ALUÍSIO DE AZEVEDO

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ALUÍSIO DE AZEVEDO
ALUÍSIO DE AZEVEDO
Aluísio Tancredo Gonçalves de Azevedo nasceu em São Luís do Maranhão
em 14 de abril de 1857, filho do vice-cônsul português David Gonçalves de
Azevedo e D. Emília Amália Pinto de Magalhães. Aluísio conviveu com o
preconceito desde muito cedo, o relacionamento dos pais era julgado pela
sociedade tradicionalista, já que David era viúvo e 3,Emília separada e os dois
não oficializaram a união.
Com grande talento para as artes, em especial para desenho e pintura, chegou
a trabalhar com caricaturas. Seus desenhos eram publicados em: “Zig-Zag”, “A
Semana Ilustrada”, “O Figaro” e “O Mequetrefe”.
Voltou-se para a literatura por motivos financeiros. Com a morte do pai, em
1878, precisa retornar ao Maranhão para ajudar os familiares. Com isso, encontra
na escrita um sustento. A primeira publicação, com características do
romantismo, é “Uma lágrima de mulher”. Mas a obra que reflete melhor as
características literárias do autor é “O Mulato”, texto em que a questão
abolicionista é tratada sem pudores. É o começo do naturalismo no Brasil. Nessa
época, 1881, o autor volta ao Rio e passa a produzir peças, contos e romances.
Suas convicções abolicionistas fizeram com que o autor colaborasse com “O
Pensador”, um jornal anticlerical que publicava textos em favor da abolição da
escravatura. Como era caricaturista, costumava desenhar seus personagens antes
de escrever para visualizar melhor como seriam as histórias. Aluísio Azevedo foi
o maior representante do naturalismo na literatura brasileira. Foi com o livro “O Mulato” que o autor apresentou as primeiras marcas do
movimento literário ao público, assim como as críticas à escravidão. Seguiu a linha naturalista também na obra “O Cortiço”. O autor maranhense
ainda atuou como jornalista e caricaturista, devido ao talento para o desenho.
Apesar da relevância que Aluísio desfrutou na literatura, acabou optando por atuar como diplomata. Em 1895 foi nomeado diplomata e
passou por vários países, entre eles Argentina, Itália, Inglaterra e Japão. Vinte anos depois, Aluísio foi morar novamente em Buenos Aires como
cônsul de primeira classe. A literatura foi deixada de lado.
Na Academia Brasileira de Letras, Azevedo fundou a cadeira nº 4, que tem Basílio da Gama como patrono.
Obras do autor
Romances
Uma lágrima de mulher-1879
O mulato-1881
Memórias de um condenado -188
Mistério da Tijuca-1882
Casa de pensão-1884
Filomena Borges-1884
O homem-1887
O coruja-1890
O cortiço-1890
A mortalha de Alzira-1894
Livro de uma sogra-1895
Contos
Demônios-1893
Crônicas
O touro negro -1938
O CORTIÇO
Tendo como cenário uma habitação coletiva, o romance difunde as teses naturalistas, que explicam
o comportamento dos personagens com base na influência do meio, da raça e do momento histórico. A
obra é narrada em terceira pessoa, com narrador onisciente (que tem conhecimento de tudo), como
propunha o movimento naturalista. O narrador tem poder total na estrutura do romance: entra no
pensamento dos personagens, faz julgamentos e tenta comprovar, como se fosse um cientista, as
influências
do
meio,
da
raça
e
do
momento
histórico.
O foco da narração, a princípio, mantém uma aparência de imparcialidade, como se o narrador se
apartasse, à semelhança de um deus, do mundo por ele criado. No entanto, isso é ilusório, porque o
procedimento de representar a realidade de forma objetiva já configura uma posição ideologicamente
tendenciosa.
Em "O Cortiço", o tempo é trabalhado de maneira linear, com princípio, meio e desfecho da
narrativa. A história se desenrola no Brasil do século XIX, sem precisão de datas. Há, no entanto, que
ressaltar a relação do tempo com o desenvolvimento do cortiço e com o enriquecimento de João
Romão. São dois os espaços explorados na obra. O primeiro é o Cortiço, amontoado de casebres malarranjados, onde os pobres vivem. Esse espaço representa a mistura de raças e a promiscuidade das
classes baixas. Funciona como um organismo vivo.
Junto
ao
cortiço
estão
a
pedreira
e
a
taverna
do
português
João
Romão.
O segundo espaço, que fica ao lado do cortiço, é o sobrado aristocratizante do comerciante Miranda e de sua família. O sobrado representa a
burguesia ascendente do século XIX. Esses espaços fictícios são enquadrados no cenário do bairro de Botafogo, explorando a exuberante
natureza local como meio determinante. Dessa maneira, o sol abrasador do litoral americano funciona como elemento corruptor do homem local.