curso de especializao

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curso de especializao
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA – FAET
CURSO DE ESPEC. EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO
“ANÁLISE DA SEGURANÇA DO TRABALHO EM
CONSTRUÇÃO DE TORRES DE INFRA-ESTRUTURA
PARA TELECOMUNICAÇÕES”
Trabalho apresentado para a conclusão do
curso de Especialização em Engenharia de
Segurança do Trabalho do ano de 2006 pela
UFMT.
Acadêmico: Edson de Souza
Orientadora: Luciane Cleonice Durante
Cuiabá, Agosto de 2006.
ANÁLISE DA SEGURANÇA DO TRABALHO EM CONSTRUÇÃO DE TORRES DE
INFRA-ESTRUTURA PARA TELECOMUNICAÇÕES
Edson de Souza, Engenheiro Civil, aluno do curso de Especialização em Engenharia de
Segurança do Trabalho/FAET/UFMT/ e-mail: [email protected]
Luciane Cleonice Durante, Engenheira Civil, professora assistente do curso de Arquitetura e
Urbanismo/FAET/UFMT/ e-mail: [email protected]
Ivan Júlio Apolônio Callejas, Engenheiro Civil, professor assistente do curso de Arquitetura e
Urbanismo/FAET/UFMT]/ e-mail: [email protected]
Marta Cristina de Jesus Albuquerque Nogueira, Engenheira Civil, Professora Doutora do
curso de Arquitetura e Urbanismo/FAET/UFMT/ e-mail: [email protected]
RESUMO: As comunicações fazem parte de nossa rotina diária através uma chamada de
telefone fixo ou móvel, um e-mail na Internet, um programa de TV ou de rádio oportunidades modernas imediatas da tecnologia da informação e da comunicação.
Entretanto, para tais facilidades, existe um outro lado, o da implantação das torres de
telecomunicações. Neste estudo, fez-se uma pequena apresentação sobre as estruturas mais
usuais das torres de telecomunicações, seus principais componentes e uma abordagem sobre a
segurança no trabalho na montagem em campo, nas diversas etapas construtivas. Utilizou-se a
técnica de APP – Análise Preliminar de Perigos - uma análise inicial qualitativa, de grande
importância na investigação de novos sistemas, que, apesar das características básicas de
análise inicial, é muito útil como ferramenta de revisão geral de segurança em sistemas,
revelando aspectos que às vezes passam despercebidos. Apesar da abordagem restrita, o
objetivo maior é promover novos estudos sobre o assunto, despertar a conscientização sobre a
segurança dos trabalhadores deste ramo de serviço, divulgar as condições de trabalho e exigir
maior fiscalização por parte dos responsáveis pelo cumprimento das Normas de Segurança.
Os resultados mostram que as atividades ou etapas de maior risco são: os acidentes com
veículos, movimento de cargas, queda de objetos. Alguns tipos de atividades durante a
montagem da torre devem ter prioridade nas medidas de prevenção ou de correção das
possíveis falhas.
Palavras-chave: Segurança do trabalho, construção de torres, telecomunicações.
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ABSTRACT: The communications are part of our daily routine, through the call of fixed or
mobile telephone, an email, a program of TV or radio - immediate modern chances of the
technology of the information and the communication. However, for such comfort, there is
another side, of the implantation of the towers of telecommunications. In this study it will be
made a small presentation on the structures most usual, its main components and a boarding
on the security in the work of assembly in field, the main risks and the risks associates until
the final implantation of the tower. It will be used the PHA - Preliminary Hazard Analysis - a
qualitative initial analysis, of great importance in the inquiry of new systems, that, despite the
basic characteristics of initial analysis, is very useful as tool of general revision of security in
systems, disclosing aspects that to the times pass unobserved. Despite the restricted boarding,
the highlight is to promote new studies on the subject, to awake the awareness on the security
of the workers of this branch of service, to divulge the work conditions and to demand greater
fiscalization by the responsible ones for the fulfillment of the Norms of Security. The results
shows that some activities or stages have great risks like: accidents with vehicles, movement
of loads, object fall. Some types of activities during the assembly of the tower must have
priority in the measures of prevention or correction of the possible imperfections
Key-words: Safety of the work, towers construction, telecomunications.
1. INTRODUÇÃO
A Internet como a conhecemos só foi aberta ao público a partir de 1993, até então, o uso de
troca de informações e comunicação era exclusivo do exército dos EUA e atualmente, após
treze anos, o Brasil iniciou o ano de 2006 com um crescimento do número de celulares
recorde para o mês de janeiro. Foi 1,26 milhões de novos celulares, patamar alcançado em
anos anteriores apenas a partir do mês de março. Com este crescimento, o Brasil atingiu em
janeiro de 2006 a marca de 87,5 milhões de celulares (47,2 cel/100 hab.), reforçando as
projeções de adições líquidas para o setor em 2006, entre 18 e 22 milhões. O Brasil deve
terminar o ano com 104 a 108 milhões de celulares e uma densidade de 56 cel/100 hab.
(TELECO, 2006).
Como conseqüência direta de todo este crescimento, haverá uma necessidade de um número
maior de torres de telecomunicações para atender esta demanda de tecnologia em todo
território nacional.
Esta demanda por sua vez, exige maior agilidade e rapidez nas instalações de torres de infraestruturas, o que significa menor prazo para a montagem da estrutura e instalação das antenas.
Esta pressão dá início a um processo do aumento da falta de segurança e um maior número de
acidentes de trabalho, o que nem sempre são relatados oficialmente.
Na montagem de torres para telecomunicações, existem alguns processos que implicam em
certos riscos caso haja qualquer tipo de negligência por parte dos trabalhadores ou pelo
contratante quanto à segurança, como o içamento das peças a grandes alturas, por exemplo.
Quedas de peças, ferramentas e acessórios, como porcas e parafusos principalmente, são
comuns durante a montagem. A ocorrência de acidentes com o trabalho em altura e quedas de
acessórios podem acarretar em fatalidade como a morte de um colaborador.
Neste sentido, o objetivo geral deste trabalho é analisar a atividade de montagem de torres de
telecomunicações sob a ótica da segurança do trabalho, considerando o emprego de mão-deobra terceirizada. Como objetivos específicos propõe-se descrever as etapas construtivas da
montagem de uma torre, realizar a identificação e classificação dos riscos na montagem de
torres de infra-estrutura para telecomunicações, apresentando um estudo de mapeamento dos
mesmos no processo de montagem das estruturas e propondo medidas preventivas e de
mitigação.
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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. Análise Preliminar de Riscos (APR) ou Análise Preliminar de Perigos (APP)
De acordo com DE CICCO e FANTAZZINI (1994), a Preliminary Hazard Analysis (PHA),
também chamada de Análise Preliminar de Perigos (APP) consiste no estudo, durante a fase
de concepção ou desenvolvimento prematuro de um novo sistema, com o fim de se determinar
os riscos que poderão estar presentes na sua fase operacional.
A Análise Preliminar de Riscos (APR) é, portanto, uma análise inicial "qualitativa",
desenvolvida na fase de projeto e desenvolvimento de qualquer processo, produto ou sistema,
possuindo especial importância na investigação de sistemas novos de alta inovação e/ou
pouco conhecidos, ou seja, quando a experiência em riscos na sua operação é carente ou
deficiente. Apesar das características básicas de análise inicial, é muito útil como ferramenta
de revisão geral de segurança em sistemas já operacionais, revelando aspectos que às vezes
passam despercebidos.
A APR não é uma técnica aprofundada de análise de riscos e geralmente precede outras
técnicas mais detalhadas de análise, já que seu objetivo é determinar os riscos e as medidas
preventivas antes da fase operacional. No estágio em que é desenvolvida podem existir ainda
poucos detalhes finais de projeto e, neste caso, a falta de informações quanto aos
procedimentos é ainda maior, já que os mesmos são geralmente definidos mais tarde.
Os princípios e metodologias da APR consistem em proceder-se uma revisão geral dos
aspectos de segurança de forma padronizada, descrevendo todos os riscos e fazendo sua
categorização de acordo com a MIL-STD-882 (Norma Militar Americana, Washington DC,
USA-1984) apud DE CICCO e FANTAZZINI (1993).
Quadro 01 - Categorias de risco segundo a MIL-STD-882.
CATEGORIA TIPO
CARACTERÍSTICAS
I
DESPREZÍVEL
- Não degrada o sistema, nem seu funcionamento
- Não ameaça os recursos humanos
MARGINAL
OU
LIMÍTROFE
- Degradação moderada / danos menores
- Não causa lesões
- É compensável ou controlável
II
III
IV
CRÍTICA
CATASTRÓFICA
- Degradação crítica
- Lesões
- Danos substanciais
- Coloca o sistema em risco e necessita de ações corretivas imediatas
para a sua continuidade e recursos humanos envolvidos
- Séria degradação do sistema
- Perda do sistema
- Mortes e lesões
Fonte: DE CICCO e FANTAZZINI (1993).
A partir da descrição dos riscos são identificados as causas (agentes) e efeitos (conseqüências)
dos mesmos, o que permitirá a busca e elaboração de ações e medidas de prevenção ou
correção das possíveis falhas detectadas, conforme LAMBERT & FREITAS (2003).
A priorização das ações é determinada pela categorização dos riscos, ou seja, quanto mais
prejudicial ou maior for o risco, mais rapidamente deve ser solucionado.
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Desta forma, a APR tem sua importância maior no que se refere à determinação de uma série
de medidas de controle e prevenção de riscos desde o início operacional do sistema, o que
permite revisões de projeto em tempo hábil, no sentido de dar maior segurança, além de
definir responsabilidades no que se refere ao controle de riscos.
Segundo DE CICCO e FANTAZZINI (1994), o desenvolvimento de uma APR passa por
algumas etapas básicas, a saber:
a) Revisão de problemas conhecidos: Consiste na busca de analogia ou similaridade com
outros sistemas, para determinação de riscos que poderão estar presentes no sistema que está
sendo desenvolvido, tomando como base à experiência passada.
b) Revisão da missão a que se destina: Atentar para os objetivos, exigências de desempenho,
principais funções e procedimentos, ambientes onde se darão as operações. Enfim, consiste
em estabelecer os limites de atuação e delimitar o sistema que a missão irá abranger: a que se
destina, o que e quem envolve e como será desenvolvida.
c) Determinação dos riscos principais: Identificar os riscos potenciais com potencialidade para
causar lesões diretas e imediatas, perda de função, danos a equipamentos e perda de materiais.
d) Determinação dos riscos iniciais e contribuintes: Elaborar séries de riscos, determinando
para cada risco principal detectado, os riscos iniciais e contribuintes associados.
e) Revisão dos meios de eliminação ou controle de riscos: Elaborar um brainstorming dos
meios passíveis de eliminação e controle de riscos, a fim de estabelecer as melhores opções,
desde que compatíveis com as exigências do sistema.
f) Analisar os métodos de restrição de danos: Pesquisar os métodos possíveis que sejam mais
eficientes para restrição geral, ou seja, para a limitação dos danos gerados caso ocorra perda
de controle sobre os riscos.
g) Indicação de quem levará a cabo as ações corretivas e/ou preventivas: Indicar claramente
os responsáveis pela execução de ações preventivas e/ou corretivas, designando também, para
cada unidade, as atividades a desenvolver.
A APR tem grande utilidade no seu campo de atuação, porém, como já foi enfatizado,
necessita ser complementada por técnicas mais detalhadas e apuradas. Em sistemas que sejam
já bastante conhecidos, cuja experiência acumulada conduz a um grande número de
informações sobre riscos, esta técnica pode ser colocada em by-pass e, neste caso, partir-se
diretamente para aplicação de outras técnicas mais específicas.
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2.2. Torres de Telecomunicações
Existem dois tipos de torres para telecomunicações, as torres autosuportadas e as torres
estaiadas (BRASILSAT, 2006).
As torres estaiadas (TE) (Figura 01a) são destinadas a implantações com grande
disponibilidade de terreno, sendo uma excelente alternativa para redução de custo,
principalmente para torres com alturas elevadas. São suportadas pelos estais.
As torres Autoportantes (TAS) (Figura 01b) possuem base de seção quadrada ou triangular,
são muito utilizadas por apresentarem excelente relação custo/benefício nas soluções para
sistemas de Microondas, Celulares, Televisão e Rádio.
Figura 01: Torre Estaiada e Autosuportada, respectivamente.
Segundo MENIN (2002), as torres são compostas das seguintes peças:
a) Stub’s e/ou chumbadores: peça estrutural principal utilizada nas fundações (Figura 02);
b) Montante: peça estrutural fundamental que dá suporte a torre (Figura 02);
c) Diagonais: peça estrutural de formação das treliças da torre (Figura 02);
d) Horizontais: peça estrutural que suporta o antitorção, travessa de escada e plataformas de
descanso/iluminação e trabalho (Figura 02);
e) Braços: peças secundárias que travam os montantes dando rigidez à treliça; são fixadas na
diagonal/montante ou diagonal/horizontal ou montante/horizontal (Figura 02);
f) Antitorção: peça estrutural que evita a torção da torre (Figura 04);
g) Travessa de escada: peça secundária que serve para fixação do módulo de escada e das
plataformas de descanso e trabalho das torres (Figura 02);
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h) Plataformas de descanso: existem ao longo da estrutura com a finalidade de fornecer
patamares de descanso durante a escalada da estrutura (Figura 03);
i) Plataformas de trabalho: para facilitar a instalação e manutenção das antenas (Figura 03);
e,
j) Plataformas de topo: idem às plataformas de trabalho, porém, sua localização fica no topo
da estrutura.
Montante
Horizontal
Braços
Diagonal
Stub
Figura 02: Algumas peças estruturais
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Travessa de
escada
Plataforma
Cabo
trava-quedas
Escada
Figura 03: Escada e plataformas.
Estais
Anti-torção
Figura 04: Anti-torção e cabos de estais.
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2.3.Trabalho em altura
Conforme MOREIRA (2004), o trabalho em altura, também denominado trabalho vertical é
uma das principais causas de acidente do trabalho fatal no Brasil e no mundo. Alguns ramos
de atividades profissionais se destacam, em particular a Construção Civil, Telecomunicações,
Produção e Distribuição de Energia Elétrica, Conservação e Manutenção Predial, Montagens
Industriais e outras.
Anualmente centenas de profissionais que desenvolvem atividades de risco sofrem acidentes
muitas vezes fatais, por falta de equipamentos adequados ou muitas vezes, por não saber
manuseá-los de forma correta. Esses fatores ocorrem não por falta de capacidade, mas sim,
por falta de treinamento correto que alerte essas pessoas para detalhes essenciais e existe
também a falta de boas condições físicas e psíquicas do trabalhador, conforme MOREIRA
(2004).
Há uma grande variedade de condições clínicas que poderiam afetar o estado de saúde do
trabalhador e contribuir para a queda de planos elevados, originando sérios acidentes, muitas
vezes levando à morte, como a epilepsia, vertigem e tonteira, movimentação,
cardiovasculares, psicológicos, em particular a ansiedade e fobia de altura (acrofobia). Ainda
segundo MOREIRA (2004), concomitante com essas condições clínicas, outros fatores
circunstanciais que independem de exame médico prévio devem ser considerados, é o caso do
consumo de bebida alcoólica pelo trabalhador antes de iniciar o trabalho em locais altos, a
alimentação inadequada, as noites mal dormidas e o uso de medicamentos que atuam sobre o
sistema nervoso central, os quais nem sempre podem ser identificados nos exames
ocupacionais.
Com relação aos equipamentos de segurança, MIRANDA (2003), estes obedecem a diversos
tipos de normas, para cada tipo de equipamento existe uma determinada regulamentação. No
caso dos EPI´s, o Ministério do Trabalho exige a apresentação do C.A. (Certificado de
Aprovação), emitido pelo próprio ministério após laudo de laboratório homologado.Antes da
utilização dos equipamentos, os mesmos devem passar por uma inspeção dos seus usuários e
devem, impreterivelmente, estarem em boas condições, principalmente cordas, cintos e
mosquetões.
3. METODOLOGIA
3.1 MATERIAIS
A identificação dos riscos foi baseada em experiência adquirida do autor do trabalho e em
alguns estudos de casos, que durante as visitas realizadas em campo, desde sua fundação até a
conclusão dos trabalhos de montagem, possibilitaram a identificação os riscos mais comuns
envolvidos em uma montagem de torre para telecomunicação.
No entanto, por se tratar de diferentes equipes terceirizadas, geralmente distribuídas em
diversas regiões do país, é válida a afirmação que cada uma tenha suas próprias dificuldades
com a região de trabalho, o que proporciona novos tipos de riscos e acidentes, pois envolvem
outras pessoas e até mesmo alguns equipamentos especiais.
3.2 MÉTODOS
Durante as visitas, foram observados alguns itens, que normalmente não são levados em
consideração, por exemplo: onde estas pessoas dormem, onde se alimentam, onde se sentam,
os locais de armazenagem de alimentos, a higiene durante as refeições, o grau de instrução, a
experiência em certos tipos de atividades, consumo de água e outros.
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Os princípios e metodologias da APR consistem em proceder-se uma revisão geral dos
aspectos de segurança de forma padronizada, descrevendo os riscos e fazendo sua
categorização de acordo com a MIL-STD-882 apud DE CICCO e FANTAZZINI (1993). A
partir da descrição dos riscos são identificados as causas (agentes) e efeitos (consequências)
dos mesmos, serão elaboradas proposta de ações e medidas de prevenção ou correção das
possíveis falhas detectadas.
A priorização das ações é determinada pela categorização dos riscos, ou seja, quanto mais
prejudicial ou maior for o risco, mais rapidamente deve ser solucionado, o que permite
revisões de projeto em tempo hábil, no sentido de dar maior segurança, além de definir
responsabilidades no que se refere ao controle de riscos.
4. RESULTADOS
Desde a montagem das primeiras peças de uma estrutura, são inúmeros os riscos que ocorrem,
existe a possibilidade das mesmas se desequilibrarem e caírem sobre o montador, perfurações
causadas pelas quinas das peças, aperto ou esmagamento de dedos, após uma determinada
altura, tem-se o risco de parafusos e ferramentas que caem, podendo causar danos
irreversíveis caso o montador não esteja usando os EPI´s adequados.
Da fundação até a entrega da torre, existem várias etapas construtivas apresentando uma série
de riscos como escavações a céu aberto, trabalho em altura, trabalho com máquinas e
equipamentos, operações perigosas, más condições sanitárias e de conforto nos locais de
trabalho, ergonomia, ataques de animais peçonhentos, transporte e movimentação de cargas
dentre outras.
O processo de levantamento das peças requer muitos cuidados, uma logística de trabalho deve
ser realizada previamente, com o intuito de prevenir e evitar acidentes que venham
comprometer o andamento do trabalho, principalmente por ações de vento. O içamento das
peças implica em utilização de guindastes e deve demorar o menor tempo possível, devido às
ações de vento, que podem desestabilizar as peças e causar graves acidentes.
Antes de qualquer iniciativa, é necessário que as fundações já tenham sido executadas e
respeitar o prazo mínimo de cura do concreto antes de começar a montagem da torre, prazo
este que decorre no mínimo de 72 horas após a última concretagem.
A partir do instante que o carregamento é desembarcado no local da futura instalação, as
primeiras peças a serem colocadas são os montantes, que darão suporte para as demais peças.
Independente da geometria da torre, quadrada ou triangular, é necessário que sejam colocadas
as diagonais e em seguida, os braços e travamentos horizontais, formando assim a primeira
treliça. Após o aperto dos parafusos, a torre começa a adquirir estabilidade e permite que os
montadores subam por seus montantes, braços e horizontais para iniciar construção da
próxima treliça.
As ferramentas utilizadas pelos montadores são geralmente chaves de boca, furadeiras,
parafusadeiras elétricas e etc.
Em pontos estratégicos da estrutura, existem adaptações para receber a “mão-francesa”
(conhecido como pau-de-carga), uma peça que possui uma roldana na extremidade, por onde
passa a corda que será utilizada para o levantamento das peças para montar a próxima treliça
ao logo da altura da torre.
É comum também que as peças mais pesadas, como os montantes, por exemplo, sejam
levantados por guindastes, porém, este possui limitações quanto à altura, espaço de trabalho e
com relação à existência de cabos da rede elétrica, quando realizado dentro de cidades.
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Na seqüência, são levantadas as plataformas e montadas em suas respectivas alturas, até
chegarem ao topo da torre. Posteriormente, é passado o cabo de aço pela escada, onde será
instalado o trava-quedas, para visitas de inspeção e manutenção. As lâmpadas de balizamento
da torre são instaladas após o término de montagem das plataformas.
Por último, a torre recebe as antenas com seus cabos de instalação e passa atuar em modo
operacional.
Apresenta-se na tabela 1, a identificação dos riscos nas diversas etapas construtivas,
classificadas por categoria de risco conforme DE CICCO e FANTAZZINI (1993).
De acordo com os resultados, as causas dos acidentes geralmente são por falta de
conhecimentos adequados quanto às funções a serem desempenhadas e equipamentos a serem
manuseados, ou seja, o despreparo e a falta de conscientização dos princípios básicos da
segurança.
Como efeitos, podem ocorrer desde uma pequena lesão até uma fatalidade, mas que de acordo
com medidas preventivas ou corretivas adequadas, pode minimizar as chances de ocorrência
de dos efeitos apresentados.
Os riscos de categoria II podem ser caracterizados por não causarem lesões e com danos
menores, suas conseqüências são mais simples de corrigir.
Na categoria III, os riscos apresentam uma classificação crítica, por causarem principalmente
lesões e danos substanciais, comprometendo as atividades. Requer um investimento maior em
instrução aos trabalhadores, capacitação para as atividades e manutenção geral dos
equipamentos.
Já os riscos com categoria IV causam sérias degradações do sistema, pois pode ocorrer a
paralisação total das atividades no caso de fatalidades, desestruturando psicologicamente os
demais componentes do grupo.
Alguns riscos associados, que geralmente não são abordados, como alimentação, postura de
trabalho e acidentes com animais peçonhentos, também contribui diretamente para a
ocorrência dos principais acidentes.
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Tabela 1: Análise Preliminar de Riscos na construção de estruturas de torres.
PRINCIPAIS
RISCOS
Acidentes com
veículos (caminhões;
guindastes;
betoneiras, carros.)
Trabalho em altura
CAUSA
EFEITO
Inabilidade
Falta de atenção dos
motoristas
Veículos em má condição de
manutenção
Falta de conhecimento sobre
o equipamento
Falta de treinamento e
prática
Lesão
Fratura
Morte
CAT.
RISCO
IV
Lesão
Fratura
Morte
IV
Trabalho com
Inabilidade
Lesão
movimento de cargas Falta de atenção dos
Fratura
operadores
Morte
Incidência vento
Mau posicionamento da peça
durante içamento
IV
MEDIDAS PREVENTIVAS
OU CORRETIVAS
Incentivo para reduzir
acidentes com veículos
Manutenção preventiva
Treinamento
Treinamento constante e
correto
Cursos periódicos de
atualização de detalhas
simples, porém essenciais.
Operador habilitado
Evitar movimentar cargas em
períodos com grandes rajadas
de vento
Prever pontos de içamento
antes da execução da tarefa
Equipamentos
elétricos
(Parafusadeira,
lixadeiras,
marteletes)
Choque elétrico
Ruídos
Falta de atenção durante
manuseio
Vibração
Lesão
Cortes
Fratura
Queimadura
(1)
PAIRO
Queda de objetos
Falta de atenção
Armazenamento
inapropriado
Lesão
Fratura
Morte
Má digestão
Desidratação
Intoxicação alimentar
Falta de concentração
Tonturas
Câimbras
Sonolência
II
Acidentes com
Trabalho em locais
animais peçonhentos desconhecidos e isolados
Abertura de caminho para a
chegada da estrutura e
suprimentos
Picadas
Inchações
Morte
IV
Postura física
(Ergonomia)
Lesão
Distensões
III
Dores musculares
Posicionamento adequado
durante execução das tarefas
Queimaduras de pele Grande exposição aos raios
solares
Desidratação
Inchações
Câncer de pele
II
Ingestão de líquidos
Uso de protetor solar
Uso de sombreiro e roupas
Esmagamento de
Membros
Lesão
Fratura
Perda membros
III
Alimentação e
Descanso
Locais apertados
Locais confinados
Postura inadequada
Falta da atenção
III
IV
Treinamento
Supervisão
Uso de EPI
Aterramento adequado
Manutenção dos
equipamentos
Delimitação de área de
trabalho
Uso constante de capacete
Recipientes adequados para
armazenagem de peças
pequenas
Local adequado de
armazenagem de alimentos
Local apropriado para
descanso
Ingestão de líquidos
Uso de botas de couro cano
longo;
Treinamento preventivo de
primeiros socorros
Treinamento
Conscientização para obter
maior concentração durante o
trabalho.
(1)
PAIRO – Perda Auditiva Induzida por Ruído Ocupacional
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Na montagem de estruturas de torres são encontrados diversos riscos conforme a tabela
apresentada anteriormente, dentre eles podemos citar os de acidente com veículos (caminhões,
guindastes, betoneiras, carros) que são causados pela inabilidade, falta de atenção dos
motoristas e veículos em má condição de manutenção, podendo causar lesão, fratura ou morte
aos trabalhadores. Como medida corretiva ou preventiva, adota-se o incentivo na redução de
acidentes com veículos, a manutenção preventiva e o treinamento dos trabalhadores
envolvidos nas atividades.
Trabalhos que envolvem movimento de cargas também são passíveis de grandes riscos, a
maneira como se prende os cabos nas peças podem ser inadequados e durante o içamento
podem se desprender e cair. A inabilidade, a falta de atenção dos operadores, que em
determinadas situações passam cargas por cima de locais com concentração de pessoas
trabalhando, a incidência do vento que pode levar a peça a encostar-se a linhas de energia,
causando acidentes com choque-elétrico, cujos efeitos podem resultar em lesão, fraturas e
causar a morte. Nestas situações, as medidas preventivas ou corretivas devem focar uma
melhor instrução ao operador e conscientizar que se deve evitar movimentar cargas em
períodos com grandes rajadas de ventos, passar cargas em locais que tenham pessoas
trabalhando e verificar os pontos de içamento antes do início da atividade.
Equipamentos elétricos como parafusadeiras, lixadeiras, marteletes também são grandes
causadores de acidentes, causados por choque elétrico, ruídos, falta de atenção durante o
manuseio, vibrações que tem como conseqüências, lesões (nervosas ou musculares), cortes,
fraturas, queimaduras e a perda auditiva induzida por ruído ocupacional (PAIRO), estas
atividades por serem executadas fora das dependências da empresa, a presença de um técnico
de segurança nem sempre é possível, ficando a responsabilidade a cargo da própria equipe de
montagem. Como medidas de combate a estes efeitos, treinamento e supervisão dos
equipamentos é de fundamental importância, seguida de um adequado aterramento e
manutenção dos equipamentos.
A queda de objetos neste tipo de estrutura (Figura 05) gera este risco que se tornou comum,
durante a subida na torre, pode ocorrer que alguma ferramenta ou peça, parafusos
principalmente, caiam, geralmente acontece por falta de atenção e por armazenamento
inadequado destes objetos. Para quem está trabalhando no nível do solo, as conseqüências
deste incidente podem resultar em lesões, fraturas e morte (Figura 06). Para tanto, as medidas
preventivas devem ser rigorosamente implantadas, com o uso obrigatório de capacetes e um
acessório para armazenagem adequada de parafusos e ferramentas durante a subida.
Figura 05: Queda de um parafuso.
Figura 06: Impacto amortecido pelo uso de EPI.
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Durante a chegada até o local de implantação da estrutura, às vezes é necessário à abertura de
“picadas”, as conseqüências são os ataques dos mais variados tipos de animais, geralmente
peçonhentos, aqueles que possuem glândulas de veneno que se comunicam com dentes ocos,
ou ferrões, por onde o veneno passa ativamente, portanto, são os animais que injetam veneno
com facilidade e de maneira ativa, deixando inchações ou podendo causar a morte do
indivíduo. Nestas situações, as medidas a serem adotadas são o uso de botas e luvas de couro
cano longo e um treinamento preventivo de primeiros socorros (SESRJ, 2006).
Outro risco citado na tabela se refere à postura física que os trabalhadores necessitam ficar
para realizar as atividades, a sua causa é devido ao trabalho em locais confinados e em locais
que impossibilitem a movimentação, como conseqüência disso tem-se as lesões, distensões e
dores musculares, como medida corretiva ou preventiva cita-se o adequado posicionamento
do trabalhador durante a execução das tarefas.
A queimadura de pele é um outro fator de risco que é destacado na tabela e são causados em
sua grande maioria pela grande exposição aos raios solares, podendo causar desidratação,
inchação e câncer de pele. Pode-se prevenir estes acidentes com a ingestão constante de
líquidos e uso de protetor solar.
Menos comuns, porém não menos importantes, são os acidentes por esmagamentos de
membros durante a montagem das estruturas, que também são destacados na tabela, que
ocorrem geralmente por falta de atenção dos trabalhadores, vindo a causar lesões, fraturas e
perdas de membros. A prevenção se faz através de treinamento e conscientização para a
importância da concentração no período laboral.
Os EPI´s geralmente utilizados que são comentados no quadro são: luva de couro para o
manuseio das peças, óculos para evitar a entrada de corpos estranhos nos olhos, botas com
biqueira de aço, protetor auricular, protetor solar, capacetes, cintos, talabarte duplo, dentre
outros.
A indicação de uma pessoa como responsável pelas ações corretivas e/ou preventivas de todo
o processo de montagem de estruturas ainda está longe de ocorrer. No entanto, algumas
empresas que possuem uma política mais séria de qualidade de vida para seus funcionários,
começam aos poucos incrementar este item como valorização do trabalhador, que é o maior
patrimônio de uma empresa.
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5. CONCLUSÃO
O Engenheiro e Técnicos do Trabalho devem estar muito bem familiarizados com as
condições de trabalho. Os trabalhadores que realizarão as atividades nos planos elevados
(trabalho em altura) devem ser submetidos a rigoroso exame clínico no exame admissional,
onde a história clínica atual e pregressa é indispensável. O exame clínico deve averiguar os
possíveis distúrbios que poderão causar acidente por queda, desde a acrofobia até a existência
de epilepsia. O encarregado pela realização do trabalho deve sempre perguntar ao trabalhador
se o mesmo se encontra em condições de realizar o trabalho naquele momento e, se não
estiver se sentindo seguro, esse trabalhador não deve ser autorizado a executar o trabalho.
Periodicamente, o estado de saúde do trabalhador deve ser reavaliado com o mesmo rigor
clínico do exame admissional e, sempre que necessário e indicado, complementado por testes
diagnósticos.
Por ser um trabalho realizado, na maioria dos casos, em locais distantes dos grandes centros,
muitas considerações sobre segurança do trabalho nem sempre são levadas em conta, fato que
pode ser facilmente comprovado, uma vez que em regiões onde a falta de instrução e os
índices de pobreza atingem com maior intensidade a população, muitos trabalhadores se
arriscam em atividades perigosas para garantir o sustento da família. Na maioria das vezes,
não possuem qualquer conhecimento sobre os procedimentos de sua própria segurança.
De modo geral, estes tipos de acidentes mais comuns são facilmente controlados quando a
empresa contratante dos serviços se dispõe a fiscalizar com maior rigidez o andamento dos
trabalhos exigindo a utilização de EPI´s a partir do contrato, prática ainda muito pequena
entre as empresas operadoras de telecomunicações, mas que começa a crescer frente aos
grandes avanços que a engenharia de segurança do trabalho vem causando com a
conscientização de que a prevenção é sempre mais barata.
Os riscos abordados neste estudo têm como objetivo alertar e nortear outras pesquisas sobre o
tema visto a escassez de trabalhos sobre o assunto em questão, que está cada vez mais
presente com a crescente demanda por tecnologia digital, mas que passa despercebido pela
sociedade.
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6. BIBLIOGRAFIA
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