especial capa - Revista Mundo OK

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especial capa - Revista Mundo OK
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agenda e notas
economia
entrevista
comunidade
cidades
dança
encontro
esportes
OKids
educação
automóvel
multimídia
mulher
gastronomia
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especial capa
perdido no japão
turismo
cultura
dekasseguis
click
j-music
eventos
game
animê
mangá
cosplay
tokusatsu
curiosidades
História nikkei de
pescador
V
irou senso comum encontrar pessoas que dizem: “quando o japonês pega gosto por uma
atividade, sai de baixo, pois ele vai fazer, e
bem”. Foi assim com a agricultura e diversos outros segmentos. É assim também com relação aos
peixes.
Quem freqüenta os rios, lagos, represas, pesquepagues e a costa brasileira já deve ter notado a quantidade de nipo-descendentes praticando a pesca.
São conhecidos por carregar grande variedade de
varas, além de molinetes e carretilhas ultra-modernas. Nas maletas, levam verdadeiros arsenais de
iscas artificiais, chumbos, carretéis de linhas e bóias.
Bonés, repelentes, óculos de sol e os mais excêntricos apetrechos completam o kit básico.
Os nikkeis, se não são os grandes responsáveis,
cumprem um papel fundamental no segmento de
pesca brasileiro. Isso não se deve somente à atuação
esportiva ou por lazer. Eles estão em toda a cadeia.
São pescadores comerciais, distribuidores, donos de
restaurantes e lojas especializadas, consumidores e
até apresentadores de televisão.
A Mundo OK foi atrás de personagens e informações que comprovem a relevância do sangue amarelo para a atividade de pesca. Embora seja um segmento ainda carente de maior desenvolvimento, não
foi difícil encontrar gente disposta a falar. O resultado
da missão está na matéria especial.
A próxima edição terá muitas novidades. Será a última antes das comemorações oficiais do centenário
da imigração japonesa, que acontecem a partir da
segunda semana de junho, no Anhembi, São Paulo.
Prepare o espírito para um turbilhão de emoções. A
revista mais querida do centenário mostrará todos os
detalhes.
Capa:
A pescaria como hobby
Imagem: Stock.xchng
Revista Mundo OK – Ano 1 – Número 5 • Diretores: Takashi Tikasawa e Marcelo Ikemori • Editores: Rodrigo Meikaru e David Denis Lobão • Chefe de Arte: César Gois • Diagramação: Danielli Guedes e Sandro Hojo • Tradução: Clarissa Ribeiro • Redação: Daniel Verna, Daniela Giovanniello, Danielli Guedes, David Denis Lobão, Eugenio Furbeta, Felipe
Marcos, Fernando Ávila de Lima, Layla Camillo, Leandro Cruz, Tom Marques, Túlipe Helena, Wilson Yuji Azuma • Correspondente no Japão: Fabio Seiti Tikazawa • Desenhista:
Diogo Saito • Assistente: Bianca Lucchesi • Revisão: Daniel Martini Madeira • Marketing: Leandro Cruz • Assistente de Marketing: Daniel Verna, Hideo Iwata, Nicolas Tavares
• Gerente de Comunicação: David Denis Lobão • Assessoria de Imprensa: Ida Telhada • Atendimento ao leitor: Michelle Hanate • Comercial: Clóvis Irie, Denis Kim, Fernando
Ávila de Lima, Hideki Tikasawa, Keico Ishigaki, Luciana Kusunoki, Luciana Mayumi, Marcelo Ikemori • Digital:
Fabrizio Yamai • Assistentes Digital: Felipe Marcos e Ulissis Massayuki • Administrativo: Suzana Sadatsune,
Camila Yuka Maeda • Planejamento: Karlos Kusunoki • Contato: [email protected] • A Revista
Mundo OK é uma publicação da Yamato Corporation. O Núcleo de Edição da ZN Editora se exime de quaisquer
responsabilidades pelos anúncios veiculados, que são de responsabilidade única dos próprios anunciantes. Os
artigos assinados e as imagens publicadas são de responsabilidade civil e penal de seus autores com a prévia,
devida e expressa cessão de seus direitos autorais à Revista Mundo OK. Rua da Glória, 279 - 8° andar/ Conj. 84
• CEP 01510-001 • Liberdade • São Paulo - SP | Tel.: (11) 3275-1464 • (11) 3275-0432
agenda e notas
RELAÇÕES DIPLOMÁTICAS AJUDA HUMANITÁRIA
TERREMOTO
Um encontro histórico ocorreu no início do
mês, e com perspectivas de melhoras na
diplomacia asiática. A China e o Japão decidiram deixar para trás o passado doloroso e
começar uma espécie de “construção” das
relações pacíficas, sem ameaças recíprocas,
com o objetivo de continuar seu desenvolvimento. O acerto ocorreu após uma reunião em
Tóquio, na qual o presidente chinês Hu Jintao
e o primeiro-ministro japonês Yasuo Fukuda
concordaram em manter contatos oficiais de
alto nível por pelo menos uma vez ao ano. Em
uma declaração conjunta, o chefe de Estado
chinês afirmou que o Japão se converteu em
“um Estado pacífico” nos 60 anos após o fim
da Segunda Guerra Mundial.
Cerca de US$ 10 milhões devem sair do Japão
com um destino certo: ajudar Mianmar (antiga
Birmânia), após o país ser devastado pelo ciclone
tropical “Nargis”. De acordo com o Ministério de
Assuntos Exteriores japonês, a nova remessa
soma-se aos US$ 570 mil que as autoridades
japonesas já haviam anunciado. No auxílio, a ser
distribuído através de várias agências das Nações Unidas, estarão tendas de campanha, geradores de energia, cobertores e outros materiais
de ajuda humanitária de emergência, segundo o
Ministério.
Por dois dias seguidos, o arquipélago japonês
sofreu com abalos sísmicos. Na ocasião, a
região mais atingida foi a capital Tóquio, além
de regiões do leste do Japão. Todavia, as autoridades nipônicas não confirmaram nenhum
ferido ou danos materiais. A Agência Meteorológica japonesa anunciou que uma série de
abalos foi registada no leste do país, um deles
de 5,7 graus de magnitude, no oceano Pacífico, na altura de Ibaraki (cerca de 100 km ao
nordeste da capital japonesa).
ALVOROÇO
FESTA JUNINA
NAMORO VIRTUAL
No dia 14 de junho, das 11:00h às 19:00h, o Colégio Santa Amália realizará a sua tradicional festa
junina: o Arraial do Santa Amália. O evento conta
com brincadeiras tradicionais e outras exclusivas,
uma praça de alimentação com quitutes de dar
água na boca e um show da banda West Rock.
É diversão para toda a família! O colégio fica na
Av. Jabaquara, nº 1673. Para mais informações
acesse www.colegiosantaamalia.com.br ou ligue
para (11) 5071-3555.
Os idosos japoneses, quem diria, estão mais
interessados em manter um relacionamento
afetivo. O meio que usam para encontrar a
cara-metade? A internet. Segundo dados
divulgados por institutos de pesquisas, é
cada vez mais popular a procura por sites de
namoro entre japoneses na terceira idade.
Essa nova demanda evidencia diversas mudanças no comportamento nipônico e nas
relações amorosas e entre país e filhos.
A empresa virtual de namoros norte-americana Match.com chegou ao Japão em 2004
e começa a investir pesado para atrair mais
pretendentes na “idade de ouro”. “Atualmente, é mais aceitável falar com pessoas
nessa faixa etária sobre casamento e amor”,
afirma o presidente da Match.com Japão,
Katsuki Kuwano.
O ator Sylvester Stallone, 61 anos, causou
alvoroço no Japão. Tudo por conta de uma
ação de marketing para promover seu mais
novo filme, Rambo IV, no qual volta à pele do
veterano de guerra americano. Na ocasião, o
norte-americano ganhou uma homenagem no
restaurante Peninsula Tokyo, no qual deixou
gravada sua mão em uma placa de cimento.
A atriz Julie Benz também esteve na cerimônia para promover o filme, lançado no início
do ano.
economia
O Brasil na era do grau de investimento
A
guardado por todos os brasileiros, como
comentei anteriormente em um de meus
artigos, o grau de investimento concedido
ao Brasil pela agência de risco Standard & Poors,
como BBB+, traz consigo uma série de mudanças
ao país.
Mas o que de fato significa um país receber o reconhecimento de grau de investimento ? É simples
a resposta. Todo investidor quer seja pessoa física,
pessoa jurídica ou os chamados “fundos de investimentos”, nacionais ou internacionais, analisam o
risco de investir seu dinheiro em determinado país
ou empresa.
Para a análise de risco são considerados uma série
de fatores, entre eles a estabilidade econômica e
política de um país, a possibilidade de calote de sua
dívida, a inflação, a segurança jurídica, burocracia,
rentabilidade das ações, lucratividade das empresas,
entre outros elementos. Ocorre que existem agências internacionais especializadas neste tipo de avaliação de risco. As mais importantes são a Standard
& Poors, Moodys e Fitch Ratings.
Por esta razão estas agências criam um ranking de
países e empresas que merecem receber investimentos, segundo a credibilidade que possuem junto
ao mercado investidor. Neste ranking há uma área
em que se reúnem os investimentos mais seguros
(grau de investimento), e por isto recebem uma nota,
sendo a mais alta a “AAA” e a mais baixa a “BBB-“.
Logicamente aqueles investidores que buscam fundamento seguro para seus investimento vai levar
em conta a opinião destas empresas especializadas.
Por esta razão é que o Brasil comemorou o “grau de
investimento” e passou agora a contar com a nota
BBB-.
É certo que o país avançou muito em uma série de
setores que permitiram avaliação, com isto, alcançou sensíveis reduções nas vulnerabilidades externas do país e riscos sobre o crédito. Assim, fatores
como estabilidade econômica, controle da inflação,
Texto: Eduardo Guerra
redução da dívida interna, redução no pagamento de
juros, maior controle fiscal, foram fundamentais para
atingir este status.
O resultado deste “prêmio” é o reconhecimento
como um país seguro para se investir. Na prática o
que se assistirá a longo prazo é uma maior entrada
de capital estrangeiro, que procurará investimentos
mais rentáveis e seguros.
Como se sabe existem várias formas de se realizar
estes investimentos. Pode ser através do mercado
mobiliário (Bolsa de Valores), com a aquisição de
ações; pode ser por investimento direto por meio
de estabelecimento de subsidiárias no Brasil para
desenvolvimento de negócios e até mesmo por meio
de aquisição de empresas nacionais.
Aliás, o que se espera com este cenário é um aumento no volume de fusões e aquisições das empresas
brasileiras, tanto por parte dos fundos de pensões
quanto pelas próprias empresas estrangeiras. Neste
caso, não somente as empresas de grande porte
se tornarão alvo deste movimento, uma vez que ,
as empresas de médio porte que tiverem um bom
negócio, e uma boa rentabilidade também poderão
correr atrás deste “dinheiro” que vem chegando do
exterior.
No entanto, as empresas precisam estar preparadas
para este momento, quer seja através da profissionalização de sua gestão, melhoria dos controles
internos e de comando, com maior transparência e
operacionalidade, quer seja, na redução de custos,
entre eles o tributário, e aumento da rentabilidade.
Na condição de consultor de empresas, e tendo assessorado empresas estrangeiras em uma série de
operações de fusões e aquisições, devo dizer que as
empresas brasileiras precisam estar melhor preparadas em relação aquelas questões, que tanto desvalorizam seu negócio no momento da transação.
A empresa até pode ter um ótimo negócio e nicho
de mercado, mas se não se organizar e não se estruturar de forma profissional, muito pode se perder.
Isto porque, o investidor fará uma profunda auditoria em sua empresa, de modo a identificar
todos os seus pontos fracos.
Por esta razão, os empresários não podem perder
de foco que seu negócio também pode aproveitar
o movimento positivo da economia brasileira e
quem sabe até se tornar alvo de investimentos
por fundos de ações ou empresas estrangeiras.
.
Eduardo Guerra é sócio do Guerra, Batista Associados
Rua Itapeva, 240 – cjs. 1701 a 1703
Cep 01332.000 – São Paulo/SP
Telefone:55 11 3251.1188
Fax: 55 11 3251.4956
Website: www.guerrabatista.com.br
e.mail: [email protected]
entrevista
Tizuka Yamasaki - O paradoxo nikkei no cinema
U
ma das diretoras mais importantes e prolíferas do cinema e da televisão brasileira,
Tizuka Yamasaki conhece muito bem os
paradoxos do nissei nascido no pós-guerra. Portoalegrense de berço, mudou-se durante a infância
para Atibaia (SP), onde manteve estreito contato
com a colônia japonesa, sempre incentivada pela
figura marcante da avó Titoe.
Ela, porém, não queria vestir quimono e, por
muitos anos, afastou-se da cultura ancestral.
Inquieta, viveu em São Paulo na adolescência.
Em seguida, transferiu-se para Brasília e, depois,
Rio de Janeiro, em busca do grande sonho: ser
cineasta. Desde então, não parou de trabalhar.
Na década de 70, Tizuka atuou como assistente
de dois ícones do Cinema Novo. Com Nelson
Pereira dos Santos (“O amuleto de Ogum” e “Tenda dos Milagres”) e Glauber Rocha (“Jorjamado
no cinema” e “A idade da terra”), o Brasil real chegou em alta voltagem à alma da nikkei.
O reencontro com o universo dos imigrantes
aconteceu de forma arrebatadora, logo em sua
estréia na direção de longas. Em 1980, lançou
“Gaijin – os caminhos da liberdade”, pelo qual
levou o troféu de melhor filme do Festival de
Gramado.
Nos anos posteriores, Tizuka tornou-se referência, tanto nas telinhas quanto nas telonas. Na
tevê, dirigiu obras de grande repercussão, como
a novela “Kananga do Japão”, além das minisséries “O pagador de promessas” e “A madona
de cedro”. Paralelamente, conciliou a direção de
filmes autorais, como “Parahyba mulher macho”
e “Patriamada”, com a de produções comerciais
– “Xuxa requebra” e “O noviço rebelde” são dois
exemplos.
Há muitas histórias sobre nikkeis que
passam por crises de identidade e até
de rejeição às origens. No seu caso,
aconteceu algo parecido?
Como qualquer criança obrigada a ser o que
não é, passa por rejeições. Não quis vestir
quimono nem abaixar cabeça. Fiz os dois
filmes e refleti muito sobre o assunto. Compreendi a rejeição, consegui me reconciliar
com a cultura japonesa e restaurar meu contato com os espíritos dos antepassados. Estou em paz.
A mulher nikkei tem presença marcante nos dois “Gaijin”. O que a senhora tem de nikkei, além do biótipo?
Não sei se ainda tenho alguma coisa, além do
biótipo. Rejeitei muito a cultura japonesa na
adolescência. Além disso, vivi muito tempo
(30 anos) fora da comunidade. Mas se você
for a minha casa, encontrará a culinária nipobrasileira. Não deixamos de comer ozoni e os
demais pratos típicos do Ano Novo, e colocamos as oferendas no oratório budista.
Há um hiato de 25 anos entre os lançamentos dos chamados “Gaijin 1” e
“Gaijin 2”. Quais mudanças ocorreram
na vida e na obra de Tizuka Yamasaki
nesse período?
Vinte e cinco anos no período mais fértil da
vida de alguém é muita coisa. Tive filhos, fiz
Após 25 anos de seu principal filme, a cineasta
voltou-se novamente à temática nipo-brasileira,
com a continuação do longa de estréia. “Gaijin –
ama-me como sou” narra a história de uma família imigrante em três tempos, desde os primeiros
anos de Brasil até hoje. A produção, que mostra
os conflitos de gerações, os dekasseguis, além
de relatos de amor e superação, rendeu-lhe novamente o maior prêmio de Gramado.
Atualmente, Tizuka dedica-se a seu novo filme,
“Amazônia Caruana”, que deve chegar aos cinemas em 2009. Ao mesmo tempo, capta recursos para dirigir um documentário sobre a artista
plástica Tomie Ohtake.
Em meio ao corre-corre do atarefado dia-a-dia,
ela, que completa seis décadas de vida no próximo ano, concedeu a seguinte entrevista à revista
Mundo OK.
outros filmes descobrindo outras temáticas
que me emocionaram, descobri a televisão,
fui cobrada pelos movimentos políticos, ambientais, femininos, sociais. E envelheci na
idade. Creio que me tornei mais terna, humana e consciente de que cada vez sei menos.
Sua avó Titoe inspirou personagens
para os dois filmes da série. Ela parece ser uma figura marcante em sua
vida, não?
Na minha família ninguém fazia o que minha
avó não queria. Era a líder e apontava o rumo
da vida da família. Acho ainda que continua
sendo a matriarca, com seus 103 anos de
idade. Tudo em casa gira em torno dela.
A senhora chegou a mencionar em
entrevista que a princípio não estava interessada em participar das
comemorações do centenário da imigração japonesa, mas mudou de idéia. Por quê? De quais maneiras tem
se envolvido?
Penso que nunca fui tão deselegante para
dizer que não me interessava participar das
comemorações. Talvez o que não tenham
entendido é que eu disse não ter muita coisa
a fazer para as comemorações, já que fiz dois
longas sobre o assunto. Sou da Comissão
Honorária do Ministério de Relações Exteriores e, como tal, tenho a minha participação.
comunidade
Cara nova para a Liberdade
Obras de revitalização ganham
aprovação da Prefeitura de
São Paulo
Texto: Redação | Fotos: Ricardo Fonseca - Secom
N
o ano das comemorações do Centenário da Imigração Japonesa, o
tradicional bairro da Liberdade ganhará o “Caminho do Imperador”,
um conjunto de obras para revitalizar a região, inspirado no trajeto
percorrido pelo Imperador Akihito quando esteve em São Paulo, há 11 anos.
Para renovar o tradicional bairro do Centro da Cidade, o prefeito Gilberto
Kassab assinou no fim de abril um termo de cooperação com o Instituto
Paulo Kobayashi, que ficará encarregado de captar recursos e realizar as intervenções propostas, sem ônus para a municipalidade.
“A Prefeitura, com seus parceiros, vai recuperar a Liberdade. Este projeto
faz parte das comemorações do centenário da chegada dos japoneses ao
Brasil. Vamos restaurar o bairro que tem um valor simbólico especial para a
Cidade”, afirmou Kassab. “São Paulo é, entre todas as cidades do mundo, a
que mais japoneses tem fora do Japão”, acrescentou o prefeito.
O projeto arquitetônico e urbanístico para reconfigurar a Liberdade abrangerá
espaços públicos, fachadas de edificações, mobiliário urbano e equipamentos
de governo. “O bairro da Liberdade, com toda a sua história, é um patrimônio
da Cidade. Uma região que mantém as tradições de seu povo, ao longo dos
anos. Merece este grandioso projeto de revitalização”, disse Andrea Matarazzo, secretário das Subprefeituras. Desenvolvido pelo arquiteto Márcio Lupion, o projeto vai adequar a Liberdade aos moldes da arquitetura oriental. As
obras deverão estar concluídas em 36 meses.
Os trabalhos devem começar pela praça da Liberdade, cujo piso será substituído por placas de concreto antiderrapante. O posto policial existente no
local vai ser reformado, com arquitetura oriental. A primeira fase das obras
prevê restauro e redesenho de fachadas de estabelecimentos comerciais.
Caberá ao Instituto Paulo Kobayashi captar R$ 41 milhões para executar o
projeto, além de obter a adesão dos proprietários dos imóveis. A Secretaria
das Subprefeituras e a Subprefeitura da Sé ficam incumbidas de analisar,
aprovar os projetos e fiscalizar o andamento das obras.
Em quatro viadutos serão feitas homenagens às comunidades orientais.
São os seguintes: Cidade de Osaka e Mie Ken, que lembrarão a comunidade
japonesa; Guilherme Almeida, com deferências à comunidade coreana; e
o Shuhei Uetsuka, que prestará homenagem aos chineses. O Mie Ken e o
Shuhei Uetsuka ganharão novos torii, um tipo de portal, enquanto o Cidade
de Osaka será reformado.
Praças, jardins, ruas e calçadas da Liberdade receberão intervenções. Ao
longo do caminho serão plantadas 4 mil árvores tradicionais do oriente. Na
praça Almeida Junior será esculpida a estátua de Buda, com seis metros de
altura, sobre fonte de flores de lótus.
cidades
Cultura japonesa aterrisa em Osasco
Primeira edição de Japan Matsuri mostra força da
comunidade local
Texto: Redação | Fotos: Divulgação
Para marcar de forma especial o evento, a organização criou as mascotes do Japan Matsuri, criadas
pelo desenhista Bento Mano Kato. O samurai de quimono vermelho saiu do próprio símbolo da Acenbo,
mas sua companheira ninja é uma invenção divertida
e atraente para as crianças. Os trabalhos de criação
ficaram a cargo da agência de comunicação nk2.
Foram criadas peças de divulgação como volantes,
cartazes e anúncios em veículos de comunicação da
comunidade nikkei e da região.
E
m ano de comemoração, a cidade de Osasco, em São Paulo, não poderia ficar de fora. Pensando
justamente em homenagear o Centenário e ao mesmo tempo provar que os nikkeis da região
estão unidos, a comunidade local prepara pela primeira vez um autêntico festival japonês, batizado
de Japan Matsuri, nos dias 31 de maio e 01 de junho.
A organização do evento é da Acenbo (Associação Cultural e Esportiva Nipo-Brasileira de Osasco),
que prepara atrações conhecidas dos freqüentadores de eventos nipo-brasileiros. Estarão lá, por
exemplo, grandes nomes do cenário artístico: Karen Ito, Joe Hirata, Sanae Imamura, Takeshi Nishimura,
a japonesa Mariko Nakahira; além de demonstrações artísticas como Companhia de Danças Panteras,
Himawari, Banda Wasabi, Grupo Choro das 3, Hiro e Eidi, Tontonmi, entre outros.
Segundo os organizadores, todos trabalham “incansavelmente para proporcionar aos visitantes um
ótimo entretenimento e uma festa inesquecível, como jamais Osasco e região conheceram”. Na ocasião, o público poderá desfrutar de diversas atividades relacionadas com a cultura japonesa, como a
sofisticada gastronomia, a estética refinada das danças e outras apresentações exóticas, como taikô,
enka e minyou (música tradicional). Poderão vivenciar, através de workshops, experiências fantásticas
como a arte da caligrafia (shodô), a arte de vivificar plantas e flores (ikebana), a arte da dobradura
(origami) etc.
Aos interessados em ver de perto todas as atrações
do Japan Matsuri, os ingressos custam R$ 3,00 por
dia. Crianças menores de 10 anos e adultos acima
de 65 anos estão isentos do pagamento. Local: Rua
Acenbo, 100, Jardim Umuarama, Osasco. Esta rua é
travessa da Av. Martin Luther King. Mais informações
pelo tel. (11) 3684 0904. Vale lembrar que o festival
acontece das 10 às 22 horas (dia 31) e das 10 às 20
horas (dia 01) e a Prefeitura de Osasco disponibilizará
ônibus circular gratuito, ligando a Acenbo aos bolsões de estacionamento, montado nas imediações e
aos principais pontos da cidade de Osasco, como os
terminais de ônibus.
10
dança
Em busca de talentos N
o ano que comemora o Centenário da
Imigração Japonesa no Brasil, o Festival
Yosakoi Soran ganha ainda mais representatividade. Em sua 6ª edição, o evento tem
data marcada para o domingo, 27 de julho, em
São Paulo, e já está com inscrições abertas. Podem participar grupos de qualquer lugar do Brasil
formados por escolas, associações e entidades
ligadas à cultura japonesa no País.
Este ano, as inscrições estão limitadas a 40
grupos, com o mínimo de oito dançarinos cada,
nas categorias Juvenil (idade média de 15 anos)
e Adulto (acima de 15 anos). O regulamento
estipula o uso obrigatório do Naruko (chocalho
japonês) e da expressão Soran Bushi durante
a coreografia. A apresentação deverá durar no
máxima 5 minutos e poderá ser criada com base
em qualquer ritmo e gênero musical. Os grupos
serão avaliados pelos critérios de técnica, harmonia, criatividade e conjunto. As inscrições podem
ser feitas até 10 de julho, exclusivamente pelo
site: www.yosakoisoran.org.br.
O evento acontecerá no dia 27 de julho, no Via
Funchal. Serão premiados os três primeiros colocados em cada categoria e um grupo destacado
Festival Yosakoi Soran abre inscrições
para grupos; evento ocorre em julho
como o Grand Prix. Ao todo, serão distribuídos
R$ 20 mil em prêmios. O Festival é realizado pela
Associação Yosakoi Soran Brasil, com apoio do
SOHO Hair International e goza dos benefícios da
Lei de Incentivo à Cultura – Lei Rouanet. Mais informações pelo telefone (11) 3541-1809 e email:
[email protected].
História
O Yosakoi Soran nasceu há 16 anos da mistura
de dois estilos musicais regionais do Japão (Yosakoi Bushi e Soran Bushi). O Yosakoi – “a noite
vem” - é um tipo de música originária da província de Kouchi, dançada pelos jovens nas ruas,
de maneira viva e vibrante. Soran é uma canção
folclórica rítmica, comum entre os pescadores de
Hokkaido, que usam a expressão como um grito
de guerra.
Um universitário de Hokkaido conheceu o Yosakoi
ao passar por Kouchi e decidiu introduzi-lo em sua
cidade natal, acrescentando elementos do Soran.
Dessa combinação surgiu, em 1991, o primeiro
Festival de Yosakoi Soran no Japão, com 10 equipes e 1.000 participantes, que dançaram para
cerca de 200 mil pessoas.
Texto: Redação | Fotos: Divulgação
encontro
Rapadura no sushi - A nova gastronomia
nipo-nordestina
Texto e fotos: Wilson Azuma
Mistura de tendências
O chef Paulo Sérgio Araújo ensina uma de suas
receitas de maior sucesso: a Cavaquinha ao
curry, que tem um pouco de Japão, um pouco de
Nordeste e um pouco de mundo.
Descrição: cavaquinha (espécie de lagosta) grelhada ao molho bisquê de curry, com arroz de
coco e chips de banana. Serve quatro porções.
Ingredientes:
B
aianos, pernambucanos, cearenses. Os
proprietários do badalado circuito paulistano de restaurantes japoneses recorreram aos nordestinos para serem empregados em
suas cozinhas, principalmente a partir do boom
da comida oriental nos anos 90. Eles aprenderam
o ofício e, hoje, muitos se tornaram verdadeiros
mestres. Essa história quase todos conhecem.
O que poucos sabem é que o Nordeste tem mais
a oferecer à gastronomia nipônica, além da mãode-obra. Ingredientes, como coentro, leite de
coco e até rapadura podem combinar perfeitamente com diversas receitas.
Uma afronta aos mais tradicionalistas? Não necessariamente. “O público em geral acha um
pouco ousado, mas, quando prova, elogia, recomenda e torna-se cliente”, garante o cearense
Paulo Sérgio Araújo, chef do conceituado Nori,
no Rio de Janeiro (RJ). Entre os ingredientes da
cavaquinha ao curry, sua especialidade, estão o
hondashi (caldo de peixe) e o curry.
Embora São Paulo seja o centro das experimentações, é no próprio Nordeste que essa influência
fica mais evidente. Alguns dos melhores restaurantes japoneses incluem peixes regionais, como
agulhão de vela, cioba e sirigado, no cardápio.
Eleito nos últimos sete anos o melhor nipo de Recife (PE), o Quina do Futuro tem entre seus pilares
a mescla. “Tivemos de adaptar alguns molhos ao
paladar pernambucano porque, aqui, a comida é
bastante condimentada”, explica o chef e proprietário André Saburó.
Entre mais de 130 opções, o cliente pode
escolher o karê, cozido japonês com carnes e legumes, que leva a brasileiríssima mandioca em
vez da batata.
Há quem não engula esse tipo de inovação. A
gastronomia fusion, porém, desconhece fronteiras. Influenciada por ensinamentos de todos os
cantos do mundo, novos sabores e aromas são
desenvolvidos. Quem já experimentou garante:
a tradição oriental temperada com o sotaque da
terrinha pode dar o que falar.
Molho
- 150 ml de caldo de peixe (5g de hondachi e
10ml de nanpla dissolvidos em 140 ml de água)
- 1/2 cebola média cortada em fatias finas
- 20g de manteiga
- 20g de farinha de trigo
- 1 colher de sobremesa de curry amarelo
- 1 colher de sobremesa de curry vermelho
- sal e pimenta a gosto
- 150 ml de creme de leite culinário
Cavaquinha
- 800g de caldas de cavaquinha
- 10ml de azeite de oliva
Arroz de coco e chips de banana
- 150g de arroz jasmim cozido em água e sal al
dente
- 150ml de leite de coco
- 80g de coco fresco ralado
- 10g de coentro picado
- 2 bananas da terra
Preparo:
1. Molho
Refogue a cebola na manteiga. Acrescente a
farinha, o curry e o caldo de peixe. Mexa bem
para não empelotar. Adicione o creme de leite e
cozinhe por cinco minutos. Tempere com sal e
reserve.
2. Caldas de cavaquinha
Tempere as caldas de cavaquinha com sal e pimenta e grelhe no azeite.
3. Arroz de coco e chips de banana
Aqueça o leite de coco. Acrescente o arroz e o
coco ralado. Deixe cozinhar por 3 minutos. Coloque o coentro e misture. Em uma frigideira, grelhe
as bananas cortadas bem finas.
Montagem
Coloque as caldas de cavaquinha no prato. Ao
lado, sirva o arroz, as bananas. Regue as caldas
usando o molho.
11
12
esportes
A um passo do sonho
Arremessador Jo Matumoto espera chance inédita
em Liga Norte-americana
R
econhecido por seus arremessos precisos e sua personalidade vibrante, o
veterano Jo Matumoto pode se tornar
o primeiro atleta brasileiro a disputar a Major
League Baseball (MLB), a Liga Norte-americana de Beisebol e principal competição do
mundo. No fim de abril, o arremessador de
37 anos foi o destaque da vitória do Syracuse
Chiefs sobre o Lehigh Valley IronPigs por 6 a
5 pela International League e conseguiu uma
promoção dentro do clube, ficando a um passo
da equipe principal.
Matumoto arremessou em três das nove entradas durante a partida contra os IronPigs. Seu
desempenho lhe rendeu a subida do Syracuse
Chiefs (equipe AAA do Toronto Blue Jays) para
a equipe AA. Para estrear na equipe principal
da franquia canadense, o brasileiro terá que
esperar por alguma lesão dos arremessadores
titulares do Toronto.
Texto: Redação | Fotos: Divulgação
CBBS
Por aqui, a CBBS (Confederação Brasileira de Beisebol e Softbol) está com a agenda atribulada. Neste
ano será comemorado o Centenário da Imigração
Japonesa no Brasil e a Confederação não poderia
ficar de fora desta celebração. As comemorações
começaram em fevereiro, quando a entidade promoveu quatro grandes eventos que fazizeram parte
da programação oficial do Centenário. O primeiro foi
o “Jogos da Amizade – Denso x Seleção Brasileira
de Softbol”, nos dias 9, 10, 16 e 17 de Fevereiro, em
Curitiba (PR) e São Paulo (SP).
No softbol, a programação promete ser quente no segundo semestre. Os times universitários Keio e Waseda, a Seleção Colegial Japonesa e a equipe campeã do
Beisebol Semiprofissional Japonês estarão presentes.
Esses eventos caracterizam não só uma justa homenagem a esta importante celebração, mas também
para estreitar mais ainda os já fortes elos entre a colônia nikkei no Brasil e o Japão.
Programação
“Com o desenvolvimento do beisebol brasileiro
e da globalização da MLB, está chegando o dia
em que veremos um brasileiro na liga principal
dos Estados Unidos”, comentou o presidente
da Confederação Brasileira de Beisebol e
Softbol, Jorge Otsuka. “O Jo, que tem lutado
bastante, pode ser esse pioneiro”, complementou.
Eleito o Melhor Jogador de várias edições do
Campeonato Sulamericano de Beisebol, no
qual o Brasil consagrou-se campeão ao derrotar na final a Venezuela em 2005, Jo Matumoto acabou sendo convidado, em 2006, para
treinar junto com a equipe principal do Toronto
Blue Jays na pré-temporada que realizam na
Flórida
- Universidades Keio e Waseda
Data: 07 a 18 de agosto
Locais: Presidente Prudente/SP (09), Maringá/
PR (10), Lins/SP (14),
Ibiúna/SP (16) e São Paulo/SP (17)
- Seleção Colegial Japonesa (Koko Yakyu)
Data: 28 de agosto a 08 de setembro
Locais: Bastos/SP (30), Londrina/PR (31), Campo Grande/MS (03), Mogi das Cruzes/SP (06) e
São Paulo /SP (07)
- Campeão Japonês Semiprofissional (Toshi
Taiko)
Data: 09 a 20 de outubro
Locais: Curitiba/PR (11), Londrina/PR (12), São
Paulo /SP (15 e 16), Ibiúna/SP (18) e São Paulo/
SP (19)
okids
Ayatori: a brincadeira do barbante
O
s japonesinhos não se divertem apenas
com videogames e parafernálias eletrônicas. Na terra de Naruto o dinheiro nem é
tão necessário para ter momentos de alegria e
descontração. Um barbante e muita criatividade
são suficientes para praticar uma das brincadeiras mais populares entre os asiáticos: o ayatori,
chamado no Brasil de cama-de-gato.
Todos ficam espantados pela agilidade e rapidez
com que os nikkeis mirins formam figuras variadas entrelaçando o fio entre os dedos das duas
mãos. Tradição de berço. Algumas das figuras
mais conhecidas são: estrela, vassoura e teia de
aranha. Quando o jogo é de dupla, um vai passando para o outro. É possível criar formas em
conjunto. Os ayatoristas de nível avançado usam
até os lábios e os dedos dos pés como ferramentas auxiliares.
Mas a brincadeira não é exclusividade japonesa.
Gregos, romanos, aborígenes australianos, esquimós e índios Miwok. Em todos os cantos do planeta há vestígios do joguinho de barbante. Na Ilha
de Páscoa é conhecido como kai-kai, praticado
especialmente por mulheres ao som de cantigas.
Para aprender nem é preciso sair de casa. Digite
“ayatori” no buscador do Youtube e encontrará
dezenas de vídeos de craques nipônicos ensinando formas passo a passo. Existe até uma International String Figure Association, com sede em
Pasadena, na Califórnia. Pegado o macete, ensine
o básico aos parentes e amigos. É só praticar e
dar asas à imaginação.
No mundo
Saiba como o ayatori é conhecido em alguns
países:
Alemanha - fadenspiele; schnurfiguren; das
abnehmespiel
Argentina - hamacas
Austrália (aborígenes) - cudgi cudgick; kápan; kumai; kiamai
Brasil - cama-de-gato
China - kang sok
Canadá, EUA e Inglaterra - string figures;
string games; cat’s cradle
Finlândia - sormi-ja; nuoraleikki; rippumatto
França - jeux de ficelle; la scie
Gana - nyansapo; nhama; goro; nsátia; ába
Itália - ripiglino
Japão - ayatori
Indonésia - mobalimata; wanne; kalalèsa;
toêká-toêká
Texto e fotos: Wilson Azuma
Primeiro passo
Conheça a forma básica para começar a brincadeira de dupla. O outro praticante deve formar
uma nova figura a partir dessa forma básica, e,
assim, sucessivamente. Pesquise novidades.
Crie tartarugas, torres, aranhas e vassouras.
A.Estique a corda com as duas mãos. Deixe o
dedão para fora.
B. Gire a corda em volta de cada uma das mãos.
O dedão continua de fora.
C. Puxe com o dedo médio a corda em volta da
mão oposta.
D. Estique.
E.Faça o mesmo com a outra mão, usando o dedo
médio. Formará um X de cada lado.
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educação
Orientais mirins roubam a cena no metrô de São Paulo
Crianças do Uehara Gakuen pararam estação São Bento
N
a tarde do último dia 23 de abril, quem passou pela estação
São Bento da Linha 1 – Azul do Metrô, pôde assistir a uma
apresentação um tanto diferente. Um grupo de crianças da escola Uehara Gakuen presentou os usuários com números de danças
folclóricas.
Curiosos que passavam pelo local até pararam para observar a performance das crianças. Todos vestidos à caráter, seguravam adereços
nas mãos e seguiam os passos dos monitores. Palavras e agradecimentos em japonês eram ouvidos ao fim de cada apresentação.
A simpatia e o entusiasmo dos pequenos foi fundamental para o
sucesso do evento, que atraiu olhares e flashs de todos, que até prolongaram seu horário de almoço para ver o show mirim.
A apresentação também contou com um grupo de senhoras orientais
de Associações da Zona Norte de São Paulo que realizaram números
tradicionais de dança japonesa.
Antes do início do espetáculo, as crianças estavam ansiosas e já despertavam a atenção das pessoas que passavam pela praça de alimentação do Boulevard São Bento.
As coordenadoras da escola levaram os pequenos artistas para tomar
um “lanchinho” com “comidinhas” japonesas, mas nem desta forma
elas se acalmaram. Durante o almoço, todos podiam ver uma mesa
colorida e bastante animada.
O evento mudou por um dia, a rotina dos usuários do Metrô e também
dos “mini-orientais”, que guardarão boas lembranças desta data.
Texto e fotos: Karina Monteiro
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automóvel
Força que vem do Japão
Oitava geração do Honda Accord passa a ser
importada do Japão e traz mais potência, design
moderno e pacote tecnológico inovador
A
lgumas características estão ainda mais
acentuadas. Elegância, luxo e conforto, entre
outras. A oitava geração do Honda Accord é
praticamente um outro carro. São inúmeras transformações que demonstram essa afirmação. Do
design externo e espaço interior à sua potência e à
aplicação de sistemas inovadores. O modelo será
responsável por elevar o segmento sedã de luxo a
um nível superior dentro da indústria automotiva.
A oitava geração do Accord, a quinta
importada para o Brasil, veio com mais
gás. A versão EX V6, por exemplo, recebeu um motor de 278 cv de potência, o
que representa um acréscimo de 38
cv em comparação com a sétima
geração. E mais: vem com a avançada tecnologia VCM2 (Variable
Cylinder Management), que tem
a responsabilidade de identificar
a necessidade de utilizar 3, 4 ou
6 cilindros do motor. Com isso, se
torna mais econômico e consegue
reduzir a emissão de gases poluentes. A versão LX também “cresceu”
e passa a ser produzida com 156 cv
(antes, tinha 150 cv).
Na parte interna do veículo, um espaço amplo e
confortável define muito bem as alterações. Essa
nova geração passa a ter 12 cm a mais em seu
comprimento. Desta forma, oferece ainda mais comodidade aos seus ocupantes. E não pára por aí. A
versão EX V6, a top de linha, dispõe de um sistema
de áudio premium, com espaço para seis CDs, MP3
e subwoofer, que acentua os sons graves.
Texto: Redação | Fotos: Divulgação
A segurança também não é deixada de lado. O novo Accord chega ao País com apoio de cabeça ativo,
para evitar o efeito-chicote, que pode lesar a coluna em caso de acidente. Entre outros itens, também foi
projetado com o Advanced Compatibility Engineering (ACE), que incorpora uma estrutura frontal interna
para auxiliar na absorção e dispersão de impactos em uma grande área.
Com todos esses atrativos, a Honda Automóveis pretende aumentar sua participação na categoria
de sedã de luxo. Entre 1992, início de sua importação, até o final do ano passado, foram quase 14 mil
unidades comercializadas no Brasil. Com o lançamento da oitava geração, a empresa vive a expectativa
de vender 2.037 unidades até o final deste ano.
Importado do Japão, o novo Honda Accord tem três anos de garantia, sem limite de quilometragem, e
está disponível nas cores Preto Nighthawk e Prata Global. O preço público sugerido é de R$ 99.800,00
(LX) e R$ 144.500,00 (EX). Esses valores não incluem seguro.
multimídia
‘Como a brisa do outono’ traz o
teatro nô para São Paulo
L
Texto: David Denis Lobão | Fotos: Divulgação
iteralmente nô significa atuação. Este tipo de teatro japonês é resultado de uma harmoniosa combinação de canto, dança e declamação. Dificilmente encenado no Brasil é um gênero muito popular
no Japão, seu país de origem. O diretor teatral Luis de Assis Monteiro resolveu quebrar este dogma
e encenar uma montagem em São Paulo.
Através da companhia teatral Confraria da Paixão o espetáculo “Como a brisa do outono” ganhou forma, formada em sua maioria por atores de origem ocidental. Encenado a principio como parte da mostra teatral do
Teatro Escola Macunaíma, o espetáculo deve iniciar temporada a partir de julho em São Paulo.
“A preparação dos atores se deu, num primeiro
momento, num contexto de escola, onde tudo
foi muito rápido devido ao cumprimento de um
cronograma. Após a estréia na escola, nós retomamos o trabalho, com ensaios de sete horas
por semana, onde tivemos a oportunidade de
rever muita coisa e também de melhorar não somente o espetáculo, mas também o trabalho dos
atores”, explica Monteiro.
O próprio diretor foi o responsável pela tradução
e adaptação das obras originais. “A escolha dos
textos se deu por uma opção de mostrar a obra de
pelo menos três autores diferentes e ainda abordar diversos assuntos, de maneira que o público
brasileiro pudesse ter uma idéia da abrangência
deste tipo de teatro. Assim sendo, eu procurei
conservar a essências delas, retirando apenas
algumas situações muito específicas da cultura
japonesa e que escapariam à compreensão de
nosso público”, completa o dramaturgo.
A inspiração para “Como a brisa do outono”
veio de três autores Kanze Kiyotsugu Kan´Ami,
Kongo Yagoro e Kanze Motokiyo Zeami, que é
considerado o principal teórico e dramaturgo do
teatro nô. O espetáculo reúne quatro obras dos
autores, criadas entre os séculos XIV e XVI: “O
barco espantalho”, “Komachi em Sekidera”, “A
dama Han” e “Matsukaze”. Os textos abordam
aspectos existenciais da condição humana como
a solidão, a intolerância, a desilusão, a desagregação do ser e o amor incondicional.
O que chama a atenção é a propriedade com que
brasileiro Luiz Monteiro fala sobre o teatro nô e
a maneira como ela domina tão bem a técnica,
sem nunca ter pisado no Japão. Mas logo o diretor nos dá uma explicação pelo seu fascínio pelo
estilo. “Já alguns anos que eu me interesso por
ele, embora muito pouca coisa se tenha publicado no Brasil.
A partir da década de 90 que começaram aparecer
alguns estudos acadêmicos acerca do teatro
asiático. E sempre aguardava uma oportunidade
para realizar um espetáculo a partir dos textos
do nô. Mesmo porque, as obras do nô tratam de
questões profundamente humanas que estão se
perdendo em nossos dias, como a poesia, o respeito ao idoso, a busca da felicidade, o amor sem
restrições, a ética e a dignidade humanas”.
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mulher
Natação para bebês: saúde, interação e afeto
N
a piscina aquecida, a mãe ergue o bebê,
segurando-o por baixo das axilas. Conta:
um... dois... três, e mergulha a criança na
água rapidamente, para, logo em seguida, trazê-la
de volta. Muitos podem achar estranho fazer isso
com alguém que sequer completou o primeiro ano
de vida. Mas, se repararem, durante o movimento
descendente, o pequenino reagiu da mesma forma
que qualquer nadador mais velho. Ele fechou os
olhos e prendeu a respiração. Esse é apenas um dos
exercícios praticados durante as aulas de natação
para bebês, atividade lúdica e saudável que ganha
cada vez mais adeptos em academias, clubes e
clínicas especializadas.
Não é necessário ter medo pelas crianças, pois elas
já estão mais do que habituadas ao líquido, visto que
passaram um bom período dentro da barriga da mãe
durante a gestação. Os médicos recomendam iniciar a prática após os seis meses de idade, quando o
organismo já recebeu as vacinas necessárias e está
mais protegido.
O acompanhamento de mães e babás é fundamental durante as atividades, pois são elas que vão estimular, realizar exercícios e proporcionar segurança
aos nenéns. “Fazemos com que as crianças redes-
cubram o meio líquido. Dominando a água, elas se
sentem mais seguras”, explica a especialista Glória
Cristina Cintra, instrutora da academia Sport Station, no
bairro Interlagos, em São Paulo.
As aulas costumam acontecer duas vezes por semana e têm duração de 30 a 45 minutos. Nesse
período, as crianças são estimuladas a realizar uma
seqüência de exercícios, que têm especificações
próprias e, por isso, devem ser sempre orientados
por um profissional de educação física ou fisioterapia.
É comum observar os participantes cantando músicas infantis, que ajudam a desenvolver os órgãos
sensoriais. Os programas são variados, mas, basicamente, incluem batidas de mãos e pernas, mergulhos, flutuação, movimentação e muita brincadeira.
Os benefícios são muitos. Melhora a coordenação
motora; proporciona noções de espaço e tempo;
aumenta a capacidade neurogógica, cardiorespiratória e muscular; estimula o apetite; tranqüiliza o
sono; e previne doenças. A natação auxilia também
o desenvolvimento psicológico do bebê, já que tem
a propriedade de induzi-lo a ter mais autonomia e,
ao mesmo tempo, como é feita geralmente com as
mães, estreita os laços de amor e confiança.
mulher
Rei lança perfume “Emoções”
E
strela-mor da música brasileira, Roberto
Carlos assina a nova aposta da empresa de
cosméticos Racco: o perfume “Emoções”,
título de um de seus maiores sucessos.
Com o slogan “Nós homens somos românticos. Encante-nos”, o produto foi desenvolvido
ao longo de nove meses, sob olhar atento do
Rei. A fragrância de rosa branca é uma das
características da linha.
O lançamento aconteceu em 17 de abril, no
hotel Copacabana Palace, Rio de Janeiro, com
presença de celebridades como Zeca Pagodinho, Luiza Brunet e Alcione. “’Emoções’ tem
marcado minha carreira. Agora, com a Racco,
eu realmente acompanhei tudo com muito
amor, pensando no que os homens iam sentir
quando sentissem este perfume nas mulheres”,
comentou Roberto.
“Emoções” custa R$ 79,90. Pode ser adquirido
por meio da rede de 350 mil consultores da
Racco espalhados pelo Brasil. O atendimento é
feito também por telefone (0800-601-0303), ou
pelo site www.racco.com.br. A empresa e o Rei
estudam criar um perfume masculino e linhas
de cosméticos nos próximos anos.
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gastronomia
Gastronomia japonesa com alma
Restaurante Makoto aposta em tradição milenar para atrair clientes
Texto: Redação | Fotos: Divulgação
C
om a nova onda da cozinha fusion na atual
gastronomia japonesa em São Paulo, alguns estabelecimentos voltam às raízes
para atrair os verdadeiros amantes da culinária
nipônica. Enquanto alguns chefs apostam na
combinação, às vezes duvidosas, de ingredientes
tropicais nos combinados de sushis e sashimis,
o Makoto Sushi & Sosaku Ryori vai contra essa
tendência: enfatiza os pratos robustos e que se
destacam pela beleza e sabor realçado.
Encravada no coração da Liberdade, o bairro
oriental da capital paulista, a casa situa-se no
Hotel Nikkey Palace, um dos mais conhecidos dos
turistas japoneses que visitam a cidade. Tem à sua
frente o renomado chef Hélio Makoto Yamashita,
que já passou por casas como o Shin Zushi e Sushi Yassu. Sem contar as temporadas no Japão
para aprimorar sua técnica e, claro, montar um
cardápio diferenciado. “Aqui somos estilo japonês
mesmo”, resume ele, com 23 anos de experiência dentro da cozinha.
E como o objetivo é recriar um típico ambiente
nipônico, Makoto não mede esforços para levar
essa “aura” aos pratos. Por lá, nada de rodízio
com pratos frios e quentes ou sushis com ingredientes como banana ou doces. O forte mesmo é
o Omakase (menu degustação), que reúne a essência da gastronomia japonesa. Ou, se preferir,
os pratos específicos que combinam sushis e
sashimis de peixes variados. “Aqui trabalhamos
com peixes direto do Mercado Municipal, além
de ingredientes importados do Japão”, diz. Aos
que preferem diversificar, há ainda opções da
cozinha internacional, pois o restaurante atende
hóspedes do hotel.
Nessa época de frio, as preferências são os pratos
quentes. Em especial o udon, feito com macarrão
especial e complementado com produtos típicos
japoneses. “Como assumimos agora, resolvemos
apostar em soluções diferentes para os pratos.
Renovei o cardápio colocando alguns pratos que
muitos conhecem, mas com um toque
diferente. Acho que isso é o principal aqui no restaurante”, diz o chef, lembrando que muitos clientes são antigos. “São pessoas que conheço há
10 anos e gostam de apreciar verdadeiros pratos
japoneses. Quando preparo um sushi ou mesmo
um prato quente, procuro me manter fiel ao estilo
que aprendi no Japão. E isso faz a diferença.”
Centenário em questão
Com o discurso de sempre manter o foco no
Japão quando vai para o balcão preparar os
sushis, Makoto também não poderia deixar de
lembrar o Centenário da Imigração. A seu modo,
prepara para junho um menu com pratos típicos
da época. Entre as atrações estão tempurá de jiló,
broto de samambaia, oshitashi de serralha, além
dos sushis e sashimis. De sobremesa, o agashi
(iguaria feita com batata-doce). “A idéia é servir
um menu completo que relembre a época dos
primeiros imigrantes. A cada prato que sai da
cozinha, vou explicando como eram as refeições
dos japoneses naquela época”, explica Makoto.
A inspiração para se chegar ao menu veio do Museu Histórico da Imigração, além de conversas
com pessoas da geração mais antiga.
“Na gastronomia, tudo volta às raízes. Então,
nada melhor do que lembrar essa época e trazer
ingredientes que muitos comiam há algumas
décadas. É a homenagem do restaurante para os
imigrantes japoneses”, define.
Makoto Sushi & Sosaku Ryori
Endereço: Rua Galvão Bueno, 425,
Liberdade, São Paulo
Tel: (11) 3207-8511
Horário: a partir das 11h30
Cartão: Visa, Mastercard e América
Express
Média de preços:
Combinado com 26 peças: R$ 46,00
Lámen: R$ 18,00
Nabeyaki Udon: R$ 32,00
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especial capa
Pescaria é “coisa de japonês” - Por lazer, esporte ou business,
O
bjetos estão intimamente associados a
etnias, como árabe e turbante; alemão e
caneca de cerveja; mexicano e sombreiro;
escocês e kilt; argentino e espeto de churrasco;
e, claro, brasileiro e bola de futebol. Os japoneses também têm os companheiros inseparáveis.
Não, não apenas as câmeras fotográficas. Repare: para onde quer que vá uma família nikkei, a
varinha de pesca está junto.
O descendente é apaixonado pela boa e velha
pescaria. Sem muitas opções em terra para a
agricultura e a criação de gado, seus ancestrais
saíram ao mar em busca de alimento. O atum servido cru virou símbolo da culinária do arquipélago,
onde, graças à presença de peixes, polvos, lulas e
algas no cardápio diário, as pessoas vivem mais
de 80 anos em média.
A estreita ligação com a água não se dá apenas pela
necessidade. Ao longo dos séculos, os moradores
do Sol Nascente encontraram na pesca a opção
de lazer para toda família. Aos mais aficionados, o
esporte de contato com a natureza, que exige uma
qualidade inerente aos orientais: a paciência. Para
se ter idéia, as duas principais marcas de artigos de
pesca – Shimano e Daiwa – são japonesas.
A paixão foi transmitida às gerações seguintes, e
chegou ao Brasil pelos imigrantes. Paupérrimos, os
nihonjin trabalhavam nas lavouras de sol a sol. Quando sobrava tempo, uma das poucas distrações era
arrumar uma varinha de bambu, amarrar a linha na
ponta, fixar o anzol, usar uma boa isca, sentar à beira
do rio e esperar. O ritual servia para aliviar o árduo
cotidiano.
Os nikkeis pegaram o gosto dos pais e avós. Hoje,
formam uma comunidade, em
grande parte, responsável pela
difusão da prática, seja por
lazer, esporte ou negócio. São
pescadores inveterados, donos
de pesqueiros, proprietários
de grandes empreendimentos
do setor e presidentes de associações. Tem até pescadorapresentador de programa da
televisão.
Fanáticos e estrelas
Quando o comerciante Paulo
Kubo tinha nove anos, seu avô
o convidou para acompanhá-lo nas incursões pelo rio Feio, em Lins, interior de São Paulo. Foi quando
teve os primeiros contatos com o mundo da pescaria, que nunca mais deixou, mesmo após ter-se
mudado para a capital, em 1955. “A emoção de pegar um peixe é muito grande, dá uma satisfação
enorme”, empolga-se.
Se, em rios, represas, mares e pesqueiros a presença de nikkeis é marcante, salta ainda mais à vista
na mídia, onde aparecem com freqüência para falar sobre psicultura, prática esportiva e tudo que é
alusivo a peixes.
O programa Pesca Alternativa é referência do gênero. Aos sábados pela manhã, milhares de fãs ligam
os televisores no canal SBT para acompanhar as viagens e as dicas. O descendente Nelson Nakamura
é um dos comandantes da atração. Especialista em pesca de tucunarés e robalos, venceu inúmeras
competições desde que deu as primeiras içadas, aos quatro anos de idade.
Ele conquistou espaço com carisma e entusiasmo. Durante a juventude, chegou a trabalhar como
fotógrafo e foi proprietário de uma oficina de funilaria e pintura. Mas a paixão falou mais alto, e, desde
meados da década de 80, vive exclusivamente das varas, anzóis e molinetes, seja como apresentador
de tevê ou homem de negócios. Experiente, ele tem uma tese interessante para explicar o fascínio
que a pesca exerce sobre os nikkeis. “O japonês é um povo que gosta dos detalhes. A pescaria exige
observação e concentração para atingir o objetivo. Isso, o japonês tem”, acrescenta Nakamura, que,
aos 52 anos, é também proprietário de uma fábrica de iscas artificiais, uma escola de pesca e produz
varas customizadas.
especial capa
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a paixão do nipo-descendente pelos peixes vem de berço
Texto: Wilson Azuma | Fotos: Divulgação/Wilson Azuma/ Arquivo Pessoal
Business
Paradigma
Aliar paixão à profissão é algo que os descendentes
sabem fazer bem. Embora o Brasil ainda não possua
tecnologia e know how comparado a de países como
EUA e Japão, desde a década de 90 a demanda por
produtos e serviços tem aumentado.
O exemplo mais emblemático do business associado à pesca é a Sugoi Big Fish, especializada
em venda de incontáveis artigos nacionais e importados. A empresa foi inaugurada em 2001 por
nikkeis, numa época em que, após um boom no
final da década de 90, o mercado estava estagnado.
País com a maior costa tropical, que abriga a maior
rede hidrográfica do mundo, o Brasil é um dos destinos mais interessantes para os pescadores, sejam
eles amadores, esportivos ou comerciais.
“O japonês é um povo que
gosta dos detalhes. A pescaria exige observação e
concentração“
A aposta deu certo e, hoje, a rede é referência
para os aficionados, com 11 lojas no estado de
São Paulo. A meta, ambiciosa, é estar presente
nas principais capitais brasileiras até 2016. “O
mercado é altamente promissor, cresce a cada
mês. A participação japonesa é inevitável, pois é
uma raça cuja pescaria está no gene. Basta entrar em nossas lojas. O que tem de japonês comprando não é brincadeira”, garante o diretor comercial Wilson Katakura. “Quem entra nas lojas
para comprar fica contente, pois está lá por lazer.
Ou seja, tenho contato diário com gente de bem com
a vida. Isso contagia e não traz estresse”, conclui.
O potencial, no entanto, ainda não é totalmente explorado. “Apesar da globalização, deixamos a desejar
em relação aos países de ponta, que são detentores
das grandes marcas. Há um agravante, que é a informalidade de lojas e empresas, que, por isso, não
patrocinam os pescadores profissionais”, lembra
Nakamura.
Preocupados em desenvolver o segmento, os nikkeis
exercem o mesmo papel que tiveram na agricultura,
trazendo novas informações e técnicas, incentivando
sua prática, participando ativamente das discussões
e substituindo o amadorismo pela profissionalização.
Tudo isso, levando em consideração muito mais do
que o dinheiro, mas, acima de tudo, o amor. Se hoje
o setor tem boas perspectivas, e já subiu vários degraus em relação ao passado, boa parcela da responsabilidade é dos filhos e netos dos imigrantes. Ou alguém acha que sem os brasileiros de olhos puxados
o universo da pesca seria o mesmo?
Pesca comercial: do
mar aos restaurantes
japoneses
A pesca comercial no Brasil é pouco desenvolvida,
levando-se em consideração o potencial. Embora
tenha 8,5 mil quilômetros de costa e 12% de água
doce disponível no mundo, o consumo médio de
pescados é de apenas 7 quilos por habitante ao
ano, pouco mais que a metade do recomendado
pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Se
não fossem os japoneses e seus descendentes,
porém, a situação poderia ser pior.
Até os anos 50, o segmento de pescados era
praticamente artesanal, quando a japonesa Taiyo
passou a atuar em Santos (SP). Primeira empresa
internacional do ramo, o negócio trouxe tecnologia e agregou volume ao mercado brasileiro. Mas
com o fim dos incentivos fiscais, fechou as portas
em 1970.
Duas décadas mais tarde, a contribuição nikkei
deu-se por intermédio da Cooperativa Mista de
Pesca Nipo-Brasileira, que chegou a formar o
maior complexo pesqueiro nacional, com 300
barcos, mil empregados e exportações anuais
de US$ 20 milhões. Ambos os empreendimentos
não deram seqüência, mas proporcionaram ao
País experiências inéditas, que serviram de base
para levar profissionalismo ao ramo.
Os nipo-descendentes estão em toda a cadeia
produtiva de peixes. Basta um curto passeio pelo
setor de pescados do Ceagesp (Companhia de
Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo),
maior centro de comercialização atacadista de
perecíveis da América Latina, para observar
a grande leva de nikkeis negociando atuns e
salmões.
Presidente da Acapesp (Associação dos Comerciantes Atacadistas de Pescados do Estado
de São Paulo), Jiro Yamada acredita que a cultura do peixe tem amplo espaço para se desenvolver. Nas várias viagens que fez ao Japão para
conhecer a indústria local, porém, verificou que o
desafio é grande. “A tecnologia é impressionante.
Lá, existem até escolas de pesca. A diferença de
qualidade é muito grande. Quando fui ao mercado
de Tóquio senti até vergonha. Nossos pescados
são muito mal tratados”, verifica. Yamada afirma
que, atualmente, os principais responsáveis
por manter o fluxo de vendas são os restaurantes japoneses. “Sem dúvida, são os grandes
consumidores, principalmente pelo apelo pela
comida saudável que se observa nos últimos
anos”, diz.
26
especial capa
Atum: o rei do sushi e do sashimi
Texto: Wilson Azuma | Fotos: Mitsuyoshi / Divulgação
O
quadro com o contorno do boi, dentro do qual há uma espécie de mapa
anatômico dos cortes da carne, é bastante
característico nos açougues brasileiros. No Japão
há algo similar, com a diferença do desenho, que
mostra o atum, ou maguro, variedade endeusada
pelos habitantes do arquipélago.
Geralmente, o filé é servido cru, especialmente
indicado para degustar a tradicional dupla sushi e sashimi. Os melhores exemplares pesam
a partir de 20 quilos, mas podem chegar a 600.
São encontrados em alto-mar, a pelo menos 200
quilômetros da costa. Para se ter uma dimensão
da popularidade da espécie, um desses peixes foi
arrematado por US$ 200 mil, em 2004, no concorrido mercado de Tsukiji, de Tóquio.
Embora dispute espaço com o salmão pela preferência dos brasileiros, o atum merece destaque
nos cardápios. O sabor é um pouco mais acentuado em relação à concorrente. A textura, por
sua vez, é macia e bem encorpada, o que torna
sua degustação bastante prazerosa.
A coloração do filé deve receber atenção. Muitas
pessoas acreditam que, quanto mais avermelhada, melhor a qualidade, o que não é verdade. As
partes mais valorizadas ficam na barriga – otoro
– e têm cor rosa claro. É onde fica a maior concentração de ômega 3, uma das chamadas “gorduras saudáveis”, que ajuda a reduzir os níveis de
triglicérides e de colesterol ruim (LDL). A espécie
carrega ainda vitaminas A, B e D, além de ferro,
fósforo e potássio.
Como as embarcações percorrem longas distâncias, o rei dos sushi e sashimi chega à maioria
dos restaurantes e peixarias após 15 a 20 dias da
data de captura. A tradição japonesa, no entanto,
diz que melhor é o sabor, quanto mais fresco for
o alimento. Por isso, há grande disputa entre os
estabelecimentos de gastronomia para conseguir
os melhores fornecedores.
No Ceagesp, por exemplo, os corredores do
galpão de pescados são tomados por compradores e chefs, que chegam por volta das 2h da
madrugada para conseguir as melhores levas.
Equipe do Mitsuyoshi leva atum pescado no mesmo
dia aos clientes
Ao menos uma vez por mês, a equipe da casa,
acompanhada de amigos, segue de lancha para
uma área em alto-mar conhecida como Penhasco do Meka, a mais de 110 milhas náuticas do
litoral paulista. O grupo embarca por volta da
meia-noite do Guarujá, e passa o dia pescando
atuns. À noite, retorna para servir o pescado
bem fresco aos clientes. Os mais habituais são
convocados pela internet para participar da degustação. “A carne pescada no mesmo dia tem
um sabor indescritível. É um diferencial nosso;
uma forma especial de tratar os amigos e clientes especiais”, explica o proprietário Pedro
Mitsuyoshi.
“Embora dispute espaço com
o salmão pela preferência dos
brasileiros, o atum merece
destaque nos cardápios. O
sabor é um pouco mais acentuado em relação à concorrente. A textura, por sua vez,
é macia e bem encorpada,
o que torna sua degustação
bastante prazerosa.”
Capital nacional dos restaurantes japoneses,
a cidade de São Paulo abriga casas que levam
esse conceito ao extremo. Famoso pela inovação
e pela grande variedade de peixes e frutos do
mar, o Mitsuyoshi vai diretamente à fonte para
oferecer filés recém-retirados do mar.
Até a década de 70, o atum não freqüentava
o rol dos pescados mais cobiçados. Porém, a
crescente demanda por alimentos saudáveis,
aliada ao boom mundial da culinária japonesa,
tornaram a espécie uma verdadeira preciosidade, seja por seu preço, pelas propriedades
médicas ou pelo sabor inigualável.
2727
28
saúde
Sorriso saudável melhora a qualidade de vida e aumenta auto-estima
V
ocê já parou para ver seus dentes hoje? Pois saiba que, com o sorriso saudável, você tem hálito
puro e dentes fortes, contribuindo desta forma com a sua saúde. Além de ser esteticamente
bonito perante as pessoas.
Mas, para conseguir um sorriso saudável você deve começar com uma higiene bucal escovando bem
os seus dentes, passando o fio dental nos locais dos dentes aonde a escova não alcança, escovando
bem a língua e complementando com um bom enxaguatório bucal. Afinal, com a boca saudável você
evita as cáries, sangramento gengival, problemas cardíacos e câncer bucal.
O índice de câncer bucal no Brasil é muito elevado, segundo o INCA (Instituto Nacional do Câncer) é o
quarto tipo de câncer que mais mata, por isso, faça constantemente o auto-exame, verifique se não há
feridas na língua, bochechas, lábios e gengivas.
Tenha sempre em mente que a prevenção é a forma mais barata, simples e eficaz para manter um
sorriso saudável.
Sorriso saudável é sinônimo de dentes fortes e bonitos e pessoas com dentes bonitos têm a auto-estima mais elevada e isso significa qualidade de vida.
Visite o dentista regularmente.
Dr. Marcelo Kawabe
Mack Odontologia
Rua Apeninos, 930. Conj. 21 - Paraíso
Tel: (11) 5575-0032
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29
30
perdido no japão
Golden Week
S
Por Fabio Seiti Tikazawa*
ão quarto horas da tarde do último dia do
Golden Week** e eu me encontro dentro
de um netocafe (lan house) tentando redigir a matéria desse mês. Certamente vou contar
como foi meu feriadão, mas foram tantos acontecimentos que estou vendo um jeito de resumir
para caber numa página.
Minha primeira semana dourada foi bem agitada, não havia completado nem um mês que
estava morando em Hamamatsu. Logo no
primeiro dia fui conhecer o Castelo de Hamamatsu, construído por Ieyasu Tokugawa, em
1571. Dei uma volta no museu mas como não
haviam guias turísticos nem informações em
inglês, não pude aproveitar totalmente o passeio. No segundo dia, fui até Nagóia conhecer o
Aeroporto Internacional. O lugar não tinha nada
de muito especial, o interessante mesmo foi ver
a quantidade de pessoas que, debaixo de um sol
de mais de 30 graus, se protegiam para apreciar
os aviões.
Voltando de lá, uns amigos japoneses de Gunma
já me esperavam na estação e logo que cheguei
fui levá-los para comer o churrasco brasileiro.
No entanto, o sabor não os agradou muito. Dis-
seram que a carne era muito salgada e limitaramse a comer arroz com torresminho!
No dia seguinte fomos ver dois festivais que acontecem nessa época: primeiro vimos o Hamamatsu
Matsuri, um festival de rua famoso em todo o
Japão, que lembra um desfile de banda misturado
com escola de samba. Depois fomos a praia de Nakatajima ver o Tako Matsuri (Festival das pipas).
No penúltimo dia do feriado, fui ao centro da cidade
numa festa das nações, com barracas de comida
típica de todos os países que têm representantes
morando em Hamamatsu, como Brasil, Peru, Indonésia, Turquia, Tailândia e México. Como já era o
ultimo dia do evento, não haviam mais apresentações ou shows, mas as barracas de comida eram
o suficiente para lotar o evento.
E hoje, ultimo dia do feriado, estou eu aqui, terminando de redigir o texto e prestes a voltar para casa
para recomeçar a rotina.
Nos vemos no próximo mês.
Jya mata.
*Fabio Seiti Tikazawa e publicitario, aspirante a redator, aprendiz de dekassegui e esta perdido no Japao
ha 7 meses.
**Golden week – Como acontecem 4 feriados em seqüência, os japoneses chamam a semana de semana
dourada. Os feriados são: 29/abril - dia do período
Showa, 03/maio - dia comemorativo da constituição,
04/maio - dia do verde e 05/maio - dia da criança.
31
turismo
Arquitetura japonesa no coração
Mogi das Cruzes prova importância dos japoneses ao inaugurar Torii, um dos
maiores do Brasil
Texto: Redação | Fotos: Divulgação
“
O Brasil é um exemplo mundial de convivência fraterna entre diferentes povos e Mogi
das Cruzes constitui-se num símbolo desta
diversidade”. Com esta frase, o prefeito de Mogi
das Cruzes, Junji Abe, abriu seu discurso durante a inauguração do Torii instalado na altura do
número 1.461 da rodovia Mogi-Dutra, próximo
à empresa Horizonte Veículos, no fim de abril. O
portal japonês é o maior do Brasil no gênero, com
8,40 metros de altura por 22 de largura, além da
tradicional cor vermelha.
Ao lado de diversas autoridades municipais,
vereadores e lideranças da comunidade nipobrasileira que compareceram ao evento, Junji
falou sobre os primeiros imigrantes japoneses
que vieram para o País a bordo do navio Kasato
Maru e enalteceu o espírito acolhedor do povo
brasileiro. A inauguração do Torii no dia 25 de
abril marca a data na qual, há exatos 100 anos,
os primeiros 791 japoneses partiam do porto de
Kobe em direção a Santos.
“Os japoneses encontraram aqui inúmeras
dificuldades, mas com muito trabalho, disciplina
e destemor venceram todos os obstáculos e se
integraram de corpo e alma ao Brasil. Este é um
exemplo de como é belo o nosso país: um local
que recebeu de braços abertos não só os japoneses, mas também os espanhóis, árabes, alemães,
italianos e vários outros povos que, hoje, formam
a nossa sociedade. Somos um exemplo de paz
para o mundo”, afirmou Junji aos presentes.
Logo após o discurso do prefeito, as autoridades
descerraram a placa inaugural do Torii, fixada em
uma das pilastras de sustentação. Ao lado do
presidente da Associação Pró-Centenário, Osvaldo Nagao, Junji foi bastante cumprimentado
O que é um Torii?
pelos presentes e enalteceu o ótimo trabalho
executado pelos funcionários da Prefeitura na
confecção do portal: “São servidores humildes,
como marceneiros e capinteiros, que se dedicaram a fazer esta estrutura. Como estamos vendo
agora, o resultado ficou excelente”, disse. O Torii
mogiano será o maior do Brasil, pesando cerca de
duas toneladas.
De acordo com Osvaldo Nagao, a inauguração
do Torii faz parte de um conjunto de iniciativas
que estão transformando Mogi das Cruzes em
um pólo marcante da passagem do Centenário
da Imigração Japonesa no Brasil. “Neste momento, quero registrar toda a minha satisfação,
agradecendo o prefeito Junji não apenas por
este portal que homenageia os japoneses e seus
descendentes, mas por todo o trabalho que a
Administração Municipal vem desenvolvendo em
Mogi nos últimos sete anos, impulsionando cada
vez mais o progresso da cidade”, frisou.
Um Torii (em japonês: 鳥居) é um portal tradicional japonês, ligado à tradição xintoísta e assinala a entrada ou proximidade de um santuário.
O marco é composto por dois pilares verticais,
unidos no topo por uma trave horizontal (kasagi),
geralmente mais larga que a distãncia entre os
postes. Sob a kasagi há outra trave horizontal,
(nuki) que une os dois pilares. Em torno desta
estrutura básica, encontramos múltiplas variações, dependendo do estilo arquitectónico do
Santuário e da sua divindade principal (saijin).
Os templos podem ter um ou mais Torii, indicando a crescente proximidade do local sagrado.
Quando são vários, há, geralmente, um maior
que é chamado ichi no torii (o primeiro torii).
Além disso, os torii também podem estar integrados na tamagaki ou vedação que circunda o
santuário. Os mais utilizados são a madeira e a
pedra, mas não há restrições estabelecidas e,
na actualidade, têm sido construídos torii com
outros materiais.
32
cultura
O Japão em cada um de nós : Mostra do Banco Real revela o
E
m celebração ao primeiro Centenário da Imigração Japonesa no
Brasil, o Banco Real apresenta a exposição “O Japão em cada
um de nós”. Com curadoria dos historiadores Paulo Garcez e
Célia Oi, a mostra é gratuita e ficará em cartaz de 21 de maio a 18
de julho no Espaço de Exposição do Banco Real, localizado na Av.
Paulista, 1.374. A exposição tem por objetivo apontar a importância
da comunidade de origem nipônica na atual sociedade brasileira por
meio do compartilhamento de experiências e culturas durante um
século de convivência. Percorrendo os módulos da exposição, o visitante reconhecerá em seu cotidiano as múltiplas referências do intercâmbio entre os imigrantes, seus descendentes e o povo brasileiro.
“Nessa mostra teremos a oportunidade de vivenciar a influência
da cultura japonesa em nossa sociedade e perceber como nós,
brasileiros, incorporamos hábitos que nos tornam muito mais japoneses do que pensamos”, afirma Fernando Byington Egydio Martins,
diretor executivo de Estratégia da Marca e Comunicação Corporativa do Banco Real. “Os cem anos da imigração celebram história
de intercâmbio cultural e social entre os dois países. A exposição “O
Japão em cada um de nós” oferece a perspectiva histórica e estimula
o diálogo dessas culturas em nosso dia a dia”, completa Fernando
Martins.
Com design expositivo da artista plástica Gláucia Amaral “O Japão em
cada um de nós” é uma mostra interativa, que permitirá ao visitante
vivenciar diferentes experiências sensoriais. Sons, aromas, texturas,
imagens e informações serão apresentados no trajeto da exposição,
que está dividida em cinco módulos temáticos. São eles:
Economia
Enumera as contribuições dos nikkeis nas atividades econômicas
brasileiras, sob três pilares: a vida no campo, a indústria e as instituições financeiras. Entre os destaques deste bloco está a montagem
de uma “feira livre”, com exposição de produtos hortifrutigranjeiros
in natura, que foram inseridos em nosso dia-a-dia por influência dos
imigrantes.
O bloco também apresentará a trajetória do Banco América do Sul
(fundado por imigrantes japoneses em 1944 e posteriormente comprado pelo Sudameris, que por sua vez foi adquirido pelo Banco Real).
Ela será contada por meio de uma seleção de fotografias, propagandas, objetos de trabalho dos bancários e um livro editado com todos
os nomes dos funcionários da extinta instituição, entre outros.
{
Artes
Documenta a presença dos imigrantes japoneses e
seus descendentes nos principais movimentos artísticos brasileiros e suas influências em diversos setores
do cenário artístico nacional, com exemplos na pintura,
cerâmica, ikebana, paisagismo, literatura, indumentária e
artes cênicas e gráficas.
O destaque deste módulo fica por conta de pinturas e
esculturas do acervo do Banco Real. Sob a curadoria da
historiadora e crítica de arte Stella Teixeira de Barros, a
seleção trará trabalhos de artistas imigrantes ou jovens
talentos nipo-brasileiros, como Yoshiya Takaoka, Manabu
Mabe, Tikashi Fukushima, Tadashi Kaminagai e Flávio
Shiró Tanaka.
cultura
33
impacto da imigração japonesa na atual sociedade brasileira
Ciência e Tecnologia
}
Entrevistas e depoimentos gravados demonstrarão a expressiva e crescente atuação de nipo-brasileiros na produção de
conhecimento científico nas principais universidades e centros tecnológicos do país. Serão apresentados vídeos de alunos, docentes e pesquisadores, cujos projetos conquistaram
grande alcance social, e um banco de dados de estudantes
nikkeis das principais universidades estaduais paulistas e paranaenses.
O visitante poderá conhecer grandes contribuições científicas
como a dos pesquisadores Sizuo Matsuoka e Hideto Arizono,
que desenvolveram a variedade RB da cana-de-açúcar. É uma
espécie mais resistente a pragas, contém maior porcentagem
de sacarose e já representa 50% da cana cultivada no Brasil.
A Vida Urbana
Revela a importância das populações nipo-brasileiras na estruturação da
vida urbana no país por meio da configuração peculiar de alguns bairros,
desde a Liberdade – principal referência da cultura japonesa no Brasil – até
bairros não-óbvios, como Saúde, Pinheiros e Vila Nova Cachoeirinha.
O módulo também abordará a vida espiritual, com a difusão de templos,
religiões e formas meditativas, e a arquitetura que reelabora o repertório
tradicional japonês ou utiliza as formas da arquitetura contemporânea.
A Presença no Cotidiano
Em sua última seção, a mostra evidencia a difusão massiva de
produtos de origem nipônica por meio de bens de consumo.
“Se algum visitante ainda não tiver reconhecido a sua porção
japonesa, neste módulo ele não terá mais dúvidas”, enfatiza o
curador Paulo Garcez. “O visitante descobrirá, por exemplo, que
alimentos, artigos de higiene e confecção que fazem parte de
seu dia-a-dia são fabricados há décadas por empresas brasileiras fundadas por imigrantes japoneses e seus descendentes”,
completa Célia Oi.
O segmento apresentará ainda a referência japonesa na prática
de modalidades esportivas, especialmente as artes marciais, e
no entretenimento, por meio da presença de representantes da
comunidade nikkei em programas de TV e propagandas que estão na memória de todos os brasileiros.
Serviço
Exposição “O Japão em cada um de nós”
Local: Espaço de Exposições do Banco Real
Endereço: Av. Paulista, 1374 - São Paulo
Período: 21 de maio a 18 de julho
Horário: segunda a sexta, das 9h às 19h/ sábados,
domingos e feriados, das 10h às 18h
Entrada: franca
34
dekasseguis
Acordo previdenciário pode sair ainda em 2008
Segundo deputado federal Walter Ihoshi, questão beneficiaria ambos os países
O
s japoneses residentes no Brasil e os brasileiros residentes no Japão
que mostram-se preocupados com a questão da previdência social
podem ficar um pouco mais aliviados. O acordo previdenciário entre
os dois países deve ganhar forma ainda neste ano, após o Japão “olhar” o
Brasil com mais atenção – por conta do Ano do Intercâmbio Brasil-Japão
comemorado em 2008. No dia 24 de abril, uma delegação brasileira participou da celebração oficial dos 100 anos de imigração com a presença
da Família Imperial e dos principais
nomes políticos do Japão.
Além da cerimônia, a ocasião serviu
para debater questões pertinentes a
ambos os países, como a previdência
social. A reunião com representantes
japoneses contou com a presença da
ministra Dilma Roussef (Casa Civil),
que viajou ao arquipélago para tratar
de possíveis acordos de cooperação bilateral com o governo japonês. De
antemão, tanto a ministra quanto o deputado federal Walter Ihoshi (DEMSP) avaliaram que o acordo previdenciário é o mais adiantado. Já pelo
lado japonês, o presidente do Grupo Parlamentar Japão-Brasil, o deputado
federal Taro Aso, também acredita que as negociações entre os dois países
andam bem e há chances de ser firmado ainda este ano.
“O encontro com o ministro Taro Aso mostra que o governo japonês está
Texto: Redação | Foto: Divulgação
muito interessado em promover esse tipo de diálogo. Até porque, caso
o acordo seja mesmo assinado, beneficiaria tanto o brasileiro que está lá
trabalhando, quanto os vários executivos japoneses que estão no Brasil”,
salienta Ihoshi.
O objetivo principal das discussões é a implementação de um acordo
bilateral, mediante o qual se possa garantir os direitos da previdência social
nas legislações dos dois países, possibilitando que os trabalhadores migrantes e seus dependentes legais, de ambos os países, tenham assegurados os
benefícios previdenciários nas situações de necessidade. Quando o migrante
tiver direito aos benefícios, ele somará, em um país, o tempo de contribuição
feito à para a previdência do outro.
dekasseguis
35
36
click
Golfe Centenário 2008 no Arujá Golfe Clube:
Kunio Ishihara, Muneki Tikasawa, Massuo
Nishibayashi (Cônsul geral do Japão em SP),
Yoshito Nomura e Makoto Tanaka.
3 Nikkei Matsuri:
Fernando Mukuno, Toshiyaki Tamae, Vereador
Ushitaro Kamia, Vereador Gilberto Natalini, João
Sadao Kitamura e Osmar Maeda
36 Undokai da UCEG:
Workshop de softball para crianças
Marcelo Ikemori recebendo homenagem
na cãmara dos vereadores de SP
3 Nikkei Matsuri:
Stand Praça de Alimentação
Okinawa Santa Maria
3 Nikkei Matsuri:
Mara Maravilha
37
click
Golfe Centenário 2008:
Kayoko Ikoma e Katsunari Takahashi
- Jogadores Profissionais de golfe do
Japão)
Apresentadores do Miss Centenário:
Sabrina Sato e Kendi Yamai
Torneio Nacional de Futsal:
Foto do Primeiro jogo do torneio
36 Undokai da UCEG:
Jun Suzaki do Yassuragui home e locutores
Nikkei Matsuri:
Vereador Gilberto Natalini, Vereador Ushitaro
Kamia e o prefeito de São Paulo Gilberto Kassab
Torneio Nacional de Futsal:
Akio Ogawa (Ícaro), Valter Sassaki (Ass. com.
do centenário - Comissão de esportes), Toshiaki
Tame (Vice-Pres. da liga nacional de futsal) e
Yoshio Imaizumi (Pres. da liga nacional de futsal)
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vitrine
vitrine
39
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jmusic
Dez anos da
morte de hide
Texto: Henrique Duarte
C
ompletou no dia 2 de maio de 2008 dez anos
da morte de Hideto Matsumoto, popularmente
conhecido como hide, uma das figuras mais
importantes do cenário musical japonês.
hide é o grande responsável pela música e pela ideologia
do rock japonês. Foi um dos fundadores do movimento
visual kei, o “pai” de bandas que entraram para a história
de seu país, como L’Arc~en~Ciel, SIAM SHADE, GLAY e
LUNA SEA.
Tudo o que hide produziu há mais de vinte anos atrás sofreu uma
repercussão gigantesca, que ultrapassou, inclusive, as fronteiras
de seu país. Hoje não há banda de rock no Japão que ouse afirmar
não ter sido influenciada por esse grande músico. É como declarou
sabiamente Reo, o guitarrista da banda lynch., para o hide Memorial, uma iniciativa de homenagem do JaME: “hide é e sempre será
nossa origem, e essa origem é universal”.
Estilo subversivo, vontade incontrolável de transpor a ordem, de
inovar, criar, quebrar paradigmas, ignorar as regras e indignar os mais
céticos: hoje vemos muitos artistas japoneses adeptos dessa ideologia,
tão importante na história do j-rock e do visual rock como movimentos
ímpares no mundo todo. Pois essa era a proposta de hide desde que fundou
a Yokosuka Saver Tiger, sua primeira banda, quando adolescente. Em contraste com sua personalidade humilde, essa conduta rebelde está nitidamente
explícita em seus diversos lançamentos, inclusive em Pink Spider - o último
single, o maior hit e a suposta carta de suicídio de hide -, e motivou uma
legião de jovens a questionar o rígido conservadorismo oriental.
Não fica difícil concluir, então, que o Japão ainda está para
conhecer alguém que conseguisse transmitir tão fielmente o
amor pela música como hide fazia.
Entre outras empreitadas, hide já montou uma banda em
Califórnia, nos Estados Unidos, numa tentativa de conquistar
o mercado internacional; gravou o HIDE YOUR FACE, primeiro álbum de sua carreira solo, praticamente sozinho e fundou
em 1996 a LEMONed, uma gravadora dedicada a estimular o
trabalho de artistas indies. Mas faleceu em 1998 (de acordo
com a polícia, o músico se auto-estrangulou com uma toalha)
e entrou para a história da música japonesa.
De 2000 a 2005, esteve aberto em Yokosuka um museu em
homenagem a hide. Este ano, as maiores bandas do rock
japonês da atualidade se reuniram no festival hide memorial
summit. Durante dois dias de shows, revelações como MUCC,
D’espairsRay, heidi., Maximum the Hormone e veteranos como
T.M. Revolution, X JAPAN, Luna Sea e Dir en grey se apresentaram no Ajinomoto Stadium em memória ao músico.
Dez anos se passaram e hide está mais presente do que nunca. O JaME e a Rádio Blast! organizaram em maio diversas
homenagens ao músico. Informe-se, procure conhece-lo melhor
ou simplesmente passe a mensagem adiante. Afinal de contas, é
a ele quem devemos agradecer por toda a variedade e sentimento
que inspiram o j-rock a assumir proporções cada vez maiores no
mundo todo.
41
eventos
Animês e mangás invadem o interior de SP
Texto: Layla Camillo | Fotos: Douglas Ribeiro
N
o clima das comemorações do Centenário da
Imigração Japonesa, foi realizado nos dias 19 e
20 de abril dentro do parque temático Hopi Hari,
em Vinhedo, o evento Japan Hari, que é considerado
um verdadeiro sucesso, já que no domingo o local teve
de fechar as portas com super lotação.
Unindo atrações habituais do público das grandes
convenções de animês, tais como cosplay e animekê,
à mega-estrutura do parque temático Hopi Hari, com
certeza o evento agradou a todos os presentes.
Mesmo com o mau tempo na tarde de domingo, não
faltaram opções de diversão. Entre tantas atividades
disponíveis, as mais procuradas foram os workshops
de cultura japonesa (como taiko) e as atrações de
palco, dentre elas as bandas M’Ai (sábado) e Tatsu
(domingo).
E já que estamos falando de eventos de animê no interior de São Paulo, vale destacar que nos dias 26 e
27 de abril ocorreu em Campinas o Fanmixcon 5 ½. O
encontro atraiu um grande público ao Instituto Cultural
Nipo-Brasileiro de Campinas. Entre as atrações, shows
das bandas Animadness e AniROX, palestra de dublagem com Silvio Navas (o Mumm-ra de “Tundercats”) e
atividades do Centro Cultural Japão.
Confira os resultados dos concursos culturais dos eventos
Japan Hari
Cosplay – Categoria Única (Desfile)
1º lugar: Gabriel “Hyoga de Toalha”
2º lugar: Melissa Giron
3º lugar: “Kaka”
Animekê – Categoria Única
1º lugar: Joyce “Minako”
2º lugar: Caio “Tsubasa” Corban
3º lugar: Thais “Thata”
FanMixCon
Cosplay – Campeões de cada categoria
Livre Individual: Ana Valonia Roessle
Livre Grupo: Ricardo e Chris
Desfile: Gabriel “Otto”
Tradicional Individual: Ana Paula Pereira
Tradicional Grupo: SS Littlefoot
Animekê – Categoria única
Campeão: Fernando “Kira” Martins Leopoldino
42
game
Jogos vitais para o PlayStation 3
Texto: Daniela Giovanniello
N
ão importa como você o chama, se de
PlayStation 3, PS3 ou Play 3. O importante
é que quem gosta de videogames já deve
ter ouvido falar do console da Sony, que foi lançado novembro de 2006 e que até hoje conquista
fãs com seus jogos cada vez mais fantásticos.
Mas se você só conhece o videogame e pouco
sabe de seus jogos. Preparamos uma lista dos
melhores e mais populares games para Play 3. E
como a ordem dos fatores não altera o produto,
ele não está organizado por ordem preferencial. É
somente uma seleção de alguns dos games que
valem a pena serem jogados.
“Devil May Cry 4”
“Gran Turismo 5 Prologue”
A franquia “Devil May Cry”
surgiu como “coadjuvante” de
“Resident Evil”, entretanto ambos acabaram se consagrando
separadamente. Um novo protagonista chamado Nero “chega
chegando” e toma o lugar de
Dante, o caçador de demônios
(personagem principal dos outros
jogos da série), tornando-se alvo
principal da vingança de Nero. O
novato faz parte do grupo que cultua Sparda, o lendário cavaleiro
das trevas que é pai de Dante e
Vergil. Vale à pena conferir pela
alta qualidade dos gráficos, belos
cenários e golpes detalhados.
Em se tratando de game de carros,
este é o que se pode chamar de
profissional. São 40 veículos das
mais diversas montadoras como:
Mitsubishi, Nissan, Lotus e Ferrari
para o jogador escolher e poder pilotar em pistas da vida real como: Suzuka, Eiger Nordwand e The London
City Track. Atendendo a pedidos dos
antigos fãs, um sistema de danos
completo foi implementado, além
do modo online, com suporte para
até 16 jogadores via PlayStation
Network. Sem falar que as reações
dos carros de corrida estão mais
fiéis graças à alta definição dos gráficos e upgrade no visual do jogo.
“Metal Gear Solid 4: Guns “Grand Theft Auto IV”
of Patriots”
“Guns of the Patriots” acontece depois do segundo episódio de Metal
Gear. Nesta época, na década de
60 (quando se passa a história do
game), o protagonista está mais velho,
grisalho e sua roupa fica mais futurista,
mas nada que o descaracterize como
Snake do primeiro e segundo jogos.
Snake se encontra no meio de uma
guerra urbana e é perseguido por
unidades Metal Gear. Os detalhes estão mais realistas em relação às expressões, roupas e armas dos personagens. “MGS 4” é o último dirigido
pelo criador Hideo Kojima.
O cenário escolhido do novo
“GTA” é a cidade de Nova York
e o personagem principal é Niko
Bellic, um imigrante Europeu
que chega aos Estados Unidos
em busca de trabalho, grana e
melhores condições de vida.
Nova York chama-se Liberty City
e os bairros também são rebatizados: o Brooklyn vira Broker,
por exemplo. Na trama, Niko é
influenciado por seu primo Roman e acaba se envolvendo com
atividades ilícitas, apesar de não
ser má pessoa. A partir daí, cabe
ao jogador tomar as decisões do
personagem e divertir-se com o
game.
4343
44
animê
Sucesso japonês chega a Hollywood
Texto: Túlipe Helena
A
obra máxima de Osamu Tezuka, “Astro Boy” (“Tetsuwan Atom”),
idealizado no início dos anos 50 e que conta a história de um menino-robô criado para substituir o filho falecido de um grande cientista,
chegará em breve a Hollywood.
O misto de aventura com ficção científica começou o seu sucesso com a
publicação do mangá de mesmo nome em 1952 a 1963, na revista especializada Shonen. Alguns outros volumes foram publicados pelas editoras: Kobunsha, Dark Horse, Glènat, Standaard Uitgeverij, Carlsen, Bonnier Carlsen e
Panini, responsável pela publicação de três volumes aqui no Brasil em 2007.
A versão do mangá lançada pela Panini foi inspirada na nova versão do animê de Tezuka.
Na história em quadrinhos, Astro o protagonista, foi construído por um rico
industrial e cientista que perdeu seu filho em um acidente. Por este motivo,
ele constrói um robô igual ao menino. Quando percebe que o robô nunca vai
crescer, o cientista se livra dele vendendo o robô para um circo. Um cientista
chamado doutor Elefun ou Ochanomizu que acolhe o menino e começa a
cuidar dele como se fosse seu filho.
Continuando a trajetória de sucesso, “Astro Boy” foi a primeira série animada a ser exibida no Japão. As exibições tiveram início em janeiro de 1963
e foram ao ar até dezembro de 1966.
Após o lançamento no Japão e o aumento da sua fama, o animê logo foi
para a TV americana. O período de maior ascensão foi nos anos 80, mas no
ano de 2003, o animê ganhou novas versões e com elas uma nova geração
de fãs também.
“Astro Boy” foi a primeira
série animada a ser exibida
no Japão. Ao todo foram
cerca de 193 episódios.
“Astro Boy” foi ao ar pelas emissoras de TV Fuji e NBC. Ao todo foram cerca
de 193 episódios.
Quando lançado, o animê foi dirigido por Osamu Tezuka nos estúdio Mushi
Productions e ao longo dos tempos, “Astro Boy” ganhou diversas adaptações.
O jogo lançado para o Game Boy em agosto de 2004, “Astro Boy: Omega
Factor” é prova do sucesso do personagem que trouxe bons frutos através
de licenciamentos. O game foi produzido pela Treasure e distribuído pela
Sega.
O filme
“Astro Boy” será inteiramente produzido em computação gráfica.
A produtora responsável pela produção é a mesma do filme “Tartarugas Ninjas”, a Imagi. Também são parceiros no live-action: Warner
Bross e The Weinstein Company.
Para tornar o filme um sucesso da computação gráfica, vários
produtores renomados participarão do processo, dentre eles: David
Bowers (“Por água abaixo”), Maryann Garge (“Pocahontas”, “Madagascar” e “Spirit”), Francis Kao, Yoshihiro Shimizu, Pilar Flynn e Yan
Chen (“Dinossauros” e “Matrix Reloaded”).
No final do mês de fevereiro deste ano, foi anunciado o dublador
do personagem principal do longa animado, “Astro Boy”. O nome já
é conhecido, Freddie Highmore. Dentre os trabalhos do jovem ator
estão: “A Fantástica Fábrica de Chocolate” e “Finding Neverland”.
A previsão de lançamento do projeto de aproximadamente 50 milhões de dólares é para o segundo semestre de 2009.
O mestre dos mangakás
ou Walt Disney oriental
Osamu Tezuka, morto em 1989, é reconhecido como o maior mangaká,
denominação para os desenhistas de
mangá no Japão, da história.
Sua carreira foi pioneira. Os atributos
utilizados por Tezuka trouxeram a modernidade para as produções, além da
sua influência que definiu a estilização dos traços das HQs e animações, ou
seja, os olhos grandes dos personagens foi criação dele.
Suas produções também são marcadas pelo bom humor, traços claros, imagens simples e enquadramento cinematográfico.
O “Deus” do mangá, como é chamado no Japão, fez com que os quadrinhos
e desenhos animados japoneses se tornassem populares no Japão e no
resto do mundo.
Na sua imensa lista de criações de sucesso internacional estão: “Ma-chan
no Nikki”, “Shin Takarajima”, “Jungle Taitei”, “Ribbon no Kishi”, “Hi no Tori”,
“Black Jack”, “Buddha” (“Buda”) e “Adolf ni Tsugu” (“Os três Adolfs”).
Mas o destaque realmente fica por conta de “Astro Boy”.
vitrine
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mangá
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A história do nazismo em quadrinhos
Texto: David Denis Lobão e Junior Fonseca
O
s mangás constantemente nos remetem
a realidade em que vivemos nos dias de
hoje. É comum lermos histórias que falam
de temas polêmicos como homossexualidade,
pedofilia, incesto e até mesmo temas sociais
como pobreza, prevenção da AIDS e combate ao
preconceito.
Entretanto, um dos temas que vem ganhando destaque entre os mangakás (autores de mangás) são
os quadrinhos com contextos históricos. Dentre eles,
as obras mais conhecidas são as que falam sobre
a bomba atômica e as conseqüências da segunda
guerra mundial para os japoneses. Mas também estão ganhando destaque os mangás que falam sobre
o nazismo na Alemanha nos anos 40.
Uma destas obras chegou ao Brasil, trata-se de
“1945”, de Keiko Ichiguchi, lançada pela editora
NewPOP no Brasil e comercializado pela Comix
Book Shop. Publicado em um volume único com
128 páginas a obra foi o primeiro título publicado pela
empresa no país.
Keiko Ichiguchi estreou no mundo do mangá em
1988. Com o pseudônimo de Keiko Sakisaka, trabalhou para a revista mensal “Bessatsu Shojo Comic”,
publicando “Lucia” (1990) e “Otometachi no Sanka”
(“Cântico para as Garotas”, 1991). Em 1995, realizou
para as edições Star Comics o livro de “Contos Oltre
la Porta” (“Além da Porta”), e em 1997 deu início a
uma colaboração com a editora japonesa Kodansha,
que viu nascer as histórias “1945” e “America”, esta
última contada em capítulos em 1998. Em 2003,
publicou no Japão a saga “Mistery Guide” sobre os
mistérios de Florença para a editora Hakusuisha.
Em “1945” a história se passa na Alemanha do final
dos anos 30. Os nazistas avançam com uma determinação feroz por toda a Europa durante a Segunda
Guerra Mundial. Elen e Maximillian são dois irmãos,
dois jovens estudantes que relutam em fazer parte
das organizações nazistas, mais por inquietação pessoal do que por convicção política.
Serviço:
Mangá a venda na loja Comix
Al. Jaú 1998 - São Paulo - Prox. ao Metrô
Consolação
TEL: (11) 3088-9116 - [email protected]
Seus pais, como muitos
alemães, estão atônitos diante da ferocidade do regime
nazista, mas não tem forças para
reagir a toda aquela brutalidade. Elen conhece Alex
durante as férias. O encontro entre eles é breve, mas
marcaria para sempre suas vidas. Eles se reencontram alguns anos depois e descobrem estar apaixonados um pelo outro. Mas Elen sofre por sua melhor
amiga, exilada por ser judia, enquanto Alex odeia os
judeus porque um deles foi responsável pela ruína
do seu pai, que o levou ao suicídio.
A guerra começa e os caminhos de Alex e Maximillian se cruzam, ambos lutando para sobreviver no
gelado inverno russo. Quando retorna à Alemanha,
Maximillian organiza um grupo de estudantes que
distribui panfletos clandestinos, enquanto Alex passa a fazer parte da SS (organização paramilitar ligada
ao partido nazista alemão) por se sentir em dívida
com a pessoa que cuidou dele depois da morte de
seus pais.
Aquilo que parecia separar os três jovens
acabará por fim os unindo. Os três voltam a se
encontrar para o desfecho da tragédia, forçados
a crescer rápido demais por culpa da história e a
prestar contas com a própria consciência e com
os próprios sentimentos.
cosplay
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Final de concursos de cosplay são destaque do Anime Friends 2008
O
Texto: David Denis Lobão e Felipe Marcos (editores do portal www.ohayo.com.br) | Desenho: Diogo Saito
s fãs de animês, mangás e cultura pop já podem comemorar, finalmente foi divulgada a data e o
local do Anime Friends 2008, maior convenção do gênero no continente americano.
Este ano serão oito dias de evento, dois a mais que o ano passado. A feira vai ocorrer nos dias
11, 12, 13, 16, 17, 18, 19 e 20 de julho.
E para comportar melhor o público esperado para o evento, o local também mudou, agora será
realizado no Clube de Regatas Tietê. Toda a área do famoso clube paulistano estará fechada para o
Anime Friends.
E com isto os cosplayers já podem comemorar, várias atrações do evento serão dedicadas a eles.
Pra começar tem o tradicional Teatro Cosplay, que apresenta trabalhos mais longos (com aproximadamente 30 minutos), com um roteiro mais elaborado e maior tempo de ensaio e preparação do que
os concursos convencionais.
Também estão garantidas as finais de dois importantes concursos, o Circuito Cosplay e o YCC –
Yamato Cosplay Cup.
O Circuito Cosplay é uma competição que dura um ano inteiro, onde o objetivo é o cosplayer acumular
pontos em diversas etapas, como ocorre na Formula 1.
Já o YCC é um concurso que realiza seletivas por todo o país e reúne os melhores de cada região para
uma grande final em São Paulo, que será nos dias 11 e 13 julho no palco principal do Anime Friends.
Mas nem só de cosplay é feito o evento. Um dos destaques é a sexta edição do Oscar da Dublagem.
A premiação este ano promete ser maior, com novidades e homenagens especiais para dubladores
do Rio de Janeiro e de São Paulo. A cerimônia será realizada no dia 12 de julho.
Além disto, os shows estão garantidos nas atrações Super Friends Spirts e Yamato Music Station.
Os artistas internacionais vão marcar presença nos dois finais de semana do Anime Friends, com
cantores japoneses de anime songs (temas de animês e tokusatsus). E uma das apresentações mais
esperadas dos brasileiros estará no Anime Friends, trata-se do grupo JAM Project.
Aguardem em breve mais novidades do evento aqui na revista Mundo OK.
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tokusatsu
O que é Kaiju?
K
Descubra um pouco mais sobre os
populares monstros gigantes japoneses
aiju é uma palavra japonesa que significa “besta misteriosa”, mas que
costuma ser traduzida simplesmente como “monstro”. Especificamente, ela é usada para se referir à um gênero de tokusatsu, os seriados e filmes japoneses feitos com a utilização de efeitos especiais.
Termos relacionados a utilização dela incluem “kaiju eiga (filme de monstro
gigante)”. Também existem variantes como “kaijin”, referindo-se à monstros
vagamente humanóides e daikajuu (monstro grande).
Texto: Eugênio Furbeta – do portal www.tokusatsu.com.br | Fotos: Divulgação e Reprodução
Godzilla, o mais famoso monstro gigante
O kaiju mais famoso é Godzilla. Desde que apareceu em seu primeiro filme em
1954, o rei dos monstros ganhou fãs pelo mundo todo.
Com história original de Tomoyuki Tanaka, Shigueru Kayama e Takeo Murata, o
longa contou com direção de Inoshiro Honda, efeitos especiais do lendário Eiji
Tsuburaya (criador de “Ultraman”) e trilha sonora do maestro Akira Ifukube.
A produção da Toho Company chamada originalmente de “Gojira” (junção das
palavras baleia e gorila) estreou nos cinemas japoneses no dia 3 de dezembro
de 1954 e conquistou imediatamente uma legião de fãs.
As lembranças das bombas atômicas lançadas sobre o arquipélago no fim
da segunda guerra ainda atormentavam os japoneses e o mundo. Foi nesse
clima que multidões foram aos cinemas pra ver o gigante radioativo, o que
resultou em cerca de nove milhões de espectadores.
Esse mega sucesso contava a história do monstro gigantesco que desperta
após testes nucleares no Pacífico arrasando Tóquio e cidades vizinhas. Sendo
derrotado pelo exército japonês. No ano seguinte, Godzilla (como ficou mundialmente conhecido) estreou nos EUA. Lá foram acrescentadas cenas com o
ator Raymond Burr de uma antiga serie chamada Perry Manson. Com isso, o
roteiro foi alterado, mostrando um repórter que cobria os ataques de Godzilla.
Depois do seu primeiro longa-metragem Godzilla protagonizou inúmeros
filmes, num total de 28, onde já foi herói, vilão e as duas coisas ao mesmo
tempo. Nos anos 70, Godzilla chegou a fazer participações especiais na serie
de TV “Zone Figther” também da Toho. Além disto, Godzilla também apareceu em desenhos animados da Hanna-Barbera (“The Godzilla Power Hour”) e
Adelaide Productions (“Godzilla The Series”).
Outros kaijus
Entre outros kaijus famosos estão Mothra, King Kong, Gamera e King Ghidorah. Apesar de kaiju e kaijin quase sempre terem sua aparência inspirada em
animais convencionais, insetos ou criaturas mitológicas, há exemplos mais
exóticos, apresentados inicialmente nas franquias televisivas dos gêneros
“Super Sentai” e “Kamen Rider”. Por exemplo, Choujin Sentai Jetman apresentava monstros baseados em pacotes de pipoca, semáforos e tomates.
“Kamen Rider Super-1” contava com um exército de monstros baseados em
objetos do cotidiano, como guardas-chuva e escadas.
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curiosidades
Criador da Turma da Mônica é recebido pela Família Imperial
Encontro, realizado em Tóquio, fez parte das comemorações dos 100 anos da
imigração japonesa ao Brasil.
O
imperador Akihito, a imperatriz Michiko e o príncipe herdeiro Naruhito, do Japão, receberam no
último dia 24 de abril, em Tóquio, o desenhista Mauricio de Sousa - responsável pela criação dos
personagens Tikara e Keika, as mascotes do Centenário da Imigração Japonesa para o Brasil. No
encontro estavam presentes o ministro dos Negócios Estrangeiros do Japão, Masahiko Koumura, autoridades do governo japonês e representantes da Fundação Japão e Associação para Comemoração do
Centenário da Imigração Japonesa (ACCIJ).
Durante a cerimônia, o criador da Turma da Mônica entregou ao imperador um quadro com a imagem
dos personagens, que a partir de agora deve compor o acervo de obras de arte do palácio imperial
japonês. Durante uma semana, o correio do Japão utilizará em todas as correspondências um carimbo
oficial com a imagem de Tikara e Keika.
“Depois de receber o quadro, o imperador Akihito realizou uma simpática quebra de protocolo. Ele foi
muito gentil conosco. Trocamos um caloroso aperto de mãos. Em seguida, o intérprete falou sobre a
Turma da Mônica e eu me apresentei usando uma frase que aprendi em japonês: ‘Boku Wa Mangaka
Desu’, que significa ‘sou desenhista de histórias em quadrinhos’. Logo depois, o imperador perguntou à
minha esposa Alice Takeda sobre a origem da família dela”, contou Mauricio de Sousa.
Em junho, o príncipe herdeiro deve retribuir a visita. Segundo a Embaixada do Japão no Brasil, o objetivo
da passagem de Naruhito pelo nosso país será fortalecer o comércio bilateral, uma vez que aqui está a
maior comunidade de descendentes japoneses no mundo, com cerca de 1,5 milhões de pessoas.
Mascotes rendem frutos comerciais
Lançados recentemente, os personagens Keika
e Tikara começam a gerar resultados comerciais
para o escritório de Maurício de Sousa. Através
da empresa WOW, responsável por uma linha de
sucos, Tikara ganhará uma linha de chá verde,
a ser distribuída no Brasil e, possivelmente, no
Japão. Para os brasileiros, os chás começam a
chegar nas lojas já a partir de maio.
Mauricio de Sousa apresentou os amigos Tikara
e Keika, criados em homenagem ao Centenário
da Imigração Japonesa no Brasil, no começo do
ano. Tikara significa “força e coragem” na língua
japonesa. Já o nome da charmosa Keika quer
dizer “aquele que acrescenta bravura, pureza,
integridade e honestidade”. Ao criá-los, o desenhista preocupou-se em representar a cultura
milenar japonesa e, ao mesmo tempo, espelhar a
modernidade do Japão de hoje.
Por enquanto, os personagens serão utilizados
nos cartazes e no material de divulgação dos
eventos ligados à comemoração do centenário.
E, em breve, devem fazer uma “visita” para Mônica e seus amigos nos gibis da turma.
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