Tikvá nº 55, 6º ano - Comunidade Israelita de Lisboa

Transcrição

Tikvá nº 55, 6º ano - Comunidade Israelita de Lisboa
TIKVÁ
BOLETIM INFORMATIVO DA COMUNIDADE ISRAELITA DE LISBOA
HAROLD PINTER (Literatura)
e ROBERT AUMANN (Economia)
Prémios Nobel 2005
10 anos sem
ITZHAK
RABIN
(1995-2005)
Nº 55 | 6º Ano
Outubro/Novembro de 2005
Tishrei/Heshvan 5766
L E I
E D I T O R I A L
Recordar
sempre !
Estamos de volta com a edição e
nº 55 do nosso Boletim Tikvá que
marca importantes factos ocorridos nos últimos 2 meses na nossa
CIL e no mundo com destaque para as celebrações dos Iamim Noraim na nossa Sinagoga, a alegria
da primeira edição da nossa
SHANÁ TOVÁ PARTY, bem como a
comemoração dos Chaguei Tishri
na nossa Comunidade.
Destaca também com alegria e orgulho os Prémios Nobel entregues
a mais dois destacados judeus das
áreas de literatura e economia e
finalmente a interessante e surpreendente descoberta de mais
uma antiga Sinagoga existente na
cidade do Porto.
Esta edição traz a todos também a
sempre importante necessidade
de lembramos datas como o Cristal Nacht ("A Noite de Cristal") que
completa o seu 67º aniversário e o
não menos importante 10º aniversário da morte do líder Itzhak
Rabin Z´L. Lembraremos também
com carinho e saudades do nosso
Rabino Boaz Pash que regressou
recentemente à Israel com a sua
família, após 2 anos um de convívio com a nossa Comunidade Israelita de Lisboa e a quem auguramos muito sucesso !
Só nos resta então desejar a todos
uma agradável leitura e que desfrutem de mais esta edição do
nosso Boletim Tikvá, feita como
sempre com muito carinho e dedicação !
Marcos Prist
Director Executivo CIL
FICHA TÉCNICA Director Esther Mucznik Chefe
de Redacção Marcos Prist Colaboradores Camila
Welikson, Diana Ettner, Gabriel Steinhardt,
Henrique Ettner, Nuno Martins e Samuel Levy
Concepção e produção gráfica Raimundo Santos
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Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro
"Os judeus são geniais?"
Dois dos prémios Nobel deste ano de 2005 são judeus: Harold Pinter, em literatura e Robert J. Aumann, em economia, cujas biografias resumimos
neste número do Tikvá.
Os judeus são apenas 0,25% da população mundial
e, no entanto, até hoje já conquistaram 27% dos prémios Nobel, 25% dos prémios ACM (Association for
Computing Machinery), destinados a premiar alunos
de ciências informáticas, e 50% dos títulos mundiais
de xadrez.
Seremos mais inteligentes do que os outros povos?
O jornal EL MUNDO, num artigo reproduzido na revista SÁBADO, sob o título "Os judeus são geniais?", divulga um estudo de dois antropólogos americanos
que garantem que a explicação está na genética.
Creio que é perigoso ir por aí. É inegável que proporcionalmente aos outros povos temos mais prémios Nobel, e talvez melhores resultados no domínio intelectual
e profissional. Mas não creio que seja uma questão genética. Um povo é acima de tudo o resultado - e simultaneamente a origem - da sua própria história e a
história do nosso povo obrigou-nos a desenvolver determinadas características: a iniciativa, a imaginação, a
inquietação, a capacidade de adaptação, são algumas
características que tivemos de desenvolver face às perseguições, às constantes mudanças de país e de língua,
à necessidade de recomeçar muitas vezes do zero.
É evidente que isto também tem contrapartidas numa certa obsessão da perseguição, no desejo intenso
de ser admitido e reconhecido, numa visão algo egocêntrica do mundo.
Mas o que faz de nós um povo diferente desde tempos imemoriais é a importância do estudo. O estudo
da Torá, como primeira obrigação religiosa desde a
mais tenra idade, o estudo do Talmud, mais tarde,
obrigando a uma permanente "ginástica" mental, o
estudo também das ciências "profanas", complemento indispensável do estudo religioso. É o estudo, o
desejo de conhecer, a reflexão e a polémica intelectual que moldou o nosso povo. Mas sendo produto de
uma história e de um comportamento, essa diferença
também pode desaparecer - se abandonarmos essa
regra de ouro da nossa história que é o estudo e, em
primeiro lugar, o estudo da Torá.
Em Simchá Torá inicia-se um novo ciclo anual de leitura da Torá, eternamente repetido, à imagem do
próprio conhecimento nunca acabado e sempre renovado. É esta leitura eterna da Torá que fornece a chave simbólica dos Nobel judaicos.
Esther Mucznik
Vice-Presidente
D A
S ABIA
A
L I B E R D A D E
R E L I G I O S A
QUE ...
s comunidades religiosas
são livres no exercício das
suas funções e do seu culto, podendo praticar um conjunto de
actos sem interferência do Estado ou de terceiros. Nesse actos
contam-se, entre outros, ensinar
na forma e pelas pessoas por si
autorizadas a ditames religiosos,
assistir religiosamente os próprios membros, comunicar e publicar actos em matéria religiosa
e de culto, relacionar-se e comunicar com as organizações da
comunidade ou de outras
confissões no território nacional
ou no estrangeiro.
No que toca à questão do ensino
religioso nas escolas públicas, a
Comunidade pode requerer o
ensino do Judaísmo nas escolas
públicas do ensino básico e do
ensino secundário que indicar.
Não obstante, o ensino da moral
e da religião depende de um número mínimo de alunos e da
existência de uma autorização
manifesta e expressa do desejo
de frequentar as aulas. Compete
igualmente à Comunidade elaborar os programas e aprovar o
material didáctico (de acordo
com as orientações gerais do ensino), devendo o professor ser
considerado idóneo para a qualidade de professor.·
Nuno Wahnon Martins
R O S T O S
D O
J U D A Í S M O
Entrevista com
CLARA SCHWARZ
Conduzida por NUNO W. MARTINS
"Compreendia que
o meu Pai quisesse
que eu casasse
com um Judeu"
A Clara nasceu em Portugal?
Eu nasci em Portugal. O meu pai
era polaco a minha mãe era russa,
o meu pai era engenheiro de minas
e esteve a trabalhar em Espanha,
na Suíça, na Rússia, em África, na
Costa do Marfim. Os nossos avós
eram amigos e encontraram-se na
Suíça no congresso sionista, e o
meu pai conheceu a minha mãe,
gostaram um do outro e casaramse. Foram passar a lua de mel em
Paris, andaram a passear até que
houve a revolução na Rússia e eles
deixaram de receber dinheiro. O
meu pai ainda foi a Espanha mostrar à minha mãe onde ele tinha
trabalhado, mas depois eles ficaram sem meios para poder viver e
o meu pai ouviu falar de Portugal e
resolveu vir até cá. Chegou aqui arranjou logo trabalho e ficou. Eles
depois voltaram à Polónia, à Rússia
já não, a minha mãe perdeu a
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um museu luso-hebraico. O desejo
dele era fazer uma coisa à imagem
do Museu de Toledo, em Espanha,
com uma biblioteca com livros luso-hebraicos, porque ele também
tinha uma biblioteca muito grande.
Houve muitas conversas em que
se combinou que a biblioteca ia para aquele museu. Só que levaram
a biblioteca para uma repartição de
finanças, onde esteve anos, atirada de qualquer maneira. Um dia
resolveram tirá-la dali para a levar,
em parte para a Universidade Nova, e a outra parte não sei onde
está. Era uma das vontades do
meu pai que se fizesse uma biblioteca em Tomar e que se transformasse aquele museu no que nunca
chegou a ser, o que é uma pena. O
edifício é lindo, o museu é muito
bonito, mas falta qualquer coisa.
família toda, perdeu tudo o que tinha, nunca mais voltou. Depois ficaram por cá, eu nasci cá, estudei cá
ainda vivi uns anos na Guiné.
Como é que o seu Pai viu a relação entre o seu futuro marido e a Clara?
O meu marido era português mas
não era católico, não tinha religião nenhuma, entendíamo-nos
todos muito bem. O meu pai não
gostou muito, ele queria que eu
casasse com um judeu. Mas acabou por vir a dar-se muito bem
com o meu marido.
Qual é a memória que guarda
do seu pai? O seu pai a certa
altura tornou-se uma pessoa
conhecida.
O meu pai foi sempre conhecido
porque em 1919 comprou a sinagoga de Tomar. Ele já sabia que
tinha existido ali uma sinagoga que
depois foi transformada em capela,
e depois em sei lá o quê e foi ver e
achou lindo, mas estava cheia de
palha e ele mandou limpar. Só que
ele vivia em Belmonte e não em
Tomar e não podia estar nos dois
lugares ao mesmo tempo, nem tinha possibilidades de tornar aquilo
numa coisa séria, num museu. E
então, ele resolveu comprar e oferecer ao Estado para se fazer dali
Onde é que o seu pai queria
que conhecesse um judeu? Na
comunidade?
Pois, possivelmente. Eu não tinha
muita facilidade porque andava
em direito, e no conservatório (a
aprender a tocar violino), de modo que eu não tinha tempo de
frequentar. Havia aquelas reuniões que as pessoas iam mas eu
não tinha muito tempo para isso,
tinha de estudar. E depois nunca
calhou encontrar um judeu que
eu gostasse.
Calhou encontrar o meu marido,
com quem me dei sempre muito
bem, o meu pai acabou por gostar muito dele, mas durante os
primeiros três anos as relações
foram difíceis. Nunca critiquei o
meu pai por isso porque compreendia muito bem que ele preferisse que eu casasse com um
judeu. Ele era judeu, a família era
toda judia, o meu marido devia
ter sido judeu. Mas não foi e nós
fomos muito felizes e o meu pai
acabou por gostar muito dele.
Estivemos na Guiné vinte e cinco
anos, porque o meu marido era
anti-salazarista e houve uma altura em que isto estava péssimo
aqui, prisões que nunca mais
acabavam, até nos cafés era perigoso falar. Eu fui porque o meu
curso dava-me direito a ser professora de liceu, de modo, que
não havia liceu nenhum nem nada, nós é que o criamos. Nós os
dois e mais uns licenciados que
estavam lá. Resolvemos fazer um
liceu porque os alunos lá tinham
todos de vir para Portugal.
O meu pai trabalhou numas minas de Gaia, era mesmo pertinho
de Belmonte e ia muitas vezes a
Belmonte. Foi lá que eu conheci a
comunidade cristã nova. Foi lá
que ele começou a entrar na sociedade deles e a estudar a sua
vida, os seus rituais e costumes.
Como é que o seu pai descobriu que eles tinham ritos judaicos?
Ele foi comprar coisas que precisava para as minas e o senhor
que estava a vender disse-lhe para nunca ir à loja em frente
porque era de um judeu. O meu
pai ao ouvir isto foi logo lá. Começou a conversar com ele, mas foi
difícil convencê-lo a falar porque
eles todos tinham muito medo
nessa altura, era tudo muito secreto. Mas um dia, esse senhor
veio a Lisboa e o meu pai levou-o
à sinagoga e ele ficou mais
convencido. Mas levou muito tempo até que o meu pai conseguisse
entrar mesmo dentro daquela sociedade. E como as orações e as
práticas todas eram dirigidas pe-
Reunião em Tel-Aviv da Liga de Amizade Israel-Portugal, com a presença
de Clara Schwarz, João Schwarz, no passado dia 6 de Novembro
las mulheres, uma delas disse
uma vez ao meu pai: "se o senhor
é judeu, então diga lá uma oração". O meu pai disse o Shemá, e
quando pronunciou a palavra
Adonai, ela convenceu-se que ele
era judeu. E foi assim a entrada
do meu pai no meio. Conseguiu
conhecer os seus rituais, as festas, e depois escreveu o livro " Os
Cristãos Novos em Portugal".
Acha que a memória do seu
pai não está a ser bem preservada em Belmonte?
De maneira nenhuma. Se existe
hoje um museu judaico em Belmonte, deve-se em grande parte
ao meu pai que descobriu e escreveu sobre os cristãos novos que lá
viviam e, apesar disso não há praticamente nenhuma referência a
ele no museu. Eu fui lá com os
meus filhos e ficámos aborrecidíssimos com isso, começámos a escrever, eu escrevi uma carta aberta, os meus filhos escreveram,
depois isto alastrou-se porque eu
tenho parentes em toda a parte
do mundo, todos eles escreveram. Aquilo começou a dar que falar, o senhor que orientou o museu, o Dr. Canelo, disse que sim,
que estudou e leu sobre o meu
pai, então se estudou e leu, devia
saber um bocadinho mais.
Eu insisto na minha ideia de que
no museu devia haver um espaço
dedicado ao meu pai. Mandei para lá livros e uma fotografia ampliada, depois de criado o espaço
poderei ver se posso mandar
mais alguma coisa ou não.
Já foi alguma vez a Israel?
Já, já fui. Gostei muito, adorei,
achei uma maravilha de uma terra. Fiquei encantada com tudo,
com as ruas cheias de flores, com
a maneira de regarem as flores.
Tudo bonito. Só tenho pena que
as coisas lá não estejam bem.
O meu pai nunca conseguiu ir a
Israel com grande pena.
Mas o seu pai teve uma grande alegria quando foi fundado
o Estado de Israel?
Com certeza. A vontade do meu
pai era ir lá mas adoeceu e não
pode ir. Foi um grande desgosto
na vida dele. Teve outros
grandes desgostos: durante a
guerra, um irmão dele, a mulher
e dois filhos morreram, creio que
no Gueto de Varsóvia. Também o
pai dele, já com 80 anos, vivia na
sua casa com uma biblioteca enorme, que foi incendiada ao que
tudo indica pelos alemães. Ele
morreu e levaram uma filha,
nunca mais ninguém a viu.
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F O C O
Filha de Yitzhak Rabin
diz que Israel não aprendeu lições do passado
D
alia Rabin, filha de Yitzhak
Rabin, primeiro-ministro israelita assassinado por um extremista judeu, afirmou nesta quinta-feira, no primeiro acto para
lembrar o décimo aniversário da
morte de seu pai, que a sociedade israelita ainda não aprendeu
as lições do passado.
"Estamos conscientes do que
aconteceu? Entendemos? Passouse uma década (do assassinato de
Rabin), tirámos conclusões, mas
as lições ainda não foram aprendidas", disse Dalia, representante do
Centro Yitzhak Rabin de Tel Aviv.
A filha do primeiro-ministro israelita fez essas afirmações numa
cerimónia de Estado na residência
do presidente israelita, Moshe
Katsav, que iniciava uma série de
actos que serão encerrados dia
14, data em que de acordo com o
calendário judaico aconteceu o
assassinato de Rabin.
"Aonde vamos hoje?", perguntou Dalia ao público presente na
cerimónia, em alusão às sondagens que indicam que em Israel
poderia acontecer um novo crime como o de Rabin por causa
da retirada de Gaza.
A maioria dos israelitas considera
possível um novo assassinato em
Israel e acha que Rabin foi o melhor
primeiro-ministro do país, segundo
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um inquérito divulgado nesta quinta-feira, um dia antes do décimo
aniversário da sua morte no calendário gregoriano.
O inquérito sobre o Índice da Democracia em 2005, realizada pelo
Instituto da Democracia de Israel
(IDI), revela que 84% dos israelitas considera muito provável que
outro dirigente seja assassinado
por causa do plano de retirada.
Os resultados da inquérito serão
apresentados em reunião promovida pelo presidente israelita,
Moshe Katsav, que disse nesta
quinta-feira que não permitirá que
seja dado o perdão ao estudante
judeu Yigal Amir, 35, autor dos
dois disparos contra Rabin. As balas da pistola Beretta perfuraram
o pulmão direito e o baço do líder
político, que morreu no hospital.
O atentado aconteceu logo depois
de comício com aproximadamente 100 mil pessoas, em que Rabin
exortava à paz. O inquérito deste
ano ouviu 2.000 pessoas que fo-
Uma homenagem da CIL no
10º ANIVERSÁRIO DA MORTE DE
YITZHAK
RABIN Z´L
(NOV. 1995 - NOV. 2005)
ram consultadas pelo telefone.
A imagem de Rabin entre os israelitas continua a ser muito
apreciada e neste sentido 79%
dos entrevistados opina que o
governante era uma pessoa de
princípios movida mais pelos interesses do Estado que pelas
ideias do seu partido.
A inquérito também mostra que
Rabin era considerado um homem
forte, um dirigente fiável e capaz
de conseguir a paz.
3/11/05
(France Presse, em Jerusalém)
da Folha Online - Extrato
Por 27 anos, tenho
sido um soldado.
Enquanto não havia
nenhuma chance
para a paz,
eu combati.
Eu creio que, hoje,
existe uma chance
para a paz,
uma grande chance.
Nós devemos
aproveitá-la,
por todos aqueles
que aqui estão
presentes, e por todos
que estão ausentes,
e eles são numerosos.
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I S R A E L
E M
F O C O
O Estado de Israel
e o Estado da Judeia
E
nganou-se quem pensou
que pelo facto de Israel ter
desocupado a Faixa de Gaza e a
ter entregue aos palestinianos,
por iniciativa própria e unilateral, o período que se seguiria
seria de trégua e negociações.
Longe disso!
Com alguma condescendência,
a maioria dos israelianos acabou por admitir as imagens televisivas do "dia seguinte" de
algo que mesmo em centenas
de anos de inquisição não houve nota - hordas populares palestinianas, endiabradas pela
alegria, incendiaram e destruíram os edifícios das sinagogas
deixadas em Gaza. Mais difíceis
de admitir foram os sucessivos
bombardeamentos de áreas habitadas com mísseis oriundos
de Gaza e com a assinatura reconhecida do Hamas; também
foram encontrados vestígios
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Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro
destes mísseis, inexactos e de
curto alcance, perto da residência particular de Sharon. E, como se não bastasse, após dois
meses de relativa acalmia, um
infame atentado bombista suicida, perpetrado no final de Outubro em pleno mercado de Hadera, uma cidade do norte de
Israel, a mando da Jihad Islâmica, causou a morte de vários civis inocentes. Paralelamente,
quiçá sob a pressão daqueles
que se opuseram à desocupação, o Ministério da Defesa de
Israel quis provar aos líderes
extremistas palestinianos que a
sua vida não passaria a ser "um
mar de rosas" e ordenou às
suas forças inúmeras acções
"pontuais" que resultaram na
prisão e morte de vários elementos subversivos pre-identificados e, infelizmente, foram
também atingidos passantes
ocasionais. Para intimidar o Hamas, Israel deslocou uma unidade de artilharia pesada para a
sua fronteira com Gaza. E Sharon já afirmou não tem previstas mais concessões sem
contrapartidas como a de Gaza
e Abu Mazzen faz o (pouquíssimo) que pode. Partiu-se um
raio na roda da violência mas
ela continua a girar.
Por falar no Presidente da Autoridade Palestiniana, este foi em
Outubro aos E.U.A. e, tal como
previsto, regressou a casa com
dois trunfos que são na realidade uma forma encoberta que a
administração de Bush encontrou de apoiar a sua reeleição
nas eleições de Janeiro: a recomendação de que Israel impedisse a criação de novos colonatos e, sobretudo, que não se
opusesse à candidatura do Hamas. Israel manifestou-se
contra a candidatura do Hamas
mas a verdade é que um
simples "fechar de olhos" é irrelevante; não obstante o risco
para a sua segurança, se Israel
não abrir uma via de Gaza para
Ramallah, como pretende o vice
primeiro-ministro Shimon Peres, há quem pense que as eleições não serão verdadeiramente democráticas.
Em Israel, o Partido Trabalhista
realizará uma convenção em
Novembro para eleger um novo
secretário-geral ou manter Shimon Peres. Os comentaristas
acusam o partido de ausência
de ideologia e de submissão à
política de Sharon. Será também principalmente dessa alegação que Peres terá de se defender dos outros candidatos.
No seu "um contra todos", o primeiro-ministro Ariel Sharon sabe que a maioria dos eleitores o
apoiou na retirada de Gaza mas
os seus grandes opositores, hoje e nas eleições de 2006 que se
avizinham, não são, curiosa-
mente, os socialistas, mas sim
grande parte dos seus colegas
de partido e toda a direita. O
primeiro-ministro ganhou em
Setembro numa votação dos
3000 e poucos membros do comité central do Likud, por apenas cento e tal votos, contra Uzi
Landau e o ex-ministro das finanças Benjamin Netaniahu,
que pretendiam antecipar as
eleições internas. Mas o partido
ficou dividido. Hoje, Sharon luta
diária e arduamente nos corredores do partido e do parlamento para conseguir aprovar o Orçamento de Estado e as nomea-
ções de novos ministros para
substituir os que se demitiram
e, sem sucesso, fazer transparecer que o Likud ainda é um
partido ideologicamente unido.
Em síntese, esfumou-se a diferença ideológica dentro e fora
dos dois grandes partidos de Israel e ganhou suma importância
a personalidade dos líderes. No
entanto, isso não ocorre no que
se refere à extrema direita minoritária, que inclui alguns religiosos e ex-colonos de Gaza;
após o choque inicial, uma nova
"ideologia" ganhou forças
acrescidas. Nestes dias em que
lembramos com consternação o
10º aniversário do assassinato
de Isaac Rabin, é também com
tristeza e preocupação verificamos que palavras como "traidor" e afins voltam a ser proferidas por alguns fanáticos, quer
em relação a Arik Sharon, quer
em relação ao falecido Rabin. E
não só: esses elementos pediram a libertação do assassino
Igal Amir, recusaram-se a dar
boleia a soldados que participaram no seu despejo de Gaza,
agrediram pelo menos um oficial superior das forças armadas e impediram um general
(ele próprio religioso!) de rezar
no Muro das Lamentações.
Foram muitas as mazelas internas deixadas em Israel pela retirada de Gaza. Obviamente, há
que distinguir entre a oposição
à política de Ariel Sharon ou de
Shimon Peres, no âmbito de um
"Estado de Israel" democrático,
e as manifestações extremistas
e perigosas daqueles que parecem querer instaurar dentro dele um "Estado da Judeia".
Gabriel Steinhardt
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E S P E C I A L
Robert Aumann
do Departamento de Economia da Universidade Hebraica de Jerusalém
foi laureado com o Prémio Nobel da Economia 2005
O
prémio Nobel da Economia
foi atribuído ao Prof. Robert
J. Aumann da Universidade Hebraica de Jerusalén, conjuntamente com o Prof. Thomas
Schelling da Universidade de Maryland, EUA "por haver contribuído para a compreensão do conflito e cooperação, através da análise da Teoría do Jogo."
Segundo a Real Academia Sueca
de Ciências, o Prof. Aumann foi a
primeira pessoa a realizar uma
análise profunda e formal do que
é conhecido como "Jogos Infinitamente Repetidos." A sua investigação identificou exactamente quais são os resultados
que se podem confirmar nas relações a longo prazo.
A Teoría dos Jogos Repetidos
(Theory of Repeated Games) permite-nos compreender quais são
os pré-requisitos para a cooperação; e analisada com maior profundidade, não só ajuda a explicar os conflitos económicos como
por exemplo a guerra dos preços,
mas também a compreender por
que algumas comunidades têm
mais êxito que outras ao manejar
uma fonte comum de recursos.
O Prof. Aumann,, que é Professor Emeritus do Instituto de Matemáticas e membro do Centro
de Racionalidade e Teoría de Decisão Interactiva, ambos da Universidad Hebraica de Jerusalém,
une-se ao grupo de galardoados
com o Prémio Nobel na Universidade Hebraica nos últimos três
anos, entre os quais se encon-
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Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro
tram o Prof. Daniel Kahaneman Nobel em Economía 2002, Prof.
Avram Hershko e Prof. Aaron
Ciechanover - Nobel em Química
2004 e Prof. David J. Gross - Nobel en Física 2004. Previamente
ocupava a Cátedra S.A. Schonbrunn de Economía Matemática.
Numa conferência de imprensa
em que participaram jornalistas
dos meios internacionais e isaraelitas, o Presidente da Universidade Hebraica, Prof. Menachem
Magidor disse "o Prof. Aumann
merecía este prémio há já vários
anos" e o anúncio deste prémio
"é um motivo de orgulho e alegría
para a Universidade, para o Estado de Israel e para toda a comunidade académica Israelíta." Por
seu lado, o Prof Aumann enfatizou que este prémio pela Teoría
do Jogo é uma honra não só para
ele, mas também para todos
aqueles que desempenharam um
papel importante no desenvolvimento desta área.
Robert J. Aumann nasceu em
Frankfurt, Alemanha em 1930 e
chegou aos Estados Unidos em
1938 com os seus pais e o seu
irmão. Recebeu o seu PhD no Instituto Tecnológico de Massachussets (MIT) em 1955, e realizou o
seu trabalho de pós-doutouramento na Universidade de Princeton, New Jersey.
Posteriormente emigrou para Israel em 1957 e desde então tornou-se catedrático na Universidade Hebraica de Jerusalém,
chegando ao cargo de Professor
em 1968 e Professor Emeritus
en 2000. Foi Profesor Visitante
em universidades como Princeton, Yale, Stanford, na Universidade da Califórnia em Berkeley
e na Universidade de New York,
entre outras. Publicou cerca de
100 artígos científicos e seis livros. Recebeu o Prémio Israel e
muitas outras honras e é pai de
de 5 filhos, avô de 18 netos e
bisavô de 2.
Harold Pinter
Nobel da literatura
O
dramaturgo britânico Harold Pinter venceu o Prémio Nobel da Literatura, tornando-se o 13o judeu a ganhar o Nobel nesta categoria,
sucedendo à escritora judia
austríaca Elfriede Jelinek, vencedora do prémio em 2004.
O prémio Nobel 2005, é um
judeu de 75 anos, nascido no
East End de Londres, numa
família modesta, originária da
Hungria e Polónia. O pai, alfaiate, e a mãe uma "excelente cozinheira" sempre apoiaram o único filho a seguir a
carreira literária.
Em 1939, foi evacuado com 24
rapazes para um castelo em
Cornwall, junto ao mar. Como
explicou mais tarde, nunca viu
mortos, mas a violência da
guerra nunca mais o deixaria
de impressionar.
Mais de 40 anos e dezenas de
peças de teatro depois, Pinter é
hoje considerado "o mais im-
portante representante da dramaturgia britânica da segunda
metade do século XX", segundo
a Academia sueca que lhe atribuiu o prémio. A sua produção
literária é imensa, não só como
dramaturgo (27 peças) que
fundaram o teatro moderno,
mas também como poeta, novelista, encenador, actor, argumentista de cinema e televisão
- foi autor dos argumentos de
"O Criado", "Acidente", "A
Amante do Tenente Francês",
"O Mensageiro", "O Grande Magnate", entre muitos outros - e
activista político. Quando John
Major lhe quis dar título de Sir,
recusou. "Achei que era idiota
ser chamado Sir. Além de que
era um título atribuído pelo Governo, era um prémio do Governo". Hoje Pinter afirma
"nestes anos todos não mudei
muito, continuo a ser o mesmo
homem. E não sou sensato,
nunca fui sensato".
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A C O N T E C E U
N A
C I L
meras comunidades por todo o
mundo, cujo intuito principal é
vivenciar e comemorar toda a
alegria de um novo ciclo de vida que chega juntamente com
o novo ano judaico, para além
de danças israelitas do Maccabi dirigido e coreografado pela
Lilian Prist e que foi homenageado por Arnaldo Grossman Presidente do Maccabi Country
Club. O grupo apresentou 3
belas danças nesta noite que
encantou a todos e deixou certamente muito orgulhosos vários papás e mamãs. A festa
seguiu intensamente até de
madrugada e marcou o início
de uma nova e simpática tradi-
SHANÁ TOVÁ
PARTY 5766
ção na nossa CIL.
de ser este, no âmbito religioso, um sagrado e tradicional
momento de introspecção e
orações. Muita música, dança
de todos os tipos e gostos para
além de
um delicioso jantar,
marcaram este evento. Especialmente marcante foi a pri-
F
oi grande alegria que se
realizou a 1ª edição do
meira apresentação "oficial"
da Lehakat Hamaccabi - grupo
"SHANÁ TOVÁ PARTY", festa
do Ano Judaico da CIL. O evento foi carinhosamente preparado e organizado pela CIL e pelo nosso Maccabi Country Club
que mais uma vez se mostrou
impecável como anfitrião e
realizador de grandes eventos,
o quem tem sido uma constante desde a sua recente fundação. Dezenas de pessoas de
todas as idades entre as quais
muito jovens estiveram presentes a esta festa realizada
também anualmente em inú12
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Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro
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A C O N T E C E U
N A
C I L
C a r t a s
r e c e b i d a s
Chaguei
Tishri
5766
7ª Conferência Mundial
da Confederação Mundial
de Centros Comunitários Judeus
O
Director Executivo da CIL Marcos Prist - esteve presente neste tradicional e importante evento de âmbito mundial
que teve lugar na cidade de Haifa - Israel entre os dias 19 e 22
de Setembro, com a presença de
cerca de 150 representantes de
vários países e continentes,
entre os quais dirigentes profissionais e voluntários, e líderes
comunitários. Foi uma importante oportunidade para intercâm-
bios e trocas de experiências
entre os presentes sobre temas
de suma importância para a manutenção e desenvolvimento das
comunidades judaicas em todo o
mundo. Entre estes temas destacam-se a actual identidade judaica na diáspora e a relação
diáspora - Israel; modelos de
Centros Comunitários em Israel
e em vários países, formas de
mobilização e envolvimento dos
jovens em idade universitária e
Inácio Steinhardt
é condecorado
em Israel
A
pós ter sido agraciado à já 3 anos, o nosso
amigo Inácio Steinhardt foi finalmente
condecorado pelo embaixador Pedro Nuno Bártolo, no passado dia 26 de Outubro na residência
do Embaixador em Kfar Shmaryahu - Israel. Na
ocasião foram-lhe impostas as insígnias da Comenda da Ordem de Mérito. Uma justa homenagem. Os nossos parabéns!
14
Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro
as dificuldades e caminhos para
o auto-financiamento das Comunidades. Entre os convidados e
personalidades presentes ao encontro os destaques ficaram para o Rabino Michael Malkior (Vice-Ministro da Sociedade Israelita e Assuntos da Diáspora), Yona Yahav (Presidente da Câmara
Municipal de Haifa), Daniel Ben
Simón (Jornalista do Jornal Haaretz de Israel) e o renomado escritor Sami Michael.
A
pós a celebração dos
IAMIM NORAIM (Rosh
Hashaná e Yom Kipur)
que ocorreu mais uma vez
com toda dignidade e com
grande mobilização na
nossa Comunidade, foram
também comemorados
com muita alegria as
outras Festividades do
mês de Tishri, nomeadamente de Sucot e Simchat
Thorá 5766. Como manda
a tradição todos os dias,
durante o "Chag" as
pessoas participaram
dos serviços religiosos,
visitaram e estiveram
reunidas na nossa Sucá,
mais uma vez carinhosamente construída neste
ano. Também em Simchat
Thorá dezenas de pessoas
estiveram na nossa
Sinagoga para celebrar
com muita alegria a
realização das "akafot".
O nosso agradecimento
especial e os parabéns ao
Alain Hayat (Coordenador
para assuntos da
Sinagoga), Isaac Assor
(Chazan) e Samuel Levy
(Conselheiro da CIL
para assuntos religiosos)
pela colaboração e
empenho na condução
destes serviços.
Chazak ubaruch !
Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro
15
C O N T A N D O
A
N O S S A
H I S T Ó R I A
para "orar e suplicar à Divina
majestade". Um panfleto escrito
em espanhol circulou pela cidade, anunciando um sermão a
cargo do rabino Jacob Bassan
(1704-1769), no qual se lia:
"Horden de Rogativa y Peticion,
para orar y rogar, al Senhor,
para tiempo de teramoto, o
temblor de tierra, y segun se há
oydo, la indignacion de Ds. se
experimentó, em Varios lugares, y en diferentes partes,
tembló la tierra, por lo que se
Esquerda: o panfleto da
sinagoga portuguesa e
espanhola de Hamburgo
O Terramoto de Lisboa
anunciando um dia de
jejum
oração
em
terramoto de Lisboa
os judeus e a Inquisição
Direita: xilogravura checa sobre o terramoto de
Lisboa datada de finais
de 1755 (Original do Mu-
À
s 9h20 da manhã de 1 de
Novembro de 1755, há
exactamente 250 anos, Lisboa
era varrida pelo primeiro de
uma série de três violentos abalos sísmicos. Em breves minutos, uma das mais belas capitais
europeias ficaria irreconhecível,
irremediavelmente destruída
por um dos mais devastadores
terramotos da História - que,
segundo os geólogos modernos,
terá atingido uma magnitude de
9 na escala de Richter. Entre 60
a 100 mil pessoas perderam a
vida nos escombros (cerca de
metade da população da capital
portuguesa na época). Escassos
quatro meses após o terramoto
de Lisboa, a 11 de Março de
1756, uma quinta-feira (9 de
Adar II de 5516, segundo o calendário hebraico, cinco dias
antes do festival judaico de Pu16
e
memória as vítimas do
Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro
rim), os governadores da
congregação sefardita portuguesa e espanhola de Hamburgo
- onde na época residiam cerca
de 350 judeus portugueses - decretam um dia "jejum geral",
seu da Biblioteca Nacional da República Checa).
ajuntaran los Senhores Parnassim, y con la aprovacion del Sr.
HH, decretaran um ayuno general, para jueves, siendo 9 del
mez de Adar segundo deste anho, para orar e suplicar ala Divina magestad, por nós y por todo
Israel nuestros Hermanos los
proximos y los remotos, El todo
poderozo apiade sobre nós, y
sobre todos os lugares de nuestras moradas, y ampare por
nos, Amen.
Composto em Lengua Ebrea, y tradizido em Lengua Espanhola por el
H.H.R. Jehacob de Abraham BasGravura britânica, publicada em Londres em 1756. O rei português, D. José
I, frente a uma Lisboa em ruínas, pergunta a um padre anglicano quais as
causas do terramoto; o sacerdote protestante mostra-lhe um “auto-da-fé”,
dizendo que “queimar pessoas provoca a ira divina”. (Jan Kozak Collection,
Universidade de Berkeley, Califórnia)
san, rav del K.K. Beth Israel en
Hamburgo. Estampado por orden
de los Senhores Parnassim de dicho Kahal anno 5516. Estampado
em Hamburgo, em casa de la Viuda
de I.H. [ilegível] Anno 1756."
Rezando pela memória das vítimas do terramoto de Lisboa, e
pedindo a protecção divina, alguns dos líderes religiosos dos
judeus portugueses emigrados
em Hamburgo - e também em
Amsterdão - viam na catástrofe
um "castigo divino" que punia
Portugal pelos crimes da Inquisição, em retribuição pelas suas
inúmeras vítimas (António José
da Silva, dramaturgo conhecido
como O Judeu, por exemplo, fora
executado na fogueira 18 anos
antes do terremoto). A mesma
leitura seria feita na época um
pouco por toda a Europa, onde
teólogos protestantes imputavam o Grande Terramoto de
Lisboa a uma omnipresente
"mão de Deus" que castigava
os portugueses pela sede sanguinária e fanática da Inquisição. Cerca de dois séculos
antes, como testemunhou um
atónito Gil Vicente, um grupo
de frades de Santarém pregava
que o terramoto de 26 de Janeiro de 1531 fora "um castigo
divino" pela presença dos judeus em Portugal (que por sinal
estavam no país há mais de
2500 anos…).
Extracto de artigo
de Nuno Guerreio, publicado
no seu Blogue "A Rua da Judiaria"
Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro
17
C O N T A N D O
A
N O S S A
H I S T Ó R I A
A Letra J
“
N
o dia 15 de Janeiro de 1939,
poucos meses antes de rebentar a Segunda Grande Guerra,
apresentou-se no Consulado da
Alemanha, em Lisboa, à Rua Joaquim António de Aguiar, um jovem alemão, residente em Faro.
Ao funcionário, que o atendeu,
apresentou o seu passaporte
alemão, e com toda a naturalidade,
pediu que lhe apusessem no mesmo o carimbo com a letra "J", que o
regime nazista tinha mandado apor
nos passaportes de todos os seus
disse cidadãos de religião judaica.
O funcionário do Reich teve dificuldade em compreender. "O
senhor é judeu?"
Não sou, mas vou me converter
e, por isso, quero que se cumpra
a lei, que me diferencia de todos
os outros alemães.
Disse chamar-se Peter Schwiefert,
de 22 anos, natural de Berlim,
cristão baptizado, a residir em Faro
há poucos meses, sozinho, e trabalhar numa fábrica de conservas.
"Se nós lhe carimbarmos o "J" no
passaporte, teremos também que
acrescentar-lhe o sobrenome de 'Israel' e o senhor nunca mais poderá
entrar na Alemanha. Talvez venha
mesmo a perder a nacionalidade".
Perante a insistência do jovem, o
funcionário convenceu-se de que
estava perante um caso de grande
perturbação mental. Tentou afasta-lo da ideia. Explicou-lhe que ele
teria que fazer um requerimento,
que o mesmo teria que ser enviado
para Berlim, que a resposta poderia levar algum tempo a chegar...
Sem hesitar, Peter pediu uma folha de papel, e ali mesmo escreveu e entregou o requerimento
para ser considerado judeu. Nunca recebeu resposta.
Dias depois, escreveu ao pai, o
dramaturgo Fritz Schwiefert, pre-
18
Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro
”
venindo-o para que preparasse para responder a perguntas, que
eventualmente lhe poderiam ser
feitas. Acrescentou que se considerava desligado de quaisquer obrigações para com o estado alemão,
incluindo as de serviço militar.
Foi, de facto, uma atitude de
contestação, levada ao extremo
pelo desespero.A história da curta
e dramática vida Peter Schwiefert
daria um apaixonante romance
de muitas páginas. Aqui deixarei
apenas alguns apontamentos,
que alguns leitores do "Tikva" talvez ainda possam reconhecer.
A mãe de Peter, Else Kirchener,
era judia, filha de comerciantes
com bons meios de fortuna, liberais, mas muito ligados às tradições judaicas. Esteve para casar
com um homem de negócios judeu e rico, quando conheceu o
poeta Fritz Schwiefert, que a encantou pela sua indiferença pelos
assuntos práticos, pela sua vasta
cultura e pela sua poesia. Abandonou o homem de negócios, fugiu
de casa e casou com Schwiefert.
Os pais não aceitaram a sua fuga e
o seu casamento com um "goi",
poeta e sem um tostão. Fecharam-lhe a porta de casa e não a
ajudaram com dinheiro. Com o
nascimento de Peter as coisas mudaram e fizeram as pazes.
Peter, ainda bebé, começou a passar algum tempo com os avós e
correspondia com muito amor ao
carinho que eles lhe dispensavam.
As relações entre os pais cedo se
deterioram e eles passaram a fazer juntos vidas separadas.
Elsa teve uma filha, de outro homem, Betina. Acabou por se divorciar e voltou a casar com Erich
Schrobsdorff, filho de uma família
de nobres prussianos, ligados por
interesses financeiros e ideológi-
cos ao novo regime da Alemanha.
Nunca aceitaram bem o casamento do filho com uma judia.
Também deste casamento nasceu
uma filha, Angelika.
Peter sempre gostou muito das
irmãs, e tinha uma paixão, quase
freudiana, pela mãe. Mas a vida em
casa dela tornou-se-lhe insuportável.
Em Outubro de 1938 decidiu tornar-se independente e viajar para Portugal, na intenção de continuar, quando pudesse, para a
América do Sul.
Não tinha profissão, nem dinheiro. O pai e o padrasto recusaram
qualquer apoio financeiro, para o
castigar pelas suas loucuras.
Instalou-se em Faro, numa pensão
familiar, da senhora Rosário, que o
tratava com o carinho e a hospitalidade que caracteriza o povo português.
Começou por dar lições de alemão,
depois arranjou autorização de trabalho e um emprego como correspondente numa fábrica de conservas.
As cartas que Peter escreveu para a
mãe, primeiro do Algarve, e depois
dos vários países, por onde foi forçado a deambular, foram todo o
espólio que dele ficou, nas mãos da
irmã, Angelika Schrobsdorff, hoje
escritora conhecida, e que em 1960
"descobriu" Israel. Casou, na década de 70, com o famoso cineasta
judeu francês Claude Lanzman e viveu com ele em Paris e Munique,
até que se separaram e ela se mudou em 1983 para Israel..
Hoje reside em Jerusalém Oriental.
Foi Landzman quem traduziu as
cartas de Peter para francês, e as
publicou em volume "l'Oiseau n'a
plus d' ailes", que foi também representado em teatro. O livrinho,
que contem umas 60 cartas, foi
depois traduzido para hebraico em
1978, por Vardi Ben-Yaacov, de
cuja edição me sirvo. Outra boa
fonte de informação é o livro "Não foste uma mãe como as outras" , uma biografia da mãe de
ambos, escrita em alemão pela
meia-irmã, Angelika Schrobsdorff,
O conflito íntimo de Peter começou já em finais de 1938, quando
tentou saber, pela mãe, notícias
dos avós, e compreendeu que ela
evitava o contacto com eles, com
receio de que isso a comprometesse. Ela estava casada com um
verdadeiro prussiano e esperava
escapar à sorte dos outros judeus.
Na primeira carta, escrita em Faro,
em 6 de Dezembro de 1938, Peter
manifesta-se muito preocupado
com o que os alemães possam ter
feito à mãe. E aconselha: "Não renegues o teu judaísmo, nem o judaísmo dos teus filhos, e não o
condenes. Ele é toda a tua força. Isto não significa que te devas preparar para te sacrificar ao martírio,
em nome de Deus. Apenas que
deves amar o que te foi dado como
um título honorífico. Pois é isso que
ele é. Uma dura missão. Não te esqueças de podes fugir de tudo, mas
nunca poderás fugir de ti própria."
.Informa-se também, em Portugal, da possibilidade de trazer a
avó para junto dele, uma vez que
o avô, entretanto, faleceu em Berlim. Disseram-lhe que era impossível. A avó acabou por ser assassinada em Terezienstadt em 1943.
Peter não pode suportar o facto da
mãe, que ele adorou sempre, até ao
seu último suspiro, ter abandonado
completamente a avó, pensando
que isso lhe permitiria escapar.
Por isso a sua atitude extrema de
revolta. Dirigiu-se á Comunidade
de Lisboa e pediu para ser circuncidado e convertido. Fizeramlhe um inquérito à sua motivação
e acabaram por informa-lo de
que não aceitavam prosélitos.
Foi então que lhe surgiu a ideia
louca do "J" no passaporte. Para
ele, isso torná-lo-ia judeu. Final-
mente acabou por ser chamado
pela PIDE, em meados de Dezembro de 1939 e esteve preso
em Caxias durante 14 semanas.
Daí escreveu à mãe, que entretanto
se encontrava já, desde Outubro de
1938, em Sofia, na Bulgária, com as
duas filhas. O marido compreendera
que não poderia protege-la
mais, e aconselhou-a a divorciarse e contrair um casamento fictício com um cidadão búlgaro, com
quem ele se encontrava em relações de negócios. Ela chamavase agora Elizabeth Lingorska.
Peter não revelou à mãe de onde
escrevia, para ela não suspeitar
que ele estava preso.
Ela, porém, foi informada, por casal judeu, amigo dela, de nome
Wiener. Sem dizer nada ao filho,
mandou dinheiro para Lisboa, e foi
a Dra. Mathilde Bensaude que libertou o filho e lhe conseguiu,
com o dinheiro da mãe, uma passagem para Barcelona. Daí seguiu
para Roma e depois para Atenas.
Ainda em Portugal Peter tentara
oferecer-se como voluntário para
o exército inglês. Ele, porém, era
uma alemão, portador apenas de
um passaporte alemão, sem o
"J". Os ingleses não podiam correr o risco de admitir um espião
nas suas fileiras.
Em Atenas, a comunidade judaica
ajudou-o financeiramente na sua
maior aflição, mas não podiam
ajuda-lo mais, pois ele era, quanto muito, "meio-judeu".
Conseguiu finalmente alistar-se no
exército francês. Combateu no
norte de África, participou na campanha da Síria, e as possíveis licenças ia passa-las em Jerusalém,
na casa de uma senhora judia de
Berlim, de quem eram amigos e
que fora cedo para a Palestina. Foi
ela que manteve a família informada do que se passava com ele..
Participou do desembarque na Normandia, e acompanhou as tropas
francesas na libertação do seu país.
O grande desejo dele era entrar em
Berlim com as forças aliadas, saciar
o seu enorme desejo de vingança e
depois abandonar para sempre.
Peter morreu em combate na Alsácia, a 2 km do Reno, em 7 de Janeiro de 1945, cinco semanas depois
de ter enviado a última carta.
" KRISTALLNACHT
- A NOITE DE CRISTAL"
(1938-2005)
Kristallnacht, a Noite de Cristal, ou O Pogrom de Novembro, marcou o início da
marcha macabra para uma das páginas
mais negras da História da humanidade.
Nas noites de 9 e 10 de Novembro de
1938, numa manobra cuidadosamente orquestrada por Joseph Goebbels - o chefe
da propaganda nazi -, por toda a Alemanha e nos recém conquistados territórios da
Áustria e Sudetenland (Checoslováquia),
as populações judaicas foram vítimas de
atentados e ataques continuados nas
ruas, em suas casas e nas sinagogas, naquele que seria o maior pogrom da história. Pogromnacht. Pelo menos uma centena de judeus foram assassinados e largas
centenas ficaram feridos; cerca de duas
mil sinagogas foram incendiadas; perto de
8 mil lojas e escritórios propriedade de judeus foram pilhados e destruídos; cemitérios e escolas judaicas foram vandalizados; mais de 30 mil judeus foram presos e
enviados para campos de concentração.
Para os judeus alemães as restrições haviam começado muito antes da Kristallnacht e leis e medidas anti-judaicas eram
já aplicadas há vários meses. Entre as numerosas directivas, os cidadãos judeus
eram obrigados a declarar todos os seus
bens; as suas empresas e pequenas lojas
tinham de ser registadas e expressamente sinalizadas; os inquilinos judeus perderam todos os seus direitos legais; médicos, advogados e professores judeus foram proibidos de exercer as suas profissões. Todos os judeus alemães passaram também a ser obrigados a possuir um
passaporte especial, marcado com um "J",
e um nome próprio foi acrescentado a cada judeu: "Israel", para os homens; "Sarah", para as mulheres. Kristallnacht, fora
"uma bofetada no rosto da Humanidade",
como lhe chamou Elie Wiesel. Mas o mundo ignorou os sinais e voltou a face. O Holocausto (shoá) estava à porta.
Em memória desta data publicamos
este texto de Inácio Steinhardt.
Inácio Steinhardt
Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro
19
A S
R E L I G I Ã O
N O S S A S
S U G E S T Õ E S
Livros
Em Saudosa Memória
Rabino
Abraham Assor Z´L
(Tânger, 7 de Setembro de 1920
- Lisboa 15 de Outubro de 1993)
fotografado por Yale Strom.
“De acordo com a Halakhá (a Lei Judaica), o arrependimento, a providência e a profecia expressam a missão de criar. No Talmude, está
escrito que ser judeu é mais uma acção do que
uma crença, é mais fazer pelos outros do que
ter fé. Modelo de homem judeu, de bondade,
de humanidade, de justiça e de tolerância, o ra-
bino Abraham Assor, sempre dedicado à sua
comunidade, construiu um exemplo.Deus permita que o saibamos lembrar.”
Joshua Ruah,
ex-presidente da comunidade judaica de Lisboa
Sivan 5760 (Junho de 2000)
Fonte: Blog de Nuno Guerreiro - Rua da Judiaria
Rabino Boaz
regressa a Israel
Após 2 anos de trabalho na
nossa Comunidade Israelita
de Lisboa, o nosso querido
Rabino Boaz Pash regressou
no final do mês de Setembro à sua casa no Mitzpe Iericho em Israel, juntamante
com a sua esposa Sara Pash
e filhos. Desejamos a todos
muito sucesso no seguimento das vossas vidas!
Toda Rabá! Be atslachá
rabá ! De certeza o nosso
Rabino deixará saudades
por sua alegria, carinho e
humanidade.
O Mercador Português | David Liss
Editora Saída de emergência
Depois do Sucesso de A
Conspiração de Papel, David Liss volta a recuar no
tempo para um momento
chave na História: a Amesterdão de 1659, capital do
comércio europeu, onde a
perfídia impera e até os
melhores amigos têm segredos. Na primeira bolsa
de valores do mundo, as fortunas são ganhas e perdidas num instante, e Miguel Lourenço, um judeu que fugiu de Lisboa devido
à Inquisição, sabe-o melhor que ninguém.
Outrora um dos comerciantes mais invejados
da cidade, Miguel perdeu tudo numa súbita
desvalorização do açúcar. Agora, empobrecido, humilhado e a viver da caridade de um
irmão mesquinho, precisa urgentemente de
encontrar uma forma de recuperar a fortuna
e reputação. (…)
A última Tribo | Eliette Abécassis
Editora Livros do Brasil
A Última Tribo retoma as
aventuras do jovem judeu
ortodoxo Ary Cohen, que o
leitor já encontrou no romance anterior de Eliette
Abécassis, O Tesouro do
Templo, recentemente publicado com grande sucesso pela Livros do Brasil.
Com uma acção trepidante, e inúmeros efeitos de surpresa, A Última
Tribo é já considerado um dos melhores romances de sempre de Eliette Abecassis.
Rousseau e outros cinco
inimigos da liberdade | Isaiah Berlin
Editora Gradiva
É uma das primeiras e mais
convincentes exposições das
ideias de Isaiah Berlin sobre
a liberdade humana e a história das ideias. Estas encontraram mais tarde expressão
em obras tão famosas como
Dois Conceitos de Liberdade
e estiveram no cerne do trabalho que desenvolveu ao longo de toda a sua
vida sobre o Iluminismo e os seus críticos.
Suite Francesa | Iréne Nemirovski
Dom Quixote
Os emigrantes | W. G. Sebald
Teorema
O mundo é plano | Thomas Friedman
Actual Editores
REPÚBLICA PORTUGUESA
COMISSÃO DA LIBERDADE RELIGIOSA
I Colóquio
A Religião no Estado Democrático
Lisboa, 25 - 26 Novembro 2005
ORGANIZAÇÃO
Comissão da Liberdade Religiosa
Comissão organizadora
Esther Mucznik
Fernando Soares Loja
Manuel Saturino C. Gomes
Local do Colóquio
Centro Ismaili - Av. Lusíada - Lisboa
Grupo de Estudos sobre a Parashá da semana
Todas as 6ªs feiras às 19 horas na Sinagoga. Aberto a todos.
Coordenação: Alain Hayat
Participe nos Serviços Religiosos da nossa Comunidade
Venha e traga toda a sua família !
6ªs feiras às 20h00 / Sábados às 9h00
20
Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro
A CIL NA TV
RTP 2
30 Novembro - Quarta-feira - 18h00
Fé dos Homens
"O Museu Judaico de Belmonte"
Visita organizada pela APEJ
Eventual mudança no horário da emissão
é de total responsabilidade da emissora.
Secretariado e Informações
Comissão da Liberdade Religiosa
Rua Augusta, nº 118-3º 1100-054 LISBOA - PORTUGAL
Telefone: 351 21 324 23 43 | Fax: 351 21 324 23 41
Email: [email protected]
ENTRADA LIVRE
com apresença de Stephan Kramer,
Secretário Geral do Conselho Central
das Comunidades Judaicas da Alemanha
Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro
21
E S P A Ç O
A B E R T O
DESCOBERTA ANTIGA
SINAGOGA DO PORTO
U
ma casa pertencente à Misericórdia do Porto, e
situada na Rua de S. Miguel n.º 9, poderá ter
sido a sinagoga da judiaria do Olival, a que se referem os documentos históricos da época.
O prédio foi doado pela Misericórdia ao abade local, para o estabelecimento de um lar diurno para
a terceira idade.
No decorrer das obras de adaptação, foi desentaipado, na parede oriental (voltada para Jerusalém), do
andar térreo, um nicho que, segundo os especialistas, tem todo o aspecto de ter sido um "Ehal", arca
santa onde os judeus guardam os pergaminhos da
Lei, ou Sefer Torah.
A Judiaria do Olival foi estabelecida, em princípios do
século XV, a pedido do rei D. João I, quando o espaço ocupado pelos judeus em Miragaia se tornou insuficiente para a sua crescente expansão demográfica.
Segundo Germano Silva, a Câmara designou então
para judiaria o sítio chamado das Courelas, em terreno do Olival, dentro das portas da cidade, numa
área que abrangia a rua, que então se chamava de
S. Miguel (e na qual viriam a situar-se posteriormente duas ruas: S. Miguel e da Vitória,Taipas, Belo-Monte e Escadas da Vitória.
Em 1491, nas vésperas da expulsão dos judeus de
Castela, veio a Portugal o famoso rabino Isaac
Aboab, que ficou conhecido na história como o último Gaon (sábio) de Castela.
Aboab veio negociar com a coroa portuguesa o estabelecimento em Portugal daqueles judeus de Castela, que pretendessem encontrar aqui asilo temporário, na esperança de que a decisão dos reis
católicos, Fernando e Isabel fosse reversível.
De entre os refugiados autorizados a entrar em Por22
Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro
lor para a história judaica: "Nomologia o Discursos Legales",
em espanhol.
Nessa obra, Immanuel Aboab
relata o estabelecimento do seu
bisavô e restantes famílias no
bairro do Olival, no centro do
qual havia uma sinagoga, que
ele ainda se lembrava de ter visto em criança.
Isto significa que a sinagoga do
Olival, ainda que fechada ao culto
judaico em 1497, continuou a
existir como edifício durante parte do século XVI, tendo provavelmente sido sujeito a obras, que
modernizaram o seu estilo.
Foi comum, nessa época da história, as sinagogas
serem adaptadas a igrejas cristãs, como foi o caso da sinagoga grande de Lisboa, que se tornou
na Igreja da Conceição Velha, destruída pelo terramoto de 1755. No antigo bairro do Olival foi
contruído em 1598 o Mosteiro de S. Bento da
Vitória, depois igreja do mesmo nome. Mais tarde
criou-se o mito de que a igreja estaria situada
sobre o lugar da sinagoga, e
que o seu nome derivaria da
"vitória" da religião de Cristo
sobre a Lei de Moisés.
Nas traseiras da casa, onde agora se desentaipou a "Arca Santa"
dos judeus, vem desembocar a
escadaria, a que ainda hoje se
chama "Escadinhas da Esnoga",
a palavra que na época designava a sinagoga.
A confirmar-se a autenticidade
do achado, ficar-se-à a saber que
a sinagoga não se encontrava onde foi construído o mosteiro, mas
sim nas suas proximidades.
Na mesma Rua da Vitória, bem perto do suposto lugar da velha sinagoga, situa-se a casa onde tradicionalmente nasceu e viveu Gabriel da Costa, o
cristão-novo, que viria a chamar-se, na Holanda,
como judeu, Uriel da Costa (1585-1640).
Sua história foi contada num romance de Agustina
Bessa Luís, "Um Bicho da Terra".
IKS
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tugal - mediante o pagamento de um imposto por
cabeça - distinguiram-se 30 famílias, entre as quais
a do rabino Isaac Aboab, a quem foram atribuídas
casas para habitação na judiaria do Olival, no Porto.
O rabino viria a falecer em 1493, e já não testemunhou a conversão forçada de todos os judeus
de Portugal, em 1497.
Na cidade cabalística de Safed, em Israel, existe uma
sinagoga medieval, que tem o nome de Aboab, e no
qual se conserva um Sefer Torah, cujo pergaminho,
segundo a tradição, foi manuscrito pelo famoso Gaon
de Castela.Foi da Judiaria do Olival que os judeus de
1497 foram levados à força para o "baptismo de pé".
Abraham Aboab, filho do rabino, tomou o nome
cristão de Duarte Dias, e o filho deste, Isaac Aboab
também, chamou-se Henrique Gomes.
O bisneto, Immanuel Aboab, cujo nome de cristão
não é conhecido, nasceu em 1556, no Porto, e faleceu em 1628, em Veneza, onde regressou ao judaísmo dos seus antepassados.
Immanuel Aboab deixou uma obra de grande va-
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Bernardo Abecasis
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Prezados Leitores e Assinantes lembramos que desde a edição de nº 52,
o nosso Boletim Tikvá passou a ser publicado com peridiocidade bimestral
Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro
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A S
N O S S A S
A C T I V I D A D E S
Actividades Sociais e Culturais
Shabat especial
Grupo Guil Hazaav - Ano III (Idade de Ouro)
Não perca mais tempo ! Venha participar connosco !
Actividades Especiais Permanente (música, ginástica, palestras, passeios ...)
Para adultos a partir dos 60 anos | Encontros semanais às 4ªs feiras, das 15h30 às 17h00 horas
Sede no Monte Olivete | Participação: 5,00 €
Movimento Juvenil Dor Chadash de Lisboa - Ano IV
A cada semana um novo participante! Mais de 80 jovens já participam. Agora só falta você !!
Actividades todos os domingos, das 15h00 às 18h00 no Maccabi Country Club
Jovens e crianças a partir de 03 anos | Participação: 5 € por semana
Descontos especiais na compra de senhas antecipadas
Coral Etz Chaim - Ano III Coral Musical representativo da CIL
Para adultos entre os 20 e os 60 anos
Encontros semanais - às 3 ª s e 5ªs feiras, das 19:30 às 21:00 - Monte Olivete
Participação: 5€ por encontro | Inscreva-se já!
LEHAKAT HAMACCABI GRUPO DE DANÇA ISRAELI
NÃO PERCAM ! TODOS OS DOMINGOS DAS 12H00 ÀS 13H30 - NO MACCABI
JOVENS DOS 12 AOS 15 ANOS
MACCABI COUNTRY CLUB FAÇA JÁ A SUA INSCRIÇÃO !
3ª a 6ª Feira - Das 9h00 às 17h00
Tel: 21 9111188 - Tratar com Rosina | [email protected] | www.cilisboa.org/documents/maccabi/FichaMembro
UPEJ - União Portuguesa de Estudantes Judeus
Super actividades mensais para jovens entre os 18 e 30 anos
O jantar de despedida de Boaz Pash no
Maccabi, no dia 16 de Setembro, foi
marcado por muitas novidades. Pela primeira vez desde que chegou em Portugal, o Rabino concordou em realizar o
Shabat no clube. Mais de quarenta pessoas participaram no serviço religioso.
Em seguida, foi servido um jantar que
reuniu sessenta e cinco membros da nossa comunidade, um número recorde
na história do Maccabi. Sônia Bernfeld entregou uma lembrança ao Rabino
Boaz em nome da direcção do clube e alguns discursos foram proferidos em sua
homenagem. Para não fugir à tradição, o Rabino pediu a ajuda dos presentes e
todos juntos cantaram canções tradicionais de Shabat. Houve também a participação especial de Guilherme Grossman que explicou a Parashá da semana.
Shaná Tová Party - Festa de Rosh Hashana
A CIL esteve reunida na sede do Maccabi
no passado dia 8 de Outubro para uma
mistura de uma tradicional festa judaica e
a alegria de uma autêntica noite de reveillon, com direito até a "fogos de artifício
virtuais" no ecrã do salão principal. A grande quantidade de participantes obrigou a
organização a colocar as mesas espalhadas pela casa, o que tornou o ambiente ainda mais descontraído. A Lehakat Hamaccabi (grupo de dança israelita) coordenado
pela Lilian Prist fez a sua primeira apresentação, com destaque para a bela participação de
todo o grupo que não se intimidou diante do
público. Todos os presentes entraram no ritmo
da festa e dançaram até a madrugada.
3º Encontro de Jovens
CIL - CJM
De 8 a 11 de Dezembro
em Madrid
Para jovens dos 13 aos 18 anos
Não Perca !
GRANDE ENCONTRO
MACCABI
LISBOA
MACCABI
MADRID
Dias 25,26,27 de Novembro em Lisboa ~ Para crianças dos 9 aos 13 anos
Cabalat Shabat Especial Actividades integrativas Competição Desportiva (Futebol/Hóquei)
Mais informações e inscrições através da nossa secretaria !!!
Participe nas actividades e eventos da nossa Comunidade, pois a nossa Comunidade é você !!
24
Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro
X Almoço aos Domingos
Todos os Domingos há almoço
no clube, sempre a partir
das 12h30.
X Aula de Dança Israeli
LEHAKAT HAMACCABI
Já iniciaram os ensaios
de Dança Israeli dirigidos
pela Lilian Prist para
os jovens dos 12 aos 25
anos- Todos os Domingos das 12 às 13:30 horas.
Não é preciso inscrever-se.
As aulas são gratuitas.
Agenda
(Veja mais fotos desta festa em http://www.cilisboa.org/activities.htm)
Dr. Joshua Ruah aborda tema polémico
N O V E M B R O / D E Z E M B R O
O Maccabi
Informa
os sócios
Discutir questões como aborto, inseminação artificial e
contracepção assusta muita gente. Há quem prefira
deixar estes assuntos de lado. Não foi o caso do Dr. Joshua Ruah que esteve no Maccabi no dia 2 de Outubro
para falar sobre estes temas. Entre outras coisas, ele explicou e surpreendeu uma plateia atenta e curiosa, em
quais casos o judaísmo permite realizar o aborto. O Dr.
Ruah falou também sobre as situações em que os
contraceptivos são proibidos e em
quais são aceites. Muitas dúvidas surgiram entretanto
quando o orador abordou a questão da inseminação artificial. A complexidade do tema fez com que alguns
dos presentes solicitassem uma segunda oportunidade
para continuar a ouvir as explicações do médico. A sugestão foi anotada pelos organizadores. Portanto,
aguardem…
Uma regra e dois propósitos
Nos últimos dois domingos de Outubro, sócias do Maccabi
reuniram-se para criar e produzir peças artesanais, que
serão vendidas no shuk (bazar) a ser realizado pelo clube.
Todas as "obras de arte" foram feitas seguindo uma única
regra: as peças deveriam ter motivos judaicos. O "workshop" serviu para dois propósitos: criar peças (que seriam
vendidas com o intuito de arrecadar fundos para o
clube) e, ao mesmo tempo, reunir as amigas numa
tarde de diversão e criatividade.
X Domingo, 6 de Novembro
Maccabi Shuk Bazar
Com entrada livre. Artigos para
casa, perfumaria, roupas, relógios e bijouterias. Produtos de
marca com preços tentadores.
Não perca!
X Domingo, 13 de Novembro
Palestra com José
Rodrigues dos Santos
Seguida de uma tarde
de autógrafos do autor do
livro, recorde de vendas,
"O Codex 632".
X 25, 26 e 27 de Novembro
Grande Encontro Maccabi
Portugal e Maccabi Madrid.
Um super intercâmbio
comunitário cultural, social
e desportivo entre jovens
dos 9 aos 13 anos da nossa
CIL e da Comunidade Judaica
de Madrid !
Informações: 21 911 11 88
O Maccabi
é a sua casa!
Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro
25
Mazal Tov !!
H O M E N A G E N S
Os nossos parabéns e os votos
de muitas felicidades a todos !
NOVEMBRO
Edgar Loewenthal
Moriel Levy
Salomão Rosenfeld
Beila Leia Szary
Edith Foerster
René Arié
Álvaro Leon Cassuto
Clara Bensimon Hayat
Andréia Fernandes Teruszkin
Toni Ruah
Alexandre Brodheim
Eva Ettner
Ester Bekerman N. Carneiro
Mark Robertson
Vera Goldschmidt Ferreira
Vera Broder Koshet
Martha Steinhardt
Vera Curiel
José Salvado
Jeremy D. Yarnell Aboab-Leidstar
Gabriel Steinhardt
ANIVERSÁRIOS
SETEMBRO
Victor Blumenfeld
Maurice Mayper
Valerie Brodheim
Michel Kopejka
Joshua Gabriel Ruah
Gal Yarkoni
Daniel Beckerman
Josée Bollack
Emilia Ettner
Charles Sammartano
Tomás Ayash
Charles Arié
David Katz
Eduardo Ruah
David Yarkoni
Jens Classen
Samuel Ruah
Gabriel Pihas
Alexandre Arié
04
06
06
08
08
09
09
11
11
13
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20
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30
30
OUTUBRO
Andrea Classen
Henrique Ettner
Abraham Sorin Cowl
Marcos B. Zagury
Inacio Steinhardt
Alberto Fresco Marques
Sofia Gabriel Khaski
Clara Cohen Morão
John Blumenfeld
Esther Atzmon
Daniel Ayash
Judith Shap Pinto
Eva Mayer Raposo
José Salomão Ruah
Susana Ruah Arié
Monique F.Schwartz Bento
Ana Arié
02
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05
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Mazal Tov !!
Os nossos parabéns e os votos de muitas felicidades a todos !
BAT - MITZVOT
As nossas queridas Reina Assor e Raquel Arié realizaram
juntas as suas Bat-Mitzvot, na nossa Sinagoga no passado
dia 1 de Outubro / 27 de Elul de 5765 com o Rabino Boaz Pash,
na presença de seus pais, Manuela e Issac Assor e Susana
e Renato Arié, bem como de vários familiares e amigos.
Mazal Tov !!
Os nossos parabéns e os votos de muitas felicidades a todos!
Participe nestas homenagens. Actualize os seus registos junto da nossa secretaria através do tel. 21 393 1130
de 2ª a 5ª feira - das 14h00 às 17h00 | [email protected]
N A H A L O T
Sábado 19/11
Sábado 26/11
17
17
19
19
19
20
20
22
22
23
23
Margarete Coenca
Max Nahmann
Ajzik Katzan
Raquel Querub
Raquel Jablonski
Srul Finkelstein
Miriam Levy
Ruben Azavey Azancot
24
24
25
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27
27
28
29
KISLEV
Goldina Taranto
1
Sábado 03/12
Godoricha Mode Botelho
Berthold Singer
Magda Buzaglo
Vittoria Maissa
Anna Roffe Levy
Ruben Bak Gordon
Fortunata Esaguy Manaças
Salomão Levy Jr
2
3
4
4
4
5
5
7
Sábado 10/12
Moisés Lev
Asher Peles
Mecia Azriel
Micael Uzzan
Aló Levy
Messoda B.Esaguy
Yolande Cohen
Mery Tangi Israel
Matilde Presente Spieguel
Pinhas Segal Levy Bem Haim
Ida Helena Aberlé
Oswald Levy
9
9
10
10
11
12
12
13
14
14
14
14
Joshua Amram
16
Sábado 17/12
26
ELUL
Mercedes Ayash
Henri Sorin Valerio
Bella Bensimon Cardona
Sofia Muginstein Azancot
Isaac Joanes
Nadia Spiegel
Ester Benoliel
Máximo Dário Becker Weinberg
Carlos Ergas
Abraham Israel
Eugénia Weiss
Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro
Erika Draiblate
Simy Azavey Azancot
Helena Kaezar
Menahem Adrahi
Joachim Draiblate
Shlomo Bekerman
Fraim Adrahi
Paulo Cymerman
Szindla Goldrajch
Simy Benzmien Barreiros
Maximiliano Bachman
José Tuati
Isaac Marques
Mazaltob David
17
17
17
17
18
18
19
19
20
20
21
21
21
22
Sábado 24/12
Alegria Obadia
Clementino Benoliel de Carvalho
Jacob M. Sequerra
Raquel Toledano
Myriam Fresco dos Santos
Theodor Richheimer
Lúcia Terlo
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25
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27
27
28
29
Sábado 31/12
Margot Berkowitz
TEVET
Mordehai Audaj
António Monteiro Azancot
Raquel Tangi Bitton
George Herzfeld
Elias Isaac Tuati
Branca Azancot Bensimon
TEVET
Ilse Maria Friman Loewenthal
Sábado 07/01
Moisés Libermann
Abrahão Obadia
Harry Bendit
Branca Araújo
Hilda Benatar
Samuel Marques
Alfonso Cassuto
Menasse Bensimon
Moisés Cagi Ruah
Abraham Bensimon
Adolfo Stieglitz
Jacob Adrahi
30 Kislev
2
2
3
3
5
5
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9
9
9
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11
12
12
12
12
13
TIKVÁ
Envie os seus textos e sugestões para TIKVÁ até ao dia 30 de cada mês.
Rua do Monte Olivete, 16 r/c. esq. 1200-280 Lisboa | e-mail:tikvá@cilisboa.org
A quem se dirigir
Horário de funcionamento da Secretaria
Segunda a Quinta-feira, das 9h00 às 17h30
Sexta-feira e vésperas de festas judaicas, das 9h00 às 13h00
Horário de almoço
das 13h00 às 14h00
Atendimento ao público
Segunda a Quinta-feira, das 13h00 às 17h30
Os espaços para reuniões devem ser agendados
com aviso prévio, mínimo de 48 horas
Tesouraria
Maria João Geraldes
[email protected]
Telf. 213 931 134
Atendimento de Segunda a Quinta-feira, das 10h00 às 13h00
Telf. 213 931 130 | Fax 213 931 139
Director Executivo
Marcos Prist
[email protected]
Movimento Juvenil Dor Chadash
[email protected]
Rabino
Boaz Pash
[email protected]
[email protected]
Secretária
Estrella Assayag
[email protected]
Visite o nosso site: www.cilisboa.org
Direcção
Presidente
Vice-Presidente
Vice-Presidente
Tesoureiro
Secretário
Vogal efectivo
Vogal efectivo
Vogal efectivo
Vogal efectivo
Vogal Suplente
Vogal Suplente
Jose Oulman Carp
Esther Mucznik
Ronald Brodheim
José Salomão Ruah
Eva Ettner
Clara K. Cassuto
Charles Arie
Sonia Hulli Bernfeld
Arnaldo Grossman
Salomão Kolinski
Vera G. Ferreira
Assembleia Geral
Presidente
Moisés Bendrao Ayash
Vice-Presidente
Mordechai Atsmon
1º Secretário
Nuno Wahnon Martins
2º Secretário
Diana Ettner
Conselho Fiscal
Presidente
Samuel Tuati
Vogal Efectivo
David Bentes Ruah
Vogal Suplente
Guilherme Grossman
Presidente Honorário
Dr. Samuel Ruah

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