Anais do III Seminário Internacional de Filosofia e Saúde

Transcrição

Anais do III Seminário Internacional de Filosofia e Saúde
Anais do III Seminário Internacional de Filosofia e Saúde/III International Seminar of Philosophy and Health Care
Florianópolis/SC, 08 a 10 de outubro de 2006. ISBN 978-85-88612-46-4
III SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE FILOSOFIA E SAÚDE
III INTERNATIONAL SEMINAR OF PHILOSOPHY AND HEALTH CARE
30 ANOS DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
ENFERMAGEM DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA
CATARINA
30 YEARS OF THE GRADUATE PROGRAM IN NURSING OF THE
FEDERAL UNIVERSITY OF SANTA CATARINA
ANAIS
ANAIS
PROCEEDINGS
O CUIDADO NO PROCESSO DE
O CUIDADO NO PROCESSO DE
VIVER HUMANO
VIVER HUMANO
CARE IN THE PROCESS OF HUMAN
LIVING
Florianópolis - Santa Catarina - Brasil
Florianópolis
Santa Catarina
08 a 10 de-outubro
de 2006 - Brasil
08 a 10 de outubro de 2006
1
Anais do III Seminário Internacional de Filosofia e Saúde/III International Seminar of Philosophy and Health Care
Florianópolis/SC, 08 a 10 de outubro de 2006. ISBN 978-85-88612-46-4 Programa
de Pós-Graduação
em Enfermagem
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM
III SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE FILOSOFIA E
SAÚDE
III INTERNATIONAL SEMINAR OF PHILOSOPHY AND HEALTH
CARE
30 ANOS DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
ENFERMAGEM DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE
SANTA CATARINA
30 YEARS OF THE GRADUATE PROGRAM IN NURSING OF THE
FEDERAL UNIVERSITY OF SANTA CATARINA
ANAIS
PROCEEDINGS
O CUIDADO NO PROCESSO DE VIVER HUMANO
CARE IN THE PROCESS OF HUMAN LIVING
Organizadores/Organizers:
Maria Itayra Coelho de Souza Padilha
Maria Bettina Camargo Bub
Denise Elvira Pires de Pires
Denise Maria Guerreiro Vieira da Silva
Eliane Matos
Helena Heidtmann Vaghetti
Marisa Monticelli
Silviamar Camponogara
Vera L. G. Blank
Editora
Programa
de Pós-Graduaç ão
em Enfermagem
ISBN 978-85-88612-46-4
Florianópolis - Santa Catarina - Brasil
08 a 10 de outubro de 2006
www.nfr.ufsc.br/pen/seminariofilosofia
2
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Florianópolis/SC, 08 a 10 de outubro de 2006. ISBN 978-85-88612-46-4
© Copyright 2006 – Programa de Pós-Graduação em Enfermagem (PEN) /
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Ficha Catalográfica
S471a
Seminário Internacional de Filosofia e Saúde (3.: 2006: Florianópolis, SC)
Anais / III Seminário Internacional de Filosofia e Saúde, organizadores
Maria Itayra Coelho de Souza Padilla, Maria Bettina Camargo Bub,
Denise Elvira Pires de Pires, Denise Maria Guerreiro Vieira da Silva,
Eliane Matos, Helena Heidtmann Vaghetti, Marisa Monticelli, Silviamar
Camponogara. - Florianópolis (Brasil): Universidade Federal de Santa
Catarina - UFSC / Programa de Pós-Graduação em Enfermagem - PEN,
2006.
913 p.; CD-ROM.
Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-88612-46-4
Tema Central: O Cuidado no Processo de Viver Humano.
30 Anos do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da
Universidade Federal de Santa Catarina.
Títulos equivalentes = International Seminar of Philosophy and
Health Care = Seminario Internacional de Filosofía y Salud.
1. Filosofia. 2. Enfermagem - Saúde. 3. Cuidado – Saúde. 4. Pós-Graduação
- Enfermagem I. Padilha, Maria Itayra Coelho de Souza. II. Bub, Maria
Bettina Camargo. III. Pires, Denise Elvira Pires de. IV. Silva, Denise Maria
Guerreiro Vieira da. V. Matos, Eliane. VI. Vaghetti, Helena Heidtmann. VII.
Monticelli, Marisa. VIII. Camponogara, Silviamar. IX. Blank, Vera.
CDD21ª ed. – 610.734
Catalogado na fonte por Lidyani Mangrich dos Passos – CRB14/697 – ACB439.
Diagramação: Claudia Crespi Garcia.
Capa: Artmídia.
Montagem da Capa: Claudia Crespi Garcia.
Tiragem: 350 exemplares.
3
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
REITOR
Lúcio José Botelho
VICE-REITOR
Ariovaldo Bolzan
PRÓ-REITOR DE PÓS-GRADUAÇÃO
Valdir Soldi
PRÓ-REITORA DE PESQUISA
Thereza Christina Monteiro de Lima
PRÓ-REITOR DE ENSINO DE GRADUAÇÃO
Marcos Laffin
PRÓ-REITORA DE CULTURA E EXTENSÃO
Eunice Sueli Nodari
PRÓ-REITOR DE ORÇAMENTO, ADMINISTRAÇÃO E FINANÇAS
Mário Kobus
PRÓ-REITOR DE DESENVOLVIMENTO HUMANO E SOCIAL
Luiz Henrique Vieira Silva
PRÓ-REITORA DE ASSUNTOS ESTUDANTIS
Corina Martins Espíndola
DIRETOR DO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
Cléo Nunes de Souza
VICE-DIRETORA DO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
Kenya Schmidt Reibnitz
CHEFE DO DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM
Denise Maria Guerreiro Vieira da Silva
SUB- CHEFE DO DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM
Silvia Maria Azevedo dos Santos
COORDENADORA DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
Maria Itayra Coelho de Souza Padilha
SUB-COORDENADORA DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
Marta Lenise do Prado
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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM DA UFSC
FÓRUM DE DIREÇÃO
2005-2007
Dra. Maria Itayra Coelho de Souza Padilha
Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem
Coordinadora del Programa de Posgrado em Enfermería
Coordinator of the Gradutate Nursing Program
Dra. Marta Lenise do Prado
Sub-Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem
Coordenadora Didático-Pedagógica do Doutorado
Sub-Coordinadora y Coordinadora Didático-Pedagogica del Doctorado
Assistant Coordinator of the Program and Didactic-Pedagogical Coordinator of the Doctoral Program
Dra. Telma Elisa Carraro
Coordenadora Didático-Pedagógica do Curso de Mestrado
Coordinadora Didático-Pedagógica del Maestria
Didactic-Pedagogical Coordinator of Master’s Degree
Dra. Marisa Monticelli
Coordenadora de Publicação e Divulgação
Coordinadora de Publicación y Divulgación
Coordinator of Publishing
Dra. Vânia Marli Schubert Backes
Coordenadora Didático-Pedagógica dos Cursos Expandidos
Coordinadora Didático-Pedagógica de los Cursos Expandidos
Didactic-Pedagogical Coordinator of the Outreach Program
Dra. Maria Bettina Camargo Bub
Coordenadora de Intercâmbios e Convênios
Coordinadora de Intercâmbios y Convenios
Coordinator of International Exchange and Partnerships
Dra. Denise Elvira Pires de Pires
Coordenadora de Pesquisa e Produção Científica
Coordinadora de Pesquisa y Produción Científica
Coordinator of Research Scientific Production
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COMISSÃO ORGANIZADORA DO
III SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE FILOSOFIA E SAÚDE
Presidente e Tesouraria
Maria Itayra Coelho de Souza Padilha
Vice-Presidente e Tesouraria
Marta Lenise do Prado
Temas e Documentação
Maria Bettina Camargo Bub (Presidente)
Alacoque Lorenzini Erdman
Denise Elvira Pires de Pires
Denise Maria Guerreiro Vieira da Silva
Eliane Matos
Evanguelia Kotzias Atherino dos Santos
Helena Heidtman Vaguetti
Mara Ambrosina de Oliveira Vargas
Marisa Monticelli
Sandra Márcia Soares Schmidt
Silviamar Camponogara
Vera Lúcia Guimarães Blank
Local
Dalva Irany Grüdtner (Presidente)
Astrid Eggert Boehs
Dirce Stein Backes
Eliane Regina P. do Nascimento
Marlene Gomes Terra
Odaléa Maria Brüggemann
Secretaria
Jussara Gue Martini (Presidente)
Betina Horner S. Meirelles
Flávia Regina Souza Ramos
Francine Lima Gelbcke
Maria do Horto Fontoura Cartana
Ariane de Oliveira Johner
Caroline Andrade Machado
Jenifer Adriana Domingues Guedes
Pedro Miguel Garcez Sardo
Social e Saúde
Ana Rosete C. R. Maia (Presidente)
Maria Emília de Oliveira
Rosangela Maria Fenili
Vânia Marli Schubert Backes
Vitória Regina Petters Gregório
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Comunicação e Divulgação
Gelson Luiz de Albuquerque (Presidente)
Antônio de Miranda Wosny
Telma Elisa Carraro
Recepção e Hospedagem
Vera Radünz (Presidente)
Grace Terezinha Marcon Dal Sasso
Viviane Euzébia P. dos Santos
Monitores
Aline Gonçalves
Ana Paula F. Pacheco
Andréa Dias Teixeira
Anna Carolina Raduenz
Ariane Thaise Frello
Beatriz B. Buendgens
Bruna Ré
Cecília Arruda
Cecília Melo
Cristiane Alves
Fernanda Bressan
Fernanda Regina Vicente
Gabriela Marcelino
Grasiele Campregher
Isabel Berns
Isadora Moretto
Janice de Morais Blois
Janice Massoni
Jerusa Mendes
Joice Guesser
Juliana Fernandes
Lara Simone Messias Floriano
Maria Clara Porto
Mariana M. Mathias
Maristela Cardozo
Mayra de Freitas Calvette
Mônica Motta Lino
Neide Maria Pereira
Nicole O. Maciel
Pamela C. F. Rumor
Priscila Hoffmann
Quézia Menezes
Rafaela Vieira
Sabrina Telma Martins
Tiago Zientarski
7
SUMÁRIO/CONTENTS
APRESENTAÇÃO............................................................................................................................... 21
PRESENTATION............................................................................................................................... 22
PROGRAMA GERAL DO EVENTO .................................................................................................25
PROGRAM ..........................................................................................................................................30
SESSÕES COORDENADAS/ORAL SESSIONS ..............................................................................35
SESSÃO PÔSTER/POSTER SESSIONS .........................................................................................44
PAINÉIS/PANELS – RESUMO, ABSTRACT, RESUMEN.............................................................62
PAINEL/PANEL I - ÉTICA E ESTÉTICA DO CUIDADO EM SAÚDE/ETHICS AND A
ESTHETICS IN HEALTH CARE
ALLOCATION OF SCARCE RESOURCES IN HEALTH CARE: VALUES AND CONCEPTS ......... 63
A COMPAIXÃO ENTRE O PÚBLICO E O PRIVADO ...................................................................... 64
EMBODIED ENGAGEMENT IN CONTEMPORARY PRACTICE: A RELATIONAL ETHICS
PERSPECTIVE …………………………………………………………………………………….…. 65
PAINEL/PANEL II - A NATUREZA DO CUIDADO EM SAÚDE/THE NATURE OF
HEALTH CARE
CUIDADO POLICONTEXTURAL DE LA SALUD. BASES FILOSÓFICAS ......................................... 65
A EMPATIA ......................................................................................................................................................... 70
PERCEPTIONS OF NURSING CARE BY NURSES AND PATIENTS ................................................... 71
SESSÕES COORDENADAS/ORAL SESSIONS – RESUMO, ABSTRACT, RESUMEN .............72
EIXO TEMÁTICO 1 - ÉTICA E ESTÉTICA DO CUIDADO EM SAÚDE ....................................73
16
INTERNAÇÃO EM UTI: O SIGNIFICADO DA EXPERIÊNCIA VIVENCIADA PELOS
FAMILIARES ............................................................................................................................................. 74
36
A PERSPECTIVA ESTÉTICA NO CUIDAR/EDUCAR JUNTO ÀS PESSOAS –
APROPRIAÇÃO E CONTRIBUIÇÃO DA SOCIOPOETICA .......................................................... 77
145 UM TEMPO PARA CHORAR: A FAMÍLIA DANDO SENTIDO À MORTE PREMATURA DO
FILHO ......................................................................................................................................................... 82
157 SOFRIMENTO MORAL NO TRABALHO DA ENFERMAGEM .................................................... 85
158 A OBSTINAÇÃO TERAPÊUTICA COMO UMA QUESTÃO ÉTICA ............................................. 88
175 ÉTICA E ESTÉTICA: ENVOLVIMENTOS NA PROMOÇÃO DO CUIDADO
GERONTOLÓGICO DE ENFERMAGEM ........................................................................................ 92
238 A QUESTÃO DE EROS NA FILOSOFIA DO CUIDADO COM O CORPO ................................. 95
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EIXO TEMÁTICO 2 - A NATUREZA DO CUIDADO EM SAÚDE ..............................................97
21
A REPRESENTAÇÃO SOCIAL DE CLIENTES HOSPITALIZADOS SOBRE O PROCESSO
SAÚDE-DOENÇA E SUA RELAÇÃO PARA A ADEQUAÇÃO DO CUIDADO DE
ENFERMAGEM ....................................................................................................................................... 98
25
SOFRIMENTO PSÍQUICO NA ADOLESCÊNCIA .......................................................................... 102
27
MODOS DE CONHECER E INTERVIR: A CONSTITUIÇÃO DO CORPO NO CUIDADO DE
ENFERMAGEM NO HOSPITAL ........................................................................................................ 105
30
AVALIAÇÃO DA DOR COMO INSTRUMENTO PARA O CUIDAR DE RECÉM-NASCIDOS
PRÉ-TERMO ........................................................................................................................................... 107
52
O VIVER , O ADOECER E O CUIDAR DAS FAMÍLIAS DE UMA COMUNIDADE RURAL
DO EXTREMO SUL DO BRASIL: UMA PERSPECTIVA ECOLÓGICA .................................... 112
70
A PERCEPÇÃO DO CUIDADO NA PRÁXIS DO ENFERMEIRO EM SAÚDE COLETIVA . 114
75
O MODELO DE CUIDADO ADAPTATIVO DE CALLISTA ROY: FONTES TEÓRICAS E
FILOSÓFICAS ......................................................................................................................................... 117
90
PROMOVENDO A VIDA: ANALISANDO VULNERABILIDADES EM SAÚDE DE GRUPOS
POPULACIONAIS.................................................................................................................................. 120
135 NATUREZA E DOMÍNIO DA ENFERMAGEM ............................................................................. 123
188 A NATUREZA DO CUIDADO E SUA EXPRESSÃO NA DIMENSÃO ONTOLÓGICA........ 126
EIXO TEMÁTICO 3 - FILOSOFIA E O PROCESSO DE VIVER HUMANO..............................131
33
REPENSANDO O CONCEITO DE “CORPO”: NOVAS POSSIBILIDADES PARA A
ATENÇÃO EM SAÚDE ........................................................................................................................ 132
35
FILOSOFIA DA(S) VIOLÊNCIA(S): REFLEXÕES NO PROCESSO DE VIVER HUMANO
FAMILIAL ................................................................................................................................................ 137
37
RELAÇÕES DE PODER NA VIDA CONJUGAL E A PREVENÇÃO DA AIDS ........................ 140
61
DAS EXPERIÊNCIAS DO REGIME CONTEMPORÂNEO DO EU E SUAS “INSERÇÕES”
NOS MAIS DIFERENTES GRUPOS SOB A PERSPECTIVA DA ANTROPOLOGIA PÓSMODERNA .............................................................................................................................................. 143
118 O MODO DE DISPOSIÇÃO DO TEMOR DA MULHER COM HIV/AIDS: O COTIDIANO
DIANTE DA (IM)POSSIBILIDADE DE AMAMENTAR ............................................................... 147
143 REFLEXÕES SOBRE A CONTRIBUIÇÃO DA EPIDEMIOLOGIA PARA O
ENTENDIMENTO DO PROCESSO DE VIVER E SAÚDE HUMANA ..................................... 151
151 LIBERDADE, AUTONOMIA E A RECONQUISTA DE SI NO VIVER HUMANO ................. 156
176 O PROCESSO DE VIVER SAUDÁVEL DE TRABALHADOR(AS) DE UM PROGRAMA DE
SAÚDE DA FAMÍLIA: CONTRADIÇÕES E (IM) POSSIBILIDADES........................................ 160
201
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES ACERCA DO PROCESSO DE VIVER HUMANO DE
TÉCNICOS (AS) DE ENFERMAGEM RECÉM-ADMITIDOS (AS) EM UM HOSPITAL
ESCOLA ................................................................................................................................................... 163
222 OS 30 ANOS DO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÂO EM ENFERMAGEM DA UFSC NA VISÃO
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DE SUAS COORDENADORAS .......................................................................................................... 166
247 UM OLHAR SÓCIO-EPIDEMIOLÓGICO SOBRE O VIVER NA SOCIEDADE ATUAL E
SUAS IMPLICAÇÕES PARA A SAÚDE HUMANA ......................................................................... 169
255 CUIDADO E CONFORTO DURANTE O TRABALHO DE PARTO E PARTO: NA BUSCA
PELA OPINIÃO DAS MULHERES PUÉRPERAS ........................................................................... 176
261 O CUIDADO E AS PRÁTICAS DE SAUDE NO PROCESSO DE VIVER HUMANO .............. 181
263 ALGUMAS CONCEPÇÕES DO PROCESSO DE VIVER HUMANO DE UM GRUPO DE
MULHERES QUE POSSUEM FILHOS(AS) COM PROBLEMAS DE COMPORTAMENTO
E/OU APRENDIZAGEM ..................................................................................................................... 184
EIXO TEMÁTICO 4 - SIGNIFICADOS DO CUIDADO............................................................... 188
10
O SIGNIFICADO DO CUIDADO À SAÚDE BUCAL DE IDOSOS INSTITUCIONA-LIZADOS
A PARTIR DO REFERENCIAL DA TEORIA FUNDAMENTADA NOS DADOS ................... 189
13
SIGNIFICADOS DE SISTEMA DE CUIDADOS A PARTIR DA VISÃO DE PROFISSIONAIS
DA SAÚDE: MODELO TEÓRICO-REFLEXIVO ........................................................................... 193
29
CONCEPÇÕES DE CUIDADO: UMA ANÁLISE DAS TESES APRESENTADAS PARA UM
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM ........................................................ 197
57
ENFERMAGEM E A FAMÍLIA DO PORTADOR DE HIV-AIDS: UM REFERENCIAL
HUMANÍSTICO PARA CUIDAR ........................................................................................................ 200
60
O PROCESSO DE VIVER DOS GRUPOS SOCIAIS E O CUIDADO NA ONTOGÊNESE
HUMANA ................................................................................................................................................. 205
74
AINDA-NÃO: A ESPERANÇA DO VIR A SER DO CUIDADO HUMANO .............................. 212
83
UNA JOYA PRECIOSA: SIGNIFICADO DEL CUIDADO DEL NIÑO ...................................... 217
88
O PROCESSO DE EDUCAR PARA O CUIDADO COM ENFOQUE NO CUIDADOPRESENÇA .............................................................................................................................................. 218
92
CUIDADO DE SI A PARTIR DO RESGATE DA CONSTRUÇÃO HISTÓRICO-FILOSÓFICA
DO CORPO .............................................................................................................................................. 221
103 A TRANSMISSÃO DA TUBERCULOSE NO AMBIENTE HOSPITALAR E O USO DO
RESPIRADOR: UM ESTUDO FENOMENOLÓGICO ................................................................... 224
121 A PERCEPÇÃO DO CUIDAR: RELATO DE EXPERIÊNCIA DOS GRADUANDOS DE
ENFERMAGEM ..................................................................................................................................... 230
138 CUIDADO COMPRENSIVO ............................................................................................................... 233
144 O SIGNIFICADO DE CUIDAR NO CONTEXTO DO PENSAMENTO COMPLEXO: NOVAS
POSSIBILIDADES PARA A PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO E PARA A PRÁXIS DE
ENFERMAGEM ..................................................................................................................................... 237
163 O PROCESSO DE CUIDAR NA CONSULTA DE ENFERMAGEM PRÉ-NATAL ................... 240
165 A DOR DO RECÉM-NASCIDO: SENTIMENTOS E SIGNIFICADOS DE ENFERMEIRAS E MÉDICOS NO COTIDIANO DA UNIDADE DE TRATAMENTO INTENSIVO NEONATAL ...... 244
168 A BUSCA DO SENTIDO DE VIDA: A EXPERIÊNCIA DE UMA MÃE DE CRIANÇA COM
CÂNCER ................................................................................................................................................... 246
10
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180 A ENFERMAGEM E OS SIGNIFICADOS DA MORTE DA CRIANÇA: DESVELANDO
CAMINHOS PARA O CUIDADO ....................................................................................................... 249
183 A REPRESENTAÇÃO SOCIAL DE ENFERMEIRAS SOBRE O CÂNCER: A EMERGÊNCIA
DE UM NOVO CUIDAR ....................................................................................................................... 252
229 VELHICE, CUIDADO E DEPENDÊNCIA: CONCEPÇÕES DE CUIDADORES DE IDOSOS
ASILADOS NUMA INSTITUIÇÃO DE MARINGÁ (PR) ............................................................... 257
245 TEMÁTICAS, SIGNIFICADOS E TENDÊNCIAS DO CUIDADO: ANALISANDO A
PRODUÇÃO DA ENFERMAGEM NA PERSPECTIVA DA FENOMENOLOGIA ................. 260
256 OS VIÉSES DA INCLUSÃO DO PAI NO PROCESSO DE NASCIMENTO DO FILHO ......... 263
257 A IMAGEM DECODIFICA AS LACUNAS DO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO ................. 268
288 FUNDAMENTOS FENOMENOLÓGICOS PARA UN CUIDADO COMPRENSIVO DE
ENFERMERÍA ........................................................................................................................................ 273
EIXO TEMÁTICO 5 - TECNOLOGIAS DE CUIDADO E SUAS PERSPECTIVAS
FILOSÓFICAS................................................................................................................................... 277
32
UMA REFLEXÃO ÉTICA PARA AS TECNOLOGIAS DE CUIDADO ....................................... 278
104 PNH: O CUIDADO DOS DIFERENTES SUJEITOS IMPLICADOS NO PROCESSO DE
PRODUÇÃO DE SAÚDE...................................................................................................................... 283
251 VIGILÂNCIA À SAÚDE E ATENÇÃO PRIMÁRIA AMBIENTAL – O CUIDADO INTEGRAL
E INTERSETORIAL ATRAVÉS DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE .......................................... 286
260 VIVENDO VIVÊNCIAS: CUIDANDO DO ESTUDANTE E ENSINANDO RELAÇÕES DE
CUIDADO DE ENFERMAGEM ......................................................................................................... 291
EIXO TEMÁTICO 6 - FILOSOFIA E TRABALHO EM SAÚDE E ENFERMAGEM................. 294
02
OPINIÓN DE LOS USUARIOS ACERCA DE LA CALIDAD DE ATENCIÓN HUMANA DEL
PROFESIONAL DE ENFERMERÍA Y SU RELACIÓN CON EL CONSENTIMIENTO
INFORMADO EN EL HOSPITAL NACIONAL GUILLERMO ALMENARA IRIGOYEN
OCTUBRE - NOVIEMBRE 2005 LIMA – PERÚ .............................................................................. 295
117 PROPOSTA DE UMA POLÍTICA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA-PERMANENTE NA
PERSPECTIVA DE UMA PRÁXIS TRANSFORMADORA ............................................................ 298
155 O TRABALHO EDUCATIVO DO ENFERMEIRO NO PSF .......................................................... 302
192 O PROCESSO DE TRABALHO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM NA UTI NEONATAL E O
CUIDAR HUMANIZADO .................................................................................................................... 305
246 AS MARCAS DA DUPLA EXCLUSÃO: AS EXPERIÊNCIAS DA ENFERMAGEM COM O
PSICÓTICO-INFRATOR ...................................................................................................................... 308
264 AS CONCEPÇÕES FILOSÓFICAS DE EDUCAÇÃO DE JOHN DEWEY NA FORMAÇÃO
DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE .................................................................................................... 311
SESSÃO PÔSTER/POSTER SESSION .......................................................................................... 315
EIXO TEMÁTICO 1 - ÉTICA E ESTÉTICA DO CUIDADO EM SAÚDE .................................. 316
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COMPORTAMENTO ÉTICO EM TRABALHO DE GRUPO ........................................................ 317
72
REFLEXIONES ACERCA DEL CUIDADO HUMANO INTERCULTURAL EN
COMUNIDADES NATIVAS DE LA AMAZONIA PERUANA ..................................................... 319
77
EUTANÁSIA: DIREITO DE MATAR OU DE MORRER?.............................................................. 321
86
PERCEBENDO E SENTINDO O CUIDADO SENSÍVEL NO CURRÍCULO DE
GRADUACAO DE ENFERMAGEM NA UNISUL .......................................................................... 326
97
O PRINCÍPIO DA EQÜIDADE APLICADO À ASSISTÊNCIA AO PRÉ-NATAL EM
UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA ............................................................................................... 329
113 O PRINCÍPIO BIOÉTICO DA AUTONOMIA NA PERSPECTIVA DOS PROFISSIONAIS DE
SAÚDE ...................................................................................................................................................... 331
120 CORPO PRÓPRIO COMO EXPERIÊNCIA VIVENCIAL DA ENFERMEIRA NO CUIDAR
DO OUTRO NO PROCESSO DE MORRER..................................................................................... 333
141 OFICINA DA SENSOPERCEPÇÃO: UTILIZANDO A ESTÉTICA NO CUIDADO ............... 335
152
ÉTICA E ESTÉTICA NA AÇÃO COMUNICATÓRIA ENFERMEIRO-CLIENTE EM
CONSULTA GINECOLÓGICA .......................................................................................................... 339
156 PRECISAMOS PENSAR SOBRE A BASE ÉTICA E A BIOÉTICA PRINCIPIALISTA? ............ 343
159 RESÍDUOS SÓLIDOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE NA FORMAÇÃO ACADÊMICA.............. 346
166 QUESTÕES ÉTICAS EM SAÚDE REPRODUTIVA ....................................................................... 351
167 LO ETICO Y LO MORAL EN ENFERMERIA ................................................................................. 355
171 OS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM FRENTE A MORTE: UMA ABORDAGEM ÉTICA
E LEGAL .................................................................................................................................................. 358
182 BIOÉTICA E INTEGRALIDADE: CONCEPÇÃO E OPERACIONALIZAÇÃO NA ATENÇÃO
BÁSICA DE SAÚDE ............................................................................................................................... 362
193 A VIVÊNCIA DO CUIDADO DA MULHER NO PUERPÉRIO ÀS MULHERES AINDA
COMO MULHERES ............................................................................................................................... 366
207
A CLINICA DO QUOTIDIANO: EXPRESSÃO DO PROJETO TERAPÊUTICO
HUMANIZADO EM SAÚDE MENTAL ............................................................................................ 370
210 ACUIDADE VISUAL DE ESCOLARES EM UMA CIDADE DO INTERIOR DE SANTA
CATARINA, 2003 .................................................................................................................................... 375
219 A ÉTICA NO CUIDADO DO CORPO FRENTE AO ETHOS CONTEMPORÂNEO:
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES A PARTIR DE LEONARDO BOFF .......................................... 377
286 SER ESTÉTICO COMO CONSTITUÍNTE DA CONSCIÊNCIA DE SI, DO CUIDADOR DE
ENFERMAGEM ..................................................................................................................................... 379
EIXO TEMÁTICO 2 - A NATUREZA DO CUIDADO EM SAÚDE ............................................. 382
08
ATUAÇÃO DA ENFERMEIRA NO TRANSPLANTE HEPÁTICO: UM CUIDADO
IMPRESCINDÍVEL ................................................................................................................................ 383
26 INDIVÍDUO PORTADOR DE SOFRIMENTO PSÍQUICO: INSERÇÃO NO MERCADO DE
TRABALHO ............................................................................................................................................. 385
40
EDUCAÇÃO EM SAÚDE PARA FAMILIARES CUIDADORES DE IDOSOS A NÍVEL
12
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DOMICILIAR .......................................................................................................................................... 388
43
O CUIDADO NA CIVILIDADE HUMANA X HUMANIZAÇÃO ................................................. 391
47
REFLEXÕES DAS PRÁTICAS DE CUIDADO EM SAÚDE NO PROCESSO DE FORMAÇÃO
PROFISSIONAL...................................................................................................................................... 394
51
TERAPIAS ALTERNATIVAS EM FAMÍLIAS EM CUIDADO ONCOLÓGICO ....................... 397
58
CÓMO VIVEN LAS PAREJAS EN EL CONTROL DE LA FERTILIDAD? ................................ 400
62
A FORMAÇÃO DE ENFERMEIROS PARA O CUIDADO AO PACIENTE COM ESTOMA:
UMA REFLEXÃO ................................................................................................................................... 403
64
BIOSSEGURANÇA, RISCO E VULNERABILIDADE NO CUIDAR DE SI: UMA REFLEXÃO
TEÓRICA ................................................................................................................................................. 405
65
O CUIDADO E A REABILITAÇÃO DO CLIENTE ONCOLÓGICO EM TRATAMENTO
RADIOTERÁPICO NO CONTEXTO DOMICILIAR ..................................................................... 410
69
FATORES DE RISCO DE ÚLCERAS DE PRESSÃO EM PACIENTES INTERNADOS EM
CENTRO DE TERAPIA INTENSIVA ................................................................................................ 413
71
A INTEGRALIDADE NO CUIDADO À SAÚDE DA MULHER .................................................. 416
78
QUALIDADE DE VIDA DOS ACADÊMICOS DO CURSO DE ENFERMAGEM DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA .......................................................................... 419
81
A FAMÍLIA ULTRAPASSANDO OS MUROS DO CONHECIMENTO E VIVENCIANDO A
REABILITAÇÃO DO PACIENTE NEUROCIRÚRGICO .............................................................. 424
84
DOR: CONHECER PARA CUIDAR MELHOR ................................................................................ 426
94
O ENSINO DO CUIDAR NO PROCESSO DE VIVER NA VELHICE: UM RELATO DE
EXPERIÊNCIA ....................................................................................................................................... 429
100 O CUIDAR/CUIDADO DE ENFERMAGEM: PRESSUPOSTOS PARA ATENÇÃO À PESSOA
HIPERTENSA ......................................................................................................................................... 432
110 SAÚDE E CUIDADO HUMANIZADO: O OLHAR DOS PACIENTES COM CÂNCER ......... 435
111 SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA ÚLCERA DE PRESSÃO .. 437
115 O ESTRESSE DOS CUIDADORES FAMILIARES DE IDOSOS E A SÍNDROME DE
BURNOUT ............................................................................................................................................... 439
123 A VISÃO ECOLÓGICA NA FORMAÇÃO DOS ENFERMEIROS ............................................... 443
127 O ESTRESSE DA EQUIPE DE ENFERMAGEM NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA:
O ENFERMEIRO COMO MEDIADOR ............................................................................................ 445
140 ONTOLOGIA E EPISTEMOLOGIA DO CUIDADO DE ENFERMAGEM .............................. 448
153 A RELAÇÃO ENFERMAGEM E ECOLOGIA: AÇÕES DE CUIDADO E O PROCESSO DE
VIVER HUMANO .................................................................................................................................. 452
164 CUIDAR E SER CUIDADO: O RELATIVO DESAFIO DA HUMANIZAÇÃO.......................... 457
172 O QUE PENSAMOS QUANDO FALAMOS EM MODELO DE CUIDADO DE
ENFERMAGEM ..................................................................................................................................... 459
177 A PESQUISA SOBRE O CUIDAR EM ENFERMAGEM: GRUPOS DE PESQUISA NO
BRASIL...................................................................................................................................................... 464
13
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178 A EDUCAÇÃO EM SAÚDE NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA: O CUIDADO
NEGLIGENCIADO ............................................................................................................................... 466
186 CUIDANDO DE QUEM CUIDA: ASSISTINDO O ENFERMEIRO DA ÁREA
HOSPITALAR ......................................................................................................................................... 468
189 A UTILIZAÇÃO DA TEORIA DE OREM NO CUIDADO DE ENFERMAGEM AO
INDIVÍDUO PORTADOR DE HIPERTENSÃO ............................................................................. 471
198 CUIDADO FORMAL E CUIDADO INFORMAL ............................................................................ 475
200 A NATUREZA HUMANA-SOCIAL DO CUIDADO DE ENFERMAGEM: FRONTEIRAS DO
SABER E DO SENTIR EXPRESSADAS NA INTERAÇÃO ENFERMEIRA E CLIENTE ....... 479
206 HIGIENE BUCAL: UMA NECESSIDADE DE TODOS ................................................................. 484
209 HANSENÍASE: MARCANDO VIDAS ATRAVÉS DOS TEMPOS ................................................ 488
216 A FORMAÇÃO PARA O CUIDADO ÉTICO .................................................................................... 493
230 SOLIDARIDAD Y ANTROPOLOGIA DEL CUIDADO EN ENFERMERÍA ............................ 498
232 DIREITO SOCIAL E RELACIONAMENTO COMO FUNDAMENTOS DA PRÁTICA DO
ENFERMEIRO NA ATENÇÃO BÁSICA ........................................................................................... 501
237 A NOÇÃO DE CUIDADO DE SI MESMO E O CONCEITO DE AUTOCUIDADO NA
ENFERMAGEM ..................................................................................................................................... 504
244 REFERENCIAL FILOSÓFICO DE MARTIN BUBER: APROXIMAÇÕES COM O CUIDADO
EM ENFERMAGEM .............................................................................................................................. 509
249 A ENFERMAGEM E O CUIDADO FAMILIAL ............................................................................... 513
258 MEMÓRIAS DE PARTEIRAS: A TRAJETÓRIA PROFISSIONAL NA MATERNIDADE
CARMELA DUTRA (1967 – 1994) ........................................................................................................ 516
274 O CUIDADO ÀS FAMÍLIAS RURAIS, COM BASE NA TEORIA DO DESENVOLVIMENTO
DA FAMÍLIA ........................................................................................................................................... 518
278 A ESCUTA COMO CUIDADO NO CONTEXTO DE ASSISTÊNCIA AO PARTO .................. 520
284 A IMPORTÂNCIA DA CONSULTA DE ENFERMAGEM NO CUIDADO PARA SAÚDE A
CLIENTES EM TRATAMENTO RADIOTERÁPICO ..................................................................... 522
289 AVALIAÇÃO DO IMPACTO DAS ORIENTAÇÕES PRÉ-OPERATÓRIAS .............................. 525
EIXO TEMÁTICO 3 - FILOSOFIA E O PROCESSO DE VIVER HUMANO.............................. 528
06
HUME, DWORKIN E A NOÇÃO DE VALOR DA VIDA HUMANA .......................................... 529
07
ESTRATEGIAS DIRIGIDAS A LOS ADOLESCENTES SOBRE LAS NECESIDADES
FAMILIARES PARA EL ESTABLECIMIENTO DE UN PROYECTO DE VIDA ...................... 531
11
ESTRÉS EN PADRES DE RECIÉN NACIDOS HOSPITALIZADOS EN LA UNIDAD DE
ALTO RIESGO NEONATAL - BASES PARA FORMULAR LINEAMIENTOS ......................... 532
12
EL SIGNIFICADO DEL ABORTO PARA LA ADOLESCENTE QUE HA VIVIDO LA
EXPERIENCIA ....................................................................................................................................... 534
18
A TEORIA DO VÍNCULO NA COMPREENSÃO E PRÁTICA DA ENFERMAGEM COM
PAIS E BEBÊS INTERNADOS EM UNIDADE NEONATAL ...................................................... 535
23
CONDIÇÕES DE VIDA E SAÚDE: UMA APROXIMAÇÃO AO PENSAMENTO DE JUAN
14
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SAMAJA .................................................................................................................................................... 538
42
PERCEPÇÕES DE HIPERTENSOS SOBRE A SUA DOENÇA .................................................... 543
76
O PERFIL DE CLIENTES ONCOLÓGICOS EM TRATAMENTO RADIOTERÁPICO :
ESTABELECENDO AÇÕES CUIDATIVAS ..................................................................................... 545
79
FILOSOFIA, SAÚDE E EDUCAÇÃO PARA O PENSAR NO PROCESSO DE VIVER
HUMANO ................................................................................................................................................ 549
80
A GENEALOGIA DO BRINCAR NO PROCESSO DE VIVER DA CRIANÇA ......................... 552
85
HETEROGENEIDADE DOS PROCESSOS DE FORMAÇÃO DE SUBJETIVIDADE:
DESDOBRANDO OS CONCEITOS DE “TECNOLOGIA CORPORIFICADA” E DE
“SUBJETIVIDADE CORPORIFICADA” ........................................................................................... 555
119 A IMPESSOALIDADE NA CONVIVÊNCIA: O COTIDIANO DA MULHER COM HIV/AIDS
DIANTE DA (IM)POSSIBILIDADE DE AMAMENTAR ............................................................... 559
122 O COTIDIANO DE SER HANSENIANO: UM ESTUDO DE ENFERMAGEM ....................... 564
126 IMPACTO DO DIABETES NA QUALIDADE DE VIDA E A ENFERMAGEM COMO
FACILITADORA DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE ............................................................................. 566
128 “A GENTE AINDA É MUITO POUCO PAI!”: UM ESTUDO SOBRE OS SENTIMENTOS DO
PAI DURANTE A GESTAÇÃO DE SUA COMPANHEIRA .......................................................... 570
174 O QUOTIDIANO NO CUIDADO DO PROCESSO DE VIVER HUMANO E NA
ENFERMAGEM ..................................................................................................................................... 573
181 O CUIDADO E O PROCESSO DE VIVER HUMANO: UMA VISÃO CONTEMPORÂNEA
NAS DIMENSÕES VIDA E TRABALHO .......................................................................................... 576
195 REFLETINDO SOBRE O PROCESSO DE VIVER HUMANO – A CONDIÇÃO DE SER
ESPAÇO TEMPORAL ........................................................................................................................... 579
202 UTILIZANDO A INTUIÇÃO PARA O CUIDADO NO PROCESSO DE VIVER HUMANO . 581
204 OS SIGNIFICADOS DA MORTE PARA UM GRUPO DE VELHOS: UMA LEITURA
BASEADA NA PEDAGOGIA ESPÍRITA DE EDUCAÇÃO DE ESPÍRITOS ............................ 583
224 O DIABETES MELLITUS NO PROCESSO DE VIVER DE SEUS PORTADORES .................. 586
227 A DIMENSÃO DA CORPOREIDADE NO VIVER HUMANO ................................................... 588
248 NÃO SE NASCE PAI: SE CONSTRÓI A PATERNIDADE ............................................................ 592
EIXO TEMÁTICO 4 - SIGNIFICADOS DO CUIDADO............................................................... 595
01
O CUIDADO: EXPRESSÃO DE SOLIDARIEDADE HUMANA ................................................. 596
04
SIGNIFICADOS E PERCEPÇÕES SOBRE O CUIDADO DE ENFERMAGEM NA UNIDADE
DE TERAPIA INTENSIVA................................................................................................................... 599
09
O CUIDADO NO DOMICÍLIO PELA EQUIPE DE SAÚDE: UM ESTUDO DE CASO.......... 601
20
A PERCEPÇÃO DE ACADÊMICOS DE ENFERMAGEM SOBRE O CUIDADO DE
ENFERMAGEM ..................................................................................................................................... 603
24
SINGULARIDADE QUE NÃO DIFERE: O SIGNIFICADO DO CUIDAR DA CRIANÇA
PORTADORA DO HIV NA PERSPECTIVA DE UMA FAMÍLIA ADOTIVA............................ 606
34
O CUIDADO HEIDEGGERIANO E A ENFERMAGEM EM UNIDADE DE TERAPIA
15
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INTENSIVA ............................................................................................................................................. 609
38
O ENFERMEIRO NO CUIDAR AO PACIENTE ONCOLÓGICO COM DOR ......................... 610
46
A INSTITUCIONALIZAÇÃO SOB A ÓTICA DO IDOSO E DE SEU FAMILIAR.................... 613
49
A CONSULTA DE ENFERMAGEM NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE COMO FORMA
DE GARANTIA DO CUIDADO EXPANDIDO .............................................................................. 616
53
DIAGNÓSTICO DE CÂNCER – POR QUÊ COMIGO? ................................................................. 618
55
OS VÍNCULOS DE FAMILIARES E CLIENTES EM TRATAMENTO DE RADIOTERAPIA
EM UM AMBULATÓRIO DA REGIÃO SUL DO RS....................................................................... 623
66
AS DIMENSÕES DO CUIDADO EM UNIDADE CRÍTICA: EMERGINDO O CUIDADO
TRANSPESSOAL E COMPLEXO ....................................................................................................... 628
68
O CUIDADO EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA: A CONCEPÇÃO DO
ACADÊMICO DE ENFERMAGEM ................................................................................................... 630
95
RESSIGNIFICAR O ENVELHECIMENTO: OPINIÃO DOS IDOSOS SOBRE A OFICINA DE
MEMÓRIA ............................................................................................................................................... 633
96
CONHECENDO O CUIDAR DO PROCESSO DE VIVER: UMA EXPERIÊNCIA
INTERGERACIONAL .......................................................................................................................... 636
98
SIGNIFICADO DO CUIDAR PARA ESTUDANTES DE ENFERMAGEM DE UMA
UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA ..................................................................................... 638
109 UM OLHAR SOBRE O CUIDADO DE ENFERMAGEM A PARTIR DA NOÇÃO DE
TEMPORALIDADE EM HUSSERL E MERLEAU-PONTY .......................................................... 640
116 GRUPO DE ASSISTÊNCIA PSICOLÓGICA A CUIDADORES DE PACIENTES ATENDIDOS
NA CLÍNICA DE FISIOTERAPIA DA UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI. 643
132
AÇÕES CUIDATIVAS UTILIZADAS PELO ENFERMEIRO PARA AMENIZAR A DOR .... 645
133 O PRESERVATIVO COMO PRÁTICA DE (DES)CUIDADO FRENTE A
VULNERABILIDADE DE MULHERES COM HIV/AIDS ............................................................ 648
146 REFLEXÃO DO ENSINO DO CUIDAR/CUIDADO NOS CURSOS DE GRADUAÇÃO EM
ENFERMAGEM ..................................................................................................................................... 652
147 CONSIDERAÇÕES SOBRE O CUIDADO SIMPLES NO AMBIENTE HOSPITALAR ........... 656
148 APREENSÃO DE DISCENTES SOBRE O CUIDAR/CUIDADO, ASSISTIR/AS-SISTÊNCIA:
RELATO DE EXPERIÊNCIA DE PROFESSORES ......................................................................... 658
149 FATORES INTERVENIENTES AO AUTOCUIDADO DA PESSOA COM DIABETES NO
CENTRO DE REFERÊNCIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA ...................................................... 660
170 EDUCAÇÃO E CUIDADO: OS FUNDAMENTOS DA PRÁXIS DE ENFERMAGEM............ 662
185 A PRODUÇÃO CIENTÍFICA DE ENFERMAGEM ACERCA DAS INTERAÇÕES NO
AMBIENTE DE CUIDADO ANALISADA SOB A ÓTICA DO PARADIGMA DA
COMPLEXIDADE ................................................................................................................................. 666
187 LA CORPORALIDAD COMO OBJETO DE CUIDADO DE LA ENFERMERÍA ..................... 670
194 O CONCEITO DE CUIDADO PARA UM GRUPO DE ALUNOS DE GRADUAÇÃO EM
ENFERMAGEM ..................................................................................................................................... 673
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203 O SIGNIFICADO DO CUIDADO DE PACIENTES HOSPITALIZADOS: UMA
EXPERIÊNCIA EM AULA PRÁTICA ................................................................................................ 675
212 AS DIMENSÕES DO CUIDADO DE ENFERMAGEM NO CENÁRIO HOSPITALAR: UM
ESTUDO COM ENFERMEIRAS NOVATAS E VETERANAS ..................................................... 679
215 A TERMINALIDADE DO SER: DESVELANDO POSSIBILIDADES DE CUIDAR E
ENSINAR ................................................................................................................................................. 684
223 CUIDADO DE ENFERMAGEM AO PACIENTE TERMINAL: CONCEPÇÃO DE TÉCNICOS
DE ENFERMAGEM EM UM HOSPITAL ONCOLÓGICO DA REGIÃO NORTE DO
PARANÁ ................................................................................................................................................... 687
228 PERCEPÇÕES E SENTIMENTOS DOS ENFERMEIROS ACERCA DOS CUIDADOS AO
PACIENTE COMATOSO ..................................................................................................................... 689
239 A IDENTIDADE DO CUIDADO GERONTOLÓGICO EM ENFERMAGEM......................... 692
254 OS SIGNIFICADOS DE SER CUIDADO PERCEBIDOS PELA FAMÍLIA FRENTE À
FACTICIDADE DA DOENÇA MENTAL À LUZ DE HEIDEGGER.......................................... 695
265 ACOLHIMENTO: UMA ABORDAGEM HUMANÍSTICA AO PACIENTE COM INFARTO
AGUDO DO MIOCÁRDIO E SUA FAMÍLIA .................................................................................. 700
272 A SAÚDE DOS CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS DE GASPAR/SC: UM
ESTUDO DE CASO DE REPRESENTAÇÃO SOCIAL .................................................................. 703
281 DISEÑO DE UNA CONSULTA DE EDUCACIÓN NUTRICIONAL EN LA ESCUELA DE
ENFERMERÍA DE LA UNIVERSIDAD DE CARABOBO - ESCUELA DE ENFERMERÍA.
FACULTAD DE CIENCIAS DE LA SALUD. VALENCIA, 2006 ................................................... 705
282 ARTICULACIÓN DEL CUIDADO EN LA GENERACIÓN DE ESTRATEGIAS
PREVENTIVAS PARA NEUMONÍA AC EN LACTANTES. TEMUCO, CHILE 2006 .............. 707
285 A PERCEPÇÃO SOBRE O AUTOCUIDADO ENTRE ESTUDANTES E A PRÁTICA DE
EDUCAÇÃO EM SAÚDE NA ESCOLA............................................................................................. 708
290 SINTOMAS DEPRESSIVOS DO CUIDADOR, POBREZA E ATRASO VACINAL: UM
ESTUDO EM SERVIÇOS DE SAÚDE ............................................................................................... 712
EIXO TEMÁTICO 5 - TECNOLOGIAS DE CUIDADO E SUAS PERSPECTIVAS
FILOSÓFICAS................................................................................................................................... 714
31
A CRIANÇA COM HIV E SUA FAMÍLIA NA BUSCA DE UM ESTAR MELHOR: UMA
PERSPECTIVA HISTÓRICA DO CUIDADO DE ENFERMAGEM ............................................ 715
39
A TECNOLOGIA COMO ESTRATÉGIA PARA HUMANIZAÇÃO DO PROCESSO DE
TRABALHO EM SAÚDE ...................................................................................................................... 720
45
ASSISTÊNCIA HUMANIZADA AO IDOSO NO PÓS - OPERATÓRIO DE CIRURGIA
CARDÍACA: O OLHAR DO IDOSO E DA EQUIPE DE SAÚDE ................................................ 723
48
O ENSINO DO CUIDAR EM SUAS DIMENSÕES POLÍTICA E SOCIAL NO PROGRAMA DE
RESIDÊNCIA EM ENFERMAGEM NA SAÚDE DA FAMÍLIA DA UFJF ................................. 726
54
CUIDADO EM SAÚDE: PERFIL DOS CLIENTES E FAMILIARES DE UM CENTRO DE
RADIOTERAPIA DO EXTREMO SUL DO BRASIL ...................................................................... 728
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PROPOSTA DE INTERVENÇÕES COM CLIENTES E FAMILIARES EM UM CENTRO
REGIONAL DE RADIOTERAPIA ..................................................................................................... 730
87
A PRÁTICA DO ENFERMEIRO EM SAÚDE MENTAL: REFLEXÃO À LUZ DA
ONTOLOGIA FUNDAMENTAL DE HEIDEGGER ..................................................................... 733
112 FORMAÇÃO POLÍTICA DOS INTEGRANTES DE UMA ASSOCIAÇÃO DE USUÁRIOS DE
UM SERVIÇO DE SAÚDE MENTAL ................................................................................................. 735
124 IMAGINACIÓN TECNOLÓGICA EN ENFERMERÍA ................................................................. 737
131 PROTOCOLO DE ATENÇÃO DOMICILIAR INTERDISCIPLINAR E O CUIDADO DE
ENFERMAGEM HOSPITALAR .......................................................................................................... 740
173 TECNOLOGIA E CUIDADO: ONDE ESTÁ O HUMANO NESSA CONVERGÊNCIA? ........ 743
184 EMPODERAMENTO: UM CAMINHO PARA O FORTALECIMENTO DAS FAMÍLIAS ....... 747
190 A COMEMORAÇÃO DE DATAS FESTIVAS NO CONTEXTO HOSPITALAR COMO FORMA
DE EXPRESSÃO DA LUDICIDADE NO CUIDADO .................................................................... 749
197 A RELAÇÃO DIALÓGICA ENFERMEIRO/CLIENTE: UMA POSSIBILIDADE TEÓRICA.. 753
205 O CONHECIMENTO DE UMA EQUIPE DE ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA DO
MUNICÍPIO DE CRICIÚMA E DAS MULHERES IDOSAS DE SUA ÁREA DE
ABRANGÊNCIA SOBRE FITOTERAPIA ......................................................................................... 756
221 CONSTRUINDO UM MARCO CONCEITUAL PARA O ENCONTRO DE CUIDADO TRANSPESSOAL ENTRE ENFERMEIRO E FAMÍLIA ............................................................................. 760
234 SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM CIRURGIA DE NEOPLASIA DE RETO: RELATO DE EXPERIÊNCIA À LUZ DA TRIDIMENSIONALIDADE
CORPO, ALMA, ESPÍRITO .................................................................................................................. 763
259 PROCESSO DE AJUDA DE ENFERMAGEM AO FAMILIAR DO PACIENTE CRÍTICO
FRENTE AO SOFRIMENTO, CULPA E POSSIBILIDADE DE MORTE ................................... 766
273 PARECIA BRINCADEIRA, MAS ERA AULA: CONSTRUINDO HISTÓRIAS NUM
PROCESSO PROBLEMATIZADOR DE CUIDADO E EDUCAÇÃO JUNTO A CRIANÇAS
ESCOLARES ............................................................................................................................................ 770
277 CONTRIBUIÇÕES DO PROCESSO CUIDATIVO-EDUCATIVO NA MINIMIZAÇÃO DO
ESTRESSE DA CRIANÇA HOSPITALIZADA ................................................................................. 774
287 CORPORALITY IN NURSING CARE................................................................................................ 777
EIXO TEMÁTICO 6 - FILOSOFIA E TRABALHO EM SAÚDE E ENFERMAGEM................. 780
05
A INTEGRALIDADE COMO FILOSOFIA E TRABALHO EM SAÚDE: UM RESGATE DE
PARTE DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA DA ÁREA ......................................................................... 781
19
PRESSUPOSTOS FILOSÓFICOS DO MODELO OPERÁRIO ITALIANO E A EXPOSIÇÃO À
RADIAÇÃO IONIZANTE EM AMBIENTE HOSPITALAR ......................................................... 783
22
REFLEXÕES DA EQUIPE DE SAÚDE SOBRE O MÉTODO MÃE-CANGURU EM UMA
UNIDADE DE NEONATOLOGIA: UM DIÁLOGO FUNDAMENTADO NA ABORDAGEM
PROBLEMATIZADORA ...................................................................................................................... 786
28
SERVIÇOS FARMACÊUTICOS VOLTADOS AO PACIENTE – UMA NOVA FILOSOFIA DE
18
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PRÁTICA FARMACÊUTICA ................................................................................................................ 790
41
QUANDO NO HOSPITAL PREVALECE O SILÊNCIO: UM ESTUDO SOBRE OS
PROFISSIONAIS DE SAÚDE QUE TRABALHAM COM PACIENTES ONCOLÓGICOS EM
FASE TERMINAL................................................................................................................................... 793
63
PROMOÇÃO À SAÚDE: POTENCIALIDADES DE CUIDADO NAS EQUIPES DE SAÚDE
DA FAMÍLIA ........................................................................................................................................... 797
67
FATORES ENVOLVIDOS NA SATISFAÇÃO E NA INSATISFAÇÃO DO TRABALHO DE
ENFERMAGEM ..................................................................................................................................... 799
82
A CIÊNCIA E A ENFERMAGEM ....................................................................................................... 803
89
QUE PODER É ESTE? DISCUTINDO O PODER QUE IDEALIZAMOS NA
ENFERMAGEM ..................................................................................................................................... 806
93
QUEM CUIDA DO CUIDADOR / TRABALHADOR DE ENFERMAGEM? ........................... 808
99
PERFIL SÓCIO-DEMOGRÁFICO E EPIDEMIOLÓGICO DE IDOSOS HOSPITALIZADOS
EM UM HOSPITAL ESCOLA............................................................................................................... 811
101 HUMANIZANDO A ASSISTÊNCIA HOSPITALAR COM O TRABALHADOR DA
ENFERMAGEM ..................................................................................................................................... 815
105 O DILEMA LABORAL DO ENFERMEIRO: GERÊNCIA DO CUIDADO VERSUS
GERÊNCIA DOS SERVIÇOS DE ENFERMAGEM ........................................................................ 818
106 O EXERCÍCIO GERENCIAL DO CUIDADO – UMA ANÁLISE INTERPRETATIVA........... 823
107 TEORIA DOS VÍNCULOS PROFISSIONAIS: UMA PROPOSTA PARA O TRABALHO EM
EQUIPE NA ENFERMAGEM ............................................................................................................. 827
129 ATIVIDADE E TERAPIA ASSISTIDA POR ANIMAIS NA PERCEPÇÃO DE ENFERMEIROS
EM UNIDADE DE INTERNAÇÃO PEDIÁTRICA ......................................................................... 831
130 PESSOAS COM SÍNDROME DE DOWN: COMPREENDENDO O SEU COTIDIANO ........ 834
134 A CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA NO ATO DE CUIDAR E ENSINAR A CUIDAR EM
SAÚDE E ENFERMAGEM .................................................................................................................. 838
136 ESTRATÉGIAS DE ENSINO INTEGRADO DA FILOSOFIA DO CUIDADO NA
GRADUAÇÃO ........................................................................................................................................ 841
139 O TRABALHO COMO CONDIÇÃO PARA O VIVER SAUDÁVEL: A PERSPECTIVA DE
ENFERMEIROS RECÉM-ADMITIDOS EM UM HOSPITAL ESCOLA ..................................... 844
154 O ASSÉDIO MORAL SEGUNDO OS ENFERMEIROS GERENTES DAS UNIDADES
BÁSICAS DE SAÚDE............................................................................................................................. 847
161 DIFICULDADES DO ENFERMEIRO NO CUIDADO AO IDOSO EM UNIDADE SEMIINTENSIVA ............................................................................................................................................. 850
162 PERDAS E GANHOS NA APOSENTADORIA................................................................................ 852
179 IMPRESSÕES E EXPRESSÕES DO ESTÁGIO DE PEDIATRIA NO CONTEXTO DA
FORMAÇÃO ACADÊMICA DE ENFERMAGEM DA UNISUL .................................................. 854
191 O PROCESSO DE TRABALHO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM NO CUIDADO A
CRIANÇA: UMA REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................... 856
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196 CONCEPÇÕES DE ENFERMAGEM: UMA ABORDAGEM TEÓRICA .................................... 859
199 INTEGRALIDADE E CUIDADO: PRINCÍPIO NORTEADOR DAS AÇÕES DE SAÚDE .... 864
211 A CONDIÇÃO HUMANA NA CONTEMPORANEIDADE: COMPREENSÃO DO PROCESSO
DE TRABALHO NA SAÚDE ............................................................................................................... 869
217 SAÚDE DO TRABALHADOR E CONHECIMENTO SOBRE SITUAÇÕES DE RISCO: UM
ESTUDO COM TRABALHADORES PORTUÁRIOS AVULSOS NO MUNICÍPIO DO RIO
GRANDE-RS – DADOS PRELIMINARES ........................................................................................ 873
231 O CUIDADO DOMICILIAR À SAÚDE PRATICADO PELOS PROFISSIONAIS DO
PROGRAMA DE SAÚDE DA FAMÍLIA ............................................................................................ 877
233 PRAZER E SOFRIMENTO DO TRABALHOR: DESAFIOS PARA A PRATICA DE
ENFERMAGEM ..................................................................................................................................... 880
235 A RELAÇÃO ENTRE O CUIDADO DE SI DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE E SEU
AMBIENTE DE TRABALHO: UM ENFOQUE NAS INTERAÇÕES HUMANAS.................... 883
240 REDES SOCIAIS E SAÚDE .................................................................................................................. 885
250 O CUIDADO À SAÚDE: A VIGILÂNCIA À SAÚDE E OS SABERES NORTEADORES DA
PRÁTICA .................................................................................................................................................. 888
253 ENFERMAGEM, TRABALHO E SAÚDE: CENAS E ATORES DE UM SERVIÇO PÚBLICO
DE PRONTO SOCORRO ..................................................................................................................... 892
262 SIGNIFICADOS DE “RISCO HUMANO” E PROCESSO DE TRABALHO – UM ESTUDO NA
REDE BÁSICA DE ATENÇÃO À SAÚDE DAS FAMÍLIAS NO MUNICÍPIO DO RIO
GRANDE ................................................................................................................................................. 894
266 CONCEPÇÕES FILOSÓFICAS DE UM CURRÍCULO DE ENFERMAGEM: O CUIDADO
INTEGRAL COMO EIXO NORTEADOR ........................................................................................ 898
ÍNDICE DE AUTORES ................................................................................................................... 901
20
APRESENTAÇÃO
O III Seminário Internacional de Filosofia e Saúde – III SEFIS realiza-se de 08 a 10 de
outubro de 2006, no âmbito das comemorações do aniversário de 30 anos do Programa de PósGraduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina – PEN/UFSC.
A priorização da reflexão filosófica sobre a temática saúde e enfermagem, em uma ocasião
histórica tão importante, demonstra a relevância da mesma na trajetória do Programa. Criado em
1976, o PEN/UFSC é, hoje, um centro de produção de conhecimentos em saúde e enfermagem,
destacando-se pelo respeito à diversidade de idéias e pela sua contribuição para o entendimento do
“cuidado no processo de viver humano” sob múltiplos olhares profissionais, teóricos e políticos.
Neste sentido, capacita enfermeiras(os) e demais profissionais de saúde como Mestres e Doutores
em Enfermagem na Área de “Filosofia Saúde e Sociedade”.
Este III SEFIS tem como tema central “O Cuidado no Processo de Viver Humano” e dá
continuidade a uma trajetória iniciada em 1994, quando foi organizado o I Seminário Internacional
de Filosofia e Saúde, cujo tema central foi “A Saúde como Desafio Ético”. A este, seguiu-se o II
Seminário ocorrido em 1996, o qual focalizou a reflexão em “Epistemologia e Saúde”. Organizar
seminários internacionais, nesta temática, constitui-se em uma contribuição do PEN/UFSC para a
comunidade científica proporcionando mais um espaço privilegiado para atualização,
aprofundamento e troca de conhecimentos sobre a produção relativa à filosofia e saúde. Ao mesmo
tempo, esse ambiente científico contribui para a fundamentação permanente de um dos pilares
teórico-metodológicos de sustentação do programa.
A programação do III SEFIS foi organizada em seis eixos temáticos: Ética e Estética do
Cuidado em Saúde; A Natureza do Cuidado em Saúde; Filosofia e o Processo de Viver Humano;
Significados do Cuidado; Tecnologias de Cuidado e suas Perspectivas Filosóficas; e Filosofia e
Trabalho em Saúde e Enfermagem. Os conteúdos relativos a estes eixos temáticos foram
organizados em painéis com convidados, sessões coordenadas com trabalhos selecionados e sessão
pôster. A programação inclui, também, lançamento de livros e homenagem à ex-coordenadoras do
Programa pela sua dedicação e liderança do grande grupo de professores, estudantes e profissionais
técnico-administrativos, que, ao longo destes 30 anos, construíram sua história e seus resultados. Foi
essa construção coletiva que propiciou o lugar ocupado, hoje, pela Pós-Graduação em Enfermagem
da UFSC na comunidade internacional, nacional e regional.
A acolhida ao nosso convite por estudiosos reconhecidos na comunidade científica e a
abrangência do seminário, que contou com inscrições prévias de diversos países e regiões do país,
demonstra a sua oportunidade e relevância. Nosso muito obrigada a todos os estudiosos desta
temática, bem como às instituições e diversas organizações que contribuíram para a realização deste
III Seminário Internacional de Filosofia e Saúde. Com certeza compartilhamos o interesse em
problematizar um tema tão instigante quanto necessário a todos aqueles que, de alguma forma, se
ocupam do cuidado em saúde nas múltiplas dimensões do processo de viver humano.
Maria Itayra Coelho de Souza Padilha
Denise Elvira Pires de Pires
PRESENTATION
The 3rd International Seminar of Philosophy and Health Care – SEFIS III will take place
from October 8th to 11th, 2006. It coincides with the commemorations planned for the 30-year
anniversary of the Post-Graduate Program in Nursing of the Federal University of Santa Catarina –
PEN/UFSC.
Prioritizing philosophical reflection about the theme of health care and nursing, in such an
important historical occasion, demonstrates the relevance of the very theme in the trajectory of the
Program. Created in 1976, PEN/UFSC is today a center of knowledge production in health care
and nursing, standing out for its respect for the diversity of ideas and for its contribution to the
understanding of “care in the process of human living” under multiple professional theoretical and
political perspectives. In this sense, the program capacitates nurses and other health care
professionals as Master’s and PhDs in Nursing through the area “Philosophy, Health, and Society”.
This SEFIS III concerns the central theme of “Care in the Human Living Process” and
offers continuity to a trajectory initiated in 1994, when the 1st International Seminary in Philosophy
and Health Care was organized around the central theme of “Health /Health Care as an Ethical
Challenge.” This was followed by the 2nd Seminary, which occurred in 1996 and focused on
reflection in “Epistemology and Health /Health Care.” Organizing international seminars around
this theme constituted a contribution from PEN/UFSC to the scientific community, providing a
privileged arena for updating, deepening, and exchanging knowledge about production in
philosophy and health /health care. At the same time, this scientific environment has contributed to
the permanent founding of one of the theoretical-methodological pillars which sustains the program.
The program established for the 3rd SEFIS was organized along six thematic lines. Ethics
and Aesthetics of Care in Health Care; The Nature of Care in Health Care; Philosophy and the
Human Living Process; the Meanings of Care; Technologies of Care and their Philosophical
Perspectives; and Philosophy and Work in Health and Nursing. The content related to these
thematic lines have been organized into guest panels, coordinated sessions with selected works, and
the poster session. The program also includes book releases and homage to the ex-coordinators of
the Program for their dedication and leadership of such a large group of professors, students, and
technical-administrative professionals. Throughout these 30 years, they have all constructed their
personal stories as well as their individual and collective results. This collective construction has
been what has placed the Post-Graduate Program in Nursing of UFSC in the place it occupies in the
regional, national, and international community.
To all those recognized scholars in the scientific community who received our invitation and
to those involved in the seminary, who have counted upon timely registration from diverse countries
and regions of Brazil, demonstrate your opportunity and relevance. Our utmost thanks to all the
participating scholars of all the themes, as well as to the institutions and diverse organizations who
have contributed to making the 3rd International Seminary of Philosophy and Health Care. We
certainly share the interest in clarifying the issues within such an instigating theme in the multiple
dimensions of the human living process.
Maria Itayra Coelho de Souza Padilha
Denise Elvira Pires de Pires
ÀS COORDENADORAS, SUB-COORDENADORAS E PROFESSORAS DO FÓRUM DE
DIREÇÃO DO PEN-UFSC NOSSO RECONHECIMENTO E AGRADECIMENTO
GESTÃO 1976
Coordenadora do Programa: Profa. Ingrid Elsen
GESTÃO 1977 - 1979
Coordenadora do Programa: MSc. Maria Albertina Braglia Pacheco
Sub-Coordenadora: Dra. Lúcia Hisako Takase Gonçalves (desde 1978)
GESTÃO 1979 - 1982
Coordenadora do Programa: Dra. Lúcia Hisako Takase Gonçalves
Sub-Coordenadora: MSc. Alacoque Lorenzini Erdmann
GESTÃO 1982 - 1986
Coordenadora do Programa: Dra. Eloita Pereira Neves
Sub-Coordenadora: Dra. Lúcia Hisako Takase Gonçalves
GESTÃO 1986 - 1991
Coordenadora do Programa: Dra. Ingrid Elsen
Sub-Coordenadora: Dra. Mercedes Trentini
GESTÃO 1991 - 1992
Coordenadora do Programa: Dra. Ingrid Elsen
Sub-Coordenadora: Dra. Maria Tereza Leopardi
GESTÃO 1992 - 1994
Coordenadora do Programa: Dra. Maria Tereza Leopardi
Sub-Coordenadora: Dra. Ingrid Elsen
GESTÃO 1994 - 1995
Coordenadora do Programa: Dra. Rosita Saupe
Sub-Coordenadora: Dra. Lúcia Hisako Takase Gonçalves
GESTÃO 1995 - 1997
Coordenadora do Programa: Dra. Lúcia Hisako Takase Gonçalves
Sub-Coordenadora: Dra. Maria Tereza Leopardi / Dra. Alacoque Lorenzini Erdmann
Anais do III Seminário Internacional de Filosofia e Saúde/III International Seminar of Philosophy and Health Care
Florianópolis/SC, 08 a 10 de outubro de 2006. ISBN 978-85-88612-46-4
GESTÃO 1997 - 1999
Coordenadora do Programa: Dra. Alacoque Lorenzini Erdmann. Sub-Coordenadora
do Programa e Coordenadora Didático-Pedagógica do Doutorado: Dra. Denise Elvira
Pires de Pires. Coordenadora Didátido-Pedagógica do Mestrado da Sede e
Interinstitucional da UFMT: Dra. Alcione Leite da Silva. Coordenadora DidáticoPedagógica dos Mestrados Interinstitucionais da CAPES: Dra. Eliana Marília Faria Dra. Tamara Iwanow Cianciarullo.
GESTÃO 1999 - 2001
Coordenadora do Programa: Dra. Denise Elvira Pires de Pires. Sub-Coordenadora do
Programa e Coordenadora Didático-Pedagógica do Mestrado: Dra. Maria Itayra Coelho
de Souza Padilha. Coordenadora Didático-Pedagógica do Doutorado e de Pesquisa e
Produção Científica: Dra. Alcione Leite da Silva. Coordenadora Didático-Pedagógica
dos Cursos Expandidos: Dra. Tamara Iwanow Cianciarullo. Coordenadora de
Publicação e Divulgação: Dra. Lúcia Hisako Takase Gonçalves. Coordenadora do PósDoutorado (em implantação): Dra. Alacoque Lorenzini Erdmann.
GESTÃO 2001 - 2003
Coordenadora do Programa: Dra. Denise Elvira Pires de Pires. Sub-Coordenadora do
Programa e Coordenadora Didático-Pedagógica do Doutorado: Dra. Maria Itayra
Coelho de Souza Padilha. Coordenadora Didático-Pedagógica do Mestrado: Dra. Marta
Lenise do Prado. Coordenadora Didático-Pedagógica dos Cursos Expandidos: Dra.
Flávia Regina Souza Ramos. Coordenadora de Publicação e Divulgação: Dra. Lúcia
Hisako Takase Gonçalves. Coordenadora de Pesquisa e Produção Científica: Dra.
Denise Maria Guerreiro Vieira da Silva. Coordenadora de Intercâmbios, Convênios e
Captação de Recursos: Dra. Maria Bettina Camargo Bub.
GESTÃO 2003 - 2005
Coordenadora do Programa: Dra. Maria Itayra Coelho de Souza Padilha. SubCoordenadora do Programa e Coordenadora Didático-Pedagógica do Mestrado: Dra.
Marta Lenise do Prado. Coordenadora Didático-Pedagógica do Doutorado: Dra.
Alcione Leite da Silva/Dra. Denise Maria Guerreiro Vieira da Silva. Coordenadora
Didático-Pedagógica dos Cursos Expandidos: Dra. Vânia Marli Schubert Backes.
Coordenadora de Publicação e Divulgação: Dra. Lúcia Hisako Takase Gonçalves/Dra.
Marisa Monticelli. Coordenadora de Pesquisa e Produção Científica: Dra. Angela Maria
Alvarez. Coordenadora de Intercâmbios, Convênios e Captação de Recursos: Dra.
Maria Bettina Camargo Bub.
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Anais do III Seminário Internacional de Filosofia e Saúde/III International Seminar of Philosophy and Health Care
Florianópolis/SC, 08 a 10 de outubro de 2006. ISBN 978-85-88612-46-4
PROGRAMA GERAL DO EVENTO
8 de outubro de 2006
Sessão Solene de Abertura e Comemoração dos 30 Anos do Programa de Pós-Graduação em
Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina
Horário: 19 horas
Local: Multy Castelmar Hotel&Convention Center – Auditório Franklin Cascaes
Presidente: Dra. Maria Itayra Coelho de Souza Padilha
Coquetel de Abertura
9 de outubro de 2006
Painel I – Ética e Estética do Cuidado em Saúde
Horário: 09h às 11h
Local: Auditório Franklin Cascaes
Painelistas:
- Dr. Per-Erik Liss – University of Linköping – Suécia
- Dra. Sandra N. C. Caponi – Universidade Federal de Santa Catarina – Brasil
- Dra. Wendy Austin – University of Alberta – Edmonton/Canadá
Coordenadora: Dra. Maria Bettina Camargo Bub
Secretária: Dda. Helena Heidtmann Vaghetti
Sessão Pôster
Horário: 12h às 19h
13h às 14h – Presença dos Expositores
Local: Salão Ilha
Sessões Coordenadas 1
Horário: 14h às 16h
- Ética e Estética do Cuidado em Saúde I
Local: Auditório Franklin Cascaes
Coordenadora: Dra. Lygia Paim
Secretária: Dda. Mara Ambrosina de Oliveira Vargas
Integrantes da Mesa:
- Iraci dos Santos
- Karina S. de Almeida Hammer
- Luiz Antônio Bettinelli
- Regina Szylit Bousso
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Anais do III Seminário Internacional de Filosofia e Saúde/III International Seminar of Philosophy and Health Care
Florianópolis/SC, 08 a 10 de outubro de 2006. ISBN 978-85-88612-46-4
- Significados do Cuidado I
Local: Sala Lagoa/Joaquina
Coordenadora: Dra. Alacoque Lorenzini Erdmann
Secretária: Dda. Eliane Matos
Integrantes da Mesa:
- Camila Lucchini
- Helena H. Vaghetti
- Maria Soledad Rivera
- Marlene Gomes Terra
- Rosemeiry Capriata de Souza Azevedo
- Significado do Cuidado II
Local: Sala Jurerê/Canasvieiras
Coordenadora: Dra. Lúcia Hisako Takase Gonçalves
Secretária: Dda. Ana Rosete C. R. Maia
Integrantes da Mesa:
- Elizabeth Timotheo Crivaro
- Luzia da Conceição de Araújo Marques
- Maria de Lourdes Campos Hames
- Moema da Silva Borges
- Rejane Maria Agne de Carvalho
- Tecnologias de Cuidado e suas Perspectivas Filosóficas
Local: Salão Florianópolis
Coordenadora: Dra. Eliana Marília Faria
Secretária: Dda. Maria Emília de Oliveira
Integrantes da Mesa:
- Célia Caldeira F. Kestenberg
- Ceres Braga Arejano
- Magda Koerich
- Valdecir Zavarese da Costa
Coffee Break
Horário: 16 horas
Local: Salão Ilha
Sessões Coordenadas 2
Horário: 16h30min às 18h30min
- Ética e Estética do Cuidado em Saúde II
Local: Auditório Franklin Cascaes
Coordenadora: Dra. Maria Tereza Leopardi
Secretária: Dda. Sandra Márcia Soares Schmidt
Integrantes da Mesa:
- Enéas Rangel Teixeira
- Rosemary Silva da Silveira
- Valéria Lerch Lunardi
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Anais do III Seminário Internacional de Filosofia e Saúde/III International Seminar of Philosophy and Health Care
Florianópolis/SC, 08 a 10 de outubro de 2006. ISBN 978-85-88612-46-4
- Significados do Cuidado III
Local: Salão Florianópolis
Coordenadora: Dra. Joséte Luzia Leite
Secretária: Dda. Rosangela Fenili
Integrantes da Mesa:
- Cibele Sandri Manfredini
- Climene Laura de Camargo
- Josefina Gallegos Martinez
- Laura Cristina da Silva
- Significados do Cuidado IV
Local: Sala Lagoa/Joaquina
Coordenadora: Dra. Marisa Monticelli
Secretária: Dda. Janice de Morais Blois
Integrantes da Mesa:
- Ana Lúcia S. Ferreira de Mello
- Ana Paula da Silva
- Maria Emília Grassi Busto Miguel
- Sílvio Éder Dias da Silva
- Valquíria de L. Machado
- Significados do Cuidado V
Local: Sala Jurerê/Canasvieiras
Coordenadora: Dra. Maria Ribeiro Lacerda
Secretária: Dda. Viviane Euzébia Pereira dos Santos
Integrantes da Mesa:
- Cláudia Geovana da Silva Pires
- Dirce Stein Backes
- Francisca Georgina Macêdo de Sousa
- Maria de Lourdes Campos Hames
- Roberta Zanelli Sartori
Lançamento de Livros
Horário: 18h30min
10 de outubro de 2006
Painel II – A Natureza do Cuidado em Saúde
Horário: 09h às 11h
Local: Auditório Franklin Cascaes
Painelistas:
- Dr. Miguel Angel Briceño Gil – Universidade de Caracas - Venezuela
- Dr. Gerard Jorland – Collége de France – França
- Dr. Richard Redman – University of Michigan
Coordenadora: Dra. Denise Elvira Pires de Pires
Secretária: Dda. Silviamar Camponogara
Sessão Pôster
Horário: 12h às 19h
13h às 14h – Presença dos Expositores
Local: Salão Ilha
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Anais do III Seminário Internacional de Filosofia e Saúde/III International Seminar of Philosophy and Health Care
Florianópolis/SC, 08 a 10 de outubro de 2006. ISBN 978-85-88612-46-4
Sessões Coordenadas 3
Horário: 14h às 16h
- A Natureza do Cuidado em Saúde I
Local: Auditório Franklin Cascaes
Coordenadora: Dra. Valéria Lerch Lunardi
Secretária: Dda. Francisca Georgina Macêdo de Sousa
Integrantes da Mesa:
- Elke Annegret K. Cordeiro
- Márcia Borck
- Maria Tereza Leopardi
- Rosemeiry Capriata de Souza Azevedo
- Sílvio Éder Dias da Silva
- Filosofia e o Processo de Viver Humano I
Local: Salão Florianópolis
Coordenadora: Dra. Mercedes Trentini
Secretária: Dda. Dirce Stein Backes
Integrantes da Mesa:
- Ana Rosete Maia
- Lia Carneiro Silveira
- Mara Ambrosina de Oliveira Vargas
- Silviamar Camponogara
- Sônia Lorena S. Argôllo Fernandes
- Filosofia e Trabalho em Saúde e Enfermagem I
Local: Sala Jurerê/Canasvieiras
Coordenadora: Dra. Flávia Regina Souza Ramos
Secretária: Dda. Laura Cristina da Silva
Integrantes da Mesa:
- Luiz Anildo Anacleto da Silva
- Mauro Leonardo Salvador Caldeira dos Santos
- Pedro Miguel Garcez Sardo
Coffee Break
Horário: 16 horas
Local: Salão Ilha
Sessões Coordenadas 4
Horário: 16h30min às 18h30min
- A Natureza do Cuidado em Saúde II
Local: Auditório Franklin Cascaes
Coordenadora: Dra. Vera Radünz
Secretária: Dda. Marlene Gomes Terra
Integrantes da Mesa:
- Eda Schwartz
- Francisca Georgina Macêdo de Sousa
- Lili Marlene Hofstatter
- Lina Márcia M. Berardinelli
- Maria Luciana Botti
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Anais do III Seminário Internacional de Filosofia e Saúde/III International Seminar of Philosophy and Health Care
Florianópolis/SC, 08 a 10 de outubro de 2006. ISBN 978-85-88612-46-4
- Filosofia e o Processo de Viver Humano II
Local: Salão Florianópolis
Coordenadora: Dra. Climene Laura de Camargo
Secretária: Dda. Josiane de Jesus Martins
Integrantes da Mesa:
- Adriane M. Netto de Oliveira
- Geani Farias Machado
- Sônia Maria Könzgen Meincke
- Stela Maris de Mello Padoin
- Valéria Silvana Faganello Madureira
- Filosofia e o Processo de Viver Humano III
Local: Sala Lagoa/Joaquina
Coordenadora: Dra. Evanguelia Kotzias Atherino dos Santos
Secretária: Dda. Maria de Fátima M. Zampieri
Integrantes da Mesa:
- Maria Socorro Pereira Rodrigues
- Zídia Rocha Magalhães
- Miriam Süsskind Borenstein
- Luiz Anildo Anacleto da Silva
- Filosofia e Trabalho em Saúde e Enfermagem II
Local: Sala Jurerê/Canasvieiras
Coordenadora: Dra. Rosita Saupe
Secretária: Dda. Lita M. Moore Espinoza
Integrantes da Mesa:
- Beatriz Rosana Gonçalves de Oliveira
- Maria Salete da Silva Bozza
- Silas Alvarado Rivadeneyra
Sessão de Encerramento – Conferência e Encerramento
Horário: 18h30min
Local: Auditório Franklin Cascaes
Conferencista:
- Dr. Selvino José Assman – Universidade Federal de Santa Catarina
Coordenadora: Dra. Marta Lenise do Prado
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Anais do III Seminário Internacional de Filosofia e Saúde/III International Seminar of Philosophy and Health Care
Florianópolis/SC, 08 a 10 de outubro de 2006. ISBN 978-85-88612-46-4
PROGRAM
October 8, 2006
Opening Session – Celebration “30 Years of the Graduate Program in Nursing of the Federal
University of Santa Catarina”
Time: 7:00 p.m.
Venue/place: Multy Castelmar Hotel & Convention Center –
Room: Auditório Franklin Cascaes
President: Maria Itayra Coelho de Souza Padilha, PhD
October 9, 2006
Panel I – Ethics and Aesthetics in Health Care
Time: 9:00 a.m. to 11:00 a.m.
Room: Auditório Franklin Cascaes
Lectures:
- Per-Erik Liss University of Linköping, PhD – Sweden
- Sandra N. C. Caponi, PhD – Federal University of Santa Catarina – Brazil
- Wendy Austin, PhD – University of Alberta – Canada
Coordinator: Maria Bettina Camargo Bub, PhD
Secretary: Helena Heidtmann Vaghetti, PhD Student
Poster Session
Time: 12:00 p. m. to 7:00 p.m.
1:00 p. m. to 2:00 p.m.
Room: Salão Ilha
Oral Sessions 1
Time: 2:00 p.m. to 4:00 p.m.
- Ethics and Aesthetics in Health Care I
Room: Auditório Franklin Cascaes
Coordinator: Lygia Paim, PhD
Secretary: Mara Ambrosina de Oliveira Vargas, Doctoral Student
Members:
- Iraci dos Santos
- Karina S. de Almeida Hammer
- Luiz Antônio Bettinelli
- Regina Szylit Bousso
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Anais do III Seminário Internacional de Filosofia e Saúde/III International Seminar of Philosophy and Health Care
Florianópolis/SC, 08 a 10 de outubro de 2006. ISBN 978-85-88612-46-4
- The Meanings of Care I
Room: Lagoa/Joaquina
Coordinator: Alacoque Lorenzini Erdmann, PhD
Secretary: Eliane Matos, Doctoral Student
Members:
-Camila Lucchini
-Helena H. Vaghetti
-Maria Soledad Rivera
-Marlene Gomes Terra
-Rosemeiry Capriata de Souza Azevedo
- The meanings of Care II
Room: Jurerê/Canasvieiras
Coordinator: Lúcia Hisako Takase Gonçalves PhD,
Secretary: Ana Rosete C. R. Maia, Doctoral Student
Members:
- Elizabeth Timotheo Crivaro
- Luzia da Conceição de Araújo Marques
- Maria de Lourdes Campos Hames
- Moema da Silva Borges
- Rejane Maria Agne de Carvalho
- Technologies of Care and their Philosophical Perspectives
Room: Florianópolis
Coordinator: Eliana Marília Faria PhD,
Secretary: MariaEmília de Oliveira, Doctoral Student,
Members:
- Célia Caldeira F. Kestenberg
- Ceres Braga Arejano
- Magda Koerich
- Valdecir Zavarese da Costa
Coffee Break
Time: 4:00 p.m.
Room: Ilha
Oral Sessions 2
Time: 4:30 p.m. to 6:30 p.m.
- Ethics and Aesthetics in Health Care II
Room: Auditório Franklin Cascaes
Coordinator: Maria Tereza Leopardi, PhD
Secretary: Sandra Márcia Soares Schmidt, Doctoral Student
Members:
- Enéas Rangel Teixeira
- Rosemary Silva da Silveira
- Valéria Lerch Lunardi
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Anais do III Seminário Internacional de Filosofia e Saúde/III International Seminar of Philosophy and Health Care
Florianópolis/SC, 08 a 10 de outubro de 2006. ISBN 978-85-88612-46-4
- The meanings of Care III
Room: Florinópolis
Coordinator: Joséte Luzia Leite, PhD
Secretary: Rosangela Fenili, Doctoral Student
Members:
- Cibele Sandri Manfredini
- Climene Laura de Camargo
- Josefina Gallegos Martinez
- Laura Cristina da Silva
- The meanings of Care IV
Room: Lagoa/Joaquina
Coordinator: Marisa Monticelli, PhD
Secretary: Janice de Morais Blois, Doctoral Student
Members:
- Ana Lúcia S. Ferreira de Mello
- Ana Paula da Silva
- Maria Emília Grassi Busto Miguel
- Sílvio Éder Dias da Silva
- Valquíria de L. Machado
- The meanings of Care V
Room: Jurerê/Canasvieiras
Coordinator: Maria Ribeiro Lacerda, PhD
Secretary: Viviane Euzébia Pereira dos Santos, Doctoral Student
Members:
- Cláudia Geovana da Silva Pires
- Dirce Stein Backes
- Francisca Georgina Macêdo de Sousa
- Maria de Lourdes Campos Hames
- Roberta Zanelli Sartori
A Book Launch
Time: 6:30 p.m.
October 10, 2006
Panel II – The Nature of Health Care
Time: 9:00 a.m. to 11:00 a.m.
Room: Auditório Franklin Cascaes
Lectures:
- Dr. Miguel Angel Briceño Gil – Universidade de Caracas - Venezuela
- Dr. Gerard Jorland – Collége de France – França
- Dr. Richard Redman – University of Michigan
Coordinator: Denise Elvira Pires de Pires, PhD
Secretary: Silviamar Camponogara, Doctoral Student
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Anais do III Seminário Internacional de Filosofia e Saúde/III International Seminar of Philosophy and Health Care
Florianópolis/SC, 08 a 10 de outubro de 2006. ISBN 978-85-88612-46-4
Poster Session
Time: 12:00 p.m. to 7:00 p.m.
1:00 p.m. to 2:00 p.m.
Room: Ilha
Oral Sessions 3
Time: 2:00 p.m. to 4:00 p.m.
- The Nature of Health Care I
Room: Auditório Franklin Cascaes
Coordinator: Valéria Lerch Lunardi, PhD
Secretary: Francisca Georgina Macêdo de Sousa, Doctoral Student
Members:
- Elke Annegret K. Cordeiro
- Márcia Borck
- Maria Tereza Leopardi
- Rosemeiry Capriata de Souza Azevedo
- Sílvio Éder Dias da Silva
- Philosophy and the Process of Human Living I
Room: Florianópolis
Coordinator: Mercedes Trentini, PhD
Secretary: Dirce Stein Backes, Doctoral Student
Members:
- Ana Rosete Maia
- Lia Carneiro Silveira
- Mara Ambrosina de Oliveira Vargas
- Silviamar Camponogara
- Sônia Lorena S. Argôllo Fernandes
- Philosophy and Work in Health and Nursing I
Room: Jurerê/Canasvieiras
Coordinator: Flávia Regina Souza Ramos, PhD
Secretary: Laura Cristina da Silva, Doctoral Student
Members:
- Luiz Anildo Anacleto da Silva
- Mauro Leonardo Salvador Caldeira dos Santos
- Pedro Miguel Garcez Sardo
Coffee Break
Time: 4:00 p.m.
Room: Ilha
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Anais do III Seminário Internacional de Filosofia e Saúde/III International Seminar of Philosophy and Health Care
Florianópolis/SC, 08 a 10 de outubro de 2006. ISBN 978-85-88612-46-4
Oral Sessions 4
Time: 4:30 p.m. to 6:30 p.m.
- The Nature of Care in Health II
Room: Auditório Franklin Cascaes
Coordinator: Vera Radünz, PhD
Secretary: Marlene Gomes Terra, Doctoral Student
Members:
- Eda Schwartz
- Francisca Georgina Macêdo de Sousa
- Lili Marlene Hofstatter
- Lina Márcia M. Berardinelli
- Maria Luciana Botti
- Philosophy and the Process of Human Living II
Room: Florianópolis
Coodinator: Climene Laura de Camargo, PhD
Secretary: Josiane de Jesus Martins, Doctoral Student
Members:
- Adriane M. Netto de Oliveira
- Geani Farias Machado
- Sônia Maria Könzgen Meincke
- Stela Maris de Mello Padoin
- Valéria Silvana Faganello Madureira
- Philosophy and the Process of Human Living III
Room: Lagoa/Joaquina
Coordinator: Evanguelia Kotzias Atherino dos Santos, PhD
Secretary: Maria de Fátima M. Zampieri, Doctoral Student
Members:
- Maria Socorro Pereira Rodrigues
- Zídia Rocha Magalhães
- Miriam Süsskind Borenstein
- Luiz Anildo Anacleto da Silva
-Philosophy and Work in Health and Nursing II
Room: Jurerê/Canasvieiras
Coordinator: Rosita Saupe, PhD
Secretary: Lita M. Moore Espinoza, Doctoral Student
Members:
- Beatriz Rosana Gonçalves de Oliveira
- Maria Salete da Silva Bozza
- Silas Alvarado Rivadeneyra
Closing Session – Conference and Closing Ceremony
Time: 6:30 p.m.
Room: Auditório Franklin Cascaes
Lecture: Selvino Assmann, PhD - Universidade Federal de Santa Catarina
Coordinator: Marta Lenise do Prado, PhD
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Anais do III Seminário Internacional de Filosofia e Saúde/III International Seminar of Philosophy and Health Care
Florianópolis/SC, 08 a 10 de outubro de 2006. ISBN 978-85-88612-46-4
SESSÕES COORDENADAS/ORAL SESSIONS
EIXO TEMÁTICO 1 - ÉTICA E ESTÉTICA DO CUIDADO EM SAÚDE I
Mesa 1: 09/10/2006 – 14h/16h – Auditório Franklin Cascaes
PRESIDENTE: Dra. LYGIA PAIM
SECRETÁRIA: Dda. MARA AMBROSINA VARGAS
Nº
16
36
145
175
TÍTULO
INTERNAÇÃO EM UTI: O SIGNIFICADO DA
EXPERIÊNCIA VIVENCIADA PELOS FAMILIARES
A PERSPECTIVA ESTÉTICA NO CUIDAR/EDUCAR
JUNTO ÀS PESSOAS –
APROPRIAÇÃO
E
CONTRIBUIÇÃO
DA
SOCIOPOÉTICA
AUTORES
LUIZ ANTONIO BETTINELLI
ALACOQUE LORENZINI ERDMANN
IRACI DOS SANTOS
JACQUES GAUTHIER
NÉBIA M. FIGUEIREDO
CLAUDIA M. M. TAVARES
EUZELI S. BRANDÃO
ROSIMERE F. SANTANA
UM TEMPO PARA CHORAR: A FAMÍLIA REGINA SZYLIT BOUSSO
DANDO SENTIDO À MORTE PREMATURA
DO FILHO
ÉTICA E ESTÉTICA: ENVOLVIMENTOS NA KARINA S. DE ALMEIDA HAMMER
PROMOÇÃO DO CUIDADO GERONTOLÓ- SCHMIDT
GICO DE ENFERMAGEM
ANGELA BORGHI
MARIA HELENA LENARDT
EIXO TEMÁTICO 1 - ÉTICA E ESTÉTICA DO CUIDADO EM SAÚDE II
Mesa 2: 09/10/2006 – 16h30min/18h30min – Auditório Franklin Cascaes
PRESIDENTE: Dra. MARIA TEREZA LEOPARDI
SECRETÁRIA: Dda. SANDRA MARCIA SOARES SCHMIDT
Nº
157
158
238
TÍTULO
AUTORES
SOFRIMENTO MORAL NO TRABALHO DA ROSEMARY SILVA DA SILVEIRA
ENFERMAGEM
MICHELE SALUM BULHOSA
VALÉRIA LERCH LUNARDI
WILSON DANILO LUNARDI FILHO
A OBSTINAÇÃO TERAPÊUTICA COMO UMA KAREN KNOPP DE CARVALHO
QUESTÃO ÉTICA
VALÉRIA LERCH LUNARDI
A QUESTÃO DE EROS NA FILOSOFIA DO ENÉAS RANGEL TEIXEIRA
CUIDADO COM O CORPO
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Anais do III Seminário Internacional de Filosofia e Saúde/III International Seminar of Philosophy and Health Care
Florianópolis/SC, 08 a 10 de outubro de 2006. ISBN 978-85-88612-46-4
EIXO TEMÁTICO 4 - SIGNIFICADOS DO CUIDADO I
Mesa 3: 09/10/2006 – 14h/16h30min – Sala Lagoa/Joaquina
PRESIDENTE: Dra. ALACOQUE LORENZINI ERDMANN
SECRETÁRIA: Dda. ELIANE MATOS
Nº
60
TÍTULO
O PROCESSO DE VIVER DOS GRUPOS
SOCIAIS E O CUIDADO NA ONTOGÊNESE
HUMANA
92
CUIDADO DE SI A PARTIR DO RESGATE DA
CONSTRUÇÃO HISTÓRICO-FILOSÓFICA DO
CORPO
CUIDADO COMPREENSIVO
138
144
O SIGNIFICADO DE CUIDAR NO CONTEXTO
DO PENSAMENTO COMPLEXO: NOVAS
POSSIBILIDADES PARA A PRODUÇÃO DE
CONHECIMENTO E PARA A PRÁXIS DE
ENFERMAGEM
288
FUNDAMENTOS FENOMENOLÓGICOS PARA
UN
CUIDADO
COMPREENSIVO
DE
ENFERMERÍA
AUTORES
HELENA HEIDTMANN VAGHETTI
MARIA ITAYRA COELHO DE
SOUZA PADILHA
TELMA ELISA CARRARO
DENISE E. PIRES PIRES
ROSEMEIRY CAPRIATA DE SOUZA
AZEVEDO
MAIRA BUSS THOFEHRN
CAMILA LUCCHINI
FRANCISCA MÁRQUEZ D
JULIANA BALBINOT
KEYLA CRISTIANE DO NASCIMENTO
MARLENE GOMES TERRA
SILVIAMAR CAMPONOGARA
VERA RADÜNZ
EVANGELIA KOTZIAS ATHERINO
DOS SANTOS
LAURA CRISTINA DA SILVA
MARIA SOLEDAD RIVERA
LUZ MARIA HERRERA
EIXO TEMÁTICO 4 - SIGNIFICADOS DO CUIDADO II
Mesa 4: 09/10/2006 – 14h/16h – Sala Jurerê/Canasvieiras
PRESIDENTE: Dra. LÚCIA HISAKO TAKASE GONÇALVES
SECRETÁRIA: Dda. ANA ROSETE C. R. MAIA
Nº
74
88
103
245
256
TÍTULO
AINDA-NÃO: A ESPERANÇA DO VIR A SER
DO CUIDADO HUMANO
O PROCESSO DE EDUCAR PARA O CUIDADO
COM ENFOQUE NO CUIDADO-PRESENÇA
AUTORES
MOEMA DA SILVA BORGES
DIANA LUCIA MOURA PINHO
REJANE MARIA A. DE CARVALHO
ADRIANA
RIBEIRO
MARTINS
MADALOSSO
LUZIA DA CONCEIÇÃO DE
ARAUJO MARQUES
AFRÂNIO KRITSKI
MARIA LUCIA BOSI
ELIZABETH TIMOTHEO CRIVARO
INEZ SILVA DE ALMEIDA
ÍVIS EMILIA DE OLIVEIRA SOUZA
A TRANSMISSÃO DA TUBERCULOSE NO
AMBIENTE HOSPITALAR E O USO DO
RESPIRADOR:
UM
ESTUDO
FENOMENOLÓGICO
TEMÁTICAS, SIGNIFICADOS E TENDÊNCIAS
DO CUIDADO: ANALISANDO A PRODUÇÃO
DA ENFERMAGEM NA PERSPECTIVA DA
FENOMENOLOGIA
OS VIESES DA INCLUSÃO DO PAI NO ADRIANA DUTRA THOLL
PROCESSO DE NASCIMENTO DO FILHO
MARIA DE LOURDES CAMPOS
HAMES
36
Anais do III Seminário Internacional de Filosofia e Saúde/III International Seminar of Philosophy and Health Care
Florianópolis/SC, 08 a 10 de outubro de 2006. ISBN 978-85-88612-46-4
ELAINE CRISTINA DA CUNHA
FLÁVIA CHIQUETTI GOULART
JOSIANE MARIA DOS SANTOS
TÂNIA INÊS KRETZER BERNDT
EIXO TEMÁTICO 4 - SIGNIFICADOS DO CUIDADO III
Mesa 5: 09/10/2006 – 16h30min/18h30min – Salão Florianópolis
PRESIDENTE: Dra. JOSÈTE LUZIA LEITE
SECRETÁRIA: Dda. ROSANGELA FENILI
Nº
83
163
165
180
TÍTULO
UNA JOYA PRECIOSA: SIGNIFICADO DEL
CUIDADO DEL NIÑO
O PROCESSO DE CUIDAR NA CONSULTA DE
ENFERMAGEM PRÉ-NATAL
A DOR DO RECÉM-NASCIDO: SENTIMENTOS
E SIGNIFICADOS DE ENFERMEIRAS E
MÉDICOS NO COTIDIANO DA UNIDADE DE
TRATAMENTO INTENSIVO NEONATAL
A ENFERMAGEM E OS SIGNIFICADOS DA
MORTE
DA
CRIANÇA:
DESVELANDO
CAMINHOS PARA O CUIDADO
AUTORES
JOSEFINA GALLEGOS MARTINEZ
CIBELE SANDRI MANFREDINI
MARIA THAÍS DE ANDRADE
CALASANS
CLIMENE LAURA DE CAMARGO
CAMILA MOTTA LEAL VALENTE
LAURA CRISTINA DA SILVA
ANA IZABEL JATOBÁ DE SOUZA
ROSANE G. NITSCHKE
EIXO TEMÁTICO 4 - SIGNIFICADOS DO CUIDADO IV
Mesa 6: 09/10/2006 – 16h30min/18h30min – Sala Lagoa/Joaquina
PRESIDENTE: Dra. MARISA MONTICELLI
SECRETÁRIA: Dda. JANICE DE MORAIS BLOIS
Nº
10
57
168
183
229
TÍTULO
O SIGNIFICADO DO CUIDADO À SAÚDE
BUCAL DE IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS
A PARTIR DO REFERENCIAL DA TEORIA
FUNDAMENTADA NOS DADOS
ENFERMAGEM E A FAMÍLIA DO PORTADOR
DE HIV-AIDS: UM REFERENCIAL HUMANÍSTICO PARA CUIDAR
A BUSCA DO SENTIDO DE VIDA: A
EXPERIÊNCIA DE UMA MÃE DE CRIANÇA
COM CÂNCER
A REPRESENTAÇÃO SOCIAL DE ENFERMEIRAS SOBRE O CÂNCER: A EMERGÊNCIA
DE UM NOVO CUIDAR
VELHICE, CUIDADO E DEPENDÊNCIA:
CONCEPÇÕES DE CUIDADORES DE IDOSOS
ASILADOS
NUMA
INSTITUIÇÃO
DE
MARINGÁ (PR)
AUTORES
ANA LÚCIA S. F. DE MELLO
ALACOQUE LORENZINI ERDMANN
AFRA SUELENE DE SOUSA
VALQUÍRIA DE L. MACHADO
BIELEMANN
LUCIANE PRADO KANTORSKI
ANA PAULA DA SILVA
KARINA MAURO DIB
NOELY CIBELI DOS SANTOS
SÍLVIO ÉDER DIAS DA SILVA
IVANEIDE LEAL ATAÍDE RODRIGUES
KÁTIA SIMONE NÓBREGA FERREIRA
MARIA EMÍLIA GRASSI BUSTO
MIGUEL
MEYRE EIRAS DE BARROS PINTO
37
Anais do III Seminário Internacional de Filosofia e Saúde/III International Seminar of Philosophy and Health Care
Florianópolis/SC, 08 a 10 de outubro de 2006. ISBN 978-85-88612-46-4
EIXO TEMÁTICO 4 - SIGNIFICADOS DO CUIDADO V
Mesa 7: 09/10/2006 – 16h30/18h30 – Sala Jurerê/Canasvieiras
PRESIDENTE: Dra. MARIA RIBEIRO LACERDA
SECRETÁRIA: Dda. VIVIANE EUZÉBIA P. SANTOS
Nº
13
29
73
121
257
TÍTULO
AUTORES
SIGNIFICADOS DE SISTEMA DE CUIDADOS A FRANCISCA GEORGINA MACÊDO
PARTIR DA VISÃO DE PROFISSIONAIS DA DE SOUSA
SAÚDE: MODELO TEÓRICO-REFLEXIVO
DIRCE STEIN BACKES
ANA LÚCIA SCHAEFER FERREIRA
DE MELLO
ALACOQUE LORENZINI ERDMANN
CONCEPÇÕES DE CUIDADO: UMA ANÁLISE FRANCISCA GEORGINA MACÊDO
DAS TESES APRESENTADAS PARA UM DE SOUSA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIRCE STEIN BACKES
ENFERMAGEM
ANA LÚCIA FERREIRA MELLO
ALACOQUE LORENZINI ERDMANN
JULIANA CRISTINA LESSMANN
KEYLA CRISTIANE NASCIMENTO
CARACTERIZAÇÃO
DA
MORTALIDADE ROBERTA ZANELLI SARTORI
INFANTIL SEGUNDO AS CAUSAS BÁSICAS DE MARIA LUCIANA BOTTI
ÓBITO, MARINGÁ-PR, EM 2005
A PERCEPÇÃO DO CUIDAR: RELATO DE ÂNGELA TEREZINHA DANNÚBIA
EXPERIÊNCIA DOS GRADUANDOS DE BARBOSA
ENFERMAGEM
ELISABETE GOMES
EMÍLIA CUNHA
LEILA RIBEIRO
LUCIANA VALOIS
CLÁUDIA GEOVANA DA SILVA
PIRES
A IMAGEM DECODIFICA AS LACUNAS DO ADRIANA DUTRA THOLL
PROCESSO DE COMUNICAÇÃO
MARIA DE LOURDES CAMPOS HAMES
HYALA CRISTINA HAMMES
THAYSE ROSA DA CUNHA
JOSIANE MARIA DOS SANTOS
TÂNIA INÊS KRETZER BERNDT
BIANCA GARCIA
38
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Florianópolis/SC, 08 a 10 de outubro de 2006. ISBN 978-85-88612-46-4
EIXO TEMÁTICO 5 FILOSÓFICAS
TECNOLOGIAS DE CUIDADO E SUAS PERSPECTIVAS
Mesa 8: 09/10/2006 – 14h/16h – Salão Florianópolis
PRESIDENTE: Dra. ELIANA MARÍLIA FARIAS
SECRETÁRIA: Dda. MARIA EMÍLIA DE OLIVEIRA
Nº
32
104
251
260
TÍTULO
AUTORES
UMA REFLEXÃO ÉTICA PARA AS TECNOLO- MAGDA KOERICH
GIAS DE CUIDADO
DIRCE STEIN BACKES
HELENICE DE MOURA SCORTEGAGNA
ANDRÉA MÁRIAN VERONESE
MARIA TEREZINHA ZEFERINO
MARILENE LOEWEN WALL
VERA RADÜNZ
EVANGUELIA KOTZIAS ATHERINO DOS SANTOS
PNH: O CUIDADO DOS DIFERENTES CERES BRAGA AREJANO
SUJEITOS IMPLICADOS NO PROCESSO DE EDWING MARTIN HOLGUIN
PRODUÇÃO DE SAÚDE
WILSON
MARINA AREJANO MEDEIROS
VIGILÂNCIA À SAÚDE E ATENÇÃO VALDECIR ZAVARESE DA COSTA
PRIMÁRIA AMBIENTAL – O CUIDADO MARTA REGINA CEZAR VAZ
INTEGRAL E INTERSETORIAL ATRAVÉS DO CLARICE ALVES BONOW
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
CYNTHIA FONTELLA SANT’ANNA
ELOÍSA IGLESIAS MARQUES
JORGANA FERNANDA DE SOUZA
SOARES
SIBELE DA ROCHA MARTINS
LETÍCIA SILVEIRA CARDOSO
VIVENDO VIVÊNCIAS: CUIDANDO DO CÉLIA CALDEIRA F. KESTENBERG
ESTUDANTE E ENSINANDO RELAÇÕES DE MÁRCIA MARIA DOS S. AMERICUIDADO DE ENFERMAGEM
CANO REIS
WANESSA MOTTA
MARIANA CALDAS
EIXO TEMÁTICO 2 - A NATUREZA DO CUIDADO EM SAÚDE I
Mesa 9: 10/10/2006 – 14h/16h – Auditório Franklin Cascaes
PRESIDENTE: Dra. VALÉRIA LERCH LUNARDI
SECRETÁRIA: Dda. FRANCISCA GEORGINA DE MACÊDO DE SOUSA
Nº
21
27
TÍTULO
A REPRESENTAÇÃO SOCIAL DE CLIENTES
HOSPITALIZADOS SOBRE O PROCESSO
SAÚDE-DOENÇA E SUA RELAÇÃO PARA A
ADEQUAÇÃO
DO
CUIDADO
DE
ENFERMAGEM
MODOS DE CONHECER E INTERVIR: A
CONSTITUIÇÃO DO CORPO NO CUIDADO
DE ENFERMAGEM NO HOSPITAL
AUTORES
MARAIZA RIBEIRO CONDE
MÔNICA ANDRELLA CHAVES
GONÇALVES
TEODOLINA VALENTE LEITE
SÍLVIO ÉDER DIAS DA SILVA
ROSEMEIRY CAPRIATA DE SOUZA
AZEVEDO
FLÁVIA R. SOUZA RAMOS
39
Anais do III Seminário Internacional de Filosofia e Saúde/III International Seminar of Philosophy and Health Care
Florianópolis/SC, 08 a 10 de outubro de 2006. ISBN 978-85-88612-46-4
75
188
135
O MODELO DE CUIDADO ADAPTATIVO DE
CALLISTA ROY: FONTES TEÓRICAS E
FILOSÓFICAS
A NATUREZA DO CUIDADO E SUA
EXPRESSÃO NA DIMENSÃO ONTOLÓGICA
NATUREZA E DOMÍNIO DA ENFERMAGEM
MÁRCIA BORCK
EVANGUELIA KOTZIAS ATHERINO DOS SANTOS
ELKE ANNEGRET KRETZSCHMAR
CORDEIRO
HOSANNA PATTRIG FERTONANI
LUCIANA MARTINS DA ROSA
NEN NALÚ ALVES DAS MERCÊS
EVANGUELIA KOTZIAS ATHERINO DOS SANTOS
SILVANA ROMAGNA MARCELINO
VERA RADÜNZ
MARIA TEREZA LEOPARDI
EIXO TEMÁTICO 2 - A NATUREZA DO CUIDADO EM SAÚDE II
Mesa 10: 10/10/2006 – 16h30min/18h30min – Auditório Franklin Cascaes
PRESIDENTE: Dra. VERA RADÜNZ
SECRETÁRIA: Dda. MARLENE GOMES TERRA
Nº
25
TÍTULO
SOFRIMENTO PSÍQUICO NA ADOLESCÊNCIA
30
AVALIAÇÃO DA DOR COMO INSTRUMENTO
PARA O CUIDAR DE RECÉM-NASCIDOS PRÉTERMO
52
O VIVER, O ADOECER E O CUIDAR DAS
FAMÍLIAS DE UMA COMUNIDADE RURAL
DO EXTREMO SUL DO BRASIL: UMA
PERSPECTIVA ECOLÓGICA
A PERCEPÇÃO DO CUIDADO NA PRÁXIS DO ELIANE KATSUME KIKUMOTO
ENFERMEIRO EM SAÚDE COLETIVA
BAPTISTA
MARIA LUCIANA BOTTI
PROMOVENDO A VIDA: ANALISANDO LINA MÁRCIA M. BERARDINELLI
VULNERABILIDADES EM SAUDE DE GRUPOS MAURO LEONARDO S. CALDEIRA
POPULACIONAIS
DOS SANTOS
JANAÍNA RODRIGUES SOARES
NATÁLIA DA CONCEIÇÃO ANDRADE
70
90
AUTORES
LILI MARLENE HOFSTATTER
SOLÂNIA DURMAN
MARCIA MANIQUE BARRETO
CRIVELATTI
BRUNA BRYENNA BRITO SOUSA
MARINESE HERMINIA SANTOS
FRANCISCA GEORGINA MACÊDO
DE SOUSA
ANNA PAULA FERRARIO GONÇALVES
SIRLIANE DE SOUZA PAIVA
INGRID ELSEN
EDA SCHWARTZ
40
Anais do III Seminário Internacional de Filosofia e Saúde/III International Seminar of Philosophy and Health Care
Florianópolis/SC, 08 a 10 de outubro de 2006. ISBN 978-85-88612-46-4
EIXO TEMÁTICO 3 - FILOSOFIA E O PROCESSO DE VIVER HUMANO I
Mesa 11: 10/10/2006 – 14h/16h – Salão Florianópolis
PRESIDENTE: Dra. MERCEDES TRENTINI
SECRETÁRIA: Dda. DIRCE STEIN BACKES
Nº
33
35
61
143
261
TÍTULO
AUTORES
REPENSANDO O CONCEITO DE “CORPO”: LIA CARNEIRO SILVEIRA VIONOVAS POSSIBILIDADES PARA A ATENÇÃO LANTE
EM SAÚDE
AUGUSTA BATISTA BRAGA
RAIMUNDO SEVERO JUNIOR
FILOSOFIA DA(S) VIOLÊNCIA(S): REFLEXÕES SÔNIA LORENA SOEIRO
NO PROCESSO DE VIVER HUMANO ARGÔLLO FERNANDES
FAMILIAL
ROSANE GONÇALVES NITSCHKE
RAIMUNDA DA COSTA ARARUNA
DAS
EXPERIÊNCIAS
DO
REGIME MARA AMBROSINA DE OLIVEIRA
CONTEMPORÂNEO
DO
EU
E
SUAS VARGAS
“INSERÇÕES” NOS MAIS DIFERENTES FLÁVIA REGINA SOUSA RAMOS
GRUPOS
SOB
A
PERSPECTIVA
DA TELMA ELISA CARRARO
ANTROPOLOGIA PÓS-MODERNA
REFLEXÕES SOBRE A CONTRIBUIÇÃO DA MARLENE GOMES TERRA
EPIDEMIOLOGIA PARA O ENTENDIMENTO ROSANGELA MARIA FENILI
DO PROCESSO DE VIVER E SAÚDE HUMANA SILVIAMAR CAMPONOGARA
DENISE ELVIRA PIRES DE PIRES
TELMA ELISA CARRARO
O CUIDADO E AS PRÁTICAS DE SAÚDE NO ANA ROSETE MAIA
PROCESSO DE VIVER HUMANO
LAURA CRISTINA SILVA
MARIA SELOI COELHO
DENISE ELVIRA PIRES DE PIRES
TELMA CARRARO
EIXO TEMÁTICO 3 - FILOSOFIA E O PROCESSO DE VIVER HUMANO II
Mesa 12: 10/10/2006 – 16h30min/18h30min – Salão Florianópolis
PRESIDENTE: Dra. CLIMENE LAURA DE CAMARGO
SECRETÁRIA: Dda. JOSIANE DE JESUS MARTINS
Nº
37
118
176
TÍTULO
AUTORES
RELAÇÕES DE PODER NA VIDA CONJUGAL VALÉRIA SILVANA FAGANELLO
E A PREVENÇÃO DA AIDS
MADUREIRA
MERCEDES TRENTINI
O MODO DE DISPOSIÇÃO DO TEMOR DA STELA MARIS DE MELLO PADOIN
MULHER COM HIV/AIDS: O COTIDIANO ÍVIS EMÍLIA DE OLIVEIRA SOUZA
DIANTE
DA
(IM)POSSIBILIDADE
DE
AMAMENTAR
O PROCESSO DE VIVER SAUDÁVEL DE GEANI FARIAS MACHADO
TRABALHADOR(AS) DE UM PROGRAMA DE ROSEMARY SILVA DA SILVEIRA
SAÚDE DA FAMÍLIA: CONTRADIÇÕES E (IM) ELIANA PINHO AZAMBUJA
POSSIBILIDADES
NALU PEREIRA DA COSTA KERBER
ALCIONE LEITE DA SILVA
MARIA DO HORTO FONTOURA
CARTANA
LÚCIA HISAKO TAKASE GONÇALVES
41
Anais do III Seminário Internacional de Filosofia e Saúde/III International Seminar of Philosophy and Health Care
Florianópolis/SC, 08 a 10 de outubro de 2006. ISBN 978-85-88612-46-4
255
263
CUIDADO E CONFORTO DURANTE O TELMA ELISA CARRARO
TRABALHO DE PARTO E PARTO: NA BUSCA ROXANA KNOBEL
PELA OPINIÃO DAS MULHERES PUÉRPERAS VERA RADÜNZ
SONIA MARIA KÖNZGEN MEINCKE
MARLEI FÁTIMA CEZAROTTO
FIEWSKI
MARISA DA SILVA MARTINS
CAROLINE VASCONCELLOS LOPES
ANDRESSA BERTON
ALGUMAS CONCEPÇÕES DO PROCESSO DE ADRIANE M.NETTO DE OLIVEIRA
VIVER HUMANO DE UM GRUPO DE ALCIONE LEITE DA SILVA
MULHERES QUE POSSUEM FILHOS(AS) COM GIOVANA CALCAGNO GOMES
PROBLEMAS DE COMPORTAMENTO E/OU LÚCIA H. TAKASE GONÇALVES
APRENDIZAGEM
SONIA MARIA KÖNZGEN
MEINCKE
VANDA JARDIM
EIXO TEMÁTICO 3 - FILOSOFIA E O PROCESSO DE VIVER HUMANO III
Mesa 13: 10/10/2006 – 16h30min/18h30min – Sala Lagoa/Joaquina
PRESIDENTE: Dra. EVANGUELIA K. ATHERINO DOS SANTOS
SECRETÁRIA: Dda. MARIA DE FÁTIMA M. ZAMPIERI
Nº
151
201
222
247
TÍTULO
AUTORES
LIBERDADE,
AUTONOMIA
E
A BÁRBARA PEREIRA D’ALENCAR
RECONQUISTA DE SI NO VIVER HUMANO
MARIA SOCORRO PEREIRA
RODRIGUES
MARIA MANUELA RINO MENDES
MARIA SALETE BESSA JORGE
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES ACERCA DO ZÍDIA ROCHA MAGALHÃES
PROCESSO DE VIVER HUMANO DE ELIANE MATOS
TÉCNICOS (AS) DE ENFERMAGEM RECÉM- JADETE RODRIGUES GONÇALVES
ADMITIDOS (AS) EM UM HOSPITAL ESCOLA LEOCARLOS CARTAXO MOREIRA
LEONOR GONÇALVES
LITA M. MOORE ESPINOZA
NÁDIA CHIODELLI SALUM
MARIA DO HORTO F. CARTANA
OS 30 ANOS DO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÂO MIRIAM SÜSSKIND BORENSTEIN
EM ENFERMAGEM DA UFSC NA VISÃO DE MARIA ITAYRA COELHO DE SOUSUAS COORDENADORAS
ZA PADILHA
JULIANA CRISTINA LESSMANN
JENIFER ADRIANA DOMINGUES
GUEDES
CAROLINE ANDRADE
ANA ROSETE MAIA
UM OLHAR SÓCIO-EPIDEMIOLÓGICO SOBRE LUIZ ANILDO ANACLETO DA
O VIVER NA SOCIEDADE ATUAL E SUAS SILVA
IMPLICAÇÕES PARA A SAÚDE HUMANA
NEN NALÚ ALVES DAS MERCES
SANDRA MARCIA SOARES
SILVANA ROMAGNA MARCELINO
DENISE ELVIRA PIRES DE PIRES
42
Anais do III Seminário Internacional de Filosofia e Saúde/III International Seminar of Philosophy and Health Care
Florianópolis/SC, 08 a 10 de outubro de 2006. ISBN 978-85-88612-46-4
EIXO TEMÁTICO 6 - FILOSOFIA E TRABALHO EM SAÚDE E ENFERMAGEM I
Mesa 14: 10/10/2006 – 14h/16h – Sala Jurerê/Canasvieiras
PRESIDENTE: Dra. FLAVIA REGINA SOUZA RAMOS
SECRETÁRIA: Dda. LAURA CRISTINA DA SILVA
Nº
117
TÍTULO
PROPOSTA
DE
UMA
POLÍTICA
DE
EDUCAÇÃO
CONTINUADA-PERMANENTE
NA
PERSPECTIVA
DE
UMA
PRÁXIS
TRANSFORMADORA
246
AS MARCAS DA DUPLA EXCLUSÃO: AS
EXPERIÊNCIAS DA ENFERMAGEM COM O
PSICÓTICO-INFRATOR
AS
CONCEPÇÕES
FILOSÓFICAS
DE
EDUCAÇÀO
DE
JOHN
DEWEY
NA
FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE
264
AUTORES
LUIZ ANILDO ANACLETO DA SILVA
VÂNIA MARLI SCHUBERT BACKES
FABIANE FERRAZ
SANDRA MARCIA SOARES SCHMIDT
MARIA DO HORTO CARTANA
MÔNICA MOTTA LINO
SABRINA TELMA MARTINS
MAURO LEONARDO SALVADOR
CALDEIRA DOS SANTOS
FERNANDA SILVA DE SOUZA
PEDRO MIGUEL GARCEZ SARDO
GRACE TERESINHA MARCON DAL
SASSO
EIXO TEMÁTICO 6 - FILOSOFIA E TRABALHO EM SAÚDE E ENFERMAGEM II
Mesa 15: 10/10/2006 – 16h30min/18h30min – Sala Jurerê/Canasvieiras
PRESIDENTE: Dra. ROSITA SAUPE
SECRETÁRIA: Dda. LITA M. MOORE SPINOZA
Nº
02
155
192
TÍTULO
AUTORES
OPINIÓN DE LOS USUARIOS ACERCA DE LA SILAS ALVARADO RIVADENEYRA
CALIDAD DE ATENCIÓN HUMANA DEL
PROFESIONAL DE ENFERMERÍA Y SU
RELACIÓN CON EL CONSENTIMIENTO
INFORMADO EN EL HOSPITAL NACIONAL
GUILLERMO
ALMENARA
IRIGOYEN,
OCTUBRE – NOVIEMBRE 2005, LIMA – PERÚ
O TRABALHO EDUCATIVO DO ENFERMEIRO PATRÍCIA DOS SANTOS DUARTE
NO PSF
ELIZABETH MARIA LAZZAROTTO
MARIA SALETE DA SILVA BOZZA
O PROCESSO DE TRABALHO DA EQUIPE DE BEATRIZ ROSANA GONÇALVES
ENFERMAGEM NA UTI NEONATAL E O DE OLIVEIRA
CUIDAR HUMANIZADO
CLÁUDIA SILVEIRA VIERA
NEUSA COLLET
THAIS AZZONI LOPES
43
Anais do III Seminário Internacional de Filosofia e Saúde/III International Seminar of Philosophy and Health Care
Florianópolis/SC, 08 a 10 de outubro de 2006. ISBN 978-85-88612-46-4
SESSÃO PÔSTER/POSTER SESSIONS
Dia 09/10/2006
EIXO TEMÁTICO 2 - A NATUREZA DO CUIDADO EM SAÚDE
Nº
08
26
40
TÍTULO
ATUAÇÃO
DA
ENFERMEIRA
NO
TRANSPLANTE HEPÁTICO: UM CUIDADO
IMPRESCINDÍVEL
INDIVÍDUO PORTADOR DE SOFRIMENTO
PSÍQUICO: INSERÇÃO NO MERCADO DE
TRABALHO
EDUCAÇÃO EM SAÚDE PARA FAMILIARES
CUIDADORES DE IDOSOS A NÍVEL
DOMICILIAR
43
O CUIDADO NA CIVILIDADE HUMANA X
HUMANIZAÇÃO
47
REFLEXÕES DAS PRÁTICAS DE CUIDADO EM
SAÚDE NO PROCESSO DE FORMAÇÃO
PROFISSIONAL
51
TERAPIAS ALTERNATIVAS EM FAMÍLIAS EM
CUIDADO ONCOLÓGICO
58
CÓMO VIVEN LAS PAREJAS EN EL CONTROL
DE LA FERTILIDAD?
62
A FORMAÇÃO DE ENFERMEIROS PARA O
CUIDADO AO PACIENTE COM ESTOMA: UMA
REFLEXÃO
BIOSSEGURANÇA, RISCO E VULNERABILIDADE NO CUIDAR DE SI: UMA REFLEXÃO
TEÓRICA
64
AUTORES
CLAUDIA G. DA SILVA PIRES
MARLIZE B. RIBEIRO CARDOSO
LILI MARLENE HOFSTATTER
CARIANE R. S. FANT GONZATTO
SOLÂNIA DURMAN
JOSIANE DE JESUS MARTINS
WANUSA GRASIELA AMANTE DE
SOUZA
WLADJA NARA SOUZA PACHECO
MARIA DANIELA COUTO CARVALHO BARRA
ELIANE REGINA PEREIRA DO
NASCIMENTO
RENATA DA SILVA CARDOSO
DIRCE STEIN BACKES
JOSIANE DE JESUS MARTINS
ALACOQUE LORENZINI ERDMANN
LINA MÁRCIA MIGUÉIS
BERARDINELLI
REGINA LÚCIA MONTEIRO
HENRIQUES
SIDNÉIA TESMER CASARIN
RITA MARIA HECK
EDA SCHWARTZ
MARISA VANINI
ROBERTA FERREIRA
MARÍA ANGÉLICA ARZUAGA SALAZAR
MARTHA LUCIA PALACIO CAMPUZANO
DIVA ESTELA JARAMILLO VÉLEZ
TULIA MARÍA URIBE JARAMILLO
ELIZA MARIA REZENDE DÁZIO
MÁRCIA MARIA FONTÃO ZAGO
ROSANI MANFRIN MUNIZ
MAGDA SANTOS KOERICH
LUIZ ALBERTO PEREGRINO FERREIRA
CLAUDIA REGINA L. DUARTE DA
SILVA
FRANCISCA GEORGINA MACÊDO
DE SOUSA
TELMA ELISA CARRARO
44
Anais do III Seminário Internacional de Filosofia e Saúde/III International Seminar of Philosophy and Health Care
Florianópolis/SC, 08 a 10 de outubro de 2006. ISBN 978-85-88612-46-4
65
69
71
78
81
84
94
100
110
111
115
123
127
140
O CUIDADO E A REABILITAÇÃO DO
CLIENTE ONCOLÓGICO EM TRATAMENTO
RADIOTERÁPICO NO CONTEXTO DOMICILIAR
FATORES DE RISCO DE ÚLCERAS DE
PRESSÃO EM PACIENTES INTERNADOS EM
CENTRO DE TERAPIA INTENSIVA
A INTEGRALIDADE NO CUIDADO À SAÚDE
DA MULHER
ROSANI MANFRIN MUNIZ
MÁRCIA MARIA FONTÃO ZAGO
ELIZA MARIA REZENDE DÁZIO
LUCIANA MAGNANI FERNANDES
MARIA HELENA LARCHER CALIRI
MARILU CORREA SOARES
SILVANA MARTINS MISHIMA
VANESSA P. GAIOSO
QUALIDADE DE VIDA DOS ACADÊMICOS KELIN CRISTIANE BOCK HUMMES
DO CURSO DE ENFERMAGEM DA UNIVER- KARLA CRISTIANE OLIVEIRA BERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
TOLINO
JOSÉ LUÍS GUEDES DOS SANTOS
CLARISSA GARCIA RODRIGUES
GRACIELE FERNANDA DA COSTA
LINCH
FABIANA ZERBIERI MARTINS
THAÍS FLORES BOEZZIO
ISADORA WOLTMANN
ELISABETA ALBERTINA NIETSCHE
MARIA CELESTE LANDERDAHL
A FAMÍLIA ULTRAPASSANDO OS MUROS DO NEIDE DA SILVA KNIHS
CONHECIMENTO E VIVENCIANDO A
REABILITAÇÃO DO PACIENTE NEUROCIRÚRGICO
DOR: CONHECER PARA CUIDAR MELHOR RAFAEL AMORIM LOPES
ÉLLEN DAIANE BIAVATTI DE
OLIVEIRA
OLGA
MARIA
PANHOCA DA
SILVA
O ENSINO DO CUIDAR NO PROCESSO DE NOELY CIBELI DOS SANTOS
VIVER NA VELHICE: UM RELATO DE MARIA CECÍLIA TEODORO SANEXPERIÊNCIA
CHES
O CUIDAR/CUIDADO DE ENFERMAGEM: CLÁUDIA GEOVANA DA SILVA
PRESSUPOSTOS PARA ATENÇÃO À PESSOA PIRES
HIPERTENSA
FERNANDA CARNEIRO MUSSI
SAÚDE E CUIDADO HUMANIZADO: O KARINA GULBIS
OLHAR DOS PACIENTES COM CÂNCER
VALDEMIRA SANTINA DAGOSTIM
MÁGADA TESSMANN SCHWALM
SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE TUE JOLLO NAZIMA,
ENFERMAGEM NA ÚLCERA DE PRESSÃO
TEREZA A. MOI GONÇALVES
O ESTRESSE DOS CUIDADORES FAMILIARES LUCIANA DE OLIVEIRA GONÇALDE IDOSOS E A SÍNDROME DE BURNOUT
VES
EDILAINE KERKOSKI
A VISÃO ECOLÓGICA NA FORMAÇÃO DOS GLADYS SANTOS FALCÓN
ENFERMEIROS
MARIZETE ARGOLO TEIXEIRA
ALACOQUE
LORENZINI ERDMANN
O ESTRESSE DA EQUIPE DE ENFERMAGEM ELIANE REGINA PEREIRA DO
NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA: O NASCIMENTO
ENFERMEIRO COMO MEDIADOR
ADRIANA CORONETTI
DANIELA COUTO CARVALHO
BARRA
JOSIANE DE JESUS MARTINS
ONTOLOGIA E EPISTEMOLOGIA DO CUIDA- BETINA BARBEDO ANDRADE
45
Anais do III Seminário Internacional de Filosofia e Saúde/III International Seminar of Philosophy and Health Care
Florianópolis/SC, 08 a 10 de outubro de 2006. ISBN 978-85-88612-46-4
DO DE ENFERMAGEM
153
164
A RELAÇÃO ENFERMAGEM E ECOLOGIA:
AÇÕES DE CUIDADO E O PROCESSO DE VIVER HUMANO
CUIDAR E SER CUIDADO: O RELATIVO
DESAFIO DA HUMANIZAÇÃO
172
O QUE PENSAMOS QUANDO FALAMOS EM
MODELO DE CUIDADO DE ENFERMAGEM
177
A PESQUISA SOBRE O CUIDAR EM
ENFERMAGEM: GRUPOS DE PESQUISA NO
BRASIL
178
A EDUCAÇÃO EM SAÚDE NA ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA: O CUIDADO NEGLIGENCIADO
186
CUIDANDO DE QUEM CUIDA: ASSISTINDO O
ENFERMEIRO DA ÁREA HOSPITALAR
189
A UTILIZAÇÃO DA TEORIA DE OREM NO
CUIDADO DE ENFERMAGEM AO INDIVÍDUO PORTADOR DE HIPERTENSÃO
198
CUIDADO FORMAL E CUIDADO INFORMAL
200
A NATUREZA HUMANA-SOCIAL DO CUIDADO DE ENFERMAGEM: FRONTEIRAS DO
SABER E DO SENTIR EXPRESSADAS NA
INTERAÇÃO ENFERMEIRA E CLIENTE
HIGIENE BUCAL: UMA NECESSIDADE DE
TODOS
HANSENÍASE: MARCANDO VIDAS ATRAVÉS
DOS TEMPOS
206
209
216
230
ELISABETH FURLAN BELLINI
MARTA ELAINE SERAFIM DOS
SANTOS
MARIA ANGÉLICA P.WAIDMAN
SILVIAMAR CAMPONOGARA
ANA LÚCIA CARDOSO KIRCHHOF
FLÁVIA REGINA SOUZA RAMOS
DOUGLAS RODRIGUES FEITOSA
ITAMARA DA COSTA SOUSA
JOSÉ EVALDO GOMES JÚNIOR
WILLYS DA SILVA SANTOS
MARILENE WALL
PATRÍCIA KUERTEN ROCHA
MARTA LENISE DO PRADO
TELMA ELISA CARRARO
ROSANA FREITAS AZEVEDO
LARISSA CHAVESPEDREIRA
REGINA LÚCIA MENDONÇA LOPES
TÂNIA MARIA DE OLIVA MENEZES
MÔNICA DE SOUZA NETTO
MARCO AURÉLIO DA ROS
CANDICE BOPPRÉ BESEN
FERNANDA WERNER DA SILVA
CLECI GRANDI DA SILVA
MOACIR FRANCISCO PIRES
DOUGLAS RODRIGUES FEITOSA
IRATYENNE MAIA DA SILVA
MARÍLIA ENÉZIA BEZERRA DE
OLIVEIRA
ALYNE LAYANE PEREIRA LEMOS.
CAROLINE MOREIRA BACURAU
LETICE DALLA LANA
MIRIAM DA SILVEIRA PERRANDO
JOCIÉLE ANCHIETA DO NASCIMENTO
JEANICE DAL LASTA
MARGRID BEUTER
D.A.M. COSTA
H.M. GUEDES
M. MEDEIROS
MÁRCIA DE ASSUNÇÃO FERREIRA
CAROLINE CARVALHO DA SILVA
JOSÉTE LUZIA LEITE
FERNANDA GONÇALVES DA SILVA
CAROLINE CARVALHO DA SILVA
JOSÉTE LUZIA LEITE
A FORMAÇÃO PARA O CUIDADO ÉTICO
JOSÉ PEDRO RODRIGUES GONÇALVES
MARIA APARECIDA MUNHOZ
GAIVA
SOLIDARIDAD Y ANTROPOLOGIA DEL ALEJANDRINA ARRATIA
46
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232
237
CUIDADO EN ENFERMERÍA
DIREITO SOCIAL E RELACIONAMENTO COMO FUNDAMENTOS DA PRÁTICA DO ENFERMEIRO NA ATENÇÃO BÁSICA
A NOÇÃO DE CUIDADO DE SI MESMO E O
CONCEITO DE AUTOCUIDADO NA ENFERMAGEM
GISELLE EVANGELISTA DO NASCIMENTO
FLORENCE ROMIJN TOCANTINS
MARIA BETTINA CAMARGO BUB
CLÁUDIA R. L. DUARTE DA SILVA
CARLOS MEDRANO
SOLANGE WINK
EVANGUELIA KOTZIAS ATHERINO DOS SANTOS
DIEGO SCHAURICH
STELA MARIS DE MELLO PADOIN
MARIA DA GRAÇA CORSO DA
MOTTA
MARIA DA GRAÇA OLIVEIRA
CROSSETTI
ANA CRISTINA O. DA SILVA
HOFFMANN
NELI SÍLVIA ANDREAZZI CANASSA
MIRIAM SÜSSKIND BORENSTEIN
GISELE CRISTINA MANFRINI
ASTRID EGGERT BOEHS
244
REFERENCIAL FILOSÓFICO DE MARTIN
BUBER: APROXIMAÇÕES COM O CUIDADO
EM ENFERMAGEM
249
A ENFERMAGEM E O CUIDADO FAMILIAL
258
MEMÓRIAS DE PARTEIRAS: A TRAJETÓRIA
PROFISSIONAL NA MATERNIDADE CARMELA DUTRA (1967 – 1994)
O CUIDADO ÀS FAMÍLIAS RURAIS, COM BASE
NA TEORIA DO DESENVOLVIMENTO DA
FAMÍLIA
A ESCUTA COMO CUIDADO NO CONTEXTO ANA VERÔNICA RODRIGUES
DE ASSISTÊNCIA AO PARTO
SILVA
RUTH OSAWA
A IMPORTÂNCIA DA CONSULTA DE NORLAI ALVES AZEVEDO
ENFERMAGEM NO CUIDADO PARA SAÚDE A SILVIA REGINA LOPES GUICLIENTES EM TRATAMENTO RADIOTE- MARÃES
RÁPICO
EDA SCHWARTZ
GLEICE BRUM CONCEIÇÃO
VIVIAN GONÇALVES ABBEG
ALINE SILVEIRA CARDOSO
AVALIAÇÃO DO IMPACTO DAS ORIENTA- SLLVANA ALVES BENEDET
ÇÕES PRÉ-OPERATÓRIAS
JÉFERSON DOS SANTOS
274
278
284
289
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EIXO TEMÁTICO 3 - FILOSOFIA E O PROCESSO DE VIVER HUMANO
Nº
06
07
11
12
18
23
42
TÍTULO
HUME, DWORKIN E A NOÇÃO DE VALOR DA
VIDA HUMANA
ESTRATÉGIAS DIRIGIDAS A LOS ADOLESCENTES SOBRE LAS NECESIDADES FAMILIARES PARA EL ESTABLECIMENTO DE UN
PROYECTO DE VIDA
ESTRÉS EN PADRES DE RECIÉN NACIDOS
HOSPITALIZADOS EN LA UNIDAD DE ALTO
RIESGO NEONATAL – BASES PARA FORMULAR LINEAMENTOS
EL SIGNIFICADO DEL ABORTO PARA LA
ADOLESCENTE QUE HA VIVIDO LA EXPERIENCIA
A TEORIA DO VÍNCULO NA COMPREENSÃO
E PRÁTICA DA ENFERMAGEM COM PAIS E
BEBES INTERNADOS EM UNIDADE NEONATAL
CONDIÇÕES DE VIDA E SAÚDE: UMA
APROXIMAÇÃO AO PENSAMENTO DE JUAN
SAMAJA
PERCEPÇÕES DE HIPERTENSOS SOBRE SUA
DOENÇA
76
O PERFIL DE CLIENTES ONCOLÓGICOS EM
TRATAMENTO RADIOTERÁPICO: ESTABELECENDO AÇÕES CUIDATIVAS
79
FILOSOFIA, SAÚDE E EDUCAÇÃO PARA O
PENSAR NO PROCESSO DE VIVER HUMANO
A GENEALOGIA DO BRINCAR NO PROCESSO
DE VIVER DA CRIANÇA
HETEROGENEIDADE DOS PROCESSOS DE
FORMAÇÃO DE SUBJETIVIDADE: DESDOBRANDO OS CONCEITOS DE “TECNOLOGIA
CORPORIFICADA” E DE “SUBJETIVIDADE
CORPORIFICADA”
A IMPESSOALIDADE NA CONVIVÊNCIA: O
COTIDIANO DA MULHER COM HIV/AIDS
DIANTE DA IMPOSSIBILIDADE DE AMAMENTAR
O COTIDIANO DE SER HANSENIANO: UM
ESTUDO DE ENFERMAGEM
IMPACTO DO DIABETES NA QUALIDADE DE
VIDA E A ENFERMAGEM COMO FACILITADORA DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE
80
85
119
122
126
AUTORES
FLÁVIO MIGUEL DE OLIVEIRA
ZIMMERMANN
CARLOS ALFREDO PENA ROJAS
FLOR M. PARRA
ZULAY MONCADA
CIRA BRACHO DE LÓPEZ
MARY MARQUINA
GISELE PERIN GUIMARÃES
MARISA MONTICELLI
SELMA REGINA DE ANDRADE
LUIZ ANTONIO BETTINELLI
BRUNA DA SILVA PAVAN
MILENA ALVES VARASCHIN
CLÁUDIA MEDEIROS CENTENO
GALLO
DIANA CECAGNO
GRACILIANA ELISE SWAROWSKY
MICHELE MORALES
EDA SCHWARTZ
CLAUDIA R. L. D. DA SILVA
NIVALDO A. DE SOUSA
CARLOS ALBERTO MEDRANO
MARIA BETTINA CAMARGO BUB
MARA AMBROSINA DE OLIVEIRA
VARGAS
FLÁVIA REGINA SOUZA RAMOS
STELA MARIS DE MELLO PADOIN
ÍVIS EMÍLIA DE OLIVEIRA SOUZA
ANTONIA MARGARETH MOITA SÁ
ELISABETE PIMENTA ARAÚJO PAZ
ELIANE REGINA PEREIRA DO
NASCIMENTO
GABRIELA COMIOTTO
JOSIANE DE JESUS MARTINS
DANIELA COUTO CARVALHO
BARRA
48
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128
174
A GENTE AINDA É MUITO POUCO PAI: UM
ESTUDO SOBRE OS SENTIMENTOS DO PAI
DURANTE A GESTAÇÃO DE SUA COMPANHEIRA
O QUOTIDIANO NO CUIDADO DO
PROCESSO DE VIVER HUMANO E NA
ENFERMAGEM
MAGNOR IDO MULLER
CARMEN ESTHER RIETH
RAIMUNDA DA COSTA ARARUNA
ROSANE GONÇALVES NITSCHKE
SÔNIA LORENA SOEIRO ARGÔLLO FERNANDES
MARIZETE ARGOLO TEIXEIRA
ADRIANA MELLO
CARLA MOINO GUERRA
LETÍCIA COLOSSI
ANA PAULA KLIASS
LAURA CRISTINA DA SILVA
ANA ROSETE C. R. MAIA
DENISE ELVIRA PIRES DE PIRES
MARIA SELOI COELHO
TELMA ELISA CARRARO
MARÍLIA DE FÁTIMA VIEIRA DE
OLIVEIRA
181
O CUIDADO E O PROCESSO DE VIVER
HUMANO: UMA VISÃO CONTEMPORÂNEA
NAS DIMENSÕES DA VIDA E DO TRABALHO
195
REFLETINDO SOBRE O PROCESSO DE VIVER
HUMANO – A CONDIÇÃO DE SER ESPAÇO
TEMPORAL
UTILIZANDO A INTUIÇÃO PARA O CUIDADO DENISE K. KOECHE
NO PROCESSO DE VIVER HUMANO
MARILUZA WALTRICK
NEILA SANTINI DE SOUZA
OS SIGNIFICADOS DA MORTE PARA UM RAMON MORAES PENHA
GRUPO DE VELHOS: UMA LEITURA BASEA- LÚCIA HISAKO TAKASE GONÇALDA NA PEDAGOGIA ESPÍRITA DE EDUCA- VES
ÇÃO DE ESPÍRITOS
O DIABETE MELLITUS NO PROCESSO DE EDAIANE JOANA LIMA BARROS
VIVER DE SEUS PORTADORES
GIOVANA CALCAGNO GOMES
A DIMENSÁO DA CORPOREIDADE NO CLÉZIO JOSÉ DOS SANTOS GONVIVER HUMANO
ÇALVES
NÃO SE NASCE PAI: SE CONSTRÓI A SONIA MARIA KÖNZGEN MEINPATERNIDADE
CKE
TELMA ELISA CARRARO
202
204
224
227
248
49
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EIXO TEMÁTICO 5 - TECNOLOGIAS DE CUIDADO E SUAS PERSPECTIVAS FILOSÓFICAS
Nº
31
39
45
TÍTULO
A CRIANÇA COM HIV E SUA FAMÍLIA NA
BUSCA DE UM ESTAR MELHOR: UMA
PERSPECTIVA HISTÓRICA DO CUIDADO DE
ENFERMAGEM
A TECNOLOGIA COMO ESTRATÉGIA PARA
HUMANIZAÇÃO
DO
PROCESSO
DE
TRABALHO EM SAÚDE
ASSISTÊNCIA HUMANIZADA AO IDOSO NO
PÓS-OPERATÓRIO DE CIRURGIA CARDÍACA:
O OLHAR DO IDOSO E DA EQUIPE DE
SAÚDE
AUTORES
MARIANA VIEIRA
MARIA ITAYRA COELHO
SOUZA PADILHA
DE
JOSIANE DE JESUS MARTINS
GELSON LUIZ DE ALBUQUERQUE
FRANCYNE LEE COELHO
JOSIANE DE JESUS MARTINS
KARINA REGINA BUNN
DANIELA C. CARVALHO BARRA
ELIANE REGINA PEREIRA DO
NASCIMENTO
MARCELO DA SILVA ALVES
KRISTIANE DE CASTRO DUQUE
PAULA DE VASCONCELOS FREIRE
ZÉLIA
CRISTINA
SEVERINO
VITORINO
EDA SCHWARTZ
CELMIRA LANGE
ALINE DI PRIMIO
GRACILIANA ELISE SWAROWSKY
ROSANI MANFRIN MUNIZ
ALTAIR DELFINO FAES
GRACILIANA ELISE SWAROWSKY
EDA SCHWARTZ
ALINE DI PRIMIO
LILIAN MOURA DE LIMA
LICELMA
AMANDA
CAVADA
FEHN
MICHELE MORALES
MARCELA M. FURLAN
CLÉA R O. RIBEIRO
48
O ENSINO DO CUIDAR EM SUAS DIMENSÕES
POLÍTICA E SOCIAL NO PROGRAMA DE
RESIDÊNCIA EM ENFERMAGEM NA SAÚDE
DA FAMÍLIA DA UFJF
54
CUIDADO EM SAÚDE: PERFIL DOS CLIENTES
E FAMILIARES DE UM CENTRO DE
RADIOTERAPIA DO EXTREMO SUL DO
BRASIL
56
PROPOSTA DE INTERVENÇÕES COM CLIENTES E FAMILIARES EM UM CENTRO
REGIONAL DE RADIOTERAPIA
87
A PRÁTICA DO ENFERMEIRO EM SAÚDE
MENTAL: REFLEXÃO À LUZ DA ONTOLOGIA
FUNDAMENTAL DE HEIDEGGER
FORMAÇÃO POLÍTICA DOS INTEGRANTES JEFERSON RODRIGUES
DE UMA ASSOCIAÇÃO DE USUÁRIOS DE UM JONAS SALOMÃO SPRICIGO
SERVIÇO DE SAÚDE MENTAL
EDUARDO MOURÃO VASCONCELOS
IMAGINACIÓN TECNOLÓGICA EN ENFER- FRANCISCA MÁRQUEZ DOREN
MERÍA
PROTOCOLO DE ATENÇÃO DOMICILIAR RITA BATISTA SANTOS
INTERDISCIPLINAR E O CUIDADO DE
ENFERMAGEM HOSPITALAR
TECNOLOGIA E CUIDADO: ONDE ESTÁ O PATRÍCIA KUERTEN ROCHA
HUMANO NESSA CONVERGÊNCIA?
MARTA LENISE DO PRADO
TELMA ELISA CARRARO
MARILENE WALL
PATRÍCIA DE GASPERI
VERA RADÜNZ
112
124
131
173
50
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184
190
197
205
221
234
259
273
277
287
EMPODERAMENTO: UM CAMINHO PARA O ANA IZABEL JATOBÁ DE SOUZA
FORTALECIMENTO DAS FAMÍLIAS
COLETA RINALDI ALTHOFF
EDILZA MARIA RIBEIRO
INGRID ELSEN
A COMEMORAÇÃO DE DATAS FESTIVAS NO LETICE DALLA LANA
CONTEXTO HOSPITALAR COMO FORMA DE JOCIELE
ANCHIETA
DO
EXPRESSÃO DA LUDICIDADE NO CUIDADO NASCIMENTO
MIRIAM DA SILVEIRA PERRANDO
GRACIELE FERNANDA DA COSTA
LINCH
DAIANA DE ARAÚJO
THAIS FLORES BOEZZIO
MARGRID BEUTER
SALETE DE JESUS RIZZATTI
A
RELAÇÃO
DIALÓGICA
ENFERMEI- SONIA MARA FARIA SIMÕES
RO/CLIENTE: UMA POSSIBILIDADE TEÓRICA
O CONHECIMENTO DE UMA EQUIPE DE GABRIELA ACORDI DA SILVA
ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA DO RAFAELA REIS DA SILVA
MUNICÍPIO DE CRICIÚMA E DAS MULHERES
IDOSAS DE SUA ÁREA DE ABRANGÊNCIA
SOBRE FITOTERAPIA
CONSTRUINDO UM MARCO CONCEITUAL JULIANA MARCHIORI LARA
PARA
O
ENCONTRO
DE
CUIDADO MARIA DA GRAÇA DE OLIVEIRA
TRANSPESSOAL ENTRE ENFERMEIRO E CROSSETTI
FAMÍLIA
SISTEMATIZAÇÀO DA ASSISTÊNCIA DE ADRIANA BRAITT
ENFERMAGEM
EM
CIRURGIA
DE JEANE LIMA DOS SANTOS
NEOPLASIA DE RETO: RELATO DE EXPERI- LEILA PRICILLA TELES MATOS
ÊNCIA À LUZ DA TRIDIMENSIONALIDADE LISIANA FARIAS SANTOS
CORPO, ALMA, ESPÍRITO
LUDIMILLE SAMPAIO BARBOSA
MICHELE NUNES DE OLIVEIRA
RUAN CARLOS DE OLIVEIRA
BARBOSA
PROCESSO DE AJUDA DE ENFERMAGEM AO ADRIANA BRAITT
FAMILIAR DO PACIENTE CRÍTICO FRENTE DARCI SANTA ROSA
AO SOFRIMENTO, CULPA E POSSIBILIDADE
DE MORTE
PARECIA BRINCADEIRA, MAS ERA AULA: MARILÉSIA BORGES DELFINO
CONSTRUINDO HISTÓRIAS NUM PROCESSO RAFAELA REIS DA SILVA
PROBLEMATIZADOR
DE
CUIDADO
E
EDUCAÇÃO JUNTO A CRIANÇAS ESCOLARES
CONTRIBUÍÇÕES DO PROCESSO CUIDATI- RAMONE MATOS DE OLIVEIRA
VO-EDUCATIVO NA MINIMIZAÇÃO DO RAFAELA REIS DA SILVA
ESTRESSE DA CRIANÇA HOSPITALIZADA
CORPORALITY IN NURSING CARE
VERÓNICA MIRANDA
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EIXO TEMÁTICO 1 - ÉTICA E ESTÉTICA DO CUIDADO EM SAÚDE
Nº
59
72
77
86
97
113
120
141
152
156
TÍTULO
AUTORES
COMPORTAMENTOS ÉTICOS EM TRABALHO JORDELINA SCHIER
DE GRUPO
LÚCIA HISAKO TAKASE GONÇALVES
REFLEXIONES ACERCA DEL CUIDADO MARIA J. ARCAYA MONCADA
HUMANO INTERCULTURAL EN COMUNI- MIGUEL ÁNGEL POLO SANDADES NATIVAS DE LA AMAZONIA PERU- TILLÁN
ANA
EUTANÁSIA: DIREITO DE MATAR OU DE KELIN CRISTIANE BOCK HUMMES
MORRER?
KARLA CRISTIANE OLIVEIRA BERTOLINO
JOSÉ LUÍS GUEDES DOS SANTOS
CLARISSA GARCIA RODRIGUES
GRACIELE FERNANDA DA COSTA
LINCH
ISADORA WOLTMANN
FABIANA ZERBIERI MARTINS
THAÍS FLORES BOEZZIO
ELISABETA ALBERTINA NIETSCHE
MARIA CELESTE LANDERDAHL
PERCEBENDO E SENTINDO O CUIDADO EMILIA BEATRIZ MACHADO DE
SENSÍVEL NO CURRÍCULO DE GRADUAÇÃO SOUZA
DE ENFERMAGEM NA UNISUL
ANGELA DA ROSA GHIORZI
JUSSARA GUE MARTINI
O PRINCÍPIO DA EQUIDADE APLICADO À DANIELA EDA SILVA
ASSISTÊNCIA AO PRÉ-NATAL EM UNIDADE
DE SAÚDE DA FAMÍLIA
O PRINCÍPIO BIOÉTICO DA AUTONOMIA NA LIA CARNEIRO SILVEIRA
PERSPECTIVA DOS PROFISSIONAIS DE CONSUELO HELENA AIRES DE
SAÚDE
FREITAS LOPES
NATÁLIA ROCHA CHAGAS
MARIA SALETE BESSA JORGE
CORPO PRÓPRIO COMO EXPERIÊNCIA MARIA TERESA B. MARIOTTI DE
VIVENCIAL DA ENFERMEIRA NO CUIDAR SANTANA
DO OUTRO NO PROCESSO DE MORRER
MARIA SALETE BESSA JORGE
OFICINA DA SENSOPERCEPÇÃO: UTILIZAN- KÊNIA SILVA DOS S. FREITAS
DO A ESTÉTICA NO CUIDADO
JOÃO RENAN SILVA DE FREITAS
ÉTICA E ESTÉTICA NA AÇÃO COMUNI- MARIA SOCORRO PEREIRA ROCATÓRIA ENFERMEIRO-CLIENTE EM COM- DRIGUES
SULTA GINECOLÓGICA
FRANCISCO ANTONIO DA CRUZ
MENDONÇA
RAIMUNDA MAGALHÃES DA SILVA
ANDREA GOMES LINARD
MARIA ALBERTINA ROCHA DIÓGENES
CARLA ARAÚJO BASTOS TEIXEIRA
PRECISAMOS PENSAR SOBRE A BASE ÉTICA ROSEMARY SILVA DA SILVEIRA
E A BIOÉTICA PRINCIPIALISTA?
VALÉRIA LERCH LUNARDI
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159
166
RESÍDUOS SÓLIDOS DE SERVIÇOS DE
SAÚDE NA FORMAÇÃO ACADÊMICA
QUESTÕES ÉTICAS EN SAÚDE REPRODUTIVA
CLEUSA RIOS MARTINS
MARA AMBROSINA VARGAS
FLÁVIA REGINA SOUZA RAMOS
WILSON DANILO LUNARDI FILHO
MARLENE TEDA PELZER
ÁLVARO LUIZ ÁVILA DA SILVEIRA
LUCIARA BILHALVA CORRÊA
VALÉRIA LERCH LUNARDI
CELINA MARIA ARAUJO TAVARES
FLÁVIA REGINA DE SOUZA RAMOS
CAMILA LUCCHINI RAIES
FABIANA ZERBIERI MARTINS
KELIN CRISTIANE BOCK HUMMES
GRACIELE FERNANDA DA COSTA
LINCH
CLARISSA GARCIA RODRIGUES
ISADORA WOLTMANN
JOSÉ LUIS GUEDES DOS SANTOS
THAÍS FLORES BOEZZIO
SABRINA GUTERRES DA SILVA
KARLA CRISTIANE OLIVEIRA
BERTOLINO
ELISABETA ALBERTINA NIETSCHE
MARIA CELESTE LANDERDAHL
MARIA FERNANDA BAETA NEVES
ALONSO DA COSTA
SUELY ITSUKO CIOSAK
ELMA PAVONI ZOBOLI
DÓRIS HELENA RIBEIRO FARIAS
VALÉRIA LERCH LUNARDI
167
171
LO ÉTICO Y LO MORAL EN ENFERMERIA
OS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM
FRENTE À MORTE: UMA ABORDAGEM ÉTICA
E LEGAL
182
BIOÉTICA E INTEGRALIDADE: CONCEPÇÃO
E OPERACIONALIZAÇÃO NA ATENÇÃO
BÁSICA DE SAÚDE
193
A VIVÊNCIA DO CUIDADO DA MULHER NO
PUERPÉRIO ÀS MULHERES AINDA COMO
MULHERES
A CLÍNICA DO QUOTIDIANO: EXPRESSÃO CERES BRAGA AREJANO
DO PROJETO TERAPÊUTICO HUMANIZADO MARIA ITAYRA COELHO DE SOUEM SAÚDE MENTAL
ZA PADILHA
RAUL FERNANDO SOTELO PRANDONI (in memorium)
ACUIDADE VISUAL DE ESCOLARES EM UMA MOACIR MORATELLI JUNIOR
CIDADE DO INTERIOR DE SANTA CATA- LUCIANA PETRUCCI GIGANTE
RINA, 2003
PAULO RICARDO OLIVEIRA
A ÉTICA NO CUIDADO DO CORPO FRENTE SÉRGIO SELL
AO ETHOS CONTEMPORÂNEO: ALGUMAS
CONSIDERAÇÕES A PARTIR DE LEONARDO
BOFF
SER ESTÉTICO COMO CONSTITUÍNTE DA SANDRA GREICE BECKER.
CONSCIÊNCIA DE SI, DO CUIDADOR DE MARIA DA GRAÇA OLIVEIRA
ENFERMAGEM
CROSSETTI
207
210
219
286
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EIXO TEMÁTICO 4 - SIGNIFICADOS DO CUIDADO
Nº
01
04
09
20
24
34
38
46
49
53
55
66
TÍTULO
AUTORES
O CUIDADO: EXPRESSÃO DE SOLIDARIE- LUIZ ANTONIO BETTINELLI
DADE HUMANA
ALACOQUE LORENZINI ERDMANN
SIGNIFICADOS E PERCEPÇÕES SOBRE O LEANDRO BARBOSA DE PINHO
CUIDADO DE ENFERMAGEM NA UNIDADE SILVIA MARIA AZEVEDO DOS
DE TERAPIA INTENSIVA
SANTOS
O CUIDADO NO DOMICÍLIO PELA EQUIPE IVANI BUENO DE ALMEIDA
DE SAÚDE: UM ESTUDO DE CASO
FREITAS
STELA MENEGHEL
A PERCEPÇÃO DE ACADÊMICOS DE SÍLVIO ÉDER DIAS DA SILVA
ENFERMAGEM SOBRE O CUIDADO DE LEONARDO JOSÉ PACHECO
ENFERMAGEM
BRITO
MARAIZA RODRIGUES CONDE
WANDA DO NASCIMENTO
MEIRELES
SINGULARIDADE QUE NÃO DIFERE: O ALANA LEITE HONORATO
SIGNIFICADO DO CUIDAR DA CRIANÇA ISOLINA DE ASSIS LOURDES RIOS
PORTADORA DO HIV NA PERSPECTIVA DE
UMA FAMÍLIA ADOTIVA
O CUIDADO HEIDEGGERIANO E A MARA LUCIA CUNHA
ENFERMAGEM EM UNIDADE DE TERAPIA ANA CARLA CAVALCANTI
INTENSIVA
O ENFERMEIRO NO CUIDAR AO PACIENTE MARLIZE BRANDÃO CARDOSO
ONCOLÓGICO COM DOR
CLÁUDIA GEOVANA DA SILVA
PIRES
A INSTITUCIONALIZAÇÃO SOB A ÓTICA DO FRANCYNE LEE COELHO
IDOSO E DE SEU FAMILIAR
ALEXANDRA ZOLET ESPITIA
JOSIANE DE JESUS MARTINS
MAYARA ALMEIDA COELHO
A CONSULTA DE ENFERMAGEM NA MARCELO DA SILVA ALVES
ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE COMO KRISTIANE DE CASTRO DUQUE
FORMA DE GARANTIA DO CUIDADO PAULA DE VASCONCELOS FREIRE
EXPANDIDO
ZÉLIA CRISTINA SEVERINO VITORINO
DIAGNÓSTICO DE CÂNCER – POR QUÊ VALQUÍRIA DE LOURDES MACHACOMIGO?
DO BIELEMANN
SILVANA ALINE CORDEIRO ANTONIOLLI
ALINE OLIVEIRA DI PRIMIO
EDA SCHWARTZ
ARMELITA ELENICE VIANNA
OS VÍNCULOS DE FAMILIARES E CLIENTES ALINE OLIVEIRA DI PRIMIO
EM TRATAMENTO DE RADIOTERAPIA EM CELMIRA LANGE
UM AMBULATÓRIO DA REGIÃO SUL DO RS EDA SCHWARTZ
ANGÉLICA BURIN
JANAÍNA HORN
AS DIMENSÕES DO CUIDADO EM UNIDADE ALACOQUE LORENZINI ERDCRÍTICA: EMERGINDO O CUIDADO TRANS- MANN
PESSOAL E COMPLEXO
KEYLA CRISTIANE DO NASCIMENTO
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68
95
O CUIDADO EM UNIDADE DE TERAPIA
INTENSIVA: A CONCEPÇÃO DO ACADÊMICO
DE ENFERMAGEM
RESSIGNIFICAR
O
ENVELHECIMENTO:
OPINIÃO DOS IDOSOS SOBRE A OFICINA DE
MEMÓRIA
96
CONHECENDO O CUIDAR DO PROCESSO DE
VIVER: UMA EXPERIÊNCIA INTERGERACIONAL
98
SIGNIFICADO DO CUIDAR PARA ESTUDANTES DE ENFERMAGEM DE UMA UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA
109
UM OLHAR SOBRE O CUIDADO DE
ENFERMAGEM A PARTIR DA NOÇÃO DE
TEMPORALIDADE EM HUSSERL E MERLEAUPONTY
GRUPO DE ASSISTÊNCIA PSICOLÓGICA A
CUIDADORES DE PACIENTES ATENDIDOS
NA
CLÍNICA
DE
FISIOTERAPIA
DA
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍUNIVALE
116
132
AÇÕES CUIDATIVAS UTILIZADAS PELO
ENFERMEIRO PARA AMENIZAR A DOR
133
O PRESERVATIVO COMO PRÁTICA DE
(DES)CUIDADO FRENTE A VULNERABILIDADE DE MULHERES COM HIV/AID
REFLEXÃO DO ENSINO DO CUIDAR/CUIDADO NOS CURSOS DE GRADUAÇÃO EM
ENFERMAGEM
CONSIDERAÇÕES SOBRE O CUIDADO
SIMPLES NO AMBIENTE HOSPITALAR
APREENSÃO DE DISCENTES SOBRE O
CUIDAR/CUIDADO, ASSISTIR/ASSISTÊNCIA:
RELATO DE EXPERIÊNCIA DE PROFESSORES
146
147
148
149
170
GIOVANNA BATISTA LEITE
MARIA LUCIANA BOTTI
PAULO JORGE DE OLIVEIRA
FERREIRA
DÉBORA GREGNANI
NOELY CIBELI DOS SANTOS
LUCIANA SOARES DALL’ AQUA
DENISE HARUMI FUJIMOTO
THIAGO ALEX BOTTURA
PETROCCIONI
NOELY CIBELI DOS SANTOS
LAURA VERGINIA DE SOUZA
MELINA GABRIELA M. S. LIMA
VILMA VILLAR MARTINS
MARIA ÂNGELA BOCCARA DE
PAULA
EDITE LAGO DA SILVA SENA
LÚCIA HISAKO TAKASE
GONÇALVES
LUCIANA DE OLIVEIRA
GONÇALVES
PATRÍCIA CARVALHO
GIOVANA DELVAN STUHLER
CAROLINA WAGNER
CAROLINE CIMA
MONICA MENEZES MATTE
DALVA MARIA POMATTI
VERA LÚCIA FORTUNATO FORTES
PATRÍCIA SERENA
VANISA TOMAZONI
ISABEL CRISTINA ALVES MALISKA
MARIA ITAYRA COELHO DE
SOUZA PADILHA
ALYNE HENRI DOS SANTOS MOTTA
SÍLVIA DA SILVA SANTOS PASSO
SILVIA DA SILVA SANTOS PASSOS
DORA SADIGURSKY
ALYNE HENRI DOS SANTOS MOTTA
SILVIA DA SILVA SANTOS PASSOS
TANIA MARIA DE OLIVEIRA MENEZES
DORA SADIGURSKY
TÂNIA MARIA DE OLIVEIRA
MOREIRA
FATORES INTERVENIENTES AO AUTOCUIDADO DA PESSOA COM DIABETES NO
CENTRO DE REFERÊNCIA: RELATO DE
EXPERIÊNCIA
EDUCAÇÃO E CUIDADO: OS FUNDA- FABIANA ZERBIERI MARTINS
MENTOS DA PRÁXIS DE ENFERMAGEM
KARLA CRISTIANE OLIVEIRA BERTOLINO
KELIN CRISTIANE BOCK HUMMES
GRACIELE FERNANDA DA COSTA
LINCH
CLARISSSA GARCIA RODRIGUES
55
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THAÍS FLORES BOEZZIO
ISADORA WOLTMANN
JOSÉ LUIS GUEDES DOS SANTOS
ELISABETA ALBERTINA NIETSCHE
MARGRID BEUTER
MARIA CELESTE LANDERDHAL
GABRIELA MARCELINO
JULIANA CRISTINA LESSMANN
FRANCISCA GEORGINA MACÊDO
DE SOUSA
ALACOQUE LORENZINI ERDMANN
JULIANA APARECIDA RIBEIRO
KEYLA CRISTINE DO NASCIMENTO
CLAUDIA ALCAYAGA ROJAS
CLAUDIA BUSTAMANTE TRONCOSO
MARÍLIA DE FÁTIMA VIEIRA
OLIVEIRA
LIA CRYSTINA BASTOS ARAÚJO
EDSON COSTA NORONHA
SÍLVIO ÉDER DIAS DA SILVA
THEOPI VARVAKIS
FABIANE FERRAZ
MARTA LENISE DO PRADO
FÁTIMA HELENA DO ESPÍRITO
SANTO
ISAURA SETENTA PORTO
185
A PRODUÇÃO
CIENTÍFICA DE ENFERMAGEM ACERCA DAS INTERAÇÕES NO
AMBIENTE DE CUIDADO ANALISADA SOB A
ÓTICA DO PARADIGMA DA COMPLEXIDADE
187
LA CORPORALIDAD COMO OBJETO DE
CUIDADO DE LA ENFERMERÍA
194
O CONCEITO DE CUIDADO PARA UM
GRUPO DE ALUNOS DE GRADUAÇÃO EM
ENFERMAGEM
203
O SIGNIFICADO DO CUIDADO DE PACIENTES HOSPITALIZADOS: UMA EXPERIÊNCIA EM AULA PRÁTICA
AS DIMENSÕES DO CUIDADO DE ENFERMAGEM NO CENÁRIO HOSPITALAR: UM
ESTUDO COM ENFERMEIRAS NOVATAS E
VETERANAS
A TERMINALIDADE DO SER: DESVELANDO JULIANA MARCHIORI LARA
POSSIBILIDADES DE CUIDAR E ENSINAR
MARIA DA GRAÇA DE OLIVEIRA
CROSSETTI
ERIKA BOLLER
MAGÁLI DALL’AGLIO
CUIDADO DE ENFERMAGEM AO PACIENTE MARIA FERNANDA DO PRADO
TERMINAL: CONCEPÇÃO DE TÉCNICOS DE GIOVANNA BATISTA LEITE
ENFERMAGEM EM UM HOSPITAL ONCOLÓGICO DA REGIÃO NORTE DO PARAN
PERCEPÇÕES
E
SENTIMENTOS
DOS GLADIS LUISA BAPTISTA
ENFERMEIROS ACERCA DOS CUIDADOS AO SIMONÍ MATOS DA SILVA
PACIENTE COMATOSO
A IDENTIDADE DO CUIDADO GERONTO- KARINA S. DE ALMEIDA HAMMER
LÓGICO EM ENFERMAGEM
SCHMIDT
MARIA HELENA LENARDT
OS SIGNIFICADOS DO SER CUIDADO PER- ADRIANE M. NETTO DE OLIVEIRA
CEBIDOS PELA FAMÍLIA FRENTE À ROSANE GONÇALVES NITSCHKE
FACTICIDADE DA DOENÇA MENTAL À LUZ MARA REGINA SANTOS DA SILVA
DE HEIDEGGER
VALÉRIA LERCH LUNARDI
ACOLHIMENTO: UMA ABORDAGEM HUMA- DULCINÉIA GHIZONI SCHNEIDER
NÍSTICA AO PACIENTE COM INFARTO MICHELLI A. BUENO AUSEN
AGUDO DO MIOCÁRDIO E SUA FAMÍLIA
ALESSANDRA M. MAIA MANSCHEIN
A SAÚDE DOS CATADORES DE MATERIAIS SOLANGELA COREZZOLLA
RECICLÁVEIS DE GASPAR/SC: UM ESTUDO MARILU ANTUNES DA SILVA
DE CASO DE REPRESENTAÇÃO SOCIAL
212
215
223
228
239
254
265
272
56
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281
282
285
290
DISEÑO DE UNA CONSULTA DE EDU- OLGA CRESPO
CACIÓN NUTRICIONAL EM LA ESCUELA DE ELKA MONTES
ENFERMERÍA DE LA UNIVERSIDAD DE
CARABOBO – ESCUELA DE ENFERMERÍA.
FACULDAD DE CIENCIAS DE LA SALUD.
VALENCIA, 2006
ARTICULACIÓN DEL CUIDADO EM LA EDITH RIVAS RIVEROS
GENERACIÓN DE ESTRATEGIAS PREVENTIVAS PARA NEUMONÍA AC EN
LACTANTES – TEMUCO, CHILE, 2006
A PERCEPÇÃO SOBRE O AUTOCUIDADO
ENTRE ESTUDANTES E A PRÁTICA DE
EDUCAÇÃO EM SAÚDE NA ESCOLA
SINTOMAS DEPRESSIVOS DO CUIDADOR,
POBREZA E ATRASO VACINAL: UM ESTUDO
EM SERVIÇOS DE SAÚDE
MÁRCIA
REITER
REGINA
PFUETZEN-
GISELE CRISTINA TERTULIANO
AIRTON TETELBOM STEIN
Dia 10/10/2006
EIXO TEMÁTICO 6 - FILOSOFIA E TRABALHO EM SAÚDE E ENFERMAGEM
Nº
05
19
22
28
41
63
67
TÍTULO
A INTEGRALIDADE COMO FILOSOFIA E
TRABALHO EM SAÚDE: UM RESGATE DE
PARTE DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA DA ÁREA
PRESSUPOSTOS FILOSÓFICOS DO MODELO
OPERÁRIO ITALIANO E A EXPOSIÇÃO À
RADIAÇÃO IONIZANTE
EM AMBIENTE
HOSPITALAR
REFLEXÕES DA EQUIPE DE SAÚDE SOBRE O
MÉTODO MÃE-CANGURU EM UMA UNIDADE DE NEONATOLOGIA: UM DIALOGO
FUNDAMENTADO NA ABORDAGEM PROBLEMATIZADORA
SERVIÇOS FARMACÊUTICOS VOLTADOS AO
PACIENTE – UMA NOVA FILOSOFIA DA
PRÁTICA FARMACÊUTICA
AUTORES
LEANDRO BARBOSA DE PINHO
LUCIANE PRADO KANTORSKI
RITA DE CÁSSIA FLÔR
ANA LÚCIA C. KIRCHHOF
ROBERTA COSTA
MARISA MONTICELLI
GRAZIELA MODOLON ALANO
DAYANI GALATO
EUGÊNIO RODRIGO ZIMMER NEVES
MARENI ROCHA FARIAS
QUANDO NO HOSPITAL PREVALECE O MARLIZE BRANDÃO RIBEIRO
SILÊNCIO: UM ESTUDO SOBRE OS PRO- CARDOSO
FISSIONAIS DE SAÚDE QUE TRABALHAM VICTOR BRANDÃO RIBEIRO
COM PACIENTES ONCOLÓGICOS EM FASE
TERMINAL
PROMOÇÃO À SAÚDE: POTENCIALIDADE IVONETE TERESINHA SCHULTER
DE CUIDADO NAS EQUIPES DE SAÚDE DA BUSS HEIDEMANN
FAMÍLIA
MARIA CECÍLIA PUNTEL DE
ALMEIDA
FATORES ENVOLVIDOS NA SATISFAÇÃO E CLÁUDIA MEDEIROS CENTENO
NA INSATISFAÇÃO DO TRABALHO DE GALLO
ENFERMAGEM
HEDI CRECENCIA HECKLER
SIQUEIRA
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82
A CIÊNCIA E A ENFERMAGEM
89
QUE PODER É ESTE? DISCUTINDO O PODER
QUE IDEALIZAMOS NA ENFERMAGEM
93
QUEM CUIDA DO CUIDADOR/TRABALHADOR DE ENFERMAGEM?
99
PERFIL SÓCIO DEMOGRÁFICO E EPIDEMIOLÓGICO DE IDOSOS HOSPITALIZADOS EM
UM HOSPITAL ESCOLA
101
HUMANIZANDO A ASSISTÊNCIA HOSPITALAR COM O TRABALHADOR DA ENFERMAGEM
105
O DILEMA LABORAL DO ENFERMEIRO:
GERÊNCIA DO CUIDADO VERSUS GERÊNCIA DOS SERVIÇOS DE ENFERMAGEM
106
O EXERCÍCIO GERENCIAL DO CUIDADO –
UMA ANÁLISE INTERPRETATIVA
107
TEORIA DOS VÍNCULOS PROFISSIONAIS:
UMA PROPOSTA PARA O TRABALHO EM
EQUIPE NA ENFERMAGEM
ATIVIDADE E TERAPIA ASSISTIDA POR
ANIMAIS NA PERCEPÇÃO DE ENFERMEIROS
EM UNIDADE DE INTERNAÇÃO PEDIÁTRICA
PESSOAS COM SÍNDROME DE DOWN:
COMPREENDENDO O SEU COTIDIANO
A CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA NO ATO DE
CUIDAR E ENSINAR A CUIDAR EM SAÚDE E
ENFERMAGEM
ESTRATÉGIAS DE ENSINO INTEGRADO DA
FILOSOFIA DO CUIDADO NA GRADUAÇÃO
O TRABALHO COMO CONDIÇÃO PARA O
VIVER SAUDÁVEL: A PERSPECTIVA DE
ENFERMEIROS RECÉM-ADMITIDOS EM UM
HOSPITAL ESCOLA
129
130
134
136
139
OLGA MARIA PANHOCA DA SILVA
ARNILDO KORB
ADRIANA
RIBEIRO
MARTINS
MADALOSSO
REJANE
MARIA
AGNE
DE
CARVALHO
JULIANA BALBINOT REIS GIRONDI
JOSIANE DE JESUS MARTINS
MARIA TEREZINHA ZEFERINO
VERA RADÜNZ
CLÁUDIA KOCH GEREMIAS
AURÉLIA HACKENHAAR
JOSIANE DE JESUS
MAIRA BEATRIZ KAMKE
MARIVONE ROSA BORGES
PATRÍCIA KLOCK
JEANI WECHI
GISELE VIEIRA COMICHOLI
JOSIANE DE JESUS MARTINS
ALACOQUE LORENZINI ERDMANN
FERNANDA SARTURI
JOSÉ LUÍS GUEDES DOS SANTOS
LUCIMARA ROCHA
ROSÂNGELA MARION DA SILVA
VÂNIA MARTA PRADEBON
ADELINA GIACOMELLI PROCHNOW
NEIDA ILHA
FERNANDA SARTURI
JOSÉ LUÍS GUEDES DOS SANTOS
LUCIMARA ROCHA
ROSÂNGELA MARION DA SILVA
VÂNIA MARTA PRADEBON
ADELINA GIACOMELLI
PROCHNOW
NEIDA ILHA
MAIRA BUSS THOFEHRN
ROSEMEIRE DOS SANTOS VIEIRA
JANAINA CAMARGO DE ALMEIDA
ANDRÉIA G. GIARETTA
ANGELA DA ROSA GHIORZI
WILZA ROCHA PEREIRA
MARIA TEREZA LEOPARDI
SORAIA DORNELLES
NÁDIA CHIODELLI SALUM
ELIANE MATOS
JADETE RODRIGUES GONÇALVES
LEOCARLOS CARTAXO MOREIRA
LEONOR GONÇALVES
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154
161
O ASSÉDIO MORAL SEGUNDO OS
ENFERMEIROS GERENTES DAS UNIDADES
BÁSICAS DE SAÚDE
DIFICULDADES DO ENFERMEIRO NO
CUIDADO AO IDOSO EM UNIDADE SEMIINTENSIVA
LITA MOORE ESPINOZA
ZÍDIA ROCHA MAGALHÃES
MARIA DO HORTO F. CARTANA
MARLY PESTANA PIETSCH
ELIZABETH MARIA LAZZAROTTO
MARIA SALETE DA SILVA BOZZA
TÂNIA MARIA DE OLIVA MENEZES
MARIA DE LOURDES AMORIM
ARAÚJO
TÂNIA MARIA DE OLIVA MENEZES
ANAILMA DA SILVA JESUS
ARAÚJO
ELFY M. WEISS
ANA IZABEL JATOBÁ DE SOUZA
LAURA CRISTINA DA SILVA
162
PERDAS E GANHOS NA APOSENTADORIA
179
IMPRESSÕES E EXPRESSÕES DO ESTÁGIO
DE PEDIATRIA NO CONTEXTO DA
FORMAÇÃO ACADÊMICA DE ENFERMAGEM
DA UNISUL
O PROCESSO DE TRABALHO DA EQUIPE DE BEATRIZ ROSANA GONÇALVES
ENFERMAGEM NO CUIDADO À CRIANÇA: DE OLIVEIRA
UMA REVISÃO DA LITERATURA
DIANE MILITÃO YAMAMOTO
CLÁUDIA SILVEIRA VIERA
NEUSA COLLET
CONCEPÇÕES DE ENFERMAGEM: UMA EMILIA BEATRIZ MACHADO SOUABORDAGEM TEÓRICA
ZA
EVANGUELIA KOTZIAS ATHERINO DOS SANTOS
MARIA BETTINA CAMARGO BUB
INTEGRALIDADE E CUIDADO: PRINCÍPIO JANICE DE MORAES BLOIS
NORTEADOR DAS AÇÕES DE SAÚDE
CLÁUDIA REGINA LIMA DUARTE
DA SILVA
KENYA SCHMIDT REIBNITZ
MARIA DO HORTO FONTOURA
CARTANA
SANDRA MARCIA SOARES
SCHMIDT
SOELI TERESINHA GUERRA
VÂNIA MARLI SCHUBERT BACKES
A CONDIÇÃO HUMANA NA CONTEMPO- MAIRA BUSS THOFEHRN
RANEIDADE: COMPREENSÃO DO PROCESSO
DE TRABALHO NA SAÚDE
SAÚDE
DO
TRABALHADOR
E MARTA REGINA CEZAR-VAZ
CONHECIMENTO SOBRE SITUAÇÕES DE JORGANA FERNANDA DE SOUZA
RISCO: UM ESTUDO COM TRABALHADORES SOARES
PORTUÁRIOS AVULSOS NO MUNICÍPIO DO VALDECIR ZAVARESE DA COSTA
RIO GRANDE – RS – DADOS PRELIMINARES
CLARICE ALVES BONOW
CYNTHIA FONTELLA SANT’ANNA
LETÍCIA DA SILVEIRA CARDOSO
O CUIDADO DOMICILIAR À SAÚDE PRATI- MARIA RIBEIRO LACERDA
CADO PELOS PROFISSIONAIS DO PROGRA- CLÉLIA MOZARA GIACOMOZZI
MA DE SAÚDE DA FAMÍLIA
TATIANA BRAGA DE CAMARGO
RAMONE APARECIDA
PRZENYCZKA
PRAZER E SOFRIMENTO DO TRABALHADOR: ERIKA BOLLER
DESAFIOS PARA A PRÁTICA DE ENFER- JULIANA MARCHIORI LARA
MAGEM
SANDRA MARIA VANINI
A RELAÇÃO ENTRE O CUIDADO DE SI DOS SAMANTHA REIKDAL OLINISKI
191
196
199
211
217
231
233
235
59
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240
250
253
262
266
PROFISSIONAIS DE SAÚDE E SEU AMBIENTE
DE TRABALHO: UM ENFOQUE NAS
INTERAÇÕES HUMANAS
REDES SOCIAIS E SAÚDE
O CUIDADO À SAÚDE: A VIGILÂNCIA À
SAÚDE E OS SABERES NORTEADORES DA
PRÁTICA
MARIA RIBEIRO LACERDA
HARALDO CESAR SALETTI FILHO
CLARICE ALVES BONOW
SIBELE DA ROCHA MARTINS
VALDECIR ZAVARESE DA COSTA
CYNTHIA FONTELLA SANT’ANNA
LETÍCIA SILVEIRA CARDOSO
ALÍSIA HELENA WEIS
MARTA REGINA CEZAR-VAZ
ENFERMAGEM, TRABALHO E SAÚDE: CENAS DAIANE DAL PAI
E ATORES DE UM SERVIÇO PÚBLICO DE LIANA LAUTERT
PRONTO SOCORRO
SIGNIFICADOS DE “RISCO HUMANO” E MARTA REGINA CEZAR-VAZ
PROCESSO DE TRABALHO – UM ESTUDO NA CYNTHIA FONTTELLA
REDE BÁSICA DE ATENÇÃO À SAÚDE DAS SANT’ANNA
FAMÍLIAS NO MUNICÍPIO DE RIO GRANDE LETÍCIA SILVEIRA CARDOSO
CLARICE ALVES BONOW
VALDECIR ZAVARESE DA COSTA
JORGANA FERNANDA DE SOUZA
SOARES
MARIA CRISTINA FLORES SOARES
ANA LUIZA MUCCILLO-BAISCH
CONCEPÇÕES
FILOSÓFICAS
DE
UM DENISE KRIEGER KOECHE
CURRÍCULO DE ENFERMAGEM: O CUIDADO JAQUELINE APARECIDA ERIG
INTEGRAL COMO EIXO NORTEADOR
OMIZZOLO
KENYA SCHMIDT REIBNITZ
TÂNIA MARA DA SILVA BELLATO
SILVIA REGINA MORAES
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O conteúdo e a estrutura dos textos constantes nos RESUMOS, RESUMEN e
ABSTRACT aqui publicados são de inteira responsabilidade dos autores.
The Abstract published in this book are the author’s responsibility.
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PAINEIS/PANELS
RESUMO, ABSTRACT, RESUMEN
* Os demais resumos expandidos dos painelistas serão publicados posteriormente.
* The other abstract are going to be published later.
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PAINEL/PANEL I - ÉTICA E ESTÉTICA DO CUIDADO EM SAÚDE/ETHICS AND A
ESTHETICS IN HEALTH CARE
ALLOCATION OF SCARCE RESOURCES IN HEALTH CARE: VALUES AND CONCEPTS
PER-ERIK LISS1
ABSTRACT: In many countries, a gap exists between the population’s need for health care and
available resources. These nations have attempted to eliminate or reduce the gap through such
activities as improving efficiency and narrowing responsibilities. Since these measures have proven
insufficient, decisions must be made regarding how to best use the scarce resources. The prioritysetting and rationing processes involve key decisions in the sense that they have consequences for
people’s health and quality of life and they should therefore be rational and based on solid grounds.
This means that the decisions involve three issues – facts, concepts and values. In this presentation the
focus is on the conceptual and value issues. A basic ethical platform as a guide for decision-making will
be presented. The ethical principles that constitute the platform contain central concepts like health
care need, cost-effectiveness, health and goal. A short presentation of these concepts will be carried
out. This will end with the concept of a goal and its importance for decision-making. Finally, a few
ethical conflicts concerning allocation of scarce resources in health care will be presented.
1
University of Linköping – Suécia.
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PAINEL/PANEL I - ÉTICA E ESTÉTICA DO CUIDADO EM SAÚDE/ETHICS AND A
ESTHETICS IN HEALTH CARE
A COMPAIXÃO ENTRE O PÚBLICO E O PRIVADO
SANDRA CAPONI1
RESUMO: Tomando como ponto de partida as reflexiones de Virginia Woolf intentamos analisar de
que modo três mulheres tematizaram, em diferentes momentos históricos, a questão da compaixão e
sua relação com os âmbitos do público e do privado. Virginia Woolf afirma que a literatura e a
escritura devem construir-se por oposição aos valores e ás emoções próprias da vida privada. Susan
Sontag refere-se à fotografia para analisar o fenômeno da violência e sua relação com os vínculos
políticos. Por fim, a partir de Hannah Arendt discutimos as relações existentes a distinção públicoprivado, a dualidade emocional e racional e as clássicas oposições atribuídas aos gêneros.
COMPASSION AMONG PUBLIC AND PRIVATE
ABSTRACT: Using the reflections of Virginia Woolf as a reference point, we intended to analyze in
what way three women, in different historical moments, thematicized the question of compassion and
its relationship to the public and private environments. Virginia Woolf affirms that literature and
writing should construct themselves for the opposition of values and to one´s own emotions in private
life. Susan Sontag refers to photography in order to analyze the phenomenon of violence and its
relationship with political ties. Finally, Hannah Arendt bases our discussion concerning the existing
relationships in the public-private distinction, the emotional and rational duality, and the classic
oppositions attributed to the genres.
1
Universidade Federal de Santa Catarina – Brasil.
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PAINEL/PANEL I - ÉTICA E ESTÉTICA DO CUIDADO EM SAÚDE/ETHICS AND A
ESTHETICS IN HEALTH CARE
EMBODIED ENGAGEMENT IN CONTEMPORARY PRACTICE: A RELATIONAL
ETHICS PERSPECTIVE
WENDY AUSTIN1
Abstract: Relational ethics encompasses traditional approaches to health ethics that focus on moral
reasoning (e.g., principlism), but shifts attention to relationship as the source of ethical action. Within
this perspective on health ethics, concepts such as engagement, the role of emotion in rationality, the
moral habitability of practice environments, and the reality of uncertainty and vulnerability become
primary (Austin, Bergum & Dossetor, 2003; Bergum & Dossetor, 2005). Responsibility, mutual
respect, interdependency and the need for genuine dialogue are emphasized. Contemporary
philosophers, like Gadow (1999) posit that relational engagement is a moral connection that provides a
way to ethical knowledge. Within health care, it is the relationship created between patient and
caregiver that shapes the moral space within which ethical action occurs. Gadow conceives of this
space as a world patient and professional inhabit together (Gadow, 1995; Hess, 2003). It is sharing this
space (rather than the provision of a service from one to the other) that keeps both patient and
professional safe in their mutual vulnerability. For Gadow (1995), without engagement, patients are
alone no matter how many professionals surround them. Professionals, without empathic connection
with patients, cannot fulfill their fiduciary promise to them (Reynolds, Scott, & Austin, 2000). Yet, it
can be argued, contemporary healthcare systems do not support and, in many respects, actively
undermine, embodied engagement. Foundationally, when care is situated within a paradigm of
scientific objectivity and biotechnological expertise, person to person connection can be diminished.
Paternalistic attitudes are difficult to avoid, and engagement becomes primarily actualized within
legalistic efforts to gain informed consent from one’s autonomous patient. When health care is further
situated within a system increasingly dominated by market rationalization, engagement becomes a
matter of customer service. Genuine engagement is embodied, involving relationship between whole
persons. Trust and compassion, as basic components of human relations, need to be present. Research
reveals, however, that health professionals are struggling to enact trust and compassion in practice.
Moral distress is becoming recognized as a significant reason for health professionals to leave their
place of employment and even their discipline. Professionals who acknowledge responsibility to
patients, families, colleagues and to the wider community feel less trustworthy when they are unable to
act effectively in fulfilling this responsibility. The concept of “compassion fatigue” resonates within the
professional lives of many who try to function competently and ethically in a system unresponsive to
their concerns. In this presentation, the constraints and challenges of meaningful engagement will be
discussed, in relation to relational ethics research. If openness to others and to their situation is the
beginning of ethics, as is argued by philosophers whose work informs relational ethics, then in health
care we must address any and all barriers to that openness as it is lived (or not lived) by individual
professionals within the immediacy and complexity of their practice. If, as has been also argued,
disengagement and detachment are the source of maleficence within healthcare systems (Schultz &
Carnevale, 1996), addressing such constraints and challenges becomes particularly urgent.
1 RN, Ph.D., Professor and Canada Research Chair (Relational Ethics in Health Care), Faculty of Nursing and the Dossetor Health
Ethics Centre, University of Alberta, Edmonton, AB, Canada.
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PAINEL/PANEL II - A NATUREZA DO CUIDADO EM SAÚDE/THE NATURE OF HEALTH
CARE
CUIDADO POLICONTEXTURAL DE LA SALUD. BASES FILOSÓFICAS
MIGUEL ÁNGEL BRICEÑO GIL1
RESUMO: De la lógica dicotómica a la lógica policontextural (G. Günther) La hipótesis de una
lógica única (en el modo de comprensión jerárquica de la realidad: una realidad, una verdad, un Dios,
una naturaleza, una sociedad, etc.) podría no tener más fundamento que la hipótesis de la policontexturalidad: distintos contextos de preguntas con distintas metalógicas, y sin tener que presuponer
ni una realidad, ni una verdad o una lógica. En la lógica policontextural de Gotthard Günther (19001984)2, la primitiva dicotomía del "tertium non datur" es sustituida por la poli-contexturalidad. No se
trata aquí de negar la validez interna de los postulados básicos de la lógica clásica (Identidad, No
contradicción, Tertium Exclusum), un marco conceptual cuya utilidad se ha mostrado en los avances
logrados por las distintas teorías y modelos científicos. Günther trabajó por reinterpretar la idea de la
dialéctica que pasó de Proclo a Hegel, y de ahí llegó a la concepción de una lógica trans-clásica. Intentó
pues desarrollar una lógica que formalizara los procesos de reflexión regulando las operaciones del
observador, no sólo dictando reglas sobre relaciones válidas o inválidas (de inferencia etc.) entre los
contenidos de tales operaciones. La idea de la Lógica Policontextual, la cual se originó en el estudio de
Hegel, Schelling y la Cibernética, es una extensión de la lógica clásica para cubrir simultáneamente
locaciones ontológicas activas. El núcleo central es el desarrollo de una teoría filosófica y una
matemática de sistemas dialécticos y auto-referenciales, es una teoría cibernética de la subjetividad y
una interacción entre cognición y volición. La Lógica Policontextual es una lógica de muchos sistemas,
una diseminación de la lógica en la cual el sistema lógico clásico (llamado “contextures”) está en
condiciones de intractuar con la de cada una de los sistemas en cuestión, resultando una complejidad
que es estructuralmente diferente de la suma de sus componentes. No obstante, no cae en la categoría
de lógica borrosa y ofrece un nuevos conceptos formales tales como operaciones multinegacionales y
transjuncionales. La coexistencia, en tanto heterarquía, de infinitas locaciones lógicas, solo puede ser
descrita en un sistema policontextual de relaciones no clásicas. Es una relación “proemial” (relaciones
de prefacios) de diferencias de relaciones entre “relator” y “relatum” que provee la fundación de la
lógica y la matemática a un nivel más profundo y con un potencial de abstracción donde emergen las
reglas de los mecanismos de distribución y medición formal entre sistemas. La Lógica Policontextural
ha sido inicialmente desarrollada en estudios realizados por Günther y McCulloch sobre los trabajos de
Hegel, Schelling y la Cibernética. Su objetivo fue desarrollar una teoría filosófica y una matemática de
sistemas dialécticos y auto-referenciales como una teoría cibernética de la subjetividad donde se
destaca una interacción entre cognición y volición. La podemos resumir como una lógica de múltiples
sistemas, habilitados para interactuar entre sí, produciendo una complejidad que es estructuralmente
diferente de la suma de sus componentes. Esta lógica no entra en la categoría de lógica difusa (fuzzy) o
continua u otros sistemas lógicos anticonvencionales. Günther comienza por observar que hasta
ahora se tiene establecido que la mente humana sólo puede pensar con las categorías Aristotélicas3.
Instituto de Filosofía, Universidad Central de Venezuela. E-mail: [email protected]
Gotthard Günther nació el 15.06.1900 in Arnsdorf (Germany). Su doctorado fue la primera versión de su libro “Fundamentos de una
nueva teoría del pensamiento en la Lógica de Hegel” En el Congreso Internacional de Filosofía (Bruselas, 1953) Günther presentó la primera
versión de su concepto de lógica transclásica no aristotélica. Desde 1961 hasta 1972 Günther trabajó en la Universidad de Illinois
desarrollando sus ideas fundamentales de Policontexturalidad. Luego se su retiro continuó trabajando en una teoría de los lenguajes
formales negativos que presentó en 1979 en el Congreso Hegel de Belgrado. Murió de 84 en el ‘84.
3 Gotthard Günther 1959. Lógica Aristotélica y NO- Aristotélica. Septiembre 2, 1997.
http://www.vordenker.de/gunther_web/aristotelian.htm
1
2
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Pero detecta que la inteligencia, sin embargo, trabajará diferente y podrá en el futuro "pensar" en
formas no-aristotélicas de razonamiento, las cuales y se han aplicado a la mecánica cuántica, y su
campo más importante probablemente estará en las ciencias sociales y en la cibernética. También
observa a la Geometría de Euclidiana, la cual descansa sobre axiomas arbitrarios y detecta que si se
reemplazan por un juego diferente de asunciones se puede hacer una geometría diferente, como por
ejemplo, la Geometría Fractal. De allí, al igual que muchos lógicos se pregunta si lo mismo también no
podría aplicar al sistema lógico como tal. Potencialidades del sistema lógico policontextural - Este
aparato lógico policontextural permite modelizar formalmente y sin contradicción procesos cognitivos
y volitivos. En una lógica monocontextural, la expresión A= - A (A igual a No-A) implica que A no
puede ser una proposición, pues en esa lógica una proposición es o verdadera o falsa (es una de ambas,
según el principio de identidad, no puede tomar a la vez ambos valores, según el principio de
contradicción prohibida, y no puede toma otro valor, esto es, tertium non datur. Pero ahí está el
problema de la descripción formal de sistemas y procesos complejos como es el de la vida. Si se intenta
modelizar tales procesos en un marco monocontextural, entonces, o hay que "reducir" el sistema (y
dejar fuera aspectos inicialmente válidos) o habría que aceptar bucles de justificación circular (Second
Order Cybernetics). Hay que notar que toda medición (física, química) automáticamente fija una
contextura (aunque el sujeto no sea consciente de ello). Esto se debe a que sólo se miden diferencias
dentro del mismo contexto y sobre una misma lógica como base a la cuantificación. El observador
efectúa pues su observación-medición y al no observarse en esa observación ni siquiera toma
conciencia de los presupuestos de su operación. En las ciencias de la naturaleza, o en la teoría
económica construida en el mismo paradigma ni siquiera se distingue entre mono- y policontexturalidad. La reflexión a nivel de meta-observación sobre la observación teórica en que se opera
con el concepto de policontexturalidad es el marco en que es posible una teoría de sistemas complejos
que, a su vez, posibilita una observación en estado de oscilación (concepto de la teoría del caos) entre
modelos estructurados en orden jerárquico (normalmente unidos a formalización lógico-deductiva) y
modelos estructurados en hetero-jerarquía. Y así esta reflexión puede realizarse en un lenguaje
formalizado que no siga los principios de la lógica aristotélica ni los postulados de la reflexión
transcendental a lo Kant. Esta liberación frente al dictado de la lógica monocontextural es lo que abre
el horizonte a una observación de la complejidad en que se modelizan, en uno u otro lenguaje, estados
de cosas como los campos de problemas de la biología molecular, los sistemas sociales, y, con una
relevancia creciente, abre también el horizonte a una verdadera meta-observación transdisciplinar, pues
cada disciplina elige su propia contextura y sólo el uso de la policontexturalidad permite formular en
esa meta-lógica las relaciones transdisciplinares. Paradigma Policontextural del Cuidado de la Vida en
Sociedad - Desde hace varias décadas se trata de observar los fenómenos naturales desde un punto de
vista integral y transdisciplinario, dado por la compresión de que los seres vivos y el ambiente donde
existen son complejos y no lineales, obviamente esta perspectiva de visualizar lo complejo, de trabajar
inter y transdisciplinariamente tiene que ser aplicada en el área de salud, para que tanto como el
personal que labora en ella, así como los estudiantes de las diversas carreras rompan los viejos
paradigmas de cómo se visualiza el enfermo, su entorno y las medidas que se usan para su atención.
Tradicionalmente existía el modelo biomédico-científico-natural, cuyo enfoque era
predominantemente mecanicista, en el cual a la persona humana se le veía como una máquina,
compuesta de partes o aparatos. Un adelanto importante es el enfoque integral donde se incluyen los
aspectos somato-psico-socio-ecológico-cultural y siendo el hombre un sistema complejo se debe
considerar en relación a su cuidado, un concepto positivo e integrativo de la salud, donde se incluyan
estudios sistemáticos de las relaciones entre los factores salud y la enfermedad ,con la aplicación de
principios científicos y éticos al estudio de los fenómenos subpersonales que afecten la salud;
empleando procedimientos y recursos naturales y tratando de abarcar los aspectos sociales,
psicológicos y biológicos que determinan la distancia para evitar los procedimientos invasivos y no
ortodoxos para tratar las enfermedades; con un enfoque integral y humanista. Las Ciencias de la Salud
no se pueden centrar en el problema de la enfermedad, sino en el individuo que la padece, tomando en
cuenta un contexto particular que comprenda todas las variables sociales humanas y culturales. Dicho
de otra manera, significa que no puede considerarse la enfermedad como una identidad independiente
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del que la padece. Así la causalidad del fenómeno enfermedad es múltiple y las variables que
intervienen son infinitas por tanto no llevara a un abordaje adecuado fragmentarlo dándole
exclusivamente un enfoque biológico, sino enfocándolo desde todas las variables de manera
bidireccional. Debe buscarse una verdad más rica que asigne a la biología y la cultura humana un rol
recíproco de mayor amplitud si queremos una compresión en profundidad de esta interacción, sin
limitarse a la observación de los puntos de contacto entre ambas disciplinas. Así se desea una teoría
auténticamente abierta multidimensional y compleja, donde debemos buscar los fundamentos en una
lógica de la complejidad y de la autoorganización, por lo que será imposible concebir una antropología
sin ecosistemología. La naturaleza del hombre cabe buscarla en la interrelación, la interacción y la
interferencia que comporta el carácter policéntrico de la ciencia del hombre.
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PAINEL/PANEL II - A NATUREZA DO CUIDADO EM SAÚDE/THE NATURE OF HEALTH
CARE
A EMPATIA
GERARD JORLAND1
RESUMO: A empatia é analisada como uma forma de representação que constitui nossa intersubjetividade. Fazendo uma análise histórica do conceito pretende-se mostrar que após Adam Smith a
empatia há migrado de uma a outra disciplina passando pela estética, a moral, a história natural, a
psicologia, a filosofia e a teologia. Esse conceito nômade aparece a cada vez que se coloca em questão
um conhecimento, não de nos mesmos nem de nosso mundo psíquico, mas de nossa relação com os
outros.
EMPATHY
ABSTRACT: Empathy is analyzed as a form of representation that constitutes our inter-subjectivity.
Providing a historical analysis of the concept, we intend to show that since Adam Smith, empathy has
migrated from one discipline to another, passing through aesthetics, morality, natural history,
psychology, philosophy, and theology. This nomadic concept appears more and more to place
knowledge in question, and not ourselves, not our psychic world, nor our relationships with others.
1
Collége de France – França
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PAINEL/PANEL II - A NATUREZA DO CUIDADO EM SAÚDE/THE NATURE OF HEALTH
CARE
PERCEPTIONS OF NURSING CARE BY NURSES AND PATIENTS
RICHARD W. REDMAN1
ABSTRACT: There are documented similarities and differences in how nursing care is perceived by
nurses and patients, depending whether the perspective is broader, such as societal, or at the individual
care giving level. At the societal level, nursing organizations in most countries have formal statements
that establish the parameters of the nursing profession, scope of practice, and an ethical framework
that addresses the role of nurses in meeting the public interest and the changing needs of society.
Individually, nurses focus on duty and responsibility to deliver quality care and advocacy on behalf of
the patient. Patients focus on a number of dimensions related to respect, coordination and continuity
of care, information needs, and physical comfort. This presentation focuses on common dimensions
in the perceptions of nurses and patients and the implications for knowledge development needs in
nursing and health care.
1
Professor, Director of Doctoral and Post-Doctoral Studies, School of Nursing, University of Michigan, Ann Arbor, MI, USA
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SESSÕES COORDENADAS/ORAL SESSIONS
RESUMOS, ABSTRACT, RESUMEN
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EIXO TEMÁTICO 1 - ÉTICA E ESTÉTICA DO CUIDADO EM SAÚDE
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16 INTERNAÇÃO EM UTI: O SIGNIFICADO DA EXPERIÊNCIA VIVENCIADA PELOS
FAMILIARES
LUIZ ANTONIO BETTINELLI1
ALACOQUE LORENZINI ERDMANN2
RESUMO: As características tecnológica e científica, da UTI, tornam evidente a priorização de
procedimentos técnicos de alta complexidade, por parte dos profissionais do intensivismo. Tal
priorização, importante como suporte à manutenção da vida do ser humano, torna secundários outros
aspectos, no desenrolar do processo. O ambiente da UTI, muitas vezes, significa para a família uma
ruptura da interdependência afetiva e emocional com o familiar internado. Entretanto, a família faz
parte do processo, devendo também receber a atenção e o apoio dos profissionais da saúde. Para isso,
é necessário conhecer as questões relacionadas com o significado dessa internação e suas implicações
na vida e no cotidiano dos familiares, e com isso, promover estratégias de intervenção. Por outro lado,
a presença da família tem de ser valorizada, pois auxilia na manutenção dos laços afetivos e na
recuperação da saúde do paciente. Estudo teve como objetivo compreender os significados das
vivências e experiências dos familiares, durante a internação de pacientes numa UTI geral. A questão
que norteou o estudo: como você vivencia a internação de seu familiar na UTI e que significado atribui
a essa experiência? Metodologia: Estudo com abordagem qualitativa, realizado com 16 familiares de
uma unidade de terapia intensiva geral, num hospital de ensino do interior do RS. Os participantes,
pela primeira vez, vivenciaram a internação de um familiar em UTI. Fez-se com eles entrevistas, após
o agendamento e a assinatura do Termo de Consentimento Informado. O estudo teve a aprovação do
Comitê de Ética em Pesquisa, respeitando a Resolução 196/96. A análise temática permitiu a
construção de cinco categorias. Resultados: Admissão do paciente na UTI. Os profissionais do
intensivismo centram sua atenção no cuidado aos pacientes internados, nos problemas fisiológicos e
execução de procedimentos, nos cuidados com drenos, sondas, soros e equipamentos, dentre outros.
Essa preocupação acaba induzindo os profissionais a não darem atenção aos familiares. Os dados
demonstraram a pouca disponibilidade ou acolhimento à família. Existe a preocupação dos
profissionais no momento da internação, recepcionando o paciente, porém aos familiares não é dada a
oportunidade de participação no processo sendo tratados como não tendo nenhum vínculo com o
paciente. Essas atitudes denotam o quanto é deixado de lado a atenção aos familiares. Impacto do
desligamento. A compreensão e escuta dos anseios e mensagens dos familiares, durante o período da
internação na UTI - período de padecimento, de fragilização sentimental e vulnerabilidade - é um
desafio para os profissionais do intensivismo. É fundamental escutar o familiar, ajudá-lo a sentir-se
mais seguro, proporcionando-lhe um ambiente acolhedor e receptivo. Os momentos de preocupação
e estresse dos familiares, em decorrência até da transitoriedade da vida, podem produzir sintomas e
disfunções. O processo de separação, e talvez a perspectiva da perda de um ente querido, é um
fenômeno multifacetado que se propaga por toda a família. Nesse sentido, é imperiosa a necessidade
adaptativa de todos, ou seja, o reconhecimento compartilhado da realidade, a experiência comum da
perda e a reorganização familiar. O pouco acolhimento e as visitas reduzidas. Durante a internação do
paciente na UTI, os familiares descrevem que não sabem a quem recorrer, ficando, invariavelmente,
susceptíveis à perda da identidade e à falta de apoio dos profissionais do intensivismo. Apesar de os
profissionais terem consciência da necessidade do cuidado à família, o mais valorizado é a tentativa de
devolver o “equilíbrio” fisiológico ao paciente. A estrutura das UTIs, complexas e normatizadas, induz
inevitavelmente à despersonalização das relações. Convém mencionar a importância do acolhimento
Professor Titular III na Universidade de Passo Fundo – RS. Doutor em Enfermagem pela Universidade Federal de Santa Catarina.
E-mail: [email protected]
2 Professora Titular do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina. Doutora em Filosofia da
Enfermagem pela PEN – UFSC.
1
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dos familiares na UTI e que a inclusão de pessoas significativas no processo do cuidado oferece maior
compreensão daquele contexto1. A família constitui uma forma de ajuda ao paciente, diminuindo as
alterações emocionais e psicológicas e assim, facilitando a sua recuperação. A humanização do
ambiente hospitalar e da UTI perpassa também o cuidado aos não-doentes, isto é, à família. A partir
dos depoimentos sentimos a realidade desse distanciamento. Depreende-se, portanto, que há pouco
envolvimento e preocupação com os membros da família. Suporte da espiritualidade. Os dados
revelaram que a espiritualidade continua sendo um valor privilegiado para as pessoas, principalmente
nas horas difíceis. A fé parece ser tão importante quanto às dimensões físicas e econômicas, sociais e
afetivas. A espiritualidade, mesmo no mundo tecnologizado, é uma força à qual as pessoas se apegam,
pois ela tem o poder de sensibilizar e mobilizar o ser humano, sobretudo nos momentos de
dificuldades. As convicções religiosas facilitam a união da família e as trocas de ajuda nas relações
sociais. Os profissionais da saúde reconhecem que, diante de uma perda, da angústia e do medo, num
primeiro momento, as pessoas criam um sentimento de revolta, achando injusto o que acontece.
Partem para a busca de algum apoio, no caso, em forças divinas e sagradas, na religiosidade. É
importante reconhecer este momento doloroso da família, assumindo uma atitude ética de respeito à
dor, ao sofrimento e à escolha de alternativas segundo suas crenças. Julgamos ser preciso repensar a
formação do profissional, contemplando também aspectos espirituais e sensibilizando os docentes
para que estimulem discussões entre os acadêmicos sobre a importância desse tema. Acrescenta-se,
que, no cuidado, é necessário integrar a espiritualidade com questões vinculadas ao sentido da vida e à
fé, para dar apoio aos pacientes. Privacidade do paciente. Zelar pela privacidade protegendo a
exposição do corpo do paciente em UTI é um desafio para os profissionais da saúde. O respeito ao
espaço pessoal e ao corpo do paciente tem sido de vários modos violados, pois para o desempenho
das funções técnicas assistenciais, é necessária a manipulação do corpo, várias vezes ao dia. Os
profissionais, de uma forma implícita, sentem-se autorizados a tocar nos pacientes quando da
prestação do cuidado. Percebe-se a preocupação da família com o pudor e a exposição do paciente no
ambiente da UTI. A privacidade é um direito do paciente hospitalizado, que não deve ser submetido à
sua violação, nem à manipulação por pessoas estranhas. E um princípio contido no Código de Ética
dos Profissionais da Enfermagem, nos Arts. 27 e 28, ou seja, respeitar e reconhecer o direito do
paciente de decidir sobre a sua pessoa, seu tratamento e seu bem-estar; além do seu natural pudor,
privacidade e intimidade durante os cuidados profissionais. Ainda, no Art. 23, prestar assistência de
enfermagem, sem discriminação de qualquer natureza. E, no Art. 3º, o profissional de enfermagem
deverá respeitar a vida, a dignidade e os direitos das pessoas, em todo o seu ciclo vital, sem
discriminação ou forma de constrangimento de qualquer natureza. Portanto, é fundamental aos
profissionais da saúde reconhecer, que a manipulação do corpo do paciente e a invasão da privacidade,
devem ser repensados como um problemas éticos merecedor de nossa atenção. Considerações
finais: Apesar de estudos que mostram a necessidade da presença da família, junto ao paciente
internado na UTI, parece que não existe a devida preocupação com essa prática. É verdade que a
família muitas vezes demonstra dificuldade de compreensão e entendimento quanto ao estado de
saúde do paciente. Além disso, é comum a não-aceitação da enfermidade e das circunstâncias adversas
por ela provocadas. Se acreditamos que os vínculos afetivos e emocionais são dimensões humanas
importantes, devemos encontrar estratégias para respeitar a dignidade humana das pessoas envolvidas
nesse processo. A presença dos familiares poderia mostrar-se positiva até para aprenderem a lidar com
a realidade e dominar a ansiedade, a angústia e o sofrimento. O que pretende a família do paciente é
participar, de forma ativa, de toda a evolução do estado de saúde e dos cuidados, sinalizando para
repensar as questões da privacidade e intimidade dos internados. Portanto é necessário ampliar a
compreensão sobre a relação com os pacientes e as mensagens emitidas pelos familiares para que
assim se possa promover a humanização da assistência na UTI.
Palavras-chave: Cuidado; Familiares; Unidade de Terapia Intensiva; Privacidade.
ABSTRACT: The objective of this qualitative study is to understand the meaning of hospitalization at
the Intensive Therapy Unit (ITU) to the patients’ parents. People who are interviewed, from April to
December of 2003, 16 patients’ parents who were hospitalized at the ITU of an educational hospital,
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in a town in the state of RS. The study has the approval of the Ethics Committee in Research. From
the thematic analyisis emerged the following cathegories: the admission to ITU; the impact of the release and
the “parent impotence”; little welcome and reduced visitings; the importance of the spirituality support; patient’s privacy
lack. The disregard and little welcome by professionals of the intensivism, with parents, is recorded.
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36 A PERSPECTIVA ESTÉTICA NO CUIDAR/EDUCAR
JUNTO ÀS PESSOAS –
APROPRIAÇÃO E CONTRIBUIÇÃO DA SOCIOPOETICA
IRACI DOS SANTOS1
JACQUES GAUTHIER2
NÉBIA M. A. FIGUEIREDO3
CLAUDIA M. M. TAVARES3
EUZELI S. BRANDÃO4
ROSIMERE F. SANTANA4
RESUMO: Considerando que o cuidar de enfermagem tem uma característica que o diferencia do
cuidar de outros profissionais da área da saúde, inclusive destacando-se do modelo biomédico, neste
trabalho, apresenta-se a perspectiva estética como um instrumento metodológico e tecnológico para o
cuidar/educar junto às pessoas. Essa perspectiva fundamenta-se nos pensamentos de: 1. Gauthier e
Hirata, sobre o educar/cuidar, alertando para a responsabilidade ética de o cuidador ver no ato de
cuidar do outro a sua obrigação moral de educá-lo para o cuidar de si próprio. Vê-se que este é um
cuidado para o exercício da cidadania, da independência do cliente, inclusive da soberania de saber dos
profissionais de saúde, rumo á sua qualidade de vida; 2. Freire, sobre o educar junto às pessoas e não o
educar pessoas; 3. Eagleton, referente à ideologia da estética, distinguindo o termo estética do que
geralmente se refere à arte e à vida, do significado daquilo que se situa entre o material e o imaterial,
entre coisas e pensamentos, sensações e idéias, objetividade e subjetividade. Para desenvolver uma
investigação com a finalidade de discutir achados científicos apontando aspectos característicos da
essencialidade do cuidado prestado pela enfermeira, na perspectiva estética, considerou-se o aporte
teórico da filosofia da sociopoética, criada por Gauthier. Isto porque tal filosofia vem sendo
amplamente desenvolvida e implementada, há uma década, na enfermagem brasileira, além de nas
áreas de educação, psicologia e sociologia, através de pesquisas, abrangendo os fundamentos,
princípios e características dessa forma epistemologicamente diferenciada de abordar o humano como
ser político e social. Neste trabalho, delimita-se como objeto de estudo: a apropriação e contribuição
da filosofia sociopoética, como método de pesquisa, para desenvolver uma perspectiva estética no
cuidar/educar junto às pessoas. Neste sentido, foram formulados os objetivos: analisar os
conhecimentos produzidos com a pesquisa sociopoética, delimitando concepções que diferenciam a
enfermagem do modelo biologicista vigente na área da saúde; caracterizar a apropriação e contribuição
da sociopoética para implementar a perspectiva estética no cuidar/educar junto às pessoas. Método e
material: Utilizou-se a pesquisa descritiva qualitativa através da técnica de análise do conteúdo de 19
trabalhos conclusivos de pós - graduação stricto sensu ( teses e dissertações) realizados, no período de
1997 a 2005, em universidades públicas brasileiras, utilizando o método sociopoético. Os recortes dos
textos analisados enfocaram: principais referências de suporte teórico – metodológico considerando o
objeto de estudo, técnica de pesquisa utilizada pelo investigador, sujeitos de pesquisa e principais
conhecimentos ou conceitos produzidos. A análise da recorrência temática possibilitou verificar:
apropriação de princípios e fundamentos da sociopoética; aderência da produção de dados aos
conceitos sobre a ideologia da estética; aderência da produção de dados aos conceitos sobre
enfermagem revelando aspectos da perspectiva estética, ou do cuidado transdimensional, proposto por
Watson em 2003. Resultados: Entre os resultados destacam-se evidências da contribuição da
1 Professora Titular da UERJ. Doutora em Enfermagem/UFRJ. Coordenadora da Linha de Pesquisa O cuidar em saúde e
enfermagem, do Programa de Mestrado da Faculdade de Enfermagem/UERJ. End.: Rua General Roca, 572, apto. 901- Tijuca – Rio
de Janeiro-RJ. CEP 20521-070. e mail [email protected] Tel 21-22640540.
2 Doutor em Ciências da Educação/Université Paris 8.
3 Doutoras em Enfermagem /UFRJ.
4 Mestras em Enfermagem/UERJ.
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sociopoética para se desenvolver a perspectiva estética no cuidar/educar/ pesquisar junto às pessoas.
Observou-se que o suporte teórico utilizado nas teses e dissertações contemplava referências de Freire,
Deleuze e Guattari, Lourau e Barbier, pensadores contribuintes para a fundamentação filosófica da
sociopoética. As técnicas de produção de dados utilizadas pelos pesquisadores privilegiaram as
dinâmicas de grupo, de sensibilidade e as práticas artísticas, atendendo aos cinco princípios da
sociopoética, método que trabalha com o imaginário dos sujeitos de pesquisa. Na composição do
grupo pesquisador, dispositivo analítico considerado a alma da sociopoética, destacam-se: clientes,
profissionais de enfermagem, estudantes e familiares de estudantes. Refletindo sobre as características
desses sujeitos de pesquisa, pode-se considerar sua adequação para produzir conhecimentos sobre a
possibilidade de uma perspectiva estética na enfermagem, pois eles a vivenciam no seu cotidiano intra
e extra institucional. Nos conhecimentos/conceitos produzidos sobre o cuidar em enfermagem
ressaltam-se: 1. Prática de Enfermagem - um saber envolvendo questões morais, éticas, políticas e
sociais pela sua destinação privilegiada – o ser humano. O entendimento e a aceitação incondicional
da individualidade de um indivíduo por um outro que o atende em suas necessidades, sem também se
despir de sua própria individualidade, caracteriza-se numa relação humana altamente privilegiada; 2.
Cuidar - construção da enfermeira no instante de interação. Uma criação muito mais metabolizada do
que pensada que tem no corpo do cuidador o seu suporte. Cuidar é a possibilidade de promover o
crescimento, a autonomia e o desenvolvimento dos inumeráveis estados do ser (cuidador e o que é
cuidado); 3. Método para o cuidar - unir competência técnica à relação humanizada e sensível, ou seja,
implementar cuidados visando além do atendimento ás necessidades biológicas e terapêutico –
medicamentosa. Promover o diálogo, cuidado com o emocional, dar atenção, apoio emocional e
espiritual. Ter respeito, disponibilidade, tranqüilidade espiritual e confiança para se expor. Sobreleva-se
que esses conceitos eram pouco encontrados na literatura de enfermagem de décadas anteriores á
realização das pesquisas analisadas. Eles são compatíveis com a perspectiva estética e atendem aos
princípios da sociopoética; 4. Exigência para o cuidar em saúde - escuta e visão do ser na sua
totalidade, inclusive em relação às experiências vividas, tais como as de estar doente e ser cuidado pela
enfermagem. Cuidar numa perspectiva que focalize o cliente como pessoa, visando à compreensão
deste em sua complexidade. Nos conhecimentos produzidos sobre o educar, foram delimitados os
temas: 1. Aprendendo com a expressão corporal do pesquisador – descreve Carrero que os gestos do
professor podem ser ameaçadores, instrutivos, calorosos ou mesmo sensuais e se relacionam à indução
ou não da aprendizagem do cuidado de enfermagem, conforme a sua experiência de vida. O discurso
verbal do professor pode ser favorável ao ensino, mas o seu corpo pode discordar do que é dito. É
mais marcante para o aluno o que ele vê e vivencia do que o que ele ouve; 2. O corpo do educador
social de rua - descreve Adad que ele foi um dispositivo para uma máquina social. No momento de
invenção, a regra dessa máquina era produzir, enxertar sobre o produzir algo que carregasse um novo
produzir, algo que não reproduzisse o convencional, mas, sim, algo de seu. Nesses achados científicos
ratifica-se o pensamento de Freire: o ensino não depende apenas do conhecimento do professor, mas
da realidade que experiencia o aluno. O ensino - aprendizagem só se pode dar junto a e com alunos e
professores. É também neste sentido que se verifica a apropriação do princípio sociopoético referente
a transformar os sujeitos de pesquisa em co-pesquisadores, ou seja, não considerar as pessoas como
mero informantes, depositários do saber do professor; 3. Avaliação no processo educativo – analisa
Costa que esta deve ter o sentido de (re) significação na diversidade, o saber do senso comum
comungando com a ciência, com a arte, inventando o novo com base na autonomia, na criação. Deve
ser o encontro dos diversos saberes, numa relação de respeito à heterogeneidade, não desprezando os
saberes acadêmicos, pois só a partir desses e de sua re-elaboração é que se criam e inventam a arte e a
ciência; 4. Humildade no aprender: Castro Jr. destaca este pensamento de Mestre Bigodinho: fico
olhando, ouvindo, aprendendo, porque a pessoa quanto mais vive mais aprende. Nesses achados
científicos, observa-se a apropriação dos cinco princípios sociopoéticos, que dizem respeito à
autonomia das pessoas no processo de aprender e de participar exercendo sua cidadania no seu viver
em comunidade. Verifica-se, ainda, a apropriação do pensamento do criador da sociopoética: o
pesquisador é um ser humilde a buscar com outras pessoas o compartilhar de saberes, acadêmicos ou
não, manifestos gestual ou verbalmente. Conclusão: Concluiu-se que a filosofia sociopoética, aqui
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focalizada como método de pesquisa, contribuiu para a produção de novos conhecimentos, revelando
aspectos da dimensão subjetiva da prática de enfermagem no cuidar/educar junto às pessoas.
Refletindo sobre a produção de dados analisada, destacam-se os seguintes aspectos quanto ao cuidar
em enfermagem: os achados científicos podem fortalecer o desenvolvimento de instrumentos
metodológicos e tecnológicos essenciais à perspectiva estética. Para tanto, na formação do enfermeiro,
há que se ampliar a semiologia e semiotécnica, contemplando os aspectos subjetivos do ato, da arte de
cuidar. Quanto ao ensino: não se ensina em sala de aula apenas conteúdos curriculares. Os clientes
(alunos ou não) aprendem o que mais lhes interessa e o que devem evitar para sobreviver no mundo
de hoje. Necessidades para o cuidador/educador: humildade para reconhecer as pessoas (clientes ou
não) como parceiros no cuidar e no ser cuidado; no ensinar e na aprendizagem. Necessidades para
cuidar/educar junto às pessoas: ressignificar a concepção do enfermeiro (cuidador)/professor
(educador), pois a produção do conhecimento analisada demonstra que esta difere do paradigma
biologicista vigente.
THE AESTHETICAL PERSPECTIVE IN TAKING CARE OF/IN EDUCATING TOGETHER
ACE PEOPLE - APPROPRIATION AND CONTRIBUTION OF THE SOCIAL POETICS
ABSTRACT: Considering that taking care of nursing has a characteristic that differentiates it of
taking care of others professionals of the health area, also going beyond its link to the biomedical
model, in this work is presented an aesthetical perspective as metodological and technological
instrument to take care of / to educate together ace people. This perspective is based on the thoughts
about: 1) To educate / To take care of, from Gauthier and Hirata that alert for the ethical
responsibility of the caretaker to see in the act of taking care of the other its moral obligation to
educate him for taking care of himself. We see that this is a care for the exercise of the citizenship, of
the independence of the client, also of the sovereignty of knowing of the health professionals, towards
its quality of life; 2) To educate together ace people and not to educate people, of Freire ; 3) The
ideology of the aesthetic, of Eagleton, that distinguishes term “aesthetic” of that generally relates to
the art and to the life, of the meaning that is situated between the material and the incorporeal,
between things and thoughts, sensations and ideas, objectivity and subjectivity. For developing an
inquiry with the purpose to argue scientific findings pointing characteristic aspects of the
indispensability of the care given by nurse, in the aesthetical perspective, it also considered the
theoretical subsidy of the philosophy of the social poetics, created by Gauthier. Such philosophy
comes being widely developed and implemented, it has one decade, in the Brazilian nursing, beyond in
the areas of education, psychology and sociology, through researches, enclosing the bases, principles
and characteristics of this differentiated form of approaching the human being as political and social
entity. In this work, we delimited as study object: the appropriation and contribution of the social
poetics and political philosophy, as research method, for developing an aesthetical perspective in
taking care of / in educating ace people. In this manner, we were formulated the following objectives:
to analize the knowledge produced with the social poetical research, being delimited conceptions that
differentiate the nursing of the effective biological model in the area of the health; to characterize the
appropriation and contribution of the social poetical for implementing the aesthetical perspective in
taking care of / in educating together ace people. Method and material: It was used the qualitative descriptive research through the technique of analysis of the content of 19 conclusion works of post graduation "stricto sensu" (Theses and Dissertations) realized in the period from 1997 to 2005, in
Brazilian public universities, using the social poetical method. The clippings of the analyzed texts had
focused: main references of theoretical and methodological support, considering the study object,
technique of research used for the investigator, subjects of investigation and main knowledges or
concepts produced. The analysis of the thematical recurrence made possible to verify: appropriation of
principles and bases of the social poetics; adherence of the data production to the concepts about: the
ideology of the aesthetic; adherence of the data production to the concepts about nursing, disclosing
aspects of the aesthetical perspective or the transdimensional care considered by Watson (2003).
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Results: Among the results are detached evidences of the social poetical contribution for developing
the aesthetical perspective in taking care of / in educating together ace people. It was observed that the
theoretical support used in the theses and dissertations contemplated references of Freire, Deleuze and
Guattari, Lourau and Barbier, thinkers that contributed for the philosophical base of the social poetics.
The techniques of data production used by the investigators had privileged the dynamics of group, of
sensitivity and artistic practices, considering the five principles of the social poetics, method that works
with the imaginary of the research subjects. In the composition of the researching group, analytical
device considered the soul of the social poetics were distinguished: clients, nursing professionals,
students and the relatives. Reflecting about the characteristics of these research subjects, its adequacy
can be considered for producing knowledges about the possibility of an aesthetical perspective in the
nursing, therefore they live it intensily in their intra and extra- institucional quotidian. In the
knowledges/concepts produced about the nursing care, are stand out: 1. Nursing practice – A
knowledge involving moral, ethical, political and social questions, due to its privileged destination - the
human being. The comprehension and the unconditional acceptance of the individuality of a person
for another one that takes care of him in its necessities, without also neglecting its proper individuality,
characterizes a highly privileged relation; 2. To take care of - Nurse construction in the instant of
interaction. A creation much more metabolic that reflected that has in the of the caretaker its support.
To take care of is the possibility of promoting the growth, the autonomy and the development of the
myriad states of the being (caretaker and the attended); 3. Method for taking care of - To join
technique competence to an humanized and sensible relation, that is, to implement cares having in
view far beyond the satisfaction of biological, therapeutical and medication necessities. To promote
the dialogue, the care with the emotional aspect, to give attention, emotional and spiritual support. To
have respect, assessibility, spiritual tranquility and assurance for exposing himself. It is relevant that
these concepts were little found in the nursing literature, mainly of the anterior decades to the
accomplishment of the analyzed researches. They are compatible with an aesthetical perspective and
they observe the principles of the social poetics. 4- Requirement taking care in health – Attentive
listening and vision of the being in his totality, also in relation to lived experiences, mainly as to be sick
and to be assisted by the nursing. To take care of in a perspective that focuses the client as person,
aiming at to the comprehension of him in his complexity. In the knowledges produced on educating
were delimited the following themes: 1. Learning with the corporeal expression of the professor –
describes Carrero that the gestures of the professor can be threatening, instructive, warm or even
sensual and they are related to the induction or not of the learning of the nursing care, as his
experience of life. The verbal speech of the professor can be favorable to education, but his body can
disagree of that is said. The most important for the pupil is that he sees and lives deeply than he
listens; 2. The body of the social educator of street: describes Adad that it was a device for a social
machine. At the invention moment, the rule of this yearning engine was to produce, to incorporate on
the production something that did not reproduce the conventional, a copy with something of itself. In
these scientific findings, it is confirmed the thought of Freire: the education not depends only the
professor knowledge, but of the reality that experiences the pupil. The education - learning only can
give together and with pupils and the professors. It is also in this direction that we verifie the
appropriation of the social poetical principle, proposed by Gauthier, concerning to the transformation
of the research citizens into co- researchers, that is not to consider the people as mere informers,
repertoire of the professor knowing; 3. Evaluation in the educative process – describes Costa that it
must have the meaning of (re) signification in the diversity, the knowledge of the common sense
partaking with science, with the art, inventing the new on basis of the autonomy, in the creation. It
must be the meeting of the diverse knowledges, in a relation of respect to the variety, not disdaining
the academic learnings, therefore only from and their rework is that the art and science are created and
invented; 4- Humbleness in the learning: Castro Jr. presents the idea of Bigodinho Master: I remain
looking for, listening, learning, because the person the more lives more learns. In these scientific
findings, it is observed appropriation of the five social poetical principles, concerning to the autonomy
of the people in the learning process and of participating with the exercise their citizenship in the
things where they live in community. It is also verified the appropriation of the Gauthier thought: the
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researcher is a humble being that searches to partake learning with other people, academic or not,
manifested with gesture or verbally. Conclusion: It was concluded that the social poetical philosophy,
here focused as research method, contributed for the production of new knowledges, disclosing
aspects of the subjective dimension of the nursing practice in taking care of / in educating together ace
people. Reflecting about the data production analyzed, are distinguished the following aspects in
respecting of taking care in nursing: the scientific findings can fortify the development of
metodological and technological instruments essentials to the aesthetical perspective. For that reason,
in the nurse formation, we must extend the semiology and semiotechnique, contemplating the
subjective aspects of the act, of the art of taking care for. In respect of the education: we do not teach
in classroom only curricular content. The clients (pupils or not) learn what more interest to them and
what they must prevent to survive in the current world. Necessities for the caretaker / educator:
humbleness for recognizing the people (clients or not ) as partners in taking care of and in being
attended / in teaching and in learning. Necessities for taking care of / educating together ace people.
Ressignify the conception of the nurse (caretaker) / professor (educator), therefore the analyzed
production of the knowledge demonstrates that it differs of the effective biological paradigm.
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145 UM TEMPO PARA CHORAR: A FAMÍLIA DANDO SENTIDO À MORTE
PREMATURA DO FILHO
REGINA SZYLIT BOUSSO1
RESUMO: De todas as experiências da vida, a morte é para a família, a mais dolorosa. A negação da
morte pela sociedade aumenta esta dificuldade e, ao mesmo tempo, os avanços da medicina cada vez
mais colocam as famílias frente a decisões relativas à vida e à morte. Apesar de tais evidências, o
impacto do processo da morte da criança na família e as dificuldades da família diante da necessidade
de tomar decisões nas situações de doença, ainda é escasso na literatura. Embora muito já se tenha
escrito sobre a morte com o foco no indivíduo, este trabalho pretende explorar a morte e o processo
de decisão familiar como um fenômeno que envolve toda a família. A busca por um significado
sempre ocorre nas situações de doença e morte. A família está perplexa, cheia de perguntas existenciais
acerca das razões por que está passando por aquele sofrimento. A habilidade de encontrar significado e
dar sentido às suas vidas é fundamental para compreendermos o processo da família na tomada de
decisão. O conhecimento dos significados atribuídos pela família às suas experiências permite-nos
definir conceitos, fortalecer teorias, aperfeiçoar métodos de pesquisa com família, ajudando os
profissionais a intervirem efetivamente, respeitando as subjetividades das famílias diante das situações
de perda, luto e tomada de decisão. Objetivos: Compreender o processo de decisão familiar sobre a
doação de órgãos do filho considerado doador potencial e construir um Modelo Teórico sobre a
experiência da família. Método: Utilizou-se como referencial teórico o Interacionismo Simbólico e
como referencial metodológico a Teoria Fundamentada em Dados. Os dados foram coletados
mediante entrevistas. Participaram do estudo 37 familiares de 13 famílias. As entrevistas foram
gravadas, transcritas e analisadas utilizando-se o método de comparação constante dos dados, no qual
são identificadas similaridades e diferenças, fazendo emergir as categorias e se buscando a
conceitualização teórica. Resultados: A análise comparativa dos dados possibilitou desvendar o
significado da experiência da família no processo de decisão sobre a doação de órgãos do filho
considerado doador potencial. O processo de tomada de decisão da família é composto por quatro
fases: (1) “Vivendo o impacto da tragédia”, (2) “Trabalhando com as incertezas da morte encefálica”,
(3) “Manejando o problema da decisão” e (4) “Reconstruindo a história da morte da criança”. A
análise das fases, bem como de suas categorias, e da maneira como interagem na experiência da
família permitiu identificar o processo denominado TENTANDO MINIMIZAR A DOR E
ALIVIAR O SOFRIMENTO. A experiência começa com a família vivendo o impacto da tragédia,
caracterizada pelo anúncio do acidente e da internação da criança na UTI. O desconhecimento dos
detalhes dos momentos que antecederam a tragédia ou do que causou o agravamento do quadro
clínico faz com que a família se perceba sem recursos para entender o que levou a criança a esta
situação e passa a viver a experiência tendo um vazio na história da tragédia. A sua experiência segue
com a piora do quadro clínico, a notícia da provável morte encefálica e a apresentação da possibilidade
da doação de órgãos. O anúncio da morte encefálica faz com que a família elabore estratégias que
diminuam suas incertezas e que a ajudem a compreender e a aceitar a possibilidade da morte da
criança. A família está vivenciando uma situação nova, inusitada, repleta de eventos pouco familiares
para ela e, por isso, vai gerando estratégias que a auxiliem a enxergar a realidade. O suporte social
recebido por ela influencia fortemente na redução das incertezas. A família interpreta a situação e
busca nas interações sociais uma confirmação para sua interpretação. A confirmação da realidade
definida ou o oferecimento de novas formas de enxergar a situação ajuda na redução da incerteza.
Neste contexto de dor e sofrimento, compreender as informações recebidas e interpretar os
comportamentos da equipe tornam-se um desafio. Neste contexto, a construção desta nova realidade
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Escola de Enfermagem - Universidade de São Paulo – Brasil. E-mail: [email protected]
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não é uma tarefa simples e pode levar tempo. A família é capaz de entender o conceito de morte
encefálica, mas, diante da experiência que está vivenciando, precisa de seu tempo para que este
conceito faça sentido na sua realidade. Trabalhando com as incertezas da morte encefálica é o
componente do processo que habilita ou não a família a definir a realidade. A partir do momento em
que ela se conscientiza de que tem um problema para resolver – decidir sobre a doação de órgãos –,
inicia-se uma série de redefinições em relação ao que considera certo. Dessa maneira, vai manejando o
problema da decisão. A tomada de decisão depende, em parte, das possíveis conseqüências futuras. A
família sabe que a decisão, seja ela qual for, tem conseqüências e tenta imaginá-las, antes de agir. A
família imagina-se no futuro em ambas as situações: autorizando a doação, ou não autorizando a
doação de órgãos. O conjunto da experiência evidencia os fatores que podem estimular ou inibir a
família a consentir com a doação de órgãos. Para a família considerar esta possibilidade implica
necessariamente que ela reconheça que o quadro é irreversível e que a criança está morta. Diante desta
condição, a decisão de autorizar a doação é direcionada, também, por um aspecto moral, que
determina a ação de salvar a vida de outras. É esta definição que ajuda a família a agir, autorizando a
doação. No entanto, a negação da realidade da morte da criança ou a construção de qualquer outra
realidade impede a disponibilidade da família em autorizar a doação de órgãos. Nesta situação, a
estratégia de autorizar a doação tem o significado de admitir a morte do filho e isto, a família ainda não
pode aceitar. Sente-se cúmplice diante da possibilidade de estar alterando o curso natural da história.
Considera que o momento da morte estaria sendo demarcado pelo momento da retirada dos órgãos, e
isto não é natural. Nesta condição, a família opta, então, por outra estratégia: não autorizando a
doação. Tal procedimento significa que, autorizando ou não a doação de órgãos, a decisão da família é
comandada pelo objetivo de ir TENTANDO MINIMIZAR A DOR E ALIVIAR O SOFRIMENTO
de todos, acreditando estar escolhendo a melhor opção. Ela sofre ao ter de tomar a decisão, mas
define como sendo sua obrigação. Faz parte do processo, ainda, em um contexto de sofrimento que
está continuamente presente enquanto a família vai vivendo o luto, a conseqüência de ir reconstruindo
a história da morte da criança. Algumas famílias não conseguem pensar em um cotidiano sem a
presença do filho, razão pela qual desenvolvem ações prolongando a presença da criança. A família
precisa de um tempo maior, a fim de desenvolver estratégias e abrir um espaço à perda e seguir em
frente com a vida. Ela revê sua história refletindo, avaliando, dando significado às suas ações e
confirmando a decisão como certa. Se, por um lado, a decisão da autorização da doação conforta e ajuda
a família a ir dando sentido à morte da criança e à própria vida, por outro, não poder conhecer o receptor
lhe é uma grande frustração. A família segue sua vida tendo a expectativa de conhecer o receptor e passa
a conviver com esta conseqüência do processo. Então, pode-se dizer que o processo TENTANDO
MINIMIZAR A DOR E ALIVIAR O SOFRIMENTO representa a experiência da família, que é
abordada a respeito da doação de órgãos do filho e precisa tomar uma decisão. Por ser uma experiência
dinâmica, as categorias de cada uma das fases podem não se esgotar, sendo possível estarem presentes
em mais de uma fase. O processo indica a experiência vivida pela família consciente de querer
oferecer o melhor para o filho e para a unidade familiar antes e depois da morte da criança.
Conclusão O tempo limitado do qual a família dispõe para se dar conta da terminalidade do
filho é uma condição para a tomada de decisão, já que, diante do caos que vivencia, precisa de
tempo para dar um sentido às conseqüências irreversíveis que a morte do filho vai acarretar para
suas vidas. Analisar as falas das famílias unicamente sobre o olhar da doação de órgãos poderia
obscurecer partes da experiência, que não são simplesmente sobre autorizar, ou não a doação de
órgãos. Este trabalho é, igualmente, sobre morte e luto na família. TENTANDO MINIMIZAR A
DOR E ALIVIAR O SOFRIMENTO representa o processo vivido pela família na busca por uma
trajetória que as livre da mais profunda tristeza para algo melhor. A construção da realidade da morte
do filho é importante para que a família possa iniciar uma trajetória de recuperação e um processo de
decisão, e este trabalho apontou para uma construção social da realidade. Quando o contexto
promove a aceitação do sofrimento, acolhe dúvidas, proporciona tempo para a família compartilhar
idéias e sentimentos, facilita o acesso ao suporte social, oferece as informações necessárias, a família
pode caminhar por uma trajetória de recuperação na qual o processo de decisão acontece com menos
conflito.
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TIME FOR CRYING: THE FAMILY MAKING SENSE OF THE PREMATURE DEATH OF
THEIR CHILD
ABSTRACT: This study sought to explore and describe the process of family decision making as
experienced by the family when their consent is asked for the donation of their child’s organs; and to
construct a Theoretical Model about the process of family decision making as experienced by a family
when their consent is asked for the donation of their child’s organs. Methods: Guided by the
philosophy of symbolic interactionism, a qualitative study was undertaken. Theoretical foundations
from the qualitative methods of grounded theory were integrated into the study. Data were collected
through interviews. Family participants (parents, siblings, grandparents, uncles and aunts) were
selected using the theoretical sampling, with the aim of describing the full range of family decision
making experiences when family members were asked for the donation of their child’s organs. In total,
37 families’ members from 13 families were recruited. Results: The data analysis provided an
understanding of the families’ experiences, and identified the overarching theme of “Trying to
minimize the pain and to alleviate suffering” that represents how family decision making were
experienced during this process. Parents' descriptions emphasized the link between the decision
making process and their goal of being good parents to the child during the time period surrounding
his/her death. The decision making process and efforts to minimize loss and suffering took place over
four phases: Living the impact of the tragedy, Working with the uncertainties of the brain death,
Managing the decision-making problem and Reconstructing the history of the child’s death. Each one
of these phases lived by the family consists of challenges in which they need to undertake actions in
order to go through them. The relationship of these phases has permitted the identification of the
central category “Trying to minimize pain and to alleviate suffering” based on which it was possible to
propose a theoretical model that explains the experience. Conclusions: Transition periods not only
reinforce the dynamic nature of the experience of family decision-making but also, show how the brief
time the family had to realize the terminality of the child’s condition could delay a decision regarding
organ donation as parents struggled to make sense of the irreversible consequences the child's death
would have for their lives.
Keywords: family nursing; death; organ donation; decision making, ethics.
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SOFRIMENTO MORAL NO TRABALHO DA ENFERMAGEM
ROSEMARY SILVA DA SILVEIRA1
MICHELE SALUM BULHOSA2
VALÉRIA LERCH LUNARDI3
WILSON DANILO LUNARDI FILHO4
RESUMO: A enfermagem busca proporcionar bem-estar ao paciente através de um cuidado de
qualidade. Além de uma atividade técnico-científica, o cuidado de enfermagem também é uma prática
moral, já que o modo como os profissionais desempenham seu papel tem implicações morais, por
envolver a relação da enfermagem com o paciente, seus familiares, outros membros da equipe de
saúde, num processo de escolha e decisão. Apesar destes trabalhadores defenderem que a essência
moral de sua profissão é o bem-estar do paciente como um todo, suas ações podem estar sendo
reprimidas por determinações e valores de outros, por restrições financeiras e pela sua própria
dificuldade de enfrentamento de múltiplas relações de forças. Deste modo, no seu cotidiano de
trabalho, profissionais de enfermagem podem enfrentar situações dilemáticas referentes às tomadas de
decisão quanto ao cuidado prestado ao paciente, no que diz respeito ao que fazer, como fazer, porque fazer
ou não fazer e ao seu compromisso neste fazer. Um dilema moral surge quando há duas ou mais opções
contraditórias de ação e nenhum argumento suficientemente forte e óbvio para indicar uma opção de
ação, ao invés da outra e o dilema moral pode provocar o sofrimento moral. Enfermeiros e demais
profissionais da equipe de enfermagem podem apresentar sofrimento moral, quando têm condições de
realizar um julgamento moral em relação ao que estão experienciando, sabem qual a ação que
moralmente seria necessária, porém sofrem constrangimentos na sua tomada de decisão, seja da
estrutura institucional, seja de outros trabalhadores. Assim, tendo em vista o cotidiano do trabalho dos
profissionais de enfermagem e seus inúmeros processos de tomada de decisão, os problemas morais e,
possivelmente, o sofrimento moral decorrente, temos como objetivo geral: refletir sobre o sofrimento
moral decorrente de conflitos e problemas organizacionais vivenciados pelos trabalhadores de
enfermagem. Para tanto, abordamos o trabalho da enfermagem e conflitos ou problemas do cotidiano
do trabalhador de enfermagem que podem levar ao sofrimento moral. Especificamente, o trabalho da
enfermagem pode ser entendido como um conjunto de atividades que busca o bem-estar do ser
humano, seu principal objeto de trabalho. Assim, entendemos o trabalho da enfermagem como um
compromisso com a vida. Os profissionais de enfermagem são membros de uma organização e isto
pode afetar sua posição moral, já que estão subordinadas a diferentes sujeitos que representam
autoridade nestas organizações, necessitando sujeitar-se a políticas dirigidas pelos administradores,
sendo comumente pressionados a submeter-se e a trabalhar, mesmo que de forma contrária a suas
crenças, valores e formação. Os trabalhadores da enfermagem, assim como outros profissionais,
muitas vezes, tomam decisões sem clareza de sua dimensão ética. Também, podem não perceber os
dilemas envolvidos nas situações em que enfrentam dificuldades de decidir de acordo com sua
convicção moral. Cotidianamente, confrontam-se com ordens de outros profissionais, necessidades
dos pacientes e de seus familiares, normas legais e burocráticas, além de seus próprios limites físicos e
emocionais. Estes conflitos no trabalho podem ser percebidos apenas como problemas da organização
do trabalho, no entanto, eles podem se constituir também em problemas ou conflitos morais. O
trabalho da enfermagem envolve aspectos científicos e de relação humana e as trabalhadoras
1 Enfermeira. Professora do Departamento de Enfermagem- FURG, Especialista em Administração de Serviços de Enfermagem,
Mestre em Assistência de Enfermagem. Doutoranda em Enfermagem UFSC. Membro do GIATE e do NEPES. Bolsista do PQI –
CAPES. Rua Lino Neves, 677 - Bairro Salgado Filho – Rio Grande/RS. Brasil. Fone: (53) 3232 1740 . E-mail:
[email protected]
Enfermeira da Rede Básica da Prefeitura Municipal do Rio Grande. Mestranda em Enfermagem da FURG. Brasil.
Enfermeira. Professora do Departamento de Enfermagem e do Programa de Pós- Graduação em Enfermagem da Fundação
Universidade Federal do Rio Grande – FURG – Doutora em Enfermagem. Membro do NEPES. Brasil.
4 Enfermeiro. Professor do Departamento de Enfermagem e do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Fundação
Universidade Federal do Rio Grande (FURG). Doutor em Enfermagem. Membro do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Saúde
(NEPES). Brasil.
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constantemente precisam decidir como cuidar do paciente; estas decisões podem entrar em conflito
com outros profissionais, administradores, familiares e outros trabalhadores da equipe de enfermagem.
Quando estes trabalhadores agem de modo contrário a seus valores pessoais e profissionais, pois se
reconhecem como impossibilitados de traduzir suas escolhas morais em ação, colocam sua integridade
moral em risco. Já que o profissional precisa agir de uma forma que contradiz suas convicções pessoais
e valores, ou seja, é impedido por constrangimentos institucionais e/ou por outros profissionais de
saúde de fazer tudo o que poderia e deveria para cumprir suas obrigações morais, apresenta sofrimento
moral. Assim, estas situações têm forte potencial para gerar conflitos, muitos deles sistemáticos,
quando são vistas das perspectivas da enfermagem e de suas obrigações com os pacientes, com demais
membros da equipe de saúde, com a profissão, com as chefias e com o próprio profissional da
enfermagem como um ser moral. Respostas para tais constrangimentos, que podem se caracterizar
como manifestações de sofrimento moral, podem ser vivenciados como sentimentos de frustração,
raiva, desamparo, desespero, resignação, autocrítica, auto-punição, ansiedade, tensão e preocupação,
como também, tristeza, cansaço e perda de interesse pelo trabalho. O sofrimento moral não ocorre
somente em conseqüência de constrangimentos institucionais e de outros profissionais que impedem a
pessoa de agir de acordo com suas convicções morais, também ocorre quando decisões morais são
seguidas, mas confrontam-se com regulamentos legais ao buscar o bem-estar do paciente[13]. Parece
importante destacar que pouco se tem produzido e escrito no Brasil acerca do sofrimento moral
enfrentado no cotidiano do trabalho da enfermagem, possivelmente, porque muitas destas questões
vivenciadas no dia a dia do trabalho sejam, ainda, apenas percebidas como problemas e conflitos
organizacionais e/ou de relacionamento na equipe de enfermagem e de saúde, com a administração,
pacientes e familiares. Porém, o sofrimento moral está fortemente presente no trabalho da
enfermagem e pode prejudicar o cuidado do paciente, pois o trabalhador encontra-se fragilizado, ou
seja, sua vontade de lutar por julgamentos morais que reconhece como corretos está comprometida.
Palavras-chave: sofrimento moral, enfermagem, trabalho.
MORAL DISTRESS IN THE NURSING WORK
ABSTRACT: Nursing seeks providing well-being to the patient through a quality care. Besides a
technician-scientific activity, nursing care is also a moral practice; once the way these professionals play
their part has moral implications, for involving the relationship of nursing with the patient, family,
other members of health staff, in a process of choice and decision. Despite the fact that these workers
defend that the moral essence of their profession is the patient's well-being as a whole, their actions
can be repressed by determinations and values of others, for financial restrictions and for their own
difficulty in facing multiple relationships of forces. Consequently, in their daily work, nursing
professionals can face dilemmatic situations referring to making decisions towards the care provided to
the patient, in what concerns to what to do, how to do, why to do or not do and their commitment
about it. A moral dilemma appears when there are two or more contradictory options of action and
arguments sufficiently strong and obvious to indicate an action to take, instead of the other and the
moral dilemma can trigger the moral distress. Nurses and other professionals in the nursing staff can
present moral distress, when they have conditions of accomplishing a moral judgment in relation to
what they are experiencing, they know what action would be necessary morally, however they suffer
embarrassments when they are about to make a decision, whether it is in the institutional structure, or
workers´ structure. Thus, in view of the daily work of nursing professionals and their unnumbered
processes of making decision, the moral problems and, possibly, the moral suffering along with it, we
have as a general goal: to contemplate on the moral distress to conflicts and organizational problems
lived by the nursing workers. To do so, we focused on the nursing work and their daily conflicts or
problems that can lead to the moral suffering. Specifically, the nursing work can be understood as a
group of activities that seeks human well-being, their main object of work. This way, we understood
the nursing work as a commitment with life. Nursing professionals are members of an organization
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and it can affect their moral position, once they are subordinated to different individuals that
represent authority in these organizations, needing to submit to policies driven by the administrators,
being pressed commonly to submit and to work, even if in a way contrary to their faith, values and
background. The nursing workers, as well as other professionals, several times, make decisions without
a clear idea of their ethical dimension. Moreover, they cannot notice the dilemmas involved in the
situations where difficulties arise in agreement with their moral conviction. Daily, they are confronted
with other professionals' orders, the patients' needs and the patients’ families, legal and bureaucratic
norms, besides their own physical and emotional limits. Although these conflicts at work can be seen
as organizational matter, they can also be constituted in problems or moral conflicts. Nursing work
involves scientific aspects and of human relationship and the nursing workers constantly need to
decide about taking care of the patient; these decisions can enter in conflict with other professionals,
administrators, family members[2] and other workers of the nursing staff. When these workers act in a
contrary way to their personal and professional values, because they are recognized as unable to
translate their moral choices in action, they put their moral integrity in risk. As the professionals need
to act in a way that contradicts their personal convictions and values, in other words, they are
prevented by institutional embarrassments and or by other health professionals from doing everything
that they were able to and should do to accomplish their moral obligations, they are faced with moral
suffering. These situations can potentially generate conflicts, many of them systematic, when they are
seen from the nursing perspective and of their obligations with the patients, with other members of
health staff, with the profession, with their bosses and with the professionals themselves as a moral
being. Answers for such embarrassments that can be characterized as manifestations of moral distress
can be lived as frustration feelings, rage, abandonment, despair, resignation, self-criticism, solemnitypunishment, anxiety, tension and concern, as well as, sadness, fatigue and loss of interest in the work.
The moral distress doesn't only happen in consequence of institutional embarrassments and of other
professionals that impede the person of acting in agreement with their moral convictions, it also
happens when moral decisions are followed, but they are confronted with legal regulations when
seeking the patient's well-being. It seems important to highlight that little has been produced and
written in Brazil concerning to moral distress faced in the daily work of nursing staff, possibly, because
much of what these individuals lived day by day at work is, still, just noticed as matters such as
problems and organizational conflicts and or in the nursing and health staff, with the administration,
patients or families. However, the moral distress is strongly present in the nursing work and it can
harm the patient's care, because the worker finds himself weakened, in other words, their will for
struggling on moral judgments that is recognized as correct has been damaged.
Keywords: moral distress, nursing, work.
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158 A OBSTINAÇÃO TERAPÊUTICA COMO UMA QUESTÃO ÉTICA1
KAREN KNOPP DE CARVALHO2
VALÉRIA LERCH LUNARDI3
RESUMO: A dificuldade em relacionar-se com clientes em estágio terminal da doença também está
presente nas decisões de até quando investir no tratamento, visando sua utilidade e benefício, bem
como a autonomia e dignidade do paciente. Muitos autores da área da Bioética têm discutido o direito
do paciente de morrer com dignidade e a obstinação terapêutica. Consideram que tais situações, além
de poderem estar associadas ao sofrimento vivenciado pelos pacientes e seus familiares, constituem-se
em um tema de intenso conflito moral para os profissionais da saúde, sendo um desafio a ser
enfrentado, quanto às atitudes a serem tomadas, podendo provocar sofrimento, dúvidas e dilemas. A
obstinação terapêutica pode ser entendida como o prolongamento exagerado da morte de um
paciente, sinônimo de tratamento fútil e inútil, tendo como conseqüência uma morte medicamente
lenta e prolongada, acompanhada de sofrimento. Questões envolvendo a obstinação terapêutica estão
presentes no cotidiano das Unidades de Terapia Intensiva (UTIS), onde diferentes decisões são
tomadas, com relação ao destino do tratamento de pacientes em processo de morrer e de morte. As
decisões de terapêuticas a serem instituídas nos pacientes constituem-se em critério médico.
Entretanto, estas decisões se refletem no trabalho da equipe de saúde como um todo e
especificamente na equipe de Enfermagem, que cuida do paciente, e que, ao cumprir terapêuticas das
quais discorda, pode sofrer intensamente, questionando-se sobre os valores que fundamentam sua
prática. Esta temática ainda é pouco discutida entre os profissionais da saúde que atuam nas UTIs,
especialmente pelas profissionais de enfermagem, que são responsáveis pela implementação das
terapêuticas prescritas pelos médicos, com as quais, muitas vezes, podem discordar. São inúmeras as
questões morais e éticas relacionadas a esta temática, tais como: Ao investirmos indeterminadamente
no tratamento de pacientes, estamos prolongando sua vida ou adiando sua morte, a qual, como
profissionais da saúde, temos dificuldade de aceitar? A vida, independentemente de sua qualidade, deve
sempre ser preservada? Quando sedamos os pacientes em fase terminal da doença, aliviando sua dor,
estamos indiretamente abreviando sua vida e isto é lícito? Qual o custo-benefício destes tratamentos
para o Sistema de Saúde? Assim, este estudo descritivo-exploratório tem como objetivos: - Conhecer
se as enfermeiras reconhecem a prescrição de tratamentos fúteis no ambiente em que atuam; Conhecer os sentimentos das enfermeiras envolvidos na implementação de tratamentos que
consideram fúteis; - Conhecer as estratégias construídas pelas enfermeiras no enfrentamento dessas
situações. Inicialmente, como referencial teórico, aprofundou-se a abordagem da UTI como um
ambiente fértil para reflexão ética; o contexto geral da obstinação terapêutica, com a mudança no
enfrentamento da morte e a medicina e sua riqueza tecnológica; e o aprofundamento da obstinação
terapêutica. A partir da aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Área da Saúde da instituição de
ensino, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com seis enfermeiras que atuam em duas UTIS
de hospitais gerais, em um município do sul do Rio Grande do Sul, UTIs de classificação tipo II , nas
quais já haviam sido criados grupos de trabalho de humanização para a implantação da Política
Nacional de Humanização do Ministério da Saúde. Foram enfocados seu entendimento de obstinação
terapêutica; a evidência, ou não, desta problemática em seu ambiente de trabalho; suas possíveis
reações frente à necessidade de implementar medidas terapêuticas que reconhece como fúteis; o
enfrentamento desta situações e a possível construção de estratégias. A partir da análise do conteúdo
1 Dissertação defendida no Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Fundação Universidade Federal do Rio Grande –
FURG. Participante do NEPES – FURG.
2 Enfermeira, Mestre em Enfermagem. Enfermeira do Hospital Universitário Dr. Miguel Riet Corrêa Jr. Docente do Departamento
de Enfermagem da FURG. Brasil.
3 Enfermeira. Professora do Departamento de Enfermagem e da Pós- Graduação da Fundação Universidade Federal do Rio Grande –
FURG – Doutora em Enfermagem. Membro do NEPES. Brasil. Rua Dr. Lavieira 167. Jardim do Sol. Rio Grande/RS. Brasil.
[email protected]
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dos dados, conforme proposto por Minayo, quatro categorias foram construídas: - Obstinação
terapêutica: o que é isto? A maioria das enfermeiras, que atuam nas UTIS, desconhecem o termo
obstinação terapêutica, mas a reconhecem como muito presente em suas práticas, o que pode estar
sendo permitido pela prevalência do fazer e da técnica, não sendo priorizada uma formação mais
humana e um aprofundamento teórico sobre o tema, possibilitando que condutas distanásicas não
sejam questionadas, mas aceitas como normais nas rotinas das UTIs. Tal desconhecimento pode estar
relacionado, ainda, à não problematização do tema morte e morrer em suas práticas cotidianas,
favorecendo que ações pouco refletidas, arraigadas em crenças, muitas delas impregnadas de ideais de
cura e de afastamento da morte a qualquer custo, sejam implementadas. É possível que tanto o
desconhecimento teórico, quanto a inquestionabilidade das práticas cotidianas sejam decorrentes de
mecanismos de defesa das profissionais para defenderem-se do sofrimento acarretado pelo contato
constante com pacientes em processo de morrer e de morte e, também, por suas dificuldades de
aceitar a morte como finitude da vida; - A obstinação terapêutica como o prolongamento do
sofrimento: as profissionais consideram que a obstinação terapêutica prolonga o sofrimento do
paciente e de seus familiares e, também, o seu sofrimento e o da equipe de enfermagem. O
reconhecimento da percepção do prolongamento do sofrimento do paciente contribui para a
compreensão das dificuldades vivenciadas pelas enfermeiras no enfrentamento destas situações, pois
apesar dos sentimentos negativos experienciados, prosseguem implementando diariamente estas
terapêuticas prescritas. Apesar das enfermeiras referirem que se estivessem na situação do paciente,
não gostariam de ter seu sofrimento prolongado, com culpa e tristeza por implementarem terapêuticas
reconhecidas como fúteis, aparentemente não questionam as práticas que vêm implementando, não
ocorrendo uma reflexão sobre o que realmente necessita ser feito pelo paciente que vivencia uma
situação de terminalidade. Muitos cuidados são baseados no sentimento de compaixão, que leva a
enfermeira a implementar terapêuticas prescritas sem consultar ou solicitar consentimento ao doente,
pois julga saber o que deve ser realizado no paciente, não reconhecendo sua autonomia. As condutas
adotadas são fundamentadas, ainda, em suas concepções religiosas, considerando o sofrimento do
paciente como uma dívida a ser recuperada e a vida como propriedade de Deus. Os conceitos de vidas
das enfermeiras parecem, predominantemente, valorizar a vida biológica, desconsiderando a qualidade
de vida do doente; - A obstinação terapêutica como a priorização da cura: as enfermeiras identificam
em suas práticas cotidianas tratamentos obstinados; entretanto, acreditam ser necessário investir na
cura do paciente, ressaltando a sua inquestionabilidade. As profissionais podem estar implementando
cuidados baseadas em tentativas de evitar a morte do paciente, já que a despersonalização do paciente,
durante este processo, parece ser desconsiderada, não parecendo haver tempo a perder com
questionamentos, pois mesmo quando a cura não é mais possível, consideram que, enquanto há vida, é
necessário continuar investindo. Estas posturas demonstraram serem fundamentadas no princípio da
beneficência e no paternalismo, bem como numa formação acadêmica voltada para o objetivo de
manter a vida e, ainda, na obediência ao cumprimento das ordens médicas.; Enfrentamento da
obstinação terapêutica: cuidado humanizado? Como estratégias de enfrentamento da obstinação
terapêutica, foram apontadas a humanização do cuidado, que pode se tornar possível através do
reconhecimento do paciente como sujeito, respeitando sua autonomia; o diálogo sobre os cuidados e
serem implementados e sobre questões referentes à terminalidade; além da necessidade da reflexão e
questionamento das práticas cotidianas. Por fim, é imprescindível reconhecer que quando a cura não é
mais possível, é necessário cuidar do paciente para que tenha qualidade de vida em seus momentos
finais. O trabalho demonstra a necessidade e a importância de avaliar as medidas terapêuticas que
necessitam ser utilizadas no tratamento de pacientes em processo de morrer e de morte, de modo que
possam viver a fase final de sua vida com qualidade, considerando que quando a cura não é mais
possível, é necessário cuidar, preocupando-se com a pessoa doente e respeitando sua integridade,
lembrando que o cuidado é a base do exercício profissional da enfermagem.
Palavras-chave: terapêutica; pacientes; saúde; morte.; ética; enfermagem.
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THE THERAPEUTIC OBSTINACY AS AN ETHICAL SUBJECT
ABSTRACT: The difficulty in linking with clients in the terminal stage of a disease is also present in
the decisions on which point to invest in the treatment, seeking its usefulness and benefit, as well as
the autonomy and the patient's dignity. Many authors of the area of Bioethics have been discussing the
patient's right of dying with dignity and the therapeutic obstinacy. They consider that such situations,
in addition to be associated to the suffering lived by the patients and their relatives, they are
constituted in a theme of intense moral conflict by health professionals, as a challenge to be faced,
with relationship to the attitudes be taken, as it can trigger suffering, doubts and dilemmas. The
therapeutic obstinacy can be understood as the exaggerated prolongation of a patient's death, synonym
of futile and useless treatment, a consequence of a slow death with and lingering medical intake,
accompanied of suffering. Issues involving the therapeutic obstinacy are present in the Intensive Care
Units (ICU), where different decisions are made, with relationship to the destiny of the patients'
treatment in process of dying and of death. The therapeutic decisions to be instituted for the patients
are set under medical criterion. However, these decisions are reflected in the work of the health staff as
a whole and specifically in the nursing staff, that takes care of the patient, and that, when
accomplishing therapeutics with which they disagree, they can suffer intensely, being questioned on
the values where their practice is based on. This theme is still little discussed among health
professionals that work at ICUs, especially for the nursing professionals that are responsible for
implementing the therapeutics prescribed by the doctors, with the ones who, several times, they can
disagree with. The moral and ethical issues concerning to this subject is countless, such as: By investing
indeterminably in the patients' treatment, are we prolonging their life or postponing their death, which,
as professionals of health, we find it difficult to accept? Life, independently of its quality, should it
always be preserved? When patients are sedated in terminal phase of the disease, alleviating their pain,
are we indirectly abbreviating their life, is it lawful? What is the cost-benefit of these treatments for the
health system? Thus, this descriptive-exploratory study aims - to know if nurses recognize the
prescription of futile treatments in the place where they work; - to know the nurses' feelings involved
in implementing treatments that are considered futile; - to know the strategies built by the nurses when
they face those situations. Initially, as theoretical referential, the approach of ICUs was deepened as a
fertile atmosphere for ethical reflection; the general context of the therapeutic obstinacy, with the
change in facing death and the medicine and technological wealth; and deepening therapeutic
obstinacy. Starting from the approval of the Ethics Committee in Research of the Health Area of the
teaching institution, interviews were accomplished, semi-structured with six nurses that work in two
ICUs of general hospitals, in a southern city of Rio Grande do Sul, ICUs of classification type II, in
which groups of humanization work had already been created for the implantation of the National
Policies of tics of Humanization of ministry of Health. They were focused on understanding
therapeutic obstinacy; the evidence, or not, of this problem in the work atmosphere; the possible
reactions before the need of implementing therapeutic measurements that are recognizably as futile;
facing such situations and the possible construction of strategies. Starting from the analysis of the
content of the data, as proposed by Minayo, four categories were built: - therapeutic Obstinacy: what is
this? Most nurses, that they work in ICUs, ignore the term therapeutic obstinacy, but they recognize it
as very present in their practices, which might be allowed by the prevalence of the practice and
technique, not being prioritized a more humanized background and a theoretical in-depth study on the
theme, making possible that disthanatic conducts are not questioned, but accepted as normal in the
routines of ICUs. Such ignorance can be related, still, to non-problematizing the theme death and
dying in their daily practices, favoring that actions without any thinking over, rooted in false beliefs,
many of them impregnated of cure ideals and of removal of the death at any cost, be implemented. It
is possible that so much of the theoretical ignorance, as the unquestionability of the daily practices
come from the professionals' defense mechanism as they seek to discard suffering by the constant
contact with patients in process of dying and of death and, also, for their difficulties of accepting the
death as finitude of the life; - the therapeutic obstinacy as the prolongation of the suffering: the
professionals consider that the therapeutic obstinacy prolongs the patient's suffering and their family’s,
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and also, their suffering and the nursing staff. The recognition of the perception of the prolongation of
the patient's suffering contributes to the understanding of the difficulties lived by the nurses by facing
these situations, because in spite of the negative feelings experienced, they are still implementing these
prescribed therapeutics daily. In spite of the nurses referring that if they were in the patient's situation,
they would not like to have their long suffering, with blame and sadness once they implement
therapeutics recognized as futile, seemingly they don't question such practices, there is no reflection on
what really needs to be done by the patient that lives a terminality situation. Many decisions are based
on the compassion feeling, that takes the nurse to implement therapeutics prescribed without
consulting or requesting consent to the patient, because the professionals assumes to know what
should be the right thing, not recognizing the patient’s autonomy. The conduct adopted is based, still,
in religious conceptions, considering the patient's suffering as a debt to be recovered and the life as
property of God. The concepts of the nurses' lives seem, predominantly, to value the biological life,
disregarding the patient’s quality of life; - the therapeutic obstinacy as prioritizing the cure: the nurses
identify in their practices obstinate daily treatments; however, they believe them to be necessary to
invest in the patient's cure, pointing out their unarguably condition. The professionals can implement
care based on an attempt to avoid the patient's death, once the patient's depersonalization, during this
process, seems to be disrespected, there doesn’t seem to be time to lose with questions, because even
when the cure is no longer possible, they consider that, while there is life, it is necessary to continue
investing. These concepts prove to be based on the guidelines of beneficence and paternalism, as well
as in an academic background aiming at maintaining life and, still, in the obedience to the execution of
the medical orders. Facing the therapeutic obstinacy: humanized care? As facing strategies for the
therapeutic obstinacy, they were pointed humanization of the care, which might be possible through
the patient's recognition as an individual, respecting their autonomy; a dialogue about care taking and
issues referring to terminality; besides the need of reflection and questioning the daily practices.
Finally, it is indispensable to recognize that when the cure is not possible any more, it is necessary to
take care of the patients so that they keep a quality of life in their final moments. This study shows the
need and the importance of evaluating the therapeutic measurements that need to be used in the
patients' treatment in process of dying and of death, so that they can live the final phase of their life
with quality, considering that when the cure is not more possible, it is necessary to take care, worrying
about the sick person and respecting their integrity, reminding us of the fact that the care is the base of
the professional practice of nursing.
Keywords: therapeutics; patient; health; death; ethics; nursing.
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175 ÉTICA E ESTÉTICA: ENVOLVIMENTOS NA PROMOÇÃO DO CUIDADO
GERONTOLÓGICO DE ENFERMAGEM
KARINA S. DE ALMEIDA HAMMER SCHMIDT1
ANGELA BORGHI2
MARIA HELENA LENARDT2
RESUMO: Trata o presente de reflexão teórico filosófica sobre a ética e estética e seu envolvimento
na promoção do cuidado gerontológico de enfermagem, buscando contribuir para a construção de
enfoques nos cuidados profissionais. Foram realizadas buscas nas bases de dados LILACS,
MEDLINE, e no acervo da biblioteca da Universidade Federal do Paraná; o período pesquisado na
base de dados foi da época antiga, 425 a.C. a atual, 2006. “Conhecimento é a relação que se estabelece
entre um sujeito cognoscente ou uma consciência e um objeto” ARANHA e MARTINS (1992, p. 48).
O conhecimento manifesta-se por meio do pensamento e pressupõe uma relação entre dois
elementos, que refletem também, sobre nossa postura frente aos objetos de conhecimento, que
interferem no modo de percebermos o mundo e suas relações. Ética e estética. Nosso ponto de
partida é a compreensão da ética como propósito de refletir sobre o agir humano e suas finalidades,
buscando compreender os critérios e valores que orientam o julgamento da ação em suas múltiplas
atividades, principalmente as relativas ao cuidado gerontológico. Podemos caracterizar a ética também,
como o conflito entre aquilo que podemos fazer e a decisão do que realmente é ou será realizado. Para
(SILVA e BATOCA, 2006 p. 1) [...] “componente ético é considerado o conhecimento moral.
Envolve julgamentos éticos constantes e, frequentemente, implica confrontar valores, normas,
interesses ou princípios. O conhecimento ético não descreve ou prescreve a decisão a ser tomada, pelo
contrário, ele provê insight sobre as possíveis escolhas a serem feitas e o seu porquê” [...]. A ética
envolve muito mais do que legislação e normas da profissão, permeia todas as ações do cuidado
gerontológico de enfermagem, trama todo o processo e está entrelaçada no profissional e no ser idoso
durante o cuidado. As decisões éticas não são simples, e em muitos casos podem envolver outros
profissionais, mas o que devemos ressaltar é a necessidade de explicação e conscientização das normas
que orientam a prática do cuidado gerontológico em enfermagem. O conhecimento estético [...]
“corresponde à arte de enfermagem, que é expressiva, subjetiva, e se torna visível na ação do cuidar.
No entanto, nem toda a ação tem uma qualidade estética, pois, para que isto ocorra, deve haver uma
unidade de fins e meios” (CESTARI, 2003, p. 37). Pensar a estética, a principio remete-nos a arte e ao
belo, porém esta é uma visão simplista e inadequada. A estética nos permite vivenciar o objetivo e
subjetivo, permitindo conhecer suas diferenças e se faz necessária à criatividade, sensibilidade, intuição,
conhecimentos, entre outros itens indispensáveis para a reflexão. “A estética nos impulsiona a reflexão
sobre o processo de construção do conhecimento, considerando-se que este constitui a sólida base da
sociedade da informação, tão pouco explorada pela enfermagem” [...] (RIBEIRO, 2004, p.3). O
conhecimento estético que é utilizado no cenário do cuidado ao ser idoso é repleto de sensibilidade,
sentidos e significados e é neste contexto que a ética também está inserida, constituindo um processo
de cuidar em gerontologia. [...] “Ética e estética caminham juntas, sem pensar a estética, torna-se
impossível falar de ética. A estética representa alternativa [...] para fundar uma ética diferente.”
(SANTIN, 1997, p. 29). Esta conjunção conduz à forma do cuidado, incluindo diversas maneiras de
construir o processo, exigindo uma conjunção de conhecimentos, além de habilidades manuais,
intuição, experiência, sensibilidade e bom senso. Algumas vezes a amplitude do cuidado não é
percebida, valorizada e vivenciada, assume-se uma posição de hierarquia e autoridade, ao invés da
postura dialética e da emancipação. Envolvimentos no cuidado gerontológico de enfermagem. “O
1 Universidade Federal do Paraná - Curitiba, Paraná, Brasil. Endereço: Rua Alferes Poli 271 Ap 1503 - Centro - Curitiba, PR. Cep:
80230-090. E-mail: [email protected]
2 Universidade Federal do Paraná - Curitiba, Paraná, Brasil.
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cuidado não é um fazer privativo da enfermagem, acredita-se que possa ser um fazer especifico dela.
Portanto, suas ações deveriam ser guiadas por um referencial ou base epistemológica centrados no
cuidado, pois sua existência como profissão poderia encontrar, aí, sua justificativa, uma vez que o
cuidado em geral, é o principal componente para a sobrevivência e, especialmente, porque o homem
pode vir a necessitar em algum momento da sua vida, também, de cuidados de enfermagem”
(LUNARDI, 1997, p. 48). Cuidar em si é bastante complexo, envolve muito mais do que o cuidado
do corpo, no sentido biológico, mas todas as multiplicidades de conjunções que são intrínsecas ao ser
humano. Este cuidar se torna ainda mais especial quando se trata do ser idoso, visto as características
especificas e a etapa do processo de viver que este se encontra. Vale ressaltar, que acreditamos na
velhice como parte do processo de vida. A verdadeira essência da enfermagem é o cuidado, assim
como afirma BOFF (2003, p. 95), “o modo de ser-no-mundo se realiza pelo cuidado [...] não se opõe
ao trabalho, mas lhe confere uma tonalidade diferente.” Neste contexto, o cuidado gerontológico esta
inserido na teia da vida e é importante lembrar do respeito às diferenças, vivencias e principalmente
das limitações individuais, nestas residem forte componente ético e estético da enfermagem que cuida
do ser idoso. A prática do cuidado gerontológico em enfermagem exige o domínio de habilidades e
conhecimentos, pressupõe relação dialética do profissional com o ser idoso, e neste processo está
envolvido o conhecimento ético, estético, que auxiliam para o embasamento de ação responsável,
adequada, de qualidade, competência (incluindo a competência técnica), além da subjetividade,
sensibilidade, intuição, criatividade, raciocínio lógico, conhecimento cientifico, valores, crenças,
emoções, desejos, perspectivas, medos, projetos e resiliências. Todas estas características demonstram
o “saber fazer” no cuidado gerontológico. “O saber fazer e o saber ser [...] devem estar explicitados no
saber cuidar. Estes saberes sintetizam o objeto de trabalho da enfermagem, o cuidado, que se efetiva
numa relação epistemológica sinérgica, que abre precedentes para o reconhecimento do poder
afetivo”[...] (RIBEIRO, 2004, p. 4). O “saber fazer” do cuidado gerontológico, requer dos
profissionais, uma postura de permanente reflexão e investimentos efetivos voltados para que esta
assistência possa responder de forma concreta as necessidades e potencialidades que o cuidado pode
acrescentar ao ser idoso e a relação deste com o profissional. Fato que demonstra a relação intrínseca
do cuidado de enfermagem como o conhecimento ético e estético, é a relação entre o cuidado e a
emancipação humana, no sentido de promoção, libertação, melhorias para o ser idoso, permeando
uma relação dialética, participativa, ativa e de inter relação entre o ser cuidado e o ser cuidador. O
cuidado de enfermagem, no qual se desenvolve buscando a promoção e emancipação envolve os
aspectos culturais, históricos, sociais, econômicos, espaciais e do meio ambiente. Desenvolve-se na
pluralidade de situações, cenários e circunstancias que o ser idoso vivencia, a não compreensão desta
pluralidade dificulta o cuidado, pois este complementa a vivencia do ser idoso. Considerações finais:
Refletir sobre o conhecimento que utilizamos na prática do cuidado em enfermagem, nos possibilita
entendermos o quão é complexa a relação entre os conhecimento e aplicação dos mesmos na prática,
pois esta relação envolve diversos itens que estão envolvidos na teia do cuidado gerontológico.
Precisamos respaldar no dia a dia o cuidado com respeito ao ser humano nas suas múltiplas
dimensões, sejam estas: moral, ética, ambiental, cultural, política, econômica, social e espacial. Estas
são algumas das reflexões que devemos fazer para que o cuidado gerontológico de enfermagem seja
realmente realizado em sua concretude e amplicidade. A promoção ao cuidado gerontológico de
enfermagem, deve se concretizar, sem que esta seja somente submetida à cura, mas sim valorize o
tratamento com as pessoas, o “cuidado digno”, partilhando e interagindo para alcançar o bem viver.
Isto exige dos profissionais o estimulo a compreensão, astúcia, e a definição dos limites e atuações da
própria profissão, de forma a promover não somente o cuidado e o profissional, mas sim todo o
contexto envolvido no processo. Salientando MADALASSO (2000, p.15) “ao fazer enfermagem, é
sempre bom lembrar que nossos clientes querem mais do que racionalidade técnica vazia ao serem
cuidados” [...] desta forma verificamos a abrangência do cuidado em enfermagem, e a importância dos
conhecimentos éticos e estéticos envolvidos neste processo, alicerçados em conhecimentos sólidos e
embasados de reflexões. Precisamos utilizar os conhecimentos, cujos saberes e significados estejam
envoltos na visão pluralista do cuidado, preservando o individualismo e a sua forma única de relação
dialética entre cuidador e ser idoso cuidado. Esta dinâmica evidencia a possibilidade e necessidade de
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confrontar os aspectos da realidade e da teoria, impulsionando, fortalecendo e incitando a reflexão do
que é ético e estético na profissão.
Palavras-chave: cuidado; enfermagem; ética; estética.
Referências:
ARANHA, M. L. de A.; MARTINS, M. H. P. Temas de filosofia. São Paulo: Moderna, 1992.
LUNARDI, W. D. F. Refletindo acerca do saber da enfermagem como um saber científico. Texto e
Contexto Enferm., Florianópolis, v. 6, n. 3, p. 44-49, set./dez, 1997.
RIBEIRO, S. Ética e estética no ensinar/cuidar da enfermagem. 2004. 106 fls., Dissertação
(Mestrado) Universidade Federal do Paraná.
CESTARI, M. E. Padrões de conhecimento da enfermagem e suas implicações no ensino. Rev.
Gaúcha Enferm., Porto Alegre (RS), v.24, n. 1, p. 34 -42, abr., 2003.
SANTIN, S. Ética e estética na educação e na saúde. In: POLAK, Y, N. S.; KALEGARI, D. R. G.;
JOUCLAS, V. M. G. Saúde do adulto: um enfoque multidisciplinar. Curitiba: Pinha, 1997.
BUB, M. B. Ética e prática profissional em saúde. Texto e Contexto Enferm., Florianópolis, v. 14, n.
1, p. 65-74, jan./mar., 2005.
SOUZA, M. L.; SARTOR, V. V. B.; PRADO, M. L. Subsídios para um ética da responsabilidade em
enfermagem. Texto e Contexto Enferm., Florianópolis, v. 14, n. 1, p. 75-81, jan./mar., 2005.
TEIXEIRA, E. R. O ético e o estético nas relações de cuidado em enfermagem. Texto e Contexto
Enferm., Florianópolis, v. 14, n. 1, p. 89-95, jan./mar., 2005.
ABSTRACT: It deals with the gift philosophical theoretical reflection on the aesthetic ethics and and
its envolvement in the promotion of the gerontológico care of nursing, searching to contribute for the
construction of approaches in the professional cares. Searches in the databases LILACS, MEDLINE
had been carried through, and in the quantity of the library of the Federal University of the Paraná; the
period searched in the database was of the old time, 425.C. the current one, 2006. “Knowledge is the
relation that if establishes between a citizen cognoscente or a conscience and an object” ARANHA
and MARTINS (1992, p. 48). The manifest knowledge by means of the thought and estimates a
relation between two elements, that they also reflect, on our position front to the knowledge objects,
that intervene with the way to perceive the world and its relations.
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238 A QUESTÃO DE EROS NA FILOSOFIA DO CUIDADO COM O CORPO
ENÉAS RANGEL TEIXEIRA1
RESUMO: Trata-se de uma reflexão teórica e filosófica baseada nos estudos do núcleo de pesquisa
em subjetividades e cuidado com o corpo na saúde da Universidade Federal Fluminense. Objetiva-se
refletir sobre a concepção do Eros – que envolve o desejo, afetividade e a estética nas práticas de
cuidado com o corpo. Os princípios da incerteza, o conceito da relatividade na ciência e os diferentes
níveis de realidade ancoraram esse processo de teorização, que foi trabalhado nessa produção contínua
de subjetivações de saberes no território da saúde. A pós-modernidade traz tona à dimensão sensível e
vitalista na arte de cuidar, de modo que o componente estético, tem uma ênfase cada vez mais intensa
numa sociedade movida pela produção capitalista, na qual a estética é desvinculada da ética, que gera
um vazio existencial no sujeito. Assim sendo é necessário uma ética coadjuvante ao que se denomina
de estética do cuidado. O paradigma estético e ético que enfoca o desejo e a vida procura fazer essa
junção epistemológica. O desejo como uma realidade no cuidado em saúde apresenta desdobramentos,
individuais sociais e políticos. O trabalho constitui uma síntese de reflexões proveniente de artigos e
livros publicados pelo autor, que abarcam a subjetividade e a estética do cuidado. O trabalho assim se
desenvolveu, realizando correlações entre o estético, a biologia do conhecimento e a subjetividade.
Uma compreensão transdisciplinar dos saberes relacionados à arte do cuidar se faz pertinente. Pensar
o cuidado em saúde atual implica em entender as transversalidades que envolvem esse processo, bem
como as mutações perenes produzidas sobre o corpo, tais como as intervenções das instituições de
saúde, da mídia, da cultura, da religião e de outros elementos de ressonâncias na malha social. A
transdisciplinaridade de saberes altera a perspectiva linear de causa e efeito, bem como a teoria da
multicausalidade, para uma perspectiva na qual o sujeito é social, psicológico e biológico ao mesmo
tempo. Com efeito, emerge o trans, que atravessa, que vai além, é tolerante e complexo, num processo
dinâmico e relacional. A subjetividade não está restrita ao indivíduo, mas envolve os sujeitos que
cuidam, os que são cuidados, o território e o conjunto das instâncias coletivas. No entanto, a relação
entre esses elementos não se configura numa gradação de uma instância sobre outra. Isto quer dizer
que não se preconiza uma forma determinista do agir humano e do cuidado, pois o sujeito pode
interferir no meio e o meio no sujeito, envolvendo as transversalidades e as ressonâncias. A biologia
amorosa e relacional inclui a subjetividade e traz uma concepção de corpo vitalista, energético e
desejante diferente do corpo da medicina dos órgãos, mecanicista e dessubjetivado. O corpo expressa
os efeitos das subjetivações criadas no contexto social e por sua vez o coletivo é constituído por uma
rede de produções subjetivas, que envolvem a economia política e libidinal. Conclui-se que o enfoque
estético aliado à ética, pode ser transformador, pois remete ao sensível e à subjetividade, de modo a
criar rupturas com os modelos neopositivistas e dessubjetivados do cuidado, que é transversalizado
por vários devires. Através das ações de cuidados pode-se produzir a estética da existência,
favorecendo que o sujeito se reencante pela vida e conseqüentemente sinta-se confortável com o
exercício da arte de cuidar. O cuidado contemporâneo envolve a afetividade e a efetividade no
processo de criação de práticas e saberes.
Palavras-chave: cuidado; corpo; filosofia; saúde; enfermagem
Referências:
TEIXEIRA, Enéas Rangel. A crítica e a sensibilidade no processo de cuidar. Escola Anna Nery
Revista de Enfermagem. Rio de janeiro, v.8, n.3, p.361-369, 2004.
_____. O desejo e a necessidade no cuidado com o corpo – uma perspectiva estética na prática de
enfermagem. Niterói: EdUFF, 2001.
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Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense – Brasil. E-mail: [email protected]
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_____. O ético e o estético nas relações de cuidado de enfermagem. Texto&Contexto Enfermagem,
Florianópolis, v.14, n.1, p.89-95, 2005.
_____. Produções de subjetividades do cuidado em saúde no ensino universitário de enfermagem –
uma perspectiva transdisciplinar.Rio de Janeiro: EdUFRJ; 2006.
_____; TAVARES, Cláudia Mara de Melo. Reflexões sobre a crise do paradigma científico na
enfermagem. Texto & Contexto Enfermagem, Florianópolis, v.6, n.3, p. 271-290, set./ dez. 1997.
THE EROS QUESTION IN THE PHILOSOPHY OF THE CARE WITH THE BODY
ABSTRACT: It is a theoretical and reflexive study about the aesthetics in the care, in which the subjectivity
is treated from an individual, social and political perspective. The objective: to reflect about Eros conceptions
in the care of the body; to look for an intimacy between the aesthetics and the ethical dimension. In this way,
the desire is seen as an expression of life, with a potential of transformation in the health field. It is important
to change our perception and actions of care professionals into a perspective, in which the subjectivity,
aesthetics and ethical in the care are included, as well as the instrumental actions.
Keywords: care; body; philosophy; health; nursing.
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EIXO TEMÁTICO 2 - A NATUREZA DO CUIDADO EM SAÚDE
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A REPRESENTAÇÃO SOCIAL DE CLIENTES HOSPITALIZADOS SOBRE O
PROCESSO SAÚDE-DOENÇA E SUA RELAÇÃO PARA A ADEQUAÇÃO DO
CUIDADO DE ENFERMAGEM
MARAIZA RIBEIRO CONDE 1
MÔNICA ANDRELLA CHAVES GONÇALVES 2
TEODOLINA VALENTE LEITE 3
SÍLVIO ÉDER DIAS DA SILVA 4
RESUMO: Este estudo tem como foco principal a representação social de clientes hospitalizados
sobre o processo saúde-doença e sua relação para a adequação do cuidado de enfermagem. Para
orientar esta pesquisa foram traçadas as seguintes questões norteadoras: Qual a representação social de
clientes hospitalizados sobre o processo saúde-doença? e Qual a relação destas representações sociais
para adequação do cuidado de enfermagem?. Foram elaborados os seguintes objetivos para responder
a estas questões: Identificar as representações sociais de clientes hospitalizados sobre o processo
saúde-doença e Analisar a relação destas representações sociais para adequação do cuidado de
enfermagem. A implicação por esta temática emergiu durante aulas práticas realizadas em instituições
hospitalares, tendo como foco o universo consensual dos pacientes sobre o processo saúde-doença.
Este processo é compreendido como uma realidade dialética, o qual sofre constantes mudanças em
seu sentido, proporcionando seu entendimento como um processo único, onde estão agrupadas e
entrelaçadas a saúde, a doença, a vida e a morte. Este já se encontra bastante explorado em abordagens
filosóficas, teóricas e enfoques na contextualização das representações sociais, porém ressalta-se que
uma representação social está sempre atrelada a um determinado grupo social. Sendo assim, evidenciase a grande necessidade de desvelar o conhecimento consensual deste, sobre o processo saúde-doença.
Uma vez que o a expectativa de vida da nossa população já atinge a média dos 70 anos e o
envelhecimento é um fator contribuinte para o surgimento do referido processo. A partir disso,
constatatou-se a grande necessidade de desvelar a representação social de pacientes hospitalizados
sobre o processo saúde-doença. A contribuição deste estudo para a enfermagem consiste em
proporcionar uma melhor conscientização de que o cuidado deve se adequar ao paciente e não ele ao
cuidado, pois não se pode generalizar o cuidar/cuidado em enfermagem já que não estamos apenas
assistindo algo, mas sim cuidando de vidas que lutam pelo amanhã. O cuidado são comportamentos e
ações que envolvem conhecimentos e crenças para melhorar a condição humana do processo de viver
e morrer. Porém para isso, faz-se necessário conhecermos qual o acervo cognitivo que o ser cuidado
em questão possui sobre o que é ser saudável e o que é estar doente, para que a enfermagem possa
estabelecer estratégias que favoreçam uma implementação de cuidados mais eficiente e eficaz. Já para a
pesquisa possibilitará concomitantemente um poder de discussão e reflexão aos graduandos, pósgraduandos e docentes no cuidado prestado ao cliente hospitalizado. Este presente estudo foi do tipo
descritivo-exploratório, sendo adotada uma abordagem qualitativa. Optou-se em utilizar como aporte
teórico, a Teoria das Representações Sociais, que trabalha com o cognitivo do ser humano e sua
interação no meio social. Esta teoria foi criada por Serge Moscovici que a define como sendo uma
modalidade de conhecimento particular que tem como função a elaboração de comportamentos entre
indivíduos. Estas representações sociais proporcionam constantes alterações nas relações sociais e das
práticas de um determinado grupo, pois responde a quatro funções essenciais, que permitiram a um
grupo entender uma realidade: a função do saber, que entende e desvenda a realidade; a identitária, que
apresenta características que identificam e protegem o grupo; a orientação, que direciona as práticas e
os comportamentos do grupo; e a função justificatória, a qual explica as ações do grupo. A obtenção
Discente do sétimo semestre do Curso de Graduação em Enfermagem da UFPa.
Discente do quinto semestre do Curso de Graduação em Enfermagem da UFPa.
3 Discente do quinto semestre do Curso de Graduação em Enfermagem da UFPa.
4 Mestre em Enfermagem pela EEAN/UFRJ – Professor Assistente I do Departamento de Fundamentos de Enfermagem da UFPa –
End. Pas. Boaventura da Silva, 129 – Bairro de Fátima – CEP: 66060-470 – Tel: (91) 3236-1798/8128-3830 – E-mail:
[email protected]/[email protected].
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de dados foi possível através da técnica de livre associação de palavras e da entrevista semidirigida, que
foram aplicados a dezoito voluntários que estavam hospitalizados em duas instituições de saúde do
município de Belém do Pará. Para prosseguir a análise e interpretação dos dados, optou-se pela técnica
de análise temática, que seguiu três etapas: a pré-análise, a exploração do material e o tratamento dos
dados. A partir de então, obtemos como resultado duas unidades temáticas ou empíricas: Saúde elemento divino e primordial e Doença–sofrimento humano. Na primeira unidade temática,
constatou-se que apenas 11,1% dos entrevistados, faziam referência constantemente a Deus, apesar de
todos serem pertencentes a religião católica. O que retrata que para alguns, a religiosidade e a busca
por Deus acabam servindo como alicerce para superar o sofrimento e adquirir forças para manter a
vida. Tentam direcionar as suas esperanças para um plano divino, uma vez que se agarram na fé em
Deus, que nada mais é que um alimento que fornece a vida, a esperança de dias melhores, é na
realidade um fortalecimento para enfrentar as experiências mais dramáticas do cotidiano. Estes trazem
isso para alguns conceitos como o que é ser saudável, o que é ter saúde e o que é saúde. Enquanto que,
22,2% dos depoentes fizeram referência a saúde, como sendo um elemento primordial e essencial para
uma melhor qualidade de vida através de um bem-estar físico, mental e social. Já 27,8% dos depoentes
vincularam a saúde ao ato de conseguir realizar plenamente as atividades cotidianas, diárias, uma vez
que estas contribuem para a independência e auto-realização do indivíduo. E para 38,9% dos
entrevistados, a saúde é entendida como o estar bem, um perfeito estado psicoemocional, no qual o
indivíduo se sente pleno e em perfeito estado físico e moral e que conseqüentemente produz uma
sensação de conforto e plenitude. Dessa forma, evidencia-se a grande relevância da saúde ligada a
felicidade plena para os pacientes hospitalizados que s eencontram tristes, devido o processo de
hospitalização, o que infelizmente os proporciona uma enorme distância da magnitude de bem-estar.
Portanto, observou-se que as palavras: Deus, elemento primordial, atividades cotidianas e estar bem
que foram relatadas pelos entrevistados, são na realidade os primórdios essenciais de saúde, já que
estar-bem possibilita a oportunidade de nos conservarmos sádios, assim como as atividades cotidianas.
Enquanto que, Deus e elemento primordial são reflexos que a saúde não engloba apenas o lado físico,
mas também o psíquico, religioso e moral. Já na segunda unidade temática: doença - sofrimento
humano observou-se que o entendimento do termo doença varia conforme a maneira de pensar do
indivíduo e do grupo a qual pertence, podendo ser analisada de maneira patológica ou mesmo de
forma subjetiva. Dessa forma os voluntários do estudo, relacionaram este termo a alguns significados:
como a tristeza, procurar ajuda médica e a dependência. O primeiro foi vinculado por cerca de 55,6%
dos mesmos, retratando a tristeza como conseqüência da doença, uma resposta emocional e
proporcional aos eventos frustrantes e traumáticos da vida, que expõe e fragiliza a personalidade e que
possibilita a ausência da satisfação pessoal. Outro termo referido por 16,5% dos depoentes foi o ato de
procurar ajuda médica, objetivando encontrar origens da doença e do sofrimento para promover
métodos para o alívio da dor e simultaneamente conhecer o poder de si mesmo. Além disso, a ajuda
médica acaba sendo atrelada ao fato de prevenção da doença: cuidar para poder diagnosticar cedo e
assim evitar possíveis conseqüências. E por fim, um outro termo que foi referido por 27,8% dos
depoentes, foi a dependência associada a incapacidade e inatividade do ser. Dessa forma, percebe-se
que para alguns a saúde representa a total integração na sociedade através do desenvolvimento de
atividades, enquanto que a doença significa a sua exclusão devido a sua inatividade. Sendo assim,
buscou-se entender e compreender melhor o estado de dependência que o ser doente se apresenta, de
forma a propiciar cuidados adequados para aumentar sua auto-estima e promover a sua integração a
sociedade. Evidenciamos assim que a doença acaba propiciando um grande sentimento de tristeza. E a
partir de então cria-se uma dependência em relação as atividades cotidianas, o que lhes proporciona
uma extrema insatisfação no âmbito social e o indivíduo passa a buscar ajuda médica. Dessa maneira,
os profissionais da arte do cuidar devem sempre procurar, entender e compreender que sentido os
indivíduos fornecem aos termos saúde-doença, para que seja possível o estabelecimento do diálogo
com os mesmos e conseqüentemente um atendimento e uma assistência mais plena, eficiente, eficaz e
humanizada.
Palavras-chaves: saúde-doença; enfermagem; cuidado de enfermagem.
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THE SOCIAL REPRESENTATION OF CLIENTS HOSPITALIZED ON PROCESS SALUDENFERMEDAD AND ITS RELATION FOR TAKEN CARE OF ADJUSTMENT DEL OF
INFIRMARY
ABSTRACT: Day of the East study has like main center the social representation of clients
hospitalized on the process health-disease and its relation for the adjustment of the care of infirmary.
In order to orient this investigation the following norteadoras questions had been drawn up: Which
the social representation of clients hospitalized on the process health-disease? and Which the relation
of these social representations for adjustment of the care of infirmary. The following objectives had
been elaborated to respond to these questions: To identify the social representations of clients
hospitalized on the process health-disease and To analyze the relation of these social representations
for adjustment of the care of infirmary. The implication by this thematic one emerged during practical
exercises made in hospitable institutions, having like center the consensual universe of the patients on
the process health-disease. This process is included/understood like a dialectic reality, which
undergoes constants changes in its sense, providing its understanding like a unique process, where they
are grouped and interlaced the health, the disease, the life and the death. This already one is enough
exploded in philosophical, theoretical boardings and approaches in contextualização of the social
representations, nevertheless it is emphasized that a social representation always is leashed a certain
social group. Being thus, the great necessity is demonstrated to keep awake the consensual knowledge
of this, on the process health-disease. Once the life expectancy of our population already reaches the
medium one of the 70 years and the maturing is a factor contributor for the sprouting of the referred
process. From that, constatatou-if the great necessity to keep awake the social representation of
patients hospitalized on the process health-disease. The contribution of this study for the infirmary
consists of providing one better awareness of than the care must adapt to the patient and not he to the
care, because the cuidar/cuidado one in infirmary cannot be generalized since we are not only
attending something, but taking care of of lives that fight by the morning. The care is behaviors and
actions that surround knowledge and beliefs to improve the human condition of the process to live
and to die. Nevertheless for that, it is made necessary we know which the cognitivo heap that the welltaken care of being at issue has on which is to be healthful and what it is to be ill, so that the infirmary
can establish well-taken care of strategies that favor a more efficient and effective implementation of.
For the investigation it will already make possible concomitantemente a power of discussion and
reflection to the graduates, dust-graduating and educational in the care lent to clienta hospitalized. This
present study was of the descriptive-exploratory type, being adopted a qualitative boarding. It was
chosen in using as it contributes theoretician, the Theory of the Social Representations, that works
with the cognitivo of the human being and its in the middle social interaction. This theory was created
by Serge Moscovici that defines it as being a modality of particular knowledge that has like function
the elaboration of behaviors between individuals. These social representations provide constants
alterations in the social relations and of the practices of a certain group, because it responds the four
essential functions, that had allowed a group to understand a reality: the function of the knowledge,
that understands and unbandages the reality; identitária, that presents/displays characteristics that
identify and protect the group; the direction, that directs the practices and the behaviors of the group;
and the function justificatória, that explains the actions of the group. The obtaining of dices was
possible through the technique of free association of words and the semidirected interview, that had
been applied the eighteen volunteers who were hospitalized in two institutions of health of the
municipality of Belém de Pará. In order to continue the analysis and interpretation of the dices, it was
decided on the technique of thematic analysis, that followed three stages: the pre-analysis, the
operation of the material and the treatment of the dices. From then, we obtain like result two thematic
or empirical units: Health - divine and fundamental element and human Disease-suffering. In the first
thematic unit, it was stated that only 11.1% of the interviewed people, made reference to God
constantly, in spite of all are pertaining the catholic religion. What portrays that for some, the
religiosidad and looks for it by God end up serving as it bases to surpass the suffering and to acquire
forces to maintain the life. They try to direct its hopes for a divine plane, once they are taken hold in
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the faith in God, that nothing else is that a food that provides the life, hope of better days, is in fact a
fortification to face the most dramatic experiences of the daily one. These bring that for some
concepts like which it is to be healthful, which is to have health and what it is health. Whereas, 22.2%
of the deponent ones made reference the health, like being a fundamental and essential element for
one better quality of life through a physical, mental and social well-being. Already 27.8% of the
deponent ones were tie the health to the act to be able to make the daily, daily activities totally, once
these contribute for the independence and self-realization of the individual. And for 38.9% of the
interviewed people, the health is understood like being well, a perfect psicoemocional state, in which
the individual feels like plenary session and in perfect physical and moral state and that consequently
produces a sensation of well-being and fullness. Of that form, the great relevance of the connected
health is demonstrated the total happiness for sad the hospitalized patients who s eencontram, had the
hospitalization process, which unfortunately provides an enormous distance of the magnitude of wellbeing. Therefore, it was observed that the words: God, fundamental element, daily activities and to be
well that they had been related by the interviewed people, are in fact the essential primordios of health,
since to be-well it makes possible the opportunity we conserve sádios, as well as the daily activities.
Whereas, God and fundamental element are reflections that the health does not include only the
physical side, but also psychic, the religious one and moral. Already in the second thematic unit:
disease - human suffering was observed that the understanding of the term disease varies as the way to
think of the individual and the group that belongs, podiendo to be analyzed of same pathological way
or of subjective form. Of that form the volunteers of the study, related this term to some meaning: like
the sadness, to look for medical aid and the dependency. First he was tie by near 55.6% of such,
portraying the sadness as a result of the disease, an emotional and proportional answer to the
frustrating and traumatic events of the life, that exposes and debilitates the personality and that makes
possible the absence of the personal satisfaction. Another term referred by 16.5% of the deponent
ones was the act to look for medical aid, objetivando to find origins of the disease and the suffering to
promote methods for the lightening of the pain and simultaneously to know the power itself. In
addition, the medical aid finishes being leashed the fact of prevention of the disease: to take care of for
being able to diagnose early and thus to avoid possible consequences. And finally, a other term that
was referred by 27.8% of the deponent ones, was the associate dependency the discapacidad and
inactivity of the being. Of that form, it is perceived that for some the health represents total integration
in the society through the development of activities, whereas the disease means its exclusion due its
inactivity. Being thus, one looked for to understand and to include/understand better the state of
dependency that the ill being appears, of form to cause suitable cares to increase his self-esteem and to
promote his integration the society. We demonstrated so the disease ends up causing a great feeling of
sadness. And from then raise-if a dependency in relation the daily activities, which provides one
extreme dissatisfaction to them in the social scope and the individual thing happens to look for
medical aid. Of such way, the professionals of the art of taking care of must look for, understand and
always include/understand that felt the individuals they provide to the terms health-disease, so that it is
possible repostería of the dialogue with such and consequently an attention and one more a more total
attendance, efficient, effective and humanized.
Keywords: salud-enfermedad; infirmary; taken care of of infirmary.
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SOFRIMENTO PSÍQUICO NA ADOLESCÊNCIA
MARCIA MANIQUE BARRETO CRIVELATTI1
SOLANIA DURMAN2
LILI MARLENE HOFSTATTER3
RESUMO: Esta é uma pesquisa monográfica, realizada como requisito de conclusão do curso de
graduação de Enfermagem – UNIOESTE. O sofrimento psíquico afeta pessoas de todas as idades,
nacionalidades, em todas as fases da vida. Nas últimas décadas observou-se um aumento muito grande
no número de casos de depressão na adolescência. Os adolescentes se deparam com várias situações
novas e pressões sociais, favorecendo condições próprias para que apresentem flutuações do humor e
mudanças expressivas no comportamento. Alguns, entretanto, mais sensíveis e sentimentais, podem
desenvolver quadros francamente depressivos com notáveis sintomas de descontentamento, confusão,
solidão, incompreensão e atitudes de rebeldia. Esse quadro pode indicar depressão, ainda que os
sentimentos de tristeza não sejam os mais evidentes (BALLONE, 2003). Objetivo (s): Identificar os
sentimentos dos adolescentes diante da depressão e seu conhecimento sobre a mesma. Fornecer
subsídio aos profissionais de enfermagem de como identificar a depressão no adolescente, prestando
assistência específica e encaminhando para serviço especializado. Metodologia: Esta é uma pesquisa
qualitativa, exploratória e descritiva, realizada junto a adolescentes atendidos pelo CAPSI (Centro de
Atendimento Psicossocial Infantil) no Município de Cascavel. A pesquisa exploratória segundo
Lakatos; Marconi (1996, p. 77) “tem como objetivos, desenvolver hipóteses, aumentar a familiaridade
do pesquisador com um ambiente, [...] modificar e clarificar conceitos”. Para Minayo (2002, p.21) a
pesquisa qualitativa “preocupa-se com as ciências sociais, com o nível de realidade que não pode ser
quantificado, [...] trabalha com atitudes”. A amostra constituiu-se de 6 adolescentes com idade entre 12
e 18 anos, escolhidos conforme disponibilidade e presença destes no local estudado, durante o mês de
agosto de 2004. Esta foi realizada somente com aqueles adolescentes cujos pais concordaram assinar o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Como instrumento de coleta de dados utilizamos a
entrevista semi-estruturada contendo 10 perguntas abertas e 2 fechadas. Os dados foram analisados à
luz do referencial teórico. Desenvolvimento: Os adolescentes entrevistados nesta pesquisa foram
caracterizados quanto ao sexo, idade, raça, escolaridade, renda familiar, tempo e tipo de tratamento:
intensivo (I), semi-intensivo (SI), não intensivo (NI) e uso de drogas. O sexo feminino prevaleceu
nesta população, sendo cinco meninas para um menino o que reforça as estatísticas que dizem que a
depressão é um transtorno comum com prevalência entre as mulheres (CARDOSO; LUZ, 1999).
Considerando a idade, a depressão entre adolescentes tem aumentado nas últimas décadas, neste
sentido Kolb (1976, p, 123) destaca que, “a idade na qual uma pessoa desenvolve um distúrbio mental
representa um índice de sua tolerância à frustração ou ao conflito”. Houve predomínio da raça branca
(5 entrevistados) em relação à raça negra (um entrevistado). A escolaridade varia em função da idade,
temos estudantes do ensino básico, fundamental e médio, sendo que a maioria (4 entrevistados)
cursam o primeiro grau. Quatro dos entrevistados estão em tratamento há até 3 meses, e duas há mais
de um ano. A renda familiar variou entre 1 e 3 salários mínimos, baseados nisso, constatamos que estes
adolescentes pertencem à famílias pobres, um fator que exerce forte influência sobre a saúde mental.
Alguns pesquisadores consideram que a classe baixa da população tem maior risco para transtornos
psiquiátricos porque enfrentam maiores problemas diários que a classe alta, têm menor poder de
1 Enfermeira, aluna do Curso de Especialização de Enfermagem do Trabalho, Enfermeira assistencial do Hospital Universitário de
Cascavel -PR.
2 Enfermeira, Mestre em Assistência de Enfermagem pela UFSC/UFPR, docente do Colegiado de Enfermagem na Unioeste,
orientadora da pesquisa.
3 Enfermeira, Mestre em Enfermagem pela USP, docente do Curso de Enfermagem na UNIOESTE. E-mail
[email protected] (45) 30356448, (45) 99726420.
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resolutividade destes problemas e com isso passam por prolongados períodos de estresse (STUART;
LARAIA, 2001). Dentre os entrevistados, apenas um, refere usar álcool esporadicamente. O uso de
álcool pode funcionar como um método de lidar com os problemas de personalidade, de
relacionamentos, problemas financeiros, enfim tudo o que contribuiu de alguma forma para o
surgimento do sofrimento psíquico (KOLB, 1976). A partir da leitura e análise dos conteúdos das falas
dos entrevistados, extraímos três categorias, sendo elas: Percepção da doença; Conhecimento sobre a
doença; Relacionamento familiar frente ao diagnóstico. Diante da primeira temática – Percepção da
doença, a percepção da depressão pelo adolescente ou por sua mãe ocorre sempre associada aos
sintomas provocados pela doença e pelas alterações no comportamento em geral, como explicitam as
seguintes falas: “[...]. Tinha muita fome, [...] muita vontade de dormir [...]” (Entr.1).“[...] Não tinha vontade de
brinca, [...] nem de ir pra escola, muita vontade de chorar [...]” (Entr.2).“[...]. Comecei a ficar irritada, nervosa [...]”
(Entr.3). “[...]. Eu me trancava muito, comecei a ficar nervosa, agressiva [...]” (Entr.5). Os discursos também
revelam vários acontecimentos relacionados aos pais, irmãos e relacionamentos interpessoais com
acentuado fator estressante na vida dos adolescentes. Percebemos que grande parte dos adolescentes
tem problemas que vão além das alterações fisiológicas, psicológicas e emocionais, e que não estão
preparados para absorver e entender estes acontecimentos sofrem fortes conseqüências do estresse
ambiental e familiar que contribuem para a ocorrência de episódios depressivos. Conhecimento sobre
a doença, torna-se nítida a falta de conhecimento sobre a doença. “[...] Não sei. Pra mim depressão é isso,
essa vontade de comer e de dormir que eu sinto o dia inteiro [...]” (Entr.1). “[...] Não sei nada sobre a depressão. [...]
pra mim depressão é uma coisa boa [...]” (Entr.2). “[...] Não sei te dizer o que é depressão, acho que é uma doença
[...]”.(Entr.3). “[...] Eu não sei dizer ou explicar o que é depressão [...]” (Entr.4). Os adolescentes tendem a
considerar como depressão somente o sintoma, não têm conhecimento sobre o porquê destes
sintomas. Neste sentido Stuart; Laraia (2001, p. 156). Afirmam que, “o grau de instrução exerce
influência sobre a capacidade de uma pessoa de interagir com outros de modo eficaz, [...] as pessoas
com um nível escolar abaixo da oitava série são mais vulneráveis à demência que os sujeitos com
segundo grau ou mais”. Relacionamento familiar frente ao diagnóstico, observamos que a maioria dos
adolescentes vivem algum tipo de conflito familiar. “[...] Sou muito nervosa em casa [...] minha mãe briga
comigo também [...]” (Entr.1).“[...] eu não gosto do meu padrasto [...]”.(Entr 2).“[...] meus pais são separados, [...] ele
e minha mãe brigam, [...] ele tem outra família [...]” (Entr.3).“[...] Tenho medo de perder minha mãe, [...]”
(Entr.3).“[...]. Há uns sete meses meu irmão se matou [...]” (Entr.4).“[...] Não tenho contato com meu pai, [...].
Moro. . só com a minha mãe, ela trabalha o dia todo, [...], não gosto dos meus vizinhos eles implicam comigo [...]”
(Entr.6). A família constitui-se num sistema dentro do qual evoluem as fases de crescimento e
desenvolvimento humano, ela é mediadora entre o indivíduo e a sociedade, é nela que o adolescente
aprende a perceber o mundo e a situar-se nele. Mas isso nem sempre se dá de forma harmoniosa, o
que vemos na realidade muitas vezes é o oposto, pois os conflitos e os problemas dentro da
organização familiar são muito comuns e geralmente esta falta de harmonia leva os problemas
emocionais, ao abandono dos filhos, à saída de um dos membros da família e principalmente a
transtornos mentais (WAIDMAN; JOUCLAS; STEFANELLI, 1999). Conclusão: Essa fase de
conflitos da adolescência tende a ser superada, quando este consegue obter equilíbrio entre os
impulsos interiores e os estímulos do ambiente exterior, conquistando uma consciência coletiva e
agindo de modo a adquirir sua cidadania. Ao longo do desenvolvimento deste trabalho fomos
compreendendo como ocorrem as mudanças características desta idade e como estas podem
influenciar no surgimento do sofrimento psíquico, especialmente a depressão. Evidenciamos
conhecimento fragmentado por parte dos atores sociais referente à depressão os quais a definem
através do relato de sintomas da doença e alterações comportamentais. Relatam que desempenham um
papel social que não tem bem definido qual sua função na sociedade, o que gera nestes os sentimentos
de inutilidade, insegurança e confusão. O relacionamento familiar emergiu como temática
complementar durante as entrevistas, visto que o adolescente convive com uma série de conflitos
familiares que o predispõe a depressão. Percebemos que o enfermeiro pode centralizar suas ações
tanto na prevenção como no tratamento, exercendo sua função de educador e prestando assistência de
enfermagem, individualmente ou como membro de uma equipe interdisciplinar, buscando auxiliar no
diagnóstico e tratamento precoce. Ficou explicita a necessidade de capacitação dos profissionais
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envolvidos no tratamento direcionado a esta população.
Palavras-chave: adolescência; depressão e sofrimento psíquico.
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In:
Psiquiatria
Geral.
Disponível
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do Grupo Família, Saúde e Desenvolvimento. Curitiba: UFPr, n. ½, v.1. p. 27-31. Jan/dez, 1999.
ABSTRACT: This research works adolescents feeling about depression and knowledge that they
have about it. It is a qualitative explorer investigation, realized on Infantile Socialpsych Attended
Center on Cascavel city- Paraná state. It has how subject, 6 adolescents, of both sexs, them ages are
between 12 and 18 years, with clinical depression diagnosis. The date was collected in 2004, for about
interviews. On this analyses was focused the following thematics: illness perceptions, knowing about
the illness and familiar relationship with the diagnostic. We evidence knowledge about the illness
fragmented cause of the social actors refer to depression and perception of illness always focusing the
mother’s figure. The family relationship emerged like subject during the interviews, since the
adolescent coexists with a lot of familiar conflicts that predispose into depression.
Keywords: adolescence, depression and psychic suffering.
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MODOS DE CONHECER E INTERVIR: A CONSTITUIÇÃO DO CORPO NO
CUIDADO DE ENFERMAGEM NO HOSPITAL1
ROSEMEIRY CAPRIATA DE SOUZA AZEVEDO2
FLÁVIA REGINA S. RAMOS3
RESUMO: Historicamente, o foco de atenção de alunos e trabalhadores de enfermagem tem se
limitado à observação dos sintomas objetivos, um olhar “mecânico” voltado para o cumprimento de
normas e rotinas, controle de drogas, ao manuseio de máquinas e equipamentos cada vez mais
sofisticados. Para Meyer (2002, p.3) essas atitudes refletem uma prática de enfermagem centrada no
diagnóstico e na intervenção, na qual o ser humano passa a ser traduzido em informações produzidas
por meio de “resultados de exames, telas de monitores que qualificam, quantificam e visualizam suas funções
biofisiológicas em detrimento das relações interpessoais baseadas na escuta, no respeito pela sua
individualidade, pelo seu espaço, sua vivência e cuidado com seu corpo”. O presente trabalho teve por
objetivo analisar os modos pelos quais o corpo é constituído como objeto de conhecimento e
intervenção pelo enfermeiro (a) no cuidado hospitalar. Para desenvolvê-lo me apoiei na teorização de
Michel Foucault e no trabalho de autores que têm problematizado o corpo, em particular o corpo do
cuidado a partir da relação poder/saber. Adotei a perspectiva genealógica foucaultiana como
inspiração e atitude do pesquisador frente aos dados a serem analisados. O método genealógico não
forneceu um modelo rígido de etapas e procedimentos, mas iluminou o caminho. O objeto de estudo
foi sendo compreendido à medida que fui adentrando ao mundo do hospital para realizar as
observações de campo e análise de documentos como prontuários dos clientes e o livro de registro de
passagem de plantão dos enfermeiros, no período de 2000 a 2003. Os dados foram analisados com
base no referencial foucaultiano, método genealógico obedecendo as seguintes etapas: pré-análise
(leitura exaustiva dos dados, pré-categorização/tematização); re-leitura e destaque dos temas (novos
olhares sobre o objeto); exercício de questionamento (decomposição dos dados e busca de sustentação
teórica – reflexão conceitual apoiada em Foucault, outros autores e reflexões pessoais); composição e
recomposição (tema destrinchado, substanciado (corpo teórico), diálogo final com dados e
apresentação dos achados em sua significação “reconstruída”). A análise dos dados possibilitou
caracterizar o ritual de internação, o exame e o cuidado desenvolvido no hospital, bem como o seu
produto, ou seja, que corpo está sendo produzido pelo cuidado de enfermagem. Foi possível constatar
que o ritual de internação é concretamente traçado pelas lógicas da instituição, dos profissionais
médicos e saber construído sobre o sujeito; o exame dá visibilidade ao poder médico, esquadrinha o
corpo e objetiva o doente sujeitando-o às verdades de um campo de saber. O cliente, ao ser admitido
no hospital perde alguns papéis que vão além da barreira geográfica que o separa do mundo exterior,
por outro lado ganha outra identidade no mundo do hospital – a identidade de “paciente”. A
construção dessa identidade passa pelo desfazer de sua privacidade, relações familiares e sociais, ou
seja, deixar de ser autor de sua própria história/autonomia para se tornar objeto de observação,
manipulação, vigilância e controle. O cuidado de enfermagem se expressa em exercícios de poder,
rituais, dispositivos, simbolizações e jogos de interesses que circulam, tramam e o sustentam no
hospital. Este cuidado constrói domínios que permitem sua execução de forma parcelar, é
administrado, põe em jogo os diversos interesses profissionais, visões, posições e poderes, é rotinizado
e se apóia no modelo biomédico. Por conseguinte o corpo produzido é fragmentado,
compartimentalizado, com múltiplos domínios, disciplinado, vigiado; enfim um corpo tomado pela
doença, mas também um corpo que encontra forças para resistir aos cuidados que lhe são impostos,
1 Trabalho produzido a partir da Tese de Doutorado defendida em fevereiro de 2005 no PEN/UFSC. O trabalho se insere no eixo
temático A Natureza do Cuidado em Saúde.
2 Enfermeira, Doutora em Enfermagem, Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT.
3 Enfermeira, Doutora em Enfermagem, Universidade Federal de Santa Catarina–UFSC.
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essa resistência se revela no momento em que o cliente arranca sondas, punções venosas, por essa
resistência são rotulados de “rebeldes”. O hospital também se revela como um corpo “construído”, ao
mesmo tempo em que “constrói” corpos. Finalmente, sobre a constituição do “saber” sobre o corpo
pela enfermagem, constato que a construção deste saber se dá sobre um corpo específico, o “corpo
doente”, gestado no interior da prática médica e, portanto, concebido como local de manifestação da
doença; essa simbolização de corpo se reflete ainda hoje na forma de pensar e de organizar o cuidado
no hospital - produção de cuidados apoiada na racionalidade técnica das ações e procedimentos.
Palavras-chave: corpo; cuidado de enfermagem; corpo do cuidado; cuidado hospitalar.
MANNERS OF TO KNOW AND TO INTERVENCE: THE CONSTITUTION OF THE BODY
NURSING CARE IN THE HOSPITAL
ABSTRACT: Historically, the attention focus of students and workers of nursing have to be limited
to the observation of objectives symptoms, a “mechanic sight” turned to norms and routine’s
fulfillment, drugs control, machines and equipments each time more sophisticated. For Meyer (2002,
p.3) this aptitudes reflect a nursing practical centered on diagnosis and intervention, on which the
human being is translated on in formations produced through exams results, monitors screen that qualify,
quantify and visualize their biophisiologics in detriment of interpersonal relation based on listening, respect
for individuality, for their space, their experience and body`s care. The present work had like objective
analyses the manners for which the body is constituted as a knowledge object and intervention of the
nurse in the hospital care. To develop it, I lean on in Michel Foucalt’s Theory and in authors’ work
have been problematizing the body, in matter, the body of the care starting from the relationship
power/knowledge. I adopted the perspective genealogical of Foucalt like inspiration and aptitude of
the researcher in front of the data that will be analyzed. The genealogic method didn’t supply a rigid
model of stages and procedures, but it illuminated the academic path. The study object was
understood as I was penetrating to the world of the hospital to accomplish the field observations and
analysis of documents as the customers’ handbooks and the book registration of passage of the nurses’
duty, in the period from 2000 to 2003. Analysis of the empiric data made possible to characterize the
embodied rituals, the exam and the care developed at the hospital, as well as his/her product, in other
works, that body is being produced by the nursing care. It was possible to evidence that the
internment ritual is drawn concretely by the logics of the institution, of the medical professional and to
know built on the; the exam gives visibility to the medical power, it examines the body and objective
the patient subjecting him to truths of the knowledge fielf. The client, when admitted at hospital loses
some holes that pass through a geographic barriers which separate him of the external world, for the
other side he gains another identity on the hospital world – the “patient” identity. The constructions of
this identity pass for undo his privacy, familiar and social relations, that means, he is not the author of
his history/ autonomy to become an object of observation, regard and control. The nursing care is
expressed in exercises of power, rituals, devices, symbolizations and the interplay of interest that
circulate, scheme and sustain in the hospital. This care builds domains that allow its application in
from to parcel out , it is administrated, it puts at stake several interests professionals, visions, positions
and powers, it is routine and it leans on the biomedical model. Therefore, the constructed body is
fragmented, with multiples domains, disciplined, regarded, at last a body taken for the disease, but also
a body which finds strength to resist to imposed cares, this resistance is reveled at the moment which
the client pulls out sounding leads, veins punctions and they are called “rebels”. The hospital is also
revealed as a “built body”, at the same time in that builds bodies. Finally, about the “knowledge”
constitution for Nursing, I can see that the construction of this knowledge happens on a specific body,
“sick body”, conceived inside the medical practice, and, therefore, takem asa place of manifestation of
disease; that body symbolization is still reflected today in the form of thinking and of organizing the
care in the hospital – a production of care supported by the technical rationality of the actions and
procedures.
Keywords: body, nursing care; body of the care; hospital care.
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AVALIAÇÃO DA DOR COMO INSTRUMENTO PARA O CUIDAR DE RECÉMNASCIDOS PRÉ-TERMO
BRUNA BRYENNA BRITO SOUSA1
MARINESE HERMINIA SANTOS1
FRANCISCA GEORGINA MACÊDO DE SOUSA2
ANNA PAULA FERRARIO GONÇALVES1
SIRLIANE DE SOUZA PAIVA1
RESUMO: No cuidado ao recém-nascido devem ser consideradas situações de desconforto e dor
vivenciada por este, considerando que este quadro compromete o estado geral, principalmente quando
se trata de prematuro. A abordagem da dor no cuidado em Uti-Neonatal inclui o recém-nascido como
sujeito de direito e representa para a enfermagem fator relevante para o cuidado qualitativo. Os
métodos utilizados para avaliar fundamentam-se basicamente no auto-relato, uma vez que a dor é
subjetiva e pessoal. No entanto, a dificuldade de avaliar e mensurar a dor no Recém-nascido Pré-termo
(RNPT) ainda constitui obstáculo ao cuidado em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN).
Embora seja considerado o 5º sinal vital, em Neonatologia, avaliar a dor caracteriza-se como um
desafio à enfermagem no cuidado à criança. Foi com este desafio que desenvolvemos a proposta do
estudo centrando-o na identificação da dor em RNPT pelas mães e enfermeiros pela mímica facial.
Objetivos: analisar como profissionais de enfermagem e mães caracterizam e identificam a dor em
RNPT, verificar se o fazem pela expressão facial e verificar se os sinais de dor são reconhecidos como
estratégia para o cuidado de enfermagem. Metodologia: estudo exploratório descritivo sobre a
perspectiva de reconhecimento da dor como um sinal vital. Os sujeitos foram mães de Recémnascidos pré-termo (RNPT) internados na UTI-Neonatal de um Hospital Universitário maranhense e
enfermeiras da referida unidade em um total de 24 mães e 12 enfermeiras. Dentre os vários
profissionais da UTI-Neonatal, o estudo envolveu enfermeiros por compreender a importância destes
em identificar e reconhecer os sinais de dor, atualmente considerada o quinto sinal vital. O estudo foi
realizado de março a maio de 2005, tendo como instrumento para a coleta de dados a entrevista semiestruturada e um quadro com fotos de RNPT. A pesquisa foi desenvolvida em quatro etapas. A
primeira correspondeu a todo o processo que envolve Pesquisa com Seres Humanos e aos aspectos
burocráticos de autorização do hospital e da Unidade para a realização do estudo. Nessa etapa foram
explicados os objetivos e o processo metodológico do estudo, solicitado e obtido Consentimento
Livre e Esclarecido dos envolvidos. Às mães foi solicitado autorização por escrito para a realização e
utilização das imagens fotográficas das crianças no estudo. A segunda etapa compreendeu a tomada
fotográfica das crianças em máquina digital sem a utilização de flash, pois a incidência de um estímulo
luminoso poderia alterar a mímica facial do recém-nascido. Foram selecionadas dois RNPT cujos
critérios foram: idade gestacional inferior a 37 semanas, que estivessem internados na UTI-Neonatal
há cinco dias ou mais, acompanhados pelas mães e sem suporte mecânico de ventilação. Os RN foram
fotografados em diferentes momentos, incluindo aqueles que envolviam procedimentos e de sono e
repouso. Posteriormente, as fotos foram impressas em papel fotográfico para visualização das
imagens. Para a tomada fotográfica foi aplicado o Sistema de Codificação da Atividade Facial Neonatal
(NFCS) com vistas a identificar e fotografar o momento real de dor expressa pelo RN. A NFCS avalia
as alterações dos movimentos faciais frente a um estímulo doloroso levando em conta a presença ou
ausência dos seguintes movimentos faciais: fronte saliente, olhos espremidos, sulco naso-labial
aprofundado, lábios entreabertos, boca esticada, lábios franzidos, língua tensa e tremor do queixo. Para
cada um dos itens, quando presente, é atribuído um ponto, sendo o escore máximo de oito.
Considera-se expressão de dor, quando a pontuação é superior a dois. Para esta etapa os RN’s foram
1 Universidade Federal do Maranhão - UFMA (Brasil).
2 Universidade Federal do Maranhão - UFMA (Brasil). Doutoranda em Enfermagem – Programa de Pós-Graduação em Enfermagem
da Universidade Federal de Santa Catarina – PEN/UFSC. Bolsista do CNPq. E-mail: [email protected]
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observados durante quatro dias, em média seis horas/dia e fotografados. A terceira etapa,
compreendeu cuidadosa observação e análise das fotos apoiada pelo NFCS e pelos registros feitos em
um bloco, pela pesquisadora, que descrevia as circunstâncias e situações do momento da tomada
fotográfica. Foram selecionadas seis fotos e organizadas em um quadro com dimensões de 40 x 40 cm.
As fotos foram dispostas em duas colunas, com três fotos cada, numeradas em algarismos romanos. A
foto I corresponde a um bocejo da criança, a II expressão de desconforto causado por ruído excessivo,
a III expressão de desconforto causado pela fricção do calcanhar pela enfermeira, a V de repouso e a
VI desconforto causado por iluminação excessiva. Das fotos a IV foi classificada como expressão de
dor pois a criança apresentou: fronte saliente, olhos espremidos, sulco naso-labial aprofundado, boca
estirada, lábios entreabertos, língua tensa e tremor do queixo, obtendo um escore de sete pontos, o
suficiente para o Sistema de Codificação de a Atividade Facial Neonatal classificar a situação como um
momento real de dor. A quarta etapa compreendeu a realização da entrevista com os dois grupos
(mães e enfermeiras) e a apresentação do quadro de fotos do RNPT, para atender aos objetivos
propostos. Resultados: Entre as características gerais da população estudada, destacamos que as mães
estavam na faixa etária de catorze a trinta e cinco anos, a maioria, primípara, viviam com companheiro
e exerciam atividades domésticas. Com relação às enfermeiras, possuía de vinte quatro a quarenta e
oito anos, metade delas com mais de nove anos de profissão e trabalhavam em média três anos em
neonatologia. Quanto à capacidade do RNPT sentir dor, houve unanimidade entre as enfermeiras em
achar que a criança nessa faixa etária sente dor. Entre as mães, observou-se que apenas uma não
concordou que o RNPT sinta dor, podendo-se inferir que este fato seja justificado em decorrência da
pouca idade materna (catorze anos) dificultando a sua percepção em relação à dor do seu filho.
Quando perguntadas sobre a capacidade de um RNPT sentir dor tanto quanto um adulto, 8,0% das
enfermeiras afirmaram que o RNPT sente dor com menor intensidade que o adulto. Ressalta-se que as
enfermeiras que relataram isto são mães, embora seja quase que intuitivo pensar que o fato de ter
filhos sensibiliza o adulto. Com relação às características de um RNPT com dor, somente as
enfermeiras (25%) citaram alterações fisiológicas. As alterações comportamentais mais citadas foram o
choro e o movimento de membros. Quando perguntadas sobre a importância de tratar a dor no
RNPT, tanto as mães como as enfermeiras deram respostas subjetivas e intuitivas. Embora achando
que o RNPT sente dor, 4,3% das mães não consideram importante tratar a dor de seus filhos porque
pensam que os prematuros não sofrem tanto quanto os bebês de termo. Em relação às atitudes
tomadas frente a um RNPT com dor, mães e enfermeiras mostram-se sensíveis e interagem de
maneira afetuosa com o RN, porém verificou-se que 13% das mães relataram não fazer nada,
entretanto não foram encontradas explicações para essa conduta em relação à dor. As respostas foram
contraditórias considerando que 92% das enfermeiras e 87% das mães valorizaram tratar a dor e que
os recém nascidos sentem tanta dor quanto um adulto. Verificou-se que 52% das mães relataram fazer
carinho em seus recém-nascidos, ou seja, colocá-los nos braços e na posição canguru. Esta é uma
prática comum, visto que, a unidade neonatal em que foi realizada a pesquisa é referência para o
Ministério da Saúde em Assistência Humanizada ao Recém-Nascido de Baixo Peso-Método Mãe
Canguru. Mesmo havendo na unidade pesquisada, um protocolo de condutas para recém-nascidos
submetidos a procedimentos dolorosos, 41,7% das enfermeiras afirmaram que nem sempre estes
bebês recebem algum tipo de analgesia. Em relação às situações nas quais se costumava utilizar
analgesia, verificou-se nas respostas das enfermeiras que 75% citaram apenas procedimentos realizados
por médicos, podendo significar que não consideram dolorosos os procedimentos de enfermagem,
apesar de adotarem intervenções não farmacológicas quando percebem que o RN está com dor. Com
relação ao conhecimento sobre os instrumentos/escalas de avaliação da dor no RN, apenas 25% das
enfermeiras relataram ter lido a respeito do assunto. Observou-se que 55,5% da população
entrevistada identificaram a foto na qual o RN sentia dor, entretanto quando perguntadas sobre o
motivo pelo qual optaram pela foto correspondente a expressão facial de dor, esperava-se que
descrevessem a partir da observação da foto, as características da mímica facial, porém apenas
referiram de modo genérico, as alterações da face. Foi possível também observar que as mães (73,3%)
associaram o choro à presença de dor. Os resultados deste estudo mostraram que a dor é avaliada por
meio das alterações fisiológicas, comportamentais e emocionais, porém as enfermeiras desconhecem
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as escalas utilizadas para a avaliação. Ao observar a dor, mães e enfermeiras afirmaram empregar
condutas não farmacológicas que previnem a desorganização do recém-nascido e reduzem o estresse
provocado pelos estímulos ambientais, tais como a sucção não nutritiva, o contato pele a pele, a
contenção manual, os cuidados individualizados e a amamentação. Conclusões: Observou-se que as
mães identificam melhor a dor em neonatos pela expressão facial do que as enfermeiras e que estas,
apesar de reconhecerem a dor e de adotarem condutas para amenizá-la e controlá-la. A avaliação da
dor deve ser preocupação do enfermeiro pois, para o cuidado, aspectos como a identificação de sinais
álgicos e sua caracterização são ferramentas importantes para o cuidado ao RNPT, pois a partir daí
será possível amenizar e suprir as necessidades e contribuir sistematicamente para a melhoria do
manejo. A avaliação da dor pela enfermagem caracteriza-se como um desafio no cuidado à criança e
contribui para o cuidado qualitativo.
Palavras-chave: enfermagem neonatal; recém-nascido prematuro; avaliação da dor.
EVALUATION OF PAIN AS AN INSTRUMENT FOR CARE OF PREMATURE NEWBORNS
ABSTRACT: In the care to the just-been born the discomfort situations and the pain lived for him
taken on account considering that this picture compromises the general state, mainly when it is about
premature. The boarding of pain in the care in Neonatal Intensive Care Unit beyond including the
right just-been born child as subject of rights represents for the nursing excellent factor in the
assistance and contributes for a qualitative care. The methods utilized to evaluate pain are founded
basically on auto-reporting, since pain is a subjective and personal fact. However, the difficulty in
evaluating and measuring pain in Premature Newborns (PMNBs) still constitutes obstacles for care in
the Neonatal Intensive Care Unit (NICU). Although pain is considered a 5th vital sign, in Neonatology
its approach is still a great challenge, to evaluate pain is characterized as a challenge to the nursing in
the care to the child. It was with this challenge in mind that we developed the proposal for this study,
centering it on the identification of pain in PMNBs through the mothers and nurses, by means of
facial mimicry. Objectives: to analyze how nurses and mothers identify pain in PMNBs, to verify if
they express pain in their facial expressions, to identify the adopted conduct towards PMNBs with
pain, and to verify if the identification of signs of pain is recognized as a strategy for nursing care.
Methodology: a descriptive and exploratory study concerning the perspective of recognizing pain as a
vital sign. The subjects were mother of Premature Newborns (PMNBs) interned in the NICU of a
University Hospital located in the capital of Maranhão, Brazil, and nurses of the same unit, totaling 24
mothers and 12 nurses. Among the various professionals of the NICU, the study involved nurses in
order to comprehend the importance of these very nurses in identifying and recognizing signs of pain,
currently considered the 5th vital sign. This study was carried out between March and May of 2005,
using semi-structured interviews and a photo board with photos of the PMNBs as the instruments of
data collection. The research was developed in four stages. The first corresponded with the entire
legal process that involves Research with Human Beings and the bureaucratic aspects of authorization
from the hospital and the NICU in order to complete the study. In this stage, the objectives and the
methodological process of the study were explained, and the Free and Clear Consent of those involved
was solicited and obtained. The mothers were asked to give written authorization for the creation and
utilization of photographic images of their children in this study. The second stage included taking
digital photographs of the newborns, without the use of a flash, due to the potential that exposure to
the light stimulus could alter the facial mimicry of the newborn. Two PMNBs were selected with the
following criteria: gestation period of less than 37 weeks, being interned in the NICU for at least 5
days, accompaniment of their mothers, and no use of mechanical ventilation support. The newborns
were photographed in different moments, including those that involved their sleep and rest periods.
Later, the photos were printed on photo-quality paper in order to visualize the images. The System of
Codification of Neonatal Facial Activity (SCNFA) was applied in order to identify and photograph the
real moment of pain expressed by the newborn. The SCNFA evaluated the facial movements in
response to a painful stimulus, considering the presence or absence of the following facial movements:
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raised forehead, squinted eyes, deepened nasal-labial indentation, open lips, extended mouth, wrinkled
lips, tense tongue, and chin tremors. A point is attributed in the event of the presence of each of these
items, with a maximum attribution of eight. An expression of pain is considered whenever more than
two points are attributed. For this stage, the newborns were observed and photographed for four
days, on average for six hours per day. The third stage included careful observation and analysis of the
photos, supported by the SCNFA and by the registries made as a group by the researcher, who
described the circumstances and situations of the moment in which each photograph was taken. Six
photos were selected and organized on a 40cm x 40cm photo board. The photos were placed into two
columns, with three photos each, numbered in roman numerals. Photo I corresponds to a child’s
yawn, photo II corresponds to an expression of discomfort caused by excessive noise, photo III
corresponds to an expression of discomfort caused by friction from the nurse’s heel, photo V
corresponds to rest, and photo VI corresponds to an expression of discomfort caused by excessive
illumination. Photo IV was classified as an expression of pain, because the child presented: raised
forehead, squinted eyes, deepened nasal-labial indentation, open lips, tense tongue, and chin tremors,
thus obtaining a total of seven points, sufficient for the Codification System of Neonatal Facial
Activity to classify the situation as a moment of real pain. The fourth stage included the completion of
the interview with both groups (mothers and nurses) and the presentation of the photo board of the
PMNBs, in order to attend to the proposed objectives. Results: The data collected were initially
analyzed and later compiled in an Excel file, as well as submitted for descriptive analysis through the
preparation of charts and tables. With the intention of obtaining responses to the proposed objectives
of the present study, both groups studied were comparable in their principle characteristics. Among
the general characteristics of the population studied, we highlight that the mothers were in the age
group of 14 to 35 years, the majority first-time mothers, living with a companion, and occupied with
domestic activities. Concerning the nurses, they were between 24 and 48 years old, with half of them
working as professional nurses for more than 9 years and working in neonatal care for an average of 3
years. As to the capacity of the PMNB feeling pain, there was unanimity among the nurses that
children in this age group feel pain. Among the mothers, only one was observed to disagree that
PMNBs feel pain. This fact may be inferred to be justified as a result of the young age of the mother
(fourteen years old), thus making more difficult her perception of her child’s pain. When asked about
the capacity of a PMNB to feel as much pain as an adult, 8.0% of the nurses affirmed that the PMNB
feels pain with less intensity than an adult. It is important to note that the nurses who reported this are
mothers, although it is almost intuitive that having children sensitizes adults. In relation to the
characteristics of a PMNB in pain, only the nurses (25%) cited physiological alterations. The most
cited behavioral alterations were crying and movement of their members. When asked about the
importance of treating the PMNBs’ pain, both the mothers and the nurses gave subjective and
intuitive responses. Although believing that the PMNB feels pain, 4.3% of the mothers did not
consider it important to treat their children’s pain because they believed that premature newborns did
not suffer as much as babies carried to full term. In relation to the attitudes taken before a PMNB
with pain, mothers and nurses showed themselves to be sensitive and were able to interact
affectionately with the newborn. However, 13% of these mothers reported to not do anything in
response, although no explanations were found for this conduct in respect to pain. The responses
were contradictory, considering that 92% of the nurses and 87% of the mothers valued treating pain
and that the newborns feel as much pain as an adult. This study verified that 52% of the mothers
reported demonstrating caring physical contact with their newborns, or rather, holding them in their
arms and in the kangaroo position. This is a common practice, being that the neonatal care unit in
which the study was carried out is a matter of reference for the Ministry of Health in Humanized Care
for Underweight Newborns—Mother Kangaroo Method. Even with an protocol of conduct in place
in the unit researched for newborns who undergo painful procedures, 41.7% of the nurses affirm that
these babies do not always receive some type of painkiller. In relation to the situations in which
painkillers were customarily used, 75% of the responses of the nurses verified that only procedures
performed by physicians are considered painful, potentially meaning that nursing procedures are
simply not considered painful. However, they do adopt non-pharmaceutical measurements when they
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perceive that the newborn is in pain. In relation to knowledge about instruments/scales of pain
evaluation for newborns, only 25% of the nurses reported having read about the subject. It was
observed that 55.5% of the interviewed population identified the photo in which the newborn felt
pain, however when asked about the reason behind their choice for the photo corresponding to a
facial expression of pain, one would expect that they described the characteristics of the facial
expression from their observation of the photo. However, they merely referred to the general manner
in which the face was altered. It was also possible to observe that the mothers (73.3%) associated
crying with the presence of pain. The results of this study showed that pain is evaluated by means of
physiological, behavioral, and emotional alterations, although nurses are not aware of the scales utilized
for its evaluation. Upon observing pain, mothers and nurses affirmed to employ non-pharmaceutical
behaviors that prevent the disorganization of the newborn and reduce the stress provoked by these
environmental stimuli, such as non-nutritive suction, skin-to-skin contact, manual contention,
individualized care, and breast feeding. Conclusoes: It was observed that mothers better identified
pain in neonatals through the facial expression in comparison with the nurses. The evaluation of pain
must be concern of the nurse therefore, for the care, aspects as identification of pain signals and its
characterization are important tools for the care to the PMNB, therefore from then on it will be
possible to brighten up and to supply the necessities and to contribute for the improvement of the
handling. The evaluation of pain for the nursing is characterized as a challenge in the care to the child
and contributes for the qualitative care.
Keywords: neonatal nursing; premature newborns; pain evaluation.
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O VIVER , O ADOECER E O CUIDAR DAS FAMÍLIAS DE UMA COMUNIDADE
RURAL DO EXTREMO SUL DO BRASIL: UMA PERSPECTIVA ECOLÓGICA
EDA SCHWARTZ1
INGRID ELSEN2
RESUMO: O presente estudo teve como objetivo compreender o viver, o adoecer e o cuidar das
famílias de uma comunidade rural do extremo sul do Brasil a partir de uma Abordagem Ecológica.
Como referencial teórico foi utilizada a teoria da abordagem Ecológica de Bronfenbrenner, com
ênfase nas categorias de tempo, pessoa/família, processo e contexto com seus níveis: micro, meso, exo
e macrossistema, ruralidade, família rural e a saúde da família rural. Trata-se de uma pesquisa de
natureza qualitativa, tendo sido selecionada a metodologia da observação participante. A pesquisadora
desenvolveu o trabalho de campo em uma comunidade rural do Rio Grande do Sul, durante nove
meses. Para a realização do estudo na instituição de saúde e com as famílias garantindo os princípios
éticos, foram seguidos os critérios exigidos pela resolução nº 196/96. A visita domiciliar, a consulta de
enfermagem no posto, a consulta a documentos e a participação em campanhas de vacinação foram
algumas das estratégias utilizadas para a coleta de dados. Os resultados apontam que a comunidade
rural Sol se caracteriza como isolada cultural e geograficamente, com riscos e potencialidades. No viver
cotidiano sobressai o trabalho como atividade molar, que dá a identidade ao colono/família. Por outro
lado, o adoecer nas famílias rurais é decorrente de elementos inibidores como a falta de
comunicação/informação interambiente e o trabalho. As principais categorias que compõem o
cuidado familiar na doença são: buscando informações e prevenindo; o estar junto; e a
responsabilidade. O (des)cuidado em relação a saúde surgem em decorrência das fragilidades das interrelações dos sistemas. O referencial teórico selecionado foi significativo para a compreensão do
fenômeno investigado, pois permitiu a constatação de como os diferentes ambientes se articulam, ou
não, entre si, promovem ou fragilizam a saúde dos colonos. O trabalho, como atividade molar, dá
identidade ao colono, mas, se não apoiado por políticas sociais e agrárias adequadas, impede o
desenvolvimento de indivíduos, famílias e comunidade. Outra categoria significativa para a saúde das
pessoas que o referencial possibilitou emergir foi o vínculo apoiador com uma possibilidade para o
desenvolvimento individual e familiar.
Palavras-chave: famílias rurais; abordagem ecológica; enfermagem.
LIVING, GETTING SICK AND TAKING CARE OF FAMILIES IN A SOUTHERN RURAL
COMMUNITY IN BRAZIL: AN ECOLOGICAL PROSPECT
ABSTRACT: This paper aimed at comprehending the living, getting sick and taking care of families
in a Southern rural community in Brazil from an Ecological Approach. As a theoretical referential the
Brofenbrenner’s ecological approach theory, with an emphasis on time, person/family, process and
context categories with their levels: micro, meso, exo and macrossystem, rurality, rural family and its
health. It is a qualitative research, and the participating observation methodology was selected. The
researcher developed the field study in a rural community in Rio Grande do Sul during nine months.
The criteria demanded by the resolution n#196/96 were followed in order to perform the study in the
health institution and with the families with assured ethical principles. The home visit, the visit to the
Enfermeira Doutora docente da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia da UFPel, coordenadora da pesquisa; líder do Núcleo de
Condições Crônicas e suas Interfaces (NUCCRIN). E-mail: [email protected]
2 Enfermeira Doutora docente da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), orientadora o trabalho.
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first aid station, documents consult and the participation in vaccination campaigns were some of the
strategies used to collect data. The results show that the rural community Sol is a cultural and
geographically isolated one, with both risks and potentialities. In the ordinary living the work is the
molar activity which gives families and colonists an identity. On the other hand, the getting sick
process in rural families comes from inhibitor elements as non-communication/information
interrelating environment and work. The main elements composing the family care when sick are:
reaching information and prevention; being together; responsibility. The (non) caring for with regards
to health arises from weak points in the inter-relation of systems. The theoretical referential of option
was significant to comprehending the phenomenon investigated because it allowed to realize how
different environment, whether articulated or not in-between, either promoting or making colonists’
health fragile. Working, as the colonists’ identity molar activity but not supported by suitable social and
agrarian policies, do prevent the development of the individuals, families and community. Another
significant range to people’s health whose raising was made possible by the referential was the
supporting link one with a possibility to the individual and familiar development.
Keywords: rural families; ecological approach; nursing.
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A PERCEPÇÃO DO CUIDADO NA PRÁXIS DO ENFERMEIRO EM SAÚDE
COLETIVA
MARIA LUCIANA BOTTI1
ELIANE KATSUME KIKUMOTO BAPTISTA2
RESUMO: Ao longo da história da enfermagem caracterizamos o cuidado como essência da
profissão, identidade que marca a natureza do saber profissional, a sua razão de ser. O nascimento da
enfermagem moderna introduz o cuidado como forma de assistir ao doente, desempenhado por meio
de técnicas e procedimentos. Para Florence Nightingale, a arte da enfermagem deveria incluir,
condições tais que, por si mesmas tornassem possível à assistência de enfermagem, pois parece ter sido
criada especialmente para desfazer o que Deus determinou que a doença fosse, isto é um processo
restaurador. A enfermagem como profissão desenvolveu-se e projetou novas concepções sobre o seu
objeto de trabalho. Teoristas como Leininger contribuíram para a construção de um novo pensar
sobre o cuidado, para ela a enfermagem é um fenômeno cultural e sua essência é o cuidado as pessoas
em suas diversas culturas (CARREIRA & SANTOS, 2001). O conceito simplista de cuidado, estudado
no início da profissão, passou a ser questionado atualmente, pois se tornou insuficiente diante da
evolução do conceito de saúde. A compreensão de que a ausência da doença não mais significa saúde,
colabora para a transformação na prestação da assistência do setor saúde, até então voltado para o
assistir em caráter curativo. A mudança da concepção de cuidado representa atualmente mais do que o
reinventar de um novo paradigma, mas sim uma forma de entender e fortalecer o papel profissional do
enfermeiro conferindo legitimidade às ações de cura e prevenção, baseadas na dignidade e
complexidade humana. Para compreender o cuidado no processo de trabalho do enfermeiro em
saúde coletiva, buscou-se conhecer e refletir sobre como os enfermeiros definem o cuidado em sua
prática profissional. Maringá, o município escolhido, conta, em 2005, com uma rede de atenção
formada por 23 Unidades Básicas de Saúde, que atuam na estratégia do Programa de Saúde da Família,
duas Policlínicas, três centros de referência em saúde mental e um Hospital Geral. A estrutura
administrativa central é departamentalizada e organizada, basicamente, em gerências e assessorias que
contemplam a capacitação de recursos humanos, o planejamento, a assistência à saúde, a auditoria,
controle e avaliação, vigilância à saúde e o controle social. Dentro desta lógica, o trabalho do
enfermeiro, e dos outros trabalhadores da saúde se inserem no sentido de dar sustentabilidade à
política de saúde municipal vigente. Objetivos: Este trabalho tem por objetivos introduzir a discussão
sobre o processo de cuidar em saúde e conhecer a percepção dos enfermeiros sobre o cuidado na
prática profissional. Método: O presente estudo pretende conhecer a percepção que enfermeiros que
atuam em saúde coletiva tem sobre cuidado, para que se compreenda a práxis do cuidado no trabalho e
a importância da formação na construção desta percepção. O cenário da pesquisa foi a Secretaria de
Saúde de Maringá e a amostra, selecionada aleatoriamente, compôs-se de enfermeiros que atuam no
campo da saúde coletiva, nas Unidades Básicas de Saúde – UBS, e em diferentes setores técnicoadministrativos, excluídos os setores onde os autores estão lotados. Os dados foram coletados pelas
autoras por meio de questionário, entregues pessoalmente aos sujeitos da pesquisa. Foram obedecidos
as diretrizes e preceitos éticos com relação às pesquisas com seres humanos. Procedeu-se a tabulação
de dados de variáveis como idade, tempo de formação, realização de pós-graduação e respectiva área
para estabelecer o perfil dos respondentes. A análise qualitativa buscou compreender, segundo a
percepção dos enfermeiros, qual o conceito de cuidado, a práxis do cuidado e a formação para o
cuidado. As respostas foram categorizadas em: a)visão tecnicista do cuidado: a abordagem se reduz a
1 Enfermeira do Centro de Testagem e Aconselhamento da Secretaria Municipal de Saúde de Maringá. Docente do curso de
Graduação em Enfermagem do Centro Universitário de Maringá – CESUMAR. Mestranda em Enfermagem, Departamento de
Enfermagem, Universidade Estadual de Maringá. E-mail: malubotti @yahoo.com.br
2 Enfermeira do Centro de Informação em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Maringá, Aluna do Mestrado de Ciências da
Saúde, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Estadual de Maringá.
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“realização” de procedimentos, assistência ao paciente; b) cuidado humano: relacionando o cuidado
com a preocupação com o ser cuidado de uma forma integral, atitude que transcende o campo da
saúde. Resultados: Foram encaminhados treze questionários e retornaram dez, que fizeram parte
desta análise. As principais características dos enfermeiros participantes do estudo foram: idade entre
22 a 44 anos, com maiores percentuais na faixa menor de 29 anos (40%) e acima de 40 anos (40%); a
maioria é formada pela instituição pública de ensino localizada no município (80%); o tempo de
formação entre 1 e 21 anos, com maior concentração entre os formados entre 5 e 10 anos (30%); 80%
possuem pós-graduação, sendo que a especialização em saúde coletiva/saúde pública foi escolha de
70%; 50% atuam nas UBS, em setores técnico-administrativos 50%, sendo 20% em cargos de direção
e gerência, 40% em funções técnico-administrativas específicas e 40% atuam no Programa de Saúde
da Família. A análise qualitativa possibilitou-nos a compreensão de que ao conhecer a formação para o
cuidado, o modo, a abordagem do objeto de estudo na graduação permite fazer inferências, mesmo
que iniciais, de como a prática atual se organiza e se revela, pois o desenvolvimento da enfermagem se
processa de modo concreto, condicionada aos determinantes: histórico, cultural, político, ideológico e
social (MEDEIROS, 2001). Neste aspecto, consideramos que o modelo curricular percebido pelos
enfermeiros enfocou, principalmente, o cuidado como assistência direta ao paciente, com ênfase na
execução de procedimentos, porém alguns expressaram abordagens mais ampliadas, onde as intenções
de contribuir para a melhoria das condições de saúde estão apresentadas. Por outro lado, ao analisar os
relatos dos enfermeiros, é possível entender que as instituições de ensino, em alguns momentos,
perpetuam reproduzindo a visão parcial do trabalho em saúde e do enfermeiro, fruto de políticas
educacionais e de saúde que visam somente à formação de profissionais/trabalhadores voltados para o
“mercado de trabalho” hegemônico e disponível em cada época. Não se educa o aluno como cidadão,
consciente de seu espaço na sociedade, com olhar crítico e reflexivo, que participa ativamente e luta
pela construção de uma nova ideologia do cuidado em saúde, uma nova atitude, que prima pelo
cuidado integral. Destacamos ainda como resultado importante para a reflexão da práxis do enfermeiro
que o cuidado se revelou de acordo com a especificidade do setor de trabalho e a subjetividade do
enfermeiro. Reafirmando que a dimensão tecnicista é predominante e ainda conforma um
determinante cultural. A realidade do trabalho do enfermeiro não está isolada, neutra, desligada de um
processo histórico e social. Ao retratar “como se cuida”, os enfermeiros vêem a sua própria ação
profissional. O cuidado ainda pode ser visto como resultado unilateral, ou seja, uma prática autoritária
na sua concepção. Os enfermeiros ao exercerem tarefas técnico-administrativas especializadas, não tem
claro que suas atividades cotidianas têm como princípio primordial e final, embora ofuscado pelas
inúmeras tarefas burocráticas e de controle que exercem, o cuidado. Não conseguem perceber que os
serviços de saúde, em todos os setores, organizam-se em função da missão de promover a saúde da
população e a integralidade das ações nos diversos níveis de complexidade da assistência à saúde.
Nestes casos, o trabalho, desenvolvido pelos enfermeiros de setores técnico-administrativos, não é
percebido como forma de garantir a integralidade e qualidade do cuidado, pois quando o paciente
necessita de cuidado buscará em outras instâncias a assistência. Para os enfermeiros, cuja natureza do
trabalho se dá mais próxima do usuário do sistema de saúde, ocupando cargo de gestão ou como
enfermeiro do PSF, a percepção é diferenciada e apresenta aspectos conceituais relacionados à
dimensão da assistência mais próxima do cuidado integral. Considerações finais: No estudo realizado
podemos constatar que o conceito e as percepções sobre o cuidado aparecem em certo aspecto
ampliadas, pois trazem representações do cuidado como um agir presente no processo de trabalho,
porém na prática, a aplicação do conceito surge como ação vinculada à assistência individual e a
procedimentos, mostrando que a visão tecnicista sobrepõe-se a do cuidado integral. A práxis da
enfermagem em saúde coletiva parece apoiar-se ainda no modelo tradicional de assistência,
provenientes de outras ciências. Nas respostas, não se encontrou conteúdo que tivesse marcas do
saber teórico da enfermagem, o que pode significar falta de conhecimento, desvalorização ou
desvinculação do seu objeto profissional. O processo de construção e consolidação do conceito de
cuidado integral, como atitude que transcende ao campo da saúde, e perpassa pelas áreas da educação,
ciências sociais, ecologia, política, entre outras, é um grande desafio. Impõe o compromisso de cada
ator social e suas relações com o outro, portanto, não é um caminhar naturalmente construído. É um
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embate de posicionamentos, corporativos ou não, de conflitos, de mobilizações internas, de conceitos
e preconceitos. Os atores que constroem este processo possuem uma formação e um saber que são
socialmente e historicamente estabelecidos, seus sentidos e significados conferem sua percepção de
cuidado. Assim, o conhecimento e o saber, o cuidado e a sua práxis, são produzidos ao longo da
história. A construção de uma nova concepção do cuidado é contra-hegemônica e os espaços-chave
como o cotidiano dos serviços de saúde/enfermagem, as instituições de ensino, as associações e
sindicatos e, principalmente, os usuários dos serviços de saúde devem ser inseridos nesta construção.
Pensar, então, no cuidado nascido no mundo real, na realidade de quem cuida, de quem é cuidado, de
quem ensina e de quem aprende/apreende.
Palavras-chave: cuidado; formação; saúde.
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O MODELO DE CUIDADO ADAPTATIVO DE CALLISTA ROY: FONTES
TEÓRICAS E FILOSÓFICAS
MÁRCIA BORCK1
EVANGUELIA KOTZIAS ATHERINO DOS SANTOS2
RESUMO: Os modelos conceituais estão constituídos por idéias abstratas e gerais, proposições que
especificam seus interrelacionamentos. A Enfermagem, em busca da construção de conhecimento
próprio, tem ao longo dos últimos cinquenta anos, empreendido grandes esforços no sentido de
desenvolver teorias e modelos conceituais para direcionar sua prática e desenvolver pesquisas. Tais
modelos e teorias, estão fundamentados em suposições científicas e filosóficas e, por conseguinte, o
desenvolvimento do conhecimento, nessa disciplina, reflete seu caráter incoativo e avança as
suposições, cotidianamente, quando teóricas de enfermagem identificam convicções e valores ao
construírem seus modelos teóricos. Neste processo de construção, as teóricas têm se nutrido de
outras fontes do saber, notadamente na filosofia, biologia, física, psicologia, para citar algumas das
mais importantes. Dada a importância atribuída ao conhecimento radical, rigoroso e abrangente da
teoria ou modelo conceitual que se pretende utilizar no direcionamento da prática de cuidado ou de
pesquisa em enfermagem, optou-se no presente artigo, empreender uma busca acerca das fontes
teóricas e filosóficas do modelo de cuidado adaptativo de Callista Roy, constituindo-se este no
objetivo do estudo. Roy desenvolveu as idéias básicas de seu modelo a partir de sua experiência na
área de enfermagem pediátrica quando cursava o seu mestrado na década de 60, recebendo grande
estímulo e inspiração ao participar de um seminário coordenado por Dorothy E. Johson no qual
desenvolveu um modelo conceitual. Roy publicou seu modelo pela primeira vez sob a forma de um
artigo no Nursing Outlook em 1970, intitulado: Adaptation: A conceptual framework for nursing. Os
pressupostos teórico-filosóficos e científicos que dão sustentação a este modelo provêm de diferentes
fontes, ocupando posição de destaque a Teoria Geral de Sistemas de Karl Ludwig von Bertalanffy e a
Teoria do Nível de Adaptação do psicólogo Harry Helson, no âmbito da psicofísica, aplicados sob a
ótica da enfermagem as quais contribuíram para a construção do marco filosófico pautado em uma
visão humanística e holística. No que diz respeito a Bertalanffy, este desenvolveu seus estudos a área
de biologia e interessou-se desde cedo pelos organismos e pelos problemas do crescimento. Os seus
trabalhos iniciais datam do início do século XX, e são sobre a abordagem orgânica. Com efeito,
Bertalanffy não concordava com a visão cartesiana do universo. Colocou então uma abordagem
orgânica da biologia e tentou fazer aceitar a idéia de que o organismo é um todo maior que a soma das
suas partes. Criticou a visão de que o mundo é dividido em diferentes áreas, como física, química,
biologia, entre outras. Ao contrário, sugeria que se deve estudar sistemas globalmente, de forma a
envolver todas as suas interdependências, pois cada um dos elementos, ao serem reunidos para
constituir uma unidade funcional maior, desenvolvem qualidades que não se encontram em seus
componentes isolados. O psicólogo Harry Helson nascido em 9 de novembro de 1898 em Chelsea,
Massachusetts, formou-se bacharel no Bowdoin College em 1921, mestre e doutor na Universidade de
Harward em 1922 e 1924 respectivamente. Foi professor na Universidade de Kansas, Bryan Mawr
College e Brooklyn College. Ingressou no corpo docente da Universidade do Texas, Austin em 1951
onde lecionou até 1961. Participou na criação da Fundação das Teorias da Psicologia em 1951 e do
1 Mestranda em Enfermagem – Programa de Pós-Gradução em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina. E-mail:
[email protected]
2 Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente dos Cursos de Graduação e Pós-Graduação do Departamento de Enfermagem
da Universidade Federal de Santa Catarina, SC, Brasil, membro e líder do Grupo de Pesquisa em Enfermagem na Saúde da Mulher e
da Criança da PEN/UFSC. Docente da disciplina O Cuidado em Enfermagem e em Saúde do Curso de Doutorado em Enfermagem
do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina.
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enfoque contemporâneo para psicologia em 1967. Autor da Teoria do Nível de Adaptação, uma
experimentação e sistematização enfocando o comportamento, em 1964. Segundo a teoria da
adaptação de Helson, as respostas adaptativas são o resultado de estímulos recebidos e o nível de
adaptação. Chama de estímulo todo fator que provoca uma resposta. Os estímulos nascem das trocas
externas ou internas. Os níveis de adaptação constituem-se da combinação de três classes de estímulos:
1) focais, os que o indivíduo se enfrenta de imediato; 2)contextuais, incluem todos os fatores que
contribuem para os estímulos focais, isto é, todos os fatores ambientais, mas que não são o centro de
atenção da pessoa; 3) residuais, fatores ambientais cujos efeitos são incertos dentro de determinada
situação, abrangem as condições, circunstâncias e ou influências existentes no ser humano que, em
combinação com os estímulos focais e contextuais, contribuem para determinar o comportamento
humano. Em seus trabalhos, Helson conceituou nível de adaptação àquele que determina se um
estímulo provocará uma resposta positiva ou negativa e a adaptação ocorre se no processo responder
de forma positiva. No seu estudo do nível de adaptação percebeu a influência de experiências passadas
em comportamentos presentes. Considera que as atitudes, personalidade e cultura são estímulos
residuais que possuem um imensurável efeito sobre situações atuais. Roy também desenvolveu e
apurou o seu modelo com conceitos e teorias extraídos de trabalhos de P.Dohrenwend, R.S. Lazarus,
N. Malaznik, D. Mechanic e H.Selye. Também foram colaboradores de sua construção as coautoras
Driever, a quem se devem às subdivisões do conceito de autointegridade, Martinez e Sato, pela
identificação de estímulos comuns e primários que influenciam sobre os modos, M. Pousch e J. Van
Landingham sobre o modo de interdependência, e B. Randall, acerca do modo de função de papéis. O
modelo de Roy também nasceu de estudos biológicos para compreensão do ser humano, dotando-o
de uma base de valores humanos. Utilizou os conceitos de A.H. Maslow para explorar crenças e
valores das pessoas. Adota o humanismo em enfermagem como crença e poder criativo para o
enfrentamento das situações permitindo melhorar o bem estar, tendo assim o seu enfoque
holístico.Tem como bases científicas os sistemas como pontos de progresso energético no aumento do
nível do complexo de auto-organização, consciência e pensamento constituem a pessoa e sua
integração no ambiente, consciência de si e do ambiente está radicado no pensar e sentir, decisões
humanas são responsáveis pela integração nos processos criativos, pensamento e sentimento mediante
ações humanas, sistema de relações inclue aceitação, proteção e manutenção da interdependência,
pessoas e a terra têm relações comuns e integrais, pessoas e transformações do ambiente são criados
na consciência humana, integração do humano com o meio ambiente resulta na adaptação. Suas bases
filosóficas são as pessoas em mútua relação com o mundo e Deus, o pensamento humano é originado
de um ponto convergente no universo, Deus manifesta-se nas diversidades da criação e o destino
comum da criação, pessoas usam a criatividade humana para habilidades no conhecimento,
esclarecimento e crença, pessoas são imprescindíveis para o processo de origem, sustentação e
transformação do universo. Ao desenvolver sua teoria, Roy enfatiza que os indivíduos utilizam-se de
mecanismos internos e externos que são filtros de informações, as quais são analisadas, reconhecidas e
então interpretadas, conforme princípios de cada um. A partir dessas interpretações são lançadas
respostas que podem ser adaptativas ou não, de acordo com os conhecimentos pré-existentes de cada
homem histórico, no contexto da enfermagem. Considera a pessoa como receptor do cuidado, seja ele
indivíduo, família ou comunidade; um elemento holístico, que mantém relações internas e externas.
Refere o ambiente como tudo o que pode influenciar no comportamento seja interno ou externo, a
saúde é um estado de integração entre o ambiente e a pessoa, e, a enfermagem, será a responsável de
manter a adaptação, caso ele ocorra, retroalimentando o sistema. Desenvolver uma teoria é participar
com cientificidade de descobertas através da pesquisa interagindo com conceitos, relações, definições e
proposições, percebendo e vivenciando a realidade, ou seja, com o fenômeno propriamente dito.
Deste conhecimento gerado na prática da enfermagem virá o cuidado. O cuidado fundamental para
compreensão do ser humano como um conjunto de atividades que mantêm a vida e como um
processo complexo de relação que envolve fatores cognitivos, morais e emocionais, onde o enfermeiro
deve agir guiado pelos princípios do cuidar, que é a essência da enfermagem. Um modelo de cuidado
através da interação constante buscando conhecer o ser humano cuidado, sua história e valores, para
favorecer um cuidado eficaz resgatando o toque, o contato humano. Finalizando: O aprofundamento
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analítico das fontes teórico-filosóficas que dão sustentação ao modelo de adaptação de Roy,
possibilitou às autoras o exercício da reflexão, permitindo uma melhor compreensão e apropriação
da matriz conceitual do referido modelo.
Palavras-chave: cuidado; filosofia; modelo de adaptação.
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PROMOVENDO A VIDA: ANALISANDO VULNERABILIDADES EM SAÚDE DE
GRUPOS POPULACIONAIS
LINA MÁRCIA M. BERARDINELLI1
MAURO LEONARDO S. CALDEIRA DOS SANTOS2
JANAÍNA RODRIGUES SOARES3
NATÁLIA DA CONCEIÇÃO ANDRADE4
RESUMO: Promover a vida é desenvolver ações que cultivem a vida, no sentido de favorecer o bem
viver, o bem estar pessoal, reduzindo incapacidades e tratando as limitações que impedem os seres
humanos de viverem em harmonia com a natureza, com o meio ambiente e com o cosmos.
Conseqüentemente, favorecer a esses seres humanos uma aproximação e acesso à informação, à
cultura e à cidadania, garantindo o conhecimento emancipatório, através das relações solidárias, para
que aprendam a cuidar de si, a ser e viver saudável e ainda a participarem como agentes
multiplicadores dos estilos de vida saudáveis e difusores dos saberes do cuidado, incentivando a
qualidade de vida de diferentes grupos humanos. Porém, essas ações favorecedoras da vida, para
ganhar concretude precisam ser transformadas em gestos. Especificamente, gestos de cuidado e de
prevenção. Nesse sentido, este estudo procurou analisar o conceito de vulnerabilidade em saúde
fazendo-nos refletir sobre os modos de pensar a promoção da vida partindo das práticas de cuidados
desenvolvidas em eventos de saúde realizados em 2005. O conceito de vulnerabilidade nasce no
campo dos Direitos Humanos, o qual foi incorporado mais tardiamente ao campo da saúde
relacionado à epidemia de Aids nos anos 80. A amplitude conceitual da vulnerabilidade trata as
questões que giram ao redor, ao entorno de indivíduos ou grupos a um determinado agravo à saúde,
abrangendo as dimensões individuais, sociais, político-institucionais e comportamentais tanto na
sociedade, na família e na escola (M.S; 2001). O conceito amplia a perspectiva da intervenção no que
se refere à modificação da susceptibilidade de indivíduos ou grupos às doenças transmissíveis ou não
transmissíveis considerando que a sua ocorrência não depende exclusivamente das características
individuais, mas que há um componente social importante. A noção de vulnerabilidade busca
estabelecer conexões entre diferentes contextos sócio-político-econômico, institucional, cultural entre
indivíduos, grupos populacionais expostos e predispostos a riscos. Objetivos: Identificar aspectos da
vulnerabilidade em saúde dos sujeitos envolvidos durante o rastreamento de fatores de risco
cardiovascular e analisar os riscos e susceptibilidade dos sujeitos envolvidos. Desenvolvimento: O
estudo enfoca a crescente epidemia de doenças Cardiovasculares e o Acidente Vascular Encefálico no
Brasil, sustentando-se no perfil de morbi-mortalidade e qualidade de vida de grupos populacionais,
fenômeno tal, que tem chamado atenção dos estudiosos pesquisadores do campo da epidemiologia. É
fato que os problemas de saúde mais comuns, como a hipertensão, o diabetes, o infarto do miocárdio
e o acidente vascular encefálico se iniciam na infância e na adolescência. Estudos epidemiológicos
expuseram-nos uma enorme relação de fatores de risco comportamentais, ambientais, ecológicos e
genéticos para doenças cardiovasculares. Particularmente, alguns desses fatores são modificáveis e
hoje, bem conhecidos e estudados, destacando-se, entre eles o tabagismo, a obesidade, a
hiperlipidemia, o sedentarismo, a hipertensão arterial e o stress, por conta das novas tecnologias da
vida moderna. No Brasil, os eventos cardiovasculares aparecem como a primeira causa de morte
1 Enfermeira. Profª Adjunto do Departamento de Enfermagem Medico-Cirúrgica da FENF/UERJ. Doutora em Enfermagem,
EEAN/UFRJ. Vice-líder do Grupo de Ensino, Pesquisa, Assistência e Cuidado Humano em Saúde (GEPACHS)
DEMC/FENF/UERJ. Autora, relatora. E-mail: [email protected]
2 Enfermeiro. Profª Adjunto do Departamento de Enfermagem Medico-Cirúrgica da FENF/UERJ e da UFF. Doutor em Filosofia da
Enfermagem, UFSC/SC. Autor. E-mail: [email protected]
3 Aluna do 7º Período do Curso de Graduação em Enfermagem e Obstetrícia da FENF/UERJ. Bolsista de extensão. Autora.
4 Aluna do 4º Período do Curso de Graduação em Enfermagem e Obstetrícia da FENF/UERJ. Bolsista de extensão. Autora.
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(27,4%), o acidente vascular encefálico (AVE), morte súbita, infarto agudo do miocárdio (IAM),
edema agudo de pulmão e insuficiência renal são os mais prevalentes. Na faixa etária de 30 a 69 anos,
esses eventos foram responsáveis por 65% do total de óbitos em todo o mundo, atingindo a
população adulta em plena fase reprodutiva. Podendo chegar a 73% de todas as mortes em 2020
(BRASIL, 2001). Considerando o quadro acima se entende a importância e a magnitude do problema,
em função do seu caráter crônico e incapacitante, podendo deixar seqüelas irreversíveis. Além de ser o
motivo de todas as hospitalizações (39%) registradas no sistema único de saúde, é responsável pelo
aumento dos custos para o Sistema de Saúde e previdenciário do país, segundo estudo realizado por
Achutti e Azambuza (2004). Os autores ressaltam que, os agravos cardiovasculares também foram
considerados responsável pela maior proporção (32%) de perda de renda devido à morte prematura,
apesar das campanhas promovidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na detecção de casos suspeitos
de hipertensão e diabetes. Metodologia: Trata-se de um estudo do tipo quanti/qualitativo, descritivo,
com freqüência simples e percentual. Nesta pesquisa, avaliamos variáveis como idade, sexo e fatores
de risco. A população deste estudo corresponde à clientela assistida nos eventos de saúde: Ação
Global e UERJ Sem Muros ocorridos nos meses de setembro e outubro de 2005 respectivamente. A
fim de contemplar os objetivos, foi realizado rastreamento de fatores de riscos cardiovasculares, tendo
como base o Plano de Reorganização da Atenção a hipertensão arterial e ao diabetes mellitus.(MS,
2002). As atividades realizadas foram: verificação de peso, altura, índice de massa corpórea (IMC),
relação cintura quadril (RCQ), verificação de pressão arterial, glicemia capilar, condições de vida e de
trabalho geradoras de estresse. Além do levantamento: da raça, etnia, idade; escolaridade, situação
familiar, fatores hereditários; vulnerabilidades relacionadas a questões sócio-econômicas, sócioambientais e hábitos de vida, através de um questionário previamente estabelecido. Todos os
participantes assinaram a autorização da coleta e divulgação dos dados conforme resolução 196/96. O
instrumento utilizado para coleta de dados foi um formulário estruturado com treze perguntas abertas
e 28 perguntas fechadas, e entre as perguntas foram selecionadas para esta pesquisa as que continham
os fatores de risco cardiovasculares para serem discutidas e analisadas. Após a coleta de dados, os
dados foram agrupados de acordo com as respostas, tabulados e analisados estatisticamente, através de
percentagem e do software Epi-info versão 2002, gerando o processamento dos dados, através de
cálculo, apresentação e interpretação, de modo sucessivo e lógico. A amostra deste estudo foi
composta por 404 clientes, de ambos os sexos, sendo 15 (19%) do sexo masculino e 64 (81%) do
feminino.Resultados: Após o cruzamento das informações, observou-se que a população se
subdividia em oitenta e três subgrupos, entre eles, destacamos os mais relevantes organizados da
seguinte forma: os que não possuíam nenhum fator de risco, representando apenas 7,2% da população
e outros que possuem um ou mais fatores de risco associados. Dos que possuíam um ou mais fatores
de risco teve prevalência os seguintes: o que agrupa apenas hereditariedade representada por 8,9% da
população estudada. Hereditariedade e sedentarismo representando 9,9% do total. Seguido da
hereditariedade, sedentarismo e estresse resultando em 8,2%. Com hereditariedade e estresse 7,7% e
apenas sedentarismo 3,9%. Dos grupos que emergiram com fatores de risco associados corresponde a
45,8% do atendimento. Conclusão: Percebe-se que a busca pelos serviços oferecidos à população
ocorre principalmente por clientes do sexo feminino, que nesta pesquisa representou cerca de quatro
vezes o quantitativo dos homens. Os fatores de risco encontrados são expressivos e têm influência
direta sobre o ser humano, a sua forma de viver, do seu contexto de trabalho e de sua vida familiar.
Portanto, a meta para a educação em saúde é ensinar as pessoas a viverem da forma mais saudável
possível. Sendo assim, é preciso que os alunos de graduação, futuros enfermeiros, continuem
participando dos eventos de saúde para que sejam capazes de ajudarem os indivíduos na prevenção,
prevenindo complicações, incentivando-os na prática do autocuidado, não engessando-os sob
disciplina rigorosa, mas fazendo com que eles vençam os problemas quando confrontados com
situações novas, utilizando estratégias de acolhimento, de escuta sensível e mostrando-se parceiros nos
cuidados com a saúde. Além disso, escolher novas práticas de ensino, capaz de influenciá-los quanto à
motivação – chave para a melhor qualidade de vida e uma prática para a liberdade. Analisando alguns
aspectos da vulnerabilidade podemos entender o aumento desta, na medida em que há dificuldade de
informação adequada, descaso e baixa qualidade dos serviços de saúde, barreiras sócio-econômicas ao
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acesso à informação, baixo nível de escolaridade, barreiras sociais na adoção de medidas protetoras.
Outro fator importante é da alimentação fortemente ligado aos hábitos culturais e regionais. Estudar a
vulnerabilidade em saúde favorece a obtenção de elementos norteadores para o planejamento e
avaliação das ações dirigidas para atitudes saudáveis. O rastreamento das vulnerabilidades em saúde
consiste numa primeira aproximação nossa de aplicação prática desse conceito, que entendemos como
uma referência e um instrumento conceitual que transversaliza diferentes campos do conhecimento e
ajuda na avaliação e intervenção dos problemas de saúde que precisa ser intensificado nas escolas de
modo geral e nas campanhas a fim de atingir um número cada vez maior da população. Essa análise só
tem sentido se ela promove esse cuidado como experiência viva, se assistimos a população com
atenção, carinho, generosidade e sensibilidade ao curso do tempo sem nunca perder a esperança de
melhora desse quadro no futuro.
Palavras-chave: promoção da vida, vulnerabilidade, práticas de cuidado.
Referências:
ACHUTTI, A.; AZAMBUZA, M. I. R. Doenças crônicas não transmissíveis no Brasil: repercussões
do modelo de atenção à saúde sobre seguridade social. Ciência e Saúde Coletiva. 2004. v. 9, n. 4. abr.
BRASIL. Ministério da Saúde. Plano de Reorganização da Atenção a Hipertensão Arterial e ao
Diabetes Mellitus. Brasília, 2001.
MINISTÉRIO DA SAÚDE, Adolescer: compreender, atuar, acolher: Projeto Acolher/ABEn, 2001.
ROUQUAYROL, Maria Zélia; ALMEIDA Filho Naomar. Epidemiologia & Saúde. 5. ed. Rio de
Janeiro: Medsi, 1999.
TEIXEIRA, Carmem Fontes; PAIM, Jairnilson Silva; VILASBÔAS, Ana Luiza. SUS, modelos
assistenciais e Vigilância da Saúde. Informe Epidemiológico do SUS, ano VII, no. 2, abril/jun 1998.
PROMOTING THE LIFE,
POPULATION GROUPS
ANALYZING
VULNERABILITIES
IN
HEALTH
OF
ABSTRACT: The objective of this study is to analyze the concept of vulnerability and its amplitude in
health to reflect on the ways to think the practical promotion of the life leaving of cares developed
about carried through events of health in 2005. We present the current indices of the increasing
increase of Cardiovascular illnesses and of the Vascular Accident in Brazil, supporting itself in the
profile of morbi-mortality and quality of life of population groups in the process of living human.
Study of qualitative and quantitive, descriptive type, whose population was the clientele attended in the
events of health occurred in the months of September and October of 2005. The sample was
composed for 404 customers, of both sexos, being 15 (19%) of masculine sex and 64 (81%) of the
feminine one. The carried through activities had been: verification of weight, height, index of corporal
mass (IMC), relation waist hip (RCQ), verification of arterial pressure, glicemy capillary, conditions of
generating life and work of stress through a questionnaire previously established. All the participants
had signed the authorization of the collection and spreading of the data in agreement resolution
196/96. After the crossing of the information, was observed that the population if subdivided in eighty
and three sub-groups, among them, we detach most excellent. The joined factors of risk are improved
and have direct influence on the human being, its form of living, its context of work and its familiar
life. We conclude that the analysis of the concept alone has felt in the measure where it promotes the
care as alive experience, facilitating the relation with the population through the attention, of the
affection, generosity and sensitivity to the course of the time without never losing the hope of
improvement of this picture in the future and throughout the process of living human.
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135 NATUREZA E DOMÍNIO DA ENFERMAGEM
MARIA TEREZA LEOPARDI1
RESUMO: A formação da enfermagem como disciplina está diretamente relacionada com um
entendimento sobre o seu objeto epistemológico, cuja raiz está, por sua vez, na definição da sua
Natureza e Domínio. Nesta direção, dar-se-á a lógica do cuidado como ação terapêutica da
enfermagem, desde que estabelecidas as exigências básicas da prática, ou seja, reflexividade, verdade,
objeto, linguagem, operação e epistemologia. A compreensão da integralidade da experiência humana
num contexto social, cultural, tecnológico e político é o eixo da formulação do conceito de cuidado,
como resultado de uma permanente transição entre o saber empírico, a tecnologia, a ciência e a arte.
Dado que a vida humana corresponde a um emaranhado de aspectos e dimensões, os alinhavos que os
costuram uns aos outros, por serem mutantes e flutuantes, produzem processos que, mesmo
mantendo sua regularidade estrutural, se reorganizam para assimilar a nova direção. Isto implica em
que a análise da formação da disciplina requer uma visão ampliada. Ao analisarem os critérios para
dizer que a enfermagem é uma profissão, Leddy e Pepper(1984) concluiram que é, antes, “uma
profissão emergente”, especialmente em razão de não assumirem seu próprio conhecimento como
base de sua prática, de terem a maioria de seus trabalhadores ainda em níveis técnicos, têm autonomia
somente se ocupam postos administrativos, entre outros. Embora já tenha se passado duas décadas, a
situação ainda não mudou muito. Segundo estas autoras “as enfermeiras não costumam experimentar
alternativas, fazendo tudo do mesmo jeito todos os dias”, pouco se interessando para assumir com
competência o diagnóstico e técnicas terapêuticas próprias. Considerando-se a multiplicidade de
fenômenos sobre a vida humana ainda não decifrados, nos mais diversos campos do saber, a
legitimidade de suas práticas torna-se um empreendimento para gerações inteiras. Já, há 150 anos,
Florence Nightingale instituiu a diferença entre enfermagem e medicina, estabelecendo diretrizes para
formação. Deste período aos nossos dias, a formação avançou e tem procurado espaço social, por
meio da definição de seu núcleo profissional. Pouco a pouco, seu lugar na área da saúde veio sendo
delineado. Dado que vem apresentado novos profissionais que se apossam de especialidades e se
organizam para compor o mosaico da assistência sanitária, todos defendem seus objetos, ampliam-nos
ao sabor das inovações tecnológicas, teorizam sobre sua potência em responder aos problemas
apresentados. Buscam introduzir noções sobre a abrangência do saber produzido e fornecer-lhe
estatuto científico, o que nem sempre significa legitimação social. Ao lado disto, os sistemas de
assistência à saúde caminham mais devagar. São mais inflexíveis e estáticos, não apenas em sua
organização, mas também em seus modos de operar o trabalho assistencial. Pesquisadores da
enfermagem têm, inclusive, dificuldade em precisar os limites profissionais. Em outras palavras, há
mais generalidades que esclarecimento sobre o que pode significar o cuidado. Para responder estas
questões, um aspecto que considero fundamental esclarecer é sobre o domínio e natureza desta área
de ocupação humana. Um primeiro aspecto é que a enfermagem, historicamente, parece resistir a desunificação e des-integração dos seres humanos, no plano da formação da mentalidade profissional,
buscando métodos de trabalho que atendam pressupostos de unidade, integralidade e totalidade dos
seres humanos, o que nos produz uma inquietação singular, ou seja, para a definição da enfermagem
como profissão é necessário recorrer à filosofia e não à ciência, enquanto o estatuto de uma disciplina,
em termos científicos requer uma análise de sua possibilidade técnica de responder questões concretas
das pessoas que demandam cuidados. Assim, não estaremos discorrendo sobre uma questão
exclusivamente do campo das ciências, ainda que o conhecimento constitua o eixo estruturante do
desempenho de sociedades na resolução de seus problemas. A Natureza da Enfermagem constitui-se
pelo cuidado como ação terapêutica profissional, cujo conteúdo abarca ciência, filosofia, arte e
interação. A identidade da Enfermagem expressa-se no modo específico e qualificado da ação
1
UNESC/SC. E-mail: [email protected]
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profissional de cuidar os seres humanos, ou seja, pela busca contínua de preservação ou
desenvolvimento de sua integridade, liberdade, expressividade e emancipação, considerando suas
potencialidades e circunstâncias de seu processo de viver. Já o Domínio de Enfermagem abrande a
área de atuação profissional, para a oferta do cuidado, no qual estão implicadas as dimensões da vida
social, afetiva, psicológica, biológica e espiritual dos seres humanos, tanto no âmbito individual como
coletivo. A partir daí, vamos avaliar sob outros pontos de vista a construção epistemológica da
enfermagem. Um dos pontos mais cruciais da ciência é a polêmica entre os verificacionistas e os não
verificacionistas, em torno da questão se é científico o conhecimento que não se baseia em
experimentos. Na enfermagem, considerando-se a extensão do domínio do cuidado, que vai além de
aspectos puramente objetivos, muito do conhecimento é fruto da observação e da prática, mas outro
tanto é fruto de um processo de avaliação de atitudes interativas com o enfermo. Neste sentido,
afirmações tidas como científicas são, de fato, enunciados de valor. Pode-se resolver esta crítica,
buscando no ícone da ciência neo-positivista, Popper, o argumento para aceitar axiomas de uma teoria
que não sejam necessariamente verdadeiros, mas que desempenham papel importante na teoria,
porque derivam de axiomas fundamentais verdadeiros, sustentado pelas ciências naturais e sociais. As
funções destes enunciados básicos são, segundo Popper(1979), (a) facultar a decisão sobre a
possibilidade teórica das propostas que os contém; (b) possibilitar a falseabilidade ou corroboração de
hipóteses. Assim, o teste de uma teoria depende dos enunciados básicos, cuja aceitação depende de
uma decisão do teórico. Assim, vemos que a ciência não se sustenta em fundamentos seguros, mas em
um pântano, que exige que os alicerces sejam cada vez mais profundos, sendo estes pilares os
enunciados básicos, cabendo à comunidade científica avaliar os resultados alcançados sob o prisma de
sua relevância para uma dada situação. Portanto, ao se considerar a natureza da enfermagem como
científica, estar-se-ia impondo que suas teorias somente fossem aplicáveis se resistissem a testes
específicos. No entanto, considerando-se as Teorias de Enfermagem uma exposição de uma dada
filosofia sobre o cuidado humano, então sua validade reside na sua capacidade de tornar-se tecnologia
para um cuidado mais efetivo e eficaz, resolvendo as demandas de cuidado. Por outro lado, o discurso
teórico é expresso por uma linguagem, constituída de conceitos e sua articulação, fórmulas lógicas ou
outros recursos simbólicos, interpretadas eficazmente por seus adeptos, demonstrando o seu vínculo
com o objeto epistemológico, ou seja, o cuidado terapêutico. Os objetos da ciência e da filosofia não
são dados ou apreendidos, mas construídos, mas sempre tem que ser algo que possa ser tido como
pertencente à realidade das coisas, tanto ao mundo externo do sujeito por suas manifestações
objetivas, quanto de seu mundo interno, por suas manifestações subjetivas. Um campo de
conhecimento deve abrir espaço para reajustes em seu próprio interior, incluindo novos
conhecimentos e colocando-se à prova, e neste sentido pode situar-se na esfera da ciência. Para
decifrar o ‘ethos’ da enfermagem enquanto disciplina – isto é buscar seu objeto de conhecimento,
submeter-se a regras que informam a sua prática (inclusive a prática teórica)-, é um processo longo e
não transparente. Se a cientificidade de um campo é medida pela coerência, racionalidade e logicidade
de seu conhecimento, ele precisa ser posto à prova na prática com seu objeto de trabalho, o corpo ou
consciência das pessoas, considerando o seu núcleo que é o cuidado, mas também a elevação do
estado de consciência sobre a saúde e a organização. O pluralismo de teorias é importante tanto para o
desenvolvimento da ciência quanto para o desenvolvimento de uma concepção humanitária dentro de
um campo de conhecimento, o que justifica a aceitação de tantas tentativas na exposição de filosofias
de cuidado. Concluindo, um campo pode ser legitimado se: pode ser justificado pela experiência; é
uma estrutura publicamente reproduzível; contém uma certa lógica interna; produziu-se a partir de
necessidades mais gerais que os interesses de uma corporação. Assim, a recusa de uma dada teoria de
enfermagem deve basear-se em argumentos substanciais quando pretendem fazer a crítica sobre sua
‘verdade’ ou sua ‘justiça’, capazes de produzir um consenso, pelo caráter prático da proposição, pela
via da comunicação intersubjetiva, seja para legitimar o conhecimento, seja para aceitar o próprio erro.
Acredito que já estamos ultrapassando a barreira da resistência à aplicação de metodologias de trabalho
baseadas em teorias ou filosofias de enfermagem, mas temos ainda um longo caminho a percorrer para
que o cuidado tenha o valor social necessário para que seja integrado às políticas de saúde.
Palavras-chave: natureza do cuidado; cuidado; domínio profissional.
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Referências:
KOPNIN, P.V. Fundamentos lógicos da ciência. Rio de Janeiro, Civilização brasileira, 1972
LEDDY, Susan e PEPPER, Mae. Conceptual bases of professional nursing. Philadelphia:
Lippincot, 1984.
OLIVA, Alberto. Epistemologia:a cientificidade posta em questão. Campinas: Papirus, 1990.
FEYRBEND, P.K. Contra o método. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1977.
LAKATOS, I. O falseamento e a metodologia dos programas de pesquisa científica. In
Lakatos.i e Musgrave, A (org.) A crítica e o desenvolvimento científico, São Paulo: Cultrix/EDUSP,
1979.
POPPER, K. A ciência normal e seus perigos. In: Lakatos.i e Musgrave, A (org.) A crítica e o
desenvolvimento científico, São Paulo: Cultrix/EDUSP, 1979.
NATURE AND DOMAIN OF THE NURSING
ABSTRACT: The formation of nursing as a discipline is directly related with an agreement on the
epistemological object of the nursing, whose root is in the definition of the Nature and domain of
nursing. In this direction it will be given in the logical of the care as therapeutical action of nursing,
establishing the basic requirements of the practical one, or reflectivity, truth, object, language,
operation and epistemology. The understanding of the human experience in a social, cultural,
technological and politician context is the axle of the formulation of the care concept, as resulted of a
permanent transition between empiricist knowing, technology, science and art.
Keywords: nature of the care; care; professional domain.
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A NATUREZA DO CUIDADO E SUA EXPRESSÃO NA DIMENSÃO ONTOLÓGICA
ELKE ANNEGRET KRETZSCHMAR CORDEIRO1
HOSANNA PATTRIG FERTONANI2
LUCIANA MARTINS DA ROSA3
NEN NALÚ ALVES DAS MERCÊS4
SILVANA ROMAGNA MARCELINO5
EVANGUELIA KOTZIAS ATHERINO DOS SANTOS6
VERA RADUNZ7
RESUMO: Entre os vários seminários realizados no transcurso da disciplina “O Cuidado em
Enfermagem e Saúde”, do Curso de Doutorado em Enfermagem do Programa de Pós-Graduação em
Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina, onde foram discutidos e aprofundados
temas relativos às bases filosóficas (ontológicas e epistemológicas) teóricas e históricas acerca do
Cuidado em Saúde e em Enfermagem, despertou-nos particular interesse as discussões referentes à
temática envolvendo a natureza do cuidado. Assim, em face da diversidade de questões que emergiram
das discussões realizadas em sala de aula, da literatura sugerida pelas docentes da disciplina e por outras
derivadas da experiência e busca pessoal empreendida pelas autoras, o presente artigo tem como
objetivo empreender uma reflexão teórica acerca da natureza do cuidado e sua expressão na dimensão
ontológica. Ao refletirmos sobre a natureza do cuidado, a razão nos convida a pensar na vida; na
possibilidade de um mundo ideal. Seja no universo dos humanos ou dos animais, a atenção dispensada
a si ou ao outro, a fim de proporcionar maior bem estar, a nosso ver, poderá ser compreendida como
cuidado. É ingênuo afirmar que o cuidado está restrito a uma área do conhecimento, no entanto a área
da saúde possui uma sustentação teórico-prática baseada em concepções teórico-filosóficas do
cuidado, que fundamenta o agir terapêutico em busca do bem estar e em direção a um mundo ideal.
Recortes da literatura: A reflexão sobre a natureza do cuidado, apresenta-se como um desafio que
nos mobiliza em diversas dimensões e nos remete ao seguinte questionamento: O que é natureza? Ao
longo dos tempos e em distintos espaços, a concepção de natureza assume vários significados. Para
Abbagnano (1998), a natureza pode ter o sentido de substância (princípio vital, princípio de
movimento ou princípio ético); de aparência (reflexo ou imagem das idéias); de ordenamento (universo
material e/ou racional); e, de área fenomenológica na investigação científica e campo de experiência
humana. E Cuidado, é uma palavra de origem latina, na tradução de Heidegger é sinônimo de cura.
1 Enfermeira. Mestre em Saúde Pública. Enfermeira do Serviço de Medicina Nuclear do Instituto de Cardiologia. Professora substituta
do Departamento de Saúde Pública da UFSC. E-mail [email protected]
2 Doutoranda em Enfermagem, Saúde e Sociedade/UFSC. Mestre em Enfermagem. Docente da Universidade Estadual de Maringá
PR. Membro do Grupo de Pesquisa Práxis. E-mail:[email protected]
3 Enfermeira, Mestranda em Enfermagem/UFSC.Especialista em Projetos Assistenciais/ESPENSUL-REPENSUL. Enfermagem
Oncológica/SBEO. Enfermeira do Centro de Pesquisas Oncológicas - CEPON. Membro do Grupo de Pesquisa Cuidando e
Confortando – C&C/PEN/UFSC. E-mail: [email protected]
4 Enfermeira. Mestre em Assistência de Enfermagem. Doutoranda em Enfermagem, Saúde e Sociedade/UFSC. Enfermeira do Centro
de Pesquisas Oncológicas – CEPON. Docente da Universidade do Vale do Itajaí. Membro do Grupo de Pesquisa Cuidando e
Confortando – C&C/PEN/UFSC. E-mail: [email protected]
5 Enfermeira. Mestre em Assistência de Enfermagem. Doutoranda em Enfermagem, Saúde e Sociedade/UFSC. Docente da
Universidade do Sul do Estado de Santa Catarina. Membro do Grupo de Pesquisa Educação em Enfermagem e Saúde –
EDEN/PEN/UFSC. E-mail [email protected]
6 Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente dos Cursos de Graduação e Pós-Graduação do Departamento de Enfermagem
da Universidade Federal de Santa Catarina, SC, Brasil, membro e líder do Grupo de Pesquisa em Enfermagem na Saúde da Mulher e
da Criança da PEN/UFSC. Docente da disciplina O Cuidado em Enfermagem e em Saúde do Curso de Doutorado em Enfermagem
do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina.
7 Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente dos Cursos de Graduação e Pós-Graduação do Departamento de Enfermagem da
Universidade Federal de Santa Catarina, SC, Brasil, membro e líder do Grupo de Pesquisa em Enfermagem na Saúde da Mulher e da
Criança da PEN/UFSC. Membro e vice-líder do Grupo de Pesquisa Cuidando e Confortando da PEN/UFSC. Docente da disciplina
o Cuidado em Enfermagem e em Saúde do Curso de Doutorado em Enfermagem do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem
da Universidade Federal de Santa Catarina. E-mail: [email protected]
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Outros estudiosos derivam de cogitare-cogitatus com o mesmo sentido de cura. O Cuidado, ou
melhor, a atitude que nos leva a fazer o bem é a nossa essência humana, nossa racionalidade, o desejo
de justiça, de beleza, de felicidade. Platão (2004) em sua obra prima “A República”, pregava através de
diálogos que somente através da razão atingimos o conhecimento das formas. Para ele, o
conhecimento é derivado da razão e não da experiência. O divino platônico é representado pelo
mundo das idéias e no vértice está a idéia do Bem. A existência de um mundo ideal seria provada pela
necessidade de estabelecer uma base ontológica, um objeto adequado ao conhecimento conceptual.
Esse conhecimento se impõe ao lado e acima do conhecimento sensível, para poder explicar
verdadeiramente o conhecimento humano na sua efetiva realidade. E, em geral, o mundo ideal é
provado pela necessidade de justificar os valores, o dever ser, de que este nosso mundo imperfeito
participa e a que aspira. Para Santo Agostinho (1980) a vida é uma eterna luta entre o bem e o mal. O
cuidado do corpo se faz através do cuidado da alma, na persistência do ser em frear comportamentos
apegados a desejos ínfimos que nos levam ao pecado. Ele ressalta que trazemos na memória, ou
melhor, na memória das experiências da alma, o que é certo, assim nos permitindo escolher o caminho
mais apropriado, o mais saudável, o que representa ter saúde, e para tanto, como devemos agir para
mantermos este estado. A natureza ética própria do ser se caracteriza por um cuidado construído,
pelas atitudes, vontades e sentimentos. Ainda na perspectiva ontológica do Cuidado em uma dimensão
fenomenológica, Heidegger (2005) ressalta que o fenômeno é o que constitui o ser, e ser é sempre ser
de um ente, caracterizando a fenomenologia como “a ciência do ser dos entes”. Em sua obra ‘Ser e
Tempo’, Heidegger explora a essência humana, em sua situação contingente e transcendente, tendo o
homem em sua singularidade com a denominação de da-sein ou ser-aí (pre-sença) que, como
totalidade estrutural, se mostra no cotidiano, caracterizando a existência humana, imprópria e
impessoal, mas com abertura para expressões autênticas, próprias e singulares. A expressão Cura para
Heidegger significa um fenômeno ontológico-existencial. O cuidado constitui-se no movimento do
existir, na abertura do ser do ente. O fechamento do ser do ente, a escassez da existência, significa
dizer que se é mais do "ente" do que do "ontos". O "ontos" só tem uma maneira de se dar, que é à
maneira do "ente". Porém o "ente" obscurece o "ontos". No movimento, o "ontos" se mostra e se
esconde à maneira do "ente". A falta de movimento caracteriza a inflexibilidade. Para Mayeroff (1971),
um filósofo americano, o cuidado consiste em atender as necessidades do outro. Saber quem é o
outro, quais as suas capacidades e limitações, o que conduz o seu crescimento, como responder às suas
necessidades e quais são meus próprios poderes e limitações. Também é a capacidade de perceber o
ritmo de recuar ou avançar entre uma estrutura mais restrita ou mais ampla. Saber que fazer algo pelo
outro não é agir sobre o outro. É ter paciência, deixar o outro e a si mesmo crescer a seu próprio
tempo, de sua própria maneira, dispondo de espaço para pensar e sentir. A paciência inclui a tolerância
que é expressa pelo respeito ao crescimento do outro e ao próprio crescimento. Consiste também em
ser sincero, verdadeiro consigo mesmo, e com o outro, é ver o outro como ele é. A sinceridade está
relacionada a autenticidade, sem haver uma diferença significativa entre o medo de agir e o que sinto,
entre o que digo e o que sinto. Cuidado também é deixar o outro em liberdade, sem dominação e
imposição de modelo, sem exigir garantias dos resultados. É importante confiança em si, na
capacidade de aprender a partir do erro. Assumir a posição de aprendiz - há sempre algo mais a
aprender. Superar a pretensão, ser capaz de se apresentar como é, sem exibicionismo e falsa modéstia,
sem aparentar, dissimular. Além disso, cuidado consiste na expressão de um presente pleno, cheio de
possibilidades, um presente vivo. A esperança faz reviver energias e ativa nossas capacidades, não se
trata de uma espera passiva de algo que vai acontecer de fora para dentro. Não é apenas a esperança
no outro, é a esperança da realização do outro através do meu cuidado. É ter coragem, aquilo que
mobiliza o desejo de se lançar no desconhecido sem saber de antemão onde vai dar. É confiar no
crescimento do outro e na própria capacidade; a coragem não é cega, é informada pelo discernimento
das experiências passadas, aberta e sensível ao presente. Dentre vários teóricos do Cuidado temos o
teórico brasileiro Leonardo Boff que tem argumentado enfaticamente sobre a emergência de uma
nova sensibilidade e de um novo ethos. Ele trabalha a tese da necessidade urgente de um ethos que
abranja inspirações, valores e princípios que conduzam as relações humanas para com a natureza, a
sociedade, às alteridades, para consigo mesmo e com Deus. Afirma que o despertar para a urgência
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destas questões, a história nos impôs uma missão - alimentar a chama sagrada que arde em cada ser
humano a fim de garantirmos que o Ethos essencial que habita o ser humano continue a ser seu anjo
protetor e jamais seja ofuscado ou extinto da face da terra (2004). Algumas considerações finais: A
natureza do cuidado sinaliza o tipo de relação que o ser humano pode manter consigo e com o
mundo. O domínio do cuidado possibilita ao ser humano cuidar de si, encontrar outra forma de serno-mundo, procurando estetizar seu existir, criando um outro ethos. A ação terapêutica para ser
considerada Cuidado, deve ser uma atitude ética, em busca do bem estar, da segurança, da atenção que
agregue corpo e alma. Marcelino (2000) comentando sobre atenção integral diz que o cuidado está
para a enfermagem, assim como a humanidade está para a natureza. O ser humano faz parte da
natureza, e se integra a ela para existir, resistir e interpretar a vida. O cuidado faz parte da enfermagem
e dá movimento às ações pela vida. Cuidar do ser humano no seu processo de vida é a essência da
enfermagem. Fazer o melhor possível, sustentado na ciência, consciente de estar fazendo o bem são
alicerces para o cuidado. Pensando a Enfermagem à luz do Cuidado concordamos com Platão (2004)
quando diz que a união da alma espiritual com o corpo é extrínseca, até violenta. A alma não é o
complemento do corpo, o seu instrumento adequado. A alma está no corpo como num cárcere, o
intelecto é impedido pelo sentido da visão das idéias, que devem ser trabalhosamente relembradas. E,
apenas mediante uma disciplina ascética do corpo, que o mortifica inteiramente, e mediante a morte
libertadora, que desvencilha para sempre a alma do corpo, o homem realiza a sua verdadeira natureza:
a contemplação intuitiva do mundo ideal.
Palavras-chave: cuidado; natureza; reflexão filosófica; ontologia.
THE NATURE OF CARE AND ITS EXPRESSION IN AN ONTOLOGICAL DIMENSION
ABSTRACT: Among several seminars, which happened in the course “Care in Nursing and Health”,
offered to the doctoral students from the Nursing Graduate Program at the Federal University of
Santa Catarina, Brazil, the seminar about the nature of care became our major focus of interest.
Philosophical basis of Care in Health and Nursing (ontological and epistemological), as well as
theoretical and historical basis, were approached in the seminars. Due the diversity of questions
throughout the course, the suggested literature by the professors, and professional´s own experiences,
the objective of this paper is a theoretical reflection about the nature of care, and its ontological
expression. When thinking about the nature of care, the reasoning sends us to think about life, in the
possibility of an ideal world. Either in the universe of the human beings or the animals, the excused
attention itself or to the other, in order to provide greater welfare, could be understood in our opinion,
as well-taken care of. It is ingenuous to affirm that tcare is restricted to an area of knowledge.
However, it is necessary to recognize that the area of health possess a theoretician-practical
sustentation in theoretician-philosophical conceptions of care. Clippings of literature: the reflection on
the nature of care is presented as a challenge that mobilizes us in diverse dimensions, and leads us to
the following question: What is nature? Throughout history and in different spaces of time, the
conception of nature assumes several meanings. For Abbagnano (1998), the nature can have the
substance direction (vital principle, principle of movement or ethical principle); of appearance
(reflected or image of the ideas); of order (material and/or rational universe); and of phenomenological
area in the scientific inquiry and field of experience human being. Care, is a word of Latin origin, and
in the translation of Heidegger is synonymous of cure. Other scholars derive it from cogitare-cogitatus
with the same sensible of cure. Care, or better, the attitude which wants us to make the good, is our
essence as human beings, our rationality, the happiness, beauty, justice desire. Platão (2004) in “the
Republic” nailed through dialogues that through the reason we only reach the knowledge of the forms.
For him the knowledge is derived from the reason and not from the experience. The platonic divine is
represented by the world of the ideas and in the vertex, it is the idea of Good. The existence of an
ideal world would be proven for the necessity to establish an ontological base, an adequate object to
the conceptual knowledge. This knowledge imposes itself at the side and above the sensible
knowledge, to be able to truly explain the human knowledge in its effective reality. In general, the ideal
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world is proven for the necessity to justify the values, the duty to be, of which our imperfect world
participates and looks for. For Saint Augustine (1980) the life is a perpetual fight between the good
and the evil. The care of the body happens through the care of the soul, in the persistence of the
human being in braking attached behaviors to lowermost desires, that lead them to sin. He stands
out that we bring in the memory, or better, in the memory of the soul´s experiences, what is certain,
thus in allowing to choose the most appropriate way, most healthful, which represents health, and
therefore how we have to behave to keep in this state. The proper ethical nature of the being is
characterized by a constructed care, for the attitudes, wills and feelings. In the ontological perspective
of Care, in a phenomenological dimension, Heidegger (2005) stands out that the phenomenon is what
constitutes the being, and to be is always to be of a being, characterizing the phenomenological as “the
science of being of the beings”. In its workmanship `To be and Time', Heidegger explores the human
being´s essence, in its contingent and transcendental situation , having the man in its singularity with
the denomination of - seen or being-there (presence) which, as structural totality, shows up in the
daily life, characterizing the existence of human being, improper and impersonal, but with opening for
authentic, proper and singular expressions. The expression Cure for Heidegger means a ontological
and existencial phenomenon. Care consists in the movement of existing, in the opening of being of
the human being. The closing of the being of the human being, the scarcity of existence, means to say
that he is more “being” than the “ontos”. The “ontos” alone have a way of giving, that “being” is
the way to it. However the “being” overshadows the “ontos”. In the movement, the “ontos” if shown
and hides the way to the being. The movement lack characterizes the inflexibility. For Mayeroff
(1971), an American philosopher, care consists of taking care of the necessities of the other. To know
who is the other, with its capacities and limitations, what leads him to grow, how to answer to its
necessities and which are my own limitations and strenghts. It is also the capacity to perceive the
rhythm to withdraw or to advance, entering a more restricted or ampler structure. To know that doing
something for the other is not to act on the other. It is to have patience, to leave the other and itself
exactly to grow its proper time, in its proper way, making use of space to think and to feel. The
patience includes the tolerance that is expressed for the respect to the growth of the other and to the
proper growth. It also consists of being sincere, true I obtain exactly, and with the other, it is to see the
other as he/she is. The sincerity is related to authenticity, without having a significant difference
between the fear to act and what to feel, between what I say and what I feel. Care is also to leave the
other in freedom, without domination and imposition of model, demanding guarantees of the results.
It is important confidence in itself, the capacity to learn from the error. To assume the apprentice
position - something more always has to be learned. To surpass the pretension, to be capable of
presenting it as it is, without exhibitionism and false modesties, without making it look like, or to
dissimulate. Moreover, care consists of the expression of a full, full gift of possibilities, a present living
creature. Hope makes energy get back to life, and activates our capacities, and is not to wait in a
passive way, that something happens from the ouside. It is not only the hope in others, it is the hope
of accomplishment of the others, through my care. It is to have courage, which mobilizes the desire
of it, launching in the stranger without knowing it in advance, where it goes to. It is to trust the growth
of the other and the proper capacity; the courage is not blind, it is informed by the discernment of the
passed experiences, opened and sensible to the gift. Amongst some theoreticians of Care we have the
brazilian theoretician Leonardo Boff who has argued emphatically on the emergency of a new
sensitivity and new ethos. His work, the thesis of the urgent necessity of ethos that encloses
inspirations, values and principles that lead to the human beings relationhip with nature, society, the
alter images, with himself and with God. He affirms that the awakening for the urgency of this
question, the history imposes a mission - feed the sacred flame that are in each human being, in order
to guarantee that the Ethos, essential to the human being, continues to be its protective angel and
never either dim or extinct of the face of the land (2004). Some final considerations: the nature of care
signals the type of relation man can keep with himself, and can obtain with the world. The domain
of care makes human being able to take care of himself, to find another way to be in the world,
looking for to etherizer his existence, and creating another ethos. Well-taken care of the therapeutically
action to be considered must be an ethical attitude, in search of welfare, the security, the attention that
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adds body and soul. Marcelino (2000) commenting on integral attention says that the care is for the
nursing, as well as the humanity is for the nature. The human being is part of the nature, and
integrated to it , he resists and interpretates life. Care is part of nursing and gives movement to the
actions for life. To take care of the human being in its process of life is the essence of nursing. To
make optimum possible supported in science, conscientious to be making the good, are foundations
for care. Thinking Nursing in the light of Care we agree with Platão (2004) when he says that the
union of the spiritual soul with the body is extrinsically, until violent. The soul is not the complement
of the body, its adequate instrument. The soul is in the body as in a jail, the intellect is hindered for the
direction of the vision of the ideas, which must laboriously be remembered. Only by means of one
disciplines of the body, that it mortifies it entirely, and by means of liberating death, keeps the soul
forever free from the body, which man carries through its true nature: the intuitive contemplation of
the ideal world.
Keywords: care; nature; ontology.
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EIXO TEMÁTICO 3 - FILOSOFIA E O PROCESSO DE VIVER HUMANO
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REPENSANDO O CONCEITO DE “CORPO”: NOVAS POSSIBILIDADES PARA A
ATENÇÃO EM SAÚDE
LIA CARNEIRO SILVEIRA VIOLANTE 1
AUGUSTA BATISTA BRAGA2
RAIMUNDO SEVERO JUNIOR3
RESUMO: O corpo humano tem se estabelecido na contemporaneidade como espaço de atuação de
diversas disciplinas, notadamente daquelas abrangidas pela ciência da saúde. Entretanto, a
conceituação que tem sido hegemonicamente adotada para definir o corpo limita-se freqüentemente a
concepções orgânicas, mecânicas ou funcionais. Se partirmos do princípio de que a forma como
conceituamos um determinado objeto vai determinar as nossas atitudes perante ele, podemos nos
perguntar: essa é realmente a única via pela qual o corpo pode ser apreendido ou existem outras
possibilidades que permitam-nos desenvolver uma prática ampliada? Para responder a estes
questionamentos, realizamos um uma articulação deste conceito em algumas linhas de pensamento.
No primeiro tópico realizamos uma discussão do conceito de corpo com base em algumas linhas de
indagação filosóficas. Na segunda linha, de natureza histórico-antropológica, propomos uma
aproximação do corpo contemporâneo através de sua confrontação com algumas outras conceituações
identificadas ao longo da história. Finalmente, propomos uma terceira via de aproximação que
visualiza o corpo como possibilidade de produção e não como objeto acabado. Iniciamos o trajeto
através da conceituação platônica que, ao separar aparência e essência, afirma a dualidade corpo/alma
ao mesmo tempo em que anuncia uma superioridade da segunda em relação ao primeiro. Em seguida
abordamos o conceito cartesiano de res extensa onde o corpo é delimitado como substância extensa em
comprimento, largura e profundidade e se opõe a res cogitans, identificada com o pensamento, única
garantia de nossa existência. Este corpo aproxima-se de um “objeto da ciência”, numa perspectiva
funcional, inaugurando a idéia de corpo-máquina que posteriormente fundamentaria a toda uma
tradição. Numa linha de pensamento que desvia da anterior, podemos identificar pensamentos como o
de Nietzsche que denuncia a subjugação do corpo à transcendência da alma e deixa um recado aos que
desprezam o corpo: o que devem fazer não é mudar de preceito, mas simplesmente despedirem-se de
seu próprio corpo e, por conseguinte, ficarem mudos. Ainda numa perspectiva que se contrapõe à
binarização corpo/alma podemos situar o pensamento de Foucault que enfoca sua relação com uma
complexa rede de saberes e poderes. Aqui somos chamados a modificar as lentes com as quais nos
aproximamos deste objeto para abandonarmos a pergunta sobre “o que é o corpo?” e passarmos a
perguntar sobre as configurações espaco-temporais de saberes e poderes e na forma como tentam
moldar um corpo específico para cada uma delas através de processos de subjetivação. Assim temos o
corpo da “relação consigo” dos gregos, que envolve o corpo e seus prazeres, ou o corpo dos cristãos,
que abrange a carne e seus desejos. Cada uma dessas configurações tem seus saberes e poderes
característicos e suas formações subjetivas. Uma outra linha de pensamento do corpo seria aquela que
aborda a experiência fenomenológica do corpo, na qual percebe o corpo como um lugar complexo no
qual nos situamos para efetuar nosso embate no mundo. Dentro dessa linha, proliferam muitas outras
micro-linhas como a da Gestalt, segundo a qual o todo é mais do que a soma das partes e, sendo
assim, a apreensão do corpo implica a percepção de toda a complexidade do seu comportamento.
Chegando a este ponto de nossa reflexão, começamos a perceber que a problematização do corpo não
é apenas biológica, física e estética. Questionar o corpo é, acima de tudo, questionar como nos
Enfermeira, Doutora em Enfermagem, Docente do Curso de Enfermagem da Universidade Estadual do Ceará – Brasil. E-mail:
[email protected]
2 Enfermeira, Doutora em Enfermagem, Docente da Universidade Federal do Ceará – Brasil.
3 Médico, Mestre em Saúde Pública, Professor e Coordenador do Curso de Formação em Arteterapia do Instituto Aquilae – Fortaleza,
Ceará.
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constituímos o que somos hoje. Afinal, como se deu a produção desta forma corpo-indivíduo que
vestimos hoje? Se partirmos as subjetividade medieval perceberemos nas linhas da história como o
corpo da contemporaneidade foi surgindo exatamente na modelização das sensibilidades – auditiva,
tátil, olfativa, visual e gustativa. Os medievos eram detentores de uma intensa sensibilidade com
relação ao universo que habitavam e para exemplificar as transformações que nos trazem até as
produções do corpo contemporâneo podemos recorrer às modificações no uso da audição como
instrumento de apreensão da linguagem. A cultura ocidental da Idade Média foi, durante muito tempo,
fortemente marcada pela oralidade. Apesar de não podermos estabelecer um paralelismo entre as
culturas da escrita e as culturas da oralidade, é possível destacarmos algumas singularidades dentro da
complexa inter-relação entre as mesmas. Um dos pontos mais relevantes que podemos destacar é
aquele que diz respeito à relação entre crença sobrenatural e ceticismo e ao elemento que vai
possibilitar a distinção ente os dois, que é exatamente o registro escrito. Mesmo que os fatos possam
ser observados sistematicamente, o sentido atribuído à experiência nas culturas orais, tende a ser
aquele que melhor atende ao ponto de vista do observador. Enquanto que na cultura da escrita, a
possibilidade de registrar os fatos e compará-los leva mais freqüentemente a um processo de
comparação, análise e posterior atribuição de causalidade. Sendo assim, o terreno da oralidade tornase fértil ao fortalecimento da fé no sobrenatural e à propagação de lendas que multiplicam as
possibilidades de sentido, conferindo à categoria universal de “verdade” um peso muito menor que
àquele atribuído na cultura escrita e possibilitando a recriação do “fato” a cada enunciação. As
mudanças ocorridas no final do Séc. XVII e início do Séc. XVIII não dizem respeito apenas da
linguagem. Pelo contrário, o que se vê acontecer a partir daí é a configuração de um outro estrato de
saberes, de uma outra estratégia de poderes e, conseqüentemente, uma nova dobra de subjetivação. O
que antes era marcado pela contigüidade, passa a ser agora segmentaridade. Esse processo se deu
através da separação entre um mundo terreno e um mundo divino. Foucault abordou este corte
referindo a transposição entre o que chamou de forma-Deus e forma–Homem. Esse corte ocorre
exatamente porque as forças do homem passam a entrar em contato com um novo tipo de forças de
fora e essas agora são forças de finitude: a Vida, o Trabalho, A Linguagem. O resultado desse encontro
vai ser, então, a forma-Homem cuja principal característica é a segmentarização e a dicotomização. Em
decorrência desta nova ordem é que veremos surgir o corpo-ferramenta (da ciência) e o corpo
propriedade privada (do capitalismo). Através de gradativas e sucessivas separações foi sendo
elaborado o que conhecemos hoje como “indivíduo” onde a noção de propriedade passa a ser aplicada
inclusive na relação do homem consigo. As conseqüências dessa individualização exacerbada nós
conhecemos no nosso próprio corpo, que experimenta a síndrome do pânico e a depressão; em nossas
casa, que se transformaram em prisões privadas com grades e cercas por todos os lados; em nossas
relações com o outro, marcadas pela violência. Após termos percorrido todo este percurso na
discussão sobre o conceito de corpo, podemos nos aventurar por uma última linha. Vale ressaltar, que
apesar de ser seqüencialmente a última abordagem exposta nesta discussão, sua tarefa não é a de
propor uma verdade última sobre este objeto. Ao contrário, esta abordagem vem falar exatamente dos
corpos transitórios, dos corpos não organizados, ou dos corpos sem órgãos. Essa linha mostra que
apesar do “indivíduo” o corpo sem órgãos não para de agir. E o que é o corpo sem órgãos?
Novamente a questão está mal colocada. Não se trata de saber “o que é”, mas sim de “Como criar
para si um corpo sem órgãos?”. É a esta pergunta que se dedicam os pensadores franceses Gilles
Deleuze Felix Guattari num texto que tem por título exatamente este questionamento. Os autores já
nos informam logo no início de seu texto que de todo modo você tem um, pois não pode desejar sem
fazê-lo. O Corpo sem Órgãos não se opõe aos órgãos, mas, sim, ao organismo. Este é entendido não
só na sua concepção biológica, mas também a todas as formas organizadas enrijecidas: o indivíduo, o
organismo, a significação, tudo isto não para de nos apreender, mas o corpo sem órgãos ocorre
sempre, “apesar de”. Vagabundo, louco, drogado, homossexual, criança de rua são alguns dos corpos
que o pensamento ocidental-branco-machista não consegue suportar, e, por isso mesmo, tenta a todo
custo reterritorializar em pedaços mais assimiláveis através das instituições que mantêm: psiquiatria,
midiatização, escola, igreja, entre outras. A tarefa do corpo sem órgãos será se opor a estas
estratificações sem, no entanto, desterritorializar-se completamente. É preciso prudência para saber
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experimentar, sacudir, balançar levemente os estratos, para, como num caleidoscópio, forçá-los a
assumir novas configurações sem, no entanto, quebrar o brinquedo. É neste espaço transitório entre
afetos e territórios que percebemos muitas possibilidades de repensarmos as práticas de atenção em
saúde, levando-as a sair dos limites que historicamente lhes têm sido impostos e permitindo que
posamos atuar no “entre” das relações, plantando sementes com potencial de transformar e criar o
novo antes mesmo que os estratos se solidifiquem. Entendemos que a forma como conceituamos o
corpo vai influenciar profundamente as ações que desenvolveremos com relação a ele. Se percebermos
em nossa frente apenas um corpo funcional, limitado no espaço e em suas potências, certamente
limitaremos também nossas ações. Por outro lado, se passamos a perceber além dos corpos biológicos,
também corpos afetivos, corpos desejantes e corpos potenciais, abriremos espaço para uma produção
ampliada que inclua o próprio sujeito do cuidado na expansão das possibilidades.
Palavras-chave: corpo; filosofia da diferença; atenção em saúde
RE-THINKING
ATENTION
THE
“BODY”
CONCEPT:
NEW
POSSIBILITIES
FOR
HEALTH
ABSTRACT: Nowadays the human body has been established as a performance space of diverse
disciplines, specially by the sciences of health. However, the conceptualization that has been
hegemonically adopted to define the body is frequently limited to organic, mechanical or functional
conceptions. If we agree that the way we appraise an object will determine our attitudes before it, so
we can ask: is this really the only way by which the body can be apprehended or there are anothers
possibilities that could allow us to develop an extended practice? Aiming to answer to these questios,
we carry through this concept in some lines of thought. In the first topic we look for the arguments
towards the body concept at some philosophical lines of investigation. In the second line, which has
antropological-descriptive way, we consider an approach of the contemporary body through its
confrontation with some others conceptualizations identified along the history. Finally, we consider a
third way of approach that visualizes the body as possibility of production and not as finished object.
We initiate the passage through the platonic conceptualization that, while separating appearance and
essence, affirm the duality body/soul, announces at the same time the superiority of the second against
the first. After that, we approach the cartesian concept of res extensa where the body is delimited as na
extensive substance in length, width and depth. This concept opposes res cogitans, identified with the
thought, unique guarantee of our existence. This body come close to the " science object", in a
functional perspective, inaugurating the body-machine idea that later would base a whole tradition. In
a thought line that deviates from the previous one, we can identify Nietzsche ideas that denounces the
body subjugation to the soul transcendence and leaves a message to that who disdain the body: what
they must make is not to modify the rules, but simply send their own body off and, therefore, became
dumbs. Standing in a perspective that opposes to the duality body/soul we can point out the thought
of Foucault that focuses the relation of the body with a complex net of knowledge and power. Here
we are called to modify the lenses with which we approach to this object and abandon the question
"what it is the body?". Instead of it, we start to ask about configurations of knowledge and power and
about the way they try to mold a specific body for each space-time piece trough subjetivation
processes. Thus we have the body of the “self relation” of the Greeks, who involve the body and its
pleasures, or the body of the Christians, that encloses the flesh and its desires. Each one of these
configurations has its own knowledge and power characteristics, and its own subjective formations.
Another line of thought of the body would be that one that approaches the fenomenological
experience of the body, in which the body is perceived as a complex place in which in experience the
effects of our shocks in the world. Inside of this line, many other micron-lines proliferate as of the
Gestalt one, according to which the whole is more than the addition of the parts and, being thus, the
apprehension of the body implies the perception of all the complexity of its behavior. Arriving at this
point of our reflection, we start to perceive that the question of the body is not only biological,
physical and aesthetic. To question the body is, above of everything, to question the way we produce
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what we are today. After all, how was the production of this “body-individual” form that we dress
today? If we start from the medieval subjectivity we will perceive in history lines we will perceive how
the nowadays body appearead accurately by the modelinhg of the sensibilities - auditory, tactile,
olfative, visual and gustative. The medieval ones were detainers of an intense sensitivity concerning to
the universe that they inhabited and to show one of these transformations we can appeal to the
modifications in the use of hearing as instrument of apprehension of the language. The occidental
culture in Middle Age was, during much time, strong marked by orality. Despite not to be able to
establish a parallelism between the cultures of the writing and cultures of the orality, we can detach
some singularities inside these different cultures. One of the most relevant points we can detach is that
one that aproaches the relation between supernatural belief e skepticism and to the element that goes
to make possible the distinction being them, that it is accurately the written register. Even if the facts
could be observed sistematically, the sense attributed to the experience in verbal cultures, tends to be
the one that better takes care of to the point of the observer. While that in cultures of the writing, the
possibility to register the facts and to compare leads more frequently to a comparison process, analysis
and to attribution of causality. This way, the land of the orality becomes rich to the stress of the faith
in the supernatural and to the legend propagation. This multiplies the direction possibilities, conferring
to the universal category of "truth" a very lesser weight than that attributed in the written culture,
making possible the re-criation of the "fact" in each articulation. The changes occured in the end of
the Séc. XVII and beginning of the Séc. XVIII do not say respect only of the language. For the
opposite, what it is seen to happen from there is the configuration of another layer of knowledge,
another strategy of power and, consequently, a new subjectivity fold. What before was marked by the
proximity, passes to be now separation. This process hapenned through the separation between the
land world and a holy world. Foucault approached this cut relating the transposition between what it
called God-Shape and Man-Shape. This cut occurs accurately because the forces of the man start to
enter in contact with a new type of “out forces” and these now are finally forces: the Life, The Work,
The Language. The result of this meeting goes to be the Man-Shape whose main characteristic is the
separation and the binary thought. As a result of this new order we will see to appear the body-tool (of
science) and the body-private property (of the capitalism). Through gradual and successive separations
was being elaborated what we know today as "individual" where the property notion passes also to be
applied even in the self relation. The consequences of this extremely individualization we know in our
proper body, that tries the syndrome of the panic and depression; in our house, that was transformed
into private prisions with gratings for all the sides; in our relations with the other, marked for violence.
After cover all this passage in the quarrel on body concept, we can pursue a last line. Its worthwile to
detach that, although to be sequentially the last boarding displayed in this discussion, this line is to be
considered a last truth on this object. In the opposite, this boarding comes to speak accurately of the
transitory bodies, of the non organized bodies, or the bodies without organs. This line sample that,
despite of the "individual", the body without organs does not stop to act. And what it is the body
without organs? Again the question is badly placed. The question is not about “what is a body", but
about "How to create itself a body without organs? It is to this question that the French philosophers
Gilles Deleuze and Felix Guattari dedicate a text that has as heading this question. The authors already
in the beginning of the text inform that anyway you have one, therefore cannot desire without making
it. The Body without organs is not opposed to the organs, but, to the organism. The organism
understood not only in its biological conception, but also to all organized forms hardened: the
individual, the organism, the signification, everything that does not stop of apprehend them, but the
body without organs always occurs, "despite of ". Vagabond, insane person, drugged, homosexual,
child of street are some of the bodies that the occidental thought can not support, and, therefore, tries
to re-territorialize in pieces more acceptable through the institutions that keep: psychiatry,
midiatização, school, church, among others. The task of the body without organs will be to oppose
itself to these stratifications without, however, de-territorialize itself completely. It is necessary
prudence to know to lightly try, to shake, to balance stratus, as a “caleidoscópio”, to force them to
assume it new configurations without, in meanwhile, to break the toy. It is in this transitory space
between affection and territories that we perceive many possibilities to rethink the practical of health
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attention, leading them to leave it limits that have been historically imposed and allowing that we can
act in the "between" of the relations, planting seeds with potential to transform and to create the new
even before the stratus became solid. We understand that the form as we appraise the body goes to
deeply influence the actions that we will develop concerning to it. If we perceive only a functional
body, limited in the space and in its powers, certainly we will limit also our actions. On the other hand,
if we start to perceive beyond the biological bodies, also affective bodies, potential bodies, desiring
bodies, we will open space for na extended production that includes the proper citizen of the care in
the expansion of the possibilities.
Keywords: body; philosophy of the difference; attention in health.
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FILOSOFIA DA(S) VIOLÊNCIA(S): REFLEXÕES NO PROCESSO DE VIVER
HUMANO FAMILIAL
SÔNIA LORENA SOEIRO ARGÔLLO FERNANDES1
ROSANE GONÇALVES NITSCHKE2
RAIMUNDA DA COSTA ARARUNA3
RESUMO:A violência tem várias facetas e nem todas se mostram com clareza remetendo à crença de
que é um fenômeno complexo, permeado por diversos fatores e concepções que devem ser
culturalmente e historicamente compreendidas. O processo de viver humano é o desenvolver
dinâmico de relações e interações complexas, construído historicamente entre os indivíduos, famílias
ou grupos sociais ao longo do seu ciclo vital. A convivência diária com a representação da violência no
mais amplo contexto seja ela no individual, no familiar ou no social pode desencadear desordem ou
desequilíbrio no processo de viver humano familial. Objetivo: Este estudo objetivou refletir sobre os
diferentes aspectos filosóficos da(s) violência(s) na cultura contemporânea esboçando alguns dos
elementos que constituem esse fenômeno em nossa sociedade, para a sua compreensão no processo
de viver humano familial. Desenvolvimento: Essa perspectiva torna-se interessante e pertinente visto
que o ser humano em nossa sociedade contemporânea vive num constante estado de alerta, tenebroso
e perplexo frente às elevadas estatísticas da violência em seu no quotidiano. Para uma melhor reflexão
filosófica desse fenômeno na cultura atual presente nas relações do ser humano consigo mesmo, com
o outro e com o mundo selecionamos entre as diferentes abordagens utilizar a sociológica e a
antropológica por considerar que na sócio- antropologia contemporânea não se busca mais o
entendimento ou a explicação, numa visão linear de causa e efeito, mas uma compreensão mais
sintonizada, convincente e mais próxima das realidades dos conjuntos de fatores que se cruzam entre
si. A violência é um fenômeno que não se deixa analisar facilmente em sua profundidade original, pois
se apresenta sombreado ou mesmo ofuscado, por causas mais explícitas, óbvias, exageradas, que nos
desviam a atenção. A violência em nossa cultura emerge do individual e social sem deixar de ser
sombra e passa a ser, não podemos negar, um fenômeno visível, real e cotidiano, que está em todo
lugar, invadindo ou emergindo de espaços públicos e privados, presente em diferentes culturas nos
âmbitos familiar, escolar, institucional e social. O caráter multidimensional da violência obriga a
constituição de uma abordagem interdisciplinar (biológica, sociológica, psicológica, jurídica, estatística,
psicológica, da saúde, entre outros), numa perspectiva de combinação e relativização permanentes dos
diversos aspectos (econômicos, culturais, sociais, entre outros, dos indivíduos e de toda a sociedade)
qualitativos e quantitativos, além da articulação constante entre os planos micro e macro, entre o
subjetivo e o objetivo. Considerações Finais: Para compreendermos a violência precisamos levar em
conta toda a sociedade, suas interações, bem como em que contexto se dá as relações familiares, o
processo histórico das relações de poder e os aspectos culturais, para podermos visualizar a
complexidade e a magnitude desse fenômeno no processo de viver humano familial. Domesticar a
violência por meio de regras e códigos de conduta rígidos parece não ser a solução. O desafio é
canalizá-la, organizá-la, integrá-la a e combiná-la com outras práticas filosóficas, sociais e simbólicas.
As soluções devem ser encontradas no processo de viver de cada família ou de cada membro familiar,
Enfermeira. Docente da Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em
Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina. Membro do Núcleo de Pesquisa em Enfermagem, Quotidiano, Imaginário e
Saúde de Santa Catarina - NUPEQUIS-SC. Bolsista do PQI/CAPES. End: Rua Almirante Lamego, 683, aptº 802 A. Centro.
Florianópolis-SC. CEP: 88015-600. E-mail: [email protected]
2 Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal da Santa Catarina –
UFSC. Coordenadora do Núcleo de Pesquisa em Enfermagem, Quotidiano, Imaginário e Saúde de Santa Catarina- NUPEQUIS-SC.
3 Enfermeira. Docente do Departamento de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Acre. Doutoranda do Programa de PósGraduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina. Membro do Núcleo de Pesquisa em Enfermagem,
Quotidiano, Imaginário e Saúde de Santa Catarina- NUPEQUIS-SC. Bolsista do PQI/CAPES.
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para cada caso. Algumas ações como: encontrar espaços para que a família desenvolva atividade de
lazer e confraternização; promover um espaço para que a família reflita acerca da situação de violência
vivenciada; terapias grupais com vista ao resgate da potência familial e da auto-estima; participação da
família em associações (de bairro, de jovens, de igreja, entre outras) pode colaborar para a prevenção
da violência e (re) significação de um processo de viver humano saudável. É no cotidiano que
podemos resgatar os aspectos filosóficos e culturais da família, para a compreensão do significado da
violência e aspectos que apontem para a (re)significação desse fenômeno no processo de viver
humano familial.
Palavras-chave: filosofia; violência; processo de viver familial
PHILOSOPHY OF THE VIOLENCE: REFLECTIONS IN THE PROCESS OF LIVING
FAMILIAL
ABSTRACT: The violence has several faces and nor all reveal with clarity sending to the belief of that
it is a complex phenomenon, to enter for diverse factors and conceptions that must culturally and
historically be understood. The process of living human is dynamic to develop of relations and
complex interactions, constructed historically between the social individuals, families or groups
throughout its vital cycle. The daily of living together with the representation of the violence in the
amplest context is it in the individual one, in the familiar one or the social one it can unchain clutter or
disequilibrium in the process of living human familial. Objective: This study it objectified to reflect on
the different philosophical aspects of the violence in the contemporaneous culture sketching some of
the elements that constitute this phenomenon in our society, for its understanding in the process of
living human familial. Development: This perspective becomes interesting and pertinent since the
human being in our contemporaneous society lives in one alert, tenebrous constant been of and
speechless front the raised statisticians of the violence in its in the daily life. For one more good
philosophical reflection of this phenomenon in the present current culture in the relations of the
human being I obtain exactly, with the other and with the world we select between the different
boardings to use sociological and the anthropological for considering that in the partner sócioanthropology contemporary more does not search the agreement or the explanation, in a linear vision
of cause and effect, but an understanding more syntonized, convincing and next to the realities of the
sets of factors that if cross between itself. The violence is a phenomenon that is not left to analyze
easily in its original depth, therefore presents misty shading exactly or, for more explicit, obvious
causes, exaggerated, that in them they deviate the attention. The violence in our culture emerges of
individual and the social one without leaving of being shade and starts to be, cannot deny, visible, real
and daily, that is in all place, invading or emerging of public and private spaces, present a phenomenon
in different cultures in the scopes familiar, pertaining to school, institucional and social. The
multidimensional character of the violence compels the constitution of a boarding to interdisciplinar
(biological, sociological, psychological, legal, statistics, psychological, of the health, among others), a
perspective of permanent combination and relativization of the diverse aspects (economic, cultural,
social, among others, of the individuals and all the society) qualitative and quantitative, beyond the
constant joint between the plans micron and macro, subjective and the objective. Final
Consideration: To understand the violence we need to take in account all the society, its interactions,
as well as where context if gives the familiar relations, the historical process of the relations of being
able and the cultural aspects, to be able to visualize the complexity and the importance of this
phenomenon in the process of familial living human. To domesticate the violence by means of rules
and rigid codes of behavior seems not to be the solution. The challenge is to canalize it, to organize it,
to integrate it and to combine it it with philosophical, social and symbolic others practical. It is treated,
in other words, to look geriz forms it while it appears of the clutter, since no society can be purged of
all clutter. She is necessary, then, to know to deal with it, instead of trying to eliminate it. The solutions
must be found in the process of living of each family or each familiar member, for each case. Some
actions as: to find spaces so that the family develops activity of leisure and confraternization; to
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promote a space so that the family reflects concerning the situation of lived deeply violence; group
therapies with sight to the rescue of the familial power and of auto-esteem; participation of the family
in associations (of quarter, young, of church, among others) can collaborate for the prevention of
violence e (re) signification of a process of living human healthful. It is in the daily one that we can
rescue the philosophical and cultural aspects of the family, for the understanding of the meaning of the
violence and aspects that point with respect to (re) the signification of this phenomenon in the process
of familial living human.
Keywords: philosophy; violence; process of living familial.
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RELAÇÕES DE PODER NA VIDA CONJUGAL E A PREVENÇÃO DA AIDS1
VALÉRIA SILVANA FAGANELLO MADUREIRA2
MERCEDES TRENTINI 3
RESUMO: Para Foucault (1995b;2000), o poder não tem localização definida, é disseminado pelo
corpo social, envolve a todos e atua na produção de cada indivíduo. Não é algo que uns possuam e
outros não, pois embora uma relação de poder sempre pressuponha assimetria de posições, o outro
tem a possibilidade de resistência interna à própria trama das relações de poder, que se configura em
contra-poder. O poder é visto de forma positiva, com ênfase em sua força produtiva, que tem a
produção do sujeito como um de seus principais resultados. Sob esta perspectiva, o poder só se exerce
em relação, se situa na vida cotidiana de cada pessoa e é imanente a todas as relações sociais. Isso
confere outras nuanças às relações, inclusive àquelas sempre pensadas em termos de dominação, nas
quais um dos sujeitos é colocado na posição de vítima, de submissão. Um exemplo disso é a forma
como as relações homem-mulher são representadas, com a mulher no mais das vezes considerada
como pólo sobre o qual incide o poder do homem. Nas relações de casal, a conjugalidade heterossexual
é estabelecida como “normal”, o que pressupõe um ideal de homem, de mulher e de relação, com
papéis e lugares feminino e masculino dados de antemão, de acordo com o que é socioculturalmente
construído e aceito como normal. Aqui se revela a generificação das relações de poder, em referência
ao processo social, histórico e cultural de construção do ser homem e do ser mulher, de masculinidade
e de feminilidade. A aids inscreve-se no âmbito da sexualidade, considerada por Foucault (1995b)
como um dispositivo de constituição do sujeito e vem carregada de preconceito, não estando de
acordo com o ‘perfil ideal’ de homem e de mulher socialmente construído. Hoje, a AIDS está
intensamente presente nas relações heterossexuais estáveis, nas quais as relações de gênero são
marcadas pela dupla moral sexual e por assimetrias de posições entre as quais o poder circula. As
assimetrias nas relações entre os gêneros e a sexualidade masculina e feminina contribuem para
dificultar a negociação das trocas estabelecidas entre o casal. Essas dificuldades se manifestam nas
iniciativas de prevenção baseadas principalmente na noção de sexo mais seguro, o que implica o uso
do preservativo masculino, muito mais controlado pelo homem do que pela mulher e cujo uso
depende da cooperação mútua entre os parceiros. Em relacionamentos estáveis, falar de práticas
sexuais seguras e de uso de preservativo pode ameaçar a confiança entre o casal, expondo a
possibilidade de relações extraconjugais e questionando a fidelidade. Objetivo: Apresentar resultados
de pesquisa sugestivos de associações existentes entre as relações de poder no casal heterossexual e a
prevenção de aids. Desenvolvimento: No âmbito da vida sexual e reprodutiva, o preservativo
masculino é considerado um recurso disponível a homens e mulheres que atende a uma dupla função
de proteção: contra a gravidez e contra doenças sexualmente transmissíveis, dentre as quais a aids.
Mesmo assim, é muito comum encontrarem-se resistências explícitas ou veladas ao seu uso tanto por
parte de homens como de mulheres que buscam os serviços de saúde. Este estudo consiste de uma
análise secundária de um corte de investigação desenvolvida anteriormente. O estudo original do qual
foi extraído o conteúdo desta apresentação teve o propósito de compreender o poder no casal
heterossexual a partir da perspectiva do homem e suas vinculações com a prevenção de DST/AIDS.
Participaram do estudo dez homens de orientação heterossexual, que viviam relações afetivo-sexuais
duradouras. As informações foram obtidas em discussões de grupo e entrevistas individuais e foram
organizadas segundo o discurso do sujeito coletivo (LEFÈVRE e LEFÈVRE, 2003).No estudo, os
cuidados éticos preconizados pela Resolução CNS 196/96 foram integralmente atendidos e o mesmo
Consiste de um recorte da tese de doutorado de Valéria S.F. Madureira - “A visão masculina das relações de poder no casal
heterossexual como subsídio para a educação em saúde na prevenção da AIDS.
2 Doutora, professora na UnC. Universidade do Contestado, Rua Liberal Brezolla, 30, Bela Vista.Concórdia SC 89 700 000. Email:[email protected].
3 Doutora, professora aposentada pela UFSC.
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foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFSC. Neste resumo apresentaremos apenas as
idéias centrais extraídas das narrativas dos participantes que foram: 1) Para o homem que não tem
aventura externa o preservativo é usado somente para evitar gravidez. 2) Usando o preservativo,
esposa vai pensar que ele tem alguma coisa fora de casa ou que ele desconfia dela. 3) Dificilmente
homens mais velhos vão usar camisinha. 4) Sempre usei preservativo fora de casa. 5) Eu nunca usei
camisinha, coisa que deveria. 6) Ainda tem muito tabu na sociedade com o preservativo e a maioria
dos homens não usa. 7) Fidelidade pode evitar aids. 8) Acho que tudo é negociável. O poder de
negociação de cada um pode variar segundo os recursos de que dispõe e a decisão, os meios para
implementá-la e as possíveis conseqüências incluem-se na negociação. Entretanto, “a negociação está
condicionada pela qualidade da relação amorosa e da satisfação sexual entre o homem e a mulher”, de
tal forma que a existência ou não de uma relação amorosa, bem como a intensidade dela afetam-na
profundamente. Entretanto, mesmo considerando-se as habilidades verbais e não verbais de
comunicação de cada um dos parceiros e a qualidade da relação existente entre eles, a idéia de
‘negociar’ pode não ser bem aceita no relacionamento conjugal pelos significados que essa palavra
evoca e que parecem incoerentes com uma relação pautada por princípios de amor e fidelidade. Talvez
a palavra ‘negociação’ pudesse ser transmutada em diálogo e acordo entre homem e mulher, pois
embora ambos os termos tragam subjacente em seu significado a necessidade de negociar, não têm o
peso moral geralmente associado a esta palavra. Ao contrário, dialogar e chegar a um acordo
subentende cumplicidade, respeito, consideração pelo outro. Neste estudo, esses achados
harmonizam-se com os discursos relativos à vida afetivo-sexual, os quais apontam a fidelidade como
um princípio no relacionamento conjugal (mesmo quando não é seguido) que influencia diretamente a
confiança mútua entre homem e mulher. Retomando os discursos dos homens no que se refere a
relações extraconjugais, o uso do preservativo pelo homem em todas as relações dessa natureza
representa uma maneira de proteger a família, que correria o risco de desfazer-se ou, senão tanto, pelo
menos de ter a harmonia do convívio familiar abalada caso essas relações fossem denunciadas. O uso
do preservativo em relações ‘fora’ de casa sugere também a figura da esposa como ‘mulher de
confiança, que dá segurança”, em contraponto à outra, ‘perigosa’, tanto quanto à transmissão de
doenças como à possibilidade de engravidar intencionalmente à revelia do homem. A confiança na
parceira, por sua vez, forma uma díade ambivalente com a desconfiança quando se refere à fidelidade
da parceira na relação. Da maneira como é colocada, pode-se perceber que a confiança na parceira faz
parte de uma aposta que o homem faz na relação conjugal, a qual traz alguns riscos em si mesma, pois
o homem só pode ter certeza a respeito de seu próprio comportamento. Considerações finais: A
reflexão sobre diferentes aspectos envolvidos no uso/não uso do
preservativo, tais como as
resistências, os benefícios, as políticas de prevenção de DST/aids e de planejamento familiar, a
inseparabilidade entre saúde sexual e reprodutiva, a interpretação de ambas como direitos, a percepção
que homens e mulheres têm do preservativo, as formas de obtê-lo, dentre outros temas, abriu espaço
para discussões e atividades sobre seu manuseio, armazenamento e uso. No relacionamento conjugal,
o sexo seguro e a prevenção de doenças não estão diretamente ligados ao uso do preservativo, mas à
confiança, à cumplicidade, à fidelidade, ao diálogo, ao companheirismo existente no casal e à qualidade
da vida sexual. Evocando a analítica do poder de Foucault, cabe a cada um dos parceiros exercer
vigilância sobre si próprio – mais do que vigiar o comportamento do outro – de maneira a atender as
demandas desse pacto. A percepção do que é ser homem exerce grande influência nesse intento, e o
cuidado de si, compreendido como um trabalho continuamente exercido pelo homem sobre si
próprio, conduzindo-se de maneira compatível com um código de conduta que tenha para si, assume
posição central na prevenção de DST/aids e no sexo seguro. É preciso que os profissionais da saúde
criem possibilidades de discutir a prevenção da AIDS desde a compreensão que as próprias pessoas
têm da epidemia, do sexo, da sexualidade, da fidelidade e do preservativo afim de que possam se autocapacitar para a preservação da saúde e principalmente para a prevenção da AIDS.
Palavras-chave: relações de poder; vida conjugal; prevenção de AIDS.
Referências:
PARKER, Richard. Corpos, prazeres e paixões: a cultura sexual no Brasil contemporâneo. 3.ed. Rio
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de Janeiro: Best Seller, 1991.
LOURO, Guacira Lopes. Gênero, sexualidade e educação. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1998.
LEFEVRE, Fernando; LEFEVRE, Ana Maria Cavalcanti. O discurso do sujeito coletivo: um novo
enfoque em pesquisa qualitativa (desdobramentos). Caxias do Sul: EDUCAS, 2003. (Coleção
Diálogos)
FOUCAULT, Michel. Em defesa da sociedade: curso no Còllege de France (1975-1976). São Paulo:
Martins Fontes, 2000. Aulas de: 07 e 14 de janeiro de 1976; de 25 de fevereiro de 1976; 17 de março de
1976.
_____. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 1995b.
BRASIL. Fundação Nacional de Saúde. Resolução 196/96 sobre pesquisa envolvendo seres humanos.
Brasília, 1996.
THE POWER RELATIONS IN A CONJUGAL LIFE AND THE PREVENTION OF AIDS
ABSTRACT: This paper aims to present results of a research that evoke associations between the
relationship of power in a heterosexual couple and the action of AIDS prevention. This study
consisted of a secondary analysis of a previous investigation that had the purpose to understand the
power relations of the heterosexual couple from the male perspective including his relation with the
prevention of aids. The original study sample consisted of ten men with heterosexual orientation. The
data were collected by using focal group discussions, and were analyzed according to the Coletive
Subject Speech (CSS) technique. The discussion of CSS related to this theme facilitate the better
understanding of problems in study and shows the evidence of the existence of different dynamics the
circulation of power in the relations of the couple, in which has direct implications in the health
education work for prevention of the AIDS. The comprehension of this dynamics supported the
proposition of a theoretical reference to be applied in the health education field.
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DAS EXPERIÊNCIAS DO REGIME CONTEMPORÂNEO DO EU E SUAS
“INSERÇÕES” NOS MAIS DIFERENTES GRUPOS SOB A PERSPECTIVA DA
ANTROPOLOGIA PÓS-MODERNA
MARA AMBROSINA DE OLIVEIRA VARGAS1
FLÁVIA REGINA SOUSA RAMOS2
TELMA ELISA CARRARO3
RESUMO: Com a denominada antropologia pós-moderna opera-se com a noção de desconfiança
dos modelos clássicos de representações culturais holísticas e fechadas do Outro e procura-se ver a
cultura como uma rede, uma tessitura de significados elaborados socialmente pelos homens. Deste
modo, a cultura passa a ser algo que todos os grupos, organizações e sociedades em diferentes épocas
e lugares têm. Nesta visão, os dispositivos de produção de sentido – vocabulários, visualizações,
normas e sistemas de julgamento – não são produzidos pela experiência do eu; eles produzem a
experiência de todos os seres humanos: o eu e o Outro. Mas, estes dispositivos não chegam prontos:
eles têm que ser inventados, refinados e estabilizados para serem disseminadas e implantadas, sob
diferentes formas, em diferentes práticas. (ROSE, 2001). Assim, constituiu-se como Objetivos: narrar
a história do eu saturado no mundo contemporâneo; demarcar o impacto da saturação social na forma
como se conceitua o/s eu/s. Desenvolvimento: Um eu que inicia um dia de sua vida estabelecendo
relações com outras pessoas, tanto virtual quanto presencialmente. Salienta-se as profundas mudanças
ocorridas nas comunicações no século XXI, que têm promovido, direta ou indiretamente, um círculo
cada vez mais amplo de relacionamento entre as pessoas, um processo de saturação social que geriu
uma nova cultura, pondo em questão as relações tradicionais. Neste sentido, o vocabulário com o qual
descreve-se e compreende-se o eu tem se transformado e tem modificado os intercâmbios sociais. Por
exemplo: quando alguém diz que “está atraído”, gera uma relação menos comprometida do que
quando diz que “está enamorado”. As expressões disponibilizadas circunscrevem as possibilidades no
campo das relações humanas. Ampliar ou diminuir o vocabulário interfere na vida social à medida que
as expressões do eu limitam as atuações. Mas, não é somente no campo amoroso que o vocabulário
interfere nas relações humanas. Como seria a vida sem determinadas expressões – linguagens do eu –,
como: “intenção” no campo jurídico, “inteligência” e “motivação” no campo educacional,
“sentimentos” e “desejos” nas referências a filhos/as, “fé” e “esperança” no campo religioso,
“contatos imediatos” no campo virtual, “processo de passagem” na questão geracional da adolescência
e “sarado” na referência ao corpo. Quanto às mudanças profundas que estão ocorrendo no modo de
compreender o eu, Gergen (1992) refere-se, principalmente, ao esgotamento de dois grandes modelos
gestados historicamente. O primeiro modelo, do século XIX, é uma visão romântica, o que é essencial
para o estabelecimento de relações comprometidas e demonstrar a intensidade das emoções, os
sentimentos morais, a solidariedade. O segundo, surgido no início do século XX, é denominado
modernista, o que é essencial para a capacidade de raciocínio, a observação, as quais fazem parte da
ciência, das instituições de governo, das atividades empresariais, mas também se presentificam nas
relações informais. Tem-se hoje, através da saturação social, uma multiplicidade de linguagens do eu,
com mais ou menos harmonia com o sistema de julgamento vigente. Essa fragmentação das
concepções do eu é conseqüência da multiplicidade de relações, também incoerentes e desconectadas,
que impulsionam em múltiplas posições de sujeitos que o conceito mesmo do “eu autêntico” dotado
1 Doutoranda Enfermagem/UFSC; Professora Adjunta Curso Enfermagem da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)
e enfermeira HCPA/UFRGS. Bolsita CNPq. Endereço: Rua dos Pessegueiros, 155. Bairro Cinco Colônias – Canoas/RS CEP:
92320360 E-mail: [email protected]
2 Doutora Enfermagem/UFSC. Professora Adjunta do Depto de Enfermagem e do PEN da Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC).
3 Pós Doutora em Enfermagem. Professora Adjunta do Depto de Enfermagem e do PEN da Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC). Coordenadora Pedagógica do Curso de Mestrado em Enfermagem da UFSC.
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de características reconhecíveis, se estilhaça. E o eu plenamente saturado deixa de ser um; ele é
múltiplo e nem por isso imprevisível, já que também saturado de visualizações e normas. Por exemplo,
a emoção, a razão, a inspiração e a vontade, a liberdade e a autonomia, características presentes no eu
na dita pós-modernidade, são ao mesmo tempo subversões e normas, sempre como passíveis de serem
modificadas, em um estado de permanente construção e mudança. Já, a temática das outras culturas,
mostra, também, o quanto a concepções do eu, apesar de sua aparente universalidade e naturalidade,
são localizadas geográfica e historicamente, constituído não tão distante no tempo. A idéia de
individualidade de amor romântico e de indivíduo autônomo, bem como a expressão de emoções
como raiva, tristeza, amor, vergonha e surpresa são todos exemplos de características construídas pela
cultura e que, quando contrapostas a outras culturas, perdem seu sentido. Portanto, o conjunto de
características que é atribuído ao eu individual é próprio de cada cultura e é objeto de mudanças ao
longo da história. Há expressões como depressão, autoritarismo, baixa auto-estima que nem existiam
antes do século XX. Inclusive, as próprias concepções de infância, adolescência e de amor materno,
como têm demonstrado os historiadores, sofreram mudanças radicais no processo de formação da
história. No entanto, se o ponto central é o eu individual ao se trabalhar com identidades culturais e
grupais, como raça, gênero, tradicionalismo e geração, não se deixaria intacta a construção do eu
individual, ao invés de desconstruí-la? Paradoxalmente, através da saturação das relações sociais,
existem possibilidades de manter diversas conexões pessoais e de intervir em variados contextos, assim
como ser colonizados por “fragmentos dos outros”, o qual sugere a idéia de um eu autêntico em
questão e posiciona o ser pós-moderno como um nômade inquieto. Deste modo, em que medida os
relacionamentos considerados tradicionais estão sendo afetados por essas novas pautas de relações
sociais? A amizade e o conceito de “melhor amigo” ou de “amizade íntima” têm sofrido mudanças,
principalmente porque é cada vez mais raro obter espaço e tempo para encontros e experiências do
falar de si. E a amizade na adolescência, que é fundamental, como se está constituindo a partir destas
mudanças, denominadas de tecnopessoais? E a idéia de amor romântico entre casais, como fica a dita
interioridade diante da necessidade de relacionamentos com os diversos outros que habitam o eu? A
função da família também se modifica no que se refere à superação de problemas emocionais
significativos como ansiedade, escolha profissional, liberdade e autonomia dos indivíduos, convivência
transgeracional, alcoolismo e drogadição. Frente à presença massiva de profissionais que oferecem
serviços de ajuda – a expertise – para a resolução dessas dificuldades, ora a família é priorizada ora ela é
secundarizada em tais processos de viver humano. Considerações finais: Narrou-se as práticas que
localizam os seres humanos como análises que tentam dar conta da diversidade das linguagens de
“pessoalidade” que têm se formado, bem como da variedade de normas, técnicas e relações de
autoridade no interior das quais essas linguagens têm circulado nas diferentes práticas sociais para atuar
sobre a conduta das pessoas. Demarcou-se a polissemia de sentidos sobre o eu contemporâneo, mas
concomitante a um eu romântico e moderno. Por último, conceitua-se, paradoxalmente, cada vez mais
as identidades e potencializa-se a noção de autonomia. Em suma, partimos do suposto de que não
mais se justifica a busca pela verdade do outro, que em muito fundou a perspectiva das ciências
humanas, mas que nós mesmos e o outro (indivíduos ou grupos) somos e vivemos dentro de
narrativas construídas à muitas mãos; e que, estas sim, podem ser escritas e re-escritas em suas
múltiplas práticas. Compreendemos que a partir deste suposto se abrem muitas possibilidades teóricas
na abordagem de antigos e novos temas que nos interessam como profissionais da saúde, para os quais
se consolidam novas relações entre as ciências da saúde, as ciências humanas e as ciências sociais.
Referências:
ROSE, N. Como se deve fazer a história do eu? Educação & Realidade, 26(1), jan./jun. 2001. 2)
GERGEN, KJ. El yo saturado: dilemas de la identidad en el mundo contemporáneo. Barcelona:
Paidós, 1992.
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ON THE EXPERIENCES OF THE CONTEMPORANEOUS REGIMEN OF THE I AND ITS
“INSERTIONS” IN THE MOST DIFFERENT GROUPS UNDER THE PERSPECTIVE OF
THE POST-MODERN ANTHROPOLOGY
ABSTRACT: With the denominated post-modern anthropology, one operates with the distrust
concept of the classical models of holistic and closed cultural representations of the Other and one
tries to see culture as a network, a tissue pattern of meanings elaborated by men socially. Thus, culture
becomes something that all of the groups, organizations and societies at different times and places do
have. Within this vision, the production devices of sense – vocabularies, visualizations, rules and
judging systems – are not produced by the experience of the I; they produce the experience of the
human beings: the I and the Other. But these devices do not come ready: they have to be invented,
refined and stabilized in order to be disseminated and implanted under different forms in different
practices. (ROSE, 2001). Therefore, one has constituted as Objectives: narrating the history of the I
saturated in the contemporaneous world; demarcating the impact of the social saturation in the form
how the I(s) is (are) conceived. Development: An I starts a day of his life by establishing relationships
with other persons both virtually and being present. One points out the deep changes occurred in the
communications in the XXI century that have promoted, directly or indirectly, a broader circle of
relationship among people, a process of social saturation that has generated a new culture, by
questioning the traditional relationships. In this sense, the vocabulary with which one describes and
understands the I has been transformed and has modified the social exchanges. For example, when
somebody says that he “is attracted”, it generates a relationship which is less committed than when he
says that he “is in love”. The expressions that are made available circumscribe the possibilities in the
field of the human relations. Broadening or diminishing the vocabulary interferes in the social life as
the expressions of the I limit the performances. However, it is not only in the love field that
vocabulary interferes in the human relations. How would life be without certain expressions –
languages of the I -, like “intention” in the legal field, “intelligence” and “motivation” in the
educational field, “feelings” and “wishes” in the references to sons/daughters, “faith” and “hope” in
the religious field, “immediate contacts” in the virtual field, “passage process” in the generational issue
of the adolescence and “fit” in reference to the body. Regarding the deep changes that are undergoing
in the way of understanding the I, Gergen (1992) refers, mainly, to the depletion of two great managed
models historically. The first model, from the XIX century, is a romantic vision, what is essential for
establishing committed relations and for demonstrating the intensity of the emotions, the moral
feelings and solidarity. The second one, arisen at the beginning of the XX century, is denominated
modernist, what is essential for the reasoning capacity, the observation which makes part of science, of
the government institutions and of the business activities, but which also make themselves present in
the informal relations. Today, one has, through the social saturation, a multiplicity of languages of the
I, with more or less harmony with the judging system in force. This fragmentation of concepts of the I
is consequence of the multiplicity of relations, also incoherent and disconnected, that impel in multiple
positions of subjects that the concept itself of “authentic I”, provided of recognizable features,
shatters. The I, fully saturated, ceases being one; he is multiple and not necessarily unforeseeable, since
he is also saturated of visualizations and rules. For example, the emotion, the reason, the inspiration
and the willingness, the liberty and the autonomy, features that are present in the I in the mentioned
post-modernity, are at the same time subversions and rules, always liable of being modified, in a state
of permanent construction and change. As to the thematic of the other cultures, it also shows how
much the conceptions of the I, although his apparent universality and naturalness, are located
geographically and historically, having been constituted not so far back in time. The idea of
individuality of romantic love and of autonomous subject, as well as the expression of emotions as
anger, sadness, love, shame and surprise are all of them examples of features constructed by culture
and that, when set over against to other cultures, lose their sense. Therefore the set of features, that is
attributed to the individual I, is peculiar of each culture and is object of changes throughout history.
There are expressions like depression, authoritarianism, low self-esteem that did not even exist before
the XX century. Including concepts like infancy, adolescence and maternal love, like historians have
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shown, have undergone radical changes in the process of formation of history. However, if the central
point is the individual I, when one works with cultural and group identities like race, gender,
traditionalism and generation, would not one leave intact the construction of the individual I, instead
of deconstructing it? Paradoxically, through the saturation of the social relations, there are possibilities
of keeping several personal connections and of intervening in several contexts as well as being settled
by “fragments of others”, what suggests the idea of an authentic I under question and positions the
post-modern being as an unquiet nomad. So, at what measure are the relationships considered
traditional being affected by these new agendas of social relations? Friendship and the concept of “best
friend” or of “intimate friendship” have undergone changes, mainly because it has become rarer and
rarer to get space and time for meetings and experiences of talking about oneself. And friendship in
adolescence, that is fundamental, how is it being constituted from these changes, denominated as
technopersonal? And the idea of romantic love between couples, how does the called interiority
remain in face of the need of relationships with the several others that inhabit the I? The function of
the family is also changing regarding the overcome of significant emotional problems like anxiety,
professional choice, liberty and autonomy of the subjects, transgenerational living together, alcoholism
and drug addiction. In view of the massive presence of professionals that offer aid services – the
expertise – for the resolution of these difficulties, the family is sometimes prioritized, sometimes put in a
secondary position in such processes of human living. Final considerations: One has narrated the
practices that locate the human beings as analyses that try to report the diversity of languages of
“personality” that have been formed as well as of the variety of rules, techniques and relations of
authority in the interior from which such languages have circulated around different social practices in
order to perform over the behavior of the people. One has outlined the polyssemy of the senses on
the contemporaneous I, but concomitant to a romantic and modern I. Finally, one conceives,
paradoxically, more and more the identities and potentializes the concept of autonomy. To summarize,
we start from the supposition that the search for the other´s truth is no more justifiable, truth that has
much founded the perspective of the human sciences but that we ourselves and the other (subjects or
groups) are and live within the narratives constructed with many hands; and that these, for sure, can be
written and re-written in their multiple practices. We understand that, from this supposition, many
theoretical possibilities open themselves for the approach of old and new themes that are of interest
for us as health professionals, for which new relations among the health sciences, the human sciences
and the social sciences are consolidated.
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118 O MODO DE DISPOSIÇÃO DO TEMOR DA MULHER COM HIV/AIDS: O
COTIDIANO DIANTE DA (IM)POSSIBILIDADE DE AMAMENTAR1
STELA MARIS DE MELLO PADOIN2
ÍVIS EMÍLIA DE OLIVEIRA SOUZA3
RESUMO: Mulheres, na década de 1980 e até meados de 1990, descobrem que estão infectadas pelo
vírus da aids, em meio a desespero, surpresa e decepção. Isso aconteceu quando seu marido ou
companheiro adoeceu ou morreu de aids, ou seja, durante o desenvolvimento do cuidado ao outro.
Foi desse modo que mulheres/mães/cuidadoras dos filhos/as infectados/as ou do companheiro, em
meio ao silêncio do não dito, do diagnóstico velado pelo sigilo, ou mesmo diante do diagnóstico, mas
envolto no pacto de silêncio existente entre os seres e na família, ou diante do exame reagente para o
HIV de seu recém-nascido, que se descobriram infectadas. Ao final da década de 1990, dada a
ampliação das políticas públicas e a inserção, mesmo que modesta, das mulheres nelas, a mulher, na
busca do cuidado à sua saúde, descobre a infecção pelo HIV, na maioria das vezes durante a
assistência ao parto ou durante o pré-natal. Quando observamos essa situação, destacamos que o
modelo assistencial vigente reserva pouco espaço para atenção à saúde da mulher adolescente ou
jovem que se encontre fora do período grávido-puerperal. Ou seja, percebemos que é quando tem
acesso ao serviço de saúde, ou quando está grávida, que a mulher se descobre infectada pelo HIV.
Assim, a prevenção primária que busca diminuir a chance de a mulher se infectar está longe de
alcançar bons resultados, a despeito dos inúmeros desafios postos em relação à compreensão dessa
mulher como um ser-no-mundo-com-os-outros e dos condicionantes da feminilidade. A prevenção
secundária tem se iniciado depois da infecção instalada. Tenta-se prevenir a transmissão do HIV da
mãe para a criança e minimizar a possibilidade do adoecimento da mulher com sorologia para o HIV.
Nesse cenário, será possível o encontro da mulher/mãe com HIV/aids com o profissional da equipe de
saúde. Com a inserção da nova doença no cenário dos serviços de saúde de infectologia, ginecologia,
obstetrícia e pediatria, entre outros, e a partir do encontro com os profissionais das equipes de saúde,
inúmeras inquietações do cotidiano do trabalho moveram a realização de investigações. Foi, assim,
partindo da experiências e vivências com os familiares e/ou cuidadores de crianças com HIV/aids,
principalmente com a mulher que tem sorologia positiva para o HIV, e entendendo que é necessário
compreender os sentimentos, as emoções e os significados que o ser humano confere às situações
experienciadas e às suas vivências, que este estudo buscou compreender o cotidiano da mulher com
sorologia positiva para o HIV ou com aids diante da (im)possibilidade de amamentar. A pesquisa foi
desenvolvida na abordagem fenomenológica a partir do pensamento de Martin Heidegger. O cenário
para a produção dos dados foi o Hospital Universitário de Santa Maria/RS, nos Serviços de Doenças
Infecciosas Pediátricas, Pré-Natal e Hospital-Dia. Foram utilizadas para análise 12 entrevistas, das 16
realizadas no período de setembro de 2004 a março de 2005. Na compreensão vaga e mediana,
primeiro momento metódico proposto por Heidegger (1997), as mulheres mostram-se desesperadas
no momento em que descobrem que são portadoras do HIV ou estão doentes de aids, elas não
esperavam por isso e no começo não aceitam o diagnóstico, referem sua lealdade ao esposo ou
companheiro, que isso foi uma decepção, pensam na possibilidade de se matar devido ao pânico da
doença. Quando a descoberta se dá durante a gravidez, nos exames do pré-natal, referem que foi
1 Parte da tese: PADOIN, Stela Maris de Mello. O cotidiano da mulher com HIV/aids diante da (im)possibilidade de amamentar: um
estudo na perspectiva heideggeriana. Rio de Janeiro, 2006. Tese. 205f. (Doutorado em Enfermagem) - Escola de Enfermagem Anna
Nery, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2006.
2 Departamento de Enfermagem - Centro de Ciências da Saúde - Universidade Federal de Santa Maria/UFSM, Av. Roraima, prédio
26; Bairro Camobi; Santa Maria/RS; CEP: 97.105-900. E-mail: [email protected]
3 Departamento Materno Infantil - Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ; Rua Afonso Cavalcanti, 275; Cidade Nova; Rio de
Janeiro/RJ; CEP: 20.211-110.
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horrível e pensam na criança que está na barriga. As mulheres reconhecem o preconceito e apontam as
atitudes de discriminação; mostram-se com medo de perder os amigos, os familiares e os/as filhos/as.
Referem que mesmo os familiares têm muitos preconceitos percebidos nas conversas quando a pessoa
com HIV, ou com aids, é motivo de gozação e de medo. Nos depoimentos, a discriminação é
percebida pelo afastamento, referem que há pessoas que, quando sabem que elas têm a doença, se
afastam. Sentem que são mal tratadas, que as crianças expostas ao HIV são afastadas das brincadeiras
com seus amigos na rua ou de passeios com a família. Comentam que não sabem se a criança seria
amada se descobrissem que sua mãe é portadora de HIV. Nas instituições como creches e serviços
assistenciais de saúde, as atitudes de discriminação também acontecem. Estas são relatadas pelas
mulheres envolvendo, inclusive, questões éticas, como a indicação de abortamento. Também no seu
ambiente de trabalho as situações e recomendações de não usar mais o banheiro, de separar os
talheres, de fazer exame de saúde, de haver comentários, quebra do sigilo ou, ainda, perda do emprego
porque contou sobre o diagnóstico são situações que geram medo e estão associadas ao estigma da
doença. O estigma relacionado à aids aparece nos depoimentos da mulheres como uma doença que
marca as pessoas, para sempre, lembra a imagem de Cazuza, com dificuldade de caminhar, sem o
cabelo, magro e olhos encovados. No entanto, percebem que há um equívoco, pois todos pensam que
a pessoa que tem aids é seca, é magra, e elas se mostram com aparência saudável. No segundo
momento metódico de análise interpretativa, a mulher mostra suas possibilidades existenciais na
cotidianidade e sua circunvisão acerca da epidemia. A partir da descoberta de sua condição aquilo que
vem ao encontro da mulher é a sua aproximação com a epidemia da aids, então, mostra-se no modo
determinado do temor. Como modo de disposição, o fenômeno do temor poderá ser analisado na
perspectiva de o que se teme, o temer e pelo que se teme (Heidegger, 1997). Assim, no temor, o que se teme, o
‘temível’, é como algo que possui o caráter de ameaça, possui o modo conjuntural do dano, se mostra
dentro de um contexto. Temerosa, pensa em se matar, mostra-se desesperada, fala do medo, do pânico
e do pavor. Teme a discriminação e o preconceito. O que as variações do temor mostram é o
movimento de aproximação com a possibilidade de ser portadora do HIV, até o momento em que
esta possibilidade se dá como facticidade e o movimento de aproximação com a public-idade de seu
diagnóstico ou de seu(s) filho/a(s). Isso de dá tanto no momento do diagnóstico, quanto na gestação
(ao iniciar o uso de ARV), e se (re)novará no momento em que está diante da situação da
(im)possibilidade de amamentar. Ela, em seu mundo da vida, mostra sua familiaridade e sua
circunvisão acerca da amamentação, fala de suas experiências com os outros e de suas vivências em
amamentar. Por outro lado, mostra estranheza e dificuldade na situação de (im)possibilidade de
amamentar, mostra a amamentação no modo da surpresa, pois aquilo que está à mão não pode ser
usado e está simplesmente presente. Nesse momento, quebram-se os nexos referenciais em relação à
amamentação, e ela mostra que não tem familiaridade com a (im)possibilidade de amamentar. A
familiaridade que temos com os entes e a cosmovisão determinada pelos nexos referenciais e a
significância e, principalmente, o modo como vêm ao encontro entes e coisas determina no ser modos
de disposição. Neste sentido, a aids e a possibilidade de a (im)possibilidade da amamentar revelar sua
condição de ser portadora de HIV têm o caráter de ser temível. Assim, pela temerosidade, ela se mantém
no silêncio, prefere o não dito em relação à sua condição sorológica, pois o pior será a situação de ser
julgada e considerada culpada mediante atitudes de discriminação e preconceito de que já ouviu falar
ou até mesmo já vivenciou. No modo temeroso a mulher se mostra como ela não é e se mantém
ocupada com a síndrome, pois temerosa e na impessoalidade não se mostra. Assim, as circunstâncias
individuais e sociais e a condição de ser portadora são ocultadas de seus familiares e, por vezes, de seu
companheiro sexual. Para algumas, será apenas no serviço de saúde que ela falará acerca da exposição à
infecção e da situação de ser portadora do HIV ou doente de aids. Nesse sentido, é que
compreendemos a singularidade do momento desse encontro, percebemos a oportunidade de
abertura, das possibilidades de ela se mostrar como ela é em si mesma. Entretanto, na maioria das
vezes, no serviço, os profissionais não desenvolvem a possibilidade de encontrar espaço para esta
abertura, um espaço que não é físico, um espaço que tem seu sentido na existencialidade e na
temporalidade do ser dotado da pre-sença, que, para Heidegger (1997), é possibilidade. Assim,
percebemos a necessidade do cuidado a partir da compreensão do modo-de-ser da mulher, para ajudá-la
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nessa situação vivida, para estar-com-ela4, buscando desenvolver um cuidado solícito.
Palavras-chave: enfermagem; amamentação; saúde da mulher; HIV/aids; temerosidade.
THE WAY OF DISPOSITION OF THE WOMAN'S FEAR WITH HIV/AIDS: THE ROUTINE
BEFORE THE (IM)POSSIBILITY OF BREASTFEEDING1
ABSTRACT: Women, in the decade of 1980 and up to middles of 1990, discovered that they are
infected by the virus of the aids, amid despair, surprise and deception. That happened when her
husband or companion got sick or died from aids, in other words, during the development of the care
to the other. It was in that way that women/mothers/carrying of the sons/daughters infected or the
companion, amid the silence of the not said, of the veiled diagnosis for the secrecy, or even before the
diagnosis, but wrapped up in the pact of existent silence among the beings and in the family, or before
the exam reagent for HIV of her newly born, that they discovered infected. At the end of the decade
of 1990, given the enlargement of the public politics and the insert, even if modest, of the women in
them, the woman, in the search of the care to her health, discovers the infection for HIV, most of the
time during the attendance to the childbirth or during the prenatal. When we observed that situation,
we highlighted that the model attendance effective reservation little space for attention to the woman's
adolescent or young health that is out of the period pregnant-puerperal. In other words, we noticed
that it is when she has access to the service of health, or when she is pregnant, that the woman is
discovered infected by HIV. This way, the primary prevention that it wants to reduce the woman's
chance if she is infected is far away from reaching good results, in spite of the countless challenges put
in relation to that woman's understanding as a being-in- the-world-with-other ones and of the
conditions of the femininity. The secondary prevention has been initiated after the installed infection.
We have tried to prevent the transmission of the mother's HIV for the child and to minimize the
possibility of the woman to get sick with serology for HIV. In that scenery, it will be possible the
encounter of the woman/mother with HIV/aids with the professional of the team of health. With the
insert of the new disease in the scenery of the services of infectologia health, gynecology, obstetrics
and pediatrics, among other, and starting from the encounter with the professionals of the teams of
health, countless inquietudes of the daily of the work moved the accomplishment of investigations. It
was, like this, starting from the experiences and existences with the relatives and/or children's
caretakers with HIV/aids, mainly with the woman that has positive serology for HIV, and
understanding that it is necessary to understand the feelings, the emotions and the meanings that the
human being checks to the experienced situations and their existences, that this study tried to
understand the routine of the woman with positive serology for HIV or with aids before the
(im)possibility of breastfeeding. The research was developed in the approach fenomenological starting
from Martin Heidegger's thought. The scenery for the production of the data was Santa Maria/RS's
Academic Hospital, in the Pediatric, Prenatal Services of Infectious Diseases and Hospital-day. 12
interviews were used to be analysis, of the 16 accomplished in the period from September 2004 to
March of 2005. In the medium understanding, first methodical moment proposed by Heidegger
(1997), the women are shown desperate when they discover that they are HIV carried or they are sick
of aids, they did not wait for that and in the beginning they do not accept the diagnosis, they refer their
loyalty to the husband or companion, that was a deception, they think about the possibility of being
killed due to the panic of the disease. When they discovered the illness during the pregnancy, in the
exams of the prenatal, they refer that it was horrible and they think about the child that is in the belly.
The women recognize the prejudice and they point the discrimination attitudes; they are shown with
fear of losing her friends, the relatives and sons/daughters. They Refer that even the relatives have
many prejudices noticed in the conversations when the person with HIV, or with aids, it is reason for
teasing or fear. In the depositions, the discrimination is noticed by the removal, they refer that there
are people that, when they know that they have the disease, they stand back. They feel that they are
4 Neste estudo, a grafia em itálico refere-se a termos ou palavras-chave do referencial filosófico de Martin Heidegger. Obras: Todos
nós ninguém: um enfoque fenomenológico do social. São Paulo: Moraes, 1981; e Ser e tempo. Parte I. 6. ed. Petrópolis: Vozes, 1997.
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badly treated, that the exposed children to HIV are moved away of the games with their friends in the
street or of walks with the family. They comment on that they are not known the child would be loved
if they discovered that his/her mother has HIV. In the institutions as day cares and services assistant
of health, the discrimination attitudes also happen. These are told by the women involving, besides,
ethical subjects, as the abortion indication. Also in her work atmosphere the situations and
recommendations of not using more the bathroom, of separating the silverwares, of doing exam of
health, of there being comments, breaks of the secrecy or, still, loss of the job because it told about the
diagnosis are situations to generate fear and they are associated to the stigma of the disease. The stigma
related to the aids appears in the women's depositions as a disease that marks the people, forever it
reminds the image of Cazuza, with difficulty of walking, without the hair, thin and interred eyes.
However, they notice that there is a misunderstanding, because all think that the person that has aids is
thin and they are shown with healthy appearance. In the second methodical moment of interpretative
analysis, the woman shows their existential possibilities in the routine and her circum-vision
concerning the epidemic. Starting from the discovery of her condition that comes to the woman's
encounter is her approach with the epidemic of the aids, then, it is shown in the certain way of the
fear. As disposition way, the phenomenon of the fear can be analyzed in the perspective than it is
feared, fearing and for that it is feared (Heidegger, 1997). This way, with fear, that is feared, the
'fearsome', it is as something that possesses the threat character, possesses the way of the situation of
the damage, it is shown inside of a context. Fearful, she thinks about being killed, it is shown desperate
she speaks about the fear, of the panic and of the fright. She fears the discrimination and the prejudice.
The one that the variations of the fear show is the approach movement with the possibility of being
someone who has HIV, until the moment in that this possibility feels as a fact and the approach
movement with the public-age of her diagnosis or of her son(s)/daughter(s). That gives her so much
in the moment of the diagnosis, as in the gestation (when beginning the use of ARV), and if will be
(re) new when it is due to the situation of the (im)possibility of breastfeeding. She, her world of the
life, shows her familiarity and her circum-vision brought near breast-feeding, she speaks of her
experiences to the other ones and of her existences in breastfeeding. On the other hand, it shows
strangeness and difficulty in the situation of (im)possibility of breastfeeding, shows the breast-feeding
in the way of the surprise, because things that are in hand cannot be used and it is simply present. On
that moment, they are broken the connections references in relation to the breast-feeding, and she
shows that she does not have familiarity with the (im)possibility of breastfeeding. The familiarity that
we have with beings and the certain weltanschauung for the reference connections and significance
and, mainly, the way as they come to the encounter beings and things determines in the being
disposition manners. In this sense, the aids and the possibility of the (im)possibility of breastfeeding to
reveal her condition of being an HIV carrying have the character of being fearsome. Like this, for the
fear, she keeps in silence, she prefers not mention in relation to her serology condition, because the
worst will be the situation of being judged and considered criminal by discrimination attitudes and
prejudice that she has already heard to speak or even she has already lived. In the fearful way the
woman is shown like her is not and she keeps busy with the syndrome, because her fearful and
impersonality is not shown. This way, the individual and social circumstances and the condition of
having this illness are hidden of their relatives and, many times, from her sexual companion. For some,
it will just be in the service of health that she will speak concerning the exhibition to the infection and
of the situation of being carried of HIV or sick of aids. In that sense, it is what we understood the
singularity of the moment of that encounter, we noticed the opening opportunity, of her possibilities
and she shows like herself. However, most of the time, in the service, the professionals do not develop
the possibility to find space for this opening, a space that is not physical, a space that has her sense in
the existentiality and in the temporality of being endowed with the presence, that, for Heidegger
(1997), is possibility. This way, we noticed the necessity of the care starting from the woman's way-ofbeing's understanding, to help her in that lived situation, for be-with-her, looking for to develop a
helpful care.
Keywords: nursing; breast-feeding; the woman's health; HIV/aids; temerity.
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143 REFLEXÕES SOBRE A CONTRIBUIÇÃO DA EPIDEMIOLOGIA PARA O
ENTENDIMENTO DO PROCESSO DE VIVER E SAÚDE HUMANA
MARLENE GOMES TERRA1
ROSANGELA MARIA FENILI2
SILVIAMAR CAMPONOGARA3
DENISE ELVIRA PIRES DE PIRES4
TELMA ELISA CARRARO5
RESUMO: A civilização humana, ao longo da história, construiu diversos paradigmas teóricometodológicos, cada um tentando desvendar os mistérios da vida e do mundo. O paradigma
mecanicista, herdado, principalmente, de Descartes e Newton no século XVII, tem dominado o
pensamento humano, até hoje, levando-nos a divisão e fragmentação do conhecimento. Contudo,
novas formas de entendimento têm sido buscadas para explicar o mundo em que vivemos. Neste
sentido, mesmo que de maneira tênue, autores de diversas áreas do conhecimento buscam atribuir
uma conotação de complexidade aos diversos fenômenos do mundo, valorizando a historicidade e
multidiversidade imbricadas em diferentes aspectos inerentes ao viver humano. O pensamento
cartesiano trouxe benefícios para a resolução de problemas da humanidade, porém devemos
considerar suas limitações e dar espaço para um novo paradigma que permita outras formas de pensar
e agir. Nas últimas décadas o conhecimento científico, em diversas áreas, tem procurado compreender
as relações dos indivíduos entre si e destes com a natureza, porém de maneira mais integrada e não
mais disjuntiva e reducionista. A área da saúde é influenciada por diferentes correntes de pensamento,
destacando-se a epidemiologia que tem contribuído com o conhecimento sobre o processo saúdedoença em populações humanas fornecendo subsídios para as diversas dimensões de ação terapêutica.
Objetivo: Este estudo tem por objetivo refletir sobre a contribuição da epidemiologia para a análise
do viver humano, em especial, o olhar sobre o indivíduo como parte de grupos sociais no contexto da
vida em sociedades históricas. Desenvolvimento: Neste sentido, caracteriza a epidemiologia na
história, analisando a sua contribuição em uma perspectiva crítica, bem como caracteriza o contexto
demográfico e epidemiológico do viver na sociedade brasileira contextualizando essa realidade no
cenário internacional. Para tanto, utilizamos como recurso metodológico uma busca de dados
epidemiológicos e demográficos em documentos divulgados por instituições reconhecidas na área,
bem como artigos em periódicos indexados da saúde pública, utilizando como critério principal
conterem uma discussão teórica sobre questões históricas, filosóficas, conceituais e metodológicas da
epidemiologia. A epidemiologia nos últimos anos tem sido alvo de questões relativas as suas bases
epistemológicas, pressupostos teórico-filosóficos, metodologia científica e técnicas de investigação.
Deste debate surgem questões como: seria a epidemiologia uma ciência ou um método científico ou
uma forma de investigar objetos que outras ciências definiram? Para compreender o campo da
epidemiologia, com base em Barata (1985), resgatou-se a sua história a partir das explicações
formuladas para a determinação da doença, a partir da questão da causalidade. No século XX
1 Enfermeira, Mestre em Educação, Professora Assistente e Membro do Grupo de Pesquisa Cuidado, Saúde e Enfermagem – UFSM,
Santa Maria-RS/Brasil. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e Participante do GESPI – UFSC. Bolsista
CAPES/PQI.
2 Enfermeira, Mestre em Enfermagem, Professora Assistente, Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e
Participante do GESPI – UFSC, Florianópolis-SC/ Brasil.
3 Enfermeira, Mestre em Assistência de Enfermagem, Professora Assistente e Membro do Grupo de Pesquisa Cuidado, Saúde e
Enfermagem – UFSM, Santa Maria-RS/Brasil. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e Participante do
Grupo PRAXIS – UFSC. Bolsista CAPES/PQI. E-mail: [email protected]
4 Enfermeira, Dra em Ciências Sociais, Pós-Doutorado na University of Amsterdam, Holanda, Professora Adjunta e Membro do
Grupo PRAXIS – UFSC, Florianópolis-SC/Brasil. Orientadora do trabalho.
5 Enfermeira, Dra em Enfermagem, Pós-Doutorado em Enfermagem na EERP/USP, Professora Adjunta e Líder do Grupo de
Pesquisa Cuidando e Confortando do PEN– UFSC, Florianópolis-SC/Brasil.
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consolida-se, no campo da saúde, o modelo biomédico o qual é focado na doença e não no ser
humano que vive o sofrimento, bem como na busca da causalidade, da explicação da doença e do
tratamento. Esta perspectiva tem sido forte na clínica e na epidemiologia, mas devido a sua abordagem
reducionista tem gerado inúmeras críticas. O avanço na compreensão da multidimensionalidade do
viver humano tem forçado muitas áreas do conhecimento a buscar novos recursos para contemplar as
demandas oriundas do mundo contemporâneo. No campo da saúde uma nova concepção surge a
partir do conceito de promoção da saúde, discutido em diversos fóruns e eventos internacionais nas
décadas de 70 e 80 do século passado. Neste cenário destaca-se a Conferência de Otawa, ocorrida no
Canadá em 1986, que engendrou uma perspectiva de valorização das dimensões social e política,
reconhecendo a saúde como qualidade de vida, superando a dicotomia coletivo/individual e
valorizando a capacitação, a participação e o controle dos sujeitos e da sociedade sobre o seu processo
de viver, de adoecer e de ser saudável. A partir da década de 90, começa a estruturar-se um consenso
entre os estudiosos da área quanto à relevância da subjetividade e multidimensionalidade no conceito
de qualidade de vida, na medida em que começa a ser mais valorizada a percepção da pessoa sobre o
seu estado de saúde e sobre os aspectos não-médicos do seu contexto de vida. No entanto, o debate
teórico sobre o objeto da epidemiologia continua. De um lado estão os que buscam um viés mais
integrador e dirigido ao sujeito individual, enquanto esfera primária do processo saúde-doença, e de
outro estão os que defendem a continuidade do foco de estudo da epidemiologia nos coletivos ou
grupos de indivíduos. É importante registrar que ao privilegiar o estudo da distribuição e os
determinantes da doença em coletivos humanos a epidemiologia tem deixado clara a sua tendência à
estruturação normativa e a padronização de comportamentos, perdendo de vista a existência de
indivíduos concretos que vivenciam situações sociais, mas que as interpretam diferentemente e
fornecem significados próprios. Neste sentido, é importante considerar que há necessidade de
valorizar o saber epidemiológico enquanto diretriz que fomenta a formulação de macropolíticas, tanto
do ponto de vista da organização de serviços de saúde quanto do direcionamento da formação
profissional em saúde. Por outro lado, urge pensarmos que, para além da pretensa padronização de um
macrocontexto, é no microcontexto relacional em que se fundem saberes, incumbindo ao profissional
de saúde exercitar uma práxis dialógica que valorize os conhecimentos produzidos pela epidemiologia
e a bagagem histórico-cultural trazida pelo indivíduo e a sua subjetividade, ultrapassando a mera
concepção biologicista no cuidado em saúde. Considerando-se o saber produzido pela epidemiologia e
também a crítica realizada ao paradigma hegemônico de produção do conhecimento na área,
destacamos alguns indicadores demográficos e epidemiológicos da realidade brasileira. De uma forma
geral, pode-se dizer que o Brasil experimenta algumas transformações no que tange a indicadores
epidemiológicos e demográficos. Segundo Minayo (2002), nas últimas décadas, tem ocorrido melhorias
com relação à saúde da população brasileira, com queda nas taxas de morbi-mortalidade, influenciada
por mudanças demográficas, socioeconômicas e culturais, bem como tem ocorrido decréscimo das
taxas de mortalidade infantil e aumento na longevidade. Segundo Dachs et al (2005), esse fenômeno
não tem ocorrido somente no Brasil, ou seja, os indicadores de saúde também têm melhorado
continuamente na América Latina. No entanto, os autores mencionados advertem que ainda é
necessário estudar como esses indicadores se distribuem, tendo em vista as desigualdades em termos
de condições materiais de vida e determinantes sociais. Além disso, existe certo consenso de que no
Brasil vive-se uma transição epidemiológica caracterizada por mudanças ocorridas nos padrões de
morte, morbidade e invalidez, que, em geral, ocorrem em conjunto com outras transformações
demográficas, sociais e econômicas. De acordo com Schramm (2004), este processo engloba três
mudanças básicas: sobreposição significativa de morbi-mortalidade por doenças transmissíveis e
carenciais com as crônico-degenerativas; aumento das doenças não-transmissíveis e relacionadas a
causas externas; deslocamento da carga de morbi-mortalidade dos grupos mais jovens para os grupos
mais idosos, e transformação de uma situação em que predomina a mortalidade para outra na qual a
morbidade é dominante. Em relação à demografia, projeções da OMS para 2025 incluem o Brasil entre
os dez países do mundo com maior contingente de pessoas com 60 anos e mais. A proporção de
idosos no Brasil passou de 6,3% em 1980 para 7,6% em 1996, estimando-se 14% em 2025. Essa
mudança demográfica implica em pensar nos agravos crônico-degenerativos, que atingem esta faixa
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etária e que implicam em tratamentos de duração mais longa e recuperação mais lenta e complicada,
exigindo também intervenções de elevado custo. Coexistem e, muitas vezes se superpõem as velhas e
novas doenças, contrariamente a esperada transição epidemiológica presenciada nos países
desenvolvidos, onde as doenças crônico-degenerativas como as enfermidades cardiovasculares e os
cânceres substituíram as antigas epidemias das doenças infectoparasitárias. Além disso, no Brasil são
significativas as diferenças regionais, tanto em termos de perfil demográfico quanto epidemiológico, o
que corresponde às diferenças sócio-econômicas regionais. Conclusão: Concluindo fica clara a
importância da epidemiologia para a compreensão do processo de viver e da saúde humana. Pois,
mesmo compreendendo que a vida tem uma dimensão individual e subjetiva, é fundamental
considerar que os seres humanos vivem em sociedades históricas e que o viver saudável, em situações
de risco, com doenças ou sofrimento é influenciado por dimensões culturais e sócio-políticas. Ou seja,
as possibilidades de viver bem, de adoecer, de ter acesso aos serviços de saúde e de morrer mais cedo
ou mais tarde, e por determinadas causas, são fortemente influenciadas pelo cenário macro-social. No
entanto, também fica clara a necessidade da epidemiologia ultrapassar a perspectiva da explicação
biológica da doença. É preciso considerar a expressão individual e coletiva do processo saúde-doença,
bem como a sua natureza histórico-social. É preciso construir no campo teórico e prático da saúde um
olhar não fragmentado e especializado, mas que estabeleça interações, inter-relações, re-significações, e
valorização da historicidade em que o sujeito encontre expressividade no micro entendendo-o como
constituído e constituinte do macro contexto. E, resgatando Minayo (1999, p. 12) é preciso considerar
que “(...) não existe fatalidade no quadro atual de morbimortalidade (...). Para todos os problemas há
um largo espaço de possibilidades para intervenções técnicas, sociais e educativas”. Bem como é
preciso considerar que a natureza social da doença não se constata no caso clínico, mas na maneira
peculiar de adoecer e morrer nos grupos humanos.
Palavras-chave: processo saúde-doença; epidemiologia; paradigma.
REFLECTIONS ON EPIDEMIOLOGY CONTRIBUITION TO THE LIVING PROCESS AND
HUMAN HEALTH UNDERSTANDING
ABSTRACT: The human civilization, along the history, has been developing several theorical and
methodological paradigms, each one trying to reveal, the mysteries of the life and the world. The
mechanicist paradigm, inherited, mainly, from Descartes and Newton in the seventeenth century, has
been dominating the human thought, until today, taking us to a division and fragmentation of
knowledge. However, new forms of understanding has been sought to explain the world we live in. In
this direction, even in a faint way, authors of several fields of knowledge seek to attribute a complexity
connotation to the several world phenomena, and to value histority and multidiversity imbricated in
different aspects inherent in the human living. The Cartesian thought has brought benefit to the
resolution of human problems, however we should consider its limitations and give some space to a
new paradigm that allow us other ways of thinking and behaving. In the last decades the scientific
knowledge, in several areas, has been trying to understand the individuals relationship among them
and the nature, however in a more integrated way and not disjuncted and reductionist. The health area
is influenced by different currents of thought, in focus the epidemiology that has contributed to the
knowledge on the process health-sickness in human population supplying subsidies to the several
dimensions of therapeutical aspect. Objective: The purpose of this study is to reflect about the
epidemiology contribution to the analysis of human living, specially, focusing on the individual as part
of social groups on life contexts in historical society. Development: In this way, it features the
epidemiology in history, analyzing its contribution in a critical perspective, as well as it features the
demographic and epidemiologic context of the Brazilian society living contextualizing that reality in
the international scenery. For that, we use as a methodological resource an search on epidemiologic
and demographic data in documents published by recognized institutions in the area, as well as articles
in indexed periodics of the public health, using as the main criteria the fact of containing a theorical
discussion on historical, philosophical, conceptual and methodological matters of epidemiology.
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Epidemiology in the last years has been target of matters concerning its epistemological basis,
theorical-philosophical purposes, scientific methodology and investigation techniques. From this
debate matters like: “would epidemiology be a science or scientific method or a way of investigating
objects that other sciences have defined?” arise. In order to understand the epidemiology field, based
in Barata (1985), its history is rescued from explanations made to determine the disease, the matter of
causality. In the 20th century the biomedical model is consolidated in the health field, which is focused
on the disease and not on the human being that suffers, as well as on the search for causality for the
disease explanation and for treatment. This perspective has been strong clinic and on epidemiology,
but due to the reductionist approach it has been arising several criticisms. The advance on
understanding the multidimensionality of the human being has been forcing many areas of knowledge
to search new resources to contemplate the demands from contemporary world. In the health field a
new conception appears from the concept of health promotion, discussed in several forums and
international events in the 70s and 80s of last century. In this scenery the Ottawa Conference, which
took place in Canada in 1986 stands out; it brought a perspective of valorization of the social and
political dimension recognizing health as quality of life, overtaking the dichotomy collective/individual
and valorizing a capacitation, participation and control of the subjects and of the society on their
process of living, getting sick and being healthy. From 90th decade on, a consensus starts to structure
among studious of the area about relevance of the subjectivity and multidimensionality in the concept
of life quality, as the perception of the person about their health condition and about non-medical
aspects of their life context start to be valorized. However, the theorical debate on the epidemiology
object goes on. On one side there are the ones that seek a more integrated way directed to the
individual subject, while primary sphere of the process health-disease, and on the other side there are
the ones who defend the continuous of the epidemiology study focus on the collectives or groups of
individuals. It’s important to register that giving privilege to the study of distribution and the
determinants of the disease in human collectives epidemiology has been setting clear its tendency to
normative structuring and behavior patterning, losing sight of the existence of concrete individuals
that live social situations, but that interpret them differently and provide their own meanings. In this
direction, it is important to consider that it has necessity to value knowing epidemiologist while line of
direction that foments the formularization of macropolitics, as much of the point of view of the
organization of services of health how much of the aiming of the professional formation in health. On
the other hand, it urges to think that, for beyond the pretense standardization of a macrocontext, it is
in the relationary microcontext where if they establish to know, fitting to the health professional to
exercise praxis dialogical that values the knowledge produced for the epidemiology and the
description-cultural luggage brought by the individual and its subjectivity, exceeding the mere
biologicista conception in the care in health. Considering the knowledge produced by epidemiology
and also the criticism made to the hegemonic paradigm of production of the knowledge in the area, we
detach some demographic and epidemiologic indicators of the Brazilian reality. In general, we can say
that Brazil experiences some changes concerning the epidemiologic and demographic indicators.
According to Minayo (2002), in the last decades improvements concerning the health of the Brazilian
population have been occurring with decrease in the morbid-mortality rates, influenced by
demographic social-economic and cultural changes, as well as a decrease in the infant mortality and
longevity increase has been occurring. According to Sachs et al (2005), this phenomena hasn’t been
accruing only in Brazil, it means, the health indicators have also been improving continually in Latin
America. However, the authors mention advise that it’s still necessary to study how those indicators
are distributed, considering the inequalities in terms of material conditions of life and social
determinants. Besides that, there is a certain consensus that in Brazil an epidemiologic transition is
being leased, characterized by changes occurred in the death patterns, morbid and disability, which, in
general, occur along with other demographic, social and economic transformations. According to
Schramm (2004), this process brings together three basic changes: significant, sobreposition of
morbid-mortality by transmitted diseases and lacking with the chronic-degenerative ones; increase of
the non-transmitted diseases and related to external causes: dislocation of the morbid-mortality charge
from the younger to the older groups, and transformation of a situation in which mortality stands out
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to another in which morbid is dominant. Concerning demography, projections from OMS for 2005
include Brazil among the ten countries in the world with bigger number of people over 60 years old.
The proportion of old people in Brazil has gone from 6,3% in 1980 to 7,6% in 1996, 14% being
estimated in 2025. That demographic change implies on thinking about chronic-degenerative
aggravations, which reach this age and imply longer treatments and longer and more complicated
recovery, also demanding high cost interventions. They coexist and many times they stand out the old
and new diseases, opposite to the expected epidemiologic transition witnessed in the developed
countries, where the chronic-degenerative diseases as cardiovascular illnesses and cancers have
replaced the old epidemies of infectoparasitary diseases. Besides that, in Brazil the regional differences
are significant, in terms of demographic and epidemiologic profile, which corresponds to regional
social-economical differences. Conclusion: Concluding it is clear the importance of epidemiology for
understanding the living process and the human health process. For, even understanding that life has
an individual and subjective dimension, it is fundamental to consider that human beings live in
historical societies and that living in a health way, in risk situations, with diseases or suffering is
influenced by cultural and social-political dimensions. It means, the possibilities of living well, of
getting sick, of having access to the heath services and dying earlier or later, and for determined
reasons, are strongly influenced by the macro-social scenery. However, it is also clear the necessity of
the epidemiology to overtake the perspective of biological explanation of the disease. It is necessary to
consider the individual and collective expression of the health-disease process, as well as its historicalsocial nature. It is necessary to have a non-fragmented and specialized look on the theorical and
practical fields of health, but which establishes interactions, inter-relations, re-significations, and
valorizing the historization in which the subject find expressivity in the micro understanding it as
constituted and constituting the macro context. And, rescuing Minayo (1999, p. 12) it’s necessary to
consider that “(...) there isn’t fatality in the current situation of morbid-mortality (...). There is a large
field of possibilities for technical, social and educative interventions for all the problems”. As well as it
is necessary to consider that the social nature of the disease is not found in the clinical case, but in the
peculiar way of getting sick and dying in the human groups.
Key-words: health-disease process; epidemiology; paradigm.
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151 LIBERDADE, AUTONOMIA E A RECONQUISTA DE SI NO VIVER HUMANO
BÁRBARA PEREIRA D’ALENCAR1
MARIA SOCORRO PEREIRA RODRIGUES2
MARIA MANUELA RINO MENDES3
MARIA SALETE BESSA JORGE4
RESUMO: A renovação própria do ser humano tende a ser extinta na pessoa que envelhece, levandoa a chamada morte social. Assim, é importante que ela participe de atividades que ajudem em sua
autopoiese, podendo ser estimulada pela biodança, ao promover situações de integração em grupo a
partir da música e de movimentos corporais plenos de sentido. Esta é importante para ampliar
perspectivas de uma vida melhor, com qualidade, desenvolvendo o potencial criativo e impulsionando
as pessoas a recriarem sua existência. Os sentimentos mobilizados pela biodança estimulam a
percepção quanto ao viver e pertencer ao mundo. O ponto de equilíbrio para o processo de viver é
encontrado por cada um a partir da forma como orienta suas ações no viver e no atuar no mundo,
influenciado pela cultura - valores, crenças, hábitos, costumes e idéias, considerando regras que
caracterizam e sustentam a sociedade, nas várias dimensões da vida. A liberdade, entendida como
princípio que modela as instituições da vida coletiva, integra um núcleo de princípios de cidadania,
baseada nos valores da escolha individual, cujo exercício se baseia no pressuposto de que os cidadãos
sejam pessoas emancipadas, capazes de escolhas autônomas e de ultrapassar obstáculos para alcançar o
crescimento humano. É um sentimento que envolve satisfação; está intimamente associado à
autonomia do ser pensante e influente na promoção dinâmica de viver com outros. Inclui emoções,
desejos, sonhos e está fundada na ética e no respeito à dignidade. Uma pessoa autônoma é capaz de
deliberar sobre seus objetivos pessoais. Respeitar a autonomia é valorizar as opiniões e escolhas; é ser
soberano sobre si mesmo, sobre seu corpo e mente. Agir livremente de acordo com um plano
próprio, administrar seu território e estabelecer suas políticas. Através da interação com o outro no
contexto dos fatos e dos atos, podendo tomar consciência das próprias defesas, condescendências e
generosidade, o que dá a verdadeira dimensão de ser, estar e pertencer ao mundo, reforçando a
identidade saudável na conquista da vitalidade como forma de encontrar o verdadeiro significado da
existência. Toro. Objetivo: compreender o significado de vida com qualidade, percebido por um
grupo de idosos, motivados pela Biodança. Metodologia: pesquisa descritiva e qualitativa, centrada
no enfoque hermenêutico de Ricoeur, a fim de obter, a partir do conteúdo de narrativas, o
significado de vida com qualidade. A população constou de oito idosas que se reúnem no SescFortaleza-Ce, para vivenciar a Biodança, enquanto sistema de integração e desenvolvimento
humano orientado para o estudo e a expressão de potencialidades, por meio da dança, exercícios de
comunicação e vivências integradoras induzidas pela música. A coleta de dados, realizada através de
observação participante, com apoio do gravador e diário de campo e entrevista semi-estruturada, no
período de abril e maio de 2004, após parecer do Comitê de Ética. Análise e Interpretação foram
evidenciadas unidades significativas voltadas para a liberdade, a autonomia e o sentimento de
permanecer saudável no mundo. Os Resultados contextualizam o significado de um viver
pulsante para o mundo, o sentir-se vivo revelando a identidade como presença, como expressão
natural e espontânea da vida, conforme preconizado pelas leis básicas do viver com liberdade,
na constante construção da autonomia, Góis. Observa-se que os discursos a seguir vêm permeados
de expressões que enfatizam a redescoberta da vida e o sentir-se nela, integrando o mundo, vendo-se
Universidade Estadual do Ceará. Brasil.
Universidade Federal do Ceará. Brasil. E-mail: [email protected]
3 Esc Enferm Ribeirão Preto/USP. Brasil.
4 Universidade Estadual do Ceará – Brasil.
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2
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como uma nova pessoa, o que oportuniza exercitar, com felicidade a autonomia: “Estou conseguindo
esquecer as mazelas da vida. Aquela pessoa envergonhada está dançando, até com malemolência e sensualidade. Está
feliz, mesmo passando por momentos difíceis... está se soltando, mostrando uma alegria verdadeira, uma força, uma
coragem, um desprendimento, uma emoção[....]” (Papoula). Saudade expande-se com ares de nova mulher,
ficando contextualizado como ponto forte a liberdade, a concretização de desejos antes não realizados.
Apesar de referir os filhos, percebe-se que eles pouco influenciam, ela faz valer sua autonomia
revisitando lacunas que estavam por serem preenchidas no seu ser mulher: “Arranjei muitas amizades. Já
tô até no bloco de carnaval ‘Comigo ninguém pode’, o carnaval que sai da Praia de Iracema. Fico das quatro às oito, é
uma maravilha. Fico rodeada de amigos. Minha vida vai maravilhosamente bem... os meus filhos todos são de acordo...
Porque eu nunca brinquei carnaval. No interior, eu era de dentro da Igreja, presidente das associações e era proibido até
olhar as festas, né... Dançar, nem...de jeito nenhum. Acho que é por isso que eu tenho essa vontade de brincar, acho que é
por isso. Nunca pensei em fazer o que eu tô fazendo hoje” (Saudade); Margarida refere a sua grande mudança de
vida e, somente agora sente-se um ser no mundo:“[...] Depois da Biodança eu sei que sou... que eu componho o
mundo, também. Faço parte desse mundo também... sou uma peça que compõe o mundo. A saúde... era pior... muito
pior. Eu me preocupava mais com a minha saúde, achava que estava doente... que eu tinha aquele monte de problema
que eu tenho, né? Que tomo remédio, tomo uma série de coisas, né? E eu vivia preocupada... mas na cabeça, é isso aí. E
já tava me acostumando... E já tava ficando habituada a não sair por causa de doença. Com medo de... me sentir mal, às
vezes. Tu acredita que nunca mais eu tive! [...]Agora... eu nem me preocupo, não quero nem saber quantas doenças eu
tenho, né?... eu tô me sentindo bem. Tô mais disposta, mais ativa, né? Falando muito... falava muito menos, né? Falava
mais baixinho... É, e graças a Deus, a única coisa que eu ainda não consegui e que eu vou conseguir, se Deus quiser, é a
segurança, né”? (Margarida); Acácia destaca com naturalidade seu enfrentamento na mudança de estágio
de vida: [...] Eu acho que quando a gente vai envelhecendo... tem que procurar, se tá aparecendo problema, tem que
procurar melhorar. Eu vim porque eu tava morrendo em vida... Eu tava me negando. Agora é vitalidade, com toda
criatividade... com toda energia, com todos os 60 anos da minha vida... que eu vi tudo, menos idade... uma maravilha. Já
completei 61 anos agora. Já to passando, [...] não to sentindo. Sabe como é?...” (Acácia); Flor de Lótus assim
poetiza a sua perspectiva de passado, presente e futuro: “A gente tem é que viver... viver o dia de hoje. O dia
de hoje é o presente... é um verdadeiro presente, o dia de hoje... O dia de ontem já é passado. “A gente não pode remendar
e o amanhã você nem sabe como vai ser...” (Flor de Lótus); E Jasmim assim se coloca: “Eu queria ter essa vontade
de dançar, mas a timidez não deixa... Ali eu me solto” (Jasmim); Girassol se extasia em seu relato dizendo: “A
gente tem que enfrentar aquelas barreiras [...] porque eu quero ser uma pessoa livre. A gente sente, com certos
exercícios que nós temos eletricidade no nosso corpo[...]”(Girassol); Rosa Amélia fala em sua alegria de
ser: “Me sinto alegre e enfrento a vida de outra maneira. Não com choro, porque não vai resolver. É assim que eu vejo
que a Biodança ajuda a gente a esquecer os problemas. Quando a gente esquece os problemas, quando a gente tá ali
naquela roda, naqueles movimentos, ninguém se lembra de coisa ruim... de problemas” (Rosa Amélia). As
Conclusões mostram que a ênfase das narrativas centra-se, na descoberta de possibilidades de
mudança, no descobrir-se viva, no resgate do lazer não vivenciado, na força interior pela vida, na
descoberta de novas amizades. Denotando que a felicidade é, sem dúvida, o alvo de nosso viver ao
longo do ciclo vital. Cada um deve buscar a maneira que mais se adeqüe a si, tendo sempre em vista a
inter-relação com o outro, o próprio bem estar, no contínuo processo de desenvolvimento
humano. É significativo o potencial de solidariedade mobilizado, de amizade, alteridade, construção
de vínculos duradouros e aceitação de outro amor, superação de estresse, dentre outras questões de
saúde, assim como da espiritualidade e até a aceitação da idéia da morte.
Palavras-chave: liberdade; autonomia; viver humano; biodança; idoso.
Referências:
BRASIL, Conselho Nacional de Saúde. Resolução Nº 196/96. Decreto Nº 93.933 de Janeiro de
1987. Estabelece critérios sobre Pesquisa Envolvendo Seres Humanos.
GÓIS, C.W.L. Biodança: identidade e vivência. Fortaleza: Expressão Gráfica, 2002.
RICOEUR, P. Interpretação e ideologias. Tradução de Hilton Japiassu. Rio de Janeiro: Francisco
Alves, 1990.
TORO, R. Biodanza. Tradução de Marcelo Tápia. São Paulo: Escola Paulista de Biodanza, 2002.
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LIBERTY, AUTONOMY AND RECONQUIST OF ONESELF IN HUMAN LIVING
ABSTRACT: The feelings take to perception and awake the comprehension regarding to live, to be
and to belong to the world, from emotional and psychological effects of exist, to interact in its integral
form. The point of equilibrium to his process of live must be found in every person from reactions
and conditions available or searched by oneself and by the form of each individual orientate his actions
and act in the world. What one receives is influenced by culture- valor, habits, customs and ideas, from
rules that feature and maintain the society, in several social dimensions of human life. The liberty,
understood as principle that models the institutions of collective life, integrate the core of principles of
citizenship, based upon valor of individual choice, which exercise is based, in assumption that citizens
are emancipated people, able to autonomy choices and break of obstacles to grasp the development
needed or wished. It is uncommonly a feeling that involves satisfaction, is closely associated to
autonomy of thinker being and influent in promotion of dynamic process of development, having in
sight also the point of view of others. It involves feelings and emotions, desires, dreams and is
supported in ethics, in the respect to dignity. A person with autonomy is able to discuss about their
personal objectives and to act in the direction of this deliberation. To respect autonomy is worth the
consideration about the opinions and choices; to be sovereign about oneself, about his body and mind.
To act freely according a proper plane, to manage his territory and to settle his politics. Through the
interact with the other in context of facts and acts, it is possible be conscious of our defenses,
condescendence and generosity, which give the real dimension of be and belong to world, reinforcing
the vitality in healthy identity, of way to find the real meaning to existence, Toro. Objective: to search
the comprehension of meaning of life with quality, noticed by a group of elder, having as motivating
factor the Biodance. Methodology: descriptive and qualitative research, centered in hermeneutic
focus of Ricoeur, in order to get, from content of narratives of a group of elder, the meaning life with
quality. The population consisted of eight people of a group of fifteen elder that get together in
Sesc/Ce, in Fortaleza city, to practice living of Biodance, understood as a system of integration and
human development orientated to the study and the expression of human potential, by dance,
exercises of communication and living integrated induced by music. The data collection, done through
interview semi-structured, of participant observation, with support of recorder and diary of field.
Done during the period of April to may 2004, after receive favorable writing of Ethics Board. Analysis
and interpretation were highlighted unities meaningful emphasizing backed to liberty, autonomy and
feeling of keep healthy in the world. The Results show the meaning of a pulsant living to the world, to
feel the life, feeling alive, reveals the identity as presence, as natural and spontaneous expression of life,
as adopted by basic laws of live with liberty, in constant build of autonomy, which is confirmed by
Góis.It observed that the speeches of members of group, upcoming come permeated of expressions
that emphasizing the rediscover of life and feel in it , integrating the world, seeing as a new person,
which take the opportunity to exercise with joy the autonomy. I am getting rid the difficulties of life. That
shamed person is dancing, even with malevolence and sensuality. It is happy, even passing by hard moments…she is
unchaining , showing a true happiness, a force, a courage, a unveiling, a emotion[…], (Papoula). Missing spread
with airs of new woman, having noticed as strong point the liberty, the realization of desires before
not done. Despite refer to children, perceive that they few influent , she makes her autonomy revisiting
gaps that were to be filled in her being woman.: I´ve got many friendships. I´m even carnival staff ´With me
noone can´, the carnival that out of Iracema Beach. I stay of four to eight, it is wonderful. I stay with many friends. My
life goes wonderfully well… all my sons are in agree…Because I never played carnival. In the countryside, I was from
inside the church, president of associations and were prohibited even look the parties…Dancing…no way. I think that ´s
the cause to play. I never thought to do what I am doing today (Saudade); Margarida refers to her great change of
life and just now feel a being in the world: […] After biodança I know that I am … that I ´m part of the world,
also. I take part of this world also…I am a piece that forms the world. The health… was worse…much worse. I worried
too much with my health, thought that was sick… that I had that bunch of problem that I have. I take remedy , take a
series of things and I lived upset… but in the head, that is it. And I was already used to… And already getting
habituated to not go out due the disease… With fear of … feel sick, sometimes. You believe that I never had it
anymore![…] Now, I even do not , I do not want to know how many diseases I have…I am feeling good. I am more
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ready, more active and speaking much…spoke much less…spoke not loudly… And thanks God, the only think that I
still not get and I will get is security (Margarida); Acácia notices with naturality her facing in change of life
stage:[…] I think when us go elderly…have to search, if it is appearing problem, have to get better. I came because I
was dying in life…I was denying myself, Now is vitality, with all creativity… with all energy, with all sixty years of my
life… that I saw everything but age…wonderful. I´ve completed 61 years old now. I am passing, […] not feeling. Do
you know how it is?…(Acácia); Flor de Lótus thus exposes her poetry the perspective of past, present
and future: ‘ we must live… live the today. The today is present… is a real present, today… The yesterday
already is past. We can not repair and tomorrow you even do not know how it will be…(Flor de Lótus); and
Jasmim put this way I wanted to have this will to dance, but the shyness do not leave… The I get loose (Jasmim);
Girassol gets thrill in his report saying: We have to face those barriers […] because I want to be a free person.
We feel, with certain exercises that we have electricity in our body[…] (Girassol); and Rosa Amélia speaks in her
happiness of being: I feel happy and face life of other manner> Not crying, because it will not solve. It is this way
that I see that Biodance helps us to forget the problems. When us forget the problems, when us are in that group, those
movements, nobody remember of bad things… of problems (Rosa Amélia). The conclusions shown that focus
of narratives centered, in the discovery of possibilities of change, finding alive, the rescue of leisure not
lived in childhood, in interior force by life, in the discovery of new friendships. Citing that happiness is
without doubt the target of our live, during the vital cycle. Each one must search the manner that
more adequate to oneself, having always in sight the inter-relation with the other, the own well being ,
in the continuous process of human development. It is meaningful the potential of aid exhibited, of
friendship, alterity, construction of lasting linking and acceptance of other love as mechanism of
overcoming of stress, among others questions of health as well as spirituality and which refers to
acceptance of idea of death.
Keywords: liberty; autonomy; human living; biodance; elder.
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176 O PROCESSO DE VIVER SAUDÁVEL DE TRABALHADOR(AS) DE UM
PROGRAMA DE SAÚDE DA FAMÍLIA: CONTRADIÇÕES E (IM) POSSIBILIDADES
GEANI FARIAS MACHADO FERNANDES1
ROSEMARY SILVA DA SILVEIRA 2
ELIANA PINHO AZAMBUJA3
NALU PEREIRA DA COSTA KERBER4
ALCIONE LEITE DA SILVA5
MARIA DO HORTO FONTOURA CARTANA6
LUCIA HISAKO TAKASE GONÇALVES7
RESUMO: Este estudo é parte do protocolo de pesquisa “Processo de Viver Humano Saudável no
Contexto da Região Sul”, desenvolvido na disciplina de Processo de Viver Humano do Curso de
Doutorado em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Teve como questões
de pesquisa: O que significa o processo de viver humano saudável e não saudável para o(as)
trabalhador(as) de um Programa de Saúde da Família de um município do estado do Rio Grande do
Sul? Que aspectos saudáveis e não saudáveis estão presentes no processo de viver humano deste(as)
trabalhador(as)? Quais são as causas geradoras de um processo de viver não saudável, apontadas
pelo(as) trabalhador(as)? Quais são as estratégias apontadas pelo(as) trabalhador(as) para a construção
de um processo de viver humano saudável? Foi desenvolvido com base na abordagem qualitativa, do
tipo exploratório-descritivo. Participaram do estudo trabalhador(as) de um Programa de Saúde da
Família de um município do estado do Rio Grande do Sul: duas enfermeiras, duas médicas, duas
auxiliares de enfermagem e 12 agentes comunitários de saúde, totalizando 18 trabalhador(as), sendo 17
do sexo feminino e um do sexo masculino. Os dados foram obtidos através de entrevista e grupo focal
e analisados usando o programa de análise de dados qualitativos – QSR Nvivo. Foram interpretados
com base em um referencial teórico fundamentado em três eixos básicos relacionados à: promoção do
viver humano, trabalho e gênero. O rigor do estudo foi apoiado na triangulação de diferentes
métodos de coleta de dados e de pesquisadoras e, na validação dos dados coletados. A proposta deste
estudo foi aprovada por um Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UFSC. Foi
assegurado ao(às) trabalhador(as) do estudo o direito de recusar a participar ou de se retirar da
pesquisa em qualquer momento, como também a confidencialidade das informações e o anonimato
1 Enfermeira. Doutoranda em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Professora do Departamento de
Enfermagem da FURG. Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior PQI (CAPES). Membro do
Núcleo de Estudos e Pesquisa em Saúde (NEPES) e do Grupo de pesquisa em Educação em Enfermagem e Saúde (EDEN). E-mail:
[email protected]
2 Enfermeira. Doutoranda em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Professora do Departamento de
Enfermagem da FURG. Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior PQI (CAPES). Membro do
Núcleo de Estudos e Pesquisa em Saúde (NEPES) e do Grupo de Pesquisa em Tecnologias Convergentes Assistenciais em Saúde e
Enfermagem (GIATE).
3 Enfermeira. Doutoranda em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Professora do Curso Técnico de
Enfermagem do Colégio Técnico Industrial Prof Mário Alquati da FURG. Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior PQI (CAPES). Membro do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Saúde (NEPES) e do Núcleo de Estudos sobre
Saúde, Trabalho e Cidadania (PRÁXIS).
4 Enfermeira. Doutoranda em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Professora do Departamento de
Enfermagem da FURG. Bolsista Conselho Nacional de Pesquisa (CNPQ). Membro do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Saúde
(NEPES) e do Núcleo de Estudos sobre Saúde, Trabalho e Cidadania (PRÁXIS).
5 Enfermeira. Doutora em Filosofia de Enfermagem. Professora Associada Convidada da Secção Autônoma de Ciências da Saúde da
Universidade de Aveiro. Coordenadora da Unidade Integrada de Estudo e Investigação em Educação e Cuidado em Enfermagem e
Saúde, Aveiro, Portugal.
6 Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC). Membro do Grupo de Pesquisa Educação em Enfermagem e Saúde (EDEN)
7 Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC). Coordenadora do Grupo de Estudos sobre Cuidado de Saúde de Idosos (GESPI).
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das suas identidades. O processo de viver saudável emerge ligado a vários eixos do viver humano, tais
como, ter trabalho e poder trabalhar de forma efetiva em equipe, viver feliz em família, ter espaço para
o lazer, poder cuidar eficaz de si e do outro. O trabalho se destaca dos demais eixos, sendo fonte de
prazer e satisfação pessoal, de interação e reconhecimento social, de desafios, de realização pessoal e
transformação social, de remuneração, de segurança e satisfação das necessidades básicas.
Paradoxalmente, o trabalho também é o fator primordial no processo de viver não saudável, pela
sobrecarga de trabalho e estresse, por ocupar o tempo destinado ao convívio com a família, ao lazer e
ao cuidado de si. Quando analisado sob a perspectiva de gênero, as mulheres são as mais penalizadas
pela dupla e tripla jornada de trabalho. O trabalho também é gerador de angústias pelas
responsabilidades assumidas e impotência sentida na resolução dos problemas sociais, políticos,
econômicos e ambientais presentes na comunidade, em que se destacam: a falta de saneamento básico,
o desemprego, as péssimas condições de moradia, a miséria e a violência. Esta situação se mostra mais
grave para o(as) agente(s) comunitário(as), pois além de trabalhar na comunidade, são integrantes dela,
convivendo cotidianamente com os problemas existentes. Sentem-se pouco capacitado(as) para o
trabalho que desenvolvem, e denunciam a ausência de uma política permanente de capacitação do(as)
trabalhador(as) no programa do PSF, que dê respostas e sentido ao trabalho que assumem. Esta
realidade se destaca das outras profissionais com curso superior, na medida que se encontram
engajadas em cursos de capacitação, tais como aperfeiçoamento, especialização e mestrado, e não
residem na comunidade. Estas possuem uma condição de vida superior ao(às) agente(s)
comunitário(as), evidenciando a assimetria social, econômica e de poder na equipe do PSF.
Manifestam a necessidade de uma melhor reorganização do processo de trabalho, criando espaços para
a reflexão coletiva sobre o planejamento e avaliação das ações cotidianas e sobre o processo de viver
saudável. Neste sentido, as reflexões coletivas necessitam transcender o trabalho para incluir questões
ligadas ao processo de viver do(as) trabalhador(as), enquanto ser humano inserido no contexto social,
político, econômico e ambiental. Sugerem a inclusão no próprio horário de trabalho de sessões de
alongamento, métodos de relaxamento, realização de oficinas que abordem a arte de viver. Defendem
também a estratégia política de maior envolvimento e participação do(as) trabalhador(as) e da
comunidade no Conselho Municipal de Saúde e outras instâncias governamentais e não
governamentais na busca de soluções e de ações políticas voltadas à promoção do processo de viver
humano saudável. Paralelamente, expressam a necessidade de construir um viver saudável, já que
reconhecem que a centralidade do trabalho em suas vidas, o(as) impede(m) de exercer um viver mais
pleno e prazeroso nas outras arenas de suas vidas.
THE PROCESS OF HEALTHY LIVING FOR HEALTH WORKERS IN THE PROGRAM OF
FAMILY HEALTH: CONTRADICTIONS AND (IM) POSSIBILITIES
ABSTRACT: This study is part of a large research protocol - “Process of Healthy Human Living in
the Context of the Southern Region”, developed in the discipline of Process of Human Living in the
Nursing Doctorate Course at the Federal University of Santa Catarina (UFSC). The research questions
in this study were: what does the process of healthy and unhealthy living mean to the health workers in
the program of Family Health of a city in the state of Rio Grande do Sul? What healthy and unhealthy
aspects are present in the human living process of these workers? Which are the generating causes of a
healthy and unhealthy living process pointed out by the workers? Which are the strategies pointed out
by the workers for the construction of a healthy living process? It was developed using a qualitative
approach of the exploratory-descriptive type. The participants in the study were workers of a Program
of Family Health in a city of the state of Rio Grande do Sul: two nurses, two doctors, two nursing
assistants and 12 community health agents, a total of 18 workers, being 17 women and one man. The
data were obtained through interviews and focal groups and analyzed using the computer program for
the analysis of qualitative data - QSR Nvivo. They were interpreted under a theoretical framework
based on three basic axes related to the: promotion of human living, work and gender. The
trustworthiness and credibility of this study were supported through: triangulation of different
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methods of data collection and researchers and, validation of all data collected. The proposal for this
study was approved by the local University’s Ethics Committee. Participants were assured that they
had the right to refuse to participate or to withdraw from the study at any time, and that confidentiality
and anonymity were to be maintained throughout the study. The process of healthy living emerges
linked to several axes of human living, such as, having a job and working in an effective way in a team,
living happily in ones family, having time for leisure, taking care effectively of oneself and other
people. The work stands out from the other axes, being a source of pleasure, personal satisfaction,
interaction, social recognition, challenges, personal accomplishment, social transformation,
remuneration, safety and satisfaction of the basic needs. Paradoxically, work is also the primordial
factor in the process of unhealthy living, for the work overload and stress, for occupying the time
destined to conviviality with the family, leisure and taking care of oneself. When analyzed under the
gender perspective, the women are more punished by the double and triple work day. The work is also
cause of anxieties for the commitments and impotence felt in solving social, political, economical and
environmental problems present in the community, where the following stand out: poor basic
sanitation, unemployment, poor home conditions, poverty and violence. This situation is posed more
seriously for the community agents, because besides working in the community, they are members of
it, living together daily with the existing problems. They do not feel qualified for the work that they
develop and denounce the lack of permanent training policies for the workers on the family program
(PSF). This reality is far different from other professionals with university degree, as these
professionals are engaged in training courses, such as improvement, specialization and master's degree,
and they don't live in the community. They have a higher standard of living than the community
agents, making evident the social and economical asymmetry as well as the power in the PSF´s staff.
They manifest the need of a better reorganization of the work process, creating opportunities for the
collective reflection about planning and evaluating the daily actions and on the process of healthy
living. In this sense, the collective reflections need to transcend the work to include linked subjects to
the process of living of the workers, while human being inserted in the social, political, economical and
environmental context. They suggest an extended work schedule with methods of relaxation,
accomplishment of workshops that approach the art of living. They also defend the political strategy
of larger involvement and participation of workers and community in the Municipal Council of Health
and other governmental or non-governmental instances in the search for solutions and political actions
for the good of the process of healthy human living. In addition, they recognize the need to build for
them a healthy living process, since the work overload makes it difficult for them to enjoy fully other
areas of their lives.
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201 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES ACERCA DO PROCESSO DE VIVER HUMANO DE
TÉCNICOS (AS) DE ENFERMAGEM RECÉM-ADMITIDOS (AS) EM UM HOSPITAL
ESCOLA1
ZÍDIA ROCHA MAGALHÃES2
ELIANE MATOS3
JADETE RODRIGUES GONÇALVE4S
LEOCARLOS CARTAXO MOREIRA5
LEONOR GONÇALVES6
LITA MOORE ESPINOZA7
NÁDIA CHIODELLI SALUM8
MARIA DO HORTO CARTANA9
RESUMO: O processo de viver humano “manifesta-se na dinamicidade dos significados que os seres
humanos dão às suas vidas ao longo do processo de pré-conceber, nascer, crescer, desenvolver,
envelhecer, morrer e transcender” (SILVA et al, 2003, p.7). Neste processo que vai da concepção à
morte, o ser humano passa por fases na vida, as quais influenciam seu modo de viver e ser saudável.
Um destes momentos diz respeito às atividades que assume com a chegada da vida adulta: o trabalho.
Assumir um emprego nem sempre é tarefa fácil, exige enfrentamentos, abertura para o novo, situações
que podem ser favoráveis ou desfavoráveis para o crescimento pessoal e profissional. Pensando as
especificidades do trabalho da enfermagem, em especial àquelas vivenciadas por técnicos(as) de
enfermagem recém-admitidos em instituições de saúde, é que abordamos neste estudo, o processo de
viver deste grupo profissional, na perspectiva de apreender a sua realidade, buscando através da
discussão coletiva construir espaços que propiciem o viver saudável. O referencial
teórico/metodológico que orientou o estudo fundamentou-se nos eixos básicos, propostos pelo
protocolo de pesquisa desenvolvido na disciplina “Processo de Viver Humano” (SILVA et al, 2003),
bem como em contribuições de autores que abordam o trabalho na sociedade, e especificamente o
trabalho da enfermagem no HU (CAPELLA, 1998; PIRES, 1998) e outros. O caminho metodológico
contemplou princípios da pesquisa ação participante (SILVA, et al, 2003) e referências desenvolvidas
pelo Sistema de Aprendizagem Vivencial (SAV) de Edimar Leite e Luís Carlos Ferreira (2000). Os
procedimentos metodológicos incluíram entrevista individual e reflexão em grupo focal. Nas
entrevistas buscamos subsídios para o processo reflexivo a ser desenvolvido no grupo focal. Utilizouse para desenvolvimento dos grupos focais estratégias vivenciais na perspectiva de propiciar a
1 Esse estudo é parte integrante do projeto de pesquisa que busca conhecer o processo de viver humano de trabalhadores(as) de
enfermagem recém-admitidos(as) no Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Integra o protocolo
de pesquisa que guiou os subprojetos desenvolvidos na disciplina “Processo de Viver Humano”, do curso de doutorado do Programa
de Pós-Graduação da UFSC, e foi submetido ao Comitê de Ética da UFSC (1)
2 Professora do Depto. Enfermagem Básica da UFMG. Mestre em enfermagem pela UFBa. Doutoranda do Programa de Pós
Graduação em Enfermagem da UFSC - PEN/UFSC; Membro do Grupo de Pesquisa em Educação e Enfermagem – EDEN/UFSC;
Beneficiária de auxílio financeiro da CAPES-Brasil. E-mail: [email protected]
3 Enfermeira chefe da Divisão de Enfermagem de Emergência e Ambulatório do HU/UFSC. Mestre em Enfermagem. Membro do
grupo PRAXIS/UFSC. Doutoranda do PEN/UFSC.
4 Psicóloga. Professora do Curso de Psicologia da UFSC. Membro do grupo PRAXIS/UFSC. Doutoranda do PEN/UFSC .
5 Professor do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso. Doutor em Enfermagem pela UFSC.
Pesquisador CNPq.
6 Enfermeira do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Mestre em Enfermagem pela UFMG.
Doutoranda do PEN/UFSC; Membro do PRAXIS/UFSC; Beneficiária de auxílio financeiro da CAPES-Brasil;
7 Enfermeira. Especialista em Saúde Pública. Mestre em Enfermagem pala UFSC. Membro do grupo EDEN/UFSC. Doutoranda do
PEN/UFSC. Bolsista CNPq.
8 Enfermeira do CEPEN/HU/UFSC. Mestre em Enfermagem pela UFSC. Membro do grupo EDEN/UFSC. Doutoranda do
PEN/UFSC.
9 Enfermeira. Professora do Curso de Enfermagem e do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UFSC. Coordenadora do
Curso de Graduação em Enfermagem/UFSC. Membro do grupo EDEN/UFSC. Doutora em enfermagem pela UFSC.
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mobilização coletiva e a construção de estratégias para a promoção de um viver e trabalhar mais
saudável. Participaram do estudo, 10 técnicos(as) de enfermagem recém admitidos, que vivenciaram o
processo de inclusão desenvolvido pelo Centro de Educação e Pesquisa em Enfermagem (CEPEN),
órgão de assessoria da Diretoria de Enfermagem, responsável pelos processos de recrutamento,
seleção e capacitação dos profissionais de enfermagem. O Programa de Inclusão é desenvolvido na
instituição, desde 1996 e tem a finalidade de incluir o profissional na dinâmica da instituição
gradativamente, fornecendo orientação e acompanhamento sistemático e individual. A análise dos
dados se deu considerando as duas perspectivas de coleta de dados: entrevistas e grupos focais. Os
resultados mostram que estes(as) trabalhadores(as) têm idade entre 20 e 30 anos. Oito
trabalhadores(as) são formados(as) em enfermagem pela rede de ensino privada; 5 deles(as) tem menos
de três anos de formado(a). Todos(as) já possuem experiência anterior na Enfermagem, a maioria na
área hospitalar. Na reflexão acerca das situações da vida diária e suas implicações para o viver saudável
estes(as) trabalhadores(as) identificam aspectos que influenciam esse viver. Destaca-se a falta de tempo
para o cuidado de si. Revelam uma sobrecarga de trabalho, de atividades influenciando o seu viver.
Possuem na sua maioria mais de uma atividade (duplo vínculo empregatício; atividades informais de
enfermagem; estudos), sem considerar as atividades ligadas à vida familiar. Sobre outros aspectos que
limitam/potencializam o seu viver, destacam: a utilização de transporte coletivo, o sono e repouso; o
lazer, os hábitos alimentares e a realização de atividade física. A maioria dos(as) trabalhadores(as) refere
dormir bem, não possuir hábitos alimentares saudáveis e não realizarem atividades físicas
sistematicamente. No que diz respeito às atividades profissionais, o trabalho é percebido como
condição para o viver saudável, uma necessidade “para poder tocar a vida”. Consideram-se
privilegiados(as) por ter passado em um concurso público, que tem estabilidade e fazem também uma
relação entre ter um emprego e gostar do que faz. Consideram, também, a educação e a formação
como um espaço a conquistar na construção do viver saudável. Têm sonhos e expectativas em relação
ao crescer na profissão, estudar, trilhar outros caminhos. Valorizam estar em um hospital escola, tem a
expectativa de poder continuar seus estudos, estar sempre aprendendo. Dentre os processos
institucionais já vivenciados, debatem o processo de inclusão ou acolhimento e o processo de
avaliação. Confirmam a importância do processo de Inclusão/Acolhimento em suas vidas
profissionais e avaliam as distorções da realidade. Apontaram formas de melhorar o processo para os
que chegarem ao HU futuramente. Quanto ao processo avaliativo existente na instituição, consideramno positivo na medida em que permite o acompanhamento e adequação gradativa do desempenho do
profissional nesta etapa. As dificuldades e inadequações deste processo estão relacionadas ao modo
como as relações se estabelecem na equipe de enfermagem. No que diz respeito à organização/condições de trabalho na enfermagem e na instituição, eles(as), percebem potencialidades e
dificuldades que determinam um viver mais ou menos saudável. Suas considerações são feitas
comparativamente à realidade de outras instituições e neste sentido encontram no HU muitas
potencialidades, embora aspectos negativos sejam salientados. Apontam nas condições de trabalho
interferências positivas e negativas em seu processo de viver e ser saudável: estrutura física existente,
situação de equipamentos, de materiais, jornada de trabalho, direito a lanche no horário de trabalho. A
jornada de trabalho de 30 horas, praticada na instituição é considerada positiva para estes(as)
trabalhadores(as), em sua maioria proveniente de uma instituição na qual a jornada semanal de
trabalho eram 44 horas semanais. Contrariamente, ao falar do direito ao lanche/refeição na instituição,
percebem o que perderam em relação à outra instituição, pois o HU não fornece refeições. A situação
do espaço físico, condições de equipamentos e materiais são comparadas as existentes em outras
instituições. Percebem no HU: descaso com o patrimônio público e o descuido com materiais e
equipamentos como uma política já instalada na instituição, em que dirigentes e trabalhadores não
mais conseguem enxergar os problemas, naturalizando o que não é natural. No que se refere às
relações de trabalho o(a)s trabalhadores(as) de enfermagem debatem as relações interpessoais,
definindo-as como fundamentais para o seu processo de viver humano. Destacam a impossibilidade de
a enfermagem atuar isoladamente, existe uma interdependência entre enfermagem e outras áreas
profissionais, entre os agentes de enfermagem e com os próprios clientes e familiares. Nas Relações
internas da Equipe de Enfermagem destacam as dificuldades que enfrentam na relação com o(a)s
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enfermeiros(as), provavelmente, devido à relação de poder, existente na hierarquia da instituição.
Assinalam vantagens da atuação no HU: a organização geral da instituição, a padronização de alguns
procedimentos, a sistematização do serviço, o reconhecimento (poder) da enfermagem na instituição, a
assistência direta e o apoio à família, flexibilidade da carga horária e da escala de serviço, segurança do
serviço público, capacitações, atualizações, assistência médica e odontológica, creche, dentre outros. As
motivações para continuar na instituição são assim colocadas: companheirismo, a recepção, a melhoria
da qualidade de vida, das condições de trabalho, salário, a possibilidade de liberação para formação,
estabilidade adquirida ao trabalhar em uma instituição Federal; a possibilidade de crescimento
profissional. Identificaram aspectos no âmbito de atuação da enfermagem que podem ser modificados:
avaliação, reformulação do instrumento de avaliação. Elegem aspectos práticos para a discussão e para
pensar as estratégias, dentre eles: a alimentação, a liberação para capacitação, valorização profissional, a
limpeza do ambiente, a recepção dos funcionários novos como papel das chefias. Pensam a
“instituição ideal” e constroem essa imagem: “[...] o Hospital Ideal deveria ser de todos. [...] é possível
vencer se todos estiverem unidos em torno deste objetivo; Interação; trabalho interdisciplinar [...]
igualdade - (no trato das pessoas, no cuidado e atenção de saúde prestada); honestidade; união;
alimentação; segurança; trocas inteligentes; tecnologia; pesquisa; Previdência Social; parceria e
Transparência. [...] que ele possa ser o nº 01, [...] olhar governamental; disponibilidade de materiais;
redução de carga horária sem redução de salário; tempo para praticar esportes, ficar com a família,
lazer, [...] área de lazer para os pacientes e funcionários; atualização e capacitação; Atendimento integral
e humanizado”. A título de considerações finais pode-se dizer que a oportunidade de discutir aspectos
concretos do cotidiano de trabalho, na perspectiva de um viver saudável, o encontro com o outro, a
possibilidade de dividir angústias e buscar caminhos para a mudança, a partir da participação na
pesquisa, foram considerados positivos. O(a)s trabalhadores(as) sentiram-se fortalecidos pelo processo,
entenderam que não estão sozinhos nesta caminhada. Seus anseios, seus medos, seus sonhos foram
partilhados no processo quando encontraram parceiros desta mesma jornada. Assumiram
coletivamente o compromisso de busca e construção de uma outra realidade de trabalho.
Palavras-chave: processo de viver humano; técnicos de enfermagem; hospital escola.
Referências:
SILVA, A. L. da, GONÇALVES, L. et al Protocolo de pesquisa colaborativa e participativa o processo
de viver humano no contexto da Região Sul. 2003 (texto digitado)
PIRES, Denise. Reestruturação produtiva e trabalho em saúde no Brasil. São Paulo: Annablume. 1998.
253 p.
CAPELLA, B.B. Uma abordagem sócio-humanista para um “modo de fazer” o trabalho de
enfermagem. Pelotas: UFPEL; Florianópolis: Programa de Pós-Graduação em Enfermagem/UFSC,
1998. 183 p.
LEITE, E. FERREIRA. L.C. Atualização de papel e desenvolvimento interpessoal: as relações
grupais no trabalho de enfermagem. Programa Vivendo e Trabalhando Melhor. Brasília, Centro de
Aprendizagem Vivencial, 2000. Digitado.
ABSTRACT: The study to try understand the process of human living of nursing technicians recently
in a teaching hospital of Universidade Federal de Santa Catarina, in the perspective of in order learn
their reality. Using collective discussinons to create opportunieties for healthy living. The method is
based in principles of participatory research it included individual interviews and focal groups Ten
nursing technicians recently employed took part in the study. In conclusion, it can be said that the
opportunity to discuss concrete aspects of daily work, from the point of view of healthy living,
meeting others, the chance to share anguish and seek paths for change were considered positive
aspects in participating in the research. They collectively took on the commitment to seek and build a
different work reality.
Keywords: process of human living; nursing technicians; teaching hospital.
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222 OS 30 ANOS DO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM DA UFSC NA
VISÃO DE SUAS COORDENADORAS
MIRIAM SÜSSKIND BORENSTEIN10
MARIA ITAYRA COELHO DE SOUZA PADILHA11
JULIANA CRISTINA LESSMANN12
JENIFER ADRIANA DOMINGUES GUEDES13
CAROLINE ANDRADE3
ANA ROSETE MAIA14
RESUMO: A Pós Graduação (P.G.) começou a surgir no Brasil na década de 60 do século XX,
impulsionada por alguns movimentos que vinham ocorrendo na época como: o engajamento de
cientistas ao processo de industrialização e modernização do país, a criação da Sociedade Brasileira
para o Progresso da Ciência (SBPC), a Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de nível Superior
(CAPES) e do Conselho Nacional de Ensino e Pesquisa (CNPq), entre outros. Estes foram alguns
elementos considerados fundamentais para que o Conselho Federal de Educação (CFE) emitisse em
1965, o Parecer sobre a definição dos Cursos de P.G, fazendo distinção entre a P.G. “latu sensu” e
strictu sensu” (ROCHA et al, 1989). A P.G. em Enfermagem “strictu sensu” (Mestrado) teve início no
Brasil em 1972, na Escola Anna Nery da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na área de
Enfermagem Fundamental. Em 1972, foi criado na Escola de Enfermagem da Universidade de São
Paulo (EEUSP), o Mestrado em Fundamentos de Enfermagem (ROCHA et al, 1989). Em Santa
Catarina, o Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC),
estimulado pela Reitoria, resolveu em 1976, após intensos estudos e organização, criar o Curso de
Mestrado para qualificar os seus docentes e outros enfermeiros de campo para atuarem no ensino,
pesquisa e assistência (UFSC, 1989). O Curso de Mestrado na Saúde do Adulto sofreu avaliações
periódicas interna e externamente a qual contribuíram para que inúmeras mudanças ocorressem,
dentre as quais, a própria área de concentração, quando tornou-se Mestrado em Assistência de
Enfermagem. A perspectiva adotada concentrou-se na qualificação dos profissionais, fundamentada na
aplicação e avaliação dos referenciais teóricos, que provocaram excelentes resultados tanto na prática,
como no ensino, e até hoje, vem sendo mantido(PEN-UFSC, 1999). Em 1992, A PEN-UFSC criou a
rede de Pós-Graduação em Enfermagem da Região Sul (REPENSUL). Esta rede possibilitou a
ampliação na formação de mestres em inúmeras universidades do sul do país, capacitando esses
profissionais e habilitando-os para atuarem no ensino, pesquisa e assistência. Esse, foi um momento
considerado ímpar na PEN-UFSC, no desenvolvimento científico e tecnológico. Com a consolidação
do Curso de Mestrado e após estudos e capacitação de seus docentes em outros programas nacionais e
internacionais, implantou-se em 1993, o Curso de Doutorado em Filosofia da Enfermagem, visando
ampliar a capacidade de reflexão conceitual, ética e metodológica sobre as questões ligadas ao processo
de ser e viver saudável (PEN-UFSC, 1999). Esse Curso no decorrer do período também sofreu
inúmeras avaliações com conseqüentes modificações. Atualmente tanto o Mestrado como o Curso de
Doutorado tem como foco o cuidado no processo de viver humano e titula enfermeiros e demais
profissionais da área de saúde como Mestres e Doutores em Enfermagem – A área de Concentração:
10 Doutora em Enfermagem. Professora do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina.
Coordenadora do GEHCE/PEN/UFSC. E-mail: [email protected]
11 Doutora em Enfermagem. Professora do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina. SubCoordenadora do GEHCE/PEN/UFSC. Bolsista Produtividade em Pesquisa CNPq.
12 Aluna do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina.
13 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina.
14 Professora do Departamento de Enfermagem e Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade
Federal de Santa Catarina.
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Filosofia, Saúde e Sociedade. A formação dos discentes inclui as dimensões existenciais e políticosociais da visão humana e do processo saúde-doença, bem como dimensões históricas, sociais,
culturais e político-administrativas de atenção à saúde. Como resultante da característica do Programa,
a produção científica tem tido resultados dos mais diversos conhecimentos com abordagens
filosóficas, antropológicas, sociológica, epidemiológica, clínico-biológica, ecológica e/ou psicológica
(PEN-UFSC, 2004). O Programa tem forte inserção regional e se destaca tanto no cenário nacional
como internacional. Até a presente data já titulou 427 mestres e 112 doutores. Inúmeros trabalhos tem
sido escritos à respeito desse Curso, porém poucos historicizam a sua longa jornada de 30 anos.
Diante da sua expressão acadêmica nos mais diversos cenários, da sua ampla produção científica e de
transformações tanto no ensino, na pesquisa como na assistência e por conta de inúmeras lacunas
existentes na sua história, o Grupo de Estudos de História do Conhecimento da Enfermagem
(GEHCE) resolveu realizar esse estudo que tem como Objetivo: historicizar a trajetória da PENUFSC nos seus 30 anos, na visão de suas coordenadoras. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa
qualitativa com abordagem sócio-histórica. Para tanto, estão sendo realizadas entrevistas semiestruturadas com todas as Coordenadoras (em torno de 12) que atuaram no Programa. Resultados:
Estas entrevistas têm possibilitado perceber que as experiências realizadas no Programa foram e tem
sido muito positivas e que o desdobramento do Curso e a amplitude dos conhecimentos vem se dando
de forma exponencial. Além da titulação no número de mestres e doutores, há que se considerar que
os resultados vem incidindo em todos as áreas de atuação, no ensino, na pesquisa, na assistência e na
extensão. A visibilidade se faz notar em quase todos os continentes, desde países da América Latina,
como Argentina, Uruguai, Chile, Peru, Colômbia, entre outros, da América do Norte até na Europa,
onde muitos docentes vem realizando o doutorado sanduíche e pós doutorado. Consideraçôes
finais: Portanto um curso que iniciou com a expectativa de titular seus docentes apenas à nível local
sem muitas ambições, tem ampliado consideravelmente o saber da enfermagem para além das
fronteiras do Brasil, ocasionando transformações expressivas em todos os níveis.
Palavras-chave: pós-graduação; enfermagem; história da enfermagem.
THE 30 YEARS OF THE POST-GRADUATE COURSE IN NURSING OF UFSC AS SEEN BY
ITS COORDINATORS
ABSTRACT: Post-Graduation (P.G.) started to appear in Brazil in the 1960s, impulsed by some
movements that had been occurring at that time, such as: the engagement of scientists with the
national industrialization and modernization process, the creation of the Brazilian Society for the
Progress of Science (SBPC), the Coordination of Perfection of People with University Degrees
(CAPES), the National Council of Teaching and Research (CNPq), University Reform, and others.
These were some elements considered fundamental so that the Federal Council on Education (CFE)
emitted in 1965, the Report on the definition of P.G. Courses, making a distinction between P.G. “latu
sensu”and “strictu sensu” (ROCHA, et al, 1989). A P.G. in Nursing “strictu sensu”(Master’s) was
initiated in Brazil in 1972, at the Anna Nery School of the Federal University of Rio de Janeiro (UFRJ),
in the area of Fundamental Nursing (ROCHA et al, 1989). In Santa Catarina, in 1969 the
Undergraduate Course in Nursing was founded. After intense studies and organization, the Master’s
Course was created in 1976 under the Coordination of Dr. Ingrid Elsen, with the objective of
qualifying her faculty and other field nurses to enact in the area of education, research, and care
(UFSC, 1989). The Master’s Course in Adult Health suffered periodical internal and external
evaluations. From these contributions, innumerous changes were implanted, among which was the
very area of concentration, when it became titled the Master’s in Nursing Care. In 2001, with a new
curricular reform, the Course was denominated Master’s in Nursing. The adopted perspective focused
on the qualification of professionals, founded on the application and evaluation of theoretical
references that have since inspired excellent results as much in professional practice as in teaching.
This perspective has been maintained until today (PEN-UFSC, 1999). In 1992, with the creation of
the network of Post-Graduate Programs in the Southern Region of Brazil (REPENSUL), the policy of
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graduating master’s in nursing in the Southern Region of the country was amplified, capacitating these
professionals and making them apt to work in formal education, research, and care. In 1996, CAPES
created the Interinstitutional Master’s, and as such this policy is amplified, given that the Program has
graduated 184 Master’s of Nursing according to this modality. With the consolidation of the Master’s
Course and after studies and capacitating its faculty in other national and international programs, the
Doctorate Course in Philosophy of Nursing was implanted in 1993, seeking to amplify the capacity for
conceptual, ethical, and methodological reflection concerning questions linked to the process of
healthy being and living (PEN-UFSC, 1999). This Course has also suffered innumerous evaluations
since its inception and has observed consequent modifications. Currently both the Master’s Course
and the Doctorate Course has care in the human living process as its focal point. It entitles nurses and
other health care professionals as Master’s and Doctorates in Nursing –Area of Concentration:
Philosophy, Health Care, and Society. The formation of students includes the existential and politicalsocial dimensions of the human vision of the sickness-health process, as well as historical, social,
cultural, and political-administrative dimensions of care in health care. As a result of this characteristic
of the Program, scientific production has had results from the most diverse knowledge with
philosophical, anthropological, sociological, epidemiological, clinical-biological, ecological, and/or
psychological approaches (PEN-UFSC, 2004). The Program has a strong regional insertion and is
highlighted as much on a national level as on an international level. Until the present date, the
Program hás entitled 427 Master’s and 112 Doctors in Nursing. While, various papers have been
written about this Program, none of them deals with its historical trajectory throughout these 30 years
of existence, utilizing the people and documents involved as historical sources of this journey. Before
its academic expression in the most diverse scenarios, from its ample scientific production and from
transformations as much in teaching as in research and as in care, as well as considering the numerous
voids in its history, the History of Nursing Knowledge Research Group (GEHCE) understands that it
is important to carry out this historical review with the objective to Analyze the trajectory of the PENUFSC during the last 30 years, from the perspective of its coordinators. Methodology: This study is a
qualitative research with a socio-historical approach. It will utilize oral history as a method of data
collection. As documental sources it will use reports from the Program, as well as Log Books and
other documents. The data collection is being carried out with a script for a semi-structured interview,
involving all the Coordinators (around 12) that have served the Program in this period. Results: The
preliminary interviews have made it possible to perceive that the experiments achieved in the Program
were and have been very positive. The efforts of the Course and the amplitude of knowledge have
been growing at exponential rates. The importance of the Program leaves its mark in Brazilian PostGraduate work in Latin America, having been directly responsible for the creation of new PostGraduate Programs in Southern Brazil. Beyond entitling the numerous Master’s and Doctors, one
must also consider that the results have been contributing in all areas of the program; in education,
scientific production, financed research projects, care and in extension. The international visibility has
been gradually amplifying through frim partnerships with institutions on almost all continents, from
Latin American nations such as Argentina, Uruguay, Chile, Peru, Columbia, and others from North
América and even from Europe, where many faculty have achieved parts of their Ph.D.s and postdoctorates, beyond the interchange of faculty as guests for events, Courses, Defenses, and others.
Final considerations: This study is yet in its elaboration; however, one perceives that the Program
has gone beyond regional frontiers in order to become a national and international reference in
Nursing Programs, especially in Latin América. Thus, the course that began with the expectation to
entitle its faculty merely to a local level, without many other ambitions, has considerably grown and
amplified nursing knowledge to beyond the borders of Brazil, offering expressive transformations on
all levels.
Keywords: nursing; nursing history; post-graduation in nursing.
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247 UM OLHAR SÓCIO-EPIDEMIOLÓGICO SOBRE O VIVER NA SOCIEDADE ATUAL
E SUAS IMPLICAÇÕES PARA A SAÚDE HUMANA
LUIZ ANILDO ANACLETO DA SILVA1
NEN NALÚ ALVES DAS MERCÊS2
SANDRA MÁRCIA SOARES SCHMIDT3
SILVANA ROMAGNA MARCELINO4
DENISE PIRES DE PIRES5
RESUMO: A sociedade atual, sob hegemonia do modo de produção capitalista, constitui-se em um
mundo que sofre com conflitos religiosos e econômicos, guerras, cataclismos ambientais e um perfil de
morbidade complexo com forte incidência de doenças e agravos crônico-degenerativos, associados a
doenças carenciais, doenças virais com velhas e novas epidemias, além de doenças infecciosas em geral
como o recrudescimento do aumento dos casos de tuberculose e malária. Associa-se a este quadro
problemas de ordem cultural e social com significativo índice de violência contra mulheres, crianças e
idosos. Acrescentam-se, ainda, os múltiplos problemas relacionados ao mundo do trabalho, o tráfico
de adolescentes e crianças, o aumento da violência urbana, da criminalidade e do consumo de drogas.
Para Santos (2002), isto se dá fragilidade na relação homem-natureza e do sistema político hegemônico
que privilegia a dimensão econômica em detrimento dos valores de solidariedade, de desenvolvimento
humano e de cuidado do planeta. Esta reflexão foi construída a partir dos estudos documentais, de
dados secundários e publicações nos bancos de dados de sites oficiais, tais como: Organização
Mundial da Saúde, Human development index, United Nations, Organização Panamericana,
Ministério da Saúde, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, dentre outros. As discussões acerca
do desenvolvimento humano sustentável e do cuidado do planeta concentraram-se a partir da última
década na necessidade de reformas econômicas para gerar sustentabilidade macroeconômica, do
controle pelas nações da corrupção, bem como da necessidade de justiça social e do envolvimento da
sociedade para a sua mobilização e participação efetiva. Freitas (2005) salienta que no século XX o
pensamento social viu o homem como um beneficiado em relação a outras espécies, nesta forma de
ver propõem uma maior integração entre a biologia e as ciências sociais na compreensão e busca de
soluções dos problemas que afetam os ecossistemas e a saúde humana. Nesta perspectiva é necessário
reintegrar estudos dos seres humanos e do restante da natureza em abordagens transdisciplinares e
multiescalas, em conjunto com um consistente desenvolvimento de uma teoria da co-evolução cultural
e biológica, que pode levar a uma construção de um mundo mais sustentável e desejável. Para o ser
humano poder devolver-se é necessário ter uma vida saudável, com uma boa expectativa, ter acesso ao
ensino formal, aos serviços de saúde, ao mercado de trabalho, de estar incluso e participante na vida
comunitária e política, bem como dispor de todos os recursos para desfrutar de um nível de vida
digno. Contudo, ao fazer-se uma análise retrospectiva dos indicadores sociais, observa-se que houve
uma redução da pobreza extrema de 28% em 1990, para 21% na atualidade, caracterizando em cifras
1 Enfermeiro. Mestre em Assistência de Enfermagem. Doutorando em Enfermagem, Saúde e Sociedade/UFSC. Docente da
Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. Coordenador do GEPES/DCSa/UNIJUI – Grupo de Estudos
e Pesquisa – Educação em Saúde. Membro do Grupo de Pesquisa Educação em Enfermagem e Saúde – EDEN/PEN/UFSC. E-mail
[email protected]
2 Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Doutoranda em Enfermagem/UFSC. Membro do Grupo de Pesquisa Confortando e
Cuidando – C&C/PEN/UFSC. Enfermeira do Centro de Pesquisa Oncológicas e docente da Universidade do Vale do Itajaí.
3 Enfermeira. Mestre em Educação. Doutoranda em Enfermagem/UFSC. Membro do Grupo de Pesquisa em Educação em
Enfermagem e Saúde – EDEN/PEN/UFSC. Enfermeira do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Maria. Bolsista
CAPES/PQI.
4 Enfermeira. Mestre em Assistência de Enfermagem. Doutoranda em Enfermagem, Saúde e Sociedade/UFSC. Docente da
Universidade do Sul do Estado de Santa Catarina. Membro do Grupo de Pesquisa Educação em Enfermagem e Saúde EDEN/PEN/UFSC.
5 Enfermeira, Doutora em Ciências Sociais (UNICAMP). Pós-Doutorado na University of Amsterdan, Holanda Profª Adjunta do
Departamento de Enfermagem e da Pós-graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina UFSC.
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absolutas aproximadamente 130 milhões de pessoas (WHO, 2005). A discussão dos aspectos que
envolvem a redistribuição de renda e a conseqüente diminuição da pobreza encontra em Constanza
citada por Freitas (2005, p. 52) um novo olhar, em que o “conceito de pobreza deve mudar para a
dinâmica do processo de empobrecimento e desenvolvimento sustentável e um contexto de
permanentes mudanças, já que as dimensões da pobreza não podem ser reduzidas somente às
condições econômicas e materiais de vida”. Segundo o Programa das Nações Unidas Para o
Desenvolvimento, o crescimento econômico constitui-se em um dos requisitos para uma redução da
pobreza. Assim, o crescimento médio per capita dos países em desenvolvimento foi 1,5% nos anos 90
e, desde o ano 2000 aumentou para 3,4%, que conseqüentemente pode indicar melhoria ao acesso de
bens e serviços BRASIL (BRASIL, 2005.d). Entre 1990 e 2002 aproximadamente 669 milhões de
pessoas não dispunham de acesso à água potável, sendo que próximo da metade destas viviam no leste
e noroeste da Ásia. A organização Mundial da Saúde estima que aproximadamente 1,1 bilhões de
pessoas no mundo não tem acesso adequado á água (WHO, 2005). Associados a escassez da água em
algumas regiões do planeta, estão os poluentes industriais causados pelo extrativismo mineral e ao
esgoto sem tratamento que colocam países e regiões em vulnerabilidade para doenças veiculadas pela
água e o conseqüente aumento da morbi-mortalidade. Acrescenta-se o fato que dados da Organização
Mundial da Saúde (WHO, 2005), indicam que 799 milhões de pessoas nos países em desenvolvimento,
ou seja, cerca de 18% da população mundial, passa fome e/ou sub-alimentados, o que representa mais
de um quinto das pessoas com fome nos países em desenvolvimento. Na Índia vive o maior número
de pessoas com fome, 233 milhões, enquanto a África Subsariana tem 183 milhões, China 119, Ásia
Oriental e Pacífico 74, América Latina 55 e os Países Árabes 32 milhões. A pobreza, da mesma forma
que ocorre com a desigualdade de renda, está intimamente relacionada ao funcionamento do mercado
de trabalho. Entretanto, os estudos sobre pobreza têm apontado para outros fatores determinantes
para além do mercado de trabalho. Assim, entende-se que a pobreza resulta muito mais da baixa
produtividade de determinados trabalhadores, sobre a qual atuam tanto a baixa qualidade dos postos
de trabalho a que têm acesso como sua baixa qualificação. Também é recente a importância que vêm
adquirindo as transferências de renda provenientes tanto da Previdência, em particular da rural, como
da Assistência. Trata-se de instrumentos eficazes para reduzir a pobreza, embora sua capacidade de
reduzir a desigualdade permaneça discutível (BRASIL, 2005b). No programa Mega Countries a OMS
impulsiona a mobilização para o controle e a prevenção das doenças e agravos não transmissíveis –
DANT, que se tem tornado tema constante de inúmeros eventos. Neste se encontram propostas em
relação a doenças como a diabetes, hipertensão e o tabagismo. Sendo que uma das pactuações
históricas foi realizada em fevereiro de 2005 por 40 países para que se tenha um controle mais efetivo
do tabagismo, através de medidas de proibição da veiculação de publicidade de cigarros, e o aumento
nos valores dos impostos aplicados a indústria do fumo e a obrigatoriedade de etiquetas nos maços de
cigarro dos riscos a saúde (WHO, 2005). De outra forma, no que diz respeito ao Brasil, nos últimos 50
anos, verificou-se mudanças significativas no perfil demográfico da população e grandes progressos
nos indicadores de saúde. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (BRASIL, 2005a)
apontam que, a esperança de vida média dos brasileiros vem aumentando em todas as regiões do país e
em ambos os sexos, sendo que as mulheres têm expectativa de vida nitidamente mais elevada com 75,8
anos e 68,1 anos para os homens, resultando em uma média de 71,9 anos. E a mortalidade infantil em
que 1991 era de 45,1 mortes por mil nascidos vivos, em 2005 foi de 25,8 e para 2020 projeta-se 15,3
para 1000 nascidos vivos. Em relação ao perfil demográfico destaca-se o aumento da população idosa
e a diminuição da população de 0-5 anos, assim, o número de idosos vem aumentando
progressivamente e em todas as regiões do país. Estes em 1991 representavam 6,8% da população e
em 2002 já eram 8,4%. Além disso, a intensidade da população ‘mais idosa’, ou seja, a acima de 80
anos, também vem aumentando, modificando a composição etária dentro do próprio grupo, sendo
assim, a população considerada idosa também está envelhecendo (CAMARANO, 1999). Por outro
lado, em 1991 os menores de 5 anos de idade representavam 11,3% da população e, em 2002 esse
percentual reduziu-se para 8,7% (BRASIL, 2005a). Mesmo havendo uma significativa redução de
mortalidade infantil houve um recuo na população de crianças de 0 a 5 anos, o que pode ser explicado
pela diminuição das taxas de natalidade, que em 1991 era de 23,39% e em 2002 passou para 19,49%,
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conseqüentemente esta redução da taxa de natalidade implicou, também em redução do crescimento
populacional médio de 1,64% em 1991 para 1,30% em 2002. Neste contexto a morbi-mortalidade
reflete a situação sócio-econômica do país, ou seja, de convivência de altos padrões econômicos com a
pobreza absoluta (BRASIL, 2005b). Frente ao descrito podemos dizer que o envelhecimento
populacional significa um crescimento mais elevado da população idosa em relação aos demais grupos
etários, isso é resultado das elevadas taxas de crescimentos relacionados à alta fecundidade
prevalecente no passado e a redução da mortalidade no cenário atual. Também pela ampliação da
expectativa de vida ao nascer e no envelhecimento não só de certos segmentos populacionais, como da
população economicamente ativa, mas também nas mudanças nos arranjos familiares (VERAS, 2005).
No Brasil a saúde associa-se a um perfil típico dos países desenvolvidos com doenças crônicodegenerativas, dentre elas as cardiovasculares e neoplasicas e as relacionadas com a pobreza, como as
infecciosas, parasitárias e carenciais, acrescentando-se, ainda, as doenças e agravos decorrentes do
aumento de acidentes de trânsito, acidentes de trabalho e violência urbana. Dados do Instituto de
Pesquisas Aplicadas, a riqueza produzida relacionando-se com as condições de vida, dois indicadores
são significativos. De um lado, o valor do Produto Interno Bruto (PIB) per capita e de outro o índice
de desenvolvimento humano. Em 1991 o PIB brasileiro per capita era de R$ 4.496 e em 2002 passou
para R$ de 6.953,80. Ao mesmo tempo, houve uma razoável diminuição da população considerada em
estado de pobreza, que em 1991 esta população representava 38,5% do total e em 2002 passou para
30,8% da população (BRASIL, 2005), mesmo que dados IBGE indicam que o desemprego que em
1991 era de 6,5%, em 2002 passou para 9,2% da população e, em 2005, é de aproximadamente 12%.
Um dado extremamente positivo foi à redução do trabalho infantil (10-14 anos), que em 1991 era de
22,4% e em 2002 passou para 12,7% da população nesta faixa etária (DIEESE, 2005). Um dos
marcadores da qualidade de vida da população é o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) o qual
enfoca três dimensões, que são: vida longa e saudável, educação e padrão digno de vida. Em relação ao
IDH o Brasil situa-se na 63ª colocação no ranking de 2005 (em 177 países no total), com um índice
médio de desenvolvimento humano de 0,792 localizado entre a Rússia e Romênia. No cenário global a
Noruega lidera o ranking com IDH de 0,963. Notadamente os piores índices se encontram no
Continente Africano, com índices de 0,348 em Guiné-Bissau, 0,317 em Burkina Faso e 0,281 no
Níger, em função do contexto social, político e econômico deste continente (Human Development
Index UNDP, 2005). Partindo do que foi apresentado acima, pode-se perceber que a realidade
brasileira, no que diz respeito ao PIB, IDH, distribuição de renda, as condições de saúde entre outros
indicadores, mostra que a situação do Brasil apresenta-se em uma situação intermediária e que apesar
dos sobressaltos na economia a partir da década de 80, conseguiu-se granjear avanços em praticamente
todas as áreas. Apesar da opção histórica por políticas socioeconômica com base no neoliberalismo,
presentemente visualizam-se novas possibilidades de desenvolvimento que possam contemplar as
camadas menos favorecidas. Atualmente no Brasil, semelhante ao que diz Santos (2002), a realidade
não se reduz ao que existe. Pois a função das práticas e do pensamento emancipador amplia as
possibilidades pela experimentação e reflexão em relação a alternativas que possam resultar em uma
sociedade mais justa e eqüitativa. Na forma de ver de Santos (2002) o capitalismo não reduz a
amplitude de possibilidades de outras alternativas econômicas. Ao invés disso, inclui formas de
conceber e organizar economicamente a vida, implicando em reformas no seio do capitalismo, a partir
de opções não capitalistas, apontando para a transformação da economia para formas de produção,
intercambio e consumo não capitalista. A realidade como se apresenta cabe uma indagação. Na
perspectiva capitalista como vem se apresentando o processo viver e ser saudável? A relação no viver
com saúde se encontra imbricada, também, no processo de trabalho?. Para Codo (1993) o processo de
trabalho no referencial qualitativo em que a produção de utilidades satisfaz as necessidades humanas.
Todavia, na visão capitalista o produto do trabalho se torna mera mercadoria, com o destino de
compra e venda pelo aspecto quantitativo do trabalho, o qual deve ter valor, ou seja, nesta de
produção deve gerar lucro. Nesta perspectiva, o trabalho é mais caro quanto mais precioso, mais
barato quanto mais descartável. Na visão capitalista do processo de saúde e doença, a saúde dos
indivíduos deve ser preservada com o intuito da manutenção dos sujeitos na cadeia de produção.
Assim, os investimentos na saúde dos trabalhadores destina-se a preservação da mão obra apta a
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produzir qualitativa e quantitativamente bens e serviços, como uma forma de geração de capital.
Portanto, existe uma relação entre o processo de trabalho e do processo de viver saudável. Esta
relação ocorre no sentido de que: a pessoa pode ter trabalho e não ter saúde, ou seja, a partir do
modelo capitalista, a falta de trabalho implica em uma série de prejuízos pessoais e sociais, acrescidos a
possibilidade do desenvolvimento de doenças. Esta relação também pode ser vista de outra forma.
Pois, quando se refere a sociedades com modelos de organização social não capitalista como a dos
indígenas, nômades, tuaregues, esquimós que vivem em sociedades com modelos próprios isto não
significa que não venham a desenvolver doenças relacionadas ao trabalho. Cabe salientar que estes
também estão expostos a doenças relacionadas à genética, ao ambiente, a cultura e modos de vida.
Visto de outra forma, a relação que se estabelece entre processo de trabalho e o viver saudável, podese considerar a posição de determinadas instituições que em nome do trabalho e da produção se
apropriam da natureza, podendo levar ao desequilíbrio do ecossistema e comprometimento da vida
saudável. Além disso, e instituir melhores condições de trabalho, diminuir riscos, investir em
programas sociais, na verdade busca preservar os meios de produção sob a ótica capitalista. Para
Santos (2002), o capitalismo possui vieses negativos, como a desigualdade de recursos e poder;
relações de concorrências que geram formas de sociabilidades empobrecidas baseadas nos benefícios
pessoais em detrimento à solidariedade e a exploração crescente dos recursos naturais que põe em
risco as condições de vida na terra. Já por outro lado, Kuenzer (1995) ressalta que a visão capitalista
permite outras formas diferenciadas de organização, como: o estabelecimento de controle, divisão de
tarefas, estratégias administrativas, rodízio de funções, formas de supervisão, políticas de benefícios.
Estas políticas incluem programas educativos, seguro de vida, transporte, alimentação, assessoria
jurídica, alimentação, associação de lazer e recreação para os trabalhadores e familiares. Nestas políticas
ainda inclui-se o estabelecimento de agências bancárias na própria organização, convênios com
mercados, lojas, prestadores de serviços, bazares, farmácias [...]. Desta forma, a vida do trabalhador
está incluída na organização, como uma nova forma de controle e desapropriação do modo de viver
dos indivíduos. Contudo, cabe dizer que estes benefícios, apesar de relevantes, não são gratuitos e
muitos menos uma benesse. Essas formas de ‘proteção’ constitui-se maneira sutis de ‘controle’ e têm
como finalidade manter a coletividade de trabalhadores em boas condições psicofisiológicas e
adaptados aos objetivos organizacionais. Em contrapartida, no processo de viver humano a tecnologia
assume cada vez mais um papel preponderante na vida das pessoas. Assim, a tecnologia, pode permitir
aos sujeitos viver mais e com melhores condições de vida que seus ancestrais. Mas, também as
tecnologias podem ser utilizadas para destruição da vida, pois o mesmo conhecimento utilizado na
biologia molecular, pode ser empregado para a compreensão e resolução de doenças, mas utilizar-se
dos mesmos conhecimentos para o desenvolvimento de armas biológicas. Além disso, a possibilidade
de cada ser humano viver com mais ou menos qualidade de vida, mais ou menos saudável, morrer
mais cedo ou mais tarde, vai depender de sua posição social. Portanto, inserir-se neste processo de
viver com demandas econômicas, política, sócio-culturais e históricas, fortalecidas pelo modelo
capitalista constituirão o complexo cenário de viver humano na atualidade. Sendo resultado das
diversas dimensões tanto em nível do potencial biológico, social e profissional em cada etapa da vida,
gerando possibilidade de inserção ou de movimentos para mudanças. Portanto, o desafio atual da
humanidade vai além da luta pela sobrevivência. É preciso, segundo a tradição ecológica, pensar e agir
localmente, individual e coletivamente, mas também, pensar e agir globalmente. Portanto, o desafio
está em repensar um modelo de re-organização do processo de viver e do planeta de forma coletiva.
Nesta visão de mundo, saúde, processo de viver, dimensão individual, e vida social, estão
inexoravelmente interconectadas. Para concluir, resgatamos a idéia de Santos (2002) de que é
necessário, urgentemente, construir alternativas de mudanças. Assim sendo, é preciso romper com o
senso comum de que a perspectiva capitalista é “o modelo” de sociedade viável para a sustentação
político-econômica da humanidade - apesar das desigualdades, das relações de poder e da expropriação
do trabalho. Por outro lado, é preciso considerar que as sociedades socialistas também não
conseguiram construir uma alternativa que garantisse desenvolvimento e equidade social.
Palavras-chave: processo de viver humano; sociedade; saúde.
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A SOCIOLOGICAL AND EPIDEMIOLOGICAL PERSPECTIVE TOWARDS THE HUMAN
LIVING PROCESS IN MODERN-DAY SOCIETY AND ITS IMPLICATIONS FOR HUMAN
HEALTH
ABSTRACT: This study is a theoretical reflection within a sociological and epidemiological
perspective towards the human living process in modern-day society, as well as implications for health
care. One perceives that living conditions do not reflect merely individual options, and for that reason
they contextualize a perspective about human health in the current scenario of life on this planet. We
live in a global world, with great inequalities, and with a complex epidemiological profile. One
comprehends that the philosophical dimension of the living process, including the arrival and the end
of individual life, as well as individual and collective values that influence personal choices and the
rules of social interaction are strongly influenced by political and economic macro determinants.
Modern-day society, under the hegemony of the capitalist mode of production, consists of a world
which suffers from religious and economic conflicts, wars, environmental cataclysms, and a profile of
complex morbidity with strong incidence of sickness and chronic-degenerative problems, associated
with lacked diseases, viral diseases with old and new epidemics, beyond infectious diseases in general
such as the to grow worse of the increase in tuberculosis and malaria cases. This is associated with
problems of a cultural and social order with a significant index of violence against women, children,
and the elderly. It is important to further add that the multiple problems related to the world of work,
the trafficking of adolescents and children, the increase in urban violence, criminality, and drug
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consumption, beyond the significant fragility in the human-nature relationship and the hegemonic
political system which privileges the economic dimension in detriment to values of solidarity, human
development, and care for the planet. This reflection has been constructed from documental studies,
secondary data, and publications in databases of official sites, such as: World Health Organization,
Human Development Index, United Nations, Pan-American Organization, Brazilian Ministry of
Health, and the Institute of Geography and Statistics, among others. The discussions surrounding
sustainable human development and care for the planet in the last decade are concentrated on the
need for economic reforms in order to generate a macroeconomic sustainability, for control of
corruptions from nations, for the need for social justice, and for society’s involvement in its own
mobilization and effective participation. In order for humans to develop, it is necessary that we have a
healthy life, with positive expectations, access to formal education, health care services, and the
workplace. It is necessary to be included and to participate in community life and politics, as well as to
take advantage of all available resources that offer a dignified life. One observes that extreme poverty
reduced from 28% in 1990 to 21% today. This reduction translates to nearly 130 million people who
are not living in extreme poverty. Economic growth is one of the requirements for accelerated
reduction in poverty. The mean per capita growth of developing countries was 1.5% during the 1990s.
Since the year 2000 this rate has increased to 3.4% (PNUD, 2005). Between 1990 and 2002,
approximately 669 million people were without access to drinkable water, and nearly half of these
people live in eastern and northwestern Asia. It is estimated that 1.1 billion people live without
adequate access to drinkable water (WHO, 2005). Not having access to quality water, either from
industrial pollutants, mineral extraction, or even from drought in many regions makes countries more
vulnerable to diseases transported through water, thus increasing mortality rates. Concerning Brazil, in
the last 50 years significant changes in the demographic profile of the population have been observed,
with great progresses in health indicators. Data from the Brazilian Institute of Geography and
Statistics (BRASIL, 2005) point out that the average life expectancy of Brazilians has increased in all
regions of the country, in both sexes. Brazilian women have a clearly more elevated level of life
expectancy, comparing 75.8 years for women to 68.1 years for Brazilian men; an overall average
among men and women of 71.9 years. Infant mortality in 1991 was 45.1 deaths per 1000 newborns,
with the projection for 2005 at 25.8, and the projection for 2020 at 15.3 deaths per 1000 newborns.
Concerning the demographic profile, the increase in the elderly population and the reduction in the
population aged 0-5 years stand out. Brazil’s elderly population has been progressively increasing in all
regions of the country. In 1991 they represented 6.8% of the population, while in 2002 they were
already 8.4%. On the other hand, in 1991 those less than 5 years old represented 11.3% of the
population, while in 2002 this percentage had reduced to 8.7%. Even with a significant reduction in
infant mortality, there was a decrease in the population of children aged 0-5 years, which could be
explained by the reductions in birth rates. In 1991, birth rates were at 23.39%, and in 2002 they passed
to 19.49%. Consequently, the reduction in the birth rate implicated a reduction in the average
population growth of 1.64% in 1991 to 1.30% in 2002. In this context, the mortality rate reflects the
socio-economic situation of the country, or rather, high economic patterns living together with
absolute poverty. In health care, one associates a typical profile of developed countries with chronicdegenerative diseases, among which are cardiovascular and neoplasy diseases. The diseases typically
associated with poverty are infectious, parasitical, and lacked, as well as diseases and problems that
result from traffic accidents, work accidents, and urban violence. Two indicators are significant in
relation to wealth produced with living conditions. On one hand there is the value of the per capita
Gross National Product (GNP), and on the other there is the rate of human development. In 1991,
the Brazilian per capita GNP was R$ 4,496, and in 2002 it was measured at R$ 6,953.80. At the same
time, there was a reasonable decrease in the population considered to be in a state of poverty, with this
sector representing 38.5% and in 2002 claiming 30.8% of the total population (BRASIL, 2005).
According to the IBGE, unemployment in 1991 was at 6.5%, while in 2002 it reached 9.2% of the
population. In 2005 it was measured at approximately 12%. An extremely positive piece of data was
the reduction in infantile labor (10-14 years old), which in 1991 was measured at 22.4% and reduced
by 2002 to 12.7% of the population of this age group (BRASIL, 2005). The Human Development
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Index encompasses three dimensions, which are: long and healthy life, education, and dignified pattern
of life. Thus, Brazil finds itself at 63rd in the 2005 ranking of 177 countries in total, with an average
index of human development of 0.792, located between Russia and Romania. In the global scenario,
Norway leads the ranking with a HDI of 0.963. Noticeably the worst indexes are found within the
African Continent, with Guinea Bissau ranked at 0.348, Burkina Faso at 0.317, and Niger at 0.281.
This is due to the social, political, and economic context of the continent, according to the data of the
Human Development Index (UNDP, 2005). In conclusion, we bring to the surface Santos’ (2003)
idea that it is urgently necessary to construct alternatives for change. Thus, it is necessary to break
from the common sense that the capitalist model is “the model” for viable political-economic
sustenance of human society. On the other hand, it is necessary to consider that socialist societies
have not been able to construct an alternative that guarantees social equality and development either.
Humanity has constructed technologies capable of improving life on this planet, or rather, human
beings are able to live more and with better life conditions than our ancestors. At the same time,
humans have been able to produce technologies that destroy life. Beyond this, the possibility for each
human being to live with more or less quality of life, or a more or less healthy life, to die earlier or
later, will depend upon his/her personal and familiar position within the social scenario. One’s way of
life and the demands (socio-cultural and historical) placed upon the living process for each individual,
with their specific biological potential and their individual potential in each moment of the vital cycle,
will construct the complex scenario which in turn will result in greater or lesser well-being and health.
However, the current challenge of humanity goes beyond a struggle for survival. It is necessary,
according to the ecological tradition, to think and act locally, individually, and collectively; but it is also
necessary to think and act globally. In this, the challenge of rethinking an organizational model for the
planet is one that we all face. Health, the living process, individual dimensions, and social life are all
inexorably interconnected.
Keywords: human living process; society; health.
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255 CUIDADO E CONFORTO DURANTE O TRABALHO DE PARTO E PARTO: NA
BUSCA PELA OPINIÃO DAS MULHERES PUÉRPERAS1
TELMA ELISA CARRARO 2
ROXANA KNOBEL3
VERA RADÜNZ4
SONIA MARIA KÖNZGEN MEINCKE5
MARLEI FÁTIMA CEZAROTTO FIEWSKI6
MARISA DA SILVA MARTINS7
CAROLINE VASCONCELLOS LOPES8
ANDRESSA BERTON9
RESUMO: O processo do nascimento é intrínseco ao viver da humanidade, e conforme a cultura e o
meio em que a mulher-mãe está inserida seu trabalho de parto e parto podem ser vivenciados com
maior ou menor intensidade. A tendência mundial de avanço tecnológico e científico mostra uma
enorme fragilidade no que tange ao cuidado e conforto, principalmente no que se refere a esta
vivência. Segundo Carraro (2005) o que se esperava era que os avanços tecnológicos auxiliassem o
trabalho, contribuindo para que os cuidadores tivessem mais condições para ser e estar junto ao ser
humano por eles cuidado. Essa tendência pode ser claramente observada na obstetrícia moderna, a
qual tem priorizado pela hospitalização da parturiente no momento da efetivação do parto levando a
considerá-lo como um evento médico-cirúrgico resultando em um modelo de assistência tecnicista,
que prima pela racionalidade e pela carência de princípios humanísticos (ROBERTSON, 2001;
CARON & SILVA 2002). Desse modelo, acrescentado à percepção cultural de que toda a dor é um
sintoma de doença e deve ser suprimida, resulta a crença de que a dor no parto é dispensável e sem
valor e deve ser curada com equipamentos e tecnologia apropriados (ROBERTSON, 2001). Ao
considerar o cuidado e o conforto durante o trabalho de parto, não se deve simplificar e considerar
apenas o alívio da dor. Segundo Radünz (1999), cuidar é olhar, enxergando; ouvir, escutando; observar,
percebendo; sentir, empatizando com o outro, estando disponível para fazer com ou para o outro.
Para Coelho et al. (2005), a condição essencial para que ocorra o conforto é o ambiente favorável, ou
seja, um ambiente em que a pessoa seja cuidada (afetuoso, caloroso, atencioso, amoroso e que
proporcione alívio, segurança e bem estar). Segundo os conceitos acima, pode-se perceber que o
cuidado e o conforto estão intimamente ligados. O alívio total da dor não necessariamente implica em
uma experiência de parto mais satisfatória (MORGAN et al., 1982), no entanto se esta mulher sentir-se
cuidada e confortada esta experiência poderá ser menos traumática. Atualmente, as mulheres não
temem apenas a dor no parto, elas sentem medo de como serão atendidas, já que as experiências estão
Este trabalho é produto do Projeto de Pesquisa Opinião das Mulheres sobre seu Cuidado e Conforto no Trabalho de Parto e Parto,
financiado pelo CNPq.
2 Enfermeira, Pós-Doutora em Enfermagem. Docente do Departamento e da Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade
Federal de Santa Catarina, Coordenadora Pedagógica do Mestrado em Enfermagem e Líder do Grupo de Pesquisa Cuidando e
Confortando – C&C – PEN/UFSC.
3 Médica obstetra, Doutora em Medicina, Pós Doutora em Enfermagem, Docente do Departamento de Tocoginecologia da
Universidade Federal de Santa Catarina. Membro do Grupo de Pesquisa Cuidando e Confortando – C&C/PEN/UFSC
4 Enfermeira, Pós-Doutora em Enfermagem. Docente do Departamento e da Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade
Federal de Santa Catarina, Vice- Líder do Grupo de Pesquisa Cuidando e Confortando – C&C – PEN/UFSC.
5Relatora, Enfermeira, Mestre em Assistência de Enfermagem, Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da
Universidade Federal de Santa Catarina, Docente do Departamento de Enfermagem da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia da
Universidade Federal de Pelotas, Membro do Grupo de Pesquisa Cuidando e Confortando – PPIC/UFSC. Bolsista CAPES/PQI.
Endereço: Gomes Carneiro nº 2233/201- Pelotas RS - Fone: (53) 2782678 E-mail: meincke @terra.com.br
6 Enfermeira. Mestre em Engenharia da Produção. Docente do Colegiado do Curso de Enfermagem da UNIOESTE. Membro do
Grupo de Pesquisa Cuidando e Confortando – C&C – PEN/UFSC.
7 Graduanda em Enfermagem na Universidade Federal de Santa Catarina. Bolsista em Iniciação Científica. Membro do Grupo de
Pesquisa Cuidando e Confortando – C&C – PEN/UFSC.
8 Graduanda em Enfermagem na Universidade Federal de Pelotas. Bolsista em Iniciação Científica.
9 Graduanda em Enfermagem na Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Bolsista em Iniciação Científica.
1
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repletas de atendimento impessoal e distante (CARON & SILVA, 2002). Os recursos para o cuidado e
conforto no parto devem ser considerados como um procedimento no qual se devem pesar riscos e
benefícios e também o desejo da parturiente (MORGAN et al., 1982; CUNNIGHAN et al., 1993).
Muitos são os métodos disponíveis para o conforto e alívio da dor nas gestantes, tanto farmacológicos
como não farmacológicos. Outro fator que comprovadamente ajuda a mulher neste momento,
inclusive com redução dos níveis de dor, é a presença de acompanhante durante o trabalho de parto,
tanto do acompanhante escolhido pela mulher (marido, mãe, amiga) quanto de acompanhante
especificamente treinada para o acompanhamento do trabalho de parto, chamada Doula. A presença
da Doula foi relacionada com menor dor, menor necessidade de analgesia, menor taxa de partos
operatórios e maior satisfação com o parto em ensaios clínicos randomizados (KENNELL et al.,
1991; KLAUS & KENNELL, 1997; CAMPERO et al., 1998; LANGER et al., 1998; BRASIL, 2001;
HODNETT, 2002). Estas presenças podem ser consideradas confortantes e cuidativas. Também
orientações à parturiente para não permanecer deitada, para deambular, sentar-se na “bola de parto”
ou no “cavalinho” ajudam no conforto. Banhos de banheira parecem ser bastante eficazes no alívio da
dor, mas não há estudos sobre banhos de chuveiro, embora a prática clínica indique que esse alívio
pode ocorrer. Outros métodos são utilizados para o conforto, como massagens, hipnose,
aromaterapia, música e audio-analgesia. Também a acupuntura e técnicas relacionadas, por exemplo, a
estimulação elétrica trans-cutânea são alternativas para o alívio da dor no trabalho de parto
(SABATINO, 1997; BRASIL, 2001, KNOBEL, RADÜNZ E CARRARO, 2005). Existem muitas
pesquisas e estudos randomizados sendo realizados com o propósito de avaliar a eficácia dos métodos
utilizados. A maioria dos autores se limita a acompanhar o nível de dor e/ou a necessidade de métodos
analgésicos adicionais àquele que se está avaliando (MORGAN et al., 1982). Mas existem poucos
estudos avaliando a opinião das mulheres sobre o cuidado e o conforto recebidos durante o parto
(MORGAN et al., 1982). Acreditamos que apenas conhecendo a opinião da mulher será possível
adaptar os métodos de cuidado e conforto e proporcionar um trabalho de parto humanizado,
desencadeando na parturiente sua confiança com relação a si mesma e à equipe, fatos que facilitam e
incentivam o parto normal. De acordo com Knobel, Radünz e Carraro (2005) ao considerar o cuidado
e o conforto durante o trabalho de parto, não se deve levar em conta apenas o alívio da dor, pois
cuidar e confortar é mais que aliviar a dor. Assim, o presente estudo objetiva avaliar a opinião de
mulheres puérperas sobre os métodos utilizados para seu cuidado e conforto durante seu trabalho de
parto e parto. Trata-se de um estudo quali-quantitativo, descritivo prospectivo envolvendo as seguintes
instituições da Região Sul do Brasil: Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina
– Florianópolis – Santa Catarina; Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas – Pelotas – Rio
Grande do Sul; Hospital Universitário de Cascavel – UNIOESTE - Cascavel – Paraná. Referente aos
aspectos éticos, antes do início do estudo, obtivemos o consentimento formal das instituições
participantes, sendo o projeto encaminhado e aprovado pelo Comitê de Ética da UFSC. E com relação
às puérperas, estas sempre são informadas sobre os objetivos e métodos do estudo, podendo participar
ou não, sem qualquer prejuízo ao seu atendimento, respeitando a resolução 196/96 do Ministério da
Saúde. A coleta de dados está sendo realizada com mulheres que tiveram seus partos nos hospitais
participantes, por entrevistadoras previamente capacitadas. Almejamos, com os dados obtidos nesta
pesquisa, avaliar a opinião da mulher-mãe sobre os métodos utilizados no seu cuidado e conforto
durante o processo de nascimento de seu filho, traçando um panorama dos métodos que estão sendo
utilizados nos hospitais participantes. Certamente a busca de conhecimento e inserção do cuidado da
parturiente e do seu conforto desencadearão novas pesquisas sobre o tema. Os resultados advindos
desse estudo poderão contribuir para incentivar ou desencorajar o uso de determinadas técnicas, bem
como incentivar a incorporação de novas condutas. Dessa forma, estaremos contribuindo para o
cuidado e conforto mais adequados e seguros, o que ajudará na prevenção de distócias e complicações,
prevenindo então a morte materna. Assim, contribuiremos para que o parto seja realmente
humanizado, no qual a protagonista, a mulher parturiente sinta-se cuidada e confortada.
Referências:
BRASIL. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº. 196/96 Sobre pesquisa envolvendo seres
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CARE AND COMFORT DURING THE BIRTHING PROCESS AND CHILDBIRTH: THE
SEARCH FOR PREGNANT WOMEN`S OPINIONS
ABSTRACT: The birthing process is intrinsic to human life, and depending upon culture and
environment in which the woman-mother is inserted, the birthing process and childbirth may be lived
with greater or lesser intensity. The worldwide tendency for technological and scientific advance
shows an enormous fragility in what concerns care and comfort, principally in what is referred to in
this living process. According to Carraro (2005), what one expected was that technological advances
helped the work process, contributing in a way that caregivers would have greater ability to be together
with the human being that sought their care. This tendency can be clearly observed in modern
obstetrics, which has prioritized the hospitalization of the pregnant woman during the moment of
birth, leading it to be considered a medical-surgical event. This has resulted from a model of technical
care, which prioritizes rationality and the lack of humanistic principles (ROBERTSON, 2001;
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CARON & SILVA 2002). In this way, adding to the cultural perception that all pain is a symptom of
a sickness and should be suppressed, itself a result of the belief that pain in childbirth is dispensable
and valueless and must be cured with appropriate equipment and technology (ROBERTSON, 2001).
Upon considering care and comfort during the birth process, one must not simplify and consider
merely the alleviation of pain. According to Radünz (1999), caring is looking, seeing; hearing, listening;
observing, perceiving; feeling, empathizing with others, being available to do for or with another. For
Coelho et al. (2005), the essential condition for comfort to occur is a favorable environment, or rather,
an environment in which the person can be cared for (affectionate, warm, attentive, loving, and that
provides relief, security, and well-being). According to the above concepts, one can perceive that care
and comfort are intimately connected. The total alleviation of pain does not necessarily imply a more
satisfactory labor and birth experience (MORGAN et al., 1982); however, if the woman feels cared for
and comforted this experience can be less traumatic. Currently, women do not fear merely the pain of
labor and childbirth, they fear how they will be treated, since there are an abundance of cases of
impersonal and distant care (CARON & SILVA, 2002). The resources for care and comfort in labor
and childbirth must be considered as a procedure in which the risks and benefits are weighed, as well
as the wishes of the child bearer (MORGAN et al., 1982; CUNNINGHAM et al. 1993). There are
many available methods for comfort and alleviation of pain for pregnant women, both pharmaceutical
and non-pharmaceutical. Another factor that offers proven assistance to women at such times, and
also shows a reduction in pain levels, is the presence of a loved one or friend, chosen by the woman
(husband, mother, relative, friend) when this other, called a Doula, is specifically trained to assist the
child bearer during labor and childbirth. The presence of a Doula was related to lesser pain, lesser
need for analgesics, lesser rates of operational deliveries, and greater satisfaction with the delivery in
randomized clinical samples (KENNELL et al., 1991; KLAUS & KENNELL, 1997; CAMPERO et
al., 1998; LANGER et al., 1998; BRASIL, 2001; HODNETT, 2002). These presences might be
considered comforting and caring. Also, orientations for the child bearer to not remain lying down, to
stroll, sit in the “delivery squat”, or in the “horsey”, increase comfort. Baths seem to be rather
effective in alleviating pain, but there are not studies which relate the importance of showers, though
clinical practice indicates that this alleviation might occur. Other methods that are utilized for comfort
are massages, hypnosis, aromatherapy, music, and audio-analgesics. Also, acupuncture and related
techniques such as electric trans-coetaneous stimulation are alternatives for pain alleviation in delivery
(SABATINO, 1997; BRASIL, 2001, KNOBEL, RADÜNZ and CARRARO, 2005). There are many
randomized studies and much research achieved with the proposal to evaluate the effectiveness of the
utilized methods. The majority of authors limit themselves to accompany the level of pain and/or the
need for additional analgesic methods for those under evaluation (MORGAN et al., 1982). But there
are few studies which evaluate the opinion of women concerning care and comfort received during
labor and delivery (MORGAN et al., 1982). We believe that merely learning the opinion of women
will make it possible to adapt the methods of care and comfort to provide a more humanized delivery,
fostering confidence from the child bearer towards herself and towards the team, facts which would
facilitate and offer incentive for a normal delivery. According to Knobel, Radünz and Carraro (2005),
considering care and comfort during labor and delivery, one must not consider merely the alleviation
of pain, for caring and comforting are more than just the absence of pain. Thus, the present study
attempts to evaluate the opinion of pregnant women concerning the methods utilized for their care
and comfort during the birth process and delivery. It is a quali-quantitative, descriptive prospectus
involving the following institutions from the Southern Region of Brazil: the University Hospital of the
Federal University of Santa Catarina – Florianópolis – Santa Catarina; the University Hospital of the
Federal University of Pelotas – Pelotas – Rio Grande do Sul; the University Hospital of Cascavel –
UNIOESTE - Cascavel – Paraná. Concerning the ethical aspects, prior to commencing the study, we
obtained formal consent from the participating institutions, with the project forwarded to and
approved by the Ethics Committee of the Federal University of Santa Catarina. Concerning child
bearers, there were constantly informed about the objectives and methods of the study, determining
for themselves whether or not to participate, without any negative results towards their care in the
hospital, respecting resolution 196/96 of the Ministry of Health, Brazil. The data collection is being
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undertaken by women who have had their deliveries in private hospitals, through previously captured
interviews. We hope, with all the data obtained in this study, to evaluate the opinions of womenmothers concerning the methods utilized in their care and comfort during the birthing process of their
child, bringing a panorama of the methods that are being utilized in participating hospitals. Certainly
the search for knowledge and insertion of care for the child bearer and her comfort will unveil new
and further research within this theme. The results of this study will be able to contribute to offer
incentive or discourage the use of determined techniques, as well as offer incentive for the
incorporation of new conducts. In this manner, we are contributing for more adequate and safer care
and comfort, which will help in the prevention of distortions and complications, preventing even
death through childbirth. Thus, we are contributing so that delivery may be truly humanized, in which
the protagonist, the child bearing woman, feels care and comfort.
Keywords: care; comfort; birthing process.
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261 O CUIDADO E AS PRÁTICAS DE SAUDE NO PROCESSO DE VIVER HUMANO
ANA ROSETE MAIA1
LAURA CRISTINA SILVA2
MARIA SELOI COELHO3
DENISE PIRES4
TELMA CARRARO5
RESUMO: Trata-se de um estudo de reflexão teórico-filosófico que objetivou compreender e analisar
criticamente os fundamentos teórico-filosóficos, históricos e éticos do cuidado humano e o processo
de viver. Na busca desta compreensão e análise construímos nossa caminhada refletindo temas ou
eixos chaves do objeto de estudo tais como os fundamentos históricos do cuidado humano, os
fundamentos teórico-filosóficos do cuidado humano, os fundamentos éticos e estéticos do cuidado
humano, o cuidado humano e o processo de viver na contemporaneidade. Estabelecemos como
trajetória desta caminhada, empreendermos inicialmente uma busca ou levantamento da produção de
conhecimentos/referências nacional e internacional existente relacionado a cada tema ou eixo chave.
Seguida da leitura, reflexão e análise crítica destas fontes, buscando os significados e sentidos na base
teórico-filosófica usadas pelos diferentes autores para a conceptualização do cuidado humano e as
práticas de saúde e sua relação com o processo de viver humano. Este processo de análise possibilitou
desenvolver um diálogo filosófico com autores da filosofia como Platão1, Sócrates2, Kierkegaard3,
Nietzsche4, Schopenhauer5, Sartre6, Levinas7, Heidegger8, Merleau Ponty9, Telhard de Chardin10,
Michel Foucault11, Mayerof 12 e Leonardo Boff13 e muitos outros, como também com os estudiosos da
filosofia do cuidado humano na enfermagem e na saúde e as principais Teorias de Cuidado humano
como a de Nightingale14, Leininger15, Watson16, Boykin e Schoenhofer17 e Silva18. Os fundamentos
históricos do cuidado humano relacionam a experiência do cuidado como parte essencial do processo
de evolução humana, como modo de sobrevivência e relacionamento, no qual o ser humano ao longo
do seu desenvolvimento, adquiriu formas e expressões de cuidado onde aprimorou artefatos e
instrumentos que refletiam suas vivências e suas relações/cultura, como também sua preocupação
com o cuidado da vida e com a estética. Na história do cuidado humano, em diferentes épocas foi
marcante a presença das mulheres e suas práticas de saúde e cura, comportamentos diferentes dos
praticados pelos homens, mas semelhantes entre mulheres de diferentes contextos sociais e culturais.
As características do cuidado das mulheres estão relacionadas à experiência da maternidade, da
nutrição e o modo expressivo de cuidar com sensibilidade e afetividade. No processo de evolução
humana, salientamos o período Neolítico como uma fase revolucionaria ou pré-civilizatoria, onde os
hábitos se modificam, o ser humano torna-se sedentário, passando a viver em grupos/tribos,
valorizando o viver em uma sociedade em que a referência de cuidado era a solidariedade. A expressão
da existência do ser humano e seus significados no mundo eram construídos a partir de referencias
culturais e espirituais ligadas a um sistema de crenças ou forças sobrenaturais representados por
objetos de adoração ligados a formas ou referencias do meio, como animais, plantas, fenômenos da
natureza, lua, sol, montanhas, árvores e rios ou espíritos ancestrais. A prática de uma religião e a idéia
de um Deus na forma humana aparece na história em um momento tardio. A figura e a vida de Cristo
representam na história do cuidado humano como um ser de cuidado, um restaurador de almas e de
Professora do Departamento de Enfermagem e Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade
Federal de Santa Catarina. E-mail: [email protected]
2 Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina.
3 Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina. Bolsista do CNPq.
4 Enfermeira, Doutora em Ciências Sociais (UNICAMP). Pós-Doutorado na University of Amsterdan, Holanda Profª Adjunta do
Departamento de Enfermagem e da Pós-graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina UFSC.
5 Enfermeira, Pós-Doutora em Enfermagem. Docente do Departamento e da Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade
Federal de Santa Catarina, Coordenadora Pedagógica do Mestrado em Enfermagem e Líder do Grupo de Pesquisa Cuidando e
Confortando – C&C – PEN/UFSC.
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corpos tornando visível o cuidado numa demonstração de compaixão, misericórdia, humildade e
amor, forma essa vista como ameaça as civilizações, pois a docilidade era um comportamento
atribuído ao poder feminino. Autores como Durant19, Collière20 salientam que os primeiros seres a
praticar a medicina foram as mulheres por sua conexão com a agricultura e a experiência de
conhecimento de plantas e raízes. O cuidado para as mulheres é a forma de relação e expressão com o
mundo20. O desenvolvimento do ser humano como ser de cuidado exigiu o desenvolvimento de
habilidades e capacidades não só físicas e biológicas, mas também emocionais, sociais e ambientais.
Com o cuidado os seres humanos imprimem cultura e história, comunicado pela arte, cultura, eventos,
devoções, rituais e a constante preocupação com a sobrevivência e com a identidade. A história do
cuidado humano foi permeada por momentos de grandes desenvolvimentos e avanços do
conhecimento e novas descobertas da ciência e também tecnologias avançadas de cuidado,
paradoxalmente aconteceram momentos marcantes de não cuidado, com guerras e atentados. A
caminhada iluminada pela filosofia e alimentada pelo saber teórico filosófico permitiu realizar uma
desconstrução e reconstrução do conhecimento sobre o cuidado humano e as práticas de saúde nos
diversos períodos da história da humanidade, captando sua natureza, dimensões/domínios e
significados e as perspectivas paradigmáticas que ancoram o cuidado e o processo de viver humano.
Este estudo de reflexão teórico filosófico nos proporcionou desvelar e revelar alguns pressupostos que
consideramos essenciais para a compreensão da essência do cuidado humano na experiência de ser,
existir e viver em mundo em transformação e contradição humana. Os pressupostos essenciais são que
o cuidado humano é intrínseco ao processo de viver humano; o cuidado é constituído por uma
dimensão ontológica ou um modo de ser singular do homem; o cuidado é expressão da humanidade e
sensibilidade do ser humano; o cuidado é um processo contínuo composto por sensibilidade, atitude,
solicitude, troca, energia e healing; o cuidado é sempre uma possibilidade de auto desenvolvimento; o
cuidado emerge a partir de um paradigma ético e feminino; o cuidado é atitude ética do viver em
sintonia e harmonia consigo, com outros e com a natureza; o cuidado permite decisões e escolhas;
com o cuidado existe a possibilidade de construção de uma ética universal para guiar as ações morais
da comunidade global, fundamentado no diálogo, na parceria, na solidariedade e num pacto de
convivência com a diversidade social, cultural, religiosa, étnica, e outras. Concluímos que a
compreensão e reflexão dos referenciais que fundamentam e direcionam o pensamento e a ação sobre
o cuidado humano na enfermagem e na saúde são o caminho para reconstrução dos cuidados e uma
revisão de toda educação e das práticas de saúde, e uma possibilidade dos profissionais de saúde
reconstruírem a ontologia do ser e do fazer, e caminharem rumo a uma consciência mais elevada do
ser e do cuidar em saúde.
Palavras-chave: cuidado; práticas de saúde; processo de viver.
CARE AND HEALTH PRACTICES IN THE HUMAN LIVING PROCESS
ABSTRACT: It deals about a theoretic-philosophical study with the purpose to critically understand
and analyse the theoretic-philosophical, historical and ethical basis of the human care and the living
process. With the aim to look for this comprehension and analysis, we built our way on considerations
about themes and key axles of the study subject, such as the historical basis of human care, the
theoretic-philosophical basis of the human care, the ethical and aesthetical basis of the human care, the
human care and the living process in the contemporaneousness. First of all we established to
undertake a research or collecting of the production of national and international
information/references related to each theme or key axle. After reading, discussing and analysing these
sources critically, we performed the search of meanings and senses on theoretic-philosophical basis
used by several authors to a conceptualisation of the human care and health practices and its relation
with the human living process. These analysis procedures enabled us to develop a philosophic dialog
with Philosophy authors, as Plato¹, Socrates², Kierkegaard³, Nietzsche4, Schopenhauer5, Sartre6,
Levinas7, Heidegger8, Merleau Ponty9, Teilhard de Chardin10, Michel Foucault11, Mayerof12 and
Leonardo Boff13, and many others, as well as the philosophy authors of human care in nursing and
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health and the main theories on Human Care, as Nightingale14, Leininger15, Watson16, Boykin &
Schoehofer17 and Silva18. The historical basis of human care relate the experience of human care as an
essential part of the human evolution process, as surviving and relationship form, in which the human
being, during his development, attained care forms and expressions in which he improved artefacts
and instruments that reflected his lifestyle and his relations/culture, as well as his worry with the care
of living and aesthetics. In the history of the human care, in different eras, the presence of women and
their health and healing practices was remarkable, for her different behaviours of those practiced by
men, but similar among women of different social and cultural contexts. The characteristics of women
care are related to experiences of maternity, nutrition and the expressive manner to take care with
sensitivity and affectivity. In the human evolution process we emphasize the Neolithic period as a
revolutionary or pre-civiliser phase, in which the habits change, the human being becomes sedentary,
starts to live in groups/tribes, evaluates the life in a society in which solidarity was the care reference.
The expression of the human being existence and its meaning in the world were built upon cultural
and spiritual references associated to a belief system or supernatural forces represented by adoration
objects related to forms or references of his surrounding, like animals, plants, nature phenomena,
moon, sun, mountains, trees and rivers or ancestral spirits. The practice of a religion and the idea of a
God in human shape appear in a later historical moment. The figure and life of Christ represent, in the
history of human care, as a being of care, a soul and body restorer, making visible the care by
demonstrating compassion, mercy, humbleness and love, which was seen as a threatening to
civilizations, once docility was a behaviour attributed to the female power. Authors as Durant19,
Collière20 point out that the first creature to practice medicine was female, due to her connection with
agriculture and her experience of knowing plants and roots. Care is, for women, the form of relation
and expression in the world20. The development of the human being as a being of care required the
development of not only physical and biological but also emotional, social and environmental abilities
and capabilities. Through the care the human being implants culture and history, communicated
through arts, culture, events, devotions, rituals and the constant worry with survival and identity. The
history of the human care was permeated by moments of great development and information
advances, as well as new science discovering, but also advanced care technologies paradoxically
happened in remarkable moments of non-care, with wars and outrages. The way illuminated by the
philosophy and maintained with the theoretic-philosophical information allowed the disconstruction
and reconstruction of the knowledge on human care and health practices in several periods of the
human history, catching its nature, dimensions, field of actions and meanings and the paradigmatic
perspectives that anchor the care and the process of human living. This study of theoreticphilosophical considerations enabled us to observe and reveal some conjectures that we consider
essential to the understanding of the essence of the human care in the experience of being, existing
and living in a world in transformation and human contradiction. The essential conclusions are that
the human care is inherent to the process of human living; care consists of an ontological dimension
or a man singular way of being; care is a continuous process compound of sensitivity, attitude,
solicitude, exchange, energy and healing; care is always a possibility of self-development; care emerges
from a feminine and ethical paradigm; care is an ethical attitude of living in syntony and harmony with
oneself, with others and with the nature; care allows decisions and choices; with care there is a
possibility of dialog construction in partnership, solidarity and in a companionship pact with social,
cultural, religious and ethnical diversities and others. We concluded that the understanding and
considerations of the references that establish and direct thought and actions on human care in
nursing and health are the way to the reconstruction of care and a revision of all education and health
practices, a possibility for all health professionals to reconstruct an ontology of being and doing, as
well as walking to a more elevated consciousness of being and of care in health.
Keywords: care; health practices; living process.
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263 ALGUMAS CONCEPÇÕES DO PROCESSO DE VIVER HUMANO DE UM GRUPO
DE
MULHERES
QUE
POSSUEM
FILHOS(AS)
COM
PROBLEMAS
DE
COMPORTAMENTO E/OU APRENDIZAGEM1
ADRIANE M. NETTO DE OLIVEIRA 2
ALCIONE LEITE DA SILVA 3
GIOVANA CALCAGNO GOMES 4
LÚCIA H. TAKASE GONÇALVES 5
SONIA MARIA KÖNZGEN MEINCKE,6
VANDA JARDIM 7
RESUMO: Este estudo buscou conhecer o processo de viver, ser saudável, adoecer e curar humano
de um grupo de mulheres que possuem filhos (as) em tratamento ambulatorial em um Serviço de
Enfermagem em Saúde Mental de um Hospital Universitário (HU) do Sul do Brasil. Os motivos que
levaram essas mulheres a buscarem ajuda foram às dificuldades de aprendizagem e/ou os problemas
de comportamento apresentados pelos (as) filhos (as), que são encaminhados pelas escolas públicas do
município, a partir da avaliação do comportamento/aprendizagem do (a) aluno (a), detectados pelos
professores, orientadoras educacionais e/ou família. A intenção deste estudo foi compreender como
essas mulheres se percebem em seu cotidiano e o como valorizam ou não o seu ser mulher. Uma vez
que o ser mulher, geralmente, está imbricado ao ser mãe, decidimos que o olhar seria direcionado para
o ser mulher e o seu processo de viver, pois, nós enfermeiras, acreditamos ser pertinente criarmos um
espaço para que essas mulheres pudessem discutir o seu processo de viver, ser saudável, adoecer e
curar, estimulando-as também, a refletirem e identificarem o seu papel frente ao contexto familiar,
social e político. As metas deste estudo consistiram em: promover um espaço de reflexão para essas
mulheres, a fim de que pudessem manifestar suas preocupações, desejos e sonhos; estimular essas
mulheres a cuidarem de si e estimular que estabelecessem um projeto de vida para si, além de cuidarem
dos (as) filhos (as), da casa e da família. Para que pudéssemos contextualizar a história de vida e
conhecer as necessidades do grupo, iniciamos o trabalho através de uma entrevista individual, a fim de
coletar os dados referentes a sua maneira de ser e viver, a partir de algumas questões de pesquisa.
Posterior às entrevistas individuais foram realizados os grupos focais, a fim de alcançar as metas
propostas. O referencial teórico adotado neste estudo foi o de gênero, cultura e o processo de viver
humano, os quais são elementos indispensáveis quando se aborda a promoção desse viver. Embasados
no diálogo e participação colaborativa, os grupos focais consistiram em uma oportunidade para que
essas mulheres pudessem rever alguns aspectos da sua vida, tomar consciência da sua vivência
1
Este trabalho é parte de uma pesquisa realizada na disciplina: Processo de Viver Humano do Programa de Doutorado da PósGraduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina – PEN/UFSC, intitulada: “Conhecendo o processo de viver
de um grupo de mulheres: mães de crianças ou adolescentes com problemas de comportamento e/ou aprendizagem”, realizada em
2003.
2 Enfermeira. Professora Assistente II da Fundação Universidade Federal do Rio Grande/ FURG. Doutoranda Em Enfermagem pela
Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC - Bolsista PQI/CAPES. Membro do Núcleo de Pesquisa e Estudos do Quotidiano,
Imaginário e Saúde – NUPEQUIS/UFSC e Vice-Líder do Grupo de Estudos e Pesquisa Sobre Família, Enfermagem e Saúde GEPEFES/FURG. Endereço: Rua Dr. Bruno de Mendonça Lima, 36 – Bairro: Jardim do Sol – Rio Grande/RS/BRASIL- Cep:
96216-190. Telefone: (53) 32352407/ 91497202. E-mail: [email protected]/[email protected]
3 Enfermeira. Professora Doutora do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina/ UFSC. Responsável
pela disciplina Processo de Viver Humano e pelo Protocolo de Pesquisa Colaborativa e Participativa do Processo de Viver Humano.
4 Enfermeira. Professora Doutora do Departamento de Enfermagem da Fundação Universidade Federal do Rio Grande/ FURG.
Participante do estudo, na época, como Doutoranda Em Enfermagem pela Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC - Bolsista
PQI/CAPES. Atualmente: Doutora pela Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC.
5 Enfermeira. Professora Doutora do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina/ UFSC. Responsável
pela disciplina Processo de Viver Humano e pelo Protocolo de Pesquisa Colaborativa e Participativa do Processo de Viver Humano.
6 Enfermeira. Docente do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas/UFPel. Doutoranda Em Enfermagem
pela Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC - Bolsista PQI/CAPES.
7 Enfermeira. Docente do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas/UFPel. Doutoranda Em Enfermagem
pela Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC.
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cotidiana, compartilhar seus problemas e buscar soluções possíveis para a construção de um processo
de viver mais saudável. Os significados relatados pelas mulheres no que se refere a uma vida saudável
foram: ter felicidade ou ter um amor, viver em família. Este viver contempla a harmonia e a paz na
vida familiar. Sob esta perspectiva ser saudável também implica em não ter nenhum tipo de
dependência química na família. Além disso, ser e viver saudável inclui a ausência de doenças, a qual
está diretamente relacionada à satisfação das necessidades fisiológicas, entre elas, terem uma boa
alimentação, poder dormir, passear ou ter algum tipo de lazer, ter tempo para si e descansar. Outro
aspecto considerado relevante é a maneira de criar os filhos, consideram que os pais devem priorizar o
diálogo. Esse deve abordar todos os assuntos que precisam ser conversados com os (as) filhos (as),
entre eles, a sexualidade humana, como prevenir as doenças sexualmente transmissíveis e o uso de
drogas. Segundo a percepção delas, os pais também têm o dever de cuidar da saúde, da alimentação e
de tudo que envolve o crescimento e o desenvolvimento dos (as) filhos (as). O viver saudável envolve
questões relativas aos cuidados e proteção do meio ambiente no qual se encontram inseridas, isto
inclui preservar e respeitar a natureza e mantê-la limpa e organizada. Em relação aos aspectos não
saudáveis do seu processo de viver incluem o pouco tempo para satisfazer as suas necessidades
humanas básicas, em função do excesso de trabalho, a dificuldade de terem um tempo disponível para
realizarem as atividades de lazer, o uso de drogas pelos familiares, as relações difíceis e complexas, os
problemas financeiros e a ausência da ajuda dos seus companheiros e/ou outros familiares.
Atualmente é crescente o interesse de diversas áreas do conhecimento pelo estudo sobre a mulher na
busca de uma melhor compreensão do papel desta na sociedade. Através deste estudo percebemos que
a mulher ainda tem dificuldade para ocupar o seu espaço social e político, principalmente, aquela que
pertence à classe popular. Ao dirigirmos nosso olhar para as mulheres, percebemos que cada uma delas
construiu um modo próprio de viver junto com sua família. Nem sempre este viver as satisfaz, mas
pouco refletem acerca deste e nas alternativas possíveis para um viver mais saudável. As mulheres
deste estudo possuem uma trajetória de vida marcada pelo sofrimento, pela negligência, pela violência,
pela carência afetiva ou sócio-econômica, mas nem por isso, deixam de sonhar e de tentar construir
um viver mais saudável. Quando se uniram para refletir sobre o seu viver, através dos grupos focais,
nos parece que se sentiram livres e não encontraram dificuldades em apontar estratégias efetivas para
construírem um viver mais saudável para si. Compreender como estas mulheres significam um viver
saudável/não-saudável nos possibilitou um melhor entendimento acerca de como elas vivem,
indicando caminhos para o planejamento de um cuidado de enfermagem mais efetivo e humano. O
estar presente junto à mulher, buscando compreendê-la no seu viver, pôde nos auxiliar a descobrir
meios que pudessem fortificá-las, mobilizá-las e impulsioná-las no alcance do seu bem-estar.
Entretanto, ao tentarmos ajudar o outro a exercer sua cidadania é preciso dispor-se a conhecer sua
cultura, ser empático, escutar, ter a disponibilidade para interagir com o outro, de forma a
compreender os significados que dão às suas experiências de vida. Ao fazerem a avaliação do grupo, as
mulheres disseram que os aspectos positivos encontraram-se relacionados à possibilidade de
conhecerem outras pessoas; ampliarem seu convívio social; terem compartilhado sua experiência de
vida e percebido que o importante na vida é gostar de si, colocar-se em primeiro lugar; ter um
momento para si e para pensarem na possibilidade de mudança. Já, em relação aos aspectos negativos,
referiram não ter gostado que o grupo estava acabando e que se houvesse a possibilidade de
continuidade, não seria mais com as mesmas coordenadoras. Ao longo desse trabalho, pudemos
perceber o quanto a mulher brasileira ainda é desvalorizada e anulada pela sociedade, encontrando-se
em um papel de submissão e a dificuldade que tem para identificar os papéis que pode exercer para
ocupar seu espaço social e político.
Palavras-chave: processo de viver humano; ser mulher; saúde.
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SOME CONCEPTIONS OF THE PROCESS OF LIVING HUMAN OF A GROUP OF
WOMEN WHO POSSESS CHILDREN WITH PROBLEMS OF BEHAVIOR AND/OR
LEARNING
ABSTRACT: This study it searched to know the process of living, to be healthful, to adoecer and to
cure human of a group of women who possess children () in ambulatorial treatment in a Service of
Nursing in Mental Health of a University Hospital (HU) of the South of Brazil. The reasons that had
taken these women to search aid had been to the difficulties of learning and/or the problems of
behavior presented by () the children (), that they are directed by the public schools of the city, from
the evaluation of the behavior/learning of the (a) pupil (a), detected for the professors, educational
people who orientates and/or family. The intention of this study was to understand as these women if
they perceive in its daily one and as they value or not it its being woman. A time that the being woman,
generally, is imbricado to the being mother, we decide that the look would be directed it to be woman
and its process of living, therefore, we nurses, believe to be pertinent to create a space so that these
women could argue its process of living, to be healthful, to adoecer and to cure, stimulating them also,
to reflect and to identify to its paper front to the familiar, social context and politician. The goals of
this study had consisted of: to promote a space of reflection for these women, so that they could
reveal its concerns, desires and dreams; stimulate this woman to take care of of itself and stimulate that
establish a project of life for itself, beyond take care of of the (the) son (the), of the house and of the
family. So that we could contextualizar the life history and know the necessities of the group, we
initiate the work through an individual interview, in order to collect the data referring its way to be and
to live, from some questions of research. Subsequent to the individual interviews had been carried
through the focal groups, in order to reach the goals proposals. The adopted theoretical referencial in
this study was of sort, culture and the process of living human, which is indispensable elements when
the promotion of this life is approached. Based of the dialogue and colaborativa participation, the focal
groups had consisted of a chance so that these women could review some aspects of its life, to take
conscience of its daily experience, to share its problems and to search possible solutions for the
construction of a process of living more healthful. The meanings told for the women with respect to a
healthful life had been: to have happiness or to have a love, life in family. This life contemplates the
harmony and the peace in the familiar life. Under this perspective to be healthful also implies in not
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having no type of chemical dependence in the family. Moreover, to be and to live healthful include the
absence of illnesses, which directly is related to the satisfaction of the physiological necessities,
between them, to have a good feeding, power to sleep, to walk or to have some type of leisure, to have
time for itself and to rest. Another considered aspect excellent is the way to create the children,
considers that the parents must prioritize the dialogue. This must approach all the subjects that they
need to be talked with () the children (), between them, the sexuality human being, as to prevent the
sexually transmissible illnesses and the use of drugs. According to perception of them, the parents also
have the duty to take care of of the health, of the feeding and of that he involves the growth and the
development of () the children (). The healthful life involves relative questions to the cares and
protection of the environment in which if they find inserted, this includes to preserve and to respect
the nature and to keep it clean and organized. In relation to the not healthful aspects of its process of
living they include the little time to satisfy its necessities basic human beings, in function of the work
excess, the difficulty to have an available time to carry through the activities of leisure, the use of drugs
for the familiar ones, the difficult and complex relations, the financial problems and the absence of the
aid of its friends and/or other familiar ones. Currently the interest of diverse areas of the knowledge
for the study is increasing on the woman in the search of one better understanding of the paper of this
in the society. Through this study we perceive that the woman still has difficulty to occupy its social
space and politician, mainly, that one that belongs to the popular classroom. When directing our look
for the women, we perceive that each one of them constructed a proper way of living its family
together with. Nor always this life satisfies them, but little they reflect concerning this and in the
possible alternatives a more healthful life. The women of this study possess a trajectory of life marked
for the suffering, the recklessness, the violence, the affective or partner-economic lack, but nor
therefore, they leave to dream and to try to construct a more healthful life. When if they had joined to
reflect on its life, through the focal groups, in them it seems that if they had felt free and they had not
found difficulties in pointing strategies effective to construct a more healthful life for itself. To
understand as these women they mean not-healthful a healthful life/in them made possible one better
agreement concerning as they live, indicating ways for the planning of care of a more effective and
human nursing. Present being next to the woman, searching to understand it in its life, could in
assisting to discover them ways that could strenghten them, mobilize them and stimulate them in the
reach of its well-being. However, when trying to help the other to exert its citizenship is necessary to
make use to know it its culture, to be empático, to listen to, to have the availability to interact with the
other, of form to understand the meanings that give to its experiences of life. When making the
evaluation of the group, the women had said that the positive aspects had met related to the possibility
to know other people; to extend its social conviviality; to have shared its experience of perceived life
and that the important one in the life is to like itself, to place itself in first place; to have a moment for
itself and to think about the change possibility. Already, in relation to the negative aspects, they had
related not to have liked that the group was finishing and that the continuity possibility was had, would
not be more with the same coordinators. Throughout this work, we could perceive how much the
Brazilian woman still is devaluated and annulled for the society, meeting in a paper of submission and
the difficulty that has to identify the papers that can exert to occupy its social space and politician.
Keywords: process of living human; to be woman; health.
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EIXO TEMÁTICO 4 - SIGNIFICADOS DO CUIDADO
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10
O SIGNIFICADO DO CUIDADO À SAÚDE BUCAL DE IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS A PARTIR DO REFERENCIAL DA TEORIA FUNDAMENTADA NOS
DADOS
ANA LÚCIA S. FERREIRA DE MELLO1
ALACOQUE LORENZINI ERDMANN2
RESUMO: Entende-se por práticas de cuidado à saúde bucal do idoso o conjunto de intervenções,
individuais ou coletivas, resultantes da ação da própria pessoa idosa, no exercício do autocuidado, ou
de terceiros (cuidadores, profissionais da saúde, responsáveis por instituições públicas e privadas) que
visam a manutenção da saúde bucal, a prevenção e o tratamento de patologias e a reabilitação,
favorecendo e possibilitando o processo de viver e envelhecer saudável. O cuidado à saúde bucal,
intrínseco ao fenômeno do cuidar, implica, nas esferas individual e coletiva, um processo (dinâmico e
contínuo) de reconhecimento da influência das condições bucais nas diversas dimensões do processo
de viver humano e a conseqüente tomada responsável de decisões e ações dirigidas à promoção da
saúde bucal, com vistas a proteger a vida. O cuidado à saúde bucal, assim, é uma construção cotidiana
que vai para além do espaço-tempo presente e que pressupõe uma visão integral do ser humano e das
suas relações com outros seres, com a sociedade e com o meio ambiente. Este estudo trata da
identificação e compreensão do significado das práticas de cuidado à saúde bucal fornecida a idosos
residentes em instituições de longa permanência em suas várias dimensões: individual, profissional,
institucional e político-organizacional. A compreensão do significado deste fenômeno, por meio da
interação dessas dimensões, mostra a plausibilidade de um estágio qualitativamente superior ao atual
mediante a incorporação de melhores práticas de cuidado na perspectiva do viver e envelhecer com
saúde bucal. Foi adotado o referencial metodológico da Teoria Fundamentada nos Dados (Grounded
theory). A pesquisa foi realizada no ambiente de quatro instituições de longa permanência para idosos,
privadas com e sem fins lucrativos, localizadas nos municípios de Florianópolis e São José, em Santa
Catarina. Com a progressão da coleta e análise dos dados foram incorporados espaços de execução e
gestão dos serviços de saúde bucal públicos municipais e estaduais. Participaram do estudo 19 pessoas
entre idosos residentes em instituições de longa permanência, seus cuidadores auxiliares e técnicos de
Enfermagem e enfermeiros, dirigentes dessas instituições, cirurgiões-dentistas e gestores de serviços
públicos de saúde. A coleta dos dados foi feita por meio de entrevista aberta a partir de questões
iniciais que objetivaram responder a questão de pesquisa: Como acontecem as relações de cuidado à
saúde bucal na óptica dos sujeitos entrevistados? Que práticas relatam/demonstram? Qual o
significado que estas possuem? Este projeto de pesquisa foi encaminhado à Comissão de Ética em
Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina para apreciação, sendo
considerado aprovado para execução. As etapas de pesquisa referentes à codificação, amostragem e
saturação teórica, ordenação e integração foram guiadas pelo procedimento da análise comparativa dos
dados. A organização dos códigos foi feita de acordo com suas propriedades e, então, agrupados em
componentes, subcategorias e categorias. Por meio da inter-relação entre as categorias, evidenciadas
pelos dados coletados, chegou-se a uma categoria central, integradora das categorias analíticas. A
categoria central, como Processo Social Básico que é, apresenta-se com dois estágios em uma ordem
crescente de evolução. A promoção do cuidado à saúde bucal dos idosos institucionalizados contém
um estágio que representa o estado de apatia frente às contradições no processo de cuidar e suas
conseqüências maléficas para a saúde bucal deste grupo. Esse estágio parece corresponder à situação
prevalecente em boa parte da realidade local brasileira. O outro estágio, considerado qualitativamente
superior, melhor, deriva do anterior porque salvaguarda as contradições originais. Esse novo estágio
Cirurgiã-dentista. Doutora em Enfermagem – UFSC. Rua Rosa, 159 - 88040-270 Florianópolis SC. E-mail: [email protected]
Doutora em Enfermagem – UFSC. Professora do Programa de Pós-graduação em Enfermagem - UFSC. E-mail:
[email protected]
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incorpora posturas de melhorias contínuas, correspondendo a uma forma diferenciada de gestão,
elaborada sobre os elementos contraditórios do estágio que lhe antecede. Esses elementos não são
eliminados ou desconsiderados, mas trabalhados, enfrentados, com o ânimo de superar as
contradições e afastar a letargia, a inação, por meio da adoção de uma nova tomada de consciênciaação, traduzida na implementação de melhores práticas de cuidado. Para tanto há que se vislumbrar
essas melhores práticas de cuidado como um metaponto de vista a alcançar, de modo que contribuam
para o avanço sustentado na qualidade do cuidado e, conseqüentemente, promovam uma
transformação nas condições de saúde e saúde bucal ao longo a vida. Essa visão procura resgatar os
idosos do abandono em que se encontram com relação à atenção à saúde bucal, por motivo de
respeito à dignidade humana, reconhecimento de direitos e conquista efetiva da cidadania. As
categorias de análise são endógenas em relação aos dados. As categorias consubstanciam subprocessos
que abrangem a atribuição de significado à saúde bucal, a determinação social das condições de saúde
bucal, o envelhecimento humano e sua relação com a saúde bucal, as interações que se estabelecem no
cuidado à saúde bucal do idoso, a gestão do cuidado à saúde bucal em instituições de longa
permanência para idosos, a inserção do cuidado à saúde bucal do idoso na dimensão políticoorganizacional, e a possibilidade de vislumbrar melhores práticas no cuidado à saúde bucal do idoso.
Desvelar o significado do cuidado à saúde bucal do idoso estimula a reflexão na ação de modo a
construir novos referenciais teóricos, a partir de uma série de indagações, como as a seguir: Qual o
sentido da saúde bucal para as pessoas? Quais são as relações estabelecidas entre a saúde bucal e o
processo de envelhecimento humano? De que modo a condição de idoso institucionalizado interfere
nas práticas de (auto)cuidado à saúde bucal? De que modo o cuidado à saúde bucal se relaciona com
outros procedimentos de cuidado, inclusive em termos de prioridade? Quais são as possibilidades de
melhorias nas práticas de cuidado à saúde bucal dos idosos residentes em instituições de longa
permanência? O estudo, ao tratar do cuidado à saúde bucal, embora particularizando um dos aspectos
do cuidado a saúde, parte da premissa de que a vida humana é cuidado; assim, o cuidado enquanto
preocupação com a vida irradia-se e, simultaneamente, integra-se por todas as disciplinas que compõe
o campo da saúde e estabelece fortes relações com o ambiente. Numa visão sistêmica em que os
múltiplos elementos interagem para produzir um resultado, o cuidado à saúde bucal é compreendido
como um dos componentes essenciais do sistema de cuidado à saúde. A saúde bucal deve ser vista
como um dos elementos estruturais do cuidado integral, abrangente, e não segmentado a que deve
estar submetida à saúde das pessoas. A compreensão do significado do cuidado à saúde bucal a idosos
que residem em instituições de longa permanência induz a uma reflexão crítica sobre cada um e todos
os aspectos que podem estar relacionados à circunstância estudada. Evita-se com isso visões
reducionistas, segmentadas ou descoladas da realidade. Em última análise, recolhem-se elementos para
diagnósticos, planos e ações mais consistentes, sustentáveis, duradouros e facilitadores do manejo e
superação das contradições. Ao abraçar a promoção do cuidado à saúde bucal dos idosos em uma
perspectiva de melhores práticas, de aprimoramento sistemático e continuado, desejou-se contribuir
para a construção de referenciais teóricos que sustentem as boas práticas de cuidado no interior e no
entorno das instituições de longa permanência para idosos.
Palavras-chave: cuidado à saúde bucal; idoso; teoria fundamentada nos dados.
THE MEANING OF ORAL HEALTH CARE TO INSTITUTIONALIZED ELDERLY
PEOPLE FROM THE GROUNDED THEORY REFERENTIAL
ABSTRACT: Oral health care practices for elderly people comprehends a group of interventions,
individual or collective, exercising of the self-care, or of a third person (caretakers, professionals of the
health, responsible for public and private institutions) that seek the maintenance of the oral health, the
prevention and the treatment of pathologies and the rehabilitation, making possible the process of a
healthy living and aging. Oral health care, intrinsic to the phenomenon of taking care, implicates, in the
individual and collective spheres, a process (dynamic and continuous) of recognition of the influence
that oral conditions has in several dimensions of the human living process and consequently address
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responsible decisions and actions orientated to oral health promotion. Oral health care is a daily
construction that goes for besides the present space-time and that presupposes an integral vision of
the human being and of your relationships with other be, with the society and with the environment.
This study is about the identification and understanding of the meaning of oral health care practices
provided to senior’s residents in long term care institutions in several dimensions: individual,
professional, institutional and political-organizational. Understand the meaning of this phenomenon,
through the interaction of those dimensions, shows the plausibility of a qualitative superior level, when
compared to the current, by the incorporation of best oral health care practices. The Grounded
Theory methodological referential was adopted. The research was accomplished in four long term care
institutions for seniors, with and without lucrative aims, located in Florianópolis and São José, in Santa
Catarina. With the progression of the collection and analysis of the data it was incorporate spaces of
oral health execution and administration of public services. Participated of the study 19 people among
senior residents, nursing personnel, directors, dentists and managers of public health services. The data
collection process was made through open interview and aimed answering the research subject: How
do oral health care relationships happen in the optical of the subjects? What practices are
demonstrated? Which is the meaning of these processes? This research project was directed to the
Ethics Committee of the Federal University of Santa Catarina for appreciation, being considered
approved for execution. The research stages of coding, sampling and theoretical saturation, ordination
and integration were guided by the procedure of the comparative analysis. The organization of the
codes was made according to their properties and, then, classified in components, subcategories and
categories. Through the interrelation of the categories, evidenced by the collected data, emerged a
central category, witch integrates the analytic categories. The central category, as Basic Social Process,
presents two stages in a growing order of evolution: one in which the contradictions in the process of
caring the oral health for the elderly maintain the precariousness of the epidemiologic situation; and a
second one, which incorporates the attitude of continuous improvement, translated into best practices
in care with regard to the structures and processes that are part of the promotion of oral health care
for the elderly. To this happen, it is necessary to consider the best practices as a metapoint of view to
be reached, so that it can contribute to the progress of the quality of the care and, consequently,
promote a transformation in the of health and oral health conditions. That vision tries to rescue the
elderly people from the abandonment with relationship to oral health attention, because of respect to
the human dignity, recognition of rights and conquer of citizenship. The analysis categories are
endogenous in relation to the data. The categories represent sub-processes that comprehend the
attribution of meaning to oral health, the social determination of oral health conditions, the human
ageing and its relation with oral health, the interactions that are established in the oral health care for
the elderly, the management of oral health care in long-term institutions for the elderly, the insertion of
oral health care for the elderly in the political-organizational dimension, and the possibility to visualize
best practices in the oral health care for the elderly. Studying the meaning of oral health care of the
elderly stimulates the reflection in action and build new theoretical referential, starting from a series of
inquiries, as the following: Which the sense of oral health for the people? Which are the relationships
between the oral health and the human aging process? The institutionalized condition interferes in the
oral health (self)care practices? How oral health care are linked to other care procedures? Which are
the possibilities of improvements in the oral health care practices to the seniors' resident in long term
care institutions? This study, when consider oral health care one of the aspects of health care, works
with the premise that human life is care. Care while a concern with life, irradiates for all the disciplines
that composes health field. In a systemic vision, in that the multiples elements interact to produce a
result, oral health care is understood as one of the essentials components of the health care system.
The oral health should be seen as one of the structural elements of the comprehensive care, including,
and not segmenting people's health. The understanding of the meaning of oral health care to the
seniors that reside in long term care institutions induces to a critical reflection on each one and all the
aspects that can be related to the studied circumstance. It is avoided reductionisms, segmented or
images far from the reality. Finally, elements are picked up for diagnoses, plans and actions more
consistent, sustainable and facilitators of the handling and overcoming of the contradictions. Embrace
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the elderly oral health care promotion in a perspective of best practices, of systematic and continuous
improvement, it was desired to contribute for the construction of theoretical referential that sustain
good care practices in the interior and the environment of the long term car institution for the elderly
people.
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SIGNIFICADOS DE SISTEMA DE CUIDADOS A PARTIR DA VISÃO DE
PROFISSIONAIS DA SAÚDE: MODELO TEÓRICO-REFLEXIVO
FRANCISCA GEORGINA MACÊDO DE SOUSA1
DIRCE STEIN BACKES2
ANA LÚCIA SCHAEFER FERREIRA DE MELLO3
ALACOQUE LORENZINI ERDMANN4
RESUMO: tradicionalmente, sob o enfoque mecanicista e simplificado de apreender o cuidado, a
pessoa humana, frequentemente, é concebida em partes/fragmentos. Atualmente, referenciais,
baseados em novos paradigmas, vêm contribuir para a compreensão do cuidado enquanto um sistema
complexo, isto é, enquanto um fenômeno vital, dinâmico e essencial na vida dos seres e da natureza.
Tal compreensão suplantará conceitos cartesianos que influenciaram as práticas profissionais de
cuidado por muitos anos. Levando em conta a amplitude das diversas organizações de cuidado e a
forma como se compreende o doente/doença, faz-se necessário analisar saúde e doença como
fenômenos complexos que integram aspectos de ordem/desordem, unidade/totalidade,
singularidade/pluralidade. o conceito de “saúde” como sendo a polaridade dinâmica da vida, contribui,
efetivamente, para uma reflexão mais ampla e complexa do que seja um sistema de cuidados, cujo
encadeamento envolve medidas assistenciais, gerenciais e interativas e a compreensão do ser humano
como um ser de cuidado. O sistema de cuidados em saúde, afirma-se como “disposição relacional” e
caracteriza-se como unidade complexa, que liga, transforma, mantém ou produz acontecimentos,
componentes e indivíduos. Esta unidade é capaz de garantir solidariedade e solidez relativa às ligações,
criando possibilidades de duração ao sistema em face às perturbações. Assim, inter-relação,
organização e sistema são concebidos numa reciprocidade circular. Pensar em sistema de cuidados é
apontar para a auto-organização desse sistema, considerando aspectos como autonomia,
individualidade, relações e atitudes profissionais. Tais circunstâncias nos remetem a aceitar as
incertezas, as ambivalências e as contradições presentes no sistema de cuidados para que seja possível
lidar com a complexidade do real. Focalizar o sistema de cuidados, nesta perspectiva, significa produzir
um conhecimento complexo em saúde e compreender o cuidado como sistema vital e dinâmico que
implica na construção de redes não lineares. Nesse sentido, o sistema de cuidados à saúde/doença é
um coletivo constituído pela totalidade das práticas, das atitudes e do conhecimento dos vários
profissionais que dão sustentação à dinâmica do cuidado. Objetivos: compreender os significados e
construir um modelo teórico de sistema de cuidados. Metodologia: trata-se de estudo exploratório
com abordagem qualitativa apoiado pela Grounded Theory ou Teoria Fundamentada nos Dados.
Foram entrevistados 15 profissionais da saúde com atuação no ambiente hospitalar. A questão
norteadora do estudo foi: “Como você compreende sistema de cuidados?”. Observaram-se critérios
éticos recomendados pela Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Após aprovação no
Comitê de Ética e Pesquisa da Santa Casa de Misericórdia de Pelotas (RS), foi realizado contato com a
Direção das Instituições de Saúde, seguida pela identificação dos sujeitos participantes do estudo. A
estes, foram esclarecidos os objetivos do estudo e a metodologia proposta e, em seguida, solicitado o
consentimento por escrito. A TFD está voltada para o conhecimento da percepção e/ou do
significado com o objetivo de captar os aspectos intersubjetivos das experiências sociais do ser
Universidade Federal do Maranhão - UFMA (Brasil). Doutoranda em Enfermagem – Programa de Pós-Graduação em Enfermagem
da Universidade Federal de Santa Catarina – PEN/UFSC. Bolsista do CNPq. E-mail: [email protected]
2 Doutoranda em Enfermagem – Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina –
PEN/UFSC. Bolsista CAPES. E-mail: [email protected]
3 Cirurgiã-dentista. Doutora em Enfermagem – UFSC. Rua Rosa, 159 - 88040-270 Florianópolis SC. E-mail: [email protected]
4 Doutora em Enfermagem – UFSC. Professora do Programa de Pós-graduação em Enfermagem - UFSC. E-mail:
[email protected]
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humano e, desta forma, acrescentar novas perspectivas à reflexão do fenômeno. Assim, todos os
procedimentos da TFD têm por finalidade identificar, desenvolver e relacionar conceitos, isto é, gerar
teorias a partir dos dados investigados, analisados e comparados de maneira sistemática e
concomitante. A análise comparativa e constante dos dados compreende quatro estágios. No primeiro,
o pesquisador faz a comparação dos incidentes aplicáveis a cada categoria; no segundo, integra as
categorias e suas propriedades; no terceiro, delimita a teoria. A partir dos dados brutos são elaborados
os códigos (fase de codificação), que é o termo utilizado para conceituar os dados. Desta forma,
iniciou-se a codificação aberta, linha após linha, examinando e questionando os dados com vistas a
compreender os significados de sistema de cuidados para os profissionais de saúde. Após a codificação
aberta, os códigos foram agrupados por similaridades e diferenças conceituais formando as categorias
(codificação axial) que não são os dados, mas são indicadas pelos dados, que são por si, os elementos
conceituais da teoria ou conceitos que representam fenômenos. Os códigos foram agrupados
inicialmente em componentes, os componentes em subcategorias e as subcategorias em categorias.
Esta fase, também denominada de Redução das Categorias ou Saturação Teórica, busca compreender
o fenômeno central e integrar as categorias para construir uma Teoria Fundamentada nos Dados.
Categoria central é o fenômeno principal do tema ao redor dos quais todas as outras categorias
circulam explicando as relações entre as demais e esclarecendo como o evento está se processando.
Resultados: a partir dos dados investigados, analisados e comparados de maneira sistemática e
concomitante, emergiram como categorias: Organizando o Sistema de Cuidados a partir de múltiplas interações
cujas subcategorias foram: Definindo as Características de Sistema de Cuidados, Centrando o Sistema
de Cuidados no Processo de Interação com os Seres Humanos e Determinando a Qualidade do
Sistema de Cuidados; e Convivendo com a dinamicidade do Sistema de Cuidados formada pelas subcategorias:
Experenciando Mudanças no Sistema de Cuidados, Identificando Conflitos no Sistema de Cuidados e
Determinando Significados de Cuidado à Saúde no Sistema de Cuidados. O grande avanço do cuidado
enquanto sistema complexo parece incidir, sem dúvida, na dinamicidade e na multiplicidade de
interações, em uma mesma perspectiva, dos aspectos parciais e da totalidade da realidade, do todo nas
partes e das partes no todo. As subcategorias emergentes do processo de codificação retratam a
possibilidade de convivência e de enfrentamento de uma lógica disciplinar fragmentada ainda presente
no sistema de cuidado em saúde. A interação das categorias e subcategorias resultou no modelo
teórico cuja categoria ou fenômeno central foi “Construindo o sistema complexo de cuidados”, num
cenário de crescentes mudanças de atitudes e comportamentos no modo assistencial e relacional dos
profissionais. Em um sentido mais amplo, retrata a capacidade do ser humano de se movimentar nos
espaços organizacionais, construindo oportunidades de relações, interações e vivenciando o cuidado na
ordem do seu potencial para demarcação e utilização dos diferentes espaços, ou seja, de dependência
e/ou interdependência, de pertencimento e/ou privacidade. Considerações Finais: determinar o
cuidado a partir de um processo interativo e, dinâmico, significa produzir um conhecimento complexo
em saúde, a fim de alcançar a compreensão do cuidado da vida humana como um fenômeno que
transcende a dimensão física e o enfoque assistencialista. Significa compreender o cuidado enquanto
sistema vital e dinâmico que implica na construção de redes não lineares que atravessam as diferentes
áreas do saber. Significa compreender o cuidado enquanto sistema vital e dinâmico que implica na
construção de redes não lineares que atravessam as diferentes áreas do saber. Nesses termos,
compreender a vida, o processo de ser saudável e o cuidado enquanto sistema, somente será possível
pela integralidade, pela conectividade e pela concepção de um sistema mais plural e complexo.
Defende-se, nessa perspectiva, a idéia de que novas formas de pensar, detalhadas nas subcategorias são
fonte/fruto de um novo paradigma no modo assistencial. Ao estar definindo as características de
sistema de cuidados, centra-as no processo de interação com os seres humanos e determina a sua
qualidade, o que resulta na organização deste sistema. Por sua vez, este sistema se mantém no estar
experenciando mudanças, identificando conflitos e determinando significados, caracterizando-o como
processo dinâmico.
Palavras-chave: cuidado; cuidado centrado no paciente; cuidado de saúde.
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THE MEANING OF CARE SYSTEM FOR HEALTH PROFESSIONALS: A THEORETICALREFLEXIVE MODEL
ABSTRACT: traditionally, under the mechanic and simplified focus of apprehending care, the human
person, frequently, is conceived in parts/fragments. Nowadays, referentials based on new paradigms
come to contribute for the understanding of care while a complex system, that is, while a vital
phenomenon, dynamic and essential for life and nature. Such understanding will supplant cartesian
concepts that influenced professionals care practices for many years. Taking into account the width of
the several care organizations and the way that the patient and the disease are understood, is necessary
to analyze health and disease as a complex phenomena that integrate order/disorder aspects,
unity/totality, singularity/plurality. The concept of "health" as a dynamic polarity of life contributes,
indeed, for a wider and complex reflection of what is a care system, whose linkage involves
assistentials, management and interactive measures and the understanding that human being as care.
The health care system is affirmed as a “relational disposition" and it is characterized as a complex
unit, that links, transforms, maintains or produces events, components and individuals. This unit is
capable to guarantee solidarity and relative solidity to the connections, creating possibilities of
maintaining the system in face to disturbances. So, interrelation, organization and system are conceived
in a circular reciprocity. To think a care system is to point for a self-organization, considering aspects
as autonomy, individuality, relationships and professional attitudes. Such circumstances address us to
accept the uncertainties, the ambivalences and the present contradictions in the care system so that it is
possible to work with the real complexity. Focusing a care system, in this perspective, means to
produce a complex knowledge in health and to understand care as vital and dynamic system that
implicates in the construction of non lineal nets. In that sense, the care system of health/disease is a
collective constituted by the totality of practices, attitudes and several professionals' knowledge that
carries on to the dynamics of the care. Objectives: to understand the meanings and to build a
theoretical model of a care system. Methodology: it is an exploratory study with qualitative approach
supported by the Grounded Theory. Fifteen hospital health professionals were interviewed. The
question that guides the study was: “How do you understand the care system?". Ethical criteria were
observed as recommended by the Resolution 196/96 of the National Council of Health. After
approval in the Ethics Research Committee of Santa Casa de Misericórdia de Pelotas (RS), contact was
done with the direction of the institutions, followed for the identification of subjects. It was presented
the objectives of the study and the proposed methodology and requested the consent. GT is oriented
to the perception and/or the meaning knowledge, aiming to capture the intersubjectives aspects of the
human being social experiences and to increase new perspectives to the reflection of a phenomenon.
The procedures of GT have the purpose to identify, to develop and to relate concepts, that is, to
generate theories starting from the investigated data, analyzed and compared in a systematic and
concomitant way. The comparative and constant analysis of the data understands four stages. First, the
researcher makes the comparison of the applicable incidents to each category; second, integrates the
categories and their properties; third, delimits the theory. Starting from the singular data the codes are
elaborated (code phase), the term used to conceptualize data. In this way, the open code began, line
after line, examining and questioning data trying to understand the meanings of care system for the
health professionals. After the open code, the codes were classified by similarities and conceptual
differences forming the categories (axial code) that are not the data, but they are suitable for the data,
that are the conceptual elements of the theory or concepts that represent a phenomena. The codes
were clustered initially in components, the components in subcategories and the subcategories in
categories. This phase, also denominated of reduction of the categories or theoretical saturation, aims
to understand the central phenomenon and to integrate the categories to build a grounded theory.
Central category is the main phenomenon, the theme of which all the other categories circulate,
explaining the relationships among others and clearing the events. Results: starting from the
investigated data, analyzed and compared in a systematic and concomitant way, it emerged as
categories: Organizing the care system starting from multiple interactions whose subcategories was: Defining the
characteristics of care system, Centering the care system in the process of interaction with the human
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beings and Determining the quality of the care system; and Living together with the dynamicity of the care
system formed by the subcategories: Experiencing changes in the care system, Identifying conflicts in
the care system and Determining meanings of health care in the care system. The huge progress of
care, while a complex system, seems to happen in the dynamicity and in the multiplicity of interactions,
in a same perspective, of the partial aspects and of the totality of the reality, of the whole in the parts
and of the parts in the whole. The emergent subcategories of the code process portray the possibility
of coexistence and of facing of fragmented d logic discipline still present in the health care system. The
interaction of the categories and subcategories resulted in the theoretical model whose category or
central phenomenon was "Building the complex care system", in a scenery of growing changes of
attitudes and behaviors in the way that professionals assists and relate to themselves. In a wider sense,
it portrays the capacity of the human being to move in the organizationals spaces, building
opportunities of relationships, interactions and living the care and it potential for demarcation and use
of the different spaces, in other words, of dependence and/or interdependence, of making part and/or
privacy. Final considerations: to determine the care starting from an interactive and dynamic process
means to produce a complex knowledge in health, in order to reach the understanding of the human
life care as a phenomenon that transcends the physical dimension and the assistance focus. It means to
understand the care while a vital and dynamic system that implicates in the construction of non lineal
nets that cross different areas of knowledge. In those terms, to understand life, the process of being
healthy and the care while system will only be possible by the integrality, by the connectivity and by the
conception of a more plural and complex system. We defend, in that perspective, the idea that new
forms of thinking, detailed in the subcategories, are a source of a new paradigm in the assistance way.
Defining the characteristics of a care system, centers in the interaction process with the human beings
and determines its quality, what results in the organization of this system. This system maintains in
changing experiences, identifying conflicts and determining meanings, characterizing it as dynamic
process.
Keywords: care; patient-centered care; delivery of health care.
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CONCEPÇÕES DE CUIDADO: UMA ANÁLISE DAS TESES APRESENTADAS PARA
UM PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
FRANCISCA GEORGINA MACÊDO DE SOUSA1
DIRCE STEIN BACKES2
ANA LÚCIA SCHAEFER FERREIRA DE MELLO3
ALACOQUE LORENZINI ERDMANN4
JULIANA CRISTINA LESSMANN5
KEYLA CRISTIANE NASCIMENTO6
RESUMO: O cuidado, nas suas mais diferentes variações e dimensões emerge, continuamente, como
energia propulsora e dinamizadora no processo de construir conhecimento na enfermagem e na saúde.
O ser humano, enquanto um ser de múltiplas interações, é dotado de atitudes de cuidado, seja na
dimensão física, psíquica, social e/ou espiritual. Num sentido mais amplo e complexo, o cuidado
passou a fazer parte da existência humana, ou seja, passou a ser um fenômeno inseparável da
existência humana. Nesse processo evolutivo, o cuidado passa a ser identificado como sendo uma
função de compartilhamento, de troca, de reciprocidade. O cuidado, a partir do desenvolvimento de
intervenções da enfermagem nos diferentes contextos traduz um movimento dinâmico e a
multiplicidade de interações em cada estágio/ciclo vital do ser humano. Enquanto movimento que
envolve múltiplas interações humanas, o cuidado vem sendo estudado e tem influenciado a teoria, a
pesquisa, a prática e a educação de enfermagem, nas suas mais variadas identificações e expressões
definidas como assistir, ajudar e servir. O significado do cuidado passa necessariamente pelo resgate
dos pequenos e/ou grandes eventos e movimentos do dia-a-dia e dos diferentes espaços/contextos e
situações em que o ser humano se encontra. A efetividade e visibilidade do cuidado parecem estar
associadas, não só a macro resultados sociais, econômicos e políticos, como também às questões dos
microespaços pertinente ao cotidiano visível/invisível do cuidado expressos por meio da produção de
conhecimento na área de enfermagem. Objetivo: Analisar as concepções teóricas de cuidado expressos
nos textos das teses do programa de Pós-Graduação em Enfermagem de uma Universidade do Sul do
Brasil. Metodologia: A investigação caracteriza-se como estudo bibliográfico de natureza qualitativa
que analisou 111 teses do Curso de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem
defendidas no período de 1995 a 2005, sendo este delimitado pela primeira e última tese apresentada
ao Programa. A busca inicial foi realizada na página eletrônica do Programa. Do total das teses, foram
selecionadas, por meio de análise crítica dos resumos e palavras-chave, 39 teses que apresentavam o
cuidado como objeto ou como variável de investigação. Destas foram ainda excluídas cinco teses por
não apresentarem dados consistentes sobre concepções de cuidado. O material para investigação foi
constituído, portanto, de 34 teses. Para análise dos dados, seguimos as fases propostas por Minayo
(1993), que compreendem a ordenação, a classificação e a análise final. Após organização dos dados,
que compreende a fase de ordenação, seguiu a fase de classificação e agrupamento dos realizadas a
partir do contexto e das concepções de cuidado apresentados nas teses. Nesta fase, a postura das
autoras foi de questionamento frente aos dados, no sentido de apreender as estruturas relevantes, isto
é, formar idéias centrais sobre concepções de cuidado. A última etapa, consistiu em discutir, no
Universidade Federal do Maranhão - UFMA (Brasil). Doutoranda em Enfermagem – Programa de Pós-Graduação em Enfermagem
da Universidade Federal de Santa Catarina – PEN/UFSC. Bolsista do CNPq. E-mail: [email protected]
2 Doutoranda em Enfermagem – Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina –
PEN/UFSC. Bolsista CAPES. E-mail: [email protected]
3 Cirurgiã-dentista. Doutora em Enfermagem – UFSC. Rua Rosa, 159 - 88040-270 Florianópolis SC. E-mail: [email protected]
4 Doutora em Enfermagem – UFSC. Professora do Programa de Pós-graduação em Enfermagem - UFSC. E-mail:
[email protected]
5 Discente do Curso de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina.
6 Mestre em Enfermagem pelo Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de Santa Catarina.
1
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Anais do III Seminário Internacional de Filosofia e Saúde/III International Seminar of Philosophy and Health Care
Florianópolis/SC, 08 a 10 de outubro de 2006. ISBN 978-85-88612-46-4
interior dos temas emergentes, as concepções de cuidado apresentadas nas teses. Resultados: As teses
possuem certa similaridade com relação aos sujeitos das pesquisas, sendo que 32% concentraram a
investigação na equipe de enfermagem, seguida por aquelas que abordaram o cuidado na família
(17,6%), e 11,7% utilizaram as produções científicas da enfermagem como fonte de dados. Ainda em
relação aos sujeitos todo o ciclo vital humano (recém-nascido, crianças, adolescentes e idosos), foi
contemplado nas teses. Muito embora os contextos para a pesquisa tenham sido variados, enfatiza-se o
ambiente hospitalar como o mais prevalente. Na sua maioria (31), as pesquisas foram realizadas diante
de uma situação de doença/agravo, tanto as em ambiente hospitalar quanto no domicílio,
evidenciando as concepções de cuidado nas relações de cuidado-doença. A análise permitiu enumerar
as seguintes concepções de cuidado: Cuidado em saúde/doença; Cuidado como processo interativo;
Cuidado centrado na família; Cuidado de si; Cuidado como atitude e Cuidado para um ambiente
sustentável. Estas concepções apresentam o profissional de enfermagem, por meio do cuidado, como
aquele que tem a capacidade privilegiada de interagir com a condição intersubjetiva do outro e
descobrir-se um ser no mundo em constante sintonia com o outro, capaz de humanizar a sua essência.
Ao agir desta maneira, o profissional coloca o cuidado no que faz e projeta. Conseqüentemente, é
possível identificar o cuidado como um estar com o outro num processo de inter-relacionamento, com
possibilidade de desencadear um processo de mudança caracterizado pela troca, pelo dar e receber. O
profissional de enfermagem demanda um papel preponderante nas múltiplas interfaces do cuidado por
ser um dos articuladores dos processos de trabalho interagindo com todos os profissionais da saúde e,
não raramente, coordenando a organização desses espaços. Não é raro também que ele seja o ponto de
convergência e distribuição de informações para o cliente e para outros profissionais da equipe de
saúde, assim como para os diferentes serviços que fazem parte do universo da saúde, incluindo aí o
ambiente familiar. Considerações Finais: a partir destas concepções, o cuidado, deve ser compreendido
como produto e serviço nas suas múltiplas dimensões, relações e interações, isto é, como um sistema
de produção de serviços personificado e singular na sua maneira de ser e existir na sociedade. Requer,
no entanto, um posicionamento diferenciado por parte do próprio enfermeiro que, muitas vezes,
atrelado a um modelo reducionista e simplificado, visualiza de modo fragmentado e funcionalista os
micro-espaços do cuidado. As teses avaliadas abordam uma variada gama de significados,
apresentando a abrangência e interatividade do cuidado e o quanto ele está internalizado no fazer e
pensar diário da enfermagem/sociedade, com enfoques de aplicação em eventos de situações, de
desenvolvimento e de saúde-doença, onde cada autor introduz a sua visão de mundo, o seu referencial
de vida e a sua prática profissional.
Palavras-chave: cuidado; enfermagem; pesquisa; pesquisa em enfermagem
CONCEPTIONS OF CARE: AN ANALYSIS OF THE THESES PRESENTED FOR A
NURSING POST-GRADUATION PROGRAM
ABSTRACT: Care, in its different variations and dimensions, emerges continually as a propulsive and
dynamic energy in the process of building nursing and health knowledge. The human being, while a
being of multiple interactions, is endowed with care attitudes, in the physical, psychic, social spiritual
and/or dimensions. In a wider and complex sense, the care started to do part of the human existence,
in other words, it became an inseparable phenomenon of the human existence. In that evolutionary
process, care becomes identified as being a function of sharing, of change, of reciprocity. Care, starting
from the nursing development of interventions in the different contexts translates a dynamic
movement and the multiplicity of interactions in each vital cycle of the human being. While movement
that involves multiple human interactions, care has been studied and has been influencing theory,
research, practice and nursing education, in a variety of identifications and defined expressions as
attending, helping and serving. The meaning of care necessarily goes by the ransom of the day by day
small and/or great events and movements and in different spaces/contexts and situations in that
human being are involved with. The effectiveness and visibility of care seem to be associated, not only
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to macro social, economical and political results, but to the subjects of pertinent micro spaces to the
daily visible/invisible care expressed through the knowledge production in the nursing area. Objective:
To analyze the theoretical conceptions of care expressed in the texts of the theses presented to a
Nursing Post-graduation program (Doctoral degree) in the South of Brazil University. Methodology:
The investigation is characterized as bibliographical study of qualitative nature that analyzed 111 theses
of the Nursing Post-graduation program in the period from 1995 to 2005, considering the first and last
thesis presented to the Program. The initial search was accomplished in the electronic page of the
Program. It was selected, through critical analysis of the summaries and key-words, 39 theses that
presented “care” as the object or as the investigation variable. Of these it was still excluded five theses
for they lack of consistency in data about care conceptions. The material for investigation was
constituted, therefore, of 34 theses. For analysis of the data, we followed the phases proposed by
Minayo (1993), comprehending the ordination, the classification and the final analysis. After organizing
data (ordination phase), following the classification phase and grouping of data, considering the
context and care conceptions presented in the theses. In this phase, the authors' address a questioning
posture to the data, in the sense of apprehending the important structures, that is, to central ideas
about care conceptions. The last stage consisted of discussing, inside the emergent themes, the care
conceptions presented in the theses. Results: The theses possess certain similarity with relationship to
the research subjects: 32% concentrated the investigation on the nursing team, followed for 17.6%
that approached the family care, and 11.7% used the nursing scientific productions as data source. In
relation to the subjects the whole human vital cycle was contemplated in the theses. Although the
contexts for the research have been varied, the hospital atmosphere was emphasized. In your majority
(31), the researches were accomplished due to a sickness/disease situation, so much the in hospital
atmosphere as in home, evidencing the care conceptions in the relationships of care-disease. The
analysis allowed enumerating the following care conceptions: Care in health/disease; Care as an
interactive process; Care centered in the family; Care of itself; Care as an attitude and Care for a
sustainable atmosphere. These conceptions introduces the nursing professional, through care, as that
one who has the privileged capacity to interact with the intersubjectives conditions of the other person
and to be discovered a being in the world in constant syntony with the other person, capable to
humanize your essence. Acting like this, the professional places care in what it is done and projected.
Consequently, it is possible to identify care as a being with other in an inter-relationship process, with
the possibility of change process characterized by the exchanging, giving and receiving. The nursing
professional demands a preponderant role in the multiple interfaces of care for being one of the
articulators of the work processes interacting with all the professionals of health and, not rarely,
coordinating the spaces organization. It is not also rare, that he/she is the convergence point and
distribution of information for the customer and for other health professionals of the team, as well as
for the different services that are part of the universe of health, including the family atmosphere. Final
considerations: Starting from these conceptions, care should be understood as product and service in
your multiple dimensions, relationships and interactions, that is, as a system of services production
personified and singular in your personality and existence in the society. It requests, however, a
differentiated positioning on the part of the nursing professionals, that a lot of times, attached to a
reducionist and simplified model, view in a functionalist and fragmented way the micro spaces of care.
The appraised theses approach a varied range of meanings, presenting inclusion and interactivity of
care and how it is internalized in the way things are done and thought diary in the nursing and the
society, focusing in events and situations, of health-disease development, where each author
introduces your vision of world, your life referential and your professional practice.
Keywords: care; nursing; research; nursing research.
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ENFERMAGEM E A FAMÍLIA DO PORTADOR DE HIV-AIDS: UM REFERENCIAL
HUMANÍSTICO PARA CUIDAR
AFRA SUELENE DE SOUSA1
VALQUÍRIA DE L. MACHADO BIELEMANN 2
LUCIANE PRADO KANTORSKI 3
RESUMO: A Sindrome da Imuno Deficiência Humana Adquirida surgiu na década de oitenta. No
Brasil, segundo Lima (1996), os primeiros casos de AIDS foram notificados em 1982, na região
sudeste. A partir do final daquela década, observou-se a disseminação da doença para diversas regiões.
O Brasil, Ministério da Saúde (2000) coloca que em 2000, a epidemia expandiu-se por todos os
continentes, atingindo mais de 44 milhões de pessoas infectadas. Mesmo com os progressos
alcançados na redução do número de óbitos, o impacto do diagnóstico desta enfermidade é ainda é
muito grande, pois o ideário de morte está presente. Contudo, progressos foram realizados desde o
surgimento da doença, que permitiram prolongar a vida do doente e melhorar sua qualidade de vida.
Castro (1997) ressalta que a AIDS é uma doença que gera diversas formas de sofrimento e dor, tanto
para aqueles que dela padecem, como para os que os rodeiam, considerando necessário o atendimento
aos familiares, com a finalidade de fortalecer sua capacidade no apoio ao doente. Para Giami (1997) os
profissionais de enfermagem em contato com os doentes de AIDS apresentam também angústia e
temores, conscientemente expressos ou não, isto provavelmente, devido ao medo do desconhecido e
também ao fato de perceberem a doença como possibilidade de morte, ou mesmo algo inevitável.
Acreditamos que ao cuidar do paciente portador do HIV-AIDS e de sua família, a enfermeira deve ter
conhecimento técnico, mas isso só não basta é preciso ir além, reconhecer o outro com toda sua
singularidade. Assim, pensamos que a enfermeira necessita assistir de forma humanizada os sujeitos
portadores do HIV-AIDS e os seus familiares, até porque consideramos ser a essência do cuidado de
enfermagem. Nesta perspectiva desenvolveu-se uma prática assistencial, cujo objetivo foi:
compreender a situação existencial dos seres humanos a partir de uma relação empática entre o
profissional enfermeiro e familiares que tenham em seu seio sujeito portador do HIV-AIDS, a partir
do referencial de Paterson e Zderad (1979). Optou-se por essa teoria tendo em vista que propicia um
cuidado voltado para “o ser com”, significando que ele necessita do outro para vir a ser mais. Esse
referencial que orientou a relação enfermeira – familiares, foi escolhido por estar em conformidade
com a nossa compreensão sobre o cuidar em enfermagem. Consideramos que este cuidar está
centrado no diálogo e na interação efetiva dos seres humanos, que, através do relacionar-se, possam
compreender as manifestações da vida, procurando o que essa experiência é para cada um, seu
significado, para que consigam o bem-estar e o estar-melhor. A enfermagem é entendida como um
diálogo vivo que requer o envolvimento enfermeira - cliente, e o cuidado de enfermagem surge, em
momentos específicos, como uma resposta aos males da condição humana. O estudo qualitativo,
desenvolvido com um grupo familiar composto por sete pessoas, o portador do HIV-AIDS, três
filhos, a irmã e a sobrinha. A relação entre enfermeira, família e enfermo no primeiro momento foi no
hospital e durante seis meses ocorreu através de acompanhamento a domicílio dos familiares. Foram
cumpridos os procedimentos éticos previstos na Resolução 196/96, tendo sido obtido o
Professora Adjunto da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia- UFPel - RS. Mestre em Assistência em Enfermagem. Membro do
LEIFAMS. Membro do núcleo de pesquisa de Condições Crônicas e suas Interfaces –NUCCRIN. E-mAIL: AFRASUS @
UOL.COM.BR
2 Professora Adjunto da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia- UFPel - RS. Professora Adjunto da Faculdade de Enfermagem e
Obstetrícia- UFPel - RS. Mestre em Assistência em Enfermagem. Membro do LEIFAMS do núcleo de pesquisa de Condições
Crônicas e suas Interfaces- NUCCRIN, Relatora do estudo. End: 7 de setembro, 14, apto404, Pelotas-RS. CEP 96015-300. e-mail
[email protected]
3 Professora Adjunto da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia- UFPel - RS. Doutora em Enfermagem. Pesquisadora do CNPq. e
mail: [email protected]
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consentimento livre e esclarecido dos sujeitos do estudo (BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE,
1996). A família foi o lugar em que a questão da AIDS, na situação em estudo, ocorre e se torna objeto
de percepção e reflexão. Neste trabalho, o conceito de família, consiste em compreendê-la como uma
unidade de cuidado, onde se aprofundam os laços de solidariedade, sendo também fonte de ajuda para
o indivíduo portador do HIV-AIDS, contribuindo para o seu estar melhor, possuem laços de
consangüinidade e/ou laços emocionais, compartilhando ou não o mesmo ambiente. Elsen et al.
(1992) dizem que, para assistir a família como uma unidade de cuidado, os enfermeiros devem
considerar não só a saúde individual dos seus membros, mas também a saúde grupal, a qual nomeia de
saúde familiar. A partir da vivência profissional com um grupo familiar; foi realizada uma descrição
dessa experiência com reflexão da relação enfermeira-sujeitos, em que o cuidado humanizado era o
foco das ações inter-humanas. O cuidado de enfermagem era prestado mediante um relacionamento
interativo, em que os pontos fortes eram o diálogo, a troca de experiências e a escuta, elementos
importantes para uma relação empática que envolveu o encontro, a presença, o relacionamento, os
chamados e as respostas, que são a base do cuidado humanizado. Sendo a enfermagem um processo
de relação entre as pessoas, foi sentido quanto é importante a presença da enfermeira, o estar junto
com o outro, o saber ouvir aquelas pessoas. Isto não quer dizer que a enfermeira tenha que estar
sempre presente fisicamente, mas, sim, voltada para o cuidado do sujeito portador do HIV-AIDS e
seus familiares, mostrando-se disponível e acessível sempre que necessário. Essa relação entre
enfermeira e sujeitos do estudo pode ser traduzida como um cuidado humanizado que, por vezes, foi
realizado de forma grupal; e em outras, de forma individualizada. Foi possível compreender que
necessário se faz ser sensível e consciente da necessidade de estar aberto às expressões e reações das
pessoas. Aprender que a relação dialógica não flui rapidamente, é necessário saber ouvir o que, muitas
vezes, não é dito verbalmente; perceber melhor o que cada ser humano tem a nos transmitir, como a
dor, a vergonha, o medo, a esperança, sentimentos que, por serem subjetivos, muitas vezes, não são
reconhecidos com o seu justo valor. Encontramos neste grupo o medo da doença, do afastamento dos
amigos e dos demais familiares. Vivenciaram-se, ainda, situações nas quais havia um pacto de silêncio,
em que a pessoa com AIDS e seus familiares não conversavam sobre a doença, como se não
soubessem do diagnóstico, ou como se, realmente, não quisessem saber, preferindo o silêncio naquele
momento. Frente essa situação vivida a teoria foi uma grande ancora visto que o cuidar em
enfermagem acontece como uma resposta ao sofrimento das pessoas, quando um ser humano
necessita de certo tipo de ajuda e o outro a proporciona. Sendo a enfermagem um processo de relação
entre as pessoas, sentimos quanto foi importante a presença da enfermagem, o estar junto com o outro
e o saber ouvir. A utilização de uma teoria humanística, no cotidiano do sentir, do fazer e do cuidar em
enfermagem, facilitou o fluxo de emoções e reflexões dos familiares sobre a AIDS. Deste modo, foi
possível detectar os focos de estresse presentes e sinalizá-los, para que as pessoas se fortalecessem
através do aumento do seu potencial de defesa contra esses estressores. Consistiu-se em estratégia
importante fomentar a mobilização dos familiares no sentido de enfrentamento da situação de doença
e busca de significados. Através da presença genuína que proporcionou significado às ações de
enfermagem ocorreu a possibilidade de entender que o ser humano, sujeito portador do HIV-AIDS e
sua família, apresentam peculiaridades singulares, e, para evoluir, necessitam conhecerem os
significados de suas experiências de vida com a finalidade de atingir um estado de bem- estar e estar
melhor. Reconhecemos a existência de vários aspectos que estiveram presentes nessa história familiar,
não obstante, destaco a existência de um que entendo como fundamental, e que transparece na
vivência familiar: é que a AIDS era um evento significativo e marcante na vida de todos os envolvidos,
à medida que fazia aflorar, neles uma diversidade de sentimentos, muitas vezes entrelaçados e
relacionados aos acontecimentos. Para assistir essa família de foi utilizado um cuidado que transcendeu
a assistência centrada no fazer técnico, e que se voltou ao ser humano, em constante relação com
outras pessoas e com o mundo. Por tudo isso, existe a convicção de que era preciso desenvolver, junto
àquele grupo familiar, um cuidado voltado ao relacionamento inter - humano, que reconheça as
expressões e manifestações existenciais dos seres humanos e sua condição e contribua de maneira
positiva, para que a enfermagem se preocupe cada vez mais com o seu papel primaz, que é o cuidado
humano. Consideramos que não existe nenhuma aparelhagem tecnológica, nem mesmo drogas que
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substituam uma relação, na qual o diálogo, o encontro e o relacionamento face a face estejam
presentes entre as pessoas envolvidas. Neste diálogo vivido com os sujeitos, foi-lhes proporcionado
oportunidade para que trocassem informações e significados sobre o seu mundo e sobre si mesmos,
sendo capazes de entrar em contato com seus próprios sentimentos de angústia, de tristeza e de
solidão; mobilizando-se e sendo incentivados a buscar um estado de estar melhor para vir a ser mais,
na perspectiva de qualificar o viver, de solidariedade, de esperança e de luta pela continuação da vida.
Penso que, só assim, os seres humanos encontrarão formas de existir e coexistir no mundo, não
esvaziando o verdadeiro sentido do existir. Acredito, portanto, que a enfermeira poderá desempenhar
um papel vital, ajudando os doentes e seus familiares a encararem situações de difícil enfrentamento.
Enquanto não se encontrem meios eficazes para o combate à AIDS, bem como para a sua cura, cabe a
enfermeira prestar um cuidado comprometido com o outro, no qual a humanização seja a essência das
ações desenvolvidas com pessoas portadoras do HIV-AIDS e seus familiares.
Palavras-chave: HIV-Aids; família; humanização; enfermeira.
Referências:
BRASIL, Ministério da Saúde. Boletim epidemiológico. AIDS. Ano XIII, número O2, dezembro1999 a junho-2000.
______. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº196/96. Pesquisa envolvendo seres humanos.
Brasília: DF; 1996.
CASTRO, R. et al. Estrategias de manejo en torno al VIH/SIDA a nível familiar. Revista Salud
Pública, México, v.34,n.1.p. 32-43, fev. 1997.
ELSEN, Ingrid et al. Cidadania: um novo conceito para a prática de enfermagem com famílias. Texto
& Contexto - Enfermagem. Florianópolis, v.1, n.1, p.106-115, jan./jun. 1992.
GIAMI, Alaim et al. Enfermeiras frente a AIDS: representações e condutas, permanência e
mudanças. Canoas: Ulbra, 1997. 333p.
LIMA, Ana Lúcia Munhoz et al. HIV-AIDS: perguntas e respostas. São Paulo: Ateneu, 1996. 351p.
PATERSON, J. e ZDERAD, L. Enfermagem Humanística. Traduzido por Geraldina Herrera.
Tradução da Humanistic Nursing. México: Limusa, 1979.
NURSING AND THE FAMILY OF THE HIV-AIDS BEARER: A HUMANISTIC
FOUNDATION TO TAKE CARE
ABSTRACT: The Syndrome of Imuno Acquired Human Deficiency appeared in the decade of
eighty. In Brazil, according to Lima (1996), the first cases of AIDS were notified in 1982, in the
southeast area. Starting from the end of that decade, the spread of the disease was observed for several
areas. Brazil Ministry of Health (2000) puts that in 2000, the epidemic expanded for all the continents,
reaching more than 44 million infected people. Even with the progresses reached in the reduction of
the number of deaths, the impact of the diagnosis of this illness is still very big, because the imaginary
death is present. However, progresses were accomplished from the appearance of the disease, that
allowed to prolong the life of the patient and to improve his/her life quality. Castrate (1997)
emphasizes that AIDS is a disease to generate several suffering forms and pain, so much for those that
suffer of its, as for the ones that they surround them, considering necessary the service to the relatives,
with the purpose of strengthening their capacity in the support to the patient. For Giami (1997) the
nursing professionals in contact with the patients of AIDS also present anguish and fears, consciously
expressed or no, this probably, due to the stranger's fear and also to the fact of they notice the disease
as death possibility, or even something inevitable. We believed that when taking care of the HIVAIDS bearer patient and of his/her family, the nurse should have technical knowledge, but that only is
not enough is necessary to go beyond, to recognize the other with all his/her singularity. Like this, we
thought that the nurse needs to attend in a humanized way the HIV-AIDS bearer subjects and their
relatives, especially because we considered to be the essence of the nursing care. In this perspective,
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he/she grew an attendance practice , whose objective was: to understand the human beings' existential
situation starting from an empathy relationship eamong the professional nurse and family that have in
its breast subject bearer of HIV-AIDS, starting from Paterson's foundation and Zderad (1979). We
opted for that theory tends in view that propitiates a returned care for "the being with", meaning that
he needs the other to come to be more. That foundation that guided the relationship nurse - family, it
was chosen by being in accordance with our understanding on taking care in nursing. We considered
that this to take care is centered in the dialogue and in the interaction executed of the human beings,
that, through relating, they can understand the manifestations of the life, seeking what that experience
is for each one, its meaning, so that they get the well-being and the be-better. The nursing is
understood as an alive dialogue that requests the involvement nurse - customer, and the nursing care
appears, in specific moments, as an answer to the evils of the human condition. The qualitative study
was developed with a family group composed by seven people, the bearer of HIV-AIDS, three
children, the sister and the niece. The relationship among nurse, family and sick in the first moment
was at the hospital and for six months it happened through attendance to the relatives' home. The
ethical procedures were accomplished foreseen in the Resolution 196/96, having been obtained the
consent free and illustrious of the subject of the study (BRAZIL. MINISTRY OF the HEALTH,
1996). the family was the place where the subject of AIDS, in the situation in study, happens and if it
turns perception object and reflection. In this work, the family concept, consists of understanding it as
an unit of care, where the solidarity bows are deepened, being also source of help for the individual
bearer of HIV-AIDS, contributing to be better, they possess consanguinity bows and/or emotional
bows, sharing or no the same atmosphere. Elsen et al. (1992) say that, to attend the family about an
unit of care, the nurses should consider not only the individual health of their members, but also the
group health , which names of family health. Starting from the professional existence with a family
group; a description of that experience was accomplished with reflection of the relationship nursesubjects, in that the humanized care was the focus of the inter-human actions. The nursing care was
rendered by an interactive relationship, in that the strong points were the dialogue, the change of
experiences and listening, important elements for an empathy relationship that involved the encounter,
the presence, the relationship, the calls and the answers, that are the base of the humanized care. Being
the nursing a relationship process among the people, it was felt as it is important the nurse's presence,
being with the other, knowing to hear those people. This doesn't mean that the nurse has to be always
present physically, but, yes, gone back to the care of the subject bearer of HIV-AIDS and their
relatives, being shown available and accessible whenever necessary. That relationship among nurse and
subject of the study it can be translated as an humanized care that, sometimes, was accomplished of
group form ; and in other, in an individualized way. It was possible to understand that necessary it is
made to be sensitive and conscious of the need to be open to the expressions and the people's
reactions. To learn that the dialogic relationship doesn't flow quickly, it is necessary to know hearing
that, a lot of times, it is not verbally said ; to notice better than each human being has transmitting us,
as the pain, the shame, the fear, the hope, feelings that, for they be subjective, a lot of times, they are
not recognized with its fair value. We found in this group the fear of the disease, of the friends'
removal and of the other relatives. They were lived, still, situations in which there was a silence pact, in
that the person with AIDS and their relatives didn't talk about the disease, I eat if they didn't know
about the diagnosis, or as if, really, they didn't want to know, preferring the silence on that moment. In
front that lived situation the theory was a big one anchors seen that taking care in nursing happens as
an answer to the people's suffering, when a human being needs certain type of help and the other
provides his/her. Being the nursing a relationship process among the people, we felt as it was
important the presence of nursing, the to be with the other and knowing to hear. The use of a
humanistic theory, in the daily of feeling, of doing and of taking care in nursing, it facilitated the flow
of emotions and the relatives' reflections on AIDS. This way, it was possible to detect the focuses of
stress presents and to signal them, so that the people strengthened through the increase of his/her
defense potential against those stressers. It was consisted of important strategy to foment the relatives'
mobilization in the sense of facing the situation of disease and search of meanings. Through the
genuine presence that it provided meaning to the nursing actions happened the possibility to
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understand that the human being, subject bearer of HIV-AIDS and his/her family, they present
singular peculiarities, and, to develop, they need know the meanings of their life experiences with the
purpose of reaching a state of well - to be and to be better. We recognized the existence of several
aspects that were present in that family history, in spite of, I detach the existence of one that
understand as fundamental, and that it appears in the family existence: it is that AIDS was a significant
and outstanding event in the life of all involved them, as he/she made to surface, in them a diversity of
feelings, a lot of times interlaced and related to the events. To attend that family of it was used a care
that transcended the attendance centered in doing technician, and that returned to the human being,
in constant relationship with other people and with the world. For all this, it exists the conviction that
it was necessary to develop, close to that family group, a care returned to the inter-human relationship
, that recognizes the expressions and the human beings' existential manifestations and his/her
condition and contribute in a positive way, so that the nursing worries more and more about his/her
primary paper , that is the human care. We considered that any technological equipment doesn't exist,
not even a drug that substitute a relationship, in which the dialogue, the encounter and the relationship
face to face is present among the involved people. In this dialogue lived with the subjects, it went them
proportionate opportunity so that they changed information and meanings on his/her world and on
themselves, being capable to enter in contact with their own anguish feelings, of sadness and of
solitude; being mobilized and being motivated to look for a state of being better to come to be plus, in
the perspective of qualifying living, of solidarity, of hope and of fight for the continuation of life.
Learning that, only like this, the human beings will find forms of to exist and to coexist in the world,
not emptying the true sense of existing. I believe, therefore, that the nurse can play a vital part, helping
the patients and their relatives to face their situations of difficult facing. While they are not effective
means for the combat to AIDS, as well as for his/her cure, the nurse fits to render a committed care
with the other, in which the humanization is the essence of the actions developed with people bearers
of HIV-AIDS and their relatives.
Keywords: HIV-Aids; family; humanization; nurse.
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O PROCESSO DE VIVER DOS GRUPOS SOCIAIS E O CUIDADO NA
ONTOGÊNESE HUMANA
HELENA HEIDTMANN VAGHETTI1
MARIA ITAYRA COELHO DE SOUZA PADILHA2
TELMA ELISA CARRARO3
DENISE PIRES4
RESUMO: Este estudo, construído a partir de pesquisa bibliográfica, pretende refletir sobre o
processo de viver humano em grupos sociais e traçar algumas aproximações com o cuidado à saúde e à
doença empreendidas em diferentes tempos, uma vez que esses eventos constituem a história da
humanidade, que ao longo de sua existência vem buscando, através do cuidado despendido pelos
homens aos seus semelhantes, a sobrevivência da raça humana. Os grupos que procuramos retratar
são aqueles que se formaram por associações e que visavam à reunião de pessoas como forma de
sobrevivência, trabalho, convivência parental ou afetiva. O cuidado sobre o qual discorremos, e que
tentamos resgatar, não se trata especificamente daquele cuidado formal, institucionalizado e
consagrado como próprio da enfermagem e debatido em suas várias modelagens. Trata-se, sim,
daquele sentido do cuidado mais geral enfocado por Boff (1999, p. 91) como esse que “somente surge
quando a essência de alguém tem importância para mim. Passo então a dedicar-me a ele; disponho-me
a participar de seu destino, de suas buscas, de seus sofrimentos e de seus sucessos, enfim de sua vida”.
É um modo de ser no qual a pessoa centra-se no outro, incluindo duas significações básicas,
intimamente ligadas entre si: a primeira, a atitude de solicitude e atenção para com o outro; a segunda,
de preocupação e inquietação, porque a pessoa que cuida se sente envolvida e afetivamente ligada ao
outro. Mas também pode ter o sentido apontado por Griffin (1983), de que o cuidado é uma
característica estrutural que acompanha o crescimento e desenvolvimento humano. Como um modo
de ser, o cuidar é um estado da existência humana e de alta significância nos relacionamentos com
outros seres humanos e com o mundo. Para esta investida, recorreu-se a alguns estudos
antropológicos, sociológicos, biológicos e filosóficos, formando o arcabouço, que procurou sustentála, e que propiciou que se enxergasse o homem através deste caleidoscópio oferecido pela fusão dos
saberes das disciplinas. Desenvolvimento: No período histórico denominado primitivismo, o
homem moldava-se através de suas interações com os outros membros de seu grupo social, vindo a
transformar-se em um ser ético. Valorizava tanto a cooperação quanto a dependência de seus
semelhantes e depreciava a agressividade e a auto-suficiência, gerando uma estabilidade social. Na
verdade, estes valores determinavam a sobrevivência e o conforto do indivíduo, além de estabilidade
de caráter, dependente da satisfação moral, que juntas mantinham as relações, entre os companheiros,
vantajosas para todos (LEWIS, 1968). As práticas de saúde, neste período, e, consequentemente, as
práticas de cuidar, num primeiro estágio, restringiam-se a medidas higiênicas, uma vez que os
conhecimentos sobre a saúde, modos de minorar os males físicos, suprimir as dores eram dirigidos à
necessidade humana de existência (REZENDE, 1989). Mais adiante, os problemas de saúde foram
1 Enfermeira, Mestre em Assistência de Enfermagem - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Professora do Departamento
de Enfermagem da Fundação Universidade Federal do Rio Grande (FURG). Doutoranda da Pós-Graduação em Enfermagem da
UFSC Integrante do Grupo de Estudos de História do Conhecimento de Enfermagem (GEHCE). Bolsista do CNPq. Brasil. E-mail:
[email protected]
2 Enfermeira, Doutora em Enfermagem pela EEAN/UFRJ. Professora Adjunta do Depto de Enfermagem da Universidade Federal
de Santa Catarina (UFSC). Coordenadora do Programa de Pós Graduação em Enfermagem da UFSC. Lider do Grupo de Estudos da
História do Conhecimento em Enfermagem (GEHCE). Pesquisadora do CNPq. Brasil.
3 Enfermeira, Pós Doutora em Enfermagem. Professora Adjunta do Depto de Enfermagem e do PEN da Universidade Federal de
Santa Catarina (UFSC). Coordenadora Pedagógica do Curso de Mestrado em Enfermagem da UFSC. Lider do Grupo de Pesquisa
Cuidando e Confortando- C&C. Brasil.
4 Enfermeira, Doutora em Ciências Políticas pela UNICAMP. Professora Adjunta do Depto de Enfermagem da Universidade Federal
de Santa Catarina (UFSC). Brasil.
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tratados por feiticeiros, pajés ou sacerdotes, sendo que as doenças e a terapêutica destinada a elas eram
explicadas pelo pensamento mágico-místico, que dominava esta época (PIRES, 1998). Com o decorrer
do tempo, as pessoas passaram a recorrer aos templos que eram dedicados aos deuses onde eram
atendidas por monges, que buscavam a purificação do corpo através de banhos e dietas especiais, além
de interpretar seus sonhos, procurando encontrar a razão da doença e as formas de dissipá-la
(REZENDE, 1989). O chamado período da civilidade foi marcado pela constituição de comunidades
que se processavam através de uma necessidade exterior, uma vez que pertencer às mesmas não
ocorria por livre escolha, visto que as possibilidades de desenvolvimento da individualidade e da
hierarquia de valores do indivíduo estavam determinadas pelo nascimento e no momento do
nascimento. A vinculação a este tipo de comunidade fazia com que o sujeito não pudesse transcendê-la
em individualidade (por exemplo, nascer em determinado país ou nascer sob determinada religião).
Estas comunidades chamadas naturais, estavam associadas a sociedades não puras e se caracterizavam
por possuir uma estrutura e uma hierarquia de valores fixas (sabedoria, coragem, temperança e justiça),
que eram necessariamente assimiladas pelo integrante (HELLER, 1992, p.75). Durante a Idade Média,
múltiplos agentes eram responsáveis por realizar atividades diversas direcionadas à assistência à saúde.
A atuação acontecia através de grupos especializados em diversas áreas, sendo que o trabalho era
também dividido em ramos do conhecimento. Algumas práticas eram realizadas por religiosos e outras
por leigos. Físicos, filósofos, intelectuais, arquitetos, enfermeiros e outros práticos, havendo uma
distinção social entre eles (PIRES, 1998). Na Idade Cristão, a igreja católica assumiu um importante
poder social e político em todas as classes sociais, as ordens religiosas foram amplamente difundidas
para o cuidar e as crenças cristãs não apenas serviram como motivação para atitudes e
comportamentos de cuidar, mas ofereceram também oportunidades de cuidar fora do ambiente da
família aos que haviam sido impedidos antes por causa de tradições societárias. O cuidado era
entendido como ato de caridade e um modelo vocacional religioso (PADILHA, 1998). A produção
industrial tornou-se a base da economia nas sociedades industrializadas, onde a população vivia em
áreas urbanas e as organizações influenciam a vida dos cidadãos. As sociedades industriais se
caracterizavam por formarem os Estados-nação, que eram comunidades políticas que possuíam
fronteiras delimitadas. Com o desenvolvimento das sociedades industrializadas e a expansão do
ocidente, ocorreu um processo de colonização intenso, que transformou culturas e sistemas sociais
seculares (GIDDENS, 2004). Neste período, ocorreram grandes e severas mudanças sociais, que
podem ter sido influenciadas pelo ambiente físico, a adaptação ao meio material, a organização política
e os fatores culturais. Estas mudanças sociais também foram dependentes de fatores como o
surgimento dos Estados-nação centralizados, citado anteriormente, a industrialização provocada pelas
guerras, a emergência da ciência e dos modos de pensamento crítico e racional (GIDDENS, 2004). A
área do conhecimento da saúde teve um grande crescimento, a partir da segunda metade do século
XIX, decorrente da “decadência da hegemonia da metafísica e a emergência do positivismo como
concepção de ciência” e expresso pelos avanços na anatomia, fisiopatologia, microbiologia e
imunologia e pela invenção de equipamentos que ajudaram a desvendar diagnósticos e a estudar as
doenças (PIRES, 1998, p. 86). Nesta época, a lógica do pensamento capitalista se fundiu com a
organização da assistência à saúde nos espaços institucionais, onde esta assistência resultava de um
trabalho coletivo, ”parcelado em diversas atividades e exercido por profissionais de saúde e outros
profissionais ou trabalhadores treinados para atividades específicas” (PIRES, 1998, p. 87). A
modernidade caracterizou-se fundamentalmente pela globalização, que intensificou a interdependência
e as relações pessoais em todo o mundo. A globalização afetou o modo de olhar o mundo, fazendo
com que os laços que ligavam as sociedades se tornassem mais consistentes e que houvesse uma maior
conscientização dos problemas mundiais. Com a globalização, “a forma como nos concebemos a nós
próprios e a relação com as outras pessoas estão a ser profundamente alterados”, uma vez que tivemos
que redefinir “determinados aspectos íntimos das nossas vidas, como a família, os papéis de gênero, a
sexualidade, a identidade pessoal, as nossas interações com os outros e a nossa relação com o
trabalho” (GIDDENS, 2004, p. 61). As sociedades modernas caracterizaram-se por estabelecerem
relações interpessoais indiretas, em que não havia necessidade da co-presença, fundando uma nova
forma de viver e conviver, apesar de se ressentirem da falta deste contato mais direto (GIDDENS,
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2004). Hoebel; Frost (2001) referem que as associações ocorrem com mais freqüência em sociedades
em que a população é mais numerosa e naquelas com culturas mais complexas, pois estes dois fatores
colaboram para uma diferenciação maior de funções e de interesses. Na modernidade, o cuidado, a
necessidade de cuidado, está atrelada à dignidade humana e à solidariedade (NORDENFELT, 2O00).
Desta forma, cuidado humano exige mais do que a utilização do aparato tecnológico disponível na
sociedade pós-industrial, também necessita ser visualizado numa esfera ética e deve ser considerado
nas suas várias interfaces, de ordem física, psíquica, social e espiritual (PESSINI, s/d ). Considerações
finais: Nesta pequena incursão aos primórdios da aventura humana sobre a terra que se estende até o
percurso da modernidade, buscamos demonstrar a emergência do envolvimento do homem com os
grupos que concebeu e a tangencialidade com o cuidado à saúde e durante a doença nesta empreitada.
Verificamos que as mudanças nas formas como os seres humanos compreendem e agem sobre seus
grupos e em seus grupos, bem como equacionam as ações de saúde com vistas ao cuidado, estão
estreitamente relacionadas com os eventos históricos protagonizados por eles, que estão veiculados, de
uma maneira mais ou menos consistente, aos regimes de produção, à evolução tecnológica, às
mudanças demográficas, às configurações familiares, à cultura e à constituição de instituições.
Entretanto, acreditamos, sobretudo, como Leopardi (1994), que o cuidado não surge puramente do
instinto e sim da consciência de identificação com o outro e a certeza da fragilidade humana, sendo o
cuidado uma tentativa de fazer com que os grupos sobrevivam.
Palavras-chave: cuidado; processo de viver; grupos humanos; história.
Referências:
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REZENDE, A. L. M. de. Saúde: dialética do pensar e do fazer. São Paulo: Cortez, 1989.
THE PROCESS OF LIVING OF SOCIAL GROUPS AND THE CARE IN HUMAN GENESIS
ABSTRACT: This study, constructed from bibliographical research, intends to reflect on the process
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of living human in social groups and tracing some approaches with the care to the undertaken health
and the illness in different historical times, a time that these events constitute the history of the
humanity, who throughout its existence comes searching, through the care expended for the men to its
fellow creatures, the survival of the race human being. The groups that we look for to portray are
those that if they had formed for associations and that they aimed at to the meeting of people as
survival form, work parental or affective sociability. The care on which we discourse, and that we try
to rescue, is not specifically about that care formal, institutionalized and consecrated as proper of the
nursing and debated in its some mouldings. It is treated, yes, of that direction of the care most general
focused by Boff (1999, P. 91) as this that “only appears when the essence of somebody has
importance for me. Step then to dedicate to me it to it; I make use myself to participate it of its
destination, its searches, its sufferings and its successes, at last of its life”. It is a way of being in which
the person centers itself in the other, including two basic meanings, intimily on between itself: the first
one, the attitude of solicitude and attention stops with the other; second, of concern and fidget,
because the person who takes care of if feels involved and affectively on to the other. But also she can
have the direction pointed for Griffin (1983), of that the care is a structural characteristic that follies
the growth and human development. As a way of being, taking care of it is a state of the existence
human being and high significance in the relationships with other human beings and the world. For
this onslaught, one appealed some anthropological, sociological, biological and philosophical studies to
it, forming a framework, that she looked for to support it, and that she propitiated that was looked the
man through this kaleidoscope offered for the fusing of knowing them of you discipline them.
Development: In the historical period called primitivism, the man molded itself through its
interactions with the other members of its social group, come to changed itself into an ethical being.
The dependence of its fellow creatures valued the cooperation in such a way how much and
depreciated the aggressiveness and the self-sufficiency, generating a social stability. In the truth, these
values determined the survival and the comfort of the individual, beyond stability of character,
dependent of the moral satisfaction, that together kept the relations, between the friends,
advantageous for all (LEWIS, 1968). The practical ones of health, in this period, and, consequently, the
practical ones to take care of, in a first period of training, were restricted measured it hygienical, a time
that the knowledge on the health, ways of minored males physicists, suppressing pains were directed to
the necessity existence human being (REZENDE, 1989). More ahead, the health problems had been
treated by wizards, pajés or priests, being that the illnesses and the therapeutical one destined they
were explained by the thought magician-mystics, who dominated this time (PIRES, 1998). With
elapsing of the time, the people had started to appeal to the temples that were dedicated to gods where
they were taken care of by monks, that they searched the purification of the body through banns and
diets special, beyond interpreting its dreams, looking for to find the reason of the illness and the forms
to waste it (REZENDE, 1989). The call period of the civility was marked by the constitution of
communities that if they processed through an exterior necessity, a time that to belong to the same
ones did not occur for free choice, since the possibilities of development of the individuality and the
hierarchy of values of the individual were determined by the birth and at the moment of the birth. The
entailing to this type of community made with that the citizen could not exceed it in individuality (for
example, to be born in definitive country or rising under determined religion). These called
communities natural, were associates the not pure society and if they characterized for possessing a
structure and a hierarchy of fixed values (wisdom, courage, moderation and justice), that necessarily
they were assimilated by the integrant one (HELLER, 1992, p.75). During the Average Age, multiple
agents were responsible for carrying through directed diverse activities to the assistance to the health.
The performance happened through groups specialized in diverse areas, being that the work was also
divided in branches of the knowledge. Some practical were carried through by religious and others for
laypeople. Physicists, philosophers, intellectuals, architects, nurses and practical others, having a social
distinction between them (PIRES, 1998). In the Christian Age, the church catholic assumed an
important one to be able social and politician in all the social classrooms, the religious orders widely
had been spread out to take care of it and the Christian beliefs had not only served as motivation for
attitudes and behaviors to take care of, but they had also offered chances to take care of outside of the
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environment of the family to whom they had been hindered before because of societies traditions. The
well-taken care of one was understood as charity act and a religious vocational model (PADILHA,
1998). The industrial production became it base of the economy in the industrialized societies, where
the population lived in urban areas and the organizations influence the life of the citizens. The
industrial societies if characterized for forming the State-nation, which were communities’ politics that
have delimited borders. With the development of the industrialized societies and the expansion of
occident, an intense process of settling occurred, that transformed secular cultures and social systems
(GIDDENS, 2004). In this period, great and severe social changes had occurred, that can have been
influenced for the physical environment, the cultural adaptation to the half material, organization
politics and factors. These social changes had also been dependents of factors as the centered
sprouting of the State-nation, cited previously, the industrialization provoked for the wars, the
emergency of the science and the ways of critical and rational thought (GIDDENS, 2004). The area of
the knowledge of the health had a great growth, from the second half of century XIX, decurrently of
the “decay of the hegemony of the metaphysics and the emergency of the positivism as conception of
science” and Express for the advances in the anatomy, physiopathology, microbiology and
immunology and for the equipment invention that had helped to unmask diagnostic and to study the
illnesses (PIRES, 1998, p. 86). At this time, the logic of the capitalist thought if fused with the
organization of the assistance to the health in the institutional spaces, where this assistance resulted of
a collective work,” parceled out in diverse activities and exerted by professionals of health and other
professionals or workers trained for specific activities” (PIRES, 1998, p. 87). Modernity was
characterized basically for the globalization that intensified the personal interdependence and relations
in the whole world. The globalization affected the way of looking at the world, making with that the
bows that bound the societies if became more consistent and that had a bigger awareness of the worldwide problems. With the globalization, “the form as in them we conceive proper and the relation with
the other people is deeply to be modified”, a time who we had that to redefine “definitive close aspects
of our lives, as the family, the papers of sort, the sexuality, the personal identity, our interactions with
the others and our relation with the work” (GIDDENS, 2004, P. 61). The modern societies had been
characterized for establishing indirect interpersonal relations, where it did not have necessity of the copresence, establishing a new form of living and coexisting, although to be taken offense more direct at
the lack of this contact (GIDDENS, 2004). Hoebel; Frost (2001) relates that the associations occur
with more frequency in society where the population is more numerous and in those with more
complex cultures, therefore to these two factors collaborates for a bigger differentiation of functions
and interests. In modernity, the care, the care necessity, is attached to the dignity human being and
solidarity (NORDENFELT, 2O00). In such a way, human care demands more than what the use of
the available technological apparatus in postindustrial society, also needs to be visualized in a sphere
ethics and must be considered in its some interfaces, of physical, psychic, social order and spiritual
(PESSINI, s/d). Final Considerations: In this small incursion to the origins of the adventure human
being on the land that if extends until the passage of the modernity, we search to demonstrate the
emergency of the involvement of the man with the groups that conceived and the tangentially with the
care to the health and during the illness in this taken over on a contract basis. We verify that the
changes in the forms as the human beings understand and act on its groups and in its groups, as well
as they equate the actions of health with sights to the care, narrowly are related with the historical
events carried out by them, that they are propagated, in a more or less consistent way, to regimes of
production, the technological evolution, the demographic changes, the familiar configurations, the
culture and the constitution of institutions. However, we believe, over all, as Leopardi (1994), that the
care purely does not appear of the instinct and yes of the conscience of identification with the other
and the certainty of the fragility human being, being the care an attempt to make with that the groups
survive.
Keywords: care; process of living; human groups; history.
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CARACTERIZAÇÃO DA MORTALIDADE INFANTIL SEGUNDO AS CAUSAS
BÁSICAS DE ÓBITO, MARINGÁ-PR EM 2005
ROBERTA ZANELLI SARTORI1
MARIA LUCIANA BOTTI2
RESUMO: A mortalidade infantil é o termo que designa os óbitos de crianças menores de um ano
de idade em determinado local e período. O óbito infantil é um evento indesejável em sua maioria,
visto que nos últimos anos foram criados vários programas voltados para a saúde da criança e da
gestante. A mortalidade infantil ocorre pela precária estrutura social e econômica do país. Para a
mensuração da mortalidade infantil, o indicador de saúde mais utilizado é o Coeficiente de Mortalidade
Infantil (CMI). Os indicadores de saúde são dados que possibilitam a verificação da ocorrência de um
fato específico relacionado à população. Seus estudos são importantes para a elaboração de
informações pertinentes a morbimortalidade que atinge a população e a partir disto, traça-se o
diagnóstico da mesma no seu espaço e tempo estudados. Este indicador reflete as condições sócioeconômicas, políticas, ambientais e de saúde do país e subsidia o planejamento, gestão e avaliação de
políticas e estratégias voltadas para a assistência à saúde da gestante e da criança. Muitos enfermeiros
da rede básica de saúde, acreditam que diminuir a mortalidade infantil baseando-se em cuidados como
Terapia de Reidratação Oral, vacinação, aleitamento materno entre outros cuidados diretos à criança,
minimizará o problema. Isso é muito importante, mas é também necessário que realizem estudos
sobre os indicadores de saúde, pois assim poderão observar os eventos que podem ser significativos
para a mortalidade infantil, e agir construindo planos e metas que visem diminuí-la. É por meio do
entendimento dos indicadores que a enfermagem poderá visualizar as causas mais freqüentes de óbito
numa determinada região, traçar metas específicas de acordo com os agravos mais evidenciados na
região do estudo. Apesar de muitas vezes não ser considerado como cuidado de enfermagem, estudos
epidemiológicos devem ser considerados como cuidado. No Brasil, o CMI em 1999 foi de 31,8 por mil
nascidos vivos, ou seja, o maior índice entre os países da América do Sul. Este índice é considerado
como taxa de mortalidade infantil média. Muitas destas mortes poderiam ser evitadas por uma
melhoria nas condições econômicas e sociais, no saneamento básico, no acesso aos serviços de saúde e
na sua qualidade, e na assistência médica a essas crianças. Neste aspecto é importante no estudo da
mortalidade infantil avaliar se o óbito ocorreu por causas evitáveis ou não evitáveis. As causas evitáveis
são aquelas que ao levar-se em consideração a ciência e tecnologias existentes, poderiam ter sido
evitadas ou nem mesmo deveriam ter ocorrido. Elas são classificadas como: redutíveis por
imunoprevenção, por adequado controle na gravidez, por adequada atenção ao parto, por ação de
prevenção, diagnóstico e tratamento precoce e através de parcerias com outros setores. As causas não
evitáveis são aquelas que mesmo com a ciência e tecnologias existentes no momento, não puderam ser
impedidas. Elas são de ampla classificação, sendo incluídas algumas síndromes, doenças degenerativas
e hereditárias, anomalias congênitas, malformações congênitas, entre outros distúrbios que não podem
ser evitados por diagnóstico e tratamento precoce. Com o avanço tecnológico na medicina, a
introdução da Terapia de Reidratação Oral, a expansão da cobertura vacinal, incentivo ao aleitamento
materno, a criação de programas do ministério da saúde como Programa Saúde da Família, Programa
de Humanização Parto e Nascimento e o Programa de vigilância ao recém-nascido de risco, estes
óbitos não deveriam ocorrer e são vistos como traçadores da assistência à saúde. Com base na
importância de diminuir a mortalidade infantil, tornam-se necessários estudos demonstrativos das
causas dos óbitos, a fim de alertar os gestores de saúde sobre o cuidado prestado à saúde da criança.
Objetivo: identificar a incidência de óbitos infantis no município de Maringá no ano de 2005, bem
1 Acadêmica do curso de Graduação em Enfermagem do Centro Universitário de Maringá – CESUMAR, Maringá Paraná/ Brasil. Email: [email protected]
2I Enfermeira do Centro de Testagem e Aconselhamento da Secretaria Municipal de Saúde de Maringá. Docente do curso de
Graduação em Enfermagem do Centro Universitário de Maringá – CESUMAR. Mestranda em Enfermagem, Departamento de
Enfermagem, Universidade Estadual de Maringá.
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como suas causas básicas, classificando-as em causas evitáveis, dificilmente evitáveis, não evitáveis ou
mal definidas. Espera-se que com esta classificação seja possível selecionar os óbitos evitáveis para um
estudo de suas causas o que contribuirá para uma reflexão sobre a qualidade da assistência à saúde no
ciclo perinatal em relação ao binômio mãe-filho. Material e Método: os dados foram coletados na
Secretaria de Saúde de Maringá, no Setor de Vigilância Epidemiológica e consiste em 41 cópias
originais das declarações de óbitos (DO) de menores de um ano, em 2005. As declarações foram
classificadas de acordo com as causas estabelecidas na 10ª Revisão de Classificação de Doenças (CID
10) e após, foram selecionadas apenas as que foram por causas evitáveis. As declarações de óbitos de
causas evitáveis foram classificadas de acordo com critérios de evitabilidade estabelecidos pelo Sistema
Estadual de Análise de Dados de São Paulo (Seade) e do Comitê de Mortalidade Infantil de Maringá, a
fim de conhecer as causas que mais levam as crianças a óbito e traçar medidas que visem melhorar a
assistência prestada a esta população. Resultados: Em Maringá, no ano de 2005, o Coeficiente de
Mortalidade Infantil foi de 9,8 óbitos por mil nascidos vivos. Observa-se que apesar de na maioria dos
estados e cidades do Brasil e do Mundo a mortalidade infantil vem apresentando um leve declínio nos
últimos 10 anos, em Maringá ocorreu o inverso em relação a 2004 (CMI 6,82/1000). Isso pode ter
ocorrido devido ao fato de que o município passou por uma desestrutução no sistema de saúde no ano
de 2005 o que pode ter influenciado na assistência à saúde da criança. Mas apesar do CMI calculado no
ano ser considerada uma taxa de mortalidade infantil baixa, muitos dos óbitos ocorridos poderiam ter
sido evitados, pois, das 41 DO coletadas, 21 (51,22%) foram por causas evitáveis. Se não houvesse
essas mortes evitáveis, o CMI seria de 4,8 por mil nascidos vivos, o que é uma taxa de mortalidade
infantil ideal de países desenvolvidos refletindo apenas óbitos que não poderiam ter sido evitáveis. As
causas dificilmente reduzíveis ocorreram em 10 casos (24,39%). Ocorreram 8 (19,51%) casos de óbitos
não evitáveis e 2 (4,88%) óbitos por causas mal definidas. Quanto às causas dos óbitos evitáveis, 7
casos (33,33%) ocorreram por causas reduzíveis por ações de prevenção, diagnóstico e tratamento
precoces de afecções originadas no período perinatal, 7 casos (33,33%) eram reduzíveis por adequada
atenção ao parto, 3 casos (14,28%) eram reduzíveis por adequado controle na gravidez, 2 casos
(9,52%) eram reduzíveis por ações de prevenção, diagnóstico e tratamento precoce de doenças do
aparelho circulatório, 1 caso (4,76%) era reduzível por ações de prevenção, diagnóstico e tratamento
precoce de doenças do aparelho respiratório (pneumotórax) e 1 caso (4,76%) reduzível por atenção
adequada ao trauma e urgência e educação (inalação de conteúdo gástrico em residência). Conclusão:
com os dados obtidos conclui-se que a grande maioria dos óbitos infantis em Maringá em 2005
ocorreu por causas que poderiam ter sido evitáveis se houvesse uma melhoria na assistência pré-natal,
ao parto e ao recém-nascido, bem como o diagnóstico precoce de doenças perinatais. É necessário
pactuar ações e estratégias que visem melhorar a assistência à gestante durante a gravidez e no parto, e
promover uma melhor atenção à saúde do recém-nascido. É por meio do planejamento destas
estratégias e a conscientização dos profissionais relacionados com a saúde da gestante e da criança que
a mortalidade infantil poderá vir a declinar nos próximos anos, assim como em outras regiões do país.
Palavras-chave: mortalidade infantil; causas; assistência à saúde.
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AINDA-NÃO: A ESPERANÇA DO VIR A SER DO CUIDADO HUMANO
MOEMA SILVA BORGES
DIANA LÚCIA MOURA PINHO
RESUMO: A evolução do conceito de cuidar precisa abraçar enfoques distintos do cuidado humano
requisitando saberes até então marginalizados, como a filosofia e as diferentes práticas de saúde. Um
longo caminho de transformação na visão de mundo perpassou a consolidação da ciência moderna
como o único conhecimento válido. Esse exclusivismo epistemológico firmou-se a partir do século
XVII, e sua produção como saber hegemônico, foi o resultado de um processo que implicou no
silenciamento dos saberes entendidos como inválidos aos olhos das concepções científicas. Acarretou
ainda, na subalternização de grupos sociais cujas práticas se assentavam em tal conhecimento.
Entretanto, mais recentemente, a análise da heterogeneidade das práticas e das narrativas da própria
ciência, bem como, as novas abordagens epistemológicas, sociológicas e históricas, refutou essa
pretensa unidade epistemológica. O debate sobre a pluralidade epistemológica do mundo, apontando
para a necessidade de uma mudança paradigmática no campo da produção do saber científico. (Santos,
1995, 2000). Em função dessa crise epistemológica a ciência tem sido impelida a fazer
questionamentos, em seu próprio campo, propiciando o diálogo com outros saberes. Mesmo
considerando-se as tensões inerentes a este embate, deduzo ser este o caminho para consolidação de
uma ciência mais inclusiva. Espera-se que essa abertura resulte na construção de um diálogo critico e a
construção de uma política cientifica solidária que una diferentes grupos sociais. Nessa linha de
pensamento, a direção da visão ampliada de mundo, implica no acolhimento de vários conhecimentos,
Watson (2000), defende a idéia que a arte de cuidar, é auto-construída indicando a necessidade de uma
nova cosmologia ontológica no cuidado. Nesse cenário, o presente estudo pretende discutir a
possibilidade do alargamento das bases que sustentam o cuidado humano, descortinando uma ecologia
de saberes que se funda em bases mais éticas e democráticas. Objetivo: Analisar as bases
epistemológicas do cuidado humano, a fim de compreender os fundamentos éticos que ancoram a
constituição desse conhecimento para as parteiras tradicionais. Metodologia: Trata-se de um estudo
exploratório com abordagem qualitativa, realizado no Distrito Federal, com a participação de parteiras
tradicionais da região do entorno do DF. Os dados foram coletados por meio de entrevistas e o
conteúdo analisado com auxilio do software Alceste. Resultados: Da análise do conteúdo emergiram
dois blocos associados à cinco categorias. Ao primeiro, encontram-se vinculadas três categorias que
colocam em evidência as condições de construção do saber/fazer das parteiras e do conhecimento
como eminentemente prático. O segundo bloco agrega duas categorias e desvela o sentido ético do
cuidado. As três categorias do primeiro bloco foram nomeadas de: Fazer é preciso; Fazer e Aprender, apesar
do pesares; e, Fazer para Proteger a mãe e a criança. A primeira explicita os desafios para dar a continuidade à
prática do ato de partejar; a segunda relaciona-se à tessitura do contexto social e as circunstâncias que
as levaram ao aprendizado da sua prática, e a terceira revela a finalidade dessa prática. A categoria Fazer
é preciso revela que o saber/fazer das parteiras tradicionais está ancorado na importância de dar a
continuidade à sua prática em função de suas necessidades cotidianas, descortinando uma robusta base
solidária. Duas razões podem ter sido responsáveis por este fato, a saber: 1) o envolvimento das
parteiras em situação que implica perigo de vida para a mulher ou a criança, requerendo uma ação
rápida, frente à inexistência de recursos materiais e humanos, sob forte pressão temporal de que o
evento exigia; 2) o cumprimento de uma missão, traduzida numa atitude de fé no sagrado da vida, “ela
começou a sentir uma dor na perna, meu filho tava e falou, não fica andando assim. Ela disse: não
homem eu estou bem. Quando dão onze horas da noite me chega ela sentada numa carroça, toda molhada, as
contrações uma atrás da outra. E eu disse: menina que negocio é esse? Ela disse: Por favor, não fala nada
comigo não, vem cá me acudir [...] ela tem treze anos, olha que perigo. Então eu disse: Oh! Jesus está em
minhas mãos. O que faço?" (P-3). A segunda categoria denominada de Fazer e aprender, apesar dos pesares,
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revela a tessitura do contexto social e as circunstâncias da construção do aprendizado da arte de
partejar, explicita ainda que nessa tessitura houve a necessidade de enfrentamento da situação,
impondo escolhas, entre abandonar a mulher ou prestar o cuidado. Em alguns casos essas situações
foram percebidas, como criticas. “Eu fiquei com medo, meu irmão foi chamar a parteira e eu fiquei chorando
e segurando as pernas de minha mãe, que estavam tremendo. Quando a comadre chegou, a menina já
estava nascendo. Eu tinha dezenove anos e nunca tinha visto um parto(P-3)". A terceira categoria,
denominada de Fazer para proteger a mãe e a criança aponta para a finalidade do saber/fazer. Depreendese que as bases do saber/fazer são sustentadas no conhecimento do senso comum que elas
aprenderam sobre as potencialidades medicinais das plantas, assim, lançam mão desses conhecimentos
para prevenir os males que podem acometer a mãe e a criança, após o parto. "A folha só da salsinha, só o
alho roxo macetado. A casca do alho é que é bom. Um dia eu explico por que. A folha só da salsa, a raiz
fazia um chá para tirar tudo do útero, desinflama (P-1)”. "Quando o neném ta com cólica, a gente faz o
chazinho de poejo. Dá chá de erva doce é bom. E o próprio umbiguinho, a gente pega, bota um pouquinho de
água e deixa descansar dentro (P-3)”. Nesta perspectiva, depreende-se que na organização do contexto
social, o fazer da parteira tradicional perpassa uma necessidade cotidiana, sustentada na solidariedade
humana que as conduz ao aprendizado do ato de partejar para dar continuidade à missão do cuidado
humano. Essa missão envolve a sobrevivência e proteção da mãe e da criança, com os recursos
disponíveis. Do segundo bloco constituído pelas categorias: Cuidado como integralidade da ação; e, Cuidado
como: integração de saberes e esforços apreende-se que as práticas do cuidado são percebidas como
necessidade de acolhimento da carência humana, ganhando significado no contexto real da sua
produção. Revela ainda, os valores e as crenças que ancoram esse conhecimento, bem como, o
sentimento de tristeza causado pela perda dos valores éticos dos humanos. Da categoria Cuidado como
integralidade da ação apreende-se o sentido da integralidade assumida pelo cuidado. A ação da parteira
tradicional busca primeiramente atender as necessidades da mulher e da criança, entretanto, ela se
estende a toda família. O sentido de responsabilidade é o guia da prática, e exige uma preparação física
e espiritual, para proteção e auto-proteção. O cuidado, para as parteiras, é de fundamental importância,
revelando o sentimento do orgulho de sua prática, ao lado da tristeza, pela perda dos valores humanos,
de respeito, amor e compreensão pelo outro. "Cuidado humano é respeitar o direito do outro. É
respeitar aquela mulher que está na minha frente. [...] Isso deixa a gente muito triste. Mas que nossa
profissão é bonita é, sem sombra de dúvidas ela é sim. Precisamos resgatar esses valores, eu chamo
isso de amor, compreensão, trabalho humanitário a nossa primeira preocupação é estarmos preparado
física e espiritualmente (P-2)”. A categoria do Cuidado como integração de saberes e esforços coloca em
evidência que a responsabilidade de cuidar do ser humano, exige a união dos saberes e dos esforços de
cada um. Neste sentido, a integralidade é percebida como "o tratar, o respeitar, é o acolher, o atender
o ser humano em seu sofrimento, em grande medida fruto da fragilidade social." (Luz, 2004). Dessa
categoria, emerge a união como um meio de resistência e luta para realização do sonho de cuidado.
"Não querendo invadir a área deles, querendo trabalhar junto. Porque eu sei que tem horas que eles
passam apertado. Mas às parteiras têm umas orações, tem uns remedinhos que sempre ajuda sem
cortar a mulher. [...] porque o sonho dela é ser parteira, ser valorizada e parar de ficar ouvindo que ela
não são nada, que elas não sabem nada, só dizem besteira. [...] Eu sei que esse sonho vai se
realizado,olha para trás um tiquinho. As parteiras estavam todas escondidas, agora elas já estão aqui.
Daqui a pouco vamos ver médicos, enfermeiras e tudo se unindo ( P-4)”. Do segundo bloco emerge o
sentido de responsabilidade e solidariedade humana, apontando na direção do cuidado humano como
ato de solidariedade permeado por valores de respeito, amor, união e compreensão do outro.
Considerações gerais: Os resultados indicam que as bases epistemológicas que constituem o cuidado
humano prestado pelas parteiras tradicionais se constitui em torno das dinâmicas interpessoais,
apontado como diria Heidegger (1999) para a maneira de estrutura-se e dar-se a conhecer. O
saber/fazer delas se forja a partir da valorização dos fatos cotidianos e gira em torno da subjetividade
do ser humano, colocando-o na centralidade da axiologia do cuidado. Ele é praticado na sua
integralidade, pois, o lócus do signo da integralidade, configura diferentes espaços-tempo que reúnem
o mundo vivido e considera diferentes variáveis, como, os objetos, as ações, a técnica e o tempo.
(Santos apud Pinheiro e Guizardi, 2004). A esperança do ainda-não, citada por Block (2005), está
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ligada ao Ainda-Não, a aurora do vir a ser, a isso de que o mundo está cheio, mas corre o risco de
nunca acontecer, embora se continue a acreditar.
AINDA-NÃO: THE HOPE OF COMING TO BE OF THE HUMAN CARE
ABSTRACT: The evolution of the concept to take care of needs to hug distinct approaches of the
human care requesting to know until then kept out of society, as the philosophy and different the
practical ones of health. A long way of transformation in the world vision perpassou the consolidation
of modern science as the only valid knowledge. his epistemológico exclusivismo was firmed from
century XVII, e its production as to know hegemonic, it was the result of a process that implied in the
silenciamento of knowing understood them as invalid to the eyes of the scientific conceptions. It still
caused, in the subalternização of social groups whose practical if they seated in such knowledge.
However, more recently, the analysis of the heterogeneidade of the practical ones and the narratives of
proper science, as well as, the new epistemológicas boardings, sociological and historical, it refuted this
pretense epistemológica unit. The debate on the epistemológica plurality of the world, pointing with
respect to the necessity of a paradigmática change in the field of the production of scientific knowing.
(Santos; 1995, 2000). In function of this epistemological crisis science has been impelled to make
questionings, in its proper field, propitiating the dialogue with others to know. Exactly considering the
inherent tensions to this shock, I deduce to be this the way for consolidation of a more inclusive
science. One expects that this opening results in the construction of a dialogue criticizes and the
construction of one solidary scientific politics that joins different social groups. In this line of thought,
the direction of the extended vision of world, no it implies in the shelter of some knowledge, Watson
(2000), it defends the idea that the art to take care of, as well as sciences to take care of and to cure,
auto-they are constructed and they indicate the necessity of a new ontological cosmology in the human
care In this scene, the present study it intends to argue the possibility of the widening of the bases that
support the care human, disclosing a ecology to know that it is established in more ethical and
democratic bases. Objective: To analyze the epistemological bases of the human care, human care, in
order to understand the ethical beddings that anchor the constitution of this knowledge for the
traditional obstetricians. Methodology: One is about a exploratório study with qualitative boarding,
carried through in the Federal District, with the participation of traditional obstetricians of the region
of entorno of the DF. The research protocol was approved by the Committee of Ethics of the College
of Sciences of the Health Unb and all interviewed had signed the TCLE. The data had been collected
by means of interviews and the content analyzed with I assist of Alceste software. Results: Of the
analysis of the content two blocks had emerged associates to the five categories. To the first one, three
categories meet entailed that place in evidence the conditions of construction of knowingto make of
the obstetricians and the eminently practical knowledge as. As the block adds two categories and
desvela the ethical direction of the care. The three categories of the first block had been nominated of:
To make is necessary; To make and To learn, although the regrets; e, To make To protect the mother
and the child. First explicit the challenges to give the continuity to the practical one of the act of
partejar; second it becomes related the tessitura of the social context and the circumstances that had
taken them to the learning of practical its, e third discloses the purpose of this practical. The category
To make is necessary discloses that knowingfazer das parteiras traditional it is anchored in the
importance to give the continuity to practical its in function of its daily necessities, disclosing a robust
solidary base. Two reasons can have been responsible for this fact, namely: 1) the envolvement of the
obstetricians in situation that implies danger of life for the woman or the child, requiring a fast action,
front to the inexistence of material and human resources, under fort. secular pressure of that the event
demanded; 2) the fulfilment of a mission, translated in an attitude of faith in the sacred one of the life,
“it started to feel a pain in the leg, my son tava and spoke, it is not thus walking. It said: man I am not
well. When they give to eleven hours of the night me arrives seated it in a wagon, all wet one behind
the other. E I said: girl that I negotiate is this? It said: Please, it does not say nothing with me not, it
comes to rescue me here […] it has thirteen years, it looks at that danger. Then I said: Oh! Jesus is in
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my hands. What I make?“(P-3) The second called category To make and to learn, although the regrets,
it discloses to the tessitura of the social context and the circumstances of the construction of the
learning of the art of partejar, explicit despite in this tessitura it had the necessity of confrontation of
the situation, imposing choices, between abandoning the woman or giving the care. In some cases
these situations had been perceived, as you criticize. “I was with fear, my brother was to call the
obstetrician and I was crying and holding the legs of my mother, that they were tremendous. When
comadre arrived, the girl already was being born. I had nineteen years and he had never seen a
childbirth (P-3)”. The third category, called To make to protect the mother and the child it points with
respect to the purpose of knowingto make. It is inferred that the bases of knowingfazer supported in
the knowledge of the common sense that they had learned on the medicinal potentialities of the plants,
thus, they launch hand of these knowledge to prevent males that can acometer the mother and the
child, after the childbirth. “The leaf alone of salsinha, only the macetado purple garlic. The rind of the
garlic is that it is good. One day I explain why. The leaf alone of the parsley, the root made a tea to
take off everything of the uterus, it unswells (P-1)”. “When the baby you with cólica, people make
chazinho of poejo. Of the grass tea candy it is good. E proper umbiguinho, people catch, water boot a
bit and leaves to rest inside (P-3)”. In this perspective, it is inferred that in the organization of the
social context, making of the traditional obstetrician perpassa a daily necessity, daily, supported in
solidarity human being who leads them to the learning of the act of partejar to give continuity to the
mission of the human care. This mission involves the survival and protection of the mother and the
child, with the available resources. Of as the block consisting of the categories: Care as completeness
of the action; daily, supported in solidarity human being who leads them to the learning of the act of
partejar to give continuity to the mission of the human care. This mission involves the survival and
protection of the mother and the child, with the available resources. Of as the block consisting of the
categories: Care as completeness of the action; the feeling of sadness caused for the loss of the ethical
values of the human beings. Of the Well-taken care of category as completeness of the action the
direction of the completeness assumed for the care is apprehended. The action of the traditional
obstetrician search first to take care of the necessities of the woman and the child, however, it extends
itself to all family. The responsibility direction is the guide of the practical one, e demands a physical
preparation and spiritual, for protection and self-protection. The care, for the obstetricians, it is of
basic importance, disclosing the feeling of the pride of practical its, to the side of the sadness, for the
loss of the human values, of respect, love and understanding for the other. “Well-taken care of human
being is to respect the right of the other. It is to respect that woman who is in my front. To respect
that moment of fragility of it. [...] This leaves sad people very. But that our profession is pretty is,
without shade of doubts it is yes. We need to rescue these values, I call this love, understanding,
humanitarian work our first concern is to be prepared physically and spiritual (P-2)”. The category of
the Care as integration to know and efforts places in evidence that the responsibility to take care of of
the human being it demands the union of knowing them and the efforts of each one. In this direction,
the completeness is perceived as “treating, respecting, he is to receive, taking care of the human being
in its suffering, in great measure fruit of the social fragility.“(Luz, 2004). Of this category, his union
emerges as a way of resistance and fight for accomplishment it care dream. “Not wanting to invade the
area of them, wanting to work together. Because I know that he has hours that they pass pressed. But
to the obstetricians they have conjuncts it has remedinhos that always aid without cutting the woman.
[...] because the dream of it is to be obstetrician, to be valued and to stop to be hearing that it is not
nothing, that they do not know nothing, they only say besteira. [...] I know that this dream I go if
carried through, tiquinho looks at stops backwards one. The obstetricians were all hidden, now they
already are here. Daqui little we go to see doctors, nurses and everything if joining (P-4)”. Of as the
block it emerges the direction of responsibility and solidarity human being, pointing in the direction of
the human care as act of solidarity permeated for values of respect, love, union and understanding of
the other. General considerations: The results indicate that the epistemological bases that constitute
the human care given by the traditional obstetricians if it constitutes around the interpersonal dynamic
pointed as Heidegger (1999) for the structure way would say and to give itself to know it. Knowingto
make of them if forges from the valuation of the daily facts and turns around the subjectivity of the
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human being, placing it in the centalidade of the axiollogy of the care. It is practised in its
completeness, therefore, ócus of the sign of the completeness, it configures different space-time that
congregate the world lived and considers different 0 variable, as, the objects, the actions, the technique
and the time. (Santos apud Pinheiro and Guizardi, 2004). The hope of the ainda-não, cited for Block
(2005), she is on to the the dawn of coming to be, to this of that the world is full, but the risk runs
never to happen, although if it continues to believe.
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UNA JOYA PRECIOSA: SIGNIFICADO DEL CUIDADO DEL NIÑO
JOSEFINA GALLEGOS MARTÍNEZ1
RESUMEN: El trabajo es de revisión bibliográfica y el objetivo es conceptualizar el cuidado del niño
mexicano, aportando subsidios para la construcción de marco filosófico que permee el cuidado de
enfermería pediátrica. Se desarrolla a partir de consideraciones contextuales históricas dialogando
conceptualmente con aportaciones filosóficas, psicológicas y enfermeras para concluir en constructos
iniciales que fundamenten el quehacer enfermero en el cuidado al niño en situación de saludenfermedad. El recorrido histórico en el contexto mexicano permite comprender el sentido atribuido a
las prácticas de cuidado del niño hasta nuestros días, de esta forma podemos comprender mejor las
bases que fundamentan las transformaciones del cuidado del niño en el devenir del tiempo, lo cual
fortalece la comprensión de los eventos que rodean y atraviesan la situación de cuidado del niño. Las
actitudes frente al cuidado infantil, conforman la estructura ideológica de la persona, lo cual nos lleva a
pensar que a través del tiempo y sus contextos específicos fueron creadas las estructuras ideológicas
respecto a los procesos de maternidad y crecimiento y desarrollo del niño, así como la manera de
ejercer su cuidado, puesto que en cada época y contexto habrá tendencias de comportamientos
derivadas de tales actitudes construidas socialmente. El cuidado del niño se ha modificado en el
devenir de las épocas y contextos, la vida indígena precolombina implicaba el cuidado infantil con una
visión de la época en donde predominaban ideas fundadas en la cosmogonía y cosmovisión politeísta.
De esta manera en México el niño era concebido como joya, piedra preciosa que ameritaba ser alimentado
y reconocido su destino desde el nacimiento y protegido por un dios especial Ixtlilton, sin embargo, el
cuidado parece haber sido una preocupación exclusiva de las madres y reflejo de las ideas en el
contexto cultural de cada época. En contraparte en otras culturas el infanticidio cuando el nacimiento
primogénito era mujer ya que no aseguraba la supervivencia o al nacer con malformaciones congénitas.
El nacimiento de la forma medicalizada del cuidado del niño mexicano surge al confluir las culturas
indígenas y la de los colonizadores, ello se convierte en el desafío de los profesionales de la salud que
centran el cuidado en el niño mexicano en el cual se expresan las diversas formas de concebir el cuidar
con su visión cosmogónica y el uso del instrumental mágico, herbolario, de hechizos, encantamientos
u otras formas que ha sido transmitido generacionalmente y se entremezcla con la medicina formal y
reconocida socialmente. El cuidado en tiempos modernos debe implicar la tolerancia a la diversidad
cultural, respeto por la visión de vida y salud, la equidad, el amor, la humanización y la emancipación
de los sujetos a partir de la familia y del propio niño. Conclusiones: Se muestra el panorama del
cuidado infantil en un recorrido a partir de la época prehispánica y la incorporación del patrón
peninsular durante la colonia que indudablemente permea las formas de cuidado en tiempos actuales
en la atención centrada en lo biotecnológico y muy poca consideración de otras dimensiones en lo
cultural-histórico, psicosocial y humano. A través del tiempo y sus contextos específicos fueron
creadas las estructuras ideológicas respecto a los procesos de maternidad y crecimiento y desarrollo del
niño, así como la manera de ejercer su cuidado, puesto que en cada época y contexto hay tendencias de
comportamientos derivadas de tales actitudes construidas socialmente.
ABSTRACT: The study is based in literature review, the aim of this work is to contribute build
conceptual-philosophical framework of nurse-pediatric care on mexican context. It’s a dialogue enter
philosophical, psychologics an nursing concepts with historic process of care on México to construct a
point of view more ample, comprehensive and humanized.
1
Lic. Enfermería, Profesora-Investigadora de la Facultad de Enfermería de la Universidad Autónoma de San Luis Potosí, México.
Trabajo insertado en la Línea de INVESTIGACIÓN: SALUD, CUIDADO Y FAMILIA. AVE. NIÑO ARTILLERO 130, ZONA
UNIVERSITARIA. C.P. 78300 SAN LUIS POTOSÍ, S.L.P., MÉXICO. TEL. 00 (52) 444 826 23 24 E-MAILS:
[email protected] OU [email protected]
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O PROCESSO DE EDUCAR PARA O CUIDADO COM ENFOQUE NO CUIDADOPRESENÇA
REJANE MARIA AGNE DE CARVALHO1
ADRIANA RIBEIRO MARTINS MADALOSSO1
RESUMO: Este trabalho pretendeu ampliar o estudo acerca da Qualidade da Presença e foi realizado
com uma equipe de enfermagem que atua numa CTI Pediátrica de um hospital de ensino, de uma
cidade do interior do Rio Grande do Sul. Também foram participantes do estudo, pais de recémnascidos internados nessa unidade. A Qualidade da Presença, enquanto processo e produto, diz
respeito aos atributos que qualificam essa presença e ao sentido que esta tem, quando positiva e/ou
favorável, para o cuidado do recém-nascido. O ponto de convergência deste trabalho centrou-se em
encontros realizados com a equipe para discussão sobre a temática e a consolidação de uma proposta
de cuidado, em que esta equipe pudesse ser a mediadora deste processo e possibilitasse, na própria
vivência enquanto cuidadora e dispensadora de maternagem, a promoção de uma presença de
qualidade. A necessidade de internação de um recém-nascido em uma CTI é geradora de muita
angústia para os pais, pois é um ambiente que representa as frustrações que causam uma situação de
enfermidade física e que podem interferir nas relações. Os pais percebem que a enfermagem tem
conhecimentos e habilidades altamente complexos, que lhe são, geralmente de difícil compreensão,
misteriosos e geradoras de estresse e conflitos. Autores clássicos na área da saúde infantil, como Klaus
e Kennel (1993), Winnicot (1996) apontavam para a importância das primeiras experiências e vivências
do recém-nascido com sua mãe. Segundo Neto (1995), esta interação inicia no útero e após o
nascimento, o desenvolvimento das sensorialidades pode assegurar sua continuidade e, as estruturas
hospitalares que atendem recém-nascidos devem ter uma abordagem mais atenta à dimensão
emocional dessas relações. Segundo Cresti e Lapi (1997) essas estruturas podem influenciar de forma
direta ou indireta, na qualidade da relação que está se estabelecendo entre bebê/família, favorecendo
ou entravando o desenvolvimento das capacidades de interação de cada um dos parceiros. Paterson e
Zderad (1979) salientam que para oferecer uma presença genuína a outros, deve existir na pessoa a
convicção de que esta presença é valiosa e que pode produzir uma mudança em determinada situação.
Neste caso, se para a enfermagem isto for importante, a equipe a oferecerá nas suas situações de
cuidado. O estar presente é uma forma de expressividade que não se dá de forma desinteressada e ao
acaso, mas requer certa intenção, certo interesse e disponibilidade ao outro. Este estudo, denominado
como Processo de Educar para o Cuidado teve como desafio, a sistematização do conhecimento e a
proposta de nutrir a teoria, o método e a prática, de forma contínua e dinâmica. Foram utilizadas
técnicas qualitativas de levantamento de dados como entrevistas semi-estruturadas, encontros grupais e
dinâmicas de grupo. A equipe era estimulada a aplicar no seu cotidiano de cuidado, as sugestões,
soluções e os conhecimentos gerados nos encontros. A análise reflexiva mostrou que através de um
Processo de Educar para o Cuidado é possível promover uma presença comprometida considerando o
ser humano na sua integralidade. A promoção de um Cuidado-Presença favorece a relação entre os
atores, fortalecendo o vínculo afetivo e influenciando positivamente o processo saúde-doença do
recém-nascido de risco. A equipe participante do estudo vislumbrou possibilidades de implementação
do Cuidado-Presença, com a adoção de uma relação satisfatória com o recém-nascido, seus familiares
e com ela própria, com o intuito de manter uma atitude de respeito e aceitação das suas possibilidades
e potencialidades. O desvelar deste estudo poderá trazer alternativas para um repensar o cuidado em
termos da Qualidade da Presença, resgatando toda a potencialidade dos bebês e dos seres humanos
que os acompanham e cuidam para seu viver saudável.
Palavras-chave: recém-nascido de alto risco; cuidados de enfermagem; educação em enfermagem.
1 Mestres em Assistência de Enfermagem pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)/Universidade de Passo Fundo (UPF);
professoras do Curso de Enfermagem da UPF. Rua Teixeira Soares 817, Passo Fundo-RS, CEP 99010080.
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Referências:
CRESTI, L.; LAPI, J. O esboço da relação mãe/bebê e a instituição hospitalar: díade ou tríade? In:
LACROIX, M. B.; MONMAYRANT, M. Os laços do encantamento: a observação dos bebês,
segundo Esther Bick e suas aplicações. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991.
KLAUS e KENNEL. Pais/bebês - a formação do apego. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.
NETO, C. N. Mãe e filho: um abraço que começa no útero. Pediatria Moderna. Rio de Janeiro,
v.XXXI, n.5, p. 837-38,ago., 1995.
PATERSON, J. G.; ZDERAD, L. T. Enfermaria humanística. México: Editorial Limusa, 1979.
SILVA, A. O cuidado no encontro de quem cuida e de quem é cuidado. In: MEYER, A. E.
WALDOW, V. R.; LOPES, M.J.M. (Org.) Marcas da Diversidade: saberes e fazeres da
enfermagem contemporânea. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
WINNICOT, D. W. Os bebês e suas mães. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
THE PROCESS OF EDUCATING FOR THE CARE WITH FOCUS IN THE CAREPRESENCE
ABSTRACT: This work intended to enlarge the study concerning the Quality of the Presence and it
was accomplished with a nursing team which acts in a Pediatric CTI of a teaching hospital from a city
in Rio Grande do Sul. They were also participant of the study newly born’s parents interned in that
unit. The Quality of the Presence while process and product, concerns the attributes that qualify that
presence and to the sense that this one has when positive and/or favorable for the care of the newly
born. The point of convergence of this work was centered in meetings accomplished with the team for
discussion about the theme and the consolidation of a care proposal so that this team could be the
mediator of this process and became possible in the own existence while caretaker and maternal
dispenser the promotion of a quality presence. The need of internment of a newly born in a CTI is
generating of a very anguish for the parents because it is an atmosphere where the frustrations that
cause a situation of physical illness acts and it can interfere in the relationships. The parents notice that
the nursing has knowledge and abilities highly complex which are usually of difficult understanding,
mysterious and generating of stress and conflicts. Classic authors in the area of the infantile health like
Klaus and Kennel (1993), Winnicot (1996) appeared for the importance of the first experiences and
existences of the newly born with his mother. According to Neto (1995) this interaction begins in the
uterus and after the birth the development of the sensorial points can assure his continuity and the
structures of hospitals which assist newly born should have a more attentive approach to the
emotional dimension of those relationships. According to Cresti and Lapi (1997) those structures can
influence in direct or indirect way in the quality of the relationship that is settling down among
Baby/Family, favoring or impeding the development of the interaction capacities of each one of the
partners. Paterson and Zderad (1979) point out that to offer a genuine presence the other ones, it
should exist in the person the conviction this presence is valuable and can produce a change in certain
situation. In this case, if it is important for Nursing, the team will offer in care situations. Being present
is a form of expressiveness which requests certain intention, interests and availability to the other. This
study denominated as Process of Educating for the Care had as challenge the systemization of the
knowledge, the proposal of encouraging the theory, the method and the practice in a continuous and
dynamic way. Qualitative techniques of rising of data were used as semi-structured interviews,
meetings and group dynamics. The team was stimulated to apply in his daily of care, the suggestions,
solutions and knowledge generated in the meetings. The reflexive analysis showed through a Process
of Educating for the Care is possible to promote a committed presence considering the human being
in his integrality. The promotion of a Care-presence favors the relationship among the actors,
strengthening the affectionate link and influencing positively the process health-disease of the risk
newly born. The participant team of the study glimpsed possibilities of implementation of the CarePresence with the adoption of a satisfactory relationship with the newly born, his relatives and himself,
with the intention of maintaining a respectable attitude and acceptance of his possibilities and
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potentialities. Revealing of this study can bring alternatives for rethinking the care in terms of the
Quality of the Presence, rescuing all the potentiality of the babies and human beings who accompany
them and take care for their healthy living.
Keywords: newly born of high risk; nursing cares; education in nursing.
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CUIDADO DE SI A PARTIR DO RESGATE DA CONSTRUÇÃO HISTÓRICOFILOSÓFICA DO CORPO
ROSEMEIRY CAPRIATA DE SOUZA AZEVEDO1
MAIRA BUSS THOFEHRN2
RESUMO: Esse ensaio filosófico tem por objetivo refletir sobre a concepção de corpo ao longo do
desenvolvimento humano, com vistas a construção de um cuidado de si, na visão foucaultiana, a partir
da atenção para as práticas de si, isto é, para as diferentes ferramentas que existem na pessoa, a qual
utiliza para constituir e reescrever continuamente suas identidades. Ao analisar a história da
humanidade, encontramos a percepção do ser humano como único, entregue ao mundo e inteiramente
relacionado com a natureza. Na ótica do cuidado de si, essas pessoas já encontravam-se interligadas à
natureza e mantinham um respeito pela mesma. Platão, então, instaura no pensamento filosófico uma
ruptura entre o mundo sensível e o mundo inteligível. Advogava ser sábio aquele que conseguisse
desligar-se do corpóreo, criando assim dois mundos: o mundo finito – material e outro das idéias –
eterno e imutável. Aristóteles, por sua vez, via a pessoa como ser pensante, racional, que deveria
conduzir suas ações pela razão. Verifica-se, nesse período, a valorização da vida contemplativa em
detrimento do trabalho físico. Essa dicotomia (vida contemplativa e trabalho físico) estruturou a
divisão social, política e filosófica da época, uma vez que só poderia desfrutar da vida contemplativa os
homens “livres” que dispunham de tempo para estudar e refletir sobre a relação do ser humano com a
natureza, enquanto que para os escravos restava o trabalho físico. Desta forma, o cuidado de si na
visão de Foucault representa uma forma de resistência ao poder, que não se fazia presente nessa época.
Na Idade Média é possível identificar a existência de um enaltecimento da alma em relação ao corpo,
observando-se um paradoxo, pois o corpo passa a ser visto como sagrado e profano. Sagrado quando
diz respeito à Divindade, Corpo de Cristo e profano entendido como o corpo nos seus baixos desejos,
na procura dos prazeres carnais. É, também, na Idade Média que surgem as primeiras dissecações do
corpo humano, as quais desencadearam a dessacralização do corpo, já que o mesmo, ao ser
manipulado, tornava-se um corpo alterado. Mas é a partir desse momento que o corpo é entendido
como uma construção humana, devido ao aprofundamento de sua gênese. Descartes então inaugura
uma nova concepção de ser e de realidade, sendo considerado um marco, pois sua preocupação não
está vinculada à natureza humana e sim ao conhecimento humano através da pesquisa científica. Ele
introduziu uma separação entre corpo e alma, definindo-os como diferentes e incomunicáveis, cada
qual segundo suas leis próprias, o corpo animal e humano passou a ser, do ponto de vista anatômico e
fisiológico, uma máquina. Uma das conseqüências dessa dicotomia para o saber na área da saúde é que
quanto ao cuidado de si houve um afastamento da pessoa doente e sua doença. Nessa perspectiva o
modelo positivista e biologicista buscou dar objetividade ao processo saúde-doença, determinando o
surgimento das especializações para cada segmento do corpo. Assim, os profissionais da área da saúde,
ao se concentrarem em partes cada vez menores do corpo, acabam perdendo de vista o ser humano
doente, reduzindo-o a um sistema mecânico. O método cientifico transformou o ser humano em
objeto de conhecimento, ocasionando uma mudança de um corpo transcendente com uma visão de
totalidade, para uma perspectiva de independência do ser humano com foco na racionalidade de autosuficiência, porém sem a atenção de um cuidado de si, como prática de liberdade, já que para Foucault
a liberdade é entendida como a condição ontológica da ética. A Revolução Industrial, contribuiu para
alterar mais ainda a relação do ser humano com sua dimensão corporal, já que essa deixa de se vincular
1 Enfermeira, Doutora em Enfermagem, docente da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso. E-mail:
[email protected]
2 Enfermeira, Doutora em Enfermagem , docente da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia da Universidade Federal de Pelotas,.
Coordenadora do Nepen/UFPel.
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à natureza para ser adestrada pela sociedade com vistas a responder as diretrizes de uma nova ordem
econômica. Técnicas disciplinares, procedimentos e treinamentos centrados no corpo individual, não
no cuidado de si, surgem para assegurar a distribuição espacial dos corpos a fim de aumentar a força
útil através do exercício e da tecnologia disciplinar do trabalho. A disciplina vivenciada, ainda hoje na
área da saúde, através da hegemonia do modelo biomédico, tem por função assegurar o
esquadrinhamento, a vigilância, a disciplinarização da pessoa doente e desta em relação a sua doença. A
partir do século XX, já se observa uma trajetória de mudança, porém a valorização da dimensão
corporal passou a estar associada à beleza. O corpo e o cuidado com o corpo tornaram-se
“mercadorias”. A sociedade consome e divulga, diariamente, novos padrões de beleza e com
disciplinas rigorosas e reguladoras de dieta, imagem corporal e vestuário desencadeia uma eterna
insatisfação com o corpo, colocando-o no patamar da exploração. Assim, pensar o corpo, enquanto
unidade e expressão do sujeito com todas as suas implicações nos remete a um desafio: o de encontrar
uma estruturação que teça a união dos saberes justapostos em direção a um novo paradigma que
integre o ser humano e o Universo, mediante a capacidade do ser humano em sugestionar sua
existência, a partir do cuidado de si, por meio de uma visão da ética e da política, ou seja, a constituição
ética da subjetividade, no qual o cuidado de si represente um modo de resistência ao poder.
Palavras-chave: cuidado de si; corpo; Foucault.
CARE OF THE SELF: FROM THE RESCUE OF THE HISTORICAL-PHILOSOPHICAL
BODY CONSTRUCTION
ABSTRACT: This philosophical essay purposes to reflect about the body conception along the
human development, with focus on for the construction of a care of the self, in the foucaultian view,
beginning with the attention of the self practices, it means, to the different existing tools in the person,
which uses them to continuously create and rewrite its identities. Analyzing the humane kind history,
we can find the perception of men as the only, handed to the world and totally related to nature, in the
optic of the care of the self was already interconnected to nature and keeping a respectful relation with
it. So, Plato establishes in the philosophical thinking a rupture between the sensitive world and the
intelligible world. He defended that was wise the one able to disconnect from the corporeal, creating
two worlds: the finite world (material) e another one, the idea world (eternal and
unchangeable).Aristotle, however, saw people as thinking, rational beings that should lead their actions
by reason. It can be verified, during this period of time, the valorization of the contemplative life in
detriment of physical work. This dichotomy (contemplative life and physical work) structured social,
political and philosophical division at the time, once that only “free” men, could enjoy the
contemplative life, since they had time to study and reflect about human beings relationship with
nature, while slaves were left with the physical labor. This way, Foucault’s view on the care of the self
represented a form of power resistance which was not present in those days. In Medieval Time, it is
possible to identificate the existence of an exaltation of the soul in relation to the body, so there is a
paradox, because the body begins to be seen as sacred and profane. Sacred in the condition of being
related to the divinity, Christ’s body and profane being understood as the body in its lowest desires, in
the search of the flesh pleasures. It is also in the Medieval Time that are done the first human body
dissections, which unchained its unsacredness, since that, when manipulated, it became a modified
figure. But it is, from that moment, that the body is understood as a human construction, due to the
increasingly amount of knowledge about its genesis. So, Descartes opens a new conception of being
and reality, considered a mark, because his concern isn’t attached to human nature, but to human
knowledge through scientific research. He introduced a separation between body and soul, defining
them as different and incommunicable, each following its own laws, the human and animal body
began to be, from the anatomical and physiological view, a machine. One of this dichotomy’s
consequences to the knowledge in the health area is that there was a separation between the ill person
and its disease, in the care of the self. In this perspective, the positivist and biologicist model tried to
objectify the process healthness- disease, determinating the appearance of the specializations to each
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body segment. That way, the health area professionals tend to forget the ill person, as they focus in
smaller parts of the body, reducing it to a mechanical system. The scientific method transformed the
human being in a knowledge object, causing the change of a transcendent body with a vision of the
whole, to a perspective of the human being independence with focus on the self- sufficiency, but
without the attention for a care of the self, as a freedom practice, since for Foucault is understood as
the ontological condition of ethics. Industrial Revolution contributed even more to the alteration of
the relationship between men kind and its corporal dimension, since the last one stops linking to
nature to become trained by society viewing to respond to the demands of a new economic order.
Disciplinary tecnics, procedures e trainings centered in the individual body, and not in the care of the
self, spring up to assure the especial distribution of the bodies with the meaning of increasing the
useful strength through exercising and the work’s disciplinary technology. The live discipline, which is
still in the area of healthness, through the biomedical model, has by its function to assure the
investigation, the vigilance, the disciplinarization of the sick person and his/hers in relation to the
sickness. Since the XX century, it can be observed a changing route, but the valorization of the
corporal dimension started to be associated to beauty. The body and its care became “merchandise”.
Society consumes and advertises, on a daily basis, new beauty patterns and, with strict and regulating
disciplines of diets, corporal image e dress codes, unchains an eternal insatisfaction with each persons
look, putting it in an exploration level. That way, seeing the body as unity and expression of the being
with all its implications sends us to a new challenge: finding a structuration that knits the union of the
juxtapositioned knowledges leading to a new model that integrates the human being and the universe
through the capacity of the human being in suggesting its own existence, from the care of the self, by
means of a vision of ethics and politics, that means, the subjectivity ethic constitution, in which the
care of the self represents a way of resisting the power.
Keywords: care of the self; body; Foucault.
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103 A TRANSMISSÃO DA TUBERCULOSE NO AMBIENTE HOSPITALAR E O USO DO
RESPIRADOR: UM ESTUDO FENOMENOLÓGICO
LUZIA DA CONCEIÇÃO DE ARAUJO MARQUES1
AFRÂNIO KRITSKI2
MARIA LUCIA BOSI3
RESUMO: A Tuberculose (TB) é uma doença infecto-contagiosa que constitui grave problema para a
promoção da saúde e a proteção da integridade do trabalhador nas instituições hospitalares. Estudos
clínicos-epidemiológicos confirmam a possibilidade de contágio e do adoecimento por TB entre
estudantes de medicina e de enfermagem, e profissionais de saúde. Nestes estudos, as maiores taxas
de prevalência de infecção tuberculosa estiveram associadas com o maior tempo de exposição destes
sujeitos no ambiente hospitalar, durante o desenvolvimento de suas atividades. (Soares, 2002; Spindola,
2002; Laraqui, 2001; Andrade, 2001; Kruner, 2001; KritsKy, 2000; Menzies, 2000; Silva, 2000;
Harries,1999 entre outros). Muzzy de Souza (2000) enfatizou a relação do profissional de enfermagem,
com esta problemática. Embora tenhamos hoje diversos manuais, em nosso meio, que norteiam o
cuidado nessa modalidade de atenção acreditamos que os mesmos não têm sido suficientes para a
adoção de atitudes mais eficientes no controle da infecção tuberculosa. Entre as dificuldades, podemos
citar aquelas relacionadas ao uso do respirador N95. Com base na premissa de que o domínio da
prática se define, essencialmente, por um engajamento ou imersão na situação, este estudo buscou
compreender as percepções da equipe de enfermagem acerca do uso de protetores respiratório durante
o cuidado ao cliente portador de tuberculose pulmonar em um Hospital Universitário situado no
Município do Rio de Janeiro. Apresentamos, aqui, os resultados preliminares deste estudo,
descrevendo alguns aspectos que interferem na conduta do profissional, contribuindo para elevar o
risco de transmissão da tuberculose. Metodologia: A abordagem qualitativa foi o recurso utilizado
para compreender a experiência de pessoas com o uso do respirador N 95, durante o cuidado ao
paciente portador de tuberculose pulmonar. Dentro dessa tradição, elegemos a fenomenologia como
método de investigação, por acreditar que para compreender é necessário ir além da apreensão
intelectual; ou seja “retornar às coisas mesmas” (Husserl); desvelando os modos como os sujeitos
trazem consigo o social e o cultural, enquanto um fundo não representado de forma imediata em seu
cotidiano (Rabelo, 1999). O desvelamento deste objeto exigirá, posteriormente, uma conjunção com a
interpretação das informações descritas: a fenomenologia-hermenêutica. Para nós, a interpretação se
dará, a partir, dos focos múltiplos oriundos da interdisciplinaridade; a qual aponta para o trânsito de
conceitos de modo a iluminar e desvelar sentidos construídos nas experiências dos sujeitos. Para tanto,
aceitamos a idéia de uma cumplicidade ontológica entre ser e mundo, o que nos faz recorrer a
Heidegger e a Merleau Ponty. A pesquisa de campo foi iniciada após a obtenção de parecer positivo do
CEP e consentimento dos sujeitos (Resolução CNS 196/96). Utilizamos a técnica de grupos focais,
orientados por uma questão condutora desdobrada com base no discurso dos atores, contando com a
participação de um total de 19 sujeitos (auxiliares e técnicos de enfermagem) distribuídos em 04
grupos. Para preservar a identidade dos participantes os grupos focais foram apresentados como: G I, II, II ou IV e, os sujeitos como: I - 01; 02; 03; 04; 05; 06 e/ou 07, de acordo com os seus respectivos
grupos. O processamento, a categorização e a análise das informações se iniciaram após a transcrição e
as unidades temáticas identificadas foram dispostas em uma rede interpretativa. Resultados: A partir
das narrativas dos profissionais de enfermagem (auxiliares e técnicos de enfermagem) acerca do uso do
respirador, evidenciamos 03 unidades temáticas. Dentro das unidades emergiram dimensões, as quais
se desdobraram e foram apresentadas como subdimensões. Embora estejam apresentadas
1
Enfermeira. Doutoranda em Ciências pela Faculdade de Medicina. Bolsista do Projeto ICHORTA. Profª Assistente da
FENF/UERJ. Chefe da Seção de Pesquisa do SERDES/HUCFF/UFRJ.
2
Médico. Profº Adjunto da Faculdade de Medicina. Orientador
3
Profª adjunta do NESC/UFRJ. Orientadora
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separadamente, as três unidades se articulam e perpassam pelas demais dimensões e subdimensões, daí
trabalharmos com a noção de rede. A unidade temática I emergiu da necessidade de compreendermos
o uso do respirador. Para tanto, foi necessário apreender o que estes profissionais pensam acerca da
doença, a tuberculose, e do uso do respirador. Assim, apresentamos como dimensões desta unidade: a
tuberculose para o grupo e o uso do respirador pelo profissional. A primeira dimensão retrata como
subdimensões: o significado da TB; o sentimento do profissional ante o risco de adoecer e a
experiência com o adoecimento/ tratamento do profissional. Da segunda dimensão emergiram: o
significado do respirador na assistência ao paciente portador de TB e a vivência com o uso do
respirador. A unidade temática II foi intitulada de “A experiência do profissional sobre o uso do
respirador”. Esta unidade nos permitiu identificar possíveis elementos que interferem na conduta do
profissional, referente ao uso de respiradores. Esta experiência se configura por uma ambigüidade, a
qual procuramos sistematizar em duas dimensões polares, aqui denominadas: elementos facilitadores
do uso e elementos que dificultam o uso. Estes elementos estão em conformidade com a dimensão “o
uso da máscara pelo profissional”, observada na unidade temática I. Como elemento que impulsiona o
uso do respirador para o profissional, encontra-se como subdimensão o reconhecimento da
necessidade do uso do respirador. Dentre os elementos que dificultam o uso do respirador, há uma
primeira dimensão que se refere com a funcionalidade do respirador em relação ao corpo (face) do
profissional. Parte desta se enseja em um plano concreto, a qual intitulamos a relação corpo-respirador.
A segunda dimensão desta unidade situa-se em um plano subjetivo, apontando para a subjetividade
produzida na relação corpo, respirador e TB. A terceira dimensão apresenta as narrativas relativas à
des-confiança em relação à máscara como fator de proteção. A unidade temática III emergiu das falas
dos informantes referentes ao cuidado do paciente portador de tuberculose. Esta unidade nos permite
apreender a relação do trabalho de enfermagem com o respirador. Os elementos oriundos destas falas
compõem a primeira dimensão e apontam para algumas situações que propiciam o cuidado do
paciente portador de TB sem o respirador específico. A segunda dimensão versa sobre o espaço
institucional e a organização do cuidado de enfermagem. Neste espaço, observamos algumas
narrativas, as quais se caracterizaram como subdimensões: a disponibilidade do equipamento protetor;
a conservação e o armazenamento do respirador; as instalações físicas para o cuidado; a escala de
trabalho com o doente portador de TB; o cuidado, a prática de enfermagem e seu entorno social e o
cuidado, a humanização e a cidadania. Discussão: A análise reflexiva no método fenomenológico,
remonta ao sujeito epistêmico. O mundo “está ali”, antes de qualquer análise que o pesquisador possa
fazer dele. Retornar às coisas mesmas é retornar a este mundo anterior ao conhecimento, do qual o
conhecimento sempre fala. É retornar ao local onde se procede a toda a experiência, e em relação ao
qual toda determinação científica é abstrata, significativa e dependente (Merleau-Ponty,1999). Este
retorno possibilitou a identificação dos possíveis fatores que interferem com o uso do respirador N95
por profissionais de enfermagem (auxiliares e técnicos de enfermagem) durante o cuidado do paciente
portador de tuberculose pulmonar e contribuem com o risco de transmissão da tuberculose.
Emergiram de um momento específico, de diálogo, em que a pesquisadora, o cenário, o sujeito e o
objeto de estudo se entrelaçaram. Este entrelaçamento possibilitou a apreensão da experiência destes
sujeitos, a partir de suas narrativas (Rabelo, 1999) e a construção da rede interpretativa. A partir das
narrativas, entendemos que estes grupos relacionam o significado da TB à “uma doença ruim” (G - I/
I 05- Grupo focal I/ Informante 05) e reconhecem a necessidade e a finalidade de uso do respirador.
Para os profissionais de enfermagem a tuberculose, no ambiente de trabalho, representa um risco. Este
risco foi relacionado ao diagnóstico tardio da doença e a missão da Instituição, tal como ilustrado na
seguinte fala “... Aqui é um hospital Escola! Então, às vezes, a evidência, o diagnóstico demora, né!
Pegou faz a anamenese lá do paciente. Aí fica lá pesquisando, pesquisando, pesquisando. Até
descobrir!”. (G - IV/ I 01- Grupo focal IV/ Informante 01). Ao mesmo tempo em que este
equipamento tem como finalidade à proteção do profissional, o seu uso pode gerar no paciente um
sentimento de não proteção e no profissional de constrangimento. As dificuldades apresentadas, pelo
profissional, durante o uso do respirador foram relacionadas com a diferença entre as máscaras para o
seu corpo. Estas dificuldades são oriundas do tipo de respirador e da relação do respirador com a
estética; com o uso de óculos e com o odor, sentido pelo profissional, durante o uso deste
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equipamento. As dificuldades relacionadas ao uso do respirador que emergem nas narrativas do grupo
foram caracterizadas como fobia, desconforto e falta de ar. Além de sensação de incômodo e de
sufocamento, o profissional apresenta des-confiança, neste material como equipamento de proteção.
As situações de emergência, relacionadas ao cuidado do paciente portador de TB pulmonar aparecem
nas falas destes profissionais, como sendo o único elemento que pode justificar o não uso do
respirador: “... Então, em situações, tem que entrar... Não tem como você não entrar...” (G - II/ I 03Grupo focal II/ Informante 03). Os profissionais relacionaram, também, a disponibilidade; a
conservação e o armazenamento do equipamento; as instalações físicas para o cuidado; a escala de
trabalho com o doente portador de TB. Ante a inesgotabilidade dos sentidos, reconhecemos como
limites deste estudo à impossibilidade do desvelamento deste fenômeno (Bosi e Mercado, 2004);
consoante Merleau-Ponty, nos humanos “... há sentido e mais sentidos”, sendo também a redução
completa uma impossibilidade já que, na intersubjetividade em que ocorre a produção/decodificação
dos sentidos, estaremos sempre re-apresentando uma realidade em fluxo constante.
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THE TRANSMISSION OF THE TUBERCULOSIS IN THE HOSPITAL ENVIRONMENT
AND THE USE OF THE RESPIRATOR: A PHENOMENOLOGY STUDY
ABSTRACT: The Tuberculosis (TB) is a infectum-contagious illness that constitutes serious problem
for the promotion of the health and the protection of the integrity of the worker in the hospital
institutions. Studies physician-epidemiologists confirm the possibility of contágio and the adoecimento
for TB between nursing and medicine students, and professionals of health. In these studies, the
biggest taxes of prevalence of tuberculosa infection had been associates with the biggest time of
exposition of these citizens in the hospital environment, during the development of its activities.
(Soares, 2002; Spindola, 2002; Laraqui, 2001; Andrade, 2001; Kruner, 2001; KritsKy, 2000; Menzies,
2000; Silva, 2000; Harries,1999 among others). Muzzy de Souza (2000)it emphasized the relation of the
nursing professional, with this problematic one. Although today let us have diverse manuals, in our
way, that guide the care in this modality of attention believe that the same ones have not been enough
for the adoption of more efficient attitudes in the control of the tuberculosa infection. Between the
difficulties, we can cite those related to the use of the N95 respirator. On the basis of the premise of
that the domain of the practical one if defines, essentially, for an enrollment or immersion in the
situation, this study searched to understand the perceptions of the team of nursing concerning the
respiratory use of protectors during the care to the carrying customer of pulmonary tuberculosis in a
situated University Hospital in the City of Rio De Janeiro. We present, here, the preliminary results of
this study, describing some aspects that intervene with the behavior of the professional, contributing
to raise the risk of transmission of the tuberculosis. Method: A qualitative boarding was the used
resource to understand the experience of people with the use of breathing N 95, during the care to the
carrying patient of pulmonary tuberculosis. Inside of this tradition, we choose the fenomenologia as
inquiry method, for believing that to understand it is necessary to go beyond the intellectual
apprehension; or either "to return to the same things" (Husserl); desvelando the ways as the citizens
they bring I obtain social and the cultural one, while a deep one not represented of immediate form in
its daily one(Rabelo, 1999). The desvelamento of this object will demand, later, a conjunction with the
interpretation of the described information: the fenomenologia-hermeneutics. For us, the
interpretation will be given, to leave, of the deriving multiple focos of the interdisciplinaridade; which
points with respect to the transit of concepts in order to illuminate and to desvelar sensible
constructed in the experiences of the citizens. For in such a way, we accept the idea of a ontológica
complicity between being and world, what in it makes to appeal them to the Heidegger and the
Merleau Ponty. The field research was initiated the attainment after to seem positive of the CEP and
assent of the citizens (Resolution CNS 196/96). We use the technique of focal groups, guided for a
conducting question unfolded on the basis of the speech of the actors, counting on the participation
of a total of 19 citizens (assistant and technician of nursing) distributed in 04 groups. The processing,
the categorização and the analysis of the information if had initiated the transcription after and the
identified thematic units had been made use in a interpretativa net. Results: From the narratives of the
professionals of nursing (assistant and technician of nursing) concerning the use of the respirator, we
evidence 03 thematic units. Inside of the units dimensions had emerged, which if they had unfolded
and they had been presented as subdimensões. Although they are presented separately, the three units
if articulate and perpassam for the too much dimensions and subdimensões, from there to work with
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the net notion. Thematic unit I emerged of the necessity to understand the use of the respirator. For in
such a way, it was necessary to apprehend what these professionals think concerning the illness, the
tuberculosis, and of the use of the respirator. Thus, we present as dimensions of this unit: the
tuberculosis for the group and the use of the respirator for the professional. The first dimension
portraies as subdimensões: the meaning of the TB; the feeling of the professional before the risk of
adoecer and the experience with adoecimento/ treatment of the professional. Of the second
dimension they had emerged: the meaning of the respirator in the assistance to the carrying patient of
TB and the experience with the use of the respirator. Thematic unit II was intitled of "the experience
of the professional on the use of the respirator". This unit in allowed to identify them possible
elements that intervene with the behavior of the professional, referring to the use of respirators. This
experience if configures for an ambiguity, which we look for systemize in two polar dimensions, called
here: elements facilitadores of the use and elements that make it difficult the use. These elements are in
compliance with the dimension "the use of the mask for the professional", observed in thematic unit I.
As element that stimulates the use of the respirator for the professional, one meets as subdimensão the
recognition of the necessity of the use of the respirator. Amongst the elements that make it difficult
the use of the respirator, it has a first dimension that it is mentioned with the functionality of the
respirator in relation to the body (face) of the professional. Part of this if tries in a plain concrete,
which we intitle the relation body-respirator. The second dimension of this unit is placed in a
subjective plan, pointing with respect to the subjectivity produced in the relation body, respirator and
TB. The third dimension presents the relative narratives to the diffidence in relation to the mask as
protection factor. Thematic unit III emerged of says them to the care of the referring informers of the
carrying patient of tuberculosis. This unit in allows them to apprehend the relation of the work of
nursing with the respirator. The deriving elements of these you speak they compose the first
dimension and they point with respect to some situations that propitiate the care of the carrying
patient of TB without the specific respirator. The second dimension turns on the institucional space
and the organization of the care of nursing. In this space, we observe some narratives, which if had
characterized as subdimensões: the availability of the protective equipment; the conservation and the
storage of the respirator; the physical installations for the care; the scale of work with the carrying sick
person of TB; the care, practical of nursing and social its entorno and the care, the humanização and
the citizenship. Discussion: The reflexiva analysis in the fenomenológico method, retraces to the
epistêmico citizen. The world "is there", before any analysis that the researcher can make of it. To
return to the same things is to return to this previous world to the knowledge, of which the knowledge
always speaks. It is to return to the place where if the experience proceeds to all, and in relation to
which all scientific determination is abstract, significant and dependent (Merleau-Ponty, 1999). This
return made possible the identification of the possible factors that intervene with the use of the N95
respirator for nursing professionals (assistant and technician of nursing) during the care of the carrying
patient of pulmonary tuberculosis and contribute with the risk of transmission of the tuberculosis.
They had emerged of a specific moment, of dialogue, where the researcher, the scene, the citizen and
the object of study if had interlaced. This interlacement made possible the apprehension of the
experience of these citizens, from its narratives (Rabelo, 1999) and the construction of the
interpretativa net. From the narratives, we understand that these groups relate the meaning of the TB
to the "one bad illness" (G - I I 05) and recognize the necessity and the purpose of use of the
respirator. For the nursing professionals the tuberculosis, in the work environment, represents a risk.
This risk was related to the delayed diagnosis of the illness and the mission of the Institution, such as
illustrated in the following one speaks "... Here it is a hospital School! Then, to the times, the evidence,
the disgnostic delay, né! There it caught makes anamenese of the patient. There it is there searching,
searching, searching. Until discovering ". (G - IV I 01). At the same time where this equipment has as
purpose to the protection of the professional, its use can generate in the patient a feeling of not
protection and in the professional of constaint. The difficulties presented, by the professional, during
the use of the respirator had been related with the difference enter the masks for its body. These
difficulties are deriving of the type of respirator and the relation of the respirator with the aesthetic
one; with the use of eyeglasses and the odor, felt for the professional, during the use of this
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equipment. The difficulties related to the use of the respirator that emerge in the narratives of the
group had been characterized as phobia, discomfort and lack of air. Beyond sufocamento and bother
sensation, the professional presents diffidence, in this material as protection equipment. Conclusion:
The emergency situations, related to the care of the carrying patient of pulmonary TB appear in say
them of these professionals, as being the only element that can justify not the use of the respirator: "...
Then, in situations, it has that to enter... You do not have as not to enter... " (G - II I 03). The
professionals had related, also, the availability; the conservation and the storage of the equipment; the
physical installations for the care; the scale of work with the carrying sick person of TB. Before the
inexhaustability of the directions, we recognize as limits of this study to the impossibility of the
desvelamento of this phenomenon (Bosi and Mercado, 2004); Merleau-Ponty consonant, in the
human beings "... it has felt and more directions ", being also the complete reduction an impossibility
since, in the intersubjetividade where the production occurs/decoding of the directions, we will be
always re-presenting a reality in constant flow.
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121 A PERCEPÇÃO DO CUIDAR: RELATO DE EXPERIÊNCIA DOS GRADUANDOS
DE ENFERMAGEM
ÂNGELA TEREZINHA DANNÚBIA BARBOSA 1
ELISABETE GOMES1
EMÍLIA CUNHA1
LEILA RIBEIRO1
LUCIANA VALOIS1
CLÁUDIA GEOVANA DA SILVA PIRES2
RESUMO: Nos campos de estágio, durante a nossa vivência, podemos perceber como os
profissionais de enfermagem atuam de forma fragmentada na busca de agilizar a dinâmica de trabalho,
priorizando apenas a execução de tarefas e a submissão da prescrição médica. Ao identificar a
importância do cuidar de modo a promover conforto ao paciente e atendê-lo nas suas múltiplas
dimensões biopsicosociocultural e espiritual, pudemos perceber a diferença entre o cuidar e o assistir
ao paciente quando nossa professora nos perguntou qual a diferença entre o cuidar e o assistir. A partir
daí, passamos a nos interessar pela temática e a escrever sobre o relato de experiência a fim de analisar
como nossas colegas do mesmo semestre percebem o cuidar nos campos de estágio. Primeiramente
nos preocupamos em aprender técnicas que não tínhamos tido oportunidade em outros campos de
estágios, nossa professora de clínica cirúrgica nos propôs cuidar de um paciente de forma integral,
percebemos a importância de executarmos a técnica do banho de leito, de cortar as unhas, da troca dos
lençóis, da lavagem dos cabelos, da realização dos curativos, da troca do acesso venoso e acima de
tudo, a sensação de promover o bem estar ao outro, ajudando-o na busca do seu equilíbrio e da sua
recuperação, sabendo ouvi-lo, respeitando seus limites e possibilidades, deixando que o outro decida e
opine a terapêutica que melhor convier e assim, poderá, como exemplo, decidir a melhor forma de
comer, vestir-se e higienizar-se. O Objetivo desse estudo é conhecer a percepção dos graduandos de
enfermagem do 7° semestre de uma Faculdade privada na cidade do Salvador frente a experiência do
cuidar. Trata-se de um estudo de natureza qualitativa, em que se procura descrever a complexidade de
determinado problema e analisar infração de certas variáveis, sempre buscando entender a natureza de
um fenômeno social ( RICHARDSON, 1999). Foi utilizado um questionário semi-estruturado,
elaborado pelos autores da pesquisa, através do qual buscou-se conhecer a percepção do cuidar desses
graduandos de enfermagem. As entrevistas foram gravadas, digitadas, conferidas pelos respectivos
entrevistados, após a leitura e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido pelos
participantes, contendo informações referentes ao conteúdo da entrevista e a preservação da
identidade dos entrevistados. Participaram da pesquisa seis graduandos de enfermagem, cada um
referente a cada disciplina: anatomia IV, estágio de Emergência, Clinica Cirúrgica, Clinica Médica,
Bloco Cirúrgico e Saúde do idoso. As entrevistas aconteceram na Faculdade e na residência de alguns
entrevistados, em local reservado, com a finalidade de evitar qualquer distração ou motivo que viesse
interferir no resultado das respostas obtidas. Constou de pré-analise, exploração do material e
tratamento dos resultados agrupados em categorias, conforme respostas obtidas do questionário.
Revisão de literatura: O cuidado humano é uma característica humana (ROACH,1993). O cuidar
não é apenas a execução de uma tarefa realizada no sentido de tratar uma ferida, aliviar um
desconforto e auxiliar na cura de uma doença, vai mais além, transcende o corpo, a alma, o espírito. É
captar o cuidado como forma de expressão, de relacionamento com o outro ser e com o mundo(
WALDOW, 1998). Numa visão global e espiritual o cuidar é revelado como uma atitude que deve
1 Discentes do curso de Enfermagem do 7° semestre da Faculdade de Tecnoloia e Ciências – Salvador-BA
2 Professora da disciplina Enfermagem Cirúrgica e enfermeira do Hospital São Rafael. Rua Renato Mendonça, 366/401. Brotas.
Salvador-BA. E-mail: [email protected]
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abraçar, além da atenção o zelo e o desvelo, necessitando que seja instituído em um serviço um cuidar
fundamentado na preocupação com o acolhimento, responsabilização e envoltura dedicada e afetiva
com o outro, uma vez que falta de cuidado, ou o descuido, o descaso, é o estigma do nosso
tempo(BOFF, 1999).
O processo de cuidar envolve ainda o desenvolvimento de ações e
comportamento com base em conhecimento cientifico, experiência, intuição e pensamento crítico,
realizados para e com o paciente / cliente, ser cuidado no sentido de promover, manter e/ou
recuperar sua dignidade e totalidades humanas (WALDOW,1998). Para Boff (1999), injetar cuidado
em tudo é necessário para garantir e desenvolver a dimensão humana . Assim, justifica-se a
importância de perceber o cuidado prestado pela enfermagem e mais especificamente pelos
graduandos do 7° semestre, período pelos quais estão em plena formação e já atuam em vários
estágios, identificando as necessidades individuais de cada paciente, atendendo tanto os requisitos da
própria formação profissional como refletindo o papel que será exercido futuramente. Resultados e
discussão: Na percepção de 80% dos alunos o cuidar é oferecer ao paciente uma assistência. Sendo
que 20% refere que o cuidar é atender ao paciente como o todo. Todos acham que este cuidar envolve
o suprir de suas necessidades de forma integral. Sobre suas experiências nos campos de estágio, eles
conseguem vivenciar o cuidar, 100% afirmam que realiza esta prática através da assistência e apenas
40% procurando atender ao paciente em suas reais necessidades. Quando a assunto é referente à
interferência do conhecimento em anatomia na prática do cuidar 100% acredita que saber a anatomia
do corpo humano interfere diretamente neste cuidar. 80% em relação à realização das técnicas e 20%
para ajudar na correlação com a fisiopatologia. Apesar de todos os entrevistados entenderem que o
cuidar é cumprir todas as necessidades do paciente, a grande maioria não diferencia o cuidar da
assistência. Esse fato interfere de forma direta numa intervenção de enfermagem completa.
Considerações finais: Apesar de muitos estudos sobre a temática do cuidar nos últimos anos, ainda
não se consegue visualizar entre os graduandos de enfermagem a verdadeira percepção do cuidar,
talvez isto seja influenciado pela própria metodologia aplicada nas faculdades e de profissionais que
desconhecem o cuidar na sua integralidade. Com isso, pudemos perceber com esse estudo que os
participantes da pesquisa não conseguem diferenciar o cuidar do assistir, o que deixa claro a
necessidade de uma reflexão e qualificação dos profissionais da enfermagem a respeito da temática,
através de estudos e pesquisas sobre o tema, reconstruindo seus conceitos sobre o cuidar, para que
assim possa capacitar melhor os futuros enfermeiros.
Palavras-chave: cuidar; percepção; graduandas de enfermagem.
Referências:
RICHARDSON, R.J. Pesquisa Social: métodos e técnicas. 3 ed. Rio de Janeiro: editora Atlas, 1999.
ROACH, S.S. The human act of caring: a blueprint for the health professionals. Ottawa: Canadian
Hospital Association Press, 1993.
WALDOW, V.R. Cuidado Humano:o resgate necessário. Porto Alegre: Sagra Luzzato, 1998.
BOFF, L. Saber cuidar. Ética do humano – compaixão pela terra. 2 ed. Petrópolis: Vozes, 1999.
ABSTRACT: The described experience in the present text mentions the perception to it of taking
care of of graduandas of the course of nursing of a private college in the city of Salvador Ba, as
experience story. Semester is about a requirement of evaluation for the Interdisciplinar Project of 7°
involving disciplines them Nursing in the Attention to the Health of the Aged Adult and and Anatomy
IV, having as it disciplines axle the Methodology of the Scientific Research. It is justified
accomplishment of this study the necessity of if to focus the process of taking care of enters the team
of the nursing, in special in the academic scope, leaving of the importance in the promotion of
comfort to the patient and in taking care of it in its multiple dimensions biopsicosocioculural and
spiritual. Having as objective to know the understanding concerning the perception of taking care of
of these graduandos of Nursing front its lives deeply and experience in the fields of practical, and the
correlation that makes with the diverse ones you discipline that they compose the semester. It was
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observed that the pupils have a differentiated vision of the proposal of taking care of, confusing many
times with attending. On the other hand, they obtain to perceive the importance of the care for the
nursing, promoting the comfort to the patient in its different dimensions.
Keywords: to take care of; perception; graduandas of nursing.
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138 CUIDADO COMPRENSIVO
CAMILA LUCCHINI R1.
FRANCISCA MÁRQUEZ D.2
RESUMEN: El concepto de cuidado ha sido definido desde múltiples puntos de vistas y en
Enfermería existen tantas definiciones como teorías de enfermería. Esto no ha de extrañarnos, ya que
el concepto cuidado es de naturaleza equívoca, es decir, con múltiples acepciones, dependiendo de la
perspectiva en que se le mire. Esto hace más difícil poder comprenderlo, pero el desafío disciplinario
es poder generar conocimientos desde las distintas perspectivas, en donde se desarrollen estas
múltiples acepciones. En el presente ensayo nos proponemos analizar el término de cuidado en su
dimensión comprensiva y como se visualiza en la labor que realiza la enfermera, rescatando su esencia
a partir del quehacer diario. Para la realización de este ensayo utilizaremos como apoyo, textos,
artículos de revistas, diccionarios, entre otros, que nos ayudarán a fundamentar el cuidado
comprensivo en enfermería. Desarrollo: Como ya se ha expuesto, el cuidado ha sido definido a través
de una multiplicidad de formas y su uso ha trascendido a todas las personas que en algún momento de
su vida se ven enfrentadas a otorgar algún tipo de cuidado. Es así como una madre cuida a su hijo,
como un hijo cuida a su padre enfermo, una parvularia cuida a los niños que tiene a su cargo o una
mujer cuida a su familia. Si bien es cierto que, todos en algún momento cuidamos y sentimos que es
parte de la naturaleza humana, la enfermería por esencia se ha encargado del cuidado de las personas y
ha intentado establecer fundamentos epistemológicos sobre él y lo ha incorporado como sujeto
ontológico de su disciplina. Entendemos por ontológico a lo que se refiere al dominio o fenómeno
central de la disciplina de enfermería. Clarificar el dominio o fenómeno central de enfermería
proporciona sentido a su razón de ser, identidad y dirección a la comunidad de enfermeras y visibilidad
a su contribución social (Salsberry 1994, como se cita en Kikuchi & Simmons, 1994). Lo
epistemológico, se refiere a lo relativo al conocimiento (Ferrater Mora, 1999). En filosofía en
enfermería, la dimensión epistemológica está construyéndose, pues aparecen varias acepciones al
término. La más general, se refiere a aquellas declaraciones sobre cómo puede ser conocido el
fenómeno central de enfermería, por lo tanto ese conocimiento depende de cómo se formula ese
fenómeno central. (Rivera, 2005) En Chile, el código sanitario en su artículo 113 (1997), explicita
legalmente que el cuidado forma parte del ámbito de acción de la enfermera como se cita a
continuación: ”Los servicios profesionales de la enfermera comprenden la gestión del cuidado en lo relativo a promoción,
mantención y restauración de la salud, la prevención de enfermedades y lesiones y la ejecución de acciones derivadas del
diagnóstico médico y el deber de velar por la mejor administración de los recursos de asistencia para el paciente”. El
reconocimiento nacional del cuidado como quehacer de enfermería nos obliga a lograr una
comprensión real de sus significados, dentro de sus diferentes dimensiones. Como ya hemos
mencionado, el cuidado se ha definido de múltiples maneras, y Enfermería lo entiende como sujeto
ontológico de su disciplina. Sin perjuicio de esto, la enfermería contempla el cuidado desde distintas
perspectivas y es así como se describen el cuidado holístico, integral, basado en evidencia, transcultural,
comprensivo, entre otros. Hemos seleccionado el cuidado comprensivo, con el objetivo de reflexionar
a partir de distintas perspectivas lo que se entiende por él, para luego intentar clarificar los atributos
esenciales que lo caracterizan. Analizaremos el cuidado comprensivo desde el punto de vista
semántico, con la definición que otorga la Real Academia Española; desde el punto de vista filosófico;
desde el punto de vista de algunas teorías de enfermería que lo explicitan en su desarrollo y por último
intentaremos aportar algunos atributos que consideramos esenciales para el cuidado comprensivo. La
Real Academia Española define cuidado como “solicitud y atención para hacer bien algo” y
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E-mail: [email protected]
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comprensivo como “aquel que tiene la facultad o capacidad de comprender”, entendiendo por
comprender, “el contener, incluir en sí algo” (RAE, 2005). Desde el punto de vista filosófico el
cuidado desempeña un papel fundamental en la filosofía de Heidegger, quien declara que el cuidado es
el ser de la Existencia. Tal cuidado debe ser entendido, ante todo, en un sentido existenciario. Ahora
bien, el fenómeno del cuidado no posee, según Heidegger, una estructura simple. Así como la idea del
ser no es una idea simple, no lo es tampoco la del ser de la Existencia y, por consiguiente, la del
sentido del cuidado (Ferrater Mora, 1999). Ahora el concepto comprensivo, surge, filosóficamente
hablando, como consecuencia de un examen de la noción de horizonte. Ninguno de los horizontes
abarca el Todo; cada horizonte es limitante y limitado. Puede preguntarse entonces si hay una especie
de “horizonte de los horizontes” que lo comprenda o abarque todo. Jaspers responde negativamente,
pero afirma que hay lo comprensivo, dentro de lo cual se halla todo horizonte particular, pero que no
es visible como horizonte. Lo comprensivo no es sólo sujeto o sólo objeto, sino que se halla a ambos
lados de la división sujeto – objeto (Ferrater Mora, 1999). Para Dilthey (1944) la comprensión es el
método que llena el ámbito de las ciencias del espíritu. Señala que sobre la base de la vivencia y de la
comprensión de uno mismo y en acción recíproca constante entre los dos, se constituye la
comprensión de las ajenas manifestaciones de vida y de otras personas. Desde el punto de vista de las
teorías de enfermería, hemos querido rescatar el aporte de la Dra. Jean Watson, quien postula que la
enfermería está interesada en comprender la salud, la enfermedad y la experiencia humana. Se centra
en los aspectos transpersonales y espirituales, que representan la integración de sus creencias y valores
sobre la vida humana y proporcionan el fundamento para el desarrollo ulterior de su teoría. Algunos
de los aspectos que señala la Dra. Watson son: las emociones y la mente de una persona son las
ventanas de su alma. El acceso al cuerpo, la mente y el alma de una persona es posible siempre que la
persona sea percibida y tratada como una totalidad. Las personas necesitan la ayuda y el amor de los
demás. Para hallar soluciones es necesario encontrar significados. La totalidad de la experiencia en un
momento dado constituye un campo fenoménico. (Barnhart et al, 1997, como se cita en MarrinerTomey, 1997) Estas afirmaciones teóricas reflejan en Watson una orientación más fenomenológica,
existencial y espiritual, reconociendo la obra de Heidegger, como inspirador. Dentro de los
conocimientos propios de la enfermería, Watson hace referencia al trabajo de Leininger, quien define
cuidado, como “a los fenómenos relacionados con la asistencia y las conductas de apoyo y capacitación
dirigidas hacia otros individuos (o grupos) con necesidades reales o potenciales para atenuar o mejorar
su situación humana o modo de vida” (Alexander, et al, 1997, como se cita en Marriner – Tomey,
1997, p.430). Luego de haber revisado distintos enfoques para el cuidado comprensivo, decidimos
buscar publicaciones que hicieran referencia a este tipo de cuidado, y nos encontramos con una gran
cantidad de ellas, en donde existían también distintos niveles de desarrollo del concepto. Desde sólo
nombrarlo y utilizarlo cómo un término vacío carente de significado (Orsini, 1999; Kernich, 1999),
hasta otras publicaciones en dónde le asignan ciertos atributos interesantes de analizar (Cumbie et al,
2004; Dickey, 1998; Cordato et al, 2005). Cabe destacar que la mayoría de los autores de los artículos
revisados son enfermeras, el cuidado comprensivo no sólo se atribuye a la enfermería, sino que por el
contrario muchos integrantes del equipo de salud participan en él. Esto nos hace reflexionar acerca de
qué es lo propio de enfermería. Si bien es cierto que no nos podemos apropiar del cuidado, sí
podemos fortalecerlo desde la generación de conocimientos respecto al tema. Quisimos destacar la
publicación de Cumbie, et al. (2004), con su artículo Modelo de práctica avanzada de enfermería para
el cuidado comprensivo en enfermedades crónicas, en dónde se plantea que se requieren de nuevos
modelos para proporcionar cuidados, que faciliten una orientación más integradora del cuidado al
cliente. Señalan que la valoración sistemática, la prevención, le educación, el apoyo y el seguimiento de
la rutina del usuario, son muy difíciles de implementar en un modelo de cuidado que está centrado en
la enfermedad aguda (curación), el cual es inherente a los sistemas de salud actuales en EE.UU. Es por
eso que plantean la necesidad de crear nuevos modelos centrados en las necesidades de las personas
portadoras de enfermedades crónicas. Refieren que para que este modelo sea efectivo, el cuidado de la
persona con una enfermedad crónica debe ser flexible, individualizado, el concepto de salud debe ser
manejado de manera de poder insertarlo dentro de las distintas fases de la enfermedad, se debe basar
en las necesidades personales del usuario, en sus propios intereses y debe considerar el escenario
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cultural en donde el cuidado se llevará a cabo. En este modelo, la enfermería está guiada por una
filosofía humanista, en donde las personas son consideradas desde un punto de vista holístico, más que
biológico, en dónde el cuidado cobra dos dimensiones: el comprender y el propósito. Se privilegia la
auto – determinación individual, la independencia y la toma de decisiones en aspectos relacionados
con la salud. Después de haber analizado el cuidado comprensivo desde distintos puntos de vista, cabe
reflexionar acerca de qué nos aportan cada uno de estos enfoques. De la definición del código
sanitario, es importante que rescatemos el reconocimiento social y legal que se nos atribuye como
enfermeras en cuanto a gestionar el cuidado. Aunque se hace necesario crear la discusión de qué
entenderemos por cuidado, para entonces poder gestionarlo. El enfoque filosófico nos aporta el
existencialismo del cuidado, es decir, que este radica en el ser de la existencia, por lo tanto nos permite
reconocer que toda persona tiende hacia él y de manera de hacer el bien, concepto que también incluye
la RAE. Ahora si le agregamos el componente comprensivo, podemos establecer un horizonte
limitado y particular, que según Dilthey sería el ámbito de las ciencias del espíritu, la cual requiere de la
comprensión de uno mismo. Esto a su vez se relaciona con lo que postula Watson, que entiende la
enfermería como el proceso de comprender la salud, la enfermedad y la experiencia humana;
considerando a la persona como una totalidad y que para hallar soluciones se necesita encontrar
significados. Lo anterior claramente nos lleva a reflexionar acerca del origen fenomenológico del
cuidado comprensivo, que radica en develar las experiencias vividas de las personas y considerarlas
como únicas y marcadoras en todo su vivir. Si como enfermeras, somos capaces de acoger al otro en
su totalidad respetando y reconociendo sus experiencias de vida y las propias, podremos cuidarlo de
una forma más integral, potenciando las capacidades mutuas y reconociendo junto con el otro sus y
nuestras debilidades. Esto nos exige que el cuidado que otorguemos sea flexible, individualizado,
basado en las necesidades del otro y considerando sus intereses y cultura. Lo anterior nos plantea un
tremendo desafío, en dónde estamos llamadas, en primera instancia a comprendernos a nosotras
mismas, para luego poder enfrentarnos al otro de la forma más libre posible y así poder comprenderlo
en su totalidad como persona. Creemos que el llamado a cuidar de manera comprensiva, permitirá
innovar y crear nuevas formas de cuidado que realzarán nuestra identidad profesional y disciplinaria,
tanto en nuestros usuarios, como en nosotras mismas. Consideraciones finales: A lo largo del
desarrollo de este ensayo se ha reflexionado sobre el cuidado comprensivo, desde distintas
perspectivas, partiendo por conceptos generales de lo que se entiende comúnmente por cuidado y
comprensivo, para luego introducirse en lo que la Filosofía y la Enfermería entienden por éste. Para
esto se abordaron algunos conceptos teóricos de teoristas en Enfermería, se consideró el marco legal
de la Enfermería en Chile y se buscaron experiencias de aplicación del cuidado comprensivo por parte
de enfermeras. Podríamos decir entonces, que basándonos en los conceptos filosóficos de cuidado
comprensivo, expresado también como holístico e integral, se nos plantea su origen en la filosofía
fenomenológica, reconociendo la influencia de Heidegger, quien postula que el cuidado forma parte de
la existencia del ser (Ferrater Mora, 1999); y de Dilthey (1944), quien postula que la comprensión es el
método que llena el ámbito de las ciencias de espíritu, abriendo un mundo en cada punto de la
comprensión. Creemos que el desafío que se nos plantea, es tomar esta perspectiva fenomenológica,
incorporarla en los modelos de cuidados de los usuarios, a través de investigaciones que nos permitan
develar la esencia de la experiencia vivida por ellos, y de esta manera contribuir al desarrollo de la
disciplina de enfermería en esta área. De esta forma estaremos contribuyendo a la construcción del
campo epistemológico de la enfermería para hacer el cuidado comprensivo, sujeto de la ontología de
Enfermería.
Referências:
Alexander, J. et al. (1997) Teoría de los cuidados culturales. En A Marriner – Tomey (1997) Modelos y
teorías en enfermería. Madrid, España: Harcourt Brace.
Barnhart, D. et al. (1997) Filosofía y ciencia de la asistencia. En A Marriner – Tomey (1997) Modelos y
teorías en enfermería. Madrid, España: Harcourt Brace.
Cumbie, S., Conley, V., Burman, M. (2004) Advanced Practice Nursing Model for Comprehensive
Care with Chronic Illness: Model for Promoting Process Engagement. [Versión electrónica] ANS.
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Frederick, 27 (1): 70 - 81
Cordato, N., Sabari, S., Price, M. (2005) Geriatric interventions: the evidence based for comprehensive
health care services for older people. [Versión electrónica] Australian Health Review, 29 (2): 151 - 155
Dickey, E. (1998) Outpatient visit planning: Turning episodic care into comprehensive care. [Versión
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Dilthey, W. (1944) El mundo histórico. México: Fondo de cultura económica.
Ferrater Mora, J. (1999) Diccionario de Filosofía. Ultima Ed. Barcelona, España: Ariel.
Kernich, C. (1999) Comprehensive Nursing Care in Multiple Sclerosis. [Versión electrónica] Journal of
Neuroscience Nursing, 31 (2): 117 - 118
Salsberry, P. (1994) A Philosophy of Nursing: What Is It? What Is It Not?. En J Kikuchi & H
Simmons (1994) Developing a Philosophy of Nursing. California, USA: SAGE Publications.
Orsini, J. (1999) Comprehensive care for children with renal disease. [Versión electrónica] The
Exceptional Parent, 29 (9): 36 - 37
RAE (2005) Diccionario de la Real Real Academia Española. Recuperado el 13 de junio de 2005.
http://buscon.rae.es/draeI/SrvltFUIBusUsual.
Rivera, S. (2005) Dimensiones filosóficas de la Enfermería: lo ontológico, lo epistemológico y lo ético. Documento
curso Filosofía de la ciencia, Programa Magíster, Escuela de Enfermería. Pontificia Universidad
Católica de Chile.
COMPREHENSIVE CARE
ABSTRACT: Care concept has being defined by several points of view, and in Nursing there are such
a number of definitions as theories of nursing exist. This must not be strange for us, because of the
equivocal nature of care concept, that means that we are in front of a concept that has multiple
meanings, depending on the point of view in which it is being analyzed. These make more difficult its
comprehension, but the disciplinary challenge is to generate knowledge from different perspectives, in
which the development of this different aceptions takes place. In this essay we will analyze care
concept on its comprehensive dimension, and how it is seen in nursing work, rescuing its essence since
the day by day work. For the development of this essay we used texts, scientific magazines articles,
dictionaries, among others, that helped us to base comprehensive care in nursing.
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144 O SIGNIFICADO DE CUIDAR NO CONTEXTO DO PENSAMENTO COMPLEXO:
NOVAS POSSIBILIDADES PARA A PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO E PARA A
PRÁXIS DE ENFERMAGEM
JULIANA BALBINOT1
KEYLA NASCIMENTO2
LAURA CRISTINA DA SILVA3
MARLENE GOMES TERRA4
SILVIAMAR CAMPONOGARA5
VERA RADÜNZ6
EVANGELIA KOTZIAS ATHERINO DOS SANTOS7
RESUMO: Trata-se de uma reflexão teórica que emergiu no transcurso da disciplina “O Cuidado
Humano em Enfermagem e Saúde” do Curso de Doutorado em Enfermagem, do Programa de PósGraduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina em 2006/1. Dentre as ricas
discussões realizadas, sentiu-se a necessidade de mergulhar mais profundamente no significado de
cuidar na perspectiva do pensamento complexo. Sabe-se que na atualidade, o que antes parecia algo
simples e de fácil manejo, como o cuidar, foi adquirindo uma identidade influenciada pelas linhas de
pensamento consideradas pós-modernas. Neste sentido, este estudo apresenta uma reflexão sobre o
significado do cuidado de enfermagem a partir da ótica do pensamento complexo, buscando
evidenciar pontos que possam ancorar uma concepção teórica e uma prática mais aderida às
necessidades que hoje se colocam para a práxis da Enfermagem. Para isso, busca-se ressaltar uma
breve explanação sobre o pensamento complexo e as questões histórico-conceituais relativas a
concepção de cuidado, para então tecer reflexões que possam contribuir para a construção de uma
nova matriz de significados para o cuidado de enfermagem. Ao contrário do pensamento fragmentado
e unilateral que nos ensina a disjuntar, a simplificar, a reduzir, o pensamento complexo, constitui outro
modo de abordar a realidade. De maneira geral, segundo Morin (2000) a complexidade é capaz de
reunir, de contextualizar, de globalizar, mas, ao mesmo tempo, capaz de reconhecer o singular, o
individual, o concreto. Assim, a introdução da abordagem baseada na complexidade, tem sido uma
necessidade premente no campo da saúde, e da enfermagem especificamente, tendo em vista a
supremacia do pensamento reducionista/biologicista, que moldou as bases teórico-práticas neste setor.
Desta forma, ao seguir o modelo biomédico, a enfermagem relegou para o segundo plano um cuidado
que tenha como sentido o de assegurar a continuidade da vida dos seres humanos e a sua razão de
existir, criando-se um imenso abismo ao nível dos cuidados de enfermagem (COLLIÉRE,1989).
Assim o cuidar assumiu características profissionais obtidas de uma educação formal, fruto da
modernidade, dos avanços científicos e tecnológicos, e do crescente poder da ideologia médica,
1 Enfermeira do Hospital Universitário - UFSC, Mestre em Assistência de Enfermagem, Florianópolis- SC/Brasil.
2 Enfermeira, Mestre em Assistência de Enfermagem, Professora Substituta do Departamento de Enfermagem – UFSC,
Florianópolis-SC.
3 Enfermeira do Hospital Universitário da UFSC, Mestre EM Assistência de Enfermagem, Professora Substituta e Membro do Grupo
de Pesquisa Cuidado, Saúde e Enfermagem – UFSM, Santa Maria-RS/Brasil. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em
Enfermagem e Participante do Grupo PRAXIS – UFSC, Florianópolis. Bolsista CAPES/PQI.
4 Enfermeira, Mestre em Educação, Professora Assistente e Membro do Grupo de Pesquisa Cuidado, Saúde e Enfermagem – UFSM,
Santa Maria-RS/Brasil. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e Participante do GESPI – UFSC,
Florianópolis. Bolsista CAPES/PQI. E-mail: [email protected]
5 Enfermeira, Mestre Assistência em Enfermagem, Professora Assistente e Membro do Grupo de Pesquisa Cuidado, Saúde e
Enfermagem – UFSM, Santa Maria-RS/Brasil. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e Participante do
Grupo PRAXIS – UFSC, Florianópolis. Bolsista CAPES/PQI.
6 Enfermeira, Pós-Doutora em Enfermagem, Docente do Departamento e da Pós-Graduação em Enfermagem da UFSC, Membro
do Grupo de Pesquisa Cuidando e Confortando– C&C/PEN/UFSC, Florianópolis-SC/Brasil. Orientadora do trabalho.
7 Enfermeira, Dra em Enfermagem, Docente Adjunta do Departamento e da Pós-Graduação em Enfermagem da UFSC,
Coordenadora do Grupo de Pesquisa em Enfermagem na Saúde da Mulher e do Recém-nascido-GRUPESMUR /PEN/UFSC,
Florianópolis-SC/Brasil. Orientadora do trabalho.
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buscando o reconhecimento do poder dominante e ‘status’. Com isso perdeu muito de sua arte,
humanização e conhecimento específico, o que dá ao profissional uma falsa idéia de autonomia.
Diante deste contexto, a abordagem do cuidado sob a fundamentação de um referencial teórico mais
abrangente é um imperativo. No entanto, para abordar-se o cuidado na perspectiva da complexidade
faz-se necessário primeiramente buscar resposta para a seguinte questão: Quem é o cuidador que
cuida com base no pensamento complexo? É um ser diferente, singular, ser de relações,
contextualizado; alguém que está no mundo e com o mundo; percebe a totalidade conectando corpo e
mente, sujeito e objeto; compreende as sensações, as emoções e valoriza a experiência do ser humano
que cuida dialogando amorosamente; constrói conhecimento com base na dimensão sensível, mas se
utiliza dos procedimentos técnico-científicos tão importantes na área da saúde. Com isso, podemos
inferir que este cuidador poderá estabelecer novos parâmetros para a sua prática, assentando-a em um
referencial mais integrador e aberto à complexidade. Com base neste pensamento, podemos
depreender que o significado atribuído ao cuidado de enfermagem é muito importante no sentido de
estabelecer referenciais inovadores para a prática. Nesta linha, podemos também chamar a atenção
para outro aspecto primordial relacionado à produção de conhecimentos. Assim, a partir da
perspectiva com que se analisa a realidade empírica do cuidado e os seus diversos determinantes,
teremos ou não uma rede de significação que possa refletir a complexidade do contexto em que se
insere. Para finalizar e com base no que foi até o momento exposto, acredita-se que o caminho mais
frutífero, para que se possa consolidar uma matriz de significados mais contemporânea para o cuidado
de enfermagem e, portanto, que atenda as reais demandas da sociedade, seja a
inter/transdisciplinariedade. Por meio da integração de saberes poder-se-á compor um novo esteio de
significação para o cuidado de enfermagem e com isso, estabelecer um novo marco para a teoria e a
prática de enfermagem. Assim, esta reflexão revela o esforço de trazer à vida da Enfermagem
enquanto disciplina e profissão, a possibilidade de se vislumbrar novos caminhos que esclareçam os
diferentes significados do cuidado a fim de compartilhar-se as práticas de cuidado alicerçados na
solidariedade, conhecimento científico, sensibilidade e amor para com o outro e entre seus pares.
Palavras-chave: enfermagem; cuidado; pensamento complexo.
Referências:
COLLIÉRE, MF. Promover a vida: da prática das mulheres de virtude aos cuidados de enfermagem.
Portugal: Printipo, 1989.
MORIN, E. A epistemologia da complexidade. In: Morin, E., Le Moigne, Jean-Louis. A inteligência da
complexidade. 2.ed. Falci, Nurimar Maria (Trad.). São Paulo: Peirópolis, 2000.
THE MEANING OF CARE IN THE CONTEXT OF COMPLEX THINKING: NEW
POSSIBILITIES FOR KNOWLEDGE PRODUCTION AND FOR NURSING PRACTICE
ABSTRACT: This study is the fruit of reflection from the discipline “Human Care in Nursing and
Health Care” from the Doctorate in Nursing Curriculum from the Post-Graduate Nursing Program
from the Federal University of Santa Catarina. During the classroom discussions, we felt the need to
delve yet deeper into the significance of care in the context of complex thinking. It is known that
currently, what previously was something simple and easy completion, such as care, has been acquiring
an identity influenced by the lines of thought that are considered post-modern. In this sense, this
study presents a reflection upon the significance of nursing care from the view of complex thinking,
seeking to evidence points that may anchor a theoretical conception and a practice that is more
adhered to the necessities that are placed before Nursing practice. In order to do this, we seek to
highlight a brief explanation of complex thinking and the historical-conceptual questions related to the
conception of care, to then weave reflections that may contribute to the construction of a new matrix
of meaning for nursing care. Contrary to fragmented and unilateral thinking that teaches us to disjoin,
simplify, and/or reduce, complex thinking constitutes another manner of approaching reality. In a
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general fashion, according to Morin (2000), complexity is capable of reuniting, contextualizing, and
globalizing, while at the same time is capable of recognizing what is singular, individual, and/or
concrete. Thus, an introduction to an approach based on complexity has been a pressing need for the
health care field, and nursing specifically, keeping in mind the supremacy of the
biologicial/reductionist thinking that has molded the theoretical-practical bases of this sector. In this
way, upon following the biomedical model, nursing has relegated to the backburner a type of care that
has the sense of securing the continuity of human life and their reason for existing, creating an
immense abysm on the level of nursing care (Colliére,1989). Thus, care has assumed professional
characteristics that are obtained from formal education, fruit of modern times, from scientific
advances and technologies, and from the growing power of medical ideology, seeking recognition of
dominate power and “status”. With this, it has lost much of its art, humanization, and specific
knowledge, which gives the professional a false sense of autonomy. Before this context, the approach
of care upon a foundation of a more ample theoretical reference is imperative. However, for us to
approach care from the perspective of complexity, it becomes necessary to first question: Who is the
caregiver who cares based on complex thinking? It is a person who is different and singular, a person
of relationships, and a contextualized person; someone who is in the world and with the world; who
perceives the totality connecting mind and body, subject and object; who comprehends sensations,
emotions, and values the experience of being a human who cares through loving dialogue; who
constructs knowledge based on the sensitive dimension, but who utilizes the technical-scientific
procedures that are so important in the area of health care. With that, we can infer that this caregiver
will be able to establish new parameters for his/her practice, situating themselves to a more integrating
reference, more open to complexity. Based on this thinking, we can to concluded that the
significance attributed to nursing care is very important in the sense of establishing references for
nursing practice. In that line of thought, we can also call attention to another primordial aspect related
to knowledge production. Thus, from the perspective that being analyzes the empirical reality of care
and its diverse determinants, we will or will not have a network of significance that will be able to
reflect upon the complexity of the context in which it is inserted. To finalize, based on what has been
exposed thus far, we believe that the most fruitful path in order to be able to consolidate a matrix of
more contemporary significances for nursing care and accordingly attends the real demands of society
is the inter/transdisciplinarity. Through the integration of knowledge we will be able to compose a
new pillar of significance for nursing care. With that, we will be able to establish a new benchmark for
theory and practice within nursing. Thus, this study reveals the effort to bring life to Nursing as a
profession the possibility of illuminating paths that clarify the significances of care in order to share
care practices which are consolidated in solidarity, scientific knowledge, sensitivity, and love for one
another.
Keywords: nursing; caring; complex thinking.
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163 O PROCESSO DE CUIDAR NA CONSULTA DE ENFERMAGEM PRÉ-NATAL
CIBELE SANDRI MANFREDINI1
RESUMO: Percebemos que nos países em desenvolvimento os índices de mortalidade materna são
mais elevados em relação aos países desenvolvidos. Com isto, face a nossa realidade, reforçamos a
necessidade, de cada vez mais investir nos processos educativos, qualificando a assistência à saúde da
mulher no período gravídico/puerperal. Para tanto, entendemos ser importante que o profissional
enfermeiro preste assistência qualificada durante o pré-natal através da consulta de enfermagem e
grupos de orientações. A consulta de enfermagem é referida por Zagonel (2001) como sendo
individualizada e requerendo conhecimento, competência e responsabilidade. Ela delega ao enfermeiro
a autonomia de avaliar e decidir com o cliente sobre as metas a serem atingidas. Para ter resultados, o
enfermeiro deve ser capaz de detectar com precisão os problemas que evidenciam desequilíbrio e o
grau de comprometimento para a saúde de cada cliente. Com a preocupação de estarmos realizando as
consultas de enfermagem, em uma unidade básica de saúde, com qualidade, enquanto enfermeira e
professora, indagamos como as mulheres que recebem esta assistência compreendem a consulta de
enfermagem. Assim elaborou-se um estudo com o objetivo de conhecer a visão das mulheres sobre a
consulta de enfermagem no pré-natal. Esta pesquisa tem caráter qualitativo, descritivo e representa um
estudo de caso. A escolha pelo estudo de caso deu-se porque nesta pesquisa estaremos estudando um
caso específico e singular, “a consulta de enfermagem no pré-natal”. Segundo Lüdke e André (1986,
p.17) “quando queremos estudar algo singular, que tenha um valor em si mesmo, devemos escolher o
estudo de caso”. A pesquisa foi realizada em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) de um município do
Norte do Estado do Rio Grande do Sul, onde as consultas de enfermagem no pré-natal são realizadas
pela enfermeira da unidade, pela enfermeira docente da Universidade e pelos acadêmicos de
enfermagem em período de estágio, atendendo a demanda espontânea das gestantes. Estabelecemos
como sujeito da pesquisa as mulheres que realizaram no mínimo três consultas de enfermagem durante
o pré-natal na referida unidade no período de janeiro de 2001 a outubro de 2002, por ter sido neste
período que as consultas de enfermagem se consolidaram neste serviço.Foram selecionadas dezoito
(18) mulheres que se enquadravam nos critérios definidos para a seleção do sujeito de estudo.
Optamos por utilizar a entrevista semi-estruturada como técnica de coleta de dados. Foi utilizado um
roteiro com questões norteadoras, previamente elaborado, que possibilitou uma seqüência lógica para
aquisição dos dados a fim de atingir o objetivo do estudo. Respeitando os preceitos éticos da pesquisa
foi entregue as participantes um termo de consentimento livre e esclarecido, assegurando o anonimato
e o direito de desistência durante a realização do estudo. Assim as participantes receberam nomes
fictícios para serem representadas. As entrevistas foram realizadas na residência das participantes com
o uso do gravador para armazenar as informações. Com a realização de nove (09) entrevistas
observamos a repetição e semelhança das informações, com isto, determinamos a saturação dos dados,
findando a coleta dos mesmos. Para analisarmos os discursos dos sujeitos do estudo transcrevemos as
informações obtidas nas entrevistas e realizamos leituras sistematizadas das mesmas. Agrupamos as
informações dando origem ao tópico: Ser Cuidado, Cuidar De Si E Cuidar Do Outro. Para as
entrevistadas, a consulta de enfermagem no pré-natal, significa cuidar da gravidez com o auxílio do
profissional da saúde; cuidar da própria saúde, assim como, cuidar do bem estar do bebê que irá
nascer. O cuidar descrito pelas mulheres refere-se também a atenção do profissional da saúde para
com a gestante e o bebê que irá nascer, pois as entrevistadas relatam que para cuidar da sua saúde e do
Enfermeira. Mestre em Ciências da Saúde Humana (UnC- SC). Professora do Curso de Enfermagem na Universidade Regional
Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Campus Erechim (URI – RS). Rua Alemanha 269 / 301. Centro. Erechim – RS. CEP:
99700-000. E-mail: [email protected]
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seu filho procuram um serviço de saúde, onde recebem cuidados necessários para o bom
desenvolvimento da gestação. Após os relatos das entrevistadas, podemos relacionar o processo de
cuidar de si e do outro “cuidar da gente” com as atividades desenvolvidas “desde o início”, pela
gestante tais como “fazer os exames certinhos”, “as vacinas e as vitaminas”. O processo de ser
cuidado, é visualizado pelos procedimentos realizados pela enfermeira: “a enfermeira escutava o
coraçãozinho”, “a enfermeira via o peso, a altura da barriga”. Ser cuidado faz parte do ser humano,
mas também é necessário o cuidar de si e do outro. Para cuidar utilizamos técnicas, rotinas,
equipamentos, gestos manuais, “media a barriga”, palavras, olhares, entre outros, e para termos êxito
em nossas atitudes, necessitamos de um componente extremamente importante que é a ajuda do ser
cuidado. Esta ajuda pode ser demonstrada de diversas maneiras, “tu fazer o tratamento”, mas
queremos aqui nos referir ao ato do auto cuidado, pois durante a assistência pré-natal é necessário à
gestante se cuidar para poder cuidar do bebê que está em seu ventre “se tu não se cuidar, o mais
prejudicado é o nenê”. Na promoção do auto cuidado, Orem (1985) refere que a enfermagem tem a
preocupação com a promoção do auto cuidado e fornece suporte para o controle de ações contínuas
para promoção da saúde do ser que esta desenvolvendo o auto cuidado, “é o acompanhamento da
enfermeira”. A consulta de enfermagem no pré-natal “Para mim representou uma coisa ótima,
importante” revela o resultado positivo das consultas de enfermagem, bem como a importância que as
mulheres dão ao aprender “aprendi muita coisa (...) tudo foi importante”, ao prevenir “o cigarro
prejudica a criança (...) se eu tivesse continuado a fumar (...)” assim como ao cuidar “cuida melhor do
meu nenê”. Segundo Vanzin e Nery (2000, p. 45) “A consulta de enfermagem é um recurso valioso na
assistência personalizada ao cliente e sua família, criando uma situação de ensino/aprendizagem”.
Acrescento que esta deva ser realizada conforme as necessidades do cliente e que este sinta-se satisfeito
e perceba o resultado positivo que a consulta de enfermagem representa para o cuidado da sua saúde e
de sua família. Na visão das entrevistadas a consulta de enfermagem é um momento de cuidar de sua
saúde e da saúde de seu bebê, onde realizam exames, tomam vacinas e vitaminas, controlam o peso e
escutam o coração do feto, ou seja, recebem cuidados, cuidam de si mesmas e tem a oportunidade de
cuidar de seu bebê ainda no ventre materno. Este cuidado é fundamental para a manutenção da saúde
e para que ele ocorra deve haver uma educação para o cuidado, através da consulta de enfermagem.
Para nós, a consulta de enfermagem é um momento único na assistência de enfermagem, pois temos a
oportunidade de visualizar o cliente de forma globalizada, prestando um cuidado através de
questionamentos, da escuta, examinando, aconselhando, educando, permitindo ao cliente a
possibilidade de expor seus sentimentos e esclarecer suas inquietações. Ao findar este estudo
compreendemos que as mulheres visualizam a consulta de enfermagem como um recurso necessário e
importante para a educação do cuidado. Acreditamos, ao concluir este estudo, que tenhamos atingido
os objetivo e superado as expectativas. Também entendemos ser necessário que este tema seja
abordado em outros momentos e realidades para que cada vez mais possamos firmar o papel do
enfermeiro através da consulta de enfermagem, como cuidador na equipe de saúde. Este estudo
vincula-se no eixo temático “significados do cuidado”.
Palavras-chave: cuidado; consulta de enfermagem; pré-natal.
Referências:
LÜDKE, Menga; ANDRÉ, Marli E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São
Paulo: EPU, 1986, p.99.
OREM, Dorothea. Nursing concepts of practice, 3.ed. New York: Mc Graw Hill Book, 1985.
VANZIN, Arlete Spencer; NERY, Maria Elena da Silva. Consulta de Enfermagem: Uma
necessidade social? 2. ed. Porto Alegre: RM&L Gráfica e Editora, 2000.
ZAGONEL, Ivete P.S. Consulta de enfermagem: um modelo de metodologia para o Cuidado. In:
CARRARO, Telma Elisa; WESTPHALEN, Mary E.A. Metodologias para a assistência de
enfermagem: teorização, modelos e subsídios para a prática. Goiânia: AB, 2001. 184p (41-56).
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THE PROCESS OF CARING DURING THE NURSING PRENATAL CONSULTATION
ABSTRACT: We have noticed that in developing countries the rates of maternal death are higher
when compared to developed countries. Facing this reality, we reinforce the need to invest even more
in educational processes, giving better quality to the assistance to women’s health during their
pregnancy and puerperal period. For that, we understand that it is important that the professional
nurse give qualified assistance during the prenatal period through nursing consultation and orientation
groups. The nursing consultation is referred by Zagonel (2001) as being individualized and requiring
knowledge, competence and responsibility. It gives the nurse the autonomy to assess and decide with
the patient over the goals to be reached. To obtain results, the nurse must be able to detect accurately
the problems that evidence the unbalance and the degree of committal to health of each patient.
Concerned about doing nursing consultations in a health basic unit, with quality, as a nurse and
professor, we asked how the women who receive this assistance understand the nursing consultation.
Thus, we have created a survey with the objective to know the views those women have about the
nursing consultation during the prenatal period. This research has a qualitative and descriptive basis
and presents a case study. The choice for the case study was made because in this research we will be
studying a specific and singular case, “the nursing consultation during prenatal period”. According to
Lüdke and André (1986, p.17), “when we want to study something singular, that has a value in itself,
we should choose a case study”. The research was made in a Health Basic Unit (UBS) in a municipality
in the north of the state of Rio Grande do Sul, where prenatal consultations are made by the unit’s
nurse, by the nurse professor of the university and by nursing undergraduates in trainee period, serving
an spontaneous demand of pregnant women. We have established as the subject of this research
women who during their prenatal period undergo at least three nursing consultations in the above
mentioned unit during the period of January, 2001 thru October, 2002, as in that period the nursing
consultations were consolidated. We selected eighteen (18) women who fit the criteria defined for the
selection of the subject for study. We chose to use the semi-structured interview as a technique to
collect data. A guideline with questions, previously made, made possible a logical sequence for the
gathering of data in order to achieve the objective of the study. With due respect to the ethical
principles of the research, the participants were given a free and clarified consent term, assuring their
right of abandonment during the study. Thus, the participants received fictitious names to be
represented in the study. The survey was conducted in the participants’ homes with the use of a tape
recorder to save the information collected. After nine (09) interviews we have observed repetition and
similarities in the information, with that, we have determined the saturation of data, ending to collect
them. To analyze the discourse of the subjects of the study, we have transcribed the information
obtained in the interviews and made systematic reviews of them. We grouped all information giving
origin to the topic: Being Cared, Care of Yourself and Care of Each Other. For the interviewees, the
nursing consultation during the prenatal period means to care of their pregnancy with the help of a
health professional; care of their own health as well as care of the well being of the baby to be born.
The care described by those women is also related to the attention of the health professional to the
pregnant woman and the baby to be born, as the interviewees stated that to care of their health and
their babies they look for a health service where they receive the necessary care for a good
development of their gestation. After the statements of the interviewees, we can relate the process of
care of yourself and the others, “care of us”, to the activities developed “from the beginning” by the
pregnant woman such as “do all the examinations correctly” and “take all the vaccines and vitamins”.
The process of being cared of is viewed through the procedures done by the nurse: “the nurse listened
to the baby’s heart”; “he nurse checked our weight and the size of our belly”. Being cared of is part of
being human, but is also necessary to care of yourself and the other. To care of we use techniques,
routines, equipment, gestures, “measured their bellies”, words, glances among others, and to be
successful in our attitudes we needed an extremely important component which is the help of the
person cared of. This help can be demonstrated in several ways, “you follow the treatment”, but we
want here to refer to the act of self care, as during the prenatal assistance it is necessary to the pregnant
woman to care of herself to be able to care of the baby in her womb “if you don’t care of yourself,
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your baby is the one who is harmed”. In the promotion of self care, Orem (1985) states that nursing is
concerned with the promotion of self care and provides support for the control of continuing actions
for the promotion of the health of the person who is developing the self care, “it is the follow up of
the nurse”. The nursing consultation during prenatal “For me it represented something good and
important” shows the positive result of the nursing consultations as well as to the importance those
women give to the act of learning “I have learned a lot (…) everything was important”, when
preventing “smoking can be harmful for the baby (…) if I had continued smoking (…)” as well as
when caring of “take better care of your baby”. According to Vanzin and Nery (2000, p. 45) “The
nursing consultation is a valuable resource in the personalized assistance to the patient and her family,
developing a learning/teaching situation”. We add that this should be done according to the needs of
the patient and she should be satisfied and perceive the positive result that the nursing consultation
represents for the care of her health and her family. In the view of the interviewees the nursing
consultation is the moment to care of their health and their babies’, where they go through exams, care
of themselves and have the opportunity to care of their babies still in their wombs. This care is
fundamental for the maintenance of health and for it to occur there must be education towards care,
through nursing consultation. For us, the nursing consultation is a unique moment in the nursing
assistance, as we have the opportunity to visualize the patient as a whole, giving care by questioning,
listening, examining, giving advices, teaching and giving them a chance to expose their feelings and
clarify their doubts. At the end of this study we realized that those women view the nursing
consultation as a necessary and important resource for the education about care. We firmly believe,
after concluding this study, that we reached the objectives proposed and exceeded our expectations.
We also realized that it is necessary that this theme be approached in different moments and realities
so that we can secure the role of the nurse through the nursing consultation as a carer in the health
team. This study is linked to the thematic axis “meanings of the care”.
Keywords: care; nursing consultation; prenatal.
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165 A
DOR
DO
RECÉM-NASCIDO:
SENTIMENTOS
E
SIGNIFICADOS
DE
ENFERMEIRAS E MÉDICOS NO COTIDIANO DA UNIDADE DE TRATAMENTO
INTENSIVO NEONATAL
MARIA THAÍS DE ANDRADE CALASANS1
CLIMENE LAURA DE CAMARGO2
CAMILA MOTTA LEAL VALENTE1
RESUMO: A dor é considerada uma experiência subjetiva e pessoal. O recém-nascido é o paciente
mais vulnerável a dor, por não ter habilidade para se proteger ou manifestar verbalmente sua
insatisfação frente a uma situação dolorosa. O profissional que trabalha na Unidade de Tratamento
Intensivo Neonatal deve estar atento às alterações comportamentais e fisiológicas que costumam
acompanhar o episódio doloroso, além de saber utilizar instrumentos de avaliação e mensuração da
dor nessa faixa etária. A fase neonatal, entre as diferentes etapas de vida do ser humano, é aquela em
que o indivíduo quer doente ou não, exige um cuidado integral do seu cuidador. Aos bebês normais,
cabe a mãe prestar esse cuidado e na maioria das vezes de forma instintiva. À mulher-mãe, símbolo da
fecundidade, compete todos os cuidados realizados, visando o crescimento e o desenvolvimento da
criança. Na ausência da figura materna, uma outra pessoa se responsabilizará pelo cuidado. Tratandose de um recém-nascido internado na neonatalogia, o cuidado vem a ser exercido pela equipe de saúde.
Objetivos: Compreender o significado da dor do RN para enfermeiras e médicos nas Unidades de
Tratamento Intensivo Neonatais da cidade de Salvador. Desenvolvimento Estudo qualitativo,
descritivo e exploratório, fundamentado na Teoria do Cotidiano de Michel Maffesoli, desenvolvido em
duas Unidades de Tratamento Intensivo Neonatal de Salvador. Os sujeitos foram 14 enfermeiras e 12
médicos que atuavam nas unidades estudadas. Os dados foram coletados através de entrevista semiestruturada, observação livre participante e coleta de dados em prontuários. Os dados obtidos nas
entrevistas foram analisados através da técnica de análise de conteúdo e triangulados com aqueles
coletados em prontuários e nos registros de notas de campo das observações livres. Foram
encontrados sentimentos ambíguos ao cuidar do recém-nascido com dor que variavam entre
sentimentos agradáveis, como o alívio e a realização; e sentimentos desagradáveis, associados à
impotência e ao desconhecimento quanto ao manejo do processo álgico. Os profissionais demonstram
não conseguir verbalizar as suas emoções ao lidar com a dor na fase neonatal, bem como parecem ter
dificuldade em significar a dor do recém-nascido, restringindo esse significado ao conhecimento
técnico-científico. Alguns o associam às experiências vividas no âmbito profissional e familiar. A dor
do neonato, em algumas situações, foi percebida como algo comum e inerente ao processo de
internamento, não sendo valorizada. Considerações Finais: Os profissionais de saúde ainda têm
dificuldades no manejo adequado da dor e o significado atribuído por eles à dor na fase neonatal,
interfere na sua prevenção, avaliação e tratamento.
Palavras-chave: dor; recém-nascido; cuidados intensivos.
NEWBORN PAIN: FEELINGS AND MEANINGS FOR NURSES AND DOCTORS AT
NEONATAL INTENSIVE CARE UNIT DAILY LIFE
ABSTRACT: Pain is considered a subjective and personal experience. Newborns are the most
vulnerable patients to pain for not having the ability to protect themselves or verbally expresses their
dissatisfaction during a painful situation. Professionals from Neonatal Intensive Care Unit must be
aware to behavioral and physiologic changes during painful episodes beyond know how to use pain
1
2
Universidade Federal da Bahia-Brasil.
Universidade Federal da Bahia-Brasil. E-mail: [email protected]
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evaluation and measure instruments at this age. Neonatal phase, comparing to others human stages of
life, is that the baby sick or not, needs a full care. For those normal, the mother must do it, usually in a
instinctive way. The woman-mother, a fecundity symbol, is the responsible to the given care, in order
so the child can grow and develop. If there is absence of the mother, another one will be responsible
for the given care. Speaking of a newborn interned at a neonatology service, the care is given by the
health professionals. Objectives: Comprehend the meaning of newborn pain to nurses and doctors at
Neonatal Intensive Unit Care at the city of Salvador-Ba-Brazil. Development: Qualitative, descriptive
and exploratory study based on Daily Life Theory by Michel Maffesoli, developed at two Neonatal
Intensive Care Units from Salvador-Ba-Brazil. Subject were 14 nurses and 12 doctors who worked
there. Data were collected through half-structured interview, free participative observation and at
patient´s handbooks. Data obtained from interviews were analyzed by content analysis and associated
with information collected at observations and those found at handbooks. Were found ambiguous
feelings related to newborn pain care, which varied between good feelings, as relief and fulfillment; and
unpleasant feelings associated to the powerless and lack of knowledgement about pain management.
Professionals demonstrated not to be able to verbalize their emotions related to the dealing with
neonatal pain as well as difficulty on meaning newborn pain, restricting it to their technician and
scientific knowledge. Some of them associated it to professional and familiar experiences. Newborn
pain, sometimes, were perceived as something common and inherent to the admission process and
consequently not valued. Conclusions: Health professionals still have difficulty on appropriate pain
management and the meaning of pain attributed to them during neonatal phase interfere on its
prevention, evaluation and treatment.
Keywords: pain; newborn; intensive care.
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168 A BUSCA DO SENTIDO DE VIDA: A EXPERIÊNCIA DE UMA MÃE DE CRIANÇA
COM CÂNCER
ANA PAULA DA SILVA1
KARINA MAURO DIB1
NOELY CIBELI DOS SANTOS2
RESUMO: Este estudo teve como objetivo conhecer a experiência da mãe que possui um filho com
câncer e como ela encontra um sentido para viver. Foi realizada uma pesquisa qualitativa, tendo como
método a história oral. Como resultado, a espiritualidade, apareceu como algo importante para mãe dar
sentido para a sua vida e transcender a doença inesperada do filho. Este estudo melhorou a nossa
própria percepção sobre importância de significarmos as nossas vidas, repensar e significar melhor a
enfermagem que pretendemos fazer. O câncer infantil é uma das doenças crônicas que mais cresce no
País. Apesar do desenvolvimento e avanço tecnológico e científico, ainda existem problemas de difícil
abordagem como o impacto que esta doença representa e o sofrimento vivenciando pela família. O
profissional de enfermagem que pretende lidar com as respostas humanas deve estar preparado para
assistir os indivíduos e suas famílias não somente no enfrentamento da doença e sofrimento, mas
também em sua busca pelo seu significado da experiência por estes vivenciadas. Objetivos: Sendo o
câncer uma doença de grande impacto familiar que leva a um grande sofrimento, temos como
objetivos: Conhecer a história de vida da mãe com criança com cancer; Identificar os fatores que
trazem um sentido para sobreviver à situação atual; Fortalecer a nossa construção pessoal no
desenvolvimento das habilidades. Desenvolvimento: Dada a natureza dos objetivos utilizou-se à
metodologia qualitativa de pesquisa, tendo como norte teórico a logoterapia de Victor Frankl. A
pesquisa foi realizada em uma Casa de Apoio que recebem mães e crianças com câncer moradoras de
outros estados. Foi realizada a entrevista com uma mãe de criança com câncer que estava passando
por esta experiência a 1 ano e 6 meses. A análise e coleta de dados tiveram como referencial
metodológico a História Oral de Vida, pois esta abordagem permitiu uma melhor compreensão da
experiência da mãe em toda a sua complexidade e especificidade. A base da existência da História oral
foi um depoimento gravado, transformando o relato oral em texto escrito seguindo as etapas de
transcrição, textualização e transcriação. Após a realização dos passos metodológicos, a mesma foi
analisada tendo como norte teórico a logoterapia de Victor Frankl. A metodologia da história oral de
vida permitiu a coleta de dados e a oportunidade de entender, a experiência e o sentido de vida de uma
mãe com criança com câncer. Através da luz do referencial teórico de Viktor Frankl, evidenciaremos
os aspectos que sugerem a busca do sentido de vida. A história de vida da mãe estudada nos revelou
que a busca pelo sentido de vida iniciou-se na juventude e no decorrer da sua história através de
eventos como: adesão a uma religião, casamento, maternidade, o filho doente e espiritualidade, os
quais esses momentos foram significando e dando sentido a sua vida. A busca pelo sentido de vida é a
motivação primária de uma pessoa2. O sentido do homem não é aprendido, memorizado ou objeto de
consciência, ele existe por si próprio, é da própria natureza inata do ser humano, no entanto o sentido
é tão real como a vida, ele deve ser encontrado pelo homem3. O primeiro acontecimento que deu
sentido a sua vida foi adesão a uma religião, trazendo a oportunidade de conhecer pessoas diferentes,
sair da zona rural, trabalhar e encontrar o amor, onde se casou e constituiu uma família. Podemos
descobrir o sentido de vida a três diferentes formas: 1. Criando um trabalho ou praticando um ato; 2.
Experimentando algo ou encontrando alguém; 3. Pela atitude que tomamos em relação ao sofrimento
inevitável2. No decorrer da mãe deste estudo, o acontecimento que trouxe a indagação por um sentido de vida foi a
descoberta do câncer de seu filho mais novo, marcado pelo sofrimento e por uma missão intransferível da responsabilidade
1
2
Graduanda de Enfermagem da Universidade Cidade de São Paulo – UNICID. São Paulo, Brasil. E-mail: [email protected]
Docente do Curso de Enfermagem da Universidade Cidade de São Paulo – UNICID. São Paulo, Brasil.
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de buscar um tratamento em São Paulo. O ser humano é capaz de suportar os mais intensos sofrimentos quando tem um
sentido para sua vida, uma tarefa cobrando realização, uma missão intransferível2. A trajetória de vida desta mãe é
permeada pelo sentido de vida que encontra na religião e na espiritualidade, desde a descoberta da
doença até os dias atuais, os quais foram marcados pela superação de vários obstáculos como:
sofrimento de ter um filho com câncer, estar em uma cidade como São Paulo tão temida pela sua
violência, dificuldades de encontrar moradia e adaptar-se a ela, separação do seu marido e filho,
dificuldades financeiras e a demora no tratamento. Religião é definida como a consciência que o
homem tem de sua dimensão sobre-humana, e nesta dimensão ele apóia a fé básica no sentido último
da vida2. Representa a resposta que a humanidade tem procurado dar a tais questões, através de um
conjunto de práticas e crenças4. Aderir uma crença religiosa pode ser uma forma de viver a sua
espiritualidade2. O homem é dirigido por uma dimensão espiritual, que o leva a buscar o sentido e a
realizar seus valores, valores que já estão no mundo e se distribuem no trabalho, amor, vivências e
sofrimento3. A mãe desta pesquisa, quando soube da doença do filho, em nenhum momento sentiu-se
culpada e nem culpou Deus, e sim, permaneceu otimista, acreditando que tanto a cura como as
doenças são pertinentes as obras divinas, colocando Deus como um ser supremo e expressivo na sua
vida. No íntimo da pessoa existe uma religiosidade pulsante, e que no momento da angústia intensa
aparece uma fé, uma esperança no futuro que faz brotar o sentido de vida, a crença em Deus5. Diante
de tantas dificuldades, a mãe acreditava que a sua força para lutar e enfrentar o câncer de seu filho vem
de Deus. Cada pessoa tem uma instância que a doença jamais conseguirá atingir, a espiritualidade, o
Deus vivo na intimidade da pessoa, o ponto de partida da fé que temos em relação a algo a
transcender2. No caso da mãe deste estudo, a doença do filho não conseguiu atingir sua
espiritualidade, sendo esta utilizada como recurso para superar os obstáculos desta trajetória. Esta mãe
parece estar encontrando sentido até mesmo no sofrimento, através da espiritualidade positiva, sentido
este que impulsionou a busca do tratamento do câncer e a superação dos obstáculos. Deu um passo a
mais, aceitando o sofrimento de ter um filho com câncer e as dificuldades encontradas no decorrer do
tratamento em São Paulo, aceitando os limites da fadiga, da incerteza da cura do filho e da distância da
família. Neste momento de sua vida ela deu sentido ao seu sofrimento que é de continuar em São
Paulo em busca do tratamento, apesar de tudo. Considerações Finais: A história Oral de vida como
metodologia possibilitou a percepção do quanto é importante olharmos a história de vida das pessoas.
A luz do referencial teórico de Viktor Frankl instrumentalizou-nos para que pudéssemos melhor
compreender a vivência de uma mãe que enfrenta o câncer do seu filho e a identificar os elementos
que dão sentido na vida, para assim poder fortalecê-los. Também possibilitou melhorar o nosso
discurso para que pudéssemos conduzir as mães e ajudá-las a enfrentar melhor as adversidades
decorrentes do processo da doença. A espiritualidade apareceu como algo importante para mãe
estudada para que ela pudesse dar sentido em sua vida e transcender a doença inesperada do filho,
remetendo-nos a necessidade de compreendermos melhor a dimensão espiritual do ser humano. A
proposta aqui é a de compreendermos melhor o sentido de vida para que possamos prestar uma
assistência de enfermagem a criança e sua família a partir do que é necessidade apontada por eles e não
apenas norteada por normas e rotinas. Este estudo melhorou a nossa própria percepção de quando e
de que forma acessamos os elementos que dão sentido de vida, de uma família com criança com
câncer, fato este que nos faz repensar a nossa própria vida e significar melhor a enfermagem da qual
pretendemos fazer.
Palavras-chave: enfermagem oncológica; pediatria; espiritualidade; sentido de vida.
Referências:
JESUS, G.J. Encontrando sentido no sofrimento: a vivência da família da criança com câncer. São
Paulo, 2001. Dissertação (mestrado), Escola de Enfermagem. Universidade de São Paulo.
FRANKL, V.E. A Busca de Sentido. Um psicólogo no campo de concentração. Rio Grande do
Sul: Sinodal. 2003.
RODRIGUES, R. Fundamentos da Logoterapia. Na Clínica Psiquiátrica e Psicoterapêutica.
Petrópolis: Vozes, 1991.
SMELTZER, C.S.; BARE, B. Brunner & Suddarth Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgica.
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Florianópolis/SC, 08 a 10 de outubro de 2006. ISBN 978-85-88612-46-4
9º ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.
GOMES, J.C.V. Logoterapia. A Psicoterapia Existencial Humanista de Viktor Emil Frankl. São Paulo:
Loyola, 1992.
THE SEARCH OF SENSE OF LIFE: THE EXPERIENCE OF A MOTHER WHO HAS A SON
WITH CANCER
ABSTRACT: In this study, we aimed to know the experience of a mother who has a son with cancer
and the ways she chose to give a sense to her life. A qualitative research was accomplished, using the
“oral history” method. As a result, the spirituality, showed up as an important way to give sense to the
mother’s life and also to get over her son's unexpected disease. This study improved our own
perception about the importance of giving a meaning to our lives and also rethinking and giving a
proper meaning to the nursing we are intending to do.
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180 A ENFERMAGEM E OS SIGNIFICADOS DA MORTE DA CRIANÇA: DESVELANDO
CAMINHOS PARA O CUIDADO
LAURA CRISTINA DA SILVA1
ANA IZABEL JATOBÁ DE SOUZAL2
ROSANE GONÇALVES NITSCHKE3
RESUMO: A morte da criança é um momento difícil durante a hospitalização despertando na equipe
de enfermagem importantes reflexões. Ao se conhecer o cotidiano de cuidado da Enfermagem em
uma unidade de internação pediátrica pode-se imaginar de imediato a angústia vivenciada pela equipe
diante do processo de morte e morrer da criança, principalmente pela necessidade de apoiarem as
famílias que as acompanha. Baseados nessa premissa e em diversos depoimentos da equipe de
enfermagem sobre a dificuldade em enfrentar o processo de morte e morrer da criança é que este tema
foi escolhido para reflexão, principalmente pelos significados trazidos para o processo de viver dos
cuidadores, bem como para se buscar caminhos a fim de amenizar o temor desta temática na
abordagem com as famílias. A fragilidade e a falta do “preparo” em cuidarmos uns dos outros neste
momento de extremo estresse e dificuldade ao conviver com a morte possibilitou um mergulho em
mares revoltos que expressam os significados atribuídos pelos profissionais de enfermagem que
vivenciam este cotidiano. Este estudo tem como objetivo refletir sobre os sentimentos e significados
da morte da criança no cotidiano dos cuidadores de Enfermagem de uma unidade de internação
pediátrica. Trata-se de um estudo qualitativo realizado junto a equipe de saúde de uma unidade de
internação pediátrica de um Hospital Escola do Sul do Brasil no ano de 2001, e que faz parte de uma
dissertação de mestrado do Programa de Pós-graduação em Enfermagem da Universidade Federal de
Santa Catarina. Como metodologia foi realizado encontros, denominados “encontros de cuidado”,
pois nestes pretendia-se cuidar de quem cuida tendo como fio condutor a interação entre os
participantes. Foram realizadas atividades lúdicas e interativas para desvelar os sentimentos e
significados da morte da criança para os profissionais da equipe de enfermagem. Utilizou-se como
fundamentação teórico-filosófica o Interacionismo Simbólico o que contribuiu para a compreensão
dos resultados e para a interação entre os participantes, sendo fundamental para a realização deste
estudo. Os resultados desvelaram a dificuldade dos profissionais de enfermagem em lidar com a morte
e morrer da criança, atribuindo significados como os de tristeza, inconformismo, impotência e revolta.
Estes reforçam a implicação dos sentimentos junto aos significados desvelados como parte do
imaginário de cada um. Os resultados apontam para a necessidade de propiciar momentos junto a
equipe que permitam a reflexão sobre a temática da morte no cotidiano do cuidado. Evidenciam a
importância de cuidar do cuidador a fim de ajudá-los a encontrar maneiras de conviver com a realidade
da morte e do morrer evitando o encouraçamento e a perda de qualquer tipo de expressão de
sentimentos no momento da morte de uma criança. Conclusões: este estudo reforça a perspectiva de
que pouco se pensa e se fala sobre o morrer, esta lacuna iniciada na formação familiar percorre toda a
vida incluindo a formação profissional. Raras são as vezes que se ouvem as famílias ou os profissionais
1 Enfermeira, Chefe do serviço de enfermagem pediátrica do Hu/UFSC – Brasil, Doutoranda do Curso de Doutorado em
Enfermagem do Programa de Pós-Graduação da UFSC, Professora da UNISUL – Universidade do Sul de Santa Catarina – Brasil
para a Graduação em Enfermagem e Especialização em saúde da Família, participante dos grupos de Pesquisa da UFSC –
GAPEFAM e NUPEQUIS/SC.
2 Enfermeira, Doutora em Enfermagem pelo Programa de Pós-Graduação da UFSC, Professora do Curso de Graduação em
Enfermagem da UFSC, Sub-Coordenadora do Curso de Graduação em Enfermagem da UFSC, Coordenadora do Grupo de Pesquisa
GAPEFAM do Programa de Pós Graduação em Enfermagem.
3 Enfermeira, Doutora em Enfermagem pelo Programa de Pós-Graduação da UFSC, Professora do Curso de Graduação em
Enfermagem da UFSC, Coordenadora do Grupo de pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UFSC
NUPEQUIS/SC, Participante do GAPEFAM, Docente nos Cursos de Doutorado e Mestrado da Pós-Graduação em Enfermagem da
UFSC.
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de saúde conversando com as crianças e abordando temas sobre a morte, constatando-se uma negação
deste momento durante o processo de viver humano. Este aspecto reforça os achados encontrados
nos depoimentos da equipe de enfermagem no qual se fundem sentimentos e significados nas
expressões de medo, angústia, impotência, fuga, fracasso entre outras. O cuidado no processo de
morte e morrer nos deixam vulneráveis e íntimos com as nossas limitações, desta forma tornando-se
um dos momentos mais complicados do cotidiano de cuidadores em pediatria. A reflexão sobre esta
temática evidencia a necessidade de vencer obstáculos em busca de possibilidades de cuidado ao
cuidador como grupos de vivências, conversas em pequenos grupos, apoio individualizado e
capacitações teóricas sobre o assunto. Os profissionais apontaram caminhos para que os mesmos
possam continuar a tarefa de cuidar com amor e carinho, inclusive no momento mais delicado que é o
da morte e do morrer, uma vez que este faz parte do processo de viver humano. A necessidade de
discussão das vivências e experiências sobre a morte e o morrer da criança expressa pelos profissionais
de enfermagem evidencia que apesar de todo receio e significados construídos ao longo da historia do
homem, é possível re-significá-los com o propósito de cuidar de si para cuidar melhor das famílias e
crianças que experienciam esta realidade no cotidiano da hospitalização. Durante todo o processo de
construção deste estudo foi possível desvelar a necessidade do “estar junto”, de não viver este
momento de dor, sofrimento e desamparo sozinhos. Ao compartilhar a dor da perda da criança e
como a família sofre, “estar junto” parece amenizar o sofrimento e capacitar os profissionais a
encontrar meios de sobreviver a estas explosões de significados que se mostram traduzidos, ou
transvestidos de sentimentos. Assim, partindo dos significados atribuídos diante da morte da criança
no processo de hospitalização, os profissionais de enfermagem percorrem as estradas de cuidado
desvelando a cada experiência vivida maneiras próprias de cuidar a fim de permanecer capaz de dar um
abraço, de brincar, sorrir, mesmo quando a morte ronda os passos no cotidiano.
Palavras-chave: cuidado; enfermagem; cotidiano.
THE NURSING AND THE MEANINGS OF THE DEATH OF THE CHILD: DISCOVERING
WAYS FOR THE CARE
ABSTRACT: The death of the child is a difficult moment during hospitalization awaking in the
important team of nursing reflections. To if knowing the daily one of care of the Nursing in a unit of
pediatric internment the anguish lived deeply for the team of the death process can be imagined and
immediately ahead be died of the child, mainly for the necessity to support the families who follow
them. Based in this premise and diverse depositions of the team of nursing on the difficulty in facing
the death process and dying of the child it is that this subject was chosen for reflection, mainly for the
meanings brought for the process of living of the professional of the care as well as searching ways in
order to brighten up the fear of this thematic one in the boarding with the families. The fragility and
the lack of the "preparation" in taking care of ones of the others at this moment of extremity estress
and difficulty when coexisting the death made possible a diving in agitated seas that express the
meanings attributed for the nursing professionals whom they live deeply this daily one. This study it
has as objective to reflect on the feelings and meanings of the death of the child in the daily one of the
professional of the care of Nursing of a unit of pediatric internment. One is about a together
qualitative study carried through the health team of a unit of pediatric internment of a Hospital School
of the South of Brazil in the year of 2001, and that it is part of a Master Dissertation of of the Program
of After-graduation in Nursing of the Federal University of Santa Catarina. As methodology it was
carried through meeting, called "care meeting", therefore in these the interaction between the
participants was intended to take care of of who takes care of having as conducting wire. Playful and
interactive activities had been carried through to discovering the feelings and meanings of the death of
the child for the professionals of the nursing team. The Symbolic Interacionism was used as
theoretician-philosophical recital what it contributed for the understanding of the results and the
interaction between the participants, being basic for the accomplishment of this study. The results they
had discovered the difficulty of the professionals of nursing in dealing with the death and dying of the
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child, attributing meanings as of sadness, unresolved, impotence and revolt. These strengthen the
implication of the feelings together to the discovered meanings as part of the imaginary one of each
one. The results point with respect to the necessity to propitiate moments together the team that allow
the reflection on the thematic one of the death in the daily one of the care. They evidence the
importance to take care of of the professional of the care in order to help them to find it ways to
coexist the reality of the death and to die preventing it the hardening and the loss of any type of
expression of feelings at the moment of the death of a child. Conclusions: this study it strengthens the
perspective of that little is thought and if it speaks on dying, this gap initiated in the familiar formation
covers all the life including the professional formation. Rare they are the times that if the families or
the professionals of health hear talking with the children and approaching subjects on the death,
evidencing itself a negation of this moment during the process of living human. This aspect
strengthens the findings found in the depositions of the team of nursing in which if they establish
feelings and meanings in the expressions of fear, anguish, impotence, escape, failure among others.
The care in the death process and to die in leaves them vulnerable and close with our limitations, of
this form becoming one of the complicated moments more of the daily one of professionals of the
care in pediatrics. The reflection on this thematic one evidences the necessity to win obstacles in
search of possibilities of care to the professional of the care as groups of experiences, colloquies in
small groups, individual support and theoretical qualifications on the subject. The professionals had
pointed ways so that the same ones can continue the task to take care of with love and affection, also
at the moment more delicate than it is of the death and dying, a time that this is party to suit of living
human. The necessity of quarrel of the experiences and experiences on the death and dying of the
express child for the nursing professionals evidences that although all distrust and meanings
constructed to the long one of the history of the man, is possible re-to mean them with the intention
to take care of of itself to more good take care of of the families and children who they live deeply
this reality in the daily one of hospitalization. During all the construction process you gave study was
possible to discover the necessity do "to be together", of not living this moment of pain, alone
suffering and abandonment. When sharing the pain of the loss of the child and as the family suffers,
"to be together" it seems to brighten up the suffering and to enable the professionals to find ways to
survive to these explosions of meanings that if they show translated, or dresses of feelings. Thus,
leaving of the meanings attributed ahead of the death of the child in the hospitalization process, the
nursing professionals cover the care roads discovering to each lived experience proper ways to take
care of in order to remain capable to give one hug, to play, to smile, exactly when the death patrol the
steps in the daily one.
Keywords: care; nursing; daily.
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183 A REPRESENTAÇÃO SOCIAL DE ENFERMEIRAS SOBRE O CÂNCER: A
EMERGÊNCIA DE UM NOVO CUIDAR
SÍLVIO ÉDER DIAS DA SILVA 1
IVANEIDE LEAL ATAÍDE RODRIGUES2
KÁTIA SIMONE NÓBREGA FERREIRA 3
RESUMO: Esta pesquisa tem como objeto de estudo a representação social dos enfermeiros sobre
câncer e suas implicações para o cuidado de enfermagem prestado aos pacientes oncológicos. O
interesse por este objeto surgiu quando comecei a perceber a mudança no perfil dos pacientes
internados no hospital que trabalho que passaram de portadores de doenças agudas (leptospirose,
raiva, meningites bacterianas e virais entre outras) para doenças crônicas, mais especificamente o
câncer. O câncer é uma doença que afeta primeiramente o nível cognitivo do indivíduo, que
posteriormente após o processo de assimilação, passa a compreendê-lo e a temê-lo. Por tal motivo
aceita o tratamento, que também implica em sofrimento (cirurgias mutiladoras, radioterapia e
quimioterapia). Mas quando as manifestações da doença se materializam no corpo do doente, seu
biótipo anterior é alterado o que se traduz em sinais e sintomas, tais como: emagrecimento acentuado,
perda da força muscular e outros. A doença, agora visualizada por outros, deixa o âmbito psicológico
passando, também, para o sociológico – torna-se uma doença psicossocial. Já no que se refere à visão
do profissional, as dimensões culturais imputam a compreensão de que o câncer é uma doença
terminal, ou seja, quando o indivíduo se encontra acometido pela patologia por maior que seja a
dedicação da equipe de saúde a morte é inevitável. Ressalto que esta realidade encontra fundamento
não por ser o câncer uma doença terminal, mas sim pela existência de uma forte burocracia presente
nos serviços de saúde. Cabe mencionar que no estado do Pará, este problema esta mais acentuado,
devido as grandes dimensões do território, que dificultam o acesso de pacientes aos serviços de saúde.
O câncer é uma doença que se encontra bastante explorada por diversos tipos de pesquisas, inclusive
as de cunho psicossocial. Mas evidencio que o desvelar sobre as representações sociais de enfermeiros
sobre o câncer é de fundamental importância para um repensar da enfermagem sobre o cuidado
prestado a um paciente portador de uma doença crônica, e quase sempre terminal. A partir deste
entendimento, formulei os seguintes objetivos: caracterizar a representação social dos enfermeiros
sobre o câncer e analisar as implicações desta representação social para o cuidado de enfermagem
prestado aos pacientes oncológicos. O estudo é do tipo descritivo-exploratório, com uma abordagem
qualitativa e aporte teórico dos conceitos da Teoria das Representações Sociais. O trabalho apoia-se
em fontes primárias (depoimentos de dezenove enfermeira e um enfermeiro produzidos a partir de
entrevista semi-estruturada e da técnica de associação livre de idéias). Optei primeiramente pela
aplicação da técnica de associação livre de idéias, como forma de aprofundar as temáticas que
emergiram na livre associação de idéias, utilizei como segunda técnica a entrevista semidirigida. As
informações foram trabalhadas através da análise temática, a qual propicia conhecer uma realidade, por
meio das comunicações de indivíduos que tenham vínculos com a mesma. Busquei seguir a orientação
dessa autora que desdobra esse tipo de análise em 3 etapas: a 1ª é a pré-análise, que consistiu na seleção
e organização do material, com a realização da leitura flutuante e a constituição do corpus; a 2ª – a
exploração do material e a 3ª, o tratamento dos dados. Ao concluir a análise do material simbólico
Enfermeiro. Professor Assistente I do Departamento de Fundamentos de Enfermagem do Curso de Graduação em Enfermagem da
Universidade Federal do Pará/UFPA. Mestre em Enfermagem pela Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ. Membro do Grupo de
Pesquisa: Educação Política e Tecnologia em Enfermagem-EPOTENA. End. Pas. Boaventura da Silva, 129 – Bairro de Fátima –
CEP: 66060-470 – Belém/PA – Fone: (91) 3236-1798/8128-3830 – E-mail: [email protected]/[email protected]
2 Enfermeira. Professora Assistente III da Universidade do Estado do Pará/UEPA. Mestre em Enfermagem pela Escola de
Enfermagem Anna Nery/UFRJ.
3 Enfermeira do Hospital Universitário João de Barros Barreto. Especialista em Enfermagem no Controle do Câncer pela UEPA.
1
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produzido pelos atores sociais desta pesquisa. Ficou notória a saturação de dados que favoreceram
subsídios para emergência de núcleos de significados, que se consolidaram em uma unidade temática:
o paciente oncológico – a experiência de um novo cuidar da enfermagem. Nesta unidade percebeu-se a
representação dos depoentes frente a uma nova experiência de cuidar surgida com a inserção do
paciente oncológico no cotidiano de suas práticas assistenciais. O cuidado pode ser percebido como
uma forma de valorização de algo que o indivíduo define como essencial a sua existência, a sua vida.
Quando me reporto ao cuidado cabe evidenciar que os sujeitos desta pesquisa, em sua grande maioria,
tem maior experiência em sua prática assistencial os cuidados aos pacientes acometidos por doenças
agudas que permitem ao profissional uma avaliação do atendimento prestado, propiciando a melhora
do estado de saúde do doente, e na maior parte das vezes, a cura. As doenças agudas nos reportam as
grandes epidemias onde predominava no coletivo, o medo do contágio, e consequentemente a rejeição
generalizada ao doente. Já nas sociedades capitalistas industrializadas, o surgimento dos antibióticos
contribuiu para a regressão e controle das doenças infecciosas, assim como a predominância das
doenças crônicas e degenerativas. Existe uma diferença no que se refere ao tratamento preconizado a
uma doença aguda e o empregado à crônica. Na primeira o indivíduo procura o serviço de saúde,
realiza o tratamento indicado para sua patologia e restabelece a saúde, percebendo-se curado; já na
segunda, a terapêutica é estabelecida e o padrão saudável atingido, porém a cura não. O paciente
aprender a lidar com as condições impostas pela doença, pelo profissional que o atende e pela família,
tendo que converter sua doença em um estilo de vida. A partir desta contextualização percebo que os
depoentes frente à experiência de cuidar de um indivíduo que sofre de câncer, implementaram o
cuidado que prestava ao portador de uma doença aguda, de forma que se atende as necessidades do
paciente oncológico – uma nova forma de cuidar/cuidado da enfermagem. No que se refere a esta
nova forma de cuidado experenciado, os depoentes evidenciaram a necessidade do mesmo ser:
especializado, integral e humanizado, pois estas características propiciam um cuidar mais eficiente e
eficaz ao paciente oncológico. Quando se reportam a um cuidado especializado, referenciam-se a
necessidade de um conhecimento especifico que oriente o cuidado direcionado ao paciente
oncológico. Um conhecimento que esclareça as diversas formas de se assisti-lo e que favoreça uma
tranqüilidade frente à conduta que irão realizar. Muitos profissionais de saúde, por interesse ou por
uma necessidade no serviço, buscam o curso de especialização como forma de se capacitar frente a
uma realidade vivida no seu cotidiano. Estas fornecem um conhecimento científico que será aplicado
frente uma realidade que proporciona insegurança e angústia. Percebo que a compreensão do universo
de pensamento reificado sobre o câncer, suas manifestações e terapêuticas proporciona ao enfermeiro
uma maior segurança técnica e teórica sobre a assistência que irá oferecer ao paciente oncológico.
Ressalto que a enfermagem tem suas raízes vinculadas ao modelo carteziano, como pode ser
evidenciado nos seus livros textos, vigentes desde a década de 70, e que apesar de sucessivas reedições,
ainda se constituem em verdadeiros compêndios que priorizam procedimentos técnicos em
detrimento ao processo de cuidar. Sendo necessário que o cuidar/cuidado seja incluído nestas obras e
no ensino como forma de melhor capacitar enfermeiros na arte de cuidar de si e do próximo,
favorecendo que este não se torne um mero praticante de técnicas mecanicistas. Outro componente
fundamental para o processo do cuidar diz respeito ao cuidado integral, que compreende a dignidade e
totalidade do ser humano englobando sua integridade, plenitude física, social, emocional, espiritual e
intelectual. Esta percepção do cuidar de forma integral foi mencionado por sete (07) sujeitos.
Evidencio a importância do cuidado ao paciente oncológico ser prestado de forma integral, pois o
câncer afeta este doente no âmbito físico, psicológico, emocional e espiritual. Esta patologia
proporciona uma mudança no cotidiano do seu portador, sendo fundamental para o enfermeiro, como
detentor do processo de cuidar, não direcionar o cuidado somente a uma parte afetada, mas sim ao
paciente como um todo, pelo fato de estar lidando com uma patologia que vai além das estruturas
físicas – uma doença psicossocial. A humanização foi outra qualidade atribuída ao cuidado do paciente
oncológico. A realização do toque do enfermeiro ao paciente oncológico, principalmente, aos que se
encontram em fase terminal, não pode se restringir somente a execução de procedimentos técnicos,
mas a algo bem mais amplo, uma aproximação do doente por meio de gestos carinhosos, da escuta e
da dignidade. A partir destas atitudes afetivas, surge um componente fundamental – o cuidado
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humano. O indivíduo que é cuidado, não tem que receber somente as atenções terapêuticas, mas sim
um cuidado que ultrapasse os procedimentos técnicos, feito com compaixão, interesse e carinho. O ser
cuidado tem que ser olhado, ouvido e sentido. Estes atributos favorecem ao ser que cuida a
integralização de suas ações, enquanto o que é cuidado passa a perceber a importância de cuidar de si.
O conhecimento das representações sociais dos enfermeiros teve como agente facilitador o referencial
teórico-metodológico utilizado, centrado nos conceitos da Teoria das Representações Sociais, por ter
possibilitou perceber que a experiência proporcionada pela presença do paciente oncológico no
cotidiano assistencial dos depoentes, favoreceu uma readaptação do cuidado prestado a um doente
agudo para o mais indicado ao crônico. A esta nova forma de cuidado foram atribuídas características
como: ser especializado, integral e humano, pois somente com estas qualidades poderia o enfermeiro
atender o doente de câncer de forma plena e digna – um verdadeiro cuidado, não o de enfermagem,
mas o da enfermagem.
Palavras-chave: oncologia; enfermagem; cuidado de enfermagem.
THE SOCIAL REPRESENTATION OF NURSES ON THE CANCER: THE EMERGENCY OF
ONE NEW ONE TO TAKE CARE OF
ABSTRACT: This investigation has as object of study the social representation of the nurses on
cancer and its implications for the care of infirmary lent to the oncológicos patients. The interest by
this object arose when I began to perceive the change in the profile of the patients committed in the
hospital that work that happened of carriers of acute diseases (leptospirosis, rages, bacterial and virales
meningitis among others) for chronic diseases, more specifically the cancer. The cancer is a disease
that firstly affects the cognitivo level of the individual, that later after the assimilation process, happens
to include/understand it and temê-lo. By such reason it accepts the treatment, that also implies in
suffering (mutiladoras operations, x-ray and chemotherapy). But when the manifestations of the
disease are materialized in the body of the patient, previous his biótipo is altered what it is translated in
signals and symptoms, tais like: accentuated thinning, loss of the muscular force and others. The
disease, now visualized by others, leaves the scope psychological happening, also, for the sociological
one - it becomes a psycho-social disease. Already in which one talks about the vision of the
professional, the cultural dimensions imputam the understanding of which the cancer is a terminal
disease, that is to say, when the individual is undertaken by the pathology by greater than is the
dedication of the health equipment the death is inevitable. Rebound that this reality finds foundation
not being the cancer a terminal disease, but by the existence of a strong present bureaucracy in the
services of health. It is possible to mention that in the state of Pará, this problem this more
accentuated, which had the great dimensions of the territory, that make difficult the access of patients
to the services of health. The cancer is a disease that is explored by diverse types of investigations
enough, including those of psycho-social die. But I demonstrate that to keep awake it on the social
representations of nurses on the cancer he is of fundamental importance one to rethink of the
infirmary on the lent care a carrying patient of a chronic disease, and almost always terminal. From this
understanding, I formulated the following objectives: to characterize the social representation of the
nurses on the cancer and to analyze the implications of this social representation for the care of
infirmary lent to the oncológicos patients. The study is of the descriptive-exploratory type, with a
qualitative boarding and contributes theoretician of the concepts of the Theory of the Social
Representations. The work apoia- in primary sources (declarations of nineteen produced nurse and a
nurse from semi-structured interview and of the technique of free association of ideas). I chose firstly
by application of technique of association free of ideas, as it forms to deepen the thematic ones which
they emerged in the free association of ideas, I used like second technique the semidirected interview.
The information had been worked through the thematic analysis, that it causes to know a reality, by
means of the communications of individuals that have bonds with the same one. I looked for to
follow the direction of that author who unfolds that type of analysis in 3 stages: 1ª is the pre-analysis,
that consisted of the selection and organization of the material, with the accomplishment of the
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floating reading and the constitution of corpus; 2ª - the operation of the material and 3ª, the treatment
of the dices. When concluding the analysis of the symbolic material produced by the social actors of
this investigation. It was left the saturation of dices well-known that favored subsidies for emergency
of meaning nuclei, which they consolidated in a thematic unit: the oncológico patient - the experience
of one new one to take care of of the infirmary. In this unit the deponent representation of the front
to a new experience was perceived to take care of arisen with the insertion from the oncológico patient
in the daily one of its welfare practices. The care can be perceived as a form of appreciation of which
the individual defines as essential its existence, its life. When I report myself to the care is possible to
demonstrate that the subjects of this investigation, in their ample majority, the cares to the patients
undertaken by acute diseases have greater experience in their welfare practice that allow to the
professional an evaluation of the lent attention, causing the improvement of the state of health of the
patient, and in most of the times, it cures. The acute diseases report the great epidemics where it
predominated in the group, the fear of I infect, and consequentemente the rejection generalized to the
patient. Already in the industrialized capitalist societies, the sprouting of antibiotics contributed for the
regression and control of the infectious diseases, as well as the predominance of the chronic and
degenerativas diseases. One exists differentiates in which it talks about to the treatment praised to an
acute disease and the employee to the chronicle. In the first individual it looks for the service of health,
it makes the treatment indicated for his pathology and restores the health, perceiving itself cured;
already in Monday, the therapeutic one is established and the reached healthful pattern, nevertheless
cures no. The patient to learn to support with the conditions imposed by the disease, by the
professional who takes care of it and by the family, having to turn its disease a life style. From this
contextualização deponent collection that the front to the experience to take care of of an individual
that suffers of cancer, implemented the care that rendered to the carrier of an acute disease, in a way
that is taken care of the necessities of the oncológico patient - a new cuidar/cuidado form of of the
infirmary. With respect to this new form of experenciado care, the deponent ones had demonstrated
the necessity of the same being: specialized, integral and humanized, because these characteristics
cause one to take care of more efficient and effective the oncológico patient. When they are reported
to a specialized care, referenciam-if the necessity of one knowledge I specify that it orients the care
directed to the oncológico patient. A knowledge that clarifies the diverse forms I attended-the and that
as opposed to favors a tranquillity the conduct which they will make. Many professionals of health, by
interest or a necessity in the service, look for the specialization courses as she forms to become
qualified a reality lived in his daily one as opposed to. These provide a scientific knowledge that will be
applied in front a reality that provides insecurity and distresses. Collection that the understanding of
the universe of thought reificado on the cancer, its therapeutic manifestations and provides to the
nurse a greater technical security and theoretical on the attendance that will offer to the oncológico
patient. Rebound that the infirmary has its tie roots to the carteziano model, like can be demonstrated
in its books texts, effective from the decade of 70, and that in spite of successive reediciones, still is
constituted in true compendiums that prioritize technical procedures in damage to the process to take
care of. Being necessary that the cuidar/cuidado thing is incluído in these works and education as
forms of better enabling nurses in the art to take care of of himself and the next one, favoring that this
do not become a mere medical instructor from mechanist techniques. Another fundamental
component for the process of taking care of says respect to the integral care, that
includes/understands the dignity and totality of the human being including its integrity, physical,
social, emotional, spiritual and intellectual fullness. This perception of taking care of of integral form
was mentioned by seven (07) subjects. I demonstrate the importance of the care to the oncológico
patient of being rendered of form integral, because the cancer affects this patient in the physical scope,
psychological, emotional and spiritual. This pathology provides a change in the daily one of its carrier,
being fundamental for the nurse, like detentador of the process to only take care of, not to direct the
care to an affected part, but to the patient like a whole, by the fact to be supporting with a pathology
that goes in addition to the physical structures - a psycho-social disease. The humanización was
another quality attributed to the care of the oncológico patient. The accomplishment of the touch of
the nurse to the oncológico patient, mainly, to that they are in final stage, cannot restrict the expenses
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only the execution of technical procedures, but to something much more ample, an approach of the
patient by means of affectionate gestures, listening and the dignity. From these affective attitudes, the
human care arises one fundamental component -. The individual that is care, does not have to only
receive the therapeutic attentions, but a care that exceeds the technical procedures, fact with
compassion, interest and affection. The well-taken care of being must be watched, be heard and be
felt. These attributes favor the being who takes care of integralização of his actions, while what he is
taken care of he happens to perceive the importance of taking care of of himself. The knowledge of
the social representations of the nurses had like facilitador agent the used theoretical-methodologic
reference, centered in the concepts of the Theory of the Social Representations, to have made possible
to perceive that the experience provided by the presence of the daily oncológico patient in the welfare
one of the deponent ones, favored a readjustment of the care lent to a the most indicated acute patient
for to the chronic one. To this new form of care they had been attributed characteristic like: to be
specialized, integral and human, because with these qualities the nurse could only take care of the
patient of cancer of worthy total form and - a true care, not the one of infirmary, but the one of the
infirmary.
Keywords: oncología; infirmary; taken care of of infirmary.
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229 VELHICE, CUIDADO E DEPENDÊNCIA: CONCEPÇÕES DE CUIDADORES DE
IDOSOS ASILADOS NUMA INSTITUIÇÃO DE MARINGÁ (PR)
MARIA EMÍLIA GRASSI BUSTO MIGUEL1
MEYRE EIRAS DE BARROS PINTO2
RESUMO: Atualmente, o envelhecimento da população mundial é fato incontestável. Em alguns
países, não tem havido tempo hábil para a sociedade se preparar e conviver com essa realidade, como
é o caso do Brasil, que apresenta características bastante peculiares devido à velocidade com que se dá
esse evento. De acordo com Diogo e Duarte (1999), essa mudança tem implicações no perfil
epidemiológico, onde se verifica o aumento das doenças crônico-degenerativas, que são as principais
geradoras de incapacidades e dependência, e como conseqüência, aumenta a demanda de recursos de
saúde por períodos tanto mais longos quanto maior seja a expectativa de vida e quanto piores forem as
condições de saúde. O atendimento às necessidades da pessoa idosa demanda então, reorganização e
reestruturação dos serviços de saúde, o que inclui capacitação de recursos humanos, particularmente
nas instituições de abrigo, onde a qualidade do cuidado se mostra comprometida, uma vez que, na
maioria das vezes é realizado por profissionais sem formação para o cuidado gerontológico. Objetivo:
Analisar concepções de velhice, dependência e cuidado, entre cuidadores formais de idosos, em uma
instituição asilar do município de Maringá (PR). Metodologia: Trata-se de um estudo exploratório
com cuidadores de idosos de uma instituição de longa permanência que atende a indivíduos com 60
anos ou mais. A população do estudo foi constituída de dez profissionais de saúde (um enfermeiro,
quatro técnicos, três auxiliares e dois atendentes de enfermagem). A coleta de dados foi realizada em
agosto de 2005 por meio de entrevistas semi-estruturadas, gravadas e transcritas, com posterior
elaboração de um protocolo de respostas, de onde se originaram as categorias temáticas: concepção de
velhice e pessoa idosa, dependência na velhice e cuidado ao idoso. Resultados: Em relação à velhice e
à pessoa idosa, percebeu-se dificuldade entre os cuidadores para a elaboração de um conceito e
utilização dos termos “velho” e “velhice” o que, segundo Neri e Freire (2000), pode servir para
mascarar preconceitos dos próprios idosos ou dos profissionais, além de ser uma forma de negar a
realidade, e que esse tipo de atitude ocorre por preconceito decorrente da falta de conhecimento
consistente sobre a velhice e o processo de envelhecimento. Os preconceitos e a visão estereotipada
ficam evidenciados, diante da freqüente citação de aspectos negativos (dependência; carência; solidão,
tristeza e abandono; limitações), em detrimento dos aspectos positivos (uma fase maravilhosa, de
conhecimento sobre a vida, de experiências para transmitir aos outros, e de sabedoria). O marcador
psicológico é o mais valorizado para se delimitar a velhice, que fica então condicionada ao modo de
pensar, comportamentos e atitudes frente à vida, e ao estado de espírito da pessoa. Nesse sentido,
ignorar as alterações físicas e reforçar a necessidade de manter o espírito jovem, pode significar outra
forma preconceituosa de percebê-la. A dependência é considerada como um acontecimento natural e
esperado, associado ou não às doenças, e que pode levar a limitações. Maior importância é atribuída à
dependência psicológica/afetiva, e a maioria dos cuidadores reconhece que na prática do cuidado
diário é criada uma dependência comportamental nos idosos. Vale ressaltar que a própria situação de
institucionalização dos idosos, assim como, o excesso ou a falta de rotinas características do seu dia-adia, a falta de privacidade, a atitude paternalista e o tratamento infantilizado da equipe, entre outros,
podem determinar a dependência afetivo-emocional do idoso. O comportamento dependente também
pode ser desencadeado de acordo com crenças, valores e expectativas do próprio idoso sobre a
dependência na velhice, no curso da vida humana e na vida social ou, ainda, ser gerado e mantido
1
2
Faculdade de Apucarana (FAP) Horeslau Saviski, 568. CEP. 86809-070. Apucarana – PR (Brasil).
Universidade Estadual de Londrina (UEL) – PR Brasil.
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quando o idoso percebe que pode agir sobre uma pessoa, controlando-a. Ao formularem suas
concepções de cuidado todos os cuidadores (10) procuraram defini-lo com base na realidade
institucional, e sete deles referiram-se à noção de cuidado integral, total ou holístico, isto é, o conjunto
de ações que busca atender às necessidades da pessoa, levando-se em conta os aspectos bio-psicosociais e espirituais. O atendimento às necessidades básicas relatado pelos cuidadores denota as
características contidas nos conceitos de enfermagem, assistência e cuidado de enfermagem propostos
por Horta (1979). No contexto das manifestações desses cuidadores, pode-se inferir que não houve
diferenças significativas entre as concepções de “cuidar/cuidado” e o cuidado ao idoso. Dessa forma,
cuidar/cuidado pode ser traduzido como qualidade natural do ser humano em relação ao seu
semelhante, com o objetivo de promover o seu bem-estar biopsicossocial e espiritual, respeitando suas
características individuais, buscando preservar sua autonomia e sua independência. Para eles, o cuidado
é necessário e pode acontecer em toda e qualquer situação, independentemente das condições de
saúde ou do grau de dependência que o idoso apresente, e pode se manifestar através de pequenos
gestos ou palavras ou nas manifestações de amor, respeito, carinho, compreensão, paciência, entre
outras, que precisam ser intensificadas no cuidado ao idoso. No entanto, pelos relatos apresentados, a
prática do cuidado parece estar fortemente centrada no cumprimento das tarefas impostas pela rotina
institucional, privilegiando-se o atendimento das necessidades biológicas. Todos os cuidadores
referiram realizar atividades como banho, curativos, higiene íntima, troca de roupa, cuidados com a
pele, unha e cabelos, auxiliar na alimentação e hidratação, encaminhar e acompanhar nas consultas
médicas. O modo como desenvolvem essas ações remetem ao termo FAOSE (fazer, ajudar, orientar,
supervisionar e encaminhar), presente nos conceitos teóricos da assistência centrada no
cliente/paciente, condicionadas ao grau de dependência para a satisfação das necessidades básicas
(HORTA, 1979). Com menor freqüência foram citados o cuidado com o vestuário e o ambiente e as
ações preventivas. Ações de planejamento, organização, supervisão e coordenação foram citadas como
forma de cuidado pelo profissional enfermeiro. Foram consideradas dificuldades para a prática do
cuidado a movimentação e transporte de idosos acamados e dependentes, a memorização dos nomes
dos idosos e o conhecimento das características da pessoa idosa; mas a falta de recursos humanos
constitui, para eles, a maior dificuldade para a realização do cuidado e contribui, sobremaneira, para
criar ou manter a mencionada dependência comportamental. Porém, independente das dificuldades, o
ato de cuidar dos idosos se traduz por uma atividade prazerosa, uma vez que proporciona um melhor
conhecimento dos idosos sob seu cuidado, o reconhecimento de sua dedicação, a oportunidade de
aprendizagem e o estímulo à reflexão sobre a própria vida e sobre a velhice, assim como, uma maior
valorização da vida. Dessa forma, sentem-se felizes, valorizados e realizados pessoal e
profissionalmente, sentimentos que emergem dentro e por meio de relacionamentos. A opção pelo
trabalho com idosos, mais especificamente numa instituição asilar, não fazia parte dos planos de
carreira da maioria dos profissionais entrevistados. Ao contrário, era considerada a última opção de
trabalho, tendo sido necessário enfrentar, inicialmente, o preconceito de outros profissionais e de
familiares. Considerações finais: Fica evidente que a falta de conhecimento específico, assim como
os preconceitos e a visão estereotipada da velhice, associado às deficientes condições de trabalho, entre
outros fatores, podem levar ao aumento da dependência e à restrição da autonomia, bem como
interferir na qualidade do atendimento. Dessa forma, o conhecimento das diferentes realidades de
cuidados assume papel fundamental no planejamento e na implementação de programas de
capacitação de recursos humanos, e na transformação da qualidade das relações hoje estabelecidas,
com vistas ao envelhecimento saudável da população.
Palavras-chave: enfermagem gerontológica; cuidado; cuidadores; dependência.
Referências:
DIOGO, M. J. D.; DUARTE, Y. A. O. O envelhecimento e o idosos no ensino de graduação em
enfermagem no Brasil: do panorama atual a uma proposta de conteúdo programático. Revista da
Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 33, n. 4, p. 370-6, dez. 1999.
HORTA, V. A. Processo de Enfermagem. São Paulo: EPU/USP, 1979.
NÉRI, A. L.; FREIRE, S. A. E por falar em boa velhice. Campinas, SP: Papirus, 2000.
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OLD AGE, CARE AND DEPENDENCE: CONCEPTIONS OF OLD AGE CAREGIVERS IN
AN OLD PEOPLE HOME IN MARINGA-PR
ABSTRACT: Nowadays, the aging process of the world population is an incontestable fact. However,
in some countries, there has not been enough time for society to prepare itself to live with such a
reality, as it happens in Brazil. Thus, the institutions in charge of providing health service to fulfill the
old people’s needs demand reorganization and rearrangements, which, in fact, includes the
development of human resources. Particularly, in homes for old people, or in nursing homes, the
quality of care seems to be committed, once most of the time the work is carried out by lay
professionals or nurse-assistants, without appropriate knowledge of gerontologic care. This study, of
exploratory character, aims at analyzing the conceptions that caregivers, in a nursing home in MaringaPR, have in mind concerning dependence and care in old age. In addition, it aims at contributing to
improve this sort of service. The population studied is constituted of ten professionals (a nurse, four
technicians, three nurse-assistants, and two nurse-attendants). Data collection was made through semistructured interviews, which were recorded, transcribed, and later helped in the elaboration of an
answering protocol that originated thematic categories. The psychological marker is a valuable device
to delimit the old age period, that is then, conditioned to the way of thinking, behaviors and attitudes
to face life, as well as, the person’s mood. Both, health conditions and dependence are mentioned as
factors that can accelerate or delay the beginning of that period of life. The prejudice and the
stereotyped vision, in this matter, are highlighted, once it is frequent to face negative aspects in
statements, thus, neglecting the positive ones. The dependence is considered a natural and expected
thing or event, being associated or not to diseases, and it can lead the individual to limitations. Greater
importance is attribute to the psychological-affective dependence, and most of caregivers have
recognized that old people in daily care develop a behavioral dependence. For the individuals
interviewed, the conception of care involves providing the main basic necessities of human beings,
also considering the bio-psychosocial and spiritual aspects, and thus, demanding an intensification in
manifestations such as love, respect, emotional care, comprehension, patience and so on. On the other
hand, according to the reports presented, the practice of care seemed to be strongly centered in the
fulfillment of tasks imposed by the institutional routines, with emphasis on services concerning
biological necessities. The lack of human resources constitutes the main difficulty to accomplish such a
care, thus, it contributes, extremely, to create or maintain the mentioned behavioral dependence.
Therefore, it becomes evident that the lack of specific knowledge, as well as, the prejudice and the
stereotyped vision of the old age process, in addition to deficient working conditions, among some
other factors, can cause the increase of the dependence level and, consequently, can restrict autonomy,
interfering in the quality of service provided to old people. Thus, the knowledge of different ‘realities’,
concerning care, plays an important role in the planning and implementation of human resource
programs involving transformation of the present quality, in order to provide a better health system to
people undergoing the aging process.
Keywords: geriatric nursing; care; caregivers; dependence.
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245 TEMÁTICAS, SIGNIFICADOS E TENDÊNCIAS DO CUIDADO: ANALISANDO A
PRODUÇÃO DA ENFERMAGEM NA PERSPECTIVA DA FENOMENOLOGIA
ELIZABETH TIMOTHEO CRIVARO1
INEZ SILVA DE ALMEIDA2
IVIS EMÍLIA DE OLIVEIRA SOUZA3
RESUMO: A Enfermagem vem passando por várias fases ao longo da história. Expressando-se
como atividade profissional, vem se desenvolvendo a partir da construção e da consolidação do seu
saber, à medida que utiliza a pesquisa como instrumento do conhecimento teórico-prático para a
transformação (Assunção et al., 2003). Após um período de intensa qualificação profissional, em busca
do saber técnico-científico, mediante a criação dos cursos de Pós-graduação, a Enfermagem voltou-se
mais diretamente ao seu semelhante, ao perceber que o seu diferencial encontra-se na vivência do
cuidar. A enfermagem ao buscar o cuidar efetivo, implementa o cuidado em seu cotidiano como uma
forma de relacionar-se, com compromisso, responsabilidade e zelo (Camargo e Souza, 2003). O cuidar
do ser do humano, como foco de atenção nos serviços de saúde é de suma relevância e está
relacionado aos significados que os profissionais atribuem ao do cuidado. Com o objetivo de
apresentar questões teóricas e práticas que têm o cuidar do humano e suas manifestações como
projeto existencial, estudiosos da área de enfermagem têm utilizado cada vez mais referenciais
filosóficos de pesquisa em suas propostas. Os enfermeiros, ao integrarem às suas concepções o
pensamento teórico e filosófico, intentam encontrar o caminho para o resgate do cuidado humano,
que requer a presença, o estar com. Nesse movimento, tentam modificar o cuidado mecânico,
orientado por tarefas, normas e prescrições, buscando sua fundamentação em uma prática de
enfermagem humanística. O grande desafio enfrentado pela profissão tem se constituído em fugir das
armadilhas que se caracterizam pela fragmentação do seu agir-cuidar. Fragmentação essa que impõe
normas e regulamentos, que acabam por massificar e engessar o agir assistencial tornando-o impessoal
e obscurecendo o olhar direcionado ao homem (Crivaro et al, 2006). As raízes da pesquisa em
Enfermagem utilizaram o modelo biomédico e a abordagem quantitativa, que não contemplavam
aspectos relevantes do cotidiano e seus dilemas existenciais. Questões referentes ao sentido da vida e
seus significados merecem o olhar cuidadoso de um referencial compreensivo. Ocorre, então, na
Enfermagem, a busca de um método de investigação que abarque seu modo de ser enquanto ciência e
arte. À medida que a enfermagem intenta compreender o ser em sua dimensão holística, ela abre o
cenário de possibilidades de cuidado. Assim, muitos enfermeiros procuraram para esta compreensão,
desenvolver estudos, principalmente dissertações e teses, segundo a abordagem fenomenológica de
pesquisa (Crivaro et al., 2006). A pesquisa fenomenológica na Enfermagem possibilita compreender as
inquietações de quem centra o foco do seu cuidar no ser humano. Assim, traz a perspectiva de pensar
a realidade vivida, ver o humano como um todo indissociável, que se interrelaciona e interage com os
outros para a sua concretude existencial. Partindo desse pensar, desenvolvemos uma revisão acerca da
produção acadêmica de Enfermagem em Fenomenologia, a fim de responder ao questionamento:
Como evoluiu o conhecimento na perspectiva do cuidar em enfermagem, à luz da Fenomenologia nos
cursos de Pós-graduação? Elegemos como objeto do estudo a produção acadêmica de enfermagem,
tendo como base teórico-metodológica a Fenomenologia. Destacamos como objetivo geral: analisar a
produção acadêmica acerca do cuidar em enfermagem a partir da abordagem compreensiva do vivido
e, como objetivos específicos: correlacionar as áreas temáticas do cuidar em enfermagem, à luz dos
referenciais teóricos e discutir as tendências temáticas iluminadas pelo pensamento fenomenológico.
Instituto Fernandes Figueira / FIOCRUZ/ Brasil. E-mail: [email protected]
Hospital Universitário Pedro Ernesto / UERJ/ Brasil
3 Escola de Enfermagem Anna Nery / UFRJ/ Brasil
1
2
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Trajetória do Estudo: Este é um estudo descritivo com abordagem quanti-qualitativa, realizado
através de levantamento bibliográfico. Utilizamos os resumos do banco de teses da Fundação
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes/Ministério da Educação)
como fonte primária de dados. Ao elegermos como descritor o termo “fenomenologia”, evidenciamos
as páginas referentes aos títulos dos diversos estudos e selecionamos os específicos de Enfermagem
procedendo, posteriormente, uma compilação dos mesmos. A partir do banco de dados da CAPES,
catalogamos as produções acadêmicas que utilizaram como caminho metodológico, a abordagem
fenomenológica, no período de 1987 a 2004 e selecionamos os referenciais teóricos mais utilizados.
Destacamos as temáticas que integraram a compreensão do vivido, da vivência e da ação do cuidar e
do cuidado. Trabalhamos com a técnica de análise temática, por entendermos o tema como a unidade
de significação que emerge do material analisado. Resultados e Discussão: O estudo nos permitiu
evidenciar 281 trabalhos produzidos por enfermeiros utilizando a abordagem fenomenológica, de um
total de 1952 resumos encontrados nas diversas áreas do saber. Salientamos que, nos resumos
estudados de dissertações e teses publicadas no banco de dados da CAPES, identificamos três núcleos
temáticos: a compreensão do vivido com 12 trabalhos, a compreensão da vivência com 109 e a
compreensão da ação de cuidar e do cuidado, com um total de 160 trabalhos. Ao mapear as
produções, em ordem de maior utilização, percebemos que os referenciais filosóficos mais utilizados
foram de Martin Heidegger e Alfred Schutz. Foi também possível observar que uma parcela
significativa de resumos não referia a corrente filosófica que deu sustentação ao estudo.Cabe ainda
mencionar, que foram mais evidenciadas as pesquisas pautadas no pensar de Heidegger, nas áreas que
envolvem o profissional enfermeiro e/ou equipe, com 24 trabalhos; e a área do cuidar da saúde da
mulher com 23. Destacamos que a natureza da abordagem iluminada pelo pensamento de Heidegger,
ao buscar na singularidade a compreensão do ser-aí que cuida e é cuidado, justifica a relevância da sua
utilização nas referidas áreas. Considerações Finais: À guisa de conclusão, é possível ressaltar que a
valorização da abordagem filosófica existencial de Heidegger pelos pesquisadores da área de
enfermagem, reafirma que, estes profissionais vêm buscando desvelar as obscuridades do cuidar para
ampliar as possibilidades do olhar às singularidades do ser humano como um todo holístico,
distinguindo-o do modelo cartesiano, reducionista e de fragmentação do Homem. Compreendemos
ser fundamental, possibilitar o incremento de pesquisas, a fim de favorecer o desenvolvimento da
profissão, sem o qual não seria possível a evolução de um cuidar consciencioso e humano. Nossos
resultados também podem levar a uma reflexão crítica sobre a importância da qualidade dos resumos
publicados no banco de teses da CAPES, tendo em vista que fornecem subsídios para o
desenvolvimento de outros estudos. Neste sentido, acreditamos ser de grande valia que os
pesquisadores mencionem o referencial utilizado, bem como outros indicadores de igual
importância.O conhecimento produzido necessita ser transmitido com o objetivo de estimular o
profissional a pensar e a perceber as coisas com um outro olhar. Uma das formas de se transmitir o
conhecimento é por meio da divulgação científica, pois quando este não é socializado impossibilita a
aplicação, a crítica e a geração de outros (Assunção et al., 2003). O fomento de conhecimentos e
saberes acerca da compreensão do vivido, da vivência, da ação do cuidar e do cuidado, possibilita o
aperfeiçoamento evolutivo do profissional, fornece um sustentáculo e subsídios para sua práxis, além
de favorecer a reflexão que traz recursos para a construção de novos modelos assistenciais. O processo
de reflexão oferece caminhos para que o enfermeiro perceba sua realidade pessoal apontando
caminhos para o reabastecimento de sua vitalidade por meio do cuidar de si, o que leva a um cuidar
mais efetivo do outro (Radünz, 1999). Assim, ressaltamos que a Fenomenologia como caminho
metodológico, tem tido um crescimento progressivo, sendo uma possibilidade real de compreender o
sujeito em sua dimensão ontológico-existencial. Utilizando o referencial fenomenológico, os
enfermeiros-pesquisadores puderam dar voz ao ser do humano e visibilidade aos fenômenos por ele
vividos, possibilitando, portanto oferecer-lhe um cuidar a partir de sua singularidade. Com base nestas
reflexões, a enfermagem no exercício da empatia, visando uma profunda compreensão do ser,
percebendo a sua realidade mais profunda e intentando valorizá-lo como um todo indivisível (Almeida,
2004), pode nortear suas ações, procurando na arte do cuidar, ampliar o olhar ao ser cuidado e ao
cuidador. Ambos, sujeitos que se relacionam e compartilham uma vivência e um vivido, num mesmo
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significativo cotidiano assistencial de saúde.
Palavras-chaves: enfermagem; fenomenologia; cuidado; viver humano.
Referências:
ALMEIDA, Inez Silva de. Desvelando o Cotidiano do Ser-adolescente- hospitalizado: uma abordagem
fenomenológica para a enfermagem . Dissertação (Mestrado).RJ:UERJ, 2004.
ASSUNÇÃO, Ari Nunes et al. Resgate da produção científica do curso de enfermagem da
Universidade de Santa Cruz do Sul desde sua fundação. Revista Téc-cient. Enferm. 2003; 1(4): 27984.
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THEMATIC, MEANINGS AND TRENDS OF THE CARE: ANALYZING THE
PRODUCTION OF THE NURSING IN THE PERSPECTIVE OF THE PHENOMENOLOGY
ABSTRACT: The phenomenology is a philosophical chain that intends to understand the Man in its
essence. Analyzing this science and approaching it of the Nursing, we observe that it contemplates the
fidgets of who centers the focus of taking care of in the human being. This statement aroused an
asking: How evolved the knowledge in the perspective of taking care of in nursing to the light of the
Phenomenology in the After-graduation courses? General objective: to analyze the academic
production concerning taking care of in nursing from the comprehensive boarding of the lived one;
specific objectives: to correlate the thematic areas of taking care of in nursing, to the light of the
theoretical and arguing the illuminated thematic trends for the phenomenological reference thought.
The study it was characterized for using the descriptive method, with quantitative - quantitative
boarding, through bibliographical survey and in it allowed them to verify the scientific production of
1987 the 2004, of the bank of thesis of the Coordenação de Aperfeiçoamento de Estudos de Nível
Superior ("Coordination of Superior Level Studies Improvement"). Amongst the joined summaries
using the phenomenological reference in the research of the Nursing, we identify two hundred and
eighty and one, including dissertations and thesis. The joined research they are based, mainly, in the
thought of Martin Heidegger, followed for the approach of Alfred Schutz. In our analysis we identify
three thematic nuclei: the understanding of the lived with twelve works, understanding of the
experience with one hundred and nine and understanding of the action to take care of and the care,
with a total of 160 works. We conclude that using the reference of Phenomenology, the nurseresearchers had been able give to voice to be of the human being and visibility to the phenomena for it
lived, making possible, therefore, offer one to it to take care of from its singularity.
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OS VIÉSES DA INCLUSÃO DO PAI NO PROCESSO DE NASCIMENTO DO FILHO
ADRIANA DUTRA THOLL1
MARIA DE LOURDES CAMPOS HAMES2
ELAINE CRISTINA DA CUNHA3
FLÁVIA CHIQUETTI GOULART4
JOSIANE MARIA DOS SANTOS5
TÂNIA INÊS KRETZER BERNDT6
RESUMO: A participação do pai na unidade de alojamento conjunto afina-se com o crescente
envolvimento dos homens nos cuidados com os filhos. Em tempos contemporâneos, ele tem
mostrado diferentes estilos de envolvimento com o filho, espontâneo ou secreto, assume a função
paterna não apenas como provedor, mas como cuidador, que ousa, ora com desenvoltura, ora, com
timidez, apresentar suas habilidades técnicas e afetivas com o recém-nascido pela necessidade de viver
o significado especial da experiência do processo de nascimento. O desejo de participação dos pais nos
cuidados com o recém-nascido pode ser influenciado pelo acolhimento e motivação dos profissionais
da saúde. Conforme Gregório (2002), os profissionais da área podem contribuir ou não para favorecer
a aproximação do pai com o recém-nascido. Quando deixam o pai à vontade com seus bebês,
orientando e valorizando o seu envolvimento, este se sente acolhido e seguro para compartilhar deste
momento tão especial com sua companheira, expressando grande satisfação. Objetivo: este estudo
teve como objetivo identificar as resistências que o pai encontra na unidade de alojamento conjunto.
Metodologia: Trata-se de uma pesquisa articulada ao Projeto de Extensão TOCAR, do tipo
descritiva-exploratória, com técnica de análise qualitativa, apoiada na teoria de Madeleine Leininger.
Utilizou-se como estratégia para coleta de dados um convite aos pais para realizarem os cuidados com
o bebê, a seguir, um questionário individual de entrevista semi-estruturada. A proposta de estudo foi
desenvolvida com 20 sujeitos, sendo 9 que vivenciaram a paternidade pela primeira vez e 11 que
experienciaram pela segunda/terceira vez, e, executado na Unidade de Alojamento Conjunto da
Maternidade da Grande Florianópolis, no período de agosto a outubro de 2005. Resultados: como
resultado encontrou-se diferentes entendimentos com relação à inclusão do pai no Alojamento
Conjunto. Ser incluído no processo de nascimento do filho é o que o pai contemporâneo deseja.
Todavia, Carvalho (2006) nos faz um alerta acerca das representações sociais sobre a paternidade.
Temos como pano de fundo muitas vezes, a exclusão deles nos serviço obstétricos e pediátricos. Os
homens não costumam ser foco de atenção nesses serviços, perpetuando a representação da
sexualidade masculina, dissociada dos cuidados com a reprodução. Enquanto os Projetos de Lei
tramitam pelo Congresso Nacional vê-se no cotidiano do pai que acompanha a mulher e o bebê no
alojamento conjunto, uma ambigüidade institucional e profissional que o leva a sentir resistência
quanto a sua presença e participação nos cuidados com o recém-nascido. De acordo com os relatos de
Clarinete e Piano, a unidade de alojamento conjunto não é voltada para o pai. A atenção e os cuidados
1 Enfermeira. Docente da Universidade do Vale do Itajaí - Biguaçu/Brasil. Mestre em Filosofia e Saúde pelo Programa de PósGraduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina. Membro do Grupo de Pesquisa em Saúde (GRUPESA) da
UNIVALI. Coordenadora do Projeto de Extensão TOCAR.
2 Relatora. Enfermeira. Docente da Universidade do Vale do Itajaí - Biguaçu/Brasil. Doutoranda em Filosofia e Saúde pelo Programa
de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina. Membro do Grupo de Pesquisa em Saúde
(GRUPESA) da UNIVALI e Cuidando e Confortando da UFSC. Membro do Projeto de Extensão TOCAR.Email:
[email protected]
3 Discente do 80 Período do Curso de Graduação de Enfermagem da Universidade do Vale do Itajaí - Biguaçu/Brasil.
4 Discente do 80 Período do Curso de Graduação de Enfermagem da Universidade do Vale do Itajaí - Biguaçu/Brasil.
5 Discente do 50 Período do Curso de Graduação de Enfermagem da Universidade do Vale do Itajaí - Biguaçu/Brasil. Bolsista do
Projeto de Extensão TOCAR.
6 Discente do 50 Período do Curso de Graduação de Enfermagem da Universidade do Vale do Itajaí - Biguaçu/Brasil. Bolsista do
Projeto de Extensão TOCAR.
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prestados pelos profissionais da saúde são exclusivamente voltados à mãe e ao bebê, de modo que se
sinta excluído na sua intimidade do processo de nascimento. Os pais pronunciaram-se: o atendimento é
bom, não tenho do que reclamar pena que o mesmo não seja também voltado para o pai, é somente para a mãe e o bebê.
(Clarinete). Aqui neste local os cuidados com a mãe e o bebê são de primeira, mas esquecem do acompanhante deixando o
mesmo de lado. (Piano).Ao adentrar na unidade de alojamento conjunto, o pai se reveste de emoção ao
ver sua prole, sua família, um sonho que para alguns se tornara realidade. Após esse momento, começa
a observar ao seu entorno, as condições físicas do ambiente e se depara com uma realidade
institucional que o exclui do processo de nascimento. Muitas acomodações de maternidades públicas
são voltadas para a mãe e o bebê. O conceito de que as unidades de alojamento conjuntos devem ser
voltadas ao trinômio ainda permanece na teoria de alguns estudiosos. Incluir o pai no processo de
nascimento não significa apenas permitir sua presença na triagem, no centro obstétrico e alojamento
conjunto, vai muito além do permitir, é garantir condições físicas adequadas e profissionais
acolhedores. No depoimento dos pais, observa-se um grande desconforto em relação às acomodações
oferecidas, que sugere ser uma significativa resistência em acompanhar a mulher e o bebê na
maternidade: a acomodação me decepciona um pouco, pois estou aqui há quatro dias dormindo em cima de um cobertor
no chão ao lado da cama de minha esposa. Já que liberam acompanhantes eu achava melhor ter uma poltrona ou alguma
outra coisa que pudéssemos descansar, porque no outro dia estamos estourados. (Viola). A acomodação é muito ruim.
Ficar na cadeira à noite toda é muito desagradável. (Berimbau). Em algumas maternidades, o repouso em uma
acomodação confortável é um privilégio da puérpera e do recém-nascido, ao pai é oferecida por vezes,
uma cadeira. “Repousar” em uma cadeira, seja ela de madeira ou de praia, sobre um cobertor é no
mínimo uma “violência institucional”, sugere uma forma de resistência à presença de um
acompanhante na maternidade. Além da acomodação, o pai também necessita de alimentação. Haja
vista, que em nossa realidade, muitos se dirigem à maternidade com dinheiro suficiente para ir e voltar
para casa. Alguns se alimentam da “sobra” que a companheira propositadamente deixa para quem o
acompanha. A alimentação é uma necessidade humana básica que também se estende ao pai que
acompanha a mãe e o bebê na maternidade, como podemos perceber no relato: A estada não é muito boa,
pois nós pais não temos alimentação e poltrona para descansar. (Flauta). O pai contemporâneo, por vezes,
“esbarra” entre o desejo de ser e estar presente no processo de nascimento do filho e as resistências
impostas pela instituição que diz acolhê-lo, mas na verdade permite a sua entrada na maternidade. Há
uma diferença entre permitir a entrada e acolher o pai na maternidade. Permitir a entrada do pai na
maternidade é dar a ele o direito de conhecer o bebê, trocar carícias e trazer roupas e materiais de
higiene da companheira. Acolher o pai na maternidade significa oferecer condições físicas e
psicológicas para que o mesmo se perceba incluído no processo de nascimento, de modo que possa
compreender a importância da sua presença naquele espaço e reconhecer que o toque retro-alimentará
a curto e em longo prazo a vinculação amorosa do trinômio pai-mãe-bebê. Uma outra forma de
resistência à presença do pai na unidade de alojamento conjunto é o preconceito de classe. De acordo
com Carvalho (2006), a equipe de saúde precisa ser preparada para a nova relação com o pai. Os
preconceitos de classe e o despreparo para o trabalho com as famílias, acentuam o desrespeito às
individualidades e as resistências aos mesmos. Para o pai que traz em suas raízes a concepção de que é
co-autor do processo de nascimento do filho, a reação de “surpresa” do profissional da saúde ao
percebê-lo participando dos cuidados com o recém-nascido e auxiliando a companheira, significa
subestimar sua capacidade de cuidar. O pai contemporâneo espera ser reconhecido e valorizado, deseja
exteriorizar um outro significado de paternidade.No depoimento do pai: eles achavam um pouco incomum,
quando entravam no quarto e eu estava fazendo algo como trocando uma fralda ou colocando ele no seio dela.
(Violoncelo). Aos olhos do profissional da saúde, a reação de “surpresa” ao assistir o cuidado realizado
pelo pai pode não ter o mesmo significado, pois há um peso na tradição cultural em que a mulher
ainda é referida à esfera do cuidado. O fato de o pai não ser também o foco de atenção nas
maternidades, perpetua a representação da sexualidade masculina dissociada do cuidado com a
reprodução. Conclusão: torna-se fundamental a reconstrução e implementação de um modelo de
atendimento ao pai menos preconceituoso. Mudanças de atitudes e comportamentos dos profissionais
de saúde são ferramentas essenciais para que se sinta incluído no processo de nascimento do filho.
Importa salientar que as políticas de saúde e os profissionais de saúde que dela fazem parte, têm um
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significativo papel na construção de uma estrutura de acolhimento que possibilite o fortalecimento da
vinculação afetiva do trinômio pai-mãe-bebê, em todas as instâncias de atendimento do processo de
nascimento. O profissional de saúde pode avaliar sua participação e contribuição na busca de maior
integração com pai, mãe e bebê. Ele é o elo de ligação entre este trinômio através da comunicação. A
comunicação precisa ser efetiva, seja uma orientação ou um sorriso, precisa ser substancial,
subsidiando um cuidado sensível com pai, mãe e bebê, representando a característica humanística da
Enfermagem.
Palavras-chave: inclusão; cuidado paterno; resistências.
Referências:
CARVALHO, M. L. M. Participação dos pais no nascimento em maternidade pública:
dificuldades institucionais e motivação dos casais. Disponível em: <http:www.scielosp.org> Acesso
em: 10 abr. de 2006
GREGÓRIO, V.R.P. Cuidando do pai durante o processo de nascimento fundamentado na
teoria transcultural de Leininger, 2002, 130p, Dissertação (Mestrado em Enfermagem) - Curso de
Pós-Graduação em Enfermagem, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.
THE INCLINATIONS OF THE FATHER'S INCLUSION IN THE PROCESS OF SON’S
BIRTH
ABSTRACT: The father's participation in the unit of united lodging is tuned with the men's crescent
involvement in the cares with the children. In contemporary times, he has been showing different
involvement styles with the son, spontaneous or secret, assuming the paternal function not just as a
provider, but as a caretaker, that dares, sometimes with self-confidence, other times, with shyness, to
present their technical and affectionate abilities with the newly born for the need of living the special
meaning of the birth process experience. The desire of the parents participation in the cares with
newly born can be influenced by the reception and motivation of the health professionals. According
to Gregório (2002), the professionals of the area can contribute or not to favor the father's approach
with the newly born. When they leave the father comfortable with their babies, guiding and valuing
their involvement, he feels welcomed and safe to share such special moment with his companion,
expressing great satisfaction. Objective: this study had as objective identifies the resistances that the
father finds in the unit of united lodging. Methodology: It’s an articulate research to the Project of
Extension TOCAR (TOUCH), of the descriptive-exploratory type, with technique of qualitative
analysis, leaning in Madeleine Leininger's theory. It was used as strategy for collection of data an
invitation to the parents to accomplish the cares with the baby, and then, it was applied an individual
questionnaire of semi-structured interview. The study proposal was developed with 20 men, being 9
that lived the paternity for the first time and 11 that experienced for second or third time, and,
executed in the Unit of United Lodging of the Maternity of Great Florianópolis, in the period of
August to October of 2005. Results: as result it was found different understandings regarding about
the father's inclusion in the United Lodging. Be included in the process of the child’s birth it is what
the contemporary father wants. Though, Carvalho (2006) makes us an alert concerning the social
representations about the paternity. We have as backdrop, many times, their exclusion in the obstetric
and pediatric service. The men don’t use to be focus of attention in those services, perpetuating the
representation of the masculine sexuality, dissociated of the cares with the reproduction. While the
Law Projects follow the normal procedure in the National Congress, we see in the daily of the father
that accompanies his wife and the baby in the united lodging, an institutional and professional
ambiguity that makes him to feel resistance with his presence and participation in the cares with the
newly born. In accordance with the reports of Clarinet and Piano, the unit of united lodging is not
directed to the father. The attention and care rendered by professionals of health are exclusively
directed to the mother and the baby, so he feels excluded in his intimacy of the process of birth. The
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fathers pronounced: the service is good, I don't have anything to complain, what a pity that the same is not directed
also for the father, it is only for the mother and the baby. (Clarinete - Clarinet). Here in this place the cares with the
mother and the baby healthy are first class, but they forget about the companion leaving me out of the process. (Piano Piano). When he gets into the unit of united lodging, the father is covered of emotion seeing his
offspring, his family, a dream that for some people becomes reality. After that moment, he begins to
observe the things at his side, the physical conditions of the atmosphere and he comes across an
institutional reality that excludes him of the birth process. A lot of accommodations of public
maternities are left for the mother and the baby. The concept that the units of lodging groups should
be turned to the trinomial (father-mother-baby) stays still in the theory of some studious. To include
the father in the process of birth doesn't just mean to allow his presence in the selection, in the
obstetric center and united lodging, it is going a lot besides allowing, it is to guarantee appropriate
physical conditions and homelike professionals. In the father’s testimony, a big discomfort is observed
in relation to the offered accommodations, which could be a significant resistance in accompanying
the wife and the baby in the maternity: the accommodation disappoints me a little, because I’m sleeping on the top
of a blanket in the ground beside my wife's bed. If they liberate companions, I would feel better if the place had an
armchair or something to rest, because in the next day we are burst. (Viola - Guitar). The accommodation is very bad.
Be in the chair during an entire night is very unpleasant. (Berimbau- Jew’s Harp). In some maternities, the rest in
a comfortable accommodation is a privilege of the mother and of the newly born, to the father it is
offered by times, a chair. "Rest" in a chair, of wood or of beach, or on a blanket it is at least an
"institutional violence", a resistance form to a companion's presence in the maternity. Besides the
accommodation, the father also needs feeding. In our reality, many go to the maternity with enough
money just to go and return home. Some feed of the "surplus" that the companion willfully leaves for
who accompanies her. The feeding is a basic human need that also should be extended to the father
that accompanies the mother and the baby in the maternity, as we can notice in the report: The stay is
not very good, because we fathers don’t have feeding and armchair to rest. (Flauta - Flute). The contemporary father,
per times, "dashes" between the desire of to be present in the son’s birth process and the resistances
imposed by the institution that says to welcome him, but actually it allows his entrance in the
maternity. There is a difference between allow the entrance and welcome the father in the maternity. Allow
the father's entrance in the maternity is give to him the right of knowing the baby, change caresses and
bring clothes and materials of the companion's hygiene. Welcome the father in the maternity means to
offer physical and psychological conditions, so he will feel included in the process of birth, in a way
that he can understand the importance of his presence in that space and recognize that the touch will
retro-feed in the short and long period loving link for the trinomial father-mother-baby. Another
resistance form to the father's presence in the unit of united lodging is the class prejudice. According
to Carvalho (2006), the health team needs to be prepared for the new relationship with the father. The
class prejudice and the unpreparedness for the work with the families, accentuate the disrespect to the
individualities and the resistances to the same ones. For the father who brings in his roots the
conception that he is joint author of the process of son’s birth, there’s a reaction of “surprise” of the
health professionals when they notice him participating in the cares with the newly born and aiding the
companion, it means to underestimate his capacity to take care. The contemporary father expects to be
recognized and valued, he wants to utter another meaning of paternity. In the father's testimony: the health
professionals thought a little uncommon, when they entered in the room and saw me doing something as changing a diaper
or putting the baby in her breast. (Violoncelo - Cello). For the eyes of the health professionals, the "surprise"
reaction when attending the care accomplished by the father cannot have the same meaning, because
there is a weight in the cultural tradition in that the woman is still referred to the sphere of the care.
The fact of the father not to be also focus of attention in the maternities, it perpetuates the
representation of the dissociated masculine sexuality of the care with the reproduction. Conclusion:
it’s fundamental the reconstruction and implementation of a service model to the father with less
prejudice. Changes of attitude and behavior of the health professionals are essential tools for the father
fell himself included in the process of son’s birth. It’s important to point out the politics of health and
the health professionals who are part of those, they have a significant paper in the construction of a
reception structure that makes possible the invigoration of the affection link for the trinomial father266
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mother-baby, in all of the instances of service of the birth process. The professional of health can
evaluate his participation and contribution in the search of larger integration with father, mother and
baby. He is the connection link among this trinomial through the communication. The
communication needs to be effective, it doesn’t matter if it’s an orientation or a smile, it needs to be
substantial, subsidizing a sensitive care with father, mother and baby, representing the humanistic
characteristic of the Nursing.
Keywords: inclusion; paternal care; resistances.
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257 A IMAGEM DECODIFICA AS LACUNAS DO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO
ADRIANA DUTRA THOLL1
MARIA DE LOURDES CAMPOS HAMES2
MARIA GORETE DIAS DA SILVA 3
HYALA CRISTINA HAMMES 4
THAYSE ROSA DA CUNHA5
JOSIANE MARIA DOS SANTOS6
TÂNIA INÊS KRETZER BERNDT7
BIANCA GARCIA8
RESUMO: A educação é um processo amplo, em desenvolvimento que permeia toda a existência
humana. Está presente em todas as práticas sociais que envolvem interações entre pessoas e relação
com os meios sócio-econômico e cultural dos sujeitos nos espaços de convívio social. A educação
integra diferentes modos de vida e grupos sociais. Instala-se no cotidiano, inclusive no processo de
saúde e doença. Nessa perspectiva, a educação extrapola os conceitos e demarca caminhos para as
práticas de cuidado à saúde, refletindo as formas de organização da vida em grupo e a transmissão da
cultura. A cultura determina as diferenças e variadas formas de comportamento das pessoas que
servirão de base e orientarão suas experiências futuras (MACHADO, 2002). As ações educativas em
saúde oportunizam a troca de experiências e a socialização do conhecimento popular e profissional,
tornando-se uma forma cada vez mais freqüente de cuidado de Enfermagem. Deste modo, Machado
(2002), ressalta que as atividades educativas fazem parte do cotidiano dos serviços de saúde. Por isso,
se faz necessária a reflexão sobre as formas com as quais elas são praticadas. As propostas deveriam
estar voltadas à concepção de integralidade das pessoas, na qual seja possível a participação dos
sujeitos envolvidos. A precariedade das ações educativas desenvolvidas por alguns profissionais de
saúde da rede básica de saúde durante a realização do pré-natal, principalmente se este for de baixo
risco, determina, muitas vezes, a chegada à condição de alojamento conjunto, de uma clientela insegura
e despreparada para lidar com as dificuldades do cotidiano puerperal, bem como, com a assimilação da
sua nova identidade de “mãe”. Durante as atividades de extensão, observou-se, com freqüência, o
reflexo de uma ação educativa autoritária e unidirecional, cujas palavras, muitas vezes equivocadas,
acabam por desempenhar papéis significativos sobre as ações dos sujeitos desse cuidado. Ações nem
sempre benéficas, por hora, punitivas e de autoculpa. Não raro perceber os conflitos, ora expressos,
ora velados que permeiam o ato em si e que trazem consigo, uma gama de significações que fogem à
compreensão do saber profissional, metódico, científico e organizado. Objetivo: esta pesquisa teve
1 Enfermeira. Docente da Universidade do Vale do Itajaí - Biguaçu/Brasil. Mestre em Filosofia e Saúde pelo Programa de PósGraduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina. Membro do Grupo de Pesquisa em Saúde (GRUPESA) da
UNIVALI. Coordenadora do Projeto de Extensão TOCAR.
2 Relatora. Enfermeira. Docente da Universidade do Vale do Itajaí - Biguaçu/Brasil. Doutoranda em Filosofia e Saúde pelo Programa
de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina. Membro do Grupo de Pesquisa em Saúde
(GRUPESA) da UNIVALI e Cuidando e Confortando da UFSC. Membro do Projeto de Extensão TOCAR.Email:
[email protected]
3 Discente do 50 Período do Curso de Graduação de Enfermagem da Universidade do Vale do Itajaí - Biguaçu/Brasil. Bolsista do
Projeto de Extensão TOCAR.
4 Discente do 60 Período do Curso de Graduação de Psicologia da Universidade do Vale do Itajaí - Biguaçu/Brasil. Bolsista do
Projeto de Extensão TOCAR.
5 Discente do 50 Período do Curso de Graduação de Enfermagem da Universidade do Vale do Itajaí - Biguaçu/Brasil. Bolsista do
Projeto de Extensão TOCAR.
6 Discente do 50 Período do Curso de Graduação de Enfermagem da Universidade do Vale do Itajaí - Biguaçu/Brasil. Bolsista do
Projeto de Extensão TOCAR.
7 Discente do 50 Período do Curso de Graduação de Enfermagem da Universidade do Vale do Itajaí - Biguaçu/Brasil. Bolsista do
Projeto de Extensão TOCAR.
8 Discente do 40 Período do Curso de Graduação de Enfermagem da Universidade do Vale do Itajaí - Biguaçu/Brasil. Bolsista do
Projeto de Extensão TOCAR.
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Florianópolis/SC, 08 a 10 de outubro de 2006. ISBN 978-85-88612-46-4
como objetivo diagnosticar a efetividade da apreensão do conhecimento através de imagens, no
processo de educação em saúde, no contexto individual e coletivo, na percepção das puérperas
atendidas no Sistema de Alojamento Conjunto. Metodologia: trata-se de uma pesquisa articulada ao
Projeto de Extensão TOCAR, do tipo exploratória, com técnica de análise qualitativa, apoiada na
teoria de Madeleine Leininger. A coleta de dados foi mediada por um encontro coletivo e individual,
no qual foi utilizado um roteiro de entrevista individual semi-estruturada. Fizeram parte deste estudo,
13 puérperas (que vivenciaram a maternidade pela primeira vez e pela segunda/terceira vez), que
estiveram internadas em uma maternidade da Grande Florianópolis, no período compreendido entre
agosto e dezembro de 2005. Resultados: o processo de educação em saúde, aliado a um panorama de
figuras e textos que fomentem o ensino-aprendizagem, desperta interesse na percepção das puérperas,
pois existe uma identidade com o que é visto, ouvido e sentido. O ambiente que cerca o educando cria
aspectos importantes para a aprendizagem. Segundo Ferreira e Silva Júnior (1975), os sentidos são a
ligação entre o homem e o mundo exterior. Se pensarmos no contingente de fatores que influenciam
na aprendizagem, principalmente as estratégias utilizadas na transferência do conhecimento, devemos
criar um ambiente que permita estimular o maior número de sentidos possível. No coletivo, a
informação tem a conotação de ser “mais completa” pela quantidade de informações oferecidas e,
conseqüentemente, “mais explicada” por estar associada a figuras e a materiais didáticos que facilitam
o entendimento entre o que é verbalizado e o que é mostrado. No coletivo é melhor porque elas passam
muitas informações importantes, é muito bem explicado. No individual, elas falam somente algumas coisas e não tem
aquelas imagens que nos ajudam a fixar melhor. Eu gosto mais no coletivo porque tu olhas a imagem e aí vem tudo na
cabeça, você pergunta e tira suas dúvidas. (Humilis). O coletivo é mais interessante porque tem os cartazes com os
desenhos, eu acho que, pra mim, é mais interessante, ajuda bastante pra passar informação, tem mais informações do que
no momento da amamentação (individual). (Congestus). De acordo com a porcentagem de retenção
mnemônica, entre os cinco sentidos do homem (paladar, tato, olfato, audição e visão), a visão é o que
apresenta maior possibilidade de percentual de aprendizagem com 83% de grau de aprendizado,
seguido pela audição com 11%. No processo de aprendizagem, os estudantes que retêm 90% das
informações são aqueles que imediatamente realizam as tarefas orientadas. Apenas ouvir, representa
retenção de 20% dos dados, enquanto ver e ouvir inclui nos 50% de retenção das informações
recebidas (FERREIRA e SILVA JÚNIOR, 1975). A combinação oral e visual permite alta retenção e,
portanto, o conhecimento é memorizado. Na tocante à discussão sobre a validação dos recursos
audiovisuais no processo de educação em saúde, seguramente podemos afirmar que, pactuar a
informação verbalizada com figuras e materiais didáticos, possibilita significativamente uma facilidade
tanto para quem ensina, pois consegue transmitir a idéia (teoria) desejada com o material didático e/ou
figura (prática), quanto para quem aprende, porque na inter-relação entre ouvir e o ver como fazer, a
puérpera desmistifica o imaginário e apreende o conhecimento. Tal fato comprova-se nos relatos
abaixo: quando fui orientada verbalmente, não conseguia visualizar a situação. Quando mostraram aquele peito na
madeira (coloca assim, pega a aréola assim... a massagem é feita assim...) facilitou. As imagens mostradas fazem a gente
entender rapidamente. Devo o meu entendimento às gravuras, que me fizeram entender todo o processo. (Congestus). As
gravuras e aquele material que ela estava manuseando foi o que mais facilitou a minha compreensão porque ela mostrou
como se faz a pega correta, a massagem que eu não tinha entendido quando foi falado. (Cirrus). Do ponto de vista
estrutural, o material educativo no contexto da educação em saúde, tem grande importância para a
elucidação do que é verbalizado e, posterior apreensão do conhecimento. O sentido e a necessidade de
teoria (do esforço humano de explicar as coisas, de dar respostas ainda que provisórias para as
perguntas que nos faz o jogo da vida) formulam-se e são decodificadas nas ilustrações. De certo modo,
podemos sugerir que a puérpera aprende efetivamente enquanto ouve e simultaneamente observa.
Ouvir e observar pressupõe o desejo de fazer. No cotidiano da unidade de alojamento conjunto,
Messias e Neves (2004), nos colocam que a comunicação não deve ser vista somente como um
processo de transmissão e entendimento de informações, mas também, como uma maneira de
possibilitar o envolvimento da puérpera e da família em atividades teóricas e práticas, com o propósito
de obter comportamentos esperados, com a construção e troca de saberes que possibilitem segurança
para realizar o autocuidado e os cuidados com o recém-nascido. Para as puérperas, visualizar o
imaginado, significa apreender efetivamente o conhecimento: o material que é usado é bem legal porque a
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gente está escutando e vendo o que elas estão falando e isso facilita um monte. Igual aquele peito que elas mostram... Elas
pegam e dizem como deve ser. (Altocumulus). Eu acho que dificultaria se a orientação fosse somente o verbal, se não
tivesse nada para mostrar. O que complementa realmente é o material didático, aquela parte do seio na placa e a forma
que foi colocado verbalmente facilitou bastante a aprendizagem. (Opacus). A ilustração caracteriza-se por
complementar o que é verbalizado nos textos orais, escritos, atrai o olhar do espectador e,
imediatamente, transmite a idéia desejada. Nesse contexto, a participação ativa da puérpera torna-se
essencial para que os sentidos sejam ativados e a aprendizagem se consolide. De acordo com Ferreira e
Silva Júnior (1975), a pessoa que aprende não deve ter uma atitude passiva, e sim, ativa, fazendo com
que os sentidos estejam “alertas”, absorvendo as informações. Durante muito tempo, confundiu-se
"ensinar" com "transmitir" e, nesse contexto, o indivíduo que aprendia era um agente passivo da
aprendizagem, e o que ensinava era um transmissor não necessariamente presente nas necessidades do
aprendiz. Atualmente, sabe-se que não existe ensino sem que ocorra a aprendizagem e que esta não
acontece senão pela transformação, pela ação facilitadora do educador e pelo processo de busca do
conhecimento, que deve sempre partir do aprendiz. É nesse contexto que a educação em saúde, no
contexto teórico e prático, ganha um espaço como ferramenta ideal da aprendizagem, na medida em
que desperta o interesse da puérpera e da família em participar do processo de nascimento do bebê.
Conclusão: concluímos que o que é verbalizado pelos profissionais de saúde nem sempre é
compreendido na sua essência pela puérpera e família, pois cada pessoa é única e, com isso, elabora
diferentes associações e interpretações a partir do que lhe é transmitido, portanto, faz-se necessário
buscar meios que possam preencher as lacunas do processo de comunicação nas unidades de saúde,
resultando assim em uma positiva aprendizagem afetiva.
Palavras-chave: imagens; educação em saúde; comunicação.
Referências:
FERREIRA, O. M. de C.; SILVA JÚNIOR, P. D. da. Recursos audiovisuais para o ensino. São
Paulo: E.P.U., 1975.
MACHADO, Claudia Maria Diaz. O cuidado educativo transcultural no processo puerperal.
Florianópolis, 2002. 98 f. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Enfermagem,
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.
MESSIAS, C. M.; NEVES, C. L. da R. Comunicação: a base do cuidado no puerpério. Enfermagem
Brasil. Rio de Janeiro, a. 3, n.6, p.323-327, nov/dez 2004.
THE IMAGE DECODES THE GAPS OF THE PROCESS OF COMMUNICATION
ABSTRACT: The education is a wide process, in development that permeates all the human
existence. It is present in all the social practices that involve interactions between people and relations
with the ways socioeconomic and cultural of the subjects in the spaces of social conviviality. The
education integrates different life manners and social groups. It settles in the daily, including the
process of health and disease. In this perspective, the education extrapolates the concepts and
demarcates roads for the care practices to the health, reflecting the organization forms of the life in
group and the transmission of the culture. The culture determines the differences and varied forms of
the people's behavior that will serve as base and they will guide their future experiences (MACHADO,
2002). The educational actions in health get the change of experiences and the socialization of popular
and professional knowledge, becoming a form more and more frequent of Nursing care. In this way,
Machado (2002), emphasizes that the educational activities are part of the daily in the health services.
Therefore, it is necessary a reflection about the forms with which they are practiced. The proposals
should be directed to the conception of the people's integration, in which is possible the participation
of the involved subjects. The precariousness of the educational actions developed by some health
professionals of the basic chain of health during the accomplishment of the prenatal, mainly if this
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goes of low risk, it determines, a lot of times, the arrival to the condition of united lodging, of an
insecure clientele and not ready to work with the difficulties of the daily puerperal, as well as, with the
assimilation of her new identity like "mother". During the extension activities, it was observed,
frequently, the reflex of an authoritarian educational action and unidirectional, in whose words, many
mistaken times, end for playing significant parts about the actions of the subjects of this care. There
are actions not always beneficial and usually punitive or with feeling of self fault. No rare to notice the
conflicts, sometimes expressed, other times veiled that permeate the action in itself and that bring with
it, a range of significances that flee to the understanding of the knowledge professional, methodical,
scientific and organized. Objective: this research had as objective diagnoses the effectiveness of
knowledge apprehension through images, in the education process of health, in the individual and
collective context, in the perception of the mothers assisted in the System of United Lodging.
Methodology: it is an articulate research to the Project of Extension to TOCAR (TOUCH), of the
exploratory type, with technique of qualitative analysis, leaning in Madeleine Leininger's theory. The
collection of data was mediated by a collective and individual encounter, in which was used an itinerary
of semi-structured individual interview. It did part of this study, 13 mothers (that lived the maternity
for the first time and for the second/third time), that were interned at a maternity of Great
Florianópolis, in the period between August and December of 2005. Results: the education process in
health, allied to a panorama of illustrations and texts that foment the teaching-learning, it wakes up
interest in the perception of the mothers, because an identity exists with what is seen, listened and felt.
The atmosphere that surrounds the student creates important aspects for the learning. According to
Ferreira and Silva Júnior (1975), the senses are the connection between the man and the external
world. If we think in the contingent of factors that influence in the learning, mainly the strategies used
in the transfer of the knowledge, we should create an atmosphere to allow stimulating the largest
possible number of senses. In the collective, the information has the connotation of being “more
complete" for the amount of offered information and, consequently, "more explained" because it’s
associated to figures and didactic materials that make easier the understanding among what is
verbalized and what is shown. In the collective it is better because they pass much important information, it is very
well explained. In the individual, they speak only some things and don’t have those images that help us to memorize
better. I like more in the collective because you look at the image and then everything comes in the head, you ask and take
their doubts. (Humilis). The collective is more interesting because it has the posters with the drawings, I think, for me, it
is more interesting, it helps plenty for passing information, it has more information than in the moment of the breastfeeding (individual). (Congestus). In agreement with the percentage of mnemonic retention, among the
man's (palate, touch, sense of smell, audition and vision) five senses, the vision is what presents larger
possibility of percentile of learning with 83% of learning degree, followed by audition with 11%. In the
learning process, the students who keep 90% of the information are those that immediately
accomplish the guided tasks. Just hear it represents retention of 20% of the data, while see and hear
include 50% of retention of the received (FERREIRA and SILVA JÚNIOR, 1975) information. The
oral and visual combination allows high retention and, therefore, the knowledge is memorized. In the
touching to the discussion on the validation of the audiovisual resources in the education process in
health, we can affirm certainly that, to agree on the information verbalized with illustrations and
didactic materials, it makes possible an easiness significantly so much for who teaches, because it gets
to transmit the idea (theory) with the didactic material and/or illustrations (practical), as for who
learns, because in the interrelation between hear and seeing as doing, mother demystifies the imaginary
and it apprehends the knowledge. Such fact is proven in the reports below: when I was guided orally, I
couldn’t visualize the situation. When they showed that chest in the wood (it puts like this, it catches the areola like this...
the massage is made like this...), it facilitated. The shown images make us understand quickly. I owe my understanding
to the engravings, which made to understand each other the whole process. (Congestus). The engravings and that material
which she was handling were what more facilitated my understanding because she showed as it is done the correct catch, the
massage that I had not understood when it was spoken. (Cirrus). Of the structural point of view, the educational
material in the context of the education in health has great importance for the elucidation of what is
verbalized and, subsequent apprehension of the knowledge. The sense and the theory’s need (of the
human effort of explaining the things, of giving answers although temporary for the questions that
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make us the game of the life) are formulated and they are decoded in the illustrations. In certain way,
we can suggest that the mother learns indeed while she hears and simultaneously observes. Hear and
observe presupposes the desire to do. In the daily of the unit of united lodging, Messias and Neves
(2004), they tell us the communication should not only be seen as a transmission process and
understanding of information, but also, as a way to make possible the involvement of the mother and
of the family in theoretical and practical activities, with the purpose of obtaining expected behaviors,
with the construction and change of knowing that make possible safety to accomplish the selfcare and
the cares with the newly born. For the mothers, to visualize the imagined, it means to apprehend the
knowledge indeed: the material that is used is very nice because we are listening and seeing what they are speaking and
that facilitates a hill. Equal that chest that they show... They touch and say how it should be. (Altocumulus). I think the
orientation would be more difficult if it was only verbal, if it wouldn’t have anything to show. What complements is really
the didactic material, that part of the breast in the plate and the way that orally was expressed and facilitated plenty the
learning. (Opacus). The illustration is characterized by complementing what is verbalized in the oral texts,
written, it attracts the spectator's glance and, immediately, it transmits the wanted idea. In this context,
the active participation of the mother becomes essential for the senses be activated and the learning
consolidates. In agreement with Ferreira and Silva Júnior (1975), the person that learns should not
have a passive attitude, but, active, doing with that the senses are "alert", absorbing the information.
For a long time, it was confused the idea of “teaching” and "transmitting" and, in this context, the
individual who learned was a passive agent of the learning, and the one who taught was a transmitter
no necessarily present in the apprentice's needs. Now, it is known that teaching doesn't exist without
happens the learning and this doesn't happen except for the transformation, for the educator's
facilitative action and for the process of search of the knowledge, that should always start with the
apprentice. It is in this context that the education in health, in the theoretical and practical context,
wins a space as ideal tool of the learning, in the measure that wakes up the interest of the mother and
of the family in participating in the process of baby’s birth. Conclusion: we concluded that what is
verbalized by health professionals not always is understood in its essence by the mother and her
family, because each person is different of the other and, with that, it elaborates different associations
and interpretations starting from what is transmitted to them, therefore, it is necessary to get ways that
could fill out the gaps of the communication process in the units of health, resulting in a positive
affectionate learning.
Keywords: images; education in health; communication.
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288 FUNDAMENTOS FENOMENOLÓGICOS PARA UN CUIDADO COMPRENSIVO DE
ENFERMERÍA
MARIA SOLEDAD RIVERA1
LUZ M HERRERA2
RESUMEN: Se ha ido construyendo un consenso mundial en torno al cuidado de la salud de las
personas, como siendo el fenómeno central de la disciplina de Enfermería. Por otro lado,
recientemente en Chile se definió legalmente que la contribución profesional de las enfermeras y ante
lo cual son responsables ante la sociedad, es la gestión del cuidado en lo relativo a la promoción,
prevención y restauración de enfermedades o lesiones, como lo establece el artículo 113 del Código
Sanitario promulgado el 16 de diciembre de 1997, en Santiago de Chile. Hacernos cargo de la Gestión
de Cuidado, implica una reflexión filosófica ontológica sobre la naturaleza de este concepto Cuidado,
reflejado en las teorías y modelos de Enfermería y en las prácticas vigentes del cuidado a la salud para
la promoción, la prevención y restauración de la salud de las personas durante su ciclo de vida.
Encontramos en la literatura, que el concepto es multidimensional, y se esta desarrollando desde
múltiples puntos de vista filosóficos, algunos bien identificados y otros implícitos y menos claros.
Haciendo este ejercicio con alumnas del primer Magister en Enfermeria dictado en nuestra Escuela, (
2005), reflexionamos sobre diversas concepciones ontológicas de Cuidado de Enfermería que
normalmente se escuchan y leen en las fuentes de información profesional: cuidado holístico,(Watson,
1985, 1996); cuidado integral (ANA), cuidado integrado e cuidado integrador, (Chinn& Kramer 1999,
1995 a, b, c d ),cuidado intercultural,( Leininger, 1994), autocuidado,(Orem, ) , y cuidado basado en
evidencia ( Cabrero & Richart, M (2001). Objetivo: Compartiremos en esta oportunidad algunas
concepciones fenomenológicas y hermenéuticas que sirven al fundamento del Cuidado Comprensivo
en Enfermería, que fueron develados en el proceso de búsqueda de raíces filosóficas del término
comprender. Además, las autoras se reconocen en la mirada fenomenológica del mundo y han
realizado algunas investigaciones basadas en estos métodos, que han aportado a la reflexión sobre el
proceso de cuidado de enfermería como Arte & Ciencia Comprensiva, (Rivera, Poupin, Urrutia, 1999;
Gomes, Rivera, 2002; Cazenave, Rivera, 2002; Rivera, 2004; Uribe, Contreras, Rivera , 2006).
Desenvolvimento: Para Dilthey ( 1944, p.4) , y según Echeverría (1988, p. 201, 203) “la experiencia
concreta de las personas representa el único punto de partida admisible para desarrollar las ciencias
humanas”, “la vida debe ser entendida a partir de la propia experiencia de la vida”. Entonces, si
Enfermería se considera una “ciencia humana comprensiva”, preocuparse por el cuidado de la salud
del ser humano, es comprender en primer lugar sus experiencias o vivencias concretas respecto a su
salud. El acto de comprender implica, según Dilthey (1944, p.5) una apertura intelectual o cognoscitiva
(captación de lo objetivo), afectiva (sentir) y volitiva (querer) al complejo mundo de las experiencias
humanas, pues es el ser humano entero, todo su ánimo, el que comprende. Este postulado filosófico
confirma la necesidad de abordar el cuidado a nuestros usuarios de manera integral, lo que
habitualmente no ocurre, pues tenemos preestablecidos diagnósticos, tratamientos, planes de atención
y hasta respuestas esperadas, construidas solo desde lo cognoscitivo. En otra dimensión de la
perspectiva de Dilthey (1944, p. 2), propone que “la vivencia en sentido estricto tiene un carácter de
actualidad, pero en esta actualidad, marcan de alguna manera su presencia vivencias pasadas,
estructuralmente unidas a la actual y a las expectativas del futuro.” Se produce algún género de “revivencia o reproducción”. Esto nos conduce a tener presente el carácter de temporalidad que tienen las
vivencias para los seres humanos, indagando experiencias pasadas relacionadas con la vivencia actual ,
1 Enfermera, Magister en Salud Publica, Doctora en Enfermería. Profesora, Pontificia Universidad Católica de Chile. E-mail:
[email protected]
2 Enfermera Matrona, Magister en Enfermería ©, Profesora Auxiliar, Pontificia Universidad Católica de Chile. E-mail: [email protected]
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para rescatar sus fortalezas y formas enfrentamiento que el sujeto ya ha experimentado y ayudarlo a
reconocerlas e integrarlas. En este sentido, un cuidado comprensivo acoge los sentimientos que evoca
la actual experiencia para ayudarlo a comprender e integrar sus actitudes frente a lo que está viviendo, y
abrirse a la posibilidad de otras vivencias como la esperanza. Heidegger (1986), por su parte, concibe al
ser humano como un ser existente en el mundo (Dasein: ser ahí). Existir es estar en el mundo, es tener
un mundo. La existencia no está asegurada para el ser humano, éste tiene que hacerse cargo de ella, ya
que si no lo hace compromete su propio ser. (Echeverría, 1988, p. 213). Un cuidado comprensivo,
considera al ser humano en su mundo propio inacabado, llegando a ser, tal como lo experimenta,
según los significados que atribuye a sus vivencias, más que como modos de vivir pre-establecidos. El
mundo del ser humano es un mundo socialmente poblado, existimos socialmente y socialmente
conocemos, es un conjunto de relaciones, prácticas y compromisos adquiridos en una cultura
(Echeverría, 1988, p.218). Comprendiendo esta dimensión, un cuidado comprensivo tendría que
considerar la presencia, dinámicas e influencias de las redes sociales de apoyo percibidas por el usuario,
y la valoración que hace de ellas: como son la familia, pares, amigos, etc. Esto implica acompañar al
usuario a que tome las decisiones pertinentes sobre incorporarlos o no al proceso de cuidado. Además,
comprender implica identificar las redes de significados culturales atribuidos a la salud, los
tratamientos, los diagnósticos, etc. Para Heidegger , (1986, p22 ), el ser humano, es auto interpretativo,
es decir, se comprende siempre a sí mismo como existente, como posibilidad de ser él mismo o no ser
él mismo. Es libre de elegir, rechaza o escoge posibilidades de responder (Heidegger, 1986, p.22).
Comprender la naturaleza libre del ser humano, que puede rechazar o escoger, implica respetar sus
respuestas frente a nuestras indicaciones de cuidados, cobrando especial importancia el apoyo en la
toma de decisiones informadas (basadas en evidencia) respecto a su salud, y el respeto a lo que necesita
y desea. Esto implica considerar el consentimiento libre e informado frente a las proposiciones
terapéuticas o educativas de cuidado de enfermería. Según Heidegger, el estado como el ser humano
está en el mundo es el de la preocupación (de la inquietud) en relación a su propio ser y sus formas de
inserción en su mundo. El ser humano puede llevar a cabo lo que hace de diferentes maneras y todas
están caracterizadas por estar involucrado, comprometido, interesado, inquieto, preocupado. Los seres
humanos están comprometidos con las cosas que tienen significado y las valora porque reconoce
potencialidades para ellos (Echeverría, 1988, p. 215, 216). El ser humano se comporta hacia las cosas
en su mundo, no solo reacciona a ellas sino que responde de acuerdo a la percepción de sí mismo y de
lo que interactúa con él. Tiene estados de ánimo que afectan su respuesta. Trata de comprenderse a sí
mismo y comprender su mundo (Echeverría, 1988, p. 214). Cuidar comprensivamente es percibir
intencionadamente ese mundo privado que se va develando en la medida que establecemos un tipo
determinado de relación de cuidado. Esta relación es mas de acompañamiento, pues se va
construyendo en la medida que enfermera y usuario se van conociendo y develando. En este proceso
relacional, ambos se van comprendiendo y aprendiendo a establecer puentes entre ambos mundos. Es
así como se torna indispensable comprender que significa determinada experiencia para él o ella: que
significa el diagnóstico, que significa el tratamiento, que significan los cambios en su estilo de vida,
comprender sus dudas y acogerlas, dar información basada en evidencia y no solo en la experiencia, y
así por delante En la medida que le preguntamos sobre como vive determinada experiencia en salud,
entrará en diálogo con nosotros, porque tiene algo que decirnos sobre ella y solo desde ese significado
es posible construir la relación comprensiva de cuidado. Esta visión relacional dialógica del cuidado
comprensivo está fundada en Heidegger, citado en Echeverría (1988), cuando propone que “el ser de
los hombres está fundado en el lenguaje, que sólo se hace actual a través de la conversación; conversar
implica que más allá de oír, podemos escuchar; la conversación (el lenguaje) hace humanos a los seres
humanos”. Las personas entienden y perciben los significados de lo que les rodea mediante el lenguaje.
Consideraciones Finales: Para concluir señalamos algunas características del cuidado comprensivo
que han surgido a la luz del presente análisis: Comprendemos a la persona viviendo su experiencia de
ser saludable o enfermar y recuperarse, quedar con secuelas o morir. Comprender moviliza a todo el
ser humano, pues es el ser humano como totalidad en una existencia abierta que se va tornando, con
todo su ánimo, y así va comprendiendo, poco a poco, pues nunca lo comprende todo. Comprender
como cuidado de enfermería, es considerar los significados que evoca su actual experiencia para
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develar sus fortalezas y actualizarlas en el presente; es traer a la conciencia las experiencias pasadas
relacionadas con la vivencia actual, identificar las estrategias de autoayuda y autocuidado para abrirse
posibilidades para el futuro Comprender se da en una relación dialógica, que considera la influencia y
el significado de las redes sociales de apoyo percibidas por el usuario y cuanto desea incorporarlos al
proceso de cuidado. Es comprender la naturaleza libre del ser humano, que puede escoger rechazar lo
que se le propone, enfatizando en el apoyo a la toma de decisiones informadas, basadas en evidencias,
para favorecer la libre elección de respuestas saludables.
Palabras clave: cuidado comprensivo; hermenéutica; fenomenologia.
PHENOMENOLOGICAL GROUNDS TOWARDS COMPREHENSIVE NURSING CARE
ABSTRACT: The aim of this paper is to develop an essay about comprehensive nursing care based in
ontological conceptions of human being from hermeneutical philosophy of Dilthey and Heidegger´s
phenomenology. From this perspective, we propose some characteristics and attributes of what can be
named as comprehensive nursing care. Dilthey´s hermeneutical claims, propose that concrete
experience of persons represent the unique point of start admissive to develop human sciences, then,
life have to be understand within life experiences. This claim funds a comprehensive nursing care
attending to human unique experience related to health, sickness, treatments, etc. The act of
understand the complex nature of human experiences, consider openness to the hole of it: cognitive
perception (objectivity), affective perception, and wish (desire). This implies for comprehensive
nursing care, an integrative view of human being , attending to concrete experience of our clients in
the way they experience life. Another claim that we have to consider, is the temporality of experiences,
this is that even when it occurs in the present, the past and future are structured together. This claim is
a challenge for comprehensive nursing care because the nurse have to be conscious of this dimension
of human experience, to be able to help persons through dialogic relation ship, to move from the
present to the past and the future. This movement to the past may reveal strengths, sentiments and
emotions that can help in the present situation or not. Nurse can help to integrate this process towards
healthy behaviours and self care. Heidegger's phenomenology perspective conceives human being as
existent immersed in the world (Dasein, being there). Existence is to be in the world, is have a life,
have an own world. This human existence is not insured, is not safe, so human being have to take care
of his life, have to be worry and active in self-care in his world, but always have the option of not care.
Another significant claim is the concept of unfinished life, a kind of openness immersed in daily life,
human becoming. In this conception, nursing comprehensive care is also a process unfinished itself,
because nurses establish a kind of relationship considering and respecting the nature of being
unfinished and as becoming human. This a key issue because both, nurse and person enter a
relationship that is created in a unique way, cantered in the meaning of the experience of health,
sickness, treatments and even death and dying of the persons involved in this relationship Another
claim from Heiddegger´s perspective is that the world of human being is also social, is being -in -theworld - with others. Others those are culturally determined, as itself. Understanding this dimension, a
comprehensive care has to consider the presence, dynamics and influences of values, meanings, and
social support perceived nets. We have to be aware about the importance that this have for the subject.
Nursing comprehensive care is developed always as a relationship that is more alike to accompany,
enclose the person process, and it stop when the person stop. In the other hand, care relationship is
created only with persons that ask or call unconsciousness for it. It is a matter of respect choices. The
freedom of human beings to choice , reject or make decisions about the different possibilities, that life
give to him in the moment is something very sensitive in comprehensive consciousness. And nurse
need to develop this process itself, so she would be able to help others, and walk beside them to help
to rise their consciousness. So, comprehensive care is a consciousness process that awakes the
meanings of experience, listen for them, and helps to integrate present with past experiences, so open
hope to the future. Is a dialogic process, according to Heidegger: human being is found in language
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that appears in conversation and conversation is more that listen , is attend to the experience of a
unique human being , in the way that is revelead to me as human being.
Keywords: comprehensive nursing care; hermeneutics; phenomenology.
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EIXO TEMÁTICO 5 - TECNOLOGIAS DE CUIDADO E SUAS
PERSPECTIVAS FILOSÓFICAS
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UMA REFLEXÃO ÉTICA PARA AS TECNOLOGIAS DE CUIDADO
MAGDA SANTOS KOERICH1
DIRCE STEIN BACKES2
HELENICE DE MOURA SCORTEGAGNA3
ANDRÉA MÁRIAN VERONESE
MARIA TEREZINHA ZEFERINO
MARILENE LOEWEN WALL4
VERA RADÜNZ5
EVANGUELIA KOTZIAS ATHERINO DOS SANTOS6
RESUMO: Quando pensamos em tecnologia evocamos uma imagem e um conceito acerca dessa
terminologia, como também acontece quando pensamos em cuidado. Ao iniciarmos a discussão acerca
da temática “tecnologias de cuidado” precisamos rever e questionar a utilização do termo “tecnologia”
que, na contemporaneidade, parece conduzir a reflexão, para uma conotação contraditória e
dicotômica, quando associada ao termo “cuidado”. O termo tecnologia nos remete, freqüentemente,
ao aspecto trabalho-intervenção-produção-máquina, logo, nos mantêm reféns do mundo das máquinas
produtivas, escravos de uma lógica reducionista e dissociada das interações entre cuidado e trabalho.
Esse termo nos remete também, aos centros de alta complexidade nos quais o ser humano permanece
exposto a todo um aparato tecnológico, ou seja, a uma multiplicidade de aparelhos sofisticados e
complexos. Para dar inicio à reflexão, realizou-se uma busca na literatura e levantou-se alguns
questionamentos entre colegas do curso de doutorado em Enfermagem da Universidade Federal de
Santa Catarina (UFSC), quais sejam: Qual o seu entendimento sobre tecnologia de cuidado? Quais as
tecnologias utilizadas na prática cotidiana? Quais as tecnologias julgadas indispensáveis na prática e
qual a dimensão de seu uso frente à condição eminentemente humana da profissão? A partir daí,
emergiu a temática aqui abordada. Percebeu-se por meio das respostas das colegas, que tecnologias de
cuidado se relacionam com recursos tanto humanos quanto materiais, como ficou evidente nas falas:
“um conjunto de conhecimentos”; “o próprio profissional ao interagir com o cliente” assim como “ferramentas e/ou
estratégias que auxiliam na instrumentalização do cuidado”. Também ficou explícita a idéia de que, direta e/ou
indiretamente, as tecnologias estão a serviço do cuidado: “tudo o que é utilizado como instrumento para levar
cuidado a outras pessoas”, “o próprio profissional pode ser considerado tecnologia em suas interações”. Em relação às
tecnologias utilizadas na prática cotidiana foram ressaltadas, nas discussões, as tecnologias leves e
pesadas. Ficou evidente a possibilidade de se utilizar desde “cuidados manuais (...) forma de tocar e
conversar”; “conhecimentos”; até “tecnologia de ponta” fazendo parte dessas “tudo que está disponível”;
“equipamentos em geral para a prestação de serviço e de acesso a informação e organização da prática”. As tecnologias
relacionais, as interativas e as comunicativas foram consideradas indispensáveis na prática. Para alguns,
1 Professora da Universidade Federal de Santa Catarina. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da
Universidade Federal de Santa Catarina. E-mail: [email protected]
2 Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina. Bolsista CAPES.
3 Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina.
4 Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina.
5 Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente dos Cursos de Graduação e Pós-Graduação do Departamento de Enfermagem da
Universidade Federal de Santa Catarina, SC, Brasil, membro e líder do Grupo de Pesquisa em Enfermagem na Saúde da Mulher e da
Criança da PEN/UFSC. Membro e vice-líder do Grupo de Pesquisa Cuidando e Confortando da PEN/UFSC. Docente da disciplina
o Cuidado em Enfermagem e em Saúde do Curso de Doutorado em Enfermagem do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem
da Universidade Federal de Santa Catarina. E-mail: [email protected]
6 Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente dos Cursos de Graduação e Pós-Graduação do Departamento de Enfermagem
da Universidade Federal de Santa Catarina, SC, Brasil, membro e líder do Grupo de Pesquisa em Enfermagem na Saúde da Mulher e
da Criança da PEN/UFSC. Docente da disciplina O Cuidado em Enfermagem e em Saúde do Curso de Doutorado em Enfermagem
do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina.
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a tecnologia pode ultrapassar a dimensão humana, enquanto para outros, há uma interligação entre
tecnologia e evolução humana. Ficou evidente a preocupação quanto à forma de uso das tecnologias,
ressaltando que o profissional não pode esquecer que o cuidado deve centrar-se no ser humano.
Assim, a partir das concepções/percepções das colegas doutorandas desenvolvemos este texto com o
objetivo de questionar, refletir e aproximar os significados “tecnologia e cuidado”. Não pretendemos,
aqui, fazer uma crítica às tecnologias disponíveis, ao contrário, pretendemos, refletir sobre o
significado das tecnologias de cuidado e suas perspectivas filosóficas. Produzir tecnologia é produzir
coisas que, tanto podem ser materiais como produtos simbólicos que satisfaçam necessidades de
cuidado. Essa tecnologia não se refere exclusivamente a equipamentos, máquinas e instrumentos, mas
também a certos saberes acumulados para a geração de produtos, e para organizar as ações humanas
nos processos produtivos, até mesmo em sua dimensão inter-humana. Quando relacionamos a
produção tecnológica com a Enfermagem, estamos nos aproximando das alternativas criativas que a
equipe de enfermagem lança mão para superar suas dificuldades. Estas estão atreladas, na maioria das
vezes, a circunstâncias de precariedade das condições de trabalho, qualquer que seja o cenário
institucional aonde venha se desenvolvendo, ou a situações de determinados clientes que exigem mais
do que as técnicas convencionais de enfermagem possam oferecer como alternativas de solução. Fazse necessário construir uma relação com o ser humano atendido por nós, fazendo uso de múltiplas
opções tecnológicas para enfrentar os diferentes problemas de saúde, além de processos de
intervenção, operando como tecnologias de relações, de encontros, de subjetividades, para além dos
saberes tecnológicos estruturados. Dentre as diferentes estratégias, a utilização da informática na
Enfermagem se constitui em suporte que impulsiona o rápido acesso às informações e ao
conhecimento expandido mundialmente e até uma proposição ou explicação de um modo de fazer
Enfermagem. Mantendo-se nesse exercício reflexivo, pode-se trazer, para mais perto de nós, a
necessidade de intervenção ética, pois, em nosso dia-a-dia como profissionais da saúde, somos coresponsáveis pelo desenvolvimento da ciência, além de usuários de tecnologias. Assim, a
responsabilidade ética torna-se um imperativo moral a ser seguido, como princípio, pelos profissionais
da saúde enquanto membros da civilização do desenvolvimento tecnológico. Como processo
histórico, para que a ciência progredisse, foi preciso que o conhecimento científico fosse abordado
como um conhecimento amoral, sem ligação com a religião ou filosofia, ou seja, que implicasse em
uma disjunção entre ciência e consciência. Essa necessidade disjuntiva foi reafirmada por René
Descartes quando propôs dois campos de conhecimento totalmente distintos, de um lado o problema
do Sujeito, do homem que reflete sobre si mesmo, como sendo da Filosofia e de outro, dos Objetos
que se encontram em toda a extensão de um espaço e que são oferecidos ao conhecimento científico;
operando-se, então, uma ruptura decisiva entre a reflexividade filosófica e a ciência. Na atualidade, ao
conhecimento cientifico se apresenta um problema moral nascido da quantidade de poderes que
vieram da ciência e, diante dos quais, o cientista se diz impotente. Afinal, ele é ou não responsável
pelas decisões que envolvem riscos e possibilidades de uso destrutivo da tecnologia? A
responsabilidade só tem sentido em relação a um sujeito que se percebe, que reflete sobre si mesmo e
contesta sua própria ação. Desta forma, embora o cientista possa “sentir-se responsável” como
cidadão, ele é irresponsável por profissão, uma vez que seu trabalho pode produzir vida ou morte,
sujeição ou libertação. Nele, o conceito de sujeito não tem lugar como princípio científico, pois está na
esfera da reflexão filosófica. Percebe-se assim, que o problema da ciência hoje se mostra como
carência de consciência reflexiva, com necessidade de intervenção ética, com a missão de interpor
caminhos que conduzam ao desenvolvimento científico responsável. O fenômeno da vida passa a ser
o grande desafio da Bioética (ética da vida) para o mundo tecnológico, uma vez que sua influência
sobre a qualidade de vida das pessoas, remete a um universo de problemas morais e à emergência de
novos direitos e deveres para com a vida. A responsabilidade, como princípio bioético, constitui uma
das reflexões mais promissoras e necessárias no seio da reflexão filosófica. Não se trata de pressupor a
bondade e a perfeição do homem que, sendo responsável, procurará agir para o bem, mas sim daquele
que se conscientiza das conseqüências previsíveis e imputáveis à sua própria ação. O termo
responsabilidade indica a capacidade individual de assumir antecipadamente pelo que vai fazer, ou seja,
ter consciência de todas as conseqüências das suas próprias ações e omissões. É um termo que implica
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dever perante o frágil e o vulnerável, não como mera consciência passiva, mas como o dever fazer de
alguém em resposta ao dever ser. Mediante estas colocações, torna-se necessário refletirmos sobre os
seguintes questionamentos: Como trazer a sabedoria necessária ao agir tecnológico? Qual a dimensão
da nossa responsabilidade, enquanto agentes e produtores da técnica? A responsabilidade para com o
futuro exige prudência e renúncia às possibilidades catastróficas do uso imprudente da tecnologia.
Com certeza aí pulsa a verdadeira sabedoria de uma ética do futuro. Uma ética que assume uma tarefa
reflexiva em relação à tecnologia. Não se trata de impor um limite ao conhecimento, mas a certo tipo,
que pode colocar em perigo a continuidade da vida. Torna-se cada vez mais necessário o alerta para o
bom uso da tecnologia, que tem tornado a vida cotidiana mais prazerosa, menos complicada, porém
não menos frágil. Finalizando: É imprescindível a reflexão ética sobre a dimensão da nossa
responsabilidade, enquanto agentes e produtores da técnica, mas também enquanto profissionais da
saúde que, mediante utilização de tecnologias em associação com atitudes, gestos, palavras,
experiências, intuições, tomam para si a tarefa de cuidar. A tecnologia como expressão do avanço da
ciência tem acompanhado a evolução da história da humanidade mostrando-se cada vez mais
extraordinária e abrangente, se fazendo presente em diversas áreas do conhecimento. Na área da
saúde, a utilização da tecnologia nos remete a uma gama infinita de possibilidades e, negar esta
questão, seria mero reducionismo de nossa parte, mas também aceitar passivamente, sem
questionamentos, nos faz aderir às novas tendências e, conseqüentemente, as suas possíveis influências
em nosso “bem-viver”. Não que devamos questionar a intenção benéfica de sua aplicabilidade, mas
considerando o crescente avanço na área tecnológica e suas implicações no cenário social e nas
relações sociais, devemos, sim, lançar sobre elas um “olhar crítico”, no que se refere ao impacto que as
mesmas podem causar. Este é um tema que ainda suscita muita reflexão apesar da tecnologia estar,
hoje, cada vez mais inserida nas diversas formas de relações entre os seres e, destes, com o ambiente.
O desafio está em promover e/ou adequar a inserção da tecnologia na prática em saúde, de forma a
contemplar as demandas sociais da contemporaneidade e refletir sobre as questões éticas que
permeiam a utilização das tecnologias frente à intersubjetividade viva no momento assistencial que
extrapola o tecnológico.
Palavras-chave: cuidado; tecnologia; ética.
AN ETHICAL REFLECTION FOR CARE TECHNOLOGIES
ABSTRACT: When we consider technology, we evoke an image and a concept surrounding this
technology, which also happens when we think of care. Upon initiating a discussion surrounding the
topic of “care technologies”, we need to review and question the utilization of the term “technology”,
which in contemporary times seems to conduct one to reflect upon a potentially contradictory and
dichotomist connotation, when it is associated with the term “care”. The term technology refers us to
the work-intervention-production-machine aspect. Thus, we are maintained hostages of the world of
productive machines, slaves of a reductionist logic, disassociated from interactions between care and
work. Beyond which, this term refers us to specialized centers such as those of intensive therapy, in
which the human being remains exposed to an entire technological apparatus, or rather a multiplicity
of sophisticated and complex machines. In order to begin such reflection, we completed a literature
review and raised some questions among colleagues of the Ph.D. Program of the Federal University of
Santa Catarina (UFSC). These questions were: what is your understanding of technology and care;
what are technologies utilized in day-to-day practice; what are the technologies judged to be
indispensable in practice; and what is the dimension of their use concerning the eminently human
condition of the profession? From there, the topic outlined therein emerged. We perceived through
our colleagues’ answers that care technology are related to resources that are as much human as
material, as was evidenced in the statements: “a combination of knowledge”; “the very professional
upon interacting with the client”, as well as “tools and/or strategies that help in instrumentalizing
care”. The idea that technologies are either directly or indirectly at the service of care also became
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explicit: “everything which is used as an instrument can take care of other people”, “the very
professional can be considered technology from their interactions”. In relation to technologies utilized
in the day-to-day practice, both heavy and light technologies were brought up in the discussions. It
became evident that there is the possibility for utilizing either “manual care (…) form of touching and
conversing”; “knowledge”; and even “high technology”, making up part of these “everything at one’s
disposal”; “equipment in general to offer service and access to information and organization of
practice”. Relative, interactive, and communicative technologies were considered indispensable in
practice. For some, technology could go beyond the human dimension. While for others, there is an
interconnection among technology and human evolution. The concern towards the way in which
technology is used was evident, highlighting that the professional cannot forget that care should be
centered on the human being. Thus, from the conceptions/perceptions of Doctorate student
collegaues, we developed this text with the objective to question, reflect, and approximate the
phenomenons “technology and care”. We do not intend here to offer criticism of available
technologies. Much to the contrary, we intend to reflect upon the significance of care technologies
and their perspective philosophies. To produce technology is to produce things that can be materials,
as much as they can be symbolic products that satisfy the needs of care. These technologies do not
refer exclusively to equipment, machines, and/or instruments, but also to certain accumulated
knowledge for the generation of products, as well as to organize human actions in the productive
process, even in their inter-human dimension. When we relate the technological process to Nursing,
we are approximating ourselves to the creative alternatives that the nursing team gives up in order to
overcome difficulties. The majority of the time these are linked to circumstances of precariousness in
the workplace, whether it be in the institutional area from whence it comes, or in situations with
determined clients that demand more than conventional nursing techniques can offer as solution
alternatives. It becomes necessary to construct a relationship with the human being receiving the
nurse’s care, making use of the multiple technological options in order to face the different health
problems, beyond the processes of intervention and operating as technologies for relationships,
meetings, subjectivities, going beyond structured technological knowledge. Among the different
strategies, the utilization of computer science in Nursing constitutes a support that impulses the rapid
access to information and globally expanded knowledge, and even a proposition or explanation for a
method of performing Nursing. Maintaining ourselves in this reflective exercise, we can bring the
need for ethical intervention closer to ourselves, for in our day-to-day lives as health care professionals
we are co-responsible for the development of science, beyond mere users of technology. Thus, ethical
responsibility becomes a moral imperative to be followed as a principle by health care professionals, as
members of the civilization of technological development. As a historical process, so that science
progresses, it has been necessary that scientific knowledge has been approached as an amoral
knowledge – without any connection to religion or philosophy – rather, one that implied within a
disjunction between science and conscience. This disjunctive need was reaffirmed by René Descartes
when he proposed two totally distinct fields of knowledge. On the one hand the problem of the
Subject, of the man who reflects upon himself, as in Philosophy; and on the other hand the Objects
which are found in all extension of an area and are offered as scientific knowledge. With this, then,
there is a decisive rupture between philosophical reflection and science. Currently, scientific
knowledge presents a moral problem born from the quantity of powers that have arisen through
science, before which the scientist claims impotence. After all, is the scientist responsible or not for
the decisions that involve the risks and possibilities for the destructive use of technology?
Responsibility only has one meaning in relation to the subject who perceives, who reflects upon
himself, and who contests his own actions. In this manner, although the scientist may “feel
responsible” as a citizen, he is not responsible for his profession, given that his work may or may not
produce life or death, subjugation, or freedom. In scientific work the concept of the subject has no
place as a scientific principle, for it is part of the sphere of philosophical reflection. We then see that
the problem of science today shows itself as lacking in reflective conscience, expressing a need for
ethical intervention with a mission to impose paths that conduct us to responsible scientific
development. The phenomenon of life becomes the great challenge of Bioethics (ethics of life) for the
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technological world, once its influence about people’s quality of life refers to a universe of moral
problems and the emergence of new rights and duties for life. Responsibility as a bioethical principle,
constitutes one of the more promising and necessary reflections in the berth of philosophical
reflection. It is not about supposing the goodness and perfection in mankind, who, being responsible,
will look to act towards good, but rather that which becomes conscious from the predictable and
imputable consequences to man’s own action. The term responsibility indicates an individual capacity
to previously assume what one will do, or rather, to be conscious of all the consequences of one’s own
actions or omissions. It is a term which implies duty before that which is fragile and vulnerable, not as
a merely passive consciousness, but as the duty to do from someone in response to the duty to be.
Before these issues, it becomes necessary to reflect upon the following questions: How can we bring
necessary wisdom to technological action? What is the dimension of our responsibility as technical
agents and producers? Responsibility for the future demands prudence and a renouncement of the
catastrophic possibilities of the imprudent use of technology. Certainly this is where the true wisdom
of an ethics for the future pulses; an ethics which assumes a reflective task in relation to technology. It
is not about imposing limits upon all knowledge, but a certain type of knowledge that might put the
continuity of life at risk. An alert for the good use of technology becomes more and more necessary;
technology that makes daily life more pleasurable, less complicated, but no less fragile. Finalizing:
Ethical reflection about the dimension of our responsibility as technical agents and producers is
indispensable, but also as health care professionals who take upon themselves the task of caring with
the use of technologies associated to attitudes, gestures, words, experiences, and intuitions.
Technology as an expression of the advancement of science has accompanied the evolution of the
history of humanity, showing it to be evermore extraordinary and encompassing, making it present in
diverse areas of knowledge. In the area of health care, the utilization of technology refers us to an
infinite array of possibilities, and to deny this issue would be mere reductionism on our part.
However, to act passively without questioning would make us adhere to whatever new tendencies, and
consequently to their possible influences upon our “well-being”. It is not that we must question the
benevolent intentions of their applications, but rather consider the growing advances in the area of
technology and their implications within the social scenario and in social relationships. We must
indeed cast over them a “critical eye” in what is referred to as the impact that they themselves may
cause. This is an issue that still requires much reflection, although technology is today more and more
inserted into the diverse relationships among human beings, and through them the environment. The
challenge is in promoting and/or acquiring the insertion of technology in the practice of health care in
a manner which contemplates social demands of contemporary life, which reflects upon ethical
questions that permeate the utilization of such technologies before the living inter-subjectivity that
occurs in the moment of care; this moment which goes well beyond technology.
Keywords: care; technology; ethics.
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104 PNH: O CUIDADO DOS DIFERENTES SUJEITOS IMPLICADOS NO PROCESSO DE
PRODUÇÃO DE SAÚDE
CERES BRAGA AREJANO1
EDWING MARTIN HOLGUIN WILSON2
MARINA AREJANO MEDEIROS3
RESUMO: Este estudo procura explorar dois conceitos que utilizados como ferramentas tecnológicas
podem contribuir para o melhor entendimento das necessidades dos usuários do SUS, promover a
valorização das relações trabalhadores em saúde/usuário e possibilitar novos protagonistas na
qualificação da atenção e da gestão dos sistemas públicos de saúde. Esses conceitos são a Política
Nacional de Humanização (PNH) e o modelo de saúde Em Defesa da Vida. A PNH para o Sistema
Único de Saúde (SUS), tem como objetivo intervir na melhoria dos processos de trabalho e na
qualidade da produção de saúde para todos. A PNH da Atenção e da Gestão atravessa todas as
instâncias do SUS. Nesse sentido, pretende atuar na descentralização, isto é, na autonomia
administrativa da gestão da rede de serviços, de maneira a integrar os processos de trabalho e as
relações entre os diferentes profissionais. "A saúde como direito do cidadão e dever do Estado"
conquistada na Constituição de 1988 é o resultado de um longo processo de debates e embates
promovidos por diferentes atores na sociedade brasileira. Esses debates culminam com a
redemocratização do Estado Brasileiro e antecedem a formação do Congresso Constituinte. A esse
processo deu-se o nome de Reforma Sanitária. Em 1988, portanto, votamos a criação do Sistema
Único de Saúde (SUS). Com ele afirmamos a universalidade, a integralidade e a eqüidade da atenção
em saúde. Com ele também apontamos para uma concepção de saúde que não se reduz à "ausência de
doença" e/ou o "completo bem estar biopsicossocial", portanto, entendemos saúde como uma
categoria normativa e dinâmica que vai muito além da neutralidade apresentada nos dois conceitos.
Nesta perspectiva (categoria normativa e dinâmica) para Carvalho (2005, p.157) saúde pode ser
apresentada como um processo/estado em que indivíduos e coletivos têm o máximo de capacidade
para viver a vida de maneira autônoma, reflexiva e socialmente solidária. Nesse sentido a PNH, como
política transversal de saúde propõe que seja revisitado o conceito de humanização do cuidado
objetivando a não fragmentação que hoje se observa nas práticas ligadas aos Programas e Projetos
desenvolvidos no SUS. Pensar em humanização do Cuidado da Atenção e da Gestão no SUS é refletir
sobre o cuidado dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção da saúde. Muitas são as
dimensões com as quais estamos comprometidos: prevenir, cuidar, proteger, tratar, recuperar,
promover, enfim, produzir saúde. Toda conquista é, entretanto, resultado e início de um novo
processo. Esse cenário indica, então, a necessidade de mudanças. Mudanças no modelo de saúde que
resultaram em mudanças na atenção e na gestão. Os sistemas e serviços que compõe o SUS devem ser
espaços de produção de bens e serviços para os usuários, bem como, espaços de valorização do
potencial criativo, inventivo dos sujeitos implicados no processo de produção de saúde: gestores,
trabalhadores e usuários. Na atualidade, porém, não é bem assim o que acontece. O Brasil, Pais que
apresenta profundas desigualdades socioeconômicas, o acesso aos serviços e aos bens de saúde com
conseqüente responsabilização de acompanhamento das necessidades de cada usuário, permanece com
várias lacunas. A esse quadro acrescentem-se a desvalorização dos trabalhadores de saúde, expressiva
precarização das relações de trabalho, baixo investimento na educação permanente desses
trabalhadores, pouca participação da população na gestão dos serviços e ausência, na maioria das
Faculdade de Pato Branco/FADEP-BRASIL. E-mail: [email protected]
Faculdade de Pato Branco/FADEP-BRASIL.
3 Fundação Universidade Federal do Rio Grande/FURG-Brasil.
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vezes, de um acompanhamento e responsabilização do vínculo com os usuários. Um dos aspectos que
mais tem chamado atenção, quando da avaliação dos serviços, é o despreparo dos trabalhadores para
lidar com a dimensão subjetiva que toda prática de saúde supõe. Ligado a esse aspecto, um outro que
se destaca é a presença de modelos de gestão centralizados e verticais. Tendo em vista o exposto, no
final da década de 80 a partir das atividades acadêmicas de um grupo de sanitaristas vinculados ao
Departamento de Medicina Preventiva e Social da Universidade de Campinas surge a corrente Em
Defesa da Vida. A vinculação estreita entre teoria e prática é uma marca característica dessa corrente.
Autores como Cecílio (1997); Gastão Wagner de Souza (1997-2005); Carvalho (2005); Merhy (2005);
entre outros intensificam a produção teórica nesse início de século apontando novas linhas de
investigação. A partir de 2003 essa produção terá destaque no Ministério da Saúde através da
implementação da Política Nacional de Humanização (Brasil, 2004). A Defesa da Vida trabalha com o
modelo social de determinação do processo saúde/doença onde são enfatizados não só os aspectos
biológicos mas também aspectos ideológicos, psicológicos, culturais com ênfase na produção do
sujeito e na emancipação do social (CARVALHO, 2005). Na tradição da Saúde Coletiva, a corrente em
Defesa da Vida afirma que cada sujeito deve ter meios subjetivos e materiais suficientes para construir
sua felicidade e realização pessoal e social. Este novo modelo de saúde centra-se na crença de que
somente na alteração dos modos como os trabalhadores de saúde se relacionam com seus principais
objetos de trabalho (usuários dos serviços e coletividade) é que se poderá cumprir os preceitos
constitucionais de um cuidado universal, igualitário, equânime garantindo direito efetivo à saúde de
todo o povo brasileiro. Governar para produzir sujeitos é um dos eixos de investimento da Defesa da
Vida (CAMPOS, 1994, p.31). Finalizando, a rede básica de saúde, nesse modelo, cumpre função
essencial: absorver e trabalhar as necessidades de saúde de pessoas e coletividades visando esgotar a
maior parte dos problemas. Cabe aos trabalhadores, portanto, acolher o usuário numa clínica de
qualidade (principal objetivo estratégico) e contribuir para a constituição de espaços institucionais de
co-gestão, transformando-se em agente e sujeito desse processo.
PNH: DIFFERNT SUBJECT'S CARE RELATED IN HEALTH PRODUCTION PROCESS
ABSTRACT: This survey try to investigate two concepts that used as tecnological tools can
contribute to understand better user's necessities, promote valorization between health workers and
user's relations and possibility new protagonists in qualification of public health systems and assistance.
These concepts are the Humanization National Policy (PNH) and health model Defending Life. PNH
in the Unique Health System (SUS), has as objective to intervene to a better work process and quality
of production of health for all. Attendance Management of PNH goes through all SUS instances. In
that way to act in decentralization is pretended, it means, administrative autonomy of management of
health services, aiming integrate work process and inter-professionals relations. "Health as citizen's
right and State's duty" as a conquer of 1988's constitution is a result of a long conversation process
promoted by different actors of the Brazilian's society. That conversations culminate with redemocratization of the Brazilian State and were before the Constitution Meeting. That process is called
as Sanitary Reform. In that way, at 1988 criation of the SUS was voted. With SUS universality,
integrality and equality of healt attendance is guaranteed. With SUS a new conception of health was
pointed, that is not the concept of "disease absence" nor "complete bio-psico-social welfare", now we
understand "health" as a dynamic and normative cattegory that goes far the neutrality showed in the
two concepts before. In that perspective Carvalho (2005, p.157) look health as process/condition in
that individuals and collective have highest capacity to live autonomically, reflexive and with solidarity
their life. In that way, PNH as a transversal health policy proposes that care humanization concepts
must be reviewed, having as objective avoid the frangmentation of health concept that actually are
observed in programs and projectos of SUS. To think in care humanization or attendance and care by
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SUS, is necessary to think about different subjects related in health production process's care. There
are many dimentions compromised: to prevent, to care, to protect, to treat, to rehabilitate, to promote,
finally, to produce health. By the way, all conquer is a result and begining of a new process. That view
leads the necessity of changes, changes in Health Model that can result in changes in attendance and
management. The systems and services that are part of the SUS, must be a place of health production
and health services for users as well as places of valorization of criative and inventive potentials of the
people related in health production process: managers, workers and users. Meanwhile, actually it does't
happen. Brazil, is a country that have deppest economical inequalities, where health attendance and
responsibility of health care necessities of the users is not complete. To that reality, low recognition of
health workers is added, weakness of work relations, low investment in capacitation of health workers,
few participation of the population in service´s management and abscence of responsible following up
of patients One of the aspects that are more notorial in services evaluation is the low preparation of
workers to face the subjective dimention that all health practices have. Linked that, there is other that
are the centralized and vertical management models. At the end of 80's decade, starting in the
academical activities of a group of sanitarists vinculated to the Department of Preventive and Social
Medicine of Campinas, borns the Life´s Defense model. Near vinculation between theory and practice
is the characteristic mark of the model. Authors like Cecilio (1997); Gastão Wagner de Souza (19972005); Carvalho (2005); Merhy (2005) and others, make a deeper study at the begining of the century.
Since 2003, that production will lead the Ministry of Health to implementation of PNH (Brasil 2004).
Life's Defense model work with social model of determination of health/illness process, where not
only biological aspects but ideological, psicological and cultural aspects are destached emphatyzing
subjects production and social emancipation (CARVALHO 2005). In Public Health tradition, Life's
Defense model affirms that every person must have enough social and material sources to build his of
her hapiness and personal and social success. These new health model points that only changing ways
to act of health workers with their work subjects (service's users and society) could be accomplished
the universality, equality, equanimity precepts of brazilian's constitution guaranteeing the right to
health services to all brazilian's people. To rule to produce people is one of investing axis to Life's
Defense (CAMPOS, 1994 p.31). Finally, basic health system, in that model, has an esential functin: to
absorve and work health necessities of people and society, looking to resolve most of the problems.
Workers are who must serve to user with a qualified attendance (main strategic objective) and
contribute to criate institutional spaces of co-management, transforming in agent and subject of the
process.
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251 VIGILÂNCIA À SAÚDE E ATENÇÃO PRIMÁRIA AMBIENTAL – O CUIDADO
INTEGRAL E INTERSETORIAL ATRAVÉS DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
VALDECIR ZAVARESE DA COSTA1
MARTA REGINA CEZAR VAZ2
CLARICE ALVES BONOW3
CYNTHIA FONTELLA SANT’ANNA4
ELOÍSA IGLESIAS MARQUES5
JORGANA FERNANDA DE SOUZA SOARES6
SIBELE DA ROCHA MARTINS7
LETÍCIA SILVEIRA CARDOSO3
RESUMO: Este trabalho foi desenvolvida no Laboratório de Processos Socioambientais e Produção
Coletiva de Saúde – LAMSA inserido no projeto de pesquisa entitulado: “Produção de saúde e atenção
primária ambiental – complexidade do trabalho nos serviços públicos de saúde no extremo sul do
Brasil”. Com enfoque na promoção da saúde em nível local verifica-se a necessidade do
desenvolvimento de estratégias que busquem a participação social e das organizações locais, através do
conhecimento, identificação e solução dos problemas ambientais primários que atingem à saúde,
visando à qualidade de vida e o sustentabilidade das comunidades. Neste sentido a Atenção Primária
Ambiental é uma estratégia de ação ambiental, basicamente preventiva e participativa em nível local,
que reconhece o direito do ser humano de viver em um ambiente saudável e adequado, e a ser
informado sobre os riscos do ambiente sobre a saúde, bem estar e sobrevivência, ao mesmo tempo em
que define as suas responsabilidades e deveres em relação à proteção, conservação e recuperação do
ambiente da saúde (OPAS/OMS, 2000). É neste contexto que o trabalho em saúde é expresso na
complexidade da produção e reprodução da saúde; traduzindo-se em seu conceito abstrato concreto,
como um fenômeno em que sua materialidade é apreendida no ambiente, no sujeito individual e nos
diferentes sujeitos e grupos sociais (CEZAR-VAZ, 1996). Desta forma a Integralidade visa garantir “o
acesso universal e igualitário às ações e serviços para a promoção, proteção e recuperação da saúde”
reconhecendo a sua significância na prática norteadora do SUS (MATTOS, 2001), permeada por ações
intersetoriais que expressam papel fundamental para concretizar as diretrizes do Sistema Único de
Saúde, definindo-se assim nas atividades desenvolvidas pelas vigilâncias à saúde que Freitas apud
Tracker, 1996, atribui como funções “a sistemática coleta, análise e interpretação dos dados acerca de
eventos em saúde específicos que afetam a população, estando integrada com a rápida disseminação
dos dados para todos aqueles que são responsáveis pela prevenção e controle. Estando ainda,
relacionado à elaboração de subsídios que visem a prevenção e o controle de determinantes a agravos a
saúde” (Freitas, 2003). Assim a Vigilância à saúde e a intersetorialidade baseiam-se na territorialização
do sistema municipal de saúde, segundo a lógica das relações entre condições de vida, saúde e acesso
às ações e aos serviços de saúde. Implicando a necessidade de dados e informações de caráter
demográfico, socioeconômico, político-cultural, epidemiológico e sanitário, de modo a permitir a
definição de problemas e de grupos, permitindo a apropriação de informações acerca do territórioprocesso, visando à integralidade, a intersetorialidade, à efetividade e à equidade”(Freitas, 2003). Os
Objetivos foram identificar as estratégias utilizadas nos diferentes ambientes que compõem as
Enfermeiro. Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da FURG/RS - Brasil.
[email protected]
2 Enfermeira. Professora Adjunta do Departamento de Enfermagem da Fundação Universidade Federal de Rio Grande – FURG/RS
- Brasil. Doutora em Filosofia da Enfermagem. [email protected]
3 Acadêmicas de Enfermagem da FURG/RS - Brasil. Bolsistas de Iniciação Científica PIBIC/CNPq.
4 Acadêmica de Enfermagem da FURG/RS - Brasil. Bolsistas de Iniciação Científica FAPERGS.
5 Médica. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da FURG/RS - Brasil.
6 Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da FURG/RS - Brasil. Bolsista CAPES.
7 Enfermeira. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Educação Ambiental da FURG/RS - Brasil. Bolsista CAPES.
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Anais do III Seminário Internacional de Filosofia e Saúde/III International Seminar of Philosophy and Health Care
Florianópolis/SC, 08 a 10 de outubro de 2006. ISBN 978-85-88612-46-4
vigilâncias à saúde na implementação intersetorial do cuidado integral à saúde como diretriz do Sistema
Único de Saúde visando operacionalizar a proposta da Atenção Primária Ambiental. O processo
metodológico delineou um estudo quanti-qualitativo de caráter exploratório, descritivo e analítico, o
instrumento de coleta era fechado e continha questões de múltipla escolha para avaliação do
respondente por notas de 0 a 10. Os sujeitos da pesquisa foram trabalhadores dos serviços de
vigilância à saúde. Análise dos dados - Intersetorialidade: Facilidades que os profissionais da vigilância
têm para desenvolver a integração com outros setores ocorrendo pelo bom relacionamento entre as
equipes (nota média 8,0), pelo apoio dado pela Secretaria Municipal da Saúde (nota média 7,3);
dificuldades encontradas para efetivar esta integração são visualizadas através da falta de infra-estrutura
dos setores (nota média 6,1), além do número reduzido de trabalhadores (nota média 5,6). A
integração do setor com o trabalho do enfermeiro acontece pelas atividades executadas pelo setor
(6,7); a menor significância nesta integração do enfermeiro com o setor são as atividades de
coordenação do setor (5,5). O contato dos trabalhadores das vigilâncias com a rede básica ocorre
primeiramente com os enfermeiros (7,7). A análise mostrou que este contato tem maior significância
(p=0,00), exceto no contato que ocorre com a comunidade onde o setor de vigilância está envolvido
(7,0). O contato que ocorre de modo menos significativo se dá com os nutricionistas (2,6). A questão
ambiental: os problemas urbanos mais freqüentes encontrados no município os quais foram
enfatizados pelos profissionais das vigilâncias destacaram-se os resíduos sólidos (lixo) (7,3). A análise
mostrou que este problema tem maior significância (p=0,00), com exceção dos problemas ruas sem
pavimentação (7,2), e o saneamento básico (7,1). A menor significância destacou-se na falta de áreas
verdes(3,4). Os problemas rurais mais freqüentes encontrados no município foram a falta de
saneamento básico (7,5). A análise mostrou que este problema tem maior significância (p=0,00), com
exceção dos problemas utilização de agrotóxicos (7,5), manejo inadequado de resíduos sólidos e
domésticos (7,4) e abastecimento de água potável (7,4). A menor significância destacou-se na erosão
do solo e no desmatamento (5,7). Os fatores que influenciam, em âmbito urbano e rural, a resolução
de problemas e a elevação da qualidade de vida destacou-se o conhecimento a respeito dos problemas
ambientais locais permitindo a criação de projetos mais concretos (6,6). A análise mostrou que este
fator tem maior significância (p=0,00), com exceção dos fatores que permitem identificar os atores
sociais (população) e os recursos envolvidos nos problemas ambientais (6,5) e o fator que permiti
melhores condições para estabelecer estratégias de ação e coordenação, junto com a população para o
desenvolvimento social (6,2). O fator de menor significância destacou-se em fortalecer a participação
da comunidade na resolução de problemas (6,0). A Integralidade: os resultados identificados na
população referentes as atividades desenvolvidas pela integralidade dos setores destacou-se a melhora
na situação de saúde da comunidade em geral (7,8). A análise mostrou que este resultado tem maior
significância (p=0,00), com exceção dos resultados melhora na qualidade de vida da população (7,7). O
resultado de menor significância destacou-se a participação da comunidade nas atividades
desenvolvidas (6,1); O contato dos trabalhadores do setor das vigilâncias com os trabalhadores da rede
básica destacou-se que o contato ocorre pela necessidade de investigações dos agravos a saúde (7,5). A
análise mostrou que este contato tem maior significância (p=0,00), exceto o contato que ocorre pelas
atividades de promoção à saúde com a população (7,1). Em oposição, o contato com menor
significância quando ele ocorre por cursos de capacitação para os trabalhadores da rede básica (4,4);
exceto quando os motivos forem por atividades específicas do setor para com a comunidade (6,7). O
motivo de menor significância para ocorrer o contato entre os trabalhadores está na adequação do
trabalho do setor com o trabalho da rede básica (6,3). Conclusão: O trabalho na estrutura intersetorial
da vigilância à Saúde aliada a atenção primária ambiental, visa a compreensão de como o saber
ambiental pode atribuir autonomia no processo de produção de saúde. O trabalho intersetorial ocorre
de modo horizontal, como demonstrado no bom relacionamento das equipes favorecendo o fluxo
integral das ações intersetoriais no cuidado integral a saúde das comunidades e, portanto ampliando as
ações do sistema único de saúde. O profissional enfermeiro está diretamente ligado às práticas integrais
de saúde na intersetorialidade do sistema público dos serviços de saúde. As questões ambientais que
influenciam na saúde das comunidades locais estão diretamente ligadas a outros setores como a
secretaria ambiental e de saneamento básico demonstrando-se como bases fundamentais para o
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cuidado a saúde das comunidades. O cuidado integral abrange a intersetorialidade, sendo esta uma
característica do sistema de saúde imprescindível para que se concretize as ações públicas de saúde no
sentido de cuidado a saúde das comunidades na proposta da atenção primária ambiental.
Palavras-chave: cuidado à saúde; intersetorialidade; integralidade; atenção primária ambiental.
Referências:
CEZAR-VAZ, Marta R. Conceitos e práticas de saúde – Adequação no Trabalho de Controle da
Tuberculose. Tese(Doutorado) Programa de Pós-graduação, Universidade Federal de Santa Catarina,
Florianópolis, 1996.
FREITAS, Carlos M. A vigilância da Saúde para a Promoção da Saúde. In: Promoção da Saúde
conceitos, reflexões, tendências, Czeresnia, Dina(org). Rio de Janeiro: editora da Fiocruz,2003.
OPAS/OMS. Atenção Primária Ambiental. Brasília: Gráfica e Editora Brasil, 2000.
MATTOS, Ruben A. Os sentidos da Integralidade na atenção e no cuida-do à saúde. Rio de
Janeiro: UERJ, IMS: ABRASCO, 2001. 180p.
SURVEILLANCE TO THE HEALTH AND ENVIRONMENTAL PRIMARY ATTENTION THE INTEGRAL CARE AND INTERSETORIAL THROUGH THE UNIQUE SYSTEM OF
HEALTH
ABSTRACT: This work was developed in the Laboratory of Partner-environmental Processes and
Collective Production of Health - LAMSA inserted in the project of research with title: " Production
of health and environmental primary attention - complexity of the work in the public services of health
in the end south of Brazil ". With focus in the promotion of the health in local level the need of the
development of strategies is verified that look for the social participation and of the local
organizations, through the knowledge, identification and solution of the primary environmental
problems that they reach to the health, seeking to the life quality and the communities' with the
sustain. In this sense the Environmental Primary Attention is a strategy of environmental action,
basically preventive and participative in local level, that it recognizes the human being right of living in
a healthy and appropriate atmosphere, and to be informed on the risks of the atmosphere about the
health, well to be and survival, at the same time in that defines the your responsibilities and duties in
relation to the protection, conservation and recovery of the atmosphere of the health (OPAS/OMS,
2000). It is in this context that the work in health is expressed in the complexity of the production and
reproduction of the health; being translated in your concrete abstract concept, as a phenomenon in
that your materialty is apprehended in the atmosphere, in the individual subject and in the different
subjects and social groups (CÉZAR-VAZ, 1996). This way integrality seeks to guarantee " the
universal and equali

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