especial capa - Revista Mundo OK
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especial capa - Revista Mundo OK
6 sumário 7 8 9 10 11 12 13 15 17 18 22 26 34 38 50 52 53 56 58 60 74 76 77 78 79 80 82 agenda e notas economia cultura cidades automóveis encontro esportes okids educação multimídia mulher saúde gastronomia comunidade 6 7 8 9 10 11 12 13 15 17 18 22 26 34 38 50 52 53 56 58 60 74 76 77 78 79 80 82 especial capa dekassegui perdido no japão turismo click mundo oriental anime friends game eventos animê mangá cosplay tokusatsu curiosidades Manutenção da cultura Passado o Centenário da Imigração, fica a dúvida: e agora, o que será da comunidade nipobrasileira? O que, de fato, trouxe de benefícios os festejos? Quais os rumos da cultura japonesa no Brasil? São muitas questões e poucas respostas tangíveis. No final, o que ficou claro é o orgulho de ser nikkei, de se manter (ou tentar) as heranças dos primeiros imigrantes japoneses que aqui desembarcaram em 1908. Fruto desse legado, potencializado no mês passado, é o Festival do Japão, que acontece agora em julho. Muitos desacreditavam que um evento pudesse ser realizado logo após os términos da celebração dos 100 anos. Assim como nas edições anteriores, a grandiosa festa promete manter o estigma de “um dos maiores festivais da cultura japonesa do mundo”. No Centro de Exposições Imigrantes, o público terá contato com a essência dos aspectos da cultura japonesa, incluindo aí os pratos típicos de cada província. E, novamente, deixar o Japão em destaque perante a população. Ganha o público, ganha a comunidade e, sobretudo, ganha a cultura japonesa. Paralelamente ao Festival do Japão, um outro evento também promete “bombar” neste mês. Maior evento relacionado ao mundo animê e mangá, o Anime Friends 2008 traz um verdadeiro mix de cultura – desta vez mais direcionada ao pop. Atividades, concursos e todos os detalhes você encontrará em um encarte especial nesta edição. Enfim, a edição número 8 é um prato cheio para quem quer curtir festivais tipicamente nipo-brasileiros. Boa leitura Capa: Festival do Japão Arte: Mascotes do Festival por Bento Mano Kato. Mascote do Anime Friends por Diogo Saito Revista Mundo OK – Ano 1 – Número 8 • Diretores: Takashi Tikasawa e Marcelo Ikemori • Editores: Rodrigo Meikaru e David Denis Lobão • Chefe de Arte: César Gois • Diagramação: Danielli Guedes e Sandro Hojo • Redação: Cibele Hasegawa, Cintia Yamashiro, Daniel Verna, Daniela Giovanniello, David Denis Lobão, Eugenio Furbeta, Felipe Marcos, Fernando Ávila de Lima, Layla Camillo, Leandro Cruz, Tom Marques, Túlipe Helena, Wilson Yuji Azuma • Correspondente no Japão: Fabio Seiti Tikazawa • Desenhista: Diogo Saito • Assistente: Bianca Lucchesi • Revisão: Daniel Martini Madeira • Marketing: Leandro Cruz • Assistente de Marketing: Daniel Verna, Hideo Iwata, Nicolas Tavares • Gerente de Comunicação: David Denis Lobão • Assessoria de Imprensa: Ida Telhada • Atendimento ao leitor: Michelle Hanate • Comercial: Clóvis Irie, Denis Kim, Fernando Ávila de Lima, Hideki Tikasawa, Keico Ishigaki, Luciana Kusunoki, Luciana Mayumi, Marcelo Ikemori • Digital: Fabrizio Yamai • Assistentes Digital: Felipe Marcos e Ulissis Massayuki • Administrativo: Suzana Sadatsune, Camila Yuka Maeda • Planejamento: Karlos Kusunoki • Contato: [email protected] • A Revista Mundo OK é uma publicação da Yamato Corporation. O Núcleo de Edição da ZN Editora se exime de quaisquer responsabilidades pelos anúncios veiculados, que são de responsabilidade única dos próprios anunciantes. Os artigos assinados e as imagens publicadas são de responsabilidade civil e penal de seus autores com a prévia, devida e expressa cessão de seus direitos autorais à Revista Mundo OK. Rua da Glória, 279 - 8° andar/ Conj. 84 • CEP 01510-001 • Liberdade • São Paulo - SP | Tel.: (11) 3275-1464 • (11) 3275-0432 cartas Foi aberta oficialmente a seção de cartas! Você também pode colaborar e participar da Revista Mundo Ok, enviando suas críticas ou sugestões para: [email protected] Contamos com você para tornar as próximas edições ainda melhores e com a sua cara! Equipe da Revista Mundo Ok Primeiras cartas à Mundo OK “Venho pronunciar os meus sinceros elogios à Revista Mundo OK. Primeiro que a distribuição é gratuita, seu segmento tem uma linguagem moderna, é atual, informativa e super contemporânea. Agrada e atinge todas as faixas etárias, enfim., é uma revista para todas as pessoas de bom gosto e inteligentes.” Viviane Grieco “Olá turma da Revista Mundo Ok! Meus parabéns. Agradeço por vocês terem me dado a revista com um kit de mangás. E foi tudo de graça, que bom!!! Continuem assim, tá? Beijos” Andressa Mayume “Parabenizo a Revista Mundo Ok com alto grau de corporatividade e com sistema futurístico de distribuição gratuita, um ornograma e desenvolvimento de primeiro mundo, top line, uma dinâmica de todas as tendências do novo mercado competitivo. Uma revista fidedigna.” Flavio Norio Opinião Gente que faz - Homenagem aos Voluntários Começar a falar de “Gente que faz”, no mês em que a capa é “Festival do Japão” é um bom ajuste fino de foco. Neste ano todos os assuntos e eventos que se relacionam com japoneses são catalogados de “Centenário”, porque em 18 de junho de 1908 chegaram aqui os primeiros 781 imigrantes japoneses. Olhando os dados da imigração japonesa descobrimos que em 70 anos, o Japão mandou 250.000 emigrantes que chegaram aqui no Brasil. A partir de 1988 o Brasil mandou mais de 250.000 emigrantes que chegaram lá no Japão. Comparando estes números vemos que a conta de crédito e débito de emigrantes em 100 anos está zerada. Este movimento criou uma população total estimada de descendentes e agregados superior a 1.500.000 pessoas, sendo que mais de 300.000 devem estar no Japão. Observando este resultado fica muito claro que não existiu um projeto mais bem sucedido do que este em toda história das duas nações. O que devemos tomar consciência é que somos uma força 2.000 vezes maior do que outrora e principalmente melhor integrada. Somos hoje um povo que consegue atrair em três dias um público superior a 150.000 pessoas para apreciar muitas apresentações da cultura japonesa, que tem caído no gosto popular. Para fazer um evento desta magnitude é apoiado por um corpo superior a 4.000 voluntários, muitos dos quais vem de longe, até de outros Estados sendo no mínimo 800 voluntários para o bom andamento do Festival, cada barraca de Província calcula em 60 a 100 voluntários que totaliza 3.000 pessoas, para fazer e vender os produtos típicos da região, que é uma ótima forma de uma geração passar para outra os conhecimentos da culinária típica e as tradições de uma forma lúdica. Este evento poderia ser denominado “Festival de Voluntários” para homenagear “Gente que faz”, pois sem esta Rede de pessoas não aconteceria. Esse “agito todo” é uma forma espetacular de criar relacionamentos, amizades “intra” e “inter” membros das Entidades e uma forma de todos tomarem consciência de suas origens e gerando com isso a vontade de conhecer as boas qualidades dos elementos da cultura e dos costumes de seus antepassados, polindo o conhecimento e a sua auto estima e finalmente transmitindo para o povo brasileiro que tanto tem nos homenageado e reconhecido pelo que a nós como Comunidade fizemos. Akio Ogawa – economista e presidente do Instituto de Conhecimento e Atividades entre Redes Organizacionais (Ícaro) agenda e notas ARMAS NUCLEARES MANIFESTAÇÃO FUGA DA CORÉIA O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, e o primeiro-ministro do Japão, Yasuo Fukuda, discutiram com outros líderes mundiais os próximos passos das negociações sobre o status nuclear da Coréia do Norte. Eles se reuniram durante a cúpula do G8 no Japão, disse um membro da Casa Branca. Durante o encontro, líderes dos Estados Unidos, Japão, Rússia, China, Coréia do Norte e Coréia do Sul terão de decidir “como realizar a verificação da declaração” entregue pela Coréia do Norte sobre sua intenção de desmantelar seu programa de armas nucleares. Cerca de 250 pessoas fizeram uma manifestação contra a cúpula do Grupo dos Oito (G8), os sete países mais desenvolvidos e a Rússia, no centro de Sapporo, capital de Hokkaido, em meio a um forte esquema de segurança, disse à Agência Efe uma testemunha do protesto. Os manifestantes, muitos deles membros de sindicatos internacionais, estavam com cartazes com lemas contra a pobreza e as desigualdades econômicas no mundo, e pediram que os líderes do G8 cumpram seus compromissos com a sociedade. Um sul-coreano prisioneiro de guerra conseguiu um feito histórico: fugiu da Coréia do Norte, onde estava detido há 55 anos, e espera em outro país para retornar a Coréia do Sul, anunciou um sul-coreano que organizou a fuga. O homem, de 78 anos, fugiu da Coréia do Norte em 14 de junho e está em um consulado sul-coreano, segundo Choi Sung-Yong. Ele foi capturado por militares norte-coreanos em 1953, depois de ter sido ferido a tiros. Segundo dados oficiais, 485 sul-coreanos, em especial pescadores, foram capturados durante a Guerra Fria, depois da Guerra da Coréia (1950-53). BENEFICENTE BOM COMPORTAMENTO AULAS DE JAPONÊS O Instituto Paulo Kobayashi e a Sakura realizaram cursos de culinária para entidades ligadas à comunidade, em especial nas associações beneficentes. Nos dois dias de aula, as alunas aprenderam receitas práticas e saudáveis, usando os produtos da marca. As aulas são ministradas por professores da Sakura e são divididas em dois módulos, com duração de duas horas cada. Para as associações interessadas, é necessário ter disponível um local apropriado para o curso, com cozinha equipada e capacidade para, no mínimo, 25 pessoas. Para participar, entre em contato com o IPK (11- 3288-8989) para agendar as aulas. A China fez um apelo a seus cidadãos para que estes melhorem sua ética profissional e tenham bom comportamento em um esforço para criar um ambiente social harmonioso em prol dos próximos Jogos Olímpicos de Pequim. Os governos locais, particularmente os das cidades anfitriãs das provas olímpicas, como Pequim, Shanghai, Tianjin, Qinhuangdao, Shenyang e Qingdao, devem intensificar seus esforços para promover a educação e o voluntariado social, afirmaram o Departamento da Propaganda e a Comissão de Desenvolvimento de Civilização Espiritual do Comitê Central do Partido Comunista da China (PCC). Os interessados em aprender japonês podem se preparar. As matrículas para os cursos da Aliança Cultural Brasil-Japão estão abertas, e as aulas começam no dia 2 de agosto. No curso básico, o aluno passa por seis semestres. Cada semestre tem carga horária de 48 horas (36 aulas de 80 minutos). No conteúdo, há aulas de hiragana, katakana e cerca de 400 kanji e 3 mil vocábulos, conversação, leitura e redação de pequenos textos. Mais informações podem ser obtidas pelo site: www.acbj.com.br. economia economia AAnova escrituração meio do SPED reforma tributária no das ano doempresas centenáriopor da imigração A E estrutura do sistema tributário IVA-F que terá também como objetivo compensar a falta de arrecadação dessa conm substituição ao atual sistema de escrituração e fiscal empresas, está sendo instituíbrasileiro é muito semelhante tribuição. No tocante aos Estados, o ICMS comocontábil o instrumento maisdas importante de àquela dos países mais avançaseráescrituração substituído por um “novodenominado ICMS” que visa “SPED” eliminar de(Sistema vez a “guerraPúblico de Escrituração do um novoarrecadação, sistema de digital dos e, ao contrário do que se propaga O novoem imposto preponderantemente ao Estado de destino da merDigital), quefiscal”. consiste umapertencerá modernização tecnológica de transmissão dessas informações aos pela mídia, a carga tributária existente cadoria ou serviço. órgãos competentes, por meio de arquivos digitais em formatos específicos. não é mais expressiva que a observada O sistema normativo terá a obrigação de definir a aplicação do mais novo “Princípio do Esse sistema é composto Contábil Fiscal Digital” e “Nota Fisem outros países. Contudo, o modo sob Destino” e o pela Senado“Escrituração Federal estará incumbido de Digital”, estabelecer“Escrituração os limites das alíquotas cal Eletrônica”, e tem por finalidade a padronização, e compartilhamento das informações o qual esse sistema está configurado é em que serão enquadrados os bens e serviçosracionalização e uma alíquota padrão aplicável a todas bastante complexo para as empresas já as hipóteses não sujeitas outra alíquota especial.Estadual e Municipal. pelas administrações tributárias emaâmbito Federal, estabelecidas. Desse modo, espera-se quede o Brasil consiga definitivamente concluir uma reforma O SPED visa eliminar a escrituração alguns livros contábeis, inclusive a apresentação de grande Desse modo, o nosso sistema tributário passa por pequenas alterações ou inovatributária apoiada em pilares que atinjam um ponto de equilíbrio entre o crescimento parte das informações fiscais prestadas, anualmente, por meio da DIPJ (Declaração de Informações ções todos os dias. De tempo em tempo, o Governo Federal busca soluções com econômico brasileiro e a arrecadação dos tributos de forma justa que possibilite às emEconômico-Fiscais da Pessoa Jurídica), bem como, periodicamente, através das diversas outras denovas formas, às vezes extremamente arrojadas, de modo a adicionar, suprimir presas, uma perfeita harmonização do novo sistema tributário com a realidade empreclarações. ou até mesmo substituir tributos. sarial atual. Por esta razão, agora, a exposição de motivos da Proposta de Emenda à ConstiResultadocertamente, disto é que coincidentemente no uma ano das comemorações da imigração Essa nova modalidade, proporcionará redução dos custos operacionais com a substituição - PEC 233/08 enviada pelo ministro de Estado da Fazenda,tuição Guigo Mantega, japonesa, poderemos a almejada estabilidade das normas tributárias e, conda atual escrituração legal alcançar e obrigatória. ao presidente Luiz Inácio Lula traz como principais objetivos da reforma tributária seqüentemente, um aumento da competitividade entre as empresas. Objetivos esses Resultado disto étão uma maior eficiência dos controles operacionais das empresas, advindas da obtenção “simplificar o sistema tributário nacional, avançar no processo de desoneração esperados e que certamente agradarão aos investidores da comunidade japonesa, das informações contábeis e fiscais de forma maisque precisa e imediata apuração de toda a carga tributária e eliminar distorções que prejudicam o crescimento da economia brasileira e a todos das demais comunidades contribuem sempre parapara o engrantributária ainda,decimento propiciando um chamada ambiente mais cristalino junto aos órgãos competentes, com vistas brasileira e a competitividade de nossas empresas, principalmente no quee,diz desta nação “BRASIL”. respeito à chamada ‘guerra fiscal’ entre os Estados”. a evitar a grande Julio enxurrada discussões falta de informações adequadas. Batista éde sócio do Guerra,pela Batista Associados Por tudo isso, a União busca uma consolidação de tributos com incidências semelhantes, promovendo a unificação em um único imposto sobre operações Rua Itapeva, 240 – cjs. 1701 a 1703 Cep 01332.000 – São Paulo/SP com bens e prestação de serviços. Esta será a contrapartida aos atuais tributos Telefone:55 11 3251.1188 indiretos incidentes (PIS e COFINS e a CIDE-Combustível). Como forma de Fax: 55 11 3251.4956 desoneração da folha de pagamento dos trabalhadores, propõe-se, ainda, a Website: www.guerrabatista.com.br e.mail: [email protected] extinção da Contribuição Social do Salário-Educação por meio da instituição do cultura Centenário de recordes Semana Cultural prova potência de cultura japonesa perante população A expectativa era grande. No total, milhares de horas foram gastas, bem como esforço e dedicação de centenas de voluntários para que tudo saísse conforme o prometido. No fim das contas, alívio. A Semana Cultural que comemorou o Centenário da Imigração no Complexo Anhembi provou que a cultura japonesa anda mesmo em alta entre a população. De desfile no Sambódromo a show da cantora Fernanda Takai, no auditório Ellis Regina, as atividades mostraram que cada vez mais os aspectos do Japão estão mais arraigados entre os paulistanos – e paulistas. No Grande Auditório do Palácio de Convenções do Anhembi foi realizado ainda o Campeonato Estadual de Karaokê, popularizada no Japão e hoje, já bastante difundida no Brasil. A arte culinária também foi destaque da programação da Semana Cultural: diariamente, foram realizados workshops com renomados chefs que fizeram, ao vivo, o que há de mais refinado da culinária japonesa, até pratos do trivial da mesa japonesa. Durante dez dias o complexo do Anhembi foi palco das comemorações, com a abertura, no dia 14, da Semana Cultural, visitada no período por quase 200 mil pessoas que puderam apreciar e entender, através de exposições, apresentações no palco e workshops, as mais tradicionais manifestações artísticas, culturais e esportivas japonesas com apresentações de nível elevado, raras mesmo de serem vistas no Japão. A moderna arte Pop japonesa, conhecida no Brasil principalmente entre os jovens e crianças, com o mangá e o animê também tiveram espaço durante a Semana Cultural. No período, foram realizados workshops e projeção de filmes, e ainda, o Campeonato Brasileiro de Cosplay (arte de se vestir como os personagens dos mangás). “O nosso objetivo foi levar o visitante a fazer uma imersão à cultura japonesa. E conseguimos êxito nessa empreitada”, diz coordenador Jo Takahashi A moda também foi privilegiada no evento, que recebeu o estilista Kenzo, conhecido mundialmente, para um workshop bastante concorrido. “O nosso objetivo foi levar o visitante a fazer uma imersão à cultura japonesa”, resumiu o curador da Semana Cultural, Jo Takahashi, também diretor da Fundação Japão. cidades 4o Festival do Chocolate de Ribeirão Pires tem dia dedicado ao Centenário da Imigração Expectativa é de cerca de 600 mil visitantes, com atrações musicais e gastronômicas O evento começa a se tornar tradição na região do Grande ABC, em São Paulo, e este é somente seu quarto ano consecutivo. Basta aliar um dos elementos mais aguçados da culinária, variedade musical, charme na estrutura de montagem e clima familiar. Isso a cerca de 40 quilômetros da capital paulista: trata-se do Festival do Chocolate, que acontece de 18 de julho a 9 de agosto em Ribeirão Pires (somente nos finais de semana). Sempre de sexta a domingo, contará com muitas atrações artísticas. No dia 20 (domingo), especialmente, o dia será praticamente dedicado à comunidade japonesa, devido aos festejos do Centenário da Imigração. A começar pelo Radio Taisô, shows de Mauricio Miya, The Oriental Magic Show, grupos Okinawa Miyo, Minbu de dança e de Joe Hirata, entre outros. Os únicos nesta data a subirem no palco não nikkeis, mas sim sertanejos, serão Bruno e Marrone, para finalizar a noite. Outra convidada especial será a miss Centenário, Karina Nakahara, da cidade quase vizinha, Mogi das Cruzes. Promovido pela prefeitura municipal (através dos Conselhos de Turismo e de Desenvolvimento Econômico) e Aciarp (Associação Comercial, Industrial e Agrícola da cidade), com o apoio de empresas, a festa é das mais esperadas na região e tem a participação de comerciantes e empreendedores locais para a ocupação dos 45 chalés (os quiosques, uma das marcas características), na vendas de doces e salgados. O visitante poderá encontrar espetos de morango com chocolate, trufas, bolos, pastéis, salgados, sanduíches, comida japonesa, opções das mais variadas, além de bebidas como o choconhaque (chocolate quente com conhaque). Na primeira edição (2005), o evento atraiu mais de 130 mil pessoas e movimentou R$ 1 milhão; em 2006, o público aumentou para 325 mil e mais que dobrou a parte financeira, e no ano passado, os organizadores contabilizaram meio milhão de visitantes e R$ 4,5 milhões. Dessa forma, espera-se que, a cada ano, a estância se torne mais conhecida turisticamente e forneça também uma oportunidade comercial para os investidores locais que participam da festa. Para a prefeitura, é um evento gastronômico, cultural e de desenvolvimento econômico. E como diz o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo, “a segurança e a qualidade da festa são as prioridades”. Gratuito e com atrações de alto nível, a segurança, hospitalidade e recepção são tratados com atenção. A festa começa de dia, mas as noites que fervem com a seguinte programação deste inverno: Teatro Mágico, Pato Fu, Bruno e Marrone, Rio Negro e Solimões, Roupa Nova, Zé Ramalho, Exaltasamba, Frank Aguiar, Inimigos do Hp, Faixa Nobre, Grupo Revelação e Chitãozinho e Xororó, além de artistas da cidade. Fora do Complexo Ayrton Senna, onde se concentra o evento, na manhã do dia 20 haverá ainda a reinauguração do Jardim Oriental, no bairro Centro, projeto levantado pelo vereador Antonio Muraki, também presidente da Associação Cultural Nipo-Brasileira de Ribeirão Pires. O endereço da festa é Av. Brasil (ao lado da delegacia), e mais informações podem ser obtidas pelo telefone 11/4828-5577 ou pelo site www.ribeiraopires.sp.gov.br. 10 automóveis O Mais US$ 200 milhões no Brasil Goodyear anuncia investimento milionário com promessa de produtos sofisticados mercado nacional de veículos não movimenta somente fabricantes e montadoras. Empresas relacionadas com o segmento também estão de olho no potencial do Brasil. No mês passado, a Goodyear Tire & Rubber Company anunciou investimentos na ordem de US$ 200 milhões em suas fábricas no Brasil, uma localizada na capital do Estado de São Paulo, outra no município de Americana (SP). O investimento será feito entre este ano e 2013 para ampliar a produção das fábricas de pneus com alto valor agregado (HVA, highvalue-added) para automóveis, picapes e SUVs, sendo utilizado também para ampliar a produção nessas instalações dos pneus radiais para caminhões e ônibus, tanto para o mercado interno quanto para exportação. “A introdução de uma nova linha de produção para pneus de alto desempenho para automóveis, picapes e SUVs, aliada a novas tecnologias, nos permitirá atender a uma demanda em rápido crescimento por pneus high performance e ultra high performance de aro 17 polegadas ou maior”, diz Vicente Almeida, diretor geral de Consumer da Goodyear Brasil. “Considerando a demanda da recém-lançada Série 600, esperamos atingir um crescimento ao longo dos próximos anos de 35% na produção de pneus radiais para caminhões e ônibus”, disse Giano Agostini, diretor geral de Commercial da Goodyear Brasil. “Isso será possível graças ao nosso investimento nas mais novas e avançadas tecnologias em equipamentos de produção”, completa Agostini. De acordo com Benedito Faria, diretor de Equipamento Original para América Latina, a expansão de pneus HVA para carros, picapes e SUVs, além de caminhões e ônibus, atende às necessidades atuais e futuras da indústria automotiva. encontro Além das linhas de montagem Brasileiros mostram outros talentos no Japão P assar uma temporada no Japão não significa necessariamente sujar o uniforme de graxa e contar os minutos para o fim de intermináveis horas-extras. Embora a maioria dos cerca de 300 mil brasileiros estejam empregados nas linhas de montagem, há quem viaje à terra dos samurais para mostrar outros talentos e, de quebra, conhecer um país surpreendente. Fiorella: experiência em Tóquio antes do sucesso em Malhação A moda é uma das áreas que costuma requisitar profissionais ocidentais. Dezenas de brasileiras, sobretudo em início de carreira, chegam a Tóquio anualmente para participar de desfiles e estampar páginas de editoriais, revistas e catálogos. A rotina não tem o mesmo glamour de Milão, Nova Iorque e Paris, mas, por outro lado, a experiência serve como uma espécie de debute para o mundo fashion. “É excelente para quem está no inicio da carreira. Você aprende a fotografar, trabalha muito e conhece seus melhores ângulos e poses”, explica Fiorella Mattheis, que ficou durante dois meses e meio na capital japonesa quando tinha 14 anos, em 2003. A carioca de Petrópolis atravessou o mundo após ficar entre as finalistas do concurso da agência Elite, o mesmo que revelou a top Gisele Bündchen. Lá, diferente do que acontece com os dekasseguis, ela dividiu com três colegas um apartamento amplo próximo ao badalado bairro Roppongi. Além de conseguir bons cachês, a futura vilã do seriado Malhação e apresentadora do canal Sportv vivenciou um episódio que pareceu antever seu futuro. Ao entrar na loja, foi abordada por uma senhora com trajes típicos, que apontou em uma caneta com nomes de várias cidades do mundo o nome Hong Kong. “Dois dias depois recebi o telefonema da agência no Brasil dizendo que havia um convite para trabalhar lá. Não tive dúvidas e aceitei. Fui e foi um sucesso. Trabalhei muito e fiz um bom pé de meia”, lembra Fiorella, que retornou do tour oriental fascinada por novos Texto: Wilson Azuma | Fotos: Divulgação modelos de telefones móveis, câmeras digitais e players de áudio. Diferenças Arte, automobilismo, entretenimento e futebol são outros segmentos em que a mão-de-obra “made in Brazil” é bastante valorizada. Adaptarse ao sistema de trabalho, no entanto, exige empenho e boa-vontade. O povo japonês é conhecido por ser extremamente profissional, rigoroso e formal. Beijinhos para cumprimentar um cliente ou colega de trabalho? Nada disso. “Senti um pouco de falta de calor humano. Ao mesmo tempo em que são centrados e determinados, os japoneses são frios e formais ao extremo”, analisa o guitarrista Jony Gonçalves, que já passou duas temporadas na província Fukuoka, onde, ao lado da esposa, a bailarina paraguaia Miriam Galeano, foi convidado para ministrar cursos e realizar apresentações de flamenco nos anos de 2005 e 2006. O guitarrista Jony e sua esposa, a bailarina Miriam Galeano, levam o flamenco para Fukuoka Para quem supera essas diferenças, porém, o retorno não é apenas financeiro. “Sou um cara meio largadão, mas acabei aprendendo muitas coisas”, acrescenta. Em negociações para viajar novamente no próximo ano, ele nem pensa em recusar. “Vale a pena, pois aqui não há muito campo para o flamenco”, conclui. 11 12 esportes “Ensinar o outro a ser campeão” Conheça peculiaridades do sumô, esporte mais que tradicional no Japão “ Um estilo de vida”. Essa pode ser uma das definições para os lutadores de sumô. Atividade que não se limita na ação física, mas também, nos conceitos de filosofia, rituais e simbologias que o esporte nacional do Japão carrega em seu contexto. Na prática, cada elemento utilizado na luta tem sua importância. A arena (Dohyô), onde acontecem as batalhas, por exemplo, recebe uma cobertura de caráter religioso a fim de proteger os praticantes e oferecer sucesso. Para concentrar energia, uma tina de madeira com água (Tikaramizu) é colocada ao lado do ringue. Outra peculiaridade que chama a atenção é o sal (Shiô) usado antes de cada confronto. Um ingrediente usado na cozinha serve para purificar a plataforma quadrada de disputas, além de eliminar maus espíritos e proteger os atletas de contusões. “É o retrato do Japão”, define o estudante Willian Higuchi, 25, lutador de sumô amador há 20 anos. “Poderia ficar aqui horas explicando cada significado”, completa. E não é à toa, já que a história do esporte nacional da terra do sol nascente mistura em seu contexto cultura japonesa e a religiosidade. A luta chegou às escolas e até as empresas japonesas na crença de fortalecer a mente e melhorar o autocontrole. Atualmente, o sumô é praticado em vários países de todo o mundo. Em terras brasileiras, os praticantes já não são mais unicamente descendentes. Contudo, Willian mostra que as tradições são mantidas por meio de uma encantadora filosofia. “Ensinar a ensinar o outro. Todos os atletas devem ser aptos a treinar o colega a ser campeão”, discorre o lutador, que é um dos mais instruídos da Associação dos Esportistas Amantes de Sumô de São Paulo. “É um incentivo para se esforçar”, afirma o estudante Wagner Higuchi, 23, irmão de Willian. Os dois revelam que o gosto pela atividade surgiu das vitórias. Ambos foram influenciados pelo pai, imigrante japonês fanático pelo sumô. “Era uma brincadeira e logo, já estávamos treinando”, lembra Wagner, que iniciou aos 5 anos. Embora repleto de valores, o esporte enfrenta muitos preconceitos por conta da vestimenta, denominada como mawashi e o porte físico dos esportistas. Pouco se sabe que existe uma grande diferença entre o amador e profissional. Mais ainda, que o amador é o mais praticado e tampouco, necessita ser gordo. Para praticar, basta apenas, boa vontade. “É um esporte como qualquer outro e não para obesos. Há muitos que praticam para manter a saúde ou mesmo para emagrecer”, explica Willian. Termos e curiosidades sobre o sumô Dohyô – Local feito de terra batida para a realização das lutas, coberto, e feito para proteger os lutadores Sal – Utilizado para purificar o ringue, o sal protege os lutadores e elimina os maus espíritos Yokozuna - A mais alta posição que um lutador de sumô pode chegar. São considerados como representantes de deuses. O-icho - Estilo de penteado que só pode ser utilizado pelos yokozunas. Água - Colocada em um recipiente de madeira ao lado do ringue, a água serve como ritual para concentrar as energias dos competidores. Tyon maguê - Penteado dos lutadores Gyoji – São os árbitros das competições de sumô. Vestem trajes típicos dos monges xintoístas. Alimentação – O Chanko-nabe é um dos alimentos preferidos dos sumotoris. Espécie de sopa à base de carne, peixe, verduras e legumes, e consumido todos os dias okids 13 Livro apresenta animais japoneses em ilustrações e poesia D elicado e sensível lançamento para o público infantil, Japonesinhos apresenta a fauna que habita o outro lado do mundo em forma de ilustração e poesia. Salamandras gigantes e macacos do Japão são apresentadas com breves perfis e textos do poeta e publicitário Lalau. As imagens são da artista plástica Laurabeatriz. A obra leva às crianças, além de informações e curiosidades, noções de respeito aos animais e consciência ecológica. Segundo Lalau, a fauna japonesa é bem diferente da nossa. “São animais que povoam as montanhas cobertas de neve, as ilhas, as florestas e encantam todos pela beleza e exotismo”. A publicação, da editora Peirópolis, leva o selo do Centenário da Imigração Japonesa. O lançamento ocorreu em 28 de junho, na Vila Jardins, em São Paulo. Com 32 páginas, pode ser adquirida no site da editora (www.editorapeiropolis.com.br). O preço é de R$ 26,00. Speed Racer inspira lançamentos para público infantil Lojas oferecem de walkie talkie a jogos de carta para aproveitar o sucesso do longa A proveitando o sucesso de Speed Racer, desde maio nos cinemas, empresas começam a lançar no Brasil brinquedos inspirados na animação japonesa do final da década de 60. Com nomes como Susan Sarandon e Christina Ricci no elenco, a versão em longa produzida nos EUA tem sido responsável por reativar a paixão de antigos fãs e conquistar uma nova legião de admiradores. A Candide oferece uma linha completa de artigos, que vão de carrinhos em miniatura e guiados por controle remoto até laptops infantis, mini games, rádio, relógio e walkie talkie. São 13 produtos no total. A saga do jovem ousado, que tenta conquistar o título mundial de pilotos a bordo do futurístico carro Mach 5, pode também ter objetivos educativos. A líder do mercado de baralhos Copag já colocou a venda o jogo do mico alusivo à série, que visa estimular o raciocínio das crianças. As cartas trazem fotos dos atores caracterizados. Enquanto tenta formar pares e não ficar com o “mico” na mão, o praticante pode conferir fotos de Emile Hirsch, na pele de Speed Racer, e outros personagens da trama. 14 educação 15 Intercâmbio de conhecimento - Unesp assina acordo com Universidade Hakuoh, do Japão O reitor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Marcos Macari, e o vice-reitor da Universidade Hakuoh, do Japão, Joji Kamioka, selaram um compromisso para o futuro. No dia 19 de junho, eles assinaram um Acordo de Cooperação Internacional de Desenvolvimento Mútuo, com o intuito de internacionalizar os câmpus das instituições. A reunião ocorreu na reitoria da Unesp, em São Paulo. O acordo prevê o estabelecimento de programas de intercâmbios de alunos e professores, por um determinado período, em diferentes áreas do conhecimento. “A parceria com a Universidade de Hakuoh, da província de Tochigi, amplia as oportunidades para nossos estudantes e para a própria Unesp, com as possibilidades de trocas culturais e tecnológicas”, salientou Macari. A aproximação entre as universidades foi promovida pelo secretário de Esporte, Lazer e Turismo do Estado de São Paulo, Claury Santos Alves da Silva. Em viagem ao Japão, o secretário conversou com os dirigentes de Hakuoh, que demonstraram interesse em ter estudantes brasileiros. “Ao chegar no Brasil, procurei o reitor Macari para apresentar o interesse da universidade japonesa em fazer o intercâmbio. De imediato, ele aceitou”, disse Alves da Silva. Para se tornar uma universidade internacional, Hakuoh precisa destinar 30% de suas vagas para alunos estrangeiros. “Em nossos câmpus, temos estudantes de 45 países, como Paquistão, Estados Unidos. Do Brasil, são 10”, explicou o vice-reitor Joji Kamioka. A Universidade de Kakuoh tem um papel de destaque na formação e preparação de atletas nos esportes olímpicos e no beisebol. “Com a parceria, esperamos desenvolver projetos conjuntos em Educação Física e áreas afins”, disse Macari. 16 multimídia Bastidor do Nô - Por trás dos palcos do espetáculo que hipnotizou São Paulo A Texto e fotos: Wilson Azuma presença de um dos mais importantes e fechados grupos de Nô do Japão deu um brilho especial à noite de sábado paulistana. No segundo dia de apresentações da turnê da Escola Hosho, em 28 de junho, os 800 lugares do auditório do parque Ibirapuera foram tomados por gente de todo o tipo. Todos, ansiosos para conhecer o trabalho de uma das principais referências da milenar representação, que mescla dança, canto, poesia e teatro. Grupos de Nô já estiveram em cartaz no Brasil. Foi, no entanto, a primeira vez que alguns dos mais conceituados artistas do gênero interpretaram um conjunto completo de obras. Entre as estrelas estavam Hajime Sano, mestre da Honsho, e Shonosuke Okura, descendente de uma família há 15 gerações nos palcos. Na entrada, o casal Léo Ogata e Luciana Goya aguardava ansioso. “Só ouvi por alto a respeito (de noh), mas acho que vou gostar. Li que é preciso prestar bastante atenção para entender”, comentou o jovem. “Não faz parte do nosso cotidiano, mas gosto de arte japonesa e procuro entender”, acrescentou a namorada. A Mundo OK teve acesso à restrita área de camarins, onde só era permitida a entrada de integrantes da trupe e poucos profissionais de produção. A reportagem foi recebida pelo próprio mestre Sano. Honrado por participar das atividades do centenário da imigração, demonstrou absoluta calma, mesmo há poucos minutos do início da peça. “É uma oportunidade de aproximar mais o Nô do povo brasileiro”, comentou. Nos bastidores, nenhuma semelhança com a movimentação frenética característica dos préespetáculos. A presença nipônica era nítida na entrada dos camarins, com os chinelos típicos organizados nas portas. Os atores conversavam em tom baixíssimo. Alguns permaneciam concentrados. Os mais novos auxiliavam na preparação dos personagens principais. A sensação era de que todos estavam prontos há séculos para encarar a platéia no outro lado do mundo. É difícil de acreditar que até pouco tempo atrás a Hosho não se apresentava fora de seu país. Ampliar os horizontes, por sinal, tem sido um dos dilemas do Nô no século 21. Considerada arte de elite no Japão, encontra pouco apelo entre os jovens, principalmente pela dificuldade de compreensão dos textos. Essa forma de expressão existe há 650 anos e tem sofrido pouquíssimas alterações ao longo dos séculos. “É uma arte distante das pessoas, com textos e poesias relativamente complicadas. Por isso, é preciso compreender um pouco para apreciar melhor”, receitou Toshihiko Yabu, integrante do coro e ator há 44 anos. Para a turnê brasileira o grupo trouxe uma montagem de cinco peças de diferentes estilos para mostrar as várias nuances do Nô. A famosa lenda Hagoromo, do pescador que rouba o manto de plumas de uma divindade, foi um dos momentos mais emocionantes. O público pôde dar boas risadas com as trapalhadas do monge exorcista itinerante de Fukuro Yamabushi, história do gênero cômico Kyogen. Um projetor exibiu os textos traduzidos. Dança, canto, poesia, teatro, máscara, divindades, sacerdotes. Quem esteve no Ibirapuera viu o melhor dessa arte considerada pela Unesco Patrimônio Cultural Intangível da Humanidade. Após ser aplaudida de pé, a Escola Hosho se despediu de São Paulo. Dali, a trupe partiu para apresentações em Belo Horizonte, Ipatinga, Salvador e Brasília, levando momentos da mais pura magia da tradição japonesa. Na saída do parque, um rapaz imitava para amigos os passos característicos dos personagens. Se tivesse presenciado a cena, mestre Sano teria indícios de que o objetivo de aproximar sua arte dos brasileiros deu resultado. 17 18 mulher Beleza nas mãos Cuidado com as unhas mostra personalidade de mulher F rancesinha, curta, comprida, redonda, quadrada, não importa como elas estejam. As unhas também passam por mudanças que acompanham a moda e deixam as mulheres bem preocupadas. Acompanhando ou não os estilos, as unhas mal tratadas são sinônimos de mãos feias, descuidadas e envelhecidas. “A unha é o apêndice mais duro do nosso corpo, porém está susceptível às alterações das mais variadas, que comprometem diretamente sua estética”, afirma o dermatologista, Cesar Cuono. Os cuidados começam com o corte, que nos cantos nunca deve ser profundo para não encravar. Não se deve remover totalmente as cutículas, pois a película tem a função de proteger contra fungos e bactérias. A remoção freqüente e excessiva pode levar às infecções repetidas e alterar a estrutura. Esmaltá-las constantemente provoca o ressecamento e, como conseqüência, unhas quebradiças. “Para prevenir, deve-se dar um intervalo - pelo menos de uma semana a cada três - no uso do esmalte e neste período, aplicar cremes hidratantes ou óleos”, comenta o médico. O aparecimento de linhas transversais ou longitudinais está ligado aos traumatismos constantes do dia a dia. Unhas descoladas e esbranquiçadas revelam a presença de micose causada por fungos ou ainda psoríase. “Para identificar, é necessário um exame clínico e laboratorial, porém sempre há um tratamento para cada caso”, conclui o Dr. Cuono. Banho Aplicação de produto evita fungos e bactérias em ofurô A o mergulharem na água quente do ofurô as pessoas correm risco de entrar em contato com microorganismos que provocam uma série de doenças. A aplicação de produtos específicos, no entanto, permite higienizar o local, proporcionando um ambiente livre de fungos e bactérias. Ofurôs, assim como as banheiras em geral, apresentam condições de temperatura e umidade favoráveis à proliferação de seres microscópicos. Eles se alojam principalmente em pequenas fissuras, que podem ser abertas até mesmo pelo ato de esfregar com esponja de modo inadequado durante a limpeza. Resíduos corporais, além de restos de xampu, sabonete e queratina, essa última encontrada nas superfícies cutâneas, unhas e cabelos, servem de alimentos para os agentes. O resultado da exposição pode ser desde micoses e infecções até a candidíase, que provoca corrimentos, coceiras, vermelhidão e ardência ao urinar nos órgãos genitais femininos, mas pode afetar homens também. Mulheres em gestação ou em fase de menstruação são mais propensas a contrair esse tipo de problema. Para evitar riscos, a higienização correta do ofurô é fundamental. A limpeza freqüente é necessária, mas nem sempre resulta na eliminação completa dos fungos e bactérias. O combate pode ser feito por meio de produtos específicos, que já são encontrados no mercado. A empresa Microban, por exemplo, investiu em uma tecnologia antimicrobiana que, além de eliminar as chances de contaminação, protege contra a formação das famosas manchas amareladas no acrílico. mulher Soluções para pele estão à mesa nikkei Medicina ortomolecular utiliza ativos de alimentos japoneses para combater ausência de nutrientes S Texto: Redação | Fotos: Divulgação hitake e wasabi servem apenas de alimento? Se a pergunta for feita a um adepto da medicina ortomolecular, a resposta será: não necessariamente. Combinadas e aplicadas em procedimentos estéticos, essas e outras iguarias da cozinha japonesa têm o poder de combater males, que vão do envelhecimento, perda de viço e estresse às celulites, marcas de expressão, queda de cabelo e gorduras. As pessoas têm contato diário com uma grande variedade de toxinas, ainda mais em ambientes urbanos e poluídos. A fumaça de fábricas e automóveis, um filtro antigo do ar-condicionado e o contato com produtos químicos são exemplos de fatores que contribuem para o ingresso de elementos indesejados ao corpo. O ser humano carrega mecanismos de eliminação eficientes, mas não é capaz de expulsar todo o acúmulo. Mesmo as orientais, famosas pela suavidade e beleza dos traços, estão sujeitas aos desgastes provocados por essa exposição. A novidade é que o ramo estético da medicina ortomolecular descobriu que combinações de ativos presentes em produtos usualmente consumidos pelos japoneses são capazes de eliminar as toxinas acumuladas e prover o corpo de substâncias carentes. São vitaminas, minerais, aminoácidos e óleos encontrados em alimentos como arroz, shitake, alcaçuz, wasabi e chá verde. “Somos seres químicos. A beleza é o resultado de um organismo perfeitamente nutrido do ponto de vista de sua química, e isso depende de nutrientes específicos”, explica Patrícia Gualberto, diretora da Revital System, de São Paulo. Ela destaca que a clínica utiliza diversas especiarias do outro lado do mundo em seus procedimentos. “Temos inclusive um tratamento inspirado na beleza e cultura orientais, baseado nas características típicas da pele japonesa”, acrescenta a especialista, que aplica o sistema estético conhecido como Revital. Pela técnica, o paciente recebe aplicações de produtos naturais, massagens terapêuticas e, paralelamente, são utilizadas ferramentas tecnológicas para controle, diagnóstico e personalização dos tratamentos. O resultado são peles frescas, suaves, claras e sem manchas. A ausência de nutrientes entre os brasileiros é um problema sério detectado por uma pesquisa conjunta da USP com a Unifesp. Realizado em 150 cidades de cinco regiões, o estudo apresentou resultados assustadores, como a baixa ingestão de vitaminas E em 99% das pessoas analisadas - a incidência em relação ao cálcio e à vitamina C chega a 90%. Saber que a aplicação de itens presentes nas mesas nikkeis pode ajudar a suprir essa defasagem é uma boa notícia. Máscara de arroz combate da oleosidade à acne O arroz possui propriedades nutritivas que auxiliam na limpeza da pele, ajudando a controlar a oleosidade, fechando os poros e devolvendo o vigor ao rosto. Rico em proteínas, vitaminas, ferro, zinco e cálcio, o alimento mais consumido pelos japoneses é aplicado por meio de máscaras. É indicado também para combater a acne e manchas provocadas pela exposição ao sol. A ex-integrante do grupo Rouge passou pelo tratamento na clínica Revital System. Revital System Av. dos Eucaliptos, 704 Moema, São Paulo Tel (11) 3459-7166 www.revital.com.br 19 20 entrevista Entrevista com a Miss Tanabata-Yukata Texto: Laysa Camillo | Foto: Cosplayers.net N o ritmo das comemorações do centenário da imigração, a Revista Mundo OK entrevista a Miss Tanabata 2008, Layla Carvalho, que acompanhará as atividades da mais tradicional festa japonesa no bairro da Liberdade, o Festival das Estrelas. Revista Mundo OK: Fale um pouco sobre você. Layla Carvalho: Meu nome é Layla Carvalho, acabo de completar 24 anos e não sou descendente de japoneses. Trabalho como professora de Geografia e coordenadora de palco em eventos de anime e mangá. Sou vegetariana e namoro há quatro anos. OK: E como foi a sua aproximação com a cultura japonesa? Layla: Desde pequena, sempre ia ao bairro da Liberdade com minha família. Via tudo com muita curiosidade, mas não me sentia incluída. Foi apenas na universidade, quando conheci meu namorado, que é mestiço, que comecei a me aproximar da cultura pop japonesa. A partir daí meu interesse só aumentou. OK: Como ficou sabendo do concurso Miss Tanabata? Layla: Pela internet. Achei a proposta interessante e apesar de nunca ter participado de nada do tipo, resolvi me inscrever. Diverti-me bastante e fiquei muito surpresa e feliz com o resultado! OK: O que representou, para você, uma ocidental ter ganhado um concurso japonês tradicional? Layla: Representou o quanto a comunidade está aberta aos brasileiros que respeitam e admiram a cultura. Neste ano de tantas comemorações, ficou bem claro o quanto os hábitos e costumes japoneses estão presentes na vida de todos. Acredito que o resultado do concurso mostrou bem esse intercâmbio de conhecimento e respeito à diversidade. OK: Seu cosplay no concurso era de Branca de Neve. Você é cosplayer há muito tempo? Layla: Não. Na verdade, eu prefiro trabalhar nos concursos de cosplay a participar deles. Outras finalistas, como Loren ‘Lola’, Thais ‘Yuki’ e ‘Lucy’ Reimão, são cosplayers famosas e competentes, e eu adoro o trabalho de todas. Gostei bastante da experiência de vestir um cosplay, mas não sei quando irei repeti-la. OK: O que espera do Festival das Estrelas? (a entrevista foi realizada antes da realização do festival) Layla: Espero uma festa lindíssima, cheia de cores, sons e significados. Acredito que todos os visitantes ficarão encantados e cheios de sentimentos bons. E torço para que os desejos de todos tornem-se realidade! OK: O que gostaria de dizer para encerrar esta entrevista? Layla: Gostaria de agradecer toda a comunidade japonesa, que confiou em mim para representar algo tão lindo e importante. Sinto-me honrada. Você confere no site www.ohayo.com.br uma entrevista exclusiva com Suzana Mayumi Sadatsune, a Miss Simpatia do Miss Tanabata-Yakata. E na próxima edição da revista Mundo OK você poderá ler toda a cobertura sobre o que ocorreu na edição deste ano do Tanabata, o Festival das Estrelas da Liberdade. 21 22 saúde Mercado de trabalho para profissionais técnicos tornase cada vez mais uma opção segura e econômica J ovens que concluíram o ensino médio buscam êxito em profissões de rápida inserção no mercado de trabalho.Contudo, não são somente os jovens que optam pelos cursos técnicos, mas também profissionais formados em diversas áreas que procuram alternativas que proporcionem uma garantia a mais no mercado de trabalho. Constata-se que esta procura pelos cursos técnicos na área da saúde, mais específico em massoterapia e acupuntura, tem aumentado a cada ano devido a vários fatores: são mais baratos que as faculdades, menos tempo de duração, saturação de profissionais em algumas áreas, a baixa remuneração e falta de identificação com a carreira escolhida. A demanda existente no mercado por pessoas com formação técnica está em alta devido a carência de profissionais qualificados, que possam oferecer de forma prática e com amplo conhecimento na prestação destes serviços a sociedade brasileira. O cliente hoje, esclarecido e exigente que se preocupa mais com a sua qualidade de vida, tem procurado os serviços de massagem e acupuntura pela eficiência e resultados satisfatórios que estas técnicas oferecem. Esta conscientização se reflete no aumento de clínicas especializadas e empresas que estão colocando em seus programas de qualidade de vida a prestação de serviços de massagem, acupuntura e spiral taping. Para atender este aumento de demanda é necessário que o profissional tenha uma formação técnica, ou seja, que tenha feito curso em escola devidamente reconhecida pela Secretaria da Educação que exige uma carga horária mínima de 1.200 horas, só assim o profissional poderá atuar com segurança ofertando um trabalho de alto nível e com resultados satisfatórios. Atualmente existem clínicas especializadas em ofertar os serviços de massagem e acupuntura em suas unidades e no setor corporativo, mas que só contratam os profissionais técnicos, é o caso do Grupo Oriental, formado pela EOMA – Escola Oriental de Massagem e Acupuntura, responsável pela formação técnica de profissionais confiáveis, comprometidos com o seu trabalho e que ofereçam serviços de qualidade indiscutível, e Clínica Oriental que viabiliza trabalho aos alunos da EOMA que se destacam e atendem o perfil do grupo, seja em suas clínicas ou mesmo em empresas dos mais diversos segmentos. Diante da saturação de profissionais que freqüentemente se formam nos mais variados cursos técnicos e universitários, os massoterapeutas e acupunturistas estão levando vantagem. São especialistas técnicos que driblam o desemprego e a concorrência encontrando oferta de empregos nos mais variados pontos de atendimentos, até mesmo em clínicas dentro de shoppings completando o seu mix de serviços, que já contam com alimentação, segurança, entretenimento, vestuário e também espaços de bem estar. Em pesquisa feita em instituições de ensino técnico quanto ao perfil do aluno, percebe-se que muitos anseiam cursar o ensino superior, porém por problemas financeiros e receio em não conseguirem entrar no mercado de trabalho, optam pelo curso técnico, por meio dele conseguem uma boa remuneração para investir em curso de graduação ou complementares, e até mesmo para continuar atuando na área de sua formação técnica. [ 23 beleza Linha Revecy-BR da Yakult Cosmetics traz o diferencial da biotecnologia em tratamento da pele facial C om o diferencial da biotecnologia, a Yakult Cosmetics apresenta a linha Revecy-BR de tratamento facial para atender à mulher brasileira, com produtos de eficácia comprovada que atuam nas necessidades fundamentais da pele, protegendo-a contra as agressões externas e influências da idade. É um tratamento diário indispensável para a saúde da pele, apresentando-se como um resgate natural à sua vitalidade. Possui na sua formulação o trio de hidratação: [ 1-Complexo S.E.â - Princípio ativo exclusivo obtido através da Biotecnologia de fermentação do leite pelos lactobacilos, equilibra a acidez da pele, deixando-a saudável e hidratada. 2-Hialuronato de Sódio – Componente com alta capacidade de hidratação obtido através da Biotecnologia de fermentação, tem ação sinérgica com o Complexo S.E.â mantendo a hidratação da pele por muito mais tempo. 3-Dual Moist Balance (DMB) – Resulta da associação de dois Alfa-Hidroxiácidos (AHA´s) – ácido glicólico e ácido láctico, na proporção ideal para se obter maior eficácia das propriedades do Complexo S.E.â. Ativa o metabolismo celular melhorando a textura e a maciez da pele. 4- Extrato de Alcaçuz – Atua como agente calmante e suavizante, apresentando propriedades cicatrizantes e auxiliando na recuperação do equilíbrio da saúde da pele. 5- Vitamina E – Antioxidante que ativa a formação de colágeno e elastina, minimizando as rugas. A combinação desses ingredientes com outros ativos naturais e específicos fazem a diferença na aplicação de produtos a cada tipo de pele, a linha é composta por onze produtos RevecyBr dermatologicamente testados e que se destinam à demaquilação, hieginização, tonificação e hidratação, até nos cuidados complementares de nutrição e massagem da pele facial. 24 prevenção Problemas de audição ocorrem em todas as idades e o melhor caminho é a prevenção Problemas auditivos são mais sérios do que se imagina, mas podem ser superados com diagnóstico e com ajuda de tecnologia de ponta M uita gente imagina que os problemas de audição são apenas “conseqüências da idade”.Preocupam-se com a estética, com o colesterol, com a visita ao cardiologista ou ao dentista, mas não sabem que entre esse cuidados, tão importantes para ter uma vida saudável, é fundamental incluir a realização de um simples teste audiométrico, um exame rápido e barato, que pode evitar problemas desagradáveis para a pessoa em qualquer fase de sua vida. Quem nos apresenta dicas importantes sobre os cuidados com a audição é a equipe do Centro Auditivo Bradex, empresa com 44 anos de experiência em aparelhos auditivos e que já atendeu mais de 12 mil clientes. Na fase adulta, as pessoas estão expostas a muitos fatores que podem provocar a perda da audição como a ingestão de substâncias OTOTÓXICAS ( alguns antibióticos, café, diuréticos, alguns analgésicos, entre outras ), alimentação com excesso de sal e gorduras, doenças como diabetes e hipertensão. A tendência das pessoas é não prestar muita atenção quando o problema começa. No início basta aumentar o som da TV, fazer o chefe repetir o que disse durante a reunião, até mesmo fingir que entendeu, ou pedir para seu interlocutor falar mais alto. Já com as crianças, os cuidados com a audição devem começar na gestação fazendo um bom acompanhamento médico, e serem intensificados durante o aleitamento para que sejam evitadas otites. Muitas crianças apresentam baixo rendimento escolar e acabam ganhando uma série de dificul- dades que poderiam ser evitadas com a verificação se há algum problema auditivo. A falta de audição interfere nos relacionamentos da pessoa em todas as situações, cria problemas de equilíbrio e de localização espacial e provoca até mesmo sérias brigas familiares. São conhecidos também os quadros depressivos acompanhados de muita irritabilidade, lapsos de memória, insônia ... em decorrência da perda auditiva que pode se dar em diferentes graus . Além disso, quanto mais precoce for a descoberta do problema, maiores serão as chances de se utilizar um aparelho quase imperceptível. “Atualmente está bem mais fácil compensar a perda auditiva através de aparelhos internos de alta tecnologia, não apenas por causa da baixa nos preços destes equipamentos, mas também pela possibilidade maior de se importar mais e melhores equipamentos, podemos dizer que houve uma democratização dos aparelhos auditivos.” Sendo assim, o melhor é marcar uma consulta , sem compromisso, com a equipe bem treinada da BRADEX, e conhecer todas as novidades disponíveis nesta área. 25 novidades Novas lanternas suzuranto trazem mais identidade à Liberdade Até novembro os 432 postes e 1.206 globos das ruas do bairro estarão totalmente renovados D entro de pouco tempo o bairro da Liberdade estará de visual novo. Com maior poder de iluminação proporcionada por lâmpadas de vapor metálico que fazem parte das novas lanternas suzuranto, o local estará mais oriental do que nunca. As primeiras luminárias orientais foram instaladas em algumas ruas na década de 70. As peças, antes de vidro, estão sendo substituídas pelas de polietileno, mais resistente A substituição dos equipamentos pela Secretaria Municipal de Serviços, através do Departamento de Iluminação Pública (Ilume), atende ao pedido dos comerciantes e da Associação Cultural e Assistencial da Liberdade - ACAL. Todo o processo burocrático para viabilizar as obras foi agilizado pelo vereador Ushitaro Kamia (DEM), um dos grandes incentivadores da cultura japonesa e da união dos laços que ligam Japão e Brasil. ‘A Liberdade vai ficar cada vez mais bonita’, disse Kamia ao destacar que além das lanternas, as fachadas dos imóveis estão sendo restauradas através da parceria público/privada, o que dará maior característica ao bairro. Estão sendo aplicados na operação cerca de R$ 1,2 milhão. As mudanças ocorrem na Praça da Liberdade, parte da rua Galvão Bueno (do tori - portal - até a praça) e de três pontos da rua dos Estudantes. Para o diretor da divisão de manutenção da Ilume, Luís Carlos Nogueira, a realização das reformas não poderia chegar em melhor hora. ‘O resgate da iluminação decorativa contribuiu bastante para as comemorações do Centenário da Imigração Japonesa’. Segundo o vereador Kamia, a Liberdade tem potencial para se tornar uma referência mundial como Chinatown ou Japantown, nos Estados Unidos, uma vez que a comunidade japonesa no Brasil é a maior do mundo. ‘A nova reforma é responsável pelo reforço da identidade japonesa e, conseqüente, para a riqueza e diversidade cultural de São Paulo. Não faz sentido a ocidentalização ou substituição dos suzurantos por equipamentos mais funcionais. Afinal, nós brasileiros somos mestres - como nenhum outro povo - em assimilar tradições e costumes’, explicou. 26 gastronomia Experimentando sabores milenares Características da própria cozinha oriental permitem a harmonização de sabores, texturas e cores também em épocas de temperaturas mais amenas E m se tratando da culinária japonesa, comida leve nem sempre é sinônimo de calor e frescor. As diferentes combinações de iguarias orientais, das clássicas às mais exóticas, são igualmente aproveitadas em estações mais frias, como outono e inverno, com pratos quentes. É o que pode ser conferido no cardápio de restaurantes como o Noyoi, há nove anos na Vila Olímpia, que possui opções de peixes e carnes grelhadas típicas da cozinha oriental. As sugestões ficam por conta do Filet Thai com legumes salteados (R$ 21,50); Lula Salteada com cogumelos e vinho oriental (R$ 33); Risoto de arroz de jasmin com curry e frango (R$ 15); Salmão grelhado com shimeji sobre fatias de abacaxi (R$ 45); Salmão grelhado com purê de batata com wasabi e molho de ostra – foto (R$ 28,50); Tiras de filet com shimeji e cebola sobre gohan (R$ 31). No restaurante Kanji, com unidades em Moema e Jardins, além dos tradicionais Tempurá (de legumes, R$ 20; camarão, R$ 35; ou misto, R$ 29) e Yakissoba (carne, R$ 14; frango, R$ 23; frutos do mar, R$ 18; e legumes, R$ 21). Entre as sugestões, Salmão recheado com shimeji (R$ 29) ou com camarão (R$ 30); Filet de frango grelhado com molho de agrião e risoto de pêra e nozes (R$ 26); Linguado ao champagne recheado com shimeji, maçãs caramelizadas e arroz com ervas (R$ 30); Camarão com frutas grelhadas e gengibre (R$ 33). Todos os pratos incluem dois acompanhamentos à escolha (missoshiro, shiro gohan, yakimeshi, risoto de shimeji, risoto de alho-poró, tofu à milanesa e salada caesar, califórnia ou caprese). Uma alternativa às clássicas iguarias orientais, o nipo-peruano Shimo traz pratos diversificados, como o Trio Peruano (três mini medalhões de filé mignon com três salsas peruanas – emulsão picante de rocoto, salsa de aji, panca e salsa criolla - R$ 29); Pescado arquipeño (filé de peixe branco com salsa criolla, arroz verde peruano e chupe de camarones, R$ 33); Salmão shimo Texto e Fotos: Divulgação (salmão grelhado com aspargos e camarão flambado acompanha espaguete ao shimeji, R$ 31). Com nova unidade em Moema, o Mori oferece opções das mais simples, como o Lombo ao curry (R$ 21,60) e o Champon (sopa tradicional japonesa, preparada com macarrão lamen, legumes, frutos do mar e kamaboko – massa de peixe prensada, R$ 25,90); passando pelo exótico, como o Teppan de lula com nirá (broto de alho japonês – R$ 26,40), e chegando aos pratos vegetarianos, como o Teppan de tofu (R$ 16,20) e o Yakissoba vegetariano (macarrão japonês frito, legumes, shitake, cubos de tofu e gergelim, R$ 27,90). Serviço Mori Noyoi Shimo Endereço: Rua Gomes de Carvalho, 1.165, Vila Olímpia – São Paulo – SP. Telefone: (11) 3044-2643 Endereço: Rua Gaivota, 1.488, Moema – SP. Telefone: (11) 5532-0181 Endereço: Rua Jerônimo da Veiga, 74, Itaim Bibi – São Paulo – SP. Telefone: (11) 3167-2222 Kanji Endereço: Alameda Lorena, 1.379, Jardins – São Paulo – SP. Telefone: (11) 3062-0585 Endereço: Rua Canário, 683, Moema – São Paulo – SP. Telefone: (11) 5055-1355 vitrine 27 28 vitrine vitrine 29 30 vitrine 31 32 vitrine 33 34 comunidade Emoção e homenagem aos primeiros imigrantes No Sambódromo, 25 mil pessoas aplaudem de pé Naruhito A passagem do príncipe Naruhito por São Paulo mostrou que os descendentes de japoneses se engajaram nas comemorações do Centenário. A solenidade oficial realizada no dia 21 de junho emocionou o público, que aplaudiu de pé o herdeiro do trono japonês. No total, 25 mil pessoas estiveram no Sambódromo para conferir a passagem da comitiva imperial. Mais de 19 mil pessoas colaboraram voluntariamente com o evento, compondo os bastidores, as apresentações e a organização. Caravanas e famílias vieram de vários cantos do estado para prestigiar a festa, mas nem a distância e nem a chuva impediram o público de presenciar um dos momentos mais importantes das comemorações do centenário. O evento foi dividido em três partes, todas com apresentações feitas por grupos de até 3000 pessoas compostos por entidades de todo o estado. A primeira parte trouxe diversos shows de dança, música, artes marciais e ginástica rítmica japonesa. Roupas coloridas e apresentações típicas surpreenderam o público pela dimensão dos grupos que chegavam a ocupar toda a pista. A segunda parte era o momento mais esperado pelas 25 mil pessoas que lotavam o Sambódromo. O príncipe Naruhito desfilou em carro fechado e foi recebido por uma platéia que, em silêncio absoluto, respeitosamente acolheu o representante da Família Imperial Japonesa. Em seu discurso, Naruhito citou o início da imigração japonesa ao Brasil e os dekasseguis que vivem hoje no Japão. Comentou, ainda, a importância do centenário para o fortalecimento da relação entre os dois países e finalizou o discurso com um “muito obrigado” em ótimo português. O príncipe assistiu ao desfile da banda da Marinha Japonesa e da Polícia Militar de São Paulo, seguido pela Cavalaria. Houve, também, o acendimento da pira da Tocha da Amizade, apresentação da dança do centenário e de um coral com mais de 3000 vozes que entoou canções japonesas e brasileiras. O encerramento da segunda parte ficou por conta da vibrante apresentação de taiko com mais de 1000 pessoas que fascinou e emocionou o público, inclusive o príncipe. Após uma breve despedida, Naruhito se retirou e seguiu para um jantar oferecido pelo governador José Serra no Palácio dos Bandeirantes. A terceira parte foi um desfile carnavalesco que contou um pouco da história da imigração japonesa e a integração das culturas ao longo desses 100 anos. A última parte da solenidade oficial foi marcada por uma característica peculiar, vídeos e animações que complementavam o espetáculo, como a versão virtual de Tikara que animou o público “Há cinco anos, nós tínhamos apenas um sonho. Aos poucos esse sonho foi se tornando sonho de milhares de pessoas e, graças à colaboração e trabalho de todos, tornou-se realidade. Vimos no rosto de cada um o orgulho que sentiam em participar dessa festa, dividindo um só sentimento. O príncipe Naruhito desfilou em carro fechado e foi recebido por uma platéia que, em silêncio absoluto, respeitosamente acolheu o representante da Família Imperial Japonesa. O desfile contou com a participação de cerca de 600 pessoas, voluntários e integrantes da Escola de Samba Unidos de Vila Maria, que entraram no Sambódromo ao som de Joe Hirata, Karen Ito e Edson Saito, juntamente com o puxador Fernando e a bateria da Escola. Um show de fogos de artifício encerrou um dos principais eventos do centenário da imigração japonesa no Brasil. A chuva foi a lágrima dos velhos imigrantes de alegria e agradecimento. Estou profundamente emocionado”, disse Kokei Uehara, presidente da Associação para Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil. comunidade 35 marcam Centenário em São Paulo Em jantar, governador José Serra entrega instrumentos para príncipe Não foram só apresentações culturais que fizeram parte da programação do príncipe em São Paulo. Nos encontros formais com lideranças e autoridades do Estado, Naruhito pôde pro provar pratos típicos brasileiros, além de receber presentes e lembranças. Um dos encontros que mais provocou surpresa foi o jantar com o governador José Serra, no dia 21 de junho, na sede do Governo do Estado. Na ocasião, o governador presenteou o herdeiro do trono japonês com uma viola fabricada no interior paulista. Para cuidar de cada detalhe do encontro, que é parte das comemorações do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil, o cerimonial do Palácio dos Bandeirantes começou a trabalhar há seis meses. “Foram 781 os imigrantes do Kasato Maru em 1908. Este número hoje chega a 1,5 milhão de pessoas”, observou o governador José Serra referindo-se à comunidade japonesa no Brasil. “O trabalho, a inteligência e a persistência dos japoneses”, completou Serra, “acrescentaram à sociedade brasileira um Protocolo rígido foi uma das marcas O cuidado para receber a autoridade japonesa foi percebido em cada detalhe: a mesa, o cardápio, os enfeites, o presente que será entregue e o preparo e a vestimenta da equipe do cerimonial. “A cultura japonesa já é muito diferente da nossa e, nesse caso, trata-se do príncipe herdeiro, da família imperial. A Casa Imperial tem um protocolo muito específico dentro da etiqueta japonesa. Isso, para nós, é um universo muito diferente”, destacou a chefe do cerimonial do Governo do Estado, Claudia Mattarazzo. inestimável patrimônio artístico, científico, econômico e esportivo”. O governador lembrou que o judô, ensinado pelos japoneses, rendeu ao país 12 medalhas olímpicas, sendo duas de ouro. O governador disse que o Brasil é o sétimo maior parceiro comercial do Japão no mundo e é também o destino de quase 50% de seus investimentos na América Latina. “Um elo econômico importante entre o Japão e São Paulo é o papel do Banco de Desenvolvimento e Cooperação Japonês. O banco está desempenhando um importante papel em financiamento de obras, trens, sistemas de metrô e de transporte ferroviário na região da Grande São Paulo”, destacou Serra. Naruhito disse que “São Paulo é o memorável estado onde a relação amistosa entre o Japão e o Brasil teve início” há 100 anos e que o Estado vem desempenhando um importante papel de ponte entre os dois países até hoje. Ao comentar que esta era sua última noite na capital paulista, Naruhito citou algumas das passagens memoráveis pela cidade, como a apresentação da Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo), o encontro com estudantes da Faculdade de Direito da USP, e a visita à escola estadual Cidade de Hiroshima, onde conheceu o Projeto Viva Japão. “Sem esquecer da gratidão pelos paulistas que acolheram calorosamente os imigrantes japoneses, desejo sinceramente que as relações intrínsecas entre o Japão e o Brasil se ampliem cada vez mais no futuro”, concluiu o príncipe. Logo após o jantar, os cerca de 300 convidados foram presenteados com obras de Mozart e Villa Lobos executadas pelo Quarteto de Música Camargo Guarnieri com Elisa Fukuda. Surpreendendo os presentes, o príncipe quebrou o protocolo e tocou com uma viola do quarteto o primeiro movimento da Serenata Noturna de Mozart. A assessora do cerimonial Christine Starr lembrou que o jantar foi planejado desde janeiro. “Não pudemos fazer nada sem consultar a Casa Imperial”, disse. De acordo com o protocolo japonês, o príncipe não toca nos presentes, tanto os que oferece quanto aqueles que recebe. O cerimonial do Estado conseguiu, depois de muita negociação, que o presente oferecido pelo governador fique exposto. O príncipe recebeu uma viola construída por jovens que participam de curso de luteria no Conservatório de Tatuí. Além disso, o cerimonial teve de enviar à Casa Imperial currículos dos convidados que ficaram na mesa do príncipe e croquis de todo o percurso da visita. “Quando os responsáveis pelo preparo da vinda do príncipe, por parte da Casa Imperial, vinham ao Palácio, eles desenhavam tudo. Depois, pediam que mandássemos croquis”, contou Starr. 36 comunidade Brinde aos nipo-paranaenses Estado com segunda maior concentração de nikkeis, Paraná homenageia príncipe A paisagem colorida das Tanabatas (estrelas) e as Sakura (cerejeiras), ambos símbolos da cultura japonesa confeccionados pelos organizadores do Imin 100, deram o tom da solenidade no Parque Temático Yume, em Rolândia, local que recebeu a visita de Naruhito. Naruhito participou no início da tarde do último dia 22 do lançamento da pedra fundamental do parque e inaugurou o monumento do Imin 100, junto com o vice-presidente José de Alencar, o governador Roberto Requião e o coordenador executivo do Imin 100 Paraná, Luis Carlos Adati. Após a cerimônia de inauguração, o herdeiro do trono japonês plantou uma muda de cerejeira, passou pelo museu de imigração e também participou da oferenda de flores no monumento dos pioneiros, no local onde será construído o Parque Yume, no prazo de dois anos, em uma área de nove mil metros quadrados. Depois disso, Naruhito iniciou a cerimônia oficial dos 100 anos da Imigração Japonesa no Brasil no Imin Center, localizado ao lado do Parque. Ao encerrar sua fala com um “muito obrigado”, em português mesmo, o príncipe Naruhito agradeceu em seu discurso a “calorosa” receptividade que encontrou no Paraná e a acolhida do povo brasileiro – e paranaense – aos imigrantes japoneses. “A recepção foi muito calorosa, não só [por parte] dos imigrantes japoneses e seus descendentes, como também dos brasileiros”, salientou Naruhito, que também afirmou desejar que a relação bilateral entre Brasil e Japão seja cada vez mais intensificada. O príncipe disse que se sentirá satisfeito se sua visita ao país for útil ao estreitamento das relações entre os dois povos. “Se a minha visita contribuir para isso, ficarei muito feliz”, declarou. Na avaliação dele, o Brasil de hoje está mais avançado em comparação com a vez anterior em que ele esteve no país. “Comparando com a primeira visita, há um quarto de século, diante dos olhos vejo o Brasil de hoje alcançando cada vez mais o progresso”. Tradição e Modernidade O Parque Temático Yume terá uma área de 9 mil metros quadrados. A proposta é contar a história da imigração japonesa desde a chegada dos primeiros imigrantes, no navio Kasato Maru, até os dias atuais. O projeto, elaborado pelo escritório de arquitetura de Marilda Marchiori e Zeca Repette, é grandioso e prevê a utilização de muitos recursos tecnológicos. Para parte de sua construção já foram empenhados R$ 10 milhões, recursos provenientes do Governo Federal “A recepção foi muito calorosa, não só [por parte] dos imigrantes japoneses e seus descendentes, como também dos brasileiros”, salientou Naruhito. O parque contará com oito espaços. Em três deles será contada a história da imigração até os dias atuais de forma interativa, para fazer com que o visitante se sinta parte dela. “Não será como num museu onde há apenas a exposição de fotos, documentos, objetos”, explica a arquiteta. A primeira estação, por exemplo, na qual é contada a chegada do navio Kasato Maru, há um mar de tsurus, ave símbolo do Japão, e a imagem da embarcação projetada em dimensões grandiosas. Em terras paranaenses, príncipe saudou multidão de 75 mil pessoas em Rolândia; em Maringá, Naruhito aprecia ipê plantado há 26 anos, durante passagem pelo Estado Além das estações, haverá também um espaço dedicado a brinquedos tecnológicos, restaurantes com parte projetada sobre um lago, e uma praça que mescla elementos da cultura japonesa e brasileira. O conceito que fundamentou o projeto, segundo Marilda Marchiori, é o da miscigenação das culturas e da evolução que ela permitiu e ambos os países. 37 38 especial capa Festival do Japão Maior festa nikkei do mundo celebra o centenário D egustar iguarias de várias regiões do arquipélago mais famoso do planeta virou programa anual de muitos brasileiros. Eles sabem que não é necessário atravessar oceanos, nem freqüentar dezenas de restaurantes para apreciar pratos tão diferentes quanto o kaki no hazushi e o yakitori, típicos das províncias de Nara e Fukushima, respectivamente. O Festival do Japão traz tudo isso e vai além. Com atrações que vão dos shows de percussão, o taiko ao concorrido concurso de miss, o maior evento organizado por nikkeis no mundo deve levar mais de 200 mil pessoas ao Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo (SP), entre os dias 18 e 20 de julho. Organizador da festa, o Kenren (Federação das Associações de de Províncias do Japão no Brasil), não poupou esforços para transformar a 11ª edição na maior já realizada. A estimativa de gastos com infra-estrutura e atrações atingiu o volume recorde de R$ 1,2 milhão, bancado principalmente pelas empresas patrocinadoras. Texto: Wilson Azuma | Fotos: Maurício Piffer Ao contrário dos últimos anos, o Festival irá ocupar a totalidade dos 40 mil m² do Centro de Exposições. O aumento da utilização da área permitirá uma melhor adequação dos sete espaços temáticos: cultura, gastronomia, centenário, shows e eventos, criança, melhor idade e amizade. Entre as atividades realizadas nesses locais, haverá palestra sobre etiqueta japonesa à mesa, workshop de papel washi, demonstração de cerimônia do chá, exposições e shows de música. Para quem quer ver beleza, o concurso Miss Festival do Japão costuma revelar modelos orientais para o mundo fashion. Outra novidade será a participação do Sebrae, que promoverá seminários sobre negócios durante os três dias. O presidente do órgão dos micros e pequenos empresários, Paulo Okamoto, estará presente. No Espaço Criança, a dica é levar os filhos para tirar fotos ao lado dos mascotes do centenário Tikara e Keika, que ficarão no estande da Turma da Mônica. O desenhista mais conhecido dos brasileirinhos, Maurício de Souza, fará uma sessão de autógrafos. Carro-chefe A área de alimentação segue como o principal chamariz da festa. A diversidade gastronômica será apresentada em 52 barracas, cada qual sob responsabilidade de uma associação de província (kenjinkai). “A intenção é mostrar e divulgar a cultura de nossa região”, destaca Marcelo Ariga, coordenador da associação de Gunma. especial capa 39 Político não tem vez O Festival irá ocupar a totalidade dos 40 mil m² do Centro de Exposições. O aumento da utilização da área permitirá uma melhor adequação dos sete espaços temáticos: cultura, gastronomia, centenário, shows e eventos, criança, melhor idade e amizade. Para quem não quer ousar, pratos mais comuns, como yakissoba, gyoza e yakitori, poderão ser encontrados facilmente. Cada barraca, no entanto, deve oferecer pelo menos uma iguaria da província que representa. Na de Nara, o kaki no hazushi, espécie de sushi que leva folha de caqui, é um dos mais procurados. “É uma receita originária que incorporamos no nosso menu. Sempre tem gente fotografando quando passa por lá. Quem prepara é a senhora Yoshizawa, que tem 90 anos”, explica Nazira Rodrigues Matsuda, que organiza a barraca há sete anos. Uma das preocupações é não transformar o palco do Festival em palanque. Em ano de eleições municipais, a organização quer evitar o clima de campanha. Um alerta aos políticos nikkeis. Segundo o coordenador Keiji Kato, apenas o governador José Serra e o prefeito Gilberto Kassab irão discursar durante a abertura. “Não haverá política. Quem for candidato não pode subir”, garante. Adequação às normas Algumas modificações foram feitas para adequar o Festival à legislação para grandes eventos. A mais polêmica diz respeito ao consumo de bebidas alcoólicas, que serão servidas e consumidas em áreas específicas. Outra alteração diz respeito aos botijões de gás, que não poderão ser utilizados individualmente em cada barraca. Uma empresa parceira levará um caminhão e fará as instalações necessárias. Diversidade de público Ao contrário de muitas festas da comunidade, o Festival do Japão atrai não só os nipo-descendentes. A estimativa é de que mais da metade das 200 mil pessoas esperadas nos três dias de evento não tenha qualquer parentesco com japoneses. Quem faz a festa O Kenren agrega associações que representam no Brasil 46 das 47 províncias japonesas. São elas as responsáveis pelo Festival, que mostra a diversidade e o regionalismo nipônico. Essas entidades, presentes em regiões de grande concentração de nikkeis, têm estrutura e características diferentes umas das outras. A poderosa Associação Okinawa Kenjin do Brasil, da Liberdade, é um exemplo de grandiosidade. Tem site, diversos produtos editoriais e até relações na política. A maioria, porém, funciona em espaços pequenos, onde descendentes de famílias de diversas regiões japonesas reúnem-se para o encontro semanal de karaokê, partidas de shogi, aulas de ikebana, festivais gastronômicos e exames para bolsa de estudos na província natal dos antepassados. 40 especial capa Programação do auditório O auditório do Centro de Exposições Imigrantes receberá palestras, workshops e apresentações no sábado e domingo. Confira algumas das atrações: Sábado (19 de julho) Atividade Horário Responsável Origami – ontem e hoje 11h30 – 12h Mari Kanegae Kirigami 13h30 – 14h Naomi Uezu Papel washi 14h30 – 15h Cecília Suzuki Chá – a bebida milenar 15h30 – 16h Emy Tanaka Saquê: o néctar dos deuses 16h30 – 17h Celso Ishii A arte do sumiê 17h30 – 18h Suely Shiba Etiqueta japonesa à mesa 18h30 – 19h Lumi Toyoda Domingo (20 de julho) Atividade Horário Responsável Kirigami 13h30 – 14h Naomi Uezu Papel washi 14h30 – 15h Cecília Suzuki Projeto Mottainai 15h30 – 16h Cláudio Sampei A arte do sumiê 17h30 – 18h Suely Shiba 41 42 especial capa Keiji Kato Construindo um Festival O comerciante nikkei Keiji Kato há três anos tem a responsabilidade de coordenar as atividades do Festival do Japão, que cresce em tamanho e repercussão a cada evento. No cargo de presidente da comissão organizadora, lida diariamente com as mais distintas questões, que podem ser o contato com patrocinadores, a participação em intermináveis reuniões ou a visita às diversas associações de província com as quais estabelece relacionamento. Há poucos dias do início do maior evento japonês no Ocidente, ele concedeu entrevista exclusiva à Mundo OK. O Festival deste ano terá como tema o centenário da imigração japonesa. O que muda em relação às edições anteriores? O grande atrativo continua a ser a culinária. Pelo fato da festa comemorar o centenário, daremos ênfase também à área cultural para que as pessoas não esqueçam da presença dos japoneses no Brasil, que completa cem anos. No próximo ano começa outra fase, e esperamos que a comunidade mantenha essa tradição. Por que é importante mostrar o regionalismo japonês aos brasileiros? O Kenren tem essa responsabilidade de apresentar as diferenças dentro do Japão, principalmente na área gastronômica. Nós congregamos associações de 46 das 47 províncias. É importante manter essa relação com os kenjinkais. Só de Okinawa temos 43 shibu (filiais) na cidade de São Paulo. O senhor acredita que o “boom japonês” provocado pelo ano do centenário da imigração pode não ter seqüência nos próximos eventos? Como foi o trabalho de organização deste ano? O investimento para este ano foi recorde – R$ 1,2 milhão. As empresas têm participado mais? Começamos em dezembro, e lançamos no mês seguinte. É um trabalho que exige bastante sacrifício, mas é gratificante. Quero deixar claro que temos bons parceiros e voluntários que ajudam. Dividindo fica mais fácil. O pessoal veste a camisa para tudo dar certo. O fluxo de não-nikkeis durante os dias do evento é grande. Acredita que o Festival conquistou de vez seu espaço? Sim, a receptividade é muito grande. Hoje, o público não-nikkei chega a 50%. A festa faz parte do calendário do estado e do município de São Paulo. Tirando os festivais do Japão, é o maior do mundo. Os próprios japoneses que participam não acreditam quando visitam. Não sei, mas acredito que não. O Festival vai continuar para mostrar às futuras gerações a importância da cultura japonesa. Investimos muito para trazer o máximo de novidade. As empresas estão vendo que vale a pena. Já temos alguns patrocinadores fixos, mas ampliamos, convidando vários interessados. Dezenove empresas participaram. Estivemos também com os bazaristas, que são importantes, pois chamam muitos visitantes. Gostaria de deixar alguma mensagem para quem vai ao Festival? Quero ressaltar que fazemos tudo com muito carinho. Vale a pena participar. Espero ver pessoas de todas as comunidades. 43 44 especial capa Aspectos culturais estão divididos em diversas áreas N o ano em que se comemora o Centenário da Imigração, o Festival do Japão promete ser o maior e melhor evento já realizado até agora. Está dividido em áreas, como segue: ÁREA CULTURAL O objetivo do Festival do Japão é apresentar as diversas faces da cultura japonesa para toda a sociedade brasileira. Para esta edição, teremos, entre outras atrações, a exposição de bonsai, orquídeas, cerâmica e artesanato; demonstração de Cerimônia do Chá; exibição de pipas japonesas (takô); exposição de Gô e Shogi (jogos japoneses) e caligrafia japonesa (shodô); atividades de poesia japonesa (haiku, haicai e tanka); workshops de dobraduras de papel (origami e kirigami); sumiê (pintura japonesa), oshibana (técnica de flores prensadas) e shamisen (instrumento musical). Na praça cultural, serão apresentados diversos grupos de dança e músicas típicas; além das tradicionais artes marciais, como kendô, karatê, kenjutsu, dentre outros. ÁREA DA GASTRONOMIA A culinária típica de praticamente todas as províncias que formam o Japão estará presente durante todo o Evento. ÁREA TEMÁTICA Seguindo o tema deste ano - Centenário da Imigração -, será montado nesta área um estande para a exibição de quadros, peças de cerâmica, e diversas outras demonstrações da arte tradicional japonesa. O objetivo desta área é divulgar as ricas tradições culturais de cada canto do país. ÁREA DE SHOW E EVENTOS ÁREA DA AMIZADE Vários grupos de danças e músicas folclóricas japonesas se apresentam no Festival, trazendo danças típicas como Yosakoi Soran, Waku Waku Uta e Kasa Odori, dentre outras, além de instrumentos musicais típicos, como o taikô (tambor japonês), o shamisen, o kotô e a flauta japonesa. A moderna música japonesa também é apresentada por diversos cantores nipo-brasileiros. Nesta mesma área é realizado o tradicional Miss Festival do Japão, trazendo graça, beleza e simpatia ao Evento. No concurso, as candidatas desfilam com o tradicional quimono de verão (yukata) e com vestido de gala, representando entidades, clubes ou associações das diversas províncias. Espaço destinado à cooperação internacional, com estandes dedicados aos órgãos públicos, estaduais e federais, além de instituições governamentais japonesas e veículos de comunicação, com o objetivo de fortalecer as relações de intercâmbio Brasil-Japão. ÁREA DA CRIANÇA Para a preservação da cultura japonesa, o Festival do Japão dedica todo ano uma área especial às crianças, para que elas tenham contato com jogos e histórias tradicionais do Japão. ÁREA DA MELHOR IDADE (TERCEIRA IDADE) A “melhor idade” sempre tem atenção especial no Festival. Nesta área, as pessoas entram em contato com tradições japonesas como os jogos de Gô e Shogi, entre outras atrações. MISS FESTIVAL DO JAPÃO Beleza, elegância e simpatia no palco principal do Festival, o 6º Miss Festival do Japão é coordenado pelo ator e apresenador Kendi Yamai. As candidatas desfilam com o tradicional quimono de verão (yukata) e vestido social, representando entidades, clubes ou associações de províncias. vitrine 45 46 centenário Céu colorido nas comemorações do Centenário Festival de Pipas de Hamamatsu reúne 8 mil pessoas E m “Ano de Intercâmbio Brasil Japão”, um tradicional evento de uma região da terra do sol nascente chega a capital paulista. O Festival de Pipas de Hamamatsu encantou um público estimado em 8 mil pessoas no Parque Ecológico do Tietê, no dia 28 de junho. Naquele sábado de clima agradável e ensolarado, crianças e adultos se divertiram enquanto conheciam um costume milenar do arquipélago nipônico. Pipas gigantes, que medem 9 metros quadrados e pesam cerca de 40 kg, foram confeccionadas artesanalmente com papel de arroz (washi) e varetas de bambu. Pinturas feitas à mão finalizam a produção secular. Uma arte que foi ao céu com a ajuda de 30 voluntários, entre jovens e autoridades, que se esforçaram para empiná-las. Festival de pipas em Hamamatsu O show entre as nuvens prendeu os olhares dos visitantes e arrancava aplausos maravilhados. Faltou apenas uma contribuição lá de cima para as pipas voarem por mais tempo. Contudo, o balanço geral foi positivo. “Foi muito bom. Embora com pouco vento para manter a pipa no céu, senti que o público gostou muito”, afirmou o organizador do evento, Toyoharu Fujii, que estuda a possibilidade de repetir a dose no ano que vem. Anualmente, este festival acontece em Hamamatsu, durante o feriado “Golden Week”, entre os dias 3 e 5 de maio. Segundo a lenda, a festa surgiu há 440 anos, quando o senhor feudal do castelo de Hikuma (atualmente conhecido como Castelo de Hamamatsu) celebrou o nascimento de seu primeiro filho empinando uma grande pipa com o seu nome para reverenciar e pedir proteção e prosperidade aos céus. Em São Paulo, o evento aconteceu pela primeira vez com direito a apresentações de música, dança e as vibrações dos tambores japoneses. Uma realização com o apoio de japoneses da cidade de Hamamatsu, que vieram ao país, trazidos pelo Comitê Executivo de Hamamatsu para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil. “Os japoneses ficaram bastante satisfeitos e com certeza levaram uma visão mais positiva para casa”, ressaltou Etsuo Ishikawa, presidente do Comitê Executivo para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil de Hamamatsu. Doação Sem fins lucrativos, a organização do Festival de Pipas de Hamamatsu reliazou um simpático gesto após o evento. Toda a verba arrecadada foi doada às quatros entidades da comunidade nipo-brasileira (Yasuragui Home, Ikoi-No-Sono, Kodomo-No-Sono e Kibô-No-Iê), além de seis aquecedores ao Centro de Recuperação de animais Silvestres do Parque Ecológico do Tietê. Comissão foi criada no ano passado para homenagear imigração O s preparativos para o Festival de Pipas começou há mais de um ano. Mais precisamente em maio, quando a Prefeitura de Hamamatsu (Shizuoka) anunciou oficialmente o Comitê Organizador para Eventos dos 100 Anos da Imigração Brasil-Japão. O Comitê de Hamamatsu foi formado por organizadores do festival da pipa (Hamamatsu Matsuri), representantes de associações de brasileiros, centros de turismo, além de comerciantes. O grupo recebeu ainda o apoio do Ministério das Relações Exteriores do Japão, Embaixada do Brasil e associações de nikkeis. Todos os projetos foram desenvolvidos no decorrer do ano incluindo visitas ao Brasil. Atualmente, Hamamatsu é a cidade que abriga o maior número de brasileiros no Japão. Com o projeto, a Prefeitura teve como grande objetivo divulgar a história da emigração japonesa ao Brasil e promover a integração. 47 48 olimpíadas Esperança nikkei em Pequim Classificada para Olimpíadas, nadadora Tatiane Sakemi promete ‘esforço máximo’ nas piscinas N as piscinas de Pequim, a natação brasileira promete surpresas para os torcedores. União e garra são os lemas dos atletas que embarcam para a China, de olho em bons resultados perante os melhores do mundo. Dentro da “turma” uma nikkei pode surpreender: Tatiane Sakemi, a nikkei prodígio que embarca rumo a sua primeira participação em uma Olimpíada. Aos 22 anos, Tatiane já fez bonito em diversas competições: conquistou a medalha de ouro nos 200 metros peito durante a etapa brasileira da Copa do Mundo, no fim do ano passado, e, mais recentemente, bateu o recorde sul-americano no Grand Prix de Natação, nos Estados Unidos. Prestes a embarcar, a atleta já vislumbra um sonho, a de conseguir subir ao pódio em algum estilo. Se depender da vontade, do carisma e da dedicação, ela tem tudo para alcançá-lo. “Dá um frio na barriga”, diz ela. Quais as suas expectativas em relação às Olimpíadas de Pequim? Pessoalmente, é um sonho estar na China, não? Vou encontrar os melhores do mundo na natação, então é aquela coisa de deslumbramento, de sentir o ambiente entre os tops das piscinas. Mas como nós já estamos treinando desde maio, independente da confirmação ou não de ir para Pequim, espero nadar bem e representar o Brasil da melhor forma possível. O grupo está fechado e contamos com uma energia muito positiva. O ritmo de treinamento tem sido mais puxado? Desde maio a gente vem fazendo a programação olímpica e tem sido bem forte. A parte física e de treino de água ganharam mais ênfase. São coisas novas que nunca vivemos. Independente disso [Olimpíadas], temos de estar na melhor forma sempre. O torcedor brasileiro pode esperar alguma medalha dos brasileiros ou essa é uma ambição que ainda está longe de ser conquistada? No revezamento a gente tem grande chance de briga pela final, principalmente no feminino. Na prova individual ainda está um pouco longe de semi-final, por exemplo. Mas nem por isso vamos deixar de treinar; estamos com algumas coisas diferentes nos treinos para chegar lá e fazer algo diferente. É uma outra realidade estar nos Jogos Olímpicos, nunca vivi isso mas estou otimista. O apoio da família para um atleta, pelo menos para grande parte deles, é fundamental. Para você, como será ir para um lugar tão distante e ficar longe desse apoio? Essa força dos meus pais e namorados é muito importante para mim, desde pequena. Em todas as competições eles sempre me acompanharam. É uma segurança vê-los nas arquibancadas. Ainda não sei como vai ficar na China, mas espero que eles embarquem para lá. É uma confiança grande que me passam. Entrevista com a atleta 49 50 dekasseguis Pensamento no futuro Ciesp de São Bernardo e Sebrae orientarão ex-dekasseguis O Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de São Bernardo e o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), de olho na capacitação de trabalhadores brasileiros que retornaram do Japão, firmaram uma parceria que viabilizará o Projeto Dekassegui Empreendedor na cidade. O objetivo é orientar e capacitar interessados em abrir uma micro ou pequena empresa na região. Com o convênio, São Bernardo será a primeira cidade do Grande ABC a oferecer cursos e orientação gratuita para os dekasseguis que querem ir trabalhar no Japão e também para os que acabam de voltar. “Esta iniciativa é muito importante porque muitas pessoas que voltam do Japão perdem todo o dinheiro que juntaram em investimentos errados”, apóia o diretor da Acrepa (Associação Cultural e recreativa da Paulicéia), em São Bernardo, Mauro Ikeda. Ele afirma que um dos principais problemas é a dificuldade para se enquadrar no mercado de trabalho. “Eles ficam muito tempo fora e isso atrapalha. Aí o jeito é abrir um negócio próprio”, diz. Outras cidades Apesar de sediado em São Bernardo, o diretor do Ciesp afirma que moradores de outras cidades da região também podem fazer o curso gratuitamente. As inscrições devem ser feitas pelos telefones 4125-7500 (Ciesp de São Bernardo) ou 4990-1911 (Agência Regional do Sebrae). Mais informações sobre o projeto podem ser encontradas no site : www.dekassegui.sebrae.com vitrine 51 52 perdido no japão Festival do Japão Por Fabio Seiti Tikazawa* Q uando recebi pelo correio a sexta edição da Revista Mundo OK e vi o anúncio do 11º Festival do Japão, me lembrei da promessa que havia feito a mim mesmo, de retornar ao Brasil para participar dessa festa que aguardo ansiosamente todos os anos. Principalmente por se tratar do ano do Centenário da Imigração, essa edição promete ser ainda mais especial. Contudo, meus planos tomaram caminhos diferentes e decidi estender um pouco minha estada por aqui. Todos os anos, contava os dias para os últimos finais de semana de julho, época em que tradicionalmente é realizado o festival. Desde as primeiras edições, tive o prazer de participar, ora como voluntário da organização, ora ajudando no estande da província dos meus avós, deste que é o maior evento étnico da América Latina. Vestir um happi e fazer parte de uma comemoração tão grandiosa, sempre foi algo que me fez sentir orgulho de ser nikkei. Se fecho os olhos e começo a lembrar das edições passadas do festival, logo me vem à memória o som dos taikôs e do bon odori, que certamente caracterizam toda festa japonesa, junto às músicas tradicionais minyo e enka. Também me recordo do aroma inigualável dos yakitoris da barraca do Kagoshima e da lula assada na brasa, do estande do Hokkaido. Todavia, como este ano comparecerei à festa apenas em pensamento, gostaria de falar sobre a minha ida a um evento em comemoração ao centenário da imigração que ocorreu em Toyota, Aichi-Ken. Quando me disseram que era uma festa em homenagem ao intercâmbio cultural Brasil-Japão, logo pensei em encontrar várias pessoas vestindo happis e barraquinhas de tempurá e yakissoba, mas não vi nada disso. O que vi foi uma versão espelhada do Festival do Japão, voltado à comunidade brasileira daqui, com manifestações culturais e artísticas do Brasil. Enquanto no Festival do Japão vemos apresentações de Kendô e assistimos a shows de Shamisen, o que entreteve o público de Toyota foi o batuque de uma escola de samba e uma oficina de futebol comandada por Ruy Ramos, um ídolo do futebol japonês. Na praça de alimentação não foi diferente, da mesma forma que no Brasil todos vão os matsuris para saborear os pratos clássicos da culinária japonesa, aqui o pessoal estava afim de matar a saudade do bom churrasquinho com farofa acompanhado de uma cervejinha. Essa análise comparativa dos dois eventos, me mostrou o quanto a cultura brasileira é forte aqui no Japão e, pela quantidade de japoneses pre- sentes na festa, isso só tende a crescer. Quem sabe, daqui há algum tempo, não ouviremos falar do maior evento étnico da Ásia, que ocorre anualmente no Japão, chamado Festival do Brasil? Bem, tanto aí quanto aqui, tenho a certeza de que Brasil e Japão formam um par perfeito. Bom Festival do Japão a todos! Jya mata. * Fabio Seiti Tikazawa é publicitário, aprendiz de dekasegui e nippo-brasileiro com muito orgulho. turismo 53 De olho nos japoneses Novo ministro do Turismo quer conquistar nipônicos A presença do príncipe-herdeiro do Japão, Naruhito, em São Paulo, no sábado dia 21 de junho, foi o ponto alto das comemorações do Centenário da Imigração Japonesa. Por conta disso, o ministro do Turismo, Luiz Barretto, foi à solenidade para lembrar da importância da relação Brasil-Japão em benefício do turismo. “Os japoneses foram os principais visitantes asiáticos no Brasil em 2007: mais de 63 mil. O MTur tem ações de divulgação no exterior com o objetivo de atrair esse público, que gasta, em média, US$ 1,8 mil por viagem”, disse Barretto. Entre as ações do MTur/Embratur, está a atuação do Escritório Brasileiro de Turismo (EBT) no Japão. O EBT divulga o Mercosul com o objetivo de atrair turistas japoneses. No ano passado, o MTur investiu US$ 800 mil na promoção do Brasil no Japão. “Nosso País tem capacidade de atrair 925 mil japoneses por ano. Por isso, temos que investir em ações de divulgação”, disse o ministro. A representação do Brasil em eventos no no Japão também é uma forma de atrair turistas. Tanto que o MTur marcou presença com um estande no Brazil Day, em Tóquio. O evento foi visitado por aproximadamente 15 mil pessoas. O MTur também investe na preservação da cultura japonesa no Brasil. O prédio do antigo Colégio Campos Salles, no bairro da Liberdade, em São Paulo, vai se transformar no Museu da Arte Moderna Nipo-Brasileira Manabu Mabe com recursos de R$ 3,5 milhões do MTur. Os destinos mais procurados pelos japoneses no Brasil, em 2006, foram: Foz do Iguaçu, Manaus e São Paulo. Desde o dia 18, data oficial do centenário da imigração japonesa, a Embratur entrega aos turistas do Japão, no Aeroporto de Guarulhos, um certificado que lembra a data. A ação vai até julho. 54 festividades Feira das Nações 2008 agita a Freguesia do Ó em dois finais de semana C omo sempre acontece nesta época do ano, a Fundação Nossa Senhora do Ó realiza a sua tradicional Feira das Nações, edição 2008. “O evento tem como objetivo arrecadar fundos para a manutenção dos projetos sociais da instituição e será realizado em dois finais de semana (dias 26 e 27 de julho, e 2 e 3 de agosto), na rua Antonieta Leitão, 375, próxima ao Largo da Matriz”, explica o Padre Noé Rodrigues, de 91 anos, dos quais 40 na direção da instituição. A Fundação conta atualmente com sete creches e dois projetos sociais voltados para adolescentes, e atende cerca de 1.500 crianças e jovens. Padre Noé conta que as equipes de coordenadores da festa se reúnem desde maio, e no início deste mês, tudo já estava pronto para a grande abertura. São esperadas diariamente cerca de 6.000 pessoas nos quatro dias de festa, que deverão totalizar um público de aproximadamente 25 mil pessoas. A Feira que é realizada há 25 anos no bairro da Freguesia do Ó, e contará, como nos anos anteriores, com muitas atrações artísticas e culturais, que incluem música e danças; e, evidentemente, barracas de comidas típicas de muitos países como a americana, a árabe, brasileira, espanhola, italiana, japonesa e portuguesa. “Não faltará o famoso vinho quente, bebida que é muito apreciada nesta época”, avisam os organizadores. Comemorando o Centenário da Imigração Japonesa para o Brasil, o empresário Toshiaki Tamae, o Toshi, responsável pela barraca do Japão, promete caprichar ainda mais nos pratos da culinária japonesa, incluindo o yakissoba, a sua especialidade. Toshi trabalha como voluntário da Feira da Amizade desde a sua criação, em 1983. vitrine 55 56 click igração Japonesa ando o centenário da Im ge na me ho me Da tre Colégio No - 14/06 - sábado Evento Haru e Natsu, promovido pelo Grupo Bandeirantes de Televisão e Banco Real ovida pelo Homenageados da sessão solene prom vereador Ushitaro Kamia Presidente da Associação do Centenário, Kokei Uehara e prefeito de Hamamatsu, Yasumoto Suzuki Esquerda para direita: Vereador Jooji Hato, Marcelo Ikemori e Dep. Federal Walter Ihoshi Tocha da Amizade: Wania Seixas, representando a prefeitura de Santos, Akeo Yogui, Kokei Uehara e Jiro Maruhashi. 57 click Festival de Taiko do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil. Campeões da categoria livre: Brasília Hikari Daiko Organizadores do Festival de Taiko do Cente nário da Imigração Japonesa no Brasil. Ilustres personalidades participam do evento Haru e Natsu Revista Mundo OK marca presença na semana cultura no Anhembi em comemoração aos 100 anos de imigração Vereador Jooji Hato, Dep. Fed. William Woo, Pres. do Arujá Golfe Club, Muneki Tikasawa, Ver. Ushitaro Kamia e Ver. Aurélio Nomura Cerimonia do Fogo Sagrado em Comemoração ao Centenário 58 mundo oriental Da menina mimada a maturidade empreendedora Conheça Clara Oh, uma das empresárias coreanas mais respeitadas em São Paulo E la finalizava uma reunião de negócios com um grupo de chinesas, quando a reportagem da Mundo Ok chegou ao local de encontro. Uma mulher de traços orientais, cabelos escuros e lisos. Usava uma maquiagem sutil e uma blusa preta, portandose elegantemente na mesa. Quem a via, jamais teria em mente que na juventude, não teve um teto onde morar. Clara Oh tinha apenas 21 anos quando chegou ao Brasil. Uma jovem coreana, de classe média, que pisava em terras desconhecidas com a finalidade de casar-se com um conterrâneo, um ano mais velho. Um casal imaturo, que aos vinte e poucos anos se viu morando nas ruas. Foram 15 dias angustiantes residindo nas ruas de São Paulo. “Eu lembrava da comida quentinha da minha mãe a qualquer hora do dia”, conta Clara. “Nunca havia faltado nada. Na Coréia, eu só estudava e não dava valor para o esforço de meus pais. Só reclamava. Eu era uma menina mimada”, diz, já com lágrimas nos olhos e a voz fraca. A luz no fim do túnel surgiu com a ajuda de um pastor e uma máquina de bordar, que funcionava 24 horas por dia. Os jovens aprendiam ali o que era trabalhar e conviver com a comida escassa. Um serviço que dali cresceu. A produção chegou à cerca de 30 mil calças jeans por mês e o emprego de 50 funcionários. Naquele momento, Clara achava que tinha “conquistado o mundo”. Mas foi desafiada. Seu companheiro fora assassinado na comunidade carente que o casal gentilmente fazia projetos sociais. Ela se encontrava mãe de três crianças e agora, viúva. “A razão da minha luta, por jamais ter desistido, foram os meus filhos”, resume. Hoje, aos 55 anos, aquela menina mimada se mostra forte e cheia de conquistas. Investiu em um ramo diferente das indústrias têxteis para atuar na área de consultoria e implementação de novas tecnologias. Voluntariamente trabalha com reciclagem como forma de agradecimento ao país que a acolheu e acumula o cargo de vice-presidente da Associação Brasileira dos Coreanos. “Vejo tudo o que passei como uma oportunidade. Deus me preparou para ser quem sou agora. Sou grata por minha história, por aprender a não ser mais aquela garota que só reclamava”, reflete. JCI Brasil-China mostra sua força e divulga cultura chinesa Tradições e Olimpíadas são algumas das oportunidades para desenvolver visão capacitadora e de liderança C om o objetivo de desenvolver líderes empreendedores, a JCI (Junior Chamber International) – instituição com cerca de 6 mil afiliadas em 115 países, sendo o Brasil o segundo maior das Américas – reúne pessoas com espírito de força de vontade e determinação. E uma das entidades que está demonstrando muito entusiasmo por meio das ações e eventos que promove é a JCI Brasil-China. Constituída em 2004, por iniciativa de um grupo de amigos liderado por Ricardo Chen e Ronny Chen (a princípio chamado de JCI São Paulo), hoje reúne 25 pessoas. Mas apesar do nome, mesmo os jovens de ascendência não-chinesa e que se identificam com o princípio da também conhecida como Câmara Jr. podem entrar na associação. Como diz o atual presidente da entidade, Wynner Kenkok Ng: “Não só os chineses, mas também taiuaneses, japoneses, brasileiros são convidados a juntar-se a nós”. Com esse intercâmbio, todos saem ganhando, e através de atividades como projetos voluntariados, promoção de palestras, eventos, e reuniões mensais, a garantia de crescimento pessoal e demonstração de preocupação social, além de contribuir também com a arrecadação para a entidade. O evento de maior força realizado pela JCI Brasil-China é a Festa do Ano Novo Chinês. Em 2008, sua terceira edição conseguiu atrair um público de 190 mil pessoas nos dias 26 e 27 de janeiro, na Praça da Liberdade. “Nosso sonho é conseguir um dia ser a maior festa do Ano Novo Chinês fora da China”, projeta Ng. Realizado em meados de janeiro e fevereiro, para se aproximar da virada do ano naquele país, são apresentados desde comidas típicas ao idioma mandarim, danças tradicionais, caligrafia e pintura. É nesse tipo de projeto que se faz a rotatividade dos cargos entre os membros (na organização, recepção, divulgação), um meio adotado para que cada um se desenvolva, passando por várias funções. E também quando se finaliza e inicia uma gestão presidencial, trocada a cada ano. Wynner comprova seu perfil multifuncional. No dia-a-dia trabalha como assessor parlamentar, mas é também empresário no setor de móveis e consultor. O próximo evento da JCI Brasil-China é a palestra de Ricardo Bellino, autor do livro “Três minutos para o sucesso”. “Ele é um brasileiro que ensina técnicas como persistência,persuasão e objetivo para desenvolver os jovens por suas iniciativas, e um grande empreendedor”, recomenda. O encontro será dia 24 de julho, às 19h30, no auditório do Centro Cultural de Taipei (R. São Joaquim, 460, Liberdade, São Paulo). A participação custa R$ 25,00 (com parte da renda destinada ao Projeto Abraço). E ligado aos Jogos Olímpicos de Pequim, outro projeto com que a JCI colabora é a Casa de Beijing, iniciativa da Prefeitura Municipal de São Paulo, e que acontece no Memorial da América Latina entre os dias 8 e 24 de agosto. Para saber como se associar a entidade ou obter mais informações, os contatos são: [email protected] ou o telefone 11/8166-8899. mundo oriental 59 Computex, uma das maiores feiras em tecnologia de informação e comunicação M ais de 36 mil compradores estrangeiros e US$ 20 milhões em oportunidades de negócio são o saldo da Computex Taipei 2008, que aconteceu no início de junho na capital de Taiwan. A Exposição Internacional de Tecnologia de Informação, maior da Ásia e segunda maior do mundo no setor, representa uma plataforma de aquisição em nível internacional. Compradores profissionais do mundo inteiro podem adquirir os mais modernos e variados tipos de produtos tecnológicos de informática e comunicações, como aparelhos para armazenamento de dados, notebooks, placas-mãe e sistemas de segurança para suporte lógico. O recorde do ano passado, de 33 mil compradores, foi batido e o evento é até mesmo um atrativo turístico para o país, sendo um dos mais esperados no calendário. Promovido pelo Conselho para o Desenvolvimento do Comércio Exterior de Taiwan (Taitra, na sigla em inglês) e Associação de Computadores de Taipei, aconteceu no Salão de Exposições de Nankang e no Centro de Comércio Mundial de Taipei entre os dias 3 e 7 de junho, com discurso de abertura do presidente Ma Ying-jeou . Os visitantes e empresários puderam conferir os mais recentes produtos de tecnologia de informática e comunicação, de cerca de 1.500 fabricantes locais e estrangeiros que atuam no ramo. De acordo com os organizadores, o número dos estandes montados no evento chegou a quase 4.500, representando um crescimento de 40% se comparado com o número registrado em 2007. Com o objetivo de ajudar os fabricante taiuaneses a explorar mais oportunidades comerciais, o Taitra organizou uma série de atividades complementares durantes os dias de exposição, convidando mais de 110 compradores internacionais vindos de 32 países, entre eles El Corte Inglés - Investrónica, com sede na Espanha, Esprinet Spa da Itália, e Thomson Consumer Network Solutions dos Estados Unidos, para tais consultas. Além disso, muitos outros comerciantes procedentes de países emergentes, tais como Romênia, Turquia, Polônia, Argélia, Emirados Árabes Unidos, Vietnã e Cazaquistão, foram convidados para estarem presentes nas consultas comerciais. Inovação - Para dar incentivo ao desenvolvimento de mais produtos com grande potencial de exportação, o Ministério da Economia introduziu prêmios de inovação durante a Computex. Na entrega dos vencedores, o vice-ministro Shih Yen-shiang disse que tal reconhecimento deve impulsionar as empresas de ICT no país a promover proativamente a tecnologia de produção e desenho inovador. “Além disso, as companhias que buscam a excelência estão mais dispostas a investir em processos de investigação e desenvolvimento dos produtos”, disse. Simultaneamente ao evento, foi inaugurada também a Exposição WiMAX Taipei, primeira do gênero em Taiwan. A finalidade foi mostrar o avanço tecnológico nacional nas aplicações de WiMAX, em telecomunicações móveis que permitem transmitir dados sem fio a longas distâncias. E 60 empresas, nacionais e estrangeiras, estiveram presentes, trazendo seus novos e variados aparelhos e sistemas. Taiwan estuda desenvolver energia verde com latino-americanos N um fórum realizado no final de maio em Taipei, o presidente do comitê brasileiro da Associação Chinesa de Cooperação Econômica Internacional (Cieca, sigla em inglês), Chien Han-sun, apontou interesse na parceria em desenvolvimento de energia verde entre Taiwan e Brasil. Desde 2000 o país asiático estuda formas de viabilizar acordos com as nações latino-americanas para trabalhar com fontes renováveis de energia, como o etanol, que reduz a emissão de gases que provocam o efeito estufa. Chien disse que em 2006 foi feito um acordo para que ambas as partes se comprometam a colaborar com essa redução. O Brasil foi citado como um exemplo, já que no passado era dependente de importações energéticas e hoje exporta para muitos países. “Com esforço consistente do governo brasileiro, hoje o país é auto-sustentável em consumo energético, e inclusive exporta energia”, disse Chien. O representante do Centro de Comércio Brasileiro em Taipei, Sergio Caldas Mercador Abi-sad disse que “estamos prontos para os negócios”. “Agora temos uma indústria verde altamente desenvolvida e estamos buscando investimentos em todo o mundo”, declarou. Como destacou também o congressista brasileiro Luciano Pizzatto, dizendo aos empresários de Taiwan que seu país precisa de financiamento para esses recursos e que a vantagem brasileira é oferecer terras a bons preços e qualquer pessoa pode adquirir novos terrenos para propósitos comerciais. 60 O evento das tribos de amigos: Anime Friends Especial Anime Friends 2008 escrito por: David Denis Lobão | Com a colaboração de: Daniela Giovanniello e Túlipe Helena | Revisão: Tom Marques Fotos: Arquivo Pessoal / Divulgação/ Reprodução / Cosplay Brasil O início de 2003 foi marcado pela realização de grandes eventos de animação japonesa no Brasil. Nenhuma grande novidade era esperada, quando no início do mês de abril uma notícia abala o mercado nos veículos especializados com a criação de um novo encontro, Anime Friends. “A idéia do Anime Friends surgiu em uma conversa de amigos dentro de uma escola de desenho. Como eu já mexia com eventos e gostava de mangá, tentei me aventurar fazendo um evento segmentado de mangá e anime. Inclusive o nome Anime Friends surgiu de uma conversa no Mc Donald´s da Radial Leste. Reunimos as pessoas que realmente gostavam de anime, são fortes no meio e tinham uma influência bacana dentro desse mundo mágico do mangá e do anime e conseguimos fazer o primeiro Anime Friends. Criamos uma expectativa chamando artistas internacionais, onde todo mundo sempre achou ser impossível”, detalha Takashi Tikasawa, presidente da empresa Yamato Comunicações e Eventos, realizadora do Anime Friends. Artistas japoneses pela primeira vez em um evento brasileiro era de fato o grande trunfo do Anime Friends 2003. A primeira atração anunciada foi o cantor Akira Kushida, intérprete dos temas dos seriados “Jiraiya”, “Jiban” e “Sharivan”. Na seqüência vieram Hironobu Kageyama (temas de “Cavaleiros do Zodíaco”, “Dragon Ball Z” e “Changeman”), além do ator Hiroshi Watari (“Sharivan” e “Spilvan”). Sucesso absoluto, o evento reuniu um público de 22 mil pessoas, número esse que é atingido em apenas um dia das edições realizadas hoje em dia. Cintia Naoko Nishioka, ex-coordenadora geral do evento, detalha cada um dos anos em que trabalhou com o Anime Friends. “Em 2003, a gente não pode falar muita coisa, porque a maioria da organização foi feita pelo Takashi (Tikasawa), então os coordenadores pegaram mais ou menos tudo pronto. Mas eu acho que estruturalmente a Anime Friends 2003 não foi tão bem organizado como os outros anos. Já o Anime Friends 2004 eu acho que a respeito da organização foi muito boa. Todos os coordenadores trabalharam super bem. Mas, o que a gente pecou mesmo foi o local, que não acabou ajudando e com isto acabou resultando muita recusa do público insatisfeito. Não em relação à organização do evento, mas sim pelo local. Agora Anime Friends 2005, foi uma das melhores, pelo fato da localização do colégio, pela disposição dos espaços, pelo fato também da Anime Friends já ser conhecida. Então a divulgação, acabou só aumentando o público que a gente já estimava”. O Anime Friends tem partes boas e ruins não apenas para o público, mas para quem trabalha nos bastidores. “Eu acho que a parte mais legal de ser um staff é o contato que eu tenho com as pessoas”, explica o promoter e staff nas horas vagas Guilherme Stevan Mendes. Já o jornalista e ex-coordenador de dublagem do Anime Friends, Danilo Saraiva lembra o lado chato: “A parte ruim do evento é a falta de senso de alguns visitantes. As vezes reclamam sem motivo algum, nunca estão satisfeitos com a organização, mesmo quando tudo está perfeito. Alguns deles é claro, não a maioria. Generalizar é burrice”. Para manter a imagem do Anime Friends, foi criado todo um universo paralelo de planetas com uma mitologia própria de personagens e mascotes do evento. Além de originarem mangás brasileiros, camisetas, bottons, chaveiros e outros produtos, eles ganham vida através de atores e modelos que vestem as roupas e circulam pela convenção como Jorge William Pedroso: “Eu acho que ser mascote do evento é uma coisa muito legal porque você recebe o reconhecimento das pessoas que vem para os eventos. Olham pra sua roupa e logo distinguem, tiram fotos e às vezes querem abraços, estas coisas”. Não somente para quem trabalha diretamente na organização, o evento tem também seu lado positivo para os lojistas, que montam estandes de venda de produtos e conseguem um lucro maior do que em um dia normal de vendas. “Pra mim é uma coisa completamente diferente, porque faz pouco tempo que eu conheço. Eu não conhecia este universo que é uma feira de animes. Nem uma loja, nada. E eu acho muito interessante as pessoas que freqüentam estas feiras, eu acho um barato eles se vestirem com as roupas dos desenhos, pra mim é tudo diferente”, explica Lilian Cristina Raquel da loja Soneca Anime Club. A primeira edição do Anime Friends ocorreu em São Paulo entre os dias 3 e 6 de Julho de 2003, no Colégio Madre Cabrini no bairro da Vila Mariana em São Paulo. Em 2004 mudou para o Espaço das Américas, na Barra Funda, de 8 a 11 de julho. De 2005 à 2007 foi realizado na Universidade Uni Sant´anna, na Zona Norte de São Paulo, e esse ano muda de novo para um local muito mais extenso, no Mart Center, Vila Guilherme, em oito dias. “Foi uma fórmula que deu certo, foram muitas pessoas que ajudaram, eu não fiz o Anime Friends sozinho”, conclui Takashi Tikasawa. 61 A diversão vai começar: O mundo dos Otakus (fãs de animê e mangá) P ara começar a mais básica e mais polêmica das explicações. Otaku no Japão é nome pejorativo dado aos fãs viciados em alguma coisa, como internet, seriados, bonecos e outros produtos, no resto do mundo são conhecidos como ‘nerds’. No Brasil, durante a febre de Cavaleiros do Zodíaco, em alguns dos primeiros eventos e jornalistas falavam sobre o assunto usando esse termo para designar os fãs brasileiros de anime e mangá. Hoje a confusão é grande. Muitos fãs que freqüentam encontros como o Anime Friends não ligam de serem chamados de otakus. Outros têm pavor da palavra e preferem apenas serem chamados de fãs de animes e mangá. Mas como polêmica pouca é bobagem, outro assunto que sempre gera discussão é a palavra anime grafada com e sem acento. Em português a palavra é grafada com acento circunflexo na letra “e”, mas em inglês (nomenclatura anteriormente adotada como correta) é escrito sem a acentuação como dita as regras da língua. Nomes de revistas (Anime>DO), eventos (Anime Friends) e mesmo algumas publicações optaram por usar o modo como ficou mais conhecido no país, mesmo não sendo o correto em nosso idioma e assim a palavra também é escrita sem o acento. Anime é o nome em japonês designado a qualquer animação, mas no ocidente foi atrelado à animação japonesa exclusivamente. O primeiro desenho japonês que chegou ao Brasil foi “Astroboy”, criado em 1963, exibido aqui no Brasil no começo da década de 70. Mas o destaque só veio em 1994 com a chegada de “Os Cavaleiros do Zodíaco” na TV Manchete, criando inúmeros produtos e virando uma verdadeira febre nacional. O sucesso do anime fez com que chegassem ao Brasil outras animações do mesmo gênero e produtos japoneses relacionados a eles, como fitas de vídeo, bonecos, máscaras, roupas, CDs e publicações. A palavra japonesa “mangá” quer dizer “desenhos irresponsáveis” e foi usada pela primeira vez pelo cartunista e ilustrador Katsushita Hokusai, em 1814. Na década de 50, Osamu Tezuka, considerado o “Walt Disney japonês”, estabeleceu o padrão visual e narrativo do gênero: traços estilizados, ágeis e narrativa cinematográfica. Os olhos dos personagens não são puxados, como dos orientais, e sim grandes, redondos e brilhantes. Grande fenô- 62 meno da cultura de massa nipônica, o mangá está em toda parte, é um espelho moral que representa e orienta o cotidiano japonês. Atualmente, as revistas de mangá possuem os mais variados formatos e estilos. Jovens, adultos, crianças, homens, mulheres, homossexuais, existem quadrinhos para cada público alvo no Japão. O fã de anime e mangá que vai a um evento pode ou não estar inserido dentro de outra tribo. Sendo assim podemos considerar um otaku também um cosplayer ou fanzineiro, assim como um cosplayer e/ou um fanzineiro que não goste dos quadrinhos e das animações japonesas. Carlos Arruda, professor universitário e mestre em semiótica (estudo dos signos da comunicação) tem sua visão sobre a interação do público otaku: “O diálogo se dá entre eles porque eles falam a mesma linguagem. Então num mesmo ambiente você pode encontrar jovens, mais velhos, homens, mulheres. São etnias diversas, padrões sociais, níveis sociais diferentes, com diferenças bruscas mas pode existir um denominador comum entre eles todos que é um padrão, um gosto, uma linguagem. Mas na hora que acaba o encontro vai cada um pro seu canto e reestabelece entre outras pessoas uma determinada linguagem. No trabalho é diferente, na família é diferente e quando você está com o seu grupo, tem uma (linguagem) própria pro grupo”. A psicóloga Denise Romoro, que trabalha com orientação de jovens entre 18 e 25 anos alerta para os perigos destes relacionamentos “Em termos, eu acredito que é positivo no desenvolvimento. Agora o que empobrece é o viver da fantasia apenas, eu acho que é um tipo de relacionamento onde tudo fica muito controlado, muito previsível, e a vida real não é assim. As mudanças estão ocorrendo muito rápido, as pessoas estão tendo chances consideráveis de se frustrarem, de se sentir insatisfeito. Eu ouço a queixa da solidão, do medo e às vezes as pessoas estão em multidões mas não tem com quem trocar, não tem interação, não tem complementaridade”. Márcia Correia também é psicóloga e freqüentadora dos eventos e tenta explicar o fenômeno otaku na vida de um adolescente. “A gente pode comparar o “otakismo” a um gosto musical, por exemplo, onde as pessoas podem trocar o gosto musical e podem ter bandas que elas gostam, até ficarem velhas. Eu acredito que na maioria dos adolescentes seja mesmo uma passagem porque é uma fase que o adolescente gosta de trocar, diversidade, então eu acho que essa coisa de fazer cosplay ou de se interessar por tribos diferentes, mudar o visual, isso é muito característico do adolescente, então pode ser uma passagem sim pra fase adulta mas pode ser pra outras seja um hobbie que vai ser seguido aí por muitos anos”. O “otaku comum”, se assim podemos nomear, é aquele que visita os estandes, compra produtos, assiste os shows e apresentações no palco, vê os fanzines expostos, encontra-se com os amigos ou passeia com a família pelo evento, enfim aproveita cada atração. É a tribo mais numerosa e fácil de achar em uma convenção como o Anime Friends. 63 O mundo dos jornalistas e desenhistas amadores: Fanzine Expo A lguns jovens desajeitados empurram as pessoas à sua volta para conseguir chegar às mesas dos desenhistas e expositores, que também fazem parte do grupo de atrações de feiras e eventos de anime e mangá. O que desperta tanto interesse nesse público diferenciado, os otakus, são os fanzines. Fanzines são publicações independentes, produzidas de fã para fã, não importando se o autor é amador ou profissional. Justamente por ter um caráter independente, a qualidade destas publicações varia bastante indo desde fanzines rodados em xerox até aqueles rodados em gráfica, mas todas estas publicações têm um ponto em comum, não são distribuídas em bancas”, explica Fabrizio Yamai, diretor da escola de mangá AreaE em São Paulo. O termo fanzine é usado desde a década de 70. A palavra é resultado do neologismo dos termos em inglês fanatic e magazine, o significado em português é ‘revista do fã’. Por tratar-se de uma publicação amadora, com uma tiragem pequena e impressa artesanalmente, os fanzines não possuem regras para sua edição e dependem da disponibilidade e do orçamento de cada editor. A falta de peridiocidade faz com que não seja criada uma diretriz editorial. Os fanzines são para os seus produtores uma atividade paralela e podem ser divididos em quatro grupos: ficção científica, música, gêneros diversos e quadrinhos. As histórias em formato mangá são maioria dentro do Fanzine Expo, maior feira de fanzines do país, com mais de 200 participantes por ano e que possui sua maior edição com 120 fanzineiros dentro do Anime Friends, destacando-se o gênero yaoi (histórias com garotos homossexuais) entre as meninas, e o hentai (erótico) entre os meninos. “Desde pequena eu sempre assistia os famosos animes. Via que eram diferentes dos convencionais, mas de alguma forma o anime me chamou muita atenção. Há uns cinco anos trabalho nesta área e a mais de dois sou profissional. Então acho que estou provando a muitos que desistiram pelo caminho, o poder destes olhos grandes”, desabafa a desenhista Luciana Rodrigues, uma fanzineira que deu certo na profissão e lançou sua primeira história profissional pela editora ZN. 64 O público que compra os fanzines e prestigia o trabalho, no entanto, às vezes pode ser cruel com o novo desenhista. “Legal a gente ver que nosso trabalho está sendo visto. Apesar das pessoas virem falar com a gente mesmo com crítica ou com um elogio é bom. O elogio ajuda a gente a ir cada vez mais e a crítica pode ajudar por um lado e prejudicar pelo outro. Mas acredito que a crítica ajuda a gente a evoluir mais do que um elogio”, explica Tainá Camilo, hoje também desenhista profissional. Os desenhistas profissionais, geralmente são ex-fanzineiros, que começaram a mostrar seus trabalhos em eventos de anime. De lá saíram as roteiristas Petra Leão e Fran Briggs (Mercenários, Editora Trama), além dos desenhistas Bárbara Linhares e Walmir Archanjo (Sugoi, ZN Editora). Muitos desenhistas ainda encontraram espaço no mundo dos desenhos animados, que cresce a dia no país. As aventuras do “mangá brasileiro” (quadrinho nacional baseado no traço oriental) “Holy Avenger” virou desenho animado e é dono do título de primeiro anime nacional em série televisiva e longa metragem. Os responsáveis são os profissionais do Studio Escola de Cinema e Animação de São Paulo. Na equipe está o editor de imagens Hugo Casserta, que trabalhou no longa “Cinegibi” (de Maurício de Souza) e é fã dos bons e velhos fanzineiros, sempre prestigiando o trabalho deles nas convenções paulistas. Hugo também trabalhou no Anime Friends. 65 Vampiros, demônios e donzelas: RPG Festival - A Tribo dos RPGistas “ Ana começou a erguer a cabeça levemente, revelando os olhos vermelhos como brasas e as presas saltavam da boca”, com estas palavras o autor Rick Nobre descreve uma vampiresa no livro “Irmãs de Sangue”. Os seres da noite, são presenças constantes dos melhores e piores contos de RPG (Role Play Games), os jogos de aventura. Na tribo dos RPGistas, o mundo da realidade fantástica ganha vida e forma. Não basta apenas conhecer os níveis (de força, velocidade, inteligência, entre outros) e as classes (superior, nobre etc) você precisa entrar neste universo, agir e vestir-se como um dos personagens. O jogo é ‘real’ e depende do fã quebrar a barreira da realidade e cair de cabeça na ficção. Não é difícil para os brasileiros entrarem de cabeça neste mundo em meio a um evento de 42 mil pessoas. A televisão nacional já é acostumada a retratar a realidade mística e a multiculturalidade do nosso país há anos. Das novelas de Aguinaldo Silva com “Chuva de Ouro” ou “Deusas do Mar” até produções estrangeiras como os tão falados desenhos japoneses. Esta tribo de aventureiros fantásticos tem suas divisões e nem sempre um fã de RPG gosta de tudo que é proposto a ele. Quando um grupo de fãs reúnem-se em uma mesa, eles podem jogar RPG com apenas lápis e papel iniciando uma partida simples de ‘RPG de mesa’, onde o mais comum é “Vampiro”, um jogo com as populares e já citadas criaturas noturnas que podem beber sangue ou sugar energia de suas vítimas. Ou podem estar com inúmeras cartas na mão para uma rodada de ‘Card Game’. No Card (estampa ilustrada) podem conter um horripilante gárgula da série “Magic” ou um meigo “Pikachu” do anime “Pokémon”. Os tipos e quantidades são incalculáveis. Qual é melhor? Vai da preferência de cada um: “Eu gosto de jogar jogo de cartas. Porque é mais divertido, dá pra bolar algumas estratégias interessantes com as cartas que já vêm prontas”, explica o representante co- mercial Rafael Yugi Matsuura. Mas se o RPGista está em um campo correndo, pulando ou brigando de ‘mentirinha’ com alguém, pode estar no meio de um ‘Live’, onde seria o ato de literalmente viver o RPG, interagindo com os demais jogadores, conversando e tentando desvendar algum enigma para vencer no jogo. Nesta modalidade, se assim podemos chamar, temos os mais variados tipos em um evento do porte do Anime Friends, como a ‘Arena Medieval’ com os fãs lutando com espadas de espuma que não machucam ou uma ‘Batalha Campal’ completa organizada por um grupo especializado. Mas nem todos esperam o evento para jogar, é o caso da estudante Marina Satie, que no evento prefere passear com os amigos. “Quem apresentou-me ao RPG foi minha irmãzinha, ela jogava de mesa, só que eu nem gostei muito. Depois que descobri que dava pra jogar em bate-papo, achava super legal, porque não tem muita regra, mais ‘sussa’. E eu não fico encarando a pessoa com aquela cara de ‘então o que você faz?’”. Seja pela internet, em um evento de animes ou em qualquer local, o objetivo no entanto permanece o mesmo, subir mais níveis e ganhar mais habilidades. 66 Liga o videogame menino! Press Start: O mundo dos gamers P assaram-se mais de 30 anos desde 1972 quando surgiu o primeiro console (aparelho de videogame) doméstico da história. Clássicos como “Pac-man”, já pertenciam ao cemitério dos games, quando “Sonic” (Mega-Drive), “Alex Kidd” (Master System), “Super Mario” (Nintendinho) e “Donkey Kong” (Super Nes) dominavam o mercado nos anos 90 e surgiam os primeiros eventos de games no país com campeonato de jogos esportivos (“California Games”, por exemplo) e de luta, no qual “Mortal Kombat” e “Street Fighter” brigavam pela preferência do fã. Não importava sua classe social, tinha sempre um game ao seu gosto e ao seu bolso, fazendo dos videogames, uma mania nacional. Mas chegamos ao final dos anos 90, a moda do anime Pokémon chegou para transformar o Game Boy no console mais vendido da história, fazendo uma forte ponte até então inédita, do mundo dos jogos eletrônicos com o mundo dos heróis orientais. Com este novo conceito o Anime Friends criou a atração Press Start, que com suas máquinas de fliperamas e campeonatos dos consoles mais atuais, levaram inúmeros gamemaníacos (ou gamers) a se enfrentar em campeonatos de futebol, corrida e jogos de luta como “Super Smash Bros” da Nintendo. Hoje em dia o Anime Friends continua sendo o maior ponto de encontro deste público, que antes treina em locadoras e lojas especializadas (lan houses). Na hora do ‘pau’, vai do gosto de cada um sobre que jogo por no console e jogar. “Eu prefiro jogar XBOX360 que é um console mais avançado. Os gráficos dele são bem melhores e gosto de jogos como “Need For Speed” porque tem um tipo de adrenalina. Melhor de jogar, mais divertido”, explica o estudante Vinícius Merida. Assim como Merida o número de jogadores dos campeonatos de corrida de carros aumentam a cada dia, os gamers se concentram no jogo como se fosse um racha de verdade ou uma corrida de formula um. “O campeonato de “Need for Speed” é uma modalidade de sucesso dentro do evento (Anime Friends). E está tendo uma grande procura devido aos carros tunados, que estão cada vez mais populares no Brasil. A gente deve re- 67 conhecer que é um mercado que está crescendo cada vez mais na parte de games e até mesmo na parte motora de automóveis”, explica Marco Antonio de Oliveira dono da loja “Soneca Anime Club”, organizadora dos campeonatos. Os games e campeonatos não tem sexo e nem idade, todos podem jogar juntos. Este é o caso do webmaster Karlos Kusunoki, 26, que sempre joga com os irmãos mais novos, com os amigos e até com a esposa. “Gosto de jogar bastante qualquer jogo de videogame. Esporte, luta, corrida. Jogo faz tempo já desde pequeno. Eu gosto de jogar bastante contra uma pessoa, mas se só da pra jogar sozinho não tem problema também”. No entanto a nova moda são os jogos online, que permitem interação dos jogadores pela internet. Dentre estes games destacam-se o coreano “Ragnarok”, sucesso no Brasil desde 2004, ajudando a lotar as lan houses, lugar de encontro diário para alguns gamers. E para quem acha que videogame não se aprende na escola, já existe universidade de games no Brasil. Entre elas está a pioneira Anhembi Morumbi, que oferece o curso de Designer de Games em seu campus Morumbi em São Paulo para o gamemaníaco que quer sair da frente da tela, para os bastidores. 68 Aqui Xuxa não tem vez: YCC e Circuito Cosplay - O Mundo dos Cosplayers Q uando ela diz: “Vai xuxu” a platéia vai ao delírio. A estrela no palco não é nenhuma apresentadora milionária, pelo contrário, aqui as grandes não tem vez. Kira (apresentadora do “Band Kids”) e Sabrina Sato (do “Pânico”) já tentaram, mas o reinado do concurso de Cosplay pertence à Mariama Monteiro ou “Plu”, como é mais conhecida. Quando ela entra em cena todos sabem que o show vai começar e com ele virão uma série de bordões. As conseqüências após o evento são várias comunidades no Orkut como “A Plu baixou o nível” e “Eu adoro a Plu”. O concurso de cosplay é o ponto alto e a atração mais cara da maioria dos eventos de anime. Seriam todos, se não fosse pelo Anime Friends, onde o show com os artistas internacionais ocupa a vaga de maior programa do dia para os fãs que freqüentam a convenção. O Cosplay (costume play) é a palavra designada para as pessoas que se fantasiam como seu personagem preferido e passam a interagir com outras como se fosse o próprio ser e não ela mesma. Um cosplay também costuma se apresentar em um concurso num palco como um ator, interpretando uma cena do seu objeto de fascínio, que pode ser uma série, um filme, um desenho, um livro, ou qualquer outra mídia. O Cosplay nasceu nos Estados Unidos nos anos 70 com os fãs de “Jornadas nas Estrelas” visitando fantasiados a suas convenções. Em pouco tempo a moda chegou ao Japão e os fãs nipônicos de animes e mangás, aderiram à moda indo aos eventos vestidos como “Sailor Moon”, “Nacional Kid” ou em casos extremos como um “Cavaleiro do Zodíaco”. A moda chegou ao Brasil nos anos 90 e logo se expandiu para todos os eventos de anime e mangá produzidos por aqui. O encontro de fãs que não tivessem um bom número de pessoas fantasias era sinal que tinha algo errado. E este fascínio atinge todas as idades com bebês de seis meses vestidos de “Zezé” de “Os Incriveis” e “Super Mario” pelos pais, até senhoras e senhores de mais de 50 anos vestidos de “Yuna” de “Final Fantasy” ou “Piccolo” de “Dragon Ball Z”. O maior número de cosplayers (nome dado aos fãs que fazem cosplay) é concentrado no Anime Friends. No total participam do concurso mais de 800 pessoas e ainda faltam vagas, pelo evento são quase dez mil fantasiados. Tanto sucesso é atribuído ainda aos bons prêmios como o valor de R$3.500,00 para o vencedor do concurso Yamato Cosplay Cup (YCC) ou uma moto 0Km para o vencedor do Circuito Cosplay. Uma dúvida sempre presente é qual o critério de avaliação adotado e neste aspecto depende do concurso. “Eu avalio a roupa, interpretação, como é que o pessoal está se comportando no palco. Se a roupa está fiel ao personagem e se a apresentação também está fiel”, exemplifica uma das juízas mais experientes do evento Laís Sorgiacomo, culinarista. Existem três tipos diferentes de concursos. No “Desfile” a única coisa que importa é o cosplay em si e é dada uma nota pela fidelidade da roupa 69 com o personagem. No “Livre” é avaliado a criatividade do cosplay no modo de fazer a apresentação e a fantasia. Já no tradicional (no qual Laís é juíza), o que vale é a fidelidade total, tanto do cosplay quando da apresentação. Mas nem todos fazem cosplay para se apresentar, muitos estão do lado de fora dos concursos, usando a roupa apenas para se divertir, seja individualmente ou em grupos. Este é o caso da designer Paula Porn, que ainda lembra de sua primeira roupa, “Sailor Vênus” em 2001. “Eu fiquei feliz que todo mundo reconheceu o cosplay e não foi tão ruim assim. Mas não fiz (grupo) e nem tenho vontade”. Diferentemente de Paula está a programadora Ana Paula Pereira, que não perde a chance de reunir os amigos em nome de um desenho ou game que todos sejam fãs. “Eu amo fazer um grupo de cosplay. A gente se reúne com os amigos. O vínculo fica maior entre a gente. A gente se diverte, a gente gosta, a gente ama”. Ana compara ainda o amor pelo cosplay ao amor que uma passista sente por uma escola de samba. Ambas se preocupam por um ano com a apresentação, desde a escolha da roupa, até o resultado final. Então que comecem os desfiles e que vençam os melhores. 70 Salas Temáticas: O Senhor da Vassoura - Episódio 9 S empre que um novo filme de Harry Potter chega aos cinemas, a SET, principal revista de cinema do país dedica quatro capas diferentes ao filme na mesma edição. Não apenas ela, mas várias revistas de cultura pop e entretenimento abrem espaço para o bruxinho. Com tanto sucesso ele invadiu novas áreas como alguns de figurinha, brinquedos, CDs e eventos de anime. O que um bruxo inglês, uma produção filmada na Nova Zelândia e sagas espaciais tem a ver com a cultura japonesa? Todos estão juntos no Anime Friends. No animekê qualquer tipo de música pode ser cantada, no concurso de cosplay vale se fantasiar de qualquer personagem de qualquer mídia e o mais importante as salas de exibição e de fóruns abrem espaço para produções temáticas como “Harry Potter” (Tribo dos Potters), “O Senhor dos Anéis” (Hobbits), “Guerra nas Estrelas” (Jedis) e “Jornada nas Estrelas” (Trekkers). Assim os fãs de cartoons (desenhos animados americanos), comics (quadrinhos americanos) e até de boas e velhas produções latinas encontram seu espaço. Muitos têm convenções próprias, mas nenhuma tão grande, com tanto público e tantas opções como dentro do Anime Friends. Na sala do clube “Cospobre”, por exemplo, é possível assistir episódios do nacional “Castelo Rá-Tim-Bum” e dos mexicanos “Chaves” e “Chapolin”, o maior herói da América Latina. Os fãs vibram cada vez que as portas do castelo abrem ou Kiko leva um tombo. E não estamos falando de crianças. A sala está lotada de adultos com no mínimo vinte anos de idade. Na sala dos Potters, aulas de magias, encontros de bruxas Wicca e leitura de mãos estão entre as atrações. Mas porque gostar tanto assim de um livro ou filme? Um bom fã tem sempre a resposta na ponta da língua: “As pessoas gostam de Harry Potter porque é uma fuga da realidade, ponto. Quem não gostaria de ter uma varinha pra resolver os problemas. Aqui no mundo real não tem este tipo de coisa. Você tem que batalhar e lutar pra conseguir as coisas, lá não, é tudo através da mágica”, explica a jornalista Maria Luíza Medrado. Na sala dos Trekkers e dos Jedis, a coisa é mais séria ainda. Senhores e senhoras, advogados e engenheiras, de mais de 40 anos interagem vestidos como os personagens em jogos de perguntas e respostas (quiz) e em brincadeiras variadas. “As pessoas gostam de interagir porque é uma maneira de você estar mais próximo do personagem, é uma maneira de você ter novas perspectivas sobre livros, filmes, você vai ouvindo opiniões diferentes e também agregando novos conhecimentos sobre aquele assunto”, conclui Maria Luíza. Entre as figuras exóticas destacam ainda os viciados em Senhor dos Anéis, disputando espaço com outros pequenos grupos de fãs de várias outras obras da ficção científica moderna como “Matrix”, “Arquivo X” e “Os Simpsons”. O slogan do Anime Friends de “o evento de amigos” e não “o evento de anime”, nunca esteve tão forte e presente. Não importa qual seja sua tribo, você encontra seu espaço na Anime Friends, a maior convenção multicultural do Brasil. 71 72 Não chamem-nos de Pumpeiros: A tribo dos Pumpers N o mundo do Anime Friends a tribo que sofre mais preconceito e também a mais isolada é a tribo dos pumpers. Quem não simpatiza com os dançarinos até arrumou o apelido pejorativo de pumpeiros. Aparentemente deslocados no meio do evento, eles não estão tão distantes assim da realidade do anime e mangá, mas levaram os seus campeonatos das ruas para dentro do evento. A maioria dos dançarinos campeões são negros, da classe média baixa, moradores da periferia, entre 20 e 30 anos. “Na sua maioria são pessoas vindas do (movimento) hip hop que dançam break. Eles dançam em cima da Pump e assim chamam bastante gente e isto acaba fazendo um grupo social que dança Pump fique unido e eles fazem amizade cada vez mais”. Explica a modelo e atriz Marilia Mazzeo. Mas o pump tem fãs de outras etnias, é o caso do representante comercial Gustavo Chagas, descendente japonês: “Quando conheci a Pump, um amigo me levou pra conhecer. A gente foi pra passar o tempo, acabei gostando e danço até hoje. Isto faz uns dois, três anos já”. Os japoneses assimilaram à máquina o seu cotidiano, é comum ver grandes grupos aglomerados na máquina para dançar. Todos que começam a dançar serão bem recebidos, ganharão seu espaço e não há brigas ou divergências. Marilia tem uma aparência bem diferente da usual dos freqüentadores, branca, loira e de olhos azuis, foi bem recebida pelos pumpers. “Comecei a dançar pump há mais ou menos uns quatro anos. Geralmente o pessoal se reúne para fazer alguns campeonatos ou treinar mesmo”. A jovem, no entanto, acrescenta que não é uma pumper e sim uma steper, nome dado a pessoa que dança em vários tipos de máquina. Ainda existem no Brasil “Samba” e “DDR”. Diz ainda que não é ‘Coreô’, nome de quem faz coreografias elaboradas em cima de uma das máquinas, como o break na Pump. A máquina de dança Pump é coreana, possui cinco setas e o tempo entre cada uma vale dois segundos. Das máquinas disponíveis no mercado nacional é a que faz mais sucesso pois é mais relacionada a anime e mangá com clipes ao fundo dos cantores japoneses ou desenhos animados. São encontradas nas cidades de São Paulo e Curitiba. Na capital paulista ela é encontrada em fliperamas e ‘lan houses’, a maior concentração de pumpers está em lojas como “Lord´s” (Centro e Tatuapé) e “Unit Zero” (Vila Mariana). As músicas são divididas em duas categorias: as oficiais, vêm de fábrica no CD da máquina, e as demais que podem ser compradas a parte. As músicas de maior sucesso são as de J-Rock (rock japonês), J-Pop (música pop japonesa) e o Hip Hop, ritmo que faz muito sucesso no Japão. Fora de São Paulo, no entanto, principalmente nas cidades do Rio de Janeiro e Florianópolis, o sucesso das máquinas de dança está em “DDR”, da empresa japonesa Konami. Nela também encontramos dançarinos de Break, mas estão presentes apenas quatro setas (cima, baixo, esquerda e direita), com tempo parecido com a pump. Existem variados estilos da dança no título, inclusive um onde os movimentos são combinados entre pernas e braços, com ajuda de lasers. Os vídeos de fundo ganharam popularidade, pois apresentam desenhos com os próprios personagens do universo criado pela DDR. E por fim temos “Samba”, não é popular e detestada pelos pumpers. É uma máquina mais comum na América Latina e encontrada mais facilmente em shoppings das cidades grandes. Com um tempo mais rápido que as suas concorrentes, possui um nível de dificuldade menor em relação às outras. As imagens da tela também são criticadas por usarem montagens de jogos de videogame enquanto é possível dançar até mesmo pagode. Que o game, ou melhor, a dança, comece! 73 A cara da voz: A tribo dos Fandubbers N os 50 a primeira produção dublada no Brasil, o programa “Ford na TV” foi ao ar, desde então muita coisa mudou. Nos estúdios, os dubladores passaram a fazer seus trabalhos sozinhos e não em grupos como anteriormente, além dos salários terem uma melhora significativa após greves e manifestações. Mas a mudança mais marcante foi a presença de jornalistas e fãs nos estúdios. Sim, os dubladores agora eram ‘estrelas’. Quando o seriado mexicano “Chaves” estreou na televisão brasileira em 1984, os fãs queriam saber de quem eram aquelas vozes que davam vida ao seriado, mas poucos estúdios abriam espaço para os fãs. Como é retratado no livro “Versão Brasileira”, do dublador Nelson Machado (a voz do Kiko), em 1994 tudo mudaria quando o então diretor de dublagem Gilberto Baroli, permitira que um jornalista da revista Herói (atual Editora Futuro) entrasse nos estúdios da “Gota Mágica” em São Paulo e fazer reportagem com os dubladores do desenho japonês “Os Cavaleiros do Zodíaco”. Depois deste momento o estúdio receberia inúmeros fãs (que acompanharam a dublagem de perto, dando sugestões e críticas), com notícia inclusive na televisão, os dubladores de Seiya, Shiriu, Saori, entre outros dando entrevistas ao Jornal da Manchete. Os atores sempre restritos aos bastidores ganharam os holofotes e de lá nunca mais saíram. Seus nomes e rostos passaram a ser reconhecidos em eventos, onde compareciam em peso para dar palestras, conversar com seu público fiel e serem homenageados. O primeiro prêmio surgiria em 1997 no evento Mangácon, onde homenagearia um dublador por ano com um troféu, durando cinco edições, seu primeiro vencedor foi o próprio Baroli. A premiação seria repetida, em um nova fórmula, a partir de 2004 no evento Anime Dreams. No entanto, antes do prêmio voltar, os dubladores ganhariam seu próprio prêmio, o “Prêmio Yamato”, conhecido como “Oscar da Dublagem” brasileiro. A partir de uma idéia do dublador José Parisi Jr, o empresário e dono do Anime Friends, Takashi Tikasawa, resolve que a primeira edição de seu evento não teria uma simples homenagem aos dubladores ou uma palestra e sim uma noite completa de premiações. Nascia assim um prêmio como nunca tinha se visto nos 50 anos da história da dublagem brasileira. Os fãs de dublagem compareceram em massa para assistir a premiação, que até hoje se mantém com muito sucesso e cobertura não apenas da mídia especializada, mas da mídia em geral. Nomes conhecidos como Marisol Ribeiro (atriz da novela América) já concorreram ao troféu e estiveram presentes nesta noite de gala. Assim como Larissa Tassi, cantora das aberturas de “Os Cavaleiros do Zodíaco” e “Guerreiras Mágicas de Rayearth” em um show inédito. E a premiação chegou na hora certa. Os fãs estavam organizados e criavam clubes para dublar seus programas favoritos que ainda não tinha uma versão no país. E novamente a série escolhida foi “Os Cavaleiros do Zodíaco”, com seus episódios inéditos da quarta fase: “Hades”. Os fandubbers, como eram conhecidos, já haviam dublado sete episódios da série quando viram a dublagem chegar ao seu auge nos eventos de anime. O Oscar da Dublagem levou ao Anime Friends mais de 60 dubladores entre estúdios do Rio de Janeiro e São Paulo. A festa da voz estava completa, os fãs amadores que tentavam dublar em um estúdio improvisado estavam cara a cara com seus maiores ídolos. E para o público restava alegria de ouvir ao vivo Hermes Baroli, o dublador do Seiya verdadeiro (protagonista de “Os Cavaleiros do Zodíaco”), gritar ao vivo “Me dê sua força Pegasus”. 74 game Os games censurados no Brasil C om o lançamento do polêmico “GTA IV” no Brasil falaremos de outros jogos com temática violenta que foram banidos do território nacional. Desde sua primeira versão, “GTA” traz cenas de violência gratuita como atropelamento de idosos, brigas de gangues, roubo de carros entre outras. Nos EUA, logo que foi lançado, as discussões sobre o quão nocivo esse tipo de jogo é para as crianças e adolescentes começaram a se inflamar. A quarta versão do game foi lançada este ano e uma das novidades é que o jogador pode continuar roubando os carros, porém, quebrando os vidros e fazendo ligação direta. Entretanto, apesar disso tudo, não há restrição à venda do jogo nos EUA, assim como outros jogos que possuem a mesma temática. O que acontece por lá é que os fabricantes são obrigados a providenciar um alerta na embalagem do produto sobre o conteúdo inadequado para as crianças. Aqui, no Brasil, a situação é outra. A classificação etária nos games existe também, assim como em programas de televisão, mas, parece não ser suficiente para nossas autoridades. Só este ano, por causa das mais diferentes razões, a Justiça tirou de circulação três jogos: “Counter Strike”, “Everquest” e “Bully”. As alegações para as proibições No início do ano, o Procon anunciou que o recolhimento das lojas do estado de Goiás os jogos “Counter Strike” e “Everquest”. Ambos os jogos chegaram ao mercado em 1999 e foram retirados de circulação sob a alegação de serem impróprios para o consumo, como informado em comunicado no site do Procon: “foram considerados impróprios para o consumo, na medida em que são nocivos à saúde dos consumidores”. A decisão foi do juíz federal Carlos Alberto Simões de Tomaz, do Estado de Minas Gerais e válida em todo o território nacional. De acordo com o juíz, “Counter Strike” estimula a violência e “Everquest” “traz iminentes estímulos à subversão da ordem social”. “Counter Strike” chegou às lojas em 1999 como um mod para o jogo “Harf-life”, após o sucesso, a detentora do jogo Valve Software, comprou os direitos do mod. É considerado o jogo de tiro mais popular do mundo, onde é mostrado o clássico conflito entre mocinhos e bandidos (no caso, terroristas). Durante o jogo, duas equipes se enfrentam em partidas via web e as missões dos times vão desde armar bombas (ou desarmar) até a total aniquilação dos adversários, com ajuda de mapas e equipamentos diversos. É mais um jogo de estratégia do que de tiro propriamente dito. O comunicado do Procon afirma ainda que o RPG “Everquest”eva o jogador ao total desvirtuamento e Texto: Daniela Giovaniello conflitos psicológicos ‘pesados’; pois as tarefas que este recebe, podem ser boas ou más”. O game é um RPG on-line (MMORPG) lançado em 1999 e desenvolvido pela Sony Online Entertainment, sendo considerado uma das referências desse gênero de jogo, mostra os conflitos de magos e guerreiros com monstros em uma outra dimensão. “Bully” foi desenvolvido pela “Rockstar”, a mesma de “GTA”, o jogo foi proibido por aqui em liminar do Ministério Público do Rio Grande do Sul sob alegação de: “Ambientado em escola de nível médio, Bully retrata, fundamentalmente, situações ditadas pela violência, provocação, corrupção, humilhação e professores inescrupulosos, nocivo à formação de crianças e adolescentes e ao público em geral”. Em “Bully” o jogador será o estudante rebelde Jimmy Hopkins de 15 anos que passará por brigas e confusões no colégio, além de freqüentar as aulas. Afinal é ou não é censura? Essas proibições podem ser chamadas de censura. Assim como discos, filmes e livros, os jogos de videogame são produtos culturais, assim sendo, se os primeiros não foram banidos, o mesmo valeria para os games. É a chamada liberdade de expressão que nos EUA funciona e é o que impede que games como esses e como o “GTA IV” não sejam proibidos, confiscados ou banidos. No fim das contas, já vivemos a censura disfarçada pela faixa etária nos programas de televisão e cabe aos pais dessas crianças e adolescentes deixá-las assistirem ou não a eles. Por que o mesmo não pode acontecer com os games? vitrine 75 76 eventos Cosplaycon conquista seu espaço em São Paulo R ealizado nos dias sete e oito de junho, o evento Cosplaycon trouxe um grande público em sua primeira edição como convenção solo de animê e mangá. O evento, com uma temática voltada à arte de fazer cosplays, não decepcionou mostrando um grande time de cosplayers, que se esforçaram para mostrar apresentações criativas e inovadoras. O evento já teve três edições anteriores junto ao famoso Anime Fantasy. Nesta versão solo, o evento mostrou que veio para ficar e entrar para o calendário oficial dos fãs de animê e mangá antes do Anime Friends, servindo como um aquecimento para o evento. Realizado na Associação Miyagi Kenjinkai do Brasil, no bairro da Liberdade em São Paulo, os cosplayers se sentiram incentivados pelas disputas de vagas para o YCC, YBC e ainda para somar pontos no Circuito Cosplay Livre fazendo com que o público tivesse dois dias de puro entretenimento. O evento também contava com a área de jogos, o Press Start, e vários estandes, vendendo muitos produtos, além da área de alimentação. Texto: Felipe Marcos | Fotos: Rodrigo Hideo e Liz Micheleto Resultados dos concursos culturais Categorias de Cosplay Livre Individual: Marcos ‘Bardo’ Teixeira Livre Grupo: Sweet, Diogo, Allan, Henrique E Skay Desfile: Thais ‘Yuki’ Jussim Tradicional Individual Feminino: Ana Paula Ribeiro Tradicional Individual Masculino: Marcos ‘Bardo’ Teixeira Tradicional Grupo: Juliana ‘Ju Tsukino’ E Loren ‘Lola’ Dança Dos Cosplayers: Luciana E Henrique Animekê Categoria Única: Silas ‘Aniki’ animê 77 “Death Note” é o novo alvo da indústria hollywoodiana Texto: Túlipe Helena O mangá “Death Note” (“Caderno da Morte”) é mais um título japonês que inspirou diversas adaptações em outras mídias, e como os concorrentes, ele também chamou a atenção da indústria cinematográfica de Hollywood. “Death Note” conta a história de Yagami Raito, um aluno exemplar que acaba encontrando um caderno que causa a morte à pessoa que tiver o nome escrito nele. Tudo começou com a série de mangá “Death Note” escrita pelo mangaká Tsugumi Ohba e ilustrada por Takeshi Obata. A publicação foi feita inicialmente pela revista Weekly Shonen Jump, de janeiro de 2004 a maio de 2006. Foram ao todo 108 capítulos em 12 volumes. O mangá é uma mistura dos gêneros: ficção e policial. Como curiosidade o mangá e o animê de “Death Note” possuem diferenças em seus finais. Somente o animê possui uma história após o fim. Com relação aos licenciamentos, o mangá inspirou um jogo de videogame baseado no animê, “Death Note: Kira Game” foi lançado para o console Nintendo DS, em fevereiro do ano passado. A responsável pelo desenvolvimento e distribuição do jogo foi a empresa Konami. No Japão foi produzido o terceiro filme que se chama “L”. O foco desta produção é a história de L no animê. Trata-se de um “spin-off ”, uma história alternativa dedicada ao personagem. O ‘remake’ americano de “Death Note” Após o lançamento dos três filmes “Death Note”, “Death Note: The Last Name” e “L Changes the World”, está prevista a produção de uma versão americana do animê. No início deste mês, começaram a circular informações pela internet de que a produtora Vertigo Entertainment estaria desenvolvendo um novo filme inspirado no mangá. A produtora responsável pelo desenvolvimento e produção de vários títulos asiáticos, também é responsável por outras adaptações, dentre eles: “Ju-on” (“The Grudge” ou “ O Grito”), “Dark Water” (“Água Negra”), “Gin gwai” (“The Eye”) e “Shutter” (“Imagens do Além”). As adaptações do mangá O animê inspirado no mangá foi dirigido por Tetsuro Araki, no estúdio Madhouse. A exibição original aconteceu de outubro de 2006 a junho de 2007, nas emissoras Nippon TV, Cartoon Network, GMA Network e Animax. Ao todo foram exibidos 37 episódios. Uma light novel, intitulada “Death Note Another Note Los Angeles BB Renzoku Satsujin Jiken”, também foi feita. A produção foi de Ishin Nishio com ilustrações de Takeshi Obata. A produtora Shueisha lançou a obra em agosto de 2006. A série “Death Note” foi adaptada em dois longa-metragens live-action pela Warner Bros japonesa, “Death Note” e “Death Note: The Last Name”. O tema dos filmes é a primeira saga do mangá. O primeiro filme foi lançado em junho e o segundo em novembro de 2006. A empresa teria contratado Vlas e Charles Parlapanides, roteiristas de diversos programas da TV americana, para escrever o roteiro. A expectativa é que o filme seja feito no melhor estilo americano de fazer grandes adaptações. 78 mangá Naruto: Uma história ainda sem fim. Por enquanto! V ocê já deve ter ouvido falar em “Naruto”, certo? Se ainda não, sabia que a história começou como um mangá e depois virou animê? Sim! A história é basicamente a mesma: Naruto é um aprendiz de ninja que precisa ser aprovado em várias tarefas complicadas para se tornar o melhor na vila onde vive, mas ninguém lhe quer bem por lá, porque o garoto é a reencarnação de uma raposa de nove caudas, um monstro antigo que devastou a vila anos atrás. O mangá foi criado por Masashi Kishimoto e virou uma série na revista semanal Shonen Jump desde 1999. A adaptação para a TV veio no ano de 2002 e foi produzida pelo Studio Pierrot e os capítulos foram ao ar pela Tv Tokyo. Texto: Daniela Giovanniello O autor do sucesso Os bastidores do mangá Na época de colégio, o autor gostava da série “Doraemon“ (série de animê, criada por Fujiko F. Fujio que aqui foi transmitida pela TV Manchete.), assim como todos os seus amigos que tiravam referências para desenhar personagens desse animê. Kishimoto sempre foi perfeccionista, indicando os erros das outras pessoas e mostrando como desenhar corretamente. “Agora que eu estou lembrando isso, vejo como eu era uma criança irritante”, declarou Masashi. tora japonesa Shueisha para trazer o mangá para o Brasil. O mangá foi lançado no Brasil em maio do ano passado (2007) pela Panini. Sai mensalmente, tem cerca de 200 páginas e formato de 13,7x 20 cm. No Japão, o mangá já rendeu 37 volumes e ainda está sendo publicado, sem previsão de encerramento. Algumas curiosidades do mangá são: o box talk, um espaço no fim de alguns capítulos onde o autor “conversa” com o leitor e sempre faz algum comentário um tanto pertinente, o traço limpo de Masashi que foca muito mais as expressões dos personagens do que os cenários e os closes das batalhas sobre o fundo branco, sem falar nas onomatopéias (figura de linguagem que imita um som com um fonema ou palavra, por exemplo: ruídos, gritos, sons da natureza, barulho de máquinas, o timbre da voz e etc) que foram traduzidas para o português para desespero de alguns fãs. Essas traduções foram exigências da própria editora japonesa para lançar o mangá por aqui. Masashi Kishimoto nasceu em 08/11/1974, nas proximidades de Okayama, é o mais velho e tem um irmão gêmeo. Desde pequeno ele desenhava e tinha o sonho de se tornar um Mangaká, além de ser um apaixonado por Ramen. O primeiro mangá de Masashi foi “Karakuri” publicado em 1996 pela editora Shueisha, porém, o sucesso veio anos depois em 1999 com “Naruto”, publicado pela editora Shonen Jump. Masashi Kishimoto entrou no mundo dos mangakas e se tornou um dos maiores da história com poucos anos de experiência e seu mangá em pouquíssimo tempo se tornou um dos mais populares da atualidade. No começo a história do mangá é praticamente a mesma do animê, com a diferença de estar mais adiantada. Muitos críticos consideram “Naruto” um sucesso tão grande quanto “Cavaleiros do Zodíaco” e “Dragon Ball”. O fato de “Naruto” ser esse sucesso todo foi o que mais complicou as negociações com a edi- 79 cosplay Circuito Cosplay Livre – O espaço da criatividade L ançado em junho último, no evento temático Cosplaycon, o Circuito Cosplay Livre promete agitar o mundo do cosplay. Criada em 2004 pela então coordenadora Daniela “Deedo”, a categoria Livre é baseada na criatividade, onde o cosplayer deve elaborar uma apresentação única e original. Não há obrigatoriedade quanto ao tema, mas a maioria dos competidores prefere encenações cômicas e musicais. O Circuito Livre objetiva valorizar a categoria, que nos últimos anos ganhou novos admiradores e apresentou disputas cada vez mais acirradas. Sendo uma competição de longo prazo (engloba eventos e apresentações ao longo do ano) com finalização prevista para março de 2009 no Anime Party, suas regras são as mesmas utilizadas para o já conhecido Circuito Cosplay Tradicional, que encerra no Anime Friends 2008 sua quarta edição. Próximos eventos participantes do Circuito Lorem “Lola”, primeira colocada no Circuito Cosplay Livre 6º Anime Friends Data: 11, 12, 13, 16, 17, 18, 19 e 20 de julho de 2008 (obs.: pontuação para o circuito somente nos seguintes dias: 11, 13, 17, 18, 19 e 20.) Pontuação dobrada: quinta-feira (17) Texto: Layla Camillo | Foto: Liz Micheleto 6º Anime Dreams Data prevista: janeiro de 2009 Pontuação dobrada: nenhum dia 3º Anime Party Data prevista: março de 2009 Pontuação dobrada: nos dois dias do evento Pontuação após o primeiro evento 1º lugar - Loren “Lola” - 25 pontos 2º lugar - Marcos Vinícius “Bardo Marcos” - 18 pontos 3º lugar - Andressa “Lilithy” Miyazaki - 10 pontos 4º lugar - Clailson “Kakarotto” e Michael “Night heaven” - 7 pontos 5º lugar - Erikson “Tio Kiba” - 7 pontos (desempate) 6º lugar - Felipe “Gambit” - 6 pontos 7º lugar - Diego “Mubarack” - 4 pontos 8º lugar - Paulo “Doidorotto” - 3 pontos 9º lugar - Leonardo “Kakashi” - 2 pontos 10º lugar - Mauricio “Psy”, Thamara “Thammy Lei”, Bianca “Lee Shao Mei”, Tamires “Amy”, Israel Costa - 1 ponto tokusatsu Você sabe o que é Kyodai? N 80 Texto: Eugenio Furbeta – do portal www.tokusatsu.com.br | Fotos: Reprodução o fim dos anos 50, “Godzilla” fazia um enorme sucesso e conquistava platéias em cinemas do mundo inteiro. Quase na mesma época, surgiam heróis clássicos como “Gekko Kamen” e “National Kid”. A série da família Ultra chegou às telinhas pouco depois com o nome de “Ultra Q”. Mas só em 1966 o Japão conheceria a verdadeira febre Ultra, com “Ultraman”, o herói que é a fusão de um alienígena com um ser humano, que com o poder da cápsula Beta se transforma em um guerreiro gigante. A idéia de colocar um herói gigante lutando com um monstro de proporções também avantajadas foi certeira e a partir daí foram criadas novas séries Ultra, como “Ultra Seven” e “Ultraman Jack”. Outros heróis foram lançados também para aproveitar o sucesso de “Ultraman”. Dessa maneira, surgiu a classe “Kyodai Heroes” (heróis gigantes). “Spectreman” é uma série de TV japonesa, produzida pela P-Productions (a mesma produtora do “Lion Man”) e exibida em seu país originalmente na TV Fuji entre 2 de janeiro de 1971 a 25 de março de 1972, totalizando 63 episódios. Foi um grande sucesso na época, dando mais impulso ao gênero ‘tokusatsu’, que compreende todos os tipos de filmes e seriados com efeitos especiais japoneses. A série foi exibida no Brasil inicialmente pela Rede Record no final da década de 70 e depois, durante a década de 80, pelo SBT. Depois foi a vez de surgir “Vingadores do Espaço”, série produzida em 1966 no Japão, exibida no Brasil entre 1973 e 1974. Ganhou uma nova dublagem e reexibida em 1980. Retratava a existência de um mago (Matusem) que criou três robôs (Goldar, Silvar e Gam), que voam como foguetes, e seu criador em sua meta de evitar que o malvado Rodak conquiste a Terra. Quando é necessário viajar da ilha vulcânica em que vivem para lutar contra os monstros de Rodak, Goldar, Silvar e Gam são capazes de se transformar em foguetes e voar. Ao final do seriado eles vencem a batalha contra Rodak e voltam para seu planeta natal na esperança de poder se reencontrar no futuro. Esses são alguns dos exemplos de heróis gigantes que passaram pelo Brasil e fizeram grande sucesso na década de 70 e inicio da década de 80. Apesar de todos esses nomes, variações e detalhes, as séries são muito semelhantes, mesmo quando se trata de subgêneros diferentes. O motivo é que todos estão fundamentadas no cinema japonês nas décadas de 50 e 60 onde monstros gigantes eram o máximo da ficção-científica e o mundo invadido por eles dependia de um exército especial ou de alguém dotado de super-poderes para se salvar. Mesmo assim o número de tokusatsu produzidos é incrivelmente grande e agrada o público há várias décadas. E até o Brasil acolheu tal sucesso. vitrine 81 82 curiosidades Vai encarar? Kung Fu Panda traz conceitos orientais com humor americano A época de férias é um bom motivo para levar a criançada ao cinema. Se as férias mal começaram e você já não vê a hora dos pequenos voltarem para a escola para acabar com a bagunça, um bom “remédio” é assistir a animação Kung Fu Panda, produzido pela Dreamworks e com verdadeiras estrelas de Hollywood emprestando suas vozes aos personagens. Descontraído, o longa é garantia certa de risos e, pelo menos, uma hora e meia de “descanso” para os pais. Os conceitos por trás de Kung Fu Panda é hilário. Quando associamos artes marciais a animais, sempre pensamos em bichos conhecidos pela mobilidade. A base do humor do filme é exatamente o fato de que seu protagonista é uma criatura que transmite a idéia de peso e lerdeza, cuja celebridade se deve a dois fatos que não têm qualquer relação com lutas: parecer um bicho de pelúcia e só conseguir sobreviver graças à proteção humana. O talento aparente de Po, o panda do título, é para a cozinha, mas ele quer porque quer se tornar um mestre do kung fu. Seus “colegas” no templo onde se ensinam artes marciais parecem muito mais adequados ao trabalho – todos se enquadram naquela definição acima: um macaco, uma tigresa, um louva-a-deus, uma serpente e uma ave. Claro que o filme já nos dá a dica de que Po não é único, e parecer adequado a ela: o mestre do templo é uma tartaruga. De qualquer maneira, a aparência de inadequação de Po e a hostilidade de seus colegas garantirão alguns dos melhores momentos do filme. Se a idéia é manter a criançada quieta (pelo menos por um tempo) ou mesmo dar boas risadas, Kung Fu Panda é imperdível. Tanto história quanto pelos golpes aplicados pelos animais. Para muitos, a animação “dá pau” em muitos filmes de artes marciais com atores reais. 83 84