Ruminantes - edição nº3 / 2011

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Ruminantes - edição nº3 / 2011
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Ano 1 - Nº 3 • Eur: 5,00 • Directora: Francisca Gusmão
Outubro | Novembro | Dezembro 2011 (Trimestral)
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EDITORIAL
ALTERNATIVAS
á que a esperança é a última a morrer mas limitandonos a fiar na Virgem não resulta, neste infeliz período
do tempo que atravessamos, toda a gente capaz de
produzir trabalho devia procurar alternativas para superar a
carga brutal de encargos a que estamos submetidos. Referimo-nos às pessoas desempregadas, às que estão em
vista disso e aos empresários que já estão a investir o dinheiro que ganharam e começam a aperceber-se que a sua
empresa, como uma bola de neve a formar-se num crescendo sem fim, vai acabar numa alavanche imparável, limpando-lhe as poupanças ganhas em anos de labor.
J
Quem já não tenha a capacidade para mudar de profissão, pela idade avançada ou por falta de conhecimentos suficientes para cingrar em outro ramo de actividades; quem
se capacite que não tem o nível de inteligência capaz de
competir e superar os grandes cérebros que dominam no
seu sector de negócio; quem não aceite a ideia de procurar
outro país para viver, baseando-se em que as histórias com
sucesso de quem deu esse passo representam uma gota
no oceano, onde os mal sucedidos foram obrigados a voltar, deve enveredar por aproveitar o que mais perto de si
está por explorar, a partir do que o nosso país ainda tem
para oferecer.
Em Portugal, como na maioria dos outros países, há
muita gente que nasceu e foi criada no interior e depois migrou para o litoral e para os grandes aglomerados de povoações, pelas enormes diferenças existentes, de então,
que ofereciam as grandes cidades. No entretanto, há já em
muitas dessas localidades uma série de facilidades que não
existiam e que agora concorrem para o desenvolvimento de
actividades económicas, face aos melhoramentos desde
essa altura aí ocorridos. Escolas, piscinas e campos de desporto, zonas industriais, internet e, entre outras, estradas e
autoestradas de acesso. É aqui que muitos dos recursos
naturais reaproveitados, depois do abandono obrigatório de
uma parte substancial das terras aráveis, podem constituir
uma reserva importante de oportunidades para quem pretende fugir à crise, seja pela via da exploração agrícola,
agro-pecuária, agro-florestal ou agro-alimentar, seja pelo
lado do desenvolvimento turístico, ou através de outros nichos de negócio passíveis de pôr em prática como, por
exemplo, a agricultura e a criação de gado biológica.
O aumento da produção da actividade primária, como é
comprovado por entidades conhecedoras em economia e
por empresários agrícolas e criadores de gado, é a alavanca
que pode contribuir para que Portugal baixe o seu nível de
défice externo, na medida em que um dos travões à exportação reside na nossa escassa quantidade de oferta, o que
por outro lado contribui para uma forte dependência da importação de alimentos.
Por mais bizarro que possa parecer, de tal maneira acreditamos no que afirmamos que, em nosso entender, o Governo deveria basear-se no que foi promulgado em 1375
pelo Rei Fernando I de Portugal, ao decretar a Lei das Sesmarias. Para quem já não se lembra do que a História de
Portugal nos ensinou (e porque velhos são os trapos…),
pelo cabimento actual da referida Lei recordamos, num excerto, do que consta : “A Lei das Sesmarias insere-se num
contexto de crise económica que se manifestava há já algumas décadas por toda a Europa” (…) “A lei obrigava os
proprietários a cultivar as terras mediante pena de expropriação, ou a atribuição e fixação de um justo e sustentável
preço a pagar pelos rendeiros” (…) “A lei procurava aumentar o número de trabalhadores rurais pela compulsão
de mendigos, ociosos e vadios que pudessem fazer uso do
seu corpo” (…) “Pela sua escassez, a lei pretendia aumentar a produção de cereais e do gado para o combate à crise
económica”.
Para muitos, nomeadamente para quem já tenha habitação própria e algum terreno para cultivar, o retorno às origens pode ser uma forma de combate ao brutal flagelo do
desemprego, à desertificação de determinadas zonas e de
contribuir para que o seu país, dos seus filhos e dos seus
netos, não venha a ter que mendigar pela Europa e pelo
resto do mundo fora.
De resto, o regresso às origens já está na ordem do dia:
a Energia, tão vital para a Humanidade como o Ar que respiramos e a Água que bebemos, já está a produzir trabalho
como antigamente, através das plantas, do vento, do sol e
da água.
N.G.
[email protected]
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ÍNDICE
FICHA TÉCNICA
ACTUALIDADES
EQUIPAMENTOS
Produtores de leite franceses
defendem contratos mais justos ..............................6
Top 20 dos grupos leiteiros no mundo .......................6
A Lactalis é líder mundial ...........................................7
Agronegócio brasileiro com crescimento de 9% ........7
Os “Global Players” na fileira da carne de bovino .....8
Na Índia, o consumo de carne
impulsiona produção de milho .................................9
New Holland Agriculture patrocina Campanha
de Acção Climática.................................................36
Ano Internacional da Veterinária .............................54
Space 2011 - Novidades seleccionadas ..................56
A nova série MF 7600 da Massey Ferguson............58
John Deere Série 7R, ainda mais completa.............58
Trelleborg lança pneu gigante para tractores...........58
Telescópicos New Holland para a pecuária .............59
New Holland T8: mais potência e produtividade......59
Classificados.............................................................66
PRODUÇÃO
DOSSIER MILHO
Novos desafios na produção animal ........................14
TimacAgro lança a gama VITACOMPLEX ...............20
A alimentação da vaca seca.....................................35
Sistema OPTIBEEF..................................................42
Pastagens e forragens - Técnicas fundamentais
para o sucesso .......................................................44
Veterinário em campo: Coccidiose .......................48
Prevenção das patologias podais ............................50
Lançamento de antibiótico de longa duração ..........52
A agricultura de conservação
e a sementeira directa em culturas arvenses ........60
IACA – Assoc. Portuguesa dos Industriais
de Alimentos Compostos para Animais
| [email protected]
| [email protected]
ASSINATURAS
João Correia
| [email protected]
BOLETIM DE ASSINATURA
IMPRESSÃO
MODO DE PAGAMENTO | Payment:
Ê
POR TRANSFERÊNCIA BANCÁRIA: NIB: 0038 0000 3933 1181 7719 0
Quando efectuar a transf. bancária mencione o seu nome (como referência) e envie fax (219 833 359) ou e-mail
([email protected]) com o comprovativo de pagamento e os seus dados fiscais.
POR CHEQUE (À ORDEM DE NUGON, LDA)
Junto envio cheque nº . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
s/ Banco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .na quantia de . . . . . . . . . . .
Fill with data and enclose a cheque to NuGon, Lda. (address below)
Bank transfer data: IBAN PT: PT50 0038 0000 3933 1181 7719 0 SWIFT: BNIFPTPL • Beneficiary: NUGON, LDA
Portugal
Europa
Europe
Resto do Mundo
Other Countries
20 €
60 €
100 €
NOME | Name
MORADA | Address
TEL.
Explorações Agropecuárias de :
| José Alberto Chula
Ana Botelho
Cargill compra Provimi por 1500 milhões de euros .12
Cabras, um negócio a explorar ...............................18
Sementeira directa: Testemunho de um agricultor...65
LOCALIDADE | City
AGRADECIMENTOS
DESIGN E PRE-IMPRESSÃO
Segurança na sala de ordenha ................................55
CÓDIGO POSTAL | C.P.
Ana Vieira; António Barão; António
Cannas; Carlos Martinho; Carolina Maia;
Elisabete Carneiro; George Stilwell; Inês
Ajuda; Jerónimo Pinto; Joan Riera; José
Freire; José Luís Campos; Luís Queiroz;
Luís Veiga; Mário Carvalho; O. Breistma;
Paulo Costa e Sousa; Pedro Caramona;
Pedro Vacas de Carvalho; Ricardo
Freixial; S. Pasteiner; Sílvia Benquerença;
Vânia Silva; Y. Acosta Aragón.
Américo Rodrigues, Catarina Gusmão
Arte no campo .........................................................67
ENTREVISTAS
1 ano (4 exemplares) 1 year (4 issues)
Francisca Gusmão
PUBLICIDADE
RUMINARTE
SEGURANÇA
Preços | Prices
DIRECTORA
COLABORARAM NESTA EDIÇÃO
Bem-estar de ruminantes .........................................46
OBSERVATÓRIO
Breves comentários e previsões sobre
o mercado de matérias-primas ..............................37
Preços do Leite no Mundo .......................................39
OUTUBRO | NOVEMBRO | DEZEMBRO 2011
Calendário de feiras .................................................66
BEM-ESTAR ANIMAL
ECONOMIA
EDIÇÃO Nº3
| [email protected]
FEIRAS
NEGÓCIOS
Introdução.................................................................22
Utilização de silagem de milho
em pequenos ruminantes.......................................24
As fontes de energia para a produção de leite ........26
Estabilidade aeróbia da silagem ..............................28
Impacto das micotoxinas na qualidade do leite
e na saúde das vacas leiteiras...............................32
Jornadas de campo Dekalb 2011.............................34
Rum nantes
PAÍS | Country
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Peres - SocTip
E.N. nº10 - Km 108,3 - Porto Alto
2135-114 Samora Correia
ESCRITÓRIOS
R. Nelson Pereira Neves, Nº1,
Lj.1 e 2 - 2670-338 Loures
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PROPRIEDADE / EDITOR
Nugon, Lda. / Nuno Gusmão
Contribuinte nº: 502 885 203
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Tiragem: 8.000 exemplares
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ACTUALIDADES
EMPRESAS
Produtores de leite franceses defendem contratos mais justos
A organização de produtores de leite
France MilkBoard apresentou um contrato
modelo com termos e condições mais justas
para os produtores de leite franceses na
feira agrícola SPACE.
A Lei sobre a Modernização da Agricultura (LMA) de 2010 obriga as empresas de
laticínios francesas a elaborar contratos de
fornecimento de leite cru para os seus agricultores. A intenção desta lei era melhorar a
posição dos agricultores perante a indústria
de transformação. Mas, segundo comunicado do France MilkBoard*, os contratos
fornecidos aos agricultores pelas indústrias
de laticínios não têm tido aceitação por
parte dos mesmo uma vez que, até agora,
apenas 5% dos agricultores franceses os
subscreveram. E isto porque não contêm
preços concretos, estipulando apenas os volumes a entregar, e não permitem que os
produtores se unam para aumentar o seu
poder de negociação. Desta forma, estes
contratos serviriam apenas para institucionalizar a dependência dos produtores face
às empresas de lacticínios.
Reagindo a estas propostas,a organização
de produtores France MilkBoard entregou
a Bruno Le Maire, Ministro da Agricultura
francês, o seu próprio modelo de contrato
durante a realização da feira francesa agrícola SPACE em Setembro último.
A organização sustenta que, ao contrário
dos contratos das empresas de lacticínios, o
seu modelo de contrato fortalece os direitos
dos produtores de leite. O referido contrato
seria assinado por um período de cinco anos,
especificaria o volume de oferta e estipularia
um preço do leite com base nos custos reais
de produção, definidos actualmente nos
€ 0,412 por litro de leite cru, verificados
anualmente por uma comissão independente.
A European MilkBoard felicitou esta iniciativa mas referiu igualmente a necessidade de criação, a longo prazo, de uma
agência independente de monitorização do
mercado a nível europeu para assegurar
uma regulação inteligente do mercado do
leite e evitar futuras crises.
Segundo uma notícia publicada no site
espanhol Agrodigital, o contrato proposto
pela France MilkBoard estabeleceria uma
série de pontos relativos aos custos de produção os quais teriam que incluir: a) custos
correntes de €265/1000 L; b) amortização
no valor de €76/1000 L; c) custos derivados dos capitais próprios e das terras em
propriedade (€10/1000 L); cargas sociais
(€40/1000 L)
A soma destes pontos perfaz um total de
€492/1000 L aos quais se somariam 5% de
margem de segurança. A este valor haveria
ainda que descontar €105 relativos a ajudas,
preço da carne, vendas dos vitelos, etc, do que
resultaria um preço base de €412/1000 L.
* France MilkBoard: organização pertencente à European Milk Board, que agrupa associações de produtores de leite e lobbies de agricultores de 12 países
Top 20 dos grupos leiteiros no mundo
O volume de negócios acumulado dos 20 líderes mundiais duplicou em pouco mais
de uma década. Este aumento
explica-se principalmente
pelo crescimento de volume;
os preços foram aumento de
forma moderada. Assistiu-se à
chegada de duas empresas
chinesas (Mengniu e Yili) que
registaram um forte crescimento nos últimos cinco anos,
assim como da mexicana
Lala. A empresa indiana Amul deverá juntar-se brevemente ao Top 20.
A Lactalis, com a aquisição da Parmalat,
alcançou o segundo lugar no grupo dos
maiores produtores mundiais.
Fonte: Rabobank (Junho 2011)
6
Nestlé
Danone
Fonterra
Lactalis
Friesland Campina
Dean Foods
Dairy F. of America
Arla Foods
Kraft Foods
Unilever
Saputo
Meiji Dairies
DMK
Sodiaal
Parmalat
Morinaga Milk Industry
Bongrain
Mengniu
Yili
Schreiber Food
(1)
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
Volume de negócios 2010 em milhões de euros (1)
=
=
=
=
=
Suíça
França
Nova Zelandia
França
Holanda
EUA
EUA
Dinamarca, Suécia
EUA
Holanda, Reino U.
Canadá
Japão
Alemanha
França
Itália
Japão
França
China
China
EUA
21,2
12,3
9,1
9,1
8,8
8,2
7,4
6,9
5,3
5,1
4,3
4,1
4
4
3,9
3,8
3,6
3,4
3,3
3
Volume de negócios incluindo as fusões/aquisições realizadas em 2010 e entre Janeiro e Junho de 2011.
Estimativas.
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EMPRESAS
A Lactalis é líder mundial
Após a aquisição de 83,3% do capital da
Parmalat, a Lactalis tornou-se o segundo
grupo leiteiro mundial atrás da Nestlé com
um volume de negócios que ultrapassa 14
mil milhões de euros. A complementaridade
dos dois grupos é geográfica e funciona
também ao nível dos produtos. A Parmalat
está presente na América do Sul, na África
do Sul e na Austrália; na sua maioria, zonas
onde a Lactalis não está implantada. A Parmalat beneficia da presença da Lactalis na
Europa, Médio Oriente e EUA. Só a Ásia
está de fora. Com a Parmalat, a Lactalis reforça a sua posição nos mercados do leite
de consumo, mas também dos queijos e dos
ultra-frescos. O ano 2010 foi o ano de Es-
Agronegócio brasileiro com crescimento de 9%
O agronegócio — entendido como o conjunto de negócios relacionados com a agricultura e pecuária no Brasil — deverá
terrminar em 2011 com um crescimento de
9% no Produto Interno Bruto do sector, o
dobro da expansão esperada para o PIB nacional, de acordo com uma notícia publicada
em Agosto último pela América Economia.
“Estamos vivendo o maior ciclo de preços
altos da história recente. Nunca houve tama-
nha duração de procura maior que a oferta”,
afirmou o ex-ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Roberto Rodrigues,
coordenador do Centro de Agronegócio da
Fundação Getulio Vargas (FGV).
A procura internacional de alimentos, impulsionada pelos países emergentes, principalmente a China, e o aumento no poder de
compra da classe média brasileira, estão
entre os factores apontados como âncoras
ACTUALIDADES
panha para o grupo, com a aquisição de três
empresas. O ano de 2011 é o ano italiano. A
Lactalis terá desembolsado cerca de 3,7 mil
milhões de euros para adquirir a Parmalat,
o que deverá fazer subir a sua dívida para
aproximadamente 6,6 mil milhões de
euros.
para o excelente desempenho do sector.
O Ministério da Agricultura espera que
as exportações do agronegócio brasileiro
ultrapassem US$ 90 biliões em 2011, valor
recorde e 18% acima do registado no ano
passado. No primeiro semestre, foram embarcados US$ 43,2 biliões, com destaque
para o complexo soja – o Brasil é o segundo
maior exportador mundial - responsável por
US$ 12,7 biliões.
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ACTUALIDADES
EMPRESAS
Fonte: Relatório FranceAgriMer - Agosto 2011
Os “Global Players”
na fileira da carne de bovino
Americanos e brasileiros nos primeiros lugares
De há cerca de 20 anos para cá tem vindo
a assistir-se a uma significativa, continuada
e crescente concentração na indústria cárnica mundial. Actualmente, os 10 principais
grupos industriais são responsáveis por 15%
do mercado mundial. Estes grupos são principalmente norte-americanos e brasileiros.
Os principais players internacionais no
sector das carnes são poucos: menos de dez,
americanos ou brasileiros. Na sua maioria,
são actualmente multi-espécies, embora tenham mantido uma actividade predominante
no seu negócio de origem. Os primeiros grupos europeus (Danish Crown, Vion, Bigard,
Doux, LDC ...) estão muito atrás, com uma
projecção industrial que raramente ultrapassa as fronteiras da União Europeia em
matéria de instalações industriais.
A recente constituição de players globais
brasileiros no sector da carne tem mudado
um pouco a situação. Uma concorrência
entre actores brasileiros e americanos nas
oportunidades de fusão / aquisição / parceria tornou-se possível. Este clube exclusivo
de players tem capacidade para realizar facilmente investimentos em todo o mundo,
desde que os montantes financeiros a investir sejam modestos à escala dos respectivos grupos, mas que possam ser
importantes à escala do país em causa (tomada de controlo de um dos principais
grupos industriais do país). Com o apoio
de bancos ou fundos privados, devido à
sua influência internacional, têm capacidade para efectuar aquisições de grande envergadura. Além disso, através das
operações de compra / venda, as unidades
industriais são propensas a mudar de mãos
em alguns anos, como foi o caso do grupo
brasileiro Seara, que se tornou americano
após a sua aquisição pela Cargill em 2004, e
de novo brasileiro ao ser comprado pela
Marfrig em 2009.
Estes desenvolvimentos recentes não deixam de ter consequências sobre a organização das fileiras, sobre a natureza das
relações entre os agentes da fileira a montante e a jusante, sobre os fluxos de carne
em todo o mundo, mas também sobre a
geopolítica da produções animais.
Os governos tornaram-se particularmente
vigilantes sobre a posição dominante desses
grupos, que podem adquirir, num curto espaço de tempo, várias empresas importantes. Em 2008, o ministério americano da
Justiça impediu a continuação da aquisição
pela JBS da Beef Packing Company, o número quatro no sector, considerando que o
novo contexto poderia vir a ter potenciais
efeitos negativos sobre os preços na fase de
produção e consumo.
A uma escala global, esses grandes grupos
têm um poder significativo na expansão local
da produção animal pelas aquisições sucessivas em diferentes continentes. Pela envergadura que possuem na economia agroalimentar mundial, tornaram-se players da
geopolítica em detrimento dos governos e estruturas internacionais.
Principais grupos da indústria da carne em todo o mundo
M. ton.
14
Porcos
Bovinos
12
Aves de capoeira
10
8
6
4
2
8
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Hormel
Bachoco
Nanjing yurun Food
Tönnies
Olymel
Doux
People's Food
Shineway/Shuanghui
Perdue
Marfrig
Danish Crown
Vion
Brasil Foods
Cargill
Smithfield Foods
Tyson Foods
Jbs
0
»
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ACTUALIDADES
EMPRESAS
»
Principais “global players” no sector da carne
Empresas
JBs
Tyson Foods
Cargill (negócio de carne)
Brasil Foods
Danish Crown
Marfrig
Danish Crown
Hormel Foods
Vion
Tönnies Fleisch
Bigard
LDC
Perdue Farms
Nanjing Yurun Group
Shineway/Shuanghui
Bachoco
People’s Foods
Olymel
Doux
Volume de negócios
31,31
28,43
≈ 15,00
12,91
11,76
9,68
8,05
6,99
6,67
5,70
5,51
3,39
4,60
2,75
2,20
2,12
2,11
2,04
1,86
No início da década de1990, sobretudo nos Estados Unidos, importantes
grupos de dimensão internacional surgiram no sector da carne, tais como a
Smithfield Foods, a Tyson Foods ou a
Cargill. A constituição de grandes grupos brasileiros (JBS, Marfrig, Foods
Brasil) teve lugar mais tarde, no início
do século XXI. Actualmente, os dez
maiores grupos asseguram a comercialização de, aproximadamente, 15% da
produção mundial de carne.
Muitas vezes, o crescimento externo
desses grupos ocorreu através de fusões
e aquisições de empresas especializadas
no mesmo sector (aquisição de Circle
Four Farms, Carroll’s Foods e Murphy
Farms Inc. pela Smithfield Foods na década de 1990, a aquisição do sector de
aves da Cargill pela Tyson Foods em
1995 ...). Formaram-se empresas multisectoriais (bovinos, aves, suínos) como
a Tyson Foods, JBS, Cargill, Brasil
Foods, Smithfield Foods, Marfrig ...
presentes em vários continentes, fruto
de aquisições múltiplas e por vezes
muito variadas.
Alguns grupos empresariais, como a
Brasil Foods, a Cargill ou a Marfrig
detêm uma série de atividades que vão
muito além da produção de carne. A
Brasil Foods opera actualmente nos sectores das aves, suínos, bovinos, laticínios e alimentos processados, no Brasil
e no exterior; A Marfrig nas áreas da
conservação de carnes (de bovino,
ovino e suíno), frango, couros e produtos transformados, principalmente após
a aquisição da Keystone Foods em
2010; a JBs nos sectores alimentar,
couro, biodiesel, colagéneo...
No ranking mundial dos grandes gruTop 5 de carne de frango
Empresas
JBS
M. ton.
3,80
pos do sector das carnes, os dois primeiros grupos europeus, Vion e Danish
Crown, ocupam respectivamente a sexto
e a sétima posições com cerca de 2 milhões de toneladas abatidas, muito atrás
da JBS (11 milhões de toneladas) e da
Tyson Foods (9 milhões de toneladas).
Por outro lado, a Vion e a Danish
Crown, mesmo tendo adquirido empresas de abate de bovinos, mantiveram-se
especializadas no abate e corte de carne
de porco. As suas atividades limitam-se à
União Europeia, particularmente o
Norte, (Alemanha, Holanda e Reino
Unido no caso da Vion; Dinamarca, Alemanha e Reino Unido para a Danish
Crown.) O grupo francês Frangosul, especializado na produção de aves de capoeira e primeiro grupo avícola na
Europa, posiciona-se no 12º lugar.
O surgimento de grupos chineses
(Shineway / Shuanghui, People’s Food
e Nanjing Yurun Food), todos virados
para a indústria de suínos, é um dos destaques da última década. Top 5 de carne de porco
Empresas
M. ton.
Smithfield Foods
3,22
Top 5 de carne de bovino
Empresas
JBS
Tyson Foods
3,51
Danish Crown
2,11
Tyson
Perdue
1,48
Snineway/Shuanghui
1,44
Marfrig
Brasil Foods
Snineway/Shuanghui
2,80
1,30
M. ton. = Milhões de toneladas
Vion
People’s Food
1,58
1,42
Cargill
Smithfield Foods
M. ton.
7,65
3,83
3,18
1,10
0,56
Na Índia, o consumo de carne impulsiona a produção de milho
A produção de milho na Índia, o segundo maior produtor da Ásia, poderá
duplicar na próxima década, para compensar o aumento da procura de carne e
a consequente crescente procura alimentar para o gado doméstico e manter
a posição do país como um fornecedor
barato para o mercado asiático.
A superfície plantada de milho da
Índia é a quinta maior do mundo com
mais de oito milhões de hectares, mas
as suas produtividades estão entre as
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Ruminantes • Outubro | Novembro | Dezembro • 2011
mais baixas - variando de 1 a 4,5 toneladas por hectare, em comparação com
a média de 10 toneladas nos Estados
Unidos.
Ainda que muito baixos, estes valores
representam uma melhoria desde o início do século, quando a Índia era um importador líquido de milho. O uso de
sementes de alto rendimento aumentou,
ajudando a satisfazer a procura interna e
permite actualmente disponibilizar 2 a 3
milhões de toneladas para exportação.
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ENTREVISTA
Cargill compra Provimi
por 1500 milhões de euros
A multinacional americana Cargill, especializada na produção de alimentos e que também
opera no segmento da alimentação animal formalizou, em Agosto passado, uma proposta
de compra da multinacional Provimi, que detém em Portugal duas fábricas empregando
cerca de 160 trabalhadores.
A operação, que envolve um montante de 1500 milhões de euros, aguarda apenas a
autorização das entidades reguladoras.
Detido até aqui pelo fundo de 'private equity' Permira, o grupo Provimi, dedicado à
produção de alimentos para animais, facturou 1,6 mil milhões de euros em 2010 e detém
67 unidades fabris, empregando 7000 pessoas na Europa, Ásia, África e América Latina.
A Cargill, com sede em Minneapolis (Minesota), é um dos maiores grupos agroalimentares
dos Estados Unidos com mais de 130.000 empregados em 63 países.
tratégico para a sua nova fase de crescimento. Receber uma proposta da Cargill para adquirir a Provimi
representava um resultado altamente atraente neste
processo de revisão.
Em entrevista à Revista Ruminantes,
Carlos Martinho, Director Comercial da
Provimi Iberia, S.A. afirmou considerar a
Cargill um parceiro “altamente atraente”
para a sua nova fase de crescimento.
O que motivou o Grupo Permira a vender a sua
participação na Provimi?
- A Provimi iniciou um processo de transformação,
que começou há quatro anos e que está agora praticamente concluída. A Provimi estava preparada para a
sua próxima fase de crescimento. Há cinco meses
atrás, a empresa decidiu realizar uma revisão estratégica do negócio para encontrar o melhor parceiro es-
12
Porque é que a Cargill decidiu comprar a Provimi?
- Como é do conhecimento geral, o negócio da Provimi é altamente atractivo porque tem vários negócios
internacionais focados na Nutrição Animal, com uma
boa posição nos mercados emergentes e de maior valor
em produtos com fortes perspectivas de crescimento.
A Provimi tem uma qualidade excelente de profissionais e a Cargill aguarda com muita expectativa adicionar o conhecimento, a experiência e a unidade que
trazemos para a sua organização. A Provimi oferece à
Cargill um passo significativo para a fusão do alto
valor agregado e segmentos de especialidades, bem
como traz fortes posições dentro da América Latina,
Rússia e Ásia. Ambas as empresas têm uma forte cultura com um ênfase em valores fundamentais e nas
pessoas. Conhecimento, talento e liderança são as principais razões para a existência deste negócio.
A Provimi é uma marca muito forte em todo o
mundo e, juntos, seremos a organização mais bem posicionada e líder mundial em nutrição animal.
Esta compra será uma boa notícia?
- As duas empresas são complementares tanto geograficamente como em actividades de negócio. Ambas
têm um forte enfoque em soluções inovadoras de nutrição para atender as necessidades de hoje em termos de
sustentabilidade.
A Cargill é uma das maiores empresas do mundo privado e oferece à Provimi mais capacidades e mais re-
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ENTREVISTA
»
cursos. O compromisso da Cargill com a nutrição animal, a sua dimensão e as vantagens competitivas fazem dela o parceiro ideal
para levar os negócios da Provimi para outro nível. A Cargill pode
oferecer economias de escala, incluindo acesso a fundos para novas
oportunidades de mais investimento, potencial para uma base de
produção mais eficiente, acesso a novos mercados e mais oportunidades de crescimento. E está empenhada em investir mais para
fazer crescer o negócio da Provimi e proporcionar melhores oportunidades de carreira para as pessoas dentro de uma organização
global, incluindo a capacidade de trocar experiências com a sua
ampla gama de empresas. A Cargill é uma empresa em que a sustentabilidade e responsabilidade social corporativa estão no topo da
agenda, temas que se tornarão ainda mais relevantes no futuro.
Como será feita a integração da Organização Provimi na
Cargill?
- Após a conclusão do acordo, uma equipa de integração irá desenvolver planos para integrar a Provimi em termos de cultura,
estratégia e estrutura na Divisão Cargill Nutrição Animal. O objectivo é, naturalmente, criar uma organização que combine o melhor dos dois mundos.
A transacção está condicionada às autoridades reguladoras
competentes. Quando é que estará concluída?
- Espero que até ao final do ano. Até à conclusão do negócio as
duas empresas mantêm-se separadas.
Haverá qualquer fecho de fábricas como resultado dessa
transacção?
- Nenhuma decisão pode ser tomada antes da conclusão - é muito
cedo. Entre a assinatura e a conclusão, temos todos de nos focar em
fazer bem o nosso trabalho. Os planos detalhados para a empresa
resultante serão desenvolvidos nos meses após a conclusão.
A Provimi está sendo adquirida por uma das maiores empresas privadas do mundo. Não há um risco da marca Provimi simplesmente desaparecer?
- Em geral, a gestão da Cargill Nutrição Animal é executada de
forma descentralizada, por isso penso que vamos continuar a
manter a nossa identidade. A Nutrição Animal é uma das principais unidades de negócio da Cargill e uma das suas divisões com
maior crescimento; nesta área, a Provimi já provou que está no
caminho certo.
Que mensagem deixa aos vossos clientes?
- Muito optimismo. Quando podemos ter o melhor dos dois
lados só podemos estar optimistas. Esta fusão, como lhe chamo,
de pessoas e de conhecimento, vai criar novas expectativas fazendo que cada um de nós dê o seu melhor.
A Provimi está fortemente empenhada em investir para o seu
crescimento com sucesso a longo prazo e focada em servir melhor
o mercado com soluções inovadoras de forma a garantir a sustentabilidade do sector pecuário. Todos juntos seremos melhores. 014-017:Layout 1
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PRODUÇÃO
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ALIMENTAÇÃO
Novos desafios
na produção animal
Jerónimo Pinto, Engenheiro Agrónomo, Eurocereal SA
[email protected]
A produção animal em geral e em especial
as produções de ruminantes vão enfrentar
provavelmente os maiores desafios de
sempre. Vão operar-se mais mudanças nos
próximos 5 anos do que nos últimos 25.
Para além do sempre necessário esforço constante
de melhoria na produtividade e competitividade, passam a colocar-se novos desafios em termos de bemestar e saúde animal, de protecção ambiental, de
qualidade e segurança alimentar e, cada vez mais, de
diferenciação e valorização através de novos produtos
específicos que, além do seu valor alimentar, possam
também contribuir para melhorar a saúde e/ou reduzir
riscos de ocorrência certas doenças (cardiovasculares,
neuro-degenerativas, oncológicas, etc).
Novos desafios envolverão todas as diversas áreas
técnico-científicas implicadas na produção animal.
No entanto será a área da nutrição e alimentação a que
mais deverá contribuir em termos de inovação e de desenvolvimento de novas soluções, não só para permitir a concretização de novos produtos funcionais, mas
também para tornar sustentável e economicamente viável uma produção animal inteiramente nova no contexto de novas políticas agrícolas e das novas
estratégias energéticas e ambientais.
em novos sistemas de maneio e de gestão e, sobretudo,
em cada vez maior eficácia em nutrição e alimentação.
Há poucas décadas os frangos atingiam 1,5 kg aos
110 dias de idade com um ICA de 3,5. Hoje atingem
1,5 kg aos 28 dias com ICA 1,7.
Em vacas leiteiras, a produtividade anual de 10.000
kg já não é limiar só virtual/inatingível.
Esse limiar antes mítico, hoje já é superado por todas
as explorações do Top 100 nacional.
Cada vez mais alta produtividade significa maiores
necessidades nutricionais dos animais e é cada vez
maior o desafio para as satisfazer correctamente e de
forma muito bem balanceada em todos os nutrientes
necessários.
Altos níveis de produtividade exigem novos conceitos nutricionais – nova “feed pyramid”, “periparto”,
nutrição aniónica, aditivos, etc - requerem novos programas de arraçoamento, melhor maneio da alimentação e cada vez menor margem para erros nutricionais,
sob pena de se comprometer a saúde metabólica –
dos factores mais limitantes na alta produção.
Oportunidades e limitações, inteiramente novas e absolutamente imprevisíveis até há pouco tempo, determinarão toda a produção animal, no contexto de uma nova
era inevitavelmente marcada pelos biocombustíveis, pela
competição "food-feed-fuel" e pelo despertar das novas
economias emergentes (China, Índia, Brasil, etc.)
A produtividade animal tem vindo a aumentar contínua/ininterruptamente com a contribuição de avanços
em progressos genéticos, em novas tecnologias e equipamentos, em processos de diagnóstico e tratamento,
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ALIMENTAÇÃO
O sistema holandês MINAS (1998) é aplicado obrigatoriamente já em todas as explorações.
BEM-ESTAR E SAÚDE ANIMAL
Bem-estar animal = máxima saúde metabólica
BEM -ESTAR E SAÚDE ANIMAL
MINIMIZAR / PREVENIR DOENÇAS METABÓLICAS
» Programa Aniónico = Prevenção de hipocalcémia
OPTIMIZAR AMBIENTE / FUNCIONAMENTO RUMINAL
» Balanço Energia Rápida / Proteína Degradável /
Fibra Efectiva
GERIR/ CONTROLAR A CONDIÇÃO CORPORAL
» CC ao longo da Cria / Recria e da Lactação
Bem-estar animal = óptimo ambiente ruminal
Em ruminantes, a primeira prioridade será sempre
de optimizar o funcionamento ruminal de forma a não
só evitar situações de doença (acidose, deslocamentos
de abomaso, etc), como também para maximizar a eficácia alimentar, sintetizar nutrientes essenciais e maximizar/melhorar a qualidade da produção.
Saúde Metabólica
Eficácia Alimentar
Ambiente Rumminal
Bem-estar animal = gerir a condição corporal
A avaliação sistemática da condição corporal dos
animais em cada fase do crescimento e do ciclo de produção é imprescindível para se fazerem os necessários
ajustamentos ao programa alimentar, de forma a evitarse tanto a excessiva mobilização de reservas corporais
(riscos de cetose e baixa eficácia reprodutiva), como
evitar a excessiva deposição de gordura.
PROTECÇÃO AMBIENTAL
PRODUÇÃO
Os animais não são capazes de utilizar 100% dos nutrientes de que dispõem, pelo que parte desses nutrientes é inevitavelmente excretada e susceptível de
provocar poluição ambiental.
De todo o N que ingerem, os ruminantes só transferem para a sua produção (carne/leite) 25-35%, excretando o resto para o ambiente:
A Directiva Europeia 91/676/EEC (nitratos) limita
a fertilização anual a 170 kg N/ha.
A poluição ambiental, sobretudo por N e P, é uma
preocupação crescente que obriga a cada vez maior /
melhor gestão dos inputs-outputs.
Quilos de azoto fornecidos, secretado e excretado,
e volatilizado durante um dia de lactação 305 por uma
vaca de leite produzindo 20.000 lbs.
409 (Consumidos na alimentação)
99
(Excretado no leite)
310
(Excretados no esterco)
59
(Volatilizado com aplicação
superficial no campo)
189
(incorporado no solo)
62
(Volatilizado no celeiro e de
armazenagem de estrume)
248
(Espalhadas no solo)
A nutrição animal e o maneio alimentar têm grande
impacto quantitativo e qualitativo no balanço input - output de nutrientes, pelo que a protecção ambiental implica
estratégias nutricionais e alimentares no sentido de:
- reduzir desperdícios/sobras de alimentos, ajustando
a alimentação ao consumo efectivo.
- aumentar a digestibilidade da dieta alimentar, mediante criteriosa selecção de ingredientes (a bio-disponibilidade do P em suínos é de 14% no milho vs
90% nos DDG). Em monogástricos, a enzima fitase
aumenta a digestibilidade do P, reduzindo até 33% a
sua excreção/poluição (Kornegay & Verstegen, 2001).
- aumentar rigor/precisão na determinação das necessidades nutricionais, na valorização dos alimentos e no maneio alimentar (por grupos, por fase de
produção, por sexo, etc), para evitar excessos/desperdício de nutrientes.
Minimizar o excesso de nutrientes é, assim, um imperativo actual e futuro, mediante:
• mais produtividade / menor encabeçamento
• maior eficácia na utilização de N, P e K.
Ao reduzir a ingestão P alimentar em 0.1%, reduz-se
a excreção/poluição de P em 8.3% (Kornegay & Verstegen, 2001).
Por cada 1% de redução de proteína bruta, reduz-se
em 8% as perdas azotadas (Kerr & Easter, 1995).
A maior precisão permitida por novos “tools” hoje
disponíveis (NRC 2001, R.C.P., NIR …) permite obter
maiores níveis de produção com apenas 16% PB do
que com os ex-20% PB… e com a redução de 30% na
excreção de N.
Reduzir a proteína alimentar ao mínimo necessário
para satisfazer as necessidades nutricionais e minimizar a poluição ambiental implica novas estratégias nutricionais:
• a síntese de proteína microbiana
• maior qualidade, menor custo, menor poluição
• PDI’s, RUP/RDP, NFC/RDP… versus PB
• “good-by protein – hello aminoacids”
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PRODUÇÃO
ALIMENTAÇÃO
»
PROTECÇÃO ANIMAL
MENOR % PB NOS ARRAÇOAMENTOS
» Formação por PDI’s ou PD/BP
MAIOR EFICÁCIA NA NUTRIÇÃO PROTEICA
» Equilíbrio Proteína Degradável / By-Pass
» Sincronia Proteína / Energia
» Controlo do teor de UREIA no leite/sangue
REDUÇÃO DO ENCABEÇAMENTO
» Menor dimensão da recria
(Maior vida produtiva e antecipação 1ºparto)
O fósforo (P) é também um factor de poluição, sendo,
muitas vezes, sobre-utilizado
Estima-se que, em geral, o P é administrado cerca de
20% acima das necessidades, pelo que bastaria a sua administração segundo as mais recentes recomendações,
para se reduzir em 25-30% a sua poluição ambiental.
A cada vez maiores necessidades nutricionais, não
corresponde uma capacidade de ingestão elástica (pelo
contrário, quando a vaca tem maiores necessidades, é
quando é menor a sua capacidade de ingestão) – o que
obriga a cada vez maior concentração nutricional do arraçoamento-global em todos os nutrientes (energia, proteína, vitaminas, minerais).
Uma alimentação correctamente balanceada em todos
os nutrientes implica:
- a correcta determinação das necessidades nutricionais
dos animais;
- a valorização (quantitativa e qualitativa) de todos os
componentes da alimentação;
- a minimização de quaisquer carências e excessos nutricionais na alimentação;
- a rápida resposta a quaisquer alterações que possam
ocorrer.
De nada servem os mais modernos e fiáveis programas de cálculo e optimização de arraçoamentos se não
se conseguir valorizar correctamente as características
nutricionais dos vários componentes do arraçoamento
ou se não se reajustar a alimentação sempre que se alterar a quantidade / qualidade de qualquer componente.
Sobretudo em relação à silagem de milho, deve ter-se
a garantia de que se está a trabalhar com avaliações absolutamente fiáveis e seguras – não se pode formular arraçoamentos correctos com base em avaliações
16
nutricionais incorrectas daquele que, quase sempre, é o
seu maior componente.
Para optimizar o funcionamento ruminal, tem que
se garantir o correcto balanço e sincronia na disponibilidade dos nutrientes.
BALANÇO NUTRICIONAL GLOBAL
62,34
Matéria
Seca
1,06
UFL
4,94
Gordura
Bruta
32,45
Amido
+Açucares
32,13
Energia
Rápida
3,12
Energ. Ráp.
/Prot. Deg.
14,51
Fibra
Bruta
17,52
ADF
30,37
NDF
1,06
Energ. Ráp.
/NDF
31,89
Prot. Sol.
/Prot. Total
0,51
Kg MS
/Lt
16,21
Proteína
Bruta
4,06
63,56
(PDIN-PDIE) Prot. Deg.
/UFL
/Prot. Total
Para satisfazer correctamente as necessidades nutricionais de vacas leiteiras com produções cada vez mais
elevadas, há que as alimentar de acordo com a filosofia da “Feed Pyramid”:
A PIRÂMIDE ALIMENTAR
(RICK LUNDQUIST, 1995)
Aditivos
Suplementos
Proteínas
Bypass
Minerais e vitaminas
Alimentos CNF
Grãos
Subprodutos
Proteína
degradável
no rúmen
FORRAGENS
FIBRA FÍSICA
“A alimentação desejável é a que forneça os nutrientes necessários à produção/qualidade do leite, maximize o funcionamento do rúmen, optimize o
crescimento da microflora ruminal e minimize as perdas de nutrientes para o ambiente” (NRC, 2001).
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ENTREVISTA
CABRAS,
UM NEGÓCIO A EXPLORAR
Entrevista Ruminantes a António Barão
Sócio-gerente da empresa Barão & Barão Lda.
Aproveitando as sinergias com o negócio de
produção de leite de vaca, António Barão,
sócio-gerente da empresa Barão & Barão
Lda. desenvolveu uma exploração exemplar
de cabras de leite, situada no concelho de
Benavente, no coração do Ribatejo. Tirando
partido da sua longa experiência no maneio
de vacas de leite, conta-nos como conseguiu
transpor para as cabras o conhecimento que
acumulou ao longo de mais de 30 anos de
actividade.
A Barão & Barão, Lda. é hoje uma referência
tanto na bovinicultura como na caprinicultura
nacional, com especial relevo para a alta
genética que caracteriza todo o seu efectivo
animal.
Tendo uma vacaria de referência no mundo
das vacas, como aparece o negócio das cabras?
- Essencialmente pela necessidade de diversificar o
negócio, mas também como uma forma de diluir os encargos fixos da exploração, uma vez que o unifeed, os
silos de armazenamento das forragens e outros equipamentos servem para as vacas e também para as ca-
18
bras. Mas houve outro motivo. A Barão & Barão, proprietária já na altura de uma fábrica de lacticínios (actualmente desactivada, pela venda da marca comercial)
orientada para a produção de queijo de cabra, deparava-se com a falta de leite em determinados períodos
do ano, sobretudo desde o Verão até Dezembro. Esta
situação representava uma grande dificuldade na negociação com as grandes superfícies, que queriam ter
assegurado o fornecimento ao longo de todo o ano. A
razão desta escassez devia-se ao facto de existirem
mais cabreiros do que caprinicultores. Assim, as cabras pariam naturalmente na Primavera, não havendo
qualquer programação de partos para as alturas consideradas ideais. O nosso trabalho passou pela sensibilização dos produtores com vista a conseguir um
aprovisionamento de leite mais constante.
No ano de 2004, iniciou-se um projecto de diversificação dos produtos produzidos pela Barão & Barão
Lda., surgindo a produção de leite de cabra como um
dos novos objectivos da estratégia da empresa. Optouse então pela construção de modernas instalações destinadas a um efectivo de 2000 caprinos, das raças
Saanen e Alpinas, importados das principais referências mundiais na genética caprina, onde se incluem
países como a França e a Holanda. Hoje, a nossa empresa é detentora da maior exploração de caprinos a
nível nacional, possuindo uma produção média de 900
litros de leite em 305 dias.
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ENTREVISTA
De que parâmetros produtivos se socorre
na avaliação da sua exploração de cabras?
- Para nós é muito importante a produção
leite/cabra/dia e cabra/ano. Trabalhamos com raças
exóticas, que funcionam exactamente como se fossem
vacas, com um período de lactação de 305 dias, e um
período seco de 60 dias. A nossa preocupação centrase na produção total de leite e no respectivo nível de
proteína, o qual é determinante pela razão do nosso
leite ser transformado em queijo. Temos também uma
preocupação importante com a fertilidade dos animais,
por forma a que possam sincronizar os cios para os períodos que entendemos desejáveis para assegurar a
produção de leite quando o mercado precisa. Como é
evidente, os padrões de qualidade do leite estão sempre presentes ou seja, o nível de células somáticas, gordura e teores microbianos.
Como faz o maneio alimentar?
- O nosso efectivo caprino é gerido da mesma forma
do dos bovinos; os ingredientes e os componentes do
arraçoamento total são os mesmos, mas nas devidas
proporções e de acordo com as necessidades das cabras. Alimentamos as cabras com unifeed e temo-las
separadas por lotes (alta, média e baixa produção, cabras secas, pré-parto; recria). Ou seja, fazemos cerca
de 4 arraçoamentos diferentes, em função do estado reprodutivo ou do crescimento.
Qual a importância de produzir as próprias
forragens?
- Com cabras exóticas a produção própria é determinante porque, ao contrário da ideia que se tem de
que as cabras comem tudo e são rústicas, estas são
muito selectivas, e portanto é muito importante a qualidade e a homogeneidade da alimentação ao longo do
ano, e principalmente nas forragens. A produção de
forragens próprias permite-nos definir a altura ideal de
corte em função dos objectivos pretendidos (mais ou
menos matéria seca, etc.) e no mercado não existe
muita oferta de qualidade.
Quem faz a optimização da alimentação?
- O seguimento dos planos alimentares é assegurado
por Carlos Martinho, técnico da Provimi, mas
apoiamo-nos também na experiência de técnicos espanhóis e de visitas a explorações semelhante que nos
permitem ir afinando as estratégias.
Vacas e cabras têm maneio igual?
- Têm os mesmos objectivos mas um maneio algo
diferente por causa da parte reprodutiva, porque as cabras têm um subproduto que é muito valorizado e que
nalguns períodos tem que se ter em consideração, que
é o cabrito. O cabrito tem que ser produzido em três
épocas por ano, no Natal (maior valor), na Páscoa e
nos Santos Populares (menor valor). Por outro lado,
temos que fazer um maneio em que os partos ocorram
António Barão, proprietário da empresa Barão & Barão Lda.
de forma a poder abastecer de leite o mercado de
acordo com suas necessidades, ou seja, de alguma
forma em contra-ciclo com os cabreiros. Também não
podemos esquecer que estas raças exóticas só estão sexualmente activas de Agosto a Janeiro, o que obriga a
estratégias de sincronização de cios muito diferentes
das utilizadas nas vacas.
FICHA TÉCNICA:
• Raça – Saanen e Alpina
• Nº animais – 2.000 caprinos adultos
• Nº animais em ordenha - 1.400
• Produção média por animal – 900 litros ano
• Qualidade leite – TB – 3,8 e PB – 3,3
• Idade média – cerca 4,5 anos
• Taxa reposição – cerca de 20%
• Nº nascimentos – 1,8 cabritos viáveis por cabra parida
Quais as principais diferenças entre as raças?
“Tenho que ter as duas raças porque tenho clientes
de genética para as duas. Claro que para mim seria
muito mais cómodo ter uma só, mas nesse caso teria
muitas dúvidas em escolher:
» A Saanen é uma cabra muito trabalhada geneticamente, tem bons úberes, é uma “vaca pequena”,
muito dócil, muito fácil de trabalhar, produz cerca
de 20 litros mais em média por ano do que a Alpina;
» A Alpina produz os menos 20 litros em média por
ano mas tem mais 1 décimo de gordura e de proteína
no leite, em termos médios, que a Saanen. A Alpina
tem piores úberes, é mais “cabra”, mais arisca,
pouco dócil e menos fácil no tratamento.”
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PRODUÇÃO
ALIMENTAÇÃO
TimacAgro lança a gama VITACOMPLEX
Uma inovadora linha de suplementos
nutricionais e especialidades zootécnicas
A difícil fase que o sector
leiteiro atravessa vem colocar
ainda mais ênfase nas
questões da produtividade e
rentabilidade das explorações
leiteiras. É portanto neste
momento que a TimacAgro
vem lançar uma gama de
produtos para
complementação nutricional,
com especial foco na
produção intensiva de leite e
nas explorações mais
extensivas de animais para
carne.
Filial do Grupo Roullier em Portugal, a TimacAgro conta com uma
experiência de mais de 30 anos na
área da nutrição animal, para além
de matérias-primas únicas e exclusivas, como o Calseagrit.
O Calseagrit é uma alga marinha calcária extraída dos mares da
costa da Bretanha, que para além
de uma fonte de cálcio, magnésio e
oligoelementos de altíssima biodisponibilidade, possuí também a
capacidade de corrigir o pH do
rúmen e de promover o desenvolvimento da microflora ruminal.
CALSEAGRIT:
• Fornecimento de cálcio e magnésio marinhos
(algas calcárias)
• Efeito tampão (neutraliza a acidez)
• Micro-porosidade elevada: efeito nicho para as
bactérias ruminais
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Ruminantes • Outubro | Novembro | Dezembro • 2011
A estas matérias-primas foram
associados aditivos de última geração, entre os quais extractos vegetais, óleos essenciais e micro-organismos promotores da eficiência ruminal. Esta busca constante pelos últimos e mais eficazes
desenvolvimentos tecnológicos
em nutrição de ruminantes, aliada
à qualidade única das nossas matérias-primas, nomeadamente fontes de cálcio, fósforo e magnésio,
asseguram a eficácia das nossas soluções em nutrição de ruminantes.
A gama VITACOMPLEX é
composta por quatro alimentos minerais que, para além da complementação mineral e vitamínica,
vão ao encontro da necessidade de
optimizar a eficiência alimentar
dos ruminantes, encarando o animal como um todo e indo de encontro às necessidades dos animais
de alta produção.
Através da promoção dos parâmetros óptimos de fermentação ruminal e da indução das defesas
imunitárias e do bem-estar, procura-se dar as condições para que
os animais explanem o potencial
das dietas, elemento com cada vez
mais peso na despesa das explorações, assim como todo o potencial
genético.
É já em Outubro que estas novas
soluções chegam ao mercado, podendo contactar a vasta rede de
técnicos TimacAgro para mais informações.
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DOSSIER MILHO
MILHO
Sendo o
a principal cultura que se está a manusear nesta
altura do ano, deixamos aqui nesta rubrica, algumas notas sobre temas importantes desta
cultura, como a optimização da sua utilização nos arraçoamentos em ruminantes, cuidados
a ter na sua conservação, o uso do milho “Pastone”, etc.
O milho constitui, no nosso contexto agrícola, a mais importante cultura arvense, quer
associada à produção de silagem, quer à produção de grão.
A silagem de milho é uma fonte de fibra de alta qualidade por excelência e é também a
forragem com maior produção de energia por hectare.
Num período em que os custos de produção da carne e do leite estão a um nível de tal
forma alto que compromete seriamente a rentabilidade dos negócios pecuários, a produção
e a correcta optimização da utilização de forragem de alta qualidade é muito importante
para reduzir os custos de produção.
Deixamos também uma nota sobre as áreas de utilização da cultura do milho em Portugal.
450.000
400.000
350.000
300.000
250.000
200.000
150.000
100.000
50.000
0
2005
2006
2007
Anos
Milho Grão
Milho Silagem
Total Milho
2005
114,720
55,639
170,359
2004
154,108
2006
100,783
2008
102,374
2010
81,574
2007
2009
22
2004
99,108
84,678
59,037
54,121
52,837
52,705
51,730
50,914
213,145
154,904
151,945
155,079
136,408
132,488
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2008
2009
2010
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DOSSIER MILHO
Utilização de silagem de milho
em pequenos ruminantes
Engº Luís Veiga, REAGRO SA
[email protected]
lado permitir boas condições para o processo de fermentação facilitando a compressão e por outro facilitar a ingestão da silagem e contribuir para um processo digestivo equilibrado. De forma geral, o
objectivo é ter uma distribuição equilibrada (quadro 1) da dimensão
das partículas.
QUADRO 1
Tamanho das partículas (mm)
Distribuição recomendada*
12 a 19
20 – 25%
<8
40 – 45%
> 19
A silagem de milho é resultado de um processo de conservação da
planta inteira do milho que se efectua em condições anaeróbias (sem
oxigénio). Para a conseguir é necessário cortar a planta em fragmentos que permitam por sua vez a compactação do silo eliminando neste
processo o ar entre os fragmentos da planta de milho.
Durante o corte no campo é fundamental evitar contaminar a recolha com terra, garantindo para isso uma altura de corte superior a 20 cm.
Na fase de elaboração do silo, deve-se evitar o contacto da silagem
com material orgânico, como por exemplo terra ou palha e o silo deve
ser completamente estanque.
O pH máximo aceite para produzir uma boa silagem de
milho é de 4. Uma forma de garantir uma boa acidez no silo é asse-
gurar que a planta tem um alto nível de hidratos de carbono (açúcares) pois o processo de conservação depende de uma fermentação
láctica que será tanto mais eficaz quanto maior for o teor em hidratos
de carbono. Aí reside uma das grandes dificuldades em fazer uma boa
silagem de milho, a decisão da altura de corte determinará de forma
inalterável a eficiência deste alimento.
A forragem deve ser recolhida quando a matéria seca ronda os
30 a 35% com o grão ainda num estado pastoso, que permita um esmagamento posterior na máquina o que não acontecerá se estiver muito
seco e duro. A presença de grãos inteiros é uma perda energética pois
muitos destes grãos não serão digeridos no processo digestivo.
A compressão do silo deve merecer muita atenção. É neste processo que será garantida a fermentação em condições anaeróbias,
orientada assim para um processo láctico, que é o desejável, evitando
fermentações anormais e a presença de bolores.
A cobertura do silo deve ser feita de forma rápida e eficiente,
deve-se utilizar plástico limpo, de preferência novo e que não esteja
sujo de terra ou outras substâncias orgânicas. A fixação do plástico
mais uma vez não deve ser feita com recurso a terra ou estrume (como
infelizmente ainda se vê por vezes) mas sim com recurso a materiais
inertes, pneus, areia etc.
Sempre que a concentração em açúcares é baixa ou, por exemplo, o corte é efectuado tardiamente recomenda-se a utilização de
conservantes. Quando a matéria seca é superior a 40%, a utilização de
ácido propiónico ou outros com finalidade semelhante é indicada,
evitando-se sobretudo o desenvolvimento de bolores nas zonas mais
sensíveis do silo, bem como a multiplicação das muito indesejadas
bactérias butíricas. O tamanho de corte das partículas deve, por um
24
8 a 12
2 – 7%
25 – 35%
Na primeira parte deste artigo dedicou-se especial atenção a alguns pontos que me parecem fundamentais para compreender um
pouco melhor o que é uma silagem de milho e como obtê-la com qualidade, porque por vezes pedem-se arraçoamentos utilizando silagem de milho.
Frequentemente deparamo-nos com silagens que foram mal
feitas ou mal conservadas. A utilização de recurso destas silagens
que, ou resultaram de uma sobra qualquer ou de uma tentativa falhada, é uma força maior mas na realidade tratar-se-á de um prejuízo
algures na cadeia que vai da produção do alimento à venda do produto
acabado. Parece evidente mas não é, o primeiro parâmetro a compreender é esse mesmo, uma silagem de milho tem de ser uma matéria-prima de qualidade tal como qualquer outra. Utilizar
matérias-primas que estão em condições pouco aceitáveis mesmo
tendo um preço unitário muito reduzido, dando assim uma sensação
de “bom negócio” acabará por penalizar o produtor.
A utilização de silagem de milho em ovinos e caprinos deve obedecer a algumas regras. Trata-se de um alimento que apresenta um
risco sanitário alto de listeriose quando o pH a que ocorreram as fermentações no silo foi alto (superior a 4). Os ovinos e caprinos são
particularmente sensíveis a esta doença. Exige-se assim uma atenção redobrada na qualidade da silagem de milho a utilizar em pequenos ruminantes.
Outro factor de risco é o contacto com a silagem de roedores
que eventualmente estejam contaminados. É um alimento muito fermentescível que tem pouca ou nenhuma aptidão a estimular a ruminação e por isso deve ser considerado um concentrado na sua
utilização alimentar. Não dispensa por isso a utilização de alguma
percentagem de forragem, quer seja em verde, pré-fenada, feno ou
palha. Sendo um alimento pouco proteico e essencialmente energético, deve ser complementado com uma ou mais fontes de proteína; pelo facto de a silagem ser um alimento que estimula bastante
as fermentações ruminais, o aporte de proteína deve ser feito em simultâneo e de preferência por fontes de proteína de qualidade como
o bagaço de soja, por exemplo.
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DOSSIER MILHO
Uma outra forma de assegurar um equilíbrio na fermentescibilidade da silagem de milho é preceder o fornecimento da silagem de
uma fonte de fibra (fenosilagem, feno ou palha) que permita de alguma
forma diminuir a capacidade de ingestão posterior, pretendendo-se com
isso um consumo da silagem mais lento; a mastigação da fibra longa estimula a produção de saliva que contém bicarbonato, contribuindo assim
para um efeito tampão (diminui o risco de acidose aguda) no rúmen e a
presença da fibra tende a estabilizar a flora ruminal.
Diversificar as fontes de energia é aconselhável, o facto de ser
utilizada silagem de milho não significa que não se possa utilizar milho
em grão (preferencial) ou farinado. São dois alimentos com processos digestivos diferentes e que podem ser complementares. A cevada
é um cereal interessante para complementar este tipo de alimentação
e os pequenos ruminantes conseguem tirar partido dos cereais inteiros.
Se as quantidades por refeição e por animal não forem muito grandes
Os sistemas de utilização de silagem de milho
existem mais frequentemente em caprinos, raramente excedem os 3 kg de matéria bruta por
animal e dia (cerca de 1kg de matéria seca). Utilizam fontes de forragem como fenos de gramíneas ou de luzerna, na maior parte dos casos à
livre disposição dos animais, com várias distribuições por dia estimulando assim a ingestão de
fibra longa. Em fases de pré-parto, o limite
reduz-se para 1 kg de matéria bruta de silagem
de milho.
Fazendo uma simulação para um arraçoamento com as matérias-primas e preços constantes na figura 1, para necessidades* de cabras
Saanen de 70 kg peso vivo no pico de lactação,
obtemos uma sugestão constante na figura 2.
Chama-se a atenção para o cálculo do preço da
silagem de milho, pois este deve ser sempre
feito na matéria seca e não estimando a matéria
bruta. Para obter o valor de 161 €/ton/MS, dividiu-se 50 € por tonelada de matéria bruta (valor
teórico que se assumiu para a silagem de milho)
por 0.31 (ou seja a correspondência a 31 % de
matéria seca efectiva na silagem. Em pré-parto
seria recomendável reduzir esta quantidade
de silagem para metade, como máximo.
A silagem de milho é de um excelente
alimento quando em boas condições que
pode ser utilizado em pequenos ruminantes, desde que se respeitem os limites e indicações do nutricionista. A sua utilização
está também dependente da componente
alimentar ou seja, do modo de distribuição diária e da combinação com outros
alimentos. É no entanto fundamental calcular muito bem o preço de interesse da
silagem de milho, especialmente em competição com a silagem de erva.
Agradecimentos: Dep. de Ruminantes da Techna
*- Recomendações TECHNA
(200 a 300 g/animal, por exemplo), o processo de mastigação vai contribuir também para uma ingestão dos amidos mais lenta, maior produção de saliva e consequentemente de bicarbonato endógeno.
O aproveitamento do grão é completo se o arraçoamento geral e o
modo de distribuição forem correctos, não devendo por isso aparecer
grãos inteiros nas fezes.
Uma das limitações da silagem de milho para pequenos ruminantes é a sua utilização em pré-parto. Nesta fase os animais tendem
a perder capacidade de ingestão causada pelo desenvolvimento fetal
que ocupa espaço na cavidade abdominal, devendo por isso ser limitado o acesso à silagem de milho. Esta é também muitas vezes descrita
como um alimento que engorda excessivamente na fase seca, sobretudo os ovinos, o que mais tarde pode trazer complicações no parto e
problemas metabólicos em arranque de lactação quando a quantidade
foi excessiva.
FIGURA 1
Alimento
Silagem milho MS31 PB8 AMD31.5
Rmix OC 1000
Carbonato de Ca
Preço
€/T MB
1500,00
Milho
Silagem erva gramíneas PB12 MS31
Feno gramíneas 8.6 MAT
Cevada+
Bagaço de soja 44
Nutriente
31,00
UFL
0,28
UFV
1,00
0,40
235,00
/kg MS
MS
210,00
0,25
325,00
Amido lento
sim
g
8,40
g
g
%
7,10
22,90
9,77
31,50
%
2,11
6,80
%
0,93
5,58
3,00
18,00
0,93
NDF
13,73
44,30
ADL
0,87
2,80
ADF
sim
66,00
Amido by-pass
Açúcar
sim
UFV
18,00
Amido solúvel
125,00
0,80
5,58
Matéria gorda bruta
161,00
UFL
PDIA
2,60
sim
0,90
52,00
Proteína bruta
sim
Unidade
100,00
16,12
20,46
0,00
7,29
Carbonato de Ca
/kg MS
PDIN
PDIE
sim
sim
250,00
Bagaço de colza pb37
Silagem de milho
MS31 PB8 AMD31.5
sim
500,00
3,00
0,00
23,50
%
g
%
%
%
%
%
%
GTD
18,23
58,80
UEL
0,33
1,05
UEL
0,00
%
IF
Cinzas brutas
MG Rúmen
Ca
MG Pass
P
AGS
Na
12,40
1,18
0,00
0,68
0,00
0,56
0,00
0,07
40,00
3,80
2,20
%
Min
%
g
0,00
%
0,00
%
1,80
0,23
g
g
Alimento
sim
sim
80,00
Fosfato bicalcico
Amido
161,00
55,00
NaCl (sal)
Celulose bruta
Preço
Utilizado
€/T MS
FIGURA 2
KG MB KG MS % / MB
2,79
0,86
55,52%
Rmix OC 1000
0,01
0,01
0,20%
Fosfato Bicalcico
0,01
0,01
0,17
0,02
Milho
0,14
Bagaço de colza pb37
0,15
Feno gramíneas 8.6 MAT
1,00
Cevada+
0,40
Bagaço de soja 44
0,50
Total
5,02
0,02
0,47%
0,12
2,83%
0,85
19,91%
0,44
9,95%
0,13
0,35
2,80
2,99%
7,96%
Nutriente
Ração
0,90
UFL/kg MS
PDIN
116,83
g/kg MS
PDIE
108,00
g/kg MS
PDIA
55,57
g/kg MS
Proteína bruta
16,84
%MS
DT
66,85
%
Celulose bruta
20,34
%MS
Amido + Açúcar
25,17
% MS
Glícidos rápidos
15,14
% MS
GTD
52,05
% MS
Synchropanse
1,35
Ca
7,00
g/ kg MS
P
4,00
g/ kg MS
Ca Dispo
3,03
g/ kg MS
P Dispo
2,80
g/ kg MS
Mg Disponível
0,80
g/ kg MS
MSR4 (kg)l)
1,16
kg/dia
PDJ
0,32
kg/dia
UFL
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Unidade
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DOSSIER MILHO
As fontes de energia para a produção de leite
A silagem de milho é a base da alimentação de bovinos de leite. Fonte de fibra de alta qualidade por
excelência, a silagem de milho é também a forragem com maior produção de energia por hectare. Ao
produzir silagens de milho de elevada densidade energética, o produtor de leite torna-se mais independente
de factores de produção de energia externos à sua exploração, como seja a utilização de farinha de milho.
Com a escalada do preço dos cereais, nomeadamente do milho, muitos produtores vêm na incorporação de
mais silagem de milho na dieta uma solução, na tentativa de produzir leite a mais baixo custo. Além disso,
a utilização de silagem de grão húmido (vulgo Pastone, ou HMC – High Moisture Corn) ou silagem de
espigas (vulgo Pastone integral ou HMEC – High Moisture Ear Corn), é cada vez mais vista como uma
alternativa viável, e até fundamental, à substituição parcial, ou mesmo total, da farinha de milho.
• Processamento do grão e Comprimento de corte
A UTILIZAÇÃO DE SILAGEM DE MILHO
NA DIETA DE BOVINOS DE LEITE
A incorporação de percentagens elevadas de silagem de milho
na dieta de bovinos de leite pode, sem dúvida, diminuir os custos
de produção de leite. Podemos, inclusivamente, incorporar a silagem de milho na formulação de uma dieta como forragem exclusiva da mesma. Obviamente, a utilização em percentagens
elevadas de silagem de milho na dieta obriga a termos atenção a
determinados parâmetros que são fundamentais:
• Quantificação da percentagem de amido na dieta
A densidade energética da silagem de milho deverá ser elevada,
à custa da produção de amido. A produção de amido é altamente
influenciada pela genética do híbrido, pelo que o produtor de leite
deverá basear a escolha do híbrido na produção potencial de grão.
Além disso, a altura de colheita é essencial. A partir dos 30% de
Matéria Seca, a planta de milho tende a ganhar 0,5-1,0% de Matéria Seca por dia, sendo o aumento da percentagem de amido proporcional – 1,0-1,5% de aumento. À partida, poderíamos pensar
que 1% de amido numa silagem de milho não representa grande
benefício, mas a tabela seguinte indica precisamente o contrário.
Seriam necessários pelo menos 100 euros em farinha de milho para
compensar a falta de 1% de amido/ha numa silagem de milho.
O VALOR DE CADA 1% DE AMIDO É SIGNIFICATIVO
POR CADA HECTARE DE SILAGEM DE MILHO QUE PRODUZ
Produção Matéria Verde/ha (toneladas)
HÍBRIDO A HÍBRIDO B
% Matéria Seca
% Amido na silagem de Milho
60
60
30
31
35
Preço Farinha de Milho (€) tonelada
285
Toneladas de Amido/ha
6,3
CÁLCULOS
Toneladas de Amido/ha extra produzidos por Híbrido B
VALOR LÍQUIDO DO HÍBRIDO B
Toneladas de Farinha de Milho necessárias para substituir 1% Amido
Valor (€)/ha (farinha de milho) pelo amido extra do Híbrido B
26
35
-
6,51
0,21
0,353
100,00 €
O processamento do grão da silagem de milho na altura da colheita é essencial para garantir que a flora microbiana do rúmen
tenha acesso ao amido. Em vacas de alta produção, onde os tempos de retenção no rúmen são baixos e as taxas de digestão bastante elevadas, não é suficiente apenas um ligeiro toque no grão.
De uma forma prática, num volume de silagem de 1 litro não deveríamos encontrar mais do que 3-4 grãos inteiros, por partir.
O comprimento de corte da silagem de milho é essencial, mais
ainda quando aumentamos a incorporação desta forragem na
dieta. Para garantir que a eficiência da fibra é a adequada
(epNDF), deveremos ter em atenção que o comprimento de corte
deverá rondar os 14-17 mm, atingindo a máxima fibra efectiva
aos 19 mm. A distribuição da mistura (TMR – Total Mixed Ration) na manjedoura é um factor também muito importante, pelo
que devemos garantir que não ocorre selecção por parte dos animais, através de uma mistura homogénea e com o teor de Matéria Seca ideal (47-50%).
A UTILIZAÇÃO DE SILAGEM DE GRÃO HÚMIDO
E SILAGEM DE ESPIGAS
A utilização de Silagens de Grão Húmido (Pastone de grão) ou
Silagens de Espiga (Pastone Integral) é, sem dúvida nenhuma,
uma forma vantajosa de diminuir os custos de produção, ainda
mais com o preço da farinha de milho bastante elevado, podendo
esta ser substituída integralmente.
O Pastone de grão é uma Matéria-prima de elevado valor energético, maior ainda do que a farinha de milho, pelo facto da sua
Digestibilidade Ruminal ser maior. Além disso, o preço ao produtor de leite será sempre bastante competitivo. Esta tecnologia
pode mesmo ser atractiva para o produtor de grão, que pode decidir comercializar o grão não aos 14% de humidade, mas poupar os custos de secagem, vendendo o grão como silagem de grão
húmido.
Em termos gerais, no nosso país podemos produzir dois tipos de
Pastone – Pastone de Grão e Pastone de Espigas. O Pastone de
Grão, como o nome indica, é produzido apenas com o grão, colhido por uma ceifeira debulhadora, e depois triturado conve-
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nientemente. De seguida será conservado da mesma forma que a
silagem de milho. Deveremos esperar pela maturação completa
do grão, para assegurar a maior produção de amido, e a humidade
do grão deverá rondar os 28-32%. Devemos evitar humidades do
grão abaixo dos 26%, pela difícil fermentação e utilização posteriores. O Pastone de Espigas é produzido utilizando a espiga completa, brácteas incluídas. Para tal, geralmente utilizamos uma auto
motriz de corte de silagem, mas com uma frente de uma ceifeira
debulhadora, para “ripar” a espiga. A altura de colheita deverá ser
a mesma que para o Pastone de Grão. As diferenças nutricionais
para este último revelam-se ao nível da humidade, geralmente 46% mais do que o Pastone de Grão, e pela presença das brácteas
e de toda a espiga, deveremos contar com um teor de fibra (NDF)
mais elevado e um teor de amido mais baixo (diluído pela fibra).
No entanto, esta fibra é de elevada Digestibilidade. Além disso,
regra geral, o Pastone de Espigas produzirá cerca de 15 a 20%
mais do que o Pastone Grão, por hectare.
Estamos a falar de uma matéria-prima de elevado valor biológico, que sofrerá um processo de fermentação idêntico ao da Silagem de Milho. A dificuldade de fermentação prende-se com a
baixa percentagem de açúcares, quer no Pastone de Grão, quer no
Pastone de Espigas (1-2% na Matéria Seca). Por esse motivo, a
utilização de um Inoculante específico para esta cultura, comprovado cientificamente, é essencial. Este deverá garantir uma fermentação rápida, produção equilibrada de Ácido Láctico com
Ácido Acético e Propiónico, de forma a aumentarmos a estabilidade aeróbica e diminuirmos as perdas de Matéria Seca, durante
a sua utilização.
AUMENTO DA DIGESTIBILIDADE DO AMIDO
Um dos factores nutricionais que devemos ter mais em conta é o
facto de que a Digestibilidade Ruminal do Amido do Pastone de
Grão ou Pastone de Espigas aumenta, ao longo do tempo de fermentação. Isto ocorre pelo facto de que o amido no grão está envolto por proteínas, denominadas proteínas Zein ou Prolaminas, que
no início da fermentação impedem o ataque da flora microbiana. Os
ácidos de fermentação quebram as ligações entre a proteína e o
amido, por intermédio de um processo de hidrólise ácida, permitindo que este se torne mais disponível ao longo do tempo. Assim
sendo, é imprescindível ajustar a formulação da dieta para a percentagem de amido, principalmente quando iniciamos a utilização de
um silo novo, e quando passamos para um silo com um período de
fermentação mais elevado, sob risco de poderem surgir casos de acidoses ruminais. Como regra geral, podemos admitir que a Digestibilidade Ruminal do amido é de 70% no início do processo de
fermentação, aumentando em média 3% por mês, atingindo um plateau ao fim de 150-160 dias. No exemplo da figura, a alteração da
digestibilidade levou a que o rúmen do animal ficasse exposto a mais
amido, com a mesma quantidade de alimento. Ajustando a dieta para
os valores iniciais, podemos diminuir a quantidade de amido da
dieta, levando a uma poupança nos custos de produção de leite.
Digestibilidade do Amido às 12 horas in vitro no Dairyland Labs
comparando uma amostra (congelada) de 60 dias (Inverno)
com uma de 120 (Primavera)
RELATÓRIO DE
DIGESTIBILIDADE RUMINAL
PROCESSAMENTO DO GRÃO
Tal como na Silagem de Milho, o processamento do grão é fundamental. Podemos averiguar a qualidade do processamento através de uma análise laboratorial ao diâmetro da partícula média do
grão. Este método utiliza um conjunto de crivos que tem como
objectivo averiguar a percentagem de grão que é de dimensão superior a 4,75 mm. Todas as partículas do grão que sejam inferiores a 4,75 mm estão imediatamente disponíveis para a flora
microbiana do rúmen. Idealmente, devemos garantir que 70% do
grão seja de menor dimensão que os 4,75 mm de referência.
AVALIAÇÃO DO PROCESSAMENTO DO GRÃO
Amido não
disponível
acima da
rede de
4,75mm
Este é o método laboratorial Ro-Tap para
quantificar o processamento do grão.
(Desenvolvimento em parceria por Pioneer, Dave Mertens e Dairyland Labs)
Este é o crivo mais importante, a
rede de 4,75mm (0,187 in).
4,75 mm
Amido que passa
este crivo está
mais disponível e
é descrito como
“processado” ou
“% que se passa
a rede grosseira”
nos resultados
laboratoriais
Sieve (mm)
Fiber and starch
separations
13
coarse
19
9,5
6,7
4,75
3,35
2,36
coarse
coarse
Amostra
21553
21554
ID Amostra
spring
HMSC
fall
HMSC
Mat. Seca
Amido %
72,73
68,02
72,97
Digestabilidade
Ruminal do Amido
(12 horas)
68,29
85,50
68,10
Numa análise final, a utilização de Pastone de Grão ou Pastone
de Espigas, se bem manuseados, aumentam a eficiência alimentar, quando comparados com Farinha de Milho. E com o preço
desta última, isso faz toda a diferença.
coarse
coarse /
starch sieve
medium
Conte com a Pioneer.
Nós estamos sempre por perto.
medium
1,18
medium/
peNDF sieve
pan
fine
0,6
Se uma vaca ingere 4,54 kg
de MS deste pastone, teoricamente
o seu rúmen é exposto a:
• 2,09 kg de amido no Inverno,
aumentando para 2,59 kg na
Primavera.
fine
[email protected]
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DOSSIER MILHO
Estabilidade aeróbia da silagem
um tema quente nos dias de hoje
Acosta Aragón, Y.; Pasteiner, S. and Breistma, O.
Biomin Holding GmbH, Herzogenburg, Austria
[email protected]
PLANO DE FUNDO
O processo de produção de silagem significa preservar alimentos em condições anaeróbias, promovendo o desenvolvimento de
bactérias lácticas (BAL). As BAL produzem ácido láctico por fermentação, originando assim uma diminuição acentuada no pH do
material a ser preservado. A velocidade para alcançar esta acidez
aumenta e a manutenção das condições anaeróbicas permite manter o material devidamente preservado, com um mínimo de perdas por longos períodos de tempo (meses ou mesmo anos).
Os inoculantes para silagem surgiram durante a década de 1980.
Ou seja, estão em uso há mais de 20 anos. A filosofia por trás do
desenvolvimento e lançamento de inoculantes para silagem promovia a fermentação láctica através do uso de BAL, basicamente
bactérias homofermentativas.
No entanto, apesar dos inquestionáveis benefícios cientificamente comprovados que as BAL homofermentativas trazem ao
processo de fermentação, a comunidade científica internacional
tem observado que as silagens tratadas com estes tipos de inoculantes – de excelente qualidade, a propósito – deterioram-se rapidamente uma vez em contacto com o ar. Porquê? O que pode ser
feito para compensar esses efeitos indesejados?
QUANDO É QUE OS PROBLEMAS DA ESTABILIDADE
AERÓBIA OCORREM?
Um aspecto fundamental que influencia a estabilidade aeróbia
é o acondicionamento da silagem (ou seja, compactação).
Quando o acondicionamento é melhorado, a probabilidade de
penetração de ar na silagem é consideravelmente reduzida. O
acondicionamento está intimamente relacionado com o tamanho
das partículas (TP). Quanto maior for o teor de matéria seca do
material a ser ensilado, menor deve ser o tamanho da partícula,
se o acondicionamento estiver a ser melhorado. Em culturas gramíneas como pastagens, o TP não deve exceder 4 cm. Para silagem de milho é recomendado um TP de 4-7 mm até 1 cm (DLG,
2006). No entanto, o TP correcto é um tema muito controverso
e outros autores recomendam um TP maior, por exemplo, de
ESTABILIDADE AERÓBIA: UM CONCEITO
O tempo – em termos de horas ou dias – em que a silagem se
mantém estável face a condições aeróbias é chamada a estabilidade aeróbia de silagem. Por outras palavras, quando abrimos o
silo, a fim de oferecer a silagem aos animais, esta entra em contacto com o ar.
Figura 1a. — Correcto, corte regular da frente do silo.
A silagem é um material rico em nutrientes. Assim que as condições aeróbias são restabelecidas, e se não estiverem presentes
substâncias inibidoras, as leveduras e bolores encontram um meio
ideal para crescer. Normalmente, as leveduras são responsáveis
pela instabilidade da silagem diante de condições aeróbias. Em
2006, a Sociedade Agrícola Alemã (DLG - Deutsche Gesellschaft
für Landwirtschaft), sugeriu que o número crítico de leveduras
para que a instabilidade aeróbia ocorresse fosse de um milhão de
unidades formadoras de colónia (UFC) por grama de silagem.
Figura 1b
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»
0,95 e 1,90 cm para milho transformado e não transformado, respectivamente (Schuler, 2000).
Um aspecto adicional a ser considerado a fim de se manter a
qualidade nutricional/higiénica da silagem é a quantidade de silagem oferecida por dia aos animais. A taxa de remoção de silagem da frente do silo deve ser de 1,0-1,5 m e de 2,5-3,0 m por
semana, no Inverno e no Verão, respectivamente. Em silos de
grandes dimensões, a instabilidade aeróbia pode ocorrer porque as
camadas de silagem permanecem em contacto com o ar por longos períodos de tempo.
Por vezes, longos períodos de tempo decorridos entre a extracção
e o consumo animal da silagem, podem também constituir uma situação resultante em instabilidade aeróbia.
Apesar disso, nenhuma pesquisa tem sido feita sobre este tema
devido a aspectos práticos que envolvem a repetição de tais experiências; numerosos pesquisadores também relacionaram o corte irregular da frente do silo, com crescentes probabilidades para a
ocorrência de instabilidade aeróbia (Figs. 1a e 1b).
O teor de ácido acético pode afectar a estabilidade aeróbia da silagem. Níveis superiores a 1,5% de ácido acético na silagem são
indesejáveis devido ao seu efeito inibidor de leveduras/bolores. No
entanto, o teor de ácido acético não deve exceder 3,0%, uma vez
que, altas concentrações têm sido relacionadas com questões de palatabilidade.
A instabilidade aeróbia ocorre mais frequentemente em silagem
de milho, em comparação com outros tipos de silagem, tais como
os preparados com erva ou luzerna. É sabido que a fermentação da
silagem de milho – incluindo a planta de milho inteira com grãos
(milho e espiga, CCM) e outras modalidades – ocorre quase que
totalmente de forma natural, devido aos elevados níveis de açúcar,
à baixa capacidade de tamponamento e à presença de abundante
microflora epifítica (microflora natural presente nas plantas).
Quanto mais estáveis são as silagens, menores as perdas de matéria seca (7-10% para silagens estáveis até dois dias, para praticamente zero para as silagens estáveis até 7 dias). Acosta et al
(2008) encontraram uma correlação altamente negativa (r2= 0.82) entre a estabilidade aeróbia e as perdas de matéria seca, ou
seja, quanto menor a estabilidade aeróbia, maiores serão as perdas
de matéria seca. Os principais resultados deste trabalho podem
ser resumidos como se segue. Note-se que parâmetros com níveis
estatisticamente significativos (p<0,05*) ou altamente significativos (p<0,01**) incluem:
- Em correlação positiva: Proporção BAL heterofermentativa e
homofermentativa no produto; Ácido láctico; Ácido total
- Em correlação negativa: Ácido propiónico; Fructose; Etanol.
A interpretação destes resultados do ponto de vista prático, pode
ser resumida da seguinte forma: a fim de melhorar a estabilidade
aeróbia da silagem, bactérias heterofermentativas devem ser usadas para aumentar a produção de ácido acético e inibir o desenvolvimento do fermento. Dado que a produção de etanol é o resultado
do metabolismo do fermento, elevados níveis de etanol significam
maiores perdas. Isto explica a correlação positiva entre o etanol e a
estabilidade aeróbia.
30
COMO MEDIR A ESTABILIDADE AERÓBIA?
Existem vários métodos diferentes para medir a estabilidade
aeróbia: da simples observação organoléptica (palpação) aos métodos de medição da produção de CO2 imputáveis à indesejada
fermentação secundária. No entanto, um método amplamente
aceite, que pode ser usado em ambas as condições, e que é controlada e prática, é a medição de temperatura.
Ambas as fermentações acima mencionadas e as indesejadas
fermentações secundárias resultam na decomposição de nutrientes que produzem compostos mais simples (i.e. CO2), através de
processos de libertação de calor (reacções exotérmicas). Este calor
significa sempre perda de nutrientes. Portanto, devem ser implementadas medidas para evitar a produção de calor.
Esta libertação de calor é sempre comparada com a temperatura ambiente. Pode afirmar-se que, quando a diferença entre a
temperatura ambiente e a temperatura de silagem é superior em 23ºC, a instabilidade aeróbia ocorre. Essas diferenças podem ser
determinadas através de simples termómetros (Fig. 2), termómetros infravermelhos (Fig. 3) ou câmaras térmicas (Fig. 4). Estas
últimas permitem uma análise de elevada precisão do local onde
o aquecimento está a ocorrer, sua extensão e magnitude (Fig. 5)
Fig. 2 - Termómetro
Fig. 3 - Termómetro de infravermelhos
Fig. 4 - Câmara térmica
Fig. 5 - Distribuição térmica duma silagem
CONCLUSÕES
Melhorar a estabilidade aeróbia da silagem é uma medida importante que conduz a uma melhor preservação dos nutrientes durante o processo de ensilagem. Silagens de forragem envolvem
grandes investimentos. Portanto, deve garantir-se que não são danificadas a fim de serem utilizadas da melhor forma pelos animais. Isto pode ser conseguido através de: boas práticas agrícolas,
com ênfase no acondicionamento de silagem, e usando inoculantes contendo BAL heterofermentativas que fornecem ácido acético à silagem (1.5-3.0%, DLG, 2006).
Referências:
- Acosta Aragón, Y.; G. Boeck, A. Klimitsch, G. Schatzmayr, S. Pasteiner (2008): Aerobic stability and silage quality parameters. J. Anim Sci. Vol. 86, E-Suppl. 2/J. Dairy Sci.
Vol. 91, E-Suppl. 1
- DLG (Deutsche Gesellschaft für Landwirtschaft, 2006): Praxishandbuch- Futterkonservierung. Silage-bereitung, Siliermittel, Dosiergeräte, Silofolien. 7. Auflage, 2006
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DOSSIER MILHO
Impacto das micotoxinas
na qualidade do leite e na saúde das vacas leiteiras
Pedro Caramona, Engº Zootécnico, Alltech Portugal
[email protected]
A corrente conjuntura económica exige uma crescente necessidade em compreender os factores que condicionam a eficiência
produtiva da exploração. Programas de saúde e nutrição de prevenção, assim como um maneio cuidado, representam pontos fulcrais e de elevado retorno quando se equacionam os factores de
produção com maior custo, como a alimentação animal.
Na última década, a contaminação de ingredientes e forragens
com fungos e micotoxinas tem merecido uma atenção crescente
por parte no sector do leite, devido ao impacto económico e de
saúde pública significativo que este problema pode constituir.
Zearelanona e Vomitoxina produzidas por fungos da espécie Fusarium (DON) estão documentados como responsáveis por perdas de
produtividade e fertilidade em vacas leiteiras.
350
300
250
200
250
150
100
50
0
MICOTOXINAS – DIMENSÃO DO PROBLEMA
A contaminação de diferentes espécies de fungos depende de vários
factores como a disponibilidade de substrato, clima e solo podendo
ocorrer desde a colheita ao transporte e armazenamento.
À medida que se intensifica o recurso a subprodutos na alimentação animal e a utilização de forragens conservadas, a identificação
de problemas relacionados com toxicidade por micotoxinas tem vindo
a acentuar-se.
Do ponto de vista biológico, a elevada produtividade acentuada
pelo progresso genético das vacas de alta produção, tornaram os animais mais susceptíveis à contaminação devido ao elevado stress e
maior capacidade de ingestão de alimento.
As alterações na alimentação como a menor relação forragem/concentrado diminui a actividade das bactérias que degradam as micotoxinas ao nível do rúmen.
METABOLISMO DAS MICOTOXINAS
Micotoxinas são metabólitos secundários produzidos por fungos
como mecanismos de defesa natural, através dos quais aumentam a
sua competitividade e capacidade de sobrevivência num determinado
ecossistema.
Especial atenção tem sido atribuída à presença de fungos de espécies como o Aspergillus, Pennicillium e Fusarium os quais, em condições específicas, sintetizam micotoxinas que afectam a saúde e
produtividade animal.
Para além das Aflatoxinas, produzidas por Aspergillus, os efeitos da
32
333,1
116,3
108,3
79,2
Contagem de células somáticas x 1,000
Controlo
2,5 pm DON
5ppm DON
5 ppm DON
+ Mycosorb
Acosta et al., 2003
As micotoxinas são facilmente absorvidas no intestino, e metabolizadas em grande extensão pelo organismo. O destino metabólico e
a distribuição dos metabólitos nas várias partes do organismo são importantes, podendo representar resíduos em produtos utilizados na
alimentação humana.
AFLATOXINA M1 NO LEITE
As Aflatoxinas B1 e B2 (AFB1, AFB2) estão estudadas em maior
detalhe no que diz respeito ao seu impacto em ruminantes uma vez
que devido às suas propriedades carcinogénicas naturais poderão representar um risco de contaminação do leite e seus derivados, estando
identificadas como um potencial risco para a saúde pública.
A contaminação com AFM1 do leite resulta da conversão da AFB1
que é metabolizada por enzimas no fígado sendo depois excretada no
leite. A união europeia regulamenta que quando a aflatoxina está presente no leite em concentrações superiores a 0,05 ppb ou superior, o
leite terá de ser eliminado o que poderá representar perdas económicas consideráveis para o produtor.
Os estudos que descrevem esta matéria, revelam que pequenas
quantidades de AFB1 aparecem no leite apenas algumas horas depois
do consumo de alimento contaminado com AFB1. Após retirar a fonte
de contaminação da dieta, leva perto de 48-72 horas até que os níveis
de AFM1 no leite retomem a níveis aceitáveis.
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DOSSIER MILHO
A concentração de AFM1 no leite aumenta proporcionalmente com
os níveis de contaminação de AFB1 na dieta. Quando a ingestão deste
elemento é feita de forma contínua, a concentração de AFM1 no leite
aumenta até se estabelecer um equilíbrio. O rácio da concentração de
AFB1 em relação à AFM1 varia com a fonte de contaminação e o nível
de produção das vacas que consumiram os alimentos contaminados.
Animais que ingiram alimento contendo um nível superior a 20
ppb poderão conter leite que exceda o limite regulamentado.
AFM1
Aflatoxina M1
leite (ug)
30
25
20
15
10
5
0
0
5
10
15
20
25
30 35
Aflatoxina B de admissão, (mg/ dia)
40
Van Egmond. 1989
namento dos cereais e forragens sejam feitos de modo apropriado.
No caso das silagens é essencial que o maneio do silo seja adequado
com especial atenção à altura do corte (evitando a demasiada contaminação do silo com esporos provenientes do solo) e à compactação
da silagem mantendo a estabilidade aeróbia e reduzindo o crescimento
de fungos durante o processo fermentativo e abertura do silo.
No caso do alimento administrado se encontrar contaminado, o maneio nutricional deverá promover a IMS, e antioxidantes como o Selénio e Vitamina E e A, Cu, Zn, Mn deverão ser reforçados para
estimular o sistema de defesa e a resposta imunitária.
No caso de contaminação, o produtor poderá optar pela eliminação do alimento contaminado ou diluir este ingrediente com um ingrediente não contaminado, recomendando-se neste caso, a aplicação
de um capturante de micotoxinas comprovado in vivo.
Várias tecnologias estão neste momento no mercado: os adsorventes com base em sílica e os polímeros orgânicos derivados de glucomananos esterificados. Apesar de os adsorventes inorgânicos como as
zeolitas, bentonitas, HSCAS e argilas estejam disponíveis a baixo
custo, a sua eficácia foi verificada apenas em relação a um número reduzido de micotoxinas e quando aplicados a elevada taxa de aplicação na dieta.
SINTOMAS PRÁTICOS DE CONTAMINAÇÃO
Leite (litros) vaca/ dia
27,00
Efeito Mycosorb na produção de leite
26,50
8
6
4
2
0
Antes Mycosorb
Depois 24h.
Depois 15 dias
Agovino et al., 2007
Em contrapartida, o adsorvente orgânico Mycosorb® da Alltech,
devido às suas propriedades físico-químicas e estruturais, possui uma
elevada área de adsorção e grande especificidade para um elevado
número de micotoxinas.
A aplicação Mycosorb® a 10-20 g/vaca/ dia poderá representar
uma opção de elevado retorno económico e a sua utilização prática e
efectiva na prevenção ou tratamento de toxicidade por micotoxinas.
SUMÁRIO:
26,00
25,50
25,00
24,50
24,00
Efeito do Mycosorb no decréscimo da Aflatoxina
10
Aflatoxina M1
(ng/ Kg)
O diagnóstico de aflatoxicose é por vezes difícil devido à inespecificidade e variação dos sinais clínicos. No entanto, uma elevada
concentração de aflatoxinas e/ou prolongada exposição a pequenas
doses deste metabólito, poderão causar sinais indicativos de contaminação como: perda de ingestão de matéria seca (IMS); diminuição
da produção e qualidade do leite; aumento das células somáticas; diminuição da eficiência de conversão alimentar; aumento da incidência de problemas de saúde no pós-parto e alta produção; diarreia;
imunosupressão e letargia; sintomas de acidose; redução da eficiência reprodutiva.
Em termos de análise clínica, diversas áreas estão ainda em estudo
para determinar e prevenir atempadamente a contaminação com aflatoxinas. Uma vez que os sintomas estão associados a uma depressão
do sistema imunitário, os níveis de bilirrubina do soro e de proteína
no sangue podem ser utilizados como marcadores.
12
sem Mycosorb
Mycosorb
Agovino et al, 2007
A contaminação com Aflatoxina, está associada também a lesões
crónicas ou agudas no fígado que estão dependentes do nível e tempo
de exposição.
PREVENÇÃO E TRATAMENTO
Um dos critérios mais importantes na redução da ocorrência de contaminação com micotoxinas será assegurar que a colheita e armaze-
» As micotoxinas provocadas por fungos, prevalecem nas forragens e
concentrados a níveis que podem ser tóxicos para os animais.
» A presença de Aflatoxinas M1 no leite derivada da contaminação das
forragens e concentrados pode representar um risco para a saúde humana sendo o seu controle de elevada importância para o sector da produção de leite.
» Enquanto níveis elevados de micotoxinas poderão conduzir a efeitos
agudos nas vacas leiteiras, níveis mais baixos e constantes de contaminação têm um impacto económico elevado nomeadamente em termos de
perdas de produção e impacto na saúde e qualidade do leite.
» A prevenção e tratamento com a utilização de capturantes de micotoxinas orgânicos comprovados (Mycosorb®) são eficazes quando a situação de contaminação com micotoxinas é identificada.
Para mais informações visite o site da Alltech Portugal:
www.alltech.com/portugal e www.knowmycotoxins.com/p
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DOSSIER MILHO
Jornadas de campo
Dekalb 2011
DEKALB/MONSANTO
Teve lugar no dia 24 de Agosto mais um Dia
de Campo inserido nas Jornadas de Campo
DEKALB 2011, que decorreu no coração da
região de Entre Douro e Minho. Este Dia de
Campo contou com a colaboração da
Cooperativa Agrícola de Vila Nova de
Famalicão (Fagricoop) e outras Cooperativas
Agrícolas da região de Entre Douro e Minho.
Mais de 300 agricultores oriundos da região Norte do
país, aceitaram o convite da DEKALB para participarem
neste Dia de Campo, onde marcou presença também o
responsável de Marketing para a Ibéria da DEKALB.
A Jornada começou pela visita ao campo de ensaio
de Rates na exploração do Sr Adérito Oliveira, seguindo depois para o campo de ensaio de Fradelos,
Vila Nova de Famalicão, na exploração do Sr António
Costa e Silva. Terminadas as visitas aos campos, houve
um almoço na casa do Sr António, onde entre muita
animação, houve tempo para troca de impressões sobre
as variedades DEKALB e para disfrutar de um agradável momento de descontração.
Os campos de ensaio visitados durante este dia,
fazem parte da Rede de Ensaios Oficial DEKALB
para variedades de milho silagem. Em 2011 foram semeados mais de 70 ensaios de variedades de milho silagem em todo o país, com especial incidência nas
regiões de Entre Douro e Minho e Beira Litoral.
Nestes campos de ensaio, é avaliada, sobretudo, a
adaptação de cada variedade à região, tendo em conta fatores como o clima, tipo de solos e condução da cultura.
De entre as variedades apresentadas nestes ensaios,
especial destaque vai para o novo DKC6903, variedade
de ciclo 600, que apresentou um ótimo Stay Green e
um bom porte.
Como de costume, a variedade DKC6040 salientouse pela maçaroca sempre bem rematada e pelo porte
folhoso.
Desde já, ficam os mais sinceros agradecimentos aos
agricultores proprietários das explorações visitadas neste
dia de campo, mas também a todos aqueles que colaboram com a DEKALB na realização dos inúmeros campos de ensaio por todo o território (continente e Açores).
Agradecimentos também às Cooperativas e entidades
que colaboram na organização deste e de todos os outros
Dias de Campo realizados, a todas as pessoas que participaram e à fantástica equipa DEKALB que trabalhou
árduamente para que este fosse mais um dia de sucesso.
34
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ALIMENTAÇÃO
PRODUÇÃO
A alimentação da vaca seca
UMA DAS FASES MAIS IMPORTANTES NO CICLO PRODUTIVO DA VACA LEITEIRA
Elisabete Carneiro - Eng.ª Zootécnica, VETAGRI ALIMENTAR SA,
O SUCESSO DE UMA BOA LACTAÇÃO COMEÇA
NO PERÍODO SECO.
OBJECTIVOS DA DIETA ESPECÍFICA
PARA VACAS SECAS
Esta fase, extremamente exigente, pode ter um
efeito negativo na saúde da vaca, na ingestão
de alimento, na produção de leite, levando a
perdas económicas na exploração.
Problemas metabólicos que resultam
de um mau maneio da vaca seca:
• Hipocalcémia;
• Cetose;
• Síndrome do fígado gordo;
• Retenção placentária;
• Deslocamento do abomaso;
• Edema do úbere;
• Acidose Ruminal;
• Laminites.
Factores-chave a considerar para evitar
problemas metabólicos após o parto:
• Observar a condição corporal da vaca e ajustar a energia da
dieta se necessário. O ideal é que as vacas mantenham durante o período seco a mesma condição corporal (3 numa escala de 1 a 5).
• Efectuar uma correcta alimentação bem equilibrada (energia;
proteína; vitaminas e minerais) que cumpra todas as recomendações nutricionais.
• Evitar a ingestão de cálcio e fósforo acima dos níveis recomendados.
• Limitar o acesso ao sal, para evitar os edemas do úbere.
• Colocar os animais em instalações confortáveis e limpas.
• Usar alimentos apetentes, evitando os mal conservados e contaminados.
Pretende-se que, através de uma alimentação adequada, a vaca
tenha oportunidade de regenerar a glândula mamária e que o sistema digestivo consiga recuperar do stress dos elevados níveis de
ingestão da lactação anterior.
Recomenda-se um período de secagem de 60 dias, que podemos
dividir em 2 etapas.
Etapa 1 - Início da Secagem
Esta primeira etapa prolonga-se até 21 dias antes do parto.
As vacas devem estar num lote separado das vacas em produção.
É nesta fase que ocorre 60 a 65% do crescimento do vitelo e a
vaca ganha peso. Para evitar problemas metabólicos o ganho
médio de peso diário não deve ultrapassar os 450g/dia.
A ingestão da matéria seca pode variar entre 1,8 a 2,5% do peso
vivo da vaca. Um exemplo prático de um programa alimentar
pode ser por vaca/dia: 6 a 12 kg de silagem de milho com 3 a 4 kg
de palha; 2 kg de alimento concentrado e 200g de um corrector vitamínico-mineral de vacas secas.
A dieta deverá ter as seguintes características:
Proteína Bruta
12 a 13%
UFL/kg
0,7 a 0,8
Cálcio g/kg
4 a 4,5 g
Etapa 2 - Pré-parto
É uma fase crítica de preparação para o parto.
É necessário fazer a adaptação da flora ruminal para a nova
alimentação pós-parto. Aumenta-se o fornecimento de alimentos
»
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PRODUÇÃO
ALIMENTAÇÃO
»
á base de cereais para estimular o crescimento das bactérias que
vão degradar dietas mais energéticas.
Neste período, a ingestão de matéria seca diminui. De facto, na
altura do parto, a ingestão pode ser 15 a 30% inferior à da etapa 1.
O vitelo cresce rapidamente e a vaca pode começar a perder peso
aumentando risco de cetose por causa da mobilização dos lípidos.
A dieta deve ser alterada:
• Corrigir a diminuição da ingestão, aumentando a proteína Bruta
para 15 a 16%;
• Aplicar sais aniónicos para prevenir a hipocálcemia;
• Aplicar niacina;
• Aplicar propilenoglicol e/ou propionato de cálcio.
A Vetagri Alimentar SA, tem uma especialidade nutricional especialmente indicada
para ruminantes em fase de pré e pós parto:
MILVET® PROTEN
O MILVET® PROTEN é um produto energético com um elevado teor em propilenoglicol,
propionato de cálcio, proteína by-pass, vitaminas e oligoelementos.
VANTAGENS:
• Previne a diminuição de apetite
associado ao parto.
• Prepara a vaca para o início da lactação.
• Contém fontes de energia de rápida
absorção.
• Apresentado em granulado, para melhor
aplicação e homogeneidade.
EM CONCLUSÃO:
BENEFÍCIOS:
• Previne a ocorrência de cetoses.
• Previne as retenções placentárias.
• Previne as mamites no pós-parto.
• Estimula e fortalece o sistema imunitário.
• Aumenta a produção de leite.
UTILIZAÇÃO:
Aplicar 1 kg por vaca, 10 dias antes e 10 dias
depois do parto.
Devemos olhar para o período seco como o arranque de uma nova lactação e não
como o fim da anterior, de forma a aumentar a rentabilidade da exploração!
New Holland Agriculture
patrocina Campanha de Acção Climática
organizações não governamentais e de chefes de Estado durante
a 17ª Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações
Climáticas (COP17), que será realizada de 28 de Novembro a
9 de Dezembro.
A New Holland Agriculture anunciou que será um Patrocinador de Ouro da Recepção da Rede de Acção Climática, realizada pela Acção Climática em parceria com o Programa
Ambiental das Nações Unidas (UNEP) e o governo da África
do Sul, em Durban, a 2 de Dezembro de 2011. A recepção será
o destino principal dos representantes superiores do UNEP, de
36
Como parte do patrocínio, a New Holland aparecerá na campanha de Acção Climática, que irá decorrer no website da organização www.climateactionprogramme.org e na sua
newsletter até e durante a conferência COP17.
Este patrocínio de elevado nível enquadra-se no âmbito do
compromisso da New Holland para com o ambiente e na sua
visão do papel dos fabricantes de equipamentos agrícolas como
elemento essencial para a salvaguarda do ambiente agrícola
para as gerações futuras. A marca está empenhada em desenvolver soluções que tornem a exploração agrícola mais eficiente, respeitando simultaneamente o ambiente. Esta é a base
para a sua posição de Líder em Energia Limpa, que inclui o seu
trabalho pioneiro no âmbito dos biocombustíveis, das tecnologias de emissões reduzidas Tier 4, da biomassa, do tractor de hidrogénio NH2™ e do conceito de Exploração Agrícola
Energeticamente Independente.
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ECONOMIA
OBSERVATÓRIO
Breves comentários e previsões
sobre o mercado de matérias-primas
Paulo Costa e Sousa, Engº Agrónomo
Director Comercial da Louis Dreyfus Commodities - Portugal
Nota: Os preços e os cenários previstos para a evolução dos mercados de matéria
primas estão sujeitos a muitos imponderáveis e exprimem apenas opiniões profissionais
à luz do melhor conhecimento num determinado momento. Assim a Revista Ruminantes
não garante a confirmação e/ou o cumprimento dos preços e previsões feitas sobre os
preços das matérias-primas sujeitas à analise do Observatório dos Mercados, não
constituindo assim ofertas de compra ou de venda.
CEREAIS
Felizmente para todos os consumidores de cereais,
pelo menos num curto prazo se vão avizinhando tempos
um pouco melhores do que o primeiro semestre de
2011.
Em primeiro lugar, um regime de importação de trigos livres de direitos, da Ucrânia e Rússia, determinaram uns preços convidativos para o trigo durante o
Verão; boas colheitas do Norte da Europa bem como do
Mar Negro determinaram uns preços francamente interessantes quando comparados com a colheita anterior;
por outro lado, como seria de esperar determinaram
também uma forte procura, estando os níveis de incorporação muito perto do máximo, ou seja, o trigo é actualmente o cereal mais barato, estando assim de
alguma forma o preço suportado por uma procura de
volume e portanto não se esperando nenhuma queda
muito acentuada.
No caso do milho, apesar dos preços terem vindo a
deslizar de algum tempo para cá, acredita-se que ainda
poderá sofrer uma queda algo maior.
O mesmo fenómeno que pode ser facilmente observado nos campos de milho em Portugal, de uma muito
boa colheita em termos de rendimento e qualidade pode
também ser observada em toda a Europa, o que determina um incremento na produção
Por outro lado, e dado os diferenciais de preço para o
trigo, a procura de milho é ainda um pouco baixa estando o seu lugar ocupado pelo trigo, ou seja, para determinar um aumento do consumo o seu diferencial com
o trigo terá que estreitar; se pensarmos que o trigo tem
pouco potencial de queda, este estreitar deve ser conseguido à custa numa baixa no milho.
Além do exposto, a situação macro-económica também tem determinado uma procura mais baixa do que o
habitual na Europa, com alguma retracção na produção
de carne, sobretudo nos países do Sul.
Assim sendo, num curto prazo tudo parece apontar
para uma baixa no milho.
E porquê num curto prazo? Os rendimentos esperados nos Estados Unidos são bastante inferiores ao normal e os stocks finais apenas estão acima de uns níveis
muito baixos, fundamentalmente à custa de um corte
substancial na procura que, caso não se venha a verificar, vai determinar a médio prazo uma falta de oferta
no mercado de exportações, falta essa que terá que ser
colmatada essencialmente por milho do Mar Negro fazendo assim desaparecer a pressão do excesso.
Ou seja, o mercado a médio prazo continua com falta
de produção sobretudo para alimentar os destinos asiáticos que parecem passar ao lado destas baixas substanciais na procura.
PROTEÍNAS
No caso das proteínas, espera-se um mercado um
pouco mais estável. Os produtores não estarão com as
melhores margens de extracção, devido à não muito alta
procura de óleos para bio combustíveis, donde se têm
refugiado um pouco nas vendas de bagaços.
Do ponto de vista da produção, ao contrário do que
acontece no milho, não se esperam nenhuns cortes na
produção nos Estados Unidos pelo que do lado da oferta
não se apresenta nenhuma situação particularmente
apertada.
Assim sendo, apesar das margens de extracção na Europa não serem muito positivas quando comparadas
com as asiáticas, não se vislumbra um incremento no
preço dos bagaços devendo este situar-se no mesmo intervalo de preço que vimos observando nos ultimos
tempos.
Obviamente teremos sempre que estar atentos ao
Euro/Dólar que ultimamente não parece muito favoravel ao Euro. Se assim continuar, o impacto sobre as matérias primas especialmente os bagaços, é imediato.
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ECONOMIA
»
EVOLUÇÃO DO PREÇO MÉDIO DE ALIMENTOS COMPOSTOS PARA ANIMAIS (em Euros/Tonelada)
€/ton
Meses »
€/ton
Novilhos de engorda
Vacas leiteiras em produção
€/ton
Meses »
€/ton
Borregos de engorda
Ovelhas leiteiras em produção
Meses »
Meses »
EVOLUÇÃO DO PREÇO MÉDIO DE MATÉRIAS-PRIMAS (em Euros/Tonelada)
38
»Fonte: IACA
€/ton
Bagaço de colza
€/ton
Bagaço de soja
€/ton
Cevada
€/ton
Milho
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»Fonte: IACA
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ECONOMIA
OBSERVATÓRIO
Preços do Leite no Mundo
Fonte: LTO, SIMA
2012 - O mercado internacional trará bons
e maus momentos e será volátil
As perspectivas trimestrais do Rabobank referem que
os preços internacionais dos produtos lácteos irão cair
como consequência do abrandamento das maiores economias e pelos excedentes que serão lançados no mercado.
Segundo este relatório, durante o terceiro trimestre de
2011 houve uma deterioração acentuada da procura nos
EUA e na União Europeia que, conjuntamente com as
fracas importações da China e da Rússia não permitiu
absorver o crescimento forte da oferta por parte dos produtores de leite.
Para os últimos meses de 2011, com o aumento do
excedente de produção no Hemisfério Norte a coincidir
com a época forte no Hemisfério Sul, o relatório prevê
um aumento da oferta no mercado internacional.
Relativamente aos mercados chave dos EUA e Europa, com as economias em desaceleração e a procura
a um ritmo de crescimento lento, prevê-se que o aumento da oferta de leite possa abrandar mas que, tendo
em conta os sinais de preços desfasados e a baixa elasticidade da procura, o crescimento na produção possa
vir a exceder as necessidades do mercado interno.
Como resultado, o Hemisfério Norte irá procurar lançar no mercado internacional mais produção que nos 12
meses anteriores, assim como o Hemisfério Sul, particularmente a Nova Zelândia onde existem fortes expectativas de crescimento sólido da oferta.
Ainda que, por um lado o Rabobank espere uma pressão baixista sobre os preços no mercado internacional
para o último trimestre do ano, também acredita que os
movimentos de preços possam ser limitados. “Muitos
compradores que tinham desaparecido do mercado
pelos preços altos de 2011 poderão regressar na medida
em que os preços voltam a estar mais acessíveis”, assinala o relatório.
Se a expectativa de compras fortes por parte da China
não se concretizar, a quebra será pior.
Por outro lado, condições climáticas adversas podem
reduzir a produção de leite no Hemisfério Sul. Com níveis de stocks mundiais de matérias primas muito baixos, falta de forragens em zonas importantes do Estados
Unidos e o confronto com eventuais perturbações no
mercado internacional de alimentos, os produtores poderiam reduzir a produção. O que reduziria ainda mais
a oferta, segundo o relatório do Rabobank, que conclui:
“O mercado internacional trará bons e maus momentos
e será volátil”.
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39
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ECONOMIA
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Fonte: LTO
PREÇO DO LEITE STANDARDIZADO (*)
Países
Companhia
Bélgica
Milcobel
Alemanha
Humana Milchunion eG
Dinamarca
Finlândia
França
Inglaterra
Irlanda
Itália
Preço do leite
(€/100 Kg)
JULHO 2011
Média
últimos 12
meses (**)
35.36
33.98
34.27
Alois Muller
34.02
Nordmilch
34.17
Aria Foods
Hãmeenlinnan Osuusmeijeri
Bongrain CLE (Basse Normandie)
E. U. A.
37.11
37.08
Dairy Crest (Davidstow)
31.82
Sodiaal
First Milk
37.78
28.85
Glanbia
33.93
Kerry
33.82
40.18
DOC Kaas
35.11
Friesland Campina
36.52
Fonterra
31.82
Preço médio do leite - Julho
Nova Zelândia
42.55
Lactalis (Pays de la Loire)
Granarolo (North)
Holanda
35.02
35.58
37.09
34.63
32.54
33.12
35.44
43.95
33.58
33.65
33.42
30.64
27.39
32.72
31.97
38.48
36.26
36.53
34.26
33.05
O preço médio pago pelas principais empresas de lacticínios
aos seus produtores em Julho de 2011 foi de € 35,58/100 kg, o
que representa um aumento de 11,1% comparativamente com
Julho de 2010 (+€ 3,55), de acordo com os números divulgados
no início de Agosto pela organização holandesa LTO, últimos
dados disponíveis à data de saída desta edição.
O preço médio mensal do leite standard em Julho foi o mais
elevado desde o ano 2000, secundado pelo valor alcançado em
Julho de 2008 em que atingiu € 34,41.
Comparativamente com o mês anterior, o preço do leite standard aumentou em € 0,83.
Uma grande parte dos preços do leite são mais elevados devido a ajustamentos sazonais, como é o caso das empresas de
lacticínios francesas. Os preços de leite standard para todas as
empresas de lacticínios francesas aumentaram, variando de €
1,51 a € 2,52.
Apenas a Milcobel apresentou um decréscimo no seu preço
do leite (menos € 0,52 comparativamente com Junho de 2011).
De notar que o preço do leite norte americano Classe III alcançou em Julho de 2011 um novo recorde de € 37,09.
30.55
* Preço do leite de diferentes empresas leiteiras para 4,2% de MG e 3,4 de teor proteico.
** Incluindo os pagamentos suplentares mais recentes.
> Portugal
A LTO* apresenta anualmente um relatório com a revisão dos preços internacionais do leite. Como introdução,
LEITE À PRODUÇÃO
Preços Médios Mensais em 2011
Leite Adquirido a Produtores Individuais
Meses
Eur / Kg
Jan
0.313
Mar
0.314
Fev
Abr
0.311
Mai
0.309
Jul
0.310
Jun
0.310
Jan
0.301
Mar
0.299
Fev
Abr
Mai
Jun
Jul
40
0.315
0.302
0.295
0.297
0.295
0.292
Fonte: SIMA
Teor médio de
matéria gorda (%)
Teor proteico (%)
3.87
3.27
3.79
3.27
CONTINENTE
3.84
3.69
3.63
3.65
3.67
AÇORES
3.28
3.20
3.18
3.18
3.19
3.88
3.21
3.67
3.24
3.80
3.67
3.67
3.66
3.72
3.22
3.24
3.22
3.18
3.13
Siem-Jan Schenck, Presidente do Comité do Leite da Federação Holandesa de Agricultura e Horticultura LTO Netherland, fez uma análise interessante acerca da evolução recente do mercado do leite na
Europa. Nesta análise, Schenck deixa uma mensagem importante
aos agricultores: “(…) após as fortes quebras nos preços no final de
2008 e início de 2009, 2010 foi um ano de plena recuperação em
que a grande e crescente procura por parte de economias emergentes como a China, a Índia e o Brasil contribuíram para esta recuperação em forte medida. Para a indústria europeia de lacticínios, as
exportações de queijo para a Rússia foram muito importantes. A
Holanda exporta 60% do seu leite, 20% para países fora da UE, e
beneficia directamente do crescimento do mercado internacional.
Contrariamente às expectativas de alguns, os preços do leite têmse mantido em 2011. Não devemos sobrestimar a importância desta
boa notícia, contudo, uma vez que os custos de produção também
aumentaram fortemente. O mercado internacional dos cereais é escasso. Os preços do milho na Alemanha e nos países vizinhos aumentaram em consequência de aumentos consideráveis na produção
de biogás. Para além disto, o mercado internacional, do qual a Holanda é tão dependente, é cada vez mais sensível a distúrbios de
toda a espécie: condições climatéricas, intervenção governamental,
especulação e emoção contribuem para flutuações de preços mais
abruptas. Nesta altura de incerteza é bom que os agricultores holandeses estejam bem organizados.”
*LTO – Federação Holandesa de Agricultura e Horticultura
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PRODUÇÃO
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ALIMENTAÇÃO
Sistema OPTIBEEF
O sistema integral de gestão da NANTA
para os profissionais da engorda de bovinos
J. Riera, Chefe de Produto de Bovinos de Carne Nanta
[email protected]
O negócio de bovinos de carne ganhou complexidade
nos últimos anos; a globalização dos mercados
internacionais, a nova legislação e a necessidade de
mais e melhor informação exigem uma resposta cada
vez mais profissional.
Optibeef é a resposta da Nanta a estes novos desafios.
Optibeef é um conjunto de serviços que a empresa,
através dos seus especialistas repartidos por toda a
Península Ibérica, põe ao alcance dos profissionais de
engorda de bovinos.
Estes serviços cobrem distintos aspectos da produção que se
desenvolvem nas áreas da certificação, comercialização, gestão,
consultadoria na exploração e, claro, alimentação e nutrição. O
sistema Optibeef certifica os novilhos com base em dois cadernos de especificações; Taurus e Taurus Beef, também comercializa os animais com estas especificações. A Nanta também
desenvolve cadernos de especificações que se encaixem em programas de marcas locais e regionais. Todas as operações de comercialização estão garantidas directamente pela Nanta. Os
aspectos de gestão técnica estão contemplados dentro de um programa de análise que avalia a situação e evolução sanitária e zooténica das explorações. A Nanta conta ainda com manuais de
assessoramento sobre maneio, instalações, programas sanitários e
bem-estar dos animais.
Este artigo aborda a importância de trabalhar de forma eficiente
e inovadora na engorda de novilhos. O Sistema Optibeef conta
com programas nutricionais personalizados e com o Programa de
Nutrição Opticar. Este último está baseado em novos nutrientes e
em controladores ruminais de última geração, ambos resultado de
anos da investigação para ruminantes na Nutreco nos Países Baixos (RRC – Centro de Investigação de Ruminantes) e foi testado
em diferentes parte do mundo onde a Nutreco está presente.
mais, melhora a qualidade da carcaça tanto em rendimento como
em coloração e diminui os custos de produção.
As bases tecnológicas do Programa OPTICAR, tal como tinhamos dito anteriormente, são duas; novos nutrientes específicos da
Nanta e controladores ruminais de origem vegetal.
NUTRIENTES NANTA
As linhas de investigação que a Nanta desenvolve em distintas
partes do mundo permitem-nos trabalhar com novos nutrientes
que maximizam o aproveitamento energético dos ingredientes, e
que por sua vez asseguram o controlo do pH a nível do rúmen.
Entre eles, destacamos nutrientes como o GlucoNut que assegura a formação de acido propiónico no rúmen. São a fracção de
nutrientes que podem ser transformados em glucose no sistema
digestivo e metabólico dos ruminantes. Incluem os geradores de
ácido propiónico no rúmen, e intestino grosso – propionatos,
amido – e também no fígado – ácido láctico, açúcar, glicerol,….
E também a proteína usada na dieta, que pode chegar a cerca de
40%. O cálculo faz-se matematicamente, através de fórmulas de
regressão desenvolvidas na RRC.
Os factores que influeciam o seu teor são o amido e a sua degradabilidade, a proteína bruta e os açúcares. O ácido propiónico
é um dos AGV (ácidos gordos voláteis) que se sintetizam no
rúmen a partir da fermentação dos amidos e o principal precursor
da glucose, açúcar básico para a obtenção da energia que o novilho necessita para engordar e que, através do fígado, se transforma
em glucogénio.
NOVOS NUTRIENTES: GLUCO-NUT
Gluco-NUT:
O AGV Propiónico é o precursor da glucose no sangue
A glucose converte-se em glucogénio no fígado
PROGRAMA OPTICAR
Os objectivos deste novo programa são vários, destacando-se o
aumento da segurança contra os processos metabólicos que alteram o funcionamento do rúmen, que optimiza substancialmente os
índices zootécnicos de acordo com a capacidade genética dos ani-
42
Ruminantes • Outubro | Novembro | Dezembro • 2011
O glucogénio é armazenado no músculo e é o responsável
pela maior ou menor oxidação da carne
Glucogénio • Cor rosada
+ vida comercial
Glucogénio • Cor parda
- vida comercial
fig. 1
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ALIMENTAÇÃO
O glucogénio é a forma sob a qual o novilho armazena a energia no músculo. Esta energia é chave no momento do abate, porque permitirá obter uma carcaça óptima em relação à coloração e
à durabilidade comercial da carne. (fig. 1)
Ao promover a formação do ácido propiónico no rúmen também melhoramos os índices zootécnicos já que o novilho, através
do rúmen, assimila melhor a energia; devemos pensar que 80%
das necessidades energéticas do animal estão cobertas através dos
AGV, sendo o ácido propiónico o AGV mais favorável para atingir o objectivo. (fig.2, abaixo)
PRODUÇÃO
cos dos animais e/ou na qualidade da carcaça e que os seus resultados analíticos sejam constantes e estáveis; há que ter em consideração que os factores que influem nestes aditivos são múltiplos
– estado de floração, modo de colheita e manipulação, etc.
A mistura de óleos de origem vegetal que incorpora o Opticar
actua em diferentes sentidos; tem actividade contra os Gram +,
mantém controlado o microbismo e aumenta a resistência do novilho.
Um animal mais saudável é sinónimo de melhores custos de produção. Estes óleos também actuam indirectamente como reguladores
do pH ruminal graças ao maior tempo de ruminação. (fig.3, abaixo).
SALIVA E TEMPO DE RUMINAÇÃO
120
Eficiência %
100
80
Secreção total de saliva (L//dia)
60
40
20
A saliva secretada depende
do tempo de ruminação
0
Acetato
Propionato
Butirato
Outro nutriente importante para o programa OPTICAR da
Nanta é o AcidNut que nos permite medir a capacidade de influir
no pH do rúmen de cada um dos ingredientes que compõem uma
ração. Como o GlucoNut, calcula-se matemáticamente.
O AcidNut calcula a produção de ácidos gordos voláteis - acético, propiónico, butírico e ramificados - de cada um dos nutrientes de fermentação rápida da ração como são os açúcares, o amido,
a hemicelulose, a celulose e as pectinas.
Neste nutriente influem diferentes elementos como os RFC
(carbo-hidratos de fermentação rápida). Os RFC são a porção de
hidratos de carbono do alimento que são fermentados pelos microorganismos do rúmen nas duas primeiras horas depois da ingestão. Esta porção diferencia-se por sua vez em duas fracções de
componentes fermentáveis, as que fermentam muito rápidamente
(nos primeiros 15 minutos) e as que fazem no tempo restante até
chegar às duas primeiras horas. Outro factor são os TFC (carbohidratos fermentescíveis totais), que são a totalidade dos hidratos
de carbono do alimento que são fermentados pelos microorganismos ruminais. Formam parte desta porção o FND, o amido, o açúcar, o ácido láctico e o glicerol.
O AcidNut tem como objectivos principais equilibrar todos os
ingredientes – cada um deles tem uma capacidade determinada de
alterar o pH do rúmen – devendo a mistura de ingredientes dar
um valor AcidNut que nos garanta a manutenção do pH ruminal
suficientemente alto para garantir o seu perfeito funcionamento.
O AcidNut é um nutriente da Nanta que garante a saúde ruminal relativamente às alterações metabólicas. Um animal sem acidose é sinónimo de um novilho que desenvolverá toda a sua
capacidade de crescimento e transformação cárnica.
O segundo suporte tecnológico do Opticar são os extratos vegetais. A selecção de distintos aditivos de origem vegetal, testados
em provas de campo pela Nutreco, faz com que possamos incorporar nos nossos produtos as misturas de óleos essenciais que
aportam significativas melhoras zootécnicas.
Nos aditivos vegetais procuramos diferentes objectivos, entre
eles que tenham uma influência clara nos rendimentos zootécni-
Tempo de ruminação (horas)
Outra das suas vantagens é que funcionam como antioxidantes
naturais, de maneira que melhoram a qualidade da carcaça e prolongam a vida útil da carne, e reduzem o stress ao diminuir os
efeitos negativos que derivam do stress nutricional, ambiental e fisico. Deste modo, o gado está mais tranquilo e eliminamos os atrasos de crescimento e a oxidação das carcaças derivadas do stress.
Existe ainda uma sensível melhora do rendimento metabólico dos
novilhos – certos óleos essenciais actuam como promotores de
crescimento naturais melhorando o ganho médio diário e os índices de transformação, uma melhor saúde do gado devido a um
melhor estado imunitário dos animais e fazendo variar a ordem
de deposição da gordura, pelo que aumenta a infiltração e o rendimento final da carcaça.
EFEITO SOBRE O RENDIMENTO DA CARCAÇA
Em resumo, o Programa o Opticar é o resultado da união da investigação e desenvolvimento de novos nutrientes e do uso de ingredientes vegetais naturais com o único objectivo de obter a melhor
competitividade e o melhor produto. Em definitivo, Opticar é a resposta que hoje o mercado precisa para os bovinos de carne.
80
70
66,0
60
50
56,3
69,3
57,9
40
30
20
10
0
% canal
área lombo
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PRODUÇÃO
Pastagens e forragens
Técnicas fundamentais para o sucesso
José Freire, Engº Agrónomo, Fertiprado, Lda.
[email protected]
Os ruminantes desenvolveram durante milhões
de anos um sistema digestivo capaz de aproveitar
todo o potencial nutritivo da erva.
Na bacia mediterrânea existem óptimas condições para
a produção de pastagens e forragens de enorme
qualidade, ricas em proteína, energia e com elevada
digestibilidade.
A rentabilidade das explorações agro-pecuárias depende fortemente dos custos com a alimentação animal, logo, se produzirmos alimentação de qualidade nas nossas próprias explorações,
ganhamos independência em relação a factores de produção externos, melhorando os resultados económicos das nossas empresas.
Todavia, para que tenhamos êxito com as nossas culturas pratenses e forrageiras, existem algumas normas técnicas simples,
que devemos observar.
INSTALAÇÃO
Época de sementeira – Em Setembro/Outubro, na altura das primeiras chuvas sempre com a temperatura do solo superior a 16º C.
Preparação do solo – Não são necessárias mobilizações muito
profundas, devemos no entanto garantir que a camada superficial
fica suficientemente plana e livre de torrões.
44
Eleição da mistura a semear – deve ter em conta os seguintes
factores: solo (pH, textura, e fertilidade), clima (temperatura e
pluviometria), finalidade (corte, pastoreio ou ambos), regime hídrico (sequeiro ou regadio), e outros, como o maneio do efectivo
pecuário, a frequência de geadas, a exposição solar e profundidade da camada arável.
Sementeira – A sementeira pode ser feita com qualquer tipo de
semeador, inclusivamente com um distribuidor centrífugo. Devemos garantir que a semente não fica enterrada a mais que 1 –
1,5cm de profundidade.
Podemos semear pastagens e forragens com sementeira directa
desde que consigamos garantir uma sementeira muito superficial
e um bom contacto solo-semente. Isto normalmente conseguese semeando com o solo com pouca humidade (ou mesmo seco).
Rolagem – Idealmente com um rolo de bicos, esta operação é
fundamental para garantir o bom contacto da semente com o solo.
Pode ser utilizado um rolo liso desde que não exista risco de compactar excessivamente a crosta superficial, o que impediria a germinação das sementes.
As misturas pratenses e forrageiras, normalmente são constituídas por sementes de pequena dimensão. Isto significa que possuem poucas reservas energéticas para vencer grandes obstáculos.
Por este motivo é fundamental garantir um bom contacto solo/semente e uma sementeira de muito pouca profundidade (não mais
que 1,5 cm).
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PRODUÇÃO
ADUBAÇÃO
Adubação de fundo – O macronutriente a observar é o fósforo.
Normalmente as misturas ricas em leguminosas fixam azoto mais
do que suficiente para garantir o bom desenvolvimento da cultura. É comum utilizar adubos simples só com fósforo, no entanto
em sementeiras mais tardias, anos mais frios, ou solos com muito
baixa fertilidade poderemos utilizar adubos binários ou ternários
com algum azoto que garantam o arranque da cultura.
Para efectuar uma adubação correcta, devemos efectuar análises de solo e levar em conta os seus resultados.
Adubação de cobertura – nas pastagens devemos realizar adubações de manutenção com adubos fosfatados, consoante as necessidades da cultura e a disponibilidade deste nutriente no solo.
Recomenda-se que se realizem análises de solo de dois em dois anos.
Nas culturas forrageiras, muitas vezes não é necessário realizar
adubações de cobertura. No entanto em anos mais frios, ou, no
caso de culturas multicorte poderemos realizar uma pequena adubação azotada, por forma a optimizar a produção destas misturas.
entram e saem do prado), ou rotacional (o prado é dividido em
parcelas e os animais pastoreiam uma de cada vez), sendo que
normalmente o melhor aproveitamento é conseguido desta última forma.
APROVEITAMENTO DAS FORRAGENS
Existem misturas forrageiras com aptidão para pastoreio, para
corte e para ambos os usos. Normalmente as misturas para corte
(feno, silagem ou fenossilagem), não devem ser pastoreadas pois
parte das espécies que as compõem não têm capacidade de rebrote.
A máxima qualidade das forragens é sempre obtida antes da
plena floração, pelo que o último corte deve ser efectuado quando
se começam a ver as primeiras flores das leguminosas.
MANEIO DAS PASTAGENS
PERMANENTES DE SEQUEIRO
Nas pastagens permanentes de sequeiro, no ano da instalação,
é obrigatório que se reserve a pastagem a partir do inicio da diferenciação floral e até ao momento em que a pastagem se encontre completamente seca. Desta forma garantimos a formação de
um bom reservatório de sementes, que garante a longevidade da
pastagem.
No entanto, também é importante que antes desta altura se realize um aproveitamento com uma elevada carga animal. É o designado corte de limpeza. Este pastoreio não selectivo, permite
eliminar as infestantes, melhorando a composição da pastagem.
No verão é fundamental que se consuma a pastagem na totalidade, garantindo que o solo fique quase descoberto de resíduos
vegetais. Este pastoreio assegura a ressementeira do prado e cria
condições óptimas para as novas germinações.
Nos anos seguintes as cargas pecuárias devem ser ajustadas à
produção do prado. É mais fácil que uma pastagem se degrade
por sub-pastoreio do que por sobre-pastoreio.
A adubação de manutenção pode ser realizada no final do
Verão, principio do Outono.
MANEIO DAS PASTAGENS PERMANENTES DE REGADIO
Na composição das pastagens de regadio entram espécies perenes, pelo que não é necessário reservar a floração na primavera.
Por serem perenes, o desenvolvimento inicial destas plantas é
mais lento, assim é normal que no inicio os níveis de infestação
sejam muito elevados. Cortes de limpeza com elevadas cargas
animais em curtos períodos são a solução para estas infestações.
Estes prados podem ser pastoreados de forma contínua (com os
animais permanentemente no prado), intermitente (os animais
Em suma, a sementeira de pastagens e forragens
assume-se cada vez mais como a melhor forma de
melhorar a rentabilidade das explorações agropecuárias. Existem no entanto alguns riscos que podem
condicionar o êxito destas culturas. Cumprir as normas
aqui descritas e procurar o aconselhamento técnico
adequado é a melhor forma de evitar acidentes
culturais e de garantir que as pastagens e forragens
cumprem o seu principal objectivo: fornecer uma
alimentação animal rica em energia, proteína, com
elevada digestibilidade e a baixo custo.
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BEM ESTAR ANIMAL
Bem estar de ruminantes
Ana Vieira, Inês Ajuda, George Stilwell , AWIN – Animal Welfare Indicators
Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Técnica de Lisboa
[email protected]
O bem-estar animal é um dos principais tópicos de
interesse a nível da produção animal moderna, estando
de forma consistente no topo das preocupações
levantadas por consumidores e políticos da União
Europeia. Prova disto é o facto do bem-estar animal
ser parte integrante da política europeia "do prado ao
prato" e uma das estratégias prioritárias relacionadas
com o desenvolvimento de políticas mais sustentáveis
de produção de produtos de origem animal.
O QUE É O BEM-ESTAR ANIMAL?
Do ponto de vista científico, o bem-estar animal, particularmente
o bem-estar animal das espécies de produção, teve o seu início como
área de investigação em 1965, com a publicação do Relatório de
Brambell na Grã-Bretanha.
Uma vez que o estudo do bem-estar animal inclui interacções a
nível do animal-sistema de produção e animal-Homem, existiu
desde sempre uma grande colaboração entre as ciências naturais
(medicina veterinária, biologia, fisiologia) e sociais (etologia e psicologia comparativa) na investigação deste tema (Carenzi & Verga,
2009). Esta aproximação multidisciplinar levou a que o conceito de
bem-estar animal fosse evoluindo ao longo do tempo.
Para uma melhor compreensão do conceito é de realçar as seguintes definições: 1) Duncan (1993), "o bem-estar está dependente
do que os animais sentem"; 2) Webster (1994), "o bem-estar de um
animal é determinado pela sua capacidade de evitar sofrimento e
manter performance"; 3) Broom (1996), que apresenta o bem-estar
animal como o "estado de um indivíduo no que concerne às suas
tentativas de lidar com o ambiente".
Por outro lado, esta multidisciplinariedade conduziu a que a definição de bem-estar esteja envolvida por alguma polémica e tenha
diferentes interpretações por parte dos consumidores, produtores e
políticos (Blokhuis et al, 2008; Quintili and Grifoni, 2004; Vanhonacker et al, 2007). Nesta problemática deveremos ter ainda em linha
de conta outros aspectos, como factores económicos, aspectos relativos à praticabilidade da aplicação dos conceitos na realidade das
explorações e ainda, aspectos relacionados com preocupações ambientais (Wyss et al, 2004), que muitas vezes introduzem dúvidas
na definição de bem-estar animal.
DE QUE FORMA PODEMOS AVALIAR O BEM-ESTAR
ANIMAL NAS EXPLORAÇÕES?
Uma das aproximações ao bem-estar animal mais difundidas é
aquela que é feita através das "5 Liberdades", que foram apresenta-
46
das pela primeira vez no Relatório de Brambell. Estas "liberdades"
foram depois adoptadas e revistas pelo Farm Animal Welfare Council, mantendo-se hoje ainda como uma referência para o estudo e
avaliação de bem-estar em animais de produção (FAWC, 2011). As
"5 Liberdades" identificam os elementos que determinam a percepção de bem-estar pelo próprio animal e definem as condições
necessárias para promover esse estado. São elas:
1. Livre de fome e de sede - acesso a água fresca de qualidade
e a uma dieta adequada às condições fisiológicas dos animais
2. Livre de desconforto - fornecimento de um ambiente adequado que inclua um abrigo com uma zona de descanso confortável
3. Livre de dor, ferimentos e doença - prevenção de doenças,
diagnóstico rápido e tratamentos adequados
4. Liberdade de expressar comportamento normal - fornecimento de espaço adequado, instalações adequadas e a companhia de animais da mesma espécie
5. Livre de stress, medo e ansiedade - assegurando condições
e maneio que evitem sofrimento mental.
A par do estabelecimento destas "5 Liberdades" é ainda importante realçar a importância do desenvolvimento de indicadores de
bem-estar animal a nível das explorações (indicadores baseados no
ambiente ou in-put) e dos próprios animais enquanto indivíduos (indicadores baseados no animal ou out-put). É importante realçar que
estes indicadores deverão ter em linha de conta as especificidades
próprias de cada sistema de produção e de cada espécie animal.
A garantia do bem-estar animal de acordo com estas liberdades
apenas pode ser alcançada através da aplicação de práticas de produção adequadas, que tenham em conta não só a espécie animal em
si, mas também os sistemas de produção, as condições climáticas, o
alojamento e as metodologias de maneio e de alimentação. No entanto, quaisquer que sejam as condições específicas presentes, a avaliação do bem-estar é um procedimento científico e deve incluir
aspectos relacionados com a saúde, fisiologia, performance e medidas comportamentais (Comissão Europeia, 2000).
O IMPACTO ECONÓMICO DO BEM-ESTAR ANIMAL
Os conhecimentos actuais demonstram que animais em bem-estar
são mais saudáveis (Horgan and Gavinelli, 2006), e consequentemente mais produtivos, tanto em termos de quantidade como de qualidade. Por exemplo, estudos realizados em cabras demonstram uma
relação directa entre a existência de afecções debilitantes, como claudicações por sobre-crescimento dos cascos, ou a existência de doenças que afectem a saúde do úbere, e uma redução significativa de
produção de leite, assim como da sua qualidade (Jackson & Hac-
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Page 47
BEM ESTAR ANIMAL
kett, 2007; Mazurek et al., 2007; Anzuino et al., 2011).
Além destas considerações, existe ainda uma evidência crescente
de que os consumidores associam de forma clara o bem-estar animal
aos conceitos de segurança alimentar e qualidade (Viegas et al.,
2011). Os consumidores também demonstram de uma forma cada
vez mais evidente uma preocupação ética em relação à forma como
as espécies de produção são mantidas, podendo inclusive recusarse a comprar produtos resultantes de certas práticas agrícolas. Ainda
outro aspecto a ter em linha de conta é legislação, que deve sofrer
constante actualização em resposta às novas descobertas científicas
e preocupações éticas da sociedade. De facto, desde o ano 2000, a
legislação europeia nesta área tem sofrido grandes alterações, ao
mesmo tempo que se tem vindo a tornar mais específica sendo de esperar que esta tendência se mantenha ou venha mesmo a aumentar.
duas áreas principais: a) criação de um modelo de certificação de
bem-estar nas explorações de pequenos ruminantes através de indicadores validados; b) avaliar o impacto de certas doenças sobre o
bem-estar, nomeadamente através da dor.
O PROJECTO ANIMAL WELFARE INDICATORS (AWIN)
O Bem-estar pode ser avaliado através de indicadores
exibidos pelos animais
A produção intensiva de caprinos poderá trazer
novos problemas de Bem-estar Animal
O Animal Welfare Indicators (AWIN) é um grande projecto europeu que vem na sequência de um outro chamado Welfare Quality.
Tal como vimos anteriormente é fundamental o desenvolvimento
de indicadores de bem-estar a nível das explorações. Assim, no
AWIN iremos estudar os indicadores de bem-estar nas espécies que
não foram abordadas pelo projecto anterior, ou seja, os ovinos, caprinos, equídeos (cavalos e burros) e ainda perus. Será ainda um dos
principais objectivos do AWIN criar uma plataforma online de ensino e divulgação de temas de bem-estar animal. O AWIN é coordenado pelo Scottish Agriculture College, e envolve 11 parceiros
em 10 países (9 na Europa e Brasil). Em Portugal a instituição envolvida é a Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Técnica de Lisboa.
A área de estudo em Portugal será a de bem-estar de pequenos ruminantes e principalmente de cabras leiteiras em regime intensivo.
Consideramos que esta é uma área de estudo que coloca verdadeiros desafios à produção animal moderna. Assistimos nos nossos dias
a uma grande pressão de intensificação a nível deste sistema de produção. Na nossa opinião, há que actuar sobre esta temática a fim de
evitar erros cometidos no passado a nível do melhoramento animal
(por exemplo, com os bovinos leiteiros), promovendo a sustentabilidade biológica da espécie caprina.
Os estudos a serem conduzidos em Portugal irão dividir-se em
No primeiro grupo de estudos pretendemos identificar os sinais
que permitirão a produtores, investigadores e avaliadores reconhecer, de forma rápida e prática, problemas de bem-estar a nível das explorações. A validade, repetibilidade e exequibilidade destes
indicadores de bem-estar serão testadas em diversas explorações
com sistemas de produção e raças diferentes. De seguida o modelo
será testado a nível dos outros países europeus. Com este estudo será
possível criar as ferramentas necessárias para distinguir as explorações onde o bem-estar animal está garantido, podendo assim comunicar ao consumidor que um determinado produto respeita as normas
mais exigentes de respeito pelos animais.
O segundo grupo de trabalho estudará a dor em doenças e práticas de rotina como a peeira, laminite, mastites, artrites, descorna
etc… Pretende-se com estes estudos perceber se a dor é uma vertente
importante na patogenese das doenças e se a analgesia deverá ser
considerada como parte essencial do tratamento facilitando a recuperação do animal. Daqui resultarão de certeza benefícios tanto para
o animal como para a produção.
O PROJECTO AWIN
E A REVISTA RUMINANTES
No âmbito do nosso projecto, e em colaboração com a Revista Ruminantes, criámos um espaço onde pretendemos divulgar os nossos
trabalhos, assim como outros temas relacionados com a temática do
Bem-estar Animal.
Acreditamos que a área do bem-estar animal é um tema que deve
estar no centro das preocupações dos produtores, das empresas do
sector da pecuária, e pretendemos que possam contar com o nosso projecto e equipa para responder às vossas questões e para apresentar soluções que protejam o bem-estar animal ao mesmo tempo que tornam
a actividade pecuária mais produtiva.
Referências bibliográficas:
Não foram incluídas por uma questão de espaço editorial, mas os autores disponiblizam bastando enviar um correio para o email.
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PRODUÇÃO
SAÚDE ANIMAL
COCCIDIOSE
Doença cosmopolita que atinge
ruminantes submetidos aos
diferentes tipos de criação
Entrevista pela Revista Ruminantes
Carolina Maia, Médica Veterinária com actividade
na Diessen Serviços Veterinários.
[email protected]
O que é a coccidiose e onde encontra a sua génese?
- A coccidiose é uma doença que ocorre em todo o
mundo e cuja etiologia é um protozoário. Um pequeno
parasita intracelular. As coccídeas são bastante específicas no que toca ao hospedeiro, o que significa que
raramente há infecção cruzada entre ruminantes. Por
exemplo entre ovelhas e cabras, ou entre vacas e ovelhas. As espécies mais frequentemente envolvidas nos
episódios clínicos são a E. bovis e E. zuernii em bovinos, a E. ahsata, E. bakuensis e E. ovinoidalis em ovinos, E.arloingi, E. alijevi, E. hirci, E. christenseni e E,
ninakolhyakimovae no caso dos caprinos. A coccidiose
provoca imunidade após infecção e é, por isso, rara em
animais adultos.
Entre os ruminantes, quais as espécies mais afectadas?
- A doença clínica é mais comum em bovinos e em
ovinos.
Quais os factores numa exploração que contribuem para a existência desta patologia?
- A transmissão da coccidiose é do tipo fecal oral.
Os oocistos esporulados que são infectantes provêm
de oocistos passados nas fezes de gado com infecções
patentes. A humidade e temperaturas frias são favoráveis à esporulação, enquanto o calor e ambientes secos
são-lhe detrimentais. Assim, o sistema de produção
tem influência directa na disseminação da coccidiose.
Em sistemas de exploração intensiva, onde existe alta
densidade populacional, a transmissão da doença é
mais fácil e há maior quantidade de oocistos.
Não é então difícil de perceber, que em explorações
leiteiras a coccidiose é mais frequente, ocorre mais
48
cedo e com maior severidade. Condições que favoreçam a contaminação por fezes de comedouros e bebedouros facilitam a disseminação da coccidiose. O
contágio é também fácil através dos pêlos sujos com
fezes quando os vitelos se lambem mutuamente. Áreas
sombrias e húmidas como aquelas junto a bebedouros
ou camas sujas e molhadas são, tipicamente, importantes fontes de infecção.
Em explorações extensivas, a adopção de sistemas
mais modernos de produção, essenciais a um aumento
na produtividade, parece também ter influência no aparecimento de surtos de coccidiose. A concentração de
partos em meses de chuva, concentrando as vacas com
os bezerros em pequenas áreas húmidas, e a rotação de
pastagens de regadio favorece a disseminação e a manutenção da doença.
É de salientar no entanto, que como em tantas outras doenças, factores que causem imunodepressão nos
animais aumentam a patogenicidade da coccídea. Daí
os típicos surtos pós desmame…
Quais os principais sinais clínicos da coccidiose?
- Embora em surtos possamos ter animais com sintomatologia aguda, apresentando diarreia profusa com
odor fétido, com fezes com muco e sangue, este último
escuro; tenesmo e apetite reduzido, o mais comum é
uma sintomatologia menos aparatosa. Os animais acometidos apresentam-se desidratados, magros e com o
“pêlo feio”. Em casos menos graves apenas é visível
uma diarreia moderada sem sinais sistémicos. Muitos
casos podem ser subclínicos.
Em grupos de vitelos com coccidiose os sinais mais
comuns são o estrume mais líquido, pobre condição
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SAÚDE ANIMAL
corporal, taxas de crescimento baixas e má qualidade
do pêlo dos animais. Alguns animais do grupo aparecem com a zona perianal, cauda e curvilhões sujos.
Apesar de a maior parte (se não todos) dos animais do
grupo estar infectada, apenas aqueles com infecção
mais severa apresentarão sinais clínicos evidentes.
Assim, no caso de serem detectados animais com sinais clínicos, todo o grupo deverá ser considerado infectado e imediatamente tratado.
No caso dos vitelos de leite, como já referi, os casos
clínicos ocorrem, mais comummente, entre as 8 e as
16 semanas. Esta é a altura em que, na maior parte das
explorações, eles são desmamados e agrupados. Ora,
ao desmamar e agrupar vitelos anteriormente em alojamento individual induz um enorme stress. Este
stress, aliado ao facto de serem juntos num ambiente
onde estão favorecidas a contaminação da comida,
água e pêlo dos animais, cria uma situação ideal para
a coccidiose.
Felizmente a mortalidade é baixa, a não ser que o
problema seja negligenciado.
Qual o impacto económico desta doença?
- No caso de não ser feito um bom controlo da
doença as perdas económicas poderão ser enormes.
Como disse anteriormente a coccidiose tem um
enorme impacto no crescimento dos animais. Todos
sabemos que a antiga ideia de que existe o chamado
crescimento compensatório é falsa. As consequências
no futuro produtivo e reprodutivo dos animais afectados podem ser desastrosas. Os efeitos de atrasos no
crescimento dos animais no inicio da sua vida nunca
mais são revertidos. Como consequência temos atraso
PRODUÇÃO
da idade à cobrição (e portanto ao primeiro parto).
No caso de novilhas de aptidão leiteira teremos
menos quilogramas de leite na primeira lactação. No
caso de engordas temos os animais a terem de sair
mais tarde para o matadouro devido a demorarem
mais tempo para atingirem os pesos de carcaça necessários.
Penso que a coccidiose está entre as doenças que
maiores prejuízos causam à produção de ruminantes.
Qual o tratamento e controlo que aconselha?
O tratamento da coccidiose passa pela utilização de
coccidiostáticos orais que podem ser também utilizados como profilácticos quando a exposição à coccidiose é provável. Entre os coccidiostáticos geralmente
recorre-se a ionóforos com várias apresentações comerciais. Em explorações onde a coccidiose está
muito presente é comum adicionar-se um ionóforo à
ração de forma sistemática em alturas específicas da
recria. É importante ter-se em conta os intervalos de
segurança destes produtos.
A meu ver, os coccidiostáticos usados profilacticamente não deverão, no entanto, ser vistos como meio
de controlo da coccidiose. Práticas de maneio que permitem a acumulação de estrume, contaminação da comida e da água por fezes e superpopulação deverão
ser corrigidas. Se os animais forem mantidos num ambiente limpo, com instalações feitas de modo a evitar
contaminação de comedouros e bebedouros; se as instalações forem limpas regularmente e desinfectadas
entre grupos de animais de idades sucessivas, o risco
de coccidiose diminui drasticamente.
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PRODUÇÃO
SAÚDE ANIMAL
Prevenção das patologias podais
José Luis Campos, Médico Veterinário, Gestor de Produto na Hypred
[email protected]
A produção leiteira de hoje é caracterizada
por ser altamente complexa do ponto de
vista técnico, interferindo na sua quantidade
e qualidade, um sem número de factores de
diversas origens. O produtor leiteiro moderno e os técnicos em seu redor têm que
estar permanentemente alerta a qualquer pequena alteração que possa surgir no maneio,
alimentação, higiene, climatologia, instalações, etc, no sentido de evitar perdas económicas devido à diminuição da produção
leiteira, ou alteração da sua qualidade nutricional ou microbiológica.
Vários estudos económicos apontam as
Mastites como a patologia com maiores custos económicos numa exploração leiteira.
Seguidamente surgem os problemas com a
fertilidade e em terceiro lugar os PROBLEMAS PODAIS. Hoje em dia, a prevenção
das patologias podais merecem pouca
atenção por parte do sector, sendo normal
que apenas se tenha preocupação com os
cascos aquando da manifestação da
doença. No entanto, os custos económicos
da não prevenção são altíssimos, podendo
conduzir a uma perda total de 450kg de
leite produzido por lactação, acrescido
dos custos de tratamento, e a um forte aumento dos problemas de fertilidade. Estas
perdas económicas podem multiplicar-se,
pois em alguns casos o risco de contágio ao
restante efectivo é elevado. Para além disto,
sabemos que normalmente são as vacas melhores produtoras que sofrem mais de claudicações, principalmente nos primeiros 100
dias pós-parto, e que após um episódio de
50
claudicação têm 25% maior probabilidade
de voltar a claudicar.
Devemos portanto assumir claramente
uma postura preventiva face às patologias
podais, investindo numa melhoria de todo
o maneio que possa influenciar o desenvolvimento das claudicações e abandonar
definitivamente a postura reactiva que
acarreta consigo enormes custos. Para
uma boa prevenção devemos melhorar o
conforto, as instalações e a higiene, fornecer
uma alimentação equilibrada, efectuar o
corte funcional dos cascos de forma periódica e o usar o pedilúvio.
A etiologia das patologias podais pode ser
muito diversa, podendo contribuir para o seu
desenvolvimento alguns factores como a
própria biomecânica dos membros, a alimentação, o clima, as instalações, a higiene,
o pastoreio, o clima, a idade, o factor humano, a produção leiteira, período periparto, factores genéticos, a concentração de
animais, etc. Cada um destes factores actua
isolada ou sinergicamente com outro para
provocar ou agravar o desenvolvimento da
patologia podal. Um dos mais importantes, é
a Higiene.
Os cascos devem andar tanto quanto possível em zonas limpas, com pouca carga de
matéria orgânica, pois esta para além de macerar e enfraquecer a estrutura do casco, aumenta o risco de dermatites e complicações
sépticas. Se considerarmos Afecções Podais
primárias a Dermatite, a Dermatite interdigital, o Panarício e a Laminite, podemos verificar que a falta de Higiene é uma das
principais causas nas 3 primeiras afecções
primárias identificadas. Das restantes afecções possíveis (Úlcera da Sola, Abcesso
Podal, Tiloma, Erosão do Talão, etc) a falta
de Higiene pode ser um importante factor
agravante da situação clínica destas afecções.
Estas afecções desenvolvem-se tão mais
rapidamente quanto pior a condição física do
casco. Cascos com fissuras, moles, e com
pouca resistência ao choque tendem a ser
mais frequentemente afectados e com maior
gravidade. Estes casos surgem quando os
cascos estão permanentemente imersos em
matéria orgânica ou mesmo em casos de
muita humidade, como por exemplo o pastoreio no Inverno.
Torna-se assim claro que, para assegurar-
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mos uma boa higiene dos cascos numa exploração leiteira moderna, devemos ter em
atenção dois factores: a higiene do espaço,
com pouca carga orgânica e uma adequada
concentração de animais, e o tratamento do
casco, conferindo-lhe resistência e uma adequada limpeza periódica.
A utilização do pedilúvio deve ser feita regularmente e a solução nele contida deve ser
mudada periodicamente. A sua função deve
ser não só conferir resistência ao casco como
também desinfectar a superfície. Um pedilúvio que não seja desinfectante poderá estar
a contribuir para uma disseminação de microrganismos por todo o efectivo, correndo
o risco de multiplicar o número de afecções
podais, incorrendo num importante custo
económico.
O uso de PODOPLUS no pedilúvio é
uma solução completa para o tratamento dos
cascos, pois tem uma acção de fortalecimento da sua parede e simultaneamente uma
forte acção desinfectante, graças à combinação dos seus compostos. Assim, com apenas
um composto estamos a endurecer a parede
dos cascos e a aumentar a sua higiene geral
evitando contágios no efectivo. Os compostos de PODOPLUS, têm simultaneamente
uma acção desinfectante, duradoura e penetrante, com efeito cicatrizante e um endurecimento dos cascos, pois combina glutaraldeídos e quaternários de amónio com sulfatos de cobre, zinco e alumínio.
Caso a patologia já esteja presente, PODOPLUS pode ser aplicado directamente no
casco, por pulverização, garantindo assim
uma concentração elevada de PODOPLUS
no local exacto da patologia, prevenindo o
seu contágio e promovendo a cura rapidamente.
Com a aplicação de PODOPLUS estamos
prevenir o aparecimento de doenças podais,
a melhorar o bem-estar animal e consequentemente a aumentar os resultados económicos da exploração leiteira.
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PRODUÇÃO
SAÚDE ANIMAL
Lançamento de antibiótico
de longa duração
Controlo da Síndrome Respiratória Bovina
MSD Saúde Animal
(Comunicado de Imprensa)
A MSD Saúde Animal apresentou, no dia 17 de Setembro de 2011, no Hotel Mirage, em Cascais, o seu
novo antibiótico de longa duração, agora disponível
em Portugal, para a prevenção e tratamento da Síndrome Respiratória Bovina (SRB).
“A SRB tem um impacto mundial no valor de 3 mil
milhões de dólares, representando 50% da mortalidade
na engorda, e cerca de 30% da mortalidade nas recrias
após o desmame”, declarou George Stilwell, Professor da Faculdade de Medicina Veterinária de Lisboa,
diante de uma plateia de cerca de 150 médicos veterinários.
As perdas de produtividade relacionadas com a SRB
não se resumem à morbilidade e mortalidade, há que
ter em conta que “os animais com lesões pulmonares
não chegam a atingir o seu potencial máximo, reflectindo-se na qualidade da própria carne, sem esquecer
todas as questões ligadas ao sofrimento do animal”,
explica George Stilwell.
Segundo André Preto, Especialista Técnico de Ruminantes da MSD Saúde Animal, o tratamento e a prevenção eficazes da SRB são fundamentais, por um
lado, “para proteger os animais e por outro, para manter a sustentabilidade dos criadores, que geralmente
não associam a diminuição dos ganhos médios diários
com a presença de patologia nas suas explorações. Isso
traduz-se em animais que devido à morbilidade nem
sempre visível, não vão ter a performance produtiva
normal”.
A SOLUÇÃO – PREVENÇÃO
E DIAGNÓSTICO PRECOCE
Apesar dos esforços dos criadores e veterinários, a
origem multifactorial da doença (causas ambientais,
stress do animal, predisposição morfológica e genética
e infecções virais ou bacterianas) dificulta o controlo
da SRB, que é geralmente diagnosticado através da
temperatura dos animais. No entanto, embora seja o
método mais utilizado, não parece ser o mais certeiro,
uma vez que “55% dos animais que chegam ao matadouro têm lesões pulmonares”, explica George Stilwell.
“Antes ventilar que vacinar” é a citação favorita do
Professor, referindo-se às condições deficitárias de algumas explorações, que acabam por ser um factor de
grande risco para a proliferação da SRB. Na opinião
deste médico veterinário, a solução do problema passa
por uma aposta clara na prevenção: “identificar os animais que necessitam de tratamento e tratá-los o mais
cedo possível.”
»
A equipa da MSD Saúde Animal, em Portugal.
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Aspecto da assistência ao Evento do Lançamento do antibiótico de
longa duração.
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PRODUÇÃO
SAÚDE ANIMAL
»
VELOCIDADE, LONGA DURAÇÃO
E ACTIVIDADE ANTIBACTERIANA
Francis Adriaens, Global Marketing Director, Lung
Health, da MSD Saúde Animal, apresentou dois estudos, um de laboratório e outro de campo, onde ficou
demonstrado que “a combinação de características do
produto, a velocidade, a longa duração e a actividade
antibacteriana, faz deste produto o novo paradigma
para o tratamento e prevenção da SRB”, explica.
Em ensaios comparativos, as concentrações da substância activa deste novo antibiótico no pulmão de bovinos mostraram ser superiores a 1µg/ g, após 28 dias.
Por outro lado, este antibiótico de longa acção comporta o menor volume de dose, comparativamente
com qualquer tratamento de SRB disponível - 1 mL
por 45 kg de peso corporal, sendo que a sua formulação altamente solúvel, específica para bovinos e é fácil
de injectar mesmo em baixas temperaturas.
Finalmente, os estudos demonstram que o antibiótico de longa acção da MSD Saúde Animal “apresenta
também um intervalo de segurança de apenas 47 dias,
menor do que qualquer antibiótico para a SRB da
mesma categoria”, explica Francis Adriaens.
Ano Internacional
da Veterinária
ESTE ANO CELEBRA-SE O
250º ANIVERSÁRIO DA PROFISSÃO
VETERINÁRIA
A profissão veterinária merece hoje, mais do que nunca, ocupar
um lugar destacado. Ao garantirem a saúde dos animais, as repercussões da veterinária na agricultura contribuem para o desenvolvimento económico dos países, especialmente nas zonas mais
pobres da Terra.
Com responsabilidade na detecção dos possíveis riscos sanitários ao longo da cadeia alimentar, os veterinários estão à frente da
prevenção e do controlo das doenças dos animais.
Para celebrar esta data e lembrar o papel crucial que os veterinários desempenham na vida diária de todos nós, a Organização
Mundial de Sanidade Animal (OIE) e a Direcção Geral de Saúde e
Protecção dos Consumidores da Comissão Europeia levaram a
cabo uma série de iniciativas, entre as quais um concurso fotográfico. As fotos vencedoras foram escolhidas em função da sua relevância relativamente ao tema, originalidade, e qualidades estéticas.
PLATAFORMA DE SAÚDE PULMONAR
O lançamento deste antibiótico de longa duração da
MSD Saúde Animal para o controlo da Síndrome Respiratória Bovina, em Portugal, contou com a presença
de Fernando Heiderich, Global Director da MSD e
responsável máximo da sua divisão de Ruminantes,
que explicou que “com o lançamento deste produto, a
empresa completa a solução integrada para a Plataforma de Saúde Pulmonar de bovinos que, para além
das terapêuticas onde o este antibiótico se inclui, comporta uma série de serviços que permitem que os veterinários e produtores desenvolvam estratégias de
gestão da SRB personalizadas”.
O que falta então para o controlo da Síndrome Respiratória Bovina? “Prevenção e monitorização”, explica Fernando Heiderich, que encerrou a sessão com
um apelo aos colegas médicos veterinários: “A cobertura da vacinação em Portugal está abaixo dos 40%.
Vacinem os vossos efectivos!”.
Sobre a MSD Saúde Animal
A Merck é hoje líder mundial na área da saúde e trabalha para
contribuir para o bem-estar mundial. A MSD Animal Health conhecida como Merck Animal Health nos Estados Unidos e no Canadá, é a unidade de negócios global de Saúde Animal da Merck.
A MSD Animal Health oferece a médicos veterinários, produtores,
proprietários de animais de companhia e autoridades governamentais a mais ampla variedade de soluções em serviços de gestão
de saúde, vacinas e produtos farmacêuticos veterinários.
A MSD Animal Health dedica-se a preservar e melhorar a saúde, o
bem-estar e o desempenho dos animais, investindo extensivamente
em recursos amplos e dinâmicos de I&D e numa rede de fornecimento global e moderna. A MSD Animal Health está presente em
mais de 50 países e os seus produtos estão disponíveis em 150
mercados.
Para mais informações, visite www.merck-animal-health.com.
54
(Autor da foto: Somenath Mukhopadhyay)
Foto Vencedora — Índia: Veterinário tratando uma cabra infectada com
a peste dos pequenos ruminantes.
(Autor da foto: Bojia Endebu Duguma)
Foto distinguida com o Prémio Especial OIE — Etiópia: Grupo de homens reunidos com
os seus cajados, enquanto aguardam que os seus burros sejam desparasitados no Donkey
Sanctuary (Santuário dos Burros), uma organização benemérita que assiste os burros e
mulas da região, onde estes animais são os segundos braços de trabalho do homem.
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SEGURANÇA
SEGURANÇA
na sala de ordenha
Limpeza
No primeiro contacto com a vaca para
limpeza dos tetos, é muito importante que
não a assuste.
A sala de ordenha é um dos locais da exploração onde os
acidentes podem ocorrer. Os produtos químicos utilizados para
lavagem e limpeza de equipamentos são potencialmente perigosos
para os empregados, animais e meio ambiente, se não se tiverem
os cuidados necessários na sua utilização e manuseamento.
Produtos químicos
Produtos químicos utilizados na lavagem e
limpeza de equipamentos são perigos potenciais
para os trabalhadores, animais e ambiente.
Movimentação das vacas
Ajuda na movimentação das vacas – este trabalho é potenciador
de riscos, principalmente com novilhas que ainda não estão
habituadas. Deve ter em atenção as zonas de “aperto”.
Pedilúvios
Nos pedilúvios, frequentemente existentes
em algumas áreas do corredor de retorno,
os produtos químicos utilizados devem ser
manuseados com especial precaução.
Preste especial atenção à abertura e fecho de
cancelas e a objectos protuberantes. Tenha
igualmente cuidado em não se colocar atrás
dos animais pois pode levar um coice.
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EQUIPAMENTOS
Novidades seleccionadas
De 13 a 16 de Setembro decorreu em Rennes, França, mais uma edição da reputada feira
internacional de agropecuária - o SPACE. Entre os muitos produtos e serviços apresentados este
ano, de novo, pelos expositores, um júri constituído por especialistas neste sector seleccionou
54 novidades. Destas, apresentamos as que mais se relacionam com o equipamento utilizável
nas explorações de ruminantes, podendo as restantes serem consultadas em www.space.fr.
AGRIMAGE
AGID
Assistente de ordenha
O sistema ID_Traite ajuda os produtores de leite na decisão durante a
ordenha. Pela utilização da identificação electrónica com os brincos RFID, as vacas são reconhecidas na
entrada para a sala de ordenha através de uma antena (ou posto a posto).
O seu número, assim como a sua localização são comunicados a um software que exibe esta informação num
grande monitor (27"). Ao número da
vaca, o criador pode associar informações ou alarmes que serão visualizados alternadamente com o
número de localização da vaca. Todas
as informações relevantes durante a
ordenha estão visivelmente disponíveis e podem ajudar a tomar as decisões correctas. A substituição da
máquina de ordenha e a troca de directivas são também automatizadas.
O ID_Traite também pode interagir
com outro software para exibir informações adicionais úteis. Por extensão, a automação de triagem na saída
da sala de ordenha também é muito
mais fácil. Este sistema também pode
ser usado em salas de ordenha ovinos
e caprinos, bem como nas salas de ordenha rotativas.
[email protected]
www.agid.fr
56
Equipamentos para explorações
de pequena dimensão
Este sistema permite armazenar até 10
pares de botas ou baldes verticalmente. E
os baldes e botas podem ser limpos com
água e secas adequadamente. Estando sujeito à corrosão pela água e produtos de
limpeza, este equipamento é fabricado em
aço 100% inoxidável.
O suporte para baldes e botas oferece
vantagens em termos de organização e de
qualidade sanitária e permite:
- Encontrar os baldes e botas no mesmo
lugar, sempre limpos; melhorar a arrumação nos espaços de trabalho,
- Melhorar a qualidade sanitária e a limpeza do recipiente mais frequentemente utilizado (o balde);
- Limpar regularmente as botas.
DELAVAL
Cilindro de água PRO
O cilindro aquecedor de água Delaval
é um aquecedor de
água tipo industrial
que permite obter
uma temperatura de
saída de água quente
de 95 °C para 250 litros. O seu fabrico
em aço inoxidável
com revestimento
especial de camada
única permite-lhe
resistir a sobrepressões mecânicas importantes induzidas por temperaturas
de aquecimento elevadas. O cilindro
também é resistente a todas as agressões químicas potenciais provocadas
pela água: esta estabilização do aço
permite oferecer modelos sem ânodo
de protecção.
O cilindro é baseado num sistema de
aquecimento "banho-maria". A resistência é blindada e está inserida num
tanque inferior onde a água nunca é
renovada. Esta cuba aquece um balão
superior, alimentando o circuito de
limpeza da máquina de ordenha.
Assim, não há risco de depósito de
calcário na resistência. O cilindro de
água de reservatório duplo da Delaval não tem portanto limitação de uso
com águas duras, qualquer que seja o
nível de dureza.
[email protected]
www.agrimage.fr
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[email protected]
www.delavalfrance.fr
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EQUIPAMENTOS
DIVERSEY FRANCE
EasyFit Plus
KVERNELAND TAARUP FEEDING
Desensiladora cortadora
de fardos 850 SL
Nas desensiladoras cortadoras de fardos
da Kverneland, o tambor é accionado por
uma correia. Sendo desprovido de sistema
de embraiagem hidráulica ou eléctrica,
quando a turbina arranca o tambor entra em
rotação e a forragem entra para a câmara
da turbina podendo ocasionar um bloqueamento. Para ultrapassar este problema, a
Kverneland desenvolveu o sistema Drum
Feed Control. O controlo da forragem é obtido pela abertura/fecho progressivo dum
pente rotativo situado sob o tambor.
Durante o carregamento da desensiladora, o sistema Drum Feed Control está em
posição fechada, o pente colmata o espaço
sobre o tambor. O operador acciona a TDF
para iniciar a turbina e o tambor (o tambor
é accionado directamente pela correia, sem
embraiagem). Uma vez atingida a rotação
óptima da turbina e do tambor, o operador
abre o sistema Drum Feed Control. Seguidamente, basta accionar a correia transportadora para distribuir a forragem.
[email protected]
www.kvernelandgroup.com
O EasyFit Plus é um equipamento destinado à higiene dos tetos, que tem como
principal vantagem juntar três aplicações
diferentes num mesmo equipamento de
base: uma aplicação para produtos em espuma EasyFit Foam, uma aplicação para
produtos espessos EasyFit Thick e uma
aplicação para pulverização. O EasyFit
Plus. O equipamento funciona com ar
comprimido, é fácil de instalar e não
constitui qualquer risco eléctrico (electrocução, fogo). É tecnicamente simples
e é prático de utilizar. A espuma é criada
com a pressão exercida no gatilho da pis-
GARANTIA BVD
Profilaxia
GARANTIA BVD (Diarreia Viral
Bovina) dos vitelos (controlo por
amostra de tecido BVD/TST) é utilizado para vitelos no nascimento. É
feito através de uma analise da cartilagem de orelha usando um aplicador
de brincos que remove uma pequena
amostra de tecido.
É útil para:
- Vendedores de vitelas de substituição
(reprodução) com menos de 8 dias.
- Vitelos em todos os rebanhos em aleitamento.
- Explorações recentemente contaminadas com o objectivo de diagnóstico
precoce.
O custo é de 12 € por vitelo.
O interesse deste dispositivo para
os criadores é a rastreabilidade perfeita, uma resposta prática para os
animais que não pode ser garantida
por qualquer outro método a um
custo acessível.
www.gdsbretagne.fr
tola imediatamente antes da aplicação no
teto. O EasyFit Plus é adaptado aos pequenos, médios e grandes rebanhos, porque pode alimentar até nove pistolas com
uma linha de distribuição de 40 m. Elimina a movimentação de bidons e de
copos, fonte de contaminações e de desperdício de produtos. Requer apenas uma
pressão de ar máxima de 6 bar. A montagem pode ser feita pelo agricultor e a manutenção é extremamente simples.
Email: [email protected]
Site internet: www.diversey.com
LELY FRANCE
Lely I-Flow
Durante mais de 30 anos obrigou-se as
vacas a recuar para saírem das estações de
DAC (Distribuidor Automático de Concentrados). Actualmente, com o conceito
Lely I-Flow, as vacas podem entrar e sair
do robot Lely de forma natural, isto é, em
linha recta sem obstáculos. Lely I-Flow
permite que as vacas entrem e saiam naturalmente e mais rapidamente.
A box de ordenha foi avançada no estábulo, permitindo às vacas estarem em
contacto permanente com o resto do rebanho, eliminando o stress. O comedouro
móvel recolhe após a ordenha e permite
assim a saída em linha recta. Esta saída rápida aumenta a velocidade de passagem
das vacas pelo robot. Este ganho, estimado em 5 segundos por ordenha, pode
levar a um ganho de 15 minutos por dia
ou seja, a mais uma vaca ordenhada por
dia. O objectivo da Lely é oferecer à vaca
uma ordenha o mais natural possível.
[email protected]
www.lely.com
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EQUIPAMENTOS
A nova série MF
7600 da Massey
Ferguson
John Deere
Série 7R, ainda
mais completa
A nova série de tractores MF 7600, apresentada pela
Massey Ferguson à imprensa especializada europeia
no passado mês de Setembro, segue a mesma linha de
imagem da série MF 8600. Oferece quatro novos modelos com motorizações de 6 cilindros e potência compreendida entre 185 e 235 cv.
A série MF 7600 três opções de transmissão: Dyna6 Eco, semipowershift ou Dyna-VT de variação continua.
Os motores são Agco Sisu Power e3 com Redução
Catalítica Selectiva de segunda geração, com gestão
da potência disponível (Power Management).
A cabina foi completamente redesenhada e proporciona maior visibilidade, mais conforto e mais espaço.
Existem três opções relativamente ao nível de equipamento: Essencial, Eficaz e Exclusivo.
A Massey Ferguson considera que esta série possui
uma excelente relação peso/potência e motores altamente eficientes, numa combinação optima de vantagens para os clientes que procuram um tractor de alta
performance para este segmento de mercado.
O modelo MF7624 Dyna VT foi um dos tractores
nomeados para o concurso europeu Tractor of the
Year®. A nova série John Deere Serie 7R oferece 5 novos
modelos com potências nominais de 230 a 310 cv (169
a 228 Kw) com Gestão Inteligente de Potência segundo a norma 97/68 EC.
Os novos motores que equipam a série 7R estão em
conformidade com a normativa de níveis de emissões
Fase IIIB. O motor PowerTech PVX de 9.0 litros montado nos 3 modelos de maior potência - 7230R, 7260R
e 7280R – caracteriza-se por um turbocompressor de
geometria variável (VGT), recirculação dos gases de
escape refrigerados (EGR) e filtros de escape. Os dois
modelos inferiores em potência – 7200R e 7215R –
equipam com motor PowerTech PSX de 6,8 litros com
dois turboalimentadores em série.
Estes tractores oferecem quatro opções de transmissão: PowerQuadPlus com Speed Matching, AutoQuad
Plus com as funções FieldCruise e Ecoshift, CommandQuad com Efficiency Manager e a nova transmissão infinitamente variável AutoPowr.
Quanto à cabina — Command View II — que
equipa esta série, é a mesma que equipa a da série 8R,
agora com maior conforto, maior visibilidade e mais
74% de capacidade de iluminação.
O júri do concurso Tractor of the Year® nomeou o
modelo 7280R desta série como finalista. Trelleborg lança pneu gigante para tractores
A Trelleborg Wheel Systems apresentará o pneu
TM1000 High Power na feira Agritechnica, Alemanha.
Com um diâmetro de 2.300 milímetros e uma jante de
46 polegadas, o TM1000 é o maior pneu jamais fabri-
58
cado. Este pneu gigante está desenhado para satisfazer
os requisitos mais exigentes da nova geração de motores que equipam os tractores mais potentes. Foi submetido a um grande número de provas com a finalidade »
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EQUIPAMENTOS
Telescópicos
New Holland
para a pecuária
New Holland T8:
mais potência
e produtividade
A New Holland expandiu a gama LM5000 de empilhadores telescópicos, incluindo dois novos modelos compactos: o LM5020 e o LM5030. Estes
proporcionam uma optimização da produtividade, visibilidade a 360° e uma manobrabilidade inigualável,
com um raio de viragem extremamente pequeno de
apenas 3,4 metros e um pedal modulador; tudo isto integrado numa estrutura super compacta não superior a
dois metros de largura e altura.
Disponibiliza um fluxo hidráulico até 110 litros por
minuto para durações de ciclo reduzidas e um desempenho de elevação de 2,8 toneladas.
“O modelo LM5030 é a escolha natural para os criadores de gado que procuram mais potência e capacidade de elevação numa solução ainda mais compacta
que o LM5040, afirmou Pierre Lahutte, Director de
Tractores, Empilhadores Telescópicos e Gestão de
Produtos de Agricultura de Precisão. Os tractores da série T8, com uma grande distância
entre eixos, são compactos e fáceis de manobrar, estando vocacionados para aplicações exigentes, desde a
penetração profunda do solo, cultivo secundário e transporte.
A Série T8 da New Holland, também seleccionada
como finalista ao Tractor of the Year® (modelo T
8.390) incorpora 4 modelos com potências máximas
compreendidas entre 219 e 286 cv. Toda a gama está
equipada com a tecnologia SCR em conformidade com
a norma Tier 4A e sistema de gestão de potência para
disponibilizar mais potencia para a TDF, aplicações hidráulicas e de transporte com um máximo de 49 cv adicionais no modelo T8.390. A caixa de velocidade é
totalmente PowerShift™.
De acordo com o fabricante, quando comparados
com os modelos existentes, compatíveis com as normas
Tier 3, os custos operacionais dos novos tractores da
Série 8, compatíveis com as normas Tier 4A, foram reduzidos em 17%, graças à moderna tecnologia SCR. O
modelo T8.390 está nomeado como finalista do Tractor
of the Year®. de cumprir os mais
ambiciosos objetivos
de rendimento tanto
no campo como na estrada. No campo. o pneu
oferece uma capacidade de tracção
entre 5% e 8% maior que os seus competidores, com
uma área de contacto 5% maior a baixa pressão, graças
à Tecnologia da Trelleborg BlueTire ™. Em estrada, a
baixa resistência ao rolamento possibilita uma poupança no consumo de combustível e uma diminuição
das emissões entre 4% e 6% em comparação com a
média do mercado, o que proporciona aos agricultores
uma poupança até 1.300 euros ao ano. Ruminantes • Outubro | Novembro | Dezembro • 2011
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PRODUÇÃO
A agricultura de conservação
e a sementeira directa em culturas arvenses
Benefícios
Ricardo Freixial, Professor Auxiliar, Universidade de Évora e Agricultor, [email protected]
Mário Carvalho, Professor Catedrático, Universidade Évora, [email protected]
- A plena consciência da
insustentabilidade agronómica,
ambiental e económica do sistema
convencional de instalação de
culturas com recurso a sequências
de operações de mobilização do
solo, por vezes tão longas quanto
despropositadas, com elevados
custos e de impacto ambiental
negativo;
- A constatação do processo
gradual de empobrecimento dos
nossos solos, manifestado
sobretudo pela diminuição dos já
baixos teores de matéria orgânica e
pelo degradar das suas
características físicas, químicas e
biológicas, com reflexos negativos
nas produtividades das culturas;
- A impossibilidade face às actuais
regras da Política Agrícola Comum
(PAC), de manutenção de uma
actividade, principalmente no que
respeita à produção de culturas
arvenses, com elevados custos de
produção (no sistema
convencional) e com sucessivos
abaixamentos quer nos preços do
produto final quer nas ajudas às
referidas culturas.
Remete-nos para a necessidade urgente de repensar, não só a forma de
instalação das culturas mas também
todo o sistema, até porque:
Segundo o International Soil Reference
and Information Centre, são perdidos para
a agricultura anualmente cerca de 2 mi-
60
Cultura arvense em AC/SD
lhões de ha, de entre outras causas, devido
à severa degradação dos solos. Durante os
últimos 40 anos, 30% dos solos destinados à agricultura (1.5 biliões ha) foram
abandonados devido à erosão e sua degradação. O solo agrícola produtivo é um
ecossistema não renovável, em perigo.
Degrada-se a uma velocidade muito maior
que a sua regeneração, que é um processo
muito mais lento. São necessários aproximadamente 500 anos para “refazer” 25
mm de solo perdido por erosão.
Assim, será pois importante fazer
agricultura, procurando manter ou melhorar a fertilidade do solo, de forma
que as gerações futuras possam obter
produtividades iguais ou superiores às
que se obtinham no modo convencional,
melhorando a sua qualidade de vida.
Este conceito de agricultura de conservação visa inverter o ciclo de degradação associado à instalação de culturas no modo
convencional com o recurso à mobilização
do solo. Tem como objectivo a recuperação da fertilidade do solo através da
melhoria das suas características físicas
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Versão completa do artigo em
www.revista-ruminantes.com
(erosão e manutenção ou melhoria da
estrutura), químicas (elevação do teor
de matéria orgânica) e biológicas (criação e manutenção de condições favoráveis para os organismos do solo).
Pretende-se a recuperação da fertilidade
dos solos degradados e prejudicados na
sua estrutura através da agricultura de conservação, adoptando as praticas fundamentais para o sistema como a sementeira
directa, a manutenção de resíduos e a rotação de culturas, para além de outros princípios e praticas acessórias (controlo
integrado de infestantes, utilização de tractores leves e aplicação de rodados duplos
traseiros, ordenamento do pastoreio, etc.).
A natureza mostrou-nos que é possível
fazer crescer plantas sem necessidade de
mobilizar o solo, com todos os inconvenientes já referidos, pois se não fosse assim
os solos virgens não apresentariam qualquer
tipo de vegetação.
O aparecimento da molécula de “Glifosato”, permitiu a criação de um herbicida
total, sistémico e sem acção residual. Nestas condições a preparação do solo com o
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PRODUÇÃO
objectivo de controlar infestantes, deixa de
ser uma técnica indispensável e obrigatória.
Por outro lado, a possibilidade de dispormos de semeadores (Fotos nºs 4e5)
que conseguem semear sem a necessidade
de preparação prévia do terreno, vencendo
a resistência que o solo oferece e por
vezes com quantidades significativas de
resíduos, elimina a obrigatoriedade de
mobilização do solo, seja para alterar a
sua estrutura, incorporar resíduos ou preparar a denominada “cama de sementeira”, indispensável em agricultura com
recurso à mobilização do solo, apoiada em
semeadores convencionais.
Surge então o conceito de sementeira
directa, que poderemos entender como
a técnica de instalação de culturas, na
qual a única operação mecânica do solo
será a abertura de um sulco com profundidade e secção suficientes para a colocação e tapar da semente. Um solo não
perturbado mecanicamente não vê a sua
estrutura prejudicada, antes a vê melhorada ao longo do tempo e conserva ou aumenta o seu teor de matéria orgânica, pois
a taxa de mineralização desta, não é mais
aumentada pelo efeito das mobilizações.
A cobertura permanente do solo com una
camada de resíduos vegetais (mulch), é de
extrema importância para o êxito do sistema de agricultura de conservação/sementeira directa. A manutenção de um
coberto permanente de resíduos homogeneamente distribuídos à superfície, protege
o solo contra a erosão provocada pelo impacto directo da gota de chuva, ajuda no
controlo de infestantes, possui um efeito
positivo na conservação da humidade e
temperatura do solo, e contribui para a melhoria das características químicas (teor de
M.O.), físicas e biológicas do solo.
A rotação de culturas é uma prática
agronómica importante em todos os sistemas de agricultura. A alternância de culturas de espécies com características
distintas ao nível morfológico (sistema radical), ciclo vegetativo (épocas distintas
de sementeira e colheita), e ao nível da sua
resistência a pragas e doenças, contribui
também em agricultura de conservação/sementeira directa, para o aumento da
melhoria das características físicas, químicas e biológicas dos solos.
MUDANÇA DE ATITUDE
A mudança com êxito, de sistemas convencionais de instalação de culturas para a
sementeira directa das mesmas, passa naturalmente pelo abandono das operações
de mobilização do solo, que conduzem à
sua degradação, assim como ao “esquecimento” de toda uma série de conceitos
agronómicos errados, que ao longo dos
tempos a tentaram fundamentar. A sementeira directa é de facto tão diferente das
técnicas convencionais, que o agricultor
deve estar preparado para entender novos
conceitos sem os quais a mudança se torna
muito difícil. A este respeito diremos
mesmo que, antes de mudar de técnica de
instalação de culturas e de semeador, o
agricultor deve antecipadamente mudar de
atitude e procurar entender o novo sistema, entendimento sem o qual as hipóteses de êxito serão muito escassas.
Poderemos dizer mesmo que o grau de
exigência de conhecimentos técnicos, e a
obrigatoriedade de acompanhamento em
permanência para uma melhor compreensão e capacidade de intervenção no dia-adia da exploração, é incomparavelmente
superior à necessária na agricultura convencional e especialmente no período de
transição no qual o entendimento do novo
sistema é menor, as dúvidas são maiores e
portanto o risco de acontecerem erros é
também superior.
Benefícios da agricultura de conservação/sementeira directa
A AC/SD em comparação com a preparação convencional dos solos, tem efeitos
positivos sobre as características químicas, físicas e biológicas do solo, reduzindo
drasticamente ou anulando mesmo a erosão e permitindo a sua regeneração natural ao manter ou aumentar os teores de
matéria orgânica, o que nos permite classificar estas práticas como agronomicamente sustentadas.
EFEITO DA AC/SD NAS
PROPRIEDADES QUÍMICAS DO SOLO
A Sementeira Directa, em comparação
com a preparação convencional dos solos,
tem efeitos positivos nas propriedades
químicas mais importantes do solo. Em
Sementeira Directa registam-se maiores
valores de matéria orgânica, azoto, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, como
também maiores valores de pH e maior
capacidade de troca catiónica, mas meno-
res teores de aluminio (Derpsch et al.;
Crovetto, 1992). O aumento dos teores de
M.O. dos solos, tem um papel fundamental no que diz respeito não só à nutrição
das plantas, como também pode influenciar positivamente as suas características
físicas, ao contribuir para o aumento da
estabilidade dos agregados e para o aumento da capacidade de armazenamento
e retenção de água. (Fig. 1).
A melhoria da fertilidade do solo conseguida após a consolidação do sistema
em AC/SD, pode permitir ao longo do
tempo a diminuição na utilização de alguns factores de produção, nomeadamente fertilizantes como o azoto, o que
vai contribuir não só para a redução dos
custos de produção, mas também para um
menor impacto ambiental das actividades,
conferindo ao sistema uma maior sustentabilidade económica e ambiental.
EFEITO DA AC/SD NAS
PROPRIEDADES FÍSICAS DO SOLO
Comparativamente com o sistema convencional de instalação de culturas com o
recurso à mobilização do solo, a Sementeira Directa conduz a uma melhoria da
estrutura do solo (Fig. 1).
Fig. 1 – Estrutura melhorada de um solo em AC/SD
Conforme podemos ver nas Fig. 2 e 3,
de um solo em sementeira directa há dois
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PRODUÇÃO
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e nove anos, este sistema facilitou a reestruturação e permitiu o aumento da porosidade biológica do solo, efeitos tão
notados quanto maior o número de anos
de adopção da técnica.
A observação do perfil do mesmo solo,
permite ainda verificar que ocorreu o estabelecimento de uma rede contínua de
poros (raízes das plantas e galerias de organismos do solo principalmente minhocas e formigas), ao longo do perfil (Fig.
6), com reflexos imediatos ao nível do
crescimento das raízes e consequente aumento do volume de solo explorado por
estas, aumento das taxas de infiltração, o
que leva a uma drástica redução da erosão, e melhoria no arejamento.
A redução da evaporação da água e a
maior resistência às alterações bruscas de
temperatura são outros factores dos quais
os solos em sementeira directa beneficiam. O aumento da densidade aparente
do solo registado em situações de sementeira directa, parece não se traduzir noutras consequências que não seja o
aumento da coesão do solo e consequentemente o aumento da sua resistência à penetração dos órgãos activos das máquinas,
não colidindo com os aspectos benéficos
já apontados. (Derpsch, et al., 1991).
EFEITO DA AC/SD
NAS PROPRIEDADES
BIOLÓGICAS DO SOLO
A AC/SD permite o aumento da actividade biológica no solo. As Fig. 9 e 10
mostram-nos o aspecto que resulta do incremento da actividade das minhocas num
solo, após respectivamente dois e oito
anos em sementeira directa.
Fig. 2 e 3 – Porosidade biológica de um solo
em AC/SD há dois e nove anos.
As Fig. 4 e 5 do mesmo solo, obtidas
também respectivamente com dois e oito
anos após a adopção da técnica, mostramnos ainda o significativo aumento da densidade de raízes presentes na mesma
profundidade do perfil, que ocorreu ao
longo do tempo.
Fig. 4 e 5 – Densidade de raízes num solo em
AC/SD há dois e oito anos.
62
Fig. 6 – Porosidade contínua no perfil de um solo
em AC/SD há dois e oito anos.
A melhoria das características físicas
dos solos em AC/SD, traduz-se de imediato numa melhoria da transitabilidade
das máquinas no terreno, o que vai não só,
alargar o período disponível para a instalação das culturas como ainda permitir o
cumprimento atempado do itinerário técnico das mesmas sem danos para o solo
nem para aquelas, o que não é possível em
agricultura convencional com recurso à
mobilização do solo (Fig. 7 e 8).
A manutenção dos subprodutos das culturas, assegura a existência de substâncias
orgânicas à superfície que fornecem os
alimentos necessários à manutenção e desenvolvimento dos organismos do solo. A
inexistência de operações de mobilização
do solo em sementeira directa, permite a
existência de uma maior actividade biológica, não sendo destruídas as galerias e canais construídos pelos organismos do solo
(Fig. 11).
Por outro lado, as condições mais favoráveis de humidade, temperatura e arejamento, também possuem um efeito
positivo na vida dos organismos no solo.
Assim, em AC/SD existem maiores popu-
Fig. 7 e 8 – Aplicação de herbicida em pós-emergência e adubação de cobertura em AC/SD
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PRODUÇÃO
ASPECTOS
FITOSSANITÁRIOS EM AC/SD
Fig. 9 e 10 – Actividade biológica num solo em
AC/SD há dois e oito anos.
lações de minhocas (Fig. 12), artrópodes
(acarina, colémbolas, insectos), mais microorganismos (rizóbios, bactérias e actinomicetas)), assim como também fungos
e micorrizas (Derpsch, 1981).
Fig. 11 – Galerias e canais construídos pelos organismos do solo
Fig. 12 – Galerias e canais construídos pelos
organismos do solo (ex: formigas, minhocas)
O sistema de AC/SD, pode criar condições para o aumento de existência de um
maior risco de ocorrência de pragas e
doenças, cujos agentes causadores encontram na camada permanente de subprodutos à superfície e na humidade e
temperatura, melhor ambiente para a sua
reprodução. No entanto, estas condições
favorecem também o desenvolvimento de
muitos insectos úteis (predadores), pelo
que surge um equilíbrio e consequentemente em muitos casos, pode até diminuir
a pressão de pragas e doenças, assim
como a necessidade do uso de produtos fitossanitários. A rotação de culturas é uma
prática que contribui também de uma
forma muito importante em AC/SD, para
o controlo biológico e integrado de pragas
e doenças. A eventual menor pressão de
doenças e pragas com a consequente redução na necessidade de utilização de pesticidas, contribui desta forma para uma
maior sustentabilidade económica e ambiental das áreas em AC/SD.
ASPECTOS AMBIENTAIS EM AC/SD
A preparação intensa do solo, aumenta a
mineralização da matéria orgânica transformando os subprodutos das plantas em dióxido de carbono (CO2), que é libertado para
a atmosfera, contribuindo assim para o
efeito estufa, isto é, para o aquecimento global do planeta.
O carbono do solo é perdido muito rapidamente sob a forma de dióxido de carbono
minutos depois de uma mobilização intensa
deste (cinco vezes mais que nas parcelas não
mobilizadas), em quantidades iguais à quantidade que foi adicionada pelos subprodutos
da cultura anterior deixados no terreno.
Assim, a perda de carbono do solo (sob a
forma de dióxido de carbono - C02), durante
as operações de preparação, é o que diminui
os níveis de matéria orgânica do solo. A
AC/SD, poderá assim compensar parte das
emissões mundiais provenientes dos combustíveis fósseis utilizados também na agricultura convencional com recurso à
mobilização do solo.
A não mobilização do solo em AC/SD,
reduz significativamente a erosão hídrica e o
escorrimento, o que beneficia a qualidade da
água comparativamente com o sistema convencional com recurso à mobilização do
solo, no qual os cursos e reservatórios de
água recebem não só as partículas arrasta-
das, mas também os produtos resultantes da
degradação dos fertilizantes e pesticidas utilizados nas culturas.
Assim, os sistemas agro-pecuários em
AC/SD, são também do ponto de vista ambiental, sistemas sustentados, contribuindo
para a melhoria da qualidade do ar e da água.
EFEITO DA SD
SOBRE A BIODIVERSIDADE
A Sementeira Directa, promove a biodiversidade, ao favorecer a actividade biológica
no solo. O aumento da actividade biológica
nos solos em AC/SD, atrai para estas zonas
uma maior diversidade e quantidade de espécies, nomeadamente aves, cujos hábitos e
necessidades alimentares se encontram asseguradas com estas práticas (Fig. 13).
Fig. 13 – A biodiversidade em AC/SD.
A sustentabilidade das actividades em
AC/SD, bem como a manutenção dos subprodutos das culturas à superfície, permite a
criação e a manutenção de habitats que favorecem a permanência de várias espécies,
entre elas as aves estepárias (abetarda e sisão)
e outras, nomeadamente as cinegéticas.
EFEITO DA SD
NOS CUSTOS DE PRODUÇÃO
AAC/SD, contribui para uma redução directa e indirecta dos custos de produção. A
sementeira directa ao dispensar as operações
de mobilização do solo para a instalação das
culturas, reduz as necessidades de tracção
(menor dimensionamento do parque de máquinas, maior período de vida útil dos tractores, menores custos de manutenção, etc.),
o consumo de combustíveis e as necessidades de mão-de-obra.
A melhoria das características químicas,
físicas e biológicas do solo, com o aumento
da sua fertilidade, vai permitir uma redução
na utilização de fertilizantes e pesticidas, o
que se traduz numa redução indirecta dos
custos de produção.
A redução directa e indirecta dos custos
de produção que se verifica em AC/SD,
conferem ao sistema, sustentabilidade
também do ponto de vista económico.
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PRODUÇÃO
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Após a implantação do sistema
de agricultura de conservação/ sementeira directa
A sementeira directa é somente uma
técnica. É fundamental entender todo o
sistema e continuar a utilizar os princípios
adoptados, assim como algumas práticas
acessórias. Assim, após a mudança (Fig.
14)… sementeira directa sempre!!!
Fig. 16 – Solo nu após queima de subprodutos e
espalhamento de palha à superfície.
uma prática acessória a adoptar e a manter, visando a tentativa de aumento do teor
de M.O dos solos.
AS PRODUTIVIDADES EM AC/SD
Fig. 14 e 15 – Os riscos de compactação do solo
após a mudança.
A sementeira directa não compacta o
solo. O trânsito das máquinas é a principal
causa da compactação do solo, particularmente quando se utilizam máquinas pesadas (tractores, máquinas de colheita, etc.),
com elevadas cargas por eixo e elevadas
pressões nos pneus. Estes efeitos são agravados com o solo muito plástico (Fig. 15).
Um solo compactado, possui uma reduzida taxa de infiltração e má drenagem. As
emergências são prejudicadas, há mau
arejamento, o crescimento das raízes é
prejudicado, o que não permite um normal
desenvolvimento das culturas.
A queima dos subprodutos, uma pratica
que normalmente é utilizada em agricultura convencional com recurso à mobilização do solo, prejudicando a actividade
biológica no solo, não permitindo a contribuição daqueles para o elevar do teor
M.O. e deixando o solo nu e exposto à
erosão, é em AC/SD, totalmente proibida
(Fig. 16). Num solo nu, o impacto directo
da gota de chuva, conduz à selagem superficial do solo, com condições para o escorrimento superficial e erosão hídrica.
O espalhamento de palhas e moinhas, é
64
Não nos parece fundamentada a ideia
por vezes erradamente transmitida de que
à AC/SD, estão associadas mais baixas
produtividades comparativamente com a
agricultura convencional com recurso à
mobilização do solo para a instalação das
culturas (Fig. 17).
A melhoria das características físicas,
químicas e biológicas dos solos em
AC/SD, proporciona melhores condições
para o desenvolvimento das culturas, com
um aumento esperado das produtividades
tão significativo quanto a consolidação do
sistema e conseguido eventualmente com
uma redução de “inputs”, o que tem benefícios, quer na redução dos custos de produção, quer na redução do impacto
ambiental das actividades.
Alguns dos benefícios resultantes da
adopção da AC/SD, são imediatamente evidentes, enquanto que outros apenas se farão
notar a médio e longo prazo (Quadro nº 1).
O respeito pelos princípios agronómicos e
pelas práticas acessórias, deve ser mantido
em todas as fases do processo, que devem
portanto ser cumpridas e respeitadas.
Fig. 17 – Trigo mole em AC/SD (H. do Louseiro
2007/2008)
As fases inicial e de transição, são períodos com alguma sensibilidade, quer
para o solo e culturas, quer para o agricultor ou o técnico, que perante um novo sistema, não possuem dele o total domínio. O
esforço pela análise e entendimento das situações como alternativa ao abandono da
AC/SD, é pertinente e indispensável para a
consolidação, e após esta, a manutenção
deve ser encarada com o mesmo rigor e
respeito pelos princípios e práticas.
A redução da erosão dos solos e a redução da emissão de gases para a atmosfera
(menor consumo de combustíveis e sequestro de carbono), contribuem para a melhoria da qualidade da água e do ar, e assim
para um ambiente de melhor qualidade.
A redução directa e indirecta dos custos
de produção em AC/SD, são aspectos
muito importantes na possibilidade de manutenção das actividades e portanto com
reflexos na melhoria da qualidade de vida,
não só do agricultor, mas também da comunidade em geral.
BIBLIOGRAFIA
Crovetto, Carlos C.(2002) – Cero Labranza.Trama
Impresoras S.A. Chile.
Freixial, Ricardo J. Murteira de Carvalho; Carvalho, Mário J. (2004) – “A Sementeira Directa de Culturas Arvenses. Porquê? Uma Experiência no
Alentejo”. Vida Rural, Nº 1700, pp 38-40.
http://www.rolf-derpsch.com/siembradirecta.htm
Escala de evolução de não mobilização (Quadro 1 – Etapas da transição para a AC/SD)
0 - 10
Fase Inicial
- Reconstrução
de agregados
- Baixa MO
- Baixo resíduos de colheita
- Requerido adicional N
(mobilização)
5 - 10
TEMPO EM ANOS
Fase de transição
- Aumento MO
- Aumento resíduos
de colheita
- Aumento P
- Imob. Nz mín.
Ruminantes • Outubro | Novembro | Dezembro • 2011
10 - 20
Consolidação
- Alto teor de resíduos
- Alto teor de MO
- > CEC
- >H2O
- > Mín. N mobilização
- Ciclo nutriente
> 20
Manutenção
- N contínuo e fluxo C
- >H2O
- Alto ciclo Nutriente
- Uso N e P
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ENTREVISTA
Sementeira directa
Testemunho de um agricultor
Entrevista Ruminantes a Pedro Vacas de Carvalho
Eng.º Agrónomo, responsável pela Herdade da Lobeira
[email protected]
A Revista Ruminantes entrevistou Pedro Vacas de
Carvalho, responsável pela Herdade da Lobeira, no
Ciborro, concelho de Montemor-o-Novo, agricultor
experimentado no sistema de sementeira directa em
culturas arvenses.
É possivel utilizar sementeira directa na instalação
de prados, azevéns e aveia destinadas ao pastoreio?
- Sim, eu utilizo sementeira directa. Este ano vou fazer o
‘Speedmix’ e aveia com esse sistema. Para o fazer, temos que ter
as terras em boas condições; por exemplo, a existência de pedras
dificulta muito o trabalho do semeador porque este faz muita pressão no solo e pode partir os discos. No entanto as pedras são também uma limitação no sistema convencional. Uma vantagem da
sementeira directa é que, uma vez retiradas as pedras, estas não
voltam a aparecer no terreno, pois são as mobilizações do solo,
particularmente as lavouras, que constantemente trazem novas pedras para a superfície do terreno.
que mobilizar a terra para matar as infestantes e utilizávamos poucos adubos, uma vez que a mobilização do solo acelera a mineralização da matéria orgânica. Hoje em dia com os adubos
compostos e com o “Glifosato” é uma alteração significativa.
Em sementeira directa é preciso um domínio muito maior na
utilização de herbicidas pois se estes actuam mal a sementeira
pode perder-se. A adubação tem de ser bem equacionada, particularmente nos primeiros anos, pois a menor mineralização da
matéria orgânica do solo pode induzir deficiências que anteriormente não se faziam sentir. No entanto, com o aumento do teor de
matéria orgânica a médio prazo, o consumo de adubos pode até reduzir-se. Há também que conhecer bem o funcionamento do semeador e regulá-lo para as diferentes situações do terreno. A
rotação de culturas assume uma importância maior na sementeira
directa pelo que também deve ser ponderada nestes sistemas. É
importante procurar apoio técnico na fase de transição entre o sistema convencional e a sementeira directa.
»
Que factores limitam a utilização da sementeira
directa?
- A existência de pedras e afloramentos rochosos é sem dúvida
uma limitação. Outro factor condicionante são os matos que exigem que se faça uma gradagem prévia uma vez que não são destruidos pela sementeira directa. Devemos também evitar que os
animais andem nestas zonas depois das chuvas, pois vão calcar a
terra e compactar o solo, dificultando a sementeira.
O relevo não tem problema; aliás em terrenos com relevos é
preferível fazermos a sementeira directa porque como não mobilizamos a terra há menos risco de erosão.
A decisão de fazer sementeira directa requer alguma
preparação do terreno?
- Se o terreno tiver muitos rodados, se for muito irregular, convém fazer uma gradagem para nivelar o solo, porque a sementeira
directa não faz o nivelamento.
Os conhecimentos técnicos necessários são muito diferentes dos do sistema convencional?
- É sem dúvida uma grande mudança, aprendemos na escola
que é necessário mexer na terra, lavrar fundo. Neste sistema essas
operações não têm lugar. Isto só é possível actualmente graças
aos herbicidas totais como o “Glifosato”, que mata todas as infestantes. Quando usávamos o sistema convencional, tínhamos
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ENTREVISTA
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Quais as razões que o levaram a optar pelo sistema
de sementeira directa?
- No meu caso teve a ver com a redução de custos nomeadamente devido ao preço alto do gasóleo que me levou a pensar reduzir custos com as mobilizações. Por outro lado, com a intenção
de melhorar a estrutura do solo, porque os tractores e os pivots se
atascavam e, sobretudo quando o milho estava alto tinha muito
trabalho para desatascá-los.
A sementeira directa exige grande investimento em
máquinas?
A produtividade por hectare é semelhante à do sistema tradicional?
- Nos dois ou três primeiros anos há um decréscimo da produtividade. Cheguei a ter quebras de cerca de 10% nalgumas culturas, por exemplo em anos muito chuvosos ou em terras muito
pobres em matéria orgânica em que a estrutura do solo era fraca.
Nestes casos, o rego aberto pelo semeador não fechava, a água
conservava-se dentro do rego e fazia apodrecer as sementes.
Depois de dois ou três anos, em anos normais e depois da terra
ter adquirido uma melhor estrutura, a produtividade começa a ser
igual ou até superior.
- Não, para além do semeador que teremos que comprar ou alugar, os tractores até podem ter menos cavalagem porque os semeadores exigem menos potência que a charrua ou o que o chísel.
Na sua opinião a partir de quantos hectares de sementeira directa se pode justificar comprar um semeador?
- Não tenho essas contas feitas há pouco tempo, mas diria que a
partir dos 100-150 ha e se tivermos operadores para as máquinas.
Quanto se poupa com a sementeira directa?
- Eu tinha que fazer sempre uma gradagem, depois fazia chísel
com duas passagens e depois fazia uma ou duas gradagens para
preparar o solo. Ou seja poupamos três gradagens, que demoravam 3 horas (1hora/ha cada gradagem) e mais 3 horas de chísel,
ou seja poupo 6 horas por hectare de trabalho de máquinas.
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