Layout - Design Editorial. Prova de Leitura

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Layout - Design Editorial. Prova de Leitura
LAYOUT
Design Editorial,
Boas Práticas de
Composição e
Regras Tipográficas
Como fazer?
Inclui dicas para
designers que pagi­nam com InDesign
e Illustrator CS5 e CS6.
P. Heitlinger
TIPOGRAFOS.NET
E-BOOKS. 2012
Como usar este e-book
LAYOUT
Design Editorial
Boas Práticas de
Composição e
Regras Tipográficas
Autor e paginação: Paulo Heitlinger.
Copyright 2011/12 by Paulo Heitlinger.
Todos os direitos reservados para
a língua portuguesa e para
todas as outras línguas.
O exemplar pessoal não pode ser
vendido ou oferecido a outras pessoas
que o proprietário deste exemplar.
Este exemplar pertence a
Prova de Leitura.
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Este documento digital proporciona um
elevado grau de interactividade. O Índice de Temas permite saltar directamente para a página assi­nalada. O Índice Remissivo, no fim do livro, também. Um
clique em «Temas» leva o leitor de volta à página 3. Clique em «Índice Remissivo» para saltar até lá. Os links internos
– as referências cruzadas – também são
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Temas
1.] Design editorial: o que é?............................. 6
O segredo de Brodovitch..........................................8
2.] Os suportes............................................... 9
O tamanho de uma publicação..............................10
3.] Boas Práticas de Composição......................19
Vejamos: o que é «composição»?....................... 20
O milagroso OpenType..........................................29
Primeiro limpar o texto, antes de compor............32
Separar os conteúdos das suas formas de
representação...................................................... 33
4.] Hierarquia de conteúdos........................... 34
Estabeleça uma hierarquia visual...........................35
Um exemplo histórico.............................................38
Determine variantes tipográficas para a hierarquia
de conteúdos......................................................40
Design editorial / página 3
» Temas
Temas
Clicando no número de página, acede directamente à referência...
Escolhendo entre as altas e magras........................56
Mantenha a integridade do tipo ............................57
Não use VERSAIS, mas quando as usar,
use-as com sensibilidade.........................................58
Use versaletes, use-os correctamente...................61
Tipo claro sobre fundo escuro.............................. 62
Aplique iniciais correctamente............................. 67
Diferencie os algarismos!....................................... 69
Os algarismos romanos.......................................... 70
Os algarismos tabelares........................................... 71
Sinais de pontuação: como usá-los.......................72
Para realçar, o itálico. Evite o negrito................... 76
Evite os sublinhados no texto corrido................. 76
Ligaturas, swash e outro estilos..............................78
Formas contextuais................................................. 79
Elevados e rebaixados, fracções e ordinais...........82
Unidades, medidas, abreviações............................83
Caractéres alternativos........................................... 84
5.] Como usar as letras na composição............. 41
6.] Os parágrafos, na composição.................... 86
Conselho para principiantes: go classic!............. 42
Fontes «clássicas».................................................. 43
Os cortes de uma fonte...........................................44
Italic Power!..............................................................45
Comparando as itálicas com as redondas........... 46
Redondas & itálicas................................................ 47
Como combinar fontes num documento?......... 48
Combine as famílias de um clã de fontes..............50
Escolhendo entre as letras gordas.......................... 51
Escolhendo entre as letras finas............................ 54
Formar palavras, linhas, parágrafos, colunas.......87
Mantenha o espaço entre as letras fixo.................87
Como dividir e assinalar parágrafos......................88
Alinhamento óptico................................................ 89
Justificação correctamente usada......................... 90
Justificação «ao centro».........................................91
Partição manual de um parágrafo curto...............92
Variar o espaço entre as letras (tracking).............93
Ajustes de kerning....................................................95
Optimizar o espaço entre as palavras................... 96
Partição de palavras, hifenização.......................... 97
Hífen, meia-risca, travessão - – —;
espaços brancos....................................................... 98
Sinais, setas e ornamentos..................................... 99
Aumente a entrelinha para melhorar
a legibilidade do texto............................................100
Entrelinha: uma questão de fontes......................102
Larguras típicas da coluna de texto.................... 104
Evite viúvas e órfãos............................................... 105
Orientação da coluna............................................. 105
Formas da coluna................................................... 105
Alinhamento com tabuladores............................106
Notas de rodapé......................................................107
Referências, remissões..........................................108
O índices de temas.................................................109
Índice remissivo: valor acrescentado................... 111
7.] Evolução do livro..................................... 112
Primórdios do livro................................................ 114
Livro medieval.........................................................115
Incunábulos ibéricos..............................................117
Livros da Renascença italiana...............................118
Livros do século xvi..............................................120
Génese do livro científico..................................... 123
Livros do século xviii............................................124
Livros do Neo-Classicismo..................................126
Livros de bolso, século xx..................................... 132
Livros, hoje..............................................................134
O Livro, antigo e moderno................................... 137
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Design editorial / página 4
8.] Evolução do jornal...................................143
11.] Magazines & Jornais: estudos de caso....... 223
Por exemplo, The Times....................................... 144
Antes do jornal: as gazetas....................................145
Periódicos, séculos xviii e xix............................. 152
Periódicos, século xix...........................................154
A força dos cabeçalhos...........................................155
Pai nosso.................................................................. 156
Neue Zürcher Zeitung........................................... 159
Harper's Bazaar, anos 30–50............................... 224
Vogue, anos 1910–2010........................................228
die neue linie, anos 40...........................................231
Die neue Gesellschaft, anos 60–70....................233
Direction, Paul Rand, 1939.................................234
Herb Lubalin, anos 70..........................................236
Milton Glaser, uma lenda viva..............................241
twen, anos 60.......................................................... 243
Neville Brody, spreads.......................................... 254
K, anos 80................................................................258
Jorge Silva: Mil Folhas e Y................................261
Ípsilon...................................................................... 264
egoísta (PT), anos 90........................................... 266
Zeit Magazin (de), 1970–2012........................... 269
Wired (eua): o futuro?..........................................273
Amateur Magazine (ch).......................................275
Kinki magazine (ch)..............................................277
Little White Lies (uk).......................................... 280
i, uma revista disfarçada de jornal........................283
9.] Grelhas, grids, Rastersysteme...................163
Sistemas de grelhas,
uma ferramenta milenar........................................ 165
Como preparar uma grelha...................................170
Definir uma publicação (book)........................... 175
Manchas gráficas simples...................................... 183
O conceito de alinhamento..................................184
Balanço..................................................................... 185
Use contrastes!........................................................ 187
Repetição e ritmo...................................................189
Manchas gráficas elaboradas: exemplos.............190
Olimpíadas 72, de Aicher......................................194
Vignelli’s Unigrid....................................................197
Grelhas em móveis, e na Arquitectura................205
10.] Cores...................................................212
Cores no texto......................................................... 213
Usar o preto.............................................................214
Usar cinzento.......................................................... 215
Combinar cores..................................................... 220
Redução da palete cromática...............................222
Corporate Publishing.......................................296
Revistas para clientes: os veteranos................... 297
Revistas de clientes, hoje..................................... 306
Top customer magazines portugueses...............322
A melhor revista de bordo: enRoute...................325
Temas
Blogs sobre Design editorial................................ 347
12.] Infografia............................................ 348
William Playfair & his Charts...............................350
Visualizar números................................................ 351
Charles Minard, visualizador de fluxos............ 354
Pictogramas.............................................................365
Infografia, hoje....................................................... 366
13.] Impressão em papel.............................. 383
Imposição............................................................... 384
Arte final e Impressão........................................... 386
PDF/X.....................................................................387
Gestão de cor..........................................................389
Cuidados a ter quando imprimir
em quadricromia....................................................392
O que devia de saber sobre o papel.................... 394
Papel digital: e-books, tablets, smartphones.... 401
Design editorial para tablets: euforia precoce.. 405
14.] Bibliografia......................................... 408
Bibliografia do Design editorial.......................... 410
Livros sobre Tipografia, publicados
em português..........................................................412
15.] Índice Remissivo...................................416
O autor....................................................................424
Magazine design............................................. 337
Design de revistas: a capa......................................338
Design de revistas, por partes...............................341
Fotografias a preto e branco, nas páginas de início de capítulos: Birgit Wegemann.
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Design editorial / página 5
Temas
Caro leitor,
E
Venda do formato e-book:
termos e condições
ste livro foi concebido como publicação digital. Para
ves retrospectivas históricas que o ajudarão a perceber
chegar ao leitor o mais rápido possível, na versão
a evolução da Imprensa. Ao mesmo tempo, quis focar a
mais actual, ao melhor preço possível. «Layout» pre-
atenção no futuro mais próximo, que parece – tudo o
tende ser, essencialmente, um manual. Um how-
indica – orientado para uma crescente oferta de publi-
Este livro é vendido por Paulo Heitlinger em
-to-book, como dizem os norte-americanos. O leitor vai
cações ditas «electrónicas». PDFs, smartphones, tablets,
forma de exemplar personalizado, que iden-
encontrar inúmeras orientações práticas que lhe servirão
etc.
tifica digitalmente o seu proprietário. O livro/
A
os termos mais importantes são acompanhados
qual a origem deste documento e o seu autor.
várias decisões que irão afectar a estética e a legibilidade
pelas suas traduções em inglês e alemão, visto existir um
O proprietário deste exemplar também poderá
da publicação.
importante cultura tipográfica nos países onde se falam
copiar curtos trechos de texto, para simplificar
estes idiomas.
o processo de citações. Contudo, o exemplar
para melhorar o seu trabalho de paginação, composição
e layout. Contudo, saber fazer layouts não significa apenas resolver uma série de questões técnicas, que se prendem com a aplicação de Boas Práticas Tipográficas e com
T
ambém temos o factor estético, claro. Para passar
terminologia adoptada neste livro está aferida pelos
PDF pode ser impresso pelo proprietário e par-
prontuários escritos pelos profissionais mais com-
tes escolhidas também poderão ser projectado
petentes das «artes gráficas». Ao mesmo tempo,
em sala de aula, por exemplo, se for esclarecida
plos encontram-se, por exemplo, na secção «Magazi-
E
meu email é: [email protected]. Agradeço que me
imediatamente pelos procedimentos jurídicos
nes inspiradores», onde reuni algumas amostras da obra
envie qualquer comunicação que ajude a melhorar esta
que considere necessários, para salvaguardar
gráfica de famosos art directors, como Alexey Brodovi-
publicação.
os seus interesses comerciais e os seus direitos
alguns impulsos e estímulos ao leitor, decidi incluir
uma série de exemplos comentados que me parecem adequados para orientar quem está à procura
de um estilo próprio e de soluções originais. Estes exem-
sta publicação poderá melhorar, à medida que o autor
comprado não poderá ser transferido a outras
for corrigindo gralhas, imprecisões e tentar explicar
pessoas! A «transferência» deste exemplar a
os assuntos de modo mais claro e exacto. Nessa mis-
outra pessoa que não o seu comprador é facil-
são, o leitor pode contribuir de forma significativa. O
mente detectável e servirá para o autor optar
tch (Harper's Bazaar), Herb Lubalin veja página 236
de autor.
(Eros), Willy Fleck­haus (twen, veja página 243), Mil-
Boa Leitura!
ton Glaser (New York), Neville Brody (Face) e Jorge Silva
Paulo Heitlinger
(Mil Folhas). Noutras secções, o leitor encontrará bre-
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Design editorial / 1.] Design editorial: o que é / página 6
Temas
ìndice remissivo
1.] Design editorial: o que é?
Prova de Leitura
Uma profissão multidisciplinar
C
omo disciplina do Design, o Design Editorial orienta-se pelos padrões e pelas directrizes gerais que regem
(ou deviam reger) a actividade de todos os designers:
fornecer produtos em série, a baixo preço, conju-
gando considerações estéticas com a característica mais
elementar de qualquer produto feito por um designer: a
sua utilidade.
Se quisermos pôr o Design de Comunicação no topo
da pirâmide, este vai abranger todas as formas da Comunicação Visual – também a Sinalética, por exemplo – e o
Design Editorial foca-se na edição e produção de brochuras, livros, revistas, jornais e afins.
A prática contemporânea de Design Editorial a nível
profissional baseia-se na longa experiência obtida na pro-
2
CoNFroNtar
INterpelar
QueStIoNar
GUIMARÃES EM 2012
“a agitação é a única
alavanca”
dução de documentos. Além de estar fundamentado na
Também servem para alguma coisa, os maus exemplos.
Tipografia histórica, que começou no século xv, as suas
raízes chegam muito mais atrás: à produção de manuscri-
isso, faz toda a lógica que o designer editorial tenha uma
tos na Antiguidade e na Idade Média.
relação bem íntima com todas estas artes e ofícios. Só
Esta vertente do Design exige não só criatividade,
assim conseguirá materilizar, em tempo útil e de forma
mas também coisas muito menos agradáveis e gratifican-
apelativa, uma publicação com bons conteúdos, sejam
tes: pontualidade, métodos e estratégias racionais, traba-
estes textos e/ou imagens e ilustrações.
lho com estrutura e coerência. Para complicar o assunto,
Não é por acaso que os designer editorais de grande
devemos assinalar que nesta área convergem produções
qualidade – tomemos Jorge Silva, como exemplo – são
oriundas de várias disciplinas: jornalismo, escrita cria-
pessoas extremamente bem informadas sobre o que
tiva, typeface design, fotografia, infografia, ilustração. Por
se faz no mundo da Cultura, das Artes e dos Espectácu-
Ensinam o que deve ser evitado: a composição em
versais, por exemplo. A utilização de chavões sem
conteúdos explícitos, outro exemplo.
Documento patente no site da «Guimarães 2012,
Capital Europeia da Cultura», um péssimo trabalho de
conteúdos (da responsabilidade dos organizadores),
aliado a um péssimo trabalho de design editorial
(responsabilidade da empresa Euro-M).
Viva o diletantismo!
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Design editorial / 1.] Design editorial: o que é / página 7
Temas
ìndice remissivo
los. E também não é por acaso que o Design editorial é
uma
Prova
actividade
de Leitura
profissional regida pelo stress. É impor-
“Um povo qUe decaiU,
não se levanta só porqUe
Um braço forte o sacode
do entorpecimento:
pode despertar por momentos,
mas cairá imediatamente
de novo em letargia.
para acordar definitivamente,
é necessário qUe o sopro de vida
atravesse todo o corpo social,
qUe ponha em actividade todas
as fibras, todos os elementos qUe
o constitUem.
(...)
fazEr pEnsar é tudo.
e a agitação é a única alavanca
qUe pode deslocar esse mUndo:
pois qUe agitar qUer dizer
instrUir, ensinar, convencer
e acordar.”
tante avisar quem se aventura por este caminho que cedo
deverá aprender a controlar os nervos quando estiver sob
a enorme pressão exercida pela calendarização das datas
de entrega de trabalhos agendados.
É importante o designer editorial saber avaliar o que
tem em mãos. Se não receber textos bem escritos e estruturados, não é o seu design editorial que irá salvar a publicação – tal como sucede noutras áreas, em que muitas
vezes se utiliza «design» como cosmética superficial, para
tentar esconder falhas que são demasiado óbvias.
N
o Design editorial, a mensagem escrita não é sempre o elemento mais importante – muitas vezes, a
escrita vem conjugada com imagens. O designer editorial deve valorizar o texto ao máximo – deve lê-lo
atentamente, por exemplo! –, deve pensar na escolha de
ALBERTO SAMPAIO,
guIMarÃeS, 1884
tipos adequados, aplicar as Boas Prácticas Tipográficas,
declarar Guimarães
como Capital
da Cultura é uma
homenagem que
a europa presta a todos
os que construíram
e amaram esta cidade.
É o justo reconhecimento àqueles que a orientam e a todos os que nela hoje vivem,
trabalham e estudam.
É uma conquista geracional, uma singular oportunidade histórica, mas também
uma grande responsabilidade colectiva.
É um pedido que todos os outros europeus fazem aos europeus de guimarães: que
contribuam com a sua energia para impulsionar e promover esta cidade, e que esse
impulso agite o país e a europa, tornando-a mais criativa e culturalmente mais rica.
É este o nosso desafio.
enfrentaremos novos problemas, encontraremos inventivas soluções.
outras competências nos serão exigidas, novas qualificações conseguiremos
desenvolver.
diferentes espaços serão necessários, novas infra-estruturas saberemos construir.
Serão diversas as tipologias, complementares as finalidades e adequadas as
escalas.
12
13
mas também deve ter a sensibilidade necessária para perceber o trabalho dos seus colegas e parceiros – dos fotó-
Será possível compactar tantas e tão penosas
grafos, para dar um exemplo.
asneiras numa página escrita? Será possível fazer
Para bem articular a mensagem escrita, o ingrediente
mais importante é a boa tipografia, claro. Por isso mesmo,
um layout ainda pior que este? Duvido.
mas como o FontLab, que, presentemente, é a ferramenta
P
mais usada por aqueles que fazem fontes digitais a nível
lido de forma agradável e fluida, qualquer texto terá de
profissional. Conhecer as famílias tipográficas de melhor
beneficiar das melhores opções de formatação, composi-
qualidade/estética é um exercício regular que se impõe,
ção e layout. Aqui, o leitor já perceberá porque este livro
e que se traduz em visitas mais ou menos demoradas aos
dá tanto espaço a estas questões.
o Typeface design é uma prática directamente associada
ao Design editorial; é muito aconselhável que um layouter
perceba muito sobre os métodos e processos usados para
produzir letras. Deve ter experiência básica com progra-
web-sites dos especialistas.
ara fazer uma boa gestão dos textos e imagens, assim
Documento patente no site da «Guimarães 2012,
Capital Europeia da Cultura», um péssimo trabalho
como do espaço disponível no suporte eleito, o desig-
de conteúdos (da responsabilidade dos
ner editorial deverá saber tirar partido das virtudes
organizadores), aliado a um péssimo trabalho de
específicas das famílias tipográficas eleitas, para as
design editorial (responsabilidade
utilizar com adequação e critérios de boa leitura. Para ser
da empresa Euro-M).
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Design editorial / 1.] Design editorial: o que é / página 8
O segredo de Brodovitch
Prova de Leitura
A
lexey Brodovich foi
nos, era transportada para a
o primeiríssimo art
escolha e o posicionamento
director (o director
de belas fotos nas páginas
de arte é aquele cria-
duplas do afamado maga-
tivo que é responsável pelo
zine americano.
visual dum magazine). O
As audazes colunas de
design editorial que fez
texto que Brodovitch com-
na Harper’s Bazaar, nos
pôs, não faziam mais do
ano 40 e 50, fez de Brodo-
que parafrasear as silhue-
vitch uma referência cen-
tas das figuras femininas.
tral para qualquer estu-
No fundo, o fascínio pelo
dante que se inicie na arte
corpo humano foi sempre
de fazer revistas. Têm
o motivo central de Brodo-
sido louvadas, com toda a razão, as suas
vitch; a missão que ele se impunha era a de
inventivas ideias gráficas, o seu estilo
encontrar constantemente novas variantes
visual, muito pessoal e único. Como é
para mostrar o ballet da moda feminina. No
que Brodovitch chegava às soluções como
fundo, os spreads da «sua» Harper’s Bazaar
aquelas que se mostram nas páginas con-
eram os palcos para encenar os ritmos do
sagradas à Harper’s Bazaar?
charme e da moda.
Creio que o segredo de Alex Brodo­
Creio que outros grandes nomes do
vitch reside, não tanto nos imaginativos
design editorial – Willy Fleck­
haus (twen),
layouts que produzia, mas na sua prá-
por exemplo, ou Neville Brody – parti-
tica como fotógrafo. No seu modo de ver
lharam com Brodovitch esta intuição pelo
e de encenar as pessoas que fotografava.
corpo, pelo rosto, pelas silhuetas, pelos cor-
Livros seus, como Ballet, mostram que
pos fotogra­fados ao sol e de noite, na rua,
Brodovitch tinha um enorme talento para
por toda a parte. Pois vejamos: o segredo do
captar em fotografias o corpo humano
sucesso de (quase) todos os magazines é de
em movimento. Esta percepção da figura
se manterem bem focados num tema princi-
humana, quase sempre corpos femini-
pal: os seres humanos – «as pessoas».
Alguns abertos de página do livro de fotografia Ballet.
Temas
ìndice remissivo
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2.] Os suportes
Prova de Leitura
Design editorial / 2.] Os suportes / página 9
Temas
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Design editorial / 2.] Os suportes / página 10
Temas
ìndice remissivo
Prova
de Leitura
O
tamanho
de uma publicação
«Format follows function»
V
Tipos de livros
O factor subjectivo
giosa? Um catálogo grosso com 500 páginas? Uma folha
S
tamanho médio das mãos de um adulto. Logicamente,
N
única? Uma história de banda desenhada? Um newslet-
o formato dos livros para crianças deve ser outro: não
que a página seja maior do que realmente o é.
ter para ser lido on screen, no formato PDF? Escolha as
menor, mas maior, para a criança o ler como gosta – de
proporções e formato da página que melhor estejam ade-
preferência, aberto no chão.
ai paginar um livro? Uma brochura de imagem corporativa ou de marketing de produto? Uma revista?
Um jornal? Um manual para acompanhar um produto? Um mostruário? Um livro de devoção reli-
egundo Jan Tschichold, o formato de um livro (mas
também o de todos os outros tipos de publicação,
claro) deve ser determinado essencialmente pela
sua função. Em muitos casos, relaciona-se com o
quadas ao conteúdo do texto e das imagens e do modo de
publicação (print ou online).
Poupe papel!
Cada tipo de publicação implica um formato diferente,
para públicos-alvo diferentes, em situações diferentes. Mas também se deve ter em conta, por razões ecológicas óbvias, que não devemos desperdiçar papel, aproveitando o formato do papel de impressão escolhido da
ote que o tamanho real de uma página não é igual
ao tamanho subjectivo, o formato percepcionado
pelo leitor. Numa publicação com muitas imagens
(numa revista, por exemplo) basta pôr a maioria
das imagens grandes a corte, para o leitor ter a percepção
Quando o leitor não vê os limites de uma imagem
dentro dos limites físicos de uma revista, ou de um livro
ilustrado, tende a completá-la mentalmente, adicionado
Existem várias categorias de livros, com os seus respectivos formatos:
a)aqueles livros aparatosos que brilham pelo luxo visual
(coffee table books);
b)os livros que serão colocados e folheados sobre uma
mesa de trabalho, para estudo;
c) livros para leitura, o leitor sentado numa cadeira ou
num banco, em viagem;
na sua fantasia aquilo que não vê.
As aparências também iludem quando se opta por
uma margem branca generosa, ficando todos os elementos ilustrativos contidos na mancha de texto. Neste estilo
de paginação, a publicação pode parecer mais pequena
do que realmente é.
O tamanho de uma publicação não define automaticamente o tamanho de todas as páginas contidas nessa
maneira mais racional possível. Portanto, antes de pagi-
d)livros de bolso;
publicação. Basta haver páginas desdobráveis no inte-
nar uma publicação, decida com que formato de papel
e)mini-books;
rior, para alterar o esquema de um formato de página
será impressa.
f) dicionários e obras de consulta;
único.
Falando de um modo geral, dentro do formato escolhido, todos os textos/imagens serão tratados de modo
igual (a não ser que esteja a fazer algo totalmente experimental). Para saber os detalhes, consulte os temas «Hierarquia de conteúdos» (veja página 35) e «Grelhas».
g)todos os outros formatos especiais, panorâmicos, por
exemplo.
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Design editorial / 2.] Os suportes / página 11
Prova de Leitura
Formatos ao alto (portrait)
Temas
ìndice remissivo
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Design editorial / 2.] Os suportes / página 12
Temas
Prova de Leitura
:: Dez novas espécies marinhas ao largo do Golfo da Guiné
:: Entrevista com:
Peter Wirtz, investigador do Centro de Ciências do Mar do Algarve
(CCMAR) da Universidade do Algarve, integrou a expedição da National
Geographic Society a São Tomé e Princípe, durante a qual foram detectadas
60 espécies nunca antes identificadas naquela zona geográfica.
A expedição decorreu em Fevereiro deste ano e permitiu ainda concluir
que das 60 espécies, dez nunca haviam sido classificadas, pelo que
representam uma grande descoberta para a Ciência. Os cientistas
chamaram à área de São Tomé e Príncipe um dos hot spots da diversidade
marinha do mundo, ainda mal explorado.
Jamila Madeira
Eurodeputada
De entre as novas espécies descobertas destaca-se um peixe góbio,
pertencente a um novo género, que vive em associação com uma espécie de
camarão.
Desta equipa de investigadores fizeram ainda parte quatro biólogos
brasileiros e dois norte-americanos.
Os resultados da descoberta foram submetidos para publicação na revista
científica Zootaxa, uma publicação de renome internacional.
Natural de Alte (Loulé), licenciada
em Economia pelo Instituto Superior
de Economia e Gestão e detentora
de um currículo político invejável,
Jamila Madeira tem 31 anos e é
Investigadora da UALG descobre nova espécie de raia
Uma investigadora do Centro
de Ciências do Mar (CCMAR) da
Universidade do Algarve descobriu
uma nova espécie de raia “anã”
que até hoje não vinha descrita em
nenhum livro científico.
Maria Esmeralda Costa fez esta
descoberta durante a preparação
da sua tese de doutoramento,
altura em que procedeu a várias
viagens a bordo de arrastões
destinados à captura de crustáceos
decápodes, os quais operam a uma
profundidade que varia entre os
400 e os 1200 metros.
A investigadora do CCMAR
descobriu durante o seu doutoramento
oito exemplares desta nova espécie de
raia em águas algarvias. No entanto,
até à data já foram capturados mais
17, o que perfaz um total de 25
exemplares. Entre estes, surgiram dois
exemplares maduros, nomeadamente
dois machos e duas fêmeas, o que
deu um novo alento à descoberta da
investigadora, dado que assim foi mais
fácil estudar pormenorizadamente os
órgãos copuladores dos machos, factor
imprescindível para a classificação
taxinómica fi nal de uma nova espécie
de elasmobrânquio.
A descoberta de Maria Esmeralda
Costa despertou o interesse de
taxinomistas de renome internacional,
como é o caso de Matthias Stehmann,
que contactou a investigadora a fi m
de proceder à catalogação desta nova
espécie de raia. De acordo com este
especialista alemão, os primeiros
exemplares desta raia anã foram
encontrados há cerca de 20 anos, no
Golfo de Cádiz. Matthias Stehmann
juntou-se posteriormente a outro
taxinomista francês, Bérnard Seret,
e Esmeralda Costa para iniciarem o
estudo desta espécie ibérica de raia.
deputada no Parlamento Europeu
desde Julho de 2004. Integra várias
comissões parlamentares, o que lhe
deixa pouco tempo livre para se
dedicar a leituras de puro prazer,
mas, na agradável conversa com a
UALGzine, sempre vai aconselhando
a leitura de Valsa Lenta, de José
Cardoso Pires, “um livro terapêutico
que nos faz olhar para dentro de
nós próprios, do lado de fora”.
Formatos ao alto (portrait)
UALGzine, uma revista ilustrada publicada pela
Universidade do Algarve, Algarve, Portugal. Normalmente, as capas desta revista têm sido bastante
mais originais que o miolo desta publicação dita
«científica». Design editorial e paginação: Patrícia
Conde e Hugo Serôdio, da You_Mix, uma empresa
de design e comunicação. Tem a sua sede em Pêra
(Algarve), mas também tem escritórios em Lisboa.
UALG - O Processo de Bolonha
traduz-se num espaço europeu
de educação. Vantagens?
Jamila Madeira (JM) - O Processo
de Bolonha tem um pressuposto
importante que permitirá criar
condições para que no espaço da
União Europeia a mobilidade seja
uma realidade (de uma maneira
pragmática), fácil de implementar para
quem se queira movimentar académica
ou profissionalmente. Este Processo
permitirá acabar com um conjunto
de entropias que impedem que essa
mobilidade seja uma realidade. É
também muito importante porque
gera debate e troca de opiniões entre
as instituições académicas, que têm
de gerir entre si um projecto europeu
de educação. Relativamente à nossa
realidade e aos processos técnicos
nacionais, acho que não vai ser
fácil, porém, como costumo dizer,
os portugueses levam algum tempo
a mentalizarem-se, mas quando o
fazem, fazem-no bem. Por isso, vamos
facilmente integrar-nos num espaço
europeu de educação e estamos
conscientes das vantagens que isso
trará para todos os profissionais do
processo educativo, oferecendo uma
nova visão do mundo àqueles que
ensinam e aos que aprendem.
UALG - O Gabinete que abriu em Faro
(Março de 2005) pretende ser uma
espécie de Parlamento Europeu no
Algarve ou uma ponte para o mesmo?
JM - Devemos criar todas as pontes
que permitam estreitar o contacto com
a população. O que se pretende com
este Gabinete é criar uma ponte ainda
mais sólida porque, normalmente,
existe uma distância muito grande
a separar as instituições europeias
do cidadão e do seu processo de
decisão enquanto os dossiês estão
em curso. Existe um desfasamento
temporal muito grande, só dois ou
três anos depois de serem discutidos
no Parlamento Europeu é que os
dossiês têm aplicação directa sobre
o cidadão. Ora, é preciso construir a
lógica da democracia participativa e,
para isso, é necessário que as pessoas
estejam engajadas nos temas. Neste
Gabinete os cidadãos têm acesso a
toda a informação no âmbito da União
Europeia, pretende-se constituir um
veículo de informação e ligação entre a
actividade parlamentar, em Bruxelas e
Estrasburgo, e os problemas concretos
do Algarve e do País.
“Neste momento a questão da
estratégia de “Fazer mais com menos”
é uma preocupação dos cidadãos, é
uma preocupação das empresas e é
uma preocupação dos Estados.”
O Gabinete também pretende
promover, sempre que possível, acções
de formação sobre temas comunitários
com a colaboração de personalidades
ligadas às actividades e aos objectivos
da U.E.
O público estudantil constitui um
dos alvos da acção do Gabinete, que
se desloca às Escolas para realizar
sessões de esclarecimento sobre
qualquer temática europeia.
UALG - Na sequência do Livro Verde
“Estratégia Europeia para uma energia
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Prova de Leitura
Design editorial / 2.] Os suportes / página 13
Formatos especiais
A
o longo da história do livro e das publicações, têm surgido os mais particulares forma­
tos, fruto dos caprichos dos que os pagaram,
ou fruto da invenção de livreiros, impresso-
res e encadernadores. Um testemunho é o livro
em forma de coração, produzido durante a Renascença. Outro tipo de livros são os chamados pop-up
books, que quando abertos, fazem aparecer formas
em três dimensões...
Temas
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Design editorial / 2.] Os suportes / página 14
Prova de Leitura
Formatos ao largo (landscape)
Temas
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Design editorial / 2.] Os suportes / página 15
Temas
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Formatos ao largo (landscape)
Prova de Leitura
AF_29,7x21_Insti_CAPA_2010_IN 09/03/10 11:48 Page 1
E
sta brochura publicitária
(Turismo na Madeira)
mostra um magnífico
aproveitamento das
possibilidades proporcionadas
por um formato ao largo, que
mostra ao leitor as fotografias
«em panorâmica». Posicio­
nando fotos de paisagens
e outros motivos de modo a
ultrapassar a linha mediana,
o efeito «panorama»
intensifica-se...
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GASTRONOMY
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OF MADEIRA
Discover the regional flavours beginning with some typical starters: bolo do caco (similar to unleavened bread)
with garlic butter, grilled limpets, tomato and onion soup or black scabbard fish roe, are just some of the treats
you cannot miss. As a main course try the famous pork marinated in wine and garlic, or the legendary beef
espetada, grilled on a skewer made from a laurel stick. And since you're on an island, make the most of the
fresh fish: sample the black scabbard fish fillet (espada), tuna steak with fried maize (atum com milho frito) or
grilled wrasse (bodião).
Madeiran gastronomy has been influenced by all the cultures that
passed through the islands over hundreds of years and left their mark.
From typical restaurants to fine dining, in Madeira you'll find traditional fare based on the freshest regional
products as well as contemporary cuisine that reinvents them, using them in original and sophisticated ways.
In the must-visit marketplace, where colour, aroma and flavours blend, you will find the varied produce that
make Madeiran gastronomy so rich and diverse.
12. madeira
madeira .
13
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Óptimas soluções de formatos de revista largos.
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Prova de Leitura
«Subúrbio», uma foto panorâmica do autor, obtida com
uma câmara digital da mais recente geração. Para publicar
este tipo de imagens, terá de ser escolhido um formato de
livro extra-largo. Em baixo: «Claustro».
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Design editorial / 2.] Os suportes / página 18
Prova de Leitura
Livrinho em formato extra largo, editado para
publicar fotografias publicitárias. Strathmore Paper
Mill, Woronoco, Mass. Roxbury Photo Co. ,: c1912.
Medium: 1 photographic print : gelatin silver ; 6 x
34 in. Library of Congress Prints and Photographs
Division Washington, D.C. 20540 USA
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Design editorial / 3.] Boas Práticas de Composição / página 19
3.] Boas Práticas de Composição
Prova de Leitura
Temas
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Design editorial / 3.] Boas Práticas de Composição / página 20
Temas
Prova de Leitura
Vejamos: o que é «composição»?
Composição com caractéres metálicos, para uma oficina
tipográfica histórica. Museu Plantin-Moretus, Antuérpia.
A composição de textos é uma prática
profissional profundamente enraizada em
actividades que vêm sendo praticadas há
mais de 550 anos, desde que Johannes
Gutenberg imprimiu o primeiro livro com
caractéres metálicos. Não só as questões
técnicas, como a própria estética que define
uma página «bem composta» surgiram na
Renascença e continuam a exercer uma
influência dominante nos processos que
hoje se processam por computador. O que
justificaria a seguinte introdução histórica.
A
ntes ainda de se usarem tipos metálicos, a xilogravura foi um processo amplamente usado para compor e imprimir imagens – e texto. Para obter uma placa xilo-
gráfica, desenhava-se sobre a madeira a imagem a ser reproduzida; de seguida, com um
buril desbastava-se a placa nas zonas sem imagem. Este tipo de impressão não permitia traços
muito finos – devido à fragilidade da matriz de
madeira. Este proccesso serviu na China para a
impressão de gravuras e alguns textos e tornou-se muito popular na Europa a partir do início
do século xv. Foi o primeiro método de impres-
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Design editorial / 3.] Boas Práticas de Composição / página 21
Temas
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Prova de Leitura
são que fornecia um elevado número de reproduções
Na prática da composição manual, que transportou
iguais. Na Europa, a xilografia também foi usada para a
para a página impressa os canônes já estabelecidos pelos
impressão de livros (Blockbuch), mas este procedimento
calígrafos profisionais, estabelece-se toda a terminolo-
demorado exigia letras relativamente grandes e não per-
gia tipográfica que hoje usamos. Quase todos os termos
mitia um elevado número de impressões, como seria
e conceitos que irão ser discutidos em pormenor neste
desejável para a edição de livros.
livro, foram estabelecidos entre 1450 e 1500: tipo, fonte,
Na Europa, como já havia acontecido no Oriente,
corpo, peso, corte, espaçamento, entrelinha, justificação,
a xilografia teve maior uso para reproduzir imagens.
alinhamento, margens, colunas, abrir brancos, empagi-
Embora rudimentar, a xilogravura foi o método que
nação, imposição, etc, etc.
impulsionou o progresso da reprodução gráfica; serviu a
Gutenberg para a criação dos caractéres móveis.
A
composição manual de texto designa a composição feita por um com­positor (humano), com tipos
móveis de metal. Este método de composição,
inventado por Johannes Gutenberg por volta de
1450, faz parte da Tipografia histórica.
Mecanização da composição
P
assados 380 anos após a revolucionária invenção
de Gutenberg, a impressão ainda conhecera pou­
cos aperfeiçoamentos tecnológicos. Foi só no final
do século
xix
Composição manual feita por um com­positor, com
que surgiram sistemas semi-automáti-
tipos móveis de metal. O aparelho que segura na
cos de composição de tipos para acelerar a montagem dos
mão é o componedor. Permite juntar os caractéres
textos a serem impressos.
necessários para formar uma linha de texto.
Depois de fundidos e rectificados, os caractéres de
As máquinas que então vão substituir o mestre com-
chumbo eram guardados em caixas de madeira, divididas
positor manual nas oficinas tipográficas são a Lino-
em quadrantins. As letras maiúsculas ocupavam a parte
type (1886) e a Monotype (1893). Com a introdução des-
superior (caixa alta), as minúsculas e os algarismos ocu-
tes aparelhos providos de teclados semelhantes aos das
um operador de Lino­type podia compor o equivalente à
pavam a parte inferior (caixa baixa). Algumas secções
máquinas de escrever, a composição de textos mecani-
produção de sete ou oito compositores manuais.
estavam reservadas para glifos especiais – as ligaduras,
zou-se. A linotipia designa uma composição semi­-au­
por exemplo.
to­­má­tica, realizada com robustas máquinas (Linotype,
são de um dado livro, a agrupação dos tipos metálicos era
Com uma Lino­type, equipada com chumbo em ponto
desfeita e os tipos de chumbo voltavam aos seus lugares
líquido, era possível compor uma linha inteira de texto;
A
na caixa de madeira. Por essa razão, os tipos são tradicio-
esta linha, assim que batida no teclado da máquina, era
inventada. Em 1887 aperfeiçoou a tecnologia, para con-
nalmente chamados «móveis»; melhor seria tê-los cha-
imediatamente fundida. Com esta meca­nização, a produ-
quistar, primeiro os Estados Unidos, e depois o mundo
mado «reutilizáveis».
tividade do processo de composição subiu drasticamente:
in­tei­ro.
Depois de serem usados para a composição e impres-
Monotype ou Inter­type).
máquina de composição que teve o maior sucesso
foi a do emigrante alemão Ottmar Mergenthaler,
inventada no ano de 1884, em Baltimo­re, nos EUA.
Sob a marca Mergenthaler Lino­type, começou em
Nova Iorque a produção em série da máquina por ele
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Design editorial / 3.] Boas Práticas de Composição / página 22
Temas
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A marca Linotype seria em breve sinó­nimo de «Tipografia
Provaede
Composição» – e
Leitura
de uma em­presa a vender com
grande sucesso a nível mundial.
A Linotype produzia impressos a baixo custo. Na
Tipo­grafia tradicional o texto era composto à mão, juntando tipos móveis um por um. Com uma máquina Linotype, equipada com chumbo em ponto líquido, era possível compor uma linha inteira de texto; esta, assim que
batida no teclado da máquina, era imediatamente fun­
dida e inte­grada na composição de colunas e de páginas.
Um teclado da máquina de composição Monotype. Foto: University of Reading.
A produtividade aumentou na proporção em que um
composição de livros. Em 1896 surgiu a pri­meira Mono­
operador de Linotype podia compor o equiva­lente a sete
type. Esta máquina de composição tinha uma fun­didora
ou oito compositores manuais! Não admira pois que estes
de tipos e um módulo de teclado, sepa­rado da fundidora;
monstruosos compositores semi-automáticos, com o
deste modo, o operador não ficava exposto aos nocivos
peso de várias toneladas, fossem um enorme sucesso de
vapores do chumbo líquido.
vendas.
A Linotype dava melhor performance no quick printing, na acelerada composição de jornais; a Monotype,
outra máquina de sucesso, era mais adequada para a
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Design editorial / 3.] Boas Práticas de Composição / página 23
Temas
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mente (1897). Ainda assim o teclado de
Prova de Leitura
276 teclas só obteve a sua forma definitiva
depois de mais dez anos (1908), especialmente com aperfeiçoamentos nas bobinas
de perfuração.
Uma bobina fornecia a longa fita de
papel que era perfurada para registar a
sequência dos glifos batidos no teclado.
Transmitidas à fundidora quais os tipos
a serem fundid0s, segundo o texto composto, saíam os tipos compostos em palavras e linhas justificadas. Uma vantagem importante da separação das funções composição/fundição era o facto de
a matriz permitir correcções pontuais, em
proveito da qualidade final do impresso.
T
olbert Lanston (1844–1913), advogado e inventor norte-americano
nascido em Troy, Ohio, patenteou
o Monótipo (1887), uma máquina
A
Monotype foi utilizada universal­
mente,
permitindo
compor
no
teclado sete mil letras por hora,
enquanto que a fundidora podia, sem
esforço, fundir todo o trabalho de com-
Um teclado Monotype. Em 1896 surgiu a pri­meira Mono­type. Esta máquina
de composição tinha uma fun­didora de tipos e um módulo de teclado,
sepa­rado da unidade fundidora. Deste modo, o operador não estava
exposto aos fumos nocivos do chumbo.
para fundir e compor tipos, em Washing-
posição produzido ao teclado. O prin-
ton. Foi exibida na Feira Mundial de
cipal campo de aplicação da Monotype
Columbia, em 1893. Lanston inventou
eram os trabalhos de composição de livros
como Monotype Corporation Ltd. Esta
sição, abandonando gradualmente o
uma máquina de composição formada
e as tarefas mais complicadas, como as
acabou por ser dividida em três:
«hot metal», a composição a quente. Em
por duas componentes: uma fundidora de
tabelas.
1.) a Monotype International, que produ-
1998, a Agfa-Compugraphic comprou a
tipos e um módulo de teclado, separado
A Lanston Monotype Machine Com-
zia fotocompositores;
Monotype, passando esta a chamar-se
da fundidora. Esta primeira patente foi
pany, fundada por Lanston em Washing-
2.) a Monotype Limited, produzindo
Agfa-Monotype.
obtida para um modelo que não chegou a
ton D.C. em 1887, precisava de fundos, e
ainda «hot metal machines»
ser construído em série, pois ainda tinha
para tal fundou uma sucursal em Lon-
3.) a Monotype Typography, que dese-
imperfeições. Só em 1896 surgiu a pri-
dres, no ano de 1897 – a Lanston Mono-
nhava e vendia typefaces.
meira máquina Monotype funcional que
type Corporation Ltd. Em 1936, a Lans-
No ano de 1955 a Monotype começou
pode passar a ser produzida comercial-
ton Monotype foi posicionada na bolsa, já
a produzir máquinas de fotocompo­
E
m 2004, o bloco Monotype foi adquirido pela investora TA Associates de
Boston, e esta nova empresa chama-se agora Monotype Imaging.
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Temas
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Prova de Leitura
A fábrica onde eram produzidas,
em série, as compositoras
Monotype. Em 1896 surgiu a
pri­meira Mono­type.
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Prova de Leitura
P
ropaganda e realidade. Em cima, à esquerda,
a capa dum prospecto da empresa Linotype;
ao lado, as condições reais de trabalho.
O chumbo em ponto líquido emanava gases
tóxicos, pelo que foi necessário proceder à
exaustão dos mesmos.
A máquina de composição que teve o maior
sucesso a nível mundial foi a Linotype de Ottmar
Mergenthaler, inventada em 1884.
Temas
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