Disfagia - CC03/09
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Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Cirurgia 4ºano Disfagia Turma H Ana Sofia Barroso Sílvia Santos Tatiana Santos Vítor Melo 12 Outubro 2006 Índice 1. Introdução 2. Disfagia Funcional 3. Disfagia Mecânica 4. Abordagem do doente com disfagia 5. Casos Clínicos Índice 1. Introdução 1.1. Conceitos 1.2. Anatomia do esófago 1.3. Mecanismos de deglutição 1.4. Ondas peristálticas 1.5. Patofisiologia da disfagia 2. Disfagia Funcional 3. Disfagia Mecânica 4. Abordagem do doente com disfagia 5. Casos Clínicos Disfagia Dificuldade em engolir e, por extensão, qualquer anomalia da passagem dos alimentos até ao cárdia. Slide 4 de 213 Conceitos I Afagia: Afagia: obstrução esofágica completa Odinofagia: Odinofagia: deglutição dolorosa Fagofobia: Fagofobia: medo de deglutir, histeria, tétano, paralisia faríngea, receio de aspiração e lesões inflamatórias Conceitos II • Globus histericus: sensação constante de “caroço alojado na garganta” que dificulta a deglutição e respiração – diagnóstico por exclusão quando há ausência de distúrbios mecânicos ou funcionais – situação contrariada pela observação clínica – associado a causas psiquiátricas – piora ao longo do tempo – não se relaciona necessariamente com refeições Anatomia do esófago Mecanismos de deglutição I 1. Fase preparatória oral: - há mastigação e mistura dos alimentos com saliva - o palato mole é puxado anteriormente e repousa na base da língua que se eleva para manter o alimento na boca - forma-se o bolo alimentar - a respiração nasal pode continuar até se iniciar a fase oral Mecanismos de deglutição II 2. Fase oral ou voluntária: - inicia-se quando a língua comprime o bolo alimentar contra o palato duro impelindo-o em direcção à faringe - a musculatura labial permanece intacta para prevenir fugas da cavidade oral Mecanismos de deglutição III 3. Fase faríngea - o bolo alimentar activa os receptores sensitivos orofaríngeos iniciando-se a fase involuntária ou reflexo de deglutição - a faringe move-se em direcção anterior à medida que o bolo alimentar se desloca - há elevação e retracção do palato mole – essencial para assegurar o encerramento da orofaringe Mecanismos de deglutição IV - inicia-se o peristaltismo faríngeo através da contracção dos músculos constritores da faringe - há abertura do esfíncter esofágico superior (EES) - o controlo voluntário e a respiração param e o movimento posterior do bolo alimentar não se interrompe Mecanismos de deglutição V 4. Fase esofágica - a gravidade e o peristaltismo asseguram a passagem do bolo alimentar - o EES permanece encerrado e em repouso - o esfíncter esofágico inferior (EEI) relaxa quando o bolo alimentar entra no esófago Ondas peristálticas I Primárias: - formam-se em resposta à deglutição - envolvem inibição seguida de contracção sequencial de músculos ao longo de toda a zona de deglutição Ondas peristálticas II Secundárias: - distensão local em resposta a alimentos que activam os reflexos intramurais no m. liso - limitadas ao esófago torácico Contracções terciárias - ocorrem em simultâneo sobre um longo segmento do esófago - podem ocorrem em resposta à deglutição ou distensão esofágica ou até espontaneamente Patofisiologia da disfagia O transporte adequado no processo de deglutição depende: 1. Dimensão do bolo alimentar 2. Diâmetro luminal 3. Intensidade da contracção peristáltica 4. Inibição deglutiva Funcional Disfagia Mecânica Índice 1. Introdução 2. Disfagia Funcional 2.1. Disfagia funcional orofaríngea 2.2. Disfagia funcional esofágica 3. Disfagia Mecânica 4. Abordagem do doente com disfagia 5. Casos Clínicos orofaríngea Disfagia funcional esofágica Ocorre sem que haja uma obstrução orgânica nem compressão extrínseca Etiologia variada Disfagia funcional orofaríngea Descoordenação dos eventos musculares envolvidos… … na mastigação … no inicio da deglutição … na propulsão do material da orofaringe para o esófago cervical Este tipo de disfagia pode, em alguns casos, ser mais acentuada para líquidos do que para sólidos. Associada a fenómenos de regurgitação nasal e aspiração pulmonar do conteúdo alimentar. Disfagia funcional orofaríngea - etiologia Distúrbios neuromusculares Acalásia cricofaríngea Disfagia funcional orofaríngea Distúrbios neuromusculares I AVC, tumores no tronco cerebral e doenças degenerativas do SNC – Doença de Parkinson, Esclerose Lateral Amiotrófica, Eclerose Múltipla Afectam SNC e nervos cranianos Atingimento do bolbo com condicionamento do reflexo da deglutição Comprometimento da inervação da orofaringe Disfunção cricofaríngea, paralisia muscular, contracções não peristálticas e ausência de abertura do EES Disfagia funcional orofaríngea Distúrbios neuromusculares II Outras causas neurogénicas de disfagia orofaríngea: • Myastenia Gravis • Neuropatia alcoólica, diabética ou traumática Provocam danos nos nervos aferentes e eferentes envolvidos na deglutição Disfagia funcional orofaríngea Distúrbios neuromusculares III Doenças do músculo estriado: Distrofia muscular miotónica Polimiosite Distrofia muscular oculo-faríngea Caracterí Características: -Enfraquecimento progressivo do músculo por causas não emocionais nem neurogénicas - transmissão hereditária - contracções faríngeas superficiais, fracas - funcionamento normal do EES Disfagia funcional orofaríngea Distúrbios neuromusculares IV Clínica: • Aumento da duração do processo de deglutição • Disfagia para sólidos e líquidos • Raramente odinofagia • Regurgitação nasal • Estase nos recessos faríngeos • Aspiração pulmonar do conteúdo alimentar com pneumonias de repetição Disfagia funcional orofaríngea Acalásia cricofaríngea I - Afecta normalmente indivíduos com mais de 40 anos , sendo mais comum após os 60 anos - Falha no relaxamento do músculo cricofaríngeo na ausência de obstrução mecânica ou causa neurogénica VerificaVerifica-se: • Espasmo muscular • Hipertrofia e fibrose muscular • Descoordenação muscular Disfagia funcional orofaríngea Acalásia cricofaríngea II Sintomas: Disfagia Doente localiza a disfagia entre a cartilagem tireóide e a incisura supra-esternal Regurgitação Sensação de “comida entalada na garganta” Necessidade de múltiplas deglutições para a comida passar completamente para o esófago Perda de peso Severidade da acalásia pode ser inferida com base na perda ponderal verificada Disfagia funcional orofaríngea Acalásia cricofaríngea III Complicaç Complicações: Aspiração do conteúdo alimentar e pneumonias de repetição Divertículo de Zenker Disfagia funcional esofágica Resulta de anomalias na acção propulsora do esófago ou de defeitos na contracção/relaxamento do EEI Disfagia para sólidos e para líquidos Pode haver agravamento com a ingestão de alimentos frios Pode acompanhar-se por odinofagia Disfagia funcional esofágica - etiologia Primária . Acalá Acalásia . Espasmo difuso do esó esófago . Esó Esófago em quebra nozes . Hipertensão do EEI . Distúrbios motores do esófago inespecíficos Secundária . Hipoperistalse associada a doença do refluxo gastroesofágico . Polimiosite . Esclerodermia . Disfagia pósvagotomia Primária: a causa do defeito muscular não é conhecida Secundária: resulta de doenças sistémicas que afectam o esófago Disfagia funcional esofágica Acalásia esofágica I Degeneração neuronal no plexo mientérico (de Auerbach) da parede do esófago Diminuição ou ausência de peristalse - hipomotilidade Perda da actividade dos neurónios inibitórios do EEI – relaxamento incompleto do esfíncter Disfagia funcional esofágica Acalásia esofágica II Num estadio inicial... -Doente refere sensação de comida entalada ao nível da hipófise xifóide principalmente depois da ingestão de sólidos e líquidos frios -Doentes comem lentamente ingerindo grandes quantidades de água para ajudar a deglutição Disfagia tem progressão lenta e os doentes vão adaptando os hábitos alimentares , procurando ajuda médica apenas quando a disfagia afecta o seu estilo de vida Disfagia funcional esofágica Acalásia esofágica III Sintomas: - Disfagia - Regurgitação (importante distinguir de vómito) - Perda de peso (tardia) - Problemas respiratórios devido a aspiração: pneumonias, abcessos pulmonares, bronquiectasias, hemoptises ou broncoespasmo - Dor torácica, mesmo entre as refeições - Dispneia (compressão dos brônquios pelo esófago distendido) Disfagia funcional esofágica Acalásia esofágica IV Incidência aproximadamente igual em ambos os sexos Mais comum entre os 30 e os 60 anos Numa fase tardia o esófago torna-se muito dilatado, tortuoso e sigmoidal - megaesó megaesófago Lesão esofágica pré-maligna- prevalência de carcinoma em doentes com acalásia 2-8% Disfagia funcional esofágica Espasmo difuso do esófago I - Contracções esofágicas simultâneas e repetitivas com amplitude e duração anormais - Difere da acalásia porque atinge apenas o corpo do esófago - O EEI apresenta pressão e relaxamento normais - Hipertrofia da camada muscular e degeneração dos ramos esofágicos do nervo vago Disfagia funcional esofágica Espasmo difuso do esófago II Sintomas: - Dor torácica retroesternal – mimetiza a dor do angor pectoris - Disfagia Diagnóstico diferencial com doença cardíaca: menos intensa do que a da acalásia agrava-se com líquidos frios e sólidos - não se relaciona com o exercício - está associada a disfagia Disfagia funcional esofágica Espasmo difuso do esófago III Menor impacto no doente do que a acalásia Sintomatologia aumenta com o stress Disfagia funcional esofágica Acalásia vigorosa Tem características da acalásia e do espasmo difuso do esófago difícil o diagnóstico diferencial Disfagia funcional esofágica Esófago em quebra-nozes I Amplitude e duração das ondas peristálticas está muito aumentada no corpo do esófago Disfagia funcional esofágica Esófago em quebra-nozes II Sintomas: - Dor torácica intensa - Disfagia - Pirose - Odinofagia Sem relação com as refeições e que difere do angor pectoris por aparecer mais frequentemente em repouso Disfagia funcional esofágica Hipertensão do EEI Pressão basal elevada do EEI Peristalse normal do corpo do esófago Sintomas: - Dor torácica - Disfagia Falta de “compliance” do EEI, mesmo quando este está relaxado Disfagia funcional esofágica Esclerodermia I Substituição do músculo da parte distal do esófago e do EEI por tecido fibroso Ausência de pressão no EEI Diminuição da amplitude de contracção do esófago A fibrose do EEI permite o refluxo gastro-esofágico o que leva a lesão do esófago e consequente perda da sua função. Disfagia funcional esofágica Esclerodermia II Esofagite Encurtamento do esófago Aparecimento de estenoses Degeneração fibrótica Atrofia do músculo liso da parte distal do esófago Em resumo: Caracterí Característica ACALÁ ACALÁSIA ESPASMO ESOFÁ ESOFÁGICO DIFUSO Disfagia Comum Menos comum Comum Comum Dor Rara comum Comum Comum Esofagograma baritado Anormal: esófago dilatado, esófago distal em “bico de lápis” Esófago de calibre normal em “sacarolhas” Anormal Progressão normal das contracções Endoscopia Normal normal Normal Normal EEI não relaxa Contracção esofágica fraca ou ausente Contracções hipertónicas e simultâneas do corpo do esófago EEI não relaxa Contracções hipertónicas e simultâneas do corpo do esófago Contracções esofágicas de grande amplitude e duração Motilidade ACALÁ ACALÁSIA VIGOROSA ESÓ ESÓFAGO EM QUEBRAQUEBRANOZES Índice 1. Introdução 2. Disfagia Funcional 3. Disfagia Mecânica 3.1. Estreitamento intrínseco 3.2. Compressão extrínseca 3.3. Causa luminal 4. Abordagem do doente com disfagia 5. Casos Clínicos Disfagia Mecânica • Existência de um estreitamento ou de algum tipo de obstrução à passagem do bolo alimentar • Disfagia tipicamente para sólidos • Intermitente ou contínua • De evolução rápida ou lenta Causas: I. Estreitamento intrínseco II. Compressão extrínseca III. Causa luminal I. Estreitamento intrínseco • Esofagite Péptica Infecciosa Corrosiva Provocada por fármacos • Anéis e Membranas (faríngeos e esofágicos) • Estenose péptica esofágica • Neoplasias Benignas • Neoplasias Malignas Esofagite As esofagites são inflamações do esófago, causando edema e tumefacção; podem ser assintomáticas mas, geralmente, cursam com: • odinofagia • disfagia GRAUS DE ESOFAGITE Grau I Ruborização da mucosa sem ulceração Garu II Ulcerações lineares delimitadas por tecido de granulação que sangra facilmente Grau III Coalescência das ulcerações observando-se ilhas de epitélio Garu IV Estenose Estenose péptica • Tipo mais frequente de esofagite • Consequência da Doença de Refluxo Gastro-Esofágico Esofagite infecciosa (secundária a infecção) • Bactérias (M. tuberculosis) • Fungos ( Candida Albicans, Aspergillus) • Vírus ( HIV, Herpes simplex, Citomegalovirus) • Parasitas ( Cryptosporidium, Pneumocystis carinni) Sintomas: Disfagia Dor torácica Odinofagia Febre Hemorragia Esofagite por citomegalovírus Esofagite por Candida Esofagite herpética Esofagite Corrosiva I História de ingestão acidental ou intencional de substâncias de natureza ácida ou básica, produzindo queimaduras químicas. Fase aguda: Lesão tecidular (risco de perfuração); Queimadura dos lábios, boca, língua e orofaringe; Dor torácica; Hipersalivação; Disfagia e odinofagia; Febre; Hemorragia; Vómitos. Esofagite Corrosiva II Fase crónica: Estenose esofágica (normalmente rígida e longa); Aparecimento de fístulas. Complicações: - Fístulas traqueoesofágicas - Fístulas esofago-aórticas - Estenoses (normalmente extensas) Esofagite provocada por fármacos I Alguns fármacos podem causar uma irritação intensa no esófago se aí permanecerem durante muito tempo. Isto pode provocar dor com a deglutição e, menos frequentemente, estreitamento esofágico. • AINE’s • Bifosfonatos • Alguns antibióticos ( tetraciclinas, clindamicina, …) • Sulfato de ferro Esofagite provocada por fármacos II Sintomas: Aparecimento de dor torácica retroesternal Disfagia Odinofagia Complicações: Úlcera esofágica Perfuração Anéis e Membranas (faríngeos e esofágicos) I Os anéis e as membranas são as anomalias estruturais mais frequentes na faringe e esófago Anel: Anel estrutura concêntrica e fina (3-5 mm) expansão da mucosa, mucosa submucosa e camada muscular mais frequentes no esófago distal Membrana: Membrana estrutura assimétrica e fina (2-3 mm) expansão da mucosa e submucosa mais frequentes na região subcricóide do e. proximal Estas estruturas são normalmente assintomá assintomáticas mas podem apresentar-se com disfagia intermitente, não progressiva, para só sólidos Anéis e Membranas (faríngeos e esofágicos) II Síndrome de Plummer-Vinson: síndrome rara, mais frequente em mulheres de meia idade, que cursa com membranas na região faríngea e/ou esofágica e anemia ferropénica. Aumenta o risco de carcinoma esofágico. Anel esofágico inferior (anel de Schatzki): localiza-se na parte inferior do esófago, normalmente logo acima da junção gastro-esofágica. Está frequentemente associado a hérnia do hiato. Slide 57 de 213 Anel de Schatzki Múltiplas membranas esofágicas Membrana no esófago proximal na Síndrome de Plummer-Vinson Estenose Péptica Esofágica Normalmente ocorre ao nível da junção gastroesofágica e surge como consequência da Doença de Refluxo Gastro-Esofágico. Sintomas e sinais: - Disfagia progressiva para sólidos (evolução de meses a anos) - Sem perda de peso - Odinofagia Neoplasias Benignas • Raras • Mais comum: Leiomioma - não associado a desenvolvimento maligno - não deve ser biopsado - geralmente assintomático sendo, muitas vezes, detectado acidentalmente • Outras: Lipoma, Angioma, Papiloma, Cisto, Pólipo inflamatório, (…) • Doentes muitas vezes assintomáticos podendo apresentar: - Disfagia moderada por estreitamento do lúmen esofágico - Sensação de pressão no pescoço ou tórax - Desconforto epigástrico - Pirose Neoplasias Malignas I • Carcinoma primário - Carcinoma pavimentoso - Adenocarcinoma - (…) • Carcinoma metastático Neoplasias Malignas II Factores de risco: - Carcinoma: Carcinoma Tabagismo, Alcoolismo, Acalásia, Agressão corrosiva, Síndrome de Plummer-Vinson - Adenocarcinoma: Adenocarcinoma Doença de Refluxo Gastro-Esofágico (DRGE) Sintomas: - Disfagia progressiva, inicialmente para sólidos e depois para líquidos - Perda ponderal acentuada - Astenia - Odinofagia II. Compressão extrínseca • Divertículo de Zenker • Osteófitos vertebrais • Patologia tireóidea • Massas mediastínicas • Compressão vascular Divertículo de Zenker I • Divertículo mais comum do esófago •Pacientes com mais de 60 anos (provavelmente devido a perda de elasticidade do tecido e diminuição do tónus muscular) • Surge caracteristicamente no Triângulo de Killian • Devido há pressão intraluminal, há uma herniação progressiva da mucosa e da submucosa através do triângulo de Killian. Divertículo de Zenker II Sintomas -Disfagia (sintoma mais comum) -Regurgitação de partículas alimentares que podem eventualmente ser aspiradas para a árvore traqueobrônquica causar pneumonia - Halitose - Paladar metálico e azedo e Divertículo de Zenker III • À medida que o divertículo aumenta e retém alimentos ocorre compressão esofágica, provocando disfagia orofaríngea intermitente acompanhada de tosse ou desconforto faríngeo; pode também ocorrer protusão no pescoço ou mesmo obstrução completa. Osteófitos vertebrais • Os osteófitos (bicos de papagaio) são resultado do crescimento excessivo de processos ósseos imaturos de vértebras, reflectindo a presença de doença degenerativa e calcificação. • Causa rara de disfagia • Esófago cervical é o mais frequentemente envolvido, provavelmente por estar mais fixo à coluna vertebral. Patologia Tireóidea • Tumores ou Bócios tireóides Massas Mediastínicas • Linfadenopatias mediastinais • Dilatação da aurícula esquerda • Cancro (ex.: pulmão) • Osteófitos vertrebais • Outras: artrose cervical, espondilite anquilosante, fractura da apófise estilóide , (…) Compressão Vascular • Artéria subclávia direita anormalmente formada ou em posição anormal • Aneurisma da aorta • Aterosclerose extensa do vaso anormal III. Causa Luminal Ingestão de corpos estranhos A maior parte dos casos de ingestão de corpos estranhos corresponde à ingestão de moedas ou outros objectos pequenas pelas crianças. O uso de prótese dentária e o estreitamento do lúmen por lesões esofágicas são os principais factores predisponentes no adulto. Sintomas : Disfagia Dor torácica Complicações: Obstrução respiratória Ulceração Perfuração esofágica DISFAGIA MECÂNICA Orofaríngea Só sólidos • Neoplasias orofaríngeas Sólidos e líquidos • Divertículo de Zenker Esofágica Lesões esofágicas intrínsecas •Neoplasias benignas •Membranas proximais •Neoplasias malignas •Outras: vaso aberrante, osteófito cervical •Esofagite corrosiva •Esofagite secundária a infecção •Esofagite provocada por fármacos •Estenose péptica esofágica •Ingestão de corpos estranhos •Anéis e membranas esofágicas Lesões esofágicas extrínsecas •Patologia tireóidea •Massa mediastínica •Compressão vascular Índice 1. Introdução 2. Disfagia Funcional 3. Disfagia Mecânica 4. Abordagem do doente com disfagia 4.1. História Clínica 4.2. Exame físico 4.3. Exames auxiliares de diagnóstico 5. Casos Clínicos História Clínica I • Quando surge - após inicio da deglutição - aguda vs crónica • Dificuldade em iniciar vs acabar a deglutição • Sólidos vs líquidos vs ambos vs não relacionada com alimentos • Transitória vs progressiva História Clínica II • Esporádica vs previsível • Localização da disfagia • Sensação de corpo estranho • Odinofagia • Perda ponderal História Clínica III • Hx de pirose • Hx prévia de ingestão cáustica • Outros sintomas - Neuroló Neurológicos: gicos - Disfonia - Aspiração (tosse após deglutição) - Regurgitação oronasal - Outros: Outros - Dispneia - Dor - Vómitos / regurgitação - Hemorragias - Halitose Exame Físico Inspecç Inspecção: - Lesões cutâneas: Esclerodermia Palpaç Palpação: - Linfadenopatia cervical - organomegalias e/ou massas abdominais palpáveis Percussão: não é realizada Auscultaç Auscultação: Pulmonar - investigar aspiração ou pneumonia por aspiração Exames auxiliares de diagnóstico Predominantemente para detecção de anomalias estruturais: • Esofagograma 2 Tipos • Endoscopia Predominantemente para detecção de anomalias funcionais: • Manometria • Impedância Esofá Esofágica • Videofluoroscopia Esofagograma (estudo baritado) • 1ª escolha quando há suspeita de obstrução • Mostra claramente: - Carcinomas circunferenciais - Estenoses pépticas > 10mm - Úlceras esofágicas de grandes dimensões - Hérnias de hiato - Divertículos faringeos ou esofágicos - Lesões extrínsecas desde que em contacto com o esófago • É útil nos estados iniciais de algumas disfunções motoras, como a acalásia ou o espasmo esofágico difuso, que podem não ser detectados na endoscopia Esofagograma - espasmo esofágico difuso Esofagograma - Acalásia Esofagograma (estudo baritado) • Desvantagens: - Depende do radiologista - Sensibilidade afectada pela densidade da papa baritada - Possibilidade de não detecção: - neoplasias peq dimensão - esofagite moderada - varizes esofágicas • Radiografia baritada normal: não é suficiente para negar alteraç alterações esofá esofágicas Esofagograma – Divertículo de Zenker Endoscopia • Indicada quando há disfagia, mesmo se radiografia baritada normal • Todas as alterações no estudo baritado têm de ser confirmadas visualmente • Especialmente sensível na detecção de estenoses < 10mm • Identificaç Identificação de: - lesões estruturais intrínsecas da mucosa oral, faríngea, laríngea e esofágica - inflamação e fibrose esofágica Endoscopia • Preferencialmente realizada após radiografia baritada Alerta para: • localizações com pequenas alterações • locais de perigo potencial - osteofito vertebral cervical - divertículo esofágico - úlcera perfurada - carcinoma… Endoscopia – Carcinoma do esófago Endoscopia – estenose péptica Endoscopia Vantagens: - maior sensibilidade a lesões pequenas - possibilidade de biopsia ou citologia exfoliativa - terapêutica Desvantagens: - depende do operador - se lúmen > endoscópio detecção de estenoses - ineficaz nas disfunções motoras Endoscopia Identificação de massa submucosa Biópsia? Não é útil! • Normalmente, um leiomioma submucoso pode ser facilmente dissecado sem afectar a mucosa. Mas se a biopsia for realizada, a mucosa pode fixar-se à lesão e complicar a cirurgia (aumenta risco de perfuração da camada mucosa). • Biopsia endoscópica analisa apenas mucosa, por isso não é útil Radiografia baritada e endoscopia são complementares Exames auxiliares de diagnóstico Predominantemente para detecção de anomalias estruturais: • Esofagograma 2 Tipos • Endoscopia Predominantemente para detecção de anomalias funcionais: • Manometria • Impedância Esofá Esofágica • Videofluoroscopia Manometria • Objectivo: avaliar função motora do esófago e seus esfíncteres • Indicada quando há suspeita de disfunção motora Pode ser realizada Após radiografia baritada Após radiografia baritada e endoscopia Manometria • Utiliza um cateter com transdutores de pressão Manometria • Confirma dx de disfunções motoras específicas - Acalásia - Espasmo esofágico difuso - Esófago quebra-nozes - EEI hipertónico • Detecta alterações não específicas e secundárias a doenças sistémicas: - Esclerodermia - Dermatomiosite - Polimiosite Manometria • Importante no refluxo gastroesofágico Pré-operatório Manometria Avalia características do: EES - coordenação do relaxamento cricofaríngeo com a contracção hipofaríngea Corpo - velocidade - duração - amplitude EEI - pressão - comprimento - assimetrias Manometria ambulatório 24h • Sistemas miniatura • Permite: - estudar função esofágica em saudáveis vs doentes (investigação) - relacionar actividades do dia (decúbito dorsal, ortoestatismo, refeições, dor…) com alterações motoras “…leads to a change in the diagnosis in a substantial portion of patients with symptoms suggestive of a primary esophageal motor disorder.” in Schwartz’s principles of surgery Resumindo: melhora o diagnóstico de disfunções motoras Impedância esofágica • Tecnologia recente • Avalia função esofágica de forma única • Impedância: - mede a conductividade eléctrica de orgãos ocos e seus conteúdos - inversamente proporcional à conductividade eléctrica do material • Sonda com eléctrodos que transmitem corrente eléctrica abaixo do limiar de contracção muscular, estimulo nervoso ou cardíaco • Ondas de impedância correlacionam-se com a progressão peristáltica e transporte do bolo alimentar Videofluoscopia • Gravação video de estudos radiográficos baritados • Permite re-avaliação após visionamento a várias velocidades • “Gold Standard” na disfagia orofaríngea • Dificuldade em iniciar deglutição • Aspiração • Regurgitação nasal • Permanência da papa na faringe após deglutição Disfunção neuromuscular da orofaringe Videofluoscopia • Também mostra alterações estruturais: - pequenos divertículos - pequenas lesões extrínsecas • Videofluoroscopia + Manometria Manofluorografia Correlação de acontecimentos anatómicos com observações manométricas ex.: abertura do EES com relaxamento do EES Em resumo: Índice 1. Introdução 2. Disfagia Funcional 3. Disfagia Mecânica 4. Abordagem do doente com disfagia 5. Casos Clínicos Caso Clínico Identificaç Identificação: • M.L.O.B.C • 34 anos • sexo feminino Histó História da doenç doença actual: • Disfagia episódica desde há 6 meses • Dor epigástrica intermitente • Nega perda ponderal Caso Clínico • Esofagograma realizado durante um episódio de dor Caso Clínico • Manometria: “Ondas não peristálticas de elevada amplitude, envolvendo as porções media e baixa do esófago.” Caso Clínico - Diagnóstico Espasmo difuso do esófago Caso Clínico 2 Identificaç Identificação: • A.M.J.R. • 76 anos • sexo feminino Histó História da doenç doença actual: • Disfagia intermitente, para sólidos e líquidos, há vários meses localizada na base do pescoço • Halitose e tosse após deglutição • Regurgitação de partículas não digeridas várias horas após refeição • Nega perda ponderal Caso Clínico 2 Exame fí físico: • Sem massas cervicais palpáveis • Auscultação pulmonar normal Caso Clínico 2 • Esofagograma Caso Clínico 2 - Diagnóstico Divertículo de Zenker Piada! Objectivo: Só para desopilar!! Sabem o que é que disseram quando viram o Einstein em tronco nu? Eiii que Físico!!!
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