UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA

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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA
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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA
CENTRO DE ORGANIZAÇÃO DA MEMÓRIA - CEOM
PEC - QUILOMBO
ENTREVISTADO: Iracy Isabela Picolotto Faresin.
ENDEREÇO:
DATA: 13/12/1999
ENTREVISTADORES: Elisabeth Zilio
Nilce Ravanello
Raquel Paula Daneluz
ASSUNTO: Primeiros tempos, trabalho, festas, relações étnicas, religiosidade, relações de
gênero.
NOMENCLATURA: I.I.P.F. - Iracy Isabela Picolotto Farezin.
E. V - Elisabeth Zilio.
Entrevista feita por Elisabeth Zilio no dia treze de dezembro de mil novecentos e noventa e
nove (13/12/1999) à 18: 50 horas, estamos na casa da dona Iracy Isabela Picoloto Faresin,
na Avenida Coronel Bertaso, quilombo, Santa Catarina, onde faremos uma entrevista sobre
Quilombo, na qual esta fará parte da pesquisa que está sendo elaborada pra a construção da
história de quilombo.
1. E. Z. - Dona Iracy qual é o seu nome completo?
I.I.P.F. - É Iracy Isabela Picoloto Farezin.
2. E. Z. - Qual sua idade?
I.I.P.F. - Sessenta e nove.
3. E. Z. - O seu estado civil?
I.I.P.F. - É viúva.
4. E. Z. - Qual é a sua origem?
I.I.P.F. - Brasileira.
5. E. Z.- O nome dos pais?
I.I.P.F. - É Hilário Roberto Picoloto e Clementina Davólio Picoloto.
6. E. Z. - A quanto tempo mora em Quilombo?
I.I.P.F. - Quarenta e oito anos.
7. E .Z. - Quando a senhora veio pra Quilombo a senhora já era casada?
I.I.P.F. - Já era casada e tinha uma filha com um ano.
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8. E. Z. - E quando vocês chegaram em Quilombo, aonde ficaram instalados?
I.I.P.F. - Nós se instalemo na casa do Luiz Spanhol, que tinha uma casa grande aí ele
cedeu uma parte pra nós, nós moramo na casa dele... daí o meu... o meu marido que era
dentista né, trabalhava de dentista quando nós viemo pra cá daí ele trabalhava de dentista
mas como o pessoal era muito pouco aqui em Quilombo né, não tinha ninguém quase, as
primeiras famílias como nós né, e mais umas daí nós trabalhamos até na roça...
E.Z. - Ahã.
I.I.P.F. - Morava o Luiz Spanhiol na frente onde é a igreja agora né, tinha uma casa grande,
agora eles desmancharam, aí nós trabalhava um pouco na roça assim pra, pra mais pro
gasto dentro de casa e ele trabalhava de dentista, quando tinha alguém que precisava de
alguma coisa ele até ía né.
9. E.Z. - Ahã... ele já era, ele tinha formação ou ele...
I.I.P.F. - Ele era prático.
E.Z. - Prático?
I.I.P.F. - Prático.
E.Z. - Ahã.
I.I.P.F. - Só prático.
10. E.Z. - Vocês vieram daonde?
I.I.P.F. - Daonde nós viemo, de Casca, Município de Guaporé.
11. E.Z. - Já vieram com a intenção de trabalha...
I.I.P.F. - Sim nós já viemo eu e ele coma criança nós viemo que nós queria trabalha aqui
né, como dentista e o sonho dele era se farmacêutico, trabalha com farmácia né?
E.Z. - Ahã.
I.I.P.F. - Aí nós viemo pra cá ele ando trabalhando de dentista depois quando melhoro
mais um pouco as estradas, entro um pequeno ônibus que tinha como í pra Xaxim, pra
Chapecó, daí ele começo a faze um curso por correspondência de farmácia... ele fazia por
correspondência e cada seis meses ele ía presta exame em Florianópolis... até que isso eu
acho que foi uns três anos daí ele termino daí ele começo a trabalha assim com Farmácia
né, com remédio foi comprando aos pouquinho, foi comprando, ía pra Chapecó, quando
dava porque não era sempre que tinha condições de í né, que não tinha se chovia muito não
tinha ônibus né, não tinha como só de apé ou a cavalo ou de carroça né, daí nós fomo até
que conseguimo monta uma farmácia né.
E.Z. - Ahã.
I.I.P.F. - Desde que nós chegamo aqui ele já trabalhava de dentista e montamos a
farmácia e trabalhamos tanto trinta e cinco anos... depois até ele falece né, quando ele
faleceu daí eu desisti também da farmácia e vendi, nós trabalhamos trinta e cinco anos aqui
em Quilombo com farmácia .
12. E.Z. - Nessa época que vocês tavam trabalhando com a farmácia, como é que era assim
o, os remédios como eles chegavam até aqui, vocês faziam pedidos como é que era?
I.I.P.F. - Não era o seguinte ele mesmo ia comprar em Chapecó ou Xaxim conforme
precisava né, porque não era muita gente naquela época né, era o mais necessário mais
devagar né, aí com o tempo ia compra em Chapecó ou Xaxim né, ou nóis ia pra Xaxim né,
na época não tinha estrada í agora por aqui né, só aqui pra Marema, Xaxim, Lageado
Grande, depois ia pra Chapecó né, e depois foi até que foi aumentando, foi assim, entrando
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mais gente, mais condições também né, ônibus essas coisa daí começo a entra algum
viajante daí depois que começo a entra o viajante então a gente fazia só por pedido né, nos
primeiros anos tinha que í busca em Chapecó ou Xaxim.
13. E.Z. - Vocês iam com condução própria ou alugada?
I.I.P.F.- Olha no começo tinha um ônibus... um tal de Bernardi ali que eles conseguiram
por um ônibus só que quando chovia a gente levava dois dia ou até três pra í e volta, depois
uns dois anos eu acho pouco, nós compramos um jipe então o primeiro jipe que entro em
Quilombo... aí nós ia de jipe né, até que dá quantos anos nós continuamos com o jipe né,
até que melhoro as estrada e melhoro mais daí então a gente compro um outro carro né,
mas quem fazia mais transporte pra leva doentes pra fora se precisasse era com a jipe.
14. E.Z. - Com o jipe?
I.I.P.F. - Com o jipe.
15. E.Z. - E naquela época já tinha rodoviária?
I.I.P.F. - Não tinha rodoviária tinha não, o ônibus saía da casa do dono né.
16. E.Z. - Da casa do dono?
I.I.P.F. - É.
17. E.Z. - E a senhora ah, auxiliava o seu marido ou a senhora tinha uma outra ocupação?
I.I.P.F. - Não, eu auxiliava ele, fazia o meu serviço
doméstico né depois eu ajudava pra ele né... naquela época só eu e ele e nós tinha, ele tinha
uma menina quando vim de lá e já veio mais uma né aí nós fomos criando os filho e
trabalhando nós dois.
18. E.Z. - E a noite como é que era, muitas pessoas procuravam ajuda depois que vocês já
estavam com a farmácia montada?
I.I.P.F. - Muita gente, muita gente , era noite a gente levantava várias vezes de noite pra
atende os doentes, a gente sempre levantava com boa vontade porque ele, o Hélio ele era
muito assim, ele gostava muito dessa profissão, ele gostava muito de atende os doentes, ele
não deixava de atende fosse frio, fosse chuva ou fosse qualquer coisa ele levantava, noite
ele levantava, me lembro também as vezes três, quatro vezes por noite né, que era só ele,
não tinha outra coisa aqui não tinha outros meios né.
19. E.Z. - Não tinha hospital na época?
I.I.P.F. - Não tinha hospital, não tinha médico não tinha nada, isso foi anos né, depois
que veio um médico daí...
20. E.Z. - Então ele trabalhava como dentista e como farmacêutico também?
I.I.P.F. - É, e farmacêutico também.
21. E. Z. - E a senhora saberia nos dizer em média quantas pessoas mais ou menos assim
atendiam por semana?
I.I.P.F. - Olha, agora isso é meio difícil né, porque um, no começo não tinha muitas
pessoas né, tinha lá que umas quinze, vinte famílias que moravam aqui né, aqui dentro mais
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os fora que vieram mora direto pra colonia aqui, mas durante a semana a gente sempre
atendia agora no começo não era lá muito porque não tinha também né...
E.Z - Ahã.
I.I.P.F. - Muita gente era pouquinha né, depois foi aumentando e teve época que a gente
atendia até trinta, quarenta pessoas por dia né, que não tinha outros meios, era só aqui.
22. E.Z. - E depois que o Hospital foi construído existiu alguns tipos de, de discriminação
por parte do pessoal ou eles continuaram vindo procura ainda direto a farmácia ou já iam
pro Hospital?
I.I.P.F. - O pessoal que quer se referir ou o dono do... do Hospital?
E.Z. - Não, qualquer que fosse, mesmo por parte das pessoas ou depois que o hospital
teve que vocês tiveram assim alguma pressão por parte deles, desisti do negócio já que o
seu Hélio não tinha...
I.I.P.F. - Tivemos, tivemos com o pessoal, só que nós superamos isso porque ele foi o
primeiro que veio aqui né, daí o pessoal mesmo se revoltaram contra né, não quero desfaze
aquele do hospital porque claro o hospital precisava aqui só que naquela época eles eram
mais acostumados com nós né, então eles vinham mais aqui do que no hospital, no hospital
mesmo só se precisasse ou se o Hélio mandasse, olha não é comigo, você procura um
médico no hospital daí eles iam no hospital, senão eles continuavam vindo aqui na nossa
farmácia.
23. E.Z. - E quando as pessoas não encontravam os remédios e o caso era urgente o que
que eles faziam quando não tinha hospital?
I.I.P.F. - Tinha que í pra Xaxim, Chapecó mas era o jipe que ia leva né, era o Hélio que
levava.
24. E.Z. - Ele mesmo encaminhava?
I.I.P.F. - Era o recurso que encaminhavam pra lá quantas e quantas viagens.
25. E.Z. - Quais eram os maiores problemas que tinha, doenças?
I.I.P.F. - Ah, naquela, naquela época como também ele tinha estudado mais assim, mais
coisa não muito né, era assim, era problema de , desaranjo né, desidratação, dor de ouvido,
inflamação nos intestino, dor de barriga ah, apendicite, aquilo a gente já sabia que tinha que
í direto faze cirurgia né, mais era isso né.
26. E.Z. - Acidente alguma coisa?
I.I.P.F. - Acidente até que, sabe que na época a gente no começo a gente quase, não sei
não via acidente não é que nem agora mas caso contrário se fosse um acidente também já
levavam pra...
27. E.Z. - Um caso mais grave então era levado pra fora?
I.I.P.F. - Sim era, levado pra fora.
28. E.Z. - E o pessoal por exemplo, que vivia mais no interior, vocês tavam na cidade eles
também vinham...
I.I.P.F. - Vinham, aí vinham todos ou a cavalo ou de carroça porque outros meios não
tinha de transporte, ou a gente mesmo ia
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pega com o jipe né, eles vinham avisa e a gente ia pega a pessoa se ela não tivesse boa né,
e naquela época tinha o seu Manica que morava aqui né, e ele tinha uma casa grande então
as vezes quando acontecia que um não tasse bom, que não tasse em condições de volta
pra casa, nós, ela passava ali na casa do seu Manica né, daí o Hélio ia atende ele né, ele
ficava ali dois dias, três até que ficasse bom depois ele ia pra casa, era tipo meio, meio
hospital né, mas só mesmo em casa né se precisasse fica né.
29. E.Z. - Ahã... a senhora lembra de algum caso talvez que, que não conseguiam atende
porque o, o rio não dava passo porque não tinha ponte, alguma dificuldade que foi
encontrada pra atende essa pessoa, a senhora lembra algum caso pra conta pra nós?
I.I.P.F. - Mas agora dificuldade nós tivemos bastante, na época e tinha rio, o rio quilombo
mesmo né, uma parte do pessoal morava pro lado de lá e nós morava pro lado de cá, então
quando chovia o rio ficava cheio e não tinha ponte, era só pinguela como diziam né, daí não
tinha meios, então quando uma pessoa ficasse doente do lado de lá, e que acontecesse isso,
uma pessoa que sabia escreve um pouquinho pegavam e escreviam um bilhetem oh a
pessoa tem isso e isso e isso daí eles pegavam, enrolavam esse bilhete e faziam um pacote
e atiravam pro lado de cá do rio daí o Hélio ia pega o bilhete e ia lê daí conforme mandavam
ele pegava enrolava um pacote de remédio e atirava pro lado de lá inclusive se precisasse
de injeção ia a seringa junto também né, só que o rio não era muito largo daí era fácil de
atira de um lado pro outro disso ali a gente fez bastante sabe o problema ali porque não
meios de passa o rio, não tinha então a única solução era isso ali que resolvia né, até que e
graças a Deus sempre... sempre tivemo sorte, as pessoas sempre molhoravam, sempre
ficavam boa, nunca acontecia acidentes piores né, eu sei que a gente já teve bastante...
30. E.Z. - Como é que era o nome completo mesmo do seu marido?
I.I.P.F. - Era Hélio Antônio Farezin.
31. E.Z. - Que idade que o seu Hélio tinha quando vocês vieram pra Quilombo?
I.I.P.F. - É, vinte e três anos.
32. E.Z. - Ah, e quais foram as principais dificuldades ah, que vocês encontraram logo que
vieram mora pra cá?
I.I.P.F. - Ah, dificuldades é bastante né, porque nós saímos de lá de... de Rio Grande do
Sul né, ai era só eu e ele e uma menina aí nós viemos de ônibus até uma altura daí viemos,
uma altura rivemos que vim de apé, também porque não tinha condições né, e nós não
tinha, levamo só a roupa junto né, e a nossa mudança era pequena porque nóis tinha pouco
de casado morava junto com a sogra depois nós se mandamo pra cá né, ai nós fomo
quando nós chegamo viemos pra cá nós paramos em Simão Lopes, em Fernando
Machado primeiro eu tinha uma tia que morava lá e nós paramos na casa dela, ficamos lá
porque nós não tinha nada pra instala uma casa né, só roupa mesmo daí ficamos quase um
ano lá com ela ai depois veio um caminhão de lá com uma outra mudança daí trouxe a
nossa mudançinha então nos alugamos uma casa lá em Fernando Machado, alugamos uma
casinha daí nós pegamos a nossa mudançinha daí compramos um fogão, compramos uma
mesa e a pia, naquela época não tinha pia né, quem tinha pia era gente muito rica nós a
nossa pia era um atábua fora da janela da cozinha a gente abria a janela e botava uma tábua
pra fora, empregava ela direitinho e a gente lavava louça lá e não tinha outros meios não
tinha pia então pra nós também era , a gente era acostumado a gente tinha tudo lá né, e
vindo pra cá nós sabia que nós vinha pra cá pro nosso bem e nós viemo a gente se sentia
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bem a gente sempre tava contente, alegre nós trabalhava de dia e de noite e não tinha nada
que impedisse né, a gente sabia que tava fazendo pelo bem da gente né, então até no caso
a gente pensava que não era nem dificuldade porque a gente, veio e começo já com isso ali
e foi se acostumando.
33. E. Z. - A senhora falo que trabalhavam na agricultura também né?
I.I.P.F. - É...
34. E.Z - O que que cultivavam?
I.I.P.F. - Quando nós viemos mora aqui como tinha pouco serviço nós plantavamos trigo
em primeiro lugar pra ter a farinha pro pão, milho, mandioca e miudeza assim que fosse, que
servisse pra casa né.
35. E.Z. - Faziam só pro consumo de vocês?
I.I.P.F. - Só pro próprio consumo, nós dois que nós ia trabalha.
36. E.Z. - Tavam em Fernando Machado daí quando vocês...
I.I.P.F. - Daí... sim daí nós viemo pra cá, fomo aonde nós fomos morá do lado do Luis
Spaniol né que antes nós tinha parado um pouco lá não tinha como entra caminhão e depois
daí nós paramo na casa do Luis Spaniol né, ficamo um ano lá daí nós fomos comprando
terreno e devagarinho fomos indo, construindo
a casinha né, depois nós vendemos aquela casa que era pequena aqui mesmo aí
construímos essa daqui, que é a primeira, asegunda né, que a primeira era mais pequininha
né, nós vendemos aquela e construímos essa aqui até hoje to morando na casa.
37. E.Z. - E quando vocês chegaram aqui já tinha energia elétrica?
I.I.P.F. - Não tinha energia elétrica não tinha telefone, não tinha... rádio... e o primeiro
rádio que entro aqui em Quilombo foi o nosso, compramos o rádio a bateria, aquela época
era a bateria, eu lembro que o primeiro rádio que entro em Quilombo, não tinha televisão não
tinha nada.
38. E.Z. - E como é que as pessoas faziam pra se comunica, não tinha correio?
I.I.P.F. - Não tinha nada, então o lugar era pequena, o pessoal era pequeno, não tinha
como, quando vinha o correio ai era o ônibus que trazia então em Chapecó né, o pessoal
mandava, pegava em Chapecó e de lá de Chapecó era o ônibus que trazia quando ele vinha.
39. E.Z. - Então as pessoas escreviam cartas...
I.I.P.F. - Sim.
E.Z. - E era o ônibus que levava?
I.I.P.F. - Que levava até Chapecó.
40. E.Z. - Ah, como é que era a, a relação entre os moradores aqui do lugar quando a
senhora chego?
I.I.P.F. - Olha era muito boa, assim a gente se dava muito bem com todo mundo, eramos
muito, uma comunidade muito alegre, nós tinha uma igrejinha fazia, participava do terço que
não tinha padre na época então nós rezava o terço e nós eramos muito unidos sabe, apesar
que não tinha muitos casais mas o que tinha, tinham crianças e nós se divertiamos muito
mais naquela época do que agora e nós ia, fazia os nossos bailes levava, as crianças
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botava eles dormi, arrumava um quarto, uma cama né, aonde nós fazia os bailes, o salão
era lá no seu Manica, nós ia lá e nós levava todo mundo porque era, no começo era tudo
casais novo né, mas nós não perdiaum baile, nós ia levav todo mundo nem que tivesse três,
quatro crianças levava depois botava dormi lá nas cama e nós ia dança e era assim a gente
se dava muito bem não tinha nada que impedice alguma coisa, todo mundo se gostava um
com o outro né, assim foi indo sempre.
41. E. Z - Quais eram os dias que vocês se reuniam era só no final de semana ou tinha
alguma data que vocês gostavam de comemora e se reuniam?
I.I.P.F. - Não o mais que nós se reunia era no sábado, talvez tinha baile ou alguma
festinha ou domingo né,a maioria todo mundo tinha criança pequena tinha que trabalhar né,
então não tinha outras, mas nem existia outras só isso ali né, a igreja alguma festinha e baile.
42.E.Z. - Então alguns outros tipos de diversão na época vocês não...
I.I.P.F. - Não tinha.
E.Z. - Não tinha?
I.I.P.F - No começo não tinha.
43.E.Z. - E as crianças como elas se divertiam?
I.I.P.F. - Ah, eles brincavam né, levava as vezes eles no rio brincar saía assim pra fora, a
maioria brincando, em casa bem dizer porque não tinha onde ir né,não tinha campo de
futebol, não tinha praça, não tinha nada né, então se a gente ia, daí, ia caminhar assim na
rua ou ia no rio era pertinho né, pra eles brincar e assim fora se criando, até que ...
44.E.Z. - E como é que o rio era na época?
I.I.P.F. - Ah, ele éra, ele éra mais ... era na época, ele era mais, melhor que agora porque
ele não secava tanto que nem agora né, agora é tudo diferente quando chove, naquela
época ele sempre continuava mais ou menos mesma ... mesma como é que se diz.
45.E.Z. - E a água , as crianças podiam brincar sem problema no rio, ou a água já estava
poluída?
I.I.P.F. - Mas a gente nem sabia na época se tinha poluição, se não tinha porque né, eles
brincavam na, mas eu acho que naquela epoca, tinha bastante mato ainda né, e a água não
era tão suja que nem agora né.
46. E.Z. - Tinha muitos bichos?
I.I.P.F. - Ah?
E.Z. - Tinha muitos bichos?
I.I.P.F. - Não , até que não tinha muitos, tinha mais era então, era mais longe né, aqui
por perto tinha bastante mato mas não tinha muitos bichos.
E.Z. - Peixes?
I.I.P.F - Peixes no rio tinha, sempre teve bastante peixe bem mais do que agora, na
época não tinha quase ninguém que pescasse né, então tinha mais peixe que agora.
47. E.Z. - Além da diversão pra que mais o rio era utilizado?
I.I.P.F. - Ele servia para nós lavar a roupa, que na época a gente fazia um poço pra
puxar a água pra tomar né e pra lavar a roupa a gente tinha que ir no rio e tinha umas
pessoas assim que nem que moradores que não eram muito, muito perto mas iam lá no rio
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lavar a roupa, sempre tinha água, bastante água, água boa então a gente sempre ia lá e se
divertia no rio lavando roupa.
48. E.Z. - Que na época a água não era encanada?
I.I.P.F. - Não era encanada, e tinha que ir lá, porque não tinha como.
49.E.Z - Pra tomar banho como é que vocês faziam?
I.I.P.F. - Pra tomar banho se fazia um banheiro fora de casa de madeira e a gente
ponhava, não sei como é que se diz direito, lá uma lata né, e pindurava ela e tinha que levar
a água com o balde.
50. E.Z. - Então vocês buscavam água no rio...
I.I.P.F. - No poço.
E.Z. - Ah, no poço.
I.I.P.F. - Tinha o poço, pegava a água no poço daí você esquentava, porque na época no
inverno não era fácil, né então esquentava a água botava um pouco de água quente na fria
daquele latão daí você tomava banho com aquilo.
51. E.Z. - E na praça, como era a praça, a água mineral já tinha sido descoberta?
I.I.P.F.- Tinha água mineral só que não tinha nada, tinha só um barracão, e lá era um tal
de Pita até agora eu acho que ele é falecido né, ele vinha pra cá pra trazer o, aqueles que
quizessem entrar em Quilombo pra pesquisar pra ver Quilombo como que era, alguns
moradores queriam vim pra comprar né e ele morava em Chapecó só que ele parava mais
aqui em Quilombo, ele fez um barracão grande e ali ele acolheu todo o pessoal que viesse
de fora né, até que ele ia mostrar os terrenos onde ficasse, onde não ficasse, o que tinha, e o
que que não tinha né, então eles ficavam aqui né, mas praça não tinha né, só tinha as águas
minerais já tinha água mineral.
52. E.Z. - Então na época também já tinha pessoas de fora que vinham por causa das
águas?
I.I.P.F - Sim, vim pra pesquisar, pra vê o lugar também né.
53. E.Z. - Mas pra tomar banho na água o pessoal ...
I.I.P.F. - Não, ninguém já, ninguém sabia já que isso era bom, que pudesse tomar
banho, toma essa água, tomava sei até que tomassem né, tenho a lembrança mas pra toma
banho não porque ninguém tinha essa emoção que água seria tão boa como ela é.
54. E.Z. - E a senhora não lembra mais ou menos assim em que tempo que foi que começo
se explorado ah, o turismo da água mineral?
I.I.P.F. - Olha francamente, eu não, não sei essa, não posso te responde, não tenho na
memória.
55 E. Z. - Quando vocês chegaram já tinha água mineral, já era conhecida?
I.I.P.F. - Quando eu cheguei?
E.Z. - É.
I.I.P.F. - Tinha só ali na, na onde tinha aquele barracão né, lá tinha água mineral, essa
não foi explorada e nada, ninguém...
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56. E.Z. - E o que mais que tinha assim de comércio na cidade, além de vocês que já
trabalhavam com farmácia?
I.I.P.F. - Olha tinha o seu Primo Bodanese que ele tinha loja, ele e o Omar Modesto né,
eles tinham uma pequena loja, depois tinha o Manica que ele tinha uma bodega, ele tinha
salão de baile que eu me lembro tinha isso ali, tinha o Feronatto que depois ele tinha
começado uma pequena oficina de móveis e tinha o Ernesto Manfé também que trabalhavam
junto né, faze móveis naquela época tinha começado e... a igreja tinha e só outra coisa nós
não tinha outro comércio né, e a farmácia né, nossa que nós tinha começado aos pouco né.
57. E.Z. - Ah, quais eram as, as principais festas da comunidade naquela época assim,
relacionada mais com a igreja, tinha assim alguma data que a, que a igreja reunisse a
comunidade pra comemora?
I.I.P.F. - Tinha, tinha sempre faziam, de vez em quando faziam uma festa pra igreja né,
acho que até naquela época já nem sabiam qual era a, a como é que se diz a ...
E.Z. - A data que tavam comemorando?
I.I.P.F. - A data e o, e o santo que fosse da igreja né, tinha a igreja mais não sabia então a
gente fazia de vez em quando, fazia uma festa né as vezes vinha o padre de Chapecó, que
não tinha outro só se vinha de Chapecó né, ou então a gente fazia, rezava o terço e fazia
uma festinha né, fazia churrasco a gente se divertia só que não tinha ainda naquela época
decidido qual era o santo da igreja, só depois ele, mais anos que daí... começo.
58. E.Z. - E no caso assim, no início era só pras pessoas que moravam aqui na cidade ou as
pessoas que já tavam morando no interior também vinham pra cá pra essas festas?
I.I.P.F. - Vinham do interior ou o mais perto que podiam vim se tivessem condições por
que as vezes se chovia alguma coisa não tinha como saí do, do mato né, então eles vinham
senão nem vinham porque as vezes não tinha como vim né, se chovesse bastante não tinha
como, senão eles participavam porque era só nós aqui era poucas famílias né, e mais um
pouco fora daí se reunia
mas não era, colono assim no começo tinha pouco quando nós viemo, depois que começo
entra mais.
59. E.Z. - A gente ouviu fala, que ah, tinha um hospital, talvés a senhora tenha lembrança,
que ficava localizado em frente a casa do seu Albino Sponchiado?
I.I.P.F. - Tenho, ele tem a Cooperativa Alfa agora.
60. E.Z. - A senhora lembra que é que, que construiu o Hospital ou...
I.I.P.F. - Olha quem construiu o Hospital eu, pelo que eu sei acho que foi o mesmo, o
próprio médico que tinha vindo aqui pra trabalha.
61. E.Z. - A senhora não lembra o nome dele?
I.I.P.F. - É o, o nome dele era o Aldacir... Aldacir Mayer acho que é.
E.Z. - Aldacir Mayer?
I.I.P.F. - Aldacir Mayer.
E. Z. - Ele, ele vinha e já veio pra instala...
I.I.P.F. - Veio e já ficou instalado ali em Quilombo, ele que tinha o primeiro Hospital ali
onde que tem a Cooperativa agora, bem em frente a, ao seu Sponchiado.
62. E.Z. - E os partos como eram feitos na época?
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I.I.P.F. - Olha os partos, quem fazia os partos aqui era a dona Metilde Pedotti ela que era
a parteira e foi sempre ela né, e os mais complicado que mesmo não dasse a gente levava
pra Xaxim.
63. E.Z. - Teve assim algum caso que a senhora teve ah, participação na hora de auxilia já
que vocês tinham farmácia, alguma coisa assim que a senhora teve que se envolve pra
ajuda, algum, algum doente que tivesse machucado ou...
I.I.P.F. - Sim agora quando alguém machucado alguma coisa que viessem eu sempre,
sempre ajudava, sempre auxiliava né.
64. E.Z. - A senhora que fazia os curativos?
I.I.P.F. - Fazia os curativo, fazia a, aplicava injeção sempre fazia.
65. E.Z. - Então a senhora trabalhava com o seu marido auxiliando ele?
I.I.P.F. - Auxiliando ele.
66. E.Z. - E a educação como é que era as escolas?
I.I.P.F. - A escola não tinha, porque nós era tudo uns casais novo e as criança eram nova
então não tinha como, não tinha escola né, só depois já passado um tempo aí entraram mais
famílias né, com crianças maiores e aí procuraram né, foram e vinham os professores de
fora, vinham lá de Chapecó ou de outros lugares também vinham né, instalaram aqui e daí
começaram e leciona né, a educação pra...
67. E. Z. - Como é que vinham essas professoras, quem que ia atrás, procurava?
I.I.P.F. - Olha, aquela época tinha o Hélio, tinha o seu Angelo Zuqui, tinha o seu Primo
Alberto Bodanese, tinha o seu Riboli, tinha o seu Riedi também né, essas pessoas eram
mais assim, mais que saiam pra fora e eram mais encarregados pra...
68. E.Z. - O que que eles faziam, porque que eles iam atrás assim, porque eram pais,
preocupados ou porque eles tinha alguma coisa comércio?
I.I.P.F. - É que eles tinham comércio também depois mais tarde com o tempo veio o Riedi
também tinha comércio né e daí eles também iam se preocupando por causa que as criança
iam crescendo e precisavam de escola né, então um ou outro tinha que toma uma
providência e como eram eles mais os primeiros que já conheciam mais Chapecó outros
lugares eles que ficaram de i em busca disso aí, daí vinha algumas professoras de fora, me
lembro eles, paravam assim na casa de um, de outros né, a gente ajudava e passava até
que depois foi formando mais né, pessoal né, e as professora foram sendo daqui né,
entraram gente já professoras e assim foi mais pra frente né.
69. E.Z. - A senhora lembra o nome de alguma dessas professoras?
I.I.P.F. - Olha eu me lembro de uma professora que até ela já faleceu não faz muito
tempo uma tal de Hilda Lago que ela morava, não sei não me lembro onde ela morava, não
era muito longe, eu acho que era ali perto de Chapecó por ali e ela parava aqui pra da aula
pras criança, dessa eu me lembro das outras, eu sei que tem outras mas não tenho, agora
não, não me vem na memória.
70. E. Z. - Tinha irmãs por aqui?
I.I.P.F. - depois de um tempo teve umas irmãs aqui, construíram um tipo um colégio daí
veio as irmãs né, elas ficaram uns quantos anos aí depois elas saíram, não voltaram mais.
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71. E.Z. - Vieram daonde, a senhora sabe?
I.I.P.F. - Não sei da onde elas vieram, sei que foram a comissão que tinha ali eles se
organizaram e construíram esse colégio né, depois arrumaram umas irmãs, elas ficaram uns
anos ali depois elas foram...
72. E. Z. - Nessa época já tinha a escola ou as irmãs vieram depois que já tinha a escola?
I.I.P.F.- Tinha escola, tinha escola, assim escolinha né, e depois elas vieram e elas
também eram irmãs que davam aula né.
73. E. Z. - Foi construído um prédio, davam aula onde?
I.I.P.F. - Eles construíram um prédio, não era muito grande, era uma casa de madeira.
74. E. Z. - A, a a escola, quem construiu a escola?
I.I.P.F. - Agora quem construiu a escola naquela época que eu sabia que era assim que
mais construía casa essas coisa era o Luiz Feronatto ele tinha uma oficinazinha também e o
Ernesto Manfé.
75. E. Z. E com que dinheiro...
I.I.P.F. - E o João Riboli ele também era carpinteiro, construía bastante casa aqui em
Quilombo.
76. E.Z. E o dinheiro surgiu da onde? Como é que arrecadaram pra construi, os gastos assim
materiais?
I.I.P.F. - Pra escola você que dize?
E .Z. - Ahã?
I.I.P.F. - Eu acho que uma , entre todos a comunidade que faziam uma festa alguma
coisa, se reuniam né, e cada um doava um pouco né, daí foi até que conseguiram construi
né.
77. E. Z. - Como é que era ser estudante naquela época, as crianças usavam uniforme,
como é que era o comportamento deles na escola?
I.I.P.F. - Não, não tinha uniforme naquela época mas eles gostavam de í na aula né,
gostavam porque eles saíam iam pra escola voltavam é era a única coisa que eles tinham
né, era isso aí né, então eles achavam muito engraçado né, achavam bom de estuda.
78. E. Z. - Os seus filhos estudavam nesse colégio?
I.I.P.F. - Os meus filho estudaram aqui também, todos eles estudaram.
79. E.Z. - O material onde que se comprava o material escolar assim?
I.I.P.F. - O material escola agora eu acho que era mesmo no comércio aqui né que eles
conseguiam né, porque não tinha outra então o comércio mesmo tinha o material de, o que
precisasse eles tinham né, sempre um, uma
eles tinham pra pode í pra frente ou então
cada um ía pra Chapecó, por fim e comprava né, o material que fosse necessário.
80. E.Z. - E quanto a alimentação, como era naquela época, assim quais os pratos que vocês
preparavam, que as pessoas mais gostavam de prepara?
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I.I.P.F. - Ah, naquela época a gente gostava e preparava mais era feijão, arroz, massa a
gente gostava muito de massa, e carne assim de, de frango né que a gente mesmo criava os
frango né, carne de porco também sempre tinha alguém que trabalhasse assim um pouco na
lavoura a maioria sempre tinha uns porquinho né, então a gente sempre tinha carne de porco
o mais difícil era carne de gado né, porque o pessoal vinha mas já trazia pouca coisa né, só
depois de um tempo que começo cria gado mais na mais era carne de, de assim de frango
né de porco, peixe e antas que caçavam no mato (risos) e algum bicho do mato que tem né
bicho bom de come, caçava assim e era uma comida saudável, pra gente né porque...
81. E. Z. - E os ingredientes, é os ingredientes que vocês utilizavam era tudo ah, produzido
assim cultivado por vocês?
I.I.P.F. - É. Tudo por...
E.Z. - Nada comprava.
I.I.P.F. - Nada, não tinha como compra né, cada um se plantava, na sua horta, no seu
pedacinho tinha tudo né, não tinha onde compra porque não tinha, era melhor porque não
tinha veneno não tinha nada né.
82. E. Z. - Esse pessoal do interior, que vinha com o milho, com o arroz tinha o que, um
moinho?
I.I.P.F. - Tinha um moinho que era do seu Pedro Wóbito então esse era pra faze farinha
de trigo e de milho né, daí eles vinham todos ali né, era o único moinho que tinha né.
83. E. Z. - E como é que funcionava esse moinho?
I.I.P.F. - Ele funcionava assim com, como é que se diz agora, com água, uma turbina,
mas era com água, com água né.
84. E. Z. - Ahã?
I.I.P.F. - E ele tocava o moinho direto, só que eu não sei explica bem como que é aquilo
lá né porque naquele tempo...
85. E. Z. - Quando surgiu a primeira rodoviária aonde que foi, aonde que ela foi instalada?
I.I.P.F. - Olha a primeira rodoviária foi ali em frente a igreja aonde morava a dona Anita
Cunico o seu esposo e eles tinham uma bodega depois surgiu tipo de um correio né, aí ela
tinha o correio, tinha a bodega daí tipo formou-se tipo uma rodoviária então que o pessoal
esperava por ali e ela tinha casa, tinha uns quarto também que ela acolhia alguns doente
quando precisasse se eles não podiam volta pra casa então ela acolhia eles e eles ficavam
no tratamento que o Hélio fazia né, eles ficavam ali e ficavam um dia dois e depois íam
embora e ali foi que começo uma pequena rodoviária onde que o ônibus parava, tinha saída,
chegava né, e o correio também surgiu ali depois foi se mais daí...
86. E.Z. - Os doentes, eles chegavam acompanhados?
I.I.P.F. - Sim, sempre vinha alguém traze né o doente depois se caso não precisasse daí
o acompanhante voltava pra casa e o doente ficava um, dois três dia conforme o necessário
né.
87. E.Z. - Até fica melhor e...
I.I.P.F. - É até melhora né.
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88. E. Z. - O seu Hélio foi o primeiro dentista da cidade, como é que era feito o atendimento,
quem que procurava?
I.I.P.F. - Ah, procuravam mais era adulto e criança também né, criança também sempre
precisa í no dentista né, então ele atendia, quem viesse ele atendia, fazia abituração,
extração, curativo né, então tudo isso ele fazia né, fazia ah, a ponte movéis ele fazia, fazia
dentadura, fazia tudo que era necessário né, ele atendia no gabinete dentário e atendia a
farmácia ao mesmo tempo e atendia as duas coisas né.
89. E. Z. - Ele fez algum curso pra dentista?
I.I.P.F. - Fez, ele era prá, era dentista prático né.
90. E. Z. - Ele se especializou fora então?
I.I.P.F. - É ele, ainda quando morava no Rio Grande do Sul ele já trabalhava lá, e
aprendeu e tudo lá, quando nós viemo pra cá ele já era dentista.
91. E. Z. - Como é que a senhora via na época assim se as pessoas tinham alguma
preocupação de cuida dos dentes ou eles só vinham quando tava doendo?
I.I.P.F. - Ah, a maioria eles não tinham sabe como cuida dos dentes, que na, aqui sei lá
eles não se preocupavam né, achavam que não era uma coisa que tinha necessidade de
cuida, então eles esperavam quando começava a doe, doe daí eles vinham no dentista né,
daí ou extraía o dente ou fazia uma abituração ou fazia um curativo daí pra melhora né, eles
vinham sempre quando começava a senti a dor né, antes eles não procuravam muito o
dentista.
92. E. Z. - E depois que o, que o seu Hélio ah, faleceu quanto tempo a senhora ainda
continuo trabalhando na farmácia?
I.I.P.F. - Eu trabalhei mais um ano só depois eu vendi.
93. E. Z. - Dona Iracy teve algum acontecimento que a senhora lembra que a senhora
gostaria de conta pra nós?
I.I.P.F. - Tem, tem a quando teve aquela tormenta no Vale do Ouro que destruiu quase
todas as casa né, parece que fico uma ou duas casas só de pé e o resto foi destruída e as
árvores também a maioria tava tudo no chão tudo destruída, então tinha gente machucada
também né, e naquela época então eles pegaram e do lado de lá do rio e gritaram pros
outros do lado de cá que viessem busca o Hélio e que ele fosse lá com medicamento que
tinha gente que precisava ser levada né, aí eles foram pra lá, então eles foram de jipe até
perto do rio e depois pra pode passa pro lado de lá eles tiveram que corta uma árvore pro
lado de cá que ela alcançasse pro lado de lá do rio pra eles poderem passa encima dessa
árvore pra pode leva os medicamento lá pros doente.
94. E. Z. - Improvisaram uma pinguela?
I.I.P.F. - É. Sim improvisaram e foram daí ele foi levo os medicamento pra diversas gente
que tavam machucado né, sempre tinha bastantinha né, todo mundo tava desesperado com
aquilo né, ele foi lá, conseguiu leva os remédio lá pros doente.
95 . E. Z. - Dona Iracy a senhora lembra ah, mais ou menos em que época que foi construída
essa igreja que tá atualmente em nossa cidade?
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I.I.P.F. - Olha essa igreja foi construída por meio, mais ou menos ali por volta de
sessenta e foi feita a inauguração logo em seguida né, a inauguração da igreja nova né, até
foi feito um bolo no, no estilo da igreja né, e quem fez esse bolo, foi uma senhora da
Formosa também fazia muitos anos que ela morava ali ela era muito fazia doce né, e ela
que fez o bolo porque ela quis faze o estilo da igreja o bolo, e aí foi feito uma rifa e quem
ganho esse bolo nessa rifa foi uma filha minha.
96. E. Z. - como é que era o nome da sua filha?
I.I.P.F. - Era Carmen Terezinha.
97. E. Z. - Carmen Terezinha. E assim teve mais alguma outra ah, programação na
inauguração da igreja ou foi só feita uma festa?
I.I.P.F. - Foi feita só aquele dia a festa só pra inauguração da igreja e depois ah...
missa... quem rezo a missa o primeiro padre que veio ali foi o padre Gemin não me lembro o
primeiro nome, depois veio o padre Roque, depois veio o padre Santo, Padre Antão, depois
disso teve uns quantos padre né.
98. E.Z. - Como se essas pessoas costumavam se vestir pra ir nessas festas?
I.I.P.F. - Ah a gente procurava sempre se vesti né, faze um vestido novo, cada vez que
tinha uma festa ou tinha um baile alguma coisa e a gente sempre procurava de te um vestido
novo né, na época a gente tinha vestido e sapato novo né.
99. E. Z. - Sempre bem arrumado né?
I.I.P.F. - sempre bem, até arrumadinha no meio do mato mas bem arrumadinha, as
criança também a gente gostava assim de, de vesti elas bem sabe com os vestidinho que
usava vestidinho comprido né, sapatinho, todo mundo gostava de anda com as criança bem
arrumada apesar de ter pouca gente mas a gente gostava.
100. E. Z. - E já tinha algum, algum salão de beleza?
I.I.P.F. - Não, não existia nenhum salão.
101 . E.Z - Ninguém, nenhuma mulher ajudava a outra pra...
I.I.P.F. - Não, cada uma se virava por si mesmo.
102. E. Z. - Dona Iracy e o seu Hélio como é que era a vida na comunidade, assim como era
a vida dele na comunidade, aonde ele participava?
I.I.P.F. - Ah ele era um que ele gostava de participa em todos onde ele pudesse né, ele
fazia parte da igreja, ele fazia parte do clube, ele foi fundador do clube né, de Quilombo, foi
fundador da igreja também ele foi político também, ele foi candidato a prefeito, não foi eleito
aí ele foi candidato a vereador e ele foi vereador por treze anos né, e ele gostava participava
muito das festas o pessoal de fora também gostava muito dele e ele sempre recebia os
convite né pra ele í nas festa e ele gostava nós ia nós participamos muito das festas assim
das comunidade de fora depois que começo a entra mais pessoal e ele sempre, sempre ía
gostava nunca deixo de participa né.
103. E. Z. - A senhora gostaria de dize ou narrar algo que a gente não perguntou?
I.I.P.F. - Sim eu gostaria de fala ainda a respeito da praça que como por ele ter sido um
político que ele gostava muito de política e ter tido treze anos de de vereador né, trabalhava
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bastante coma política trabalho pelo povo por todo mundo né, e por que no fim os próprios
amigos dele, os companheiros resolveram dá o nome da praça de Hélio Antonio Farezin.
104. E. Z. - E eu acho que também foi em reconhecimento pelo trabalho que ele fez né, o,
ele dedico assim uma parte da sua vida pela comunidade como ele era o dentista dessa
cidade, como ele era o médico né, da cidade eu acho que foi justo né.
I.I.P.F. - É. Por isso que eles acharam por bem dar esse nome a praça né.
E. Z. - Então Dona Iracy a gente agradece a sua participação e o tempo que a senhora
dispenso pra, pra fornece pra nós essas informações que são muito valiosas e com certeza
vão ser muito úteis pra, na organização do museu e que muitas pessoas vão buscar essas
informações pra resgata toda a História de nosso município, a gente agradece de coração,
muito abrigada.
I.I.P.F. - Eu que agradeço.
E.Z - esta entrevista teve também a participação das entrevistadoras Nilce Ravanello e
Raquel Paula Daneluz.