Tikvá nº 55, 6º ano - Comunidade Israelita de Lisboa
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TIKVÁ BOLETIM INFORMATIVO DA COMUNIDADE ISRAELITA DE LISBOA HAROLD PINTER (Literatura) e ROBERT AUMANN (Economia) Prémios Nobel 2005 10 anos sem ITZHAK RABIN (1995-2005) Nº 55 | 6º Ano Outubro/Novembro de 2005 Tishrei/Heshvan 5766 L E I E D I T O R I A L Recordar sempre ! Estamos de volta com a edição e nº 55 do nosso Boletim Tikvá que marca importantes factos ocorridos nos últimos 2 meses na nossa CIL e no mundo com destaque para as celebrações dos Iamim Noraim na nossa Sinagoga, a alegria da primeira edição da nossa SHANÁ TOVÁ PARTY, bem como a comemoração dos Chaguei Tishri na nossa Comunidade. Destaca também com alegria e orgulho os Prémios Nobel entregues a mais dois destacados judeus das áreas de literatura e economia e finalmente a interessante e surpreendente descoberta de mais uma antiga Sinagoga existente na cidade do Porto. Esta edição traz a todos também a sempre importante necessidade de lembramos datas como o Cristal Nacht ("A Noite de Cristal") que completa o seu 67º aniversário e o não menos importante 10º aniversário da morte do líder Itzhak Rabin Z´L. Lembraremos também com carinho e saudades do nosso Rabino Boaz Pash que regressou recentemente à Israel com a sua família, após 2 anos um de convívio com a nossa Comunidade Israelita de Lisboa e a quem auguramos muito sucesso ! Só nos resta então desejar a todos uma agradável leitura e que desfrutem de mais esta edição do nosso Boletim Tikvá, feita como sempre com muito carinho e dedicação ! Marcos Prist Director Executivo CIL FICHA TÉCNICA Director Esther Mucznik Chefe de Redacção Marcos Prist Colaboradores Camila Welikson, Diana Ettner, Gabriel Steinhardt, Henrique Ettner, Nuno Martins e Samuel Levy Concepção e produção gráfica Raimundo Santos 2 Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro "Os judeus são geniais?" Dois dos prémios Nobel deste ano de 2005 são judeus: Harold Pinter, em literatura e Robert J. Aumann, em economia, cujas biografias resumimos neste número do Tikvá. Os judeus são apenas 0,25% da população mundial e, no entanto, até hoje já conquistaram 27% dos prémios Nobel, 25% dos prémios ACM (Association for Computing Machinery), destinados a premiar alunos de ciências informáticas, e 50% dos títulos mundiais de xadrez. Seremos mais inteligentes do que os outros povos? O jornal EL MUNDO, num artigo reproduzido na revista SÁBADO, sob o título "Os judeus são geniais?", divulga um estudo de dois antropólogos americanos que garantem que a explicação está na genética. Creio que é perigoso ir por aí. É inegável que proporcionalmente aos outros povos temos mais prémios Nobel, e talvez melhores resultados no domínio intelectual e profissional. Mas não creio que seja uma questão genética. Um povo é acima de tudo o resultado - e simultaneamente a origem - da sua própria história e a história do nosso povo obrigou-nos a desenvolver determinadas características: a iniciativa, a imaginação, a inquietação, a capacidade de adaptação, são algumas características que tivemos de desenvolver face às perseguições, às constantes mudanças de país e de língua, à necessidade de recomeçar muitas vezes do zero. É evidente que isto também tem contrapartidas numa certa obsessão da perseguição, no desejo intenso de ser admitido e reconhecido, numa visão algo egocêntrica do mundo. Mas o que faz de nós um povo diferente desde tempos imemoriais é a importância do estudo. O estudo da Torá, como primeira obrigação religiosa desde a mais tenra idade, o estudo do Talmud, mais tarde, obrigando a uma permanente "ginástica" mental, o estudo também das ciências "profanas", complemento indispensável do estudo religioso. É o estudo, o desejo de conhecer, a reflexão e a polémica intelectual que moldou o nosso povo. Mas sendo produto de uma história e de um comportamento, essa diferença também pode desaparecer - se abandonarmos essa regra de ouro da nossa história que é o estudo e, em primeiro lugar, o estudo da Torá. Em Simchá Torá inicia-se um novo ciclo anual de leitura da Torá, eternamente repetido, à imagem do próprio conhecimento nunca acabado e sempre renovado. É esta leitura eterna da Torá que fornece a chave simbólica dos Nobel judaicos. Esther Mucznik Vice-Presidente D A S ABIA A L I B E R D A D E R E L I G I O S A QUE ... s comunidades religiosas são livres no exercício das suas funções e do seu culto, podendo praticar um conjunto de actos sem interferência do Estado ou de terceiros. Nesse actos contam-se, entre outros, ensinar na forma e pelas pessoas por si autorizadas a ditames religiosos, assistir religiosamente os próprios membros, comunicar e publicar actos em matéria religiosa e de culto, relacionar-se e comunicar com as organizações da comunidade ou de outras confissões no território nacional ou no estrangeiro. No que toca à questão do ensino religioso nas escolas públicas, a Comunidade pode requerer o ensino do Judaísmo nas escolas públicas do ensino básico e do ensino secundário que indicar. Não obstante, o ensino da moral e da religião depende de um número mínimo de alunos e da existência de uma autorização manifesta e expressa do desejo de frequentar as aulas. Compete igualmente à Comunidade elaborar os programas e aprovar o material didáctico (de acordo com as orientações gerais do ensino), devendo o professor ser considerado idóneo para a qualidade de professor.· Nuno Wahnon Martins R O S T O S D O J U D A Í S M O Entrevista com CLARA SCHWARZ Conduzida por NUNO W. MARTINS "Compreendia que o meu Pai quisesse que eu casasse com um Judeu" A Clara nasceu em Portugal? Eu nasci em Portugal. O meu pai era polaco a minha mãe era russa, o meu pai era engenheiro de minas e esteve a trabalhar em Espanha, na Suíça, na Rússia, em África, na Costa do Marfim. Os nossos avós eram amigos e encontraram-se na Suíça no congresso sionista, e o meu pai conheceu a minha mãe, gostaram um do outro e casaramse. Foram passar a lua de mel em Paris, andaram a passear até que houve a revolução na Rússia e eles deixaram de receber dinheiro. O meu pai ainda foi a Espanha mostrar à minha mãe onde ele tinha trabalhado, mas depois eles ficaram sem meios para poder viver e o meu pai ouviu falar de Portugal e resolveu vir até cá. Chegou aqui arranjou logo trabalho e ficou. Eles depois voltaram à Polónia, à Rússia já não, a minha mãe perdeu a 4 Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro um museu luso-hebraico. O desejo dele era fazer uma coisa à imagem do Museu de Toledo, em Espanha, com uma biblioteca com livros luso-hebraicos, porque ele também tinha uma biblioteca muito grande. Houve muitas conversas em que se combinou que a biblioteca ia para aquele museu. Só que levaram a biblioteca para uma repartição de finanças, onde esteve anos, atirada de qualquer maneira. Um dia resolveram tirá-la dali para a levar, em parte para a Universidade Nova, e a outra parte não sei onde está. Era uma das vontades do meu pai que se fizesse uma biblioteca em Tomar e que se transformasse aquele museu no que nunca chegou a ser, o que é uma pena. O edifício é lindo, o museu é muito bonito, mas falta qualquer coisa. família toda, perdeu tudo o que tinha, nunca mais voltou. Depois ficaram por cá, eu nasci cá, estudei cá ainda vivi uns anos na Guiné. Como é que o seu Pai viu a relação entre o seu futuro marido e a Clara? O meu marido era português mas não era católico, não tinha religião nenhuma, entendíamo-nos todos muito bem. O meu pai não gostou muito, ele queria que eu casasse com um judeu. Mas acabou por vir a dar-se muito bem com o meu marido. Qual é a memória que guarda do seu pai? O seu pai a certa altura tornou-se uma pessoa conhecida. O meu pai foi sempre conhecido porque em 1919 comprou a sinagoga de Tomar. Ele já sabia que tinha existido ali uma sinagoga que depois foi transformada em capela, e depois em sei lá o quê e foi ver e achou lindo, mas estava cheia de palha e ele mandou limpar. Só que ele vivia em Belmonte e não em Tomar e não podia estar nos dois lugares ao mesmo tempo, nem tinha possibilidades de tornar aquilo numa coisa séria, num museu. E então, ele resolveu comprar e oferecer ao Estado para se fazer dali Onde é que o seu pai queria que conhecesse um judeu? Na comunidade? Pois, possivelmente. Eu não tinha muita facilidade porque andava em direito, e no conservatório (a aprender a tocar violino), de modo que eu não tinha tempo de frequentar. Havia aquelas reuniões que as pessoas iam mas eu não tinha muito tempo para isso, tinha de estudar. E depois nunca calhou encontrar um judeu que eu gostasse. Calhou encontrar o meu marido, com quem me dei sempre muito bem, o meu pai acabou por gostar muito dele, mas durante os primeiros três anos as relações foram difíceis. Nunca critiquei o meu pai por isso porque compreendia muito bem que ele preferisse que eu casasse com um judeu. Ele era judeu, a família era toda judia, o meu marido devia ter sido judeu. Mas não foi e nós fomos muito felizes e o meu pai acabou por gostar muito dele. Estivemos na Guiné vinte e cinco anos, porque o meu marido era anti-salazarista e houve uma altura em que isto estava péssimo aqui, prisões que nunca mais acabavam, até nos cafés era perigoso falar. Eu fui porque o meu curso dava-me direito a ser professora de liceu, de modo, que não havia liceu nenhum nem nada, nós é que o criamos. Nós os dois e mais uns licenciados que estavam lá. Resolvemos fazer um liceu porque os alunos lá tinham todos de vir para Portugal. O meu pai trabalhou numas minas de Gaia, era mesmo pertinho de Belmonte e ia muitas vezes a Belmonte. Foi lá que eu conheci a comunidade cristã nova. Foi lá que ele começou a entrar na sociedade deles e a estudar a sua vida, os seus rituais e costumes. Como é que o seu pai descobriu que eles tinham ritos judaicos? Ele foi comprar coisas que precisava para as minas e o senhor que estava a vender disse-lhe para nunca ir à loja em frente porque era de um judeu. O meu pai ao ouvir isto foi logo lá. Começou a conversar com ele, mas foi difícil convencê-lo a falar porque eles todos tinham muito medo nessa altura, era tudo muito secreto. Mas um dia, esse senhor veio a Lisboa e o meu pai levou-o à sinagoga e ele ficou mais convencido. Mas levou muito tempo até que o meu pai conseguisse entrar mesmo dentro daquela sociedade. E como as orações e as práticas todas eram dirigidas pe- Reunião em Tel-Aviv da Liga de Amizade Israel-Portugal, com a presença de Clara Schwarz, João Schwarz, no passado dia 6 de Novembro las mulheres, uma delas disse uma vez ao meu pai: "se o senhor é judeu, então diga lá uma oração". O meu pai disse o Shemá, e quando pronunciou a palavra Adonai, ela convenceu-se que ele era judeu. E foi assim a entrada do meu pai no meio. Conseguiu conhecer os seus rituais, as festas, e depois escreveu o livro " Os Cristãos Novos em Portugal". Acha que a memória do seu pai não está a ser bem preservada em Belmonte? De maneira nenhuma. Se existe hoje um museu judaico em Belmonte, deve-se em grande parte ao meu pai que descobriu e escreveu sobre os cristãos novos que lá viviam e, apesar disso não há praticamente nenhuma referência a ele no museu. Eu fui lá com os meus filhos e ficámos aborrecidíssimos com isso, começámos a escrever, eu escrevi uma carta aberta, os meus filhos escreveram, depois isto alastrou-se porque eu tenho parentes em toda a parte do mundo, todos eles escreveram. Aquilo começou a dar que falar, o senhor que orientou o museu, o Dr. Canelo, disse que sim, que estudou e leu sobre o meu pai, então se estudou e leu, devia saber um bocadinho mais. Eu insisto na minha ideia de que no museu devia haver um espaço dedicado ao meu pai. Mandei para lá livros e uma fotografia ampliada, depois de criado o espaço poderei ver se posso mandar mais alguma coisa ou não. Já foi alguma vez a Israel? Já, já fui. Gostei muito, adorei, achei uma maravilha de uma terra. Fiquei encantada com tudo, com as ruas cheias de flores, com a maneira de regarem as flores. Tudo bonito. Só tenho pena que as coisas lá não estejam bem. O meu pai nunca conseguiu ir a Israel com grande pena. Mas o seu pai teve uma grande alegria quando foi fundado o Estado de Israel? Com certeza. A vontade do meu pai era ir lá mas adoeceu e não pode ir. Foi um grande desgosto na vida dele. Teve outros grandes desgostos: durante a guerra, um irmão dele, a mulher e dois filhos morreram, creio que no Gueto de Varsóvia. Também o pai dele, já com 80 anos, vivia na sua casa com uma biblioteca enorme, que foi incendiada ao que tudo indica pelos alemães. Ele morreu e levaram uma filha, nunca mais ninguém a viu. Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro 5 I S R A E L E M F O C O Filha de Yitzhak Rabin diz que Israel não aprendeu lições do passado D alia Rabin, filha de Yitzhak Rabin, primeiro-ministro israelita assassinado por um extremista judeu, afirmou nesta quinta-feira, no primeiro acto para lembrar o décimo aniversário da morte de seu pai, que a sociedade israelita ainda não aprendeu as lições do passado. "Estamos conscientes do que aconteceu? Entendemos? Passouse uma década (do assassinato de Rabin), tirámos conclusões, mas as lições ainda não foram aprendidas", disse Dalia, representante do Centro Yitzhak Rabin de Tel Aviv. A filha do primeiro-ministro israelita fez essas afirmações numa cerimónia de Estado na residência do presidente israelita, Moshe Katsav, que iniciava uma série de actos que serão encerrados dia 14, data em que de acordo com o calendário judaico aconteceu o assassinato de Rabin. "Aonde vamos hoje?", perguntou Dalia ao público presente na cerimónia, em alusão às sondagens que indicam que em Israel poderia acontecer um novo crime como o de Rabin por causa da retirada de Gaza. A maioria dos israelitas considera possível um novo assassinato em Israel e acha que Rabin foi o melhor primeiro-ministro do país, segundo 6 Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro um inquérito divulgado nesta quinta-feira, um dia antes do décimo aniversário da sua morte no calendário gregoriano. O inquérito sobre o Índice da Democracia em 2005, realizada pelo Instituto da Democracia de Israel (IDI), revela que 84% dos israelitas considera muito provável que outro dirigente seja assassinado por causa do plano de retirada. Os resultados da inquérito serão apresentados em reunião promovida pelo presidente israelita, Moshe Katsav, que disse nesta quinta-feira que não permitirá que seja dado o perdão ao estudante judeu Yigal Amir, 35, autor dos dois disparos contra Rabin. As balas da pistola Beretta perfuraram o pulmão direito e o baço do líder político, que morreu no hospital. O atentado aconteceu logo depois de comício com aproximadamente 100 mil pessoas, em que Rabin exortava à paz. O inquérito deste ano ouviu 2.000 pessoas que fo- Uma homenagem da CIL no 10º ANIVERSÁRIO DA MORTE DE YITZHAK RABIN Z´L (NOV. 1995 - NOV. 2005) ram consultadas pelo telefone. A imagem de Rabin entre os israelitas continua a ser muito apreciada e neste sentido 79% dos entrevistados opina que o governante era uma pessoa de princípios movida mais pelos interesses do Estado que pelas ideias do seu partido. A inquérito também mostra que Rabin era considerado um homem forte, um dirigente fiável e capaz de conseguir a paz. 3/11/05 (France Presse, em Jerusalém) da Folha Online - Extrato Por 27 anos, tenho sido um soldado. Enquanto não havia nenhuma chance para a paz, eu combati. Eu creio que, hoje, existe uma chance para a paz, uma grande chance. Nós devemos aproveitá-la, por todos aqueles que aqui estão presentes, e por todos que estão ausentes, e eles são numerosos. Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro 7 I S R A E L E M F O C O O Estado de Israel e o Estado da Judeia E nganou-se quem pensou que pelo facto de Israel ter desocupado a Faixa de Gaza e a ter entregue aos palestinianos, por iniciativa própria e unilateral, o período que se seguiria seria de trégua e negociações. Longe disso! Com alguma condescendência, a maioria dos israelianos acabou por admitir as imagens televisivas do "dia seguinte" de algo que mesmo em centenas de anos de inquisição não houve nota - hordas populares palestinianas, endiabradas pela alegria, incendiaram e destruíram os edifícios das sinagogas deixadas em Gaza. Mais difíceis de admitir foram os sucessivos bombardeamentos de áreas habitadas com mísseis oriundos de Gaza e com a assinatura reconhecida do Hamas; também foram encontrados vestígios 8 Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro destes mísseis, inexactos e de curto alcance, perto da residência particular de Sharon. E, como se não bastasse, após dois meses de relativa acalmia, um infame atentado bombista suicida, perpetrado no final de Outubro em pleno mercado de Hadera, uma cidade do norte de Israel, a mando da Jihad Islâmica, causou a morte de vários civis inocentes. Paralelamente, quiçá sob a pressão daqueles que se opuseram à desocupação, o Ministério da Defesa de Israel quis provar aos líderes extremistas palestinianos que a sua vida não passaria a ser "um mar de rosas" e ordenou às suas forças inúmeras acções "pontuais" que resultaram na prisão e morte de vários elementos subversivos pre-identificados e, infelizmente, foram também atingidos passantes ocasionais. Para intimidar o Hamas, Israel deslocou uma unidade de artilharia pesada para a sua fronteira com Gaza. E Sharon já afirmou não tem previstas mais concessões sem contrapartidas como a de Gaza e Abu Mazzen faz o (pouquíssimo) que pode. Partiu-se um raio na roda da violência mas ela continua a girar. Por falar no Presidente da Autoridade Palestiniana, este foi em Outubro aos E.U.A. e, tal como previsto, regressou a casa com dois trunfos que são na realidade uma forma encoberta que a administração de Bush encontrou de apoiar a sua reeleição nas eleições de Janeiro: a recomendação de que Israel impedisse a criação de novos colonatos e, sobretudo, que não se opusesse à candidatura do Hamas. Israel manifestou-se contra a candidatura do Hamas mas a verdade é que um simples "fechar de olhos" é irrelevante; não obstante o risco para a sua segurança, se Israel não abrir uma via de Gaza para Ramallah, como pretende o vice primeiro-ministro Shimon Peres, há quem pense que as eleições não serão verdadeiramente democráticas. Em Israel, o Partido Trabalhista realizará uma convenção em Novembro para eleger um novo secretário-geral ou manter Shimon Peres. Os comentaristas acusam o partido de ausência de ideologia e de submissão à política de Sharon. Será também principalmente dessa alegação que Peres terá de se defender dos outros candidatos. No seu "um contra todos", o primeiro-ministro Ariel Sharon sabe que a maioria dos eleitores o apoiou na retirada de Gaza mas os seus grandes opositores, hoje e nas eleições de 2006 que se avizinham, não são, curiosa- mente, os socialistas, mas sim grande parte dos seus colegas de partido e toda a direita. O primeiro-ministro ganhou em Setembro numa votação dos 3000 e poucos membros do comité central do Likud, por apenas cento e tal votos, contra Uzi Landau e o ex-ministro das finanças Benjamin Netaniahu, que pretendiam antecipar as eleições internas. Mas o partido ficou dividido. Hoje, Sharon luta diária e arduamente nos corredores do partido e do parlamento para conseguir aprovar o Orçamento de Estado e as nomea- ções de novos ministros para substituir os que se demitiram e, sem sucesso, fazer transparecer que o Likud ainda é um partido ideologicamente unido. Em síntese, esfumou-se a diferença ideológica dentro e fora dos dois grandes partidos de Israel e ganhou suma importância a personalidade dos líderes. No entanto, isso não ocorre no que se refere à extrema direita minoritária, que inclui alguns religiosos e ex-colonos de Gaza; após o choque inicial, uma nova "ideologia" ganhou forças acrescidas. Nestes dias em que lembramos com consternação o 10º aniversário do assassinato de Isaac Rabin, é também com tristeza e preocupação verificamos que palavras como "traidor" e afins voltam a ser proferidas por alguns fanáticos, quer em relação a Arik Sharon, quer em relação ao falecido Rabin. E não só: esses elementos pediram a libertação do assassino Igal Amir, recusaram-se a dar boleia a soldados que participaram no seu despejo de Gaza, agrediram pelo menos um oficial superior das forças armadas e impediram um general (ele próprio religioso!) de rezar no Muro das Lamentações. Foram muitas as mazelas internas deixadas em Israel pela retirada de Gaza. Obviamente, há que distinguir entre a oposição à política de Ariel Sharon ou de Shimon Peres, no âmbito de um "Estado de Israel" democrático, e as manifestações extremistas e perigosas daqueles que parecem querer instaurar dentro dele um "Estado da Judeia". Gabriel Steinhardt Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro 9 E S P E C I A L Robert Aumann do Departamento de Economia da Universidade Hebraica de Jerusalém foi laureado com o Prémio Nobel da Economia 2005 O prémio Nobel da Economia foi atribuído ao Prof. Robert J. Aumann da Universidade Hebraica de Jerusalén, conjuntamente com o Prof. Thomas Schelling da Universidade de Maryland, EUA "por haver contribuído para a compreensão do conflito e cooperação, através da análise da Teoría do Jogo." Segundo a Real Academia Sueca de Ciências, o Prof. Aumann foi a primeira pessoa a realizar uma análise profunda e formal do que é conhecido como "Jogos Infinitamente Repetidos." A sua investigação identificou exactamente quais são os resultados que se podem confirmar nas relações a longo prazo. A Teoría dos Jogos Repetidos (Theory of Repeated Games) permite-nos compreender quais são os pré-requisitos para a cooperação; e analisada com maior profundidade, não só ajuda a explicar os conflitos económicos como por exemplo a guerra dos preços, mas também a compreender por que algumas comunidades têm mais êxito que outras ao manejar uma fonte comum de recursos. O Prof. Aumann,, que é Professor Emeritus do Instituto de Matemáticas e membro do Centro de Racionalidade e Teoría de Decisão Interactiva, ambos da Universidad Hebraica de Jerusalém, une-se ao grupo de galardoados com o Prémio Nobel na Universidade Hebraica nos últimos três anos, entre os quais se encon- 10 Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro tram o Prof. Daniel Kahaneman Nobel em Economía 2002, Prof. Avram Hershko e Prof. Aaron Ciechanover - Nobel em Química 2004 e Prof. David J. Gross - Nobel en Física 2004. Previamente ocupava a Cátedra S.A. Schonbrunn de Economía Matemática. Numa conferência de imprensa em que participaram jornalistas dos meios internacionais e isaraelitas, o Presidente da Universidade Hebraica, Prof. Menachem Magidor disse "o Prof. Aumann merecía este prémio há já vários anos" e o anúncio deste prémio "é um motivo de orgulho e alegría para a Universidade, para o Estado de Israel e para toda a comunidade académica Israelíta." Por seu lado, o Prof Aumann enfatizou que este prémio pela Teoría do Jogo é uma honra não só para ele, mas também para todos aqueles que desempenharam um papel importante no desenvolvimento desta área. Robert J. Aumann nasceu em Frankfurt, Alemanha em 1930 e chegou aos Estados Unidos em 1938 com os seus pais e o seu irmão. Recebeu o seu PhD no Instituto Tecnológico de Massachussets (MIT) em 1955, e realizou o seu trabalho de pós-doutouramento na Universidade de Princeton, New Jersey. Posteriormente emigrou para Israel em 1957 e desde então tornou-se catedrático na Universidade Hebraica de Jerusalém, chegando ao cargo de Professor em 1968 e Professor Emeritus en 2000. Foi Profesor Visitante em universidades como Princeton, Yale, Stanford, na Universidade da Califórnia em Berkeley e na Universidade de New York, entre outras. Publicou cerca de 100 artígos científicos e seis livros. Recebeu o Prémio Israel e muitas outras honras e é pai de de 5 filhos, avô de 18 netos e bisavô de 2. Harold Pinter Nobel da literatura O dramaturgo britânico Harold Pinter venceu o Prémio Nobel da Literatura, tornando-se o 13o judeu a ganhar o Nobel nesta categoria, sucedendo à escritora judia austríaca Elfriede Jelinek, vencedora do prémio em 2004. O prémio Nobel 2005, é um judeu de 75 anos, nascido no East End de Londres, numa família modesta, originária da Hungria e Polónia. O pai, alfaiate, e a mãe uma "excelente cozinheira" sempre apoiaram o único filho a seguir a carreira literária. Em 1939, foi evacuado com 24 rapazes para um castelo em Cornwall, junto ao mar. Como explicou mais tarde, nunca viu mortos, mas a violência da guerra nunca mais o deixaria de impressionar. Mais de 40 anos e dezenas de peças de teatro depois, Pinter é hoje considerado "o mais im- portante representante da dramaturgia britânica da segunda metade do século XX", segundo a Academia sueca que lhe atribuiu o prémio. A sua produção literária é imensa, não só como dramaturgo (27 peças) que fundaram o teatro moderno, mas também como poeta, novelista, encenador, actor, argumentista de cinema e televisão - foi autor dos argumentos de "O Criado", "Acidente", "A Amante do Tenente Francês", "O Mensageiro", "O Grande Magnate", entre muitos outros - e activista político. Quando John Major lhe quis dar título de Sir, recusou. "Achei que era idiota ser chamado Sir. Além de que era um título atribuído pelo Governo, era um prémio do Governo". Hoje Pinter afirma "nestes anos todos não mudei muito, continuo a ser o mesmo homem. E não sou sensato, nunca fui sensato". Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro 11 A C O N T E C E U N A C I L meras comunidades por todo o mundo, cujo intuito principal é vivenciar e comemorar toda a alegria de um novo ciclo de vida que chega juntamente com o novo ano judaico, para além de danças israelitas do Maccabi dirigido e coreografado pela Lilian Prist e que foi homenageado por Arnaldo Grossman Presidente do Maccabi Country Club. O grupo apresentou 3 belas danças nesta noite que encantou a todos e deixou certamente muito orgulhosos vários papás e mamãs. A festa seguiu intensamente até de madrugada e marcou o início de uma nova e simpática tradi- SHANÁ TOVÁ PARTY 5766 ção na nossa CIL. de ser este, no âmbito religioso, um sagrado e tradicional momento de introspecção e orações. Muita música, dança de todos os tipos e gostos para além de um delicioso jantar, marcaram este evento. Especialmente marcante foi a pri- F oi grande alegria que se realizou a 1ª edição do meira apresentação "oficial" da Lehakat Hamaccabi - grupo "SHANÁ TOVÁ PARTY", festa do Ano Judaico da CIL. O evento foi carinhosamente preparado e organizado pela CIL e pelo nosso Maccabi Country Club que mais uma vez se mostrou impecável como anfitrião e realizador de grandes eventos, o quem tem sido uma constante desde a sua recente fundação. Dezenas de pessoas de todas as idades entre as quais muito jovens estiveram presentes a esta festa realizada também anualmente em inú12 Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro 13 A C O N T E C E U N A C I L C a r t a s r e c e b i d a s Chaguei Tishri 5766 7ª Conferência Mundial da Confederação Mundial de Centros Comunitários Judeus O Director Executivo da CIL Marcos Prist - esteve presente neste tradicional e importante evento de âmbito mundial que teve lugar na cidade de Haifa - Israel entre os dias 19 e 22 de Setembro, com a presença de cerca de 150 representantes de vários países e continentes, entre os quais dirigentes profissionais e voluntários, e líderes comunitários. Foi uma importante oportunidade para intercâm- bios e trocas de experiências entre os presentes sobre temas de suma importância para a manutenção e desenvolvimento das comunidades judaicas em todo o mundo. Entre estes temas destacam-se a actual identidade judaica na diáspora e a relação diáspora - Israel; modelos de Centros Comunitários em Israel e em vários países, formas de mobilização e envolvimento dos jovens em idade universitária e Inácio Steinhardt é condecorado em Israel A pós ter sido agraciado à já 3 anos, o nosso amigo Inácio Steinhardt foi finalmente condecorado pelo embaixador Pedro Nuno Bártolo, no passado dia 26 de Outubro na residência do Embaixador em Kfar Shmaryahu - Israel. Na ocasião foram-lhe impostas as insígnias da Comenda da Ordem de Mérito. Uma justa homenagem. Os nossos parabéns! 14 Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro as dificuldades e caminhos para o auto-financiamento das Comunidades. Entre os convidados e personalidades presentes ao encontro os destaques ficaram para o Rabino Michael Malkior (Vice-Ministro da Sociedade Israelita e Assuntos da Diáspora), Yona Yahav (Presidente da Câmara Municipal de Haifa), Daniel Ben Simón (Jornalista do Jornal Haaretz de Israel) e o renomado escritor Sami Michael. A pós a celebração dos IAMIM NORAIM (Rosh Hashaná e Yom Kipur) que ocorreu mais uma vez com toda dignidade e com grande mobilização na nossa Comunidade, foram também comemorados com muita alegria as outras Festividades do mês de Tishri, nomeadamente de Sucot e Simchat Thorá 5766. Como manda a tradição todos os dias, durante o "Chag" as pessoas participaram dos serviços religiosos, visitaram e estiveram reunidas na nossa Sucá, mais uma vez carinhosamente construída neste ano. Também em Simchat Thorá dezenas de pessoas estiveram na nossa Sinagoga para celebrar com muita alegria a realização das "akafot". O nosso agradecimento especial e os parabéns ao Alain Hayat (Coordenador para assuntos da Sinagoga), Isaac Assor (Chazan) e Samuel Levy (Conselheiro da CIL para assuntos religiosos) pela colaboração e empenho na condução destes serviços. Chazak ubaruch ! Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro 15 C O N T A N D O A N O S S A H I S T Ó R I A para "orar e suplicar à Divina majestade". Um panfleto escrito em espanhol circulou pela cidade, anunciando um sermão a cargo do rabino Jacob Bassan (1704-1769), no qual se lia: "Horden de Rogativa y Peticion, para orar y rogar, al Senhor, para tiempo de teramoto, o temblor de tierra, y segun se há oydo, la indignacion de Ds. se experimentó, em Varios lugares, y en diferentes partes, tembló la tierra, por lo que se Esquerda: o panfleto da sinagoga portuguesa e espanhola de Hamburgo O Terramoto de Lisboa anunciando um dia de jejum oração em terramoto de Lisboa os judeus e a Inquisição Direita: xilogravura checa sobre o terramoto de Lisboa datada de finais de 1755 (Original do Mu- À s 9h20 da manhã de 1 de Novembro de 1755, há exactamente 250 anos, Lisboa era varrida pelo primeiro de uma série de três violentos abalos sísmicos. Em breves minutos, uma das mais belas capitais europeias ficaria irreconhecível, irremediavelmente destruída por um dos mais devastadores terramotos da História - que, segundo os geólogos modernos, terá atingido uma magnitude de 9 na escala de Richter. Entre 60 a 100 mil pessoas perderam a vida nos escombros (cerca de metade da população da capital portuguesa na época). Escassos quatro meses após o terramoto de Lisboa, a 11 de Março de 1756, uma quinta-feira (9 de Adar II de 5516, segundo o calendário hebraico, cinco dias antes do festival judaico de Pu16 e memória as vítimas do Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro rim), os governadores da congregação sefardita portuguesa e espanhola de Hamburgo - onde na época residiam cerca de 350 judeus portugueses - decretam um dia "jejum geral", seu da Biblioteca Nacional da República Checa). ajuntaran los Senhores Parnassim, y con la aprovacion del Sr. HH, decretaran um ayuno general, para jueves, siendo 9 del mez de Adar segundo deste anho, para orar e suplicar ala Divina magestad, por nós y por todo Israel nuestros Hermanos los proximos y los remotos, El todo poderozo apiade sobre nós, y sobre todos os lugares de nuestras moradas, y ampare por nos, Amen. Composto em Lengua Ebrea, y tradizido em Lengua Espanhola por el H.H.R. Jehacob de Abraham BasGravura britânica, publicada em Londres em 1756. O rei português, D. José I, frente a uma Lisboa em ruínas, pergunta a um padre anglicano quais as causas do terramoto; o sacerdote protestante mostra-lhe um “auto-da-fé”, dizendo que “queimar pessoas provoca a ira divina”. (Jan Kozak Collection, Universidade de Berkeley, Califórnia) san, rav del K.K. Beth Israel en Hamburgo. Estampado por orden de los Senhores Parnassim de dicho Kahal anno 5516. Estampado em Hamburgo, em casa de la Viuda de I.H. [ilegível] Anno 1756." Rezando pela memória das vítimas do terramoto de Lisboa, e pedindo a protecção divina, alguns dos líderes religiosos dos judeus portugueses emigrados em Hamburgo - e também em Amsterdão - viam na catástrofe um "castigo divino" que punia Portugal pelos crimes da Inquisição, em retribuição pelas suas inúmeras vítimas (António José da Silva, dramaturgo conhecido como O Judeu, por exemplo, fora executado na fogueira 18 anos antes do terremoto). A mesma leitura seria feita na época um pouco por toda a Europa, onde teólogos protestantes imputavam o Grande Terramoto de Lisboa a uma omnipresente "mão de Deus" que castigava os portugueses pela sede sanguinária e fanática da Inquisição. Cerca de dois séculos antes, como testemunhou um atónito Gil Vicente, um grupo de frades de Santarém pregava que o terramoto de 26 de Janeiro de 1531 fora "um castigo divino" pela presença dos judeus em Portugal (que por sinal estavam no país há mais de 2500 anos…). Extracto de artigo de Nuno Guerreio, publicado no seu Blogue "A Rua da Judiaria" Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro 17 C O N T A N D O A N O S S A H I S T Ó R I A A Letra J “ N o dia 15 de Janeiro de 1939, poucos meses antes de rebentar a Segunda Grande Guerra, apresentou-se no Consulado da Alemanha, em Lisboa, à Rua Joaquim António de Aguiar, um jovem alemão, residente em Faro. Ao funcionário, que o atendeu, apresentou o seu passaporte alemão, e com toda a naturalidade, pediu que lhe apusessem no mesmo o carimbo com a letra "J", que o regime nazista tinha mandado apor nos passaportes de todos os seus disse cidadãos de religião judaica. O funcionário do Reich teve dificuldade em compreender. "O senhor é judeu?" Não sou, mas vou me converter e, por isso, quero que se cumpra a lei, que me diferencia de todos os outros alemães. Disse chamar-se Peter Schwiefert, de 22 anos, natural de Berlim, cristão baptizado, a residir em Faro há poucos meses, sozinho, e trabalhar numa fábrica de conservas. "Se nós lhe carimbarmos o "J" no passaporte, teremos também que acrescentar-lhe o sobrenome de 'Israel' e o senhor nunca mais poderá entrar na Alemanha. Talvez venha mesmo a perder a nacionalidade". Perante a insistência do jovem, o funcionário convenceu-se de que estava perante um caso de grande perturbação mental. Tentou afasta-lo da ideia. Explicou-lhe que ele teria que fazer um requerimento, que o mesmo teria que ser enviado para Berlim, que a resposta poderia levar algum tempo a chegar... Sem hesitar, Peter pediu uma folha de papel, e ali mesmo escreveu e entregou o requerimento para ser considerado judeu. Nunca recebeu resposta. Dias depois, escreveu ao pai, o dramaturgo Fritz Schwiefert, pre- 18 Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro ” venindo-o para que preparasse para responder a perguntas, que eventualmente lhe poderiam ser feitas. Acrescentou que se considerava desligado de quaisquer obrigações para com o estado alemão, incluindo as de serviço militar. Foi, de facto, uma atitude de contestação, levada ao extremo pelo desespero.A história da curta e dramática vida Peter Schwiefert daria um apaixonante romance de muitas páginas. Aqui deixarei apenas alguns apontamentos, que alguns leitores do "Tikva" talvez ainda possam reconhecer. A mãe de Peter, Else Kirchener, era judia, filha de comerciantes com bons meios de fortuna, liberais, mas muito ligados às tradições judaicas. Esteve para casar com um homem de negócios judeu e rico, quando conheceu o poeta Fritz Schwiefert, que a encantou pela sua indiferença pelos assuntos práticos, pela sua vasta cultura e pela sua poesia. Abandonou o homem de negócios, fugiu de casa e casou com Schwiefert. Os pais não aceitaram a sua fuga e o seu casamento com um "goi", poeta e sem um tostão. Fecharam-lhe a porta de casa e não a ajudaram com dinheiro. Com o nascimento de Peter as coisas mudaram e fizeram as pazes. Peter, ainda bebé, começou a passar algum tempo com os avós e correspondia com muito amor ao carinho que eles lhe dispensavam. As relações entre os pais cedo se deterioram e eles passaram a fazer juntos vidas separadas. Elsa teve uma filha, de outro homem, Betina. Acabou por se divorciar e voltou a casar com Erich Schrobsdorff, filho de uma família de nobres prussianos, ligados por interesses financeiros e ideológi- cos ao novo regime da Alemanha. Nunca aceitaram bem o casamento do filho com uma judia. Também deste casamento nasceu uma filha, Angelika. Peter sempre gostou muito das irmãs, e tinha uma paixão, quase freudiana, pela mãe. Mas a vida em casa dela tornou-se-lhe insuportável. Em Outubro de 1938 decidiu tornar-se independente e viajar para Portugal, na intenção de continuar, quando pudesse, para a América do Sul. Não tinha profissão, nem dinheiro. O pai e o padrasto recusaram qualquer apoio financeiro, para o castigar pelas suas loucuras. Instalou-se em Faro, numa pensão familiar, da senhora Rosário, que o tratava com o carinho e a hospitalidade que caracteriza o povo português. Começou por dar lições de alemão, depois arranjou autorização de trabalho e um emprego como correspondente numa fábrica de conservas. As cartas que Peter escreveu para a mãe, primeiro do Algarve, e depois dos vários países, por onde foi forçado a deambular, foram todo o espólio que dele ficou, nas mãos da irmã, Angelika Schrobsdorff, hoje escritora conhecida, e que em 1960 "descobriu" Israel. Casou, na década de 70, com o famoso cineasta judeu francês Claude Lanzman e viveu com ele em Paris e Munique, até que se separaram e ela se mudou em 1983 para Israel.. Hoje reside em Jerusalém Oriental. Foi Landzman quem traduziu as cartas de Peter para francês, e as publicou em volume "l'Oiseau n'a plus d' ailes", que foi também representado em teatro. O livrinho, que contem umas 60 cartas, foi depois traduzido para hebraico em 1978, por Vardi Ben-Yaacov, de cuja edição me sirvo. Outra boa fonte de informação é o livro "Não foste uma mãe como as outras" , uma biografia da mãe de ambos, escrita em alemão pela meia-irmã, Angelika Schrobsdorff, O conflito íntimo de Peter começou já em finais de 1938, quando tentou saber, pela mãe, notícias dos avós, e compreendeu que ela evitava o contacto com eles, com receio de que isso a comprometesse. Ela estava casada com um verdadeiro prussiano e esperava escapar à sorte dos outros judeus. Na primeira carta, escrita em Faro, em 6 de Dezembro de 1938, Peter manifesta-se muito preocupado com o que os alemães possam ter feito à mãe. E aconselha: "Não renegues o teu judaísmo, nem o judaísmo dos teus filhos, e não o condenes. Ele é toda a tua força. Isto não significa que te devas preparar para te sacrificar ao martírio, em nome de Deus. Apenas que deves amar o que te foi dado como um título honorífico. Pois é isso que ele é. Uma dura missão. Não te esqueças de podes fugir de tudo, mas nunca poderás fugir de ti própria." .Informa-se também, em Portugal, da possibilidade de trazer a avó para junto dele, uma vez que o avô, entretanto, faleceu em Berlim. Disseram-lhe que era impossível. A avó acabou por ser assassinada em Terezienstadt em 1943. Peter não pode suportar o facto da mãe, que ele adorou sempre, até ao seu último suspiro, ter abandonado completamente a avó, pensando que isso lhe permitiria escapar. Por isso a sua atitude extrema de revolta. Dirigiu-se á Comunidade de Lisboa e pediu para ser circuncidado e convertido. Fizeramlhe um inquérito à sua motivação e acabaram por informa-lo de que não aceitavam prosélitos. Foi então que lhe surgiu a ideia louca do "J" no passaporte. Para ele, isso torná-lo-ia judeu. Final- mente acabou por ser chamado pela PIDE, em meados de Dezembro de 1939 e esteve preso em Caxias durante 14 semanas. Daí escreveu à mãe, que entretanto se encontrava já, desde Outubro de 1938, em Sofia, na Bulgária, com as duas filhas. O marido compreendera que não poderia protege-la mais, e aconselhou-a a divorciarse e contrair um casamento fictício com um cidadão búlgaro, com quem ele se encontrava em relações de negócios. Ela chamavase agora Elizabeth Lingorska. Peter não revelou à mãe de onde escrevia, para ela não suspeitar que ele estava preso. Ela, porém, foi informada, por casal judeu, amigo dela, de nome Wiener. Sem dizer nada ao filho, mandou dinheiro para Lisboa, e foi a Dra. Mathilde Bensaude que libertou o filho e lhe conseguiu, com o dinheiro da mãe, uma passagem para Barcelona. Daí seguiu para Roma e depois para Atenas. Ainda em Portugal Peter tentara oferecer-se como voluntário para o exército inglês. Ele, porém, era uma alemão, portador apenas de um passaporte alemão, sem o "J". Os ingleses não podiam correr o risco de admitir um espião nas suas fileiras. Em Atenas, a comunidade judaica ajudou-o financeiramente na sua maior aflição, mas não podiam ajuda-lo mais, pois ele era, quanto muito, "meio-judeu". Conseguiu finalmente alistar-se no exército francês. Combateu no norte de África, participou na campanha da Síria, e as possíveis licenças ia passa-las em Jerusalém, na casa de uma senhora judia de Berlim, de quem eram amigos e que fora cedo para a Palestina. Foi ela que manteve a família informada do que se passava com ele.. Participou do desembarque na Normandia, e acompanhou as tropas francesas na libertação do seu país. O grande desejo dele era entrar em Berlim com as forças aliadas, saciar o seu enorme desejo de vingança e depois abandonar para sempre. Peter morreu em combate na Alsácia, a 2 km do Reno, em 7 de Janeiro de 1945, cinco semanas depois de ter enviado a última carta. " KRISTALLNACHT - A NOITE DE CRISTAL" (1938-2005) Kristallnacht, a Noite de Cristal, ou O Pogrom de Novembro, marcou o início da marcha macabra para uma das páginas mais negras da História da humanidade. Nas noites de 9 e 10 de Novembro de 1938, numa manobra cuidadosamente orquestrada por Joseph Goebbels - o chefe da propaganda nazi -, por toda a Alemanha e nos recém conquistados territórios da Áustria e Sudetenland (Checoslováquia), as populações judaicas foram vítimas de atentados e ataques continuados nas ruas, em suas casas e nas sinagogas, naquele que seria o maior pogrom da história. Pogromnacht. Pelo menos uma centena de judeus foram assassinados e largas centenas ficaram feridos; cerca de duas mil sinagogas foram incendiadas; perto de 8 mil lojas e escritórios propriedade de judeus foram pilhados e destruídos; cemitérios e escolas judaicas foram vandalizados; mais de 30 mil judeus foram presos e enviados para campos de concentração. Para os judeus alemães as restrições haviam começado muito antes da Kristallnacht e leis e medidas anti-judaicas eram já aplicadas há vários meses. Entre as numerosas directivas, os cidadãos judeus eram obrigados a declarar todos os seus bens; as suas empresas e pequenas lojas tinham de ser registadas e expressamente sinalizadas; os inquilinos judeus perderam todos os seus direitos legais; médicos, advogados e professores judeus foram proibidos de exercer as suas profissões. Todos os judeus alemães passaram também a ser obrigados a possuir um passaporte especial, marcado com um "J", e um nome próprio foi acrescentado a cada judeu: "Israel", para os homens; "Sarah", para as mulheres. Kristallnacht, fora "uma bofetada no rosto da Humanidade", como lhe chamou Elie Wiesel. Mas o mundo ignorou os sinais e voltou a face. O Holocausto (shoá) estava à porta. Em memória desta data publicamos este texto de Inácio Steinhardt. Inácio Steinhardt Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro 19 A S R E L I G I Ã O N O S S A S S U G E S T Õ E S Livros Em Saudosa Memória Rabino Abraham Assor Z´L (Tânger, 7 de Setembro de 1920 - Lisboa 15 de Outubro de 1993) fotografado por Yale Strom. “De acordo com a Halakhá (a Lei Judaica), o arrependimento, a providência e a profecia expressam a missão de criar. No Talmude, está escrito que ser judeu é mais uma acção do que uma crença, é mais fazer pelos outros do que ter fé. Modelo de homem judeu, de bondade, de humanidade, de justiça e de tolerância, o ra- bino Abraham Assor, sempre dedicado à sua comunidade, construiu um exemplo.Deus permita que o saibamos lembrar.” Joshua Ruah, ex-presidente da comunidade judaica de Lisboa Sivan 5760 (Junho de 2000) Fonte: Blog de Nuno Guerreiro - Rua da Judiaria Rabino Boaz regressa a Israel Após 2 anos de trabalho na nossa Comunidade Israelita de Lisboa, o nosso querido Rabino Boaz Pash regressou no final do mês de Setembro à sua casa no Mitzpe Iericho em Israel, juntamante com a sua esposa Sara Pash e filhos. Desejamos a todos muito sucesso no seguimento das vossas vidas! Toda Rabá! Be atslachá rabá ! De certeza o nosso Rabino deixará saudades por sua alegria, carinho e humanidade. O Mercador Português | David Liss Editora Saída de emergência Depois do Sucesso de A Conspiração de Papel, David Liss volta a recuar no tempo para um momento chave na História: a Amesterdão de 1659, capital do comércio europeu, onde a perfídia impera e até os melhores amigos têm segredos. Na primeira bolsa de valores do mundo, as fortunas são ganhas e perdidas num instante, e Miguel Lourenço, um judeu que fugiu de Lisboa devido à Inquisição, sabe-o melhor que ninguém. Outrora um dos comerciantes mais invejados da cidade, Miguel perdeu tudo numa súbita desvalorização do açúcar. Agora, empobrecido, humilhado e a viver da caridade de um irmão mesquinho, precisa urgentemente de encontrar uma forma de recuperar a fortuna e reputação. (…) A última Tribo | Eliette Abécassis Editora Livros do Brasil A Última Tribo retoma as aventuras do jovem judeu ortodoxo Ary Cohen, que o leitor já encontrou no romance anterior de Eliette Abécassis, O Tesouro do Templo, recentemente publicado com grande sucesso pela Livros do Brasil. Com uma acção trepidante, e inúmeros efeitos de surpresa, A Última Tribo é já considerado um dos melhores romances de sempre de Eliette Abecassis. Rousseau e outros cinco inimigos da liberdade | Isaiah Berlin Editora Gradiva É uma das primeiras e mais convincentes exposições das ideias de Isaiah Berlin sobre a liberdade humana e a história das ideias. Estas encontraram mais tarde expressão em obras tão famosas como Dois Conceitos de Liberdade e estiveram no cerne do trabalho que desenvolveu ao longo de toda a sua vida sobre o Iluminismo e os seus críticos. Suite Francesa | Iréne Nemirovski Dom Quixote Os emigrantes | W. G. Sebald Teorema O mundo é plano | Thomas Friedman Actual Editores REPÚBLICA PORTUGUESA COMISSÃO DA LIBERDADE RELIGIOSA I Colóquio A Religião no Estado Democrático Lisboa, 25 - 26 Novembro 2005 ORGANIZAÇÃO Comissão da Liberdade Religiosa Comissão organizadora Esther Mucznik Fernando Soares Loja Manuel Saturino C. Gomes Local do Colóquio Centro Ismaili - Av. Lusíada - Lisboa Grupo de Estudos sobre a Parashá da semana Todas as 6ªs feiras às 19 horas na Sinagoga. Aberto a todos. Coordenação: Alain Hayat Participe nos Serviços Religiosos da nossa Comunidade Venha e traga toda a sua família ! 6ªs feiras às 20h00 / Sábados às 9h00 20 Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro A CIL NA TV RTP 2 30 Novembro - Quarta-feira - 18h00 Fé dos Homens "O Museu Judaico de Belmonte" Visita organizada pela APEJ Eventual mudança no horário da emissão é de total responsabilidade da emissora. Secretariado e Informações Comissão da Liberdade Religiosa Rua Augusta, nº 118-3º 1100-054 LISBOA - PORTUGAL Telefone: 351 21 324 23 43 | Fax: 351 21 324 23 41 Email: [email protected] ENTRADA LIVRE com apresença de Stephan Kramer, Secretário Geral do Conselho Central das Comunidades Judaicas da Alemanha Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro 21 E S P A Ç O A B E R T O DESCOBERTA ANTIGA SINAGOGA DO PORTO U ma casa pertencente à Misericórdia do Porto, e situada na Rua de S. Miguel n.º 9, poderá ter sido a sinagoga da judiaria do Olival, a que se referem os documentos históricos da época. O prédio foi doado pela Misericórdia ao abade local, para o estabelecimento de um lar diurno para a terceira idade. No decorrer das obras de adaptação, foi desentaipado, na parede oriental (voltada para Jerusalém), do andar térreo, um nicho que, segundo os especialistas, tem todo o aspecto de ter sido um "Ehal", arca santa onde os judeus guardam os pergaminhos da Lei, ou Sefer Torah. A Judiaria do Olival foi estabelecida, em princípios do século XV, a pedido do rei D. João I, quando o espaço ocupado pelos judeus em Miragaia se tornou insuficiente para a sua crescente expansão demográfica. Segundo Germano Silva, a Câmara designou então para judiaria o sítio chamado das Courelas, em terreno do Olival, dentro das portas da cidade, numa área que abrangia a rua, que então se chamava de S. Miguel (e na qual viriam a situar-se posteriormente duas ruas: S. Miguel e da Vitória,Taipas, Belo-Monte e Escadas da Vitória. Em 1491, nas vésperas da expulsão dos judeus de Castela, veio a Portugal o famoso rabino Isaac Aboab, que ficou conhecido na história como o último Gaon (sábio) de Castela. Aboab veio negociar com a coroa portuguesa o estabelecimento em Portugal daqueles judeus de Castela, que pretendessem encontrar aqui asilo temporário, na esperança de que a decisão dos reis católicos, Fernando e Isabel fosse reversível. De entre os refugiados autorizados a entrar em Por22 Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro lor para a história judaica: "Nomologia o Discursos Legales", em espanhol. Nessa obra, Immanuel Aboab relata o estabelecimento do seu bisavô e restantes famílias no bairro do Olival, no centro do qual havia uma sinagoga, que ele ainda se lembrava de ter visto em criança. Isto significa que a sinagoga do Olival, ainda que fechada ao culto judaico em 1497, continuou a existir como edifício durante parte do século XVI, tendo provavelmente sido sujeito a obras, que modernizaram o seu estilo. Foi comum, nessa época da história, as sinagogas serem adaptadas a igrejas cristãs, como foi o caso da sinagoga grande de Lisboa, que se tornou na Igreja da Conceição Velha, destruída pelo terramoto de 1755. No antigo bairro do Olival foi contruído em 1598 o Mosteiro de S. Bento da Vitória, depois igreja do mesmo nome. Mais tarde criou-se o mito de que a igreja estaria situada sobre o lugar da sinagoga, e que o seu nome derivaria da "vitória" da religião de Cristo sobre a Lei de Moisés. Nas traseiras da casa, onde agora se desentaipou a "Arca Santa" dos judeus, vem desembocar a escadaria, a que ainda hoje se chama "Escadinhas da Esnoga", a palavra que na época designava a sinagoga. A confirmar-se a autenticidade do achado, ficar-se-à a saber que a sinagoga não se encontrava onde foi construído o mosteiro, mas sim nas suas proximidades. Na mesma Rua da Vitória, bem perto do suposto lugar da velha sinagoga, situa-se a casa onde tradicionalmente nasceu e viveu Gabriel da Costa, o cristão-novo, que viria a chamar-se, na Holanda, como judeu, Uriel da Costa (1585-1640). Sua história foi contada num romance de Agustina Bessa Luís, "Um Bicho da Terra". IKS Anuncie no Tikvá JÁ SÃO MAIS DE 50 EDIÇÕES PUBLICADAS ! MAIS DE 400 FAMILIAS E ENTIDADES RECEBEM A NOSSA PRINCIPAL PUBLICAÇÃO, QUE ATINGE UM UNIVERSO DE MAIS DE 2 000 LEITORES EM TODO O MUNDO ! tugal - mediante o pagamento de um imposto por cabeça - distinguiram-se 30 famílias, entre as quais a do rabino Isaac Aboab, a quem foram atribuídas casas para habitação na judiaria do Olival, no Porto. O rabino viria a falecer em 1493, e já não testemunhou a conversão forçada de todos os judeus de Portugal, em 1497. Na cidade cabalística de Safed, em Israel, existe uma sinagoga medieval, que tem o nome de Aboab, e no qual se conserva um Sefer Torah, cujo pergaminho, segundo a tradição, foi manuscrito pelo famoso Gaon de Castela.Foi da Judiaria do Olival que os judeus de 1497 foram levados à força para o "baptismo de pé". Abraham Aboab, filho do rabino, tomou o nome cristão de Duarte Dias, e o filho deste, Isaac Aboab também, chamou-se Henrique Gomes. O bisneto, Immanuel Aboab, cujo nome de cristão não é conhecido, nasceu em 1556, no Porto, e faleceu em 1628, em Veneza, onde regressou ao judaísmo dos seus antepassados. Immanuel Aboab deixou uma obra de grande va- TIPO DE ANÚNCIO Nº DE EDIÇÕES TAMANHO COR PREÇO Contra Capa Verso da Capa Verso da Contra Capa Página Inteira 1/2 Página Anúncio Padrão 6 6 6 6 6 6 17 x 25 cm 17 x 25 cm 17 x 25 cm 17 x 25 cm 17 x 10 cm 16 x 4 cm 4X0 (colorido) 4X0 (colorido) 4X0 (colorido) 4X0 (colorido) 4X0 (colorido) 4X0 (colorido) 1.800,00 € 1.600,00 € 1.400,00 € 1.200,00 € 600,00 € 400,00 € 3º Aniversário do site oficial da CIL ! VISITE O SITE OFICIAL DA CIL ! JÁ RECEBEMOS QUASE 25.000 VISITAS ! Faça o seu registo e dê a sua opinião ! www.cilisboa.org O nosso maior e mais sincero agradecimento ao querido amigo e nosso "webmaster" Bernardo Abecasis por sua voluntariosa e dedicada colaboração na manutenção do nosso site oficial desde o seu lançamento Prezados Leitores e Assinantes lembramos que desde a edição de nº 52, o nosso Boletim Tikvá passou a ser publicado com peridiocidade bimestral Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro 23 A S N O S S A S A C T I V I D A D E S Actividades Sociais e Culturais Shabat especial Grupo Guil Hazaav - Ano III (Idade de Ouro) Não perca mais tempo ! Venha participar connosco ! Actividades Especiais Permanente (música, ginástica, palestras, passeios ...) Para adultos a partir dos 60 anos | Encontros semanais às 4ªs feiras, das 15h30 às 17h00 horas Sede no Monte Olivete | Participação: 5,00 € Movimento Juvenil Dor Chadash de Lisboa - Ano IV A cada semana um novo participante! Mais de 80 jovens já participam. Agora só falta você !! Actividades todos os domingos, das 15h00 às 18h00 no Maccabi Country Club Jovens e crianças a partir de 03 anos | Participação: 5 € por semana Descontos especiais na compra de senhas antecipadas Coral Etz Chaim - Ano III Coral Musical representativo da CIL Para adultos entre os 20 e os 60 anos Encontros semanais - às 3 ª s e 5ªs feiras, das 19:30 às 21:00 - Monte Olivete Participação: 5€ por encontro | Inscreva-se já! LEHAKAT HAMACCABI GRUPO DE DANÇA ISRAELI NÃO PERCAM ! TODOS OS DOMINGOS DAS 12H00 ÀS 13H30 - NO MACCABI JOVENS DOS 12 AOS 15 ANOS MACCABI COUNTRY CLUB FAÇA JÁ A SUA INSCRIÇÃO ! 3ª a 6ª Feira - Das 9h00 às 17h00 Tel: 21 9111188 - Tratar com Rosina | [email protected] | www.cilisboa.org/documents/maccabi/FichaMembro UPEJ - União Portuguesa de Estudantes Judeus Super actividades mensais para jovens entre os 18 e 30 anos O jantar de despedida de Boaz Pash no Maccabi, no dia 16 de Setembro, foi marcado por muitas novidades. Pela primeira vez desde que chegou em Portugal, o Rabino concordou em realizar o Shabat no clube. Mais de quarenta pessoas participaram no serviço religioso. Em seguida, foi servido um jantar que reuniu sessenta e cinco membros da nossa comunidade, um número recorde na história do Maccabi. Sônia Bernfeld entregou uma lembrança ao Rabino Boaz em nome da direcção do clube e alguns discursos foram proferidos em sua homenagem. Para não fugir à tradição, o Rabino pediu a ajuda dos presentes e todos juntos cantaram canções tradicionais de Shabat. Houve também a participação especial de Guilherme Grossman que explicou a Parashá da semana. Shaná Tová Party - Festa de Rosh Hashana A CIL esteve reunida na sede do Maccabi no passado dia 8 de Outubro para uma mistura de uma tradicional festa judaica e a alegria de uma autêntica noite de reveillon, com direito até a "fogos de artifício virtuais" no ecrã do salão principal. A grande quantidade de participantes obrigou a organização a colocar as mesas espalhadas pela casa, o que tornou o ambiente ainda mais descontraído. A Lehakat Hamaccabi (grupo de dança israelita) coordenado pela Lilian Prist fez a sua primeira apresentação, com destaque para a bela participação de todo o grupo que não se intimidou diante do público. Todos os presentes entraram no ritmo da festa e dançaram até a madrugada. 3º Encontro de Jovens CIL - CJM De 8 a 11 de Dezembro em Madrid Para jovens dos 13 aos 18 anos Não Perca ! GRANDE ENCONTRO MACCABI LISBOA MACCABI MADRID Dias 25,26,27 de Novembro em Lisboa ~ Para crianças dos 9 aos 13 anos Cabalat Shabat Especial Actividades integrativas Competição Desportiva (Futebol/Hóquei) Mais informações e inscrições através da nossa secretaria !!! Participe nas actividades e eventos da nossa Comunidade, pois a nossa Comunidade é você !! 24 Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro X Almoço aos Domingos Todos os Domingos há almoço no clube, sempre a partir das 12h30. X Aula de Dança Israeli LEHAKAT HAMACCABI Já iniciaram os ensaios de Dança Israeli dirigidos pela Lilian Prist para os jovens dos 12 aos 25 anos- Todos os Domingos das 12 às 13:30 horas. Não é preciso inscrever-se. As aulas são gratuitas. Agenda (Veja mais fotos desta festa em http://www.cilisboa.org/activities.htm) Dr. Joshua Ruah aborda tema polémico N O V E M B R O / D E Z E M B R O O Maccabi Informa os sócios Discutir questões como aborto, inseminação artificial e contracepção assusta muita gente. Há quem prefira deixar estes assuntos de lado. Não foi o caso do Dr. Joshua Ruah que esteve no Maccabi no dia 2 de Outubro para falar sobre estes temas. Entre outras coisas, ele explicou e surpreendeu uma plateia atenta e curiosa, em quais casos o judaísmo permite realizar o aborto. O Dr. Ruah falou também sobre as situações em que os contraceptivos são proibidos e em quais são aceites. Muitas dúvidas surgiram entretanto quando o orador abordou a questão da inseminação artificial. A complexidade do tema fez com que alguns dos presentes solicitassem uma segunda oportunidade para continuar a ouvir as explicações do médico. A sugestão foi anotada pelos organizadores. Portanto, aguardem… Uma regra e dois propósitos Nos últimos dois domingos de Outubro, sócias do Maccabi reuniram-se para criar e produzir peças artesanais, que serão vendidas no shuk (bazar) a ser realizado pelo clube. Todas as "obras de arte" foram feitas seguindo uma única regra: as peças deveriam ter motivos judaicos. O "workshop" serviu para dois propósitos: criar peças (que seriam vendidas com o intuito de arrecadar fundos para o clube) e, ao mesmo tempo, reunir as amigas numa tarde de diversão e criatividade. X Domingo, 6 de Novembro Maccabi Shuk Bazar Com entrada livre. Artigos para casa, perfumaria, roupas, relógios e bijouterias. Produtos de marca com preços tentadores. Não perca! X Domingo, 13 de Novembro Palestra com José Rodrigues dos Santos Seguida de uma tarde de autógrafos do autor do livro, recorde de vendas, "O Codex 632". X 25, 26 e 27 de Novembro Grande Encontro Maccabi Portugal e Maccabi Madrid. Um super intercâmbio comunitário cultural, social e desportivo entre jovens dos 9 aos 13 anos da nossa CIL e da Comunidade Judaica de Madrid ! Informações: 21 911 11 88 O Maccabi é a sua casa! Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro 25 Mazal Tov !! H O M E N A G E N S Os nossos parabéns e os votos de muitas felicidades a todos ! NOVEMBRO Edgar Loewenthal Moriel Levy Salomão Rosenfeld Beila Leia Szary Edith Foerster René Arié Álvaro Leon Cassuto Clara Bensimon Hayat Andréia Fernandes Teruszkin Toni Ruah Alexandre Brodheim Eva Ettner Ester Bekerman N. Carneiro Mark Robertson Vera Goldschmidt Ferreira Vera Broder Koshet Martha Steinhardt Vera Curiel José Salvado Jeremy D. Yarnell Aboab-Leidstar Gabriel Steinhardt ANIVERSÁRIOS SETEMBRO Victor Blumenfeld Maurice Mayper Valerie Brodheim Michel Kopejka Joshua Gabriel Ruah Gal Yarkoni Daniel Beckerman Josée Bollack Emilia Ettner Charles Sammartano Tomás Ayash Charles Arié David Katz Eduardo Ruah David Yarkoni Jens Classen Samuel Ruah Gabriel Pihas Alexandre Arié 04 06 06 08 08 09 09 11 11 13 20 20 22 25 27 28 29 30 30 OUTUBRO Andrea Classen Henrique Ettner Abraham Sorin Cowl Marcos B. Zagury Inacio Steinhardt Alberto Fresco Marques Sofia Gabriel Khaski Clara Cohen Morão John Blumenfeld Esther Atzmon Daniel Ayash Judith Shap Pinto Eva Mayer Raposo José Salomão Ruah Susana Ruah Arié Monique F.Schwartz Bento Ana Arié 02 02 03 05 05 06 06 08 10 11 11 13 17 22 23 24 26 03 07 07 11 14 14 17 17 18 19 19 19 21 21 21 25 25 27 28 29 29 Mazal Tov !! Os nossos parabéns e os votos de muitas felicidades a todos ! BAT - MITZVOT As nossas queridas Reina Assor e Raquel Arié realizaram juntas as suas Bat-Mitzvot, na nossa Sinagoga no passado dia 1 de Outubro / 27 de Elul de 5765 com o Rabino Boaz Pash, na presença de seus pais, Manuela e Issac Assor e Susana e Renato Arié, bem como de vários familiares e amigos. Mazal Tov !! Os nossos parabéns e os votos de muitas felicidades a todos! Participe nestas homenagens. Actualize os seus registos junto da nossa secretaria através do tel. 21 393 1130 de 2ª a 5ª feira - das 14h00 às 17h00 | [email protected] N A H A L O T Sábado 19/11 Sábado 26/11 17 17 19 19 19 20 20 22 22 23 23 Margarete Coenca Max Nahmann Ajzik Katzan Raquel Querub Raquel Jablonski Srul Finkelstein Miriam Levy Ruben Azavey Azancot 24 24 25 27 27 27 28 29 KISLEV Goldina Taranto 1 Sábado 03/12 Godoricha Mode Botelho Berthold Singer Magda Buzaglo Vittoria Maissa Anna Roffe Levy Ruben Bak Gordon Fortunata Esaguy Manaças Salomão Levy Jr 2 3 4 4 4 5 5 7 Sábado 10/12 Moisés Lev Asher Peles Mecia Azriel Micael Uzzan Aló Levy Messoda B.Esaguy Yolande Cohen Mery Tangi Israel Matilde Presente Spieguel Pinhas Segal Levy Bem Haim Ida Helena Aberlé Oswald Levy 9 9 10 10 11 12 12 13 14 14 14 14 Joshua Amram 16 Sábado 17/12 26 ELUL Mercedes Ayash Henri Sorin Valerio Bella Bensimon Cardona Sofia Muginstein Azancot Isaac Joanes Nadia Spiegel Ester Benoliel Máximo Dário Becker Weinberg Carlos Ergas Abraham Israel Eugénia Weiss Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro Erika Draiblate Simy Azavey Azancot Helena Kaezar Menahem Adrahi Joachim Draiblate Shlomo Bekerman Fraim Adrahi Paulo Cymerman Szindla Goldrajch Simy Benzmien Barreiros Maximiliano Bachman José Tuati Isaac Marques Mazaltob David 17 17 17 17 18 18 19 19 20 20 21 21 21 22 Sábado 24/12 Alegria Obadia Clementino Benoliel de Carvalho Jacob M. Sequerra Raquel Toledano Myriam Fresco dos Santos Theodor Richheimer Lúcia Terlo 23 25 27 27 27 28 29 Sábado 31/12 Margot Berkowitz TEVET Mordehai Audaj António Monteiro Azancot Raquel Tangi Bitton George Herzfeld Elias Isaac Tuati Branca Azancot Bensimon TEVET Ilse Maria Friman Loewenthal Sábado 07/01 Moisés Libermann Abrahão Obadia Harry Bendit Branca Araújo Hilda Benatar Samuel Marques Alfonso Cassuto Menasse Bensimon Moisés Cagi Ruah Abraham Bensimon Adolfo Stieglitz Jacob Adrahi 30 Kislev 2 2 3 3 5 5 6 7 8 9 9 9 11 11 12 12 12 12 13 TIKVÁ Envie os seus textos e sugestões para TIKVÁ até ao dia 30 de cada mês. Rua do Monte Olivete, 16 r/c. esq. 1200-280 Lisboa | e-mail:tikvá@cilisboa.org A quem se dirigir Horário de funcionamento da Secretaria Segunda a Quinta-feira, das 9h00 às 17h30 Sexta-feira e vésperas de festas judaicas, das 9h00 às 13h00 Horário de almoço das 13h00 às 14h00 Atendimento ao público Segunda a Quinta-feira, das 13h00 às 17h30 Os espaços para reuniões devem ser agendados com aviso prévio, mínimo de 48 horas Tesouraria Maria João Geraldes [email protected] Telf. 213 931 134 Atendimento de Segunda a Quinta-feira, das 10h00 às 13h00 Telf. 213 931 130 | Fax 213 931 139 Director Executivo Marcos Prist [email protected] Movimento Juvenil Dor Chadash [email protected] Rabino Boaz Pash [email protected] [email protected] Secretária Estrella Assayag [email protected] Visite o nosso site: www.cilisboa.org Direcção Presidente Vice-Presidente Vice-Presidente Tesoureiro Secretário Vogal efectivo Vogal efectivo Vogal efectivo Vogal efectivo Vogal Suplente Vogal Suplente Jose Oulman Carp Esther Mucznik Ronald Brodheim José Salomão Ruah Eva Ettner Clara K. Cassuto Charles Arie Sonia Hulli Bernfeld Arnaldo Grossman Salomão Kolinski Vera G. Ferreira Assembleia Geral Presidente Moisés Bendrao Ayash Vice-Presidente Mordechai Atsmon 1º Secretário Nuno Wahnon Martins 2º Secretário Diana Ettner Conselho Fiscal Presidente Samuel Tuati Vogal Efectivo David Bentes Ruah Vogal Suplente Guilherme Grossman Presidente Honorário Dr. Samuel Ruah
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