Conjuntura Macroeconômica Semanal
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Conjuntura Macroeconômica Semanal
Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos Conjuntura Macroeconômica Semanal 06 de maio de 2016 Fraco desempenho das contas públicas no primeiro trimestre sugere que desafios para o restante do ano seguem bastante elevados Myriã Tatiany Neves Bast • Entendemos que o déficit das contas públicas seguirá presente no curto prazo e estimamos um resultado negativo de 2,1% do PIB (R$ 130 bilhões) para este ano. CONJUNTURA MACROECONÔMICA SEMANAL • O setor público acumulou déficit de R$ 5,7 bilhões no primeiro trimestre deste ano, com o governo central atingindo déficit de R$ 14,5 bilhões, os governos regionais somando superávit de R$ 9,8 bilhões e as empresas públicas também registraram resultado deficitário de R$ 1,1 bilhão. • No primeiro trimestre, as receitas totais cresceram 4,7% em termos nominais, explicado pelo crescimento da receita com concessões de hidrelétricas. O ritmo lento da atividade impede uma recuperação das receitas da União, o que nos leva a esperar um crescimento de 4,9% da arrecadação neste ano, sem considerar novos aumentos de alíquotas, mas com efeito relevante da multa cobrada na repatriação de recursos. • As despesas totais cresceram no trimestre 16% em relação ao mesmo período do ano passado. Os próximos meses deverão mostrar aumento das despesas com benefícios sociais, considerando o impacto do reajuste médio de 9% sobre os benefícios do programa Bolsa Família, e com a Lei Kandir, que teve despesa de quase R$ 2 bilhões aprovadas. • Em suma, com base no resultado efetivo do primeiro trimestre, o resultado do primário dificilmente registrará déficit ao redor de R$ 100 bilhões neste ano, salvo em caso de surpresa expressiva com a repatriação de recursos. As regras constitucionais de despesas devem limitar ajustes muito profundos desse lado, enquanto as receitas não devem subir de maneira expressiva enquanto não observarmos recuperação relevante do PIB – o que não deve acontecer neste ano. Melhora das condições financeiras mundiais permitiu que a maioria dos bancos centrais latino-americanos interrompesse ciclo de aperto monetário Felipe Wajskop França • A acomodação da economia chinesa, a recuperação dos preços do petróleo, a postergação do aumento dos juros nos EUA e o contínuo alívio monetário nas principais economias desenvolvidas resultou na melhora das condições financeiras mundiais nos últimos meses. Isso, por sua vez, favoreceu a maioria das moedas em relação ao dólar, especialmente as divisas dos países emergentes, levando à descompressão da inflação corrente e/ou das expectativas em grande parte deles. Dessa forma, com exceção da Colômbia, os principais bancos centrais latino-americanos puderam interromper o ciclo recente de aperto dos juros. . • Acreditamos que o alívio recente das condições financeiras mundiais deva ser transitório e ao menos parte da melhora exibida pelas moedas latino-americanas nos últimos meses possa ser revertida. Com isso, alguns desses bancos centrais terão de voltar a subir os juros até o final do ano. Em nossa avaliação, o Federal Reserve deverá retomar o processo de normalização das condições monetárias com mais dois aumentos de 0,25 ponto percentual da taxa básica em setembro e dezembro, o que poderá resultar em alguma apreciação do dólar em relação às demais moedas. Já a China não deverá sustentar a recuperação recente de sua economia, retomando a trajetória de desaceleração exibida até o início do ano. 1 Fraco desempenho das contas públicas no primeiro trimestre sugere que desafios para o restante do ano seguem bastante elevados Myriã Tatiany Neves Bast Entendemos que o déficit das contas públicas seguirá presente no curto prazo e, para este ano, estimamos um resultado negativo de 2,1% do PIB (R$ 130 bilhões)1. A seguir, fazemos um detalhamento do comportamento das contas do governo no primeiro trimestre para avaliar o cenário para o restante do ano. O setor público acumulou déficit de R$ 5,7 bilhões no primeiro trimestre deste ano, com o governo 1° tri 2015 1° tri 2016 Resultado Primário Governo Central Governos regionais 4.886 Resultado primário e nominal acumulado no 1° trimestre – dados nominais em R$ milhões -14.479 14.598 9.815 -481 -1.107 -118.270 -72.518 Governos regionais -4.340 -16.208 Empresas estatais -2.234 -2.402 Empresas estatais central atingindo déficit de R$ 14,5 bilhões, os governos regionais somando superávit de R$ 9,8 bilhões e as empresas públicas também registraram resultado deficitário de R$ 1,1 bilhão. Vale destacar que até o primeiro trimestre do passado, ainda observávamos superávit tanto no governo central quanto nos governos regionais. Desde então, a piora dos resultados das contas públicas tem se intensificado. Resultado Nominal Governo Central Cenário Doméstico Ainda que haja diferenças entre os dados do governo central compilados pelo Banco Central e pelo Tesouro Nacional, os dados em geral são muito próximos. Por isso, vamos analisar as aberturas de despesas e receitas do governo central conforme reportado pelo Tesouro2. No primeiro trimestre, as receitas totais cresceram 4,7% em termos nominais (uma queda de 4,6% corrigindo pela inflação). Esse aumento das receitas totais é explicado pelo crescimento da receita com concessões de hidrelétricas, que deve somar R$ 17 bilhões neste ano e que foi parcialmente incorporado em janeiro. As receitas administradas pela Receita Federal, que consideram basicamente arrecadação Fonte: BCB Elaboração: BRADESCO de impostos e contribuições, trazem um resultado mais fraco, com aumento de 1,0% em valores correntes (considerando a inflação, a queda foi de 8%). Isso é reflexo direto da recessão da atividade econômica, que levou a arrecadação de impostos a crescer 1% em termos nominais, em relação ao primeiro trimestre de 2015 (e quase 10% de queda real em relação ao mesmo trimestre do ano passado). Chama a atenção a queda de quase 45% da arrecadação de IPI de automóveis e de 3,5% do imposto de renda de pessoa jurídica, ambos em valores correntes (em termos reais, as retrações chegam a 50% e 12%, respectivamente). A arrecadação de contribuições, por sua vez, não caiu porque neste ano já estão incorporados o aumento da alíquota de CSLL e de CIDE combustíveis (que ainda Ao passo que o governo encaminhou proposta ao Congresso para abatimento da meta de primário para um déficit de até R$ 96 bilhões. Essa diferença deverá se tornar mais importante no começo de cada semestre a partir deste ano, já que cada instituição irá incorporar em período diferente o pagamento de subsídios do BNDES (o Banco Central, em junho e dezembro, e o Tesouro, em julho e janeiro). 1 2 DEPEC 2 não estavam em vigor no primeiro trimestre do ano passado). Ainda assim, a arrecadação de contribuições subiu 4,5% (o que representa redução de 4,9% em termos reais). Entre as receitas não administradas, chama a atenção o recuo expressivo da arrecadação de dividendos. A arrecadação nos próximos meses terá o benefício do aumento da alíquota de IOF sobre moeda física, do IPI sobre cigarros, sorvetes e chocolates e da segunda parcela das concessões de hidrelétricas. Ainda assim, o aumento de arrecadação deverá vir basicamente da elevação de impostos e das concessões ocorridas no 19,0% 17,02% Nominal 14,42% 15,0% Real Arrecadação total – variação anual 11,24% 11,0% 8,89% 9,84% 7,25% 7,0% 4,69% 3,0% ano passado. O ritmo lento da atividade impede uma recuperação das receitas da União, o que nos leva a esperar um crescimento de 4,9% da arrecadação neste ano, sem considerar novos aumentos de alíquotas. Devemos lembrar que esse cenário contempla aumento da receita importante, resultante da multa cobrada na repatriação de recursos (em nossas contas, um montante próximo a R$ 40 bilhões). Sem essa receita da multa e das concessões de hidrelétricas, teríamos arrecadação praticamente estável no ano. Nos últimos anos, a moderação da economia e as desonerações já geravam crescimento baixo das receitas, mas este terá a menor expansão nominal no período recente. 3,15% 3,60% 2,15% 1,75% -1,0% -0,74% -1,72% -2,47% -5,0% -6,25% Cenário Doméstico -9,0% -7,92% 2009 2010 2011 2012 2013 Do lado das despesas, a rigidez orçamentária é muito grande, o que limita cortes mais expressivos e mantém a expansão dos gastos. As despesas totais cresceram no trimestre 16% em relação ao mesmo período do ano passado (o que implica um aumento real de 5,6%). Parte importante desse aumento vem de pagamento de subsídios (R$ 11 bilhões) em janeiro e do pagamento de abono salarial de 2015 (cerca de R$ 8 bilhões), que foi postergado para este ano. Sem esse efeito, o aumento das despesas foi de 7,7% no trimestre (queda real de 1,9%). Analisando as despesas obrigatórias, algumas quedas importantes chamam atenção, como a despesa com seguro desemprego (mudança de regra) e o Fundo Constitucional do Distrito Federal (mudança de regra). As outras despesas obrigatórias – excluindo o efeito dessas mudanças de regras e de pagamentos atrasados que estão sendo liquidados agora – avançaram quase 5% em termos nominais, sem considerar os benefícios previdenciários. Entre as despesas discricionárias, houve um aumento de 4% na mesma base de comparação (queda 2014 2015 2016 1° tri Fonte: Tesouro Nacional Elaboração: BRADESCO real de 5,2%). Ainda assim, temos queda muito expressiva das despesas com o programa Minha Casa Minha vida (de 57% em termos nominais e 62% corrigindo pela inflação). Entre os gastos qualificados como discricionários, mas que têm limite mínimo constitucional, observamos uma alta modesta dos gastos: 6,3% para o Ministério da Saúde e de 3,7% para o Ministério da Educação. Os próximos meses deverão mostrar aumento das despesas com benefícios sociais, considerando o impacto do reajuste médio de 9% sobre os benefícios do programa Bolsa Família, e com a Lei Kandir, que teve despesa de quase R$ 2 bilhões aprovadas. Além disso, no começo do segundo semestre teremos mais uma parcela de subsídios e a sazonalidade de pagamento dos abonos e precatórios. No ano, esperamos fortes ajustes das despesas discricionárias e desaceleração do pagamento de subsídios, o que deveria levar a um crescimento mais moderado da despesa total, para mais perto dos 5%. DEPEC 3 16,0% 14,89% 14,84% 12,0% 9,59% Nominal 13,08% 13,04% 10,35% Real 11,55% 11,06% Arrecadação total – variação anual 9,36% 7,70% 8,0% 6,45% 6,35% 5,38% 3,50% 4,0% 2,08% 0,0% -1,89% -4,0% 2009 2010 2011 2012 2013 A arrecadação líquida para o Regime Geral de Previdência Social (RGPS) cresceu 4,6% no primeiro trimestre deste ano, enquanto o pagamento de benefícios previdenciários subiu 14,9%, já refletindo o começo da mudança das regras de aposentadoria. Apenas esse resultado já nos mostra as dificuldades enfrentadas pela Previdência, que merece um debate próprio e não será abordado aqui. Cenário Doméstico A situação dos governos regionais não é muito diferente do que acontece com a União: as receitas continuam cedendo, em resposta ao ritmo da atividade e as despesas têm regras constitucionais de gastos. Apesar disso, foi registrado superávit nos primeiros três meses do ano, mesmo com as notícias de revisões de meta de superávit de alguns estados e da necessidade de renegociação da dívida com a União. Uma parte desse superávit pode ser explicada pelo acesso aos depósitos judiciais, movimento que aconteceu no ano passado e que pode ter continuado no começo de 2016. Além disso, alguns pagamentos podem não ter sido liquidados. No entanto, as contas estaduais não têm a 2014 2015 2016 1° tri (*) Os dados de 2010 excluem a despesa com capitalização da Petrobras. Para os dados do 1° trimestre deste ano, excluímos a despesa com o abono salarial de 2015 e com pagamento de R$ 11 bilhões de subsídios Fonte: Tesouro Nacional Elaboração: BRADESCO mesma organização que o Tesouro Nacional mantém para a União e, por isso, essa avaliação é mais difícil. O que conseguimos avaliar são os dados divulgados pelas secretarias da fazenda de cada estado – que não são totalmente compatíveis com os dados do Banco Central3. Para 2016, esperamos déficit de mais de R$ 20 bilhões – que inclui o alongamento da dívida com a União e com o BNDES, desconto de 40% nas parcelas da dívida e novos empréstimos4. Em suma, com base no resultado efetivo do primeiro trimestre, o resultado primário dificilmente registrará déficit ao redor de R$ 100 bilhões neste ano, salvo em caso de surpresa expressiva com a repatriação de recursos. As regras constitucionais de despesas devem limitar ajustes muito profundos desse lado, enquanto que as receitas não devem subir de maneira expressiva enquanto não observamos recuperação relevante do PIB – o que não deve acontecer neste ano. Assim, salvo em caso de receitas exógenas ou aumento de impostos, esperamos um déficit superior de R$ 130 bilhões. Em breve, divulgaremos uma análise mais detalhada, com a avaliação do primeiro quadrimestre das contas públicas dos estados. Há ainda a discussão de juros simples ao invés de juros compostos na dívida dos estados com a União, mas consideramos que essa liminar será revogada e o efeito deverá se conter ao curto prazo. 3 4 DEPEC 4 Melhora das condições financeiras mundiais permitiu que a maioria dos bancos centrais latino-americanos interrompesse ciclo de aperto monetário Felipe Wajskop França A acomodação da economia chinesa, a recuperação O reflexo do alívio das condições financeiras mundiais dos preços do petróleo, a postergação do aumento foi generalizado entre as moedas latino-americanas dos juros nos EUA e o contínuo alívio monetário nas – exceção do peso argentino, que vem respondendo principais economias desenvolvidas resultou na melhora muito mais aos desafios da economia doméstica do das condições financeiras mundiais nos últimos meses. que ao cenário internacional. A maior apreciação entre Isso, por sua vez, favoreceu a maioria das moedas em os países da região nos últimos três meses ocorreu relação ao dólar, especialmente as divisas dos países na Colômbia (10,1%), seguida pelo Chile (6,1%), Peru emergentes, levando à descompressão da inflação (4,4%) e, em menor magnitude, o México (0,4%). Já corrente e/ou das expectativas em grande parte deles. a Argentina, mesmo após o choque inicial no câmbio Dessa forma, com exceção da Colômbia, os principais ocorrido no final do ano passado e o sucesso da bancos centrais latino-americanos puderam interromper negociação com os holdouts e posterior emissão de o ciclo recente de aperto dos juros. Alguns deles, porém US$ 16,5 bilhões, o peso ainda exibe depreciação deverão retomar esse processo até o final do ano, já que de 2,1% desde fevereiro. Esse movimento foi ainda o alívio recente tende a ser temporário – acreditamos beneficiado pelo desempenho mais favorável das que o Federal Reserve voltará a subir os juros em principais commodities exportadas por esses países setembro e dezembro e que a melhora da economia no período: o petróleo recuperou 32,0% do seu valor Variação da taxa de câmbio nos últimos 12 meses chinesa não é sustentável. em três meses, enquanto o cobre subiu 4,1%. 3,0% Variação da taxa de câmbio nos últimos 3 meses 2,1% 1,0% -1,0% -0,4% -3,0% -4,4% -5,0% -6,1% -7,0% -9,0% -10,1% -11,0% -11,3% Cenário Externo -13,0% Argentina México Peru Chile Como resultado, a tendência anterior de aceleração da inflação corrente e/ou das expectativas começou a ser revertida nesses países. Em especial no Peru, onde o índice de preços ao consumidor foi ainda pressionado pelo efeito do El Niño sobre os preços dos alimentos (que representam 38% da cesta de consumo das famílias). A inflação já começou a Colômbia Brasil Fonte: Bloomberg Elaboração: BRADESCO desacelerar lentamente, ao passar de uma alta de 4,6% para 3,9% entre janeiro e abril, com a expectativa que convirja para 3,0% até o final do ano. No Chile, as projeções do mercado recuaram de 3,5% para 3,2% entre janeiro e abril, enquanto a inflação corrente passou de 4,9% para 4,3% no mesmo período. Já no México, a variação dos preços DEPEC 5 se mantém confortavelmente abaixo do centro da meta de inflação – atingiu elevação de 2,6% em março, último dado disponível. Por outro lado, na Argentina e na Colômbia, tanto as expectativas como a inflação se mantém em patamar bastante superior às metas estabelecidas para este ano. No primeiro 36,0% caso, o índice de preços ao consumidor apurado pela consultoria State Street saltou de uma variação de 26,4% no final do ano passado para 33,6% em fevereiro (ante meta de 25%). No caso colombiano, a inflação acelerou de uma alta de 6,8% em dezembro, para 7,9% em abril. 33,60% Inflação acumulada em doze meses e metas de inflação (abr/16) 30,0% 24,0% 18,0% Meta: 4,5% (+/- 2 p.p) 12,0% 9,28% Meta: 3,0% (+/- 1 p.p) 7,93% 6,0% 0,0% Argentina * Brasil Colômbia Meta: 2,0% (+/- 1 p.p) 3,91% 4,28% Peru Chile A acomodação das expectativas e a menor preocupação com o impacto do câmbio sobre a inflação, assim, levaram a maioria dos bancos centrais da região a interromper o ciclo recente de aperto das condições monetárias. Desde que convocou uma reunião extraordinária em fevereiro, quando decidiu subir os juros em 0,50 ponto percentual, a melhora das condições financeiras mundiais permitiu ao Banco Central do México manter a taxa básica em 3,75% ao ano. No entanto, seguirá atento aos determinantes de inflação, especialmente o câmbio, e à condução da política monetária nos EUA. A moderação recente da inflação e a perspectiva de descompressão adicional nos próximos meses também levaram os bancos centrais do Chile e do Peru a manterem os juros inalterados em 3,5% e 4,25%, respectivamente. A sinalização do BC chileno, porém, é de continuidade 40,0% Meta: 3,0% (+/- 1 p.p) Meta: 3,0% (+/- 1 p.p) 2,60% México ** (*) Referente a fevereiro (**) Referente a março Fonte: Bloomberg, The Economist/ State Street Elaboração: BRADESCO da normalização monetária, ainda que condicionada a novas informações. Mesmo diante da aceleração inflacionária, o banco central argentino reduziu recentemente os juros de 38% para 37,5%, em função da expectativa de dissipação do repasse do câmbio e do impacto do realismo tarifário adotado pelo novo Governo nos próximos meses – acreditamos que possa, inclusive, anunciar novos cortes nas próximas semanas. Por fim, o Banco Central da Colômbia surpreendeu na última sexta-feira ao acelerar o passo do aperto monetário, subindo os juros em 0,50 ponto percentual. Justificou a decisão em razão das surpresas inflacionárias recentes, do patamar elevado das expectativas e do déficit em conta corrente. O BC retirou ainda do seu comunicado a sinalização de incrementos sucessivos de 0,25 ponto percentual, sem definir seus próximos passos. 37,50% MAR/16 35,0% JUN/15 30,0% Taxa básica de juros (%) Cenário Externo 26,0% 25,0% 20,0% 14,25% 15,0% 13,3% 10,0% 7,00% 4,5% 5,0% 0,0% Argentina Brasil Colômbia 4,25% 3,3% Peru 3,75% 3,0% México 3,50% 3,0% Chile Fonte: Bloomberg Elaboração: BRADESCO DEPEC 6 processo de normalização das condições monetárias com mais dois aumentos de 0,25 ponto percentual da taxa básica em setembro e dezembro, o que poderá resultar em alguma apreciação do dólar em relação às demais moedas. Já a China não deverá sustentar a recuperação recente de sua economia, retomando a trajetória de desaceleração exibida até o início do ano. Cenário Externo Acreditamos que o alívio recente das condições financeiras mundiais deva ser transitório e ao menos parte da melhora exibida pelas moedas latinoamericanas nos últimos meses possa ser revertida. Com isso, alguns desses bancos centrais terão de voltar a subir os juros até o final do ano. Em nossa avaliação, o Federal Reserve deverá retomar o DEPEC 7 Quadro de Projeções - PIB real Mundial e países selecionados 2007-2017 Países Desenvolvidos Estados Unidos 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015p 2016p 2,8 0,1 -3,6 3,0 1,7 1,2 1,1 1,8 1,9 1,8 2017p 2,1 1,9 -0,3 -3,5 2,5 1,6 2,2 1,5 2,4 2,4 2,0 2,5 Área do Euro 3,0 0,4 -4,3 1,8 1,5 -0,6 -0,4 0,9 1,5 1,5 1,7 Alemanha 3,4 0,8 -5,1 3,6 3,1 0,9 0,4 1,6 1,7 1,7 1,7 França 2,3 -0,1 -3,1 1,7 1,7 0,0 0,3 0,4 1,1 1,3 1,5 Itália 1,7 -1,2 -5,5 1,8 0,4 -2,7 -1,9 -0,3 0,4 1,3 1,2 Reino Unido 3,6 -1,0 -4,0 1,8 0,9 0,3 1,9 2,7 2,2 2,1 2,5 Japão 2,2 -1,0 -5,5 4,7 -0,5 1,5 1,5 0,0 0,4 1,0 1,0 Países Emergentes 8,6 6,2 2,8 7,4 6,3 5,2 5,0 4,4 3,9 3,9 4,4 China 14,2 9,6 9,2 10,4 9,3 7,7 7,7 7,4 6,9 5,8 5,2 Coréia 5,1 2,3 0,3 6,3 3,6 2,0 2,8 3,3 2,6 2,0 2,5 Rússia 8,5 5,2 -7,8 4,5 4,3 3,4 1,3 0,6 -3,7 -3,1 1,0 Índia 9,7 8,2 6,4 9,7 7,5 5,1 4,5 5,2 7,6 7,4 7,7 5,8 4,3 -1,3 6,1 4,9 3,1 2,9 1,4 -0,4 -0,4 1,7 6,0 5,0 -0,1 7,5 3,9 1,9 3,0 0,1 -3,8 -3,5 1,5 América Latina Brasil Argentina 8,0 3,1 0,1 9,1 8,4 0,8 2,9 0,5 1,3 -1,5 1,5 Chile 5,2 3,3 -1,1 7,5 4,8 5,5 4,3 1,9 2,0 1,8 2,5 Colômbia 6,9 3,6 5,8 4,0 6,6 4,0 4,9 4,6 3,1 2,6 3,0 México 3,2 1,2 -6,2 5,1 4,0 4,0 1,4 2,1 2,5 2,3 2,5 Peru 8,9 10,1 1,1 8,4 6,5 6,0 5,6 2,4 3,3 3,3 3,8 Mundo 5,4 2,9 -0,6 5,4 4,2 3,4 3,3 3,4 3,1 3,0 3,2 Quadro de Projeções Macroeconômicas Externas Fonte: FMI Elaboração e (p) projeção: BRADESCO DEPEC 8 Quadro de Projeções Macroeconômicas - Ano base 2007-2017 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016* 2017* ATIVIDADE, INFLAÇÃO E JUROS PIB (%) 6,1 5,1 -0,1 7,5 3,9 1,9 3,0 0,1 -3,8 -3,5 1,5 Agropecuária (%) 3,2 5,5 -3,8 6,8 5,6 -3,1 8,4 0,4 1,8 2,0 2,5 Indústria (%) 6,0 3,9 -4,8 10,4 4,1 -0,7 2,2 -1,2 -6,2 -5,0 2,5 Serviços (%) 5,8 4,8 1,9 5,8 3,4 2,9 2,8 0,7 -2,7 -3,5 1,0 Consumo Privado (%) 6,3 6,4 4,2 6,4 4,8 3,5 3,6 0,9 -4,0 -4,0 1,0 Consumo da Adm. Pública (%) 4,1 2,1 2,9 3,9 2,2 2,3 1,5 1,3 -1,0 -1,0 0,5 Investimento (FBKF) (%) 12,0 12,7 -1,9 17,8 6,6 -2,6 5,9 -4,4 -14,1 -11,0 4,5 Exportações Bens e Serviços Não Fatores (%) 6,2 0,4 -9,2 11,7 4,8 0,3 2,4 -1,1 6,1 3,0 4,0 Importações Bens e Serviços Não Fatores (%) PIB (R$) - bilhões (Preços Correntes) 19,6 17,0 -7,6 33,6 9,4 0,7 7,2 -1,0 -14,3 -9,0 3,0 2.720 3.110 3.333 3.886 4.374 4.806 5.316 5.687 6.121 6.385 6.908 PIB (US$) - bilhões 1.397 1.695 1.669 2.208 2.611 2.459 2.464 2.417 1.837 1.612 1.682 População - milhões 189,5 191,5 193,5 195,5 197,4 199,2 201,0 202,8 204,5 206,1 207,7 PIB per capita - US$ 13.229 12.344 12.256 8.097 7.281 8.717 8.469 11.084 11.919 8.986 7.823 Produção Industrial - IBGE (%) 5,9 3,1 -7,1 10,2 0,4 -2,3 2,0 -3,3 -8,3 -5,6 1,9 Taxa Média de Desemprego - IBGE (1) 10,9 9,5 9,7 8,3 7,6 7,3 7,0 6,7 8,5 11,8 11,7 Vendas no Comércio Varejista - Restrita (%) 9,7 9,1 5,9 10,9 6,7 8,4 4,3 2,2 -4,3 -3,4 0,9 IPCA - IBGE (%) 4,5 5,9 4,3 5,9 6,5 5,8 5,9 6,4 10,7 6,5 4,5 IPC - FIPE (%) 4,4 6,2 3,7 6,4 5,8 5,1 3,9 5,2 11,1 6,5 4,5 IGP-M - FGV (%) 7,8 9,8 -1,7 11,3 5,1 7,8 5,5 3,7 10,5 6,1 4,2 7,9 9,1 -1,4 11,3 5,0 8,1 5,5 3,8 10,7 6,1 4,2 Taxa Selic (final de período) % IGP-DI - FGV (%) 11,25 13,75 8,75 10,75 11,00 7,25 10,00 11,75 14,25 12,25 10,25 Taxa Selic nominal (acumulado 12 meses) % 11,50 11,85 12,48 9,92 9,78 11,62 8,48 8,21 10,91 13,29 13,56 Taxa Selic real / IPCA (acumulado 12 meses) % 7,1 6,2 5,4 3,7 4,8 2,5 2,2 4,2 2,4 6,6 6,7 Taxa Selic real / IGP-M (acumulado 12 meses) % 3,8 2,4 11,8 -1,4 6,2 0,6 2,6 7,0 2,5 7,0 7,0 Quadro de Projeções Macroeconômicas Domésticas EXTERNO, CÂMBIO, RISCO E BOLSA Balança Comercial (US$ bilhões) 40,0 24,8 25,3 20,1 29,8 19,4 2,6 -3,9 19,7 45,2 54,2 Exportações (US$ bilhões) 160,6 197,9 153,0 201,9 256,0 242,6 242,2 225,1 191,1 196,4 224,1 169,9 Importações (US$ bilhões) 120,6 173,0 127,6 181,6 226,2 223,1 239,6 229,0 171,5 151,2 Corrente de Comércio (% PIB) 20,1 21,9 16,8 17,4 18,5 18,9 19,6 18,8 19,7 21,6 23,4 Déficit em serviços e rendas (US$ bilhões) -42,5 -57,3 -52,9 -70,3 -107,5 -94,2 -78,8 -100,3 -79,4 -63,4 -78,5 -21,4 Saldo em conta-corrente (US$ bilhões) 1,6 -28,2 -24,3 -47,3 -77,0 -74,1 -74,8 -103,6 -58,9 -15,6 Saldo em conta-corrente (% PIB) 0,1 -1,7 -1,6 -3,4 -2,9 -3,0 -3,0 -4,3 -3,2 -1,0 -1,3 Investimento Direto no País (US$ bilhões) 34,3 45,1 25,9 48,5 66,7 65,3 64,0 96,9 75,1 58,0 62,0 Taxa de câmbio (final de período) R$ / US$ 1,77 2,34 1,74 1,67 1,88 2,08 2,35 2,65 3,90 3,60 3,60 Taxa de câmbio (média anual) R$ / US$ 1,95 1,83 2,00 1,76 1,67 1,95 2,16 2,35 3,33 3,71 3,60 Desvalorização nominal ponta (%) -17,15 31,94 -25,49 -4,09 12,58 10,86 12,81 12,96 47,35 -7,81 0,00 Desvalorização nominal média (%) -10,53 -5,82 8,98 -9,93 -4,85 16,67 10,43 9,06 41,54 11,38 0,00 Reservas internacionais (US$ bilhões) - liquidez 180,3 206,8 239,1 288,6 352,0 378,6 375,8 374,1 379,7 387,3 395,0 Dívida Externa Total Médio e Longo Prazo (US$ bilhões) 193,2 198,3 198,2 256,8 298,2 312,9 308,6 348,7 355,6 362,8 377,3 Dívida Externa / Exportações 1,2 1,0 1,3 1,3 1,2 1,3 1,3 1,6 1,9 1,8 1,7 Reservas Internacionais / Importações 1,5 1,2 1,9 1,6 1,5 1,7 1,6 1,6 2,2 2,6 2,3 Rating Soberano Moody's Ba1 Ba1 Baa3 Baa3 Baa2 Baa2 Baa2 Baa2 Baa3 - - Rating Soberano S&P BB+ BBB- BBB- BBB- BBB BBB BBB BBB- BB+ - - - - IBOVESPA - Pontos 63.886 37.550 68.588 69.305 56.754 60.952 51.507 50.007 43.349 FISCAL Resultado primário do setor público (R$ bilhões) 88,1 103,6 64,8 101,7 129,0 105,0 94,1 -32,5 -114,7 -134,0 -103,5 Resultado primário do setor público (% PIB) 3,2 3,3 1,9 2,6 2,9 2,2 1,7 -0,6 -1,9 -2,1 -1,5 -2,7 -2,0 -3,2 -2,4 -2,5 -2,3 -3,1 -6,0 -10,3 -9,2 -8,1 Resultado nominal do setor público - sem câmbio (% PIB) Dívida Bruta do Setor Público (R$ bilhões) 1.542,9 1.740,9 1.973,4 2.011,5 2.243,6 2.583,9 2.748,0 3.252,4 4.049,9 4.766,8 5.462,8 Dívida Bruta do Setor Público (% PIB) 56,7 56,0 59,2 51,8 51,3 53,8 51,7 57,2 66,2 74,7 79,2 Dívida Bruta do Setor Público - Reservas Internacionais (% PIB) 45,0 41,4 46,7 39,4 36,2 37,4 34,6 39,7 42,0 53,9 56,7 Dívida Líquida do Setor Público (% PIB) 44,5 37,6 40,9 38,0 34,5 32,3 30,6 33,1 36,0 46,3 50,0 (1): Em 2016, a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) será descontinuada e apenas a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua passará a existir. / A série foi retropolada até 2012. . Atualizado com dados até 06/maio/2016 (*) Estatísticas referentes ao Balanço de Pagamentos seguem metodologia nova BPM6. Fonte: Dados oficiais para números efetivos Elaboração e (*)projeção: BRADESCO DEPEC 9 Equipe Técnica Octavio de Barros - Diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos Equipe Técnica Fernando Honorato Barbosa - Superintendente executivo Economia Internacional: Economia Doméstica: Pesquisa Proprietária: Análise Setorial: Estagiários: Fabiana D’Atri / Felipe Wajskop França / Thomas Henrique Schreurs Pires / Ellen Regina Steter Igor Velecico / Estevão Augusto Oller Scripilliti/ Andréa Bastos Damico / Myriã Tatiany Neves Bast / Daniela Cunha de Lima / Ariana Stephanie Zerbinatti Regina Helena Couto Silva / Priscila Pacheco Trigo Leandro Câmara Negrão / Ana Maria Bonomi Barufi Gabriel Marcondes dos Santos / Wesley Paixão Bachiega / Carlos Henrique Gomes de Brito O DEPEC – BRADESCO não se responsabiliza por quaisquer atos/decisões tomadas com base nas informações disponibilizadas por suas publicações e projeções. Todos os dados ou opiniões dos informativos aqui presentes são rigorosamente apurados e elaborados por profissionais plenamente qualificados, mas não devem ser tomados, em nenhuma hipótese, como base, balizamento, guia ou norma para qualquer documento, avaliações, julgamentos ou tomadas de decisões, sejam de natureza formal ou informal. Desse modo, ressaltamos que todas as consequências ou responsabilidades pelo uso de quaisquer dados ou análises desta publicação são assumidas exclusivamente pelo usuário, eximindo o BRADESCO de todas as ações decorrentes do uso deste material. Lembramos ainda que o acesso a essas informações implica a total aceitação deste termo de responsabilidade e uso. A reprodução total ou parcial desta publicação é expressamente proibida, exceto com a autorização do Banco BRADESCO ou a citação por completo da fonte (nomes dos autores, da publicação e do Banco BRADESCO). DEPEC 10
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