252 no interior, ou seja, apenas 10% desta classe profissional
encontra-se na interior. Assim, com a implantação do Programa Nacional de
Telessaúde as enormes barreiras de acesso geográfico e falta de profissionais
qualificados para assistência à saúde foram estreitadas devido aos objetivos
que este Programa propôs, em que houve melhoria da qualidade do atendimento na Atenção Básica; expressiva redução de custos e do tempo de deslocamentos; fixação dos profissionais de saúde nos locais de difícil acesso;
melhor agilidade no atendimento prestado; otimização dos recursos dentro
do sistema como um todo.
Capítulo  7. Universidade Federal do Amazonas e Universidade Estadual do Amazonas79
O Telessaúde do Núcleo Amazonas, juntamente com a RUTE, vem implementando diversas ações na área de teleassistência para os municípios do
Estado, especialmente aqueles que possuem pouca ou nenhuma infraestrutura de telecomunicação, dentre estas ações estão teleconsultas, teleducação
e telexames. Nos últimos anos, foram realizadas aproximadamente duas mil
teleconsultas, nas áreas de Medicina da Família e Comunidade; Pediatria;
Ortopedia; Psiquiatria; Oftalmologia; Clínica Médica; Otorrinolaringologista; Cirurgia Vascular; Dermatologia; Nutrologia Pediátrica; Endocrinologia;
Geriatria e Gerontologia; Anestesiologia; Infectologia; Neurologia; Cardiologia, além de outras especialidades: teleodontologia e telenfermagem.
Figura 2 – Abrangência do núcleo de Telessaúde do Amazonas
O Telessaúde Núcleo Amazonas (UFAM), através do Hospital Universitário
Francisca Mendes (HUFM), este que é habilitado como centro de referência
em alta complexidade cardiovascular, possui um sistema de telemática em
saúde a distância na área de cardiologia no qual se destaca o telediagnóstico (Tele-ECG), com emissão de laudos disponíveis 24h por dia, abrangendo
os 61 municípios do interior do Amazonas. No período de dezembro/2008
a dezembro/2012 foram realizados 151.837 eletrocardiogramas pelo programa Tele-ECG, sendo: 1.051 exames (2008); 30.305 (2009); 37.128 (2010);
43.019 (2011) e 40.334 (2012).
80
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Além do telediagnóstico, o HUFM disponibiliza as teleconsultas na área
de cardiologia, tirando dúvidas dos clínicos que atuam no interior sobre as
condutas inerentes à área, em casos especiais para exames mais específicos
e/ou internações o paciente é encaminhado para atendimento no Hospital,
sendo a partir daí acompanhado pela equipe como um todo na capital. Desde outubro de 2008 até dezembro de 2012 foi permitida a realização de teleconsultas em nove municípios do interior do Estado que possuem o equipamento e internet adequados para permitir esta conexão. Foram realizadas
cerca de 1.000 teleconsultas até hoje.
Na teleeducação, o HUFM proporciona para comunidade acadêmica e colaboradores, ações para aperfeiçoamento na área de educação, capacitação
e qualidade de assistência por meio de debates, discussões de caso, aulas
e diagnósticos a distância, que são possíveis por meio dos Grupos de Interesses Especiais (SIGs) da RUTE. São eles: SIG – Cardiologia; SIG – Tele-UTI;
SIG – Telemergência; SIG – Cuidados Farmacêuticos; SIG – Saúde da Criança
e Adolescente; SIG – Endometriose; SIG – Oncoginecologia; SIG – Gestão de
Hospitais Universitários e Escola; SIG – Rede Nacional de Pesquisa Clínica;
SIG – TICs em Saúde (Tecnologia da Informação e Comunicação em Saúde);
SIG – Tele-Rede de Medicina Fetal; SIG – Patologia Cervical; SIG – Enfermagem Intensiva e de Alta Complexidade; SIG – RCP; SIG – Serviços de Enfermagem nos HUs.
Ainda há participação nas videoconferências do Programa Sentinelas em
Ação – Anvisa, Curso Saúde Baseada em Evidência – Anvisa/MS; discussão
de casos e reuniões clínicas com instituições públicas de ensino do País, tais
como Fórum de Cardiologia – IDPC/SP; Reunião Anatomocirúrgica – Incor/
SP; e Reunião de Residência Médica: Cirurgia Cardiovascular – Incor/IDPC/
Unicamp/UFMA/UFAM. Além dos cursos oferecidos para os profissionais
da atenção básica do interior do Estado, esses que aconteceram em 2011 e
2012 com o tema: Curso de Cardiologia aplicada a Telessaúde.
São inúmeros os resultados alcançados com este serviço, dentre eles podemos citar o impacto na saúde, com um maior acesso aos especialistas, principalmente em casos de emergências, na educação maior qualidade dos
programas educacionais para médicos, residentes e demais profissionais localizados em zonas fora de centros especializados. Na economia a diminuição dos gastos com o Tratamento Fora do Domicílio (TFD), no qual o custo
com o deslocamento do paciente para a capital somente para realizar o exame é de aproximadamente R$ 1.487 por paciente, considerando que ele não
permanece menos de 15 dias entre a realização e recebimento do resultado
Capítulo  7. Universidade Federal do Amazonas e Universidade Estadual do Amazonas81
do exame, podemos citar como exemplo dois municípios do Estado do Amazonas, o de Eirunepé, distante cerca de 1.160km em linha reta e 2.417km na
distância fluvial, sendo possível o deslocamento aéreo no valor de R$1.400
(ida/volta) somado às diárias R$450 e o ECG, R$60 totalizando R$1.910.
Outro município é Maués, distante 276km em linha reta e 698km na distância fluvial, o deslocamento é possível com lanchas tipo expresso no valor
de R$ 500 (ida/volta) somado às diárias R$ 450 e o ECG R$ 60 totalizando
R$ 1.010. Em geral houve uma redução global, considerando o valor do ECG
multiplicado pelo número total de exames realizados até hoje, gerando uma
economia de R$ 9.110.220,00. Na logística a redução do tempo e dos custos
com transporte dos pacientes. Na área social houve significante diminuição
de filas e da pressão sobre hospitais já comprometidos pela falta de recursos.
Com relação às perspectivas, podemos afirmar que há uma parceria com a
Secretaria de Estado da Saúde do Amazonas por meio do Comitê Estadual de
Telessaúde, que vem definindo ações prioritárias para que seja possível a realização de mais atendimentos e emissão de laudos a distância. Até o final desse ano serão instalados novos sistemas, são eles: Tele-MAPA; Tele-HOLTER;
Telespirometria; Telepatologia; Telerradiologia e Teleletroencefalograma.
Referências bibliográficas
CAVALCANTE, J. W. S.; SOUZA, P. E. de; GIFFONI, D. N.; SILVA, K.; MAURÍCIO, G. N.
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Acesso em: 10 out. 2009.
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RUTE. Disponível em: < http://rute.rnp.br/arute>. Acesso em: 4 mar. 2013.
SOUZA, E. P; CAVALCANTE, J. W; SILVA, K. A; SILVA, L. S. Estruturação do Sistema
de Telecardiologia no Estado do Amazonas. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE TELEMEDICINA E TELESSAÚDE, 4., 2009, Belo Horizonte. Anais... Belo Horizonte, 2009.
82
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Capítulo 8
Universidade Federal da Bahia (UFBA)
Suzy Santana Cavalcante
Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia
Maria de Fátima de Araújo Geraldes, João Paulo Rabelo Pereira,
Adewale Andrade D’Alcântara e Adriano Azevedo Santos
Complexo Hospitalar Universitário Professor Edgard Santos
O crescimento da malha de redes de fibra óptica no Brasil nos últimos anos
foi resultado de empreendimentos ousados e visionários sobre a importância
dos avanços em tecnologias de comunicação e informação para o futuro do
País. As facilidades oferecidas pela implantação de um arcabouço físico estrutural sólido e o sucesso das experiências de funcionalidade conduziram,
a partir de 2005, a um perfil novo de comunicação que culminou no agrupamento e na organização de indivíduos de diferentes instituições para a troca
de informações de interesse nacional. A área da Saúde logo se revelou como
vasto campo a ser beneficiado pela construção colaborativa do conhecimento. Redes acadêmicas se organizaram a partir de demandas novas e exigentes, figurando a Rede Universitária de Telemedicina (RUTE) entre os melhores exemplos de inciativas desse teor. Tendo participado intimamente das
primeiras etapas de configuração do cenário de redes do País (CAVALCANTE,
2009), a Universidade Federal da Bahia (UFBA) apresentou-se como polo ideal para a implantação de um dos primeiros núcleos que integraram a RUTE.
Cenário de redes
Vivenciam-se, nos últimos tempos, avanços tecnológicos que têm permitido comunicação mais rápida e de melhor qualidade entre as diversas comunidades, beneficiando, em especial, as sociedades do conhecimento. O
desenvolvimento de novas práticas de educação, mediadas por modernas
tecnologias de informação, é um dos resultados esperados pelas instituições
que, a partir de seu capital intelectual e da implantação de infraestrutura
física e lógica de redes e sistemas, uniram esforços para ações de ensino-aprendizagem em diversas áreas. A área da Saúde teve um papel de destaque com a organização de uma rede acadêmica que permitiu a conexão de
todos os grandes centros de excelência em produção de conhecimentos do
País, ampliando as discussões, em curto espaço de tempo, com a participação de profissionais de Países estrangeiros.
A história das redes acadêmicas na UFBA se inicia logo no segundo ano após
a criação, no Brasil, da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), em 1989,
como um projeto do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Desde então, grandes avanços resultaram, não apenas, na ampliação da malha física
que conecta as diversas instituições nos âmbitos nacional e internacional,
mas também na organização estratégica de redes e serviços nas áreas da comunicação digital e da informação. Com o objetivo de disseminar o uso de
redes no País para a comunidade acadêmica, 11 capitais brasileiras foram
interligadas, inicialmente, estando Salvador, capital do Estado da Bahia, entre elas. O Ponto de Presença da RNP (POP-RNP) foi instalado no Centro
de Processamento de Dados da UFBA, impulsionando a Instituição em sua
trajetória a caminho do avanço tecnológico.
Nos anos seguintes, a UFBA prosseguiu ampliando a sua participação no cenário nacional de redes, tendo sido responsável pelo primeiro backbone de
fibra óptica multicampi de uma instituição acadêmica pública no Brasil em
1995, proporcionando a interligação de sub-redes Ethernet da Instituição
espalhadas por vários pontos da cidade (Araújo, 2005). Quatro anos depois,
coordenava o Projeto Rede Metropolitana de Alta Velocidade (REMAV) no
Estado da Bahia – um consórcio de instituições destinado ao desenvolvimento de aplicações, implantação de tecnologias e administração de redes
de alta velocidade. Em 2005, com a inauguração da primeira rede óptica nacional acadêmica da América Latina pela RNP – a rede Ipê – a UFBA passa
a contar com largura de banda suficiente para o atendimento de aplicações
avançadas e para suportar o intenso tráfego na Internet de produção, serviços e experimentação que se seguiram. Os 2,5 Gigabits por segundo (Gbps)
que chegavam ao POP-RNP nessa ocasião foram ampliados para 10 Gbps
em 2011.
Ainda em 2005, o MCT lançou a iniciativa Redes Comunitárias de Educação
e Pesquisa (Redecomep), coordenada e executada pela RNP, com o objetivo
de viabilizar a interconexão das redes de campi das Instituições de Pesquisa
e Educação (IPEs) metropolitanas aos Pontos de Presença (POPs) da RNP.
Com um sistema de gerenciamento caracterizado pelo modelo consórcio,
a rede que, em Salvador, foi denominada Rede Metropolitana de Salvador
(ReMeSSA) contou com a liderança da UFBA, que ainda hoje coordena o
84
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
projeto. Atualmente, 14 instituições de ensino e pesquisa já se encontram
interligadas ao longo de 106km de fibra óptica.
A participação ativa da UFBA na implantação e no gerenciamento de redes
habilitou sua equipe de profissionais ao empreendimento de outros passos
rumo a uma nova realidade tecnológica e produziu um cenário de infraestrutura e de capacitação profissional perfeito para a etapa que viria logo a
seguir – a de utilização das redes acadêmicas para o trabalho colaborativo
de indivíduos com interesses comuns. Com a missão de proporcionar a integração das ações que estavam sendo desenvolvidas isoladamente pelos
diversos hospitais universitários do País, e acreditando no potencial das redes para o aprimoramento de aplicações em saúde, o MCT, em 2006, lançou
a RUTE (MCT, 2006). A UFBA encontrava-se apta a integrar o primeiro grupo
de instituições vinculadas ao Projeto RUTE.
RUTE na UFBA
Na UFBA, o Projeto RUTE teve entre seus objetivos iniciais a facilitação da
interconexão entre suas unidades locais e a integração de seus especialistas
com profissionais de outras instituições, valendo-se do trânsito de informações (texto, voz e imagem) em alta velocidade e de qualidade privilegiada
que estavam ao alcance dos participantes em todas as capitais brasileiras.
O processo de inclusão da UFBA no Projeto RUTE, iniciado no final de 2006
e concluído em maio de 2008 com a inauguração do Núcleo Universitário
de Telessaúde (NUTS), incluiu oito etapas: o diagnóstico das condições de
infraestrutura física e de conectividade da Instituição; a apresentação e
aprovação de propostas; a assinatura de termo de cooperação entre a universidade e a RNP; a licitação de equipamentos e serviços; a implantação da
infraestrutura; os testes de equipamentos e de conectividade; a homologação dos ambientes de videoconferências e, por fim, a ativação do núcleo de
Telemedicina. Esforço e comprometimento da equipe, aliados ao reconhecimento dos dirigentes da Instituição sobre a importância do projeto para
a comunidade acadêmica foram responsáveis pelo sucesso do empreendimento e pelo cumprimento dos prazos.
Além da UFBA, outros 18 hospitais universitários integraram a etapa de partida do projeto, totalizando 14 estados da nação interligados e cujos profissionais se apresentaram dispostos ao trabalho colaborativo. A partir de 2007,
a expansão do projeto tornou possível a ampliação do NUTS e ofereceu conCapítulo  8. Universidade Federal da Bahia85
dições para a criação de mais um núcleo de Telemedicina na UFBA – o da
Maternidade Climério de Oliveira. No total, 57 instituições de saúde foram
integradas ao Projeto RUTE em suas duas primeiras etapas, incluindo todos
os 45 hospitais universitários do País e cobrindo todos os estados brasileiros.
O NUTS representou o primeiro Núcleo de Telemedicina da UFBA, estando
sediado em uma das unidades do Complexo Hospitalar Universitário Professor Edgard Santos (Complexo HUPES) – o Centro Pediátrico Professor Hosannah de Oliveira. A sua criação como serviço novo do Complexo HUPES
foi consolidada por portaria emitida pela direção deste Órgão Suplementar
da UFBA e publicada em 17 de julho de 2007 (UFBA, 2007). Entre os primeiros passos para o estabelecimento do novo serviço no universo do hospital
universitário, figuram ações como a redação e aprovação das Normas Internas e a seleção de pessoal. Uma secretária e um profissional técnico da área
de Tecnologia da Informação (TI), transferidos de outros setores, foram os
primeiros funcionários a integrarem a equipe de trabalho do NUTS ao lado
dos estagiários bolsistas do Projeto RUTE, selecionados entre estudantes de
graduação de cursos da própria universidade. Um ano depois, o núcleo já
contava com mais um técnico contratado e um total de três médicos especialistas na unidade.
Excelência na execução de serviços tem sido preocupação constante da
unidade de Telemedicina, motivando, desde o princípio, o enfoque administrativo sob a forma de gestão por processos, assegurando o melhor desempenho possível a partir da mínima utilização de recursos e do máximo
índice de acerto. Todos os processos do NUTS são mapeados em um esforço conjunto da equipe, resultando na criação de manuais e protocolos que
orientam tanto o manejo de equipamentos quanto a execução de atividades.
Nesse contexto, o NUTS se utiliza do ciclo Plan, Do, Check and Act (PDCA) –
em português “Planejar, Fazer, Checar e Agir”, tendo como produto final um
documento chamado Procedimento Operacional Padrão (POP). Os POPs
exercem grande importância na manutenção dos conhecimentos adquiridos e utilizados no dia a dia do setor, revelando-se ferramentas de apoio pela
facilidade que oferecem à interpretação de informações.
Foram elaborados de forma a garantirem a realização das atividades até
mesmo por pessoal com qualificação mínima, assegurando exequibilidade
a qualquer tempo, além de socialização das informações. Esses processos
são revisados, anualmente, buscando aperfeiçoamento e atualização com
assimilação de novas técnicas. Modificações nos fluxos e procedimentos
também são instituídas sempre que as análises dos problemas revelam esta
86
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
necessidade. Seus conteúdos se estendem a todas as atividades do núcleo,
indo desde as operações corriqueiras, como suporte às videoconferências,
montagem de equipamentos e configuração de ambientes de comunicação,
até tópicos administrativos como o agendamento de sessões, a publicação
de notícias no website do núcleo e a divulgação de sessões e outras atividades. Dentre os títulos já criados pela equipe, destacam-se: videoconferência
em auditório do Núcleo de Telemedicina, videoconferência em centro cirúrgico, videoconferência em sala de aula, webconferências, recepção de video
streaming, divulgação de atividades, solicitação de serviços e coordenação
de sessões.
A criação de modelos de formulários para controle e organização das diversas atividades do Núcleo de Telemedicina também mereceu atenção durante o processo de implantação do novo serviço no hospital universitário.
Entre os impressos utilizados na atualidade e que resultaram do trabalho em
equipe dos integrantes do NUTS, destacam-se: Formulário de Solicitação de
Suporte para Videoconferências, Declaração de Comparecimento, Relatório
de Atividades, Relatório de Sessões, Relatório de Teste de Conexão, Relatório Mensal de Alunos Bolsistas e Estagiários, Pesquisa de Opinião de Usuários, Solicitação de Inclusão em Grupo Especial de Interesse e Formulário
de Cessão de Direitos de Imagem, dentre outros. Outras estratégias destinadas à manutenção e controle da qualidade dos serviços na unidade são
representadas pelas Reuniões Administrativas, pela emissão de Relatórios
Técnicos periódicos e pelas Reuniões Técnicas Semanais, nas quais a equipe
do NUTS se reúne para discutir temas específicos das áreas de tecnologia da
informação, Telemedicina, Telessaúde e inovação tecnológica, socializando
informações e garantindo crescimento homogêneo do grupo.
As primeiras atividades do NUTS corresponderam às transmissões de videoconferências – sessões que promoveram a aproximação da comunidade
acadêmica local aos grupos de estudo de diversas instituições no País. O ambiente físico do núcleo inclui uma sala de videoconferência com capacidade
para 25 pessoas, quatro estações individuais de trabalho, um laboratório de
Telemedicina, secretaria, coordenação e uma sala de desenvolvimento. As
estações de trabalho correspondem a ambientes individualizados e equipados com rede de fibra óptica e recursos tecnológicos apropriados para comunicação a distância nas modalidades síncrona e assíncrona.
A infraestrutura e o serviço de suporte técnico, oferecidos à comunidade acadêmica local permitem a troca de experiências com especialistas dos diversos
hospitais universitários e instituições de ensino, em nível nacional e internaCapítulo  8. Universidade Federal da Bahia87
cional, também através de webconferências. A equipe técnica do NUTS está habilitada para viabilizar as transmissões por vídeo ou webconferência nos mais
diferentes ambientes do Complexo HUPES, favorecendo-se da ampla malha
de rede de fibra óptica que cobre a quase totalidade de setores do hospital.
Atualmente, o Complexo dispõe de 2.500 pontos de acesso à rede de fibra
ótica em suas dependências, condição imprescindível à acessibilidade interna. O treinamento específico em Administração de Videoconferência viabilizado pela Escola Superior de Redes da RNP para técnicos dos núcleos
RUTE garantiu a qualificação da equipe do NUTS, complementando os conhecimentos que já vinham sendo adquiridos na prática diária.
Entre os recursos disponíveis no núcleo, ainda merece destaque o equipamento móvel de videoconferência que permite o estabelecimento de conexão, utilizando a rede de fibra óptica, a partir de qualquer ponto de acesso
situado nas dependências do hospital. O equipamento é, particularmente,
importante para transmissões realizadas a partir de locais cujo acesso de
pessoas é limitado, como salas do centro cirúrgico, unidades de tratamento
intensivo, consultórios médicos, salas de emergência e de procedimentos
diagnósticos ou terapêuticos. Todos os equipamentos e materiais adquiridos para o Núcleo de Telemedicina por meio do Projeto RUTE encontram-se
armazenados no NUTS, estando a sua manipulação, por questões de segurança, restrita a indivíduos devidamente treinados e a sua utilização destinada a atividades de interesse acadêmico.
Alunos do curso de Medicina e de outros cursos de graduação e pós-graduação da UFBA já vivenciam a nova realidade integrada à rotina do hospital universitário, participando de atividades de pesquisa e ensino-aprendizagem intermediadas por tecnologias avançadas de comunicação digital.
Entre as ações desenvolvidas pelo NUTS enumeram-se, ainda, o desenvolvimento de sistemas para funções específicas de interesse da unidade, tais
como a divulgação de atividades e sessões (criação do sistema Newsletter); o
armazenamento de informações (criação do sistema Database) e o gerenciamento da agenda de conferências a distância (criação do Sistema de Agendamento de Videoconferências/SAVin). Outras ações são representadas pelo
suporte à participação em iniciativas multi-institucionais de ensino, assistência, pesquisa e extensão em saúde; a capacitação de recursos humanos
para utilização das novas tecnologias e recursos utilizados em Telemedicina
e Telessaúde e a disseminação de conhecimentos e processos operacionais
para aproveitamento em projetos de atenção à saúde. A unidade se encontra
equipada também para produção de vídeoaulas e atuação efetiva no treina88
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
mento de profissionais das áreas de saúde e de tecnologia da informação
para o uso de recursos e dos ambientes computacionais específicos. Ainda
na área de Ensino, destaca-se a elaboração pela equipe do NUTS, em 2011,
de um curso de Administração e Suporte a Videoconferência, destinado a
profissionais interessados em atuar em unidades de Telemedicina.
Outras atividades em andamento incluem as agendas de educação continuada a distância; os projetos de extensão da UFBA que representam iniciativas de inclusão digital (Projeto Teleducação na Interação Academia-comunidade (TEIA)) e de humanização da hospitalização (projeto Cineclubinho),
bem como a organização de Grupos Especiais de Interesse (Special Interest
Groups/SIGs), esses vinculados diretamente ao Projeto RUTE e destinados
à troca de informações entre docentes e profissionais da Área da Saúde.
Atendendo à proposta da coordenação nacional do projeto, a UFBA vem
contribuindo desde o princípio para o estabelecimento de um painel de especialistas formado por participantes e coordenadores de grupos de interesse, destinado ao aperfeiçoamento do processo de construção cooperada
do conhecimento e ao desenvolvimento de estratégias para abordagem das
diversas demandas de saúde no âmbito nacional.
A atuação da UFBA em Grupos Especiais de Interesse
A criação dos SIGs no universo da rede universitária favoreceu o estabelecimento de parcerias entre pesquisadores de instituições nacionais e internacionais, constituindo exemplo de colaboração interinstitucional e multidisciplinar. Desde a sua inauguração, o NUTS vem atuando como polo de
aglomeração para os profissionais da UFBA interessados em compartilhar
conhecimentos na Área da Saúde. Fazem parte da agenda habitual de transmissões de conferências a distância dos SIGs, dentre outras, especialidades
como Audiologia, Cardiologia, Enfermagem, Odontologia e Diagnóstico
Bucal, Radiologia e Diagnóstico por Imagem (Abdome, Tórax, Pediatria),
Dermatologia, Gestão Hospitalar, Urologia Pediátrica, Endocrinologia Pediátrica, Rede Nacional de Pesquisa Clínica, Ressuscitação Cardiopulmonar e
Saúde & Medicina de Crianças e Adolescentes, tendo sido estes dois últimos
grupos implantados e coordenados com a participação direta de profissionais da UFBA.
O SIG Saúde & Medicina de Crianças e Adolescentes, criado pelas pediatras
e professoras Suzy Santana Cavalcante (UFBA) e Evelyn Eisenstein (UniverCapítulo  8. Universidade Federal da Bahia89
sidade do Estado do Rio de Janeiro/UERJ), membros da Sociedade Brasileira
de Pediatria (SBP), desfruta hoje de uma coordenação parceria que inclui,
além das instituições fundadoras, a Universidade Federal do Ceará (UFC),
representada pelo professor João Joaquim Freitas do Amaral. Entre os objetivos do grupo, figuram em destaque a promoção de integração entre especialistas; o desenvolvimento de atividades de capacitação e educação continuada, com ênfase à realidade de crianças e adolescentes brasileiros, e o
estabelecimento de projetos colaborativos de pesquisa e extensão na busca
de soluções para os problemas que acometem a infância e a juventude. Pela
pauta de debates, transitam as discussões no campo dos Direitos à Saúde,
segundo as prioridades da Convenção dos Direitos da Criança, da Organização das Nações Unidas e do Estatuto da Criança e do Adolescente, bem
como as questões sobre Ética, Economia e Legislação em Saúde e Tecnologia, além de temas prioritários para as políticas de saúde nacionais. Este SIG
conta hoje com um total de 38 instituições parceiras, as quais promovem a
participação de cerca de 450 indivíduos entre especialistas, docentes e estudantes de graduação e pós-graduação de diversos cursos.
O SIG Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP) foi criado, em 2010, pela cardiologista Maria de Fátima de Araújo Geraldes (UFBA), membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Sob sua coordenação, este SIG realiza reuniões
mensais, que conectam públicos de diferentes regiões do País por videoconferência, com o objetivo de abordar temas relacionados aos procedimentos
de ressuscitação cardiopulmonar e aqueles afins, como cardiologia, emergências e terapia intensiva. Integrando, atualmente, 14 instituições universitárias no Brasil, além da UFBA, o SIG estabelece discussões sobre as diretrizes internacionais de RCP e suas atualizações, contando com a participação
de especialistas convidados em sessões que primam por agregar o aprendizado teórico às realidades da prática clínica diária. Entre os objetivos do
grupo, figuram o desenvolvimento de atividades científicas multicêntricas
na área de pesquisa e a elaboração de cursos de extensão destinados à capacitação de pessoas para atuação em situações que requerem conhecimentos
sobre práticas de ressuscitação cardiopulmonar. A adequação das iniciativas do SIG aos diferentes públicos, como os profissionais das equipes da
atenção básica à saúde, por exemplo, é um dos benefícios que poderão ser
alcançados como resultado da parceria entre o Projeto RUTE e o Programa
Nacional Telessaúde Brasil Redes.
90
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Impacto do Núcleo de Telemedicina
na UFBA e perspectivas futuras
A presença do Núcleo de Telemedicina vem modificando a rotina do hospital universitário nos últimos quatro anos. Indicadores de produtividade
do NUTS revelam que, desde a sua ativação em 2008, já foram realizadas
mais de 750 atividades, incluindo conferências a distância nas modalidades
videoconferência, webconferências e transmissões em vídeo streaming, alcançando a participação de cerca de oito mil profissionais locais das diversas áreas da saúde. O NUTS também tem contribuído para a capacitação de
recursos humanos, recebendo anualmente alunos bolsistas e voluntários de
graduação dos cursos de Ciência da Computação, de Comunicação Social,
de Medicina, de Engenharia de Telecomunicações e de Ciência da Informação para introdução e aprendizado em Telemedicina e Telessaúde. Nos últimos quatro anos, cerca de 50 pessoas usufruíram desse novo campo de
prática.
Parte das sessões clínicas que ocorrem no hospital universitário já contam com a participação de especialistas de outras instituições, ampliando
as oportunidades de contato do público local com as realidades das diferentes regiões do País – uma prática que vem se tornando frequente para a
maioria das unidades que integram a Rede Universitária de Telemedicina.
Do mesmo modo, observa-se franco crescimento de parcerias interinstitucionais para o desenvolvimento de projetos de pesquisa e de desenvolvimento, projetos de extensão e iniciativas de educação continuada, inclusive
com instituições estrangeiras, a exemplo da Clark University (Inglaterra) e
da Université de Montréal (Canadá), que participam de atividades em parceria com o Programa de Pós-graduação de Psicologia e com o Instituto de
Saúde Coletiva, da UFBA, respectivamente. Programas de pós-graduação,
particularmente, têm se beneficiado dos recursos de comunicação digital
oferecidos pelo NUTS para a organização de bancas de qualificação e defesas de teses sempre que precisam contar com a participação de integrantes
situados em localidades remotas, mas que não podem se deslocar. Seja no
âmbito nacional ou internacional, a utilização da videoconferência tem tornado desnecessário o afastamento desses profissionais de suas instituições,
anulando os custos de deslocamento e estadia.
Iniciativas de interesse para as políticas públicas de saúde, ética e cidadania passaram, também, a estar mais ao alcance da comunidade do hospital
universitário, e de forma mais facilitada, através do Núcleo de Telemedicina,
Capítulo  8. Universidade Federal da Bahia91
destacando-se entre elas as conferências promovidas pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (Brasil sem Miséria),
pela Secretaria de Promoção de Políticas de Igualdade Racial (Fórum Intergovernamental de Promoção da Igualdade Racial), pelo Ministério da Saúde
(Ciclo de debates sobre Atenção Primária à Saúde; Estratégia de Redução
da Mortalidade Infantil; Residências Multiprofissionais) e pelo Ministério da
Educação (Ensino Médio Inovador).
Em relação à integração entre projetos, merece especial atenção a perfeita sintonia que se apresenta entre o Projeto RUTE e o Programa Nacional de Telessaúde, do Ministério da Saúde (MS, 2007). Ambas as iniciativas contam com a
participação efetiva da UFBA, que integra o Comitê Estadual de Coordenação
do Projeto Telessaúde Bahia, aprovado em 2011 pela Comissão Intergestores
Bipartite (CIB), atuando em parceria com a Diretoria de Atenção Básica (DAB),
o Conselho de Secretários Municipais de Saúde (COSEMS), a Escola Técnica
do Sistema Único de Saúde (SUS), a Escola Estadual de Saúde Pública (EESP)
e a Comissão de Integração de Ensino e Serviço (CIES). O Projeto Telessaúde
Bahia, já em ativação, representa estratégia destinada a instrumentalizar os
profissionais da Atenção Básica para qualificação da assistência, tendo como
um dos principais objetivos a redução da mortalidade infantil.
O papel da UFBA no projeto está representado pela atuação de seus especialistas na Segunda Opinião Formativa; na comunicação em tempo real
para apoio à solução de casos de difícil diagnóstico; na atuação em educação continuada; na produção de vídeoaulas; na qualificação de consultores,
especialistas e reguladores e no desenvolvimento de linhas de pesquisa. A
existência de um Núcleo de Telemedicina que já se encontra ativo e munido
de equipamentos e pessoal capacitado para atividades de comunicação a
distância e suporte a usuários coloca o hospital universitário em condição
privilegiada para assumir os compromissos que se apresentam. Com a implantação do projeto no Estado da Bahia, espera-se alcançar melhorias na
qualidade dos serviços de saúde oferecidos no âmbito do SUS-Bahia, sobretudo no que diz respeito ao atendimento na Atenção Básica, priorizando os
atendimentos locais, a redução de custos e de deslocamentos.
A criação de um Núcleo de Telemedicina como serviço integrado ao organograma do hospital universitário da UFBA, definitivamente, modificou o
cenário local e, acima de tudo, ofereceu um caminho atrativo para novos
desafios, estimulando a execução de parcerias interinstitucionais e iniciativas pela busca de uma melhor qualidade para o ensino e a atenção à saúde
de forma ampla. É certo que muito ainda há por fazer, como também é certo
92
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
que o trabalho colaborativo prevalecerá como fórmula recorrente de sucesso ao longo dessa trajetória de grandes perspectivas.
Referências bibliográficas
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MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA. REDE UNIVERSITÁRIA DE TELEMEDICINA (RUTE). Convênio Encomenda – FNDCT Ação Transversal ref. 2.738/05 (UFPR, UNIFESP, Pazzanese, UNIMAR, UNICAMP, UFES, UFBA, UFAL, UFPE, UFPB, UFC, UFMA,
UFAM, Fiocruz, HC-FMUSP, HU-USP, ISCMPA, UERJ, UFMG, UFSC). Janeiro 2006.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria n. 35 de 4 de janeiro de 2007. Institui no âmbito do
Ministério da Saúde o Programa Nacional de Telessaúde. MS, 2007.
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA. Complexo Hospitalar Universitário Professor
Edgard Santos. Portaria n. 189 de 17 de julho de 2007. Cria o Núcleo Universitário de
Telessaúde. UFBA, 2007.
Capítulo  8. Universidade Federal da Bahia93
Capítulo 9
Universidade Federal do Ceará (UFC)
Luiz Roberto de Oliveira
Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará
O núcleo do Ceará constitui o primeiro centro nesse Estado a integrar o
Projeto RUTE, e é um dos dois núcleos implantados inicialmente na Região
Nordeste, junto com o núcleo de Pernambuco, que já existia como núcleo
de Telemedicina independente e anterior à criação da RUTE. O histórico do
núcleo do Ceará teve início em fins de 2001, quando o antigo Laboratório
de Informática da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará
(LABMED/UFC), criado cerca de 10 anos antes, passou a abrigar o Grupo de
Estudos em Telemedicina e Teleinformática em Saúde (GETITS), criado por
portaria do Diretor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do
Ceará (FAMED/UFC), à época já com caráter multidisciplinar. Esse esforço
procurou estabelecer as bases de um centro capaz de fomentar o uso das
Novas Tecnologias da Informação e das Comunicações (NTICs) na Área da
Saúde, notadamente em Telemedicina/Telessaúde e na Educação a distância on-line em Saúde, e um dos objetivos iniciais era interligar a Famed/UFC
e o Hospital Universitário Walter Cantídio da UFC (HUWC/UFC) com mais
dois pontos no interior do Estado, nas cidades de Barbalha e Sobral, justamente onde a UFC havia criado Cursos de Medicina, como expansões da
Famed/UFC, com o intuito de favorecer a interiorização do ensino médico
no Estado (OLIVEIRA; CORTEZ; CARVALHO, 2005, p. 1).
A situação do Labmed/UFC, à época, em todos os aspectos, podia ser considerada bastante crítico: máquinas obsoletas, conectividade precária e, principalmente, inexistência de um projeto ou programa mínimo de ação capaz
de instituir, ao longo do tempo, uma perspectiva real de introdução do uso
das NTIC na rotina de trabalho da Área da Saúde da UFC, em suas principais
atribuições: o ensino, a pesquisa e a extensão. Um dos primeiros passos foi
constituir um grupo de professores de diversas áreas da saúde e de outras
áreas com interesse comum, notadamente professores do Departamento de
Engenharia de Teleinformática, do então Núcleo de Processamento de Dados (NPD) (hoje Secretaria de Tecnologia da Informação (STI), diretamente
ligada ao gabinete do Reitor), e do Instituto UFC Virtual, pioneiro na intro-
dução da educação on-line na UFC. O Grupo formado, desde logo, dedicou-se a elaborar um Projeto de Telemedicina, buscando também estabelecer
contatos e parcerias com as Secretarias de Saúde do Estado e do Município de Fortaleza (SESA e SMS), bem como com outros centros nacionais de
maior projeção, nos quais projetos similares já estivessem em pleno funcionamento e bem consolidados, e com o Conselho Regional de Medicina do
Ceará, pelas óbvias interfaces éticas das ações a serem iniciadas (OLIVEIRA
et al., 2002, p. 2). Na elaboração desse projeto local foram estabelecidos dois
objetivos iniciais: identificar quais áreas da Saúde no Estado do Ceará, por
sua carência assistencial, seriam as prioritárias para intervenções com uso
de Telemedicina e Telessaúde; estabelecer um programa de visitação a pelo
menos dois centros nacionais identificados como de excelência. A escolha,
acertadamente, recaiu no Núcleo de Telessaúde da Universidade Federal de
Pernambuco (NUTES/UFPE) e na Disciplina de Telemedicina do Departamento de Patologia da Universidade de São Paulo (USP).
A partir do trabalho inicial do Getits, foram estabelecidas interessantes
parcerias com aqueles centros, logo tornando evidente que a principal ferramenta para a continuidade dos trabalhos seria a videoconferência, ao
mesmo tempo em que progrediam os trabalhos de levantamento das áreas
mais necessitadas de futuras intervenções. As principais, ao fim de alguns
meses de trabalho e de interações com as Secretarias de Saúde já mencionadas, e que puderam ser identificadas como as de maior carência, foram:
cardiologia, dermatologia, oncologia e pediatria. Não foi possível, por diversos motivos, estender esse trabalho de identificação a áreas da enfermagem,
odontologia e farmácia.
A par desse esforço, portanto, já em meados de 2002, foi possível conseguir
realizar algumas videoconferências demonstrativas, com apoio de duas
firmas atuantes no mercado de TI e de Telefonia, a Solutione (sediada em
Recife/PE, à época com atuação restrita praticamente às regiões Norte e
Nordeste do País), e a Telemar (empresa de telefonia que depois veio a se
transformar na OI®). Essas iniciativas permitiram realizar demonstrações
trazendo o Estado da arte com transmissões em alguns eventos médicos e,
evidentemente, na própria Faculdade de Medicina, notadamente de um ciclo de palestras com sessões de Telepatologia elaboradas pela Disciplina de
Telemedicina da USP, de grande valor educativo. Esse esforço resultou na
possibilidade de se conseguir montar, mesmo com algumas lacunas, uma
sala de videoconferência nas dependências da Faculdade de Medicina da
UFC, com aquisição de um CODEC marca POLYCOM® (modelo PVS-14XX),
Capítulo  9. UniversidadeFederal do Ceará95
capaz de realizar apenas conexões ponto a ponto, e na época utilizando linhas digitais ISDN, na maioria das vezes com velocidade de 128k.
É possível até mesmo dizer, portanto, que esse foi o início das primeiras
ações de vídeo colaboração na Área da Saúde da UFC, muito provavelmente
na área da Saúde de todo o Estado do Ceará, embora inicialmente restrito
apenas à capital do Estado, em uma época em que tais atividades se achavam restritas apenas a algumas capitais do Brasil, sem nenhuma chance de
interação com cidades do interior do Estado por meio dessa ferramenta,
pelo fato de inexistência de linhas ISDN nessas localidades. Nessa época
ainda não se empregava a internet como meio de comunicação para vídeo
colaborações, fossem por vídeo ou webconferência. Essa última, por sinal,
pouquíssimo conhecida, dispunha de um número reduzido de opções, e a
mais conhecida delas era um programa hoje quase totalmente esquecido – o
NetMeeting®.
Ao fim de 2003 e durante o ano de 2004 e 2005, não obstante as dificuldades
existentes, a sala de videoconferência da Faculdade de Medicina funcionou,
embora de modo irregular, com pouca utilização, embora outras salas de
videoconferência tenham sido montadas no Estado, via Instituto Centro de
Ensino Tecnológico do Ceará (CENTEC) (cujo funcionamento é inclusive
anterior, mas sem atuação na área da Saúde), e também em colaboração
com um grupo de professores e alunos da Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Tampouco se obteve êxito na melhoria da conexão existente, menos
ainda foi possível dotar o Laboratório de Informática de estações de trabalho com melhor qualidade, mal se conseguindo recuperar algumas peças
velhas, totalmente defasadas, constituídas por estações Pentium 1, com HD
de 20 Gb e memória 16Mb de RAM!
Todo esse histórico tem a finalidade de ressaltar o efeito benéfico e transformador de duas ocorrências, praticamente simultâneas: o início do funcionamento da Rede Metropolitana de Alta Velocidade no Estado (a Rede Gigafor) e a criação da RUTE, no panorama nacional. Coincidentemente, e quase
concomitantemente, no âmbito local, por proposta da Secretaria de Gestão
do Trabalho e da Educação em Saúde (SGTES), do Ministério da Saúde (MS),
surgiram também duas importantes iniciativas: o Projeto Nacional de Telessaúde em Apoio à Atenção Básica, hoje Programa Nacional de Telessaúde
ou Telessaúde Brasil e, mais posteriormente, o Projeto Universidade Aberta
do SUS (UNA-SUS), destinado inicialmente a ofertar um curso de Especialização em Saúde da Família com uso de Educação a Distância. A UNA-SUS
encontra-se atualmente vinculada à Fiocruz, em Brasília. No caso específico
96
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
do Ceará, esse curso está sendo ofertado em sua primeira edição com EaD
on-line, de terceira geração, modalidade semipresencial, com forte apoio
tutorial e ênfase especial no uso de planejamento pedagógico (instructional
design), obtendo um total de 706 cursistas concludentes. Está sendo lançado dentro de pouco tempo um livro digital com o resumo de todos os TCCs
apresentados naquele curso. E, atualmente, os três programas mencionados
anteriormente possuem diversos pontos de convergência, e desde o início
a equipe inicialmente responsável por sua implantação, administração e
manutenção defende esse modelo de uma administração única para os três
programas. Esse caminho, sem dúvida, é o mais fácil para alcançar benefícios futuros oriundos da convergência e integração dos três programas.
Essa introdução, traçando uma rápida perspectiva da introdução, evolução
e dos resultados obtidos até então com a implantação dos programas acima
mencionados, gerenciados sob administração única, visa destacar o importante papel da RUTE, projeto que na verdade possibilitou e tem permitido
uma integração inimaginável à época em que ocorreram as primeiras videoconferências especificamente na Área da Saúde entre as Faculdades de
Medicina das Universidades Federais do Ceará, de Pernambuco e a USP. De
lá até aqui os trabalhos têm verdadeiramente se tornado uma rotina, com
apreciável nível de profissionalização, obtendo excelente nível de colaboração tanto por vídeo quanto por webconferência entre diversos centros universitários do Brasil e no exterior, com a criação e a manutenção das SIG
(Special Interest Groups). Esses Grupos Especiais de Interesse, em diversas
áreas médicas e da saúde, merecem avaliação e comentários à parte, o que
foge ao escopo desse Capítulo, mas convém destacar um dado relevante:
muitos deles já se tornaram inclusive parte rotineira das atividades para alunos de graduação e residentes (Pediatria, Coloproctologia, Oftalmologia).
A videocolaboração por webconferência, empregando diversos tipos de
software, e em especial, depois que a RNP disponibilizou o uso do Adobe
Connect®, permitiu desenvolver diversas ações colaborativas, destacando-se, entre elas, o Projeto de Extensão Ciclo de Palestras NUTEDS, com participação aberta a todos os Pontos de Telessaúde instalados no Estado, (além
de todas as outras atividades educacionais do Telessaúde e da UNA-SUS),
bem como com outras localidades distantes interessadas, fora do Estado do
Ceará. Uma vez por mês, um convidado especial ministra uma webconferência, com interatividade por chat, sobre temas da área da saúde e/ou correlato. A atividade é filmada e depois disponibilizada na página eletrônica do
NUTEDS/UFC (Núcleo de Tecnologias e Educação à Distância da Universi-
Capítulo  9. UniversidadeFederal do Ceará97
dade Federal do Ceará). Disponível (palestras e vídeos) em: <http://www.
nuteds.ufc.br>.
Com a promessa de entrada em operação do Cinturão Digital do Ceará, projeto portentoso de uma rede de comunicações (fibra ótica) com alta capacidade (10Gbps/s), capaz de levar conexão de internet rápida, de forma direta,
a cerca de 83% dos municípios interioranos, e com outras tecnologias igualmente velozes aos demais municípios e inclusive alcançando a chamada última milha, descortina-se o dia em que será possível estender essa realidade
do uso das TICs na área da saúde (além de outras áreas), a todo o interior do
Estado, obtendo a tão esperada universalidade de atendimento.
Infraestrutura e Plano Operacional
O desenho seguido para operacionalizar os três projetos aqui considerados
– RUTE, Telessaúde Brasil e UNA-SUS, na Universidade Federal do Ceará
– seguiu um caminho possivelmente inédito em relação a outros núcleos
nacionais. Tornou-se claro, desde o início, e possivelmente também pelo
fato da UFC participar dos três projetos desde sua gênese, a importância
de abrigá-los de forma unificada em sua gestão local, e desde sua implantação inicial eles ficam sediados fisicamente no Laboratório de Informática
da Faculdade de Medicina da UFC. Não por acaso, é exatamente nas dependências do Labmed/UFC, onde chega a única conexão de todo o campus do
Porangabussu com a internet. Por conta disso, a administração superior da
UFC entendeu ser interessante substituir o antigo GETITS (um simples Grupo de Estudos) por um Núcleo (como previsto no Estatuto e no Regimento
da UFC), sendo então criado o Núcleo de Tecnologias e Educação a Distância em Saúde da Universidade Federal do Ceará (NUTEDS/UFC), por portaria do Magnífico Reitor, multidisciplinar, com início oficial a partir de 15 de
janeiro de 2010. Nas dependências do Labmed/UFC a localização torna-se
fisicamente definitiva, sem nenhum prejuízo de acesso e de conflito de utilização, permitindo que se cumpram as finalidades dos três projetos, hoje
perfeitamente integrados e convergentes.
O apoio da RUTE, no que diz respeito apenas ao aspecto de infraestrutura,
pode ser demonstrado em três vertentes principais: melhoria da comunicação interna do campus do Rodolfo Teófilo (Área da Saúde) com a Rede
Gigafor (com a aquisição de dois switches Ethernet Giga); melhoria quanto
à segurança (com a aquisição de um no-break de 10Kva); melhoria da qua98
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
lidade e capacidade de uso das ferramentas de videocolaboração e, finalmente, melhoria na adequação de uma sala dedicada a treinamentos diversos, com a aquisição 16 estações de trabalho multimídia, além de dois
projetores multimídia e dois gravadores de DVD com HD interno, além
de uma câmera fotográfica e de uma filmadora digital. Em relação ao primeiro item acrescente-se ainda a disponibilização de um aparelhamento
moderno para videoconferência, que funciona hoje exclusivamente via internet. O equipamento é da marca Tandberg® (CODEC: TTC7-14/Câmera:
TTC8-01), com capacidade de gerenciar até quatro conexões simultâneas. Já para a webconferência, a RNP optou por adquirir licença de uso da
Adobe®, disponibilizando o produto denominado Connect®, e todos os
Núcleos da RedeRUTE podem solicitar, mediante agendamento prévio, a
utilização de salas para vídeocolaboração. Ambas as alternativas têm sido
muito úteis não somente na realização das reuniões periódicas dos Grupos
de Interesse (as Special Interest Groups – SIGS), como também em reuniões de caráter administrativo ou até para treinamentos. Por dispor de dois
equipamentos de videoconferência, não é raro ter-se no NUTEDS a concomitância de duas sessões distintas de vídeocolaboração, seja com vídeo ou
webconferência (e nesse caso até mais de duas).
Organizada a parte de infraestrutura, absolutamente indispensável, como
é de reconhecimento geral, e após homologadas as diversas salas nas primeiras instituições participantes, no que se convencionou denominar Fase
I da RUTE, ampliou-se o leque de possibilidades de vídeocolaboração, e o
núcleo do Ceará passou a colaborar com diversos outros núcleos, e pouco
a pouco foram sendo organizados os grupos de interesse, as SIGs, dentre as
quais a participação local pode enumerar as que se seguem: 1) Telecoloproctologia; 2) Oftalmologia; 3) Ear, Nose and Throat; 4) Saúde da Criança e do
Adolescente; 5)Urologia Pediátrica; 6) Radiologia – HUWC; 7) Teledermatologia (com a Universidade de Miami, ora em vias de ser reativada a participação local). Devem ser destacadas também a participação de docentes da
Famed e de profissionais de outras instituições (por exemplo, especialistas
em Cirurgia de Cabeça e Pescoço filiados à Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP), Regional do Ceará), em atividades com
uso de videoconferência, como as reuniões da Netgastro e do Grupo de Discussões em Hiperparatireoidismo do Hospital Sírio Libanês. A aceitação do
funcionamento desses grupos, na instituição, tem sido muito boa, e algumas delas, aos poucos estão se tornando atividade institucionalizada como
rotina no programa de residência, internato e até em algumas disciplinas de
graduação do curso de Medicina.
Capítulo  9. UniversidadeFederal do Ceará99
Por questões de segurança e manutenção da integridade física dos equipamentos, adotou-se no NUTEDS/UFC um princípio básico: quaisquer atividades de vídeocolaboração só funcionam com a presença e supervisão de
um técnico habilitado, responsável pelo manuseio do equipamento. O técnico inicialmente treinado pela RNP, ocupando hoje o cargo de Gerente de
TI do Núcleo, se encarregou de repassar o treinamento aos demais técnicos,
de modo a ampliar na equipe o contingente de técnicos aptos para atuar
em eventos que necessitassem dessas ferramentas, permitindo inclusive a
simultaneidade de ações. Essa é uma demonstração tácita dos benefícios
de se ter os três projetos abrigados no mesmo lugar físico e sob a mesma
coordenação, pois é fato que todos eles utilizam vídeocolaboração em suas
variadas ações, e ainda mais, essa convergência torna possível com uma
equipe pequena e otimizada, evitando desperdícios, a completa cobertura
das necessidades específicas de cada projeto.
Ainda em relação aos aspectos de infraestrutura e operacionalização no uso
das TICs e suas varias ferramentas, houve sempre o cuidado de imaginar
duas populações usuárias bem-definidas, com necessidades bem características, específicas, que embora não antagônicas, na verdade com diversas
intersecções: o público externo, representado pelo público-alvo definido
como objeto de atendimento específico de cada projeto, e o público interno,
constituído por todos os membros da comunidade acadêmica da instituição (no caso, a UFC), a quem as atividades desenvolvidas no núcleo possam beneficiar direta ou indiretamente. O atendimento a ambos significa,
indubitavelmente, uma considerável carga de trabalho e responsabilidades,
demandando cuidados adicionais redobrados relativos ao planejamento e
gestão das atividades a serem executadas.
Especificando projeto a projeto, poder-se-ia apontar para o Projeto RUTE,
como público externo, todos os diversos participantes de cada uma das SIGs
à qual o núcleo do Ceará esteja participando (as diversas instituições participantes). O público interno, nesse caso, é constituído pelos membros da
instituição (professores, residentes, alunos de graduação) que participam
dessas reuniões. O mesmo raciocínio se estende aos dois outros projetos,
Telessaúde e UNA-SUS. No primeiro, o público externo é claramente identificado nos trabalhadores da Área da Saúde nas equipes do PSF, e os internos são todos os profissionais da instituição que participam da oferta da
Segunda Opinião Formativa, das aulas, treinamentos e cursos ministrados,
que aos poucos, pelo menos assim se espera, possam utilizar as ferramentas
disponibilizadas para o Telessaúde nas atividades do próprio processo de
100
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
ensino-aprendizado da instituição, nos diversos níveis. No segundo deles, a
UNA-SUS, é mais do que óbvio que o público externo constitui-se dos cursistas selecionados e matriculados para o Curso de Especialização em Saúde
da Família (CESF), enquanto o público interno será constituído pelos docentes e discentes que passem a utilizar os recursos de infraestrutura desse
projeto em suas atividades de ensino, nos diversos níveis. Um bom exemplo
foi a oferta da Disciplina de Telessaúde no Programa de Pós-graduação (sensu stricto) em Ciências Médicas, para alunos de mestrado e doutorado desse
e de outros programas existentes na FAMED/UFC. Do mesmo modo, pode
ser citada a oferta, na graduação médica, pela primeira vez, da Disciplina
Optativa de Introdução à Informática em Saúde. Interessante ainda lembrar
que recentemente a própria UFC decidiu oficializar o esforço de empregar
recursos de EaD on-line, em todos os seus cursos, até o limite permitido pela
legislação vigente no País. Em certos momentos, e entre os diversos projetos, esses dois públicos se mesclam, o que ocorre quando, por exemplo, são
ofertados cursos abertos, livres, como se deu com o Curso de Letramento
Digital, ofertado inteiramente on-line, do qual podiam participar tanto cursistas externos quanto os vinculados aos quadros docente, discente e de funcionários técnico-administrativos de toda a UFC (não apenas os da Área da
Saúde). Foram cerca de 700 inscrições, com 500 cursistas que efetivamente
participaram e concluíram o curso. Esse tipo de oferta (EaD on-line aberta e
livre) pode trazer um ganho indireto interessante: dar visibilidade aos programas desenvolvidos no Núcleo e à própria UFC. E esse curso, foi ofertado
numa época em que os Cursos Online Aberto e Massivo, do inglês Massive
Open Online Course (MOOCs) não tinham o destaque que hoje desfrutam.
De um modo geral, portanto, é muito importante agir sempre tendo a dupla
perspectiva de convergência das ações dos três programas e do atendimento a esses dois públicos. A atuação convergente tende a evitar a ocorrência
de retrabalho, otimiza a utilização de uma mesma ferramenta para diversas atividades, permite empregar uma equipe menor e mais integrada, com
uma visão panorâmica acerca dos obstáculos e da busca de soluções, é um
estímulo ao desenvolvimento do espírito de inovação, e tudo isso redunda
em racionalização de tarefas e redução de custos (naturalmente escassos),
sem dúvida contribuindo também para minimizar o desperdício (um dos
grandes problemas na Área da Saúde).
Capítulo  9. UniversidadeFederal do Ceará101
Descortinando o futuro
A construção de uma rede colaborativa na área da saúde, dedicada a diversas
atividades agrupadas em duas grandes vertentes – educação permanente e
assistência –, teria incontáveis consequências benéficas na persistente tentativa de melhorar nesse País a qualidade assistencial naquela área, e com
certeza em âmbito continental sul-americano. A equação é simples: profissionais melhor treinados, apoio à decisão e aprimoramentos na regulação
resultam indiscutivelmente em ganhos na cadeia do atendimento populacional em saúde, em todos os níveis, algo que não pode ser obtido apenas
e simplesmente com maior alocação de recursos. Interessante notar que a
incorporação de ferramentas ligadas ao uso das denominadas Tecnologias
da Informação e das Comunicações (TICs), hoje disponíveis em escala cada
vez mais efetiva, e constantemente em evolução, pode incidir praticamente
nas três instâncias supracitadas, visto que a Educação on-line, a Segunda
Opinião Formativa, o apoio à decisão off-line e a própria atividade de regulação podem utilizar infraestrutura com tecnologias digitais de comunicação
em rede, cada vez mais presentes e em localizações as mais remotas possíveis, realmente efetivas, se bem utilizadas, mesmo com nível de sofisticação
menos elevado (OLIVEIRA et al., 2004, p. 1). O principal obstáculo, portanto, será menos de implantar infraestrutura tecnológica, do que colocar em
prática as disponibilidades já existentes, uma questão de transformar uma
cultura de uso dessas tecnologias, algo que só é alcançado com educação e
apoio de gestores, enfim com uma política determinada e deliberadamente
negociada em diversas instâncias político-administrativas, desde a gestão, e
a formação de quadros profissionais com competências diversas, até a ponta mais remota, justamente onde reside a maior probabilidade de se detectar a desassistência, a carência, a falta de acesso aos serviços de saúde.
Do mesmo modo que se identifica a integração e a convergência da RUTE
com os programas Telessaúde Brasil e UNA-SUS como um caminho promissor, indispensável para o permanente avanço do processo de melhoria da
qualidade no atendimento em saúde no País, da constante qualificação dos
profissionais de saúde, e do reconhecimento da importância da Atenção Básica como área de maior relevância, há outros pontos a reparar. De um lado
é preciso considerar que os participantes das demais fases da RUTE devem
ser instigados a desenvolver maior integração de ações e participação em
projetos comuns, permitindo descentralizar atividades atinentes aos demais
projetos, mas obtendo benefícios de experiências acumuladas por parceiros
e núcleos já em atividade, ou com início de atividade mais primordial, permi102
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
tindo atingir ganho em escala. De outro é preciso ampliar o leque de negociações políticas, no amplo e intricado leque de gestão da saúde no País, sem o
que dificilmente haverá avanços significativos e na velocidade demandada. A
causa da saúde é comum a todos e o espírito do trabalho em rede, principalmente nesses tempos de uso crescente da internet, é justamente o de saber
compartilhar a abundância criada pela avalanche de conhecimentos da Sociedade do Conhecimento (OLIVEIRA, 2009, p. 1). Projetos, processos e ações
que não se integram nem convergem podem, sem dúvida, atingir resultados
de insofismável qualidade, mas sempre terão seus limites determinados exatamente pela medida de seu próprio individualismo.
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Capítulo  9. UniversidadeFederal do Ceará103
Capítulo 10
Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes
(HUCAM) da Universidade Federal do Espírito Santo
(UFES)
Maria Zilma Rios, Luiz Alberto Sobral, Thiago Dias Sarti
e Alexandre Sales Marques dos Santos
Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes Centro de Ciências
da Saúde da Universidade Federal do Espírito Santo
A Telemedicina possibilita estabelecer conexão entre os centros terciários de
assistência, ensino e pesquisa e sítios criados, distribuídos, implantados e
desenvolvidos, segundo estratégias e políticas de saúde para assistência primária e secundária, mormente situados remotamente ao centro terciário.
Sua prática no Estado do Espírito Santo teve início a partir da integração da
Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), através do Hospital Universitário Cassiano Antonio Moraes (HUCAM) no Projeto T@lemed.
Ato contínuo após cumprir requisitos estabelecidos, integramos a Rede Universitária de Telemedicina, cuja implantação trouxe impactos científicos,
tecnológicos, econômicos e sociais para os serviços de saúde já existentes.
Em seguida foi criado, o Núcleo de Telessaúde do HUCAM-UFES em 2008. O
Telessaúde-ES vem sendo desenvolvido através de uma parceria da Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo (SESA) com o Instituto Federal de
Ensino Superior (IFES) e a Universidade Federal do Espírito Santo (UFES),
tendo por meta a disponibilização de serviços de teleconsultoria assíncrona
e educação permanente a distância para as equipes de saúde da família de
70 municípios do ES em um período de dois anos.
Resulta que irrompendo demanda de apoio, ora diagnóstico ora terapêutico
ou ainda de reabilitação, aos profissionais lotados em estabelecimentos quer
sejam primários quer sejam secundários de assistência a saúde, o Hucam-UFES, consonante às correntes, atualmente integra o Projeto Telessaúde-ES no qual ampliamos nossa participação na prestação de serviços à comunidade, mediante da formação de consultoria, colaborando na elaboração
de diagnósticos remotos, que podem minimizar a necessidade distante de
especialistas bem como criar, desenvolver e oferecer treinamento e capa-
citação aos profissionais da Área da Saúde sem deslocamento dos mesmos
para os centros de referência.
Métodos
O Hucam-UFES atende sua vocação de unidade de assistência, ensino e
pesquisa ao integrar a RUTE. Resolução do CCS-CDS-Hucam n. 010/2008
criou e implantou o Núcleo de Telemedicina (NUTES) deste hospital, que
possibilitou a candidatura, aprovação e por fim o acesso a RUTE.
A RUTE construiu e desenvolveu infraestrutura de comunicação de hospitais universitários nas maiores cidades do País. O objetivo do projeto é permitir a todos os hospitais participantes usar a rede Rede Nacional de Ensino
e Pesquisa (RNP), ora apoiada pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e pela Associação Brasileira de Hospitais Universitários (ABRAHUE).
Seu objetivo é operar aplicações de Telemedicina e Telessaúde incluindo
vídeo e webconferência para troca de informações, palestras, educação permanente, segunda opinião e teleconsulta; formando a base para a colaboração entre hospitais.
O laboratório de Telemedicina do Hucam-UFES consiste de uma sala
de videoconferência equipada com end points, sistema de áudio e projeção multimídia, microcomputador, servidor de imagem e laptop; além de
softwares para desenvolvimento de projetos e pesquisas na área de Telessaúde e Telemedicina.
O Nutes participa do Programa Telessaúde Espírito Santo como instituição
responsável pela realização de teleconsultorias assíncronas, webconferências
e outras ações de teleducação, bem como atua em conjunto com a SESA e
IFES no desenvolvimento de tecnologias de educação e informação para a
Atenção Primária capixaba e na implantação de pontos de Telessaúde nos
municípios do Estado.
Resolução
No Estado do Espírito Santo, os municípios remotos participantes do Projeto T@lemed foram: Vitória, por meio da HUCAM-UFES, como centro de
referência; Cachoeiro do Itapemirim, distante 140km (2,1 hora) e que na
Capítulo  10. Hospital Universitário da Universidade Federal do Espírito Santo105
época contabilizava 280 mil habitantes, através da instituição Santa Casa de
Misericórdia, enviou exames de tomografia computadorizada; Colatina, distante 130km (1,54 horas), a época com 177 mil habitantes, enviou por meio
da Clínica Esplanada exames de raios X; Barra de São Francisco, distante
265km (3,37 horas), a época com 83 mil habitantes, que através do hospital
Santa Rita de Cássia, enviou exames de ultrassonografia e por fim Linhares,
distante 140km, (1,56 horas) e que a época tinha 158 mil habitantes, mediante o Hospital Municipal enviou exames de ultrassonografia e raios X.
Os pontos remotos apresentaram distância média 168,75km ou 2,14 horas
da unidade terciária e 164 consultas on-line e off-line com retorno em até 24
horas foram realizadas com sucesso no ano de 2005, demonstrando a aplicabilidade do método para consultorias eletivas.
A RUTE ofereceu ao HUCAM-UFES a oportunidade para que seus docentes, discentes e equipe clínica participem dos Grupos de Interesse Especial
(SIG). Atualmente estamos inscritos em 22 SIGs, dos quais três (fonoaudiologia, audiologia e Atenção Primária a saúde) foram criados e são presididos
pelo HUCAM-UFES. Ao longo deste período, registramos frequência de 468
participantes nestas conferências, resultando em presença média de 12 participantes a cada VC, conferindo taxa de ocupação de 60% da sala de aula.
Integrando a RUTE, pudemos ainda capacitar 67 professores, membros do
corpo clínico e alunos dos programas de graduação e pós-graduação do
HUCAM-UFES por meio de duas turmas do curso Saúde Baseada em Evidências, oferecido pelo Hospital Sírio Libanês, no período compreendido
entre 2010 e 2011.
O Telessaúde-ES, amparado pelas iniciativas da RUTE, alcançou em setembro de 2012, a adesão de 41% (32/78) dos municípios do Estado com inclusão de aproximadamente 250 médicos, enfermeiros, dentistas e agentes
comunitários de saúde. A equipe de teleconsultores do programa, a maioria
vinculada ao HUCAM-UFES, está composta por profissionais de 14 especialidades médicas, além de fonoaudiólogo, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, nutricionista, farmacêuticos, enfermeiros e dentistas.
Entre fevereiro e agosto de 2012, os teleconsultores do HUCAM-UFES realizaram 42 teleconsultorias cujos profissionais demandantes estavam distribuídos nas seguintes áreas: a) medicina 59,5% (25/42), b) enfermagem 19%
(8/42); c) odontologia 16,7% (7/42); d) farmácia 2,4% (1/42); e e) psicologia
2,4% (1/42). Os temas das consultorias foram classificados da seguinte forma: a) infecções – geral e inespecífico 16,7% (7/42); b) outros diagnósticos
106
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
– geral e inespecífico 14,3% (6/42); c) procedimentos 11,9% (5/42); d) sinais
e sintomas – circulatório 7,1% (3/42); e) outros diagnósticos – pele 7,1%
(3/42); f) outros diagnósticos – músculo esquelético 7,1% (3/42); g) outros
diagnósticos – endócrino metabólico e nutricional 7,1% (3/42); h) outros
diagnósticos – digestivo 7,1% (3/42); i) sinais e sintomas – sangue, sistema
hematopoietico, linfático e baço 4,8% (2/42); j) sinais e sintomas – endócrino
metabólico nutricional 2,4 (1/42); k) problemas sociais 2,4 (1/42); l) outros
diagnósticos – psicológico 2,4 (1/42); m) outros diagnósticos – circulatório
2,4 (1/42); n) infecções – gravidez, parto e planejamento familiar 2,4 (1/42).
Discussão
O HUCAM-UFES integrou o projeto T@lemed, criado, desenvolvido e implantado pela Associação Fraunhofer-Gesellschaft para Promoção da Pesquisa Aplicada localizado na Alemanha, no ano de 2004, quando iniciamos
a transmissão de dados e imagens médicas a distância mediante meios tecnológicos de comunicação. O projeto permitia a realização de consultas médicas e consequente diagnóstico a distância, sem a necessidade da presença
física do paciente evidenciando a principal vantagem da Telemedicina, quer
seja a não exposição do doente a viagens intrinsecamente perigosas e ainda
dispendiosas ao erário público.
No Brasil, o foco inicial do projeto eram as aplicações de diagnóstico por
imagens de ultrassonografia ginecológica, obstétrica, abdominal, cardiológica bem como outras modalidades de imagem como tomografias computadorizada, ressonância nuclear magnética e cineangiocoronariografias.
Seguindo sua vocação, a UFES integrou a RUTE, assim obtivemos infraestrutura de serviços de comunicação, parte dos equipamentos de informática
e comunicação para os grupos de pesquisa, que possibilitaram integração e
conectividade, disseminando atividades de P&D das instituições participantes, descortinando quase que infindáveis possibilidades de aplicação.
A introdução do Telessaúde Espírito Santo como um dos pilares assistenciais e pedagógicos do HUCAM-UFES possibilitou a aproximação da academia com os municípios do Estado, contribuindo para a melhoria da qualidade do sistema de saúde. Não obstante, criaram-se novas possibilidades de
ensino-aprendizagem para os cursos de graduação na Área da Saúde bem
como linhas de pesquisa no âmbito das tecnologias de informação e educação em saúde.
Capítulo  10. Hospital Universitário da Universidade Federal do Espírito Santo107
Conclusão
A RUTE impulsionou grandemente o processo de inserção das tecnologias de
informação e comunicação no HUCAM-UFES, que se tornaram pilar do eixo
pedagógico e assistencial desta universidade, resultando na ampliação do alcance das ações e atividades realizadas por esta escola o que contribuiu para
melhoria da atenção à saúde da população, em especial a população remota.
Tais tecnologias apoiam e norteiam os trabalhos desenvolvidos pelos cursos
biomédicos do Centro de Ciências da Saúde da UFES. As iniciativas da RUTE
se tornaram imprescindíveis ao fortalecimento das universidades brasileiras
ampliando seu alcance e qualificando seus resultados e indicadores que indubitavelmente devem ser ofertados de modo democratizado, permitindo
acesso rápido e irrestrito, a todos os usuários da rede pública de saúde.
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Projeto T@lemed. Red Clara (internet). Disponível em: http://www.redclara.net/.
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108
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Capítulo 11
Hospital Universitário da
Universidade Federal do Maranhão (UFMA)
Humberto Oliveira Serra
Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão
Novas formas de organização assistencial por parte de prestadores públicos
e privados é o grande desafio da saúde no País. Hoje os problemas enfrentados são: os crescentes custos, o difícil acesso e a qualidade do atendimento
das populações carentes, localizada longe dos grandes centros. Neste cenário, o desenvolvimento de ações em Telessaúde apresenta-se como alternativa viável na estruturação mais eficaz das ações em saúde com possibilidades reais de boa assistência ao paciente.
Diversos projetos em Telessaúde foram implantados nos últimos anos, apesar dos altos custos envolvidos, visto a necessidade de investimentos em
tecnologia e treinamento de recursos humanos, para a oferta de serviços de
saúde onde a distância é fator limitante. A utilização da Telessaúde em Países em desenvolvimento apresenta-se como medida estratégica, especialmente em áreas carentes de serviços de saúde, com possibilidades reais de
garantir o acesso e a educação dos profissionais.
No Brasil, os investimentos públicos representam grande parte das iniciativas nacionais em Telessaúde, acompanhada de incipientes iniciativas no
setor privado. Destacando-se a RUTE, que integra os hospitais universitários
em uma rede de ensino e assistência, com objetivo de fortalecer a Telessaúde nos hospitais escolas.
O Núcleo de Telessaúde (NUTIS) do Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão (HUUFMA) foi implantado em setembro de 2007,
sendo responsável pelas atividades de Telessaúde e educação a distância do
HUUFMA. A infraestrutura e os recursos tecnológicos foram implantados
pela RUTE, em sua primeira etapa que contemplou 20 hospitais de ensino
federal. Em um segundo momento a rede passou a contemplar todos os hospitais federais de ensino.
O HUUFMA faz parte da RUTE por meio do seu Núcleo de Telessaúde, desde
2007, com resultados satisfatórios no campo da educação em saúde com
programas bem consolidados, como é o caso do curso de saúde baseado em
evidências, o curso de educação continuada de cirurgia do aparelho digestivo (NetGastro), a participação nos diferentes grupos especiais de interesse
(Special Interest Groups – SIG) e a autoria e gerenciamento do SIG Telecoloprocotologia. Possui recursos humanos e tecnológicos que permitem o
suporte a atividades de assistência a distância, seja por meio de Segunda
Opinião Formativa, seja por web ou videoconferência.
Apesar do consenso acerca das potencialidades da Telessaúde e dos crescentes investimentos, o real alcance e impacto econômico e social da implantação dos programas não estão estabelecidos em grande parte dos projetos. A
análise do impacto dos programas se restringe, em sua maioria, a análises de
custos, sem levar em consideração a sustentabilidade a longo prazo e avaliação de custo-benefício. Pesquisas mais detalhadas são necessárias para
reconhecer o real impacto da Telessaúde para os pacientes, prestadores e
profissionais, sedimentando a implementação de novas iniciativas.
A criação de polos de Telessaúde em municípios que necessitem de atendimento especializado, educação em saúde e suporte para laudos de exames
complementares, tendo como referência os hospitais universitários e seus
respectivos núcleos de Telessaúde, é a principal estratégia dos programas
implantados até o momento.
O Nutis do Huufma é referência em atividades no desenvolvimento e
suporte de atividades de Telessaúde no Maranhão e no Brasil, foi o quarto
núcleo da RUTE a ser implantado e desde o início integra as atividades dessa
rede de Telemedicina, que atualmente possui 55 instituições homologadas e
em operação. Visa esse estudo a descrever a implantação e os impactos das
ações realizadas pelo NUTIS do HUUFMA.
Resultados
Impactos na infraestrutura
Com a implantação da RUTE, em 2007, foi realizada a reforma do auditório azul,
sendo totalmente adaptado para transmissão de videoconferência (Figura 1).
110
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Figura 1 – Auditório de videoconferência do Nutis do Huufma.
À medida que o uso dessa ferramenta foi sendo divulgada, houve a necessidade de ampliação das instalações e de aquisição de outros equipamentos
de videoconferência. Construiu-se, então, uma sala de reuniões para videoconferências totalmente adaptada para essa finalidade.
Ao mesmo tempo, foi construído o espaço físico administrativo para coordenar todas as atividades do núcleo, sendo ampliado o número de computadores. Também foi realizada a construção de bancadas e de armários,
bem como todas as instalações necessárias para a execução das atividades
administrativas.
O HUUFMA foi contemplado com dois equipamentos de videoconferência
da marca tandberg, sendo um fixo e outro móvel. O que não foi suficiente para atender a demanda das atividades desenvolvidas pelo Nutis, sendo
necessária a aquisição de um terceiro equipamento, agora com recursos
próprios da Instituição, para compor a sala de reuniões de videoconferência (Figura 2).
Figura 2 – Sala de Reuniões do Nutis do Huufma.
Capítulo  11. Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão111
Impactos nas atividades didáticas-pedagógicas
Troca de experiências (SIGs)
Desde sua implantação o Nutis tem integrado Grupos Especiais de Interesse (SIG): Telecoloproctologia, Bucomaxilofacial, Cardiologia Pediátrica e Cardiopatias Congênitas, Endometriose, Oftalmologia, Radiologia e Diagnóstico
por Imagem em Pediatria, Rede Nacional de Pesquisa Clínica (RNPC), Saúde
de Crianças e Adolescentes. Integrou as atividades da Rede Nordeste de Biotecnologia e do Pré-vestibular da Cidadania. Criou o projeto Telecirurgia e
o Grupo Especial de Interesse em Telecoloproctologia (Figura 3). Possibilita
suporte às teleconferências realizadas no hospital universitário.
Figura 3 – SIG Telecoloproctologia Coordenado pelo Nutis do Huuma.
Cursos de Educação a Distânica
Além das atividades de Telessaúde, o NUTIS oferece suporte às teleconferências necessárias para o desenvolvimento científico da universidade,
como palestras e aulas da Rede Nordeste de Biotecnologia (RENORBIO), que
oferece doutorado na área citada a todos os estados da região.
O pré-vestibular da Cidadania foi realizado em conjunto com a Universidade Virtual do Maranhão (UNIVIMA) durante os anos de 2008 e 2009. O
curso foi oferecido a funcionários do Huufma, possibilitando capacitação
de forma gratuita.
Transmissão de cirurgias
É uma das atividades que promoveu um impacto positivo muito grande. O
Projeto Telecirurgia foi implantado, em 2009, com objetivo de aperfeiçoar o
ensino de Clínica Cirúrgica aos estudantes de graduação e residentes. Com
suporte de recursos tecnológicos, o Nutis faz transmissão de cirurgias, ao vivo,
112
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
do centro cirúrgico para o auditório de videoconferência (Figura 4) e até mesmo para instituições remotas. Essa ação tem vários aspectos interessantes:
a) A qualidade da imagem transmitida e a sua ampliação permitem aos
espectadores remotos (alunos e professores) uma melhor visibilidade do ato operatório, além de uma maior abrangência, em relação à
quantidade de pessoas, que o centro cirúrgico não possui.
b) A interatividade entre a equipe que realiza o ato operatório e a plateia permite uma excelente explanação da técnica operatória e tirar
dúvidas em tempo real.
c) A possibilidade, de simultaneamente, fazer-se a apresentação do
caso clínico, bem como mostrar esquemas de anatomia, técnica cirúrgica para melhor esclarecer os tempos operatórios, enriquece a
atividade didática.
Figura 4 – Transmissão de cirurgia no Huufma.
Impactos no setor administrativo
Reuniões administrativas
As reuniões por videoconferência acontecem sistematicamente com parceiros de outras localidades, evitando deslocamentos desnecessários de atores desses processos, trazendo rapidez e resolutividades das ações, além de
grande economia em passagens e hospedagens, sem falar no conforto dos
participantes que não precisam se deslocar de suas cidades.
Reuniões com MEC
São feitas reuniões regularmente entre o Ministério da Educação e representantes de escolas de todo Brasil, para discussão e planejamento de novas
diretrizes para o Ensino Médio Inovador.
Capítulo  11. Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão113
Reuniões Técnico-operacionais
Reuniões com Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) devido ao processo
de implantação do Aplicativo de Gestão dos Hospitais Universitários (AGHU).
Impactos na pesquisa
Estudos Multicêntricos
A implantação e ampliação do Nutis trouxe muitos progressos no campo
da pesquisa, integrando centros pesquisadores na elaboração e execução de
projetos de pesquisa multicêntricos.
Rede Nacional de Pesquisa Clínica
A participação do SIG Rede Nacional de Pesquisa Clínica tem sido bastante
enriquecedora para o grupo de pesquisadores dessa Instituição no que diz
respeito à troca de saberes, aquisição de novos conhecimentos e construção
de protocolos de pesquisa.
Defesa de Mestrado/Doutorado/Monografia
Outro impacto muito positivo foi a implantação de defesas de teses, dissertações e monografias por videoconferência. A presença virtual de examinadores traz economia de logística tais como: aquisição de passagens, de
hospedagens e principalmente de tempo dos examinadores de outras instituições. O fato de eles não terem que se deslocar, favorece ao retorno imediato de suas atividades nas suas instituições de origem (Figura 5).
Figura 5 – Teledefesa de dissertação do Programa de
Mestrado em Saúde Pública da UFMA.
114
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Considerações finais
Apesar da tecnologia e recursos disponíveis o Nutis não desenvolve atividades de teleassistência, mesmo tendo realizado esforços em articular-se com
os órgãos gestores em saúde do Estado e Municípios. Em 2008, houve a iniciativa do Huufma e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Maranhão (FAPEMA) para criação do Hospital Virtual do Maranhão, tendo como objetivos ser
uma rede de atendimento especializado a distância e produção de materiais
audiovisuais. A iniciativa não foi implementada por falta de financiamento.
A participação do Huufma na RUTE garantiu a implantação do Nutis,
sendo um dos primeiros núcleos da rede a entrar em atividade. Apesar de
não haver atividades de Segunda Opinião Formativa ou realização de exames complementares a distância, as realizações do NUTIS, até o momento,
garantem o desenvolvimento da Telessaúde no Estado por meio de programas de educação continuada na capacitação dos profissionais de saúde, nas
transmissões de cirurgias, nas sessões clínicas etc.
O Huufma é o principal hospital terciário do Estado, e sua participação nas
futuras iniciativas de Telessaúde, por meio do Nutis, é fator adicional para
sua viabilidade. São necessárias parcerias do Estado e Municípios que visem
uma melhor utilização dos serviços de saúde com o suporte da Telessaúde
que estão disponíveis no Hospital Universitário.
Conclusão
O núcleo de Telessaúde tem sido um importante polo de crescimento das
ações que norteiam os princípios da universidade: extensão, educação, ensino e pesquisa.
O projeto de transmissão de cirurgias e a criação do SIG de Telecoloproctologia promoveram maior visibilidade do Huufma no cenário local, nacional e internacional.
Referências bibliográficas
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qualidade e reduzir os custos. São Paulo: Artmed, 2006.
Capítulo  11. Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão115
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116
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Capítulo 12
Hospital Universitário Lauro Wanderley da
Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
Gustavo Motta, João Figueiredo, Hugo Nóbrega,
Luciano Medeiros Júnior, Andrea Bezerra, Sergio Silva,
Julio Silva, Elenilson Silva Filho, Erick Melo,
Geraldo Cunha Filho, Tatiana Tavares e Guido Souza Filho
Hospital Universitário Lauro Wanderley
Universidade Federal da Paraíba
A chamada de projetos da RUTE, em sua primeira fase, no mês de julho de
2006, viabilizou o início das atividades de Telemedicina no Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW) da Universidade Federal da Paraíba
(UFPB). Até então, o HULW não desenvolvia atividades de Telemedicina por
não dispor de uma infraestrutura de Tecnologia da Informação (TI) completa e específica para este fim. Em numa iniciativa da Unidade de Terapia
Intensiva (UTI) do HULW, em cooperação com o Centro de Informática (CI)
da UFPB, foi elaborado um projeto em resposta à chamada da primeira fase
da RUTE para dotar o HULW de duas salas de Telemedicina, de melhorias na
infraestrutura de rede, e de equipamentos auxiliares visando o desenvolvimento de atividades de Telemedicina, em particular na área de medicina intensiva, como câmeras auxiliares, monitores de vídeo, scanners de imagens
médicas e headsets.
Durante o ano de 2007, a direção do HULW alocou e reformou uma sala para
uso exclusivo nas atividades de Telemedicina, dotando-a de mobiliário, com
capacidade para 35 pessoas (Figura 1a). Uma segunda sala foi alocada pela
chefia da UTI do HULW para uso auxiliar nas atividades de Telemedicina,
com capacidade para 10 pessoas (Figura 1b). Em 17 de julho de 2007, o Núcleo de Telemedicina e Telessaúde foi formalmente constituído pela Portaria
n. 20 do HULW, publicada no DOU em 19 de julho de 2007. Com a entrega
e instalação dos equipamentos solicitados no projeto, o núcleo iniciou seu
funcionamento em caráter experimental em novembro de 2007. A inauguração ocorreu em setembro de 2008 (Figura 1c) e em fevereiro de 2010 o
núcleo foi homologado operacionalmente pela Rede Nacional de Ensino e
Pesquisa (RNP).
Figura 1 – (a) Sala principal de Telemedicina; (b) Sala auxiliar de Telemedicina;
(c) Inauguração do Núcleo de Telemedicina e Telessaúde do HULW.
A
B
C
A criação do Núcleo estimulou o envolvimento da comunidade do HULW
em atividades de Telemedicina e Telessaúde nas áreas de educação e Pesquisa & Desenvolvimento (P&D). Incluiu a participação em diversos grupos
de interesse especial (SIG) promovidos pela RUTE, a cooperação entre docentes locais e de outras instituições e a realização de projetos de P&D em
parcerias com docentes e alunos de pós-graduação do CI-UFPB, descritas
em mais detalhes nas próximas seções.
Atividades desenvolvidas
A integração do HULW à RUTE, aliada a disponibilidade de suas salas de
Telemedicina, motivaram a participação da comunidade do hospital em 25
diferentes SIGs, como os SIGs Sentinela, de Cardiologia, de Radiologia, de
Serviços de Enfermagem dos Hospitais Universitários, de Saúde Baseada em
Evidência. Por outro lado, permitiu a participação de profissionais e representantes de órgãos de saúde de diferentes municípios do Estado da Paraíba
em videoconferências promovidas pelo Ministério da Saúde, a exemplo do
“Pacto de Redução de Mortalidade Infantil na Amazônia Legal e Nordeste”,
conciliando os benefícios de promover a disseminação de informação de
forma célere, eficaz e dialógica, a um baixo custo, por reduzir deslocamentos de grandes grupos de pessoas até Brasília, por exemplo. Professores do
Centro de Ciências Médicas (CCM) e do Centro de Ciências da Saúde (CCS)
da UFPB têm realizados videoconferências diretas com outras instituições,
a exemplo do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP), para discussão de casos clínicos, aulas etc.,
envolvendo alunos de graduação e pós-graduação, com grandes benefícios
no processo de aprendizagem. Até o momento, já foram realizadas mais de
118
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
250 sessões de videoconferência, com um total aproximado de 1.550 participantes, com uma média de 5,5 pessoas por sessão. Atualmente, a Divisão de
Cirurgia do HULW coordena o SIG Telefígado, que objetiva promover a difusão de conhecimentos científicos na alçada da cirurgia do fígado, pâncreas
e vias biliares, utilizando-se de ferramenta de videoconferência, inclusive
para transmissão de cirurgias.
Outra vertente fomentada pelo núcleo foi a criação de um grupo de P&D em
aplicações para Telemedicina, em cooperação com professores do Centro
de Informática da UFPB, que vem desenvolvendo vários projetos na área,
com destaque para os projetos Open CTI, financiado pela Finep e o GT-AVCS
(Grupo de Trabalho RNP Ambiente de videocolaboração em Saúde), financiado pela RNP. O objetivo do Open CTI é desenvolver, testar e implementar
o software de uma central de Telemedicina para apoio à decisão médica em
Medicina Intensiva, baseado em registros eletrônicos em saúde e em ferramentas colaborativas. O GT-AVCS propõe uma infraestrutura de hardware e
software com gerência remota para captura e distribuição segura de múltiplos fluxos simultâneos a fim de prover suporte a diversos cenários de videocolaboração em saúde, em particular, a transmissão de vídeos de cirurgias.
A execução dos projetos já resultou na produção de sete dissertações de
mestrado e, atualmente, sete alunos desenvolvem dissertações em temas
envolvendo a P&D de aplicações de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) para Telemedicina no Programa de Pós-graduação em Informática da UFPB. Vários artigos já foram publicados em eventos nacionais,
internacionais e em periódicos. Nas seções subsequentes, são apresentados
mais detalhes dos resultados dos projetos Open CTI, GT-AVCS e de outras
pesquisas motivadas pela existência do Núcleo de Telemedicina e Telessaúde do HULW.
Open CTI
O Open CTI é um Projeto de P&D que se originou de uma parceria entre o
CI-UFPB e a UTI do HULW. Foi concebido com o objetivo de prover funcionalidades de um Registro Eletrônico em Saúde (RES) com suporte ao apoio à
decisão clínica, visando facilitar o cuidado de pacientes internados em UTIs
de hospitais distantes de centros de referência, os quais não contam, em
geral, com médicos especialistas em Medicina Intensiva, como os hospitais
regionais do Estado da Paraíba.
Capítulo  12. Hospital Universitário da Universidade Federal da Paraíba119
Por exemplo, no contexto do Open CTI, o HULW é uma central regional com
o papel de centro de referência, de forma que os hospitais vinculados possam ter acesso aos especialistas da central, seja por meio de troca de mensagens, webconferência ou compartilhamento de dados relevantes ao cuidado
de pacientes, tal como os RES, estes disponíveis para membros da equipe de
saúde dos hospitais relacionados, respeitadas as devidas regras de controle
de acesso, independentemente de qual hospital o paciente esteja.
A concepção do Open CTI (Figura 2a) dedicou atenção a certas características presentes em sistemas de RES que foram mapeadas em requisitos que
deveriam ser cumpridos, implicando em uma série de desafios que introduziram grande complexidade ao seu desenvolvimento. Para encarar estes
desafios, propôs-se para o Open CTI um caráter dinâmico, de forma que as
frequentes mudanças no conhecimento médico pudessem ser refletidas
de forma mais simples, bem como uma estrutura semântica para prover
um fundamento para auxiliar no desenvolvimento de soluções de apoio à
decisão. O Open CTI foi implementado de forma que os serviços providos
possam ser utilizados não apenas em UTIs, sendo, portanto, possível a utilização em diversas outras áreas de um hospital. O Open CTI provê, além
de ferramentas colaborativas (videoconferência, visualização conjunta de
documentos, whiteboarding, chat e compartilhamento de desktop), serviços
para usuários administrativos, de forma que estes possam gerenciar leitos
e o cadastro de pacientes, por exemplo, e para usuários da equipe de saúde
propriamente dita.
Um ponto que merece destaque é a utilização de uma base de conhecimento, modelada por meio de ontologias em OWL. Utilizando-se disto, o Open
CTI provê a possibilidade de criação/modificação de documentos/fichas
médicas a qualquer momento sem a necessidade de mão de obra especializada para criar layouts de novos formulários eletrônicos, pois estes são gerados de forma automática. Além disto, a base de conhecimento constitui um
bom fundamento para desenvolver soluções de apoio à decisão clínica. A
Figura 2b mostra uma visão genérica da arquitetura utilizada pelo Open CTI,
na qual os retângulos internos ao retângulo maior representam as camadas
da aplicação enquanto os externos representam serviços externos, dos quais
o Open CTI se utiliza.
As camadas mais baixas são a de “metadados” e a de “persistência”, que proveem a base de conhecimento e o sistema de armazenamento de dados,
utilizando para isto ontologias em OWL e um banco de dados que utiliza o
modelo EAV. Essas duas camadas possibilitam a utilização de documentos
120
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
de forma dinâmica, exposta anteriormente. Elas são gerenciadas pela camada de Domínio, que as utiliza em conjunto para prover a utilização do
esquema de documentos de forma correta. Esta camada também contém
a lógica da maioria dos outros serviços existentes. A camada de Aplicação é
responsável pelos aspectos de segurança do Open CTI, como autenticação
e autorização, utilizando para isto, o serviço externo MACA para viabilizar
a definição de políticas de controle de acesso. Outros pontos tratados por
essa camada são o apoio à decisão clínica, que auxilia profissionais de saúde
através da recomendação de ações, e a integração com o serviço externo Big
Blue Button, provendo as ferramentas colaborativas expostas anteriormente. A camada de apresentação trata da interação com o usuário. Uma parte
da interface gráfica é estática e é preexistente, enquanto outra é fruto da geração automática a partir do uso de modelos baseados em ontologias OWL
de documentos médicos, esta última agregando grande valor ao sistema. Os
serviços de apoio à decisão, providos pela camada de aplicação atuam também nesta camada.
Há ainda a integração com outros dois serviços externos. Um deles é um
servidor Dicom, que é um padrão de comunicação de imagens médicas digitais, podendo ser anexados ao prontuário documentos que representam
imagens de exames. Sendo possível visualizar estas imagens mediante a integração do esquema de documentos/geração automática com este servidor, seja por um visualizador web, seja por meio de um visualizador desktop
(mais poderoso). O ultimo serviço é o CollectMed, que oferece análise dos
dados clínicos armazenados no banco de dados, possibilitando análises
com o objetivo de estudos estatísticos, por exemplo, e análises automáticas
para alimentar o funcionamento do apoio à decisão.
GT AVCS
O Projeto GT AVCS apresenta uma solução baseada em software para transmissão de fluxos de vídeo para aplicações em Telemedicina, particularmente, transmissões de cirurgias [10][11]. Durante a primeira fase do projeto, foi
proposta uma infraestrutura de hardware e software com gerência remota
para captura e distribuição segura de múltiplos fluxos simultâneos a fim de
prover suporte a diversos cenários de videocolaboração em saúde. Através
de vários experimentos realizados no HULW e em conjunto com outras universidades, como a Universidade Federal do Tocantins (UFT), demonstrou-
Capítulo  12. Hospital Universitário da Universidade Federal da Paraíba121
-se o potencial agregador do protótipo desenvolvido na primeira fase do GT
AVCS, no ano de 2011.
Em sua segunda fase, o protótipo do GT AVCS foi aprimorado, passando a
oferecer:
I. Interface web para agendamento do serviço de gerenciamento de
fluxos (denominado Articulador), evitando a necessidade de instalação e configuração locais.
II. Serviço para anotação e marcação de vídeos para permitir a introdução de anotações textuais e sobreposição (hiperrealismo) de conteúdo adicional ao vídeo transmitido, como o destaque de aspectos
anatômicos.
III. Serviço para visualização de imagens médicas no padrão Dicom
para disponibilizar imagens relevantes para o procedimento realizado, tanto para a equipe de assistência ao paciente, quanto para a
audiência.
Este projeto conta com a participação de parceiros nacionais e internacionais, dos quais destacamos: o Núcleo de Telemedicina e Telessaúde da UFT,
o Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão (HUUFMA),
a Universidade do Estado de Nova Iorque – SUNY – Oswego e o Imperial
College, Londres.
Dentre as realizações do primeiro ano do GT AVCS, destacam-se ações realizadas no HULW, em que a ferramenta desenvolvida no projeto, chamada
Arthron, foi utilizada para transmissão cirúrgica. Nas experiências realizadas, foram transmitidos múltiplos fluxos entre a sala onde o procedimento
cirúrgico foi realizado e a sala de Telemedicina, onde alunos e professores
acompanhavam e interagiam em tempo real. As Figuras 3a e 3b ilustram algumas destas transmissões, nas quais se observam professor e alunos acompanhando a execução do procedimento, podendo eles interagir por meio
de áudio e imagem com a equipe cirúrgica. A Figura 3c exibe a tela com o
Articulador, módulo que gerencia os fluxos capturados pelos codificadores
e exibidos pelos decodificadores, no qual se pode observar os fluxos que são
manipulados durante a cirurgia.
Outro experimento realizado ocorreu durante inauguração da nova capacidade da rede acadêmica brasileira no dia 13 de julho de 2011 em Brasília. Na
ocasião, foi transmitida, em tempo real, uma cirurgia realizada no HULW-UFPB, acompanhada por estudantes e profissionais de Medicina da Uni122
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
versidade Federal de São Paulo (Unifesp) e da UFT (Figura 3d). Para realizar
tal experimento, foi utilizada a ferramenta Arthron de forma integrada ao
equipamento de videoconferência Tandberg para transmissão aos demais
pontos via MCU da RNP (infraestrutura utilizada pela RUTE).
Figura 2 – (a) e (b) Professores e alunos assistindo a uma cirurgia na
sala de Telemedicina do HULW; (c) Tela do Articulador, módulo do
Arthron para gerência de fluxos de vídeos; (d) Inauguração da nova
capacidade da rede acadêmica brasileira em 13 de julho de 2011.
A
B
C
D
Outras pesquisas motivadas
pela RUTE no HULW/UFPB
O Núcleo de Telemedicina e Telessaúde da UFPB também motivou o surgimento de outras pesquisas aplicadas, desenvolvidas no contexto de dissertações de mestrado. Tais pesquisas objetivam apresentar soluções de
qualidade para problemas recorrentes e de interesse geral da comunidade
RUTE, a exemplo do SocialRAD, um ambiente colaborativo que provê uma
plataforma distribuída e uma aplicação de usuário final para oferecer um
serviço robusto para teleradiologia.
A P&D do SocialRAD contempla várias vertentes, abordando desde questões
de usabilidade, até mecanismos mais específicos para comunicação assínCapítulo  12. Hospital Universitário da Universidade Federal da Paraíba123
crona, ponto a ponto, entre os elementos do ambiente distribuído. Conta
também com a participação voluntária de médicos radiologistas de hospitais interioranos, nas cidades de Salgueiro (PE) e Brejo Santo (CE), que realizam, diariamente, testes de usabilidade e funcionalidades, contribuindo
ativamente com críticas e sugestões.
Características concernentes a problemas legais e de privacidade foram
consideradas desde os fundamentos da pesquisa, tendo sido desenvolvidos
métodos específicos para autenticação e comunicação ponto a ponto, fazendo o melhor uso de tecnologias de criptografia e webservices. O padrão
Dicom é utilizado para prover a comunicação padronizada com os dispositivos de aquisição de imagens médicas (e.g., tomografia, ressonância, raio X
digital), onde os exames são obtidos e, então, disponibilizados para os profissionais de saúde. O armazenamento permanente das imagens, laudos,
história do paciente, bem como quaisquer outros documentos relacionados
aos exames, permanece restrito ao centro de saúde que os produziu, sendo
o responsável legal por sua guarda. No entanto, ainda assim, profissionais de
saúde podem acessar tais documentos a partir de qualquer lugar e a qualquer momento, desde que disponham da devida autorização para àquele
exame e conexão com a Internet. O processo é conduzido de forma transparente para o profissional de saúde, o qual, por meio da ferramenta, desfruta
de uma visão unificada do ambiente distribuído.
A Figura 4a contempla um cenário onde é ilustrado o fluxo desde a aquisição
do exame, no centro de saúde/clínica, o acesso remoto por parte dos profissionais de saúde, bem como a conclusão do laudo médico especializado,
realizado por dois médicos radiologistas. Os passos de 1 a 8 são descritos
abaixo:
1. Aquisição do exame de imagem.
2. Exame de imagem é enviado para o webservice local do SocialRAD,
via protocolo da especificação Dicom.
3. O exame torna-se disponível para um operador técnico local, que
poderá solicitar urgência, definir quais médicos terão autorização
para o exame ou outros parâmetros desejáveis.
4. Os metadados do exame são enviados, via padrão definido, para um
servidor de referência externo.
5. A aplicação do SocialRAD, usada pelos profissionais de saúde, percebe as novas atualizações e as exibe.
124
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
6. Os profissionais de saúde podem, a partir desse ponto, acessar o
exame diretamente na fonte que o produziu. O SocialRAD identifica onde o exame está armazenado e o obtém, abstraindo o cenário
distribuído.
7. Laudos e outros documentos podem ser enviados e anexados ao
exame, fazendo-se disponíveis, de forma colaborativa, a todos os
profissionais que tenham autorização para o referido exame. O armazenamento é efetuado, também, no centro de saúde/clínica que
produziu o exame.
8. O laudo definitivo é concluído pelos profissionais de saúde e sinalizado para ser entregue ao paciente.
Toda a comunicação usufrui de criptografia, provendo privacidade e integridade dos dados, além da assinatura digital, que confere validade jurídica
aos laudos digitais e garante o não repúdio de qualquer ato. O SocialRAD
está, atualmente, em fase de aprimoramento e de testes em três diferentes
localidades. Um dos objetivos é oferecer um serviço de qualidade e baixo
custo, descentralizado quanto à guarda de informações clínicas, formando
uma ampla rede colaborativa de profissionais de saúde, sobre um ambiente distribuído e escalável, obtendo o máximo proveito da teleradiologia de
uma forma simples, segura e inovadora.
Conclusão
A iniciativa bem-sucedida de criação e operação de uma rede de Telemedicina e Telessaúde, com as características da RUTE, é de alta relevância para
fomentar atividades na área no Brasil. Em particular, trouxe para o Hospital
Universitário Lauro Wanderley da Universidade Federal da Paraíba a oportunidade de iniciar atividades na área, seja via coordenação ou participação
em SIGs da RUTE, seja em reuniões por videoconferência promovidas por
entidades como o Ministério da Saúde, com a participação de profissionais
e autoridades de todo o Estado da Paraíba, ou pela iniciativa de professores
em colaborar com colegas de outras instituições, incluindo parcerias internacionais. Hoje, a comunidade do HULW conta com a participação nos SIGs
como um meio para educação e troca de experiências. Em relação à P&D, a
existência do núcleo permitiu a realização de projetos visando apresentar
soluções para aplicações em Telemedicina e em Telessaúde, com contribuições ao conhecimento e à formação de recursos na área.
Capítulo  12. Hospital Universitário da Universidade Federal da Paraíba125
Agradecimentos
À Finep pelo apoio financeiro para o Projeto Open CTI e para a implantação
do Núcleo RUTE do HULW. A RNP, também pelo apoio financeiro, ao Projeto
GT AVCS e para a implantação do núcleo. A todos os colaboradores do setor
de Informática Médica do HULW, pelo apoio operacional, a superintendência do HULW pelo apoio a criação e manutenção das atividades do núcleo.
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Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
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Capítulo  12. Hospital Universitário da Universidade Federal da Paraíba127
Capítulo 13
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE):
A experiência do Núcleo de Telessaúde
Magdala de Araújo Novaes e Josiane Lemos Machiavelli
Universidade Federal de Pernambuco
O Núcleo de Telessaúde (NUTES) tem como missão produzir e disseminar
conhecimentos sobre as Tecnologias da Informação em Saúde (TIS), bem
como desenvolver projetos de Telessaúde na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), além de contribuir para o fortalecimento do sistema de
saúde por meio da pesquisa e do desenvolvimento de soluções tecnológicas
inovadoras. Foi instituído na UFPE por meio da Portaria Normativa n. 17, de
29 de setembro de 2003, e inaugurado em 31 de outubro de 2003. É sediado
no Hospital das Clínicas (HC), no campus universitário.
O Nutes teve origem com o Projeto Telemedicina no Programa Saúde da
Família, financiado pelo Ministério da Saúde em 2001. O projeto foi desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa de Tecnologias da Informação em Saúde
(TIS) da Universidade Federal de Pernambuco, em parceria com o Hospital
das Clínicas, o Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami (LIKA), e mais
quatro municípios da região metropolitana do Recife (Recife, Cabo de Santo Agostinho, Camaragibe e Igarassu). Além da criação do núcleo gestor, o
Nutes, o projeto proporcionou a criação dos primeiros pontos de Telessaúde nos referidos municípios, sob a coordenação do professor José Luiz
de Lima Filho (Diretor do LIKA), da professora Magdala de Araújo Novaes
(coordenadora do Grupo TIS) e de Jeane Maria Lacerda de Araújo Couto (assessora de projetos do Hospital das Clínicas); e apoio do Dr. Kleber Araújo,
coordenador da área de Saúde.
O projeto tinha como objetivo estabelecer parcerias entre o HC e os respectivos municípios para utilizar a Telemedicina como um instrumento para
a assistência e o aprendizado de profissionais e usuários em comunidades
carentes, visando contribuir na consolidação do Sistema Único de Saúde
(SUS) por meio de municípios saudáveis e aumentando a resolubilidade do
Programa de Saúde da Família (PSF).
Em 2003, o Nutes passou a ser a sede do Grupo TIS. Criado no LIKA, em
1996, pela professora Magdala de Araújo Novaes, o Grupo TIS é pioneiro na
região Norte-Nordeste no ensino e aplicação da Informática em Saúde. É fruto da demanda crescente por soluções tecnológicas que integrem a Informática e a Saúde, e agreguem valor aos serviços prestados na área da saúde. O
TIS é um dos instrumentos de ação da UFPE para que o Estado de Pernambuco gere produtos e serviços em Saúde de impacto nacional e internacional.
Dentre suas linhas de pesquisa, destacam-se: Telessaúde e Telemedicina; Sistemas de Informação em Saúde; Informática na Educação em Saúde; Tecnologias Móveis na Saúde. Além desses, o Nutes também é sede do Grupo de
Pesquisa Process Management and Improvements in Software Engineering
(PROMISE), criado em 2007 pela professora Cristine Martins Gomes de Gusmão. Seu objetivo é desenvolver pesquisas relacionadas ao Gerenciamento
de Projetos, Processos e Qualidade no desenvolvimento de softwares.
O modelo de sustentabilidade do Núcleo de Telessaúde da UFPE é baseado
na captação de projetos de ensino, pesquisa e extensão por meio de editais ou demanda espontânea. Seus projetos são financiados por diferentes
órgãos de fomento, dentre esses: Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq); Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES); Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado
de São Paulo (FAPESP); Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (FACEPE)
e Ministério da Saúde.
A formação de recursos humanos e o trabalho colaborativo e compartilhado têm norteado as ações do Nutes ao longo destes oito anos de fundação.
Hoje, o Nutes oferece um amplo campo de estágio, no qual mais de duzentos e noventa estudantes de graduação e pós-graduação já participaram dos
seus projetos. A partir do esforço de sua equipe, do apoio institucional, de
parcerias com instituições nacionais e internacionais, e da captação de recursos tem sido possível o desenvolvimento de projetos com grande alcance
social. Atualmente, o Nutes possui um portfólio de projetos que fomenta o
ensino e o crescimento da pesquisa em aplicações de base tecnológica estratégicas para a Saúde, com transferência direta de resultados para a sociedade.
Recursos humanos
O Nutes é constituído por uma equipe multidisciplinar composta por professores, pesquisadores, técnicos e estudantes de graduação e pós-graduação das áreas de Saúde e Informática. Atualmente, conta mais de oitenta
Capítulo  13. Universidade Federal de Pernambuco129
colaboradores, muitos oriundos da UFPE, principalmente dos programas de
pós-graduação do Centro de Ciências da Saúde e do Centro de Informática,
dos cursos de graduação de Medicina, Enfermagem, Ciências da Computação e Engenharia da Computação, além de pessoas de outros centros acadêmicos do Estado, cedidas em termos de cooperação técnica.
Seu funcionamento está ancorado nas grandes áreas de atuação da Universidade: ensino, pesquisa e extensão. A produção dos serviços relaciona diferentes áreas (Infraestrutura de Tecnologias da Informação, Atendimento,
Saúde, Comunicação e Gestão Administrativo-Financeira) que, juntas, desenvolvem as atividades necessárias à execução dos projetos.
A equipe do Nutes tem professores que orientam estudantes de pós-graduação, latu-sensu e stricto-sensu, e trabalhos de conclusão de curso (graduação e residência). Além da formação e capacitação do profissional na
academia, o Nutes promove a possibilidade de estágios curriculares e extracurriculares, para estudantes de diversas universidades e faculdades da
região, nas áreas de infraestrutura (suporte e redes), videocolaboração, aplicações em saúde e engenharia de software.
Infraestrutura física e tecnológica
O Núcleo de Telessaúde da UFPE está localizado no segundo andar do Hospital das Clínicas, em uma área de 200 metros quadrados. Inicialmente contava apenas com 70 m2 de área construída, mas no decorrer dos anos sua
infraestrutura física foi aprimorada por meio dos projetos. Dispõe de uma
infraestrutura tecnológica com um parque superior a quarenta estações
de trabalho, equipamentos de última geração para vídeo e webconferência,
streaming, servidores de alta disponibilidade para prover as aplicações e os
serviços desenvolvidos (Figura 1). A conexão com a Internet é realizada por
meio de um link de um gigabyte com o Núcleo de Tecnologia da Informação
(NTI) da UFPE, a qual repassa uma conexão direta com a Rede Nacional de
Ensino e Pesquisa (RNP) e a Rede Ipê.
A infraestrutura permite a realização de videocolaboração pela Internet e o
desenvolvimento de aplicações web, como o dataNutes – sistema de gestão
de serviços de Telessaúde; o HealthNet – ambiente integrado de cooperação
clínica na web e os Ambientes Virtuais de Aprendizado baseados no software Moodle; e em dispositivos móveis, como o Intelimed – sistema móvel de
apoio ao diagnóstico médico.
130
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Figura 1 – Esquema da infraestrutura tecnológica do Nutes-UFPE.
Áreas de atuação do NUTES
1. Ensino da Informática em Saúde para
a Graduação e a Pós-graduação
O fortalecimento do processo ensino-aprendizagem por meio das tecnologias da informação aplicadas à educação em saúde é uma das prioridades do
NUTES. Em outubro de 2011, o Nutes contava com a professora associada Magdala de Araújo Novaes, do Departamento de Medicina Clínica; duas
professoras-adjuntas: Cristine Martins Gomes de Gusmão, do Departamento de Cirurgia e Paula Rejane Beserra Diniz – Departamento de Medicina
Clínica; um professor substituto, Júlio Venâncio Meneses, do Departamento
de Medicina Clínica; e as professoras convidadas Josiane Lemos Machiavelli
e Danielle Santos Alves.
1.1. A Informática em Saúde nos Cursos de Graduação
A disciplina Introdução à Informática em Saúde para a graduação foi a primeira criada pelo Grupo TIS, em 1997. Inicialmente era oferecida para alunos dos Cursos de Medicina, Enfermagem, Odontologia e demais cursos da
Área da Saúde da UFPE. Devido à necessidade de apresentar conteúdos específicos e de acordo com o curso, atualmente é oferecida como disciplina
eletiva apenas para estudantes do Curso de Medicina matriculados a partir
do 3º período. A disciplina apresenta ao estudante as possibilidades de aplicação das tecnologias da informação na Saúde, explicitando seus benefícios
na assistência ao paciente, na pesquisa e no ensino, atualizando-os sobre as
recentes inovações tecnológicas e seu impacto na futura prática profissional. Sistemas de informação em saúde, prontuário eletrônico do paciente,
imagens médicas digitais, Telessaúde, e as questões éticas e legais das práticas tecnológicas são alguns dos tópicos abordados.
Entende-se que a área temática de Informática em Saúde perpassa todo o
Curso de Medicina, desenvolvendo-se ao longo da graduação. Por essa razão, a partir da reforma curricular ocorrida em 2003, a Informática em Saúde
passou também a ser oferecida em alguns módulos que compõem o curso,
ou seja, as inserções são realizadas associadas aos demais conteúdos curriculares e pretendem estimular a compreensão da tecnologia como componente fundamental para o bom desempenho profissional. Assim, o futuro
médico adquirirá habilidades para a prática associada às mais modernas
técnicas e ferramentas tecnológicas, beneficiando os usuários do sistema de
saúde.
132
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Para o desenvolvimento dessas atividades, é necessária uma infraestrutura
tecnológica que contemple recursos computacionais e acesso à internet. Citamos algumas iniciativas que contam com o apoio do Nutes:
ƒƒ
Laboratório de Informática da Graduação (LIG) do Curso de Medicina, sediado no Centro de Ciências da Saúde: o Grupo TIS elaborou
o projeto que deu origem a esse laboratório e, atualmente, ministra
aulas em suas instalações.
ƒƒ
Sala de videoconferência do Nutes: utilizada para aulas, palestras,
seminários, cursos a distância por meio de vídeo, webconferência e
streaming.
ƒƒ
Sala de telepresença do Nutes: é utilizada para sessões de videoconferência em alta resolução.
ƒƒ
Salas de aulas com recursos audiovisuais, computadores e acesso à
internet (wired e wireless): instalados por meio do projeto DiagVida,
desenvolvido pelo Nutes e descrito a seguir.
A partir de 2007, o Grupo TIS introduziu o ambiente Moodle como ferramenta de apoio ao aprendizado. Inicialmente, foi criado o ambiente Ambiente
Virtual de Aprendizagem do Grupo TIS (AVATIS). Esse ambiente é mantido
pelo Nutes e oferece disciplinas vinculadas aos cursos da Área de Saúde
da UFPE, tanto na graduação quanto na pós-graduação, além de cursos de
extensão. A partir de 2009, o Nutes, em parceria com o Curso de Medicina
da UFPE, disponibilizou o Avamed – Ambiente Virtual de Aprendizagem do
Curso de Medicina, que será apresentado adiante.
1. 2. A Informática em Saúde na Pós-graduação
Os professores e pesquisadores do Nutes também oferecem a disciplina
eletiva Informática em Saúde para os Programas de Pós-graduação em Ciências da Saúde e em Cirurgia. O objetivo é apresentar recursos da informática
que possam instrumentalizar os estudantes para a pesquisa na Internet e a
escrita de documentos científicos, e apresentar os principais avanços das
Tecnologias da Informação na Saúde.
Da mesma forma que na graduação, os estudantes dessa disciplina e dos
programas de Residência em Pediatria, Multiprofissional e Enfermagem do
Hospital das Clínicas da UFPE usufruem da infraestrutura tecnológica anteriormente citada. A sala de videoconferência do Nutes é utilizada para realização de atividades colaborativas a distância, tais como aulas e palestras
Capítulo  13. Universidade Federal de Pernambuco133
providas por redes nacionais, como a Telessaúde Brasil/Rede de Núcleos de
Telessaúde de Pernambuco (RedeNUTES), a Hemorrede Virtual (RHEMO), a
Universidade Aberta do Sistema Único de Saúde (UNA-SUS) e a Rede Universitária de Telemedicina (RUTE).
2. Extensão por meio da transferência de conhecimentos
e da prestação de serviços de TI para a comunidade
Por meio do seu setor de extensão, o Nutes oferece assessoria e serviços
na área de TI, com destaque para os serviços por videocolaboração multiponto, webconferência, streaming, ambientes virtuais de aprendizagem, e
produção de materiais educacionais multimídia. Oferece cursos presenciais
e a distância em Tecnologia e Saúde para a comunidade interna e externa à
UFPE. Também participa de comissões para avaliação de projetos, comitês
científicos e organização de eventos.
Em função da experiência acumulada ao longo dos anos, o Nutes vem contribuindo na construção de políticas e padrões nacionais para a Informática em Saúde por meio de suas participações como membro da Comissão
Permanente de Telessaúde do Ministério da Saúde, do Comitê Assessor da
RUTE, e da Comissão de Estudos em Padrões da Informação em Saúde, da
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
No segmento de serviços, destaca-se a assessoria para implantação de novos
núcleos de Telessaúde, como foi o caso do apoio à Faculdade de Ciências
Médicas da Universidade de Pernambuco (UPE), que iniciou suas atividades
de Telessaúde em 2006 e constituiu formalmente seu Núcleo de Telessaúde em 2010; e a assessoria entre 2003 e 2006 para a Secretaria Municipal de
Saúde do Recife na formulação de seu plano diretor de Tecnologia da Informação, que incluiu atividades relacionadas ao Cartão Nacional de Saúde,
Telessaúde e Central de Regulação.
No segmento de organização de eventos, destacam-se os Encontros Estaduais da RedeNUTES, realizados anualmente desde 2009; e o Congresso Brasileiro de Informática em Saúde (CBIS), que é promovido a cada dois anos
pela Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS), e em 2010 foi organizado pelo Nutes, em Porto de Galinhas.
No segmento de serviços para a comunidade externa à UFPE, ressalta-se a
prestação de serviços de Telessaúde nas modalidades de tele-educação, teleassistência e telegestão, tais como as teleconsultorias e os seminários por
134
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
web conferência oferecidos pela RedeNUTES para mais de 90 municípios
de Pernambuco. São oferecidos, ainda, cursos e palestras por meio dos sistemas de vídeo/webconferência e streaming, e dos Ambientes Virtuais de
Aprendizagem (AVAs).
3. Pesquisa e Desenvolvimento em Informática
em Saúde e Gestão da Tecnologia da Informação,
por meio dos Grupos de Pesquisa
As atividades de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) têm sido fundamentais
para o crescimento do NUTES. Por meio dos projetos desenvolvidos pelos
Grupos TIS e Promise, a inovação acontece, retroalimentando a cadeia produtiva de formação de recursos humanos e a transferência para a sociedade
dos conhecimentos e das soluções tecnológicas. Os serviços de Telessaúde
providos pelo NUTES, em especial, têm se beneficiado dos resultados das
pesquisas, que aprimoram os instrumentos e os processos de trabalho. Os
projetos desenvolvidos pelo NUTES são multidisciplinares em Informática e
Saúde e visam a melhoria da qualidade do ensino, da pesquisa e da assistência à saúde, atuando em diferentes linhas de pesquisa e por meio de vários
Programas de Pós-Graduação da UFPE.
As ações de P&D têm resultado em publicações e ampliação das parcerias
interinstitucionais. Em 2009, por exemplo, o NUTES passou a fazer parte de
um dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia do CNPq, o Instituto
Nacional de Psiquiatria do Desenvolvimento para a Infância e Adolescência (INPD), coordenado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo (FMUSP). Com isso, pesquisadores do NUTES passaram a atuar no
Grupo de Pesquisa do INPD, na área de telessaúde mental.
A equipe do NUTES participa e publica nos principais congressos das áreas de Informática em Saúde e Medicina, nacionais e internacionais. Dentre esses, pode-se destacar o Congresso da American Medical Informatics
Association (AMIA), o World Congress on Medical and Health Informatics
(MEDINFO), Congresso da American Telemedicine Association (ATA), Congresso Brasileiro da Informática em Saúde (CBIS), da Sociedade Brasileira de
Informática em Saúde (SBIS), Congresso Brasileiro de Educação Médica, da
Associação Brasileira de Educação Médica (ABEM) e Congresso da Associação Brasileira de Pós-Gradução em Saúde Coletiva (ABRASCO).
A seguir serão descritos, resumidamente, alguns dos projetos em desenvolvimento no NUTES em parceria com diferentes instituições nacionais e
Capítulo  13. Universidade Federal de Pernambuco135
internacionais e que usufruem da infraestrutura disponibilizada pela Rede
Universitária de Telemedicina.
O NUTES e a RUTE: como tudo começou?
A Rede Universitária de Telemedicina (RUTE) visa à implantação e ao aprimoramento da infraestrutura para Telemedicina nos hospitais universitários, bem como a promoção da integração de projetos entre as instituições
participantes. O Hospital das Clínicas da UFPE fez parte do primeiro grupo de 19 hospitais beneficiados pela RUTE em 2007. Considerando que
o NUTES já funcionava desde 2003, a RUTE permitiu ampliar e melhorar
a infraestrutura já instalada no NUTES e no Hospital das Clínicas para o
desenvolvimento de ações de Telessaúde e Telemedicina, buscando fortalecer e qualificar as atividades de ensino, pesquisa, assistência e extensão
em Saúde por meio da Rede IPÊ e da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa
(RNP).
Atualmente, a equipe do NUTES dedica-se em manter a infraestrutura disponibilizada pela RUTE em bom funcionamento; disponibilizar serviços
de tele-educação, teleassistência e telegestão; fomentar o uso dos serviços;
atender às demandas de novos projetos de Telessaúde que possam ser desenvolvidos pelo NUTES ou em parceria com outros serviços do Hospital
das Clínicas e demais instituições.
Benefícios para o NUTES, a UFPE
e o Hospital das Clínicas
As contribuições dadas pela RUTE à UFPE são inúmeras, uma vez que a infraestrutura de videocolaboração implantada no NUTES e no HC possibilitou melhorias em todos os seus campos de atuação. Com a ampliação da
capacidade de colaboração a distância, houve redução de deslocamentos
para participação em reuniões e eventos; acesso, pelos profissionais dos serviços do HC, pesquisadores, professores e estudantes a outros centros no
Brasil e no mundo, na busca pelo aprimoramento das suas atividades e pela
produção do conhecimento. A seguir são descritos os principais avanços na
infraestrutura física e tecnológica proporcionada pela RUTE.
136
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Em primeiro lugar destaca-se a melhoria a infraestrutura do Núcleo de Telessaúde, com a construção de uma sala de operações para a equipe de videocolaboração; compra e instalação de novos equipamentos (sistema completo de videoconferência, dois televisores de plasma, caixas de som, mesa
de som, amplificador e gravador de DVD, microcomputadores multimídia
e notebook, servidor de streaming, ativos de rede); e compra de softwares
(Adobe Connect para realização de webconferências e PVX para realização
de videoconferências a partir de computadores desktop).
Outro grande benefício que merece ser destacado foi o aprimoramento da
conectividade à Internet no Hospital das Clínicas e no NUTES. Em parceria
com o Núcleo de Tecnologia da Informação (NTI) da UFPE e com o Departamento de Informática do HC, foi possível melhorar e estruturar a rede local
do NUTES e, consequentemente, sua capacidade de conectividade, além de
distribuir uma rede de alta velocidade para serviços do HC. Antes da RUTE,
o HC e o NUTES tinham acesso a uma rede de 10Mbps; com esse projeto,
sua rede passou a ser de 1000Mbps, possibilitando a realização de videocolaboração de alta definição e qualidade.
No Hospital das Clínicas da UFPE, em 2007, foram implantados pontos com
Internet de alta velocidade e kits multimídia, incluindo computador desktop,
monitor, webcam, headset, nobreak e softwares (Windows XP, Polycom PVX
para videoconferência e Adobe Connect para webconferência) em diversos
serviços. Os serviços contemplados com essa infraestrutura podem ser vistos na Figura 2.
A escolha dos serviços beneficiados obedeceu aos seguintes critérios:
I) pediatria, clínica médica, nefrologia, ginecologia e obstetrícia, porque já
desenvolviam atividades de Telessaúde no âmbito da Rede de Núcleos de
Telessaúde de Pernambuco; II) bloco cirúrgico (Figura 3), radiologia e anatomia patológica pelo interesse em desenvolver experimentos de alta performance com imagens médicas; III) oncologia porque já participava do
projeto Onconet, coordenado pelo Laboratório de Sistemas Integrados da
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (LSI-USP), que desenvolvia
ações de prevenção, diagnóstico e tratamento do câncer por meio da Telessaúde; IV) anfiteatro e sala de treinamento como unidades de apoio às atividades de ensino. Em 2008, os serviços de urologia e puericultura, além do
Departamento de Enfermagem, aderiram ao projeto. Esses se beneficiaram
do acesso à Internet de alta velocidade, mas a compra do kit multimídia foi
feita com recursos próprios. As primeiras instalações do setor de videocolaboração do NUTES foram inauguradas em 31/10/2003, mas dezembro de
Capítulo  13. Universidade Federal de Pernambuco137
Figura 2 – Serviços contemplados com hardwares,
softwares e acesso à Internet por meio da RUTE.
Figura 3 – Ponto de Telessaúde implantado no Bloco Cirúrgico.
2007 guarda três marcos importantes: foi realizada a primeira videoconferência entre os serviços do HC (Figura 4); a primeira reunião clínica, sobre
trauma, entre o NUTES, instituições internacionais e demais parceiros da
RUTE, (Figura 5); e a inauguração da RUTE no HC, em 14 de dezembro de
2007 (Figura 6).
Figura 4 – Primeira conexão realizada entre os serviços do HC, 13/12/2007.
Figura 5 – Primeira participação do NUTES, por videoconferência,
em reunião clínica internacional via RUTE, 5/12/2007.
Capítulo  13. Universidade Federal de Pernambuco139
Mais recentemente, pelo fato de já fazer parte da RUTE, ter acesso à uma
rede de Internet de alta velocidade e ser referência em Pernambuco na oferta de serviços de Telessaúde, o NUTES foi beneficiado com a implantação de
uma sala de telepresença (Figura 7). Essa nova tecnologia representa uma
evolução de videoconferência tradicional, pois faz com que os participantes
Figura 6 – Sala de videoconferência do NUTES depois
da RUTE, inaugurada em 14/12/2007.
Figura 7 – Sala de Telepresença, instalada em 20/07/2011.
140
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
vivenciem uma experiência de comunicação imersiva, simulando um encontro presencial e interativo. Possibilitará discussões clínicas mais complexas, envolvendo, por exemplo, o uso de imagens médicas em alta definição
e discussões em tempo real.
Os pontos de Telessaúde instalados nos serviços e a infraestrutura do
NUTES podem ser utilizados para colaboração entre os setores do próprio
HC, participação nas reuniões clínicas promovidas pela RUTE, pesquisas na
Internet, oferta/participação em serviços de Telessaúde e desenvolvimento
de projetos, nacionais e internacionais.
A formação de recursos humanos na área de Informática em Saúde é um dos
principais legados do NUTES, merecendo destaque a formação de técnicos
com expertise em serviços de videocolaboração, uma área com escassez de
mão de obra qualificada em Pernambuco. De 2003 a 2011 foram formados
10 técnicos na área. Além disso, as possibilidades de participação em atividades a distância vêm permitindo a participação dos colaboradores do
NUTES em seminários e cursos nas mais diversas áreas.
O NUTES, a RUTE e a oferta dos
serviços de Telessaúde
A Tabela 1 apresenta os indicadores de produção dos serviços ofertados pelo
setor de videocolaboração (vídeo, webconferência e streaming) do NUTES.
Como se pode observar, a demanda ganhou força a partir de 2008, período
que coincide com o término da melhoria da infraestrutura do Núcleo, proporcionada pela RUTE.
Os serviços mais demandados são as palestras por vídeo/webconferência
e streaming, principalmente relacionados à Rede de Núcleos de Telessaúde de Pernambuco (RedeNUTES), o maior projeto em desenvolvimento
no NUTES; seguidos das reuniões de trabalho, muitas delas ocorridas para
monitoramento dos projetos desenvolvidos no NUTES em parceria com
instituições nacionais e internacionais; e as reuniões científicas, seja pelas
participações nos Special Interest Groups (SIGs) promovidos pela RUTE ou
solicitadas por estudantes, professores e colaboradores da UFPE e do Hospital das Clínicas.
Os SIGs que contaram com participações da UFPE, do NUTES ou do HC,
desde 2009, foram: Gestão de Atenção de Programas de Atenção Básica e
Capítulo  13. Universidade Federal de Pernambuco141
Tabela 1 – Serviços ofertados pelo setor de videocolaboração
do NUTES, por natureza, de 2003 a 2011.
Total
2011
2010
2009
2008
2007
2006
2005
2004
2003
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
2003
2004
2005
2006
2007
2008
18
36
39
41
9
96
166
Reuniões
(clínicas,
científicas e
etc)
7
2
2
17
56
37
Cursos e Treinamentos
0
5
0
17
31
Teleconsultorias
1
0
1
0
Eventos
externos
0
0
0
26
43
42
Palestras
Total
2009 2010
3500
2011
Total
208
134
747
82
84
247
534
19
8
17
43
140
0
2
21
46
34
105
0
2
1
36
2
6
47
75
98
155
313
357
464
1573
Saúde da Família, Serviços de Enfermagem dos Hospitais Universitários,
Oftalmo, Sentinela, Telepsiquiatria, Enfermagem em Oncologia, Saúde da
Criança e do Adolescente, Saúde Indígena, TICs em Saúde, Padrões para Telemedicina e Informática em Saúde, Técnico-operacional RUTE.
Hoje, o NUTES faz parte das principais redes de Telessaúde do Brasil: Programa Telessaúde Brasil, Hemorrede Virtual (RHEMO) e, a partir de 2011, Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS), por meio da oferta do curso de especialização em Saúde da Família. Além desses, projetos estruturantes, como
o DiagVIDA, e estratégicos, como o INPD – Telessaúde Mental, AVAMED e
STAR, se beneficiam da infraestrutura tecnológica provida pela RUTE. A seguir são descritos resumidamente as ações desenvolvidas em alguns desses
projetos.
Rede de Núcleos de Telessaúde
de Pernambuco (RedeNUTES)
A RedeNUTES iniciou a oferta de serviços de Telessaúde em Pernambuco em
2003, implantou de forma pioneira no Brasil uma rede de Telessaúde voltada para a Estratégia Saúde da Família, e superou inúmeros desafios, como:
adquirir recursos financeiros para desenvolvimento de um projeto inovador,
conquistar espaço dentro da Universidade para construção de um Núcleo de
Telessaúde e formar recursos humanos que pudessem contribuir na construção de uma rede de Telessaúde. Essas conquistas permitiram que, a partir
de 2005, o NUTES pudesse participar das primeiras discussões que culminariam com a implantação, em 2007, do Projeto Piloto de Telessaúde Aplicado
à Atenção Primária, que resultou, a partir de 24 de fevereiro de 2010, na instituição, pelo Ministério da Saúde, do Programa Telessaúde Brasil.
O Programa Telessaúde Brasil visa a melhorar a qualidade dos serviços de
saúde prestados à população por meio da Telessaúde. O uso adequado da
Telessaúde poderá conferir qualidade e rapidez aos processos de assistência
e educação continuada, e consequentemente: i) promover a educação permanente e o suporte assistencial a serviço dos profissionais que atuam na
Atenção Primária; ii) promover a integração ensino-serviço entre as unidades de saúde e a rede de referência em hospitais-escola do Sistema Único de
Saúde (SUS); iii) minimizar encaminhamentos inadequados para as redes
de referência, contribuindo para melhorar o sistema de referência e contrarreferência; iv) melhorar a qualidade da assistência à saúde da população.
Capítulo  13. Universidade Federal de Pernambuco143
A participação da RedeNUTES nesse programa possibilitou a manutenção
da rede criada em 2003, e sua expansão para mais de cem Unidades de Saúde
da Família (USFs). Nessa fase, a equipe gestora da RedeNUTES decidiu por
contemplar USFs do interior do Estado e abranger as 11 Gerências Regionais
de Saúde (GERES). Em outubro de 2011 a RedeNUTES estava presente em
76 municípios, tinha 273 pontos de Telessaúde implantados e beneficiava
mais de 2.150 profissionais de saúde. Os serviços de Telessaúde oferecidos
incluem:
1. Tele-educação: Seminários em Saúde da Família (Figura 8), um serviço transmitido em tempo real, por webconferência e, a partir de outubro de 2011, também por streaming, do NUTES para as unidades
de saúde parceiras da rede. Para apresentação dos seminários são
convidados profissionais da rede de serviços de saúde, professores
ou estudantes da UFPE, do Hospital das Clínicas e de outras instituições de ensino e pesquisa de Pernambuco. Todos os seminários
são gravados e disponibilizados para consulta na Biblioteca Virtual
RedeNUTES. A biblioteca também possui apresentações eletrônicas,
manuais, guias, artigos e vídeos de interesse para a Atenção Primária, produzidos pelo NUTES, indicados pelos teleconsultores da rede
ou produzidos pelos parceiros do Programa Telessaúde Brasil.
Figura 8 – Seminário sendo transmitido por webconferência
do NUTES para o Estado de Pernambuco.
144
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
2. Teleassistência: implantou-se o serviço de Teleconsultorias (Figura
9), um canal direto com os teleconsultores, profissionais de saúde
das universidades e da rede de serviços, para discussão acerca de
casos clínicos ou dúvidas relacionadas ao processo de trabalho na
Atenção Primária. As discussões podem ser feitas em tempo real,
pelo sistema de webconferência, ou a distância, por meio de formulário eletrônico.
3. Telegestão: são feitas reuniões de monitoramento, por webconferência,
com gestores e profissionais de saúde parceiros da RedeNUTES.
Figura 9 – Discussão de caso clínico a distância pelo sistema de webconferência.
O Gráfico 1 apresenta uma visão geral dos indicadores de produção da RedeNUTES. Entre abril de 2008 e dezembro e 2011, foram transmitidos 493
seminários em Saúde da Família, que tiveram uma média de 48 ouvintes
por sessão e 13 pontos conectados remotamente. A Biblioteca Virtual RedeNUTES dispunha, em dezembro de 2011, de 977 objetos educativos (vídeos,
apresentações eletrônicas, manuais, dentre outros) e registrava mais de cem
mil acessos desde sua criação, em 2008.
Na teleassistência, entre outubro de 2008 e dezembro de 2011 foram atendidas 5.553 demandas dos profissionais de saúde parceiros da RedeNUTES.
Destas, 4.351 foram questionamentos clínicos ou sobre os processos de trabalho feitos durante os seminários por webconferência; 1.341 foram encamiCapítulo  13. Universidade Federal de Pernambuco145
nhadas por formulário eletrônico e 106 foram discutidas por webconferência.
Em maio de 2011 a RedeNUTES iniciou um projeto piloto que oferta o serviço de Teleletrocardiograma (Tele-ECG) para dois municípios pernambucanos (Vitória de Santo Antão e Cabo de Santo Agostinho). Entre maio e
dezembro de 2011 foram realizados 199 exames. Esse projeto está na fase
de avaliação dos resultados. Espera-se, em 2012, ampliar a oferta do serviço
para todos os municípios interessados.
Gráfico 1 – Evolução da quantidade de atividades
educativas e teleconsultorias da RedeNUTES.
RedeNUTES – Total dos serviços por ano
1647
2011
1240
144
64
3109
2637
2010
274
198
1941
1496
2009
297
148
Total Anual: Serviços de Telessaúde
Teleassistência: Teleconsultorias
Tele-educação: Objetos de Aprendizagem
Tele-educação: Seminários por Webconferência
402
180
147
75
2008
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
Período de referência: abril de 2008 a dezembro de 2011
Rede de Colaboração virtual por videoconferência
para Hemorrede Brasileira (RHEMO)
Financiado pelo Ministério da Saúde em 2006 e sob a coordenação do
NUTES, esse projeto implantou uma rede de colaboração por meio de videoconferência para os serviços públicos de hemoterapia e hematologia
do País. Foram implantadas 31 salas de videoconferências nos Hemocentros Coordenadores, Hemobrás e Coordenação Geral do Sangue e Hemoderivados em Brasília, conectadas por meio da Rede InfoSUS, provida pelo
DataSUS.
146
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
O objetivo dessa rede é fomentar a telegestão e a tele-educação no âmbito
da Hemorrede Brasileira, contribuindo para aumentar a eficácia dos processos de gestão, troca de experiências e soluções entre os serviços da hemorrede nacional, a Coordenação da Política Nacional do Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde, responsável pelo Sistema Nacional de Sangue,
Componentes e Derivados (SINASAN), e demais redes de videoconferência
no Brasil, tais como a RUTE e a Telessaúde Brasil. Uma proposta que está em
discussão é a criação de um SIG para a Rede Nacional de Sangue e Hemoderivados, pela RUTE, prevista para 2012.
O projeto foi dividido em duas fases: os hemocentros da região Nordeste (9
no total) tiveram as salas implantadas na Fase I, concluída em 2008; seus colaboradores já foram treinados e estão participando de serviços de telegestão (reuniões gerenciais). Os hemocentros das demais regiões (22 no total)
foram contemplados na fase II; a implantação das salas de videoconferência
foi concluída em agosto de 2011 e os colaboradores receberão treinamento a
partir de outubro de 2011. A infraestrutura de videocolaboração implantada
no NUTES também possibilitou a realização de testes multipontos com as
unidades da RHEMO por meio da integração entre as redes RNP e InfoSUS.
Telessaúde Mental: desenvolvimento e aplicações
de Telemedicina para a saúde mental
Esse projeto faz parte do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Psiquiatria do Desenvolvimento para Infância e Adolescência (INPD), coordenado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e financiado pelo CNPq e pela Fapesp. O projeto de Telessaúde Mental do INPD tem
como objetivo pesquisar as melhores práticas relacionadas ao uso das tecnologias da informação para o desenvolvimento e aplicação de ferramentas
de Telessaúde baseadas na web e em dispositivos móveis para dar suporte
aos processos colaborativos inerentes à pesquisa clínica, além de intervenções para apoiar a formação, a difusão e a avaliação do impacto nas ações
do INPD. As práticas investigadas estão relacionadas ao processo ensino-aprendizagem (teleducação), à teleassistência e à telegestão dos serviços
de saúde.
Ações executadas a partir desse projeto: i) transmissão, por videoconferência e
streaming, de 9 cursos (221 participantes, uma média de 25 por sessão) e 10 palestras (79 participantes, média de 8 por sessão) nas áreas de Psiquiatria, Saúde
Capítulo  13. Universidade Federal de Pernambuco147
Mental e Pesquisa Clínica; ii) desenvolvimento e disponibilização do Ambiente
Virtual de Aprendizagem do INPD (AVA/INPD) para apoio ao ensino da saúde mental nas instituições envolvidas; iii) evolução do sistema HealthNet 1.5,
desenvolvido no NUTES, para o HealthNet 2.0, uma plataforma de serviços
de saúde que permitirá a promoção, a prevenção e o cuidado ao paciente por
meio de serviços de Telessaúde, como a Segunda Opinião a Distância.
Figura 10 – Palestra “Será que sua escolha de cardápio afeta sua
saúde mental?”, professor Oswaldo de Carvalho, University of Western
Australia, transmitido por videoconferência, abril/2011.
DiagVida: Apoio à Educação Médica
e ao Diagnóstico por Imagem a Distância
O projeto, financiado pela Finep, objetiva estudar, implementar e avaliar o
uso de um banco de imagens médicas digitais no Hospital das Clínicas e sua
integração aos serviços de Telessaúde providos pelo NUTES para dar suporte à educação médica continuada e à decisão diagnóstica por imagens, nos
três níveis de atenção à saúde.
O DiagVida iniciou a informatização do setor de imagens do Hospital das
Clínicas e disponibilizou uma infraestrutura de redes que permite o tráfego
148
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
das imagens ali produzidas para os demais setores e, principalmente, para
aos ambientes de ensino do Curso de Medicina. Foram disponibilizados
um servidor Picture Archiving and Communication Systems (PACS) para
armazenamento das imagens médicas, computadores e módulos de acesso às imagens médicas nos ambientes HealthNet 2.0 e Ambiente Virtual de
Aprendizagem do Curso de Medicina (AVAMED). A infraestrutura de redes
provida DiagVIDA ampliou a infraestrutura implantada inicialmente pela
RUTE. Esses dois projetos contribuíram com a implantação do acesso à Internet nos serviços do HC, uma vez que inicialmente a rede do hospital não
os contemplava. Atualmente, uma nova rede de informática encontra-se em
implantação e deverá beneficiar todo o Hospital das Clínicas.
Visando potencializar o uso do AVAMED e incentivar o uso da tecnologia
também dentro das salas de aula, em julho de 2011 computadores foram
instalados em todas as salas de aula do HC e conexão à Internet, com e sem
fio, por meio da infraestrutura de redes da RUTE, foi disponibilizada. Hoje,
estudantes e professores tem acesso à web a partir das salas de aula localizadas no Hospital das Clínicas.
Ambiente Virtual de Aprendizagem
do Curso de Medicina da UFPE (AVAMED)
O Avamed foi desenvolvido em 2009 por meio de uma parceria entre o
Curso de Medicina e o NUTES, com recursos dos projetos desenvolvidos
pelo NUTES e do Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde (Pró-Saúde). Oferece aos docentes e aos estudantes um
ambiente de aprendizagem para todos os módulos e disciplinas eletivas.
Veio para contribuir na reforma curricular, por meio da inserção da Tecnologia da Informação aplicada à Saúde, no cenário acadêmico do Curso de
Medicina da UFPE.
A utilização do ambiente está minimizando alguns dos pontos críticos
levantados pelos discentes e muitos docentes ao longo dos anos e que se
repetem em diversos módulos, como: dificuldades no relacionamento/
interação entre docentes e estudantes, dificuldade de integração entre os
módulos, dificuldade de acesso aos conteúdos atualizados das aulas, dificuldade de um professor conhecer os conteúdos ministrados pelos demais,
baixa qualidade das estratégias e recursos didáticos utilizados por alguns
Capítulo  13. Universidade Federal de Pernambuco149
professores, falta de estímulo para o uso das bibliotecas e da Internet como
meios para ampliar e melhorar a aprendizagem.
Integrado à infraestrutura de redes, aos sistemas de webconferência e
streaming do NUTES, o Avamed tem possibilitado maior interação entre
estudantes e professores; e entre estes e profissionais de saúde da rede assistencial. Além disso, tem sido possível a realização de aulas a distância, e
também proporcionou o acesso ao banco de imagens médicas digitais disponibilizado pelo projeto DiagVida. Em outubro de 2011 o AVAMED contava
com 733 estudantes e 298 docentes cadastrados.
Consórcio Brasil-EUA para Educação
em Informática Médica (Star)
O consórcio, financiado pela Capes e pela Fund for the Improvement of
Postsecondary Education (FIPSE), promove o intercâmbio e a cooperação
internacional entre o Brasil e os Estados Unidos em nível de graduação para
o reconhecimento mútuo de créditos acadêmicos e a portabilidade entre os
dois Países na busca do aprimoramento do currículo em Informática Médica. Participam do consórcio as seguintes instituições: Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo (FMUSP); e as instituições americanas: School of Biomedical Informatics (SBMI) da University of Texas Health Science Center (UTHealth), em
Houston-Texas, e Duke University, em Durham-Carolina do Norte.
Entre 2009 e 2011 o consórcio possibilitou o intercâmbio de 20 estudantes
brasileiros e quatro americanos. Os quatro estudantes americanos, dois do
Texas e dois da Carolina do Norte, desenvolveram suas atividades de pesquisa no NUTES-UFPE. A UFPE já enviou 10 alunos para os Estados Unidos (EUA): oito do Curso de Medicina e dois do Curso de Ciência da Computação; e a FMUSP enviou 10 estudantes para os EUA, todos do Curso de
Medicina. Os discentes brasileiros passam dois meses na Duke University
cursando disciplinas sobre pesquisa e publicações de alto nível no domínio
da Medicina; e quatro meses da University of Texas, onde cursam disciplinas
relacionadas à Informática Médica e participam seminários e palestras das
áreas clínicas.
150
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
O acompanhamento dos estudantes, pelos professores das Universidades
de origem, é feito por meio de reuniões pelo sistema de webconferência disponível no NUTES.
Coordenação geral
ƒƒ
Professora Magdala de Araújo Novaes, UFPE (coordenadora, Brasil).
ƒƒ
Professor Madurai Sriram Iyengar, SBMI-UTH (coordenador, EUA).
Coordenadores associados
ƒƒ
Professor Euripedes Miguel Constantino, FMUSP (coordenador associado, Brasil).
ƒƒ
Professor Ricardo Pietrobon, Duke University (coordenador associado, EUA).
Considerações finais
O NUTES é o primeiro Núcleo de Telessaúde formalmente implantado em
hospital-escola universitário no Brasil. A chegada da RUTE possibilitou ampliar e fortalecer as ações do núcleo no âmbito das Tecnologias da Informação, notadamente da Telessaúde. As práticas à distância em saúde são cada
vez mais imprescindíveis na busca de um sistema de saúde universal, com
equidade, integralidade e resolubilidade, pois ampliam o acesso à saúde, à
informação e permitem a colaboração dos diferentes atores que compõem
o sistema onde quer que eles estejam.
Os indicadores de produção do setor de videocolaboração do NUTES demonstram seu grande alcance social: mais de 1.500 sessões em oito anos de
fundação. A utilização dos instrumentos de videocolaboração em atividades
que integram o ensino, a pesquisa e a assistência, sempre norteou as ações
do núcleo na busca pela aproximação da academia às realidades locais da
saúde, mas sem perder de vista a necessidade de inovação.
A universalização do acesso à Internet foi, sem dúvida, o grande divisor de
águas. Sem esse recurso não seria possível ofertar serviços para tantos usuários. A conectividade proporcionada pela RNP e os recursos providos pela
RUTE, juntos, possibilitaram à Universidade Federal de Pernambuco e, mais
especificamente, ao Hospital das Clínicas, se interiorizar, chegando mais
Capítulo  13. Universidade Federal de Pernambuco151
rápido em todos os cantos do Estado de Pernambuco, e se inserir nas grandes redes brasileiras e mundiais de saúde. Hoje, professores, estudantes e
profissionais da UFPE e do HC usufruem da infraestrutura implantada para
fortalecer o processo ensino-aprendizagem e a integração ensino-serviço.
A oferta de novos instrumentos que possibilitam o trabalho compartilhado, cooperado e distribuído entre os profissionais da rede e seus pares no
sistema de saúde, e entre estes e os educadores e os estudantes nas universidades representa um reconhecimento da sua importância e um avanço na
busca pela melhoria do acesso aos serviços e às informações, e da qualidade
da cadeia de atendimento à população.
Agradecimentos
A todos os colaboradores do NUTES que contribuíram para o desenvolvimento dos projetos mencionados; às instituições parceiras e aos órgãos de
fomento que financiaram os projetos.
Referências bibliográficas
NÚCLEO de Telessaúde da Universidade Federal de Pernambuco [Internet]. Disponível em: <http://www.nutes.ufpe.br.> Acesso em: 12 out. 2011.
UNIVERSIDADE Federal de Pernambuco [Internet]. Disponível em: <http://www.
ufpe.br>. Acesso em: 12 out. 2011.
HOSPITAL das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco [Internet]. Disponível em: http://www.ufpe.br/hc>. Acesso em: 28 out. 2011.
REDE Universitária de Telemedicina [Internet]. Disponível em: <http://rute.rnp.br>.
Acesso em: 12 out. 2011.
REDE de Núcleos de Telessaúde de Pernambuco [Internet]. Disponível em: <http://
www.redenutes.ufpe.br>. Acesso em: 12 out. 2011.
RHEMO – Hemorrede Virtual [Internet]. Disponível em: <http://www.nutes.ufpe.br/
rhemo>. Acesso em: 12 out. 2011.
INSTITUTO Nacional de Psiquiatria do Desenvolvimento para a Infância e Adolescência – Telessaúde Mental [Internet]. Disponível em: <http://www.nutes.ufpe.br/
telessaudemental>. Acesso em: 12 out. 2011.
INSTITUTO Nacional de Psiquiatria do Desenvolvimento para a Infância e a Adolescência [Internet]. Disponível em: <http://inpd.org.br>. Acesso em: 12 out. 2011.
152
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
DIAGVIDA – Imagens Médicas Digitais [Internet]. Disponível em: <http://www.nutes.ufpe.br/portal_diagvida>. Acesso em: 12 out. 2011.
AMBIENTE Virtual de Aprendizagem do Curso de Medicina [Internet]. Disponível
em: <http://www.ufpe.br/medicina/avamed>. Acesso em: 12 out. 2011.
CONSÓRCIO para Cooperação Internacional Brasil – Estados Unidos em Informática
Médica [Internet]. Disponível em: <http://www.nutes.ufpe.br/star>. Acesso em: 12
out. 2011.
Capítulo  13. Universidade Federal de Pernambuco153
Capítulo 14
Hospital de Clínicas da Universidade
Federal do Paraná (UFPR): Sistema de Telemedicina
Rogério Andrade Mulinari, Heda Amarante, Arnolfo de Carvalho
Neto, Luiz Fernando Ribas, Mônica Lima Nunes e Luciano Silva
Universidade Federal do Paraná
Telemedicina já é um conceito estabelecido como a solução para garantir o
acesso de determinadas populações a serviços de saúde na sua ampla gama
de possibilidades.
O Sistema Único de Saúde (SUS), por tarefa anotada na Constituição Federal
deve garantir universalidade, hierarquização e integralidade na atenção à
saúde coletiva.
Baseado nessas premissas, no início de 2007, a Universidade Federal do Paraná definiu que iria participar do processo em desenvolvimento pela Rede
Universitária de Telemedicina e cumpriu os objetivos iniciais propostos de:
ƒƒ
Desenvolver infraestrutura de informática e telecomunicação.
ƒƒ
Estimular a criação de rede de instituições para desenvolvimento
colaborativo de materiais de teleducação em saúde.
ƒƒ
Integrar projetos de pesquisas.
ƒƒ
Viabilizar a informatização entre HU (compartilhamento de dados).
ƒƒ
Estruturar sistema de consultoria e segunda opinião clínica.
ƒƒ
Otimizar os custos do sistema público de saúde e diminuir encaminhamentos desnecessários para a média e alta complexidade, e urgência.
O primeiro item foi cumprido em nosso hospital universitário, tendo sido
criada uma sala para teleconferência e segunda opinião clínica no 10ª andar. Nossa sala para teleconferência e segunda opinião clínica encontra-se
vinculada ao Departamento de Clínica Médica, atendendo a formação de
acadêmicos de medicina e residentes em pós-graduação.
Como solução técnica alternativa, em nossa instituição criou-se uma estrutura móvel com todo o equipamento necessário à execução das ações em teles-
saúde e teleconsultoria e adaptável a vários ambientes. Abaixo estão assinalados vários dos objetivos assumidos e cumpridos desde o início do projeto:
ƒƒ
Telemedicina para Ensino Médico no Hospital de Clínicas.
ƒƒ
Teletransmissão intra-hospitalar de “casos clínicos e procedimentos”.
ƒƒ
Padronização de oportunidade para o ensino médico e demais carreiras da área da saúde na graduação e pós-graduação, o que auxilia
na solução do problema do grande número de alunos, da limitação
de espaço físico, da impossibilidade de frequência simultânea em
enfermarias, ambulatórios e salas cirúrgicas.
ƒƒ
Estruturação para oferecer aos alunos as mesmas oportunidades
de ensino evitando exposição a casos clínicos diferentes e portanto
conteúdo teórico/prático não padronizado.
ƒƒ
Integrar o HC e unidades periféricas, como o Hospital do Trabalhador, através da informatização.
ƒƒ
Propiciar maior qualidade de atendimento e redução de custos.
ƒƒ
Teleconsulta, Telediagnóstico e Teleaulas.
ƒƒ
Sedimentar a estratégia da Segunda Opinião Clínica e apoio à decisão médica, participando do Projeto Telessaúde Paraná.
Não vemos em hospital de nível terciário, como é o Hospital de Clínicas,
o melhor ambiente para a segunda opinião em temas de Atenção Primária à Saúde. No entanto, criamos uma estrutura física, com equipamentos,
técnicos em informática e consultores médicos que integram a proposta da
Universidade Federal do Paraná ao Telessaúde Paraná. O Telessaúde Paraná
é uma iniciativa da Secretaria Estadual de Saúde do Paraná em integrar municípios do estado a grupos de profissionais que sirvam como referência técnica em diagnósticos e tratamento de pacientes do Sistema Único de Saúde.
Fazem parte desta rede as Universidades de Maringá, Londrina, Cascavel e a
Federal do Paraná, todas instituições públicas de ensino superior. E hoje são
cerca de 260 municípios em processo de adesão ao programa.
Ainda dentro das ações iniciadas e estimuladas pela RUTE podemos destacar:
ƒƒ
Pesquisas multidisciplinares (Pediatria e Informática).
ƒƒ
Sucesso com a criação do Sistema FootScanAge que já evoluiu para
o Sistema FootScanID.
Capítulo  14. Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná 155
ƒƒ
Análise de imagens da superfície plantar de recém-nascidos para
apoiar a determinação da idade gestacional.
ƒƒ
Parcerias com instituições: OSU, UFSC, Unicamp, SESA-PR.
A caminhada para a sedimentação da Rede Universitária de Telemedicina
em nossa universidade ainda necessita de bastante esforço. As necessidades para cumprir a integralidade de ação em saúde para o Sistema Único
de Saúde (SUS) faz com que as autoridades públicas do setor estimulem a
cada momento a criação de novos programas ou ampliação de estratégias já
desenvolvidas e bem experimentadas.
Passaremos a aplicar esforços na resposta a demandas específicas do SUS,
na linha de ação do Telessaúde Paraná – SESA/PR. E um dos exemplos que
podemos deixar é a implantação da segunda opinião clínica da especialidade de neurologia para pacientes com epilepsia. Sem dúvida, benefício imediato para aqueles pacientes que deixarão de esperar na fila para a eventual
e, em muitos casos, simples alteração da dose do medicamento. Na mesma
linha assistencial, temos projetos em modulação como é o caso, por exemplo, da criação de uma estrutura de Unidade Móvel para mamografia que
será ofertada ao Sistema Único de Saúde por contratualização.
A criação de um novo serviço trará aporte financeiro, exatamente pela oferta
do diagnóstico. A utilização dos especialistas presentes no Hospital de Clínicas e a facilitação do acesso do paciente, que será estimulado por mutirões
de exames que poderá reduzir muito a incidência do câncer de mama.
Definir metas dentro de temas determinados, trará a objetividade necessária à valoração da Telemedicina e imaginamos que desta forma obteremos
reforço e maior adesão institucional.
Outro elemento ao qual deverá ser dada ênfase é a informatização do hospital
e sua integração no que concerne aos dados gerados para a rede assistencial.
Definitivamente este trabalho trará avanços administrativos e ao planejamento epidemiológico dos serviços.
A definição mais automática do perfil de morbi-mortalidade e regionalização dos casos dos pacientes também poderá ser determinante para a oferta
de aulas e discussões clínicas on-line consolidando assim os processos de
educação continuada que serão criados.
156
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Enfim, apesar do Projeto RUTE em nosso ambiente não ter tido a evolução
desejada, está muito claro seu papel de motor e de estímulo aos nossos próximos passos.
Referências bibliográficas
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agosto de 2010 – Mamografia em Telemedicina.
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Capítulo  14. Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná 157
Capítulo 15
Hospital Universitário da Universidade Federal de
Santa Catarina (UFSC): Telemedicina e Telessaúde
Aldo von Wangeheim, Cleidson Cavalcante e Harley Wagner
Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina
O Núcleo de Telemedicina e Telessaúde de Santa Catarina é resultante da
soma de esforços acumulados por diversos agentes acadêmicos e governamentais ao longo dos últimos 15 anos e que teve seu início com o surgimento do grupo de pesquisa em imagens médicas: Grupo Cyclops – Universidade Federal de Santa Catarina.
Criado em 1997, originalmente destinado à pesquisa em processamento digital de imagens (PDI) médicas, o Grupo Cyclops tornou-se um grupo que
produz tecnologias de software para os mais variados domínios de TICs em
Saúde, desde o nível da pesquisa básica computacional, desenvolvimento
tecnológico, produtização e respectiva transposição para o setor produtivo.
A partir de 2007, este ciclo tem sido otimizado com a criação da RUTE tanto
no sentido operacional de conectividade quanto na capacidade colaborativa com os demais grupos de P&D, ensino e assistência da Área da Saúde.
Logo de partida, o Grupo Cyclops se deparou com a aridez da realidade nacional quanto à limitação de infraestrutura e recursos para pesquisa na
área, à época: ausência de sistemas de servidores para o gerenciamento
de imagens médicas (PACS – http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-39842011000600009&script=sci_arttext) e nem mesmo equipamentos de
imagens médicas em conformidade os padrões de comunicação eletrônica
(DICOM – http://www.nema.org/stds/dicom.cfm) nos HUs. A única alternativa para iniciar as pesquisas em PDI foi desenvolver toda a tecnologia PACS e
implantar a infraestrutura do início. Se por um lado foi um grande obstáculo
a ser transposto, por outro, lastreou o perfil do grupo: autossuficiência tecnológica aplicada para o Setor Produtivo. Como desdobramento, em 2005, os
ciclos recursivos de pesquisa aplicada permitiu que fosse criada a Rede Catarinense de Telemedicina (RCTM), conectando 5 primeiros municípios do
extremo oeste catarinense à Florianópolis em uma iniciativa pioneira de telediagnóstico via web em larga escala com tecnologia inteiramente nacional. Tal
perfil de produção sistemática de tecnologia permitiu ao grupo ancorar novas
redes de P&D e, principalmente, de serviços de TIC em Saúde.
Maturidade Tecnológica, Política
e Convergência de Recursos
O ano de 2005 foi um marco decisório para difusão da Telemedicina e Telessaúde no Brasil. Quase que de maneira sincronizada, diversas iniciativas
regionais e nacionais conquistaram maturidade no âmbito da consolidação
tecnológica, alinhamento político e tensionamento de demanda.
No plano nacional, com a proposta estratégica de vascularizar a troca de
conhecimento entre os hospitais de ensino e pesquisa, a Rede Nacional de
Pesquisa e Ensino lançava os embriões de concepção da RUTE. Em outra
frente, forma-se uma massa crítica multidisciplinar na academia, governos
e hospitais que já delineavam as necessidades de ajuste na matriz assistencial com foco na Atenção Primária. O que a partir de 2008, capitaneado pelo
Ministério da Saúde, configurou-se no Projeto Nacional de Telessaúde para
Atenção Básica.
Ainda em 2005, grupos acadêmicos estaduais constituíram seus modelos de
TIC para teleassistência e telediagnóstico, ao mesmo tempo em que assumiam
a articulação com agentes estruturais fundamentais como as Secretarias de
Saúde, COSEMs e CRMs. Dentre os quais, cita-se a UFC, UFMG, FMUSP e
UFPE que, inclusive, precede este movimento com a criação do NUTES.
Santa Catarina percorreu percurso muito semelhante: iniciada ao final de
2005, a Rede Catarinense de Telemedicina (RCTM) consiste em disponibilizar via internet imagens, sinais e laudos médicos gerados a partir de instituições de saúde distribuídas pelo Estado. Concebida pela parceria entre a
Universidade Federal de Santa Catarina e a Secretaria de Estado da Saúde
de Santa Catarina, a RCTM pautou-se por levar o acesso diagnóstico para
perto do cidadão, reduzir o tempo de espera pelo laudo, ampliar a cobertura
e, portanto, condicionar a racionalização da matriz assistencial integrando
o acesso de exames de baixa, média e alta complexidade, de ECGs à Tomografia Computadorizada.
Em 7 de novembro de 2007, situado no Hospital Universitário Professor
Polydoro Ernani de São Thiago – HU-UFSC, foi inaugurado o primeiro ponto
da RUTE lastreando as ações de Telemedicina/Telessaúde já existentes em
SC. Onde já havia centros produtivos de p&d (Cyclops – LAPIX e LabMed)
e aplicação tecnológica (RCTM), a RUTE veio a representar uma referência
adicional de serviços para teleducação, segunda opinião e cooperação interestadual no contexto da UFSC, Santa Catarina e demais UFs. Além das sesCapítulo  15. Hospital Universitário da Universidade Federal deSanta Catarina (UFSC)159
sões de telerradiologia pediátrica, que já ocorriam desde 2004 entre as residências médicas da UERJ (Dra. Alexandra Monteiro ) e a do HU/USFC (Dra.
Telma Sakuno), a RUTE/SC veio a abrigar a coordenação de novos agrupamentos como a Rede Sentinela/ANVISA e a criação das SIGs de Padrões de
Informática em Saúde e Telemedicina; Telerradiologia Toraxa; Tele-enfermagem – Toxicologia Clínica; Teleodontologia e; Cardiologia Pediátrica.
Consecutivamente, em 2008, iniciou-se o Projeto Nacional de Telessaúde
Aplicado à Atenção Primária no Estado de Santa Catarina com a participação ativa do HU/UFSC, Curso de Pós-graduação em Saúde Pública da UFSC,
Secretaria de Estado da Saúde, Escola de Saúde Pública do Estado de SC,
Cosems e operacionalmente, vinculado a uma infraestrutura física e de conectividade da RUTE/SC.
A partir de uma filosofia de combinação sinérgica dos recursos do Grupo
Cyclops, do HU/UFSC, da RUTE e do Projeto Nacional de Telessaúde em
Apoio à Atenção Primária, constitui-se o Núcleo de Telessaúde – SC com
infraestrutura dedicada às atividades de Telessaúde tornando-se, portanto,
um ponto de convergência entre a capilaridade estadual e demais iniciativas
nacionais para fins de ensino, pesquisa e assistência.
Em 2009, a consolidação das redes de P&D supramencionadas permitiu a
criação do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Convergência Digital (INCT-INCoD), então programa estratégico do Ministério da Ciência e
Tecnologia. O INCT-INCoD congrega uma rede de 11 instituições (ICMC/
USP, CTI/Sempra, Univali, FRMP-USP, Fiocruz, TV Cultura, Sapiens Parque,
SES/SC, Unifesp, Micromed, UFSCAR e Física Médica USP) coordenadas
pelo Cyclops/UFSC e tem o objetivo de possibilitar plena interoperabilidade entre as plataformas de TIC em saúde legadas e novas, bem como entre
distintas modalidades de periféricos: TVDi, web, móbiles etc. Adicionalmente, o INCT-INCoD também prevê transposição da bases tecnológicas para
outros setores estratégicos como Energia, Clima, Indústria, Transportes etc.
Infraestrutura e plano operacional
O Núcleo de Telessaúde do Hospital Universitário da UFSC está localizado
na ala F do Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago
– HU-UFSC, estando interligada (Rede Gigabit) com as demais 13 salas de
aula, com as seis unidades de exames por imagem e o auditório (capacidade de 111 lugares). O núcleo é composto por dois ambientes: o primeiro é
160
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
um miniauditório de 30 m² (26 lugares), equipado com adequação acústica,
controle de iluminação, sonorização, dispositivos de projeção e videoconferência (Rede Gigabit). O miniauditório também conta com um consultório
simulado que servirá de apoio às atividades de ensino e Segunda Opinião
formativa. O segundo espaço é configurado como uma sala de treinamento,
com recursos de projeção, videoconferência e oito postos de estudo equipados com computadores munidos de softwares de EAD e telerradiologia. Há
uma terceira sala inserida dentro do serviço de radiologia do HU-UFSC que
possui ambientação e equipamentos em condições dedicadas às necessidades do serviço de diagnóstico radiológico. O núcleo também está interligado com as principais unidades de exames do HU-UFSC com o propósito
de garantir a disponibilização on-line de exames radiológicos (e a respectiva
discussão dos mesmos).
O núcleo é coordenado pelo Grupo Cyclops que está fisicamente alocado
no Laboratório de Telemedicina – HU/UFSC (LabTele) e no Laboratório de
Processamento de Imagens e Computação Gráfica no CTC/UFSC (LAPIX
http://www.lapix.ufsc.br), o Cyclops conta com uma equipe multidisciplinar (cientistas da computação, médicos, dentistas, enfermeiros, engenheiros e gestores) de 70 colaboradores que atuam em cerca de 30 projetos de
P&D de TIC em Saúde.
Desta forma, constituiu-se um fluxo contínuo de P&D de softwares (LAPIX-CTC), respectiva adequação e implantação (LabTele-HU), testes, serviços e
levantamento de requisitos pelo Núcleo de Telemedicina e Telessaúde. A essas três estruturas físicas estão ligadas as operações de redes perenes como a
RCTM (Rede Catarinense de Telemedicina), Projeto Nacional de Telessaúde
para Atenção Primária/SC e as SIGs RUTE.
Bem como redes transitórias vinculadas a projetos de P&D. A gestão das estruturas físicas, redes e projetos é orientada por entidades de P&D como o
Grupo Cyclops e, supra-UFSC, através da criação dos INCTs pelo Ministério
da Ciência e Tecnologia, pelo Instituto Nacional para Convergência Digital
(INCOD) que congrega rede colaborativa de P&D com 12 instituições.
Infraestrutura de Sistemas e Conectividade
A capilaridade de conexão é uma condição essencial para viabilizar as tecnologias e serviços de Telessáude. Em Santa Catarina, para atender às metas
de acesso a serviços assistenciais, pesquisa e ensino, novamente, foi necesCapítulo  15. Hospital Universitário da Universidade Federal deSanta Catarina (UFSC)161
sário combinar infraestrutura legada e novos investimentos. Isso significou
a ampliação dos serviços do PoP/SC previamente instalado no campus da
UFSC, interconexão e ampliação da Rede de Governo de SC para acessos
dos municípios fora da zona metropolitana e os investimentos da RNP através da RUTE e REMEP-FLP. Os investimentos da RUTE/SC significaram expandir a capacidade de conexão interna do HU/UFSC e com o PoP/SC para
então suportar a nova demanda de videoconferências e webconferências.
Contiguamente, por meio da REMEP-FLP, foi implantado um anel óptico em
torno da área metropolitana de Florianópolis. Isso se traduziu em um salto
de produção ao interconectar a produção dos sete grandes hospitais de Florianópolis e do HU/UFSC, viabilizando a vazão para comunicação internet
de alta velocidade dos serviços críticos desses hospitais e principalmente
alta demanda da Rede Catarinense de Telemedicina, do Projeto Piloto de Telessaúde para Atenção Primária/SC e demais iniciativas associadas ao Núcleo de Telemedicina e Telessaúde/RUTE/SC.
Para operacionalizar as atividades de teleassistência, telensino e telepesquisa do Núcleo em seus distintos projetos e redes são utilizados sistemas de
software comerciais e sistemas desenvolvidos pelo Grupo Cyclops:
ƒƒ
Tandberg (videoconferência)
ƒƒ
Adobe Connect (palestras web)
ƒƒ
Sistema Lector (teleconsultoria web)
ƒƒ
Plataforma Moodle (comunicação assíncrona para cursos)
ƒƒ
CMS (telerradiologia) http://www.telemedicina.ufsc.br/cms/index.
php?lang=en
ƒƒ
STT (telediagnóstico e teleconsultoria) http://www.youtube.com/
watch?v=ZTPHmzDeDy8&list=UUk40w-CQDBvFFKLifvK025Q&ind
ex=5&feature=plcp
Redes, projetos, serviços
e maximização de resultados
A estruturação do Núcleo de Telemedicina e Telessaúde (NTT) fortaleceu as
operações de cooperação entre o HU-UFSC e as redes locais e nacionais.
O NTT funciona como eixo central para a expansão e complementaridade
162
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
das redes assistenciais, de ensino, pesquisa e, inclusive, P&D em Tecnologias de Informação e Comunicação para saúde. Pontualmente, tais atividades são operacionalizadas pelo NTT a partir do entroncamento de três
grandes agrupamentos de redes e serviços: Rede Catarinense de Telemedicina (RCTM); Projeto Nacional de Telessaúde em Apoio à Atenção Primária; e
Special Interest Groups (SIGs). Destacando-se:
ƒƒ
Rede Catarinense de Telemedicina – Coordenação: Aldo von
Wangenheim
ƒƒ
Projeto Telessaúde para Atenção Primária – Coordenação: Luiz Roberto A. Cutolo
ƒƒ
SIG Cardiologia Pediátrica Cardiopatias Congênitas – Cordenação:
Isabela de C. B. Giuliano
ƒƒ
SIG CIT (Toxicologia Clínica) – Coordenação: Marlene Zannin
ƒƒ
SIG Odontologia-Diagnóstico Bucal – Coordenação: Maria Inês
Meurer
ƒƒ
SIG Padrões para Telemedicina e Informática em Saúde – Coordenação: Cleidson Cavalcante
ƒƒ
SIG TeleEnfermagem – Coordeanção: Grace T. M. Dal Sasso
Rede Catarinense de Telemedicina (RCTM)
A RCTM é uma plataforma de tecnologias de software e de processos assistenciais desenvolvida pelo Cyclops/UFSC, em parceria com a Secretaria
de Estado da Saúde de Santa Catarina. A plataforma consiste em adquirir,
disponibilizar e laudar via web imagens, sinais e exames médicos gerados
a partir de instituições de saúde distribuídas por todo o Estado. Em termos
mensuráveis a RCTM conecta 550 equipamentos, contempla exames laboratoriais e mais 12 modalidades exames de imagens e sinais. Com cobertura
de 100% dos municípios de SC, de 2005 a 2012, a RCTM acumula a produção
de 2.035.357 telediagnósticos.
Do ponto de vista econômico, a redução de custo de execução dos exames e
a eliminação de deslocamento de pacientes evidenciam resultados expressivos. Por exemplo: um ECG convencional custa para SES/SC cerca de R$
5,00. Se adicionado o custo médio de deslocamento, soma-se R$ 40,00 por
Capítulo  15. Hospital Universitário da Universidade Federal deSanta Catarina (UFSC)163
paciente. Atualmente, a RCTM reduziu o custo de execução de ECG (tele-ECG) laudado para apenas R$ 4,00, inclusive, contanto com a remuneração
dos médicos.
Adicionalmente, conforme Gráfico 2, pelo fato de atuar diretamente no início do processo assistencial – diagnóstico e triagem –, a RCTM expressa a
demanda real dos níveis de assistência (baixa, média e alta complexidade).
Mais do que isso, tem sido possível o monitoramento on-line do comportamento epidemiológico desde o âmbito macroestadual até as unidades básicas de saúde. Por sua vez, além do rápido acesso ao exame no domicílio do
paciente, a RCTM contribui com a regulação da rede assistencial do Estado,
visto que através dos resultados dos exames é possível direcionar a melhor
caracterização da morbidade e respectivo encaminhamento equitativo para
os níveis primário, secundário ou terciário de atenção. Portanto, a produção
de laudos em larga escala e equalização de acesso aos resultados por todas
as camadas assistenciais funcionam como um indicador de priorização de
demanda para os trabalhos de teleconsultoria em casos especiais e para os
cursos das Redes do Telessaúde para Atenção Primária e bem como balizadores das atividades das SIGs nos planos do ensino, pesquisa e aprimoramento de protocolos assistenciais.
Projeto Nacional de Telessaúde
Aplicado à Atenção Primária – SC
O projeto e suas redes são coordenados pela UFSC em uma construção participativa do Centro de Ciência da Saúde/UFSC, Centro Tecnológico/UFSC,
Secretaria de Estado da Saúde e Cosems. Atualmente, em sua segunda edição, a rede de Telessaúde para Atenção Primária já conecta 201 municípios
e, nos últimos três anos tem atendido 794 UBSs, 960 equipes e 5.087 profissionais cadastrados.
A RCTM ampliou de forma significativa o número de indicação diagnóstica
no nível primário de assistência. Como efeito colateral positivo, ampliou-se a demanda por definição terapêutica ou evolução investigativa ainda
no âmbito das UBSs presentes nos municípios de residência dos pacientes.
Neste cenário, revelou-se um dos principais pontos de cooperacionalização
com o Projeto Telessaúde para Atenção Primária que, por sua vez, tem suprido tal demanda com quatro modalidades de serviços: palestras temáticas;
Segunda Opinião Formativa; consultoria; e cursos à distância.
164
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
No sentido de refinar a relação necessidade versus recurso, os temas das
palestras foram determinados conforme solicitações dos PSFs cadastrados.
Entre 2009 e 2011, foram totalizados 17 temas distintos, 182 sessões que
atingiram 17.630 participantes via webconferência. Somadas às ações relacionadas ao ato assistencial em si, também têm sido implementados cursos a distância para melhoria da qualidade de gestão das equipes como um
todo. Por exemplo, curso de Melhoria da Qualidade na Estratégia Saúde da
Família em consonância com o material didático da AMQ.
Como desdobramento natural, a maioria dos serviços remotos das redes
foram integrados em um único portal web: Sistema Catarinense de Telemedicina e Telessaúde (STT). Este novo sistema de software foi desenvolvido
pelo Grupo Cyclops/UFSC a partir do mapeamento de necessidades expressas pelo Centro de Ciências da Saúde/UFSC e pela Secretaria de Estado da
Saúde de Santa Catarina no sentindo de otimizar a interação cíclica entre
teleassistência (diagnóstico e encaminhamento) e qualificação profissional
a distância (http://www.youtube.com/watch?v=3ZqG-T2_QBI&list=PL9148
231677933621&index=1&feature=plpp_video).
Os SIGs atuam como arrimo para troca de conhecimento especialista em
saúde dentro das respectivas verticais tecnicistas no âmbito nacional, como
também em colaboração as sessões de Segunda Opinião formativa e palestras temáticas do Projeto Telessaúde no Estado de Santa Catarina (http://
www.youtube.com/watch?v=bq4YCeC4-x4&feature=relmfu). Os oito SIGs
atuantes em conjunto com a RCTM e o Projeto Telessaúde produziram 2.804
telessessões no período de julho/2008 a dezembro/2011. Esse resultado
pode ser traduzido pela média de três telessessões por dia útil ao longo dos
40 meses contabilizados. Observando apenas os últimos 12 meses, quando
as redes de Telediagnóstico (RCTM), Telessaúde e SIGs estiveram em ajuste
de cooperação, é possível inferir sobre três aspectos:
a) A média mensal aumenta para quatro telessessões por dia útil. Isso
significa praticamente 100% de ocupação do espaço físico do NTT
em horário comercial.
b) Há plena tendência de crescimento de atividades. A cada ciclo de
implantação de novos equipamentos de imagens e sinais da RCTM,
há um incremento superior a 100% na produção de telediagnósticos
para rede. Por exemplo, de 2010 para 2011 o patamar subiu de 300
mil para 800 mil telediagnósticos/ano. Apenas a conexão de cinco
equipamentos de RX à RCTM em 2010 levou a produção tele-RX a
Capítulo  15. Hospital Universitário da Universidade Federal deSanta Catarina (UFSC)165
ultrapassar a de todo acumulado de ECG (desde 2005), 25% e 23%
respectivamente. Por cascata, esses números determinam o aumento da demanda por qualificação de profissionais, modificação e/ou
criação de protocolos assistenciais e, inclusive, incremento das TICs
em saúde. O que, em última leitura, pode se traduzir em maior demanda para o Projeto Telessaúde e para as SIGs.
c) É visível a tendência de maior utilização de tecnologias web em detrimento de infraestrutura menos portável como videoconferência
(VC). Chegando a mais que o dobro de sessões via web que VC em
2011. Este comportamento vai além da saturação da infraestrutura
instalada de VC, pois está associada à oferta de novos equipamentos
móbile (tablet e smart phone) e respectivas APPs.
Os SIGs têm uma implicação muito mais estruturante e estratégica e que
vai além de sua contribuição nos números de produção de teleeducação e
teleassistência. Os SIGs completam o ciclo da pesquisa e incremento tecnológico dos protocolos assistenciais, novos fluxos de informação, de transferência de conhecimento e, até mesmo, metatecnologias de processos e
softwares no campo das TICs em saúde. Além da interferência direta nos
protocolos da RCTM e do Projeto Telessaúde, desde sua inauguração, o NTT
já conquistou a aprovação em cinco editais junto a Finep, CNPq e Fapesc:
ƒƒ
Plataforma Colaborativa Multimídia de Tempo Real para Apoio ao
Diagnóstico e Ensino Bucomaxilar Baseado em Imagens – Bucomax.
ƒƒ
Plataforma Colaborativa Multimídia de Toxicologia integrada com o
portal de Telemedicina – Telecit.
ƒƒ
Projeto Plataforma Colaborativa web para Apoio Remoto ao Diagnóstico e Procedimentos Cardiovascular – Hipcardio.
ƒƒ
Projeto INCoD – Instituto Nacional de Ciências e tecnologia para
convergência Digital CNPq/Fapesc.
ƒƒ
Desenvolvimento e Adoção de Padrões de Tecnologia da Informação
e Comunicação em conformidade com as diretrizes da ABNT/Comissão Especial de Estudo – Informática em Saúde e Telemedicina.
Observam-se cinco constantes em todos os projetos de P&D aprovados: a)
constituição de redes colaborativas de P&D com foco na complementaridade de competências e produtização de softwares; b) plataformas tecnológicas que permitem a interação remota entre profissionais de saúde ao longo
166
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
de toda cadeia assistencial; c) softwares desenvolvidos para operar via web,
portanto, voltados para flexibilidade e mobilidade do usuário; d) interconectividade de diferentes tipos de equipamentos médicos e de interpretação de dados em uma mesma rede e interface para melhor compreensão do
paciente ao longo dos níveis assistenciais, ou seja, convergência digital; e)
padronização de comunicação eletrônica, nomenclatura, arquitetura, segurança e até mesmo de protocolos assistenciais.
Sobretudo, tais constantes expressão diretamente a experiência das SIGs
nos últimos cinco anos de trabalho colaborativo. Ressalta-se que a padronização é um condicionante essencial para viabilizar o modelo de trabalho
remoto que se afirma através das redes de Telemedicina e Telessaúde.
Esse contexto de necessidades por padronização já era priorizado pela comunidade acadêmica, empresarial e governamental. Nesse sentido, em
2006, foi criada a ABNT/Comissão Especial de Estudos de Informática em
Saúde. De maneira resumida, essa Comissão aborda a normalização no
campo das tecnologias de informação e comunicação em saúde para adquirir compatibilidade e interação operacional entre sistemas independentes.
No sentido de ampliar a capacidade de produção, foi criada a SIG de Padrões
para Telemedicina e Informática em Saúde que conferiu aos trabalhos da
ABNT/CEE – Informática em Saúde infraestrutura de comunicação, capilaridade e integração multissetorial. Além da viabilidade operacional proporcionado pelo trabalho distribuído remotamente, houve a intensificação
do arranjo institucional liderado pela ABNT em composição com as ICTs,
Instituições Governamentais e Empresariais. Em seis anos de trabalho, as
comunidades em torno da Comissão e da SIG de Padrões lastrearam o Brasil
em posição deliberativa quanto à construção de normas e padrões na área o
que, por sua vez, contribui em muito para a sustentabilidade dos serviços e
na indústria de softwares para TIC em saúde. Onde, destacam-se:
ƒƒ
No cenário internacional, a ABNT/CEE de Informática em Saúde
conquistou a condição de membro “P” (participant) da ISO TC 215.
Isso eleva o Brasil à possibilidade de propor padrões internacionais
refletindo a diversidade de serviços e produtos em curso no País.
ƒƒ
Os projetos de P&D de software para diagnóstico por imagens têm
sido desenvolvidos em sincronismo com a construção das normas
internacionais DICOM (http://www.nema.org/stds/dicom.cfm)
para web (WADO QIDO/Comitê DICOM – National Electrical Manufactures Association/2011). Desta forma, o segmento brasileiro de TI
Capítulo  15. Hospital Universitário da Universidade Federal deSanta Catarina (UFSC)167
em saúde está sincronizado em nível internacional desde a fase de
P&D até a respectiva absorção pelo setor produtivo.
ƒƒ
Através da representação do INCT-INCoD, o Grupo Cyclops e a SIG
de Padrões foram convidados a compor o Comitê Dicom Internacional. (http://www.incod.ufsc.br/incod-aceito-oficialmente-como-primeiro-representante-brasileiro-da-area-de-cti-no-comite-dicom/ e http://medical.nema.org/members.pdf)
Gráfico 1 – Telediagnósticos RCTM/2005 a 2012 = 2.035.357
1.000.000
900.000
No de Telediagnósticos
800.000
Crescimento anual
878.917
+162%
+27%
700.000
+20%
600.000
+426%
500.000
400.000
300.000
+777%
+786%
217.551
334.672
262.592
200.000
100.000
531
4.709
41.329
2005
2006
2007
0
2008
2009
2010
2011
Gráfico 2 – RCTM: Distribuição % Modalidade de Exame
US
2%
TC
5%
Hospittal
1%
ECG
23%
Laboritoriais
44%
Raio-X
25%
168
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Gráfico 3 – Projeto Telessaúde para Atenção Primária – Produção 2009 a 2011
9,879
10
9
8
Milhares
7
6
5,318
5
4
3
2,433
2
1
0
2009
2010
2011
No de Participantes em Webconferência
Figura 3 – NTT: Produção Geral das SIGs e Projeto
Telessaúde Atenção Primária = 2.804 Telessessões
Figura 4 – Projeto BUCOMAX – Rede Colaborativa de
Pesquisa e Desenvolvimento e Validação.
Figura 5 – Dermatoscopia
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Referências bibliográficas. Hospital Universitário da Universidade Federal deSanta Catarina (UFSC)
171
Capítulo 16
Hospital Universitário – Hospital São Paulo (HU-USP)
da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
Paulo Roberto de Lima Lopes, Tatiana Patricia Farias da Cruz,
Ivan Torres Pisa e Daniel Sigulem
Universidade Federal de São Paulo
Telemedicina, ou Telessaúde, é a oferta de serviços ligados aos cuidados
com a saúde nos casos em que a distância é um fator crítico, ampliando a
assistência e também a cobertura. Tais serviços são fornecidos por profissionais da Área da Saúde, usando tecnologias de informação e de comunicação para o intercâmbio de informações válidas para promoção, proteção,
redução do risco da doença e outros agravos e recuperação. Além de possibilitar uma educação continuada em saúde de profissionais, cuidadores e
pessoas, assim como, facilitar pesquisas, avaliações e gestão da saúde. Sempre no interesse de melhorar o bem-estar e a saúde das pessoas e de suas
comunidades (Adaptado da Organização Mundial de Saúde – OMS, 1997 –
http://www.who.org).
Dentro dessa perspectiva, em 1998, iniciaram-se as primeiras discussões
sobre Telemedicina no Departamento de Informática em Saúde (DIS) da
Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). A tentativa era de transferir
o conhecimento sobre prontuário eletrônico, educação com meios eletrônicos, sistemas de apoio à decisão e redes de comunicação, acumulados pelo
departamento durante seus 20 anos de existência no contexto assistencial,
de ensino e pesquisa do Hospital São Paulo e Escola Paulista de Medicina,
para comunidades extramuros. O foco na época foi a utilização da Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) para comunidades carentes em
torno do campus do bairro Vila Clementino, em São Paulo, onde projetos de
extensão comunitária eram desenvolvidos em favelas da região. Formou-se
o consenso no departamento de um grande potencial de aplicação das TICs
de baixa tecnologia e baixo custo para a melhoria da gestão, melhor resolubilidade, melhor triagem e encaminhamento e apoio aos profissionais locais
por meio de especialistas na universidade.
Em 1999 foi criado o Setor de Telemedicina (SET) do DIS/Unifesp, um núcleo transdisciplinar para a promoção e desenvolvimento de programas
de assistência e cooperação remota em saúde do campus São Paulo da
Unifesp e Hospital Universitário – Hospital São Paulo (HU-HSP), com os
objetivos de:
ƒƒ
Pesquisar novos sistemas de informação e conhecimento em saúde
multiplataforma, que possam interoperar, a partir de padrões estabelecidos, com equipamentos médicos e outros sistemas e tecnologias de informação, para desenvolver uma infraestrutura de programas de Telemedicina.
ƒƒ
Capacitar o corpo docente e discente da Unifesp na utilização de
tecnologias e técnicas utilizadas em Telemedicina.
ƒƒ
Divulgar conhecimentos tecnológicos e operacionais para o desenvolvimento de projetos e utilização de tecnologia no processo de
saúde a distância.
ƒƒ
Analisar, planejar, desenvolver e incorporar programas de Telemedicina, mediados por computador, no processo de assistência em saúde extramuros da Unifesp, para ampliar as ações de profissionais de
saúde e agentes comunitários e aumentar a eficiência dos processos
de assistência em saúde.
Por motivos estruturais os primeiros trabalhos foram realizados em parceria
com o Setor de Pesquisa Clínica do Departamento de Oftalmologia, trabalhando no desenvolvimento de um ambiente de Teleoftalmologia (síncrono
e assíncrono) para pacientes com complicações oculares em Centros de Referência em AIDS, dando acesso remoto ao Centro de Referência em Uveites
da Unifesp.
Em agosto de 2006 essa ação possibilitou a criação do Laboratório de Telemedicina (LAT), com o apoio da Reitoria da Unifesp e também do Hospital São Paulo. Um ambiente para colaboração audiovisual e multimídia em
tempo real, para pesquisa, ensino e prestação de serviços pela conexão com
um ou mais pontos, usando combinações de áudio, vídeo e dados, utilizando tecnologias tais como: videoconferência, webconferência e teleconferência ou streaming.
Capítulo  16. Hospital Universitário da Universidade Federal de São Paulo173
Figura 1 – Laboratório de Telemedicina (LAT) da Unifesp e HSP.
A Oftalmologia da Unifesp utilizou muito a Telemedicina e esta serviu de
modelo para incentivo das demais. A primeira atividade de rotina, que persiste até hoje, foi o estabelecimento de um Grand Round de Oftalmologia
entre a Unifesp e a Califórnia – Davis (UC-DAVIS), sempre a cada sessão com
a discussão em inglês de dois casos complexos de cada uma das instituições, e participação de todo a equipe – incluindo chefe de departamento,
professores e residentes – utilizando a videoconferência. No início utilizou-se conexão via linhas telefônicas digitais (ISDN), e posteriormente com a
melhoria da conectividade das instituições, utilizou-se conexão via redes
acadêmicas através do protocolo IP.
Além da videoconferência, o setor passou a ofertar outros serviços como
webconferência, teleconferência (streaming) e vídeo de acordo com as demandas. Assim, profissionais de outras especialidades médicas passaram a
realizar atividades a distância por meio de discussão de casos: radiologia
pediátrica, mastologia, internato, oftalmologia e gastroenterologia.
Realizaram-se também algumas experiências no centro cirúrgico do Hospital São Paulo e em outras dependências utilizando a videoconferência. Um
exemplo dessa experiência é a transmissão realizada no evento chamado
Workshop Internacional de Ultrassonografia Tridimensional do Assoalho
Pélvico, organizado pelos departamentos de Ginecologia e Obstetrícia, aprovado pela Pró-Reitoria de Extensão e com o apoio do Setor de Telemedicina.
Neste evento a videoconferência possibilitou atualização remota de cerca de
30 profissionais, localizados no LAT, enquanto o exame clínico na paciente
era realizado em um consultório no Hospital São Paulo, apenas com a pre174
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Figura 2 – Videoconferência sobre Ultrassonografia Tridimensional
do Assoalho Pélvico entre o consultório e o LAT (foto).
Capítulo  16. Hospital Universitário da Universidade Federal de São Paulo175
sença do médico brasileiro e o médico especialista convidado, que discutia
a técnica e os achados com o público remoto, sem o constrangimento da
paciente (Figura 2).
O LAT acabou se tornando referência para a Unifesp, e sempre colaborou
com outras atividades da universidade, como o acesso democrático às reuniões do Conselho Universitário, por exemplo, que tem suas sessões transmitidas (teleconferência – streaming) na intranet da Unifesp.
O setor apoiou e orientou projetos na área de Telemedicina, entre eles, ambiente colaborativo assíncrono para Segunda Opinião Médica; teledermatoscopia, teleoftalmologia e telemática no projeto favela, além de fazer parte
de algumas comissões, entre elas:
ƒƒ
Membro do Comitê Assessor da RUTE.
ƒƒ
Membro do Comitê Permanente de Telemedicina.
ƒƒ
Relatoria de Telemedicina da Comissão Brasileira de Comunicação
Agência Nacional de Telecomunicações.
ƒƒ
Relatoria do GT2 – Interoperabilidade de Sistema e Dispositivos da
Comissão Especial de Estudos em Informática em Saúde da Associação Brasileira de Normas Técnicas.
ƒƒ
Membro da Câmara Técnica de Telemedicina do Conselho Federal
de Medicina.
Infraestrutura e Plano Operacional
Em 2006 o Setor de Telemedicina (SET) passou a fazer parte da Rede Universitária de Telemedicina (RUTE), uma iniciativa do Ministério da Ciência
e Tecnologia e Inovação, apoiada pela Associação Brasileira de Hospitais
Universitários (ABRAHUE) e a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP),
coordenada pela Rede Nacional de Ensino e pesquisa (RNP). Em agosto de
2008 o LAT é inaugurado oficialmente na RUTE, concomitantemente a inauguração da Rede Metropolitana de Alta Velocidade de São Paulo, mediante
o consórcio Metrosampa, que elevou as velocidades de conexão da Unifesp
para 1 Gbps, melhorando muito o tráfego para o desenvolvimento das sessões por videoconferência.
176
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Com a entrada da RUTE, a Unifesp obteve equipamentos na época mais modernos (sistema de videoconferência, câmeras de alta definição, projetores,
notebooks, desktops etc.), um bolsista para complementar os recursos humanos do setor e participação em novas atividades:
SIGs
Com a adesão ao Projeto RUTE, além do recebimento de equipamentos e
canais de conectividade melhorados, a Unifesp, em conjunto com outras
instituições do projeto, preocupados com o desenvolvimento de conteúdos,
para utilização dos equipamentos de infraestrutura, participa dos Grupos Especiais de Interesse (SIGs). Isto permitiu a colaboração e troca de experiência
entre profissionais da Área de Saúde, contribuindo para o ensino, assistência,
pesquisa e gestão e criando uma “utilidade” para a estrutura da RUTE.
Até o momento a Unifesp/HSP é responsável por coordenar 13 Grupos Especiais de Interesse, nas mais diversas modalidades: Urologia Pediátrica,
Oftalmologia, Radiologia Pediátrica, Internato, ENT – Ear, Nose and Throat, Gestão de Hospitais Universitários e Escola, Serviços de Enfermagem
dos HUs, Enfermagem em Oncologia, Oncopediatria, Técnico Operacional,
Saúde Indígena, Mastologia, Radiologia do Abdome. Além de participar de
outros grupos, Cardiologia, Endometriose, Enfermagem Intensiva e de Alta
Complexidade, Padrões, Radiologia em Pediatria, Radiologia e Diagnóstico
por Imagem em Tórax, Sentinela, Ressuscitação Cardiopulmonar, Atenção
Primária à Saúde, Fonoaudiologia, Rede Nacional de Pesquisa Clínica. Tais
sessões acontecem por videoconferência ou webconferência.
O sucesso de um SIG depende do diálogo e colaboração entre os membros,
da escolha de uma boa temática e da intensa divulgação. A RUTE, através de
seus SIGs, tem contribuído bastante para a troca de conhecimento entre todos os participantes e também têm sido muito importante para a integração
entre diversas regiões do País.
Sala de Telepresença
Em 2010, a Universidade Federal de São Paulo e Hospital São Paulo (UNIFESP/HSP), através da Rede Nacional de Pesquisa e Rede Universitária de
Telemedicina (RNP/RUTE), foram contemplados com um sistema de teCapítulo  16. Hospital Universitário da Universidade Federal de São Paulo177
lepresença depois de cumprirem todas as exigências técnicas necessárias
para receber o sistema. No ano de 2011 o Setor de Telemedicina participou
ativamente do projeto, desde a escolha do espaço físico até a instalação da
sala (Figura 3). Em 1º de março de 2012 foi inaugurada a sala de telepresença
em conjunto com as outras cinco localidades que também receberam o sistema: Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal
de Pernambuco (UFPE), Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ),
Finep e RNP – Brasília.
Figura 3 – Sala de telepresença da Unifesp/HSP.
Devido à altíssima qualidade de áudio e vídeo que essas salas oferecem, o
Setor de Telemedicina da Unifesp/HSP propôs a um docente do Departamento de Fonoaudiologia e chefe do Serviço de Fonoaudiologia do Hospital
São Paulo a realização de um experimento, em conjunto com o Departamento de Fonoaudiologia da Universidade Federal de Minas Gerais, com
o consentimento livre e esclarecido de uma paciente, para a discussão da
avaliação, diagnóstico e terapia entre as fonoaudiólogas. Os resultados parciais são promissores, considerando a alta fidelidade proporcionada pelo
sistema de áudio da sala de telepresença para a avaliação e diagnóstico. Para
a fonoaudióloga da Unifesp: “a experiência foi bastante rica e maravilhosa.
Além de poder ver o paciente em tempo real, a qualidade do som foi ótima,
178
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
podendo escutar a voz e a fala da paciente e saber suas dificuldades... é importantíssima para uma segunda opinião e até mesmo para uma primeira
opinião, podendo se estender para outros centros que não têm serviço de
fonoaudiologia”.
Contribuição da Unifesp para a Rede
Universitária de Telemedicina
A Unifesp/HSP tem um papel importante de contribuições para o crescimento da RUTE. Baseado nas experiências locais sugeriu-se ao Comitê Assessor
da RUTE, na época próxima à inauguração das primeiras salas equipadas
com videoconferência, a criação de grupos de colaboração para fortalecer a
utilização dos recursos. Isto depois veio a ser denominado e normatizado de
SIG – Grupos Especiais de Interesse. Além disso, também se sugeriu à coordenação da RUTE alguns dos temas que já se desenvolviam no Laboratório
de Telemedicina antes da parceria com a RUTE, com destaque para: Internato, Mastologia, Oncopediatria e Padrões, sendo essa última criada para
discutir a normalização da Informática em Saúde e Telemedicina, permitindo a participação e colaboração de outras instituições que fazem parte da
RUTE e outras independentes nas sessões plenárias da Comissão Especial
de Estudos em Informática em Saúde da Associação Brasileiras de Normas
Técnicas (ABNT/CEE-78). Essa ação tornou possível ampliar a representatividade a baixo custo, com impacto na ABNT a ponto de se tornar referência
para outras comissões de normalização.
Outra contribuição foi o desenvolvimento de um procedimento de homologação para as unidades participantes da RUTE, com o objetivo de minimizar
a ocorrência de problemas no uso do serviço de videoconferência por parte
das instituições-clientes da RNP, entre elas, as instituições pertencentes à
RUTE. O próprio Laboratório de Telemedicina acabou tornando-se referência de arquitetura, estrutura e operação para outros membros da RUTE que
precisavam de um modelo para o desenvolvimento de seus projetos, sendo
visitada por coordenadores e técnicos de Núcleo RUTE.
Além da intensa participação da Unifesp nos diversos SIGs (20 atualmente),
o Setor de Telemedicina da Unifesp/HSP representa um papel bastante ativo
no estímulo da comunidade da Unifesp para a participação ou criação dos
SIGs da RUTE (em 2011 foram contabilizados 416 sessões com participação
da Unifesp). Além da participação estratégica nos SIGs Técnico OperacioCapítulo  16. Hospital Universitário da Universidade Federal de São Paulo179
nal, Tecnologia da Informação em Saúde (antigo Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação – PD&I) e no Comitê Assessor da Rede Universitária de Telemedicina, contribuindo para o desenvolvimento estratégico, tecnológico,
colaborativo e normativo da RUTE.
A Unifesp/HSP também foi escolhida pela RNP como caso de estudo das atividades de Telemedicina, considerando a RNP como provedora de infraestrutura para a RUTE, e mostrando para a sociedade e academia a importância
e envergadura das ações da RNP (o documento está em desenvolvimento).
Descortinando o Futuro
Os próximos passos do Setor de Telemedicina são de continuar avançando
no desenvolvimento e ampliação da RUTE com as seguintes ações:
180
ƒƒ
Elaboração e execução de um projeto voltado ao centro cirúrgico
do Hospital São Paulo utilizando um equipamento de videoconferência também adquirido através da RUTE. O projeto visa desenvolver pesquisas para melhor utilização desse equipamento e também
desenvolver outras tecnologias nacionais aplicadas à transmissão
multicâmeras em ambientes restritos e com normas de segurança
específicas, como centro cirúrgico.
ƒƒ
Continuar incentivando a comunidade da Unifesp/HSP a utilizar os
recursos da RUTE em suas atividades, por exemplo, com a criação de
novos Grupos Especiais de Interesse.
ƒƒ
Estimular mais a Assistência na RUTE, como por exemplo, com a
utilização da rede acadêmica para viabilizar projetos de assistência
remota em áreas indígenas (extensão especializada da assistência à
áreas rurais) ou teleurologia pediátrica para colaboração entre HUs
com triagem e follow-up remota.
ƒƒ
Desenvolver novas tecnologias complementares a infraestrutura
atual da RUTE, discutindo aspectos éticos, legais, normativos e processos de avaliação.
ƒƒ
Desenvolver a capacitação de novos recursos humanos para a área
de Telemedicina e Telessaúde.
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Considerações finais
Projetos como a RUTE servem como estrutura importante para a pesquisa,
desenvolvimento e inovação da Prática de Saúde Digital, que tenha precisão,
praticidade e utilidade para a sociedade. O projeto, apesar de ter iniciado
e fomentado pela RNP, não deve ser considerada apenas como um projeto
tecnológico e um novo “remédio” que irá curar todos os problemas de cuidados em saúde no Brasil. Deve ser entendido como uma ação de fomento que
busca exatamente transformações práticas e abrangentes. Então, apesar da
alta capacidade das redes computacionais e das redes de comunicação, na
realidade não depende apenas da tecnologia e novos equipamentos, a RUTE
precisa ser explorada para novas formas de organização e serviços de saúde, adequados as necessidade dos profissionais de saúde e parecer simples
para poder estar integrada às rotinas clínicas. Como a Telemedicina está diretamente associada à colaboração, o foco não esta só desenvolvimento dos
componentes tecnológicos, mas no desenvolvimento de serviços colaborativos entre hospitais, transformando o trabalho colaborativo tradicional
em um trabalho colaborativo remoto mediado por computador. Ou ainda,
estimulando e desenvolvendo novas possibilidades de colaboração, impossíveis anteriormente pela falta de mecanismos tecnológicos.
Como a maturidade e o desempenho da RUTE ainda são desconhecidos para
a realidade nacional, todas as possibilidades podem ser exploradas, ou seja,
a Telemedicina do Projeto RUTE deveria ser experimentada em praticamente todas as especialidades, indo muito além da frequente utilização educativa. Da mesma forma, apesar do Projeto RUTE estar fundamentado em uma
estrutura de rede de alta capacidade e equipamentos de videoconferência
de alta definição, e consumidores de recursos de comunicação, também
deveria ser possível explorar outras ferramentas, síncronas ou assíncronas
ou mesmo ferramentas adjacentes, como registro eletrônico de saúde, sistemas de apoio a decisão, sistemas de protocolos eletrônicos, estações de
trabalho portáteis, ferramentas de comunicação, educação a distância, informação técnica digital, e outras tecnologias convergentes (biotecnologia,
nanotecnologia, neurociências, mobilidade etc.). Ainda, permitir a pesquisa
e desenvolvimento dos componentes e normas técnicas específicos de um
sistema para Telemedicina.
Entretanto, o Projeto RUTE só poderá colaborar com a construção desta
nova Prática de Saúde Digital desde que possa propor modelos e validá-los,
Capítulo  16. Hospital Universitário da Universidade Federal de São Paulo181
baseado em métodos científicos, e descrever o impacto da tecnologia da informação sobre a qualidade, a eficiência e os custos na Área da Saúde.
Agradecimentos
A todos os membros RUTE, ao Comitê Assessor, a Rede Nacional de Pesquisa RNP, Associação Brasileira de Hospitais Universitários e de Ensino
(ABRAHUE), a Agência Brasileira de Financiamentos de Projetos e Estudos
(FINEP) e a superintendência do Hospital São Paulo que sempre apoiou esta
iniciativa e a considera estruturante.
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182
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Capítulo 17
Universidade de São Paulo
(USP – Cidade Universitária)
Edson Ussami
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Colaboraram: Luís Fernando Souto Bargmann Netto,
Fábio Moura Duarte e Juraci Marques (Hospital Universitário)
“O digital torna o virtual atual,
traz algo em potência para o tempo presente.”
Pierre Levy
O Núcleo do Hospital Universitário da Rede Universitária de Telemedicina
foi criado em 2009; antes disso, todas as atividades de videoconferência dependiam da infraestrutura e equipamentos da disciplina de Telemedicina
da Faculdade de Medicina da USP, localizado a 11,0km de distância. Essa
dependência muitas vezes inviabilizava a realização de múltiplos eventos,
pois para recorrer à área técnica era necessário deslocar-se fisicamente até o
centro da cidade para retirar o equipamento, o que era impraticável, prejudicando a conexão com o complexo do Hospital das Clínicas e demais centros médicos. As reuniões eram esparsas e com um baixo aproveitamento
pedagógico, evitando, com isso, a adesão de novos interessados, além das
quedas de conexão contínuas e frequentes.
A Telemedicina do HU-USP enfrentava sérios problemas de estrutura de
rede, com uma banda aquém da exigida para um aproveitamento mínimo; a
qualidade da interação entre os demais pontos era precária, com recorrentes
perdas de pacote e horas de tentativas, muitas vezes, inúteis para a solução
do problema. Entre os médicos interessados havia uma forte desconfiança
acerca da capacidade de interação entre os demais participantes e o potencial da ferramenta em aglutinar, encurtar distâncias, fomentar a contribuição para um diagnóstico preciso e objetivo. Os equipamentos careciam de
uma interface amigável, intuitiva, além dos profissionais da área técnica não
estarem aptos para os recorrentes problemas dos quais eram surpreendidos
ora de perda de áudio, ora de perda de imagem, quando não, os dois.
A Telemedicina no HU-USP caminhava a passos lentos e encontrava enormes dificuldades na instalação de uma estrutura à altura das pretensões
acalentadas pela Faculdade de Medicina da USP. Os desafios eram enormes
frente às dificuldades de investimentos público e privado em uma área da
tecnologia médica que exigia vultosos investimentos, tanto em material humano quanto em equipamentos, na obtenção de seu êxito.
A realidade começou a mudar a partir da Rede Universitária de Telemedicina (RUTE). Com a inserção do HU-USP ao quadro de centros hospitalares
atendidos pela RUTE nossa unidade começou a virar o cenário de uma Telemedicina insípida e desinteressante. A primeira mudança partiu das instalações físicas. O antigo espaço dedicado às reuniões e à Telemedicina foi
ampliado, ganhando assim, duas salas com estruturas lógicas e equipamentos mais robustos, como o Tandberg MXP-6000. O controle de luz, de som,
de imagem era total, frente às inúmeras vicissitudes de tempos passados,
quando as videoconferências eram em um ambiente insalubre. O ganho na
qualidade física e técnica teve também um ganho operacional, ou seja, uma
rotina com reuniões voltadas aos técnicos responsáveis e um suporte a distância foi o diferencial na aquisição de um “background” indispensável.
Após as reformas estruturais e técnicas estabelecidas, o segundo passo era
a retomada de uma rotina de Telemedicina mais consolidada e consagrada.
Logo a quantidade de videoconferências aumentou significamente, além da
sua diversidade de público, aumentando significativamente o interesse no
uso da tecnologia. Começou a ser introduzida uma cultura de Telemedicina
no HU-USP, apesar de dificuldades intrínsecas a um setor público de saúde tão sobrecarregado, que se expandiu para outras áreas de conhecimento
médico em dependências do hospital, como áreas: Fonoaudiologia, Fisioterapia, Odontologia, Bucomaxilofacial, Nutrição e outros.
O nosso atual desafio é expandir mais a Telemedicina dentro do Hospital
Universitário da USP, criando uma cultura de vídeo e webconferências, com
calendário e atividades preestabelecidas com centros de referência espalhados dentro da RUTE e para fora dela. É necessário continuar com investimentos em tecnologia e educação técnica continuada a fim de superar os
desafios de uma sociedade cada vez mais globalizada, e nisso a Telemedicina, por meio da RUTE, é considerada referência nacional.
Um exemplo prático da otimização de recursos e difusão de conhecimento foi a implantação da telemedicina e de tecnologias de transmissão sobre
IP nas rotinas de apresentações de casos cirúrgicos para alunos da odonto-
184
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
logia. Antes, para um aluno acompanhar um caso cirúrgico era necessário
se deslocar até o HU e se paramentar para o campo cirúrgico, além dessa
exigência, o número de pessoas presentes na sala era obviamente restrita
e era necessário vários casos cirúrgicos para que a turma acompanhasse a
apresentação da disciplina de bucomaxilofacial. Agora, com a captação das
imagens com câmeras e microcâmeras a turma de 90 alunos em uma só cirurgia pode acompanhar de maneira hiper-realista a cirurgia e a dinâmica
cirúrgica a distância.
O caso é apenas um dos exemplos que ocorrem em eventos que envolvem o
centro cirúrgico, pois todas as áreas são beneficiadas com a expertise tecnológica desenvolvida para fins de difusão de conhecimento.
Capítulo  17. Universidade de São Paulo185
O nosso atual desafio é expandir mais a Telemedicina dentro do Hospital
Universitário da USP, criando uma cultura de vídeo e webconferências, com
calendário e atividades preestabelecidas e com centros de referência espalhados dentro da RUTE e para fora dela. É necessário continuar com investimentos em tecnologia e educação técnica continuada, a fim de superar os
desafios de uma sociedade cada vez mais globalizada, e nisso a Telemedicina, por meio da RUTE, é considerada referência nacional.
186
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Capítulo 18
Instituto Dante Pazzanese
Reinaldo Akikubo, Ricardo Geremias, Wagner Pinto,
Anna Simene Leite e Marcelo Bertolami
Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia
O século XXI tem sido marcado pelo avanço e divulgação da tecnologia de
transmissão de eventos por Telemedicina. A videoconferência tornou-se
uma ferramenta de importância fundamental, principalmente na Área de
Saúde, para aplicação em ensino, pesquisa e assistência, apresentando resultados expressivos na discussão e divulgação de temas científicos, favorecendo o intercâmbio técnico-científico entre a academia e a sociedade.
O Projeto de Telemedicina no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia
(IDPC) teve seu início em meados de 2000, de maneira tímida com a transmissão do tradicional Fórum Semanal de Cardiologia, que acontece às sextas-feiras das 8h às 9h. A cada semana um especialista apresenta um assunto
decorrente de suas pesquisas, que é debatido por seus colegas presentes no
auditório e remotamente através da conexão com outros centros.
Inicialmente, o sistema de transmissão realizado por meio de linhas ISDN
de 512 kbps, permitia apenas quatro conexões simultâneas, isso é o IDPC e
mais três centros.
A participação do IDPC no programa RUTE, a partir de 2007, possibilitou a
conexão com um número maior de centros, o que vem crescendo cada vez
mais desde que o NTIDPC passou a ser membro e a participar efetivamente
do Grupo Especial de Interesse com o SIG Cardiologia. Nos eventos realizados pelo IDPC pelo menos cinco centros se conectam e tem a oportunidade
de comentar e/ou debater a respeito do tema apresentado. Atualmente, o
Fórum Semanal de Cardiologia do IDPC faz parte do calendário efetivo da
programação da RUTE.
Estrutura operacional do Núcleo
Com a participação do IDPC no programa RUTE, foi criado o Núcleo de Telemedicina do IDPC (NTIDPC) com a finalidade de organizar e gerenciar os
eventos relacionados, como: reuniões, cursos e outros transmitidos para a
RUTE.
Atualmente, o IDPC transmite os Fóruns Semanais de Cardiologia às sextas-feiras pela manhã, a Discussão de Caso de Eletrofisiologia, uma vez por mês,
e três grandes eventos anuais: Simpósio de Outono, Simpósio da Primavera
e Curso Intensivo de Cardiologia. A Figura 1 mostra uma imagem de um Fórum de Cardiologia transmitido com cinco pontos remotos conectados.
Figura 1 – Fórum de Cardiologia
Para a realização dos eventos, o IDPC disponibiliza três auditórios com
capacidades de: 45, 140 e 350 lugares cada, todos com infraestrutura para
videoconferência. Em breve serão incorporados mais dois auditórios com
capacidade de 100 a 150 lugares, mais as salas de Hemodinâmica e Centro
Cirúrgico para transmissões de procedimentos ao vivo. Para tanto um projeto envolvendo o cabeamento de fibra óptica com a instalação dos respectivos roteadores foi desenvolvido.
Foi também desenvolvido e aprovado um projeto de reforma de um espaço
onde será instalado o NTIDPC que contará com um estúdio de gravação,
além de uma sala dedicada às reuniões de videoconferência.
Metodologia
O Projeto de Telemedicina do IDPC tem como meta principal a transmissão
e a participação de cursos e eventos de atividades relacionadas à Área de
188
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Cardiologia. Disponibilizar os conhecimentos e tecnologias desenvolvidas
na instituição para a comunidade médica e paramédica.
Além disso, o projeto visa o desenvolvimento de propostas de Segunda
Opinião Formativa, Educação a Distância (EAD), e de Telediagnóstico e
Teleconsulta.
A Segunda Opinião é uma atividade muito utilizada no meio médico, principalmente em discussão de casos complexos que reduz as lacunas de falta de especialistas em postos de atendimento remoto ou até mesmo com
a finalidade de compartilhar as responsabilidades. Reuniões de discussões
de casos ocorrem periodicamente com a participação de vários centros que
compartilham a decisão diagnóstica, prognóstica e terapêutica.
Como um programa piloto de EAD, foi realizado em agosto de 2011 a transmissão de 90 horas-aulas do Curso de Doutoramento em Medicina, do IDPC
para Austrália, pelo Programa de Pós-graduação USP/IDPC do Módulo TIC
5005 – Farmacoterapêutica Cardiovascular.
Em novembro de 2010, foi realizado um Curso de Atualização em Hipertensão Arterial Sistêmica, com a participação do grupo TecReg que disponibilizou o evento para o Canal Saúde e para os 43 Postos de Atendimento da
Secretaria de Estado da Saúde (Polos TecReg). Além desses pontos, alguns
membros da RUTE e do SIG Cardiologia também participaram. Foi o evento
de maior proporção realizado no IDPC até então, repercutindo de maneira
positiva na Comunidade Médica e Acadêmica.
O IDPC também utiliza a tecnologia e os equipamentos do Projeto RUTE
como ferramenta para a realização de eventos internos de treinamento em
procedimentos de Cateterismo e Angioplastia, transmitindo exames de cateterismo e angioplastia ao vivo, diretamente da sala de intervenção para o
Auditório, com a participação de médicos residentes e convidados.
Em outubro de 2011, aconteceu o Simpósio Internacional da Primavera,
com o tema: “Saúde Cardiovascular: do Estilo de Vida à Farmacointervensão”, com a participação por videoconferência de três especialistas internacionais: Dr. Roland Schmeider, da Universidade de Erlanger, Alemanha,
Dr. Hertzel Gerstein, da Universidade McMaster, Canadá, e Dr. Christofer
Cannon, Universidade de Harvard, Boston (Figura 2). Foi uma experiência
positiva que deverá ser repetida em outros eventos.
Capítulo  18. Instituto Dante Pazzanese189
Figura 2 – Dr. Cristopher Cannon por videoconferência.
Figura 3 – Infraestrutura do Sistema Tele-ECG e os pontos conectados.
Além dessas atividades, a instituição desenvolveu um sistema de telediagnóstico, denominado Sistema Tele-ECG, em parceria com a Secretaria de
Estado da Saúde de São Paulo, com o objetivo de reduzir o tempo de diagnóstico de doenças cardíacas nos atendimentos em Unidades Básicas de
Saúde (UBSs) que não contam com profissionais especializados. Esse sistema é composto por um equipamento de Eletrocardiografia convencional
acoplado a um módulo de transmissão utilizando a tecnologia GSM (telefonia móvel – celular).
O IDPC ofereceu treinamento aos funcionários das UBSs para realizar os
exames de eletrocardiografia que são transmitidos via sinal de telefonia celular para um Servidor de Dados. Médicos do IDPC dedicados para a função
de realizar laudos de ECG analisam o sinal ECG dos pacientes e emitem o
laudo que é devolvido pelo mesmo sistema de transmissão ao local de origem dos exames, em no máximo 30 minutos. Caso seja diagnosticada algu190
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
ma alteração importante no ECG, o paciente é orientado a procurar o centro de referência em cardiologia mais próximo da região. Os equipamentos
foram instalados seguindo um cronograma divulgado pela Coordenadoria
de Saúde e, até dezembro de 2012 foram instalados 123 equipamentos, realizando uma média de 600 laudos diários, atingimos a marca de 500 mil
laudos em junho de 2012. O processo de instalação dos equipamentos deve
contar com 200 unidades até o final de 2013. A Figura 3 mostra a infraestrutura desenvolvida para o Sistema Tele-ECG e uma ilustração das UBSs com
os equipamentos instalados.
Figura 4 – Folheto do curso de BLS e ACLS do IDPC.
Capítulo  18. Instituto Dante Pazzanese191
Resultados
A participação do IDPC na RUTE proporcionou a criação e o desenvolvimento de vários projetos latentes na instituição, em especial o Projeto de
Telemedicina do IDPC que contribuiu sobremaneira com a divulgação do
trabalho realizado no instituto, bem como, com a sua promoção no meio
médico e universitário, tendo em vista a crescente participação de outros
centros nos eventos organizados e promovidos pelo IDPC.
O próximo passo (já em negociação) será a parceria IDPC com uma Universidade para realização de curso de pós-graduação a distância, pelo menos
parte das aulas teóricas poderão ser ministradas por videoconferência.
Outro projeto em pauta é com relação ao Suporte Avançado de Vida em Cardiologia (ACLS) e Suporte Básico de Vida (BLS). Esse projeto visa o crescimento da instituição como centro formador de especialistas em programas
de ressuscitação cardiopulmonar de acordo com as diretrizes internacionais da American Heart Association. A Figura 4 mostra o folheto do curso de
ACLS e BLS.
Colaboração Internacional
A troca de experiências com especialistas de outros países veio corroborar
com a qualidade e o profissionalismo dos projetos desenvolvidos, com custo bastante reduzido, pois não houve a necessidade de locomoção destes
profissionais ao País para realizar o evento, apenas o custo de transmissão.
Sem a tecnologia de videoconferência promover a vinda desses especialistas
para o País seria proibitiva em termos de custos, principalmente para uma
instituição pública.
Conclusão
A oportunidade criada pela RUTE permitiu a divulgação, a expansão e a promoção do conhecimento produzido pelo IDPC, concretizando os objetivos
primeiros da instituição que tem como meta a assistência, o ensino e a pesquisa; dessa forma a tecnologia altera a relação de espaço tempo, economizando em deslocamentos e ganhando em agilidade.
192
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
A partir da operacionalização dos projetos, a troca de informação, as segundas opiniões e as discussões de casos, fazem parte da rotina diária, tornando
o intercâmbio entre as instituições cada vez melhor e mais eficiente para a
melhoria dos cuidados de saúde e bem-estar do paciente.
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mediada pela internet: Linfonodo sentinela, prevenção, diagnóstico precoce e biópsia – nova técnica de aboradagem do câncer de mama. Radiol Bras [online], v. 40, n.
4, p. 251-254, 2007. ISSN 0100-3984.
Capítulo  18. Instituto Dante Pazzanese193
Capítulo 19
Fiocruz: caminhos para incorporação institucional
Angélica Baptista Silva
Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e
do Adolescente Fernandes Figueira/FIOCRUZ
Desde os anos 1990, o Brasil enfrenta um desafio específico para a qualificação do Sistema Único de Saúde (SUS): a introdução de serviços, denominados Telessaúde e Telemedicina. A Fundação Oswaldo Cruz, como instituição
estratégica no aporte de desenvolvimento e inovação na saúde pública,
tem tido papel relevante nesta discussão internacional e nacional. Ações
no cuidado em saúde nomeadas Telessaúde, Telemedicina, ou e-saúde são
definidas como “o uso de tecnologias de informação e comunicação (TIC)
para prestar serviços de saúde a distância, trocar conhecimentos e informações, quebrando as barreiras geográficas, temporais, sociais e culturais”
(JENNETT, 2002).
Neste contexto, em 2006, a RUTE surgiu como uma ação governamental no
âmbito do Ministério da Ciência e da Tecnologia para implantar infraestrutura de interconexão nos hospitais universitários e unidades de ensino de
saúde do Brasil. A RUTE fomentou projetos de Telemedicina e Telessaúde,
facilitando o intercâmbio entre grupos de pesquisas nacionais através da
rede de alta velocidade da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa.
O projeto inicial forneceu conexão e equipamentos para os grupos de pesquisa participantes nos hospitais universitários. A RUTE começou composta por 19 instituições. Com cinco anos de funcionamento, a Rede está na
terceira fase de implantação, conecta 35 hospitais universitários e de ensino,
com previsão de conectar 132 pontos até 2012. A Fiocruz por meio do Canal
Saúde participou da primeira fase de implantação da Rede. A instituição tem
também um de seus colaboradores com representação no Comitê Assessor
da RUTE.
Apesar da proximidade conceitual entre Telessaúde, Telemedicina e e-saúde
em vários estudos, uma distinção importante para esse olhar sobre a RUTE
na Fiocruz é que a Telemedicina pode ser vista como um meio de levar o serviço de saúde à população mediante programas (DWIVEDI, et al., 2007), en-
quanto a Telessaúde também está no âmbito organizacional (WEINSTEIN,
et al., 2008) e da saúde pública (BASHSHUR, et al., 2011).
Ao longo dessa exposição, serão delineados alguns pontos que destacam
como a RUTE foi e tem sido fator-chave para a incorporação da Telessaúde
na cultura institucional da Fiocruz. Entende-se por cultura institucional,
nesse contexto de aplicação, um campo simbólico no interior do qual os
agentes a ela integrados projetam suas ações e reagem no cotidiano, não
necessariamente de forma harmoniosa ou mesmo coerente (BERTOLLI FILHO, 2005). Nessa visão, a cultura institucional da Fiocruz tem como centro ordenador um poder central que é emanado tanto pela própria ciência
quanto pelos altos escalões da instituição, que se revela por meio das decisões homologadas por seus Congressos Internos periódicos.
Constatou-se ao longo do período (2006-2011) o interesse explícito de várias unidades técnico-científicas de executar atividades de Telemedicina
no âmbito da RUTE. Nos 24 meses de execução do Projeto RUTE no Canal
Saúde (2006-2008), pode-se observar que as ações ligadas à Telemedicina
estavam acontecendo de forma fragmentada e incipiente na Instituição.
Embora a literatura já identificasse a Telessaúde como inovação e houvesse pesquisas voltadas para identificar as barreiras institucionais para implantação da mesma (GAGNON, et al., 2005), a noção de Telessaúde ainda
era pouco conhecida no complexo de centros de pesquisa da Fiocruz. Caberia, pois, uma mudança cultural que certamente a tecnologia por si só
não daria conta.
Fiocruz, aliando pesquisa e democracia
Criada no começo do século XX, com o nome de Instituto Soroterápico Federal, a Fiocruz nasceu com a missão de combater os grandes problemas
da saúde pública brasileira. Atualmente, a fundação pública, vinculada ao
Ministério da Saúde, concentra atividades que incluem o desenvolvimento
de pesquisas nas áreas de informação e comunicação em saúde, ciência e
tecnologia; a prestação de serviços hospitalares e ambulatoriais de referência; a fabricação de medicamentos, vacinas, reagentes e kits de diagnóstico;
o ensino e a formação de recursos humanos e o controle da qualidade de
produtos e serviços.
Capítulo  19. Fiocruz: caminhos para incorporação institucional195
Com sede no Rio de Janeiro, a instituição possui 16 unidades técnico-científicas. Seis unidades situam-se nas cidades do Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Manaus e Curitiba. Além das unidades mencionadas, a
Fiocruz está presente em todo o território brasileiro, seja através do suporte
ao Sistema Único de Saúde (SUS), nas atividades de seus pesquisadores, na
formulação de estratégias de saúde pública, nas expedições científicas ou
no alcance de seus produtos e serviços em saúde.
Trata-se de uma instituição complexa, formada por diversos grupos com interesses heterogêneos, em que uma aliança pactuada em prol de um objetivo em comum tem de ser alinhavada em um processo dinâmico e constante.
Em recente história que marca profundamente sua cultura institucional,
consta a perseguição de cientistas e cassação dos mesmos pela ditadura
militar de 1964, episódio conhecido por massacre de Manguinhos (LENT,
1978); a luta pela volta da democracia e o engajamento de seus pesquisadores no movimento sanitário, que iria desembocar na criação do Sistema
Único de Saúde universal.
Resultado desse processo, o Congresso Interno foi criado como mecanismo
de tomadas de decisão, órgão máximo de representação da comunidade da
Fiocruz. Compete a ele deliberar sobre assuntos estratégicos relacionados
ao macroprojeto institucional, sobre o regimento interno e propostas de alteração do estatuto, bem como sobre matérias que possam interferir nos
rumos da Instituição.
A reunião, que acontece a cada quatro anos, é conduzida pelo presidente da
Fiocruz e composto por delegados eleitos pelas unidades. A primeira edição
do Congresso Interno ocorreu em 1988 durante a gestão de Sergio Arouca,
com a consolidação da democracia brasileira em pleno andamento e a promulgação da atual Carta Magna, que institui o SUS.
A Fiocruz, em sua condição de instituição pública estratégica para a saúde, se apresenta como um dos agentes da dinâmica do desenvolvimento do
Estado brasileiro perante o governo e a população. Essa visão estrutura as
orientações políticas, sendo referência para o planejamento, sua inserção
no Estado e seus compromissos com a sociedade.1
Nesse cenário de ampla discussão interna, desde 2007, a proposta de Telessaúde foi alinhavada e construída entre os pesquisadores e o corpo técnico
1 Missão institucional pactuada no Relatório Final do VI Congresso Interno da Fiocruz (BRASIL, 2011).
196
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
da Instituição, tendo como ponto de partida a implantação da Rede Universitária de Telemedicina.
Implantando a proposta RUTE
O Canal Saúde, projeto especial ligado à vice-presidência de Ensino, Informação e Comunicação da Fiocruz, tem coordenado a RUTE durante esse
período. Suas ações estão voltadas prioritariamente para a produção e veiculação de audiovisual sob a perspectiva da promoção da saúde (SILVA,
2008). A instalação dentro do principal campus de pesquisa da Fiocruz e a
interlocução privilegiada com os pesquisadores da Instituição são fatores
que influíram para sua participação na RUTE, mesmo não sendo um hospital universitário. A contribuição do Canal Saúde à RUTE foi justamente fazer
a ponte entre o mundo broadcast da televisão e a discussão clínica entre
professores universitários, pesquisadores, alunos e residentes das ciências
da saúde. Portanto, seus produtos RUTE estão diretamente ligados a produção de programas sobre Telessaúde com uma estética específica, que foram
exibidos em sua grade de programação.
A vice-presidência de Serviços de Referência e Ambiente, por sugestão do
Canal Saúde, reuniu alguns atores de unidades assistenciais da Fiocruz para
discutir a Telemedicina e a Telessaúde. Nessa reunião, chegou-se a conclusão de que a Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca seria o local
para sediar uma unidade institucional RUTE de Telessaúde e Telemedicina.
Outra conclusão tirada na série de encontros ocorrida em 2007 foi que a primeira especialidade a ser trabalhada na Fiocruz com a Telessaúde de maneira integrada seria a dermatologia pela experiência acumulada em vários
centros de pesquisa da Instituição.
Ainda nesse mesmo encontro, foi criada uma comunidade virtual e a lista
interna [email protected], que reúne cerca de 20 profissionais da Instituição, dirigentes de unidades técnico-científicas de vários
estados. O membro Fiocruz do Comitê Assessor RUTE, animador da lista, a
alimenta semanalmente com informações sobre Telessaúde e Telemedicina,
tendo como fonte principal as atividades da RUTE. Isso foi fruto do grupo de
trabalho articulado em 2007 com a coordenação da vice-presidência de Serviços de Referência e Ambiente e a vice-presidência de Ensino, Informação
e Comunicação.
Capítulo  19. Fiocruz: caminhos para incorporação institucional197
Em 2008, foi criado o Núcleo de Telessaúde e Telemedicina/NTT-Fiocruz
com o objetivo de viabilizar e coordenar a execução das ações desenvolvidas
pela Fundação Oswaldo Cruz nesse segmento. O Núcleo busca contribuir
para o aprimoramento dos serviços de assistência e para a formação de recursos humanos da Fiocruz, prestando serviços e desenvolvendo pesquisas
empregando tecnologias de informação e comunicação em saúde.
O Núcleo também tem como função facilitar o intercâmbio da Fiocruz com
outras instituições nacionais e internacionais em sua área de atuação assim
como fazer a interface com as duas grandes ações governamentais nas áreas de Telessaúde e Telemedicina, o Telessaúde Brasil Redes/Deges/SGTES/
MS e a RUTE/MCT/RNP. Representantes das unidades da Fiocruz, que desenvolvem ações nas áreas de Telessaúde e Telemedicina, compõem o NTT-Fiocruz, sob a coordenação do Canal Saúde, segundo a Portaria Interna
400/2008 PR.
Políticas e ações integradas da administração pública relativas à Telessaúde
no Brasil estão começando a alicerçar o marco regulatório sobre a questão.
Destacam-se as portarias do Ministério da Saúde sobre o tema (2006-2011),
que instituem a Comissão Permanente de Telessaúde, o Telessaúde Brasil
Redes e as modalidades de Telessaúde no País tais como a Segunda Opinião
Formativa, que consiste na resposta estruturada e sistematizada às perguntas, sobre temas relacionados ao diagnóstico, planejamento e execução de
ações, individuais e coletivas, sobre processo de trabalho ou vinculados a
casos clínicos.
A contribuição peculiar da Fiocruz, ao discutir em seus fóruns internos as
iniciativas de Telessaúde sob o foco das diretrizes e princípios do SUS, foi
certamente um dos fatores para a aproximação do tema na agenda atual do
movimento sanitário e dos estudos no campo da saúde coletiva. Mediante
essas discussões institucionais, é possível observar que a Telessaúde é um
processo complexo no âmbito organizacional, outra arena política de interesses com vários pontos de tensão, que pode influenciar decisivamente no
modelo de atenção à saúde em vigor.
Principais realizações
Desde 2008, o NTT/Fiocruz se reúne periodicamente para articular essas
diversas iniciativas em uma proposta Fiocruz de atuação nas diversas vertentes da Telessaúde.
198
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Dentre as ações concretas atualmente em andamento na Instituição, é possível destacar esforços de várias unidades técnico-científicas como, por exemplo, Telessaúde para Saúde do Trabalhador, iniciativa do Centro Escola Saúde
do Trabalhador e Ecologia Humana da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (CESTEH/ENSP); Teleducação para saúde (extensão, pós-graduação e técnica-profissionalizante); Observatório de Informação, Tecnologia da
Informação em Saúde e Telessaúde (ObservIn/ENSP) e o SIG Tel@ rBLH na
RUTE – o Grupo de Interesse Especial da Rede de Bancos de Leite Humano
na Iberoamérica e na África, coordenado pelo Instituto Nacional de Saúde da
Mulher, da criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF).
A partir desses esforços de articulação interna, a Telessaúde na Instituição
tem se desenvolvido de acordo com diversas necessidades do SUS, essas
sendo respondidas pelas áreas de atuação da Fiocruz: na Saúde do Trabalhador; no ensino técnico para os Agentes Comunitários de Saúde; por meio
do conjunto de iniciativas na atenção básica voltadas para o território denominado Teias Manguinhos; do Mestrado de Saúde da Família em Áreas
Remotas e na Área da Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente.
Projetos
A fim de preparar um macroprojeto de Telessaúde para o Congresso Interno, projetos de Telessaúde em andamento foram elencados com seus respectivos responsáveis, mapeadas as redes internas e externas de apoio, bem
como os produtos gerados em um determinado período de tempo. Dentre
os seis projetos identificados, dois apresentam produtos vinculados à RUTE:
o SIG Saúde do Trabalhador, gerido pelo Cesteh/ENSP e o SIG Tel@ rBLH,
coordenado pelo Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do
Adolescente Fernandes Figueira IFF.
O Telessaúde como ferramenta para a Rede Nacional de Saúde do Trabalhador/RENAST é de responsabilidade do Cesteh/ENSP. O centro está estabelecendo colaboração regular com o Ministério da Saúde na área de saúde do
trabalhador neste projeto especificamente em pneumologia, dermatologia
e audiologia, com foco nos CERESTs e o desenvolvimento da sua política no
Brasil. Propõe a implantação de um canal virtual em Telessaúde direcionado
ao tema saúde do trabalhador. Sua operacionalização demanda treinamento e educação continuada dos profissionais da Rede Nacional de Atenção
Integral à Saúde do Trabalhador (RENAST). Um dos objetivos do projeto em
Capítulo  19. Fiocruz: caminhos para incorporação institucional199
andamento é que o gestor possa ler o guia (produto em finalização) e desenvolver atividades de Telessaúde do trabalhador na sua região.
Como redes de colaboração identificadas, destacam-se o próprio Ministério
da Saúde os Centros Regionais de Saúde do Trabalhador, a RUTE/RNP/MCT
e as universidades UERJ, UFRN e UFMG. Dois produtos foram gerados nessa ação o Guia de Telessaúde para os Cerests e o SIG Saúde do Trabalhador.
Já a ação Telessaúde para Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente tem
como responsável o Instituto Fernandes Figueira e visa fomentar rede de
troca de melhores práticas, atenção e pesquisa voltada para fortalecer a saúde dessas populações com o apoio das tecnologias da informação e comunicação. Sua rede de colaboração interna se constitui das demais unidades
técnico-científicas da Fiocruz que prestam assistência direta, assim como
o Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP/PE), o
Instituto Nacional do Câncer (INCA) e o Centro de Atenção Integral à Saúde
da Mulher (CAISM), especificamente no que diz respeito à saúde da mulher.
Tem como uma das iniciativas o Grupo de Interesse Especial da Rede Nacional de Bancos de Leite Humano, que se expandiu para o Programa Iberoamericano de Bancos de Leite Humano a partir de junho de 2011 com o apoio
da Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores.
Constitui-se em uma rede global de conhecimento em prol do aleitamento
materno (GUERRA, MAIA et al., 2006), que fez a primeira transmissão de SIG
entre Brasil e África, usando as ferramentas disponibilizadas pela RUTE. Há
ainda a participação ativa da Fiocruz no SIG da Rede Nacional de Pesquisa
Clínica e várias atividades incipientes no âmbito da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca.
200
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Figura 1 – Imagens do set de filmagem da videoconferência “O desdesign
da mamadeira: por uma avaliação periódica da produção industrial” com
a Dra. Cristine Nogueira Nunes (Dept. de Artes e Design da PUC-Rio),
ocorrida em 2010, atividade do SIG da Rede de Bancos de Leite Humano.
Considerações finais
Em todo mundo, há uma produção efervescente no tema Telessaúde, e-saúde, uma miríade de experiências sendo testadas e muitas dúvidas ainda a
serem solucionadas.
O macroprojeto “Ações Integradas de Telessaúde” foi aprovado na íntegra no
VI Congresso Interno como parte dos esforços institucionais e do planejamento estratégico até o ano de 2022 a fim de apoiar a sociedade e enfrentar
os desafios para o SUS com os seguintes resultados esperados:
ƒƒ
Fortalecimento das ações de vigilância em território nacional relacionadas à epidemiologia e à saúde do trabalhador.
Capítulo  19. Fiocruz: caminhos para incorporação institucional201
ƒƒ
Gestão de tecnologias de informação e comunicação voltadas especificamente à diminuição da morbidade e mortalidade materno-infantil.
ƒƒ
Gestão de tecnologias de informação e comunicação voltadas especificamente à diminuição da morbidade e mortalidade por doenças
infecciosas e parasitárias.
ƒƒ
Fortalecimento das redes regionais de média complexidade do SUS
por meio de telediagnóstico dos laboratórios de referência.
ƒƒ
Formação de massa crítica institucional em programas audiovisuais
multiplataforma interativos sobre saúde.
ƒƒ
Apoio em Telessaúde para Amazônia Legal e CPLP/Palops.
ƒƒ
Desenvolvimento de capacidade interna institucional de resposta
em relação a demandas de tecnologia da informação para fortalecimento das diretrizes do SUS.
ƒƒ
Gestão interna das proposições institucionais de Telessaúde formativa, teleassistência, Telemedicina, gestão, planejamento e regulação
para o SUS.
ƒƒ
Consolidar uma área de pesquisa, estudos, inovação e pesquisa e
formação de pessoal sobre Telessaúde na Fiocruz.
Ainda haverá muitos capítulos desse constructo, impulsionado pela RUTE,
de uma Telessaúde, que contribua efetivamente para a equidade, universalidade e integralidade do SUS.
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Capítulo  19. Fiocruz: caminhos para incorporação institucional203
Capítulo 20
Santa Casa de Porto Alegre:
Experiência em Telemedicina
Maria Beatriz Mostardeiro Targa, João Carlos Cavalcanti
da Silveira, Gisele Mattos de Lima, Andréa Bonow
Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre
Em 2004, a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre iniciou o projeto-piloto de Telemedicina – Projeto T@lemed – implantado em
conjunto com o CETA/SENAI-RS e parcialmente custeado pela Comunidade
Europeia.
Esse projeto envolveu quatro municípios gaúchos – Lagoa dos Três Cantos,
São Borja, Cidreira e Mostardas – e teve como escopo a implementação de
um modelo de e-saúde por meio da emissão de laudos a distância, pelos
profissionais da Santa Casa, mediante o envio de imagens radiológicas (ultrassom) pelos médicos dos municípios participantes.
O ciclo completo do projeto durou três anos e durante seu desenvolvimento
os profissionais da Santa Casa envolvidos participaram de quatro encontros
internacionais: o primeiro na Alemanha, o segundo no Brasil (em Vitória), o
terceiro na Grécia e, por último, na Colômbia.
Na Reunião Final do Projeto T@lemed, realizada na Colômbia foram apresentados os resultados obtidos e as dificuldades encontradas para a execução do projeto. O gerenciamento adotado pela Instituição, tanto do sistema
quanto da área médica, superou os resultados quanto à efetividade dos serviços, dando à Santa Casa um destaque internacional e abrindo as portas para
futuras parcerias na área de desenvolvimento de projetos em Telemedicina.
Durante o evento na Grécia, a Santa Casa foi informada a respeito do Projeto
RUTE e na sequência os técnicos da Instituição elaboraram o projeto que
qualificou e possibilitou o ingresso na Rede Universitária de Telemedicina
(RUTE), fase 1, em 2006.
Apoio às decisões médicas, diagnóstico e Segunda Opinião, consultorias e
protocolos; estabelecimento de ações, programas e projetos de atenção à
saúde; pesquisa e ensino a distância, todas essas alternativas possibilitadas
pelas “teles” – Telemedicina, Telessaúde e teleducação no âmbito da RUTE
– foram logo vislumbradas para serem agregadas ao conjunto de atividades
que a Santa Casa desenvolve desde seus primórdios e que constantemente
atualiza. Por esse novo caminho, a Santa Casa incorporou, definitivamente,
instrumentos que lhe conferem mais agilidade para o exercício e o cumprimento de sua missão.
Com o ingresso da Santa Casa na Rede Universitária de Telemedicina, a instituição entendeu de priorizar, inicialmente, o enfoque “ensino”, oportunizado pela Rede. Em face dessa decisão, a Unidade de Telemedicina (Núcleo
RUTE) ficou vinculada diretamente à Direção de Ensino e Pesquisa.
Para o desenvolvimento das atividades foi destinada e adaptada uma sala
exclusiva para a realização de videoconferências. Essa sala, que recebeu da
Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) o aporte de equipamentos necessários, foi planejada com vistas a possibilitar a interatividade. É uma sala
com 24 lugares, todos com acesso a microfones, o que possibilita o diálogo
entre todos os participantes. A rede interna foi adequada, com conexões a 1
Gbps direto ao switch core/firewall. A partir de abril de 2009, após uma fase
de testes e treinamentos, o Núcleo RUTE da Santa Casa Porto Alegre iniciou
a programação regular de videoconferências. Desde março de 2011 está ativo o link Internet a 1Gbps via RNP/RedeComep/Metropoa.
Figura 1 – Sala do Núcleo RUTE da ISCMPA.
Capítulo  20. Santa Casa de Porto Alegre205
A Irmandade da Santa Casa
de Misericórdia de Porto Alegre
A Santa Casa se constitui em um dos maiores complexos hospitalares da Região Sul do Brasil e se destaca também pela busca constante na inovação de
recursos tecnológicos voltados ao setor de saúde. Esta conjunção possibilita-lhe o oferecimento de uma multiplicidade de serviços capazes de diagnosticar e tratar de forma integral as principais doenças e suas causas.
Atualmente, o Complexo é formado por sete hospitais, localizados no mesmo quarteirão central da cidade, com um total de 1.056 leitos: Hospital Santa
Clara; Hospital São Francisco; Hospital São José; Pavilhão Pereira Filho; Hospital Santa Rita; Hospital da Criança Santo Antônio e Hospital Dom Vicente
Scherer. Em 2012, o conjunto das unidades assistenciais realizou 736.433
consultas médicas ambulatoriais, 46.752 internações, 67.677 procedimentos cirúrgicos e 4.351.353 exames de diagnóstico e tratamento.
A Santa Casa é certificada como hospital de ensino, desenvolve programas
de residência médica, 13 próprios e 50 em convênio, cursos de especialização associados a universidades, conselhos do Rio Grande do Sul e do Brasil,
bem como oportuniza campos de estágios a instituições de ensino de nível
técnico, graduação (inclusive para cursos de tecnólogos) e pós-graduação.
Para fazer funcionar o complexo são necessários 6.690 funcionários efetivos, das mais diversas formações nas áreas de assistência, ensino, pesquisa,
administração, tecnologia da informação e serviços em geral. Além dos 552
médicos contratados (incluídos no total referido) o corpo clínico é acrescentado por 1.558 médicos credenciados.
A história da Santa Casa confunde-se com a história da cidade de Porto Alegre. Esse conjunto de hospitais foi criado no século XIX com a marca da “misericórdia”, tendo como objetivo o atendimento aos pobres e indigentes. No
início do século XXI, com 210 anos de existência, a Instituição mantém o seu
caráter inicial e ainda revela-se sempre inovadora e persistente, na busca
por meios e recursos que permitam o atendimento ao paciente dentro dos
parâmetros internacionais de qualidade e modernidade. O perfil traçado –
histórico e recursos da Instituição – permite compreender a receptividade
ali encontrada diante das possibilidades que a “Telemedicina” oferece.
206
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Desempenho do Núcleo RUTE/ISCMPA
O Núcleo RUTE da Santa Casa de Porto Alegre desde o início de seu funcionamento vislumbrou nos Grupos de Interesses Especiais (SIGs) – espaço
para desenvolver diversos tipos de ações. Estrategicamente, o núcleo começou seu trabalho através da divulgação interna. Aproveitou-se dos instrumentos de divulgação utilizados pela casa, tais como os comunicados
virtuais disparados pelo setor de comunicação, o Boletim Mensal, as páginas da intranet e da internet e organizou-se uma mala direta, constantemente ampliada, com todos os participantes de qualquer videoconferência.
A ferramenta “videoconferência” está sendo gradativamente incorporada à
“cultura” da instituição e tem sido muito bem aceita pelos colaboradores
da casa.
A participação nos SIGs ocorre de acordo com a dinâmica de cada Grupo.
Os SIGs que abordam a análise de casos clínicos, dependendo da especialidade, atraem os médicos residentes. Nesses casos, têm sido estimulada a
apresentação de casos para discussão pelos próprios residentes, o que tem
sido devidamente valorizado. É também nesses SIGs que tem se apresentado a oportunidade de análise de casos em andamento e os participantes dos
diversos pontos remotos tem contribuído com a Segunda Opinião, o que
vem a ser um ganho para os pacientes. Sempre a privacidade dos pacientes
tem sido resguardada não sendo nunca revelados dados que possibilitem
sua identificação.
Já os grupos que optam pela apresentação de palestras atraem outros segmentos de colaboradores dos hospitais interessados na atualização de seus
conhecimentos. Buscando amplificar sua atuação na Rede, a Santa Casa já
propôs a criação de três SIGs – Urologia, Oncoginecologia e Bucomaxilofacial – todos completando três anos de funcionamento mensal regular. Dependendo do tema, ou do caso em análise, profissionais de outras especialidades e até mesmo de outras instituições tem sido convidados à participar
e contribuir com sua opinião. Em decorrência de negociações com outras
instituições, a Santa Casa assumiu provisoriamente a coordenação de um
quarto SIG – “Radiologia e Diagnóstico por Imagem em Tórax”. A Santa Casa
participa de um total de 20 SIGs.
As alternativas oferecidas pelo Núcleo RUTE incluem a possibilidade de “rever” as videoconferências gravadas. Embora fique inviável, obviamente, a
interatividade, muitos profissionais têm utilizado esse recurso quando não
lhes é viável comparecer na data da videoconferência em tempo real.
Capítulo  20. Santa Casa de Porto Alegre207
Figura 2 – Cirurgia Notes (colecistectomia transvaginal) realizada pelo professor
Dr. Luiz Alberto de Carli em 1º de junho de 2008 na ISCMPA e transmitida
ao vivo para a Faculdade de Medicina da Universidade Católica do Chile.
Afora a participação nos SIGs, o Núcleo RUTE tem disponibilizado seus recursos de sala, equipamentos e técnico operador para outras atividades, por
teleconferência, tais como:
ƒƒ
Participação em eventos realizados em outras cidades.
ƒƒ
Transmissão de palestras (fora dos SIGs) por videoconferência.
ƒƒ
Transmissão de cirurgias, em tempo real, para outros estados e Países.
ƒƒ
Transmissão de cirurgias, em tempo real, do Bloco Cirúrgico para públicos de eventos em realização em auditórios diversos da Instituição.
ƒƒ
Transmissão de cirurgias, em tempo real, para públicos de eventos
em realização em auditórios localizados em outros pontos da cidade.
ƒƒ
Disponibilização da Sala de Videoconferência para realização de
reuniões dos Ministérios da Saúde e da Educação.
A atuação do Núcleo RUTE-ISCMPA tem buscado estabelecer parcerias com
outras instituições dentre as quais se destacam a Universidade Católica do
Chile, o Hospital Sírio Libanês, Hospital do Câncer de Barretos e o Hospital
Albert Einstein.
208
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Todas essas ações se voltam para o ensino, pois a Santa Casa segue o preceito de Sir William Osler quando afirma que “nenhum hospital pode desempenhar completamente sua missão se não for um centro de instrução de médicos e estudantes”, ampliando este preceito para todas as áreas da Saúde.
A Instituição pretende continuar reforçando todas as ações de Telemedicina
referentes ao ensino, mas também tem a intenção de dar continuidade às
ações que contemplem a área da assistência, em especial o auxílio a distância para diagnóstico e a emissão de Segunda Opinião.
Como consequência das atividades de ensino e pesquisa, a Santa Casa busca
agora o estabelecimento de um serviço assistencial de Telemedicina, como
forma de atender demandas de municípios desassistidos. Assim, em agosto
de 2011 foi assinado o primeiro contrato de prestação de serviços remotos
de apoio ao diagnóstico, com o Consórcio Público de Saúde Comaja, que
congrega 27 municípios da Região do Alto Jacuí no RS.
Em decorrência da atuação do Núcleo RUTE/Santa Casa de Porto Alegre,
projetos apresentados em Editais da Finep receberam pontuação específica,
tendo sido classificados para receberem recursos. Desse modo, a partir de
2012, a Santa Casa, como resultado de parceria com a Universidade Federal
do Rio Grande do Sul (UFRGS) e de financiamento da Finep, passou a contar com uma “Sala Inteligente”, no Hospital Santa Clara, o maior hospital
do complexo e que atende prioritariamente aos pacientes do SUS. Também
foi aprovado no mesmo edital projeto proposto pelo CETA – SENAI e ISCMPA de desenvolvimento de um software para Telemedicina “na nuvem” – o
MediCloud.
Todas essas ações que vêm trazendo avanços significativos, seja no campo
do ensino ou da assistência, começaram a ganhar velocidade a partir da integração na ISCMPA na Rede Universitária de Telemedicina. A ação da Rede
Universitária de Telemedicina (RUTE) gera resultados importantes para a
sociedade brasileira, os quais dia a dia se consolidam e proporcionam novas
expectativas e possibilidades.
Referências bibliográficas
RUTE – Rede Universitária de Telemedicina, Convênio Encomenda – FNDCT Ação
Transversal ref. 2.738/05 (UFPR, Unifesp, Pazzanese, Unicamp, Ufes, UFBA, Ufal,
UFPE, UFPB, UFC, UFMA, Ufam, FioCruz, HC–FMUSP, HU-USP, ISCMPA, Uerj,
UFMG, UFSC), janeiro, 2006.
Capítulo  20. Santa Casa de Porto Alegre209
IRMANDADE da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. Relatório Anual e Balanço Social 2010. Disponível em: < http://www.santacasa.org.br/>.
FRANCO, S. da C. Santa Casa 200 anos: caridade e ciência. Porto Alegre: Ed. da ISCMPA, 2003.
SANTOS, A. F.; SOUZA, C.; ALVES, H. U.; SANTOS, S. F. Telessaúde, um Instrumento
de suporte assistencial e educação permanente. Belo Horizonte: UFMG, 2006.Parte
RIZOU, D.; SILVEIRA, J. C. C.; Vallandro, R. Sustainability plan for mednet project in
Brazil. E-Proceedings of Med-e-Tel, Luxembourg, 2012, p. 152.
210
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Parte II
O desenvolvimento de Grupos de Interesse
Especial (Special Interest Groups – SIGs)
na Rede Universitária de Telemedicina (RUTE)
Capítulo 21
Os SIGs no contexto da Experiência Brasileira
de Telessaúde: Telessaúde Brasil, Universidade Aberta
do SUS (UNA-SUS), Rede Universitária de Telemedicina
(RUTE)/ Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP)
Ana Estela Haddad
Professora da Faculdade de Odontologia da
Universidade de São Paulo, diretora de Gestão da Educação
do Ministério da Saúde (2005-2010) e coordenadora do
programa Telessaúde Brasil Redes (2006-2011)
Francisco Eduardo Campos
Professor titular da Faculdade de Medicina da UFMG e
secretário executivo da Universidade Aberta do SUS
A gestão pública no Governo Federal desde 2003 tem sido marcada pelo fortalecimento das ações sociais e pela intersetorialidade na construção e implementação de políticas, por meio de projetos e programas compartilhados.
O uso das tecnologias de informação e comunicação tornou-se realidade
nas diversas áreas aplicadas do conhecimento. O governo brasileiro está
iniciando a implantação do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), com o
objetivo de universalizar o acesso à internet até 2014. Na educação, o PNBL
já universalizou o acesso à internet em todas as escolas públicas de educação básica. Na saúde, o governo federal prepara-se também para universalizar o acesso à internet em suas aproximadamente 60 mil Unidades Básicas
de Saúde. O Brasil é a sexta maior economia mundial, País de dimensões
continentais, o maior da América Latina, ocupando 47% do seu território.
A Constituição Federal de 1988 estabeleceu a saúde como um direito de todos, e a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), além da universalidade,
foi construído com base nos princípios da equidade e da integralidade da
atenção à saúde. O desafio se torna ainda maior quando consideramos que
a população brasileira é composta por 194 milhões de habitantes.
A experiência de e-saúde ou Telessaúde está atualmente conformada no
Brasil pela confluência da ação intersetorial centralmente de três Ministérios: da Saúde (MS), da Educação (MEC) e da Ciência, Tecnologia e Inovação
(MCTI), com participações ainda do Ministério das Comunicações, da Defesa e das Relações Exteriores. As três iniciativas que se entrelaçam e complementam para atuar ao mesmo tempo na atenção à saúde e no apoio, formação e capacitação dos profissionais de saúde são o Programa Telessaúde
Brasil, a Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS), sob a responsabilidade do
Ministério da Saúde e colaboração do MEC e do MCTI, e a Rede Universitária de Telemedicina (RUTE), sob a responsabilidade do MCTI e com a colaboração do MEC e do MS. Embora tenham sido inicialmente planejada por
diferentes equipes técnicas e para responder a diferentes demandas, identificou-se nos primeiros passos de implementação, que ao se desenvolverem
de forma articulada, poderiam se potencializar, promover a economia de
recursos e favorecer o trabalho em rede dos setores da educação, da saúde e
da ciência e tecnologia, aplicadas à saúde.
Neste capítulo, vamos apresentar brevemente o Programa Telessaúde Brasil e
a UNA-SUS, para então relatar a experiência bem-sucedida de integração destes programas com a RNP e a RUTE, e seus reflexos na política de desenvolvimento e expansão da RUTE por meio dos Grupos de Interesse Especial (SIGs).
1. Programa Telessaúde Brasil
O Ministério da Saúde do Brasil identificou, a partir de 2006, diferentes experiências existentes no País envolvendo a Telemedicina e a Telessaúde. A partir da união das experiências, desenvolveu um projeto piloto de Telessaúde
e o implementou, com o objetivo de promover a qualificação em serviço
das equipes de saúde da família, aumentando a resolubilidade da atenção à
saúde prestada à população e fortalecendo o modelo de atenção baseada na
Atenção Primária como porta de entrada e ordenadora do sistema de saúde.
A Rede Telessaúde Brasil é atualmente constituída por 12 núcleos de Telessaúde, implantados em universidades públicas, de 12 dos 27 estados da federação. Os núcleos estão conectados entre si, e com um conjunto de 1.171
Unidades Básicas de Saúde (UBS), distribuídas predominantemente por
regiões remotas, mas também em áreas metropolitanas destes 12 estados.
Os núcleos de Telessaúde são responsáveis por oferecer teleconsultorias e
formular as Segundas Opiniões Formativas, a partir das questões formuladas pelos profissionais de saúde que trabalham nas UBS.
214
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
O Programa Saúde da Família teve origem no Programa de Agentes Comunitários de Saúde, em 1993, no âmbito do SUS, inicialmente na Região Nordeste do País, no Estado do Ceará, com o objetivo de fazer com que a saúde
chegasse às populações mais isoladas e desassistidas. Seus resultados positivos e a necessidade de consolidação do SUS fizeram com que o mesmo
fosse ampliado. Atualmente, o Programa engloba aproximadamente 32 mil
equipes de saúde da família, estendendo-se por todo o território nacional.
A cobertura alcança 80% dos 5.564 municípios brasileiros, nos 27 estados, e
aproximadamente 64% da população (http://dab.saude.gov.br/atencaobasica.php – último acesso em 16/4/2012). Cada equipe de saúde da família é
composta pelo médico, pelo enfermeiro, pelos auxiliares e técnicos de enfermagem e por cinco a oito Agentes Comunitários de Saúde (ACS), responsáveis pelas visitas domiciliares.
A Estratégia de Saúde da Família adotou o conceito segundo o qual a atenção básica ou Atenção Primária à saúde caracteriza-se por um conjunto de
ações de Saúde no âmbito individual e coletivo que abrangem a promoção
e proteção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação e manutenção da saúde. É desenvolvida por meio do exercício de
práticas gerenciais e sanitárias democráticas e participativas, com trabalho
em equipe, dirigida a populações de territórios delimitados, pelos quais assume a responsabilidade sanitária, considerando a dinâmica existente no
território em que vivem essas populações. Utiliza tecnologias de elevada
complexidade e baixa densidade, que devem resolver os problemas de saúde de maior frequência e relevância em seu território. É o contato preferencial dos usuários com os sistemas de saúde. Orienta-se pelos princípios da
universalidade, da acessibilidade e da coordenação do cuidado, do vínculo
e continuidade, da integralidade, da responsabilização, da humanização, da
equidade e da participação social.
No âmbito do Programa Telessaúde Brasil, conforme disposto na Portaria
MS n. 2.546/2011 entende-se por teleconsultoria o diálogo, por meio de
instrumentos de telecomunicação, entre profissionais da Área da Saúde
nas quais são esclarecidas dúvidas sobre procedimentos clínicos, podendo
ser de dois tipos: teleconsultoria síncrona ou assíncrona. Na teleconsultoria síncrona o diálogo, por meio de instrumentos de telecomunicação, entre profissionais da Área da Saúde nas quais são esclarecidas dúvidas sobre procedimentos clínicos, é realizado em tempo real, geralmente por web
ou vídeoconferência. Na teleconsultoria assíncrona o diálogo, por meio de
instrumentos de telecomunicação, entre profissionais da Área da Saúde em
Capítulo  21. Os SIGs no contexto da Experiência Brasileira de Telessaúde 215
que são esclarecidas dúvidas sobre procedimentos clínicos, é realizado por
meio de mensagens off-line.
Já a Segunda Opinião Formativa é a unidade composta por pergunta e resposta, resultante de uma teleconsultoria, que passou por avaliação de pares, quanto à sua relevância na Atenção Primária à saúde, e na qual a resposta produzida baseou-se em levantamento bibliográfico, destacando as
melhores evidências científicas e clínicas disponíveis sobre o assunto. Vale
ressaltar que nem todas as teleconsultorias dão origem a Segundas Opiniões Formativas. As teleconsultorias passam por uma avaliação quanto à sua
relevância e pertinência, e entre as questões selecionadas com base nesses
critérios, são elaboradas as Segundas Opiniões Formativas, que passam a
estar disponíveis no Portal do Telessaúde Brasil (www.telessaudebrasil.org.
br). No monitoramento trimestral do programa, conduzido pela Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, contabilizaram-se, no
período de janeiro de 2008 a março de 2011 a realização de 56.075 teleconsultorias. Estão disponíveis no Portal do Programa 643 Segundas Opiniões
Formativas.
São também realizados no âmbito do Programa Telessaúde Brasil exames
de apoio e laudos diagnósticos, principalmente eletrocardiogramas, laudos
de exames radiológicos, exames dermatológicos, oftalmológicos, espirometrias, entre outros. No monitoramento do programa, de janeiro de 2008 até
março de 2011, foram contabilizados 419.691 exames de apoio e laudos.
Quadro 1 – Abrangência e quantitativo dos serviços
prestados pelo Programa Telessaúde Brasil.
Rede e Serviços do Programa
Número
Municípios
937
Pontos de Telessaúde em UBS
1.171
Núcleos de Telessaúde em Universidades
11
Teleconsultorias
56.075
Exames de Apoio
419.691
Segundas Opiniões Formativas
216
643
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
As perguntas frequentes que são selecionadas para a elaboração da Segunda
Opinião Formativa, além de serem respondidas com base em um levantamento bibliográfico e seleção das melhores evidências científicas e clínicas disponíveis, são classificadas em quatro níveis (A, B, C, D) quanto ao grau de evidência da resposta, trazem a informação sobre qual a categoria do profissional
solicitante da pergunta, o nome do teleconsultor e os descritores utilizados no
levantamento bibliográfico. A estrutura e a metodologia de construção da Segunda Opinião Formativa foram desenvolvidas pelo Núcleo de Telessaúde do
Rio Grande do Sul, em parceria com o Centro Latino-Americano e do Caribe de
Informação em Ciências da Saúde (BIREME/PAHO/WHO). A Bireme desenvolveu e é responsável pela gestão do portal e do espaço colaborativo de gestão
dos documentos produzidos pelo Programa Telessaúde Brasil.
A inovação trazida nessa Biblioteca Virtual em Saúde – Atenção Primária à
Saúde (BVS-APS), em relação às demais já criadas, é também verificada no
público-alvo a que se dirige. As BVS em geral destinam-se a consultas por
pesquisadores, enquanto que a BVS-APS dirige-se aos profissionais que atuam diretamente na atenção, e precisam, de forma ágil e efetiva, ter à sua disposição fontes de referência baseadas em evidência para apoiar sua tomada
de decisão. O formato de compilação do conhecimento científico acumulado passa a ser determinado pelas necessidades que emanam do processo de
trabalho das equipes. Além disso, são as necessidades e dúvidas frequentes
que passam a orientar a produção de conteúdos para os cursos e a programação das atividades de formação a serem desenvolvidas. Essa dinâmica
enquadra-se nos conceitos de educação permanente em saúde.
O Portal da BVS APS e Telessaúde Brasil está em operação regular desde
outubro de 2007, alocado em servidor da Bireme no endereço http://www.
telessaudebrasil.org.br e http://www.telessaude.org.br, com acesso on-line
aberto e atualização diária refletindo as inovações, ajustes e novas fontes de
Informação integradas ao portal ao longo de seu desenvolvimento. O Portal
da BVS APS e Telessaúde Brasil tem uma interface de pesquisa e navegação
que abrange e recupera conteúdos de toda a coleção de fontes de informação, de forma integrada.
O Portal Telessaúde Brasil e BVS-APS tem entre seus públicos profissionais
envolvidos em processos de tomada de decisão clínica, da Segunda Opinião
Formativa e de capacitação e atualização das Equipes de Saúde da Família.
Capítulo  21. Os SIGs no contexto da Experiência Brasileira de Telessaúde 217
Figura 1 – Primeira página do Portal BVS APS e Telessaúde Brasil em 7/7/2012.
A BVS-APS e Portal Telessaúde Brasil adotam o modelo de gestão de informação da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) operando em suas três dimensões: Rede Social, Rede de Conteúdos e Rede de Ambientes Aprendizes. Essas dimensões estão representadas na página principal do Portal.
ƒƒ
Rede social: constituída pelas instituições e membros da Rede Telessaúde Brasil e Redes associadas e parceiras.
ƒƒ
Rede de conteúdos: representada pela coleção de fontes e serviços
de informação.
ƒƒ
Rede de ambientes aprendizes: permeia as outras duas redes (social
e de conteúdo).
2. Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS)
A Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS) é constituída por uma rede colaborativa de instituições de ensino públicas e de gestores e serviços de saúde,
com objetivo de produzir e compartilhar material instrucional e cursos para
os profissionais e trabalhadores do SUS.
218
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Atualmente, a UNA-SUS empenha-se especialmente na meta de formar, até
2011, 52 mil profissionais especialistas em Saúde da Família, embora vários
outros cursos estejam sendo oferecidos nas modalidades de especialização
e aperfeiçoamento. Entre eles, a especialização em Saúde Ambiental, oferecida pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Saúde Materno-Infantil e Saúde Mental pela Universidade Federal do Maranhão, especialização e aperfeiçoamento em desenvolvimento gerencial, oferecido pela
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Assistência Farmacêutica, oferecido pela
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
A UNA-SUS é constituída por três elementos:
I. Rede UNA-SUS: rede de instituições públicas de educação superior,
credenciadas pelo Ministério da Educação para a oferta de educação
a distância, nos termos da legislação vigente, e conveniadas com o
Ministério da Saúde para atuação articulada, visando aos objetivos
desse Decreto.
II. Acervo de Recursos Educacionais em Saúde (Acervo UNA-SUS):
acervo público de materiais, tecnologias e experiências educacionais, construído de forma colaborativa, de acesso livre pela rede
mundial de computadores.
III. Plataforma Arouca: base de dados nacional, integrada a sistema
nacional de informação do SUS, contendo o registro histórico dos
trabalhadores do SUS, seus certificados educacionais e experiência
profissional.
A UNA-SUS visa levar a cada trabalhador de saúde oportunidades de aprendizado, como material para autoinstrução, cursos livres e de atualização, cursos
de aperfeiçoamento, especialização e até mesmo mestrados profissionais. O
uso das novas tecnologias de informação e comunicação (NTICS) minimiza a
necessidade de deslocamento da cidade ou da região do trabalhador.
A UNA-SUS possibilita a contribuição de cada instituição de acordo com
as suas potencialidades, sendo estruturada em quatro eixos: produção de
conhecimento, cooperação em tecnologias educacionais, apoio tutorial a
aprendizagem e certificação educacional.
A cultura desenvolvida de compartilhamento, produção colaborativa e reuso do material educacional produzido, eleva a qualidade dos cursos ao mesmo tempo em que evita o desperdício de recursos para o financiamento de
ações educacionais.
Capítulo  21. Os SIGs no contexto da Experiência Brasileira de Telessaúde 219
3. A RUTE, os SIGs e sua articulação com
o Programa Telessaúde Brasil
A bem-sucedida parceria do Programa Telessaúde Brasil com a Rede Universitária de Telemedicina (RUTE) e com a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa
(RNP), à qual a RUTE está vinculada, por meio de um Termo de Cooperação
entre o Ministério da Saúde e o Ministério da Ciência e Tecnologia, tem representado um enorme avanço para o Programa.
A parceria coloca à disposição dos Núcleos de Telessaúde uma infraestrutura de conexão de banda larga, conectando-os entre si e ao mesmo tempo
com a Rede de Hospitais Universitários Federais. A RUTE, agora na sua terceira fase de expansão, estabeleceu para os novos hospitais participantes o
Plano de Trabalho para a integração na rede, que deverá contemplar a participação no Programa Telessaúde Brasil, bem como as ações prioritárias vinculadas à política nacional de saúde, coordenadas pelo Ministério da Saúde.
Um exemplo dessa integração está no Ciclo de Debates que compõe uma
série de atividades formativas e de capacitação destinadas a enfrentar o desafio estabelecido pelo Pacto Nacional de Redução das Desigualdades, que
no caso da Saúde, envolveu a redução em 5% ao ano da mortalidade infantil
nos 17 estados que integram a Amazônia Legal e a Região Nordeste do País.
O Ciclo de Debates, envolvendo temas relacionados foi conduzido pelo Ministério da Saúde, por meio da parceria entre o Telessaúde Brasil e a RUTE,
utilizando aproximadamente 30 pontos de conexão da RUTE em Hospitais e
Maternidade. Trata-se de uma estratégia de atualização profissional, tendo
como público-alvo médicos e enfermeiros, contratados e plantonistas, de
Maternidades, Unidades Obstétricas, Unidades de Terapia Intensiva Neonatal e Unidades de Cuidados Intermediários Neonatal, docentes, estudantes
e residentes dos cursos de Medicina e Enfermagem. Cada evento temático
conta com a participação de um expositor, seguido de uma hora para perguntas formuladas a partir dos pontos de videoconferência. As conferências
podem ser assistidas pela internet no endereço http://www.rute.rnp.br são
também transmitidos por videostreaming.
Outro ciclo de debates foi desenvolvido em 2010, por ocasião da epidemia
da gripe H1N1, sob a coordenação da Secretaria de Vigilância em Saúde
(SVS/MS), como o apoio da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES/MS) e da RUTE. Os profissionais de saúde, especialmente médicos e enfermeiros dos hospitais de ensino de todo o País,
220
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
integrantes da RUTE, puderam receber em primeira mão as informações
referente aos protocolos de prevenção e tratamento adotados pelo Ministério da Saúde, e reportar as dificuldades encontradas, de forma que o Ministério da Saúde que ao identificar os desafios enfrentados pelas equipes
de assistência, puderam, em parceria com os gestores locais, planejar o
apoio à gestão do cuidado, com impacto positivo na atenção à saúde prestada à população.
A RUTE apoia também o trabalho em rede envolvendo outras ações da SGTES,
como a Rede de Escolas Técnicas do SUS, que se reúnem nas salas de teleconferência em diferentes regiões do País para trocar informações e experiências,
fortalecendo as ações da educação profissional de nível médio em saúde.
Outra ação importante ainda envolvendo a SGTES/MS e a Secretaria de
Educação Superior do MEC (SESu/MEC), por meio da Coordenação de Residências, foi a realização de reuniões virtuais periódicas entre a Comissão
Nacional de Residência Multiprofissional em Saúde (CNRMS), os coordenadores de programas nesta modalidade em todo o País e os residentes, favorecendo a manutenção de um canal de comunicação entre os formuladores,
gestores e atores envolvidos nesta ação política. Esta iniciativa possibilitou a
criação do SIG Residências Multiprofissionais.
Figura 2 – Ciclo de debates promovidos pelo Ministério da Saúde e
pela RUTE/RNP para redução da mortalidade infantil, envolvendo
profissionais de saúde em todas as regiões do País.
Capítulo  21. Os SIGs no contexto da Experiência Brasileira de Telessaúde 221
4. A ampliação das ações colaborativas entre
a RUTE/RNP e o Ministério da Saúde para além
da política nacional de formação e educação
permanente dos profissionais de saúde
A Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), à qual se vincula, entre outras
iniciativas, também a RUTE, é responsável pelo Programa Interministerial
MEC/MCT (PIMM) que planeja, implanta e desenvolve a infraestrutura de
rede nacional para educação, pesquisa e inovação. Essa organização social,
vinculada ao MCT, possui contrato de gestão para o desenvolvimento tecnológico de redes avançadas no País.
O Ministério da Saúde considerando os importantes resultados na promoção do uso inovador de redes avançadas, conquistada pelo PIMM, declarou
de seu maior interesse a participação neste Programa, em conjunto com o
Ministério da Educação e com o Ministério da Ciência e Tecnologia.
O arranjo institucional inicial implementado em 2006, por meio de um Termo de Cooperação Técnica entre os Ministérios da Saúde e da Ciência e Tecnologia, possibilitou a integração entre RNP/RUTE e o Programa Telessaúde
Brasil Redes, a qual criou uma iniciativa Nacional em apoio a implantação
do Telessaúde para o desenvolvimento de atividades que integram as ações
programáticas, ampliando as possibilidades de comunicação digital entre as
áreas da saúde e da pesquisa científica e tecnológica com ênfase na implantação de infraestrutura de comunicação, utilizando ferramentas de comunicação e colaboração sob a Internet, que atualmente tem forte presença na
maioria dos municípios brasileiros.
Com a integração do Ministério da Saúde ao Programa Interministerial e da
Rede Nacional de Ensino e Pesquisa, a Secretaria de Gestão do Trabalho e
Educação na Saúde (SGTES) incluiu no seu orçamento as seguintes linhas
de ações 4.655 projetos e 4.671 infraestruturas de redes, como unidades orçamentárias dedicadas à cooperação com a RNP. Este passo representa o reconhecimento da importância não apenas da intersetorialidade na construção política, mas também a do sucesso representado pela cooperação. Em
uma imagem figurada, é como se a RNP construísse os trilhos e o Ministério
da Saúde, nessa parceria, estivesse representado pelo trem que percorrerá o
trajeto proporcionado por essa infraestrutura.
222
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
A inclusão dessas unidades orçamentárias permitiu que os gestores do Ministério da Saúde, sob a coordenação da sua Secretaria Executiva, e ouvindo
as necessidades específicas de cada secretaria finalística, pudesse estabelecer um plano de trabalho ampliado para apoiar de forma integrada e sistêmica, os diversos objetivos estratégicos 2011-2015 do Ministério de Saúde e
não apenas o Telessaúde Brasil Redes ou ações isoladas.
O modelo aqui descrito tem, sem dúvida, potencial para alavancar um sem
número de iniciativas e o fortalecimento do trabalho em rede das ações públicas que envolvem a articulação dos setores da educação, saúde e ciência e
tecnologia. Ainda que a estrada pela frente seja longa e o horizonte distante,
olhar para trás e perceber o caminho já percorrido, deve nos orgulhar e não
nos privar da consciência de que a experiência e o modelo brasileiros estão
entre as experiências mais abrangentes, originais e bem-sucedidas do mundo.
Referências bibliográficas
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Jornal Valor Econômico [20 maio 2011]. Primeiro Caderno, 16 jun. 2010. Disponível
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amplia o Programa Telessaúde Brasil, que passa a ser denominado Programa Nacional Telessaúde Brasil Redes. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2546_27_10_2011.html>.
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224
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Capítulo 22
SIG-APS: O desafio de fortalecer
a Atenção Primária no Brasil
Thiago Dias Sarti
Centro de Ciências da Saúde da
Universidade Federal do Espírito Santo
Marcello Dala Bernardina Dalla
Núcleo Estadual de Desenvolvimento de Recursos Humanos da
Secretaria de Estado de Saúde do Espírito Santo
Maria Inez Padula Anderson
Faculdade de Ciências Médicas da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Adélia Delfina da Motta Silva Correia
Coordenadoria Estadual de Telessaúde/
Secretaria de Estado de Saúde do Mato Grosso do Sul
Marcelo Marcos Piva Demarzo
Departamento de Medicina Preventiva da
Escola Paulista de Medicina
Rosa Carmina de Sena Couto
Universidade Federal do Pará
O Sistema Único de Saúde (SUS), após mais de 20 anos de sua implementação, ainda enfrenta sérios problemas de qualidade e sustentabilidade. Dentre esses, podem ser citados o subfinanciamento crônico, a fragmentação
organizacional, a descontinuidade da atenção, a existência de barreiras de
acesso em tempo oportuno aos serviços de saúde, comprometendo o atendimento com complexidade tecnológica adequada para cada necessidade
de saúde, além da insuficiência e inadequação da formação dos trabalhadores da saúde e as precárias estruturas e processos de gestão do sistema em
seus diversos níveis federativos.
No mundo e no Brasil há consenso de que um dos eixos de enfrentamento desses desafios é o fortalecimento da APS, dada sua potência em organizar e coordenar a atenção à saúde das pessoas, famílias e comunidades, de forma reso-
lutiva e humanizada com maior aceitabilidade, eficiência e efetividade, tendo
como um dos seus principais resultados a redução das iniquidades em saúde.
A Saúde da Família (SF), criada em 1994 e convertida em estratégia de mudança do modelo assistencial brasileiro em 1998, é o principal modelo de
APS em vigência no País, contando com aproximadamente 32 mil equipes
implantadas na quase totalidade dos municípios do País, cobrindo mais de
100 milhões de habitantes, o que significa que mais da metade da população
brasileira tem acesso à SF atualmente. Por outro lado, estudos têm evidenciado que a SF alcança melhores resultados em saúde que modelos tradicionais de APS ainda vigentes no País.
A Política Nacional de Atenção Básica, vigente na Portaria Ministerial n.
2.488, de 21 de outubro de 2011, que substituiu a portaria n. 648, de 24 de
março de 2006, conceitua a APS como:
Um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que
abrange a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o
diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, redução de danos e a manutenção da saúde com o objetivo de desenvolver uma atenção integral
que impacte na situação de saúde e autonomia das pessoas e nos determinantes e condicionantes de saúde das coletividades.
Dentre os avanços alcançados pela SF no Brasil, encontram-se a redução das
taxas de mortalidade infantil e das taxas de internação por condições sensíveis aos cuidados primários em saúde, a expansão do acesso da população
aos cuidados essenciais à sua saúde e a qualificação da atenção a vários problemas e condições de saúde.
Contudo, inúmeros problemas ainda persistem, o que limita sobremaneira as
potencialidades da SF como modelo orientador do sistema de saúde, como:
226
ƒƒ
Falta de profissionais especializados em APS, particularmente médicos de família e comunidade.
ƒƒ
Fragilidade dos processos de gestão do trabalho na APS, incluindo
planos de carreira e salários, remuneração, vínculos empregatícios,
educação permanente e políticas de incentivo por resultado, o que,
dentre outros efeitos, resulta na alta rotatividade de profissionais,
prejudicando a longitudinalidade da atenção e a construção de vínculos com a população.
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
ƒƒ
Precariedade dos mecanismos de articulação da APS com os demais
pontos de atenção, sendo o efeito mais visível às limitações na referência e contrarreferência de pacientes com prejuízo à resolubilidade do cuidado.
ƒƒ
Infraestrutura inadequada de boa parte das unidades de saúde.
ƒƒ
Inadequação e baixa funcionalidade dos processos de trabalho das
equipes, como a baixa qualificação clínica, a pouca integração e a
problemática execução de ações de planejamento das atividades
junto à comunidade.
ƒƒ
Inadequação da gestão e dos modelos de gestão voltados a uma APS
de qualidade, o que contribui para a valorização da produtividade,
em detrimento da qualidade, além da valorização de práticas assistenciais baseadas em programas verticais, focados no atendimento
a doenças, alijados da abordagem centrada na pessoa, da integralidade e do paradigma biopsicossocial.
ƒƒ
Políticas de saúde irregulares e insuficientes em relação ao desenvolvimento e qualificação da Saúde da Família como modelo universalmente valorizado de APS, levando a descaminhos processuais que
trazem incertezas e perdas.
O cenário mostra o avanço na estruturação da APS e do SUS no País, embora
ainda há o que fazer.
A Educação Permanente e as tecnologias
de informação no SUS e na APS/ESF
A Constituição Federal de 1988, no inciso III do artigo 200, atribui ao SUS a
competência de ordenar a formação na Área da Saúde. Desde então, a educação na saúde passa a fazer parte das atribuições finalísticas do sistema e
várias são as iniciativas adotadas por diferentes governos nesta área.
A Portaria GM/MS n. 1.996, de 20 de agosto de 2007, que dispõe sobre as
diretrizes para a implementação da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde, institui e atribui às Comissões Permanentes de Integração
Ensino-Serviço (CIES) o papel de:
Capítulo  22. SIG-APS: O desafio de fortalecer a Atenção Primária no Brasil227
ƒƒ
Incentivar a adesão cooperativa e solidária de instituições de formação e desenvolvimento dos trabalhadores de saúde aos princípios, à
condução e ao desenvolvimento da Educação Permanente em Saúde, ampliando a capacidade pedagógica em toda a rede de saúde e
educação.
Mais recentemente, o Programa Telessaúde Brasil foi construído no intuito
de colaborar no atendimento a este e outros propósitos da Educação Permanente em Saúde, contribuindo para a incorporação das ferramentas de
Tecnologia de Informação no cotidiano dos serviços públicos de saúde, particularmente das unidades de APS/ESF.
Neste mesmo sentido, a RUTE busca a utilização de aplicativos que demandam mais recursos de rede e o compartilhamento dos dados dos serviços
de Telemedicina dos hospitais universitários e instituições de ensino e pesquisa participantes da iniciativa. Em um segundo momento, a RUTE leva os
serviços desenvolvidos nos hospitais universitários do País a profissionais
que se encontram em cidades distantes, por meio do compartilhamento de
arquivos de prontuários, consultas, exames e Segunda Opinião.
Desta forma, a RUTE estimula a integração e a colaboração de profissionais
de saúde e IES com a proposição e articulação de Grupos de Interesse Especial (Special Interest Groups – SIGs), sendo o SIG-APS um dos mais recentes.
O SIG Atenção Primária à Saúde (SIG-APS)
É no olho deste furacão que se propõe a formação do SIG-APS como forma de promover a atualização e a difusão dos conhecimentos científicos na
área de Atenção Primária à Saúde e da Medicina de Família e Comunidade, utilizando recursos de tecnologia da informação e educação a distância.
Trata-se de constituir um grupo, formado por profissionais de saúde da área
da gestão, assistência e formação no campo da APS, que produza saberes e
ações que contribuam para o seu fortalecimento no Brasil. E essa é a meta
principal desse SIG.
Em 2010, sob a coordenação da Unifesp, deu-se início as atividades do SIG
Gestão de Programa de Atenção Básica e Saúde da Família. Os principais
temas trabalhados naquele ano foram:
ƒƒ
228
Modelos de gestão da Atenção Básica.
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
ƒƒ
O papel da Atenção Básica nas Redes de Atenção à Saúde.
ƒƒ
Planejamento em APS.
ƒƒ
Estratégias de capacitação dos profissionais e agentes de saúde.
ƒƒ
O papel dos Hospitais Universitários no suporte à APS e Telessaúde.
ƒƒ
Programas de Saúde, como atenção ao idoso, ao paciente com hipertensão arterial e diabetes mellitus e atenção em saúde bucal.
Havia uma proposta anterior para criação de um SIG em APS, que não foi à
frente e em 2011, surgiu a proposta de iniciarmos um SIG específico sobre
Medicina de Família e Comunidade. Como os três movimentos eram congruentes, foi proposto pela coordenação da RUTE a união destas iniciativas
em um único SIG, evitando assim a fragmentação das ações e a perda de
potência dos grupos. Surge assim o SIG Atenção Primária à Saúde, tendo
iniciado suas atividades no início de setembro de 2011 sob a coordenação da
UFES. Suas reuniões ocorrem sempre nas primeiras quintas-feiras de cada
mês, de 15h30 às 17h.
O SIG-APS tem como instituições participantes:
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Universidade Federal do Espírito Santo
ƒƒ
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
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Universidade Federal de São Paulo
ƒƒ
Universidade Federal de Minas Gerais
ƒƒ
Universidade Federal de Pernambuco
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Universidade Federal do Rio de Janeiro
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Universidade Federal do Rio Grande (FURG)
ƒƒ
Universidade Federal de Pelotas
ƒƒ
Universidade de Brasília
ƒƒ
Universidade Federal do Pará
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Universidade Federal de Campina Grande
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Universidade Federal do Rio Grande do Sul
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Universidade Federal de Juiz de Fora
Capítulo  22. SIG-APS: O desafio de fortalecer a Atenção Primária no Brasil229
ƒƒ
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
ƒƒ
APS Santa Marcelina
ƒƒ
Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul
ƒƒ
Secretaria de Estado de Saúde do Espírito Santo
A principal característica deste SIG é sua preocupação em articular teoria e
prática, sendo estimuladas discussões de temas que atravessam o cotidiano tanto da gestão quanto das equipes de saúde, tendo como meta refletir
e produzir conhecimento que afete a organização das práticas de todos os
atores envolvidos com a APS.
Parte do pressuposto que um dos problemas da Saúde da Família é a pouca
valorização da Clínica como espaço potente de orientação das práticas de
saúde dos profissionais e como eixo de legitimação da APS junto aos usuários dos serviços de saúde, entendendo-a como cuidado integral e longitudinal às pessoas em seu contexto familiar e comunitário.
Neste sentido, em todos os encontros, os temas são pensados e estruturados
de forma a ampliar nossa compreensão dos modos como gestão e processos
de trabalho devem se articular com o fim de produzir vínculo, satisfação e
resolubilidade.
De forma operacional, são intercalados temas relacionados à APS com a
discussão de casos concretos vivenciados no cotidiano de profissionais de
saúde que participam das reuniões, buscando-se nessas discussões a integração dos conteúdos trabalhados com a prática clínica cotidiana.
Por isso é estimulada a participação de profissionais de serviços de saúde
vinculados às IES e demais instituições participantes do SIG, residentes de
medicina de família e comunidade e de outras áreas, bem como estudantes
de graduação dos mais diversos cursos da Área da Saúde, além de professores e outros profissionais. Essa diversidade e troca de experiências entre
profissionais com diferentes tipos de inserção na APS tem sido uma marca
interessante do SIG-APS.
Até o momento, nossas discussões contemplaram:
230
ƒƒ
Discussão de casos complexos oriundos do cotidiano de serviços de
APS, onde foi possível dialogar sobre as especificidades da clínica na
APS e sobre abordagem familiar e comunitária.
ƒƒ
Interculturalidade e Competência Cultural na APS.
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
ƒƒ
A coordenação das Redes de Atenção pela APS.
ƒƒ
A política nacional de atenção básica, com a presença do diretor do
Departamento de Atenção Básica (DAB-MS).
ƒƒ
Estratégias macropolíticas de fortalecimento dos processos de trabalho das equipes de saúde.
Dificuldades na organização do SIG-APS
Apesar dos avanços observados, o SIG enfrenta alguns desafios desde sua
origem. O principal deles foi e continua sendo a discussão sobre o papel
de um SIG destinado ao debate sobre APS no âmbito do SUS e, mais especificamente, no interior das IES, SES e da RUTE. A questão de encontrar os
caminhos que fizessem com que o SIG ganhasse um sentido e uma importância específica na estruturação da APS no Brasil é algo que sempre se faz
presente nas reuniões do grupo de trabalho. O grupo entende a importância
de termos ações com resultados concretos de forma a estimular ainda mais
a participação dos membros do SIG, mas estas questões permanecem em
aberto.
Este primeiro comentário nos leva a um segundo desafio, talvez comum a
todos os SIGs: a participação nas reuniões mensais. Apesar de termos 17
instituições cadastradas, as reuniões contam com uma média de cinco entidades presentes, sendo que o número de participantes por núcleo tem sido
baixo. Mesmo assim, destacamos a participação de estudantes de graduação e residentes em alguns núcleos como um ponto positivo que merece
destaque. No intuito de aumentarmos a participação, comunicados foram
enviados às mais diversas instituições que contam com alguma estrutura de
APS, mas o resultado foi tímido, sugerindo que precisamos pensar em outras
estratégias juntos às IES para divulgar o SIG e aumentar a participação em
suas reuniões.
Outra questão importante é a atualização do site do SIG-APS e a divulgação
do mesmo. Desde o início temos a consciência da importância de se manter
uma memória de nossas reuniões no site, o que incluiria as gravações dos
encontros e uma ata, permitindo o acesso posterior às suas discussões.
Um público de grande interesse tem pequena possibilidade de participar
devido ao horário, que ocorre bem no meio da tarde em que muitas equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF) se encontram em plena atividade.
Capítulo  22. SIG-APS: O desafio de fortalecer a Atenção Primária no Brasil231
Mesmo com o argumento que o SIG é mensal, sabemos que na prática os
gestores não autorizam a liberação e mesmo o deslocamento.
Paradoxalmente o Ministério da Saúde tem incentivado projetos de integração ensino e serviço, como PET-Saúde e Pró-Saúde, o que exige a ruptura de
barreiras que existem mesmo no meio virtual, não reconhecendo o serviço
como parte de uma rede que inclui instituições de ensino como é o caso da
RUTE. Esse problema começou a ser superado com a abertura e divulgação
do link, mas ainda não é possível interação ao vivo por questões técnicas.
Perspectivas para o SIG-APS
Frente aos desafios enumerados, algumas ações foram planejadas de forma
a fortalecer o vínculo dos membros com o SIG, dar maior potência às suas
atividades e expandi-lo. Podemos citar, dentre as intervenções pensadas, as
seguintes:
232
ƒƒ
Melhoria do portal on-line do SIG-APS, agregando a memória das
reuniões e outros materiais de subsídio, como artigos e textos sobre
os temas discutidos; maior utilização das ferramentas do portal da
RUTE, como blog e fóruns.
ƒƒ
Produção de material escrito a cada reunião; o acúmulo de material
poderia, além de alimentar o site, gerar uma publicação do SIG (e-book) e/ou artigos (fomentar parceria com a Revista Brasileira de
Medicina de Família e Comunidade).
ƒƒ
Pensar em distintas maneiras de construção das reuniões, principalmente no que se refere à discussão de casos complexos, de forma a
torná-las atrativas para os diferentes atores membros (professores,
gestores, estudantes, residentes etc.).
ƒƒ
Fortalecer a ideia do SIG como um espaço de integração ensino-serviço; sendo importante a participação de serviços que desenvolvem
atividades do PET-Saúde e Pró-Saúde nas ações da RUTE.
ƒƒ
Desenvolvimento de cursos virtuais destinados a residentes de primeiro ano em Medicina de Família e Comunidade sobre os princípios gerais da APS e da especialidade; tais cursos podem incluir
residências multiprofissionais (até o momento encontramos dificuldade no financiamento de tal empreendimento).
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
ƒƒ
Desenvolver cursos para preceptores em serviços que recebem estudantes do PET-Saúde ou Pró-Saúde.
ƒƒ
Melhorar a articulação do SIG com outros países (p. ex.: Uruguai) e
com o Telessaúde Brasil Redes;
ƒƒ
Aproximar o SIG-APS do Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde e dos demais SIGs, como o SIG Saúde Indígena e o de
Pediatria.
ƒƒ
Aproximar o SIG-APS dos fóruns de discussão e pactuação do SUS,
especialmente das Comissões de Integração Ensino Serviço (CIES).
Considerações finais
O SIG-APS pode desempenhar importante função junto às IES e APS brasileira desde que suas ações tenham sentido no conjunto de atividades que se
orientam para o fortalecimento do SUS. O SIG-APS traz como importante
contribuição a articulação de discussões sobre gestão do sistema de saúde
com a clínica da APS, promovendo um diálogo entre práticas frequentemente vistas de forma isolada. Articulá-lo a outras instituições e promover uma
melhor divulgação de suas ações poderão promover uma maior participação
dos membros nas reuniões e potencializar suas discussões e intervenções.
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234
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Capítulo 23
SIG Tel@ rBLH: Conectividade em busca
de conhecimento
João Aprígio Guerra de Almeida
Angélica Baptista Silva
Centro de Referência Nacional da Rede de
Bancos de Leite Humano
Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e
do Adolescente Fernandes Figueira /FIOCRUZ
Telessaúde é um conceito polissêmico, derivado do termo Telemedicina
(KOCH, 2006; SCOTT e SAEED, 2008; BASHSHUR, SHANNON et al., 2011).
Sob o enfoque da saúde coletiva, a telessaúde pode ser considerada como
qualquer atividade em rede, mediada por computação, que promove o encontro e o intercâmbio de conhecimento entre o serviço de saúde e a pesquisa (SILVA, 2013).
Por isso, a Telessaúde abrange oferta de serviços ligados aos cuidados com
saúde, nos casos em que distância e tempo são fatores críticos. Atividades de
telessaúde envolvem serviços providos por profissionais de saúde, usando
as TICs para o intercâmbio de informações válidas para diagnóstico, prevenção e tratamento de doenças e a contínua educação de prestadores de
serviços em saúde, assim como, para fins de pesquisas e avaliações; tudo no
interesse de melhorar a saúde das pessoas e das comunidades.
Em novembro de 2009, foi criado o SIG TeleRedeBLH – Tele Rede de Bancos
de Leite Humano, tendo como instituição coordenadora a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) – (Instituto Fernandes Figueira/Instituto de Comunicação
e Informação Científica e Tecnológica em Saúde/Centro de Referência Nacional para Bancos de Leite Humano).
Bancos de Leite representam uma solução de eficácia comprovada para lactentes que não dispõem de aleitamento materno e dependem prioritariamente de leite humano ou do colostro para a sua nutrição como, por exemplo, os prematuros (GUERRA DE ALMEIDA; DA SILVA MAIA et al., 2006). No
Brasil, têm como propósito serem centros de promoção de aleitamento materno, da saúde da mulher e da criança, afinados com a Reforma Sanitária e
com os princípios do Sistema Único de Saúde (ALMEIDA; MAIA et al., 2006).
O objetivo do SIG é executar ações de Telessaúde, estimulando a apropriação de conhecimento e educação permanente a fim de garantir que toda
criança recém-nascida, seja qual for a condição em que venha ao mundo,
tenha acesso ao leite materno e suas benesses.
Com 203 BLH cadastrados (e 15 em fase de implantação), a Rede de Bancos de
Leite do Brasil é considerada a maior e mais complexa do mundo em um País.
Resultados da produção de serviços e produtos para o quadriênio 2006-2010
evidenciam impactos positivos de sua atuação no campo da saúde materno infantil. Neste período foram atendidos aproximadamente 675 mil recém-nascidos prematuros e realizados 5.944.706 atendimentos. Esta ampliação provocou
mudanças na concepção gerencial e na forma de atuação. Assim a confluência
de ações coordenadas que priorizam qualificação e gestão participativa tem garantido o oferecimento de um produto que atende os requisitos de qualidade.
Nesse sentido os Centros de Referência Estaduais são fundamentais para
implementar as ações estratégicas apontadas nas instâncias colegiadas da
Rede BLH e deliberadas pelos gestores da política de saúde. Como parte
dessas ações, os coordenadores dos centros de referência estaduais participaram de oficina de trabalho, em que foram treinados para utilizar as potencialidades da ferramenta de webconferência disponibilizada pela RUTE.
Em agosto de 2011, o SIG TeleRedeBLH se tornou o Grupo de Interesse Especial da Rede Universitária de Telemedicina, SIG Tel@ rBLH/RUTE, reunindo além das 27 unidades federadas brasileiras, os 23 Países do Programa
Iberoamericano de Bancos de Leite Humano e a Rede Brasileira de Bancos
de Leite Humano, se configurando na maior rede eletrônica com cobertura
mundial dedicada ao tema.
A Telessaúde da rBLH, entre outras ações do IFF, se direciona à disseminar
e suportar a pesquisa translacional relevante para os sistemas de saúde na
segurança alimentar e nutricional perinatal, bem como, à saúde da mulher
no período da maternidade. O artigo em questão narra a experiência do SIG,
delineando a metodologia de trabalho utilizada, os resultados parciais e algumas perspectivas futuras.
Material e métodos
Este estudo exploratório com breve relato de caso descreve duas grandes linhas de implantação da Telessaúde na Rede Internacional de Banco de Leite
236
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Humano, em que a RUTE tem papel fundamental no fornecimento de infraestrutura de conexão:
1. Fortalecimento da Rede BLH no território brasileiro por meio do intercâmbio de conhecimento em pesquisa translacional no campo
das tecnologias empregadas nos bancos de leite e na promoção do
aleitamento materno. Organização política e estrutural da rede.
2. Ampliação do espaço de intercâmbio do conhecimento no âmbito
do aleitamento materno e dos bancos de leite humano na América
Latina, Caribe, Península Ibérica e África.
Resultados
Quanto à primeira linha, foram organizadas reuniões periódicas mensais
por webconferência com as lideranças estaduais brasileiras por região, após
treinamento presencial em Brasília. Nelas, necessidades regionais são problematizadas, criam-se agendas de gestão local, entre outras atividades. Para
memória desta ação, um canal especial da Rede BLH no Youtube foi gerado,
além de uma estratégia específica nas redes sociais, que visa estimular o uso
das ferramentas de Telessaúde e a interação entre todos os bancos de leite.
Figura 1 – Canal de vídeos da Rede BLH dissemina discussões do
SIG, experiências internacionais e as transmissões de eventos.
Capítulo  23. SIG Tel@ rBLH: Conectividade em busca de conhecimento 237
Por se tratar de tecnologia com custo elevado, as videoconferências do SIG
nos pontos RUTE são tratadas como um espaço nobre, desenvolvidas especialmente como momento de divulgação científica de descobertas e inovação no que diz respeito ao leite humano e ao aleitamento materno com diversas mesas temáticas e expositores. Já quanto à segunda linha, está sendo
desenvolvido um sistema de informação com fins de homologação a distância dos Pontos RUTE no que diz respeito às tecnologias de webconferência e
videoconferência, de maneira que os bancos de leite nos 23 Países, independente de possuírem infraestrutura de redes e informática avançada, possam
participar das atividades, minimizando os ajustes técnicos complexos. O
sistema está em testes de usabilidade, envolvendo, além do Brasil, México e
Venezuela. Vale ressaltar também que experiências em educação a distância
com a RUTE foram executadas ao longo de 2011, com a participação ativa do
Hospital Agostinho Neto, em Praia, Cabo Verde.
Figura 2 – Profissionais da Fiocruz em encontro por webconferência do
Ciclo de Diálogos Brasil-Cabo Verde,2011, no IFF, Rio de Janeiro.
Figura 3 – Profissionais do Hospital Agostinho Neto, acompanhando a
webconferência no Ciclo de Diálogos Brasil-Cabo Verde, 2011, em Praia.
238
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Como resultados quantitativos de 2012, destacamos a realização de 83 reuniões por webconferência agendadas para o ano. Dentre as quais, 90% se
concretizaram com cerca de 350 participantes dos bancos de leite no território. Destaca-se o curso on-line por webconferência, que foi executado para
capacitar profissionais da região amazônica, designados para as novas unidades de terapia intensiva neonatais, instaladas pelo Ministério da Saúde.
Essa ação potencializou o esforço governamental a fim de cumprir as metas
na Amazônia Legal do Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal no âmbito do Sistema Único de Saúde brasileiro.
Outro resultado de natureza qualitativa relevante é o processo de incorporação da infraestrutura de Telessaúde como suporte das ações de educação à
distância na Rede BLH, que está em curso e já faz parte da agenda cotidiana
de todas as 28 referências nos estados.
Discussão
Dentre as perspectivas planejadas, figura como componente da segunda
fase de implantação dos bancos de leite humano nos Países, cursos, palestras e atividades em geral de troca de conhecimento científico e tecnológico
estão previstos, usando opções de conectividade digital, disponíveis – como,
por exemplo, videoconferência, webconferência e telepresença – com o desenvolvimento da tecnologia da informação e comunicação (TIC), voltada
para a saúde.
Iniciativa que merece relevo, já em curso no Centro de Referência Nacional
da Rede de Bancos de Leite Humano, é a de identificar indicadores de impacto das ações de telessaúde desenvolvidas no âmbito da RUTE na qualidade de atendimento dos BLH no território brasileiro através dos Programas
de Credenciamento e Certificação dos Bancos.
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Capítulo  23. SIG Tel@ rBLH: Conectividade em busca de conhecimento 239
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de Políticas Públicas Favorables a la Salud Materno-infantil, v. 32, n. 3, 2006. ISSN
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How. Bellagio: The Rockefeller Foundation, 2008.
SILVA, A. B. Política pública, educação, tecnologia e saúde articuladas: como a telessaúde pode contribuir para fortalecer o SUS? 2013. 190 f. Tese (Doutorado em Saúde
Pública) – Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/Fiocruz), Rio de Janeiro, 2013.
240
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Capítulo 24
SIG em Educação Médica:
Atividades, Impactos, usos e perspectivas
José Diniz Junior, Ricardo Valentim, Monica Fernandes Bertim,
Afonso Xavier Gomes Silva e Rosiane Viana Zuza Diniz
Hospital Universitário Onofre Lopes
Laboratório de Inovação em Saúde da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
I. Delineamento do SIG em Educação Médica
Objetivo
Promover a interação e a atualização entre educadores da saúde, utilizando
as tecnologias de informação e comunicação (TICs).
Escopo
O Grupo Especial de Interesse em Educação Médica (SIGEM) conta com a
participação de docentes de diversas profissões da área da saúde, que desempenham suas funções docentes em Instituições de Ensino Superior
(IES), realizando reuniões mensais, inicialmente, por videoconferência,
com palestrantes, para relato de experiências e discussão de artigos reconhecidos na área de educação médica.
Pesquisa
Estimular e apoiar a pesquisa na educação médica, no contexto do ensino-aprendizagem, principalmente integrando o ensino, a pesquisa e a extensão no SUS.
Educação
Promover a melhora do processo ensino-aprendizagem nas instituições
de ensino superior, compartilhando ferramentas, conhecimentos e apoio
interinstitucional.
Assistência
Fortalecer a prestação de serviço qualificada na rede básica do SUS e o próprio processo educativo na Atenção Primária como prioridade para a formação dos profissionais da saúde.
II. Histórico
a) A ideia
O SIGEM foi idealizado durante o curso de especialização em educação médica ministrado pelo Instituto Regional da Foundation for Advancementof
Medical Educationand Research (FAIMER Brasil), quando um grupo de docentes pensava uma forma de compartilhar suas expertises em um projeto
colaborativo de âmbito nacional. O cerne da questão era criar algo colaborativo, interativo, com bom nível acadêmico-científico, diversificado, regular,
revisado por pares e baseado na prática, que pudesse ser disponibilizado
para atividades interinstitucionais e multiprofissionais. Dito isso, como tínhamos a coordenação médica da RUTE na UFRN, propusemos a criação
do SIG dentro da RedeRUTE, onde as questões referentes à educação das
profissões da saúde poderiam ser abordadas.
b) A criação (conteúdo e participantes)
A estratégia inicial foi, portanto, a criação do SIGEM na RUTE, ou seja, dentro
dos Hospitais Universitários e de ensino, usando as modernas salas de videoconferências, montadas pela Rede Nacional de Pesquisa (RNP) em parceria
com o Ministério da Ciência e Tecnologia. Optamos pela realização do SIG
em horário neutro, das 11h às 12h, para possibilitar a participação do maior
número de instituições possível, estratégia importante para divulgação da
atividade pretendida. O fato do SIG acontecer apenas uma vez por mês permitiu que houvesse maior participação, sem que a atividade sistemática ficasse enfadonha. Outro aspecto importante foi a definição dos temas e dos
responsáveis pela apresentação ao longo do ano. Após consulta aos representantes das IES interessadas em participar da atividade, definimos que os temas norteadores do último congresso brasileiro de educação médica seriam
estratégicos para orientar as apresentações, ficando sob a responsabilidade
do representante da Instituição especificar o enfoque desta, considerando
a expertise local. Sendo assim, foram definidos os seguintes temas centrais:
1. Educação a distância.
2. Humanização.
3. Integração básico-clínica.
4. Ética.
242
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
5. Integração ensino-serviço.
6. Avaliação.
7. Mérito acadêmico.
8. Ensino da urgência em saúde.
9. Políticas da gestão e educação em saúde.
10. Tecnologia de informação em saúde.
c) O início do SIG
A primeira atividade do SIGEM ocorreu em março de 2010, tendo como Instituição responsável a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN),
sob a coordenação do professor Dr. José Diniz Junior, e contou com a participação de quatro Instituições de Ensino Superior (IES) e aproximadamente 20 indivíduos. Em função do ineditismo da atividade, foram realizadas
ligações telefônicas para os moderadores e coordenadores locais, visando
reforçar a importância deste primeiro encontro. Optamos por utilizar 15
minutos iniciais para apresentação geral do tema e reservar os 45 minutos
restantes para discussão e relato de experiência entre os participantes. A agilidade e dinâmica do processo, bem como a possibilidade de interação com
indivíduos com experiências diversas em todo o País, geraram interesse e
motivação crescentes para participação dos presentes nas atividades subsequentes. Relatos dessa atividade exitosa em grupos de educação a distância no âmbito das instituições de ensino, congressos e rede de assistência,
proporcionaram interesse de outras instituições em participar da atividade.
A etiqueta em vídeo e webconferência deve fazer parte do cronograma das atividades, tendo em vista a importância e o desconhecimento sobre detalhes
simples, porém extremamente relevantes para o sucesso de qualquer SIG. No
SIGEM a coordenadora técnica da RUTE/UFRN, Mônica Bertim, é a responsável por esta atividade que reforça, com linguagem simples, como usar a tecnologia de informação e o que deve ser pactuado durante a atividade como:
sempre considerar que estamos sendo vistos, ouvidos, filmados e gravados,
e que existe um atraso (delay) entre uma pergunta e a resposta; e que o coordenador-geral deve estar atento e estimular a participação de todos, inclusive
monitorando eventuais dificuldades técnicas e o tempo da atividade.
Capítulo  24. SIG em Educação Médica: Atividades, Impactos, usos e perspectivas243
III. Ampliação da experiência inicial
As atividades do SIGEM aconteceram, nos meses subsequentes, com um
número crescente de participantes. Durante o primeiro ano de atividades,
os encontros eram lembrados pelo coordenador geral através de e-mail e/ou
contato telefônico com o responsável pelo encontro do mês, além da agenda
virtual da RUTE. Na expectativa de ampliar a utilização da tecnologia dura,
presente nos Hospitais Universitários Brasileiros onde a RUTE está inserida,
para interação como todos os profissionais e, em especial, os com atuação
na atenção básica no Sistema Único da Saúde (SUS), decidimos realizar o
SIGEM em formato de webconferência e não somente em formato de videoconferência, aumentando, desta forma, a abrangência do mesmo.
Com o desenvolvimento do SIG ficou patente à similaridade dos objetivos
de duas iniciativas estimuladas pelo governo federal: a Telessaúde (Ministério da Saúde) e a RUTE (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação).
Assim, deu-se início a fase integração dessas iniciativas, sendo a forma de
coordenação proposta pelos professores da Universidade Federal do Ceará
(UFC) Henry Campos e Luiz Roberto. Mantendo-se o formato colaborativo
do SIGEM, passamos a privilegiar as experiências exitosas locais, com a mudança da coordenação-geral de acordo com a atividade do mês. Com isso, a
expertise local pôde ser evidenciada, ficando a critério do coordenador geral,
convidar um participante externo, com reconhecida expertise no assunto a
ser abordado, para apresentação geral do tema, nos 15 minutos iniciais do
encontro.
IV. Futuro
O SIGEM está sendo ampliado para os Países da América Latina, sendo a
Colômbia, com a coordenação local do professor Francisco Lamus, diretor
do programa de Medicina de Família e Comunidade da Universidad de La
Sabana, o primeiro País a fazer parte do mesmo.
Outra iniciativa de ampliação do SIGEM é integrar os participantes de atividades afins, como os cursos da UNASUS, das pós-graduações em ensino
na saúde, dos cursos de desenvolvimento de preceptores da Associação Brasileira de Educação Médica (ABEM) e demais afiliada ao Fórum Nacional
244
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
de Educação das Profissões na Área de Saúde (FNEPAS). Além disso, pretendemos disponibilizar os vídeos em formato de computação móvel, como
forma de aumentar a adesão dos participantes, capilarizar e democratizar
ainda mais o acesso ao SIGEM.
Agradecimentos
Aos professores João Campos (Universidade de Londrina), Rosana Vilela
(Universidade Federal de Alagoas), Denise Herdy (Universidade Estadual do
Rio de Janeiro), Marta Meneses (Escola Bahiana de Medicina), Luiz Roberto
(Universidade Federal do Ceará), Alessandra Naghettini e Edna Regina Pereira (Universidade Federal de Goiás) pelo apoio e participação assídua nas
atividades do SIGEM.
Aos professores Maria José Vilar, Francis Tourinho, Marise Freitas, Elaine
Medeiros e George Dantas (Universidade Federal do Rio Grande do Norte)
pelo apoio e suporte local às atividades do SIG.
Ao Programa Faimer Brazil pelo exemplar desenvolvimento de competências
pedagógicas para profissionais da saúde e apoio incondicional ao projeto.
A todos os membros da RUTE, em especial ao professor Luiz Ary Messina e
Thiago Lima Verde pelo empenho e compromisso para que o SIGEM tornasse uma realidade.
Referências bibliográficas
RUTE. Rede Universitária de Telemedicina. Disponível em: < http://rute.rnp.br/
web/rute/eventos>. Acesso em: 29 jun. 2012.
BEHRING, L. P. B.; MONTEIRO, A. M. V.; BEHRING, M. A.; MESSINA, L. A.; SANTORO,
D. C.; ASSAD, L. Rede universitária de telemedicina (RUTE) – o sig de enfermagem
intensiva e de alta complexidade diminuindo distâncias geográficas e aumentando o
conhecimento. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE TELEMEDICINA E TELESSAÚDE,
E DO II WORKSHOP DO LABORATÓRIO DE EXCELÊNCIA E INOVAÇÃO EM TELESSAÚDE – AMÉRICA LATINA E EUROPA, 2009.
Capítulo  24. SIG em Educação Médica: Atividades, Impactos, usos e perspectivas245
MCT, MEC e MS, Seminário “Os Hospitais Universitários e a Integração Educação,
Saúde e Ciência e Tecnologia”, 1-2/08/07, Brasília. Workshops de Telemedicina e Telessaúde promovidos pelo Conselho Federal de Medicina nas regiões do Brasil: Norte, Março 2007, Manaus; Nordeste, Maio 2007, Recife; Central, Julho 2007, Brasília, e
os Congressos da SBIS, Abrahue e do CBTMS em 2006/-7/-8/-9.
KAVAMOTO, C. A.; CHAO, L. W.; BATTISTELLA, L. R.; BÖHM, G. M. A Brazilian Model
of Distance Eucation in Physical Medicine and Rehabilitation Based on Veoconferencing and Internet Learning. J Telemed and Telecare, n. 11(Supp1), p. 80-82, 2005.
FAIMER BRAZIL. Foundation for Advancement of International Medical Education
and Research-Brazilian Regional Institute. Disponível em: <http://brasil.faimerfri.
org/about-faimer/>. Acesso em: 29 jun. 2012.
246
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Capítulo 25
SIG Endoped: Relato de experiências
em Endocrinologia Pediátrica
Ricardo Fernando Arrais
Departamento de Pediatria da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
A Rede Universitária de Telemedicina (RUTE) tem como um de seus objetivos primordiais a integração de centros universitários no Brasil, através
do uso de tecnologias da informação. O fato de possuirmos uma dimensão
continental, e uma grande assimetria na distribuição de centros formadores
e assistenciais terciários, torna a iniciativa do MS/MCTI de grande relevância no cenário nacional.
A disponibilização de uma estrutura física de comunicação eletrônica de
maior capacidade e alcance vem proporcionando uma crescente expansão dos núcleos participantes, inicialmente restritos aos maiores centros
universitários brasileiros, principalmente no Sudeste e Sul, mas agora incorporando muitos centros secundários em todo o território nacional. A
existência desta estrutura, aliada ao fato de existirem ainda poucos núcleos
formadores na área de endocrinologia pediátrica no Brasil, restritos a grandes centros, também prioritariamente localizados nas regiões Sudeste e Sul,
tornou a iniciativa para a criação de um fórum virtual na especialidade uma
ação de potencial utilidade e interesse.
A partir da participação em fóruns e conselhos da especialidade, principalmente o Departamento Científico de Endocrinologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, que também tem como missão a integração e estímulo para
organização dos serviços da especialidade em território nacional, surgiu a
oportunidade de congregar os centros envolvidos na criação de mais um
SIG (Special Interest Group – Grupo de Interesse Especial), atividade prioritária dentro da RUTE, direcionado para a especialidade e suas demandas
em nosso País.
Criação do SIG Endoped
A partir no núcleo central do Departamento Científico de Endocrinologia
da Sociedade Brasileira de Pediatria (DCE-SBP), presidido pelo professor
Gil Guerra Jr. (Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP – SP), houve
a proposição inicial, formulada em reunião do departamento em abril de
2011, para estruturarmos um SIG de endocrinologia pediátrica, inicialmente verificando com os membros do departamento a situação de implantação
de salas de VC em suas respectivas instituições. O diagnóstico inicial mostrou que apesar de muitos membros pertencerem a instituições já com salas
de VC da RUTE homologadas e operacionais, o recurso não estava sendo
efetivamente disponibilizado, por dificuldades pontuais diversas (acessibilidade, conflitos de agenda, entre outros). Dessa forma, após deliberações
dentro do DCE-SBP, no final do primeiro semestre de 2011 foi constituído o
núcleo inicial do SIG, nominalmente constituído por coordenadores locais
da UFRN, Universidade Federal da Bahia (UFBA) (assumindo respectivamente a coordenação e vice-coordenação do SIG), Unicamp, Universidade
de Brasília (UnB), Universidade Federal do Paraná (UFPR) e a Irmandade da
Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre (ISCMPA/RS). Após o registro do
SIG, foi proposta a programação mensal de atividades, consistindo em uma
reunião mensal, com uma hora de duração, para a qual foi colegiadamente
construída uma programação preliminar (Tabela 1). A partir do início das
atividades a divulgação das atividades programadas tem sido realizada no
sentido de buscar a ampliação da participação de centros terciários, e mesmo uma efetiva participação dos centros já cadastrados.
Tabela 1 – Programação inicial do SIG de Endocrinologia Pediátrica (2011).
248
DATA
HORÁRIO
TEMA
Conferencistas
Debatedor/
moderador
19/09/2011
11:00 – 12:00
Protocolo de uso
de análogos de
insulina
Crésio Alves (UFBA)
Ricardo Arrais
(UFRN)
17/10/2011
11:00 – 12:00
DDS (Distúrbios
da diferenciação
sexual)
Gil Guerra Jr.
(Unicamp)
Crésio Alves (UFBA)
21/11/2011
11:00 – 12:00
Discussão de casos
Ricardo Arrais
(UFRN)
Luiz Claudio Castro
(UNB)
19/12/2011
11:00 – 12:00
Discussão de casos
Luiz Claudio Castro
(UNB)
Gil Guerra Jr.
(Unicamp)
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Descrição das atividades realizadas
Desde o início das atividades, a busca por maior participação de todos os
membros tem sido a tônica do grupo, desde a escolha de temas, a forma de
apresentação, e as discussões sobre os tópicos abordados. Como toda atividade em fase inicial, os ajustes, desde a melhor forma de apresentar os dados, incluindo uma formatação de apresentações que facilite a visualização
de imagens, até o esforço de uma boa divulgação entre outros profissionais
da área, tem sido necessários e fazem parte do aprimoramento da atividade.
O modelo atual empregado é o da apresentação de dados, seja uma descrição
inicial de casos clínicos, até a apresentação didática de temas mais técnicos,
ocupando os primeiros 20 a 30 minutos, deixando o tempo restante para
o debate e a discussão entre os participantes. Das atividades programadas
para o primeiro semestre, apenas o encontro de novembro não poderá ser
realizado, sendo transferido para dezembro, perfazendo as três VCs do semestre. Foi então programado o reinício das atividades para março de 2012,
com mudanças de horário e dia previsto, em comum acordo com os participantes. As reuniões mudaram da terceira para a segunda segunda-feira de
cada mês, iniciando as atividades às 11h30. Foram também incorporadas ao
grupo as seguintes instituições: Instituto da Criança – Universidade de São
Paulo (ICr-USP) e Faculdade de Medicina de Rio Preto – SP (FAMERP). Nas
Tabelas 2 e 3 estão descritas as atividades realizadas no primeiro e segundo
semestre de 2012 e no primeiro semestre de 2013.
Tabela 2 – Programação do SIG Endoped realizada
durante o primeiro semestre de 2012.
DATA*
HORÁRIO
TEMA
Conferencistas
Debatedor/
moderador
19/03/2012
11:30 – 12:30
Discussão de Casos
Luiz Cláudio Castro
(UnB)
Gil Guerra Jr.
(Unicamp)
16/04/2012
11:30 – 12:30
Discussão de
Tratamento de
Puberdade
Durval Damiani
Ricardo Arrais
(ICr. USP)
(UFRN)
Discussão de Casos
Cristiane Kopacek
Durval Damiani
(Sta. Casa Porto
Alegre)
(ICr. USP)
Crésio Alves
Ricardo Arrais
(UFRN)
14/05/2012
11/06/2012
11:30 – 12:30
11:30 – 12:30
Protocolos de
utilização do
DDAVP no SUS
(UFBA)
Capítulo  25. SIG Endoped: Relato de experiências em Endocrinologia Pediátrica249
Tabela 3 – Programação realizada no segundo semestre de 2012
e a atual (primeiro semestre de 2013), ainda em execução
Data
Horário
Tema
Conferencistas
Debatedores
13/08/2012
11:30 às 12:30
Uso de Pamidronato e
bisfosfonatos em Pediatria
Luiz Cláudio
Castro (UnB)
Gil Guerra Jr.
(UNICAMP)
10/09/2012
11:30 às 12:30
Discussão de Caso
Durval Damiani
(ICr-USP)
Cristiane
Kopacek
(ISCMPA)
08/10/2012
11:30 às 12:30
Avaliação de MODY
Raphael
Liberatore Jr.
(FAMERP)
Ricardo Arrais
(UFRN)
12/11/2012
11:30 às 12:30
Discussão de Caso
Gil Guerra Jr.
(Unicamp)
Cristiane
Kopacek
(ISCMPA)
10/12/2012
11:30 às 12:30
Indicação e início de SICI
(bomba de insulina) em
crianças
Ricardo Arrais
(UFRN)
Cresio Alves
(UFBA)
11/03/2013
11:30 às 12:30
Discussão de Caso
Cristiane
Kopacek
(ISCMPA)
Gil Guerra Jr.
(UNICAMP)
08/04/2013
11:30 às 12:30
Estruturação do atendimento
supervisionado via WEB a
pacientes com DM tipo 1
Ricardo Arrais
(UFRN)
Durval
Damiani
(ICr-USP)
13/05/2013
11:30 às 12:30
Obesidade
Raphael
Liberatore Jr.
(USP-RP)
Ricardo Arrais
(UFRN)
10/06/2013
11:30 às 12:30
Discussão de Caso
Ricardo Arrais
(UFRN)
Gil Guerra Jr.
(UNICAMP)
Avaliação crítica das atividades
do SIG até o momento
Esses quatro primeiros semestres revelaram a utilidade e praticidade das
VCs, principalmente pela possibilidade de interação entre todos os participantes, sem a necessidade de deslocamentos, o que em um País como o
Brasil é uma característica muito importante. Já nessa fase inicial, contamos com membros atuantes de quatro das cinco grandes regiões brasileiras, faltando apenas agregarmos instituições da maior e mais distante delas,
no caso, a região Norte. Algumas discussões e questionamentos levantados
após uma das VCs, sobre os protocolos de dispensação de análogos de insulina, foram agregados às discussões já em curso no âmbito de outras socie250
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
dades médicas nacionais, como a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e
Metabologia (SBEM) e a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), subsidiando e aprimorando os documentos técnicos enviados ao Ministério da Saúde,
com o objetivo de elaboração de um protocolo nacional para normatização
desta atividade técnica. Esse fato comprova a importância de contarmos
com este espaço para discussão, não como substituto, mas como complemento na estrutura geral de comunicação interinstitucional acadêmica e
profissional.
Pontos negativos devem também ser identificados, principalmente nesta
fase inicial, para permitir os ajustes necessários à continuidade do SIG. Algumas instituições, ou talvez mesmo indivíduos ligados às mesmas, podem
ainda não ter sido adequadamente convencidos da utilidade da ferramenta, em parte por características próprias do que se convenciona nomear de
“resistência ao novo”, ou mesmo uma desconfiança sobre a segurança ou
conveniência do uso de tecnologias de informação e comunicação. O fato é
que alguns membros acabam tendo perfil mais participativo do que outros,
e estratégias para melhorar este perfil e modificar a forma como a atividade pode estar sendo (ou não) percebida resulte em uma aceitação maior da
ferramenta. Outra dificuldade, certamente derivada do fato de ser algo novo
na dinâmica da grande maioria dos centros, é a inserção das VCs na rotina
dos serviços, tornando uma tarefa de montagem delicada o estabelecimento
do melhor momento para a realização da atividade. Certamente, a partir do
momento em que o SIG passar a ter suas vantagens e utilidades melhor exploradas, um espaço natural será alocado para seu desenvolvimento.
Estratégias para o fortalecimento
e consolidação do SIG Endoped
Algumas estratégias podem ser empregadas para um melhor aproveitamento e consequentemente um fortalecimento desta atividade dentro da estrutura dos centros participantes. Podemos sugerir algumas que nos parecem
mais promissoras:
ƒƒ
Incluir a participação de alunos da graduação, principalmente os
que passam em rodízio de especialidades pediátricas, oficializando
esta participação junto aos coordenadores do internato dentro de
cada instituição.
Capítulo  25. SIG Endoped: Relato de experiências em Endocrinologia Pediátrica251
ƒƒ
Tornar a participação de médicos residentes e também profissionais
em qualificação (mestrado/doutorado) mais proativa, delegando aos
mesmos a preparação e/ou apresentação de temas, tendo como moderadores e debatedores os preceptores e coordenadores dos serviços.
ƒƒ
Aprimoramento das ferramentas já existentes, tais como utilização
de apresentações anteriores que ficam armazenadas na RUTE como
material didático complementar para os cursos de graduação e residência médica.
ƒƒ
Incentivo à participação e integração de mais centros, principalmente de regiões geograficamente mais distantes, estreitando os
laços acadêmicos e possibilitando mais interação, mesmo fora do
âmbito do SIG, em atividades de colaboração entre os centros e seus
respectivos pesquisadores.
ƒƒ
Buscar ampliar a participação de centros externos (América Latina,
Europa, EUA), fortalecendo e aumentando o impacto da atividade,
através de sua característica principal, que é eliminar o fator distância na comunicação entre os centros.
Conclusões
O SIG Endoped já se mostrou uma ferramenta útil, acessível (após o grande
investimento inicial da RNP/MCT) e flexível, adaptável a vários usos que
sejam propostos, mas ainda é um recurso bem pouco explorado e que merece um espaço qualificado dentro da dinâmica acadêmica/assistencial nos
centros onde já está disponível. Cabe a todos os envolvidos envidar esforços
para a consolidação, não só dos SIGs, como o de Endocrinologia Pediátrica,
mas também todas as modalidades de recursos da Telemedicina aplicáveis
à pesquisa, extensão e assistência médica e ao ensino, hoje disponibilizados
pela RUTE.
Agradecimentos
Aos membros que compõem a RUTE, e ao conjunto de entidades e instituições que a sustentam e apóiam, como os Ministérios da Educação, Saúde,
252
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Ciência e Tecnologia, Rede Nacional de Pesquisa (RNP) e a agência de financiamento de projetos Finep.
A todos os membros do Departamento Científico de Endocrinologia da
Sociedade Brasileira de Pediatria, principalmente seu presidente e grande
apoiador, professor Gil Guerra Junior (Unicamp), e aos colegas e amigos do
SIG ENDOPED, principalmente o professor Crésio Alves, o vice-coordenador da UFBA, Luiz Claudio Castro (UnB), Cristiane Kopacek (ISCMPA) e o
professor Durval Damiani (ICr-USP) sempre acreditando e incentivando o
progresso da Endocrinologia Pediátrica no Brasil.
Referências bibliográficas
RUTE – Rede Universitária de Telemedicina, Convênio Encomenda –FNDCT Ação
Transversal ref. 2.738/05 (UFPR, Unifesp, Pazzanese, Unicamp, Ufes, UFBA, Ufal,
UFPE, UFPB, UFC, UFMA, Ufam, FioCruz, HC–FMUSP, HU-USP, ISCMPA, Uerj,
UFMG, UFSC), January 2006.
MCTI, MEC e MS, Seminário “Os Hospitais Universitários e a Integração Educação,
Saúde e Ciência e Tecnologia”, 1-2/08/07, Brasília. Workshops de Telemedicina e Telessaúde promovidos pelo Conselho Federal de Medicina nas regiões do Brasil: Norte, Março 2007, Manaus; Nordeste, Maio 2007, Recife; Central, Julho 2007, Brasília, e
os Congressos da SBIS, Abrahue e do CBTMS em 2006/-7/-8/-9.
Capítulo  25. SIG Endoped: Relato de experiências em Endocrinologia Pediátrica253
Capítulo 26
SIG Odontologia: Diagnóstico Bucal
Maria Inês Meurer, Liliane J. Grando,
Elena Riet Correa Rivero, Filipe Modolo
Universidade Federal de Santa Catarina
Histórico
A Odontologia, em conjunto com outros profissionais da Medicina, diagnostica e trata lesões que acometem a região bucomaxilofacial. Na Odontologia,
tal competência é partilhada por diferentes especialistas: o estomatologista
(diagnóstico e tratamento clínico), o radiologista (diagnóstico por imagem),
o patologista bucal (diagnóstico histopatológico) e o cirurgião bucomaxilofacial. Particularmente nos casos de maior complexidade diagnóstica/terapêutica, é desejável a troca de informações, experiências e opiniões entre
especialistas e com profissionais de outros centros.
Antes do advento da internet, essa colaboração ocorria por meio de contatos telefônicos e/ou envio de exames via Correios; mesmo com a internet,
limitava-se à transmissão de dados por e-mail e ao uso de outros recursos
– quase sempre assíncronos e de baixa interatividade – pouco adequados à
atividade diagnóstica.
Em 2002, na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o Grupo
Cyclops, liderado pelos professores Aldo von Wangenheim (Departamento
de Informática e Estatística) e Luiz Felipe de Souza Nobre (Departamento de
Clínica Médica), desenvolveu o software Cyclops Medical Station (CMS) para
visualização e manipulação de exames radiológicos no Hospital Universitário (HU/UFSC). Em 2003, uma ferramenta acoplada ao CMS, denominada
Sala de Laudos Virtual (SLV), permitia que médicos compartilhassem arquivos de imagens de exames simultaneamente à comunicação por chat e/ou
voz sobre IP (VoIP) (http://www.telemedicina.ufsc.br/cms/).
Na época, a SLV foi utilizada de forma experimental para discussão de casos
radiológicos em Odontologia com profissionais de outros estados, como o
Pará (professor Fabrício Mesquita Tuji) e Goiás (professora Rejane Faria Ribeiro-Rotta). No entanto, na ausência de infraestrutura de rede avançada, os
resultados foram apenas satisfatórios, particularmente no uso de VoIP. Além
disso, as sessões colaborativas restringiam-se ao modelo peer to peer, ou seja,
não era possível envolver mais de dois pontos em uma sessão colaborativa.
Em 2007, com a instalação do Núcleo de Telessaúde da RUTE no HU/UFSC, o
Grupo de Pesquisa em Diagnóstico Bucal da UFSC e o Grupo Cyclops propuseram ao Comitê Assessor da RUTE a criação do SIG Odontologia – Diagnóstico Bucal (SIG-ODB), vislumbrando retomar as sessões colaborativas. Em 7
de novembro de 2007, quando o Núcleo foi inaugurado em Santa Catarina, a
proposta do SIG-ODB já havia sido aprovada pelo Comitê Assessor da RUTE.
Objetivos do SIG-ODB
Estabelecimento de uma rede colaborativa de discussão de casos no contexto das lesões e doenças bucomaxilofaciais.
Ao propiciar suporte adequado para maior contato e contínua troca de informações entre especialistas de diferentes regiões do Brasil, o SIG-ODB
projeta os seguintes impactos:
ƒƒ
Pesquisa: troca de informações e experiências que poderão favorecer o aprimoramento da pesquisa científica na área.
ƒƒ
Educação: contribuição para capacitação e educação continuada
dos participantes.
ƒƒ
Assistência: o esforço colaborativo na discussão de casos tem o potencial de agilizar o diagnóstico, com impactos positivos no tratamento, especialmente em casos raros e/ou de alta complexidade.
Há potencial para incrementar tanto a capacidade de atendimento
local quanto a abrangência geográfica do diagnóstico das doenças
bucomaxilofaciais.
Modelo de funcionamento
Participam do SIG-ODB professores das áreas de Estomatologia, Patologia Bucal e Radiologia Odontológica, vinculados a instituições de ensino superior, e que concordem em apresentar casos para discussão. As
webconferências são realizadas quinzenalmente, com duração de uma hora.
O cronograma é distribuído em sistema de rodízio entre as instituições
Capítulo  26. SIG Odontologia: Diagnóstico Bucal255
participantes. Estudantes de graduação/pós-graduação podem participar,
desde que acompanhados por professor vinculado ao SIG-ODB. Reuniões
extraordinárias podem ser propostas por qualquer membro e incluir apenas
uma especialidade.
As sessões colaborativas, preferencialmente, devem ser encaixadas nos seguintes perfis:
ƒƒ
Apresentação de casos com diagnóstico final já estabelecido, e que
apresentem dificuldades ou “chaves diagnósticas”, ou ainda que reforcem ou representem a variação de algum conceito clássico justificando a discussão.
ƒƒ
Apresentação de casos ainda sem diagnóstico estabelecido, para que
a discussão auxilie no processo diagnóstico. O caso poderá ser apresentado de forma sucinta em reunião posterior, após o estabelecimento do diagnóstico.
ƒƒ
Discussão de artigos de consenso, ligados de forma particular a um
caso ou grupo de casos.
ƒƒ
Modelos “como eu trato”/“como eu diagnostico”, focando o estabelecimento de protocolos de tratamento/diagnóstico.
Implementação e grupos envolvidos
Fase I (2008-2009): Previa a participação de professores da UFSC, UFG, Cesupa, UFRGS e UFPR. A baixa frequência dos participantes às webconferências,
possivelmente relacionada à pouca experiência da coordenação na gestão,
culminou com a interrupção temporária da atividade.
Fase II (2010): Previa a participação de professores da UFSC, UFG, Cesupa,
UFRGS, UFPR, UFC, USP, UFBA e UFES. Após algumas webconferências, o
grupo dispersou-se, por dificuldade de construção de um cronograma que
contemplasse todos os participantes, já que havia o objetivo de contar com
a participação de todas as instituições.
Fase III (2011): Com foco na manutenção da periodicidade das reuniões,
em detrimento do número de participantes por sessão, foram realizadas 16
webconferências (14 sessões de casos clínicos, 1 caso no modelo “como eu trato”
e uma palestra sobre o tema “Bioengenharia de tecidos dentais”). Houve expan-
256
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
são do grupo, com participação das seguintes instituições: UFSC, UFG, UFRGS,
Cesupa, UFPR, UFES, USP, UFPA, UFBA, UFC, UFMT, FOB, UnB e UFU.
Reflexões e questionamentos
Na avaliação do grupo coordenador, a colaboração entre especialistas deste
grupo interdisciplinar indubitavelmente propiciou a ampla troca de informações, revelando-se uma oportunidade ímpar de aprendizado. No entanto, diversas reflexões vieram à pauta, e que podem ser de valia para o planejamento e organização de novos SIGs, sendo interessante pontuá-las.
a) Escolha da tecnologia: videoconferência
ou webconferência?
O Núcleo de Telemedicina do HU/UFSC conta com estrutura para utilização de ambas as tecnologias. Apesar de a videoconferência oferecer maior
qualidade na transmissão de vídeo e áudio, depende de banda de alta velocidade para transmissão de dados e da disponibilidade de telas/projetores de ótima resolução. Assim, optou-se pelo modelo de webconferência, de
forma a permitir a participação de instituições acadêmicas sem estrutura
para videoconferência e/ou localizadas em regiões com menor largura de
banda para transmissão de dados. O apresentador envia o arquivo para o
Núcleo de Santa Catarina, que o transmite durante a sessão; são ativadas as
webcams apenas do apresentador e da coordenação.
A ativação de múltiplas webcams simultaneamente gerou problemas como
transmissão de voz com falhas e/ou latência (lag). O efeito de latência também foi observado quando o apresentador estava sediado em Londres (UK),
demandando da equipe de coordenação maior atenção e interferências
para garantir a fluência da sessão. Não houve qualquer dificuldade quanto à visualização de imagens clínicas, radiográficas ou histopatológicas nas
webconferências.
b) Como estimular o comparecimento
dos parceiros às sessões?
A inviabilidade de contemplar as agendas de todos os parceiros foi um dos
problema do SIG-ODB, que resultou em interrupções do projeto. Em 2011,
Capítulo  26. SIG Odontologia: Diagnóstico Bucal257
as sessões foram agendadas segundo a disponibilidade do grupo apresentador, e mantidas independente do número de participantes. Apesar de divulgar agenda semestral, a coordenação passou a emitir lembretes das sessões com cerca de dois dias de antecedência. A periodicidade e a satisfação
dos participantes com a atividade parecem ter surtido efeito positivo, e a
coordenação passou a receber justificativas por ausências, solicitação de
informações sobre o tema discutido e renovação da intenção do grupo em
manter-se ligado ao projeto.
Outra dificuldade encontrada foi a aparente falta de integração local em algumas instituições. A solicitação de inclusão de uma instituição se dá a partir do contato de um professor, que é considerado o moderador local. Houve
situações em que o moderador incluiu sua equipe de trabalho no projeto,
mas a equipe nunca compareceu às sessões. Alguns membros da equipe,
desconhecendo a inclusão, questionaram a coordenação quando passaram
a receber os convites para as sessões.
Assim, segundo a experiência do SIG-ODB, parece ser necessário: 1) manter
o grupo constantemente informado sobre a agenda de atividades; 2) reavaliar o processo de inclusão, que talvez deva ser individual, e não institucional; e 3) discutir a pertinência de desligar do grupo os indivíduos sistematicamente ausentes às atividades.
c) O “infopavor” ou “de como a tecnofobia
interferiu no crescimento do SIG-ODB”
O sucesso na adoção de novas tecnologias para processamento de informações e comunicação de dados depende não apenas da qualidade do sistema
em si, mas também – e talvez principalmente – da sua adequação aos usuários. Ainda é significativo o número de pessoas que sentem desconforto ou
aversão à sua utilização. No SIG-ODB não foi diferente. Houve justificativas
de não comparecimento por “não saber como utilizar o software”. Mesmo
com a informação de que bastaria acessar o link para que o software fosse
instalado, houve desistências: “Saí do site assim que começou a instalar, pois
eu não saberia completar a instalação...”, informou um participante. Quando localmente a instituição contava com técnicos da RUTE, orientou-se que
fossem procurados para auxiliar na configuração e primeiras utilizações.
Produziu-se também um “manual ilustrado”, detalhando passo a passo os
procedimentos de instalação e configuração do Adobe® Connect™ (dificuldades observadas particularmente com o áudio).
258
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Também foi produzido um “manual de utilização”, pautando as boas práticas para este tipo de atividade: perguntas via chat, solicitação para liberação
do microfone etc. A participação da equipe de apoio técnico do Núcleo de
Santa Catarina foi essencial; os novos usuários sempre foram orientados a
acessar a sessão com 30 minutos de antecedência, para propiciar o ajuste
das configurações e fornecer informações necessárias ao bom andamento
das atividades.
Da experiência do SIG-ODB, observou-se que a tecnofobia pode ser um
empecilho à implementação e estabelecimento das atividades de um SIG.
É importante que a coordenação esteja atenta aos neófitos e disponível
para orientar e solucionar problemas de instalação e utilização do Adobe®
Connect™.
d) Perfil da atividade: controlar ou não o acesso às sessões?
As atividades são restritas a professores cadastrados, principalmente por
questões éticas, já que nas sessões são apresentadas imagens de pacientes
e seus exames. Há consenso que tais imagens não podem ser apresentadas
sem rígido controle dos participantes; fica a critério do professor estar ou
não acompanhado por alunos durante a sessão, não sendo liberado o acesso diretamente aos alunos. Na UFSC, a maioria das videoconferências foi
realizada nas salas da RUTE, com a presença de professores e alunos de graduação e pós-graduação (mestrado em Diagnóstico Bucal e Residência Integrada Multiprofissional em Saúde). Observou-se a participação de alunos
também em outras universidades.
Na UFSC, a participação dos alunos foi considerada positiva, tendo propiciado momentos ricos em troca de experiências e retomada de conceitos,
bem como a percepção da importância da integração interinstitucional.
e) Perfil dos participantes: interdisciplinaridade
e particularidades regionais
Ao agregar profissionais de diversas regiões do País e com diferentes formações, em situações pontuais foi um desafio para a coordenação atuar como
moderadora das discussões. Além do potencial integrador dos SIGs, a coordenação do SIG-ODB entende que tal perfil de atividade pode estabelecer-se como instrumento de apoio a grupos em situação de fragilidade geográfica ou de formação específica, e é necessário que os participantes tenham
Capítulo  26. SIG Odontologia: Diagnóstico Bucal259
clareza disso, de forma que as diferenças sejam utilizadas a favor do crescimento do grupo, evitando-se posicionamentos frontais e estimulando-se a
troca de opiniões.
f) O perfil de apresentação
O SIG-ODB propõe perfis de apresentação, já citados. Na maioria das sessões, os apresentadores optaram por casos com diagnóstico já estabelecido (um dos casos já havia sido inclusive publicado em periódico da área).
Houve situações em que grupos bem estabelecidos (e que sabidamente
manejam doenças/condições complexas) trouxeram à discussão casos
considerados “simples”, sugerindo um possível controle na difusão de conhecimentos. Outros grupos trouxeram à discussão doenças/condições de
difícil manejo, alguns apresentando bons resultados com determinada terapia, outros solicitando auxílio para o estabelecimento da melhor conduta. A
coordenação do SIG-ODB acredita que o perfil de “casos sem diagnóstico/
tratamento estabelecido(s)” é o que mais gera discussões, proporcionando
maior interação entre os parceiros; no entanto, a escolha do perfil mantém-se a critério do apresentador.
Houve, em 2011, o convite a um palestrante externo, pesquisador da aplicação de células-tronco na bioengenharia de tecidos dentais. Foi uma experiência bastante interessante, e a distância geográfica do apresentador não chegou a comprometer a reunião (apesar das dificuldades técnicas já citadas).
A partir dessa palestra, agregou-se a proposta de convidar profissionais com
experiência em condutas terapêuticas específicas para partilhar suas práticas.
g) As webconferências configuram
responsabilidade profissional solidária
enquanto Segunda Opinião Diagnóstica?
Um questionamento que merece registro: as opiniões diagnósticas/terapêuticas explicitadas em sessões como essas, e registradas em vídeo, poderiam ser consideradas como Segunda Opinião Diagnóstica, e legalmente
caracterizadas como passíveis de responsabilidade solidária, na proporção
em que contribuírem para eventual dano ao paciente? Na 51ª Assembleia
Geral da Associação Médica Mundial (Tel Aviv, Israel, 1999) foram discutidas
responsabilidades e normas éticas na utilização da Telemedicina, tendo sido
firmado um documento conhecido como Declaração de Tel Aviv. No Brasil,
com base nessa Declaração, o Conselho Federal de Medicina posicionou-se
260
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
quanto à prestação de serviços através da Telemedicina por meio de legislação específica. O assunto tem sido alvo de discussões, particularmente em
relação às responsabilidades profissionais associadas à prática. Esta é uma
importante questão a ser considerada, ponderando-se inclusive a possibilidade de esvaziamento das sessões pelo risco da responsabilidade solidária.
A coordenação do SIG-ODB desconhece qualquer regulamentação do Conselho Federal de Odontologia no que tange a Teleodontologia.
Possibilidades implantadas
a) Acesso assíncrono via Moodle
Como suporte às sessões colaborativas e com apoio técnico do Laboratório
de Informática Médica e Telemedicina do Grupo Cyclops, está-se utilizando
a plataforma Moodle como: 1) repositório do material apresentado nas sessões; 2) link de acesso a fóruns, estabelecidos para cada caso; 3) repositório
de artigos científicos de interesse ao caso; e 4) possibilidade de comunicação entre os membros via chat, mensagens ou e-mail. O acesso é restrito
aos participantes do SIG-ODB. Observou-se certa resistência dos apresentadores em publicar o material no Moodle, sob a principal alegação de que
perderia seu ineditismo (considerando publicações em periódicos ou apresentação em eventos científicos da área). Tal situação provavelmente reflete
o modelo atualmente vigente no País, onde publicações são molas-mestras
das atividades de professores vinculados a instituições de ensino superior.
De qualquer forma, o acesso dos participantes ao Moodle do SIG-ODB foi
insignificante, particularmente considerando o tempo investido na criação
e manutenção desse espaço virtual. Há intenção de manter a página, acreditando-se que com o passar do tempo tal ferramenta seja mais valorizada
e acessada.
b) Emissão de certificados de participação
A possibilidade de emitir certificados de participação foi uma preocupação
do grupo coordenador deste o início das atividades do SIG-ODB. A alternativa encontrada foi o registro enquanto atividade de extensão universitária
na Pró-Reitoria de Pesquisa e Extensão da UFSC, com emissão on-line de
certificados.
Capítulo  26. SIG Odontologia: Diagnóstico Bucal261
Perspectivas futuras a serem consideradas
a) Acesso assíncrono às reuniões:
disponibilização das sessões gravadas
A coordenação do SIG-ODB ainda não considera viável a disponibilização
do acesso assíncrono às reuniões gravadas, pelas restrições éticas já comentadas. Mesmo para acesso restrito aos participantes (via Moodle, por
exemplo), teme-se pelo esvaziamento das sessões, já que estarão acessíveis
a qualquer tempo, posteriormente.
b) Inte(g)ração com pós-graduação
O modelo já está inserido na pós-graduação da UFSC, por meio da participação de mestrandos e residentes. Consolidada a rede de colaboração, planeja-se discutir com as instituições participantes outras formas de interação/integração de diferentes programas de pós-graduação através da janela
de comunicação estabelecida.
c) Interação ensino-serviço
O modelo também pode ser aplicado ao cenário da interação ensino-serviço, a partir da discussão de casos encaminhados pelas Unidades Básicas de
Saúde aos serviços de diagnóstico bucal das Universidades, inclusive com a
inserção de alunos de graduação – potenciais futuros profissionais dessas
unidades – nas sessões. É uma possibilidade a ser explorada, e que ampliaria
a capacidade formativa do SIG-ODB, particularmente no que se refere aos
agravos mais frequentes na população.
Agradecimentos
Aos participantes do SIG-ODB, que tornam possível a manutenção do projeto, em particular aos professores doutores Rejane Faria Ribeiro-Rotta (UFG),
Manoela Domingues Martins (UFRGS) e Fabrício Mesquita Tuji (UFPA).
A toda a equipe do Grupo Cyclops (UFSC), em especial ao Douglas Macedo
pelo apoio técnico na manutenção do Moodle da Telemedicina (UFSC).
262
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
À RUTE e à Coordenação dos SIGs, na pessoa do Dr. Luiz Ary Messina, pelo
apoio e incentivo perenes. À equipe técnica da Coordenação dos SIGs, em
particular ao Thiago Lima Verde, pela presteza, paciência e competência
com que atende às nossas demandas.
Referências bibliográficas
MENDES, J. A. F.; WANGENHEIM, A. von. Sala de laudos virtual – uma proposta para
telerradiologia. In: SIMPÓSIO CATARINENSE DE PROCESSAMENTO DIGITAL DE
IMAGENS, 3., 2003, Florianópolis. Anais... Florianópolis: Imprensa Universitária –
UFSC, 2003. p. 33-43. Disponível em: <http://www.johnmendes.com.br/artigos/1_
Artigo_RoD_P2P_SCPDI_2003.pdf> Acesso em: 1 maio 2012.
DECLARAÇÃO de Tel Aviv. Sobre responsabilidades e normas éticas na utilização da
Telemedicina, 1999. Disponível em:<http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/
pdf/declaracaotelaviv.pdf>. Acesso em: 3 maio 2012.
CONSELHO Federal de Medicina. Resolução CFM no 1.643/2002. Disponível
em:<http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/CFM/2002/1643_2002.htm>.
Acesso em: 3 maio 2012.
FRANÇA, G. V. de. Telemedicina: breves considerações ético-legais. Bioética, CFM,
v. 8, n. 1, p. 107-126, 2000. Disponível em: <http://revistabioetica.cfm.org.br/index.
php/revista_bioetica/article/view/267/267>. Acesso em: 3 maio 2012.
RIPPEN, H.; RISK, A. E-Health Code of Ethics. J Med Internet Res, v. 2, n. 2, p. 9, 2000.
Disponível em: <www.jmir.org/2000/2/e9/>. Acesso em: 28 abr. 2012.
REZENDE, E. J. C.; MELO, M. C. B.; TAVARES, E. C.; SANTOS, A. F.; SOUZA, C. Ética e
telessaúde: reflexões para uma prática segura. Rev Panam Salud Publica, v. 28, n. 1,
p. 58-65, 2010. Disponível em: <http://www.scielosp.org/pdf/rpsp/v28n1/v28n1a09.
pdf>. Acesso em: 22 abr. 2012.
Capítulo  26. SIG Odontologia: Diagnóstico Bucal263
Capítulo 27
SIG Oftalmologia
Flavio Hirai
Departamento de Oftalmologia da Escola Paulista de Medicina
Universidade Federal de São Paulo
Objetivos
O Grupo Especial de Interesse da Oftalmologia (SIG-Oftalmo) iniciou as
atividades em 2009 e desde então vem realizando atividade de educação
continuada em Oftalmologia juntamente com a colaboração de instituições
dentro e fora do Brasil.
O objetivo principal do SIG-Oftalmo é estimular a troca de informações e experiências entre as instituições participantes com apresentação e discussão
de casos clínicos em oftalmologia através da videoconferência para fomentação do desenvolvimento acadêmico e profissional.
Atividades
Durante a reunião são apresentados dois casos clínico-cirúrgicos pelo médico residente ou estagiário conforme escala. A moderação fica a cargo do
coordenador com participação de docentes, preceptores, pós-graduandos e
colaboradores. As discussões devem abranger o quadro clínico, diagnósticos
diferenciais, conduta do caso em questão e pequena revisão bibliográfica.
A seleção dos casos fica a cargo dos coordenadores dos serviços responsáveis pela apresentação. A reunião do SIG-Oftalmo acontece mensalmente
toda terceira quarta-feira do mês das 12h às 13h (horário de Brasília).
Impacto
O SIG-Oftalmo tem colaborado, desde sua criação, na educação continuada
do corpo docente, médicos residentes, alunos de graduação e pós-graduação, assim como alunos dos cursos de especialização das diversas áreas da
oftalmologia das instituições participantes. São discutidos casos comuns da
prática diária, mas também casos complexos que contruibuem para formação de todos presentes. Além do objetivo educacional, o SIG-Oftalmo também é uma oportunidade para ampliação da rede de contatos entre novos
médicos da especialidade de diversas regiões do País.
Perspectivas
Deseja-se que o SIG-Oftalmo continue um grupo produtivo e colaborativo.
Para o futuro incluem não só a colaboração à nível de ensino mas também
de pesquisa e assistência. Espera-se também a ampliação da participação
à instituições internacionais com o objetivo de diversificar e fortalecer este
grupo de interesse.
Ex-coordenadores do SIG-Oftalmo
ƒƒ
Dra. Consuelo Bueno Diniz Adán
ƒƒ
Dra. Cristina Muccioli
Instituições participantes
ƒƒ
Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP
ƒƒ
Universidade Federal do Maranhão – UFMA
ƒƒ
Universidade Federal do Ceará – UFC
ƒƒ
Universidade Federal de Goiás – UFG
ƒƒ
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO
ƒƒ
Universidade Federal de Pernambuco – UFPE
ƒƒ
Faculdade de Medicina de Botucatu – UNESP
ƒƒ
Hospital Estadual de Bauru
ƒƒ
Hospital Geral de Fortaleza.
ƒƒ
Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre
ƒƒ
Universidad Central de Venezuela.
Capítulo  27. SIG Oftalmologia265
Referências bibliográficas
URTIGA, K. S.; LOUZADA, L. A. C.; COSTA, C. L. B. Telemedicina: uma visão geral
do Estado da arte. São Paulo: Universidade Federal de São Paulo/Escola Paulista de
Medicina. Disponível em: <http://telemedicina.unifesp.br/pub/SBIS/CBIS2004/trabalhos/arquivos/652.pdf>. Acesso em: 28 mai. 2013
SETOR DE TELEMEDICINA. Departamento de Informática em Saúde da Universidade Federal de São Paulo. Disponível em: <http://www.unifesp.br/dis/set/home.
html>. Acesso em: 20 mai. 2013.
KUMAR, S.; TAY-KEARNEY, M. L.; CONSTABLE, I. J.; YOGESAN, K. Internet based
ophthalmology service: impact assessment. BR J. Ophthalmol, 2005 oct, 89 (10):
1.382-3.
PICOT, J. Meeting the need for educational standards in the practice of telemedicine
and telehealth. J. Telemed Telecare, 2000; 6 Suppl 2: S59-62.
LI, H. K. Telemedicine and ophthalmology. Surv Ophthalmol, 1999 jul-aug: 44 (I): 61-72.
266
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Capítulo 28
SIG do Abdome
Giuseppe D’Ippolito e Carlos Matsumoto
Departamento de Diagnóstico por Imagem da Escola Paulista de
Medicina – Universidade Federal de São Paulo
O SIG da radiologia do abdome, incluindo as áreas de estudo do trato gastrointestinal e urogenital, foi criado em 2009 por iniciativa de um grupo de
radiologistas inseridos em instituições públicas de ensino e com o apoio do
Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR).
A primeira reunião ocorreu em 8 de julho de 2009 com a participação de docentes das seguintes instituições: Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade Federal do
Rio de Janeiro (UFRJ) e a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).
Já na reunião seguinte, realizada em 5 de agosto, outras instituições passaram a integrar o grupo de estudo: a Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC), a Universidade Federal da Bahia e a Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG). No decorrer desses anos outras instituições vem participando regularmente das reuniões do grupo, tais como a Universidade Federal
do Triângulo Mineiro (UFTM), a Universidade de Brasília (UnB), o Hospital
do Câncer de Barretos e a Universidade de São Paulo do campus de Ribeirão
Preto (USP-RP), entre outras.
Desde o início, os participantes entenderam que o objetivo das sessões seria
promover o intercâmbio de informações e experiências entre os profissionais, estimular a participação de residentes e pós-graduandos e possibilitar
o acesso à informação por via remota a um amplo número de radiologistas,
tendo como foco o diagnóstico por imagem do abdome.
O grupo decidiu que faria sessões mensais regulares, de março a novembro,
sempre na primeira quarta-feira do mês, das 12h às 13h, inicialmente sob a
coordenação da Unifesp e permitindo o livre acesso a qualquer instituição
que desejasse e dispusesse de uma infraestrutura básica para a conexão.
Inicialmente decidiu-se por um formato de sessão bastante informal, que
perdura até hoje, e que procura estimular a ampla participação e simular as
discussões de casos práticos como ocorrem no dia a dia da atividade profissional. Neste sentido, estabeleceu-se um sistema de rodízio bastante flexível
e ajustado a disponibilidade de cada grupo, no qual duas instituições por
sessão são as responsáveis pelo envio de casos clínicos que serão discutidos
pelos demais.
Os casos clínicos são encaminhados com uma semana de antecedência para
a coordenação do SIG do abdome, que os disponibiliza em rede para todos
os integrantes do SIG, através de um googlegroup (https://sites.google.com/
site/sigabdome/), criado especificamente para este fim. Assim, todos têm a
oportunidade de se familiarizar com os principais aspectos radiológicos e
formular suas hipóteses diagnósticas que são discutidas ao vivo no dia da
telesessão e complementadas pela instituição responsável pela apresentação do caso.
Ao final de cada caso clínico é apresentado um breve resumo da patologia,
seus diagnósticos diferenciais e possíveis condutas terapêuticas bem como
algoritmos de abordagem diagnóstica, quando pertinentes. Os casos são então inseridos na página do grupo de maneira permanente para que possam
ser acessados sempre que necessário, por qualquer membro cadastrado. O
cadastro é bastante simples, aberto e sem restrições.
Nestes quase quatro anos de atividade foram apresentados cerca de 60 casos
que refletem de algum modo as dificuldades diagnósticas enfrentadas pelos
diversos profissionais envolvidos no atendimento e tratamento dos pacientes atendidos nas nossas instituições. É importante observar que todos os
casos são preparados e apresentados pelos residentes dos programas participantes sob a orientação dos preceptores e docentes que se envolvem diretamente na apresentação e discussão, sempre procurando um viés didático
e pedagógico, ressaltando-se os aspectos propedêuticos.
No ano passado, intercalamos as apresentações de casos clínicos com discussões de algoritmos de manejo diagnósticos de um grupo de lesões que,
em virtude da disseminação dos métodos de diagnóstico por imagem, são
cada vez mais comuns e denominadas “incidentalomas”. São assim definidas por serem encontradas incidentalmente em exames de imagem de pacientes assintomáticos. Foram abordados os “incidentalomas” hepáticos,
pancreáticos, renais e adrenais, propondo-se adequações aos algoritmos
diagnósticos propostos pelo Colégio Americano de Radiologia (ACR) e que
refletissem as nossas realidades e peculiaridades.
A experiência foi muita interessante e satisfatória, uma vez que possibilitou
uma reflexão sobre a disponibilidade de recursos diagnósticos nas institui-
268
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
ções, carências, forças e fraquezas, bem como demonstrar que é possível
uma utilização mais racional desses recursos do que o proposto pelo ACR.
Planejamos nas próximas reuniões abordar outros temas controversos e/
ou de interesse comum, tais como o controle da radiação em exames tomográficos, uso de exames radiológicos em pacientes gestantes, protocolos
de prevenção de efeitos adversos aos meios contrastes promovendo assim a
segurança do pacientes, entre outros, procurando estabelecer consensos de
especialistas para cada uma das questões apresentadas.
É importante observar que o modelo informal de reunião que temos implementado estimula a participação e livre discussão evitando naturais inibições que poderiam decorrer de um ambiente mais acadêmico. Por outro
lado, mantemos um foco na qualidade e exatidão das informações divulgadas nas sessões, procurando baseá-las em fontes fidedignas e referências
bibliográficas idôneas.
No último ano temos tentado promover um encontro presencial entre as
instituições participantes com o intuito de estreitar laços, discutir o modelo
de reunião do SIG, promover novas ideias e considerar formas de divulgação que permitam estender esta iniciativa a um público maior. No entanto,
ainda não obtivemos sucesso nessa empreitada, em virtude das dificuldades em encontrar uma data e um local que pudessem ser convenientes para
grande parte das instituições participantes.
Também acreditamos que seria desejável a integração com profissionais
de outras áreas correlatas, como urologistas, gastroenterologistas clínicos e
cirúrgicos e oncologistas. A troca de experiências e informações enriqueceria sobremaneira o conteúdo das nossas sessões. Nesse sentido, tivemos
a oportunidade de contar com convidados esporádicos de outras especialidades fato este que comprovou a pertinência desse modelo de contribuição
interdisciplinar.
Finalizando, as sessões de Telemedicina do SIG de radiologia do abdome
tem sido uma esplêndida oportunidade de intercâmbio de conhecimento
que tem contribuído para o crescimento científico e profissional de todos os
participantes, além de permitir uma ampla rede de contatos extremamente
rica e frutífera.
Capítulo  28. SIG do Abdome269
Capítulo 29
SIG Ressuscitação Cardiopulmonar:
Origem, evolução e perspectivas
Suzy Santana Cavalcante
Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da
Universidade Federal da Bahia
Maria de Fátima de Araújo Geraldes, Adriano Azevedo Santos e
Jeferson Batista dos Santos
Complexo Hospitalar Universitário Professor Edgard Santos
I. Introdução
A necessidade de reunir especialistas com a finalidade de discutir temas relacionados à área de saúde constituiu força motriz para que a criação dos
Grupos Especiais de Interesse (Special Interest Groups/SIGs) fizessem parte
do plano de ações do Projeto Rede Universitária de Telemedicina (RUTE),
iniciado em 2007 (RNP, 2010). A disponibilidade de recursos tecnológicos
para comunicação à distância resultante da implantação dos núcleos de
telemedicina nos hospitais universitários viabilizou a agregação de instituições científicas nacionais e internacionais, minimizando as variáveis
espaciais, reduzindo custos, além de permitir o compartilhamento de experiências e da interação interinstitucional e multidisciplinar com alta qualidade de interação. O SIG Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP) tem como
coordenadora nacional a Dra. Maria de Fátima de Araújo Geraldes, cardiologista e médica da unidade de tratamento intensivo do Complexo Hospitalar Universitário Professor Edgard Santos (Complexo Hupes), da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Foi criado em 2010 com a participação de
outras duas Instituições – a Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
e o Hospital do Coração – Associação do Sanatório Sírio (HCOR), devido à
necessidade premente de se discutir temas científicos relacionados à parada
cardiorrespiratória.
Nesses três anos de existência, houve um crescimento constante deste SIG,
possivelmente, relacionado ao interesse crescente em se discutir também
outros assuntos além das novas determinações para o bom atendimento à
situação de parada cardiorrespiratória (PCR). Acrescida à necessidade de
conhecer e disseminar informações que proporcionem redução nos índices
de óbito e sequelas neurológicas pós-PCR, encontra-se ainda a necessidade de debates em torno de situações clínicas relacionadas à emergência, às
unidades de tratamento intensivo e à especialidade Cardiologia.
II. Missão e objetivos
O SIG RCP teve como objetivo principal discutir temas relacionados à ressuscitação cardiopulmonar, contribuir para maior divulgação e adesão às
atualizações aprovadas pela comunidade científica, reunindo profissionais
interessados no tema, através das instituições integrantes. Entre os objetivos
associados podemos relacionar:
ƒƒ
Discutir sobre as experiências em atividades de atualização realizadas pelas instituições participantes e nos treinamentos de equipes
de saúde na área de ressuscitação cardiopulmonar.
ƒƒ
Desenvolver protocolos de pesquisa e de novas alternativas de abordagem, com enfoque especial à inovação e à ética dos procedimentos.
ƒƒ
Desenvolvimento de teleconteúdos educacionais.
ƒƒ
Estimular a discussão de casos clínicos que ampliem as discussões
para além do estudo das ações técnicas realizadas durante as manobras de ressuscitação cardiopulmonar, buscando o estudo e os debates sobre temas das áreas de terapia intensiva e cardiologia.
III. Estrutura e metodologia operacional
Agregando profissionais de equipes multidisciplinares, estudantes e residentes das instituições participantes, o SIG desenvolve uma agenda de trabalho que inclui reuniões científicas mensais que permitem a participação
por videoconferência (Figura 1).O SIG RCP, atualmente, é composto por 20
instituições universitárias que representam cinco regiões brasileiras: UFBA,
HCOR, Unifesp, Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Universidade Federal do Amapá (UNIFAP),
Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), Hospital Universitário Pedro Ernesto, da
Universidade Estadual do Rio de Janeiro (HUPE-UERJ), Universidade FedeCapítulo  29. SIG Ressuscitação Cardiopulmonar271
ral de Juiz de Fora (UFJF), Instituto do Coração (INCOR), da Fundação Zerbini, Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Faculdade de Medicina
de Marília (FAMEMA), Universidade Federal de Campina Grande (UFCG),
Universidade Federal Fluminense (UFF), Hospital Samaritano, Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), Pronto Socorro Cardiológico de Pernambuco (PROCAPE), Universidade Federal de Viçosa (UFV) e Clínica de
Diagnósticos Médicos (CEDECO).
Sua estrutura organizacional compreende um núcleo coordenador, situado
na UFBA, e demais núcleos parceiros, nas demais instituições. Todas as instituições se conectam a uma Multipoint Central Unit (MCU) da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) através de equipamentos dedicados de seus
núcleos de telemedicina. Infraestrutura e apoio técnico local e à distância
são disponibilizados durante todas as sessões aos coordenadores e demais
usuários situados em cada núcleo. Este SIG recebe apoio da equipe técnica do Núcleo Universitário de Telessaúde (NUTS) da UFBA para divulgação
local de suas atividades. As divulgações de todas as atividades de SIGs do
projeto RUTE, em nível nacional, também contam com a atenção da Assessoria de Comunicação da RNP e da equipe de suporte técnico da mesma instituição para divulgação específica sobre dados técnicos de conectividade.
O site do projeto RUTE apresenta todas as informações sobre os SIGs no seu
endereço na web (http://www.rnp.rute.br), possibilitando amplo acesso às
informações (RUTE, 2013).
Resultados obtidos e impactos
Em seus três anos de existência, o SIG de RCP teve a adesão de mais 17 Instituições participantes, constituindo, hoje, 20 pontos participantes, o que
significa um crescimento em quase sete vezes o número de participantes e
colaboradores, nas cinco regiões brasileiras(Figura 1).
Desenvolvendo discussões científicas na área de cardiologia, intensivismo
e ressuscitação cardiopulmonar, são debatidos temas de importância relevante nestas áreas a fim de melhorar a assistência a parada cardíaca, reduzir
as sequelas neurológicas dos sobreviventes de PCR e reduzir a taxa de óbito
como também troca de experiências quanto a realização de programas de
treinamento e reciclagem das equipes de saúde dos hospitais participantes.
272
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Figura 1 – Videoconferências do SIG Ressuscitação Cardiopulmonar, UFBA.
Figura 2 – Distribuição de instituições participantes do SIG RCP, UFBA.
IV. Conclusão
O crescimento exponencial do SIG de Ressuscitação Cardiopulmonar demonstra o interesse renovado em discutir um assunto que tem sido debatido, normatizado e ensinado em todo mundo de forma também crescente e
empolgante. A metodologia aplicada, utilizando recursos de tecnologia da
informação na forma de videoconferências, oferecida pelo projeto RUTE,
demonstrou ser de fundamental importância não só pelo rápido desenvolvimento deste SIG, como também pela diversidade de participantes, envolvendo as cinco regiões do País. Diante do acelerado desenvolvimento deste
grupo científico de discussão em rede, surge a necessidade quase que constante de um planejamento de atuação do SIG com desenvolvimento de novos objetivos que possam aproveitar o potencial existente.
Capítulo  29. SIG Ressuscitação Cardiopulmonar273
Agradecimentos
A todos os membros RUTE que compartilharam seus conhecimentos através do SIG RCP. Às equipes de suporte técnico do projeto RUTE e da RNP.
Referências bibliográficas
RNP. CT&I na Área da Saúde na Rede Nacional de Ensino e Pesquisa – RNP, Rede
Universitária de Telemedicina – RUTE. In: Ministério da Ciência e Tecnologia (ed.).
Pesquisas e Ações em Saúde nos Institutos de Pesquisa do Ministério da Ciência e
Tecnologia. Subsecretaria de Coordenação das Unidades de Pesquisa, Brasília, p.
234-59, 2010.
RUTE. Rede Universitária de Telemedicina. Disponível em: http://rute.rnp.br/. Acesso em: 6 mai. 2013.
274
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Capítulo 30
SIG Saúde Bucal Coletiva: Compartilhando o exercício
colaborativo de produzir inteligência coletiva na área
Adélia Delfina da Motta Silva Correia
Coordenadoria Estadual de Telessaúde da Secretaria de
Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul
Mitsue Fujimaki
Universidade Estadual de Maringá
Edilson José Zafalon
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
Colaboraram: Valéria Rodrigues de Lacerda,
Mary Caroline Skelton-Macedo, José Antônio de Abreu Oliveira,
Ana Áurea Aléccio de Oliveira Rodrigues,
Raquel Sano Suga Terda e Cassius Torres Pereira
Os Special Interest Groups (SIG) são comunidades virtuais criadas no âmbito
da Rede Universitária de Telemedicina (RUTE, 2012) cujo interesse é avançar no conhecimento e aprendizado de uma área específica do campo da
saúde. A Rede Universitária de Telemedicina é uma iniciativa do Ministério
da Ciência e Tecnologia, apoiada pela Financiadora de Estudos e Projetos
(FINEP) e pela Associação Brasileira de Hospitais Universitários (ABRAHUE)
que é coordenada pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), a fim de
apoiar o aprimoramento de projetos em Telemedicina já existentes e incentivar o surgimento de futuros trabalhos interinstitucionais.
Este trabalho relata a experiência do SIG Saúde Bucal Coletiva (SBC), que
nasceu após o lançamento da Rede Nacional de Teleodontologia (RNTO),
apoiada pelo Ministério da Saúde. As tecnologias de informação e comunicação (TICs) têm possibilitado ao SIG Saúde Bucal Coletiva a experiência da
inteligência coletiva, que é aquela que pode emergir de processos de interação circular e de autoprodução próprios aos coletivos humanos, dependendo da capacidade dos indivíduos e grupos humanos de se relacionar (TEIXEIRA, 2006). A inteligência coletiva (LÉVY, 2007) é caracterizada pelo uso da
interatividade virtual para construir e disseminar os saberes globais, baseados no acesso à informação e atualização (COSTA, 2005), e pode também ser
definida, de acordo com Szabó e Silva (2007), como uma formação coletiva
capaz de conectar saberes e criatividade humana em prol da transformação
da sociedade, nos conduzindo para a Sociedade do Conhecimento.
Objetivos do SIG-SBC
O objetivo geral do SIG-SBC é gerar uma rede colaborativa, em que as expertises sejam compartilhadas e possam inspirar usos e aplicações, gerando
novas práxis interdisciplinares por meio da construção da inteligência coletiva na área da Saúde Bucal Coletiva.
Dentre os objetivos específicos estão: promover encontros virtuais e sistemáticos e discussões entre universidades e serviços no País sobre temas de interesse para a SBC, a fim de compartilhar experiências e, indiretamente, provocar
mudanças positivas no modo de fazer na área, nos diferentes pontos de atenção à saúde no SUS; (re)construir coletivamente conhecimentos sobre temas
de interesse para a SBC; divulgar e discutir a Política Nacional de Saúde Bucal;
e criar uma rede colaborativa de pesquisa e produção de conhecimento.
Operacionalização do SIG-SBC
A iniciativa de operacionalização do SIG-SBC teve início dentro da rede
de discussão eletrônica da Associação Brasileira de Saúde Bucal Coletiva
(ABRASBUCO), onde diversas instituições relacionadas à formação, gestão
e serviços de saúde em todo País, foram convidadas a integrar este novo SIG
na área da Saúde Bucal. A partir deste convite, um grupo de interessados
começou a discussão sobre temas e datas para o início do funcionamento
deste SIG.
Para organizar os temas discutidos ao longo dos encontros virtuais, o grupo partiu do pressuposto que a Saúde Bucal Coletiva não pode estar desconectada dos princípios doutrinários do Sistema Único de Saúde (SUS),
portanto, precisa, como afirma Narvai (2006), realizar ações capazes de dar
atenção às necessidades de todos os brasileiros (universalidade), tornando
possível sua entrada no sistema, bem como a utilização de seus recursos,
independente da sua complexidade (integralidade), sem deixar de ofertar
mais aos que mais precisam (equidade). Foi, assim, encarado o desafio de
pensar em como colocar isso em prática, situação que se apresenta a todos
276
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
os militantes da Saúde Bucal Coletiva cotidianamente, sejam eles, gestores,
trabalhadores ou usuários do SUS.
Nesse sentido, o SIG-SBC se apresenta como um espaço de encontro, utilizando-se de recursos de telemática disponibilizados pela RUTE, para discutir o
desenvolvimento do trabalho odontológico a partir das necessidades das pessoas, considerando a incorporação de novos processos de trabalho em saúde
bucal, em redes de atenção, que permitam sua modelagem às transições epidemiológicas, demográficas, econômicas e sociais que permeiam a população
brasileira (MENDES, 2011). Assim, foram definidos como eixos prioritários (e
seus possíveis desdobramentos) para os encontros seguintes, propostos na 3ª
Conferência Nacional de Saúde Bucal: educação e construção da cidadania;
controle social, gestão participativa e saúde bucal; formação e trabalho em
saúde bucal e financiamento e organização da atenção em saúde bucal.
Assim, após diversas trocas de e-mails, no período de setembro a outubro de
2011, os seguintes temas foram definidos para os encontros: “Saúde Bucal
Coletiva: do que estamos falando?”; “Integralidade em saúde bucal: como é
possível?”; “Acolhimento e Clínica Ampliada: como usar estas diretrizes da
PNH (Política Nacional de Humanização) em prol da Saúde Bucal?”; “Saúde
Bucal e os Ciclos de Vida”; “Câncer bucal nos serviços de saúde: prevenção
primária e rastreamento”; “Câncer bucal nos serviços de saúde: prevenção
secundária”; “Planejamento e Programação em Saúde Bucal”; “Monitoramento e Avaliação na Atenção Básica”; “Formação Acadêmica e de pós-graduação para a Estratégia de Saúde da Família (ESF): o papel da universidade”; “Recursos Humanos Auxiliares em Saúde Bucal”; “A problemática dos
CEOs na retaguarda secundária para a Saúde Bucal”.
O SIG-SBC tem realizado encontros mensais, nas terceiras segundas-feiras,
entre 11h e 12h (horário de Brasília), por meio de webconferências públicas
(Figura 1), que são gravadas e disponibilizadas posteriormente no sítio do
grupo. A Coordenação do SIG vem sendo compartilhada entre a Coordenação Estadual de Telessaúde em Mato Grosso do Sul (Secretaria de Estado de
Saúde) e a Faculdade de Odontologia da UFMS.
Resultados do SIG-SBC
Até dezembro de 2012, foram realizadas 11 reuniões, conforme planejamento prévio. O objetivo da primeira foi conhecer as instituições participantes e membros do grupo, ouvir expectativas e testar o funcionamento
Capítulo  30. SIG Saúde Bucal Coletiva277
da webconferência (http://webconf2.rnp.br/rutesigsbc). A partir da segunda reunião, foram discutidos os quatro primeiros temas apresentados no
Quadro 1. Esses momentos têm sido uma grande oportunidade de encontro
entre ensino e serviço, uma vez que há, entre os membros do SIG-SBC, profissionais distribuídos em atividades de ensino, pesquisa, atenção e gestão
em saúde, em cinco estados do Brasil. Além disso, as discussões estão disponíveis na internet (Figura 2), podendo servir como material instrucional em
Saúde Bucal Coletiva, tanto no ensino quanto no serviço.
Quadro 1 – Datas, temas e instituições apresentadoras do SIG Saúde Bucal
Coletiva de novembro/2011 a dezembro de 2012, SIG-SBC, dezembro, 2012
Data
Tema
Instituição
apresentadora
17/10/2011
Primeira reunião: Apresentação das instituições participantes
e confirmação da agenda
Telessaúde MS e
UFMS
21/11/2011
Saúde Bucal Coletiva: do que estamos falando?
UEFS
19/12/2011
Acolhimento e Clínica Ampliada: como usar estas diretrizes
da PNH (Política Nacional de Humanização) em prol da
Saúde Bucal?
Telessaúde MS
19/03/2012
Integralidade em saúde bucal: como é possível?
UFMS
16/04/2012
Redes de Atenção à Saúde: compartilhando a experiência de
implantação do Paraná
UEM
21/05/0212
Câncer bucal nos serviços de saúde: prevenção primária e
rastreamento
UFMS
18/06/2012
Câncer bucal nos serviços de saúde: prevenção secundária
UFPR
20/08/2012
Saúde Bucal e os Ciclos de Vida
Telessaúde MS
17/09/2012
Monitoramento e Avaliação na Atenção Básica
UEM
19/11/2012
Recursos Humanos Auxiliares em Saúde Bucal
PMVS-RJ
17/12/2012
Avaliação do ano e planejamento para 2013
Todos os membros
Fonte: Próprio SIG SBC, RUTE/RNP, 2012.
O contato do grupo com as Tecnologias de Informação e Comunicação
(TICs) tem possibilitado o reconhecimento de seu potencial para colaborar na estruturação, organização e funcionamento de sistemas e serviços de
saúde e na educação permanente em saúde. O uso das TICs tem sido uma
278
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
estratégia para (re)significação do processo educativo. A participação nas
reuniões é bastante simples e acessível, necessitando somente de computador com conectividade de internet, sendo iniciativas como esta de grande
importância e com potencial de crescimento na Odontologia.
Considerações finais
O grupo tem exercido a troca de experiências e compartilhado conteúdos e
conhecimento em rede. Mais que isso, o fundamental neste processo é que
a conexão de saberes e ideias criativas têm potencial para promover mudanças no modo de pensar, sentir e agir em Saúde Bucal Coletiva, qualificando
as ações de atenção, educação e gestão na área. A perspectiva é de que o SIG
cresça no número de estados participantes e de que as contribuições para os
temas discutidos sejam transformadas em referencial bibliográfico na Área
da Saúde Bucal Coletiva. Além disso, espera-se estimular outras áreas da
Odontologia a criar espaços virtuais próprios de discussão. A Rede Nacional
de Teleodontologia está mobilizada para gerar a Biblioteca Virtual de Saúde
Bucal dentro do Portal da Rede, contemplando o conhecimento construído
colaborativamente neste SIG. Espera-se que o amadurecimento e o acúmulo intelectual das discussões e conhecimentos produzidos possam ser amplamente socializados por meio de meios de comunicação.
Figura 1 – Sítio do SIG SBC, construído coletivamente, sob a
responsabilidade de José Antônio Abreu de Oliveira, odontólogo
da Prefeitura Municipal de Varre-Sai-RJ, membro do grupo.
Fonte: Próprio sítio SIG SBC, 2012.
Capítulo  30. SIG Saúde Bucal Coletiva279
Figura 2 – Visualização da gravação de uma das webconferências do SIG SBC.
Fonte: Gravações Webconferências SIG SBC, RUTE/RNP, 2012.
Agradecimentos
À RUTE, na pessoa do Dr. Luiz Ary Messina, bem como à Rede Nacional de
Teleodontologia (RNTO), na pessoa de Mary Caroline Skelton Macedo, que
nos estimularam no processo de criação deste SIG.
À Adélia Delfina da Motta Silva Correia, coordenadora estadual de Telessaúde do Mato Grosso do Sul que, com muita dedicação, iniciou e tem impulsionado este processo de construção coletiva, e a José Antônio Abreu de Oliveira, odontólogo da Prefeitura Municipal de Varre-Sai-RJ, criador do sítio e
da logomarca do SIG-SBC.
Referências bibliográficas
REDE Universitária de Telemedicina (BR) [homepage na Internet]. O que é a Rede
Universitária de Telemedicina (RUTE)? 2012. Disponível em: <http://rute.rnp.br/
arute>. Acesso em: 6 maio 2012.
TEIXEIRA, R. R. Inteligência coletiva e integração de tecnologias de informação e de
comunicação no setor saúde no Brasil. Disponível em: <http://www.corposem.org/
rizoma/inteligenciacoletiva.htm>. Acesso em: 17 abr. 2012.
280
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
COSTA, R. Por um novo conceito de comunidade: redes sociais, comunidades pessoais, inteligência coletiva. Interface – Comunicação, Saúde, Educação, v. 9, n. 17, p.
235-48, 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/icse/v9n17/v9n17a03.pdf>.
Acesso em: 15 abr. 2012.
SZABÓ, I.; SILVA, R. R. G. Informação e inteligência coletiva no ciberespaço: uma
abordagem dialética. Ciências & Cognição, n. 11, p. 37-48, 2007. Disponível em:
<http://www.sumarios.org/sites/default/files/pdfs/52763_6187.PDF>. Acesso em: 2
maio 2012.
NARVAI, P. C. Saúde bucal coletiva: caminhos da odontologia sanitária à bucalidade. Revista Saúde Pública, n. 40(esp.), p.141-147, 2006. Disponível em: <http://www.
scielo.br/pdf/rsp/v40nspe/30633.pdf>. Acesso em: 30 abr. 2012.
MENDES, E. V. As redes de atenção à saúde. Brasília-DF: Organização Pan-Americana da Saúde, 2011. 549 p. Disponível em: <http://new.paho.org/
bra/%20http://new.paho.org/bra/index.php?option=com_docman&task=doc_
download&gid=1402&Itemid=423>. Acesso em: 11 set. 2011.
CONFERÊNCIA Nacional de Saúde Bucal (BR). 3rd., 2004, Brasília. Relatório Final.
Brasília: Ministério da Saúde; 2005. Disponível em: <http://conselho.saude.gov.br/
biblioteca/Relatorios/saude_bucal.pdf>. Acesso em: 11 set. 2011.
LÉVY, P. A inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço. 5. ed. São Paulo: Loyola, 1998. Disponível em: <http://books.google.com.br/books?id=N9QHkFT_
WC4C&Ipg=PP1&hl=pt-BR&pg=PA22#v=onepage&q&f=false>. Acesso em: 5 ago.
2012.
Capítulo  30. SIG Saúde Bucal Coletiva281
Capítulo 31
SIG Crianças e Adolescentes Saúde & Medicina:
Atividades, impactos, usos e perspectivas
Evelyn Eisenstein
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Suzy Santana Cavalcante
Universidade Federal da Bahia
João Joaquim Freitas do Amaral
Universidade Federal do Ceará
Sendo imprescindível o estabelecimento de parcerias para um trabalho em
rede multinacional, a criação de Grupos Especiais de Interesse (Special Interest Groups/SIGs) para a Área da Saúde como parte das ações do Projeto
Rede Universitária de Telemedicina (RUTE) teve início em 2007. As estratégias de aglomeração de parceiros nacionais e internacionais em torno de
atividades científicas utilizada pelos SIGs incluem a utilização de videoconferências e webconferências como vias de comunicação a distância, para trocas de saberes e debates sobre temas de interesse comum. Tais mecanismos
de comunicação têm facilitado a construção colaborativa do conhecimento
através da troca de informações, do compartilhamento de experiências e da
interação interinstitucional e multidisciplinar.
Dentre as motivações para a criação dos SIGs, destacam-se o incentivo à
ampliação das colaborações já existentes entre os Hospitais Universitários
(HUs) e Instituições de Ensino Superior (IES) integrantes do Projeto RUTE
e a possibilidade de inclusão de todas as demais instituições dispostas ao
desenvolvimento de ações de ensino e pesquisa. O intenso tráfego de informações que se apresenta com esse modelo configura verdadeira rede acadêmica e profissional de relacionamentos em Saúde.
O SIG Children and Adolescent Health & Medicine iniciou a sua história em
novembro de 2007, durante o III Congresso Brasileiro de Telemedicina, ocorrido no Rio de Janeiro, quando foram deflagradas as primeiras reuniões e ações
que culminaram, em maio de 2008, na sua criação. A coordenação deste SIG
ficou sob a responsabilidade das professoras Evelyn Eisenstein, da Faculdade
de Ciências Médicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), e
Suzy Santana Cavalcante, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal
da Bahia (UFBA), ambas médicas pediatras e membros da Sociedade Brasileira de Pediatria. Figurando entre os primeiros SIGs do Projeto RUTE, o grupo
vem mantendo agenda regular de trabalhos ao longo dos últimos quatro anos,
destacando-se pelo alcance de suas ações e abrangência dos temas selecionados. Desenvolvendo um modelo de coordenação compartilhada, sob a forma
de parceria interestadual, conta desde o final de 2011 com a inclusão de mais
um coordenador parceiro – o professor João Joaquim Freitas do Amaral, da
Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Missão e objetivos
O SIG Children and Adolescent Health & Medicine tem como missão integrar profissionais de diversas instituições nacionais e internacionais em
discussões sobre temas relevantes à saúde de crianças e adolescentes brasileiros, com a inclusão, dentre outras, de questões relacionadas aos Direitos
à Saúde, segundo as prioridades da Convenção dos Direitos da Criança, da
Organização das Nações Unidas, e do Estatuto da Criança e do Adolescente.
Entre os objetivos específicos desse SIG, relacionam-se:
ƒƒ
Promover atividades científicas e encontros entre especialistas que
possibilitem a troca de informações de relevância profissional e a
construção colaborativa do conhecimento, como, por exemplo, as
sessões de videoconferência para apresentação e discussão de temas
em Pediatria.
ƒƒ
Desenvolver atividades multidisciplinares e multicêntricas entre as
instituições de ensino voltadas à capacitação de recursos humanos e
à educação continuada em saúde, com ênfase na realidade de crianças e adolescentes brasileiros.
ƒƒ
Desenvolver projetos comuns de pesquisa e extensão, contribuindo
para o encontro de soluções para problemas específicos da saúde
das populações, a partir da aplicação das tecnologias de comunicação e informação.
ƒƒ
Promover e aprofundar discussões no campo dos Direitos à Saúde,
bem como nas questões sobre Ética, Economia e Legislação em Saúde e Tecnologia.
Capítulo  31. SIG Crianças e Adolescentes Saúde & Medicina283
Estrutura e metodologia operacional
Congregando especialistas e profissionais de instituições de quase todo o
território nacional e de outros Países, vinculados às mais diversas áreas temáticas da Saúde, o SIG Children and Adolescent Health & Medicine propõe
uma agenda de trabalho que inclui reuniões científicas periódicas para estabelecimento de conexão com centros especializados integrantes do Projeto
RUTE (unidades primárias) e a interação com instituições externas ao Projeto (unidades secundárias) para colaboração em atividades permanentes
de educação, pesquisa e assistência à saúde. Sua estrutura organizacional
básica, na atualidade, está representada pelos três núcleos coordenadores
situados na UERJ, UFBA e UFC, pelos núcleos parceiros e pela central de
apoio especializada da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP).
Coordenadores do SIG e responsáveis pela participação em cada uma das
instituições parceiras contam com o apoio logístico propiciado pela coordenação técnica do Projeto RUTE e com a possibilidade de intermediação
de conexões simultâneas para videoconferências entre várias instituições
através da Multipoint Central Unit (MCU). Localmente, cada coordenação
se utiliza da infraestrutura física e do quadro funcional técnico e administrativo disponibilizados pelos núcleos de Telemedicina de seus hospitais ou
instituições de ensino universitárias. Em 2011, o SIG ganhou espaço na internet e passou a ter informações e programação amplamente divulgadas
por meio de website inserido no domínio virtual do Projeto RUTE [1].
A agenda de sessões integradas por videoconferência é estabelecida em conjunto com todos os membros participantes no início de cada ano para discussão de casos clínicos e debate de temas prioritários ou relevantes relacionados às políticas públicas de atenção à saúde de crianças e adolescentes. A
definição dos temas resulta da participação de todos os integrantes do grupo
e considera a necessidade de abordagem teórico-prática ou de planejamento de intervenções para situações que expõem a riscos a saúde das populações de crianças e adolescentes no contexto brasileiro. As sessões permitem
a comunicação por voz e imagem, em tempo real, de indivíduos situados em
localidades distantes geograficamente. Transmissão dessas sessões pela Internet permite a participação de indivíduos que não dispõem dos requisitos
necessários à participação por videoconferência em suas unidades.
284
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Resultados obtidos e impactos
Em seus cinco anos de existência, o SIG Children and Adolescent Health &
Medicine apresentou expressivo crescimento no número de participantes
e colaboradores. Tendo iniciado sua agenda de compromissos com apenas
duas outras instituições parceiras (UFMA e Polycom), além das duas instituições coordenadoras que iniciaram a formação do grupo (UERJ e UFBA),
o SIG conta hoje com uma comunidade representada por um total de 40
entidades, sendo 3 instituições coordenadoras, 36 núcleos parceiros distribuídos por todo o território nacional (Figura 1) e 1 núcleo internacional, situado no Equador. Abaixo apresenta-se a lista desses núcleos. O Ministério
da Saúde, Brasil, representado pela Área Técnica de Saúde da Criança e Aleitamento Materno, figura entre as primeiras parcerias estabelecidas pelo SIG.
Figura 1 – Distribuição das instituições que integram o SIG no território nacional.
Capítulo  31. SIG Crianças e Adolescentes Saúde & Medicina285
Hospitais Universitários e Instituições de Saúde que integram
o SIG Children and Adolescent Health & Medicine
286
ƒƒ
Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP)
ƒƒ
Faculdade de Medicina da USP Ribeirão Preto (FMRP-USP)
ƒƒ
Faculdade de Medicina de Marília (Famema)
ƒƒ
Faculdade de Medicina do Campus Barbalha (FMCB-UFC)
ƒƒ
Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC-BA)
ƒƒ
Hospital Barão de Lucena (HBL)
ƒƒ
Hospital de Clínicas da Unicamp (UNICAMP)
ƒƒ
Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA-UFRGS)
ƒƒ
Hospital Geral do Grajaú (HGG)
ƒƒ
Hospital Geral Roberto Santos (HGRS)
ƒƒ
Hospital Infantil Albert Sabin
ƒƒ
Hospital Municipal Odilon Behrens (HMOB)
ƒƒ
HU Cassiano Antônio de Moraes da Universidade Federal do Espírito Santo
ƒƒ
HU da Fundação Universidade Federal do Rio Grande (FURG-RS)
ƒƒ
HU da Universidade de Brasília (UnB)
ƒƒ
HU da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD)
ƒƒ
HU do Oeste do Paraná (HUOP-UNIOESTE)
ƒƒ
HU Francisca Mendes da Universidade Federal do Amazonas (UFAM)
ƒƒ
HU Gaffrée e Guinle (UNIRIO)
ƒƒ
HU Walter Cantídio da Universidade Federal do Ceará (HUWC-UFC)
ƒƒ
HU Lauro Wanderley da Universidade Federal da Paraíba (HULW-UFPB)
ƒƒ
Instituto Fernandes Figueira (IFF)
ƒƒ
Instituto Nacional de Câncer (INCA)
ƒƒ
Instituto Zero a Seis (RJ)
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
ƒƒ
Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre (ISCMPA)
ƒƒ
Maternidade Escola Assis Chateubriand da UFC (MEAC-UFC)
ƒƒ
Maternidade Escola da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
ƒƒ
Ministério da Saúde, Brasil (MS)
ƒƒ
Polycom
ƒƒ
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
ƒƒ
Universidade Federal da Bahia (UFBA)
ƒƒ
Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)
ƒƒ
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
ƒƒ
Universidade Federal do Amapá (UNIFAP)
ƒƒ
Universidade Federal do Maranhão (UFMA)
ƒƒ
Universidade Federal do Pará (UFPA)
ƒƒ
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
ƒƒ
Universidad Tecnica Particular de Loja (UTPL-Equador)
ƒƒ
Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes)
ƒƒ
Universidade Federal de Viçosa
Outras parcerias se estabeleceram ao longo da trajetória de cinco anos de
vida do SIG Children and Adolescent Health & Medicine, merecendo destaque o Senado Federal e a Câmara dos Deputados Federal em Brasília,
Children’s Hospital Boston (Harvard Medical School), a International Society for the Prevention of Child Abuse and Neglect (ISPCAN), o Johns Hopkins
Hospital & Medical Institutions e a Medical Missions for Children (MMC).
Desde sua criação, em 2008, um total de 50 sessões de videoconferência já
foram realizadas, envolvendo a participação de 450 profissionais entre professores, médicos residentes, especialistas e graduandos de diversos cursos
da Área da Saúde. As sessões, que tinham periodicidade mensal nos dois primeiros anos, passaram a ocorrer quinzenalmente a partir de 2010 e incluem
reuniões periódicas de abrangência internacional: Genebra (Organização
Mundial de Saúde/OMS), Austrália (Sydney Children’s Hospital) e Estados
Unidos (Georgetown University). Atualmente, foram incluídos os profissionais dos Países da língua portuguesa, através de parceria estabelecida com
Capítulo  31. SIG Crianças e Adolescentes Saúde & Medicina287
a rede ePORTUGUESe, da OMS [2]. Os temas abordados nas sessões variam
conforme a disponibilidade e as sugestões dos palestrantes, sendo sempre
abrangentes. Já integraram a agenda do SIG: direitos de saúde, prevenção da
violência e abusos, repercussão dos castigos corporais, dengue, HIV-AIDS,
autismo, avaliação da dor, asma, distúrbios neurológicos, critérios de crescimento e desenvolvimento, epidemia de H1N1 e vacinas, riscos & benefícios
da geração digital entre outros.
Quanto às ações de educação para a saúde, empreendidas pelo SIG nos
últimos anos, destaca-se a produção de material informativo, impresso e
em mídia especializada, para crianças, adolescentes e seus familiares, bem
como a implementação de cursos de curta duração para atualização e capacitação de profissionais da Área da Saúde. No campo da pesquisa científica,
a atuação do grupo inclui a submissão de projetos com participação multidisciplinar a agências de fomento, órgãos públicos, fundações, parcerias
público-privadas e ao apoio empresarial, governamental ou não governamental. Alguns produtos foram: DVD sobre Prevenção da Síndrome do Bebê
Sacudido [3]; Curso on-line sobre Prevenção da Violência e Abusos de Crianças e Adolescentes; folders com orientações de Cuidados durante a Epidemia do H1N1.
A produção e troca de materiais científicos para publicação em revistas indexadas e apresentação de propostas de soluções para problemas específicos de saúde a partir do trabalho colaborativo e da utilização de recursos de
Telemedicina resultam do esforço conjunto entre seus integrantes. O registro e o acompanhamento dos resultados têm sido estabelecidos mediante a
elaboração e análise dos relatórios periódicos de atividades.
Conclusão
A trajetória de trabalho SIG Children and Adolescent Health & Medicine demonstra vários aspectos de impacto e inovação dessa metodologia na troca
de conhecimentos e divulgação de temas relevantes na Área de Saúde de
crianças e adolescentes, e a disseminação do interesse de profissionais em
torno das tecnologias de informação e comunicação em todo o território
nacional. O compromisso de cada um e a disponibilidade gratuita de seu
tempo e de seu saber a favor dos interesses das crianças e adolescentes demonstra que a proteção social e da saúde representa, não apenas, um dever
288
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
profissional, mas também um investimento presente e futuro na melhoria
das condições de saúde da população brasileira.
Agradecimentos
A todos os membros RUTE que compartilharam seus conhecimentos através do SIG Children and Adolescent Health & Medicine e parcerias internacionais que tornaram possível a constituição dessa ampla rede acadêmica
À coordenação do Projeto RUTE e a todos os técnicos que ofereceram suporte para a realização das comunicações a distância.
Referências bibliográficas
RNP. SIG Saúde de Crianças e Adolescentes. Disponível em: <http://rute.rnp.br/
web/sig-saude-de-criancas-e-adolescentes>. Acesso em: 5 maio 2012.
WHO. Rede ePORTUGUESe. Disponível em: < http://www.who.int/eportuguese/
en/>. Acesso em: 5 maio 2012.
SÍNDROME do Bebê Sacudido. The Children’s Hospital at Westmead. Disponível em:
<http://www.youtube.com/watch?v=o0vASBX8CQ0>. Acesso em: 5 maio 2012.
Capítulo  31. SIG Crianças e Adolescentes Saúde & Medicina289
Capítulo 32
SIG Saúde Indígena
Douglas Rodrigues
Departamento de Medicina Preventiva da Escola Paulista
de Medicina – Universidade Federal de São Paulo
Leonardo Frajhof
Hospital Universitário Gaffrée e Guinle
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
Pedro Coscarelli
Hospital Universitário Pedro Ernesto
Universidade do Rio de Janeiro
Joyce Fagundes
Mestranda em Memória Social – UNIRIO
No Brasil, a Telessaúde foi instituída no Sistema Único de Saúde (SUS) pela
Portaria n. 35 de 4 de janeiro de 2007 com o objetivo de desenvolver ações de
apoio à assistência à saúde e, sobretudo, de educação permanente, visando
à educação para o trabalho na perspectiva de mudanças de práticas, que
resultem na melhoria da qualidade dos serviços de Atenção Básica.
Os recursos da Telessaúde podem ser estratégicos para a qualificação da
atenção à saúde dos povos indígenas. No início do século XX foi criado o
Serviço de Proteção ao Índio (SPI) (1910), dando início a uma nova fase da
política indigenista, com a missão de atrair e “pacificar” os grupos remanescentes. Durante a atração e contatos eram levados aos indígenas presentes
e doenças. Essa política, com claros propósitos assimilacionistas, embora
tenha conseguido êxito em proteger e preservar parte dos povos indígenas,
em muitas situações trazia a desestruturação social, a fome e a miséria.
O Subsistema de Atenção à Saúde
Indígena (SASISUS)
O Sasisus configura-se como uma rede diferenciada de serviços de Atenção
Básica, de gestão federal, com o propósito de garantir aos povos indígenas o
acesso à atenção integral à saúde. Para isso deve levar em consideração suas
especificidades socioculturais, de isolamento geográfico e suas práticas tradicionais de cura. Essa rede deve estar articulada à rede de média e alta complexidade do SUS, garantindo assim o cuidado integral à saúde indígena.
Essa especificidade do subsistema reflete-se claramente em sua territorialidade que se baseia em critérios étnicos, epidemiológicos, das relações sociais entre os povos indígenas e a sociedade nacional e de sua distribuição
geográfica, não coincidindo necessariamente com limites de estados e municípios onde se encontram as comunidades indígenas.
Devido à imensa diversidade de situações, o acesso dos usuários indígenas a
serviços de saúde é diferente nos DSEI, conforme a região do País. Enquanto
na região Nordeste, Sudeste e Sul as aldeias ficam mais próximas a sedes
municipais, nas regiões Norte e Centro-Oeste encontram-se as comunidades em situação de maior isolamento. O perfil epidemiológico dessas comunidades, em grande parte determinado por sua situação de contato, é
composto por altas prevalências de doenças infectoparasitárias e desnutrição infantil convivendo com doenças crônicas não transmissíveis, que podem ser epidêmicas em alguns grupos como é o caso do Diabetes entre os
Xavante de Mato Grosso.
O Sasisus constitui, portanto, uma política afirmativa na Área da Saúde, que
tem o grande desafio de oferecer acesso a serviços de Atenção Básica aos povos indígenas remanescentes em nosso País, com toda sua complexidade e
diversidade, uma tarefa que requer profissionais preparados para o que tem
sido chamado de Atenção Diferenciada à Saúde.
Desde outubro de 2010, por meio do Decreto n. 7.336 de 19/10/2010, a coordenação da saúde indígena no Brasil está sob a responsabilidade da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), do Ministério da Saúde. Sob
a coordenação da Sesai, os Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI)
passaram a ter sua gestão descentralizada. Os DSEIs, em número de 34, não
foram divididos por Estado, mas sim estrategicamente por critérios territoriais que têm como base a ocupação geográfica das comunidades indígenas,
como nos mostra a Figura 1.
Capítulo  32. SIG Saúde Indígena291
Figura 1 – Mapa dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI) do Brasil.
Fonte: Portal da Saúde. Disponível em: <http://portal.saude.gov.
br/portal/saude/Gestor/area.cfm?id_area=1744>
1 – Alagoas/ Sergipe; 2 – Altamira; 3 – Alto Rio Juruá; 4 – Alto Rio Negro; 5 – Alto Rio Purús;
6 – Alto Rio Solimões; 7 – Amapá e Norte do Pará; 8 – Araguaia; 9 – Bahia; 10 – Ceará; 11 – Cuiabá;
12 – Guamá Tocantins; 13 – Kayapó Mato Grosso; 14 – Kayapó Pará; 15 – Leste Roraima;
16 – Médio Rio Solimões e Afluentes; 17 – Manaus; 18 – Maranhão; 19 – Mato Grosso do Sul;
20 – Minas Gerais e Espírito Santo; 21 – Médio Rio Purús; 22 – Interior Sul; 23 – Parintins;
24 – Pernambuco; 25 – Porto Velho; 26 – Potiguara; 27 – Rio Tapajós; 28 – Litoral Sul; 29 –
Tocantins; 30 – Vale do Javari; 31 – Vilhena; 32 – Xavante; 33 – Xingu; 34 – Yanomami
292
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
O SIG Saúde Indígena (SIG-SI)
O objetivo da SIG-SI é promover por meio da participação de pesquisadores, gestores e especialistas da saúde, ferramentas de assistência à saúde da
população indígena levando em consideração as peculiaridades advindas
da relação intercultural, respeitando os costumes e práticas de saúde e medicina tradicionais.
O Grupo de Interesse Especial em Saúde Indígena – SIG-SI teve início em
2010, com a participação da Unirio, UERJ, UEA e Unifesp. A organização
inicial foi proposta em 2010 pela Unifesp, tornando-se a primeira instituição coordenadora do SIG. A coordenação passou a ser compartilhada com
a Unirio em abril de 2011, a exemplo do que já acontecia, com sucesso, no
SIG Saúde da Criança e Adolescente no qual a coordenação é compartilhada
entre a UERJ e UFBA.
Para melhorar o atendimento e a disseminação das Agendas, em um primeiro momento foi organizada uma Agenda Mensal com o tema e o palestrante
da sessão que era enviada para coordenação geral até o dia 25 do mês anterior ao da vídeoconferência.
Foi atualizado o cadastro das instituições participantes do SIG-SI para que
a Agenda e o Cadastro fossem disponibilizados na área de documentos do
site da RUTE.
Posteriormente entramos em contato com núcleos da RUTE em outros estados para contatar grupos interessados em Saúde Indígena objetivando uma
participação nas atividades mensais de videoconferência do SIG. Conseguimos a adesão da UFPA, UFPE, UFRR e UFTO. Em maio de 2011 foi disponibilizada a primeira Agenda Anual do SIG de Saúde Indígena e a Agenda 2012
está pronta e disponibilizada no site da RUTE na internet.
Avanços até o presente
O objetivo inicial do SIG-SI foi articular uma rede de pesquisadores e experiências acadêmicas de diferentes universidades no campo da saúde indígena, no espaço da RUTE. Por se tratar de uma área nova e pouco conhecida, a
saúde indígena tem ainda pouca visibilidade, embora a produção científica
na área tenha aumentado significativamente nos últimos anos.
Capítulo  32. SIG Saúde Indígena293
Posteriormente novos objetivos foram sendo configurados no sentido de estimular experiências de Telessaúde no Sasisus, colaborando, dessa maneira,
com seu fortalecimento.
Um aspecto importante do SIG-SI é sua interdisciplinaridade, especialmente com áreas das Ciências Sociais, em especial a Antropologia.
Foram realizadas 17 videoconferências desde a criação do SIG-SI, entre as
quais destacamos a realizada com a participação do Secretário Especial de
Saúde Indígena que apresentou o tema “O Novo Contexto da Gestão da Saúde Indígena no Ministério da Saúde”, dando início à articulação entre o SIG-SI e a Sesai. No final de 2011 foi realizada uma reunião no Ministério da
Saúde, com a diretoria da Sesai, com a presença do secretário e sua equipe
de gestão, juntamente com os coordenadores do SIG-SI e com o coordenador da RUTE. Nesta reunião discutimos as possibilidades da utilização da
Telessaúde no Sasisus, colocando a agenda do SIG à disposição para a inclusão de temas de interesse da Sesai.
Outros temas relevantes foram: a saúde mental e povos indígenas; o câncer
do colo uterino com participação de pesquisadores e professores da Unifesp, de técnicos da Sesai e do INCA; a experiência de formação de Agentes
Indígenas de Saúde organizada pela UFPE que levantou as dificuldades e
desafios na formação e profissionalização de indígenas na Área da Saúde; o
modelo de imunização do Projeto Xingu da Unifesp e os resultados alcançados em termos de cobertura vacinal; a experiência do Projeto Xingu da
Unifesp na busca ativa e nas ações matriciais para o controle do câncer de
colo uterino no médio e baixo Parque Indígena do Xingu.
Possibilidades Futuras
a) Na formação de pessoas
As experiências de Telessaúde para Ensino a Distância (EAD), na formação
de pessoas e educação continuadas constituem importantes ferramentas
para qualificação e organização do trabalho em saúde indígena. Há hoje
uma grande quantidade de profissionais de diferentes áreas da saúde atuando nos DSEIs, no que pode ser chamado de “estratégia de saúde indígena”. A grande dispersão desses profissionais e suas atividades no interior das
aldeias dificultam sobremaneira suas possibilidades de formação. Trata-se
294
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
de um gargalo para a organização da força de trabalho em saúde indígena e
na qualificação dos profissionais de saúde que atuam nas áreas indígenas.
Experiências exitosas como o Curso de Especialização em Saúde Indígena
oferecido pela Unifesp, em parceria com o MEC – Universidade Aberta do
Brasil (UAB), podem ser ampliadas e ter seus conteúdos adaptados às necessidades de cada DSEI, de cada região.
Ainda no campo da formação de pessoas, o incentivo à introdução de temas
de saúde indígena nos cursos de graduação e a oferta de pós-graduação na
Área da Saúde Indígena assumem caráter relevante, pois trata-se de sensibilizar profissionais de saúde para esta importante e delicada área de atuação.
Outra perspectiva importante é a sistematização e disponibilização on-line
de materiais de estudo e apoio facilitando o acesso de profissionais de saúde interessados em saúde indígena, como proposta pela UERJ, em uma das
videoconferências realizadas.
Nesse sentido uma das propostas feitas na SIG-SI foi a incorporação de uma
sala virtual em cada sede de DSEI, ligada à RUTE. O link já foi disponibilizado
e foi proposto à Sesai, a viabilização do espaço, conexão e equipamentos mínimos para seu funcionamento inicialmente nas sedes de DSEI e polos-base.
b) Em Telemedicina
É amplamente conhecida a dificuldade de interiorização de médicos e de
especialistas, especialmente na região Norte do País. O recente estudo conduzido pelo CFM e Cremesp intitulado Demografia Médica no Brasil revela
dados preocupantes. Segundo o estudo, o Brasil tem 1,95 médicos por mil
habitantes distribuídos de forma bastante desigual no território nacional.
A região Sudeste, por exemplo, tem concentração 2,6 vezes (2,65 por 1000
hab) maior do que a região Norte (0,98 por 1000 hab). A região Sul concentra
o dobro de médicos (2,03 por 1000 hab) com relação à região Nordeste (1,19
por 1.000 hab.). As capitais têm 4,55 médicos por mil habitantes enquanto o
Brasil tem 1,95. Estados como o Amapá e Pará têm menos de um médico por
mil habitantes, situação o comparável a de países africanos.
Diante desse quadro, a qualificação da atenção à saúde fica extremamente
comprometida especialmente nas regiões onde as comunidades indígenas
são mais isoladas. Consideramos que a Telemedicina pode ser valiosa para
diminuir essa iniquidade por meio de várias estratégias das quais podemos
destacar:
Capítulo  32. SIG Saúde Indígena295
ƒƒ
Desenvolvimento de sistemas eletrônicos e integrados de registro de
saúde, de protocolos para abordagem dos problemas de saúde mais
relevantes e de apoio à decisão.
ƒƒ
Disponibilizar equipamentos de comunicação e computação para
as equipes de campo, que atuam nas aldeias e polos-base dos DSEIs,
interiorizados, incluindo a capacidade apoio médico a distância,
e levando em consideração as restrições de energia, a necessidade
mobilidade, robustez e leveza em relação ao transporte.
ƒƒ
Telediagnóstico por imagens, com ênfase na ultrassonografia obstétrica, ferramenta importante de qualificação do acompanhamento
pré-natal, assim como a copolscopia para diagnóstico precoce de
doenças do colo do útero.
ƒƒ
Apoio a distância para diagnóstico e tratamento de doenças cardiológicas (Teleletrocardiografia).
ƒƒ
Apoio a distância para diagnóstico e tratamento de doenças dermatológicas (Teledermatologia), que figuram entre as de maior incidência entre os povos indígenas.
Referências bibliográficas
BRASIL. Lei 9.836 de 19 de setembro de 1999.
FUNASA. Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas. 2. ed. Brasília:
Ministério da Saúde/Fundação Nacional de Saúde, 2002.
RODRIGUES, D.; MENDONÇA, S. Política indigenista de saúde. In: Curso de Especialização em Saúde Indígena. [S. l.]: UAB/UNIFESP, 2011.
RYGH, E. M.; HJORTDAHL, P. Continuous and Integrated Health Care Services in Rural Areas. A literature study. Rural and Remote Health, v. 7, n. 766, 2007.
SANTOS, R. V.; COIMBRA, C. E. A. Cenários e tendências da saúde e da epidemiologia
dos povos indígenas no Brasil. In: COIMBRA, C. A. et al. (Org.). Epidemiologia e saúde
dos povos indígenas no Brasil. Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz/Abrasco, 2003.
SCHEFFER, M. (Coord.). Demografia médica no Brasil; equipe de pesquisa: Aureliano
Biancarelli, Alex Cassenote. São Paulo: Conselho Regional de Medicina do Estado de
São Paulo: Conselho Federal de Medicina, 2011.
SCHOPF, T.; FLYTKJÆR, V. Doctors and Nurses Benefit from Interprofessional Online
Education in Dermatology. BMC Medical Education, v. 11, n. 1, 2011.
296
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
SILVEIRA, N. H. O conceito de atenção diferenciada e sua aplicação. (Dissertação de Mestrado) – UFSC. Disponível em: <www.antropologia.com.br/arti/colab/
vram2003/a13-nheusi.pdf>. Acesso em: 12 maio 2012.
WEN, C. L. Telemedicina e Telessaúde – um panorama no Brasil. Informática Pública,
v. 10, n. 2, p. 7-15, 2008.
WORLD Health Organization: A Health Telematics Policy in Support of WHO’s Health-For-All Strategy For Global Health Development. Report of the WHO Group Consultation on Health Telematics, Geneva, December, 1997.
Capítulo  32. SIG Saúde Indígena297
Capítulo 33
SIG Urologia: Medicina,
Pesquisa e Tecnologias Emergentes
Gilvan Neiva Fonseca
Professor de Urologia da Faculdade de Medicina da
Universidade Federal de Goiás
A ciência sempre se nutre de desafios. A história do conhecimento tem sido
palco permanente de espantos e alumbramentos. Podemos dizer o mesmo
da ciência médica, cuja evolução enfrentou inúmeros obstáculos, explícitos ou velados. Aqui, as crendices e superstições, os tabus e as explicações
subjetivas ou místicas do homem e da vida. Ali, a acomodação, os feudos
do conhecimento, ou mesmo a pura resistência à aventura da conquista e
construção do novo. Nenhum momento da história foi, porém, tão rico de
desafios, tão provocador e tão promissor quanto o que vivemos em nossos
dias. Nunca se juntaram, de forma mais complexa, os conhecimentos teóricos e as possibilidades tecnológicas de sua realização.
Estas resumidas ponderações pretendem contextualizar o falso dilema da
videocirurgia entre nós. Apesar dos estranhamentos compreensíveis e dos
desafios a superar, as novas técnicas assinalam o desenvolvimento consciente de nossos destinos tecnológicos. Temos ao nosso alcance o que há
de melhor na atualidade, contribuindo para o esforço do progresso da tecnologia em nosso País, em necessário processo de contemporização com os
centros mais avançados do mundo.
Não se trata de um script mecânico: luz, câmera, ação. A videocirurgia não
se resume a um complexo de telas, pinças, monitores e cibernética robótica
aplicada aos contornos da matéria biológica e celular. Para além do mero instrumental, instaura processo ativo que requer esforço, talento, criatividade e
investimentos. É também matéria de sonho, de factível utopia. Vencer limitações, conformismos, após largo tempo de história na evolução da ciência
médica, servindo-se dos avanços tecnológicos alcançados pela humanidade.
Discussões éticas sempre vão existir e são necessárias e compreensíveis. Fazem parte dos sérios questionamentos ou confortam a autoestima, a criatividade e a própria ciência. Elas mantêm os olhos abertos para as tendências
da evolução. Confrontam técnicas inovadoras que, muitas vezes, atropelam
a história de todos nós, cirurgiões, impondo um momento crítico de escolha
entre o futuro e o conforto módico do convencional.
Em algum momento do passado William Shakespeare escreveu: “doenças de
crescimento desesperado somente com intervenções desesperadas podem
ser aliviadas”. Embora isto tenha sido verdade na época, a ciência médica
evoluiu a passos largos. O avanço nas pesquisas e na tecnologia com a transmissão de informações e do conhecimento resolveram as barreiras e muitas
fronteiras misteriosas. Nos dias de hoje estamos dando grandes passos em
direção ao progresso. O conhecimento pleno, o sequenciamento do DNA
e nossos genes, o projeto genoma humano que despertam preocupações e
infinitas possibilidades em relação aos limites da ciência. Os horizontes reais e virtuais são infinitos e abrangentes com os nossos 50 a 100 mil genes
expressos no ser humano.
A nanotecnologia, a geneterapia, a engenharia genética, as terapias moleculares, os transplantes de órgãos, as vacinas, os novos agentes biológicos, a
tecnologia virtual e de imagens em 3D, a neurociência, a cirurgia bariátrica
e os avanços em reprodução humana, procedimentos endoluminares e em
todas as áreas médicas a utilização de alvos moleculares e stem cells têm tornado possível os avanços tecnológicos no mundo científico e aberto novos
caminhos em todas as áreas da medicina interna para diagnosticar e aplicar
em vários níveis, terapias específicas seguras e eficazes. Lembrar que o algorítmo de todo o processo de pesquisa em qualquer molécula a ser colocada
como medicação disponível no mercado consumidor leva um período médio de 8 a 12 anos em pesquisas.
A cirurgia robótica, intensamente criticada há uma década e ainda nos dias
atuais, representa hoje a interface máquina/cirurgião, extremamente importante e eficaz em várias áreas cirúrgicas. Atualmente em torno de 1.800
robôs de terceira geração funcionam em centros universitários americanos,
600 na Europa, em torno de 300 na Ásia e quatro no Brasil. A novidade está
no número de Países e pessoas que estão participando profundamente deste processo. O futuro será o que você imaginar, planejar e buscar. O sistema
integrado robótico com imagens permitiu aos cirurgiões por vídeo a evolução da interface da Telemedicina, telepresença e sistemas integrados de
realidades virtuais qualificando os procedimentos.
A videocirurgia e a videocirurgia assistida com robô, com investimentos têm
vencido desafios e paradigmas, oferecendo excelentes abordagens e resultados ao ser humano (visão em 3D do campo cirúrgico, magnificação de ima-
Capítulo  33. SIG Urologia: Medicina, Pesquisa e Tecnologias Emergentes299
gens, filtra o tremor humano, pinças que realizam movimentos delicados
com 540 graus de liberdade, superior aos movimentos da mão humana).
Toda essa dinâmica representa um avanço na terapia cirúrgica com abordagens minimamente invasivas, segurança nas dissecções, identificação de
estruturas e melhores resultados para o paciente.
As videocirurgias, o laser, a vaporização da próstata são realmente uma ciência. Procedimentos minimamentes invasivos, absolutamente seguros,
eficazes com sangramento mínimo desprezível demonstrado na prática
diária e nos artigos científicos das revistas indexadas de impacto científico
na prática médica mundial. Os procedimentos seguem atentos a padrões
metodológicos aceitos pela comunidade científica. Não se trata de experimentos ou de simples acatamento, em nosso dia a dia, do processo de tecnoinformação. Os homens podem reivindicar os métodos, mas a ciência é
que demarca as definições. O que acaba com os “mexericos” e a “conversa
fiada” é a ciência e a pesquisa adquirida em Universidades, Cursos, Congressos e nas Revistas de impacto científico que poderão ser acessados através
da internet no pubmed e medline.
No momento atual da ciência urológica enfrentamos desafios reais e simbólicos de natureza semelhante, ao devassar territórios, onde ainda prevalecem bastiões destes temores, é claro, com novos nomes, com a onisciência
de alguns, a reserva de mercado e a acomodação.
Em trabalhos de pesquisa o que se procura é a ampliação do conhecimento
em seus vários níveis de dificuldades, dúvidas e controvérsias, levando em
consideração todas as informações provenientes do processo. Portanto, o
conhecer profundo e a transmissão do conhecimento devem ser resolvidos
com a potencialidade de suas descobertas.
O ciclo “desenho metodológico-hipóteses-experiência-resultados” é fundamental para o desenvolvimento do processo científico. Nos procedimentos
corretos, quando são feitas as comprovações experimentais, a validade da
generalização pode ser legitimada, mas, quando a documentação não é feita, corre-se o risco de aceitar como verdadeiras, teorias absolutamente sem
fundamento.
As mídias têm se transformado no curso dos anos da existência da humanidade. Da percepção dos impulsos primários entre seres edênicos, tambores
e sinais de fumaça, desaguam hoje na excelência de novas tecnologias, que
não podem ser vistas como teórica esparrela quântica. O maior desafio é a
300
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
retomada do bom-senso. O processo existencial e filosófico da ciência é uma
realidade e sobre isso já não se pode silenciar ou acomodar.
A cirurgia por vídeo representa um generoso aporte da ciência ao homem em
sofrimento. Minimamente invasiva, com menor morbidade, menos dores
e cicatrizes, sangramento controlado, rapidez na recuperação e devolução
mais rápida do paciente às atividades. O novo método contempla evidentes
benefícios. Não se compraz na empáfia tecnológica de hardwares e softwares,
nem em sofisticado instrumental, ou inusitada perícia profissional.
Dirige-se ao ser humano, ao complexo corpo/alma em sofrimento. Utiliza-se dos recursos da tecnoinformação, da cibernética robótica em defesa da
vida, cujo serviço deve estar permanentemente direcionado à ciência médica e a tecnologia. O compromisso final não é apenas com a técnica, mas
também com o paciente, com a dignidade da vida e com a qualidade tecnológica dos procedimentos.
O Brasil hoje realiza medicina de alto nível e não pode se resignar ao papel
de expectador silencioso do processo evolutivo. Se os centros de excelência
tecnológica e científica acolhem nossos profissionais e cientistas, é porque
vamos, com determinação, nos inserindo nesse importante diálogo. E a ciência médica de nosso tempo já não pode existir sem a participação crítica
e consciente da inteligência brasileira.
Democratizar esses conhecimentos, temos a certeza, representará uma sintonia com técnicas e métodos de ponta, o acolhimento dos acenos generosos do futuro e a possibilidade de esperança de minorar o sofrimento das
pessoas, dando mais chance à vida com qualidade. Esperamos que seja o
toque inicial de novos rumos, de novos tempos para a cirurgia e um novo
alento na luta permanente de nossa espécie, em que o ser humano com
muita tecnologia escreverá uma nova história. Os estudos e investimentos
em novas moléculas e novas tecnologias, efetivamente transformam o panorama mundial. Este é um tempo de mudanças. Estamos nos preparando
para enfrentar desafios sem precedentes em gerações anteriores. Precisamos nos programar para sermos capazes de assimilar, entender e conviver
com as mudanças e as novas tecnologias.
Entra década, sai década e sempre que surge uma nova tecnologia acontece
o “grito dos contras”. A estes resta uma observação: “a ciência caminhará
sempre em frente, nunca retrocederá.” Alguns irão se preparar, absorvê-la
e praticá-la, outros irão criticar e continuar fechados em seus consultórios
e salas burocráticas, parados no tempo. Conclamo os médicos jovens e as
Capítulo  33. SIG Urologia: Medicina, Pesquisa e Tecnologias Emergentes301
novas gerações de cirurgiões a fazerem parte do primeiro grupo, pois os
avanços da ciência e as novas tecnologias são conquistas que devemos aos
estudiosos, aos pesquisadores, aos cientistas que dedicam suas vidas aos
estudos e pesquisas para trazer inovações e melhorar a qualidade da vida
humana. A evolução da ciência e o desenvolvimento de novas tecnologias
é um caminho sem volta e este é o grande espetáculo que o conhecimento
sempre nos proporcionará!
302
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Capítulo 34
SIG Teleodontologia: Mobilização de uma
nova rede de conhecimentos
Mary Caroline Skelton-Macedo
Professora Doutora de Teleodontologia da Faculdade de
Odontologia da Universidade de São Paulo
João Humberto Antoniazzi
Coordenador do Núcleo de Teleodontologia
Ana Estela Haddad
Professora Associada da Faculdade de Odontologia da
Universidade de São Paulo. Coordenadora do
Programa Telessaúde Brasil Redes (2006-2012)
O Núcleo de Teleodontologia da Faculdade de Odontologia da Universidade
de São Paulo (NTO-FOUSP)(Figuras 1 e 2) foi criado integrando o Núcleo São
Paulo de Telessaúde, que está ligado ao Programa Telessaúde Brasil-Redes do
Ministério da Saúde (MS) (http://www.teleodonto.fo.usp.br). Teve início em
agosto de 2007, com dois projetos junto à Superintendência de Tecnologia
da Informação USP (STI-USP): a retransmissão de eventos em tempo real a
partir do anfiteatro da faculdade e a estruturação de um Centro de Referência
na Produção de Material Educacional (Centro de Produção Digital).
As Disciplinas de Telessaúde e Teleodontologia para o curso de graduação
foi iniciada em 2008 e, em 2010, iniciou-se para a pós-graduação. No mesmo ano, o Núcleo formou dois doutores e contratou um analista de sistemas. Foi ano de apresentação de um projeto à OPAS/MS para a produção de
conteúdos para a Odontologia, assim como o lançamento da Rede Nacional
de Teleodontologia. Esse movimento deveu-se ao resultado de um levantamento entre as Segundas Opiniões Formativas produzidas e acumuladas no
Programa Telessaúde Brasil-Redes: os cirurgiões-dentistas, profissão incorporada ao Programa de Saúde da Família (PSF), estavam acionando pouco
o programa. O fato pode ter ocorrido em função justamente da incorporação tardia da atividade no programa, associado ao desconhecimento quanto
aos serviços oferecidos pelo Telessaúde Brasil-Redes e a própria natureza da
atividade profissional: médico e enfermeiro estão mais envolvidos com o
trabalho em equipe do que propriamente o cirurgião-dentista.
Figura 1 – Site do Núcleo de Teleodontologia:
http://www.teleodonto.fo.usp.br/nucleo
Figura 2 – Página no Facebook do Núcleo de Teleodontologia:
http://www.facebook.com/pages/Teleodontologia-Fousp
Baseando-se nos fatos acumulados e nas análises realizadas no âmbito
do programa Telessaúde Brasil-Redes, o NTO-FOUSP discutiu a criação
da Rede Nacional de Teleodontologia, vinculada diretamente ao programa governamental, no intuito de acionar o envolvimento dos atores, das
entidades de classe e produzir conteúdos que possam ser reutilizados por
todos os envolvidos, tanto no âmbito da Odontologia como nas equipes
multiprofissionais.
Levando-se em consideração que o NTO-FOUSP é o único núcleo
estruturado voltado exclusivamente para a Odontologia, a Associação Brasileira do Ensino Odontológico – ABENO, compreendendo a importância do
304
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
assunto, desenhou um projeto em parceria com o NTO-FOUSP, a fim de capacitar instituições do ensino superior com cursos de Odontologia para que
venham a estruturar seus próprios núcleos, constituindo a Rede Nacional de
Teleodontologia, gerado desde seus primórdios com o intuito de colaboração entre os participantes, quer seja no âmbito da ciência quer seja na educação odontológica. A rede foi lançada em 2011, na 46a Reunião da ABENO,
em Florianópolis, com grande adesão dos presentes. A preocupação em se
gerar a rede esteve sempre associada à necessidade de se ativar a participação da ciência odontológica no trabalho multidisciplinar, sem sectarismo,
mas possibilitando ao cirurgião-dentista se familiarizar com o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação – TIC, com os serviços oferecidos
pelo âmbito da Telessaúde a todas as profissões de saúde e integrá-lo nas
redes de conhecimento cabíveis e pertinentes.
O lançamento do Projeto ABENO/NTO FOUSP ocorreu em dezembro de
2012, com ampla participação de todos os estados, representados por instituições públicas e privadas, com retransmissão simultânea aos que não estavam presentes. Tal reunião alcançou a participação presencial de 95 professores, 156 acessos remotos simultâneos e 31 instituições representadas,
como seguem:
Estado
Instituição
BA
UNIME – Faculdade de Ciências Agrárias e da Saúde
CE
UFC – Universidade Federal do Ceará – Núcleo de Telessaúde
ES
RUTE – Rede Universitária de Telemedicina
PR
UEL – Universidade Estadual de Londrina
UEM – Universidade Estadual de Maringá
UFPR – Universidade Federal do Paraná UNIOESTE – Universidade Estadual do Oeste do Paraná
PUC – Pontifícia Universidade Católica do Paraná
MA
UFMA – Universidade Federal do Maranhão
MG
UFJF – Universidade Federal de Juiz de Fora
UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais
SUPREMA – Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora
Capítulo  34. SIG Teleodontologia: Mobilização de uma nova rede de conhecimentos305
Estado
Instituição
SP
Autarquia Hospitalar Municipal – SMS município São Paulo
Faculdade São Leopoldo Mandic
UNIFESP – Universidade Federal de São Paulo
UNESP – Universidade Estadual Paulista (São José dos Campos e Araraquara)
UNG – Universidade Guarulhos
UNISA – Universidade de Santo Amaro
UNIP – Universidade Paulista
USC – Universidade do Sagrado Coração
USP – Universidade de São Paulo
PB
UFPB – Universidade Federal da Paraíba
PI
UFPI – Universidade Federal do Piauí RS
UFGRS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Núcleo de Telessaúde)
ULBRA – Universidade Luterana do Brasil
UNISC – Universidade de Santa Cruz do Sul
UPF – Universidade de Passo Fundo
RJ
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro
UFF – Universidade Federal Fluminense USS – Universidade Severino Sombra
SC
UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina
Registro –IPTV USP: http://iptv.usp.br/portal/home.jsp?tipo=0&_InstanceIdentifier=0&_EntityIde
ntifier=uspPVhrJBSLKX8SfhVqdCPTPPFo9xiQbmad9yHpiqcnQQg.&idRepositorio=0&modelo=0
Em 2012, para fortalecimento da Rede Nacional de Teleodontologia, sua expansão e ação conjunta com os grupos de interesse especial da Rede RUTE
[8], foi lançado o SIG Teleodontologia [9]. O foco inicial foi o compartilhamento de experiências desenvolvidas pelos Núcleos de Telessaúde com ação
da Odontologia e também o registro histórico de papel imprescindível para
se compor uma ação desse volume e estruturação. As participações remotas
e a gravação das sessões permitem participação tardia, ainda que não diretamente interativa, rompendo a barreira tempo/espaço e agendas institucionais, elementos complicadores para momentos síncronos de comunicação.
306
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Reuniões do SIG Teleodontologia
O SIG Teleodontologia foi iniciado em fevereiro de 2013 (Figura 3) e teve
apenas quatro reuniões até o momento (julho de 2013):
Datas
IES
Temas
Links de Acesso às gravações
20/02/2013
Inaugural
Apresentação do SIG e da
agenda de trabalhos
http://webconf2.rnp.br/
p8c8ijz3nhw/
06/03/2013
UERJ
Experiência de
Teleodontologia e Telessaúde
UERJ
http://webconf2.rnp.br/
p87zdu6v5df/
03/04/2013
PUC RS
Experiência de
Teleodontologia e Telessaúde
da PUC/RS
http://webconf2.rnp.br/
p2cd3u4voo2/
15/05/2013
FOUSP/ABENO
Experiência de
Teleodontologia e Telessaúde
NTO FOUSP e ABENO
http://webconf2.rnp.br/
p7p720b8t45/
Figura 3 – Tela do SIG de Teleodontologia ministrado pela UERJ, março de 2013
Imediatamente o NTO FOUSP recebeu inúmeros pedidos de adesão e os links
para a divulgação e participação dos atores que não puderam comparecer.
Como focos de temas a serem tratados após as experiências apresentadas, serão abordados os expertises de cada instituição para que se possa trabalhar o
compartilhamento de conhecimento e da produção de material educacional.
Capítulo  34. SIG Teleodontologia: Mobilização de uma nova rede de conhecimentos307
O projeto ABENO/NTO FOUSP está produzindo o primeiro módulo do curso
Implementando um Núcleo de Teleodontologia, a ser lançado na 48ª Reunião
da ABENO, em agosto de 2013 no Rio de Janeiro. Outro importante suporte
foi o convite do Jornal Brasileiro de Telessaúde e da Revista da ABENO para
o atendimento de números especiais focados na Teleodontologia enquanto
ciência.
Multiplicando conhecimento
A Rede Nacional de Teleodontologia, suportada pelo SIG Telelodontologia,
visa o aprimoramento de todos os envolvidos a partir da contribuição que
cada ator pode providenciar quer seja em conhecimento quer seja em produções compartilhadas. Envolve-se aqui o conceito de Acesso Aberto para
todas as produções, lembrando-se que toda a ciência produzida pode e deve
ser trabalhada no sentido da melhoria da qualidade de vida da população e
em se mantendo fechada em publicações de acesso restrito não produzirá
modificações significativas.
O Acesso Aberto, por outro lado, propõe-se a divulgar mais amplamente as
conquistas, permitindo que seu conteúdo possa ser acessado gratuitamente
e com grande possiblidade de multiplicação entre os participantes da rede.
Tal conceito já havia sido instaurado pela BVS-APS (Biblioteca Virtual de Saúde em Atenção Primária) que atende ao Programa Telessaúde Brasil-Redes:
as Segundas Opiniões Formativas – SOF, produzidas a partir de pedidos de
segunda opinião emitidos pelos profissionais do PSF, são disponibilizadas
abertamente na página do programa, para acesso do público em geral e profissionais, agregando conhecimento com baixo custo e qualificação da informação divulgada (as SOF são produzidas por especialistas alocados nas
Universidades e são baseadas nas melhores evidências clínico-científicas,
com o grau de evidência e referência).
Desafios
Claro está que o trabalho em rede proporciona divulgação, apropriação
e fortalecimento das ciências envolvidas, permitindo ações rápidas no
enfrentamento de situações de risco ou mesmo no empoderamento de po-
308
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
pulações. Tais aspectos estão intrinsicamente ligados ao envolvimento das
populações específicas, que redunda do envolvimento dos indivíduos.
As gerações têm despertado para a importância de se trabalhar em rede,
principalmente compartilhando achados e produções, porém a passos lentos, pois envolve indivíduos de gerações ainda não afeitas ao uso das TIC
e ao trabalho ativo. Tais indivíduos necessitam de ativação extrínseca para
que possam produzir participação de qualidade.
O papel dos SIG é fundamental no compartilhamento de expertises, produções e ativação de redes colaborativas. Estas ações permitem o empoderamento de populações específicas, no caso da Odontologia na utilização das
TIC, proporcionando compartilhamento de ações, conquistas e inovações
que certamente qualificarão as ações futuras de todos os envolvidos.
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www.abeno.org.br> Acesso em: jun. 2013.
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Capítulo  34. SIG Teleodontologia: Mobilização de uma nova rede de conhecimentos309
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310
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Parte III
Colaboração Internacional
Capítulo 35
A expansão da RUTE às
redes colaborativas internacionais
A RUTE tem servido de exemplo de inovação em colaboração científica em
rede, implantação de núcleos de Telemedicina e Telessaúde, assistência remota, educação continuada, prática e produção científica nesta área, possibilitando o desenvolvimento dos núcleos nos hospitais universitários e de
ensino a integração dos pesquisadores em todas as regiões do País e extensão às redes acadêmicas internacionais. Este modelo tem sido considerado
de grande relevância e inovação, por instituições internacionais como a University Corporation for Advanced Internet Development (UCAID) – responsável pela rede acadêmica norte americana Internet2 – e a Trans-European
Research and Education Networking Association (Terena), conforme relata
o coordenador da área de ciências da saúde da Internet2, Michael McGill,
durante a Terena Networking Conference 2009, realizada em Málaga, na Espanha (http://www.terena.org/news/2439/fullstory).
Em 2008, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) aprovou o Projeto Protocolos Regionais de Políticas Públicas de Telessaúde para a América
Latina (Regional Protocol for Telehealth Public Policies in Latin American).
Em 30 de outubro de 2009, foi assinado um convênio de três anos entre o
BID e a Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (FUNDEP) da Universidade Federal de Minas Gerais. A coordenação da RUTE/RNP articulou junto
ao BID, aos parceiros na AL e coordena parte do projeto relacionada às redes acadêmicas de telemedicina na AL. O anúncio formal desse convênio
foi realizado no dia 9/12/2009, em Belo Horizonte, durante o II Workshop do
Laboratório de Excelência e Inovação em Telessaúde – América Latina, evento que antecedeu o IV Congresso Brasileiro de Telemedicina e Telessaúde, e
contou com a participação de mais de 700 congressistas e 30 representantes
de 20 países.
Por meio do projeto “Protocolos Regionais de Política Pública para Telessaúde na América Latina” (RG-T1509), que teve início efetivo em abril de
2010, estabelece-se uma discussão para a consolidação dos Programas Nacionais de Telessaúde nos países da AL e gradualmente uma estratégia para
a criação de redes integradas de ensino e pesquisa em temas de Telessaúde
na América Latina, a partir da integração das Redes Acadêmicas avançadas,
Comunidade de Saúde, Ministérios de Saúde, Educação, Ciência, Tecnologia
e Inovação.
O projeto cria um ambiente e um processo organizado e integrado para a
apresentação, discussão, estabelecimento de regras e parâmetros para a implantação de protocolos e recomendações regionais ao estabelecimento de
políticas públicas de Telessaúde na América Latina. Contribui-se também
para o desenvolvimento da tecnologia, procedimentos e para a disseminação das políticas de Telessaúde nos Países latino-americanos. A execução do
projeto estimula as redes acadêmicas, os Ministérios de Saúde, ações acadêmicas e práticas em Telessaúde, apresenta e discute os Programas Nacionais
e as atividades em Telessaúde, certificando as melhores práticas (http://
www.medicina.ufmg.br/proyectobid/).
O propósito pleno do Projeto é gerar um conjunto de protocolos regionais
de políticas públicas, harmonizados e consensuados, sobre bens e serviços
de Telessaúde (Bem Público Regional). O objetivo principal é aumentar a eficiência, reduzir os custos de transação e aumentar a qualidade da prestação
de serviços de Telessaúde na região para as populações com difícil acesso a
tais serviços, incluindo as comunidades indígenas. Em recentes situações
criadas pela OPS a partir de 2011, os resultados deste projeto já estão se
transformando em recomendações e políticas públicas na AL.
Componentes do Projeto:
ƒƒ
Padrão regional de requisitos mínimos para a transmissão de dados
e infraestrutura.
ƒƒ
Estratégia para a promoção, prevenção e prestação de serviços através da Telessaúde.
ƒƒ
Diretrizes regionais para a gestão de Telessaúde.
ƒƒ
Estratégia para a criação de uma rede de Telemedicina e Telessaúde
na AL.
ƒƒ
Modelo de Capacitação e Certificação em Telessaúde.
ƒƒ
Inovação em Telessaúde.
Através da Rede Clara, órgãos e instituições como a Organização Mundial
de Saúde (OMS), Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e Comissão
Econômica para América Latina e o Caribe (CEPAL) e de redes acadêmicas
na América Latina, como Renata, Cedia, CUDI, RAU, Reuna, confirmam
314
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
interesse e apoiam o estabelecimento da rede regional. Os Ministérios da
Saúde dos países latinos também se interessam e reforçam a participação
no projeto e na implementação de seus Programas Nacionais de Telessaúde.
Nos dias 20 e 21/11/2011, durante o Congresso Brasileiro de Telemedicina e
Telessaúde, em Manaus, no Amazonas, foi realizado o workshop do Projeto,
com a participação de representantes de 12 Ministérios da Saúde da América Latina: Brasil, México, Colômbia, Equador, Uruguai, El Salvador, Costa
Rica, Peru, Chile, Argentina, Guatemala e Venezuela.
A expansão e o reconhecimento mundial das atividades desenvolvidas pela
RUTE e seus membros vêm se consolidando através do convênio com o
Grupo de Ciências da Saúde da Internet2; com a participação da Rede Clara,
Renata, CUDI, Cedia no projeto do BID; com o desenvolvimento de atividades com a Cepal em Telessaúde nas Américas; com as articulações com a
Geant2, APAN e a Terena na Europa. Videoconferências são realizadas com
institutos do National Institutes of Health (NIH), National Library of Medicine (NLM) e National Cancer Institute (NCI). Foi criado em julho de 2011,
no Rio de Janeiro, a Rede de Institutos Nacionais de Câncer (RINC) da Unión
de Naciones Suramericanas (UNASUR), atualmente sob a coordenação do
Instituto Nacional de Câncer (INCA).
A origem de projetos consorciados entre União Europeia e América Latina
(Alliance for the Information Society (@lis)) – entre 2002 e 2006 –, antecederam e serviram de demonstração sobre as possibilidades de atuação integrada em ações em Telessaúde no Brasil, Colômbia e México com a Europa. A
própria Rede Clara surgiu como um projeto @lis.
A CEPAL apoia, inclusive financeiramente, o estabelecimento de discussão
entre grupos de pesquisa em Telessaúde e vem trabalhando na integração
dos vários grupos na América Latina e Caribe, por meio de Congressos internacionais, painéis de debates, reuniões de trabalho, articulação com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPS), Organização Mundial da Saúde
(OMS) e publicações científicas na área.
Os Programas Nacionais de Telessaúde, dos Ministérios de Saúde do México
e Brasil, desde 2005 e 2007, respectivamente, e de outros países da América
Latina nos últimos anos, vêm disseminando as ações de Telessaúde, principalmente na Atenção Primária e Educação Continuada.
Capítulo  35. A expansão da RUTE às redes colaborativas internacionais315
Em janeiro de 2012, o Ministério da Saúde integra o Programa Interministerial da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), e seu Comitê Gestor, junto
ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e o da Educação e da Cultura.
Em abril de 2012, foi lançado pelo Ministro da Saúde, Alexandre Padilha,
o Curso Internacional à distância de Formação em Telessaúde, envolvendo
16 Países da América Latina, 396 estudantes e 25 tutores. O curso é estruturado pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG), que está na coordenação juntamente com o Ministério da Saúde
(MS), Rede Universitária de Telemedicina/Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RUTE/RNP), Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal
de São Paulo (UNIFESP), Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) e Prefeitura Municipal de Belo Horizonte. O objetivo geral é de formar dirigentes de
níveis estratégicos dos Ministérios da Saúde e das principais universidades
latino-americanas no processo de incorporação de recursos de Telessaúde
nas áreas assistenciais, de ensino e pesquisa.
Tendo por base os avanços mundiais em Telessaúde, a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) convocou os Ministérios de Saúde das Américas para um compromisso em “Estrategia y Plan de Acción sobre e-Salud”,
firmado por todos no 51º Consejo Directivo, em Washington, D.C., EUA, realizado entre 26 e 30 de setembro de 2011. Além disso, a participação da Cepal e da OPAS, através da área de Knowledge Management & Organizational
Learning, reforçam as ações empreendidas integradas.
Em novembro de 2012, a OPAS lançou em sua sede, em Washington, no Congresso Regional de Informação em Ciências da Saúde (CRICS9), 12 Diálogos
em e-Saúde: 1) Infraestrutura; 2) Sistemas de Informação; 3) Telemedicina;
4) Acesso à informação; 5) Políticas; 6) Educação; 7) Segurança do Paciente;
8) Prontuário Electrônico do Paciente; 9) Padrões de Interoperabilidade; 10)
Questões legais; 11) Relação entre projetos e iniciativas de governo eletrônico; e 12) Gerenciamento de e-Saúde. O objetivo foi a discussão integrada dos
pesquisadores, especialistas, empresas e governo, e a publicação de levantamentos e recomendações nas Américas. Resumo dos diálogos 1 e 3, sob a
orientação da Coordenação RUTE/RNP:
1. Infraestrutura
O enorme desenvolvimento das comunicações, os meios disponíveis para a
gestão do conhecimento no cenário da e-Saúde, na definição de normas e
de consenso mundial, permitem pela primeira vez, efetivamente contribuir
para a equidade e a democratização do acesso por qualquer ator à cadeia
316
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
muito extensa de valores envolvidos, relacionados aos serviços de garantia
de infraestrutura em tempo real, de forma incremental, em concorrência,
segurança e escalabilidade. A partir de uma avaliação robusta de custo/benefício, avalia-se a proporção da comunicação em fibra óptica, wifi, 3G/4G e
tradicional (de cobre) de apoio, fundamental para a implementação de produtos e serviços proativos e eficazes.
Os conteúdos demandados e geridos por meio dessas redes estão cada vez
mais exigentes, anexando todos os tipos de recursos de multimídia, por isso é
possível construir repositórios de conhecimentos, sólidos, colaborativos, seguros, acessíveis (Sistemas relacionais e Arquivo) e amplos serviços médicos
no espectro e no alcance. Redes acadêmicas, com suas universidades, hospitais de ensino, instituições de pesquisa e educação em saúde, representam
hoje as melhores práticas para a criação de redes e consolidação conjunta
integrada permanente de sustentabilidade e evolução do conhecimento.
3. Telemedicina
Prevenção e cuidados à saúde são direitos, bens públicos que têm custo.
Identificar as necessidades diárias do paciente requer uma investigação
adequada, treinamento, assistência, gestão e avaliação, de modo que o tratamento seja eficaz e gere novos conhecimentos a serem aplicados em situações futuras. O uso de redes colaborativas de pesquisas e TICs têm demonstrado uma gestão eficiente de informações que contribuem para esse
sucesso. A aplicação de Telemedicina e Telessaúde em programas nacionais
integrados e melhores práticas, além dos tratamentos que facilitam, mantém a sustentabilidade e a evolução das redes, através de tecnologias cada
vez mais avançadas de computação e comunicação, completando o círculo
virtuoso. Programas Nacionais de Telessaúde criam o ambiente colaborativo
baseado em TICs que servem para estabelecer, organizar, implementar, gerir
e avaliar as metas dos Planos Nacionais de Saúde – dos quais fazem parte –
em unidades básicas de saúde, municípios e províncias.
Em atividades colaborativas com seus membros, a RUTE implanta, coordena e opera a execução de 50 a 60 sessões mensais, científicas e práticas
(cerca de duas a três por dia), integrando a participação de cerca de 300 instituições em 50 Grupos de Interesse Especial (SIGs – Special Interest Groups).
Deste total, oito grupos mantem colaboração e participação de rotina de
instituições da América Latina. A apresentação e a discussão de casos, grupos, reuniões de trabalho, treinamento e eventos virtuais com a participação
de todos os continentes vêm crescendo exponencialmente.
Capítulo  35. A expansão da RUTE às redes colaborativas internacionais317
Em 14/1/2013, destaca-se a videoconferência em colaboração com a APAN
Hawaii Endoscopic Session – Current situation for endoscopic diagnosis of
early gastrointestinal neoplasia in Latin America, com a participação do
Hospital Universitário de Fukuoka, no Japão, do Hospital Universitário da
Universidade Estadual do Rio de Janeiro, no Brasil, da Universidade do Chile
e do National Institute of Medical Sciences and Nutrition Salvador Zubiran, do México, dando início à formação do SIG International Endoscopy
em alta definição.
Atividades de colaboração entre os países de língua portuguesa estão em andamento através do grupo ePORTUGUESe da OMS
(http://www.who.int/eportuguese) e de projetos entre universidades brasileiras, a Fundação Oswaldo Cruz e instituições de Moçambique, Angola
e Cabo Verde. As redes acadêmicas estão em formação na África e relacionamentos têm sido realizados. Um novo cabo submarino deverá estar em
operação em 2014 entre a América Latina e a Europa, passando pela África.
Em 06/12/2012, foi criada a Rede Mercosul de Pesquisa RMP (MERCOSUL/
CMC/DEC. n. 53/12), que tem por objetivo a ampliação dos Sistemas Nacionais de Ciência, Tecnologia e Inovação dos estados membros e o fortalecimento da infraestrutura compartilhada para educação e pesquisa, promovendo aplicações de colaboração, comunicação e cooperação regional entre
grupos de pesquisa nas áreas de conhecimento específicas demandantes de
tecnologias para informação e comunicação, para colaboração à distância.
Os primeiros projetos a iniciar a consolidação da RMP são: 1) A implementação de redes GB entre Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai e; 2) A implantação da Telemedicina colaborativa entre esses países a partir do modelo em
desenvolvimento na Rede Universitária de Telemedicina (RUTE).
318
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Anexo I
Processo de homologação de ambientes de
colaboração por videoconferência e seu impacto
sobre a RUTE
Thiago Lima Verde, Max Moraes e Luiz Ary Messina
Instituto de Informática e Automação
Rede Nacional de Ensino e Pesquisa
Tatiana Cruz e Paulo Lopes
Departamento de Informática em Saúde do Hospital São Paulo
Universidade Federal de São Paulo
1. Introdução
A Telemedicina pode ser desenvolvida de diversas formas, mas se considerarmos um serviço de saúde remoto mediado por computador, além do próprio canal de comunicação e dispositivo computacional, são necessários vários outros componentes para a sua operação, sobrepostos: equipamentos e
instrumentação específica, sistemas e aplicações em software, e padrões ou
normas que garantam a operação e interoperabilidade de todos os componentes do sistema. O componente de serviços é fundamental, do ponto de
vista sistêmico. Deve refletir uma necessidade dos profissionais de saúde e
estar integrada aos processos e rotinas dos profissionais e consumidores de
saúde. Neste sentido, um sistema complexo de Telemedicina deve se comportar como apenas um instrumento e ser simples, como um estetoscópio é
para um médico, por exemplo.
Nas comunidades acadêmicas, um aspecto cada vez mais importante é a
pesquisa colaborativa. Ela é dependente das capacidades de comunicação,
de coordenação e da cooperação entre os colaboradores, formando uma
rede de colaboração. Uma rede de colaboração é uma operação casada entre a prestação de serviço, a comunidade e a construção de competência.
Portanto, para o desenvolvimento da Telemedicina não bastam os componentes tecnológicos, mas o desenvolvimento de serviços que levem em
consideração a capacidade colaborativa dos profissionais, estimulando e
desenvolvendo uma nova rede, sobre a rede tecnológica transparente. Este
é o caso da Rede Universitária de Telemedicina, cujo desafio é incorporar
a tecnologia de comunicação na pesquisa, assistência e ensino para os
envolvidos na rede. Para atingir este objetivo, a sala com seu ambiente físico, iluminação, climatização, sonorização, etc. e mais a infraestrutura de
telecomunicações são fundamentais.
A coordenação da RUTE, apoiada pela RNP e a própria comunidade RUTE,
propôs estabelecer uma referência para os Núcleos da RUTE, em termos das
características mínimas necessárias para as salas de videoconferência e a infraestrutura de comunicação que garantissem a melhor qualidade técnica das
sessões de videoconferências na RUTE, e também diminuíssem drasticamente a quantidade de sessões de testes prévios aos eventos e as interferências
desnecessárias por desvios do padrão durante os eventos. Para isso, foi criado
o procedimento de homologação dos ambientes de colaboração por videoconferência, que serve como referência mínima na RUTE e outros projetos de
Telemedicina que se utilizam da videoconferência para suas atividades.
2. Método
Com base na literatura técnico-científica, foram estabelecidas medidas mínimas objetivas e subjetivas (na impossibilidade da primeira) necessários
para questões relacionadas à conectividade, ambiente físico, iluminação,
climatização, ruídos, etc. e considerando a diversidade dos ambientes da
RUTE. Utilizando um processo tal qual utilizado em organismos nacionais
e internacionais de normalização, convergimos à proposta, que foi testada
em um núcleo, e a versão corrigida foi disponibilizada para consulta geral na
RUTE para comentários, e posteriormente a versão atual tem sido aplicada
nos núcleos da RUTE, analisando-se o impacto da homologação das salas
sobre a rede.
3. Resultados e discussões
O documento de homologação de clientes de videoconferência da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP – organização responsável pela internet
acadêmica nacional e coordenadora da RUTE) foi produzido pela Gerência de Tecnologia da Informação (GTI) da RNP, em trabalho conjunto com a
RUTE. O documento apresenta o roteiro de implantação do plano de homo-
320
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
logação, que objetiva minimizar a ocorrência de problemas no uso do serviço de videoconferência por parte das instituições clientes da RNP, entre elas,
as instituições pertencentes à RUTE. A partir das orientações do documento, todas as salas operacionais da RUTE estão sendo testadas e colocadas
dentro dos padrões necessários para seu correto funcionamento. A seguir,
apresentamos uma síntese do processo definido para a homologação das
salas de videoconferência da RUTE e alguns resultados em relação à melhoria da qualidade e diminuição de interferências desnecessárias.
1.1. Homologação das salas de videoconferência RUTE
O processo é composto de duas fases que são executadas de forma remota,
via videoconferência, com o envolvimento do ponto focal técnico na coordenação nacional da RUTE, da instituição cliente no Núcleo RUTE e um técnico plantonista da GTI-RNP:
ƒƒ
Fase 1 – Procedimento Padrão de Homologação: Subdividida nas
etapas Requisitos e Homologação.
ƒƒ
Fase 2 – Procedimento Complementar de Homologação: Avaliação
dos aspectos subjetivos e físicos das salas.
1.1.1. Procedimento de Homologação
O procedimento de homologação busca avaliar as condições técnicas da
sala de videoconferência em homologação, testando o estabelecimento de
conexões, velocidades de chamada em videoconferência, regras de firewall,
configurações dos endpoints, compartilhamento de conteúdos numa videoconferência, tudo isso com o foco na melhoria da qualidade de realização
das videoconferências. Este procedimento inicial está divido em duas etapas, detalhadas em seguida.
Etapa Requisitos
As ações realizadas nesta primeira etapa são executadas através de testes de
videoconferência entre a sala a ser homologada, ou seja, a instituição cliente, e o ponto focal da Rede Universitária de Telemedicina que fica localizado
na sala da coordenação nacional RUTE. O objetivo é preparar a sala da insti-
Anexo  I. Processo de homologação de ambientes de colaboração por videoconferência321
tuição cliente de acordo com as premissas do processo, realizando a organização para encaminhamento à próxima etapa.
Etapa Homologação
As ações realizadas nesta segunda etapa são executadas através de testes de
videoconferência entre a sala a ser homologada e o técnico plantonista da
GTI RNP, com acompanhamento do ponto focal RUTE. A etapa envolve os
testes de velocidade de conexão e de compartilhamento de conteúdo através da videoconferência.
1.1.2. Procedimento Complementar de Homologação RUTE
O procedimento complementar de homologação apresenta os padrões exigidos pela Rede Universitária de Telemedicina em relação às configurações
físicas das salas de videoconferências da rede. Novamente esta fase será executada pelo ponto focal, juntamente ao responsável técnico e a sala de videoconferência da instituição cliente.
A metodologia aplicada nesta etapa compreende na avaliação dos aspectos
ambientais da sala de videoconferência, tais como acústica da sala, iluminação, câmeras, decoração e compartilhamento de conteúdo.
1.1.3. Publicação das salas homologadas
Para considerar uma sala de videoconferência RUTE como homologada, a
mesma deve ser aprovada nestas duas fases, ao final do processo. Os resultados do processo de homologação das instituições clientes são divulgados
na página web do serviço para servirem, também, como referência para as
instituições clientes que desejarem realizar videoconferência com outras
instituições previamente homologadas.
1.2. O impacto na rede
O processo de homologação, até dezembro de 2012, foi concluído em 42
das 68 salas de videoconferências RUTE operacionais (http://rute.rnp.br) e
trouxe resultados qualitativos visíveis e melhoria das reuniões e atividades
da Rede Universitária de Telemedicina.
322
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Até 2010, com base na análise das reuniões que aconteceram antes da implementação deste procedimento (ao longo do ano de 2008 e início de 2009),
podemos perceber as dificuldades que geralmente ocorriam nas sessões
multiponto de videoconferência: salas com iluminação baixa ou insuficiente, ecos e reverberações no áudio, ruídos gerados pelos aparelhos de ar condicionado e externos às salas, efeito de pixelização nos vídeos, inconsistências no compartilhamento de conteúdo, falhas nas apresentações de slides,
quedas de conexão, dentre outros fatores que provocavam até a interrupção
de reuniões.
O destaque fica por conta da grande necessidade de realização de testes de
videoconferência antes das homologações, e da queda significativa desta
dependência na medida em que mais salas são homologadas (Tabela 1).
Tabela 1 – Resultados obtidos com o processo de
homologação de ambiente de videoconferência
Período
Nº. de salas
Homologadas
Nº. de testes de
videoconferência
Sessões de
videoconferência
Nº. de salas
Inauguradas
2º Semestre 2008
0
28
40 sessões
16
1º Semestre 2009
0
53
94 sessões
24
2º Semestre 2009
12
42
149 sessões
36
1º Semestre 2010
20
6
112 sessões
37
O gráfico da Figura 1 representa a proporção do número de testes de videoconferência que foram realizados para o total de sessões em cada semestre
do ano, e ressaltando, a partir do segundo semestre de 2009, quando já havia
maior número de instituições homologadas, a importância da homologação
para a melhora da qualidade das sessões e necessidade mínima de preparação adicional com antecedência às videoconferências, com a redução acentuada do número de testes preliminares de videoconferência.
Anexo  I. Processo de homologação de ambientes de colaboração por videoconferência323
Figura 1 – Média de testes de ambientes de videoconferência por período
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
70%
Depois da homologação
56%
28%
Antes da homologação
2˚ Semestre 2008
5%
1˚ Semestre 2009
2˚ Semestre 2009
1˚ Semestre 2010
Média de testes de videoconferências para o total de sessões do período
Dentre os benefícios originados destacam-se a melhoria da qualidade de
áudio, vídeo e conteúdo nas transmissões por videoconferência; o aumento
da satisfação dos profissionais da saúde envolvidos nas videoconferências;
o crescimento substantivo do número de sessões realizadas com maior produtividade das reuniões; maior interesse em videoconferências por parte
dos profissionais de saúde das instituições participantes; aumento do número de profissionais presentes nas salas durante as sessões; e aumento
significativo de especialidades colaborativas na rede RUTE. Atualmente, é
quase nulo o número de testes realizados para as sessões.
4. Conclusão
O procedimento adotado com o plano de homologação foram fundamentais
para se garantir a qualidade de videoconferência, numa rede de abrangência
nacional e com grande número de instituições participantes. Aumentando
a qualidade, disponibilidade e transparência da infraestrutura para apoiar
as atividades da RUTE, sobretudo a enorme rotina dos Grupos Especiais de
Interesse – SIGs.
O fato do procedimento de homologação ter surgido da própria comunidade, tornou fácil a adesão e o processo de homologação, refletido através do
grande número de instituições que rapidamente se homologaram, e consequentemente uma diminuição do número de testes e economia de tempo
para as instituições.
324
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Também o procedimento estruturado, como foi definido, tornou prático e
facilitado o diagnóstico e a solução dos problemas relacionados às salas de
videoconferências da rede, auxiliando com eficácia às instituições clientes
e seus responsáveis técnicos a tomarem as providências necessárias para
ajustes dos ambientes de videoconferência locais.
Este processo de homologação poderá servir como referência para outras
iniciativas Telessaúde do Brasil e do exterior.
Agradecimentos
Aos membros da RUTE e Gerência de Tecnologia da Informação da RNP.
Referências bibliográficas
RUTE – Rede Universitária de Telemedicina. Disponível em: <http://rute.rnp.br/>.
Acesso em: 3 abr. 2010.
Rede Nacional de Ensino e Pesquisa. Disponível em: <http://www.rnp.br/>. Acesso
em: 2 abr. 2010.
LEOPOLDINO, G. M. Avaliação de Sistemas de Videoconferência. Tese Mestrado em
Ciências da Computação e Matemática Computacional. Universidade de São Paulo,
USP, São Paulo, 2001.
MAJOR, J. Telemedicine room design, Journal of Telemedicine and Telecare 2005; 11:
10-14.
ESPANHOL J, F. Estruturas Tecnológica e Ambiental de Sistemas de Videoconferência
na Educação a Distância: Estudo de Caso do Laboratório de Ensino a Distância da
UFSC. Florianópolis, Santa Catarina, 1999.
FAUSTINO, J. C.; TOCCHETTO, F. L. Homologação de Clientes de Videoconferência:
Roteiro principal. Campinas: Versão 1.0, 2009.
SERVIÇO DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO DA RNP (STI); COMITÊ ASSESSOR DA
REDE UNIVERSITÁRIA DE TELEMEDICINA (CA-RUTE). Homologação de Clientes de
Videoconferência: roteiro complementar para RUTE. Janeiro de 2009. Campinas.
Anexo  I. Processo de homologação de ambientes de colaboração por videoconferência325
Anexo II
Lista de Membros RUTE
Instituição
UF
1
Faculdade de Medicina (UFAC)
AC
2
Maternidade Escola Santa Monica
AL
3
Hospital Universitário Prof. Alberto Antunes (UFAL)
AL
4
Fundação Medicina Tropical (FMT)
AM
5
Fundação Alfredo da Matta (FUAM)
AM
6
Fundação Hospital Adriano Jorge
AM
7
Hospital Universitário Getúlio Vargas (UFAM)
AM
8
Faculdade de Enfermagem (UNIFAP)
AP
9
Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública
BA
10
Hospital Geral Roberto Santos (HGRS)
BA
11
Hospital Ana Nery
BA
12
Hospital São Rafael – Monte Tabor
BA
13
Centro Pediátrico Professor Hosannah de Oliveira (UFBA)
BA
14
Hospital Universitário Professor Edgard Santos (UFBA)
BA
15
Maternidade Climério de Oliveira (UFBA)
BA
16
Hospital Geral de Fortaleza (HGF)
CE
17
Hospital Albert Sabin
CE
18
Hospital de Messejana
CE
19
Hospital Geral Cesar Cals
CE
20
Hospital São José de Doenças Infecciosas
CE
21
Instituto Dr. José Frota
CE
22
Hospital Universitário Walter Cantídio (UFC)
CE
23
Maternidade Escola Assis Chateaubriand (UFC)
CE
24
Hospital das Forças Armadas
DF
25
Hospital de Base do DF
DF
26
Hospital Regional da Asa Norte (HRAN)
DF
27
Hospital Regional da Asa Sul (HRAS)
DF
328
Instituição
UF
28
Hospital Regional de Sobradinho
DF
29
Hospital Universitário de Brasília (UNB)
DF
30
Hospital Universitário Cassiano Antônio de Moraes (UFES)
ES
31
Hospital das Clínicas (UFG)
GO
32
Hospital Universitário (UFMA)
MA
33
Centro Geral de Pediatria/Hospital Infantil João Paulo II
MG
34
Hospital João XXIII – FHEMIG
MG
35
Hospital Municipal Odilon Behrens
MG
36
Hospital Universitário Risoleta Tolentino Neves
MG
37
Instituto Raul Soares – FHEMIG
MG
38
Hospital Universitário (UFJF)
MG
39
Hospital de Clínicas (UFMG)
MG
40
Hospital Escola (UFTM)
MG
41
Hospital de Clínicas (UFU)
MG
42
Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES)
MG
43
Hospital Universitário – Universidade Federal de Grande Dourados (UFGD)
MS
44
Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (UFMS)
MS
45
Hospital Universitário Júlio Miller (UFMT)
MT
46
Santa Casa de Misericórdia do Pará
PA
47
Hospital Universitário João de Barros Barreto (UFPA)
PA
48
Hospital Universitário Betina Ferro de Souza (UFPA)
PA
49
Hospital Universitário Alcides Carneiro (UFCG)
PB
50
Hospital Universitário Lauro Wanderley (UFPB)
PB
51
Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (CISAM)
PE
52
Hospital Agamenon Magalhães
PE
53
Hospital Barão de Lucena
PE
54
Hospital da Restauração
PE
55
Hospital Getúlio Vargas
PE
56
Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC)
PE
57
Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira (IMIP)
PE
58
Pronto Socorro Cardiológico de Pernambuco (PROCAPE)
PE
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Instituição
UF
59
Hospital de Clínicas (UFPE)
PE
60
Hospital Getúlio Vargas Teresina
PI
61
Maternidade Dona Evangelina Rosa
PI
62
Hospital Universitário (UFPI)
PI
63
Hospital Universitário da Universidade Estadual de Maringá
PR
64
Hospital Universitário do Oeste do Paraná (UNIOESTE)
PR
65
Universidade Estadual de Londrina (UEL)
PR
66
Hospital de Clínicas (UFPR)
PR
67
Fundação Osvaldo Cruz / Canal Saúde (Fiocruz)
RJ
68
Hospital Geral de Nova Iguaçu / Hospital da Posse
RJ
69
Hospital Alcides Carneiro
RJ
70
Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO)
RJ
71
Hospital dos Servidores do Estado
RJ
72
Hospital Federal de Bonsucesso
RJ
73
Hospital Geral da Lagoa
RJ
74
Hospital Geral do Andaraí
RJ
75
Hospital Geral de Ipanema
RJ
76
Hospital Geral de Jacarepaguá
RJ
77
Instituto Benjamin Constant (IBC)
RJ
78
Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz)
RJ
79
Instituto Nacional do Cancer (INCA)
RJ
80
Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES)
RJ
81
Instituto de Cardiologia Laranjeiras
RJ
82
Instituto Pesquisa Clínica Evandro Chagas
RJ
83
Faculdade de Ciências Médicas e Hospital Universitário Pedro Ernesto (UERJ)
RJ
84
Hospital Universitário Antônio Pedro (UFF)
RJ
85
Hospital Escola São Francisco de Assis (UFRJ)
RJ
86
Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (UFRJ)
RJ
87
Instituto de Doenças do Tórax (UFRJ)
RJ
88
Instituto de Ginecologia (UFRJ)
RJ
89
Instituto de Neurologia Deolindo Couto (UFRJ)
RJ
Anexo  II. Lista de Membros RUTE329
330
Instituição
UF
90
Instituto de Psiquiatria (UFRJ)
RJ
91
Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (UFRJ)
RJ
92
Maternidade Escola (UFRJ)
RJ
93
Hospital Universitário Gaffrée Guinle (UNIRIO)
RJ
94
Hospital de Pediatria (UFRN)
RN
95
Hospital Universitário Ana Bezerra (UFRN)
RN
96
Hospital Universitário Onofre Lopes (UFRN)
RN
97
Maternidade Escola Januário Cicco (UFRN)
RN
98
Faculdade de Medicina (UNIR)
RO
99
Faculdade de Medicina (UFRR)
RR
100
Hospital Universitário Prof. Miguel Riet Correa Junior (FURG)
RS
101
Hospital Cristo Redentor (GHC)
RS
102
Hospital Femina (GHC)
RS
103
Hospital Nossa Senhora da Conceição (GHC)
RS
104
Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre
RS
105
Hospital Escola (UFPEL)
RS
106
Hospital de Clínicas (UFRGS)
RS
107
Hospital Universitário (UFSM)
RS
108
Hospital Infantil Joana de Gusmão
SC
109
Hospital Municipal São José
SC
110
Hospital Regional Hans Dieter Schimidt
SC
111
Maternidade Darcy Vargas
SC
112
Maternidade Carmela Dutra
SC
113
Hospital Universitário Polydoro Ernani de São Thiago (UFSC)
SC
114
Universidade Federal de Sergipe (UFS)
SE
115
Amparo Maternal
SP
116
Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (CAISM/UNICAMP)
SP
117
Centro Hospitalar do Município de Santo André
SP
118
Conjunto Hospitalar de Sorocaba
SP
119
Hospital de Infectologia Emílio Ribas
SP
120
Hospital de Reabilitação de Anomalias Crânio Faciais
SP
Impacto da Rede Universitária de Telemedicina
Instituição
UF
121
Hospital Estadual de Bauru
SP
122
Hospital Estadual de Sumaré (UNICAMP)
SP
123
Hospital Geral do Grajaú
SP
124
Hospital Guilherme Álvaro
SP
125
Hospital Municipal Dr. Mário Gatti
SP
126
Hospital Universitário de Taubaté
SP
127
INCOR – Fundação Zerbini (FMUSP)
SP
128
Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia
SP
129
HC da Faculdade de Medicina de Botucatu (UNESP)
SP
130
Hospital das Clínicas (UNICAMP)
SP
131
Hospital São Paulo (UNIFESP)
SP
132
Faculdade de Medicina (USP)
SP
133
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de RP (USP)
SP
134
Hospital Universitário (USP)
SP
135
Faculdade de Medicina (UFT)
TO
Anexo  II. Lista de Membros RUTE331
Anexo III
Lista de SIGs (Special Interest Groups)
SIG
Instituição Coordenadora
1
Atenção Primária à Saúde (APS)
HUCAM-UFES
2
Audiologia
HUCAM-UFES
3
Bucomaxilofacial
ISCMPA
4
Cardiologia
UFU
5
Cirurgia Pediátrica (Cirped)
UNIFESP
6
Colaborativo em Educação Médica
HUOL-UFRN
7
Cuidados Farmacêuticos
UFSC e Ministério da Saúde
8
Discussão de Casos para o Internat
UNIFESP
9
Endocrinologia Pediátrica
UFBA e UFRN
10
Endometriose
HUPE-UERJ
11
Enfermagem em Oncologia
UNIFESP
12
Enfermagem Intensiva e de Alta Complexidade
HUPE-UERJ
13
Ear Nose and Throat (ENT)
UNIFESP
14
Fonoaudiologia
HUCAM-UFES
15
Gestão de Hospitais Universitários e Escola
UNIFESP
16
Hanseníase
HUCFF-UFRJ
17
Hemorrede – Gestão
UFPE e CGSH-Ministério da Saúde
18
Hemorrede – Técnico-Científico
UFPE e CGSH-Ministério da Saúde
19
Mastologia
UNIFESP
20
Medicina Desportiva
UNIFESP e INTO
21
Medicina Fetal
IFF/FIOCRUZ
22
Neurorradiologia
HUAP-UFF
23
Odontologia – Diagnóstico Bucal
UFSC
24
Oftalmo
UNIFESP
25
Onco-Ginecologia
ISCMPA
26
Oncopediatria
UNIFESP
27
Padrões para Telemedicina e Informática em Saúde
UFSC
SIG
Instituição Coordenadora
28
Patologia Cervical Uterina
INCA
29
Perinatologia
ME-UFRJ
30
Pneumologia
IDT-UFRJ
31
Radiologia do Abdome
UNIFESP
32
Rede Nacional de Pesquisa Clínica (RNPC)
UFMG
33
Rede Nacional de Pesquisa em Telessaúde
UFPE
34
Radiologia e Diagnóstico por Imagem em Pediatria
HUPE-UERJ
35
Residência Multiprofissional e em Área Profissional da
Saúde
MEC, INCA, UNIFESP, UFF e
USP-ABENO
36
Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP)
UFBA
37
Reumatologia Pediátrica
UNIFESP
38
Saúde Bucal Coletiva (SBC)
UFMS
39
Saúde de Crianças e Adolescentes
UERJ, UFBA e UFC
40
Saúde do Servidor Público
IDT-UFRJ e MPOG
41
Saúde do Trabalhador
FIOCRUZ
42
Saúde Indígena
UNIFESP
43
Sentinela
HSL
44
Serviços de Enfermagem dos HU
UNIFESP
45
Técnico Operacional RUTE
UNIFESP e RUTE
46
Telecoloproctologia
UFMA
47
Teledermato
UNB
48
TeleEnfermagem
UFSC
49
Telenfermagem – Saúde Mental
IPUB-UFRJ
50
Teleodontologia
FOUSP
51
TelePsiquiatria
UERJ
52
TeleRedeBLH
IFF-FIOCRUZ
53
Terapia Ocupacional em Contextos Hospitalares e
Cuidados Paliativos
USP-FMRP
54
Trauma-Cirurgia de Emergência e Trauma
UEA e UFAM
55
Urologia
ISCMPA
56
Urologia Pediátrica
UNIFESP
Anexo  III. Lista de SIGs (Special Interest Groups)333
Sobre os editores
Luiz Ary Messina é graduado em Engenharia Eletrônica na Universidade
de Brasília, com Mestrado em Banco de Dados pela Universidade de Campinas e Doutorado em Computação Gráfica pela Universidade Tecnológica
de Darmstadt, na Alemanha. Com mais de 40 anos de experiência em Engenharia da Computação, trabalhou em grandes empresas como a Siemens
AG e prestou serviços de consultoria em TICs e organização de processos
para grandes corporações e instituições governamentais. Entre 2003 e 2008,
captou recursos e coordenou quatro projetos da União Europeia nas áreas
de Telemedicina, Educação e Cultura. Em 2006, iniciou a implantação e a
coordenação da RUTE, que tem divulgado em países da América Latina, Europa, Estados Unidos, Caribe, Austrália e Japão, através de palestras sobre os
avanços, processos e metodologias de implantação da RUTE. As iniciativas
brasileiras sobre e-Health; as relações e a formação de políticas públicas de
Telessaúde na América Latina; e a importância do modelo adotado no Brasil
com base nas universidades, instituições de pesquisa, hospitais universitários e de ensino, conectados à infraestrutura da RNP tem sido temas de suas
participações em conferências internacionais.
José Luiz Ribeiro Filho é graduado em Engenharia Eletrônica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (Brasil), com Mestrado em Ciência da
Computação pela COPPE Sistemas (Brasil), e PhD em Ciência da Computação pela Universidade de Londres. Na década de 1980, participou e liderou diversos projetos nas áreas de arquitetura de computadores e redes
eletrônicas no Núcleo de Computação Eletrônica (NCE) da UFRJ. Em 1996
ingressou na RNP e conduziu a sua institucionalização. Tem representado o
país em diversos fóruns e entidades internacionais como a Internet Society
(ISOC), Internet 2, ICANN e LACNIC. Atualmente é Diretor de Serviços e Soluções da RNP, responsável pela coordenação nacional de diversos projetos,
incluindo o de Redes Comunitárias Metropolitanas de Educação e Pesquisa
(Redecomep) e a Rede Universitária de Telemedicina (RUTE). É conselheiro
do Comitê Gestor da Internet Brasil, representando a comunidade acadêmica desde 2011.