Géoarchéologie du Parc Naturel IEF du Rio Preto

Transcrição

Géoarchéologie du Parc Naturel IEF du Rio Preto
ISBN 978-2-9506258-2-3
Geoarqueologia
do Parque Estadual do Rio Preto
Minas Gerais - Brasil
Géoarchéologie du Parc Naturel IEF du
Rio Preto
Minas Gerais - Brésil
édition bilingue
par
Maria Jacqueline Rodet (CNEK-UFMG, Belo Horizonte)
Joël Rodet (EuReKarst-CNEK-CNRS/Université de Rouen)
Luc Willems (EuReKarst-Université de Liège, Belgium)
André Pouclet (EuReKarst-ISTO, Orléans)
Sueli do Nascimento (Januária, MG)
2009
Editions du CNEK
Centre Normand d'Etude du Karst et des Cavités du Sous-sol
Mairie - 76450 Saint-Martin-aux-Buneaux, France
www.cnek.org.
Geoarqueologia do Parque Estadual do Rio Preto (Minas Gerais, Brasil)
Géoarchéologie du Parc Naturel IEF du Rio Preto (Minas Gerais, Brésil)
auteurs - autores :
Maria Jacqueline Rodet :
arqueóloga-archéologue, <[email protected]>
Joël Rodet,
geomorfólogo do carste-géomorphologue du karst,<[email protected]>
Luc Willems,
geomorfólogo do carste-géomorphologue du karst,<[email protected]>
André Pouclet,
geólogo geoquímico-géologue géochimiste,<[email protected]>
Sueli do Nascimento,
arqueóloga-archéologue,
edição bilingue franco-portuguesa - édition bilingue franco-portuguaise
couverture : entrada principal do/entrée principale du Labirinto de Zeus (Parque Estadual do Rio Preto/Parc
Naturel IEF du Rio Preto)
Directeur des Editions du CNEK : Joël Rodet
Conseil Editorial :
Jean-Luc Audam, Jacques Poudras, Maria Jacqueline Rodet, Jean-Pierre Viard
Prix de vente : 15 € plus frais de port.
Une version PDF est téléchargeable gratuitement sur le site internet "www.cnek.org."
***
Tirage 250 exemplaires / Dépôt Légal : 4ème trimestre 2009 / © CNEK, décembre 2009
ISBN 978-2-9506258-2-3
2
Geoarqueologia doParque Estadual do Rio Preto
Introdução
realização destas pinturas, assim como
definir o estilo e contextualizá-lo em
estudos macro-regionais : trata-se do estilo
denominado "Tradição Planalto".
Este relatório refere-se aos trabalhos
geoarqueológicos realizados nos anos de
2003 e 2004 ; estes vêm completar as
pesquisas que começaram em 2002, dentro
do Parque Estadual do Rio Preto. Na fase
atual, foram iniciados os estudos
geomorfológicos, ambientais, socioeconômicos, assim como as primeiras análises
dos grafismos rupestres. Foram realizadas
três visitas ao Parque (agosto e setembro
de 2003 e julho de 2004) no intuito de
iniciar os estudos geodinámicos do relevo,
realizar
as
primeiras
análises
arqueológicas,
assim
como
dar
continuidade ao trabalho de prospecção e
análise dos sítios. As observações do setor
estudado por especialistas franco-belgabrasileiros de diversas áreas, e os dados
apresentados
em
congressos
estão
resumidos neste relatório e no "poster" que
foi doado ao Parque, disponível em
formato JPEG.
As prospecções iniciadas em 2002,
continuaram dentro e fora do parque (no
entorno próximo). Os resultados são
produtivos e alentadores : foram encontrados
machados
polidos
pré-históricos. Também pudemos observar diques de
rochas básicas à jusante do rio Preto. Este
tipo de rocha é normalmente utilizado para
realização de objetos polidos. Alguns
pontos com quartzito de excelente
qualidade
para
lascamento
foram
observados em locais estrategéticos
(próximo à àgua, em altitude).
Estes resultados serão descritos em
detalhes ao longo deste relatório, que é
dividido em duas partes principais : na
primeira parte apresentaremos o quadro
natural do setor, em segunda os resultados
arqueológicos obtidos; seguidas de
reflexões sobre as questões ambientalistas.
Em conclusão, apresentarmos uma síntese
dos trabalhos realizados.
Um dos dados mais importantes deste
período de trabalho é a constatação da
riqueza
carstológica
presente
nas
formações rochosas do setor. Geralmente o
quartzito não é conhecido pela abundância
de grutas, de condutos, de lapiés ou de
recortes realizados pela água. Estas formas
são mais comuns em maciços calcáreos.
No entanto, no relevo do Parque Rio Preto,
as formas cársticas são abundantes, o que
permite uma nova abordagem para este
tipo de rocha. Foram estas observações que
apresentamos no "I Encontro Brasileiro de
Estudos do Carste", realizado em Belo
Horizonte em julho de 2004 [Willems et
al., 2004].
Outro resultado interessante desta pesquisa
refere-se às primeiras análises sobre as
pinturas rupestres encontradas dentro do
Parque. Apesar do estado avançado de
degradação dos suportes pintados, foi
possível identificar algumas técnicas de
Enfim, chamamos a atenção ao fato de que
nossa equipe é interdisciplinar e se compõe
de geólogos, geomorfólogos, arqueólogos,
ambientalistas, o que permite uma análise
de várias esferas do setor de estudo. A
arqueologia pode ser vista como uma
ciência ou como uma técnica de análise,
mas ela só tem valor quando é sustentada
pour outras disciplinas das quais depende
intrinsecamente para validar e contextualizar suas descobertas no passado e no
presente. Deste modo, nos sentimos
realizados por poder contar com uma
equipe de pesquisadores de disciplinas tão
diferentes,
tão
importantes
e
complementares.
3
Géoarchéologie du Parc Naturel IEF du Rio Preto
Introduction
des supports peints, il a été possible
d'identifier quelques techniques de
réalisation de ces peintures, mais aussi d'en
définir le style et de le contextualiser dans
les études macro-régionales ; il s'agit du
style appelé "Tradition Planalto".
Cet ouvrage présente les travaux
géoarchéologiques réalisés durant les
années 2003 et 2004. Ils viennent
compléter les recherches entreprises en
2002, dans le Parc Naturel IEF du Rio
Preto. Le "Instituto Estadual Florestal"
(IEF) est en charge de la gestion des parcs
naturels - dits "estaduais" - de l'état de
Minas Gerais. A ce jour, ont été entreprises
les études géomorphologiques, environnementales et socio-économiques, ainsi que
les premières analyses des éléments
archéologiques. Nous avons mené trois
missions dans le parc (août et septembre
2003, et juillet 2004) dans le but d'engager
l'étude géodynamique du relief, de réaliser
les premières approches archéologiques, et
aussi de continuer le travail de prospection
et d'analyse des sites. Les observations du
secteur d'étude, par des spécialistes
français, belges et brésiliens de disciplines
complémentaires, et les données présentées
dans des congrès sont résumées dans ce
rapport et dans un poster remis au Parc
Naturel, disponible en format JPEG.
Les prospections commencées en 2002, se
sont poursuivient dans le Parc et à sa
périphérie. Les résultats sont positifs et
encourageants : il a été retrouvé des haches
polies préhistoriques. De même nous avons
pu observer des dykes de roches basiques
dans l'aval du Rio Preto. Ce type de roche
est classiquement utilisé pour réaliser des
objets polis. Quelques sites avec du
quartzite d'excellente qualité pour la taille,
ont été observés dans des lieux stratégiques
à proximité de points d'eau, en altitude.
Ces résultats sont présentés dans ce
document divisé en deux parties
principales. La première partie présente le
cadre naturel du secteur d'étude alors que
la seconde partie développe les résultats
archéologiques obtenus, suivies d'une
réflexion sur les questions environnementales. En conclusion, nous présenterons une
synthèse des travaux réalisés.
Un des acquis les plus importants de cette
phase de recherche est la mise en évidence
de la richesse karstologique des formations
rocheuses du secteur. Classiquement le
quartzite n'est pas connu pour son
abondance de grottes, de conduits, de
lapiés ou de recoupements liés à l'eau. Ces
formes sont plus fréquentes dans les
massifs calcaires. Cependant, dans le relief
du Parc du Rio Preto, les formes karstiques
sont nombreuses, ce qui permet une
nouvelle approche de ce type de roches.
Ces observations ont été présentées au "I
Encontro Brasileiro de Estudos do Carste",
tenu à Belo Horizonte en juillet 2004
[Willems et al., 2004].
Un autre résultat important de cette
recherche concerne les premières analyses
des peintures rupestres observées dans le
Parc. Malgré l'état avancé de dégradation
Enfin, nous appelons l'attention sur la
dimension interdisciplinaire de notre
équipe, composée de géologues, de
géomorphologues,
d'archéologues
et
d'environnementalistes, ce qui permet une
analyse de plusieurs sphères du secteur
d'étude. L'archéologie peut être vue comme
une science ou comme une technique
d'analyse, mais elle ne peut avoir de valeur
que lorsqu'elle est soutenue par d'autres
disciplines dont elle dépend intrinsèquement pour valider et contextualiser ses
découvertes dans le passé et à l'actuel.
Ainsi, nous sommes heureux de pouvoir
compter sur une équipe de recherche aussi
ouverte, compétente et complémentaire.
4
Geoarqueologia do Parque Estadual do Rio Preto
Ia - Contexto geomorfológico
1.1 - Geologia da bacia
A formação Sopa-Brumadinho é dividia
em tres partes (fig. 1) :
O Parque Estadual do Rio Preto situa-se
dentro do maciço do Espinhaço,
constituido essencialmente por metaarenitos quartzíticos com intercalação de
metapelitos e metabásicos. Estas rochas
epimetamórficas pertencem ao supergrupo
Espinhaço, constituído de acumulações
detríticas dentro de uma fossa tectônica do
Mesoproterozóico, na borda oriental do
craton do São Francisco. As rochas
ergueram-se em discordância angular, por
empilhamentos detríticos do Grupo
Macaúbas e debordaram sobre o craton em
direção oeste. Mais tarde, estas formações
foram sobrepostas, em discordância de
ravinamento, sobre a parte mais à oeste do
craton, por depósitos do Grupo Bambui.
Após as fases tectônicas do fim do
Mesoproterozóico
e
do
fim
do
Neoproterozóico
(Brasiliano),
as
formações
do
Espinhaço
foram
moderadamente plissadas, metamorfisadas
e deversés em direção à oeste em
encavalamento sobre à margem do craton
do São Francisco.
a) a parte inferior é constituída de metaarenitos quartzíticos de grãos finos à
médios, interestratificados de metaargilitos.
b) a parte média é mais clástica, com metaarenitos
grosseiros,
às
vezes
ferruginososs e micáceos e de lentes de
meta-conglomerados (diamantíferos na
região de Diamantina).
c) a parte superior é mista, com metaargilitos, meta-siltitos e brechas.
Toda esta região é coberta por uma
cartografia geológica 1/1000 000 realizada
em 1996, por um projeto comun entre a
COMIG (Companhia Mineira do Estado de
Minas Gerais) e a UFMG (Universidade
Federal de Minas Gerais), em razão dos
recursos diamantíferos do setor.
1.2 - Estratigrafia
Nosso estudo inicia-se pela análise do
relevo cárstico ao longo do rio Preto, setor
situado dentro do Parque Estadual. As
cavidades cársticas estudadas situam-se
essencialmente dentro dos meta-arenitos
quartzíticos
da
formação
SopaBrumadinho (folha Rio Vermelho).
Figura 1 – Sequência estratigrafia do setor : a
formação Sopa-Brumadinho é dividida em metaarenitos quartzíticos, meta-arenitos grosseiros e
lentes de meta-conglomerados [Silva, 1999].
5
Contexto geomorfológico
Esta falha não parece ter grande influência
sobre a carstificação. Ela é responsável
somente pela formação do escarpamento a
partir da erosão diferencial de duas
formações
distintas:
dentro
do
escarpamento, em dois ou tres níveis,
aparecem intercalações decamétricas de
argilitos e de pelitos epimetamorfisados em
sericitoxistos mais ou menos cloritosos.
Sendo mais facilmente erodidos, estes
níveis formam degraus topográficos. O
conjunto dos estratos é levemente
inclinado em direção norte-oeste ou sulleste. Os mergulhos são mais importantes
próximo às grandes falhas inversas que,
como à Diamantina, correspondem ao
encavalamento em direção oeste de vastos
panéis
sub-horizontais
de
faciés
essencialmente arenítico. Nestes setores,
todas as formações são literalmente
recortadas em faixas por diaclases verticais
N-S. Esta diaclasagem é que controla, uma
vez mais, a formação de diversas cavidades
cársticas do setor.
Todas estas formações são sedimentares e
detríticas com frequentes variações laterais
de faciès e de figuras de sedimentação
caracterizando
um
meio
ativo
(estratificação
entre-cruzada,
rugas
diversas). No entanto, dentro dos níveis
inferiores e médios, são observadas
algumas intercalações de metafilitos
hematíticos, provavelmente ligados às
antigas rochas vulcânicas ou volcanosedimentares.
1.3 - Dados litológicos e estruturais
: contrôle da formação das
cavidades
O desenvolvimento das cavidades realizase a partir das diaclases e, seguindo as
juntas de estratificação entre os bancos
sub-horizontais, por conexão entre as
drenagens de diaclases. A presença de
níveis à granulométria mais fina ou à
composição filitosa facilita esta conexão.
1.4 - Dados
geoquímicos
petrográficos
e
A principal rocha que serve de substrato
aos processos de carstificação é o metaarenito quartzítico à grãos finos e
relativamente puro. A estratificação é
pouco aparente no seio dos bancos
maciços ; elas aparecem dentro dos níveis
um pouco mais micáceos e dentro dos
arenitos
ferruginosos
às
vezes
estratificados. O outro faciès petrográfico
corresponde às camadas filitosas de
sericitoxistos e de cloritoxistos. Nota-se
que estas rochas preservam às vezes
pequenos níveis inter-estratificados ou de
lentes ferruginosoas à oligisto.
Figura 2 – Corte geológico dos setores de grutas
no quartzito : encima, gruta do Salitre
(Diamantina), embaixo, grutas do Rio Preto.
As cavidades cársticas ao longo do rio
Preto aparecem à diferentes níveis dentro
do escarpamento da borda sul do alto vale
do rio (fig. 2). A direção do vale ENEWSW é controlada estruturalmente por
falha inversa, colocando em contacto os
meta-arenitos quartzíticos em bancos
maciços da formação Sopa-Brumadinho e
dos
meta-arenitos
quartzíticos
estratificados da formação Quartzito-filito.
6
Geoarqueologia do Parque Estadual do Rio Preto
neogena. No entanto, nota-se algumas
lentes de couraça ferruginosa. A
descoberta de resíduos ferruginosos de
fundições artesanais dentro do Parque do
Rio Preto, demonstra a exploração local de
pequenas jazidas de ferro, tipicamente
ligadas à concentrações ferralíticas muito
provavelmente derivadas de níveis de
filitos ou de arenitos ferruginosos. A
presença de forjas, na região durante os
anos 1800, é confirmada por uma pesquisa
[Paiva Mouro e Alonso 1983].
Em média, os arenitos são constituídos de
grãos de quartzo arredondados de 0,7 à 0,2
mm, levemente recristalizados com textura
granoclástica mostrando juntas poliédricas.
Entre estes grãos, nota-se alguns quartzos
poligonais de 0,10 à 0,05 mm, raramente
sob forma de cimento microquartzo, mas
sob a forma de palhetas de sericita
disseminadas (1 à 5 %). Os grãos de
feldspato são raros. Os minerais acessórios
são também raros, limitando-se à pequenos
grãos de zircon, de rutile, de turmalina e de
magnetita hematizada. As poucas variações
petrográficas observadas dentro das grutas
correspondem à níveis mais ricos em
sericita e em óxido e hidróxido de ferro.
BZ-13
BZ-74
BZ-75
BZ-78
BZ-76
1.5- Geomorfologia cárstica do
quartzito
Muitas feições cársticas que foram
cadastradas, desenvolvem-se no metaarenito quartzítico da Serra do Espinhaço
(Supergrupo Espinhaço, Proterozóico). O
meta-arenito quartzítico é um arenito
cimentado por pequenos cristais de quartzo
neoformados. Ele forma uma rocha
compacta, homogêneo que se quebra
segundo os limites dos grãos. Ele pode ser
sedimentar ou metamórfico (metaquartzito). O arenito quartzítico é uma rocha
intermediária entre o arenito quartzoso e o
quartzo.
Podemos examinar as feições cársticas e os
conjuntos subterrâneos:
BZ-83
Diamantina
Salitre
Salitre
Salitre
Salitre
Rio Preto
grès
enduit sur
grès
grès
grès
grès
imprégné de
quartzitique
quartzitique quartzitique quartzitique fragment de
Mn
grès
SiO2
97,97
98,65
96,81
86,72
96,73
96,54
TiO2
0,04
0,02
0,02
0,05
0,04
0,08
Al2O3
0,33
0,32
0,33
1,29
0,49
0,71
Fe2O3
0,07
0,67
0,21
0,31
0,04
0,31
0,00
0,01
0,00
0,38
1,58
0,00
0,05
0,05
0,13
0,18
0,12
0,08
MnO
MgO
CaO
0,09
0,04
0,39
0,64
0,17
0,09
Na2O
0,04
0,00
0,02
0,31
0,12
0,27
K2O
0,00
0,01
0,10
0,17
0,21
0,10
P2O5
PF
Total
0,00
0,05
0,05
2,02
0,17
0,00
0,38
0,39
0,79
8,23
0,89
1,02
98,97
100,21
98,85
100,30
100,56
99,20
Figura 3 – Composição química do arenito do
setor.
Quimicamente (fig. 3) a composição traduz
a natureza essencialmente quartzosa dos
arenitos do Parque do Rio Preto. Os teores
em silícia variam de 96,5 à 98,7 %. A
presença do alumínio 0,3 à 0,7 % e do
ferro 0,1 à 0,7 % é mínima. O titaneo, o
magnésio e os alcalinos são praticamente
ausentes. O teor em cálcio é anedótico.
Figura 4 - alvéolos ou ninho de abelhas
Enfim, os horizontes pedológicos não
foram estudados ; na verdade eles são
pouco preservados. O desmantelamento
atual do maciço do Espinhaço, ligado à um
movimento geral de elevação, dissecou
fortemente a superfície de peneplanação
a) o “ninho de abelha” é um conjunto de
alvéolos e perfurações coalescentes,
resultante do efeito de dissolução cárstica
na rocha (fig. 4). Esta feição pode ser
analisada como um dos elementos
7
Contexto geomorfológico
profundidade, como no sítio vizinho do
Salitre (Diamantina, fig. 6).
básicos da constituição da drenagem
subterrânea.
b) a “kamenitza” é uma pequena bacia
fechada, com fundo horizontal, resultante
da dissolução superficial da rocha (fig.
5). Ela é o elemento espacial
fundamental do exocarste, e compõe o
“lapié”, completando a forma linear do
lapiaz. A kamenitza resulta da erosão
periférica da rocha sob a ação de un
lençol de água superficial, dando uma
superficie horizontal, mesmo quando a
estratigrafia apresenta um mergulho. No
Parque do Rio Preto, a kamenitza pode
atingir alguns metros de diâmetro.
Figura 6 - mega-lapiaz
d) a “paleo-galeria” é uma forma totalmente desconectada do contexto geomorfogenético atual. Visível na paisagem,
ela demonstra a carstificação da rocha e a
importancia da erosão superficial (fig. 7).
Figura 7 - paleo-galeria recortada
O conjunto destas formas contribui à
realização da paisagem tanto superficial (o
“lapié”) quanto subterrânea (a gruta).
Neste último caso, observa-se uma rede
cárstica. Ela é constituida de galerias
horizontais ou/e verticais e de salas
(encontro de duas ou mais galerias). Certas
galerias resultam da abertura de uma
diaclase, e mostram um corte mais alto que
largo; outras resultam da abertura de um
contato litológico ou estratigráfico, e
mostram um corte mais largo que alto. Nas
paredes, observam-se formas específicas,
indicadoras das condições da gênese ou da
evoluição do sistema subterrâneo. Assim
Figura 5 - kamenitza
c) o “lapiaz” é a segunda feição básica do
exocarste, formando com a kamenitza, o
“lapié” ou campo de rocha. Ele é uma
forma linear, profunda e estreita, uma
ravina escavada pela dissolução na rocha.
Ela resulta do trânsito das águas de
chuva sobre a rocha, às vezes ligando
uma kamenitza a uma outra, e permite a
alimentação dos sumidouros e do
endocarste. Linear ou curvo, o entalhe
pode atingir vários metros de
8
Geoarqueologia do Parque Estadual do Rio Preto
Zeus”, acima da cachoeira da SempreViva, é o mais importante. Ele oferece um
conjunto de galerias baixas interligadas,
com eixos abertos do tipo “canion”,
organizado em vários níveis. Atualmente,
as águas seguem um caminho complexo
dentro do Labirinto, passando de uma
galeria a um canion, depois mais uma
galeria antes de cortar um outro canion, ...
um canal de teto testemunha de uma nova
drenagem da galeria, depois de uma fase
fóssil (fig. 8).
Estas diferentes observações sugerem que
as formas resultam de dois sistemas de
alteração (intemperismo e lençol freático)
que, inicialmente independentes, se
conectaram (fig. 10):
Figura 8 - galeria baixa com canal de teto ao lado
direito
a) no principio, os metaquartzitos foram
percorridos por uma rede de fraturações
(diaclases, fraturas, falhas). Um plano
horizontal maior (plano de cisalhamento,
acavalamento ?) acolheu um aquífero
relativamente profundo.
As maiores grutas abrem-se na vertente
abrupta do alto vale do Rio Preto, onde o
arenito quartzítico fino da Formação Sopa
Brumadinho tem contacto tectônico com o
arenito quartzítico estratificado e micáceo
da Formação Quartzito-Filito subjacente.
Esta última formação está também
envolvida nos processos cársticos. Dois
grandes conjuntos estão ligados a uma
planicie cercada pelos afloramentos
cárstificados (fig. 9). O solo da planicie
testemunha de um nível aquífero com
alimentação pelos afloramentos superiores,
e uma estocagem temporaria da água (zona
úmida).
b) os processos de dissolução criam pouco
a pouco uma rede de galerias alagadas,
ligadas à estrutura. Paralelamente, em
superfície, uma alteração ferrífera
desenvolve-se ao longo de diaclases
subverticais, gerando lapiás e alvéolos de
parede (ninhos de abelha).
c) o leito do rio Preto acomoda-se ao longo
de um acidente maior, favorizando a
erosão vertical. Este entalhe suspende o
aquífero e provoca seu ressecamento.
Paralelamente, as raizes da frente de
alteração presentes no setor mais
fraturado, trepanam (canion) as cavidades desenvolvidas (galerias) no seio do
aquífero. A jusante, as drenagens cársticas evoluem mais rapidamente pela
erosão regressiva, formando canions
subterrâneos.
d) o relevo de superficie é exposto à erosão
e será pouco a pouco reduzido à
dimensão de pequenos blocos (mogotes,
torres, verrugas, ...), com abrigos de
tamanho médio.
Figura 9 - paleo-planicie cercada pelos
afloramentos cárstificados
O primeiro conjunto, próximo à Varzea da
Estrela, é desconectado da drenagem
moderna. O segundo, o “Labirinto de
9
Contexto geomorfológico
produz com um desenvolvimento subhorizontal das cavidades, talvez guiado
pela presença de níveis de granulometria
fina e de intercalação com bancos filitosos.
A abundância de lapiés e de cúpulas de
dissolução dentro dos escarpamentos da
Serra do Espinhaço aponta para a
possibilidade de um grande número de
cavidades ; resta agora descobrí-las (fig.
12).
O conjunto de formas repertoriadas na
região do Parque Estatual do Rio Preto
ilustra a importância dos processos
dissolutivos
dentro
do
quartzito,
resultando
sistemas
evolutivos
complexos.
Figura 11 - galeria recortada por um canion
Em relação ao estado de conservação das
pinturas rupestres que encontram-se nas
paredes das rochas ao longo do rio Preto, é
importante sublinhar que a natureza do
suporte, arenítico, muito friável pôde
conter muito mais desenhos e pinturas, que
foram destruídos naturalmente ao longo
dos anos.
Figura 10 – Evolução geomorfológica do setor do
"Labirinto de Zeus".
1.6 - Síntese
A formação das cavernas cársticas é
controlada por numerosas diaclases
verticais N-S nas quais instalaram-se as
frentes de alteração e os canions (fig. 11).
Dentro da paisagem deste setor, estas
diaclases permitiram a formação de uma
série de lapiés.
As cavidades desenvolvem-se geralmente
seguindo uma junta de estratificação
colocada em extensão pelo bombamento de
uma estrutura anticlinal. Estas foram
realizadas por dissolução da silícia contida
na rocha, essencialmente quartzosa. Ao
longo do rio Preto, este fenômeno se
Figura 12 - galeria cárstica
Por outro lado, nota-se que os recursos em
pigmentos minerais são bastante limitados.
Os óxidos e hidróxidos de ferro podem ser
encontrados dentro de pequenas jazidas
10
Geoarqueologia do Parque Estadual do Rio Preto
Próximo à área de estudo, na parte inferior
da bacia do rio Preto, ao sul do município
de São Gonçalo do Rio Preto, foram
observadas estas rochas verdes, massivas a
grãos finos, tipicamente utilizadas para
confecção de lâminas polidas de machado,
o que demonstra uma matéria prima
disponível localmente.
e/ou filões de oligistos, de camadas de
clorito-sericitoxistos, e dentro de algumas
lentes de couraça ferralítica que cobrem
estes mesmos xistos.
Tratando-se dos recursos líticos, nota-se
poucos níveis silicificados exploráveis. No
entanto, existem numerosos dykes de
doleritas que atravessam as formações ao
longo da Serra do Espinhaço. De fato, a
parte inferior du Supergrupo Espinhaço é
conhecida por conter corpos mais ou
menos estratificados de metabasitos.
Enfim, sublinhamos que os próximos
trabalhos de campo deverão examinar a
questão das jazidas de quartzo hialino,
suporte da indústria lítica do setor.
11
Contexte géomorphologique
Ib - Contexte géomorphologique
1.1 - Géologie du bassin
Vermelho).
Le Parque Estadual do Rio Preto (parc
naturel de l'état de Minas Gerais) se
développe dans le massif de l'Espinhaço,
constitué essentiellement de métagrès
quartzitiques avec des intercalations de
métapellites et métabasiques. Ces roches
épimétamorphiques
appartiennent
au
supergroupe
Espinhaço,
constitué
d'accumulations détritiques dans une fosse
tectonique du Mésoprotérozoïque, à la
bordure orientale du craton du São
Francisco. Les roches émergent en
discordance angulaire, par empilements
détritiques du Groupe Macaúbas et ont
débordé sur le craton en direction de
l'ouest. Plus tard, ces formations ont été
recouvertes, par discordance de ravinement
dans la partie occidentale du craton, par
des dépôts du Groupe Bambuí. Après les
phases tectoniques de la fin du
Néoprotérozoïque (phase Brasiliano), les
formations de l'Espinhaço ont été
modérément plissées, métamorphisées et
déversées en direction de l'ouest par
chevauchement sur la marge du craton du
São Francisco.
La formation de Sopa-Bromadinho est
divisée en trois parties (fig.1) :
a) La partie inférieure est constituée de
métagrès quartzitiques à grains fins à
moyens intersratifiés de méta-argilites.
b) La partie moyenne est plus clastique,
avec des métagrès grossiers, parfois
ferrugineux et micacés et des lentilles de
métaconglomérats (diamantifères dans la
région de Diamantina).
Toute cette région a été couverte par une
cartographie géologique au 1/100 000ème
en 1996 par un projet de la COMIG
(Compagnie minière de l’Etat de Minas
Gerais) et de l’UFMG (Université fédérale
de Minas Gerais), en raison des ressources
diamantifères.
1.2 - Stratigraphie
Figure 1 – Série stratigraphique du secteur : la
formation Sopa-Brumadinho est divisée en métagrès quartzítiques, méta-grès grossiers et lentilles
de méta-conglomérats [Silva, 1999].
Notre étude a commençé par l'analyse du
relief karstique le long du Rio Preto,
secteur situé dans le Parc Naturel. Les
cavités karstiques étudiées se situent
essentiellement dans des métaquartzites de
la formation Sopa-Brumadinho (feuille Rio
c) La partie supérieure est mixte, avec les
méta-argilites, des métasiltites et
quelques métabrèches.
12
Géoarchéologie du Parc Naturel IEF du Rio Preto
formation Quarzito-Filito. Cette faille ne
semble pas avoir une grande influence sur
la karstification. Elle est responsable
seulement de la formation de l'escarpement
à partir de l'érosion différentielle des deux
formations distinctes : dans l'escarpement,
sur deux ou trois niveaux, apparaissent des
intercalations décamétriques d'argilites et
de
pélites
épimétamorphisées
en
séricitoschistes plus ou moins chloriteux.
Etant plus facilement érodés, ces niveaux
forment des paliers topographiques.
L'ensemble des strates est légèrement
incliné vers le nord-ouest ou le sud-est. Les
pendages deviennent plus importants à
l’approche des grandes failles inverses qui,
comme à Diamantina, correspondent au
chevauchement vers l’ouest de vastes
panneaux sub-horizontaux des formations
essentiellement gréseuses. Là encore,
toutes les formations sont littéralement
découpées en tranches par des diaclases
verticales N-S. C’est encore ce diaclasage
qui contrôle la formation des diverses
cavités karstiques du secteur.
Toutes ces formations sont sédimentaires
et détritiques avec de fréquentes variations
latérales de faciès et des figures de
sédimentation caractérisant un milieu actif
(stratifications
entrecroisées,
rides
diverses). Il y a cependant, dans les
niveaux inférieurs et moyens, quelques
intercalations
de
métaphyllites
hématitiques qui seraient d’anciennes
roches
volcaniques
ou
volcanosédimentaires.
1.3 - Données lithologiques et
structurales : contrôle de la
formation des cavités
Le développement des cavités s’opère à
partir des diaclases et suivant les joints de
stratification entre les bancs subhorizontaux, par connexion entre les drains
des diaclases. La présence de niveaux à
granulométrie plus fine ou à composition
phylliteuse facilite cette connexion.
1.4 - Données pétrographiques et
géochimiques
Figure 2 – Coupe géologique des secteurs à
grottes dans le quartzite : en haut, grotte de Salitre
(Diamantina), en bas, grottes du Rio Preto.
La principale roche impliquée dans les
processus de karstification est un métagrès
quartzitique à grains fins et relativement
pur. La stratification est peu apparente au
sein des bancs massifs. Elle apparaît dans
les niveaux un peu plus micacés et dans les
grès ferrugineux parfois lités. L’autre
faciès pétrographique correspond aux
couches phylliteuses de séricitoschistes et
de chloritoschistes. Notons que ces roches
renferment parfois des petits niveaux
interstratifiés ou des lentilles ferrugineux à
oligiste.
Les cavités karstiques le long du rio Preto
sont distribuées sur plusieurs niveaux dans
l'escarpement du bord sud de la haute
vallée de la rivière (fig. 2). La direction
ENE-WSW de la vallée est contrôlée
structuralement par une faille inverse,
mettant en contact les métagrès
quartzitiques à bancs massifs de la
formation Sopa-Brumadinho avec les
métagrès quartzitiques stratifiés de la
13
Contexte géomorphologique
la surface de pénéplanation néogène. Il
reste cependant des lambeaux de cuirasse
ferralitique. La découverte de résidus
ferreux de fonderies artisanales dans le
parc naturel du Rio Preto atteste
l’exploitation locale de petits gisements de
fer, typiquement liés à des concentrations
ferralitiques supergènes très probablement
dérivées des niveaux de pyllites ou des
grès ferrugineux. La présence de forges
dans la région, durant les années 1800 est
confirmée par une recherche [Paiva Mouro
et Alonso 1983].
En moyenne, les grès sont constitués de
grains de quartz sub-arrondis de 0,7 à 0,2
mm, faiblement recristallisés en texture
granoblastique montrant des joints en
pavés. Entre ces grains, ont cristallisés
quelques quartz polygonaux de 0,10 à 0,05
mm. Il y a très peu de ciment
microquartzeux, mais des paillettes de
séricite disséminées (1 à 5%). Les grains
de feldspaths sont très rares. Les minéraux
accessoires, aussi très rares, se limitent à
des petits grains de zircon, de rutile, de
tourmaline et de magnétite hématitisée.
Les quelques variations pétrographiques
observées dans les grottes correspondent à
des niveaux un peu plus riches en séricite
et en oxydes et hydroxydes de fer.
BZ-13
BZ-74
BZ-75
BZ-78
BZ-76
1.5- Géomorphologie karstique du
quartzite
De nombreux phénomènes karstiques ont
été recensés. Ils se développent dans les
métagrès quartzitiques de la Serra do
Espinhaço
(Supergroupe
Espinhaço,
Protérozoïque). Le métagrès quartzitique
est un grès cimenté par de petits cristaux
de quartz néoformés. Il forme une roche
compacte, homogène qui se casse selon les
limites des grains. Elle peut être
sédimentaire ou metamorphique. Le grès
quartzitique est une roche intermédiaire
entre le grès quartzeux et le quartz.
BZ-83
Diamantina
Salitre
Salitre
Salitre
Salitre
Rio Preto
grès
enduit sur
grès
grès
grès
grès
imprégné
de
quartzitique
quartzitique quartzitique quartzitique fragment de
Mn
grès
SiO2
97,97
98,65
96,81
86,72
96,73
96,54
TiO2
0,04
0,02
0,02
0,05
0,04
0,08
Al2O3
0,33
0,32
0,33
1,29
0,49
0,71
Fe2O3
0,07
0,67
0,21
0,31
0,04
0,31
0,00
0,01
0,00
0,38
1,58
0,00
0,05
0,05
0,13
0,18
0,12
0,08
0,09
0,04
0,39
0,64
0,17
0,09
Na2O
0,04
0,00
0,02
0,31
0,12
0,27
K2O
0,00
0,01
0,10
0,17
0,21
0,10
P2O5
0,00
0,05
0,05
2,02
0,17
0,00
MnO
MgO
CaO
PF
Total
0,38
0,39
0,79
8,23
0,89
1,02
98,97
100,21
98,85
100,30
100,56
99,20
Nous pouvons examiner les phénomènes
karstiques et les ensembles souterrains :
Figure 3 – Composition chimique du grès du
secteur.
Chimiquement (fig. 3), la composition
traduit la nature essentiellement quartzeuse
des grès du parc naturel de Rio Preto. Les
teneurs en silice vont de 96,5 à 98,7 %. Il y
a très peu d’alumine, 0,3 à 0,7%, très peu
de fer, 0,1 à 0,7%, et pratiquement pas de
titane, de magnesium et d’alcalins. La
teneur en calcium est négligeable.
Figure 4 - alvéoles ou nid d'abeilles
Enfin, les horizons pédologiques n’ont pas
été étudiés. Ils sont en réalité très peu
préservés. Le démantèlement actuel du
massif de l’Espinhaço, lié à un mouvement
général de surrection, a fortement disséqué
a) le "nid d'abeille" est un ensemble
d'alvéoles
et
de
perforations
coalescentes, résultant de l'effet de
dissolution karstique dans la roche (fig.
14
Géoarchéologie du Parc Naturel IEF du Rio Preto
l'endokarst. Droite ou courbe, l'entaille
peut atteindre plusieurs mètres de
profondeur, comme dans le site voisin de
Salitre (Diamantina, fig. 6).
4). Ce phénomène peut être analysé
comme un des éléments de base de la
constitution du drainage souterrain.
b) la "kamenitza" est un petit bassin fermé,
au fond horizontal, résultant de la
dissolution superficielle de la roche (fig.
5). Elle est l'élément spatial fondamental
de l'exokarst, et elle compose le "lapié",
en complétant l'incision linéaire du
lapiaz. La kamenitza résulte de l'érosion
périphérique de la roche sous l'influence
d'une
nappe
d'eau
superficielle,
développant une surface horizontale et
plane, même quand la stratigraphie
présente un pendage. Dans le parc
naturel du Rio Preto, la kamenitza peut
atteindre quelques mètres de diamètre.
Figure 6 - méga-lapiaz
d) la "paléo-galerie" est une forme
totalement déconnectée du contexte
géomogénétique actuel. Visible dans le
paysage, elle démontre la karstification
de la roche et l'importance de l'érosion
superficielle (fig. 7).
Figure 7 - paléo-galerie recoupée
L'ensemble de ces formes contribue au
développement du paysage tant de surface
(le "lapié") que souterrain (la grotte". Dans
ce dernier cas, on observe un réseau
karstique. Il est constitué de galeries
horizontales ou/et verticales et de salles
(rencontre de deux ou plusieurs galeries).
Certaines galeries résultent de l'ouverture
d'une diaclase, et montrent une coupe plus
haute que large. D'autres résultent de
l'ouverture d'un contact lithologique ou
stratigraphique, et montrent une coupe plus
Figure 5 - kamenitza
c) le "lapiaz" est la seconde forme basique
de l'exokarst, formant avec la kamenitza,
le "lapié" ou champ de roche. C'est une
forme linéaire, profonde et étroite, une
entaille creusée par la dissolution de la
roche. Elle résulte du transit des eaux de
pluie sur la roche, reliant parfois une
kamenitza à une autre, et elle permet
l'alimentation des pertes et de
15
Contexte géomorphologique
large que haute. Sur les parois, on observe
des formes spécifiques, indicatrices des
conditions de genèse ou de l'évolution du
système souterrain. Ainsi un chenal de
voûte témoigne d'un nouveau drainage de
la galerie, après une phase fossile (fig. 8).
Figure 9 - paléo-plaine entourée par les
affleurements karstifiés
Ces différentes observations suggèrent que
les formes résultent de deux systèmes
d'érosion (altération et nappe phréatique)
qui, initialement indépendants, se sont
connectés (fig. 10) :
Figure 8 - galerie basse avec un chenal de voûte
sur le côté droit
a) au début, les métaquartzites sont
parcourus par un réseau de fissures
(diaclases, fractures, failles). Un plan
horizontal majeur (plan de cisaillement,
chevauchement ?) accueille un aquifère
relativement profond.
Les principales grottes s'ouvrent dans le
versant abrupt de la haute vallée du Rio
Preto, où le grès quartzitique fin de la
formation Sopa-Brumadinho a un contact
tectonique avec le grès quartzitique
stratifié et micacé de la formation
Quarzito-Filito sur-jacente. Cette dernière
formation est aussi impliquée dans les
processus karstiques. Deux grands
ensembles sont associés à une plaine
entourée d'affleurements karstifiés (fig. 9).
Le sol de la plaine témoigne d'un niveau
aquifère avec alimentation par les affleurements supérieurs, et d'un stockage
temporaire de l'eau (zone humide).
b) les processus de dissolution créent peu à
peu un réseau de galeries noyées, liées à
la structure. Parallèlement, en surface,
une altération ferrifère se développe le
long des diaclases subverticales, générant
des lapiaz et des alvéoles de paroi (nids
d'abeille).
c) le lit du rio Preto s'installe le long d'un
accident majeur, favorisant l'érosion
verticale.
Cette
entaille
suspend
l'aquifère et provoque son asséchement.
Parallèlement les racines du front
d'altération présentes dans le secteur le
plus fracturé, trépanent (canyon) les
cavités développées (galeries) au sein de
l'aquifère. En aval, les drainages
karstiques évoluent plus rapidement par
érosion régressive, formand des canyons
souterrains.
Le premier ensemble, proche de Varzea da
Estrela, est déconnecté du drainage
moderne. Le second, le "Labirinto de
Zeus", au-dessus de la cascade de SempreViva, est le plus important. Il offre un
ensemble
de
galeries
basses
interconnectées, avec des axes ouverts de
type "canyon", organisé sur plusieurs
niveaux. Actuellement, les eaux suivent un
chemin complexe dans le Labirinto,
passand d'une galerie à un canyon, puis
dans une autre galerie anvant de recoupé
un autre canyon...
d) le relief de surface est exposé à l'érosion
et est peu à peu réduit à la dimension de
16
Géoarchéologie du Parc Naturel IEF du Rio Preto
quartzeuse. Le long du rio Preto, ce
phénomène se traduit par le développement
sub-horizontal des cavités, peut-être guidé
par la présence de niveaux de
granulométrie fine et d'intercalations de
bancs phylliteux.
petits blocs (mogotes, tours, verrues, ...),
avec des abris de dimension moyenne.
Figure 11 - galerie recoupée par un canyon
L'abondance des lapiés et des alvéoles de
dissolution dans les escarpements de la
Serra do Espinhaço semblent souligner un
grand potentiel de cavités : il reste
aujourd"hui à les découvrir (fig. 12).
Figure 10 – Evolution géomorphologique du
secteur du "Labirinto de Zeus".
Par rapport à l'état de conservation des
peintures rupestres qu'on observe sur les
parois rocheuses le long du rio Preto, il est
important de souligner que le support, en
raison de sa nature gréseuse et très friable,
peut avoir reçu beaucoup plus de dessins et
de peintures, détruits naturellement au
cours du temps.
L'ensemble des formes répertoriées dans la
région du Rio Preto illustre l'importance
des processus de dissolution dans les
quartzites, donnant des systèmes évolutifs
complexes.
1.6 - Synthèse
La formation des cavernes karstiques est
contrôlée par de nombreuses diaclases
verticales N-S sur lesquelles se sont
installés les fronts d'altération et les
canyons (fig. 11). Ces diaclases ont permis
la formation d'une série de lapiés inscrits
dans le paysage du secteur.
Les cavités se développent généralement
aux dépends d'un joint de stratification mis
en extension par le bombement d'une
structure anticlinale. Ces cavités ont été
réalisées par dissolution de la silice
contenue dans la roche, essentiellement
Figure 12 - galerie karstique
Par ailleurs, on note que les ressources en
pigments minéraux sont plutôt limités. Les
17
Contexte géomorphologique
inférieure du Supergroupe Espinhaço est
connue pour contenir des corps plus ou
moins stratifiés de métabasiques. A
proximité de l'aire d'aire d'étude, na partie
inférieure du bassin du Rio Preto, au sud
du municipe de São Gonçalo do rio Preto,
ont été observées ces roches vertes,
massives à grin fin, typiquement utilisées
pour la confection de lames polies de
hache, ce qui prouve localement la
disponibilité d'une matière première.
oxydes et les hydroxydes de fer peuvent
être retrouvés dans de petits gisements
et/ou des filons d'oligistes, dans des
couches de chlorito-séricitoschistes, et
dans certaines lentilles de cuirasse
ferralithiques qui recouvrent ces mêmes
schistes.
S'agissant des ressources lithiques, on
notera le faible nombre de niveaux
silicifiés utilisables. Cependant, il existe de
nombreux dykes de dolérites qui traversent
les formations dans l'ensemble de la Serra
do Espinhaço. De fait, la partie inférieure
du Supergroupe espinhaço est connue pour
contenir des corps plus ou moins stratifiés
de métabasiques. En fait, la partie
Enfin, soulignons que les prochains
travaux de terrain devront examiner la
question des gîtes de quartz hialin, support
de l'industrie lithique du secteur.
18
Geoarqueologia do Parque Estadual do Rio Preto
IIa – Contexto arqueológico
Iniciaremos este capítulo com algumas
precisões
terminológicas.
Assim
apresentaremos num primeiro momento
uma tipologia de sítios arqueológicos, para
em seguida descrevermos cada um dos
sítios visitados, concluindo com um
primeiro estudo dos vestígios cerâmicos.
...). No entanto como a matéria orgânica
tem um pH com tendência básica, esta será
bem conservada num ambiente básico, tal
como o calcário, do que em ambiente
ácido, como os solos tropicias ao ar livre,
ou os solos dos abrigos areníticos; estes
últimos de natureza muito ácida.
2.1 - Sítios arqueológicos:
Tipologia
- Sítio a céu aberto: sensu stricto, são
locais ao ar livre, sem relação com abrigos
ou grutas, onde encontram-se conjuntos de
vestígios que testemunham uma ocupação.
De maneira geral chamamos sítios
arqueológicos os locais onde os grupos
pré-históricos deixaram algum tipo de
vestígio (pinturas, instrumentos de pedra,
osso, cerâmica, sepultamento, ...), e que
podem testemunhar da vida desses povos.
Para facilitar a compreensão do espaço
estudado nós caracterizamos os locais
destas ocupações em três tipos [Rodet e
Rodet, 2004]:
Se por um lado, os sítios a céu aberto
servem para complementar e dar uma outra
dimensão aos sítios de abrigo, por outro
lado a estratigrafia presente, bem como a
conservação dos vestígios não são sempre
da mesma qualidade que as encontradas
nos abrigos. Os materias orgânicos são
raramente conservados num ambiente
aberto, mais expostos aos agentes erosivos,
ácidos provenientes da atmosfera (pCO2 do
ar e da chuva) e da camada vegetal (ácido
húmico, lixiviação do solo), e onde há uma
maior variação de temperatura ao longo do
ano.
- Sítios de abrigo: sensu stricto, são
lugares abrigados e onde a variação de
temperatura é branda durante todo o ano
(para os grandes abrigos). Estes locais
podem encontrar-se aos pés das falésias, ou
nas entradas de grutas.
Enfim, parte importante dos terrenos
abertos foram utilizados para pastagem ou
agricultura, resultando um solo revolvido
com presença de vestígios geralmente
quebrados.
Dentro de um substrato do tipo arenito
quartzficado como é o caso do setor em
estudo, os blocos areníticos isolados de
tamanho decamétricos, trabalhados pela
água, podem formar setores abrigados de
tamanhos pequenos à médio (exemplo:
Lapa do Tatu, Sítio da Santa) até grandes
abrigos ao pé de falésias (Lapa do Urubu).
Nestes setores a morfologia cria formas
protegidas do sol e da chuva, entre outros,
ideais para serem pintadas.
- Sítios mistos ou de associação: são sítios
a céu aberto com extensão em abrigo, ou
sítio de abrigo com extensão a céu aberto.
Estes dois tipos são na verdade sítios
mistos, onde os dois setores do sítio podem
ter sido usados para atividades diferentes.
Enfim, ressaltamos que dentro do Parque
os vestígios arqueológicos observados até
agora encontram-se principalmente em
setores abrigados (pinturas, cerâmicas,
No mais, os abrigos são geralmente locais
secos, ideais para a preservação de
vestígios frágeis (madeira, ossos, vegetais,
19
Contexto arqueológico
peças líticas, fogueiras). No entanto,
algumas “ocorrências isoladas de pinturas"
foram
observadas
sobre
rochas
completamente expostas (Várzea da
Estrela). No mais, na área do entorno do
Parque, há ocorrência de vestígios a céu
aberto: blocos de quartzo hialino
trabalhados (núcleo). No entanto, as
pesquisas estão ainda muito recentes e não
podemos afirmar com certeza tratar-se de
vestígio pré-histórico : o local foi muito
utilizado por garimpeiros que trabalhavam
o quartzo. O resultado dos restos brutos de
debitagem destes trabalhos é muito
próximo ao dos vestígios pré-históricos.
O sítio encontra-se ao pé de uma falésia de
aproximadamente 30 m de altura. A parte
abrigada é de aproximadamente 60 m de
comprimento.
Figura 13 - Lapa do Urubu: localização
aproximativa dos painéis de pintura.
2.2 – Sítios arqueológicos:
Inventário
O solo constitui-se principalmente de
sedimento
arenoso
proveniente
da
dissolução do substrato rochoso (metaarenito quartzificado) e é alimentado, entre
outros, por um cone de dejeção situado à
esquerda. A mata que margeia a falésia
protege as paredes do abrigo da luz direta
do sol durante uma grande parte do dia, e
da poeira proveniente da estrada situada a
alguns metros de distância. A vegetação
compõe-se de arbustos e árvores de porte
médio à grande (nome popular:
quaresmeira, tapicuri, murici, candeia,
jacarandá, ....)
Neste capítulo faremos uma descrição
física geral dos sítios arqueológicos ou dos
locais de ocorrência isolada de vestígios
rupestres.
2.2.1 – Metodologia do estudo
O primeiro passo é a localização do sítio
em sistema GPS, no caso do Parque,
Córrego Alegre.
Quando em abrigo: realiza-se descrição do
material de superficie (cerâmica, lítico,
fogueiras, etc) em geral, assim como do
piso sedimentológico.
Fotografa-se e descreve-se os grafismos
rupestres, às vezes realiza-se croquis das
pinturas. Descreve-se o estado material do
suporte do abrigo.
Um croqui do abrigo é também
recomendável.
Enfim, descreve-se a vegetação do entorno
assim como a distância da àgua mais
próxima.
Os vestígios de pinturas encontram-se
expostos em dois grandes painéis na
parede do abrigo (fig. 13). Um terceiro
painel foi observado sobre um bloco que
desprendeu-se do maciço principal
e
encontra-se na parte direita do setor
abrigado [M.J. Rodet et al., 2003]. Um
bloco caído (parte abrigada) foi também
utilizado como suporte.
Algumas pinturas localizam-se na parte
baixa do abrigo (em relação ao solo atual),
acessíveis à mão. Outras encontram-se
mais altas, necessitando de um suporte
para alcança-las.
2.2.2 – Sítios arqueológicos
Lapa do Urubu
Ponto GPS UTM 0675696/7997471 à 922 m
(Córrego Alegre).
A temática dos painéis :
20
Geoarqueologia do Parque Estadual do Rio Preto
O estado de conservação do suporte é
precário; fatores naturais e antrópicos
(evolução do quartzito - muito friável,
carstificação, ninhos de cupins, fogo, ...)
participam à degradação das pinturas (fig.
16).
Painel I : são animais: veados, peixes,
pássaros
(?),
provavelmente
com
sobreposição e/ou oxidação da tinta ou
limpeza das pinturas. A cor predominante é
a vermelha (fig. 14 e 15).
Figura 14 - Peixe: exemplos observados sobre o
painel 1.
Painel II : somente restos dos gafismos
podem ser observados, extremamente
deteriorado. Em relação ao pigmento
utilizado, observa-se o vermelho e o
amarelo.
Figura 16 - Lapa do Urubu: degradação do
suporte. As pinturas foram realizadas na camada
que corresponde à alteração da rocha
(recristalisação
superficial).
Esta
solta-se
facilmente porfenômenos naturais e antrópicos.
Painel III : mal conservado, bastante
descamado. Os motivos são animais e uma
mão. Há partes da rocha no chão, com
pinturas.
Os vestígios arqueológicos observados em
superficie se resumem : 3 nucleos de
quartzo (hialino e leitoso), lascas de
quartzo leitoso, cacos cerâmicos decorados
(finos, grossos, de cores claras avermelhadas, com bordas e alças), carvões
provenientes de uma fogueira. Um
cupinzeiro, quebrado, pode ter sido usado
como fogão. As pinturas rupestres, em
estado avançado de degradação são
observadas em grande parte da superfície
da falésia, assim como sobre os blocos
caídos.
Ressaltamos que o material arqueológico
não foi coletado. Nesta primeira fase das
pesquisas, preferimos deixar os vestígios in
situ pois os sítios são bem resguardados
haja visto que os responsáveis pelo parque
não permitem a visitação destes locais
pelos turistas. Um grande problema de
coleta de material é, em seguida, a
stocagem do mesmo.
Figura 15 - quadrupedes: croqui de pinturas
observadas no painel 1.
Lapa do Veado
Ponto GPS UTM 065769/799605, à 811 m
(Córrego Alegre).
21
Contexto arqueológico
Figura 17 - Visão geral de um dos setores com pinturas: conjunto de sítios próximos a um sítio maior, a Lapa
do Urubu. A geomorfologia dos abrigos é bastante próxima, assim como a técnica de reslização das pinturas e o
tema principal (veados).
largura), aberto em direção ao rio Preto,
situado a alguns metros de distância (fig.
18). Observa-se no mínimo tres figuras de
veado (cor laranja/vermelho). Pelo menos
um dos vestígios foi realizado após a
descamação da rocha.
Logo acima da cachoeira, onde encontra-se
a Lapa Poço do Veado, nota-se uma linha
de grandes blocos de arenito quartzificado.
Neste setor existe um outro sítio com
pinturas rupestres denominado Lapa do
Veado (fig. 17).
Em relação a outros tipos de vestígio,
ressaltamos que foi observado um
instrumento lascado sobre seixo e uma
lasca de quartzo hialino.
Figura 18 - Lapa do Veado: painel.
O piso do abrigo é composto de
sedimentos bastante arenoso proveniente
principalmente da desagregação da rocha
local, mas também de fibras vegetais e de
coquinhos provavelmente trazidos por
roedores.
As pinturas são realizadas sobre o suporte
de um pequeno abrigo bastante alto
(aproximadamente 9 m de altura x 5 de
A vegetação do entorno próximo é de
cerrado, circundada em direção ao rio, pela
mata ciliar.
22
Geoarqueologia do Parque Estadual do Rio Preto
principalmente por problemas de exposição às intempéreis e pela evolução natural
da rocha, muito friável.
Enfim, ressaltamos que o painel de
pinturas
esta
bastante
degradado:
exposição permanente à claridade,
descamamento da rocha, presença de
cupinzeiro e de raízes sobre as pinturas.
Abrigo dos Tropeiros I
Ponto GPS 0676953/7989422, 1283 m (Córrego
Alegre).
Lapinha da Pintura
Trata-se de um pequeno abrigo (fig. 19)
situado na mesma linha de afloramentos da
Lapa do Veado (fig. 17), a poucos metros
deste (aproximadamente 40 m) e próximo
ao rio Preto (100 m). A pintura retrata um
grande cervídeo (70 x 30 cm) de cor
vermelha-alaranjada.
O abrigo encontra-se a 3 horas à cavalo da
sede do Parque. Segundo as informações, o
local era parada dos tropeiros que faziam a
rota Rio Vermelho/Diamantina.
O sítio encontra-se à aproximadamente 100
m do Córrego dos Tropeiros. A vegetação
do entorno são os campos de altitude.
Figura 20 - Lapa dos Tropeiros: vista geral do
abrigo
Trata-se de um pequeno abrigo (21 passos
de extensão), baixo (aproximadamente 4
m) que abre-se em direção ao rio (fig. 20).
Os vestígios arqueológicos resumem-se a
um grande painel pintado com dezenas de
figuras zoomorfas (veados, tamanduás,
porco do mato, ...). As pinturas encontramse num estado avançado de destruição (fig.
21).
Figura 19 - Lapinha da Pintura: visião do
patamar do abrigo.
Os principais agentes são : a foligem das
fogueiras dos tropeiros, a desagregação de
blocos das paredes pelo calor do fogo, as
pixações modernas.
No piso do abrigo foi observado um seixo
de arenito quartzificado (rolado no rio)
com estigmatas de percussão (pré-histórico
?).
A vegetaçao é a mesma que circunda a
lapa do veado : cerrado e mata ciliar (em
direção ao rio).
O abrigo encontra-se no mesmo estado de
conservação dos outros, ou seja, as
pinturas estão extremamentes deterioradas,
Na parte central do abrigo, onde não há
vestígios de fogueira, nota-se desprendimento natural de placas da parede,
pixações (azul e carvões - 1994) sobre
pinturas pré-históricas de cor amarela.
Nenhum outro tipo de vestígio pôde ser
23
Contexto arqueológico
observado em superfície, a não ser uma
pequena lasca de quartzo hialino (natural
?).
Situado nas partes mais altas das terras do
Parque, o abrigo, uma pequena boca de
caverna, abre-se em direção ao sul no topo
da falésia acima do rio Preto. A localização
do sítio permite uma boa visão de parte do
vale.
O solo do abrigo compõe-se de matriz
arenosa, marrom, com cone de dejeção à
esquerda. O suporte rochoso deve ser o
mesmo do entorno, o meta-arenito
quartzificado.
A vegetação do local é do tipo cerrado e
compõe-se de arbustos e arvores de
pequeno porte, além de variedades de
gramíneas. Nomes populares: vinhática,
pau terra, candeira, carne de vaca, pau
magro, ...
Abrigo dos Tropeiros II
Ponto GPS 23L 0676984N/7989389L, 1299 m
(Córrego Alegre).
Logo acima do abrigo dos Tropeiros, à
aproximadamente 200 m da àgua,
encontra-se um segundo abrigo, menor (15
passos de extensão), porém mais alto
(aproximadamente 6 m), mais ventilado,
portanto mais fresco, aberto em direção
oeste.
O suporte é o mesmo meta-arenito quartzitico, sendo que dentre os blocos
desmantelados que encontram-se uns sobre
os outros, é possível observar uma parte
em quartzito claro (quase branco). Na
parede principal do abrigo, onde
encontram-se as pinturas, nota-se feições
cársticas em forma de alvéolos.
Vestígios de pinturas encontram-se na
parte mais baixa da parede e estão em
estado avançado de destruição (fig. 21).
Em relação aos vestígios arqueológicos,
foram observados: fogueira, fogão,
conjunto de debitagem de quartzo hialino
contendo várias lascas e alguns núcleos,
provavelmente realizados por garimpeiros
que utilizavam o lugar para exploração e
limpeza de quartzo hialino (jazida de
quartzo hialino próxima ao abrigo). O local
foi abandonado à aproximadamente 30
anos. A singularidade do Abrigo do Cristal
é que 30 anos mais tarde os vestígios
deixados pelos garimpeiros apresentarem
um estado de conservação excelente (não
cobertos por sedimentos), dando a
impressão de terem sido feitos ontem.
Lembramos que, a passagem dos
garimpeiros no setor é um “objeto
arqueológico” importante e merece ser
estudado dentro de uma proposta de
pesquisa para o Parque.
Nossa intenção é fazer um trabalho de
experimentação junto a um dos
garimpeiros que utilizou o local e que mora
nas proximidades do Parque.
Figura 21 - Lapa dos Tropeiros: figuras em
amarelo (alto) e laranja (baixo).
Foi possível observar um pequeno
quadrúpede em vermelho.
Foram também observados 2 seixos (1 bem
liso, o outro em arenito), semi-enterrados,
cercados por algumas lascas de quartzo
hyalino e leitoso.
Há também restos de fogueiras e
armadilhas, provavelmente contemporâneas à passagem dos tropeiros.
Nenhuma pintura pôde ser observada no
teto, no entanto a camada de foligem
impede uma boa visualização do suporte.
Pedra das Figuras
Abrigo do Cristal
Ponto GPS: 23K 0675475 7998845N 335L
(Córrego Alegre).
Ponto GPS UTM0673583/7993589, à 981 m
(Córrego Alegre).
24
Geoarqueologia do Parque Estadual do Rio Preto
base do solo. Os pigmentos utilizados são
de cores amarela e vermelha e a técnica é
do tipo pintura preenchida.
As pinturas encontram-se sobre pequeno
bloco (próximo de 4 m de altura x 2 de
largura) de meta-arenito quartzitico, muito
próximo da estrada que corta o parque
(menos de 1 m), no início da subida, antes
da Lapa do Tatu (fig. 22).
Figura 23 – Lapa do Tatu: vista da Lapa do Tatu,
mostrando sua proximidade com a estrada e sua
exposição ao sol e à poeira.
O suporte do abrigo é um afloramento de
meta-arenito quartzificado, próximo a
outros afloramentos do mesmo tipo. A
àgua mais próxima é a do rio Preto
(aproximadamente 50 m).
Figura 22 - Pedra das Figuras: vestígios de
pinturas zoomorfas podem ser observados sobre um
bloco de arenito quartzítico muito próximo à
estrada que leva à sede do Parque.
As pinturas (tamandua, tridáctilo) estão
bastante degradadas por causa do supporte
muito friável, da exposição constante às
intempéreis, da descamação da rocha e à
deposição de poeira.
Figura 24 - Lapa do Tatu: a pintura do estilo
"Planalto" encontra-se bem conservada na parte
inférior (pés, barriga). No entanto na parte
superior (cabéça) os traços desapareceram.
O piso do abrigo se compõe
principalmente de rocha quartzitica e de
sedimentos proveientes do entorno do
afloramento.
A vegetação local de cerrado compõe-se
principalmente de arbustos. Nomes
populares : quaresmeira, tapicuri, murici de
flor amarela, candeia, pau terra, jacarandá,
alecrin do campo, ...
Não foram encontrados outros vestígios
arqueológicos no solo do abrigo ou em seu
Lapa do Tatu
Ponto GPS: UTM 0675476/998508, 899 m
(Córrego Alegre).
O sítio é parcialmente circundado pela
estrada de acesso (aproximadamente 6 m)
que leva à sede do parque (fig. 23).
A pintura encontra-se na parede de um
pequeno abrigo (5 m de altura, 4 m de
largura), dentro de um nicho à 1,80 m da
25
Contexto arqueológico
proveniente da desagregação
colúvios do rio Preto.
entorno, a não ser uma única lasca de
quartzo leitoso (antrópica ?) e coquinhos,
provavelmente trazidos por roedores.
Enfim ressaltamos que a pintura (fig. 24)
está exposta ao sol e recebe os raios da
manhã, não havendo nenhuma proteção pra
filtrá-los [M.J. Rodet et al., 2003].
da rocha e dos
Neste contexto, o único vestígio observado
é uma pintura (veado) pouco visível,
realizada em pigmento vermelho.
O suporte encontra-se muito degradado :
exposição permanente à luz, exposição ao
sol, presença de microorganismos,
evolução natural da rocha, .... A falta de
proteção do suporte expões os vestígios à
contrastes de calores e à instalação de
micro-organismos.
Enfim, a vegetação é o cerrado (parte mais
alta) e a mata ciliar (próximo ao rio).
Lapa do Poço do Veado
Ponto GPS UTM 065868/7996793, à 804 m
(Córrego Alegre).
A pintura encontra-se num abrigo de metaarenito quartzificado situado às margens do
rio Preto, no local onde este forma um
grande poço (fig. 17). De acordo com o
gerente do Parque, o local é sistematicamente inundado pelas enchentes anuais do
rio.
Este fenômeno é visível tanto pela
quantidade de areia que inunda o local (fig.
25), formando uma grande praia até à
parede do abrigo (a areia trazida
principalmente pelos colúvios do rio é
atualmente o único componente de
sedimentação do solo do abrigo, como pela
presença a uma certa altura do solo, de
galhos secos presos à vegetação ribeirinha.
Varzea da Estrela
Ponto GPS 0675693/7997461 (Córrego Alegre).
Este sítio é situado próximo à estrada da
serraria. Os grafismos (dois veados e um
peixe) foram realizados sobre uma
superfície não abrigada (fig. 26). Trata-se
de um setor rochosos onde não há
vegetação no entorno próximo (setor norte,
parte mais alta, acima das cachoeiras) e a
morfologia da rocha não apresenta setores
protegidos; deste modo as pinturas foram
realizada em um local completamente
expostao ao sol e à chuva, em
consequência as figuras encontram-se
bastante deterioradas. Vale ressaltar que o
local abriga uma nascente.
Figura 26 - detalhe das pinturas: a localização
das pinturas é a céu aberto. Não há nenhuma
proteção natural.
Sítio da Santa
Figura 25 - Lapa Poço do Veado: em superfície, o
sedimento atual do abrigo é a areia fina
Ponto GPS: 0677502 N/79907521D, 1077 m
(Córrego Alegre).
26
Geoarqueologia do Parque Estadual do Rio Preto
A imagem de Nossa Senhora Aparecida
(fig. 27) esta instalada sobre um bloco de
de arenito quartzitico (altar construído com
o mesmo material). Acima da imagem, no
setor liso da rocha encontram-se vestígios
de pinturas: quatro quadrúpedes sobrepostos por pixações modernas. Os vestígios
pré-históricos são de cor amarela e
alaranjada e são do mesmo estilo. O
suporte é sempre o mesmo, arenito
quartzificado claro.
É interessante notar que o local tem vários
aspectos positivos para uma ocupação, sem
que no entanto pudessemos observar
qualquer sinal da passagem humana:
proteção contra o calor e contra a chuva,
ventilação, matéria prima de alta qualidade
para lascamento (setor com quartzito muito
fino), visão sobre uma grande parte do
vale, proteção em função da altura,
proximidade com àgua, paredes lisas para
pintura.
A água mais próxima do sítio é o córrego
Taiobal (proximo 1 km).
A vegetação do entorno do sítio é o
cerrado e os campos de altitude.
É possível que o local tenha sido pintado,
no entanto a maior parte da camada
superficial da rocha foi naturalmente
retirada e pôde ter levado consigo os
vestígios dos grafismos. Um trabalho
detalhado deverá ser feito no setor.
Foi realizada uma rápida prospecção no
entorno próximo : nenhum outro vestígio
pôde ser observado.
Demos um nome provisório ao sítio,
Labirinto de Zeus, na espera do nome
definitivo que deverá ser indicado pelo
“inventor do sítio”, o Deco.
Enfim, vale ressaltar que o suporte está
bastante alterada, não só por degradações
antrópicas atuais, mas também pela própria
estrutura da rocha que descama-se
facilmente.
Figura 27 - Sítio da Santa: o local é ainda
utilizado para veneração de Nossa Senhora
Aparecida.
Para terminar este capítulo é necessário
assinalar um local prospectado, que nos foi
indicado por Deco, um dos funcionários do
Parque. Trata-se de um grande maciço
(meta-arenito quartzificado), completamente carstificado (no mínimo três níveis)
com condutos, canais, alvéolos, ....(fig.
28). Por questões de segurança e tempo
somente os níveis inferiores, próximos ao
solo foram
Figura 28 - Labirinto de Zeus: vista de um da
carstificação da rocha que criou locais
extremamente agradáveis e de rara beleza.
27
Contexto arqueológico
bojo, até a metade do pescoço;
- Estriado.
Localização na peça: porção superior do
pescoço até a borda (fig. 29).
2.3 - Vestígios Cerâmicos
Para a ocorrência de vestígios cerâmicos,
os trabalhos se restringiram a análise de
alguns vestígios cerâmicos encontrados em
um único abrigo visitado, e a levantamentos de informações orais. Também
foram assinalados locais potenciais, para
futuras prospecções.
2.3.1 - Ocorrências
cerâmicos
dos
Estado de conservação dos vestígios : 2
fragmentos se encontravam bastante
erodidos e muito pequenos.
vestígios
Lapa do Urubu
Os vestígios cerâmicos observados no
abrigo encontram-se depositados sobre o
solo de superfície, dispersos em 2
conjuntos distintos perfazendo o total de
12 fragmentos, sendo que um destes
fragmentos permanece enterrado, podendo
ser a metade de um vasilhame ou mesmo
ser um vasilhame inteiro (seria necessário
escavar o local para saber se o vestígio está
inteiro ou em fragmento).
Figura 29 - fragmento conjunto 1: nota-se foligem
na face externa.
A maior parte dos fragmentos se concentra
próximo à parede do abrigo, incluindo o
“pote” enterrado, os outros fragmentos se
encontram dispersos em torno de uma
estrutura de combustão, e também
próximos a um pequeno canal de pingueira
(parte sul do abrigo).
Conjunto 2 – 4 fragmentos
Cor: bege.
Tamanho dos fragmentos : +/- 4,5 cm.
Espessura: 7mm.
Manufatura: modelagem.
Tratamento Superfície: alisado e decoração
plástica.
Decoração plástica: estriado, inciso
geométrico.
Conjunto 1 – 8 fragmentos
Cor: amarela clara.
Espessura: entre 5 e 6 mm.
Tratamento de superfície: alisado e com
decoração plástica.
Decoração plástica: estriado, incisa
(motivos geométricos).
Manufatura : rolete.
Pasta: areia, grãos de hematita, grãos de
quartzo (<1 mm).
Queima: não foi possível identificar.
Obs.: ocorrência de fuligem face externa
da peça.
Figura 30 – conjunto 2: incisões geométricas na
face externa.
Decoração Plástica :
- Incisa.
Localização na peça: porção superior do
Pasta: muito compactada, argila, grãos de
quartzo (< 3mm); mica em baixíssima
proporção.
28
Geoarqueologia do Parque Estadual do Rio Preto
Iniciamos as entrevistas na comunidade de
Santo Antonio, localizada a SE do parque,
é a comunidade mais próxima ao mesmo ;
foram entrevistados alguns moradores da
localidade, indicados pelo guia.
Queima: a peça apresenta som de
vitrificação – queima com oxidação total
da peça.
Decoração: face interna – alisamento
estriado;
Decoração : face externa – alisado sob
inciso geométrico;
Não foi possível identificado a posição dos
fragmentos na morfologia do vasilhame
(fig. 30).
As informações coletadas nesta etapa,
confirmaram a ocorrência de vestígios
arqueológicos na região, sendo que o Sr.
Clarinho tinha em sua posse um machado
polido que foi doado pelo entrevistado, que
alegou não ter a intenção de manter em
casa uma pedra que atrai raio – a casa do
entrevistado foi atingida por um raio à
aproximadamente 2 anos passados, na
ocasião o machado foi jogado fora no pasto
próximo à casa; o machado foi recuperado
no dia da entrevista, depois de uma
meticulosa prospecção na área.
Vestígio enterrado:
Este vestígio pode ser um vasilhame
inteiro ou a metade de um pote; é possível
visualizar em superfície a metade exposta
do bojo, o pescoço e a borda. (fig. 31).
A peça apresenta decoração incisa
geométrica.
O Sr. José Ferreira, antigo morador das
Boleiras, achou 2 machados polidos –
Capão do Imbirá (Indequicé), o local era
usado para agricultura; o filho do Sr.
Clarinho a 3 anos passados, encontrou um
machado polido a aproximadamente ½ m
de profundidade, quando fazia buraco de
cerca, o local se chama Grota do Acaba
Mundo.
Outras informações indicaram a ocorrência
de vestígios cerâmicos nos locais
denominados:
- Cachoeira dos Crioulos (2 potes inteiros,
decorados).
- Lapa do campo do Veado (o Sr. Clarinho
achou pote inteiro).
- Capão dos Negros
(Sr. Alcides
encontrou 3 potes inteiros).
Estas informações serão checadas na fase
de prospecções.
Figura 31 - vestigio enterrado: a decoração é
também incisa e geométrica.
Enfim ressaltamos a presença de um
fragmento com um "alça" provavelmente
utilizada como suporte para pegar a
vasilha. Este tipo de suporte remete às
panelas de ferro utilizadas pelos
colonizadores, o que leva a pensar em um
vestígio "caboclo", portanto mais recente.
2.3.2 orais
Levantamento de informações
Também visitamos o local onde existiu
um antigo forno: as ruínas se encontram
muito descaracterizada na superfície, não
possibilitando fazer uma descrição do
mesmo, o local teria que ser escavado.
Iniciamos o levantamento de informações
orais nas regiões que circundam a área do
Parque e que apresentam condições
favoráveis ao manejo, tanto para o
assentamento
humano como para a
agricultura.
Enfim o machado doado encontra-se sob
nossa guarda. Por uma questão de tempo
29
Contexto arqueológico
este não foi ainda estudado. Comprometemo-nos a estudá-lo e este será entregue
ao Parque Rio Preto, devidamente
analisado no nosso próximo relatório.
2.3.3 - Conclusão
Esta primeira etapa de reconhecimento,
possibilitou ao grupo um primeiro contato
com os moradores dos arredores do
Parque. Pretendemos realizar prospecções
com ênfase nos locais tradicionalmente
utilizados para lavoura, sem no entanto
esquecer os locais indicados nestas
entrevistas.
Pontos GPS (Córrego Alegre)
- cacos cerâmicos: 23 675643- E / 8002272- N,
+ 748 m
- local do forno: 675637-E /8002231-N, + 750
m
Quanto á analise do material cerâmico
encontrado na lapa do Urubu, esta se
restringiu a um registro sumario de
características físicas dos fragmentos de
superfície, portanto um estudo muito
preliminar de caracterização tecnológica e
de filiação cultural.
- Machados polidos (2 – encontrados por
Sr. Alcides): 674570-E / 8002921-N, + 806
m.
Encosta íngrime, os machados se
distanciavam
um
do
outro
em
aproximadamente 150 m .
30
Géoarchéologie do Parc Naturel IEF du Rio Preto
IIb – Contexte archéologique
Nous commencerons ce chapitre en
abordant quelques précisions terminologiques, plus précisément nous présenterons
une typologie des sites archéologiques,
pour ensuite décrire chacun des sites
visités et conclure par une première étude
des vestiges de céramique.
vestiges fragiles (bois, os, végétaux, ...).
Cependant comme la matière organique a
un pH à tendance basique, elle sera bien
conservée dans un milieu basique, comme
le calcaire, au contraire d'un milieu acide,
comme les sols tropicaux en plein air, ou
les sols des abris gréseux, ces derniers
étant de nature très acide.
2.1 - Sites archéologiques :
Typologie
- Sites de Plein Air sensu stricto. Il s'agit
de lieux en plein air, sans relation avec un
abri ou une grotte, dans lesquels on
retrouve des ensembles de vestiges qui
témoignent d'une occupation humaine.
D'une manière générale, nous appelons
"sites archéologiques" les lieux où les
groupes préhistoriques ont laissé un vestige
de quelque type qu'il soit (peintures,
instruments
de
pierre,
ossement,
céramique, sépulture, ...) qui peut
témoigner de la vie de ces peuples. Pour
faciliter la compréhension de l'espace
étudié, nous caractérisons les locaux de ces
occupations selon trois types [Rodet et
Rodet, 2004] :
Si d'une part, les sites de plein air servent à
compléter et donner une autre dimension
aux sites d'abri, d'autre part, la stratigraphie
présente, tout comme la conservation des
vestiges ne sont pas toujours de la même
qualité que celles retrouvées dans les abris.
Les matières organiques sont rarement
conservées dans un milieu ouvert, plus
exposé aux agents érosifs, aux acides
provenant de l'atmosphère (pCO2 de l'air et
de la pluie et de la couche végétale (acides
humiques, lixiviation du sol) et où il y a
une plus grande variation de température
au cours de l'année.
- Sites d'Abri sensu stricto. Il s'agit de
leiux abrités et où la variation de
température est atténuée durant toute
l'année (du moins pour les grands abris).
Ces lieux peuvent être localisés au pied des
falaises ou dans les entrées des grottes.
Enfin, une importante partie des terres
ouvertes ont été utilisées pour le paturage
ou l'agriculture, engendrant un boulversement du sol et généralement la cassure des
vestiges qu'il contient.
Avec un substrat du type "grès
quartzitique", comme c'est le cas de ce
secteur d'étude, les blocs de grès isolés, de
taille décamétriques, travaillés par l'eau,
peuvent former des secteurs abrités de
taille petite à moyenne (exemple Lapa do
Tatu, Sítio da Santa) jusqu'à de grands
abris en pied de falaise (Lapa do Urubu).
Dans ces secteurs, la morphologie crée des
formes à l'abri du soleil et de la pluie, qui
peuvent notamment être peintes.
- Sites mixtes ou associés. Il s'agit de sites
de plein air avec une extension en abri, ou
de sites d'abri avec une extension en plein
air. Ces deux types sont en vérité des sites
mixtes où les deux secteurs peuvent avoir
été utilisés différentiellement.
Enfin, relevons que dans le parc naturel,
les vestiges archéologiques observés à ce
De plus, les abris sont généralement des
lieux secs, idéaux pour la préservation de
31
Contexte archéologique
jour, se situent principalement dans des
secteurs abrités (peintures, céramique,
pièces lithiques, foyers). Cependant
quelques éléments rupestres isolés ont été
observés sur des rochers complètement
exposés (Varzea da Estrela). De plus, à la
périphérie du parc naturel, on retrouve des
vestiges en plein air : blocs de quartz hialin
travaillés (nucleus). Néanmoins les
recherches sont récentes et nous ne
pouvons pas affirmer avec certitude qu'il
s'agisse de vestige préhistorique : la région
a été très utilisée par des cristalliers
(garimpeiros) qui travaillaient le quartz. Le
résultat des restes bruts de débitage de ces
travaux est comparable à celui des vestiges
préhistoriques.
Le site se trouve au pied d'une falaise
d'environ 30 m de hauteur. La partie
abritée est d'approximativement 60 m de
longueur.
Figure 13 - Lapa do Urubu : localisation
schématique des panneaux de peinture.
Le sol est constitué principalement de
sédiment sableux provenant de l'altération
du substrat rocheux (métagrès quartziteux)
et est alimenté entre autres, par un cône de
déjection situé à gauche. La forêt qui longe
la falaise protège les parois de l'abri de la
lumière directe du soleil durant une grande
partie de la journée, et de la poussière
venant de la piste située à quelques mètres
de distance. La végétation se compose
d'arbustes et d'arbres de jet moyen à grand
(noms populaires : quaresmeira, tapicuri,
murici, candeia, jacarandá, ...).
2.2 – Sites archéologiques :
Inventaire
Dans ce chapitre nous décrirons le cadre
physique général des sites archéologiques
identifiés.
2.1.1 – Méthodologie de l'étude
La première démarche est la localisation
du site avec un système GPS, dans le cas
du parc naturel : Córrego Alegre.
Une fois dans l'abri, on réalise une
description du matériel en surface
(céramique,
lithique,
foyers,
etc.)
globalement, ainsi que du sol sédimentaire.
On photographie et on décrit les
graphiques rupestres, parfois on réalise un
croquis des peintures. On décrit l'état
matériel du support de l'abri (état des
parois).
Un croquis de l'abri est à recommander.
Enfin, on décrit la végatation alentours et
on note la distance au point d'eau le plus
proche.
Les vestiges de peintures se présentent en
deux grands panneaux sur la paroi de l'abri
(fig. 13). Un troisième panneau a été
observé sur un bloc qui s'est détaché du
massif principal et se situe dans la partie
droite du secteur abrité [M.J. Rodet et al.
2003]. Un bloc tombé (partie abritée) a
aussi été utilisé comme support.
Quelques peintures sont situées dans la
partie inférieure de l'abri (près du sol
actuel), à portée de main. D'autres sont
situées plus haut et nécessitent un support
pour être atteintes.
2.1.2 – Sites archéologiques
La composition des panneaux :
Panneau I : il se compose d'animaux
(cervidés,
poissons,
oiseaux
?),
Lapa do Urubu
Point GPS UTM 0675696/7997471 à + 922 m
d'altitude (Córrego Alegre).
32
Géoarchéologie do Parc Naturel IEF du Rio Preto
anthropiques (évolution du quartzite - très
friable, karstification, termitières, feu, ...)
participent à la dégradation des peintures
(fig. 16).
probablement avec une superposition et/ou
une oxydation de la teinture ou un
nettoyage des peintures. La couleur
dominante est le rouge (fig. 14 et 15).
Figure 14 - Poissons : exemples observés dans le
panneau 1.
Figure 16 - Lapa do Urubu : dégradation du
support. Les peintures ont été réalisées sur la
couche attaquée par l'altération de la roche
(recristallisation superficielle), croûte qui se
détache facilement sous les processus naturels et
anthropiques.
Panneau II : on observe que des restes de
graphisme, extrêmement dégradés. Concernant les pigments utilisés, on note le rouge
et le jaune.
Panneau III : il est mal conservé,
sérieusement desquamé. Les motifs sont
des animaux et une main. Des morceaux de
paroi avec de la peinture sont tombés sur
le sol.
Les vestiges archéologiques observés en
surface se résument à : 3 nucleus de quartz
(hialin et laiteux), des lames de quartz
laiteux, des tessons de céramique décorée
(fine, grossière, de couleurs claires
rougâtres, avec des rebords et des anses),
des charbons issus d'un foyer. Une
termitière, éventrée, peut avoir été utilisée
comme fourneau. Les peintures rupestres,
en état avancé de dégradation, sont
observables sur la plus grande partie des
parois de la falaise, tout comme sur les
blocs tombés.
Soulignons que le matériel archéologique
n'a pas été collecté. Dans cette première
phase de recherche, nous préférons laisser
les vestiges in situ car les sites sont bien
protégés, vu que les gestionnaires du parc
naturel n'autorisent pas la visite de ces sites
par les touristes. Un grand problème de la
collecte du matériel est celui de son
stockage.
Figure 15 - quadrupèdes : croquis des peintures
observées dans le panneau 1.
Lapa do Veado
Point GPS UTM 065769/799605, à + 811 m
(Córrego Alegre).
L'état de conservation du support est
précaire : des facteurs naturels et
33
Contexte archéologique
Figure 17 - Vue d'ensemble d'un des secteurs avec peintures : ensemble de sites à proximité d'un site majeur,
la Lapa do Urubu. La géomorphologie des abris est plutôt uniforme, tout comme la technique de réalisation des
peintures et le thème principal (cervidés).
en direction du rio Preto, situé à quelques
mètres de distance (fig. 18). On observe au
moins trois figures de cervidés (couleur
orange/rouge). Au moins une des figures a
été réalisée après la desquamation de la
roche.
Juste au sommet de la cascade, où se
développe la Lapa Poço do Veado, on
remarque une ligne de grands blocs de grès
quartzitique. Dans ce secteur, il existe un
autre site à peintures rupestres appelé Lapa
do Veado (fig. 17).
En ce qui concerne d'autres types de
vestige, soulignons qu'a été observé un
instrument taillé sur galet et une lame de
quartz hialin.
Figure 18 - Lapa do Veado : panneau.
Le sol de l'abri est composé de sédiments
plutôt sableux provenant principalement de
la désagrégation de la roche locale, mais
aussi de fibres végétales et de noix de
palmiers probablement apportées par des
rongeurs.
Les peintures sont réalisées sur la paroi
d'un petit abri assez haut (approximativement 9 m de hauteur x 5 de largeur), ouvert
La végétation de l'environnement immédiat
est un cerrado limité vers la rivière par la
forêt ciliar.
34
Géoarchéologie do Parc Naturel IEF du Rio Preto
Enfin, soulignons que le panneau de
peintures est assez dégradé : exposition
permanente à la lumière, desquamation de
la roche, présence d'une termitière et de
racines sur les peintures.
les peintures sont extrêmement détériorées,
principalement à cause de l'exposition aux
intempéries et de l'évolution naturelle de la
roche, très friable.
Lapinha da Pintura
Il s'agit d'un petit abri installé dans
l'alignement des affleurements de la Lapa
do Veado (fig. 17), à quelques mètres de ce
dernier (environ 40 m) et à proximité du
rio Preto (100 m). La peinture représente
un grand cervidé (70 x 30 cm) de couleur
rouge-orangée.
Abrigo dos Tropeiros I
Point GPS 0676953/7989422, +1283 m (Córrego
Alegre).
L'abri se situe à 3 h à cheval du siège du
parc. D'après les informations recueillies,
le secteur était une halte pour les tropeiros
qui faisaient la route Rio VermelhoDiamantina. Le site se trouve à environ
100 m du ruisseau "Córrego dos
Tropeiros". La végatétion autour du site est
du type alpage (campo de altitude).
Figure 20 - Lapa dos Tropeiros I : vue générale
de l'abri.
Il s'agit d'un petit abri (21 pas de largeur),
bas (environ 4 m) qui s'ouvre vers la
rivière (fig. 20). Les vestiges archéologiques se résument à un grand panneau peint
avec des dizaines de figures zoomorphes
(cervidés, tamanoirs, cochons sauvages,
...). Les peintures sont dans un état avancé
de destruction.
Figure 19 - Lapinha da Pintura : vue du replat de
l'abri.
Au sol de l'abri, nous avons observé un
galet de grès quartzitique (roulé dans la
rivière) avec des stigmates de percussion
(préhistorique ?).
Les principaux agents sont les fumées des
feux des tropeiros (caravaniers), la
désagrégation de blocs des parois par le
rayonnement des foyers, les graffiti
modernes.
La végétation est la même que celle qui
entoure la Lapa do Veado : cerrado et
mata ciliar (vers la rivière).
L'abri est dans le même état de
conservation que les autres, à savoir que
Dans la partie centrale de l'abri, où il n'y a
pas de restes de foyer, on note la chute
naturelle de plaques de la paroi, des graffiti
(bleu et charbon - 1994) sur des peintures
préhistoriques de couleur jaune.
35
Contexte archéologique
petite entrée de caverne ouverte vers le
sud, au sommet de la falaise au-dessus du
rio Preto. La situation du site permet une
bonne vue sur une partie de la vallée.
Aucun autre type de vestige n'a été observé
en surface, à l'exception d'une petite lame
de quartz hialin (naturelle ?).
Abrigo dos Tropeiros II
Point GPS 23L 0676984N/7989389L, +1299 m
(Córrego Alegre).
Le sol de l'abri est composé d'une matrice
sableuse, marron, avec un cône de
déjection à gauche. Le substrat rocheux
doit être le même que celui des environs, le
métagrès quartzitique.
Juste au-dessus de l'Abrigo dos Tropeiros,
à environ 200 m de l'eau, on rencontre un
second abri, plus petit (15 pas de largeur),
mais plus haut (environ 6 m), mieux
ventillé et donc plus frais, ouvert vers
l'ouest.
Le support est le même métagrès
quartzitique, et dans le chaos de blocs
accumulés les uns sur les autres, on peut
observer une partie en quartzite clair (quasi
blanc). Sur la paroi principale de l'abri, où
sont les peintures, on peut noter des formes
karstiques en alvéoles.
Les vestiges de peintures sont observés
dans la partie inférieure de la paroi et sont
en état avancé de destruction (fig. 21).
La végétation du secteur est du type
Cerrado et se compose d'arbustes et
d'arbres de petit jet, en plus de variétés de
gramminées. Les noms populaires sont :
vinhática, pau terra, candeira, carne de
vaca, pau magro, ...
Concernant les vestiges archéologiques,
nous avons identifié les éléments suivants :
foyers, fours, ensemble de débitage de
quartz hialin contenant plusieurs lames et
quelques nucleus, probablement réalisés
par des garimpeiros (cristaliers) qui
utilisaient le site pour l'exploitation et le
nettoyage du quartz hialin (gisement de
quartz hialin près de l'abri). Le local a été
abandonné il y a environ 30 ans. La
dimension singulière de cet abri est que
trente ans après, les vestiges laissés par les
garimpeiros offrent un état de conservation
exceptionnel (non couverts par la
sédimentation), donnant l'impression qu'ils
ont été abandonnés hier. Il est important de
rappeler que le passage des garimpeiros
dans ce secteur est un "élément
archéologique" important qui mériterait
d'être étudié dans le cadre d'un projet de
recherche avec le Parc Naturel.
Nous envisageons de mener une
expérimentation avec un des garimpeiros
qui ont utilisé le site et qui habite à
proximité du parc.
Figure 21 - Lapa dos Tropeiros II : figures en
jaune (haut) et orange (bas).
Nous avons pu observer un petit
quadrupède rouge.
Nous avons aussi observé deux galets (un
bien lisse, l'autre en grès), à demi-enterrés,
entourés de quelques lames en quartz
hialin et laiteux.
Il y a aussi des restes de foyer et de pièges,
probablement de l'époque du passage des
tropeiros.
Aucune peinture n'a été observée au toit
mais la couche de suie empêche un bon
examen de l'encaissant.
Abrigo do Cristal
Point GPS UTM0673583/7993589, à 981 m
(Córrego Alegre).
Pedra das Figuras
Situé dans un des secteurs les plus élevés
en altitude du parc naturel, l'abri est une
Point GPS : 23K 0675475 7998845N 335L
(Córrego Alegre).
36
Géoarchéologie do Parc Naturel IEF du Rio Preto
technique est du type "surface peinte".
Les peintures se trouvent sur un petit bloc
(environ 4 m de hauteur x 2 de largeur) de
métagrès quartzitique, aux abords de la
piste qui coupe le parc (moins d'un mètre),
au début de la montée, avant la Lapa do
Tatu (fig. 22).
Figure 23 – Lapa do Tatu : vue de la Lapa do
Tatu, montrant sa proximité de la piste et son
exposition au soleil et à la poussière.
Le substrat de l'abri est un petit
affleurement de métagrès quartzitique, à
proximité d'autres affleurements du même
type. Le point d'eau le plus proche est le
rio Preto, à environ 50 m.
Figure 22 - Pedra das Figuras : des vestiges de
peintures zoomorphiques peuvent être observés sur
le bloc de grès quartzitique proche de la piste qui
mène au siège du parc.
Figure 24 - Lapa do Tatu : la peinture du style
“Planalto” se trouve bien conservée dans sa partie
inférieure (pattes, ventre). Par contre, dans la
partie supérieure (tête) les traits disparaissent.
Les peintures (tamanoir, tridactile) sont
assez dégradées à cause du support très
friable, de l'exposition constante aux
intempéries, à la desquamation de la roche
et au dépôt de poussières.
Le sol de l'abri se compose principalement
de roche quartzitique et de sédiments
provenant des alentours de l'affleurement.
La végétation locale de Cerrado se
compose principalement d'arbustes. Les
noms populaires sont : quaresmeira,
tapicuri, murici de flor amarela, candeia,
pau terra, jacarandá, alecrin do campo, ...
Il n'a pas été retrouvé d'autres vestiges
archéologiques dans l'abri ou autour, si ce
n'est une unique lame de quartz laiteux à
l'origine anthropique incertaine, et des noix
de palmier, probablement apportés par des
Lapa do Tatu
Point GPS : UTM 0675476/998508, +899 m
(Córrego Alegre).
Le site est partiellement entouré par la
piste d'accès (environ 6 m) qui mène au
siège du parc (fig. 23).
La peinture se trouve sur la paroi d'un petit
abri (5 m de hauteur, 4 m de largeur), dans
une niche à 1.80 m du sol. Les pigments
utilisés sont de couleur jaune et rouge et la
37
Contexte archéologique
Dans ce contexte, l'unique vestige observé
est une peinture (cervidé) peu visible,
réalisée au pigment rouge. Le support est
très dégradé : exposition permanente à la
lumière, exposition directe au soleil,
présence de microorganismes, évolution
naturelle de la roche, ... Le manque de
protection expose les vestiges aux
contrastes de chaleur et l'installation de
microorganismes.
Enfin, la végétation est le Cerrado (dans la
partie la plus haute) et la mata ciliar (à
proximité de la rivière).
rongeurs. Enfin, soulignons que la peinture
(fig. 24) est exposée au soleil et qu'elle en
reçoit les rayons le matin et qu'il n'existe
aucune protection pour les filtrer [M.J.
Rodet et al., 2003].
Lapa do Poço do Veado
Point GPS UTM 065868/7996793, à + 804 m
(Córrego Alegre).
La peinture se situe dans un abri de
métagrès quartzitique situé sur la berge du
rio Preto, là où il forme une grande piscine
(fig. 17). D'après le directeur du parc, le
site est systématiquement inondé par les
crues annuelles de la rivière.
Ce phénomène est visible tant dans la
quantité de sable qui encombre le lieu (fig.
25), en formant une grande plage jusqu'à la
paroi de l'abri (le sable apporté
principalement dans les alluvions de la
rivière, est actuellement le seul composant
de la sédimentation du sol de l'abri), que
dans la présence à une certaine hauteur au
dessus du sol, de branchages secs pris dans
la végétation riveraine.
Varzea da Estrela
Point GPS 0675693/7997461 (Córrego Alegre).
Ce site s'ouvre à proximité de la piste de la
scierie. Les graphismes (deux cervidés et
un poisson) ont été réalisés sur une surface
non protégée de l'abri (fig. 26). Il s'agit
d'un secteur rocheux sans végétation à
proximité (secteur nord, partie plus élevée,
au dessus des cascades) et la morphologie
de la roche n'offre pas de sites protégés. En
conséquence les peintures ont été réalisées
dans un site aujourd'hui complètement
exposé au soleil et à la pluie, ce qui fait
que les figures offrent une forte
dégradation. Il faut souligner qu'en ce site
s'écoule une source.
Figure 26 - Varzea da Estrela, détail des
peintures : dans ce site à ciel ouvert, les peintures
ne bénéficient pas de la moindre protection
naturelle.
Figure 25 - Lapa Poço do Veado : en surface, le
sédiment actuel de l'abri est du sable fin provenant
de la désagrégation de la roche et des alluvions du
rio Preto.
Sítio da Santa
Point GPS: 0677502 N/79907521D, + 1077 m
(Córrego Alegre).
38
Géoarchéologie do Parc Naturel IEF du Rio Preto
La statue de Notre Dame de Aparecida
(fig. 27) est installée sur un bloc de grès
quartzitique (autel construit avec le même
matériel). Au-dessus de la statue, sur une
surface lisse de la roche, on observe des
vestiges de peintures : quatre quadrupèdes
recouverts par des graffiti modernes. Les
vestiges préhistoriques sont de couleur
jaune et orangée, et sont du même style. Le
support est toujours le même, grès
quartzitique clair.
Il est intéressant de noter que le site
présente plusieurs aspects en faveur d'une
occupation, bien que nous n'ayons pu noter
aucun témoin du passage humain :
protection contre la chaleur et la pluie,
ventillation, matière première de haute
qualité pour la taille (secteur à quartzite
très fin), vue sur une grande partie de la
vallée, protection en fonction de la hauteur,
proximité des points d'eau, parois lisses
pour la peinture.
Le point d'eau le plus proche du site est le
Córrego Taiobal (à environ 1 km).
La végétation des alentours est le Cerrado
et les alpages d'altitude.
Nous avons réalisé une rapide prospection
dans les environs immédiats : aucun autre
vestige n'a été observé.
Il est possible que le site ait été peint.
Cependant la majeure partie de la pellicule
superficielle
de la roche a été
naturellement retirée et a pu entraîner avec
elle les vestiges des graphismes. Une étude
détaillée devra être menée sur le secteur.
Nous avons donné au site une appellation
temporaire, Laririnto de Zeus, en l'attente
du nom définitif qui devrait être donné par
"l'inventeur du site", Deco.
Enfin, précisons que le support est assez
altéré, non seulement en raison de
dégradations anthropiques actuelles, mais
aussi en raison de la structure propre de la
roche qui se desquame facilement.
Figure 27 - Sítio da Santa: ce lieu est aujourd'hui
utilisé pour vénérer Notre Dame de l'Apparition
(Nossa Senhora Aparecida).
Pour clore ce chapitre, il est nécessaire de
signaler un site prospecté, qui nous a été
signalé par un des employés du Parc
Naturel (Deco). Il s'agit d'un grand massif
(métagrès quartzitique), complètement
karstifié (sur au moins trois niveaux) avec
des conduits, des chenaux, des alvéoles, ...
(fig. 28). Pour des raisons de sécurité et de
temps, seuls les niveaux inférieurs, à
proximité du sol, ont été prospectés.
Figure 28 - Labirinto de Zeus : vue sur un
phénomène karstique dans les métaquartzites,
développant des abris extrêmement agréables et
d'une rare beauté.
39
Contexte archéologique
Localisation sur la pièce : portion
supérieure du col jusqu'à la bordure (photo.
20).
2.3 - Vestíges Céramiques
Concernant la présence de vestiges
céramiques, les travaux se réduisent à
l'analyse de quelques restes céramiques
trouvés dans un seul des abris visités, et au
relevé d'informations orales. Par ailleurs,
d'autres sites potentiels ont été signalés
pour de futures prospections.
Etat de conservation des vestiges : 2
fragments sont très érodés et réduits de
dimension.
2.3.1 – Présence de vestíges céramiques
Lapa do Urubu
Les vestiges céramiques observés dans
l'abri ont été trouvés à l'affleurement en
surface, dispersés en deux ensembles
distincts, totalisant 12 fragments. Notons
que l'un d'eux est resté enterré, pouvant
être la moitié d'un élément de vaisselle,
voire un objet entier (il sera nécessaire de
fouiller le site pour savoir si le vestige est
entier ou cassé).
La plus grande partie des fragments est
concentrée près de la paroi de l'abri, inclus
le "pot" enterré. Les autres fragments ont
été trouvés dispersés autour d'une structure
de combustion, et aussi à proximité d'un
petit chenal d'écoulement de gouttière
(partie sud de l'abri).
Figure 29 - fragment de l'ensemble 1 : noter la
suie sur la face externe.
Ensemble 2 – 3 fragments
Couleur : beige.
Dimension des fragments : +/- 4.5 cm.
Epaisseur : 7 mm.
Manufacture : modelage.
Traitement de surface : lissage et
décoration plastique.
Décoration plastique : striage, incision
géométrique.
Ensemble 1 – 8 fragments
Couleur: jaune clair.
Epaisseur : de 5 à 6 mm.
Traitement de surface : lissage et
décoration plastique.
Décoration plastique : stries, incision
(motifs géométriques).
Manufacture : roulettes.
Pâte : sable, grains d'hématite, grains de
quartz (< 1 mm).
Cuisson : il n'a pas été possible de
l'identifier.
Observation : présence de suie sur la face
externe de la pièce.
Figure 30 – ensemble 2 : incisions géométriques
sur la paroi externe.
Décoration plastique :
- Incision
Localisation sur la pièce : partie supérieure
du ventre, jusqu'à la moitié du col.
- Striage
Pâte : très compacte, argile, grains de
quartz (< 3 mm), mica en très faible
proportion.
40
Géoarchéologie do Parc Naturel IEF du Rio Preto
l'agriculture.
Cuisson : la pièce donne un bruit de
vitrification - cuisson avec oxydation totale
de la pièce.
Décoration : face interne - lissage strié.
Décoration : face externe - lissage sous
incision géométrique.
Il n'a pas été possible de resituer la position
des fragments dans la morphologie de la
pièce de vaisselle (fig. 30).
Nous avons commencé l'enquête par la
communauté de Santo Antonio, localisée
au SE du parc : c'est la communauté la plus
proche de celui-ci. Ont été interrogés
quelques habitants du hameau, indiqués
par le guide.
Les informations collectées pendant cette
étape, ont confirmé l'existence de vestiges
archéologiques dans la région, à l'instar de
M Clarinho qui avait en sa possession une
hache polie qu'il nous a offert, précisant
qu'il n'entendait pas conserver dans sa
maison une pierre qui attire la foudre, sa
maison ayant été frappée par la foudre,
environ deux ans avant notre passage. A
l'occasion, la hache fut jetée dehors dans
l'herbage près de la maison. Elle a été
récupérée le jour de notre entrevue, à l'issu
d'une prospection méticuleuse du site.
Vestíge enterré :
Ce vestige peut être une pièce entière de
vaisselle ou la moitié d'un pot. Il est
possible d'observer en surface la moitié
exposée du ventre, le col et la bordure (fig.
31).
La pièce offre une décoration incisée
géométrique.
M José Ferreira, ancien habitant des
Boleiras, a trouvé deux haches polies à
Capão do Imbirá (Indequicé), site utilisé en
agriculture. Le fils de Sr. Clarinho, il y a
trois, a trouvé une hache polie à
approximativement ½ m de profondeur,
alors qu'il creusait un trou de clôture dans
un secteur appelé "Grota do Acaba
Mundo".
Figure 31 - vestige enterré : la décoration est
aussi incisée et géométrique.
2.3.2 – Collecte d'informations orales
D'autres informations ont révélé la
présence de vestiges céramiques dans les
secteurs appelés :
- Cachoeira dos Crioulos (2 pots entiers,
décorés).
- Lapa do campo do Veado (Sr. Clarinho y
a trouvé un pot entier).
- Capão dos Negros (Sr. Alcides y a
trouvé 3 pots entiers).
Ces informations seront localisées durant
la phase de prospection.
Nous avons commencé à recueillir des
informations orales dans les régions qui
entourent l'aire du parc et qui présentent
des conditions favorables à l'organisation
tant de l'implantation humaine qu'à celle de
Nous avons aussi visité le lieu où existait
un vieux four : les ruines se trouvent
éparpillées à la surface, ne permettant pas
d'en faire une description sérieuse : il
faudra fouiller le site.
Enfin soulignons la présence d'un fragment
avec une "anse" probablement utilisée
comme support pour prendre la pièce de
vaisselle. Ce type de support fait penser
aux casseroles de fer utilisées par les
colonisateurs, ce qui pousse à penser à un
vestige "Caboclo" (tradition d'influence
européens-africains-indiens), et donc très
récent.
41
Contexte archéologique
Enfin la hache donnée a été conservée. Par
manque de temps, elle n'a pas encore été
étudiée. Nous nous engageons à le faire
puis elle sera remise au parc naturel do Rio
Preto et les résultats seront publiés.
2.3.3 - Conclusion
Cette première étape de reconnaissance a
permis à notre équipe un premier contact
avec les habitants des environs du Parc
Naturel. Nous espérons prospecter plus
particulièrement les lieux traditionnellement utilisés pour la culture (champs), sans
délaisser cependant les endroits indiqués
par les habitants questionnés.
Quant à l'analyse du matériel céramique
retrouvé dans la Lapa do Urubu, elle a été
limitée à l'enregistrement sommaire des
caractéristiques physiques des fragments
de surface, permettant une étude très rapide
de sa caractérisation technologique et de sa
filiation culturelle.
Points GPS (Córrego Alegre)
- tessons de céramique : 23 675643- E /
8002272- N – 748M
- emplacement du four : 675637-E /8002231N – +750 m
- Haches polies (2 – trouvées par Sr.
Alcides) : 674570-E / 8002921-N – +806 m.
Dans un versant pentu, les haches étaient
distantes une de l'autre d'environ 150 m.
42
Geoarqueologia do Parque Estadual do Rio Preto
IIIa – Geoarqueologia e Meio ambiente
seja, a nossa identidade cultural é
constituída a partir do passado, do quem
fomos do que somos e do que desejamos
ser. Os sítios arqueológicos se relacionam
intimamente com o meio ambiente.
Quando se encontram protegidos em
Unidades de Conservação há menos riscos
de depredação, mas, mesmo assim, os
riscos existem (seja por parte daqueles que
escavam, seja por parte dos visitantes ou
moradores da região). Para que os riscos de
depredação diminuam no caso de
escavações é necessário que toda a equipe
de exploração tenha embasamento sobre os
princípios e práticas da Educação
Ambiental e Patrimonial, sobre o saber
cuidar e, conseqüentemente, é necessário
que tenham construído valores sociais,
conhecimento, habilidades, atitudes e
competências voltadas para a conservação
do meio ambiente em sua totalidade
incluindo aí os sítios arqueológicos. Os
sítios quando estão espalhados e sem uma
proteção institucional tornam-se, mais
facilmente, alvo de vandalismo e
depredação.
Nossa abordagem é uma proposta de
investigação que visa contribuir com o
educador ambiental em sua tarefa de
educar e conscientizar sobre a importância
da preservação do meio ambiente, em
especial, dos sítios arqueológicos e de seu
entorno.
A educação ocupa um lugar fundamental
na formação para uma nova mentalidade
em relação às atitudes de preservação do
meio ambiente. A escola deve tornar-se
uma forte aliada na conscientização em
termos do saber cuidar do planeta em que
vivemos, formando cidadãos críticos e
atuantes. Apenas, a sensibilização e
conscientização ambiental ou social em
que se discutem as causas e as razões dos
problemas não são mais suficientes. É
necessário adequar bons valores à ação do
homem.
Em princípio, para que possamos
desenvolver uma mentalidade que respeite
e preserve o ambiente devemos estimular
em cada um a capacidade de questionar o
nível de qualidade de vida desejável para
nós e para os nossos descendentes. Implica
também avaliar o grau de importância que
a Terra tem, pois vivemos num planeta
onde todos os elementos que o constituem
e habitam estão interligados e são
interdependentes. Edgar Morin [1993:189]
afirma que existe uma complexidade física,
biológica e antropológica que caracteriza o
nosso planeta, “onde a vida é uma
emergência da história da Terra, e o
Homem, uma emergência da história da
vida terrestre”.
3.1 –
Comunidade e Geoarqueologia
Em relação à comunidade, será necessário
realizar um trabalho de informação e
sensibilização por meio da escola. As
escolas nas comunidades são um
importante instrumento de formação,
devido a sua abrangência e missão. Para
sabermos como a escola vem formando
seus alunos, devemos nos perguntar sobre
quais são os conhecimentos e discursos
que elas têm cultivado sobre o assunto, ou
seja, precisamos saber em que medida o
imaginário construído pelos docentes e
discentes interfere ou não concretamente
na preservação do meio ambiente e dos
sítios arqueológicos localizados em seu
Esta concepção contribui para justificar o
nossa discussão, que se propõe a investigar
o papel da escola na preservação ambiental
e dos sítios arqueológicos. O ambiente e os
sítios arqueológicos são marcados pela
história da evolução do próprio homem, ou
43
Geoarqueologia e Meio Ambiente
“Seria interessante lembrar que o bem
arqueológico tem também esse caráter
universal, pois revela dados importantes
sobre o passado da humanidade”. A falta
dessa informação sobre o valor do passado
e, em especial, do significado do que são
os sítios arqueológicos, da importância de
sua preservação e universalização como
património da humanidade leva Morley
[1999: 374/5] a afirmar que qualquer
esforço para preservar o patrimônio
histórico será inócuo se não se contar com
a participação da sociedade, incluindo aí,
obviamente, a comunidade escolar.
entorno. Para isso, busca-se o auxílio das
teorias do imaginário e da análise do
discurso, incluindo Foucault, para alcançar
o imaginário, ou seja, busca-se explicitar
sobre as representações que os diversos
indivíduos de uma comunidade têm sobre
os sítios arqueológicos. Para que possamos
estudar o imaginário social e as
representações da comunidade escolar em
relação ao meio ambiente e sítios, devemos
analisar quais são os conhecimentos
prévios dos professores e alunos sobre o
tema. Com base na análise do discurso,
identificaremos se esses conhecimentos
são
suficientes
para
promoverem
mudanças de atitudes como apontam as
novas tendências contemporâneas da
educação (saber fazer). Confrontaremos e
escolheremos dentre as teorias do discurso
àquela que melhor se adapta ao estudo do
imaginário e das representações para esse
caso. Como exemplo podemos citar que
em conversas informais que realizamos
junto à equipe da arqueóloga Maria
Jacqueline Rodet, colhemos alguns
depoimentos orais da população local da
APA da Serra do Sabonetal (Município de
Itacarambi). Seus discursos demonstram
em geral a idéia de que os sítios servem
como fonte de renda, ou seja, por meio
deles podem “ganhar a vida”, como dizem,
eles oferecem a “possibilidade de encontrar
material para a comercialização”, numa
“perspectiva de lucro pessoal”.
3.2 – Comunidade e Educação
Ambiental
Nesse sentido, como sugerido por este
autor, considera-se importante que sejam
adotados alguns pressupostos onde a
educação na sua integralidade, incluindo a
Educação Ambiental, trabalharia no
sentido de preservar o meio ambiente, em
especial, os sítios arqueológicos e o seu
entorno junto às comunidades, são eles:
-desmistificar a Arqueologia destruindo os
aspectos fantásticos e equivocados e
fortalecendo a sua importância intrínseca
através da difusão de informações
científicas;
-valorizar manifestações culturais; incluir
temas relacionados à Arqueologia,
principalmente, os relacionados à préhistória,
nos
currículos
escolares,
utilizando
sempre
informações
provenientes de textos produzidos no
Brasil;
Essa visão reducionista que percebemos
não é representativa da população em seu
conjunto, mas podemos especular que,
como ocorre com a maioria das cidades
brasileiras, essa imagem carece de uma
perspectiva de valorização patrimonial e
histórica. Em paralelo com a questão da
preservação ambiental, o conceito de
patrimônio natural e histórico integra a
perspectiva
de
universalidade,
de
coletividade, em que a posse de um bem
público supera o imaginário do privado. O
meio ambiente, tem sido colocado hoje
como um bem defendido por todos os
povos. Como afirma [Morley 1999: 375],
- e, finalmente, a formação de uma
consciência sobre a importância do
patrimônio arqueológico, como fonte de
informações e que pode ser usufruída por
todos.
É muito importante dizer que esta
conscientização é, antes de tudo, base da
44
Geoarqueologia do Parque Estadual do Rio Preto
No entanto, quando falamos do papel da
escola na preservação dos sítios
arqueológicos, estamos entendendo que a
escola tem como papel principal contribuir
na formação de uma sociedade consciente
de que a perda da memória cultural é algo
impossível de ser recuperada, sua
preservação é tarefa de todos e esta “luta”
não tem fim. Esses achados arqueológicos
representam o passado da humanidade,
mostram como os homens ocupavam o
espaço e o transformavam para atender as
suas
necessidades.
É
necessário
compreender que somos herdeiros deste
patrimônio e preservando-o estamos
contribuindo para a memória cultural do
país. A escola se insere neste contexto,
como instrumento coletivo capaz de
contribuir para a construção de uma nova
mentalidade e de um novo fazer em relação
aos sítios arqueológicos (do entorno das
comunidades escolares), principalmente, os
situados em Unidades de Conservação.
noção de cidadania. A formação de uma
consciência sobre a importância do
patrimônio histórico, inserida na formação
para a cidadania, implica analisar a
proposta de referência curricular nacional
para as escolas.
A formação para a cidadania é encarada
como fundamental pela educação escolar
brasileira. A LDB nº 9394/96 apresenta
princípios que norteiam a proposta dos
PCNs sobre a formação da cidadania.
Dentre outros aspectos apontados no artigo
32, a escola deve criar condições de
aprendizagem para: “II - a compreensão do
ambiente natural e social, do sistema
político, da tecnologia, das artes e dos
valores em que se fundamenta a
sociedade” [PCNs, 1997: 16]. A concepção
de conteúdos curriculares como meios para
que os alunos desenvolvam suas
capacidades exige uma resignificação, em
que a noção de conteúdo escolar se amplia
para além de fatos e conceitos, ou seja, de
meras informações, passando a incluir
procedimentos, valores, normas e atitudes,
em um aprender a fazer que resignifique
ações pouco comprometidas, por exemplo,
com a preservação do meio ambiente.
3.3 – Proposições para as
comunidades próximas ao Parque
Rio Preto
Algumas sugestões para serem aplicadas
nas escolas e nas associações do entorno
do Parque:
Para que o aluno tenha uma visão global
das questões ambientais e, em especial, da
preservação de sítios arqueológicos,
espera-se que todos os profissionais da
educação
contribuam
em
suas
especialidades para trabalhar os temas do
meio ambiente, incluindo as relativas à
preservação dos sítios arqueológicos, de
forma interdisciplinar, e que possam
conjuntamente discutir e avaliar as
questões levantadas, possibilitando na
pluralidade de saberes, aberturas para a
compreensão e transformação de atitudes
em relação à realidade. Dessa forma
procuraremos investigar e questionar se
efetivamente a escola procura trabalhar os
temas transversais (especificamente o que
trata do meio ambiente) em busca de um
aprender a fazer.
a) aprofundamento teórico sobre o tema,
com a intenção de fundamentar os
conhecimentos dos professores (proposição
pelos arqueólogos de textos, livros,
filmes,...);
b) observações participantes, entrevistas e
questionários poderão ser elaborados e
aplicados na comunidade escolar afim de
que seja diagnosticado o discurso utilizado
na escola;
c) criar um trabalho de educação ambiental
e patrimonial entre o Parque e a comunidade escolar (palestras de especialistas nas
escolas, visitas de alunos ao Parque, ...).
45
Géoarchéologie et Environnement
IIIb – Géoarchéologie et Environnement
construite à partir du passé, de qui nous
avons été, de qui nous sommes et de qui
nous
voulons
être.
Les
sites
géoarchéologiques sont intimement liés à
l'environnement. Lorsqu'ils sont protégés
dans des unités de conservation, ils courent
moins de risque de déprédation, mais,
même ainsi, les risques existent (que ce
soit de la part de ceux qui fouillent, ou que
ce soit de la part des visiteurs ou des
habitants de la région). Pour réduire les
risques de dégradation dans le cas de
fouilles, il est nécessaire que toute l'équipe
du chantier ait un minimum de
connaissance sur les principes et pratiques
de l'éducation environnementale et
patrimoniale, sur le savoir prendre soin et
en conséquence qu'elle ait construit des
valeurs
sociales,
de
connaissance,
d'habileté, d'attitudes et de compétence
tournées vers la conservation de
l'environnement dans son entier, y incluant
alors les sites géoarchéologiques. Les sites,
quand ils sont éparpillés et sans protection
institutionnelle,
sont
l'objet,
plus
facilement, d'actes de vandalisme et de
dépradations.
Notre approche est une proposition d'étude
qui vise à aider l'éducateur environnemental dans son objectif d'éduquer et de faire
prendre conscience de l'importance de la
préservation de l'environnement, en
particulier des sites archéologiques et de
leur cadre.
L'éducation occupe une dimension
fondamentale dans la formation d'une
nouvelle mentalité en relation avec les
comportements de préservation de
l'environnement. L'école doit devenir une
allée solide dans la prise de conscience en
terme de savoir prendre soin de la planète
sur laquelle nous vivons, en formant des
citoyens critques et actifs. Se limiter à la
sensibilisation et à la prise de conscience
environnementale ou sociale par lesquelles
se discuttent les causes et les raisons des
problèmes n'est plus suffisant. Il est
nécessaire d'adapter de bonnes valeurs à
l'action de l'homme.
En principe, pour pouvoir développer une
mentalité qui respecte et préserve
l'environnement, il faut stimuler en chacun
la capacité à s'interroger sur le niveau de
qualité de vie souhaitable pour nous et nos
descendants. Cela implique d'évaluer le
degré d'importance que la terre a, car nous
vivons sur une planèteoù tous les éléments
qui la constituent et l'habitent sont
interdépendants. Edgar Morin [1993, p.
189] affirme qu'il existe une complexité
physique, biologique et anthropologique
qui caractérise notre planète, "où la vie est
une émergence de l'histoire de la terre, et
l'Homme, une émergence de l'histoire de la
vie terrestre".
Cette conception contribue à justifier notre
discours qui propose d'étudier le rôle de
l'école
dans
la
protection
de
l'environnement et des sites géoarchéologiques. L'environnement et les sites géoarchéologiques sont marqués par l'histoire
de l'évolution de l'Homme lui-même, c'està-dire par notre identité culturelle
3.1 –
Communauté et Géoarchéologie
Concernant la population, il sera nécessaire
de réaliser un traval d'information et de
sensibilisation à travers les écoles. Les
écolessont un important instrument de
formation, en raison de son implantation et
de sa mission. Pour savoir comment l'école
forme ses élèves, il nous faut nous
interroger sur les connaissances et les
discours qu'elle a entretenu sur le sujet, en
particulier évaluer l'incidence concrète de
l'imaginaire construit par les enseignants et
les élèves, sur la protection de
l'environnement et des sites géoarchéologiques qu'il contient. Pour ce faire, on
46
Géoarchéologie du Parc Naturel IEF du Rio Preto
L'environnement est aujourd'hui défini
comme un bien défendu par tous les
peuples. Comme l'affirme Morley [1999, p.
375], "Il serait intéressant de se souvenir
que le bien archéologique a aussi ce
caractère universel, car il révèle des
données importantes sur le passé de
l'humanité". L'absence de cette information
sur la valeur du passé et, en particulier, sur
la signification de ce que sont les sites
géoarchéologiques, de l'importance de leur
préservation et de leur universalisation
comme patrimoine de l'humanité pousse
Morley [1999, p. 374-375] à affirmer que
tout effort pour préserver le patrimoine
historique sera sans effet s'il ne compte pas
sur la participation de la société, en y
incluant clairement la communauté
scolaire.
s'appuie sur les théories de l'imaginaire et
de l'analyse du discours, selon Foucault,
pour atteindre l'imaginaire, à savoir
chercher à expliciter les représentations
que les différents individus d'une
communauté
ont
des
sites
géoarchéologiques. Pour pouvoir étudier
l'imaginaire social et les représentations de
la communauté scolaire asssociés à
l'environnement et aux sites, il faut
analyser quelles sont les connaissances
initiales des enseignants et des élèves sur le
sujet. En se fondant sur l'analyse du
discours, on peut évaluer si ces
connaissances sont suffisantes pour
générer des modifications du comportement comme le pointent les nouvelles
tendances actuelles de l'éducation (savoir
faire). Nous confronterons les théories du
discours et nous choisirons celle qui
s'adapte le mieux à l'étude de l'imaginaire
et des représentations de ce cas. Comme
exemple,
citons
les
conversations
informelles réalisées avec notre équipe,
sous la direction de Maria Jacqueline
Rodet : nous avons collecté plusieurs
témoignages oraux de la population de la
région de l'APA (aire de protection
environnementale) de la Serra do
Sabonetal (Municipe de Itacarambi). Les
conversations montrent en général l'idée
que les sites peuvent servir de source de
revenu, c'est-à-dire qu'ils peuvent leur
permettre de "gagner leur vie" comme ils
disent, que ces sites offrent la "possibilité
de trouver du matériel commercialisable",
dans une "perspective de gain personnel".
Cette vue réductrice que nous avons notée,
n'est pas représentative de la population
dans son ensemble, mais nous pouvons
penser que, comme cela a été observé dans
la majorité des villes brésiliennes, cette
image manque d'une perspective de
valorisation patrimoniale et historique. En
parallèle à cette question de préservation
environnementale,
le
concept
de
patrimoine naturel et historique intègre la
perspective d'universalité, de collectivité,
dans laquelle la possession d'un bien
publique dépasse l'imaginaire du privé.
3.2 – Communauté et Education
Environnementale
En ce sens, comme suggéré par cet auteur,
on considère important que soient adoptés
certains présupposés dans lesquels
l'éducation dans son intégralité, en incluant
l'éducation environnemental, travaillerait
dans le sens de préserver l'environnement ,
et plus particulièrement les sites
géoarchéologiques et leur cadre, en accord
avec les communautés. Il s'agirait :
- de démystifier l'archéologie, en détruisant
les aspects fantastiques et équivoques, et
en renforçant son importance intrinsèque à
travers
la
diffusion
d'informations
scientifiques.
- de valoriser les manifestations culturelles,
en incluant des thèmes liés à l'archéologie,
principalement ceux concernant la
préhistoire, dans les programmes scolaires,
à partir de textes produits dans le pays.
- et, finalement, la formation d'une
conscience sur l'importance du patrimoine
géoarchéologique,
comme
source
d'information qui peut être utilisée par
tous.
Il est très important d'affirmer que cette
prise de conscience est, avant tout, le
fondement de la notion de citoyenneté. La
47
Géoarchéologie et Environnement
apprentissage à faire.
formation d'une conscience de l'importance
du patrimoine historique, insérée dans la
formation à la citoyenneté, nécessite
d'analyser la proposition d'un programme
national pour les écoles.
Cependant, quand nous parlons du rôle de
l'école dans la préservation des sites
géoarchéologiques, nous pensons que
l'école a pour objectif principal de
contribuer à la formation d'une société
consciente que la perte de la mémoire
culturelle est quelque chose impossible à
retrouver, que sa conservation est la tâche
de tous et que ce combat n'a pas de fin. Ces
trouvailles archéologiques représentent le
passée de l'humanité, et montrent comment
les hommes occupaient l'espace et le
transformaient pour répondre à leurs
besoins. Il est nécessaire de comprendre
que nous sommes les héritiers de ce
patrimoine et qu'en le préservant, nous
contribuons à la mémoire culturelle du
pays. L'école s'inscrit dans ce contexte,
comme instrument collectif capable de
contribuer à la construction d'une nouvelle
mentalité et d'un nouveau comportement
face aux sites géoarchéologiques (autour
des communautés scolaires), principalement celles situées dans les unités de
conservation.
La formation à la citoyenneté est
considérée comme fondamentale pour
l'éducation scolaire brésilienne. La loi
LDB n° 9394/96 présente les principes qui
orientent la proposition des PCNs sur la
formation à la citoyenneté. Entre autres
aspects pointés dans l'article 32, l'école
doit créer les conditions de l'apprentissage
pour : "II - la compréhension de
l'environnement naturel et social, du
système politique, de la technologie, des
arts et des valores sur lesquels se fonde la
société" [PCNs, 1997, p. 16]. La
conception du contenu des programmes
comme moyen pour que les élèves
développent leurs capacités, exige une
redéfinition dans laquelle la notion de
contenu scolaire s'amplifie au delà des faits
et des concepts, c'est-à-dire qu'à partir
d'informations basiques, on intègre des
processus, des valeurs, des normes et des
attitudes dans un apprentissage qui
requalifie des actions peu engagées, par
exemple, dans la préservation de
l'environnement.
3.3 – Propositions à l'adresse des
populations voisines du Parc du
Rio Preto
Pour que l'élève ait une vision globale des
questions environnementales et, en particulier, de la protection des sites goéarchéologiques, on peut espérer que tous les
professionnels de l'éducation contribuent
dans leur spécialité pour travailler les
thèmes environnementaux, en incluant
ceux relatifs à la préservation des sites
géoarchéologiques,
sous
la
forme
interdisciplinaire, et qu'ils puissent
ensemble discuter et évaluer les questions
mises en avant, permettant dans la pluralité
des approches, des ouvertures pour
comprendre et transformer les attitudes
face à la réalité. Ainsi, on pourra étudier et
s'assurer si effectivement l'école s'engage à
travailler les thèmes transversaux (en
particulier
celui
qui
traite
de
l'environnement ) à la recherche d'un
Quelques suggestions pourraient être
appliquées dans les écoles et les
associations voisines du Parc :
a) approfondissment théorique du thème,
avec comme objectif d'ancrer les
connaissances des professeurs (proposition
par les géoarchéologues, de textes, livres,
filmes, ...).
b) observations collectives, interviews et
questionaires pourront être préparés et
appliqués à la communauté scolaire afin
que soit diagnostiqué le discours utilisé à
l'école.
c)
créer
un
travail
d'éducation
environnementale et patrimoniale entre le
Parc Naturel et la communauté scolaire
(conférences de spécialistes dans les
écoles, visites d'élèves dans le Parc, ...).
48
Geoarqueologia do Parque Estadual do Rio Preto
Conclusão
em locais muito específicos do tipo col (en
francês): que são passagens naturais (e
mais facéis de serem empreendidas) entre
dois vales ou dois topos de montanhas. A
tradução mais próxima em português seria
“passo” (lugar de passagem habitual).
Como exemplo podemos citar a Lapa do
Tatu, situada numa passagem entre dois
vales (a estrada atual passa no setor) e a
Lapa da Santa. As pinturas da Várzea da
Estrela estão também numa “passagem”,
mas neste caso, com um detalhe a mais:
não há reentrâncias nas rochas locais, as
pinturas foram então (exceptionalmente)
realizadas sobre as rochas a céu aberto.
A definição do contexto geológico e
geomorfológico veio confirmar nossas
observações em relação à fragilidade da
rocha suporte das pinturas rupestres. A
geologia do setor de estudo é constituída
principalmente por meta-arenitos quartzificados, rocha muito friável e muito sensível
às mudanças ambientais. Sua evolução
natural é a desagregação das partículas
(grãos de areia), o que leva à perda total
dos vestígios rupestres. Nota-se que esta
evolução esta em fase adiantada e que
suportes que não apresentam atualmente
nenhum vestígio podem ter sido locais com
pinturas. Neste sentido, um trabalho de
salvamento em alguns dos sítios (Urubu e
Tropeiro I) é fator fundamental.
A questão que nos colocamos é de saber se
estas pinturas estariam servindo como
“marcadores” de passagens. No entanto,
somente o conhecimento de um maior
número de sítios aliado a um trabalho mais
detalhado de posicionamento e análise dos
sítios em carta geomorfológica, permitirá
uma verdadeira hipótese de estudo.
Outra contribuição direta da geologia
refere-se ao constato de que o meta-arenito
evolui setorialmente em quartzito muito
fino, bem cimentado (Labirinto de Zeus); o
que corresponde a uma matéria prima de
excelente qualidade para o lascamento.
Ainda não foram encontrados indícios da
utilização arqueológica desta rocha, no
entanto a presença destas jazidas pode
indicar locais estratégicos de ocupação préhistórica. No mais, no baixo rio Preto (fora
do Parque), diques de dolerita puderam ser
observadas dentro do leito do rio. Esta
matéria prima tem utilização bastante
específica dentro da pré-história brasileira
em geral, como suporte de objeto polido
(lâmina de machado, mão de pilão, ...). A
lâmina polida de machado é muito
provavelmente retirada destas jazidas, mas
nenhum exame foi ainda realizado que
possa confirmar nossa hipótese.
No mais, de acordo com nossas
observações de campo, podemos apontar
para a possiblidade de uma organização de
pequenos sítios (sítios satélites) em torno
de um sítio maior. Notamos que próximo à
Lapa do Urubu, na margem direita do rio,
existem 3 sítios “satélites” onde a
morfologia dos abrigos, as técnicas de
pinturas e a temática principal (veados) são
muito próximas.
Outra observação pertinente é que os sítios,
até agora repertoriados, estão todos
localizados próximos a pontos de água. Ao
que parece, somente algumas cachoeiras
foram privilegiadas com grafismos, mas é
preciso não perder de vista que a evolução
natural das paredes rochosas certamente
consumiu muitos vestígios rupestres.
No que se refere à contextualização geral
dos vestígios dentro da paisagem, notamos
que alguns dos blocos com pinturas estão
próximos à passagens atuais (estradas ou
caminhos). Algumas pinturas encontram-se
49
Conclusão
visto como um ponto positivo pois
demonstra
uma
preocupação
das
autoridades locais em educar a população.
Nosso estudo está ainda em fase inicial e
estas informações não são outra coisa que
partes de um grande quebra-cabeça. Não
podemos ainda fazer conclusões ou
apreciações muito profundas. Por enquanto
apreendemos os dados.
A proximidade, o município de
Diamantina que, por razões evidentes,
apresenta um índice de desenvolvimento
mais elevado, pode ser considerado como
um local onde a mensagem de valorização
dos vestígios geoarqueológicos da região
será mais facilmente absorvida. Mas, em
Diamantina, como na maior parte do
Brasil, a pré-história é completamente
desconhecida. Como exemplo, citamos as
pinturas rupestres próximas à cachoeira
dos Cristais, completamente abandonadas e
desconhecidas. Neste sentido é preciso,
num primeiro momento, sensibilizar os
dirigentes locais para a necessidade da
proteção destes sítios.
Os vestígios rupestres pertencem à
chamada “Tradição Planalto”, onde
destacam-se grandes animais de corpo
preenchido por linhas com predominância
de figurações de veados. Estando os
painéis rupestres em acelerado estado de
desintegração, o maior potencial informativo destas ocorrências rupestres reside em
sua articulação com os demais pontos de
evidência gráfica e/ou com o meio
ambiente.
A conscientização ambientalista precisa ser
desenvolvida no Parque. Fica evidente a
necessidade de levar até às escolas das
comunidades do entorno do Parque um
conhecimento da pré-história local. É
preciso não separar o Homem de seu meio
ambiente, demonstrando que, tanto no
passado como no presente, estes dois
elementos estão intrinsecamente ligados.
Por outro lado, a partir do momento que os
sítios arqueológicos do Parque estejam
aptos a receber visitação, a cidade de
Diamantina poderá servir como captador
de turistas. As visitas aos sítios
geoarqueológicos poderão ser propostas
pelo IEF e a Secretaria de Turismo de
Diamantina.
Acreditamos ser fundamental que a
comunidade participe ao projeto de
valorização e proteção de seu patrimônio
cultural, caso contrário ele não teria
sentido. No caso do entorno do Parque, é
preciso
dar
às
comunidades
o
conhecimento para que estas possam
aprender a valorizar este patrimônio. Neste
sentido um trabalho de especialistas
(arqueólogos, ambientalistas, geólogos, ...)
junto às escolas e associações é
fundamental. No entanto é preciso
reconhecer e compreender certos limites
destas populações e transforma-los em
objeto pedagógico.
Enfim, o Parque poderá ser um produtor de
renda expondo e vendendo o artesanato
local.
Ressaltamos que nossas pesquisas estão
ainda no início, não temos nem uma visão
global da ocupação do espaço, nem uma
visão de detalhes dos sítios. Mesmo o
material de superfície não foi ainda
coletado. Dentro da lógica do nosso
trabalho, a coleta de material de superfície
e as escavações estratigráficas só devem
começar quando tivermos um local
propício para guarda do material (local
seguro, sem umidade, ventilado, com
possibilidade de mesas para analises de
material, ...). Acreditamos que este local
deverá ser criado dentro do Parque, onde a
guarda e a organização dos vestígios ficará
à cargo dos responsáveis do Parque (IEF),
A escola deve ser o nosso vetor para que
estas comunidades tomem parte no
conhecimento e conservação dos sítios
geoarqueológicos da região, assim o fato
de que a escola vem crescendo na região é
50
Geoarqueologia do Parque Estadual do Rio Preto
de sermos bem recebidos e alojados, não
há nunca nenhum empecinho quando tratase de fazer pesquisas dentro do Parque.
de um arqueólogo responsável e do
IPHAN. Este local poderá também servir às
escolas, onde alunos e professores poderão
assistir à palestras ou fazer pequenos
estágios.
Este fato, que pode parecer simples, é para
o pesquisador, fundamental pois permite
que ele se concentre em sua pesquisa e não
em problemas burocráticos, como é
geralmente o caso. Neste sentido
agradecemos ao IEF, nas pessoas de seus
representantes no Parque Estadual do Rio
Preto.
Um ponto merece ser levantado antes do
final deste capítulo: trata-se da maneira
notável que os responsáveis pelo Parque do
Rio Preto, assim como seus funcionários,
se interessam e se envolvem com as
pesquisas realizadas no setor. Além do fato
51
Conclusion
Conclusion
actuels (pistes et sentiers). Quelques
peintures ont été retrouvées dans des lieux
très spécifiques du type "col" ou "port", qui
sont des passages naturels (et plus faciles à
être parcourus) entre deux vallées ou deux
sommets de montagne. La traduction la
plus proche en portugais serait "passo"
(lieu de passage habituel). A titre
d'exemple, citons la Lapa do Tatu, située
dans un passage entre deux vallées (la piste
actuelle passe à proximité) et la Lapa da
Santa. Les peintures de la Várzea da
Estrela sont aussi dans un "passage", mais
dans ce cas, avec un détail en plus : il n'y a
pas de rentrant des parois localement, et les
peintures ont été (exceptionnellement)
réalisées sur les roches en plein air.
La définition du contexte géologique et
géomorphologique vient confirmer nos
observations en ce qui concerne la fragilité
de la roche-support des peintures rupestres.
La géologie du secteur d'étude est
constituée principalement de métagrès
quartzitiques, roche très friable et très
sensible aux variations climatiques. Son
évolution naturelle est la désagrégation des
particules (grains de sable), ce qui mène à
la perte définitive des vestiges rupestres.
On observera que cette évolution est en
phase avancée et que les supports qui
n'offrent pas de vestige, peuvent avoir été
des sites locaux à peintures. En ce sens, un
travail de sauvetage dans quelques sites
(Urubu et Tropeiros I) est un objectif
fondamental.
La question que nous posons est de savoir
si ces peintures ont servi de "marqueur"
des passages. Bien évidemment, seule la
connaissance d'un plus grand nombre de
cas, associée à une étude plus détaillée du
positionnement et l'analyse sur des cartes
géomorphologiques, permettra d'asseoir
plus sérieusement cette hypothèse de
travail.
Une autre contribution directe de la
géologie concerne le fait que le métagrès a
évolué localement en quartzite très fin,
bien cimenté (Labirinto de Zeus), ce qui
correspond à une matière-première
d'excellente qualité pour la taille. Il n'a pas
encore été identifié d'indice d'utilisation
archéologique de cette roche, et pourtant la
présence de ces gisements peut indiquer
des sites stratégiques d'occupation
préhistorique. De plus, dans l'aval du Rio
Preto (hors du Parc), des dykes de dolérite
ont pu être observés dans le lit de la
rivière. Cette matière-première a une
utilisation assez spécifique dans la
préhistoire brésilienne, en général comme
support d'objet poli (lame de hache, pilon,
...). La lame polie de hache est très
probablement extraite de ces gisements,
mais aucun examen n'a été réalisé à ce jour
qui puisse confirmer notre hypothèse.
De plus, en accord avec nos observations
de terrain, nous pouvons souligner la
possibilité d'une organisation de petits sites
(sites satellites) autour d'un site majeur.
Nous avons noté à proximité de la Lapa do
Urubu, en rive droite de la rivière,
l'existence de trois sites satellites, dans
lesquels la morphologie des abris, les
techniques de peinture et la thématique
principale (cervidé) sont très proches. Une
autre observation pertinante est que les
sites répertoriés à ce jour, sont tous
localisés à proximité d'un point d'eau. A ce
qu'il semble, seules quelques cascades ont
été privilégiées avec du graphisme, mais il
ne faut perdre de vue que l'évolution
naturelle des parois rocheuses a
Pour ce qui concerne la contextualisation
générale des vestiges dans le paysage, nous
avons noté que ceertains blocs à peintures
étaient situés à proximité de cheminements
52
Géoarchéologie du Parc Naturel IEF du Rio Preto
L'école doit être le vecteur pour que ces
communautés prennent part à la
connaissance et à la conservation des sites
géoarchéologiques de la région, et donc le
fait que la scolarité connaisse un
accroissement dans le secteur doit être tenu
comme un point positif car il démontre une
préoccupation des autorités locales à
éduquer la population.
certainement "consommé" de nombreux
vestiges rupestres.
Notre étude est encore en phase initiale et
ces informations ne sont que quelques
éléments d'un grand puzzle. Nous ne
pouvons pas tirer de conclusions ou
formuler des appréciations plus précises,
en l'attente de nouvelles données.
A proximité, le municipe de Diamantina
qui pour des raisons évidents offre un
indice de développement plus élevé, peut
être considéré comme un secteur où le
message de la valorisation des vestiges
géoarchéologiques sera plus facilement
intégré. Mais à Diamantina, comme dans la
plus grande partie du Brésil, la préhistoire
est complètement méconnue. A titre
d'exemple, citons les peintures rupestres
près de la cascade des Cristais,
complétement abandonnés et ignorés. En
ce sens il est nécessaire, dans un premier
temps, de sensibiliser les élus locaux sur la
nécessaire protection de ces sites. Par
ailleurs, dès lors que les sites
archéologiques du Parc seront aptes à être
visités, la ville de Diamantina pourra servir
de point d'appel touristique. Les visites des
sites géoarchéologiques pourront être
proposées par l'IEF et le Secrétariat au
Tourisme de Diamantina. Enfin le Parc
Naturel pourra être un producteur
économique, en exposant et vendant
l'artisanat local.
Les vestiges rupestres appartiennent à la
"Tradition Planalto", dans laquelle se
détachent les animaux de grande
dimension au corps rempli de traits. Les
cervidés sont très représentés. Les
panneaux rupestres étant en voie de
désintégration accélérée, le principal
potentiel informatif de ces éléments réside
dans son articulation avec les autres points
d'évidence
graphique
et/ou
avec
l'environnement.
La prise de conscience environnementale
doit être développée dans et autour du Parc
Naturel. Il est évident qu'il faut porter
jusqu'aux écoles des communautés
voisines du parc, la connaissance de la
préhistoire locale. Il est important de ne
pas
séparer
l'Homme
de
son
environnement, démontrant que tant dans
le passé que dans le présent, ces deux
éléments sont fortement liés.
Il nous semble fondamental que la
communauté participe au projet de
valorisation et de protection de son
patrimoine culturel, ce qui n'aurait aucun
sens dans le cas contraire. Dans le cas de la
périphérie du Parc Naturel, il est nécessaire
de transmettre aux comunautés la
connaissance afin qu'elles puissent
apprendre à valoriser ce patrimoine. En ce
sens,
un
travail
de
spécialistes
(archéologues, environnementalistes, géologues, ...) en liaison avec les écoles et les
associations, est fondamental. Cependant il
faut reconnaître et comprendre certaines
limites de ces populations et les
transformer en objet pédagogique.
Soulignons que notre recherche n'en est
qu'à ses débuts, et que nous n'avons ni une
vue globale de l'occupation de l'espace, ni
une vue détaillée des sites. De même le
matériel de surface n'a pas été collecté.
Dans la logique de notre appproche, la
collecte du matériel de surface et les
fouilles stratigraphiques ne peuvent
commencer qu'après l'obtention d'un local
propice à la conservation du matériel (local
sûr, sans humidité, ventilé, avec une
possibilité de tables pour analyser le
matériel, etc.). Nous pensons que ce local
devrait être installé dans le Parc, où la
53
Conclusion
se sont intéressés et investis dans les
recherches réalisées dans le secteur. Outre
le fait d'avoir été très bien reçus et logés,
nous n'avons jamais connu le moindre
obstacle à réaliser nos recherches dans le
Parc. Ce fait, qui pourrait paraître normal,
est pour le chercheur, fondamental car il
lui permet de se concentrer sur sa
recherche, et non sur des problèmes
bureaucratiques, comme c'est généralement
le cas.
garde et l'organisation des vestiges
resteraient à la charge des responsables du
Parc (IEF), d'un archéologue désigné et de
l'IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico
e Artístico Nacional - Institut National du
Patrimoine Historique et Artistique). Ce
local pourrait aussi servir aux écoles, où
écoliers et professeurs pourraient assister à
des conférences ou participer à de petits
stages.
Un dernier point mérite d'être mis en avant
pour clore ce travail : il s'agit de la manière
remarquable avec laquelle les responsables
du Parc du Rio Preto et ses fonctionnaires
C'est pourquoi nous remercions l'IEF, en la
personne de ses représentants au Parc
Naturel du Rio Preto.
54
Geoarqueologia do Parque Estadual do Rio Preto
Géoarchéologie du Parc Naturel IEF du Rio Preto
BIBLIOGRAFIA - BIBLIOGRAPHIE
Alves-Mazzoti A.J., Gewandsznajder F.
(1998). O método nas ciências naturais
e sociais: pesquisa quantitativa e
qualitativa. Pioneira, São Paulo: 203 p.
Prous A. (1999). As Primeiras Populações
de Minas Gerais. Tenório, M.C. (dir.),
Pré-História da Terra Brasilis. Editora
UFRJ, Rio de Janeiro.
Brandão-Nagamine H. (1995). Introdução à Análise do Discurso. Unicamp,
Campinas: 13-37.
Rodet M.J., Rodet J., Nascimento S.A.,
da Silva J. (2003). Parque Estadual do
Rio Preto. Relatório de Campo : 14 p.
Dias-Freire G.. (2000). Educação ambiental: Princípios e Práticas. Contexto,
São Paulo: 201-355.
Rodet M.J., Rodet J. (2004). Sítio a céu
aberto: um aspecto pouco conhecido da
arqueologia em contexto cárstico. O
Carste, Belo Horizonte, 16 (1) : 2-12.
Funari P.P., Noelli F.S. (2002). Pré-história do Brasil. Contexto, São Paulo.
Rodet M.J., Rodet J., Pouclet A.,
Willems L., Ribeiro L., Do
Nascimento S.A., da Silva J.,
Nogueira M.J. (2004). Relatório
geoarqueológico - Parque Estadual do
Rio Preto, São Gonçalo do Rio Preto
(Minas Gerais - Brasil). Instituto
Estadual Florestal de Minas Gerais, et
IPHAN, Belo Horizonte, septembre
2004: 48 p..
Gadotti M. (2000). Pedagogia da Terra.
Petrópolis, São Paulo: 77 p.
Gil-Carlos G. (1996). Como elaborar
projetos de Pesquisa. Atlas, São Paulo:
144-150.
Japiassu H., Marcondes D. (1990). Dicionário básico de Filosofia. Zahar, Rio
de Janeiro.
Rosendahl Z., Corrêa R.L. - dir. - (2001).
Paisagem, imagináro e espaço. UERJ,
Rio de Janeiro.
Ministério da Educação e do Desporto.
Secretaria de Educação Fundamental (s.d.). primeiro e segundo ciclos do
ensino fundamental. Parâmetros curriculares nacionais.
Silva R.R. (1999). As bacias proterozoicas
do Espinhaço e São Francisco em Minas
Gerais : uma abordagem do ponto de
vista da estratigrafia de sequências.
Geonomos, Belo Horizonte, 6 (1): 1-12.
Moura A. de Paiva, Lima M.A. (1983).
São Gonçalo do Rio Preto. Manuscrito,
Belo Horizonte : 40 p.
Tenório M.C. - dir. - (1999). Pré-História
da Terra Brasilis. UFRJ, Rio de Janeiro: 376 p.
Murta S.M., Albano C. (2002).
Interpretar o patrimônio- um exercício
do olhar. UFMG, Belo Horizonte.
Willems L., Auler A., Rodet J., Melo da
Silva S., Pouclet A. (2003). Karsts en
roches non carbonatées dans l'état de
Minas Gerais - Brésil : résultats
préliminaires. Journées 2003 de
Spéléologie Scientifique, Centre belge
Prous A. (1992). Arqueologia Brasileira.
Brasília, Editora da UNB: 613 p.
55
Bibliografia - Bibliographie
UIS Congress, Athens-Kalamos, 23-28
august 2005, CDRom Full Paper : O81A (6 p.), vol. 1 : 284-288 [isbn 978960-98020-0-0].
d'études karstologiques, groupe de
contact du FNRS, et Commission
Scientifique de l'Union Belge de
Spéléologie, Han sur Lesse, 15-16
novembre 2003, résumé : 1 p.
Willems L., Rodet J., Pouclet A., Melo
S., Rodet M.J., Compere P., Hatert
F., Auler A. (2008). Karst in
sandstones and quartzite of Minas
Gerais, Brazil. Cadernos do Laboratorio Xeolóxico de Laxe, Universidade da
Coruña (Spain), 33: 127-138 [02134497].
Willems L., Rodet J., Auler A., Piló L.B.,
Pouclet A. (2004). Karsts en roches
non carbonatées – l’exemple des
quartzites et des itabirites de Minas
Gerais, Brésil – Karsts in non
carbonated rocks – examples in
quartzite and itabirite rocks from
Minas Gerais, Brazil. Actes des
Journées Européennes de l’AFK 2003,
Rouen, J. Rodet (dir.) : 74-75 [isbn 29506258-2-8].
Willems L., Rodet J., Pouclet A., Rodet
M.J., Auler A.S. (2005). Multiphase
karst systems in sandstones and
quartzite of Minas Gerais, Brazil. 14th
UIS Congress, Athens-Kalamos, 23-28
august 2005, Abstract Book : 97.
Willems L., Rodet J., Pouclet A., Auler
A., Rodet M.J. (2007). Karst in
sandstones and quartzite of Minas
Gerais, Brazil. International conference
on Granite Caves, La Coruña (Spain),
18-21th september, abstract and poster.
Willems L., Rodet J., Pouclet A., Rodet
M.J., Hatert F., Compère P., Auler
A.S. (2004). Carste no quartzito : o
Parque Estadual do Rio Preto (São
Gonçalo do Rio Preto, Minas Gerais
Brasil). I Encontro de Carstologia do
Brasil -Carste-2004, Belo Horizonte,
27-31 julho, Caderno de Resumos: 86,
poster.
Willems L., Rodet J., Pouclet A., Melo
da Silva S., Rodet M.J., Auler A.S.
(2005). Multiphase karst systems in
sandstones and quartzite of Minas
Gerais, Brazil. Proceedings of the 14th
56
Geoarqueologia do Parque Estadual do Rio Preto
Géoarchéologie du Parc Naturel IEF du Rio Preto
Sumário - Sommaire
Introdução
Introduction
3
4
1
1.1
1.2
1.3
1.4
1.5
1.6
1
1.1
1.2
1.3
1.4
1.5
1.6
a-Contexto Geomorfológico
Geologia da bacia
Estratigrafia
Dados litológicos e estruturais: contrôle da formação das cavidades
Dados petrográficos e geoquímicos
Geomorfologia cárstica do quartzito
Síntese
b-Contexte Géomorphologique
Géologie du bassin
Stratigraphie
Données lithologiques et structurales : contrôle de la formation des cavités
Données pétrographiques et géochimiques
Géomorphologie karstique du quartzite
Synthèse
5
5
5
6
6
7
10
12
12
12
13
13
14
17
2
2.1
2.2
2.3
2
2.1
2.2
2.3
a-Contexto Arqueológico
Sítios arqueológicos: Tipologia
Sítios arqueológicos: Inventário
Vestígios cerâmicos
b-Contexte Archéologique
Sites archéologiques : Typologie
Sites archéologiques : Inventaire
Vestiges céramiques
19
19
20
28
31
31
32
40
3
3.1
3.2
3.3
3
3.1
3.2
3.3
a-Geoarqueologia e Meio Ambiente
Comunidade e Geoarqueologia
Comunidade e Educação Ambiental
Proposições para as comunidades próximas ao Parque Rio Preto
b-Géoarchéologie et Environnement
Communauté et Géoarchéologie
Communauté et Education Environnementale
Propositions à l'adresse des populations voisines du Parc du Rio Preto
43
43
44
45
46
46
47
48
Conclusão
Conclusion
49
52
Bibliografia - Bibliographie
Sumário - Sommaire
55
57
57

Documentos relacionados