Alternativas ao Uso de Animais Vivos em Experimentos

Transcrição

Alternativas ao Uso de Animais Vivos em Experimentos
INTRODUÇÃO
Os conhecimentos biológicos empíricos datam da época pré-histórica, quando o homem
primitivo, na sua condição de caçador e coletor, conheceu diferentes tipos de plantas e
animais. A representação de animais em pinturas rupestres já demonstrava esse interesse
biológico. No século VI a.C, produziu-se um salto qualitativo nos campos do saber, com o
florescimento da cultura na Grécia. Por meio de pesquisa e dedução, os gregos teorizavam
sobre o conhecimento do mundo e das leis que os regiam (GOLDIM & RAYMUNDO, 1997).
Surgiram nesse período grandes cientistas, tais como Aristóteles, Galeno e Hipócrates, que
realizaram importantes estudos anatômicos e fisiológicos, utilizando várias espécies animais.
Mais tarde, as contribuições de Vesalius (1543) na moderna anatomia, permitiram um grande
passo para a ciência. Concomitantemente, Bacon e Descartes contribuíram para que a
metodologia de especulação fosse substituída pela experimentação (ANDRADE et al., 2002).
Em 1628, Harvey descobriu através da utilização de cobaias animais, o sistema circulatório,
lançando os fundamentos da Fisiologia Experimental. Além do esclarecimento dessa função,
introduziu a vivissecção na prática científica (MENDES, 2003).
No século XVIII, com os estudos da bacteriologia, os trabalhos científicos de Koch e Pasteur
já contavam amplamente com a utilização de cobaias, que se tornaram verdadeiras
“ferramentas de trabalho” dos pesquisadores (ANDRADE et al., 2002).
Foi com Claude Bernard (1813-1878), considerado o maior fisiologista de todos os tempos,
que a vivissecção tornou-se institucionalizada no século XIX. Segundo ele: “A
experimentação animal é um direito integral e absoluto. O fisiologista não é um homem do
mundo, é um sábio, é um homem que está empenhado e absorto por uma idéia científica que
prossegue, não ouve o grito dos animais, nem vê o sangue que escorre. Só vê a sua vida e só
repara nos organismos que lhes escondem problemas que ele quer descobrir” (BERNARD
apud PAIXÃO, 1994).
Desde então, muitos e importantes segmentos das Ciências, como a Farmacologia e
Toxicologia, Bacteriologia, Virologia, Parasitologia, Genética, Histologia entre outros,
incluem experimentos realizados com cobaias vivas em suas linhas de pesquisas (TREZ &
GREIF, 2000).
Com a evolução da pesquisa houve também a crescente preocupação com a ética e com os
métodos que poderiam substituir o uso de cobaias animais nos experimentos científicos. Tal
conscientização acerca do tema manifestou-se já no início do século XIX, na Inglaterra, com
1
o surgimento de movimentos que se dedicavam a mudar as atitudes do homem em relação aos
animais (PAIXÃO, 2001).
Desde então, o número de Organizações Não-Governamentais que protegem o direito dos
animais e visam incentivar a substituição de cobaias vivas por alternativas viáveis é cada vez
maior. Entretanto, os ativistas sempre esbarram em inúmeras barreiras, sejam elas de interesse
financeiro, à falta de iniciativa, visões conservadoras e até mesmo o desprezo por parte dos
grandes centros de pesquisas (SINGER, 1975).
A implementação de métodos alternativos apresenta-se como uma solução moralmente
justificada e plenamente viável, possibilitando o exercício de uma postura de respeito em
relação à vida e dor de outrem (ALVES, 2004).
Com a crescente procura de métodos que substituam os animais vivos em experimentos,
torna-se importante o conhecimento e a divulgação de novas técnicas alternativas, que visam
à substituição integral do uso de animais na experimentação científica e educacional.
2
OBJETIVO
Este trabalho tem como objetivos apontar algumas das alternativas existentes atualmente no
mercado mundial, de substituição ao uso de animais vivos em experimentos científicos e
educacionais, além de fomentar a reflexão acerca de valores éticos sobre a preservação da
vida animal.
3
MATERIAIS E MÉTODOS
Foram levantados dados bibliográficos sobre os principais métodos alternativos existentes
atualmente que substituem o uso de animais vivos na pesquisa científica e nas instituições de
ensino, nas bibliotecas da USP – Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade Guarulhos,
UNIFESP/ Escola Paulista de Medicina e sites.
A literatura consultada foi restringida aos últimos vinte anos e a publicações em língua
portuguesa e inglesa
Alguns pontos de vista de cientistas a respeito da experimentação animal foram coletados
através de entrevista realizadas via correio eletrônico e extraídas de páginas da internet, no
período de setembro a novembro de 2004.
4
1. Experimentação animal
Antes de falar sobre as alternativas ao uso de animais em experimentos, vale a pena recordar
alguns conceitos sobre experimentação animal, que podem auxiliar, de certo modo, a
compreensão e estruturação de uma metodologia alternativa, contrapondo-se à utilização dos
métodos convencionais empregados atualmente (RIVERA, 2002).
Tendo em vista que o campo da experimentação animal é bastante abrangente, e para se ter
uma idéia do que representa hoje esse campo, em termos de realidade científica, faz se
necessário mapear os experimentos em animais (PAIXÃO, 2001).
1.1 O que é experimentação animal?
A experimentação animal se baseia nas observações dos efeitos de substâncias sobre
organismos vivos, ou na observação de mudanças comportamentais em organismos privados
de nutrir-se, de maneira geral, com regiões nervosas extirpadas, e fora de seu habitat natural.
O experimentador se vale então de técnicas fisiológicas ou bioquímicas, para obtenção de
dados qualitativos ou quantitativos sobre a ação de medicamentos e substâncias. (RIVERA,
2002).
De uma forma geral, qualquer animal pode ser utilizado em experimentos; porém, o modelo
animal é escolhido de acordo com a especificidade da ação estudada (ANDRADE et al.,
2002).
Alguns grupos de proteção animal e opositores à experimentação animal, no entanto,
preferem utilizar o termo “vivisseção”, que tem sua origem no latim, com a junção de “vivus”
(vivo) e “sectio” (corte secção). Logo, vivisseção quer dizer “cortar um corpo vivo”, enquanto
o termo “dissecação” refere-se a “cortar um corpo morto” (PAIXÂO, 2001).
De acordo com FADALI (1996), médico cirurgião que critica o método da experimentação
animal, o termo “vivisseção” foi cunhado por Claude Bernard, considerado o fundador da
fisiologia experimental e príncipe dos vivissectores.
Para FADALI (1996), o termo se aplica a todos os tipos de experimentos que envolvem
animais, independente do fato de ocorrerem cortes ou não.
Ainda segundo o posicionamento de alguns, os cientistas utilizam o termo “experimentação”
para não revelar o que realmente ocorre nos laboratórios (SCHÄR-MANZOLI, 1996). Uma
outra explicação para a preferência pelo termo vivisseção é que a disseminação da sua
utilização data de um tempo em que os procedimentos eram invasivos, em sua maior parte
(MONAMY, 1996 apud PAIXÃO, 2001).
5
A experimentação animal pode se referir ao estudo em animais, com o objetivo de obter maior
conhecimento deles próprios, e possíveis aplicações na própria saúde e bem estar dos
mesmos, tal como ocorre no campo da Medicina Veterinária. Porém, de forma mais freqüente,
os animais são utilizados como “modelos”, a fim de que se obtenham conhecimentos e
possíveis benefícios inerentes à saúde humana (PAIXÃO, 2001).
As diferentes formas de utilização de animais que se enquadram no campo da
“experimentação animal”, atualmente podem ser divididas em sete categorias principais
(ROLLIN, 1998 apud PAIXÃO, 2001):
a) Pesquisa básica – biológica, comportamental e psicológica. Refere-se à formulação e
testes de hipóteses sobre questões teóricas fundamentais, tais como, a natureza da
duplicação do DNA, a atividade mitocondrial, as funções cerebrais, o mecanismo de
aprendizagem, enfim, com pouca consideração para o efeito prático dessa pesquisa.
b) Pesquisa aplicada – biomédica e psicológica. Formulações e testes de hipóteses sobre
doenças, disfunções, defeitos genéticos, etc., as quais não há necessariamente
conseqüências. Incluem-se nesta categoria os testes de novas terapias: cirúrgicas, terapia
gênica, tratamento a base de radiação, tratamento de queimaduras, etc.
c) O desenvolvimento de substâncias químicas e drogas terapêuticas. A diferença entre essa
categoria e as anteriores é que aqui se refere ao objetivo de encontrar uma substância
específica para um determinado propósito, mais do que o conhecimento por si próprio.
d) Pesquisas voltadas para um aumento da produtividade e eficiência dos animais na prática
agropecuária. Isso inclui ensaios alimentares, estudos de metabolismo, estudos na área de
reprodução, desenvolvimento de agentes que visam ao aumento da produção leiteira, entre
outros.
e) Testes de várias substâncias quanto à sua segurança, potencial de irritação e grau de
toxicidade. Dentre essas substâncias, incluem-se cosméticos, aditivos alimentares,
herbicidas, pesticidas, químicos, industriais e drogas. As drogas, que podem ser de uso
veterinário ou humano, são testadas quanto à sua toxicidade, carcinogênese (produção de
câncer), mutagênese (produção de mutação nos organismos vivos), e teratogênese
(ocorrência de anormalidades no desenvolvimento embrionário e produção de monstros).
6
f) Uso de animais em instituições educacionais para demonstrações, vivisseções,
treinamento cirúrgico, indução de distúrbios com finalidades demonstrativas, projetos
científicos relacionados ao ensino.
g) Uso de animais para extração de drogas e produtos biológicos, tais como vacinas, sangue,
soro, anticorpos monoclonais, proteínas de animais geneticamente modificados para
produzi-las, dentre outros.
Além destes sete tipos de experimentos realizados em animais, existe o campo de estudos com
animais silvestres e/ou selvagens, cuja parte significativa da pesquisa envolve um trabalho de
campo, no qual os animais permanecem em seu habitat. Tais pesquisas têm como propósito
obter conhecimentos sobre ecossistemas, organização social, transmissão de doenças, entre
outros (DONELLY & NOLAN, 1990 apud PAIXÃO, 2001).
Um outro tipo de experimentação que envolve animais é a chamada “pesquisa militar”, que
inclui o desenvolvimento de armas e seus testes. Os animais podem ser submetidos a armas
químicas, radiações ionizantes, laser, microondas e alta potência e armas biológicas
(BUDKIE, 2001).
As pesquisas espaciais também utilizam animais. Muitos desses estudos envolvem o envio de
animais, especialmente primatas, para o espaço em satélites, a fim de investigar vários
parâmetros, tais como: efeitos na estrutura e função dos ossos, músculos e nervos, ritmo
circadiano, equilíbrio hidroeletrolítico, entre outros. Nessas situações os animais são
submetidos a implante de eletrodos, isolamento e pouca mobilidade, durante longo tempo,
para treinamento e durante a viagem (WALKER, 1996 apud PAIXÃO, 2001).
Na área de ensino, os animais são amplamente utilizados com propósitos educativos em toda
área biomédica e biológica, em todos os níveis. Os objetivos da utilização de animais estão
vinculados ao processo de aprendizagem de diversas formas (PAIXÃO, 2001).
Na área da educação, vem ocorrendo uma diminuição cada vez maior da utilização de
animais, devido às novas técnicas alternativas, mobilização de alunos contra tais
experimentos, legislações restritivas que definem o uso de animais no ensino e questões
éticas, nas quais o educador se vê diante de um paradoxo moral (TRÉZ & GREIF, 2000).
Novas possibilidades se desenvolveram no campo da experimentação animal nos últimos
anos, a partir do advento da tecnologia, da engenharia genética, especialmente com a
produção de animais transgênicos, e, mais recentemente, com a técnica da clonagem. Estas
7
novas tecnologias, por sua vez, expõem os animais a fatores de risco adicionais que terão
implicações em seu bem-estar (BALLS, 1998).
De acordo com ROLLIN (ROLLIN, 1998 apud PAIXÃO, 2001), as questões advindas desta
biotecnologia, estão sendo pouco discutidas, e pouca atenção tem sido dada ao aspecto do
possível sofrimento animal. Com a possibilidade de criar “modelos” animais para doenças,
uma nova e significativa fonte de sofrimento animal está se desenvolvendo.
A idéia dos xenotransplantes, isto é, a utilização de animais como fonte de órgãos para
transplantes em humanos, embora não seja propriamente nova, voltou a ser considerada a
partir do desenvolvimento biotecnológico; porém um dos aspectos que se destaca no debate
ético é o risco da transmissão de doenças infecciosas para a população e a questão dos danos
impostos aos animais, em prol dos benefícios humanos (HUGHES, 1998).
A necessidade de se manter tais animais “livres” de agentes patogênicos pode requerer um
isolamento e uma alteração genética que venham a comprometer, de forma adicional, o bem
estar animal (PAIXÃO, 2001).
É importante salientar que qualquer tipo de experimentação prejudica o bem-estar do animal
envolvido, não importando o método utilizado.
A experimentação animal não pode ser considerada a única via metodológica para se obter o
conhecimento científico, pois o metabolismo animal jamais será parecido com o humano,
acarretando atraso e erros para o progresso da ciência (TRÉZ & GREIF, 2000).
2) O modelo animal
Primeiramente, “modelo” define-se como algo passível de ser reproduzido, imitado. Diante
deste primeiro conceito, estabeleceremos a associação entre modelo e animal (SANTOS,
2002).
Como visto anteriormente, para desvendar os mistérios do ambiente que o cercava, o homem
passou a utilizar os animais como “instrumento” de teste, já que os consideravam seres
inferiores, além de ter uma infinidade de espécies disponíveis ao seu alcance para efetuar tal
prática, indiscriminadamente.
Com a evolução dos conhecimentos científicos, diversas instituições de ensino começaram a
surgir, convergindo para seus domínios estudantes de todo o mundo. Estes aplicados alunos
estudavam e realizavam pesquisas e experimentos em suas escolas e estavam aptos a
reproduzir o aprendizado em seus países de origem (SANTOS, 2002).
8
Tal fato proporcionou a disseminação da experimentação animal através do mundo e
fortaleceu o conceito do modelo animal. O estudante, que outrora aprendera a desenvolver
suas experiências em determinado animal, sentia-se plenamente à vontade em prosseguir a
realização de testes em animais da mesma espécie, como forma de garantir a reprodução
fidedigna do que havia constatado em seus estudos. (ANDRADE et al., 2002).
Eis então que o conceito de modelo animal surgiu da necessidade da utilização de
determinada espécie animal, que melhor respondia a determinado experimento, assegurando a
continuidade reprodutiva da espécie, para que gerações inteiras de cientistas pudessem atingir
resultados convergentes, já que o modelo era o mesmo através dos tempos (ANDRADE et al.,
2002).
As pesquisas cresceram, desenvolveram-se e atingiram alto grau de refinamento, e,
concomitantemente, os modelos animais também. Esse número cada vez maior de
experimentos demandou a necessidade do conhecimento biológico de cada espécie envolvida
no processo, fazendo com que determinadas espécies fossem mais utilizadas que outras
(ANDRADE et al., 2002).
A escolha dos animais para realização de testes passou a obedecer a critérios como o tamanho
reduzido do animal, ciclo reprodutivo curto, prole numerosa, precocidade, nutrição variada,
adaptação ao cativeiro e baixo custo. (TRÉZ & GREIF, 2000).
3) Os principais animais utilizados em experimentos
De uma maneira mais ampla, qualquer animal pode ser utilizado em experimentação,
entretanto, procura-se um modelo específico para cada ação estudada. Como exemplo,
podemos citar o uso do gato para estudo do sistema circulatório, a utilização do cão como
modelo para estudo geniturinário e os pequenos roedores para avaliações do sistema
respiratório, entre outros (ANDRADE et al., 2002).
Os animais mais constantemente utilizados em experimentos são os roedores (camundongos,
hamsters, ratos, porquinhos da índia). Aproximadamente 90% dos animais utilizados em
pesquisas são da espécie dos roedores, compreendendo num total estimado entre 17 e 25
milhões de animais usados anualmente (AAVS, 2003).
Figura 1: Porquinhos-da-índia, camundongo e rato
9
As justificativas para tal massificação na utilização dos roedores são o custo baixo, o porte
reduzido, o fato de ser uma espécie mansa, fácil de manter, exigir pouca alimentação, ocupar
pouco espaço e produzir prole numerosa (TRÉZ & GREIF, 2000).
Embora sejam as mais empregadas, muitas outras espécies de animais são utilizadas, como os
coelhos, cães, gatos, porco-anões, aves, rãs, ovelhas e alguns primatas (TRÉZ & GREIF,
2000).
Figura 2: Coelhos, cães, gatos, primatas e aves, principalmente pombos, são alguns dos principais
animais utilizados em experimentos.
Segundo dados do biotério da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da
Universidade de São Paulo (USP), fornecido pela médica veterinária responsável, doutora
Cláudia Mori, 9.030 animais foram utilizados no ano de 2002 em pesquisas, sendo 9.004
roedores e 26 coelhos (ANEXO1).
Se compararmos os dados de 2002 com os de 1993, notaremos uma grande redução no
número de animais utilizados em experimentos na Universidade. Num período de dez anos, o
número de roedores utilizados diminuiu em 35%. A partir de 1998 foi abolido o uso de cães e
galinhas no biotério (MORI, 2004).
A quantidade de animais utilizados é também uma questão relevante no debate sobre
experimentação animal. A esse respeito, estima-se que o número de animais torturados e
mortos anualmente nos laboratórios dos EUA divirja largamente entre 17 e 70 milhões de
animais (TRÉZ & GREIF, 2000).
O Animal Welfare Act, lei que regulamenta a experimentação animal nos EUA, requer dos
laboratórios o registro do número de animais utilizados em experimentos. Porém, a lei não faz
referência a camundongos, aves e ratos, animais utilizados em 80 a 90% dos experimentos,
dificultando a contabilidade precisa, limitando-se a dados especulativos e aproximados.
Infelizmente, devido à inoperância dos órgãos fiscalizadores brasileiros, não há estatísticas
oficiais sobre a quantidade de animais utilizados em experimentos. (TRÉZ & GREIF, 2000).
10
Atualmente, conforme descrito por PAIXÃO (2001), observa-se a diminuição gradual do
número de animais utilizados, e, algumas hipóteses têm sido sugeridas para tal acontecimento,
tais como:
a) A substituição dos métodos tradicionais por culturas in vitro.
b) A suposta melhora da qualidade dos animais de laboratório, conseqüentemente reduzindo
o número utilizado dos mesmos.
c) Os experimentos em animais tornaram-se onerosos, de tal forma que passaram a ser
evitados.
d) Os protestos contra experimentação animal cresceram, especialmente a partir da década de
70, obrigando cientistas a planejarem melhor seus experimentos, levando em consideração
os chamados métodos alternativos.
Porém, a expectativa futura para o número total de animais utilizados é incerta, especialmente
devido à tecnologia da engenharia genética. De um lado, os animais geneticamente
modificados podem permitir uma redução e um refinamento do uso de animais, já que pode
haver mais precisão no “alvo” a ser atingido. Por outro lado, as possibilidades de vários
procedimentos a partir dos transgênicos e de outras técnicas podem promover uma maior
utilização de animais, uma maior variedade de aplicações, com conseqüente aumento do
número de animais utilizados (FORSMAN, 1993; HUBRECHT, 1995; ECVAM, 1998 apud
PAIXÃO, 2001).
As estatísticas recentes no Reino Unido demonstram que os procedimentos realizados em
animais transgênicos aumentaram cerca de dez vezes a partir da década de 90, atingindo cerca
de 450.000 procedimentos (STOKSTAD, 1999 apud PAIXÃO, 2001).
4) Os biotérios
Um biotério é uma instalação concebida para permitir a criação de animais que serão
destinados a experimentos científicos e/ou educacionais, onde os animais supostamente
encontram um ambiente “agradável”, e que os proporcionam saúde e condições apropriadas
para o desenvolvimento e reprodução da espécie. Assim, os animais podem responder
satisfatoriamente aos testes neles realizados. (ANDRADE et al., 2002).
11
Os biotérios nasceram da necessidade de se ter os animais em número, idade e sexo adequado
ao estudo em andamento, além de facilitarem o alojamento, a manutenção e o transporte dos
mesmos (ANDRADE et al., 2002).
Os pesquisadores exigem que estes animais reúnam condições ideais, isto é, que atendam aos
parâmetros de qualidade genética e sanitária, uma vez que nada mais são que “reagentes
biológicos”, e os resultados dos experimentos são afetados em razão da qualidade de cada
espécie utilizada. Para manter a infra-estrutura de um biotério, demanda-se um alto custo
operacional, seja na aquisição dos animais, como na manutenção dos mesmos (ANDRADE et
al., 2002).
Segundo dados fornecidos pelo professor LUNA (2004), da Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia da UNESP Botucatu, no ano de 2001 foram gastos R$ 129.344,00
para manter aproximadamente 65.000 animais. Neste valor, não estão contabilizados os gastos
com manutenção, custo dos funcionários, limpeza e demais custos externos.
5) Principais tipos de testes realizados em animais na pesquisa científica
De acordo com LUNA (2004), 90% dos trabalhos científicos realizados não são publicados,
demandando tempo, recursos e a utilização de animais sadios para a experimentação.
Segundo descrito por TRÉZ & GREIF (2000), os principais tipos de testes envolvendo a
utilização de animais em pesquisas científicas estão assim divididos:
5.1) Indústria Química e Farmacêutica
Anualmente, milhares de produtos químicos são manufaturados para uso em geral (comercial,
agrícola, militar, industrial, doméstico, etc). Muitos deles são altamente tóxicos, e necessitam
de cuidados especiais de manuseio, pois apresentam alta periculosidade.
Os produtos e seus insumos químicos são largamente testados em animais, sob o título “teste
de toxicidade”, tais como Lethal Dose (Dose Letal - DL) 50, 40, 30...Lethal Concentration
(Concentração Letal - CL) 50, 40, 30...Lethal Dose Low (Baixa Dose Letal - BDLo), Total
Concentration Low (Baixa Concentração Total - BCTo), Maximum Torelable Dose (Dose
Máxima Tolerada - DMT), etc.
12
Figura 3: Animais submetidos a testes nas indústrias químicas e farmacêuticas, os segmentos industriais
que mais utilizam a experimentação animal em seus laboratórios de teste
Outras pesquisas incluem testes de carcinogenicidade (câncer) e mutagenicidade (mutações
genéticas), estudos de teratogenicidade (defeitos de nascimento) e toxicidade reprodutiva,
estudos de hepatotoxicidade (fígado), etc.
Os testes de toxicidade realizados em animais, além de envolverem um grande número de
animais, ocasionam diretamente sérios efeitos nos mesmos. Além disso, uma outra questão
relevante nesse caso, é que se trata de um dos poucos procedimentos em que há uma
obrigatoriedade legal de se realizar os testes (TRÉZ & GREIF, 2000).
5.2) Indústria Cosmética
Para determinar a segurança de cosméticos e produtos de limpeza e higiene doméstica,
diversas substâncias são testadas em animais:
Teste de irritação ocular (Draize Eye Test)
Realizado desde 1994, visa avaliar alterações oculares e perioculares provocadas por produtos
químicos diversos. Para execução do teste, são colocados 100 mg de solução concentrada de
determinada substância nos olhos de um grupo de 6 a 9 coelhos albinos, que não receberam
anestesia.
Figura 4: Coelhos submetidos a teste de irritação ocular (Draize Eye Test)
13
Os coelhos permanecem em caixas de contenção, imobilizados pelo pescoço. Não são
utilizados analgésicos, pois os cientistas alegam que seu emprego causa alteração nos
resultados.
As pálpebras dos animais são presas por grampos, que mantêm os olhos constantemente
abertos. Embora 72 horas sejam geralmente suficientes, a prova pode durar 18 dias, quando,
então, o olho do animal se transforma em uma massa irritada e dolorida.
As reações observadas incluem processos inflamatórios das pálpebras e íris, úlceras,
hemorragias ou mesmo cegueira.
Teste de sensibilidade cutânea (Draize Skin Test)
O procedimento consiste na depilação de áreas do corpo do animal, onde se raspa a pele
(muitas vezes até provocar sangramento) e aplica-se a substância a ser analisada. Observamse sinais de enrijecimento cutâneo, úlceras, edemas, etc.
Lethal Dose (Dose Letal – DL) 50
A prova compreende em forçar o animal a ingerir determinada quantidade da substância,
através de sonda gástrica. Por muitas vezes, ocorre morte do animal por perfuração.
Os efeitos observados incluem convulsões, dispnéia, diarréia, úlceras, emagrecimento, postura
anormal, epistaxe, hemorragias da mucosa ocular e oral, lesões pulmonares, renais e
hepáticas, coma e morte. Continua-se a administrar o produto até que 50% do grupo
experimental morram.
A substância também pode ser administrada por via subcutânea, intravenosa, intraperitonial,
misturada à comida, por inalação, via retal ou vaginal. As cobaias utilizadas incluem ratos,
coelhos, gatos, cachorros, cabras e macacos.
5.3) Indústria Armamentista
Experimentos de guerra
Testes de irradiação, nos quais as cobaias são expostas a diferentes tipos de radiação,
apresentando sintomas como vômitos, salivação intensa e letargia, provas químicas com gases
letais, provas biológicas – exposição a insetos hematófagos, testes balísticos (em que os
14
animais servem de alvo), bem como provas de explosão, com cobaias expostas aos efeitos de
bombas.
As Forças Armadas Americanas realizam testes de inalação de fumaça, prova de
descompressão, testes de consumo de drogas e álcool, testes sobre a força da gravidade, testes
com gases tóxicos, entre outros.
É estimado que cerca de 1/3 dos animais utilizados em pesquisa se destinam à indústria bélica
(Miranda, 2004).
Nos países desenvolvidos, uma grande variedade de animais é utilizada nos testes militares,
incluindo ovelhas, porcos, cães, roedores e macacos. No reino Unido, apesar do largo
emprego de animais em testes militares, também são conduzidos, paralelamente, testes com
voluntários humanos, evidenciando a baixa confiabilidade dos resultados obtidos com as
provas envolvendo animais, dada a grande diferença existente entre o homem e as demais
espécies animais.
5.4) Animais no programa espacial
Vários animais são utilizados nas pesquisas aeroespaciais, principalmente macacos e cães.
Experimentos com animais incluem testes com balões, foguetes, cápsulas espaciais, mísseis e
pára-quedas. São avaliados parâmetros fisiológicos das cobaias, testes comportamentais e
experimentos sobre a força gravitacional.
5.5) Outras Experiências
Comportamento e aprendizado
São conduzidos estudos sobre agressividade, aprendizado e comportamento sexual, como por
exemplo, alguns animais que têm parte do cérebro retirada e são colocados em labirintos, para
que possam achar a saída; gatos operados e reduzidos ao estado meramente vegetativo são
deixados durante dias inteiros em equilíbrio sobre plataformas cercadas de água, para evitar
que durmam, com o objetivo de registrar suas reações durante a vigília.
Cabe ressaltar que o comportamento agressivo dos animais é espontâneo e está ligado
diretamente à condição da garantia da sobrevivência, diferentemente do homem, que se torna
15
agressivo por outros fatores, como a vingança, por exemplo. É evidente que o homem difere
dos animais sob o ponto de vista psicológico.
Doenças mentais
São realizados estudos sobre amnésia, dependência, hipotensão, delírios, depressão e suicídio.
Os animais são artificialmente induzidos a tais comportamentos, como, por exemplo, nos
tratamentos à base de eletro choque.
Cirurgias experimentais
Animais de várias espécies são usados como modelos experimentais para o desenvolvimento
de novas técnicas cirúrgicas, aperfeiçoamento das já existentes e técnicas de transplantes de
órgãos.
Muitas técnicas cirúrgicas, quando executadas pela primeira vez em humanos, apresentam
efeitos diferentes daqueles observados nos procedimentos experimentais envolvendo animais.
Figura 5 – Animais vítimas de cirurgias experimentais
Experimentos com tabaco
Apesar de vários anos de observação terem evidenciado os riscos que o fumo causa à saúde,
ainda hoje animais são utilizados para investigação dos efeitos do tabagismo.
Um exemplo de testes com tabaco é a medição de alterações ultra-estruturais de macrófagos
alveolares de ratos, induzidas pela fumaça do tabaco. Uma comparação entre cigarros com
altos e baixos teores de alcatrão.
Figura 6 – Coelho(à esquerda) e galinha (à direita) utilizados como cobaias em teste para a indústria do tabaco
16
Outros testes mais comumente utilizados são os de patologia pulmonar comparada em ratos,
após a exposição à fumaça de cigarro e charuto, hipersecreção traqueal induzida pela fumaça
do tabaco em ratos e efeitos da nicotina sobre o consumo de alimentos e água em ratos.
Experimentos com álcool
Já se sabe que o etilismo afeta a saúde dos fetos humanos; apesar disso, experimentos com
fetos de camundongos ainda são praticados. Destacam-se os principais:

Passagem para o feto e líquido amniótico de etanol, administrado por via oral a
camundongos fêmeas prenhes;

Efeitos do etanol no comportamento de camundongos agressivos, pertencentes a duas
linhagens diferentes.

Acúmulo hepático de triglicerídeos, induzido pelo etanol, em camundongos e diferenças
genéticas na síndrome de abstinência física do etanol.

Efeitos agudos do álcool sobre a atividade da creatino-quinase (CK) plasmática do rato.
6) Efeitos de drogas em animais x efeitos de drogas em humanos
A diferença biológica e fisiológica entre organismos é evidente e cada indivíduo apresenta
respostas diferentes a estímulos externos.
O metabolismo, as reações a agentes patogênicos, as respostas a cada tipo de droga são
influenciadas pelas diferenças, que fazem com que cada organismo vivente se torne único. Por
conta desta diferença, grande quantidade de produtos e fármacos testados em animais acaba
causando efeitos desastrosos em humanos.
Conforme descrito por TRÉZ & GREIF (2000), os efeitos indesejáveis freqüentes, como
tonturas, mal-estar, confusão mental, dor-de-cabeça, formigamento e outros, não podem ser
expressos em animais de laboratório.
Outro ponto é a preocupação de que agentes potencialmente úteis à saúde humana sejam
recusados, por apresentarem resultados adversos quando testados em animais, não chegando
ao mercado.
O alto custo que gera a indústria farmacêutica a produção de novas drogas também é um fator
relevante. Um medicamento leva, em média 12 anos para ser lançado e consome 800 milhões
de dólares em pesquisa (CARELLI, 2004).
17
Num universo de 5.000 drogas testadas, apenas três chegam à fase final e apenas uma chega
às farmácias (MIRANDA, 2004).
O que ocorre é que muitas vezes, na última etapa dos estudos clínicos, o remédio revela-se
inseguro ou com uma eficácia aquém das expectativas. O prejuízo é fenomenal.
Para evitar a perda de tempo, a nova estratégia da indústria farmacêutica é conduzir testes
rápidos, com poucas pessoas, antes de submeter o medicamento a estudos com grandes
populações. A idéia é descartar logo as substâncias com maior potencial de fracasso.
Antes, estes testes de pré-seleção eram realizados exclusivamente em animais; agora, a cobaia
também é humana (CARELLI, 2004).
Tal afirmação nos leva a crer que os modelos animais não são tão confiáveis. Conforme
quadro a seguir, descrito por FADALI (1996), são relacionados alguns dos efeitos de drogas
em animais e seres humanos.
Tabela 1: Efeitos de drogas em animais versus efeitos de drogas em seres humanos
Droga
Ácido Fenclózico
Acutano
Acetilcolina
Amanita phalloides
(Espécie de cogumelo)
Aminoglutetimida
Amidopirina
Amil Nitrato
Antimonia
Arsênico
Aspirina
Atropina
Beladona
Bradiquinina
Butazolidina
Canamicina
Cetoconazole
Efeito em cobaias
Seguro
em
ratos,
camundongos e macacos.
Seguro
Dilata as artérias coronárias
de cães
Alimento de coelhos
Efeito em seres humanos
Toxicidade hepática
Defeitos de nascimento
Contrai as mesmas
Tóxico, podendo levar à
morte.
Anticonvulsivante
Inibidor de cortisol
Nenhum efeito importante
Doenças sanguíneas
Glaucoma
Reduz a pressão interna dos
olhos
Engorda suínos
Fatal
Seguro em grandes doses Fatal
administradas em ovelhas
Mata gatos, causa defeitos Analgésico e retarda a
congênitos
em
cães, coagulação sanguínea
macacos, ratos e gatos.
Inofensivo para coelhos e Fatal em altas doses
cabras
Inofensivo para coelhos e Fatal
cabras
Contrai os vasos sanguíneos Relaxa
cerebrais em cães
Não afeta a medula óssea
Afeta a medula óssea,
geralmente fatal.
Sem
efeitos
colaterais Danos renais e surdez
preocupantes
Seguro
Danos hepáticos, morte.
continua
18
Droga
Cloranfenicol
Clorofórmio
Clorpromazina
Clindamina
Clioquinol
Clonidina
Cortisona
Cianido
Depo-provera
DES
Dinitrofenol
Dipitrex
Disulfiram
Donperidona
Encainida
Eraldin
Estricnina
Fenacetina
Fenformina
Fluorido
Furmetina
Furosemida
Glutetimida
Halotano
Holofenato
Efeito em cobaias
Seguro
Efeito em seres humanos
Danos
irreversíveis
à
medula óssea
Asfixia
Infarto cardíaco como causa
mais comum
Doença motora
Tranqüilizante, pode causar
danos ao fígado.
Seguro em ratos e cães
Diarréia, às vezes fatal.
Sem registro
Cegueira, paralisia e morte.
Descongestionante nasal
Antidepressivo
Defeitos congênitos em Problemas
endócrinos,
camundongos e coelhos
pressão alta, psicose, etc.
Sem defeitos congênitos
Seguros em corujas
Fatal
Câncer; Infecções uterinas e Seguro
de mamas em cães.
Seguro
Câncer em filhas de mães
que receberam DES e
defeitos congênitos em suas
filhas
Não provoca cataratas
Provoca cataratas
Nenhum dano nervoso
Danos nervosos
Anti-helmíntico
Reações
tóxicas
após
ingestão de álcool
Nenhuma mudança no ritmo Arritmias sérias
cardíaco
Seguro
Ataques cardíacos e morte.
Junto com a Flecaidine, foi
causa de morte de cerca de
3.000 pessoas.
Altamente seguro
Danos à córnea, incluindo
cegueira, danos ao aparelho
digestivo e morte.
Não mata porcos-da-índia, Fatal
macacos e galinhas.
Sem efeitos importantes
Danos renais e às células
vermelhas do sangue
Diferente
Mortes
Nenhum
Inibe as cáries dentárias
Seguro, mesmo em contato Obstrução permanente do
com olhos de coelhos por canal lacrimal em pacientes
longo tempo.
que usaram a substância por
três meses
Danos
hepáticos
em Nenhum
camundongos e outros
Anticonvulsivante
Sedativo e hipnótico
Sem danos hepáticos
Danos hepáticos e morte
Hipolipêmico
Hipouricêmico
continua
19
Droga
Hemlock
Ibufenac
Imipramina
Isoniasida
Isopretenerol
Metildopa
Metilsergida
Mianserina
Opren (Oraflex)
PCP (ou “Angel dust”)
Penicilina
Pentazocina
Perexilina
Prenilamina
Psicofuranina
Quimiotripsina
Selacrin
Sorbitol férreo
Suprofen
Tegretol
Talidomida
Zimelidina
Zipeprol
Efeito em cobaias
Inofensivo para cabras,
cavalos, camundongos e
ovelhas.
Sem
danos
hepáticos,
apenas em ratos, quando
expostos a doses letais.
Depressivo
Sem danos hepáticos
Sem efeitos importantes
Não reduz a pressão
sanguínea
Sem efeitos sérios
Efeito em seres humanos
Fatal em humanos
Danos hepáticos e morte
Anti-depressivo
Pode causar danos hepáticos
Pode causar danos hepáticos
É eficiente em reduzir a
pressão sanguínea
Fibrose retroperitonial, que
pode ser fatal por obstruir os
vasos sanguíneos e ureteres.
Danos cardíacos foram
registrados.
Sem desordens sanguíneas
Desordens sanguíneas fatais
Seguro em altas doses em Danos hepáticos e morte
primatas não-humanos
Sedativo para cavalos
Altamente estimulante
Fatal para porquinhos-da- Antibiótico
índia
Antagonista narcótico
Analgésico
Sem danos hepáticos
Danos hepáticos e morte
Reduz o ritmo cardíaco em Taquicardia ventricular
muitos animais
Sem danos cardíacos em Tóxico ao coração
camundongos, ratos, cães e
macacos.
Perfuração córnea e danos Nenhuma complicação séria
severos aos olhos de coelhos
Seguro
Danos
hepáticos
e
fatalidades
Câncer no local da injeção
Nenhum
Seguro
Danos renais sérios
Seguro
Doenças sanguíneas fatais.
Descobertas
epidemiológicas
sugerem
um aumento na incidência
de defeitos congênitos
Seguro
Defeitos congênitos e morte
do feto
Seguro
Febre, danos hepáticos,
dores
nas
articulações,
danos nervosos e paralisia.
Considerado seguro
Sintomas
neurológicos
sérios, ataques e mortes.
FONTE: FADALI, 1996
20
7) Principais tipos de testes realizados em animais na Educação
São variados os tipos de experimentos e suas finalidades nas instituições de ensino brasileiras,
sobretudo em universidades: observação de fenômenos fisiológicos e comportamentais a
partir da administração de drogas; estudos comportamentais de animais em cativeiro;
conhecimento da anatomia interna e desenvolvimento de habilidades em técnicas cirúrgicas
(PAIXÃO, 2001).
Conforme descrito por TRÉZ & GREIF (2000) abaixo estão algumas breves descrições dos
experimentos mais realizados nas universidades:

Miografia: um músculo esquelético, geralmente da perna é retirado da rã, no qual se
estuda a resposta fisiológica a estímulos elétricos. As respostas são registradas em
gráficos. O procedimento é realizado com a rã ainda viva, anestesiada com éter.

Sistema nervoso: uma rã é decapitada e um instrumento pontiagudo é introduzido
repetidamente na sua espinha dorsal, observando-se o movimento dos músculos
esqueléticos do restante do corpo.

Sistema cardiorespiratório: um cão é anestesiado, tem seu tórax aberto e então se observa
os movimentos pulmonares e cardíacos. Em seguida aplicam-se drogas como a adrenalina
e acetilcolina, para análise da resposta dos movimentos cardíacos. Outras intervenções
podem ser realizadas. O experimento termina com a injeção de uma dose elevada de
anestésico ou acetilcolina que causa a parada cardíaca (eutanásia).

Anatomia interna: diversos animais podem ser utilizados para tal finalidade. Geralmente
estão mortos ou são sacrificados como parte do exercício, com éter ou anestesia
intravenosa.

Estudos psicológicos: ratos, porquinhos-da-índia ou pequenos macacos podem ser
utilizados como instrumentos de estudo. Alguns experimentos realizados são: privação de
alimentos ou água (caixa de Skinner); experimentos com o cuidado materno, nos quais a
prole é separada dos genitores; indução ao estresse, utilizando-se choques elétricos;
comportamento social em indivíduos artificialmente debilitados ou caracterizados.

Alguns animais são mantidos durante toda a vida em condições de experimentos, outros
são mortos pelas condições intensas de estresse ou quando não podem mais ser
reutilizados.

Habilidades cirúrgicas: muitos animais podem ser utilizados para estas práticas,
geralmente vivos ou anestesiados. Os exercícios de técnicas operatórias são comuns em
21
faculdades de Medicina Veterinária e Humana, e exigem grande quantidade de animais,
muitos dos quais recolhidos nas ruas ou através de parcerias firmadas entre Universidades
e prefeituras municipais, para coleta de animais nos Centros de Controle de Zoonoses.

Farmacologia: geralmente utilizam-se pequenos mamíferos, como ratos e camundongos.
Drogas são injetadas intravenosas, intramuscular ou diretamente no estômago (via trato
digestivo, por cateter ou injeção). Os efeitos são visualizados e registrados.
Figura 7 – Cadáveres de cães, submetidos a treinamentos cirúrgicos, gato ingerindo substância
farmacológica e rã decapitada em experimento.
Estas práticas vêm sendo criticadas severamente por educadores e profissionais. Seus
argumentos são de ordem ética, e, alguns casos, técnica, levantados em favor da educação
mais inteligente e responsável Uma consideração relevante se faz necessária a respeito das
inovadoras alternativas tecnológicas que podem substituir os experimentos com animais.
(TRÉZ, 2004).
Um crescente número de artigos científicos publicados comprova que estudantes que
aprenderam através de técnicas alternativas assimilam igualmente, e, alguns casos, até melhor
que aqueles que utilizaram o método tradicional da vivisseção (TRÉZ, 2004).
8) Alguns pontos de vista sobre experimentação animal
A experimentação animal é um tema controverso no meio científico. Muitos cientistas
afirmam as vantagens do uso de animais para experimentação, tendo como argumentos que
todas as descobertas para prevenção de doenças e sua conseqüente cura se devem a
experimentação animal, além de novas técnicas cirúrgicas e controle de produtos
farmacêuticos, provenientes da mesma fonte de experimentação (ZANETTI, 2004). Por outro
lado, estes mesmos pesquisadores que não abrem mão do uso de animais em suas pesquisas,
já admitem que o uso de animais deva ser racionalizado (PRESGRAVE, 2002).
Entretanto, todos são unânimes ao reconhecerem as alternativas como meios eficazes,
dependendo da pesquisa a ser realizada.
22
Cientistas que utilizam métodos alternativos garantem a sua eficácia, e citam tristes exemplos
relacionados ao uso de animais, como o caso das drogas retiradas do mercado: Talidomida,
Manoplax,, Phenacetin, E-feral, Zomax, Vioxx, entre outros , que resultaram em efeitos
totalmente desastrosos aos seres humanos (TRÉZ & GREIF, 2000).
A discussão é muito mais ampla, e envolve, não somente a utilização de animais em si, mas
também a forma de tratamento dispensada a estes animais, seja anteriormente ou
posteriormente ao experimento. Os princípios éticos acerca dos acontecimentos ocorridos nos
interiores de laboratórios de pesquisa vêm sendo amplamente estudados e divulgados
(PAIXÃO, 2001).
Relatos de alguns cientistas
- Manuel de Jesus Simões, professor doutor da Universidade Federal de São Paulo
(UNIFESP), Chefe do Departamento de Histologia e Biologia Estrutural.
- Sérgio Greif, biólogo graduado pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP),
Mestre em Ciências da Nutrição.
- Rosana Soibelmann Glock, mestre em Bioética e Ética em Pesquisa, assessora especial do
Comitê de Ética em Pesquisa da PUC-RS e professora de Ética Profissional e Bioética.
- Peter Singer, nascido na Austrália, fundador do Centro de Bioética Humana da Monash
University, em Melbourne e catedrático de Bioética no Centro de Valores Humanos da
Universidade de Princeton.
Os princípios éticos na utilização de animais em experimentos científicos e educacionais são
os principais pontos de discórdia entre profissionais que participam da realização dos
experimentos e defensores da adoção de técnicas alternativas de substituição.
Para Sérgio Greif, os Comitês de Ética no Uso de Animais em Experiências pressupõe um
tratamento mais digno aos animais, porém o maior objetivo dos mesmos é validar
experimentos que de outra forma não poderiam ter seus resultados publicados em jornais
internacionais.
Segundo o biólogo, os Comitês de Ética fundamentam-se no Princípio dos "3R's", que
defende que deve haver uma redução no número de animais utilizados em experimentos, um
refinamento na técnica de utilização, visando minimizar o estresse e sofrimento, e por fim,
"quando possível" a substituição (replacement, em inglês) dos animais por técnicas
23
alternativas. Porém, grandes partes dos pesquisadores ainda acreditam que a substituição dos
animais por técnicas alternativas seja um “sonho futuro e distante”, talvez utópico.
O professor Manuel de Jesus Fernandes, que coordena uma equipe de pesquisadores na
UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), compartilha de opinião semelhante. As
pesquisas realizadas por sua equipe utilizam principalmente ratos e camundongos, resultando
num consumo médio mensal de 60 roedores. Apesar de reconhecer que a substituição de
cobaias por modelos experimentais, como cultura de células, é uma tendência mundial, até o
momento a instituição em que trabalha não adotou tal iniciativa, em função da escassez de
recursos financeiros.
Para o pesquisador, é plenamente possível a substituição de métodos tradicionais por
alternativos, dependendo do tipo de estudo a ser realizado. Porém, tece uma reflexão um tanto
pessimista, considerando que os experimentos com animais ainda serão utilizados durante
vários anos.
Alguns fatores podem ser relacionados com este distanciamento entre a realidade e um
modelo idealizado para acabar com o sofrimento e morte causados aos animais utilizados em
experiências. A polêmica envolve desde questões éticas até econômicas.
“Os princípios éticos que são repassados aos alunos por parte do corpo acadêmico deveriam
ser feitos de forma agradável, inserindo na prática do futuro profissional exemplos de
situações reais e discussão de casos”, conclui a professora Rosana Soibelmann Glock,
professora de Bioética na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS).
De uma maneira mais abrangente, o comportamento ético é o elemento que norteia todo e
qualquer estudo envolvendo o uso de animais. Assim, como exigir um tratamento mais ético e
humano por parte dos pesquisadores para com os animais, se muitas vezes tais conceitos ainda
não soam convincentes para os profissionais, que pouco se interessaram pela disciplina
durante sua formação acadêmica?
Segundo Rosana, a grande maioria dos alunos os estudantes consideram as aulas de ética
pouco importante e as vêem apenas como mais uma das disciplinas obrigatórias. Ainda,
conclui a professora, é fundamental lembrar que não adianta apenas um professor estar
empenhado no estudo da ética com seus alunos, mas que todo o corpo docente deve agir com
correção e adequação de conduta.
Sobre o ponto de vista econômico, o professor Peter Singer, considerado o pioneiro do
movimento moderno dos direitos animais, tem um veredicto: os animais são utilizados como
meros objetos, mercadorias. “É uma questão de encomendar 200 ratos ou porquinhos-da-índia
para a próxima segunda-feira e testar determinado produto neles”, conclui Singer.
24
Uma reflexão semelhante é feita por Sérgio Greif, que acrescenta ainda a grande dimensão do
mercado voltado ao suprimento de animais, alimentação e serviços aos laboratórios de
pesquisas, que obviamente movimentam alguns milhões de dólares anualmente. Apesar disso,
o setor notabiliza-se pela baixa qualificação de mão-de-obra e pelos métodos tradicionais de
produção, conclui Sérgio.
Este “abismo tecnológico” impede a transição para as atividades de produção de métodos
alternativos, como simuladores e softwares. Porém, a iniciativa de substituição deve partir dos
laboratórios, que não o fazem por motivos meramente econômicos.
9) Movimentos de Proteção Animal: Um Breve Histórico
A preocupação com o sofrimento animal partiu inicialmente de cientistas como Robert Boyle
(1627-1691) e Robert Hook (1635-1703), que utilizavam animais em seus experimentos e,
declararam perceber intenso sofrimento e não desejar repetir os mesmos experimentos. Em
1665, Edmund O’Meara (1614-1681) já dizia que a agonia a qual os animais eram submetidos
originaria resultados distorcidos (RYDER, 1989 apud PAIXÃO, 2001).
Nessa época, também surge o cientista considerado o pioneiro em buscar alternativas à
utilização de animais em experimentos: James Ferguson (1710-1776), que criticava o
sofrimento do animal utilizado em experimentos sobre o sistema respiratório, e, em suas
demonstrações públicas, utilizou um balão para simular os pulmões (RYDER, 1989 apud
PAIXÃO, 2001).
Assim, com idéias que começavam a divergir sobre a questão da utilização de animais, o
século XIX iniciou. A experimentação animal se tornava crescente e institucionalizada com
Claude Bernard (cientista considerado o pai da Fisiologia e vivisseccionista), e,
surpreendentemente, neste mesmo momento aparece, no âmbito científico, a preocupação
com o bem-estar animal (PATON, 1993).
Em 1831, o neurologista Marshall Hall escreveu os princípios nos quais os experimentos
fisiológicos deveriam se basear para que a ciência fisiológica pudesse minimizar incertezas e
crueldades, e pudesse ser então vista como um importante segmento do conhecimento e da
pesquisa científica. Entre seus princípios constava a idéia de somente realizar experimentos
quando a simples observação não fosse capaz de fornecer as respostas, assim como a de evitar
a repetição desnecessária de experimentos, e de que todos os experimentos deveriam ser
conduzidos com o mínimo de sofrimento animal. Embora não tenha usado o termo
25
“alternativas”, pode ser considerado um dos primeiros cientistas a se preocupar com esta
questão (ROWAN & ANDRUTIS, 1990).
Data também desta época (1824) o surgimento da primeira Sociedade Protetora de Animais
(Society for the Prevention of Cruelty to Animals – SPCA, atualmente RSPCA), visando atuar
em diversos âmbitos da questão animal, que, embora fizesse objeção à vivisseção, reconhecia
que alguns experimentos eram justificáveis, devendo ser conduzidos de forma “humanitária”
(RYDER, 1989 apud PAIXÃO, 2001).
Em 1876, surgiu na Inglaterra a primeira lei que tinha por objetivo regulamentar a
experimentação animal: The Cruelty to Animal Act (1876). A partir de então, várias outras
sociedades protecionistas foram criadas em vários países (TRÉZ & GREIF, 2000).
Gradativamente, os movimentos de proteção animal, ou anti-vivisseccionistas, como também
são chamados, cresceram. Em 1926, Charles Hume fundou a UFAW (Universities Federation
for Animal Wellfare), numa tentativa de fazer com que os cientistas pensassem racionalmente
sobre suas atitudes para com os animais. Com a colaboração de outros cientistas, Hume
publicou, em 1947, a primeira edição do UFAW Handbook on the Care and Massagement of
Laboratory Animals, mostrando assim a preocupação cientificamente embasada com o bemestar animal (TRÉZ & GREIF, 2000).
Atualmente os movimentos de proteção animal contam com ajuda de organizações nãogovernamentais para aumentar seu espaço na mídia e também para seu fortalecimento,
angariando fundos e simpatizantes para a defesa da causa animal (SINGER, 2004).
Além deste crescimento, houve também a criação de duas vertentes: os movimentos de
proteção animal abolicionistas, que seguem os princípios de total abolição da experimentação
animal, preconizados pelo escritor suíço Hans Ruesch, e os movimentos reducionistas, que
pregam a redução dos experimentos envolvendo o uso de animais (TRÉZ & GREIF, 2000).
Figura 8 – Manifestações pacíficas de grupos de proteção animal pelo Brasil e pelo mundo
Alguns grupos de proteção animal, rotulados por grande parte da mídia como “ecoterroristas”,
são a vertente mais radical destes movimentos, substituindo manifestações pacíficas por
táticas muitas vezes consideradas violentas. Seus militantes aterrorizam funcionários de
26
laboratórios científicos para defenderem o fim dos experimentos animais. Os principais
grupos ecológicos radicais atuam principalmente na Inglaterra e Estados Unidos (POLONI,
2004).
10) O princípio dos “3R’s”
O princípio dos “3R’s” surgiu como um dos reflexos do debate envolvendo a questão do
sofrimento animal. Os três “R’s” são a abreviação das iniciais das palavras replacement,
reduction e refinament, que, em português significam substituição, redução e refinamento,
respectivamente. Tais termos aplicam-se à utilização de animais em experimentos.
A expressão foi criada pelo zoólogo W.M.S. Russel e pelo microbiologista R.L.Burch em seu
livro “The Principles of Human Experimental Technique”, publicado pela primeira vez em
1959 (RUSSEL & BURCH, 1992 apud PAIXÃO, 2001).
A origem deste conceito encontra suas raízes em Charle Hume, fundador da U.F.A.W.
(Universities Federation for Animal Welfare), que propôs à entidade, no ano de 1954, que
desenvolvesse estudos sobre técnicas “humanitárias” em experimentos realizados em animais
de laboratório (PAIXÃO, 2001).
Os cientistas indicados para desenvolver este estudo foram justamente Russel e Burch, que
logo em seguida escreveram o livro que preconizava que tais técnicas humanitárias deveriam
seguir os princípios propostos pelos “3R’s” (PAIXÃO, 2001).
A alusão do primeiro “R”, replacement (substituição) indica que se deve procurar substituir a
utilização de vertebrados por outros métodos que utilizem matérias que não possuem
sensibilidade, como plantas e microrganismos (RUSSEL & BURCH, 1992 apud PAIXÃO,
2001).
O segundo “R” ou reduction (redução) indica que se deve procurar reduzir o número de
animais utilizados no experimento, sempre que possível, incentivando uma “escolha correta
das estratégias” (RUSSEL & BURCH, 1992 apud PAIXÃO, 2001).
Neste sentido, a ciência também pode se beneficiar, com a melhora dos delineamentos
experimentais, e mesmo na área da estatística, o diálogo com os cientistas vem inovando as
estratégias e contribuindo para o aprimoramento dos campos de biomédicas e da estatística
(Geller, 1983 apud PAIXÃO, 2001).
O terceiro dos “R” (refinement – ou refinamento, em português), indica que se deve procurar
minimizar ao máximo o desconforto e/ou sofrimento animal (RUSSEL & BURCH, 1992
27
apud PAIXÃO, 2001). Neste sentido, a utilização de drogas anestésicas ou analgésicas é
relevante (PATON, 1993).
A idealização dos “3R’s” representou um impulso inicial à comunidade científica acerca dos
conceitos de alternativas; porém, para os anti-vivisseccionistas do movimento abolicionista, o
princípio dos “3R’s” só exalta a vivisseção, já que o primeiro “R” (substituição), segundo a
visão destes grupos, nunca será capaz de se sobrepor aos outros dois “R”.
Para estes grupos, o conceito inicial dos “3R’s” talvez tenha sido uma proposta bem
intencionada, porém, acabou por beneficiar a prática da vivisseção, não cumprindo o seu
objetivo inicial, que era impedir a materialização desta técnica (TREZ & GREIF, 2000).
Cabe ressaltar que, no âmbito científico, os “3R’s” atualmente são referências para a ciência
contemporânea, que utiliza animais em experiências de laboratório, norteando os trabalhos
dos cientistas.
Porém, sabe-se que não funciona como instrumento de regulação e fiscalização dos
procedimentos de pesquisa, pois, em sua grande maioria, estes procedimentos são realizados
em laboratórios com acesso restrito, e pode-se afirmar que o uso ético de animais ainda
depende muito da integridade e consciência de cada cientista (ANDRADE et al, 2002).
11) Aspectos Legais Sobre a Experimentação Animal no Brasil
A primeira lei a formalizar a vivisseção no território brasileiro foi a lei nº. 6638, de 8 de maio
de 1979, que estabelecia as normas para a prática didático-científica à vivisseção de animais.
Após esta lei, a legislação seguinte a abranger a vivisseção foi a Lei dos Crimes Ambientais,
de nº. 9605, aprovada em 12 de fevereiro de 1998, que dispõe sobre as sanções penais e
administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. Esta lei também
abrange a fauna doméstica e de laboratório. Abaixo, segue trecho do artigo 32, que faz
referência ao tema:
Art.32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou
domesticados, nativos ou exóticos:
Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa.
§ 1º. Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo,
ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.
§ 2º. A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.
As instituições em que a vivisseção é praticada também seriam responsabilizadas e sujeitas às
penalidades estabelecidas, conforme descrito nos seguintes artigos:
28
Art.2º. Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta lei,
incide nas penas a este cominados, na medida a sua culpabilidade, bem como o diretor, o
administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou
mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de
impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la.
Art.3º. As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente
conforme o disposto nesta lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu
representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua
entidade.
A lei também dispõe das penalidades:
Art.79. Aplicam-se subsidiariamente a esta lei as disposições do Código Penal e do Código
de Processo Penal.
Um projeto de lei, apresentado pelas principais instituições científicas do país (projeto de Lei
nº3964/1997 – FESBE, SBPC, FIOCRUZ e Academia Brasileira de Ciências) através do
deputado federal Sérgio Miranda de Matos Brito (MG), encontra-se em fase de tramitação no
Congresso Nacional.
Os principais aspectos deste projeto apresentam adesão ao princípio dos “3R’s” (refinamento,
diminuição e substituição). Prevê ainda que as Comissões de Ética passem a tornarem-se
obrigatórias nas instituições que utilizarem animais em experimentos.
12) Comissões de Ética no Uso de Animais
Um dos instrumentos de controle à experimentação animal que mais tem crescido em diversos
países são as Comissões de Ética no Uso de Animais, geralmente estabelecidas no âmbito das
instituições científicas (PAIXÃO, 2004).
O papel destes comitês pode ser resumido das seguintes formas:
“Assegurar que os animais sob a sua supervisão estejam sendo mantidos e utilizados de uma
forma humanitária” (PODOLSKY, 1999).
No Brasil, os comitês de ética surgiram na década de 90, e são mantidos principalmente para
assegurar o respaldo legal, as razões humanitárias, padronização, qualidade e publicação da
pesquisa, conforme descrito por LUNA (2004).
Dentre as funções de um comitê, três aspectos podem ser destacados (STEWART, 2007 apud
PAIXÃO, 2001):
29

Revisão de projetos: avaliação de projetos de pesquisa a fim de verificar se há a
necessidade da realização da mesma, se o modelo animal proposto é o melhor modelo
biológico e assegurar que os animais não sofrerão dor ou estresse desnecessário.

Inspeções: locais onde os animais são mantidos e locais dos experimentos.

Proporcionar atendimento veterinário aos animais, sempre que possível.
Em todo o país, apenas 14 instituições possuem Comissões de Ética no Uso de Animais,
embora não exista um cadastro nacional e nenhuma forma de regulamentação vigente no
momento (CHAVES, 2000 apud PAIXÃO, 2001).
13) Métodos Alternativos: Um Breve Histórico
Segundo definição de PRESGRAVE (2002), métodos alternativos são procedimentos que
podem substituir o uso de animais em experimentos, reduzirem o número de animais
necessários, ou refinar a metodologia, de forma a diminuir a dor ou desconforto sofrido pelos
animais.
Para JUKES & CHIUIA (2003), a definição das alternativas, no âmbito educacional, pode ser
mais ampla e abrangente que apenas o conceito de alternativas de substituição, podendo
estender-se até caminhos que envolvam a neutralização ou mesmo um uso benéfico dos
animais.
O conceito de “alternativas” para substituição de animais em experimentos é antigo e teve
como precursor o cientista James Ferguson (1710 – 1776), que já utilizava métodos
alternativos em seus experimentos.
No entanto, foi apenas na década de 60 que ocorreu a disseminação do conceito de métodos
alternativos, quando três organizações anti-vivisseccionistas britânicas resolveram fundar a
Lawson Tait Trust, para estimular e financiar os pesquisadores que não utilizassem animais
em suas pesquisas (ROWAN & ANDRUTIS, 1990).
Logo após, duas outras entidades teriam um relevante papel no estímulo ao uso de
alternativas: a United Action for Animals (U.A.A), criada em 1967, nos EUA, e, em 1969 a
F.R.A.M.E. (Fundation for Replacement of Animals in Medical Experiments), na Inglaterra,
criadas para promover o conceito de alternativas no âmbito das instituições de pesquisa
científica (FRAME, 2001 apud PAIXÃO, 2001).
Na década de 70 foi possível observar um interesse crescente nas alternativas e recursos
passaram a ser alocados para o desenvolvimento das mesmas. No entanto, foi nos anos 80 que
30
esse interesse se consolidou as legislações passaram a aderir ao conceito dos “3R’s”, e, as
pesquisas acerca de métodos alternativos aumentaram (ROWAN & ANDRUTIS, 1990).
As campanhas dos grupos de proteção nesta década representaram um impulso fundamental
para que as alternativas invadissem o campo dos testes toxicológicos e retirassem das
indústrias mais financiamento para testes de toxicologia in vitro (SINGER, 2004).
O papel das instâncias reguladoras entraria em destaque nos anos 90, com uma maior
evidência no debate para a questão da “validação dos métodos alternativos” (HILL &
STOKES, 1999 apud PAIXÃO, 2001).
Atualmente, tais métodos encontram-se em estágios distintos de desenvolvimento e validação.
Esse processo é bastante árduo, podendo atingir dez anos ou mais, pois, para a validação são
necessários estudos de avaliações inter e intra laboratoriais (HENRIQUES & SAMPAIO,
2002).
É importante ressaltar que os métodos alternativos estão cada vez mais avançados e sua
implantação nas instituições de ensino e pesquisa é uma questão de tempo, sobretudos pela
pressão exercida por boa parte da sociedade, que passou a cobrar métodos alternativos, como
forma de evitar o sofrimento animal (JUKES & CHIUIA, 2003).
31
RESULTADOS
De acordo com a literatura consultada, existem vários métodos alternativos ao uso de animais
vivos em experimentos, grande parte desses métodos pode substituir efetivamente a
experimentação em animais. Entretanto a implantação dessas alternativas depende da ruptura
com os padrões tradicionais, tanto na docência quanto na pesquisa.
A seguir, alguns métodos alternativos encontrados em substituição aos animais vivos em
experimentos científicos, retirados de TRÉZ & GREIF (2000):
01) Alternativas ao Uso de Animais em Pesquisas
Atualmente, os métodos alternativos em substituição aos animais na pesquisa estão cada vez
mais viáveis e eficientes e cada vez mais caminhos alternativos estão sendo percorridos. A
seguir, serão mostrados alguns destes caminhos (TREZ & GREIF, 2000):
a)Ttecnologia in vitro
A cultura de células, tecidos e órgãos são algumas das várias aplicações deste modelo
tecnológico, que permite realizar pesquisas de câncer, imunologia, testes toxicológicos,
produção de vacinas, desenvolvimento de drogas, estudo de doenças infecciosas, diagnose e
estudo de doenças ou distúrbios genéticos. A tecnologia envolvida na cultura de células in
vitro vem sendo aperfeiçoada a cada dia.
Uma importante área de aplicação das metodologias de cultura in vitro é a produção de
anticorpos, inclusive monoclonais, que podem substituir o método tradicional de obtenção,
através da injeção de substâncias em cobaias animais.
Outra aplicação importante é na produção de vacinas. Produzidas a partir da cultura de tecidos
humanos, são mais seguras que as produzidas a partir de animais, pois evitam que vírus
desconhecidos cruzem as barreiras das espécies e infectem o ser humano com outras doenças
e disfunções.
Figura 9 – A tecnologia in vitro vem se destacando como uma das principais alternativas de substituição ao
uso de animais em experimentos.
32
A placenta humana também pode ser utilizada, pois, além de constituir fonte de células para
cultura pode ser utilizada como material para testes de toxicidade e carcinogenicidade, e até
mesmo como instrumento para treinamento de técnica micro cirúrgica.
Abaixo, descreveremos algumas das principais tecnologias in vitro para utilização em
substituição ao uso de animais:

Eytex – procedimento in vitro que mede a irritação ocular, através de sistema de alteração
protéica. Uma proteína vegetal obtida da semente de feijão mimetiza a reação da córnea
humana a exposição de substâncias estranhas.

Skintex – método in vitro para avaliar irritação cutânea, usando a casca da semente de
abóbora para mimetizar a reação de substâncias estranhas sobre a pele humana (tanto o
EYTEX quanto o SKINTEX podem testar mais de 5.000 materiais diferentes).

Neutral red bioassay – consiste em células humanas em cultura, usadas para computar a
absorção de um pigmento hidrossolúvel, que mede a toxicidade relativa.

Testskin – utiliza pele humana cultivada em saco plástico estéril, podendo ser utilizada
para medir o grau de irritação cutânea.

Pele Reconstituída – utilização de fragmentos de pele humana (a partir de circuncisão ou
sobras de cirurgias plásticas), para observação de alterações histológicas e/ou liberação de
mediadores inflamatórios.

RBC (Red Blood Cell Assay) – baseia-se na avaliação da hemólise e na desmaturação
causadas por produtos (cosméticos) e/ou substâncias tensoativos) perante um controle
conhecido, geralmente Lauril sulfato de cobre.

WBC (Whole Blood Assay) – possível substituto para o ensaio de detecção de pirogênio
em coelhos, por meio da liberação de medidores inflamatórios quando um produto
injetável é colocado em contato com sangue total humano.

Agarose diffusion method – teste de citotoxicidade, que utiliza os parâmetros de morte ou
alterações fisiológicas de diferentes linhagens celulares.
33

LAL (Limulus Amoebocyte Lysate) – substitui o ensaio de pirogênio em coelhos. Baseiase na reação entre a endotoxina e substrato LAL. Dependendo do método, a presença da
endotoxina pode ser constatada por meio de coagulação (método gel-clot) ou da liberação
de cor (método cromogênico).
b)Eestudos epidemiológicos
Os estudos epidemiológicos são considerados os verdadeiros responsáveis pelos principais
avanços na saúde humana. Com estes estudos, conseguiu-se eliminar ou reduzir drasticamente
a incidência de doenças infecto contagiosa, ao relacioná-las com as condições de higiene e
saneamento.
A epidemiologia é baseada em comparações, nas quais pesquisadores obtêm indícios
comparando os níveis de exposição ao fator investigado.
Estudos epidemiológicos também estabeleceram relações entre o colesterol e as doenças do
coração, o câncer com o tabagismo, dietas ricas em gorduras e sua associação com os tipos de
câncer mais comuns e defeitos de nascimento com a exposição a químicas, entre outros. Os
mecanismos de transmissão do vírus da AIDS também resultaram de análises
epidemiológicas.
c)Estudos Clínicos e Autópsias
As descobertas provenientes a partir de estudos de casos clínicos em seres humanos e do seu
acompanhamento forma e são responsáveis por uma gama de descobertas cruciais para a
saúde humana.
Alguns exemplos de avanços relacionados ao trabalho clínico: anestesia, respiração artificial,
cateterização cardíaca, uso de iodina como anti-séptico, etc. Abaixo, citamos alguns estudos
clínicos:

CAT – utiliza computadores na reconstrução de imagens tridimensionais do corpo
humano, através de raios X.

MRI (Magnetic Ressonance Imaging) – permite a elaboração de mapas funcionais do
cérebro humano, assim como diagnóstico de pacientes com epilepsia. Pode monitorar as
mudanças de fluxo sanguíneo e revelar novas introvisões do mecanismo dos ataques. A
34
técnica também permite revelar anomalias no cérebro, causadas por falhas no
desenvolvimento psicológico de pacientes autistas.

PET
(Position
Emission
Tomograph)
e
SPECT
(Single
Photon
Emission
Computadorized Tomography) – usados em estudos de Mal de Parkinson, Doenças de
Alzheimer e Huntington, assim como outras doenças cerebrovasculares e distúrbios
psiquiátricos. A autópsia é um recurso fundamental para a descoberta de detalhes acerca
de determinadas doenças. Foi muito utilizada para compreender os mecanismos de ação
de doenças que assolaram a humanidade ao passar dos anos.
d)Simulações computadorizadas e modelos matemáticos
Os computadores podem predizer reações biológicas causadas por drogas novas, baseados no
conhecimento de sua estrutura tridimensional, eletrônica e química. Uma dessas técnicas é a
farmacologia quântica – explica o comportamento de drogas através de cálculos matemáticos,
envolvendo o nível de energia das substâncias químicas.
As simulações computadorizadas têm sido utilizadas para avaliar a toxicidade de substâncias,
eliminando os testes LD50 em animais.
Figura 10 – Exemplos de técnicas alternativas computadorizadas: simulador da fisiologia, neurologia e
musculatura humana (à esquerda) e simulador de corrente sanguínea (à direita)
Várias empresas como a Agouron Pharmaceuticals Affymax Research Institute, Vertex e
Neurogen Corp. já produzem drogas a partir de simulações computadorizadas, obtendo bons
resultados, e, o mais importante, sem a utilização de animais.
35
Alguns exemplos destas alternativas:

QSAR (Quantitative Structure Activity Relationship) – prediz os efeitos tóxicos, com
base na comparação estrutura-atividade das substâncias.

PBPK (Phisiologically Based Pharmaco-Kinetic) – prediz as ações farmacocinéticas
(absorções, metabolismo, eliminação, etc.).

TOPKAT (Toxicity Prediction by Computer Assisted Technology) – é um programa de
computador (software) que avalia a toxicidade, mutagenicidade, carcinogenicidade e
teratogenicidade, irritação de pele, olhos e LD50.
e) Culturas de Bactérias e Protozoários
As bactérias e protozoários são organismos sensíveis a mutagênicos, permitindo que
identifiquem agentes cancerígenos. Podem ser utilizados também para estimar os níveis de
vitaminas em estudos farmacológicos e toxicológicos e identificar antibióticos, como no
exemplo:

AMES TEST – teste para avaliação de carcinogenicidade, através de uma linhagem de
Salmonella, chamada de Salmonella typhimurium e através de enzimas. Pode detectar 156
carcinógenos animais (90% de um total de 174 substâncias testadas).
f) Tecnologia DNA Recombinante
A tecnologia envolve a síntese de compostos protéicos, através da manipulação genética em
bactérias, como a Escherichia coli. Um gene responsável pela produção de determinada
substância é isolado e inserido á bagagem gênica destas bactérias, que passarão a produzir a
substância. Esta tecnologia também é utilizada para a produção de insulina.
36
g) Cromatografia
O método repara e identifica componentes de drogas e amostras de sangue ou urina, por
exemplo. Pode ainda permitir a identificação de substâncias químicas desconhecidas ou
estranhas.
O HPLC (High Performance Liquid Chromatography) é uma destas tecnologias. Mais
recentemente, o aprimoramento da técnica vem permitindo mensurar insulina por métodos
que não envolvam o uso de animais, substituindo o teste LD50 na mensuração de antibióticos
anti-tumorais, como a dactinomicina (TREZ & GREIF, 2000 apud SHARPE 1988).
h) Espectrometria de Massas
Estas alternativas consistem em técnicas utilizadas para identificar e localizar substâncias
químicas, medir atividade enzimática, determinar constantes de cinética enzimática e medir
reações, sem a necessidade de invasão do organismo.
i) Medicina Preventiva
As práticas que estimulam cuidados com a saúde podem reduzir crucialmente a incidência de
enfermidades no ser humano. Hábitos maléficos como o tabagismo, alimentação rica em
gorduras e estresse são os maiores responsáveis pela maioria das doenças que assolam a
humanidade, principalmente as doenças cardíacas, derrames e câncer. Muitas destas doenças
podem ser evitadas como a adoção de hábitos de vida mais saudáveis.
Infelizmente, os gastos com a medicina preventiva são muito menores que os gastos
destinados às pesquisas.
j) Opção à Produção do Soro Antiofídico
O soro antiofídico, antídoto para veneno de cobras obtido através de um processo caro e
complicado, envolvendo o sofrimento e martírio de cavalos, criados especificamente para esta
finalidade, já pode ser considerado um método ultrapassado, através da confirmação dos
efeitos de testes realizados com algumas plantas apresentarem efeitos semelhantes ao do soro
de origem animal.
37
Os estudos realizados em laboratórios, por cientistas da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ) comprovaram os efeitos neutralizantes de seis plantas encontradas no Brasil,
mas, até agora nenhuma indústria farmacêutica manifestou interesse em produzir um
medicamento antiofídico de origem 100% vegetal.
02) Alternativas ao Uso de Animais na Educação
Segundo JUKES & CHIUIA (2003), as alternativas são um apoio à educação humana, e uma
forma de ensino que pode substituir o uso nocivo de animais, além de fornecer recursos para o
complemento educacional.
Abaixo, são descritas algumas das principais alternativas disponíveis para utilização em
experimentos educacionais:
a) Filmes e Vídeos
Os filmes e vídeos podem ser importantes recursos realísticos e alternativos à dissecação e
experimentação animal, principalmente quando associados a outros meios de baixo custo para
a apresentação dos métodos de ensino. Embora passivo, o vídeo pode oferecer bom retorno
para o aprendizado da aula.
Os vídeos profissionais de dissecação geralmente divulgam muito mais informações
adicionais aos estudantes e são alternativas eficientes aos estudantes que não realizarão testes
e manejo de animais em suas carreiras.
Para aqueles profissionais que trabalharão necessariamente com dissecações, como os
veterinários, os vídeos podem ser utilizados como treinamento antes da prática real.
Alguns dos filmes e vídeos mais difundidos entre os profissionais que utilizam estes recursos
alternativos:

Cat dissection – vídeo de uma dissecação de gato, com narração e detalhes para melhor
visualização, além de legendas explicativas.

Drug metabolism – vídeo que aborda a absorção, distribuição, biotransformação e
excreção de drogas no organismo. Também aborda a transferência de drogas pela placenta
e como as diferenças individuais afetam o metabolismo.
38

Anatomy of the Earthworm – Vídeo que aborda a anatomia e estruturas internas desses
anelídeos.

Cell Division – Vídeo que aborda as divisões celulares com animações em 3D. As fases
da mitose são discutidas com detalhes.

Cytology e Histology – as organelas celulares e suas funções são realçadas através de
fotomicrografias histológicos para descobrir as várias estruturas, em diferentes tecidos.

Visualisando os processos celulares – série com cinco vídeos que demonstra os
processos celulares (células e moléculas, movimento e transporte celular, fotossíntese e
respiração celular, replicação de DNA, mitose e reprodução celular e o código genético e
tradição).

Ressucitação cardio-pulmonar em cães – este vídeo apresenta os fundamentos da parada
cardiorespiratória em cães e técnicas de ressuscitação (massagem cardíaca e administração
de drogas).

Monitoração geral da anestesia em cães e gatos – este vídeo aborda o monitoramento
de anestesia geral em cães e gatos e também demonstra a intubação e emergências, no
momento das principais cirurgias.

Castração canina – vídeo que demonstra o processo de castração de cães.

Castração felina - vídeo que demonstra o processo de castração de cães.

Sutura e sua prática – mostra com detalhes a sutura e suas aplicações, através de efeitos
de computação gráfica e in vivo de um cachorro.

O milagre da vida – vídeo que mostra a trajetória do ser humano, da célula-ovo ao
nascimento.

Técnicas básicas de histologia – mostra os principais passos para a confecção de lâminas
histológicas.
39

Fisiologia cardiovascular: demonstra vários experimentos realizados no sistema
cardiovascular de ratos e cães, demonstrando os efeitos da massagem cardíaca e
desfibrilação elétrica.
b) Vídeos digitais
A recente tecnologia digital oferece novas oportunidades para desenvolver de modo criativo e
maximizar o potencial dos vídeos baseados em recursos didáticos, associados aos programas
para computadores (softwares).
A digitalização permite que videoclipes sejam acessados rapidamente e utilizados com
facilidade durante as aulas práticas de laboratório, permitindo inclusive que muitos destes
vídeos possam ser capturados da internet.
c) Modelos, Manequins e Simuladores.
Estas alternativas incluem a execução de treinamentos em objetos sintéticos, desenvolvidos
para simular órgãos, membros ou mesmo partes inteiras de animais e aparatos para
treinamento e simulação de funções fisiológicas ou perícia clínica.
Em linhas gerais, os modelos referem-se a objetos designados por estrutura anatômica de fácil
compreensão. Já os manequins são representações de animais ou seres humanos, desenhados
para treinamento de práticas clínicas, enquanto que os simuladores são ferramentas para o
treinamento clinico cirúrgico e prática de cuidados críticos, incluindo manequins
computadorizados, dispositivos para treinamento de cirurgias e suturas.
Simuladores dinâmicos
São simuladores guiados por instruções que ilustram processos dinâmicos, tais como a
fisiologia da circulação, os processos neurofisiológicos, etc.
As cirurgias realísticas podem de fato ser praticadas, e, o potencial técnico aplicado em ambas
as fontes: cadáveres humanos ou animais, de forma ética, sem agressão ou sofrimento.
40
Treinamentos Manuais
Manequins de pacientes humanos são utilizados para treinamentos de estudantes e
profissionais em perícias clínicas e procedimentos, assim como em cuidados críticos.
Os manequins mais avançados possuem pele artificial, ossos e órgãos, às vezes incluindo
corações que batem, até fluídos artificiais, simulando sangue e bílis.
Alguns são computadorizados para apresentar “tempo real” das emergências e sua
monitoração. Através de simuladores de situações clínicas os estudantes ganham perícia,
prática mental e emocional, requeridas em situações da vida real.
Os manequins animais também favorecem o aprendizado de diferentes técnicas médicoveterinárias, facilitam o treinamento no manejo, coleta de sangue, intubação, toracocentese e
técnicas de PCR (parada cardio-respiratória).
As experiências adquiridas nos manequins podem depois ser direcionadas para cadáveres
eticamente obtidos e somente depois, chegar ao trabalho clínico com pacientes animais.
Os manequins e simuladores oferecem um ganho efetivo nos treinamentos manuais. Eles
fornecem mais liberdade aos estudantes para praticar no seu próprio ritmo, podendo errar e
repetir os procedimentos, sem alto custo para os animais.

Jerry critical carry – manequim de cão, realístico, em tamanho natural, que simula a
inspiração do ar e da cavidade torácica, para simular traumas, assim como acesso vascular
jugular. Oferece respiração real, representações da traquéia, esôfago e epiglote. Simula o
trabalho dos pulmões e a pulsação artificial.
Figura 11 – “Jerry Critical Care”,um dos mais modernos manequins de simulação, têm sido usado
inclusive pelas Forças Armadas da Grã-Bretanha..
41

Fluffy – simulador de cuidados críticos com gatos, em paradas cardiorespiratórias. É um
manequim de gato, em tamanho natural, que permite o treinamento de uma parada
cardiorespiratória, procedimentos de anestesia, intubação traqueal, punção venosa,
ventilação manual, verificação de pulso artificial e curativos.
Figura 12 – “Fluffy”, a versão felina do simulador “Jerry”

Simulador de paciente humano – modelo dirigido por computador, em tamanho natural
de um ser humano, que permite o treinamento de sinais vitais, ventilação, cateterismo
vesical e programas de simulação do sistema neurológico, pulmonar, cardíaco, vascular,
metabólico e geniturinário.
Figura 13 – Manequim simulador do corpo humano

Substituto do Abdômen Canino para Instrução Cirúrgica – modelo desenvolvido para
simular a prática cirúrgica abdominal em geral e especificamente procedimentos
cirúrgicos gastrintestinais e urogenitais.

Neurosimulador – sistema que simula as funções elétricas e sinapses do sistema
neurológico, mostrando todos os neurônios e suas características de neurotransmissão.

Rato de PVC – modelo/ simulador desenvolvido para práticas cirúrgicas e aprendizado de
técnicas micro cirúrgicas, possibilitando a prática de até 25 tipos diferentes de técnicas de
micro cirurgia.
42
Figura 14 – O rato de PVC já vem sendo utilizado como método alternativo de ensino em diversas
Universidades
O rato de PVC tem 30 cm de altura por 20 cm de largura, pesa 1 kg, tem estruturas
internas, como veia jugular, artéria carótida, traquéia, rim, bexiga, veias cava, porta e
renal, aorta abdominal com artéria renal e lombar, semelhante ao do animal vivo. Com o
auxílio de um CD-ROM, ele simula a temperatura corpórea, o sistema vascular e ainda a
administração de anestesias, que podem ser monitoradas.
d) Simuladores Multimídia
O aparecimento e a aplicação das tecnologias da computação revolucionaram a ciência e a
sociedade como um todo. Na educação a internet, os softwares disponíveis em CD ROM e
DVD desempenham um poderoso papel.
Para dissecações virtuais e experiências em bem equipados laboratórios, os estudantes podem
executar performances na tela ou acessar simuladores de realidade virtual de técnicas clínicas
com facilidades táteis. Com os avanços tecnológicos, os programas de interação multimídia
podem integrar um laboratório virtual, imagens fotográficas e gráficos em 3D, videoclipes e
informações textuais que aumentam a qualidade e a oportunidade de aprendizado.
Os softwares foram criados e aprovados por professores e profissionais para facilitar a
visualização de estruturas e processos, e aumentar a capacidade de compreensão dos
estudantes.
Aumentando o ensino de anatomia
Numa dissecação virtual ou programa anatômico, os estudantes podem realizar tarefas passoa-passo, repetindo se necessário. A gama de facilidades varia de acordo com o programa.
Certos programas permitem comparar a morfologia entre as espécies ao clicar do mouse, com
comentários fornecendo informações aos estudantes. Oferecem a facilidade de realçar ou
melhorar a resolução de específico órgão ou sistemas de órgãos, pelo controle da opacidade
43
da imagem composta, apresentar processos fisiológicos como a digestão ou a ativação dos
músculos através da técnica “mórfica”. Geram órgãos e sistemas de esqueleto e apresentar
animações e sobrevôos por qualquer parte do corpo.
Estas oportunidades ausentes em laboratórios reais, mas accessível rapidamente em
simuladores de alta velocidade, podem fornecer uma experiência muito rica e sensorial, que
permite uma apreciação muito mais completa da estrutura e do relacionamento estrutural.
O laboratório virtual
Um software que abrange um laboratório virtual é capaz de apresentar uma série de
equipamentos na tela e ainda oferecer um alto grau de interatividade. Os laboratórios virtuais
apresentam com detalhes a preparação, os equipamentos essenciais e métodos práticos
relevantes, e os estudantes podem praticar ativamente os experimentos entre si, com
simuladores de tecidos e de resposta a estímulos ou agentes farmacológicos, como em praticas
envolvendo animais, em cenário clínico, monitorando e gravando informações em
osciloscópios na tela, gráficos e outros aparatos. Isso proporciona uma oportunidade de
trabalhar mias rápido e num custo mais baixo que em convencionais animais de laboratório.
As respostas dos programas podem derivar de experimentos animais prévios ou através de
algoritmos. Algumas simulações permitem a ilustração de conceitos ou desenvolver tarefas
que poderiam ser antiéticas, difíceis ou impossíveis em situações reais.
Aplicações na web
O uso de softwares com acesso à web entre estudantes é uma forte tendência que está em
crescente exploração no desenvolvimento do ensino apoiado na computação.
Alguns programas podem oferecer experimentação on line, os estudantes podem trabalhar
onde e quando escolherem e voltar a acessar seus laboratórios individuais on line para revisar
ou continuar com os experimentos específicos. Os professores podem monitorar e analisar os
resultados individuais com facilidade.

Mcpee – Programa que analisa a interação entre a circulação, função renal, líquido
corpóreo e equilíbrio eletrolítico. Registra níveis de sódio, potássio, uréia, creatinina,
albumina, hemoglobina, volume celular, peso corpóreo, entre outros. O programa
simula condições como diabetes, por exemplo.
44
Figura 15 – Software simulador da circulação humana. Permite simular inclusive diabetes.

Dissection works – Programa interativo em CD ROM que mostra a dissecação de
minhocas, peixes, lagostas, sapos, fetos suínos.

Anatomia de Rãs – CD ROM que aborda os órgãos e sistemas da rã. Cada órgão e
sistema podem ser discutidos separadamente.

Anestesia de ratos – Programa interativo, em CD ROM, que reproduz técnicas de
anestesia em ratos, simula as dosagens e concentrações do anestésico e informações
básicas dos parâmetros fisiológicos (coração, respiração, pressão sanguínea, etc.).
Figura 16 – Programa simulador de anestesia para ratos

Rã digital – Proporciona uma maneira divertida de aprender a dissecação, anatomia e a
ecologia da rã, sem o cheiro do formaldeído. Este CD ROM interativo pode ser usado para
substituir uma dissecação em rã, possui narração e animações tridimensionais detalhadas
Figura 17 – Rã digital, software que pode ser utilizado em substituição à dissecação da rã.
45

Guia de dissecção de vertebrados: POMBO – Este CD ROM examina o pombo vivo, as
características externas e técnicas iniciais de dissecação e fornece uma investigação
detalhada das características internas, como sistemas digestivo, circulatório, urogenital de
machos e fêmeas, o cérebro e o esqueleto.
Figura 18 – Software simulador das características vitais de um pombo.

Processos celulares – Exercícios interativos sobre osmose, difusão, processos celulares
(respiração, fotossíntese, transporte ativo e passivo, mitose), passo a passo com narração,
ilustrações e animações.

Embriologia – CD ROM apresentando o desenvolvimento de um sapo e um pintinho,
com imagens que podem ser manipuladas e medidas como num microscópio tradicional.

Testes selecionados em animais dentro da farmacologia e toxicologia – Este CD ROM
contém uma seleção de sete filmes que caracterizam experimentos executados em animais
dentro da Farmacologia e Toxicologia: envenenamento por muncarina e sua reversão com
atropina em gatos; efeito da morfina em cães; métodos de validação sistêmica de
medicamentos em animais de pequeno porte; efeito de anti-epiléticos; interação do álcool
com drogas depressoras do sistema nervoso central.
e) Fornecimento Ético de Cadáveres Animais
Para os estudantes de Zoologia e Medicina Veterinária, os estudos da anatomia não estão
completos sem algum grau de experiência de toques manuais dos tecidos animais e dos
próprios animais em si.
Similarmente para os procedimentos cirúrgicos, o treino não é suficiente se a experiência com
tecidos reais e a prática das habilidades for ausente.
A alternativa ética à matança de animais é a obtenção de animais “fornecidos eticamente” e
seus tecidos. Este termo, neste contexto significa cadáveres animais e tecidos obtidos a partir
46
de animais que morreram naturalmente ou em acidentes, que sofreram eutanásia, proveniente
de doença terminal ou ferimentos graves sem chances de cura.
A prática de utilização de cadáveres “fornecidos eticamente” é comum na Medicina humana,
o desafio é fazer com que a utilização ética de cadáveres animal siga padrões semelhantes,
tendo em vista a maior facilidade de obtenção.
Substituição
As dissecações de cadáveres “fornecidos eticamente” podem substituir as dissecações de
animais mortos em práticas de anatomia. Tais dissecações podem ser complementadas por
alternativas multimídia, permitindo que os estudantes treinem primeiramente utilizando
modelos e depois passem para cadáveres eticamente fornecidos, que são valiosos e não devem
ser usados para as habilidades básicas e sim para um estágio mais avançado de treinamento.
Programas de doação de corpos
Os programas de doação de corpos são um excelente exemplo das soluções de multi-benefício
que o processo de executar alternativas pode oferecer. Com a disposição dos cadáveres de
animais, estes programas substituem a negligência de recursos, o gasto de energia e a matança
de animais. Com o histórico médico dos animais em mãos, há uma garantia de cadáveres
livres de doenças e permite a observação de patologias, bem como a anatomia normal.
Os estudantes ficarão felizes de saber que nenhuma matança foi requerida e o ambiente de
aprendizagem é melhorado, consequentemente.
É um desafio às universidades, que podem estabelecer parcerias entre departamentos e
clínicas independentes e construir uma infra-estrutura sustentável a fim de utilizar de forma
eficaz os recursos do cadáver.
Bancos de tecido animal
Os bancos de tecido animal podem centralizar os materiais fornecidos eticamente. A coleta e
o uso quase imediato do tecido fresco também seriam possíveis se os processos de aquisição e
distribuição obedecessem a um padrão suficientemente elevado.
O sangue de animais coletados também pode substituir o sangue dos animais de laboratório.
Os investimentos em publicidade seriam necessários para ajudar no fornecimento de sangue
47
suficiente para uso clínico e educacional. Os bancos de sangue podem estar ligados aos
bancos de tecido animal.
Outras fontes de suprimento
A cooperação entre os departamentos de Patologia, Anatomia e Cirurgia pode proporcionar a
utilização mais intensa de cadáveres de animais doentes, para fins educacionais.
Por exemplo, as partes e membros de animais que não são utilizados no ensino da Patologia
poderiam ser usados no ensino da Anatomia, na prática cirúrgica ou para o treinamento de
habilidades clínicas.
f) Trabalho clínico com pacientes animais e voluntários
O trabalho clínico envolvendo pacientes reais promove um melhor aprendizado para os
alunos. No ambiente real, eles podem vivenciar e ter a oportunidade de aprender Anatomia,
Fisiologia e quadros de emergência, o que ficaria difícil de ser compreendido se os trabalhos
fossem limitados ao interior dos laboratórios.
Treinamento realístico
Os estudantes de Veterinária podem adquirir habilidades clínicas e experiência cirúrgica,
através do trabalho realizado com pacientes e “voluntários” animais. Para alguns estudantes
ao redor do mundo tal fato já é realidade, uma tradição de benefício clínico melhor que a
prática da vivisseção.
Além de substituir o uso de animais mortos e o uso estressante e invasivo ou até mesmo
terminal do animal vivo, este tipo de alternativa incentiva o respeito e a consideração para
com o animal, envolvendo os estudantes no processo interno de cuidado animal, do
diagnóstico à recuperação pós-operatória.
Aquisição de habilidades
Os animais voluntários pertencem aos próprios estudantes, que são incentivados a participar
de treinamentos clínicos não-invasivos e não prejudiciais. Exames, diagnósticos, amostras de
48
sangue e técnicas de curativo são os principais exemplos da utilização clínica de animais
voluntários.
A prática de habilidades clínicas utilizando técnicas invasivas pode ser justificada apenas no
caso de comprovado benefício clínico aos pacientes animais.
A participação dos estudantes nos trabalhos clínicos requer um nível avançado de habilidades.
Alternativas não-animais, como manequins e simuladores podem ajudar os estudantes a
atingirem este grau de conhecimento avançado dentro do ambiente clínico.
O gerenciamento, a intubação e as cirurgias podem ser melhores e mais eticamente
assimilados com pacientes reais.
Esterilização de animais em abrigos
É uma outra forma alternativa dos estudantes, supervisionados pelos seus professores,
aplicarem a técnica da castração, através de parcerias entre as Universidades e as ONG’s que
abrigam animais de rua.
Isso colaboraria para um aumento das doações dos animais, além de contribuir para o controle
de natalidade das espécies, além do cuidado veterinário pelo qual passarão os animais
abandonados.
g) Auto-experimentação entre estudantes
Para os estudantes de Ciências Biológicas, a importância do trabalho com o corpo vivo é
essencial. A compreensão eficaz dos processos e fisiologias e a prática de habilidades clínicas
dependem diretamente do experimento com corpos vivos.
A auto-experimentação é um recurso eficaz de alternativa humana não-invasiva. O intenso
envolvimento e a auto-referência de todas as práticas de aulas experimentais podem fazê-los
memorizar de forma mais agradável as qualidades, que são significativas no processo de
aprendizagem.
Biologia e medicina humana
A auto-experimentação e os treinamentos de técnicas clínicas em estudantes são usados nas
instituições como parte da prática normal. A amostragem de sangue, a medição da pressão
sanguínea e a punção venosa são alguns dos exemplos.
49
Práticas como exercícios de análise de urina e sangue (antes e depois da ingestão de
determinadas substâncias), associação de softwares para testes de verificação de temperatura
da pele em descanso, em exercício, em situações mentalmente ativas e testes de função
pulmonar são alguns exemplos de métodos alternativos já adotados no meio acadêmico.
g) Cultura in vitro
O desenvolvimento de culturas in vitro para pesquisas é baseado nas vantagens científicas e
éticas da opção pela cultura de tecidos. O custo mais baixo e a taxa mais rápida de seleção
para avaliação de toxicidade, somados à confiabilidade são fatores que justificam o emprego
deste modelo de alternativa.
A utilização do tecido animal nos trabalhos in vitro supera as questões éticas do uso de fetos
de bovídeos em experimentos. Além disso, em diversos procedimentos da prática biológica, o
tecido animal pode ser substituído diretamente por materiais extraídos de plantas.
h) Estudos de Campo
Os estudos de campo oferecem oportunidades para o estudo dos animais em seu próprio
habitat, onde expressam seu comportamento natural, ao contrário dos laboratórios, onde os
animais apresentam um comportamento limitado ou estereotipado, sejam de forma individual
ou nos grupos isolados dentre de laboratórios.
O método do estudo de campo pode fornecer uma experiência de aprendizagem extremamente
rica para o estudante, permitindo analisar fatores sociais, culturais e ecológicos, ausentes nos
laboratórios.
Situações e impactos
O trabalho de campo ideal deve contribuir à proteção animal e ao seu bem estar, direta ou
indiretamente, e não causando danos. Os estágios de planejamento e projeto do estudo de
campo devem avaliar a possibilidade de alguma das atividades terem caráter invasivo, e
adotar medidas para diminuir seu impacto.
As cidades também oferecem ricas possibilidades para o estudo de populações de animais
selvagens ou semi-selvagens, como pombos, ratos, vaca, etc. Os insetos e os cães e gatos
domesticados também podem integrar os estudos de campo realizados pelos estudantes.
50
Os jardins zoológicos e cativeiros raramente proporcionam um ambiente suficientemente
natural ou livre de danos que justifiquem seu uso para os estudos de campo, embora possam
ser utilizados em estudos que ensejam ilustrar o sofrimento causado aos animais e o exemplo
de como estes animais não devem ser mantidos.
Interação homem-animal
A interação entre humanos e animais também pode ser estudada; investigações sobre as
populações animais, durante e depois da interação que beneficiou os animais – como, por
exemplo, a expansão da população de pombos ou de gatos abandonados, que são abrigados e
alimentados – pode fornecer materiais interessantes para análise, assim como para o benefício
direto dos animais.
51
DISCUSSÃO
O debate ético acerca do tratamento dispensado aos animais nos laboratórios e instituições de
ensino é complexo e repleto de contradições. Métodos antigos e cruéis impostos aos animais
apresentados como sendo a única forma de “evolução” da ciência estão fomentando grandes
discussões entre a sociedade e os cientistas, confirmando as afirmativas de PAIXÃO (2001).
Diante desse impasse moral e também cultural, as alternativas produzidas para abolir a
utilização de animais em experimentos estão se tornando mais divulgadas e acessíveis às
empresas e instituições de ensino.
Os diversos autores consultados não divergem quanto à praticidade e eficácia que envolve as
alternativas; entretanto, a implantação de tais métodos envolve uma atitude mais ativa dos
profissionais que estão envolvidos com a experimentação animal, ou seja, pressupõe uma
ruptura definitiva com os métodos tradicionais.
Opor-se aos métodos tradicionais significa também romper com conceitos, idéias, hábitos e
regras que foram embasados a partir de experiências antigas e conservadoras. Essa afirmação
é similar ao pensamento de SINGER (2004) que se refere ao hábito como sendo a principal
barreira a ser enfrentada: “hábitos de pensamentos e linguagens devem ser contestados e
alterados”.
Não se pode deixar de mencionar as vantagens que tanto a pesquisa científica quanto as
instituições de ensino ganharão ao adotarem métodos alternativos, que, além de opções
viáveis são eticamente corretos.
A indústria paralela, formada com as práticas de experimentação animal, também aparece
como forte opositora à implantação da metodologia alternativa, pois seu lucro provém
justamente da venda de materiais, aparatos e animais, além da mão de obra empregada nessa
área (especializada e não especializada). Pode-se confirmar tal afirmativa quando se observa
que as alternativas são muito mais viáveis que o alto custo gerado pela manutenção e gastos
com animais de laboratórios.
As diferenças fisiológicas e anatômicas existentes entre as espécies também demonstra que a
experimentação animal não é um caminho eficaz para a comprovação dos resultados de
pesquisas científicas e educacionais, devido às diferença existentes, muitos resultados
experimentais obtidos podem não ser prejudiciais aos animais, mas podem ser para seres
humanos, ou vice-versa. Essas afirmações são concordantes com o pensamento de TRÉZ &
GREIF (2000).
52
O sofrimento imposto aos animais é outro aspecto relevante observado. A crueldade aplicada
aos animais fere o senso moral e ético humano. A prática de tais testes só comprova o fato da
espécie humana ser “especista” (preconceito ou atitude tendenciosa de alguém a favor dos
interesses de membros de sua própria espécie e contra os de outras), afirmação de SINGER
(2004).
53
CONCLUSÃO
Com base na literatura consultada e na pesquisa realizada, conclui-se que:
1 – Segundo TRÉZ & GREIF (2000), os métodos alternativos representam importantes meios
de substituição ao uso de animais, tanto nos centros de pesquisa científica quanto em
instituições de ensino.
2 - De acordo com PAIXÃO (2001), “o medo do novo” atrasa o processo de desenvolvimento
de novos métodos alternativos, enquanto evidências cientifícas e econômicas indicam que,
com maiores investimentos na área, a abrangência de tais métodos seria maior.
3 – Conforme descreve PAIXÃO (2001) é interessante observar que não são relatadas
conseqüências negativas para a pesquisa científica, e, de fato, os representantes das
sociedades científicas preconizam também o uso de alternativas quando essas existirem.
4 – LUNA (2004) complementa que entre os pesquisadores há um consenso na busca pelas
alternativas, mas, quando não há outra escolha, a solução é manter a utilização de animais.
5 – Segundo TRÉZ & GREIF (2000), “os métodos alternativos existentes são perfeitamente
viáveis, eficazes e duradouros, além de permitirem aos estudantes aprenderem no seu próprio
ritmo, sem o estresse das aulas envolvendo animais”.
6 – Para PAIXÃO (2001) a experimentação animal se tornou definitivamente um "problema
moral". Esse "problema moral" ganha visibilidade quando se fala em ética na pesquisa ou em
ética aplicada, seja na bioética, na ética ambiental ou, mais especificamente, na ética animal.
7 – De acordo com JUKES & CHIUIA (2003), resta aos educadores experimentar as
alternativas em suas aulas, algo que envolve superar o antropocentrismo, que coloca a vida
humana como mais importante do que todas as outras. As opções para isso já são conhecidas e
cada vez mais eficientes.
8 – Segundo TRÉZ (2004), independente de qualquer tradição humanitária na educação, a
maioria do uso de animais na educação é prejudicial, isto é, causa algum tipo de prejuízo
físico ou psicológico ao animal envolvido, e pode envolver de forma negativa o estudante em
situações de conflito ético.
9 – As alternativas apresentadas nesse trabalho e várias outras que aqui não estão descritas são
meios eficazes e viáveis de substituição ao uso de animais vivos, e elevam o grau de
humanização nas situações em que são implantadas. Sem dúvida os métodos alternativos
representam o fim do sofrimento de milhares de animais e o início de um processo mais ético
na educação e na pesquisa.
54
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AAVS. Testing.
AAVS – American Anti-Vivissection Society. Disponível em:
<http://www.www.aavs.org/laboratories02.html>. Acesso em: 10 ago. 2004.
ALVES, A.F. Métodos Alternativos ao Uso de Animais na Docência. Textos sobre
Bioética,
Rio
Grande
do
Sul,
10
ago.
2004.
Disponível
em:
http://www.geocities.yahoo.com.br/elnamugrabi/bioetica.htm. Acesso em: 4 set.2004.
ANDRADE, A.; PINTO, S.C; OLIVEIRA, R.S. (orgs). Animais de Laboratório: Criação e
Experimentação. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2002. 385 p.
BALLS, M. The Production of Genetically Modified Animals and Humans: an inescaple
moral challenge to scientists and laypeaple alike. England: ATLA, c. 26, p 1-2
BRASIL, 1998. Lei n 9605 de 12 de fevereiro de 1998. Diário Oficial da União em
13/02/98, seção 1, página 1 .
BUDKIE, M. A. Military Animal Research. Investigative Report. EUA, 2001. In:
<http://www.animalvoice.com/PAGES/invest.html>. Acesso em: 20 ago.2004.
CARELLI, G. Cobaias Humanas. São Paulo: Revista Veja, n. 32, p. 65 ,ago. 2004
FADALI, M. A. Animal Experimentation. A Harvest of Shame. California: Hidden springs
Press: 1996. p. 44-50.
GOLDIM, J. R. & RAYMUNDO, M.M. Aspectos Históricos da Pesquisa com Animais.
Porto Alegre, jul. 1997. Disponível em: <http://www.bioetica.ufrgs.br/animhist.htm> Acesso
em: 10 set. 2004.
HENRIQUES, M.G.O. & SAMPAIO, A.L.F. Alternativas para animais de laboratório:
sistemas in vitro. In: ANDRADE, A.; PINTO, S.C.; OLIVEIRA, R.S. (orgs.). Animais de
Laboratório: Criação e Experimentação. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2002. cap 39, p. 337342.
55
HUGHES, J. Xenografting: ethical issues. Journal of Medical Ethics, England, dez. 1998.
Disponível em:
<http://www.ncbi.nlm.nih.gov/entrez/query.fcgi?cmd=Retrieve&db=PubMed&list_uids=954
9678&dopt=Abstract>. Acesso em: 12 set. 2004.
JUKES, N & CHIUIA, M. From Guinea Pig to Computer Mouse: Alternative methods
for a progressive, humane education. 2 ed. England: Interniche, 2003. 520p.
LUNA, S.P.L. Como se Estrutura uma Comissão de Ética em Universidades. In: Simpósio
sobre Alternativas ao Uso de Animais em Pesquisas e Ensino, São Paulo, 3 e 4 de set. 2004.
Anais do I Simpósio sobre Alternativas ao Uso de Animais em Pesquisas e Ensino. São
Paulo: USP, 2004. p. 15-23.
MENDES, E.G. A História da Fisiologia no Brasil. Sociedade Brasileira de Fisiologia.
Minas Gerais, ago. 1999. Disponível em: http://www.sbfis.org.br/fisiologia_brasil/index.asp
Acesso em: 23 ago. 2004
MENEZES, L.T. Cobaia sintética. Revista Valor Setorial. São Paulo, n. 1, p. 40, out. 2004.
MIRANDA, O. Avanços na Medicina Sem o Uso de Animais. In: Simpósio sobre
Alternativas ao Uso de Animais em Pesquisas e Ensino, São Paulo, 3 e 4 de set. 2004. Anais
do I Simpósio sobre Alternativas ao Uso de Animais em Pesquisas e Ensino. São Paulo:
USP, 2004. p.36-51.
MORI, C. Demonstrativo de Prestação de Serviços pelo biotério da Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia – 2003. Anuário Estatístico do Biotério da Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de são Paulo. São Paulo, 2003
PAIXÃO, R.L. Experimentação Animal: razões e emoções para uma ética. Rio de Janeiro,
2001.189 p. Dissertação (Doutorado em Saúde Pública) – Fundação Oswaldo Cruz, Escola
Nacional de Saúde Pública, 2001.
56
PAIXÃO, R.L. As Comissões de Ética no Uso de Animais. Revista do Conselho Federal de
Medicina Veterinária. São Paulo, n. 32, p. 13-19, ago. 2004.
PATON, W. Man and Mouse: Animals in Medical Rearch. Oxford, England: Oxford
University Press. 1993. p. 55-77; 166-167.
PODOSLSKY, M.L. IACUC: The Hub of
Comunication. In: PODOSLSKY, M.L.&
LUKAS, V.S. (eds). The care and Feeding of an IACUC. Flórida: CRC Press, 1999. p. 1-7.
POLONI, G. A ameaça dos ecoterroristas. Revista Veja. São Paulo, n 32, p. 66-67, ago.
2004.
PRESGRAVE, O.A.F. Alternativas para Animais de Laboratório: do animal ao computador.
In: ANDRADE, A.; PINTO, S.C.; OLIVEIRA, R.S. (orgs). Animais de Laboratório:
Criação e Experimentação. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2002. p. 361-366.
RIVERA, E.A.B. Ética na experimentação Animal. In: ANDRADE, A.; PINTO, S.C.;
OLIVEIRA, R.S. (orgs). Animais de Laboratório: Criação e Experimentação. Rio de
Janeiro: Fiocruz, 2002. p. 25-28.
ROWAN, A.N. & ANDRUTIS, K.A. Alternatives: A Socio-Political commentary from the
U.S.A. Atla. 1990. p. 29-32.
SANTOS, B.F. Modelo Animal. In: ANDRADE, A.; PINTO, S.C.; OLIVEIRA, R.S. (orgs).
Animais de Laboratório: Criação e Experimentação. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2002. p. 2324.
SHÄR-MANZOLI, M. Holocausto. 2 ed. Suíça: ATRA AGSTG, 1996. 265 p.
SINGER, P. Libertação Animal. Ed.revista. Porto Alegre: Lugano, 2004. 357 p.
TRÉZ, T. Ensino na Área da Saúde. In: Simpósio sobre Alternativas ao Uso de Animais em
Pesquisas e Ensino, 1., São Paulo, 3 e 4 de set. 2004. Anais do I Simpósio sobre
Alternativas ao Uso de Animais em Pesquisas e Ensino. São Paulo: USP, 2004. p.52-60.
57
TRÉZ, T. & GREIF, S. A Verdadeira Face da Experimentação Animal: sua saúde em
risco. 2 ed. Rio de Janeiro: Sociedade Educacional Fala Bicho, 2000. 200 p.
ZANETTI, C. Práticas Laboratoriais. In: Simpósio sobre Alternativas ao Uso de Animais em
Pesquisas e Ensino, 1., São Paulo, 3 e 4 de set. 2004. Anais do I Simpósio sobre
Alternativas ao Uso de Animais em Pesquisas e Ensino. São Paulo: USP, 2004. p.6-14.
58
ANEXOS
59
ANEXO - 1
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS PELO BIOTÉRIO DA FACULDADE DE MEDICINA
VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
Espécie
CÃES (a)
CAMUNDONGOS
COBAIAS (a)
COELHOS (a)
GALINHAS
HAMSTERS
RATOS
1993
273
20.300
130
52
1.600
5.200
10.800
1994
151
18.000
80
55
1.200
4.300
8.000
1995
72
20.500
36
32
1.500
3.100
9.700
1996
25
5.000
20
20
800
1.600
8.000
1997
30
5.900
16
24
2.200
1.000
8.200
1998
0
5.365
4
33
0
809
6.852
1999
0
3.974
4
26
0
468
5.816
2000
0
3.730
10
96
0
1.000
6.547
2001
0
4.000
9
156
0
1.000
6.600
2002
0
4.500
6
24
0
500
4.000
Obs.: As quantidades informadas referem-se à produção e consumo, sendo que os excedentes
não ultrapassam 1%.
(a) Animais para manutenção.
Fonte: FMVZ (Dados fornecidos pela professora responsável pelo setor, Cláudia Mori)
60
GLOSSÁRIO
Biotecnologia: Aplicação de processos biológicos à produção de materiais e substâncias para
uso industrial, medicinal, farmacêutico, etc
Biotério: Viveiro de cobaias e outros animais empregados em experiências de laboratório,
produção de soros, vacinas, etc.
Circuncisão: Rito de iniciação, que consiste em cortar o prepúcio (pele que cobre a glande do
pênis).
Dispnéia: Dificuldade na respiração.
Dissecação (ou dissecção): Individualização, mediante o uso de instrumental adequado, de
parte(s) ou de órgão(s), seja de um ser vivo (em caso de intervenção cirúrgica), seja de um
cadáver (para estudo anatômico).
Epistaxe: Hemorragia nasal; hemorrinia, coanorragia.
Espectrometria: Técnica de análise qualitativa e quantitativa baseada na obtenção e estudo do
espectro de emissão de substâncias.
Eutanásia: Morte serena, sem sofrimento. Prática, sem amparo legal, pela qual se busca
abreviar, sem dor ou sofrimento, a vida de um doente reconhecidamente incurável.
Experimentação: Método científico que consiste em observar um fenômeno natural sob
condições determinadas que permitem aumentar o conhecimento que se tenha das
manifestações ou leis que regem esse fenômeno; experiência, método experimental.
Geniturinário: Relativo ou pertencente aos órgãos genitais e urinários.
Hemólise: Destruição de glóbulos vermelhos do sangue, com libertação de hemoglobina;
hemotexia.
61
Hepatotoxicidade: caráter da substância que é tóxica para o fígado.
Hipolipêmico: aquele que tem pouco teor de gordura no sangue.
Hipouricêmico: aquele que tem pouca presença de ácido úrico no sangue.
In vitro: Que ocorre, ou que se pode observar, dentro de um tubo de ensaio; em meio
artificial.
Intraperitonial: Relativo ao interior do peritônio - Membrana serosa que reveste,
internamente, as cavidades abdominal e pélvica (peritônio parietal) e, externamente, as
vísceras contidas nessas cavidades (peritônio visceral).
Intravenosa: Relativo ao interior de veia, ou ali situado
Macrófago: Célula de tecido conjuntivo, com grande capacidade de pinocitose e de
fagocitose; pode ser fixo, denominado histiócito, ou móvel.
Miografia: Descrição dos músculos. Estudo do registro gráfico de contrações musculares,
mediante o uso do miógrafo.
Monoclonal: Próprio de, ou produzido por clones de uma única célula.
Motocondrial: De, ou relativo a mitocôndria (organela membranosa presente em célula
eucariótica, e que gera energia química na forma de ATP).
Mutagênese: Processo que dá origem às mutações. Produção de mutações em uma população
de células.
Pirogênio: Substância originada em células vivas, que produz elevação de temperatura
corporal.
62
Radiação ionizante: Energia emitida por uma fonte sob a forma de partículas subatômicas
(elétrons, alfas, nêutrons, etc.).
Retroperitonial: que se localiza atrás do peritônio - Membrana serosa que reveste,
internamente, as cavidades abdominal e pélvica (peritônio parietal) e, externamente, as
vísceras contidas nessas cavidades (peritônio visceral).
Subcutâneo: Situado por baixo da cútis ou da pele; intercutâneo: tecido subcutâneo; Que se
dá ou aplica sob a pele: infecção subcutânea, vacina subcutânea.
Toxicidade: Caráter do que é tóxico. O quociente, expresso em quilogramas, da quantidade
duma substância necessária para matar um animal.
Transgênico: Diz-se de, ou organismo que possui em seu genoma um ou mais genes
provenientes de outra espécie, inseridos por processo natural ou, mais destacadamente,
empregando métodos da engenharia genética
Triglicerídeo (ou triacilglicerídeo): Qualquer éster da glicerina no qual as três hidroxilas
desta sofreram condensação com ácidos, especialmente ácidos graxos; triglicídeo, triglicéride,
triglicerídeo.
Úlcera: Solução de continuidade, aguda ou crônica, de uma superfície dérmica ou mucosa, e
que é acompanhada de processo inflamatório; ulceração.
Vivissecção (ou vivisseção): [Do latim vivus, 'vivo', + -i- + latim sectione, 'seção'.]
Operação feita em animais vivos para estudo de fenômenos fisiológicos.
Zoonose: Doença que incide sobretudo em animais. Doença transmissível de outros animais
vertebrados ao homem, e vice-versa, sob condições naturais.
63

Documentos relacionados