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ISSN:1517-8595 Especial - Frutas, janeiro - dezembro, 2003 Universidade Federal de Campina Grande Centro de Ciências e Tecnologia Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais Brazilian Journal Agro-industrial Products ISSN 1517-8595 Campina Grande, PB v.5, n.Especial, p.1-104, 2003 EDITOR Mario Eduardo R. M. Cavalcanti Mata UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE Reitor: Thompson Fernandes Mariz Vice-Reitor: José Edilson de Amorim PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA Pró-Reitor: Michel François Fossy CENTRO DE TECNOLOGIA E RECURSOS NATURAIS Diretor: João Batista Queiroz de Carvalho EDITOR ASSISTENTE Maria Elita Martins Duarte CORPO EDITORIAL Alexandre José de Melo Queiroz - DEAg/UFCG/Paraíba Carlos Alberto Gasparetto - FEA/UNICAMP/São Paulo Evandro de Castro Melo - DEA/UFV/Minas Gerais Francisco de Assis Santos e Silva - DEAg/UFCG/Paraíba José Helvécio Martins - DEA/UFV/Minas Gerais Jose Manuel Pita Villamil - DB/UPM/Espanha Josivanda Palmeira G. de Gouveia - DEAg/UFCG/Paraíba Leda Rita D'antonino Faroni - DEA/UFV/Minas Gerais Francisco de Assis Cardoso Almeida - DEAg/UFCG/Paraíba INFORMAÇÕES GERAIS A Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais é publicada semestralmente, podendo editar números especiais caso exista essa necessidade. A Revista tem por objetivo divulgar trabalhos técnicos científicos, técnicos, notas prévias e textos didáticos, originais e inéditos, escritos em português, espanhol e inglês, nas áreas do conhecimento em: Propriedades Físicas dos Materiais Biológicos; Armazenamento e Secagem de Produtos Agrícolas; Automação e Controle de Processos Agroindustriais; Processamento de Produtos Agropecuários; Embalagens; Qualidade e Higienização de Alimentos; Refrigeração e Congelamento de Produtos Agrícolas e Processados, além do Desenvolvimento de Novos Equipamentos e de Produtos Alimentícios. Os artigos publicados na Revista estão indexados no AGRIS AGROBASE e no CAB ABSTRACT. INFORMACIONES GENERALES Lincoln de Camargo Neves Filho - FEA/UNICAMP/São Paulo Odilon Reny Ribeiro Ferreira da Silva - EMBRAPA/Paraíba Rogério dos Santos Serôdio - CEPLAC/Bahia Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo Sandra Maria Couto - DEA/UFV/Minas Gerais Satoshi Tobinaga - FEA/UNICAMP/São Paulo Silvio Luis Honório - FEAGRI/UNICAMP/São Paulo Tetuo Hara - CENTREINAR/Minas Gerais Vicente de Paula Queiroga - EMBRAPA/Paraíba Vivaldo Silveira Junior - FEA/UNICAMP/São Paulo REVISÃO DE TEXTOS Português: Marli de Lima Assis José Salgado de Assis Inglês: Ápio Cláudio de Lima Assis REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Renato Fonseca Aragão Os assuntos, dados e conceitos emitidos por esta Revista, são da exclusiva responsabilidade dos respectivos autores. A eventual citação de produtos marcas comerciais não significa recomendação de utilização por parte da Revista. REVISTA BRASILEIRA DE PRODUTOS AGROINDUSTRIAIS PUBLICAÇÃO SEMESTRAL Av Aprígio Veloso, 882 - Caixa Postal 10.087 La Revista Brasileña de Productos Agroindustriales tiene una edición semestral, pudiendo editar números especiales caso exista esta necesidad. La Revista tiene por objetivo hacer una divulgación de los trabajos científicos, técnicos, notas previas y textos didácticos, originales e inéditos, escritos en portugués, español o ingles, en las áreas de conocimiento en: Propiedades Físicas de los Materiales Biológicos; Almacenamiento y Secado de Productos Agrícolas; Automación y Control de los Procesos Agroindustriales; Procesamiento de los Productos Agro-pecuarios; Embalajes; Calidad y Higienización de los Alimentos; Refrigeración y Congelamiento de los Productos Agrícolas y Procesados, así como también el Desarrollo de nuevos Equipos y de nuevos Productos Alimentares. Los artículos publicados en la Revista están indexados en AGRIS AGROBASE y en el CAB ABSTRACT. GENERAL INFORMATION The Brazilian Journal of Agro-industrial Products will have a has a semestral edition, but it can have special numbers if this is necessary. The purpose of the Journal is to spread Scientific and technical works, previous notes and didactic, original and unpublished works, written in Portuguese, Spanish and English about Physical Proprieties of Biological Materials; Storage and Drying of Agricultural Products; Automation and Control of Agro-industrial Processes; Processing of Vegetal and Animal Products; Packing; Quality and Healthily of Foods; Refrigeration and Freezing of Agricultural Products already processed besides the Development of New Equipment FICHA CATALOGRÁFICA Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais/ Brazilian Journal Agro-Insustrial Products v.5, n.Especial, (2003). Campina Grande: Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Ciências e Tecnologia, 2003. Campina Grande, Volume 5, Número Especial, janeiro-dezembro, 2003. Semestral ISSN 1517-8595 ISSN 1517-8595 Tiragem 500 exemplares. CAPA: frutas, caju, abacaxi, goiaba, banana, carambola Site da RBPA http://www.deag.ufcg.edu.br/rbpa. 1. Engenharia Agroindustrial-Períodicos. 2. Agroindústria. 3. Produtos Agroindustriais. 4. Engenharia de Alimentos. 5. Engenharia Agrícola. CDD 631.116 ISSN 1517-8595 Especial de Frutas, Janeiro-dezembro, 2003 SUMÁRIO/ CONTENTS Artigos Científicos Página CALOR ESPECÍFICO DA POLPA DE CAJÁ A TEMPERATURAS CRIOGÊNICAS E DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE SÓLIDOS SOLÚVEIS: MÉTODOS DAS MISTURAS (Specific heat of the caja pulp at low temperatures and different soluble solids concentration: Mixtures method) Mario Eduardo Rangel Moreira Cavalcanti Mata, Maria Elita Martins Duarte...................................................................... 1 ATIVIDADE DE ÁGUA E CONDUTIVIDADE ELÉTRICA DE POLPAS DE ACEROLA CONCENTRADAS (Water activity and electrical conductivity of the concentrated west indian cherry pulps) Edênia Diniz, Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo, Alexandre José de Melo Queiroz.......................................................... 9 PROPRIEDADES TERMOFÍSICAS DA POLPA DE MANGABA A BAIXAS E ULTRA-BAIXAS TEMPERATURAS: I DENSIDADE E CALOR ESPECIFICO (Thermophysics properties of the mangaba pulp at low and ultra-low temperatures: Density and specific heat) Maria Elita Martins Duarte, Mario Eduardo R. M. Cavalcanti Mata, Benedito Rêgo de Paiva.............................................. 19 PROPRIEDADES TERMOFÍSICAS DA POLPA DE UMBU (Thermophysical properties of the umbu pulp ) Ítalo José Evangelista de Lima, Alexandre José de Melo Queiroz, Rossana Maria Feitosa de Figueiredo ............................ 31 CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DE CARAMBOLAS PRODUZIDAS EM REGIÃO SEMI-ÁRIDA DO NORDESTE BRASILEIRO (Chemical characterization of carambolas fruits produced in semi-arid area of the Brazilian northeast) Lucicléia B. V. Torres, Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo, Alexandre Jose de Melo Queiroz .......................................... 43 CURVAS DE CONGELAMENTO DE FRUTOS DE CAJÁ (SPONDIAS LUTEA L.) A TEMPERATURAS SEMI-CRIOGÊNICAS (Cajá (Spondias lutea l.) fruits freezing curves at semi-cryogenic temperature ) Mario Eduardo R.M. Cavalcanti Mata, Maria Elita Martins Duarte, Michel da Silva ........................................................... 55 DETERMINAÇÃO DAS CURVAS DE SECAGEM EM FRUTOS DE CAJÁ.(Determination of the drying curves in cajá fruits) Josivanda Palmeira Gomes de Gouveia, Francisco de Assis Cardoso Almeida, Eliana da Silva Farias, Manassés Mesquita da Silva, , Maria da Conceição Veloso Chaves Lígia Sampaio Reis ........................................................................................ DESIDRATAÇÃO OSMÓTICA DE BANANA DA TERRA (Musa sapientum): APLICAÇÃO DE MODELOS MATEMÁTICOS (Osmotic dehydration of banana da terra ( Musa sapientum): application of mathematical models) Francisco Diniz da Silva, Mario Eduardo R.M. Cavalcanti Mata, Maria Elita Martins Duarte, J.A.Souza, Yvison Costa e Silva .......................................................................................................................................................................................... SECAGEM OSMÓTICA DE TOMATE: EFEITO DA EPIDERME (Osmotic drying of tomato: Epidermis effect) Mario Eduardo R.M. Cavalcanti Mata, Maria Elita Martins Duarte, Robert Karel Kross ...................................................... 63 69 77 MATURAÇÃO DA GOIABA (Psidium guajava L.) MEDIANTE PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS (Maturation of the guava (Psidium guajava l.) by physical-chemistry parameters) Josivanda Palmeira Gomes de Gouveia, Francisco de Assis Cardoso Almeida, Bartolomeu Garcia de Souza Medeiros, Carmelita de F. A. Ribeiro, Manassés Mesquita da Silva ......................................................................................................... ARMAZENAMENTO DE ABACAXI MINIMAMENTE PROCESSADO (Storage of minimally processed pineapple) Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo, Alexandre José de Melo Queiroz, Milene Arcângela S. de Noronha ......................... 85 95 Cavalcanti Mata, Mario Eduardo Rangel Moreira; Duarte, Maria Elita Martins Calor específico da polpa de cajá a temperaturas criogênicas e diferentes concentrações de sólidos solúveis: Métodos das misturas Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial de frutas, n.1, p.1-7, 2003. Diniz, Edênia; Figueirêdo, Rossana Maria Feitosa de; Queiroz, Alexandre José de Melo Atividade de água e condutividade elétrica de polpas de acerola concentradas Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial de frutas, n.1, p.9-17, 2003. Duarte, Maria Elita Martins; Cavalcanti Mata, Mario Eduardo R. M.; Paiva, Benedito Rêgo de. Propriedade termofísica da polpa de mangaba a baixas e ultra-baixas temperaturas: I Densidade e calor especifico Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial de frutas, n.1, p.19-29, 2003. Lima, Ítalo José Evangelista de; Queiroz, Alexandre José de Melo; Figueiredo, Rossana Maria Feitosa de. Propriedades termofísicas da polpa de umbu Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial de frutas, n.1, p.31-42, 2003. Torres, Lucicléia B. V.; Figueirêdo, Rossana M. F.; Queiroz, Alexandre Jose de Melo Caracterização química de carambolas produzidas em região semi-árida do Nordeste Brasileiro Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial de frutas, n.1, p.43-54, 2003. Cavalcanti Mata, Mario Eduardo R.M.; Duarte, Maria Elita Martins; Silva, Michel da Curvas de congelamento de frutos de cajá (Spondias lutea L.) a temperaturas semi-criogênicas Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial de frutas, n.1, p.55-62, 2003. Gouveia, Josivanda Palmeira Gomes de; Almeida, Francisco de Assis Cardoso; Farias, Eliana da Silva; Silva, Manassés Mesquita da; Chaves, Maria da Conceição Veloso; Reis, Lígia Sampaio.Determinação das curvas de secagem em frutos de cajá. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial de frutas, n.1, p.63-68, 2003. Silva, Francisco Diniz da; Cavalcanti-Mata, Mario Edurado R.M.; Duarte, Maria Elita Martins; Souza, J. A.; Silva, Yvison Costa e. Desidratação osmótica de banana da terra (Musa sapientum): Aplicação de modelos matemáticos Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial de frutas, n.1, p.69-76, 2003. Cavalcanti Mata, Mario Eduardo R.M.; Duarte, Maria Elita Martins; Kross, Robert Karel. Secagem osmótica de tomate: Efeito da epiderme. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial de frutas, n.1, p.77-84, 2003. Gouveia, Josivanda Palmeira Gomes de; Almeida, Francisco de Assis Cardoso; Medeiros, Bartolomeu Garcia de Souza;. Ribeiro, Carmelita de F. A.; Silva, Manassés Mesquita da. Maturação da goiaba (Psidium guajava L.) mediante parâmetros físico-químicos Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial de frutas, n.1, p.85-94, 2003. Figueirêdo, Rossana M. F. de; Queiroz, Alexandre José de Melo; Noronha, Milene Arcângela S. de Armazenamento de abacaxi minimamente processado Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial de frutas, n.1, p.95-103, 2003. CALOR ESPECÍFICO DA POLPA DE CAJÁ A TEMPERATURAS CRIOGÊNICAS E DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE SÓLIDOS SOLÚVEIS: MÉTODOS DAS MISTURAS (Specific heat of the cajá pulp at low temperatures and different soluble solids concentration: Mixtures method ) Mario Eduardo Rangel Moreira Cavalcanti Mata, Maria Elita Martins Duarte ATIVIDADE DE ÁGUA E CONDUTIVIDADE ELÉTRICA DE POLPAS DE ACEROLA CONCENTRADAS (Water activity and electrical conductivity of the concentrated west indian cherry pulps) Edênia Diniz, Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo, Alexandre José de Melo Queiroz . PROPRIEDADES TERMOFÍSICAS DA POLPA DE MANGABA A BAIXAS E ULTRA-BAIXAS TEMPERATURAS: DENSIDADE E CALOR ESPECIFICO (Thermophysics properties of the mangaba pulp at low and ultra-low temperatures: Density and specific heat) Maria Elita Martins Duarte, Mario Eduardo R. M. Cavalcanti Mata, Benedito Rêgo de Paiva PROPRIEDADES TERMOFÍSICAS DA POLPA DE UMBU (Thermophysical properties of the umbu pulp ) Ítalo José Evangelista de Lima, Alexandre José de Melo Queiroz, Rossana Maria Feitosa de Figueiredo CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DE CARAMBOLAS PRODUZIDAS EM REGIÃO SEMI-ÁRIDA DO NORDESTE BRASILEIRO (Chemical characterization of carambolas fruits produced in semi-arid area of the brazilian northeast) Lucicléia B. V. Torres, Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo, Alexandre Jose de Melo Queiroz CURVAS DE CONGELAMENTO DE FRUTOS DE CAJÁ (Spondias lutea l.) A TEMPERATURAS SEMI-CRIOGÊNICAS (Caja (Spondias lutea L.) fruits freezing curves at semi-cryogenic temperatures ) Mario Eduardo R.M. Cavalcanti Mata, Maria Elita Martins Duarte, Michel da Silva DETERMINAÇÃO DAS CURVAS DE SECAGEM EM FRUTOS DE CAJÁ.(Determination of the drying curves in cajá fruits) Josivanda Palmeira Gomes de Gouveia, Francisco de Assis Cardoso Almeida, Eliana da Silva Farias, Manassés Mesquita da Silva, , Maria da Conceição Veloso Chaves Lígia Sampaio Reis DESIDRATAÇÃO OSMÓTICA DE BANANA DA TERRA (Musa sapientum L.): APLICAÇÃO DE MODELOS MATEMÁTICOS (Osmotic dehydration of banana da terra ( Musa sapientum): application of mathematical models) Francisco Diniz da Silva, Mario Eduardo R.M. Cavalcanti Mata, Maria Elita Martins Duarte, J.A.Souza, Yvison Costa e Silva SECAGEM OSMÓTICA DE TOMATE: EFEITO DA EPIDERME.(Osmotic drying of tomato: Epidermis effect) Mario Eduardo R.M. Cavalcanti Mata, Maria Elita Martins Duarte, Robert Karel Kross MATURAÇÃO DA GOIABA (Psidium guajava L.) MEDIANTE PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS (Maturation of the guava (Psidium guajava l.) by physical-chemistry parameters) Josivanda Palmeira Gomes de Gouveia, Francisco de Assis Cardoso Almeida, Bartolomeu Garcia de Souza Medeiros, Carmelita de F. A. Ribeiro, Manassés Mesquita da Silva. ARMAZENAMENTO DE ABACAXI MINIMAMENTE PROCESSADO (Storage of minimally processed pineapple) Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo, Alexandre José de Melo Queiroz, Milene Arcângela S. de Noronha Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.1-7, 2003 ISSN: 1517-8595 1 CALOR ESPECÍFICO DA POLPA DE CAJÁ A TEMPERATURAS CRIOGÊNICAS E DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE SÓLIDOS SOLÚVEIS: MÉTODOS DAS MISTURAS Mario Eduardo Rangel Moreira Cavalcanti Mata1, Maria Elita Martins Duarte2 RESUMO O cajá é uma fruta explorada extrativamente, principalmente nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, sendo assim, não existem dados na literatura dos volumes de produção, pois poucos são os pomares comerciais. Contudo, baseado na grande aceitação desse fruto, a cultura vem se expandindo, criando expectativas favoráveis ao seu consumo “in natura” e para sua industrialização, já que a sua aceitação nos mercados consumidores é crescente. Durante o processamento da polpa de cajá alguns componentes voláteis, que conferem aroma e sabor característico, podem ser perdidos necessitando, portanto, que tanto o processamento quanto o seu congelamento sejam rápidos. Diante desses fatos, o objetivo deste trabalho foi determinar calor específico da polpa de cajá com quatro diferentes níveis de sólidos solúveis (9°Brix que é o teor natural da polpa, 20, 40 e 60 °Brix) nas temperaturas de –18, –35, –70, –100, –180 e – 196°C. O calor específico, abaixo do ponto de congelamento, foi determinado utilizando-se o método das misturas. Concluiu-se neste trabalho que: a) o calor específico, aumenta com o aumento de temperatura de –196 oC para –18 oC e b) para uma mesma temperatura o calor especifico aumenta com o aumento da concentração de sólidos solúveis de 9 para 60%. Palavras-Chave: polpa, temperaturas criogênicas, propriedades termofísicas. SPECIFIC HEAT OF THE CAJÁ PULP AT LOW TEMPERATURES AND DIFFERENT SOLUBLE SOLIDS CONCENTRATION: MIXTURES METHOD ABSTRACT The cajá is an extractive explored fruit, mainly in the areas North and Northeast of Brazil. Data don't exist in the literature of the production volumes, because the commercial orchards are few. However, based on the great acceptance of this fruit, the culture is expanding, it self-creating favorable expectation to its consumption "in natura" and for its industrialization, since its acceptance in the consuming markets is growing. During the processing of the cajá pulp, some volatile components, that give aroma and characteristic flavor, can be lost. Therefore, the processing and its freezing must be fast. In the presence of these facts, the objective of this work was to determine specific heat of the cajá pulp of four different levels of soluble solids (9°Brix that it is natural content of the pulp, 20, 40 and 60 °Brix) at the temperatures of -18, -35, -70, 100, -180 and -196°C. The specific heat, below the freezing point, was determined through the mixtures method. It was concluded, in this work, that: a) the specific heat, increases, with the increase of the temperature from -196 °C to -18 °C and b) for a same temperature, the specific heat it increases from 9 to 60% with the increase of the soluble solids concentration. Keyword: fruit pulp, cryogenic temperatures, thermophysics properties __________________ Protocolo 120 de 7 / 8 /2003 1 Prof. Dr. Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal da Campina Grande, Campina Grande, PB, Brasil, R-mail [email protected] 2 Prof. Dr. Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal da Campina Grande, Campina Grande, PB, Brasil, R-mail [email protected] 2 Calor específico da polpa de cajá a temperaturas criogenicas ...... Cavalcanti Mata & Duarte INTRODUÇÃO A cajazeira é uma árvore originária da América, pertencente ao gênero Spondias da família das Anacardiaceas, atingindo vinte metros de altura ou mais. O fruto da cajazeira é o cajá, que é uma drupa elipsoide de 3-4 cm de comprimento, cor amarelo alaranjada, casca lisa, polpa escassa, sucosa, doce-acidulada, possuindo sabor e cheiro apreciáveis (Cavalcante, 1972). Os maiores produtores de cajá, no país, são os estados nordestinos, sendo este fruto encontrado com freqüência na Bahia, Sergipe Pernambuco, Alagoas, Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte e Paraíba e vem sendo usado de modo acentuado na indústria alimentícia, expandindose com perspectivas econômicas favoráveis, uma vez que sua aceitação é cada vez maior nos mercados consumidores (Gomes, 1989). Contudo, não existem dados oficiais do volume de produção deste produto. O cajá é uma fruta que possui a polpa ácida, às vezes doce, sendo muito utilizada, para a produção de geléias, compotas, sucos, refrescos e sorvetes. Também se faz aguardente e licores de seu suco (Gomes, 1989), mas a maior expectativa de sua industrialização é a sua polpa, que, na realidade, vem sendo feita, nestes últimos 4 anos, de forma insipiente. No entanto, a importância econômica deste fruto vem crescendo, acentuadamente, necessitando, contudo, de maiores estudos quanto aos diversos processos que antecede a sua comercialização, principalmente, durante os processos pós-colheita. O cajá é um fruto bastante apreciável para consumo “in natura”, no entanto, é facilmente perecível, havendo, portanto, a necessidade de seu processamento para consumo ao longo do tempo. Uma das maneiras mais utilizadas de armazenar o cajá, pela industria alimentícia, é processando-o na forma de polpa e congelando-a em seguida, para posterior utilização e transformação para consumo, nas diferentes formas supracitadas. Outra linha de processamento de polpa, concentra a polpa in natura de modo a aumentar os seus quantitativos de sólidos solúveis. Este processo altera a temperatura de congelamento do produto bem como provocam alterações em suas propriedades térmicas. Desta forma, o conhecimento do calor especifico da polpa do fruto é de suma importância, pois permite empregar a carga térmica correta nas unidades de processamento, pois segundo Kasahara et al. (1986) o calor específico se altera durante o congelamento com a alteração do estado da água presente no produto e com os quantitativos de açúcares existentes nas polpas das frutas. Kazarian & Hall (1965) tem reconhecido a dificuldade de se medir o calor específico de materiais biológicos, devido ao conteúdo de umidade do material e ao calor de absorção. Devido a estas dificuldades é que poucos valores de calor específico estão disponíveis na literatura. Muitos desses métodos, utilizados para determinar o calor especifico, baseiam-se no equilíbrio térmico estabelecido entre um primeiro corpo, que se pretende determinar o calor especifico, e um segundo corpo de calor específico conhecido. Contudo, segundo Mohsenin (1980), Hwang & Hayakawa (1979); e Kazarian & Hall, (1965) o método mais comum para determinação do calor específico em produtos biológicos é o método das misturas. Este método consiste em utilizar um recipiente isolado de capacidade calorífica conhecida, com um líquido inerte. O cálculo do calor específico é feito através de um balanço global de massa e energia em um sistema isolado termicamente: calor perdido pela amostra = calor ganho pela água + calor ganho pelo calorímetro CPa .M A TA TE CPw M W TE TW CPc M C TE TW (1) Alguns pesquisadores, em vez de água como líquido calorimétrico, têm usado tolueno, cuja densidade é de 0,86 e o calor específico é de, aproximadamente, 1,63 kJ.kg-1.K-1. A baixa massa específica possibilita que os produtos biológicos submergirem no líquido. Segundo Simões (1997) Hwang & Hayakawa desenvolveram uma metodologia para determinar o calor específico de alimentos onde não há contato direto da amostra com o líquido de capacidade calorífica conhecida. Este método pode ser aplicado para determinar o calor específico de alimentos altamente higroscópicos. Desta forma, o calor de absorção e algumas reações químicas que poderiam ocorrer são eliminados. Este procedimento pode ser utilizado para produtos altamente desidratados e de alto teor de umidade. Vieira (1996) utilizou esta técnica para determinar o calor específico do suco de laranja encontrando bons resultados quando comparados com os da literatura. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.1-7, 2003 Calor específico da polpa de cajá a temperaturas criogenicas ...... Cavalcanti Mata & Duarte Charmi (1971) propôs uma equação para determinar o calor específico em função do teor de gordura (XF), teor de sólidos solúveis totais (XS) e também do conteúdo de água (XW). Manohar et al. (1990) estudando o calor específico do suco de tamarindo, e Choi & Okos (1983) suco de tomate propuseram uma equação baseada no teor de sólidos solúveis totais e do seu conteúdo de água. No entanto, LAU et al. (1992) trabalhando com suco de aipo propuseram uma equação baseada apenas no teor de sólidos solúveis totais. Já, Watson citado por Peacock (1995), propôs uma equação para sucos e xaropes que é função da temperatura e do oBrix. 3 Na Tabela 1 encontram algumas fórmulas para determinação do calor específico de alguns produtos biológicos, os autores que propuseram essas fórmulas e os intervalos para sua utilização. Como se pode observar nessa tabela, os autores não estudaram o calor especifico de diferentes produtos biológico e não o fizeram para baixas temperaturas. Assim com base no exposto, o presente trabalho teve como objetivo determinar o calor específico da polpa do cajá para 4 diferentes níveis de sólidos solúveis (natural da polpa, 20, 40 e 60%) as temperaturas de –18, –35, –70, –100, –180 e –196°C. Tabela 1 - Modelos da literatura para predição do calor específico de alimentos Produto Fórmula Cp (KJ.Kg-1 °C-1) Geral Cp = 0,837 + 3,349 XW Geral Geral Suco de tomate Cp = 2,093 XF+1,256 XS + 4,18 XW Cp = 1,465 + 2,721 XW Cp = CPWXW+ CpS .XS CPW= 999,89-0.06033 T -0,003671 T2 CPS= 1469,3+0,5467 T - 0,00695 T2 Cp = 4,18 + M.XS M = 5,03. 10-2 +6,839 10-5 T Cp=4,1253-0,024804 B + 6,7 l0-5 T B+ 1,8691 10–3 T - 9,271 10-6 T2 Cp = 4,1713 - 0,02779 B Suco de tamarino Sucos e xaropes Suco de laranja Folhas de fumo Cp = 1465 + 2,562.U MATERIAL E MÉTODOS Este trabalho foi realizado no Setor de Refrigeração e Congelamento do Laboratório de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas da Universidade Federal de Campina Grande, em Campina Grande, Estado da Paraíba, Brasil. Para a realização deste trabalho foram coletados frutos de cajá, junto aos produtores da região, e levados ao Laboratório onde os frutos foram selecionados, em estádio de maturação denominado de sem-maduros, contendo uma coloração amarela, consistência da polpa firme e isento de manchas escuras. Os frutos depois de selecionados foram lavados, branqueados a uma temperatura de 60oC por 15 minutos, resfriados e despolpados por uma despolpadeira Laboremus a Intervalos Autores XW> 50% Siebel citado por Mohsenin (1980) Charmi(1971) Lamb(1976) Choi & Okos (1983) T: 20 1500C T: 35 - 50C Manohar et al. (1990) T: 40-1500C B: <80 Brix Watson citado por Peacock(1995) Vieira (1996) Ducan et al. (1968) temperatura ambiente de 23oC. O material despolpado foi separado em quatro lotes. O primeiro lote foi separado para ser trabalhado com o teor de Sólidos Solúveis Totais (SST) natural da própria fruta. Os outros 3 lotes de polpa de cajá foram submetidos à adição de açúcar até que tivessem 20, 40 e 60 oBrix. A polpa de cajá processada com diferentes teores de sólidos solúveis totais foi analisada quanto a suas características química de: acidez titulável, pH e conteúdo de água. Determinações das características químicas Acidez titulável: Foi determinada pelo método da AOAC (1980), no 9.119, Os resultados foram expressos em porcentagem de ácido cítrico Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.1-7, 2003 4 Calor específico da polpa de cajá a temperaturas criogenicas ...... Cavalcanti Mata & Duarte pH: O pH foi determinado pelo método potenciometrico utilizando-se um aparelho DMpH.2 da Digimed calibrado com duas soluções tampão (pH 4,0 e 7,0) a 20°C. Determinação do conteúdo de água: A determinação do conteúdo de água do cajá foi realizada em estufa a 70°C até peso constante, utilizando-se o método da A.O.A.C. (Association of Official Agricultural Chesmists) 14003. Determinação dos sólidos solúveis totais (SST): Essa determinação dos foi feita por meio de um refratômetro manual de marca Atago, colocando-se uma ou duas gotas do suco da polpa no prisma e fazendo-se uma leitura direta em Brix, com correção de temperatura. Após a determinação das características químicas da polpa de cajá, dividida em quatro lotes, estas foram colocadas em embalagens plásticas de 100g em formado de placa plana e fechados em uma seladora modelo Semalut. A polpa de cajá embalada, nas diferentes concentrações de SST, foram inserida na câmara do aparelho Kriostat N-180 (Figura 1) onde o material foi congelado às temperaturas de –18, –35, –70, –100, –180 e –196°C. a temperatura no interior do calorímetro. Para a determinação do calor específico da polpa de cajá, necessitou-se determinar primeiro a capacidade calorífica do calorímetro. Capacidade calorífica do calorímetro Para determinar a capacidade calorífica do calorímetro, colocou-se 100g de água destilada, em seu estado natural, dentro do calorímetro. Em seguida, o calorímetro foi fechado com uma rolha de borracha acoplada a um termômetro onde se determinou a temperatura T1 no interior do calorímetro. Na seqüência, colocou-se no interior do recipiente mais 100g de água destilada a uma temperatura média de aproximadamente 2 °C, correspondendo à temperatura T2. Realizada esta operação agitouse o calorímetro durante um determinado tempo até que este alcançasse uma temperatura de equilíbrio T3. A capacidade calorífica foi determinada pela seguinte equação: c1m1 (T1-T3) + Ccal (T1-T3) = c2m2 (T3-T2) (2) em que, c1 = c2 = calor específico da água, 4,186 Jl/g °C m1 = massa de água em estado natural, 100g m2 = massa de água fria, 100g T1 = temperatura da água em estado natural, °C T2 = temperatura da água fria, °C T3 = temperatura de equilíbrio da mistura, °C Ccal = capacidade calorífica do calorímetro, J/°C Figura 1 – Criostato N-180 Calor específico Para determinação do calor específico da polpa de cajá, foi utilizado o método das misturas. Para essa determinação, utilizou-se um calorímetro (Figura 2) construído, utilizando-se uma garrafa térmica envolvida por uma camada de fibra de vidro (isolante térmico), colocada dentro de um tubo de PVC. Um termômetro digital foi utilizado para medir Figura 2 – Calorímetro Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.1-7, 2003 Calor específico da polpa de cajá a temperaturas criogenicas ...... Cavalcanti Mata & Duarte Tabela 2 - Características físico-químicas da polpa de cajá “in natura” Calor específico da polpa de cajá: Conhecida a capacidade calorífica do calorímetro (ccal), e a temperatura de equilíbrio T3, coloca-se uma amostra contendo polpa de cajá com uma temperatura T4 no calorímetro e agita-se até que um novo equilíbrio seja alcançado a uma temperatura T5. O calor específico da polpa de cajá foi determinado pelo seguinte balanço de energia: ms.cs (T4 – T5) + L.(ms.U) = c1.m3 (T5 – T3) + ccal (T5- T3) (3) em que, c1 ms cs T4 T5 m3 L U 5 = calor específico da água, 4,186 J/kg °C = massa da polpa de cajá, 100 g = calor específico da polpa de cajá, J/kg°C = temperatura da polpa de cajá, °C = temperatura de equilíbrio da mistura, °C = m1+m2 = calor de latente da água (J/kg) = conteúdo de água da polpa de cajá (decimal, base úmida) RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 2, encontram-se os valores de acidez titulável, pH e conteúdo de água e sólidos solúveis totais da polpa de cajá processada, onde se observa que os valores se encontram próximos aos valores obtidos por Gonçalves (2000) para polpa de cajá que obteve uma acidez titulável 1,32%; pH 4,16; conteúdo de água de 90% e sólidos solúveis totais de 8,1°Brix Descriminação acidez titulável pH conteúdo de água sólidos solúveis totais Polpa de cajá unidade 1,32 3,2 90,1 9,0 % ácido cítrico %base úmida °Brix Calor específico Na Tabela 3, encontram-se os valores de calor específico, determinados pelo método das misturas, para polpa de cajá, a 9°Brix, onde se pode observar que estes valores estão de acordo com os valores de calor específico determinado por outros autores para polpa de frutas abaixo do ponto de congelamento, entre esses autores pode-se citar Simões (1997) que determinou o calor específico da polpa de manga congelada (–18°C) e encontrou valores de: 2,25 kJ/kg°C para polpa concentrada, 2,36 kJ/kg°C para polpa integral e 2,49 kJ/kg°C para polpa peneirada. Alvarado (1989) obteve para o suco de melancia, com umidade de 92,6% à temperatura de –18°C o valor do calor específico de 1,97 kJ/kg°C. Observa-se, também, na Tabela 3, que os valores do calor especifico do material variaram de acordo com a temperatura de congelamento e com o teor de sólidos solúveis totais, sendo que estas variações podem ser atribuídas ao gradiente de temperatura bem como à formação de cristais de gelo. Na Figura 3, encontram-se as equações de calor especifico da polpa de cajá em função da variação de temperatura de temperatura de – 18 a –196°C, para cada diferente teor de sólidos solúveis totais, estudado neste experimento. Constata-se, nessa figura, que o calor especifico aumenta com o aumento de temperatura, mas diminui com o aumento da concentração de sólidos solúveis. Tabela 3 - Valores de calor específico da polpa de cajá em função da temperatura e do teor de sólidos solúveis totais. Polpa de cajá ( kJ/kg °C) Temperatura -196 -180 -140 -100 -70 -35 -18 9°Brix 20°Brix 40°Brix 60°Brix 1,516 1,685 1,987 2,132 2,390 2,451 2,558 1,663 1,851 2,194 2,498 2,686 2,822 2,891 1,896 2,079 2,525 2,878 3,074 3,283 3,458 2,222 2,563 2,911 3,187 3,357 3,589 3,688 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.1-7, 2003 Calor específico da polpa de cajá a temperaturas criogenicas ...... Cavalcanti Mata & Duarte 6 Calor especifico da polpa de cajá Método das misturas 0 4,0 60 Brix 3,6 Cp = 3,723 + 0,00303.T - 2,157.10 .T 0 40 Brix -5 -5 0 Calor específico (kJ/kg. C) Cp = 3,51 + 0,0047.T + -1,81.10 .T 2 2 2 R =99,0% 2 R =99,8% 3,2 2,8 2,4 2,0 0 20 Brix 1,6 -5 2 -5 2 Cp = 2,9328 + 0,00213.T - 2,197.10 .T 2 R =99,9% 0 9 Brix 1,2 -220 Cp = 2,589 + 0,00247.T + -1,476.10 .T -200 -180 -160 -140 -120 -100 -80 -60 -40 2 R =99,0% -20 0 0 Temperatura ( C) Figura 3- Equações do calor específico da polpa de cajá para baixas temperaturas e diferentes teores de sólidos solúveis totais (9, 20, 40 e 60°C). 30p. CONCLUSÕES Neste trabalho, concluiu-se que: a) o calor específico, aumenta com o aumento de temperatura de –196 oC para –18 oC; b) para uma mesma temperatura o calor específico aumenta com o aumento da concentração de sólidos solúveis de 9 para 60%. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Alvarado, J.D.; Romero, C. H. Physical properties of fruits -1-11. Density and viscosity of juices as functions of soluble solids and content and temperature. Latin American Applied Research. v. 24, p. 4147, 1989. Charmi, E. The fundamentals of food engineering. 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Journal of Food Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.1-7, 2003 Calor específico da polpa de cajá a temperaturas criogenicas ...... Cavalcanti Mata & Duarte Science, v. 44, p. 435-438, 1979. Kasahara, I.; Garrido, F.; Simpson, R.; Aldunate, M.I.; Cornejo, F. Cinética de congelacion y propriedades termofisicas en dos especies de frutales menores. In; Refrigeracion y Congelacion de Alimentos. Universidad Catolica de Valparaiso, Chile. p. 81-110, 1986. Kazarian, E. A.; Hall, C. W. Thermal properties of grain. Transactions of the ASAE, v. 8, n. 1, 1965. Lamb, J. Influence of Water on tile thermal properties of foods. Chemistry and Industry, v. 24, p. 1046-1048, 1976. Lau, K. A.; March, K. V. L.; Cumming, D. B. Physical properties of celery juice. Canadian Agricultural Engineering, v. 34, n. 1, 1992. Manohar, B.; Ramakrishna, P.; UdayasankaR, K. Some physical properties of tamarind 7 (Tamarindus indica L.) juice concentrates. 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As inscrições para o Processo de Seleção para ingresso no Doutorado de Engenharia de Processos são abertas anualmente para inicio a partir de março de cada ano, sendo o período de inscrição realizado entre outubro e novembro do ano anterior. DOCUMENTOS EXIGIDOS: Formulário de Inscrição devidamente preenchido Duas cartas de Recomendação (formulário específico) 2 fotos de 3x4 recentes Cópia do diploma de Mestre ou documento equivalente Curriculum Vitae do candidato (com comprovantes) Históricos Escolares da graduação e do Mestrado Plano preliminar de Tese aceito por um orientador credenciado pelo Curso Cópia autenticada da carteira de identidade. Prova de estar em dia com as obrigações militares e eleitorais A seleção dos candidatos será realizada com base na análise do Curriculum Vitae,(peso 4) Histórico Escolar (peso 4) e Plano de Tese aceito por Professor cadastrado no Curso.(peso 2) O Plano de Tese , com um máximo de 6 páginas, deverá incluir introdução, justificativa, objetivos e metodologia. Apresentação Oral do Plano de Tese: 02 e 03 de dezembro de 2002 Vagas: 20 ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: DESENVOLVIMENTO DE PROCESSOS LINHAS DE PESQUISA : PROCESSOS TÉRMICOS E DE SEPARAÇÃO DESENVOLVIMENTO E TECNOLOGIA DE MATERIAIS OBJETIVOS: O Centro de Ciências e Tecnologia da Universidade Federal da Paraíba tem uma ampla e reconhecida tradição nos cursos de pós-graduação em diversas áreas de engenharia. Modernamente, tendo em vista os recentes progressos no ensino de engenharia, ações que privilegiem atuações multidisciplinares entre áreas afins, são fortemente recomendadas. O Curso de Doutorado em Engenharia de Processos, de natureza interdisciplinar, aglutina docentes dos Departamentos de Engenharia Química, de Materiais, Mecânica e Agrícola em torno de tópicos relativos à Engenharia de Processos, principalmente, através da abordagem de problemas regionais. O objetivo primário do Doutorado em Engenharia de Processos é a pesquisa, treinamento e formação de pessoal altamente capacitado, utilizando os princípios fundamentais da Ciência da Engenharia aplicados ao estudo dos fenômenos das transformações, operações e processos envolvidos nas industrias de diversos setores, tais como: químico, cerâmico, plásticos, bioquímico, farmacêutico, metalúrgico, agroalimentar, etc. Alunos do Curso tem atualmente bolsas da CAPES, CTHIDRO e ANP. Cada uma das duas linhas de pesquisa oferecidas pelo programa inclui grandes temas de pesquisa de natureza multidisciplinar que contemplam o desenvolvimento de uma série de projetos específicos voltados para a área de Desenvolvimento de processos. Maiores informações consultar http://www.cct.ufcg.edu.br/ Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.8, 2003 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.9-17, 2003 ISSN: 1517-8595 ATIVIDADE DE ÁGUA E CONDUTIVIDADE ELÉTRICA DE POLPAS DE ACEROLA CONCENTRADAS Edênia Diniz1, Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo2, Alexandre José de Melo Queiroz2 RESUMO Foram avaliadas a atividade de água e a condutividade elétrica da polpa de acerola, em concentrações que variaram de 8°Brix a 22°Brix. A atividade de água foi determinada em temperaturas de 20°C, 25°C, 30°C e 35°C. As condutividades elétricas foram medidas nas temperaturas de 25°C, 30°C, 35°C, 40°C, 50°C e 60°C. A partir dos dados experimentais estudou-se a relação das atividades de água com a concentração das amostras, como também a influência da temperatura. Os resultados foram analisados estatisticamente utilizando-se o programa ASSISTAT versão 6.5. As polpas de acerola apresentaram valores de atividade de água que variaram entre 0,9710 e 0,9883, apresentando diminuição com o aumento da concentração das amostras. As variações de temperatura não demonstraram influenciar de maneira bem definida os resultados das atividades de água. Os resultados obtidos demonstraram aumentos de condutividade elétrica com o aumento de concentração. Por influência de aumentos de temperatura, não foi possível determinar uma tendência de aumento ou diminuição da condutividade elétrica. Não foi possível deduzir uma correlação bem definida entre atividade de água e temperatura. Os valores de condutividade elétrica variaram entre 0,8312 e 6,2700 mS e o aumento da concentração provocou aumentos de condutividade elétrica nas polpas. O estudo das amostras na faixa de temperatura de 25 a 60oC não resultou em variações de condutividade elétrica que pudessem ser atribuídas às condições térmicas. Palavras-chave: Malpighia emarginata, concentração, temperatura. WATER ACTIVITY AND ELECTRICAL CONDUCTIVITY OF THE CONCENTRATED WEST INDIAN CHERRY PULPS ABSTRACT The water activity and electrical conductivity of West Indian cherry pulp were evaluated in concentrations that varied from 8°Brix to 22°Brix. The water activity was determined at the temperatures of 20°C, 25°C, 30°C and 35°C. The electrical conductivities were measured at the temperatures of 25°C, 30°C, 35°C, 40°C, 50°C and 60°C. Starting from the experimental data, it was studied the relationship of the water activity between the samples concentration, as well as the temperature influence. The results were analyzed statistically using the ASSISTAT software version 6.5. The West Indian cherry pulps presented values of water activity that varied between 0,9710 and 0,9883 and the water activities decreased with the increase of the samples concentration. The temperature variations didn't demonstrate to influence, in a very defined way, the results of water activities. The obtained results demonstrated increases of electrical conductivity with the concentration increase. It was not possible to determine an increase or decrease tendency of the electrical conductivity with the temperature. It was not possible to deduce a defined correlation between water activity and temperature. The values of electrical conductivity varied between 0.8312 and 6.2700 mS and the concentration increase provoked increases of electrical conductivity in the pulp. The study of the samples at the temperatures from 25 to 60oC didn't result in variations of electrical conductivity that could be attributed to the thermal conditions. Keywords: Malpighia emarginata, concentration, temperature __________________ Protocolo 113 de 17 / 01 /2003 1 Aluna de Pós-graduação em Engenharia Agrícola, UFCG 2 Departamento de Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Campina Grande, Av. Aprígio Veloso, 882, Caixa Postal 10017, CEP 58109-970, Campina Grande, PB. [email protected] 9 10 Atividade de água e condutividade elétrica de polpas de acerola concentradas Diniz, et al. INTRODUÇÃO A acerola (Malpighia emarginata D.C.), de acordo com Simão (1971), a exemplo de outras plantas frutíferas, deixa dúvidas quanto à sua origem, tendo sido encontrada no Mar das Antilhas, no norte da América do Sul e na América Central. Marino Neto (1986), afirma que essa fruta sempre existiu na região do Caribe de onde se propagou, disseminandose em outras ilhas, transportada por pássaros e emigrantes. No Brasil, a acerola é conhecida no Estado de São Paulo há mais de 50 anos, tendo sido introduzida em Pernambuco em 1955 pela Universidade Federal Rural de Pernambuco, procedente de Porto Rico (Marino Neto, 1986; Universidade Federal Rural de Pernambuco, 1984). Paiva et al. (2001) afirmaram que o cultivo da acerola intensificou-se rapidamente no Brasil no período de 1988 a 1992, beneficiando-se da adaptação da planta ao clima tropical e subtropical e como resultado do crescente interesse internacional por parte dos consumidores, industriais e exportadores, devido ao seu alto teor de vitamina C. O processamento, transporte e armazenamento de produtos perecíveis como a acerola, envolve o conhecimento de inúmeras propriedades físicas, sejam aquelas que influenciam os processos deteriorativos, como a atividade de água, ou outras que podem ser utilizadas em processos térmicos, como a condutividade elétrica. De acordo com Stencl et al. (1999) os produtos agrícolas durante o processamento e armazenamento, podem sofrer mudanças físicas, químicas e microbiológicas, sendo que essas mudanças são particularmente influenciadas pela umidade, atividade de água e temperatura de armazenamento. Segundo Vitalli (1987) a atividade de água de um alimento, ao contrário da umidade, é considerada como um dos parâmetros que serve para indicar a disponibilidade de água existente para o crescimento de microrganismos deteriorantes ou não, como também para a ocorrência de reações tais como: escurecimento, oxidação, hidrólise, etc. O efeito de temperatura em propriedades dielétricas em alimentos pode ser positivo ou negativo dependendo da temperatura, faixa de freqüência, estado da constante dielétrica e o fator de perda, que são observados com o congelamento e o descongelamento dos alimentos (Nelson 1978). De forma geral, tem-se dado pouca atenção às determinações da resistência e da condutividade elétrica em frutas e em outros vegetais. Na maior parte dos casos, os trabalhos dos pesquisadores são direcionados ao estabelecimento de relações entre as propriedades elétricas e alguns fatores que determinam a qualidade dos produtos (Lewis, 1993). Esse autor também cita que o desenvolvimento da acidez durante muitos processos de fermentação se devem a elevação do valor da condutividade elétrica e que as medições dessa propriedade também são utilizadas para medir a concentração de xarope açucarado durante o processo de concentração que precede a cristalização. A condutividade elétrica, nos últimos anos vem se tornando uma fonte de estudo no delineamento de um novo processo de tratamento térmico: o aquecimento ôhmico, processo no qual o calor é gerado internamente pela passagem de uma corrente elétrica pelo produto. Neste processo, ao contrário dos processos convencionais onde a condutividade térmica do alimento é o parâmetro de controle, a condutividade elétrica é usada para o controle do processo. Este processo pode ser utilizado para pasteurização de sucos de frutas. A condutividade elétrica também pode ser usada como uma boa ferramenta na caracterização de produtos alimentícios (Palaniappan & Sastry, 1991). Este trabalho foi realizado com o objetivo de se verificar a influência da concentração e da temperatura sobre a atividade de água e a condutividade elétrica de polpas de acerola. MATERIAL E MÉTODOS Matéria-prima Acerolas maduras, adquiridas no comércio de Campina Grande-PB, foram selecionadas, higienizadas, despolpadas, refinadas, embaladas, congeladas e armazenadas até o momento da concentração e uso nas análises realizadas. Concentração A polpa de acerola integral, com teor de sólidos solúveis totais igual a 8°Brix, foi concentrada em evaporador rotativo (marca QUIMIS, modelo Q-344B2) até a obtenção de teores de sólidos solúveis totais de 10, 13, 16, Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.9-17, 2003 Atividade de água e condutividade elétrica de polpas de acerola concentradas Diniz, et al. 19 e 22°Brix, medidos em refratômetro. A seguir os sólidos totais e umidade dessas amostras foram determinadas segundo as normas do método do Instituto Adolfo Lutz (1985). critérios utilizados para determinar a qualidade dos ajustes da regressão foram o coeficiente de determinação (R2), o erro relativo () (Equação 1) e o desvio percentual médio (P) (Equação 2). Atividade de água (aw) As leituras dos valores da atividade de água das polpas de acerola foram feitas utilizando o higrômetro AQUA-LAB, modelo CX-2, fabricado pela Decagon Devices Inc., EUA, realizadas em triplicata. As temperaturas utilizadas na medição dessa propriedade foram 20, 25, 30 e 35°C ( 0,3°C), controladas em banho termostático. Condutividade elétrica As leituras da condutividade elétrica nas polpas de acerola foram realizadas em condutivímetro digital HANNA, modelo HI 9032, nas temperaturas de 25, 30, 35, 40, 50 e 60°C. Análise estatística Para a avaliação estatística dos resultados experimentais dos sólidos totais/umidade, atividade de água e condutividade elétrica, utilizou-se o programa computacional ASSISTAT versão 6.5 (Silva & Azevedo, 2002). A análise dos sólidos totais/umidade das amostras foi realizada utilizando-se o delineamento inteiramente casualizado. Para os dados de atividade de água da polpa de acerola foi utilizado o modelo fatorial 6 x 4 x 3 (6 concentrações, 4 temperaturas e 3 repetições). Para a condutividade elétrica utilizou-se o fatorial 6 x 6 x 5 (6 concentrações, 6 temperaturas e 5 repetições). A comparação entre médias foi feita pelo teste de Tukey, em nível de 5% de probabilidade, quando o teste F da análise de variância resultou significativo. As regressões lineares dos dados de atividade de água em função da concentração (oBrix) das diferentes amostras foram realizadas utilizando-se o programa computacional STATISTICA versão 5.0. Os 11 P Vexp Vteor Vexp 100 n Vexp Vteor n i 1 Vexp (1) (2) em que: Vexp - valores experimentais; Vteor - valores preditos pela equação, e n - número de dados experimentais. RESULTADOS E DISCUSSÃO Sólidos totais / Umidade Estão apresentados, na Tabela 1, os valores médios da umidade e sólidos totais para a polpa de acerola com concentrações entre 8° e 22°Brix, as médias gerais, os coeficientes de variação e os desvios mínimos significativos. Com relação a umidade, verifica-se que houve diminuições significativas nesses dados com o aumento da concentração, a nível de 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey. Os dados desse parâmetro variaram entre 90,15% e 79,05%, os quais aproximam-se dos obtidos por Nogueira (1991) que variaram de 89,09 a 92,50% para a faixa de concentração de 5,10 a 7,00oBrix. O resultado da umidade da polpa integral (8oBrix) está na mesma faixa de valores determinada por Salunkhe & Desai (1984). Inversamente ao comportamento da umidade, com o aumento da concentração da polpa de acerola os sólidos totais aumentaram significativamente. Todos os valores dos sólidos totais estão dentro dos padrões de identidade e qualidade estabelecidos pela legislação do Ministério da Agricultura e do Abastecimento (Brasil, 2000) que estabelece um teor mínimo de sólidos totais para a polpa de acerola de 6,5%. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.9-17, 2003 12 Atividade de água e condutividade elétrica de polpas de acerola concentradas Diniz, et al. Tabela 1 - Valores médios de umidade e sólidos totais em polpa de acerola em suas diferentes concentrações. Concentração (°Brix) Umidade (%) Sólidos totais (%) *8 90,15 a 9,45 f 10 88,49 b 11,51 e 13 85,80 c 14,20 d 16 83,36 d 16,64 c 19 80,30 e 19,70 b 22 79,05 f 20,95 a DMS 0,21 0,21 CV (%) 0,09 0,50 MG (%) 84,52 15,48 * Polpa integral MG-Média geral, CV-Coeficiente de variação e DMS -Desvio mínimo significativo. Obs.: médias seguidas pela mesma letra minúscula nas colunas não diferem estatisticamente pelo teste Tukey, a nível de 5% de probabilidade Atividade de água Na Tabela 2 são apresentados os valores médios da atividade de água das polpas de acerola nas seis concentrações e quatro temperaturas, comparadas pelo teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade. Em todas as temperaturas constata-se a diminuição da atividade de água com o aumento da concentração, concordando com os resultados obtidos por Noreña et al. (2002) ao trabalharem com sucos de caju e goiaba com concentrações variando entre 5 e 45°Brix. Na temperatura de 20°C as diminuições com as concentrações são estatisticamente diferentes desde 8 até 22°Brix. Nas temperaturas de 25 e 30°C, essas reduções entre as últimas concentrações não são estatisticamente diferentes, embora numericamente os valores sejam diferentes das atividades de água entre 19 e 22°Brix. Na temperatura de 35°C a ausência de diferenças significativas já se faz presente entre as amostras a 8, 10 e 13°Brix, entre 13 e 16°Brix e entre 19 e 22°Brix, apesar de permanecer a tendência de diminuição da atividade de água com o aumento da concentração, percebe-se que o efeito do teor de sólidos solúveis diminuiu com o aumento da temperatura. Entre temperaturas não se verifica, no conjunto dos dados, uma correlação bem definida entre variações na atividade de água e aumentos de temperatura. Nas concentrações de 13° a 22°Brix, verifica-se que não existe diferença significativa entre os valores da atividade de água a 20°C e 25°C, porém esses valores diferem significativamente dos valores nas temperaturas de 30°C e 35°C. Moura (1998), trabalhando com sucos concentrados de tangerina, abacaxi e limão na faixa de 10 a 55 °Brix, observou que existe maior influência da temperatura em concentrações mais baixas. O autor relata que com a elevação da concentração (acima de 40°Brix), a temperatura praticamente não influenciou a leitura da atividade de água. Analisando cada temperatura nota-se que os maiores valores determinados para atividade de água foram obtidos a 30°C. Tabela 2 - Valores médios da atividade de água em polpa de acerola para a interação concentração x temperatura Temperatura (°C) Concentração (°Brix) 20 25 30 35 0,9857 aB 0,9833 aC 0,9883 aA 0,9833 aC *8 0,9837 bB 0,9817 bC 0,9867 bA 0,9827 aBC 10 0,9800 cC 0,9793 cC 0,9843 cA 0,9820 abB 13 0,9773 dB 0,9777 dB 0,9810 dA 0,9807 bA 16 0,9733 eC 0,9723 eC 0,9777 eA 0,9763 cB 19 0,9710 fC 0,9713 eC 0,9770 eA 0,9750 cB 22 * Polpa integral DMS p/ colunas = 0,0014; DMS p/ linhas = 0,0012; CV = 0,06%; MG = 0,97965%. MG - Média geral, CV - Coeficiente de variação e DMS -Desvio mínimo significativo. Obs.: médias seguidas pela mesma letra minúscula nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem estatisticamente pelo teste Tukey, em nível de 5% de probabilidade Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.9-17, 2003 Atividade de água e condutividade elétrica de polpas de acerola concentradas Diniz, et al. 13 Na Tabela 3 são apresentados os valores e 0,085%, assim como os valores dos dos coeficientes de determinação (R2) para cada parâmetros da equação linear utilizada em cada temperatura estudada em uma faixa de 0,915 a temperatura 0,996 e desvios percentuais médios entre 0,028 . Tabela 3 - Parâmetros de correlação entre atividade de água e concentração de polpa de acerola ajustada por equação linear, coeficiente de determinação e desvio percentual médio. Modelo Temperatura (°c) 20 25 aW = A + B (°Brix) 30 35 Na Figura 1 são apresentados os pontos experimentais obtidos para as atividades de água em função da concentração da polpa de acerola, com ajustes lineares. Além do decréscimo das atividades de água com a concentração, pode-se também observar que o aumento da temperatura não afeta de forma Parâmetros A B 0,9942 -0,0011 A B 0,9908 -0,0009 A B 0,9952 -0,0009 A B 0,9892 -0,0006 R2 P (%) 0,996 R2 0,968 R2 0,981 R2 0,915 0,028 P (%) 0,061 P (%) 0,047 P (%) 0,085 bem definida o comportamento da atividade de água. A curva referente a 35°C apresenta uma inclinação menos pronunciada que as demais, podendo indicar que nesta temperatura o efeito da concentração sobre a atividade de água torna-se menos importante. Figura 1 - Atividade de água (aw) para polpa de acerola em função da concentração (°Brix) com ajustes lineares Na Figura 2 são vistos os pontos experimentais obtidos para as atividades de água de polpa de acerola em função da temperatura, ajustados linearmente, onde se observa que os maiores valores de atividade de água ocorrem na temperatura de 30°C. Nas concentrações de 13°Brix a 22°Brix observa-se, em termos gerais, tendência de aumento das atividades de água com o aumento da temperatura. Nas concentrações de 8°Brix e 10°Brix as atividades de água parecem se manter em um mesmo patamar de valores. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.9-17, 2003 14 Atividade de água e condutividade elétrica de polpas de acerola concentradas Diniz, et al. Figura 2 - Atividade de água (aw) em polpa de acerola em função da temperatura com ajustes lineares Condutividade elétrica Na Tabela 4 são mostrados os valores médios de condutividade elétrica das polpas de acerola para as concentrações de 8 a 22°Brix nas temperaturas de 25 a 60°C. É possível observar que em todas as temperaturas, de modo geral, o aumento de concentração foi acompanhado pela tendência de aumento na condutividade elétrica das amostras. O mesmo comportamento foi constatado por Pelacani & Vieira (2001) em suco de laranja, que verificaram, com relação à concentração, que a condutividade elétrica do suco aumentou com o aumento desta. Entretanto, esta tendência não se evidencia entre as concentrações subseqüentes, mas fica clara quando se compara o valor de condutividade obtido para os três teores de sólidos solúveis mais baixos com os três maiores, onde a soma destes últimos supera a soma dos três primeiros em todos os casos. Além disso o aumento é gradativo, o que pode ser comprovado quando se compara a soma das condutividades elétricas obtidas para as duas amostras com maior concentração com as somas das condutividades com o teor de sólidos intermediários e esta por sua vez, é comparada com a soma dos valores de condutividade das duas amostras de menor concentração. Verifica-se, assim, que as somas das condutividades das duplas de amostras com maiores teores de sólidos são superiores às somas das condutividades das duplas com menores teores em todas as temperaturas. Analisando a influência da temperatura nota-se que a 25°C foram medidas algumas das menores condutividade. Na temperatura de 30°C, para as amostras com 10° e 13°Brix, no entanto, foram determinadas duas das maiores condutividades entre todas as temperaturas. Nas temperaturas de 50 e 60°C foram determinados os maiores valores de condutividade, porém, na temperatura de 60°C, nas amostras com 13 e 19°Brix foram observadas duas das menores condutividades entre as temperaturas utilizadas. Também a 50°C, embora se observe duas das maiores condutividades nas amostras a 19 e 22°Brix, na amostra a 10°Brix foi determinada a menor condutividade entre as temperaturas. Com base na comparação desses dados, obtidos para as temperaturas extremas, constata-se que não é possível afirmar de forma conclusiva que os aumentos das temperaturas afetaram a condutividade elétrica das polpas de acerola. O contrário dos dados obtidos por Moura (1998), que trabalhando com condutividade elétrica em sucos de tangerina, abacaxi e limão em diferentes concentrações, observou que a condutividade elétrica aumenta com o aumento da temperatura. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.9-17, 2003 Atividade de água e condutividade elétrica de polpas de acerola concentradas Diniz, et al. Tabela 4 - Valores médios da condutividade elétrica (mS) em polpa concentração x temperatura. Temperatura (°C) Concentração (°Brix) 25 30 35 40 0,8312fF 1,0276fE 1,1692eC 1,1430fD *8 1,3176eD 1,4700dB 1,1634eE 1,4098eC 10 1,6170bC 1,6924cB 1,2570dF 1,5072dD 13 1,4580dD 1,4314eE 1,5416cC 1,6318cB 16 2,2260aE 3,3300bC 3,0494aD 3,5220aB 19 1,5084cF 4,9000aC 1,6036bE 3,0300bD 22 15 de acerola para interação 50 1,2528eB 0,9214fF 1,9328cA 1,6340dB 5,5160bA 6,2700aA 60 1,5058eA 1,6346dA 1,4234fE 2,3704bA 2,1294cF 5,1380aB DMS p/ colunas = 0,0135; DMS p/ linhas = 0,0135; CV = 0,34792% ; MG = 2,12686%. MG-Média geral, CV-Coeficiente de variação e DMS -Desvio mínimo significativo. Obs.: médias seguidas pela mesma letra minúscula nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem estatisticamente pelo teste Tukey, em nível de 5% de probabilidade * Polpa integral Na Figura 3 estão graficados os dados experimentais e curvas representando a tendência de comportamento da condutividade elétrica em função da concentração. Observase como o aumento da concentração provocou aumentos da condutividade elétrica. Nota-se também que a curva com maior inclinação refere-se a 50°C, indicando maior influência da concentração sobre a condutividade elétrica das amostras nessa temperatura. Inversamente, para as curvas referentes a 25°C e 35°C notam-se as menores inclinações, com posições relativas aproximadas. Figura 3 - Condutividades elétricas (mS) de polpas de acerola em função da concentração (°Brix) com curvas representando a tendência de comportamento. De acordo com a Figura 4, observa-se uma discreta tendência ascendente na maioria das curvas, o que não indica de forma conclusiva que a condutividade elétrica aumenta com o aquecimento, tendo em vista a grande oscilação dos pontos experimentais. Entretanto, a amostra na concentração de 22°Brix apresenta uma elevação de condutividade elétrica com o aumento da temperatura, diferindo das demais amostras, o que se evidencia pela sua inclinação em relação à inclinação das demais curvas. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.9-17, 2003 16 Atividade de água e condutividade elétrica de polpas de acerola concentradas Diniz, et al. Figura 4 - Condutividade elétrica (mS) de polpas de acerola em função temperatura, com curvas representando a tendência do comportamento. CONCLUSÕES A polpa de acerola apresentou valores de atividade de água que variaram entre 0,9710 e 0,9883. A atividade de água das polpas diminuíram com o aumento da concentração das amostras. Os valores dos coeficientes de determinação (R2) para ajustes lineares dos dados experimentais de atividade de água com a concentração variaram de 0,915 a 0,996 e os desvios percentuais médios (P) de 0,028 a 0,085% Não foi detectada uma correlação bem definida entre atividade de água e temperatura. Os valores de condutividade elétrica variaram entre 0,8312 e 6,2700 mS para a polpa de acerola. O aumento da concentração provocou aumentos de condutividade elétrica das polpas. O estudo das amostras na faixa de temperatura de 25 a 60oC não resultou em variações de condutividade elétrica que pudessem ser atribuídas às condições térmicas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Brasil. Instrução normativa nº1, de 7 de janeiro de 2000. Estabelece o Regulamento Técnico para a Fixação dos Padrões de Identidade e Qualidade para a polpa de fruta. 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Cavalcanti Mata2 Benedito Rêgo de Paiva3 RESUMO O Nordeste brasileiro, atualmente, é considerado um dos pólos promissores para a fruticultura, notadamente aquela representada por espécies tropicais e subtropicais em razão da qualidade dos frutos produzidos. O fruto da mangabeira é uma baga de cor vermelho-amarelada, ‘e bastante aromática, saborosa e nutritiva. Composta fisicamente por 83% de porção comestível (polpa) e 16,1% de resíduo (3,2% de casca e 12,9% de semente), a mangaba tem ampla aceitação no mercado, tanto para o consumo in natura quanto na indústria para o preparo de sucos, refrescos, sorvetes, doces, licores, vinhos e vinagres. Após a colheita, em geral, o fruto é processado em forma de polpa e submetido ao congelamento. Nesse processo, o produto deve ser rapidamente congelado, de modo que o centro térmico do produto alcance –18°C ou temperatura inferior, como meio de preservação da polpa, já que baixas temperaturas impedem o crescimento de microorganismos. Neste trabalho determinou-se a massa específica e o calor específico da polpa de mangaba quando submetida ao congelamento rápido às temperaturas de –40, -60, -90, -130 e –196°C. A massa específica foi obtida pela razão entre a massa e o volume, congelando-se as amostras de polpa em um recipiente de volume conhecido às temperaturas estudadas, e os valores obtidos, em média, diminuiram de 988 a 843 kg/m3 com a diminuição da temperatura. O calor específico foi medido pelo método das misturas e pela metodologia proposta por Moline. Pelo método das misturas, o calor específico variou de 1,665 kJ/kg°C a 0,798 kJ/kg°C, enquanto que pelo segundo método, o calor específico variou de 1,485 kJ/kg°C a 0,760 kJ/kg°C, para uma variação de temperatura inicial de –40 a –180 °C. Palavras-Chave: mangaba, propriedades termofísicas, congelamento ultra-rápido THERMOPHYSICS PROPERTIES OF THE MANGABA PULP AT LOW AND ULTRA-LOW TEMPERATURES: DENSITY AND SPECIFIC HEAT ABSTRACT The Brazilian Northeast, nowadays, is considered one of the promising poles for the fruticultura, represented by tropical and subtropical species because of the quality of the produced fruits. The mangabeira fruit (Hancornia speciosa) is a red-yellowish baga, and mainly the one that is aromatic, tasty and nutritious. The mangaba, Composed physically by 83% of eatable portion (pulp) and 16,1% of residue (3,2% of peel and 12,9% of seed), has wide acceptance in the market very for the consumption in natura and for the preparation of juices, refreshment, ice creams, sweet, liquor, wine and vinegar at the industry. Geerally after the crop, the fruit is processed in pulp form and submitted to the freezing. In this process, the product should be quickly frozen, so that the thermal center of the product reaches -18°C or inferior temperature, as a form to preserve the pulp, since the low temperatures impede the growth of microorganisms. In this work, it was determined the the specific mass and heat of the mangaba ________________________ Protocolo 125 de 25/ 8 / 2003 1 Profa. Dra. do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Campina Grande Av. Aprígio Veloso No. 882, Campina Grande, Paraíba, Brasil, Telefone: 02183-3101287, Fax: 02183-3101185 E-mail: [email protected] 2 Prof. Dr. Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal da Paraíba, Av. Aprígio Veloso No. 882, Campina Grande, Paraíba, Brasil, Telefone: 02183-3101287, Fax: 02183-3101185 E-mail: [email protected] 3 Engenheiro Agrícola, Mestre em Engenharia agrícola 20 Massa específica e calor específico da polpa de mangaba a temperaturas criogências Duarte et al. pulp when it’s submitted to the fast freezing at temperatures of -40, -60, -90, -130 and -196°C. The specific mass was obtained by the reason between the mass and the volume, freezing the pulp samples in a recipient of well-known volume to the studied temperatures, and the obtained values, decreased from 988 to 843 kg/m3 with the decrease of the temperature. The specific heat was measured by the method of the mixtures and by the methodology that was proposed by Moline. The specific heat varied from 1,665 kJ/kg°C to 0,798 kJ/kg°C for the method of the mixtures, while, the specific heat varied from 5 kJ/kg°C to 0,760 kJ/kg°C for the second method, for a variation of initial temperature from -40 to -180 °C. Keyword-: mangaba, thermophysics properties, cryogenic temperatures INTRODUÇÃO O Nordeste brasileiro, atualmente, é considerado um dos pólos promissores para a fruticultura, notadamente, aquela representada por espécies tropicais e subtropicais em razão da qualidade dos frutos produzidos, com amplas perspectivas de competição, nos mercados nacional e internacional. O aroma, a cor da polpa e o sabor constituem-se atributos de ótima aceitação ao fruto, em conseqüência da intensidade luminosa, baixa umidade relativa do ar e o manejo adequado da água, além de constituir um ambiente menos favorável à ocorrência de pragas e doenças (Paiva, 2001). A mangabeira (Hancornia speciosa Muell. Arg.) é uma árvore de galhos pequenos com porte variando entre três a seis metros de altura, produz flores claras e perfumadas, parecidas com o jasmim, vegeta espontâneamente nas regiões Nordeste, Norte, CentroOeste e Sudeste do Brasil. No Nordeste, é encontrado em todos os tabuleiros e nas baixadas litorâneas. Na Paraíba, sobrevive à faixa costeira onde predominam solos pobres de textura arenosa e de fácil drenagem, com pH ácido. Em decorrência dessa circunstância, a sua exploração, ao longo do tempo, vem sendo de modo extrativista, notadamente, por desconhecimento da importância que a cultura poderá representar para a economia regional. O fruto é uma baga de cor vermelhoamarelada, aromática, saborosa e nutritiva, composta fisicamente de 83% de porção comestível (polpa) e 16,1% de resíduo (3,2% de casca e 12,9% de semente), com ampla aceitação de mercado, tanto para o consumo, in natura, quanto para a indústria, no preparo de sucos, refrescos, sorvetes, doces, licores, vinhos e vinagres (Aguiar Filho et al., 1998) A mangaba vem expandindo-se com perceptivas favoráveis já que sua aceitação nos mercados consumidores é cada vez maior. Com base nesta aceitação, verifica-se a necessidade de estudos em sua forma de processar e armazenar, os quais possibilitem a comercialização, durante todo o ano, evitando, assim, desperdícios e perdas que ocorrem, normalmente, na comercialização, in natura, principalmente, em se tratando de um produto sazonal e explorado de forma extrativista. Segundo Kasahara et. al. (1986), o conhecimento das propriedades termofísicas e o tempo de congelamento é importante para o dimensionamento de equipamentos e a otimização dos processos térmicos dos quais é submetido um determinado produto alimentício. Em geral, modelagem, otimização e automatização de processamento de alimentos são difíceis e se deve a complexidade da matéria prima e produtos envolvidos, efeito das propriedades termofísicas, tais como; densidade, calor específico e condutividade térmica que apresentam mudanças substâncias com a temperatura e o teor de umidade (Telis Romero et al., 1998). Este trabalho visa caracterizar a polpa da mangaba quanto à acidez, brix, pH, conteúdo de água e estudar as propriedades termofísicas como: densidade (massa específica) e calor específico, quando submetida ao congelamento rápido às temperaturas de –40, –60, –90, –130 e –180°C MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no Setor de Criogenia do Laboratório de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas do Departamento de Engenharia Agrícola do Centro de Ciências e Tecnologia da Universidade Federal de Campina Grande, Paraíba. Características químicas A polpa de mangaba, adquirida no comércio local, foi levada ao setor de análise Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.19-29, 2003 Massa específica e calor específico da polpa de mangaba a temperaturas criogências Duarte et al. química do Laboratório de Armazenamento, onde foram determinados: sólidos solúveis totais (°Brix), pH e conteúdo de água. °Brix O Brix foi determinado por leitura direta em refratômetro manual de marca Atago, colocando-se de uma a duas gotas da polpa de mangaba sobre o prisma do refratômetro, obtendo-se a leitura direta em °Brix., a 25°C. 21 A densidade foi determinada congelando-se a polpa às temperatura de –40, –60, –90, –130 e –180°C, em um recipiente de volume conhecido, depois de atingidas as referidas temperaturas, foi efetuado as medidas do volume e da massa. A densidade da polpa de mangaba foi determinada dividindo-se a massa do produto pelo volume da amostra ( m / v ). Calor específico pH Para a determinação do pH, foi utilizado um potenciômetro da marca Digimed, tipo DMPH-2, previamente calibrado com soluções tampões de pH 7,0 e 4,0, .com leitura direta no aparelho. Após a calibração foi feita a leitura do pH na amostra de polpa de mangaba. O calor específico para as temperaturas estudadas, foi determinado pelo Método das misturas e pelo Método proposto por Moline e seus colaboradores. No método das mistura, Figura 1, foi utilizada a metodologia descrita por Gonçalves (2000), e a equação utilizada foi: Conteúdo de água ms.cs (T2 – T3) + L.(ms.U) = c1.m1 (T3 – T1) + ccal (T3- T1) (1) O conteúdo de água da polpa de mangaba foi determinado em estufa a 70°C até peso constante, de acordo com o método descrito pelo Instituto Adolfo Lutz (1985). Propriedades termofísicas Para determinação dessas propriedades, a polpa de mangaba foi congelada dentro de um cilindro de aço inoxidável, em um UltraKryostat tipo N-180, calibrado para operar às temperaturas de –40, –60, –90, –130 e –180°C. A temperatura da polpa foi monitorada por um termopar colocado no centro da amostra. em que, c1 = calor específico da água, 4,186 J/kg °C cs = calor específico da polpa de mangaba, J/kg°C ccal = capacidade calorífica do calorímetro, J/°C ms = massa da polpa de mangaba, kg m1 = massa de água, kg T1 = temperatura da água, °C T2 = temperatura da polpa de mangaba, °C T3 = temperatura de equilíbrio da mistura, °C L = calor de latente da água (J/kg) U = conteúdo de água da polpa de mangaba (decimal, base úmida) Densidade (massa específica) Tampo de borracha Registrador de temperatura termopar água Amostra de polpa isopor Figura 1 - Calorímetro utilizado para determinação do calor específico da polpa de mangaba pelo método das misturas. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.19-29, 2003 22 Massa específica e calor específico da polpa de mangaba a temperaturas criogências Duarte et al. Método de Molien et al. Segundo Gonçalves (2000), a metodologia proposta por Moline et al, , para determinação do calor especifico de produtos biológicos à temperaturas abaixo do ponto de congelamento consiste na construção de um equipamento que é constituído de um bloco de poliestireno expandido, com uma cavidade onde é colocada uma cápsula cilíndrica de aço inoxidável com a amostra de polpa, cujas extremidades são isoladas com tampo de borracha sintética, como ilustrado na Figura 2. Na cápsula cilíndrica de inox, com tampo inferior de borracha sintética, foi adicionada uma amostra de polpa de mangaba à temperatura ambiente. Em seguida, foi conectado na parte superior do cilindro outro tampo de borracha sintética juntamente com um termopar, sendo este previamente dimensionado para ficar localizado no centro geométrico da amostra. Esse conjunto foi levado a um equipamento, Ultra-Kryostat tipo N-180, para que o mesmo ficasse com a temperatura de congelamento desejada. (exemplo. –180°C). O sistema congelado na temperatura desejada era imediatamente colocado no bloco de poliestireno expandido retangular à temperatura ambiente. A variação de temperatura no tempo foi registrada de 2 em 2 minutos até 0°C. O calor específico foi calculado utilizando-se a Equação 2.9. Esse procedimento também foi realizado para a polpa de mangaba às temperaturas de 40, -60 –90 e –130°C. O sistema cilindro-amostra foi congelado até a temperatura negativa desejada, utilizando-se o aparelho criostato (exemplo até –180 °C). Atingida esta temperatura, o conjunto cilindro-amostra foi colocado num bloco de poliestireno, o qual foi mantido a uma temperatura ambiente, registrando-se continuamente a sua temperatura. O calor específico foi determinado pelo seguinte balanço de calor: Mi.C pi Cp dT dT Ma.Ca d i d p dT M p. d p (2) em que, Ma = massa do cilindro finito, kg Mi = massa do gelo , kg Mp = massa da polpa de cajá, kg Ca = calor específico do metal, kJ.kg-1.°C-1 Cpi = calor específico do gelo, kJ.kg-1.°C-1 Cp = calor específico do produto, kJ.kg-1.°C-1 d T/ di = gradiente da curva de resfriamento do gelo d T/ dp = gradiente da curva de resfriamento da polpa i = tempo para o gelo, min. p = tempo para a polpa de cajá, min. Figura 2 - Aparelho para determinação do calor específico pela metodologia proposta por Moline et al, citados por Gonçalves (2000). Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.19-29, 2003 Massa específica e calor específico da polpa de mangaba a temperaturas criogências Duarte et al. RESULTADOS E DISCUSSÃO Características químicas A mangaba é uma fruta bastante comercializada nas regiões Norte e Nordeste, principalmente, na forma de polpa, sendo tão valorizada, quanto às frutas exóticas possui alta digestibilidade e valor nutritivo, no entanto é uma espécie pouco estudada, sendo que, na literatura, poucos dados são encontrados a respeito da sua composição química Os valores dos sólidos solúveis totais, pH e conteúdo de água encontrados na polpa de mangaba foram em média de 7,34 °Brix., 4,22 e 89,49%, respectivamente Esses valores são um pouco diferentes aos encontrados por FAPEP/SINE (1997), que foram em média de 8,00 °Brix, pH 3,40 e conteúdo de água de 80,48%. Essa diferença encontrada é de se esperar uma vez que as frutas variam de safra para safra, e em função dos insumos empregados, das chuvas e dos tratos culturais além de seu estádio de maturação. Propriedades termofísicas Densidade Dados de densidade para alimentos e, particularmente, para frutas e derivados são escassos na literatura, principalmente, para 23 temperatura abaixo do ponto de congelamento. Esses dados são essenciais em projetos de equipamentos, como bombas, evaporadores, misturadores entre outros. Na Tabela 1, estão os dados de densidade determinados, experimentalmente, para polpa de mangaba, abaixo do ponto de congelamento e também à temperatura de 26°C. Tabela 1 - Valores de densidade encontrados para polpa de mangaba Temperatura (°C) Densidade (kg/m3) -180 -130 -90 -60 -40 26 843 919 935 983 988 1030 Na Tabela 1, observa-se que a densidade da polpa de mangaba sofre alterações com a variação da temperatura para valores abaixo do ponto de congelamento. Esses valores divergem um pouco dos valores obtidos por Gonçalves (2000) e por outros autores que obtiveram valores para polpa de cajá variando de 986 kg/m3 a 1025 kg/m3, para uma faixa de temperatura variando de –180 a 0°C. 2 me=1020,201+0,8928378*T R =97,70% 1100 massa específica (kg/m 3 ) 1060 1020 980 940 900 860 820 -150 -100 -50 0 Temperatura (°C) Figura 3 – Densidade da polpa de mangaba em função da temperatura. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.19-29, 2003 Massa específica e calor específico da polpa de mangaba a temperaturas criogências Duarte et al. 24 Os dados de variação da temperatura para polpa de mangaba e para o gelo em função do tempo encontram-se nas Figuras de 3 e 5. Esses dados permitem calcular o calor específico abaixo do ponto de congelamento de acordo com a metodologia proposta por Moline et al., citados por Gonçalves (2000). Calor específico O calor específico é influenciado pela temperatura abaixo do ponto de congelamento, ocorrendo a redução desses valores com a diminuição da temperatura. 0 Temperatura (°C) -50 -180°C -130°C -90°C -60°C -40°C -100 -150 0 200 400 600 800 Tempo (min) Figura 4 – Variação da temperatura da polpa de mangaba em função do tempo, para determinação do calor específico 0 Temperatura (°C) -50 -180°C -130°C -90°C -60°C -40°C -100 -150 0 50 100 150 200 250 300 350 Tempo (min) Figura 5 – Variação da temperatura do gelo em função do tempo, para determinação do calor específico. Na Figura 5, encontra-se a variação da temperatura da polpa de mangaba e do gelo em função do tempo de onde são retiradas as informações para a determinação do calor especifico da polpa de mangaba a – 90 °C. Procedimento semelhante, foi realizado para todas as temperaturas estudadas e os valores de calor específico da mangaba foram Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.19-29, 2003 Massa específica e calor específico da polpa de mangaba a temperaturas criogências Duarte et al. calculados, utilizando-se a Equação 2. Nas Tabelas de 2 a 6, encontram-se os cálculos de determinação do calor especifico da polpa de 25 mangaba congelada a diferentes temperaturas com base nos dados extraídos dos gráficos. Temperatura (°C) 0 dados experimentais (polpa) dados calculados dados experimentais (gelo) dados calculados -30 -60 2 -6 3 -9 4 -12 Tp = -89,07 + 0,70.t - 0,002.t + 3,787.10 .t - 3,145.10 .t + 1,0463.10 2 -6 3 Tg = - 89,082 + 0,834.t - 0,003.t + 4,093.10 .t 5 .t 2 R =99,99% 2 R =99,95% -90 0 100 200 300 400 500 600 700 800 Tempo (min) . Figura 6 – Variação da temperatura do gelo e polpa de mangaba em função do tempo para determinação do calor específico a –90°C. Tabela 2 – Valores de calor específico para polpa de mangaba congelada até –180°C. T (°C) i p (min) (min) -180 -170 -160 -150 -140 -130 -120 -110 -100 -90 -80 -70 -60 -50 -40 -30 -20 0,0 3,2 8,8 15,1 22,8 31,2 39,7 50,0 61,6 74,9 88,5 105,7 126,0 146,4 172,0 198,2 238,0 0,0 6,7 13,5 20,8 28,8 37,2 48,7 57,1 70,0 84,0 96,6 113,3 132,5 154,9 180,8 210,0 252,8 Valor Médio dT / di dT / dp Cpi Cp p (°C/min) (°C/min) (Kj/Kg°C) (Kj/Kg°C) 3,125 1,786 1,587 1,299 1,190 1,176 0,971 0,862 0,752 0,735 0,581 0,493 0,490 0,391 0,382 0,251 0,192 1,490 1,473 1,370 1,250 1,190 0,870 1,190 0,775 0,714 0,794 0,599 0,521 0,446 0,386 0,342 0,234 0,158 1,676 1,640 1,613 1,595 1,585 1,584 1,590 1,602 1,621 1,646 1,675 1,709 1,747 1,789 1,833 1,880 1,928 1,979 0,820 0,730 0,569 0,515 0,938 0,296 0,664 0,607 0,469 0,546 0,539 0,768 0,685 0,862 0,846 1,093 0,760 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.19-29, 2003 Massa específica e calor específico da polpa de mangaba a temperaturas criogências Duarte et al. 26 Tabela 3 – Valores de calor específico para polpa de mangaba congelada até –130°C T (°C) i p dT / di dT / dp (min) (min) (°C/min) (°C/min) -130 -120 -110 -100 -90 -80 -70 -60 -50 -40 -30 -20 0,0 10,8 21,1 31,8 43,6 58,0 75,7 91,1 111,5 134,9 162,3 195,6 0,0 10,4 20,9 32,1 44,5 58,4 74,2 92,4 113,6 139,1 170,6 210,8 0,926 0,971 0,935 0,847 0,694 0,565 0,649 0,490 0,427 0,365 0,300 0,233 0,9615 0,9524 0,8929 0,8065 0,7194 0,6329 0,5495 0,4717 0,3922 0,3175 0,2488 0,1905 Cpi (Kj/Kg°C) Cpp (Kj/Kg°C) 1,5838 1,5896 1,6023 1,6211 1,6456 1,6753 1,7093 1,7473 1,7888 1,8330 1,8795 1,9277 0,46937 0,54174 0,58471 0,60474 0,51742 0,44678 0,84488 0,68994 0,79118 0,91107 1,03374 1,09797 Valor Médio 0,891 Tabela 4 – Valores de calor específico para polpa de mangaba congelada até –90°C T (°C) -90 -80 -70 -60 -50 -40 -30 -20 p dT / di (min) 0,0 12,4 25,7 39,8 56,0 77,9 102,4 132,6 i dT / dp Cpi Cp p (min) (°C/min) (°C/min) (Kj/Kg°C) (Kj/Kg°C) 0,0 13,7 29,2 47,5 69,5 96,2 127,8 171,2 0,806 0,752 0,709 0,617 0,457 0,408 0,331 0,250 0,730 0,645 0,546 0,455 0,375 0,316 0,230 0,156 1,646 1,675 1,709 1,747 1,789 1,833 1,880 1,928 0,692 0,793 0,995 1,113 0,967 1,106 1,362 1,663 Valor Médio 1,086 Tabela 5 – Valores de calor específico para polpa de mangaba congelada até –60°C T (°C) i p dT / di dT / dp (min) (min) (°C/min) (°C/min) -60 -50 -40 -30 -20 0,0 16,9 39,9 69,8 108,0 0,0 23,7 48,6 80,2 122,8 0,592 0,435 0,334 0,262 0,190 0,422 0,402 0,316 0,235 0,148 Valor Médio Cpi (Kj/Kg°C) Cpp (Kj/Kg°C) 1,747 1,789 1,833 1,880 1,928 1,415 0,974 0,974 1,111 1,438 1,182 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.19-29, 2003 Massa específica e calor específico da polpa de mangaba a temperaturas criogências Duarte et al. 27 Tabela 6 – Valores de calor específico para polpa de mangaba congelada até –40°C T (°C) i p dT / di dT / dp (min) (min) (°C/min) (°C/min) -40 -30 -20 0,0 24,4 53,3 0,0 30,0 70,2 0,410 0,346 0,268 0,333 0,249 0,139 Cpi (Kj/Kg°C) Cpp (Kj/Kg°C) 1,833 1,880 1,928 1,022 1,296 2,136 Valor Médio 1,485 Os valores de calor específico para polpa de mangaba determinada, experimentalmente, pela metodologia proposta por Moline et al., variaram de 0,760 kJ/kg°C a 1,485 kJ/kg°C, para a faixa de temperatura de –180 a –40°C. Como esperado, o calor específico sofre influência da temperatura diminuindo com o diminuição dela. Gonçalves (2000) determinou o calor específico da polpa de cajá para temperaturas variando de –180 a –35°C, usando a metodologia proposta por Moline et al. citados por Kasahara et al. (1986), e obteve valores médios de 3,23 kJ/kg°C a 2,79 kJ/kg°C, respectivamente, valores esses bem superiores aos encontrados, experimentalmente, para polpa de mangaba usando a mesma metodologia. Moline et al., citados por Kasahara et al. (1986) sugerem que o incremento de erro da metodologia proposta deve-se, provavelmente, à existência de um gradiente térmico através da amostra, essa discrepância, também, pode ser atribuída a um equipamento experimental de dimensões superiores, o que influenciaria diretamente na curva de aquecimento. Os valores de calor específico determinados, experimentalmente, para polpa de mangaba pelo método das misturas encontram-se na Tabela 7, onde se observa que estes valores são maiores do que os valores de calor específico determinados pela metodologia proposta por Moline e seus colaboradores Tabela 7 – Valores do calor específico da mangaba calculado pelo Método das misturas e pelo Método de Moline et al. T Cp Misturas Cp Moline (°C) (kcal/kg°C) (kJ/kg°C) (kJ/kg°C) -180 0,191 0,798 0,760 -130 0,215 0,901 0,891 -90 0,296 1,240 1,086 -60 0,321 1,345 1,182 -40 0,398 1,665 1,485 Poucos são os valores de calor específico de polpa de frutas a baixas temperaturas que se encontram na literatura, principalmente, para a faixa de temperatura estudada. Observa-se neste trabalho que os valores experimentais estão abaixo dos encontrados por outros autores para diferentes frutas. Não que se esperasse encontrar valores semelhantes a outras polpas de frutas, no entanto, esperavam-se obter valores mais aproximados de outras polpas. Por exemplo Simões (1997), encontrou um valor de calor específico médio para polpa de manga congelada a – 18°C de 2,39 kJ/kg°C e Kasahara et al. (1986), obteve valores médios de 2,62 kJ/kg°C e 2,42 kJ/kg°C para polpa de mamão e chirimoia congeladas, respectivamente. No entanto, esses valores também diferem bastante dos valores obtidos por Neves, citado por Simões (1997) que encontrou um calor específico para polpa de manga congelada à temperatura de –18°C de 1,92 kJ/kg°C. Embora os valores de calor específico das polpas de frutas estejam bem dispersos, sempre cabe lembrar que seus valores estão Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.19-29, 2003 Massa específica e calor específico da polpa de mangaba a temperaturas criogências Duarte et al. 28 muito relacionados com a quantidade de água existente nas polpas de frutas, e esse valor se aproxima do valor da água, quanto maior for o quantitativo 1,8 de água existente na polpa de fruta. Na Figura 7, encontram-se as equações que expressam a variação do calor específico determinado pelo método da mistura e pela metodologia proposta por Moline e seus colaboradores, para polpa de mangaba em função da temperatura. 1,6 1,8 0,45 1,2 1,0 0,8 Calor específico (kJ/kg°C) Cp - Método das misturas y=1,8844 + 0,0114x + 3,0409.10 1,6 -5 0,40 Cp - Segundo Moline y=2,1333 + 0,0140x + 3,6370.10 -5 0,35 1,4 0,30 1,2 0,25 1,0 Calor específico (kcal/kg°C) 1,4 0,20 0,8 0,15 -200 -180 -160 -140 -120 -100 -80 -60 -40 -20 Temperatura (°C) Figura 7 – Calor específico da polpa de mangaba determinado experimentalmente pelo método das misturas e pela metodologia proposta por Moline et al., citados por Gonçalves (2000). CONCLUSÕES Diante dos resultados obtidos para polpa de mangaba, conclui-se que: a) Os valores médios de pH, sólidos solúveis totais e teor de água foram em média de 4,22 pH, 7,34 °Brix, e 89,49% (base úmida), respectivamente; b) A densidade (massa específica) diminui de 988 a 843 kg/m3 com a diminuição da temperatura de –40 a –180°C, descrevendo uma curva linear, e de 1.030 kg/m3 à temperatura de 26°C; c) O calor específico médio obtido usando-se a metodologia proposta por Moline et al., varia de 1,485 kJ/kg°C a 0,760 kJ/kg°C, para uma variação de temperatura inicial de –40 a –180 °C e de 1,665 kJ/kg°C a 0,798 kJ/kg°C, pelo método das misturas; REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA . Aguiar Filho, S.P. de; Bosco, J.; Araújo, I. A. de.A mangabeira (Hancornia speciosa), domesticação e técnicas de cultivo. João Pessoa: PB: EMEPA-PB, 1998, 26p. (EMEPA-PB, Documentos, 24). FAPEP/SINE – PB (Fundação de Amparo À Pesquisa Do Estado Da Paraíba – Sistema Nacional De Emprego). Curso de tecnologia de industrialização de frutas. João Pessoa, nov. 1997. 24p. Instituto Adolfo Lutz. Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz: Métodos químicos e físicos para análise de alimentos. 3a ed. São Paulo, 1985. v.1, 533p. Gonçalves, A. de L. Propriedades termofísicas de polpa de cajá (Spondia lutea L.) a baixas temperaturas. Campina Grande: UFPB, 2000. 90 p. (Dissertação de Mestrado). Kasahara, G. I. Transferencia de calor y propiedades termicas aplicadas a la congelación de productos vegetales: Refrigeracion y Congelacion de Alimentos. Chile: Editora e Imprenta Maval, 1986.p 61-79. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.19-29, 2003 Massa específica e calor específico da polpa de mangaba a temperaturas criogências Duarte et al. Paiva, B. R. Propriedades termofísicas de polpa de mangaba (Hancornia speciosa Muell. Arg.) a baixas temperaturas. Campina Grande:UFPB, 2002. 67 p. (Dissertação de Mestrado). 29 Telis Romero, J.; Telis, V.R.N.; Gabas A. L.; Yamashita F. Termophysical properties of brasilian orange juice as affected by temperature and water content. Journal of Food Engineering, v. 38, p. 27-40, 1998. Simões, M. R.; Propriedades termofísicas de polpa de manga. Campinas: UNICAMP, 1997. 84p. (Dissertação de Mestrado). Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.19-29, 2003 30 UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE A Área de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Campina Grande mantém 5 Laboratórios dentre eles o Laboratório de Propriedade Físicas dos Materiais Biológicos, atendendo diversas linhas de pesquisas dentre as quais as de: Estudos das características físicas dos produtos agrícolas como grãos, sementes, frutos, raízes e tubérculos, além de produtos cárneos, peixes e crustáceos; Propriedades termofísicas dos materiais biológicos a temperaturas acima do ponto de congelamento, abaixo do ponto de congelamento e a temperaturas criogênicas Desenvolvimento de equipamentos para medições sensoriais dos alimentos Estudo de propriedades aerodinâmicas e hidrodinâmicas dos materiais biológicos Estudo reológico e reométrico de produtos agroindustriais LABORATÓRIO DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE MATERIAIS BIOLÓGICOS O Laboratório atende principalmente os Cursos de Graduação e Pós-Graduação em Engenharia Agrícola, além do Doutorado em Engenharia de Processos da UFCG. Coordenação da Área de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas Av. Aprígio Veloso, 882 – Caixa Postal 10.087 Fones (083)310-1287; 310-1194 FAX 310-1185 email- [email protected] Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.30, 2003 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.31-42, 2003 ISSN: 1517-8595 31 PROPRIEDADES TERMOFÍSICAS DA POLPA DE UMBU Ítalo José Evangelista de Lima1, Alexandre José de Melo Queiroz2, Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo2 RESUMO Foram estudadas polpas de umbu com teores de sólidos solúveis totais de 10, 20 e 30 oBrix. Determinou-se, em cada amostra, a massa específica, a difusividade térmica, o calor específico e a condutividade térmica. A massa específica foi determinada pelo método picnométrico, o calor específico pelo método calorimétrico, a difusividade térmica pelo método do cilindro infinito proposto por Dickerson (1965) e a condutividade térmica pela relação dessa propriedade com a massa específica, o calor específico e a difusividade térmica. As propriedades estudadas também foram calculadas por meio de equações teóricas propostas por outros autores. A massa específica aumentou com o aumento da concentração e diminuiu com o aumento da temperatura, variando de 1.052,6 kg/m3 na amostra a 10oBrix à temperatura de 40oC até 1.159,8 kg/m3 na amostra a 30oBrix à temperatura de 20oC. A difusividade térmica variou de 1,35 10-7 a 1,52 10-7m2/s, decrescendo à medida que se aumentou o teor de sólidos solúveis totais das amostras. O calor específico diminuiu com o aumento do teor de sólidos solúveis totais, variando de 3,2 a 3,7 kJ/kgºC. A condutividade térmica variou entre 0,499 W/mºC na amostra a 30oBrix a 0,588 W/mºC na amostra a 10oBrix. As equações propostas em literatura para o cálculo de propriedades termofísicas se mostraram adequadas para a determinação teórica das propriedades de polpa de umbu. Palavras-chave: Spondias tuberosa, calor específico, difusividade térmica, condutividade térmica THERMOPHYSICAL PROPERTIES OF THE UMBU PULP ABSTRACT Spondias tuberosa pulp with 5 soluble solids content of 10, 20 and 30oBrix was studied. It was determined, in each sample, the density, the thermal diffusivity, the specific heat and the thermal conductivity. The density was determined by the picnometric method, the specific heat by the calorimetric method, the thermal diffusivity by the method of the infinite cylinder proposed by Dickerson (1965) and the thermal conductivity by the relationship between this property and the density, the specific heat and the thermal diffusivity. The studied properties they were also calculated through theoretical equations proposed by other authors. The density increased with the increase of the concentration and it decreased with the increase of the temperature, varying 1052.6 kg/m3 in the sample at 10oBrix at the temperature of 40oC up to 1159.8 kg/m3 in the sample at 30oBrix at the temperature of 20oC. The thermal diffusivity varied from 1.35 10-7 to 1.52 10-7m2/s, decreasing with the increase of the total soluble solids content of the samples. The specific heat decreased with the increase of the total soluble solids content, varying from 3.2 to 3.7 kJ/kgºC. The thermal conductivity varied between 0.499 W/mºC in the 30oBrix sample and 0.588 W/mºC in the 10oBrix sample. The equations proposed in literature for the calculation of thermophysical properties were appropriate for the theoretical determination of the properties of Spondias tuberosa pulp. Keywords: Spondias tuberosa, specific heat, thermal diffusivity, thermal conductivity __________________ Protocolo 127 de 26 / 08 / 2003 1 Aluno de graduação em Engenharia Agrícola, Bolsista PIBIC/UFPB. 2 Departamento de Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Campina Grande, Av. Aprígio Veloso, 882, Caixa Postal 10017, CEP 58109-970, Campina Grande, PB. [email protected] 32 Propriedades termofísicas da polpa de umbu INTRODUÇÃO As frutas de clima tropical representam um grande mercado potencial ainda pouco explorado pela agroindústria brasileira. No caso das frutas típicas da região Norte e Nordeste do Brasil, o seu consumo é restrito, praticamente, à região de produção, tendo pouca penetração junto aos mercados consumidores de maior poder aquisitivo das regiões Sul e Sudeste e não constando, em sua grande maioria, sequer como item da pauta de exportações brasileiras. Isso representa um desperdício da aptidão produtiva natural da região cujo clima quente e com pequenas variações de temperatura ao longo do ano favorece o desenvolvimento e a produção de culturas de clima tropical. Dentre as espécies frutícolas que se apresentam como opção de exploração na região Nordeste, o umbuzeiro tem destaque em virtude de ser uma planta originária da região, adaptada ao regime de chuvas do trópico semiárido, com grande produtividade, estimada em 7.500 kg/ha (Duque, 1980) e por produzir um fruto com aroma e sabor exótico, apreciado sob inúmeras formas, tanto como fruta inteira, quanto nas mais variadas apresentações, como sucos, néctares, sorvetes e doces em geral. Além do fruto, o próprio umbuzeiro se apresenta como uma árvore que propícia excelente proteção para o solo, visto possuir uma copa que pode atingir até 15 metros de diâmetro (Corrêa, 1978). Essa característica torna-o uma opção de escolha para emprego como cobertura vegetal de áreas desmatadas e uma alternativa no combate ao processo de desertificação já instalado em extensas áreas da região (Desert/IBAMA, 1992). A viabilização da exploração econômicamente eficiente do umbu (Spondias tuberosa Arruda Câmara) em um prazo mais curto deve ocorrer através da industrialização da polpa em razão de que, nessa forma, diferente do que ocorre com a comercialização do fruto inteiro, pode-se dispensar os demorados e dispendiosos procedimentos de seleção, necessários à obtenção de frutos uniformes e com relação polpa/semente adequada. Os conhecimentos necessários para manipulação, transporte e estocagem de polpas de frutas envolvem propriedades físicas relacionadas ao material, importantes para o correto dimensionamento dos equipamentos destinados a estas operações. No caso de polpas de frutas, são usados processos de aquecimento em pasteurização, concentração, etc., e a utilização de baixas temperaturas é um Lima et al. procedimento largamente utilizado para a preservação da qualidade desses produtos. No entanto, a utilização de tais recursos envolve gastos expressivos com energia e com sistemas e instalações, os quais podem ser otimizados pelo correto dimensionamento das instalações, levando em consideração as cargas energéticas requeridas pelo material que por sua vez dependem da sua natureza termofísica. O objetivo desse trabalho foi determinar a massa específica, calor específico, condutividade térmica e difusividade térmica da polpa de umbu em três concentrações (ºBrix). MATERIAIS E MÉTODOS Este trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas do Departamento de Engenharia Agrícola, Campus I da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). Matéria-prima Foi adquirida polpa de umbu congelada no comércio local da cidade de Campina Grande – PB, em que o teor de sólidos solúveis totais (°Brix) tivesse o valor mínimo de 10°Brix. Caracterização química e físico-química As determinações físico-químicas e químicas realizadas na polpa de umbu, foram feitas em triplicata, sendo: o pH em peagômetro modelo pH300 M de marca Analyser; os sólidos solúveis totais (°Brix) através de leitura direta em refratômetro manual de marca Atago, com correção de temperatura, através de tabela contida no manual do Instituto Adolfo Lutz (1985); a acidez total titulável, cinzas, açúcares totais e redutores, utilizando-se as metodologias descritas pela AOAC (1997); sólidos totais/umidade método proposto pelo Instituto Adolfo Lutz (1985); o teor de pectina foi determinado, segundo a metodologia de Carré e Haynes (Pearson, 1970). Elaboração das amostras Foram utilizados três tipos de amostras, com teor de sólidos solúveis totais de 10°Brix, 20°Brix e 30°Brix, sendo as amostras a 20 e 30oBrix produzidas por adição de sacarose. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.31-42, 2003 Propriedades termofísicas da polpa de umbu Massa específica A determinação das massas específicas das polpas em três temperaturas (20°C, 30°C e 40°C) e três concentrações (10,0°Brix, 20,0°Brix e 30,0°Brix), em triplicata, foi feita utilizando-se picnômetro de 25ml. Equações apresentadas em trabalhos diversos foram utilizadas para cálculos da massa específica teórica das amostras de polpa de umbu (Tabela 1). Tabela 1 - Equações para o cálculo da massa específica de produtos alimentícios Produto Equação - Polpas e suco de frutas (geral) 1002 4,61 B 0,460 T 7,001 10 3 T 2 9,175 10 5 T 3 w - Sucos clarificados de maçã 0,992417 3,7391 10 3 B - Suco de pêssego 33 Lima et al. 1006,56 0,5155 T 4,1951 B 0,0135 B 2 Referência Alvarado & Romero (1989) Constenla et al. (1989) Ramos & Ibarz (1998) em que, - massa específica (kg/ m3); w - massa específica da água (kg/ m3); T - temperatura (ºC), e B - concentração (ºBrix). Calor específico O calor específico das polpas de umbu nas três concentrações foi determinado através do método calorimétrico. O calorímetro usado era constituído de uma garrafa térmica (frasco Dewar) com capacidade para 1,0 litro, envolvido por uma camada de 5 cm de isolante térmico (lã de vidro) e tendo um invólucro externo cilíndrico de PVC. As aferições de temperatura foram verificadas em um indicador conectado a um termopar, inserido através de um orifício central feito em rolha de vedação do calorímetro. O calor específico das amostras foi determinado, utilizando-se o balanço de calor e massa apresentado na Equação 1. m p C p T4 T5 C1 m 3 T5 T3 C cal T5 T3 (1) em que, mp - massa do produto (g); Cp - calor específico do produto (cal/g°C); T4 - temperatura inicial do produto (ºC); T5 - temperatura de equilíbrio (ºC); C1 - calor específico da água (cal/gºC), e m3 - soma das massas m1 + m2 (g). Equações obtidas em literatura foram utilizadas para a estimar o calor específico (teórico) das polpas de umbu com diferentes concentrações (Tabela 2). Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.31-42, 2003 34 Propriedades termofísicas da polpa de umbu Lima et al. Tabela 2 - Equações para o cálculo do calor específico de produtos alimentícios Produto Equação Referência C 0 , 837 3 , 349 X Produtos alimentícios Siebel apud Kasahara (1986) p w Produtos alimentícios C p 1,465 2,721 X w Suco de tamarindo Lamb apud Choi & Okos (1986) C p 4,18 (6,839 10 5 T 0,0503) S Manohar et al. (1991) em que, Cp - calor específico (kJ/kgºC); Xw - fração mássica da água (adimensional); T - temperatura (K), e S - sólidos solúveis (%). Difusividade térmica As difusividades térmicas das amostras de polpa de umbu foram determinadas, utilizando-se um aparato similar ao utilizado por Dickerson (1965), que consiste em um cilindro metálico (2,45cm de raio interno e 23,0cm de comprimento interno útil), com rolhas plásticas nas extremidades e termopares para acompanhamento das temperaturas, um inserido na superfície externa e outro internamente, no centro da secção cilíndrica. Em cada ensaio, a cápsula era preenchida com a amostra de polpa e mergulhada em banho termostático, com agitação mecânica e aquecimento a uma taxa constante de 0,5ºC/minuto. As temperaturas do centro do cilindro (Tc) e na superfície externa (Ts) eram aferidas em intervalos de 2 minutos. As difusividades foram determinadas com o uso da Equação 2 proposta por Dickerson (1965): AR C2 4(TS TC ) (2) em que, - difusividade térmica (m2/ s); A - taxa constante de aquecimento (ºC/s); Rc - raio do cilindro (m); Ts - temperatura na superfície do cilindro de raio R (ºC), e Tc - temperatura no centro do cilindro (ºC). Os valores da constante da velocidade de aquecimento (A) e (Ts – Tc) foram obtidos do gráfico de temperatura (Ts e Tc) versus tempo, construído a partir dos dados coletados. As equações para determinação das difusividades térmicas teóricas para as polpas são apresentadas na Tabela 3. Tabela 3 - Equações para o cálculo da difusividade térmica de produtos alimentícios Produto Equação 6 Referência 6 Alimentos em geral 0,088 10 ( w 0,088 10 ) X w Alimentos em geral (0,057363 X w 0,000288 T) 10 6 Suco de laranja 7,9683 10 8 5,9839 10 8 X w 0,02510 10 8 T Riedel (1969) Martens apud Choi & Okos (1986) Telis-Romero (1998) em que, - difusividade térmica (m2/ s); w - difusividade térmica da água (m2/ s); Xw - fração mássica da água (adimensional); T - temperatura (ºC). Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.31-42, 2003 Condutividade térmica As condutividades térmicas das amostras foram calculadas por meio da Equação 3, utilizando-se os valores experimentais da difusividade térmica (), calor específico (Cp) e da massa específica () determinada experimentalmente na temperatura de 40o C. 35 Lima et al. Propriedades termofísicas da polpa de umbu k C p (3) Também foram calculadas as condutividades térmicas das amostras, utilizando-se equações extraídas de trabalhos diversos e apresentadas na Tabela 4. Tabela 4 - Equações para o cálculo da condutividade térmica de produtos alimentícios Produto Suco clarificado de maçã Equação Autor k 0,27928 3,5722 x 10 3 B 1,1357 x 10 3 T Banana k 0,901 0,967 exp(0,014M) Constenla et al. (1989) Njie et al. (1998) Sucos de frutas, leite k (326,58 1,0412T 0,00337T 2 )(0,46 0,54X w )1,73x10 3 e solução de açúcar Riedel apud Choi & Okos (1986) em que, k - Condutividade térmica (W/mºC); Xw - Fração mássica da água (adimensional); B - Concentração (ºBrix), e T - Temperatura (ºC). Análise estatística As análises estatísticas dos dados coletados foram realizadas, utilizando-se o programa computacional ASSISTAT versão 6.0 (Silva & Azevedo, 2002). A comparação entre as médias foi feita, empregando-se o teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. Erros percentuais Os erros percentuais foram determinados com o uso da Equação 4, em que se avaliou a precisão dos ajustes obtidos a partir das equações propostas em literatura em relação aos valores determinados experimentalmente. p Ve Vt 100 Ve (4) p - erro percentual (%); Ve - valor experimental, e Vt - valor teórico. RESULTADOS E DISCUSSÃO Caracterização química e físico-química Os resultados médios das análises químicas e físico-químicas de pH, sólidos solúveis totais (°Brix), sólidos totais, pectina, umidade, acidez total titulável, açúcares totais, açúcares redutores, açúcares não redutores, cinzas, desvio-padrão e coeficiente de variação (CV) são apresentados na Tabela 5. O valor obtido para o pH e pectina encontra-se abaixo dos valores de determinado por Policarpo et al. (2002), mas os açúcares redutores são superiores ao desses pesquisadores. A umidade está de acordo com os dados de Cavalcanti et al. (2003). em que, Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.31-42, 2003 36 Propriedades termofísicas da polpa de umbu Lima et al. Tabela 5 - Características químicas e físico-químicas da polpa de umbu Determinações pH Sólidos solúveis totais (ºBrix) Sólidos totais (%) Pectina (g/100g) Umidade (% b.u.) Acidez total titulável (% de ácido cítrico) Açúcares totais (% glicose) Açúcares redutores (% glicose) Açúcares não redutores (% sacarose) Cinzas (%) Tem-se na Tabela 6 os valores dos parâmetros da caracterização físico-química da polpa de umbu a 10ºBrix, 20ºBrix e 30ºBrix Média 2,16 0,021 10,0 0,0 10,11 0,035 0,31 0,06 89,89 0,035 1,45 0,007 7,74 0,024 4,51 0,054 3,01 0,14 0,22 0,013 CV (%) 0,97 0,00 0,35 19,35 0,04 0,48 0,31 1,20 4,65 5,91 utilizados nos cálculos das propriedades termofísicas com as equações de ajuste. Tabela 6. Valores dos parâmetros da caracterização físico-química da polpa de umbu Composição 10ºBrix 20ºBrix 30ºBrix Sólidos totais (%) 12,11 22,11 32,11 Umidade (% b.u.) 87,89 77,89 67,89 Massa específica Na Tabela 7, são mostrados os valores médios de massa específica das polpas em função da concentração e temperatura, onde as amostras diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade, o mesmo ocorrendo em relação a amostras de mesmo oBrix em temperaturas diferentes. Os resultados experimentais médios obtidos para as massas específicas das polpas encontram-se, na mesma faixa de valores, obtidos para polpa de frutas (Alvarado & Romero, 1989), sucos clarificados de maçã (Constenla et al., 1989) e suco de pêssego (Ramos & Ibarz, 1998). Verificam-se aumentos consistentes nas massas específicas das amostras, conforme se aumentou a concentração, assim como se verificaram reduções dessa variável nos três tipos de amostra, conforme se aumentou a temperatura, em todos os casos. Fazendo-se a comparação das médias das massas específicas para cada teor de sólidos, nas três temperaturas, constatam-se aumentos de 3,4% entre 10o e 20o Brix, de 9,3% entre 10o e 30oBrix e de 5,7% entre 20o e 30oBrix. Comparando-se as médias de massa específica das três concentrações nas temperaturas de 20o, 30o e 40oC observam-se reduções de 0,45% entre 20o e 30oC, 0,9% entre 20o e 40oC e de 0,45% entre 30o e 40oC. Destes resultados vê-se um maior impacto da variação do teor de sólidos sobre as massas específicas das amostras do que a variação de temperatura, nas faixas estudadas. O coeficiente de variação ficou em torno de 0,06%, valor que, de acordo com Gomes (1987), indica boa precisão experimental. Nas Tabelas 8, 9 e 10, têm-se os valores de massa específica obtidos através das equações propostas em literatura para as diferentes temperaturas e diferentes concentrações, assim como os erros percentuais dos valores determinados com o uso das equações em relação aos valores experimentais. Em todos os casos, os valores teóricos situaram-se abaixo dos valores experimentais. Observa-se que a equação de Constenla et al. (1989) proposta para suco clarificado de maçã resultou nos melhores ajustes, para a determinação das massas específicas das polpas, nas três concentrações estudadas, com erros percentuais, variando entre 0,70% e 2,22%. Para as equações de Constenla et al. (1989) e de Alvarado & Romero (1989) há um decréscimo do erro percentual com o aumento da temperatura em todas as amostras, ocorrendo o inverso com a equação de Ramos & Ibarz (1998). Os menores erros percentuais foram determinados Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.31-42, 2003 Propriedades termofísicas da polpa de umbu nas amostras a 20ºBrix, variando entre 0,70% e 1,26%. Haja vista que o maior erro não atingiu 2,5% pode-se considerar que todas as equações 37 Lima et al. se prestaram para a predição das massas específicas das polpas de umbu nas concentrações e temperaturas utilizadas Tabela 7 - Valores médios de massa específica de polpa de umbu na interação de concentrações com temperaturas. Massa específica (kg/m3) 20ºC 30ºC 40ºC 1.063,39 cA 1.057,14 cB 1.052,61 cC 10 1.097,16 bA 1.093,28 bB 1.088,91 bC 20 1.159,80 aA 1.155,37 aB 1.149,91 aC 30 DMS para colunas = 1,39 representada pelas letras minúsculas; DMS para linhas = 1,39 representada pelas letras maiúsculas; CV% = 0,06; MG = 1.101,96 kg/m3. MG - Media geral; CV - Coeficiente de variação e DMS - Desvio mínimo significativo. Obs.: médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si. Concentração (ºBrix) Tabela 8 - Valores da massa específica (kg/m3) calculados com equações propostas em literatura para a polpa de umbu 10oBrix Modelos Polpa de frutas (Alvarado & Romero, 1989) Erro (%) Suco clarificado de maçã (Constenla et al., 1989) Erro (%) Suco de pêssego (Ramos & Ibarz, 1998) Erro (%) 20 1.040,97 2,11 1.045,24 1,71 1.039,55 2,24 Temperatura (oC) 30 1.038,12 1,80 1.042,57 1,38 1.034,40 2,15 40 1.035,03 1,67 1.038,97 1,29 1.029,24 2,22 Tabela 9 - Valores da massa específica (kg/m3) calculados com equações propostas em literatura para a polpa de umbu 20oBrix Modelos Polpa de frutas (Alvarado & Romero, 1989) Erro (%) Suco clarificado de maçã (Constenla et al., 1989) Erro (%) Suco de pêssego (Ramos & Ibarz, 1998) Erro (%) 20 1.087,07 0,92 1.087,83 0,85 1.085,55 1,06 Temperatura (oC) 30 1.084,22 0,83 1.085,05 0,75 1.080,40 1,18 40 1.081,13 0,71 1.081,31 0,70 1.075,24 1,26 Tabela 10 - Valores dos modelos de ajuste da massa específica (kg/m3) para a polpa de umbu a 30oBrix. Temperatura (oC) Modelos 20 30 40 Polpa de frutas (Alvarado & Romero, 1989) 1.133,17 1.130,32 1.127,23 Erro (%) 2,30 2,17 1,97 Suco clarificado de maçã (Constenla et al., 1989) 1.134,04 1.131,14 1.127,24 Erro (%) 2,22 2,10 1,97 Suco de pêssego (Ramos & Ibarz, 1998) 1.134,25 1.129,10 1.123,94 Erro (%) 2,20 2,27 2,26 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.31-42, 2003 38 Propriedades termofísicas da polpa de umbu Lima et al. coeficientes de determinação (R2) em todas as amostras. Na amostra a 20ºBrix obteve-se os menores valores de R2, mas, ainda assim, acima de 0,96. Equações do tipo linear e quadrática foram propostas (Tabela 11) relacionando a massa específica com a temperatura. A equação quadrática resultou nos melhores Tabela 11 - Equações propostas para o cálculo da massa específica da polpa de umbu. A B C R2 A BT 1.073,89 -0,5392 – 0,9874 A BT CT 2 1.081,02 -1,0524 0,0086 0,9956 A B C R2 A BT 1.105,48 -0,4122 – 0,9666 A BT CT 2 1.103,49 -0,2685 -0,0024 0,9677 A B C R2 1.169,85 -0,4942 – 0,9850 1.165,57 -0,1861 -0,0051 0,9885 Amostra Polpa 10oBrix Equações Equações Polpa 20oBrix Equações Polpa 30oBrix A BT A BT CT 2 (kg/m ); T (ºC) 3 Difusividade térmica Na Tabela 12, são apresentados os valores médios de difusividade térmica de polpa de umbu obtidos pelos parâmetros A, ( TS TC ) e Rc. Mediante a utilização do teste de Tukey, observa-se uma diferença significativa dos valores médios de difusividade térmica ao nível de 5% de probabilidade entre as amostras estudadas. Constatam-se decréscimos da difusividade térmica com o aumento da concentração, comportamento idêntico foi verificado por Pereira et al. (2003). Tabela 12 - Valores médios da difusividade térmica para as diferentes concentrações (ºBrix) da polpa de umbu TS TC (ºC) Amostra (ºBrix) A (ºC/min) Difusividade térmica (m2/s) 10 0,54 8,9 1,52 10-7 0,019 10-7 a 20 0,53 9,1 1,45 10-7 0,018 10-7 b 30 0,51 9,5 1,35 10-7 0,018 10-7 c -7 -7 2 CV = 1,25%; DMS = 0,045 10 ; MG = 1,44 10 m /s MG - Média geral; CV - Coeficiente de variação e DMS - Diferença mínima significativa. Obs.: médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si. Os valores experimentais da difusividade térmica se encontram próximos da faixa de valores entre 1 10-7m2/s e 2 107 2 m /s, relatada por diversos autores como Alvarado (1994) para polpa de mamão e Bhowmik & Hayakawa (1979), para polpa de maçã e tomate. Também Simões (1997), determinando a difusividade térmica da polpa de manga, encontrou valores numa faixa de 1,28 10-7m2/s a 1,41 10-7m2/s. Na Tabela 13, têm-se os valores teóricos da difusividade térmica obtidos através de equações de ajuste propostas em literatura, juntamente com os respectivos erros percentuais. A equação que resultou nos melhores ajustes foi a de Riedel (1969) proposta para alimentos em geral, com erros percentuais variando de 3,18% a 5,79%. Em todas as equações os valores teóricos situaramse abaixo dos valores experimentais. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.31-42, 2003 Propriedades termofísicas da polpa de umbu Lima et al. 39 Tabela 13 - Valores das equações de ajuste da difusividade térmica para polpa de umbu Difusividade térmica (m2/s) Equação 10ºBrix 20ºBrix 30ºBrix Alimentos em geral (Martens apud Choi & Okos, 1986) 1,406 10-7 1,348 10-7 1,291 10-7 Erro (%) 7,50 7,03 4,37 Alimentos em geral (Riedel, 1969) 1,432 10-7 1,369 10-7 1,307 10-7 Erro (%) 5,79 5,59 3,18 -7 -7 Suco de laranja (Tellis-Romero et al., 1998) 1,423 10 1,363 10 1,303 10-7 Erro (%) 6,38 6,00 3,48 Calor específico Têm-se, na Tabela 14, os valores médios experimentais para o calor específico da polpa de umbu para as três amostras estudadas, com diferenças significativas entre as amostras na comparação das médias ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. Observa-se que com o aumento de sólidos solúveis ocorre um decréscimo do calor específico. Outros autores como Choi & Okos (1993), Manohar et al. (1991) e Lau et al. (1992) também relatam observação semelhante. Tabela 14 - Valores médios do calor específico para as diferentes concentrações (ºBrix) da polpa de umbu. Amostra (ºBrix) Calor específico (kJ/kgºC) 10 3,67 0,006 a 20 3,48 0,006 b 30 3,21 0,012 c MG = 3,46 kJ/kgºC; DMS = 0,021; CV = 0,24%. CV - coeficiente de variação; MG - média geral e DMS - diferença mínima significativa Obs.: médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. São apresentados, na Tabela 15, valores teóricos para o calor específico, calculados por equações sugeridas em literatura, com os erros percentuais em relação aos valores obtidos experimentalmente. Observa-se que os erros percentuais para a polpa a 10ºBrix variaram de 2,87% a 4,93%, sendo este último o maior dos erros percentuais entre todos os casos. Para a polpa a 20ºBrix, obtiveram-se os menores erros percentuais, numa faixa de variação de 1,10% a 2,89%. Para todas as equações foram obtidos erros percentuais abaixo de 5%. Tabela 15 - Valores de calor específico para polpa de umbu calculados por equações propostas em literatura. Calor específico (kJ/kgºC) Equação 10ºBrix 20ºBrix 30ºBrix Produtos alimentícios (Siebel apud Kasahara, 1986) 3,78 3,45 3,11 Erro (%) 2,87 1,10 3,21 Suco de tamarindo (Manohar et al., 1991) 3,83 3,54 3,25 Erro (%) 4,23 1,65 1,17 Produtos alimentícios (Lamb apud Choi & Okos, 1986) 3,86 3,58 3,31 Erro (%) 4,93 2,89 3,04 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.31-42, 2003 40 Propriedades termofísicas da polpa de umbu Lima et al. experimentais para a condutividade térmica da polpa de umbu. Condutividade térmica Na Tabela 16, apresentam-se os valores calculados por meio dos dados Tabela 16 - Valores médios da condutividade térmica para as diferentes concentrações (ºBrix) da polpa de umbu Amostras 10ºBrix 20ºBrix 30ºBrix Condutividade térmica (W/mºC) 0,588 0,550 0,499 Com os resultados encontrados, observa-se que a condutividade térmica mostrou-se inversamente proporcional ao teor de sólidos solúveis (ºBrix), sendo esta uma constatação comum relatada por outros autores como Oliveira (1997) e Simões (1997). Na Tabela 17, têm-se os valores de condutividade térmica calculados a partir de equações propostas em outros autores. Observa-se que a equação de Riedel citado por Choi & Okos (1986) resultou, nos melhores ajustes, para as amostras com menores teores de sólidos solúveis (10 e 20oBrix). Na amostra a 30oBrix o melhor ajuste foi obtido com a equação de Njie et al. (1998). Os resultados para a polpa a 10ºBrix apresentaram-se com dois dos menores erros, entre 0,17% e 3,57%, enquanto os resultados para a polpa a 30ºBrix apresentaram-se com dois dos maiores erros percentuais entre as equações, com valores iguais a 4,01% e 5,81%. As três equações utilizadas podem ser consideradas satisfatórias para predizer a condutividade térmica da polpa de umbu, uma vez que o maior dos erros não atingiu 6,0 %. Tabela 17 - Valores da condutividade térmica para polpa de umbu calculadas com equações propostas em literatura Condutividade térmica (W/mºC) 10ºBrix 20ºBrix 30ºBrix 0,587 0,553 0,519 0,17 0,54 4,01 0,599 0,563 0,528 1,87 2,36 5,81 0,609 0,565 0,514 3,57 2,73 3,01 Equação Sucos de frutas (Riedel apud Choi & Okos, 1986) Erro (%) Suco clarificado de maçã (Constenla et al., 1989) Erro (%) Banana (Njie et al., 1998) Erro (%) específica da polpa de umbu, com erros percentuais inferiores a 2,25%. CONCLUSÕES Os valores médios da massa específica para polpa de umbu a 10ºBrix, nas temperaturas de 20ºC, 30oC e 40ºC variaram, respectivamente, de 1.063,39 kg/m3 a 1.052,61 kg/m3. A 20ºBrix nas três temperaturas variaram de 1.097,16 kg/m3 a 1.088,91. A 30ºBrix variaram de 1.159,80 kg/m3 a 1.149,91 kg/m3 a 20ºC, 30oC e 40ºC, respectivamente. Das equações propostas em trabalhos diversos a equação de Constenla resultou nos melhores ajustes para determinação teórica de massa Os valores de difusividade térmica variaram entre 1,35 10-7 a 1,52 10-7 m2/s, decrescendo à medida que se aumentou o teor de sólidos solúveis (ºBrix) em todas as amostras Dentre as equações propostas em literatura a equação de Riedel (1969) resultou no melhor ajuste para predição de difusividade térmica de polpa de umbu. Os valores médios para o calor específico para as amostras 10ºBrix, 20ºBrix e 30ºBrix foram respectivamente de 3,67 kJ/kgºC, Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.31-42, 2003 Propriedades termofísicas da polpa de umbu 3,48 kJ/kgºC e 3,21 kJ/kgºC, diminuindo conforme se aumentou o teor de sólidos solúveis. A equação de predição de calor específico proposta por Siebel resultou nas melhores aproximações em relação às determinações experimentais. A condutividade térmica teve os valores médios de 0,588 W/mºC, 0,550 W/mºC e 0,499 W/mºC para as amostras 10ºBrix, 20ºBrix e 30ºBrix, respectivamente. Das equações propostas na literatura, utilizadas para cálculo de condutividade térmica a que resultou no melhor ajuste foi a de Riedel, com erro percentual máximo de 3,98%. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Alvarado, J. de D. Propriedades físicas de frutas: IV. Difusividad y conductividad termica efectiva de pulpas. 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Density of juice and fruit puree as a function of soluble solids Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.31-42, 2003 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.43-54, 2003 ISSN: 1517-8595 43 CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DE CARAMBOLAS PRODUZIDAS EM REGIÃO SEMI-ÁRIDA DO NORDESTE BRASILEIRO Lucicléia B. V. Torres1, Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo2, Alexandre José de Melo Queiroz2 RESUMO Foi utilizada como matéria-prima para este trabalho carambolas, provenientes da cidade de AçuRN. Os frutos, coletados aleatoriamente, com boas características externas de qualidade, se encontravam em três estádios de maturação: maduros, semi-maduros e verdes. Da polpa extraída destes frutos foi realizada a caracterização, através das determinações do pH, sólidos solúveis totais (oBrix), sólidos totais, cinzas, e acidez total titulável. As polpas dos frutos maduros e semi-maduros apresentaram o teor de sólidos solúveis totais em torno de 8°Brix e 7°Brix, respectivamente, enquanto para o produto verde o valor médio obtido foi de 5,5°Brix. Para as polpas dos frutos maduros, semi-maduros e verdes, foram encontrados valores médios de pH de 3,69, 3,61 e 3,52, o teor de sólidos totais de 9,52, 9,26 e 7,57%, o percentual de cinzas de 0,52, 0,40 e 0,34% e acidez total titulável em torno de 0,37, 0,38 e 0,41% de ácido cítrico, respectivamente. Palavras-chave: Averrhroa carambola, composição, maturação. CHEMICAL CHARACTERIZATION OF CARAMBOLAS FRUITS PRODUCED IN SEMI-ARID AREA OF THE BRAZILIAN NORTHEAST ABSTRACT Carambola fruits were used for this work. They come from Açu-RN. The fruits, randomly collected with good external characteristics of quality, were at three maturation states: ripe, semi-ripe and not ripe. The characterization was accomplished from the extracted pulp of these fruits, through the determination of the pH, total soluble solids ( oBrix), total solids, ashes, and titratable total acidity. The ripe and semi-ripe fruit pulp presented the total soluble solids content around 8°Brix and 7°Brix, respectively, while the obtained medium value for the not ripe product was 5.5°Brix. The pulp of the ripe, semi-ripe and not ripe fruits, and the medium pH values of 3.69, 3.61 and 3.52 were found, the total solids content of 9.52, 9.26 and 7.57%, the percentile of ashes of 0.52, 0.40 and 0.34% and titratable total acidity around 0.37, 0.38 and 0.41% of citric acid, respectively, were also observed. Keywords: Averrhoa carambola, composition, maturation. . _________________ Protocolo 143 de 05 / 11/ 2003 1 Aluna de Pós-graduação em Engenharia Agrícola, UFCG 2 Departamento de Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Campina Grande, Av. Aprígio Veloso, 882, Caixa Postal 10017, CEP 58109-970, Campina Grande, PB. [email protected] 44 Caracterização química de carambolas produzidas em região semi-árida do nordeste brasileiro INTRODUÇÃO Alimentos são definidos como misturas complexas de diferentes componentes (água, proteínas, lipídeos, carboidratos, minerais, vitaminas, pigmentos, aditivos, etc.) destinados ao consumo humano. Dados sobre características químicas, físico-químicas e físicas de alimentos são importantes para inúmeras atividades, dentre estas, sobressaindo-se o controle de qualidade de alimentos in natura e/ou processados (Madruga & Aldrigue, 2002). As frutas, os legumes e as hortaliças, em geral, são considerados do ponto de vista de seu valor nutritivo como complementos dos alimentos básicos, fornecendo energia, minerais e vitaminas (ITAL, 1980). A carambola (Averrhoa carambola L.) pertencente à família Oxalidaceae é originária da Ásia tropical, mais provavelmente da Índia, e parece ter sido introduzida, no Brasil, por volta de 1817, no Nordeste, espalhando-se, a partir dessa região, por todo o litoral brasileiro (Venturoso et al., 2002). Atualmente é cultivada em regiões tropicais de ambos os hemisférios. É produzida, no Brasil, e, em países, como: Índia, Tailândia, Israel e alguns países da África. As formas dos frutos da caramboleira variam de oblongo a elipsóide, com 6 a 15 cm de comprimento e com 4 a 5 recortes longitudinais, que correspondem aos carpelos (Campbell & Koch, 1989). A casca é translúcida, lisa e brilhante, e a cor varia do esbranquiçado ao amarelo ouro intenso (Wilson, 1990), com sabor agridoce (Gomes, 1980). A polpa é, em geral, de consistência rígida. O mercado de frutas tropicais ou exóticas vem crescendo, fortemente, nos últimos anos, tanto no mercado interno, quanto no externo e a carambola se destaca como uma opção rentável de diversificação e uma alternativa de cultivo ao fruticultor. Saúco (1994) referiu-se a caramboleira como uma das fruteiras com grande potencial, devido à capacidade de rápido desenvolvimento, alta produtividade, seleção de clones doces e possibilidade de cultivo, em sistemas protegidos. Araújo & Minami (2001) acrescentaram que a escassez de dados sobre a caramboleira, no Brasil, a crescente demanda de informações, o apelo mercadológico, quanto ao Torres et al. formato e sabor exótico, as possibilidades, quanto à utilização do fruto, a adaptabilidade da planta às condições edafoclimáticas brasileiras, a precocidade, a quantidade, regularidade e vida útil de produção são parâmetros que viabilizam o cultivo na maioria do território nacional, exceto nas regiões submetidas às geadas e baixas temperaturas durante longo período. A carambola é consumida fresca ou sob forma de compotas, geléias, vinhos, passas, doces; o suco da polpa é refrigerante e tem uso medicinal no tratamento de febre, escorbuto e diarréia. O fruto é fonte de vitaminas A e C, sendo rico em ácido oxálico. Seu sabor pode variar muito, de árvore para árvore e de fruto para fruto, mas costuma ser adocicado, quando amadurece e um tanto ácido e adstringente, quando ainda verde. Nesse último caso, pode ser preparado em conservas salgadas, do tipo pickles, conferindo-lhes um sabor exótico e uma aparência decorativa. As pequenas flores da caramboleira, de cor violeta, no centro, e esbranquiçadas, nas bordas, são utilizadas, em alguns países, como ingrediente no preparo de saladas. A qualidade das frutas se relaciona às características químicas, como teor de sólidos solúveis, pH, acidez e outros, sendo dependente dos fatores climáticos e variando ainda com o tipo de solo onde vegeta a planta. Da conjugação dos fatores edafoclimáticos resultam espécimes com grande variação de caracteres, originando produtos que podem ter maior ou menor aceitação pelo mercado consumidor, assim como pela agroindústria processadora. Frutas produzidas no semi-árido nordestino tendem a ser beneficiadas com a alta intensidade de luz solar recebida pela região e pelo maior número de dias de sol aberto ao longo do ano, possuindo, muitas vezes, características diferentes das observadas em materiais idênticos, oriundos de outras regiões. O presente trabalho foi realizado com o objetivo de caracterizar carambolas produzidas no município de Açu, RN, localizado na região semi-árida do Nordeste, em três estádios de maturação, mediante determinações do pH, sólidos solúveis totais (oBrix), sólidos totais, cinzas, e acidez total titulável e verificar a correlação destes fatores com o estádio de maturação. MATERIAL E MÉTODOS Esse trabalho foi realizado no Laborató- Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.43-54, 2003 Caracterização química de carambolas produzidas em região semi-árida do nordeste brasileiro rio de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas do Departamento de Engenharia Agrícola, pertencente à Universidade Federal de Campina Grande. Torres et al. 45 A matéria-prima utilizada nos ensaios foi carambolas provenientes da cidade de Açu -RN. As etapas do trabalho seguiram a ordem apresentada no fluxograma da Figura 1. Recepção Seleção Lavagem/Desinfecção Despolpamento Homogeneização Análises Figura 1 - Fluxograma das etapas do processamento das carambolas. De acordo com a Tabela 2, verifica-se que os valores médios do pH da polpa de carambola aumentam com o processo de maturação da fruta. Esses valores são menores que o determinado por Miller & McDonald (1998), que foi de 4,2, porém estão dentro da variação de 2,9 a 4,2 relatada por Wilson (1990). O pH inferior a 4,0 classifica a carambola como fruto muito ácido, condição que desfavorece o desenvolvimento de um grande número de bactérias (Alves et al., 2002). Após aquisição, os frutos foram levados para o laboratório, selecionados e divididos por lotes. Essa divisão foi realizada por meio de seleção visual, efetuada a partir da cor da casca, classificada como amarelo ouro, amarelo e verde, correspondendo, respectivamente, aos lotes de exemplares maduros, semi-maduros e verdes. A desinfecção dos frutos foi feita por imersão deles em solução de hipoclorito de sódio a 50 ppm, durante 15 minutos, seguida de enxágüe em água corrente. A extração da polpa para a determinação das características químicas dos frutos foi feita em multiprocessador doméstico. Os frutos foram analisados, quanto ao potencial de hidrogênio (pH), sólidos solúveis totais (°Brix), sólidos totais , cinzas e acidez total titulável, conforme as metodologias do Instituto Adolfo Lutz (1985) descritas a seguir: pH O pH foi registrado em peagômetro digital, modelo TE-902 marca DIGIMED com precisão de 0,01 unidades de pH, previamente calibrado com soluções tampão (pH 4,0 e 7,0). Sólidos solúveis totais Determinou-se o conteúdo dos sólidos solúveis totais (°Brix) em refratômetro de bancada tipo Abbe, marca Quimis modelo Q109B. Sólidos totais Os sólidos totais foram determinados pesando-se 20g da polpa, aproximadamente, a temperatura ambiente, seguido de secagem em estufa a 70°C até peso constante. Cinzas O método utilizado para a determinação da quantidade de substâncias inorgânicas obtidas por meio das cinzas ou resíduo mineral Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.43-54, 2003 Caracterização química de carambolas produzidas em região semi-árida do nordeste brasileiro Torres et al. 46 fixo da amostra, baseia-se no resíduo obtido por ração entre as médias pelo teste de Tukey, incineração da amostra em mufla a 525°C. usando-se o programa computacional Assistat (Silva & Azevedo, 2002). Acidez total titulável RESULTADOS E DISCUSSÃO A acidez total titulável do produto foi determinada, titulando-se a amostra com solução de hidróxido de sódio 0,1N, expressando-se o resultado final em percentagem de ácido cítrico. Análise estatística A análise estatística dos dados foi feita, utilizando-se o delineamento inteiramente casualizado, com três repetições, e a compa- pH Na Tabela 1, encontra-se a análise de variância dos valores do pH da polpa de carambola para os três estádios de maturação. Verifica-se diferença significativa em nível de 1% de probabilidade pelo teste F para as diferentes amostras. Tabela 1 - Análise de variância do pH da carambola em diferentes estádios de maturação. Fonte de variação Tratamentos Resíduo Total G. L. 2 6 8 S. Q. 0,04709 0,00259 0,04968 Q. M. 0,02354 0,00043 F 54,4588** ** - Significativo a nível de 1% de probabilidade G. L. – Grau de liberdade; S. Q. – Soma dos quadrados; Q. M. – Quadrado médio Tabela 2 - Valores médios do pH da carambola em diferentes estádios de maturação. Amostra Verde Semi-madura Madura pH 3,52 c 3,61 b 3,69 a DMS = 0,05; MG = 3,61; CV = 0,58%. MG – Média geral; CV – Coeficiente de variação e DMS – Desvio mínimo significativo. Obs.: médias seguidas pelas mesmas letras não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade. As representações gráficas do comportamento do pH da carambola para os três estádios de maturação encontram-se na Figura 2. O pH foi influenciado significativamente pelo estádio de maturação. 3,8 pH 3,7 3,69 3,61 3,6 3,52 3,5 3,4 Madura Semi-madura Verde Figura 2 – Valores médios do pH para a carambola em diferentes estádios de maturação. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.43-54, 2003 Caracterização química de carambolas produzidas em região semi-árida do nordeste brasileiro 47 tratamentos, em nível de 0,01 de probabilidade pelo teste F, para a fonte de variação estádio de maturação, indicando que existe mais de 99% de probabilidade de pelo menos um contraste entre médias de tratamento diferir de zero. Sólidos totais A análise de variância para a variável sólidos totais encontra-se na Tabela 3. Observa-se diferença significativa entre os 100% 90,4 92,4 Torres et al. 90,7 80% Solidos Totais Umidade 60% 40% 20% 7,5 9,5 9,2 0% Verde Madura Semi-madura Figura 3 - Umidade e sólidos totais para a carambola em diferentes estádios de maturação. Cinzas Pelos dados da análise de variância (Tabela 5) do conteúdo mineral (cinzas) das polpas de carambola obtidas para os três estádios de maturação, observa-se que houve diferença significativa em nível de 5% de probabilidade para os tratamentos (maduro, semi-maduro e verde). Tabela 5 - Análise de variância dos dados das cinzas da carambola em diferentes estádios de maturação Fonte de variação G. L. S. Q. Q. M. F Tratamentos 2 0,04882 0,02441 0,6134* Resíduo 5 0,01980 0,00396 Total 7 0,06862 * - Significativo a nível de 5% de probabilidade G. L. – Grau de liberdade; S. Q. – Soma dos quadrados; Q. M. – Quadrado médio Os resultados experimentais obtidos da média de três repetições das cinzas (conteúdo mineral) da polpa de carambola nos três estádios de maturação, estão apresentados na Tabela 6. Tem-se também a média geral, o coeficiente de variação e o desvio mínimo significativo. Constata-se que o teor de cinzas nos frutos apresentou tendência de aumento com a maturação dos frutos. O coeficiente de variação em torno de 14% indica uma média precisão experimental. Os frutos maduros apresentaram o maior teor de cinzas, não diferindo estatisticamente, porém, do valor médio dos frutos semi-maduros. Entre os frutos verdes e maduros existe diferença significativa em nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey, sendo estes valores superiores aos relatados por Taylor (1993) e Lennox & Ragoonath (1990). Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.43-54, 2003 Caracterização química de carambolas produzidas em região semi-árida do nordeste brasileiro Torres et al. 48 Tabela 6 - Valores médios das cinzas para a carambola em diferentes estádios de maturação. Amostra Verde Semi-madura Madura Cinzas (%) 0,34 b 0,40 ab 0,52 a DMS =0,20 x (1/nr1+1/nr2); MG = 0,42%; CV = 14,82% MG – Média geral; CV – Coeficiente de variação e DMS – Desvio mínimo significativo. Obs.: médias seguidas pelas mesmas letras não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade. Na Figura 4, estão graficados as variações do teor de cinzas para os três materiais, onde se constata valores na mesma faixa dos determinado por Teixeira et al. (2001) para seis diferentes cultivares de carambola. Percebe-se que o material verde contém pouco mais da metade do teor de cinzas do material maduro. Figura 4 - Conteúdo mineral (cinzas) para a carambola em diferentes estádios de maturação. Acidez total titulável Analisando-se os dados da análise de variância para os valores da acidez total titulável da polpa de carambola apresentados na Tabela 7, verifica-se diferença significativa para p<0,05 para a fonte de variação estádio de maturação Tabela 7 - Análise de variância dos dados da acidez total titulável de carambola em diferentes estádios de maturação S. Q. Q. M. F Fonte de variação G. L. Tratamentos 2 0,00136 0,00068 7,5398* Resíduo 6 0,00054 0,00009 Total 8 0,00190 * - Significativo em nível de 5% de probabilidade G. L. – Grau de liberdade; S. Q. – Soma dos quadrados; Q. M. – Quadrado médio Na Tabela 8, têm-se os valores médios para a acidez total titulável das amostras. Notase o maior valor para os frutos verdes, com resultados decrescentes entre os produtos semimaduros e maduros. Porém, existe diferença significativa apenas entre os frutos verdes e os maduros estando estes valores acima do valor relatado por Lederman et al. (2000) e dentro dos valores médios citados por Teixeira et al. (2001). Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.43-54, 2003 Caracterização química de carambolas produzidas em região semi-árida do nordeste brasileiro Torres et al. 49 Tabela 8 - Valores médios da acidez total titulável para a carambola em diferentes estádios de maturação. Amostra Verde Semi-madura Madura Acidez total titulável (% ácido cítrico) 0,41 a 0,38 ab 0,37 b DMS = 0,02; MG = 0,39% ácido cítrico; CV = 2,43% MG – Média geral; CV – Coeficiente de variação e DMS – Desvio mínimo significativo. Obs.: médias seguidas pelas mesmas letras não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade. 0,42 Verde Acidez Total Titulável (% äcido Cítrico) 0,41 0,4 0,39 Semi-madura 0,38 Madura 0,37 0,36 0,35 Figura 5 - Teores de acidez total titulável para a carambola em diferentes estádios de maturação. Na Figura 5 estão representados graficamente os valores médios da acidez total titulável das carambolas. Observa-se decréscimo da acidez com a maturação dos frutos. Sólidos solúveis totais Na Tabela 9, encontram-se os valores médios dos sólidos solúveis totais para as três amostras. Os teores dos sólidos solúveis totais nas polpas analisadas aumentam com o amadurecimento dos frutos. Estes valores são inferiores aos encontrados por Teixeira et al. (2001) e Lederman et al (2000), sendo o teor da polpa madura superior ao encontrado por Lennox & Ragoonath (1990). Tabela 9 - Valores médios dos sólidos solúveis totais (oBrix) para a carambola em diferentes estádios de maturação Amostra Verde Semi-madura Madura MG = 6,83oBrix Sólidos solúveis totais (0Brix) 5,5 7,0 8,0 Na Figura 6, estão representados graficamente os valores médios dos sólidos solúveis totais das carambolas. Observa-se aumento da concentração com a maturação dos frutos. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.43-54, 2003 50 Caracterização química de carambolas produzidas em região semi-árida do nordeste brasileiro Torres et al. 9 Sólidos solúveis totais (*Brix) Madura 8 Semi-madura 7 Verde 6 5 4 3 2 1 0 Figura 6 - Teores de sólidos solúveis totais para a carambola em diferentes estádios de maturação Relação sólidos solúveis totais/acidez total titulável Analisando-se os dados da análise de variância apresentados na Tabela 10, constatase que o valor do teste F é significativo em nível de 5% de probabilidade, indicando que a hipótese de nulidade, isto é, de efeito nulo para os tratamentos, é rejeitada e que as diferenças entre as médias de tratamentos provavelmente não são casuais, e são devidas ao comportamento diferente das amostras, isto é, do estádio de maturação. Tabela 10 - Análise de variância dos dados da relação sólidos solúveis totais/acidez total titulável de carambolas em diferentes estádios de maturação Fonte de variação Tratamentos Resíduo Total G. L. 2 6 8 S. Q. 89,567 1,3761 90,943 Q. M. 44,783 0,2293 F 195,2679* * - Significativo a nível de 5% de probabilidade G. L. – Grau de liberdade; S. Q. – Soma dos quadrados; Q. M. – Quadrado médio Na Tabela 11, estão contidas as relações entre os sólidos solúveis totais e a acidez total titulável para as carambolas nos três estádios de maturação. Os frutos maduros apresentaram a maior relação de SST/ATT, conseqüência direta do maior teor de sólidos solúveis totais (SST) e a menor acidez total titulável (ATT). Segundo Wilson (1990), a relação SST/ATT ótima para o consumo da carambola é de 12,6 (8,6% de SST e 0,69% de ATT) sendo menor que os valores observados para todas as polpas analisadas, indicando que mesmo os frutos verdes produzidos na região de onde provieram as amostras são aceitáveis para o consumo. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.43-54, 2003 Caracterização química de carambolas produzidas em região semi-árida do nordeste brasileiro Torres et al. 51 Tabela 11 - Relação sólidos solúveis totais/acidez total titulável para a carambola em diferentes estádios de maturação. Amostra SST/ATT Verde 13,4 c Semi-madura 18,4 b Madura 21,6 a DMS = 1,19; MG = 17,61; CV(%)= 2,72 MG – Média geral; CV – Coeficiente de variação e DMS – Desvio mínimo significativo. Obs.: médias seguidas pelas mesmas letras não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a nível de 5% de probabilidade. Na Figura 7 observa-se que a relação SST/ATT aumenta com a maturação dos frutos, dados necessários para a seleção dos frutos com o melhor sabor. 25 Madura Relação SST/ATT 20 15 Semi-madura Verde 10 5 0 Figura 7 - Relação sólidos solúveis totais/acidez total titulável para a carambola em diferentes estádios de maturação. Nas Tabelas 12, 13 e 14, encontram-se os valores experimentais de características físico-químicas determinadas para as polpas de carambola maduras, semi-maduras e verdes, bem como valores referenciados na literatura para carambola sem discriminação do estádio de maturação. Analisando-se os coeficientes de variação apresentados nessas tabelas, determinados a partir do valor experimental e dos três valores da literatura, constata-se uma acentuada variação (CV>10%) entre os valores apresentados, podendo-se atribuir esse comportamento a diferenças naturais existente entre os frutos de plantas nativas e/ou de cultivares selecionados e das condições edafoclimáticas as quais foram produzidas. Diferenças percentuais entre os resultados experimentais e os valores publicados foram tabelados com o objetivo de se verificar as divergências. Considerando as diferenças percentuais entre os resultados experimentais e os resultados publicados temse variações entre 0% e 64,86% para polpa madura, entre 2,63 e 60,53% para semimadura e de 2,07% a 48,78% para polpa verde. Fazendo-se a média entre os resultados experimentais e os resultados publicados para cada um dos parâmetros tem-se valores médios de pH entre 3,14 e 3,18; de SST entre 5,77 e 6,40 oBrix; e de ATT entre 0,48 e 0,49 (% de ácido cítrico). Constata-se que os valores experimentais de pH e SST no material maduro superaram os resultados publicados nos três trabalhos citados, enquanto a ATT igualou-se ao menor valor obtido em literatura. Da relação SST/ATT verifica-se que as amostras maduras do presente trabalho apresentaram resultados superiores às dos demais autores, com diferenças entre 35 e 49%. Na polpa semimadura os resultados obtidos para pH e ATT permanecem em níveis semelhantes aos da polpa madura e os SST decrescem em torno de 12%. Ainda assim o teor de SST supera os três valores publicados e a relação SST/ATT na determinação experimental supera os valores Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.43-54, 2003 Caracterização química de carambolas produzidas em região semi-árida do nordeste brasileiro Torres et al. 52 publicados entre 24 e 40%. Na polpa verde o apresentaram-se com características menos pH e os SST se reduzem em relação às polpas ácidas e mais adocicadas que as amostras madura e semi-madura, enquanto a ATT referidas em literatura, cujas características apresenta acréscimo. Como conseqüência, os mais se aproximaram das amostras verdes resultados para esta polpa se aproximam dos estudadas neste trabalho. Isto poderia ser resultados apresentados em Oliveira et al. explicado, pelas condições edafoclimáticas (1989), inclusive no que se refere a relação peculiares, incidentes sobre as carambolas SST/ATT. Destas observações tem-se que as oriundas do semi-árido, embora não se tenha polpas produzidas de carambolas maduras e dado sobre as variedades em estudo. semi-maduras oriundas da região de Açu, RN, Tabela 12 - Parâmetros físico-químicos experimentais da polpa de carambola madura e valores determinados por outros autores. Parâmetros Araujo Neog Oliveira & Diferença Diferença & Diferença C.V. Exper. et al Média* D. P. Minami (%) (%) Mohan (%) (%) (1989) (2001) (1991) 3,69 3,32 10,03 3,33 9,76 2,4 34,96 3,18 0,55 17,26 8,0 5,99 25,13 5,1 36,25 6,5 18,75 6,40 1,21 18,99 pH SST (oBrix) ATT 0,37 (% ac. cítrico) SST/ATT 21,2 0,56 51,35 0,37 0,00 0,61 64,86 0,48 11,78 44,43 13,78 35,00 10,8 49,06 14,39 4,71 32,71 0,13 26,35 D.P. - Desvio padrão; C.V. - Coeficiente de variação; Exp. –Valores experimentais * Média dos quatro valores (experimental e literatura) Tabela 13 - Parâmetros físico-químicos experimentais da polpa de carambola semi-madura e valores determinados por outros autores. Parâmetros Araujo Neog Oliveira & Diferença Diferença & Diferença C.V. Exper. et al Média* D. P. Minami (%) (%) Mohan (%) (%) (1989) (2001) (1991) 3,61 3,32 8,03 3,33 7,76 2,4 33,52 3,16 0,52 16,61 7,00 5,99 14,43 5,1 27,14 6,5 7,14 6,15 0,81 13,19 pH SST (oBrix) ATT 0,38 (% ac. cítrico) SST/ATT 18,2 0,56 47,37 0,37 2,63 0,61 60,53 0,48 11,78 35,27 13,78 24,29 10,8 40,66 13,64 3,28 24,07 0,12 25,63 D.P. - Desvio padrão; C.V. - Coeficiente de variação; Exp. –Valores experimentais * Média dos quatro valores (experimental e literatura) Tabela 14 - Parâmetros físico-químicos experimentais da polpa de carambola verde e valores determinados por outros autores. Parâmetros Araujo Neog Oliveira & Diferença Diferença & Diferença C.V. Exper. et al Média* D. P. Minami (%) (%) Mohan (%) (%) (1989) (2001) (1991) 3,52 3,32 5,68 3,33 5,40 2,4 31,82 3,14 0,50 15,95 5,5 5,99 5,1 7,27 6,5 5,77 0,61 10,50 8,91 18,18 pH SST (oBrix) ATT 0,41 (% ac. cítrico) SST/ATT 13,5 0,56 36,59 0,37 9,76 0,61 48,78 0,49 11,78 12,74 13,78 2,07 10,8 20,00 12,47 1,42 11,39 0,12 23,71 D.P. - Desvio padrão; C.V. - Coeficiente de variação; Exp. –Valores experimentais * Média dos quatro valores (experimental e literatura) Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.43-54, 2003 Caracterização química de carambolas produzidas em região semi-árida do nordeste brasileiro CONCLUSÕES Diante dos resultados obtidos, pode-se concluir que: As polpas de carambolas maduras e semi-maduras estudadas, neste trabalho, apresentaram-se menos ácidas e com maiores teores de açúcares que as amostras reportados em literatura. Os resultados reportados em literatura se equiparam aos obtidos no presente trabalho para a polpa de carambolas verdes. Os valores de pH para as polpas estudadas variaram de 3,52 a 3,69; os sólidos solúveis totais variaram de 5,5 a 8,0 oBrix; o teor de cinzas variou de 0,34 a 0,52%; a acidez total titulável variou de 0,37 a 0,41. Os valores de pH, sólidos solúveis totais, teor de cinzas e a relação sólidos solúveis totais/acidez total titulável decresceram entre a polpa madura e a polpa semi-madura e entre esta e a polpa verde; a acidez total titulável aumentou entre as amostras maduras e semi-madura e entre esta e a amostra verde. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Alves, M.A.; Damasceno, K.S.F.S.C.; Guerra, N.B.; Lederman, I.E.; Mendonça, S.C. Avaliação físico-química de caramboleira sob diferentes condições de armazenamento. In: Congresso Brasileiro de Fruticultura, 17, 2002, Belém, Anais... Belém: SBF, 2002. CD Rom. Araújo, P.R.S.; Minami, K. Seleção de caramboleiras pelas características biométricas e físico químicas dos frutos. Scientia Agrícola, Campinas, v.58, n.1, p. 91-99, 2001. Campbell, C. 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Portanto a partir desta etapa todo o processo deve ser rápido, a fim de evitar contaminações e volatilização de componentes que dão sabor e aroma característicos da fruta. O congelamento de frutos é uma maneira eficaz de se evitar a perecibilidade e controlar a sazonalidade Um produto com elevado teor de umidade, quando congelado, tem três fases distintas, sendo a primeira a de resfriamento, a segunda a de cristalização das partículas de água no interior do produto e a terceira o pós-congelamento que corresponde ao congelamento do fruto na fase sólida. Diante do relatado, o presente trabalho teve como objetivo estudar a cinética de congelamento dos frutos de cajá às temperaturas de –30, –60 e –90°C. As curvas de congelamento foram obtidas por meio de um aparelho Kryostat N-180 a uma velocidade do ar de congelamento de 35 m.min1 . Nesta pesquisa concluiu-se o cajá levou 75 minutos, na fase de cristalização, para se congelar à temperatura de –30°C, 44 minutos à temperatura de –60 °C e 40 minutos à temperatura de – 90°C. No que diz respeito à cinética de congelamento do cajá pode-se verificar que a difusividade térmica na primeira fase do congelamento (resfriamento) variou de 2,8.10-7m².s-1 a 3,452.10-7m².s-1, e que na terceira fase do congelamento de 3,1082.10-7m².s-1 a 3,2539.10-7m².s-1 (pós-congelamento). Palavras-chave: cristalização, pós-congelamento, difusividade térmica CAJÁ (Spondias lutea L.) FRUITS FREEZING CURVES AT SEMI-CRYOGENIC TEMPERATURES ABSTRACT The cajá is a fruit produced in the northeast area and it HAS being exported lately for another areas of the Country in the pulp form, where a assured consuming market for its consumption in the juice and ice cream forms already exists. However, two factors delimitate its industrialization: its seasonality and its perishability. The perishability of the fruits corresponds to the physiologic changes that happen in the fruits after its formation and growth in the mother plant. Therefore, starting from this stage, the process should be completely fast; in order to avoid contamination and volatilization of ones is the components that provide flavor and characteristic aroma of the fruit. The freezing of fruits is an effective way to avoid the perishability and to control the seasonality. A product with high humidity text, when frozen, has three different phases; the first one is the cooling, the second is the crystallization of the water particles inside the product and the third is the post-freezing that corresponds to the freezing of the fruit in the solid phase. The present work had as objective to study the freezing kinetics of the cajá fruits at the temperatures of -30, -60 and -90°C. The freezing curves were obtained by Kryostat N180 equipment to a speed of the freezing air of 35 m.min-1. In this research, the cajá __________________ Protocolo 123 de 09 / 08 / 2003 1 Prof. Dr. Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal da Campina Grande, Campina Grande, PB, Brasil, [email protected] e [email protected] 2 Químico Industrial. Mestre em Engenharia Agrícola UFLA, Porto Velho, Rondônia, RO, Brasil 55 56 Cinética de congelamento de frutos de cajá a baixas temperaturas Silva, et al. took 75 minutes, in the crystallization phase, to freeze itself at the temperature of -30°C, 44 minutes at the temperature of -60 °C and 40 minutes at the temperature of -90 °C. According to the cajá freezing kinetics, it can be verified that the thermal diffusivity in the first phase of the freezing (cooling), varied from 2,8.10-7 m².s-1 to 3,452.10-7 m².s-1, and that in the third phase of the freezing it varied from 3,1082.10-7m².s-1 to 3,2539.10-7m².s-1 (post-freezing). Keywords: crystallization, post freezing, thermal diffusivity INTRODUÇÃO De acordo com Schottler e Hamatschek (1994), a produção e o consumo mundial de frutas tropicais vem crescendo, e, a cada dia, novos mercados são conquistados. Este fato ocorre devido à aparência e ao sabor exótico que elas têm. O Brasil, por possuir um extenso território, tem-se destacado com um percentual significativo, no volume de produção mundial de frutas, no entanto são insignificantes as quantidades de frutas exóticas nativas da região nordeste que são exportadas, como o cajá (Spondias lutea L.), umbu (Spondias tuberosa Arruda Câmara), ceriguela (Spondias purpurea L.), mangaba (Hancornia speciosa Muell), pitanga (Eugenia uniflora L.), Jaca (Artocarpus integrifolia L.), carambola (Averrhoa carambola L.), caju (Anacardium occidentale L.), graviola (Annona muricata L.), fruta-doconde (Annona squamosa L.), embora já se tenha detectado e quantificado o possível mercado consumidor para esses produtos. O cajá é uma fruta produzida, na região nordeste, onde existem poucos plantios comerciais e como tal, não é uma fruta contabilizada pelos órgãos oficiais de estatística como o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no entanto, é consumida em todo o Nordeste e ultimamente vem sendo exportada para outras regiões do País, na forma de polpa, onde já existe um mercado consumidor assegurado, pois este produto é largamente utilizado na forma de suco e sorvete. O fruto, acima mencionado, e outros existentes, na região nordeste do Brasil, poderiam ganhar o mercado interno e externo, se fossem adotadas políticas publicas de produção e exportação dos frutos “in natura”, bem como de produtos processados, nas formas de polpas, sucos, sucos concentrados, sorvetes, doces, compotas e geléias. Contudo, para que isso seja viabilizado, torna-se necessário um certo domínio tecnológico do processo produtivo em escala industrial além do conhecimento das alterações fisiológicas que ocorrem com cada produto, durante o período pós-colheita, que se inicia com os cuidados indispensáveis na colheita, passando pelo manuseio do produto, transporte, beneficiamento e armazenagem, não se desconhecendo, em cada uma dessas etapas, a inserção da cadeia do frio. Mesmo com o domínio desses conhecimentos, dois fatores delimitam o consumo de um fruto “in natura”, a sua sazonalidade e a sua perecibilidade. A sazonalidade corresponde ao período de tempo em que as fruteiras produzem seus frutos, que, de um modo geral, para as frutas acima mencionadas, e mais especificamente para o cajá, varia entre 3 a 4 meses (novembro a fevereiro) durante o ano. A perecibilidade dos frutos corresponde às alterações fisiológicas que ocorrem nos frutos depois de sua formação e crescimento na planta mãe. Segundo Bennett (1964), o processo de degradação dessas frutas inicia-se ao serem retiradas da planta mãe e o seu tempo de permanência, como organismo vivo, vai depender do gasto de energia de que o fruto depende para permanecer vivo. Por esta razão alguns autores, entre eles Rocha e Spagnol (S/D); Lajolo (1979) e Chitarra e Chitarra (1990), mencionam que a armazenagem dos produtos se inicia, durante o período de colheita e que, a partir desse período, os produtos só perdem qualidade. Portanto, após este período deve-se começar o controle de qualidade do produto, iniciando-se, também, neste período, a cadeia do frio que consiste em ir baixando a temperatura dos frutos que saem dos pomares até os setores de consumo. Quando o produto é bastante perecível e o tempo de operação, dentro do setor industrial, é longo e o resfriamento do produto não é suficiente, neste caso, a solução operacional é o congelamento do fruto. Nesse contexto, a velocidade de congelamento é um dos fatores mais importantes, pois, de uma maneira geral, os frutos têm um conteúdo de água elevado e o Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.55-62, 2003 Cinética de congelamento de frutos de cajá a baixas temperaturas Silva, et al. tamanho e a forma dos cristais de gelo, dependem das velocidades de congelamento Segundo Gruda e Postolski (1996) a forma dos cristais de gelo dependem da temperatura de congelamento de um produto, e quanto menor a temperatura de congelamento, mais arredondada será a forma dos cristais de gelo, perdendo a forma acúlea dos cristais de gelo formados no interior do fruto, quando este é congelado à temperatura em torno de -20 oC. Os autores ainda relatam que, quanto menor a temperatura, menor é o tamanho dos cristais de gelo que se formam no interior da fruta.. Assim, o conhecimento do comportamento do cajá, quando submetido ao congelamento para diferentes condições, são dados de extrema impor tância, pois permitem que uma agroindústria possa dimensionar adequadamente suas máquinas dentro de uma linha de processos. 57 Dimensões e volume do cajá As medições do comprimento, largura e espessura dos frutos de cajá foram feitas, utilizando-se um paquímetro Mitutoyo com divisões de 0,01mm, sendo realizadas medidas nos três eixos mutuamente perpendiculares. O volume foi determinado pelo método de deslocamento de massa de água, descrito por Mohsenin (1978). Neste método, são feitas 3 pesagens. A primeira pesagem é a massa da fruta. A segunda pesagem, é a massa de um recipiente contendo água e a terceira pesagem é feita, forçando-se o cajá para dentro de um recipiente com água. No entanto, a fruta ao ser pesada, não deve tocar as superfícies do recipiente, nem tampouco deve tocar o fundo do recipiente. A massa especifica do cajá é obtida, dividindo-se a massa do cajá pelo seu volume Congelamento de frutas Portanto, diante do exposto os objetivos do presente trabalho foram: 1. Determinar algumas características físicas do cajá a diferentes temperaturas como volume, raio que equivale a uma esfera de igual volume do cajá e densidade; 2. Estudar a cinética de congelamento dos frutos de cajá e a difusividade térmica efetiva.às temperaturas de –30, –60 e –90°C. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas da Universidade Federal de Campina Grande. Os frutos utilizados, neste experimento, foram junto a produtores rurais do município de Campina Grande – PB. Os frutos, logo após serem adquiridos, foram transportados em caixas plásticas de 2 litros para o Laboratório, à temperatura ambiente. No laboratório, procedeu-se a uma lavagem e seleção dos frutos de cajá, selecionando-se aqueles que apresentavam a melhor aparência externa, casca íntegra, sem furos, rachaduras ou manchas causadas por agentes agressivos. A escolha quanto ao grau de maturação, foi de um produto ligeiramente maduro que tem casca amarelada e polpa firme. Determinação de algumas propriedades físicas Esta operação foi realizada, utilizando o aparelho Kryostat modelo N-180 (Figura 1) que permite controlar a temperatura em sua câmara entre –30 a –180 °C. O controle de cada temperatura é feito, pelo aparelho, em função da vazão mássica de um fluído refrigerante que, neste caso, é o nitrogênio líquido. Para determinar a cinética de congelamento do fruto cajá, introduziu-se, em cada fruto, 2 termopares de 0,3mm conectados a um registrador multicanal marca Digi-sensi, sendo que as localizações dos termopares foram um na superfície do fruto e outro foi inserido até que este tocasse o inicio da semente (7 mm). Os dados de temperatura foram registrados a cada 2 minutos, para as temperaturas de –30, –60°C e –90°C, até que o segundo termopar atingisse a temperatura próxima à de equilíbrio. Todos os dados para obtenção da cinética de congelamento foram realizados em triplicata. Tratamento matemático Com os dados experimentais das curvas de resfriamento dos frutos cajá, foram obtidos os parâmetros fator de atraso (J) e difusividade térmica (), utilizando-se a equação de Fourier de acordo com PLUG & e BLAISDELL (1963). A equação utilizada foi: sen (i ) i . cos(i ) exp( . F sen(i . (1) T Tr 2 i 0 Ti Tr i . i 1 i (i sen(i ). cos( i ) Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.55-62, 2003 Cinética de congelamento de frutos de cajá a baixas temperaturas Silva, et al. 58 em que, J 2 i 1 T = Temperatura de congelamento no momento t, oC Ti = Temperatura inicial do produto, oC Tr = Temperatura de congelamento i = Raiz da equação transcendental, adimensional F0 = número de Fourier, adimensional = relação da posição onde é medida a temperatura, adimensional sen (i ) i . cos( i ) . sen(i . (3) i (i sen(i ). cos( i ) i . em que, r Fo 2 t , , R R K i2 R2 (4) em que, = difusividade térmica efetiva, m2.s-1 R = raio do fruto, m r = raio onde está sendo tomada a temperatura do fruto, m A equação (1) foi transformada em: T Tr J exp( K . t ) Ti Tr (2) Para obtenção dos parâmetros das curvas de congelamento foram utilizados os programas computacionais Statistica e Origin versão 5.0. em que J é o fator de atraso e é dado por: Potenciometro Controlador de temperatura Linha de controle do aquecimento Válvula solenoide Fluxo de nitrogênio líqu Ventilador Evaporador adicional Válvulas de controle de temperatura Temperatura controlada Botijão criogenico Nitrogênio na forma de vapor Sistema de aquecimento Controlador on-off de temperatura Figura 1 – Sistema de funcionamento do aparelho Kryostast N-180 RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 1, encontram-se as dimensões do cajá, onde se observa que o fruto tem uma forma elipsóide já que os valores de largura e espessura do fruto são semelhantes. O valor médio do diâmetro maior foi de 39,94 mm; o diâmetro menor de 28,32mm e o diâmetro intermediário de 28,56. O volume do fruto está na ordem de 16,10 cm3 e o raio que equivale a uma esfera de igual volume do objeto é em media de 15,86mm. e a sua massa específica média de 0,89 g.cm-3. Nas Figuras 2, 3 e 4, encontram-se as curvas de congelamento do fruto cajá a 7mm da sua epiderme (casca), para as temperaturas de 30, -60 e -90°C, onde em todas as figuras, a Fase I corresponde ao período de resfriamento Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.55-62, 2003 Cinética de congelamento de frutos de cajá a baixas temperaturas Silva, et al. 59 temperaturas de –30 e –60 °C, e na temperatura de –90°C, um valor acima do ciclo logarítmico não se verifica, podendo este fator ser atribuído a rapidez do congelamento devido ao grande diferencial de temperatura existente entre a temperatura do fruto a ser congelado e a temperatura de congelamento. do fruto, a Fase II ao período de congelamento ou cristalização e a Fase III ao período de póscongelamento. Como se pode observar nessas figuras e na Tabela 2, na primeira Fase do processo de congelamento (resfriamento), o fator de atraso (J) está acima do ciclo logarítmico nas Tabela 1 – Dados das características físicas do cajá Descriminação Média Diâmetro maior (mm) Diâmetro médio (mm) Diâmetro menor (mm) Diâmetro da esfera equivalente (mm) Volume (cm-3) Densidade(g.cm-3) Na Fase II, que corresponde ao congelamento em si do fruto, observa-se que o cajá a temperatura de –30°C, leva 75 minutos para ser congelado; à temperatura de –60 °C 44 minutos e a temperatura de –90 °C 40 minutos. Nesta fase de congelamento do fruto de cajá, observa-se nas Figuras 2 a 4 que existe uma inclinação da curva, o que teoricamente não deveria existir, se o congelamento fosse lento, pois nessas condições, toda a energia seria utilizada para congelar o produto, ou seja, a energia seria utilizada para formar os cristais de gelo no interior do fruto. Como nas temperaturas estudadas o processo de congelamento se dá mais rapidamente, a inclinação da curva nessa fase nos fornece um indicativo que existem dois processos ocorrendo simultaneamente o congelamento e a abaixamento da temperatura da fração 39,94 28,56 28,32 15,86 16,11 0,890 Desvio Padrão 1,968 2,164 2,081 0,847 2,206 0,107 congelada, não sendo possível identificar só com os dados da curva essas parcelas. Na terceira fase, que é a de póscongelamento, a difusão deixa de ser em liquido (86% base úmida) e passa a ser difusão em sólido, ou seja, no fruto de cajá já congelado. Na Tabela 2, encontram-se as difusividades térmicas efetivas médias, que correspondem a uma média ponderada das Fases I e III. Constata-se, também, na Tabela 2, que nessas Fases I e III, a difusividade térmica do cajá aumenta com a diminuição de temperatura. Observa-se ainda, na Tabela 2, que, tanto durante o processo de resfriamento, quanto no processo de pós-congelamento, a difusividade térmica do cajá encontra-se na mesma ordem de grandeza, o que indica que a difusividade térmica ocorre na fruta cajá, semelhantemente, durante o transporte de calor na fase liquida e na fase sólida. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.55-62, 2003 Cinética de congelamento de frutos de cajá a baixas temperaturas Silva, et al. 60 Cinetica de congelamento do fruto cajá a -30°C Razão de temperatura (adimensional) FaseII FaseI 1,0 FaseIII Legenda Dados experimentais Dados calculados T = -30°C RT = J’ . exp K1.t) RT = J’’. exp (K2.t) 0,8 RT = 9 1 Fase I Fase II J ''' . exp (K3.t) Fase III 0,6 0,4 0,2 0,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 Tempo (horas) Figura 2 - Curva de congelamento do fruto cajá a temperatura de –30 °C Cinética de congelamento do fruto cajá a -60°C Razão de temperatura (adimensional) Fase I Fase II Fase III 1,0 Legenda Dados experimentais Dados calculados 0,8 T = -60°C RT = J’ . exp K1.t) RT = J’’. exp (K2.t) 0,6 RT = 9 1 Fase I Fase II J ''' . exp (K3.t) Fase III 0,4 0,2 0,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 Tempo (horas) Figura 3 - Curva de congelamento do fruto cajá a temperatura de –60 °C Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.55-62, 2003 Cinética de congelamento de frutos de cajá a baixas temperaturas Silva, et al. 61 Cinética de congelamento do fruto cajá a -90°C Razão de temperatura (adimensional) 1,0 Fase I Fase II Fase III Legenda Dados experimentais Dados calculados 0,8 T = -90°C RT = J’ . exp K1.t) RT = J’’. exp (K2.t) 0,6 RT = 0,4 11 1 Fase I Fase II J ''' . exp (K3.t) Fase III 0,2 0,0 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 Tempo (horas) Figura 4 - Curva de congelamento do fruto cajá a temperatura de –90 °C Tabela 2 – Fator de atraso (J) raiz transcendental da equação de Fourier () e difusividade térmica efetiva () das três fases do congelamento do fruto cajá as temperaturas de –30, –60 e –90°C. Congelamento a –30°C = r/R = 0,5586 Fases I II III J K 0,4743 0,1444 0,2999 1,0108 0,6137 1,0479 -9,0244 0,1729 -4,0010 Difusividade Térmica efetiva () 2,8029.10-7m²s-1 0,5793.10-7m²s-1 3,1082.10-7m²s-1 Difusividade térmica efetiva média () 2,9438.10-7 m² s-1 Congelamento a –60°C = r/R = 0,5586 Fases I II III J K 0,5515 0,2279 0,5033 1,0018 0,6137 1,0480 -1,4324 0,1729 -11,5654 Difusividade Térmica efetiva () 3,2906.10-7m²s-1 0,5088.10-7m²s-1 3,1901.10-7m²s-1 Difusividade térmica efetiva média () 3,2236.10-7 m² s-1 Congelamento a –90°C = r/R = 0,5586 Difusividade Térmica efetiva () 3,4519.10-7m²s-1 0,0993.10-7m²s-1 3,2539.10-7m²s-1 Difusividade térmica Fases J K efetiva média () I 0,4701 0,9760 -10,9181 II 0,4576 0,9036 0,2967 III 0,4785 0,9653 -10,6117 3,2935.10-7 m² s-1 Fase I – Resfriamento; Fase II – Cristalização; Fase III – Pós-congelamento Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.55-62, 2003 62 Cinética de congelamento de frutos de cajá a baixas temperaturas Silva, et al. CONCLUSÕES REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Diante das experimentações realizadas, pode-se concluir que: Bennett, A.H. Precooling fruits and vegetables. Trans. of the ASAE. Athens, GE. v.7, n.3, p.265-270. 1964 1 - Com relação às características físicas do cajá: a) as dimensões médias dos 3 dois eixos, diâmetro maior diâmetro médio e diâmetro menor do elipsóide são de 39,94, 28,56 e 28,32mm, respectivamente e o raio que equivale a uma esfera de igual volume do fruto cajá é em media 15,86mm; b) volume médio do cajá foi de 16,10 cm3 e a sua massa específica média de 0,89 g.cm-3 ; c) o cajá levou 75 minutos para ser congelado (Fase II) à temperatura de –30°C, 44 minutos à temperatura de –60 °C e 40 minutos à temperatura de –90 °C; d) a difusividade térmica, durante o congelamento, variou de 2,8.10-7m²s-1 a 3,452.10-7m²s-1, na Fase I do congelamento (resfriamento) e de 3,1082.10-7m²s-1 a 3,2539.10-7m²s-1 na Fase III do congelamento (pós-congelamento); Chitarra, M.I.F.; Chitarra, A.B. Pós-colheita de frutas e hortaliças. fisiologia e manuseio. Lavras: Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão (FAEPE), ESAL 1990. 378p. Gruda. Z.; Postolski, J. Tecnologia de la congelación de los alimentos. Zaragoza: Editorial Acribia, 1986. 631p. Lajolo, F. M. Regulação do amadurecimento de frutas e controle da senescência. Bol. SBCTA. Campinas, n.48, p.145-150, 1979. Mohsenin, N. N. Physical properties of plant and animal materials. New York:Gordon and Breach Pub. Inc. 1992. 742p. Pflug, I. J.; Blaisdell, J.L. Methods of analysis of precooling data. ASAE J. v.5, n.11, p.3350. 1963. Rocha, J. L. V.; Spagnol, W. A. Armazenamento de gêneros e produtos alimentícios. São Paulo:Secretaria da Industria, Comércio, Ciências e Tecnologia. S/D, 152p. Schottler, P. Hamatschek, J. Application of decanters for the production of tropical fruit juices. Fruit Processing, v.4, n.1, p.198301, 1994. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.55-62, 2003 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.65-68, 2003 ISSN: 1517-8595 63 DETERMINAÇÃO DAS CURVAS DE SECAGEM EM FRUTOS DE CAJÁ Josivanda Palmeira Gomes de Gouveia1, Francisco de Assis Cardoso Almeida1, Eliana da Silva Farias2, Manassés Mesquita da Silva2, Maria da Conceição Veloso Chaves2, Lígia Sampaio Reis2 RESUMO Esta pesquisa objetivou estudar, experimentalmente, a cinética de secagem do cajá (Spondias lutea L.), em um secador de leito fixo, utilizando temperaturas de 50, 60, 70 e 80 ºC e velocidade do ar de secagem de 1,0 e 1,5 m s-1. Foram utilizados frutos no estágio maduro proveniente do comércio local. De acordo com a análise dos dados, a cinética de secagem do cajá ocorreu no período de taxa decrescente sendo fortemente influenciada pela temperatura em relação à velocidade do ar do processo. As equações polinomiais encontradas ajustam-se eficientemente para valores dentro da faixa de temperatura e velocidade do ar estudada. Palavras chave: Spondias lutea L, secagem, leito fixo. DETERMINATION OF THE DRYING CURVES IN CAJÁ FRUITS ABSTRACT The Spondias lutea L. is a plant from anacardiaceous family, which is native from Tropical America. It’s openly disseminated nearly throughout the Brazilian territory. This search had the objective of studying, experimentally, the drying kinetic of cajá, with using temperatures of 50, 60, 70 and 80 ºC, and the drying air speed of 1.0 and 1.5 m s-1. According to the analysis of results that were got, the cajá drying kinetic took place in the decreasing rate and it was strongly influenced by the temperature in relation to air speed of the process. The polynomial equations, which were found, adjust themselves efficiently to values inside the studied temperature and speed values. Keywords: Spondias lutea L., drying, fixed bed INTRODUÇÃO A cajazeira (Spondias lutea L.) é nativa da América Tropical, comum em estado silvestre ou subespontâneo nas matas de terra firme ou várzea na Amazônia. Atualmente, esta espécie, é explorada na forma de extrativismo e em plantios espontâneos. A procura pelos frutos da cajazeira deve-se principalmente às boas carac- terísticas para a industrialização, aliadas ao aroma e sabor agradáveis. É utilizada na fabricação de sorvetes, geléias, polpas congeladas, produção de bebidas alcoólicas e consumo in natura, despertando interesse não apenas para o mercado regional, mas também para outros locais do país, onde a fruta é escassa. _________________ Protocolo 150 de 09 / 09 / 2003 1 Professor da UFCG/CCT/DEAg. E-mail: [email protected] 2 Engenharia Agrícola, CCT/UFCG, PB. E-mail: [email protected] 64 Determinação das curvas de secagem em frutos de cajá Devido às potencialidades apresentadas pelo fruto da cajazeira, pode-se afirmar que se trata de recurso fitogenético importante para a região Nordeste do Brasil, onde as condições edafoclimáticas favorecem o seu cultivo e produção, podendo-se afirmar que a cajazeira é, sem dúvida, uma espécie frutífera promissora, por causa das excelentes qualidades organolépticas do fruto. Apesar dos conhecimentos adquiridos com relação às qualidades organolépticas, medicinais e industriais dessa frutífera, não existem plantios sistematizados no país (Lozano, 1986; Gomes, 1990; Silva et al., 1995). Como a maioria das frutas, grande parte da colheita do cajá é desperdiçada, porque é comercializada in natura. É um fruto perecível havendo a necessidade de um processo que possibilite sua armazenagem e comercialização por um longo período de tempo. Um dos procedimentos mais importantes para a conservação de alimentos por diminuição de sua atividade de água é a secagem, considerando que a maioria dos frutos frescos são constituídos por mais de 80% de água. O processo de secagem implica em uma considerável redução de volume e indiretamente redução de custos em transportes e manipulação do produto além de prover um efetivo método de prolongamento de sua vida útil (Brasileiro, 1999). Conforme Prado et al. (2000) a evolução das transferências simultâneas de calor e de massa, no curso da operação de secagem, faz com que esta seja dividida, esquematicamente, em três períodos de secagem: período 0 ou período de se entrar em regime operacional; período 1 ou período de secagem à taxa constante; e período 2 ou de secagem à taxa decrescente. Segundo Villar (1999), as curvas de secagem à taxa decrescente podem ser côncavas, convexas ou aproximar-se de uma linha reta; podem apresentar um ponto de inflexão, quando ocorre uma mudança na forma física do material, como por exemplo, quando se produz contração e ruptura, e quando se forma uma película na superfície do material parcialmente seco. Conforme Almeida et al. (2002), os produtos são muito diferenciados entre si, devido a sua forma, estrutura e suas dimensões, além de as condições de secagem serem muito diversas, conforme as propriedades do ar de secagem e a forma como se faz o contato ar– produto. Uma vez que o produto é colocado em Gouveia et al. contato com o ar quente, ocorre uma transferência de calor do ar ao produto sob o efeito da diferença de temperatura existente entre eles. Simultaneamente, a diferença de pressão parcial de vapor existente entre o ar e a superfície do produto determina uma transferência de massa para o ar. Esta última se faz na forma de vapor de água, uma parte do calor que chega ao produto é utilizada para vaporizar a água. A taxa de secagem pode ser acelerada com o aumento da temperatura do ar de secagem e, ou, com o aumento do fluxo de ar que passa pelo produto por unidade de tempo. A quantidade de ar utilizada para a secagem depende de vários fatores. Entre eles: a umidade inicial do produto e a espessura da camada. Alsina et al. (1997), quando estudaram o efeito da temperatura do ar de secagem entre 60 e 80 ºC e velocidade do ar de secagem, variando entre 0,7 e 1,5 m s-1, sobre a cinética de secagem da acerola em monocamada, comprovaram que a velocidade do ar exerce pouca influência na taxa de secagem, mas um considerável aumento da temperatura do ar de secagem. Yoshida e Menegalli (2000) secaram milho superdoce a uma temperatura de 50 ºC e velocidade do ar de 1,28 e 0,75 m s-1, concluindo que a taxa de secagem tem um pequeno aumento, quando se trabalha com valores de velocidade maiores. Então, pode-se considerar que a velocidade do ar tem um pequeno efeito sob as curvas de secagem. Gouveia (1999) obteve curvas de secagem de gengibre em três diferentes níveis de velocidade do ar (1,0, 1,5 e 2,0 m s-1) com diferentes temperaturas (35, 50 e 65 ºC) e concluiu que, para um mesmo tempo de processo, quanto maior for a temperatura do ar, maior a perda de umidade do produto, concordando com estudos de Prado et al. (2000) e Yoshida e Menegalli (2000). Estes mesmos autores, quando fixaram a temperatura e variaram a velocidade do ar, verificaram que a velocidade do ar tem um pequeno efeito sobre as curvas de secagem, quando comparada a temperatura, a qual exerce maior influência do que a velocidade do ar de secagem MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi conduzido no Laboratório de Transferência em Meios Porosos e Sistemas Particulados do Departamento de Engenharia Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.63-68, 2003 Determinação das curvas de secagem em frutos de cajá Química da Universidade Federal de Campina Grande, PB. Foram utilizados frutos de cajá (Spondias lutea L.) no estágio maduro, provenientes do comércio local. A secagem do cajá foi realizada, utilizando-se um secador de leito fixo. As curvas foram determinadas para quatro níveis de temperatura (50, 60, 70 e 80 C) e duas velocidades do ar de secagem (1,0 e 1,5 m s-1). Antes do início de cada secagem, foram retiradas amostras do produto para determinação do teor de umidade inicial, utilizando o método descrito pela AOAC (1992), onde cinco amostras de cajá foram levadas à estufa a uma temperatura de 100 C por 3 h. Todas as medidas de massa foram feitas em balança com precisão de leitura de 0,0001 g. As amostras foram colocadas em uma cesta de material metálico em tela de arame de malha fina. Após o equipamento ser ligado, foi determinada a velocidade do ar, através de um anemômetro colocado na parte superior da câmara de secagem, bem como ajuste das temperaturas a ser trabalhada. O conjunto foi pesado e colocado na câmara de secagem para início do processo. As leituras em relação à perda de peso de cada amostra foram realizadas em intervalos regulares de 30 e 60 min, onde as amostras eram retiradas da câmara de secagem, pesadas e recolocadas rapidamente no secador. A perda de peso foi acompanhada até atingir peso constante. Em seguida, foram colocadas em recipientes de alumínio e levadas à estufa de circulação forçada de ar a uma temperatura de 60 C por 24 h para posterior determinação de matéria seca. RESULTADOS E DISCUSSÃO Estudou-se a cinética de secagem em camada fina, analisando-se a influência das variáveis operacionais, como: temperatura e velocidade do ar de secagem. As curvas da cinética de secagem estão apresentadas na forma de adimensional do conteúdo de umidade, (X-Xe)/(X0-Xe) em função do tempo (Figura 1). Gouveia et al. 65 A representação gráfica das curvas de secagem é de comportamento similar, isto é, o processo de secagem ocorre no período de taxa decrescente para as condições estudadas, não apresentando período à taxa constante, o que pode ter ocorrido pela natureza da umidade, uma vez que, mesmo havendo umidade superficial livre, a água pode estar na forma de suspensão de células e de solução (açúcares e outras moléculas), apresentando uma pressão de vapor inferior à da água pura. A ausência de período, a taxa constante também foi observada por diversos autores (Gabas, 1995; Gouveia et al., 1997; Araújo et al., 2001; Almeida et al., 2002). Observa-se ainda, que o tempo de secagem, depende da temperatura. Todas as curvas para cada critério em particular, representaram curvas características de adimensional de umidade similar, variando amplamente com os valores absolutos da temperatura. As curvas de secagem apresentaram-se de forma bem definida, ou seja, sem flutuações nos pontos, indicando uma condição de homogeneidade no secador. Verificou-se que a perda do conteúdo de umidade é mais rápida no início do processo de secagem. Com relação à temperatura tem-se que quanto mais elevada, maior é a taxa de secagem. Mediante os resultados da Figura 1, verificou-se que a variação da velocidade do ar de secagem sofreu pequena influência. Este efeito sugere que a resistência externa não influencia nas condições de operações utilizadas e que o controle de secagem depende da difusão interna do cajá. Esta constatação está de acordo com o fato de não ter sido observado período de secagem a taxa constante. Comportamento similar foi observado por Villar (1999) e Brasileiro (1999), ambos estudando secagem de acerola, respectivamente. Embora não sendo significativa a influência desta variável, na cinética de secagem, nota-se que quando se trabalhou com a temperatura de 50 ºC e velocidade de 1,5 m s-1, a secagem ocorreu de forma mais lenta. Deste modo, podese considerar, como uma variável de menor importância no processo. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.63-68, 2003 Determinação das curvas de secagem em frutos de cajá 66 Gouveia et al. 1,0 80 ºC V ar=1,0 m s 70 ºC V ar=1,0 m s 60 ºC V ar=1,0 m s 0,8 50 ºC V ar=1,0 m s 80 ºC V ar=1,5 m s 70 ºC V ar=1,5 m s (x-xe)/(x0-xe) 60 ºC V ar=1,5 m s 0,6 50 ºC V ar=1,5 m s -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 0,4 0,2 0,0 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 Tempo (h) Figura 1. Cinética de secagem do cajá para quatro temperaturas e duas velocidades do ar de secagem Analisando-se ainda as curvas de secagem da Figura 1, observou-se que a cinética de secagem foi fortemente influenciada pela temperatura, a aplicação de temperatura mais elevada reduz significativamente o tempo necessário para secar o cajá, ou seja, para um mesmo tempo de processo, quanto maior for a temperatura do ar, maior é a taxa de secagem. Nota-se que a perda do conteúdo de umidade é bem rápida, no início do processo de secagem, cuja estabilização para a temperatura mais baixa (50 ºC) ocorre num período de tempo de, aproximadamente, 38 h e 30 min, e para a temperatura mais alta (80 ºC) a partir de aproximadamente 9 h e 30 min, indicando que a temperatura é a variável de maior influência no processo. Moura et al. (2001) também encontraram resultados semelhantes ao afirmarem que o tempo gasto para secar caju em temperaturas mais baixas (35 e 40 ºC) foi o dobro do tempo utilizado em temperatura mais elevada (65 ºC) que foi de 6 h. A fim de se encontrar uma equação de ajuste para as curvas de secagem do cajá foram feitos ajustes (Tabelas 1 e 2), a partir de equações polinomiais. Observa-se que os coeficientes ajustados para cada temperatura correspondem a coeficientes de regressão (R2), entre 95,81% e 99,89%, e erro médio relativo (E), entre 0,88% e 0,98%. Contudo, todas as equações podem ser usadas como modelo de ajuste das curvas de secagem de cajá por apresentarem valores de R2 superiores a 95%. Por serem de natureza empírica, essas equações só podem ser utilizadas para predizer dados de secagem para as condições de temperaturas e velocidades do ar de secagem estudadas. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.63-68, 2003 Determinação das curvas de secagem em frutos de cajá Gouveia et al. Tabela 1. Equações da cinética de secagem do cajá para a velocidade do ar de 1,0 m s Temperatura (ºC) 67 -1 Equação polinomial Var = 1,0 m.s-1 R2 (%) E (%) 50 Y = 8.10– 8x2 – 0,001x + 0,95 99,88 0,94 60 Y = 5.10– 7x2 – 0,001x+ 0,99 99,64 0,97 70 Y = 1.10– 6x2 – 0,002x + 0,99 99,73 0,98 80 Y = 4.10– 6x2 – 0,004x + 0,92 95,81 0,90 Tabela 2. Equações da cinética de secagem do cajá para a velocidade do ar de 1,5 m s-1 Temperatura (ºC) Equação polinomial Var = 1,5 m.s -1 R2 (%) E (%) 50 Y = 5.10– 8x2 – 0,001x + 0,96 99,89 0,95 60 Y = 6.10– 7x2 – 0,002x+ 0,97 99,83 0,96 70 Y = 3.10– 6x2 – 0,003x + 0,90 98,71 0,89 80 Y = 4.10– 6x2 – 0,004x + 0,88 95,17 0,88 CONCLUSÕES 1. A cinética de secagem do cajá ocorre no do período de secagem a taxa decrescente. 2. A velocidade do ar tem um pequeno efeito sob as curvas de secagem. 3. A temperatura é fortemente influenciada na cinética de secagem 4. As equações polinomiais encontradas são ajustadas eficientemente para valores dentro da faixa de temperatura e velocidade do ar estudada. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Alsina, O.L.S., Silva, O.S.E; Santos, J.M. Efeitos das condições operacionais na cinética de secagem de fatias de bananas. In: Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola, 26, Anais... Campina Grande: Sociedade Brasileira de Engenharia Agrícola, 1997. CD Roms. 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Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.63-68, 2003 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.69-76, 2003 ISSN: 1517-8595 69 DESIDRATAÇÃO OSMÓTICA DE BANANA DA TERRA (Musa sapientum): APLICAÇÃO DE MODELOS MATEMÁTICOS Francisco Diniz da Silva1, Mario Eduardo E. M. Cavalcanti Mata2, Maria Elita Martins Duarte2, J. A. Souza1, Yvison Costa e Silva1 RESUMO A transformação de frutos perecíveis em novos produtos com maior vida de prateleira e maior valor agregado vem se tornando uma alternativa para a indústria de alimentos. A desidratação osmótica é uma técnica de grande potencial na indústria química e de alimentos. A aplicação de modelos matemáticos confiáveis torna-se possível prever o comportamento de diversos fenômenos que ocorrem no processo bem como possibilita a redução do seu custo operacional. Neste trabalho foi estudada a aplicação dos modelos de Page e Thompson na desidratação osmótica de banana da terra (Musa sapientum). O modelo de Page se ajustou melhor aos dados experimentais, constatando-se uma variação do coeficiente de correlação de 98,7% a 99,8%, enquanto que, para o modelo de Thompson o coeficiente de determinação teve uma variação entre 83,7% a 98,3%. Palavras-chave: Banana, desidratação osmótica, modelo de Thompson, modelo de Page. OSMOTIC DEHYDRATION OF BANANA DA TERRA ( Musa sapientum): APPLICATION OF MATHEMATICAL MODELS ABSTRACT The transformation of perishable fruits in new products with long shelf life and more valuable is interesting the food industry. The osmotic dehydration is a great potential technique at the chemistry and food industry. The application of trustful mathematical models makes possible to predict the behavior of several phenomena that occurs in the process and to reduce its operational costs. In this work the application of Thompson and Page’s models was studied. Page’s model fitted better to the experimental data with a variation of the correlation coefficient from 98,7% to 99,8%, while the Thompson’s model had a variation from 83,7% to 98,3% for its correlation coefficient. Key words: Banana, osmotic dehydration, Thompson’s model, Page’s model INTRODUÇÃO A banana é uma fruta de alto valor nutritivo, muito rica em açúcares e sais minerais, principalmente cálcio, fósforo, ferro e potássio, e vitaminas A, B1, B2 e C. Fácil de digerir, pode ser dada às crianças a partir dos 6 meses de idade. Como quase não tem gordura, é indicada nas dietas de reduzido teor de colesterol. O potássio, elemento abundante na banana, cumpre o papel de manter o equilíbrio hidrelétrico do organismo. Além disso, fixa os ácidos estomacais e atua como protetor contra o _________________________ Protocolo 210 de 05 / 02 / 2003 1 Aluno de mestrado em Engenharia Agrícola da UFCG 2 Professor Dr do Departamento de Engenharia Agrícola da UFCG estresse do estômago. O magnésio, também presente em levada porcentagem, é parte essencial da molécula de diversos reguladores metabólicos, mais conhecidos como enzimas. Quando, os músculos desempenham esforços intensos, sofrem faltam de magnésio e surge a câimbra paralisante. Para evitá-las os esportistas recorrem à banana. (Disponível em: http:// www.savive.com.br/poder.htm). A banana da terra, cujo nome cientifico é Musa sapientum é a maior espécie conhecida, chegando a pesar 500g cada fruta e a ter um comprimento de 30cm. 70 Desidratação osmótica de banana da terra: Aplicação de modelos matemáticos Essa banana é achatada em um dos lados, tem casca amarela escura, sua polpa é bem consistente, de cor rosada e textura macia e compacta, sendo mais rica em amido do que em açúcar, o que torna essa fruta, ideal para cozinhar, assar ou fritar. Segundo Mannheim et al. (1994) uma das principais causas da deterioração de alimentos frescos e também conservados é a quantidade de água livre presente nos mesmos. Desta forma, as operações de desidratação têm sido usadas há décadas em indústrias de processamento de alimentos para uma eficiente preservação dos produtos finais por longos períodos. O objetivo básico dessa operação é a remoção de água do sólido até um nível onde os danos por microorganismo sejam evitados (Drouzas & Shubert, 1996) A secagem é um processo que utiliza energia térmica para remover parte ou quase a totalidade da água das frutas, sob condições de temperatura, umidade e velocidade do ar cuidadosamente controlado (Villar, 1999). No entanto antes da desidratação das frutas muitos alimentos são submetidos a uma pré-secagem osmótica. A pré-secagem osmótica ou desidratação osmótica é uma técnica de alto valor potencial industrial, que consiste na remoção de água do alimento enquanto esta é imersa em uma solução de um agente de alta pressão osmótica. O gradiente de concentração que existe entre a solução e o alimento age na remoção de água, do alimento para o meio osmótico, enquanto ocorre simultaneamente uma transferência do soluto da solução para o alimento (Waliszewski et al., 1997). De acordo com Barbosa-Cánovas e Vega-Mercado (1996), a osmose consiste em movimentos moleculares de certos componentes de uma solução para outra solução menos concentrada, sendo que os movimentos dessas moléculas se dão por meio de uma membrana semipermeável,. A migração do soluto depende da seletividade e da permeabilidade do alimento, tempo de contato e tamanho do produto. Os solutos mais comumente usados para desidratação osmótica são o cloreto de sódio, sacarose, lactose, frutose e glicose. A perda de água durante a desidratação osmótica pode ser dividida em dois períodos. No período inicial ocorre uma falta de taxa de remoção, e no período posterior existe um decréscimo desta taxa. A taxa inicial de perda de água não é sensível para a circulação da solução osmótica, no entanto a temperatura e a concentração da solução osmótica afeta a taxa de perda de água. Para expressar a desidratação osmótica em alimentos, muitos autores, entre eles, Mauro & Menegalli (1995), Rastogi et al. (1997), Sousa (1999), (Araujo, 2000) e Kross (2002), têm utilizado a equação de Fick (Equação 1) para expressar a perda de água dos alimentos, no entanto, os autores, em todos os trabalhos, têm relatado as limitações dessa equação quer seja pela necessidade de um grande numero de termos quer seja por não representar os dados experimentais em trechos das curvas. 2 n + 12 2 Def t (Eq. 1) X Xe 8 1 2 exp X o X e n 0 2 n + 12 4 L2 em que X = conteúdo de água, decimal base seca; X e = conteúdo de água de equilíbrio, decimal base seca; X o = conteúdo de água inicial, decimal base seca; X X e = razão de umidade, adimensional Xo Xe Def = difusividade efetiva, (m2.h-1) Alguns desses autores têm sugerido a utilização do Modelo de Page (Equação 2) que é uma simplificação do modelo de Fick com algumas considerações, sendo considerado um modelo semi-teórico.. No modelo de Page considera-se a equação de Fick, tomando-se apenas o primeiro termos da série. Neste caso a Equação 1 ficaria: RX X Xe 8 . exp Xo Xe 2 2 Def 2 4 L t (Eq. 2) Na Equação 2, considera-se que o termo 8/π2 estaria próximo de 1, o que satisfaria a condição inicial, ou seja para t = 0, RX = 1. Outra consideração feita para chegar ao Modelo de Page é que π2 Def / 4 L2 é iqual a K que é denominada de constante de secagem desta forma a Equação 2, se tornaria: RX X Xe exp K t Xo Xe (Eq. 3) A ultima consideração feita para o Modelo de Page é a introdução de um coeficiente de correção no tempo t de ordem Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.65-70, 2003 Desidratação osmótica de banana da terra: Aplicação de modelos matemáticos potencial (N). Desta forma o Modelo de Page para secagem de produtos agrícolas seria: RX X Xe exp K t N Xo Xe (Eq. 4) Outra equação de caráter empírica também tem sido sugerida por outros autores como é caso do Modelo de Thompson (Equação 5), no entanto, esse modelo tem sido sugerido mais para aplicações em secagem de grãos do que para desidratação de frutas t A ( ln RX ) B ( ln RX ) 2 71 Inicialmente as bananas verde foram lavadas em água corrente e depois imersas em água destilada a temperatura de 60°C por 15 minutos para se fazer o branqueamento das bananas eliminado-se, desta forma, os microorganismos existentes na fruta. Em seguida as bananas foram descascadas e fatiadas em rodelas nas espessuras de 1,0; 1,25; 1,5 e 1,75mm, utilizando-se um fatiador de inox, Figura 1. (Eq. 5) em que, A e B são coeficiente que dependem do produto Rastogi et al. (1997) estudaram, a secagem de banana por desidratação osmótica. Os autores assumiram que a fruta tinha uma configuração cilíndrica e o processo de desidratação obedece uma difusão Fickiana. Neste trabalho foi determinado o coeficiente de difusão efetivo para uma variação de temperatura de 25°C a 35°C. Um estudo semelhante foi conduzido por Mauro & Menegalli (1995), considerando as fatias de banana como um cilíndrico bidimensional. Foi verificado o efeito do tempo de exposição, concentração da solução e temperatura na concentração osmótica das fatias de banana. Desta forma, com base no exposto o presente trabalho teve como objetivo estudar a aplicação dos modelos de Page e Thompson na desidratação osmótica de fatias de banana da terra verde para diferentes concentrações de sais (1:10, 1:15 e 1:20) e diferentes espessuras (1.0, 1,25, 1,5 e 1,75mm) das fatias de banana, em temperatura ambiente. MATERIAIS E MÉTODOS O presente trabalho foi realizado no Laboratório de Processamento e Armazenamento de Produtos Agrícolas do Departamento de Engenharia Agrícola do Centro de Ciência e Tecnologia da Universidade Federal de Campina Grande. Materiais A matéria prima utiliza foi o banana da terra verde (Musa sapientum), adquirida na EMPASA - Campina Grande. Figura 1 - Fatiador de banana projetado para cortar fatias de banana em diferentes espessuras. Logo após o tratamento dessas bananas foi determinado o seu conteúdo de água. Para este fim, foram utilizadas 5 gramas da amostra, seguindo-se as normas da AOAC (1984), onde as amostras eram desidratação ate peso constante a 70 oC. Todas as determinações foram conduzidas em triplicata. As bananas fatiadas nas diferentes espessuras foram colocadas nas diferentes concentrações de solução osmótica de cloreto de sódio (NaCl) para realização de sua desidratação. As concentrações de cloreto de sódio utilizadas foram de 1:10, 1:15 e 1:20 (1g de cloreto de sódio para 20g de água). Para a desidratação das bananas foram utilizadas amostras de 100 gramas imersas na solução osmótica, sendo sua perda de peso correspondente a perda de água acompanha por meio de uma balança analítica, conjuntamente com um balanço de massa de absorção de cloreto de sódio feito pela banana. A cada pesagem das amostras, essas eram retiradas da solução e colocadas em um papel absorvente para retirada do excesso de solução osmótica, sendo em seguida pesada e devolvida ao recipiente contendo a solução osmótica. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.65-70, 2003 Desidratação osmótica de banana da terra: Aplicação de modelos matemáticos 72 A desidratação osmótica foi conduzida ate o ponto em que a fruta não mais conseguisse perder água para a solução osmótica. O equipamento utilizado para a desidratação da banana foi constituído de um Becker de 1,5 litro e um agitador magnético para manter a solução em movimento, Figura 2. proposto por Thompson para expressar a curva de desidratação da fruta variou entre 83,7% e 98,3%. Tabela 1 – Parâmetros da equação de Page obtidos através dos dados experimentais Equação de Page Figura 2 - Sistema usado para desidratação osmótica. Para cada tratamento, depois do termino da desidratação osmótica da banana foi determinado seu conteúdo de água seguindo-se as normas da AOAC (1984), já mencionada anteriormente. Modelos A partir dos dados obtidos de variação de massa da banana durante o processo de desidratação foram determinados os parâmetros do Modelo de Page e de Thompson por meio de regressão não linear, utilizando-se o programa computacional Statistica 6.0. Os modelo matemáticos de Page e de Thompson correspondem às Equações 4 e 5, respectivamente, já descritas no item anterior. RESULTADOS E DISCUSSÃO Nas Tabelas 1 e 2 encontram-se os coeficientes das equações de Page e Thompson, respectivamente, para cada concentração (C, em gNaCl/gH2O) e espessura (E, em mm), obtidos por regressão não linear. Comparando os coeficientes de determinação (R2) da Tabela 1 com os da Tabela 2, observa-se que o Modelo matemático de Page se ajusta melhor aos dados experimentais, pois seus valores variaram entre 98,7% a 99,8%, enquanto que, para o Modelo matemático RU = exp( k.tn ) K C E n R R2 (min-1) 1,00 0,0586 0,6377 99,382 98,767 1,25 0,0407 0,7537 99,910 99,820 1:10 1,50 0,0903 0,5650 99,260 98,525 1,75 0,3004 0,3969 99,850 99,700 1,00 0,0621 0,6475 99,721 99,443 1,25 0,1505 0,4758 99,615 99,231 1:15 1,50 0,1691 0,5002 99,850 99,700 1,75 0,1320 0,5260 99,610 99,222 1,00 0,8018 0,7565 99,806 99,613 1,25 1,1292 0,5929 99,858 99,716 1:20 1,50 1,0736 0,6227 99,825 99,650 1,75 1,0256 0,4600 99,817 99,634 Tabela 2 – Parâmetros da equação de Thompson obtidos através dos dados experimentais Equação de Thompson t = A1.ln(RU) + A2.ln(RU)2 C E A1 A2 R 1,00 -135,276 -7,297 96,145 1,25 -100,175 -4,809 97,462 1:10 1,50 -130,406 -7,827 93,249 1,75 -116,488 -5,896 90,328 1,00 -133,489 -7,963 97,563 1,25 -148,616 -8,230 93,798 1:15 1,50 -117,151 -5,943 93,692 1,75 -123,254 -6,391 96,227 1,00 -118,659 -6,071 99,150 1,25 -114,763 -5,773 96,621 1:20 1,50 -109,363 -5,415 95,581 1,75 -156,058 -8,772 91,495 R2 92,439 94,989 86,955 81,592 95,185 87,980 87,782 92,598 98,308 93,356 91,358 83,714 Nas Figuras 3, 4 e 5 encontram as curvas de desidratação osmótica de fatias de banana, respectivamente para as concentrações de 1:10; 1:15 e 1:20 gNaCl/gH2O, onde se aplicou o modelo matemático de Page e nas Figuras 6, 7 e 8 onde se aplicou o modelo de Thompson Observa-se nessas Figuras de 3 a 8, que praticamente não houve efeito da espessura Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.65-70, 2003 Desidratação osmótica de banana da terra: Aplicação de modelos matemáticos das fatias de banana durante o processo de desidratação osmótica, pois após 8 horas todas as curvas convergem para o equilíbrio. No entanto, constata-se também que o modelo matemático sugerido por Page descreve melhor a curva de desidratação da banana para todas as concentrações estudadas, 73 contudo no trecho final da curva de desidratação, o modelo matemático sugerido por Thompson se aproxima mais dos dados experimentais, mas nos trechos iniciais as curvas se encontram bastante distantes dos dados experimentais. Figura 3 – Aplicação do modelo de Page para desidratação osmótica de fatias de banana em diferentes espessuras à concentração de 1:10 gNaCl/gH2O. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.65-70, 2003 74 Desidratação osmótica de banana da terra: Aplicação de modelos matemáticos Figura 4 – Aplicação do modelo de Page para desidratação osmótica de fatias de banana em diferentes espessuras à concentração de 1:15 gNaCl/gH2O. Figura 5 – Aplicação do modelo de Page para desidratação osmótica de fatias de banana em diferentes espessuras à concentração de 1:20 gNaCl/gH2O. Figura 6 – Aplicação do modelo de Thompson para desidratação osmótica de fatias de banana à concentração de 1:10 gNaCl/gH2O. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.65-70, 2003 Desidratação osmótica de banana da terra: Aplicação de modelos matemáticos 75 Figura 7 – Aplicação do modelo de Thompson para desidratação osmótica de fatias de banana à concentração de 1:15 gNaCl/gH2O. Figura 8 – Aplicação do modelo de Thompson para desidratação osmótica de fatias de banana à concentração de 1:20 gNaCl/gH2O. dratação osmótica da banana da terra obtendo-se respectivamente coeficiente de determinação entre 98,7% e 99,8% e entre 83,7% a 98,3%; CONCLUSÕES Diante dos resultados obtidos neste trabalho e possível concluir que: o modelo matemático proposto por Page e superior ao modelo proposto por Thompson para expressar o comportamento da desi- praticamente, não foi observado efeito de sua espessura nem da concentração da Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.65-70, 2003 76 Desidratação osmótica de banana da terra: Aplicação de modelos matemáticos solução osmótica no processo de desidratação de fatias de banana, REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Araujo, E. A. F. Estudo da cinética de secagem de fatias de banana nanica (Musa acuminiata var. Cavendish) osmoticamente desidratadas. Campinas, 2000. 94 p. 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Um dos produtos que vem alcançando grande interesse comercial são os tomates secos em conserva, no entanto os tratamentos osmóticos que causa uma pequena secagem ao produto, as diferentes concentrações da solução osmótica e o efeito da epiderme, necessitam de uma melhor investigação. Assim sendo, o presente trabalho teve como objetivo estudar os tomates com epiderme e tomates sem epiderme, quando submetidos a tratamentos osmóticos nas soluções de cloreto de sódio (NaCl) e sacarose nas concentrações de 5/0,4%, 10/0,4% e 15/0,4%; a uma temperatura ambiente de 2510C. Como conseqüência deste tratamento os tomates sofrem uma pequena secagem. A redução de contudo de água dos tomates com epiderme e sem essa epiderme foram acompanhados por meio de uma balança analítica e o ganho de soluto por meio de titulação direta. Para representar o processo de secagem foi utilizado o modelo empírico proposto por Page, (U-Ue/Uo-Ue=C.exp(-Ktn)). Concluiu-se neste trabalho que existe o efeito da epiderme e que o tempo para que ocorra a secagem osmótica no tomate sem epiderme é praticamente a metade do que ocorre no tomate com epiderme e que, a quantidade de remoção de água e de entrada de sal, decresce gradualmente com o aumento do tempo e cresce com o aumento da concentração. Palavras Chaves: pré-secagem, tomate seco, concentração osmótica OSMOTIC DRYING OF TOMATO: EPIDERMIS EFFECT ABSTRACT The tomato is one of the most cultivated and consumed vegetables in the Word, so that, is hás economic and industrial importance. It’s necessary a lot of people to Word and the tomato is present on the majority of people’s alimentary diet. New processes of industrialization of the tomato have been searched to reduce the large los after the crop because of it’s very perishable. The dried in preserve tomatoes have getting a big commercial interest. However, it’s necessary a better investigation of the osmotic treatments, which provoke a little drying on the product, the different concentration of the osmotic solution and the epidermis effect. Therefore, this work has the objective of studying the tomatoes with epidermis and without it when they are submitted to osmotic treatments at the solutions of sodium chloride (NaCl) and sucrose at the concentration of 5/0,4%, 10/0,4% e 15/0,4%; at the temperature of 25 10C. The tomatoes dry a little as consequence of this treatment. A reduction of the water content of the tomatoes with epidermis and without it was accompanied by an analytic scale and the solute gain through the direct titratation. Page’s empiric model (U-Ue/Uo-Ue = C.exp(-Ktn)) was used to represent the drying process. It has conclude that the epidermis effect exists and the time to the osmotic drying happen at the tomato without epidermis is practically the half one of the tomato with epidermis. The quantity of water removal and of entrance of salt, decrease gradually with the time increase and it increases with the increase of the concentration. Keywords: osmotic drying, conventional drying, Page equation _________________________ Protocolo 270 de 08 / 02 / 2003 1 Químico Industrial , Mestre em Engenharia Agrícola da UFCG 2 Professor Dr do Departamento de Engenharia Agrícola da UFCG INTRODUÇÃO 77 78 Secagem osmótica de tomate: efeito da epiderme Cavalcanti Mata et al. O tomate é uma das hortaliças mais cultivadas no mundo, e sua produção mundial supera 70 milhões de toneladas/ano. Dentre as hortaliças, o tomate é a cultura mais importante, não só, em termos de produção, como também, em valor econômico, pois é a hortaliça mais industrializada e emprega grandes contingentes de mão-de-obra, estando diariamente na dieta alimentar da maioria da população. O mercado de derivados de tomate concentra-se, principalmente, na produção de extrato de tomate, molhos prontos e “ketchup” (Kross et al., 2001). Dada a alta perecibilidade do produto, novos processos de industrialização do tomate têm sido pesquisados, objetivando a redução das elevadas perdas pós-colheita. Em função disso, muitos trabalhos com desidratação de alimentos vêm sendo realizados, despontando como excelente alternativa à produção de tomates secos. Para a produção de tomates secos alguns parâmetros técnicos necessitam de maior investigação, uma vez que a grande maioria dessa produção ainda se dá em pequenas indústrias caseiras. Para produzir um produto como o tomate seco, é necessário realizar um pré-tratamento osmótico que ocasiona uma pequena perda de água. De acordo com diversos autores, no processo osmótico, o soluto se incorpora nos espaços extracelulares, acumulando-se entre a parede celular e a membrana celular, formando uma solução hipertônica que favorece a saída de água através da membrana celular (Hawkes e Flink, 1978; Bolin et al., 1983; Lazarides, 2001; Isse e Schubert, 1991; Saurel, 1995). No processo de secagem osmótica, a perda de água é função da concentração da solução osmótica, da permeabilidade do produto e da temperatura de operação. Em geral, quanto maior a temperatura e a concentração do soluto, maior a perda de água. No entanto, segundo Pointing et al. citado por Baroni e Hubinger (1998), temperaturas acima de 50oC favorecem as reações de escurecimento não enzimático. Com relação à permeabilidade de um produto como o tomate, esta permeabilidade está extremamente ligada à estrutura celular de sua epiderme. Quando a epiderme do fruto tem uma estrutura celular muito fechada, esta estrutura se torna a principal barreira ao processo osmótico, necessitando em muitos casos removê-la. Kowalska e Lenart (1998), relatam que a perda de água é sempre maior que o ganho de soluto, devido às diferenças entre os coeficientes de difusão de água e do soluto. Este fato foi, também, constatado por Rastogi e Raghavarao (1997) atribuindo-o a um fenômeno de transporte de osmose, através das membranas celulares semipermeáveis. De acordo com Biswal e Bozorgmehr (1991), no tratamento osmótico, podem ser usados diversos solutos, sendo, no entanto, o mais utilizado, o cloreto de sódio para os vegetais e a sacarose para frutas. O cloreto de sódio é um excelente agente osmótico, pois a sua mobilidade, na transferência de massa, é favorecida pelo baixo peso molecular, que facilita a entrada pela membrana celular, abaixando muito rapidamente a atividade de água do produto. Outra vantagem do sal é que não reage com os constituintes químicos, formando produtos indesejáveis (Pakowski, et al., 2000; Simal, et al., 2001; Sereno et al., 2001). Segundo Raoult-Wack (1994) a présecagem osmótica tem sido associada a diferentes tipos de processamento na forma de um pré-tratamento, sendo que seus efeitos refletem-se, positivamente, nas propriedades organolépticas, nutricionais e funcionais do produto seco. Este processo envolve difusão simultânea de soluto e água, o que ocasiona uma alteração no conteúdo de água do produto, bem como no restante da composição química do produto e na característica estrutural do produto final. Essas mudanças ainda influenciam na posterior taxa de secagem por convecção (Finzer e Limaverde, 1996). Portanto, diante do exposto o objetivo do presente trabalho foi: a) Estudar a cinética de secagem do prétratamento osmótico do tomate com epiderme e sem epiderme em soluções de cloreto de sódio (NaCl) e sacarose nas concentrações de 5/0,4% (5% de cloreto de sódio e 0,4% de sacarose) de, 10/0,4% e 15/0,4%; a uma temperatura ambiente de 2510C. b)Determinar as constantes de secagem, utilizando-se a equação proposta por Page. MATERIAIS E MÉTODOS O trabalho foi conduzido no Laboratório de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas da Universidade Federal de Campina Grande. A matéria prima utilizada foi o tomate, adquirido na CEASA - Campina Grande. Os Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.77-84, 2003 Secagem osmótica de tomate: efeito da epiderme Cavalcanti Mata et al. tomates foram submetidos a uma seleção, sendo utilizados tomates semi-maduros de consistência firme, com formas e tamanhos semelhantes, de peso médio unitário, variando entre 55 e 60g. Os tomates selecionados foram lavados com hipoclorito de sódio na proporção de 1:50 e, em seguida, branqueados a uma temperatura de 60 oC por 10 minutos. Metade dos tomates branqueados foi separada e a outra metade foi submetida à eliminação de sua epiderme. Tanto os tomates com epiderme, como os sem epiderme foram imersos em diferentes soluções de cloreto de sódio com sacarose. As concentrações utilizadas foram de 5, 10 e 15% de cloreto de sódio em água destilada e a todas foi adicionado 0,4% de sacarose. A temperatura utilizada foi de 250C e a proporção de massa do produto:massa de solução foi de 1:10, garantindo-se, dessa forma não haver alteração significativa na concentração da solução, durante o processo. Em intervalos de tempo de 1 hora, a solução osmótica era agitada. Após essa etapa, uma amostra de tomate era retirada dos lotes para determinação do conteúdo de água inicial que foi determinado de acordo com Association of Official Analytical Chemistry- A.O.A.C. (1997), que consistiu em submeter as amostras em uma estufa a uma temperatura de 105 2oC até peso constante. Perda de água, PA Conhecendo-se o conteúdo de água inicial do tomate, acompanhou-se a sua perda de água pela variação de sua massa, pesando-se os tomates de hora em hora por meio de uma balança semi-analítica, Mettler modelo PC440. Nos tempos pré-determinados, as amostras eram retiradas e colocadas sobre papel absorvente, para a remoção de solução em excesso, sendo pesado imediatamente e novamente colocado na solução osmótica. . Perda de soluto pela solução, Ps A variação de cloreto de sódio na solução osmótica foi realizada de hora em hora, sendo determinada por titulação direta, recomendada por Mohr (Ranganna, 1986). Tratamento dos resultados 79 As constantes da equação proposta por Page, foram obtidas mediante análises de regressão não linear, por meio do programa computacional Statistica 5.0. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados da cinética de secagem (perda de água) do tomate com epiderme e sem epiderme, submetido aos pré-tratamentos osmóticos nas diferentes concentrações encontram-se nas Figuras 1 e 2 e nas Figuras 3 e 4 estão as perdas de soluto da solução de cloreto de sódio, quando os tomates com epiderme e sem epiderme foram imersos na solução osmótica de cloreto de sódio/sacarose nas contrações de 5/0,4%; 10/0,4% e 0,4/15%. Observa-se, nessas figuras, que a quantidade de remoção de água (Figuras 1 e 2) e a perda de cloreto de sódio da solução osmótica (Figuras 3 e 4) decrescem, gradualmente com o tempo e com a diminuição da concentração. No geral, em soluções mais concentradas, o tomate perde água mais rapidamente, devido ao maior gradiente de atividade de água. De acordo com a Figura 1, os tomates com epiderme em solução de 5% apresentaram uma perda de água mínima durante as duas primeiras horas, fato este que pode ser atribuído ao potencial da solução hipertônica, que não foi suficiente para abaixar a atividade de água no produto. Outro fator que pode ser levado em consideração, a este processo de transferência de massa, é a resistência da epiderme. Comparando-se a Figura 1 com a Figura 2, e a Figuras 3 com a Figura 4, verifica-se o efeito da epiderme com bastante clareza, pois se observa que existe uma redução no tempo de secagem de aproximadamente de 45% (5 horas de processamento) em todas as concentrações da solução osmótica (5, 10 e 15% de NaCl). Observa-se também nas Figuras de 1 a 4 que a remoção de água sempre foi maior que o ganho do soluto. Esse resultado é semelhante ao descrito por Biswal e Bozorgmehr (1991), para pedaços de vagens submetidos à desidratação osmótica em soluções alcalinas, e Baroni e Hubinger (1998) no estudo da cinética de desidratação osmótica de cebola. Os coeficientes ka e n da equação de Page referente a cinética de transferência de massa de água do tomate e os coeficientes ks e n da equação de Page relativos a cinética de transferência de massa da solução osmótica encontram-se, na Tabela 1. Nessa Tabela, observa-se que as constantes associadas aos Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.77-84, 2003 Secagem osmótica de tomate: efeito da epiderme Cavalcanti Mata et al. 80 coeficientes de transferência de massa para a água, Ka, são maiores que as do cloreto de sódio, Ks, confirmando, assim, que ocorre uma maior saída de água do tomate do que uma entrada de cloreto de sódio nesse tomate. As constantes ka e ks da equação de Page foram correlacionadas com as diferentes concentrações da solução osmótica. Nas Figuras 5 e 6, estão as equações que expressam essa correlação, observando-se que essa correlação é linear, exceção se faz, à equação que expressa o coeficiente ka da equação de Page em função da concentração osmótica para o tomate com epiderme, onde se constata que essa relação é exponencial. 1,0 Tomate com epiderme 5% de cloreto de sódio e 0,4% de sacarose 10% de cloreto de sódio e 0,4% de sacarose 15% de cloreto de sódio e 0,4% de sacarose 0,8 RU 0,6 0,4 0,2 0,0 0 2 4 6 8 10 Tempo (h) Figura 1 – Curva da perda de água do tomate com epiderme, submetido a diferentes concentrações osmótica com cloreto de sódio e sacarose 1,0 Tomate sem epiderme 5% de cloreto de sódio e 0,4% de sacarose 10% de cloreto de sódio e 0,4% de sacarose 15% de cloreto de sódio e 0,4% de sacarose 0,8 RU 0,6 0,4 0,2 0,0 0 2 4 6 Tempo (h) Figura 2 – Curva da perda de água do tomate sem epiderme, submetido a diferentes concentrações osmótica com cloreto de sódio e sacarose Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.77-84, 2003 Secagem osmótica de tomate: efeito da epiderme Cavalcanti Mata et al. 81 1,0 Tomate com epiderme 5% de cloreto de sódio e 0,4% de sacarose 10% de cloreto de sódio e 0,4% de sacarose 15% de cloreto de sódio e 0,4% de sacarose 0,8 RS 0,6 0,4 0,2 0,0 0,0 2,5 5,0 7,5 Tempo (h) Figura 3 – Curva da perda de cloreto de sódio, quando o tomate, com epiderme, foi imerso nas diferentes concentrações da solução osmótica. 1,0 Tomate sem epiderme 5% de cloreto de sódio e 0,4% de sacarose 10% de cloreto de sódio e 0,4% de sacarose 15% de cloreto de sódio e 0,4% de sacarose 0,8 RS 0,6 0,4 0,2 0,0 0,0 2,5 5,0 Tempo (h) Figura 4 – Curva da perda de cloreto de sódio, quando o tomate, com epiderme, foi imerso nas diferentes concentrações da solução osmótica. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.77-84, 2003 Secagem osmótica de tomate: efeito da epiderme Cavalcanti Mata et al. 82 Tabela 1 – Coeficientes da equação de Page para a perda de soluto e perda de água do tomate com epiderme e sem epiderme, quando este é submetido a diferentes concentrações de cloreto de sódio (5, 10 e 15%). Concentração NaCl (%) com epiderme -3 -1 2 Ksx10 (s ) n R (%) Kax10-3 (s-1) n R2 (%) 5 81,655 1,580 99,3 140,332 1,224 96,8 10 185,491 1,110 97,3 144,203 1,329 98,5 15 215,425 1,820 98,5 402,270 0,840 98,5 sem epiderme 5 59,780 2,365 99,2 118,110 1,815 98,7 10 65,751 3,322 99,3 137,448 1,756 98,9 15 77,246 2,244 99,5 148,570 1,721 98,8 Secagem osmótica do tomate Coeficiente da equação de Page 450 com epiderme 400 (140.314 - 514.0) Ka= ______________________ 1 + exp[(x - 14.21)/0.925] 2 R =99,9% -1 Coeficiente Ka (s ) 350 + 514,0 sem epiderme 300 Ka = 104,25 + 3,046.C 2 R =98,8% 250 200 150 100 4 6 8 10 12 14 16 Concentração (%) Figura 5 – Coeficiente Ka da equação de Page referente à secagem osmótica do tomate (perda de água do tomate) com epiderme e sem epiderme. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.77-84, 2003 Secagem osmótica de tomate: efeito da epiderme Cavalcanti Mata et al. 83 Perda de soluto da solução osmótica para o tomate Coeficiente da equação de Page 240 -1 Coeficiente Ks (s ) 210 180 150 com epiderme Ks = 27,09 + 13,377.C 120 2 R =95,3% sem epiderme Ks = 50,126 + 1,747.C 90 2 R =98,4% 60 4 6 8 10 12 14 16 Concentração (%) Figura 6 – Perda de soluto da solução osmótica para o tomate submerso na solução osmótica CONCLUSÕES Concluiu-se neste trabalho que: existe o efeito da epiderme e que o tempo para que ocorra a secagem osmótica no tomate sem epiderme é praticamente a metade do que ocorre no tomate com epiderme a quantidade de remoção de água do tomate e de entrada de sal no produto, decresce gradualmente com o aumento do tempo e cresce com o aumento da concentração. Bolin, H.R. Effect of osmotic agents and concentration of green beans prior to freezing. Journal of Food Science. v.2, p.202-205, 1983 Finzer,. J.R.D; Limaverde, J.R. Influencia da pressão osmótica na desidratação de milho verde. In: Congresso Brasileiro de Sistemas Particulados-ENEMP, 24. Uberlândia, Anais… Uberlandia: UFU, p.243-246, 1996. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Hawkes, J; Flink, J.M. Osmotic concentration of fruit prior to freeze dehydration. Journal of Food Processing and Preservation. v.1, p.265-284, 1978 A.O.A.C. Association of Official Analytical Chemists. Official methods of analysis of AOAC international, 16.ed. Gaitherburg: Patricia Cunniff, 1997. v.2, 1141p. Isse, M.G; Schubert, H. Osmotic dehydration of mango: mass transfer between mango and syrup. In: World Congress of Chemical Engineering, 4. Germany, Annals… 1991. Baroni, A. F.; Hubinger, M. D. Drying of Onion: Effects of pretreatment on Moisture Transport. Drying Technology. New York, v. 16, p. 2083-2094, 1998 Kowalska, H; Lenart, A. Mass transfer during osmotic dehydration of plant tissue. 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As goiabas foram oriundas da Estação Experimental de Veludo, Itaporanga, PB. As análises físicas determinadas foram: peso do fruto, da casca e da polpa, diâmetro longitudinal e transversal, rendimento da casca e da polpa, consistência do fruto sem casca (polpa), espessura transversal e densidade; as análises químicas foram: pH, ºBrix, acidez titulável, e relação SST/ATT. Os dados foram submetidos à análise de variância utilizando-se o delineamento inteiramente casualizado em esquema fatorial de 8 x 6 (colheita x adubação) com 4 repetições paras as características físicas e 5 x 6 (colheita x adubação) em triplicatas para as características químicas. A goiaba apresentou quatro fases distintas de crescimento quando analisadas através da evolução do seu peso e tamanho, os quais atingiram os seus maiores valores aos 157 dias da frutificação; o rendimento das casca, ºBrix, pH, relação SST/ATT e as espessuras do pericarpo aumentaram com o decorrer da maturação, entretanto, a consistência da polpa, densidade, rendimento de polpa e acidez titulável diminuíram com a mesma. Sendo assim, a goiaba pode ser colhida a partir dos 157 dias da frutificação momento em que apresentou uma densidade de 9,8 g cm-3, uma consistência de polpa de 75,02 N cm-2 e uma relação SST/ATT de 6,69. Palavras-chave: maturação, adubação e frutificação MATURATION OF THE GUAVA (Psidium guajava L.) BY PHYSICAL-CHEMISTRY PARAMETERS ABSTRACT This work had as objective to determine the maturation of the guava (Psidium guajava L.) manured with growing doses of nitrogen by the analysis of its physics and chemistries characteristics. The experiment was led at the Laboratory of Storage and Processing of Agricultural Products, of the Federal University of Campina Grande, PB. The guavas were from the Experimental Station of Veludo, Itaporanga, PB. The determined certain physical analyses were: the weigh of the fruit, of the peel and of the pulp, longitudinal and transverse diameter, revenue of the peel and of the pulp, consistency of the fruit without peel (pulp), transverse thickness and density; the chemistry analyses were: pH, ºBrix, titratable acidity, and relation SST/ATT. The data were submitted to the variance analysis of the completely randomized delineation in factorial scheme of 8 x 6 (crop x manuring) with 4 repetitions to the physical characteristics and 5 x 6 (crop x manuring) in triplicate for the chemistry characteristics. The guava presented four different phases of growth when they analyzed through the evolution of their weight and size, which reached their largest values in 157 days of the fructification; the revenue of the peel, ºBrix, pH, relation SST/ATT and the thickness increased with the maturation, however, the consistence of the pulp, density, pulp revenue and titratable acidity decreased with it. Then, the guava can be picked since 157 days of the fructification moment in what presented a density of 9.8 g cm-3, a pulp consistency of 75.02 N cm-2 and a relation SST/ATT of 6.69. Keywords: maturation, manuring, fructification ________________________ Protocolo 127 de 28/ 9 /2003 1 Departamento de Engenharia Agrícola/CCT/UFCG, E-mail: [email protected]; [email protected] 2 Mestrando em Engenharia Agrícola/DEAg/CCT/UFCG, E-mail: [email protected] 85 86 Maturação da goiaba mediante parâmetros físico-químicos Gouveia et al. INTRODUÇÃO O Brasil é um país que se destaca pelo grande potencial agrícola que possui devido às suas extensas faixas de terras férteis e também devido a boas condições climáticas, fato este, comprovado pela posição que ele ocupa no mercado internacional agrícola, produzindo, a cada ano, uma grande variedade de frutos apreciados, em todo o mundo. Dentre estas variedades de frutos, a goiaba vem ganhando grande destaque por ser um dos frutos mais apreciados, devido às suas características de sabor e aroma e pelo seu elevado valor nutritivo (Gongatti Neto et al., 1996). Ademais, assume a posição de primeiro produtor da fruta no mundo com uma área cultivada de 11.504 ha e uma produção de 256.616 ton, segundo dados publicados em Agrianual 2001, baseados nos levantamentos do IBGE (CATI, 2003). Apesar da importância econômica real e potencial da goiabeira, há falta de informações e de divulgação tecnológica conducente à otimização do seu cultivo. Este, quando fundamentado nos conhecimentos tecnológicos acumulados ao longo do tempo, constitui uma alternativa de produção não só atraente, mas adequada às excelentes condições edafoclimáticas dos principais pólos de irrigação do Nordeste do Brasil. Um dos fatores importantes para se obter sucesso em sua produção é saber o momento exato para dar início à colheita e com isso obter êxito nas exportações, oferecendo ao consumidor um fruto de alta qualidade, uma vez que a determinação da fase de maturação com base apenas na aparência do fruto é falha, por ser uma medida subjetiva, sujeita a erro humano; o que torna necessário o uso de métodos físicos e químicos para se conseguir determinar o ponto da colheita (Gongatti Neto et al., 1994). O processo de amadurecimento de frutos pode ocorrer antes ou depois da colheita. Todavia, em qualquer uma destas situações, inúmeras transformações na composição destes estão se realizando, principalmente, considerando-se a enorme variedade de compostos químicos que eles contêm. Essas alterações químicas nos frutos tropicais podem ser facilmente identificadas por serem as responsáveis pelas evidentes mudanças na coloração, textura, sabor e aroma (Bleinroth, 1998). Shimizu et al. (2002) caracterizando o ponto ideal de colheita do fruto do coqueiro anão verde (Cocos nucifera L.) mostraram que a colheita deve ser realizada no período do final do sexto até o sétimo mês, quando o crescimento em largura mostrou-se mais efetivo, o que coincidiu com um maior acúmulo de água. Garcia (1980) preconiza a colheita no sexto mês, momento em que a quantidade de água e a concentração de açúcares são também mais elevadas. Mendonça et al. (2002) determinando características físicas e químicas de pitombas (Talisia esculenta Radek) do brejo paraibano observaram que o percentual de casca tendeu a aumentar à medida que o amadurecimento progredia, o rendimento em polpa foi baixo, embora com tendência a aumentar no decorrer do desenvolvimento dos frutos. Araújo Neto et al. (2000) determinando o ponto de colheita e índices de maturação para o sapoti (Manilkara achras (Mill.) Fosberg) afirmaram que os frutos nos 202 e 209 dias apresentaram menor firmeza, no dia da colheita e maior vida de prateleira. Santos et al. (2002), caracterizando frutos de pitangueira em diferentes estádios de maturação concluíram que o desenvolvimento dos dois tipos de pitanga resultou, no aumento do diâmetro, comprimento, matéria fresca e seca, e polpa até os estádios anteriores ao atingimento do amadurecimento pleno desses frutos. A firmeza desses frutos diminuiu progressivamente à medida que a maturação progredia, evidenciando o amadurecimento, assim como a acidez total titulável, em contraste com a grande parte dos frutos tropicais, e os sólidos solúveis totais aumentaram no decorrer da maturação. Desta forma, desenvolveu-se este trabalho, com o objetivo de se determinar o ponto ideal de maturação da goiaba mediante a análise das suas características físicas e químicas. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas (LAPPA) do Departamento de Engenharia Agrícola (DEAg), o qual faz parte do Centro de Ciências e Tecnologia (CCT), da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Campina Grande, PB. As goiabas da variedade Paluma foram provenientes da Estação Experimental de Veludo, Itaporanga, PB, onde se utilizou um pomar que continha cinco tratamentos com doses crescentes de adubação (60, 120, 180, 240 e 300 g cova-1planta-1) nitrogenada na forma de sulfato de amônio e mais um tratamento sem adubação (testemunha). As amostras eram colhidas, acondicionadas em sacos de polietileno e, posteriormente, em Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.85-94, 2003 87 Maturação da goiaba mediante parâmetros físico-químicos Gouveia et al. caixas com orifícios laterais para que houvesse uma melhor ventilação durante o transporte. No laboratório, os frutos foram selecionados, descartando-se os danificados pelo atrito no transporte, os manchados, deformados com picadas de insetos ou com sintomas de doenças. Os frutos sadios foram separados, lavados e colocados em bandejas plásticas etiquetadas com o nome de cada nível de adubação. Em seguida, foram determinadas as características físicas e, posteriormente, as goiabas foram trituradas em um processador para obtenção da polpa. Depois de preparadas, foram colocadas em um freezer a –18 ºC para que se pudessem iniciar as determinações químicas. Esse procedimento foi repetido para as oito colheitas, sendo que as análises químicas só tiveram início a partir da quinta colheita. Na caracterização física, determinou-se o peso do fruto inteiro, utilizando-se uma balança semianalítica de marca Gehaka; o rendimento da casca, obtido pela diferença entre o peso do fruto inteiro e o peso dele sem casca e o rendimento da polpa, obtido, pesando-se o fruto sem casca; o tamanho do fruto foi determinado, medindo-se os diâmetros longitudinais e transversais, utilizando-se um paquímetro metálico de marca Mitutoyo; a densidade foi obtida pelo método do deslocamento de massa de água, quando a fruta foi submersa num recipiente com água destilada; a consistência da polpa foi determinada, usando-se um penetrômetro de mão, modelo FT011, cujas perfurações foram feitas na região equatorial de cada fruto, utilizando-se uma ponta cilíndrica de 0,4 cm de diâmetro. As espessuras transversais do pericarpo foram medidas na região equatorial dos frutos. Na caracterização química determinou-se o pH, por meio do método potenciométrico; os sólidos solúveis totais, determinados por leitura direta, utilizando um refratômetro de marca Guimis; a acidez titulável, determinada por titulação com NaOH, seguindo as regras da AOAC (1992) e a relação SST/ATT, obtida pela razão entre o teor de sólidos solúveis totais (SST) e da acidez titulável (ATT). Os dados foram submetidos à análise de variância, utilizando-se o software Assistat (Silva, 1996). Utilizou-se o delineamento experimental, inteiramente casualizado, em esquema fatorial de 8 x 6 (colheita x adubação) com 4 repetições para as características físicas e 5 x 6 (colheita x adubação) em triplicata para as características químicas. Dentro de cada fator quantitativo, foram testados modelos polinomiais para avaliar seus efeitos. O critério para a escolha do modelo foi a significância pelo teste F a 1 e 5% de probabilidade e com o maior coeficiente de determinação apresentado (R2). RESULTADOS E DISCUSSÃO Peso do fruto, diâmetro longitudinal e transversal, rendimento da casca e da polpa, resistência da casca e da polpa, espessura transversal 1 e 2, e, densidade Os dados da análise de variância mostraram efeito significativo dos fatores colheita e doses de nitrogênio, enquanto o desdobramento da análise de regressão indicou efeito linear e quadrático ao nível de 1% de probabilidade, para os parâmetros: peso, diâmetro longitudinal e transversal do fruto (Tabela 1) cuja representação gráfica expressa o crescimento da goiaba em quatro estádios durante o seu desenvolvimento (Figura 1). Tabela 1 – Síntese do quadrado médio das análises de variância e de regressão para os fatores peso, diâmetro longitudinal e transversal ao longo da maturação Análise de variância Fonte de Variação GL Peso total Colheita Doses de nitrogênio Colheita x doses de nitrogênio Resíduo CV (%) Regressão linear Regressão quadrática 7 5 35 144 1 1 76796,867** 504,975** 669,873** 35,330 5,800 119390,257** 4461,588** QM Diâmetro longitudinal 23,856** 1,266** 0,374** 0,059 3,930 42,716** 3,060** Diâmetro transversal 34,992** 0,152 ns 0,316** 0,071 5,110 56,627** 5,797** **significativo a 1% de probabilidade; *significativo a 5% de probabilidade; ns – não significativo Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.85-94, 2003 88 Maturação da goiaba mediante parâmetros físico-químicos Gouveia et al. 8 Diâmetro longitudinal (cm) (A) Diâmetro trasnversal (cm) 7 6 5 4 3 y = -0,0002x2 + 0,1049x - 4,3091 R2 = 0,96** 2 1 6 5 (B) 3 y = -0,0002x 2 + 0,091x - 2,0244 R2 = 0,96** 2 0 0 80 100 120 140 160 80 180 100 120 140 160 180 Tempo (dias) Tempo (dias) 200 y = 0,0028x 2 + 1,1476x - 108,44 R2 = 0,94** (C) Peso (g) 160 120 80 40 0 80 100 120 140 160 180 Tempo (dias) Figura 1 – Valores médios do diâmetro transversal (A), diâmetro longitudinal (B) e de peso total (C) do fruto da goiabeira do início da frutificação à maturação Mediante os valores médios obtidos para os parâmetros peso e diâmetro, os estádios de desenvolvimento (Figura 1), estão descritos a seguir: o primeiro, que vai do início da frutificação até os 105 dias, com um aumento lento; o segundo que vai dos 105 aos 135 dias, constatando-se um aumento considerável; o terceiro e último período, que vai dos 150 até o final da maturação, ocorrendo um aumento lento nesses parâmetros. Aos 157 dias, observase o maior valor de peso (161,77 g), diâmetro longitudinal (7,1 cm) e transversal (6,28 cm). Falcão et al. (2002) comentam que as frutas atingem o peso e o tamanho máximo antes do amadurecimento. Observação que se assemelha com a encontrada por Rathore (1976), entretanto, este caracterizou o desenvolvimento da goiaba em três estádios de crescimento distintos: o primeiro período de aproximadamente 45 dias, ocorrendo aumento considerável no peso e dimensões do fruto. O segundo, de crescimento relativamente lento, com duração aproximada de 30 dias. Nesse período ocorre o amadurecimento e endurecimento das sementes. No terceiro, observa-se um incremento exponencial da taxa de crescimento do fruto. Nessa fase, a altura e o diâmetro dos frutos aumentam acentuadamente, sendo sua duração de 30 dias. Pereira (1995) relata que frutos da goiabeira da variedade paluma devido às suas sucessivas floradas, são produzidos em amplo período de safra, podendo ser iniciada a colheita a partir dos 158 dias da floração. A resistência da casca e da polpa (Tabela 2) variou de 266,49 a 71,10 N cm-2 para o fruto com casca e de 231,29 a 70,0 N cm-2 para o fruto sem casca (polpa), evidenciando-se que a resistência dele diminui progressivamente, com a sua maturação. Santos et al. (2002) Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.85-94, 2003 89 Maturação da goiaba mediante parâmetros físico-químicos Gouveia et al. caracterizando frutos de pitangueira encontraram resultados similares, assim como Araújo Neto et al. (2000), determinando o ponto de colheita para o sapoti. Gongatti Neto et al. (1996) afirmam que a goiaba pode ser colhida, quando a polpa apresentar uma consistência de 100 N cm-2. No presente trabalho, este valor se encontra entre a terceira e quarta colheita e indicam que a goiaba pode ser colhida a partir dos 158 dias (sexta colheita). Ocorrência que, em parte, pode ser explicada pelo fato de que, normalmente, a resistência dos frutos é medida através de um consistômetro cuja ponta apresenta um diâmetro de 8 mm e, no caso em estudo, adaptou-se o consistômetro com uma ponta de 4 mm de diâmetro a qual forneceu leituras menores, devido à menor área de perfuração. Tabela 2 – Variação do peso da casca (PC) e da polpa (PP), rendimento de casca (RC) e polpa (RP), consistência da polpa (RP), espessura transversal 1 e 2 (ET1 e ET2) e a densidade da goiabeira tratada com seis níveis de adubação nitrogenada do início da frutificação a maturação Colheita (dias) PC (g) PP (g) RC (%) RP (%) 90 105 120 135 150 157 164 171 2,86 2,96 7,37 11,78 16,2 24,9 26,27 33,43 25,90 26,36 46,06 97,54 104,7 136,87 133,06 121,03 9,95 9,76 13,10 10,7 13,39 15,37 16,50 21,64 90,05 90,24 86,9 89,3 85,94 84,61 83,50 78,4 Através da análise dos resultados contidos na Tabela 2, pode-se perceber que a densidade do fruto diminuiu com o avanço da maturação que variou de 1,07 a 0,96 g cm-3 dos 90 aos 171 dias ao longo do período de colheitas. Gongatti Neto et al. (1994) comentam que a goiaba pode ser colhida, quando apresenta uma densidade de aproximadamente 0,98 g.cm-3. No presente estudo, a goiabeira apresenta tal valor a partir dos 150 aos 157 dias, correspondendo a quinta e sexta colheita, respectivamente. A espessura transversal 1 e 2 variou de 0,49 a 0,87 cm e 0,47 a 0,82 cm, respectivamente, correspondendo a um aumento no decorrer da maturação, momento em que a goiaba apresentou os maiores valores de peso e tamanho. O rendimento de polpa e casca observado na Tabela 2, indicam que, à medida que o fruto vai se desenvolvendo, a casca começa a ocupar mais espaço, evidenciando-se um maior incremento, neste rendimento, quando ela está entre os períodos de 157 aos 171 dias (15,37; 16,50 e 21,64%) e que se deu com a diminuição do rendimento da polpa que ao final do ciclo de desenvolvimento da goiaba, foi de 78,40% a RC RP (N cm-2) (N cm-2) ET1 (cm) ET2 (cm) Densidade (g cm-3) 266,49 83,18 79,6 76,02 71,26 71,10 0,49 0,51 0,73 0,70 0,77 0,84 0,84 0,87 0,47 0,58 0,72 0,77 0,82 0,85 0,80 0,82 1,07 1,03 1,00 0,99 0,98 0,98 0,97 0,96 231,29 79,38 79,10 75,02 70,80 70,00 sua participação. Tal comportamento foi observado por Mendonça et al. (2002) que, ao determinarem características químicas e físicoquímicas da pitomba, observaram que a participação da casca tendia a aumentar com o amadurecimento do fruto, assim como a polpa. Esteves et al. (1983) encontraram rendimento de polpa de quatro cultivares de goiaba, variando de 64, a 70,50% o qual foi inferior ao menor rendimento encontrado, no presente trabalho, comportamento que pode ser explicado pelo fato de que as goiabeiras foram adubadas com seis níveis distintos de nitrogênio. pH, acidez titulável, ºBrix e relação SST/ATT A análise de variância (Tabela 3) revelou efeito altamente significativo (a 1% de probabilidade) para os fatores colheitas e doses de nitrogênio, enquanto o desdobramento da análise de regressão indicou efeito linear para as variáveis acidez titulável e sólidos solúveis totais, e linear e quadrático para enquanto para pH e SST/ATT. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.85-94, 2003 90 Maturação da goiaba mediante parâmetros físico-químicos Gouveia et al. Tabela 3 – Síntese do quadrado médio das análises de variância e regressão para os fatores pH, acidez titulável (ATT), ºBrix (SST) e proteína da goiaba ao longo da maturação Análise de variância Fonte de Variação GL QM pH ATT SST SST/ATT 4 1,273** 0,209** 44,534** 184,500** Colheita 5 0,016** 0,026** 5,882** 166,840** Níveis de colheita 20 0,016** 0,016** 3,221** 98,600** Colheita x adubação 60 0,001 0,001 0,020 0,140 Resíduo 0,603 3,120 2,840 1,230 CV % 1 1,468** 0,275** 57,253** 72,261** Regressão linear 1 0,535** 0,011 ns 1,060 ns 0,319** Regressão quadrática **significativo a 1% de probabilidade; *significativo a 5% de probabilidade; ns – não significativo Mediante análise da Figura 2, percebese que a acidez titulável diminuiu ao longo da maturação de 0,89 a 0,63%. Este resultado pode ser explicado porque, ao passo que a fruta amadurece, o teor de açúcar vai aumentando e paralelamente ocorreu uma degradação de ácidos orgânicos. Comportamento similar foi encontrado por Argenta et al. (1995), determinando padrões de maturação e índices de colheita de maçãs (Pyrus malus L.). Lima et al. (2001) caracterizando frutos de goiabeira, acharam uma acidez titulável de goiabas maduras variando de 0,40 a 1,04%. Entretanto, ITAL (1978) caracterizando goiabas vermelhas em três diferentes estádios de maturação achou valores de 0,39; 0,38 e 0,30% para os estágios verde de vez e maduro, respectivamente. Vale salientar que as amostras foram adubadas com doses crescentes de nitrogênio e podem ter causado aumento de sua acidez, considerandose também que esta é influenciada pelas condições de clima e solo. Acidez titulável (%) 0,996 0,83 0,664 0,498 0,332 y = -0,0002x 2 + 0,0662x - 3,659 R2 = 0,98** 0,166 0 130 140 150 160 170 180 Tempo (dias) Figura 2 – Valores médios da acidez titulável da goiaba ao longo da maturação A percentagem de sólidos solúveis (ºBrix) variou de 3,87 a 7,94% dos 135 aos 171 dias, o que significa dizer que, à medida que o fruto foi amadurecendo, a quantidade do ºBrix aumenta de forma linear (Figura 3A), onde se observa um maior incremento destes no último estádio de maturação (aos 171 dias), que é aquele destinado ao consumo in natura, quando a goiaba está pronta para ser diretamente levada para alimentação. Almeida et al. (1999) observaram comportamento semelhante para o incremento de sólidos solúveis em manga espada, durante a maturação, assim como ITAL (1991) para a goiaba. Segundo Maia et al. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.85-94, 2003 91 Maturação da goiaba mediante parâmetros físico-químicos Gouveia et al. comentam que a goiaba pode ser colhida quando o seu ºBrix estiver próximo de 9,0%. A maior porcentagem de ºBrix encontrada não ultrapassou os 7,94%. Isto pode ser explicado por este valor ser o resultado da média de seis tratamentos com doses crescentes de adubação nitrogenada, o qual causou ao longo das mesmas uma diminuição em seu teor. 9,00 8,00 4,50 7,00 4,30 6,00 5,00 4,20 4,00 3,00 4,10 4,00 3,90 y = 0,1089x - 11,236 R2 = 0,92** 2,00 1,00 3,80 3,70 0,00 130 140 150 160 170 3,60 130 180 (A) 4,50 y = 0,001x 2 - 0,3029x + 25,782 R2 = 0,97** 4,40 4,30 pH 4,20 4,10 4,00 3,90 3,80 3,70 150 160 170 180 3,60 130 140 150 160 Tempo (dias) Tempo (dias) (A) (B) 170 180 Figura 3 – Valores médios do ºBrix (A) e pH (B) da goiaba ao longo da sua maturação Verifica-se, ainda, na Figura 3B, que os resultados de pH variaram de 3,82 a 4,40 no período compreendido entre 157 a 171 dias do início de frutificação. Comparando estes dados com os da acidez presentes na Figura 2, têm-se que o pH está relacionado diretamente com o decréscimo da acidez do fruto, observação que concorda com os estudados por Nogueira et al. 140 150 Tem Tempo (dias) y = 0,1089x - 11,236 R2 = 0,92** y = 0,001x 2 R 4,40 pH º Brix (%) (1998), determinando o ºBrix de quatro variedades de goiaba, acharam valores destes, variando de 11,00 a 12,10%. Por sua vez, Ferreira (2002) obteve um ºBrix de 4,8. ITAL (1978) relata que a goiaba apresentou porcentagens de ºBrix de 9,5; 10,30 e 11,30% para os estágios verde, de vez e maduro, respectivamente. Gongatti Neto et al. (1996) (2002) para acerola. Lima et al. (2001) caracterizando goiabas na região do Submédio São Francisco obtiveram pH na faixa de 3,72 a 4,22. Considerando o pH para os estágios: verde, de vez, e, maduro, ITAL (1978) encontrou valores para a goiabeira de 3,90; 3,85 e 4,00, respectivamente, valores que estão de acordo com os obtidos por Ferreira (2002) ao Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.85-94, 2003 92 Maturação da goiaba mediante parâmetros físico-químicos Gouveia et al. afirmar ter obtido pH de 3,96 para este fruto. Assim, mediante os resultados obtidos e os encontrados na literatura, pode-se concluir que a colheita da goiaba possa ter início a partir dos 157 dias depois da frutificação para a condição do presente trabalho ou quando o pH se encontrar entre 3,87 e 4,4. . A relação SST/ATT variou de 4,34 e 12,6 (Figura 4). Comportamento explicado pela relação deste fator com o ºBrix o qual diminui, quando a acidez aumenta, provocando assim, um aumento ou diminuição nessa relação (SST/ATT), mostrando as tendências de comportamento quadrático. Relação SST/ATT 14,00 11,20 8,40 5,60 2 y = 0,008x - 2,2164x + 158,24 2,80 2 R = 0,99** 0,00 130 140 150 160 170 180 Tempo (dias) Figura 4 – Valores médios de SST/ATT da goiaba ao longo da maturação Estes resultados estão de acordo com os observados por ITAL (1991) ao caracterizarem cultivar de goiaba vermelha e Santos et al. (2002) estudando frutos de pitanga. Ademais, Nogueira et al. (2002) afirmam que os teores mais elevados de SST são reduzidos pela chuva ou irrigação excessiva, em virtude da diluição do suco celular, e variam, também, de acordo com o genótipo, assim como são elevados pela temperatura média, no período de alta luminosidade, em razão de elevar a atividade fotossintética, causando um maior acúmulo de carboidratos nos frutos (Dhillon et al., 1990). CONCLUSÕES De acordo com os dados obtidos e discutidos, pode-se concluir que: A colheita pode se iniciada quando, ela estiver com 157 dias da frutificação que é o momento em que a goiaba apresenta uma densidade de 0,98 g cm-3, um pH de 3,8, resistência da polpa de 75,62 N cm-2 , ºBrix de 5,49% e uma relação SST/ATT de 6,69; O comportamento do crescimento da goiaba em relação ao peso e tamanho seguiu um padrão polinomial quadrático com quatro fases; Tanto a consistência da casca como da polpa diminuíram com o avanço da maturação; A participação da polpa decresceu com a maturação fechando o ciclo com 78,4%, já a participação da casca aumentou finalizando o mesmo com 21,6%; As variáveis pH, sólidos solúveis totais e relação SST/ATT aumentaram com a maturação, caso contrário ocorreu com a acidez titulável. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Almeida, F.A.C.; Paiva Neto, B.R.; Gouveia, J.P.G. 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F. de Figueirêdo1, Alexandre J. de Melo Queiroz1, Milene Arcângela S. de Noronha2 RESUMO Estudou-se a evolução das características químicas de abacaxis minimamente processados armazenados durante 10 dias. Os frutos foram lavados, sanitizados, descascados e fatiados em espessuras aproximadas de 1 cm. Foram acondicionados em embalagens semi-rígidas de poliestireno, com quatro fatias por embalagem. Nessas condições as amostras foram armazenadas em câmara sob temperaturas de 5ºC, 9ºC, 12ºC e 15ºC e umidade relativa de 80%. A cada dois dias eram determinadas perdas de peso, sólidos solúveis totais, pH, sólidos totais, ácido ascórbico e acidez total titulável. Pelas determinações realizadas constatou-se que o armazenamento a 5oC preservou melhor a qualidade dos abacaxis minimamente processados durante o armazenamento em relação as demais temperaturas, observando-se que o teor de acidez, sólidos totais, sólidos solúveis totais (oBrix) foram mantidos quando as fatias dos abacaxis foram armazenadas a 5oC. Também a 5oC a perda de peso foi menor do que nas demais temperaturas. O aumento da temperatura provocou perda de peso, diminuição dos sólidos solúveis totais (oBrix) e aumento da acidez. A temperatura influenciou os valores de ácido ascórbico das amostras, com os maiores valores observados a 5oC, os menores a 15o C e intermediários nas temperaturas de 9 e 12o C. Com o tempo de armazenamento os teores de SST (oBrix) diminuíram nas temperaturas acima de 5ºC; o pH diminuiu a 12ºC e 15ºC; os sólidos totais diminuíram a 9ºC, 12ºC e 15ºC; e a acidez total titulável aumentou a 9ºC, 12ºC e 15ºC. Palavras-chave: Abacaxi, Ananas comosus, minimamente processado, armazenamento, frutas STORAGE OF MINIMALLY PROCESSED PINEAPPLE ABSTRACT The evolution of the chemistry characteristics of minimally processed pineapples stored for 10 days was studied. The fruits were washed, disinfected, shelled and sliced in nearly thickness of 1 cm. They were disposed in semi-rigid polystyrene packs, four slices in each pack. In those conditions, the samples were stored under temperatures of 5ºC, 9ºC, 12ºC and 15ºC and relative humidity of 80%. Weight loss, total soluble solids, pH, total solids, ascorbic acid and total titratable acidity were determined every two days. According to the accomplished determination it was verified that the storage at 5oC preserved better the quality of the minimally processed pineapples during the storage than the other temperatures. It was observed that the acidity, total solids, total soluble solids (oBrix) were maintained when the slices of the pineapples were stored at 5oC. The weight loss was also at 5 °C smaller than it in the other temperatures. The increase of the temperature provoked weight loss, decrease of total soluble solids (oBrix) and increase of the acidity. The temperature influenced the values of ascorbic acid of the samples, with the largest observed values at 5oC, the smallest ones at 15oC and the intermediary ones at the temperatures of 9 and 12oC. The total soluble solid content (oBrix) decreased at the temperatures above 5ºC, with the time of storage, the pH decreased at 12ºC and 15ºC; the total solids decreased at 9ºC, 12ºC and 15ºC; and the total titratable acidity increased at 9ºC, 12ºC and 15ºC. Keywords: pineapple, Ananas comosus, minimally processed, storage, fruits _________________________ Protocolo 131 de 10/ 9/ 2003 1 Departamento de Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Campina Grande, Av. Aprígio Veloso, 882, Caixa Postal 10017, CEP 58109-970, Campina Grande, PB. [email protected] 2 Aluna de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola, UFCG 96 Armazenamento de abacaxi minimamente processado Figueirêdo et al. INTRODUÇÃO O abacaxizeiro (Ananas comosus L.) é um autêntico espécime das regiões tropicais e subtropicais, nativo das regiões costeiras da América do Sul. É cultivado na Ásia, África e Américas do Norte, Central e do Sul. Destacam-se como principais produtores: a Tailândia, Filipinas, Brasil, China e Índia. É um fruto famoso em todo o mundo pelo aroma, pelo sabor agridoce e pelo grande valor nutritivo. Possui um alto teor de vitamina C. Além disso, contém fibras celulósicas, importantes no funcionamento digestivo, e bromelina-proteinase que facilita a digestão de carnes. Também é bem provido em minerais como cálcio, fósforo e ferro. Seu consumo pode ser “in natura”, cortado em fatias (rodelas) ou em cubos, sob forma de sorvetes, doces, picolés, refrescos, sucos caseiros. Industrializado, o fruto se apresenta como polpa, xarope, geléia, doces em calda, suco engarrafado, etc. Em regiões secas e quentes, obtém-se vinho do fruto doce e fermentado. Dentre as variedades, a mais cultivada é a Smooth cayenne, por suas características convenientes aos processos agroindustriais. A expansão da produção brasileira de abacaxi e o seu potencial de exportação, considerando-se o incremento da exportação de frutas frescas em geral, mostram a necessidade e o interesse de estudos básicos de preservação do fruto, para que se possa competir com igualdade de condições com os demais países exportadores (Pinheiro et al., 2000). É um fruto, comercialmente, importante no mercado brasileiro, com grande potencial de exploração, não só “in natura”, mas também na forma de processados. Porém, para disponibilizá-lo dessa forma, técnicas de conservação devem ser estudadas (Franco et al., 2001). A busca por uma dieta saudável, composta por alimentos frescos e mais convenientes, tem proporcionado um grande aumento no consumo de produtos minimamente processados, que, além de facilitar a vida do consumidor, constituem-se uma das principais tecnologias disponíveis, e em desenvolvimento, para amenizar o problema de perdas pós-colheita no país (Bueno et al., 2001). Frutos e hortaliças minimamente processados são definidos como produtos preparados por uma ou por algumas das unidades de operação apropriadas, tais como descascamento, fatiamento, corte, raspagem, retalhamento, etc, mantendo a qualidade do produto fresco, além de possuir grande facilidade para o seu preparo e/ou consumo (Chitarra, 2000). A utilização de produtos minimamente processados é recente no Brasil, tendo a sua produção sido iniciada na década de 90 por algumas empresas, atraídas pela nova tendência de mercado. O valor agregado ao produto pelo processamento mínimo aumenta a competitividade do setor produtivo e propicia meios alternativos para a comercialização. O sucesso desse empreendimento depende, no entanto, do uso de matérias-primas de alta qualidade, manuseadas e processadas com elevada condição de higiene, para manutenção da qualidade e prolongamento da vida de prateleira (Chitarra, 2000). Este trabalho foi realizado com o objetivo de se avaliar a evolução de características químicas e físico-químicas (perda de peso, SST, pH, sólidos totais, acidez total titulável e teor de ácido ascórbico) de abacaxi cv. Smooth cayenne L. minimamente processado, armazenado sob diferentes temperaturas (5°C, 9°C, 12°C e 15°C) e umidade relativa de 80%. MATERIAL E MÉTODOS A etapa experimental do trabalho foi desenvolvida no Laboratório de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas do Departamento de Engenharia Agrícola, que fazem parte do Centro de Ciências e Tecnologia da Universidade Federal de Campina Grande - Campus I. Matéria-prima A matéria prima utilizada, neste trabalho, foi frutos de abacaxi (Ananas comosus L.) em estádio de maturação meiomaduro, adquiridos na CEASA da cidade de Campina Grande/PB, provenientes da região de Sapé, PB. Processamento da matéria prima Os frutos foram selecionados manualmente, com o objetivo de separar os abacaxis em estádio de maturação semelhante e eliminar frutos em mal estado. Para compor as amostras, foram selecionados aproximadamente 40 frutos por lote. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.95-103, 2003 Armazenamento de abacaxi minimamente processado Figueirêdo et al. Foi realizada uma lavagem dos frutos com auxílio de detergente e escova para retirar as impurezas aderidas a casca. Depois, foram imersos em solução de hipoclorito de sódio, com concentração de 100ppm, durante 15 minutos. Após essa etapa, foram postos para secar em ambiente natural e, em seguida, descascados e cortados em fatias de 1cm, aproximadamente. A seguir, essas fatias foram imersas em solução de hipoclorito de sódio, em concentração de 10ppm a 4ºC, durante 4 minutos, enxaguadas, em seguida, com água potável e levadas para escorrer, sendo depois submetidas à imersão, durante 4 minutos, em água destilada resfriada (5°C). Logo após, escorreu-se o excesso de água e as amostras foram encaminhadas para a etapa de armazenamento. 97 4,0 e 7,0), a 20ºC, imergindo-se em seguida o eletrodo em becker, que contêm a amostra, expressando-se os resultados em unidade de pH. Sólidos totais Os sólidos totais foram determinados, seguindo-se, também, as normas analíticas do Instituto Adolfo Lutz (1985), e os resultados expressos em percentagem. Ácido ascórbico Utilizou-se, para essa determinação, o método da AOAC (1997) modificado por Benassi & Antunes (1990), o qual utiliza como solução extratora ácido oxálico. Acidez total titulável Armazenamento Após o processamento, as amostras foram acondicionadas em embalagens, com distribuição de 4 fatias por embalagem, pesando cerca de 150 a 200g. As embalagens eram potes de poliestireno, com 6cm de altura e 13cm de diâmetro. Assim acondicionadas, as amostras foram armazenadas por 10 dias, sob as temperaturas de 5ºC, 9ºC, 12ºC e 15ºC e umidade relativa de 80%, sendo as análises realizadas a cada dois dias. Avaliações físico-químicas e químicas Perda de peso A perda de peso foi avaliada, pesando-se os potes que contêm os abacaxis minimamente processados a cada dois dias. A acidez total titulável foi determinada pelo método acidimétrico do Instituto Adolfo Lutz (1985). Os resultados foram expressos em mg/100g de ácido cítrico. Análise estatística As análises estatísticas foram efetuadas, utilizando-se o programa ASSISTAT (Silva & Azevedo, 2002), versão 6.0, obtendo-se a análise de variância e as tabelas com as comparações entre médias, feitas pelo teste de Tukey a nível de 5% de probabilidade. O tratamento dos dados foi realizado, segundo o fatorial com 4 temperaturas (5, 9, 12 e 15ºC), 6 tempos de armazenamento (0 dia, 2 dias, 4 dias, 6 dias, 8 dias e 10 dias) e 3 repetições. RESULTADOS E DISCUSSÃO Sólidos solúveis (ºBrix) O teor do sólidos solúveis totais (ºBrix) foi determinado por leitura direta em refratômetro manual de marca ATAGO, com correção de temperatura, utilizando-se de tabela proposta pelo Instituto Adolfo Lutz (1985). pH A determinação do pH realizou-se através do método potenciométrico, calibrando-se o potenciômetro (DIGIMED modelo DMPH-2), com soluções tampão (pH Perda de peso Na Tabela 1, são apresentados os valores médios de perda de peso para a interação tempo temperatura, o coeficiente de variação, a média geral e os desvios mínimos significativos. Observa-se que não existe diferença significativa, a nível de 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey, entre os valores médios da perda de peso a 5°C, durante o armazenamento. Nas temperaturas de 9oC, 12oC e 15ºC, verificam-se diferenças significativas, entre os tempos de armazenamento e, de Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.95-103, 2003 Armazenamento de abacaxi minimamente processado Figueirêdo et al. 98 forma geral, aumento gradativo desse valor com o decorrer do tempo, atingindo a perda máxima no décimo dia. Verifica-se que, quando o abacaxi foi submetido à temperatura de 5°C, obtiveram-se as menores percentagens de perda de peso, variando entre um mínimo de 0,09% e um máximo de 0,18%. Na temperatura de 15°C, ocorreram as maiores perdas, com valores entre 0,079% e 2,35%. Estes valores se refletem na menor perda de peso média ocorrida à temperatura de 5°C, com um valor de 0,14% e a maior, verificada a 15°C, de 1,13 %. Observando a evolução das perdas de peso ocasionadas pelo efeito das diferentes temperaturas, nota-se, na maioria dos casos, um aumento gradual nos valores dessa variável à medida que se elevou a temperatura. Estes resultados estão coerentes com as afirmações de Ryall & Lipton (1979) ao verificarem uma relação direta entre perda de peso e temperatura de armazenamento. Tabela 1 - Valores médios da percentagem da perda de peso do abacaxi minimamente processado para a interação tempo temperatura Tempo (dia) 2 4 6 8 10 5ºC 0,0899 aA 0,1262 aA 0,1409 aB 0,1409 aC 0,1806 aC Perda de peso (%) 9ºC 12ºC 0,0327 cA 0,1984 bcA 0,1104 cA 0,0661 cA 0,3072 bcB 0,1324 cB 0,6714 abB 0,5795 bB 1,0982 aB 1,0762 aB 15ºC 0,0786 dA 0,4423 dA 0,9876 cA 1,7850 bA 2,3530 aA DMS p/ colunas = 0,4298; DMS p/ linhas = 0,4032; CV = 34,78 %; MG = 0,5298 %. MG - Média geral, CV - Coeficiente de variação e DMS - Desvio mínimo significativo Obs.: médias seguidas pela mesma letra minúscula nas colunas e maiúsculas nas linhas, não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a nível de 5% de probabilidade Sólidos solúveis totais (SST) Na Tabela 2, estão apresentados os valores médios dos sólidos solúveis totais (SST) para a interação tempo x temperatura dos abacaxis minimamente processados. A média geral foi igual a 12,30oBrix e o coeficiente de variação obtido foi igual a 5,31%, estando abaixo de 10%, o que determina ótima precisão experimental de acordo com a classificação de Ferreira (1991). Constata-se que nas temperaturas de 5ºC e 12oC, o teor de SST no final do armazenamento não apresentou diferença significativa em relação ao teor inicial. Esses resultados são semelhantes aos verificados por Abreu (1991). Nos tempos intermediários não são notadas diferenças entre os teores a 5ºC. A 12oC são observadas poucas variações, embora com predomínio de decréscimo. A 9oC e 15oC o teor de SST no final do armazenamento apresentou redução significativa, com ocorrência de diminuições, ao longo dos tempos. Carvalho (2002) encontrou comportamento semelhante para kiwis minimamente processados armazenados à 1oC e 85%UR, tendo justificado essa redução pelo consumo dos substratos no metabolismo respiratório. Comparando-se os teores de SST no início do armazenamento nas diversas temperaturas, verifica-se que o lote utilizado no armazenamento à 15ºC, é estatisticamente diferente dos lotes utilizados a 5 e 9ºC, apresentando valores inferiores. Do conjunto de valores para as quatro temperaturas, nota-se uma tendência de diminuição dos SST com o aumento de temperatura. Os resultados estão dentro da faixa de valores determinada por Thé et al. (2001) que variaram entre 11,50 a 12,10oBrix em abacaxis da mesma variedade. A variação pode ser ainda mais extensa, como demonstram os valores de Spironello et al. (1997) que apresentam o teor de SST em torno de 13,0oBrix para abacaxis cultivados em Cordeirópolis, SP. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.95-103, 2003 Armazenamento de abacaxi minimamente processado Figueirêdo et al. 99 Tabela 2 - Valores médios dos sólidos solúveis totais (ºBrix) dos abacaxis minimamente processados para a interação tempo x temperatura. SST (ºBrix) Tempo (dia) 5ºC 9ºC 12ºC 15ºC 13,40 abA 14,13 aA 13,13 aAB 11,73 aB 0 13,07 abAB 13,67 aA 12,00 abB 12,00 aB 2 13,20 abA 13,47 aA 11,33 bcB 12,20 aAB 4 12,20 bB 13,67 aA 11,60 abcB 11,20 abB 6 13,40 abA 12,60 abA 10,40 cB 10,07 bcB 8 14,60 aA 11,60 bB 11,60 abcB 9,00 cC 10 DMS p/ colunas = 1,5865; DMS p/ linhas = 1,4231; CV = 5,31 %; MG = 12,30 oBrix. MG - Média geral, CV - Coeficiente de variação e DMS - Desvio mínimo significativo Obs.: médias seguidas pela mesma letra minúscula nas colunas e maiúsculas nas linhas, não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a nível de 5% de probabilidade pH Na Tabela 3, são apresentados os valores médios para a interação tempo x temperatura do pH dos abacaxis minimamente processados, o coeficiente de variação, a média geral e os desvios mínimos significativos. A média geral do pH foi de 3,69, estando dentro da faixa de valores determinado por Spironello et al. (1997) para abacaxis cv. Smooth cayenne provenientes de diferentes tipos de muda que variou de 3,4 a 4,2. Os valores encontrados para o pH variaram de 2,82 a 3,83 para a temperatura de 5ºC; de 4,09 a 3,90 para a temperatura de 9ºC; de 2,91 a 3,66 para a temperatura de 12ºC e de 4,55 a 3,27 para a temperatura de 15ºC, no decorrer dos 10 dias analisados. Observa-se que a 5oC, existe diferença significativa no pH, em nível de 5% de probabilidade, entre o tempo zero e os demais períodos, verificando-se que houve aumento desse parâmetro, no segundo dia e permane- cendo inalterado até o final do armazenamento. Torres et al. (2002) verificaram estabilidade nos valores do pH dos abacaxis cv. Smooth cayenne minimamente processados armazenados a 5ºC por 8 dias em atmosfera modificada ativa. A 9ºC não houve efeito significativo em nível de 5% de probabilidade, em relação aos diferentes tempos; a 12oC a partir do quarto dia, o pH decresceu, do sexto dia em diante ficou estável, chegando no final do armazenamento com um valor de 3,00 unidades de pH; a 15oC o pH, também, apresentou tendência de decréscimo com o aumento do período de armazenamento com redução de cerca de 24% ao décimo dia. Tem-se no tempo zero que o pH é, significativamente, diferente, entre todas as temperaturas, mas, no final do armazenamento, o pH à 5 e 9oC são estatisticamente iguais. Essas diferenças podem ser justificadas pelas diferenças naturais encontradas entre frutos, e entre as partes de um mesmo fruto. Tabela 3 - Valores médios do pH dos abacaxis minimamente temperatura pH Tempo (dia) 5ºC 9ºC 2,82 bD 4,09 aB 0 3,65 aC 4,06 aB 2 3,65 aC 3,97 aB 4 3,75 aAB 3,93 aA 6 3,83 aA 3,93 aA 8 3,71 aA 3,90 aA 10 processados para a interação tempo x 12ºC 3,61 aC 3,66 aC 3,33 bD 3,27 bcD 2,91 dC 3,00 cdC 15ºC 4,37 aA 4,45 aA 4,55 aA 3,59 bB 3,27 cB 3,32 cB DMS p/ colunas = 0,2642; DMS p/ linhas =0,2370; CV = 2,95 % ; MG = 3,69. MG - Média geral, CV - Coeficiente de variação e DMS - Desvio mínimo significativo Obs.: médias seguidas pela mesma letra minúscula nas colunas e maiúsculas nas linhas, não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a nível de 5% de probabilidade Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.95-103, 2003 100 Armazenamento de abacaxi minimamente processado Figueirêdo et al. Sólidos totais Na Tabela 4, são apresentados os valores médios para a interação tempo x temperatura do teor de sólidos totais dos abacaxis minimamente processados, o coeficiente de variação, a média geral e os desvios mínimos significativos. A média geral foi de 14,10 %, esse valor encontra-se acima dos valores determinados por Thé et al. (2001) que encontraram valores, variando entre 12,63 e 13,22%. Nota-se que não existe diferença significativa, a nível de 5% de probabilidade, entre os valores dos sólidos totais, durante o armazenamento, a 5ºC; nas demais temperaturas, houve alterações significativas com o período de armazenamento, apresentando redução nos sólidos totais a partir do sexto dia até o final do período, a 9oC e 15oC, e a partir do quarto dia a 12oC, com reduções em média de 23%. Esse comportamento, também, foi verificado ao se avaliar o teor de sólidos solúveis totais (oBrix), e provavelmente essas reduções são devido ao consumo dos substratos no metabolismo respiratório. Em relação às diferentes temperaturas, no tempo final, houve diferença significativa entre o valor médio dos sólidos totais a 5oC em relação às demais temperaturas. Tabela 4 - Valores médios do teor de sólidos totais (%) dos abacaxis minimamente processados para a interação tempo x temperatura Sólidos totais (%) Tempo (dia) 5ºC 9ºC 12ºC 15ºC 15,49 aAB 16,05 aA 14,66 aAB 14,00 aB 0 15,13 aAB 15,94 aA 14,77 aAB 13,82 aB 2 16,28 aA 15,92 aAB 13,02 abC 14,26 aBC 4 15,77 aA 14,76 abAB 11,83 bC 13,02 abBC 6 15,25 aA 13,67 bcAB 12,08 bBC 11,65 bcC 8 16,45 aA 11,96 cB 11,70 bB 10,68 cB 10 DMS p/ colunas = 2,1452; DMS p/ linhas =1,9242; CV = 6,26%; MG = 14,10% MG - Média geral, CV - Coeficiente de variação e DMS - Desvio mínimo significativo Obs.: médias seguidas pela mesma letra minúscula nas colunas e maiúsculas nas linhas, não diferem estatisticamente pelo teste Tukey a nível de 5% de probabilidade Ácido ascórbico Na Tabela 5, são apresentados os valores médios para a interação tempo x temperatura do teor de ácido ascórbico dos abacaxis minimamente processados, o coeficiente de variação, a média geral e os desvios mínimos significativos. Observa-se na Tabela 5 que, durante os 10 dias de armazenamento, o material a temperatura de 5oC apresentou redução no teor de ácido ascórbico a nível de 5% de probabilidade, a partir do tempo 6. A 9oC, 12oC e 15oC não se verificam reduções nos teores com o tempo de armazenamento. As reduções isoladas para a temperatura de 5oC podem ser atribuídas a porção de onde foram extraídas as amostras, as quais, segundo Spironello et al. (1997), podem apresentar teores, significativamente, diferentes de ácido ascórbico, conforme provenham da região basal ou apical dos frutos. Observando o efeito da temperatura vêse que o conjunto de valores sugere uma maior preservação do ácido ascórbico na temperatura de 5oC (excetuando-se os resultados a 8 e 10 dias) e uma redução mais acentuada a 15oC. Nas temperaturas de 9oC e 12oC verificam-se variações intermediárias. Verifica-se, que no tempo zero, não existe diferença significativa entre os valores médios da temperatura de 5ºC e 12ºC, e no tempo final, não houve diferença significativa entre os dados na temperaturas de 5ºC e 9ºC. Para o teor de ácido ascórbico, constata-se que, no final do armazenamento, a temperatura de 15ºC apresentou o menor valor que foi de 6,12 mg ác. ascórbico/100g amostra. O valor médio inicial do teor de ácido ascórbico foi de 11,82mg ác. ascórbico/100g, estando muito abaixo dos valores determinados por Spironello et al. (1997) ao avaliar o teor de vitamina C em abacaxi cv. Smooth Cayenne cultivado em Votuporanga, SP, que foi em média de 22,65 mg ácido ascórbico/100g, mas estando na mesma faixa de valores mencionados em ITAL (1987) para abacaxi no estádio maduro. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.95-103, 2003 Armazenamento de abacaxi minimamente processado Figueirêdo et al. 101 Tabela 5 - Valores médios do ácido ascórbico dos abacaxis minimamente processados para a interação tempo x temperatura Ácido ascórbico (mg ác. ascórbico/100g) Tempo (dia) 5ºC 9ºC 12ºC 15ºC 17,31 aA 9,98 bB 16,72 aA 3,30 aC 0 19,36 aA 6,18 cC 13,45 abB 4,14 aC 2 19,07 aA 14,15 aB 12,80 bB 6,38 aC 4 17,11 aA 11,78 abB 11,38 bB 6,53 aC 6 5,62 bB 11,85 abA 13,32 abA 4,02 aB 8 6,64 bB 10,85 abB 14,53 abA 6,12 aC 10 DMS p/ colunas =3,5809; DMS p/ linhas =3,2120; CV =13,47%; MG = 10,94 mg ác. ascórbico/100g amostra. MG - Média geral, CV - Coeficiente de variação e DMS - Desvio mínimo significativo Obs.: médias seguidas pela mesma letra minúscula nas colunas e maiúsculas nas linhas, não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a nível de 5% de probabilidade Acidez total titulável (ATT) Na Tabela 6, são apresentados os valores médios para a interação tempo x temperatura do teor de ATT dos abacaxis minimamente processados, o coeficiente de variação, a média geral e os desvios mínimos significativos. Observa-se que não houve efeito significativo a nível de 5% de probabilidade para a temperatura de 5ºC, em relação aos diferentes tempos. Constata-se que, a partir do quarto dia de armazenamento, a temperatura de 12ºC, e a partir do sexto dia, nas temperaturas de 9ºC e 15ºC, houve aumento no teor de ATT com o aumento do tempo, onde atingiram ao final do armazenamento acréscimo de 210%, 132% e 532%, respectivamente. Torres et al. (2002) observaram o mesmo comportamento de aumento de acidez ao armazenar abacaxi minimamente processado em atmosfera modificada sob refrigeração a 5oC durante oito dias e Siddiqui et al. (1991) verificaram o mesmo para goiabas armazenadas a temperatura ambiente. Os valores médios encontrados para o teor de ATT para as temperaturas de 5ºC, 9ºC, 12ºC e 15ºC, durante os 10 dias de armazenamento, foram de 0,4344 mg/100g de ácido cítrico, 0,5125 mg/100g de ácido cítrico, 1,1591 mg/100g de ácido cítrico e 0,5844 mg/100g de ácido cítrico, respectivamente. Esses valores estão muito abaixo da média determinada por Abreu (1991) que foi de 3,46 e 3,47, para frutos de abacaxi cv. Smooth Cayenne, submetidos ao armazenamento com e sem refrigeração, respectivamente. Quando se comparam os valores do teor de ATT, entre as temperaturas, observa-se que, no tempo zero não houve efeito significativo a 5% de probabilidade entre as temperaturas de 5ºC e 12ºC; 5ºC e 9ºC; e 9ºC e 15ºC. Estas relações se alteram com o tempo e, ao final do armazenamento, constatam-se diferenças significativas entre todos os valores nas diferentes temperaturas. . Tabela 6 - Valores médios do teor de acidez total titulável (ATT) dos abacaxis minimamente processados para a interação tempo x temperatura ATT (mg/100g de ácido cítrico) Tempo (dia) 5ºC 9ºC 12ºC 15ºC 0,4489 aAB 0,2887 cBC 0,5666 dA 0,2265 dC 0 0,4629 aA 0,4076 bcAB 0,5288 dA 0,2267 dB 2 0,4873 aB 0,4128 bcB 1,0601 cA 0,2034 dC 4 0,4570 aB 0,5417 abB 1,3499 bA 0,4997 cB 6 0,3582 aC 0,7542 aB 1,6913 aA 0,9189 bB 8 0,3921 aD 0,6705 aC 1,7579 aA 1,4313 aB 10 DMS p/ colunas = 0,2155; DMS p/ linhas = 0,1933; CV =13,19 %; MG = 0,6726 mg/100g de ácido cítrico MG - Média geral, CV - Coeficiente de variação e DMS - Desvio mínimo significativo Obs.: médias seguidas pela mesma letra minúscula nas colunas e maiúsculas nas linhas, não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a nível de 5% de probabilidade Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.95-103, 2003 102 Armazenamento de abacaxi minimamente processado Figueirêdo et al. CONCLUSÕES REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Perda de peso As perdas de peso aumentaram com a elevação de temperatura. As menores médias de perda de peso ocorreram a 5oC e as maiores a 15oC; Não se verificaram diferenças significativas de perda de peso, ao longo do armazenamento, na temperatura de 5oC; As perdas de peso apresentaram comportamentos, ao longo do tempo de armazenamento, aproximadamente constantes a 5oC e ascendentes a 9oC, 12oC e 15oC. Sólidos solúveis totais (SST) Os sólidos solúveis totais (SST) foram afetados pelo tempo de armazenamento, com os teores determinados antes do armazenamento, variando de 10,0 a 14,1 o Brix e ao final de dez dias variando entre 5,5 e 14,6oBrix; Os teores de SST na temperatura de 5oC não sofreram alteração durante o armazenamento; Os teores de SST diminuíram progressivamente com o aumento de temperatura. pH A 5oC o pH apresentou pequeno aumento no segundo dia, permanecendo inalterado até o final do armazenamento; O pH não se alterou durante o armazenamento a 9oC; A 12oC e 15oC o pH diminuiu com o tempo de armazenamento. Sólidos totais Os sólidos totais a 5oC não sofreram alterações significativas, durante o armazenamento; Nas temperaturas de 9oC, 12oC e 15oC, houve redução dos teores de sólidos totais ao final do armazenamento. Ácido ascórbico A temperatura influenciou os valores de ácido ascórbico das amostras, com os maiores valores observados a 5oC, os menores a 15o C e intermediários nas temperaturas de 9 e 12o C. Acidez total titulável (ATT) A ATT não foi influenciada pelo tempo de armazenamento na temperatura de 5ºC; A ATT teve acréscimo nos seus valores ao final do armazenamento nas temperaturas de 9ºC, 12ºC e 15ºC. Esses aumentos foram, progressivamente, maiores com o aumento da temperatura. Abreu, C.M.P. Alterações no escurecimento interno e na composição química do abacaxi c.v. Smooth cayenne durante seu amadurecimento com e sem refrigeração. Lavras: ESAL, 1991. 66p. (Dissertação de Mestrado). Association of Official Analytical Chemists. Official methods of analysis of AOAC international, 16.ed. Gaitherburg: Patricia Cunniff, 1997. v.2, 1141p. Benassi, M.T.; Antunes, A.J.A comparison of meta-phosphoric and oxalic acids as extractant solutions for the determination of vitamin C in selected vegetables. Arquivos de Biologia e Tecnologia, Curitiba, v. 31, n. 4, p. 507-513, 1998. Bueno, J.C.B.; Vilas Boas, E.V. de B.; Prado, M.E.T., Pinheiro, A.C.M.; Matos, L.M. Atividade enzimática de abacaxis cv. Pérola minimamente processados armazenados em diferentes condições de atmosfera modificada. In: Simpósio Latino Americano de Ciência de Alimentos, 4., 2001, Campinas. Resumos... Campinas: SBCTA, 2001. p. 128. Carvalho, A.V.; Lima, L.C.O. Qualidade de kiwis minimamente processados e submetidos a tratamento com ácido ascórbico, ácido cítrico e cloreto de cálcio. Pesq. Agropec. Brasileira, Brasília, v.37, n.5, 2002. Chitarra, M.I.F. Processamento mínimo de frutos e hortaliças. Lavras: UFLA/FAEPE, 2000. 113 p. Ferreira, P.V. Estatística experimental aplicada à agronomia. Maceió: EDUFAL, 1991. 437p. Franco, A.P.B.; Paz, F.H.C.; Vieites, R.L.; Evangelista, R.M. Conservação do abacaxi minimamente processado e irradiado. In: Simpósio Latino Americano de Ciência de Alimentos, 4., 2001, Campinas. Resumos... Campinas: SBCTA, 2001. p.179. Instituto Adolfo Lutz. Normas analíticas do Instituto Adolfo Lutz: métodos químicos e Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.95-103, 2003 Armazenamento de abacaxi minimamente processado Figueirêdo et al. físicos para análise de alimentos. 3. ed. São Paulo, 1985. v.1, 533p. Instituto de Tecnologia de Alimentos. Abacaxi: cultura, matéria-prima, processamento e aspectos econômicos. 2 ed. Campinas: ITAL, 1987. (Série Frutas Tropicais 2). Pinheiro, A.C.M.; Vilas Boas, E.V. de B.; Lima, L.C.O.; Lima, L. Influência do CaCl2 sobre a qualidade pós-colheita de abacaxi pérola (Ananas comosus (L) Merril). In: Congresso Brasileiro de Ciência e Tecnologia de Alimentos, 17., 2000, Fortaleza. Resumos... Fortaleza: SBCTA, 2000. CD Rom. Ryall, A.L.; Lipton, W.J. Vegetables as living products respiration and heat production. In: Handling, transportation and storage of fruit and vegetables. Westport, Avi, v. 1, p. 1-34, 1979. Siddiqui, S.; Sharma, R.K.; Gupta, O. P. Physiological and quality response of guava fruits to posture during storage. Hortscience, Alexandria, v.26, n.10, p.1295-1297, 1991. 103 Silva, F.A.S.; Azevedo, C.A.V. Versão do programa computacional Assistat para o sistema operacional Windows. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais. Campina Grande, v.4, n.1, p.71-78, 2002. Spironello, A.; Nagai, V.; Sobrinho, J.T.; Teixeira, L.A.J.; Sigrist, J.M.M. Avaliação agrotecnológica de variedades de abacaxizeiro, conforme os tipos de muda, em Cordeirópolis (SP). Bragantia, Campinas, v.56, n.2, p.333-342, 1997. Thé, P.M.P.; Carvalho, V.D.; Abreu, C.M.P.; Nunes, R.P.; Pinto, N.A.V.D. Efeito da temperatura de armazenamento e do estádio de maturação sobre a composição química do abacaxi cv. Smooth cayenne L. Ciênc. Agrotec., Lavras, v.25, n.2, p.356-363, 2001. Torres, M.E.; Pinheiro, A.C.M.; Chitarra, A.B.; Bonnas, D.S. Abacaxi minimamente processado armazenado sob refrigeração e atmosfera modificada. In: Congresso Brasileiro de Ciência e Tecnologia de Alimentos, 18., 2002, Porto Alegre. Anais... Porto Alegre: SBCTA, 2002. CD Rom. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.95-103, 2003 104 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, n.1, p.104, 2003 NORMAS DE PUBLICAÇÃO NORMAS DE PUBLICACIÓN PUBLICATION NORMS Os textos deverão ser encaminhados ao Editor da Revista em disquete e 2 vias impressas, ou via e-mail [email protected]. Artigos Científicos: deverão ter a seguinte seqüência: Título, Autor(es), Resumo, Palavras-chave, Título em inglês, Abstract, Key words, Introdução, Materiais e Métodos, Resultados e Discussão, Conclusões, Agradecimentos (facultativo) e Referências Bibliográficas. Artigos Técnicos: Devem ser redigidos em linguagem técnica de fácil compreensão, sobre assuntos de interesse da comunidade que demonstrem uma contribuição significativa sobre o assunto. Os artigos devem conter: Titulo, Autor(es), Resumo, Palavras-chave, Título em inglês, Abstract, Key words, Introdução, Descrição do Assunto, Conclusões e Referências Bibliográficas. Texto: A composição dos textos deverão ser feitas no Editor de texto - Word para Windows versão 6.0 ou superior, utilizando fonte Times New Roman, tamanho 11, exceto para as notas de rodapé e título, que deverão apresentar tamanho 8 e 12, respectivamente. O formato do texto deverá ter a seguinte disposição - tamanho carta, orientação de retrato disposto em duas colunas, margens superior e inferior, direita e esquerda de 2,5 cm, numeradas, espaço simples e no máximo de 20 laudas. Todos os itens deverão estar em letra maiúscula, negrito, itálico e centralizados, exceto as Palavras-chave e Keywords e Subítens que deverão ser alinhados a esquerda em letras minúsculas e com a primeira letra em maiúscula. Os nomes dos autores deverão estar dois espaços simples abaixo do título, escritos por extenso e em negrito, separados por vírgula. Os nomes dos autores serão numerados com algarismos arábicos que terão a cada número uma chamada de rodapé onde se fará constar a sua função, titulação, instituição, endereço postal e eletrônico (email), telefone e fax. O texto deverá ser alinhado nos dois lados e com a tabulação de 1cm para o inicio de cada parágrafo. Figuras Tabelas e Fotos - Deverão ser inseridas logo abaixo do parágrafo onde foram citadas pela primeira vez. Nas legendas, as palavras Figura, Tabela e Foto devem estar em negrito e ter a letra inicial maiúscula e seu enunciado deverá ser alinhado à esquerda abaixo da primeira letra após a palavra Figura. As grandezas devem ser expressas no Sistema internacional. Exemplos de citações bibliográficas quando a citação possuir apenas um autor: ...Almeida (1997), ou ...(Almeida, 1997); quando a citação possuir dois autores: .... Almeida & Gouveia (1997), ou ....(Almeida & Gouveia, 1997); quando a citação possuir mais de dois autores: ....Almeida et al. (1997).... ou (Almeida et al., 1997). A referência deverá conter os nomes de todos os autores. Los textos deberán ser encaminados al editor de la Revista en disquete y 2 vías impresas, o por e-mail [email protected]. Artículos Científicos: deberán tener la siguiente secuencia: Titulo, Autor(es), Resumen, Palabras-claves, Titulo en ingles, Abstract, Keywords, Introducción, Materiales y Métodos, Resultados y Discusión, Conclusiones, Agradecimientos (facultativo) y Referencias Bibliográficas. Artículos Técnicos: Deben ser escritos en lenguaje técnica de fácil comprensión, en asuntos de interés de la comunidad que demuestren una contribución significativa en el asunto. Los artículos deben contener: Titulo, Autor(es), Resumen, Palabras-claves, Titulo en inglés, Abstract, Keywords, Introducción, Materiales y Métodos, Resultados y Discusión, Conclusiones, Agradecimientos (facultativo) y Referencias Bibliográficas. Texto: La composición del texto deberá ser echa en el Editor de texto - Word para Windows versión 6.0 o superior, utilizando la fuente Time New Roman, tamaño 11, excepto para la notas de rodapié y titulo, que deberán tener tamaño 8 y 12 respectivamente. El formato del texto deberá tener la siguiente disposición – Tamaño carta, orientación de retrato en dos columnas, márgenes suprior y inferior, derecha y izquierda de 2,5 cm, enumeradas, espacio simples y en el máximo de 20 laudas. Todos los ítems deberán estar en letra mayúscula, negrito, itálico y centralizadas, excepto las Palabras-claves, Keywords y subítems que deberán ser alineadas por la izquierda en letras minúsculas y con la primera letra en mayúsculo. Los nombres de los autores deben estar dos espacios simples abajo del Título, escrito por extenso y en negrito, separados por vírgula. Los nombres de los autores serán enumerados con algaritmo árabe que tendrán a cada numero una llamada de rodapié donde se hará constar la función, titulación, institución, dirección postal y electrónica (e-mail), teléfono y fax. El texto deberá ser alineado por los dos lados y con la tabulación de 1 cm para el inicio de cada parágrafo. Figuras, Tablas y Fotos – deberán ser colocadas luego abajo del parágrafo donde fuera citada pela primera vez. En las legendas, las palabras Figuras, Tabla y Foto deben estar en negrito y tener la letra inicial mayúscula y en su enunciado deberá ser alineada por la izquierda con la primera letra después de la palabra Figura. Las unidades deben ser expresas en el sistema internacional Ejemplos de citaciones bibliográficas cuando la citación tiene un solo autor: ...Almeida (1997), o ...(Almeida, 1997); cuando la citación tiene dos autores: .... Almeida & Gouveia (1997), o ....(Almeida & Gouveia, 1997); cuando la citación tiene mas de dos autores: ....Almeida et al. (1997).... o (Almeida et al., 1997). Las referencias deberán contener los nombres de todos los autores. The texts should be sending to the Editor of the Journal in diskette and 2 printed sheets, or by e-mail [email protected]. Scientific articles: they should have the following sequence: Title, Author (s’), Abstract, Keywords, Title, Abstract and Key words in Portuguese, Introduction, Materials and Methods, Results and Discussion, Conclusions, Acknowledgements (optional) and Bibliographic References. Technical articles: They should be written in technical language of easy understanding, on subjects of the community's interest that demonstrate a significant contribution on the subject. The goods should contain: I title, Author (s’), Abstract, Keyword, Title in Portuguese, Abstract, Key words, Introduction, Description of the Subject, Conclusions and Bibliographic References. Text: The composition of the texts should be made in the text Editor - Word for Windows version 6.0 or superior, using source Times New Roman, size 11, except for the baseboard notes and title, that should present size 8 and 12, respectively. The format of the text should have the following disposition - size letter, orientation of arranged picture in two columns, margins superior and inferior, right and left of 2,5 cm, numbered, simple space and up to a maximum of 20 pages. All main items should be in capital letter, bold type, italic and centralized, except for Keywords and sub-items that should be aligned to the left in lower letter and with the first letter in capital letter. The authors' name should be two simple spaces below the title, written for complete name and in boldface, separated by comma. The authors' names will be numbered with Arabic ciphers that they will have to each number a baseboard call where it will make to consist its function, title, institution, postal and electronic address (email), telephone and fax. The text should be aligned in the two sides and with the tabulation of 1cm to the beginning each paragraph. Figures, Tables and Photos - they should be inserted soon below the paragraph where they were mentioned for the first time. In the legend, the words illustration, Controls and Photo should be in boldface and have the initial letter capital one and its statement should be aligned to the left below the first letter after the word it represents. The units should be expressed in the international system. Examples of bibliographical citations when the citation just possesses an author: ....Almeida (1997), or ....(Almeida, 1997); when the citation possesses two authors: .... Almeida & Gouveia (1997), or ....(Almeida & Gouveia, 1997); when the citation possesses more than two authors: ....Almeida et al. (1997).... or (Almeida et al., 1997). The reference should contain all the authors' names. Exemplos de referências bibliográficas: Ejemplos de referencias bibliográficas: Example of the bibliographic references: As referências bibliográficas deverão estar Las referencias bibliográficas deben ir en orden The list of bibliographic references must be in dispostas, em ordem alfabética, pelo sobrenome alfabética considerando el apellido del primer alphabetic order according to surname of first do primeiro autor. autor. author. a) Livro Martins, J.H.; Cavalcanti Mata, M.E.R.M. Introdução a teoria e simulação matemática de secagem de grãos. 1.ed. Campina Grande : Núcleo de Tecnologia em Armazenagem, 1984. 101p. b)Capítulo de Livros Almeida, F. de A.C.; Matos, V.P.; Castro, J. de; Dutra, A.S. Avaliação da quantidade e conservação de sementes a nível de produtor. In: Almeida, F. de A.C.; Cavalcanti Mata, M.E.R.M. (ed.). Armazenamento de grãos e sementes nas propriedades rurais. Campina Grande: UFPB/SBEA, 1997. cap. 3, p.133-188. c) Revistas Cavalcanti Mata, M.E.R.M.; Braga, M.E.D.; Figueiredo, R.M.F.; Queiroz, A.J. de M. Perda da qualidade fisiológica de sementes de arroz (Oryza sativa L.) armazenadas sob condições controladas. Revista Brasileira de Armazenamento. Univ. Federal de Viçosa, Viçosa-MG. v.24, n.1, p.10-25, 1999. d) Dissertações e teses Queiroz, A.J. de M. Estudo do comportamento reológico dos sucos de abacaxi e manga. Campinas: UNICAMP/FEA, 1998. 170p. (Tese de Doutorado). e) Trabalhos apresentados em Congressos (Anais, Resumos, Proceedings, Disquetes, CD Roms) Figueirêdo, R.M.F. de; Martucci, E.T. Influência da viscosidade das suspensões na morfologia do particulado de suco de acerola microencapsulado. In: Congresso Brasileiro de Sistemas Particulados, 25, 1998, São Carlos, Anais... São Carlos: UFSC, 1998. v.2, p.729-733. ou (CD Rom). No caso de disquetes ou CD Rom, o título da publicação continuará sendo Anais, Resumos ou Proceedings, mas o número de páginas será substituído pelas palavras Disquete ou CD Rom. f) WWW (World Wide Web) e FTP (File Transfer Protocol) BURKA, L.P. A hipertext history of multi-user dimensions; MUD history. htpp://entmuseum9.ucr.edu/ENT133/ebeling/ebeling7.ht m1#sitophilusgranarius).10 Nov. 1997. a) Libro Cox, P.M. Ultracongelación de alimentos. 1.ed. Zaragoza : Editorial Acribia, 1987. 459p. b)Capítulo de Libro Moreno, F. Alteraciones fisicoquímicas en alimentos durante su congelamiento y subsecuente almacenaje. In: Parada, A.; Valeri, J. (ed.). Biología de los alimentos a baja temperatura. Armazenamento de grãos e sementes nas propriedades rurais. Caracas: UCV, 1997. cap. 2, p.218-237. c) Revistas Diniz, P.S.C.; Cavalcanti Mata, M.E.R.M.; Braga, M.E.D. Determinación del contenido de humedad máxima para crioconservación de semillas recalcitrantes de maíz. Ingeniería Rural y Mecanización Agraria en el ámbito Latinoamericano. La Plata, Argentina, v.1, p.373-377, 1998. d) Disertaciones y Tesis Zanetta, J. Transferência de calor em congelación de alimentos. Valparaíso : Universidad Católica de Valparaíso, 1984. 95p. (Tesis de Maestría). e) Trabajos presentados en Congresos (Anales, Resúmenes, Proceedings, Disquetes, CD Roms) Cavalcanti Mata, M.E.R.M; Braga, M.E.D.; Figueirêdo. R.M.F; Queiroz, A.J.M. Influencia de los daños mecánicos superficiales en la germinación de semillas de maíz en función de su grado de humedad y de la velocidad de rotación de la desgranadora mecánica. In: I Congreso Ibero-Americano de Ingenieria de Alimentos, Anales... Valencia, España, Tomo II, Capítulo III, p. 385-397, dez. 1996 o (CD Rom). a) Book Brooker, D.B.; Bakker-Arkema, F.W.; Hall, C.W. Drying and storage of grains and oilseeds. New York, The AVI Van Nostrand Reinhold, 1992, 450p. b) Chapter in a book Schaetzel, D.E. 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In case of diskettes or CD Rom, the title of the publication still will be Annals, Abstract or Proceedings, but the page number should be substituted by words Diskettes or CD Rom. h) WWW (World Wide Web) e FTP (File Transfer Protocol) BURKA, L.P. A hipertext history of multi-user dimensions; MUD history. htpp://entmuEn caso de disquetes o CD Rom, el título de la seum9.ucr.edu/ENT133/ebeling/ebeling7.htm1# publicación continuará siendo Anales, sitophilusgranarius).10 Nov. 1997. Resúmenes o Proceedings, mas el número de las páginas serán substituido por la palabra Disquete o CD Rom. g) WWW (World Wide Web) e FTP (File Transfer Protocol) BURKA, L.P. A hipertext history of multi-user dimensions; MUD history. htpp://entmuseum9.ucr.edu/ENT133/ebeling/ebeling7.ht m1#sitophilusgranarius).10 Nov. 1997. ENDEREÇO ADDRESS DIRECCIÔN Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais Caixa Postal 10.078 CEP. 58109-970 - Campina Grande, PB, BRASIL Fone: (083)2101-1288 Telefax: (083)2101-1185 E-mail: [email protected] ou [email protected] Home Page: http//www.lappa.deag.ufpb.rbpa LABORATÓRIO DE CRIOGENIA O Laboratório de Criogenia da Área de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Campina Grande, desenvolve trabalhos de ponta a ultrabaixas temperaturas de modo a atender o desenvolvimento tecnológico do País. As pesquisas com criogenia concentram-se em: Crioconservação de sementes Sementes de espécies florestais Sementes de interesse econômico das regiões do País Sementes de plantas medicinais Sementes de espécies ameaçadas de extinção Congelamento a ultrabaixas temperaturas de alimentos Congelamento de carnes (bovinos, caprinos, suínos) Congelamento de moluscos e crustáceos Congelamento de pescados Esterilização de materiais biológicos Limites de termo-resistência de fungos e bactérias Sistemas de agregação de partículas de sujidade Coordenação da Área de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas Av. Aprígio Veloso, 882 - Caixa Postal 10.087 - Fones: (83) 2101-1288; 2101-1551 - Fax: (83) 2101-1185 E-mail: [email protected] CALOR ESPECÍFICO DA POLPA DE CAJÁ A TEMPERATURAS CRIOGÊNICAS E DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE SÓLIDOS SOLÚVEIS: MÉTODOS DAS MISTURAS (Specific heat of the caja pulp at low temperatures and different soluble solids concentration: Mixtures method ) Mario Eduardo Rangel Moreira Cavalcanti Mata, Maria Elita Martins Duarte ATIVIDADE DE ÁGUA E CONDUTIVIDADE ELÉTRICA DE POLPAS DE ACEROLA CONCENTRADAS (Water activity and electrical conductivity of the concentrated west indian cherry pulps) Edênia Diniz, Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo, Alexandre José de Melo Queiroz PROPRIEDADES TERMOFÍSICAS DA POLPA DE MANGABA A BAIXAS E ULTRA-BAIXAS TEMPERATURAS: DENSIDADE E CALOR ESPECIFICO (Thermophysics properties of the mangaba pulp at low and ultra-low temperatures: Density and specific heat) Maria Elita Martins Duarte, Mario Eduardo R. M. Cavalcanti Mata, Benedito Rêgo de Paiva PROPRIEDADES TERMOFÍSICAS DA POLPA DE UMBU (Thermophysical properties of the umbu pulp ) Ítalo José Evangelista de Lima, Alexandre José de Melo Queiroz, Rossana Maria Feitosa de Figueiredo CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DE CARAMBOLAS PRODUZIDAS EM REGIÃO SEMI-ÁRIDA DO NORDESTE BRASILEIRO (Chemical characterization of carambolas fruits produced in semi-arid area of the Brazilian northeast) Lucicléia B. V. Torres, Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo, Alexandre Jose de Melo Queiroz CURVAS DE CONGELAMENTO DE FRUTOS DE CAJÁ (Spondias lutea L.) A TEMPERATURAS SEMICRIOGÊNICAS (Caja (Spondias lutea L.) Fruits freezing curves at semi-cryogenic temperatures ) Mario Eduardo R.M. Cavalcanti Mata, Maria Elita Martins Duarte, Michel da Silva DETERMINAÇÃO DAS CURVAS DE SECAGEM EM FRUTOS DE CAJÁ (Determination of the drying curves in cajá fruits) Josivanda Palmeira Gomes de Gouveia, Francisco de Assis Cardoso Almeida, Eliana da Silva Farias, Manassés Mesquita da Silva, , Maria da Conceição Veloso Chaves, Lígia Sampaio Reis DESIDRATAÇÃO OSMÓTICA DE BANANA DA TERRA (Musa sapientum): APLICAÇÃO DE MODELOS MATEMÁTICOS (Osmotic dehydration of banana da terra ( Musa sapientum L.): Application of mathematical models) Francisco Diniz da Silva, Mario Eduardo R.M. Cavalcanti Mata, Maria Elita Martins Duarte, Jorge Alves de Sousa, Yvison Costa e Silva SECAGEM OSMÓTICA DE TOMATE: EFEITO DA EPIDERME (Osmotic drying of tomato: Epidermis effect) Mario Eduardo R.M. Cavalcanti Mata, Maria Elita Martins Duarte, Robert Karel Kross MATURAÇÃO DA GOIABA (Psidium guajava L.) MEDIANTE PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS (Maturation of the guava (Psidium guajava L.) by physical-chemistry parameters) Josivanda Palmeira Gomes de Gouveia, Francisco de Assis Cardoso Almeida, Bartolomeu Garcia de Souza Medeiros,; Carmelita de F. A. Ribeiro, Manassés Mesquita da Silva ARMAZENAMENTO DE ABACAXI MINIMAMENTE PROCESSADO (Storage of minimally processed pineapple) Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo, Alexandre José de Melo Queiroz, Milene Arcângela S. de Noronha
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