DocLisboa

Transcrição

DocLisboa
03
CINEMA
nov.dez.jan | trimestral | distribuição gratuita
Festival de Roma
Sitges
Imago
MÚSICA
Trans Musicales
London Jazz
Oslo World Music
ARTES VISUAIS
BD Amadora
Arte Lisboa
ENTREVISTA
I’m From Barcelona
DocLisboa
O essencial do Doc
Documentário Japonês
Retrospectiva Amos Gitai
Entrevista a Pedro Sena Nunes
www.festmag.com
Editorial
A luta do documentário
CINEMA
06 > 13 pp
MÚSICA
14 > 20 pp
ARTES PERFORMATIVAS
21 p
ARTES VISUAIS
22 > 23 pp
FW > Antevisão
RW > Reportagem
Rec > Entrevista
Quantas reportagens televisivas guardamos na memória? Que importância
atribuímos à televisão no entendimento que fazemos no mundo? Numa altura
em que se fala tanto de excesso de informação, de proliferação de imagens,
de banalização da guerra e da vida privada, o que continuamos no entanto a
procurar informação, imagens, retratos de guerra e perfis pessoais. Mas com
outro conteúdo, com outra duração. Longe da voracidade e da simplificação do
dia-a-dia.
De outra forma seria difícil explicar o sucesso do DocLisboa, o mais
importante festival português dedicado ao documentário. Como nenhum outro,
este festival, organizado pela Apordoc – Associação pelo Documentário, impôs-se
no panorama cinematográfico nacional, com sessões esgotadas, masterclasses
preenchidas e edições com suficiente sucesso para justificarem a publicação de
uma revista semestral, a docs.pt.
O combate, diga-se, é desigual, e o Cinema sai sempre a ganhar. Num
documentário, o realizador, com meios muitas vezes inacessíveis aos jornalistas,
parte em busca dos porquês, dos verdadeiros protagonistas e de pequenas
histórias que ilustrem a visão global dos acontecimentos. Quando comparado
com os 15 minutos que o canal do Estado dedica à reportagem, ou aos sempre
escassos programas dos privados, um filme é como um longo e cativante livro,
que nos proporciona uma diferente leitura do mundo. Ficamos a saber mais em
relativamente pouco tempo. E em alguns casos, escapamos à versão oficial que
tanta comunicação social se encarrega de reproduzir.
Esmagados pela demagogia e pela ilusão do mais banal e desinspirado
cinema norte-americano, o documentário devia tornar-se a luta do nosso tempo.
Com os apoios financeiros necessários e inerentes. Esmagados pela relativização
de conceitos e ideologias, pelas aparências e manobras de cosmética, o direito
à informação não devia ter hora marcada, nem apenas uma edição diária. Devia
ser constante, permanente, universal.
Neste contexto, a realidade do Médio Oriente é o melhor exemplo que
se poderia encontrar. Influenciada por fundamentalismos, extremismos, filtros
políticos, conveniências ditas geo-estratégicas e por discrepâncias de meios, a
informação que nos chega é forçosamente limitada. Nesta edição do DocLisboa
temos a oportunidade de ver, como se de um olhar directo se tratasse, a evolução
histórica de Israel através dos filmes do grande realizador Amos Gitai (ver pp. 7).
A trilogia News From House, House e A House in Jerusalem configura uma
história viva do presente daquele país, e uma interpretação pessoal, embora bem
documentada, da sua essência. «Creio que o cinema tem a possibilidade de
mostrar a realidade de maneira bem mais ampla do que os noticiários de TV. O
essencial para mim é fazer filmes que abordem frontalmente as contradições
do país em que vivo», diz o cineasta. E nós concordamos, agradecemos e só
esperamos não sermos os únicos. •
Filipe Pedro . D I R E C T O R A D E A R T E Filipa Lourenço . E D I T O R E S João Pedro Correia, Ricardo Duarte . C O N S U LT O R D E E D I Ç Ã O Luís Pedro Oeiras
Fernandes . R E D A C T O R E S Alexandre Nunes de Oliveira (Barcelona), Ana Rocha Duarte, Cátia Monteiro, Filipe Araújo . C O L A B O R A M N E S TA E D I Ç Ã O Ana Serafim,
Carla Martins Ramos, Catarina Medina, Cristina Brum (fotografia), João Paulo Gomes (fotografia), Jota Assis, Lino Ramos, Luís Bento (fotografia), Luís Mateus,
Miguel Geraldes . E N T I D A D E P R O P R I E T Á R I A FMP . N I F 214 520 781 . M O R A D A Rua do Cerrado do Zambujeiro, n.º 27, 2.º Frente 2610-036 Amadora .
N .º D E R E G I S T O D O I C S 124836 . D E P Ó S I T O L E G A L 236878/05 . I S S N 1646-3056 . T I R A G E M 20.000 exemplares . I M P R E S S Ã O Heska — Campo
Raso 2710-139 Sintra . D I S T R I B U I Ç Ã O Master Shot — Largo do Sequeira, n.º7 1100-587 Lisboa . P E R I O D I C I D A D E Trimestral . E M A I L [email protected] .
P U B L I C I D A D E [email protected] . I M A G E M D E C A PA Bien Mélanger, de Nicolas Fonseca
DIRECTOR
Our Daily Bread, de Nikolaus Geyrhalter
DocLisboa: a edição da maturidade
Em Outubro, o documentário vê-se e discute-se em Lisboa. E nada escapará a este olhar demorado sobre a
actualidade. Das secções competitivas à homenagem a Amos Gitai, não esquecendo as áreas temáticas, este
ano dedicadas ao Japão, ao Trabalho e às relações entre a ficção e o real, o mundo inteiro projecta-se no grande
auditório da Culturgest.
CINEMA
docLisboa
Lisboa
Culturgest
20 > 29 Out
www.doclisboa.org
Bilhetes p/sessão
Grande Auditório
2,5€
Pequeno Auditório
2€
Horários
11h > 23h
«Esta é a edição da maturidade, da consolidação». Quem o diz é Ana Isabel Strindberg que,
com Nuno Sena, assegura a direcção artística
do DocLisboa 2006. A prová-lo está a consolidação da programação das edições anteriores,
associada à vontade de conquistar novos públicos através de mais secções e prémios.
Esta 4.ª edição teve o maior número de
inscritos de sempre. Os programadores do festival visionaram mais de mil filmes, entre festivais que visitaram e documentários recebidos.
Numa primeira fase foram pré-seleccionadas
850 obras, mas só cem conseguiram integrar
o cartaz do festival.
A programação inclui uma competição
internacional e uma nacional, de longas e curtas-metragens. Já a secção Investigações,
iniciativa que começou o ano passado, faz-se
de documentários dominados pela actualidade,
com temas muito diversos: recruta militar, eutanásia, emigração, globalização, Guantanamo e
até visitas turísticas a campos de concentração,
entre outros.
E quando se fala de competição é importante não esquecer os prémios. Até porque este
ano há várias novidades neste departamento.
Dois novos prémios que serão atribuídos pelo
júri da competição internacional: o Grande
prémio cidade de Lisboa para melhor longametragem (sete mil euros) e o Prémio Johnny
Walker para a melhor curta-metragem documental (três mil euros). Já o júri da competição
nacional e das primeiras obras atribuirá o Prémio Sony para melhor primeira obra portuguesa
(mil euros e uma câmara SONY HD). Outra das
novidades é o importante prémio atribuído pelo
júri investigações: DocLisboa Investigações
A:2 (três mil euros) que consiste na aquisição
de direitos de exibição no canal :2.
O debate e a reflexão continuam a ser uma
prioridade desta edição. Exemplos disso são as
três secções de retrospectiva deste ano: Mostrar Trabalho revela o tema do trabalho como
um dos mais filmados ao longo da História do
documentário. E também perceber «a nova forma como o trabalho está ser filmado actualmente», diz Nuno Sena, outro dos programadores
do festival. De 1930 a 2005, são apresentados
diversos filmes: Enntuziasm: Sinfonia Dombassa,
de Dziga Vertov e Robert Flaherty, onde é documentado o trabalho árduo dos mineiros nos anos
30; British Sounds, de Jean-Luc Godard e JeanHenri Roger, sobre fábricas, sindicatos e mulheres nuas; Louis Malle apresenta em Humain Trop
Humain uma linha de montagem da nova fábrica
Citröen em Rennes, no início dos anos 70.
O Japão é outra das secções retrospectivas, 20 anos de filmes numa secção cujo título
é Histórias Mínimas — o Documentário Japonês
Contemporâneo. Nuno Sena justifica a escolha:
«O Japão é um território cada vez mais fecundo
no âmbito do documentário».
A terceira secção retrospectiva é dedicada
a Amos Gitai, que tem honras de abertura. O
cineasta israelita estará presente no festival com
as trilogias Wadi e House e para um encontro
com o público.
A referir as várias sessões especiais de
filmes inéditos, fora de competição, assinados
por nomes conceituados do documentário como
Pirjo Honkasalo, Chantal Akerman, Vincent
Dieutre e Eduardo Coutinho. Ainda a masterclass de Makoto Satô, Amos Gitai e outra das
novidades deste ano — a oficina de cinema
Primeiros Planos, que pretende sensibilizar os
mais jovens para o cinema. Por último, o Lisbon
Docs 2006, um fórum de financiamento e coprodução de documentários: de workshops para
produtores, a uma sessão pública de pitching, a
uma masterclass de networking.
Está então confirmado que durante dez dias
a Culturgest vai ser a maior sala de cinema do
país. Fica feito o convite para a visitar. • T Catarina
Medina
RETROSPECTIVA AMOS GITAI
Olhar de frente as contradições de Israel
Amos Gitai é o realizador em destaque no DocLisboa. O seu mais recente documentário abre o festival, está programada toda uma secção
em torno dos seus filmes, e Gitai dará ainda uma masterclass. É preciso referir que é israelita, crítico da ortodoxia e que grande parte da
sua obra retrata o seu país?
sido rejeitados pelos próprios patrocinadores.
Field Diary (1982), filmado nos territórios ocupados antes e durante a invasão do Líbano, foi
um dos primeiros: inicialmente encomendado
pela televisão pública israelita, foi depois recusado.
Actualmente, e depois de ter vivido em
França e nos EUA, Gitai soma no currículo 40
filmes, entre documentários e ficção. O ponto
central da sua obra é o Médio Oriente, abordando questões como pátria, exílio, religião,
controlo social e utopia. Um estilo marcado por
uma persistente «indagação do real ao longo
do tempo, e de reais extremamente localizados, que define ética e politicamente um gesto
cinematográfico» e o seu autor, segundo Augusto M. Seabra, comentando o realizador.
Para além da trilogia House, o DocLisboa
exibirá outras duas fitas: Wadi 1981–1991 e
Wadi Grand Canyon, episódios de uma outra
trilogia. Wadi é um enclave a leste de Haifa
onde imigrantes europeus de Leste coabitam com árabes e russos. Os filmes retratam
a situação política e social da região, muito
deteriorada entre a data da primeira visita de
Gitai ao local, em 1981, e da última, 20 anos
depois.
Além do documentário, Amos Gitai tem
uma obra considerável na ficção, que nem por
isso deixa de ter o mesmo fundo crítico. BerlinJerusalem (1989), premiado em Veneza, é um
dos mais conhecidos, bem como os filmes à
volta da personagem de lendas judias, Golem.
Na fita Kippur (2000) o realizador regressa à
sua experiência de guerra. Uma das sequências de September 11 – 11’09’’01, colectiva
de 11 realizadores, é assinada por Gitai. Free
Zone (2005), novamente sobre a temática do
exílio, contou com Natalie Portman e Carmen
Maura no elenco, facto que lhe deu alguma
projecção extra. • T João Pedro Correira
Trilogia House, de Amos Gitai
Israel entra pelas nossas casas todos os
dias e quase sempre pelos piores motivos: uma
bomba, muitos mortos e feridos, um conflito
que não sara. Israel nunca saiu das notícias
e pode ser saturante. Mas, como será olhar
Israel de uma perspectiva antibelicista, questionadora — até da tradição religiosa — e não
alinhada com os grupos de interesse? «Creio
que o cinema tem a possibilidade de mostrar a
realidade de maneira bem mais ampla do que
os noticiários de TV», defende Amos Gitai.
É com News From Home/News From
House que começa o DocLisboa. Este que é o
mais recente trabalho de Amos Gitai é também
o terceiro episódio de uma trilogia iniciada em
1980, com House, e continuada 18 anos depois, com A House In Jerusalem. A casa que
é seguida pontualmente ao longo de todo esse
período serve de metáfora às transformações
por que passou Jerusalém ao mesmo tempo.
De edifício abandonado pelo proprietário palestiniano na guerra de 1948, foi requisitada
pelo governo israelita, mais tarde alugada a
imigrantes judeus argelinos, posteriormente
comprada por um professor universitário…
«Os seus habitantes estão dispersos e o espaço comum foi desintegrado».
Mas quem é Amos Gitai, que muitos apelidam do mais importante realizador israelita?
Poderia ser arquitecto, tal como o pai, e uma
vez que se formou e doutorou em arquitectura nos EUA. Mas a guerra bateu-lhe à porta,
em 1973, e assim nasceu um realizador: com
pouco mais de 20 anos o soldado Gitai fazia
os seus primeiros filmes com uma câmara de
oito milímetros a bordo de um helicóptero. «O
essencial para mim é fazer filmes que abordem
frontalmente as contradições do país em que
vivo», diz.
Talvez seja por isso que ganhou reputação
de incómodo e alguns dos seus filmes tenham
Pedro Costa responsável por Ficções do Real
Outra nova secção, onde se procura conhecer
mais sobre as relações entre ficção e documentário, dá pelo nome de Ficções do Real e
pretende ser um espaço de reflexão. Todos os
anos será convidado um cineasta para mostrar
a sua visão sobre o tema, através de um conjunto de filmes escolhidos pelo realizador. Nesta primeira edição, a selecção dos filmes ficou
a cargo de Pedro Costa. O realizador de No
Quarto de Vanda apresenta o seu espaço de
programação composto por cinco filmes: Les
Yeux Ne Veulent Pas En Tout Temps Se Fermer Ou Peut-être Qu’un Jour Rome Se Permettra De Choisir À Son Tour, de Jean-Marie
Straub e Danièle Huillet, uma produção alemã
e italiana de 1969; Numéro Zéro, de Jean Eustache, um filme de um cineasta profissional e
um filme de família; Onde Jaz O Teu Sorriso?,
do próprio Pedro Costa, uma «comédia de remontagem»; Marguerite telle qu´en Elle-Même,
de Dominique Auvray, sobre Marguerite Duras.
A realizadora estará presente para falar sobre
questões de montagem, numa conversa com
Pedro Costa; e por último, Los Angeles Plays
Itself, de Thom Andersen, um ensaio cinematográfico sobre as representações da cidade de
Los Angeles no cinema. • T Catarina Medina
06|07
Olhar o Japão através dos seus documentários
A 4.ª edição do DocLisboa propõe reflexão
e debate em torno do cinema documental japonês. A cinematografia daquele país não é muito
conhecida por cá – Ninguém Sabe, ficção de
Hirokazu Koreeda, passou discretamente por
Lisboa em meados do ano –, pelo que Makoto
Satô e Naomi Kawase, dois dos realizadores representados na selecção, estarão presentes para
ajudar a compreender o panorama do documentário nipónico.
É nas décadas de 60 e 70 que se encontram
os primeiros representantes do género, abordando movimentos e lutas sociais. Porém, o documentário japonês afastou-se substancialmente
desse campo, à medida que os media dedicaram
mais atenção à cultura do consumo, considera
Nobuhiro Suwa, realizador que comentou a selecção do DocLisboa para esta retrospectiva.
O filme mais aguardado da secção, The
Emperor’s Naked Army Marches On (1987), de
Kazuo Hara, é projectado na noite de 21 Out
(sáb). «Um dos documentários mais polémicos
sobre a história do Japão e as memórias da guerra», o filme retrata a obsessão de Okuzaki Kenzo
em encontrar provas para a obscura morte de
soldados japoneses na II Guerra Mundial. Kenzo,
que publicamente acusou o imperador Hirohito
de crimes de guerra cometidos naquele conflito, e inclusivamente o tentou assassinar com uma pistola artesanal em 1969, é naquele ano de 1987 um homem
louco. A fita regista as suas visitas a antigos oficiais
militares, agora em idade avançada, durante as quais
Kenzo lhes arranca depoimentos escabrosos, por vezes recorrendo à violência. «Enquanto viver usarei a
violência, se trouxer bem à humanidade», são palavras
Living on the River Agano, de Makoto Satô
O Japão é o país em foco na secção de retrospectivas do DocLisboa 2006. Em Histórias Mínimas – o Documentário Japonês Contemporâneo,
uma dúzia de filmes ajuda a traçar o percurso da produção de cinema documental do país nos últimos 20 anos. Inclui The Emperor’s Naked
Army Marches On, «um dos documentários mais polémicos sobre a história do Japão e as memórias da guerra».
de Kenzo. O realizador limitou-se a filmar tudo.
Makoto Satô, pessoalmente em Lisboa, apresentará a série Living on the River Agano (1992) e
Memories of Agano (2004), o primeiro sobre a contaminação do rio Agano por descargas de mercúrio, e
o segundo sobre a desertificação — e a morte? —,
uma década depois.
Naomi Kawase também terá vários filmes em exibição. O diário-documentário e por vezes autobiográ-
fico são as principais características desta realizadora,
de 37 anos. Um registo não ortodoxo que se tem
afirmado como tendência e que em muito desagrada as velhas gerações de documentaristas nipónicos.
Katatsumori (1994) é um exemplo disso: a história da
tia-avó que criou Kawase.
À excepção de 27 e 28 Out, todos os dias há documentários japoneses no DocLisboa. É só escolher.
• T João Pedro Correia
Dois por dia — algumas sugestões para o DocLisboa
21 Out (sáb.)
21h, G.A.
The Fisherman and the
Dancing Girl (Rússia,
2005, 54 min.)
23h, P.A.
The Emperor’s Naked
Army Marches On
(Japão, 1987, 122 min.)
22 Out (dom.)
14h30, G.A.
China Blue
(EUA, 2005, 87 min.)
(Portugal, 2006, 60 min.)
24 Out (3. )
a
21h, G.A.
Elogio ao ½ (Portugal,
2005, 70 min.)
23 Out (2.a)
11h, P.A.
Sisters In Law (Reino
Unido, 2005, 106 min.)
18h30, G.A.
Cartas a Uma Ditadura
18h30, G.A.
Pátria Incerta (Portugal,
2006, 52 min.)
23h, G.A.
Arcana
(Chile, 2005, 96 min.)
25 Out (4.a)
14h30, P.A.
Tanjuska and the
Seven Devils (Finlândia,
1993, 80 min.)
21h, P.A.
Ears Open, Eyeballs
Click (EUA, 2005, 90
min.)
21h, G.A.
Our Daily Bread
(Áustria, 2005, 90 min.)
27 Out (6.a)
26 Out (5.a)
16h30, G.A.
Yellow Box (Taiwan,
2006, 53 min.)
18h30, G.A.
Onze Burros Caem
no Estômago Vazio
(Portugal, 2006, 28 min.)
18h30, G.A.
Kinshaza Palace
(Congo/França, 2006,
75 min.)
28 Out (sáb.)
16h30, G.A.
Un Pont sur la Drina
(Bélgica, 2005, 18 min.)
21h30, G.A.
Enron: the smartest
guys in the room (EUA,
2005, 110 min.), entrega
de prémios e sessão de
encerramento
G.A. – Grande Auditório
P.A. – Pequeno Auditório
Elogio ao 1/2, de Pedro Sena Nunes
O único português
em competição
Pedro Sena Nunes nasceu em Lisboa em pleno Maio de 1968. Após o Curso de Cinema, em 1992, participou na criação
da Companhia de Teatro Meridional. Em seguida, de Barcelona a Budapeste, passando por Lyon, Sitges, Lisboa e Florença,
participou em cursos e oficinas de cinema, fotografia, vídeo, teatro e escrita criativa. Mas esses tempos já lá vão. Actualmente
é formador, colabora com regularidade com coreógrafos, encenadores, artistas plásticos, músicos e arquitectos. E realiza
documentários e ficções em cinema e vídeo, além de trabalhos publicitários para televisão e rádio.
Volta a participar no DocLisboa com um novo filme, Elogio ao ½,
o único documentário português a participar na competição internacional. Para si é um motivo de grande orgulho?
Sim, é mesmo isso, um motivo de grande orgulho! Acaba por ser um estímulo muito grande para o futuro próximo, quando um trabalho meu ganha
um destaque como este. A distinção é feita a partir de um conjunto de 120
documentários que estiveram, tanto quanto sei, este ano a concurso no
DocLisboa. Aliás, é o maior número de documentários alguma vez produzidos em Portugal durante um ano. A grande maioria desta produção é independente, o que também demonstra um sinal de vitalidade do género.
O Elogio ao ½ é, em parte, uma chamada de atenção com vista a
resolver alguns dos problemas da Meia Praia? Acha que a localidade corre o risco de se diluir no cimento algarvio?
É uma chamada de atenção para ajudar a resolver alguns dos problemas
da Meia Praia. Mas tenho consciência de que facilmente se diluirá nessa
massa acimentada do Algarve. O mais grave está na massa cinzenta, com
outro tipo de textura, pertença de alguns sujeitos que assumem poderes
de decisão com contornos dúbios, sobretudo no que diz respeito ao tecido
urbanístico do nosso país. Vivemos num tempo que exige uma reflexão
profunda e uma mudança de atitude de todos. Elogio ao ½ apresenta
uma combinação de três níveis diferenciados: imagem, som e palavras de
testemunhos vivos do que foi, do que é e do que quer ser a Meia Praia.
Quanto tempo demorou o processo de filmagem e edição do Elogio ao ½? Houve contratempos?
Foram três meses para pesquisa e filmagens em seis períodos não contínuos, e mais três meses de edição muito difíceis e desconcertantes, por
ter de conciliar o processo pedagógico, o arranque do ano lectivo na ETIC,
onde sou responsável pela área imagem e som, e o trabalho de edição.
Nunca estou satisfeito com os processos e o perfeccionismo faz parte dos
meus princípios — nunca desisto.
A fotografia (ou cinematografia) está muito cuidada. Houve alguma
preocupação especial na filmagem daquelas cores e ambientes?
Faz parte da minha formação ter muito cuidado com a imagem e o som. O
trabalho de registo com a luz natural de cada espaço, exterior ou interior, é
feito com o maior respeito pela atmosfera de cada ambiente. Cada plano
tem um tratamento específico. O vídeo, a sua escrita, tem para mim como
base o experimentalismo puro e a interpretação pessoal.
Quais foram os documentários mais interessantes que viu este
ano?
Natureza Morta marcou-me pela visão vital que arrasta sobre o nosso
passado recente, muitas vezes apagado, da ditadura. Parece-me uma reflexão essencial e focada na releitura que podemos fazer das imagens já
arquivadas. Para além disso é um trabalho de uma riqueza e de uma diversidade imagética e sonora muito experimentais. Por tudo isto, destaquei-o
nos VI Encontros de Viana – Cinema e Vídeo, em Viana do Castelo,
onde sou responsável pela programação Olhares Frontais.
DOCLISBOA
ENTREVISTA
Pedro Sena
Nunes
Vai andar pelo DocLisboa como espectador? O que é que tem
mais curiosidade em ver?
Todos os filmes portugueses. Tenho sempre muita curiosidade de conhecer e perceber especialmente quem está a começar. Mas também me
interessam todos os filmes inéditos de Chantal Akerman a Eduardo Coutinho e a competição internacional, obviamente. Pretendo assistir e levar
os meus alunos às masterclasses... Conclusão: apetece-me circular no
festival a tempo inteiro.
Quais são os seus próximos projectos?
Mais um microcosmo da série Microcosmos — Beira Alta. Outro será Há
Tourada Na Ponte, documentário que aborda um assunto ancestral que
relaciona o homem da raia e o touro.
É preciso desequilibrar. Provocar a mudança. Definir o novo eixo. O espectador tem de mudar de sítio, tem de aceder a um imaginário diferente,
escolher o seu caminho numa realidade que também é a sua. É por isso
que filmo. • T Filipe Pedro
Alguns dos filmes mais proeminentes de Pedro Sena Nunes são: As
Palavras Derretem-se Na Água (1998), Devaneios Flutuantes – Carlos
Paredes (1998), Entraste no Jogo, Tens de Jogar, Assim na Terra Como
No Céu (2000), Cacilheiros — Alerta (2002), A Morte do Cinema (2002),
Burdião (2003), Da Pele À Pedra (2005) e Elogio Ao ½ (2006).
08|09
FESTA DO CINEMA FRANCÊS
Lisboa, Porto, Coimbra, Faro, Évora, Almada, Funchal
4 Out > 21 Nov • www.festadocinemafrances.com
A sétima edição da Festa do cinema francês chega a sete cidades. A nova temporada apresenta 32 antestreias por todo o país.
No cartaz contam-se obras como Paris Je T’aime, visão fragmentada da cidade em declarações de amor de 22 confidentes, entre os quais Sylvain Chomet, Nobuhiro Suwa, Vincenzo Natali ou Gus
Van Sant. Uma comédia da autoria de Valérie Lemercier que dá pelo
nome de Palais Royal conta a atribulada sucessão ao trono de um
príncipe inapto no reino europeu imaginário de Catherine Deneuve.
Em Fauteuils D’Orchestre, Danièle Thomson coloca três artistas
de sucesso, mas tendencialmente neuróticos, a fazer uma revisão
de pendor existencialista à função da sua obra e do que esta trouxe às suas vidas. Dunia centra-se no conflito entre a expressão da
feminilidade e as restrições que as mulheres encaram na sociedade
egípcia. A realizadora, Jocelyn Saab, parte da caracterização de uma
jovem para abordar questões como o desejo sexual feminino e a
prática da excisão. Jocelyn Saab é uma das presenças confirmadas
nesta edição.
Em Lisboa a Festa ocupa o Cinema São Jorge, o Instituto Franco-Português e a Cinemateca, fixando-se também em auditórios e
teatros das restantes cidades contempladas. Na televisão, a RTP1 e
a 2: apresentam uma programação especial onde figuram filmes de
festas anteriores, bem como a História dos Cahiers du Cinéma em
20 filmes. • T Cátia Monteiro
Paris, Je T’aime, obra colectiva
Vive la Fête!
Documentários
na Fonoteca
IMAGENS SOBRE MÚSICA 2006
Lisboa • 21 > 25 Nov • www.cm-lisboa.pt/fonoteca
Longe da MTV e do You Tube, apresentam-se Imagens sobre música. Trata-se de um conjunto de nove documentários
onde se promovem diferentes enquadramentos do cenário musical português.
A mostra Imagens sobre música chega pela segunda vez
às instalações da Fonoteca Municipal de Lisboa, onde reside
por uma semana. Alguns destes documentários passaram já por
festivais de cinema, e são aqui repescados. É o caso de Movimentos Perpétuos — Tributo A Carlos Paredes, da autoria de
Edgar Pêra, ou do Rockumentário, de Sandra Castiço, dedicado
à banda Bunnyranch, ambos exibidos no último IndieLisboa.
Em estreia está Humanos — A Vida em Variações, de António Ferreira, que acompanhou, durante as actuações ao vivo
e na realização dos videoclips, a banda que recriou a música de
António Variações.
Bruno de Almeida apresenta dois trabalhos: The Art Of
Amália e O Candidato Vieira, sobre figuras de destaque, embora em estilos e tons distintos, entre as personalidades musicais
portuguesas.
Há igualmente obras que se desprendem de personagens
particulares para abarcarem um género musical, como faz Leonor Areal em Ópera Aberta. Estes e outros documentários vão
ser exibidos na Fonoteca ao final da tarde, a partir das 18h, em
regime de entrada livre. • T Cátia Monteiro
Culturas híbridas
NIPPON KOMA
Lisboa
Culturgest
Pequeno Auditório
4 > 9 Dez
Sessões
18h30
21h30
Bilhetes
2€
www.culturgest.pt
A mostra de cinema japonês da Culturgest, Nippon Koma,
faz nova incursão nos géneros documental e de animação. No
sector dedicado ao documentário encontramos testemunhos,
modos de vida ou retratos do quotidiano citadino. É exemplo
Kiba, Tokyo Micropole, em que Catherine Cadou procurou captar a diversidade de estilos de vida e as tensões que pautam a
evolução de um bairro da capital japonesa.
No sector da animação cruzam-se diferentes técnicas e evocam-se temáticas distintas. A tecnologia de ponta encontra-se
com a filosofia tradicional, num espaço onde criadores japoneses se esforçam por inovar sem cortar o cordão umbilical com a
tradição. No programa Onedotzero reúnem-se curtas, videoclips
e trabalhos de animação gráfica que dão conta dos progressos
técnicos e da capacidade criativa postos em prática no último
ano. Japão em dose concentrada. • T Cátia Monteiro
Scope, de Yabuki Makoto
Temos por cá karaoke, artes marciais, sushi e fanáticos de cinema anime. Os japoneses há muito que assimilam aspectos
da cultura ocidental, sem se descaracterizarem. O Nippon Koma é por isso um lugar de descoberta e reencontro de culturas
híbridas.
Roma quer
destronar Veneza?
Pela primeira vez na sua história recente, Roma descruza os
braços e aposta forte na construção de um festival de cinema
de renome internacional, com estrelas planetárias na passadeira
vermelha e o patamar de Cannes e Veneza na mira. A primeira
edição do certame, que terá Nicole Kidman como madrinha e
Sean Connery como convidado de honra, acontece no final de
Outubro e já fez Veneza levar as mãos à cabeça. Conseguirá a
loba levar a melhor ao leão?
A pedra no sapato há muito que atormentava o andar da cidade eterna. Porto de abrigo
da esmagadora maioria dos produtores e realizadores de cinema italianos, e mãe da outrora
grandiosa Cinecittà, há anos que Roma ambicionava um festival capaz de a recolocar na rota
das principais capitais da sétima arte. A resposta
tardou. Mas 74 anos após Mussolini cortar a fita
do mais antigo festival de cinema do mundo, em
Veneza, a solução parece chegar. Chama-se
Festa Internazionale Di Roma, assume-se como
um evento com uma forte componente popular
e acontecerá um pouco por toda a capital italiana, entre os dias 13 e 21 de Outubro.
Nicole Kidman, que viajará até Roma para
apresentar o seu recente Fur, de Steven Shainberg, é a madrinha da nova coqueluche do
município. E o escocês
Sean Connery, o actor homenageado desta
edição inaugural, compromete-se a mostrar
um conjunto significativo de filmes dos grande
estúdios ainda por estrear, dar a conhecer novos talentos através de uma competição seleccionada por um júri liderado por Ettore Scola,
rever 47 trabalhos protagonizados por Marcello
Mastroianni e oferecer ao público mais jovem
um festival infantil autónomo, intitulado Alice na
Cidade.
A polémica, contudo, já está instalada. Tem
alimentando, de resto, várias dezenas de páginas na imprensa e roubado tempo de antena
aos noticiários nacionais. Preocupada com os
danos colaterais que a proximidade do evento
romano poderá provocar na estabilidade do seu
próprio festival, Veneza, actualmente a braços
com a maior crise financeira de sempre, treme e
lança-se em críticas ferozes, numa guerra que já
gerou trocas de mimos menos cordiais.
Segundo Davide Croff, director da bienal
que organiza o encontro do Lido, Roma ameaça a sobrevivência do festival mais antigo do
mundo. Mas os responsáveis pelo festival de
cinema de Roma não compreendem o medo.
Garantem que o orçamento da sua festa do cinema vem maioritariamente de fundos privados
e que estão longe de os querer boicotar. Esforçam-se, isso sim, para que a loba, que será o
seu símbolo, conquiste um lugar ao sol, ao lado
do leão. A ver o que a história ditará. • T Filipe
FESTA
INTERNAZIONALE
DI ROMA
Roma
13 > 21 Out
www.romacinemafest.org
Araújo F Moreno Maggi
Londres assinala 50 anos de cinema
Juventude Em Marcha, de Pedro Costa, é um dos filmes a representar Portugal. Cinquenta anos depois de Throne Of Blood,
de Kurusawa, e de outras películas de nomes como Fellini, Bergman ou Visconti, a cidade de Londres volta a reunir-se em
torno de cinema. As honras de abertura cabem a The Last King Of Scotland, do realizador Kevin Macdonald, no que é a
estreia europeia da fita.
A estreia de Juventude Em Marcha em
Portugal está marcada para 23 Nov (5.ª), mas
Pedro Costa não tem parado com as apresentações internacionais da fita. Depois de ter competido em Cannes, o filme passará pelos festivais de Vancouver (Canadá) e São Paulo (Brasil). Neste London Film Festival, Colossal Youth
— tradução oficial para inglês — será visionada
duas vezes, a 27 (6.ª) e 30 Out (2.ª), no National Film Theatre. O filme foi ainda seleccionado
para os Prémios de Cinema Europeu, cujas
nomeações são conhecidas em Novembro.
Juventude Em Marcha acompanha a demolição do bairro das Fontainhas e o realojamento num bairro social, o Casal da Boba, na
Amadora. Rodado com actores não profissionais, o filme prossegue a história de Ossos e No
Quarto Da Vanda.
A outra participação portuguesa no festival
londrino é Salitre — Mould, em inglês —, o sétimo trabalho de Leonor Noivo e o primeiro em
35 mm. A fita integra a programação de curtasmetragens.
Macdonald a abrir, Iñarritu a fechar
As expectativas acerca de The Last King Of
Scotland são grandes. Kevin Macdonald, que é
conhecido pelo seu percurso no documentário
— One Day In September valeu-lhe um Óscar
—, estreia-se com esta produção britânica na
ficção. O filme trata a relação entre um médico
escocês chegado a África durante o regime ditatorial do Presidente ugandês Idi Amin, representado por Forest Whitaker. Sandra Hebron,
directora artística do London Film Festival, descreve The Last King Of Scotland como um filme
não totalmente histórico, acessível mas sobretudo provocador.
O encerramento do festival trará outra obra
muito aguardada: Babel, de Alejandro González
Iñarritu, com os actores Kate Blanchett, Brad
Pitt e Gael García Bernal. O terceiro filme e o
mais ambicioso do jovem realizador mexicano
trata as mesmas temáticas de Amores Perros e
21 Grams, ou seja, as consequências de actos
isolados e essa incógnita que é o destino.
Mas entre estas duas obras haverá mais
de 180 filmes para ver em 15 dias, entre longas-metragens e documentários, repartidos por
oito categorias, às quais que se junta uma de
curtas-metragens, com 131 títulos. Mais de 50
países estão representados e esperam-se cerca
de 115 mil visitantes. Se há boas alturas para
visitar Londres, esta é certamente uma delas. •
LONDON FILM
FESTIVAL
Londres
Reino Unido
18 Out > 02 Nov
www.lff.org.uk
T João Pedro Correia
10|11
Filmes premiados
MELHOR CURTA-METRAGEM (EX-AEQUO)
A For(r)est in the des(s)ert, de Luiso Berdejo
Handyman, de Simon Rumley
MELHOR REALIZADOR
Martin Weisz, por Grimm Love
PRÉMIO ESPECIAL DO JÚRI
Homecoming (série Masters of Horror),
de Joe Dante
MELHOR FILME
Requiem, de Hans-Christian Schmid
MELHOR FILME FANTÁSTICO
Exiled, de Johnny To
MELHOR FILME “MIDNIGHT X-TREME”
Tideland, de Terry Gilliam
What is it?, de Crispin Glover
Horror e muito mais
A 39.a edição do auto-proclamado melhor festival de cinema fantástico do
mundo ficou pautada pela descoberta dos novos valores Anders Morgenthaler
(Princess), Martin Weisz (Grimm Love) e Bong Joon-ho (The Host), para além
da reconfirmação de nomes como Satoshi Kon, Peter Chan ou Darren Aronofsky.
Terry Gilliam fez as pazes com o seu próprio passado e, afinal, Joe Dante ainda
sabe filmar (Homecoming, série Masters of Horror). Quanto a David Lynch,
mestre que inspirou a imagem da presente edição, nem vê-lo.
SITGES 2006
— FESTIVAL
INTERNACIONAL
DE CINEMA DA
CATALUNHA
6 > 15 Out
www.cinemasitges.com
Anuncia-se o final do festival e, horas antes, o fecho da sala de imprensa. Como louca,
à descarada, alguma imprensa espanhola rouba os cartazes promocionais dos filmes apresentados durante os 10 dias de festival — e
aqui não interessa se os filmes estão em competição, antestreia ou retrospectiva.
Entre os mais cobiçados estão Scoop (a
nova proposta britânica de Woody Allen, num
tom mais divertido e jovial do que Match Point),
Princess (brilhante estreia do dinamarquês
Anders Morgenthaler nas longas metragens,
numa combinação bem conseguida entre animação e filmagens reais, tal como já havia feito na curta Araki - The Killing of a Japanese
Photographer), ou ainda El Maligno (curiosa
variação espanhola para o filme de Tiago Guedes e Frederico Serra, Coisa Ruim, estreado
na última edição do Fantasporto).
Mas a saga continua com Paprika (o novo
filme de Satoshi Kon, realizador do clássico
de animação japonesa Perfect Blue), Tideland
(Terry Gilliam adapta o livro de Match Cullin e
descobre a sua Alice No País das Maravilhas,
num filme mágico e inesquecível), Perhaps
Love (citando a imprensa espanhola, este
musical é a versão “Eastside” Story de Peter
Chan) e Big Bang Love, Juvenile A (o novo
devaneio de Takashi Miike — desta feita dedicado ao amor homossexual —, o mais prolífico
realizador japonês da actualidade, com mais de
60 realizações nos últimos 15 anos).
Ainda há que destacar Time (o 13.º filme
do coreano Kim Ki-Duk — centrado nas operações plásticas e numa história de amor extremada, como é habitual —, quando o 12.º filme,
O Arco, ainda está por estrear em Portugal...),
The Fountain (valeu a pena a espera pelo sucessor de Pi e Requiem For A Dream; Darren
Aronofsky proporciona-nos duas horas de pura
magia, com imagens excepcionais, combinando drama e ficção científica numa história de
amor intemporal) e The Abandoned (um filme
tipicamente fantas, de fraco argumento, mas
com muitos sustos e uma casa assombrada na
Rússia rural, realizado por Nacho Cerdá).
Também não se pode esquecer Exiled (o
mais recente filme de Johnny To, a lembrar
MENÇÃO ESPECIAL DO JÚRI JOVEM
Behind the Mask: The Rise of Leslie Vernon,
de Scott Glosserman
MELHOR FILME ORIENT EXPRESS
The Host, de Bong Joon-ho
MELHOR FILME DE ANIMAÇÃO
The Girl Who Leapt Through Time, de
Mamoru Hosoda
MELHOR CURTA DE ANIMAÇÃO
Dreams and Desires — Family Ties, de
Joanna Quinn
MENÇÃO ESPECIAL DO JÚRI
The Book of the Dead, de Kihachiro
Kawamoto
PRÉMIO DA CRÍTICA — JOSE LUIS GUARNER
Requiem, de Hans-Christian Schmid
PRÉMIO CITIZEN KANE
PARA REALIZADOR REVELAÇÃO
Rian Johnson, por Brick
o coreano Friends, belo mas fatalista, com
planos soberbos e abordando a amizade entre
gangsters em Macau), Moscow Zero (Luna,
ou María Lidón, realizou um filme verdadeiramente medonho com uma assinalável colecção de cromos — Vincent Gallo, Val Kilmer,
Sage Stallone e Joaquim de Almeida), El Laberinto del Fauno (a nova película fantástica
de Guillermo del Toro) e The Host (de Bon
Joon-ho, mais um nome a fixar do novo cinema coreano).
Por fim, Black Book (um triller cuja acção
decorre na II Grande Guerra, realizado por Paul
Verhoeven) e The Sciende of Sleep (novo filme
de Michel Gondry com Gael García Bernal e
Charlotte Gainsbourg como protagonistas). Na
verdade não podemos censurar estes pequenos larápios, uma vez que Sitges funciona a
uma velocidade alucinante (as primeiras sessões começam às 8h30 da manhã e as maratonas duram frequentemente noite fora, até às
6h do dia seguinte) e, quiçá, se tenham deixado contagiar pelas personagens dos filmes que
viram. • T Filipe Pedro
Um projecto com futuro
Uma casa nova, a Antiga Moagem – Cidade do Engenho e das Artes; uma grande adesão do público; e uma selecção
oficial com qualidade suficiente para colocar o Interior na rota das actividades culturais a não perder. O Imago é hoje
um projecto com futuro.
Ao longo da 7.ª edição, passaram pelo Fundão mais de cem filmes, entre curtas-metragens
– ficção, documentário, animação e experimental
– e áreas temáticas dedicadas à nona arte e à
divulgação de novos talentos. Nos vencedores,
destacou-se Rabbit, do inglês Run Wrake, que
arrecadou o Grande Prémio. O filme foi a escolha de um júri muito dividido. Ao longo dos cerca
de nove minutos somos surpreendidos por uma
divertida e mordaz manipulação do nosso imaginário escolar. Pegando nas ilustrações a que
os manuais de inglês recorrem para aumentar o
vocabulário dos alunos, Run Drake constrói uma
história em que se vêem objectos, animais, plantas e casas encimados pela correspondente palavra inglesa, à laia de legenda. Pelo meio há um
génio que transforma moscas e abelhas em jóias.
Mas é sol de pouca dura. A ganância é sempre
um doce de má digestão. Ao filme falta alguma
espessura. É envolvente no primeiro visionamento, mas não tem segredos.
De resto, foram esses espaços em brancos que fizeram de Antonio’s Breakfast um dos
melhores momentos do festival. Um pai partilha
com o filho a sua condição: a dependência. Doente, incapaz de se vestir, de comer, de se deslocar, de respirar sem ser mecanicamente assistido, em tudo depende de Antonio. Enquanto
a enfermeira não chega, a vida faz-se de rotinas, de pequenos aconchegos que ocultam a
tragédia. Uma promessa, este realizador inglês
Daniel Mulloy, tal como o único português premiado: Diogo Camões. Morrer, o seu filme de
estreia, é um extraordinário documentário sobre
a última etapa do Homem. Filmado no Instituto
Nacional de Medicina Legal, retrata com uma
sensibilidade contida e expressiva a marcha exigida por lei e pelos costumes religiosos de um
corpo até à sua morada definitiva. Sem diálogos, sem sensacionalismos e com pormenores
poderosíssimos.
Ainda entre os premiados, merece referência Terra Incógnita, do suíço Peter Volkart. Igor
Leschenko, médico e cientista, desafia as leis da
Ciência ao afirmar que existe uma ilha com zero
graus de gravidade. Enceta, então, uma viagem
a «Nanopol», numa demanda que o salvará, ainda
que o mundo à volta o coloque num manicómio.
O programa Onda Curta, através do prémio com
o mesmo nome, adquiriu os direitos de transmissão desta curta, a par do assustador e bem disposto Monster, de Jennifer Kent, e do original e
engenhoso Medianeras, de Gustavo Toretto.
No geral, as competições foram muito diversificadas, incluindo as dedicadas aos jovens
realizadores com menos de 25 anos e ao docu-
Palmarés
GRANDE PRÉMIO CIDADE DO FUNDÃO
Rabbit, de Run Wrake
PRÉMIO JOVEM REALIZADOR EUROPEU
Antonio’s Breakfast, de Daniel Mulloy
PRÉMIO DO JÚRI
The Kiss, de Toma Waszarow; Menção Honrosa: Le Grand Bassin, de Fabianny Deschamps
DOCS IN SHORTS
Never Like The First Time, de Jonas Odell;
Menção Honrosa: Du Soleil en Hiver, de Samuel Collardey
UNDER 25
PRÉMIO JÚRI JOVEM
Terra Incognita, de Peter Volkart; Menção Honrosa: Du Soleil en Hiver, de Samuel Collardey
PRÉMIO DO PÚBLICO
Medianeras, de Gustavo Taretto
PRÉMIO ONDA CURTA
Medianeras, de Gustavo Taretto; Monster, de
Jennifer Kent; Terra Incognita, de Peter Volkart
Terra Incognita, de Peter Volkart
Internacional: Sports & Diversions, de Bum Lee;
Nacional: Morrer, de Diogo Camões; Menção
Honrosa: Carnivore Reflux, de Eddie White e
James Calvert
mentário. Várias técnicas, perspectivas e sensibilidades. Mas em relação à ficção, talvez se
possa dizer que contar uma boa história não é
uma das prioridades dos realizadores seleccionados. É mais visível o desejo de mostrar o que
se sente, como se está e se vê o mundo.
Alejandro Jodorowsky, Dave Mckean, Clint
Eastwood e Nicolas Provost foram os realizadores homenageados deste ano. Uma das maiores surpresas foi a estreia absoluta e imprevista
(não constava do programa) de Mr. Punch, de
Dave Mckean, com argumento de Niel Damon.
Dentro de uma pequena tenda, Mr. Punch está
irrequieto, impaciente, com vontade de… matar
alguém: o seu filho, a sua mulher, o polícia enviado para o prender, o carrasco com a missão
de o enforcar. Por fim, o Diabo, num duelo final
que salvará as crianças de todas as obrigações.
Delirante. Excelente.
Fora dos dois auditórios, com capacidade
para cerca de 250 pessoas, a música teve direito a sessão contínua. A área Sound & Vision
Experience, que explora as relações entre a música e a imagem, já é um clássico. Dois filmesconcerto, actuações do grupo sueco El Perro
Del Mar e da dupla David Holmes & Andy Votel,
e o showcase da editora Type Records animaram as noites do Fundão. • T Ricardo Duarte
IMAGO FESTIVAL
INTERNACIONAL
DE CINEMA
JOVEM
Fundão
30 Set > 08 Out
www.imagofilmfest.com
A banda dos meus amiHos
O sueco Emanuel Lundgren escreve uma série de temas e convida quase 30 amigos para irem lá a casa gravar umas canções. Alguns meses
depois, o hype eclode e a brincadeira torna-se no álbum Let Me Introduce My Friends. Se a passagem da banda pelo festival Primavera Sound,
em Junho, deixou “We’re From Barcelona” como hino da sua sexta edição, a actuação no Trans Musicales — outro marco na descoberta de
novos talentos — não deixará a restante Europa indiferente. A dedução é nossa, mas as respostas são de Emanuel Lundgren, mentor dos
I’m From Barcelona.
Mais do que uma interessante banda de estúdio e de
deixarem as pessoas boquiabertas com os vossos concertos, parecem ser amigos inseparáveis. Onde é que se
conheceram? Terá sido num manicómio (imagino-vos a
viverem todos juntos na mesma casa)?
Não, não foi (risos). Mas o meu apartamento teve um papel importante em todo o processo e por vezes consegue ser um local
onde acontecem coisas bastante esquisitas. Conhecemo-nos todos numa pequena cidade sueca chamada Jönköping e, de facto, somos muito mais um grupo de amigos do que uma banda.
Até ao momento vocês lançaram dois telediscos muito
faça-você-mesmo para “We’re From Barcelona” e “Collection Of Stamps”. O que se segue? Um vídeo ao vivo
para “Treehouse” ou “Barcelona Loves You”?
Bom, hoje em dia, com o YouTube, não vejo grande necessidade
de lançarmos um vídeo ao vivo, uma vez que encontramos por lá
imensos. Contudo, gostaria muito de ver uma animação para a
“Treehouse”. Portanto, se alguém que está a ler esta entrevista
tem sugestões malucas sobre isto, contacte-me, por favor!
Pergunta polémica: apesar de muito bonita, a capa de
Let Me Introduce My Friends não é ligeiramente inspirada na capa do terceiro álbum dos Eels, Daisies of the
Galaxy?
A capa é uma pintura de um artista de Gotemburgo, Henrik
Persson. Não creio que ele se inspire muito na cultura Pop.
Para realizar este trabalho, Persson viajou até aos seus tempos de escola, requisitando livros sobre árvores e plantas na
biblioteca local.
O nome da banda, I’m From Barcelona (sou de Barcelona), recorda-me alucinadas festas Erasmus organizadas
por estudantes catalães onde gente de todas as proveniências se diverte à grande e, naturalmente, o filme francês A Residência Espanhola. Comentários?
Infelizmente não vi esse filme nem estive nessas festas catalãs
que referes, mas consigo imaginar a loucura. Tocámos em Barcelona em Junho e os catalães são impecáveis. Estão sempre
prontos para aproveitar a vida ao máximo.
Considerariam mudar-se para lá?
Eu e a minha namorada regressámos a Barcelona umas semanas depois de termos tocado lá, para umas pequenas férias, e
ficámos apanhadíssimos pela cidade. Mas para mim é demasiado quente. Sou ruivo e pálido, como tal, não aguento o sol. O
norte gélido é perfeito para mim.
Há uma frase no vosso sítio que admiro bastante e passo
a citar: «I’m from Barcelona embraces the do-it-yourself
mentality and live it’s hard to say where the band ends
and the audience begins» (a banda segue a filosofia façavocê-mesmo e ao vivo é complicado saber onde termina
a banda e começa a audiência). Perante isto, que episódios têm para contar de 10 meses de concertos, sabendo de antemão que testemunhei o momento em que as
outras bandas que tocaram no mesmo palco se juntaram
a vocês naquele que foi um dos momentos altos do sexto Primavera Sound?
Nós gostamos tanto de ter o público connosco no palco que,
por vezes, pode ir a extremos. Tocámos numa festa de estudantes na nossa cidade em que as pessoas estavam a dançar em
cima de mesas mesmo antes da actuação ter começado. Para
além da banda (risos), havia mais de 40 pessoas em palco e
lembro-me de alguns tipos elevarem uma rapariga por cima da
bateria. Tive de levar uma cadeira para o palco de modo a ficar
mais alto e conseguir ver alguma coisa à minha volta. A banda
estava mesmo por todo o lado, com pessoas a cair em cima
da bateria. Lembro-me de ver o saxofonista algures no meio
do público. Por falar nele, uma vez estava a beber uma cerveja
no bar e estranhou o DJ estar a passar as nossas músicas nos
minutos que antecediam o concerto. Na realidade o concerto
já tinha começado e ele nem tinha reparado (risos). É muito
complicado conseguir controlar tudo.
Imagino (risos)… recentemente deram alguns concertos
e actuaram na rádio no Reino Unido. Como é que correu
tudo isso?
Foram fantásticos, muito melhor do que alguém na banda poderia imaginar! Nem sabia bem o que esperar, mas senti-me
mesmo em casa. O concerto na pequena loja da Rough Trade
foi de loucos. Uma bizarra combinação entre uma sauna e um
manicómio (se quiserem confirmar façam-no aqui: www.youtube.com/watch?v=aerrC3gDkyM).
MÚSICA
ENTREVISTA
I’m From
Barcelona
www.imfrombarcelona.com
Como tudo começou
Durante os anos 90, Emanuel Lundgren encetou diversas tentativas intimistas de edições Indie
Pop. Há cerca de um ano e meio atrás, preenchido por amor e sentimentos festivos, Lundgren
escreveu um par de efusivas canções Pop e decidiu juntar todos os seus amigos de modo a
registar o momento em disco. O seu apartamento transformou-se numa espécie de fábrica de
sonhos à medida que as pessoas entravam e saiam com banjos, acordeões e kazoos. Algumas
semanas mais tarde terminavam o EP totalmente feito em casa e Lundgren reuniu quase todos
os 29 elementos que participaram nas gravações para um primeiro (e derradeiro) concerto em
Agosto de 2005. O que ele pensou ser o final era, no fundo, o início de numerosos rumores
acerca de uma sensacional nova banda, com culpas para a imprensa sueca e para a blogosfera,
cuja partilha de informações resultou em mais de 20 mil downloads do sítio oficial da banda.
O EP Don´t Give Up On Your Dreams, Buddy! foi lançado pela EMI sueca no início de 2006,
seguido pelo primeiro longa duração Let Me Introduce My Friends. Um disco recheado de Pop
eufórica e refrões lalala. O hino “We´re From Barcelona” chegou aos lugares cimeiros das tabelas de vendas e a banda foi convidada para alguns festivais, incluindo um importante festival de
descoberta de novos sons em Barcelona.
“Heróis pessoais”, “uma grande influência” ou “nunca ouvi na vida”?
Eels – Já ouvi, claro. Alguns membros da banda pura e simplesmente adoram.
Polyphonic Spree – Já assisti a um excelente concerto deles, muito embora não compreenda
as pessoas que afirmam existir uma grande inspiração deles na nossa música.
James – Sinceramente nunca ouvi. Devia conhecer?
Beach Boys – Heróis pessoais. Brian Wilson escreveu alguns dos meus temas preferidos,
incluindo o soberbo “God Only Knows”.
Beatles – Gosto imenso de tudo o que os rodeia.
Babybird – Já ouvi, mas tenho de escutar com mais atenção.
Flaming Lips – Grande banda, grandes músicas. Fizeram tudo bem até agora.
Sufjan Stevens – Adoro este tipo. Uma vez tive ocasião de falar com ele. Pareceu-me bastan-
te tímido e cortês. Creio que podemos esperar obras-primas deste senhor.
Vocês vão estar no festival Trans Musicales de Rennes,
em França. Está a ser preparada alguma surpresa para
a ocasião?
Creio que ainda temos bastante tempo para comprar balões e
preparar surpresas. Vai ser excelente actuar no festival, mas de
momento penso mais nos membros da banda que se poderão
(ou não) juntar a mim na ida a França.
E depois disso? Estão preparados para tomar a Europa
de assalto?
Vamos seguir a corrente e ver o que acontece. O nosso objectivo é cantar, dançar e divertirmo-nos ao máximo com isto.• T
Filipe Pedro
F Ulf
Magnusson
14|15
ENTREVISTA
Josh Rouse
Gosto de coisas
que tenham
um pequeno twist
A calma por vezes é aparente e oculta alguma turbulência. É assim a música de
Josh Rouse e é também essa dualidade que o define. À super�ície não se sente a
crispação. O seu auto-controlo empurra-a para outros níveis, o que a transforma
em algo de muito subtil.
Os teus álbuns tendem a reflectir, não somente a tua personalidade, mas também o local onde vives, certo?
Sim. Quero dizer, eu construo histórias sobre coisas que se passam ao meu redor e o local onde vivo influencia sempre as minhas
canções.
Sucede no Subtítulo, por exemplo, logo na faixa de abertura, “Quiet Town”…
Sim. Tive uma ideia sobre a cidade onde vivia para escrever uma
canção, sobre uns vizinhos engraçados e o ambiente.
Imaginas-te a cantar em espanhol num futuro próximo?
Não sei. Falo espanhol, mas não sei se me agrada a forma como
o espanhol soa quando cantado. E é difícil escrever letras em
espanhol e fazê-las rimar.
Como foi gravar uma canção com a tua namorada, Paz
Suey? Ela tem uma voz agradável…
Foi divertido. Ela nunca tinha gravado e eu lembrei-me de fazer
um dueto porque ela está sempre a cantar lá em casa. Então
perguntei-lhe se queria cantar no disco e ela disse que sim. Agora
estamos a gravar outras canções no pequeno estúdio que tenho
em casa, em que ela também canta.
Pensas incluir algumas destas canções no teu próximo
álbum?
Bem, não seria o meu álbum. Seria talvez o álbum dela ou um
projecto a dois, com nome de banda, ou algo no género.
Notas diferenças no resultado final, dependendo do tempo
que levas a escrever uma canção?
Por vezes as pessoas gostam mais das canções que escreves
mais depressa porque sai apenas uma melodia e uma ideia. É
mais directa e simples. Outras vezes, quando levas mais tempo a
escrever as letras e a compor a música, a canção torna-se mais
complexa, e é recebida de forma menos imediata.
Em que medida o Brad Jones influencia o resultado final
dos teus discos?
Em larga medida. Ele toca muito e contribui com uma série de
ideias para a música. Nos meus dois últimos álbuns ele foi responsável por grande parte do som.
Quando tocas ao vivo, preferes fazê-lo a solo ou com uma
banda?
Gosto de ambas. Por vezes canso-me de tocar com uma banda
porque se torna repetitivo. Mas também me farto de tocar a solo
porque sinto falta da bateria e do baixo, entre outras coisas.
Notas diferenças na ligação que estabeleces com a audiência?
Sim. Quando tocas a solo provavelmente a ligação é mais intensa
porque se gera um ambiente mais intimista, em que apenas tens
a guitarra e a tua voz. Mas depende, há concertos com a banda
em que a ligação é igualmente intensa.
Algumas pessoas dizem que a tua música é muito delicodoce. O que respondes a isso? Evocas a tua adolescência
numa banda de Punk Rock?
(Risos). Não… Penso que é apenas a música que faço. É suave,
sim, mas tem um bom ritmo. Quando era mais novo estava mais
zangado, tinha mais energia. Agora gosto mais deste tipo de som.
Mas as letras adicionam-lhe uma certa complexidade, porque nem sempre coincidem com o tipo de som. Por vezes
são mais amargas…
Sim, e penso que é isso que a torna na minha música. Acho
que as letras são também reflexo da personalidade de quem
as escreve.
Então és uma pessoa doce?
Sim, penso que sim.
Com um pouco de…
Sim, gosto de coisas assim. Gosto de filmes e de arte que sejam
estranhos. Gosto de coisas que
tenham um pequeno twist, que
sejam ligeiramente distorcidas.
• T Cátia Monteiro
Porque é Londres uma referência do jazz?
London Jazz Festival
Londres, Inglaterra
10 > 19 Nov • www.serious.org.uk
Um dos mais prestigiados festivais de Jazz do mundo é
o de Londres. E se olharmos para o cartaz é fácil perceber
porquê, e não é porque Jim Hall, guitarrista com uns joviais
76 anos de idade, passe por lá a tocar. É porque o festival
londrino junta todo um rol de músicos incontornáveis do Jazz.
Senão, olhe-se logo para o espectáculo de abertura: Wayne Shorter, um peso-pesado que dispensa apresentações,
sobe ao palco em quarteto. Dave Holland presenteia o público com o seu quinteto. Evan Parker (na foto) lidera a sua
aclamada Electro-Acoustic Ensemble. Herbie Hancock toca
pela primeira vez no evento. Lee Konitz, maestro do Cool, recupera a formação em noneto. Cassandra Wilson apresenta
o seu novo disco chancelado pela Blue Note. O sul-africano
Abdullah Ibrahim actua sem rede, a solo no piano. E tantos
outros, que é difícil enumerar, numa multiplicidade de estilos,
do Flamenco do espanhol Tomatito, aos sons do Brazil pela
voz de Seu Jorge. Vale ainda referir que Sara Tavares e o duo
Maria João e Mário Laginha representarm Portugal. • T João
Pedro Correia
F Caroline
Forbes
Vegoose Festival
Las Vegas, EUA • 28 + 29 Out • www.vegoose.com
Por 117 euros (147 dólares) é possível aceder ao mais estranho festival de Outono, o Vegoose Festival, em Las Vegas.
O mote é o fim-de-semana das bruxas e o cartaz é, no mínimo,
interssante. Tom Petty and the Heartbreakers, The Killers, The
Mars Volta, Damian Marley, Jurassic 5, Gomez e The Coup são
alguns dos artistas agendados para o primeiro dia de hostilidades. Depois há Fiona Apple, Ben Folds, The Roots, Galactic,
Jamie Lidell e Matt Costa, entre outros. Com o Halloween em
pano de fundo, pode levar-se a máscara. E já que se está em
Las Vegas, porque não passar nos casinos?
derá ainda ver actuações de Ed Harcourt, The Veils, The Spinto
Band, The Magic Numbers, do trio Peter, Bjorn and John, Surfin’ Bichos e Brakes.
28.o Rencontres Trans Musicales
Rennes, França • 7 > 9 Dez • www.lestrans.com
Oslo World Music Festival
Oslo, Noruega • 31 Out > 5 Nov • www.world-music.no
A World Music chegou às terras frias da Noruega. E Sara
Tavares é um dos nomes deste festival, a decorrer em Oslo, que
dela diz possuir «uma voz resplandecente e uma guitarra que soa
a Verão». O evento tem início com os germânicos DJ Shantel &
Bucovina Club, um «gypsytechno à moda dos Balcãs». Seguemse-lhes Paco de Lucia, nome conhecido do Flamenco, e Toumani Diabaté, músico do Mali que passou pelo Festival de Músicas
do Mundo de Sines este ano. Cheb Mami – músico argelino que
ficará para sempre associado a “Desert Rose”, tema que gravou
com Sting – e Yasmin Levy são outros dos nomes programados
para os seis dias de festival.
5.o Wintercase
Barcelona, Valência, Madrid, Bilbao
1 > 26 Nov • www.wintercase.com
Parece que veio para ficar, o Wintercase, festival itinerante
de música independente. Barcelona, Valência, Madrid e Bilbao
receberão cinco concertos cada. O cartaz desta 5.a edição contempla The Divine Comedy, Maximo Park, Violent Femmes e
Arab Strap em destaque. Além destes, o público espanhol po-
Como se avalia um festival? Pelo número de palcos? São
oito, ao ar livre e em recintos fechados. Pelo preço dos bilhetes?
Espectáculos gratuitos e pagos. Pelo número de bandas? Mais
de cem grupos e cantores. Pela representatividade geográfica
das sonoridades? Alemanha, Brasil, EUA, Finlândia, França,
Holanda, Palestina, Reino Unido e Suécia. À 28. edição, os
encontros de música da cidade francesa de Rennes mantêm a
sua vitalidade e o seu papel decisivo na divulgação de novas tendências. Muitas vezes palco para estreias absolutas de bandas
recém formadas – como no passado os Massive Attack, Nirvana,
Portishead, Beck ou Ben Harper – o Trans Musicales oferece
este ano um novo olhar sobre o futuro. A abrir, no dia 7 (5.ª),
The Sunshine Underground, Cat Power e I’m From Barcelona.
A fechar, no dia 9 (sáb), Peter Von Poehl, The Bishops e Shy
Child. Nos entretantos, Cold War Kids, Erza, Beats and Styles,
Kaiser Chiefs, Easy Star All Stars, Orville Brody and Goodfellas
e muita diversidade cultural.
De França, o Trans Musicales voa até Stavanger, na Noruega, em Fevereiro, e até Pequim, na China, em Junho, para duas
extensões do festival. • T Ricardo Duarte
16|17
O mundo num castelo
Festival
Músicas
do Mundo
de Sines
Sines
21 > 29 Jul
www.fmm.com.pt
Para além do verdadeiro serviço público
que os funcionários da autarquia cumprem com
um sorriso, a oferta de flores às bandas entre
a actuação e o encore constitui outro hábito
salutar. E os artistas não saem de Sines sem
um DVD com a actuação do espectáculo que
acabaram de realizar.
Artistas de grande alma como K’Naan,
da Somália, amigo pessoal de Michael Franti,
é herdeiro da sua voz e da sua força linguística. Um dos grandes momentos do festival,
com anunciada repetição em 2007. Também
voz, presença, canções simples, cantaroláveis,
de bater o pé, mas... pouco público tem Vusi
Mahlasela. O sul-africano merece muito mais,
sobretudo quando anuncia: «chegámos aos 12
Cordel do Fogo Encantado
Värttinä
O cheiro a hortelã invade o castelo de Sines, aumentando a aura já de si mágica do melhor festival português
de Músicas do Mundo.
anos de democracia, em pleno 2000 and fix».
Em noite oficial de apresentação do novo
disco, Sátiro (finalmente editado), as músicas
mais requisitadas são de Macaréu. O público
está ao rubro com a elevadíssima inspiração,
humor e recriação tradicional de Paulo Marinho, José Manuel David, Carlos Guerreiro e
restantes Gaiteiros de Lisboa. Finalmente
um festival faz jus à banda, incluindo um merecido encore. Já Trio Rabih Abou-Khalil &
Joachim Kühn, do Líbano, dá um concerto
exigente. Sente-se uma permuta espiritual
entre músicos, via raízes e diferentes culturas.
Com improvisação a espaços, o baterista fecha
os olhos e deixa a intuição fluir. No meio do
público surge um cartaz gigante cujas palavras
«Stop Bombing, Stop The War» emocionam
Rabih. «É bom saber que há mais pessoas que
pensam como nós».
The Bad Plus aparenta ser muito profissional e competente, com um Jazz para ver
sentado, num auditório. O trio americano aproxima-se frequentemente da Pop e do Rock na
renovação do Jazz, regressando para um encore bastante ovacionado. Por seu lado, o indiano
Trilok Gurtu revela-se espiritual no comando
dos Misra Brothers (cítaras e vozes). Os seus
dedos, com precisão cirúrgica, estabelecem a
percussão num concerto curto, mas intenso.
É impossível ficar indiferente à sensualidade emanada pelas três cantoras finlandesas
dos Värttinä (apesar da fundadora Mari Kaasinen ter ficado em casa, com licença de parto).
«Esta canção é um feitiço para deixar perdido
de amor quem se ama», anunciam as feiticeiras
de magia branca ao espalharem energias positivas pelo castelo de Sines. A semi-insularidade
finlandesa transcrita na sua música, lembra, a
espaços, a Pop japonesa, onde o mar tem um
papel fulcral.
Do Brasil chegam os Cordel do Fogo
Encantado, embora os seus instrumentos sejam desviados para destino incerto. Apesar de
actuarem com outros instrumentos que não os
seus, as percussões são ultra vigorosas e as
explosões, a poesia, o carisma e a atitude Rock
do vocalista são de uma qualidade excepcional. Como de costume, o Festival Músicas do
Mundo de Sines deixa muitíssimas saudades.
Desde já fica o encontro marcado para Julho de
2007. • T Filipe Pedro F João Paulo Gomes
These Americans do it better
Lisboa soundz
Lisboa
22 Jul
Ainda o Sol torra a pele quando os You
Should Go Ahead procuram atrair o público
para um set de Rock e Punk onde o maior dinamismo do vocalista não chega para disfarçar a
curta rodagem da banda. Howe Gelb e o Gospel Choir que o acompanha impressionam-nos
com interacções vocais multiformes e algumas
revisitações dos Giant Sand. Sem Belle & Sebastian, Isobel Campbell assume a dianteira,
mas não dispensa o cruzamento com uma voz
masculina, numa actuação descompensada pela
dispersão dos músicos.
Quem apenas conhece Anna Julia não reconhece a banda em palco. Camuflados sob um
nome espanhol, os Los Hermanos revelam-se
brasileiros na fusão de ritmos das canções e nos
toques de bola que as alternam. As insinuações
corporais do vocalista dos She Wants Revenge
monopolizam a atenção do público, servidas por
um tapete musical bem tecido, apesar de lhe reconhecermos alguns dos padrões.
Dirty Pretty Things vs. The Strokes: a pose
arrogante ou a postura despreocupada, mas de
olhos no público? O estilo sobreleva-se à música
ou a música serve-se com estilo? Uns soam iguais
a si mesmos e a tantas outras bandas da next big
thing londrina. Os outros fazem-se de ironia, espírito crítico e guitarras que crescem nos ouvidos
para comandar o corpo da multidão. Em Lisboa,
triunfam os nova-iorquinos. • T CM F Cristina Brum
She Wants Revenge
Em poucas horas esgota-se o elenco de um festival urbano dedicado às sonoridades Rock cruzadas com uma postura Hip.
O Sol esconde-se e a noite cresce sobre o Tejo, enquanto um trilho de All Star aponta para o palco do Lisboa Soundz.
Bailarico da aldeia
Tal como a organização sugere «o Andanças é um festival onde não se vem ver, vem-se fazer». A participação
do público torna-se imperativa para o sucesso deste evento recheado de oficinas de dança, boa música e elevado
espírito comunitário.
Do Andanças 2006 fica a memória de
uma semana bem passada, do convívio, da
diversidade cultural, dos WC e chuveiros asseados, da reciclagem, das comidas alternativas,
das massagens, das actividades para crianças,
das diversas formações, da organização na
zona de campismo, da qualidade patente nas
oficinas de dança e dos concertos de artistas
como Olive Tree, Dazkarieh, Nação Vira Lata
e Mu. Contudo, notámos que o Andanças necessita de algumas melhorias. À 11.ª edição, e
apesar do espaço ser o campo de futebol local
de Carvalhais (concelho de S. Pedro do Sul),
não é normal um festival ter a quantidade de pó
que se levanta no Andanças. A água esporádica não resolve o problema: que tal um relvado?
Ou talvez palha e hortelã como no Festival de
Músicas do Mundo de Sines? Outro aspecto
anormal é a programação dos bailes, espectáculos e concertos ser tão desorganizada e com
tantos problemas de som e luzes. E, apesar
de existir um programa, este está em mutação
permanente, dificultando as escolhas e aumentando os tempos mortos entre danças.
O ideal é ir ao Andanças nos primeiros dois
ou três dias de festival, uma altura muito mais
serena, sem as enchentes e confusões de última hora (leia-se lutas e assaltos: um detector de metais seria um exagero, mas quando
tudo entra e sai de um festival, questiona-se a
segurança no mesmo). Em 2007 esperam-se
algumas mudanças. • T Filipe Pedro
Andanças
Carvalhais
31 Jul > 6 Ago
www.pedexumbo.com
Sonos molhados e estrelas cadentes
Paredes de Coura recebeu um suplemento vitamínico. A relva está mais verde deste lado da fronteira e são os vizinhos
que o vêm cá confirmar.
O festival amadurece com um cartaz coerente, imagem mais apelativa e proliferação de
actividades exteriores ao recinto principal, em
tudo coadjuvado pelos novos apoios e experiência acumulada. Entra na idade adulta, pelo
que pode agora lidar com problemas de gente
grande: a concorrência internacional.
Finda mais uma época de caça ao festival
de Verão, é tempo para um flashback sobre
Paredes de Coura. Quatro dias de festival, em
que três são a doer. A chuva que Morrissey
nos traz no segundo dia elimina a competência
metafórica do verbo: dói mesmo. A roupa acusa a irrigação pelo chuveiro natural, o plástico é
alvo de sobrevalorização e a relva perde terreno
para uma papa de terra ensopada. O acampamento ganha alguns lugares extra, enquanto
os resistentes se agarram aos mitos do temporal de 2004 para alimentar a coragem.
Melomanias, masoquismo – ou ambos
– acompanham o público. E no palco? Morrissey traz Oscar Wilde, partilha a ironia e aquece
a fazer reviver os Smiths. Ainda não lhe perdoámos ter abandonado o palco na introdução
de “Panic”, mas aqui fica em karaoke surdo:
Hang the DJ!. Os Maduros tiveram o mérito
de introduzir uma língua inédita (que aguarda
classificação pela Academia) na versão de “Call
Up” dos Clash.
Espanto! Êxtase! Delírio! O sensacionalismo promovido pelos !!! (na foto) num regresso
triplamente justificado. Coreografias eróticas e
batidas sonoras convertem o anfiteatro natural
numa discoteca a céu aberto. Já os Broken
Social Scene, menos explosivos, tecem trilhos sonoros complexos e delicados.
Um revivalista provido de um ananás pensava levar Karen O a repetir o irrepetível da es-
treia dos Yeah Yeah Yeahs em Portugal. Desta vez o sumo escorreu apenas sobre o público,
mas a tensão em palco voltou a transbordar.
Poucos estavam preparados para os impulsos
eléctricos dos Gang of Four, profetas imparáveis do Post Punk. Muito aguardados, os Bloc
Party foram competentes e receberam coros
de um público entusiasmado.
Os X-Wife prometeram o seu melhor concerto de sempre – e convenceram o público
disso. Também os Vicious Five se têm tornado mais profissionais, mantendo o espírito
reivindicativo. Fischerspooner e Bauhaus
tocaram o céu de Paredes de Coura, com actuações inebriantes, embora de carácter distinto. Outras estrelas caíram por ali. Cento e tal
decibéis elevaram-nas acima do chão. • T Cátia
Monteiro
F
Luís Bento
Paredes
de coura
Paredes de Coura
14 > 17 Ago
www.paredesdecoura.
com
18|19
Madrugadas quentes nos Açores
O mais carismático dos festivais açorianos teve lugar, uma vez mais, na Praia Formosa da Ilha de Santa Maria. O Flamenco
de fusão dos El Bicho, os Blues de Bernard Allison, o turbilhão sonoro dos Cabruêra, a orquestra de metais mais rápida
do mundo — Fanfare Ciocarlia — e o Ska Rock dos Babylon Circus constituíram os principais destaques da 22.a edição do
Festival Maré de Agosto.
17 > 20 Ago
www.maredeagosto.com
Desilusões e sugestões
Já do lado das semi-desilusões encontrámos o virtuoso guitarrista Stanley Jordan
e a respeitável senhora da música do mundo,
Angélique Kidjo. Não resta qualquer dúvida
sobre o rigor, a perícia e a autêntica entidade
da guitarra que é Stanley Jordan, mas as mais
de duas horas de actuação foram um excesso
que deixou pelos cabelos parte do público e,
sobretudo, o manager de Angélique Kidjo,
que actuaria a seguir. Há alguns discos que a
artista do Benin deixou a World Music para se
centrar na música popular de outros continentes que não o seu. O melhor do concerto, ainda
que sob vigilância apertada do intratável manager, foi o convite a alguns elementos do público
para subir ao palco e dançarem um tema com
Angélique.
Alguns aspectos a melhorar incluem as
condições do anfiteatro natural, a qualidade do
som e das luzes, a animação entre concertos —
sugere-se um sistema simples de DJ na zona
do fosso ou da mesa de mistura —, o acompanhamento dos convidados — sejam músicos
ou jornalistas —, os atrasos e os extras — excelente iniciativa a oficina de musicoterapia com
Stanley Jordan, mas falta uma zona chill out
e uma mostra de documentários ou telediscos
musicais, por exemplo.
De qualquer modo, o Governo Regional dos
Açores e outras entidades como o Ministério da
Cultura e a Sociedade Portuguesa de Autores
deviam cooperar muito mais com o verdadeiro
serviço público proposto, e anualmente comprovado, pela Associação Maré de Agosto. Vemonos em Agosto de 2007. • TF Filipe Pedro
Bernard Allison
Santa Maria
Açores
um disco a escutar com atenção, com o hype
mesmo a estalar.
Excelente discografia apresenta El Bicho. Mas ao vivo os espanhóis superaram
largamente as expectativas. O vocalista Miguel
Campello é o performer e o líder nato de El Bicho, e as suas acrobacias, apesar de acessórias, não passam despercebidas, animando o
público num sinal de quem dá tudo o que tem.
E, para o ajudar a cruzar Flamenco com tudo e
mais alguma coisa, esteve pelo palco um autêntico senhor na guitarra, Victor Iniesta.
Outro grande momento do festival foi protagonizado pelo guitarrista de Blues Bernard
Allison. Sem paragens entre músicas — de
modo a poderem tocar mais, como explicou o
baixista —, Allison percorreu temas de uma já
vasta discografia, devidamente apoiado pelos
excelentes músicos Jasson (baixo), Andrew
(bateria) e Mike (teclas).
Mesmo sem ensaio de som, os romenos
Fanfare Ciocarlia, a orquestra de metais
mais rápida do mundo, deram um concerto irrepreensível. Entre danças e saltos, o público
levantou bastante poeira durante a actuação
dos Fanfare e dos artistas que se seguiram, os
franceses Babylon Circus. Interactivo quanto-baste, com dois encores — e um terceiro
muito pedido, inclusive pela organização, que
não chegou a acontecer —, muita acção em
palco e expressões divertidíssimas, os Babylon Circus foram um caldeirão de emoções
e de influências — do Ska ao Rock, passando
pela Chanson e pelo Dub. Seria complicado
encontrar melhor final de festa para o Maré
de Agosto.
Angélique Kidjo
FESTIVAL
MARÉ DE AGOSTO
O cartaz, ecléctico quanto-baste, dividiase entre a música do mundo e a aposta em
novos talentos, caso óbvio dos portugueses
Be-dom e Donna Maria, e dos brasileiros
Cabruêra. Tal como o nome indica, os Bedom são um grupo de percussão com uma
forte componente teatral que usa bidões, latas e o próprio corpo para produzir música.
Aplauda-se a coordenação e destreza dos
Stomp portugueses, lamentando-se a falta
de ambição de levar as coisas mais além e
o mergulho em piadas fáceis que, no entanto, poderão agradar a um público juvenil, se
for esse o caso. Infelizmente já passava da
meia-noite.
Já os Donna Maria chegaram ao Maré
com alguma rodagem, dois anos depois de
editar o disco de estreia Tudo É Para Sempre e
numa altura em que se espera o regresso a estúdio para a gravação do segundo álbum, com
edição prevista para a Primavera de 2007. Não
restam dúvidas de que a vocalista Marisa Pinto
tem excelente voz e presença, embora falte,
contudo, uma certa orgânica e definição à banda — a bateria electrónica e samplers não convencem; onde está a verdadeira percussão e a
guitarra portuguesa? Para além disso deixem o
Hip Hop para quem sabe.
Os Cabruêra deram um grande show de
bola, colocando toda a gente aos pulos. Quando alguém atirou uma caneta para o palco, o
vocalista usou-a como palheta na guitarra. No
final da actuação, o frontman cantou do meio
do público, onde diversas rodas humanas se
criaram, terminando num enorme mosh pit.
Aposta segura, O Samba Da Minha Terra é
Uma programação
apetecível
Amostra de novos
projectos
14.ª QUINZENA DE DANÇA DE ALMADA
MOSTRA-TE
Almada • 27 Out > 12 Nov • www.cdanca-almada.pt
8.ª MOSTRA DE TEATRO JOVEM DE LISBOA
ARTES
PERFORMATIVAS
Lisboa • 28 Out > 26 Nov • www.lxjovem.pt
Glamour of Mundane Dream of a Saint, Arq. 2005
Pouco conhecido do grande público, mas famoso entre os
profissionais, o cartaz da 14.ª Quinzena de Dança de Almada
apresenta este ano mais de 10 produções internacionais.
Durante 15 dias, Portugal faz parte do roteiro mundial da
dança contemporânea. A convite da Companhia de Dança de
Almada, que organiza este festival, duas dezenas de coreógrafos
de todo o mundo mostram as suas peças, entre 27 de Outubro
e 12 de Novembro.
Os primeiros dias estão entregues ao grupo da casa, que
estreia Not-possible, uma coreografia de Jean Paul Bucchieri,
que retrata uma última possível dança. Depois, os mesmos bailarinos seguem com O sonho da princesa Clarice, de Carla Albuquerque e Maria João Mirco, um espectáculo colorido e cheio de
fantasia, feito a pensar nos mais novos.
Mais tarde entra em cena A hole in the view/Waltz behind
the fence, de Ninrod Freed nos pés da israelita Tami Dance
Theater Company, que sai do palco para dar lugar à equipa da
Marie-Gabrielle Rotie Productions, que estreia Black Mirror, com
o som a cargo do galardoado compositor Nick Parkin.
A plataforma coreográfica estende-se ainda com a francesa
Kyma Dance Company, o português Tiago Medeiros, segundo
classificado do Concurso Coreográfico Nacional, os noruegueses Winter Guests, a sueca Lotta Gahrton Productions, a pareceria luso-francófona Companhia Lua, o Latina Dance Project
ou o dinamarquês Paul Julius.
Para além dos espectáculos, esta iniciativa abarca debates
públicos, oficinas, ateliers para crianças, mostras de vídeo-dança e encontros com coreógrafos internacionais.
Este ano vai custar ainda menos assistir ao evento, que submetido ao tema Fora de Portas, porque sai do Teatro Municipal
de Almada e do Fórum Municipal Romeu Correia, em Almada, e
continua no Teatro Maria Matos, em Lisboa, e no Auditório Municipal Augusto Cabrita, no Barreiro. • T Carla Martins Ramos
Para ver como pára a representação na capital, dirija-se ao
Museu Nacional do Teatro, onde os fins-de-semana deste Outono se vão encher com a programação da oitava Mostra de Teatro
Jovem de Lisboa.
O júri seleccionou para a edição de 2006 um total de dez
peças de nove grupos de teatro e um criador independente. No
palco da Estrada do Lumiar vão, assim, estrear, sempre por voltas das 15h, figurações com uma ficha técnica composta por
menores de 30 anos.
Por apenas 3,50 euros, o público alfacinha é convidado a assistir a Das Padeiras, de A Menina Dos Meus Olhos; Na Margem
da Vida, do Teatro Do Silêncio; Na Boca da Noite, da Ditirambus
Associação Cultural E Pesquisa Teatral; Padaria Esperança, das
Asas D’Arte; Terrorismo, da AE da Faculdade de Ciências da
Universidade de Lisboa; Escândalo, da AE do Instituto Superior
Técnico (GTIST); Exaustos, do Teatro Do Vestido; A Fuga de
Wang-Fô, de Joana Pupo; Cesariny, de Há-que-dizê-lo; e A
Lenda da Boca do Inferno, da APPCDM. • T Carla Martins Ramos
Uma festa
reconfigurada
Este ano o Festival Internacional de Marionetas do
Porto saiu para a rua e trouxe um novo figurino. A iniciativa, organizada desde 1989, revestiu-se de outras
artes mas promete manter o modelo nas próximas duas
edições.
A Praça D. João I estreou-se como palco principal
do evento, enchendo-se todos os dias de centenas de
pessoas que, por apenas dois minutos ou durante horas
a fio, se sentaram na relva, instalada para o efeito, e
assistiram gratuitamente aos espectáculos.
A programação do Festival incluiu, para além do já
habitual teatro contemporâneo para adultos, música, dança, novo circo, performance, instalação e artes plásticas.
Doze das 24 peças foram também apresentadas no Rivoli
Teatro Municipal que teve quase sempre casa cheia.
O certame abriu com “A Incrível Tasca Móvel”, um
espectáculo dos portugueses Piajio, que levaram à Praça D. João I um glamour popular, convertendo-a numa
autêntica taberna-concerto. Já o encerramento ficou a
cargo da tradicional companhia de marionetas norteamericana Bread & Puppett Theater, com o espectáculo
“The battle of the terrorists and the horrorists”, em que
foi distribuído pão quente às pessoas que por ali deambulavam. • T Carla Martins Ramos
FESTIVAL
INTERNACIONAL
DE MARIONETAS
DO PORTO
Porto
Rivoli e Prç. D. João I
14 > 24 Set
www.fim.com.pt
20|21
ARTES
VISUAIS
17.º FESTIVAL
INTERNACIONAL
DE BD
DA AMADORA
Amadora
20 Out > 5 Nov
www.amadorabd.
com/fibda
O país e o mundo em BD
Este ano o festival de BD da Amadora
é dedicado às periferias. Portugal num
piso da exposição, o resto do mundo
no outro e tudo isto na Brandoa. É
que as periferias já não são assim tão
longe.
Se pensava que Quino e Hugo Pratt são
autores europeus, esta é a edição do Festival
internacional de BD da Amadora em que vai
encontrá-los no seu devido lugar: por entre os
seus compatriotas da América Latina. Se estava
a pensar visitar a Brandoa na mesma altura em
que a Sibéria, desengane-se, porque vai passar
por ignorante se não conhecer depressa o Fórum Camões, onde vai decorrer nos próximos
anos o maior festival de BD do país. Para além
do mais, o certame fica a dez minutos de duas
estações de Metro (Alfornelos e Amadora-Leste) e ao fim-de-semana haverá um autocarro
especial desde a saída do Metro até à entrada
do festival.
17 graus periféricos e o resto do mundo é
o tema que este ano vai mostrar o que tem sido
a BD em África, no mundo árabe, na América Latina e no Leste Europeu. As influências
asiáticas terão o seu pequeno espaço através
da exposição Nouvelle Manga na Amadora. Em
compensação, a América Latina faz-se representar por praticamente todos os seus países
e com originais de autores, como os referidos
Quino e Pratt, que raramente são expostos fora
dos seus países. Cuba e Bolívia são mesmo
duas novidades absolutas em festivais internacionais de BD.
Mas este festival da periferia vai mais longe.
Olhar o outro, o olhar do outro agrega trabalhos
de e sobre países longe dos centros globais,
mas em que o ponto de vista é o local, sem exotismos, sem estranhamentos estrangeiros. Inclui
autores como Alain Corbel e Guy Delisle. BD
voyer, por seu turno, reunirá obras eróticas e
só poderá ser visitada por maiores de 18 anos.
Saindo do Fórum Camões e dando um passeio
até à Galeria Artur Bual, faz-se uma incursão
pela BD para além do papel: a escultura de João
Limpinho inspirada na arte aos quadradinhos.
Não menos interessantes serão as caricaturas
em arame do artista com o sugestivo nome de
guerra de Zé dos Alicates, em exposição nos
Recreios da Amadora.
No piso dedicado a Portugal haverá espaço
para uma mostra do vencedor do Prémio de
melhor desenho de autor português de
2005, Filipe Abranches, que, este ano, realizou a imagem de base do festival. Outros 17
autores portugueses contemporâneos estarão
em destaque, assim como a obra Decálogo,
com argumento de Frank Giroud. Finalmente,
Os Lusíadas de José Ruy fazem parceria com a
versão recém-editada do brasileiro Lailson. • T
Luís Pedro Oeiras Fernandes
I
Filipe Abranches
Além fronteiras
34 º FESTIVAL
INTERNACIONAL
DE BD DE
ANGOULÊME
Angouême
França
25 > 28 Jan
www.bdangouleme.
com
A ideia é ir construindo, ao longo das edições do Festival internacional de BD de Angoulême, uma espécie de enciclopédia ilustrada e
imaginária de um universo que apaixona milhões de fãs em todas as latitudes. De resto,
este ambicioso projecto, que tem a sua primeira parte em 2007, não pretende restringir-se
aos principais focos da BD, o franco-belga, o
anglo-saxónico e o japonês. Vai em busca de
novos «horizontes», de riscos e rabiscos que extravasem fronteiras e continentes. Esse mesmo
objectivo está na origem de uma das principais
exposições da 34.ª edição do
festival, dedicada à BD chinesa, com muitos segredos
e técnicas revelados. Ainda
em evidência vão estar Hergé, o criador de Tintin, para
celebrar o centenário do seu
nascimento, e Kid Paddle, o
famoso e irreverente personagem que insiste em confundir jogos de vídeo com
jogadas da vida real. • T RD
Kid Paddle
Para assinalar a universalidade da banda desenhada, o maior festival dedicado à nona arte decidiu organizar uma exposição
que evoca a história, os argumentistas, os ilustradores e as personagens deste mundo feito de quadradinhos.
O Estado da Arte
Chicas sobre verdes, 2005, de Eva Navarro
É única no género, mas isso não lhe retira mérito, nem destaque no calendário
das artes plásticas nacionais. Antes pelo contrário: uma vez por ano, galerias de
todo o país, com alguns convidados pelo meio, reúnem-se para avaliarem o estado
da arte. Artistas, obras, tendências, vanguardas e continuidades na maior sala de
exposições de Portugal.
Depois do sucesso da edição passada, a
Arte Lisboa — Feira de arte contemporânea
regressa ao pavilhão quatro da FIL, entre os
próximos dias 8 e 13 de Nov. O aumento da
participação portuguesa — de 42 para 65
galerias — é a principal novidade deste ano.
Estreiam-se nestas lides a MCO, a Monumental, a Pluba, a Sete, a Sopro e a Trema, cujo
protagonismo tem vindo a acentuar-se, nomeadamente na divulgação de jovens artistas. A
Os caminhos
da Luzboa
Nos últimos 10 dias de Setembro, Lisboa deixou-se
encandear pela II Bienal Internacional da Luz, um evento
para maiores de oito anos que chamou à rua cerca de
450 mil pessoas, segundo a organização.
representação estrangeira é assegurada por
uma embaixada espanhola constituída por 13
expositores, os mesmos que o ano passado, e
por galerias do Brasil, da Alemanha, Hungria,
México e Cuba.
Ao nível das actividades paralelas, é visível
uma aposta no reforço do Clube do Coleccionador, lançado na edição anterior, que fornece
condições especiais a instituições e coleccionadores que mostrem intenção de adquirir obras
durante a feira. Foi o que fizeram, por exemplo,
a Fundação PLMJ, da sociedade de advogados
homónima, e a Liberty Seguros, que se comprometeram com um investimento na ordem
dos 30 e 20 mil euros, respectivamente.
À Arte Capital, uma revista electrónica dedicada às artes plásticas (www.artecapital.net),
coube a organização do ciclo de debates, este
ano dedicado às plataformas digitais na era
do excesso de informação, à dicotomia entre
periferia e centro, ao coleccionismo, aos artistas emergentes, à singularidade da fotografia,
à arte digital e às relações entre o verbo e a
figuração plástica.
Para os mais novos – dos três aos 12
anos – o espaço Arte Kids, uma das felizes novidades da edição transacta, proporciona visitas guiadas, jogos lúdicos e a oportunidade de
criaram também eles uma obra de arte. Porque, uma vez por ano, artista é quem vende,
quem compra, quem vê. No fundo, quem gosta de arte contemporânea. • T Ricardo Duarte
Nesta segunda edição, a Luzboa recebeu o dobro do público que
tinha acolhido em 2004, embora fora das contas estejam ainda os
lisboetas que podem continuar a visitar o Museu do Triciclo, instalado
num contentor na Praça do Comércio até ao final de Outubro.
Do Luzboa destacaram-se sobretudo as intervenções na via pública. Suspensos em árvores, projectados em edifícios ou traçados
em muros, foi possível ver um total de 24 trabalhos, submetidos ao
tema A arte atravessa contigo a noite.
Já com o sol-posto, entre as 20h e a meia-noite, candeeiros vermelhos, verdes ou azuis estiveram sempre acesos, desenhando três
percursos diferentes que os transeuntes eram convidados a seguir
para conhecer as obras de iluminação.
Durante duas horas, o público podia caminhar, por exemplo, do
Príncipe Real ao Largo Camões. A viagem iniciava-se com a peça
checa Coração, de Jana Matejkova, em que a reprodução de um
electrocardiograma através da luz dominava o jardim. Depois, seguia com um espectáculo produzido por uma centena de lanternas
intermitentes, no miradouro de São Pedro de Alcântara. Mais tarde,
terminava no Largo da Trindade com um surpreendente jogo de luzes
dentro de uma pequena casa feita de ripas.
Já no Chiado, quem decidiu percorrer o circuito verde ficou admirado com os mendigos-actores, compondo a intervenção Misérias
Ilimitadas, do autor espanhol Javier Nuñes, e contemplou também,
no Largo Camões, La Lune, um balão insuflável iluminado.
Outro trajecto possível passava pelas escadinhas de São Cristóvão, onde dezenas de telas, assinadas pelos belgas Het Pakt, mostravam os rostos dos moradores daquela zona carismática ao som de
um fado interpretado por residentes do bairro.
Para além disso, foram organizadas várias visitas guiadas pelas
ruas da capital, como a jornada de autocarro Ceci n’est pas un bus
também do trio Het Pakt, em que os viajantes de olhos vendados
despertavam no final do caminho num veículo completamente transfigurado pela projecção de imagens. • T Carla Martins Ramos
ARTE LISBOA
— FEIRA DE ARTE
CONTEMPORÂNEA
Lisboa
8 > 13 Nov
www.artelisboa.fil.pt
BIENAL
INTERNACIONAL DA
LUZ – LUZBOA 2006
Lisboa
21 > 30 Set
www.luzboa.com
22|23
Stand Buy
Chama Talento
Depois de estar presente em Madrid, Barcelona, Nova Iorque ou Paris, a
conhecida marca espanhola
Menkes passa a ter representação em Portugal através da Chama
Talento, uma excelente
notícia tanto para profissionais quanto para entusiastas da dança clássica e contemporânea, de salão, de flamenco, de sevilhanas e de ginástica rítmica. Outra especialidade da Chama Talento passa pelo calçado
para Drag-queens, fabricado de forma artesanal nas oficinas
da Menkes. Além disso, a confecção de vestuário apropriado
a espectáculos de teatro, ópera, cinema, televisão, campanhas
publicitárias e trajes especiais de época está agora acessível na
loja da Chama Talento.
www.chamatalento.com
Rua do Ferragial, n.º3, Lisboa
Alga Zarra
Muito mais do que uma marca, Alga Zarra é uma criação de Ana
Araújo, pianista com formação clássica e licenciada em Jazz
pela Berklee College of Music. Falamos de peças únicas de
artesanato contemporâneo, imaginadas e concebidas
por esta artista dotada. Qual foi
a última vez que compraram
malas, bolsas, almofadas,
bonecos ou porta-chaves
em formato “alga” ao som de
um inédito e refinado jazz? O
natal está à porta e estes são
presentes originais.
www.algazarra.org
Cinecittá
Pequena cidade do cinema
O que fazem François Truffaut, Luchino Visconti, Woody Allen,
Marlon Brandon, Russ Meyer todos juntos? Moram nas prateleiras
do cantinho mais cinematográfico de Lisboa, a loja Cinecittà.
Desde os tempos de universidade que Vasco Menezes, de 28
anos, sonhava abrir a sua loja de cinema. E conseguiu-o há um
ano atrás. Fica perto do cinema King e pretende «criar um espaço
de culto e de referência para quem goste de cinema, celebrando o
poder iconográfico da 7ª Arte, nas suas mais diversas manifestações» diz o ex-crítico de cinema do Público. E clientes não faltam,
«há várias pessoas que criaram o hábito de frequentar a Cinecittà para se “abastecerem” cinematograficamente, o que pode ser
visto como a prova de que a criação do tal “espaço de culto e
referência” está de facto a ser feita», afirma o lojista.
Mas ao contrário do que o nome indica, esta não é uma loja de
cinema italiano. Pelo contrário, este nome tem outra história. «Cinecittà foi aquele a que achei mais piada, talvez por a loja ser, no
fundo, como uma pequena cidade do cinema», conta Vasco. Esta
cidade tem de tudo e os produtos importados de merchandising
são a grande atracção: dvd’s para comprar ou alugar, do clássico
ao fantástico, da série B ao underground, passando pelo cinema
de autor; postais; posters; t-shirt’s, fotografias, mousepads. Com
vista a conquistar novos públicos, novos produtos: pins, blocos
de notas, bases para copos, cigarreiras e art prints (mini posters
impressos em cartolina A3).
Vasco é a única pessoa atrás do balcão, algo que diz ser «bastante
extenuante», mas o importante e o que lhe dá mais prazer é a possibilidade de criar um ambiente pessoal, pois pretende «algo que
não seja apenas mais uma loja mas também um local de convívio e
de troca de ideias por quem partilha as mesmas paixões. E o atendimento personalizado é um elemento essencial nesse objectivo»,
salienta. No futuro Vasco Menezes gostaria de
abrir uma
ou mais lojas em Lisboa e/ou no resto
do país. «Espero que possa vir a
acontecer, dentro da linha de
crescimento e afirmação de
uma identidade própria
da Cinecittà, e a consequente chegada a
um público cada vez
mais vasto, objectivo
que a meu ver tem de
facto pernas para andar»,
afirma o proprietário.
T. Catarina Medina
www.cine-citta.net
Cinecittà Av. Sacadura Cabral 4
Tori Amos
Rhino Records, €60
Uma antologia de carreira da cantora/compositora Tori Amos com temas escolhidos pela
própria ao longo de 5 CDs. Duas surpresas:
contém muitas faixas inéditas e a caixa tem o
formato de um teclado de piano!
Caminhos
da Arte Portuguesa
Caminho, €9,90 cada
Felizmente, ainda há editoras que ousam. E a Editorial Caminho arriscou mesmo ao decidir publicar um
conjunto de 42 livros sobre os principais artistas portugueses do século XX, com textos de especialistas e reproduções de obras. Armando Alves, Pedro Proença e Pedro
Cabrita Reis são os últimos números editados (26, 27 e 28,
respectivamente).
The Information
Quinze canções com produção de Nigel Godrich (Mutations, Sea Change), num disco que
demorou 3 anos a ser preparado. Como bónus,
Beck junta um DVD com telediscos caseiros
para cada tema do
álbum e autocolantes para que a
capa seja elaborada com a colaboração dos fãs.
O Silêncio de…
Rui Chafes
Assírio & Alvim, €18
Se Durante o fim, sobre as três exposições simultâneas que teve em Sintra, já era um livro de uma sensibilidade extraordinária, O Silêncio de… não lhe fica
atrás. Sublinha, aliás, a importância de Rui Chafes no
panorama da escultura nacional e internacional. Mas
desta vez não são as obras que nos impressionam, antes os textos aqui coligidos, escritos pelo próprio autor
ao longo dos últimos anos. Um monumento à volumetria
da escultura.
LIVROS
Beck
Interscope, €15
Re-cycle
Pang Brothers
R3, Universe, €18
Orphans
Tom Waits
Anti, €40
Uma retrospectiva com um conceito diferente
do habitual: trinta temas novos, versões de
Ramones, Daniel Johnston, Kurt Weill & Bertolt
Brecht e Leadbelly, arrumados em 3 discos
temáticos e um livro de 94 páginas com vinte
páginas de fotos inéditas.
L’Univers
12Twelve
Acuarela Discos, €15,90
Descrevendo a sua música, os espanhóis
12Twelve não usam nunca a palavra jazz. “Música instrumental, com boa dose de improviso”,
dizem. Mas é óbvio por demais: “L’Univers”, o
quarto disco dos 12Twelve, é uma excelente
proposta de jazz europeu, com notória influência nórdica.
Novo conto de horror dos criadores da série de filmes “The Eye”.
Desta vez, os irmãos Pang oferecem-nos um verdadeiro relicário
de fantasmagoria.
The L Word
Séries 1, 2 e 3
R1, Showtime, €110
Humor, drama e a vida agitada de um grupo de lésbicas, dos seus amigos, familiares e
vizinhos em Los Angeles. “A Letra L” é aquela série imperdível de quem toda a gente
fala, um sucesso da 2:.
Manderlay
Lars Von Trier
R2, Ifc, €18
Segunda parte da trilogia que Von Trier dedica aos EUA, depois de
“Dogville”, com Bryce Dallas Howard no papel de Grace. Danny
Glover e Willem Dafoe também integram o elenco, num filme de
2005 inédito em Portugal.
DVD’S
CD’S
A Piano The Collection
Blog do jornalista António Pires, com atenção especial à
música do mundo e aos artistas portugueses.
www.myspace.com/
lindamartini
Indie Rock com qualidade e cantado em português. Neste sítio é
possível escutar os temas Cronófago, Lição de Voo n.º 1, Efémera e
Amor Combate, para além de obtermos todas as informações sobre o
álbum de estreia Olhos de Mongol.
juramentosembandeira.blogspot.com
Blog de Vítor Junqueira, um ponto de passagem obrigatório
para quem gosta de música.
MYSPACE
BLOGS
raizeseantenas.blogspot.com
www.myspace.com/
burakasomsistema
santosdacasa.blogspot.com
Blog de Fausto Silva e Nuno Ávila, com base no programa
da RUC com o mesmo nome; essencial para quem segue
bem de perto a música portuguesa.
lisboa:
Kuduro progressivo? Baile Funk contextualizado? Kizomba e Techno?
Clube Mercado e Lux totalmente ao rubro com DJ Riot, Lil John,
Conductor, Petty e Kalaf? Hype confirmadíssimo na audição dos temas
Buraka Entra, Yah, Com Respeito e Sem Makas, do EP de estreia From
Buraka To The World.
www.clubemercado.blogspot.com
www.santiagoalquimista.com
www.incognitobar.com
www.myspace.com/
norton
porto:
www.maushabitos.com
www.pitch-club.com
BARES
Tendinha dos Clérigos
R. Conde Vizela, 78/82, Porto
«Até ao momento, o sucessor de Pictures From Our Thoughts ainda não
tem nome, e só um dos temas tem o título definido, alguns de vocês
devem lembrar-se dele dos últimos concertos, Frames Of Yourself»,
afirmam os Norton, uma das mais interessantes bandas nacionais
pós-2000, na entrada para o estúdio onde se preparam para gravar o
segundo disco de originais.
www.youtube.com/
watch?v=onLbeuEqNIE
www.youtube.com/
watch?v=vToIbZRRxlw
Darth Vaders há muitos, mas nenhum
como este. É gestor de dia, até ser
relegado para a noite, num supermercado de província e sonha com um
grande império. Tem poderes especiais,
mas falta-lhe habilidade para relações
sociais. Aqui, nem a força lhe vale…
www.youtube.com/
watch?v=7ENdnptHVps
O último adepto do União da Madeira
procura desesperadamente evitar a
extinção da sua espécie. Uma produção
nacional que surpreende pela qualidade
técnica. Merece ser visto.
YOUTUBE
www.youtube.com/
watch?v=Br0DNBhx9ts
Tem a certeza que sabe tudo sobre Jesus Cristo?
Numa época de tantas conspirações, estes dois vídeos
trazem à superfície a verdade mais que verdadeira...
São duas pérolas do grande oceano do You Tube
Última hora
Número Projecta – Festival Internacional de Artes Multimédia, Cinema e Música de Lisboa
aniversário, há tempo para recuperar dez filmes que passaram
pelos ecrãs de Espinho.
Lisboa • 2 a 12 Nov • www.numero-projecta.com
Uma nova designação, resultado de uma parceria com a
produtora Netamorphose, uma nova casa, o S. Jorge, e uma nova
programação. O Festival Número está diferente, mas mantém os
mesmos objectivos: a promoção da multimédia (vídeo, cinema e
artes de vanguarda) e da cultura numérica, onde imagem e som
são indissociáveis. A programação deste ano integra actuações
de conceituados DJ’s e VJ’s, concertos de música electrónica,
filmes concertos, mostras de vídeo arte e ciclos de cinema de
vanguarda.
Festival Internacional de Cinema
do Funchal
Fantasporto – Festival Internacional
de Cinema do Porto
Porto • 19 Fev a 4 Mar • www.fantasporto.com
Ainda faltam muitos meses para o próximo Fantas, mas já
começaram a ser divulgadas algumas novidades para abrir o
apetite. Uma retrospectiva do cinema russo, a Grécia como país
homenageado e uma viagem pelos filmes produzidos por Marin
Karmitz. Entre as ante-estreias, destaque para The Foutain, de
Darren Aronofsky, Isabella, de Ho Cheung Pang, The Host, de
Bong Joon-Ho, ou Ausentes, de Daniel Calparsoro. Não faltam
desculpas para encher mais uma vez o Rivoli Teatro Municipal,
nesta 27.ª edição do mais popular festival português.
Funchal • 13 a 19 Nov • www.funchalfilmfest.com
A decorrer em dois recintos, no Teatro Municipal Baltazar Dias
e no Cinemax, esta 2.ª edição homenageia o actor madeirense
Virgílio Teixeira, popular figura do cinema português, sobretudo nas
décadas de 40 e 50. Eternidade, de Quirino Simões, de 1995, é
o seu último filme. Na secção retrospectiva a atenção vira-se para
a francofonia, com a projecção da 7.ª Festa de Cinema Francês,
organizada pelo Instituto Franco Português. As manhãs do festival
serão dedicadas ao público juvenil com o programa Animarte. Na
secção oficial Filmes do Atlântico concorrem películas de vários
países. Mas apenas uma receberá a Caravela de Ouro.
Festival Audiovisual Black & White
Porto • 19 a 21 Abr 2007 • www.artes.ucp.pt/b&w
A data limite de inscrição de obras é dia 23 de Fev (6.ª). O
regulamento e a ficha de candidatura já estão disponíveis no sítio
de Internet. Organizado pela Escola das Artes da Universidade
Católica do Porto, este festival, na sua 4.ª edição, tem como
principal objectivo divulgar artistas, e em especial novos talentos,
que «usam a estética a preto e branco para exprimir uma ideia
peculiar que seria deturpada pelo uso da cor».
FIKE – Festival Internacional
de Curtas-metragens de Évora
Indie Lisboa – Festival Internacional
de Cinema Independente
Évora • 17 a 25 Nov • www.fikeonline.net
Lisboa • 19 a 29 Abr 2007 • www.indielisboa.com
Organizado pelo Páteo do Cinema da S.O.I.R. Joaquim
António de Aguiar e pelo Cineclube da Universidade de Évora, o
FIKE conjuga dois conceitos: a exibição de curtas-metragens, em
espaços competitivos e temáticos, e a promoção de actividades
culturais. Para esta 6.ª edição, foi criada uma competição especial
para celebrar o 20.º aniversário da elevação de Évora a Património
da Humanidade. Um conjunto de curtas focará, nesse sentido, a
herança cultural dos povos.
Cinanima – Festival Internacional
de Cinema de Animação de Espinho
Espinho • 6 a 12 Nov • www.cinanima.pt
Trinta anos são trinta anos. E como os 18, também só se
comemoram uma vez. No caso do Cinanima talvez se possa
dizer que não. Em 2006, aquele que é um dos mais antigos
festivais de cinema de animação do mundo assinalou a sua
30.ª edição. Agora é a vez das bodas de prata mais cinco anos.
Enfim, tudo pretextos para ver boas curtas e longas metragens.
Além das competições, com 84 filmes, a programação inclui
ciclos dedicados ao Magreb, a Mozart e à poesia. Em época de
Já começaram a ser angariados os mais de 20 mil euros que
constituem o atractivo rol de prémios do Indie Lisboa. O período
de candidatura já abriu e prolonga-se até 16 de Fev (6.ª). As
inscrições podem ser feitas através do sítio da Internet. O festival,
que vai na 4.ª edição, mantém a sua estrutura: uma competição
com primeiras e segundas obras, um observatório para os filmes
dos mais relevantes cineastas contemporâneos, e um laboratório
que explora novos territórios no cinema. Há, ainda, lugar para
mais um herói independente e para um Indie Júnior, um realizador
em início de carreira.
Curtas Vila do Conde
Vila do Conde • 7 a 15 Jul 2007 • www.curtasmetragens.pt
Animações, Documentários, Filmes Experimentais, Ficções
e Vídeos Musicais, em 16mm, 35mm ou BETACAM SP/Pal,
produzidos em 2006 ou 2007, com menos de 60 minutos, de
preferência com legendas em Português ou Inglês. Aceita-se
quase tudo na 15.ª edição do maior festival de curtas-metragens
de Portugal. As inscrições para a Competição internacional
acabam no 13 Abr (6.ª), e para a nacional, dia 25 Mai (6.ª).
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. www.airjamaicajazzandblues.com
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Clermont- Ferrand Short Fim Festival . www.clermont-filmfest.comcinemasitges.com
Air Jamaica Jazz and Blues Festival
Festival International de la bande desinée d’Angoulême . www.bdangouleme.com
International Film Festival Rotterdam . www.filmfestivalrotterdam.com
Solothurn Film Festival . www.solothurnerfilmtage.ch
The Northern Lights Festival Tromsø . www.nordlysfestivalen.no
Festival Premiers Plans . www.premiersplans.org
Sundance Film Festival . www.festival.sundance.org/2007
Heritage Blues Festival . www.heritageblues.com
Festival in the Desert Tours . www.sagatours.com
Barbados Jazz Festival . www.barbadosjazzfestival.com
Hokitika’s Wet West Film Festival . www.wetwestfilmfest.com/pages/festival
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Janeiro
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Artes Performativas
Artes Performativas
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Cinema
Música
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Oslo World Music Festival . www.world-music.no
mostra-TE - Mostra de Teatro Jovem de Lisboa . www.lxjovem.pt
Quinzena de Dança de Almada . www.cdanca-almada.pt
London Balboa Festival . www.londonbalboafestival.co.uk
OuTonalidades . www.dorfeu.com
Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora . www.amadorabd.com
Cine’Eco - Festival Internacional de Cinema e Vídeo de Ambiente da Serra da Estrela . www.cineeco.org
DocLisboa - Festival Internacional de Cinema Documental . www.doclisboa.org
Kosmopolis - Fiesta Internacional de la Literatura . www.cccb.org/kosmopolis
The Times BFI London Film Festival . www.lff.org.uk
Festivale Internazionale di Cinema et Donne . www.laboratorioimmaginedonna.it
Norwich International Animation Festival . www.niaf.org.uk
Fade in Festival . www.fadeinfestival.com
Viennale - Vienna International Film Festival . www.viennale.at
Festa Internazionale del Cinema di Roma . www.romacinemafest.org
Festival O gesto Orelhudo . www.dorfeu.com
Melbourne International Arts Festival . www.melbournefestival.com.au
Lesben Film Festival Berlim . www.lesbenfilmfestival.de
Recontres Internationales du Cinéma des Antipodes . www.festivaldesantipodes.org
Otoño Aficionado - Festival de Teatro No Profesionale . www.festivales.com/torrelavegaaficionado
Wiesbaden International Weekend of Animation . www.filme-im-schloss.de
Sitges - Festival Internacional Cinema Catalunya . www.cinemasitges.com
Festival Internacional do Teatro Cómico da Maia . www.teatroartimagem.org
Barreiro Rocks . www.barreirorocks.com
Marionetas na Cidade - Festival Nacional de Teatro de Marionetas . www.samarionetas.com
Docupólis - Festival Internacional Documental de Barcelona . www.docupolis.org
Festa do Cinema Francês . www.ifp-lisboa.com
Festival Internacional de Jazz de Angra do Heroísmo . www.angrajazz.com
Festival Temps d’Images . www.tempsdimages.org
Dublin Theatre Festival . www.dublintheatrefestival.com
Imago - Internacional Young Film Festival . www.imagofilmfest.com
Festival SONDA . www.festivalsonda.com
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Outubro
Novembro
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Dezembro
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International Women’s Film Festival KIN . www.liza.am
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Festival SONDA . www.festivalsonda.com
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Cairo International Film Festival . www.cairofilmfest.com
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23 Out. - 23 Dez. Música OuTonalidades . www.dorfeu.com
Cairo International Film Festival . www.cairofilmfest.com
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Festival Internacional de Cine Documental y Cortometraje de Bilbao . www.zinebi.com
IDFA - Internacional Documentary Festival Amsterdam . www.idfa.nl
Festival Internacional de Cine de Gijón . www.gijonfilmfestival.com
BAC! - Festival Internacional de Arte Contemporáneo . www.lasanta.org
Otoño Aficionado - Festival de Teatro No Profesionale . www.festivales.com/torrelavegaaficionado
Barcelona Hayride . www.bcnhayride.es
International Film Festival of Kerala . www.keralafilm.com
Rencontres Transmusicales . www.lestrans.com
Festival Internacional del Nuevo Cine Latinoamericano . www.habanafilmfestival.com
Festival de Cortometrajes Playa de las Americas - Arona . www.arona.org
Tirana International Film Festival . www.tiranafilmfest.com
Festival Tous Courts . www.aix-film-festival.com
Nippon Koma - Festival de Cinema Japonês . www.culturgest.pt/actual/nippon_koma.html
Festival de Cinema Luso-Brasileiro de Santa Maria da Feira . www.cineclubedafeira.net
Beyond Media Festival . www.beyondmedia.it
Numero Festival . www.numerofestival.com
Wintercase - Festival Itinerante de Música Independente . www.wintercase.com
Cinanima - Festival Internacional de Cinema de Animação . www.cinanima.pt
Festival Internacional de Cine Lésbico y Gai de Madrid . www.lesgaicinemad.com
Guimarães Jazz . www.jazzportugal.ua.pt
Festa do Cinema Francês . www.ifp-lisboa.com
Rencontres Internationales du Documentaire de Montréal . www.ridm.qc.ca
Torino Film Festival . www.torinofilmfest.org
L’Alternativa - Festival de Cinema Independent de Barcelona . www.alternativa.cccb.org
Festival Européen du Film Court de Brest . www.film-festival.brest.com
Festival International du Film d’Amiens . www.filmfestamiens.org
13
18
Festival Internacional de Cine Documental y Cortometraje de Bilbao . www.zinebi.com
Seixal MetalFest . www.seixal-metalfest.pt.to
IDFA - Internacional Documentary Festival Amsterdam . www.idfa.nl
Festival Internacional de Cine de Gijón . www.gijonfilmfestival.com
BAC! - Festival Internacional de Arte Contemporáneo . www.lasanta.org
One Take Film Festival . www.onetakefilmfestival.com
Cinemad - Festival de Cine Independiente y de Culto . www.cinemad.org
Mostra de Cinema Africano . [email protected]
FIKE - Festival Internacional de Curtas Metragens de Évora . www.fikeonline.net
BAF - Bradford Animation Festival . www.nmpft.org.uk/baf/2006/home.asp
Barcelona International Television Festival . www.oeti.org
Festival Internacional de Cinema do Funchal . www.funchalfilmfest.com
Otoño Aficionado - Festival de Teatro No Profesionale . www.festivales.com/torrelavegaaficionado
The Times BFI London Film Festival . www.lff.org.uk
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16
Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora . www.amadorabd.com
OuTonalidades . www.dorfeu.com
Quinzena de Dança de Almada . www.cdanca-almada.pt
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mostra-TE - Mostra de Teatro Jovem de Lisboa . www.lxjovem.pt
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Oslo World Music Festival . www.world-music.no
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4º Festival Internacional
de Cinema Documental de Lisboa
20 29 Outubro - Culturgest
ANTESTREIAS
WORKSHOPS
PARA ONDE VAI
ENCONTROS E DEBATES
O DOCUMENTÁRIO PORTUGUÊS?
SESSÕES ESCOLARES
INVESTIGAÇÕES
OFICINAS DE CINEMA
O NOVO DOCUMENTÁRIO JAPONÊS
LISBON DOCS: FÓRUM DE
RETROSPECTIVAS
FINANCIAMENTO E CO-PRODUÇÃO
SESSÕES ESPECIAIS
DE DOCUMENTÁRIOS
MASTERCLASSES
VIDEOTECA LOUNGE
www.doclisboa.org
Em Outubro, o mundo inteiro cabe em Lisboa
Apordoc - Associação pelo Documentário - Rua dos Bacalhoeiros, 125 – 4º 1100-068 Lisboa – Portugal T.+F. +35121 887 16 39 [email protected]
GÉRARD CASTELLO LOPES
COMPETIÇÃO INTERNACIONAL

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