projeto de reconstrução histórica da família pano
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projeto de reconstrução histórica da família pano
Web-Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande ISSN: 2178-1486 • Volume 5 • Número 15 • Maio 2015 Edição Especial • Homenageado ARYON DALL'IGNA RODRIGUES PROJETO DE RECONSTRUÇÃO HISTÓRICA DA FAMÍLIA PANO: UMA VISÃO GERAL DOS RESULTADOS ALCANÇADOS Wesley Nascimento dos Santos (UFG)1 [email protected] Gláucia Vieira Cândido (UFG)2 [email protected] RESUMO: O foco deste trabalho é um projeto de pesquisa intitulado Reconstrução Histórica da Família Pano: Uma Proposta de Protoformas Fonológicas e Lexicais. Procura-se, aqui, apresentar alguns resultados e conclusões a que chegaram os trabalhos desenvolvidos no âmbito desse projeto, bem como aspectos mais gerais que fazem parte de tais trabalhos. Espera-se, assim, apresentar uma visão geral da reconstrução da família etnolinguística Pano. PALAVRAS-CHAVE: Línguas indígenas; Família Pano; Reconstrução da família Pano. ABSTRACT: The focus of this paper is a project of research whose title is Historical Reconstruction of Panoan Family: a Proposal of Phonological and Lexical Proto-forms. The aim is to present some results and conclusions reached through surveys developed in the project of Panoan Reconstruction, as well as others generals aspects belong to it. Thus, it is expected a general view of the reconstruction of the Panoan ethnolinguistic family. KEYWORDS: Indigenous languages; Panoan family; Reconstruction of Panoan family. 1 Introdução O projeto Reconstrução Histórica da Família Pano: uma Proposta de Protoformas Fonológicas e Lexicais objetiva, como se pode deduzir do título, a reconstrução de protoformas fonológicas e lexicais de uma família de línguas indígenas conhecida como Pano. Pano é o nome dado a uma família etnolinguística sulamericana, cuja localização dos seus falantes se dá em três países: Bolívia, Brasil e Peru. Trata-se da quinta maior família de línguas da América do Sul, ficando atrás apenas das famílias Tupi-Guarani, Jê, Carib e Arawak. Em geral, conforme as classificações mais recentes (LOOS, 1999; 1 2 Graduando pela Universidade Federal de Goiás (UFG). [email protected]. Professora Doutora da Universidade Federal de Goiás (UFG). [email protected]. 270 Web-Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande ISSN: 2178-1486 • Volume 5 • Número 15 • Maio 2015 Edição Especial • Homenageado ARYON DALL'IGNA RODRIGUES RIBEIRO, 2006; FLECK, 2013), são 30 as línguas que pertencem a essa família e estima-se que haja 30.000 falantes dessas línguas (RIBEIRO, op. cit.). A primeira menção a essa família se deu em uma comunicação do Congresso dos Americanistas, quando La Grasserie (1888) apresentou o trabalho De la famille linguistique Pano, estudo pioneiro sobre línguas faladas na América do Sul a partir do método de reconstrução largamente utilizado em trabalhos dessa natureza, conhecido como metodologia histórico-comparativa. Daquela data, final do século XIX, até aos dias atuais, vários trabalhos têm sido realizados sobre essa família, dentre eles, estudos, cuja natureza é a reconstrução ou a classificação da família Pano. O trabalho de reconstrução Pano considerado pioneiro é o de Shell (1985), pois toma a metodologia histórico-comparativa e é mais completo em comparação ao de La Grasserie (1888). Ainda assim, Shell (op. cit.) afirma: La reconstrucción no pretende ser la última palavra al respecto. Tal vez futuras investigaciones en los países de Bolívia y Brasil podrían proveer datos para un pano más primitivo que el que podría ser reconstruído tomando como base los presentes datos (SHELL, 1985, p. 11). Nesse sentido, a reconstrução histórica Pano que tome dados de línguas da Bolívia e do Brasil se torna muito importante, visto que o trabalho da autora apenas focalizou dados de línguas Pano peruanas. Na sequência, portanto, pretende-se apresentar os resultados alcançados no projeto de reconstrução desenvolvido a partir de dados de línguas brasileiras, bolivianas e peruanas, todos disponíveis em estudos realizados nos últimos anos após o trabalho de Shell (op. cit). O artigo está assim organizado: a seção (1) trata brevemente do aporte teórico utilizado no projeto; a seção (2), das classificações mais recentes da família Pano; a seção (3) reúne os estudos dos trabalhos desenvolvidos no projeto de reconstrução foco deste artigo; na seção (4) tem-se o inventário de protofonemas consonantais e vocálicos reconstruídos; e na seção (5), então, tem-se as protoformas lexicais reconstruídas para as línguas Pano. Complementam o texto a conclusão e as referências. 271 Web-Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande ISSN: 2178-1486 • Volume 5 • Número 15 • Maio 2015 Edição Especial • Homenageado ARYON DALL'IGNA RODRIGUES 1 Quadro teórico: metodologia histórico-comparativa A referência teórica utilizada no projeto de reconstrução Pano é a metodologia histórico-comparativa, tal como apresentada por Campbell (1999). Resumidamente, essa metodologia foi desenvolvida a partir dos estudos da Linguística Histórica e da Linguística Comparada (FARACO, 2005; GABAS JR., 2001), e consolidada significativamente desde a reconstrução do Proto-Indo-Europeu, durante os séculos XVIII e XIX. 2 Classificações recentes da família etnolinguística Pano Em geral, as propostas de reconstrução de uma protolíngua partem de uma classificação estabelecida para uma dada família ou tronco linguístico. Nesse sentido, apresentam-se, nesta seção, as classificações mais recentes da família Pano, que são a de Loos (1999), Ribeiro (2006) e Fleck (2013). A justificativa para apresentar essas classificações se deve, em princípio, à natureza delas, visto que são de cunho linguístico, diferentemente de várias outras que foram realizadas e, no entanto, baseiamse em dados geográficos para estabelecerem o pertencimento de uma língua a uma dada família. Assim, na sequência, são ilustradas as classificações referidas, dispostas tal como apresentadas acima. A proposta de Loos (1999) apresenta um total de 30 línguas como pertencentes à família Pano, das quais 14 são faladas no Brasil. O autor também informa o número aproximado de falantes para cada língua ainda falada, bem como o país no qual estão localizadas (Bolívia, Bo.; Brasil, Br.; Peru, P.). Do total de línguas apresentadas, o autor divide-as em três subgrupos e um subgrupo de línguas não agrupadas, conforme verificamos abaixo: 272 Web-Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande ISSN: 2178-1486 • Volume 5 • Número 15 • Maio 2015 Edição Especial • Homenageado ARYON DALL'IGNA RODRIGUES Subgrupo Yaminawa3 1 Yaminawa 500 P, Br. 2 Amawaka 200 P. 3 Kashinawa/Honikoin 500 P., Br. 4 Sharanawa/Shanindawa/Chandinawa/Inonawa/Marinawa 300 P. 5 Yawanawa 200 Br. 6 Chitonawa 35 P. 7 Yoranawa/Nawa/Parquenawa 200 P. 8 Moronawa 300 Br. 9 Mastanawa 100 P. Subgrupo Chakobo 10 Chacobo 400 Bo. 11 †Arazaire P. 12 †Atsawaka P. 13 †Yamiaka P. 14 Katukina/Kamannawa/Waninnawa 300 Br. 15 Pakawara 12 Bo. Subgrupo Kapanawa 16 Kapanawa/Pahenbakebo 400 P. 17 Shipibo/Konibo/Xetebo 8.000 P. 18 †Remo Br. 19 Marubo 400 Br. 20 †Wariapano/Panobo/Pano P. 21 Iskonawa 30 P. 22 †Kanamari/Taverí/Matoinahã Br. Línguas não agrupadas 23 Kashibo/Kacataibo/Komabo 100 P. 24 †Kulino Br. 25 Karipuná Br. 3 ‘†’ indica uma língua (provavelmente) extinta (LOOS, op. cit.). 273 Web-Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande ISSN: 2178-1486 • Volume 5 • Número 15 • Maio 2015 Edição Especial • Homenageado ARYON DALL'IGNA RODRIGUES 26 Kaxarari 100 Br. 27 Matses/Mayoruna 2.000 P, Br. 28 †Nokamán Br. 29 †Poyanáwa Br. 30 †Tuxinawa Br. Classificação das Línguas Pano (Adaptado de LOOS, 1999). A classificação de Ribeiro (2006), a qual encerra um total de 34 línguas, divididas em quatro grupos, dos quais os três últimos subdividem-se em pequenos subgrupos, ao passo que o primeiro é constituído por uma única língua. Segue, então, a ilustração da classificação de Ribeiro: Grupo I 1 Amawaka Grupo II Subgrupo II-1 2 Kashibo 3 Nokaman Subgrupo II-2 4 Shipibo 5 Kapanawa 6 Panobo Grupo III Subgrupo III-1 7 Iskonawa 8 Kaxinawa Subgrupo III-2 Subgrupo III-2-1 9 Nukini 10 Remo 274 Web-Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande ISSN: 2178-1486 • Volume 5 • Número 15 • Maio 2015 Edição Especial • Homenageado ARYON DALL'IGNA RODRIGUES Subgrupo III-2-2 Subgrupo III-2-2-1 11 Kanamari 12 Katukina 13 Marubo Subgrupo III-2-2-2 14 Mastanawa 15 Tuxinawa 16 Yoranawa 17 Sharanawa 18 Shanenawa 19 Arara 20 Yawanawa 21 Xitonawa 22 Yaminawa Subgrupo III-2-3 23 Kaxarari 24 Poyanawa Grupo IV Subgrupo IV-1 25 Kapishto 26 Matsés 27 Kulina 28 Matis Subgrupo IV-2 29 Atsawaka 30 Arazaire 31 Yamiaka Subgrupo IV-3 275 Web-Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande ISSN: 2178-1486 • Volume 5 • Número 15 • Maio 2015 Edição Especial • Homenageado ARYON DALL'IGNA RODRIGUES 32 Karipuna 33 Chacobo 34 Pakawara. Classificação das Línguas Pano (Adaptado de RIBEIRO, 2006). A classificação de Fleck (2013) estabelece 32 línguas. O autor, na sua classificação, divide as línguas em dois grandes grupos e subgrupos, como ilustrado abaixo: I. Ramo Mayoruna45 A. Grupo Mayo i. Subgrupo matsés a. 1 Matses Br. P. Matsés brasileiro, Matsés peruano, †Paud Usunkid b. 2 Korubo Br. Chankuëshbo, Korubo c. *3 Kulina do rio curuçá Br. *Chema, *Kapishtana, *Mawi d. †4 Demushbo Br. ii. Subgrupo matis (mais similar do ramo principal) a. 5 Matis Br. (mais divergente deste ramo) b. †6 Mayoruna do rio jandiatuba c. †7 Mayoruna do rio amazonas †Mayoruna doméstica do rio amazonas †Mayoruna selvagem do rio amazonas B. †8 Mayoruna do tabatinga (mais divergente deste ramo em termos de fonologia) 4 ‘*’ indica uma língua obsoleta; lembrada por alguns falantes, mas não falada diariamente (FLECK, op. cit.). 5 ‘†’ indica uma língua que se encontra em extinção (FLECK, op. cit.). 276 Web-Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande ISSN: 2178-1486 • Volume 5 • Número 15 • Maio 2015 Edição Especial • Homenageado ARYON DALL'IGNA RODRIGUES II. Ramo Principal A. 9 Kaxarari (língua mais divergente deste ramo) Br. B. 10 Kashibo (dialeto Kakataibo) P. Kashibo, Kakataibo, Nokaman (marcada como extinta em trabalhos anteriores) C. Grupo Nawa (subgrupo ordenada a partir da língua menos divergente) i. Subgrupo boliviano a. 11 Chakobo/Pakawara (dois dialetos de uma língua) b. †12 Karipuna (pode ser dialeto do Chakobo/Pakawara) ii. Subgrupo Madre de Dios a. †13 Atsawaka/†Yamiaka (dois dialetos de uma língua) b. †14 Arazaire iii. †15 Remo do rio Blanco iv. †16 Kashinawa do rio tarauacá v. Subgrupo marubo a. 17 Marubo do javari b. 18 Katukina Katukina de olinda, Katukina de sete estrelas, †Kanamari c. †19 Kulina de são paulo de Olivença ‘Grupo de línguas Pano central’ (subgrupos vi-viii): proximidade geográfica entre essas línguas influenciaram seus aspectos comuns. vi. Subgrupo Poyanawa a. *20 Poyanawa b. *21 Iskonawa (muito próximo do Poyanawa, mas também assemelha-se ao Shipibo-Konibo, Kapanawa e Amawaka) c. *22 Nukini d. *23 Nawa (rio môa) e. †24 Remo do rio jaquirana vii. Subgrupo Chama a. 25 Shipibo-Konibo-Kapanawa (três dialetos de uma língua) Shipibo, Konibo, *Kapanawa do rio tapiche b. *26 Pano 277 Web-Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande ISSN: 2178-1486 • Volume 5 • Número 15 • Maio 2015 Edição Especial • Homenageado ARYON DALL'IGNA RODRIGUES †Pano, *Shetebo, *Piskino c. †27 Sensi viii. Subgrupo Headwaters a. 28 Kashinawa do rio ibuaçu Kashinawa brasileiro, Kashinawa peruano, †Kapanawa do rio Juruá, †Paranawa b. 29 Yaminawa (maior complexo dialético) Yaminawa brasileiro, Yaminawa peruano, Chaninawa, Chitonawa, Mastanawa, Parkenawa, Shanenawa, Sharanawa - *Marinawa, Shawanawa (=Arara), Yawanawa, *Yaminawa-arara (diferente do Shawanawa/Arara), †Nehanawa c. 30 Amawaka Amawaka peruano (intermediário entre este subgrupo e o subgrupo chama, talvez por contato geográfico) †Nishinawa (=Amawaka brasileiro) †Yumanawa (similar ao Kashinawa do rio ibuaçu) d. †31 Remo do rio môa (similar ao Amawaka) e. †32 Tuchiunawa (similar a dialetos Yaminawa) Classificação das Línguas Pano (Adaptado de FLECK, 2013). A proposta de reconstrução do Protopano apresentada neste artigo tem como referência a classificação das línguas Pano realizada por Ribeiro (2006), que é justificada pela metodologia empregada, a léxico-estatística. 3 Trabalhos realizados e em andamento no âmbito do projeto O total de trabalhos já concluído ou, ainda em andamento, no âmbito do projeto de Reconstrução Histórica da Família Pano: uma Proposta de Protoformas Fonológicas e Lexicais é nove. O quadro I, a seguir, sumariza esses trabalhos, descritos em seguida, tal como cronologicamente realizados. Ademais, a divisão no quadro se dá por meio de grupos e subgrupos, tal como na classificação de Ribeiro (2006). 278 Web-Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande ISSN: 2178-1486 • Volume 5 • Número 15 • Maio 2015 Edição Especial • Homenageado ARYON DALL'IGNA RODRIGUES Grupo I Santos (2014) Grupo II Subgrupo II-1 Subgrupo II-2 Grupo III Santos (2014) Subgrupo III-1 Santos (2014) Subgrupo III-2 Subgrupo III-2-1 Subgrupo III-2-2 Subgrupo III-2-21 Subgrupo III-2-22 Subgrupo III-2-3 Grupo IV Santos (2011) Silva (2011) Santos (2015) Subgrupo IV1 Subgrupo IV2 Subgrupo IV3 Coelho (2014) Santos (2015) Santos (2015) Barbosa (2009); Cruvinel (2009); Silva (2010) Souza (2009) 1. Quadro das referências dos trabalhos no âmbito do projeto de reconstrução Pano Como se vê pelo quadro acima, os primeiros trabalhos realizados no âmbito do projeto foram os de Barbosa (2009), Cruvinel (2009) e Souza (2009). O trabalho de Barbosa (2009) tomou algumas línguas do Grupo III/Subgrupo III-2-2-2 da classificação de Ribeiro (op. cit.), mais especificamente, as línguas Shanenawa e Sharanawa. Cruvinel (2009) também tratou de algumas das línguas do Grupo III/Subgrupo III-2-2-2, especificamente: Yoranawa, Yawanawa e Yaminawa. Souza (2009) tomou as línguas que pertencem ao Grupo III/Subgrupo III-2-3: Kaxarari e Poyanawa. Silva (2010) abordou as línguas pertencentes ao Grupo III/Subgrupo III-2-22: Mastanawa, Tuxinawa, Arara e Xitonawa. Santos (2011) tomou as línguas do Grupo III/Subgrupo III-1: Iskonawa e Kaxinawa. Silva (2011) tomou as línguas que pertencem ao Grupo III/Subgrupo III-2-1: Nukini e Remo. Coelho (2014) tomou as línguas do Grupo IV/Subgrupo IV-1: Kapishto, Matsés, Kulina e Matis. Santos (2014) tomou as línguas dos Grupos I, cujo único constituinte é a língua Amawaka, e do Grupo II/Subgrupos II-1 e Subgrupo II-2: Kashibo e Nokaman como pertencentes ao primeiro, ao passo que o segundo tem as línguas Shipibo, Kapanawa e Panobo como pertencentes a tal. Por fim, Santos (2015, ms.), em andamento, toma as línguas dos grupos Grupo III/Subgrupo III-2-2-1: Kanamari, Katukina e Marubo; Grupo IV/Subgrupo IV-2: Atsawaka, Arazaire e Yamiaka; e Grupo IV/Subgrupo IV-3: Karipuna, Chacobo e Pakawara como constituintes. 279 Web-Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande ISSN: 2178-1486 • Volume 5 • Número 15 • Maio 2015 Edição Especial • Homenageado ARYON DALL'IGNA RODRIGUES Na seção seguinte, pretende-se descrever o inventário de fonemas reconstruídos para cada grupo ou subgrupo objeto dos trabalhos referidos acima, ou seja, as protoformas fonológicas consonantais (3.1) e vocálicas (3.2). 4 Descrição dos protofonemas 4.1 Os protofonemas consonantais Esta subseção descreve os protofonemas consonantais reconstruídos para os grupos e subgrupos objetos dos trabalhos apresentados em (2). Assim, a seguir, o quadro 2 sumariza esses protofonemas consonantais. REFERÊNCIA6 Barbosa (2009) Cruvinel (2009) Souza (2009) Silva (2010) Santos (2011) Silva (2011) Coelho (2014) Santos (2014) Santos (2015) PROTOFONEMAS CONSONANTAIS *p *t *k *p *p *p *p *p *p *t *t *t *t *t *t *k *k *k *k *k *k *m *n *ʔ *b *d *m *n *b *m *n *b *m *n *ʔ *b *d *m *n *ʔ *m *n *ʔ *m *n *r *β *s *ʃ *ʂ *ɾ *β *v *s *s *ɾ *β *v *s *ɾ *β *v *s *ɾ *β *s *ɾ *β *s *ʃ *ʂ *ʂ *ʃ *ʃ *ʂ *ʃ *ʂ *ʃ *ʂ *h *ts *tʃ *w *j *h *ts *ts *h *h *ts *h *ts *h *ts *w *j *w *j *w *j *w *j *w *j *tʃ *tʃ *tʃ *tʃ *tʃ Quadro 2. Inventário dos protofonemas consonantais da reconstrução Pano Como se pode perceber, os segmentos consonantais estão basicamente divididos e agrupados em oclusivo – nasal – tepe – fricativo – africado - aproximante. A descrição, abaixo, de cada um, se dará nessa sequência. Antes, porém, algumas observações sobre a ocorrência desses segmentos nesses grupos e subgrupos de línguas. 6 Os trabalhos de Barbosa (2009) e de Souza (2009) não estabelecem um inventário de protoformas fonológicas consonantais. 280 Web-Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande ISSN: 2178-1486 • Volume 5 • Número 15 • Maio 2015 Edição Especial • Homenageado ARYON DALL'IGNA RODRIGUES Os segmentos oclusivos, a maioria surdos, ocorrem em todos os grupos ou os subgrupos, aqui, em análise. Somente os trabalhos de Silva (2010) e Coelho (2014) estabelecem as contrapartes vozeadas das oclusivas bilabial /p/ e alveolar /t/, que são respectivamente /b/ e /d/. Outros dois trabalhos, Santos (2011) e Silva (2011), estabelecem somente a contraparte vozeada para a oclusiva alveolar /t/, que é o /d/. Ainda quanto às oclusivas, Cruvinel (2009), Santos (2011) e Silva (2011) não estabelecem a oclusiva glotal /ʔ/ como um protofonema do inventário. Diferentemente das oclusivas, as nasais bilabial /m/ e alveolar /n/ fazem parte de todos os inventários dos trabalhos realizados. Quanto ao tepe /ɾ/, todos os estudos, exceto o de Santos (2011), estabelecem esse som como protofonema do inventário. Em relação às fricativas, a bilabial /β/ figura somente no trabalho de Santos (2011). A fricativa lábio-dental /v/ aparece somente em Silva (2010), Silva (2011) e Coelho (2014). A ocorrência da fricativa alveolar /s/ é majoritária, visto que está presente em todos os inventários de protofonemas estabelecidos. A fricativa álveopalatal /ʃ/ só não aparece no trabalho de Santos (2011). Já em relação à fricativa retroflexa /ʂ/, esta só não figura no inventário do trabalho de Silva (2011). Enfim, a fricativa glotal /h/ não ocorre apenas em Santos (2011). Por sua vez, as africadas alveolar /ts/ e álveo-palatal /tʃ/ ocorrem em praticamente todos os inventários, com exceção de Silva (2011). Finalmente, quanto às aproximantes, as únicas exceções são que a aproximante velar /w/ não ocorre no inventário de Silva (2011), enquanto a palatal não ocorre no inventário de Santos (2011). 4.2 Os protofonemas vocálicos No quadro 3, a seguir, são apresentadas as vogais (ou protofonemas vocálicos). 281 Web-Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande ISSN: 2178-1486 • Volume 5 • Número 15 • Maio 2015 Edição Especial • Homenageado ARYON DALL'IGNA RODRIGUES REFERÊNCIAS7 Barbosa (2009) Cruvinel (2009) Souza (2009) Silva (2010) Santos (2011) Silva (2011) Coelho (2014) Santos (2014) Santos (2015) PROTOFONEMAS VOCÁLICOS *i *ɨ *o *a *i *ɨ *o *a *i *ɨ *u *a *i *ɨ *e *u *a *i *ɨ *u *o *a *i *ɨ *o *a *i *ɨ *u *o *a Quadro 3. Inventário dos protofonemas vocálicos da reconstrução Pano Neste sentido, a vogal alta anterior /i/ é descrita para todas os grupos e os subgrupos do quadro 3, assim como a vogal alta central /ɨ/. Ainda, a vogal média-alta anterior /e/ aparece somente no trabalho de Silva (2011). A vogal alta posterior /u/, por sua vez, não ocorre em Cruvinel (2009), Silva (2010) e Santos (2014). A vogal médiaalta posterior /o/ não ocorre no inventário de (Souza, 2009), Santos (2011), Silva (2011) e Coelho (2014). Enfim, a vogal baixa central /a/ ocorre em todos os trabalhos. 4. 3 Breve inventário de protofonemas do Protopano Com base nas informações dispostas nos quadros 1 e 2, apresenta-se, abaixo, no quadro 3, um breve inventário dos protofonemas consonantais do Protopano e, em seguida, no quadro 4, o inventário de protofonemas vocálicos do Protopano. 7 Os trabalhos de Barbosa (2009) e de Souza (2009) não estabelecem um inventário de protoformas fonológicas vocálicos. 282 Web-Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande ISSN: 2178-1486 • Volume 5 • Número 15 • Maio 2015 Edição Especial • Homenageado ARYON DALL'IGNA RODRIGUES Oclusivo Bilabial Lábio- Alveolar Álveo- Dental Palatal *p *t *b *d Nasal *m *k *ʔ *n *ɾ Tepe/Flepe Fricativa Retroflexa Palatal Velar Glotal *β *v *s *ʃ *ʂ *h *j Aproximante *ts Africada *w *tʃ 4. Breve inventário dos protofonemas consonantais do Protopano Como se vê, a partir do quadro 4, em Protopano, provavelmente, o inventário de sons consonantais tinha 19 protofonemas, que, conforme o modo de articulação, subdividiam-se em oclusivos, nasais, tepe, fricativos, aproximantes e africadas. E, conforme o ponto de articulação desses sons, estes subdividiam-se em bilabiais, lábiodentais, alveolares, álveo-palatais, retroflexos, palatais, velares e glotais. Alta Anterior Central Posterior *i *ɨ *u *o Média-Alta Média-Baixa *a Baixa 5. Breve inventário dos protofonemas vocálicos do Protopano A partir das informações no quadro 4, tem-se que, em Protopano, provavelmente, havia cinco vogais. Conforme o grau de abertura da boca, elas se subdividiam em alta, medial-alta e baixa. De acordo com a posição da língua na boca, elas se subdividiam em anterior, central e posterior. 283 Web-Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande ISSN: 2178-1486 • Volume 5 • Número 15 • Maio 2015 Edição Especial • Homenageado ARYON DALL'IGNA RODRIGUES 5 Descrição das protoformas lexicais As protoformas lexicais reconstruídas no trabalho de reconstrução histórica da família Pano são cognatos que, em teoria, fazem parte do vocabulário básico de todas as línguas Pano e, claro, do mundo. Esses cognatos são baseados na lista de Swadesh (1950), que inclui, em geral, nomes de animais, plantas, partes do corpo, cores, números etc. A seguir, na seção (4.1), tem-se a apresentação e a descrição desses cognatos. 5.1 Protoformas lexicais reconstruídas Esta seção pretende apresentar os cognatos utilizados na reconstrução Pano e, também, bem como os que foram reconstruídos nos trabalhos referendados, aqui. Assim, abaixo, o quadro 4 sumariza os cognatos utilizados e, também, reconstruídos pelos trabalhos utilizados para este texto. Como se tratam de nove trabalhos cujos resultados devem ser dispostos num quadro, decidiu-se dividi-los e, assim, os quatro primeiros se encontram na primeira parte, enquanto o restante, na segunda parte. O símbolo ‘*’ indica uma forma hipotética. Português 1. animal Barbosa (2009) - Cruvinel (2009) - Souza (2009)8 - Silva (2010) - 2. cachorro *kaman *ia - *paʂta 3. pássaro - *pɨij/*pɨja - *pɨijaʔ 4. cobra - - - - 5. peixe - *joma - *ʂ mã 6. piolho *ia - - *ʔija 7. verme - - - - 8. grama - - - - 9. árvore - *iwi - *ʔiwi 8 O trabalho de Souza (2009) não apresenta um quadro de cognatos e, consequentemente, de protoformas lexicais reconstruídas. 284 Web-Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande ISSN: 2178-1486 • Volume 5 • Número 15 • Maio 2015 Edição Especial • Homenageado ARYON DALL'IGNA RODRIGUES 10. nome *anɨ *anɨ - *ada/ *kɨda 11. papai - - - - 12. mãe - - - - 13. esposo - - - - 14. esposa - - - *ãw 15. homem - - *doʔopɨdɨ 16. mulher - *nokohɨnɨ/ *nokɨβɨnɨ *kɨɾo - *ʔɨihoʔ 17. criança - - - *waʔɨ 18. pessoa - - - - 19. cabeça - *mapo - *bãpo 20. orelha - *patʃo - *patʃoʔ 21. olho - *hɨɾo/*βɨɾo/*wɨɾo - *wɨɾo 22. nariz - *ɨɾtʃoko - *lɨtʃoʔo 23. boca - - - *aʂa 24. língua *ana *ana - *ʔãda 25. dente *ʂɨta *ʂɨtɨ - *ʂɨta 26. pescoço - *tɨʂo - *tiʂo 27. barriga - *posto - *ʔatõ 28. costas - - - - 29. rabo *ina *ina - * da 30. perna - - - - 31. pé *taɨ *taɨ - *taɨ 32. asa - - - - 33. mão *mɨfi *mɨkɨn - - 34. coração - *oiti - *ʔ ti 35.entranhas - - - - *taka *taka - *taʔa 37. osso - *ʂao - *ʂao 38. carne *nami *nami - *dabi/ *dabɨj 39. gordura *ʂɨni - - *ʂɨdi 40. pele *fitʃi *hitʃi/*βitʃi - *βitʃiʔ 36. fígado 285 Web-Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande ISSN: 2178-1486 • Volume 5 • Número 15 • Maio 2015 Edição Especial • Homenageado ARYON DALL'IGNA RODRIGUES - *ho - *ho/*hoo 42. pena *pɨi *pɨi - - 43. sangue *imi *imi - *ʔ bi 44. raíz - *tapo - *tapo 45. casca - *saka/ *ʂaka - - 46. folha *pɨi *pɨi - *pɨi 47. flor - - - - 48. fruta - - - - *ɨʂɨ - - *ʔɨʂɨ 50. pau - - - - 51. cinza - *mapo - *ʂibapo 52.montanha - *maki/ *matʃi - - 53. floresta - - - - 54. rio - - - - 55. lago - - - *ã 56. mar - - - - 57. água *ɨnɨ - - *βaʔa 58. gelo - - - - 59. fogo - *tʃi - *tʃi 60. fumo - *koi - - 61. terra *mai *mai - *bai 62. poeira - - - - 63. areia - *maʃi - *baʂi 64. pedra - - - *baʂaʂ/ *maʂaʂ 65. estrada - - - *diti 66. ovo - *ʃini/*ʂɨni - *too 67. chuva - *oi - *ʔei 68. neve - - - - 69. neblina - - - - 70. céu - - - *dai 71. nuvem - - - - 72. vento - - - - 41. cabelo 49. semente 286 Web-Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande ISSN: 2178-1486 • Volume 5 • Número 15 • Maio 2015 Edição Especial • Homenageado ARYON DALL'IGNA RODRIGUES *faɾi - - *βaɾi 74. estrela - *iʃti - *daiβiɾo 75. dia - - - - 76. noite - *jamɨ - *jabɨ 77. ano - - - - 78. corda - - - *ɾiʂi/*diʂi 79. sal - - - - 80. eu *ɨn *ɨn - *ʔ 81. tu *mɨn *min - *mi 82. ele - - - - 83. eles - - - - 84. nós - *no - *nõ 85. vós - - - - 86. quem - *tsoa - *tsõa 87. o quê - *awa/awi - *awa *na - - *da 89. aquele - - - - 90. viver - - - - *nai *na - *da 92. congelar - - - - 93. crescer - - - - 94. cair - - - - 95. respiɾar - - - - 96. soprar - - - - 97. dormir - oʂa - *oʃa 98. mentir - - - - 99. sentar - *tsao - *tsaowɨ 100. parar - - - - 101. flutuar - - - - 102. fluir - - - - 103. vir - *o - - 104. - - - - 73. sol 88. este 91. morrer 287 Web-Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande ISSN: 2178-1486 • Volume 5 • Número 15 • Maio 2015 Edição Especial • Homenageado ARYON DALL'IGNA RODRIGUES Caminhar 105. voar - *joja/*noja - - 106. nadar - *topi - - 107. voltar/girar - - - - 108. jogar - - - - 109. ver - *owi - *õiwɨ 110.cheirar - - - - 111. ouvir - *nika - *diʔawɨ 112. saber - *tapi - - 113. pensar - - - - 114. temer - - - - 115. contar - - - - 116. dizer - - - - 117. cantar - - - - 118. rir - - - - 119. comer *pii *pi - *pi 120. beber *ajai - - *aja 121. chupar - - - - 122. morder - - - *daka 123. esculpir - - - - 124.vomitar - - - - 125. rasgar - - - - 126. casar - - - - 127.queimar - *ko - *kooa 128.costurar - - - - 129. amarrar - - - - 130. pular - - - - 131. lançar - - - - 132. empurrar - - - - 133. apertar - - - - 134. cavar - - - - 135. lavar - - - - 288 Web-Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande ISSN: 2178-1486 • Volume 5 • Número 15 • Maio 2015 Edição Especial • Homenageado ARYON DALL'IGNA RODRIGUES 136. limpar - - - - 137.esfregar - - - - 138. dar - - - *inawɨ 139. aguarrar 141. rachar - - - - - - - - 142. lutar - - - - 143. acertar - - - - 144. perfurar - - - - *ɾɨtɨi *ɾɨtɨ - *ɾɨtɨ - - - - 147. quente *ʂana *ʂana - *ʂadaʔ 148. frio *matsi matsi - *batsi 149. forte - - - - 150. aborrecido - - - - 151. podre - - - - 152. reto - - - - 153. sujo - - - - 154. pesado - - - - 155. molhado - - - - 156. seco - - - *bɨto 157. negro - - - - 158. branco - *oʂo - *ʔoʂo 159. roxo - - - - 160. amarelo - - - - 161. verde - - - *ʃo 162. novo *fɨna *ʂɨna - - 163. velho - - - - 164. bom - *ʂaɾa - *ʂaɾa 165. mal - - - - 166. aqui - - - - 167. lá - - - - 145. matar 146. liso 289 Web-Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande ISSN: 2178-1486 • Volume 5 • Número 15 • Maio 2015 Edição Especial • Homenageado ARYON DALL'IGNA RODRIGUES 168. perto - - - - 169. longe - - - - 170. direita - - - - 171 esquerda - - - - 172. grande *ɨwapa *ɨwapa - - 173. largo - - - 174. grosso - - - - 175. pequeno - - - *ʔɨwapa 176. fino - - - - 177. estreito - - - - 178. longo - *tʃaini - - 179. curto - - - - 180. um *wisti *wisti/ *wɨsti - - 181. dois *ɾawɨ *ɾawɨ - - 182. três - - - - 183. quatro - - - - 184. cinco - - - - 185. muitos - *itʃapa - *ʔitʃapa 186. poucos - - - - 187. todos - - - - 188. alguns - - - - 189. outro - - - - 190. onde - - - - 191. quando - - - - 192. como? - - - - 193. em (dentro) 194. correto - - - - - - - - 195. não - *ma - - 196. e - - - - 197. porque - - - - 198. se - - - - 290 Web-Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande ISSN: 2178-1486 • Volume 5 • Número 15 • Maio 2015 Edição Especial • Homenageado ARYON DALL'IGNA RODRIGUES 199. em (LOC) - - - - 200. com - - - - Quadro 6. Protoformas reconstruídas no âmbito do projeto de reconstrução Pano Português Santos Silva (2011) (2011) Coelho Santos (2014) (2014) Santos (2015) 1. animal 2. cachorro - - *wapa 3. pássaro 4. cobra 5. peixe *isa - *tʃapa 6. piolho 7. verme 8. grama 9. árvore 10. nome 11. papai 12. mãe 13. esposo 14. esposa 15. homem 16. mulher 17. criança 18. pessoa 19. cabeça 20. orelha *ia *iwi *anɨ *ainbu - *anɨ *ani *awin *tʃidabo *maʂo - *ʔia *noiN *hiwi *hanɨ *papa *titã *βɨnɨ *ʔawiN *βɨnɨ *ʂanu *βakɨ *honi *maʂpo *paβinki *mapu/*mapo *paCoki 21. olho 22. nariz 23. boca 24. língua 25. dente *wɨu/*bɨu *kiʂa *ana *ʂɨta *bɨdu - *βɨɾu *ɾɨkiN * kɨʂa *hana *ʂɨta *βɨɾo *ɾɨkini * *hana *ʂɨta 26. pescoço 27. barriga *tɨʂu - *mahtu/ *naʃtu *iɾabu *aibu/*aivu *mapu *pabiki/ *pabim *bɨɾu *kɨha *ana *sita/*hɨta/ *ʃɨta *puhtu/*puku *johina *ʔotʃiti/ *ʔutʃiti *ʔisa *ɾono *japa - *tɨpuku *pusto 28. costas 29. rabo 30. perna 31. pé 32. asa *ina *taɨ - *tai/*taki - *tɨʂu *poko/ *puku *katɨ/*kaʂo *hina *kisi *taɨ *pɨhi - *ɾunu/*ɾuno *ia *hiwi *papa *ɨwa *βɨnɨ *huni * * * *taʔɨ * 291 Web-Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande ISSN: 2178-1486 • Volume 5 • Número 15 • Maio 2015 Edição Especial • Homenageado ARYON DALL'IGNA RODRIGUES 33. mão *mɨkɨn 34. coração 35.entranhas 36. fígado 37. osso 38. carne 39. gordura 40. pele 41. cabelo 42. pena 43. sangue 44. raíz *witi/*winti *taka *ʂau *nami *bitʃi *imi *tapu 45. casca 46. folha 47. flor 48. fruta 49. semente 50. pau 51. cinza 52.montanha 53. floresta 54. rio 55. lago 56. mar 57. água *ʂaka *pɨtʃɨ/*pɨ *tʃimapu *matʃi *vaka/ *waka *tʃi *kui *mai *maʃi *maʂaʂ *batʃi *ui *naikui/ *naikuin - 58. gelo 59. fogo 60. fumo 61. terra 62. poeira 63. areia 64. pedra 65. estrada 66. ovo 67. chuva 68. neve 69. neblina 70. céu 71. nuvem 72. vento 73. sol 74. estrela 75. dia *manku / *minkin *witi/* ite *vu/*vou - - *mɨkɨN *mɨkɨnɨ *nami - * * *taka *ʂau *nami *βitʃi *himi - - *tʃiʃi *waka *hoiNti *puku *taka * ʂao *nami *ʂɨni *ʂaka *βuu/*βoo *pɨhi *himi *tapuN/ *tapoN *ʂaka *pɨhi *hua *βimi *βɨɾo *hiwi *tʃimapo *ni *paɾo *hiaN *ʔompaʂ *pɨʔi *βimi *hiwi *waka *waiti/*mɨtɨ *ui/*ʔoi - *masi *meko *tu *we - *tʃi *kohiN *maia *poto/ *putu *maʃi *makaN *βai *βaʃi *hoi *nai *naikohiN *tʃiʔi *maβi > *maj *maʃi *βaʔi *βatʃi *ui *nai - *vaɾi/*βaɾi - - *niwɨ *βaɾi *ʔwiʃpiN *nɨtɨ *βaɾi - 292 Web-Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande ISSN: 2178-1486 • Volume 5 • Número 15 • Maio 2015 Edição Especial • Homenageado ARYON DALL'IGNA RODRIGUES 76. noite 77. ano 78. corda 79. sal 80. eu 81. tu 82. ele 83. eles 84. nós 85. vós 86. quem 87. o quê 88. este 89. aquele 90. viver 91. morrer 92. congelar 93. crescer 94. cair 95. respiɾar 96. soprar 97. dormir 98. mentir 99. sentar 100. parar 101. flutuar 102. fluir 103. vir 104. Caminhar 105. voar 106. nadar 107. voltar/girar 108. jogar 109. ver 110.cheirar 111. ouvir 112. saber 113. pensar 114. temer 115. contar 116. dizer 117. cantar 118. rir 119. comer 120. beber *jami *ɨ *mi *nu * *na *mawa *uʂa *tsao *u - *mi *uha/*usa - *nuki *mikui *kun *akid *uʃ *tʃo - *jamɨ *βaɾitia * ɾisβi *taʃi *hɨa *mia *ha *hatu *nokɨ *matu *tsua *hawɨ *mawati *pakɨti *howinti *ʂonki *huʂati *hoti *niti *jama *mi(-n)/*mina *nu *mato *hawɨ *pakɨa *oʂa/*uʃa - *nuja - - - *nujanti - - *ui/*uin *nika/ *ninka *unai/ *unan *pi - *pi - *sinan *ak *histiN *ʂɨtɨtiN *ninkakiN *ʔunãntiN *ʃinãntiN *topontiN *johikiN *βɨwati *pitiN *ʂɨatiN *tana *ʃinana *pipa - 293 Web-Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande ISSN: 2178-1486 • Volume 5 • Número 15 • Maio 2015 Edição Especial • Homenageado ARYON DALL'IGNA RODRIGUES 121. chupar 122. morder 123. esculpir 124.vomitar 125. rasgar 126. casar 127.queimar 128.costurar 129. amarrar 130. pular 131. lançar 132. empurrar 133. apertar 134. cavar 135. lavar 136. limpar 137.esfregar 138. dar 139. aguarrar 141. rachar 142. lutar 143. acertar 144. perfurar 145. matar 146. liso 147. quente 148. frio 149. forte 150. aborrecido 151. podre 152. reto 153. sujo 154. pesado 155. molhado 156. seco 157. negro 158. branco 159. roxo 160. amarelo 161. verde 162. novo 163. velho - - - *natɨʂtiN *kinantiN *kɨʂɨtiN *nɨʂakiN *ninikiN - - - - *ʃik *mene - * tʃokatiN *ʔinankiN - - - - - - - *ɨtɨ *ʂana *matsi - - *ak *waduʂ - *ɾɨtɨkiN *ʔitsis *matsi *kɨʂu - *itsisa *matsi - - - - *pajoti *hiwɨ *mɨtʃati *tʃuʃta *ɨwɨ *ʂu - - *wisu *ʃin *maʂto *tʃoʃiti *tʃoʂa *hoʂo *huʃiN *βɨna *ʂɨni *tʃɨʂɨ *uʃu *βɨna 294 Web-Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande ISSN: 2178-1486 • Volume 5 • Número 15 • Maio 2015 Edição Especial • Homenageado ARYON DALL'IGNA RODRIGUES - - - 169. longe 170. direita 171 esquerda 172. grande 173. largo 174. grosso 175. pequeno 176. fino 177. estreito 178. longo 179. curto 180. um 181. dois 182. três 183. quatro 184. cinco 185. muitos 186. poucos *ɨwapa - - *tʃi - *tʃai *abɨ *itʃaka - - - 187. todos 188. alguns 189. outro 190. onde 191. quando 192. como? 193. em (dentro) 194. correto 195. não 196. e 197. porque 198. se 199. em (LOC) 200. com - - *ma - - 164. bom 165. mal 166. aqui 167. lá 168. perto *nɨnu *ʔonu *ʔoɾama/ *ʔotʃama * mɨkajau *mɨmiu *tʃa * kɨʂtu - *nina - *wisti *ɾavu - - * tʃai *ɾaβɨ *kimiʃa *ʔitʃa *ʔitsamaʃi/ *ʔitʃamaʃi *wɨtsa *hawɨɾãnu *hawɨkɨsa - *ai *ano *jama - *ma *hawɨ - - - Quadro 6. Protoformas reconstruídas no âmbito do projeto de reconstrução Pano. 295 Web-Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande ISSN: 2178-1486 • Volume 5 • Número 15 • Maio 2015 Edição Especial • Homenageado ARYON DALL'IGNA RODRIGUES Conclusões O projeto de reconstrução histórica, foco do presente artigo, tal como apresentado aqui, tem por objetivo a reconstrução histórica da família Pano. Trata-se de um estudo que toma dados de línguas de todos os países onde os falantes Pano se encontram. O artigo trouxe, inicialmente, alguns aspectos etnográficos da família Pano e fez uma breve apresentação da referência teórica do projeto de reconstrução Pano. Na seção (2), foram apresentadas as classificações mais recentes da família Pano, dentre as quais a de Ribeiro (2006), que é aquela utilizada na proposta de reconstrução do Protopano em questão. Na seção (3), tem-se a descrição dos trabalhos realizados durante a execução do projeto de reconstrução. Na seção (4), os resultados dos trabalhos relacionados na seção (3), tais como os inventários de protofonemas consonantais e vocálicos reconstruídos e, na seção (5), as protoformas reconstruídas, quando fora possível. Por meio dos inventários de protofonemas reconstruídos, sejam consonantais ou vocálicos, viu-se que há uma semelhança quase que completa entre estes, assim como nas protoformas reconstruídas, visto que, também, há poucas mudanças nesses cognatos. Essas prévias conclusões, haja vista que o projeto de reconstrução ainda não está de todo concluído, reforça as palavras de Erikson (1992) sobre a homogeneidade linguística, territorial e cultural da família Pano, a qual provavelmente se deve, também reforçando Loos (1999), à recente separação que as línguas Pano atuais tiveram do Protopano. Referências BARBOSA, Raphael Augusto Oliveira; CÂNDIDO, Gláucia Vieira; CRUVINEL, Agmar; RIBEIRO, Lincoln Almir Amarante. Relatório final de pesquisa relativa ao projeto de pesquisa Reconstrução Histórica da Família Pano: uma proposta de protoformas para um subgrupo de línguas. Unidade de Ciências Sócio-Econômicas e Humanas - UNUCSEH -Universidade Estadual de Goiás. Anápolis: 2009. 17p. 296 Web-Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande ISSN: 2178-1486 • Volume 5 • Número 15 • Maio 2015 Edição Especial • Homenageado ARYON DALL'IGNA RODRIGUES CAMPBELL, Lyle. Historical Linguistics: an introduction. 2 ed. Cambridge: MIT press, 1999. COELHO, Karla Andressa Medeiros; CÂNDIDO, Gláucia Vieira. Relatório final de pesquisa relativa ao Projeto de Reconstrução Histórica da Família Pano: uma proposta de protoformas fonológicas e lexicais. Faculdade de Letras – Universidade Federal de Goiás. Goiânia: 2014. CRUVINEL, Agmar. Proposta de protoformas fonológicas e lexicais para as línguas Yaminawa, Yawanawa e Yoranawa. 2009. 26 p. TCC (Licenciatura em LetrasPortuguês/Inglês). Unidade de Ciências Sócio-Econômicas e Humanas - UNUCSEH Universidade Estadual de Goiás, Anápolis ERIKSON, Philippe. Uma singular pluralidade: a etno-história Pano. In: CUNHA, Manuela Carneiro (org.). História dos índios no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. p. 239-252. FARACO, Carlos Alberto. Linguística Histórica: uma introdução à história das línguas. São Paulo: Parábola, 2005. FLECK, David. Panoan languages and linguistics. Anthrophological papers of the American Museum of Natural History, n 99. New York: 2013. GABAS JR., Nilson. Linguística histórica. In: MUSSALIN, Fernada; BENTES, Ana Cristina (orgs.). Introdução à linguística: domínios e fronteiras. São Paulo: Cortez, 2001. p. 77-103. GRIMM, Jacob. Deutsche grammatik. Berlin: 1870 [1819, 1937]. LA GRASSERIE, Raoul. 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In: Grupo de Estudos Linguísticos de São Paulo (GEL), Campinas. Painel apresentado em 2 jul. 2014. Campinas: Universidade Estadual de Campinas – Unicamp. Disponível em: http://www.gel.org.br/ProgramacaoFinal2014.php. Acesso em: 15 jul. 2014. 297 Web-Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande ISSN: 2178-1486 • Volume 5 • Número 15 • Maio 2015 Edição Especial • Homenageado ARYON DALL'IGNA RODRIGUES ______. Reconstrução Histórica da Família Pano: uma proposta de protoformas fonológicas e lexicais para as línguas Kanamari, Katukina, Marubo, Kaxarari, Poyanawa, Atsawaka, Arazaire, Yamiaka, Karipuna, Chacobo e Pakawara. Manuscrito. Goiânia: 2015. SHELL, Oliver A. Estudios Pano III: las lenguas Pano y su reconstrucción. Serie Lingüística Peruana, n. 12, 2 ed. Lima: Instituto Linguistico de Verano, 1985. SILVA, Eclenir; CÂNDIDO, Gláucia Vieira. 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