entrevista com carlos wizard

Transcrição

entrevista com carlos wizard
#02
INFORMAÇÃO | DIÁLOGO | APRENDIZADO
COMPREENSÃO | AMOR |
TECNOLOGIA:
A FAMÍLIA SEM FIO
DE HOJE
SAIBA COMO VIRAR A CHAVE
E MUDAR OS CAMINHOS
EM 2015!
MULHER AO VOLANTE, PERIGO
CONSTANTE! #SÓQUENÃO
E MAIS
LICENÇA PATERNIDADE
PASSA A SER VÁLIDA
POR 30 DIAS!
PLANEJAMENTO FINANCEIRO:
ESPECIALISTA DÁ DICAS PARA
REORGANIZAR AS FINANÇAS
EM FAMÍLIA.
MARÇO 2015 | Nº 02 | R$ 9,90
ISSN 2359-2486
O PRIMEIRO PASSO
FOI DADO!
ENTREVISTA COM CARLOS WIZARD
O EMPRESÁRIO E EMPREENDEDOR DIZ, “DAR DINHEIRO, UM PRESENTE PARA
UM FILHO É FÁCIL. DIFÍCIL É DAR TEMPO A ELE”, CONFIRA!
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4
Nova Família
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Papo de família
NOVA FAMÍLIA: ANOTE A RECEITA!
F
amília é um “prato” difícil de preparar, mas
quando pronto, emociona... uma pitada de
coragem, uma colher de dedicação, uma xícara
de paciência e um copo de devoção. Bata tudo
com atenção e asse 9 meses com respeito no modo
tradicional, ou então, use a tecnologia, como exemplo,
o microondas. O próximo passo é só dividir e receber
em troca. Ah, tem um segredo: Depois de pronto e
degustado não se encontra igual!
Claro, cada “Chef” com seus ingredientes secretos,
suas especiarias, alguns servem quente, outros nem
tanto. Há aqueles que preferem agridoce, outros
salgadinho ou um pouco amargo. Eu, particularmente,
voto no doce, naquele que causa prazer e um gostinho
de “quero mais”, sem culpa. Mas quem define pelo
bom ou ruim é quem prova, enfim, os integrantes da
“mesa”. É a partir daí que aprende-se como administrar
as doses de sentimentos e tudo isso contribui como
será o comportamento do novo prato, ou seja, da
“Nova Família”.
Arquivo pessoal
O negócio é vestir o avental, afiar a faca com cuidado e
pôr a mão na massa. Assim como fizemos, preparando
esse lindo banquete de conhecimento pra vocês! Só
exageramos um pouquinho na medida de carinho,
mas nem dá pra notar, afinal, a essência é sempre a
mesma...receber e servi-lo (a) com amor no coração!
Seja bem-vindo (a) a sua Nova Família!!!
Michelle Dacosta
Diretora de redação
Nossos Jornalistas
Michele Vitor Formada em Jornalismo
pela Universidade São Judas Tadeu trabalha como repórter desde 2006. Nesse
meio tempo já escreveu para a Editora
Qualidade de Vida, Portal Bradesco Universitário, Portal Click Carreiras Bradesco,
revistas Condomínios em Guarulhos e
para a edição masculina Catwalk.
Denise Paciornick Formada em Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo pela Universidade Positivo, iniciou a
carreira como redatora em uma agência
de publicidade. Em seguida foi assistente
de assessoria de imprensa na Lide Mul-
timídia e foi redatora, assessora de imprensa e editora de vídeos da startup Já
Entendi. É pós-graduada em Comunicação em Mídias Digitais e possui um blog
sobre o tema.
Thiago Assunção Jornalista formado
pela Universidade São Judas Tadeu, possui sólida experiência no setor de cultura
e moda, além de ser ator e arriscar-se
com dramaturgia.
Luciana Brunca Formada há 15 anos
em Jornalismo pela Universidade dos
Grandes Lagos (Unilago) de São José do
Rio Preto, interior de São Paulo, trabalha
como repórter desde 2000. Já trabalhou
nos jornais Agora São Paulo, Correio Popular, Diário da Região, Folha da Região,
Comércio da Franca, entre outros. Atuou
também como repórter na TV Record e
atualmente trabalha com assessoria de
imprensa.
Domingos Crescente Jornalista e Publicitário há mais de 20 anos, diretor geral
da agência LDC Comunicação.
Sandhra Cabral Jornalista profissional diplomada com 20 anos de experiência em
hard news, assessoria de comunicação e
media training.
Editorial
5
educação
Comportamento
10-13
Como virar a chave
e mudar os caminhos
em 2015
14-15
42-45
Cozinhaterapia
Inclusão Escolar: família
e educadores juntos!
20-23
46-49
Como socializar uma
criança autista
Eles estão, cada vez
mais, assumindo o
comando da casa
16-19
especial
24-27 50-53
Estamos prontos
para envelhecer?
A busca pela perfeição
Entrevista com o
empresário e
empreendedor,
Carlos Wizard!
28-31
Mulheres Multitarefas
32-33
Projeto amplia Licença
Paternidade para 30 dias
54-55
34-37
Mulher ao Volante.
Perigo constante!
#sóquenão
Cuidados na gravidez
38-41
Quando o amor supera
todas as barreiras
6
Nova Família
cotidiano
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FamÍlia
direito
saúde
56-59 70-73 74-75
Pensão Alimentícia:
dever de quem paga e
direito de quem recebe
Transtornos alimentares
e seus perigos
TEcnologia
60-61
76-78
O lado bom das coisas
Trabalho
Conectando a
familia sem fio
62-65
religião
Mercado de trabalho e o
peso do preconceito
79-81
66-69
O batismo e as religiões
Roteiro de Viagem
84-85
Uma família, um aeroporto,
vários destinos
opinião
SEXO
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lazer & Viagem
82-83
Finanças
Educação financeira se
aprende em casa
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AçÃO SOCIAL
Hábito alimentar
ou regime?
88-90 86-87
Autoestima feminina: como
começar a turbiná-la
Famílias,
contemporaneidade,
preconceito, adoção!
Índice
7
8
Nova Família
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COLUNISTAS DA
Daniela Viek, relações públicas,
consultora, coach, especialista
em Comunicação & Marketing.
Apaixonada por viagens, pela vida, por
conhecer novas pessoas e culturas.
Babi Mackenzie,
educadora desde 86,
fundadora da Teaching
Company.
Fernando Sousa,
jornalista especialista
em Tecnologia e Games.
Cléo Francisco,
jornalista especialista em Educação Sexual
Sylvio Montenegro, jornalista
e radialista. Estudioso sobre as
mais diversas formas de crenças,
especialista em realizações de
celebrações sociais e espirituais
de casamento e bodas, sem cunho
religioso ou civil.
Karen Sternfeld,
nutricionista pela New York
University e Health Coach
pelo Integrative Nutrition.
Nazir Mir Junior, advogado
atuante nos ramos do Direito Civil,
Direito Empresarial, Direito do
Consumidor, Direito de Família
e Sucessões (Área Cível), Direito
Penal, Direito Administrativo, Direito
Ambiental, Direito Tributário e
Direito Financeiro (Direito Público).
Colunistas
9
Comportamento
COMO VIRAR A
CHAVE E MUDAR
OS CAMINHOS
EM 2015
MICHELE VITOR
A temporada de fim de ano faz com que as pessoas reflitam, façam um balanço de suas vidas, avaliem o que foi
bom e ruim, e a partir disso, façam planos para o futuro.
Existem pessoas que desejam emagrecer; outros trocar
de emprego; ganhar mais dinheiro; encontrar um amor;
comprar um carro novo ou uma casa.
Esses são apenas alguns exemplos entre tantos outros
pedidos. No entanto, esses desejos e promessas acabam
sendo facilmente esquecidos e deixados para trás.E não
é preciso ir muito longe para comprovar a verdade disso.
Basta que você leitor/a pense em quantas promessas e
desejos foram deixados para trás esse ano. Com certeza a
lista será grande.
Um estudo realizado pela Universidade de Scranton, nos
Estados Unidos, comprovou que 54% das pessoas desistem de suas metas até o período de seis meses após as
terem idealizado e apenas 8% das pessoas são consideradas bem-sucedidas em suas mudanças.
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Nova Família
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Que caminho seguir?
A
pesar desse resultado, fazer planos
é um dos maiores impulsionadores
de conquistas. Outro estudo realizado pela mesma universidade
afirmou que as pessoas que estabelecem
metas para um novo ano apresentam dez
vezes mais chances de conseguir mudar.
“Sendo assim, podemos afirmar que a
mente exerce o maior controle e influência
sobre todos nós. Ela registra tudo. O corpo
estando satisfeito fica livre de graves doenças. Então, se queremos ser mais felizes devemos cuidar da nossa mente e de
nosso corpo”, afirma Alexandre.
E por que não fazer planos que o deixem
mais próximo da tão sonhada felicidade?
Segundo o coach Alexandre Nakandakari,
sócio da Questão de Coaching, alcançar
esse desejo pode não ser muito fácil, mas
passa longe de ser impossível.
Para ele, tudo começa com um pensamento que gera um sentimento, e por
conseqüência, gera uma ação. “Pensando
nessa lógica separei algumas dicas sobre
como mudar a vida, os pensamentos, as
atitudes, e assim, se tornar mais feliz em
2015”, diz Alexandre.
“Para falar sobre felicidade busco inspiração em uma personalidade que admiro
muito: o Dalai Lama. Ele sempre afirmou,
e eu acredito, que podemos dividir toda a
felicidade e sofrimento em duas categorias: mental e física”, comenta.
MUDANÇA DE CRENÇAS
Se o que se pretende é mudar os resultados alcançados é de fundamental importância que se altere primeiro suas crenças
substituindo os velhos pensamentos por
novas ideias. Crenças são afirmações que
as pessoas dizem para si mesmas, aquilo
Comportamento
11
Comportamento
(VSHFLDOLVWDGiGLFDVSDUDPRGLÀFDU
os pensamentos e conquistar novos
resultados nesse novo ano
que as permite ser ou fazer algo. “Os nutricionistas gostam de dizer que somos o
que comemos, vou além, e digo que, somos o que nos alimentamos tanto fisica,
emocional e mentalmente. O que você
anda pensando?”
SEGURANÇA NO TRABALHO E
NOS RELACIONAMENTOS
Aqui, além da mudança de crenças, o
investimento em autoconhecimento é
fundamental. Conhecer os próprios valores ajuda a tomar melhores decisões. Da
mesma forma que conhecer os pontos
fortes potencializa o desempenho e ter
consciência das próprias limitações possibilita gerar planos de contingência para
minimizar os impactos negativos nas performances. “É importante ressaltar que
algumas pesquisas indicam que a maioria
das demissões são motivadas mais por
questões de relacionamentos do que de
técnicas ou conhecimento. Sendo assim,
investir em conhecimento e cursos técnicos específicos da área de atuação muitas vezes é chover no molhado. Mas, dar
atenção a outras competências como feedback, gestão, liderança, relacionamentos, conflitos e comunicação, pode ser o
grande diferencial. Tecnicamente a maior
parte dos profissionais são iguais, mas não
há competência técnica que mantenha o
emprego sem uma boa conduta”.
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Nova Família
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DESAPEGAR DE VELHOS
HÁBITOS
Reservar alguns minutos por dia para refletir ajuda a promover uma limpeza nas
idéias e a mudar a percepção do mundo.
Com esse hábito as pessoas passam a se
questionar sobre sua postura, suas decisões e seu comportamento diante dos
acontecimentos da vida. Buscar conviver
mais com pessoas que pensem diferente
e mostram outros pontos de vista em relação as situações também ajuda a mudar
a forma de pensar. Quando fechamos as
portas para as mudanças o cérebro tende a se manter no processo químico que
repete os mesmos padrões desde a infância. Abrir espaço para novos estímulos
ajuda a gerar novas conexões.
FAXINA NOS SENTIMENTOS E
FORTALECIMENTO DAS
RELAÇÕES
Aqui o mais importante é não carregar
mágoas. A temporada que inclui o fim e
início do ano é propícia para acertar ponteiros com todas as pessoas que demonstraram algum ressentimento, seja colega
de trabalho, amigo ou parente. Conversar
de maneira clara e expor os sentimentos
é algo que fortalece as relações, aproxima corações e aumenta a confiança. Para
isso, um bom começo é tentar se colocar
no lugar do outro e tentar compreendê-lo.
DESENVOLVER A
ESPIRITUALIDADE
É dessa forma que as pessoas conseguem
manter a paz interior. Desenvolver a espiritualidade não está diretamente relacionado a
nenhuma religião. Essa escolha sempre fica
a cargo de cada pessoa. Mas, estar em paz
e bem consigo mesmo ajuda até mesmo a
evitar o surgimento de doenças, combater o
estresse e retardar o envelhecimento. Uma
opção para alcançar esse equilíbrio é a prática de meditação, que ajuda a higienizar a
mente e a desacelerar o cérebro. Outra opção poderosa é dedicar-se ao bem do próximo. Nesses casos, o trabalho voluntário
faz bem para quem recebe, mas muito mais
para quem prática.
CUIDAR DA AUTOESTIMA
Mudar as crenças, ampliar o autoconhecimento, melhorar os relacionamentos,
desapegar de velhos hábitos, deixar ressentimentos para trás e desenvolver a
espiritualidade são hábitos que ajudarão
a sustentar uma mudança consistente.
“Tudo isso tem um fator preponderante:
cuidar de si mesmo. Ao viajar de avião, por
exemplo, sempre recebemos as orientações de segurança, e entre uma delas,
está a de que máscaras de oxigênio cairão
do teto e primeiro a pessoa deverá ajustá-la em si própria para depois ajudar as outras. Esse é um exemplo claro da importância de dedicar tempo para si mesmo.
Organizar um pouco seu dia para cuidar
de você mesmo é essencial para manter
um bom desempenho em suas ações.
Isso não é egoísmo, é bom senso. Se você
estiver bem consigo mesmo poderá se
dedicar com qualidade ao trabalho, a sua
família e aos seus amigos”.
Alexandre conclui que, tudo se inicia com
um pensamento que deverá levar a uma
ação. “Agora é só colocar em prática a
mudança de suas crenças limitantes por
facilitadoras, ampliar o autoconhecimento
e desenvolver novas competências pessoais, organizando seu dia a dia para cuidar da mente e do corpo, e assim, alcançar a tão sonhada felicidade”.
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Escolho o passado ou o futuro?
Comportamento
13
Comportamento
COZINHATERAPIA
MICHELE VITOR
Dedicar tempo para cozinhar pode ser considerada uma
ótima válvula de escape para aliviar o estresse do dia a
dia, além de servir, também, como terapia de casal deixam
claro o grau de educação de um povo.
V
ocê sabia que dedicar parte do
tempo para cozinhar com prazer
pode trazer inúmeros benefícios
tanto para a saúde física quanto a
psicológica, e inclusive, pode ajudar a
reforçar a intimidade dos relacionamentos?
Segundo o psicanalista Antonio Belamoglie, especialista em terapia de casal, cozinhar é uma prazerosa atividade terapêutica. “Nesse momento, o cérebro se desliga
das rotinas e das obrigações do trabalho
profissional e se delicia com a expectativa
do prazer que virá com a comida que está
sendo preparada”, comenta.
De acordo com ele, é uma passagem do
lado racional do cérebro para o lado emocional. Por esse motivo, é um momento no
qual as pessoas até exercem mais o lado
criativo, inventando novas receitas ou até
acrescentando ingredientes diferenciados para dar um toque especial nas receitas já existentes. Além disso, enquanto se
prepara um prato é possível descontrair,
relaxar e se divertir.
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Nova Família
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INÚMERAS VANTAGENS
Com a correria do dia a dia, as pessoas
acabam deixando, cada vez mais de lado
a prática de cozinhar, e, por questão de
praticidade, muitos optam por comidas
congeladas ou refeições fora do lar. No
entanto, chega a ser difícil contabilizar a
quantidade de benefícios de cozinhar a
própria comida. Além de toda a questão
psicológica citada acima, dedicar-se à cozinha contribui para manter uma alimentação mais saudável e até econômica, por
exemplo.
Outra vantagem de quem prefere preparar a própria comida é que se torna possível fazer escolhas mais conscientes. Por
exemplo, ao preparar determinada receita
que leva queijo é possível trocar um tipo
por outro, como o cheddar pelo queijo
cottage light. Com escolhas simples como
essa torna-se possível reduzir a taxa de
colesterol, que é um dos grandes problemas da atualidade.
E, atitudes assim, podem refletir de forma
super positiva na saúde da pessoa. Segundo a Sociedade de Cardiologia do Estado
do Rio de Janeiro, por exemplo, controlar
o colesterol leva a 33% menos chance de
infarto, 25% menos risco de morte e 20%
menos risco de um acidente vascular cerebral (AVC).
Quem manda na cozinha sou eu
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Outra vantagem é garantir a higienização dos alimentos, coisa que
se torna quase impossível quando
a comida é preparada por terceiros. Já quando a pessoa prepara a
refeição em casa é possível controlar a limpeza dos utensílios, da
pia e da mesa, das mãos e até a
própria higienização dos alimentos. Isso representa menor risco de
intoxicação alimentar.
Quem se dedica a cozinhar também fica mais atento a prazos de
validades, pois, comer comida fora
do prazo pode trazer vários problemas de saúde como intoxicação, alergias entre outros. Aprender a escolher produtos sazonais
também é uma vantagem. Todos
os alimentos da estação são menos nocivos a saúde pois não necessitam passar por processos
que aceleram a colheita, além de
conterem menor concentração de
agrotóxicos.
Além disso, dedicar tempo para
o preparo dos próprios alimentos
pode favorecer e até auxiliar nos
relacionamentos familiares. Normalmente as pessoas que cozinham em casa desenvolvem o
hábito de reunir os membros da
família ao redor da mesa. E, essa
ação facilita a integração de pais
com filhos e entre os irmãos.
Mas, não é somente esse tipo de
relação. O relacionamento entre
marido e mulher também pode ser
muito fortalecido com essa prática.
Segundo o psicólogo, o ato de cozinhar em casa significa olhar para
cada ingrediente da comida com
o carinho que dedica ao cônjuge.
“Quando o casal cozinha juntos
transmite amor para o alimento. É
o mesmo sentimento que dedicam ao seu par. E, esse amor faz
bem para o corpo, para a alma e,
principalmente, para o relacionamento”, comenta Antonio.
Para o especialista, para que funcione como um momento agradável entre o casal é preciso que não
seja ele e ela, mas sim, ele com ela
em um único ser. “Para treinar esses hábitos o casal pode dividir as
tarefas mas sem deixar de preparar a comida juntos. Por exemplo,
ela corta a cebola, ele refoga. Ela
prepara a mesa, ele serve a comida. Ela guarda os alimentos, ele
lava a louça, e assim por diante”,
explica Antonio.
De acordo com ele, um casal que
cozinha junto está fortalecendo o
relacionamento, intensificando a
delícia da vida a dois e construído
um futuro de harmonia e de prazer.
Comportamento
15
Comportamento
ESTAMOS
PRONTOS PARA
ENVELHECER?
MICHELE VITOR
O
O que antes parecia difícil, hoje é comum. A expectativa de vida vem aumentando ano a ano em todos os países, atualmente não sendo somente uma característica dos países desenvolvidos. No Brasil, por exemplo, segundo dados
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a expectativa de vida para
ambos os sexos subiu para 74,9 anos.
E, esse número deve aumentar. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), até
o ano de 2050 mais de 2 bilhões de pessoas ao redor do mundo terão mais de 60 anos
de idade.
Mas, ao analisar essa realidade surge uma dúvida. Será que estamos realmente preparados para envelhecer? Quem nunca se fez essa pergunta já pode começar a pensar no
assunto, pois é preciso preparo psicológico e até financeiro.
Com o avanço da idade é possível perceber também, um aumento ou surgimento de
alguns problemas de saúde como o Mal de Alzheimer e de Parkinson – doenças degenerativas que fazem a pessoa perder aos poucos a agilidade mental, física e até a
capacidade de cuidar de si mesma.
E, essa é uma das principais preocupações da população. Segundo pesquisa da Nielsen
sobre envelhecimento, o maior medo do brasileiro é perder a agilidade mental e física,
esses itens foram citados por 64% e 60% dos entrevistados, respectivamente.
A expectativa de vida aumenta a cada ano devido, principalmente,
aos avanços da tecnologia, da medicina e ao aumento da consciência
da importância de cuidar da saúde. Mas, será que realmente nos
preparamos para a velhice?
16
Nova Família
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Envelhecer é uma arte
O estudo também aponta que perder a
autonomia para cuidar das necessidades
básicas, como se alimentar e tomar banho sozinho, ocupa o terceiro lugar na lista de preocupações, com 58%. A falta de
dinheiro também faz parte desse ranking.
Ter condições financeiras para cobrir despesas médicas foi citado por 53% das
pessoas entrevistadas e ter dinheiro para
viver confortavelmente por 50%. A pesquisa também mostra que quando pensa
na vida após a aposentadoria, a principal
prioridade da população é manter a saúde
física e mental (71%) e manter uma alimentação saudável (47%).
QUEM CUIDA DOS IDOSOS
DE HOJE E QUEM IRÁ CUIDAR
DE NÓS?
De acordo com pesquisa realizada pela
Universidade de São Paulo (USP), 40% das
pessoas que cuidam de idosos doentes
hoje são também idosas, e principalmente,
mulheres. “Elas acabam assumindo esse
papel, pois não desejam atrapalhar a vida
pessoal e profissional de seus filhos. Mas,
com isso, acumulam funções que muitas
vezes são dolorosas e desgastantes”, comenta Eduardo Chvaicer, master franqueado da Right at Home no Brasil, empresa
especialista em cuidados com idosos.
No entanto, o cuidador acaba ficando mais
propenso a ter problemas físicos e psicológicos do que os outros idosos. “Muitas
vezes por conta do desgaste causado
Comportamento
17
Comportamento
pelo estresse, o cuidador acaba negligenciando a saúde do outro, não por querer,
mas pelas condições nas quais se encontra”, afirma Eduardo.
E, com a nova formatação da família que
tem cada vez mais um número menor de
filhos, surge a questão sobre quem irá cuidar dos idosos daqui a um tempo?
Atualmente só em São Paulo vivem cerca
de 1,4 milhão de idosos com mais de 60
anos. Muitos já apresentam mais de uma
doença. Entre 80 e 90 anos, 20% possui
algum tipo de demência, e, a partir dos 90
anos, esse índice salta para 40%.
E, para qualquer familiar que precisa se
dedicar aos cuidados desses idosos a sobrecarga emocional pode ser arrebatadora, levando-o a problemas de depressão e
até a morte prematura. Por esse motivo, é
importante contar com a ajuda de profissionais qualificados.
A profissão dos chamados ‘cuidadores de
idosos’ hoje está em alta e se faz necessária. Esse mercado de trabalho tem começado a ganhar cada dia mais espaço e
conta, inclusive, com cursos de graduação
e especialização, que tem como objetivo
formar profissionais preparados para cuidar de todas as necessidades dos idosos
como prestar assessoria a instituições
previdenciárias e prescrever exercícios de
fisioterapia.
PREOCUPAÇÃO COM FINANÇAS
DEIXA A POPULAÇÃO COM
CABELOS BRANCOS
Com o aumento do número de idosos o
país pode sofrer severas mudanças no
sistema previdenciário, e por esse motivo, é preciso que a população se prepare melhor financeiramente para a fase da
terceira idade. Ainda segundo o estudo da
Nielsen, 33% da população do país pretende se aposentar entre 50 e 55 anos e
34% entre 60 e 65 anos de idade. 81% dos
entrevistados brasileiros julgam que esta-
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rão mais bem preparados financeiramente
do que seus pais quando o momento da
aposentadoria chegar. Além disso, 36% dizem que a principal fonte de renda nesse
período será proveniente de economias e
investimentos pessoais.
No entanto, a pesquisa mostra que a visão
sobre as finanças varia de acordo com o
lugar. Ao contrário do Brasil, 56% dos entrevistados da Europa e 38% da América
do Norte acreditam que não contarão
com os mesmos recursos financeiros que
seus pais tiveram na aposentadoria. Por
esse motivo, nesses países, a expectativa de aposentadoria é acima dos 65 anos
de idade.
COMO PREPARAR O BOLSO
PARA A TERCEIRA IDADE
A falta de dinheiro é realmente um motivo
para preocupação na fase após a aposentadoria. Ao se planejar para essa etapa da
vida é preciso pensar também como está
a vida dos pais hoje em dia, pois estes
acabam por se tornar filhos dos filhos.
Segundo Reinaldo Domingos, educador
financeiro do Instituto Dsop, menos de 1%
dos aposentados pelo INSS são hoje independentes financeiramente, os outros
contam com a ajuda de familiares, dependem de caridade e há ainda os que não
conseguem deixar de trabalhar.
Para o especialista, quanto antes começar esse planejamento mais fácil se torna evitar problemas. De acordo com ele,
os filhos precisam destinar parte de suas
economias para planos de saúde dos idosos, gastos com exames, medicamentos e
também o lazer.
Já para planejar a própria aposentadoria
é preciso destinar parte da renda atual
para investimentos como caderneta de
poupança ou previdência privada. Investimentos em patrimônios como imóveis
também podem servir como fonte de renda no futuro.
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Comportamento
ELES ESTÃO, CADA VEZ
MAIS, ASSUMINDO O
COMANDO DA CASA
21% dos pais abrem mão de
suas carreiras para cuidar da
familia e do lar
DENISE PACIORNICK
e acordo com um estudo realizado em 2012 pelo
centro de pesquisa americano Pew Research, em
1989, 1.10 milhões de homens
ficavam cuidando dos filhos,
hoje, esse número praticamente
dobrou, chegando à marca de
2.2 milhões.
Mesmo que o número de mulheres que deixam de trabalhar
para cuidar dos filhos seja bem
maior, na atualidade, 16% dos
D
20
Nova Família
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homens ocupam esta função.
Destes, 23% alegam ficar em
casa principalmente por não
conseguirem encontrar emprego. O que chama a atenção, porém, é que 21% dos homens confirmam que ficam em casa para
realizar a função de cuidar do lar
e da família, representando um
aumento quatro vezes maior do
que em 1989, que tinha apenas
5% do público masculino exercendo este papel.
De braços abertos para a grandiosa missão de ser pai
Alguns declaram que ficam em
casa e assumem esta atividade
por diversos outros motivos, mas
mesmo assim, a pesquisa demonstra que os pais estão colocando a família em primeiro lugar,
deixando a profissão em segundo
plano, atitude esta que era destinada apenas às mães.
de bordo na Emirates Airlines e
viajava pelo mundo todo, ficando
uma boa parte do tempo fora da
cidade. Com isso, eu tive que ser a
“mãe” do meu filho levando na escola, dando comida, etc. Mas dividíamos responsabilidades no tempo em que ela estava em casa e
eu estava tocando”, comenta.
Fabricio Franco é um exemplo de
pai que assumiu as responsabilidades do lar e da criação do filho.
De acordo com ele, o que o motivou, no entanto, diz respeito ao
seu próprio trabalho e ao da sua
esposa. Ele é músico, portanto, seu
horário de expediente é de noite e
em alguns dias da semana, sendo
assim, aos poucos foi assumindo
as funções dentro de casa e com
o filho. “Isso se intensificou quando
mudamos para Dubai. Minha esposa trabalhava como comissária
Segundo o músico, é uma grande
satisfação poder estar mais presente no dia a dia de seu filho, o
que levou os dois a terem uma
relação muito próxima e de cumplicidade, especialmente no início
da mudança para outro país. “E
também ajudou muito no relacionamento com minha esposa, uma
vez que ela sente-se grata por ter
ajuda nas funções de casa e por
não precisar ter que trabalhar, após
chegar cansada do trabalho. E ainda me fez valorizar mais as coisas
Volt Collection . shutterstock
Comportamento
21
Comportamento
que ela fazia, já que eu tive que
aprender a fazê-las e percebi que
não era tão fácil”, destaca Fabricio.
Ele ressalta que nunca sofreu nenhum tipo de preconceito no Brasil
por ser “dono de casa”, entretanto,
existe uma certa estranheza em
como as tarefas são divididas em
sua casa. “Nos quatro anos que vivemos em Dubai, senti o preconceito, principalmente por parte dos
árabes, que têm uma cultura muito
machista e não admitem de bom
grado essa “inversão de papéis”,
chegando até a dificultar as coisas
algumas vezes para nós quando
precisávamos de algo burocrático de órgãos governamentais, por
exemplo”, lamenta o músico.
Em relação as dificuldades, a maior
delas, de acordo com Fabricio foi
a preguiça (risos). “Acredito que a
parte mais difícil foi a de ter que
Volt Collection . shutterstock
Um olhar de confiança
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Nova Família
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me acostumar a realizar algumas
tarefas cotidianas como ter que
cozinhar, e depois ainda ter que
lavar a louça, por exemplo. Mas no
geral, não acho que tive muitas dificuldades, até porque foi um processo meio gradual e eu percebi
que tinha que ajudar minha esposa, uma vez que em dado momento eu tinha mais tempo livre para
isso do que ela”, explica Fabricio.
Mas, no final, ele acredita que esta
experiência trouxe benefícios para
o seu crescimento pessoal. “Isso
me fez uma pessoa mais responsável, mas principalmente, me fez
um pai e um marido melhor, entendendo de maneira mais ampla
a dinâmica de cuidar de filho e da
casa. E, com certeza, me fez um
pouco menos preguiçoso, já que
aprendi que há coisas que não dá
para fugir ou adiar”, finaliza.
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Comportamento
A BUSCA PELA
PERFEIÇÃO
MICHELE VITOR
Q
uem não gosta de se sentir
bonito e atraente? A busca pela
beleza é importante e ajuda a
manter a auto-estima elevada. O
problema é quando essa busca passa a ser uma obsessão e faz com a pessoa ignore os limites do corpo
para conquistar uma beleza perfeita.
E, de acordo com o especialista, o número de homens que buscam esses procedimentos aumenta a
cada ano. Segundo levantamento feito pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), nos últimos cinco anos subiu de 5% para 30% a quantidade
de pacientes do sexo masculino que se submetem a
cirurgias estéticas.
O que antes era comum somente entre mulheres,
agora também faz parte do dia a dia dos homens. A
vaidade também fez a cabeça dos homens que passaram a se preocupar mais com o corpo, pele e cabelos.
Para o médico, a cirurgia plástica é um procedimento
que pode ser feito por pessoas de todas as idades.
E, segundo ele, hoje existem métodos capazes de
corrigir quase todos os incômodos estéticos. “Tenho
pacientes com idades entre 15 e 70 anos e cada faixa etária é mais adepta a determinados tipos de cirurgia. Por exemplo, dos 15 aos 20, a mais procurada
entre homens é a ginecomastia, ou seja, a redução de
mama. Já dos 20 aos 30 é a lipoaspiração. Dos 30 aos
40 anos as mais procuradas são as cirurgias de pálpebras, nariz e semblante em geral. E, a partir dos 45,
dificilmente os pacientes realizam cirurgias no corpo,
somente na face”, explica Alderson.
Para alcançar os resultados desejados, homens e mulheres não dedicam seu tempo somente para exercícios físicos e uma alimentação saudável, grande parte deles recorrendo
tambem a procedimentos estéticos e cirurgias plásticas para atingir o objetivo desejado de forma rápida.
Segundo o cirurgião plástico Alderson Luiz Pacheco,
apesar de as mulheres ainda liderarem o número de
procedimentos estéticos, o número de homens que
aderiram a eles tem aumentado constantemente.
“Muito desse comportamento é devido à mudança da
mentalidade da sociedade, e principalmente, dos próprios homens que passaram a assumir a vaidade, sem
medo de enfrentar preconceitos”, comenta o médico.
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Segundo o especialista, outro fator que tem contribuído para o aumento da procura pelas cirurgias por
homens é que a medicina está proporcionando cada
dia mais segurança aos pacientes. “Cada vez mais as
cirurgias são mais seguras, rápidas e proporcionam
menos dor, além de garantirem mais sucesso na conquista do resultado desejado, ressalta.
Dragon Images . shutterstock
CUIDADOS IMPORTANTES ANTES
DAS CIRURGIAS
Assim como qualquer outro procedimento médico, as
cirurgias estéticas também oferecem riscos à saúde,
mas, segundo o especialista, é possível minimizar-se
as chances de problemas com uma boa pesquisa sobre o médico escolhido e o local onde será realizado
o procedimento.
“A relação médico-paciente é muito importante, pois,
de nada adianta o paciente se consultar com um médico com quem não simpatiza, não sente confiança ou
que não seja capaz de esclarecer todas suas dúvidas.
Essa é a nossa função: responder a todas as questões
e deixar claro todos os riscos que a cirurgia envolve,
além de orientar sobre todas as medidas que devem
ser tomadas no pré e pós operatório”, afirma Alderson.
Para a escolha do médico é importante observar alguns pontos como: se ele é membro da SBCP; se foi
treinado na área de plástica; quantos anos de treinamento em cirurgia plástica ele apresenta; em quais
hospitais ou clínicas atua ou já atuou; quantos procedimentos do tipo já realizou na carreira; como será feita a cirurgia e onde; quais os riscos; e como ele costuma contornar eventuais complicações.
Após esses procedimentos, o médico deverá fazer
uma avaliação sobre o estado de saúde do paciente. Para isso, é importante que seja informado sobre
todas as doenças existentes ou que já existiram, cirurgias já realizadas, se tem alergia a algum medicamento, quais remédios toma, se fuma ou utiliza outras
substâncias químicas entre outros. São essas informações que irão auxiliar a equipe médica na definição
dos exames pré-operatórios e na própria cirurgia.
Cada vez mais homens e mulheres se
entregam a ditadura da beleza e realizam
procedimentos que prometem deixar os
seus corpos perfeitos
Comportamento
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CIRURGIAS PLÁSTICAS MAIS PROCURADAS
PELOS HOMENS
Ginecomastia: o procedimento corrige mamas que sofreram crescimento anormal;
Lipoaspiração: elimina gordura localizada, que nos homens é mais evidente
na região do abdômen e cintura;
Rinoplastia: plástica no nariz, que pode, diminuir, aumentar, ou, modificar
o formato;
Blefaroplastia: retirada do excesso de pele e gordura das pálpebras caídas,
suavizando olheiras e sinais de cansaço;
Implante Capilar: procedimento que promete solucionar o problema da
queda de cabelo;
Facelift: ou Lifting Facial que suaviza sinais de envelhecimento do
rosto e pescoço;
Toxina botulínica: conhecido como botox ajuda a combater rugas;
Mentoplastia: remodela o queixo e o contorno do rosto com auxílio de prótese de silicone;
Otoplastia: corrige as famosas orelhas de abano.
CIRURGIAS PLÁSTICAS MAIS PROCURADAS
PELAS MULHERES
Lipoaspiração: também conhecida como lipoescultura remove depósitos
de gordura em áreas especificas do rosto como rosto, pescoço, abdômen
ou glúteos;
Mamoplastia de aumento: utiliza implantes para aumentar o volume dos seios;
Abdominoplastia: retira a gordura localizada e também o excesso de pele,
além de remover as estrias da região;
Blefaroplastia: procedimento que melhora o aspecto das pálpebras, eliminando bolsas de gordura e rugas;
Redução das mamas: procurada por mulheres com seios muito grandes
que sofrem por questões estéticas ou até mesmo com dores na coluna;
Mastopexia: corrige a flacidez dos seios, elevando as mamas e desfazendo
o efeito do caimento natural;
Rinoplastia: modifica a estrutura nasal. Pode ser feita para fins estéticos e
até para melhorar a respiração;
Queiloplastia: proporciona aumento, redução ou reconstrução dos lábios.
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ilustração. markovka . shutterstock
Comportamento
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Família
A difícil arte de ser mulher
ilustração . Thodoris Tibilis . shutterstock
MULHERES
MULTITAREFAS
MICHELE VITOR
Quem nunca ouviu a expressão de que mulheres são como polvos? Isso porque
parece que utilizam vários braços para resolver inúmeras situações ao mesmo tempo.
Só que essa atitude, muitas vezes, é acompanhada por uma sobrecarga emocional e
causa cansaço excessivo, além de síndrome de ansiedade e estresse.
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Esses problemas normalmente surgem porque
a maioria das mulheres ainda carrega na cabeça o ideal de perfeição e tentam atingir o máximo como mulher, mãe, esposa e profissional.
No entanto, é preciso enxergar que há um limite a se alcançar e por mais que a mulher esteja
envolvida em várias situações não há necessidade de mostrar perfeição em todo momento.
Segundo o psicólogo e neuropsicólogo Fabio
Roesler, é necessário aprender a administrar
todos esses papéis de modo que eles não se
sobreponham. “Essa sobrecarga da vida moderna das mulheres pode acabar interferindo
na saúde física e mental. O estresse de ter
que gerenciar uma vida na condição de mulher ocupando várias funções sociais ao mesmo tempo pode ser perturbador e contribuir
VÍTIMAS DA EVOLUÇÃO SOCIAL
Toda a evolução que as mulheres conquistaram ao longo de várias gerações trouxe benefícios como liberdade, poder de decisão
e oportunidade de ingressar no mercado de
trabalho entre outras coisas. No entanto, com
a possibilidade de encarar esse novo estilo de
vida, muitas mulheres acabaram se sobrecarregando.
Apesar de ocuparem cargos como profissionais, as mulheres sempre assumiram a
responsabilidade com seus filhos, incluindo
a preocupação com a saúde, com o desenvolvimento escolar, com o lazer, alimentação,
horários etc.
para uma queda psíquica e fisiológica”, afirma.
Para ele, os principais problemas que podem
ser causados por essa sobrecarga de atividades são: o estresse, um possível surgimento
de algum transtorno de ansiedade, como a
síndrome do pânico e o transtorno de ansiedade generalizada, além de problemas relacionados ao sono.
Esse desgaste emocional também pode ser
o pontapé inicial para problemas como a depressão, pânico, fobias e doenças psicossomáticas. Normalmente, as pessoas que apresentam esses sintomas em decorrência da
sobrecarga emocional acabam tendo menos
condições de desenvolver suas atividades
com qualidade, o que pode gerar um desgaste ainda maior por trazer a sensação de
incapacidade.
assumem o papel de cuidadoras quando os
pais envelhecem e adoecem, além de dedicar tempo para dar atenção ao marido ou
cuidar dele quando está doente.
Mas, o problema é que, além de todas essas
responsabilidades que nunca deixaram de
existir na vida das mulheres, hoje elas ocupam cargos de profissionais que, muitas vezes, exigem a dedicação a uma extensa carga
horária para conseguir participar de reuniões,
cumprir prazos, entregar relatórios e atingir
metas.
Além dos filhos, as mulheres nunca deixaram
de administrar a casa, se dedicando também
a todos os afazeres domésticos como lavar,
passar, cozinhar ou mesmo coordenar alguém que faça o serviço.
E, tudo isso vem acompanhado da cobrança,
mesmo que discreta, de que a mulher precisa
sempre estar com a aparência impecável, o
que significa roupas bonitas, sapatos elegantes, unhas feitas, cabelo bem tratado, maquiagem adequada. Ou seja, cobrança em
cima de cobrança o que facilita o surgimento
da sobrecarga emocional.
E, mesmo que os homens estejam mais presentes nesses trabalhos domésticos, as mulheres ainda assumem toda a responsabilidade - o que faz com que se dediquem muito
mais a essas atividades dos que os homens.
São as mulheres também que, muitas vezes,
Com essa nova realidade, as mulheres acabam acordando muito mais cedo, dormindo
muito mais tarde (dormindo menos) e, assim,
ficam mais propensas a problemas de saúde,
alguns dos quais antes eram percebidos com
muito mais frequência nos homens. Alguns
Família
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Família
Com a agenda cada vez mais repleta de compromissos, as
mulheres tentam se multiplicar a todo instante para dar conta
GDVDWLYLGDGHVGHPmHHVSRVDHSURÀVVLRQDO
exemplos são: infarto, acidente vascular cerebral (AVC) e hipertensão – todos eles podem
ser fatais e não apresentar sintomas prévios.
Infelizmente não existe uma fórmula mágica
que deixe todas as responsabilidades de lado
e a vida mais leve, sem preocupações. Mas,
segundo o psicólogo, é possível se organizar
para amenizar essa sobrecarga emocional e,
assim, viver com mais qualidade.
“É preciso fazer uma agenda na qual exista
um espaço pessoal, dedicado somente para
a mulher. Esse tempo é importante para que
ela possa fazer o que quiser como sair com as
amigas ou jantar com o marido e namorado.
Além disso, é preciso dedicar um espaço para
atividades físicas que devem ser praticadas
ao menos três vezes por semana”, explica.
Mas, para ele, o mais importante é não se
envolver excessivamente com o trabalho de
forma que a vida e os horários girem em torno dele. “É preciso impor um limite do tempo
que será dedicado ao trabalho para poder
aproveitar os outros horários com cuidados
pessoais, com os filhos, o marido, os pais, os
irmãos e amigos e ou até mesmo para ver um
filme, ler um livro, etc”, afirma.
É POSSÍVEL REDUZIR A
SOBRECARGA
Primeiro de tudo, toda mulher deve dedicar
tempo para si mesma, investir em cuidados
que irão valorizar a autoestima e fazer com
que fique bem consigo mesma. Cuidar do cabelo, se exercitar, fazer as unhas, massagem
entre outros são coisas que fazem toda mulher se sentir melhor. E, quando a mulher está
bem com ela mesma consegue se dedicar às
suas atividades com mais qualidade.
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Nova Família
Outro passo importante é se livrar do sentimento de culpa. Não conseguir fazer tudo o
que gostaria não significa que deva abrir as
portas para a sensação de fracasso.
Para evitar esse problema é preciso começar a listar o que é prioridade. Por exemplo,
se chegou tarde do serviço e não está com
vontade de cozinhar, porque não preparar o
congelado que est ndo serviço e n si mesmas.rte de um grupo de pessoas que querem
sempre agradar aos outros e, por esseá no
freezer, ou mesmo pedir uma comida pronta
como uma pizza, massa, etc?
Se já está cansada do dia inteiro de trabalho
no escritório e ainda precisa encarar a limpeza da casa, por que não dar prioridade para
arrumar, tirar a bagunça do caminho e organizar as coisas? A limpeza pesada pode ficar
para depois e com ela o cansaço excessivo
também.
As mulheres, mais do que os homens, costumam fazer parte de um grupo de pessoas
que querem sempre agradar aos outros, e
por esse motivo, muitas vezes acabam esquecendo-se de si mesmas.
Com essas pequenas atitudes é possível alcançar grandes resultados. Dessa maneira há
a possibilidade de treinar e aprender a deixar de lado o termo “ter que” que pressiona
a maioria das mulheres e causa um estresse
desnecessário.
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Ao ver o Felipe,
você tem a impressão
de que ele é diferente.
Ao conhecer a história dele,
você tem certeza.
A mãe de Felipe não precisou de exames caros, que ela e
o marido não podiam pagar, para saber que algo na sua
gravidez estava errado. Mas nem o sexto sentido, comum
às mulheres e acentuado nas mães, podia prepará-la para
o choque do parto. Seu bebê nasceu lindo, mas sem
braços e pernas. Das visitas, em vez dos habituais
parabéns, os pais recebiam o conselho para esconder a
criança. Mesmo mais educadas, as palavras dos médicos
também eram horríveis. Segundo a maioria, Felipe jamais
seria uma criança normal. De um especialista, porém,
veio a orientação para procurar a AACD, aonde a mãe
passou a levá-lo diariamente. No caminho da associação,
descendo ladeiras enlameadas no colo de Dona Daniela,
a ausência de choro do menino indicava a coragem com
que encararia a vida. Que o levaria a contrariar os
conselhos de conhecidos e os prognósticos dos médicos.
Hoje, Felipe anda de skate, solta pipa, joga bola, escreve e,
com uso de próteses, anda e até faz capoeira.
Inacreditável, não?
É por isso que nós
acreditamos.
twitter.com/aacd
facebook.com/ajudeaacd
Se você acredita,
nossas crianças
também acreditam.
Para doar ligue:
0800
771 7878
ou acesse aacd.org.br
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Família
PROJETO AMPLIA
LICENÇA PATERNIDADE
PARA 30 DIAS
DENISE PACIORNICK
T
odo mundo conhece a lei que permite as futuras mamães ficar em
casa com seus bebês até os quatro ou seis meses, dependendo da
empresa e das leis municipais, a chamada
de Licença Maternidade. Entretanto, poucos sabem que também existe a Licença
Paternidade, que dá o direito ao pai de
ficar em casa cinco dias com seus filhos
recém-nascidos.
Em Niterói, no Rio de Janeiro, já existe
uma lei municipal que concede 30 dias
para a Licença Paternidade dos funcionários públicos. De acordo com o vereador
autor do projeto, Henrique Vieira do PSOL,
essa é uma demanda justa pela divisão de
tarefas na hora de criar os filhos, livrando a
sociedade do sexismo. Por outro lado, há
muitos descontentes com esta proposta.
No Rio de Janeiro, o vereador Renato Cinco, também do PSOL, apresentou uma
ideia semelhante, que já foi protocolada.
Entretanto, será uma batalha difícil, especialmente se tomarmos como base um
projeto de lei nacional, da deputada Erika
Kokay, do PT, que desde 2011 tramita para
que a Licença Paternidade seja de um
mês em todo o país.
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Nova Família
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Diferentemente do Brasil, na Suécia, um
dos países mais desenvolvidos do mundo, a realidade é bem mais animadora. Lá,
após o término do período de aleitamento,
que é até os seis meses, 70% das crianças
passam mais tempo com os pais do que
com as mães. Dessa forma, também é
possível garantir a igualdade no mercado
de trabalho para as mulheres.
A Licença Paternidade na Suécia garante o direito dos pais ficarem em casa por
13 meses para cuidar de seus filhos, e ela
pode ser tirada de uma vez só ou por partes, até o oitavo ano de vida da criança.
Dessa forma, o país garante as futuras gerações, pois muitos casais evitavam ter filhos para não perder o emprego, e após a
criação da lei, o número de filhos por casal
dobrou. Além disso, a licença paternidade
também contribui para que os funcionários tenham maior tranquilidade durante
o período de trabalho, sabendo que seus
companheiros poderão dividir a tarefa de
cuidar dos filhos. Com isso, o país teve
uma queda de 18% nos divórcios.
Pai em conexão com o filho
bikeriderlondon . shutterstock
LICENÇA PATERNIDADE NO MUNDO
Alemanha: Quatorze semanas – com remuneração.
Argentina: Dois dias – com remuneração.
Bolívia: Não há.
Brasil: Cinco dias – com remuneração.
Canadá: Trinta e cinco semanas (transferível entre o pai e a mãe) – 55% dos rendimentos
China: Não há.
Estados Unidos: Até três meses – sem remuneração.
França: Quinze dias – com remuneração, ou, três anos – sem remuneração.
Grã-Bretanha: Treze semanas.
Hungria: Cinco dias – com remuneração.
Índia: Quinze dias para funcionários do governo central – não foi informado sobre remuneração.
Japão: Um ano (transferível entre o pai e mãe) – 25% dos rendimentos.
Paraguai: Dois dias – com remuneração.
Suécia: Até quatrocentos e cinqüenta dias (transferível entre o pai e a mãe) – não foi
informado sobre a remuneração.
*Fonte: EBC
ilustração. grmarc . shutterstock
Família
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Família
Um momento de extrema felicidade
Gajus . shutterstock
CUIDADOS NA
GRAVIDEZ
MICHELE VITOR
A gestação é um dos momentos mais felizes da
vida da mulher. Mas, em alguns casos, é preciso
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segurança da futura mamãe e do bebê.
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Q
ual foi a mulher que nunca sonhou
em ser mãe? A maioria das mulheres carrega dentro de si essa vontade desde a infância quando ainda brincavam com suas bonecas. E, quando esse
momento se torna realidade, é impossível
não se emocionar.
A descoberta da gravidez é momento de
extrema felicidade para a mulher e todos
os envolvidos na vida dela, e, tanto para
os casais que planejam esse momento
quanto para aqueles que recebem a notícia como surpresa, não dá para evitar-se
a emoção.
No entanto, junto com a emoção desse
mágico momento, outros sentimentos
também tomam conta da mulher e de
seu parceiro. Ao mesmo tempo chegam
o choque da notícia, a felicidade, o medo
da nova vida, a falta de conhecimento e
de preparo e a preocupação com os cuidados necessários para manter a saúde e
a segurança da futura mamãe e do bebê
nesses nove meses.
A nova fase exige alguns cuidados para
que a gestação seja normal e sadia e para
que a mulher consiga manter a gravidez
até o fim. No entanto, existem alguns casos que exigem cuidados a mais para garantir a segurança dos dois. São as chamadas ‘gravidez de risco’.
É o caso da radialista e engenheira agrônoma Carol Chab, de 28 anos, grávida de
seu primeiro filho e diagnosticada com
trombofilia, que significa uma grande possibilidade de desenvolver trombose durante a gestação. “Eu entendo que os cuidados que devo ter são maiores do que
os de outras mulheres, mas vale a pena.
Preciso fazer uso de medicação especial,
meia de compressão, fazer caminhadas
leves e repousos e evitar ficar muito tempo parada na mesma posição”, comenta
Carol.
A radialista descobriu que tinha trombofilia sem nenhum trauma anterior. “Eu tenho
histórico familiar propenso a essa doença.
Procurei um médico geneticista e fiz uma
pesquisa genética que já está disponível
em alguns planos de saúde. E, meus exames deram positivo, ou seja, eu apresentava um grande risco de sofrer aborto e
trombose”, afirma Carol.
A radialista afirma que todas as mulheres
precisam ficar atentas a esse problema.
“Essa é uma doença que qualquer mulher
pode ter. Existem alguns fatores de risco
sim, como a obesidade, fumo, sedentarismo e outros. Mas, também existe o fator
genético que tem grande importância”,
comenta.
É preciso ter cuidados para manter a saúde
e não deixar que eles virem uma neurose.
“Sabemos que durante esses nove meses temos uma vida dentro de nós, mas,
ao mesmo tempo, não podemos deixar
de viver a nossa vida com qualidade, afinal, gravidez não é doença”, ressalta Carol.
Familia
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Família
O que deve ser evitado para manter a saúde da mulher e do bebê são os excessos
e atividades como exercícios físicos muito pesados, doar sangue, fazer tatuagens
e o uso de álcool e cigarro. Já atividades
como pilates e ioga são recomendadas,
pois auxiliam na manutenção do equilíbrio,
na força muscular e na flexibilidade. Além
disso, essas atividades ajudam a preparar
o corpo feminino para as mudanças físicas
da gravidez e para o momento do parto.
GRAVIDEZ DE MÚLTIPLOS
Uma das principais características da atualidade é que as mulheres estão deixando para se tornar mães mais tarde o que
muitas vezes dificulta a gravidez. Com
isso, muitas optam por tratamentos como
os de ‘fertilização in vitro’, que apresentam grande probabilidade de gestação de
múltiplos.
Nesses casos, o cuidado deve ser ainda
maior, pois a gravidez de múltiplos está associada a maiores riscos tanto para a saúde da mãe quanto para os bebês. Entre os
principais problemas estão: pré-eclâmpsia
(pressão alta gestacional), malformação,
abortos espontâneos e bebês prematuros.
Mas, investindo em cuidados específicos
é possível passar por todo o período de
gravidez sem apresentar problemas para
a mãe e os bebes. Uma das principais
características necessárias na prevenção
de problemas nesse tipo de gestação é o
repouso. Por estar associado a um maior
peso, a mulher precisa evitar fazer muito
esforço, cuidar da circulação e controlar o
peso. Esse último ajuda a evitar a incidência de diabetes gestacional e a reduzir as
chances de um parto prematuro.
Além desses cuidados, as grávidas em
geral, e principalmente, as de múltiplos,
devem se alimentar de forma balanceada,
fracionando as refeições e optando por
alimentos mais saudáveis, como frutas,
legumes, verduras e fibras. Os exercícios
devem ser mantidos, mas de forma moderada. Principalmente as grávidas de múltiplos devem evitar exercícios de impacto
ou que possam causar perda de equilíbrio.
Os mais recomendados são caminhadas
leves e hidroginástica. Com todos esses
cuidados é possível levar a gravidez até o
fim da melhor forma possível.
ENQUANTO ISSO, COMO FICA
A VIDA PROFISSIONAL DA
MULHER...
Esse é um dos principais medos das mulheres que serão mamães. Apesar de viverem uma das fases mais importantes e
aguardadas, muitas se perguntam como
será e o que fazer com a vida profissional
durante e após a gravidez, afinal, com o
nascimento de um bebê, nasce também
uma mãe e uma nova vida.
Todos os anos têm aumentado o número
de mulheres grávidas que continuam trabalhando, isso porque já está comprovado
que trabalhar não prejudica o bebê. Além
disso, as mulheres atuais estão mais ativas
do que nunca. As exceções são para as mulheres que apresentam gravidez de risco.
A radialista é um dos exemplos de gestantes que continuam investindo na vida
profissional apesar de tomar alguns cuidados extras por conta do diagnóstico de
trombofilia. “Continuo trabalhando todos
os dias e não pretendo deixar de lado a
minha profissão por causa da gravidez.
Quero agregar os dois”, afirma Carol.
Para manter a rotina de forma saudável, o
ideal é que as mulheres grávidas adaptem
a sua função profissional à gravidez de
maneira que se sintam seguras. É preciso
aliar boas refeições e descanso sempre
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que sentir necessidade. Além disso, devem ser evitadas muitas horas extras e viagens prolongadas sem
acompanhamento médico. “A gravidez é um momento único, especial, mas, ao mesmo tempo, não pode
se tornar o único foco da vida. A gestante também
tem pessoas ao seu redor, tem profissão e hobbies. O
bom mesmo é poder unir tudo isso”, diz Carol.
As principais dicas para continuar na ativa e evitar
problemas com o bebê são pausas a cada três horas,
caminhar, fazer alongamentos, elevar os pés algumas
vezes ao dia para facilitar a circulação e evitar inchaços e ir ao banheiro sempre que sentir vontade.
Seguindo todos esses cuidados é possível levar uma
gestação saudável e assim no final do período, decidir
junto com o médico qual é o melhor período para parar de trabalhar. Existem mulheres que trabalham até
o último dia da gravidez, outras escolhem parar as atividades algumas semanas antes. Mas, tudo depende
da disposição de cada uma.
ilustração. grmarc . shutterstock
No entanto, vale a pena lembrar que quando o parto
se aproxima, a mulher tende a se sentir mais cansada,
e com isso, se torna difícil manter o trabalho no nível
de sempre. É importante também deixar um pouco
de tempo para descansar, pois esses serão os últimos
dias que a futura mamãe poderá dormir sem as preocupações de ter que acordar com choro do bebê.
A IMPORTÂNCIA DO
PRÉ-NATAL
Independente de ser uma gravidez de risco ou não,
é de extrema importância que as mulheres façam o
pré-natal e sigam a risca as orientações médicas.
O pré-natal é o acompanhamento médico que toda
gestante deve ter para manter a própria saúde e a do
bebê. Durante os nove meses de gestação são realizados exames laboratoriais que tem como objetivo
identificar e tratar possíveis doenças da futura mamãe
e da criança.
Para que seja eficaz, é importante que a gestante comece a fazer o pré-natal assim que for confirmada a
gravidez ou antes de completar três meses de gestação. Durante o pré-natal as gestantes recebem orientações sobre alimentação, atividades físicas, sexo na
gravidez entre outros.
Segundo a radialista Carol, é importante anotar todas
as dúvidas para perguntar ao médico. “Essas consultas esclarecem todas as nossas dúvidas e nos deixam mais seguras em relação a ter um filho. Para as
mães de primeira viagem, como eu, é importante
falar sobre todas as dúvidas que temos em mente,
mesmo que pareçam bobas. Eu costumo fazer uma
lista de perguntas e não tenho vergonha de fazer ao
médico”, comenta.
SAIBA QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS EXAMES
SOLICITADOS DURANTE O PRÉ-NATAL
Q Glicemia: para avaliar se há presença de diabetes;
Q Grupo sanguíneo e fator RH: esse é muito importante, pois detecta a incompatibilidade sanguínea
entre mãe e bebê, que pode causar a morte do feto;
Q Anti-HIV: identifica se há a presença do vírus da AIDS no sangue da mãe. Se a mãe é soropositiva, o
médico deve prescrever alguns medicamentos para reduzir as chances de doença ser transmitida
para o bebê;
Q Sífilis: esse exame detecta a presença dessa doença que pode causar malformação na criança;
Q Toxoplasmose: doença que pode causar a malformação do feto;
Q Rubéola: além de causar a malformação, pode provocar aborto;
Q Hepatite B: se a mãe for portadora do vírus da doença, o médico pode tomar algumas medidas
que podem reduzir a chance de transmissão ao feto;
Q Urina e urocultura: detecta se a mãe possui infecção urinária, que pode causar um parto prematuro;
Q Ultrassonografias: essas são utilizadas para a identificação da idade gestacional e para verificar se
há malformação do bebê.
Familia
37
Família
QUANDO O AMOR
SUPERA TODAS AS
BARREIRAS
LUCIANA BRUNCA
Theodora foi a primeira criança adotada legalmente por um
casal homossexual masculino no Brasil
A convivência com sobrinhos e até com filhos de amigos e vizinhos foi despertando
no casal o desejo de ter filhos. Então, em
1998, eles decidiram se inscrever no Cadastro de Adoção, em Catanduva, interior
de São Paulo. A primeira tentativa foi frustrada e o casal não foi aceito. Seis anos
depois, eles insistiram e se inscreveram
novamente, passaram por todas as avaliações que são obrigatórias e determinadas
no Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA), e em dezembro de 2005, Theodora com 4 anos na época, chegou para dar
mais alegria à vida do casal. “Foi uma felicidade que nem consigo descrever. Nós já
conhecíamos a Theodora durante uma vi38
Nova Família
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arquivo pessoal
J
untos há 22 anos, pais de duas
meninas - Theodora, 13 e Helena
de 4 anos de idade – a história de
vida dos cabeleireiros Vasco Pedro da Gama Filho, 43 e Junior de Carvalho, 51 anos, revela que um lar se faz com
amor, respeito, carinho, atenção, educação, afeto e união. “Quem educa uma
criança são pessoas e não um conceito
de família. Existem pais ou mães solteiros,
crianças criadas por avós, por tios ou tias,
enfim não é ser um casal heterossexual
ou homossexual que importa, mas sim
os conceitos que são ensinados”, afirma
Gama Filho.
sita a uma instituição de crianças carentes
do munícipio. Eu me apaixonei por ela no
primeiro instante, e então Deus a colocou
na nossa vida definitivamente”, conta Filho.
O casal relata que após a “guerra” para
conseguir a adoção, surgiram alguns medos. “Todo pai tem a preocupação se a filha vai ser aceito ou não, se os amiguinhos
vão aparecer na festa de aniversário, como
ela seria recebida na escola. Mas sempre
tivemos o apoio dos nossos familiares e
amigos e sabíamos que estávamos fazendo tudo certo. Sempre falamos a verdade
para ela, ela tem orgulho de dizer que os
pais são gays, e nunca tivemos problemas
de aceitação. Muito pelo contrário, recebemos apoio e carinho da população de
Catanduva e até de pessoas desconhecidas que cruzavam com a gente em outras cidades”, relata. Vasco Pedro acredita
também que o fato do assunto ter ganhado destaque na mídia, já que era a primeira criança a ser adotada por um casal homossexual masculino no Brasil, facilitou o
entendimento das pessoas. “Nossa família
nunca sofreu nenhum tipo de preconceito. Todos nos cumprimentaram pela nossa
atitude, jovens, idosos. Foi muito legal ver
e sentir a reação das pessoas. Na escola
também nunca houve problema, participamos de todas as reuniões, somos muito
presentes. Os amiguinhos da Theodora
gostam de vir na nossa casa, eles até discutem entre eles esse novo conceito de
família. É muito legal”, diz.
O tempo passou e nove anos depois, o
casal adotou a pequena Helena, na época com 10 meses. Uma das surpresas foi
descobrirem depois de um tempo, que ela
e Theodora eram irmãs, por parte de mãe.
“Na verdade, os desafios foram outros, já
que a Helena era ainda uma bebezinha
quando chegou a nossa casa. Mas é gratificante olhar com o passar dos anos os
avanços que elas fizeram, os medos que
elas também tiveram que superar e hoje
formamos uma linda família”, fala emocionado Vasco Pedro. Como toda adolescente, Theodora já “sofre” com o ciúme do pai, que revela que
é bem ciumento. “Estávamos de férias na
praia, então outro dia, caminhando eu percebi que vinha uns meninos e já estavam
olhando pra ela, ai falei: Theodora pare
aqui. Esperei eles passarem e só depois
andamos e eu claro, fui bem atrás dela”,
conta Vasco Pedro, as gargalhadas.
O cabeleireiro acredita que para a geração
da Helena, será ainda mais fácil, já que atualmente a homossexualidade é mais discutida, mostrada na televisão, além disso,
houve mudanças no Cadastro de Adoção,
a autorização do casamento homossexual, entre outras questões. “Ainda falta muita coisa, mas atualmente as pessoas são
mais esclarecidas, o que de certa maneira
as tornam menos preconceituosas. Minhas filhas estão crescendo em um novo
conceito de família, e por conseqüência,
os amiguinhos delas também já tomam
conhecimento disso e já abordam a questão de maneira diferenciada”, afirma.
arquivo pessoal
O IMPORTANTE É O AMOR E A VERDADE
Carlos Mattos Pinheiro
A criação de filhos vai além de um ambiente saudável, requer uma dose extra de amor,
de entrega e principalmente, de verdade. Para o terapeuta e consultor familiar sistêmico
qualquer criança adotada ou não é reflexo das atitudes dos pais. “O amor de pais para filhos é divino e independe se é de um casal heterossexual ou homossexual. O importante
é que a verdade seja sempre dita, que todas as dúvidas da criança ou adolescente sejam
esclarecidas, na maneira que forem surgindo, com respostas curtas e objetivas. Mas o
fundamental é que os pais se amem e amem seus filhos sem culpa ou constrangimento”,
afirma.
O terapeuta ressalta que tendo as dúvidas esclarecidas de forma verdadeira e sendo
criado em um ambiente de amor e respeito, ficará mais fácil para a criança ou adolescente adotado por um casal homossexual enfrentar as situações constrangedoras, que
por ventura, possam ocorrer na escola, no clube. “Vale lembrar ainda que o casal heterossexual tem uma missão importante na criação dos filhos, no que diz respeito à aceitação, mesmo que não concorde, com as escolhas e preferências sexuais dos outros
pais. Precisamos parar de temer o novo, o diferente, como se isso fosse destruir nosso
sistema convencional de viver. O amor é libertador, e só por ele conseguiremos criar uma
sociedade melhor, com seres humanos melhores”, explica Pinheiro.
Família
39
O Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA) - Lei 8069/90 estabelece o
seguinte para a adoção:
QA lei de adoção não faz distinção para
casais do mesmo sexo, já que não faz
previsão legal nem de que seja casal;
Qa idade mínima para se adotar é de 21
anos, sendo irrelevante o estado civil;
QPara adotar o pretendente ou
pretendentes passam por avaliação de
psicólogos, assistentes sociais, juiz e
promotor devendo provar que é capaz
de oferecer, basicamente o que está
garantido pelo artigo 227 da Constituição
Federal, isto é: o direito à vida, à saúde,
à alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade,
ao respeito, à liberdade e à convivência
familiar e comunitária, além de colocálos a salvo de toda forma de negligência,
discriminação, exploração, violência,
crueldade e opressão.
Qo adotante (aquele que vai adotar) deve
ser pelo menos 16 anos mais velho que a
criança ou adolescente a ser adotado;
Qos ascendentes (avós, bisavós) não
podem adotar seus descendentes;
irmãos também não podem;
Qa adoção depende da concordância,
perante o juiz e o promotor de justiça,
dos pais biológicos, salvo quando forem
desconhecidos ou destituídos do pátrio
poder;
Fontes: Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA) e José Alberto Mazza
Lima advogado especialista em Direito de
Família.
Qtratando-se de adolescente (maior
de 12 anos), a adoção depende de seu
consentimento expresso;
Qantes da sentença de adoção, a
lei exige que se cumpra um estágio
de convivência entre a criança ou
adolescente e os adotantes, por um
prazo fixado pelo juiz, o qual pode ser
dispensado se a criança tiver menos
de um ano de idade ou já estiver na
companhia dos adotantes por tempo
suficiente;
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Nova Família
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Bohbeh . shutterstock
Qo menor a ser adotado deve ter no
máximo 18 anos de idade, salvo quando
já convivia com aqueles que o adotarão,
caso em que a idade limite é de 21 anos;
ilustração. markovka . shutterstock
O QUE DIZ A LEI DE
ADOÇÃO NO BRASIL
41
Educação
A educação gerando respeito para novos cidadãos
wavebreakmedia . shutterstock
INCLUSÃO ESCOLAR:
FAMÍLIA E EDUCADORES
JUNTOS!
SANDHRA CABRAL
As vitórias na aprendizagem de crianças com necessidades
especiais só são obtidas mediante ampla parceria entre
escola e família, em um verdadeiro trabalho de equipe.
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Nova Família
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“E
preciso que as crianças com necessidades especiais, seja dificuldade de aprendizagem, locomoção, visão, fala, audição ou detentoras
de alguma síndrome, convivam com o
todo e vice-versa, já que não há um mundo em separado para as diferenças! O
mundo é feito de diversidade e cada um
precisa ser respeitado exatamente como
é”, afirma a Educadora Ester Asevedo, que
já foi Gerente de Educação Inclusiva de
Santo André, e que possui experiência em
inclusão escolar em redes particulares de
ensino.
Inclusão escolar é acolher a todos no sistema de ensino, independentemente de
cor, classe social e condições físicas e
psicológicas.
O termo é associado à inclusão educacional de pessoas com deficiência física
e mental, mas não deve ser confundido
com escolarização especial, que é aquele
no qual os portadores de deficiência são
atendidos em salas ou escolas separadas.
Muito pelo contrário, de acordo com o artigo 208 da Constituição Brasileira e com
o artigo 54 do ECA – Estatuto da Criança
e do Adolescente, todos devem estar em
uma mesma classe, incluídos.
De acordo com a legislação brasileira, o
atendimento escolar é obrigatório a todos os estudantes de 4 a 17 anos, inclusive aos com deficiência e transtornos
globais de desenvolvimento. Detalhe: nenhum tipo de deficiência exclui a criança
de ser atendida pela escola em classe regular, sob pena de denúncia aos órgãos
da Educação e ao Ministério Público.
Cada indivíduo é único e não existe uma
fórmula geral que funcione para todos.
O ritmo de aprendizado é individual, seja
de uma criança com deficiência ou não. O
processo de inclusão escolar tem o grande benefício de fazer com que as demais
crianças, as que não têm necessidades
especiais, aprendam a lidar com o outro,
com as diferenças, tornando-se seres humanos solidários, ampliando a capacidade
de todos ao entendimento do verdadeiro
significado de cidadania, direito e respeito.
INCLUSÃO ESCOLAR E FAMÍLIA
Parece simples, mas o processo de inclusão escolar é amplo, às vezes dolorido, e
depende de uma equipe que vai muito
além dos professores. Envolve os educadores, coordenadores, diretores das escolas, e, principalmente, a família da criança.
O trabalho conjunto da escola com os familiares do estudante com necessidades
especiais na busca de abertura de novas
possibilidades para as crianças é fundamental no processo da inclusão escolar.
“É preciso que se criem propostas pedagógicas que atendam a todos os sujeitos
matriculados na escola de forma absolutamente satisfatória”, explica Márcia Matumoto, Fonoaudióloga, integrante da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia.
Segundo a especialista, em uma instituição de ensino estão matriculadas crianças
com necessidades especiais das mais variadas faixas de idade, e, entre estas, outras que permanecem no local por período integral. “Então, se faz necessário que
a proposta pedagógica seja modificada, a
fim de atender a todos da melhor forma
possível, objetivando que eles se desenvolvam tanto em termos de aprendizagem de conteúdo como evoluam na convivência social”, completa Matumoto.
Educação
43
Educação
A grande verdade é que, ao incluir as crianças com
GHÀFLrQFLD D HVFROD VH WUDQVIRUPD HP XP DPELHQWH
mais propício à aprendizagem
A família deve estar sempre presente, auxiliando a
criança nos deveres de casa, mantendo contato direto com os professores e coordenadores, a fim de
acompanhar a evolução que o filho apresenta, quais
as dificuldades que ele enfrenta e identificar, junto
com os educadores, as dificuldades que ele não consegue superar, a fim de que novos caminhos sejam
encontrados para superar o problema.
Essa integração permite também aos pais conhecerem mais sobre seus filhos, dentro do processo de
interação com a limitação da criança e com o tempo
particular de aprendizagem dela.
“Já o professor, a cada aluno com necessidade especial que recebe em classe, deve procurar todas as informações sobre o caso, capacitando-se. No caso do
Colégio Metodista, há todo um suporte de uma equipe especializada. Por exemplo, quando chega ao local um aluno com dislexia, ou com alguma síndrome,
por exemplo, é preciso que esse professor entenda
as diferenças deste aluno, para que ele seja estimulado da forma adequada, dentro da classe regular”,
detalha Kênia Virginia Silva Araujo - Orientadora Psicopedagógica do Colégio Metodista de São Bernardo
do Campo.
ilustração. hamidisc . shutterstock
Segundo Araújo, este processo de conhecimento da
criança também precisa da ajuda dos pais, que poderão fornecer a análise médica ou psicológica, relatar
como ela se comporta em casa e particularidades
que o educador precisa saber para ter amplo conhecimento das capacidades e limitações do novo aluno.
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Nova Família
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TRABALHO EM EQUIPE
Às vezes, o atendimento escolar especial deve ser
feito com um profissional auxiliar, por exemplo, em
casos de paralisia cerebral,.
Esse profissional auxilia na execução das atividades,
na alimentação e na higiene pessoal. Professor e auxiliar responsável devem coordenar o trabalho e planejar as atividades. O auxiliar não foge do tema da aula,
que é comum a todos os alunos, mas o adapta da
melhor forma possível para que o aluno seja capaz de
acompanhar o resto da classe.
As famílias das crianças devem estar atentas a esses
detalhes e exigir seus direitos.
Vale sempre lembrar aos pais que a preparação da
escola não está limitada à sala de aula: alunos com
deficiência física necessitam de espaços modificados, como rampas, elevadores, corrimões e banheiros adaptados. Outros precisam de engrossadores de
lápis, apoio para braços, tesouras especiais e quadros
magnéticos. Tudo isso ajuda e muito na melhoria do
desempenho das crianças e jovens com dificuldades
motoras.
O que todos devem entender é que a educação inclusiva parte do princípio de que é preciso olhar para o
aluno de forma individualizada e colaborativa, observando suas habilidades e dificuldades no aprendizado em grupo. Isso não significa reduzir as expectativas
da turma ou deixar de avaliar os estudantes: as metas
de conquista do conhecimento são estabelecidas em
acordo com o potencial e tempo de aprendizagem de
cada criança.
A boa notícia para os pais é que, com a democratização da escola, segundo o MEC, em cinco anos dobrou
o número de alunos com deficiência matriculados nas
escolas regulares do Brasil.
45
Educação
COMO SOCIALIZAR E
EDUCAR UMA CRIANÇA
AUTISTA
BABI MACKENZIE
Socialização se refere ao interesse que pessoas têm uma pela outra, fazer amigos,
brincar, compartilhar, ajudar o próximo, e, compreender-se como um autista percebe
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pesquisadores e educadores têm ao redor do mundo.
O
autista é um ser frágil, mas ao mesmo
tempo, pode ser tão turrão quanto uma
criança neurotípica, e, conseguir se comunicar com eles pode ser frustrante e até
assustador, mas ao mesmo tempo, uma experiência incrivelmente enriquecedora. Entrar
no seu mundo requer muita sensibilidade, paciência, respeito e, acima de tudo, muito amor.
Pedrinho prefere ficar boa parte do tempo
sozinho porque acha isso mais fácil. O que
as pessoas e outras crianças falam e as brincadeiras ao seu redor são muito confusas e
frustrantes para ele.
Pedrinho não entende a importância de ser
polido, e, solicitar “Por Favor”, não faz parte da
sua rotina. Muitas pessoas pensam que ele
esta sendo mal educado, no entanto, ele simplesmente não compreende porque as pessoas julgam isso importante.
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Nova Família
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Quando Pedrinho era bem jovem, não tinha
a mínima noção do que fazer com seus brinquedos. Sua mãe tinha que ensiná-lo, caso
contrario, ele ficava perfeitamente contente
olhando fixamente para uma determinada
parte do brinquedo sem se mexer por horas.
O que podemos deduzir com isso é que uma
das maiores dificuldades que um autista tem
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Ao se sentir acuado, Pedrinho se torna bastante controlador e quer que todos façam o
que ele manda ficando profundamente aborrecido quando isso não ocorre. Veja bem, ele
não faz isso para ser chato, é que ele simplesmente não entende como brincar.
Pedrinho acha que todo mundo pensa como
ele, então quando brinca com outras crianças, acha que todo mundo quer fazer o que
ele quer, o que não é verdade!
Um olhar em busca de igualdade
Dubova . shutterstock
Tem também dificuldade para lembrar-se
de coisas que aconteceram no passado e
planos futuros. Ele parece só entender o
que acontece aqui e agora.
Autistas não gostam de mudanças, e,
quanto mais rotina existir em suas vidas
mais seguros se sentem e o mundo deixa
de ser um lugar tão confuso.
Muitos autistas demonstram ter hipo ou hiper sensitividade a luz, calor, barulho, tato,
olfato e gosto. Estas dificuldades podem
ter um efeito devastador na forma em que
o autista se relaciona com o mundo.
EXPECTATIVAS REALISTAS
Imagine que você esteja sentado num
cinema com três pessoas conversando
atrás, outra pessoa ao lado atendendo um
celular tocando super alto, outra a sua esquerda, comendo pipoca e tirando o tênis
que exala um cheiro horrível, e na sua frente, uma criança com um boné super transado e chamativo pulando sobre o assento. Dessa forma, se tornaria um tanto difícil
concentrar-se no filme, não é? É assim que
autistas se sentem boa parte do tempo.
Através de uma vida familiar equilibrada
somada a um método educacional adequado, o desenvolvimento social certamente irá ocorrer, contudo e certamente,
em uma velocidade muito mais lenta do
que o padrão, e, isso pode se tornar difícil para muitos pais que, inevitavelmente,
comparam o desenvolvimento do seu filho autista com o do vizinho. No entanto,
sem essa comparação, como é que pais
de crianças autistas serão capazes de determinar metas claras de desenvolvimento, levando-se em conta o fato que, para
os autistas, é difícil se programar metas
definidas de sucesso.
Educação
47
Educação
Na busca para melhorar a capacidade de
socialização, há muitos filtros e perguntas
adicionais que determinarão qual estratégia aplicar e como. Se os pais sofrem
de stress em suas vidas profissionais/
pessoais isso pode impedir tentativas por
respostas a tratamentos novos devido ao
cansaço e falta de equilíbrio. Outro fator
importante é em qual ambiente educacional a criança se encontra (escola mista,
autista, inclusiva, normal, ou ponte) e qual
a capacidade cognitiva da criança se comunicar e vice-versa no que diz respeito
aos pais e mestres. Portanto, tente de tudo,
não se limite a um tratamento, um livro,
uma orientação. O ideal sendo tentativa e
erro ao invés de uma metodologia fixa.
PARTINDO DE UMA IDADE
BEM JOVEM
Assim como para uma criança neurotípica,
desde pequena é importante incentivar a
criança autista a expressar vontades, seja
por um suco (através de linguagem, desenho ou apontando o dedo). É um começo. Mostrar vídeos com interações sociais
apropriadas ou como crianças brincam e
se comportam 4 ou 5 vezes ao dia é interessante. Contar estórias com conteúdo
social, descrevendo situações, habilidades ou conceitos e, se a criança não tiver
interesse algum pelos seus iguais, os pais
devem ocupar este espaço e interagir
como se fossem amiguinhos, direcionando brincadeiras e experimentando o que
dá certo.
DOS 6 AO 11 ANOS
Nesta fase, o foco é refinamento ao invés
de estrutura, e, é nesta idade que a criança começa a ter noção de que é diferente
das outras e necessita reforço positivo. Os
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Nova Família
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livros da Dra. Brenda Smith-Myles são de
grande valia como também os da Michelle
Garcia Winner, criadora do conceito “Social Thinking” (Pensando Socialmente).
teatro o que é um ótimo jeito de ajudá-los
a desenvolver o conceito de usar sua IMA:Fc kØƉĵ±ŸØƉĜŸŸŅƉŸŅĵåĹƋåƉŧƚ±ĹÚŅƉåĬåŸƉ
expressarem claramente esse interesse.
A criança nesta idade, já deverá ser capaz
de participar de times, clubes e sociedades
na escola e no bairro. A noção de um interesse comum é um bom jeito de iniciar amizades com outras crianças, e, uma vez que
ingressam na adolescência, quando seus
corpos começam a mudar e se não forem
bem preparados para isso, todos sabemos
que a Natureza é implacável! Portanto, introduzir o que irá representar a puberdade
e a questão sexual em suas vidas antes deles chegarem nela é muito importante.
A família deve sempre procurar dar o melhor, nunca desanimar e sempre buscar
por força e paciência para lidar com as
necessidades especificas dos autistas,
nunca se esquecendo de pedir a opinião
de seu filho, mesmo se a resposta for o silêncio, de criar regras claras para brincar e
fazê-lo entender que a escola é lugar para
todos brincarem juntos e não com objetos. Que todo passeio seja um momento
para ele/a se integrar com pessoas, mas,
sempre com calma, um supermercado,
uma farmácia, pode vir a ser um transtorno, shopping com muita cautela, pois, isso
pode representar excesso de informação.
ADOLESCÊNCIA E VIDA
ADULTA
Nesta idade, você terá que modificar a
implementação de habilidades sociais
para torná-las mais divertidas e contemporâneas, e, dos 16 aos 30, eles começam
a questionar o porque de tudo. Alguns
acham que já podem morar sozinhos e
isso pode ser extremamente doloroso
para os pais que acharem que seu filho/a
não esteje pronto/a para isso. É importante enfatizar a importância da independência versus relacionamentos, pois, todos
nós temos que ser educados a conviver
até mesmo com pessoas que não necessariamente desejamos como amigas.
Concluindo, procure sempre ensinar desde a mais tenra idade boas maneiras,
como agradecer, pedir ‘Por Favor’, cumprimentar pessoas, dizer adeus, falar seu
nome, idade, telefone, endereço, cor favorita, usar fotos para ele/a identificar familiares e amigos, e acima de tudo, aplicar
muito carinho e amor junto com sua intuição de maneira a se aprofundar neste
mundo tão diferente e tão surpreendente.
altanaka . shutterstock
Ensinar o que são expectativas para eles
serem capazes de entender que “se algo
não sai do jeito que eles queriam” isso não
deve ser um grande problema ou que seja
um desastre quando alguém não gosta
de você! Explique a diferença entre amigos na internet e amigos face a face, e,
incentive-os a entrarem para um grupo de
49
Luciana Freitas
FAMÍLIA, TRABALHO
E RELIGIÃO
DOMINGOS CRESCENTE
Para Carlos Wizard Martin – um dos empresários de maior sucesso
do país – família, trabalho e religião são como a direção e o freio em
um automóvel: fundamentais para nos manter no caminho e para
nos livrar dos perigos a que estamos expostos.
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Nova Família
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S
entado na confortável poltrona de uma das salas do Templo Mórmon de Campinas,
em São Paulo, Carlos Wizard Martins, o fundador de uma das mais conhecidas redes
de escolas de ensino de línguas no Brasil, a rede Wizard, e hoje principal executivo
da rede de lojas de produtos naturais Mundo Verde, ouve atento a primeira pergunta
do repórter.
Antes de responder, Martins inclina-se, pega o gravador que repousava sobre a mesa
de centro e olha nos olhos do repórter. Nesse clima, calmo e pausado, sem pressa, começou a entrevista com o executivo que parece estar acima dos modismos da alta administração, pelo menos no que se refere ao tempo que destina ao trabalho e à família.
Revista Nova Família: O senhor
é um empresário muito bem sucedido e, naturalmente, muito
ocupado. Como concilia tantas
atividades com suas relações familiares?
Carlos Wizard Martins: Vou contar
uma história. Certa vez eu parei o
carro em um posto de gasolina.
O rapaz que veio me atender fez
uma pergunta incomum. Quis saber se eu era religioso e depois o
que, para mim, significava religião.
Respondi, inspirado naquele ambiente de carros, que ter uma fé,
uma crença,é uma direção e um
freio. Uma direção porque nos dá
um norte, um caminho para seguir,
e um freio porque nos protege
de perigos, de coisas ruins. Então,
respondendo especificamente a
sua pergunta: quando você tem
uma visão mais ampla da vida,
como na história que contei, fica
mais fácil conciliar as atividades
da empresa e a família. Com essa
visão,adotei alguns princípios básicos como evitar almoços de negócios a não ser que seja uma emergência. Dessa forma, eu consigo
estar com a minha família todos
os dias. Eu também evito qualquer
compromisso aos sábados porque dedico eles ao convívio com
minha família, procurando fazer o
que eles querem. E os domingos,
eu dedico às atividades da Igreja. Meus pais receberam a Igreja
de Jesus Cristo dos Últimos Dias
quando eu tinha 12 anos. E desde
aquela época eu sigo os seus ensinamentos. Tudo isso contribuiu
para alcançar o equilíbrio entre a
vida profissional e a convivência
familiar.
Revista Nova Família: Sua trajetória está ligada ao encontro de
sua família com a igreja. Portanto, a influência familiar foi importante para que o senhor seguisse seu caminho. Como o senhor
influencia a formação dos seus
filhos?
Carlos Wizard Martins: É importante citar isso. Nós temos uma
série de atividades obrigatórias e
metódicas em nossa família. São
coisas simples que todos podem
fazer. Por exemplo: as noites de
segunda-feira são sempre dedicadas a uma reunião familiar, um
momento no qual pais e filhos estão juntos para tratar dos assuntos
da família e orar. Todos os dias, antes de deitar também lemos uma
escritura, para irmos dormir com
aquela direção em mente. Isso
tudo é simples, mas muito importante para criar um ambiente de
respeito mútuo, de tolerância. Digo
isso porque muitos pais assumem
um papel de “chefes” dentro da família. E esse papel não existe mais.
O que existe hoje é o diálogo.
Revista Nova Família: É possível
nos dias de hoje, em uma sociedade tecnológica e constantemente conectada, manter a convivência familiar?
Carlos Wizard Martins: A tecnologia nos oferece muitas facilidades,
muitos benefícios, muita comodidade. Mas, ao mesmo tempo, é
um grande desafio no que se refere a manter o convívio familiar
saudável. Não é raro ver pessoas
sentadas ao redor de uma mesa
onde cada uma está falando com
pessoas do outro lado do mundo,
mas não entre elas. Ouvi uma frase
que acho verdadeira. A tecnologia
aproxima quem está longe e afasta quem está próximo. Da mesma
maneira, com a tecnologia nós nos
comunicamos muito mais, mas falamos muito menos. É por isso que,
em casa, nós adotamos um hábito
que acho bastante saudável. Chegou lá pelas 23 horas, quando vamos dormir,peço aos meus filhos
Especial
51
Especial
que deixem os celulares comigo, na manhã seguinte, os devolvo. Caso contrário,
podem passar a noite nas mensagens,
joguinhos etc. Confesso que não foi fácil
adotar esse hábito, houve muita reclamação, muita choradeira, mas hoje é um
comportamento natural em nossa família.
Revista Nova Família: Nesse caso, a família tem a função de ser o freio a que
o senhor se referiu anteriormente?É ela
que impede os exageros?
Carlos Wizard Martins: Eu acredito que
é necessário transmitir ao filho a sua capacidade de fazer escolhas, ensinar os
princípios corretos e alertar para as consequências das más escolhas. Isso porque
nós não vamos poder controlar as atividades dos filhos 24 horas por dia. Ensinando
os princípios que consideramos corretos,
eles não vão se basear apenas nas influências externas. Vão fazer as escolhas
levando em conta também os princípios
que receberam dos pais.
Revista Nova Família: O senhor é um empreendedor. Educou seus filhos, ou vem
educando no caso dos mais jovens, para
serem empreendedores também?
Carlos Wizard Martins: Eu acredito que fui
preparado pelo meu pai, pois desde muito jovem ele me colocou na ativa. Quanto
tinha 13, 14 anos eu viajava de caminhão
Q
uem é Carlos Wizard Martins
Filho de uma costureira e de um motorista de caminhão, Carlos
Wizard Martins, aos 12 anos, conheceu missionários americanos e,
aos 17, foi morar nos Estados Unidos. De volta ao Brasil, começou
a dar aulas de inglês e construiu um grande grupo de ensino, a
partir das escolas de idiomas Wizard. O grupo foi recentemente
vendido por quase dois bilhões de reais e o empresário dedica-se,
agora à rede de lojas Mundo Verde, comprada por ele também
recentemente. É casado com Vânia Pimentel e tem seis filhos.
Uma curiosidade: ele acrescentou o Wizard ao seu nome de batismo: Carlos Martins.
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Nova Família
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com ele pelo interior do Paraná, e muitas
vezes, ao parar em frente à mercearia, ele
ficava no caminhão e dizia: “Meu filho, vai
lá na mercearia, vê se o dono está precisando de alguma coisa; se estiver, você
vem aqui no caminhão, pega, entrega,
cobra e traz o dinheiro para aqui para o
pai”. Eu acho que desde aquela época eu
estava sendo treinado por ele. Treinando
a não ter medo, ter iniciativa, enfrentar o
desconhecido, eventualmente fazer uma
negociação etc. Da mesma forma, eu
sempre procurei passar aos meus filhos
conceitos de empreendedorismo. Eu nunca dei mesada para os meus filhos. Sempre que diziam estar precisando de “um
dinheirinho para isso ou aquilo”, eu lhes
dava um “trabalhinho”. Assim, entenderam a necessidade do trabalho. Quando
mais “trabalhinhos”, mais “dinheirinhos”.
Revista Nova Família: O senhor acredita
que o hábito de dar mesada aos filhos é
prejudicial?
Carlos Wizard Martins: Não. Eu acredito
que cada pai deve decidir isso de acordo
com suas convicções e condições. Mas tenho um grande temor. Imagine um pai que
dá mesada aos seus filhos e que, por qualquer motivo, como a perda do emprego,
por exemplo, não possa mais fazer isso.
Geralmente, nesse momento, o filho se revolta contra o pai como se ele fosse o culpado por aquela situação. Ele passa a cobrar o pai, quando, na realidade, o pai não
deve nada a ele. Ele é que deve tudo ao pai.
Revista Nova Família: Se o senhor tivesse que dar um conselho aos pais, apenas um, qual seria?
Carlos Wizard Martins: Gaste menos dinheiro e mais tempo com os seus filhos.
Eu aprendi que dar dinheiro, um presente,
para um filho é fácil. Difícil é dar tempo a
ele, gastar tempo conversando, fazendo
uma caminhada.
Especial
53
cotidiano
lzf . shutterstock
MULHER AO VOLANTE,
PERIGO CONSTANTE!
#SÓQUENÃO
DOMINGOS CRESCENTE
Você pode pensar que nada é mais antigo
e machista que essa frase. Mas, a verdade
é que ela ainda está na boca de muitos
homens, apesar de não fazer – ou pelo
menos não fazer mais – o menor sentido. Para a mulher moderna, dirigir é um
imperativo do dia a dia, quer ela trabalhe
fora de casa ou não. Ir ao supermerca54
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do, levar crianças à escola, ao médico, ao
dentista. Ou fazer tudo isso e ainda ir para
o trabalho.
Para tudo, lá está a necessidade de pegar
no volante e enfrentar trânsito das grandes cidades. E elas, precisamos admitir, o
fazem com a paciência, atenção e a graça,
que, cá entre nós, nenhum homem tem.
Nada nas estatísticas do DPVAT – o seguro obrigatório que pagamos todos os anos
– mostra que a frase ao lado seja verdadeira. A não ser a última parte, que nas redes
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HOMENS CAUSAM MAIS
ACIDENTES
SEGURO COM VANTAGENS SÓ PARA ELAS
As estatísticas oficiais mostram
que, no ano passado, 60% das indenizações do DPVAT por envolvimento em acidentes de trânsito
foram pagas aos motoristas do
sexo masculino.
É por estas e outras razões que até
mesmo o seguro dos carros dirigidos por mulheres são mais baratos
do que os de carros dirigidos por
homens. Conforme os estrategistas das seguradoras, as mulheres
tendem a ser mais cuidadosas
ao dirigir, mostram maior cuidado
com o veículo, levando-o a todas
as revisões programadas, não bebem antes de dirigir e, no caso de
envolverem-se em algum acidente, o mesmo é sempre mais leve e
menos grave do que os acidentes
que têm homens como protagonistas. Portanto, representam um
risco menor para as seguradoras.
Sim, sempre se pode argumentar
que existem mais homens motoristas do que mulheres, o que
explicaria o maior número de incidentes com o sexo masculino.
Porém, deve-se lembrar de que o
número de mulheres que dirigem
aumenta a cada dia e as porcentagens não se alteram muito.
Uma pesquisa publicada em 2012
pelas revistas Exame e Quatro
Rodas concluiu que, ao contrário do que pensam muitas mentes masculinas, as mulheres dirigem melhor do que os homens.
A afirmativa veio de um estudo
encomendado por uma locadora britânica de veículos. O estudo
entrevistou mais de 700 pessoas e
constatou que 57% dos súditos da
Rainha Elizabeth II já se envolveram em um ou mais acidentes de
trânsito, enquanto o mesmo ocorreu com 43% das súditas de Sua
Majestade. Outro dado interessante do estudo é que, quando se
analisa a faixa acima dos 65 anos
de idades, o índice de acidentes
com as mulheres cai para 30%.
E isso significa muito. Assim, além
do desconto no preço pago para
o seguro – em consequência das
tendências expostas acima – muitas seguradoras já oferecem pacotes promocionais especificamente
dirigidos ao público feminino.
Entre estes serviços já se somam
descontos em clínicas de estética
e academias de ginástica ou mesmo o fornecimento do serviço de
“motorista amigo”, que consiste em
enviar um motorista pago pela seguradora para ajudar a mulher nos
casos em que ela não possa dirigir
ou ainda o envio de um profissional para acompanhá-la à delegacia em caso de furto ou roubo. As
montadoras também, já há algum
tempo, detectaram estas características e o gosto das mulheres
pelos automóveis. E já projetam e
constroem carros pensando nas
características femininas.
DECISÃO DE COMPRA
Bem... se os números já estavam
favoráveis às mulheres no quesito
habilidade para dirigir, na hora de
comprar um carro ou moto, as mulheres são absolutas. E para isso
nem é necessário fazer pesquisa.
Basta olhar as concessionárias e
ver como elas opinam, debatem e
decidem não apenas a compra do
seu carro, mas também a compra
do carro do filho, do tio, do marido.
Conforme comentam vendedores das concessionárias e lojas
multimarcas, as mulheres estão
cada vez mais exigentes quanto
aos itens de conforto e segurança,
número de equipamentos, cores
e modelos. E são imbatíveis na
negociação. Elas são mais atentas aos detalhes da programação
financeira, preços, condições de
pagamento etc.
Assim, o mundo automobilístico
é mais uma reserva masculina
que sucumbe às qualidades das
mulheres, com seu bom senso,
maior paciência no trânsito, menor
impulsividade, além, é claro, do
charme e beleza que todos nós,
homens, amamos. Ao volante ou
fora dele.
Cotidiano
55
direito
PENSÃO ALIMENTÍCIA:
DEVER DE QUEM PAGA
E DIREITO DE QUEM
RECEBE
NAZIR MIR JUNIOR
Os bens jurídicos protegidos pelo nosso Ordenamento têm uma valoração hierárquica.
Posicionam-se no topo desta hierarquia a vida e a dignidade da pessoa, pois, sem as
mesmas, qualquer outro direito torna-se irrelevante. Daí o seu amparo constitucional.
instituto dos Alimentos decorre, naturalmente, do
direito à vida e do direito à dignidade. Ensina-nos
a Professora Maria Helena Diniz que “o fundamento
desta obrigação de prestar alimentos é o princípio da
preservação da dignidade da pessoa humana (CF, art.
1º, III) e o da solidariedade social e familiar (CF, art. 3º),
pois vem a ser um dever personalíssimo, devido pelo
alimentante, em razão de parentesco, vínculo conjugal
ou convivencial que o liga ao alimentando [...]”.
O fundamento da obrigação alimentícia, assim,
reside na proteção do direito à vida. Sua medida,
entretanto, afirma-se pelo direito à dignidade.
O
foto ao lado . SiwaBudda . shutterstock
56
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57
direito
CONCEITO
O nosso Código Civil não define o que é
alimentos, apenas estipula a obrigação alimentícia em seu artigo 1.694:
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Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros
pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem
para viver de modo compatível com a sua condição
social, inclusive para atender às necessidades de sua
HGXFDomRµ
A definição do que é alimentos coube,
assim, à Doutrina. O eminente Professor
Silvio de Salvo Venosa, ensina que “alimentos, na linguagem jurídica, possuem
significado bem mais amplo do que o
sentido comum. Compreendendo, (sic)
além da alimentação, também o que for
necessário para moradia, vestuário, assistência médica e instrução”.
Pensão
Alimentícia, propriamente dita, é a quantia
fixada por decisão judicial a ser paga pelo
responsável (alimentante) para garantir o
atendimento das necessidades daquele
que a recebe (alimentando).
QUEM PODE RECEBER
PENSÃO ALIMENTÍCIA
O Código Civil nos mostra que qualquer
parente, bem como os cônjuges ou companheiros, pode requerer alimentos uns
aos outros. Devem, para tanto, fazer prova
cabal e idônea de que não têm condição
de prover seu sustento através de seu trabalho. Sua pretensão se satisfaz, senão de
forma espontânea, através da via judicial
adequada (Ação de Alimentos).
QUEM DEVE ARCAR COM
AS PRESTAÇÕES DA VERBA
ALIMENTAR
A leitura do artigo 1.694 do Código Civil
já derruba um mito que há sobre os alimentos: a prestação das verbas alimentícias não é obrigação apenas dos pais para
com os filhos ou entre os cônjuges, estende-se a todos os parentes. O que existe,
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sim, é uma ordem de preferência, vez que
o próprio Código Civil determina que a
obrigação alimentar recaia, principalmente, sobre os ascendentes - pais, avós etc.
(artigo 1.696) e, na falta de ascendentes,
aos descendentes - filhos, netos etc. (artigo 1.697), respeitada a ordem de sucessão
(dos parentes mais próximos aos mais distantes). Na falta destes, recai a obrigação
sobre os irmãos (artigo 1.697).
CRITÉRIOS PARA A FIXAÇÃO
DOS ALIMENTOS
Os critérios para se fixar o valor da pensão
alimentícia são determinados pelo Código
Civil no parágrafo 1º de seu artigo 1.694:
´$UW
†ž2VDOLPHQWRVGHYHPVHUÀ[DGRVQDSURSRUomRGDV
necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa
REULJDGDµ
Ensina a Doutrina que a fixação do valor
da Pensão Alimentícia deve obedecer ao
binômio capacidade (de quem paga) e necessidade (de quem recebe).
Entendemos, nesse contexto, que a capacidade se coloca na condição de que,
ao prestar os alimentos, o alimentante não
sofra desfalque do necessário para o seu
próprio sustento. Necessidade, ao seu turno, pode ser entendida como o necessário para que o alimentando supra as suas
necessidades básicas para uma vida digna: alimento, vestuário, moradia, saúde e
instrução.
Deve haver, assim, uma proporcionalidade
entre a capacidade e a necessidade. Em
outras palavras, não se pode exigir alimentos além das necessidades do alimentando, mesmo que o alimentante goze de
elevado poder econômico. De outra via, o
alimentante não será compelido a prestá-los com sacrifício próprio ou de sua família, pelo fato do alimentando apresentar
necessidades maiores.
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CONSEQÜÊNCIAS DO
INADIMPLEMENTO DE
PENSÃO ALIMENTÍCIA
Nossa Constituição Federal determina,
em seu artigo 5º, LXII, que “não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável
pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel” (g.n.).
O procedimento da prisão civil pelo
inadimplemento da verba alimentar é regulado pelo artigo 733 do Código de Processo Civil. Neste caso, a prisão poderá
ser de até três meses.
O cumprimento dessa pena de prisão,
contudo, não exime o devedor do pagamento das prestações vencidas; nem,
tampouco, das que irão vencer.
Importante ressaltar que o Alimentante se
sujeita à prisão tão somente pelas parcelas vencidas dos últimos três meses. As
parcelas mais antigas deverão ser cobradas mediante execução simples, sujeita à
penhora de bens. Neste caso, poderá ser
penhorado qualquer bem, sem nenhuma
exceção, inclusive o seu único imóvel.
EXONERAÇÃO DA
OBRIGAÇÃO ALIMENTAR
A regra é que haverá exoneração do encargo alimentar quando o alimentando,
deles, não mais necessitar, ou ainda, o
alimentante não mais os puder prover por
alterações em suas possibilidades supervenientes à sentença que os fixou.
Se decorrente do poder familiar, todavia,
a obrigação alimentar se extingue com a
maioridade civil do alimentando, pela extinção do próprio poder familiar (art. 1635,
III do Código Civil).
Necessário destacar, de outra via, os casos
em que, mesmo com o advento da maioridade civil, a pensão deve ser prestada
em virtude do filho continuar a estudar.O
Código Civil, nesta questão, não traz qualquer alteração. Ensina Silvio Rodrigues
que “ao se estabelecer expressamente que a pensão deve ser fixada ‘inclusive para atender às necessidades de sua
educação’ (art.. 1694), fácil será sustentar
a subsistência da obrigação mesmo após
alcançada a capacidade civil aos 18 anos,
quando destinado o valor para mantença
do filho estudante”.
Direito
59
AçÃO SOCIAL
O LADO BOM
DAS COISAS
THIAGO ASSUNÇÃO
Fazer o bem, não importa a quem, é mais fácil do que se pensa
N
em todos os seres humanos são
atendidos pelos direitos descritos
na constituição, como o direito a
saúde e a moradia. De acordo com
as religiões e suas filosofias espirituais,
a caridade é um dever do homem já que
Deus está presente neste simples gesto,
portanto, quem assim o fizer prestará um
grande serviço a si mesmo pois é através
da caridade que se encontra o caminho
para a paz interior.
Enquanto alguns seguem essa obrigação
a risca através de doutrinas religiosas para
justificar o nome de Deus em suas ações,
outros se filiam a ONGs ou entidades sociais para justificar o mesmo. No entanto,
existem pessoas que fazem esse gesto
independente de religião ou entidade social, tornando essa atividade como uma
obrigação que não depende da bênção de
um espaço físico para tornar-se realidade.
São pessoas que sensibilizam-se com
as dificuldades do próximo, que não se
conformam em adquirir bens materiais
sem ter a chance de ter como retribuir
seus ganhos com quem não tem o que
vestir. Podem ser chamados de “entes
iluminados” ou pessoas de bom coração,
mas são na verdade seres humanos que
gostam de fazer o bem para outros, que
sabem que ajudar os mais necessitados
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deveria ser mais que uma obrigação e que
procuram fazer ao máximo o que sugere o
ditado “fazer o bem, não importa a quem”.
DO PROJETO PARA O GESTO
Foi através de um projeto da faculdade
que o arquiteto Victor Fioravanti decidiu
ajudar um asilo. “O meu interesse começou porque fiz meu TCC (trabalho de conclusão de curso) com o tema de centro
de convivência do idoso. Como eu gostei
da forma como eles eram tratados, decidi
ajudar quem me ajudou a passar na faculdade. Esse período coincidiu com o falecimento da minha avó. Falei com a minha
namorada e decidimos nos juntar ajudar
outras avós”, comenta.
Mas esse gesto solidário não veio de um
caso isolado. Desde pequenos, suas mães
faziam uma ação semelhante. “Nossas
mães sempre pegavam sacolinhas de natal para ajudar crianças carentes, mas nós
só acompanhávamos a ação delas, nunca tínhamos participado das entregas dos
presentes”, explica a produtora cultural,
Carina Nunes, namorada do Victor.
Através das redes sociais e do famoso
boca a boca, eles conseguem divulgar
para amigos para ajudar na arrecadação
que fazem para as doações de final de ano.
“É muito emocionante. Eles ficam felizes,
uns conversam bastante, outros brincam.
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Mas todos agradecem muito e acho que
é isso que faz a gente querer voltar todo
ano”, explica Carina. “Eu saio de lá com o
coração cheio de sensações, sempre pensando na próxima entrega. Em 2014, levei
meus primos pequenos para verem como
é, e, a resposta deles foi: “Posso vir ano que
vem mais uma vez?”, acrescenta Victor.
Este é o segundo ano dessa ação que, em
tão pouco tempo, já resultou em algumas
boas lembranças para carregar na memória. “Teve uma senhora que nos emocionou muito, mas não foi contando sua história e sim nos abraçando e dizendo que
como não tinha nada pra nos oferecer, ela
apenas poderia pedir a Deus que abençoasse muito a gente”, finaliza Carina.
DOS BASTIDORES PARA
A DIREÇÃO
Outra pessoa que desenvolve o mesmo
gesto há 26 anos é a professora aposentada Eliude dos Santos, que começou
esse projeto ajudando uma amiga, que
ajudava as crianças carentes da rua onde
morava, na zona leste da cidade de São
Paulo. “Quando fui convidada para ajudar
minha amiga, fiquei pensando ‘porque
ajudar crianças tão distantes se tem pessoas que precisam perto da minha casa?”,
comenta. Depois de participar de uma pa-
lestra ligada a espiritualidade kardecista,
Eliude achou que já estava na hora dela
assumir essa responsabilidade. Sem estar
ligada a religião, ela começou a convidar
as amigas para fazer o mesmo que ela em
escolas na região do Itaim Paulista, bairro
em que mora.
Desde então, todos os anos ela reúne as
amigas que ficam responsáveis por ir atrás
de padrinhos para “adotar” as crianças,
sempre no período de festas natalinas.
“Gostaria de poder fazer mais vezes, no
dia das crianças e em outras datas, mas
por condições financeiras centralizo apenas no Natal”. Por ano, ela chega a atender
cerca de 200 crianças carentes, procurando essas crianças em escolas e outros
centros de caridade.
Há quem diga que a humanidade ruma a
um destino sem saída, mas existem pessoas que mostram que através de boas
ações é possível manter a crença no ser
humano, para que através das oportunidades, ele possa encontrar meios de reverter todas as expectativas e tornar-se uma
pessoa digna, honesta e acima de tudo
caridosa, para que nunca se esqueça de
onde veio e lembre-se sempre de ajudar
o próximo, mostrando que esse gesto faz
bem para alma, para o coração.
Ação Social
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trabalho
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H
á um ano a professora de sociologia Bruna Giorjiani de Arruda, 29 anos enfrentou o
que descreveu como sendo um dos piores momentos de sua vida. Aprovada em segundo lugar em um concurso da rede estadual de ensino e convocada na primeira
chamada, ela não pode assumir o cargo. “Ao passar pela perícia médica, apresentei todos os meus exames. Ao sair da consulta, em uma conversa informal com uma das
atendentes, ela me questionou se eu estava nervosa por conta do meu peso. Não hora não
entendi muito bem. Cinco dias depois, saiu minha negação. Eu não estava apta”, conta Bruna. O motivo da recusa, Bruna tinha obesidade mórbida. “O meu Índice de Massa Corporal
(IMC) estava em 40,4, sendo até 39 obesidade grau III, e acima dos 40, obesidade mórbida. Fiquei com uma mágoa, com uma raiva que nem consigo descrever. Eu era apta para exercer a função, até porque já dava aulas na rede estadual há sete anos e meus exames não
apresentavam nenhuma alteração, minha saúde estava em dia, pois faço acompanhamento
médico anual”, relata. Indignada com a situação, Bruna decidiu lutar pela vaga a qual tinha
direito, mobilizou a imprensa, redes socais e depois de várias viagens a São Paulo e quatro
quilos a menos foi aprovada.
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MERCADO DE TRABALHO
E O PESO DO
PRECONCEITO
LUCIANA BRUNCA
A professora de sociologia ressalta que
decidiu dar notoriedade ao caso, primeiro porque queria a vaga a qual tinha direito e também, alertar a sociedade como
um todo de que é preciso tratar pessoas
como pessoas e não como coisas. “O sistema econômico em que vivemos não nos
barra por se preocupar com nossa saúde
e querer nos forçar a emagrecer. Esse
sistema nos observa apenas enquanto
coisas, máquinas que não podem adoecer senão diminuem a produção. Como
socióloga eu discuto diariamente nas minhas aulas, vários tipos de preconceito e
suas consequências. A realidade é ainda
mais dura, já que sabemos que existem
várias outras discriminações, ainda nos
dias atuais, contra negros, mulheres, deficientes. Orgulhamo-nos tanto de nossa
racionalidade, mas no entanto, frente ao
mercado de trabalho ou a valorização social, não nos apegamos na inteligência, na
competência ou nas qualidades. Mas sim,
em aspectos físicos, vazios de referência e
importância”, afirma Bruna.
Arquivo pessoal
Mara Lúcia Madureira, psicóloga especialista em psicoterapia clínica cognitivo-comportamental e dependência química,
ressalta que o excesso de peso e a obesidade tem se tornado em muitas empresas motivo de assédio moral, rejeição no
processo seletivo e causa demissional.
“É inconcebível desqualificar o profissional por estar acima do peso ou ser obeso.
Tratá-lo como incapaz ou desleixado, julgar seu trabalho inferior e questionar sua
competência técnica por tais razões, são
expressões de crueldade. Um tipo de violência que visa humilhar e desestabilizar
emocionalmente o profissional”, ressalta.
Bruna Giorjiani de Arruda
Uma pessoa que tem o Índice de Massa Corporal
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PDLRUTXHPXOKHUHVHPDLRUTXHKRPHQVMip
considerada com excesso de peso
Trabalho
63
trabalho
belecidos pela sociedade, seria a melhor
escolha”, ressalta. Ela afirma que mesmo
depois de ser modelo, os comentários
preconceituosos continuam. “Mas hoje
já não me fazem mal como antes. Acho
que os empresários deveriam pensar
unicamente no profissionalismo do candidato, não se ele é gordo, magro, negro,
branco, alto, baixo para definir o seu potencial e sua competência”, afirma Evelise.
Victor Fotografias
Mara Lúcia reconhece que o excesso de
peso e a obesidade são uma preocupação crescente em todo o mundo e que no
Brasil são gastos cerca de R$ 500 bilhões
por ano pelo Sistema Único de Saúde
(SUS) com intervenções cirúrgicas e tratamentos para doenças causadas pelo peso.
Mas afirma que a estética não pode estar
acima da ética das empresas, das qualificações, competências e comprometimento com o trabalho dos colaboradores.
“Não são as pessoas com excesso de peso
que precisam provar que são capazes tanto ou mais que os magros para conseguir
ou manter-se no emprego. Mas os líderes
das empresas devem assegurar os princípios básicos de convivência, resguardar
todo trabalhador de atentado contra sua
dignidade, combater e repudiar toda forma de discriminação, violação ou desrespeito a dignidade humana.” A obesidade
já é considerada epidemia do século pela
Organização Mundial de Saúde (OMS).
Evelize Nascimento
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que nunca iremos acabar com todo o preconceito, mas
creio que se as leis fossem mais severas, ao menos
WHUtDPRVPDLVUHVSHLWRµ
Evelise Nascimento
Após lutar anos contra a balança, e querer ser magra, sem muito sucesso, Evelise decidiu dar a volta por cima, e há dois
anos, depois de uma indicação de uma
amiga e cliente do salão que trabalhava como manicure, ela participou de um
concurso de beleza plus-size e ficou entre
as dez gordinhas mais bonitas do Brasil.
“E foi depois desse concurso que decidi que iria investir nessa carreira. E que
me aceitar, me amar e me achar bonita
mesmo estando fora dos padrões esta64
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Arquivo pessoal
Cansada de viver situações constrangedoras no dia a dia, de risadinhas de canto de
boca e piadas sem graça, a modelo e Miss
Brasil Plus Size de São José do Rio Preto
Evelise Nascimento, 25 anos, conta que
já recorreu a dietas milagrosas para emagrecer, mas todas sem sucesso. “Quando
chego em um local e as pessoas ficam me
olhando, é aquele pensamento que sempre me vem a mente “gordo não pode
trabalhar e ter uma vida social normal?”.
É muito difícil enfrentar essa situação que
ocorre com muita frequência”, afirma.
Mara Lúcia Madureira
OS RISCOS DA OBESIDADE
Muito se fala em excesso de peso e os riscos que causa para a saúde tanto do homem como da mulher. Dados estatísticos revelam que mais de 50% da população
brasileira adulta sofre desse mal. Para o presidente do departamento de Obesidade
da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Mário Kedhi Carra,
essa situação é muito preocupante. “É necessário a criação de políticas públicas para
estimular o consumo de verduras, legumes, frutas, ou seja, uma alimentação equilibrada e saudável. Campanhas de incentivo, publicidade, na verdade isso tem que
começar na escola, com as crianças, são elas que vão levar esses conhecimentos aos
pais e cobrar deles. Os adultos já não assimilam mais essas informações, na maioria
dos casos estão muito acostumados a comer errado”, disse.
Carra ressalta que o excesso de peso torna a pessoa mais propensa a desenvolver
doenças como diabetes, colesterol, alteração da pressão arterial, entre outras. “Com
certeza trata-se de um ser humano muito mais suscetível a doenças e por consequência, até um pouco discriminado no mercado de trabalho, porque o empregador
olha e imagina que deverá ser um funcionário que terá mais problemas de saúde,
e que vai faltar muito mais do trabalho, por exemplo.” O conceito de alimentação
saudável, não determina que deva se abolir carne, peixe, ovos, por exemplo, mais
sim consumir com moderação esses alimentos e introduzir cinco porções diárias de
frutas, legumes, verduras e hortaliças. “É preciso ter muito cuidado e evitar gordura,
frituras e açúcar. O excesso de peso é sim uma preocupação crescente, é preciso
haver uma união de forças para combater esse mal”, enfatizou o presidente do departamento de Obesidade da SBEM.
ilustração . MR.Silaphop Pongsai . shutterstock
PRECONCEITO E DISCRIMINAÇÃO GERAM
‘MOVIMENTO CONTRA A GORDOFOBIA’
Cansada de ouvir comentários maldosos, piadinhas sem graça e até de ser discriminada a modelo e Miss Brasil Plus Size São José do Rio Preto e região Evelise Nascimento, decidiu criar um movimento contra a gordofobia. “O #ShiuProSeuPreconceito surgiu, realmente quando eu e outras modelos fomos fazer uma campanha
em Brasília, e diante de uma situação preconceituosa que vivemos no hotel em que
estávamos hospedadas, fomos para a frente do Congresso Nacional e nos fotografamos apenas de calcinha. As imagens rodaram as redes sociais e ganharam muita
repercussão, e diante disso, decidimos criar um movimento para denunciar essas
atitudes discriminatórias”, explica. Atualmente ela e a Miss Brasil Plus Size Baixada
Santista, Flávia Soares, lideram um grupo de mulheres que relatam suas histórias e
trocam experiências. “Através desses contatos, nos motivamos umas com as histórias das outras e superamos os traumas e aprendemos a nos aceitar e nos amar
como somos. Uso minhas redes sociais para me comunicar com elas, mostrando
que podem sim ser bonitas, independente do peso e aproveito e posto dicas de roupas, modelos, cores, sapatos, maquiagem e outras coisas”, disse Evelise. Mesmo
com toda a repercussão do movimento, e o aumento a cada dia de seguidores, o
que a Evelise e todas as pessoas que sofrem com o preconceito e a discriminação
desejam é que sejam criadas leis mais severas para punir quem cometer esses atos.
Trabalho
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Finanças
Planejamento e economizando para o futuro
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EDUCAÇÃO
FINANCEIRA SE
APRENDE EM CASA
MICHELE VITOR
Lidar com dinheiro é uma tarefa extremamente
difícil para muitas pessoas, por esse motivo, o ideal
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C
omo diz o clássico samba de Paulinho da Viola ‘Dinheiro na mão é vendaval...’. E, várias pessoas se enrolam
em meio a dívidas, devido a facilidade
de crédito e a falta de planejamento. Assim, muitas pessoas se perdem em meio
a tantas contas, fazendo até mesmo com
que os gastos sejam maiores do que o
próprio salário.
Segundo pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), em outubro, havia
mais de 55 milhões de pessoas com o
nome negativado nos órgãos de proteção
ao crédito. O número representa um aumento de um milhão de pessoas em relação ao mês anterior.
Nesse cenário, a chamada classe C (ou
nova classe média) é a que mais sofre.
De acordo com pesquisa da Nielsen, com
uma renda média de R$ 2.924 por mês, a
classe C gasta mensalmente mais ou menos 15% a mais que o salário.
E, nesse começo de ano, quem não fizer
um bom planejamento pode se enrolar
ainda mais, pois é nesse período que várias contas precisam ser pagas. Os três
primeiros meses do ano chegam acompanhados de IPTU, IPVA, rematrícula estudantil e material escolar, além de gastos
com viagens de férias e compras parceladas feitas no Natal.
Quando não há planejamento e a pessoa
se vê em meio a um desequilíbrio financeiro, até mesmo a saúde física e mental
pode ser afetada.
Além disso, outros problemas podem ser
notados no comportamento dos endividados, como o aumento do constrangimento diante dos colegas, insônia e desenvolvimento de fobias, reduzindo o contato
social e a capacidade de concentração.
E, nesses casos, pode acabar dificultando
o desenvolvimento pessoal e profissional
também. A sensação de incapacidade e
impotência com o acumulo de despesas
pode limitar o desempenho e resultar, até
mesmo, em casos de depressão.
Quem se encontra nessa situação necessita reorganizar as finanças para evitar problemas maiores. Além disso, reequilibrar
as finanças reflete também como contribuição para a educação financeira das
novas gerações, para que os filhos não
passem, ou evitem ao máximo, passar por
problemas semelhantes.
O PLANEJAMENTO
FINANCEIRO DA FAMÍLIA
Segundo Vicente Sevilha, CEO da Sevilha
Contabilidade, o planejamento financeiro
deve ser utilizado pelas famílias sempre,
havendo ou não endividamento exagerado. “Naturalmente, quando existem dívidas o planejamento é vital. Famílias endividadas devem dar o primeiro passo e
admitir que possuem dificuldades financeiras. Dessa forma, será mais fácil cortar
despesas incompatíveis com o momento
financeiro vivido” comenta.
Segundo levantamento realizado em 2012
pela Universidade de Nottingham, na Inglaterra, pessoas endividadas podem
apresentar um grande risco de perder o
controle sobre o efeito da ansiedade e
do estresse.
Finanças
67
Finanças
Para o especialista, depois de feitos os
gastos, é necessário avaliar estratégias
para aumentar o rendimento familiar, e
por fim, negociar dívidas com condições
de pagamento que caibam no orçamento da família. “Nesses casos, os filhos não
precisam participar de todo esse projeto,
mas devem ser comunicados e esclarecidos a respeito dos cortes que os afetem
diretamente. Vale ressaltar que os pais
não devem se sentir mal ao dizer aos filhos que precisam cortar esse ou aquele
gasto”, afirma Sevilha.
PREPARANDO OS FILHOS
PARA LIDAR COM DINHEIRO
De acordo com Sevilha, a reorganização
financeira pode ser feita a partir do estudo
dos três tipos de gastos que toda família
tem. Segundo ele, existem as despesas
essenciais para a sobrevivência, como a
alimentação; depois dessas aparecem as
importantes, mas não essenciais, como o
estudo de um segundo idioma ou cursos
em geral; e o terceiro tipo engloba as desejáveis, que podem ser exemplificadas
como um carro para cada membro da família ou uma viagem especial.
“A partir dessa idade começa a ser possível que a criança tenha um relacionamento mais direto com finanças, podendo, por
exemplo, ela mesma pagar e receber o
troco por um produto que comprou. Os
pais devem procurar fazer desta experiência algo prático e útil, evitando associar compras à sensação de prazer, mas
sim ao conceito de necessidade. A cada
experiência desse tipo é importante reforçar que compramos porque precisamos e
não porque nos dá prazer”, explica.
“Na hora da redução de gastos deve-se
começar pelas despesas desejáveis e cortar até o fim. Em seguida, é preciso passar
para as despesas importantes e avaliar.
Dependendo do tamanho do problema
financeiro pode ser necessário cortar tudo
ou parte dessas despesas. Por último, é
preciso avaliar as despesas necessárias e
tentar reduzir ao máximo”, explica Sevilha.
Para o especialista, os filhos devem sempre compreender a realidade financeira
da família, mas não devem participar diretamente do planejamento financeiro. “Normalmente, eles ainda não apresentam
maturidade para encarar essa situação e
podem sofrer pressões para as quais ainda não estão prontos”, explica.
68
Nova Família
Ensinar os filhos desde pequenos a lidar
com dinheiro pode ser a melhor estratégia
para que se tornem adultos capazes de
ter uma vida financeira saudável.
Segundo Sevilha, existem certos conceitos matemáticos envolvidos com a questão financeira como o fato de uma criança só ser capaz de compreender o valor
do dinheiro a partir dos seis ou sete anos
de idade.
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Mesmo assim, antes dessa idade já é possível trabalhar com os filhos os conceitos
não matemáticos que irão ajudar na consciência financeira para o futuro, como por
exemplo, conceitos de valor, de troca e de
utilidade das coisas e objetos.
“O diálogo sempre será um instrumento
muito importante na educação financeira.
E, qualquer oportunidade de diálogo deve
ser bem aproveitada para ajudar as crianças a perceberem que o dinheiro é algo útil,
mas que serve a um propósito claro: atender as necessidades”, comenta Vicente.
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O especialista afirma ainda que é importante explorar
junto com os filhos o universo da satisfação de necessidades dissociada do dinheiro, como passeios e
caminhadas que não exigem desembolso financeiro,
mas também geram satisfação. “A construção desses
cenários ajuda a criança a perceber que nem toda satisfação vem do dinheiro e que a utilidade do dinheiro
não é promover felicidade, mas sim satisfazer as necessidades”, afirma.
Segundo Sevilha, mais importante do que o dialogo é o
exemplo. “Os pais devem se comportar em relação ao
dinheiro de maneira coerente com esse discurso”, diz.
COMO INTRODUZIR O
DINHEIRO NA VIDA DAS CRIANÇAS
A mesada é uma das alternativas para inserir o dinheiro na vida dos filhos. No entanto, para Vicente Sevilha,
antes dos sete anos de idade essa prática não é uma
boa opção, justamente por estar fora do período em
que as crianças passam a ter maior discernimento sobre o conceito de dinheiro.
Para ele, depois dessa idade é possível começar a utilizar esse recurso da mesada, mas sempre mediante
a supervisão dos pais.
“Vale ressaltar que a mesada não deve representar
um custo adicional para o orçamento familiar e deve
ser suficiente para atender as necessidades da criança naquela idade. Por exemplo, se a criança compra
lanche na cantina da escola, a mesada deve ser suficiente para essa despesa durante o mês”, explica.
Naturalmente, com o crescimento dos filhos as necessidades mudam a aumentam e a mesada deve
acompanhar isso. “A mesada deve conter uma parcela descomprometida dos gastos, por exemplo, 10% a
mais do que será gasto com os lanches na cantina da
escola. Esse valor poderá ser utilizado para qualquer
despesa da criança, mas sempre, com a supervisão
dos pais que precisam saber como o filho está utilizando o dinheiro”, afirma Sevilha.
Para o especialista, o momento de introdução da mesada é também a hora de apresentar aos filhos o conceito de poupança e economia.
Segundo ele, estabelecer com os filhos um objetivo
de longo prazo que exija poupança é o melhor caminho para esse aprendizado. Por exemplo, se o filho
quer comprar um joguinho de vídeo game que custa
R$ 200 é preciso ensinar que ele deverá guardar R$
20 por mês para conseguir comprar o jogo em um prazo de dez meses. “Esse diálogo e o acompanhamento
mensal dessa reserva criará no filho a capacidade de
entender a utilidade da poupança”, explica Sevilha.
“É importante que o objetivo seja atingível em um prazo menor do que um ano e que os pais incentivem
permanentemente os filhos na poupança”, completa.
Outra alternativa para a introdução do dinheiro na vida
da criança, mas que deve ser aplicada com cautela, é
a relação de troca. “É uma opção válida, porém é preciso muito cuidado. Algumas tarefas que os filhos fazem devem ser feitas pela consciência do dever, que
depois se converte em consciência de cidadania e não
em troca de benefícios ou remunerações”, comenta.
Segundo Sevilha, ensinar uma criança que ela deve
recolher a sujeira do cachorro para receber uma remuneração, por exemplo, pode criar um adulto que
deixa a cidade suja. “Essa tarefa deve ser apresentada
a criança como parte de seus deveres, independente
de receber algo em troca”, diz.
A troca de tarefas por dinheiro só deve acontecer na
medida em que as tarefas não sejam parte da consciência do dever. “Por exemplo, se a família paga alguém para lavar o carro, pode ser uma oportunidade
oferecer à criança que lave o carro e receba por isso.
Mas, se a família não tem o hábito de pagar a lavagem
do carro e esse serviço é feito pelo próprio pai, por
exemplo, não é oportuno remunerar o filho nessa atividade. É preciso ensinar que ele deve ter a consciência de ajudar o pai sem esperar algo em troca”, conclui.
Finanças
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Saúde
TRANSTORNOS
ALIMENTARES E
SEUS PERIGOS
DENISE PACIORNICK
Os padrões de beleza seguidos na atualidade, onde as mulheres
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um problema muito grave que pode levar à morte, e atinge
especialmente os jovens.
E
stamos falando dos Transtornos
Alimentares (TA), que compreende qualquer padrão de comportamento alimentar que causa
prejuízos à saúde. Geralmente, estas disfunções aparecem na infância e na adolescência.
Não é raro ouvirmos notícias com casos de
meninas e meninos que sofreram bullying
na escola, desenvolveram um Transtorno
Alimentar, e, em um número considerável,
encontraram a morte prematuramente. O
problema não se restringe a um grupo,
pode acontecer com jovens e adultos, independente de sexo e classe social.
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Nova Família
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A obsessão pela magreza toma proporções cada vez mais perigosas, e de tempos em tempos, surgem novas modas
que acabam tirando a vida de milhares de
pessoas que morrem tentando encontrar
o corpo perfeito. De acordo com dados da
Sociedade Brasileira de Endocrinologia e
Metabologia, 90% dos casos acontecem
com mulheres, mas nos últimos anos,
houve um aumento significativo dos transtornos no público masculino. No Brasil, a
Anorexia ocorre, em 40% das situações, na
adolescência. Aproximadamente, 22% das
mulheres entre 15 e 25 anos, possuem algum sintoma destes distúrbios. Um estudo, realizado em 2011, com adolescentes
de 14 a 19 anos, no sul do Brasil, apontou
que 15,95% das adolescentes apresentavam algum sinal de Anorexia.
ilustração . Elena Nayashkova . shutterstock
Os transtornos normalmente acontecem
devido à distorção da imagem própria,
e de acordo com alguns estudos, certas
mulheres estão insatisfeitas com o próprio
corpo, mesmo que aos olhos dos outros,
estejam em ótima forma. Essa auto-imagem distorcida é muito comum, mas não
costuma ser tão grave a ponto de ser a
única causa para o desenvolvimento da
Anorexia Nervosa.
Geralmente, o paciente com este transtorno não percebe o problema, pois acha
normal querer controlar a alimentação, e
isso, apesar de amigos e familiares insistirem em dizer que está magro/a demais
e que deve se alimentar melhor, o/a paciente nega a informação e se preocupa
em como emagrecer ainda mais. Além
disso, na maioria das vezes, se recusam a
procurar um especialista.
O índice de mortalidade por Anorexia Nervosa atinge entre 15% e 20% dos casos.
Eles estão associados a complicações
clínicas ou a suicídios, pois a depressão
pode manifestar-se no decorrer dessa doença. A grande verdade é que a Anorexia
é uma doença psicológica e é a que mais
mata no mundo todo.
Existem vários sites, comunidades e blogs
na internet que apresentam informações
sobre os grupos pró-annas, forma “carinhosa” de chamar a pessoa com Anorexia.
Estes grupos mantêm informações sobre
como agir em caso de fome, como enganar os pais e outras dicas que preocupam
médicos e familiares.
Saúde
71
Saúde
Fernanda Fahel é um exemplo de superação da Anorexia. Aos 12 anos, enquanto
comprava roupas, ouviu a dura frase de
seu pai “Você está parecendo um balão”.
Depois disso, passou a seguir várias dietas e a fazer exercícios em casa. Quando
perdeu um pouco de peso, já havia se
tornado um vício. Nessa época, ela ainda
não fazia ideia de que poderia ser o início
de uma Anorexia ou Bulimia. Mas ela começou a emagrecer cada vez mais, não
comia e sempre vomitava quando a forçavam a comer. Enquanto isso, seus pais
acabavam a elogiando porque ela tinha
emagrecido. Ela acreditava estar fazendo
a coisa certa.
Talvez, a verdadeira razão por Fernanda
ter desenvolvido transtornos alimentares
tenha sido a busca pela aceitação de seus
pais. Ambos são atletas e sempre prezaram pela boa saúde. Em sua cabeça, foi
fixada a ideia de que ele só a amariam se
fosse magra. Hoje ela consegue ver que
isso não é verdade, que eles se importam muito mais com a beleza que vem de
dentro. Além disso, ela acabou sofrendo
muito com bullying na escola, por sempre
ser “diferente”.
Até os 13 anos, Fernanda morou no Japão
e frequentou as escolas de lá, as crianças
a zombavam por ser alta demais, por ser
gordinha, por ter cabelos ondulados, por
ter olhos maiores que os deles, etc. Entretanto, na verdade o que a fez definhar,
fazendo com que ela fosse diagnosticada
com Anorexia Nervosa, foi seu trabalho
como modelo. De acordo com ela, o mundo da moda é muito cruel, e ela era chamada de cabide humano. Ela diz que não
vê nada de humano nisso e que não se
importam com a saúde das modelos, mas
que felizmente, conseguiu se livrar deste
problema.
A família percebeu cedo as mudanças na
alimentação de Fernanda, e ela conta que
sua mãe sofreu muito, pois se sentia impotente por não conseguir ajuda-la. Então
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Nova Família
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seus pais decidiram que era hora de buscar ajuda especializada. Quando iniciou
seu tratamento, ela não queria ser ajudada,
pois achava que daquele jeito estava bem,
mesmo sofrendo, passando mal diversas
vezes e sabendo que muitas pessoas ao
seu redor estavam tristes e preocupadas
com o que estava acontecendo com ela.
Fernanda decidiu melhorar de verdade,
no entanto, quando viu uma amiga na
mesma situação que ela que veio pedir
conselhos sobre como emagrecer mais.
Foi aí que ela se deu conta do que estava
acontecendo, e percebeu que não podia
servir de exemplo para que outras pessoas ficassem anoréxicas.
Ela colocou na cabeça que precisava ser
vista como uma pessoa que superou estes
problemas. A partir deste momento, Fernanda passou a levar a sério o tratamento
que consistiu em um tratamento multidisciplinar com nutricionista, psicólogo e
psiquiatra. Precisou tomar suplementos
para ganhar peso e seguir uma dieta, além
de tomar remédios antidepressivos que a
ajudaram muito. Atualmente, ela não precisa tomar mais nenhum tipo de remédio.
Hoje, ela consegue perceber os riscos que
correu, e, com a intenção de alertar de
forma geral as pessoas como pais e a sociedade sobre os perigos, Fernanda criou
um blog que tem o objetivo de chamar a
atenção para os perigos dos Transtornos
Alimentares. Ela acredita que Anorexia e
Bulimia, assim como outros distúrbios, são
doenças psicológicas graves e precisam
ser acompanhadas rigorosamente.
Fernanda possui um blog, chamado
Despedida de Ana e Mia, onde compartilha seus depoimentos e a história de outras pessoas que passaram
pela mesma situação:
www.despedidadeanaemia.com
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Saúde
HÁBITO ALIMENTAR
OU REGIME?
KAREN STERNFELD
H
á alguns anos, em uma primeira
consulta com uma paciente, ela
me contava sobre como havia lidado com uma condição crônica nos
últimos anos. Em seu relato, me contava
sobre as diferentes dietas que diferentes
nutricionistas haviam passado e como
cada uma ajudou ou não com seu problema. Eu perguntei quais novos hábitos
ela havia incorporado em seu dia a dia, e
a resposta, para minha surpresa, foi nenhum. Não havia nenhum mistério do por
que ela nunca havia conseguido resolver
seu problema.
Vivemos na era da informação, a mídia
sempre “vendendo” uma nova dieta milagrosa, contamos calorias, os alimentos
que, assim como num conto de fadas, ora
são vilões, ora são os príncipes encantados. E, nesse mar de informações e desinformações ficamos tentando milhares
de regimes e dietas distintas. O resultado?
Em primeiro lugar o famoso efeito sanfona, que além de frustrante, traz males a
saúde como o enfraquecimento do sistema imunológico, doenças coronarianas,
hipertensão, aumento do colesterol, entre
outros. Fazer dieta não funciona, não faz
bem à saúde, é como correr uma maratona uma vez por mês e não exercitar
regulamente.
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Como tudo, a nossa dieta alimentar precisa ser um estilo de vida inserido no nosso cotidiano. Não devemos escolher uma
fruta ao invés de uma coxinha por que
estamos de dieta, mas sim por que nosso paladar e organismo pede e deseja a
fruta. Em seu livro “12 Steps to Raw Foods” Victoria Boutenko, professora adjunta
da Universidade de Oregon, desenvolve
um paralelo entre drogas aditivas como a
cocaína ou álcool e nossa predileção pela
comida processada.
Victoria usa a mesma proposta de organizações como NA e AA para conseguir
vencer o nosso vicio com relação ao alimento processado. Ela argumenta que
somos adictos a comidas comuns como
pão, leite, carne, sal e açúcar. Em particular, Victoria fala muito sobre a dependência que muitos têm do açúcar: “pesquisas
indicam que os receptores do gosto doce
em nossa boca estão ligados diretamente
a áreas do cérebro que liberam opióides
endógenos – substancias produzidas naturalmente pelo nosso corpo que induzem a sensação de prazer e bem estar. O
sabor doce é suficiente para ativar áreas
de prazer no cérebro”. Em outras palavras,
o sentimento de prazer associado ao consumo do açúcar faz com que tais alimentos sejam altamente aditivos.
Então como mudar nossos hábitos alimentares de forma inteligente e duradoura? Dos 12 passos sugeridos por Victoria Boutenko, selecionei os 7 abaixo que considero de maior importância.
Q Tomar consciência do problema. Talvez o passo mais difícil de todos, sem
admitir e identificar que temos um problema torna-se impossível de resolve-lo.
QAlimentar seu corpo com opções nutritivas para eliminar desejos por alimentos “vazios”, evitando bobagens como pão, biscoitos, etc.
QAdquirir conhecimentos para alimentar-se de forma saudável em casa. Não
podemos depender de restaurantes ou de terceiros para comer bem. Precisamos saber preparar minimamente uma refeição por conta própria.
Q Ter amor próprio independentemente do que você comer. O processo de
mudança de hábitos alimentares é longo, podendo durar anos. É muito comum
em um momento de stress recorrer-se a uma “comida de conforto”. Não se julgue nem se maltrate por isso, apenas retome seu caminho em busca de uma
vida mais saudável.
QObtenha apoio. Encontre pessoas que também estão na mesma busca que
você. Se organize da melhor forma possível, tenha sempre opções de comida
em casa prontas para beliscar, compre frutas e vegetais frescos e baratos, uma
dica é “pegar” o resto da feira, como por exemplo as folhas de vegetais como cenoura, rabanete, beterraba. Essas, além de grátis, são altamente nutritivas e uma
ótima opção para usar em sopas ou bater com frutas na criação de saborosas
opções alimentares.
ilustração. markovka . shutterstock
Q Abraçando novos hábitos saudáveis. Uma vez adptada em uma rotina de
alimentação saudável, outros bons hábitos de saúde naturalmente decorrem,
como por exemplo, a vontade de exercício físico, ou aproveitar seu tempo livre
desfrutando atividades ao ar livre.
QGanhando clareza. Uma dieta alimentar saudável proporciona a habilidade de
ter mais clareza sobre a vida, ter a capacidade de ver as coisas como elas são
e não como gostaríamos que fossem. Esse talvez seja o melhor presente que
ganhamos ao adotar um estilo saudável de vida.
Não caia mais na fantasia dos regimes e dietas malucas por ai. Abrace um
novo estilo de vida para toda a família que mudara a sua vida e a dos seus
entes queridos. Quanto mais processada a comida mais distante dela você
deve ficar. Esqueça todos os diets e lights e busque sempre comidas como
a nossa Mãe Natureza nos deu, de forma simples e integral. Opte também,
de forma geral, por alimentos crus aos cozidos, lembre-se que o ato de cozinhar é uma forma de processar o alimento. Com muita calma, conhecimento
e perseverança, somos todos capazes de mudar nossas vidas para melhor e
de forma jamais antes imaginada.
Saúde
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TEcnologia
CONECTANDO
A FAMÍLIA
SEM FIO
FERNANDO SOUSA
A cena é típica, daquelas que volta e meia aparecem em novelas e séries
de TV: a família está fazendo uma refeição à mesa. Porém, ninguém fala
com ninguém, sequer olham uns para os outros. Entre uma garfada e outra,
estão absortos em mensagens de WhatsApp e postagens de Facebook,
exibidos em smartphones com telas cada vez mais potentes. Você deve
estar imaginando que este é um comportamento típico dos adolescentes,
não? Para mim, tendo a crer que esse hábito está se expandindo, tanto
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DWpLGRVRV
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m primeiro indício é que os telefones celulares e os smartphones já dominam
os lares quando o assunto é navegar na Web. De acordo com 14ª edição da
pesquisa F/Radar, recém divulgada pela agência F/Nazca, 52% dos entrevistados afirmaram que celulares e smartphones eram o principal dispositivo utilizado
para acessar a Internet dentro de casa. Suplantaram os tradicionais computadores de
mesa (42%) e notebooks (40%) – tablets aparecem com apenas 12% (para minha surpresa, pois imaginava que já teriam maior participação).
Uma das conclusões do estudo é que o brasileiro não abre mão de mobilidade, nem
mesmo dentro de casa, e que um dos principais motivadores, adivinhe só! - são as redes
sociais. De qualquer forma, custo a acreditar que este crescimento seja puxado exclusivamente pelo comportamento dos adolescentes. É mais provável que aquela cena
descrita no começo deste artigo tenha a participação cada vez maior tanto de adultos
como de crianças.
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Charles Taylor . shutterstock
Na era digital, o desafio é dosar o uso da tecnologia pelos filhos.
USO CADA VEZ MAIS PRECOCE
No caso dos jovens que ainda não chegaram à adolescência, há um outro estudo que dá indícios do comportamento
relacionado com a adoção precoce de
telefones celulares e outros dispositivos
do gênero. De acordo com a CTIA, uma
organização internacional que representa
a indústria de comunicação sem fio, 56%
das crianças entre 8 e 12 anos já eram donas dos seus próprios telefones celulares,
sendo que anteriormente, a idade média
em que eles ganhavam o primeiro era de
12 anos de idade. Os dados são do mercado norte-americano, onde os comportamentos ligados à tecnologia costumam
chegar (bem) antes, mas detalhe: são números de 2013! Eu acredito (e imagino que
você, leitor, também) que hoje tais coisas
devem estar acontecendo cada vez mais
cedo, possivelmente, também no Brasil.
Dubova . shutterstock
Longe de mim achar que as novas tecnologias devem ser tratadas como bichos de
sete cabeças, entretanto, alguns números
da mesma pesquisa eram ainda mais preocupantes. Por exemplo, segundo o estudo, 86% dos pais acreditavam que seus
filhos estavam seguros enquanto estavam
acessando a Internet, e 92% deles acreditavam saber o que as crianças faziam
online – inclusive, 22% provendo dispositivos móveis para seus filhos apenas para
mantê-los ocupados. Outro dado curioso:
os adolescentes norte-americanos enviavam, em média, 60 mensagens de texto
por dia – no caso das meninas, essa média
subia para 100! Imagine hoje com aplicativos como WhatsApp, nos quais sequer há
cobrança pelas mensagens enviadas.
Tecnologia
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TEcnologia
Reo . shutterstock
DICAS PARA PAIS
A CTIA mantém um braço para justamente promover o uso saudável das novas
tecnologias sem fio. Justamente com os
números acima, a entidade forneceu algumas dicas para os pais tanto para ajudar no convívio familiar como para manter as crianças seguras durante o uso de
smartphones, tablets e outros dispositivos.
Confira:
ÎƉ Escreva as regras de uso das tecnologias sem fio por parte da família claramente estabelecendo as “conseqüências”
caso elas não sejam obedecidas. Lembre-se que as normas devem variar conforme
a idade – uma criança de 11 anos de idade
e um adolescente de 14 anos já têm mentalidades bem diferentes. Imprima e cole
a folha com as regras em ponto central da
casa, até porque elas devem valer para todos os integrantes da família;
ÎƉ Sobretudo
no caso das crianças mais
novas, utilize ferramentas para filtragem
de conteúdo e restrição do acesso a games, aplicativos e sites impróprios para
a idade. Alguns provedores de acesso e
serviços oferecem tais ferramentas;
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ÎƉ
Determine a quantidade de ligações,
mensagens de texto e tráfego de dados
que seus filhos podem consumir mensalmente, ou, pelo menos monitore tais informações para identificar eventuais usos
excessivos;
ÎƉAprenda a utilizar os recursos existentes
em smartphones e tablets que possam
ajudá-lo a monitorar como as crianças
usam tais aparelhos;
ÎƉAntes de baixar um aplicativo ou adquirir
um game, verifique a classificação etária
do produto;
E uma dica final: ensine pelo exemplo.
Lembra da cena descrita no começo deste artigo? Pois bem, se você vive teclando
ao celular durante as atividades familiares,
dificilmente vai convencer o seu filho a agir
de forma diferente. Isso vale tanto para
refeições como para outros momentos,
como nas idas ao parque. Cito isto porque
já me peguei fazendo isso, sob protestos
de meu filho de dois anos da idade. Ele
mesmo pegou o celular e o guardou no
bolso da minha bermuda.
religião
O BATISMO E
AS RELIGIÕES
SYLVIO MONTENEGRO
Celebrar a iniciação de alguém a algo é uma prática que, com
certeza, precede os registros históricos. Mesmo quando o
conhecimento humano ainda era apenas repassado de gerações
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entronização, e/ou, ainda, a passagem de alguém a um nível
de conhecimento ou de vivência superior. Essa dedução se
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D HVVH WLSR GH ´PDUFDVµ DR ORQJR GH VXD H[LVWrQFLD XPD YH]
que, como é sabido, da Pré-história não temos registros. Várias
crenças religiosas se utilizam dessa forma de iniciação, conhecida
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Da forma como o conhecemos largamente no Brasil, um país de fortes origens cristãs, o batismo é uma prática de diversas
igrejas e confissões baseadas no Cristianismo, uma das três maiores religiões do
planeta (as outras são o Judaísmo e o
Islamismo).
A palavra “batismo”, que para muitos representaria apenas esse processo de
iniciação de um membro a uma determinada crença religiosa, vem do grego “baptizo” e não significa apenas “imergir” (mergulhar, entrar em, afundar, penetrar em,
adentrar em), como se acredita de uma
forma geral, mas também “aspergir” (borrifar, respingar) e lavar. Alguns a traduzem
também como “efusão” (derramar).
Segundo o Dicionário Informal,“a forma
como foi usada tanto por Jesus quanto
pelos apóstolos, deixa claro esse conceito.
Primeiro porque o batismo corresponderia
uma realidade plena do ritual de purificação feita já então pelos sacerdotes levitas,
desde os tempos de Moisés. A diferença
é que, como rito de purificação, o batismo
anteriormente era repetitivo, simbólico e
temporário”. Com Jesus, para os cristãos,
se tornou único, verdadeiro e permanente.
Religião
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O início de uma vida religiosa
maxriesgo . shutterstock
Mas é bom que se diga que num artigo
como este, na Revista Nova Família, estaremos longe de “fechar questão” sobre o assunto. Até porque, para que isso
ocorresse, seria necessária uma minuciosa comparação teológica entre o Antigo
Testamento (que acima de tudo significa
um tempo histórico em que está em vigor
uma Aliança (Testamento) estabelecida
por Deus em Abraão e depois renovada,
entre Deus e o povo israelita) e o Novo
Testamento (a Nova Aliança formada então entre Deus e seu filho Jesus).
COMO FAZEM
JUDEUS E ISLAMITAS
Num pequeno paralelo com as duas outras grandes religiões mundiais, no Judaísmo, quando nasce uma menina, ela
é levada a uma sinagoga e recebe um
nome perante o Torá, o livro sagrado dos
judeus. No caso dos meninos, ele recebe
seu nome durante a circuncisão, diante de
outros dez homens. A iniciação religiosa
propriamente dita se dá aos 13 anos (meninos) na bar-mitzvá, ou aos 12 anos (meninas) no bat-mitzvá. Nas duas cerimônias
os “batizados” devem demonstrar a entrega à nova fé lendo trechos do Torá e orando em hebraico.
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Nova Família
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Já no Islamismo, a primeira coisa que uma
criança ao nascer deve ouvir é o nome
de Deus. Então, o pai diz o Azan no ouvido da criança. O Azan é um culto islâmico
que precede as orações religiosas. Além
disso, ainda na primeira semana de vida,
o bebê tem seus cabelos raspados e seu
peso, em prata, deve ser doado aos mais
necessitados. A criança recebe seu nome
durante o momento do Azan e a família,
posteriormente, oferece o akkik; um banquete normalmente servido com carneiro
como prato principal, já que ele é um animal simbólico na história de Abraão.
O BATIZADO CRISTÃO
Já no Cristianismo, doutrina criada por
Paulo de Tarso (o convertido de Damasco), através das interpretações das palavras de Jesus de Nazaré, há muitas concordâncias e discordâncias (de conteúdo
e forma) as diversas confissões que se
intitulam cristãs.
É praticamente impossível que haja um
texto explicativo completo e isento para
se fazer essa análise de forma minuciosa
e independente. Para cada denominação
(e são incontáveis) existem explicações e
contra explicações a respeito, todas fa-
zendo analises particulares umas das outras, sempre,
é claro, sob sua própria ótica particular.
O arrependimento é condição essencial para o batismo em praticamente todas elas. Mas quando se
pensa em batismo como regeneração e forma de
concessão de vida espiritual, igrejas tradicionais discordam disso, como a Presbiteriana, a Batista, as
Cristãs Congregacionais e as Testemunhas de Jeová.
Dentro de outras nem existe consenso a respeito: Comunhão Anglicana, Metodista e Assembleia de Deus
são algumas das principais.
O batismo de crianças é outro ponto de profunda reflexão entre os cristãos. Enquanto igrejas tradicionais
como a Católica Apostólica Romana, a Ortodoxa, a
Luterana, a Metodista e a Comunhão Anglicana (na
maioria das sub-denominações) o praticam, outras
também não menos tradicionais não concordam.
A alegação é que, sendo um ato de arrependimento, não haveria sentido em imaginar que um recém-nascido ou ainda uma criança em idade muito pueril
tivesse algo do que se arrepender (ou mesmo condição de analisar isso), bem como de pecados a serem
perdoados.
Em alguns casos, como a Católica Apostólica Romana
(maioria absoluta dos cristãos brasileiros), o batismo
deve ser confirmado quando o jovem já estiver em
condição de entender o processo. Isso se dá através
também de dois outros sacramentos: a Primeira Eucaristia (antiga Primeira Comunhão) e a Crisma.
Em passado não muito distante, o padrão do batismo
também foi muito discutido: algumas confissões não
concordavam com a evocação da Trindade (Pai, Filho
e Espírito Santo), fazendo isso apenas em nome do
“Senhor Jesus”. Hoje em dia, apenas os Pentecostais
do Nome do Senhor Jesus continuam com essa prática. No entanto, vale ressaltar que os mórmons, adeptos da Igreja de Jesus Cristo dos Últimos Dias, apesar
de evocarem os três elementos da Trindade, não a
aceitam conforme discutida no Concílio de Nicéia,
em 325 d.C., a não ser apenas como Divindade. Já
as Testemunhas de Jeová, pouco antes do batismo,
confirmam a crença em Jeová, em nome de Jesus.
No momento exato do batismo nada é dito.
A forma da participação da água também varia entre
as denominações: a imersão, a aspersão e a efusão
são utilizadas de forma muito particular de cada uma
delas. Todas com explicações (baseadas em interpretações) dos textos evangélicos e também do Antigo
Testamento.
OUTRAS CRENÇAS IMPORTANTES
ENTRE OS BRASILEIROS
No Brasil, três outras crenças religiosas são também
bastante disseminadas:
No Espiritismo, (doutrina filosófica com aspectos científicos e consequências morais, conforme ela mesma
se define) codificado, em meados do século XIX, por
Allan Kardec (codinome do ilustre professor francês
Denizard Hippolyte-Léon Rivail – nome que consta de
seu auto de nascimento), apesar de se auto intitular
como uma doutrina cristã, não adota nenhum tipo de
batismo.
Já no Candomblé, a criança é batizada num ritual
conhecido como ekomojade. Nele, o pai de santo é
consultado para saber qual o orixá (divindade) do batizado, e então, é escolhido um nome religioso africano
para a criança.Ela também é banhada em vários líquidos. Os orixás são fixados apenas após longo isolamento e purificação, antes da pessoa ser apresentada
a comunidade.
A Umbanda, religião sincrética, que reúne elementos tanto do Cristianismo quanto do Espiritismo e do
Candomblé, tem uma variedade enorme de formas
de batismo, mas todas elas partem do princípio do
batizado cristão que freqüentemente é realizado na
natureza, com especial predileção de seus crentes às
cachoeiras e quedas d’água.
Religião
81
REGIÃO SUL
MARCELINO RAMOS/RS
O município de Marcelino Ramos, localizado no interior do Rio Grande do Sul possuí pouco mais de cinco
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que enchem os olhos dos turistas, e, é onde se localiza o
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hotéis, pousadas e restaurantes.
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€~‚€€~‚~~‚~~‚~‚‚~x‚mo, para tratamentos de saúde, a região recebe todos
os anos milhares de pessoas na temporada de verão.
Outra atração é o City Tour onde são visitados: San€{‚+~‚0~‚~‚0~Q‚.€~~‚0‚
com degustação e venda de queijos, Mirante, Ponte e
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memorial da cidade e do estreito, parada no centro
da cidade com visita à Igreja Matriz e lojas, Sítio
do Vovô Kunze, e para encerrar o passeio, um delicioso
café colonial.
Site: http://www.portaldemarcelino.com.br
Facebook:
https://www.facebook.com/PortalDeMarcelinoRamos
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82
Nova Família
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REGIÃO SUDESTE
PARQUE CACHOEIRA DAS ANDORINHAS /
REGIÃO NORTE
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Site: http://www.ilhadobananaltur.com.br
REGIÃO NORDESTE
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lizada no Parque Nacional do Caparaó, as principa~sendo: Véu das Noivas, Andorinhas, Crianças, Pisc is
Raiz, Pedra, Concha, Ilha do Palmito, entre outrina,
Dentre as atrações, é possível o contato com dive as.
animais, como cavalos e boi para passeio, porcos, aves rsos
zes, pavões, faisões, galinhas, patos, carneiros, jabutru‚‚~~‚‚€‚‚ ‚~‚ tis,
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Destinado a quem gosta de aventuras e natureza
possível caminhar-se por trilhas que dividem os , é
dos de Minas Gerais e Espírito Santo, sendo queesta~‚ ~Q‚ ‚ ~‚ ~~‚ ~‚nas
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necessidades especiais.
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e é preciso atenção para evitar acidentes. Não
faça
aventuras ousadas, caminhe sempre pelas trilhas
e não
pule de pedras altas. Quem estiver com crianças
, prestar atenção redobrada com elas.
Site: http://www.cachoeiradasandorinhas.com.br
Facebook: https://www.facebook.com/parquecachoeir
adasandorinhas
Uma das atrações do Nordeste brasileiro é o Parque Nacio~‚0~‚~‚ ~~~Q‚€‚É~‚‚-~€¾Q‚‚‚€¾‚
de Raimundo Nonato, João Costa, Brejo do Piauí e Coronel
José Dias. Sua criação se deveu a diversas motivações ligadas à preservação do meio ambiente e de um dos mais
importantes patrimônios culturais pré-históricos.
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¯Q‚‚~‚~O±‚‚¾‚~€ológicos com pinturas e gravuras rupestres, com vestígios
antigos da presença do homem. Com uma paisagem variada
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‚‚~‚~tural chamam a atenção para o desenvolvimento do turismo
cultural e ecológico.
Site: http://www.fumdham.org.br
Facebook: https://www.facebook.com/serradacapivara
Lazer & Viagem
83
lazer & Viagem
Férias, momento de trilhar um caminho em família.
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UMA FAMÍLIA, UM
AEROPORTO,
VÁRIOS DESTINOS!
DANIELA VIEK
Entre chegadas e partidas, olhares e despedidas, uma lágrima, um sorriso, uma
história por trás de cada mala, de cada passaporte carimbado, de cada passageiro.
Um sonho, uma expectativa, um horário de chegada, corações ansiosos pelos
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Marília (27) foi morar na Nova Zelândia quando tinha
apenas 17 anos através de um intercâmbio. Seu irmão
Miguel (30), vive no Canadá desde os 20 quando a
matriz da empresa que trabalha como engenheiro o
chamou para atuar nas terras canadenses e de lá não
regressou desde então. Os pais Joaquim e Mariana,
conhecidos como “Sr. e Sra. da Silva”, sempre viveram
no Brasil e estavam prestes a embarcar em sua primeira aventura internacional, mas com único objetivo,
reunir a família nesta jornada.
O ponto de encontro: Aeroporto Internacional de Guarulhos (GRU), o destino: Mochilão pela América do Sul.
Mochilão? Sr e Sra Silva (60)? Sim Senhor! Uma experiência que, segundo Seu Joaquim, que economizou
cada centavo durante muito tempo para emplacar
neste projeto, seria a experiência ideal para vivenciar
a cultura de vários países, contato com a natureza e
permitir à família uma rica troca de emoções e descobertas. E tem idade ideal para isso? Era um sonho que
tinha desde jovem, mas sempre o engavetou devido
à carreira, casa, filhos e tantas outras desculpas que o
“impediram” de realizá-lo.
A espera parece interminável no aeroporto, todos
combinaram de se encontrar na manhã de terça (27
de março) quando os vôos chegariam e a partida para
o Peru, primeiro país da trip, estava previsto para o fim
do dia. O tour englobaria 6 países, respectivamente:
Peru, Bolívia, Paraguai, Argentina, Chile, e por fim, refoto ao lado . PhotonCatcher . shutterstock
gresso ao Brasil. A duração? 30 dias. O planejamento?
1 ano conversando pela internet, definindo roteiros,
compartilhando fotos, levantando custos e sonhando
com cada detalhe, e agora o que todos mais queriam
era embarcarem juntos no mochilão que marcaria
suas vidas, pais e filhos juntos, depois de tanto tempo
vivendo essa aventura.
E o que acontece agora então, você me pergunta?
Bem, os vôos internacionais chegam, eles se reencontram, partem para a tão sonhada e planejada viagem
em família, seu Joaquim vive intensamente cada segundo, chegando a derramar lágrimas ao ver as paisagens que durante sua vida só via por fotos ou na tv e
que passou anos almejando vê-las, mas sempre adiou
e antes que o tarde fosse nunca, vibrou cada dia em
cada país, intensamente por ter conseguido, desafiou-se e à sua família e todos cumpriram juntos a missão.
Para concluir: Marília e Miguel são personagens fictícios, assim como a Sra. da Silva, e quanto ao seu
Joaquim, bem, ele pode ser eu, você, seu pai, vizinho..., qualquer um de nós, que troca nossos sonhos
por desculpas, muitas vezes..., mas, que um dia acorda e vê que ainda não é tarde (esperamos que não
seja mesmo) para realizá-los. Ahh e a viagem, sim ela
aconteceu, espero que você tenha viajado comigo
nesta narrativa e que possa quem sabe vivenciar a sua,
em cada linha, plano, milha, país, sozinho ou com seu
cônjuge, filhos, família inteira..., esse é o meu desejo.
ilustração . Studio DMM Photography, Designs & Art . shutterstock
Lazer & Viagem
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opinião
FAMÍLIAS,
CONTEMPORANEIDADE,
PRECONCEITO,
ADOÇÃO!
NEIDE COELHO BOËCHAT
Nossas famílias já não são mais as mesmas. Aquele
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só. Hoje, cada vez mais, novos modelos se impõem.
A partir dos anos 70, com a revolução dos costumes,
a constituição familiar começou a apresentar os primeiros sinais de mudança, com as uniões de casais
que não mais queriam um casamento nos moldes até
então afirmados, ou seja, a mulher virgem que se casava de branco com o homem amado, cercados por
uma cerimônia religiosa tradicionalmente estabelecida e alimentada pela igreja e por uma festa, socialmente esperada pela sociedade.
Rock and Wasp . shutterstock
Sim, os tempos mudaram. Com o surgimento da pílula anticoncepcional, a mulher libertou-se das imposições sociais por sentir-se com direito às mesmas
possibilidades pertinentes até então ao universo masculino. O peso da virgindade desapareceu, e a liberdade de planejar o advento dos bebês abriu-lhe um
espaço mais seguro para se impor como cidadã, profissional e agente do próprio destino.
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As mudanças vieram a galope. Hoje, a mulher não
precisa mais conservar a virgindade até o casamento,
aliás, o próprio casamento já não se faz mais necessário. Não que não ocorra, mas perdeu o caráter de condição necessária para se constituir uma família. Talvez
Com a mesma simplicidade que se casam, esses jovens se separam, e a separação é também menos
complicada. Basta que o casal não mais se ame e a
relação se rompe. Os filhos já não são vistos nas escolas como diferentes dos colegas porque muitos
passam pela mesma situação. A mulher separada não
é malvista, pois muitas, senão a maioria, também são.
Mulheres e homens muito jovens com filhos e separados novamente se casam, têm outros filhos, e os
filhos de um passam a conviver com os filhos do outros como irmãos. Antigos grupos familiares se reúnem aos novos e constituem uma grande família. Tais
grupos familiares, outrora vistos como escandalosos
e desrespeitosos à moral familiar, são vistos de forma
muito positiva. É preciso constatar a generosidade, a
solidariedade e a real fraternidade entre essas crianças que se tratam como irmãs, quando nem sempre
meias-irmãs são. Do mesmo modo, os pais de um se
fazem pais do outro, na ausência dos pais legítimos.
Assim, a desconstrução do modelo familiar que se
desenvolveu fortemente dos meados do século XX
para os nossos dias começa a apresentar seu lado
construtivo.
nos parecem novas; por outro, não são tão novas assim dadas suas proporções: são muitas as famílias
que assim se reorganizam e já não causam espantos,
furor ou desconforto. Entretanto, uma nova forma começa a se impor e a enfrentar barreiras: a dos grupos
familiares constituídos por homossexuais. A questão
é complexa pelo preconceito. Femininos ou masculinos, são excluídos pela maioria. É doloroso ver como
muitos ainda se escondem da família e até dos mais
íntimos. A maioria se envergonha de sua condição. A
violência que a eles se impõe é um escândalo. Apesar
das leis, a desproteção ainda os isola – às vezes, os
próprios legistas e juízes são, eles mesmos, preconceituosos. Esses casais querem ter o direito de formar
famílias, seja pelos recursos genéticos (inseminação
artificial para mulheres homossexuais) ou por adoção.
Eis a questão paralela: o enorme contingente de
crianças abandonadas à espera de adoção. Esse novo
modelo familiar acena para atender a essa demanda.
É urgente fazer valer o direito que tais pessoas têm de
formar suas famílias e a oportunidade que representam para a adoção dos menores sem lar e sem família.
Arquivo pessoal
não seja exagero afirmar que a vida contemporânea
se orienta por um enorme pragmatismo, balizado por
dois pontos: o desejo e o dinheiro. Assim, é explicado
por dois pensadores: Freud e Marx. Basta que duas
pessoas desejem viver juntas e tenham condições financeiras para que a constituição de família se torne
uma possibilidade. Tudo muito simples – ou bem mais
simples que outrora.
É interessante notar como se desenvolveu esse processo. Em um primeiro momento, os indivíduos estabeleceram nitidamente o individualismo e o lado egoísta; as famílias foram diminuindo,os idosos deixaram
de morar com os filhos para viverem sozinhos, aqueles que não se casaram passaram a viver sós. Enfim,
todos se empenhavam em construir vidas solitárias.
Paralelamente, e, como resultado desse processo,
opera-se nessas pequenas famílias uma desconstrução: os casais que se separam buscam novos casamentos, novas famílias, e surge a chance de exercitar
a aceitação do outro, desafio para quem privilegiava
o individualismo. É preciso fazer valer o altruísmo em
detrimento do egoísmo prevalente. É um movimento demasiadamente humano dessa nova condição.
Por um lado, no contexto histórico, essas formações
Neide Coelho Boëchat é coordenadora
do Curso de Filosofia do UNIFAI – Centro
Universitário Assunção, doutora em
Filosofia e bacharel em Psicologia, autora
de História e escassez em Jean-Paul
Sartre - indicado ao Prêmio Jabuti 2012 na
área das ciências humanas.
Opinião
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SEXO
AUTOESTIMA
FEMININA:
COMO COMEÇAR A TURBINÁ-LA
CLÉO FRANCISCO
E
sse é um assunto que tem me chamado muita atenção nos
últimos tempos, principalmente depois que fiz uma entrevista
exclusiva com Ana Paula Padrão, em maio passado, e ela assumiu que durante muitos anos teve problemas com sua autoestima.
Como assim? A apresentadora admirada, jornalista reconhecida como exemplo de profissional, que já viajou o mundo inteiro em busca de notícias? Pois é.
Mais ainda: Pedi, na ocasião, para ela fazer uma comparação entre autoestima feminina e masculina e reproduzo aqui esse interessante trecho de nossa conversa: “Definitivamente, a autoestima feminina é mais baixa, mais frágil
que a masculina, principalmente em países latinos. As meninas são criadas
para encontrarem abrigo e segurança em algum lugar. São treinadas para
serem servis e não para serem grandiosas, corajosas, desbravadoras. Já os
meninos são criados para desenvolverem esse tipo de talento em si. Elas já
saem em desvantagem”.
Sábia Ana Paula! Algumas de vocês, meninas, já se deram conta que eles
costumam se questionar menos sobre seu potencial? Parecem ter poucas
incertezas. E, mesmo que as tenham, ainda assim, tendem a se aventurar, se
jogar, explorar, ir mais além. Eles acreditam em si, que merecem o melhor,
se dão valor. Quer melhor definição para a palavra autoestima? Já nós, mulheres, geralmente somos mais tímidas, medrosas, titubeamos.
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SimmiSimons . shutterstock
A busca pelo prazer
Creio que entre as razões para esses comportamentos diferentes está a concepção,
alimentada desde a infância, de que seres donos de falos são superiores aos que
possuem vaginas, e portanto, podem mais.
E desde o berço. Querem exemplos? Ainda recém-nascidos, é muito comum os
pais, cheios de orgulho, tirar suas fraldas
e exibi-los aos amigos. É a celebração do
pênis. E assim, claro, eles vão aprendendo
a gostar de seus pintinhos desde cedo.
Os anos se passam e o garoto começa a
explorar seu corpo. Se for visto manipulando o pênis, pode até levar uma bron-
ca. Mas, no geral, entende-se que essa
curiosidade é coisa da natureza masculina, sempre mais aventureira e costuma-se deixar para lá. Sim, facilita muito o
fato de que podem vê-lo e pegá-lo sem
dificuldades. E “ele”, o pênis, se torna quase que uma entidade à parte, chamado
também de espada, estaca e pau e outros nomes que têm a ver com firmeza e
agressividade.
Já “elas” ganham apelidos que sugerem
fragilidade como pombinha e passarinha.
Ou, então, animais repulsivos: aranha, perereca e por aí vai. Meninas aprendem
Sexo
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SEXO
desde cedo que não podem se sentar de qualquer
jeito em público. E ai se, de repente, a calcinha aparecer depois de um gesto mais espontâneo durante
uma brincadeira! É preciso ter modos e recato! Ser
flagrada colocando a mão lá porque também descobriu que pode ser legal, então... E assim elas crescem
com a ideia de que aquela zona, que não pode ser
vista direito sem o auxílio de um espelho, é secreta
e intocável.
Dependendo da relação das mulheres da família com
suas próprias genitálias e da educação sexual que
tiveram, as meninas podem crescer, ainda, com a
ideia de que menstruação é sinônimo de incômodo,
que isso faz parte da infelicidade de ter nascido mulher. E, por ignorância com relação ao próprio corpo,
acreditar que o absorvente interno pode se perder no
organismo, indo parar sabe-se lá onde, entre outras
ideias erradas.
Por isso, pergunto: qual foi a última vez que você pegou um espelho para ver sua vulva? Mês passado?
Há três meses? Em 2013? Não se lembra? O que você
90
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sabe sobre sua região íntima? Conversa com seu ginecologista assuntos como masturbação e desejo?
Aproveito para questionar sua relação com suas filhas: você conversa
com elas sobre sexualidade? Se
questiona sobre preconceitos que,
sem querer, podem estar se perpetuando na cabeça delas? Presta
atenção em frases que ajudam a
reforçar a ideia de que é melhor ter
pênis que vagina? Já pensou no que
isso pode causar para as meninas no
futuro? E na sua casa, os meninos também têm obrigações domésticas? Ou só
elas devem limpar a casa enquanto o irmão pode
ficar na frente da TV ou ir brincar com os colegas?
As mulheres, historicamente, sempre tiveram seu
espaço restrito ao ambiente doméstico e educação
voltada para se aprimorar em cuidar do marido e dos
filhos. Mas todos – famílias, sociedades, países, a economia mundial – ganhariam muito com mulheres que
fossem estimuladas desde cedo a acreditarem em si
e desenvolverem seu potencial. Estudar, se aperfeiçoar, conquistar novos espaços, realizar projetos de
vida faz bem a qualquer ser humano, independente
do sexo ao qual pertença. Muita coisa já mudou, não
discuto isso. Mas estamos longe ainda de uma sociedade que dá a homens e mulheres os mesmos direitos e oportunidades. E a gente pode ajudar a mudar
essa situação dentro de nossos próprios lares, revendo conceitos, atitudes e a forma como criamos nossos filhos e filhas.

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