MOTIVOS DA ADESÃO À VASECTOMIA POR METALÚRGICOS
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MOTIVOS DA ADESÃO À VASECTOMIA POR METALÚRGICOS
UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP INEBSON CARVALHO DE SOUZA MOTIVOS DA ADESÃO À VASECTOMIA POR METALÚRGICOS Limeira 2010 INEBSON CARVALHO DE SOUZA MOTIVOS DA ADESÃO À VASECTOMIA POR METALÚRGICOS Trabalho de conclusão de curso para obtenção do título de graduação em enfermagem apresentado à Universidade Paulista – UNIP. Orientadora: Prof°a Valéria Nasser Figueiredo Co-orientador: Prof° Ms Samuel R. de Paula Limeira 2010 Ficha Catalográfica Elaborada pela Biblioteca – UNIP Unidade Limeira 616-083 S729m Souza, Inebson Carvalho de. Motivos da adesão à vasectomia por metalúrgicos / Inebson Carvalho de Souza. Limeira : UNIP, 2010. 36f. Orientador: Profª. Valéria Nasser Figueiredo Trabalho de conclusão de curso. Universidade Paulista, Instituto de Ciências da Saúde, Faculdade de Enfermagem, 2010. Inclui referência. 1. Esterilização masculina. 2. Vasectomia. 3. Conhecimento contraceptivo. I.Figueiredo, Valéria Nasser. II. Titulo. CDU: 616-083 INEBSON CARVALHO DE SOUZA MOTIVOS DA ADESÃO À VASECTOMIA POR METALÚRGICOS Trabalho de conclusão de curso para obtenção do título de graduação em enfermagem apresentado à Universidade Paulista – UNIP. Aprovado em: BANCA EXAMINADORA _____________________________________________________/___/______ Prof° Anderson Luiz Ferreira Universidade Paulista – UNIP ______________________________________________________/___/_____ Prof° Daniel José Pereira Universidade Paulista – UNIP RESUMO O método contraceptivo da esterilização masculina (vasectomia) tem sido desde 1928, o mais eficiente e livre de efeitos colaterais. Porém não tem sido o mais utilizado devido à subjugação da sexualidade feminina pelo homem, pelo desenvolvimento de métodos contraceptivos feminino e o medo masculino de interferência da cirurgia da vasectomia no seu desempenho sexual. Assim, o objetivo desta pesquisa foi analisar os motivos pelos quais os metalúrgicos aderiram à vasectomia e a descrição predominante da população estudada. A metodologia utilizada foi descritiva, qualitativa por meio de instrumento sobre informações pessoais, conhecimento, utilização e aceitação dos métodos contraceptivos, antecedente sobre o método em uso, percepção de mudanças, saúde atual e aspectos pessoais e socioeconômicos. Os dados foram coletados no local de trabalho dos mesmos, o sujeito respondia às perguntas, registravam suas respostas e devolvia imediatamente após o seu término. Resultados: os temas mais ressaltados no agrupamento dos motivos foram: „eficiência do método‟, „dificuldades na criação de filhos‟, „medo de gravidez indesejada‟ e „altruísmo com a esposa‟. Entretanto, dentre os relatos dos motivos, evidenciaram-se relatos de arrependimento, nos revelando um âmbito a ser mais investigado pelos profissionais de saúde envolvidos no aconselhamento. Todavia, o conhecimento/uso de métodos contraceptivos pelos metalúrgicos, mostrou-se moderadamente elevado revelando que tinham conhecimento de métodos reversíveis ao optarem pela vasectomia como método definitivo. Palavras-chave: esterilização profissional participativo. masculina, conhecimento contraceptivo e ABSTRACT The contraceptive method of male sterilization (vasectomy) has been since 1928, the most efficient and also free of side effects. But it hasn‟t been the most used due to the subjugation of female sexuality by men, by the development of female contraceptive methods and the male fear of interference from surgery of vasectomy on sexual performance. The purpose of this research was to examine the reasons why the steelworkers joined the vasectomy and the predominant description of the population studied. The methodology was descriptive, using qualitative instrument on personal information, knowledge, acceptance and use of contraceptive methods, history of the method in use, perception of changes, current health and personal and socioeconomic aspects. These data were collected in their same workplace; the person answered questions, wrote down his answers and returned immediately after it ends. Results: the themes most highlighted in the grouping of the reasons were: „efficiency of method However‟, „difficulties of raising children‟, „unwanted pregnancy‟ and „altruism with his wife‟. Among the reports of the motives, there are some evidenced regrets in the report, telling us a scope to be further investigated by the health professionals involved in counseling. However, the knowledge / use of contraceptive methods by metallurgical, was moderately high revealing that they were aware of reversible methods by opting for vasectomy as a permanent method. Keywords: male sterilization, contraceptive knowledge and participatory work. RESUMEN El método anticonceptivo de esterilización masculina (vasectomía) ha sido desde 1928, la más eficiente y libre de efectos secundarios. Pero no ha sido la más utilizada debido a la subyugación de la sexualidad femenina por los hombres, el desarrollo de los métodos anticonceptivos masculinos y el miedo masculino a la interferencia de la cirugía de la vasectomía en el desempeño sexual. El objetivo de esta investigación fue analizar las razones por las que los trabajadores del acero se unió a la vasectomía y la descripción de la población predominante. La metodología fue de tipo descriptivo, con el instrumento cualitativo en la información personal, el conocimiento, aceptación y uso de métodos anticonceptivos, la historia del método en uso, la percepción de los cambios, la salud y socioeconómicos actuales y aspectos personales. Los datos fueron recolectados en el mismo lugar de trabajo, el sujeto responde a las preguntas, registró sus respuestas y regresó inmediatamente después de su finalización. Resultados: los temas destacados en la agrupación de las razones fueron: "método de la eficiencia", "dificultades en la crianza de los hijos ',' temor al embarazo no deseado" y "el altruismo con su esposa." Sin embargo, entre los informes de los motivos, expuesto en los informes de arrepentimiento, que nos dice un marco que deben investigarse más a fondo por los profesionales sanitarios implicados en el asesoramiento. Sin embargo, el conocimiento y uso de métodos anticonceptivos mediante procedimientos metalúrgicos, era relativamente alta revelando que eran conscientes de los métodos reversibles al optar por la vasectomía como un método permanente. Palabras clave: la esterilización masculina, el conocimiento de anticonceptivos y el trabajo participativo. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................01 2. OBJETIVOS……..............................……...………....................……………..….....04 3. METODOLOGIA/ MATERIAL………...…...........................................…………….04 3.1 Metodologia………………………………….........................................................04 3.2 Material……………………………........................................................................05 3.3 Entrevista………………………............................................................................05 3.4 Sujeitos................................................................................................................06 3.5 Critérios para seleção da amostra....................................................................06 4. ASPECTOS ÉTICOS.............................................................................................06 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................................07 5.1 Descrição ...........................................................................................................07 5.2 Análise Qualitativa dos Motivos.......................................................................11 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................17 7. REFERÊNCIAS......................................................................................................18 8. ANEXOS................................................................................................................21 1 1. INTRODUÇÃO O uso clínico do método de esterilização masculina (vasectomia) em 1890 era destinado como prevenção de epididimites, freqüentes em cirurgia de próstata. Braga (1998) observou que na mesma década não acontecia alteração na vida sexual dos pacientes, sendo a vasectomia, em 1928 consumada como método contraceptivo permanente por eficácia e ausência de efeitos indesejáveis. A vasectomia, de acordo com Smeltzer (2006), consiste tradicionalmente da ressecção parcial dos canais deferentes, destinada a bloquear a passagem dos espermatozóides e assim provocar a contracepção. Na cirurgia da vasectomia, Andrade et al (2000) esclarece que o objetivo é seccionar e ocluir os canais deferentes, bloqueando o percurso dos espermatozóides, impedindo seu contato com os líquidos espermáticos ejaculatórios produzidos posteriores ao local da secção, na próstata, vesículas seminais e glândula bulbo uretral. Esta secção provoca a ausência dos espermatozóides no conteúdo ejaculado, sem alterações no desempenho, função de ereção ou prazer sexual, de acordo com Braga (1998). Ainda explica que os espermatozóides aprisionados e os produzidos nos testículos passam a ser vistos por nosso sistema de defesa fisiológico como corpos desnecessários, com isso, é produzido anticorpos que fagocitam os espermatozóides tornando o indivíduo estéril por ausência de espermatozóides no líquido ejaculado, aspermatismo induzido. A concepção é definida por Silva et al, (2007) como “impregnação do óvulo pelo espermatozóide”, evidenciando assim, que é necessária a participação masculina e feminina para que o evento conceptivo seja consumado. Da mesma forma, Bastos e Miranda (2007), sugerem que seria racional no evento da contracepção resultasse na divisão da responsabilidade para ambos os gêneros. Porém, isso não tem acontecido, pois a repressão feminina, condicionada a passividade seguido da conquista do direito à liberdade sexual, a limitação de contraceptivos masculinos e o “medo” da vasectomia, contribuiu para que a 2 responsabilidade da contracepção seja imperativamente feminina, com participação mínima masculina, (SOS CORPO GRUPO SAÚDE DA MULHER, 1991). A relação de gênero e poder têm prevalecido ao longo da história, de forma bastante incisiva da parte masculina, numa condição onde as mulheres não podiam decidir sobre as suas vidas. E nas poucas ocasiões onde a mulher obtinha pequenas parcelas de força decisória, a imposta supremacia masculina limitava a influência feminina de forma totalmente desigual, subalternando a condição feminina a uma relação de domínio do homem sobre a mulher (COSTA, 2009). A formação da família foi o ponto de partida considerado pela antropologia para a definição de papéis sexuais e sociais de homens e mulheres. A descoberta da agricultura despertou interesse humano em terras e para a garantia da prole, o homem aderiu à monogamia, divisão de tarefas onde o homem comandava a tribo hierarquicamente e era responsável pela caça, enquanto as mulheres assumiam os cuidados com a terra e filhos. Isso estabeleceu o controle da sexualidade, dos corpos e da autonomia feminina dominando - a, permanecendo assim, por longo tempo na história (NAVAZ e KOLLER, 2006). Novaz e Koller (2006) relatam que a partir da década de 60 com a ascensão do feminismo, a busca da introdução de influências sociais que expressassem a quebra de desigualdades e a discriminações permanentes no contexto familiar e social, tornou-se o tema mais relevante dos movimentos feministas que emergiam a cada ano mais forte a luta pelo direito de igualdade entre homens e mulheres inclusive sobre suas sexualidades. Na mesma década, foi inserida no mercado pílulas anticoncepcional a base de hormônio sintético capaz de provocar o controle da mulher na concepção. Não havendo nenhum método contraceptivo hormonal masculino, a tarefa da concepção tornou - se restrita à mulher, devido à popularidade do método. Braga (1998) informa que mesmo nos métodos de esterilização cirúrgicos, a laqueadura tubária tem sido amplamente disseminada, com percentuais altamente consideráveis se comparado com o número de homens vasectomizados. Ainda afirma que independente do objetivo, motivo ou grau de segurança oferecido por 3 qualquer método contraceptivo cirúrgico, a consciência de incisões ao toque do bisturi no corpo, infere insegurança. Esta por sua vez, capaz de atingir níveis que podem influenciar em nosso comportamento ou condição emocional pós-cirúrgico, de forma positiva ou negativa. Uma prova concreta desse fato, segundo Smith (1981), é a trajetória que o método contraceptivo masculino ou transecção do canal deferente, mais conhecido como vasectomia, tem percorrido desde o seu reconhecimento em 1928, com a resistência ao método por medo da interferência na sexualidade, até a adesão do crescente número de adeptos humanos com conseqüentes resultados positivos na atualidade. A satisfação alcançada vem mudando o conceito masculino com relação ao método de esterilização da vasectomia. No Brasil, dados registrados no Sistema de Informação Hospitalar (SIH) do Sistema Único de Saúde (SUS), revelam que até 2006 o número de vasectomias realizadas na rede pública era de 20 vezes maior, que o número de laqueaduras realizadas. Como enfatiza Amorim, et al (2008), esse fato deve desconsiderar as vasectomias realizadas ambulatorialmente pelo serviço privado que não eram rigidamente monitoradas pelo governo. Esse aumento na demanda pela vasectomia conseqüentemente aumenta a demanda da participação dos profissionais de saúde. No processo de esterilização cirúrgica Carvalho et al. (2007), menciona a lei 9.263 que estipula requisitos para pessoa que solicita esse método contraceptivo, entre esses requisitos a orientação e o aconselhamento por profissionais de saúde, que fornecerão informações sobre métodos alternativos de contracepção, a esterilização e o desencorajamento à esterilização precoce. Isso desperta interesse para identificar o profissional de saúde que teria maior indicação de participação no aconselhamento na classe de trabalhadores como metalúrgicos que optam pela vasectomia, seu conhecimento e uso de outros métodos contraceptivos. Nesta pesquisa pretende – se dar continuidade aos estudos sobre a motivação dos homens na quebra de tabus relacionada à vasectomia e também descrever o percentual de conhecimento e uso de métodos contraceptivos alternativos na classe de trabalhadores metalúrgicos. 4 2. OBJETIVOS 2.1 Geral Verificar, identificar e analisar o motivo que influenciaram homens em uma metalúrgica de uma cidade do interior de São Paulo a aderir ao método contraceptivo de esterilização masculina (vasectomia). 2.2 Específicos Identificar e descrever o conhecimento masculino sobre os métodos anti concepcionais reversíveis. Analisar qual profissional participou efetivamente como orientador no aconselhamento sobre a vasectomia e se possível identificar qual a trajetória utilizada na quebra de tabus inseridos na sociedade contra a cirurgia da vasectomia 3. METODOLOGIA / MATERIAL 3.1Metodologia A metodologia adotada para esse estudo foi composta por pesquisa descirtiva e de campo. Conforme Gil (2009), é usada para descrição das características que predominem numa população estudada, com aprofundamento do estudo de campo para identificar o conhecimento sobre métodos anti concepcionais (MAC) entre os quais reversíveis, identificar qual o profissional de saúde foi mais participativo no aconselhamento e esclarecimento sobre a vasectomia quando esta foi optada como método contraceptivo, numa população de metalúrgicos. Feito essa descrição, visando uma análise qualitativa, identificamos os motivos dos homens metalurgicos pela opção da vasectomia, utilizamos a técnica da análise de conteúdo descrita por Minayo, Deslandes e Gomes (1994), basicamente com leitura de primeiro plano, apreensão de particularidades do material coletado para elaboração de conjuntos ou classes de acordo com a homogeneidade dos 5 motivos que surgiram no instrumento de coleta de dados, discutindo – os com base nos conceitos teóricos existentes na literatura. 3.2. Material O instrumento para coleta de dados (anexo 01) foi constituído a partir do instrumento utilizado por Gonçalves (2003), autorizado pela autora para uso e adaptação do instrumento para esse estudo (anexo 03). O instrumento foi composto de cinco partes a saber: Parte 1 – Conhecimento e utilização de métodos contraceptivos. Parte 2 – Antecedentes sobre o método em uso. Parte 3 – Percepção de mudanças. Parte 4 – Saúde atual. Parte 5 – Aspéctos pessoais e socioeconômicos. 3.3 Entrevista Devido aos diversos níveis de escolaridade dos sujeitos que compõem a população estudada, houve necessidade de manter uma uniformidade de procedimento na coleta de dados a fim de evitar omissões por parte do sujeito. Realizamos a entrevista individual para a coleta de dados com esclarecimentos de questões que os entrevistados sentiram dificuldade de resposta. Nas questões fechadas foi dado ao entrevistado, tempo e privacidade suficientes para responder. Nas questões abertas tentou-se de início conduzir uma entrevista focada na questão estruturada do instrumento gravando as falas para futura transcrição. Porém, muitos entrevistados no inicio e decorrer da coleta de dados mostraram – se inibidos diante do aparelho de áudio para gravar sua voz recusando responder várias perguntas. Foi opção, em comum acordo com os entrevistados, que eles registrassem por escrito em espaço pautado no próprio instrumento o que seria sua 6 fala. Como informado no TCLE (anexo 02), respeitamos os itens direcionados aos entrevistados. Os sujeitos foram entrevistados individualmente, em uma sala gentilmente cedida pela empresa destinada à coleta de dados em horário que não coincidiu com o expediente ativo do funcionário e não prejudicou seu retorno e desempenho na sua produção. 3.4. Sujeitos Foram convidados informalmente homens vasectomizados trabalhadores de uma empresa metalúrgica do interior de São Paulo, no período diurno, constituindo um número de n=19 homens, sem observar idade, apenas se fossem vasectomizados. 3.5. Critérios para seleção da amostra. Incluímos como sujeitos do estudo, homens metalúrgicos vasectomizados, que compunham o quadro de funcionários de uma empresa metalúrgica do interior de São Paulo no período diurno, independente do atual estado civil ou comorbidades que pudessem apresentar desde que não os incapacite a fornecer os dados. Excluímos os sujeitos estéreis que não fossem por vasectomia, os que apresentassem incapacidades de comunicação verbal ou escrita que inviabilizasse a participação na pesquisa, os que optaram por não participar da pesquisa ou não concordaram com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), apresentado previamente ao sujeito. 4. ASPECTOS ÉTICOS O protocolo de pesquisa teve que obter o parecer favorável e certificado de aprovação do Comitê de Ética (anexo 4) da Instituição antes de qualquer etapa iniciada. Em seguida, os sujeitos foram convidados a participar do estudo e receberam informações sobre os objetivos do estudo, forma de preenchimento do 7 instrumento e esclarecimento de dúvidas. Todos os sujeitos arrolados assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido, registrando a participação no estudo e confirmando as condições de acordo. 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1 Descrição Com o propósito de descrever informações simples e objetivas das características que predominaram na amostra para facilitar a associação e identificação real da relação entre as falas registradas pelos sujeitos e o seu perfil sociodemográfico dominante, selecionamos no instrumento de coleta de dados apenas os dados que mostraram – se relevantes e não exatamente na mesma ordem. Houve dados que por recusa dos entrevistados em respondê – los, tornaram – se insuficientes para a descrição. Participaram da pesquisa 19 homens metalúrgicos vasectomizados com idade predominante entre de 25 – 35 anos 42% e entre 36 – 46 anos 31% dos trabalhadores. O grau de escolaridade que predominou foi de 52% constituindo aqueles que haviam completado o ensino médio, ensino fundamental com 15% e com ensino superior incompleto e completo somaram 21% dos indivíduos. O parâmetros de idade prevalente de 25 – 35 anos, nos revela uma população consideravelmente jovem, embora os critérios utilizados na elegibilidade do candidato à vasectomia é embasado na maturidade de decisão pela opção, como observou Andrade et al (2000). Porém sem descartar os critérios determinado na lei 9.263 (BRASIL 1997), que em síntese diz que o candidato à esterilização cirurgica precisa ter capacidade civil plena, idade superior a 25 anos, ter no mínimo dois filhos vivos, a cirurgia só poderá ser realizada sessenta dias após expressão do desejo pela cirurgia. Nesse período de 60 dias, o candidato terá acompanamento por equipe multidisciplinar com aconselhamento independente do serviço de saúde, público ou privado, escolhido pelo candidato à vasectomia, conforme obsevado por Carvalho et al (2007). Na população estudada, 94% afirmaram ter recebido orientações prévias 8 no aconselhamento e 84% realizaram a cirurgia no serviço de saúde privado justificado pelas facilidades do convênio de saúde oferecido pela empresa. Esta populção é semelhante a amostra de um estudo realizado em Campinas/SP em 2003 que obteve um padrão dominante de idade aproximado ao de 20 homens candidatos a vasectomia, ou seja, apresentaram uma idade média de 32 anos. Por outro lado o padrão do grau de instrução, avaliada pela escolaridade dos metalúrgicos,evidenciaram melhoras se comparado com os 20 homens candidatos a vasectomia que apresentaram uma média que se equivalia unicamente ao ensino fundamental, segundo Marchi (2003). Isso verificado sem relevar a economia local. A renda familiar dos metalúrgicos vasectomizados era a partir de dois salários mínimos para 100% dos entrevistados. Em relação ao relacionamento conjugal, 94% possuiam de primeira ordem matrimonial tendo o número de filhos como média de 2,2 filhos por homem vasectomizado. Além disso, 84% possuiam casa própria. Braga (1998) comentou sobre a Conferência Mundial de 1974, a resolução concernente aos direitos de casais e a liberdade do palnejamento familiar com o exercício do conhecimento dos métodos anticoncepcionais. Nesse contexto, os metalúrgicos vasectomizados predominaram com um conhecimento consideravelmente alto dos métodos anticoncepcionais (MAC), como retrata o gráfico 1: 9 Gráfico-1.Conhecimento e uso de MAC de uma população de Metalúrgicos Vasectomisados, Piracicaba, 2010. Como método mais conhecido, a camisinha revelou 100% entre os entrevistados, sendo que 89.4% afirmaram ter usado antes da opção pela vasectomia. Seguidos outros métodos, a “pílula” obteve 94.7% de conhecimento e 63% de uso e a tabela com 84% de conhecimento e apenas 15% de uso. Acompanhado pelos injetáveis com 78.9% de conhecimento e 21% de uso, destacáveis dentre os métodos apresentados. Os resultados demonstram que o conhecimento e uso dos métodos anti concepcionais por metalúrgicos vasectomizados evidenciam que há mudanças no comportamento dos homens sobre a cumplicidade da contracepção. Embora não se saiba se a prevalência da camisinha, por exemplo, é reconhecimento de sua parte participativa na contracepção ou por auto-proteção de doenças sexualmente transmissíveis como observado por Duarte et al. (2003). Duarte et al (2003) ainda nos informa que ao longo da década de 90 por diante, os homens tem mostrado interesse na sua parte integrante da contracepção. Quer por apoio moral à parceira nos métodos exclusivos femininos, por sua participação nos métodos em conjunto ou optar por métodos masculinos com satisfatórios resultados para o casal. Ainda na população dos metalúrgicos vasectomizados 68% afirmaram que a escolha do método foi tomada pelo casal, apenas 26% foi por decisão exclusiva do homem (marido) e 5% pela mulher (esposa). O aconselhamento é uma parte integrante no processo de decisão pela opção da vasectomia que tem por objetivo informar, esclarecer, conscientizar e preparar o indivíduo psicologicamente com a finalidade de proteger contra uma decisão sem a verdadeira consciência. Nesse aspecto, 47% afirmaram ter recebido informações boas e encorajadoras, 42% interpretaram tais informações como boas e ruins sendo um pouco de cada. Essa fase de aconselhamento, pode ser realizada por profissionais da saúde como médico, enfermeiro, assistente social e psicólogo, como nos informa Andrade et al (2000). 10 Na população de metalúrgicos vasectomizados, os profissionais participantes no aconselhamento e / ou esclarecimento sobre a vasectomia, são descritos na seguinte representação no gráfico 2: Gráfico-2.Distribuição percentual segundo participação do profissional de saúde no aconselhamento, Piracicaba, 2010. Com participação de 69% destacou-se o médico, seguido pelo psicólogo com 21%, e com o mesmo percentual o enfermeiro e outros (participação indireta de amigos vasectomizados e internet) com 5% de participação. Andrade (2000), ao contrário, nos informa que médicos são menos indicados como conselheiros para o que se propõe. Uma das razões apresentadas é que o médico tende a dedicar menos tempo e fazem valer mais os sentidos clínicos da vasectomia do que realizar um aconselhamento mais interagido e democrático com o candidato à vasectomia. Esse papel melhor desempenhado por enfermeiro, psicólogo e assistente social, deixando assim um incentivo aos enfermeiros pelo resultado apresentado na entrevista com os metalúrgicos vasectomizados. Talvez isso possa contribuir para redução dos homens que apresentam futuro arrependimento como foi o caso de 15,7% dos entrevistados. 11 5.2 Análise Qualitativa dos Motivos pela Opção da Vasectomia Após a leitura de base para fixação das respostas que descrevem os motivos apresentados por todos os 19 metalúrgicos entrevistados, foi identificado, separado e classificado os sentidos das falas registradas no instrumento, dando origem às seguintes categorias temáticas: Temática 1 - Eficiência do Método Vasectomia Englobando a esse tema, abrangido por 50% dos metalúrgicos entrevistados, selecionamos motivos como segurança, garantia, rapidez, praticidade e tranqüilidade oferecida pelo método da vasectomia, destacando os seguintes relatos: “O motivo foi que era um método mais simples e prático, rápido e seguro da cirurgia...” (metalúrgico – 3). “... Também por ser uma cirurgia sem muitas dificuldades para o homem...” (metalúrgico – 6). “... Nas condições que vivemos [de estress] hoje a vasectomia é uma garantia mais segura onde você pode fazer amor [sexo] sem “risco” [preocupação], sem problema de esquecimento de ter ou não tomado o remédio...” (metalúrgico -17). “... Por ser um método seguro e definitivo...” (metalúrgico – 11). Quando se trata de um planejamento familiar onde o objetivo é a finalização na quantidade de filhos, o método anticoncepcional mais seguro para esse fim são os métodos cirúrgicos como afirma Braga (1998). Do Contrário, os outros métodos são os mais indicados, porém exige-se um controle/monitoramento e aceitação por ambos os gêneros, quando não só da mulher. Braga (1998) pormenorizou uma consideração geral sobre a vasectomia descrevendo o evento da ejaculação no coito, o fato da fecundação quando o espermatozóide se insere no óvulo e o procedimento de interrupção dos canais que conduzem os espermatozóides dos testículos para o exterior sem interromper o fluxo do conteúdo ejaculado, sêmen, interferindo apenas na presença de espermatozóides. O que já é fato comprovado cientificamente de não interferir na 12 capacidade sexual, quando por vezes relata – se um melhor desempenho pelo conforto psicológico, conforme afirmado por 26,9% e os outros 73,1% respondendo que nada alterou, relatando apenas conforto por ausência de preocupações com a contracepção. O processo cirúrgico da vasectomia raramente ultrapassa 30 minutos. Nas décadas de 80 e 90, o Programa de Contracepção Cirúrgica Voluntária Masculina da PRO-PATER realizou 16.792 cirurgias com a técnica “sem bisturi” com um índice baixíssimo de 0,04 de recanalização espontânea, Andrade et al (2000) afirma que é um índice ínfimo, até se comparado com o índice de falha na laqueadura tubária que é considerada o mais efetivo método feminino. Sem sombra de dúvidas, um método que não interfere na sexualidade, com procedimentos cirúrgicos rápidos e pouco agressivos, um índice de falha baixíssimo, convém ser motivo de afirmação pela opção do método. Temática 2 - Dificuldades na criação de filhos O interesse de muitos pais dentro de um contexto ambiental/social é expresso por uma considerável freqüência nos motivos englobados nesse tema, quando se perguntou dos motivos pela opção da vasectomia aos metalúrgicos. A expressão no interesse educacional e nas boas e más influências oferecidas pela modernidade encontra-se as seguintes declarações. “... Por dificuldade em criar filhos no mundo moderno...” (metalúrgico – 12). “... Escolhi a vasectomia por que já tenho dois filhos e pra mi é um número ótimo, pois acho que quanto mais filhos a pessoa tiver mais difícil será de dar uma boa educação...” (metalúrgico – 18). “... Temos que pensar no futuro dos filhos que temos, estudá-los [educá-los], dar o melhor para eles e se tivermos muitos filhos vai ser difícil...” (metalúrgico – 15). Pelas intercorrências sociais testemunhadas por todos nós em noticiários na atualidade, intuitivamente percebemos que a saúde emocional é de suma importância na criação/educação da criança. Moro e Gomide (2003), destacou o 13 paradigma da necessidade infantil de modelos sociais para se referenciar na sua formação como indivíduo e o isolamento promovido pela contenção e /ou super proteção dos pais, provocado por todo um contexto urbano conduzido pela falta de segurança, contribuir para a dificuldade na criação de filhos. Mondin (2008), afirma que muitos pais são desinformados quanto aos ensinamentos apresentados às crianças. Essa dificuldade do ensino comportamental bifurca entre monitoria e/ou negligência, cada uma com diferentes conseqüências. E monitorar os filhos freqüentemente é uma tarefa que é delegada à esposa, o que foi afirmado por 68% dos metalúrgicos, aumentando ainda mais as dificuldades na educação por diminuição na freqüência de contato do pai com os filhos. Amorim (2008) refere sobre preocupações econômicas como influentes na questão do controle da fecundidade nos sugerindo, assim, que as dificuldades financeiras também se inserem como motivo da regulação da quantidade de filhos especialmente nas estratificações mais populares. Temática 3 - Medo de gravidez indesejada Dentre os motivos descritos, um deles abrangeu o que de alguma forma não é compatível com o gênero masculino. No entanto, não deixou de ser um dos motivos de preocupação para o controle da natalidade por método cirúrgico, pelos metalúrgicos, que expressaram o medo de gravidez indesejada tendo sido fato ocorrido em 31% dos entrevistados. Os relatos registrados foram: “... Por tranqüilidade na vida sexual sem o medo de uma gravidez indesejada...” (metalúrgico – 12). “... Por ter três filhos e ser um método seguro e garantido para não ter um quarto filho...” (metalúrgico – 13). “... me levou a optar por ter dois filhos sendo um casal e também pra não engravidar de novo...” (metalúrgico – 14). 14 “... Particularmente eu quis operar por ter alguns relacionamentos particulares [extraconjugal] e se me separar também não quero ter filhos com outra mulher...” (metalúrgico – 18). “... Por não me arriscar com outros métodos...” (metalúrgico – 19). “... Fazer amor [sexo] sem preocupação ou medo de engravidar a esposa...” (metalúrgico – 9). Apesar de a gravidez indesejada ser um problema focalizado no gênero feminino, os metalúrgicos entrevistados a expressaram como motivo para realizar a vasectomia. É certo que os efeitos paralelos de uma gravidez indesejada como interrupção de uma gestação, desconforto econômico advindo do despreparo e/ou falta de planejamento na vinda inesperada de uma gestação, recai em boa parcela em ambos os gêneros quando casal, segundo Diniz (2007). Temática 4 - Altruísmo Muitos dos operários entrevistados demonstraram em seu registro escrito, uma preocupação na saúde da família comum de chefes de família que as prezam e de uma forma peculiar, interesse na saúde e bem estar da esposa. Vejamos os relatos de mais de 55% dos entrevistados: “... Os outros métodos contraceptivos faziam mal à minha esposa...” (metalúrgico – 12). “... Por tirar toda responsabilidade dos métodos contraceptivos da esposa...” (metalúrgico – 12). “... Também estou feliz com os três filhos que eu tenho, pois posso dar uma vida tranqüila a eles e a minha esposa...” (metalúrgico – 12). “... Por contribuir com a mulher [esposa] no sentido de livrá-la das pílulas anticoncepcionais...” (metalúrgico – 2). “... Por não querer prejudicar minha esposa com medicamentos...” (metalúrgico – 19). “... Minha mulher não podia tomar remédio, fazia mal, usou também o DIU e deu infecção, por isso optei pela vasectomia...” (metalúrgico – 16). 15 “... tinha medo que os remédios fizessem mal à minha esposa...” (metalúrgico – 10). “... Por que pra ela fazer laqueadura, só poderia numa terceira cesária. E pra não haver necessidade dela tomar pílula anticoncepcional...” (metalúrgico – 8). “... Anticoncepcional fazia mal à esposa, tentamos o injetável também não fez bem e a laqueadura era mais complicada, enquanto a vasectomia era muito mais simples... (metalúrgico – 5). Marchi (2001) relatou uma condição altruísta semelhante em casais sendo que o homem optou pela vasectomia, superando preconceitos e medos a respeito do método, que na época eram mais intensos que hoje, trivialmente por desinformação ou comentários de terceiros também desinformados. O aumento de homens vasectomizados serve de exemplo e incentivo, bem como indicar resultados de um melhor trabalho desenvolvido pelos profissionais de saúde para informar sobre os métodos anticoncepcionais. Além disso, o comportamento masculino vem demonstrando disposição para assumir sua parcela no controle da natalidade e proteger a mulher, quando vulnerável às condições em que sua saúde está sensibilizada ao uso de outros métodos contraceptivos, como Andrade et al (2000) observou. Temática 5 - Medo / Arrependimento Ao serem entrevistados sobre medo da vasectomia, 100% responderam de forma clara e objetiva que não tiveram medo da cirurgia interferir na atividade sexual. Isso porque a partir do momento em que decidiram realizar a cirurgia, já tinham recebido os devidos esclarecimentos por profissionais de saúde ou investigado sobre os resultados e procedimentos com outros homens já vasectomizados. Servindo assim de referência e incentivo, quebrando o que também se achava relevante para esse estudo. Por outro lado, o que não se imaginava encontrar foi o arrependimento tardio. Entretanto 15.7% expressaram a idéia e por ser algo relevante na tomada da 16 decisão pela opção de qualquer método cirúrgico definitivo, foi resolvido abordá-lo. As declarações encontradas foram: “... Não me sinto bem... acho que no futuro vou querer filhos...” (metalúrgico – 01). “... Sim... arrependido... queria mais um filho... um menino...” (metalúrgico – 02). “... Sim... porque hoje gostaria de ter mais filhos... hoje penso diferente, meu casamento acabou e agora estou com outra [esposa] e não posso ter mais, isso abala!...” (metalúrgico – 03). No possível sentimento de arrependimento, Marchi (2001) comentou que muitos casais não deixam de considerar essa possibilidade, relatando condições supostas como a fatalidade da morte de filhos, separação e um novo casamento em que a mulher deseja ter filhos. O consolo a essa possibilidade de arrependimento, durante o processo de escolha pela opção da vasectomia, foi relatado por Marchi (2001), com a disposição apresentada pelos candidatos para adoção de uma criança, sendo que ninguém referiu à possível reversão da cirurgia da vasectomia no caso de arrependimento. Os homens metalúrgicos não quiseram pormenorizar o sentimento de arrependimento, apenas referiram pesar por esse sentimento ter surgido de forma tardia. E contrário às expressões de vasectomizados encontradas em Marchi (2001), os mesmos 15,7% dos metalúrgicos referiram querer tentar a reversão da cirurgia da vasectomia e não mencionaram a possibilidade da adoção de uma criança. Nesse contexto, é natural que os candidatos à vasectomia na fase da escolha, depositem toda sua concentração no objetivo do método e vejam a possibilidade de arrependimento como remota. Esta ofuscada perspectiva de arrependimento reforça a carência de orientações por aqueles que procuram a vasectomia como método definitivo. Fica claro que a atuação dos profissionais de saúde envolvidos nessa questão, necessita 17 de reforçados incentivos, com mais evidência e objetividade, que irá auxiliar com conhecimentos aqueles que procuram esterilização. Marchi (2001) nos sugere que avaliar a qualidade do relacionamento conjugal e a idade/maturidade do candidato são bons parâmetros, já que o arrependimento tem se manifestado em alto índice nos homens que realizaram a vasectomia muito “novos” ou quando o relacionamento conjugal estava em crise. A atual literatura carece de estudos voltados a esse aspecto de arrependimento pós-vasectomia tardio. 6. Considerações Finais Os resultados descritos e discutidos sobre os principais motivos envolvidos na escolha dos homens metalúrgicos vasectomizados, nos embasa comentar sobre o evidente crescimento de homens vasectomizados. A vasectomia hoje, não é mais opção de escolha exclusiva de pessoas com nível universitário ou da alta estratificação econômica. A disposição dos homens está aumentando no que diz respeito à contracepção cirúrgica. Por meio de seus motivos ficaram evidentes seus esforços em se integrar às cobranças da sociedade, no exercício de sua parcela na contracepção, contribuindo de forma ativa para o planejamento familiar. O conhecimento dos métodos alternativos como os apresentados pelos metalúrgicos, sem dúvida depende do interesse do casal e de educadores precocemente nas escolas como também de uma forma mais tardia, dos profissionais da saúde capacitados e interessados no trabalho educativo e comunitário. É consciente que o número de homens aqui descrito é relativamente pequeno se comparado ao trabalho que merece ser feito para se alcançar um resultado satisfatório de participação masculina na contracepção. Os próprios métodos exclusivos masculinos são um tanto limitados. Em contra partida, o surgimento da contracepção feminina, acompanhado do desenvolvimento e aprimoramento de métodos exclusivamente femininos, subjetivamente ofuscou a atenção que poderia ser dispensada ao desenvolvimento de contraceptivos direcionados a ambos os gêneros. 18 Vários programas de atenção feminina poderiam ter sido elaborados de forma igualitária, focalizando uma instrução democrática. Nota-se que vários tabus foram quebrados com a luta na transmissão do conhecimento. A absorção do conhecimento contribui para libertação dos medos e ainda promove o equilíbrio de direitos e deveres dos gêneros. Na área da contracepção, os profissionais de saúde possuem um rico conteúdo pronto e disponível nos deixando apenas o desafio de adaptá-lo às necessidades humanas, tão evidenciadas por nossas carências. Sem dúvida, o bem estar da família é de grande valia, o altruísmo admirável. Porém não devem ofuscar a consciência dos atos. O tempo de 60 dias estipulado por lei merece ser bem trabalhado para que as informações transmitidas alcancem uma elevada amplitude, com objetivos que perpassem esclarecimentos de procedimentos e atinjam o que os olhos ainda não vêem como problemas. O arrependimento tardio tem se enquadrado nesse aspecto. O número de homens vasectomizados aumenta a cada ano. Os principais motivos apresentados em uma pequena escala nesse estudo revelam que existe disposição ativa e reconhecida dos homens para arcar com sua parcela na contracepção. Esses resultados possivelmente servirão, como um dos pontos de partida para que se desenvolvam novos estudos direcionados à detecção preventiva de arrependimentos tardios e atitudes profissionais que atuam no aconselhamento, focalizando a carência masculina de conscientização da considerável irreversibilidade do método da vasectomia quando opção. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Amorim, F. A; Cavenaghi, S; Alves, J. E. D. Diferenciais de Gênero no uso da esterilização voluntária: o caso de S. Paulo e Minas Gerais. In: ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDOS POPULACIONAIS, 16. set/out, 2008, Caxambu (MG), 2008. Disponível em: <http://www.abep.org.br/usuário/GerencialNavegacao.php?texto_id=4185&palavraC have=esterilização>. Acesso em: 22 de nov. 2009. 19 Andrade, R. P de. et al. Contracepção promoção da saúde sexual e reprodutiva. Rio de Janeiro: Revinter, 2000. Bastos, R. P; Miranda, E. S. Vasectomia como inclusão masculina no planejamento familiar. Revista de Saúde Sexual Reprodutiva: informativo eletrônico de IPAS Brasil, n.30,jul.2007. Disponível <http://www.ipas.org.br/revista/julho07,html#quatro>. Acesso em: 17 out. 2009. Braga, I. F. Contracepção cirúrgica: vasectomia. Arq. Cienc. da Saúde da UNIPAR, Umuarama,PR: v.2, n.1, p.41-48, jan./abr.1998. Disponível em: <http://revista.unipar.br/saude/issue/view/106>. Acesso em: 18 de out. 2009. Braga, I. F - Contracepção Cirúrgica: Laqueadura. Arq. Cienc. da Saúde da Unipar. Umuarama, PR; v.2, n.2, p.163-168, maio/ago. 1998. Disponível em: <http//revistas.unipar.br/saude/issue/view/107>. Acesso: 05 de nov. 2009. Brasil. Lei ordinária n° 9263, de 12 de janeiro de 1996. Regula o parágrafo 7 do artigo 226 da Constituição Federal, que trata do planejamento familiar, estabelece penalidades e dá outras providências. Partes vetadas correspondentes aos artigos 10, 11, 14 e 15. Diário Oficial da União, Brasília, 20 ago 1997. p.17989, col.1. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil/leis/L9263.htm>. Acesso em: 15 de jun. 2010. Carvalho, L. E. C. et al. Esterilização cirúrgica Voluntária na Região Metropolitana de Campinas, São Paulo, Brasil, antes e após sua Regulamentação. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 23, n. 12, p. 2906 – 2916, dez. 2007. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/csp/v23n12/11.pdf>. Acesso em: 05 de jun.2010. Costa, A. A. Gênero poder e emponderamento das mulheres. Disponível em: <http://www.agende.org.br/docs/File/dados_pesquisas/ feminismo/Empoderamento%20-%20Ana%20Alice.pdf>. Acesso em: 17 nov. 2009. 20 Diniz, J. E. Gravidez indesejada um Problema Econômico. Disponível em: <http://www.ie.ufrj.br/aparte/pdfs/gravidezindesejadaprobeconomico15jul07.pdf>. Acessado em: 03/06/2010 Gil, A. C. Como elaborar Projeto de Pesquisa. 4. Ed. São Paulo, SP: Atlas, 2009. Gonçalves, G.H.T. Laqueadura ou Vasectomia: aspectos a considerar antes e após a opção. 2003. 146 f. Tese Doutorado – Universidade Estadual de Campinas, São Paulo, 2003. Narvaz, M. G; Koller H. S - Famílias e Patriarcado: da subversão normativa À subversão criativa - Psicologia & Sociedade; 18 (1): 40-45; jan.-abr/2006. Minayo, M. C. S et al. Pesquisa Social: Teoria, Método e Criatividade. 2. Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994. Moro, C. S; Gomide, P. I. C. O conceito de infância na perspectiva de mães usuárias e não usuárias de creche. Pandéia (Ribeirão Preto), Ribeirão Preto, v.13, n.26, dez. 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-863X2003000300006 &lng=en&nrm=iso>. Acessado em: 03 jun. 2010. Silva, C. R. L; Silva, R. C. L; Viana, D. L. Compacto dicionário ilustrado de saúde. 2° ed. S. Paulo: Yendis 2007. Smeltzer, S.C. et al; Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgica. 10° ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. Smith, D. R. Urologia Geral. 10° ed. RJ. Guanabara Koogan, 1981. S. O. S CORPO, GRUPO SAÚDE DA MULHER. Viagem ao Mundo da contracepção. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1991. (Coleção A Arte de Ser Mulher, 4). 21 ANEXOS ANEXO 1 - Instrumento de Coleta de Dados Entrevista com homem vasectomizado Dados de Identificação Número do instrumento: _______________ Data: ____/_____/______ Dia da semana: _______ horário: _______ Bairro:___________________________________________________ Cidade: ___________________ Nome do Entrevistador (a): __________________________ PARTE 1 – CONHECIMENTO E UTILIZAÇÃO DOS MÉTODOS CONTRACEPTIVOS 01) Que MAC você conhece? a) Já usou? 01.1 Tabela [1] sim [2] não [1] sim [2] não 01.2 Muco [1] sim [2] não [1] sim [2] não 01.3Camisinha [1] sim [2] não [1] sim [2] não 01.4 Diafragma [1] sim [2] não [1] sim [2] não 01.5 DIU [1] sim [2] não [1] sim [2] não 01.6 Pílulas [1] sim [2] não [1] sim [2] não 01.7 Injetável [1] sim [2] não [1] sim [2] não [2] não [1] sim [2] não 01.8 Coito Interrompido [1] sim 01.9 Nenhum [ ] 01.10 Outro___________________________ 02) Quem escolheu a Vasectomia? [02.1] a mulher [02.2] o homem [02.3] o casal [02.4] o médico 22 [02.5] outro: _____________________ PARTE 2 - ANTECEDENTE SOBRE O MÉTODO EM USO 03) Em que ano você foi vasectomizado e qual sua idade na época? _________________________________________ 04) Qual seviço de saúde foi escolhido (público/privado)? _______________________________________ 05) Você Teve informações prévias sobre a vasectomia? [05.1] sim [05.2] não 06) Se respondeu sim, quem foi o orientador? (06.1) Enfermeiro (06.2) Médico (06.3) Assistente Social (06.4) Psicólogo (06.5) Outro______________________________ 07) Se responder sim, que tipo de informações teve? [07.1] favoráveis encorajadoras e boas [07.2] desfavoráveis desencorajadoras e ruins [07.3] um pouco de cada [07.4] não teve informações 08) Você se arrependeu desta escolha? [08.1] não sabe dizer ainda [08.2] não [12.3] sim (Por quê?) ______________________ 09) Gostaria de tentar a reversão da cirurgia? [09.1] sim [09.2] não [09.3] não sabe 23 10) Como se sente ao pensar que você não pode ter mais filhos? [10.1] não se sente bem [10.2] não se importa [10.3] arrependido [10.4] inseguro na fidelidade do(a) outro (a) [10.5] outro sentimento: ___________________ 11) Você recomendaria este método para outras pessoas? [11.1] sim. Porque ____________________________________________________ [11.2] não. Porque ____________________________________________________ 12) Qual o motivo que o levou a optar pela vasectomia como método contraceptivo? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________. 13) Você teve medo que a vasectomia interferisse na sua sexualidade? (13.1) sim (13.2) não 14) Se sim, como você enfrentou esse medo da interferência da vasectomia na sua sexualidade? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 24 ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ PARTE 3 - PERCEPÇÃO DE MUDANÇAS 15) Percebeu mudanças em você após a cirurgia? Melhorou (M) Piorou (P) Não alterou (NA) Não sabe dizer (ND) [15.1] Saúde (M) (P) (NA) (ND) [15.2] Corpo (M) (P) (NA) (ND) [15.3] “De Cabeça” (M) (P) (NA) (ND) [15.4] Relação Sexual (M) (P) (NA) (ND) [15.5] Relação familiar (M) (P) (NA) (ND) [15.6] Trabalho (M) (P) (NA) (ND) [15.7] Parte econômica (M) (P) (NA) (ND) [15.8] Consigo mesmo (M) (P) (NA) (ND) [15.9] Outras (M) (P) (NA) (ND) PARTE 4 - SAÚDE ATUAL 16) Você tem algum problema de saúde? [16.1] sim [16.2] não 17) Se responder sim, qual é o problema? [17.1] Pressão Alta [17.2] diabetes [17.3] bronquite [17.4] depressão [17.5] alergias 25 [17.6]outros__________________________________________________________ ___________________________________________________________________ __________________________________________________________________ PARTE 5 - ASPECTOS PESSOAIS E SOCIOECONÔMICOS 18) Qual sua idade? _______ DN ___/____/____ 19) A última série escolar que completou foi? [19.1] Primário incompleto [19.2] Primário completo (4ª série do 1º Grau completa) [19.3] Ginásio completo (ensino fundamental) [19.4] Colegial completo (ensino médio) [19.5] superior completo 20) Sua União conjugal é: [20.1] primeira [20.2] a segunda [20.3] a terceira [20.4] a quarta [20.5] a quinta ou mais 21) Quantos filhos tem desta união atual? ________________________________________ 22) Quantos filhos tem de outra união anterior? ________________________________________ 23) Você tem o No. de filhos que deseja? [23.1] sim [A] porque planejou ter menos filhos [23.2] não 1 [B] gostaria de ter tido mais filhos 24) Já teve relacionamento que resultou em uma gravidez não planejada? [24.1] sim [24.2] não 25) Na sua casa quem está mais direto no contato com os filhos? [25.1] mulher (esposa) [25.2] homem (marido) [25.3] casal [25.4]outros_______________________________________________________ 26) Qual a condição da moradia? [26.1] própria/ quitada [26.2] própria/ paga prestação [26.3] alugada [26.4]outro___________________________________________________________ 27) Qual é sua renda familiar? [27.1] Até R$ 200,00 [27.2] Acima de R$ 200,00 até R$ 400,00 [27.3] Acima de R$ 400,00 até R$ 600,00 [27.4] Acima de R$ 600,00 até R$ 800,00 [27.5] Acima de R$ 800,00 até R$ 1.000,00 [27.6] Acima de R$ 1.000,00 até R$ 1.200,00 [27.7] Acima de R$ 1.200,00 até R$ 1.400,00 [27.8] Acima de R$ 1.400,00 até R$ 1.600,00 [27.9] Acima de R$1.600,00 2 DECLARAÇÃO DO (A) ENTREVISTADOR (A): ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 3 ANEXO 2 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) Caro Participante: Gostaríamos de convidá-lo a participar como voluntário da pesquisa intitulada Motivos da Adesão à Vasectomia por Metalúrgicos que se refere a um projeto de Trabalho de Conclusão de Curso do(s) participante(s) Inebson Carvalho de Souza do(a) , o qual pertence ao Curso de Enfermagem da Universidade Paulista - UNIP. O(s) objetivo(s) deste estudo é analisar e descrever os possíveis motivos da adesão à vasectomia por metalúrgicos. Pois pouco se sabe o que tem motivado os homens a optarem pela vasectomia, uma vez que outrora mostravam-se resistentes a mesma. Os resultados contribuirão para enriquecer e aprimorar o conhecimento do profissional na área de enfermagem como parte da multidisciplinaridade que compõe o planejamento familiar. Sua forma de participação consiste em ser entrevistado e em seguida registrar suas respostas em questionário com perguntas abertas e fechadas sobre métodos contraceptivos em especial seu motivo pela opção da vasectomia. Seu nome não será utilizado em qualquer fase da pesquisa o que garante seu anonimato e a divulgação dos resultados será feita de forma a não identificar os voluntários. Não será cobrado nada; não haverá gastos, nem riscos na sua participação neste estudo; não estão previstos ressarcimentos ou indenizações; não haverá benefícios imediatos na sua participação. Os resultados contribuirão para que os profissionais da área de saúde se aproximem mais dos conceitos masculinos na temática da vasectomia. Não será cobrado nada e não haverá gastos. Os riscos envolvidos com a sua participação são mínimos e irrelevantes. Pois caso não queira responder alguma pergunta de âmbito pessoal que julgue íntimo demais, não será forçado ou coagido à resposta. Não estão previstos ressarcimentos ou indenizações, mas em qualquer 4 momento, se você sofrer algum dano decorrente desta pesquisa, você terá direito a indenização. São esperados os seguintes benefícios imediatos na sua participação: conhecimento de métodos contraceptivos que possivelmente não conheça. Gostaríamos de deixar claro que sua participação é voluntária e que poderá recusar-se a participar ou retirar o seu consentimento, ou ainda descontinuar sua participação se assim o preferir, sem penalização alguma ou sem prejuízo ao seu cuidado. Desde já agradecemos sua atenção e participação e colocamo-nos à disposição para maiores informações. Você ficará com uma cópia deste Termo e em caso de dúvida(s) e outros esclarecimentos sobre esta pesquisa você poderá entrar em contato com o pesquisador principal VALÉRIA NASSER FIGUEIREDO, tel: 19 - 3521 9538 / 19 9169 3399. Dúvida a respeito da ética aplicada a esta pesquisa poderá ser questionada ao Comitê de Ética em Pesquisa da UNIP, Rua Dr. Bacelar 1212 – 4º andar – Vila Clementino, CEP 04026-002, telefone 5586-4090, e-mail: [email protected] Eu ____________________________________________________________ (nome do participante e número de documento de identidade) confirmo que Inebson Carvalho de Souza explicou-me os objetivos desta pesquisa, bem como, a forma de participação. As alternativas para minha participação também foram discutidas. Eu li e compreendi este Termo de Consentimento, portanto, eu concordo em dar meu consentimento para participar como voluntário desta pesquisa. Local e data: , de de 2010. 5 _____________________________ (Assinatura do sujeito da pesquisa) Eu,______________________________________________________________ (nome do membro da equipe que apresentar o TCLE) obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e Esclarecido do sujeito da pesquisa ou representante legal para a participação na pesquisa. ______________________________________________ (Assinatura do membro da equipe que apresentar o TCLE) ____________________________________________ (Identificação e assinatura do pesquisador responsável) 6 ANEXO 3 - Permissão para uso/adaptação de Instrumento para coleta de dados ermissão Concedida De: Gladys.goncalves ([email protected]) Enviada:quarta-feira, 14 de abril de 2010 14:12:09 Para: inebson carvalho de souza ([email protected]) Olá Inebson Tudo bem com vc? Claro que pode utilizar o instrumento... sem problemas...apenas me mande uma cópia do seu TCC... quem sabe poderemos publicar alguma coisa? Bom trabalho. Estou à disposição para eventuais dúvidas. Um abraço. Profª Gladys. 7 ANEXO 4 – Certificado de aprovação do Comitê de Ética
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