TCC - Uniarp

Transcrição

TCC - Uniarp
UNIVERSIDADE ALTO VALE DO RIO DO PEIXE – UNIARP
CURSO DE PEDAGOGIA
RUBIA FERNANDA RIBEIRO DA SILVA
MUSICALIDADE NAS SÉRIES INICIAIS
CAÇADOR/SC
2010
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RUBIA FERNANDA RIBEIRO DA SILVA
MUSICALIDADE NAS SÉRIES INICIAIS
Trabalho de conclusão de curso apresentado
como exigência para obtenção do titulo de
licenciado
em
pedagogia,
ministrado
na
Universidade Alto Vale do Rio do peixe – UNIARP,
Caçador, sob orientação da professora Msc. Sonia
de Fátima Gonçalves.
CAÇADOR/SC
2010
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MUSICALIDADE NAS SÉRIES INICIAIS
RUBIA FERNANDA RIBEIRO DA SILVA
Trabalho de Conclusão de Curso submetido ao processo de avaliação pelo
Professor Orientador de TCC para a obtenção do Título de :
Licenciado em PEDAGOGIA
E aprovada na sua versão final em _______(data), atendendo às normas da
legislação vigente da Universidade do Contestado e Coordenação do Curso de
Pedagogia.
_____________________________________________
Prof. Ms. Sonia Gonçalves
Orientador do TCC
_____________________________________________
Prof. Ms. Paulo Roberto Gonçalves
Coordenador do Curso Pedagogia
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado força e mostrado o
melhor caminho a seguir nos momentos mais difíceis e por ter me oportunizado
a estar durante quatro anos estudando.
Em especial agradeço pela força, apoio e afeto que recebi de minha mãe,
e irmão, pois foi por eles que persisti e continuei lutando pelos meus objetivos.
Agradeço também as minhas amigas Gieli, Marcia, Dirlei, Gyara, Patricia,
por sempre estarem do meu lado me apoiando indiretamente para alcançar esta
conquista.
Sou grata às colegas e funcionárias da Universidade Alto Vale do Rio do
Peixe - UNIARP por sempre colaborarem nos momentos necessários sendo
companheiras e facilitando a convivência no dia-a-dia.
Agradeço especialmente aos mestres da Universidade Alto Vale do Rio
do Peixe – UNIARP, Fraiburgo / SC por ter contribuído para meu crescimento
intelectual. Entre eles, ocupou um lugar de destaque a professora Sonia
Gonçalves que me orientou e auxiliou nas minhas dificuldades.
5
``Há muitas formas diferentes de
comunicação, mas a musica é sem dúvida, a mais pura de todas. Não se pode
ferir ninguém com ela. Você pode ate ofender alguém com determinadas
canções, mas para isto é necessário que algo seja dito – impossível um
instrumental magoar alguém de alguma forma. Por isso eu digo: musica é uma
graça divina.``
(Duane Allman)
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RESUMO
Este trabalho aborda questões como a importância da musicalidade nas series
iniciais e através da pesquisa de campo, como os professores estão
trabalhando com a musica e as dificuldades encontradas para inseri-la no
ensino fundamental, visando a importância que a mesma tem para o
desenvolvimento físico, psíquico, mental da criança. Procura-se apresentar no
texto informações que possam auxiliar os educadores a entender o porquê
trabalhar musica e seus inúmeros benefícios dando suporte para atender
propósitos, como formação de hábitos, atitudes, comportamentos entre outros,
estimulando para uma educação saudável e produtiva.
Palavras chaves: musicalidade, escola, criança, professores.
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ABSTRACT
This work addresses issues such as the importance of musicality at initial and
through field research, how teachers are working with the music and the
difficulties to insert it in elementary school, seeking to have the same
importance to the physical, psychic, mental health of children. It seeks to
present the text information that can assist educators to understand why music
work and supporting its many benefits to meet goals, such as formation of
habits, attitudes, behaviors, among others, encouraging education for a healthy
and productive.
Keywords: musicality, school, children, teachers.
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SUMÁRIO
Conteúdo
INTRODUÇÃO............................................................................................................................ 9
CAPITULO I.............................................................................................................................. 11
1 REFERENCIAL TEÓRICO ......................................................................................................... 11
1.1 A MÚSICA E A APRENDIZAGEM .................................................................................... 11
1.2 A CRIANÇA E A MUSICA/A IMPORTÂNCIA DA MUSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ....... 15
1.3 GRANDES PENSADORES ................................................................................................. 18
1.4 A HISTÓRIA DA MUSICA NA EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL ............................................... 19
1.5 A IMPORTÂNCIA DA MUSICALIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL E NAS SÉRIES INICIAS .. 21
1.5.1 O que é musica? ..................................................................................................... 22
1.5.2. O que é musicalização? .......................................................................................... 23
1.6 O PAPEL DA MUSICA NA EDUCAÇÃO ............................................................................. 27
1.7 INTELIGÊNCIAS MUSICAIS E CONTRIBUIÇÕES ................................................................ 28
1.8 A MUSICA COMO INTEGRAÇAO DO SER ......................................................................... 30
CAPITULO II............................................................................................................................. 32
2 METODOLOGIA .................................................................................................................... 32
.2.1 ANÁLISE DOS RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................... 32
CAPITULO III............................................................................................................................ 39
3 RELAÇÃO DO TEMA COM O CURSO DE PEDAGOGIA ............................................................. 39
CONCLUSÃO ........................................................................................................................... 41
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 43
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INTRODUÇÃO
Escolas públicas e privadas de todo o Brasil têm até 2011 para incluir o
Ensino de Música em sua grade curricular. A exigência surgiu com a lei nº
11.769, sancionada em 18 de agosto de 2008, que determina que a música
deverá ser conteúdo obrigatório em toda a Educação Básica. “O objetivo não é
formar músicos, mas desenvolver a criatividade, a sensibilidade e a integração
dos alunos”.
A música não será necessariamente uma disciplina exclusiva. Ela
integrará o Ensino de Arte, que pode englobar ainda Artes Plásticas e
Cênicas. Deverá ser trabalhado com uma equipe multidisciplinar e, nela, ter
um professor de Música. E cada escola terá autonomia para decidir como
incluir esse conteúdo de acordo com o Projeto Político Pedagógico.
Em diversos contextos educacionais os professores das séries
iniciais se consideram inseguros para incluírem música em suas atividades e
relacionam tal insegurança à falta de formação específica em seus cursos
preparatórios,
mesmo
que
na
Educação
Infantil
tenham
trabalhado
diariamente com a mesma. Diante de tal informação foi levantado o seguinte
questionamento: Será que a musicalidade não é tão importante para as séries
iniciais do ensino fundamental como para educação infantil?
A musica nas séries iniciais está relacionada a diversos objetivos que
não são propriamente musicais.É bastante comum o uso da música como
auxiliar para a aprendizagem de outros conteúdos ou ainda como atividade de
relaxamento e divertimento na escola. Esta situação é decorrente de vários
fatores. Um deles certamente está relacionado à falta de preparação musical
dos professores das séries iniciais que, quando incluem a música em suas
atividades, o fazem de maneira superficial em função de não terem vivenciado
experiências significativas e consistentes nesta área do conhecimento ao
longo de sua formação escolar.
O principal objetivo deste trabalho foi pesquisar como musicalização
estava contribuindo para o desenvolvimento dos alunos de Series Inicias, e as
dificuldades que os professores estavam tendo em inseri - lá na mesma,
especificamente pesquisando a importância que estava sendo dada a
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musicalidade nas Séries Inicias, as dificuldades em se trabalhar musica,o
interesse dos profissionais pela iniciação da musica, concluir se teve evolução
com os professores que inseriram a musica no seu cotidiano escolar e
analisando resultados para o desenvolvimento do trabalho que segue.
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CAPITULO I
1 REFERENCIAL TEÓRICO
1.1 A MÚSICA E A APRENDIZAGEM
Quando um bebê nasce, seu cérebro é uma confusão de neurônios todos
aguardando para serem tecidos na intricada tapeçaria da mente. Eles são puros
e de um potencial quase infinito, circuitos não programados, que um dia
poderão compor músicas. Se os neurônios forem estimulados eles passaram a
fazer parte integrante da circulação do cérebro pela conexão a outros
neurônios. Se eles não forem estimulados, poderão morrer. São as experiências
da infância determinando quais neurônios serão desenvolvidos e quais
habilidades serão desenvolvidas.
Uma vez estabelecidas às conexões, existem limites para a capacidade
do cérebro de criá-los por si próprio. Limites de tempo, chamados de “períodos
críticos”,
eles
são
janelas
de
oportunidades
que
a
natureza
abre
repentinamente, já antes do nascimento e que depois se fecha uma a uma. Isto
não quer dizer que só há aprendizagem nesse período, mas que no momento
adequado a mesma ocorre mais facilmente.
O cérebro lógico que é a habilidade de resolver cálculos matemáticos e a
lógica, se desenvolve do nascimento aos quatro anos. Nesse período observase que criança cujas mães falam mais com elas nesse período têm vocabulário
maior que outras com mães mais taciturnas. Aulas de música nesse período
podem ajudar no desenvolvimento de habilidades espaciais. Quanto mais nova
a criança aprender a tocar um instrumento, mais córtex ele dedicou para tocá-lo,
podendo assim desenvolver seu raciocínio espacial.
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Do nascimento aos 10 anos desenvolve-se a linguagem. Os circuitos do
córtex auditivos, representando os sons que formam as palavras são
conectados por ele por volta dos 2 anos mais o vocabulário infantil vai crescer
ainda mais. Vê-se a necessidade de introduzir uma segunda língua nesse
período para que a criança a domine perfeitamente.
O cérebro musical se desenvolve dos 3 aos 10 anos . Nesse período há a
necessidade de cantar músicas para as crianças: melódicas e estruturadas,
clássicas principalmente. Se ela demonstra aptidão ou interesse musical deve
aprender a tocar um instrumento o mais cedo possível. Assim, o Ensino
Fundamental coincide com o período em que o cérebro está aberto a
aprendizagem musical.
Observa-se então, a importância de trabalhar a música em sala de aula
de forma consciente, proporcionando as crianças a oportunidade de interagir
com os mais diversos estilos musicais a fim de desenvolver suas habilidades.
A família é um elemento facilitador da Educação Musical, a partir do
momento que oportuniza as crianças situações em que elas possam ouvir
música como algo belo, gostoso de ser usufruída no cotidiano, como resposta
às preferências e opções.
Como conseguir, nos dias atuais formar cidadãos mais afetivos?
Trabalhando seus sentimentos e emoções através da música. É através da
musicalidade vivida e sentida intensamente que a criança pode obter um
desenvolvimento pessoal mais rico e abrangente, podendo se tornar um ser
mais afetivo.
O professor ao trabalhar música em sala de aula deve ter em mente
vários pontos importantes que irão favorecer seu aluno: a música é um dos
diferentes recursos que contribuem para o desenvolvimento cognitivo e
emocional da pessoa humana; a criança que tem oportunidade de fazer
experiências musicais amplia a sua forma de expressão e de entendimento do
mundo em que vive, desenvolvendo o pensamento criativo.
O uso da música em escolas como auxiliar no desenvolvimento infantil,
tem revelado sua importância, através de canções, a criança vive, explora o
meio circundante e cresce, do ponto de vista emocional, afetivo e cognitivo: cria
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e recria situações que ficarão gravadas em sua memória e que poderão ser
reutilizadas quando adulto.
A rigidez da escola cerca o cotidiano do aluno levando-o a se tornar mero
executor de tarefas, distanciando-o da realidade exterior e silenciando-o na sua
individualidade. A generalização leva à uniformização de hábitos, gostos,
informações, preferências. Todos passam a fazer parte da homogeneização
cultural, devido à proximidade de certos produtos, inclusive a música, veiculada
pelos meios de comunicação.
Segundo Penna:
Os problemas de certas metodologias do ensino tradicional de música
residem no fato de que tais metodologias pressupõem uma
familiarização prévia com a linguagem musical, sendo por isso,
muitas vezes ineficientes. Como poderão então, se adequadas a
clientelas ainda mais carentes – comparando-se o aluno que tem
condições de acesso a uma escola especializada com aquele de uma
escola pública de 1º grau?
A escola precisa compatibilizar-se com as necessidades dos alunos
tornando as atividades musicais mais interessantes, significativas e atraentes.
Não adianta reformular ou completar programas de ensino, se a didática e a
metodologia na prática continuam desatualizadas e se limitam a transmitir ao
aluno os conhecimentos herdados, consolidados e freqüentemente repetidos
em todos os semestres através de aulas de doutoral e fastidiosa atuação do
professor.
Surge a necessidade de uma nova concepção de aprendizagem que se
desloque para uma organização não linear dos conteúdos, deixando o aluno
interagir com o meio social através das relações estabelecidas com o professor
e com a classe.
Para Dalben:
O aluno submerso na escola como uma malha de conteúdos e
metodologias desconexos, submerso num espaço onde nada
escolheu nada discutiu e onde nunca ninguém o ouviu, se vê repleto
de aulas, de concepções de educação contraditórias, onde uns
digladiam-se com os outros em busca também de espaços próprios.
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Não há na verdade, um único caminho a ser seguido que possa
garantir a eficiência da prática da educação musical. Não há imunidade para
qualquer atividade ou método. As críticas e os questionamentos dever ser
encarados como essencial e fundamental para o aprendizado, assim como
um constante aprimoramento e busca de renovação.
O mais importante é que o professor conscientize de seus objetivos e dos
fundamentos de sua prática onde a música deve ser encarada como uma
produção e um meio educativo para a formação mais ampla do indivíduo e
assim, assumam os riscos, as dificuldades e a insegurança de construir o seu
caminho.
O momento atual vem trazendo, no campo musical, inúmeras novidades,
com produções nos mais variados estilos, exigindo dos professores e
profissionais da música outra maneira de perceber, experimentar e ouvir. Essa
mobilidade e diversidade de linguagens não representam obstáculos para a
criança ou para o jovem, pois estes recebem com naturalidade todo e qualquer
tipo de música, além daqueles que cotidianamente lhes são apresentados e
postos para apreciação.
Sendo assim, da mesma forma que não podemos ignorar o gosto musical
dos alunos, não podemos negar-lhes a possibilidade de ampliar o seu campo de
conhecimento musical. Professor e aluno devem buscar um consenso ao
selecionar um repertório, ou mesmo um tema a ser abordado em sala de aula.
Esse tipo de ensino-aprendizagem envolve conscientização e disposição para
esclarecer a real proposta da educação musical, sempre que necessário, uma
revisão dos seus pressupostos, que devem, antes de tudo, estar em sintonia
com as necessidades, as expectativas e a formação integral do aluno.
Não há relutância pelos professores em aceitar estímulos diversos, até
mesmo avessos aos seus, mas sim em deter-se diante de uma questão não
resolvida e que precisa ser trabalhada e aprofundada. Na prática escolar
encontram-se,
em
pólos
opostos,
dois
mundos
que
representam,
respectivamente, desejos e atitudes característicos de cada universo cultural.
De um lado o mundo “intocável”, vivenciado e vividos pelos alunos e do outro o
“adequado” considerado pelos professores como aceitável.
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A música do cotidiano da criança deve ser utilizada em sala de aula e
respeitada pelo professor. A música popular não deve ser ignorada pelo
professor, mas privilegiada pelo mesmo. É grande o pouco caso que a
educação musical faz da música popular, entendida como música que o
aluno ouve e da qual gosta. Trabalhar com a música que o aluno gosta é uma
forma de trazer motivação para o processo ensino-aprendizagem. Isso
significa que na prática educativa deve-se procurar, através dos conteúdos e
dos métodos, respeitarem os interesses dos alunos e da comunidade onde
vivem e constroem suas experiências.
Então, a escola deve oferecer a sua clientela música popular, clássica, de
massa, folclórica, vanguarda, religiosa entre outras denominações que reforçam
a pluralidade do universo musical. Oferecer uma variedade cultural a fim de que
os alunos possam escolher o que mais lhe interessar.
Finalizando ao ensinar música o professor deve considerar as quatro
atividades relacionadas ao discurso musical: a apreciação, a execução e a
improvisação.
1.2 A CRIANÇA E A MUSICA/A IMPORTÂNCIA DA MUSICA NO ENSINO
FUNDAMENTAL
Toda criança gosta de música. Desde a mais lenta canção de ninar que
embala o sono do bebê até a música agitada, como uma bela opção para
dança. A música para ser cantada, tocada ou dançada é um ótimo recurso
didático para pais e professores. Aprender a conviver com a música, desde
cedo, pode ser um caminho para ajudar a criança a crescer mais forte e mais
saudável, tendo consciência de suas potencialidades intelectuais, cognitivas e
emocionais, dando-lhe a oportunidade de participar de um grupo que estará
estudando e se preparando para o desempenho musical.
O nível de escolaridade e a criatividade musical são estímulos para os
progressos econômicos, sociais e políticos que almejamos para as nossas
crianças.
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É de conhecimento de todos que projetos como coral infantil e dança,
tem aberto novas perspectivas para crianças carentes de escolas estaduais e
municipais, com funcionamento em horários alternativos aos da escola regular,
contribuem para evitar deslizes e perigos que a rua promove, incitando crianças
e adolescentes para exercerem uma cidadania exemplar e digna de ser vivida,
motivando-os a manter a chama da vida, por meio da musicalidade como
estratégia recuperadora.
Música é arte, é liberar-se da técnica. Assim ao ouvir uma música a
criança deve ser incentivada pelo professor a interagir com a mesma, a deixar a
música fruir, improvisar e brincar com os sons vocais e instrumentais que nos
traz encantamento possibilita novas descobertas felizes, as nossas crianças,
jovens e adultos como estratégia que promove o bem viver.
Antes de nascer o bebê já entra em contato com os sons que acontecem
no mundo exterior. A ciência comprova que o feto sente as vibrações
produzidas pelo som. Assim sendo, o que uma mulher grávida ouve seu feto
ouvirá também se ela cantar o feto ouvirá. Ele sente cada vibração, sendo que
esta pode acalmá-lo ou agitá-lo. Ao nascer essas vibrações sonoras irão
aumentar de intensidade e o acompanharão por toda a vida.
O ritmo, o som e a música estão presentes na vida do ser humano desde
seus primeiros segundos de vida quando ele imite seu primeiro som, o choro.
Em pouco tempo de vida a criança descobre que pode emitir sons e sente
prazer em explorá-los, repetindo-os com a língua, os lábios, a garganta, as
bochechas: angu, ba á...
Daí para perceber o ritmo é um passo. Este começa a fazer parte de seu
mundo infantil: sacudir ou bater seus brinquedos e o andar. Este é o primeiro
exemplo inconsciente de ritmo.
Desta forma ela pode nos alegrar ou nos entristecer provando o quão
forte são os sentimentos ou emoções provocados pela música. Se o adulto
sente-se tocado pela música, podendo chorar ou até mesmo sorrir ao ouvi-la o
que se pode dizer das crianças?
Profundamente sensível, a criança reconhece desde muito cedo os
índices emocionais na estrutura musical e a percepção desses índices
aumentam durante seu desenvolvimento. Mas, a influência da música não
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consiste apenas no emocional. Ela produz reações fisiológicas cuja amplitude
depende do conteúdo emocional. O medo e a alegria suscitam uma forte reação
cutânea - a transpiração. As músicas com andamento rápido e forte com muita
dinâmica musical podem provocar tal reação física.
O cérebro aprende a processar as estruturas musicais somente ouvindo
uma melodia. O bebê reage ao ouvir um som mais agudo procurando-o ou até
denunciando surpresa mamando mais rapidamente. Por isso o professor ao
expor a criança a diferentes sons e ritmos estará estimulando seu cérebro,
auxiliando nesse processo de aquisição das estruturas mentais necessárias
para uma melhor apreciação musical.
Além disso, a música pode ser utilizada de forma específica pode ajudar
a recuperar e a manter a saúde mental, sendo este o caso da musicoterapia.
Usando instrumentos simples e o próprio corpo o musicoterapeuta leva
pacientes mirins a vencerem traumas, medos, dores, stress e inquietações.
Vários projetos com crianças moradoras de rua têm obtido êxito.
O preconceito de que é preciso ter dom para fazer música não tem razão
de existir. Qualquer pessoa pode aprender música e se expressar através dela,
desde que sejam oferecidas condições necessárias para a sua prática.
Entretanto, assegurar um lugar para a música no contexto escolar não tem sido
tarefa fácil. Se ela existe, é principalmente na escola de ensino infantil e, com a
progressão dos anos, desaparece pouco a pouco do currículo. O desafio,
portanto é: promover, de modo democrático e amplo, uma educação musical de
qualidade para a escola regular de Ensino Básico.
Quando se fala que estudar música é uma atividade para poucos
talentosos, reforça-se, de certo modo, o preconceito que se tem em relação ao
“fazer” musical. Há inúmeras escolas especializadas destinadas àqueles que
querem estudar música, seja para se tornar um intérprete ou um compositor.
Sabemos que, efetivamente, as práticas pedagógicas não estão ao
alcance de todos e, o pior, restringe apenas a formação apropriada para a sua
apreensão. Isso significa que a escola prioriza aqueles alunos que já possuem
uma educação cultural e socialmente diferenciada, vindos de uma classe social
mais culta, para a qual se direciona um ensino elitista.
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Nem todas as crianças gostam das aulas de música. Pensamos que
reações adversas podem ser atribuídas a algum tipo de discriminação sofrida ou
situações enfrentadas em um dado momento de sua escolarização. Ou
disseram a ela que não possuía talento, ou submeteram-na à prática de
professores que priorizam a teoria musical, entendida aqui como o domínio da
leitura e da escrita da notação musical, antes mesmo da introdução no mundo
sonoro. De qualquer modo, ignora-se qualquer conhecimento anterior do aluno.
Crianças que vivenciaram em algum momento, as questões citadas acima,
provavelmente alimentam um desprazer em relação ao ato musical.
1.3 GRANDES PENSADORES
Vemos, portanto, que na antiga Grécia a música alcançava sucessivos
patamares de abstração, sendo a teoria gradativamente construída a partir do
ensino da prática musical. Nesta pedagogia o ensino da música não é privilégio
de alguns, como em nossa cultura, mas um processo em que todos submetidos
a educação podem alcançar o nível superior de educação musical.
O império romano dado as suas características militares, rejeitava a
música na educação de meninos. A música despertaria, segundo eles, a
sensibilidade e a sensualidade características não apropriadas aos soldados
romanos. Assim, eram as mulheres e os escravos que realizavam a prática
musical. Em contato com a civilização grega os romanos passaram a aceitar o
conhecimento musical como um saber científico rejeitando o saber prático.
A partir do séc XI, começaram a existir a Universitas que gradualmente
deixou de ter a música como parte integrante do currículo. No séc XVIII em
diante, a música volta a ser estudada na Universitas, porém como ciência
humana e não mais exata como antes. Fica assim relegada a segunda plana,
devido ao pensamento de que as disciplinas exatas são mais importantes.
Somente neste século que foi consolidada a idéia de reintegração
entre a teoria e a prática. Dois importantes estudiosos trouxeram contribuição
para essa possibilidade: Piaget e Karbusicky.
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Jean Piaget (1978), defende a aquisição do saber mediante a ação do
sujeito sobre o objeto e a posterior reorganização interna do mesmo. Ação e
reflexão (prática e teoria) são vistas como um conjunto interdependente. Tanto a
mente quanto o corpo são envolvidos no processo de construção do
conhecimento musical.
Para Wladimir Karbusicky (1986), a música é uma linguagem que possui
três diferentes qualidades do signo verbal: o ícone que é a representação do
mundo exterior, o índice que é a expressão subjetiva do compositor e o símbolo
sendo uma mesma representação em várias obras. Não basta apenas conhecer
a teoria é necessário compreender a música em sua totalidade.
Entre os pensadores, vários destacaram a importância da música na
formação do homem. Pestalozzi (1745-1827) valorizou as canções nacionais e
uma educação prática. Seu sucessor Froébel (1782-1852) acreditava que a
arte deveria chegar à criança por meio do canto, estimulando a construção de
instrumentos musicais. Apregoava também a importância da atividade infantil
em uma escola apropriada dando origem ao jardim da infância.
Maria
Montessori,
educadora
italiana,
preocupava-se
com
a
discriminação auditiva, para isso preparou materiais voltados para o
reconhecimento do som, altura, intensidade, timbre e duração.
Jacques Dalcrosé (1865-1950), professor de música do conservatório de
Genebra introduziu várias mudanças no ensino desta matéria valorizando
grandemente o movimento corporal. Koodaly (1882-1967), na Hungria, elabora
um programa nacional para a disseminação do canto nas escolas.
No Brasil são fortes as influências de Carl Orff (1895-1982), especialista
alemão, e Edgar Willems musicólogo belga. Ambos dão ênfase ao ritmo com
exercícios de caráter lúdico, baseados na improvisação. Canções, rimas
quadrinhas e adivinhações fazem parte do repertório experencial da criança.
1.4 A HISTÓRIA DA MUSICA NA EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL
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Ao estudar a música através dos tempos constata-se que ela encontravase presente na vida do homem das cavernas, quando o mesmo produzia sons
imitando os animais.
Nas antigas civilizações egípcias, Babilônicas, Pérsicas e Siríacas a
música estava ligada à religiosidade. Assim a prática educativa estava bastante
restrita a transmissão do saber musical prático, pois o futuro músico deveria
cantar e tocar em louvor aos deuses no templo.
Na idade Média a Igreja relaciona todos os aspectos da vida cotidiana à
religiosidade cristã. São instaladas duas práticas musicais paralelas: o saber
musical correspondente aos números (teoria) e o saber do bem modular o som,
que seria a produção musical.
Essas práticas resultaram em duas profissões; o músico e o cantor. o
ideal de músico priorizava a mente e o do cantor, o corpo, sendo que, este
último era amplamente valorizado no culto religioso.
A Reforma Protestante causada por Lutero abriu espaço para a inclusão
da música no currículo escolar, onde todas as crianças tinham oportunidade de
aprender a cantar. Comenius (1592-1670), apregoou uma formação baseada
nos sentidos e na ação dos sujeitos. Rousseau (1712-1788), defendeu a idéia
de que a criança não deve ser avaliada conforme os parâmetros dos adultos,
mas ter liberdade de se expressar livremente.
Na cultura chinesa preocupava-se com a formação do caráter e
utilizavam-se da música para esse fim. Para incutir o senso de lealdade, de
civismo, de amor à pátria e capacitar os indivíduos para confrontos militares, a
música foi amplamente usada em Esparta na formação dos soldados.
Os gregos foram os primeiros a pensarem em uma pedagogia para o
ensino da música. Esta era diversificada em suas idéias sobre música e
prática de educação. Como herança temos o ensino de Pitágoras (aprox. 570
a. C) voltado para os saberes musicais, sendo a base estritamente
matemática, eis a origem da Theoria. Este ensino englobaria a prática e o
conhecimento mais aprofundado da dimensão musical. Para os gregos o
objetivo principal da educação era preparar o indivíduo para participar da
sociedade e usufruir seus benefícios. As disciplinas fundamentais do
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currículo eram a educação música e ginástica. A primeira visava a purificação
da alma e a segunda a purificação do corpo das paixões carnais.
Em Atenas a Educação era dividida em três níveis: primário (7 aos 14
anos), secundário (20 aos 30 anos) e o terciário (+ 5 anos). A música era
estudada em todos os níveis, associada primeiramente à prática, a seguir a
teoria e finalmente a reflexão através da filosofia.
Platão destacava a importância da música na sentença a seguir:
Ele (os mestres da música) familiariza as almas dos meninos com o
ritmo e a harmonia, de modo que, possam crescer em gentileza, em
graça e em harmonia, e tornarem-se úteis em palavras e ações;
porque a vida inteira do homem precisa de graça e harmonia.
(PLATÃO apud MONROE, 1968, p.48).
A música é um poderoso aliado e o educador consciente deve ser capaz
de lançar mão desse recurso. A música desperta sentimentos, emoções,
sensibiliza o indivíduo quanto a questões que precisam ser tratadas com
seriedade mas que tem sido banalizadas. Quando digo música falo da boa
música que possuem letra e melodia capaz de emocionar.
1.5 A IMPORTÂNCIA DA MUSICALIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL E
NAS SÉRIES INICIAS
A musicalização pode contribuir com a aprendizagem, favorecendo
o desenvolvimento cognitivo/ lingüístico, psicomotor e sócio-afetivo da criança.
O papel da música na educação, não apenas como experiência
estética, mas também como facilitadora do processo de aprendizagem, como
instrumento para tornar a escola um lugar mais alegre e receptivo, e também
ampliando o conhecimento musical do aluno, afinal a música é um bem cultural
e seu conhecimento não deve ser privilégio de poucos. A escola deve
oportunizar a convivência com os diferentes gêneros, apresentando novos
estilos, proporcionando uma análise reflexiva do que lhe é apresentado,
permitindo que o aluno se torne mais crítico.
22
1.5.1 O que é musica?
Segundo Bréscia (2003), a música é uma linguagem universal,
tendo participado da história da humanidade desde as primeiras civilizações.
Conforme dados antropológicos, as primeiras músicas seriam usadas em
rituais, como: nascimento, casamento, morte, recuperação de doenças e
fertilidade. Com o desenvolvimento das sociedades, a música também passou a
ser utilizada em louvor a líderes, como a executada nas procissões reais do
antigo Egito e na Suméria.
Na Grécia Clássica o ensino da música era obrigatório, e há
indícios de que já havia orquestras naquela época. Pitágoras de Samos, filósofo
grego da Antigüidade, ensinava como determinados acordes musicais e certas
melodias criavam reações definidas no organismo humano. “Pitágoras
demonstrou que a seqüência correta de sons, se tocada musicalmente num
instrumento, pode mudar padrões de comportamento e acelerar o processo de
cura” (BRÉSCIA, p. 31, 2003).
Atualmente existem diversas definições para música. Mas, de um
modo geral, ela é considerada ciência e arte, na medida em que as relações
entre os elementos musicais são relações matemáticas e físicas; a arte
manifesta-se pela escolha dos arranjos e combinações. Houaiss apud Bréscia
(2003, p. 25) conceitua a música como “[...] combinação harmoniosa e
expressiva de sons e como a arte de se exprimir por meio de sons, seguindo
regras variáveis conforme a época, a civilização etc”.
Já Gainza (1988, p.22) ressalta que: “A música e o som, enquanto
energia, estimula o movimento interno e externo no homem; impulsionam-no ‘a
ação e promovem nele uma multiplicidade de condutas de diferentes qualidade
e grau”.
De acordo com Weigel (1988, p. 10) a música é composta
basicamente por:
Som: são as vibrações audíveis e regulares de corpos elásticos, que se
repetem com a mesma velocidade, como as do pêndulo do relógio. As
vibrações irregulares são denominadas ruído.
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Ritmo: é o efeito que se origina da duração de diferentes sons, longos ou
curtos.
Melodia: é a sucessão rítmica e bem ordenada dos sons.
Harmonia: é a combinação simultânea, melódica e harmoniosa dos
sons.
1.5.2. O que é musicalização?
Para Bréscia (2003) a musicalização é um processo de construção
do conhecimento, que tem como objetivo despertar e desenvolver o gosto
musical, favorecendo o desenvolvimento da sensibilidade, criatividade, senso
rítmico, do prazer de ouvir música, da imaginação, memória, concentração,
atenção, auto-disciplina, do respeito ao próximo, da socialização e afetividade,
também contribuindo para uma efetiva consciência corporal e de movimentação.
As atividades de musicalização permitem que a criança conheça
melhor a si mesma, desenvolvendo sua noção de esquema corporal, e também
permitem a comunicação com o outro. Weigel (1988) e Barreto (2000) afirmam
que atividades podem contribuir de maneira indelével como reforço no
desenvolvimento cognitivo/ lingüístico, psicomotor e sócio-afetivo da criança, da
seguinte forma:
Desenvolvimento cognitivo/ lingüístico: a fonte de conhecimento da
criança são as situações que ela tem oportunidade de experimentar em seu dia
a dia. Dessa forma, quanto maior a riqueza de estímulos que ela receber melhor
será seu desenvolvimento intelectual. Nesse sentido, as experiências rítmicas
musicais que permitem uma participação ativa (vendo, ouvindo, tocando)
favorecem o desenvolvimento dos sentidos das crianças. Ao trabalhar com os
sons ela desenvolve sua acuidade auditiva; ao acompanhar gestos ou dançar
ela está trabalhando a coordenação motora e a atenção; ao cantar ou imitar
sons ela esta descobrindo suas capacidades e estabelecendo relações com o
ambiente em que vive.
Desenvolvimento
psicomotor:
as
atividades
musicais
oferecem
inúmeras oportunidades para que a criança aprimore sua habilidade motora,
aprenda a controlar seus músculos e mova-se com desenvoltura. O ritmo tem
24
um papel importante na formação e equilíbrio do sistema nervoso. Isto porque
toda expressão musical ativa age sobre a mente, favorecendo a descarga
emocional, a reação motora e aliviando as tensões. Qualquer movimento
adaptado a um ritmo é resultado de um conjunto completo (e complexo) de
atividades coordenadas. Por isso atividades como cantar fazendo gestos,
dançar, bater palmas, pés, são experiências importantes para a criança, pois
elas permitem que se desenvolva o senso rítmico, a coordenação motora,
fatores importantes também para o processo de aquisição da leitura e da
escrita.
Desenvolvimento sócio-afetivo: a criança aos poucos vai formando sua
identidade, percebendo-se diferente dos outros e ao mesmo tempo buscando
integrar-se com os outros. Nesse processo a auto-estima e a auto-realização
desempenham um papel muito importante. Através do desenvolvimento da
auto-estima ela aprende a se aceitar como é com suas capacidades e
limitações. As atividades musicais coletivas favorecem o desenvolvimento da
socialização, estimulando a compreensão, a participação e a cooperação.
Dessa forma a criança vai desenvolvendo o conceito de grupo. Além disso, ao
expressar-se musicalmente em atividades que lhe dêem prazer, ela demonstra
seus sentimentos, libera suas emoções, desenvolvendo um sentimento de
segurança e auto-realização.
É importante salientar a importância de se desenvolver a escuta
sensível e ativa nas crianças. Mársico (1982) comenta que nos dias atuais as
possibilidades de desenvolvimento auditivo se tornam cada vez mais reduzida,
as principais causas são o predomínio dos estímulos visuais sobre os auditivos
e o excesso de ruídos com que estamos habituados a conviver. Por isso, é
fundamental fazer uso de atividades de musicalização que explorem o universo
sonoro, levando as crianças a ouvir com atenção, analisando, comparando os
sons e buscando identificar as diferentes fontes sonoras. Isso irá desenvolver
sua capacidade auditiva, exercitar a atenção, concentração e a capacidade de
análise e seleção de sons.
As atividades de exploração sonora devem partir do ambiente
familiar da criança, passando depois para ambientes diferentes. Por exemplo, o
educador pode pedir para que as crianças fiquem em silêncio e observem os
25
sons ao seu redor, depois elas podem descrever desenhar ou imitar o que
ouviram. Também podem fazer um passeio pelo pátio da escola para descobrir
novos sons, ou aproveitar um passeio fora da escola e descobrir sons
característicos de cada lugar.
O educador também pode gravar sons e pedir para que as crianças
identifiquem cada um, ou produzir sons sem que elas vejam os objetos
utilizados e pedir para que elas os identifiquem, ou descubram de que material é
feito o objeto (metal, plástico, vidro, madeira) ou como o som foi produzido
(agitado, esfregado, rasgado, jogado no chão). Assim como são de grande
importância as atividades onde se busca localizar a fonte sonora e estabelecer
a distância em que o som foi produzido (perto ou longe). Para isso o professor
pode pedir para que as crianças fiquem de olhos fechados e indiquem de onde
veio o som produzido por ele, ou ainda, o professor pode caminhar entre os
alunos utilizando um instrumento ou outro objeto sonoro e as crianças vão
acompanhando o movimento do som com as mãos.
Posteriormente o educador pode trabalhar os atributos do som:
Altura: agudo, médio, grave.
Intensidade: forte, fraco.
Duração: longo, curto.
Timbre: é a característica de cada som, o que nos faz diferenciar as
vozes e os instrumentos.
Os atributos do som podem ser trabalhados por meio de
comparação, diferenciando um som agudo de um grave, forte de um fraco, ou
longo de um curto. Mas é mais interessante o uso de jogos musicais, como por
exemplo, o Jogo do Grave e Agudo (baseado no Morto Vivo, só que usa um
som agudo para ficar em pé e um grave para abaixar, o som pode ser produzido
por um instrumento, por apitos com alturas diferentes ou pela voz). O jogo de
Esconde-Esconde onde as crianças escolhem um objeto a ser escondido, e
uma delas se retiram da classe enquanto as outras escondem o objeto. A
criança que saiu retorna para procurar o objeto e as outras devem ajudá-la a
encontrar produzindo sons com maior intensidade quando estiver perto, e
menor intensidade quando estiver longe. O som poderá ser produzido com a
26
boca, palmas, ou da forma que acharem melhor. Essa brincadeira leva a criança
a controlar a intensidade sonora e desenvolve a noção de espaço.
Para trabalhar a noção de duração o educador pode pedir para que
as crianças desenhem o som. Não é desenhar a fonte sonora, mas sim
descrever a impressão que o som causou, se foi demorado ou breve,
ascendente ou descendente. Por fim, para se trabalhar o timbre o educador
pode pedir para que uma criança fique de costas para a turma enquanto estes
cantam uma canção, ao sinal do professor todos param de cantar e apenas uma
criança continua, a que estava de costas deve adivinhar quem continuou. Estas
são apenas sugestões, existem diversos outros jogos que podem ser
realizados.
Através dessas atividades o educador pode perceber quais os
pontos fortes e fracos das crianças, principalmente quanto à capacidade de
memória auditiva, observação, discriminação e reconhecimento dos sons,
podendo assim vir a trabalhar melhor o que está defasado. Bréscia (2003)
ressalta que os jogos musicais podem ser de três tipos, correspondentes às
fases do desenvolvimento infantil:
Sensório-Motor (até os dois anos): São atividades que relacionam o
som e o gesto. A criança pode fazer gestos para produzir sons e expressar-se
corporalmente para representar o que ouve ou canta. Favorecem o
desenvolvimento da motricidade.
Simbólico (a partir dos dois anos): Aqui se busca representar o
significado da música, o sentimento, a expressão. O som tem função de
ilustração, de sonoplastia. Contribuem para o desenvolvimento da linguagem.
Analítico ou de Regras (a partir dos quatro anos) : São jogos que
envolvem a estrutura da música, onde são necessárias a socialização e
organização. Ela precisa escutar a si mesma e aos outros, esperando sua vez
de cantar ou tocar. Ajudam no desenvolvimento do sentido de organização e
disciplina.
A duração das atividades deve variar conforme a idade da criança,
dependendo de sua atenção e interesse. Além disso, vale lembrar que é preciso
respeitar a forma de expressão de cada um, mesmo que venha a parecer
27
repetitivo ou sem sentido. É importante que a criança sinta-se livre para se
expressar e criar.
1.6 O PAPEL DA MUSICA NA EDUCAÇÃO
A função mais evidente da escola é preparar os jovens para o
futuro, para a vida adulta e suas responsabilidades. Mas ela pode parecer aos
alunos como um remédio amargo que eles precisam engolir para assegurar,
num futuro bastante indeterminado, uma felicidade bastante incerta. A música
pode contribuir para tornar esse ambiente mais alegre e favorável à
aprendizagem, afinal “propiciar uma alegria que seja vivida no presente é a
dimensão essencial da pedagogia, e é preciso que os esforços dos alunos
sejam estimulados, compensados e recompensados por uma alegria que possa
ser vivida no momento presente” (SNYDERS, 1992, p. 14).
Além de contribuir para deixar o ambiente escolar mais alegre,
podendo ser usada para proporcionar uma atmosfera mais receptiva à chegada
dos alunos, oferecendo um efeito calmante após períodos de atividade física e
reduzindo a tensão em momentos de avaliação, a música também pode ser
usada como um recurso no aprendizado de diversas disciplinas. O educador
pode selecionar músicas que falem do conteúdo a ser trabalhado em sua área,
isso vai tornar a aula dinâmica, atrativa, e vai ajudar a recordar as informações.
Mas, a música também deve ser estudada como matéria em si, como linguagem
artística, forma de expressão e um bem cultural. A escola deve ampliar o
conhecimento musical do aluno, oportunizando a convivência com os diferentes
gêneros, apresentando novos estilos, proporcionando uma análise reflexiva do
que lhe é apresentado, permitindo que o aluno se torne mais crítico.
As atividades musicais realizadas na escola não visam a formação
de músicos, e sim, através da vivência e compreensão da linguagem musical,
propiciar a abertura de canais sensoriais, facilitando a expressão de emoções,
ampliando a cultura geral e contribuindo para a formação integral do ser.
Além disso, como já foi citado anteriormente, o trabalho com
musicalização infantil na escola é um poderoso instrumento que desenvolve,
28
além da sensibilidade à música, fatores como: concentração, memória,
coordenação motora, socialização, acuidade auditiva e disciplina.
Ligar a música e o movimento, utilizando a dança ou a expressão
corporal pode contribuir para que algumas crianças, em situação difícil na
escola, possam se adaptar (inibição psicomotora, debilidade psicomotora,
instabilidade psicomotora, etc.). Por isso é tão importante a escola se tornar um
ambiente alegre, favorável ao desenvolvimento.
As atividades musicais na escola podem ter objetivos profiláticos,
nos seguintes aspectos:
Físico: oferecendo atividades capazes de promover o alívio de tensões
devidas à instabilidade emocional e fadiga;
Psíquico: promovendo processos de expressão, comunicação e
descarga emocional através do estímulo musical e sonoro;
Mental: proporcionando situações que possam contribuir para estimular e
desenvolver o sentido da ordem, harmonia, organização e compreensão.
1.7 INTELIGÊNCIAS MUSICAIS E CONTRIBUIÇÕES
A teoria das inteligências múltiplas sugere que existe um conjunto
de habilidades, chamadas de inteligências, e que cada indivíduo as possui em
grau e em combinações diferentes. Segundo Gardner (1995, p. 21): “Uma
inteligência implica na capacidade de resolver problemas ou elaborar produtos
que são importantes num determinado ambiente ou comunidade cultural”. São,
a princípio, sete: inteligência musical, corporal-cinestésica, lógico-matemática,
lingüística, espacial, interpessoal e intrapessoal. A inteligência musical é
caracterizada pela habilidade para reconhecer sons e ritmos, gosto em cantar
ou tocar um instrumento musical.
Gardner (1995) destaca ainda que as inteligências são parte da
herança genética humana, todas se manifestam em algum grau em todas as
crianças, independente da educação ou apoio cultural. Assim, todo ser humano
possui certas capacidades essenciais em cada uma das inteligências, mas,
mesmo que um indivíduo possua grande potencial biológico para determinada
29
habilidade, ele precisa de oportunidades para explorar e desenvolvê-la. “Em
resumo, a cultura circundante desempenha um papel predominante na
determinação do grau em que o potencial intelectual de um indivíduo é
realizado” (GARDNER, 1995, p, 47). Sendo assim, a escola deve respeitar as
habilidades de cada um, e também propiciar o contato com atividades que
trabalhem as outras inteligências, mesmo porque, segundo o autor, todas as
atividades que realizamos utilizam mais do que uma inteligência.
Ao considerar as diferentes habilidades, a escola está dando
oportunidade para que o aluno se destaque em pelo menos uma delas, ao
contrário do que acontece quando se privilegiam apenas as capacidades lógicomatemática e lingüística. Além disso, na avaliação é preciso considerar a forma
de expressão em que a criança melhor se adapte.
Abaixo se resumem os motivos pelos quais a musica deve ser
valorizada na escola:
- Conhecer música é importante.
- A música transmite nossa herança cultural. É tão importante
conhecer Beethoven e Louis Armstrong quanto conhecer Newton e
Einstein.
- A música é uma aptidão inerente a todas as pessoas e merece ser
desenvolvida.
- A música é criativa e auto-expressiva, permitindo a expressão de
nossos pensamentos e sentimentos mais nobres.
- A música ensina os alunos sobre seus relacionamentos com os
outros, tanto em sua própria cultura quanto em culturas estrangeiras.
- A música oferece aos alunos rotas de sucesso que eles podem
não encontrar em parte alguma do currículo.
- A música melhora a aprendizagem de todas as matérias.
- A música ajuda os alunos a aprenderem que nem tudo na vida é
quantificável.
- A música exalta o espírito humano.
30
1.8 A MUSICA COMO INTEGRAÇAO DO SER
Em alguns hospitais a música tem sido utilizada antes, durante e
após cirurgias, os resultados vão desde pressão sangüínea e pulso mais baixos,
menos ansiedade, sinais vitais e estado emocional mais estáveis, até menor
necessidade de anestésico. A Faculdade de Medicina do Centro de Ciências
Médicas e Biológicas da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo realizou
uma pesquisa que avalia os efeitos da música em pacientes com câncer. A
pesquisa revela que a musicoterapia pode contribuir para a diminuição dos
sintomas de pacientes que fazem tratamento quimioterápico.
Em empresas o meio mais procurado para se fazer música é o
canto coral, pois esta é uma atividade que permite a integração e exige
cooperação entre seus membros, além de proporcionar relaxamento e
descontração.
A necessidade social do homem de ser aceito por uma
organização e de pertencer a um determinado grupo para o qual contribua com
seu tempo e talento, é amplamente satisfeita pela participação num grupo coral.
Além disso, este grupo lhe dará grande satisfação e prazer em suas realizações
artísticas, beneficentes, religiosas, e desenvolverá nele orgulho sadio, por estar
sua pessoa relacionada a um excelente grupo.
Cantar é uma atividade que exige controle e uso total da
respiração, proporcionando relaxamento e energização. O canto desenvolve a
respiração, aumenta a proporção de oxigênio que rega o cérebro e, portanto,
modifica a consciência do emissor. A prática do relaxamento traz muitos
benefícios, contribuindo para a saúde física e mental.
Assim como as atividades de musicalização a prática do canto
também traz benefícios para a aprendizagem, por isso deveria ser mais
explorada na escola. O cantar pode ser um excelente companheiro de
aprendizagem, contribui com a socialização, na aprendizagem de conceitos e
descoberta do mundo. Tanto no ensino das matérias quanto nos recreios cantar
pode ser um veículo de compreensão, memorização ou expressão das
31
emoções. Além disso, o canto também pode ser utilizado como instrumento
para pessoas aprenderem a lidar com a agressividade.
O relaxamento propiciado pela atividade de cantar também
contribui com a aprendizagem. As atividades relacionadas à música também
servem de estímulo para crianças com dificuldades de aprendizagem e
contribuem para a inclusão de crianças portadoras de necessidades especiais.
As atividades de musicalização, por exemplo, servem como estímulo à
realização e o controle de movimentos específicos, contribuem na organização
do pensamento, e as atividades em grupo favorecem a cooperação e a
comunicação. Além disso, a criança fica envolvida numa atividade cujo objetivo
é ela mesma, onde o importante é o fazer, participar, não existe cobrança de
rendimento, sua forma de expressão é respeitada, sua ação é valorizada, e
através do sentimento de realização ela desenvolve a auto-estima.
As crianças mentalmente deficientes e autistas geralmente
reagem à música, quando tudo o mais falhou. A música é um veículo expressivo
para o alívio da tensão emocional, superando dificuldades de fala e de
linguagem. A terapia musical foi usada para melhorar a coordenação motora
nos casos de paralisia cerebral e distrofia muscular. Também é usada para
ensinar controle de respiração e da dicção nos casos em que existe distúrbio da
fala.
Já que a música comprovadamente pode trazer tantos benefícios para a
saúde física e mental porque a escola não a utiliza mais? Incluí-la no cotidiano
escolar certamente trará benefícios tanto pra professores quanto para alunos.
Os educadores encontram nela mais um recurso, e os alunos se sentirão
motivados, se desenvolvendo de forma lúdica e prazerosa. Como já foi
comentada, a música ajuda a equilibrar as energias, desenvolve a criatividade,
a memória, a concentração, auto-disciplina, socialização, além de contribuir
para a higiene mental, reduzindo a ansiedade e promovendo vínculos.
32
CAPITULO II
2 METODOLOGIA
A pesquisa foi realizada através de abordagem quantitativa que segundo
Carvalho, 2003, quando os dados são coletados através de questionários e
formulários o tratamento estatístico vai permitir uma análise adequada dos
resultados, e na seqüência a analise qualitativa, que ainda segundo Carvalho,
2003, a análise quantitativa deve ser seguida sempre de uma analise qualitativa
relacionada aos pressupostos teóricos que orientam a pesquisa.
A população/amostra objeto deste estudo foram professores que atuam
nas Series Inicias da Escola de Ensino Básico Gonçalves Dias e alguns outros
profissionais da Educação do Município de Fraiburgo SC, escolhidos
aleatoriamente, totalizando dez pessoas entrevistadas,onde seis professoras
trabalham com 2º ano, duas professoras com 3º ano e mais duas professoras
com 1º ano
sendo que a analise dos resultados foi realizada através de
abordagem quantitativa, partindo dos dados obtidos através dos questionários e
qualitativa, com analise descritiva dos resultados com relação à teoria.
Foram
utilizados
como
técnica
desta
pesquisa
entrevista
com
questionários que serão usados para o levantamento de informações, do qual
se discutirá os resultados.
Depois de feito o questionário com os professores, os resultados serão
anexados a pesquisa em forma descritiva como resultado das informações
coletadas juntamente com as perguntas realizadas.
A análise dos dados evidencia a importância de se trabalhar musica e as
dificuldades que os profissionais na educação estão tendo em inseri-la na sala
de aula, de que forma estão fazendo e que conhecimento tem a partir da
importância de continuar trabalhando musica nas séries iniciais.
.2.1 ANÁLISE DOS RESULTADOS E DISCUSSÃO
33
Na seqüência apresenta-se a analise dos resultados obtidos no decorrer
da pesquisa:
A pesquisa foi realizada na Escola de Ensino Básico Gonçalves Dias com
professores de 1º à 4º ano, onde estudam crianças de diversa faixa etária, o
objetivo foi pesquisar “Qual a importância da musicalidade nas Series Iniciais A
pesquisa realizada foi iniciada questionando: “há quanto tempo você atua na
área da Educação?Com que turma você trabalha atualmente?Seis professoras
responderam que trabalham com 2º ano a mais de 2 anos,duas professoras
com 3º ano a quase dois anos e outras duas professoras trabalham com 1º ano
a 3 anos.
Em seguida questionou-se: “Você já trabalhou com Educação Infantil e
com que freqüência utilizava a musica na Educação Infantil”? Todas as
professoras responderam que sim, já tinham trabalhado com educação infantil e
que utilizavam a musica diariamente em sala com as crianças.
Por seu poder criador e liberador, a música torna-se um poderoso
recurso educativo a ser utilizado na Pré-Escola (CAMPOS, 2005). É preciso que
a criança seja habituada a expressar-se musicalmente desde os primeiros anos
de sua vida, a música representa uma importante fonte de estímulos, equilíbrio
e felicidade para a criança.
Assim, na Educação Infantil os fatos musicais
devem induzir ações, comportamentos motores e gestuais ( ritmos marcados
caminhando, batidos com as mãos, e até mesmo falados), inseparáveis da
educação perceptiva propriamente dita(LOPEZ,1998). Num terceiro momento
perguntei: “você trabalha com musica nas series
iniciais? com que
freqüência”?Todas as professoras responderam que trabalham com musica nas
series iniciais, mas não com a mesma freqüência que trabalhavam na Educação
Infantil, devido ao conteúdo programático proposto, ou seja, pela falta de tempo,
para as professoras do 1º ano torna-se mais fácil devido as próprias crianças
cobrarem, pois apesar de estarem entrando em uma nova fase sentem falta
devido à passagem do CEI para Escola.
Para Bréscia (2003) a musicalização é um processo de construção
do conhecimento, que tem como objetivo despertar e desenvolver o gosto
musical, favorecendo o desenvolvimento da sensibilidade, criatividade, senso
34
rítmico, do prazer de ouvir música, da imaginação, memória, concentração,
atenção, auto-disciplina, do respeito ao próximo, da socialização e afetividade,
também contribuindo para uma efetiva consciência corporal e de movimentação.
Perguntei também: “na sua opinião qual a importância da musica no
desenvolvimento da criança”?As professoras responderam que acreditam que é
de grande ajuda para a socialização com os colegas alem de proporcionar uma
aprendizagem mais rápida e prazerosa.
A música e a dança atuam no corpo e desperta emoções, neste
sentido ela equilibra o metabolismo, interfere na receptividade sensorial e
minimiza os efeitos de fadiga ou leva a excitação do aluno. Para STABILE apud
ESTEVÃO (2002, p. 34) "a música e a dança permitem a expressão pelo gesto
e pelo movimento, que traz satisfação e alegria. A criança aprende e se
desenvolver através dela".
A expressão musical desempenha importante papel na vida
recreativa de toda criança, ao mesmo tempo em que desenvolve sua
criatividade, promove a autodisciplina e desperta à consciência rítmica e
estética. A música também cria um terreno favorável para a imaginação quando
desperta as faculdades criadoras de cada um. A educação pela música
proporciona uma educação profunda e total. FARIA (2001, p. 24), "A música
como sempre esteve presente na vida dos seres humanos, ela também sempre
está presente na escola para dar vida ao ambiente escolar e favorecer a
socialização dos alunos, além de despertar neles o senso de criação e
recreação".
Foi perguntado também:” que tipo de musica utiliza em sala de
aula”?As professoras responderam que apesar de não trabalharem tanto com a
musica nas series iniciais, utilizam diversas cantigas de roda e de musicas de
datas comemorativas como por exemplo musicas de festa junina.
FARIA (2001, p. 4), "A música passa uma mensagem e revela a
forma de vida mais nobre, a qual, a humanidade almeja, ela demonstra emoção,
não ocorrendo apenas no inconsciente, mas toma conta das pessoas,
35
envolvendo-as". A escola, enquanto espaço institucional para transmissão de
conhecimentos socialmente construídos, pode se ocupar em promover a
aproximação das crianças com outras propriedades da música que não aquelas
reconhecidas por elas na sua relação espontânea com a mesma.
Cabe aos professores criar situações de aprendizagem nas quais
as crianças possam estar em relação com um número variado de produções
musicais não apenas vinculadas ao seu ambiente sonoro, mas se possível
também de origens diversas, como, de outras famílias, de outras comunidades,
de outras culturas de diferentes qualidades: folclore, música popular, música
erudita e outros.
As atividades musicais nas escolas devem partir do que as
crianças já conhecem, desta forma, se desenvolve dentro das condições e
possibilidades de trabalho de cada professor.
Perguntei também:”que tipo de atividades você desenvolve em sala
utilizando a musica’’?As professoras responderam que na maioria das vezes
utilizam a musica em brincadeiras para relaxamento da turma e quanto se faz
necessário para apresentação em algum evento proposto pela escola.
Questionei:
você conhece ou já ouviu falar sobre a lei nº 11.769,
sancionada em 18 de agosto de 2008, que determina que a música deverá ser
conteúdo obrigatório em toda a Educação Básica”?As professoras responderam
que já tinham ouvido falar, mas que não tinham muito conhecimento em relação
a nova lei.
Escolas públicas e privadas de todo o Brasil têm até 2011 para
incluir o Ensino de Música em sua grade curricular. A exigência surgiu com a lei
nº 11.769, sancionada em 18 de agosto de 2008, que determina que a música
deverá ser conteúdo obrigatório em toda a Educação Básica. “O objetivo não é
formar músicos, mas desenvolver a criatividade, a sensibilidade e a integração
dos alunos”.
A música não será necessariamente uma disciplina exclusiva. Ela
integrará o Ensino de Arte, que pode englobar ainda Artes Plásticas e Cênicas.
36
Deverá ser trabalhado com uma equipe multidisciplinar e, nela, ter um professor
de Música. E cada escola terá autonomia para decidir como incluir esse
conteúdo de acordo com o Projeto Político Pedagógico.
Perguntei também:”qual a sua opinião sobre a nova lei”?As professoras
responderam que apesar do pouco conhecimento que tem sobre a nova lei,
acreditam que será muito bom para o desenvolvimento e aprendizado das
crianças.
É o que define a Lei n.º 11.769, sancionada pelo presidente Luiz Inácio
Lula da Silva e publicada no Diário Oficial da União. Esta lei coloca que as
escolas públicas do país terão três anos para inserir no currículo da educação
básica o ensino da música.
Segundo a Folha de S. Paulo (2008) a Casa Civil informou que Lula
vetou o artigo que previa que os professores tivessem formação específica na
área. Marcelo Soares Pereira da Silva, diretor de Concepções e Orientações
Curriculares para a Educação Básica do MEC (Ministério da Educação), disse
que a lei vale para o ensino fundamental e médio, mas as definições sobre em
quantos anos o ensino de música será ministrado e com que periodicidade vai
caber aos conselhos estaduais e municipais de Educação, em parceria com os
governos locais. A proposta é de autoria da senadora Roseana Sarney (PMDBMA) e altera a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), que já determina o
aprendizado de arte nos ensinos fundamental e médio, mas sem especificar o
conteúdo. Segundo o relator do texto na Comissão de Constituiçao e justiça
(CCJ), Deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ), "o projeto está em consonância
com os princípios constitucionais relativos à educação, à família, à criança e ao
adolescente".
Perguntei também:” Você acha que para trabalhar musica o
professor
deve
saber/entender
de
musica?
(exemplo:
tocar
algum
instrumento?)”. As professoras responderam que se realmente o ensino de
musica estiver incluído nas disciplinas em 2011 o professor deverá entender
sim, mas que elas entendem pouco e trabalham dentro do conhecimento que
adquiriram na Educação.
37
Gregori (1997) explica que harmonia, em música, é uma combinação de
sons simultâneos que acompanha a melodia e é construída de acordo com o
gosto do compositor. No cotidiano, inclusive na escola, também se deve buscar
harmonizar a síntese dialética corpo/ mente, pois esta também deve propiciar
uma maior tomada de conhecimento da consciência corporal, promovendo o
equilíbrio do ser e contribuindo para sua integração com o meio onde vive, e a
música pode contribuir para isto segundo os avanços das neurociências.
Perguntei também:” Existe diferença em aluno que tem a musicalidade
desenvolvida (por que foi trabalhado nas series anteriores) e aluno que não teve
contato com a musica, no processo ensino aprendizagem?”.As professoras
responderam que sim, acreditam que quando trabalham com crianças que já
vem de CEIs e conviveram com musica no seu cotidiano elas tem mais
facilidade de aproximação com os colegas em vista das crianças que não
freqüentaram a pré- escola.
Gardner (1995) destaca ainda que as inteligências são parte da
herança genética humana, todas se manifestam em algum grau em todas as
crianças, independente da educação ou apoio cultural. Assim, todo ser humano
possui certas capacidades essenciais em cada uma das inteligências, mas,
mesmo que um indivíduo possua grande potencial biológico para determinada
habilidade, ele precisa de oportunidades para explorar e desenvolvê-la. “Em
resumo, a cultura circundante desempenha um papel predominante na
determinação do grau em que o potencial intelectual de um indivíduo é
realizado” (GARDNER, 1995, p, 47). Sendo assim, a escola deve respeitar as
habilidades de cada um, e também propiciar o contato com atividades que
trabalhem as outras inteligências, mesmo porque, segundo o autor, todas as
atividades que realizamos utilizam mais do que uma inteligência.
Por ultimo quetionou-se:”A musica interfere no processo ensino
aprendizagem? Em que ela ajuda”?As professoras acreditam que sim a musica
interfere no ensino aprendizagem sempre em beneficio do aluno, elas acreditam
que ajudam na concentração e na socialização com colegas e também com a
família, se inseridas no lar na criança.
38
Gainza (1988) afirma que as atividades musicais na escola podem ter
objetivos profiláticos, nos seguintes aspectos:
Físico: oferecendo atividades capazes de promover o alívio de tensões
devidas à instabilidade emocional e fadiga;
Psíquico: promovendo processos de expressão, comunicação e
descarga emocional através do estímulo musical e sonoro;
Mental: proporcionando situações que possam contribuir para estimular e
desenvolver o sentido da ordem, harmonia, organização e compreensão.
Para Bréscia (2003, p. 81) “[...] o aprendizado de música, além de
favorecer o desenvolvimento afetivo da criança, amplia a atividade cerebral,
melhora o desempenho escolar dos alunos e contribui para integrar socialmente
o indivíduo”.
39
CAPITULO III
3 RELAÇÃO DO TEMA COM O CURSO DE PEDAGOGIA
O curso de Pedagogia instigou-me para a escolha do tema pois a musica
esta inserida em inúmeras disciplinas desde a iniciação do mesmo, como em
citação as disciplinas de Português, Artes, Literatura Infantil, Psicologia do
Desenvolvimento e Aprendizagem, Didática, Ludicidade, e principalmente
Musicalidade e Educação pois a musica esta presente em todas as culturas e
faz parte da educação há muito tempo.
A musica é suporte energia e um grande recurso no processo de ensino
aprendizagem, com o curso de pedagogia foi possível observar como a pratica
pode ser inserida com a teoria de convivência com o mundo que nos
rodeia,podendo ser possível conhecer cada aluno como único, deixando claro
que educar vai muito alem do que só aprender a ler e escrever.
A musicalizaçao nas escolas não serve apenas para disciplinar uma
classe de potencias mirins, mas sim para que varias áreas do cérebro sejam
estimuladas trazendo vários benefícios por isso a musica se torna uma grande
aliada educacional.
Usar a música como recurso pedagógico eventual é diferente de criar
um processo de musicalização que permeie toda a educação. Os professores
não têm consciência da importância da música. Ela pode ser usada para
trabalhar várias áreas. Na alfabetização é possível usar elementos musicais
similares ao som das letras. A música favorece até o convívio social das
crianças.
No campo da neurociência, não faltam dados que vinculam o estudo da
música ao desempenho intelectual. A música desenvolve novas habilidades
cognitivas e ajuda a lidar melhor com as emoções, a diminuir comportamentos
agressivos. É usada para tratar crianças com hiperatividade, distúrbios de
atenção e de linguagem. Na pedagogia a música está no currículo desde o 1º
ano na escola. Ela tem uma amplitude formativa, não é atividade recreativa. A
música interage com outras matérias, por meio dela se trabalha os processos
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acústicos do som, a história dos instrumentos, as diferenças culturais etc. Platão
diz “a música é um meio mais poderoso do que qualquer outro, tem ritmo e a
harmonia. Ela enriquece esta ultima, confere-lhe a graça e ilumina aquele que
recebe uma verdadeira Educação. (Meloteca, 2009).
É importante que a escola oportunize o acesso á educação musical como
já esta inserida na grade do curso de pedagogia, pois ela é uma ótima
ferramenta para transmissão de conteúdos, conhecimento da personalidade das
crianças e a ponte para um conhecimento prazeroso tendo uma linguagem
universal podendo ser usada em diversas disciplinas.
De acordo com (ESTEVÃO, 2002, p. 33).
A música na vida do ser humano é tão importante como
real e concreta, por ser um elemento que auxilia no bem
estar das pessoas. No contexto escolar a música tem a
finalidade de ampliar e facilitar a aprendizagem do
educando, pois ensina o indivíduo a ouvir e a escutar de
maneira ativa e refletida.
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CONCLUSÃO
Partindo da analise das pesquisas observa-se as dificuldades que os
professores tem em utilizar a musica nas series iniciais do ensino fundamental,
pois ainda não se sabe ao certo como ministrar os conteúdos musicais nas
salas de aula, são varias preocupações que cercam educadores, com a sanção
da referida Lei a musica deixa no ar muitos pontos que devem ser esclarecidos.
A música é a única disciplina que engloba e incorpora varios aspectos da
percepção humana. Pelo seu potencial em desenvolver diferentes capacidades
mentais, motoras, afetivas, sociais e culturais a música se configura como
veiculo privilegiado para se alcançar as finalidades educacionais almejadas. A
concepção geral do ensino de música é bem direcionada, se considerarmos que
a função da educação musical na escola de ensino fundamental é ampliar o
universo musical do aluno em vários aspectos, isto significa dar-lhe condições
para a apreensão da linguagem musical em sua diversidade de manifestações,
pois a música, em suas mais variadas formas, é um patrimônio cultural, capaz
de enriquecer a experiência expressiva e significativa de cada um.
A música é um fator determinante na personalidade do indivíduo, uma
forma de expressão social e cultural, contudo pouco valorizada. É sem dúvida,
uma das mais valiosas formas de expressão da humanidade, portanto
percebemos que vem perdendo espaço dentro da escola. Acredito que é
necessário fazer alguma coisa, como resgatar a importância da música no
desenvolvimento da criança, como despertar no aluno o gosto pela música para
auxiliar na alfabetização.
O mundo que nos rodeia esta completamente interagido com a musica,
porem nem sempre o som pode mexer com seu coração. Posteriormente,
enriquece a nossa mente e a emoção pelos sons simultâneos das notas
musicais e tudo isso procede a um desenvolvimento para nossa mente, sendo
um exercício ate mesmo para pensar, agir, fazer o mundo acontecer.
Musica não tem raça, nem credo, nem cor, simplesmente combina com
tudo, principalmente com escola, cada uma com seu estilo, seu gênero, mas
todas tem nas suas melodias o seguimento do ``amor e do conhecer``.
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Aprender uma canção, brincar de roda, ouvir uma música, produzir brinquedos
rítmicos são atividades que incentivam a aquisição do gosto musical.
Portanto, a atividade musical na escola, sem duvida nenhuma, é
fundamental em todas as idades, desde a educação infantil, séries iniciais,
ensino fundamental, e outras.Ela se enquadra em todas as idades, á sua
maneira.
Acredita-se que vivências de atividades musicais possibilitam um
satisfatório desenvolvimento das potencialidades infantis considerando crucial
uma abordagem holística sobre o desenvolvimento da aprendizagem.
Conclue-se entao que o projeto de trabalho com atividades musicais
viabilizará novos rumos e novas práticas para a educação auxiliando as
crianças e professores nas praticas pedagogicas e fora delas tambem trazendo
inumeros beneficios e resultados para educaçao.
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REFERÊNCIAS
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ed. Blumenau: Acadêmica, 2000.
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Aprendizagem por meio das Inteligências Múltiplas. 2. ed. Porto Alegre:
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WEIGEL, Anna Maria Gonçalves. Brincando de Música: Experiências com
Sons, Ritmos, Música e Movimentos na Pré-Escola. Porto Alegre: Kuarup,
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CAMPOS, G. A Importância da música na Educação Infantil. In:
Musicalização Infantil.
Disponível
em:
<http://educadora.vilabol.uol.com.br/GlauciaCampos3.htm>.
Acesso em: 19 de Junho de 2005.

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