mão na massa - Revista Mercado

Transcrição

mão na massa - Revista Mercado
R$ 8,50
ano 5 número 43 Julho 2011
Mão na massa
O Brasil vive o “boom” na construção civil: é obra pra todo
lado. Em Uberlândia, o número de construções até junho
deste ano já é maior que de todo o ano de 2010, que já
registrou quase o dobro de obras com relação a 2009
Economia
ICMS para operações interestaduais
será unificado em 4% a partir de 2012
Gestão
ABC Algar firma contrato com o grupo
francês Capgemini para crescer 45%
O “boom” da construção
Editorial
Não precisa ir longe para perceber o bom momento que atravessa o mercado da construção civil no Brasil. Em Uberlândia, como é o caso, por todo lado
que se olha existe uma obra em andamento. A Prefeitura está prestes a entregar quatro mil casas no residencial Shopping Park, e existe previsão de novas
unidades habitacionais em 1.700 lotes no Jardim Glória e 300 lotes no Jardim
Manaim. Também a Construtora Rossi está em fase final de construção de um
condomínio próximo à UFU, composto por 348 apartamentos, e o complexo
do Center Shopping está ganhando duas novas torres, com cerca de 15 andares
cada: uma comercial e outra para hotel . Esses são apenas alguns exemplos.
Mas é preciso conter a euforia.
No início deste ano, especialistas estimaram que o setor deve crescer 6%
em 2011, acima do setor da indústria como um todo e também do índice
esperado para o PIB (Produto Interno Bruto). Além do bom momento da
economia brasileira, após sair fortalecida da crise de 2008, e do aumento do
poder de compra da população, contribuem para esse cenário as obras do
PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e os megaeventos esportivos, como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
O estudo mais recente sobre a cadeia produtiva da construção civil no
Brasil, feito pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), indica um “boom” no setor. Conforme o levantamento, os investimentos - que tem participação de
9,2% na formação do PIB brasileiro - somaram R$ 244 bilhões em 2009. Em
2005, os aportes para o setor somavam R$ 168 bilhões, o que indica uma
expansão de 10,3% ao ano. Isso equivale a uma taxa de crescimento anual
5,2% superior à da variação do IGP-DI no período.
Por conta disso, alguns reflexos - uns positivos e outros negativos - estão
se evidenciando, por exemplo: falta mão de obra qualificada no setor, o preço dos imóveis disparou e o custo da construção civil não para de subir. Em
contrapartida, o comércio de material de construção festeja. A estimativa
é de que as vendas no setor neste ano cresçam entre 10% e 12%, segundo a
Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat).
Contudo, se faz necessário cautela nesse momento. Os próprios executivos de
algumas das principais construtoras do país são unânimes em afirmar que o ritmo
de crescimento do seu próprio mercado deveria ser mais lento. Para eles, o preço
dos terrenos subiu muito, os reajustes de salários estão sendo sempre acima da
inflação, os fornecedores estão esgotando sua capacidade de atender à demanda,
os cartórios não conseguem processar a papelada. Tudo isso ajuda a aumentar os
custos. Com relação aos preços, o presidente da MRV Engenharia, Rubens Menin,
disse à economista Mirian Leitão, em matéria publicada em O Globo, que existe
uma distorção entre os segmentos de alta e média renda em relação aos de baixa
renda. Os preços dos imóveis de maior renda têm tido forte aumento, mas no mercado de baixa renda os preços não podem subir porque, do contrário, perderão
benefícios e linhas de financiamento. Há impedimentos burocráticos, mesmo que
os custos fiquem mais altos. Menin explica que há um teto de preço para o mercado de baixa renda, imposto pelo Fundo de Garantia, pelo número de salários
mínimos, pelo Minha Casa, Minha Vida. Por impedimentos como esses, o ideal é
que o crescimento no setor seja moderado e por um período mais longo.
Outro alerta veio do presidente da Câmara Brasileira da Indústria da
Construção (CBIC), Paulo Simão. Ele constata que os gargalos já estão obrigando as construtoras a reduzir o ritmo de lançamentos em todos os segmentos. Talvez seja por isso que o crescimento do setor este ano desacelere
para cerca de 6%, bem abaixo dos 11,5% registrados em 2010.
Números e opiniões à parte, o setor da construção civil merece destaque.
Tanto, que é matéria de capa desta edição da MERCADO, que está repleta
ainda de importante matérias.
Ao nosso leitor, desejamos boa leitura!
Evaldo Pighini
Editor
Índice
Julho 2011
24Capa
Em Uberlândia, principal cidade
do Triângulo Mineiro, o número
de construções até junho deste
ano já é maior que de todo o ano
de 2010, que já registrou quase o
dobro de obras com relação a 2009.
Essa realidade reflete o “boom” da
construção civil no Brasil
20Gestão
22Economia
42Agricultura
O conglomerado ABC Algar,
de Uberlândia, firmou contrato
de gestão com o grupo francês
Capgemini. O projeto terá duração
de 13 anos e abrangerá as áreas de
finanças, administração, recursos
humanos e aquisição de serviços
Em reunião que teve a participação
dos 27 secretários de Fazenda
dos estados e do Distrito Federal,
o Conselho Nacional de Política
Fazendária (Confaz) decidiu unificar
em 4% o ICMS para operações
interestaduais a partir de 2012
Produção sustentável contra a
miséria. Produtores rurais do
Vale do Urucuia, Noroeste de
Minas Gerais, estão mudando a
realidade de uma das regiões com
menor Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH) do estado
43
46Saúde
Você descobre que está com
glaucoma, e aí? Saiba que essa
doença que pode causar a cegueira
já atinge mais de um milhão de
brasileiros. Ela não tem cura, mas
pode ser controlada e, para isso, o
diagnóstico precoce e o tratamento
regular são imprescindíveis
56Trabalho
76Turismo
Ter um relacionamento no ambiente
de trabalho pode prejudicar a carreira?
O que fazer quando a relação com
o colega se transforma em um novo
sentimento? Especialistas falam sobre o
namoro no trabalho
Descubra os mistérios e as belezas da
península de Yucatán. Conjunto histórico
e arquitetônico da civilização maia, essa
região faz do México o país mais visitado
da América Latina. As ruínas de Chichén
Itzá e Tulum são os maiores atrativos
Canal Livre 6
Artigo 8
Conversa 10
Entrevista 12
Franchising 16
Investimentos 18
Negócios 34
Mercado 38
Finanças 40
Consumidor 44
Alimentação 60
Marketing 64
68 Evento
70 Estética
72 Veículos
84 Bazar
86 Dica de Leitura
88 Literatura
90 Profissão em Filme
92 Ponto de vista
94 Causos empresariais
96 Geral
canal
livre
Educação
Como muitos outros estudantes, vim para Uberlândia
em busca de conhecimento e sonhos. Agora, após
cinco anos de formada, valorizo ainda mais o “empurrão” dos meus pais para escolher a cidade para
continuidade de meus estudos e formação. A satisfação é tanta que, após terminar os estudos, resolvi
fincar residência aqui. Portanto, acredito estar apta a
afirmar que Uberlândia é, sim, um berço da educação
no Brasil e uma terra de muitas oportunidades.
Portanto, parabenizo esta revista pela excelente matéria que destacou o potencial educacional da cidade.
Jane Gonzaga Pavanini
Bióloga
Decepção amorosa
Sou aposentada e já me acostumei com a leitura desta
revista, que mensalmente chega até mim através do
meu sobrinho, que a recebe em seu escritório. Quero
elogiar a matéria sobre relacionamento, publicada na
última edição, que fala sobre decepções amorosas.
Aproveito para pedir que mais reportagens desse nível
passem a fazer parte do conteúdo da revista.
Cynthia Gomide Rocha
Ex-professora
Turismo
Parabéns pela excelente reportagem sobre Monte
Verde. Já tive o prazer de ir lá e sou testemunha do
quão bela é aquela região. A quem ler a reportagem,
digo que vale a pena visitar o lugar: é uma viagem relativamente barata e inesquecível.
Francisca Mendes Ferreira
Secretária executiva
Código Florestal
Li com reservas a matéria publicada na edição de
maio que fala sobre as mudanças no Código Florestal
brasileiro. Tanto imbróglio em torno de um assunto tão
importante só serve para mostrar o quanto a nossa
sociedade é retrograda e os nossos políticos despreparados. O assunto é sério, mas ninguém quer assumir responsabilidades. E, pasmem, está em discussão
o futuro do nosso planeta. (...) E quando as áreas agricultáveis estiverem esgotadas? E quando a água não
for mais potável? E quando o ar estiver irrespirável?
Enfim, de que terá adiantado a ganância e os lucros
acumulados graças à degradação do meio ambiente?
Se essa minha opinião for publicada, peço desculpa
aos leitores pelo desabafo.
Moacir Bernardes Piovani
Estudante de Jornalismo
Rovos Rail
Eu que já achava que conhecia muito, fiquei surpreso
com a matéria publicada no caderno de Marketing, na
edição de maio, e que trata do luxo como principal
atrativo para clientes. O que mais me chamou a atenção foi a empresa de transporte sobre trilhos Rovos
Rail. A matéria me levou a uma pesquisa mais profunda na internet e, confesso, nem dá para imaginar que
tudo o que a empresa fez e agora disponibiliza aos
seus clientes seja mesmo real.
Parabéns pela excelente reportagem.
Pedro Fagundes Neto
Engenheiro - Uberaba-MG
Mercado Julho 2011 ∞ 6
Fidelização do funcionário
Gostei muito da matéria sobre trabalho, publicada
em maio, que fala da necessidade das empresas de
valorizar o bom funcionário. Reconheço que já vivenciei muitas situações em que patrões preferem perder ou demitir o bom empregado para reduzir custos
nas folhas de pagamento do que preservá-los. Essa
prática acaba causando prejuízos à empresa.
Antônio Borella Faria
Técnico Contábil
MArtigo
Redes sociais e o
ambiente de trabalho
A
utilização dos
benefícios trazidos pelas redes sociais pode
provocar direta repercussão no ambiente de
trabalho. Se positiva
a repercussão, muito
bem. Se negativa, tanto
POR Fernando Borges Vieira*
o empregado que postou determinada informação como o empregador estão sujeitos à responsabilidade
civil, penal e trabalhista.
Em nosso país não há legislação específica que exerça
controle sobre o conteúdo publicado em redes sociais, aplicando-se a legislação comum.
Por exemplo, no caso de um empregado publicar em rede
social à qual pertence informações cujo caráter venha a causar
prejuízos ao empregador, tais como a perda de clientes, a não
efetivação de um determinado negócio ou veto para participar
de uma concorrência pública, serão aplicadas as leis comuns.
Assim, ainda dentro de nossos exemplos, se o empregado
postou em rede social uma mensagem caluniosa, poderá responder civilmente pela reparação do dano, criminalmente
pelo delito e ter o contrato de trabalho rescindido por justa
causa, aplicando-se, respectivamente, o Código Civil, o Código Penal e a Consolidação das Leis do Trabalho.
As necessidades do trabalho nem sempre são compatíveis com acessos às redes sociais durante a jornada e o
empregador tem o poder de fiscalização - inclusive bloqueando o acesso nos computadores -, mas não tem o condão
de impedir que o empregador as acesse de sua casa, de uma
lanhouse ou até mesmo de seu aparelho de telefone celular.
Entre o rol de poder de gerência do empregador, está a fiscalização - no horário de trabalho e por meio dos equipamentos de trabalho - dos sites acessados pelos empregados. Inclusive, por exemplo, já é pacífico perante o Tribunal Superior do
Trabalho que o mau uso do e-mail corporativo habilite a demissão por justa causa. Em síntese, tratando-se o computador de
um instrumento de trabalho, nada impede que o empregador
bloqueie o acesso a determinadas páginas eletrônicas.
Importante salientar: pode, sim, o empregador regrar o
acesso às redes sociais no ambiente de trabalho, mas o poder de gerência não extravasa este limite. Perceba-se: o empregador pode determinar a utilização de uniforme, mas não
pode impedir que na foto postada em seu perfil particular
essa mesma pessoa esteja trajando roupas mínimas - há de
se ter cautela quanto ao exercício do poder de gerência, mas
o empregado também há de ser igualmente cauto com sua
conduta em seu cotidiano.
Em meu entender, o empregador pode e deve exigir de
seus empregados um comportamento adequado tanto no
mundo real como no virtual.
Se, de um lado, o empregador pode exercer o poder de
gerência, impedindo, limitando e/ou fiscalizando o acesso de
seus empregados às redes sociais e à internet como um todo;
de outro lado, a tecnologia está à disposição e deve ser empregada em toda a sua dimensão, prestando-se como verdadeiro
instrumento facilitador da informação. Como então buscar o
equilíbrio? A resposta é fácil: ética! Respeito! Bom senso!
O comportamento de qualquer pessoa deve ser o mesmo
em qualquer momento e situação; o fato de haver um perfil
eletrônico não significa que haja outra pessoa, mas apenas
um meio por intermédio do qual ela se manifestará, encontrará outras pessoas e se relacionará.
A má ação do empregado no mundo virtual se compara
e equivale àquela realizada no mundo tangível. Ofender o
empregador por intermédio de um post é tão grave quanto
ofendê-lo durante uma reunião e - quiçá - até mais, em razão
da publicidade.
Por conseguinte, a conduta do empregado pode constituir
justa causa para a rescisão do contrato de trabalho, conforme
artigo 482 da CLT, na hipótese de a publicação constituir ato de
improbidade, incontinência de conduta ou mau procedimento,
violação de segredo de empresa, ato lesivo da honra ou à boa
fama praticada contras colegas e/ou superiores hierárquicos.
Ainda, se o empregador estabelecer procedimentos no sentido de traçar a conduta dos empregados frente às publicações
em redes sociais de assuntos relacionados a ele ou à empresa
e, mesmo assim, o empregado desrespeitar o que foi estabelecido, pode ficar caracterizada causa para sua demissão.
Para evitar problemas dessa natureza, algumas empresas
têm orientado seus empregados, alertando-os sobre a responsabilidade gerada por suas atitudes e, sobretudo, sobre a
consequência que posts prejudiciais podem acarretar.
Este é o melhor caminho: orientar, conscientizar e alertar
os empregados.
O estabelecimento de procedimentos, somado à iniciativa
de estratégias de conscientização, é, sim, eficaz no sentido
de evitar problemas relacionados à publicação de assuntos
relacionados ao empregador em redes sociais. Ainda não há
nenhum estudo científico que possa subsidiar estatisticamente essa afirmação, mas a experiência tem nos mostrado
que ações internas nesse sentido trazem bons resultados.
Os empregados permanecerão atentos se as empresas,
além de estabelecer regras, promoverem constantes ações no
sentido de conscientizá-los. Contudo, independentemente de
tais ações, cabe a cada empregado ter postura profissional madura e adequada, sabendo que integra a empresa na qual trabalha e tutelando para que seu nome seja, sempre, preservado.
Em conclusão, o empregado deve portar-se nas redes sociais com o mesmo zelo sob o qual se mantém no ambiente de
trabalho, pois no mundo virtual o meio pode ser diverso, mas
as ações e consequências são as mesmas do mundo real. B
*Fernando Borges Vieira é sócio sênior do escritório Manhães Moreira Advogados Associados
Mercado Julho 2011 ∞ 8
CONVERSA
DEMERCADO
Prezado leitor,
Muita gente sonha com a casa própria e essa importante aquisição passa a fazer parte da lista de desejos
daqueles que mensalmente são obrigados a separar um
montante do salário para pagar o aluguel.
Se, no seu caso, finalmente, chegou a hora de concretizar o sonho da casa própria e a opção escolhida foi a
de construir, mãos à obra! Mas, cuidado: “Construa um
sonho, não uma dor de cabeça!”
Não pense que, ao definir a construtora, a sua participação voltará a acontecer apenas quando a obra estiver
pronta com o pagamento. Se for esse o seu pensamento,
é preciso se informar mais, afinal, não é à toa que muita
gente diz que construção é sinal de dor de cabeça.
A intenção não é generalizar, pois cada empresa tem
seus méritos - e deméritos -, mas terá mais sorte aquele
que ao escolher a construtora tiver, no final, o seu sonho
edificado sem nenhum problema.
Portanto, se a questão principal é não ter embaraços
ao construir, seguir algumas etapas será fundamental.
Primeiramente, esclareço que o contrato estabelecido para a construção, nesse caso, é o de empreitada.
Assim, convenciona-se a execução de uma determinada
obra, obrigando-se o executante (empreiteiro) por seu
trabalho ou de terceiros, com ou sem materiais a ela
necessários, perante o dono da obra (empreitante) e de
acordo com as instruções deste, que ficará obrigado a
remunerá-la por valor certo ou proporcional aos níveis
do seu perfazimento.
Existem vários tipos de empreitada, devendo
cada espécie respeitar os requisitos fundamentais
que a qualifica.
O cuidado que se deve ter antes de assinar um
contrato é, primeiramente, identificar se o serviço
que está sendo contratado é interessante para aquele que quer construir, pois cada modalidade de empreitada traz um rol de direitos e obrigações do emMercado Julho 2011 ∞ 10
preiteiro e do empreitante.
O contrato de empreitada poderá ser de labor (trabalho) e, portanto, exigir apenas a atividade do empreiteiro, ficando sob a responsabilidade do proprietário o
fornecimento dos materiais. Ou então, poderá formalizar um contrato de empreitada mista, sendo de responsabilidade do empreiteiro tanto a mão de obra quanto os
materiais para a construção.
Quando a escolha é pela empreitada de labor, o empreiteiro receberá remuneração acertada, que poderá
incidir sobre a porcentagem da obra. Nesse tipo de contrato, o empreiteiro administra e conduz as obras. Os
riscos, não sendo causados por ele, correrão por conta
do empreitante (art. 612, CC/2002).
Em se tratando da modalidade mista, o
empreiteiro possui uma responsabilidade
maior, correndo todos os riscos por sua
conta até a entrega da obra
Já em se tratando da modalidade mista, o empreiteiro
possui uma responsabilidade maior, correndo todos os
riscos por sua conta até a entrega da obra, tendo apenas como exceção a mora do dono de recebê-la (art.611,
CC/2002). Esse tipo de modalidade não se presume, é
resultado da lei ou da vontade das partes contratantes.
No contrato de empreitada não é admissível o acréscimo de preço, ou seja, o preço fixo é garantia originária
do dono da obra. Esse entendimento é plausível, pois
se presume que o arquiteto, construtor ou equiparado
estipule preços inalteráveis por ter amplo conhecimento
de mercado. Entretanto, havendo aumento ou alteração
na obra mediante instruções escritas do empreitante ou
aceitação tácita do mesmo, poderá nesse caso específico ocorrer o aumento do preço estabelecido.
Com relação à modalidade de preço na empreitada,
tem-se o preço fixo (pagamento pela obra na totalidade)
e o preço por tarefa (conforme o andamento da obra).
O contrato de empreitada é uma obrigação de resultado, o que possibilita, portanto, que o dono exija do
empreiteiro a entrega da obra. O negócio jurídico em estudo gera direitos e deveres para ambos os contratantes.
O contrato de empreitada é uma
obrigação de resultado, o que possibilita,
portanto, que o dono exija do empreiteiro
a entrega da obra
As principais obrigações do interessado em construir a casa própria serão pagar o preço e receber a
obra. Se o empreitante se recusar, injustamente, a receber a obra acabada, o empreiteiro poderá, mediante
depósito judicial, realizar a entrega desta. De outra forma, poderá o dono da obra rejeitá-la se o empreiteiro
se afastar das instruções recebidas não a executando
conforme estabelecido no contrato ou, então, se apresentar defeitos. Para a solução do caso, poderá, existindo os defeitos na obra, recebê-la com abatimento do
preço (art. 616, CC/2002).
Diante dessa análise, ao dono da obra é conferido
o direito/dever de fiscalizar a execução desta, pessoalmente ou por terceiro contratado para essa finalidade,
evitando futuros desentendimentos. Poderá, também,
embargar a obra ou tomar as medidas necessárias, se
o empreiteiro se afastar do anteriormente determinado.
Passando para a análise dos direitos e deveres do empreiteiro, este deverá entregar a obra prevista, perfeita
e acabada conforme o contrato e no prazo estabelecido.
Se houver atraso na entrega que acarrete prejuízo ao
dono, este deverá comprová-lo.
Com relação aos materiais, se o empreiteiro os recebe do empreitante, será obrigado a pagar por sua perda
ou deterioração a que der causa por culpa.
Alguns estudiosos do assunto assentam que o empreiteiro tem como obrigação acessória aconselhar
seu cliente sobre as condições de instalação e execução da obra, ou seja, impedir que o contratante opte
por procedimentos custosos, inúteis, prejudiciais e até
mesmo de risco.
No momento de finalização da tão sonhada construção, é necessário verificar se a obra está nas condições
acordadas, de maneira que não apresente vícios. Se o
dono optar por não verificar as condições da obra que
ora está sendo entregue, assume o risco de recebê-la
com desacertos.
A atitude mais correta a ser adotada pelo empreiteiro
é convidar o dono do imóvel finalizado para verificá-lo,
ainda que por notificação, se for o caso, para que o faça
em prazo razoável, tendo como penalidade a aceitação
da obra. A partir de então, da verificação, decorrerá o
recebimento da obra ou não.
Aquele que escolhe confiar e receber a obra sem antes
verificá-la poderá ter graves problemas desencadeados
com essa atitude omissa. Acredita-se que essa vistoria é
o momento mais importante para evitar que o sonho vire
um pesadelo.
Após a aceitação da obra concluída,
o proprietário terá resguardado o seu
direito de reclamar ao judiciário a
responsabilidade do construtor
Após a aceitação da obra concluída, o proprietário
terá resguardado o seu direito de reclamar ao judiciário a responsabilidade do construtor e a garantia pela
solidez e segurança da obra executada, assim como dos
materiais e do solo, pelo prazo de cinco anos (prazo de
garantia) dentro dos 180 dias após o aparecimento do
vício ou defeito, por meio de ação de ressarcimento (art.
618, CC/2002). Já o STJ ampliou o prazo de prescrição
para 20 anos, conforme a Súmula nº 194 de 1997.
Por fim, é preciso ressaltar: não se esqueça de que
o primeiro passo a ser dado é formalizar um contrato,
minuciosamente elaborado, evitando, assim, problemas
futuros. Estar atento a todos esses detalhes corroborará
para que se tenha sucesso na realização desse grande
sonho. E se precaver tem sido, ainda, a melhor opção.
Elisa Batista
é advogada com atuação em Uberlândia, especializada em
Direito Constitucional e Direito Privado
MEntrevista
Em publicidade, “é preciso
se informar e observar mais”
Quem dá esse recado é o publicitário Pedro Pletitsch,
autor da célebre campanha “Poupançudos da Caixa”,
que ministrou curso em Uberlândia a convite da APP
DA Redação
Mercado Julho 2011 ∞ 12
A Associação dos Profissionais de Propaganda - APP
Uberlândia promoveu nos dias 9 e 10 de julho, na Esamc, em Uberlândia, o curso “Criação para quem quer
entender (mesmo) de criação”, com Pedro Pletitsch.
Esse profissional tem ainda em seu currículo grandes
trabalhos para clientes como General Motors, Nestlé,
McDonalds, Aston Martin/Londres, Martini & Rossi/
Londres, Coca Cola/ Madrid, Banco Santander/ Madrid,
Mitsubishi Motors, Honda e Panasonic.
Pletitsch é formado em Publicidade e Propaganda pela Escola Superior de Propaganda e Marketing
(ESPM) e também professor da Miami Ad School/ ESPM
desde 2004. Ele é diretor de arte com mais de 25 anos de
carreira e já recebeu diversos prêmios, como Clube de
Criação de SP, ABP, Profissionais do Ano, Prêmio Abril,
Fiap, Revista Arquive, Festival de Londres, Festival de
Nova York, Clio Awards, Shots, Graphis, One Show,
AD&D e Festival de Cannes.
Com tamanha bagagem e currículo, o resultado do curso não poderia ser outro: inscrições esgotadas em apenas
duas semanas e, consequentemente, auditório lotado.
Em sua passagem por Uberlândia, Pedro Pletitsch
concedeu entrevista à MERCADO, falou sobre qualidade e colocou conceitos básicos como informação e observação acima da tecnologia para o bom desempenho
da profissão de publicitário.
Mercado: Como você vê o mercado publicitário no Brasil? Ainda há espaço para uma
boa propaganda?
Pedro Pletitsch: Sim. Apesar de termos passado
por um período de insegurança no mercado, com novos líderes, maior competição tanto entre os clientes
quanto entre as agências e flexibilização nas formas
de remuneração dos nossos serviços, ainda há espaço
para a qualidade.
Mercado: As novas tecnologias estão mudando a
maneira de os consumidores verem o mundo. Como,
na sua opinião, o publicitário pode inovar ainda
mais diante de tantas novidades e facilidades?
Acho que a primeira coisa nesse novo cenário é se
informar. Precisamos estar mais perto das pessoas. Observar e tentar captar seus anseios antes de sair criando.
Elas têm um poder imenso e respondem bem ou mal rapidamente. Além disso é preciso que sejamos transparentes, assumindo riscos junto com o cliente, pois nesse
universo o controle sobre sua mensagem é muito restrito. Ser ousado é nossa obrigação. O desafio é ser ousado
e assertivo.
Mercado: Quem manipula quem: a propaganda
ou o consumidor?
Prefiro dizer que influencia ao invés de manipula. E
um influencia o outro. Mas eu diria que o poder da propaganda é muito menor do que o do espaço chamado
editorial. A mídia derruba ou elege governos, muda re-
almente o comportamento das pessoas e aparenta ter
mais isenção. No Brasil, nenhuma campanha teria o
mesmo poder de influência de uma novela de sucesso.
Mercado: No seu curso - Criação para quem
quer entender (mesmo) de criação - qual é o principal objetivo?
Nesses 25 anos de propaganda, tive a sorte e a oportunidade de trabalhar em grandes e importantes agências, no Brasil e na Europa. Com isso, tive a chance de
conviver com grandes profissionais, e de participar de
encontros, palestras e projetos em vários lugares do
mundo, como Nova York, Londres, Madri e Milão, além
de Cannes, onde existem palestras incríveis para apaixonados por propaganda. Tenho muita informação, com
qualidade e profundidade, que não dá para simplesmente encontrar na internet. Reuni toda essa informação e
organizei de uma forma linear e didática, tomando o cuidado de adaptar para a nossa realidade. Acho que dividir
esse conhecimento seria o principal objetivo.
Mercado: Ainda falando sobre cursos: qual a
importância para o receptor/público ao participar
deles? Por quê?
Os profissionais de criação são formados basicamente por três requisitos: talento, técnica e esforço. Acho
que na parte do talento não dá para mexer. Nascemos
com mais ou menos talento. Meu curso então trabalha
mais com a técnica e o esforço, analisando as formas
de desenvolver um maior critério para criar e selecionar
as melhores ideias e demonstrando o poder do esforço,
ou seja, se você tem menos talento, compense, trabalhe
mais. Já vi muita gente se dar muito bem com talento
médio e muito esforço. E também gente muito talentosa
não dar certo por preguiça.
“No geral, eu diria que quanto mais informações pudermos absorver, melhor seremos. É sempre melhor termos muita informação e utilizarmos uma parte do que
não ter nenhuma”
Mercado: Ser criativo é uma das premissas do
publicitário. Mas não somente. O que é preciso
para se destacar no mercado?
Buscar informação. Muita informação e de qualidade.
Hoje, a informação está disponível para todos. Então
essa premissa acaba sendo exigida em todas as áreas,
pois não é mais um diferencial só de quem pode comprar livros, por exemplo. No geral, eu diria que quanto
mais informações pudermos absorver, melhor seremos.
É sempre melhor termos muita informação e utilizarmos uma parte do que não ter nenhuma.
Mercado: Na sua visão, qual lugar tem a melhor
propaganda do mundo? Ou realmente os profissionais
é que fazem a diferença em qualquer lugar/agência?
A propaganda, como qualquer atividade, depende de
um contexto. E na média, a melhor propaganda é feita
13 ∞ Mercado Julho 2011
MEntrevista
na Inglaterra. Os fatores culturais, aliados ao humor inteligente e incomparável dos ingleses, são determinantes e os colocam na frente dos outros.
Mercado: O senhor conta que começou de maneira diferente no mercado de trabalho e que hoje
seria inviável esse tipo de coisa. Por quê?
Comecei de um jeito meio diferente mesmo. Um
professor da faculdade, muito mais artista do que publicitário, passava algumas tarefas estranhas. Pôsteres
tridimensionais, embalagens para frutas, coisas meio
malucas mesmo. Eu curtia e levava “zilhões” de ideias.
Ele então me convidou para trabalhar no seu estúdio,
onde a gente ganhava uma miséria fazendo capas de
livro (devo ter feito mais de 200), brindes malucos e
alguns projetos de pontos de venda. Depois de quatro
anos nessa vida, uns caras da McCann ouviram falar
das coisas doidas que fazíamos e nos chamaram para
conversar. Em meia hora, o VP de criação nos ofereceu
um salário maravilhoso, para a gente fechar o estúdio e
montar um departamento de Merchandising dentro da
McCann. Em poucos meses percebemos que os clientes
eram mais resistentes a novas ideias nessa área do que
no advertising. Então fui recebendo jobs de propaganda
e a parte de merchandising foi morrendo naturalmente.
Isso aconteceu em 1985, época ainda romântica da
propaganda. Hoje acho que seria impensável esse tipo
de coisa, pois o pessoal que está começando já tem muita informação e sabe o quanto o mercado é competitivo.
Dou aula na Miami Ad School/ESPM, e a maioria dos
meus alunos já trabalha em agências bacanas.
Mercado: E, por fim, qual será o futuro da propaganda no Brasil diante de tantas mudanças visuais
e comportamentais?
Acredito que ninguém tem essa resposta, então, o que
nos resta é estarmos atentos e bem informados. Para
nós, da criação, a coisa me parece menos assustadora,
pois as bases do nosso trabalho não devem mudar. As
ideias boas, relevantes, coerentes e ousadas vão continuar vencendo, seja no folheto ou no filme para celular,
pois os meios mudam, mas as emoções das pessoas não.
A viagem para a praia, o churrasco com cerveja, o jantar
romântico e o Natal para as crianças não vão morrer.
Ainda bem! B
MFranchising&Negócios
A importância do
bom planejamento
“A estratégia é uma necessidade para qualquer empresa,
não importa o tamanho”
(Michael Porter)
POR Carlos Ruben Pinto*
Todos os tipos de empreendimentos apresentam seus
próprios desafios no dia a dia dos negócios. Muitos são os
fatores que levam ao sucesso ou fracasso de uma empresa. E na prática, é muito importante que os sócios proprietários da empresa procurem conhecer bem os dois caminhos, para traçar seu planejamento em busca do melhor.
Através do sistema de franchising, os potenciais franqueados têm a oportunidade de conhecer o caminho
percorrido pelas marcas de seu interesse, antes de investirem no negócio. Ou seja, ao aderir a uma franquia,
o franqueado recebe o know-how do franqueador que já
testou um conceito de negócio, corrigiu os erros e buscou focar suas ações nas estratégias de sucesso. Sendo
assim, ao pesquisar bem e escolher a melhor opção de
franquia para o seu perfil de empreendimento, o franqueado passa a ter acesso a essas estratégias.
No sistema de franchising, o franqueador, tendo antes percorrido o caminho que os franqueados querem
percorrer e, sobretudo, por ter conhecimento do mercado e dos clientes da marca, pode prestar treinamentos e
assessoria que ajudem o franqueado a administrar sua
empresa no caminho do sucesso. Para isso precisa se
estruturar corretamente.
Por outro lado, o franqueado precisa se dedicar bem
ao negócio, seguir o padrão da franquia e recomendações do franqueador, para fazer uma gestão eficiente da
empresa e de seus processos. Em primeiro lugar, precisa entender bem qual é o seu papel dentro da empresa,
ter uma visão sistêmica do negócio. Terá que gerenciar
pessoas em várias funções, administrativas e operacionais, supervisionando o cumprimento dos padrões definidos no treinamento, contrato e manual da franquia.
Cabe a cada franqueado cuidar bem da empresa, do
marketing local e de todas as atividades e decisões, es-
pecialmente as que envolverem recursos financeiros.
Em síntese, são muitas as atribuições de um empresário
na gerência de seu negócio, que exige planejamento, organização, liderança e controles. Enquanto empresário,
o franqueado deve buscar manter o equilíbrio entre essas funções dentro da franquia.
Muitos dos comerciantes que sobreviveram às mudanças econômicas e sociais são aqueles que buscaram
se atualizar, que aprenderam e ensinaram com a sua própria experiência. Mudaram de atitude, desenvolveramse e conquistaram a condição de empresário, e sabem
hoje que o crescimento exige sempre planejamento, gerenciamento e controle.
O varejo caminha com a humanidade, passa por
transformações e modernizações, e o franchising, como
um tipo de operação de varejo, também evolui e se moderniza. A cada dia que passa, surgem no mercado novas
marcas, que quando bem planejadas e administradas,
encontram o caminho da prosperidade para os franqueados da rede.
O objetivo da franquia não deve ser somente aumentar o seu tamanho enquanto rede, mas consolidar uma
posição de sucesso, ter constância de propósito - estar
sempre de olho na sua missão, visão, objetivos, princípios e metas.
Para se manter no mercado com sucesso, a rede precisa ter visão de futuro e a cada dia trabalhar para tornar
o negócio diferenciado e fortalecido. E nisso está a importância do bom planejamento. Cabe ao franqueador
desenvolver estratégias para a rede, visualizar o crescimento de todos, dos franqueados e de seus empregados
- treinar, desafiá-los a se diferenciar no mercado e conquistar metas. É bom lembrar: planejamento não é só
para grandes empresas.
O varejo caminha com a humanidade, passa por transformações e
modernizações, e o franchising, como um tipo de operação de varejo,
também evolui e se moderniza
* Carlos Ruben Pinto é administrador de empresas, consultor de varejo e franquias [email protected] - www.guiadofranchising.com.br/mds
Mercado Julho 2011 ∞ 16
MInvestimentos&etc.
LCI: a bola da vez
da renda fixa
POR Gabriel Silveira Pena
I
nvestir no mercado de renda fixa não é algo tão simples
como antigamente. A tradicional caderneta de poupança
perdeu destaque na mídia diante de tantas alternativas com baixo
risco e rentabilidade superior, como
é o caso dos CDBs, dos títulos públicos, das debêntures e dos fundos de
renda fixa. O destaque mais recente
tem sido as Letras de Crédito Imobiliário (LCIs), que possuem uma atraente relação retorno, risco e liquidez.
As LCIs são uma forma de investimento lastreada em créditos imobiliários e ao investidor é conferido
o direito de crédito pelo valor nominal e juros. Elas são garantidas
por alienação fiduciária e hipoteca, e cada letra representa vários
imóveis, fato que dificulta a chance
de calote. Esse produto financeiro
apresenta duas grandes vantagens.
A primeira é que com apenas mil
reais é possível iniciar um investimento. A segunda vantagem é
que desde 2004 temos a isenção
de imposto de renda para pessoas
físicas, entretanto a mesma regra
não é válida para pessoas jurídicas. Devido a esse incentivo fiscal,
uma letra que apresente uma rentabilidade de 90% do CDI (que atualmente é de 11,88% a.a.), possui o
mesmo rendimento líquido que um
CDB que remunere o investidor em
116,13% do CDI, algo muito difícil
de um banco oferecer!
O vencimento da aplicação fica a
critério do investidor de acordo com
a disponibilidade do banco emissor,
todavia o prazo mínimo visto com frequência no mercado é de três meses.
É importante ressaltar que um prazo
menor de vencimento pode implicar
uma rentabilidade inferior, e que só é
permitido resgatar o recurso aplicado
no vencimento preestabelecido.
Não podemos deixar de mencionar o fator risco, uma vez que este
é um grande balizador das tomadas
de decisões. O risco da LCI é o de
o banco emissor quebrar, mas caso
isso aconteça, o governo federal garante por meio do FGC (Fundo Garantido de Crédito) até setenta mil
reais por CPF. B
A aplicação em LCI pode ser feita por meio de instituições bancárias
ou então em corretoras autorizadas.
Prazo
CDI líquido (%)
Taxa bruta
equivalente (%)
IR (%)
Até 6 meses
90
22,50
116,13
De 6 meses a 1 ano
90
20
112,50
De 1 ano a 2 anos
90
17,50
109,09
Mais de 2 anos
90
15
105,88
* Colaboração: Ápis Investimentos | Afiliada XP-Uberlândia www.apisinvestimentos.com - 34 3221-8606
Mercado Julho 2011 ∞ 18
MGestão
Escritório de Negócios do Grupo Capgemini, em Cracóvia, Polônia: multinacional
francês está presente em 40 países, com receita global de 8,7 bilhões de euros
(2010) e 112.000 pessoas empregadas
ABC Algar firma contrato de
gestão com Grupo Capgemini
Com duração de 13 anos, projeto abrangerá as
áreas de finanças, administração, recursos humanos
e aquisição de serviços. Meta é aumentar a
produtividade da Algar em mais de 45%
A
POR Michelle Ito (Planin)
subsidiária brasileira
do Grupo Capgemini
acaba de fechar um
contrato com o Grupo
ABC Algar, com sede
em Uberlândia, para dar suporte às
operações da companhia no país. A
Mercado Julho 2011 ∞ 20
iniciativa deve aumentar em 45% a
produtividade da Algar, além de melhorar a qualidade e a flexibilidade
dos serviços, suportando sua expectativa de crescimento. O Grupo Capgemini é um dos líderes mundiais
em serviços de consultoria, tecnolo-
gia e terceirização.
Sob os termos do 13º ano do contrato, a Capgemini assumirá a responsabilidade pela contabilidade
geral do cliente, que inclui contas a
receber e a pagar, impostos, administração de recursos humanos, fo-
soluções Oracle e BPOpen®* dos
seus centros de entrega no Brasil.
O projeto incluirá a padronização
de métodos e níveis de serviços em
duas unidades de negócios e nove
empresas da Algar, que envolvem as
áreas de agronegócios, aviação, segurança, tecnologia e mídia.
David Poole, vice-presidente e
David Poole, vicepresidente e head de
Vendas, Marketing e
Inovação para BPO da
Capgemini
lha de pagamento e aquisições. Esse
processo será possível a partir da
implementação da tecnologia de Business Process Outsourcing (BPO)
da corporação e sua rede de distribuição, que envolve mais de mil pessoas em todo o Brasil.
Atualmente, o grupo ABC Algar
administra diversas empresas organizadas em três unidades de negócios: tecnologia e telecomunicações,
agronegócio e serviços. Como parte
do acordo, a Capgemini oferecerá
serviços de outsourcing de processos de negócios com, aproximadamente, 150 funcionários utilizando
head de Vendas, Marketing e Inovação para BPO da Capgemini, diz
que “com a combinação de nossas
capacidades globalmente reconhecidas, como expertise em marketing, modelo de entrega Rightshore® e uma série de ferramentas e
tecnologia, incluindo a BPOpen®,
visamos a oferecer economia, serviços de aprimoramento e padronização ao cliente”.
O executivo acrescenta que esses serviços ajudarão a ABC Algar a
crescer com segurança e com uma
plataforma eficiente, focada no seu
core business. “Estamos orgulhosos com a parceria e ansiosos para
colaborar com essa importante ini-
Gustavo Guimarães,
CFO da Algar
Agro: “Ficamos
impressionados com
o comprometimento
colaborativo da
Capgemini e com a
capacidade cultural
da empresa de se
adequar ao nosso
negócio”
ciativa. Além disso, a perspectiva
econômica brasileira faz do país um
excelente lugar para a Capgemini
BPO continuar a expandir seus negócios na América do Sul”.
“Ficamos impressionados com o
comprometimento colaborativo da
Capgemini e com a capacidade cultural da empresa de se adequar ao
nosso negócio”, diz o CFO da Algar
Agro, Gustavo Guimarães. O executivo ressalta, ainda, que as capacidades apresentadas no gerenciamento
de projetos com multiprocessos,
especialmente nas áreas de finanças, contabilidade e impostos, são
fatores essenciais. “Foi demonstrada uma preocupação em atender a
todas as nossas áreas de negócios
no Brasil”.
Essa é uma grande vitória do Grupo Capgemini na América Latina,
sendo o maior contrato da história
da Capgemini BPO. A partir de agora, serão meses de licitações para a
assinatura do contrato.
* BPOpen é uma plataforma de
serviços integrados inovadora e
visionária, elaborada para ajudar
no aumento da velocidade e na valorização da entrega de Business
Process Outsourcing (BPO). Construída em SOA (Service Oriented
Architecture), a BPOpen faz com
que o Serviço Orientado ao Empreendimento seja aplicado e com que
o Rightshore™ da Capgemini entregue os serviços de BPO, incluindo finanças e contabilidade, aquisição e recursos humanos.
Sobre a Capgemini
Com mais de 112 mil funcionários em 40 países, a Capgemini é
um dos maiores provedores de serviços de consultoria, tecnologia e
terceirização do mundo. Em 2010,
o Grupo apresentou o faturamento global de 8,7 bilhões de euros.
Como organização multicultural, a
Capgemini desenvolve sua própria
forma de trabalho, o Collaborative
Business Experience™, baseada
no Rightshore®, seu modelo de entrega mundial.
Visite: www.capgemini.com B
21 ∞ Mercado Julho 2011
MEconomia
27 secretários de Fazenda dos estados e do Distrito Federal estiveram presentes
na reunião do Confaz que decidiu pela unificação do ICMS entre estados
Confaz decide unificar
ICMS em 4%
Medida valerá a partir de 2012 para operações interestaduais
O
s 27 secretários de
Fazenda dos estados e do Distrito
Federal decidiram
unificar em 4% a
alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
(ICMS) que incide sobre as operações interestaduais. A padronização da alíquota, que será implantada paulatinamente, foi definida
na reunião do Conselho Nacional
de Política Fazendária (Confaz), e
Mercado Julho 2011 ∞ 22
contou com a presença do ministro da Fazenda em exercício, Nelson Barbosa.
“A medida vai ser gradual, não
se reduz alíquota do ICMS rapidamente porque causa desequilíbrio
nas finanças estaduais. Temos que
construir um acordo para que comece a vigorar a partir de janeiro
de 2012”, disse o ministro interino,
acrescentando que a proposta é
avançar rápido, com a aprovação
da resolução no Senado.
Foto: Antônio Cruz/Abr
POR Evaldo Pighini com Agência Brasil
Atualmente, a alíquota nas operações interestaduais é de 7% para
os estados do Norte e Nordeste e
de 12% para os demais.
Segundo Nelson Barbosa, os
estados que, eventualmente, sofram perdas com a redução da
alíquota, terão o caso tratado
individualmente pela União. Ele
explicou que foram feitos estudos com base nas notas fiscais
eletrônicas e, com isso, já se
sabe quem perde e quem ganha
com a padronização.
Comércio eletrônico
Outra questão abordada pelo
Confaz foi a alíquota do imposto
nas vendas pela internet (comércio eletrônico ou e-commerce).
“Pretendemos fazer com que o
comércio eletrônico siga a mesma regulamentação dos outros.
Se a alíquota interestadual é 4%,
ela vai ser a mesma no comércio
eletrônico. Mas vamos deixar que
os estados se reúnam e tirem uma
proposta de consenso, que pode
ser encaminhada ao Congresso
Nacional via emenda constitucional com o apoio do governo”, explicou Nelson Barbosa.
Tributação precisa ser adequada, diz ministro
O ministro defendeu uma reforma tributária que diminua os
impostos cobrados nos insumos,
como forma de impulsionar a indústria. “A estrutura tributária
nos preocupa muito. O Brasil é
um país que construiu sua história tributando insumos básicos
da economia. Para um país com
o nível de desenvolvimento que já
que apenas reduzir o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços (ICMS) acabaria prejudicando os estados. “Se, de uma
hora para outra, viramos de ponta
a cabeça o sistema tributário, a
gente quebra o país.”
Em relação à questão cambial,
Pimentel disse que o Brasil tem
usado os mecanismos possíveis,
temos, isso é um erro grave. Crescemos tributando combustível,
energia elétrica; isso é um erro
grave”, afirmou.
Pimentel criticou ainda a chamada guerra fiscal, mas ponderou
como o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF)
e regras para dificultar a entrada
de capital financeiro na economia,
como forma de equilibrar o valor
do real em relação ao dólar. B
Foto: Antônio Cruz/Abr
Dias antes da decisão do Confaz, o
ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando
Pimentel, afirmou que o Brasil precisa
mudar sua estrutura tributária como
forma de se adequar à nova realidade. Pimentel disse que a atual forma
de tributação brasileira não está mais
adequada ao tamanho do território e
ao nível de desenvolvimento do país.
O ministro Fernando
Pimentel considera
inadequada a atual
estrutura tributária
do país: “
“Nossa estrutura tributária não
é adequada ao nosso tamanho.
Não digo carga tributária porque
esse é um discurso muito
pobre. A nossa estrutura é mal
distribuída e mal colocada para
as demandas que o país tem
hoje, talvez ela fosse adequada
para o Brasil de 20 anos atrás”,
argumentou Pimentel.
O ministro em
exercício, Nelson
Barbosa, disse que
a medida vai ser
gradual para evitar
desequilíbrio nas
finanças estaduais
Crescemos tributando
combustível, energia
elétrica; isso é um
erro grave
23 ∞ Mercado Julho 2011
MCapa
O “boom” da
construção civil
O setor atravessa um de seus melhores momentos na história do
país, e Uberlândia não foge à regra. Na cidade, apenas no primeiro
semestre deste ano, o número de alvarás de construção expedidos
pela prefeitura já é maior que em todo o ano de 2010
POR Amanda Célio e Priscilla Rocha (Ares)
O residencial Shopping Park, na zona sul de Uberlândia, demonstra
bem o bom momento da construção civil no Brasil: são quatro mil
unidades habitacionais construídas de uma só vez
Mercado Julho 2011 ∞ 24
a mais em 2010 em comparação a
2009. Agora em 2011, apenas nos seis
primeiros meses, a quantidade de alvarás liberados já é maior que todo o
volume emitido no ano passado. Todos esses dados, tanto o local quanto
os nacionais, apontam que o Brasil
vive o “boom” da construção civil.
Para o Dieese, os investimentos
públicos e privados, além de programas como o PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento) e o
Minha Casa, Minha Vida, estimularam o crescimento do segmento
em 2010 e são os fatores que devem
ajudar a compor um cenário positivo para o setor em 2011, apesar de
uma possível redução no ritmo de
consumo. Além disso, o estudo cita
a Copa de 2014 como um dos pilares para o crescimento.
No ano passado, o aumento nos investimentos no setor resultou também
em uma alta no aporte de financiamentos imobiliários, com recursos do
FGTS (Fundo de Garantia por Tempo
de Serviço), que alcançou os R$ 83,9
bilhões. Os valores contratados nos financiamentos com recursos do FGTS
cresceram 73%. E a quantidade de
unidades adquiridas ficou 57% maior
que a de 2009. Já os financiamentos
por meio da Poupança SBPE (Sistema
Brasileiro de Poupança e Empréstimo), aumentaram 65%, e o número de
unidades contratadas cresceu 39%.
Os números também apontam para
um crescimento sustentável do segmento de materiais de construção. Entre 2005 e 2009, a construção civil cresceu cerca de 10% ao ano, depois de um
período de estagnação de 20 anos. A
Foto: Welton Neves
I
mpactado pelo acesso ao crédito e o crescimento da renda
no Brasil, o setor da construção civil atravessa nestes últimos anos talvez o seu melhor
momento na história, uma situação
ainda sem data prevista para acabar.
Em 2011, por exemplo, um estudo
feito pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e divulgado em
maio, mostra uma expectativa de
crescimento para o segmento neste ano de 8,5% acima do percentual
previsto para o Produto Interno Bruto (PIB), que é de 4,5%. A cidade de
Uberlândia, no Triângulo Mineiro,
reflete bem essa realidade. Como
parâmetro, basta analisar o número
de alvarás de construção expedidos
pela Prefeitura, que foi de quase 80%
MCapa
Uberlândia
emitido apenas um alvará, mas que
contempla mais de uma unidade
habitacional como, por exemplo, as
casas populares recém-construídas
no bairro Shopping Park, na zona
sul da cidade. “No local, a prefeitura vai entregar em breve cerca de
quatro mil casas, porém, circunstancialmente com a emissão de
apenas quatro alvarás de construção”, informa o secretário. Situação
parecida ocorre em condomínios
residenciais. É o caso do Residencial Rossi Piazza, próximo à Universidade Federal de Uberlândia, onde
para 348 apartamentos contemplados no projeto da obra, existe apenas um alvará.
O crédito no Brasil cresceu e a população entrou nessa onda. De acordo
com a economista e consultora de
investimentos, Ana Paula Garcia,
“era esperado tendo em vista os programas de incentivo à habitação popular e um reforço no processo de
recuperação e ampliação da infraestrutura brasileira”.
Todos os nichos foram atingidos e cresceram, como mostra
pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
– IBGE, divulgada em junho desse ano. No primeiro trimestre de
2011, “a taxa de investimento foi
de 18,4% do PIB, a necessidade de
financiamento alcançou R$ 27,4
Foto: Muriel Gomes/ Correio de Uberlândia - 19/1/2009
Conforme dados fornecidos pela
Secretaria Municipal de Planejamento Urbano de Uberlândia, em
2009 foram expedidos 2.336 alvarás
de construção; em 2010, 4.147; e
em 2011, somente até junho, o número já chegou a 4.600, portanto,
um crescimento que reflete bem o
bom momento da construção civil.
Outro parâmetro a ser considerado para medir essa expansão é a
quantidade de empregos gerada no
setor. Em nível nacional, segundo
dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), o número
de empregos na construção civil no
país chegou a mais de 2,5 milhões
de pessoas em 2010.
O secretário municipal de
Desenvolvimento e Habitação,
Felipe Attiê, diz que Uberlândia
é, hoje, segundo o ministério
das Cidades, uma referência
nacional, um modelo a ser
seguido em habitação
Contudo, no caso de Uberlândia,
os números da construção civil são
bem maiores, pelo menos no que
se refere à quantidade de alvarás
expedida pela Prefeitura, conforme
explica o secretário municipal de
Desenvolvimento e Habitação, Felipe Attiê. Segundo ele, existem casos de determinadas obras em que é
Mercado Julho 2011 ∞ 26
O residencial da construtora Rossi,
próximo à UFU, está em fase final
de construção: exemplo de obra
com um alvará apenas, mas 348
novos apartamentos construídos
Na opinião de especialistas, esse
crescimento no setor sempre foi
constante, mas aumentou substancialmente a partir de 2008. A crise
dos Estados Unidos afetou todo o
mundo e, para fugir dela, o então
presidente Luiz Inácio Lula da Silva
decidiu incentivar o consumo diminuindo, ou até retirando, impostos.
bilhões contra R$ 25,1 bilhões no
mesmo período do ano anterior.
A Renda Nacional Bruta atingiu
R$ 921,7 bilhões contra R$ 821,8
bilhões em igual período do ano
anterior; e, nessa mesma comparação, a Poupança Bruta atingiu
R$ 148,9 bilhões, contra R$ 128,9
bilhões em 2010”.
Planejamento
Nos últimos 12 meses, a alta registrada especificamente no setor da
construção civil foi de 6,8%, variando,
em média, 1,5% em cada mês. Todas as
regiões puderam sentir esse aumento.
Ana Paula Garcia afirma que as cidades
pequenas não participaram ativamente
desse crescimento. “Elas estão ‘pegando carona’ na expansão da construção
civil verificada nas grandes cidades, à
medida que cidades de portes menores
estão se apresentando como atrativas
de investimentos. Todavia, há de se
considerar que o crescimento destas
cidades não se apresenta na mesma
magnitude do que nas grandes cidades.
As pequenas apresentam tendência de
crescimento deste setor semelhante às
grandes, mas o impacto e a proporção
é que são reduzidos”, ressalta.
Como já mencionado, Uberlândia,
em especial, é protagonista dessa expansão no setor. Com localização estratégica, a cidade hoje é polo de vários
setores. Segundo o secretário Felipe
Attiê, em dois anos e meio o aumento
do volume de negócios é surpreendente. “Hoje, Uberlândia, segundo o ministério das Cidades, é uma referência
nacional, um modelo a ser seguido em
habitação. Porém, é difícil confirmar os
números desse crescimento exorbitante por conta das construções coletivas.
Por exemplo, no Shopping Park são
quatro mil casas erguidas, mas apenas
quatro ‘Habite-se’ e quatro ‘Alvarás de
Construção’ foram expedidos”, volta a
declarar o secretário.
O Censo do ano passado divulgado
pelo IBGE mostra bem essa realidade.
Em dez anos, enquanto a população
brasileira cresceu 12,48%, a de Minas
Gerais aumentou 9,68%, e a de Uberlândia 20%, nesse caso, aproximadamente
100 mil habitantes. Por isso a importância de se pensar em um planejamento.
Ainda de acordo com Felipe Attiê,
é necessário que se evite um crescimento parecido com o das grandes capitais, por exemplo, Rio de Janeiro e
Belo Horizonte, onde a população dos
morros e das favelas sofre com falta de
infraestrutura e, por isso, o governo é
substituído por traficantes. “Planejamos os bairros, Uberlândia se tornou
uma cidade organizada, sem invasões
em terrenos e locais indevidos para os
cidadãos”, afirma o secretário. A
Obras espalhadas por todos os lados: é o retrato
da construção civil no Brasil
27 ∞ Mercado Julho 2011
MCapa
Crescimento gera escassez no mercado
A falta de mão de obra fez com
que os salários disparassem. Pesquisa da FGV aponta que o valor da
remuneração cresceu cerca de 26%
nos últimos anos.
Foi sob esse cenário que o estudante Lucas Diego Justino entrou
para o curso de Engenharia Civil
em 2008, área cuja procura por
vagas vem crescendo na mesma
proporção que o mercado (confira no box a seguir). “O mercado
nessa área é bastante amplo, pois
demanda grande quantidade de
profissionais. Mais ainda aqueles
com capacidades e habilidades diferenciadas de acordo com o segmento de atuação escolhido”, diz
Lucas sobre uma possível saturação do mercado.
A consultora Renata Ramos concorda com o estudante Lucas. “É
importante verificar se a pessoa realmente possui as habilidades necessárias para atuar com sucesso
nesse setor. Caso tenha, ainda dá
tempo de desenvolver suas competências e se especializar nessa área,
aproveitando, assim, essa explosão
do mercado. A
Número de universitários no curso
de Engenharia Civil
Nº
Candidatos
Vagas
2008/1
311
17
18,29
2008/2
325
40
8,12
2009/1
470
20
23,50
2009/2
457
40
11,40
2010/1
507
20
23,35
2010/2
554
40
13,85
2011/1
878
20
43,90
2011/2
807
40
20,18
Ano
Relação Cand/
Vaga
A consultora em Gestão de Pessoas, Renata
Ramos, diz que o grande e rápido crescimento
verificado no setor da construção civil fez com
que a demanda por profissionais ultrapassasse
a oferta, por isso a falta de mão de obra
Mercado Julho 2011 ∞ 28
(Fonte: Universidade Federal de Uberlândia)
Em cinco anos, o mercado brasileiro da construção civil apresentou
um crescimento vertiginoso, porém,
sem estar preparado, apesar de previsto. Para Ana Paula Garcia, a demanda surpreendeu o país. Reflexo
disso foi a falta de mão de obra.
A taxa de desocupação, conforme
o IBGE, cada mês bate novo recorde. No último boletim, divulgado em
abril, o índice foi de 6,4%; o destaque
é no setor da construção civil. Outra
pesquisa realizada pelo Sindicato da
Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP),
em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), aponta que no
primeiro trimestre deste ano o número de contratações no setor teve
aumento de 10,9%.
Segundo a consultora Renata Ramos, da Retha Soluções em Gestão
de Pessoas, “o crescimento rápido
e vertiginoso observado na construção civil não acompanhou esse
‘boom’, ou seja, a demanda por profissionais dessa área ultrapassou a
oferta”. Outro ponto observado por
ela é o preconceito que existe em
torno dos profissionais desse setor.
“Existe uma desvalorização em relação ao trabalho braçal, apesar da
remuneração cada vez mais atrativa”, explica.
MCapa
Demanda provoca aumento dos preços
Assim como os salários, o material de construção também subiu.
Em 2010, a procura foi maior em
função da grande disponibilidade
de financiamento habitacional e,
principalmente, do programa “Minha Casa Minha Vida”. As classes
B, C e D são as que mais vão ao
mercado em busca de materiais de
construção. O sócio-proprietário
da empresa Comarco Materiais
para Construção, Janfredo Nader,
afirma que a procura de produtos
para o setor foi significativa em todas as classes, com destaque maior
para a fatia da população que ganha de três a seis salários mínimos
mensais. “Estávamos relativamente preparados, mas tivemos que
fazer algumas adaptações, como a
aquisição de veículos, funcionários
e o aumento do estoque mínimo. As
faltas de estoque foram pontuais”,
afirma. Ainda segundo o empresário, a procura cresceu 60% no ano
passado, comparada a anos anteriores, em que a demanda não era
tão grande.
Segundo dados do Sindicato da
Indústria da Construção Civil do
Estado de São Paulo (SindusConSP), em 2010 o preço do material
de construção aumentou 5,49%. “Algumas empresas fornecedoras que
enfrentavam maior concorrência aumentaram os preços para corrigir a
inflação, enquanto outras elevaram
os preços em função da alta procura.
Em geral, o aumento ficou em cerca
de 20%”, completa o empresário.
Sobre essa questão, Ana Paula
Garcia diz que a inflação não influenciou como ocorreu no caso
dos alimentos no início deste ano.
“O crescimento do setor aumenta
o número de vagas e aquece a economia, mas um problema surge no
meio do boom da construção, a falta de material. O cimento já é um
material em falta. Muitos locais de
venda não têm mais o produto. As
empresas do setor trabalham para
reverter a situação. Ela ainda diz
que uma questão a ser ponderada
é que o aumento de preços visto no
mercado parece ser um processo
gerado pela relação oferta e demanda. “Dessa forma, como a demanda está aquecida e a oferta dos
materiais e da mão de obra não tem
alavancado na mesma proporção,
é de se esperar elevação do preço,
mas nada que aponte crise ao setor”, observa.
O Sindicato das Imobiliárias de
Uberlândia (Secovi) sempre monitora os índices do mercado. Para o
vice-presidente dessa instituição,
Arianan Maracaipe Rego, “a alta sofrida no mercado de venda de imóveis não pode ser medida por um
índice específico”, por isso vários
fatores devem ser analisados.
No mercado de locação, o aumento pode ser considerado um reflexo da retirada de alguns imóveis
de oferta. Esses imóveis tornaramse opções de “venda” por parte dos
seus proprietários. Uma consequência natural da redução da oferta
é o aumento de preço.
Já no mercado de imóveis para
venda (veja a seguir no box dicas
de como comprar bem), o aumento
foi influenciado por toda a cadeia
produtiva da construção civil, que
teve seus custos fortemente reajustados e, portanto, repassados ao
mercado. “O aquecimento na construção civil gerou escassez de mão
de obra qualificada, além de uma
corrida especulativa por áreas/terrenos para construção. Tudo isso,
atrelado à grande oferta de crédito
habitacional no mercado, levou a
um aumento natural dos preços de
venda de imóveis em nossa cidade
e região”, ressalta.
Essa é também a opinião do
gerente regional da Rossi Residencial, Mauri Leite, que coloca o
governo federal como um agente
para desacelerar a inflação. “No
mercado imobiliário, essa pequena alta ainda não influenciou. Talvez, apenas, nos contratos de locação”, confirma.
Quem sentiu na pele o aumento
dos aluguéis foi o vendedor Hélio
Melgaço Júnior. Natural de João Pinheiro, região noroeste de Minas,
ele se mudou para Uberlândia por
causa dos estudos. “Ao me mudar,
os aluguéis de imóveis do nível que
procurava estavam em torno de R$
380, hoje não custam menos de R$
570, com isso, me vejo obrigado a
dividir o apartamento com outros
colegas”, comenta.
A procura (por material de construção)
cresceu 60% no ano passado,
comparada a anos anteriores em que
a demanda não era tão grande
Mercado Julho 2011 ∞ 30
Tendência do mercado em 2012
O mercado da construção civil
poderá sofrer uma queda se comparado às taxas de crescimento do ano
passado, porém, continuará a ser um
dos setores que mais irá se expandir
nos próximos anos, conforme previsão da economista Ana Paula Garcia. “Como grande parte dos investimentos no setor da construção civil
em 2011 foram iniciados no primeiro semestre, estes serão concluídos,
tendo em vista que já houve um planejamento inicial. Então, o esperado
é que o arrefecimento do setor não
seja expressivo”, analisa.
Mesmo assim, alguns setores já
sentiram a queda na construção
civil. De acordo com Janfredo Nader, os preços já estão voltando
ao normal, mas observa que algumas regiões do Brasil continuarão
crescendo. “Acredito numa desaceleração na nossa região, pois a
prioridade de investimentos públicos estará voltada às obras necessárias para a realização da Copa
do Mundo e a nossa região ficará
fora desses investimentos”.
Contudo, apesar da previsão do
comerciante não muito positiva
para Uberlândia, a cidade poderá
ser ainda muito beneficiada por
altos investimentos imobiliários.
crescimento na cidade. “Uberlândia é muito bem localizada e privilegiada geograficamente, a quarta
maior do interior do Brasil e, naturalmente, a decisão de se inves-
O déficit habitacional
ainda é alto. (...)
Temos convicção de
que o setor ainda tem
muito a caminhar
Pelo menos, é nisso que acredita
o gerente regional da Rossi Residencial, Mauri Leite. Ele acredita
que o mercado da construção civil ainda tem um alto potencial de
tir vem ao encontro da estratégia
de expansão da construtora, por
exemplo”, completa.
Para o gerente da Rossi, o mercado continuará aquecido. “O
déficit habitacional ainda é alto.
O volume financeiro de financiamentos imobiliários cresce a cada
ano. Temos convicção de que o
setor ainda tem muito a caminhar”, afirma. Ele adianta que o
plano financeiro da empresa para
2011 é investir R$ 4,5 bilhões em
lançamentos por todo o Brasil e
Uberlândia está entre os alvos.
Outro que acredita em mercado
aquecido é o sócio-proprietário
da ElGlobal Construtora, Rogério
Funaro. A sua previsão para a empresa
em 2011 é de um faturamento de
aproximadamente R$ 200 milhões, A
Para o gerente regional
da construtora Rossi,
Mauri Leite, o déficit
habitacional ainda é
alto e o setor ainda tem
muito o que caminhar
31 ∞ Mercado Julho 2011
Foto: Welton Neves
MCapa
Detalhe das quatro mil casas
que acabam de ser construídas
no residêncial Shopping Park,
em Uberlândia
tendo em vista os mais de 30 empreendimentos que estão em andamento. Isso, mesmo que o número
de projetos tenha caído. “Em 2010
foram 22 obras executadas; já em
2011, a previsão é de 13”, afirma. Ou
seja, no caso da El Global, a perda
em volume não se refletiu na receita,
que leva a crer em obras maiores.
Para finalizar, o secretário de
Desenvolvimento e Habitação de
Uberlândia, Felipe Attiê, garante que a cidade ainda tem muito
crescimento pela frente. “A perspectiva é que se façam mais bairros, como o Jardim Glória, com
1.700 lotes, e o Jardim Manaim,
com mais 300 lotes”, aponta.
Já em nível nacional, se for
observado que em junho a presi-
dente Dilma Rousseff lançou o
PAC2 (Programa de Aceleração
do Crescimento) e o Minha Casa,
Minha Vida 2, e considerando ainda que o Brasil terá também pela
frente a realização de uma Copa
do Mundo de Futebol (2014) e de
uma Olimpíada (2016), a impressão é de que o país não vai parar
de crescer tão cedo. B
Informações complementares
Estimativa de crescimento do setor
A previsão é que o PIB da construção civil cresça mais que o PIB nacional nos próximos anos.
6,7% em 2011 e 6% em 2012. Segundo pesquisa feita pela FGV, a segunda etapa do projeto Minha
Casa, Minha Vida e as obras para a Copa do Mundo de 2014 serão os grandes responsáveis pelo
crescimento. Esse investimento, também segundo a pesquisa, resultará na geração de 2,8 milhões
de empregos por ano.
(Fonte: FGV)
Uberlândia nos próximos anos
Em dois anos e meio, a Prefeitura de Uberlândia já distribuiu mais de oito mil casas e apartamentos.
Nos próximos meses, a previsão é entregar quatro mil casas no Shopping Park, e até o final do atual
mandato, mais de 18 mil unidades serão construídas. Um recorde nacional.
(Fonte: Prefeitura Municipal de Uberlândia)
Mercado Julho 2011 ∞ 32
MNegócios
Danilo Alves resolveu
virar patrão: há um
ano investiu R$ 400
mil numa franquia
de roupas, calçados
e acessórios; hoje,
ele diz que foi a sua
melhor escolha
Mercado de franquia
segue em expansão
no Brasil
Tem cada vez mais investidor optando pelo regime de
franchising na abertura do próprio negócio; em 2010, o setor de
franquia encerrou o ano com um crescimento de 20,4%
POR Alitéia Milagre
N
o mundo dos negócios,
enquanto
muitos quebram a
cabeça inventando
marcas e produtos,
pesquisas mostram que outros preferem apostar em marcas já existentes e consolidadas no mercado.
Por conseguinte, seja nos shopping
centers ou nas ruas de pequenas e
Mercado Julho 2011 ∞ 34
grandes cidades, está cada vez mais
comum encontrar lojas franqueadas
dos mais diversos segmentos. Essa
tendência fez aumentar o número de
lojas abertas em regime de franchising. Segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF), em 2010
o segmento de franquia encerrou o
ano com um crescimento de 20,4%
em relação ao ano anterior. Para
este ano, a expectativa é de um crescimento de 15%. Ainda de acordo
com a ABF, o faturamento total das
franquias alcançou no ano passado a
marca de R$ 75.987 bilhões.
O publicitário Danilo Alves Pires, de 27 anos, é um dos empreendedores que contribuíram para fazer crescer o número de franquias
abertas em 2010. Há exatamente
um ano, ele deixou a função de mídia numa empresa de publicidade
em Uberlândia para investir no próprio negócio e num ramo totalmente diferente do seu. Tudo impelido
pela vontade de ser o seu próprio
patrão. Para isso, abraçou a ideia
de investir numa franquia e optou
pela Overend, uma rede carioca de
lojas de roupas, calçados e acessórios que começou no Rio de Janeiro
e hoje está espalhada por todo o
Brasil. Para a abertura de sua loja,
Danilo escolheu como ponto o Center Shopping, de Uberlândia.
Ele conta que antes de optar pelo
sistema de franchising, observou
em shoppings pelo Brasil que a tendência é lojas de redes, mas o que o
motivou mesmo a investir nesse sistema foi o reconhecimento da marca. “Sempre tive a vontade de abrir
meu próprio negócio, mas tive o
cuidado de optar por franquia, porque sabia que iria adquirir o know
how da marca, um modelo testado
e consequentemente seguro. Investir num produto que já existe, e que
as pessoas já conhecem, é bem menos arriscado”, ressaltou.
Ricardo Viveiros,
diretor executivo da
ABF, diz que o setor
se consolidou e agora
espera aumentar o
faturamento em 15%
em 2011
Mercado
Ao falar do crescimento de franchising em 2010, o diretor executivo da ABF, Ricardo Camargo,
disse, em entrevista concedida ao
Franchisi Store, que no ano passado o setor cresceu em todos os
quesitos. “Fechamos o faturamento com 19% de incremento de vendas e devemos atingir 1.900 itens
em mais de 80 mil pontos e, com
isso, criar mais de 880 mil empregos diretos. É um marco no setor
de franchising. Nós nos firmamos
(a ABF) como a 2ª entidade no
mundo e este ano vamos buscar a
liderança”, disse.
Ainda segundo Ricardo, o bom
resultado da economia foi suficiente para impulsionar o crescimento no ano passado. “Com PIB de
7,5%, tivemos a chance de ultrapassar e muito esse número, e foi
o que aconteceu. Muitos bancos
estão adotando o sistema de franchising, não haverá dificuldades de
crédito para o sistema e esperamos
crescer pelo menos 15% em faturamento”, acrescentou.
Investidor defende o negócio
O sistema de franquia é um tipo
de negócio comercial que envolve
a distribuição de produtos ou serviços de uma marca que já existe
no mercado, na qual o franqueador
cede os direitos de utilização dessa
marca para outras pessoas. Danilo
conta que levou cinco anos para se
decidir estudando sobre a marca,
os produtos oferecidos e o mercado
de franchising. “Optei pelo sistema
primeiro porque há muitas marcas a
serem exploradas em Uberlândia, e
a Overend é uma delas. Meus estudos mostraram que a moda carioca
é forte e está em evidência, além de
ser uma marca com a qual me identifiquei muito. Além disso, trabalhar
com uma marca conhecida faz muita
diferença. As pessoas já conhecem
de outro lugar, nisso a demanda já
se torna natural, o que não deixa de
ser um desafio, pois todo começo de
negócio é difícil, uma marca consagrada não é sinônimo de sucesso.
Tem que ter muito trabalho e ver se
o mercado local tem aceitação da
marca”, pontuou o empresário.
Todo começo de
negócio é difícil,
uma marca
consagrada não
é sinônimo de
sucesso. Tem
que ter muito
trabalho e ver se
o mercado local
tem aceitação
da marca
(Danilo Alves)
As negociações duraram cerca de
três meses. Danilo relata que passou
por uma entrevista com o franqueador. “O objetivo é conhecer o franqueado e saber se tem o perfil padrão
que o franqueador deseja. Hoje, as
marcas estão procurando um franqueado operacional e não mais um
investidor, pois acreditam que com o
dono estando na operação a chance
de sucesso é maior do que as franquias que são abertas e ficam para um
gerente tocar a loja”, explica Danilo.
Para manter um padrão ou formato de qualidade em todos os estabelecimentos que usam a sua marca,
o franqueado geralmente passa por
um treinamento. Foi o caso de Danilo. Ele explicou que foram três
dias aprendendo a técnica de exposição dos produtos e vitrinismo
e que a troca de informações entre
o franqueado e a franqueadora para
alinhar as ações e um auxílio grande
do marketing é constante. A
35 ∞ Mercado Julho 2011
MNegócios
Retorno
Para abrir uma franquia é preciso tempo, pesquisa e dinheiro. Segundo Danilo Alves, tudo depende
do ramo, do ponto e do tamanho
do estabelecimento. Após estudar
bem o mercado, o empresário sabe
muito bem o quanto pode custar
um negócio de franquia. “No caso
de lojas em shopping, o investimento pode variar de R$ 350 mil a R$
600 mil e mais um capital de giro
para segurar a ponta em momentos
de vacas magras. O valor para montar uma franquia varia de 70 mil, se
for um quiosque, a dois milhões, no
caso de um restaurante, por exemplo”, ilustrou.
O franqueado precisará esperar
de 18 a 36 meses para obter retorno.
“Existem franquias que deram retorno em oito meses, e já outras demoraram 60 meses. O capital de giro é
muito importante, pois tem algumas
lojas que chegam a demorar de 1 a 3
anos para atingir o ponto de equilíbrio. Não me arrependo. Optar pela
franquia foi a melhor escolha”, concluiu o empresário.
Mercado forma cada vez mais “novos empresários”
Além de Danilo Alves, quem também preferiu abrir franquia em shopping foi à administradora Carolinne
Moreira de Moraes. Ela conta que o
negócio começou há seis anos com a
rede de franquias de quiosques Nutty Bavarian, especialista em vendas
de castanhas glaceadas doces e salgadas. Como o ramo de alimentação
se mostrou rentável, alguns anos
depois ela decidiu investir em outra
franquia, e abriu um fondue express
que leva o nome de Fábrica Di Chocolate. “É um fast-food de frutas
frescas da estação cobertas com
chocolate. São espetos, sobremesas,
bebidas e bombons fabricados diretamente no quiosque. É de dar água
na boca”, brincou Carolinne.
Depois dessas duas franquias,
a empresária não parou. Seu mais
novo investimento é na marca de
óculos Aloha. “São produtos com
design inovador, diferenciado e que
seguem os altos padrões da moda
mundial”. Carolinne afirmou ainda
que o investimento em cada quiosque foi de R$ 100 mil. “Trabalhar
com franquia é muito bom, porque o
produto já foi testado e aceito pelo
consumidor, ou seja, o risco de não
dar certo é bem menor”, afirmou.
Todos os três negócios de Carolinne
foram abertos no Center Shopping,
em Uberlândia.
De olho num mercado cada vez
mais em expansão, outro que teve
visão futurística para o negócio de
franquia é o publicitário Fernando
Ferreira da Silva, de 36 anos. Ele
teve a ideia de ser franqueador de
uma marca de cerveja “saborosa”
e que tivesse em expansão. Após
alguns meses de muita pesquisa
Mercado Julho 2011 ∞ 36
se decidiu. Resolveu investir na
franquia Devassa. “A cervejaria já
tem ponto garantido: o Uberlândia Shopping, que está em construção na zona sul de Uberlândia.
Além de oferecer a bebida bem
geladinha, a cervejaria vai servir
petiscos. Com isso, segundo o investidor, a cidade vai ganhar um
espaço diferenciado para reunir
família, amigos e casais. De acordo com Fernando, o capital inicial
para se franquear à Devassa é de
R$ 95 mil. “Com a ambientação e
decoração da casa, mais aquisição
de equipamentos, serão mais R$
900 mil. Um investimento de quase R$ 1milhão”, concluiu. B
Carolinne Moraes (no centro) começou com
uma franquia e em seis anos já é dona de três:
na foto, quando da inauguração do quiosque da
Aloha (óculos), ela aparece ladeada por Daniel
Feitosa e Henrique Romano (franqueadores),
Rodrigo Furtado (sócio e marido) e Elisa Tredicci
(gerente de franquias)
MMercado
As “armadilhas” dos
contratos de serviços
Detalhamento e clareza na elaboração de contratos de
serviços são cruciais para minimizar riscos, evitar disputas
judiciais e otimizar a gestão do trabalho
POR Michele Borges (Ciclo)
M
uitas vezes, a elaboração de contratos de serviços é
tratada como mera
formalidade, quando na verdade estamos falando de
uma ferramenta fundamental para
resguardar ambas as partes. “Houve quem dissesse que um contrato
não é para acertar e sim para errar.
Significa dizer que ele é celebrado
para garantir que nada de errado
aconteça e, caso ocorra, garantias
têm que estar explícitas, inclusive
com sanções à parte infratora, de tal
forma a garantir o seu cumprimento
Mercado Julho 2011 ∞ 38
na íntegra”, explica José Fernando
Rosa, que lida com a elaboração de
contratos na empresa onde trabalha.
Para muitos especialistas, a capacidade de um contrato evitar
conflitos é diretamente proporcional à clareza e detalhamento de
sua elaboração. Por isso, seu preparo deve ser encarado como um
processo administrativo entre empresas e contar com procedimentos de planejamento, organização,
controle e coordenação.
A gestora de compras de uma
empresa de Uberlândia, I.C.P, que
prefere não se identificar, conta
que no ano passado sofreu um desgaste muito grande com um fornecedor devido à ausência de cláusulas no contrato que especificassem
a qualidade do serviço prestado e
as respectivas sanções em caso de
infração. “Desde então, vimos a
necessidade de estruturar melhor
a área de gestão de contratos da
empresa para podermos garantir
um serviço bem feito. Antes não
conseguíamos acompanhar a execução do trabalho e nem sequer
sabíamos se o valor pago estava
compatível com o cobrado pelo
mercado”, conta I.C.P.
José Fernando,
que é gerente de
suprimentos da
PDCA Engenharia,
alerta que
cada detalhe
tem que estar
minuciosamente
citado no contrato
para evitar futuros
transtornos
Segundo José Fernando Rosa, no
que diz respeito ao objeto do contrato,
cada detalhe tem que estar minuciosamente citado para que nenhuma dúvida seja levantada no futuro. As especificações dimensionais, qualitativas e
quantitativas devem estar claramente
definidas, servindo de base para as
inspeções e controles que acontecerão no ato da entrega do que foi con-
mento atrelada a medições relativas
ao desenvolvimento das etapas de
serviços executados.
“Nesse caso, os pagamentos podem ser efetuados dentro dos prazos estabelecidos sem qualquer
retenção e acompanhamento do
desenvolvimento das etapas de execução dos serviços, que podem não
ser realizadas nos prazos combina-
te se a entrega do que foi contratado
se der ao longo de um período mais
extenso, estando sujeito a atrasos e
dificuldades na sua execução. “Essa
é a principal causa de litígios e as garantias são as ferramentas que vão
exigir das partes o fiel cumprimento
das cláusulas anteriores, cabendo,
assim, a citação das sanções referentes à parte infratora de qualquer das
No afã de iniciar os serviços,
alguns contratos são elaborados
sem a previsão de sanções sobre
as cláusulas contratuais
tratado. “Nessa fase, as minúcias são
a essência do processo”, afirma.
No afã de iniciar os serviços, alguns contratos são elaborados sem
a previsão de sanções sobre as cláusulas contratuais, sem previsão de
caução (retenção de parte dos valores) sobre os pagamentos a serem
efetuados e sem a condição de paga-
dos. A empresa corre o risco de o
prestador de serviços não entregar
o que foi contratado, já tendo recebido os valores devidos e ter, assim,
que acioná-lo juridicamente, denunciando o contrato, perdendo tempo
e dinheiro”, alerta José Fernando.
A questão dos prazos pactuados é
de suma importância, principalmen-
cláusulas contratadas”, reforça Rosa.
Assim, uma vez definidos de forma clara e coerente os direitos e
obrigações de cada um, evita-se que
conflitos tenham que ser solucionados na base da conversa e da boa
vontade, ou pior ainda, que culminem em disputas judiciais sempre
muito dispendiosas para todos. B
39 ∞ Mercado Julho 2011
MFinanças
Como quebrar o ciclo
do endividamento
Especialista diz que o melhor caminho é negociar e
pagar, o que deve começar pelas dívidas maiores; depois,
combater as causas e não o efeito, mas para isso é
preciso ter educação financeira
POR Paulo Ucelli
A
situação é preocupante, pois a inadimplência
do consumidor cresceu
8,2% em maio em comparação com o mês
anterior, de acordo com a empresa
de consultoria Serasa Experian. A
dívida com o banco é a principal razão para essa alta da inadimplência,
contribuindo com 55% de toda a variação mensal. Mas o que fazer para
reverter essa situação? Para o educador financeiro Reinaldo Domingos,
autor do livro “Livre-se das dívidas”
Mercado Julho 2011 ∞ 40
(Editora DSOP), é importante criar
uma estratégia para sair das dívidas
“A primeira preocupação das pessoas deve ser com as dívidas de juros
maiores, como o cheque especial ou
o cartão de crédito”.
Entretanto, Domingos alerta que
é fundamental negociar essas contas
antes de pagar, reduzindo ao máximo
os juros e as multas. “O contribuinte também deve ter em mente que é
hora de combater as causas das dívidas e não o efeito, e isso só de faz
com educação financeira”.
Já para os contribuintes que não
têm dívidas, o ideal é investir o dinheiro. Segundo Domingos, nessa
hora existem diversos tipos de investidores. “É importante que o investimento esteja atrelado aos objetivos
das famílias, que devem ser de curto,
médio e longo prazo. Caso contrário,
o retorno poderá não ser tão interessante, causando até prejuízos”, relata
Domingos, que é presidente do Instituto DSOP de Educação Financeira.
Para Domingos, não faltam indicadores para demonstrar como
Reinaldo Domingos, economista: “É importante que o
investimento esteja atrelado aos objetivos das famílias,
que devem ser de curto, médio e longo prazo
a população precisa de orientação
para lidar com as finanças pessoais. A renda do brasileiro ficou mais
comprometida neste ano com o pagamento de dívidas, atingindo 25,8%
em fevereiro (número mais recente)
- nível mais alto da série do Banco
Central, iniciada em julho de 2006.
A inadimplência do consumidor
que frequenta lojas de shoppings
cresceu 3% no primeiro trimestre
de 2011 em relação ao mesmo período de 2010, segundo a Associação
dos Lojistas de Shoppings (Alshop).
Pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) revela que um em cada
quatro universitários adota comportamento de risco com o uso do
cartão de crédito, ou seja, atrasam
o pagamento, não pagam o total da
fatura e têm débitos acima de ou
igual a R$ 1 mil. Estudo da Sophia
Mind aponta que 54% das mulheres
não conseguem guardar nada da sua
renda anual para investir e tendem a
ser consumistas.
“Muito se fala em sustentabilidade, consumo consciente, responsabilidade social. Embora venha sendo atribuído a esses conceitos uma
dimensão muito mais complexa, na
essência eles estão imbuídos do sentido de cuidar para assegurar uma
condição melhor para se viver. Então, ensinar as pessoas a administrar
seus próprios recursos contribui
para que elas tomem consciência de
que é necessário cuidar bem do que
se tem para viver melhor agora e no
futuro”, conclui Domingos.
Perguntas fundamentais para se fazer antes de qualquer compra:
- Eu realmente preciso desse produto?
- O que ele vai trazer de benefício para a minha vida?
- Se eu não comprar isso hoje, o que acontecerá?
- Estou comprando por necessidade real ou movido por outro sentimento, como carência ou baixa autoestima?
- Estou comprando por mim ou influenciado por outra pessoa ou por propaganda sedutora?
Se mesmo diante desse questionamento, a pessoa concluir que realmente precisa comprar o produto, seria prudente se
fazer mais algumas perguntas, como:
- De quanto eu disponho efetivamente para gastar?
- Tenho o dinheiro para comprar à vista?
- Precisarei comprar a prazo e pagar juros?
- Tenho o valor referente a uma parcela, mas o terei daqui a três, seis ou doze meses?
- Preciso do modelo mais sofisticado, ou um básico, mais em conta, atenderia perfeitamente à minha necessidade? B
Foto: Simone Guedes
MAgricultura
A paisagem do Vale do Urucuia, no Noroeste de Minas, está se transformando
graças à união de pequenos produtores rurais da região
Produção sustentável
contra a miséria
Cooperativa melhora condições de vida de pequenos
agricultores do Vale do Urucuia (MG)
DA Redação com Agência
P
rodutores rurais do Vale
do Urucuia, Noroeste
de Minas Gerais, estão
mudando a realidade
de uma das regiões com
menor Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH) do estado. Eles conseguiram aumentar a produtividade
e a renda por meio da cooperação.
Juntos eles também realizam projetos sociais e desenvolvem ações de
preservação ambiental das veredas
que serviram de inspiração para a
obra de Guimarães Rosa.
Tudo começou há sete anos,
quando os produtores participaram
do projeto de Desenvolvimento TerMercado Julho 2011 ∞ 42
ritorial do Vale do Urucuia realizado
pela Agência de Desenvolvimento
do Vale do Rio Urucuia em parceria
com a Fundação Banco do Brasil e
o Sebrae-MG. À época, o Sebrae-MG
ofereceu aos produtores capacitações gerenciais e estimulou a união
dos agricultores. “Estimulamos o
espírito de liderança e a busca por
conhecimento, para que eles fossem
capazes de encontrar soluções em
conjunto”, afirma o analista do Sebrae-MG, Emerson Gonçalves.
Quatro anos depois, os produtores sentiram a necessidade de serem
mais independentes. O objetivo era
criar canais de comercialização e au-
mentar a renda do grupo. A iniciativa
resultou na formação da Cooperativa
da Agricultura Familiar Sustentável
com Base na Economia Solidária (Copabase), que continuou tendo o apoio
financeiro da Fundação do Banco do
Brasil e do Sebrae-MG em treinamentos e missões empresariais.
A Copabase atende 250 produtores rurais de oito municípios que
atuam em atividades agrícolas e
artesanato. Os atendimentos são
feitos por 13 agentes de desenvolvimento e uma engenheira agrônoma
que orienta sobre plantio, manejo,
adubação e combate de pragas com
inseticidas naturais.
Com as orientações dos técnicos
do projeto, o produtor Reginaldo
Rezende Aquino aumentou a produção em 200%, de 200 quilos para
600 quilos semanais. “Antes levava
toda a produção de bicicleta, 10 km
de ida e 10 km de volta. Hoje consigo pagar um frete para entregar a
mercadoria”, conta Reginaldo, que
produz hortaliças, jiló, quiabo, pimentão e melancia.
Os pólens são pequenas bolinhas,
de cores amarela e branca, que ficam presas às patas das abelhas. O
produto tem proteínas e vitaminas
A, C e E, que combatem as doenças
do envelhecimento. O pólen é tão
valorizado no mercado que chega
a custar três vezes mais o valor do
mel, entre R$ 20 e R$ 30 o quilo.
Iremos trabalhar
para que o mel
da região do
Urucuia seja
produzido com
qualidade e
higiene e se
torne referência
no mercado
Sustentabilidade
A preocupação da Copabase não
é somente com a questão econômica , mas também social e ambiental.
Em 2009, cerca de 535 produtores
que não sabiam ler nem escrever foram alfabetizados . Este ano, mais
de 500 estão nas salas de aula.
Foto: Reprodução
Foto: Simone Guedes
trado até a R$ 2,80 o quilo, mas nós
pagamos R$ 4,00”, diz o presidente
da Copabase, Paulo Estácio.
(Emerson Gonçalves,
analista do Sebrae-MG)
Reginaldo Rezende:
produtor conseguiu
aumentar sua
produção em 200%
A cooperativa, que nos seis primeiros meses comercializava R$ 100
por mês, agora chega a vender R$ 11
mil. Produtos como mel, polpas de
frutas tropicais e do cerrado, óleo de
pequi, farinha de mandioca e castanha de caju são vendidos para o comércio local e, principalmente, para
os governos municipais e estadual
para a merenda escolar. “A cooperativa tem um contrato de garantia
do recebimento de no mínimo 50%
da produção anual de cada cooperado”, afirma a gerente da cooperativa
Dionete Figueiredo.
Os custos com embalagem, rótulos, articulação de venda e distribuição do produto são pagos pela
cooperativa, ainda com recursos de
convênios com a FBB. “Pagamos ao
cooperado um preço acima do mercado. O mel, por exemplo, é encon-
A Copabase busca agora a certificação do Ministério da Agricultura, necessária para comercializar o mel e as
polpas para outros estados e também
para exportação. No caso do mel, o
Sebrae-MG irá promover o Programa
Alimento Seguro (PAS), para que os
empresários sejam capacitados em
boas práticas de produção. “Iremos
trabalhar para que o mel da região do
Urucuia seja produzido com qualidade e higiene e se torne referência no
mercado”, explica Emerson Gonçalves, analista do Sebrae-MG.
Novos produtos
Em fevereiro deste ano, a cooperativa ofereceu aos produtores
coletores de pólen uma espécie de
tela que é colocada na entrada da
colmeia. Os furos são tão estreitos
que, para passar, as abelhas são
obrigadas a derrubar o pólen que é
retirado das flores. “Chego a recolher 200 gramas de pólen por dia”,
contabiliza o produtor Jehovane
Luiz da Silva.
Viveiro implantado na
comunidade Vereda
Grande, no município
de Urucuia, com
a participação da
Copabase
Para evitar que rios e lagos da região sequem, os produtores cercaram
89 nascentes com arame farpado. A
iniciativa evita que a pastagem do gado
destrua os córregos de água da região.
Outra iniciativa foi a criação de viveiros de plantas nativas da região. A
cooperativa doa os saquinhos e telas
de proteção e os produtores coletam
sementes e cuidam das mudas até
que estejam prontas para o plantio.
Já foram criados 33 viveiros, cada um
com mais de cinco mil mudas. B
43 ∞ Mercado Julho 2011
MConsumidor
Comerciante mostra
os novos modelos de
adaptador e tomada
Novo padrão para plugues
e tomadas já está valendo
Comércio tem até início de julho para adaptar estoques; passa
a ser permitido apenas um padrão de tomadas, com três
furos, e dois padrões de plugues com dois ou três pinos
POR Evaldo Pighini com Agências
A
partir de 1º de julho, o
comércio não poderá
mais vender equipamentos com plugues
fora do padrão, passando a ser permitido somente um
padrão de tomadas, com três furos,
e dois padrões de plugues, um com
dois pinos e outro com três pinos.
Além disso, os pinos podem ser de
dois diâmetros: com 4 mm ou 4.8
mm. Esse novo padrão, desenvolvido pela Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT), foi criado para melhorar a conexão elétri-
Mercado Julho 2011 ∞ 44
ca entre os plugues e as tomadas,
reduzindo a possibilidade de risco
de choques elétricos e perdas de
energia que ocorrem em razão do
mau contato entre os plugues e as
tomadas antigas, o que resulta em
mais segurança e economia. Esse
prazo de 1º de julho marca a última etapa do processo de implementação do Padrão Brasileiro de
Plugues e Tomadas, que começou
a ser instalado com lei sancionada
em 2000.
Um balanço feito pelo Instituto
Nacional de Metrologia, Normaliza-
ção e Qualidade Industrial (Inmetro) considerou que o padrão já está
funcionando plenamente, tanto entre os fabricantes quanto no varejo.
Nas últimas fiscalizações, o Inmetro
não identificou abuso de preços ou
desabastecimento de mercado com
a substituição das peças e registrou
um índice de irregularidades abaixo
de 5%, que é o percentual máximo
tolerado pelo órgão. A multa para
casos de produção ou venda de produtos fora do novo padrão a partir
de 1º de julho pode variar de R$ 100
a R$ 1,5 milhão.
Alfredo Lobo, presidente do Inmetro, diz que em
apenas 20% dos casos haverá dificuldade de
conexão em relação à tomada antiga, que são
os plugues de três pinos, por isso, sugere como
alternativa o uso do adaptador que se distingue do
antigo “T”
O presidente do Inmetro, Alfredo Lobo, disse que o novo modelo
significou redução de custos na produção de aparelhos e peças e teve
reflexo positivo no bolso do consumidor. “Enquanto a indústria tinha
que ter linha de produção para fabricar 20 tipos de plugues e tomadas
diferentes, hoje ela tem uma linha
de produção focada em duas alternativas. E, com isso, otimizou o processo produtivo e pôde diminuir os
custos. Mesmo considerando a inflação, que casou o aumento no valor
dos insumos, da resina, do metal que
faz o plugue e da tomada, houve diminuição de preços, o que significa
um ganho para o cidadão também
no que diz respeito ao investimento
na compra desse produto”.
No caso dos plugues e tomadas
de três pinos, a questão da segurança é ainda mais reforçada, conforme o Inmetro. Isso porque o terceiro pino funciona como fio terra
dos produtos que precisam de aterramento para evitar choques. Mas,
para que esse recurso tenha funcionalidade, a instalação elétrica da
residência precisa estar preparada.
Uma das determinações do processo de padronização do novo modelo foi a obrigação de aterramento
nas construções prediais iniciadas
a partir de 2006. As residências
construídas antes dessa data terão
que se adaptar por conta própria e
no tempo que for possível.
O presidente do Inmetro destacou que não existe necessidade urgente de preparar o aterramento e
que não há obrigação para a troca
de tomadas nas residências. “Não
há necessidade de trocar todas as
tomadas. Em apenas 20% dos casos
teremos dificuldade de conexão em
relação à tomada antiga, que são os
plugues de três pinos. A alternativa
é usar o adaptador que se distingue
do antigo T, porque agora é submetido a testes e tem que atender a requisitos de segurança”, disse.
Principais mudanças - Padronização dos plugues e tomadas
Em decorrência dessa padronização, os eletrodomésticos que
necessitam de aterramento, como
acontece com as máquinas de lavar
roupa e os aparelhos de ar condicionado, usam os plugues de três
pinos. Para esses casos, o consumidor terá que trocar a sua tomada.
Isso quer dizer que aquele fiozinho
da geladeira e de vários outros eletrodomésticos, que a grande maioria das pessoas nem sabe para o
que serve, tem a mesma função
do chamado “3° pino” dos plugues
e tomadas do padrão brasileiro, ou
seja, aterrar o equipamento. Só que,
como as construções não ofereciam
aterramento, o fio ficava sem função. Agora, o fio desaparece e o aterramento será feito através do plugue
e da tomada com 3 pinos.
Os aparelhos que operam com até
10 amperes, a maioria dos aparelhos
eletroeletrônicos existentes no mercado, usam o plugue com pinos de 4
mm. Nesse caso, a troca da tomada
poderá ser feita à medida que o consumidor julgar necessário, uma vez
que o plugue padrão de dois pinos é
compatível com a tomada atual.
Os que trabalham entre 10 e 20
amperes usam plugues com 4,8 mm
de diâmetro, como, por exemplo, o
micro-ondas. Para usar esses aparelhos, o consumidor deverá também
adaptar a tomada ao padrão.
A existência de plugues com dois
diâmetros diferentes (pinos de 4 mm
e 4.8 mm) impede que você conecte
um aparelho que opera com amperagem superior a 10 amperes em uma
instalação dimensionada para operar
com até 10 amperes, eliminando o risco de sobrecarga, ocasionando danos
ao eletrodoméstico e à instalação.
A instalação dos plugues e tomadas padronizados é similar a dos anteriores não padronizados. Porém,
como já era indicado anteriormente,
é aconselhável que a instalação seja
feita por um profissional eletricista. B
45 ∞ Mercado Julho 2011
MSaúde
Glaucoma atinge mais de
um milhão de brasileiros
Doença não tem cura, mas pode ser controlada e, para isso, o
diagnóstico precoce e o tratamento regular são imprescindíveis
POR Margareth Castro
D
e repente a visão começa a embaçar, manchas se formam na
parte frontal do olho e
podem aumentar com
o tempo, provocando a cegueira.
Esse sintomas são do glaucoma, uma
doença causada pela lesão progressiva dos nervos óticos responsáveis
por levar os impulsos luminosos ao
cérebro e relacionada à alta pressão
do olho. A doença atinge mais de
um milhão de brasileiros, não tem
cura, e o tratamento na maioria dos
casos condena o paciente ao uso de
colírios para o resto da vida. As cirurgias são pouco recomendadas e
indicadas apenas quando o controle
regular - através de colírio - da pressão não dá certo.
Segundo estatísticas da Organização Mundial de Saúde (OMS), de 1% a
2% da população acima de 40 anos tem
glaucoma, o que representa a segunda
causa de cegueira no mundo e a terceira no Brasil. Doenças como diabetes,
hereditariedade, miopia e lesões oculares são as principais causas.
O diagnóstico da doença é feito
através da consulta oftalmológica,
que mede a pressão intraocular e
verifica o fundo de olho para observar alterações no nervo ótico que
são compatíveis com dano glaucomatoso. Após a consulta inicial, nos
pacientes suspeitos de glaucoma e
comprovadamente com glaucoma, o
médico pede exames complementares que confirmam o diagnóstico.
Glaucoma agudo de ângulo
fechado: a imagem mostra
o quadro de uma crise, uma
emergência oftalmológica que,
se não tratada rapidamente,
leva à perda visual irreversível,
parcial ou mesmo total em
questão de horas
Mercado Julho 2011 ∞ 46
O tipo de cirurgia
depende de alguns fatores
do globo ocular, como
anatomia interna,
presença de catarata
associada e outros
O médico oftalmologista Walmir
Pires diz que convencer o portador
de glaucoma da importância do tratamento nem sempre é fácil. Isso porque a doença não tem cura, mas pode
ser controlada com medicamentos
e um tratamento regular. Também é
possível melhorar o quadro com cirurgias. Segundo o médico, o tratamento é feito em mais de 90% dos casos com uso de colírios específicos,
que controlam o aumento da pressão
e com isso estabilizam a doença, evitando assim lesão ao nervo ótico e,
consequentemente, a perda de campo visual, que se não tratada pode
levar à cegueira irreversível.
Walmir Pires diz que as últimas
gerações de medicamentos que tem
maior eficácia no controle do glaucoma ainda estão com valor muito alto
e de difícil acesso à parcela mais carente da população. Em relação à cirurgia, o procedimento só é indicado
quando não se consegue o controle
com o uso de medicamentos. “O tipo
de cirurgia depende de alguns fatores
do globo ocular, como anatomia interna, presença de catarata associada
e outros”, explicou.
O produtor rural Jonas Rodrigues, 74 anos, morador no município de Prata, no Triângulo Mineiro,
disse que descobriu a doença há cerca de 8 anos, após um acidente na fazenda. “Machuquei o olho no arame
e tive que procurar um oftalmologista. Na consulta, descobriu-se que a
pressão do olho estava alta e que eu
tinha glaucoma”, contou.
Jonas Rodrigues chegou a ser
operado de catarata e hoje, por cau-
sa do glaucoma, usa colírio duas vezes ao dia para controle da pressão
intraocular. Ele diz que é o primeiro caso da doença diagnosticado
na família, mas convive bem com o
glaucoma, pois faz o controle necessário. “Uso o medicamento e vou ao
médico duas vezes por ano. A doença não me atrapalha em nada, minha
visão é perfeita, tanto que viajo cerca de 1,2 mil quilômetros até a fazenda constantemente”, disse.
Prevenção é a melhor alternativa de combate ao glaucoma
Uma das principais estratégias
de combate ao glaucoma é feita por
meio da prevenção às doenças que
causam o problema. De acordo com
o oftalmologista Walmir Pires, após
os 40 anos, as pessoas devem consultar o médico anualmente e fazer
exames com regularidade, mesmo
que enxerguem bem. Pessoas que
têm casos da doença na família correm maior risco do que aquelas que
não têm e exigem cuidados especiais, pois o caráter hereditário é importante para o desenvolvimento da
doença, particularmente o glaucoma
crônico. A
Visão normal
Início de glaucoma
Glaucoma avançado
Glaucoma extremo
Foto: Chona M. Duroga
O oftalmologista
Walmir Pires diz que
nem sempre é fácil
convencer o portador
de glaucoma da
importância do
tratamento. A doença
não tem cura, mas
pode ser controlada
com medicamentos
47 ∞ Mercado Julho 2011
MSaúde
No Dia Nacional de Combate ao
Glaucoma, comemorado em 26 de
maio, foram divulgados pelo Ministério da Saúde os avanços na assistência aos pacientes atendidos pelo
Sistema Único de Saúde (SUS). Em
8 anos, de janeiro de 2003 a março
deste ano, foram realizados no
SUS mais de 3 milhões de atendimentos a pacientes com glaucoma, entre exames, consultas
e cirurgias. Nesse período, a
assistência para esses brasileiros cresceu 145 vezes, saltando
de 10.150 procedimentos para
1.472.675. O investimento aumentou quase 300 vezes, passando de R$ 294 mil, em 2003, para
R$ 87 milhões.
Na rede pública de saúde do
país, quase dois mil estabelecimentos prestam atendimento
oftalmológico gratuito à população, incluindo assistência para
pacientes com glaucoma. Ao longo dos anos, foram introduzidas
novas medidas de assistência
aos pacientes com glaucoma,
desde a oferta de colírios até cirurgia, quando necessária.
Desde o ano passado, esse
atendimento também é garantido por meio do Aqui Tem
Farmácia Popular, pois o me-
dicamento maleato de timolol foi
incluído na lista dos produtos do
programa, desenvolvido em parceira com a rede privada de farmácias e drogarias. Nesse programa,
a população tem descontos de até
90% na compra de medicamentos e
As maiores
dificuldades
do paciente
com
glaucoma
se referem
ao custo do
tratamento
outros produtos. De acordo com o
Ministério da Saúde, só de janeiro
a março deste ano, a oferta do colírio maleato de timolol aumentou
quase 84% nas unidades credenciadas ao programa.
Walmir Pires explica que as
maiores dificuldades do paciente com glaucoma se referem ao custo do tratamento,
mas, segundo ele, esse problema está diminuindo (por causa
das novas medidas de assistência aos pacientes na rede
pública de saúde, já citadas
anteriormente).
O médico explica ainda que
as últimas gerações de medicamentos, que tem maior eficácia
no controle do glaucoma, ainda
estão com valor muito alto e são
de difícil acesso à parcela mais
pobre da população. Wlamir Pires disse que a cirurgia só é indicada quando não é possível
controlar a doença com o uso de
medicamentos. “O tipo de cirurgia depende de alguns fatores do
globo ocular, como anatomia interna, presença de catarata associada e outros. Por isso, caber ao
médico orientar bem o paciente,
pois a doença em sua fase inicial
é assintomática”, concluiu. B
Glaucoma - saiba mais sobre a doença
Pessoas com histórico familiar têm cerca de 6% de chance de desenvolver a doença;
Os diabéticos e negros são mais propensos a desenvolver o glaucoma de ângulo aberto;
O glaucoma de ângulo aberto não apresenta sintomas e o paciente não sente dor e perde
lentamente a visão;
Os asiáticos têm maior tendência a desenvolver o glaucoma de ângulo fechado;
O glaucoma de ângulo fechado causa um rápido aumento da pressão do olho e os sintomas
podem incluir dores oculares, dores de cabeça intensa e olhos avermelhados;
Na população com mais de 50 anos de idade, as principais causas de cegueira são a catarata, o
glaucoma, a retinopatia diabética e a degeneração muscular.
Fonte: Ministério da Saúde
Mercado Julho 2011 ∞ 48
MSaúde
Quanto custa a depressão?
Médicos, governos e instituições de saúde tentam mensurar e
avaliar o impacto e os prejuízos causados pela doença. Alguns
números indicam a dimensão do problema
POR Camila Constantini
D
esemprego, absenteísmo ou diminuição de
produtividade no trabalho, atendimentos
hospitalares, exames,
consultas médicas e tratamentos: a
depressão tem, sim, seu preço. “E
a maioria dos países destina pouca
verba ao tratamento dessa enfermidade em comparação com o impacto que ela causa na saúde de uma
nação”, alerta a psiquiatra Alexandrina Meleiro, doutora em medicina
pelo departamento de psiquiatria da
Faculdade de Medicina da USP. É difícil precisar o custo que todos esses
fatores geram a um governo ou a um
paciente depressivo, porém alguns
levantamentos conseguem apontar
que esses números são bastante importantes e impactantes.
“A Organização Mundial da Saúde (OMS) calcula que 340 milhões
de pessoas sofram de depressão em
todo o mundo”, enumera Alexandrina. Ainda segundo a OMS, cerca de
14% do ônus mundial causado por
doenças são atribuídos a distúrbios
neuropsiquiátricos - na maioria das
vezes devido à natureza incapacitante da depressão e a outros problemas mentais.
Em estudo realizado nos Estados
Unidos, estimou-se que a depressão
acarreta um custo anual de cerca de
US$ 83 bilhões, incluindo perda de
produtividade, custos diretos e relacionados a suicídio (veja o gráfico
a seguir).
31%
7%
62%
62% Perda de produtividade
31% Custos diretos (atendimento
hospitalar e ambulatorial;
produtos farmacêuticos)
7% Custos relacionados com
suicídios devido à depressão
Mercado Julho 2011 ∞ 50
Em relação à perda de produtividade, o paciente fica totalmente
incapacitado para trabalhar ou conduzir suas atividades normais por
35 dias ao ano. Além disso, a diminuição do desempenho profissional
responde por 81% dos custos. Ainda
há estudos que mostram que 44%
dos pacientes com depressão têm
sua capacidade de trabalho comprometida, enquanto 11% atribuem o desemprego à enfermidade.
“Quando se trata de suicídio, de
10% a 15% dos pacientes com depressão o cometem”, diz Alexandrina, “Um índice três vezes maior do
que o da população geral”, compara.
Outros números importantes apontam os distúrbios mentais como
causas importantes de incapacidade e dependência a longo prazo: a
OMS atribui 31,7% do total de anos
de incapacitação a doenças neuropsiquiátricas, sendo que destas, as
principais são: Depressão unipolar
(11,8%), Alcoolismo (3,3%), Esqui-
“Estimava-se que em 2020 a depressão seria a
segunda causa de incapacidade no mundo, atrás
apenas das doenças cardiovasculares”
zofrenia (2,8%), Depressão bipolar
(2,4%) e Demência (1,6%).
“Estimava-se que em 2020 a depressão seria a segunda causa de
incapacidade no mundo, atrás apenas das doenças cardiovasculares”,
conta Alexandrina. “Não à toa, essa
estimativa foi superada cerca de 10
anos antes do previsto”, alerta. Para
que esse quadro seja revertido, é
preciso que, cada vez mais, o paciente receba um diagnóstico correto o
mais cedo possível. “O passo seguinte seria um acompanhamento médico, com psicoterapia e o tratamento
mais adequado ao paciente”, diz.
E os antidepressivos têm se mostrado com atuação cada vez mais
eficaz e diminuição dos eventos adversos -, como pouca interferência
no peso e na libido, além de baixa
probabilidade de interação medicamentosa, inclusive com anticoncepcionais, o que é um ganho para
as mulheres. Um exemplo de medicamento da chamada 3ª geração de
antidepressivos (duais), é a desvenlafaxina, que age como inibidor da
recaptação da serotonina e da noradrenalina, substâncias do sistema
nervoso que são diretamente relacionadas ao mecanismo da depressão, que pode ser classificada em
quatro tipos, de acordo com o grau
de acometimento e sintomas (veja
quadro a seguir).
TIPOS DE DEPRESSÃO
Transtorno depressivo maior,
depressão maior ou depressão
unipolar
É o quadro mais comum da doença e compromete significativamente as atividades cotidianas. O paciente apresenta, por duas ou mais semanas pelo
menos, quatro dos seguintes sintomas: humor deprimido, perda de interesse
em atividades antes prazerosas, insônia ou sonolência excessiva, falta de
concentração e dificuldade em tomar decisões, agitação ou lentificação dos
movimentos, alterações no peso e apetite, fadiga, sensação de inutilidade e
pensamentos de morte ou suicídio.
Transtornos bipolares ou depressão bipolar
Além dos episódios de depressão maior, o paciente também apresenta alternadamente exacerbação física e mental, com desmedida autoestima e
irritabilidade (estado de mania).
Transtorno distímico
Sintomas depressivos e persistentes (por mais de dois anos) geralmente
mais leves
Transtorno depressivo Estado
misto
Os sintomas depressivos se alternam com sintomas de mania, porém mais
brandos B
51 ∞ Mercado Julho 2011
MSaúde
Estresse?! Polivitamínicos
fazem diferença no
combate a ele
Estudos comprovam melhores índices na capacidade de relaxar,
redução de fadiga e mais capacidade de reação com o consumo
regular de Pharmaton®
POR Cibele Silva
O
corpo parece cansado,
mesmo após uma longa noite de sono. É difícil manter a concentração nas reuniões de
trabalho e a memória já não é igual.
Falta disposição até mesmo para
aproveitar o fim de semana com os
amigos. Típicos do estresse, esses
Mercado Julho 2011 ∞ 52
sintomas podem ser corrigidos a
partir de uma alimentação balanceada, com a ingestão diária e contínua
da quantidade adequada de vitaminas e minerais.
A velha fórmula é conhecida de
todos, porém difícil de ser atingida.
“O termo alimentação balanceada é
hoje quase um jargão. Por essa ra-
zão, recomendamos o uso de polivitamínicos para aqueles que não conseguem ingerir a quantidade ideal e
contínua de nutrientes presentes em
frutas, verduras e legumes”, afirma
a nutricionista Heloisa Guarita, pesquisadora do Departamento de Psicobiologia da Unifesp (Universidade
Federal de São Paulo) e especializa-
da em esporte e qualidade de vida.
Ela acrescenta ainda a importância das propriedades do ginseng,
uma raiz asiática cujas propriedades revigorantes e adaptogênicas
são reconhecidas há milhares de
anos. “O ginseng comprovadamente melhora a capacidade de apren-
dizado, concentração e memória,
além da performance física”, afirma
a nutricionista.
Os benefícios do consumo do polivitamínico são comprovados por
pesquisas clínicas. Um estudo dividiu
450 homens e mulheres saudáveis,
com idade superior a 25 anos e profissionalmente ativos, em dois grupos.
Enquanto um recebeu cápsulas de
Pharmaton (polivitamínico composto
por vitaminas, sais minerais, oligoelementos e ginseng), em um período de
12 semanas, o outro recebeu placebo.
Os resultados foram medidos com a
aplicação de um questionário de avaliação da qualidade de vida composto
por 22 itens que descrevem ansiedade, depressão, bem-estar, autocontrole, saúde e vitalidade, além de uma
tabela de disfunções do sono com
escala de seis pontos.
A maioria das variáveis melhorou significativamente no grupo
com tratamento ativo em relação
ao placebo, conforme apresenta o
gráfico a seguir, revelando melhores índices na capacidade de relaxar e um sentimento de melhora
geral da saúde. A
Heloisa Guarita, pesquisadora do Departamento de
Psicobiologia da Unifesp: “Estudos comprovam a
importância dos polivitamínicos na complementação da
alimentação”
Mudanças na pontuação
18
17
12
10
11
8
6
5
Pontuação
Total
Placebo
Bem-Estar
Nível de alerta
Ralaxamento
Pharmaton®
53 ∞ Mercado Julho 2011
MSaúde
Outro estudo aplicado em um
grupo de 32 enfermeiros e auxiliares de enfermagem com aproximadamente 30 anos, trabalhando
em plantões noturnos, avaliou a
eficácia de Pharmaton no combate ao estresse, à fadiga e ao
declínio do desempenho físico.
Divididos em dois grupos igualitários, enquanto um recebeu Pharmaton®, o outro recebeu placebo.
A avaliação foi feita por meio de
testes que observaram a função
cognitiva, o humor e a fadiga. O
estudo demonstrou que, após 12
semanas, Pharmaton promoveu
significativa redução da fadiga,
melhora da concentração e da capacidade de reação.
Por último, um estudo comparou a qualidade de vida em uma
população de 625 homens e mulheres com queixas de fadiga sem associação a uma doença concomitante. Enquanto metade recebeu
apenas suplementação vitamínica,
os demais receberam Pharmaton,
que inclui também Ginseng G115®
durante três meses. A partir das
respostas a um questionário com
11 perguntas, houve superioridade
significativa nos escores totais de
qualidade de vida no grupo que recebeu Pharmaton®.
Redução da fadiga
Placebo
2.3
Pharmaton®
0,9
0.5
-0.2
Semana 6
Semana 12
“Esses estudos comprovam a
importância dos polivitamínicos na
complementação da alimentação
que, sabidamente, para a grande
maioria, não é perfeita”, acrescenta
a nutricionista Heloisa Guarita.
Pharmaton® - Com uma mistura
sinérgica e exclusiva de vitaminas,
minerais e oligoelementos e o eficaz extrato padronizado de Ginseng
G115®, Pharmaton® foi desenvolvido
para aumentar a capacidade física
e mental, ajudando o corpo a lidar
com a exaustão e a fadiga causadas
pelo estresse. O Ginseng G115® reduz a fadiga diária, atua sobre o sistema nervoso central, ajudando a
minimizar o estresse, a tensão física
e mental, além de agir de forma positiva sobre o sistema imunológico,
potencializando a ação de vacinas
contra gripes e resfriados.B
Pontuação de qualidade de vida
Multivitaminico sem Ginseng
12
Pharmaton®
9
7
6
Semana 8
Semana 12
Atenção! Antes de usar qualquer medicamento, o médico deverá ser consultado
Mercado Julho 2011 ∞ 54
MTrabalho
Namoro no trabalho,
pode?!
O que fazer quando a relação com o colega se transforma
em um novo sentimento? Ter um relacionamento no
ambiente de trabalho pode prejudicar a carreira? Essas e
muitas outras perguntas são comuns e especialistas em
carreira e recolocação profissional dão suas opiniões
DA Margareth Castro com Maxpress
A
s pessoas passam 8h,
10h e até 12 horas
do dia trabalhando.
A convivência diária com os colegas
de trabalho gera uma rotina e também uma intimidade. É comum, em
alguns casos, que a afinidade e o
compartilhamento de situações corriqueiras com o tempo deem lugar a
um outro sentimento: a paixão. As
relações amorosas no ambiente de
trabalho são comuns e podem surgir
em todas as áreas e com pessoas das
mais variadas idades.
Mercado Julho 2011 ∞ 56
Mas, como lidar com a nova situação? Deve-se contar para os demais
colegas, comunicar a chefia? Ou deixar que a “rádio-peão” se encarregue
de espalhar a novidade e a situação
vire fofoca na empresa? Antes de
tomar a decisão, é importante conhecer bem a política da companhia,
pois algumas não aceitam relacionamento entre os seus funcionários.
Outras não contratam casais, e quando se forma um na empresa, um dos
parceiros é obrigado a se demitir.
Mas, de acordo com Marcelo
Abrileri, especialista em recoloca-
ção profissional e presidente da
Curriculum - empresa de recolocação profissional -, o modo como
um relacionamento no ambiente de
trabalho é encarado pelos outros colegas e pelos empregadores varia de
acordo com a postura de cada um e
com a cultura da empresa. Segundo
ele, no Brasil, poucas empresas têm
políticas definidas sobre o assunto e
quase não impõem restrições e proibições. Independente da política
empresarial e do ambiente, a dica é
o bom senso, que deve ser priorizado (veja quadro).
Marcelo Abrileri, da Curriculum, diz que, no
Brasil, poucas são as empresas que têm
políticas definidas sobre o relacionamento
entre colegas no ambiente de trabalho e quase
não impõem restrições e proibições
A supervisora de Talentos Humanos da Algar Mídia, Rita Naves,
reforça que o bom senso é funda-
mental. Segundo ela, na empresa
em que trabalha as relações amorosas no ambiente corporativo
são vistas com normalidade e nunca houve problemas em relação a
comportamentos.
“Geralmente,
quando se formam casais, eles
procuram o líder direto e comunicam a situação. Nesse momento,
são orientados em relação a comportamento”, disse.
Rita Naves conta que a maioria dos casos chega até o conhecimento dela por meio da “rádio
peão”, mas reforça que a empresa
não tem restrições com relação a
relacionamentos, desde que não
seja entre líderes e subordinados.
“Essa restrição é para que não
haja interferências nas relações
de trabalho, já que pode haver um
impacto na questão da parcialidade”, justificou.
Além de ter uma política clara sobre as relações corporativas, a empresa não tem problemas nessa área
porque a maioria dos associados
(como são chamados os funcionários
da empresa) é mulher. “Temos alguns
casais na empresa, mas há uma discrição por parte deles, até mesmo
para preservar o relacionamento e o
trabalho”, disse Rita Naves.
Juntos no trabalho e em casa
José Antônio Alves Junior trabalha há 13 anos na área de informática de uma empresa de autopeças em
Uberlândia. Ele é casado com Marisa Ribeiro há 10 anos e tem uma filha, Brenda, de quatro anos. Os dois
se conheceram na empresa, onde
Marisa trabalha no setor financeiro.
Como em todo relacionamento, a
amizade foi o início de tudo e o casamento aconteceu quatro anos depois de se conhecerem. “Nos encontramos no trabalho, mas a afinidade
teria acontecido de qualquer jeito. A
empresa foi apenas um ambiente facilitador”, disse José Antônio. A
Nos
encontramos
no trabalho,
mas a
afinidade teria
acontecido de
qualquer jeito.
A empresa
foi apenas
um ambiente
facilitador
57 ∞ Mercado Julho 2011
MTrabalho
Ele conta que não chegou a
comunicar à direção da empresa
sobre o relacionamento, mas que
todos sabiam, embora eles sempre
tenham mantido total discrição.
“Não misturamos trabalho e vida
pessoal. Não há interferências na
nossa vida pessoal”, reforçou.
Mesmo trabalhando juntos até
hoje, embora em setores diferentes, José Antônio disse que se
pudesse escolher não gostaria de
estar no mesmo ambiente de trabalho que a mulher. “Trabalhar no
mesmo lugar limita as duas partes.
Coisas irrelevantes que acontecem no trabalho se tornam maiores”, explicou.
Dicas de postura para relacionamento em ambiente corporativo
Observe a cultura da empresa e suas políticas: antes de pensar em se envolver com alguém do
trabalho, investigue como a empresa procede. Caso você descubra um histórico negativo sobre o
assunto, evite que a sua situação particular seja meramente tratada como um caso reincidente;
Trabalho é prioridade: antes de mais nada, tenha sempre em mente que o ambiente de trabalho
é para trabalhar. Evite quaisquer interferências em seu desempenho profissional. Converse com a
pessoa e coloque essa situação de maneira leve, mas clara;
Saiba distinguir: uma coisa é paquera, quando há troca recíproca de olhares e gestos que conotam
atração. Outra coisa é assédio, quando há uso de poder para forçar uma pessoa a uma determinada
situação;
Não misture: ao ter um relacionamento amoroso, há riscos de o trabalho invadir os assuntos pessoais
e vice-versa. Saiba como separar os assuntos. Uma boa conversa com o parceiro pode ajudar. É
inevitável que ambos assumam mutuamente alguns preceitos para que tudo permaneça em ordem;
Peça conselhos de pessoas de confiança: você sabe o que está sendo dito sobre seu relacionamento?
O que dizem os superiores? Peça ajuda de pessoas em quem você confia e saiba antes. Se há algo
errado com a imagem que outros fazem de você em relação ao seu namoro, apenas aja de maneira
ética: busque mais discrição e evite jogos psicológicos;
Namoro é diferente de um caso eventual: casos eventuais podem acontecer, e podem não durar.
Já em namoros a durabilidade se estende, mas pode terminar enquanto ambos estão na empresa.
Numa possível ruptura do casal nessas situações, é importante manter a ética e nunca sair falando
mal do outro;
Não divulgue: divugar é diferente de omitir ou de esconder. Não saia espalhando que você está
tendo um caso ou está namorando alguém da empresa. Mas, se você é perguntado sobre o assunto,
principalmente se a pergunta vier de superiores, não esconda;
Namoro entre pessoas do mesmo departamento é um caso a ser encarado com muito cuidado, e
deve ser analisado e discutido abertamente pelo casal. Podem ocorrer momentos constrangedores
nessa situação. O ideal, novamente, é que ambos combinem os preceitos a serem adotados;
Namoro com superiores: novamente, ambos devem conversar e definir preceitos conjuntos. Mais do
que nunca, uma coisa não pode interferir em outra;
Discrição: a postura do casal frente ao namoro no ambiente de trabalho deve, sim, ser discreta em
todos os sentidos, porque ninguém deseja expor sua vida pessoal a comentários alheios, algo que,
infelizmente, costuma ocorrer com frequência nas empresas por meio da chamada “rádio-peão”. B
Fonte: Marcelo Abrileri - presidente da Curriculum
Mercado Julho 2011 ∞ 58
MAlimentação
O sempre bom
e velho arroz
DA Redação com Agências
O
arroz tem presença
forte na gastronomia
mundial, sendo ingrediente principal de
vários pratos típicos
de diferentes culturas. Quem nunca
ouviu falar ou provou as deliciosas
paellas espanholas ou o risotto italiano? O arroz de sushi japonês ou
o chariê árabe? E quem não aprecia
o arroz agulhinha brasileiro de cada
dia? Enfim, o arroz é um dos alimentos mais consumidos no mundo. Se
há uma razão pela qual o arroz se
destaca é por ser o alimento universal que abastece dois terços da população mundial, culturas que têm
os seus métodos de produção e alimentação próprios, unidos às tradições que fazem parte do patrimônio
cultural mundial.
O cultivo do arroz é tão antigo
quanto a própria civilização, acredita-se que ocorra há 7.000 anos, mas
Mercado Julho 2011 ∞ 60
há referencias concretas de que apareceu por volta de 2.800 a.C. na China. Na Europa, o arroz chegou entre
os séculos VII e VIII, com a ocupação árabe na Espanha. A partir daí,
passou a ser conhecido em todo o
continente, e de lá chegou ao Brasil,
trazido pelos portugueses.
Na natureza existem basicamente
duas variedades de arroz, o grão longo e o grão curto. Seu comportamento é diferente quanto à cocção: os de
grão longo ficam leves, macios e soltos, enquanto os de grão curto (ou pérola) ficam úmidos, cremosos e unidos devido ao amido que possuem.
Classificação
As três formas mais conhecidas
de processamento de arroz são a
produção de arroz integral, parboilizado e polido - ou branco. Tem ainda
o grão enriquecido.
O arroz polido
(comumente chamado
de arroz branco) é o
tipo mais consumido
no Brasil; apesar de não
ser dos mais nutritivos,
é rico em carboidratos
e proteínas
Alimento muitas
vezes injustiçado
O arroz é considerado o vilão
das boas dietas. Entretanto, ao
contrário do que se imagina, o
cereal é altamente benéfico à saúde. Muitas pessoas acreditam que
o grão não possui nutrientes e só
faz encher a barriga. Por isso, o
produto é um dos primeiros a ser
cortados do cardápio de quem quer
emagrecer. No entanto, essa ideia,
apesar de bastante difundida, não
condiz com a realidade.
As recomendações para uma
vida saudável incluem a adoção
de uma alimentação equilibrada.
Produtos de origem animal, como
carnes, ovos, leite e seus derivados,
devem ser ingeridos com moderação, ao passo que frutas e legumes
podem ser consumidos em maior
quantidade. Os cereais estão também inclusos neste último grupo,
do qual faz parte o arroz.
O arroz cai bem em inúmeras combinações e
ainda é excelente fonte energética de baixa caloria
O grão é rico em proteínas, sais
minerais e vitaminas do complexo
B. A título de exemplificação, a ingestão de 100 gramas de arroz cozido (cerca de quatro colheres de
sopa) por crianças na faixa etária
de 1 a 5 anos de idade é capaz de
suprir as necessidades diárias de
14% em proteínas, 6% em cálcio, 3%
em ferro e 10% em zinco.
Além disso, o cereal é uma excelente fonte energética de baixa
caloria. Enquanto uma xícara de
arroz (120 gramas) possui 270 quilocalorias, um sanduíche x-salada
tem em média 490 quilocalorias e
uma embalagem de macarrão instantâneo, 445.
Portanto, o que geralmente engorda é o consumo de alimentos
pouco nutritivos e altamente calóricos, muitas vezes utilizados
para substituir o arroz ou as refeições tradicionais. A
Tabela Comparativa de Composição Nutricional dos
principais Tipos de Arroz
Porção 100gr
Calorias (Kcal)
Polido
Integral
Parboilizado
Arbóreo
(Cru)
Preto
(Cru)
124,00
76,76
122,80
25,47
14,56
25,90
78,33
72,00
Gorduras (gr)
1,18
1,00
0,60
---
---
Proteínas (gr)
2,32
3,00
3,20
8,33
9,80
Fibras (gr)
0,49
2,70
0,63
---
8,40
Sódio (gr)
---
1,00
1,90
---
---
Carboidratos (gr)
350,00 346,00
Fonte: Tabela Brasileira de Composição de Alimentos, 2006 - UNICAMP
O arroz polido (arroz branco)
é o grão que passa por um processo de remoção da casca e do
germe (farelo), o que retira, também, muitos de seus nutrientes. É
geralmente polido para melhorar
sua aparência, suavizar seu sabor
e amaciar os grãos, e deste processo se originou sua nomenclatura.
No caso do arroz integral, o grão
é descascado e não polido, preservando assim seus nutrientes. Tem
um sabor amendoado, textura fibrosa e uma cocção mais longa. Já
o arroz parboilizado tem o seu grão
pré-cozido no vapor em altas temperaturas (com casca), o que força
as vitaminas e os minerais para o
interior do grão, conservando-o,
antes de ser descascado e polido.
O arroz malequizado passa por um
processo similar, diferindo apenas
pela temperatura de pré-cocção e
o tempo de exposição ao vapor,
mas com a mesma finalidade. Finalmente, o arroz enriquecido tem
o grão polido que recebe a adição
de ferro e vitaminas no processo
de polimento.
61 ∞ Mercado Julho 2011
MAlimentação
Dupla perfeita - Essa combinação
brasileira típica tem provado ser,
além de saborosa, excelente para a
saúde. Um complementa as carências do outro. Como já foi destacado,
entre outras propriedades, o arroz é
rico em amido, sendo ótima fonte de
energia. Além disso, fornece ferro,
vitaminas B e proteínas. Já o feijão é
dos vegetais mais ricos em proteína,
a qual tem sua absorção facilitada
pelo amido do arroz. O feijão também
é rico em ferro e outros minerais. Os
dois vegetais possuem aminoácidos
complementares: a ingestão dos dois,
simultaneamente, produz uma ação
de proteína superior à soma dos dois
se ingeridos separadamente.
O arroz pelo mundo
Preto, vermelho ou branco: o arroz está na mesa de, no mínimo, dois terços
da população mundial
Itália
- Arbóreo - arredondado, grosso
e branco, após o
preparo tende a ficar mais macio
e cremoso. Ideal para ‘risotto’;
- Carnaroli - tem o cozimento
mais lento que o arbóreo, o que
deixa o risoto mais ‘al dente’.
Seus grãos são um pouco mais
compridos que os outros tipos
italianos.
- Vialone Nano - tem mais amido
que os anteriores e vai bem nos
risotti e minestrones (sopas).
Japão
- Nihon Mai ou
Cateto - grãos
curtos, curvados e
um pouco transparentes, têm grande quantidade de amido e tende a
ficar mais macio e cremoso após o
preparo, se comparado com o arroz
polido. Utilizado para sushi.
Índia
- Basmati - é longo e fino e tem sabor delicado. No
preparo leva apenas água e sal.
Espanha
Tailândia
- Bomba - grão
bem curto, usado para paellas,
concentra em seu núcleo o sabor
dos temperos.
- Jasmim - grão
longo, perfumado
como o basmati.
Indicado para cozimento no vapor.
EUA
- Arroz selvagem
apesar do nome
não é um arroz, e sim a semente
de uma gramínea. É marrom escuro, tem sabor forte amendoado e
tempo de cocção prolongado. Vai
bem em saladas ou misturado com
arroz basmati.
CHINA
- Arroz preto versão brasileira
do arroz que teve origem na China,
o gosto evoca pinhão e castanha e é
ideal para paella, risoto, salada…
- Arroz vermelho* - Um arroz de
grão curto e meio arredondado, textura macia, gosto que lembra o da
castanha. Apresenta três vezes mais
ferro e duas vezes mais zinco que o
arroz branco.
Obs: O arroz vermelho foi introduzido no Brasil pelos portugueses no século XVI, na então Capitania de Ilhéus, atualmente
estado da Bahia. Ali ele não chegou a prosperar, mas teve grande aceitação no Maranhão nos dois séculos seguintes.
Mercado Julho 2011 ∞ 62
Sugestão de receita
Arroz assado com legumes
Ingredientes
•1 pimentão amarelo, 1 pimentão
vermelho e 2 abobrinhas, cortados em tiras finas
•2 cebolas cortadas em rodelas
•2 batatas médias cortadas em
rodelas finas
•2 xícaras (chá) de arroz cru
•Manjericão e salsa picados a gosto
•1 dente de alho picado
•Sal e azeite a gosto
•150g de mussarela fatiada
•1 xícara (chá) de queijo parmesão ralado
•Caldo de legumes suficiente para
cobrir as camadas
•2 colheres (sopa) de farinha
de rosca
Modo de preparo
Unte um refratário com margarina. Alterne camadas de arroz
cru, camadas de legumes temperados com sal, azeite, alho,
manjericão e salsa, e camadas
de mussarela e parmesão ralado.
Termine com uma camada de arroz, despeje o caldo de legumes
até cobrir todas as camadas.
Regue com azeite, polvilhe a farinha de rosca e o queijo parmesão. Cubra com papel alumínio
e leve ao forno pré-aquecido a
200° C durante 40 minutos. Retire o papel alumínio e deixe por
10 minutos no forno ou até gratinar. Sirva em seguida.
Dica
Varie os legumes e as ervas.
Preparo
Rápido (até 30 minutos)
Rendimento
4 porções
Grau de dificuldade
Fácil
Categoria
Arroz e risoto
Calorias
316 por porção B
MMarketing
Marketing digital: especialista
fala dos 3 grandes mitos
De tanto ler, ver e ouvir falar, empresários e gestores
passaram a acreditar em mitos que conferem poderes
sobrenaturais ao marketing digital
DA Redação
N
ão é à toa que o
marketing
digital
se tornou uma das
prioridades nos investimentos
em
publicidade e propaganda. É uma
forma prática, dinâmica e acessível
para empresas de qualquer porte
ou segmento promover seus negócios e manter contato com clientes
e consumidores. Um bom exemplo
Mercado Julho 2011 ∞ 64
é o Google Adwords, um canal de
publicidade em que uma pessoa,
com algumas horas de treinamento, é capaz de criar e gerenciar seu
próprio anúncio de publicidade. Outro mais recente é a Like Store, do
Facebook, em que é possível não só
divulgar, mas vender os produtos
diretamente na fan page. “Por isso,
de tanto ler, ver e ouvir falar sobre
essas aparentes facilidades, empre-
sários e gestores passaram a acreditar em ‘mitos’ que conferem poderes
sobrenaturais ao marketing digital”,
alerta o consultor de marketing digital e autor do blog Clínica Marketing
Digital, Sílvio Tanabe.
A empresa onde Tanabe atua
como consultor é especializada em
soluções de marketing digital para
empresas de pequeno e médio portes (PMEs), tem mais de 12 anos de
Foto: Divulgação
mercado e está presente em 13 estados, prestando serviços voltados
para a internet, como: consultoria
em marketing digital, desenvolvimento de websites, marketing de
buscas e publicidade online, e-commerce, gestão e monitoramento
de campanhas nas redes e mídias
sociais. É, portanto, baseado nas
próprias experiências pessoais, que
o consultor destaca os três mitos
mais comuns que, como disse, figuram na mente de empresários e
gestores quando estes pensam em
Marketing Digital.
O primeiro mito deriva da seguinte pergunta: é possível fazer
marketing digital sem Marketing?
Segundo Tanabe, recentemente ele
foi consultado para o lançamento de
um novo site de compras coletivas.
Ao ser apresentado ao projeto, ficou
preocupado com o fato de não haver
praticamente nenhuma característica que o distinguisse de outras centenas de sites da categoria. “Levantei a questão e me surpreendi com a
resposta. Para os empreendedores,
relevante não era ter um diferencial
para se destacar dos concorrentes,
mas sim uma propaganda boa o suficiente para chamar atenção e gerar
tráfego”, informa.
De acordo com o consultor, assim
como esses empreendedores, muitas outras empresas se enganam ao
pensar que só publicidade é capaz
de fazer de qualquer produto um sucesso. Para ele, a publicidade pode
até gerar visibilidade para a empresa ou produto por um determinado
período, mas não se sustenta ao
longo do tempo. “Banners, links patrocinados, ações em redes sociais,
newsletters e outras iniciativas online só funcionam se fizerem parte de
um mix de marketing abrangendo
pesquisa de mercado e público-alvo,
análise de oportunidades, definição
de uma estratégia de diferenciação
para o produto, política de preços,
canais de venda e monitoramento
dos resultados por meio de indicadores”, esclarece. Em sua opinião,
quanto mais esse Marketing estiver
estruturado, maior o potencial da
publicidade realizada através do marketing digital gerar retorno efetivo.
Marketing digital é a solução milagrosa para meus problemas? Esse
seria o segundo mito. Com relação
a essa pergunta, Tanabe conta que o
dono de um site de camisetas personalizadas procurou a empresa onde trabalha para saber se poderiam ajudá-lo
a alcançar seus concorrentes, que estavam “bombando” nas vendas. “Antes de eu terminar de explicar como
funcionava nosso trabalho, ele já me
questionava sobre os resultados”, comenta o consultor. Para ele, na visão
do dono do site a conta era simples:
“minhas vendas não estão indo bem,
então vou investir X em uma agência
de marketing digital e eles vão aumentar meu faturamento em 10X”.
Ele, Tanabe, observa que isso pode
até acontecer, mas não basta somente
contratar a agência e esperar os resultados. Antes de mais nada, o trabalho
de um profissional de marketing é
compreender por que as vendas es-
Silvio Tanabe: “Banners, links patrocinados,
ações em redes sociais, newsletters e outras
iniciativas online só funcionam se fizerem parte
de um mix de marketing”
tão baixas, quais os pontos fortes dos
concorrentes, quais os pontos fracos
da sua empresa e o que o cliente em
potencial está procurando, de modo
a estabelecer uma estratégia e um
plano de ação envolvendo tanto iniciativas online quanto off-line. “No
caso em particular, detectamos que a
loja era praticamente desconhecida,
enquanto o principal concorrente era
um conhecido case de loja inovadora,
inclusive com várias matérias na imprensa nacional e internacional. Seu
produto era de qualidade e o preço
até abaixo da média, mas as estampas
não chamavam atenção”, recorda.
Por outro lado, o consultor conta que
outras lojas apresentavam camisetas
segmentadas de acordo com o gosto do cliente (filmes, atores, bandas
de rock) ou permitiam que a própria
pessoa criasse sua estampa personalizada. As vendas eram limitadas ao
site, enquanto a concorrência comercializava suas camisetas em outros
sites e redes de varejo. Assim, para
alcançar o tão almejado resultado,
seria necessário investir não só em
publicidade, mas em um reposicionamento da marca e de sua atuação no
mercado, o que não estava nos planos
da empresa. Ou seja, a conta não era
tão simples de fechar quanto inicialmente parecia.
Finalmente, o terceiro mito: fazer
marketing digital custa uma mixaria
ou sai até de graça? Para responder
a essa pergunta e explicar esse outro mito, Silvio Tanabe cita o caso
de uma determinada metalúrgica
interessada em fazer publicidade
por meio de links patrocinados que
solicitou a ele uma proposta. “Fiz
uma apresentação para a diretoria,
explicando os detalhes de como o
trabalho funcionava, o orçamento
estimado para a campanha e o valor
do nosso trabalho de gerenciamento”, lembra. “Mas, se já estamos pagando para o Google, para que pagar
também a você? Afinal, o Google
não é de graça?”. Foi esse o questionamento que ele diz ter ouvido
de um dos diretores da metalúrgica,
quase ofendido pelo fato de estar
sendo cobrado dele por um serviço
que considerava gratuito. A
65 ∞ Mercado Julho 2011
MMarketing
Para dizer a verdade,
até hoje não sei nem por que
me chamaram lá,
se eles mesmos podiam fazer
o serviço ‘de graça’
Tanabe diz que de nada adiantou
tentar explicar que o “investimento”
era destinado a remunerar os profissionais responsáveis pelo gerenciamento da campanha. “Para dizer
a verdade, até hoje não sei nem por
que me chamaram lá, se eles mesmos podiam fazer o serviço ‘de graça’”, argumenta.
Segundo o consultor, assim como
o Google, muitos sites oferecem recursos gratuitos, contribuindo para
a percepção de que marketing digital é “barato” ou mesmo “na faixa”.
Na verdade, os sites colocam à disposição algumas ferramentas gratuitas que, utilizadas por um bom profissional, são capazes de gerar bons
resultados. Nesse sentido, comparado com a propaganda em jornais,
revistas ou TVs, o investimento no
marketing digital é muito menor.
Mesmo o caso de pequenos em-
presários que conseguem promover seus negócios nas redes sociais
“sem gastar nada” é falso, porque,
na verdade, investiram muito do seu
tempo - um dos ativos mais valiosos
de hoje - em aprender os recursos
dos sites e em interagir com os clientes e consumidores.
Para ele, em vez de “barato” ou
“caro”, a empresa deveria avaliar o
custo-benefício das ações de marketing digital comparado as outras alternativas.
Para Silvio Tanabe, os relatos acima podem soar como um desabafo,
e de uma certa forma são mesmo.
Mas também servem de alerta para
as empresas que estão investindo
ou pensam em investir em marketing digital. Comparado com outras
formas de publicidade e propaganda, ele pode ser mais simples, ágil
e apresentar custo menor, mas os
resultados sempre vão depender do
trabalho de profissionais - internos
ou externos -, dos recursos investidos e de muitos testes e avaliações.
“Como os americanos costumam
dizer: ‘no pain, no gain’ (sem dor,
não há ganhos). O marketing digital
não é exceção”, finaliza. B
Em vez de “barato” ou “caro”,
a empresa deveria avaliar o
custo-benefício das ações de
marketing digital comparado
às outras alternativas
MEvento
O presidente do CDL de Uberlândia, Celso Vilela, durante entrega do Prêmio
Empresário Herói 2010 a Fábio Túlio Felipe, representante da empresa Sankhya
Tecnologia em Sistemas, vencedora na categoria Média Empresa
Empresário Herói busca
soluções sustentáveis
“Muitas coisas no mundo estão de ponta-cabeça e a
gente não consegue perceber. Ações como o Empresário
Herói contribuem para o desenvolvimento de nossa
consciência”, diz Marisa Resende
DA Karen Cardoso (Serifa)
Mercado Julho 2011 ∞ 68
A
FIEMG Regional Vale
do Paranaíba, juntamente com o Eco Instituto, os Sindicatos
patronais, o Centro Industrial e Integração de Negócios do
Triângulo e Alto Paranaíba (Cintap)
e a Revista MERCADO promoveram
o lançamento de mais uma edição
do Prêmio Empresário Herói. O
objetivo do prêmio é reconhecer as
empresas que investem em sustentabilidade, posicionamento institucional e atuação no mercado regional.
Empresários, executivos e políticos da região praticamente lotaram
a sala de palestras da FIEMG, local
onde foi realizado o lançamento.
Representando a Câmara Municipal
de Uberlândia, o vereador Ronaldo
Alves esteve presente e comentou
sobre o assunto em pauta. “O mais
importante é criar políticas públicas
para o desenvolvimento da sustentabilidade como um todo. Devemos
mudar nosso paradigma e trabalhar
nossa consciência em prol do meio
ambiente”, refletiu o vereador.
A disputa este ano terá várias categorias, entre elas: Micro/Pequena,
Média e Grande Empresa, Projeto
Social, Projeto Ambiental, Projeto
Cultural, Campanha Publicitária e
Inovação Tecnológica, e serão selecionados três finalistas para cada
categoria, dos quais apenas um será
o vencedor. É uma forma de incluir
o maior número de interessados na
luta pela sustentabilidade. “O Empresário Herói não é da FIEMG nem
do Eco Instituto e, sim, de todos nós.
Esse prêmio motiva os empresários
a buscar soluções sustentáveis”,
afirmou Pedro Lacerda, presidente
da FIEMG.
A palestra
Para encerrar, a coordenadora do
Núcleo de Responsabilidade Social
Empresarial do Sistema FIEMG, Marisa Seoane Rio Resende, ministrou
a palestra “Governança Sustentável
- o princípio da empresa de sucesso”. “Temos um dilema complicadíssimo. Muitas coisas no mundo
estão de ponta-cabeça e a gente não
consegue perceber. Ações como o
Empresário Herói contribuem para
o desenvolvimento de nossa consciência, no futuro poderemos mudar a
realidade atual”, afirmou Marisa.
O sucesso
de sua
empresa
está em
suas mãos
Dez motivos para anunciar na
REVISTA MERCADO
1
A coordenadora
do Núcleo de
Responsabilidade
Social Empresarial
do Sistema FIEMG,
Marisa Seoane,
durante a palestra
no lançamento do
Prêmio Empresário
Herói, edição 2011
Inscrições
O Empresário Herói está em sua
terceira edição. Na primeira, foram
40 inscritos e nove empresas lavaram
o prêmio. No ano passado, foram 56
empresas inscritas e seis conquistaram o troféu. Em 2011, as inscrições
para quem deseja concorrer estão
abertas e podem ser feitas pelo site
www.empresarioheroi.com.br. Outras informações podem ser obtidas
pelo telefone (34) 3230.5200 ou pelo
e-mail: [email protected] B
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Anunciar na MERCADO dá
visibilidade para um consumidor
exigente e inteligente
Publicidade na MERCADO
valoriza o seu conteúdo
A Revista MERCADO transmite
credibilidade ao seu consumidor
A Revista MERCADO é fonte de
informação e análise
O leitor da MERCADO tem
poder de compra
Anunciar na MERCADO induz a
pesquisas e visitas na internet
A publicidade na Revista
MERCADO aumenta o ROI Retorno sobre o Inve$timento
A combinação da Mercado
impressa e eletrônica tem resultado
e excelente retorno
A Mercado é a revista mais
consultada pois tem conteúdo
para quem tem e quer conteúdo
A Mercado é a revista regional
mais presente no interior de
Minas e do Brasil
Anuncie
34
3239-5840
www.revistamercado.com.br
MEstética
O peeling ultrassônico é
usado em tratamento de
acne, rejuvenescimento,
hidratação e limpeza de pele
Os diferentes tipos de
peelings e como cada um age
“Quanto maior a profundidade do peeling, maiores são os riscos
de ocorrerem complicações”
POR Sacha Silveira
O
s problemas que afetam a pele, como a
acne, a ação hormonal e o passar dos
anos, deixam muitas
marcas no rosto, desde manchas de
sol ou de acne até o aparecimento
de rugas e cicatrizes. Os peelings
são um tipo de procedimento capaz
de corrigir marcas, manchas, além
de melhorar a aparência e a qualidade da pele. Existem vários tipos
Mercado Julho 2011 ∞ 70
de peeling: os peelings químicos,
que utilizam o efeito químico de
substâncias; o peeling físico, que
faz lixamentos e abrasões na pele; e
o peeling a laser, que faz a retirada
da pele com ação do laser.
Para o dermatologista Fernando Freitas, antes de qualquer coisa, é importante o dermatologista
examinar o paciente para saber
qual tipo de ácido será aplicado e
qual a dosagem ideal. Ele explica
que cada tipo de peeling tem uma
ação diferente. Por exemplo, o peeling superficial é indicado para
manchas superficiais, poros dilatados e sardas. Já o peeling médio
é adequado para manchas profundas, cicatrizes de acne, rugas finas
e peles envelhecidas pelo sol, e o
peeling profundo é perfeito para
peles muito envelhecidas, com
manchas, rugas e cicatrizes profundas de acne.
A seguir, Fernando Freitas tira
dúvidas sobre os peelings, para que
servem e para qual tipo de pele cada
um é recomendado.
Peeling químico - Esse tipo de
peeling consiste na aplicação de
um agente esfoliante de profundidade variável. Sua finalidade é
rejuvenescer a pele, melhorar sua
textura, cor e suavizar as rugas.
Quanto maior a profundidade do
peeling, maiores são os riscos de
ocorrerem complicações. Deve
ser realizado com acompanhamento médico.
Fernando Freitas
é dermatologista
especializado em
medicina estética
Ácido retinóico - Outra opção
é o peeling de ácido retinóico, recomendado para quase todos os tipos
de pele e que também produz ótimos
resultados. O ideal são 10 sessões. O
uso de ácidos deve ser indicado e supervisionado pelo médico.
Resorcina - É um dos melhores
peelings para eliminar as cicatrizes
e manchas decorrentes da acne. A
pasta com resorcina não arde muito e provoca a descamação da pele
depois de alguns dias da aplicação.
Geralmente é necessário fazer mais
de uma sessão.
Ácido glicólico - O peeling de
ácido glicólico geralmente é utilizado para tratamento da face, pescoço
e mãos. Esse tipo de peeling é excelente para tratar as rugas precoces,
manchas na pele, acne e estrias.
Fenol - Esse peeling é indicado
apenas para os casos mais graves de
envelhecimento cutâneo; ele é capaz
de atenuar as rugas e marcas de expressão de uma única vez. Seja qual
for o tratamento escolhido, é fundamental usar o filtro solar diariamente, alerta o dermatologista. B
O antes e o depois de uma pela castigada por acne: tratamento com peeling
71 ∞ Mercado Julho 2011
MVeículos
Ford apresenta
o C-Max Energi
O modelo que roda até 800 km sem precisar abastecer
é o mais novo veículo híbrido “plug-in”
DA Redação
O
C-Max Energi é o
novo híbrido “plug-in”
da Ford, que oferece
economia de combustível e nível reduzido
de emissões de CO2, com estilo atraente e interior versátil e elegante.
Derivado do C-Max de cinco lugares,
o Energi, que começará a ser vendido nos próximos anos, foi mostrado
no Salão Internacional do Automóvel de Buenos Aires.
Projetado para obter a qualificação AT-PZEV (Veículo com TecnoloMercado Julho 2011 ∞ 72
gia Avançada de Emissões Parcialmente Zero), o Ford C-Max Energi
proporciona máximo aproveitamento de combustível. A exemplo do Fusion Hybrid, vendido no Brasil, ele
combina um motor elétrico alimentado por bateria de íons de lítio e um
motor a gasolina de ciclo Atkinson
de alta eficiência.
A partida é sempre feita no modo
elétrico e o motor a gasolina só entra
em operação quando necessário. O
Ford C-Max Energi alcança uma autonomia total de mais de 800 km com-
binando os dois motores, tornando-se
o veículo híbrido “plug-in” de maior
autonomia do mercado e também um
dos mais econômicos, rodando mais
de 17 km por litro de combustível.
O Ford C-Max Energi utiliza baterias de íons de lítio desenvolvidas
e produzidas pela Ford nos Estados Unidos. Elas são concebidas de
modo inteligente para maximizar o
uso de componentes comuns de alta
qualidade, como as placas de controle, que garantem o elogiado desempenho dos veículos híbridos da Ford.
nologia de conectividade, MyFord
Touch, desenvolvida especialmente
para a condução no modo elétrico.
Ela oferece grande flexibilidade na
configuração das informações do
veículo, incluindo nível de combustível, carga da bateria, consumo
médio e instantâneo.
O C-Max Energi roda até
17 km com um litro de
combustível
O Ford C-Max Energi se beneficia das vantagens que as baterias de
íons de lítio oferecem em relação às
baterias de níquel-hidreto metálico
(NiMH). Em geral, elas são 25% a
30% menores, 50% mais leves e mais
fáceis de acomodar no veículo,
podendo ser configuradas para aumentar a potência de aceleração ou
a autonomia.
A recarga diária da bateria maximiza a autonomia do veículo no
modo totalmente elétrico. A eficiência do sistema de bateria permite
que o C-Max Energi seja totalmente
recarregado durante a noite, bastando ligá-lo a uma tomada de 220 volts.
Assim, é possível aumentar a rodagem no modo elétrico, com redução
no uso do motor à combustão e de
emissões de CO2.
Na partida, o C-Max Energi funciona no modo de redução de carga, proporcionando autonomia com
energia elétrica. Quando a bateria se
esgota, ou em determinadas condições, ele muda para o modo híbrido
sustentável, dotado de sistema eficiente de uso do combustível.
Quando o cabo de alimentação
está conectado na tomada do veículo, localizada entre a porta do motorista e a roda dianteira, um anel
de luz circula em torno da tomada
duas vezes, confirmando a conexão.
O anel de luz se acende de forma intermitente enquanto o veículo recarrega. Quando o anel fica totalmente
aceso, o veículo está recarregado.
O proprietário do C-MAX Energi
terá acesso a sistemas de informação - dentro e fora do carro - que
ajudam a gerenciar o processo de
recarga, a encontrar a rota mais ecológica, a controlar de forma remota
a carga do veículo e suas configurações, a monitorar o estado de carga
da bateria e a ampliar a eficiência da
energia para uso no modo elétrico.
Os proprietários do C-MAX Hybrid também vão se beneficiar de
muitos recursos a bordo. Entre
eles está uma nova versão da tec-
Recursos a bordo
O Ford C-Max Energi vem acompanhado de um plugue de cinco pontos padronizado, ergonomicamente
confortável de segurar, durável e
com design diferenciado. Ele tem
acabamento em borracha preta, que
torna o manuseio firme e confortável,
e cabeça em plástico branco resistente para proteger os componentes eletrônicos. O oval azul Ford ajuda na
identificação imediata do dispositivo.
Modelo híbrido é inspirado
no C-Max de cinco lugares
Uma das novidades é
a função Brake Coach,
que ensina o motorista
a aperfeiçoar o uso dos
freios
regenerativos
para recuperar a energia cinética e enviá-la
de volta para a bateria
O quadro de instrumentos traz
ainda o novo recurso MyView,
que permite ao motorista acessar
outros dados do veículo, como
consumo elétrico dos acessórios
e do ar-condicionado, que influenciam a economia de combustível e
a autonomia do C-MAX Energi no
modo elétrico.
Outra novidade é a função Brake
Coach, de orientação de frenagem,
que ensina o motorista a aperfeiçoar o uso dos freios regenerativos
para recuperar a energia cinética e
enviá-la de volta para a bateria, diminuindo ao mesmo tempo o desgaste do sistema. B
MVeículos
Punto 2012 chega com
novidades na rede Fiat
DA Redação
D
esde o seu lançamento, o Fiat Punto faz sucesso no Brasil, tanto
de vendas como de público. E isso é comprovado em nossas pesquisas, que mostram o elevado índice de satisfação
por parte dos consumidores do Fiat
Punto, confirmando os ótimos atributos do modelo quanto à dirigibilidade, economia, segurança, conforto,
tecnologia, entre outros. A partir de
junho chega à rede de concessionárias o Fiat Punto 2012, trazendo novidades que reforçam ainda mais a
competitividade dele no mercado.
Com uma gama muito completa com oito versões para o consumidor
escolher, o Fiat Punto 2012 traz ainda
um reforço especial para sua versão
de entrada, a Attractive 1.4, que ganha a Série Especial Itália.
Ela chega para comemorar o “Momento da Itália no Brasil” este ano,
que tem como objetivo promover as
relações culturais, sociais e comer-
Mercado Julho 2011 ∞ 74
ciais entre a Itália e o Brasil e consolidar o sentimento de simpatia entre
os dois países.
O Kit Série Especial Itália para o
Punto Attractive 1.4 oferece conteúdos que realçam um visual esportivo
e explora a sofisticação, com rodas
de liga leve 16”, faróis com máscara
negra (origem da versão Sporting),
mais spoiler na cor do veículo. Além
dos itens estéticos, a Série Especial
Itália vem ainda com ar-condicionado, volante com regulagem de altura e profundidade, rádio CD MP3
integrado ao painel com RDS, acabamento prata na parte central do
painel de instrumentos, retrovisores
externos elétricos, fárois de neblina
e chave canivete com telecomando
para abertura e fechamento das portas e vidros.
Com todos esses conteúdos, o
Kit Série Especial Itália se destaca pelo seu excelente contra-valor.
Ele chega por apenas R$ 3.500,00,
ou seja, ele sai 45,60% mais barato
dessa forma do que se os itens fossem comprados separadamente. B
Veja os preços de toda a
gama do Fiat Punto 2012
modelo
R$
Punto Attractive 1.4
40.380
Punto Essence 1.6
16V
44.890
Punto Essence 1.6
16V Dualogic
47.630
Punto Essence 1.8
16V
46.710
Punto Essence 1.8
16V Dualogic
49.260
Punto Sporting 1.8
16V
51.700
Punto Sporting 1.8
16V Dualogic
54.260
Punto T-Jet
65.830
MVeículos
Vai viajar de férias?
Fique atento
Itens que devem ser conferidos antes
de se pegar a estrada
Revisão antes de colocar o
carro na estrada: pode custar
menos que um veículo
quebrado na estrada, um
acidente ou uma multa
Motor
- Nível do reservatório do sistema de arrefecimento
- Correias
- Bateria
- Nível e validade do óleo lubrificante
- Filtros (ar, óleo e combustível)
- Carros flex: verificar o nível de gasolina no reservatório de
partida a frio
Segurança
- Suspensão
- Amortecedores
- Rodas
- Calibragem e estado dos pneus, incluindo o estepe
- Freio (pastilha: avaliar; se o desgaste está abaixo do nível
mínimo indicado, é necessário fazer a troca e verificar o
nível do fluido de freio)
- Palhetas do limpador de para-brisa; avaliar o estado e se
as borrachas estão ressecadas
Iluminação
- Faróis e lanternas devem estar funcionando
DA Redação
O
período das férias de
julho é propício para
quem quer aproveitar
e viajar com a família.
Porém, antes de enfrentar a estrada, o proprietário do
veículo deve tomar algumas precauções para evitar transtornos como
multas ou até acidentes. Assim, antes de botar as malas no carro e pegar a estrada, o motorista deve fazer
a revisão do carro em uma oficina
de confiança para checar itens de
segurança e do motor para garantir
o bom funcionamento do veículo e
evitar quebras inesperadas que podem colocar em risco a segurança
dos ocupantes do veículo.
O Grupo de Manutenção Automotiva (GMA), que criou o Programa
Carro 100% para conscientizar o motorista sobre a importância da manutenção preventiva, recomenda ao
motorista fazer a revisão para checar, no mínimo, os itens de segurança - suspensão, freio, pneus - e relacionados ao motor - correias e níveis
de óleo e água (veja o quadro).
Outro detalhe importante tem a
ver com o Código de Trânsito brasileiro, segundo o qual o motorista
que conduzir o veículo sem os equipamentos obrigatórios - como este-
pe, macaco e extintor -, conforme
estabelece o Contran, será punido
com uma multa de R$ 127,69, além
de perder cinco pontos na carteira
de habilitação. . B
Quanto custa a falta de cuidado com o carro
Conduzir o veículo com equipamento obrigatório em desacordo com o
estabelecido pelo CONTRAN;
Fazer ou deixar que se faça reparo em veículo na via pública, em pista de
rolamento de rodovias e vias de trânsito rápido;
Conduzir o veículo sem acionar o limpador de para-brisa sob chuva;
Conduzir o veículo com defeito no sistema de iluminação, de sinalização
ou com lâmpadas queimadas.
Obs.: Infrações graves, multa de R$ 127,69 e perda de cinco pontos na
carteira de habilitação
75 ∞ Mercado Julho 2011
MTurismo
Mistérios e belezas
de Yucatán
Conjunto histórico e arquitetônico da civilização maia
na península de Yucatán faz do México o país mais
visitado da América Latina. Ruínas de Chichén Itzá e
Tulum são os maiores atrativos
DA Redação
Com 22, 9 milhões de turistas só em 2010, o
México mantém a liderança no ranking dos países
mais visitados da América Latina, sendo as ruínas
históricas da península de Yucatán - que abrange
os estados de Quintana Roo, Campeche e Yucatán a grande responsável pela maior parte desse fluxo.
A cidade de Chichén Itzá é a mais famosa da região,
e está localizada a 120 quilômetros da cidade de
Mérida, capital de Yucatán, tendo sido considerada
Patrimônio Histórico da Humanidade pela Unesco
(Organização das Nações Unidas para Educação,
Ciência e Cultura) e eleita uma das Sete Maravilhas
do Mundo em 2007. Outro destaque é Tulum, nome
dado às ruínas maias localizadas na costa caribenha mexicana. O lugar é um paraíso em si, porque
além de contar com as belas ruínas maias, possui
Mercado Julho 2011 ∞ 76
um mar de águas azuis de tirar o folêgo.
Da capital mexicana a Mérida, capital do Yucatán, são mais de três horas de voo, com uma escala
em Villahermosa, no pantanoso Estado de Tabasco.
Depois do clima mais temperado do planalto central, o ar abafado e úmido de Mérida pesa sobre a
noite carregada de suaves odores tropicais.
A Península do Yucatán, delimitada a norte e a
leste pelo Golfo do México e pelo Mar das Caraíbas, é a região mais oriental do estado mexicano e
possui um regime climático muito particular. A altitude média pouco supera o nível da água do mar, a
pluviosidade durante o verão é das mais elevadas
do país, e quase todo o território - plano e sem significativos relevos montanhosos - se reveste de um
imenso manto verde de floresta subtropical.
Há sinais de umidade no ar e os cheiros da floresta próxima entranham-se nas ruas da cidade. Com a
chuva acabada de cair sobre a terra que guarda ainda
restos do calor da tarde, podem ter tombado sobre
Mérida as últimas gotas de água do ano. São as águas
de novembro fechando o outono. O clima subtropical
da Península assegura um inverno seco, com temperaturas amenas, dias luminosos e céus invariavelmente azuis. O território de Yucatán é formado por três estados: Quintana Roo, Campeche e Yucatán, cada qual
profundamente marcado pela civilização maia.
Viagem deve começar por Mérida
Com cerca de 700 mil habitantes, a capital do Estado de Yucatán, Mérida, é uma cidade de contrastes.
Nela, o turista vai encontrar hotéis elegantes, restaurantes e shoppings centers no norte da cidade. No
centro, há hotéis e restaurantes para todos os bolsos.
Muito disso marcado por resquícios da inquisição espanhola. Mérida oferece ainda uma série de atrações
turísticas: maravilhosos monumentos, artesanato, um
folclore rico em cores, roupas, músicas e danças, e
delícias gastronômicas que são famosas por sua culinária. A localização geográfica é estratégica e faz da
cidade o ponto de partida ideal para visitar sítios arqueológicos do mundo maia.
Romântica, está imersa em uma terra maravilhosa
e em uma cultura única, em que se misturam o antigo
e o novo, o que pode ser observado nos edifícios e
construções manifestando a arte indígena, a estética
colonial e o estilo art nouveau do início do século XX.
Mérida é uma cidade que convida a ficar, tanto para
desfrutar do calor de seu povo quanto do seu clima
quente na maior parte do ano. Essa cidade é conhecida pela sua hospitalidade e por ser uma das melhores
da península, já que tem tudo para fazer da visita dos
turistas uma estada única.
Mérida se consolida neste século XXI como uma cidade autêntica e moderna, verdadeira e clássica, que
nos últimos anos, além de ter crescido de forma notável, é uma cidade de primeira opção para fazer negócios. Conta com uma atmosfera ideal, que combina
excelente serviço e grande conforto, e também oferece múltiplas opções de entretenimento, atividades
culturais, serviços de alimentação, bebidas, descanso,
passeios e todas as infinitas possibilidades do turismo
na Península de Yucatán em distâncias curtas entre
cada um dos atrativos.
Mérida vive uma grande festa cultural os 365 dias
do ano, e os milhares de visitantes do mundo inteiro
que recebe viram espectadores da intensa realidade
diária, pois festas e tradições sempre proporcionam
um espetáculo colorido, autêntico e inesquecível.
O Centro Histórico convida a uma noite cultural única. Às segundas-feiras, por exemplo, em frente ao Palácio Municipal, tem uma dança tradicional chamada A
Península do Yucatán, delimitada a norte e
a leste pelo Golfo do México e pelo Mar das
Caraíbas: a região é riquíssima em vestígios da
civilização maia
Mérida é uma terra romântica e de cultura
única, onde o antigo e o novo se misturam
A Catedral de Mérida, a mais antiga de todo
o continente americano, foi erguida com as
pedras de T’ho, a antiga cidade maia que os
espanhóis destruíram
MTurismo
O Centro Histórico de Mérida: destaque para o
Palácio Municipal
“Jarana Yucateca”, e aos domingos, duas orquestras
animam a noite ao ritmo de “salsa e cumbia”. Há também peças de teatro, danças folclóricas e filmes, uma
gama de atividades e eventos para todos os gostos
- do clássico ao jazz -, dança folclórica com trovas românticas, rock, música industrial, exposições de arte
tradicionais e inovadoras, cinema de arte contemporânea, oficinas para crianças, atividades literárias,
conferências, bailes ao ar livre e muito mais.
Capital maia - Mayapan (espanhol Mayapán) é uma
antiga cidade pré-colombiana maia, localizada no estado do Yucatán, no México, a cerca de 40 km ao sul
de Mérida - a capital - e a 100 km a oeste de Chichén
Itzá - outra grande cidade maia do século VII. Mayapan
foi a capital política dos maias, na Península de Yucatán, entre os anos de 1220 até o final de 1440.
Estado de Quintana Roo
Sem dúvida, a Península de Yucatán é um dos destinos mais explorados turisticamente no México. É,
também, o lugar onde se encontram os principais locais arqueológicos da antiga cultura maia. A começar
por Quintana Roo, um estado jovem que experimen-
tou um forte desenvolvimento nas últimas décadas.
As belas e inigualáveis praias caribenhas, os entornos
naturais únicos e as testemunhas culturais dos antigos maias contribuíram para polarizar o interesse dos
visitantes do exterior. Provavelmente, o lugar mais
conhecido de Quintana Roo seja Cancún, porém esse
território esconde muitas outras surpresas.
Cancún e Isla Mujeres
Cancún, que em maia quer dizer “recipiente de
ouro”, converteu-se no destino favorito dos casais em lua de mel e de milhares de turistas que
procuram o azul turquesa de suas águas. Situada
no Estado de Quintana Roo, está localizada em
uma ilha (zona de hotéis) ligada ao continente por
meio de uma ponte que conduz à Cidade Cancún.
A leste da ilha encontra-se o Mar do Caribe, e a
Oeste a Gran Laguna. Em Cancún há que se destacar o Museu de Antropologia e História, próximo ao Centro de Convenções na zona hoteleira,
e onde se pode admirar uma pequena coleção de
peças maias, e as Ruínas Maias da Zona Arqueológica El Rey.
Ruínas de Mayapan, cidade que foi a capital
política dos maias (1220 d.C e 1440 d.C)
Mercado Julho 2011 ∞ 78
Mas é impossível falar de Cancún e não citar as
suas deslumbrantes e brancas praias (Playa Las Perlas, Playa Tortugas, Playa Chac-mool, Playa del Rey,
etc.), todas elas abertas ao público. Estando lá, é recomendável realizar passeios e desfrutar ao máximo
de todas as possibilidades, seja mergulhando ou praticando algum esporte aquático. Cancún conta com
magníficas instalações e com numerosos centros comerciais, restaurantes, bares, discotecas ou cafeterias
que farão a sua estada mais agradável.
A noroeste de Cancún localiza-se Isla Mujeres, uma
pequena ilha onde o mais extraordinário é a tranquilidade. No Parque Nacional El Garrafón, encontram-se
as praias mais populares, com destaque para a dos
Cocos, a mais bonita, Playa Lanchero, importante refúgio de tartarugas marinhas e Playa Garrafón, o lugar
ideal para a prática do “snorkel”. Mas procure chegar
cedo, pois é inevitável fugir da concorrência de centenas de turistas. Se você é um mergulhador experimentado, pode realizar mergulhos nos arredores,
onde descobrirá encantadores arrecifes. Em somente
duas horas de cruzeiro avistará a Ilha Contoy, famosa
por sua riqueza coralina e por ser uma reserva ornitológica nacional. É uma atração ecoturística, já que
constitui um Parque Nacional onde habitam centenas
de aves que dificilmente poderiam ser observadas de
perto em outros lugares do mundo. O cais e o museu
são as únicas instalações de Isla Mujeres.
Cancún, que fica no Estado de Quintana Roo, e
que em maia quer dizer “recipiente de ouro”, é
o destino favorito de casais em lua de mel
Costas e ruínas maias de Quintana Roo
Deixando Cancún em direção ao sul pela movimentada estrada que vai para Tulum e Chetumal (a capital
do estado), tem a Playa del Carmen, importante centro
turístico devido à sua animada vida noturna e arrecifes
de coral. Começa aqui a Costa Turquesa, que se estende de Puerto Morelos, ao sul de Tulum, à altura da Reserva da Biofera de Sian Kaan. Nas longas praias é possível tomar banho, mergulhar, descansar e se bronzear.
Cozumel - De Playa del Carmen partem numerosas embarcações em direção a Cozumel, a maior ilha
do México. Os maias navegavam até ela para dirigir-se
aos templos dedicados a Ixchel, a deusa da lua e da
fertilidade. São Miguel de Cozumel é a única cidade
da ilha onde é quase uma obrigação visitar o museu,
que tem retratada a história da ilha. Nove quilômetros
além do povoado encontra-se a bela Bahia de Chankanab, aquário natural abastecido por canais subterrâneos e, muito perto, o Jardim Botânico, com mais de
300 classes de plantas tropicais e árvores de 22 países. Entre os meses de maio e setembro pode-se observar a desova das tartarugas (sob a vigilância de autoridades). As areias brancas das praias de Cozumel,
muitas delas virgens, como as de Punta Celarain, são
um convite para praticar todo tipo de esportes aquáticos, descansar, mergulhar no Arrecife Palancar ou visitar as Ruínas de El Cedral, a estrutura mais antiga da A
Isla Mujeres, pequena ilha a noroeste de Cancún
Praia em Cozumel, a maior ilha do México, que
fica na Península de Yucatán
MTurismo
ilha - que possui restos das pinturas originais maias - e
as Ruínas de San Gervasio - formadas por pequenos
altares e templos em honra de Ixchel.
Pelo litoral da Costa Turquesa
Xel-Há, a 122 quilômetros de Cancún, é um
dos maiores aquários naturais do planeta
Tulum, que significa “Cidade de Alba”, é um dos
lugares mais espetaculares da colonização maia
Muralhas da cidade de Campeche, que leva o
mesmo nome do estado
Deixando a ilha em direção ao sul pelas costas de
Quintana Roo, localiza-se Xcaret, a 72 km ao sul de
Cancún, considerado o “paraíso sagrado da natureza”. Esse lugar foi utilizado pelos maias como porto e
conta com dois templos antigos. É um ambiente ideal para nadar (acompanhado de golfinhos) e para o
“snorkeling”. Em Xcaret, vale a pena a visita a Puerto
Aventuras, que se destaca por ser um imponente complexo turístico de luxo, provido de todas as facilidades
e comodidades. Seus atrativos mais importantes são
o porto com capacidade para 240 embarcações e um
campo de golf de 9 buracos.
Yal-ku, a 98 quilômetros ao sul de Cancún, é uma
lagoa muito pouco visitada. A entrada fica perto de
um pequeno local que conta com um moinho de vento bastante visível. Embora não tenha instalações turísticas, é um bom lugar para desfrutar dos canais de
água turquesa.
Akumal, (que em maia quer dizer “lugar de tartarugas”), a 102 quilômetros de Cancún, é famosa por sua
maravilhosa praia e por ser um lugar muito procurado
por mergulhadores do mundo todo que ali se encontram para explorar suas profundezas. O turista também não deve deixar de visitar Xel-Há, a 122 quilômetros de Cancún, pois é um dos maiores aquários naturais do planeta, composto de bacias de pedra calcária,
baías, lagoas e tanques com diversas variedades de
peixes tropicais. A prática do “snorkeling” nessa zona
é quase uma obrigação. Tem ainda Chemuyil, a 109
quilômetros de Cancún, considerada uma das praias
mais românticas do México. Em forma de ferradura
e protegida por uma barreira de arrecife, conta com
uma praia de areia fina e branca incomparável.
Outro grande destaque é Tulum, que quer dizer “A
Cidade de Alba”. É uma das cidades maias mais espetaculares pela disposição das muralhas e por estar
bem ligada ao Mar do Caribe. As construções correspondem ao Período Pre-clássico, e entre elas se destacam o Templo dos Frescos, O Castelo - a construção
mais alta - e o Templo das Séries Iniciais. Tulum é o
único porto maia conhecido que, quando da chegada
dos conquistadores espanhóis, ainda estava habitado.
Partindo de Tulum 50 quilômetros terra adentro, pode-se chegar a Cobá, provavelmente o maior de todos
os jazigos maias. Foi um importante centro comercial
que se formou em uma zona de lagos com calçadas
sagradas ou “sacbeob”, sendo que algumas delas
chegaram a alcançar 100 quilômetros de comprimento. No lugar, destacam-se a pirâmide do Templo das
Igrejas do Grupo Cobá, as estrelas do Grupo Mecanox,
o Conjunto das Pinturas e a Grande Pirâmide, a mais
alta das construções maias da Península de Yucatán.
De volta à costa, em direção ao sul, localiza-se a
Reserva Biosférica de Sian Ka´an, parque ecológico
com mais de 500 hectares e importante ecossistema do continente americano, onde encontram-se
bosques, lagoas, pântanos, arrecifes de coral, ruínas
maias e uma impressionante variedade de flora e
fauna. Na reserva podem ser vistas onças, ocelotes
(jaguatiricas), macacos-aranha, tigres, antas, tamanduás e jacarés, assim como milhares de peixes multicoloridos. As excursões pelo lugar são guiadas operadas por “Amigos de Sian Ka´an”, uma organização
não lucrativa.
Finalmente, ainda mais ao sul, localiza-se Chetumal, a capital do estado, muito perto da fronteira
com Belice.
As ruínas de Edzná, cidade maia cujo sítio fica
perto de Campeche
Estado de Campeche
Campeche, a capital do estado de mesmo nome e
a 195 quilômetros de Mérida, impressiona pelas muralhas que rodeiam a cidade e pelos seus esplêndidos
edifícios coloniais.
Em visita a essa cidade, vale conhecer a Praça
Principal, de estilo colonial e com alguns elementos
atuais; a Catedral da Conceição, a mais antiga da Península de Yucatán (1.540); a Mansão Carvajal, morada
de um importante fazendeiro de tempos passados; o
Baluarte de São Carlos, onde se encontra a Sala das
Fortificações; a Casa da Cultura, outro exemplo da
riqueza colonial de Campeche; e ainda o Museu de
Estrelas Maias.
Muito próximo da cidade localizam-se as ruínas de
Edzná, cidade maia - 650 dC. a 900 dC. - que tem como
grandes atrações o Anfiteatro, os Canais Subterrâneos
e a Pirâmide dos Cinco Nichos, obra mestra de 31 m
de altura.
Estado de Yucatán
Em se tratando de turismo cultural e histórico, o
Estado de Yucatán oferece belas cidades coloniais e,
provavelmente, as mais espetaculares ruínas maias.
A começar pela capital Mérida, as ruas dessa cidade
combinam, em delicada harmonia, elementos indígenas e espanhóis, que podem ser apreciados nas grades de ferro fundido das casas, nas ruas empedradas
ou nos belos jardins. Estando em Mérida, não deixe de
admirar a impressionante Catedral de São Ildefonso,
do século XVI, de estilo barroco, uma das maiores catedrais do país; a Plaza Mayor, o melhor lugar para descansar; e o Palácio de Governo e o Palácio Municipal
do século XVI. Tem ainda a Casa Montejo, de fachada
pitoresca, que é atualmente um banco. Aconselha-se
ainda percorrer o Paseo de Montejo, com suas casas
senhoriais de influência europeia, para depois visitar
o Museu Nacional de Antropologia, onde se pode conhecer mais de perto a antiga cultura maia. A
O Paseo de Montejo é um lugar por onde se
deve passear em Mérida, capital
Ruínas de Uxmal, que fica nas serras Puuc, a
80 quilômetros de Mérida
MTurismo
Chichén Itzá, ruínas maias muito bem
conservadas que ficam entre Mérida e Cancún
Uxmal e Kabah
A 80 quilômetros ao sul de Mérida, nas serras Puuc,
estão as ruínas maias de Uxmal, onde se destacam
as numerosas imagens do deus Chac, deus da chuva,
que são encontradas em muitos lugares. Outro atrativo é a Pirâmide do Feiticeiro (chamada também Pirâmide do Adivinho ou do Mago), uma delicada construção com cantos arredondados e 39 m de altura, onde
se conseguem as melhores vistas do conjunto. Tem
ainda o Palácio do Governador, com uma esplêndida
fachada de quase 100 metros de longitude; a Casa das
Tartarugas, pelas engraçadas tartarugas gravadas nas
padieiras; o Quadrângulo das Monjas, com cerca de 70
quartos; e o Jogo de Bola.
A 15 quilômeros de Uxmal encontram-se as ruínas
de Kabah, em processo de restauração. A maior atração fica por conta do Palácio das Máscaras e sua imponente fachada com mais de 300 máscaras do mosaico do deus Chac.
Chichén Itzá
O maior atrativo da região é Chichén Itzá, a grande cidade maia do século VII, magnificamente conservada e situada quase na metade do trajeto entre
Mérida e Cancún (a 200 quilômetros dessa última).
No Templo de Kukulkán ou El Castillo, chama atenção, durante os equinócios de primavera e outono, a
aparição de uma serpente em forma de sombra que
ascende ou descende pela escada da Grande Pirâmide. No interior da construção foi onde se encontrou o trono do Jaguar Vermelho com olhos de jade.
Nessas ruínas, o visitante poderá sentir muito de
perto o espírito dos antigos maias na magnífica área
do Jogo de Bola, a maior e mais conservada; no impressionante Observatório; na enigmática figura de
Chac Mool; no Cenote, o poço onde jogavam as oferendas; na Casa Colorada; no Templo do Venado; na
Casa das Monjas ou no Grupo das Mil Colunas.
Valladolid
Finalmente, completando essa viagem pela Península de Yucatán, no oriente do Estado de Yucatán,
rumo ao Mar Caribe, encontra-se Valladolid, uma belíssima povoação colonial fundada faz 450 anos. É a
segunda cidade mais antiga do estado. Nela se encontram formosas construções, como o ex-Convento de
São Bernardino de Siena e o Convento de Sisal, ambos
do século XVI; a Catedral de San Gervasio; o Bairro da
Candoária; o Bairro de Santa Ana; o Museu de São Roque e outras tantas construções que remetem ao seu
rico passado histórico. É também em Valladolid que
estão os dois reservatórios de água em cavernas mais
impressionantes do estado: X´kekén - ou Dzitnup - e
Zaci, onde as formações rochosas criaram lendas que
se tornaram crendices da população nativa. B
O poço Zací, em Valladolid, tem mais de 80 metros e possui diversas lendas, que são defendidas
pela população local. Segundo uma delas, quem se banha das águas se purifica. O rito é maia,
espelhado no Cenote Sagrado de Yucatán
MBazar
Dior lança a nova
fragrância Aqua
Fahrenheit
Fahrenheit é um clássico perfume
masculino, lançado em 1988, que
se tornou um dos mais vendidos
na categoria. Fahrenheit destacase por ser um perfume intenso, com
surpreendentes notas de madeira de
sândalo, madeira de cedro, bálsamo e
âmbar. Uma mistura contrastante de
quente e frio, sutileza e poder.
A Dior agora lança uma nova versão do
Fahrenheit, Aqua Fahrenheit. O perfume
traz uma combinação explosiva de água e
fogo, através das notas frescas dos cítricos
e das intensas do vetiver.
O novo perfume vem em duas versões,
75ml e 125ml, e preços sugeridos de
aproximadamente R$ 270 e R$ 350,
respectivamente.
Portas iPad, iPhone e
Blackberry da Ferrari
A escudeira italiana que há muito
tempo mantém um studio de design
para oferecer aos fãs da marca acessórios como roupas, bonés e carros
em miniatura acaba de lançar uma
nova coleção de acessórios para
proteger os gagdets do homem moderno, chamada de Italy Collection.
Mercado Julho 2011 ∞ 84
Inspirada nos modelos Grand
Touring, a Coleção Itália traz o
design elegante dos interiores do
carro da Ferrari no acabamento e
qualidade do couro, nas cores dos
tópicos escolhidos, no estilo de
costura, no jogo de preenchimento,
no Matelassé.
São capas para iPad, iPhone e
Blackberry que levam o famoso Cavalo na frente. É uma linha completa
de capas protetoras em couro com o
interior em vermelho e por fora em
preto ou, para quem gosta de algo
mais ousado, com o exterior todo
em vermelho.
Mulher
nenhuma quer
estar atrasada
A grife norte-americana Michael Kors continua esbanjando muito luxo com seus novos modelos
de relógios femininos. Em detalhe, na foto, o modelo Michael
Kors Women’s, MK5217, MadrePérola Oversized.
Esse modelo tem como características: face de aproximadamente
4,5cm de diâmetro (sem a coroa),
pulseira em resina com aproximadamente 2,2cm de largura e 20cm de
comprimento e cronográfico com 3
submostradores (dia, data e mês).
Resistente a 100m em baixo d’água,
com vidro Cristal Mineral.
O preço sugerido no Brasil é de
R$ 750.
Xoom é a Ferrari
dos tablets
Lançado no final de fevereiro
nos Estados unidos, o Xoom, da
Motorola, é o primeiro tablet da
geração Android 3.0 Honeycomb
a desembarcar no Brasil. O Xoom
é um tablet que vem com a intenção de concorrer com o iPad, líder isolado em um mercado que
ele mesmo criou. E a impressão
inicial é de que ele pode, sim, ser
um competidor à altura.
A configuração do Xoom é a
mais imponente entre os Androids, com tela de 10,1 polegadas,
chip dual core, 32 GB de armazenamento interno, câmeras de 5
MP e 2 MP, slot para cartão microSD e portas microUSB e microHDMI.
O corpo do Xoom (a pronúncia
correta é “zum”, apesar da versão “chum” ter sido naturalmente mais bem aceita no INFOlab)
é leve e esguio, com construção
feita em alumínio. Sua espessura,
de 1,3 centímetro, é a mesma do
primeiro iPad, embora 5 milímetros maior que a última versão do
tablet da Apple.
Lá fora, o modelo é vendido por
preços entre 599 dólares (com WiFi) e 799 dólares (modelo com conexão 3G e upgrade programado para
4G LTE). Aqui, sua configuração
mais básica é vendida por R$ 1.899.
85 ∞ Mercado Julho 2011
MDica de Leitura
Ganhar dinheiro
não é pecado
Em livro lançado pela Thomas Nelson Brasil, Theodore
Roosevelt Malloch garante que é possível alcançar o
sucesso financeiro sem precisar vender a alma
“O
sucesso
não
vem, geralmente, da boa sorte
ou do acaso.
Ele vem porque você está preparado para isso e
porque você tem as características
necessárias para alcançá-lo. Isso é
verdade em todos os setores da vida
e não apenas nos negócios. Teorias
gregas e romanas sobre a virtude as
associam ao sucesso prático - ‘acertar
o alvo’ em analogia a Aristóteles.”
“Ganhar dinheiro não é pecado”,
lançamento da Thomas Nelson Brasil,
apresenta uma ideia tão simples quanto desafiadora: a de que é possível ser
bem-sucedido e gerar lucro sem corromper seus princípios éticos e morais. O empreendedor Theodore Roosevelt Malloch apresenta o conceito
de “capital espiritual”, explicado por
meio de exemplos de empresas que
operam com modelos baseados em
princípios espirituais e que estão entre
as maiores no mundo dos negócios.
Rico em conteúdo bibliográfico, o
livro traça o perfil, os ideais e a trajetória de importantes líderes empresariais de todo o mundo, entre eles os
CEOs da HP, John Young, e da Phillips
Internacional, Thomas Phillips. Também se vale de princípios teóricos
de grandes filósofos, como Aristóteles, Platão e Descartes, para apontar
como funciona o mundo dos negócios desde os tempos antigos.
Esta obra surpreendente levará o
leitor a refletir sobre as virtudes resistentes da liderança, da coragem,
da paciência, da perseverança e da
disciplina, como adquiri-las e de que
forma elas devem nos conduzir. B
Mercado Julho 2011 ∞ 86
Sobre o autor
Theodore
Roosevelt
Malloch é
presidente e C.E.O. do Grupo Roosevelt,
empresa de gestão de investimentos
nos Estados Unidos. Professor da
Universidade de Yale, Malloch também é
responsável pela pesquisa a respeito do
capital espiritual no mundo corporativo.
Título: Ganhar dinheiro não é pecado
Autor: Theodore Roosevelt Malloch
Formato: 13,5x 20,8
Número de páginas: 216
Preço: R$ 29,90
ISBN: 9788578601874
MColunaLiteratura
Esses poetas
loucos e bêbados
S
POR Kenia Maria
ou professora de literatura brasileira há mais de 20
anos. Uma das coisas de
que mais gosto nessa profissão é de meus alunos.
Adoro gente e adoro os meus pupilos
e pupilas. Já tive alunos de todo jeito nesta vida. Alunos que aprendiam
rapidamente a analisar um poema de
Fernando Pessoa, e outros que interpretavam com facilidade os mais difíceis contos de Clarice Lispector. Mas,
também, por outro lado, tive alunos
que achavam que o escritor português
Eça de Queiroz era mulher. Ora essa!
Alunos que pensavam e pensam até
hoje que a “Comédia” de Dante é obra
risível, para dar gargalhada. Outros
que acreditam que há na peça “A cantora careca”, de Eugene Ionesco, uma
personagem feminina calva que canta.
Já dei muitas risadas com os equívocos de alguns estudantes. Algumas
situações parecem piada, mas aconteceram de fato, como, por exemplo,
alunos que se ofenderam quando eu
escrevi que seus textos eram prolixos.
Eles entenderam “pro lixo”...
Mas acho que nada me causou mais
estranheza que uma carta que recebi há
algum tempo. Vou transcrevê-la aqui,
já que a aluna me autorizou a publicála, na certeza de que evidentemente eu
omitiria seu nome. Vamos ao texto:
“Cara professora Kenia,
Gosto muito do curso de Letras, mas infelizmente terei de abandoná-lo, já que as aulas de literatura ferem
meus princípios morais, éticos e religiosos. Sendo assim, fico constrangida e angustiada com alguns fatos. Sabe,
dona Kenia, não quero ler Edgar Allan Poe, sei que o poema ‘O Corvo’ é bem construído estruturalmente, evoca
uma paixão sincera do eu lírico pela amada Lenora, mas Poe era um bêbado maldito que não pagava suas contas, dava o calote em todo mundo. Ler a “Prosopopéia”, de Bento Teixeira, nem pensar. Bento Teixeira foi considerado herege pela Igreja, além de ter assassinado sua própria esposa. Eu estava adorando ler ‘O retrato de
Dorian Gray’: uma história muito boa sobre um cara que nunca envelhece. Mas depois descobri que o autor era
um devasso, um homossexual, libertino e dissoluto. Também não me interesso nada, nada por autores suicidas,
esses ingratos que tiraram a própria vida. Dessa forma, não quero ler nem Virgínia Woolf, nem Raul Pompéia. Ela
se jogou num rio e ele tragicamente se matou com um tiro no peito numa noite de Natal. Sabe, tenho medo de
que eles possam me influenciar e eu acabe me jogando do oitavo andar, como Ana Cristina César.
Às vezes, eu fico me perguntando, como pessoas tão loucas e desestruturadas podem escrever tão bem?
Como esses loucos puderam despertar em mim tantos sentimentos? Como me emocionei e me encantei com
‘O Ateneu’, com ‘Mrs. Dalloway’ e com as cartas de Ana Cristina César? Pena que seus autores foram pessoas
moralmente enfermas.
Assim sendo, estou trancando o curso de Letras, já que eu não poderia ler apenas os escritores que tiveram
uma vida íntegra e correta, o que, aliás, é raro dentre os escritores os quais somos obrigados a ler. Desses que
admiro a vida honesta e equilibrada cito o grande Machado de Assis, que, embora gostasse de escrever sobre
adultérios, seus biógrafos garantem que ele foi marido e companheiro fiel de sua única e doce esposa, Carolina.
Outra autora honestíssima de que gosto e admiro muito é a mineira bem casada e pacata dona de casa Adélia
Prado. Vive uma vida cristã e equilibrada ao lado do marido e da família na cidade de Divinópolis. Seus poemas
são belíssimos, principalmente um de que gosto muito em particular, ‘Casamento’. Também sou admiradora do
poeta parnasiano Vicente de Carvalho, abolicionista e jornalista equilibrado. Também foi ótimo marido. Amava a
esposa dona Ermelinda Ferreira de Mesquita, com quem teve quinze filhos. E quanta saudade tenho do poema
“A fonte e a flor”: doces versos da infância em que eu declamava emocionada.
Despeço-me aqui, professora, espero que estas linhas não lhe tenham causado tédio ou sonolência, espero
apenas que a senhora me compreenda quando não mais me encontrar em suas aulas.
Um abraço,
W. B.”
Mercado Julho 2011 ∞ 88
ra pode não acreditar, mas foram
os livros sagrados que me fizeram
retornar para a sala de aula. Descobri que algumas partes da Bíblia
podem ter sido escritas por uma
mulher de nome Sulamita, uma libertina, concubina do Rei Salomão.
Já o “Alcorão” foi escrito por um
homem que nunca acreditou na virgindade de Maria nem na Trindade.
E os Vedas? Meu Deus, eles foram
recitados por homens que adoravam elefantes e macacos”.
Sem comentários!
Edgar Allan Poe
Contudo, no semestre seguinte,
quem eu encontro sentadinha no
fundo da sala para assistir às aulas? Ela mesma. A menina que se
espantou com a perigosa vida levada pelos autores canônicos. Ao
final da aula, ela deixou um bilhete
em cima da minha mesa: “A senho-
Termino aqui este meu texto que
não sei se é crônica ou artigo, escrito a quatro mãos: uma é professora, gulosa, fofoqueira e desconfiada da condição humana; a outra
é uma aluna ingênua, que ainda
tem muito o que aprender com a
vida e seus mistérios.
A dica de hoje é ler o belo livro
de poemas intitulado “As flores do
mal”, livro que inaugura a modernidade no mundo ocidental e, por isso
mesmo, foi, durante muito tempo,
censurado, e seu autor sofreu processo pagando multa por atentar
Charles Baudelaire
contra a moral e os bons costumes.
Baudelaire levou vida desregrada na
companhia das drogas e do álcool:
foi assim, aliás, que ele torrou grande parte da fortuna de seu falecido
pai. Talvez seja por isso ele tenha
feito obra tão avassaladora e versos
tão contundentes como estes:
“É necessário
estar sempre bêbado.
Tudo se reduz a isso;
eis o único problema.
Para não sentirdes o horrível
fardo do Tempo, que vos abate
e vos faz pender para a terra,
é preciso que vos embriagueis sem cessar.
Mas de quê? De vinho, de poesia ou de virtude,
a vossa escolha.
Contanto que vos embriagueis.”
(Baudelaire)
Kenia Maria de Almeida Pereira - doutora em Literatura Brasileira pela Unesp/São José do Rio Preto-SP e professora colaboradora do Mestrado em Teoria
Literária da Universidade Federal de Uberlândia-MG. Autora de artigos científicos e livros sobre literatura brasileira, dentre eles, Machado de Assis: outras
faces, publicado pela editora Aspecttus ([email protected])
89 ∞ Mercado Julho 2011
MProfissões em Filme
Passe livre
POR Kelson Venâncio
Atualmente somos bombardeados
no cinema com comédias, especialmente as que se dizem comédias românticas, mas que, na maioria das vezes, de comédia mesmo não têm nada.
São, para piorar, romances bobinhos.
Quando surgem filmes com o intuito
apenas de fazer rir - geralmente são
aqueles a que chamo de besteiróis, pois
agridem a nossa inteligência com situações absurdas e ridículas -, esse tipo de
produção tenta a todo custo atingir o
seu objetivo, o que para o público mais
exigente nem sempre acontece.
Mas, de vez em quando, surge uma
boa comédia no cinema. E aqui posso
dar alguns exemplos, como os excelentes “Se beber não case”, “Eu te amo
cara” e “O pior trabalho do mundo”,
entre outras. Felizmente, o filme “Passe livre” agora faz parte da minha lista de melhores comédias e é tão bom
quanto os citados anteriormente. E
explico o porquê.
Para começar, um filme de comédia
sem um roteiro interessante é como
“Os vampiros que se mordam’, “Espartalhões”, “Todo mundo em pânico”, ou
seja, pegam carona em outras produções na tentativa simples de ganhar
dinheiro. “Passe livre” tem uma ótima
história, que parte de uma premissa
muito comum na vida de qualquer
casal: a rotina a dois. Qual o homem
de compromisso que mesmo sem intenção nunca olhou para a bunda de
Mercado Julho 2011 ∞ 90
uma mulher? Qual a mulher que nunca
observou o abdômen sarado de um rapaz mais novo? Quem nunca se questionou: “e se eu fosse solteiro”? Pois é
baseado nessas indagações que “Passe
livre” nos faz rir muito, mas nos passa uma boa mensagem, com todas as
piadas sobre o relacionamento a dois.
O filme conta a história dos amigos
Rick e Fred (Owen Wilson e Jason Sudeikis), que estão inquietos e cansados
da rotina do casamento. Tudo muda
quando suas esposas (Jenna Fischer
e Christina Applegate) tentam uma
abordagem ousada e lhes oferecem
um “passe livre”: uma semana de total liberdade para que os dois façam o
que quiserem, livres das obrigações do
matrimônio. Inicialmente, parece que
um sonho se torna realidade para Rick
e Fred, mas eles rapidamente descobrem que seus conceitos sobre a atual
vida de solteiro estão completamente
fora de sincronia com a realidade.
Outro ponto forte dessa produção
são as interpretações. Todo o elenco
faz bem sua parte, até mesmo aqueles que aparecem pouco na produção.
Mas a química entre os atores Owen
Wilson e Jason Sudeikis é fantástica.
Eles nos passam exatamente a sensação de que são velhos e bons amigos,
inconfidentes e inseparáveis em qualquer tipo de situação, até mesmo nas
mais complicadas.
Para terminar, não poderia deixar
de comentar a ótima direção de Peter
Farrelly e Bobby Farrelly, que também
são coautores do roteiro, e que voltam à boa forma de seus filmes mais
antigos e excelentes, como: “Quem vai
ficar com Mary”, “Debi e Lóide” e “Eu,
eu mesmo e Irene”. Tá vendo? Vale a
pena assistir a “Passe livre”, você vai
rir muito e, claro, pensar mais sobre
seu relacionamento. B
Ficha Técnica
Filme: Passe livre (Hall Pass)
Elenco: Owen Wilson, Jason
Sudeikis, Jenna Fischer,
Christina Applegate, Alyssa
Milano, Richard Jenkins,
Stephen Merchant, Vanessa
Angel
Direção: Bobby Farrelly e
Peter Farrelly
Gênero: comédia
Duração: 105 min
Nota 9
Kelson Venâncio - jornalista e diretor do Cinema e Vídeo
www.cinemaevideo.com.br
91 ∞ Mercado Julho 2011
MPonto de Vista
Morosidade do
Poder Judiciário
Em primeiro lugar, é bom deixar
claro que a morosidade da justiça
não é um problema exclusivamente
do Brasil, atingindo praticamente todos os países, porém, uns de forma
mais grave que outros. Entretanto, em
nosso país, esse fenômeno ocorre há
várias décadas, vindo a se constituir
numa permanente preocupação.
Por isso, muito tem se falado acerca
da morosidade do Poder Judiciário. Esse
assunto é foco, inclusive, do anteprojeto
do novo Código de Processo Civil.
Mas, afinal, de quem é a culpa pelo
Brasil ter uma justiça tão lenta e, por muitas vezes, injusta?
Seria dos julgadores, que não conseguem dar vazão aos milhares de processos que têm sob sua responsabilidade?
Do Estado, que é reconhecidamente o
maior litigante? Da falta de aparelhamento estatal? Dos advogados, que se fazem
valer dos inúmeros recursos previstos e
abarrotam os Tribunais? Ou de todos esses elementos conjugados?
Que existe uma morosidade instalada no judiciário brasileiro, isso não tem
como negar. E o que todo mundo já sabe,
ficou comprovado em pesquisa divulga-
da no final de maio pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea),
que o brasileiro atribuiu nota média de
4,5, numa escala de zero a dez, para as
instituições do Judiciário. Na média nacional, as piores avaliações recaem sobre os quesitos rapidez, imparcialidade
e honestidade. Numa escala de 0 a 4, o
item rapidez teve o pior conceito - 1,19 -,
seguido pelos quesitos imparcialidade e
honestidade, que receberam 1,18. Essas
notas, de acordo com o estudo, correspondem ao conceito “mal”. Para piorar
a situação, em nenhum item a Justiça
alcançou o conceito “regular”.
Mas, então, qual é a causa desse
problema e, por conseguinte, qual seria a solução?
Com a palavra, o G7...
Um pais democrático tem como um de seus pilares um poder judiciário justo e eficaz. Justo, pois retrata um dos maiores valores cultuados por cada cidadão: a Justiça,
e a eficaz, o valor que garante a segurança jurídica em todos os setores da sociedade.
Apenas como exemplo, o setor empresarial, responsável pelo crescimento econômico precisa diuturnamente de um Judiciário célere, sob pena de sofrer a estagnação em seguimentos imprescindíveis para o
desenvolvimento econômico sustentável.
Assim, a morosidade do judiciário é um mal estatal que precisa ser combatido.
Para nós, a maior causa da morosidade é o anacronismo da estrutura do poder judiciário, uma vez que em todo o país vários fóruns estão sediados em prédios sem a mínima condição de trabalho, ou com espaço muito aquém do necessário. Não
dispensa esforços encontrar secretarias abarrotadas de processos no chão, por falta de espaço adequado para seu manuseio. Aliado a esse triste fator, tem-se um número insuficiente de juízes e serventuários para o volume de processos a serem
julgados. Enfim, o Judiciário trabalha hoje com uma estrutura pensada e projetada para uma sociedade de 50 anos atrás.
É um engano atribuir a morosidade do judiciário à legislação ou aos recursos utilizados pelos advogados, pois a história
já demonstrou que alterações legislativas não resolvem problemas de celeridade e, doutro norte, os recursos são a garantia
máxima dos cidadãos contra as decisões injustas, em que pese assistirmos nos dias atuais à tentativa dos Tribunais Superiores de evitar que os processos cheguem até eles para apreciação dos recursos, quando na verdade o que deveria acontecer
era o devido aparelhamento destes para julgar todos os recursos em tempo razoável.
Em pleno terceiro milênio, em que a informática é a grande responsável por qualquer projeto de sucesso, nosso judiciário
anda a passos lentos na informatização dos processos e procedimentos.
Necessário se faz que a autoridade judiciária compreenda que a democracia somente se sustenta onde a justiça é plena
e, para tanto, precisamos unir forças na busca de um judiciário moderno, pautado nos melhores conceitos de administração
pública e privada, inclusive. É preciso compreender que juízes não devem ser gestores e que escrivães precisam receber
dignamente treinamento diuturno de administração de tempo e logística.
Os processos precisam ser customizados. É preciso que sejam implantados em todo o judiciário procedimentos padrões,
atuais, modernos e eficazes, afastando-se a cada dia do subjetivismo de cada serventuário.
Enfim, o sistema atual tem sido capaz de sufocar o brilho de advogados, juízes, promotores, serventuários, que apesar
da capacidade intelectual e da vontade de se fazer justiça se veem amarrados pela burocracia retrógrada do nosso sistema.
Os governos federal e estadual devem imediatamente ver o Judiciário como prioridade, elevando-o a um patamar mínimo de dignidade, permitindo que cada cidadão, rico ou pobre, que dele dependa, receba uma resposta eficaz e capaz
de restabelecer a justiça, sob pena de continuarmos como um país de terceiro mundo, crescendo muito aquém de países
também emergentes, como a China.
Mercado Julho 2011 ∞ 92
Continuação
A morosidade do judiciário é hoje um dos principais entraves à cidadania e
ao crescimento das empresas, pois nada mais frustrante e prejudicial para um
empresário que um poder do judiciário incapaz de fazer valer os seus contratos
e seus negócios. E assim, não faltam gritos clamando por soluções, mas como
resposta o judiciário culpa o excesso de processos e pede mais juízes, mais
servidores, mais computadores, em suma mais orçamento, mais dinheiro da população que não suporta mais impostos e de um Estado que já esta falido.
Por isso, não é de se admirar o resultado da pesquisa do IPEA, em que o brasileiro atribuiu notas baixíssimas ao desempenho do
poder judiciário no Brasil. E a coisa só tende a piorar. Segundo dados do CNJ, a taxa de congestionamento do Judiciário brasileiro
é de 71%. De cada 100 processos que tramitam apenas 29 conseguem ter solução. Taxa essa que se mantém estável desde 2004.
Lembro que o próprio ministro Ari Pargendler, ao assumir a presidência do Superior Tribunal de Justiça (STJ) em
setembro de ano passado, admitiu que a demora na tramitação dos processos custa bilhões à economia brasileira e
acaba por afetar a competitividade. Para ele, isso é um custo Brasil dos maiores que existem. Disse que hoje já há uma
evidência de que a economia tem uma íntima relação com o direito. Qualquer investimento empresarial deve contar
com um mínimo de segurança jurídica. Sem isso, fica difícil que o País tenha um bom desenvolvimento econômico e
atraia novos investimentos externos pela falta de segurança jurídica.
Portanto, na minha visão de cidadão e empresário, é hora de revolucionar. Chega de remendos. Chega de falar em informatização, melhoria para os servidores, mais salários, reformas nas leis, mudanças noscódigos, excesso de recursos
e etc. Por tudo o que já se viu e ouviu até hoje, tais ajustes não passam de providências que vão dar em nada. Se fosse
um paciente, a Justiça brasileira já estaria na UTI e para tanto é preciso radicalizar o tratamento. É preciso modificar o
paradigma (o modelo) de Justiça, privilegiando de forma absoluta a conciliação, o acordo, a negociação, a mediação,
que devem entrar no lugar do velho estilo processualístico moroso e pastoso.
Além de quê, é inconcebível que nos anos da faculdade de direito o aluno só aprenda regras processuais, que são úteis
para litigar, contestar em juízo. Não se estimula a negociação ou mediação, mas, sim, a processualização do conflito.
Devemos trabalhar na solução definitiva e não em cada item pontualmente!
“A morosidade da Justiça brasileira é uma discussão antiga no cenário nacional, porém, atribuir a morosidade do Judiciário pura e simplesmente aos
litigantes ou aos recursos interpostos é simplista demais, visto que essa mora
advém de todas as variáveis existentes no sistema, cada qual com seu grau de
influência, como, por exemplo, os privilégios do Poder Público que é o maior
litigante, a falta de estrutura estatal e os julgadores que não conseguem dar vazão aos milhares de processos que têm
sob sua responsabilidade. O fato é que o somatório dessas variáveis acabou criando um cenário propício ao congestionamento do Judiciário. Dentre outras, uma possível e proeminente solução seria a preparação do profissional do
Direito para ser um conciliador, que a princípio recorreria aos métodos alternativos de solução de controvérsias, tais
como a arbitragem, a mediação e Câmaras Especializadas, objetivando, assim, desafogar o Judiciário brasileiro”.
Nós, da Aciub, acreditamos que um dos fatores responsáveis pela morosidade
do Poder Judiciário é a legislação, que permite a interposição de muitos recursos.
Sabemos que muitas das vezes os recursos são utilizados somente para protelar a
decisão, ou seja, para ganhar tempo. Por isso, entendemos que o melhor caminho
para acabar com o excesso de processos e a lentidão do Judiciário é promover, facilitar e incentivar os acordos.
A Aciub acredita que a morosidade do Judiciário também se deve ao fato de haver um excesso de processos em tramitação, sendo que muitos deles poderiam ser resolvidos por meio de conciliações como as que poderão ser feitas em breve
através do Posto Avançado de Conciliação Extraprocessual (PACE), projeto que conta também com o apoio de diversos
órgãos e entidades preocupados com a questão, como o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o Sebrae, a Confederação das
Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) e a Prefeitura de Uberlândia. O PACE, cuja regulamentação foi
aprovada este mês pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), deve entrar em funcionamento na Aciub até o final deste
ano. O principal objetivo desse posto, que já funciona em outros municípios, é justamente combater o excesso de ações que
tramitam no Judiciário e que tanto afetam a sociedade, além de facilitar o acesso à justiça às micro e pequenas empresas.
No PACE, com o apoio de conciliadores treinados pelo Tribunal de Justiça, poderão ser resolvidos conflitos que envolvem os empresários da cidade e todos os acordos poderão ser obtidos sem a necessidade das partes de constituírem
advogados. Vale lembrar que esses acordos terão força de sentença, pois serão homologados por um juiz da Vara Cível de
Uberlândia. Esse é, sem dúvida, o melhor caminho a ser seguido para um dia conseguirmos melhorar e, quem sabe, até
mesmo acabar com a morosidade do Judiciário.
(*) A ONG G7 - Grupo dos Sete - é formada por sete das mais representativas instituições sociais ativas na região do
Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. São elas: ACIUB - Associação Comercial e Industrial de Uberlândia, CDL - Câmara
de Dirigentes Lojistas de Uberlândia, Conselho de Veneráveis do Triângulo, FIEMG Regional Vale do Paranaíba/CINTAP Centro Industrial e Integração de Negócios do Triângulo, OAB/MG 13ª Subseccional de Uberlândia, SRU - Sindicato Rural
de Uberlândia e SMU - Sociedade Médica de Uberlândia.
Obs: Até o fechamento desta edição, os responsáveis pelas demais instituições que congregam o G7, ou suas respectivas assessorias de imprensa, não haviam enviado cada um a sua resposta.
93 ∞ Mercado Julho 2011
MCausosEmpesariais
O estoquista
afastado
(Legislação e
gestão de pessoas)
POR Nege Calil**
- Manda embora! - bradou Olívia,
advogada da empresa.
- Como? Nenhum médico assina
o demissional! - defendeu Jerônimo,
do RH.
- Vamos correr o risco! O INSS o
considerou apto ao trabalho ao não
querer manter o afastamento dele. continuou Olívia. Cabe defesa.
- Acato a decisão de vocês. Só sei
que não posso comprometer o orçamento, mantendo alguém no quadro
que não rende o que precisamos. Já
faz um ano e meio essa ladainha,
afasta e volta, afasta e volta... - reforçou Honório, gerente de Logística.
A reunião seguia tensa. A empresa
acabara de completar 30 anos e estava se profissionalizando. Surgiu o
hábito de fazerem reuniões semanais
com a participação de representantes de todos os setores para decisões
mais sérias. O faturamento já estava
na casa dos R$50 milhões anuais,
sentiram a necessidade de desenhar
processos, regras, pois era impossível continuar gerenciando com o
amadorismo do fundador. Fundador
que, aliás, estava afastado dos negócios, e repassou aos dois filhos e a alguns gestores de sua confiança a continuidade da gestão da organização.
Cansado com o peso dos anos, resolveu desfrutar um pouco da riqueza que conquistara. Separou, casou
com uma moça 35 anos mais nova e
aparecia a cada 15 dias na empresa,
Mercado Julho 2011 ∞ 94
o que, naturalmente, tornara-o alvo
de comentários de todos os tipos. A
reunião prosseguia:
- Vamos fazer isso então! - voltou
Jerônimo! Se o Jurídico banca, vamos dispensar antes que ele traga
novo atestado.
- Ótimo! Próxima pauta! - pediu
Jean, um dos filhos do fundador. Temos que terminar às 18h, pois tenho
campeonato de tênis no clube. Como
é partida em dupla, não posso atrasar.
- Só um instante! - interrompeu
Kleber, o filho mais velho e também
CEO nomeado pelo pai. Quieto desde o começo da reunião, fez uma pergunta importante:
- Qual é o nome dele?
- Nome de quem? - perguntou
Jean irritado.
- Do estoquista que vamos demitir.
- complementou Kleber.
- Peraí... - pediu Jerônimo. Estou
com um dos laudos nesta pasta...
Enquanto Jerônimo procurava
pelo nome, Jean insistiu:
- Vamos pra próxima pauta, enquanto ele procura. Tenho pressa!
Por que você quer saber o nome da
criatura? Que diferença vai fazer?
- Essa empresa tem processos,
mas também tem valores. Sei que
estamos atendendo às normas e à
legislação. Mas o que sabemos é que
ele se afastou várias vezes, e o INSS
não quer afastá-lo novamente, exigindo de nós que o coloquemos em ou-
tra função. Com isso, não podemos
aposentá-lo por invalidez, nem por
tempo de serviço, pois faltam sete
anos ainda. Impossível recolocá-lo
em outra função, devido à patologia
que ele apresenta e a sua pouca capacitação técnica. Só quero lembrar
a este comitê de gestão que por trás
dessa história, há um ser humano. Sequer sabemos o nome dele e estamos
decidindo sua vida!
Reinou um pequeno silêncio, recheado por olhares entre os participantes. Jerônimo interrompeu o incômodo gerado:
- Percival! O nome dele é Percival!
- Ótimo! Peço ao comitê que me dê
uma semana para conhecê-lo. Esse
prazo é o suficiente para que eu consiga argumentos mais sólidos antes
de decidirmos.
- Kleber - lembrou Jean - isso aqui
não é serviço social. Nós visamos ao
lucro. Nosso pai quase afundou tudo
por dó dos outros.
- Não é dó, Jean! Só precisamos saber
que capital humano estamos perdendo.
No dia seguinte, Kleber chamou
Percival à sua sala:
- Dá licença, seu Kleber? - Percival en-
trou num misto de medo e encantamento com a decoração da sala do patrão.
- Entre, Percival! Bom-dia! Acomode-se aqui à minha mesa!
Percival sentou-se ressabiado.
- Quando me falaram do senhor
não o havia associado à sua imagem.
Vi em sua ficha no DP que está conosco há 23 anos!
- Sim, senhor! A empresa era bem
menor que hoje. Tinha espaço no pátio, até ensinei seu menino a andar
de bicicleta lá. O povo comentou que
ele foi pro estrangeiro... como passa
o tempo!
- Foi pra Portugal! Formou-se aqui,
mas arrumou um rabo de saia por lá!
- No que eu posso ajudar, Dr.?
- Eu que pergunto, seu Percival!
Soube que o senhor está se afastando muito do serviço. O que está
acontecendo?
- Problema nas costas, seu Kleber!
Dói tudo! O médico falou que minha
coluna tá entrevando, não entendi direito não. Só sei que dói todo dia, dói
no frio, dói no calor. Eu não consigo
ficar muito tempo de pé, nem sentado, nem deitado.
- Então, vamos pendurar o senhor!
- brincou Kleber.
- Uai, não experimentei! - riu
Percival.
- Como o senhor está trabalhando?
- Uai, eu não consigo carregar
muito peso e toda vida trabalhei no
estoque arrumando as cargas. Faço
uma coisinha aqui, varro o pátio ali.
Mas não é por preguiça, seu Kleber!
É que dói muito. Chego a sentir vergonha de não conseguir trabalhar
como devia!
A conversa seguiu por mais de
uma hora. Nesse intervalo, Percival
se levantou e se sentou várias vezes.
Kleber descobriu que se tratava de
uma doença degenerativa na coluna
e que, segundo os médicos, a dor era
intensa. Percival não era tão idoso,
mas relatou que trabalhava desde os
sete anos de idade, ainda na roça,
carregando sacas de milho. Sua situação estava complicada - o INSS se
recusava a afastá-lo e a bancar seu
sustento, exigindo sua transferência para outra função. A empresa,
por sua vez, não tinha como fazer
isso devido a pouca escolaridade
de Percival. Nem como porteiro ele
podia trabalhar, pois não conseguia
controlar com eficiência os crachás
e entradas de visitantes no sistema
informatizado. Mesmo assim, ele
confessou que tentava se adaptar:
- Não conta pro seu Jerônimo, seu
Kleber! Mas eu chego aqui 5h30 da
manhã, não bato o cartão pra não dar
problema e faço o café para os companheiros na troca de turno. É que a
copeira foi ganhar neném e não contrataram outra ainda. Aí bato o cartão 7h, meu horário normal, mas seu
Jerônimo falou que é desvio de função e me proibiu de fazer isso. Mas o
que é que tem ajudar os companheiros? Eles me ajudam com as cargas
que não posso carregar e não me
custa ajudar eles também. Imagina
esses meninos sem café! Trabalhar
sem comer?
Kleber falou com alguns colegas
de Percival, sem que ele soubesse.
Foram unânimes em defendê-lo, pacientes com sua doença. Dez entre
dez colaboradores do estoque gostavam do “tio” Percival!
- Ele tá sofrendo muito! Tem dia
que chora de dor, mas tem sempre
um sorriso pra dar pra gente! - exclamou um.
- É perigoso ele carregar essas
caixas, não tem mais força! Vai que
acontece um acidente pior? Aí a
gente pede pra ele varrer, jogar água
nas plantas, distraímos ele de outra
forma pra perceber que faz parte da
equipe. - exclamou outro.
Kleber se emocionou com os depoimentos. Mas não era isso que ia
salvar Percival. Mesmo como CEO
não podia simplesmente contrariar
a decisão do comitê cuja criação e
gestão mais democrática foi sugerida
por ele. A solução surgiu da conversa
com Dona Zulmira, a faxineira:
- Se a empresa mandar ele embora
vai ter movimento, seu Kleber (advertiu ela)! Todo mundo gosta dele e vai
ser uma judiação. Onde ele vai arrumar outro trabalho? Vai viver de quê?
- O que faz a esposa dele? - perguntou Kleber.
- É dona de casa e cozinha salgado
pra fora. O salgadinho dela é uma de-
lícia, o senhor precisa experimentar.
Kleber experimentou. E, na semana seguinte, abriu a reunião com o
comitê:
- Podemos demitir seu Percival. E
faremos isso com todo o respeito que
ele merece!
A ideia foi colocada na mesa. Manter Percival, mais cedo ou mais tarde,
faria com que ele se sentisse inútil,
ferindo sua honra. Isso sem contar o
custo mencionado por Honório com
o quadro de pessoal. Kleber enxergou
potencial na culinária da esposa e propôs a Percival que abrisse um pequeno
ponto para venda de salgados. Como
não tinha verba, a empresa complementaria sua rescisão, facilitando seu
investimento. Pagaria, ainda, um curso de contabilidade básica para sua
filha mais velha, que se dispôs a administrar o novo empreendimento da
família. Vender salgados era um trabalho que Percival conseguiria fazer.
Na festa de despedida teve bolo,
salgadinhos do Percival e refrigerante. Colegas fizeram discursos e Dona
Zulmira chorou de emoção. Por garantia, Olívia fez um acordo judicial e
homologou a demissão dele, cercando-se de todos os cuidados legais. O
departamento financeiro provou que
os investimentos com a rescisão e a
“lojinha” de salgados seriam apenas
10% a mais que os custos com um
processo e uma possível reintegração.
E o RH complementou lembrando os
custos invisíveis que uma demissão
mal feita causaria ao clima organizacional. As chances de descontentamento do grupo eram enormes.
Percival agradeceu a Kleber na
frente de todos. Reforçou ao grupo
que trabalhavam numa empresa que
dava valor às pessoas e, mesmo sem
qualquer intenção política, consolidava Kleber como CEO. O ex-patrão
o abraçou, tiraram fotos, e convidouo a visitar a empresa sempre que
quisesse. Foram ovacionados, numa
prova de que a decisão do comitê
atendia às necessidades da empresa
e dignificava seu ex-colaborador. B
**Nege Calil
é consultor e especialista em gestão
de pessoas
[email protected]
95 ∞ Mercado Julho 2011
MGeral
CNI prega redução de gastos
públicos no combate à inflação
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) voltou
a defender em audiência pública na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados mais
ênfase do governo no controle dos gastos públicos, e
não no aumento da arrecadação, para baixar os juros
e desvalorizar o câmbio. O gerente-executivo da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco,
que participou de debate sobre políticas de combate à
inflação, afirmou que as medidas monetárias e fiscais
devem ser melhor coordenadas.
“A política fiscal deve assumir o papel primordial
da estabilidade econômica de longo prazo”, disse. Para
Castelo Branco, a política monetária como principal
instrumento de combate à inflação onera a economia
como um todo. Explicou que o aumento dos juros tem
um ciclo longo até gerar os impactos esperados para
desaquecer a economia. “Além disso, afeta diferentemente os segmentos econômicos, pois não tem influência sobre os preços indexados e ainda produz um
efeito negativo sobre a tendência dos investimentos
produtivos”, acrescentou.
O gerente-executivo de Política Econômica da CNI
assinalou que priorizar o corte de gastos públicos tem
um impacto mais permanente. “A política fiscal gera
maior eficiência na alocação dos recursos na economia
e menor pressão sobre as taxas de juros”, observou.
Defendeu também uma atuação mais efetiva na redução da inércia da inflação, diminuindo a indexação nos
preços. “A inflação reduzida e estável é condição básica
Foto: Wilson Dias/ABr
DA Redação
Flávio Castelo Branco, gerenteexecutivo da Unidade de Política
Econômica da CNI, disse que as
medidas monetárias e fiscais devem
ser melhor coordenadas
para o crescimento de longo prazo. A inflação elevada
prejudica o planejamento das empresas e o ambiente
para os investimentos”, sublinhou Castelo Branco.
MGS abre 1.026 vagas para nível
fundamental, médio e superior
Salários variam de R$ 574 a 5.485 mais benefícios.
Provas no dia 28 de agosto
A partir de 18 de julho, a Minas Gerais Administração e Serviços S/A (MGS) abre as inscrições do concurso público para reposição de funcionários. São
1.026 vagas e formação de cadastro de reserva para
os níveis fundamental, médio e superior. Os salários
variam de R$ 574 a R$ 5,4 mil.
O candidato que for aprovado receberá, além da remuneração, auxílio alimentação, vale transporte e seguro de vida. Segundo o edital, a prova terá duração
de três horas e está prevista para 28 de agosto. As avaliações serão elaboradas pela Empresa de Seleção Pública e Privada (ESPP) e cada pergunta oferece quatro
itens e somente uma resposta correta.
As inscrições vão até 7 de agosto e poderão ser
Mercado Julho 2011 ∞ 96
feitas no site da organizadora (www.esppconcursos.
com.br) ou pelos Correios. A taxa de inscrição para o
nível fundamental custa R$ 25, para nível médio e superior incompleto R$ 36 e para os graduados R$ 55.
Serviço
Minas Gerais Administração e Serviços S/A
Vagas: 1.026 e cadastro de reserva
Escolaridade: nível fundamental, médio e superior
Salário: R$ 574 a R$ 5.485
Inscrição: até 7 de agosto
Taxa: R$ 25 a R$ 55
Prova: 28 de agosto
Senado aprova Empresa
Individual de Responsabilidade
DA Redação
O plenário do Senado Federal aprovou em junho o
PLC 18/2011 (PL 4605/2009 - CD) que institui a empresa individual de responsabilidade limitada - EIRLI.
De acordo com o texto aprovado, a empresa individual de responsabilidade limitada será constituída por
uma única pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não poderá ser
inferior a 100 vezes o maior salário mínimo vigente
no país. A pessoa natural que constituir empresa individual de responsabilidade limitada somente poderá
figurar numa única empresa dessa modalidade.
O nome empresarial deverá ser formado pela inclusão
da expressão “EIRELI” após a firma ou denominação social da empresa individual de responsabilidade limitada.
Somente o patrimônio social da empresa respon-
derá pelas dívidas da empresa individual de responsabilidade limitada, não se confundindo em qualquer
situação com o patrimônio da pessoa natural que a
constitui, conforme descrito em sua declaração anual de bens entregue ao órgão competente.
Poderá ser atribuída à EIRELI constituída para a
prestação de serviços de qualquer natureza a remuneração decorrente da cessão de direitos patrimoniais de autor ou de imagem, nome, marca ou voz de
que seja detentor o titular da pessoa jurídica, vinculados à atividade profissional.
Prevê, ainda, que a nova empresa também poderá
resultar da concentração das quotas de outra modalidade societária num único sócio, independentemente das razões que motivaram tal concentração.
Dia V
POR Karen Cardoso (Serifa)
O Sistema FIEMG já está em andamento com a
mobilização para o Dia V, que acontecerá no dia 28
de agosto. Desde o início de junho, todas as regionais
estão buscando iniciativas voluntárias para fazerem
do evento - Dia V 2011 - um sucesso como foi em
anos anteriores.
O Dia V, ou dia do voluntariado, é uma ação que
a FIEMG Regional Vale do Paranaíba desenvolve
desde 2001. No ano passado, a ação contou com
a realização de várias atividades recreativas, arrecadação de alimentos e até mesmo plantio de árvores, demonstrando o quanto a sustentabilidade
está engajada no evento.
Também em 2010, a data do Dia V, que antes era
em dezembro, foi modificada para comemorar o Dia
Nacional do Voluntariado (28/08) e também para atrair
ainda mais voluntários para o projeto. “Durante o mês
de agosto, as empresas ainda estão em pleno vapor, ao
contrário do mês de dezembro, em que as atividades já
vão entrando em recesso e o descanso é mais almejado do que os programas voluntários, por isso o Sistema
FIEMG optou por essa modificação, e foi percebido que
realmente há uma diferença e este ano queremos superar os números do ano passado”, afirma o coordenador do Comitê Regional do Dia V, Emílio Ribeiro.
Para participar
Aos interessados em participar da ação, Emílio Ribeiro sugere que essas pessoas devem criar um comitê na sua comunidade para que possam organizar
Voluntária em ação em 2010: doação
de gêneros de higiene, limpeza e
vestuário também faz parte do dia
do voluntariado
ações voluntárias antes, durante e depois do Dia V.
Esse comitê deve conhecer as necessidades da
comunidade, planejar e realizar ações que possam se
tornar permanentes, estabelecer parcerias e acompanhar os resultados. Após essa criação, o comitê deve
definir um dos oito jeitos de mudar o mundo e organizar alguma ação que possa favorecê-lo. Por fim, o
comitê e suas ações devem ser inscritas no Dia V. Mais
informações pelo site www.fiemg.com.br/diav.
97 ∞ Mercado Julho 2011
MGeral
Casino diz não, BNDES sai
e Abílio acaba sem a fusão
DA Redação
Fracassou a tentativa de fusão entre Pão de
Açúcar e Carrefour no Brasil, que pretendia criar
uma supervarejista brasileira de alcance global. O
BNDES retirou oficialmente o apoio pré-aprovado
de R$ 4,5 bilhões, inviabilizando a engenharia financeira montada para unir Pão de Açúcar e Carrefour.
O banco alegou falta de entendimento dos sócios
Casino e Abílio Diniz, que dividem o comando do
Pão de Açúcar.
Em Paris, o conselho do Casino ouviu três consultorias - Santander, Goldman Sachs e Roland Berger - e chegou à conclusão de que não faz sentido
comprar o Carrefour brasileiro, que é “caro” e tem
problemas gerenciais. Diante da dupla rejeição, o
BTG Pactual - que se juntou a Abílio e assumiu a
proposição do negócio - preferiu retirar “temporariamente” o assunto de discussão.
Para o Casino, a fusão esbarra em riscos regulatórios e concorrenciais e não faz sentido nem para
a empresa nem para os acionistas.
expediente
Reportagens Evaldo Pighini, Margareth Castro, Michele Borges, Fabiana Barcelos, Laura Pimenta,
Rosiane Magalhães, Talita Nakamuta, Alitéia Milagre, Renata Tavares, Lia Barbosa Programa de
Aprimoramento Profissional Natália Nascimento Revisão Lúcia Amaral Foto Capa Luiz Costa
(SMCS) Fotografia Mauro Marques (exceto as creditadas) Colaboradora Márcia Amaral Diretor
Comercial Fernando Martini - [email protected] Departamento de Vendas 34
3239-5840 Maurício Ribeiro - [email protected] e Mariana Paganini Barcelos [email protected] Secretaria Edileuza Ribeiro - [email protected].
Diretor
br Consultoria Jurídica Thiago Alves - OAB 107.533 Projeto Gráfico RedHouse Comunicação Ltda.
34 3235-6021 Capa, Direção de Arte e Finalização Humpormil Pré-impressão Registro Digital
Eduardo J. L. Nascimento
Impressão
[email protected]
com.br Redação Artigos, comentários, sugestões e críticas sobre o conteúdo editorial da Revista
Para anúncios e assinaturas (34) 3239-5840 comercial@revistamercado.
MERCADO e mensagens para o Canal Livre: [email protected] Cartas Rua Roosevelt
de Oliveira, 345 Sala 14 - Bairro Aparecida CEP: 38.400-610 - Uberlândia/MG - Toda correspondência
poderá ser publicada de forma reduzida. Envie anexo nome completo e a cidade de origem. A Revista
MERCADO não fornece quaisquer dados pessoais para terceiros. Edições extras e reprints Para
Conselho Gestor
solicitação de edições extras e/ou fazer reprints de páginas da revista, entrar em contato pelo email
Eduardo J. L. Nascimento, Evaldo Pighini,
Fernando Martini
[email protected] ou pelo telefone 34 3239-5840.
Conselho Editorial
Paulo Sérgio Ferreira, Janaina Depiné, Analu
Guimarães, Dr. Joemilson Donizetti Lopes,
Marconi Silva Santos, Pedro Lacerda, Marcelo
Prado, Dalira Lúcia C. Maradei Carneiro
Editor Chefe e Jornalista Responsável
Evaldo Pighini - MG 06320 JP
[email protected]
A Revista Mercado é uma publicação mensal do Grupo de Mídia Brasil Central (GMBC).
Artigos assinados não refletem necessariamente a opinião desta revista, assim como declarações emitidas
por entrevistados. É autorizada a reprodução total ou parcial das matérias, desde que citada a fonte.
Tiragem desta edição: 5.000 mil exemplares.
Copyright © 2008 - Grupo GMBC - Todos os direitos reservados.
Revista Mercado
Rua Roosevelt de Oliveira, 345 Sala 14 - Bairro Aparecida CEP: 38.400-610 - Uberlândia/MG
Tel/Fax: (34) 3236-6112 - www.revistamercado.com.br