Boletin Ano 01
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Boletin Ano 01
ACBANTU! 6 ANOS PRESERVANDO A MEMÓRIA DE NOSSOS ANCESTRAIS! Feliz Aniversário, ACBANTU! No dia 08 de dezembro de 2000, foi criada a Associação Cultural de Preservação do Patrimônio Bantu, ACBANTU, tendo como objetivo principal unir pessoas e grupos para o engrandecimento do Povo Afrodescendente, contribuindo para o resgate das suas tradições, promovendo e incentivando ações culturais que visam a defesa e promoção da cidadania nas áreas de educação, saúde, profissionalização, Promoção Social, Segurança Alimentar e Nutricional, envolvendo crianças, adolescentes e jovens, mulheres, idosos, portadores de necessidades específicas, portadores de HIV/AIDS, gerando assim o bem estar da coletividade. Atualmente, nossa Associação está presente em 16 estados, composta por mais de 1.300 Comunidades Religiosas de Matriz Africana e Sessenta e Duas Comunidades Quilombolas de diversos Estados do Brasil, além de articular diversos Grupos de Capoeira Angola da Região Metropolitana de Salvador, Associações Comunitárias de Educação e Promoção da Cidadania, Congadas, etc. Nossa ação vai desde a Preservação da memória ritual e do Patrimônio Imaterial artístico, Cultural e filosófico, até a proposição do exercício pleno de cidadania. Participamos dos seguintes espaços de mobilização social: Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional Comissão Nacional de Desenvolvimento Sustentável das Comunidades Tradicionais Parceiro do Programa Fome Zero sob o número 0067 Rede de Educação Cidadã – Talher Bahia Rede Brasileira de Justiça Ambiental Rede Nacional das Religiões de Matriz Africana e Saúde Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional do Estado da Bahia e do Município de Salvador Comitê Estadual do Estatuto da Igualdade Racial Comitê Gestor Bolsa Família de Salvador Conselho Municipal de Saúde de Salvador Conselho Municipal de Alimentação Escolar de Salvador Comitê de Controle do Bolsa Família de Salvador Conselho Municipal de Desenvolvimento das Comunidades Negras Grupo Gestor do Parque S. Bartolomeu Aos nossos Ancestrais que nos inspiram e estão presentes em nossas lutas diárias. Às Comunidades Tradicionais Afrodescendentes, nosso Povo de Terreiro, que cada vez mais se une e fortalece sua marca na História. Ao Presidente da República: Luis Ignácio Lula da Silva, por seu compromisso e ações de construção de canais de diálogo do poder público com a População Negra Brasileira. Ao Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, através do Ministro Patrus Ananias que desafiou o racismo institucional e mobilizou suas Secretarias a vencerem barreiras no sentido de efetivar a inclusão de nossas Comunidades Tradicionais Afrodescendentes nos Programas Sociais do Governo Federal. À Fundação Cultural Palmares, na pessoa do Prof. Dr. Ubiratan Castro, através da sua luta, consegue fazer doações para os Terreiros de Candomblé, que pela primeira vez recebem as cestas básica, que são entregue através da ACBANTU e meses depois, os Terreiros do Brasil são contemplados. O compromisso de todos os membros desta instituição é decisivo na efetivação de nossos direitos. À Representação da Bahia, na pessoa da Profª Lindinalva Barbosa que gerou conosco o nascimento da Rede KÔDYA. À Companhia Nacional de Abastecimento, na pessoa de Dr. Jacinto, por sua fidelidade às aspirações dos pequenos produtores, agricultores familiares e quilombolas. À Superintendência Regional da CONAB Bahia/Sergipe, na pessoa de Drª Rose Ponde por considerar as Comunidades Tradicionais Afrodescendentes um presente diário em sua vida e abrir para nós os armazéns e as portas de um novo conhecimento a respeito das nossas potencialidades locais. Ao IPAC na pessoa do Prof. Dr. Julio Braga, à Petrobrás – Unidade de Negócios da Bahia (Serviços Compartilhados), Pegeout, Tetrapak, Cerâmica Brasileira Cerbrás e demais parceiros que venceram as barreiras do preconceito e discriminação racial e acreditaram na força do povo para constituir respostas de transformação social para si mesmo. Ao Prof. Paulo Lima e Equipe da Fundação Gregório de Matos pela realização do Programa Mestres Populares, Salvador – Bahia. Ao AGANJU e ao Programa Relações Raciais e Direito da UFBA pela parceria no atendimento às Comunidades Religiosas de Matriz Africana. À Casa de Angola na Bahia, CEAO/UFBA, SEMUR, FNDE/ME e ao Deputado Estadual Álvaro Gomes. ` NZAAMBI, BAKULU1 ETU YE ZA NKISI KAKALA YETU! ` (DEUS, OS NOSSOS ANCESTRAIS E OS NKISI ESTÃO CONOSCO!) 1 ACBANTU! 6 ANOS PRESERVANDO A MEMÓRIA DE NOSSOS ANCESTRAIS! Traços José Carlos Limeira ANO 1 — Nº 1 — SALVADOR, BAHIA, BRASIL Carrego comigo os traços Sonhos dos oprimidos Contas e adereços ACBANTU! 6 ANOS PRESERVANDO A MEMÓRIA DE NOSSOS ANCESTRAIS! MOKOIU, NZAAMBI! MOKOIU, BAKULU!1 Que falam de muitos sentidos Que contam dos nossos feitiços Que mostram certos endereços Entre o sim e o não do que há Dos nossos maiores acertos DIRETORIA DA ACBANTU: No branco de Leembá Presidente: Raimundo Nonato da Silva – Taata Lubitu Konmannanjy – Unzó kwa Mpaanzu Vice Presidente: Umberto Carvalho Bastos – Taata kivonda Jimukwendemi – Ganzua Mokambu Monoguzu Tesoureiro: Heliosvaldo Nunes – Taata Kambando Ansizzi – Unzó Sidiratukwa Diretora Social: Celina Almeida - Mona kwa ‘Nkisi Leemba de Lê - Nzo Nge Junçara Diretora Cultural: Lindalva Santana – Mona kwa ‘Nkisi Ngejemí – Unzó Awziidi Junçara De Roji ostento o azul Uso de todas as cores Do vermelho e rouge de Nzila Aos colares de laguidbá Minhas contas de coral, Âmbar e louça Vão do verde de Katende Ao ouro da Kisiimbi mais moça Ando cheios de marcas Provas de boa herança Nas sextas só uso branco Nas quartas vermelho franco Nos cabelos, as vezes tranças Agradecimentos 4 Sou do povo que tem fé Em Deuses da cor mais cor Uns que cuidam das doenças Outros de encanto e amor Dizem que sou do babado Dizem que sou mandingueiro Que entendo de quebranto De como chamar dinheiro Digam o que quiserem Eu sou de um povo de fibra Que resiste ao que der e vier Que desfaz as intrigas Que guarda da beleza das folhas Ao sabor do acarajé Ao molocum de Dandaluunda Ao amalá de meu Pai CONSELHO FISCAL: Anísio Circuncisão de Carvalho; Jorge Luís Pereira da Silva – Taata Konmukeenge - Ile Asé Oman Ogun Lonan; Ana Lucia Santos Almeida – Makota Deloiá- Unzo Kwa Mpaanzu; Geurena Passos Santos – Mameto Lembamuxi – Terreiro Tumbensi; Luciana Galvão; Ana Paula da Silva Almeida – Kota Tamufarewá – Unzo Luanda Junsa DEPARTAMENTOS: Coordenação Nacional Rede KÔDYA: Ana Maria Placidino – Ile Asé Ifaiybalé Já Kolé; Patrimônio Imaterial: Raimundo das Neves – Taata Xikarongoma Kasutemi – Terreiro S. Jorge Filho da Goméia – Portão; Coordenação Nacional de Quilombos: Walmir dos Santos – Quilombo de Tijuaçu – Senhor do Bonfim; Bakeentu (Mulheres): Fabiane da Silva Almeida – Kota – Unzó Luanda Junsa – Lauro de Freitas, Vandete Soares – Unzo Mameto Kalunga Capoeira: Mestre Romualdo Santos - Moa de Katende, Contra Mestre Valdec Lôboasi; Congada: Rosângela Paulino – Comunidade dos Arturos – Minas Gerais; Pesquisa: Taata Landemukosi – Unzó Tanuri Junçara, Mona kwa Nkisi Ngejemí – Unzó Awziidi Junçara Conselheiros Africanos Bantu: Padre Joaquim Kamau Njani (Kênia) – S. Paulo e Reverendo Simão Linhas Kindoki (Angola) – Salvador; ‘Nleeke (Juventude): ,Jufânia Santos, Nadjara Silva Santos; Ambiental: João Reis – Taata Kambando - Unzó de Angorô, Hildelcilia Cabral Mameto kwa ‘Nkisi - Unzó Mansu Jikinsaba – Salvador Maviimpe (Saúde): Rosielma Santos Mbuta (Idoso): José Kafurepaanzu – Unzo kwa Mpaanzu, Mãe Mariá – Terreiro Raízes de Ayrá . Sou do povo do bakisi EXPEDIENTE: De quem não se ouve um ai MAZELELE ACBANTU!06 ANOS CULTUANDO E PRESERVANDO A MEMÓRIA DE NOSSOS ANCESTRAIS! Sou filho de Luiza Gaiacu, de Gombenazazi, de Kasindé de Kafurepaanzu, de Nausi de Jiringê, de Stela, de Val, de Lawê Demí, de Hilda Jitolu De Deré, de Bebé do Tanuri. Sou desse Povo de Santo. E se quiser outro tanto, sou mesmo é de Candomblé. Publicação: Associação Cultural de Preservação do Patrimônio Bantu – ACBANTU Rua João de Deus, 17 – Térreo 003 – Centro Histórico Pelourinho CEP.: 40026-250, Salvador, Bahia Telefax: (71)33215135 Email: [email protected] – [email protected] Texto e Edição: Ana Placidino e Taata Raimundo Konmannanjy NGUUNZU YE NGUUNZU KWA MBIZI ZA MAZA MU KALUUNGA! (FORÇA E FORÇA COMO PEIXE NO MAR!) Nossos Ancestrais. Boletim ACBANTU (Montado).pmd 1 29/6/2007, 14:29 BAKULU ETU 2 No Brasil, os escravizados africanos de origem Bantu foram os primeiros a chegar, logo no início da escravidão a partir do século XVI na condição de escravo rural para o desbravamento e povoamento da terra. “É pouco conhecida a contribuição da cultura Bantu no Continente Americano. No entanto, sua grande influência está presente em diversos países da Diáspora Africana. Suas habilidades com artes plásticas eram admiradas como verdadeiras jóias de arte africana. Na música o Calipso, o Jazz, os Spirituals tem influência Bantu. Nos instrumentos musicais: tam-tam, ngoma, tambor, tumba, bongo e muitos outros. Na culinária, em particular, o Bantu tem grande influência nos povos do Continente Americano, Caribe e Cuba.” Lázaro Cabrera Thompson. Porém, sua visibilidade e resistência Cultural são pouco destacadas no nosso meio. Por isso, a ação da ACBANTU, visa resgatar um Patrimônio Histórico, Cultural e Social escondido como tesouro guardado em grandes baús. Deles partiu a constituição dos Quilombos, enquanto movimento de libertação e resistência, o Candomblé da Nação Angola, Congo e Amburaxó se origina a partir do Povo Bantu, além das expressões culturais como “Nego Fugido”, “Zambiapongo”, Ternos de Reis, Congadas, Jongo, etc. Na Região Metropolitana de Salvador, a Identidade Cultural Bantu, ao longo dos anos, foi preservada, principalmente pelos Terreiros e Casas de Culto do Candomblé da Nação Angola, Congo e Amburaxó. A ACBANTU busca inovar a forma de Preservar, revitalizar e transmitir o Patrimônio Civilizatório de Matriz Africana ao mesmo tempo em que promove a inserção das Comunidades Afrodescendentes na busca pela Igualdade Étnica e Racial e na proposição de Políticas Públicas de Inclusão Social. Nossos Ancestrais “Este é o sopro dos Antepassados... Os que morreram nunca partiram, estão na sombra que se ilumina E na sombra que se torna espessa, os mortos não estão debaixo da terra: Estão na árvore que estremece, estão no bosque que geme, estão na água que corre, Estão na água que dorme, estão na cova, estão na multidão: os mortos não estão mortos... Os que morreram nunca estão ausentes, Estão no seio da mulher, estão na criança que chora, e no tição que se inflama. Os mortos não estão debaixo da terra, Estão no fogo que se apaga, estão nas ervas que choram, estão no penhasco que se lamenta, Estão na selva, estão na mansão. Os mortos não estão mortos.” Cultura Tradicional Bantu – P. Raul Ruiz Asua Altuna. Em nossas Memórias para sempre: Nomes: Cirilo Apolônio da Silva, Maria Francisca Pereira da Silva, Otaôzi, Taata Taweshê, Lawê Demí, Doroteia,Kasindé, Jiringê, Mutaleji, Mona Zazi, Marinalva, Mãe Bebé, Tenente Flávio da Silva – Tata do Unzo Luanda Junça, Sr. Manuel do município de Camaçari, Lino de Almeida, Vitalina Madalena do Rosário – Kota Suaiaia – Maria Bernadete – Kwatu Lemburá 1 No idioma Bantu Kikoongo: “Sua benção, Deus; sua bênção, Ancestrais!”. ACBANTU! 6 ANOS PRESERVANDO A MEMÓRIA DE NOSSOS ANCESTRAIS! 2 ACBANTU E REDE KÔDYA: BREVE BALANÇO DAS ATIVIDADES Desde a Primeira Mesa Redonda realizada com o objetivo de preparar e avaliar o processo de distribuição emergencial de alimentos, as Comunidades Terreiros passaram a expressar sua constante luta pelos direitos fundamentais à vida. É marcante o enfrentamento diário das diversas formas de racismo institucional existentes. Com o decorrer das atividades percebemos o fortalecimento da união constituída entre as Comunidades Urbanas e as Comunidades Rurais. Diversos momentos de intercâmbio, sobretudo com os Jovens das Comunidades, foram realizados. Vivemos momentos marcantes nas Mesas Redondas realizadas na Região Metropolitana de Salvador e no Recôncavo Baiano onde celebramos a Memória de Antigas Lideranças Religiosas e suas ações em benefício da população local. Muitos cantos e rezas eram entoadas pelos presentes, em diversas etnias, em forma de agradecimento aos Ancestrais. O alimento se tornou um símbolo muito importante neste momento da caminhada. A cosmovisão de origem africana estabelece uma relação transcendente com o alimento. Desta forma, o alimento foi instrumento motivador na luta pela cidadania e da continuidade de passos em direção aos mais necessitados do bairro, independentemente de religião, etnia/raça, índole e situação social. Foram realizadas 20 (Vinte) Plenárias de Segurança Alimentar e Nutricional. Destacamos a Plenária que contou com a presença do Ministro Patrus Ananais do MDS, a Plenária com a Secretária Executiva do MDS, Drª Márcia Lopes, realizada na Comunidade Terreiro Mansu Dandaluda Kokuazenza e a Plenária com o Dr. Jacques Diouf (coordenador da FAO/ONU), onde a Rede KÔDYA e a ACBANTU receberam a medalha da FAO em reconhecimento ao trabalho desenvolvido junto às Comunidades Tradicionais Afrodescendentes. Outra conseqüência dessa organização é a participação social das Comunidades Tradicionais Afrodescendentes em diversos espaços de participação e controle social. Sendo assim, a ACBANTU foi eleita membro dos Conselhos de Segurança Alimentar e Nutricional de Salvador, da Bahia e Nacional, Conselho Municipal da Saúde. As Comunidades Terreiro se inseriram ainda nas discussões sobre o Orçamento Participativo e Agenda 21. Outra vitória importante foi a eleição da ACBANTU e a Rede KÔDYA como membros da Comissão Nacional de Desenvolvimento Sustentável das Comunidades Tradicionais. Boletim ACBANTU (Montado).pmd 2 Em diversos Municípios as coordenações da Rede KÔDYA estão envolvidas diretamente na discussão de Segurança Alimentar e Nutricional e demais Direitos Fundamentais à Vida. No mês de Abril de 2005 a ACBANTU e a Rede KÔDYA encaminharam denúncia no CONSEA Nacional a respeito da situação emergencial na qual vivem as famílias em Santo Amaro da Purificação devido à contaminação de chumbo e metais pesados. A partir dessa denúncia a Rede KÔDYA de Santo Amaro vem articulando diversas ações junto à população local. Diversos Projetos Sociais foram elaborados de forma coletiva. Atualmente, encontram-se em andamento os seguintes projetos nas Comunidades Terreiro da Bahia: a) Hortas Comunitárias; b) Creches Comunitárias; c) Ponto de Cultura; d) Cozinhas Comunitárias; e) Memoriais de Preservação dos Ancestrais e Museus Comunitários; f) Unidades de Proteção Ambiental; g) Cooperativa de Bordado Afrodescendente; h) Fóruns de Economia Solidária. A ACBANTU passou a compor o Talher Bahia – Rede de Educação Cidadã, sendo beneficiada com a realização de Oficinas de Nucleação de Famílias e acompanhamento dos programas sociais do Governo Federal. Outra grande vitória é a realização do Mapeamento das Comunidades Terreiro da Região Metropolitana de Salvador que está sendo coordenada pela Universidade Federal da Bahia e pela Secretaria Municipal da Reparação. Trata-se de uma ação que visa destacar as ações sociais desenvolvidas pelos Terreiros e a regularização fundiária de suas terras. Quadro Demonstrativo das Doações de 2004 a 2006 3 ACBANTU! 6 ANOS PRESERVANDO A MEMÓRIA DE NOSSOS ANCESTRAIS! PROJETOS Projeto Nzuumba: Compartilhamento de Conhecimentos Desenvolvido em Salvador, desde Dezembro de 2005 o Projeto soma a transmissão de conhecimentos com a inclusão econômica e social de Mulheres Negras e Jovens. Os saberes Ancestrais são referência para a construção de formas de produção, criação e geração de renda e emprego. O Projeto tem 03 Módulos: a) Módulo Bordado Afro Bantu: capacitação realizada com Instrutora Mestra de Notório Saber, Makota Damuraxó – Dª Itana Neves, dirigida a Quarenta Alunas, Mulheres Negras, oriundas das Comunidades Tradicionais Afrodescendentes. O objetivo do Projeto é criar uma forma de inserção comunitária no mercado de trabalho de bordadeiras afro bantu; b) Culinária Afrodescendente: Apesar de Salvador ser a cidade com grande potencial turístico gerado principalmente a partir da cultura afrodescendente, a cidade não possui uma diversidade de espaços especializados em culinária africana. O objetivo deste módulo é implantar duas cozinhas experimentais de culinária africana em Quilombos Urbanos e capacitar pessoas para atuarem na área; c) Acervo Bibliográfico Afrodescendente: espaço aberto ao público para pesquisas e inclusão digital. Neste momento, encontram-se em andamento as aulas do Curso de Bordado e a aquisição dos equipamentos permanentes. O Projeto Nzuumba conta com o patrocínio do Ministério da Cultura - Fundação Cultural Palmares. Dr. Jacques Diouf da FAO e o Dr. Onaur Ruano na entrega da Medalha da ONU para ACBANTU 1 Dados fornecidos pela CONAB Superintendência Regional Bahia/Sergipe. Quadro Demonstrativo das Doações de 2007 No mês de março de 2004, em parceria com a Fundação Cultural Palmares, a ACBANTU organizou a distribuição de uma doação de 50 Toneladas de Feijão envolvendo 150 Comunidades Religiosas de Matrizes Africanas que distribuíram a doação para 7.200 Famílias em situação emergencial, moradores da Região Metropolitana de Salvador, Ilhas e Recôncavo Baiano. A partir desta atividade, a ACBANTU criou a REDE KÔDYA – COMUNIDADES 29/6/2007, 14:29 Taata Konmannanjy, Presidente da ACBANTU, na entrega da medalha da ONU, no Terreiro Mansu Keukuê. Projeto Kaitumba: Segurança Alimentar e Nutricional nas Comunidades Tradicionais Afrodescendentes do Estado da Bahia Desenvolvido nos municípios de Salvador, São Francisco do Conde e Cachoeira, iniciado em Dezembro de 2005, beneficiando diretamente 180 famílias e indiretamente aproximadamente mais de 1.000 pessoas e 30 (Trinta) Lideranças Comunitárias, o Projeto Kaitumba tem o objetivo de proporcionar o fortalecimento das ações sociais voltadas à Segurança Alimentar e Nutricional através da implantação de Hortas e Unidades de Beneficiamento Comunitárias que irão dinamizar a distribuição de alimentos, educação alimentar, desenvolvimento étnico sustentável comunitário e a capacitação de Lideranças das Comunidades Tradicionais Afrodescendentes do Estado da Bahia. Suas principais ações são: a) Realizar Diagnóstico Sócio-Econômico e Cultural nas Comunidades participantes diretamente do Projeto gerando informações que possam subsidiar este segmento na proposição de políticas públicas de inclusão social; b) Capacitar e propiciar apoio técnico-financeiro fortalecendo a sua tecnolo- gia social vinculada à Segurança Alimentar e Nutricional; c) Implementação de Hortas Comunitárias através do trabalho comunitário de famílias atendidas pelo Bolsa Família e Famílias em situação de vulnerabilidade social; d) Implantação de Unidades de Beneficiamento Comunitárias trabalho comunitário envolvendo o mesmo público que as Hortas Comunitárias para produção da culinária típica baiana e africana destinadas à partilha com a comunidade local e comercialização; e) Estabelecimento de parcerias com a Companhia Nacional de Abastecimento para a comercialização dos produtos através do Programa de Aquisição de Alimentos, Prefeituras e outros organismos a fim de viabilizar a sustentabilidade econômica do Projeto. O projeto KAITUMBA é financiado pelo Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Projeto Kitaanda Bantu: Mercado do Povo Trata-se de um Espaço de identidade cultural afro-brasileira, instalado no hall de entrada do prédio cedido pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural do Estado da Bahia – IPAC, para sediar a ACBANTU. Ainda insipiente, tem o objetivo de comercializar as diversas produções afrodescendentes, de comunidades de Terreiros e Quilombos, bem como de artesãos e editoras que tenham a cultura afro-brasileira como alicerce de sua produção. A Kitaanda Bantu teve seu início no ano de 2006, com a comercialização de adereços, roupas e livros. Pretende-se atuar em espaço fixo e itinerante. Este projeto não possui recursos próprios e vem se desenvolvendo com parcerias entre integrantes dos terreiros e artesãs afrodescendentes Nzaambi, Bakulu etu ye za ‘Nkisi1 wutukwaatesa! Deus, nossos Ancestrais e os ‘Nkisi nos proteja! 1 Entidade Sagrada Bantu. (Orixá, Vodum). ORGANIZADAS DA DIÁSPORA AFRICANA POR POLÍTICAS PÚBLICAS DE INCLUSÃO SOCIAL PARA A POPULAÇÃO NEGRA. Trata-se de uma Rede composta por Comunidades Tradicionais Afrodescendentes em todo o Brasil, cujo objetivo principal é dar continuidade ao trabalho de apoio emergencial às famílias, através da distribuição de alimentos, bem como articular projetos sociais que ajudem a gerar emprego e renda garantindo assim os direitos fundamentais à vida para a população afrodescendente. Mais de 30.000 famílias estão sendo atendidas por estas Comunidades participando de diversas ações voluntárias na área de Segurança Alimentar e Nutricional, como Hortas Comunitárias, Educação Alimentar, Projetos Profissionalizantes e Culturais, Alfabetização de Jovens e Adultos, Atendimento Gratuito em Creches, Cursos de Culinária Típica Afrodescendente, etc. Trata-se de um momento histórico e singular, uma vez que, após vivenciar séculos de isolamento e discriminação racial institucionalizada as Comunidades Tradicionais Afrodescendentes estão tendo a possibilidade participarem como protagonistas de Políticas Públicas de Igualdade Racial e Inclusão Social.
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