Aula Extra – Lit.Brasileira – Barroco e Arcadismo

Transcrição

Aula Extra – Lit.Brasileira – Barroco e Arcadismo
EXTENSIVO 2013
Disciplina: Literatura e Língua Portuguesa
Professor: Caique Franchetto
Estudante:_________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________________
AULA EXTRA – LITERATURA BRASILEIRA: BARROCO E ARCADISMO
Quinhentismo (séc.XVI-XVII)
A chegada das caravelas portuguesas à costa da Bahia, em 1500, colocou frente a frente dois povos
muito diferentes. Os viajantes que aqui estiveram no século XVI mostraram como se deu esse
contato. Nos relatos que fizeram, encontra-se o registro de imagens da terra e de sua gente que
marcaram para sempre a identidade brasileira.
A Carta de Pero Vaz de Caminha
- carta enviada ao atual de Rei de Portugal, D.Manuel, por Pero Vaz de Caminha, retratando a
expedição em mar, a chegada em terras brasileiras e o contato com a cultura indígena das
fragatas/caravelas de Pedro Álvares Cabral.
“[...]Neste mesmo dia, à hora de vésperas, avistamos terra!
Primeiramente um grande monte, muito alto e redondo; depois,
outras serras mais baixas, da parte sul em relação ao monte e,
mais, terra chã. Com grandes arvoredos. Ao monte alto o
Capitão deu o nome de Monte Pascoal; e à terra, Terra de Vera
Cruz. [...]
Andaram na praia, quando saímos, oito ou dez deles; e daí a
pouco começaram a vir mais. [...] Alguns deles traziam arcos e
flechas. Que todos trocaram por carapuças ou por qualquer
coisa que lhes davam. Comiam conosco de tudo que lhes
oferecíamos. Alguns deles bebiam vinho. [...] Parece-me gente
de tal inocência que, se nós entendêssemos a sua fala e eles a
nossa, seriam logo cristãos, visto que não têm nem entendem
crença alguma...
[...] k,lmkl,De ponta a ponta é tudo praia redonda, muito chã e
muito formosa. [...] Nela até agora não pudemos saber que haja
ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro. [...] A
águas são muitas e infindas. E em tal maneira é graciosa que,
querendo aproveitá-la, tudo dará nela, por causa das águas que
tem. Porém, o melhor fruto que dela se pode tirar me parece
que será salvar esta gente. E esta deve a principal semente que
Vossa Alteza nela deve lançar[...]” (CAMINHA, Pero Vaz.
Carta.)
- Literatura de catequese: textos escritos por jesuítas com objetivo de educar e
catequisar os nativos. Sempre também com objetivo de seduzir o indígena para a
religião, os jesuítas recorreram a algumas formas mais populares, como canto, o
diálogo e as narrativas de viagem como aproveitamento de mitos da tradição medieval
e da tradição indígenas.
- Crônicas/Narrativas/Relatos de viagem: os viajantes que integravam expedições
tinham algumas missões específicas a cumprir: descrever a terra e o povo nativo,
catalogar espécimes da fauna e da flora, e identificar possíveis interesses econômicos
para a coroa portuguesa. Os relatos de viagens são textos essencialmente informativos
e se caracterizam como espécie da crônica histórica.
Produção Literária: Padre José de Anchieta escreveu poemas líricos, a maior parte
de cunho. Seus poemas revelam a visão teocêntrica medieval. Suas peças de teatro
têm função claramente religiosa e pedagógica (catequese).
Não há coisa segura
Tudo quanto se vê, se vai passando;
A vida não tem dura;
O bem se vai gastando
Toda criatura vai voando.
Em Deus, meu Criador;
Só’stá todo o meu bem, toda a esperança,
Meu gosto e meu amor
E bemaventurança.
Quem serve a tal Senhor não faz mudança.
Contente assi minha alma
Do doce amor que Deus toda ferida,
O mundo deixa em calma,
Buscando a outra vida,
Na qual deseja ser toda absorvida.
Pe. José de Anchieta
BARROCO (séc.XVII-XVIII)
O registro das primeiras impressões dos viajantes, os sermões do Padre Antônio Vieira, a poesia de
Gregório de Matos representam as primeiras manifestações literárias do Brasil Colônia a partir de
1600. No século XVII, o ser humano vive em conflito, atormentado por dúvidas existenciais,
dividido entre uma postura racional e humanista e uma existência assombrada pela culpa religiosa.
Representa o tempo de instabilidade e incerteza para a prematura poesia brasileira.
Acontecimentos Históricos na Europa
- 1517: Lutero escreve e defende a tese da Reforma Protestante (valorização e tentativa de
conciliação entre o pensamento racional renascentista com os mandamentos religiosos);
- 1545: Inicia-se, pela Igreja Católica, a Contrarreforma com ações de perseguições semelhantes à
Santa Inquisição da Idade Média (retomadas dos valores apostólico-romanos por meio de
imposição).
Características gerais
- Retomada dos valores cristãos;
- Sentimentos de tensão, angústia e culpa por parte do autor;
- Arte das formas, rebuscamento e cultismo (valores renascentistas/classicistas ainda presentes na produção literária);
- Antíteses, na poesia, que representavam a dúvida entre o religioso e o racional;
- Valorização do argumento – a Dialética Clássica;
- Sagrado X Profano / Luz X Sombra;
- Busca da realidade, tentativa de expressar os sentimentos de pessimismo e tristeza perante a dúvida da conduta religiosa;
- Ascensão da linguagem metafórica;
- Tema: o Gótico (exagero, medo) expresso por antíteses, paradoxos e hipérboles.
Os sermões religiosos do Pe. Antônio Vieira
- Os sermões do Pe. Vieira são famosos pela argumentação e pela Retórica perfeita. As
metáforas e as analogias ajudavam os fiéis a compreender as passagens mais obscuras da
doutrina católica;
- O sermão barroco devia demonstrar uma posição moral por meio de uma imagem que,
associada a um fato ou a uma citação bíblica, pudesse ser um símbolo da posição a ser
defendida;
- Argumentos baseados na observação da realidade, em verdades históricas, em princípios
éticos ou filosóficos deviam ser evitados. A agudeza e o engenho só se manifestavam caso o
autor da argumentação fosse capaz de ilustrar por meio de imagens e metáforas o tema do
sermão.
- Em Sermão da sexagésima, Pe. Vieira convence os fiéis que a culpa as deficiências da
expansão da “palavra de Deus” é culpa dos pregadores, que, em lugar de desenvolverem uma
argumentação consistente, preocupam-se em enfeitar a linguagem, tornando o texto
incompreensível.
“[...] Não nego nem quero dizer que o sermão não haja de ter variedade de discursos, mas esses hão de nascer todos da mesma
matéria e continuar a acabar nela. [...] Ora vede: uma árvore tem raízes, tem tronco, tem ramos, tem folhes, tem frutos. Assim há
de ser o sermão: há de ter raízes fortes e sólidas, porque há de ser fundado no Evangelho; há de ter tronco, porque há de ter um só
assunto e tratar uma só matéria; deste tronco hão de nascer diversos ramos, que são diversos discursos, [...] estes ramos não há de
ser secos, senão cobertos de folhas, porque os discursos hão de ser vestidos e ornados de palavras. Há de ter esta árvore varas, que
são repressão dos vícios; há de ter flores, que são as sentenças; e por remate de tudo, há d éter frutos, que é o fruto e o fim a que se
há de ordenar o sermão.[...]” (VIEIRA, Padre Antônio. Sermões.)
A lírica religiosa e satírica de Gregório de Matos
Pintura admirável de uma beleza
- Poesia Lírica (Amorosa e/ou Erótica):
retoma temas clássicos, como a posição
entre o espírito e a matéria;
Vês esse sol de luzes coroado?
Em pérolas a aurora convertida?
Vês a lua de estrelas guarnecida?
Vês o céu de planetas adorado?
O céu deixemos; vês naquele prado
A rosa com razão desvanecida?
A açucena por alva presumida?
O cravo por galã lisonjeado?
A vós, pregados pés, por não deixar-me,
A vós, sangue vertido, para ungir-me,
A vós, cabeça baixa, p’ra chamar-me.
Deixa o prado; vem cá, minha adorada:
Vês desse mar a esfera cristalina
Em sucessivo aljôfar desatada?
A vós, lado patente, quero unir-me,
A vós, cravos preciosos, quero atar-me,
Para ficar unido, atado e firme.
Gregório de Matos
Parece aos olhos ser de prata fina?
Vês tudo isto bem? Pois tudo é nada
À vista do teu rosto, Catarina.
- Poesia satírica/social: olhar crítico da vida social. Denuncia,
com irreverência, a corrupção econômica de políticos e a
corrupção moral de padres e freiras.
Gregório de Matos
Reprovações
- Poesia Sacra/Religiosa: sobressai-se o senso de pecado, a
constatação da fragilidade humana e o temor diante da morte e
da condenação eterna.
Buscando a Cristo
A vós correndo vou, braços sagrados,
Nessa cruz sacrossanta descobertos,
Que, para receber-me, estais abertos,
E, por não me castigar-me, estais cravados.
A vós, divinos olhos, eclipsados
De tanto sangue e lágrimas abertos,
Pois, para perdoar-me, estais despertos,
E, por não condenar-me, estais fechado
Se sois homem valoroso,
Dizem que sois temerário,
Se valente, espadachim,
E atrevido, se esforçado.
Se resoluto, - arrogante,
Se pacífico, sois fraco,
Se precatado, - medroso,
E se o não sois, - confiado.
(...)
Gregório de Matos
ARCADISMO (séc.VIII-XIX)
A luz da razão volta a brilhar forte sobre a Europa do século XVIII. O cientista olha para o
céu e se pergunta sobre a configuração das estrelas, o filósofo questiona o direito da
nobreza a uma vida privilegiada. Razão e ciência iluminam a trajetória humana, explicando
fenômenos e propondo novas formas de organizar a sociedade.
Acontecimentos Históricos na Europa
- A partir de 1700: O século das Luzes (Iluminismo), a partir do avanço dos estudos da
Física, com Isaac Newton. A partir da publicação da Lei da Gravidade, a pesquisa
científica começa a compreender e explicar o funcionamento da Natureza.
- O “reinado da fé” foi substituído pela crença da Racionalidade. Grandes filósofos como Voltaire e J.-J.Rosseau adotam a Razão
como parâmetro para analisar as crenças tradicionais, as opiniões políticas e a organização social. Para eles, a razão e a ciência
guiariam o ser humano para longe da obscuridade e da ignorância. A principal expressão do Iluminismo foi a Enciclopédia, uma
obra de 28 volumes cujo objetivo principal era conter todos os conhecimentos filosóficos e científicos da época.
- 1751: publicação da Enciclopédia;
- 1759: Voltarei inicia o Dicionário Filosófico; e publica Cândido (início do romance-filosófico);
- 1762: J.J.Rosseau publica O Contrato Social.
- 1789: Inicia-se, na França, a Revolução Francesa; e, no Brasil, a Inconfidência Mineira.
Características gerais
- Iluminismo (retomada de uma postura racional);
- Equilíbrio entre razão e sentimento;
- Arte como imitação da Natureza;
- Bucolismo e simplicidade;
- Inicio da poesia popular;
- Início das Revoluções Europeias;
- Inconfidência Mineira e início das revoluções no Nordeste e no Sul contra o Império;
- Literatura como projeto social;
- Renasce a ideia do Carpe Diem (Gozar o Dia);
- Tema: modelo de vida ideal é aquele que envolve a Natureza. Cenário rural é sinônimo de tranquilidade e harmonia;
- Arcádia como o Paraíso: os poetas e as musas amadas são identificados como pastores(as).
Produção Literária
- com o objetivo de se oporem aos barrocos, os poetas árcades buscaram reverência na poesia clássica-renascentista, abordam a
temática sentimental e da fugacidade do tempo.
- o cenário na poesia é sempre campos e pastos alegres (pastoril);
Resgate do clássico:
- Fugere urbem: fuga da cidade, da urbanização; afirmação das qualidades na vida do campo. O
urbano corrompe. É no campo que se pode produzir conhecimento por conta da tranquilidade;
- Aurea mediocritas: mediocridade “áurea dourada” – simboliza a valorização das coisas
cotidianas, simples, focalizadas pela razão e pelo bom senso;
- Locus amoenus: caracterização de um lugar ameno, tranquilo, agradável, onde os amantes se
encontram para desfrutar dos prazeres da natureza;
- Inutilia truncat: cortar o inútil – princípio muito valorizado, preocupado em eliminar os
excessos, evitando qualquer uso mais elaborado da linguagem.
- Carpe Diem: gozar o dia – trata da passagem do tempo como algo que traz velhice, a fragilidade
e a morte, tornando imperativo aproveitar o momento presente de modo intenso.
Principais autores arcadistas
- Voltaire (França);
- Manuel du Bocage (Portugal);
- Tomás Antônio Gonzaga – Marília de Dirceu (Brasil);
- Cláudio Manuel da Costa (Brasil).
Bocage
Recreios campestres na companhia de Marília
Olha Marília, as flautas dos pastores
Que bem que soam, como estão cadentes!
Olha o Tejo sorrir-se! Olha, não sentes
Os Zéfiros brincar por entre as flores?
Vê como ali beijando-se os Amores
Incitam-se nossos ósculos ardentes!
Ei-las de planta em planta as inocentes,
As vagas borboletas de mil cores!
Naquele arbusto o rouxinol suspira,
Ora nas folhas a abelhinha para,
Ora nos ares sussurrando gira:
Que alegre campo! Que manhã tão clara!
Mas ah! Tudo o que vês, se eu te não vira,
Mais tristeza que a morte me causara.
Manuel Bocage
Convite à Marília
Já se afastou de nós o Inverno agreste
Envolto nos seus úmidos vapores;
A fértil Primavera, a mãe das flores
O prado ameno de bobinas veste:
Varrendo os ares o sutil nordeste
Os torna azuis; as aves de mil cores
Adejam entre Zéfiros, e Amores,
E toma o fresco Tejo a cor celeste:
Vem, ó Marília, vem lograr comigo
Destes alegres campos a beleza,
Destas copadas árvores o abrigo:
Deixa louvar da corte a vã grandeza:
Quanto me agrada mais estar contigo
Notando as perfeições da Natureza!
Manuel du Bocage
EXERCÍCIOS DE VESTIBULARES
1-
(ITA-SP) Leia o texto abaixo e as informações que se
seguem.
Que falta nesta cidade? Verdade.
Que mais por sua desonra? Honra.
Falta mais que se lhe ponha? Vergonha.
IIIIIIIVV-
Mantém uma estrutura formal e rítmica regular.
Enfatiza as ideias opostas.
Emprega a ordem direta.
Refere à cidade de São Paulo.
Emprega a gradação.
Então, pode-se dizer que são verdadeiras
O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
Numa cidade onde falta
Verdade, honra, vergonha.
Gregório de Matos
a)
b)
c)
d)
e)
Apenas I, II, IV.
Apenas I, II, V.
Apenas I, III, V.
Apenas I, IV, V.
Todas.
2-
(PUC-MG)
Texto I
Discreta e formosíssima Maria,
Enquanto estamos vendo claramente
Na vossa ardente vista o sol ardente,
E na rosada face a aurora fria;
O trecho acima está-se referindo à obra poética de:
a)
b)
c)
d)
e)
Cláudio Manuel da Costa
Gregório de Matos
Tomás Antônio Gonzaga
José de Anchieta
Antônio Vieira
4-
(UEL-PR) O Barroco manifesta-se entre os séculos XVI e
XVII, momento em que os ideais da reforma entram em
confronto com a Contrarreforma católica, ocasionando no
plano das artes uma difícil conciliação entre o teocentrismo
e o antropocentrismo. A alternativa que contém versos que
melhor expressam esse conflito é:
a)
“Um paiá de Monal, bonzo bramá, / Primaz de Cafraria do
Pegu, / Quem sem ser do Pequim, por ser do Açu, / Quer ser
filho do sol, nascendo cá.” (Gregório de Matos)
“Temerária, soberba, confiada, / Por altiva, por densa, por
lustrosa, / A Exaltação, a névoa, a mariposa, / Sobe ao sol,
cobre o dia, a luz lhe enfada.” (Botelho de Oliveira)
“Fábio, que pouco entendes de finezas! / Quem faz só o que
pode a pouco obriga: / Quem contra os impossíveis se
afadiga, / A esse ceder amor em mil ternezas.” (Gregório de
Matos)
“Luzes qual sol entre astros brilhadores, / Se bem rei mais
propício, e mais amado; / Que ele estrelas desterra em
régio estado, / Em régio estado não desterras flores.”
(Botelho de Oliveira)
“Pequei Senhor; mas não porque hei pecado, / Da vossa
alta clemência me despido;/ Porque quanto mais tenho
delinquido, / Vos tenho a perdoar mais empanhado.”
(Gregório de Matos)
Enquanto pois produz, enquanto cria
Essa esfera gentil, mina excelente
No cabelo o metal mais reluzente,
E na boca a mais fina pedraria.
Gozai, gozai da flor da formosura,
Antes que o frio da madura idade
Tronco deixe despido o que é verdura.
Que passado o Zenith da mocidade,
Sem a noite encontrar da sepultura,
É cada dia ocaso da beldade.
b)
c)
Gregório de matos
Texto II
d)
Minha bela Marília, tudo passa;
A sorte deste mundo é mal segura;
Se vem depois dos males a ventura,
Vem depois dos prazeres a desgraça.
Estão os mesmos deuses
Sujeitos ao poder do ímpio Fado:
Apolo já fugiu do Céu brilhante,
Já foi pastor de gado.
e)
5Ah! Enquanto os destinos impiedosos
Não voltam contra nós a face irada,
Façamos, sim façamos, doce amada,
Os nosso breves dias mais ditosos,
Um coração, que frouxo
A grata posse de seu bem difere,
A si, Marília, a si próprio rouba,
E a si próprio fere.
Ornemos nossas testas com as flores;
E façamos de feno um brando leito,
Prenda-nos, Marília, em laço estreito,
Gozemos do prazer de sãos Amores.
Sobre as nossas cabeças,
Sem que o possam deter, o tempo corre;
E para nós o tempo, que se passa,
Também, Marília, morre.
Tomás A. Gonzaga
O texto I é barroco; o texto II é árcade. Comparando-os, só não é
correto afirmar que:
a)
b)
c)
d)
e)
3-
Os barrocos e árcades expressam sentimentos.
As construções sintáticas barrocas revelam um interior
conturbado.
O desejo de viver o prazer é dirigido à amada nos dois
textos.
Os árcades têm uma visão de mundo mais angustiada que
barrocos.
A fugacidade do tempo é temática comum aos dois estilos.
(UEL-PR) “Ao lado dos versos críticos e contundentes, em
geral dirigidos contra os poderosos e os oportunistas, há os
versos líricos, tocados pelo sentimento amoroso ou pela
devoção cristã. Num e outro casos, apuravam-se o engenho
verbal, as construções paralelísticas, o emprego de
antíteses e hipérboles[...]”
(UFRGS) Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as
afirmações abaixo sobre os dois grandes nomes do barroco
brasileiro:
( ) A obra poética de Gregório de Matos oscila entre os valores
transcendentais e os valores mundanos, exemplificando as tensões de
seu tempo.
( ) Os sermões do Padre Vieira caracterizam-se por uma construção
de imagens desdobradas em numerosos exemplos que visam enfatizar
o conteúdo de pregação.
( ) Gregório de Matos e o Padre Vieira, em seus poemas e sermões,
mostram exacerbados sentimentos patrióticos expressos em linguagem
barroca.
( ) A produção satírica de Gregório de Matos e o tom dos sermões do
Padre Vieira representam duas faces da alma barroca no Brasil.
( ) O poeta e o pregador alertam os contemporâneos para o desvio
operado pela retórica retumbante e vazia.
a)
b)
c)
d)
e)
V-F-F-F-F
V-V-V-V-F
V-V-F-V-F
F-F-V-V-V
F-F-F-V-V
6-
(Fatec-SP)
As cousas do mundo
Neste mundo é mais rico o que mais rapa:
Quem mais limpo se faz, tem mais carepa;
Com sua língua, ao nobre o vil decepa:
O velhaco maior sempre tem capa.
Mostra o patife da nobreza o mapa:
Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;
Quem menos falar pode, mais increpa;
Quem dinheiro tiver; pode ser Papa.
A flor baixa se inculca por tulipa;
Bengala hoje na mão, ontem garlopa.
Mais isento se mostra o que mais chupa.
Para a tropa do trapo vazo a tripa
E mais não digo, porque a Musa topa
Em apa, epa, ipa, opa, upa.
Gregório de Matos
A alternativa que melhor exprime as características da poesia de
Gregório de Matos, encontradas no poema transcrito, é a que destaca a
presença de
a)
b)
c)
d)
e)
9-
Valorização do ideal da vida simples e tranquila.
Tendência ao discurso em forma de diálogo do eu-poético
com um interlocutor.
Utilização de linguagem elegante, rebuscada e artificial.
Intenções didáticas, expressas no tom de denúncia e sátira.
Caracterização do poeta como um pintor de situações e não
de emoções.
(UFLavras-MG) Apresenta-se em seguida três proposições:
I.
a)
b)
c)
d)
e)
7-
Inversões da sintaxe corrente, como “Com sua língua, ao
nobre o vil decepa” e “Quem menos falar pode”.
Conflito entre os universos do profano e do sagrado, como
se vê na oposição “Quem dinheiro tiver” e “pode ser Papa”.
Metáforas raras e desnudas, como nos versos experimental a
“a Musa topa / Em apa, epa, ipa, opa, upa.”
Contraste entre os polos de antíteses violentas, como
“língua” X “decepa” e “menos falar” X “mais increpa”
Imagens que exploram os elementos mais efêmeros e
diáfanos de natureza, como “flor” e “tulipa”.
(UFRRJ)
Lira XI
Não toques, minha musa, não, não toques
Na sonora lira,
Que às almas, como a minha, namoradas
Doces canções inspira:
Assopra no clarim que apenas soa,
Enche de assombro a terra!
Naquele, a cujo som cantou Homero,
Cantou Virgílio a guerra.
Tomás Antônio Gonzaga (Marília de Dirceu)
Marília de Dirceu apresenta um dos principais traços do Arcadismo. A
opção que aponta essa característica temática, presente no texto, é:
a)
b)
c)
d)
e)
O bucolismo.
A presença de valores ou elementos clássicos.
O pessimismo e negatividade.
A fixação do momento presente.
A descrição sensual da mulher amada.
8-
(UFV-MG) Os árcades, no Brasil, assimilaram as ideias
neoclássicas europeias, muitas vezes, reinterpretando, cada
um ao seu estilo, a realidade sociopolítica e cultural do país
do país, como se observa no seguinte fragmento das Cartas
chilenas.
O momento ideológico, na literatura do Setecentos, traduz a
crítica da burguesia culta aos abusos da nobreza e do
clero.
II. O momento poético, na literatura do Arcadismo, nasce de
um encontro, embora ainda amaneirado, com a
natureza e os afetos comuns do homem.
III. Façamos, sim, façamos, doce amada / Os nosso breves dias
mais ditosos.
A característica que está presente nos versos de Marília de Dirceu é o
Carpe Diem. Marque:
a)
b)
c)
d)
e)
Se só a proposição I é correta.
Se só a proposição II é correta.
Se só a proposição III é correta.
Se só são corretas as proposições I e II.
Se todas as proposições são corretas.
10- (UFV-MG) Sobre o Arcadismo, anota-se:
I.
Desenvolvimento do gênero lírico, em que os poetas
assumem postura de pastores e transformam a
realidade num quadro idealizado.
II. Composição do poema Vila RicaI por Cláudio Manuel da
Costa.
III. Predomínio da tendência mística e religiosa, expressiva da
busca do transcendente.
IV. Propagação de manuscrito anônimos de teor satírico e
conteúdo político, atribuídos a Tomás A. Gonzaga.
V. Presença de metáforas da mitologia grega na poesia lírica,
divulgando as ideias dos inconfidentes.
Considerando as anotações anteriores, assinale a alternativa correta:
a)
b)
c)
d)
e)
Apenas I e III são verdadeiras.
Apenas II e IV são falsas.
Apenas II e V são verdadeiras.
Apenas III e V são falsas.
Todas são verdadeiras
11- (UFPE)
Pretende, Doroteu, no nosso chefe
Erguer uma cadeia majestosa,
Que possa escurecer a velha fama
Da torre de Babel e mais dos grandes,
Custosos edifícios que fizeram,
Para sepulcros seus, o rei do Egito.
Talvez, prezado amigo, que imagine
Que neste monumento se conserve,
Eterna a sua glória, bem que os povos,
Ingratos, não consagrem ricos bustos
Nem montadas estátuas ao seu nome.
Desiste, louco chefe, dessa empresa:
Um soberbo edifício levantando
Sobre ossos de inocentes, construído
Com lágrimas dos pobres, nunca serve
De glória ao seu autor, mas sim de opróbrio.
“Basta senhor, porque roubo em uma barca sou ladrão, e vós que
roubais em uma armada sois imperador? Assim é. Roubar pouco é
culpa, roubar muito é grandeza. O ladrão que furta para comer, não
vai me levar ao inferno: os que não só vão, mas que levam de que eu
trato, são os outros... ladrões de maior calibre e mais alta esfera... Os
outros ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos, os
outros furtam debaixo de seu riso, estes sem temor nem perigo; os
outros se furtam são enforcados, e o bucolismo estes furtam e
enforcam.”
Tomás Antônio Gonzaga (Marília de Dirceu)
Ah! Não, minha Marília,
Aproveite-se o tempo, antes que faça
O estrago de roubar ao corpo as forças
E ao semblante a graça.
Todas as alternativas abaixo apresentam características desse estilo
literário, presente nos versos acima citados, EXCETO:
Pe. Antônio Vieira
“Que havemos de esperar, Marília bela?
Que vão passando os florescentes dias?
As glórias que vêm tarde já vêm frias;
E pode enfim mudar-se a nossa estrela.
e)
Tomás A. Gonzaga (Marília de Dirceu)
Notabilizaram-se pela idealização do amor e da natureza,
esses dois elementos centrais para a lírica que seguia os
padrões e os valores do chamado neoclassicismo.
Sobre a obra desses autores, analise as afirmativas a seguir:
13- (UFAL) Considere as seguintes afirmações:
I. A Obra de Gonzaga é exemplar do Arcadismo. O tema dos versos
acima é o Carpe Diem, escrito numa linguagem amena, sem arroubos,
própria do Arcadismo.
II. Despojada de ousadias sintáticas e vocabulares, a linguagem
árcade, no poema de Gonzaga, diferencia-se da linguagem rebuscada,
usada pelo barroco.
III. O texto de Vieira, sendo Barroco, está pleno de metáforas, de
linguagem figurada, de termos inusitados e eruditos, sendo difícil de
compreensão.
IV. Vieira adota a tendência barroca conceptista que leva para o texto
o predomínio das ideias, do raciocínio, da lógica, procurando adequar
os textos religiosos à realidade circundante.
Está(ão) correta(s) apenas:
a)
b)
c)
d)
e)
I, II e III.
I.
II.
I, II e IV.
II, III e IV.
12- (UFAL) Considerando-se produção poética de Gregório de
Matos e Cláudio Manuel da Costa, é correto afirmar que
ambos
a)
b)
c)
d)
Cultivaram o soneto, forma fixa pela qual exploraram temas
e recursos poéticos próprios dos diferentes períodos e estilos
literários que tão bem representaram.
Cultivaram o soneto, pois valorizam o mesmo estilo de
época predominante no séc.XVII, quando essa forma fixa de
poesia era considerada superior a todas as demais.
Notabilizaram-se pela sátira, dirigida contra os mandatários
da Coroa Portuguesa responsáveis pela exploração
econômica do açúcar e pela corrupção política na Bahia.
Notabilizaram-se por um tipo de lirismo sentimental que já
prenunciava o movimento romântico, influindo diretamente
nas obras de Gonçalves Dias e Álvares de Azevedo.
I. Gregório de Matos e Tomás Antônio Gonzaga compuseram poesia
lírica, mas o talento de ambos encontrou sua expressão máxima nas
sátiras.
II. Em Marília de Dirceu, o árcade mineiro buscou figurar um
equilíbrio entre a vida rústico e a cultura ilustrada.
III. Claudio Manuel da Costa confronta a paisagem bucólica
idealizada com a de sua terra natal.
Está inteiramente correto o que vem afirmado SOMENTE em:
a)
b)
c)
d)
e)
I.
II.
III.
I e II.
II e III.
GABARITO
1-B 2-D 3-B 4-E 5-B 6-A 7-B 8-C 9-E 10-E 11-D 12-C
13-B
Bibliografia do curso de Literatura
ABAURRE, Ma.Luiza; PONTARRA, Marcela. Literatura Brasileira
– tempos, leitores e leituras. São Paulo: Moderna, 2005.
BOCAGE, Manuel Du. O delírio amoroso E outros poemas. Porto
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