entrevista com carlos wizard
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entrevista com carlos wizard
#02 INFORMAÇÃO | DIÁLOGO | APRENDIZADO COMPREENSÃO | AMOR | TECNOLOGIA: A FAMÍLIA SEM FIO DE HOJE SAIBA COMO VIRAR A CHAVE E MUDAR OS CAMINHOS EM 2015! MULHER AO VOLANTE, PERIGO CONSTANTE! #SÓQUENÃO E MAIS LICENÇA PATERNIDADE PASSA A SER VÁLIDA POR 30 DIAS! PLANEJAMENTO FINANCEIRO: ESPECIALISTA DÁ DICAS PARA REORGANIZAR AS FINANÇAS EM FAMÍLIA. MARÇO 2015 | Nº 02 | R$ 9,90 ISSN 2359-2486 O PRIMEIRO PASSO FOI DADO! ENTREVISTA COM CARLOS WIZARD O EMPRESÁRIO E EMPREENDEDOR DIZ, “DAR DINHEIRO, UM PRESENTE PARA UM FILHO É FÁCIL. DIFÍCIL É DAR TEMPO A ELE”, CONFIRA! www.revistanovafamilia.com.br Expediente REVISTA NOVA FAMÍLIA Telefone: (11) 2985-9454 www.revistanovafamilia.com.br [email protected] OPERAÇÃO EM BANCAS ASSESSORIA EDICASE www.edicase.com.br EDITORA Editora Meireles Ltda Rua Alvaro Martins 66ƉÎƉCEP.: 05052-030ƉÎƉSão PauloƉÎƉSP CNPJ 10.866.096/0001-29 DISTRIBUIÇÃO EXCLUSIVA EM BANCAS %Fc{ƉX%ƉÎƉ%FFF%kƉcFkcXƉ%)Ɖ{XF z) DIRETOR PRESIDENTE Nido Meireles CONSELHO EDITORIAL Nido Meireles, Michele Dacosta, Fernando Bonini, Luciana Freitas, Juliana (Fundação Abrinq) %F)kƉ%)Ɖ)% kƉÎƉMichelle Dacosta/41313-SP %F:a kƉÎƉMagda Barkó FX%kƉÎƉCaio Rothje )FkƉÎƉPaulo Afonso de Castro EDITORES Michele Vitor, Sandhra Cabral, Sylvio Montenegro, Luciana Brunca, Thiago Assunção, Domingos Crescente, Denise Paciornick, Silvia Natalino COLUNISTAS Ivanir Signorini, Barbara Mackenzie, Sylvio Montenegro, Nazir Mir Junior, Cléo Francisco, Karen Sternfeld, Daniela Viek, Fernando Sousa %F)kƉ%)Ɖ{XFF%%)ƉÎƉMaurílio Macedo %F)kƉ%)ƉaU)Fc:ƉÎƉFernando Bonini ASSESSORIA DE IMPRENSA / COMUNICAÇÃO INTEGRADA Luciana Freitas REVISTA DIGITAL ARTE NOVA WEB DESIGN LTDA Rua da Imprensa, 778, Sala 04 - bairro Parque Celeste, Cep 15.070-420ƉÎƉSão José do Rio PretoƉÎƉSP EDITORA-CHEFEƉÎƉMichelle Dacosta / 41313 - SP PLATAFORMA DE ASSINATURA CONTENTSTUFF Rua Funchal, 551 - Vila Olímpia, São Paulo - SP, 04551-060 Tel: (11) 3849-7779 COMERCIAL WWREDE GEMA BRASIL NEGÓCIOS EM COMUNICAÇÃO Claudio RochaƉÎƉOperacional e Atendimento HYPERLINK “mailto:[email protected]” opecsp@ revistanovafamilia.com.br Av. 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Filiado: Associado: Parceira: INSTITUTO VERIFICADOR DE CIRCULAÇÃO CONTROLADORIA A L BƉÎƉContabilidade Integrada Rua Conselho Brotero, 125ƉÎƉ4ª andar Tel: (11) 3129-8322 GERENTE ADMINISTRATIVO e FINANCEIRO Sidnei Brito AssistenteƉÎƉMiguel Nery Revista parceira da Fundação Abrinq! Parte do valor arrecadado com assinaturas será revertida em benefício da Fundação. DEPARTAMENTO JURÍDICO Dr. Anísio Cardoso 4 Nova Família www.revistanovafamilia.com.br Papo de família NOVA FAMÍLIA: ANOTE A RECEITA! F amília é um “prato” difícil de preparar, mas quando pronto, emociona... uma pitada de coragem, uma colher de dedicação, uma xícara de paciência e um copo de devoção. Bata tudo com atenção e asse 9 meses com respeito no modo tradicional, ou então, use a tecnologia, como exemplo, o microondas. O próximo passo é só dividir e receber em troca. Ah, tem um segredo: Depois de pronto e degustado não se encontra igual! Claro, cada “Chef” com seus ingredientes secretos, suas especiarias, alguns servem quente, outros nem tanto. Há aqueles que preferem agridoce, outros salgadinho ou um pouco amargo. Eu, particularmente, voto no doce, naquele que causa prazer e um gostinho de “quero mais”, sem culpa. Mas quem define pelo bom ou ruim é quem prova, enfim, os integrantes da “mesa”. É a partir daí que aprende-se como administrar as doses de sentimentos e tudo isso contribui como será o comportamento do novo prato, ou seja, da “Nova Família”. Arquivo pessoal O negócio é vestir o avental, afiar a faca com cuidado e pôr a mão na massa. Assim como fizemos, preparando esse lindo banquete de conhecimento pra vocês! Só exageramos um pouquinho na medida de carinho, mas nem dá pra notar, afinal, a essência é sempre a mesma...receber e servi-lo (a) com amor no coração! Seja bem-vindo (a) a sua Nova Família!!! Michelle Dacosta Diretora de redação Nossos Jornalistas Michele Vitor Formada em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu trabalha como repórter desde 2006. Nesse meio tempo já escreveu para a Editora Qualidade de Vida, Portal Bradesco Universitário, Portal Click Carreiras Bradesco, revistas Condomínios em Guarulhos e para a edição masculina Catwalk. Denise Paciornick Formada em Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo pela Universidade Positivo, iniciou a carreira como redatora em uma agência de publicidade. Em seguida foi assistente de assessoria de imprensa na Lide Mul- timídia e foi redatora, assessora de imprensa e editora de vídeos da startup Já Entendi. É pós-graduada em Comunicação em Mídias Digitais e possui um blog sobre o tema. Thiago Assunção Jornalista formado pela Universidade São Judas Tadeu, possui sólida experiência no setor de cultura e moda, além de ser ator e arriscar-se com dramaturgia. Luciana Brunca Formada há 15 anos em Jornalismo pela Universidade dos Grandes Lagos (Unilago) de São José do Rio Preto, interior de São Paulo, trabalha como repórter desde 2000. Já trabalhou nos jornais Agora São Paulo, Correio Popular, Diário da Região, Folha da Região, Comércio da Franca, entre outros. Atuou também como repórter na TV Record e atualmente trabalha com assessoria de imprensa. Domingos Crescente Jornalista e Publicitário há mais de 20 anos, diretor geral da agência LDC Comunicação. Sandhra Cabral Jornalista profissional diplomada com 20 anos de experiência em hard news, assessoria de comunicação e media training. Editorial 5 educação Comportamento 10-13 Como virar a chave e mudar os caminhos em 2015 14-15 42-45 Cozinhaterapia Inclusão Escolar: família e educadores juntos! 20-23 46-49 Como socializar uma criança autista Eles estão, cada vez mais, assumindo o comando da casa 16-19 especial 24-27 50-53 Estamos prontos para envelhecer? A busca pela perfeição Entrevista com o empresário e empreendedor, Carlos Wizard! 28-31 Mulheres Multitarefas 32-33 Projeto amplia Licença Paternidade para 30 dias 54-55 34-37 Mulher ao Volante. Perigo constante! #sóquenão Cuidados na gravidez 38-41 Quando o amor supera todas as barreiras 6 Nova Família cotidiano www.revistanovafamilia.com.br lzf . shutterstock Monkey Business Images . shutterstock FamÍlia direito saúde 56-59 70-73 74-75 Pensão Alimentícia: dever de quem paga e direito de quem recebe Transtornos alimentares e seus perigos TEcnologia 60-61 76-78 O lado bom das coisas Trabalho Conectando a familia sem fio 62-65 religião Mercado de trabalho e o peso do preconceito 79-81 66-69 O batismo e as religiões Roteiro de Viagem 84-85 Uma família, um aeroporto, vários destinos opinião SEXO Peter Bernik . shutterstock lazer & Viagem 82-83 Finanças Educação financeira se aprende em casa Alena Ozerova . shutterstock AçÃO SOCIAL Hábito alimentar ou regime? 88-90 86-87 Autoestima feminina: como começar a turbiná-la Famílias, contemporaneidade, preconceito, adoção! Índice 7 8 Nova Família www.revistanovafamilia.com.br COLUNISTAS DA Daniela Viek, relações públicas, consultora, coach, especialista em Comunicação & Marketing. Apaixonada por viagens, pela vida, por conhecer novas pessoas e culturas. Babi Mackenzie, educadora desde 86, fundadora da Teaching Company. Fernando Sousa, jornalista especialista em Tecnologia e Games. Cléo Francisco, jornalista especialista em Educação Sexual Sylvio Montenegro, jornalista e radialista. Estudioso sobre as mais diversas formas de crenças, especialista em realizações de celebrações sociais e espirituais de casamento e bodas, sem cunho religioso ou civil. Karen Sternfeld, nutricionista pela New York University e Health Coach pelo Integrative Nutrition. Nazir Mir Junior, advogado atuante nos ramos do Direito Civil, Direito Empresarial, Direito do Consumidor, Direito de Família e Sucessões (Área Cível), Direito Penal, Direito Administrativo, Direito Ambiental, Direito Tributário e Direito Financeiro (Direito Público). Colunistas 9 Comportamento COMO VIRAR A CHAVE E MUDAR OS CAMINHOS EM 2015 MICHELE VITOR A temporada de fim de ano faz com que as pessoas reflitam, façam um balanço de suas vidas, avaliem o que foi bom e ruim, e a partir disso, façam planos para o futuro. Existem pessoas que desejam emagrecer; outros trocar de emprego; ganhar mais dinheiro; encontrar um amor; comprar um carro novo ou uma casa. Esses são apenas alguns exemplos entre tantos outros pedidos. No entanto, esses desejos e promessas acabam sendo facilmente esquecidos e deixados para trás.E não é preciso ir muito longe para comprovar a verdade disso. Basta que você leitor/a pense em quantas promessas e desejos foram deixados para trás esse ano. Com certeza a lista será grande. Um estudo realizado pela Universidade de Scranton, nos Estados Unidos, comprovou que 54% das pessoas desistem de suas metas até o período de seis meses após as terem idealizado e apenas 8% das pessoas são consideradas bem-sucedidas em suas mudanças. 10 Nova Família www.revistanovafamilia.com.br Falcona . shutterstock Que caminho seguir? A pesar desse resultado, fazer planos é um dos maiores impulsionadores de conquistas. Outro estudo realizado pela mesma universidade afirmou que as pessoas que estabelecem metas para um novo ano apresentam dez vezes mais chances de conseguir mudar. “Sendo assim, podemos afirmar que a mente exerce o maior controle e influência sobre todos nós. Ela registra tudo. O corpo estando satisfeito fica livre de graves doenças. Então, se queremos ser mais felizes devemos cuidar da nossa mente e de nosso corpo”, afirma Alexandre. E por que não fazer planos que o deixem mais próximo da tão sonhada felicidade? Segundo o coach Alexandre Nakandakari, sócio da Questão de Coaching, alcançar esse desejo pode não ser muito fácil, mas passa longe de ser impossível. Para ele, tudo começa com um pensamento que gera um sentimento, e por conseqüência, gera uma ação. “Pensando nessa lógica separei algumas dicas sobre como mudar a vida, os pensamentos, as atitudes, e assim, se tornar mais feliz em 2015”, diz Alexandre. “Para falar sobre felicidade busco inspiração em uma personalidade que admiro muito: o Dalai Lama. Ele sempre afirmou, e eu acredito, que podemos dividir toda a felicidade e sofrimento em duas categorias: mental e física”, comenta. MUDANÇA DE CRENÇAS Se o que se pretende é mudar os resultados alcançados é de fundamental importância que se altere primeiro suas crenças substituindo os velhos pensamentos por novas ideias. Crenças são afirmações que as pessoas dizem para si mesmas, aquilo Comportamento 11 Comportamento (VSHFLDOLVWDGiGLFDVSDUDPRGLÀFDU os pensamentos e conquistar novos resultados nesse novo ano que as permite ser ou fazer algo. “Os nutricionistas gostam de dizer que somos o que comemos, vou além, e digo que, somos o que nos alimentamos tanto fisica, emocional e mentalmente. O que você anda pensando?” SEGURANÇA NO TRABALHO E NOS RELACIONAMENTOS Aqui, além da mudança de crenças, o investimento em autoconhecimento é fundamental. Conhecer os próprios valores ajuda a tomar melhores decisões. Da mesma forma que conhecer os pontos fortes potencializa o desempenho e ter consciência das próprias limitações possibilita gerar planos de contingência para minimizar os impactos negativos nas performances. “É importante ressaltar que algumas pesquisas indicam que a maioria das demissões são motivadas mais por questões de relacionamentos do que de técnicas ou conhecimento. Sendo assim, investir em conhecimento e cursos técnicos específicos da área de atuação muitas vezes é chover no molhado. Mas, dar atenção a outras competências como feedback, gestão, liderança, relacionamentos, conflitos e comunicação, pode ser o grande diferencial. Tecnicamente a maior parte dos profissionais são iguais, mas não há competência técnica que mantenha o emprego sem uma boa conduta”. 12 Nova Família www.revistanovafamilia.com.br DESAPEGAR DE VELHOS HÁBITOS Reservar alguns minutos por dia para refletir ajuda a promover uma limpeza nas idéias e a mudar a percepção do mundo. Com esse hábito as pessoas passam a se questionar sobre sua postura, suas decisões e seu comportamento diante dos acontecimentos da vida. Buscar conviver mais com pessoas que pensem diferente e mostram outros pontos de vista em relação as situações também ajuda a mudar a forma de pensar. Quando fechamos as portas para as mudanças o cérebro tende a se manter no processo químico que repete os mesmos padrões desde a infância. Abrir espaço para novos estímulos ajuda a gerar novas conexões. FAXINA NOS SENTIMENTOS E FORTALECIMENTO DAS RELAÇÕES Aqui o mais importante é não carregar mágoas. A temporada que inclui o fim e início do ano é propícia para acertar ponteiros com todas as pessoas que demonstraram algum ressentimento, seja colega de trabalho, amigo ou parente. Conversar de maneira clara e expor os sentimentos é algo que fortalece as relações, aproxima corações e aumenta a confiança. Para isso, um bom começo é tentar se colocar no lugar do outro e tentar compreendê-lo. DESENVOLVER A ESPIRITUALIDADE É dessa forma que as pessoas conseguem manter a paz interior. Desenvolver a espiritualidade não está diretamente relacionado a nenhuma religião. Essa escolha sempre fica a cargo de cada pessoa. Mas, estar em paz e bem consigo mesmo ajuda até mesmo a evitar o surgimento de doenças, combater o estresse e retardar o envelhecimento. Uma opção para alcançar esse equilíbrio é a prática de meditação, que ajuda a higienizar a mente e a desacelerar o cérebro. Outra opção poderosa é dedicar-se ao bem do próximo. Nesses casos, o trabalho voluntário faz bem para quem recebe, mas muito mais para quem prática. CUIDAR DA AUTOESTIMA Mudar as crenças, ampliar o autoconhecimento, melhorar os relacionamentos, desapegar de velhos hábitos, deixar ressentimentos para trás e desenvolver a espiritualidade são hábitos que ajudarão a sustentar uma mudança consistente. “Tudo isso tem um fator preponderante: cuidar de si mesmo. Ao viajar de avião, por exemplo, sempre recebemos as orientações de segurança, e entre uma delas, está a de que máscaras de oxigênio cairão do teto e primeiro a pessoa deverá ajustá-la em si própria para depois ajudar as outras. Esse é um exemplo claro da importância de dedicar tempo para si mesmo. Organizar um pouco seu dia para cuidar de você mesmo é essencial para manter um bom desempenho em suas ações. Isso não é egoísmo, é bom senso. Se você estiver bem consigo mesmo poderá se dedicar com qualidade ao trabalho, a sua família e aos seus amigos”. Alexandre conclui que, tudo se inicia com um pensamento que deverá levar a uma ação. “Agora é só colocar em prática a mudança de suas crenças limitantes por facilitadoras, ampliar o autoconhecimento e desenvolver novas competências pessoais, organizando seu dia a dia para cuidar da mente e do corpo, e assim, alcançar a tão sonhada felicidade”. Gajus . shutterstock Escolho o passado ou o futuro? Comportamento 13 Comportamento COZINHATERAPIA MICHELE VITOR Dedicar tempo para cozinhar pode ser considerada uma ótima válvula de escape para aliviar o estresse do dia a dia, além de servir, também, como terapia de casal deixam claro o grau de educação de um povo. V ocê sabia que dedicar parte do tempo para cozinhar com prazer pode trazer inúmeros benefícios tanto para a saúde física quanto a psicológica, e inclusive, pode ajudar a reforçar a intimidade dos relacionamentos? Segundo o psicanalista Antonio Belamoglie, especialista em terapia de casal, cozinhar é uma prazerosa atividade terapêutica. “Nesse momento, o cérebro se desliga das rotinas e das obrigações do trabalho profissional e se delicia com a expectativa do prazer que virá com a comida que está sendo preparada”, comenta. De acordo com ele, é uma passagem do lado racional do cérebro para o lado emocional. Por esse motivo, é um momento no qual as pessoas até exercem mais o lado criativo, inventando novas receitas ou até acrescentando ingredientes diferenciados para dar um toque especial nas receitas já existentes. Além disso, enquanto se prepara um prato é possível descontrair, relaxar e se divertir. 14 Nova Família www.revistanovafamilia.com.br INÚMERAS VANTAGENS Com a correria do dia a dia, as pessoas acabam deixando, cada vez mais de lado a prática de cozinhar, e, por questão de praticidade, muitos optam por comidas congeladas ou refeições fora do lar. No entanto, chega a ser difícil contabilizar a quantidade de benefícios de cozinhar a própria comida. Além de toda a questão psicológica citada acima, dedicar-se à cozinha contribui para manter uma alimentação mais saudável e até econômica, por exemplo. Outra vantagem de quem prefere preparar a própria comida é que se torna possível fazer escolhas mais conscientes. Por exemplo, ao preparar determinada receita que leva queijo é possível trocar um tipo por outro, como o cheddar pelo queijo cottage light. Com escolhas simples como essa torna-se possível reduzir a taxa de colesterol, que é um dos grandes problemas da atualidade. E, atitudes assim, podem refletir de forma super positiva na saúde da pessoa. Segundo a Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro, por exemplo, controlar o colesterol leva a 33% menos chance de infarto, 25% menos risco de morte e 20% menos risco de um acidente vascular cerebral (AVC). Quem manda na cozinha sou eu Werner Heiber . shutterstock Outra vantagem é garantir a higienização dos alimentos, coisa que se torna quase impossível quando a comida é preparada por terceiros. Já quando a pessoa prepara a refeição em casa é possível controlar a limpeza dos utensílios, da pia e da mesa, das mãos e até a própria higienização dos alimentos. Isso representa menor risco de intoxicação alimentar. Quem se dedica a cozinhar também fica mais atento a prazos de validades, pois, comer comida fora do prazo pode trazer vários problemas de saúde como intoxicação, alergias entre outros. Aprender a escolher produtos sazonais também é uma vantagem. Todos os alimentos da estação são menos nocivos a saúde pois não necessitam passar por processos que aceleram a colheita, além de conterem menor concentração de agrotóxicos. Além disso, dedicar tempo para o preparo dos próprios alimentos pode favorecer e até auxiliar nos relacionamentos familiares. Normalmente as pessoas que cozinham em casa desenvolvem o hábito de reunir os membros da família ao redor da mesa. E, essa ação facilita a integração de pais com filhos e entre os irmãos. Mas, não é somente esse tipo de relação. O relacionamento entre marido e mulher também pode ser muito fortalecido com essa prática. Segundo o psicólogo, o ato de cozinhar em casa significa olhar para cada ingrediente da comida com o carinho que dedica ao cônjuge. “Quando o casal cozinha juntos transmite amor para o alimento. É o mesmo sentimento que dedicam ao seu par. E, esse amor faz bem para o corpo, para a alma e, principalmente, para o relacionamento”, comenta Antonio. Para o especialista, para que funcione como um momento agradável entre o casal é preciso que não seja ele e ela, mas sim, ele com ela em um único ser. “Para treinar esses hábitos o casal pode dividir as tarefas mas sem deixar de preparar a comida juntos. Por exemplo, ela corta a cebola, ele refoga. Ela prepara a mesa, ele serve a comida. Ela guarda os alimentos, ele lava a louça, e assim por diante”, explica Antonio. De acordo com ele, um casal que cozinha junto está fortalecendo o relacionamento, intensificando a delícia da vida a dois e construído um futuro de harmonia e de prazer. Comportamento 15 Comportamento ESTAMOS PRONTOS PARA ENVELHECER? MICHELE VITOR O O que antes parecia difícil, hoje é comum. A expectativa de vida vem aumentando ano a ano em todos os países, atualmente não sendo somente uma característica dos países desenvolvidos. No Brasil, por exemplo, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a expectativa de vida para ambos os sexos subiu para 74,9 anos. E, esse número deve aumentar. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), até o ano de 2050 mais de 2 bilhões de pessoas ao redor do mundo terão mais de 60 anos de idade. Mas, ao analisar essa realidade surge uma dúvida. Será que estamos realmente preparados para envelhecer? Quem nunca se fez essa pergunta já pode começar a pensar no assunto, pois é preciso preparo psicológico e até financeiro. Com o avanço da idade é possível perceber também, um aumento ou surgimento de alguns problemas de saúde como o Mal de Alzheimer e de Parkinson – doenças degenerativas que fazem a pessoa perder aos poucos a agilidade mental, física e até a capacidade de cuidar de si mesma. E, essa é uma das principais preocupações da população. Segundo pesquisa da Nielsen sobre envelhecimento, o maior medo do brasileiro é perder a agilidade mental e física, esses itens foram citados por 64% e 60% dos entrevistados, respectivamente. A expectativa de vida aumenta a cada ano devido, principalmente, aos avanços da tecnologia, da medicina e ao aumento da consciência da importância de cuidar da saúde. Mas, será que realmente nos preparamos para a velhice? 16 Nova Família www.revistanovafamilia.com.br oneinchpunch . shutterstock Envelhecer é uma arte O estudo também aponta que perder a autonomia para cuidar das necessidades básicas, como se alimentar e tomar banho sozinho, ocupa o terceiro lugar na lista de preocupações, com 58%. A falta de dinheiro também faz parte desse ranking. Ter condições financeiras para cobrir despesas médicas foi citado por 53% das pessoas entrevistadas e ter dinheiro para viver confortavelmente por 50%. A pesquisa também mostra que quando pensa na vida após a aposentadoria, a principal prioridade da população é manter a saúde física e mental (71%) e manter uma alimentação saudável (47%). QUEM CUIDA DOS IDOSOS DE HOJE E QUEM IRÁ CUIDAR DE NÓS? De acordo com pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo (USP), 40% das pessoas que cuidam de idosos doentes hoje são também idosas, e principalmente, mulheres. “Elas acabam assumindo esse papel, pois não desejam atrapalhar a vida pessoal e profissional de seus filhos. Mas, com isso, acumulam funções que muitas vezes são dolorosas e desgastantes”, comenta Eduardo Chvaicer, master franqueado da Right at Home no Brasil, empresa especialista em cuidados com idosos. No entanto, o cuidador acaba ficando mais propenso a ter problemas físicos e psicológicos do que os outros idosos. “Muitas vezes por conta do desgaste causado Comportamento 17 Comportamento pelo estresse, o cuidador acaba negligenciando a saúde do outro, não por querer, mas pelas condições nas quais se encontra”, afirma Eduardo. E, com a nova formatação da família que tem cada vez mais um número menor de filhos, surge a questão sobre quem irá cuidar dos idosos daqui a um tempo? Atualmente só em São Paulo vivem cerca de 1,4 milhão de idosos com mais de 60 anos. Muitos já apresentam mais de uma doença. Entre 80 e 90 anos, 20% possui algum tipo de demência, e, a partir dos 90 anos, esse índice salta para 40%. E, para qualquer familiar que precisa se dedicar aos cuidados desses idosos a sobrecarga emocional pode ser arrebatadora, levando-o a problemas de depressão e até a morte prematura. Por esse motivo, é importante contar com a ajuda de profissionais qualificados. A profissão dos chamados ‘cuidadores de idosos’ hoje está em alta e se faz necessária. Esse mercado de trabalho tem começado a ganhar cada dia mais espaço e conta, inclusive, com cursos de graduação e especialização, que tem como objetivo formar profissionais preparados para cuidar de todas as necessidades dos idosos como prestar assessoria a instituições previdenciárias e prescrever exercícios de fisioterapia. PREOCUPAÇÃO COM FINANÇAS DEIXA A POPULAÇÃO COM CABELOS BRANCOS Com o aumento do número de idosos o país pode sofrer severas mudanças no sistema previdenciário, e por esse motivo, é preciso que a população se prepare melhor financeiramente para a fase da terceira idade. Ainda segundo o estudo da Nielsen, 33% da população do país pretende se aposentar entre 50 e 55 anos e 34% entre 60 e 65 anos de idade. 81% dos entrevistados brasileiros julgam que esta- 18 Nova Família www.revistanovafamilia.com.br rão mais bem preparados financeiramente do que seus pais quando o momento da aposentadoria chegar. Além disso, 36% dizem que a principal fonte de renda nesse período será proveniente de economias e investimentos pessoais. No entanto, a pesquisa mostra que a visão sobre as finanças varia de acordo com o lugar. Ao contrário do Brasil, 56% dos entrevistados da Europa e 38% da América do Norte acreditam que não contarão com os mesmos recursos financeiros que seus pais tiveram na aposentadoria. Por esse motivo, nesses países, a expectativa de aposentadoria é acima dos 65 anos de idade. COMO PREPARAR O BOLSO PARA A TERCEIRA IDADE A falta de dinheiro é realmente um motivo para preocupação na fase após a aposentadoria. Ao se planejar para essa etapa da vida é preciso pensar também como está a vida dos pais hoje em dia, pois estes acabam por se tornar filhos dos filhos. Segundo Reinaldo Domingos, educador financeiro do Instituto Dsop, menos de 1% dos aposentados pelo INSS são hoje independentes financeiramente, os outros contam com a ajuda de familiares, dependem de caridade e há ainda os que não conseguem deixar de trabalhar. Para o especialista, quanto antes começar esse planejamento mais fácil se torna evitar problemas. De acordo com ele, os filhos precisam destinar parte de suas economias para planos de saúde dos idosos, gastos com exames, medicamentos e também o lazer. Já para planejar a própria aposentadoria é preciso destinar parte da renda atual para investimentos como caderneta de poupança ou previdência privada. Investimentos em patrimônios como imóveis também podem servir como fonte de renda no futuro. 19 Comportamento ELES ESTÃO, CADA VEZ MAIS, ASSUMINDO O COMANDO DA CASA 21% dos pais abrem mão de suas carreiras para cuidar da familia e do lar DENISE PACIORNICK e acordo com um estudo realizado em 2012 pelo centro de pesquisa americano Pew Research, em 1989, 1.10 milhões de homens ficavam cuidando dos filhos, hoje, esse número praticamente dobrou, chegando à marca de 2.2 milhões. Mesmo que o número de mulheres que deixam de trabalhar para cuidar dos filhos seja bem maior, na atualidade, 16% dos D 20 Nova Família www.revistanovafamilia.com.br homens ocupam esta função. Destes, 23% alegam ficar em casa principalmente por não conseguirem encontrar emprego. O que chama a atenção, porém, é que 21% dos homens confirmam que ficam em casa para realizar a função de cuidar do lar e da família, representando um aumento quatro vezes maior do que em 1989, que tinha apenas 5% do público masculino exercendo este papel. De braços abertos para a grandiosa missão de ser pai Alguns declaram que ficam em casa e assumem esta atividade por diversos outros motivos, mas mesmo assim, a pesquisa demonstra que os pais estão colocando a família em primeiro lugar, deixando a profissão em segundo plano, atitude esta que era destinada apenas às mães. de bordo na Emirates Airlines e viajava pelo mundo todo, ficando uma boa parte do tempo fora da cidade. Com isso, eu tive que ser a “mãe” do meu filho levando na escola, dando comida, etc. Mas dividíamos responsabilidades no tempo em que ela estava em casa e eu estava tocando”, comenta. Fabricio Franco é um exemplo de pai que assumiu as responsabilidades do lar e da criação do filho. De acordo com ele, o que o motivou, no entanto, diz respeito ao seu próprio trabalho e ao da sua esposa. Ele é músico, portanto, seu horário de expediente é de noite e em alguns dias da semana, sendo assim, aos poucos foi assumindo as funções dentro de casa e com o filho. “Isso se intensificou quando mudamos para Dubai. Minha esposa trabalhava como comissária Segundo o músico, é uma grande satisfação poder estar mais presente no dia a dia de seu filho, o que levou os dois a terem uma relação muito próxima e de cumplicidade, especialmente no início da mudança para outro país. “E também ajudou muito no relacionamento com minha esposa, uma vez que ela sente-se grata por ter ajuda nas funções de casa e por não precisar ter que trabalhar, após chegar cansada do trabalho. E ainda me fez valorizar mais as coisas Volt Collection . shutterstock Comportamento 21 Comportamento que ela fazia, já que eu tive que aprender a fazê-las e percebi que não era tão fácil”, destaca Fabricio. Ele ressalta que nunca sofreu nenhum tipo de preconceito no Brasil por ser “dono de casa”, entretanto, existe uma certa estranheza em como as tarefas são divididas em sua casa. “Nos quatro anos que vivemos em Dubai, senti o preconceito, principalmente por parte dos árabes, que têm uma cultura muito machista e não admitem de bom grado essa “inversão de papéis”, chegando até a dificultar as coisas algumas vezes para nós quando precisávamos de algo burocrático de órgãos governamentais, por exemplo”, lamenta o músico. Em relação as dificuldades, a maior delas, de acordo com Fabricio foi a preguiça (risos). “Acredito que a parte mais difícil foi a de ter que Volt Collection . shutterstock Um olhar de confiança 22 Nova Família www.revistanovafamilia.com.br me acostumar a realizar algumas tarefas cotidianas como ter que cozinhar, e depois ainda ter que lavar a louça, por exemplo. Mas no geral, não acho que tive muitas dificuldades, até porque foi um processo meio gradual e eu percebi que tinha que ajudar minha esposa, uma vez que em dado momento eu tinha mais tempo livre para isso do que ela”, explica Fabricio. Mas, no final, ele acredita que esta experiência trouxe benefícios para o seu crescimento pessoal. “Isso me fez uma pessoa mais responsável, mas principalmente, me fez um pai e um marido melhor, entendendo de maneira mais ampla a dinâmica de cuidar de filho e da casa. E, com certeza, me fez um pouco menos preguiçoso, já que aprendi que há coisas que não dá para fugir ou adiar”, finaliza. 23 Comportamento A BUSCA PELA PERFEIÇÃO MICHELE VITOR Q uem não gosta de se sentir bonito e atraente? A busca pela beleza é importante e ajuda a manter a auto-estima elevada. O problema é quando essa busca passa a ser uma obsessão e faz com a pessoa ignore os limites do corpo para conquistar uma beleza perfeita. E, de acordo com o especialista, o número de homens que buscam esses procedimentos aumenta a cada ano. Segundo levantamento feito pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), nos últimos cinco anos subiu de 5% para 30% a quantidade de pacientes do sexo masculino que se submetem a cirurgias estéticas. O que antes era comum somente entre mulheres, agora também faz parte do dia a dia dos homens. A vaidade também fez a cabeça dos homens que passaram a se preocupar mais com o corpo, pele e cabelos. Para o médico, a cirurgia plástica é um procedimento que pode ser feito por pessoas de todas as idades. E, segundo ele, hoje existem métodos capazes de corrigir quase todos os incômodos estéticos. “Tenho pacientes com idades entre 15 e 70 anos e cada faixa etária é mais adepta a determinados tipos de cirurgia. Por exemplo, dos 15 aos 20, a mais procurada entre homens é a ginecomastia, ou seja, a redução de mama. Já dos 20 aos 30 é a lipoaspiração. Dos 30 aos 40 anos as mais procuradas são as cirurgias de pálpebras, nariz e semblante em geral. E, a partir dos 45, dificilmente os pacientes realizam cirurgias no corpo, somente na face”, explica Alderson. Para alcançar os resultados desejados, homens e mulheres não dedicam seu tempo somente para exercícios físicos e uma alimentação saudável, grande parte deles recorrendo tambem a procedimentos estéticos e cirurgias plásticas para atingir o objetivo desejado de forma rápida. Segundo o cirurgião plástico Alderson Luiz Pacheco, apesar de as mulheres ainda liderarem o número de procedimentos estéticos, o número de homens que aderiram a eles tem aumentado constantemente. “Muito desse comportamento é devido à mudança da mentalidade da sociedade, e principalmente, dos próprios homens que passaram a assumir a vaidade, sem medo de enfrentar preconceitos”, comenta o médico. 24 Nova Família www.revistanovafamilia.com.br Segundo o especialista, outro fator que tem contribuído para o aumento da procura pelas cirurgias por homens é que a medicina está proporcionando cada dia mais segurança aos pacientes. “Cada vez mais as cirurgias são mais seguras, rápidas e proporcionam menos dor, além de garantirem mais sucesso na conquista do resultado desejado, ressalta. Dragon Images . shutterstock CUIDADOS IMPORTANTES ANTES DAS CIRURGIAS Assim como qualquer outro procedimento médico, as cirurgias estéticas também oferecem riscos à saúde, mas, segundo o especialista, é possível minimizar-se as chances de problemas com uma boa pesquisa sobre o médico escolhido e o local onde será realizado o procedimento. “A relação médico-paciente é muito importante, pois, de nada adianta o paciente se consultar com um médico com quem não simpatiza, não sente confiança ou que não seja capaz de esclarecer todas suas dúvidas. Essa é a nossa função: responder a todas as questões e deixar claro todos os riscos que a cirurgia envolve, além de orientar sobre todas as medidas que devem ser tomadas no pré e pós operatório”, afirma Alderson. Para a escolha do médico é importante observar alguns pontos como: se ele é membro da SBCP; se foi treinado na área de plástica; quantos anos de treinamento em cirurgia plástica ele apresenta; em quais hospitais ou clínicas atua ou já atuou; quantos procedimentos do tipo já realizou na carreira; como será feita a cirurgia e onde; quais os riscos; e como ele costuma contornar eventuais complicações. Após esses procedimentos, o médico deverá fazer uma avaliação sobre o estado de saúde do paciente. Para isso, é importante que seja informado sobre todas as doenças existentes ou que já existiram, cirurgias já realizadas, se tem alergia a algum medicamento, quais remédios toma, se fuma ou utiliza outras substâncias químicas entre outros. São essas informações que irão auxiliar a equipe médica na definição dos exames pré-operatórios e na própria cirurgia. Cada vez mais homens e mulheres se entregam a ditadura da beleza e realizam procedimentos que prometem deixar os seus corpos perfeitos Comportamento 25 CIRURGIAS PLÁSTICAS MAIS PROCURADAS PELOS HOMENS Ginecomastia: o procedimento corrige mamas que sofreram crescimento anormal; Lipoaspiração: elimina gordura localizada, que nos homens é mais evidente na região do abdômen e cintura; Rinoplastia: plástica no nariz, que pode, diminuir, aumentar, ou, modificar o formato; Blefaroplastia: retirada do excesso de pele e gordura das pálpebras caídas, suavizando olheiras e sinais de cansaço; Implante Capilar: procedimento que promete solucionar o problema da queda de cabelo; Facelift: ou Lifting Facial que suaviza sinais de envelhecimento do rosto e pescoço; Toxina botulínica: conhecido como botox ajuda a combater rugas; Mentoplastia: remodela o queixo e o contorno do rosto com auxílio de prótese de silicone; Otoplastia: corrige as famosas orelhas de abano. CIRURGIAS PLÁSTICAS MAIS PROCURADAS PELAS MULHERES Lipoaspiração: também conhecida como lipoescultura remove depósitos de gordura em áreas especificas do rosto como rosto, pescoço, abdômen ou glúteos; Mamoplastia de aumento: utiliza implantes para aumentar o volume dos seios; Abdominoplastia: retira a gordura localizada e também o excesso de pele, além de remover as estrias da região; Blefaroplastia: procedimento que melhora o aspecto das pálpebras, eliminando bolsas de gordura e rugas; Redução das mamas: procurada por mulheres com seios muito grandes que sofrem por questões estéticas ou até mesmo com dores na coluna; Mastopexia: corrige a flacidez dos seios, elevando as mamas e desfazendo o efeito do caimento natural; Rinoplastia: modifica a estrutura nasal. Pode ser feita para fins estéticos e até para melhorar a respiração; Queiloplastia: proporciona aumento, redução ou reconstrução dos lábios. 26 Nova Família www.revistanovafamilia.com.br ilustração. markovka . shutterstock Comportamento 27 Família A difícil arte de ser mulher ilustração . Thodoris Tibilis . shutterstock MULHERES MULTITAREFAS MICHELE VITOR Quem nunca ouviu a expressão de que mulheres são como polvos? Isso porque parece que utilizam vários braços para resolver inúmeras situações ao mesmo tempo. Só que essa atitude, muitas vezes, é acompanhada por uma sobrecarga emocional e causa cansaço excessivo, além de síndrome de ansiedade e estresse. 28 Nova Família www.revistanovafamilia.com.br Esses problemas normalmente surgem porque a maioria das mulheres ainda carrega na cabeça o ideal de perfeição e tentam atingir o máximo como mulher, mãe, esposa e profissional. No entanto, é preciso enxergar que há um limite a se alcançar e por mais que a mulher esteja envolvida em várias situações não há necessidade de mostrar perfeição em todo momento. Segundo o psicólogo e neuropsicólogo Fabio Roesler, é necessário aprender a administrar todos esses papéis de modo que eles não se sobreponham. “Essa sobrecarga da vida moderna das mulheres pode acabar interferindo na saúde física e mental. O estresse de ter que gerenciar uma vida na condição de mulher ocupando várias funções sociais ao mesmo tempo pode ser perturbador e contribuir VÍTIMAS DA EVOLUÇÃO SOCIAL Toda a evolução que as mulheres conquistaram ao longo de várias gerações trouxe benefícios como liberdade, poder de decisão e oportunidade de ingressar no mercado de trabalho entre outras coisas. No entanto, com a possibilidade de encarar esse novo estilo de vida, muitas mulheres acabaram se sobrecarregando. Apesar de ocuparem cargos como profissionais, as mulheres sempre assumiram a responsabilidade com seus filhos, incluindo a preocupação com a saúde, com o desenvolvimento escolar, com o lazer, alimentação, horários etc. para uma queda psíquica e fisiológica”, afirma. Para ele, os principais problemas que podem ser causados por essa sobrecarga de atividades são: o estresse, um possível surgimento de algum transtorno de ansiedade, como a síndrome do pânico e o transtorno de ansiedade generalizada, além de problemas relacionados ao sono. Esse desgaste emocional também pode ser o pontapé inicial para problemas como a depressão, pânico, fobias e doenças psicossomáticas. Normalmente, as pessoas que apresentam esses sintomas em decorrência da sobrecarga emocional acabam tendo menos condições de desenvolver suas atividades com qualidade, o que pode gerar um desgaste ainda maior por trazer a sensação de incapacidade. assumem o papel de cuidadoras quando os pais envelhecem e adoecem, além de dedicar tempo para dar atenção ao marido ou cuidar dele quando está doente. Mas, o problema é que, além de todas essas responsabilidades que nunca deixaram de existir na vida das mulheres, hoje elas ocupam cargos de profissionais que, muitas vezes, exigem a dedicação a uma extensa carga horária para conseguir participar de reuniões, cumprir prazos, entregar relatórios e atingir metas. Além dos filhos, as mulheres nunca deixaram de administrar a casa, se dedicando também a todos os afazeres domésticos como lavar, passar, cozinhar ou mesmo coordenar alguém que faça o serviço. E, tudo isso vem acompanhado da cobrança, mesmo que discreta, de que a mulher precisa sempre estar com a aparência impecável, o que significa roupas bonitas, sapatos elegantes, unhas feitas, cabelo bem tratado, maquiagem adequada. Ou seja, cobrança em cima de cobrança o que facilita o surgimento da sobrecarga emocional. E, mesmo que os homens estejam mais presentes nesses trabalhos domésticos, as mulheres ainda assumem toda a responsabilidade - o que faz com que se dediquem muito mais a essas atividades dos que os homens. São as mulheres também que, muitas vezes, Com essa nova realidade, as mulheres acabam acordando muito mais cedo, dormindo muito mais tarde (dormindo menos) e, assim, ficam mais propensas a problemas de saúde, alguns dos quais antes eram percebidos com muito mais frequência nos homens. Alguns Família 29 Família Com a agenda cada vez mais repleta de compromissos, as mulheres tentam se multiplicar a todo instante para dar conta GDVDWLYLGDGHVGHPmHHVSRVDHSURÀVVLRQDO exemplos são: infarto, acidente vascular cerebral (AVC) e hipertensão – todos eles podem ser fatais e não apresentar sintomas prévios. Infelizmente não existe uma fórmula mágica que deixe todas as responsabilidades de lado e a vida mais leve, sem preocupações. Mas, segundo o psicólogo, é possível se organizar para amenizar essa sobrecarga emocional e, assim, viver com mais qualidade. “É preciso fazer uma agenda na qual exista um espaço pessoal, dedicado somente para a mulher. Esse tempo é importante para que ela possa fazer o que quiser como sair com as amigas ou jantar com o marido e namorado. Além disso, é preciso dedicar um espaço para atividades físicas que devem ser praticadas ao menos três vezes por semana”, explica. Mas, para ele, o mais importante é não se envolver excessivamente com o trabalho de forma que a vida e os horários girem em torno dele. “É preciso impor um limite do tempo que será dedicado ao trabalho para poder aproveitar os outros horários com cuidados pessoais, com os filhos, o marido, os pais, os irmãos e amigos e ou até mesmo para ver um filme, ler um livro, etc”, afirma. É POSSÍVEL REDUZIR A SOBRECARGA Primeiro de tudo, toda mulher deve dedicar tempo para si mesma, investir em cuidados que irão valorizar a autoestima e fazer com que fique bem consigo mesma. Cuidar do cabelo, se exercitar, fazer as unhas, massagem entre outros são coisas que fazem toda mulher se sentir melhor. E, quando a mulher está bem com ela mesma consegue se dedicar às suas atividades com mais qualidade. 30 Nova Família Outro passo importante é se livrar do sentimento de culpa. Não conseguir fazer tudo o que gostaria não significa que deva abrir as portas para a sensação de fracasso. Para evitar esse problema é preciso começar a listar o que é prioridade. Por exemplo, se chegou tarde do serviço e não está com vontade de cozinhar, porque não preparar o congelado que est ndo serviço e n si mesmas.rte de um grupo de pessoas que querem sempre agradar aos outros e, por esseá no freezer, ou mesmo pedir uma comida pronta como uma pizza, massa, etc? Se já está cansada do dia inteiro de trabalho no escritório e ainda precisa encarar a limpeza da casa, por que não dar prioridade para arrumar, tirar a bagunça do caminho e organizar as coisas? A limpeza pesada pode ficar para depois e com ela o cansaço excessivo também. As mulheres, mais do que os homens, costumam fazer parte de um grupo de pessoas que querem sempre agradar aos outros, e por esse motivo, muitas vezes acabam esquecendo-se de si mesmas. Com essas pequenas atitudes é possível alcançar grandes resultados. Dessa maneira há a possibilidade de treinar e aprender a deixar de lado o termo “ter que” que pressiona a maioria das mulheres e causa um estresse desnecessário. www.revistanovafamilia.com.br Ao ver o Felipe, você tem a impressão de que ele é diferente. Ao conhecer a história dele, você tem certeza. A mãe de Felipe não precisou de exames caros, que ela e o marido não podiam pagar, para saber que algo na sua gravidez estava errado. Mas nem o sexto sentido, comum às mulheres e acentuado nas mães, podia prepará-la para o choque do parto. Seu bebê nasceu lindo, mas sem braços e pernas. Das visitas, em vez dos habituais parabéns, os pais recebiam o conselho para esconder a criança. Mesmo mais educadas, as palavras dos médicos também eram horríveis. Segundo a maioria, Felipe jamais seria uma criança normal. De um especialista, porém, veio a orientação para procurar a AACD, aonde a mãe passou a levá-lo diariamente. No caminho da associação, descendo ladeiras enlameadas no colo de Dona Daniela, a ausência de choro do menino indicava a coragem com que encararia a vida. Que o levaria a contrariar os conselhos de conhecidos e os prognósticos dos médicos. Hoje, Felipe anda de skate, solta pipa, joga bola, escreve e, com uso de próteses, anda e até faz capoeira. Inacreditável, não? É por isso que nós acreditamos. twitter.com/aacd facebook.com/ajudeaacd Se você acredita, nossas crianças também acreditam. Para doar ligue: 0800 771 7878 ou acesse aacd.org.br 31 Família PROJETO AMPLIA LICENÇA PATERNIDADE PARA 30 DIAS DENISE PACIORNICK T odo mundo conhece a lei que permite as futuras mamães ficar em casa com seus bebês até os quatro ou seis meses, dependendo da empresa e das leis municipais, a chamada de Licença Maternidade. Entretanto, poucos sabem que também existe a Licença Paternidade, que dá o direito ao pai de ficar em casa cinco dias com seus filhos recém-nascidos. Em Niterói, no Rio de Janeiro, já existe uma lei municipal que concede 30 dias para a Licença Paternidade dos funcionários públicos. De acordo com o vereador autor do projeto, Henrique Vieira do PSOL, essa é uma demanda justa pela divisão de tarefas na hora de criar os filhos, livrando a sociedade do sexismo. Por outro lado, há muitos descontentes com esta proposta. No Rio de Janeiro, o vereador Renato Cinco, também do PSOL, apresentou uma ideia semelhante, que já foi protocolada. Entretanto, será uma batalha difícil, especialmente se tomarmos como base um projeto de lei nacional, da deputada Erika Kokay, do PT, que desde 2011 tramita para que a Licença Paternidade seja de um mês em todo o país. 32 Nova Família www.revistanovafamilia.com.br Diferentemente do Brasil, na Suécia, um dos países mais desenvolvidos do mundo, a realidade é bem mais animadora. Lá, após o término do período de aleitamento, que é até os seis meses, 70% das crianças passam mais tempo com os pais do que com as mães. Dessa forma, também é possível garantir a igualdade no mercado de trabalho para as mulheres. A Licença Paternidade na Suécia garante o direito dos pais ficarem em casa por 13 meses para cuidar de seus filhos, e ela pode ser tirada de uma vez só ou por partes, até o oitavo ano de vida da criança. Dessa forma, o país garante as futuras gerações, pois muitos casais evitavam ter filhos para não perder o emprego, e após a criação da lei, o número de filhos por casal dobrou. Além disso, a licença paternidade também contribui para que os funcionários tenham maior tranquilidade durante o período de trabalho, sabendo que seus companheiros poderão dividir a tarefa de cuidar dos filhos. Com isso, o país teve uma queda de 18% nos divórcios. Pai em conexão com o filho bikeriderlondon . shutterstock LICENÇA PATERNIDADE NO MUNDO Alemanha: Quatorze semanas – com remuneração. Argentina: Dois dias – com remuneração. Bolívia: Não há. Brasil: Cinco dias – com remuneração. Canadá: Trinta e cinco semanas (transferível entre o pai e a mãe) – 55% dos rendimentos China: Não há. Estados Unidos: Até três meses – sem remuneração. França: Quinze dias – com remuneração, ou, três anos – sem remuneração. Grã-Bretanha: Treze semanas. Hungria: Cinco dias – com remuneração. Índia: Quinze dias para funcionários do governo central – não foi informado sobre remuneração. Japão: Um ano (transferível entre o pai e mãe) – 25% dos rendimentos. Paraguai: Dois dias – com remuneração. Suécia: Até quatrocentos e cinqüenta dias (transferível entre o pai e a mãe) – não foi informado sobre a remuneração. *Fonte: EBC ilustração. grmarc . shutterstock Família 33 Família Um momento de extrema felicidade Gajus . shutterstock CUIDADOS NA GRAVIDEZ MICHELE VITOR A gestação é um dos momentos mais felizes da vida da mulher. Mas, em alguns casos, é preciso WRPDUDOJXQVFXLGDGRVHVSHFtÀFRVSDUDJDUDQWLUD segurança da futura mamãe e do bebê. 34 Nova Família www.revistanovafamilia.com.br Q ual foi a mulher que nunca sonhou em ser mãe? A maioria das mulheres carrega dentro de si essa vontade desde a infância quando ainda brincavam com suas bonecas. E, quando esse momento se torna realidade, é impossível não se emocionar. A descoberta da gravidez é momento de extrema felicidade para a mulher e todos os envolvidos na vida dela, e, tanto para os casais que planejam esse momento quanto para aqueles que recebem a notícia como surpresa, não dá para evitar-se a emoção. No entanto, junto com a emoção desse mágico momento, outros sentimentos também tomam conta da mulher e de seu parceiro. Ao mesmo tempo chegam o choque da notícia, a felicidade, o medo da nova vida, a falta de conhecimento e de preparo e a preocupação com os cuidados necessários para manter a saúde e a segurança da futura mamãe e do bebê nesses nove meses. A nova fase exige alguns cuidados para que a gestação seja normal e sadia e para que a mulher consiga manter a gravidez até o fim. No entanto, existem alguns casos que exigem cuidados a mais para garantir a segurança dos dois. São as chamadas ‘gravidez de risco’. É o caso da radialista e engenheira agrônoma Carol Chab, de 28 anos, grávida de seu primeiro filho e diagnosticada com trombofilia, que significa uma grande possibilidade de desenvolver trombose durante a gestação. “Eu entendo que os cuidados que devo ter são maiores do que os de outras mulheres, mas vale a pena. Preciso fazer uso de medicação especial, meia de compressão, fazer caminhadas leves e repousos e evitar ficar muito tempo parada na mesma posição”, comenta Carol. A radialista descobriu que tinha trombofilia sem nenhum trauma anterior. “Eu tenho histórico familiar propenso a essa doença. Procurei um médico geneticista e fiz uma pesquisa genética que já está disponível em alguns planos de saúde. E, meus exames deram positivo, ou seja, eu apresentava um grande risco de sofrer aborto e trombose”, afirma Carol. A radialista afirma que todas as mulheres precisam ficar atentas a esse problema. “Essa é uma doença que qualquer mulher pode ter. Existem alguns fatores de risco sim, como a obesidade, fumo, sedentarismo e outros. Mas, também existe o fator genético que tem grande importância”, comenta. É preciso ter cuidados para manter a saúde e não deixar que eles virem uma neurose. “Sabemos que durante esses nove meses temos uma vida dentro de nós, mas, ao mesmo tempo, não podemos deixar de viver a nossa vida com qualidade, afinal, gravidez não é doença”, ressalta Carol. Familia 35 Família O que deve ser evitado para manter a saúde da mulher e do bebê são os excessos e atividades como exercícios físicos muito pesados, doar sangue, fazer tatuagens e o uso de álcool e cigarro. Já atividades como pilates e ioga são recomendadas, pois auxiliam na manutenção do equilíbrio, na força muscular e na flexibilidade. Além disso, essas atividades ajudam a preparar o corpo feminino para as mudanças físicas da gravidez e para o momento do parto. GRAVIDEZ DE MÚLTIPLOS Uma das principais características da atualidade é que as mulheres estão deixando para se tornar mães mais tarde o que muitas vezes dificulta a gravidez. Com isso, muitas optam por tratamentos como os de ‘fertilização in vitro’, que apresentam grande probabilidade de gestação de múltiplos. Nesses casos, o cuidado deve ser ainda maior, pois a gravidez de múltiplos está associada a maiores riscos tanto para a saúde da mãe quanto para os bebês. Entre os principais problemas estão: pré-eclâmpsia (pressão alta gestacional), malformação, abortos espontâneos e bebês prematuros. Mas, investindo em cuidados específicos é possível passar por todo o período de gravidez sem apresentar problemas para a mãe e os bebes. Uma das principais características necessárias na prevenção de problemas nesse tipo de gestação é o repouso. Por estar associado a um maior peso, a mulher precisa evitar fazer muito esforço, cuidar da circulação e controlar o peso. Esse último ajuda a evitar a incidência de diabetes gestacional e a reduzir as chances de um parto prematuro. Além desses cuidados, as grávidas em geral, e principalmente, as de múltiplos, devem se alimentar de forma balanceada, fracionando as refeições e optando por alimentos mais saudáveis, como frutas, legumes, verduras e fibras. Os exercícios devem ser mantidos, mas de forma moderada. Principalmente as grávidas de múltiplos devem evitar exercícios de impacto ou que possam causar perda de equilíbrio. Os mais recomendados são caminhadas leves e hidroginástica. Com todos esses cuidados é possível levar a gravidez até o fim da melhor forma possível. ENQUANTO ISSO, COMO FICA A VIDA PROFISSIONAL DA MULHER... Esse é um dos principais medos das mulheres que serão mamães. Apesar de viverem uma das fases mais importantes e aguardadas, muitas se perguntam como será e o que fazer com a vida profissional durante e após a gravidez, afinal, com o nascimento de um bebê, nasce também uma mãe e uma nova vida. Todos os anos têm aumentado o número de mulheres grávidas que continuam trabalhando, isso porque já está comprovado que trabalhar não prejudica o bebê. Além disso, as mulheres atuais estão mais ativas do que nunca. As exceções são para as mulheres que apresentam gravidez de risco. A radialista é um dos exemplos de gestantes que continuam investindo na vida profissional apesar de tomar alguns cuidados extras por conta do diagnóstico de trombofilia. “Continuo trabalhando todos os dias e não pretendo deixar de lado a minha profissão por causa da gravidez. Quero agregar os dois”, afirma Carol. Para manter a rotina de forma saudável, o ideal é que as mulheres grávidas adaptem a sua função profissional à gravidez de maneira que se sintam seguras. É preciso aliar boas refeições e descanso sempre 36 Nova Família www.revistanovafamilia.com.br que sentir necessidade. Além disso, devem ser evitadas muitas horas extras e viagens prolongadas sem acompanhamento médico. “A gravidez é um momento único, especial, mas, ao mesmo tempo, não pode se tornar o único foco da vida. A gestante também tem pessoas ao seu redor, tem profissão e hobbies. O bom mesmo é poder unir tudo isso”, diz Carol. As principais dicas para continuar na ativa e evitar problemas com o bebê são pausas a cada três horas, caminhar, fazer alongamentos, elevar os pés algumas vezes ao dia para facilitar a circulação e evitar inchaços e ir ao banheiro sempre que sentir vontade. Seguindo todos esses cuidados é possível levar uma gestação saudável e assim no final do período, decidir junto com o médico qual é o melhor período para parar de trabalhar. Existem mulheres que trabalham até o último dia da gravidez, outras escolhem parar as atividades algumas semanas antes. Mas, tudo depende da disposição de cada uma. ilustração. grmarc . shutterstock No entanto, vale a pena lembrar que quando o parto se aproxima, a mulher tende a se sentir mais cansada, e com isso, se torna difícil manter o trabalho no nível de sempre. É importante também deixar um pouco de tempo para descansar, pois esses serão os últimos dias que a futura mamãe poderá dormir sem as preocupações de ter que acordar com choro do bebê. A IMPORTÂNCIA DO PRÉ-NATAL Independente de ser uma gravidez de risco ou não, é de extrema importância que as mulheres façam o pré-natal e sigam a risca as orientações médicas. O pré-natal é o acompanhamento médico que toda gestante deve ter para manter a própria saúde e a do bebê. Durante os nove meses de gestação são realizados exames laboratoriais que tem como objetivo identificar e tratar possíveis doenças da futura mamãe e da criança. Para que seja eficaz, é importante que a gestante comece a fazer o pré-natal assim que for confirmada a gravidez ou antes de completar três meses de gestação. Durante o pré-natal as gestantes recebem orientações sobre alimentação, atividades físicas, sexo na gravidez entre outros. Segundo a radialista Carol, é importante anotar todas as dúvidas para perguntar ao médico. “Essas consultas esclarecem todas as nossas dúvidas e nos deixam mais seguras em relação a ter um filho. Para as mães de primeira viagem, como eu, é importante falar sobre todas as dúvidas que temos em mente, mesmo que pareçam bobas. Eu costumo fazer uma lista de perguntas e não tenho vergonha de fazer ao médico”, comenta. SAIBA QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS EXAMES SOLICITADOS DURANTE O PRÉ-NATAL Q Glicemia: para avaliar se há presença de diabetes; Q Grupo sanguíneo e fator RH: esse é muito importante, pois detecta a incompatibilidade sanguínea entre mãe e bebê, que pode causar a morte do feto; Q Anti-HIV: identifica se há a presença do vírus da AIDS no sangue da mãe. Se a mãe é soropositiva, o médico deve prescrever alguns medicamentos para reduzir as chances de doença ser transmitida para o bebê; Q Sífilis: esse exame detecta a presença dessa doença que pode causar malformação na criança; Q Toxoplasmose: doença que pode causar a malformação do feto; Q Rubéola: além de causar a malformação, pode provocar aborto; Q Hepatite B: se a mãe for portadora do vírus da doença, o médico pode tomar algumas medidas que podem reduzir a chance de transmissão ao feto; Q Urina e urocultura: detecta se a mãe possui infecção urinária, que pode causar um parto prematuro; Q Ultrassonografias: essas são utilizadas para a identificação da idade gestacional e para verificar se há malformação do bebê. Familia 37 Família QUANDO O AMOR SUPERA TODAS AS BARREIRAS LUCIANA BRUNCA Theodora foi a primeira criança adotada legalmente por um casal homossexual masculino no Brasil A convivência com sobrinhos e até com filhos de amigos e vizinhos foi despertando no casal o desejo de ter filhos. Então, em 1998, eles decidiram se inscrever no Cadastro de Adoção, em Catanduva, interior de São Paulo. A primeira tentativa foi frustrada e o casal não foi aceito. Seis anos depois, eles insistiram e se inscreveram novamente, passaram por todas as avaliações que são obrigatórias e determinadas no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), e em dezembro de 2005, Theodora com 4 anos na época, chegou para dar mais alegria à vida do casal. “Foi uma felicidade que nem consigo descrever. Nós já conhecíamos a Theodora durante uma vi38 Nova Família www.revistanovafamilia.com.br arquivo pessoal J untos há 22 anos, pais de duas meninas - Theodora, 13 e Helena de 4 anos de idade – a história de vida dos cabeleireiros Vasco Pedro da Gama Filho, 43 e Junior de Carvalho, 51 anos, revela que um lar se faz com amor, respeito, carinho, atenção, educação, afeto e união. “Quem educa uma criança são pessoas e não um conceito de família. Existem pais ou mães solteiros, crianças criadas por avós, por tios ou tias, enfim não é ser um casal heterossexual ou homossexual que importa, mas sim os conceitos que são ensinados”, afirma Gama Filho. sita a uma instituição de crianças carentes do munícipio. Eu me apaixonei por ela no primeiro instante, e então Deus a colocou na nossa vida definitivamente”, conta Filho. O casal relata que após a “guerra” para conseguir a adoção, surgiram alguns medos. “Todo pai tem a preocupação se a filha vai ser aceito ou não, se os amiguinhos vão aparecer na festa de aniversário, como ela seria recebida na escola. Mas sempre tivemos o apoio dos nossos familiares e amigos e sabíamos que estávamos fazendo tudo certo. Sempre falamos a verdade para ela, ela tem orgulho de dizer que os pais são gays, e nunca tivemos problemas de aceitação. Muito pelo contrário, recebemos apoio e carinho da população de Catanduva e até de pessoas desconhecidas que cruzavam com a gente em outras cidades”, relata. Vasco Pedro acredita também que o fato do assunto ter ganhado destaque na mídia, já que era a primeira criança a ser adotada por um casal homossexual masculino no Brasil, facilitou o entendimento das pessoas. “Nossa família nunca sofreu nenhum tipo de preconceito. Todos nos cumprimentaram pela nossa atitude, jovens, idosos. Foi muito legal ver e sentir a reação das pessoas. Na escola também nunca houve problema, participamos de todas as reuniões, somos muito presentes. Os amiguinhos da Theodora gostam de vir na nossa casa, eles até discutem entre eles esse novo conceito de família. É muito legal”, diz. O tempo passou e nove anos depois, o casal adotou a pequena Helena, na época com 10 meses. Uma das surpresas foi descobrirem depois de um tempo, que ela e Theodora eram irmãs, por parte de mãe. “Na verdade, os desafios foram outros, já que a Helena era ainda uma bebezinha quando chegou a nossa casa. Mas é gratificante olhar com o passar dos anos os avanços que elas fizeram, os medos que elas também tiveram que superar e hoje formamos uma linda família”, fala emocionado Vasco Pedro. Como toda adolescente, Theodora já “sofre” com o ciúme do pai, que revela que é bem ciumento. “Estávamos de férias na praia, então outro dia, caminhando eu percebi que vinha uns meninos e já estavam olhando pra ela, ai falei: Theodora pare aqui. Esperei eles passarem e só depois andamos e eu claro, fui bem atrás dela”, conta Vasco Pedro, as gargalhadas. O cabeleireiro acredita que para a geração da Helena, será ainda mais fácil, já que atualmente a homossexualidade é mais discutida, mostrada na televisão, além disso, houve mudanças no Cadastro de Adoção, a autorização do casamento homossexual, entre outras questões. “Ainda falta muita coisa, mas atualmente as pessoas são mais esclarecidas, o que de certa maneira as tornam menos preconceituosas. Minhas filhas estão crescendo em um novo conceito de família, e por conseqüência, os amiguinhos delas também já tomam conhecimento disso e já abordam a questão de maneira diferenciada”, afirma. arquivo pessoal O IMPORTANTE É O AMOR E A VERDADE Carlos Mattos Pinheiro A criação de filhos vai além de um ambiente saudável, requer uma dose extra de amor, de entrega e principalmente, de verdade. Para o terapeuta e consultor familiar sistêmico qualquer criança adotada ou não é reflexo das atitudes dos pais. “O amor de pais para filhos é divino e independe se é de um casal heterossexual ou homossexual. O importante é que a verdade seja sempre dita, que todas as dúvidas da criança ou adolescente sejam esclarecidas, na maneira que forem surgindo, com respostas curtas e objetivas. Mas o fundamental é que os pais se amem e amem seus filhos sem culpa ou constrangimento”, afirma. O terapeuta ressalta que tendo as dúvidas esclarecidas de forma verdadeira e sendo criado em um ambiente de amor e respeito, ficará mais fácil para a criança ou adolescente adotado por um casal homossexual enfrentar as situações constrangedoras, que por ventura, possam ocorrer na escola, no clube. “Vale lembrar ainda que o casal heterossexual tem uma missão importante na criação dos filhos, no que diz respeito à aceitação, mesmo que não concorde, com as escolhas e preferências sexuais dos outros pais. Precisamos parar de temer o novo, o diferente, como se isso fosse destruir nosso sistema convencional de viver. O amor é libertador, e só por ele conseguiremos criar uma sociedade melhor, com seres humanos melhores”, explica Pinheiro. Família 39 O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) - Lei 8069/90 estabelece o seguinte para a adoção: QA lei de adoção não faz distinção para casais do mesmo sexo, já que não faz previsão legal nem de que seja casal; Qa idade mínima para se adotar é de 21 anos, sendo irrelevante o estado civil; QPara adotar o pretendente ou pretendentes passam por avaliação de psicólogos, assistentes sociais, juiz e promotor devendo provar que é capaz de oferecer, basicamente o que está garantido pelo artigo 227 da Constituição Federal, isto é: o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocálos a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. Qo adotante (aquele que vai adotar) deve ser pelo menos 16 anos mais velho que a criança ou adolescente a ser adotado; Qos ascendentes (avós, bisavós) não podem adotar seus descendentes; irmãos também não podem; Qa adoção depende da concordância, perante o juiz e o promotor de justiça, dos pais biológicos, salvo quando forem desconhecidos ou destituídos do pátrio poder; Fontes: Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e José Alberto Mazza Lima advogado especialista em Direito de Família. Qtratando-se de adolescente (maior de 12 anos), a adoção depende de seu consentimento expresso; Qantes da sentença de adoção, a lei exige que se cumpra um estágio de convivência entre a criança ou adolescente e os adotantes, por um prazo fixado pelo juiz, o qual pode ser dispensado se a criança tiver menos de um ano de idade ou já estiver na companhia dos adotantes por tempo suficiente; 40 Nova Família www.revistanovafamilia.com.br Bohbeh . shutterstock Qo menor a ser adotado deve ter no máximo 18 anos de idade, salvo quando já convivia com aqueles que o adotarão, caso em que a idade limite é de 21 anos; ilustração. markovka . shutterstock O QUE DIZ A LEI DE ADOÇÃO NO BRASIL 41 Educação A educação gerando respeito para novos cidadãos wavebreakmedia . shutterstock INCLUSÃO ESCOLAR: FAMÍLIA E EDUCADORES JUNTOS! SANDHRA CABRAL As vitórias na aprendizagem de crianças com necessidades especiais só são obtidas mediante ampla parceria entre escola e família, em um verdadeiro trabalho de equipe. 42 Nova Família www.revistanovafamilia.com.br “E preciso que as crianças com necessidades especiais, seja dificuldade de aprendizagem, locomoção, visão, fala, audição ou detentoras de alguma síndrome, convivam com o todo e vice-versa, já que não há um mundo em separado para as diferenças! O mundo é feito de diversidade e cada um precisa ser respeitado exatamente como é”, afirma a Educadora Ester Asevedo, que já foi Gerente de Educação Inclusiva de Santo André, e que possui experiência em inclusão escolar em redes particulares de ensino. Inclusão escolar é acolher a todos no sistema de ensino, independentemente de cor, classe social e condições físicas e psicológicas. O termo é associado à inclusão educacional de pessoas com deficiência física e mental, mas não deve ser confundido com escolarização especial, que é aquele no qual os portadores de deficiência são atendidos em salas ou escolas separadas. Muito pelo contrário, de acordo com o artigo 208 da Constituição Brasileira e com o artigo 54 do ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente, todos devem estar em uma mesma classe, incluídos. De acordo com a legislação brasileira, o atendimento escolar é obrigatório a todos os estudantes de 4 a 17 anos, inclusive aos com deficiência e transtornos globais de desenvolvimento. Detalhe: nenhum tipo de deficiência exclui a criança de ser atendida pela escola em classe regular, sob pena de denúncia aos órgãos da Educação e ao Ministério Público. Cada indivíduo é único e não existe uma fórmula geral que funcione para todos. O ritmo de aprendizado é individual, seja de uma criança com deficiência ou não. O processo de inclusão escolar tem o grande benefício de fazer com que as demais crianças, as que não têm necessidades especiais, aprendam a lidar com o outro, com as diferenças, tornando-se seres humanos solidários, ampliando a capacidade de todos ao entendimento do verdadeiro significado de cidadania, direito e respeito. INCLUSÃO ESCOLAR E FAMÍLIA Parece simples, mas o processo de inclusão escolar é amplo, às vezes dolorido, e depende de uma equipe que vai muito além dos professores. Envolve os educadores, coordenadores, diretores das escolas, e, principalmente, a família da criança. O trabalho conjunto da escola com os familiares do estudante com necessidades especiais na busca de abertura de novas possibilidades para as crianças é fundamental no processo da inclusão escolar. “É preciso que se criem propostas pedagógicas que atendam a todos os sujeitos matriculados na escola de forma absolutamente satisfatória”, explica Márcia Matumoto, Fonoaudióloga, integrante da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia. Segundo a especialista, em uma instituição de ensino estão matriculadas crianças com necessidades especiais das mais variadas faixas de idade, e, entre estas, outras que permanecem no local por período integral. “Então, se faz necessário que a proposta pedagógica seja modificada, a fim de atender a todos da melhor forma possível, objetivando que eles se desenvolvam tanto em termos de aprendizagem de conteúdo como evoluam na convivência social”, completa Matumoto. Educação 43 Educação A grande verdade é que, ao incluir as crianças com GHÀFLrQFLD D HVFROD VH WUDQVIRUPD HP XP DPELHQWH mais propício à aprendizagem A família deve estar sempre presente, auxiliando a criança nos deveres de casa, mantendo contato direto com os professores e coordenadores, a fim de acompanhar a evolução que o filho apresenta, quais as dificuldades que ele enfrenta e identificar, junto com os educadores, as dificuldades que ele não consegue superar, a fim de que novos caminhos sejam encontrados para superar o problema. Essa integração permite também aos pais conhecerem mais sobre seus filhos, dentro do processo de interação com a limitação da criança e com o tempo particular de aprendizagem dela. “Já o professor, a cada aluno com necessidade especial que recebe em classe, deve procurar todas as informações sobre o caso, capacitando-se. No caso do Colégio Metodista, há todo um suporte de uma equipe especializada. Por exemplo, quando chega ao local um aluno com dislexia, ou com alguma síndrome, por exemplo, é preciso que esse professor entenda as diferenças deste aluno, para que ele seja estimulado da forma adequada, dentro da classe regular”, detalha Kênia Virginia Silva Araujo - Orientadora Psicopedagógica do Colégio Metodista de São Bernardo do Campo. ilustração. hamidisc . shutterstock Segundo Araújo, este processo de conhecimento da criança também precisa da ajuda dos pais, que poderão fornecer a análise médica ou psicológica, relatar como ela se comporta em casa e particularidades que o educador precisa saber para ter amplo conhecimento das capacidades e limitações do novo aluno. 44 Nova Família www.revistanovafamilia.com.br TRABALHO EM EQUIPE Às vezes, o atendimento escolar especial deve ser feito com um profissional auxiliar, por exemplo, em casos de paralisia cerebral,. Esse profissional auxilia na execução das atividades, na alimentação e na higiene pessoal. Professor e auxiliar responsável devem coordenar o trabalho e planejar as atividades. O auxiliar não foge do tema da aula, que é comum a todos os alunos, mas o adapta da melhor forma possível para que o aluno seja capaz de acompanhar o resto da classe. As famílias das crianças devem estar atentas a esses detalhes e exigir seus direitos. Vale sempre lembrar aos pais que a preparação da escola não está limitada à sala de aula: alunos com deficiência física necessitam de espaços modificados, como rampas, elevadores, corrimões e banheiros adaptados. Outros precisam de engrossadores de lápis, apoio para braços, tesouras especiais e quadros magnéticos. Tudo isso ajuda e muito na melhoria do desempenho das crianças e jovens com dificuldades motoras. O que todos devem entender é que a educação inclusiva parte do princípio de que é preciso olhar para o aluno de forma individualizada e colaborativa, observando suas habilidades e dificuldades no aprendizado em grupo. Isso não significa reduzir as expectativas da turma ou deixar de avaliar os estudantes: as metas de conquista do conhecimento são estabelecidas em acordo com o potencial e tempo de aprendizagem de cada criança. A boa notícia para os pais é que, com a democratização da escola, segundo o MEC, em cinco anos dobrou o número de alunos com deficiência matriculados nas escolas regulares do Brasil. 45 Educação COMO SOCIALIZAR E EDUCAR UMA CRIANÇA AUTISTA BABI MACKENZIE Socialização se refere ao interesse que pessoas têm uma pela outra, fazer amigos, brincar, compartilhar, ajudar o próximo, e, compreender-se como um autista percebe DUHDOLGDGHSDUDDMXGDORpXPGRVJUDQGHVGHVDÀRVTXHPLOKDUHVGHIDPtOLDV pesquisadores e educadores têm ao redor do mundo. O autista é um ser frágil, mas ao mesmo tempo, pode ser tão turrão quanto uma criança neurotípica, e, conseguir se comunicar com eles pode ser frustrante e até assustador, mas ao mesmo tempo, uma experiência incrivelmente enriquecedora. Entrar no seu mundo requer muita sensibilidade, paciência, respeito e, acima de tudo, muito amor. Pedrinho prefere ficar boa parte do tempo sozinho porque acha isso mais fácil. O que as pessoas e outras crianças falam e as brincadeiras ao seu redor são muito confusas e frustrantes para ele. Pedrinho não entende a importância de ser polido, e, solicitar “Por Favor”, não faz parte da sua rotina. Muitas pessoas pensam que ele esta sendo mal educado, no entanto, ele simplesmente não compreende porque as pessoas julgam isso importante. 46 Nova Família www.revistanovafamilia.com.br Quando Pedrinho era bem jovem, não tinha a mínima noção do que fazer com seus brinquedos. Sua mãe tinha que ensiná-lo, caso contrario, ele ficava perfeitamente contente olhando fixamente para uma determinada parte do brinquedo sem se mexer por horas. O que podemos deduzir com isso é que uma das maiores dificuldades que um autista tem æƉģƚŸƋ±ĵåĹƋåƉŸƚ±Ɖü±ĬƋ±ƉÚåƉFa:Fc kţ Ao se sentir acuado, Pedrinho se torna bastante controlador e quer que todos façam o que ele manda ficando profundamente aborrecido quando isso não ocorre. Veja bem, ele não faz isso para ser chato, é que ele simplesmente não entende como brincar. Pedrinho acha que todo mundo pensa como ele, então quando brinca com outras crianças, acha que todo mundo quer fazer o que ele quer, o que não é verdade! Um olhar em busca de igualdade Dubova . shutterstock Tem também dificuldade para lembrar-se de coisas que aconteceram no passado e planos futuros. Ele parece só entender o que acontece aqui e agora. Autistas não gostam de mudanças, e, quanto mais rotina existir em suas vidas mais seguros se sentem e o mundo deixa de ser um lugar tão confuso. Muitos autistas demonstram ter hipo ou hiper sensitividade a luz, calor, barulho, tato, olfato e gosto. Estas dificuldades podem ter um efeito devastador na forma em que o autista se relaciona com o mundo. EXPECTATIVAS REALISTAS Imagine que você esteja sentado num cinema com três pessoas conversando atrás, outra pessoa ao lado atendendo um celular tocando super alto, outra a sua esquerda, comendo pipoca e tirando o tênis que exala um cheiro horrível, e na sua frente, uma criança com um boné super transado e chamativo pulando sobre o assento. Dessa forma, se tornaria um tanto difícil concentrar-se no filme, não é? É assim que autistas se sentem boa parte do tempo. Através de uma vida familiar equilibrada somada a um método educacional adequado, o desenvolvimento social certamente irá ocorrer, contudo e certamente, em uma velocidade muito mais lenta do que o padrão, e, isso pode se tornar difícil para muitos pais que, inevitavelmente, comparam o desenvolvimento do seu filho autista com o do vizinho. No entanto, sem essa comparação, como é que pais de crianças autistas serão capazes de determinar metas claras de desenvolvimento, levando-se em conta o fato que, para os autistas, é difícil se programar metas definidas de sucesso. Educação 47 Educação Na busca para melhorar a capacidade de socialização, há muitos filtros e perguntas adicionais que determinarão qual estratégia aplicar e como. Se os pais sofrem de stress em suas vidas profissionais/ pessoais isso pode impedir tentativas por respostas a tratamentos novos devido ao cansaço e falta de equilíbrio. Outro fator importante é em qual ambiente educacional a criança se encontra (escola mista, autista, inclusiva, normal, ou ponte) e qual a capacidade cognitiva da criança se comunicar e vice-versa no que diz respeito aos pais e mestres. Portanto, tente de tudo, não se limite a um tratamento, um livro, uma orientação. O ideal sendo tentativa e erro ao invés de uma metodologia fixa. PARTINDO DE UMA IDADE BEM JOVEM Assim como para uma criança neurotípica, desde pequena é importante incentivar a criança autista a expressar vontades, seja por um suco (através de linguagem, desenho ou apontando o dedo). É um começo. Mostrar vídeos com interações sociais apropriadas ou como crianças brincam e se comportam 4 ou 5 vezes ao dia é interessante. Contar estórias com conteúdo social, descrevendo situações, habilidades ou conceitos e, se a criança não tiver interesse algum pelos seus iguais, os pais devem ocupar este espaço e interagir como se fossem amiguinhos, direcionando brincadeiras e experimentando o que dá certo. DOS 6 AO 11 ANOS Nesta fase, o foco é refinamento ao invés de estrutura, e, é nesta idade que a criança começa a ter noção de que é diferente das outras e necessita reforço positivo. Os 48 Nova Família www.revistanovafamilia.com.br livros da Dra. Brenda Smith-Myles são de grande valia como também os da Michelle Garcia Winner, criadora do conceito “Social Thinking” (Pensando Socialmente). teatro o que é um ótimo jeito de ajudá-los a desenvolver o conceito de usar sua IMA:Fc kØƉĵ±ŸØƉĜŸŸŅƉŸŅĵåĹƋåƉŧƚ±ĹÚŅƉåĬåŸƉ expressarem claramente esse interesse. A criança nesta idade, já deverá ser capaz de participar de times, clubes e sociedades na escola e no bairro. A noção de um interesse comum é um bom jeito de iniciar amizades com outras crianças, e, uma vez que ingressam na adolescência, quando seus corpos começam a mudar e se não forem bem preparados para isso, todos sabemos que a Natureza é implacável! Portanto, introduzir o que irá representar a puberdade e a questão sexual em suas vidas antes deles chegarem nela é muito importante. A família deve sempre procurar dar o melhor, nunca desanimar e sempre buscar por força e paciência para lidar com as necessidades especificas dos autistas, nunca se esquecendo de pedir a opinião de seu filho, mesmo se a resposta for o silêncio, de criar regras claras para brincar e fazê-lo entender que a escola é lugar para todos brincarem juntos e não com objetos. Que todo passeio seja um momento para ele/a se integrar com pessoas, mas, sempre com calma, um supermercado, uma farmácia, pode vir a ser um transtorno, shopping com muita cautela, pois, isso pode representar excesso de informação. ADOLESCÊNCIA E VIDA ADULTA Nesta idade, você terá que modificar a implementação de habilidades sociais para torná-las mais divertidas e contemporâneas, e, dos 16 aos 30, eles começam a questionar o porque de tudo. Alguns acham que já podem morar sozinhos e isso pode ser extremamente doloroso para os pais que acharem que seu filho/a não esteje pronto/a para isso. É importante enfatizar a importância da independência versus relacionamentos, pois, todos nós temos que ser educados a conviver até mesmo com pessoas que não necessariamente desejamos como amigas. Concluindo, procure sempre ensinar desde a mais tenra idade boas maneiras, como agradecer, pedir ‘Por Favor’, cumprimentar pessoas, dizer adeus, falar seu nome, idade, telefone, endereço, cor favorita, usar fotos para ele/a identificar familiares e amigos, e acima de tudo, aplicar muito carinho e amor junto com sua intuição de maneira a se aprofundar neste mundo tão diferente e tão surpreendente. altanaka . shutterstock Ensinar o que são expectativas para eles serem capazes de entender que “se algo não sai do jeito que eles queriam” isso não deve ser um grande problema ou que seja um desastre quando alguém não gosta de você! Explique a diferença entre amigos na internet e amigos face a face, e, incentive-os a entrarem para um grupo de 49 Luciana Freitas FAMÍLIA, TRABALHO E RELIGIÃO DOMINGOS CRESCENTE Para Carlos Wizard Martin – um dos empresários de maior sucesso do país – família, trabalho e religião são como a direção e o freio em um automóvel: fundamentais para nos manter no caminho e para nos livrar dos perigos a que estamos expostos. 50 Nova Família www.revistanovafamilia.com.br S entado na confortável poltrona de uma das salas do Templo Mórmon de Campinas, em São Paulo, Carlos Wizard Martins, o fundador de uma das mais conhecidas redes de escolas de ensino de línguas no Brasil, a rede Wizard, e hoje principal executivo da rede de lojas de produtos naturais Mundo Verde, ouve atento a primeira pergunta do repórter. Antes de responder, Martins inclina-se, pega o gravador que repousava sobre a mesa de centro e olha nos olhos do repórter. Nesse clima, calmo e pausado, sem pressa, começou a entrevista com o executivo que parece estar acima dos modismos da alta administração, pelo menos no que se refere ao tempo que destina ao trabalho e à família. Revista Nova Família: O senhor é um empresário muito bem sucedido e, naturalmente, muito ocupado. Como concilia tantas atividades com suas relações familiares? Carlos Wizard Martins: Vou contar uma história. Certa vez eu parei o carro em um posto de gasolina. O rapaz que veio me atender fez uma pergunta incomum. Quis saber se eu era religioso e depois o que, para mim, significava religião. Respondi, inspirado naquele ambiente de carros, que ter uma fé, uma crença,é uma direção e um freio. Uma direção porque nos dá um norte, um caminho para seguir, e um freio porque nos protege de perigos, de coisas ruins. Então, respondendo especificamente a sua pergunta: quando você tem uma visão mais ampla da vida, como na história que contei, fica mais fácil conciliar as atividades da empresa e a família. Com essa visão,adotei alguns princípios básicos como evitar almoços de negócios a não ser que seja uma emergência. Dessa forma, eu consigo estar com a minha família todos os dias. Eu também evito qualquer compromisso aos sábados porque dedico eles ao convívio com minha família, procurando fazer o que eles querem. E os domingos, eu dedico às atividades da Igreja. Meus pais receberam a Igreja de Jesus Cristo dos Últimos Dias quando eu tinha 12 anos. E desde aquela época eu sigo os seus ensinamentos. Tudo isso contribuiu para alcançar o equilíbrio entre a vida profissional e a convivência familiar. Revista Nova Família: Sua trajetória está ligada ao encontro de sua família com a igreja. Portanto, a influência familiar foi importante para que o senhor seguisse seu caminho. Como o senhor influencia a formação dos seus filhos? Carlos Wizard Martins: É importante citar isso. Nós temos uma série de atividades obrigatórias e metódicas em nossa família. São coisas simples que todos podem fazer. Por exemplo: as noites de segunda-feira são sempre dedicadas a uma reunião familiar, um momento no qual pais e filhos estão juntos para tratar dos assuntos da família e orar. Todos os dias, antes de deitar também lemos uma escritura, para irmos dormir com aquela direção em mente. Isso tudo é simples, mas muito importante para criar um ambiente de respeito mútuo, de tolerância. Digo isso porque muitos pais assumem um papel de “chefes” dentro da família. E esse papel não existe mais. O que existe hoje é o diálogo. Revista Nova Família: É possível nos dias de hoje, em uma sociedade tecnológica e constantemente conectada, manter a convivência familiar? Carlos Wizard Martins: A tecnologia nos oferece muitas facilidades, muitos benefícios, muita comodidade. Mas, ao mesmo tempo, é um grande desafio no que se refere a manter o convívio familiar saudável. Não é raro ver pessoas sentadas ao redor de uma mesa onde cada uma está falando com pessoas do outro lado do mundo, mas não entre elas. Ouvi uma frase que acho verdadeira. A tecnologia aproxima quem está longe e afasta quem está próximo. Da mesma maneira, com a tecnologia nós nos comunicamos muito mais, mas falamos muito menos. É por isso que, em casa, nós adotamos um hábito que acho bastante saudável. Chegou lá pelas 23 horas, quando vamos dormir,peço aos meus filhos Especial 51 Especial que deixem os celulares comigo, na manhã seguinte, os devolvo. Caso contrário, podem passar a noite nas mensagens, joguinhos etc. Confesso que não foi fácil adotar esse hábito, houve muita reclamação, muita choradeira, mas hoje é um comportamento natural em nossa família. Revista Nova Família: Nesse caso, a família tem a função de ser o freio a que o senhor se referiu anteriormente?É ela que impede os exageros? Carlos Wizard Martins: Eu acredito que é necessário transmitir ao filho a sua capacidade de fazer escolhas, ensinar os princípios corretos e alertar para as consequências das más escolhas. Isso porque nós não vamos poder controlar as atividades dos filhos 24 horas por dia. Ensinando os princípios que consideramos corretos, eles não vão se basear apenas nas influências externas. Vão fazer as escolhas levando em conta também os princípios que receberam dos pais. Revista Nova Família: O senhor é um empreendedor. Educou seus filhos, ou vem educando no caso dos mais jovens, para serem empreendedores também? Carlos Wizard Martins: Eu acredito que fui preparado pelo meu pai, pois desde muito jovem ele me colocou na ativa. Quanto tinha 13, 14 anos eu viajava de caminhão Q uem é Carlos Wizard Martins Filho de uma costureira e de um motorista de caminhão, Carlos Wizard Martins, aos 12 anos, conheceu missionários americanos e, aos 17, foi morar nos Estados Unidos. De volta ao Brasil, começou a dar aulas de inglês e construiu um grande grupo de ensino, a partir das escolas de idiomas Wizard. O grupo foi recentemente vendido por quase dois bilhões de reais e o empresário dedica-se, agora à rede de lojas Mundo Verde, comprada por ele também recentemente. É casado com Vânia Pimentel e tem seis filhos. Uma curiosidade: ele acrescentou o Wizard ao seu nome de batismo: Carlos Martins. 52 Nova Família www.revistanovafamilia.com.br com ele pelo interior do Paraná, e muitas vezes, ao parar em frente à mercearia, ele ficava no caminhão e dizia: “Meu filho, vai lá na mercearia, vê se o dono está precisando de alguma coisa; se estiver, você vem aqui no caminhão, pega, entrega, cobra e traz o dinheiro para aqui para o pai”. Eu acho que desde aquela época eu estava sendo treinado por ele. Treinando a não ter medo, ter iniciativa, enfrentar o desconhecido, eventualmente fazer uma negociação etc. Da mesma forma, eu sempre procurei passar aos meus filhos conceitos de empreendedorismo. Eu nunca dei mesada para os meus filhos. Sempre que diziam estar precisando de “um dinheirinho para isso ou aquilo”, eu lhes dava um “trabalhinho”. Assim, entenderam a necessidade do trabalho. Quando mais “trabalhinhos”, mais “dinheirinhos”. Revista Nova Família: O senhor acredita que o hábito de dar mesada aos filhos é prejudicial? Carlos Wizard Martins: Não. Eu acredito que cada pai deve decidir isso de acordo com suas convicções e condições. Mas tenho um grande temor. Imagine um pai que dá mesada aos seus filhos e que, por qualquer motivo, como a perda do emprego, por exemplo, não possa mais fazer isso. Geralmente, nesse momento, o filho se revolta contra o pai como se ele fosse o culpado por aquela situação. Ele passa a cobrar o pai, quando, na realidade, o pai não deve nada a ele. Ele é que deve tudo ao pai. Revista Nova Família: Se o senhor tivesse que dar um conselho aos pais, apenas um, qual seria? Carlos Wizard Martins: Gaste menos dinheiro e mais tempo com os seus filhos. Eu aprendi que dar dinheiro, um presente, para um filho é fácil. Difícil é dar tempo a ele, gastar tempo conversando, fazendo uma caminhada. Especial 53 cotidiano lzf . shutterstock MULHER AO VOLANTE, PERIGO CONSTANTE! #SÓQUENÃO DOMINGOS CRESCENTE Você pode pensar que nada é mais antigo e machista que essa frase. Mas, a verdade é que ela ainda está na boca de muitos homens, apesar de não fazer – ou pelo menos não fazer mais – o menor sentido. Para a mulher moderna, dirigir é um imperativo do dia a dia, quer ela trabalhe fora de casa ou não. Ir ao supermerca54 Nova Família www.revistanovafamilia.com.br do, levar crianças à escola, ao médico, ao dentista. Ou fazer tudo isso e ainda ir para o trabalho. Para tudo, lá está a necessidade de pegar no volante e enfrentar trânsito das grandes cidades. E elas, precisamos admitir, o fazem com a paciência, atenção e a graça, que, cá entre nós, nenhum homem tem. Nada nas estatísticas do DPVAT – o seguro obrigatório que pagamos todos os anos – mostra que a frase ao lado seja verdadeira. A não ser a última parte, que nas redes VRFLDLVVLJQLÀFD´VyTXHQmRµXPDQHJDomRFDWHJyULFDHGHÀQLWLYDGDIUDVHDQWHULRU HOMENS CAUSAM MAIS ACIDENTES SEGURO COM VANTAGENS SÓ PARA ELAS As estatísticas oficiais mostram que, no ano passado, 60% das indenizações do DPVAT por envolvimento em acidentes de trânsito foram pagas aos motoristas do sexo masculino. É por estas e outras razões que até mesmo o seguro dos carros dirigidos por mulheres são mais baratos do que os de carros dirigidos por homens. Conforme os estrategistas das seguradoras, as mulheres tendem a ser mais cuidadosas ao dirigir, mostram maior cuidado com o veículo, levando-o a todas as revisões programadas, não bebem antes de dirigir e, no caso de envolverem-se em algum acidente, o mesmo é sempre mais leve e menos grave do que os acidentes que têm homens como protagonistas. Portanto, representam um risco menor para as seguradoras. Sim, sempre se pode argumentar que existem mais homens motoristas do que mulheres, o que explicaria o maior número de incidentes com o sexo masculino. Porém, deve-se lembrar de que o número de mulheres que dirigem aumenta a cada dia e as porcentagens não se alteram muito. Uma pesquisa publicada em 2012 pelas revistas Exame e Quatro Rodas concluiu que, ao contrário do que pensam muitas mentes masculinas, as mulheres dirigem melhor do que os homens. A afirmativa veio de um estudo encomendado por uma locadora britânica de veículos. O estudo entrevistou mais de 700 pessoas e constatou que 57% dos súditos da Rainha Elizabeth II já se envolveram em um ou mais acidentes de trânsito, enquanto o mesmo ocorreu com 43% das súditas de Sua Majestade. Outro dado interessante do estudo é que, quando se analisa a faixa acima dos 65 anos de idades, o índice de acidentes com as mulheres cai para 30%. E isso significa muito. Assim, além do desconto no preço pago para o seguro – em consequência das tendências expostas acima – muitas seguradoras já oferecem pacotes promocionais especificamente dirigidos ao público feminino. Entre estes serviços já se somam descontos em clínicas de estética e academias de ginástica ou mesmo o fornecimento do serviço de “motorista amigo”, que consiste em enviar um motorista pago pela seguradora para ajudar a mulher nos casos em que ela não possa dirigir ou ainda o envio de um profissional para acompanhá-la à delegacia em caso de furto ou roubo. As montadoras também, já há algum tempo, detectaram estas características e o gosto das mulheres pelos automóveis. E já projetam e constroem carros pensando nas características femininas. DECISÃO DE COMPRA Bem... se os números já estavam favoráveis às mulheres no quesito habilidade para dirigir, na hora de comprar um carro ou moto, as mulheres são absolutas. E para isso nem é necessário fazer pesquisa. Basta olhar as concessionárias e ver como elas opinam, debatem e decidem não apenas a compra do seu carro, mas também a compra do carro do filho, do tio, do marido. Conforme comentam vendedores das concessionárias e lojas multimarcas, as mulheres estão cada vez mais exigentes quanto aos itens de conforto e segurança, número de equipamentos, cores e modelos. E são imbatíveis na negociação. Elas são mais atentas aos detalhes da programação financeira, preços, condições de pagamento etc. Assim, o mundo automobilístico é mais uma reserva masculina que sucumbe às qualidades das mulheres, com seu bom senso, maior paciência no trânsito, menor impulsividade, além, é claro, do charme e beleza que todos nós, homens, amamos. Ao volante ou fora dele. Cotidiano 55 direito PENSÃO ALIMENTÍCIA: DEVER DE QUEM PAGA E DIREITO DE QUEM RECEBE NAZIR MIR JUNIOR Os bens jurídicos protegidos pelo nosso Ordenamento têm uma valoração hierárquica. Posicionam-se no topo desta hierarquia a vida e a dignidade da pessoa, pois, sem as mesmas, qualquer outro direito torna-se irrelevante. Daí o seu amparo constitucional. instituto dos Alimentos decorre, naturalmente, do direito à vida e do direito à dignidade. Ensina-nos a Professora Maria Helena Diniz que “o fundamento desta obrigação de prestar alimentos é o princípio da preservação da dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º, III) e o da solidariedade social e familiar (CF, art. 3º), pois vem a ser um dever personalíssimo, devido pelo alimentante, em razão de parentesco, vínculo conjugal ou convivencial que o liga ao alimentando [...]”. O fundamento da obrigação alimentícia, assim, reside na proteção do direito à vida. Sua medida, entretanto, afirma-se pelo direito à dignidade. O foto ao lado . SiwaBudda . shutterstock 56 Nova Família www.revistanovafamilia.com.br 57 direito CONCEITO O nosso Código Civil não define o que é alimentos, apenas estipula a obrigação alimentícia em seu artigo 1.694: ´$UW Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua HGXFDomRµ A definição do que é alimentos coube, assim, à Doutrina. O eminente Professor Silvio de Salvo Venosa, ensina que “alimentos, na linguagem jurídica, possuem significado bem mais amplo do que o sentido comum. Compreendendo, (sic) além da alimentação, também o que for necessário para moradia, vestuário, assistência médica e instrução”. Pensão Alimentícia, propriamente dita, é a quantia fixada por decisão judicial a ser paga pelo responsável (alimentante) para garantir o atendimento das necessidades daquele que a recebe (alimentando). QUEM PODE RECEBER PENSÃO ALIMENTÍCIA O Código Civil nos mostra que qualquer parente, bem como os cônjuges ou companheiros, pode requerer alimentos uns aos outros. Devem, para tanto, fazer prova cabal e idônea de que não têm condição de prover seu sustento através de seu trabalho. Sua pretensão se satisfaz, senão de forma espontânea, através da via judicial adequada (Ação de Alimentos). QUEM DEVE ARCAR COM AS PRESTAÇÕES DA VERBA ALIMENTAR A leitura do artigo 1.694 do Código Civil já derruba um mito que há sobre os alimentos: a prestação das verbas alimentícias não é obrigação apenas dos pais para com os filhos ou entre os cônjuges, estende-se a todos os parentes. O que existe, 58 Nova Família www.revistanovafamilia.com.br sim, é uma ordem de preferência, vez que o próprio Código Civil determina que a obrigação alimentar recaia, principalmente, sobre os ascendentes - pais, avós etc. (artigo 1.696) e, na falta de ascendentes, aos descendentes - filhos, netos etc. (artigo 1.697), respeitada a ordem de sucessão (dos parentes mais próximos aos mais distantes). Na falta destes, recai a obrigação sobre os irmãos (artigo 1.697). CRITÉRIOS PARA A FIXAÇÃO DOS ALIMENTOS Os critérios para se fixar o valor da pensão alimentícia são determinados pelo Código Civil no parágrafo 1º de seu artigo 1.694: ´$UW 2VDOLPHQWRVGHYHPVHUÀ[DGRVQDSURSRUomRGDV necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa REULJDGDµ Ensina a Doutrina que a fixação do valor da Pensão Alimentícia deve obedecer ao binômio capacidade (de quem paga) e necessidade (de quem recebe). Entendemos, nesse contexto, que a capacidade se coloca na condição de que, ao prestar os alimentos, o alimentante não sofra desfalque do necessário para o seu próprio sustento. Necessidade, ao seu turno, pode ser entendida como o necessário para que o alimentando supra as suas necessidades básicas para uma vida digna: alimento, vestuário, moradia, saúde e instrução. Deve haver, assim, uma proporcionalidade entre a capacidade e a necessidade. Em outras palavras, não se pode exigir alimentos além das necessidades do alimentando, mesmo que o alimentante goze de elevado poder econômico. De outra via, o alimentante não será compelido a prestá-los com sacrifício próprio ou de sua família, pelo fato do alimentando apresentar necessidades maiores. Katy Spichal . shutterstock CONSEQÜÊNCIAS DO INADIMPLEMENTO DE PENSÃO ALIMENTÍCIA Nossa Constituição Federal determina, em seu artigo 5º, LXII, que “não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel” (g.n.). O procedimento da prisão civil pelo inadimplemento da verba alimentar é regulado pelo artigo 733 do Código de Processo Civil. Neste caso, a prisão poderá ser de até três meses. O cumprimento dessa pena de prisão, contudo, não exime o devedor do pagamento das prestações vencidas; nem, tampouco, das que irão vencer. Importante ressaltar que o Alimentante se sujeita à prisão tão somente pelas parcelas vencidas dos últimos três meses. As parcelas mais antigas deverão ser cobradas mediante execução simples, sujeita à penhora de bens. Neste caso, poderá ser penhorado qualquer bem, sem nenhuma exceção, inclusive o seu único imóvel. EXONERAÇÃO DA OBRIGAÇÃO ALIMENTAR A regra é que haverá exoneração do encargo alimentar quando o alimentando, deles, não mais necessitar, ou ainda, o alimentante não mais os puder prover por alterações em suas possibilidades supervenientes à sentença que os fixou. Se decorrente do poder familiar, todavia, a obrigação alimentar se extingue com a maioridade civil do alimentando, pela extinção do próprio poder familiar (art. 1635, III do Código Civil). Necessário destacar, de outra via, os casos em que, mesmo com o advento da maioridade civil, a pensão deve ser prestada em virtude do filho continuar a estudar.O Código Civil, nesta questão, não traz qualquer alteração. Ensina Silvio Rodrigues que “ao se estabelecer expressamente que a pensão deve ser fixada ‘inclusive para atender às necessidades de sua educação’ (art.. 1694), fácil será sustentar a subsistência da obrigação mesmo após alcançada a capacidade civil aos 18 anos, quando destinado o valor para mantença do filho estudante”. Direito 59 AçÃO SOCIAL O LADO BOM DAS COISAS THIAGO ASSUNÇÃO Fazer o bem, não importa a quem, é mais fácil do que se pensa N em todos os seres humanos são atendidos pelos direitos descritos na constituição, como o direito a saúde e a moradia. De acordo com as religiões e suas filosofias espirituais, a caridade é um dever do homem já que Deus está presente neste simples gesto, portanto, quem assim o fizer prestará um grande serviço a si mesmo pois é através da caridade que se encontra o caminho para a paz interior. Enquanto alguns seguem essa obrigação a risca através de doutrinas religiosas para justificar o nome de Deus em suas ações, outros se filiam a ONGs ou entidades sociais para justificar o mesmo. No entanto, existem pessoas que fazem esse gesto independente de religião ou entidade social, tornando essa atividade como uma obrigação que não depende da bênção de um espaço físico para tornar-se realidade. São pessoas que sensibilizam-se com as dificuldades do próximo, que não se conformam em adquirir bens materiais sem ter a chance de ter como retribuir seus ganhos com quem não tem o que vestir. Podem ser chamados de “entes iluminados” ou pessoas de bom coração, mas são na verdade seres humanos que gostam de fazer o bem para outros, que sabem que ajudar os mais necessitados 60 Nova Família www.revistanovafamilia.com.br deveria ser mais que uma obrigação e que procuram fazer ao máximo o que sugere o ditado “fazer o bem, não importa a quem”. DO PROJETO PARA O GESTO Foi através de um projeto da faculdade que o arquiteto Victor Fioravanti decidiu ajudar um asilo. “O meu interesse começou porque fiz meu TCC (trabalho de conclusão de curso) com o tema de centro de convivência do idoso. Como eu gostei da forma como eles eram tratados, decidi ajudar quem me ajudou a passar na faculdade. Esse período coincidiu com o falecimento da minha avó. Falei com a minha namorada e decidimos nos juntar ajudar outras avós”, comenta. Mas esse gesto solidário não veio de um caso isolado. Desde pequenos, suas mães faziam uma ação semelhante. “Nossas mães sempre pegavam sacolinhas de natal para ajudar crianças carentes, mas nós só acompanhávamos a ação delas, nunca tínhamos participado das entregas dos presentes”, explica a produtora cultural, Carina Nunes, namorada do Victor. Através das redes sociais e do famoso boca a boca, eles conseguem divulgar para amigos para ajudar na arrecadação que fazem para as doações de final de ano. “É muito emocionante. Eles ficam felizes, uns conversam bastante, outros brincam. Katy Spichal . shutterstock Mas todos agradecem muito e acho que é isso que faz a gente querer voltar todo ano”, explica Carina. “Eu saio de lá com o coração cheio de sensações, sempre pensando na próxima entrega. Em 2014, levei meus primos pequenos para verem como é, e, a resposta deles foi: “Posso vir ano que vem mais uma vez?”, acrescenta Victor. Este é o segundo ano dessa ação que, em tão pouco tempo, já resultou em algumas boas lembranças para carregar na memória. “Teve uma senhora que nos emocionou muito, mas não foi contando sua história e sim nos abraçando e dizendo que como não tinha nada pra nos oferecer, ela apenas poderia pedir a Deus que abençoasse muito a gente”, finaliza Carina. DOS BASTIDORES PARA A DIREÇÃO Outra pessoa que desenvolve o mesmo gesto há 26 anos é a professora aposentada Eliude dos Santos, que começou esse projeto ajudando uma amiga, que ajudava as crianças carentes da rua onde morava, na zona leste da cidade de São Paulo. “Quando fui convidada para ajudar minha amiga, fiquei pensando ‘porque ajudar crianças tão distantes se tem pessoas que precisam perto da minha casa?”, comenta. Depois de participar de uma pa- lestra ligada a espiritualidade kardecista, Eliude achou que já estava na hora dela assumir essa responsabilidade. Sem estar ligada a religião, ela começou a convidar as amigas para fazer o mesmo que ela em escolas na região do Itaim Paulista, bairro em que mora. Desde então, todos os anos ela reúne as amigas que ficam responsáveis por ir atrás de padrinhos para “adotar” as crianças, sempre no período de festas natalinas. “Gostaria de poder fazer mais vezes, no dia das crianças e em outras datas, mas por condições financeiras centralizo apenas no Natal”. Por ano, ela chega a atender cerca de 200 crianças carentes, procurando essas crianças em escolas e outros centros de caridade. Há quem diga que a humanidade ruma a um destino sem saída, mas existem pessoas que mostram que através de boas ações é possível manter a crença no ser humano, para que através das oportunidades, ele possa encontrar meios de reverter todas as expectativas e tornar-se uma pessoa digna, honesta e acima de tudo caridosa, para que nunca se esqueça de onde veio e lembre-se sempre de ajudar o próximo, mostrando que esse gesto faz bem para alma, para o coração. Ação Social 61 trabalho BeautyBlowFlow . shutterstock H á um ano a professora de sociologia Bruna Giorjiani de Arruda, 29 anos enfrentou o que descreveu como sendo um dos piores momentos de sua vida. Aprovada em segundo lugar em um concurso da rede estadual de ensino e convocada na primeira chamada, ela não pode assumir o cargo. “Ao passar pela perícia médica, apresentei todos os meus exames. Ao sair da consulta, em uma conversa informal com uma das atendentes, ela me questionou se eu estava nervosa por conta do meu peso. Não hora não entendi muito bem. Cinco dias depois, saiu minha negação. Eu não estava apta”, conta Bruna. O motivo da recusa, Bruna tinha obesidade mórbida. “O meu Índice de Massa Corporal (IMC) estava em 40,4, sendo até 39 obesidade grau III, e acima dos 40, obesidade mórbida. Fiquei com uma mágoa, com uma raiva que nem consigo descrever. Eu era apta para exercer a função, até porque já dava aulas na rede estadual há sete anos e meus exames não apresentavam nenhuma alteração, minha saúde estava em dia, pois faço acompanhamento médico anual”, relata. Indignada com a situação, Bruna decidiu lutar pela vaga a qual tinha direito, mobilizou a imprensa, redes socais e depois de várias viagens a São Paulo e quatro quilos a menos foi aprovada. 62 Nova Família www.revistanovafamilia.com.br MERCADO DE TRABALHO E O PESO DO PRECONCEITO LUCIANA BRUNCA A professora de sociologia ressalta que decidiu dar notoriedade ao caso, primeiro porque queria a vaga a qual tinha direito e também, alertar a sociedade como um todo de que é preciso tratar pessoas como pessoas e não como coisas. “O sistema econômico em que vivemos não nos barra por se preocupar com nossa saúde e querer nos forçar a emagrecer. Esse sistema nos observa apenas enquanto coisas, máquinas que não podem adoecer senão diminuem a produção. Como socióloga eu discuto diariamente nas minhas aulas, vários tipos de preconceito e suas consequências. A realidade é ainda mais dura, já que sabemos que existem várias outras discriminações, ainda nos dias atuais, contra negros, mulheres, deficientes. Orgulhamo-nos tanto de nossa racionalidade, mas no entanto, frente ao mercado de trabalho ou a valorização social, não nos apegamos na inteligência, na competência ou nas qualidades. Mas sim, em aspectos físicos, vazios de referência e importância”, afirma Bruna. Arquivo pessoal Mara Lúcia Madureira, psicóloga especialista em psicoterapia clínica cognitivo-comportamental e dependência química, ressalta que o excesso de peso e a obesidade tem se tornado em muitas empresas motivo de assédio moral, rejeição no processo seletivo e causa demissional. “É inconcebível desqualificar o profissional por estar acima do peso ou ser obeso. Tratá-lo como incapaz ou desleixado, julgar seu trabalho inferior e questionar sua competência técnica por tais razões, são expressões de crueldade. Um tipo de violência que visa humilhar e desestabilizar emocionalmente o profissional”, ressalta. Bruna Giorjiani de Arruda Uma pessoa que tem o Índice de Massa Corporal ,0&PDLRUTXHHDFLUFXQIHUrQFLDDEGRPLQDO PDLRUTXHPXOKHUHVHPDLRUTXHKRPHQVMip considerada com excesso de peso Trabalho 63 trabalho belecidos pela sociedade, seria a melhor escolha”, ressalta. Ela afirma que mesmo depois de ser modelo, os comentários preconceituosos continuam. “Mas hoje já não me fazem mal como antes. Acho que os empresários deveriam pensar unicamente no profissionalismo do candidato, não se ele é gordo, magro, negro, branco, alto, baixo para definir o seu potencial e sua competência”, afirma Evelise. Victor Fotografias Mara Lúcia reconhece que o excesso de peso e a obesidade são uma preocupação crescente em todo o mundo e que no Brasil são gastos cerca de R$ 500 bilhões por ano pelo Sistema Único de Saúde (SUS) com intervenções cirúrgicas e tratamentos para doenças causadas pelo peso. Mas afirma que a estética não pode estar acima da ética das empresas, das qualificações, competências e comprometimento com o trabalho dos colaboradores. “Não são as pessoas com excesso de peso que precisam provar que são capazes tanto ou mais que os magros para conseguir ou manter-se no emprego. Mas os líderes das empresas devem assegurar os princípios básicos de convivência, resguardar todo trabalhador de atentado contra sua dignidade, combater e repudiar toda forma de discriminação, violação ou desrespeito a dignidade humana.” A obesidade já é considerada epidemia do século pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Evelize Nascimento ´2TXHSUHFLVDVHUPXGDGRVmRDVSXQLo}HV6DEHPRV que nunca iremos acabar com todo o preconceito, mas creio que se as leis fossem mais severas, ao menos WHUtDPRVPDLVUHVSHLWRµ Evelise Nascimento Após lutar anos contra a balança, e querer ser magra, sem muito sucesso, Evelise decidiu dar a volta por cima, e há dois anos, depois de uma indicação de uma amiga e cliente do salão que trabalhava como manicure, ela participou de um concurso de beleza plus-size e ficou entre as dez gordinhas mais bonitas do Brasil. “E foi depois desse concurso que decidi que iria investir nessa carreira. E que me aceitar, me amar e me achar bonita mesmo estando fora dos padrões esta64 Nova Família www.revistanovafamilia.com.br Arquivo pessoal Cansada de viver situações constrangedoras no dia a dia, de risadinhas de canto de boca e piadas sem graça, a modelo e Miss Brasil Plus Size de São José do Rio Preto Evelise Nascimento, 25 anos, conta que já recorreu a dietas milagrosas para emagrecer, mas todas sem sucesso. “Quando chego em um local e as pessoas ficam me olhando, é aquele pensamento que sempre me vem a mente “gordo não pode trabalhar e ter uma vida social normal?”. É muito difícil enfrentar essa situação que ocorre com muita frequência”, afirma. Mara Lúcia Madureira OS RISCOS DA OBESIDADE Muito se fala em excesso de peso e os riscos que causa para a saúde tanto do homem como da mulher. Dados estatísticos revelam que mais de 50% da população brasileira adulta sofre desse mal. Para o presidente do departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Mário Kedhi Carra, essa situação é muito preocupante. “É necessário a criação de políticas públicas para estimular o consumo de verduras, legumes, frutas, ou seja, uma alimentação equilibrada e saudável. Campanhas de incentivo, publicidade, na verdade isso tem que começar na escola, com as crianças, são elas que vão levar esses conhecimentos aos pais e cobrar deles. Os adultos já não assimilam mais essas informações, na maioria dos casos estão muito acostumados a comer errado”, disse. Carra ressalta que o excesso de peso torna a pessoa mais propensa a desenvolver doenças como diabetes, colesterol, alteração da pressão arterial, entre outras. “Com certeza trata-se de um ser humano muito mais suscetível a doenças e por consequência, até um pouco discriminado no mercado de trabalho, porque o empregador olha e imagina que deverá ser um funcionário que terá mais problemas de saúde, e que vai faltar muito mais do trabalho, por exemplo.” O conceito de alimentação saudável, não determina que deva se abolir carne, peixe, ovos, por exemplo, mais sim consumir com moderação esses alimentos e introduzir cinco porções diárias de frutas, legumes, verduras e hortaliças. “É preciso ter muito cuidado e evitar gordura, frituras e açúcar. O excesso de peso é sim uma preocupação crescente, é preciso haver uma união de forças para combater esse mal”, enfatizou o presidente do departamento de Obesidade da SBEM. ilustração . MR.Silaphop Pongsai . shutterstock PRECONCEITO E DISCRIMINAÇÃO GERAM ‘MOVIMENTO CONTRA A GORDOFOBIA’ Cansada de ouvir comentários maldosos, piadinhas sem graça e até de ser discriminada a modelo e Miss Brasil Plus Size São José do Rio Preto e região Evelise Nascimento, decidiu criar um movimento contra a gordofobia. “O #ShiuProSeuPreconceito surgiu, realmente quando eu e outras modelos fomos fazer uma campanha em Brasília, e diante de uma situação preconceituosa que vivemos no hotel em que estávamos hospedadas, fomos para a frente do Congresso Nacional e nos fotografamos apenas de calcinha. As imagens rodaram as redes sociais e ganharam muita repercussão, e diante disso, decidimos criar um movimento para denunciar essas atitudes discriminatórias”, explica. Atualmente ela e a Miss Brasil Plus Size Baixada Santista, Flávia Soares, lideram um grupo de mulheres que relatam suas histórias e trocam experiências. “Através desses contatos, nos motivamos umas com as histórias das outras e superamos os traumas e aprendemos a nos aceitar e nos amar como somos. Uso minhas redes sociais para me comunicar com elas, mostrando que podem sim ser bonitas, independente do peso e aproveito e posto dicas de roupas, modelos, cores, sapatos, maquiagem e outras coisas”, disse Evelise. Mesmo com toda a repercussão do movimento, e o aumento a cada dia de seguidores, o que a Evelise e todas as pessoas que sofrem com o preconceito e a discriminação desejam é que sejam criadas leis mais severas para punir quem cometer esses atos. Trabalho 65 Finanças Planejamento e economizando para o futuro angiolina . shutterstock EDUCAÇÃO FINANCEIRA SE APRENDE EM CASA MICHELE VITOR Lidar com dinheiro é uma tarefa extremamente difícil para muitas pessoas, por esse motivo, o ideal pTXHRVSDLVHQVLQHPRVÀOKRVGHVGHSHTXHQRV D DGTXLULU QRo}HV GD YLGD ÀQDQFHLUD (VSHFLDOLVWD GiGLFDVSDUDUHRUJDQL]DUDVÀQDQoDVHHGXFDURV ÀOKRVHPSODQHMDPHQWRÀQDQFHLUR 66 Nova Família www.revistanovafamilia.com.br C omo diz o clássico samba de Paulinho da Viola ‘Dinheiro na mão é vendaval...’. E, várias pessoas se enrolam em meio a dívidas, devido a facilidade de crédito e a falta de planejamento. Assim, muitas pessoas se perdem em meio a tantas contas, fazendo até mesmo com que os gastos sejam maiores do que o próprio salário. Segundo pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), em outubro, havia mais de 55 milhões de pessoas com o nome negativado nos órgãos de proteção ao crédito. O número representa um aumento de um milhão de pessoas em relação ao mês anterior. Nesse cenário, a chamada classe C (ou nova classe média) é a que mais sofre. De acordo com pesquisa da Nielsen, com uma renda média de R$ 2.924 por mês, a classe C gasta mensalmente mais ou menos 15% a mais que o salário. E, nesse começo de ano, quem não fizer um bom planejamento pode se enrolar ainda mais, pois é nesse período que várias contas precisam ser pagas. Os três primeiros meses do ano chegam acompanhados de IPTU, IPVA, rematrícula estudantil e material escolar, além de gastos com viagens de férias e compras parceladas feitas no Natal. Quando não há planejamento e a pessoa se vê em meio a um desequilíbrio financeiro, até mesmo a saúde física e mental pode ser afetada. Além disso, outros problemas podem ser notados no comportamento dos endividados, como o aumento do constrangimento diante dos colegas, insônia e desenvolvimento de fobias, reduzindo o contato social e a capacidade de concentração. E, nesses casos, pode acabar dificultando o desenvolvimento pessoal e profissional também. A sensação de incapacidade e impotência com o acumulo de despesas pode limitar o desempenho e resultar, até mesmo, em casos de depressão. Quem se encontra nessa situação necessita reorganizar as finanças para evitar problemas maiores. Além disso, reequilibrar as finanças reflete também como contribuição para a educação financeira das novas gerações, para que os filhos não passem, ou evitem ao máximo, passar por problemas semelhantes. O PLANEJAMENTO FINANCEIRO DA FAMÍLIA Segundo Vicente Sevilha, CEO da Sevilha Contabilidade, o planejamento financeiro deve ser utilizado pelas famílias sempre, havendo ou não endividamento exagerado. “Naturalmente, quando existem dívidas o planejamento é vital. Famílias endividadas devem dar o primeiro passo e admitir que possuem dificuldades financeiras. Dessa forma, será mais fácil cortar despesas incompatíveis com o momento financeiro vivido” comenta. Segundo levantamento realizado em 2012 pela Universidade de Nottingham, na Inglaterra, pessoas endividadas podem apresentar um grande risco de perder o controle sobre o efeito da ansiedade e do estresse. Finanças 67 Finanças Para o especialista, depois de feitos os gastos, é necessário avaliar estratégias para aumentar o rendimento familiar, e por fim, negociar dívidas com condições de pagamento que caibam no orçamento da família. “Nesses casos, os filhos não precisam participar de todo esse projeto, mas devem ser comunicados e esclarecidos a respeito dos cortes que os afetem diretamente. Vale ressaltar que os pais não devem se sentir mal ao dizer aos filhos que precisam cortar esse ou aquele gasto”, afirma Sevilha. PREPARANDO OS FILHOS PARA LIDAR COM DINHEIRO De acordo com Sevilha, a reorganização financeira pode ser feita a partir do estudo dos três tipos de gastos que toda família tem. Segundo ele, existem as despesas essenciais para a sobrevivência, como a alimentação; depois dessas aparecem as importantes, mas não essenciais, como o estudo de um segundo idioma ou cursos em geral; e o terceiro tipo engloba as desejáveis, que podem ser exemplificadas como um carro para cada membro da família ou uma viagem especial. “A partir dessa idade começa a ser possível que a criança tenha um relacionamento mais direto com finanças, podendo, por exemplo, ela mesma pagar e receber o troco por um produto que comprou. Os pais devem procurar fazer desta experiência algo prático e útil, evitando associar compras à sensação de prazer, mas sim ao conceito de necessidade. A cada experiência desse tipo é importante reforçar que compramos porque precisamos e não porque nos dá prazer”, explica. “Na hora da redução de gastos deve-se começar pelas despesas desejáveis e cortar até o fim. Em seguida, é preciso passar para as despesas importantes e avaliar. Dependendo do tamanho do problema financeiro pode ser necessário cortar tudo ou parte dessas despesas. Por último, é preciso avaliar as despesas necessárias e tentar reduzir ao máximo”, explica Sevilha. Para o especialista, os filhos devem sempre compreender a realidade financeira da família, mas não devem participar diretamente do planejamento financeiro. “Normalmente, eles ainda não apresentam maturidade para encarar essa situação e podem sofrer pressões para as quais ainda não estão prontos”, explica. 68 Nova Família Ensinar os filhos desde pequenos a lidar com dinheiro pode ser a melhor estratégia para que se tornem adultos capazes de ter uma vida financeira saudável. Segundo Sevilha, existem certos conceitos matemáticos envolvidos com a questão financeira como o fato de uma criança só ser capaz de compreender o valor do dinheiro a partir dos seis ou sete anos de idade. ´eLPSRUWDQWHUHIRUoDUTXHFRPSUDPRVSRUTXH SUHFLVDPRVHQmRSRUTXHQRVGiSUD]HUµ Mesmo assim, antes dessa idade já é possível trabalhar com os filhos os conceitos não matemáticos que irão ajudar na consciência financeira para o futuro, como por exemplo, conceitos de valor, de troca e de utilidade das coisas e objetos. “O diálogo sempre será um instrumento muito importante na educação financeira. E, qualquer oportunidade de diálogo deve ser bem aproveitada para ajudar as crianças a perceberem que o dinheiro é algo útil, mas que serve a um propósito claro: atender as necessidades”, comenta Vicente. www.revistanovafamilia.com.br O especialista afirma ainda que é importante explorar junto com os filhos o universo da satisfação de necessidades dissociada do dinheiro, como passeios e caminhadas que não exigem desembolso financeiro, mas também geram satisfação. “A construção desses cenários ajuda a criança a perceber que nem toda satisfação vem do dinheiro e que a utilidade do dinheiro não é promover felicidade, mas sim satisfazer as necessidades”, afirma. Segundo Sevilha, mais importante do que o dialogo é o exemplo. “Os pais devem se comportar em relação ao dinheiro de maneira coerente com esse discurso”, diz. COMO INTRODUZIR O DINHEIRO NA VIDA DAS CRIANÇAS A mesada é uma das alternativas para inserir o dinheiro na vida dos filhos. No entanto, para Vicente Sevilha, antes dos sete anos de idade essa prática não é uma boa opção, justamente por estar fora do período em que as crianças passam a ter maior discernimento sobre o conceito de dinheiro. Para ele, depois dessa idade é possível começar a utilizar esse recurso da mesada, mas sempre mediante a supervisão dos pais. “Vale ressaltar que a mesada não deve representar um custo adicional para o orçamento familiar e deve ser suficiente para atender as necessidades da criança naquela idade. Por exemplo, se a criança compra lanche na cantina da escola, a mesada deve ser suficiente para essa despesa durante o mês”, explica. Naturalmente, com o crescimento dos filhos as necessidades mudam a aumentam e a mesada deve acompanhar isso. “A mesada deve conter uma parcela descomprometida dos gastos, por exemplo, 10% a mais do que será gasto com os lanches na cantina da escola. Esse valor poderá ser utilizado para qualquer despesa da criança, mas sempre, com a supervisão dos pais que precisam saber como o filho está utilizando o dinheiro”, afirma Sevilha. Para o especialista, o momento de introdução da mesada é também a hora de apresentar aos filhos o conceito de poupança e economia. Segundo ele, estabelecer com os filhos um objetivo de longo prazo que exija poupança é o melhor caminho para esse aprendizado. Por exemplo, se o filho quer comprar um joguinho de vídeo game que custa R$ 200 é preciso ensinar que ele deverá guardar R$ 20 por mês para conseguir comprar o jogo em um prazo de dez meses. “Esse diálogo e o acompanhamento mensal dessa reserva criará no filho a capacidade de entender a utilidade da poupança”, explica Sevilha. “É importante que o objetivo seja atingível em um prazo menor do que um ano e que os pais incentivem permanentemente os filhos na poupança”, completa. Outra alternativa para a introdução do dinheiro na vida da criança, mas que deve ser aplicada com cautela, é a relação de troca. “É uma opção válida, porém é preciso muito cuidado. Algumas tarefas que os filhos fazem devem ser feitas pela consciência do dever, que depois se converte em consciência de cidadania e não em troca de benefícios ou remunerações”, comenta. Segundo Sevilha, ensinar uma criança que ela deve recolher a sujeira do cachorro para receber uma remuneração, por exemplo, pode criar um adulto que deixa a cidade suja. “Essa tarefa deve ser apresentada a criança como parte de seus deveres, independente de receber algo em troca”, diz. A troca de tarefas por dinheiro só deve acontecer na medida em que as tarefas não sejam parte da consciência do dever. “Por exemplo, se a família paga alguém para lavar o carro, pode ser uma oportunidade oferecer à criança que lave o carro e receba por isso. Mas, se a família não tem o hábito de pagar a lavagem do carro e esse serviço é feito pelo próprio pai, por exemplo, não é oportuno remunerar o filho nessa atividade. É preciso ensinar que ele deve ter a consciência de ajudar o pai sem esperar algo em troca”, conclui. Finanças 69 Saúde TRANSTORNOS ALIMENTARES E SEUS PERIGOS DENISE PACIORNICK Os padrões de beleza seguidos na atualidade, onde as mulheres H[LEHPFRUSRVGHÀQLGRVRXPXLWRPDJURVSRGHPWUD]HUjWRQD um problema muito grave que pode levar à morte, e atinge especialmente os jovens. E stamos falando dos Transtornos Alimentares (TA), que compreende qualquer padrão de comportamento alimentar que causa prejuízos à saúde. Geralmente, estas disfunções aparecem na infância e na adolescência. Não é raro ouvirmos notícias com casos de meninas e meninos que sofreram bullying na escola, desenvolveram um Transtorno Alimentar, e, em um número considerável, encontraram a morte prematuramente. O problema não se restringe a um grupo, pode acontecer com jovens e adultos, independente de sexo e classe social. 70 Nova Família www.revistanovafamilia.com.br A obsessão pela magreza toma proporções cada vez mais perigosas, e de tempos em tempos, surgem novas modas que acabam tirando a vida de milhares de pessoas que morrem tentando encontrar o corpo perfeito. De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, 90% dos casos acontecem com mulheres, mas nos últimos anos, houve um aumento significativo dos transtornos no público masculino. No Brasil, a Anorexia ocorre, em 40% das situações, na adolescência. Aproximadamente, 22% das mulheres entre 15 e 25 anos, possuem algum sintoma destes distúrbios. Um estudo, realizado em 2011, com adolescentes de 14 a 19 anos, no sul do Brasil, apontou que 15,95% das adolescentes apresentavam algum sinal de Anorexia. ilustração . Elena Nayashkova . shutterstock Os transtornos normalmente acontecem devido à distorção da imagem própria, e de acordo com alguns estudos, certas mulheres estão insatisfeitas com o próprio corpo, mesmo que aos olhos dos outros, estejam em ótima forma. Essa auto-imagem distorcida é muito comum, mas não costuma ser tão grave a ponto de ser a única causa para o desenvolvimento da Anorexia Nervosa. Geralmente, o paciente com este transtorno não percebe o problema, pois acha normal querer controlar a alimentação, e isso, apesar de amigos e familiares insistirem em dizer que está magro/a demais e que deve se alimentar melhor, o/a paciente nega a informação e se preocupa em como emagrecer ainda mais. Além disso, na maioria das vezes, se recusam a procurar um especialista. O índice de mortalidade por Anorexia Nervosa atinge entre 15% e 20% dos casos. Eles estão associados a complicações clínicas ou a suicídios, pois a depressão pode manifestar-se no decorrer dessa doença. A grande verdade é que a Anorexia é uma doença psicológica e é a que mais mata no mundo todo. Existem vários sites, comunidades e blogs na internet que apresentam informações sobre os grupos pró-annas, forma “carinhosa” de chamar a pessoa com Anorexia. Estes grupos mantêm informações sobre como agir em caso de fome, como enganar os pais e outras dicas que preocupam médicos e familiares. Saúde 71 Saúde Fernanda Fahel é um exemplo de superação da Anorexia. Aos 12 anos, enquanto comprava roupas, ouviu a dura frase de seu pai “Você está parecendo um balão”. Depois disso, passou a seguir várias dietas e a fazer exercícios em casa. Quando perdeu um pouco de peso, já havia se tornado um vício. Nessa época, ela ainda não fazia ideia de que poderia ser o início de uma Anorexia ou Bulimia. Mas ela começou a emagrecer cada vez mais, não comia e sempre vomitava quando a forçavam a comer. Enquanto isso, seus pais acabavam a elogiando porque ela tinha emagrecido. Ela acreditava estar fazendo a coisa certa. Talvez, a verdadeira razão por Fernanda ter desenvolvido transtornos alimentares tenha sido a busca pela aceitação de seus pais. Ambos são atletas e sempre prezaram pela boa saúde. Em sua cabeça, foi fixada a ideia de que ele só a amariam se fosse magra. Hoje ela consegue ver que isso não é verdade, que eles se importam muito mais com a beleza que vem de dentro. Além disso, ela acabou sofrendo muito com bullying na escola, por sempre ser “diferente”. Até os 13 anos, Fernanda morou no Japão e frequentou as escolas de lá, as crianças a zombavam por ser alta demais, por ser gordinha, por ter cabelos ondulados, por ter olhos maiores que os deles, etc. Entretanto, na verdade o que a fez definhar, fazendo com que ela fosse diagnosticada com Anorexia Nervosa, foi seu trabalho como modelo. De acordo com ela, o mundo da moda é muito cruel, e ela era chamada de cabide humano. Ela diz que não vê nada de humano nisso e que não se importam com a saúde das modelos, mas que felizmente, conseguiu se livrar deste problema. A família percebeu cedo as mudanças na alimentação de Fernanda, e ela conta que sua mãe sofreu muito, pois se sentia impotente por não conseguir ajuda-la. Então 72 Nova Família www.revistanovafamilia.com.br seus pais decidiram que era hora de buscar ajuda especializada. Quando iniciou seu tratamento, ela não queria ser ajudada, pois achava que daquele jeito estava bem, mesmo sofrendo, passando mal diversas vezes e sabendo que muitas pessoas ao seu redor estavam tristes e preocupadas com o que estava acontecendo com ela. Fernanda decidiu melhorar de verdade, no entanto, quando viu uma amiga na mesma situação que ela que veio pedir conselhos sobre como emagrecer mais. Foi aí que ela se deu conta do que estava acontecendo, e percebeu que não podia servir de exemplo para que outras pessoas ficassem anoréxicas. Ela colocou na cabeça que precisava ser vista como uma pessoa que superou estes problemas. A partir deste momento, Fernanda passou a levar a sério o tratamento que consistiu em um tratamento multidisciplinar com nutricionista, psicólogo e psiquiatra. Precisou tomar suplementos para ganhar peso e seguir uma dieta, além de tomar remédios antidepressivos que a ajudaram muito. Atualmente, ela não precisa tomar mais nenhum tipo de remédio. Hoje, ela consegue perceber os riscos que correu, e, com a intenção de alertar de forma geral as pessoas como pais e a sociedade sobre os perigos, Fernanda criou um blog que tem o objetivo de chamar a atenção para os perigos dos Transtornos Alimentares. Ela acredita que Anorexia e Bulimia, assim como outros distúrbios, são doenças psicológicas graves e precisam ser acompanhadas rigorosamente. Fernanda possui um blog, chamado Despedida de Ana e Mia, onde compartilha seus depoimentos e a história de outras pessoas que passaram pela mesma situação: www.despedidadeanaemia.com 73 Saúde HÁBITO ALIMENTAR OU REGIME? KAREN STERNFELD H á alguns anos, em uma primeira consulta com uma paciente, ela me contava sobre como havia lidado com uma condição crônica nos últimos anos. Em seu relato, me contava sobre as diferentes dietas que diferentes nutricionistas haviam passado e como cada uma ajudou ou não com seu problema. Eu perguntei quais novos hábitos ela havia incorporado em seu dia a dia, e a resposta, para minha surpresa, foi nenhum. Não havia nenhum mistério do por que ela nunca havia conseguido resolver seu problema. Vivemos na era da informação, a mídia sempre “vendendo” uma nova dieta milagrosa, contamos calorias, os alimentos que, assim como num conto de fadas, ora são vilões, ora são os príncipes encantados. E, nesse mar de informações e desinformações ficamos tentando milhares de regimes e dietas distintas. O resultado? Em primeiro lugar o famoso efeito sanfona, que além de frustrante, traz males a saúde como o enfraquecimento do sistema imunológico, doenças coronarianas, hipertensão, aumento do colesterol, entre outros. Fazer dieta não funciona, não faz bem à saúde, é como correr uma maratona uma vez por mês e não exercitar regulamente. 74 Nova Família www.revistanovafamilia.com.br Como tudo, a nossa dieta alimentar precisa ser um estilo de vida inserido no nosso cotidiano. Não devemos escolher uma fruta ao invés de uma coxinha por que estamos de dieta, mas sim por que nosso paladar e organismo pede e deseja a fruta. Em seu livro “12 Steps to Raw Foods” Victoria Boutenko, professora adjunta da Universidade de Oregon, desenvolve um paralelo entre drogas aditivas como a cocaína ou álcool e nossa predileção pela comida processada. Victoria usa a mesma proposta de organizações como NA e AA para conseguir vencer o nosso vicio com relação ao alimento processado. Ela argumenta que somos adictos a comidas comuns como pão, leite, carne, sal e açúcar. Em particular, Victoria fala muito sobre a dependência que muitos têm do açúcar: “pesquisas indicam que os receptores do gosto doce em nossa boca estão ligados diretamente a áreas do cérebro que liberam opióides endógenos – substancias produzidas naturalmente pelo nosso corpo que induzem a sensação de prazer e bem estar. O sabor doce é suficiente para ativar áreas de prazer no cérebro”. Em outras palavras, o sentimento de prazer associado ao consumo do açúcar faz com que tais alimentos sejam altamente aditivos. Então como mudar nossos hábitos alimentares de forma inteligente e duradoura? Dos 12 passos sugeridos por Victoria Boutenko, selecionei os 7 abaixo que considero de maior importância. Q Tomar consciência do problema. Talvez o passo mais difícil de todos, sem admitir e identificar que temos um problema torna-se impossível de resolve-lo. QAlimentar seu corpo com opções nutritivas para eliminar desejos por alimentos “vazios”, evitando bobagens como pão, biscoitos, etc. QAdquirir conhecimentos para alimentar-se de forma saudável em casa. Não podemos depender de restaurantes ou de terceiros para comer bem. Precisamos saber preparar minimamente uma refeição por conta própria. Q Ter amor próprio independentemente do que você comer. O processo de mudança de hábitos alimentares é longo, podendo durar anos. É muito comum em um momento de stress recorrer-se a uma “comida de conforto”. Não se julgue nem se maltrate por isso, apenas retome seu caminho em busca de uma vida mais saudável. QObtenha apoio. Encontre pessoas que também estão na mesma busca que você. Se organize da melhor forma possível, tenha sempre opções de comida em casa prontas para beliscar, compre frutas e vegetais frescos e baratos, uma dica é “pegar” o resto da feira, como por exemplo as folhas de vegetais como cenoura, rabanete, beterraba. Essas, além de grátis, são altamente nutritivas e uma ótima opção para usar em sopas ou bater com frutas na criação de saborosas opções alimentares. ilustração. markovka . shutterstock Q Abraçando novos hábitos saudáveis. Uma vez adptada em uma rotina de alimentação saudável, outros bons hábitos de saúde naturalmente decorrem, como por exemplo, a vontade de exercício físico, ou aproveitar seu tempo livre desfrutando atividades ao ar livre. QGanhando clareza. Uma dieta alimentar saudável proporciona a habilidade de ter mais clareza sobre a vida, ter a capacidade de ver as coisas como elas são e não como gostaríamos que fossem. Esse talvez seja o melhor presente que ganhamos ao adotar um estilo saudável de vida. Não caia mais na fantasia dos regimes e dietas malucas por ai. Abrace um novo estilo de vida para toda a família que mudara a sua vida e a dos seus entes queridos. Quanto mais processada a comida mais distante dela você deve ficar. Esqueça todos os diets e lights e busque sempre comidas como a nossa Mãe Natureza nos deu, de forma simples e integral. Opte também, de forma geral, por alimentos crus aos cozidos, lembre-se que o ato de cozinhar é uma forma de processar o alimento. Com muita calma, conhecimento e perseverança, somos todos capazes de mudar nossas vidas para melhor e de forma jamais antes imaginada. Saúde 75 TEcnologia CONECTANDO A FAMÍLIA SEM FIO FERNANDO SOUSA A cena é típica, daquelas que volta e meia aparecem em novelas e séries de TV: a família está fazendo uma refeição à mesa. Porém, ninguém fala com ninguém, sequer olham uns para os outros. Entre uma garfada e outra, estão absortos em mensagens de WhatsApp e postagens de Facebook, exibidos em smartphones com telas cada vez mais potentes. Você deve estar imaginando que este é um comportamento típico dos adolescentes, não? Para mim, tendo a crer que esse hábito está se expandindo, tanto HQWUH RV PDLV QRYRV FULDQoDV FRPR HQWUH RV PDLV YHOKRV DGXOWRV H D DWpLGRVRV U m primeiro indício é que os telefones celulares e os smartphones já dominam os lares quando o assunto é navegar na Web. De acordo com 14ª edição da pesquisa F/Radar, recém divulgada pela agência F/Nazca, 52% dos entrevistados afirmaram que celulares e smartphones eram o principal dispositivo utilizado para acessar a Internet dentro de casa. Suplantaram os tradicionais computadores de mesa (42%) e notebooks (40%) – tablets aparecem com apenas 12% (para minha surpresa, pois imaginava que já teriam maior participação). Uma das conclusões do estudo é que o brasileiro não abre mão de mobilidade, nem mesmo dentro de casa, e que um dos principais motivadores, adivinhe só! - são as redes sociais. De qualquer forma, custo a acreditar que este crescimento seja puxado exclusivamente pelo comportamento dos adolescentes. É mais provável que aquela cena descrita no começo deste artigo tenha a participação cada vez maior tanto de adultos como de crianças. 76 Nova Família www.revistanovafamilia.com.br Charles Taylor . shutterstock Na era digital, o desafio é dosar o uso da tecnologia pelos filhos. USO CADA VEZ MAIS PRECOCE No caso dos jovens que ainda não chegaram à adolescência, há um outro estudo que dá indícios do comportamento relacionado com a adoção precoce de telefones celulares e outros dispositivos do gênero. De acordo com a CTIA, uma organização internacional que representa a indústria de comunicação sem fio, 56% das crianças entre 8 e 12 anos já eram donas dos seus próprios telefones celulares, sendo que anteriormente, a idade média em que eles ganhavam o primeiro era de 12 anos de idade. Os dados são do mercado norte-americano, onde os comportamentos ligados à tecnologia costumam chegar (bem) antes, mas detalhe: são números de 2013! Eu acredito (e imagino que você, leitor, também) que hoje tais coisas devem estar acontecendo cada vez mais cedo, possivelmente, também no Brasil. Dubova . shutterstock Longe de mim achar que as novas tecnologias devem ser tratadas como bichos de sete cabeças, entretanto, alguns números da mesma pesquisa eram ainda mais preocupantes. Por exemplo, segundo o estudo, 86% dos pais acreditavam que seus filhos estavam seguros enquanto estavam acessando a Internet, e 92% deles acreditavam saber o que as crianças faziam online – inclusive, 22% provendo dispositivos móveis para seus filhos apenas para mantê-los ocupados. Outro dado curioso: os adolescentes norte-americanos enviavam, em média, 60 mensagens de texto por dia – no caso das meninas, essa média subia para 100! Imagine hoje com aplicativos como WhatsApp, nos quais sequer há cobrança pelas mensagens enviadas. Tecnologia 77 TEcnologia Reo . shutterstock DICAS PARA PAIS A CTIA mantém um braço para justamente promover o uso saudável das novas tecnologias sem fio. Justamente com os números acima, a entidade forneceu algumas dicas para os pais tanto para ajudar no convívio familiar como para manter as crianças seguras durante o uso de smartphones, tablets e outros dispositivos. Confira: ÎƉ Escreva as regras de uso das tecnologias sem fio por parte da família claramente estabelecendo as “conseqüências” caso elas não sejam obedecidas. Lembre-se que as normas devem variar conforme a idade – uma criança de 11 anos de idade e um adolescente de 14 anos já têm mentalidades bem diferentes. Imprima e cole a folha com as regras em ponto central da casa, até porque elas devem valer para todos os integrantes da família; ÎƉ Sobretudo no caso das crianças mais novas, utilize ferramentas para filtragem de conteúdo e restrição do acesso a games, aplicativos e sites impróprios para a idade. Alguns provedores de acesso e serviços oferecem tais ferramentas; 78 Nova Família www.revistanovafamilia.com.br ÎƉ Determine a quantidade de ligações, mensagens de texto e tráfego de dados que seus filhos podem consumir mensalmente, ou, pelo menos monitore tais informações para identificar eventuais usos excessivos; ÎƉAprenda a utilizar os recursos existentes em smartphones e tablets que possam ajudá-lo a monitorar como as crianças usam tais aparelhos; ÎƉAntes de baixar um aplicativo ou adquirir um game, verifique a classificação etária do produto; E uma dica final: ensine pelo exemplo. Lembra da cena descrita no começo deste artigo? Pois bem, se você vive teclando ao celular durante as atividades familiares, dificilmente vai convencer o seu filho a agir de forma diferente. Isso vale tanto para refeições como para outros momentos, como nas idas ao parque. Cito isto porque já me peguei fazendo isso, sob protestos de meu filho de dois anos da idade. Ele mesmo pegou o celular e o guardou no bolso da minha bermuda. religião O BATISMO E AS RELIGIÕES SYLVIO MONTENEGRO Celebrar a iniciação de alguém a algo é uma prática que, com certeza, precede os registros históricos. Mesmo quando o conhecimento humano ainda era apenas repassado de gerações D JHUDo}HV GH IRUPD RUDO H QmR HVFULWD D 3UpKLVWyULD DOJXP WLSR GH ULWXDO GHYHULD VHU XWLOL]DGR SDUD PDUFDU D SXULÀFDomR entronização, e/ou, ainda, a passagem de alguém a um nível de conhecimento ou de vivência superior. Essa dedução se Gi DSHQDV SHOD REVHUYDomR GD tQGROH KXPDQD PXLWR DSHJDGD D HVVH WLSR GH ´PDUFDVµ DR ORQJR GH VXD H[LVWrQFLD XPD YH] que, como é sabido, da Pré-história não temos registros. Várias crenças religiosas se utilizam dessa forma de iniciação, conhecida FRPR´EDWLVPRµ9DPRVWUDWDUGHDOJXQVGHVVHVULWXDLVOLEHUGDGH LQGLYLGXDOGHFXOWR´'HYRHXRXQmRLQÁXHQFLDUDYLGDHVSLULWXDO GHPLQKDIDPtOLDHHPHVSHFLDODGHPHXVÀOKRV"µ Da forma como o conhecemos largamente no Brasil, um país de fortes origens cristãs, o batismo é uma prática de diversas igrejas e confissões baseadas no Cristianismo, uma das três maiores religiões do planeta (as outras são o Judaísmo e o Islamismo). A palavra “batismo”, que para muitos representaria apenas esse processo de iniciação de um membro a uma determinada crença religiosa, vem do grego “baptizo” e não significa apenas “imergir” (mergulhar, entrar em, afundar, penetrar em, adentrar em), como se acredita de uma forma geral, mas também “aspergir” (borrifar, respingar) e lavar. Alguns a traduzem também como “efusão” (derramar). Segundo o Dicionário Informal,“a forma como foi usada tanto por Jesus quanto pelos apóstolos, deixa claro esse conceito. Primeiro porque o batismo corresponderia uma realidade plena do ritual de purificação feita já então pelos sacerdotes levitas, desde os tempos de Moisés. A diferença é que, como rito de purificação, o batismo anteriormente era repetitivo, simbólico e temporário”. Com Jesus, para os cristãos, se tornou único, verdadeiro e permanente. Religião 79 O início de uma vida religiosa maxriesgo . shutterstock Mas é bom que se diga que num artigo como este, na Revista Nova Família, estaremos longe de “fechar questão” sobre o assunto. Até porque, para que isso ocorresse, seria necessária uma minuciosa comparação teológica entre o Antigo Testamento (que acima de tudo significa um tempo histórico em que está em vigor uma Aliança (Testamento) estabelecida por Deus em Abraão e depois renovada, entre Deus e o povo israelita) e o Novo Testamento (a Nova Aliança formada então entre Deus e seu filho Jesus). COMO FAZEM JUDEUS E ISLAMITAS Num pequeno paralelo com as duas outras grandes religiões mundiais, no Judaísmo, quando nasce uma menina, ela é levada a uma sinagoga e recebe um nome perante o Torá, o livro sagrado dos judeus. No caso dos meninos, ele recebe seu nome durante a circuncisão, diante de outros dez homens. A iniciação religiosa propriamente dita se dá aos 13 anos (meninos) na bar-mitzvá, ou aos 12 anos (meninas) no bat-mitzvá. Nas duas cerimônias os “batizados” devem demonstrar a entrega à nova fé lendo trechos do Torá e orando em hebraico. 80 Nova Família www.revistanovafamilia.com.br Já no Islamismo, a primeira coisa que uma criança ao nascer deve ouvir é o nome de Deus. Então, o pai diz o Azan no ouvido da criança. O Azan é um culto islâmico que precede as orações religiosas. Além disso, ainda na primeira semana de vida, o bebê tem seus cabelos raspados e seu peso, em prata, deve ser doado aos mais necessitados. A criança recebe seu nome durante o momento do Azan e a família, posteriormente, oferece o akkik; um banquete normalmente servido com carneiro como prato principal, já que ele é um animal simbólico na história de Abraão. O BATIZADO CRISTÃO Já no Cristianismo, doutrina criada por Paulo de Tarso (o convertido de Damasco), através das interpretações das palavras de Jesus de Nazaré, há muitas concordâncias e discordâncias (de conteúdo e forma) as diversas confissões que se intitulam cristãs. É praticamente impossível que haja um texto explicativo completo e isento para se fazer essa análise de forma minuciosa e independente. Para cada denominação (e são incontáveis) existem explicações e contra explicações a respeito, todas fa- zendo analises particulares umas das outras, sempre, é claro, sob sua própria ótica particular. O arrependimento é condição essencial para o batismo em praticamente todas elas. Mas quando se pensa em batismo como regeneração e forma de concessão de vida espiritual, igrejas tradicionais discordam disso, como a Presbiteriana, a Batista, as Cristãs Congregacionais e as Testemunhas de Jeová. Dentro de outras nem existe consenso a respeito: Comunhão Anglicana, Metodista e Assembleia de Deus são algumas das principais. O batismo de crianças é outro ponto de profunda reflexão entre os cristãos. Enquanto igrejas tradicionais como a Católica Apostólica Romana, a Ortodoxa, a Luterana, a Metodista e a Comunhão Anglicana (na maioria das sub-denominações) o praticam, outras também não menos tradicionais não concordam. A alegação é que, sendo um ato de arrependimento, não haveria sentido em imaginar que um recém-nascido ou ainda uma criança em idade muito pueril tivesse algo do que se arrepender (ou mesmo condição de analisar isso), bem como de pecados a serem perdoados. Em alguns casos, como a Católica Apostólica Romana (maioria absoluta dos cristãos brasileiros), o batismo deve ser confirmado quando o jovem já estiver em condição de entender o processo. Isso se dá através também de dois outros sacramentos: a Primeira Eucaristia (antiga Primeira Comunhão) e a Crisma. Em passado não muito distante, o padrão do batismo também foi muito discutido: algumas confissões não concordavam com a evocação da Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo), fazendo isso apenas em nome do “Senhor Jesus”. Hoje em dia, apenas os Pentecostais do Nome do Senhor Jesus continuam com essa prática. No entanto, vale ressaltar que os mórmons, adeptos da Igreja de Jesus Cristo dos Últimos Dias, apesar de evocarem os três elementos da Trindade, não a aceitam conforme discutida no Concílio de Nicéia, em 325 d.C., a não ser apenas como Divindade. Já as Testemunhas de Jeová, pouco antes do batismo, confirmam a crença em Jeová, em nome de Jesus. No momento exato do batismo nada é dito. A forma da participação da água também varia entre as denominações: a imersão, a aspersão e a efusão são utilizadas de forma muito particular de cada uma delas. Todas com explicações (baseadas em interpretações) dos textos evangélicos e também do Antigo Testamento. OUTRAS CRENÇAS IMPORTANTES ENTRE OS BRASILEIROS No Brasil, três outras crenças religiosas são também bastante disseminadas: No Espiritismo, (doutrina filosófica com aspectos científicos e consequências morais, conforme ela mesma se define) codificado, em meados do século XIX, por Allan Kardec (codinome do ilustre professor francês Denizard Hippolyte-Léon Rivail – nome que consta de seu auto de nascimento), apesar de se auto intitular como uma doutrina cristã, não adota nenhum tipo de batismo. Já no Candomblé, a criança é batizada num ritual conhecido como ekomojade. Nele, o pai de santo é consultado para saber qual o orixá (divindade) do batizado, e então, é escolhido um nome religioso africano para a criança.Ela também é banhada em vários líquidos. Os orixás são fixados apenas após longo isolamento e purificação, antes da pessoa ser apresentada a comunidade. A Umbanda, religião sincrética, que reúne elementos tanto do Cristianismo quanto do Espiritismo e do Candomblé, tem uma variedade enorme de formas de batismo, mas todas elas partem do princípio do batizado cristão que freqüentemente é realizado na natureza, com especial predileção de seus crentes às cachoeiras e quedas d’água. Religião 81 REGIÃO SUL MARCELINO RAMOS/RS O município de Marcelino Ramos, localizado no interior do Rio Grande do Sul possuí pouco mais de cinco ~~v ~ ~ É~ ~ 2guai, é cercada por montanhas com lindas paisagens que enchem os olhos dos turistas, e, é onde se localiza o ~{ ~1~~~Q~~~~{~ ~Q~Q ¯Q{~~~~~ Q hotéis, pousadas e restaurantes. { ~~~~~~~~xmo, para tratamentos de saúde, a região recebe todos os anos milhares de pessoas na temporada de verão. Outra atração é o City Tour onde são visitados: San{+~0~~0~Q.~~0 com degustação e venda de queijos, Mirante, Ponte e "~O¯#{~Q ~~~ ~~~ memorial da cidade e do estreito, parada no centro da cidade com visita à Igreja Matriz e lojas, Sítio do Vovô Kunze, e para encerrar o passeio, um delicioso café colonial. Site: http://www.portaldemarcelino.com.br Facebook: https://www.facebook.com/PortalDeMarcelinoRamos EM ROTEIRO DE VIAG Denise Paciornick resenta a nossa colunistadaesappe quenas Nesse roteiro, en os. Cid ros de ei destinos difer mcidad ot R e em qu ta es se as os m e char centros, gens, grandes or Agências de Via tunidades op a rist tu ao em ec er of e qu mas incríveis. hamento de cadoa al et d r ho el m um a Par e descubra você cidade, visitesodsiicteas! encanto dessa REGIÃO C ENTRO-O ESTE JUSCIMEIR A/MT ~ Mato Gross '~ { { ~ ~ o sobre um import ~~~ { ~~ ~ ante lençol de rios são o p ~ ~~ ~~rincipal atr ~{ativo davci, Além disso d a de. ~, é possível desfr sítio Colina ~ ¯Qutar-se de um o Festival d Verde que promo Q a Jabuticaba, ondve, anualmente, peciais a ba~ x~ e os visitantes entre setem se da fruta. O fe ~ bro e outubr stival acont o. ece Site: http://www .cid ade-brasil.c om.br/munic 82 Nova Família ipio-juscime ira.html www.revistanovafamilia.com.br REGIÃO SUDESTE PARQUE CACHOEIRA DAS ANDORINHAS / REGIÃO NORTE ILHA DO BANANAL/TO ~ ~~Ê~{ 1 ~ x~~~&~~~~v2 , é poss{ enível país do ecológicos mais importantes ~ ~ Ê ~ ~^~ e ais anim de ade rsid dive rara zônica, bem como uma ~ ~~v~x~~{~ e o Paruaia ambiental: o Parque Nacional do Arag que Indígena. so é conA ilha oferece turismo, entretanto, oueaces o que barc o porq ente cialm siderado difícil, espe ão regi a ecer conh para uado adeq te faz o transpor copara E . necessita obter autorização do IBAMA ação da Funai. nhecer as aldeias, é preciso de liberensa dor, pois é comp eio Por outro lado, é um pass ~~~ ~ ~ ~{ ¾~^~ ~~ ~ ~ ~ /~ ~ formam na época de estiagem. Site: http://www.ilhadobananaltur.com.br REGIÃO NORDESTE PARQUE NACIONAL SERRA DA CAPIVARA/PI MG ,-~ ~~~~É~ ¾ '{Q*~$~Q~Q ~ ter acesso ao local, é preciso passar por Alto Cap~ araó também em MG. O parque possui diversos recursos , turais preservados e uma beleza espetacular. Os na~~~~~~f{ ~Q~xvisi~~~{ ~~~ lizada no Parque Nacional do Caparaó, as principa~sendo: Véu das Noivas, Andorinhas, Crianças, Pisc is Raiz, Pedra, Concha, Ilha do Palmito, entre outrina, Dentre as atrações, é possível o contato com dive as. animais, como cavalos e boi para passeio, porcos, aves rsos zes, pavões, faisões, galinhas, patos, carneiros, jabutru~~ ~ tis, ~~v Destinado a quem gosta de aventuras e natureza possível caminhar-se por trilhas que dividem os , é dos de Minas Gerais e Espírito Santo, sendo queesta~ ~Q ~ ~~ ~nas necessidades especiais. ~~¯{~~~~ ~ ~ ~{ v~~~~ ¯ ~ e é preciso atenção para evitar acidentes. Não faça aventuras ousadas, caminhe sempre pelas trilhas e não pule de pedras altas. Quem estiver com crianças , prestar atenção redobrada com elas. Site: http://www.cachoeiradasandorinhas.com.br Facebook: https://www.facebook.com/parquecachoeir adasandorinhas Uma das atrações do Nordeste brasileiro é o Parque Nacio~0~~ ~~~QÉ~-~¾Q¾ de Raimundo Nonato, João Costa, Brejo do Piauí e Coronel José Dias. Sua criação se deveu a diversas motivações ligadas à preservação do meio ambiente e de um dos mais importantes patrimônios culturais pré-históricos. +~ ¯Q~~O±¾~ológicos com pinturas e gravuras rupestres, com vestígios antigos da presença do homem. Com uma paisagem variada ~~Q~~¾Q-~~ ~~~Ê~ ¾É~~~v ~~ ~~tural chamam a atenção para o desenvolvimento do turismo cultural e ecológico. Site: http://www.fumdham.org.br Facebook: https://www.facebook.com/serradacapivara Lazer & Viagem 83 lazer & Viagem Férias, momento de trilhar um caminho em família. 84 Nova Família www.revistanovafamilia.com.br UMA FAMÍLIA, UM AEROPORTO, VÁRIOS DESTINOS! DANIELA VIEK Entre chegadas e partidas, olhares e despedidas, uma lágrima, um sorriso, uma história por trás de cada mala, de cada passaporte carimbado, de cada passageiro. Um sonho, uma expectativa, um horário de chegada, corações ansiosos pelos Y{RVTXHIDUmRVHUHHQFRQWUDUHPDSyVDQRVGHGLVWDQFLDPHQWR Marília (27) foi morar na Nova Zelândia quando tinha apenas 17 anos através de um intercâmbio. Seu irmão Miguel (30), vive no Canadá desde os 20 quando a matriz da empresa que trabalha como engenheiro o chamou para atuar nas terras canadenses e de lá não regressou desde então. Os pais Joaquim e Mariana, conhecidos como “Sr. e Sra. da Silva”, sempre viveram no Brasil e estavam prestes a embarcar em sua primeira aventura internacional, mas com único objetivo, reunir a família nesta jornada. O ponto de encontro: Aeroporto Internacional de Guarulhos (GRU), o destino: Mochilão pela América do Sul. Mochilão? Sr e Sra Silva (60)? Sim Senhor! Uma experiência que, segundo Seu Joaquim, que economizou cada centavo durante muito tempo para emplacar neste projeto, seria a experiência ideal para vivenciar a cultura de vários países, contato com a natureza e permitir à família uma rica troca de emoções e descobertas. E tem idade ideal para isso? Era um sonho que tinha desde jovem, mas sempre o engavetou devido à carreira, casa, filhos e tantas outras desculpas que o “impediram” de realizá-lo. A espera parece interminável no aeroporto, todos combinaram de se encontrar na manhã de terça (27 de março) quando os vôos chegariam e a partida para o Peru, primeiro país da trip, estava previsto para o fim do dia. O tour englobaria 6 países, respectivamente: Peru, Bolívia, Paraguai, Argentina, Chile, e por fim, refoto ao lado . PhotonCatcher . shutterstock gresso ao Brasil. A duração? 30 dias. O planejamento? 1 ano conversando pela internet, definindo roteiros, compartilhando fotos, levantando custos e sonhando com cada detalhe, e agora o que todos mais queriam era embarcarem juntos no mochilão que marcaria suas vidas, pais e filhos juntos, depois de tanto tempo vivendo essa aventura. E o que acontece agora então, você me pergunta? Bem, os vôos internacionais chegam, eles se reencontram, partem para a tão sonhada e planejada viagem em família, seu Joaquim vive intensamente cada segundo, chegando a derramar lágrimas ao ver as paisagens que durante sua vida só via por fotos ou na tv e que passou anos almejando vê-las, mas sempre adiou e antes que o tarde fosse nunca, vibrou cada dia em cada país, intensamente por ter conseguido, desafiou-se e à sua família e todos cumpriram juntos a missão. Para concluir: Marília e Miguel são personagens fictícios, assim como a Sra. da Silva, e quanto ao seu Joaquim, bem, ele pode ser eu, você, seu pai, vizinho..., qualquer um de nós, que troca nossos sonhos por desculpas, muitas vezes..., mas, que um dia acorda e vê que ainda não é tarde (esperamos que não seja mesmo) para realizá-los. Ahh e a viagem, sim ela aconteceu, espero que você tenha viajado comigo nesta narrativa e que possa quem sabe vivenciar a sua, em cada linha, plano, milha, país, sozinho ou com seu cônjuge, filhos, família inteira..., esse é o meu desejo. ilustração . Studio DMM Photography, Designs & Art . shutterstock Lazer & Viagem 85 opinião FAMÍLIAS, CONTEMPORANEIDADE, PRECONCEITO, ADOÇÃO! NEIDE COELHO BOËCHAT Nossas famílias já não são mais as mesmas. Aquele WUDGLFLRQDOPRGHORIDPLOLDUSDLPmHÀOKRVMiQmRLPSHUD só. Hoje, cada vez mais, novos modelos se impõem. A partir dos anos 70, com a revolução dos costumes, a constituição familiar começou a apresentar os primeiros sinais de mudança, com as uniões de casais que não mais queriam um casamento nos moldes até então afirmados, ou seja, a mulher virgem que se casava de branco com o homem amado, cercados por uma cerimônia religiosa tradicionalmente estabelecida e alimentada pela igreja e por uma festa, socialmente esperada pela sociedade. Rock and Wasp . shutterstock Sim, os tempos mudaram. Com o surgimento da pílula anticoncepcional, a mulher libertou-se das imposições sociais por sentir-se com direito às mesmas possibilidades pertinentes até então ao universo masculino. O peso da virgindade desapareceu, e a liberdade de planejar o advento dos bebês abriu-lhe um espaço mais seguro para se impor como cidadã, profissional e agente do próprio destino. 86 Nova Família www.revistanovafamilia.com.br As mudanças vieram a galope. Hoje, a mulher não precisa mais conservar a virgindade até o casamento, aliás, o próprio casamento já não se faz mais necessário. Não que não ocorra, mas perdeu o caráter de condição necessária para se constituir uma família. Talvez Com a mesma simplicidade que se casam, esses jovens se separam, e a separação é também menos complicada. Basta que o casal não mais se ame e a relação se rompe. Os filhos já não são vistos nas escolas como diferentes dos colegas porque muitos passam pela mesma situação. A mulher separada não é malvista, pois muitas, senão a maioria, também são. Mulheres e homens muito jovens com filhos e separados novamente se casam, têm outros filhos, e os filhos de um passam a conviver com os filhos do outros como irmãos. Antigos grupos familiares se reúnem aos novos e constituem uma grande família. Tais grupos familiares, outrora vistos como escandalosos e desrespeitosos à moral familiar, são vistos de forma muito positiva. É preciso constatar a generosidade, a solidariedade e a real fraternidade entre essas crianças que se tratam como irmãs, quando nem sempre meias-irmãs são. Do mesmo modo, os pais de um se fazem pais do outro, na ausência dos pais legítimos. Assim, a desconstrução do modelo familiar que se desenvolveu fortemente dos meados do século XX para os nossos dias começa a apresentar seu lado construtivo. nos parecem novas; por outro, não são tão novas assim dadas suas proporções: são muitas as famílias que assim se reorganizam e já não causam espantos, furor ou desconforto. Entretanto, uma nova forma começa a se impor e a enfrentar barreiras: a dos grupos familiares constituídos por homossexuais. A questão é complexa pelo preconceito. Femininos ou masculinos, são excluídos pela maioria. É doloroso ver como muitos ainda se escondem da família e até dos mais íntimos. A maioria se envergonha de sua condição. A violência que a eles se impõe é um escândalo. Apesar das leis, a desproteção ainda os isola – às vezes, os próprios legistas e juízes são, eles mesmos, preconceituosos. Esses casais querem ter o direito de formar famílias, seja pelos recursos genéticos (inseminação artificial para mulheres homossexuais) ou por adoção. Eis a questão paralela: o enorme contingente de crianças abandonadas à espera de adoção. Esse novo modelo familiar acena para atender a essa demanda. É urgente fazer valer o direito que tais pessoas têm de formar suas famílias e a oportunidade que representam para a adoção dos menores sem lar e sem família. Arquivo pessoal não seja exagero afirmar que a vida contemporânea se orienta por um enorme pragmatismo, balizado por dois pontos: o desejo e o dinheiro. Assim, é explicado por dois pensadores: Freud e Marx. Basta que duas pessoas desejem viver juntas e tenham condições financeiras para que a constituição de família se torne uma possibilidade. Tudo muito simples – ou bem mais simples que outrora. É interessante notar como se desenvolveu esse processo. Em um primeiro momento, os indivíduos estabeleceram nitidamente o individualismo e o lado egoísta; as famílias foram diminuindo,os idosos deixaram de morar com os filhos para viverem sozinhos, aqueles que não se casaram passaram a viver sós. Enfim, todos se empenhavam em construir vidas solitárias. Paralelamente, e, como resultado desse processo, opera-se nessas pequenas famílias uma desconstrução: os casais que se separam buscam novos casamentos, novas famílias, e surge a chance de exercitar a aceitação do outro, desafio para quem privilegiava o individualismo. É preciso fazer valer o altruísmo em detrimento do egoísmo prevalente. É um movimento demasiadamente humano dessa nova condição. Por um lado, no contexto histórico, essas formações Neide Coelho Boëchat é coordenadora do Curso de Filosofia do UNIFAI – Centro Universitário Assunção, doutora em Filosofia e bacharel em Psicologia, autora de História e escassez em Jean-Paul Sartre - indicado ao Prêmio Jabuti 2012 na área das ciências humanas. Opinião 87 SEXO AUTOESTIMA FEMININA: COMO COMEÇAR A TURBINÁ-LA CLÉO FRANCISCO E sse é um assunto que tem me chamado muita atenção nos últimos tempos, principalmente depois que fiz uma entrevista exclusiva com Ana Paula Padrão, em maio passado, e ela assumiu que durante muitos anos teve problemas com sua autoestima. Como assim? A apresentadora admirada, jornalista reconhecida como exemplo de profissional, que já viajou o mundo inteiro em busca de notícias? Pois é. Mais ainda: Pedi, na ocasião, para ela fazer uma comparação entre autoestima feminina e masculina e reproduzo aqui esse interessante trecho de nossa conversa: “Definitivamente, a autoestima feminina é mais baixa, mais frágil que a masculina, principalmente em países latinos. As meninas são criadas para encontrarem abrigo e segurança em algum lugar. São treinadas para serem servis e não para serem grandiosas, corajosas, desbravadoras. Já os meninos são criados para desenvolverem esse tipo de talento em si. Elas já saem em desvantagem”. Sábia Ana Paula! Algumas de vocês, meninas, já se deram conta que eles costumam se questionar menos sobre seu potencial? Parecem ter poucas incertezas. E, mesmo que as tenham, ainda assim, tendem a se aventurar, se jogar, explorar, ir mais além. Eles acreditam em si, que merecem o melhor, se dão valor. Quer melhor definição para a palavra autoestima? Já nós, mulheres, geralmente somos mais tímidas, medrosas, titubeamos. 88 Nova Família www.revistanovafamilia.com.br SimmiSimons . shutterstock A busca pelo prazer Creio que entre as razões para esses comportamentos diferentes está a concepção, alimentada desde a infância, de que seres donos de falos são superiores aos que possuem vaginas, e portanto, podem mais. E desde o berço. Querem exemplos? Ainda recém-nascidos, é muito comum os pais, cheios de orgulho, tirar suas fraldas e exibi-los aos amigos. É a celebração do pênis. E assim, claro, eles vão aprendendo a gostar de seus pintinhos desde cedo. Os anos se passam e o garoto começa a explorar seu corpo. Se for visto manipulando o pênis, pode até levar uma bron- ca. Mas, no geral, entende-se que essa curiosidade é coisa da natureza masculina, sempre mais aventureira e costuma-se deixar para lá. Sim, facilita muito o fato de que podem vê-lo e pegá-lo sem dificuldades. E “ele”, o pênis, se torna quase que uma entidade à parte, chamado também de espada, estaca e pau e outros nomes que têm a ver com firmeza e agressividade. Já “elas” ganham apelidos que sugerem fragilidade como pombinha e passarinha. Ou, então, animais repulsivos: aranha, perereca e por aí vai. Meninas aprendem Sexo 89 sparkstudio . shutterstock SEXO desde cedo que não podem se sentar de qualquer jeito em público. E ai se, de repente, a calcinha aparecer depois de um gesto mais espontâneo durante uma brincadeira! É preciso ter modos e recato! Ser flagrada colocando a mão lá porque também descobriu que pode ser legal, então... E assim elas crescem com a ideia de que aquela zona, que não pode ser vista direito sem o auxílio de um espelho, é secreta e intocável. Dependendo da relação das mulheres da família com suas próprias genitálias e da educação sexual que tiveram, as meninas podem crescer, ainda, com a ideia de que menstruação é sinônimo de incômodo, que isso faz parte da infelicidade de ter nascido mulher. E, por ignorância com relação ao próprio corpo, acreditar que o absorvente interno pode se perder no organismo, indo parar sabe-se lá onde, entre outras ideias erradas. Por isso, pergunto: qual foi a última vez que você pegou um espelho para ver sua vulva? Mês passado? Há três meses? Em 2013? Não se lembra? O que você 90 Nova Família www.revistanovafamilia.com.br sabe sobre sua região íntima? Conversa com seu ginecologista assuntos como masturbação e desejo? Aproveito para questionar sua relação com suas filhas: você conversa com elas sobre sexualidade? Se questiona sobre preconceitos que, sem querer, podem estar se perpetuando na cabeça delas? Presta atenção em frases que ajudam a reforçar a ideia de que é melhor ter pênis que vagina? Já pensou no que isso pode causar para as meninas no futuro? E na sua casa, os meninos também têm obrigações domésticas? Ou só elas devem limpar a casa enquanto o irmão pode ficar na frente da TV ou ir brincar com os colegas? As mulheres, historicamente, sempre tiveram seu espaço restrito ao ambiente doméstico e educação voltada para se aprimorar em cuidar do marido e dos filhos. Mas todos – famílias, sociedades, países, a economia mundial – ganhariam muito com mulheres que fossem estimuladas desde cedo a acreditarem em si e desenvolverem seu potencial. Estudar, se aperfeiçoar, conquistar novos espaços, realizar projetos de vida faz bem a qualquer ser humano, independente do sexo ao qual pertença. Muita coisa já mudou, não discuto isso. Mas estamos longe ainda de uma sociedade que dá a homens e mulheres os mesmos direitos e oportunidades. E a gente pode ajudar a mudar essa situação dentro de nossos próprios lares, revendo conceitos, atitudes e a forma como criamos nossos filhos e filhas.