Catálogo - Cinemateca Brasileira

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Catálogo - Cinemateca Brasileira
OS EXPERIMENTOS DA VI JORNADA
VI Jornada Brasileira de Cinema Silencioso
É com grande satisfação que a Secretaria do Audiovisual – SAv/MinC vem, pelo sexto ano consecutivo, apoiar a realização da
A Cinemateca Brasileira realiza na VI JORNADA BRASILEIRA DE CINEMA SILENCIOSO um experi-
Jornada Brasileira de Cinema Silencioso da Cinemateca Brasileira. A cada edição, reforçamos a percepção de que se trata de uma
das grandes ações do calendário cultural do país, que promove a valorização do patrimônio cinematográfico do período silencioso
conjugando informação, reflexão e diversão.
mento de criação e reflexão a partir do cinema e suas fronteiras. A junção de intervenções circenses,
teatrais, plásticas e musicais, aliadas às projeções e à reflexão sobre o cinema, ganha corpo nas atrações oferecidas no Salão das Novidades. A proposta é reunir diferentes contribuições para se pensar
o cinema enquanto expressão nascida entre a técnica e a magia, recuperando sua natureza popular
em suas primeiras décadas de vida.
Contemplando tanto o público especializado como o público mais amplo, a Jornada é uma oportunidade imperdível para conhecer
essa filmografia tão rica e pouco vista, promovendo o diálogo entre as obras do início do século passado e o contexto atual do cinema mundial.
Para retomar um pouco dessa atmosfera, em que o cinema, mais do que contar histórias, mostra
cenas e fatos, o Salão das Novidades reúne cinema, atrações e variedades. O nome não é apenas
uma homenagem ao salão homônimo de Paschoal Segretto (pioneiro da exibição cinematográfica
no Brasil), mas uma proposta que busca relações entre as artes, num momento em que o cinema já
atravessou todo o século XX, em que já morreu e renasceu tantas vezes, em que juntamente com as
artes visuais e cênicas enfrenta o desafio das novas poéticas tecnológicas.
Parabenizamos mais uma vez a Cinemateca Brasileira pela iniciativa, que certamente contribui para a formação de público e para a
democratização do acesso à cultura, questões de grande importância para o Ministério da Cultura e, em especial, para a Secretaria
do Audiovisual, que acredita e investe na construção do Brasil Audiovisual, um país de todos os públicos!
Ana Paula Santana - Secretária do Audiovisual do Ministério da Cultura
A presença do circo evoca a noção de atração corrente no cinema dos “primeiros tempos”, mas também se aproxima do uso que o termo terá no cinema de vanguarda, especialmente no cinema soviético. Por seu experimentalismo, o cinema revolucionário é uma fonte de inspiração direta. Os cortes
abruptos e a justaposição de imagens também influem na direção musical dessa edição da JORNADA.
UMA NOVA VEZ
Continuar é também renovar. A sexta edição da Jornada Brasileira de Cinema Silencioso, ao mesmo tempo em que dá prosseguimento
ao bem-sucedido evento da Cinemateca Brasileira, não deixa de ser um recomeço. E renovar, neste contexto, significa ir ainda mais fundo
na lembrança sobre o passado do cinema.
Procuramos trazer este ano novos elementos sobre a experiência do espetáculo cinematográfico, a começar pela imprevisibilidade sobre
qual seria o seu uso predominante – hoje muito marcado pela visão comercial, mas, no início do século XX, envolto numa atmosfera ainda
encantada do mundo.
A Cinemateca Brasileira, cumprindo sua missão de preservar e difundir a cultura cinematográfica, reconstitui em seus espaços o ambiente em que esse cinema se desenvolveu. Ao se tornar quermesse, além de resgatar alguns dos filmes silenciosos produzidos nas
primeiras décadas do século passado, também os apresenta acompanhados daquilo que estava em torno das exibições, incluindo no
resgate desses filmes o seu público. Para o de hoje, desejamos um bom espetáculo.
Cinemateca Brasileira
Nos filmes em que sobressaem o aspecto pictórico, a relação com a música é ainda mais fértil, pois
ela ganha autonomia, podendo ser relacionada à exploração de timbres e dinâmicas, recursos comuns na improvisação livre e na música contemporânea de concerto. Esses filmes também sugerem
a atmosfera dos experimentos cênicos de certo teatro na passagem do século XIX para o XX.
Equipe de Concepção
Adilson Mendes
Felipe de Moraes
Juliano Gentile
Rafael Zanatto
Por último, a concepção plástica aponta para o nascimento do cartaz e da publicidade, e destaca seus
usos e “abusos” comunicativos.
Diversa, múltipla, radical, transformando e preservando, a JORNADA se reinventa, embaralhando
períodos e criando um espaço para divertir e pensar a partir do cinema.
MÚSICOS
Abaetetuba é um grupo de improvisação criado em 2004. É formado
por Antonio Panda Gianfratti (percussão), Rodrigo Montoya (violão e shamisen), Thomas Rohrer (sax e rabeca) e Luiz Gubeissi (contrabaixo). Apresentam-se com instrumentos brasileiros, medievais, japoneses, europeus
e de criação própria.
Mauricio Takara e Guilherme Granado estão envolvidos no cenário
musical desde o início dos anos 1990. Em 1998, juntamente com Marcos
Gerez, Mario Cappi e Fernando Cappi, formaram o Hurtmold. Rogério
Martins é integrante do Hurtmold desde 2003, e é responsável pela percussão e sopros da banda.
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A Camerata Aberta é residente da Escola de Música do Estado de São
Paulo – Tom Jobim, e dedica-se ao repertório dos séculos XX e XXI. Seus 16
músicos se apresentam com flauta, oboé, clarinete, fagote, trompa, trompete, trombone, percussão, piano, violino, viola, violoncelo e contrabaixo.
Objeto Amarelo é o projeto de música experimental criado por Carlos Issa,
músico e artista visual. Alterando formações e buscando novos espaços para
performances, apresenta-se em galerias de arte, festivais e shows caseiros.
Lança seus discos por seu próprio selo, o POAP, em edições limitadas.
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Marcelo Armani é músico solista, com trabalhos de livre improvisação
e composição instantânea, música eletroacústica, minimalismo e música
concreta. Combina instrumentos como bateria, percussão, metalofone e
clarinete com objetos como canos de PVC, barras roscadas e sinos. Teve
gravações lançadas na Argentina, México, Venezuela, Chile e Espanha.
Paulo Santos é integrante do Uakti, grupo conhecido por instrumentos
não convencionais construídos pelos próprios músicos. Suas parcerias com
o videomaker Eder Santos integram o disco Música para performances. Apresentou-se com a banda Hurtmold, com instrumentos de sopro e percussão,
em algumas ocasiões.
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Mário Manga é formado em Composição pelo Departamento de Música
da ECA/USP. Fundou os grupos Premeditando o Breque e Música Ligeira.
Compôs para cinema, teatro, seriados e circo. Produtor e arranjador, toca
violoncelo, bandolim, violão, cavaquinho, violão tenor e guitarra elétrica.
O mineiro Zé Rolê apresenta seu trabalho, o Psilosamples. Sua sonoridade mistura os temas, as cantigas, os folclores, as cirandas e os forrós
da tradicional cultura brasileira com a música eletrônica, em especial o
techno e o IDM. Apresentou-se recentemente no festival Sónar.
1922: a exposição da Independência, Roberto Kahané e Domingos Demasi
Companhia produtora: Batoque Cinematográphica. Amazonas, 1970, 35mm, cor, 15
min a 24 qps
Entre 1922 e 1923, foi realizada no Rio de Janeiro a Exposição Internacional da Independência, em comemoração ao seu centenário. À época, o cineasta Silvino Santos (1893 - 1970)
documentou as atividades do evento. Este filme é a reconstituição de seu trabalho, em que
as imagens foram recuperadas, obedecendo um critério informativo de arquivos da época, e
Rio - Anos 20 - Carnaval
a banda sonora, uma ambientação musical da década de 20.
seg 13/08 21h00 | sáb 18/08 20h30
seg 13/08 21h00 | sáb 18/08 20h30
A chegada dos aviadores portugueses, Companhia produtora: Carioca Filmes, Operador: Alberto Botelho. São Paulo, 1922, 35mm, preto-e-branco, 7
min a 16 qps
Registro da chegada dos aviadores Sacadura Cabral e Gago Coutinho em São Paulo. O trem
chega à estação da Luz. Na saída, os aviadores são recebidos pela multidão até os carros
que os levarão ao hotel.
seg 13/08 21h00 | sáb 18/08 20h30
Exposição nacional do centenário da Independência no Brasil
em 1922, Companhia produtora: Brasília Filme, Produção: Macedo e Oliveira. Rio de
BRASIL: O ESPETÁCULO DE 1922
Durante a década de 1920, cineastas brasileiros encontram uma forma de sobrevivência na realização de filmes de encomenda, nos quais se dedicavam a
reverenciar o poder oficial. Encontros familiares, solenidades políticas e festividades regionais são assim captados em diversos documentários. Parte deste
processo fica evidente em 1922, quando o país festeja o Centenário de sua Independência. Dentro do espírito de euforia, realizadores celebram a nacionalidade e a modernização do país, personificadas nas exposições, feiras, reuniões e inaugurações oficiais. A série de documentários reunidos no programa
BRASIL: O ESPETÁCULO DE 1922 é um testemunho rico e praticamente inexplorado de um momento importante da história do cinema brasileiro. A exibição
dos filmes é enriquecida pela conferência de Rielle Navtiski (Universidade de Berkeley) e de Eduardo Morettin (ECA/USP), que discutirão o cinema silencioso
brasileiro e suas diferentes formas de produção documental e ficcional.
Janeiro, 1922, 35mm, preto-e-branco, 10 min a 16 qps
Registro da exposição comemorativa do centenário da Independência no Rio de Janeiro.
Stands expõem produtos como locomotivas, máquinas para fabricação de meias, betoneira,
máquina de fabricação de gelo, bombas, velas para carros, automóveis, etc. Uma pianista e
um cantor apresentam-se no local.
seg 13/08 21h00 | sáb 18/08 20h30
Ipiranga (Título atribuído)
Produção: Armando Pamplona
São Paulo, 1922, 35mm, preto-e-branco, 35 min a 16 qps
Registro da construção do museu e monumento no parque do Ipiranga em São Paulo: a
preparação do terreno, algumas máquinas, trabalhadores, carroças, escavação. Vista geral
de toda a área da construção. Avenida, bondes, trabalhadores, vista do bairro.
seg 13/08 21h00 | sáb 18/08 20h30
(Título atribuído), Operador: Silvino Santos. Rio de
Janeiro, 1922 - 1926, 35mm, preto-e-branco, 7 min a 16 qps
Registro do carnaval carioca da década de 1920: pessoas nas ruas, desfiles militares,
cerimônias oficiais. Carros alegóricos são puxados por cavalos nas ruas, enquanto pessoas acompanham o desfile nas calçadas. Na rua, a movimentação de carros. A praia de
Copacabana deserta. A fachada do prédio da Assembléia Legislativa. Pessoas passeiam
na praça.
PROGRAMA 1
Os perigos do cinematógrafo
Selecionado por Elif Rongen-Kaynakçi e David Robinson, o programa apresenta curtas produzidos entre 1911 e 1913, e que observam a presença do cinema no cotidiano da época.
At the hour of three, de Wilfred Noy
Inglaterra, 1912, 35mm, preto-e-branco, 14 min a 18 qps
Artheme operateur, de Ernest Servaës
França, 1913, 35mm, tingido, 8 min a 18 qps
Lost and won
DESTAQUES DE PORDENONE
Tal como nos anos anteriores, a JORNADA apresenta uma seleção de filmes exibidos nas diferentes edições das Giornate del Cinema Muto de Pordenone,
mais importante festival do mundo dedicado ao cinema silencioso.
Estados Unidos, 1911, 35mm, tingido, 12 min a 18 qps
Amour et science, de M. K. Roche
França, 1912, 35mm, tingido, 14 min a 18 qps
The picture idol, de James Young
Estados Unidos, 1912, 35mm, tingido, 15 min a 18 qps
A Vitagraph romance, de James Young
Estados Unidos, 1912, 35mm, tingido, 13 min a 18 qps
Al cinematografo… guardate e non toccate
Itália, 1912, 35mm, tingido, 7 min a 19 qps
sáb 11/08 20h | qua 15/08 21h00
PROGRAMA 2
As Giornate del Cinema Muto de Pordenone orgulham-se mais uma vez de exibir na JORNADA BRASILEIRA DE CINEMA SILENCIOSO uma seleção de filmes de suas
últimas edições. Este ano, têm o privilégio de dividir a contribuição com o EYE Film Institute, da Holanda, que todo ano colabora substancialmente com o programa de
Pordenone. Sua Coleção Desmet, acervo sem paralelos, foi registrada em 2011 como Patrimônio da Humanidade pela Unesco. É constituída por mais de 900 filmes,
que datam de 1907 a 1916, e é a fonte das duas antologias que serão apresentadas: Os Perigos do Cinematógrafo, que ilustra os hábitos de ir ao cinema nos anos que
precedem a Primeira Guerra Mundial, e As Funny Ladies, cujo título relembra um dos programas de maior sucesso das Giornate. Dessa vez, os dois longas selecionados não constituem clássicos do cânone, mas são, sem dúvida, obras de interesse e graça particulares. Esposa e mártir reúne as duas grandes estrelas de seu
tempo, Rudolph Valentino e Gloria Swanson, e ficou perdido por mais de 80 anos (Swanson desejou a vida toda revê-lo), até que seus rolos dispersos fossem reunidos
e restaurados pelo EYE, em 2005. A pouco conhecida adaptação de J.M.Barrie, O jovem pastor, é fascinante e historicamente interessante por sua desafiadora visão
do conflito entre capital e trabalho – e revolucionária para a América do Norte de 1922.
David Robinson, diretor das Giornate del Cinema Muto.
Elif Rongen-Kaynakçi, especialista em Cinema Silencioso do EYE Film Institute.
as Funny Ladies da Coleção Desmet
Os filmes deste programa, selecionados por Elif Rongen-Kaynakçi e David Robinson, são
comédias interpretadas por mulheres, em curtas produzidos entre 1912 e 1914.
Cunégonde femme du monde
França, 1912, 35mm, preto-e-branco, 7 min a 16 qps
Stenographer troubles, de Frederick A. Thomson
Estados Unidos, 1913, 35mm, preto-e-branco, 13 min a 18 qps
The lady and her maid, de Bert Angeles
Estados Unidos, 1913, 35mm, tingido, 13 min a 18 qps
Acque miracolose, de Eleuterio Rodolfi
Itália, 1914, 35mm, tingido, 10 min a 16 qps
Le desespoir de petronille, de Romeo Bosetti e Georges Rémond
França, 1914, 35mm, tingido, 8 min a 18 qps
Tilly in a boarding house, de Hay Plumb
Inglaterra, 1912, 35mm, tingido, 8 min a 18 qps
At Coney Island, de Mack Sennett
Estados Unidos, 1912, 35mm, tingido, 7 min a 18 qps
Gli inconvenienti della bellezza
Itália, 1912, 35mm, preto-e-branco, 9 min a 18 qps
seg 13/08 18h30 | sáb 18/08 19h00
PROGRAMA 3
Esposa e mártir
(Beyond the rocks), de Sam Wood. Estados Unidos, 1922,
35mm, preto-e-branco com tingimento, 81 min a 24 qps
Versão musicada por Henny Vrienten
A filha de um casal de aristocratas decadentes é pressionada pela família a casar-se com
um rico comerciante mais velho. Durante a lua-de-mel, conhece um lorde por quem fica
fascinada. Único encontro dos astros Rudolph Valentino e Gloria Swanson. O diretor Sam
Wood realizou clássicas comédias como Uma noite na ópera e Um dia nas corridas, e
dramas como Por quem os sinos dobram.
ter 14/08 20h30 | dom 19/08 17h00
PROGRAMA 4
O jovem pastor
(The little minister), de Penrhyn Stanlaws. Estados Unidos,
1921, 35mm, preto-e-branco com tingimento, 62 min a 20 qps
Na Escócia rural, o jovem pastor da igreja local conhece e se apaixona por uma bela cigana. Mas terá que superar uma série de obstáculos para viver este amor. A estrela Betty
Compson interpreta a cigana nesta adaptação da peça do autor de Peter Pan, J.M. Barrie.
qui 16/08 18h30 | dom 19/08 18h30
O águia branca (Belyy oryol), de Jakov Protazanov. Rússia, 1928, 35mm, preto-e-branco, 76 min a 22 qps
Pequena província russa bem governada por um político tem sua ordem abalada por
uma fábrica em greve. Pressionado pelo Czar, ordena a matança dos grevistas, mas terá
que enfrentar a consequência do ato. Protazanov é também diretor da famosa ficção
científica Aelita.
O raio da morte (Luch Smerti), de Lev Kulechov. Rússia, 1925, 35mm, preto-e-branco, 113 min a 17 qps
Uma organização inventa o “raio da morte”. Agentes de inteligência dos países inimigos
roubam a invenção, na tentativa de controlar dissidentes. Misto de ficção e filme de espionagem do famoso cineasta russo Lev Kulechov.
ter 14/08 21h00 | sáb 18/08 18h30
dom 19/08 19h00
Arsenal (Idem), de Aleksander Dovjenko. Rússia, 1929, 35mm, preto-e-branco, 86
min a 18 qps
Logo após a I Guerra Mundial, um soldado ucraniano retorna à sua terra natal. Sua chegada coincide com a celebração da liberdade nacional, mas as festividades estão com os
dias contados – a investida branca luta para retomar o controle do país. Segunda parte da
chamada “trilogia ucraniana” de Aleksander Dovjenko.
dom 12/08 19h00 | sex 17/08 20h30
As extraordinárias aventuras de Mr. West no país dos bolcheviques (Ncobycajnye prikljucenija Mistera Vesta v strane Bol’sevikov), de Lev
CINEMA SOVIÉTICO DOS ANOS 20: MASSAS E PODER
Kulechov. Rússia, 1924, 35mm, preto-e-branco, 80 min a 17 qps
Um norte-americano ingênuo e sua esposa viajam à recém-fundada União Soviética. Preocupados com os supostos modos selvagens do país, que conheceram através de revistas
americanas, acabam caindo nas mãos de um grupo de ladrões disfarçados de contra-revolucionários. Sátira dirigida por Kulechov, de quem a VI Jornada Brasileira de Cinema
Silencioso exibe também O raio da morte.
sáb 11/08 21h30 | qua 15/08 18h30
A experiência da Revolução Russa em 1917 suscitou inúmeras respostas artísticas para os acontecimentos que se desenrolavam no plano concreto da
História. Além das celebradas produções de mestres de vanguarda, como Serguei Eisenstein e Dziga Vertov, já conhecidos do público, cineastas russos
também incursionaram por gêneros como o western, a comédia, o folhetim, o épico ou o filme de aventura, dispostos a lidar com a nova experiência social da
revolução e com o desafio de representar as massas através da linguagem cinematográfica. Produções como O raio da morte e As extraordinárias aventuras
de Mr. West no país dos bolcheviques trazem o impulso da paródia aos gêneros tradicionais da indústria e propõem soluções políticas surpreendentes. Para
os que desejam viajar pela história do cinema soviético, a exibição dos filmes é acompanhada por um curso ministrado por François Albera, professor de
História e Estética do Cinema na Universidade de Lausanne.
A menina com o chapéu (Devushka Korobkoy), de Boris Barnet. Rússia, 1927,
35mm, preto-e-branco, 60 min a 18 qps
Uma jovem chapeleira e seu avô vivem numa casa de campo nos arredores de Moscou.
Um dia, a caminho da capital, conhece um engenheiro com quem se casa ficticiamente, para lhe arranjar um lugar onde ficar. Clássica comédia romântica, com Anna
Sten no papel principal. A atriz seria chamada de “nova Garbo” ao iniciar sua carreira
internacional.
sáb 11/08 16h30 | seg 13/08 20h30
As ruínas do império (Oblomok imperii), de Fridrikh Ermler. Rússia, 1929,
35mm, preto-e-branco, 100 min a 18 qps
Sargento do exército do Czar perde o contato com sua amada, que casa com um aristocrata. Quando descobre, ele passa a desdenhar do imperialismo em favor do movimento bolchevista.
ter 14/08 21h00 | sex 17/08 21h00
As armas da juventude (Die waffen der jugend), de Friedrich Müller e Robert
Wiene. Alemanha, 1913, 35mm, tingido, 28 min a 19 qps
Estudante foge de colégio interno e é ajudada por dois criminosos. Comédia que marca
a estreia de Robert Wiene, de O gabinete do Dr. Caligari e As mãos de Orlac, na direção.
Harun al-Rashid, Ivan, o Terrível e Jack, o Estripador. Atraído por Eva, filha do proprietário
do museu, fantasia histórias extraordinárias nas quais se apaixonam um pelo outro. Um dos
principais filmes do expressionismo alemão, com direção de Paul Leni (O homem que ri) e
com Werner Krauss, Emil Jannings e Conrad Veidt encarnando os personagens históricos.
sáb 11/08 18h30 | sáb 18/08 16h30
sáb 18/08 21h00
Boytler no Lunapark
(Boytler im Lunapark), de Otto Rippert. Alemanha,
O gabinete do dr. Caligari (Das Cabinet des Dr. Caligari), de Robert Wiene.
1922, 35mm, preto-e-branco, 18 min a 18 qps
O ator russo Arkadij Boytler interpreta um artista sem dinheiro e apaixonado, que tem seu
amor ameaçado por um milionário, que conduz sua amada e a sua mãe para o Lunapark.
Determinado, Arcadij entra no parque, e a polícia parte em seu encalço. A perseguição é
alucinante e se desenvolve em meio às atrações.
Alemanha, 1919, 35mm, tingido, 73 min a 18 qps
Num pequeno vilarejo da fronteira holandesa, um misterioso hipnotizador, Dr. Caligari,
chega acompanhado do sonâmbulo Cesare, que supostamente estaria adormecido por 23
anos. À noite, Cesare perambula pela cidade, concretizando as terríveis previsões do seu
mestre. A VI Jornada Brasileira de Cinema Silencioso exibe ainda mais dois filmes do diretor Robert Wiene: As mãos de Orlac, de 1924, também com Conrad Veidt; e seu primeiro
filme, As armas da juventude, de 1913.
dom 12/08 21h00 | qui 16/08 20h30
A carruagem fantasma (Körkarlen), de Victor Sjöström. Suécia, 1921, 35mm,
tingido, 106 min a 16 qps
Na véspera do Ano Novo, três bêbados narram uma lenda que conta que, se a última pessoa a morrer no ano for uma grande pecadora, terá de conduzir a carruagem fantasma,
aquela que leva as almas dos mortos. O filme é uma das obras-primas do cineasta e ator
sueco Victor Sjöström. Outros quatro filmes seus, O mosteiro de Sendomir, Terje Vigen, O
jardineiro e Vento e areia foram exibidos na IV Jornada Brasileira de Cinema Silencioso.
dom 12/08 18h00 | qua 15/08 19h00
Escada de serviço (Die Hintertreppe), de Leopold Jessner e Paul Leni. Alema-
LUZES E SOMBRAS
Durante a década de 1920, realizadores de vanguarda procuram se libertar de certas convenções narrativas e legitimar o cinema enquanto arte autônoma.
Interessados nas questões plásticas da dramaturgia, criaram novas propostas de iluminação e cenografia a partir do diálogo com a arte moderna, sobretudo
com a estética do expressionismo alemão, que teve notável repercussão em diversos contextos artísticos. O programa LUZES E SOMBRAS reúne produções
de diferentes nacionalidades e clássicos do cinema expressionista alemão marcados pela radicalidade plástica de suas imagens. Entre as atrações, destaque para Sombras – uma alucinação noturna, pelo uso estilizado da luz e dos cenários, que produz uma dramaturgia onírica e ao mesmo tempo opressiva.
nha, 1921, 35mm, preto-e-branco, 49 min a 20 qps
Um jovem, apaixonado pela vizinha empregada, desaparece sem deixar rastros. Desiludida, a moça cede aos sentimentos do carteiro, que nutre uma mórbida paixão por ela.
Certo dia, o jovem apaixonado retorna. À época, o filme incomodou o público alemão por
sua representação da violência e da miséria. Do diretor Paul Leni, a VI Jornada Brasileira
de Cinema Silencioso também exibe O gabinete das figuras de cera.
sáb 11/08 18h30 | sáb 18/08 16h30
O gabinete das figuras de cera (Das wachsfigurenkabinett),
de Leo Birinsky e Paul Leni. Alemanha, 1924, 35mm, preto-e-branco com
tingimento, 82 min a 18 qps (Este filme foi restaurado pela Cinemateca Francesa)
Um poeta é contratado pelo dono de um museu de cera para escrever contos sobre o califa
qua 15/08 20h30 | dom 19/08 20h30
As mãos de Orlac
(Orlacs Hände), de Robert Wiene. Alemanha/Áustria, 1924,
35mm, preto-e-branco, 90 min a 22 qps
Orlac, um talentoso pianista, sofre um acidente de trem que lhe arranca as mãos. Submetendo-se a um procedimento experimental, recebe mãos de um assassino que acabara de
ser executado. Ao descobrir a quem pertenciam, Orlac passa a acreditar que é também
capaz de matar. A VI Jornada Brasileira de Cinema Silencioso exibe mais dois filmes do
diretor Robert Wiene: O gabinete do Dr. Caligari, de 1919, também com Conrad Veidt; e
seu primeiro filme, As armas da juventude, de 1913.
qui 16/08 21h00 | sex 17/08 18h30
Sombras - Uma alucinação noturna (Schatten - Eine nächtliche Halluzination), de Arthur Robinson. Alemanha, 1923, 35mm, tingido, 85 min a 20 qps
Thriller psicológico sobre a bela esposa de um rico Barão que se vê assediada por quatro
admiradores no meio de um jantar oferecido pelo marido. Em meio ao clima de perfídias
e desconfianças, os pretendentes assistem um teatro de sombras representando o que
pode lhes acontecer caso continuem cortejando a esposa do Barão. A sequência de abertura, evocando um espetáculo de sombras, apresenta os personagens do filme. O diretor
Arthur Robinson realizou em 1935 uma versão sonora de O estudante de Praga.
dom 12/08 21h00 | qui 16/08 20h30
SALÃO DAS NOVIDADES
CINEMA, ATRAÇÕES, VARIEDADES
A
rte da modernidade por excelência, o cinema cria novas possibilidades de percepção do espaço e do tempo. Invenção técnica, mas
também sintoma das amplas transformações nas cidades modernas, ele concentra as características do novo universo da máquina e
aparece para alguns como possibilidade de arte. Porém, antes de confirmar sua hegemonia no mundo do entretenimento mercantilizado, antes de ter um lugar instituído na cidade, a “sala de cinema”, ele era uma atração entre outras nas feiras, quermesses e salões.
Nesse cinema dos primeiros tempos é forte a presença do circo, do vaudeville, do teatro de bulevar e de outros gêneros de espetáculo.
O Salão das Novidades evoca esse universo ao apresentar o cinema como amplificação de experimentos desenvolvidos em diferentes
espetáculos populares.
Cinemateca Brasileira - dias 11, 12, 18 e 19 de agosto – das 16h às 22h
O Gabinete DAS CURIOSIDADES
Uma incrível viagem por imagens e objetos que revelam facetas do mundo do cinema
e da máquina. Não recomendável para temperamentos e estômagos frágeis.
Projeção ao ar-livre
Na inauguração da VI JORNADA, não perca a projeção ao ar-livre de As extraordinárias aventuras de Mr.
West no país dos bolcheviques (1924), de Lev Kulechov.
a vênus hotentote
Pejorativamente chamada de Vênus Hotentote, Saartije Baartman (17891815) foi uma dançarina do Sul da África, que foi exposta em feiras pela
Europa, em razão de suas formas físicas consideradas exóticas. Com Vanessa
Friggo e Marco Túlio Garcia.
irma, a vidente
A cigana Irma faz premonições e comentários sobre a atual conjuntura política, e traz de volta o
amor perdido. Mística, poética, enigmática, ela vai encantar com sua inteligência e sedução.
grand guignol
vaudeville
Apresentação de esquetes inspirados nas peças de horror bizarras e sensacionalistas da companhia Le Thêatre du Grand
Guignol, criada em Paris em 1897. Com Camila Morosini e Rafael Ary.
Sob o comando de Ari Rabelo, tradicional locutor circense, desfilam pelos palcos do Vaudeville malabaristas,
mágicos, contorcionistas, além do fantástico Bruno Edison, o homem-foca!
teatro pastelão
Dois palhaços encenam esquetes cômicos. Uma homenagem às comédias-pastelão do cinema silencioso e à magia dos
nossos circos mambembes. Com Aline Olmos e Fernanda Jannuzzelli.
homem cachorro
Única chance para se conhecer Homem da Silva e sua fantástica vida de cão! Cansado de procurar emprego, aceitou
ser o cachorro do vigia do Matadouro. Com Sérgio Pardal.
RAIO X
o ilusionista
Sob o comando de um mestre ilusionista, imagens antes prisioneiras de sua própria imobilidade adquirem vida
frente a nossos olhos! Com Fábio Saltini.
Mulher barbada
Ex-miss Lorena, a mulher barbada estudou balé clássico, mas desistiu da carreira quando foi convidada
para ser um cossaco na ópera Mazeppa. Hoje anima o Salão das Novidades.
Poucas coisas são tão emocionantes quanto descobrir o interior recôndito de nossos próprios corpos. A atração
convida o público a participar de uma experiência através das misteriosas emissões eletromagnéticas. Ninguém
deve sair do Salão sem sua chapa.
ching ling, o mágico chinês
Pela primeira vez, a milenar arte da pólvora dançarina chega até o Ocidente! Ching Ling encanta o
público com seu espetáculo de explosões multicores.
caligari e cesare
Caligari é o anti-Mestre de Cerimônias do Salão. Só lhe interessa a profecia. Na
sua tenda ele guarda um segredo, que pode despertar a qualquer momento...
Com Jeferson Bazilista e Sérgio Pardal.
exposição de tabuletas
Inspirada na cultura visual do circo e das feiras itinerantes. Por Ari Rabelo e
Luis Armando Tavares de Lacerda.
cUSPIDOR DE FOGO
Carlos Alberto Guimarães é exímio pirofagista. Com experiência em diversos circos, exibe fantásticos feixes de fogo.
Banda circense
Martins, Tércio e Osmar divertem os ouvidos das ruas paulistanas há
mais de 20 anos. Marchas e sambas do cancioneiro popular.
Apresentador
homem-foca
Bruno Edison, equilibrista de pratos, referência do universo circense, com sua simpatia e destreza de homem-foca, encanta há mais de 40 anos.
Ari Rabelo foi locutor, por mais de trinta anos, do tradicional Circo Garcia. Presença e voz, Seu Ari marcou
época no cenário do circo brasileiro. A simpatia do artista popular, contador de casos e anedotas, mestre
da récita e do improviso.
cinematógrafo
caligari
Decidido a provar a imbecilidade congênita da raça humana, cuja cura estaria no seu unguento mágico, Caligari
percorrerá os quatro cantos do Salão destilando suas verdades. Só lhe interessa a profecia. Saído direto do filme
de Robert Wiene, ele ronda o Salão das Novidades!
Ubirajara Zambotto é um artesão obcecado. Restaurador e pesquisador, Zambotto trabalha no Instituto Mairiporã de
Ensino Superior, onde recupera sobras de projetores, moviolas e outras relíquias do cinema. Com seu Ernemann movido a
manivela e carvão, ele projeta clássicos do cinema antigo.
COMENTADOR
O cinema silencioso foi muito barulhento. Sua voz não estava na película, mas com o comentador, que animava as sessões com sons, diálogos e música. Com Jean-Carl Feldis.
TRAPEZISTA
Voos maravilhosos! Com aperfeiçoamento na Itália, Cesar Rossi é trapezista há mais de 10 anos.
contorcionista
Elasticidade! Luciana Guimarães exibe toda sua flexibilidade de ginasta e artista de circo.
malabarista
Caio Stevanowich é exímio malabarista e pertence a uma das mais tradicionais famílias circenses.
Bases de dados e catálogos disponíveis na internet
CURSO, CONFERÊNCIA E LANÇAMENTO DE LIVRO
CINEMA BRASILEIRO NOS ANOS 1920
Conferência com Rielle Navitski e Eduardo Morettin
CINEMA SOVIÉTICO DOS ANOS 1920:
MASSAS E PODER
Curso com François Albera
O cinema silencioso brasileiro foi marcado pela celebração de solenidades oficiais, em detrimento de experiências com o cinema
de ficção. A partir desta constatação, e a fim de compreender este
fenômeno, Rielle Navitski, pesquisadora da Universidade de Berkeley, discute a produção de filmes ficcionais inspirados por crimes
famosos, enquanto Eduardo Morettin, professor da ECA/USP, discute as relações entre Estado e cinema no contexto das comemorações do Centenário de Independência do Brasil em 1922.
A Revolução Russa, em 1917, colocou em pauta novos problemas
para seus cineastas. Uma das principais questões foi a maneira
de representar cinematograficamente as massas que chegavam
ao poder. Diferentes opções estéticas se desenvolveram a partir do
trato com gêneros cinematográficos da indústria, como o western, o
filme de aventura, a comédia, o folhetim e o épico. E serão abordadas em quatro conferências por François Albera, professor de História e Estética do Cinema na Universidade de Lausanne.
Sala Cinemateca Petrobras
12.08 DOMINGO 16h30
Sala Cinemateca Petrobras
DE 14.08 TERÇA A 17.08 SEXTA 16h30
Jornada brasileira de cinema silencioso www.cinemateca.gov.br/jornada
Giornate del Cinema Muto de Pordenone www.cinetecadelfriuli.org/gcm
Filmografia Brasileira www.cinemateca.gov.br
Banco de conteúdos culturais www.bcc.gov.br
The Internet Movie Database – Imdb www.imdb.com
Europa Film Treasures www.europafilmtreasures.eu
Portal Europeana www.europeana.eu/portal
EYE www.eyefilm.nl/en/collection/about-the-collection
Journal of film preservation – FIAF www.fiafnet.org/uk/publications/fep_journal
Federação Internacional de Arquivos de Filmes www.fiafnet.org
Créditos das Imagens
Capa coluna esquerda: Esposa e mártir - EYE Film Institute Netherlands, Mãos de orlac - DIF Deutsches Filminstitut, o gabinete do dr. caligari -DIF
Deutsches Filminstitut, As extraordinárias aventuras de Mr. West no país dos bolcheviques - Austrian Film Museum. Capa coluna direita: A menina
com o chapéu - Arkeion Films, As extraordinárias aventuras de Mr. West no país dos bolcheviques - Austrian Film Museum, A menina com o chapéu - Arkeion Films, As extraordinárias aventuras de Mr. West no país dos bolcheviques - Austrian Film Museum, Mãos de orlac - DIF Deutsches
Filminstitut.
Miolo: A menina com o chapéu - Arkeion Films, Rio - Anos 20 (título atribuído) - Cinemateca Brasileira, Esposa e mártir - EYE Film Institute Netherlands,
Arsenal - Austrian Film Museum, Mãos de orlac - DIF Deutsches Filminstitut, o gabinete do dr. caligari -DIF Deutsches Filminstitut.
LANÇAMENTO DO LIVRO MODERNIDADE E VANGUARDA DO CINEMA
DE FRANÇOIS ALBERA (Cinemateca Brasileira e Azougue Editorial)
FOYER Sala Cinemateca BNDES
18.08 SÁBADO 17h
Agradecimentos
André Mieles, Brigitte Comte, Carmen Prokopiak, Christophe Gauthier, David Robinson, David Shepard, Domingos Demasi, Elif Rongen-Kaynakçi, Emilie Cauquy, Guillemette
Laucoin, Isabel Hölzl, José Antonio Pasta Jr., Jon Wengström, Jutta Albert, Loy W. Arnold, Marco Aurelio Peres, Mark Grünthal, Markus Wessolowski, Mathias Bollinger,
Monique Faulhaber, Oliver Hanley, Paolo Cherchi Usai, Pia Lejbro, Roberto Kahané, Robison Borges, Roland Fischer-Briand, Sergio Franco, Simone Molitor, Tay Arnold,
Verônica Tamaoki, Yvonne Varry.
Instituições que contribuíram com fimes de seus acervos
ALEMANHA
SUÉCIA
Das Bundesarchiv
THE SWEDISH FILM INSTITUTE
www.bundesarchiv.de
www.sfi.se
ÁUSTRIA
Österreichisches Filmmuseum
(The Austrian Film Museum)
www.filmmuseum.at
OUTRAS INSTITUIÇÕES COLABORADORAS
Giornate del cinema muto de pordenone
www.cinetecadelfriuli.org
Escola carlitos
FRANÇA
www.escolacarlitos.com.br
La Cinémathèque de Toulouse
www.lacinemathequedetoulouse.com
La Cinémathèque Française
www.cinematheque.fr
Instituto mairiporã
www.im.br
Arkeion films
Deutsches Filminstitut
www.deutsches-filminstitut.de
Friedrich-Wilhelm-Murnau-Stiftung
HOLANDA
www.murnau-stiftung.de
EYE FILM INSTITUTE NETHERLANDS
www.eyefilm.nl
transit films
www.transitfilm.de

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