TCC - Uniarp
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UNIVERSIDADE ALTO VALE DO RIO DO PEIXE – UNIARP CURSO DE PEDAGOGIA RUBIA FERNANDA RIBEIRO DA SILVA MUSICALIDADE NAS SÉRIES INICIAIS CAÇADOR/SC 2010 2 RUBIA FERNANDA RIBEIRO DA SILVA MUSICALIDADE NAS SÉRIES INICIAIS Trabalho de conclusão de curso apresentado como exigência para obtenção do titulo de licenciado em pedagogia, ministrado na Universidade Alto Vale do Rio do peixe – UNIARP, Caçador, sob orientação da professora Msc. Sonia de Fátima Gonçalves. CAÇADOR/SC 2010 3 MUSICALIDADE NAS SÉRIES INICIAIS RUBIA FERNANDA RIBEIRO DA SILVA Trabalho de Conclusão de Curso submetido ao processo de avaliação pelo Professor Orientador de TCC para a obtenção do Título de : Licenciado em PEDAGOGIA E aprovada na sua versão final em _______(data), atendendo às normas da legislação vigente da Universidade do Contestado e Coordenação do Curso de Pedagogia. _____________________________________________ Prof. Ms. Sonia Gonçalves Orientador do TCC _____________________________________________ Prof. Ms. Paulo Roberto Gonçalves Coordenador do Curso Pedagogia 4 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado força e mostrado o melhor caminho a seguir nos momentos mais difíceis e por ter me oportunizado a estar durante quatro anos estudando. Em especial agradeço pela força, apoio e afeto que recebi de minha mãe, e irmão, pois foi por eles que persisti e continuei lutando pelos meus objetivos. Agradeço também as minhas amigas Gieli, Marcia, Dirlei, Gyara, Patricia, por sempre estarem do meu lado me apoiando indiretamente para alcançar esta conquista. Sou grata às colegas e funcionárias da Universidade Alto Vale do Rio do Peixe - UNIARP por sempre colaborarem nos momentos necessários sendo companheiras e facilitando a convivência no dia-a-dia. Agradeço especialmente aos mestres da Universidade Alto Vale do Rio do Peixe – UNIARP, Fraiburgo / SC por ter contribuído para meu crescimento intelectual. Entre eles, ocupou um lugar de destaque a professora Sonia Gonçalves que me orientou e auxiliou nas minhas dificuldades. 5 ``Há muitas formas diferentes de comunicação, mas a musica é sem dúvida, a mais pura de todas. Não se pode ferir ninguém com ela. Você pode ate ofender alguém com determinadas canções, mas para isto é necessário que algo seja dito – impossível um instrumental magoar alguém de alguma forma. Por isso eu digo: musica é uma graça divina.`` (Duane Allman) 6 RESUMO Este trabalho aborda questões como a importância da musicalidade nas series iniciais e através da pesquisa de campo, como os professores estão trabalhando com a musica e as dificuldades encontradas para inseri-la no ensino fundamental, visando a importância que a mesma tem para o desenvolvimento físico, psíquico, mental da criança. Procura-se apresentar no texto informações que possam auxiliar os educadores a entender o porquê trabalhar musica e seus inúmeros benefícios dando suporte para atender propósitos, como formação de hábitos, atitudes, comportamentos entre outros, estimulando para uma educação saudável e produtiva. Palavras chaves: musicalidade, escola, criança, professores. 7 ABSTRACT This work addresses issues such as the importance of musicality at initial and through field research, how teachers are working with the music and the difficulties to insert it in elementary school, seeking to have the same importance to the physical, psychic, mental health of children. It seeks to present the text information that can assist educators to understand why music work and supporting its many benefits to meet goals, such as formation of habits, attitudes, behaviors, among others, encouraging education for a healthy and productive. Keywords: musicality, school, children, teachers. 8 SUMÁRIO Conteúdo INTRODUÇÃO............................................................................................................................ 9 CAPITULO I.............................................................................................................................. 11 1 REFERENCIAL TEÓRICO ......................................................................................................... 11 1.1 A MÚSICA E A APRENDIZAGEM .................................................................................... 11 1.2 A CRIANÇA E A MUSICA/A IMPORTÂNCIA DA MUSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ....... 15 1.3 GRANDES PENSADORES ................................................................................................. 18 1.4 A HISTÓRIA DA MUSICA NA EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL ............................................... 19 1.5 A IMPORTÂNCIA DA MUSICALIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL E NAS SÉRIES INICIAS .. 21 1.5.1 O que é musica? ..................................................................................................... 22 1.5.2. O que é musicalização? .......................................................................................... 23 1.6 O PAPEL DA MUSICA NA EDUCAÇÃO ............................................................................. 27 1.7 INTELIGÊNCIAS MUSICAIS E CONTRIBUIÇÕES ................................................................ 28 1.8 A MUSICA COMO INTEGRAÇAO DO SER ......................................................................... 30 CAPITULO II............................................................................................................................. 32 2 METODOLOGIA .................................................................................................................... 32 .2.1 ANÁLISE DOS RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................... 32 CAPITULO III............................................................................................................................ 39 3 RELAÇÃO DO TEMA COM O CURSO DE PEDAGOGIA ............................................................. 39 CONCLUSÃO ........................................................................................................................... 41 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 43 9 INTRODUÇÃO Escolas públicas e privadas de todo o Brasil têm até 2011 para incluir o Ensino de Música em sua grade curricular. A exigência surgiu com a lei nº 11.769, sancionada em 18 de agosto de 2008, que determina que a música deverá ser conteúdo obrigatório em toda a Educação Básica. “O objetivo não é formar músicos, mas desenvolver a criatividade, a sensibilidade e a integração dos alunos”. A música não será necessariamente uma disciplina exclusiva. Ela integrará o Ensino de Arte, que pode englobar ainda Artes Plásticas e Cênicas. Deverá ser trabalhado com uma equipe multidisciplinar e, nela, ter um professor de Música. E cada escola terá autonomia para decidir como incluir esse conteúdo de acordo com o Projeto Político Pedagógico. Em diversos contextos educacionais os professores das séries iniciais se consideram inseguros para incluírem música em suas atividades e relacionam tal insegurança à falta de formação específica em seus cursos preparatórios, mesmo que na Educação Infantil tenham trabalhado diariamente com a mesma. Diante de tal informação foi levantado o seguinte questionamento: Será que a musicalidade não é tão importante para as séries iniciais do ensino fundamental como para educação infantil? A musica nas séries iniciais está relacionada a diversos objetivos que não são propriamente musicais.É bastante comum o uso da música como auxiliar para a aprendizagem de outros conteúdos ou ainda como atividade de relaxamento e divertimento na escola. Esta situação é decorrente de vários fatores. Um deles certamente está relacionado à falta de preparação musical dos professores das séries iniciais que, quando incluem a música em suas atividades, o fazem de maneira superficial em função de não terem vivenciado experiências significativas e consistentes nesta área do conhecimento ao longo de sua formação escolar. O principal objetivo deste trabalho foi pesquisar como musicalização estava contribuindo para o desenvolvimento dos alunos de Series Inicias, e as dificuldades que os professores estavam tendo em inseri - lá na mesma, especificamente pesquisando a importância que estava sendo dada a 10 musicalidade nas Séries Inicias, as dificuldades em se trabalhar musica,o interesse dos profissionais pela iniciação da musica, concluir se teve evolução com os professores que inseriram a musica no seu cotidiano escolar e analisando resultados para o desenvolvimento do trabalho que segue. 11 CAPITULO I 1 REFERENCIAL TEÓRICO 1.1 A MÚSICA E A APRENDIZAGEM Quando um bebê nasce, seu cérebro é uma confusão de neurônios todos aguardando para serem tecidos na intricada tapeçaria da mente. Eles são puros e de um potencial quase infinito, circuitos não programados, que um dia poderão compor músicas. Se os neurônios forem estimulados eles passaram a fazer parte integrante da circulação do cérebro pela conexão a outros neurônios. Se eles não forem estimulados, poderão morrer. São as experiências da infância determinando quais neurônios serão desenvolvidos e quais habilidades serão desenvolvidas. Uma vez estabelecidas às conexões, existem limites para a capacidade do cérebro de criá-los por si próprio. Limites de tempo, chamados de “períodos críticos”, eles são janelas de oportunidades que a natureza abre repentinamente, já antes do nascimento e que depois se fecha uma a uma. Isto não quer dizer que só há aprendizagem nesse período, mas que no momento adequado a mesma ocorre mais facilmente. O cérebro lógico que é a habilidade de resolver cálculos matemáticos e a lógica, se desenvolve do nascimento aos quatro anos. Nesse período observase que criança cujas mães falam mais com elas nesse período têm vocabulário maior que outras com mães mais taciturnas. Aulas de música nesse período podem ajudar no desenvolvimento de habilidades espaciais. Quanto mais nova a criança aprender a tocar um instrumento, mais córtex ele dedicou para tocá-lo, podendo assim desenvolver seu raciocínio espacial. 12 Do nascimento aos 10 anos desenvolve-se a linguagem. Os circuitos do córtex auditivos, representando os sons que formam as palavras são conectados por ele por volta dos 2 anos mais o vocabulário infantil vai crescer ainda mais. Vê-se a necessidade de introduzir uma segunda língua nesse período para que a criança a domine perfeitamente. O cérebro musical se desenvolve dos 3 aos 10 anos . Nesse período há a necessidade de cantar músicas para as crianças: melódicas e estruturadas, clássicas principalmente. Se ela demonstra aptidão ou interesse musical deve aprender a tocar um instrumento o mais cedo possível. Assim, o Ensino Fundamental coincide com o período em que o cérebro está aberto a aprendizagem musical. Observa-se então, a importância de trabalhar a música em sala de aula de forma consciente, proporcionando as crianças a oportunidade de interagir com os mais diversos estilos musicais a fim de desenvolver suas habilidades. A família é um elemento facilitador da Educação Musical, a partir do momento que oportuniza as crianças situações em que elas possam ouvir música como algo belo, gostoso de ser usufruída no cotidiano, como resposta às preferências e opções. Como conseguir, nos dias atuais formar cidadãos mais afetivos? Trabalhando seus sentimentos e emoções através da música. É através da musicalidade vivida e sentida intensamente que a criança pode obter um desenvolvimento pessoal mais rico e abrangente, podendo se tornar um ser mais afetivo. O professor ao trabalhar música em sala de aula deve ter em mente vários pontos importantes que irão favorecer seu aluno: a música é um dos diferentes recursos que contribuem para o desenvolvimento cognitivo e emocional da pessoa humana; a criança que tem oportunidade de fazer experiências musicais amplia a sua forma de expressão e de entendimento do mundo em que vive, desenvolvendo o pensamento criativo. O uso da música em escolas como auxiliar no desenvolvimento infantil, tem revelado sua importância, através de canções, a criança vive, explora o meio circundante e cresce, do ponto de vista emocional, afetivo e cognitivo: cria 13 e recria situações que ficarão gravadas em sua memória e que poderão ser reutilizadas quando adulto. A rigidez da escola cerca o cotidiano do aluno levando-o a se tornar mero executor de tarefas, distanciando-o da realidade exterior e silenciando-o na sua individualidade. A generalização leva à uniformização de hábitos, gostos, informações, preferências. Todos passam a fazer parte da homogeneização cultural, devido à proximidade de certos produtos, inclusive a música, veiculada pelos meios de comunicação. Segundo Penna: Os problemas de certas metodologias do ensino tradicional de música residem no fato de que tais metodologias pressupõem uma familiarização prévia com a linguagem musical, sendo por isso, muitas vezes ineficientes. Como poderão então, se adequadas a clientelas ainda mais carentes – comparando-se o aluno que tem condições de acesso a uma escola especializada com aquele de uma escola pública de 1º grau? A escola precisa compatibilizar-se com as necessidades dos alunos tornando as atividades musicais mais interessantes, significativas e atraentes. Não adianta reformular ou completar programas de ensino, se a didática e a metodologia na prática continuam desatualizadas e se limitam a transmitir ao aluno os conhecimentos herdados, consolidados e freqüentemente repetidos em todos os semestres através de aulas de doutoral e fastidiosa atuação do professor. Surge a necessidade de uma nova concepção de aprendizagem que se desloque para uma organização não linear dos conteúdos, deixando o aluno interagir com o meio social através das relações estabelecidas com o professor e com a classe. Para Dalben: O aluno submerso na escola como uma malha de conteúdos e metodologias desconexos, submerso num espaço onde nada escolheu nada discutiu e onde nunca ninguém o ouviu, se vê repleto de aulas, de concepções de educação contraditórias, onde uns digladiam-se com os outros em busca também de espaços próprios. 14 Não há na verdade, um único caminho a ser seguido que possa garantir a eficiência da prática da educação musical. Não há imunidade para qualquer atividade ou método. As críticas e os questionamentos dever ser encarados como essencial e fundamental para o aprendizado, assim como um constante aprimoramento e busca de renovação. O mais importante é que o professor conscientize de seus objetivos e dos fundamentos de sua prática onde a música deve ser encarada como uma produção e um meio educativo para a formação mais ampla do indivíduo e assim, assumam os riscos, as dificuldades e a insegurança de construir o seu caminho. O momento atual vem trazendo, no campo musical, inúmeras novidades, com produções nos mais variados estilos, exigindo dos professores e profissionais da música outra maneira de perceber, experimentar e ouvir. Essa mobilidade e diversidade de linguagens não representam obstáculos para a criança ou para o jovem, pois estes recebem com naturalidade todo e qualquer tipo de música, além daqueles que cotidianamente lhes são apresentados e postos para apreciação. Sendo assim, da mesma forma que não podemos ignorar o gosto musical dos alunos, não podemos negar-lhes a possibilidade de ampliar o seu campo de conhecimento musical. Professor e aluno devem buscar um consenso ao selecionar um repertório, ou mesmo um tema a ser abordado em sala de aula. Esse tipo de ensino-aprendizagem envolve conscientização e disposição para esclarecer a real proposta da educação musical, sempre que necessário, uma revisão dos seus pressupostos, que devem, antes de tudo, estar em sintonia com as necessidades, as expectativas e a formação integral do aluno. Não há relutância pelos professores em aceitar estímulos diversos, até mesmo avessos aos seus, mas sim em deter-se diante de uma questão não resolvida e que precisa ser trabalhada e aprofundada. Na prática escolar encontram-se, em pólos opostos, dois mundos que representam, respectivamente, desejos e atitudes característicos de cada universo cultural. De um lado o mundo “intocável”, vivenciado e vividos pelos alunos e do outro o “adequado” considerado pelos professores como aceitável. 15 A música do cotidiano da criança deve ser utilizada em sala de aula e respeitada pelo professor. A música popular não deve ser ignorada pelo professor, mas privilegiada pelo mesmo. É grande o pouco caso que a educação musical faz da música popular, entendida como música que o aluno ouve e da qual gosta. Trabalhar com a música que o aluno gosta é uma forma de trazer motivação para o processo ensino-aprendizagem. Isso significa que na prática educativa deve-se procurar, através dos conteúdos e dos métodos, respeitarem os interesses dos alunos e da comunidade onde vivem e constroem suas experiências. Então, a escola deve oferecer a sua clientela música popular, clássica, de massa, folclórica, vanguarda, religiosa entre outras denominações que reforçam a pluralidade do universo musical. Oferecer uma variedade cultural a fim de que os alunos possam escolher o que mais lhe interessar. Finalizando ao ensinar música o professor deve considerar as quatro atividades relacionadas ao discurso musical: a apreciação, a execução e a improvisação. 1.2 A CRIANÇA E A MUSICA/A IMPORTÂNCIA DA MUSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL Toda criança gosta de música. Desde a mais lenta canção de ninar que embala o sono do bebê até a música agitada, como uma bela opção para dança. A música para ser cantada, tocada ou dançada é um ótimo recurso didático para pais e professores. Aprender a conviver com a música, desde cedo, pode ser um caminho para ajudar a criança a crescer mais forte e mais saudável, tendo consciência de suas potencialidades intelectuais, cognitivas e emocionais, dando-lhe a oportunidade de participar de um grupo que estará estudando e se preparando para o desempenho musical. O nível de escolaridade e a criatividade musical são estímulos para os progressos econômicos, sociais e políticos que almejamos para as nossas crianças. 16 É de conhecimento de todos que projetos como coral infantil e dança, tem aberto novas perspectivas para crianças carentes de escolas estaduais e municipais, com funcionamento em horários alternativos aos da escola regular, contribuem para evitar deslizes e perigos que a rua promove, incitando crianças e adolescentes para exercerem uma cidadania exemplar e digna de ser vivida, motivando-os a manter a chama da vida, por meio da musicalidade como estratégia recuperadora. Música é arte, é liberar-se da técnica. Assim ao ouvir uma música a criança deve ser incentivada pelo professor a interagir com a mesma, a deixar a música fruir, improvisar e brincar com os sons vocais e instrumentais que nos traz encantamento possibilita novas descobertas felizes, as nossas crianças, jovens e adultos como estratégia que promove o bem viver. Antes de nascer o bebê já entra em contato com os sons que acontecem no mundo exterior. A ciência comprova que o feto sente as vibrações produzidas pelo som. Assim sendo, o que uma mulher grávida ouve seu feto ouvirá também se ela cantar o feto ouvirá. Ele sente cada vibração, sendo que esta pode acalmá-lo ou agitá-lo. Ao nascer essas vibrações sonoras irão aumentar de intensidade e o acompanharão por toda a vida. O ritmo, o som e a música estão presentes na vida do ser humano desde seus primeiros segundos de vida quando ele imite seu primeiro som, o choro. Em pouco tempo de vida a criança descobre que pode emitir sons e sente prazer em explorá-los, repetindo-os com a língua, os lábios, a garganta, as bochechas: angu, ba á... Daí para perceber o ritmo é um passo. Este começa a fazer parte de seu mundo infantil: sacudir ou bater seus brinquedos e o andar. Este é o primeiro exemplo inconsciente de ritmo. Desta forma ela pode nos alegrar ou nos entristecer provando o quão forte são os sentimentos ou emoções provocados pela música. Se o adulto sente-se tocado pela música, podendo chorar ou até mesmo sorrir ao ouvi-la o que se pode dizer das crianças? Profundamente sensível, a criança reconhece desde muito cedo os índices emocionais na estrutura musical e a percepção desses índices aumentam durante seu desenvolvimento. Mas, a influência da música não 17 consiste apenas no emocional. Ela produz reações fisiológicas cuja amplitude depende do conteúdo emocional. O medo e a alegria suscitam uma forte reação cutânea - a transpiração. As músicas com andamento rápido e forte com muita dinâmica musical podem provocar tal reação física. O cérebro aprende a processar as estruturas musicais somente ouvindo uma melodia. O bebê reage ao ouvir um som mais agudo procurando-o ou até denunciando surpresa mamando mais rapidamente. Por isso o professor ao expor a criança a diferentes sons e ritmos estará estimulando seu cérebro, auxiliando nesse processo de aquisição das estruturas mentais necessárias para uma melhor apreciação musical. Além disso, a música pode ser utilizada de forma específica pode ajudar a recuperar e a manter a saúde mental, sendo este o caso da musicoterapia. Usando instrumentos simples e o próprio corpo o musicoterapeuta leva pacientes mirins a vencerem traumas, medos, dores, stress e inquietações. Vários projetos com crianças moradoras de rua têm obtido êxito. O preconceito de que é preciso ter dom para fazer música não tem razão de existir. Qualquer pessoa pode aprender música e se expressar através dela, desde que sejam oferecidas condições necessárias para a sua prática. Entretanto, assegurar um lugar para a música no contexto escolar não tem sido tarefa fácil. Se ela existe, é principalmente na escola de ensino infantil e, com a progressão dos anos, desaparece pouco a pouco do currículo. O desafio, portanto é: promover, de modo democrático e amplo, uma educação musical de qualidade para a escola regular de Ensino Básico. Quando se fala que estudar música é uma atividade para poucos talentosos, reforça-se, de certo modo, o preconceito que se tem em relação ao “fazer” musical. Há inúmeras escolas especializadas destinadas àqueles que querem estudar música, seja para se tornar um intérprete ou um compositor. Sabemos que, efetivamente, as práticas pedagógicas não estão ao alcance de todos e, o pior, restringe apenas a formação apropriada para a sua apreensão. Isso significa que a escola prioriza aqueles alunos que já possuem uma educação cultural e socialmente diferenciada, vindos de uma classe social mais culta, para a qual se direciona um ensino elitista. 18 Nem todas as crianças gostam das aulas de música. Pensamos que reações adversas podem ser atribuídas a algum tipo de discriminação sofrida ou situações enfrentadas em um dado momento de sua escolarização. Ou disseram a ela que não possuía talento, ou submeteram-na à prática de professores que priorizam a teoria musical, entendida aqui como o domínio da leitura e da escrita da notação musical, antes mesmo da introdução no mundo sonoro. De qualquer modo, ignora-se qualquer conhecimento anterior do aluno. Crianças que vivenciaram em algum momento, as questões citadas acima, provavelmente alimentam um desprazer em relação ao ato musical. 1.3 GRANDES PENSADORES Vemos, portanto, que na antiga Grécia a música alcançava sucessivos patamares de abstração, sendo a teoria gradativamente construída a partir do ensino da prática musical. Nesta pedagogia o ensino da música não é privilégio de alguns, como em nossa cultura, mas um processo em que todos submetidos a educação podem alcançar o nível superior de educação musical. O império romano dado as suas características militares, rejeitava a música na educação de meninos. A música despertaria, segundo eles, a sensibilidade e a sensualidade características não apropriadas aos soldados romanos. Assim, eram as mulheres e os escravos que realizavam a prática musical. Em contato com a civilização grega os romanos passaram a aceitar o conhecimento musical como um saber científico rejeitando o saber prático. A partir do séc XI, começaram a existir a Universitas que gradualmente deixou de ter a música como parte integrante do currículo. No séc XVIII em diante, a música volta a ser estudada na Universitas, porém como ciência humana e não mais exata como antes. Fica assim relegada a segunda plana, devido ao pensamento de que as disciplinas exatas são mais importantes. Somente neste século que foi consolidada a idéia de reintegração entre a teoria e a prática. Dois importantes estudiosos trouxeram contribuição para essa possibilidade: Piaget e Karbusicky. 19 Jean Piaget (1978), defende a aquisição do saber mediante a ação do sujeito sobre o objeto e a posterior reorganização interna do mesmo. Ação e reflexão (prática e teoria) são vistas como um conjunto interdependente. Tanto a mente quanto o corpo são envolvidos no processo de construção do conhecimento musical. Para Wladimir Karbusicky (1986), a música é uma linguagem que possui três diferentes qualidades do signo verbal: o ícone que é a representação do mundo exterior, o índice que é a expressão subjetiva do compositor e o símbolo sendo uma mesma representação em várias obras. Não basta apenas conhecer a teoria é necessário compreender a música em sua totalidade. Entre os pensadores, vários destacaram a importância da música na formação do homem. Pestalozzi (1745-1827) valorizou as canções nacionais e uma educação prática. Seu sucessor Froébel (1782-1852) acreditava que a arte deveria chegar à criança por meio do canto, estimulando a construção de instrumentos musicais. Apregoava também a importância da atividade infantil em uma escola apropriada dando origem ao jardim da infância. Maria Montessori, educadora italiana, preocupava-se com a discriminação auditiva, para isso preparou materiais voltados para o reconhecimento do som, altura, intensidade, timbre e duração. Jacques Dalcrosé (1865-1950), professor de música do conservatório de Genebra introduziu várias mudanças no ensino desta matéria valorizando grandemente o movimento corporal. Koodaly (1882-1967), na Hungria, elabora um programa nacional para a disseminação do canto nas escolas. No Brasil são fortes as influências de Carl Orff (1895-1982), especialista alemão, e Edgar Willems musicólogo belga. Ambos dão ênfase ao ritmo com exercícios de caráter lúdico, baseados na improvisação. Canções, rimas quadrinhas e adivinhações fazem parte do repertório experencial da criança. 1.4 A HISTÓRIA DA MUSICA NA EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL 20 Ao estudar a música através dos tempos constata-se que ela encontravase presente na vida do homem das cavernas, quando o mesmo produzia sons imitando os animais. Nas antigas civilizações egípcias, Babilônicas, Pérsicas e Siríacas a música estava ligada à religiosidade. Assim a prática educativa estava bastante restrita a transmissão do saber musical prático, pois o futuro músico deveria cantar e tocar em louvor aos deuses no templo. Na idade Média a Igreja relaciona todos os aspectos da vida cotidiana à religiosidade cristã. São instaladas duas práticas musicais paralelas: o saber musical correspondente aos números (teoria) e o saber do bem modular o som, que seria a produção musical. Essas práticas resultaram em duas profissões; o músico e o cantor. o ideal de músico priorizava a mente e o do cantor, o corpo, sendo que, este último era amplamente valorizado no culto religioso. A Reforma Protestante causada por Lutero abriu espaço para a inclusão da música no currículo escolar, onde todas as crianças tinham oportunidade de aprender a cantar. Comenius (1592-1670), apregoou uma formação baseada nos sentidos e na ação dos sujeitos. Rousseau (1712-1788), defendeu a idéia de que a criança não deve ser avaliada conforme os parâmetros dos adultos, mas ter liberdade de se expressar livremente. Na cultura chinesa preocupava-se com a formação do caráter e utilizavam-se da música para esse fim. Para incutir o senso de lealdade, de civismo, de amor à pátria e capacitar os indivíduos para confrontos militares, a música foi amplamente usada em Esparta na formação dos soldados. Os gregos foram os primeiros a pensarem em uma pedagogia para o ensino da música. Esta era diversificada em suas idéias sobre música e prática de educação. Como herança temos o ensino de Pitágoras (aprox. 570 a. C) voltado para os saberes musicais, sendo a base estritamente matemática, eis a origem da Theoria. Este ensino englobaria a prática e o conhecimento mais aprofundado da dimensão musical. Para os gregos o objetivo principal da educação era preparar o indivíduo para participar da sociedade e usufruir seus benefícios. As disciplinas fundamentais do 21 currículo eram a educação música e ginástica. A primeira visava a purificação da alma e a segunda a purificação do corpo das paixões carnais. Em Atenas a Educação era dividida em três níveis: primário (7 aos 14 anos), secundário (20 aos 30 anos) e o terciário (+ 5 anos). A música era estudada em todos os níveis, associada primeiramente à prática, a seguir a teoria e finalmente a reflexão através da filosofia. Platão destacava a importância da música na sentença a seguir: Ele (os mestres da música) familiariza as almas dos meninos com o ritmo e a harmonia, de modo que, possam crescer em gentileza, em graça e em harmonia, e tornarem-se úteis em palavras e ações; porque a vida inteira do homem precisa de graça e harmonia. (PLATÃO apud MONROE, 1968, p.48). A música é um poderoso aliado e o educador consciente deve ser capaz de lançar mão desse recurso. A música desperta sentimentos, emoções, sensibiliza o indivíduo quanto a questões que precisam ser tratadas com seriedade mas que tem sido banalizadas. Quando digo música falo da boa música que possuem letra e melodia capaz de emocionar. 1.5 A IMPORTÂNCIA DA MUSICALIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL E NAS SÉRIES INICIAS A musicalização pode contribuir com a aprendizagem, favorecendo o desenvolvimento cognitivo/ lingüístico, psicomotor e sócio-afetivo da criança. O papel da música na educação, não apenas como experiência estética, mas também como facilitadora do processo de aprendizagem, como instrumento para tornar a escola um lugar mais alegre e receptivo, e também ampliando o conhecimento musical do aluno, afinal a música é um bem cultural e seu conhecimento não deve ser privilégio de poucos. A escola deve oportunizar a convivência com os diferentes gêneros, apresentando novos estilos, proporcionando uma análise reflexiva do que lhe é apresentado, permitindo que o aluno se torne mais crítico. 22 1.5.1 O que é musica? Segundo Bréscia (2003), a música é uma linguagem universal, tendo participado da história da humanidade desde as primeiras civilizações. Conforme dados antropológicos, as primeiras músicas seriam usadas em rituais, como: nascimento, casamento, morte, recuperação de doenças e fertilidade. Com o desenvolvimento das sociedades, a música também passou a ser utilizada em louvor a líderes, como a executada nas procissões reais do antigo Egito e na Suméria. Na Grécia Clássica o ensino da música era obrigatório, e há indícios de que já havia orquestras naquela época. Pitágoras de Samos, filósofo grego da Antigüidade, ensinava como determinados acordes musicais e certas melodias criavam reações definidas no organismo humano. “Pitágoras demonstrou que a seqüência correta de sons, se tocada musicalmente num instrumento, pode mudar padrões de comportamento e acelerar o processo de cura” (BRÉSCIA, p. 31, 2003). Atualmente existem diversas definições para música. Mas, de um modo geral, ela é considerada ciência e arte, na medida em que as relações entre os elementos musicais são relações matemáticas e físicas; a arte manifesta-se pela escolha dos arranjos e combinações. Houaiss apud Bréscia (2003, p. 25) conceitua a música como “[...] combinação harmoniosa e expressiva de sons e como a arte de se exprimir por meio de sons, seguindo regras variáveis conforme a época, a civilização etc”. Já Gainza (1988, p.22) ressalta que: “A música e o som, enquanto energia, estimula o movimento interno e externo no homem; impulsionam-no ‘a ação e promovem nele uma multiplicidade de condutas de diferentes qualidade e grau”. De acordo com Weigel (1988, p. 10) a música é composta basicamente por: Som: são as vibrações audíveis e regulares de corpos elásticos, que se repetem com a mesma velocidade, como as do pêndulo do relógio. As vibrações irregulares são denominadas ruído. 23 Ritmo: é o efeito que se origina da duração de diferentes sons, longos ou curtos. Melodia: é a sucessão rítmica e bem ordenada dos sons. Harmonia: é a combinação simultânea, melódica e harmoniosa dos sons. 1.5.2. O que é musicalização? Para Bréscia (2003) a musicalização é um processo de construção do conhecimento, que tem como objetivo despertar e desenvolver o gosto musical, favorecendo o desenvolvimento da sensibilidade, criatividade, senso rítmico, do prazer de ouvir música, da imaginação, memória, concentração, atenção, auto-disciplina, do respeito ao próximo, da socialização e afetividade, também contribuindo para uma efetiva consciência corporal e de movimentação. As atividades de musicalização permitem que a criança conheça melhor a si mesma, desenvolvendo sua noção de esquema corporal, e também permitem a comunicação com o outro. Weigel (1988) e Barreto (2000) afirmam que atividades podem contribuir de maneira indelével como reforço no desenvolvimento cognitivo/ lingüístico, psicomotor e sócio-afetivo da criança, da seguinte forma: Desenvolvimento cognitivo/ lingüístico: a fonte de conhecimento da criança são as situações que ela tem oportunidade de experimentar em seu dia a dia. Dessa forma, quanto maior a riqueza de estímulos que ela receber melhor será seu desenvolvimento intelectual. Nesse sentido, as experiências rítmicas musicais que permitem uma participação ativa (vendo, ouvindo, tocando) favorecem o desenvolvimento dos sentidos das crianças. Ao trabalhar com os sons ela desenvolve sua acuidade auditiva; ao acompanhar gestos ou dançar ela está trabalhando a coordenação motora e a atenção; ao cantar ou imitar sons ela esta descobrindo suas capacidades e estabelecendo relações com o ambiente em que vive. Desenvolvimento psicomotor: as atividades musicais oferecem inúmeras oportunidades para que a criança aprimore sua habilidade motora, aprenda a controlar seus músculos e mova-se com desenvoltura. O ritmo tem 24 um papel importante na formação e equilíbrio do sistema nervoso. Isto porque toda expressão musical ativa age sobre a mente, favorecendo a descarga emocional, a reação motora e aliviando as tensões. Qualquer movimento adaptado a um ritmo é resultado de um conjunto completo (e complexo) de atividades coordenadas. Por isso atividades como cantar fazendo gestos, dançar, bater palmas, pés, são experiências importantes para a criança, pois elas permitem que se desenvolva o senso rítmico, a coordenação motora, fatores importantes também para o processo de aquisição da leitura e da escrita. Desenvolvimento sócio-afetivo: a criança aos poucos vai formando sua identidade, percebendo-se diferente dos outros e ao mesmo tempo buscando integrar-se com os outros. Nesse processo a auto-estima e a auto-realização desempenham um papel muito importante. Através do desenvolvimento da auto-estima ela aprende a se aceitar como é com suas capacidades e limitações. As atividades musicais coletivas favorecem o desenvolvimento da socialização, estimulando a compreensão, a participação e a cooperação. Dessa forma a criança vai desenvolvendo o conceito de grupo. Além disso, ao expressar-se musicalmente em atividades que lhe dêem prazer, ela demonstra seus sentimentos, libera suas emoções, desenvolvendo um sentimento de segurança e auto-realização. É importante salientar a importância de se desenvolver a escuta sensível e ativa nas crianças. Mársico (1982) comenta que nos dias atuais as possibilidades de desenvolvimento auditivo se tornam cada vez mais reduzida, as principais causas são o predomínio dos estímulos visuais sobre os auditivos e o excesso de ruídos com que estamos habituados a conviver. Por isso, é fundamental fazer uso de atividades de musicalização que explorem o universo sonoro, levando as crianças a ouvir com atenção, analisando, comparando os sons e buscando identificar as diferentes fontes sonoras. Isso irá desenvolver sua capacidade auditiva, exercitar a atenção, concentração e a capacidade de análise e seleção de sons. As atividades de exploração sonora devem partir do ambiente familiar da criança, passando depois para ambientes diferentes. Por exemplo, o educador pode pedir para que as crianças fiquem em silêncio e observem os 25 sons ao seu redor, depois elas podem descrever desenhar ou imitar o que ouviram. Também podem fazer um passeio pelo pátio da escola para descobrir novos sons, ou aproveitar um passeio fora da escola e descobrir sons característicos de cada lugar. O educador também pode gravar sons e pedir para que as crianças identifiquem cada um, ou produzir sons sem que elas vejam os objetos utilizados e pedir para que elas os identifiquem, ou descubram de que material é feito o objeto (metal, plástico, vidro, madeira) ou como o som foi produzido (agitado, esfregado, rasgado, jogado no chão). Assim como são de grande importância as atividades onde se busca localizar a fonte sonora e estabelecer a distância em que o som foi produzido (perto ou longe). Para isso o professor pode pedir para que as crianças fiquem de olhos fechados e indiquem de onde veio o som produzido por ele, ou ainda, o professor pode caminhar entre os alunos utilizando um instrumento ou outro objeto sonoro e as crianças vão acompanhando o movimento do som com as mãos. Posteriormente o educador pode trabalhar os atributos do som: Altura: agudo, médio, grave. Intensidade: forte, fraco. Duração: longo, curto. Timbre: é a característica de cada som, o que nos faz diferenciar as vozes e os instrumentos. Os atributos do som podem ser trabalhados por meio de comparação, diferenciando um som agudo de um grave, forte de um fraco, ou longo de um curto. Mas é mais interessante o uso de jogos musicais, como por exemplo, o Jogo do Grave e Agudo (baseado no Morto Vivo, só que usa um som agudo para ficar em pé e um grave para abaixar, o som pode ser produzido por um instrumento, por apitos com alturas diferentes ou pela voz). O jogo de Esconde-Esconde onde as crianças escolhem um objeto a ser escondido, e uma delas se retiram da classe enquanto as outras escondem o objeto. A criança que saiu retorna para procurar o objeto e as outras devem ajudá-la a encontrar produzindo sons com maior intensidade quando estiver perto, e menor intensidade quando estiver longe. O som poderá ser produzido com a 26 boca, palmas, ou da forma que acharem melhor. Essa brincadeira leva a criança a controlar a intensidade sonora e desenvolve a noção de espaço. Para trabalhar a noção de duração o educador pode pedir para que as crianças desenhem o som. Não é desenhar a fonte sonora, mas sim descrever a impressão que o som causou, se foi demorado ou breve, ascendente ou descendente. Por fim, para se trabalhar o timbre o educador pode pedir para que uma criança fique de costas para a turma enquanto estes cantam uma canção, ao sinal do professor todos param de cantar e apenas uma criança continua, a que estava de costas deve adivinhar quem continuou. Estas são apenas sugestões, existem diversos outros jogos que podem ser realizados. Através dessas atividades o educador pode perceber quais os pontos fortes e fracos das crianças, principalmente quanto à capacidade de memória auditiva, observação, discriminação e reconhecimento dos sons, podendo assim vir a trabalhar melhor o que está defasado. Bréscia (2003) ressalta que os jogos musicais podem ser de três tipos, correspondentes às fases do desenvolvimento infantil: Sensório-Motor (até os dois anos): São atividades que relacionam o som e o gesto. A criança pode fazer gestos para produzir sons e expressar-se corporalmente para representar o que ouve ou canta. Favorecem o desenvolvimento da motricidade. Simbólico (a partir dos dois anos): Aqui se busca representar o significado da música, o sentimento, a expressão. O som tem função de ilustração, de sonoplastia. Contribuem para o desenvolvimento da linguagem. Analítico ou de Regras (a partir dos quatro anos) : São jogos que envolvem a estrutura da música, onde são necessárias a socialização e organização. Ela precisa escutar a si mesma e aos outros, esperando sua vez de cantar ou tocar. Ajudam no desenvolvimento do sentido de organização e disciplina. A duração das atividades deve variar conforme a idade da criança, dependendo de sua atenção e interesse. Além disso, vale lembrar que é preciso respeitar a forma de expressão de cada um, mesmo que venha a parecer 27 repetitivo ou sem sentido. É importante que a criança sinta-se livre para se expressar e criar. 1.6 O PAPEL DA MUSICA NA EDUCAÇÃO A função mais evidente da escola é preparar os jovens para o futuro, para a vida adulta e suas responsabilidades. Mas ela pode parecer aos alunos como um remédio amargo que eles precisam engolir para assegurar, num futuro bastante indeterminado, uma felicidade bastante incerta. A música pode contribuir para tornar esse ambiente mais alegre e favorável à aprendizagem, afinal “propiciar uma alegria que seja vivida no presente é a dimensão essencial da pedagogia, e é preciso que os esforços dos alunos sejam estimulados, compensados e recompensados por uma alegria que possa ser vivida no momento presente” (SNYDERS, 1992, p. 14). Além de contribuir para deixar o ambiente escolar mais alegre, podendo ser usada para proporcionar uma atmosfera mais receptiva à chegada dos alunos, oferecendo um efeito calmante após períodos de atividade física e reduzindo a tensão em momentos de avaliação, a música também pode ser usada como um recurso no aprendizado de diversas disciplinas. O educador pode selecionar músicas que falem do conteúdo a ser trabalhado em sua área, isso vai tornar a aula dinâmica, atrativa, e vai ajudar a recordar as informações. Mas, a música também deve ser estudada como matéria em si, como linguagem artística, forma de expressão e um bem cultural. A escola deve ampliar o conhecimento musical do aluno, oportunizando a convivência com os diferentes gêneros, apresentando novos estilos, proporcionando uma análise reflexiva do que lhe é apresentado, permitindo que o aluno se torne mais crítico. As atividades musicais realizadas na escola não visam a formação de músicos, e sim, através da vivência e compreensão da linguagem musical, propiciar a abertura de canais sensoriais, facilitando a expressão de emoções, ampliando a cultura geral e contribuindo para a formação integral do ser. Além disso, como já foi citado anteriormente, o trabalho com musicalização infantil na escola é um poderoso instrumento que desenvolve, 28 além da sensibilidade à música, fatores como: concentração, memória, coordenação motora, socialização, acuidade auditiva e disciplina. Ligar a música e o movimento, utilizando a dança ou a expressão corporal pode contribuir para que algumas crianças, em situação difícil na escola, possam se adaptar (inibição psicomotora, debilidade psicomotora, instabilidade psicomotora, etc.). Por isso é tão importante a escola se tornar um ambiente alegre, favorável ao desenvolvimento. As atividades musicais na escola podem ter objetivos profiláticos, nos seguintes aspectos: Físico: oferecendo atividades capazes de promover o alívio de tensões devidas à instabilidade emocional e fadiga; Psíquico: promovendo processos de expressão, comunicação e descarga emocional através do estímulo musical e sonoro; Mental: proporcionando situações que possam contribuir para estimular e desenvolver o sentido da ordem, harmonia, organização e compreensão. 1.7 INTELIGÊNCIAS MUSICAIS E CONTRIBUIÇÕES A teoria das inteligências múltiplas sugere que existe um conjunto de habilidades, chamadas de inteligências, e que cada indivíduo as possui em grau e em combinações diferentes. Segundo Gardner (1995, p. 21): “Uma inteligência implica na capacidade de resolver problemas ou elaborar produtos que são importantes num determinado ambiente ou comunidade cultural”. São, a princípio, sete: inteligência musical, corporal-cinestésica, lógico-matemática, lingüística, espacial, interpessoal e intrapessoal. A inteligência musical é caracterizada pela habilidade para reconhecer sons e ritmos, gosto em cantar ou tocar um instrumento musical. Gardner (1995) destaca ainda que as inteligências são parte da herança genética humana, todas se manifestam em algum grau em todas as crianças, independente da educação ou apoio cultural. Assim, todo ser humano possui certas capacidades essenciais em cada uma das inteligências, mas, mesmo que um indivíduo possua grande potencial biológico para determinada 29 habilidade, ele precisa de oportunidades para explorar e desenvolvê-la. “Em resumo, a cultura circundante desempenha um papel predominante na determinação do grau em que o potencial intelectual de um indivíduo é realizado” (GARDNER, 1995, p, 47). Sendo assim, a escola deve respeitar as habilidades de cada um, e também propiciar o contato com atividades que trabalhem as outras inteligências, mesmo porque, segundo o autor, todas as atividades que realizamos utilizam mais do que uma inteligência. Ao considerar as diferentes habilidades, a escola está dando oportunidade para que o aluno se destaque em pelo menos uma delas, ao contrário do que acontece quando se privilegiam apenas as capacidades lógicomatemática e lingüística. Além disso, na avaliação é preciso considerar a forma de expressão em que a criança melhor se adapte. Abaixo se resumem os motivos pelos quais a musica deve ser valorizada na escola: - Conhecer música é importante. - A música transmite nossa herança cultural. É tão importante conhecer Beethoven e Louis Armstrong quanto conhecer Newton e Einstein. - A música é uma aptidão inerente a todas as pessoas e merece ser desenvolvida. - A música é criativa e auto-expressiva, permitindo a expressão de nossos pensamentos e sentimentos mais nobres. - A música ensina os alunos sobre seus relacionamentos com os outros, tanto em sua própria cultura quanto em culturas estrangeiras. - A música oferece aos alunos rotas de sucesso que eles podem não encontrar em parte alguma do currículo. - A música melhora a aprendizagem de todas as matérias. - A música ajuda os alunos a aprenderem que nem tudo na vida é quantificável. - A música exalta o espírito humano. 30 1.8 A MUSICA COMO INTEGRAÇAO DO SER Em alguns hospitais a música tem sido utilizada antes, durante e após cirurgias, os resultados vão desde pressão sangüínea e pulso mais baixos, menos ansiedade, sinais vitais e estado emocional mais estáveis, até menor necessidade de anestésico. A Faculdade de Medicina do Centro de Ciências Médicas e Biológicas da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo realizou uma pesquisa que avalia os efeitos da música em pacientes com câncer. A pesquisa revela que a musicoterapia pode contribuir para a diminuição dos sintomas de pacientes que fazem tratamento quimioterápico. Em empresas o meio mais procurado para se fazer música é o canto coral, pois esta é uma atividade que permite a integração e exige cooperação entre seus membros, além de proporcionar relaxamento e descontração. A necessidade social do homem de ser aceito por uma organização e de pertencer a um determinado grupo para o qual contribua com seu tempo e talento, é amplamente satisfeita pela participação num grupo coral. Além disso, este grupo lhe dará grande satisfação e prazer em suas realizações artísticas, beneficentes, religiosas, e desenvolverá nele orgulho sadio, por estar sua pessoa relacionada a um excelente grupo. Cantar é uma atividade que exige controle e uso total da respiração, proporcionando relaxamento e energização. O canto desenvolve a respiração, aumenta a proporção de oxigênio que rega o cérebro e, portanto, modifica a consciência do emissor. A prática do relaxamento traz muitos benefícios, contribuindo para a saúde física e mental. Assim como as atividades de musicalização a prática do canto também traz benefícios para a aprendizagem, por isso deveria ser mais explorada na escola. O cantar pode ser um excelente companheiro de aprendizagem, contribui com a socialização, na aprendizagem de conceitos e descoberta do mundo. Tanto no ensino das matérias quanto nos recreios cantar pode ser um veículo de compreensão, memorização ou expressão das 31 emoções. Além disso, o canto também pode ser utilizado como instrumento para pessoas aprenderem a lidar com a agressividade. O relaxamento propiciado pela atividade de cantar também contribui com a aprendizagem. As atividades relacionadas à música também servem de estímulo para crianças com dificuldades de aprendizagem e contribuem para a inclusão de crianças portadoras de necessidades especiais. As atividades de musicalização, por exemplo, servem como estímulo à realização e o controle de movimentos específicos, contribuem na organização do pensamento, e as atividades em grupo favorecem a cooperação e a comunicação. Além disso, a criança fica envolvida numa atividade cujo objetivo é ela mesma, onde o importante é o fazer, participar, não existe cobrança de rendimento, sua forma de expressão é respeitada, sua ação é valorizada, e através do sentimento de realização ela desenvolve a auto-estima. As crianças mentalmente deficientes e autistas geralmente reagem à música, quando tudo o mais falhou. A música é um veículo expressivo para o alívio da tensão emocional, superando dificuldades de fala e de linguagem. A terapia musical foi usada para melhorar a coordenação motora nos casos de paralisia cerebral e distrofia muscular. Também é usada para ensinar controle de respiração e da dicção nos casos em que existe distúrbio da fala. Já que a música comprovadamente pode trazer tantos benefícios para a saúde física e mental porque a escola não a utiliza mais? Incluí-la no cotidiano escolar certamente trará benefícios tanto pra professores quanto para alunos. Os educadores encontram nela mais um recurso, e os alunos se sentirão motivados, se desenvolvendo de forma lúdica e prazerosa. Como já foi comentada, a música ajuda a equilibrar as energias, desenvolve a criatividade, a memória, a concentração, auto-disciplina, socialização, além de contribuir para a higiene mental, reduzindo a ansiedade e promovendo vínculos. 32 CAPITULO II 2 METODOLOGIA A pesquisa foi realizada através de abordagem quantitativa que segundo Carvalho, 2003, quando os dados são coletados através de questionários e formulários o tratamento estatístico vai permitir uma análise adequada dos resultados, e na seqüência a analise qualitativa, que ainda segundo Carvalho, 2003, a análise quantitativa deve ser seguida sempre de uma analise qualitativa relacionada aos pressupostos teóricos que orientam a pesquisa. A população/amostra objeto deste estudo foram professores que atuam nas Series Inicias da Escola de Ensino Básico Gonçalves Dias e alguns outros profissionais da Educação do Município de Fraiburgo SC, escolhidos aleatoriamente, totalizando dez pessoas entrevistadas,onde seis professoras trabalham com 2º ano, duas professoras com 3º ano e mais duas professoras com 1º ano sendo que a analise dos resultados foi realizada através de abordagem quantitativa, partindo dos dados obtidos através dos questionários e qualitativa, com analise descritiva dos resultados com relação à teoria. Foram utilizados como técnica desta pesquisa entrevista com questionários que serão usados para o levantamento de informações, do qual se discutirá os resultados. Depois de feito o questionário com os professores, os resultados serão anexados a pesquisa em forma descritiva como resultado das informações coletadas juntamente com as perguntas realizadas. A análise dos dados evidencia a importância de se trabalhar musica e as dificuldades que os profissionais na educação estão tendo em inseri-la na sala de aula, de que forma estão fazendo e que conhecimento tem a partir da importância de continuar trabalhando musica nas séries iniciais. .2.1 ANÁLISE DOS RESULTADOS E DISCUSSÃO 33 Na seqüência apresenta-se a analise dos resultados obtidos no decorrer da pesquisa: A pesquisa foi realizada na Escola de Ensino Básico Gonçalves Dias com professores de 1º à 4º ano, onde estudam crianças de diversa faixa etária, o objetivo foi pesquisar “Qual a importância da musicalidade nas Series Iniciais A pesquisa realizada foi iniciada questionando: “há quanto tempo você atua na área da Educação?Com que turma você trabalha atualmente?Seis professoras responderam que trabalham com 2º ano a mais de 2 anos,duas professoras com 3º ano a quase dois anos e outras duas professoras trabalham com 1º ano a 3 anos. Em seguida questionou-se: “Você já trabalhou com Educação Infantil e com que freqüência utilizava a musica na Educação Infantil”? Todas as professoras responderam que sim, já tinham trabalhado com educação infantil e que utilizavam a musica diariamente em sala com as crianças. Por seu poder criador e liberador, a música torna-se um poderoso recurso educativo a ser utilizado na Pré-Escola (CAMPOS, 2005). É preciso que a criança seja habituada a expressar-se musicalmente desde os primeiros anos de sua vida, a música representa uma importante fonte de estímulos, equilíbrio e felicidade para a criança. Assim, na Educação Infantil os fatos musicais devem induzir ações, comportamentos motores e gestuais ( ritmos marcados caminhando, batidos com as mãos, e até mesmo falados), inseparáveis da educação perceptiva propriamente dita(LOPEZ,1998). Num terceiro momento perguntei: “você trabalha com musica nas series iniciais? com que freqüência”?Todas as professoras responderam que trabalham com musica nas series iniciais, mas não com a mesma freqüência que trabalhavam na Educação Infantil, devido ao conteúdo programático proposto, ou seja, pela falta de tempo, para as professoras do 1º ano torna-se mais fácil devido as próprias crianças cobrarem, pois apesar de estarem entrando em uma nova fase sentem falta devido à passagem do CEI para Escola. Para Bréscia (2003) a musicalização é um processo de construção do conhecimento, que tem como objetivo despertar e desenvolver o gosto musical, favorecendo o desenvolvimento da sensibilidade, criatividade, senso 34 rítmico, do prazer de ouvir música, da imaginação, memória, concentração, atenção, auto-disciplina, do respeito ao próximo, da socialização e afetividade, também contribuindo para uma efetiva consciência corporal e de movimentação. Perguntei também: “na sua opinião qual a importância da musica no desenvolvimento da criança”?As professoras responderam que acreditam que é de grande ajuda para a socialização com os colegas alem de proporcionar uma aprendizagem mais rápida e prazerosa. A música e a dança atuam no corpo e desperta emoções, neste sentido ela equilibra o metabolismo, interfere na receptividade sensorial e minimiza os efeitos de fadiga ou leva a excitação do aluno. Para STABILE apud ESTEVÃO (2002, p. 34) "a música e a dança permitem a expressão pelo gesto e pelo movimento, que traz satisfação e alegria. A criança aprende e se desenvolver através dela". A expressão musical desempenha importante papel na vida recreativa de toda criança, ao mesmo tempo em que desenvolve sua criatividade, promove a autodisciplina e desperta à consciência rítmica e estética. A música também cria um terreno favorável para a imaginação quando desperta as faculdades criadoras de cada um. A educação pela música proporciona uma educação profunda e total. FARIA (2001, p. 24), "A música como sempre esteve presente na vida dos seres humanos, ela também sempre está presente na escola para dar vida ao ambiente escolar e favorecer a socialização dos alunos, além de despertar neles o senso de criação e recreação". Foi perguntado também:” que tipo de musica utiliza em sala de aula”?As professoras responderam que apesar de não trabalharem tanto com a musica nas series iniciais, utilizam diversas cantigas de roda e de musicas de datas comemorativas como por exemplo musicas de festa junina. FARIA (2001, p. 4), "A música passa uma mensagem e revela a forma de vida mais nobre, a qual, a humanidade almeja, ela demonstra emoção, não ocorrendo apenas no inconsciente, mas toma conta das pessoas, 35 envolvendo-as". A escola, enquanto espaço institucional para transmissão de conhecimentos socialmente construídos, pode se ocupar em promover a aproximação das crianças com outras propriedades da música que não aquelas reconhecidas por elas na sua relação espontânea com a mesma. Cabe aos professores criar situações de aprendizagem nas quais as crianças possam estar em relação com um número variado de produções musicais não apenas vinculadas ao seu ambiente sonoro, mas se possível também de origens diversas, como, de outras famílias, de outras comunidades, de outras culturas de diferentes qualidades: folclore, música popular, música erudita e outros. As atividades musicais nas escolas devem partir do que as crianças já conhecem, desta forma, se desenvolve dentro das condições e possibilidades de trabalho de cada professor. Perguntei também:”que tipo de atividades você desenvolve em sala utilizando a musica’’?As professoras responderam que na maioria das vezes utilizam a musica em brincadeiras para relaxamento da turma e quanto se faz necessário para apresentação em algum evento proposto pela escola. Questionei: você conhece ou já ouviu falar sobre a lei nº 11.769, sancionada em 18 de agosto de 2008, que determina que a música deverá ser conteúdo obrigatório em toda a Educação Básica”?As professoras responderam que já tinham ouvido falar, mas que não tinham muito conhecimento em relação a nova lei. Escolas públicas e privadas de todo o Brasil têm até 2011 para incluir o Ensino de Música em sua grade curricular. A exigência surgiu com a lei nº 11.769, sancionada em 18 de agosto de 2008, que determina que a música deverá ser conteúdo obrigatório em toda a Educação Básica. “O objetivo não é formar músicos, mas desenvolver a criatividade, a sensibilidade e a integração dos alunos”. A música não será necessariamente uma disciplina exclusiva. Ela integrará o Ensino de Arte, que pode englobar ainda Artes Plásticas e Cênicas. 36 Deverá ser trabalhado com uma equipe multidisciplinar e, nela, ter um professor de Música. E cada escola terá autonomia para decidir como incluir esse conteúdo de acordo com o Projeto Político Pedagógico. Perguntei também:”qual a sua opinião sobre a nova lei”?As professoras responderam que apesar do pouco conhecimento que tem sobre a nova lei, acreditam que será muito bom para o desenvolvimento e aprendizado das crianças. É o que define a Lei n.º 11.769, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e publicada no Diário Oficial da União. Esta lei coloca que as escolas públicas do país terão três anos para inserir no currículo da educação básica o ensino da música. Segundo a Folha de S. Paulo (2008) a Casa Civil informou que Lula vetou o artigo que previa que os professores tivessem formação específica na área. Marcelo Soares Pereira da Silva, diretor de Concepções e Orientações Curriculares para a Educação Básica do MEC (Ministério da Educação), disse que a lei vale para o ensino fundamental e médio, mas as definições sobre em quantos anos o ensino de música será ministrado e com que periodicidade vai caber aos conselhos estaduais e municipais de Educação, em parceria com os governos locais. A proposta é de autoria da senadora Roseana Sarney (PMDBMA) e altera a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), que já determina o aprendizado de arte nos ensinos fundamental e médio, mas sem especificar o conteúdo. Segundo o relator do texto na Comissão de Constituiçao e justiça (CCJ), Deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ), "o projeto está em consonância com os princípios constitucionais relativos à educação, à família, à criança e ao adolescente". Perguntei também:” Você acha que para trabalhar musica o professor deve saber/entender de musica? (exemplo: tocar algum instrumento?)”. As professoras responderam que se realmente o ensino de musica estiver incluído nas disciplinas em 2011 o professor deverá entender sim, mas que elas entendem pouco e trabalham dentro do conhecimento que adquiriram na Educação. 37 Gregori (1997) explica que harmonia, em música, é uma combinação de sons simultâneos que acompanha a melodia e é construída de acordo com o gosto do compositor. No cotidiano, inclusive na escola, também se deve buscar harmonizar a síntese dialética corpo/ mente, pois esta também deve propiciar uma maior tomada de conhecimento da consciência corporal, promovendo o equilíbrio do ser e contribuindo para sua integração com o meio onde vive, e a música pode contribuir para isto segundo os avanços das neurociências. Perguntei também:” Existe diferença em aluno que tem a musicalidade desenvolvida (por que foi trabalhado nas series anteriores) e aluno que não teve contato com a musica, no processo ensino aprendizagem?”.As professoras responderam que sim, acreditam que quando trabalham com crianças que já vem de CEIs e conviveram com musica no seu cotidiano elas tem mais facilidade de aproximação com os colegas em vista das crianças que não freqüentaram a pré- escola. Gardner (1995) destaca ainda que as inteligências são parte da herança genética humana, todas se manifestam em algum grau em todas as crianças, independente da educação ou apoio cultural. Assim, todo ser humano possui certas capacidades essenciais em cada uma das inteligências, mas, mesmo que um indivíduo possua grande potencial biológico para determinada habilidade, ele precisa de oportunidades para explorar e desenvolvê-la. “Em resumo, a cultura circundante desempenha um papel predominante na determinação do grau em que o potencial intelectual de um indivíduo é realizado” (GARDNER, 1995, p, 47). Sendo assim, a escola deve respeitar as habilidades de cada um, e também propiciar o contato com atividades que trabalhem as outras inteligências, mesmo porque, segundo o autor, todas as atividades que realizamos utilizam mais do que uma inteligência. Por ultimo quetionou-se:”A musica interfere no processo ensino aprendizagem? Em que ela ajuda”?As professoras acreditam que sim a musica interfere no ensino aprendizagem sempre em beneficio do aluno, elas acreditam que ajudam na concentração e na socialização com colegas e também com a família, se inseridas no lar na criança. 38 Gainza (1988) afirma que as atividades musicais na escola podem ter objetivos profiláticos, nos seguintes aspectos: Físico: oferecendo atividades capazes de promover o alívio de tensões devidas à instabilidade emocional e fadiga; Psíquico: promovendo processos de expressão, comunicação e descarga emocional através do estímulo musical e sonoro; Mental: proporcionando situações que possam contribuir para estimular e desenvolver o sentido da ordem, harmonia, organização e compreensão. Para Bréscia (2003, p. 81) “[...] o aprendizado de música, além de favorecer o desenvolvimento afetivo da criança, amplia a atividade cerebral, melhora o desempenho escolar dos alunos e contribui para integrar socialmente o indivíduo”. 39 CAPITULO III 3 RELAÇÃO DO TEMA COM O CURSO DE PEDAGOGIA O curso de Pedagogia instigou-me para a escolha do tema pois a musica esta inserida em inúmeras disciplinas desde a iniciação do mesmo, como em citação as disciplinas de Português, Artes, Literatura Infantil, Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem, Didática, Ludicidade, e principalmente Musicalidade e Educação pois a musica esta presente em todas as culturas e faz parte da educação há muito tempo. A musica é suporte energia e um grande recurso no processo de ensino aprendizagem, com o curso de pedagogia foi possível observar como a pratica pode ser inserida com a teoria de convivência com o mundo que nos rodeia,podendo ser possível conhecer cada aluno como único, deixando claro que educar vai muito alem do que só aprender a ler e escrever. A musicalizaçao nas escolas não serve apenas para disciplinar uma classe de potencias mirins, mas sim para que varias áreas do cérebro sejam estimuladas trazendo vários benefícios por isso a musica se torna uma grande aliada educacional. Usar a música como recurso pedagógico eventual é diferente de criar um processo de musicalização que permeie toda a educação. Os professores não têm consciência da importância da música. Ela pode ser usada para trabalhar várias áreas. Na alfabetização é possível usar elementos musicais similares ao som das letras. A música favorece até o convívio social das crianças. No campo da neurociência, não faltam dados que vinculam o estudo da música ao desempenho intelectual. A música desenvolve novas habilidades cognitivas e ajuda a lidar melhor com as emoções, a diminuir comportamentos agressivos. É usada para tratar crianças com hiperatividade, distúrbios de atenção e de linguagem. Na pedagogia a música está no currículo desde o 1º ano na escola. Ela tem uma amplitude formativa, não é atividade recreativa. A música interage com outras matérias, por meio dela se trabalha os processos 40 acústicos do som, a história dos instrumentos, as diferenças culturais etc. Platão diz “a música é um meio mais poderoso do que qualquer outro, tem ritmo e a harmonia. Ela enriquece esta ultima, confere-lhe a graça e ilumina aquele que recebe uma verdadeira Educação. (Meloteca, 2009). É importante que a escola oportunize o acesso á educação musical como já esta inserida na grade do curso de pedagogia, pois ela é uma ótima ferramenta para transmissão de conteúdos, conhecimento da personalidade das crianças e a ponte para um conhecimento prazeroso tendo uma linguagem universal podendo ser usada em diversas disciplinas. De acordo com (ESTEVÃO, 2002, p. 33). A música na vida do ser humano é tão importante como real e concreta, por ser um elemento que auxilia no bem estar das pessoas. No contexto escolar a música tem a finalidade de ampliar e facilitar a aprendizagem do educando, pois ensina o indivíduo a ouvir e a escutar de maneira ativa e refletida. 41 CONCLUSÃO Partindo da analise das pesquisas observa-se as dificuldades que os professores tem em utilizar a musica nas series iniciais do ensino fundamental, pois ainda não se sabe ao certo como ministrar os conteúdos musicais nas salas de aula, são varias preocupações que cercam educadores, com a sanção da referida Lei a musica deixa no ar muitos pontos que devem ser esclarecidos. A música é a única disciplina que engloba e incorpora varios aspectos da percepção humana. Pelo seu potencial em desenvolver diferentes capacidades mentais, motoras, afetivas, sociais e culturais a música se configura como veiculo privilegiado para se alcançar as finalidades educacionais almejadas. A concepção geral do ensino de música é bem direcionada, se considerarmos que a função da educação musical na escola de ensino fundamental é ampliar o universo musical do aluno em vários aspectos, isto significa dar-lhe condições para a apreensão da linguagem musical em sua diversidade de manifestações, pois a música, em suas mais variadas formas, é um patrimônio cultural, capaz de enriquecer a experiência expressiva e significativa de cada um. A música é um fator determinante na personalidade do indivíduo, uma forma de expressão social e cultural, contudo pouco valorizada. É sem dúvida, uma das mais valiosas formas de expressão da humanidade, portanto percebemos que vem perdendo espaço dentro da escola. Acredito que é necessário fazer alguma coisa, como resgatar a importância da música no desenvolvimento da criança, como despertar no aluno o gosto pela música para auxiliar na alfabetização. O mundo que nos rodeia esta completamente interagido com a musica, porem nem sempre o som pode mexer com seu coração. Posteriormente, enriquece a nossa mente e a emoção pelos sons simultâneos das notas musicais e tudo isso procede a um desenvolvimento para nossa mente, sendo um exercício ate mesmo para pensar, agir, fazer o mundo acontecer. Musica não tem raça, nem credo, nem cor, simplesmente combina com tudo, principalmente com escola, cada uma com seu estilo, seu gênero, mas todas tem nas suas melodias o seguimento do ``amor e do conhecer``. 42 Aprender uma canção, brincar de roda, ouvir uma música, produzir brinquedos rítmicos são atividades que incentivam a aquisição do gosto musical. Portanto, a atividade musical na escola, sem duvida nenhuma, é fundamental em todas as idades, desde a educação infantil, séries iniciais, ensino fundamental, e outras.Ela se enquadra em todas as idades, á sua maneira. Acredita-se que vivências de atividades musicais possibilitam um satisfatório desenvolvimento das potencialidades infantis considerando crucial uma abordagem holística sobre o desenvolvimento da aprendizagem. Conclue-se entao que o projeto de trabalho com atividades musicais viabilizará novos rumos e novas práticas para a educação auxiliando as crianças e professores nas praticas pedagogicas e fora delas tambem trazendo inumeros beneficios e resultados para educaçao. 43 REFERÊNCIAS BARRETO, Sidirley de Jesus. Psicomotricidade: educação e reeducação. 2. ed. Blumenau: Acadêmica, 2000. BARRETO, Sidirley de Jesus; SILVA, Carlos Alberto da. Contato: Sentir os sentidos e a alma: saúde e lazer para o dia-a dia. Blumenau: Acadêmica, 2004. BRÉSCIA, Vera Lúcia Pessagno. Educação Musical: bases psicológicas e ação preventiva. São Paulo: Átomo, 2003. CAMPBELL, Linda; CAMPBELL, Bruce; DICKINSON, Dee . Ensino e Aprendizagem por meio das Inteligências Múltiplas. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2000. 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