Resumos ISAAA
Transcrição
Resumos ISAAA
Resumos ISAAA Revisão Global das Culturas Transgênicas Comercializadas: 2000 Por Clive James Presidente, Conselho de Diretores da ISAAA Área Global de Culturas Transgênicas: 2000 Milhões de Hectares (1996 a 2000) 50 Total 40 30 Países em desenvolvimen to 20 10 19 95 19 96 19 97 19 98 19 99 20 00 0 Nº 23 – 2001 ÍNDICE Sumário Executivo Relação de Tabelas e Figuras 1. Introdução 2. Panorama do Status Global e Distribuição das Culturas Transgênicas, 1996 a 2000 2.1 Distribuição das Culturas Transgênicas nos Países Industriais e em Desenvolvimento 2.2 Distribuição das Culturas Transgênicas, por País 2.3 Distribuição das Culturas Transgênicas, por Cultura 2.4 Distribuição das Culturas Transgênicas, por Característica 2.5 Culturas Transgênicas Dominantes em 2000 2.6 Adoção Global de Soja, Milho, Algodão e Canola Transgênicos 2.7 Resumo das Mudanças Significativas entre 1999 a 2000 3. Valor do Mercado Mundial de Sementes Transgênicas, 1995 a 2000 4. Valor das Culturas Transgênicas no Contexto do Mercado Mundial de Proteção às Culturas 5. Panorama da Industria de Sementes Comerciais 6. Status da Regulamentação na União Européia 6.1 Status Atual 6.2 Novos Requisitos sob a Diretriz 2001/18 6.3 Aprovação de Culturas Transgênicas e Produtos Derivados 7. Alianças, Aquisições, Spin-offs e Atividades na Indústria de Biotecnologia 7.1 Compartilhamento de Informações, Conhecimento e Tecnologia com o Público e com os Países em Desenvolvimento 7.2 Novos Investidores em Biotecnologia de Culturas 7.3 Aquisições 7.4 Alianças 7.5 Fusões e Spin-Offs/IPOs 7.6 Genômica 7.7 Marcadores Genéticos 7.8 Regulamentos e Marketing 8. Destaques Selecionados das Culturas Transgênicas 8.1 Status das Aprovações das Culturas Transgênicas para Comercialização 8.1.1 A EPA aprova renovação do registro para o Algodão Bt e Milho Bt 8.1.2 Milho Starlink 8.1.3 Novas aprovações para o cultivo e comercialização de culturas transgênicas 8.2 Biosegurança 8.2.1 As Borboletas Monarca e o Milho Bt 8.2.2 A UE lança uma Mesa Redonda sobre Pesquisa de Segurança em Biotecnologia 8.3 Regulamentos de Importação de Alimentos e Rações 8.3.1 Propostas da UE para regulamento da rotulagem e rastreamento de culturas GM e alimentos e rações GM 8.3.2 A UE e i Japão propõem 1% de presença adventícia de grãos GM 8.3.3 Japão – Novos Regulamentos 8.4 Sequenciamento do Genoma 8.4.1 Arroz 8.4.2 Arabidopsis 8.4.3 Agrobacterium tumefasciens 8.5 Compartilhamento de Tecnologia Transgênica Privada com Países em Desenvolvimento 8.5.1 “Golden Rice” 8.5.2 “Golden Mustard” 8.5.3 Positech™ - um novo sistema de marcadores, baseado em manose 8.6 Destaques Selecionados em Culturas Transgênicas nos Países em Desenvolvimento 8.6.1 China – Produção recorde esperada em 2001 com a adoção generalizada do algodão Bt e tempo favorável 8.6.2 A África do Sul reafirma seu compromisso com a biotecnologia 8.6.3 A Nigéria coloca a biotecnologia agrícola em alta prioridade 8.6.4 A Lei de Sementes da Índia trata de questões emergentes de biotecnologia com os prospectos de comercializar o algodão Bt no curto prazo 8.6.5 China – seqüência aproximada do genoma do super híbrido de arroz próxima de ser completada 8.6.6 As Filipinas desenvolve seu próprio arroz transgênico, resistente à queima bacteriana, pronto para testes de campo 8.6.7 Brasil – status da aprovação para a soja transgênica 8.6.8 A Indonésia comercializa algodão Bt com sucesso – sua primeira cultura transgênica 8.6.9 Quênia a – primeiros testes de campo com cultura transgênica - batata doce resistente a vírus 8.7 Ampliando o Apoio Político e Institucional para a Biotecnologia de Culturas 8.7.1 Líderes da APEC apóiam o uso de biotecnologia para aumentar a produção de alimentos 8.7.2 O presidente dos EUA, Presidente George W. Bush, defende a biotecnologia em discurso ao Banco Mundial 8.7.3 O Presidente da República do Quênia procura cooperação em biotecnologia 8.7.4 O Relatório de Desenvolvimento Humano do UNDP destaca o uso e os benefícios potenciais da biotecnologia 8.7.5 Relatório conjunto de sete Academias de Ciências representado o Norte e o Sul sobre Plantas Transgênicas e Agricultura Mundial 8.7.6 A Comissão Européia libera relatório sobre o status da biotecnologia nos países em desenvolvimento 8.7.7 Relatório da Comissão Real da Nova Zelândia sobre Biotecnologia 8.7.8 A Associação Americana de Medicina apóia a biotecnologia para a produção de alimentos 8.7.9 O Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (IFAD) declara que a biotecnologia pode aliviar a pobreza 8.7.10 Relatório do Banco para o Desenvolvimento Asiático recomenda maiores investimentos em biotecnologia 8.7.11 O Instituto de Pesquisa sobre Política Internacional de Alimentos defende a biotecnologia como opção 8.7.12 A Sociedade Americana de Fitopatologia (APS) apóia a biotecnologia 8.7.13 Declaração da Sociedade Americana de Fisiologistas Vegetais/Sociedade Americana de Biólogos Vegetais (ASPP/ASPB) sobre Biotecnologia 8.7.14 Reino Unido – Relatório incentivador sobre culturas transgênicas/GM 8.7.15 Comissão do Senado Alemão apóia as culturas transgênicas 8.7.16 Fundação REDBIO – A Declaração de Goiânia sobre Biotecnologia 8.7.17 Declaração da Associação Científica do Congresso Indiano sobre Biotecnologia 8.7.18 Visão dos líderes indianos sobre biotecnologia – políticos, formadores de políticas, estadistas seniores em ciência e fazendeiros 9. Panorama dos Atributos e Benefícios Associados às Culturas Transgênicas 9.1 Redução do Uso de Pesticidas 9.2 Melhor Controle de Pragas e Produtividade 9.2.1 Melhor manejo de pragas de insetos 9.2.2 Melhor controle de ervas daninhas 9.2.3 Tolerância a herbicidas e plantio direto 9.2.4 Tolerância a herbicidas e produtividade 9.2.5 Contribuição para a conservação do solo, melhor qualidade da água e sustentação 9.3 Proteção aos Organismos Não Alvo 9.4 Segurança dos Alimentos e Riscos à Saúde 9.4.1 Milho Bt mais seguro com menores níveis de micotoxinas 9.4.2 O algodão Bt diminui os envenenamentos por pesticidas 9.5 Vantagem Econômica para os Fazendeiros que Cultivam Culturas Transgênicas 9.5.1 Soja Tolerante a Herbicidas 9.5.2 Algodão Bt 9.5.3 Canola Tolerante a Herbicidas no Canadá 9.5.4 Milho Bt 9.5.5 Panorama “global” da vantagem econômica aos fazendeiros com culturas GM em 1999 9.5.6 Distribuição dos benefícios econômicos entre as partes interessadas 9.6 Resumo 10. O Futuro – Comentário Final Agradecimentos Referências Apêndice RESUMO EXECUTIVO Esta publicação é a quinta da série de resumos da ISAAA, que descrevem a adoção global das culturas transgênicas comercializadas. É apresentado um banco de dados mundial para o primeiro período de cinco anos das culturas GM, 1996 a 2000, sendo os dados de 2000 analisados globalmente, por país, cultura e característica. Os dados sobre o status mundial das culturas transgênicas são complementados com comentários sobre temas chave, incluindo: o valor do mercado de sementes transgênicas no contexto global da proteção de culturas e mercado de sementes; uma revisão das alianças, aquisições, e atividades da indústria de biotecnologia; uma revisão de destaques selecionados de culturas transgênicas no último ano, e uma avaliação da ampliação do apoio político e institucional mundial às culturas GM; um panorama dos atributos/vantagens associados a culturas transgênicas, e finalmente, alguns comentários finais sobre o futuro. Os críticos da biotecnologia sempre foram céticos sobre a capacidade das culturas transgênicas, mais usualmente conhecidas com culturas geneticamente modificadas (GM), de serem variedades de culturas que pudessem causar impacto na produção e a qualidade das culturas nas fazendas. Os críticos têm sido ainda mais céticos quanto à adequação das culturas transgênicas ao mundo em desenvolvimento, particularmente quanto sua capacidade de satisfazer as necessidades dos fazendeiros com poucos recursos. É encorajador testemunhar que as promessas iniciais da biotecnologia de culturas estão satisfazendo as expectativas de grandes e pequenos fazendeiros, tanto no mundo industrializado como nos países em desenvolvimento. Em 2000, 3,5 milhões de grandes e pequenos fazendeiros de países industrializados e em desenvolvimento progrediram e se beneficiaram significativamente de 44,2 milhões de hectares de culturas GM. Como esperado, a área mundial plantada com culturas transgênicas começou a se estabilizar em 1999 e isso continuou em 2000, refletindo uma alta taxa de adoção sem precedentes até hoje; por exemplo, a soja GM na Argentina hoje ocupa mais de 90% da área de soja e o algodão GM mais de 70% da área de algodão nos EUA. Da área total mundial (convencional e transgênica) de 271 milhões de hectares plantados com soja, canola, algodão e milho em 2000, 16%, equivalentes a 44,2 milhões de hectares foram plantados com variedades transgênicas. Esses 44,2 milhões de hectares cultivados mundialmente com culturas transgênicas não têm precedentes, e são equivalentes a quase a área total do território do Reino Unido (24,4 milhões de hectares). A área global de culturas transgênicas em 2000, compreendeu 36% dos 72 milhões de hectares da soja plantada no mundo, 16% dos 34 milhões de hectares de algodão, 11% dos 25 milhões de hectares de canola e 7% dos 140 milhões de hectares de milho. Milhões de fazendeiros em 15 diferentes países industrializados e em desenvolvimento ao redor do mundo tomaram decisões independentes após avaliar seus primeiros plantios de culturas transgênicas em 1996. Subseqüentemente, a área de culturas transgênicas multiplicou-se por um fator sem precedentes de 25 – isso fala muitíssimo da confiança que os fazendeiros têm nas culturas transgênicas. Somente na China, num curto período de poucos anos, 3,0 milhões de fazendeiros com poucos recursos adotaram o algodão Bt em 2000 após assistir em primeira mão os muitos e significativos benefícios que o algodão Bt proporciona. Distribuição das Culturas GM Entre 1996 e 2000, um total acumulado de 15 países, 10 industrializados e 5 em desenvolvimento, contribuiu para o aumento de 25 vezes na área mundial de culturas transgênicas, de 1,7 milhões de hectares em 1996 a 44,2 milhões de hectares em 2000. A área acumulada de culturas transgênicas plantada nesse período de 5 anos, de 1996 a 2000, soma 125 milhões de hectares, equivalentes a mais de 300 milhões de acres. Em 2000, um total de 13 países, 8 industrializados e 5 em desenvolvimento, plantou culturas transgênicas. A taxa de adoção das culturas transgênicas não tem precedentes e é das mais altas para quaisquer novas tecnologias, pelos padrões do setor agrícola. As altas taxas de adoção refletem a satisfação dos produtores com produtos que oferecem benefícios significativos, indo de um manejo mais conveniente e flexível, maior produtividade e/ou retorno líquido por hectare, a um ambiente mais seguro através da diminuição do uso de pesticidas, que contribuem coletivamente para uma agricultura mais sustentável. A principais mudanças na área e participação das culturas transgênicas nos países respectivos, culturas e características entre 1996 e 2000 estão relacionadas com os seguintes fatores: • Em 2000, a área global de culturas transgênicas aumentou de 11%, ou 4,3 milhões de hectares, para 44,2 milhões de há, dos 39,9 milhões de hectares em 1999. Oito culturas transgênicas foram cultivadas comercialmente em 13 países em 2000, três dos quais, Bulgária, Alemanha e Uruguai, plantaram culturas transgênicas pela primeira vez. Dois países, Portugal e Ucrânia, que plantaram pequenas áreas introdutórias em 1999, não relataram culturas transgênicas em 2000. • Os quatro principais países que cultivaram a maior parte das culturas transgênicas em 2000 foram os EUA, com 30,3 milhões de hectares, (68% da área global); a Argentina com 10,0 milhões de hectares (23%), Canadá 3,0 milhões de hectares (7%); China 0,5 milhões de hectares (1%); o restante foi cultivado na África do Sul, Austrália, Romênia, México, Bulgária, Espanha, Alemanha, França e Uruguai. O mais alto crescimento em área plantada com culturas transgênicas entre 1999 e 2000 foi relatado na Argentina (3,3 milhões de hectares), seguida pelos EUA (1,6 milhões de hectares), com a China e a África do Sul com 0,2 e 0,1 milhões de hectares, respectivamente. Um decréscimo de 1 milhões de hectares foi estimado no Canadá devido principalmente à menor área plantada com canola. • Pela primeira vez nos últimos cinco anos, o crescimento da área com culturas transgênicas entre 1999 e 2000 nos países em desenvolvimento excedeu, por mais de 5 vezes, o crescimento em área com culturas transgênicas nos países industrializados (3,6 milhões de hectares versus 0,7 milhões de hectares). Dos 4,3 milhões de hectares de crescimento global em 2000, 3,6 milhões de hectares, equivalentes a 84%, se deram nos países em desenvolvimento. • Em termos de culturas, a soja foi a que mais contribuiu para o crescimento mundial das culturas transgênicas, equivalente a 4,2 milhões de hectares entre 1999 e 2000 seguida pelo algodão, com um aumento de 1,6 milhões de hectares. Milho GM e canola diminuíram de 0,8 e 0,6, milhões de hectares respectivamente, pelos decréscimos nos EUA e Canadá, o que foi parcialmente compensado pelo aumento nos países em desenvolvimento. • Houve três fatos notáveis em termos de características: a tolerância a herbicidas foi a que mais contribuiu (4,6 milhões de hectares) para o crescimento global de 1999 a 2000; os genes acumulados para resistência a insetos e tolerância a herbicidas, tanto em milho como em algodão, contribuíram com 0,3 milhões de hectares, com a resistência a insetos diminuindo em 0,6 milhões de hectares. • Das quatro culturas transgênicas mais importantes cultivadas em 12 países em 2000, as duas principais, soja e milho, representaram 59% e 23%, respectivamente, de um total de 82% da área mundial de culturas transgênicas, com os restantes 18% distribuídos entre algodão (12%) e canola (6%) • Em 2000, a soja tolerante a herbicida era a cultura transgênica dominante (59% da área mundial com culturas transgênicas, comparado com 54% em 1999), seguida do milho resistente a insetos (15% comparados com 19% em 1999), canola tolerante a herbicida (6%), milho tolerante a herbicida e algodão tolerante a herbicida, ambos com 5%, algodão Bt/tolerante a herbicida com 4%, e algodão Bt e milho Bt/tolerante a herbicida, ambos com 3%. • O efeito combinado dos sete fatores acima resultou numa área global de culturas transgênicas em 2000 que era 4,3 milhões de hectares maior e 11% a mais do que em 1999; isso é um aumento significativo de um ano para outro, considerando a alta porcentagem das principais culturas já plantadas com transgênicos em 1999. Valor do Mercado de Sementes de Culturas GM e Desenvolvimentos Industriais O valor do mercado mundial de sementes transgênicas cresceu rapidamente de US$ 1 milhão em 1995 para US$ 156 milhões em 1996, US$ 858 milhões em 1997, US$ 1.970 milhões em 1998, US$ 2.947 milhões em 1999 e um valor estimado de US$ 3.044 milhões em 2000. O ritmo dos investimentos em biotecnologia na indústria, que é preocupação para alguns, diminuiu em 2000. Uma vez que as características da indústria mudam com o spin-off das divisões de biotecnologia agrícola das companhias de ciência biológica com vistas a fusões com divisões semelhantes de outras companhias de ciência biológica para criar a necessária massa crítica. A maior parte das corporações já sofreu considerável reestruturação, e completaram spin-offs e fusões. Os investimentos em genômica vegetal continuam a crescer e são da maior importância para o crescimento futuro. É criticamente importante que o setor público e as instituições de desenvolvimento internacional, tanto nos países industrializados como nos em desenvolvimento, invistam em novas tecnologias para assegurar igual acesso e benefícios ao enorme potencial que as culturas transgênicas oferecem em termos de maior produtividade, alimentos mais nutritivos e segurança alimentar mundial. É vital que os setores público e privado constituam parcerias que permitirão que as vantagens comparativas de ambas as partes sejam otimizadas para alcançar o objetivo mútuo da segurança alimentar global. O caso mais premente para a biotecnologia é sua contribuição potencial para a segurança alimentar global e o alívio da pobreza e fome no Terceiro Mundo. Destaques das culturas GM; Os destaques mundiais das culturas transgênicas aproximadamente no último ano são discutidos em seis tópicos: • Status da aprovação para a comercialização das culturas transgênicas • Biosegurança • Regulamentos para a importação de alimentos e rações • Seqüenciamento do genoma do arroz, Arabidopsis e Agrobacterium tumefaciens • Compartilhamento de tecnologia transgênica privada com os países em desenvolvimento • Destaques selecionados referentes a culturas transgênicas, incluindo um sumário da série de seis artigos recentemente pala Academia Nacional de Ciências dos EUA que fornece evidência segura de que a alegação largamente alardeada pelos críticos que a borboleta Monarca estava ameaçada pelo milho Bt provou ser infundada. • Declarações e relatos de políticos, formadores de políticas, programas nacionais e organizações que refletem uma ampliação do apoio político e institucional à biotecnologia de culturas e o reconhecimento de sua crescente e importante contribuição à segurança alimentar global e a uma agricultura mais sustentável. Atributos e Benefícios das culturas GM A rapidez sem precedentes na adoção das culturas transgênicas durante o período de cinco anos de 1996 a 2000 reflete os significativos múltiplos benefícios conseguidos por grandes e pequenos fazendeiros em 15 países industrializados e em desenvolvimento que plantam as culturas transgênicas comercialmente. Há um crescente corpo de evidência convincente que demonstra claramente o melhor controle de ervas daninhas e insetos conseguido com culturas Bt resistentes a insetos e tolerantes a herbicidas, que também se beneficiam de menores insumos e custos de produção; as culturas GM oferecem vantagens econômicas significativas aos fazendeiros comparadas com as culturas convencionais correspondentes. A intensidade das ervas daninhas e das pragas de insetos varia de ano a ano, o que terá impacto direto os custos de controle de pragas e vantagem econômica. Apesar do atual debate sobre culturas GM, particularmente nos países da União Européia, milhões de grandes e pequenos fazendeiros, tanto nos países industrializados como no em desenvolvimento, continuam a aumentar seus plantios de culturas GM pelos múltiplos benefícios que oferecem. Essa alta taxa de adoção é um forte voto de confiança nas culturas GM, refletindo a satisfação dos produtores. Vários estudos confirmaram que os fazendeiros que plantam culturas tolerantes a herbicidas e culturas Bt resistentes a insetos são mais eficientes no manejo de pragas e ervas daninhas. Mais especificamente, o uso das culturas transgênicas resulta em: - práticas de manejo de culturas mais sustentáveis e mais eficientes no uso de recursos, que requerem menos energia e combustível, conservando recursos naturais. - Controle mais eficiente de pragas e ervas daninhas. - Redução no total geral de pesticidas empregados, o que tem impacto positivo sobre a diversidade biológica, protege os predadores e organismos não alvo, e o ambiente. - Menos dependência de pesticidas convencionais, que podem ser um risco para os produtores e consumidores; os benefícios potenciais à saúde associados com menos envenenamentos por pesticidas com o uso do algodão Bt na China é uma descoberta importante, com implicações significativas para outros países em desenvolvimento, onde particularmente pequenos agricultores podem estar correndo risco semelhante pelo uso intenso e exagerado de pesticidas convencionais. - Milho Bt, que reduziu os níveis da toxina fumonisina nos grãos de milho, o que resulta em rações e produtos alimentícios mais seguros e saudáveis. - Maior flexibilidade operacional na programação das aplicações de herbicidas e inseticidas. - Conservação da umidade, estrutura, nutrientes e controle da erosão do solo, através do plantio direto ou do cultivo mínimo, bem como melhoria da água do subsolo e da superfície, com menos resíduos de pesticidas. - O melhor controle de pragas, menor custo de produção e melhor produtividade contribuem para maior vantagem econômica para os fazendeiros que utilizam a tecnologia para desenvolver sistema agrícolas mais sustentáveis. Vantagens Econômicas das Culturas GM Há um crescente volume de evidências convincentes indicando que as culturas transgênicas estão trazendo benefícios econômicos significativos e o estudo de alguns casos está documentado nesta revisão. Estima-se que a vantagem “global” aos fazendeiros que usam soja tolerante a herbicida (HT), Algodão Bt, canola HT e milho Bt, é de US$ 700 milhões em 1999, compartilhada igualmente pelos países industriais e em desenvolvimento; dos US$ 710 milhões, aproximadamente 60% são derivados pela soja HT, 30% pelo algodão Bt e 10% pela canola HT. A estimativa de US$ 710 milhões é dada para fornecer uma avaliação da ordem de grandeza da vantagem econômica direta para 2 milhões de grandes e pequenos fazendeiros que plantaram 39,9 milhões de hectares de culturas transgênicas em 1999; além dessas vantagens econômicas diretas que os fazendeiros têm com as culturas transgênicas, vários estudos confirmaram que há também efeitos indiretos significativos para outros na sociedade. Para culturas tais como soja tolerante a herbicida, esse efeitos indiretos aos consumidores de todo o mundo pode ser da mesma ordem de grandeza das vantagens econômicas diretas de US$ 700 milhões aos fazendeiros em 1999. Portanto, a vantagem econômica direta e indireta “global” associada com os 39,9 milhões de hectares de culturas transgênicas em 1999 é provavelmente da ordem de US$ 1 bilhão ou mais. Não há evidência para corroborar com a percepção dos críticos da biotecnologia que os pesquisadores transnacionais de culturas transgênicas sejam os únicos ou principais beneficiários das culturas transgênicas. Ao contrário, os estudos feitos até hoje confirmam que não apenas os fazendeiros são beneficiários significativos, mas são geralmente os principais beneficiários, levando em média de um terço a metade do superávit econômico gerado pelas culturas transgênicas. Finalmente, uma importante descoberta do estudo com algodão Bt na China foi que os menores fazendeiros, aqueles cultivando menos de um hectare, ganharam mais do dobro da renda por unidade de área (US$ 400 por hectare) com o algodão Bt, em comparação com os grandes fazendeiros (US$ 185 por hectare). Essa descoberta é importante sob o ponto de vista da participação/distribuição e está merecendo maiores investigações para o algodão Bt e outras culturas transgênicas que prometem vantagens para os pequenos fazendeiros pobres em recursos. Tem também importantes implicações relacionadas com a alegação freqüentemente feita pelos críticos das culturas transgênicas que elas são inadequadas para os pequenos fazendeiros. Na verdade, os maiores benefícios até hoje relatados pelos estudos tem sido por larga margem dos pequenos fazendeiros, que têm menores possibilidades de suportar perdas em produtividade devido a pragas, e devem ganhar mais renda e correr menores riscos de saúde resultantes de menos aplicações de inseticidas convencionais. O Futuro Um número estimado de 3,5 milhões de fazendeiros plantou culturas transgênicas em 2000 e obteve múltiplos benefícios que incluíram vantagens significativas econômicas, ambientais, agronômicas e para a saúde. Espera-se que em 2001 o número de fazendeiros cultivando culturas GM cresça substancialmente para 5 milhões ou mais. A área global plantada com culturas transgênicas deve continuar crescendo a 10% ou mais em 2001, apesar da sem precedentes alta porcentagem das principais culturas já plantadas com transgênicos nos EUA, Argentina, Canadá e China. Em 2001, esses quatro principais países devem relatar um significativo aumento na sua área de culturas transgênicas. Os outros dez países que plantaram culturas transgênicas em 2000 devem relatar um crescimento modesto na área de culturas GM, com exceção da França e da Alemanha, que provavelmente continuarão a plantar uma pequena área simbólica de milho Bt. Espera-se que a África do Sul continue a diversificar e expandir sua carteira de culturas transgênicas, com a Austrália aprovando e comercializando mais características do algodão. A Indonésia comercializará o algodão Bt pela primeira vez. A Índia está progredindo em direção à aprovação do algodão Bt, o que pode ocorrer no início de 2002. A comercialização da soja tolerante a herbicida no Brasil está na dependência da resolução de questões em estudo entre o Ministério da Agricultura e a Justiça. A comercialização das culturas GM no Brasil e na China representará um divisor de águas para os países em desenvolvimento na medida em que os três países mais populosos da Ásia – China, Índia e Indonésia. Com 2,5 bilhões de pessoas, assim como as tre maiores economias da América Latina – Argentina, México e Brasil, mais a África do Sul estarão então comercializando e se beneficiando com as culturas transgênicas. O fator que decidirá a adoção de produtos específicos em alguns países em 2001 será a aceitação pública, que move a demanda do mercado, regulamentação e preços das commodities. Esses pontos serão os fatores que terão impacto sobre o plantio comercial de culturas transgênicas e o consumo de alimentos derivados de culturas geneticamente modificadas nos países da União Européia. Espera-se, entretanto, que haja progresso a curto e médio prazo nos países do Leste Europeu, que têm testes de campo avançados em andamento. Vários países em desenvolvimento devem prosseguir com testes de campo com algodão Bt, que tem dado benefícios substanciais a grandes e pequenos fazendeiros em vários países, notavelmente na China, onde aproximadamente 3 milhões de fazendeiros obtiveram benefícios significativos em 2000. Espera-se que a mudança da geração atual de características agronômicas de “insumo” para a próxima geração de características qualitativas “produto” continue vagarosamente e será regulada pelas regras nacionais e possivelmente pela próxima rodada de negociações na Organização Mundial do Comércio (OMC). Com a aceitação dos primeiros produtos de “qualidade”, que melhorarão o valor nutritivo dos alimentos e rações, um valor significativo será acrescentado ao mercado de culturas GM, e isso deverá estimular a “descommoditização” os mercados de óleos e sementes. Essa mudança não servirá apenas para aumentar significativamente o valor do mercado mundial de culturas transgênicas, mas também ampliará o perfil dos beneficiários, de produtores aos processadores e consumidores. Os produtos alimentícios derivados de culturas transgênicas que sejam mais saudáveis e mais nutritivos poderiam causar impacto na aceitação pública, particularmente na Europa. Um progresso significativo foi feito no primeiro período de cinco anos de 1996 a 2000, com uma área acumulada de 125 milhões de hectares de culturas transgênicas plantadas em 15 países industrializados e em desenvolvimento. Na medida em que novos produtos e novidades com características de insumo e produto serão disponíveis nos próximos cinco anos, é crítico para esses produtos sejam lançados dentro de uma estratégia na qual tanto as aplicações da biotecnologia como as convencionais sejam usadas para atingir a meta desafiadora da segurança alimentar global. A adoção de tal estratégia permitirá à sociedade continuar a se beneficiar das contribuições vitais que tanto o melhoramento de plantas convencional quanto o moderno oferecem. A biotecnologia pode desempenhar um papel crítico para se conseguir a segurança alimentar no mundo em desenvolvimento, em países como a China, que designou uma alta prioridade e um valor estratégico para a biotecnologia , e foi o primeiro país do mundo a comercializar culturas transgênicas no início da década de 90. A experiência da China, onde 3,0 milhões de pequenos fazendeiros se beneficiam do cultivo do algodão Bt em 2000, Argentina e África do Sul, devem ser compartilhados com outros países do mundo em desenvolvimento que enfrentam os mesmos desafios. Os governos, apoiados pelas comunidades científicas e de desenvolvimento internacional, deve assegurar testes seguros e contínuos e a introdução de culturas transgênicas e implementar programas de regulamentos que inspirem a confiança do público. A comunidade científica internacional e a as instituições de desenvolvimento devem exercer liderança no nível internacional no estímulo de discussões e compartilhar conhecimentos sobre culturas transgênicas com a sociedade. O público deve ser bem informado e engajado no diálogo sobre o impacto da tecnologia sobre o ambiente, confiabilidade nos alimentos, sustentação e segurança alimentar global. As sociedades dos países com superávit alimentar devem assegurar que o acesso à biotecnologia não seja negado ou postergado para os países em desenvolvimento que procurem chegar a novas tecnologias na sua busca por segurança alimentar. Afinal de contas, o caso mais claro no emprego da biotecnologia, mais especificamente das culturas transgênicas, é a sua contribuição vital potencial para a segurança alimentar global e o alívio da fome no Terceiro Mundo. Em resumo, precisamos ter certeza que a sociedade continuará a se beneficiar da contribuição vital que o melhoramento de plantas oferece, usando tanto as ferramentas convencionais como as da biotecnologia, pois as culturas melhoradas são, e continuarão a ser, o modo mais eficiente em custo, segurança ambiental e sustentação para assegurar a segurança alimentar global no futuro. Logo após esta revisão ter ido a prelo, dois eventos importantes de significância global tiveram impacto sobre a continuidade de nossa habilidade como sociedade de aliviar a pobreza e a desnutrição. Em seguida aos ataques terroristas nos EUA em 11 de setembro, o Banco Mundial fez a predição que a pobreza mundial cresceria, com milhões a mais de pessoas condenadas à pobreza em 2002. Mais especificamente, o Banco predisse que a pobreza mundial cresceria em mais 10 milhões de pessoas em 2002. As taxas de natalidade nos países em desenvolvimento poderiam baixar a 2,9% em 2001, comparadas com 5,5% em 2000. Para 2002, são projetadas taxas reduzidas dos países em desenvolvimento, na faixa de 3,5 a 3,8%, comparadas com os 4,3% preditos antes de 11 de setembro. Espera-se que a África seja a que mais sofra dano econômico da contínua redução da economia nos países industrializados, com 2 milhões de africanos adicionais sobrevivendo com US$ 1 por dia. Julga-se que a África seja particularmente vulnerável porque muitas nações africanas não têm meios de estabilizar sua economia quando os preços das commodities, dos quais dependem, caem. Conseqüentemente, “fazendeiros, trabalhadores da lavoura, e outros ligados à agricultura suportarão a maior parte da carga". O Banco recomendou que os países doadores aumentem a ajuda, reduzam barreiras alfandegárias para os países em desenvolvimento, e instou a comunidade doadora a coordenar sua reforma de políticas. O Papel Potencial da Organização Mundial do Comércio (OMC) O outro evento importante que terá impacto direto na contribuição das culturas transgênicas no alívio da pobreza e da fome nos países em desenvolvimento foi a Reunião da Organização Mundial do Comércio realizada em Doha, Qatar, de 9 a 13 de novembro de 2001, com comparecimento de 142 membros. É de se notar que a China, um dos líderes mundiais em culturas transgênicas, foi admitida como membro da OMC em 10 de novembro de 2001. A participação da China na OMC tem muitas implicações significativas para a sua própria estratégia futura em culturas transgênicas, mas também pode ser central para outros países em desenvolvimento e industrializados comprometidos com a utilização de culturas GM para alcançar a segurança global em alimentos, rações e fibras. Diferentemente da última reunião da OMC em Seattle, desta vez os maiores parceiros comerciais, incluindo os EUA e a Europa, tiveram contatos pré-reunião para discutir a minuta de um novo acordo de comércio que trate da liberalização do comércio agrícola e de têxteis, que compreende 70% das exportações dos países em desenvolvimento; o acordo TRIPS (Aspectos Comerciais da Propriedade Intelectual) também está sendo revisto, em que pese ser no setor de saúde e fármacos, mas pode haver algumas implicações importantes para a agricultura. Isso representa um progresso significativo para muitos países em desenvolvimento, que sofreram com os termos da rodada Uruguai, concluída em 1994. A OMC é uma organização internacional chave que pode garantir que as culturas GM sejam acessíveis para esses países em desenvolvimento que procuram usa-las para aliviar a pobreza e a fome e alcançar a segurança alimentar. Na nova rodada de negócios, a OMC deve tratar as questões cruciais que facilitariam a implementação da principal recomendação do bem recebido relatório de 2001 da UNDP Human Development Report – utilizar a biotecnologia e a tecnologia da informação para aliviar a pobreza nos países em desenvolvimento. Mais especificamente, a OMC pode tratar de várias questões cruciais que causem impacto nos países em desenvolvimento que buscam utilizar a biotecnologia para alcançar a segurança alimentar. As questões mais importantes e urgentes a serem tratadas e resolvidas pela OMC são: • Liberalização do comércio de produtos agrícolas. Abolindo todas as barreiras alfandegárias poderia aumentar a renda mundial em US$ 2,8 trilhões na próxima década, com bem mais da metade beneficiando os pobres. O Banco Mundial prevê que a liberalização do comércio mundial poderia reduzir o número de 1,3 bilhões de pessoas sofrendo hoje com a pobreza e, 300 milhões a 1,0 bilhão em 2015. A remoção ou redução das barreiras alfandegárias dos produtos agrícolas recebe alta prioridade pelos EUA e os países em desenvolvimento. Entretanto, os europeus e japoneses continuam a se opor a um comércio mais livre na agricultura, particularmente a subsídios à exportação, e preocupados pelas questões ambientais não estarem recebendo a atenção que merecem. Alguns observadores interpretam a posição européia sobre o ambiente como um modo indireto de re-introduzir políticas protecionistas na agricultura. • O estabelecimento de um corpo consultivo extraordinário para dar direcionamento e liderança na implementação da política da OMC de basear todas suas decisões referentes ao uso e transferência de material transgênico em fatos científicos e evidência objetiva – isso se choca flagrantemente com a subjetividade da tomada de decisões do Protocolo de Biosegurança, que não requer justificação científica para invocar o princípio cautelar. A aplicação do princípio cautelar para atrasar ou negar acesso às culturas transgênicas aos países em desenvolvimento que querem utiliza-las para segurança alimentar aumentará, em vez de diminuir o risco de segurança alimentar aos pobres, famintos e mal nutridos dos países em desenvolvimento. O estabelecimento de um corpo consultivo pela OMC seria agora apropriado, particularmente para alinhar e racionalizar decisões quanto às contradições do Protocolo de Biosegurança no que concerne ao uso e transferência de material transgênico. • Supervisionar a implementação de um acordo TRIPS que seja eqüitativo para todos os interessados. O acordo atual de propriedade intelectual (TRIPS), negociado durante a rodada Uruguai, é uma questão chave e tem impacto direto na colocação de culturas transgênicas nos países em desenvolvimento. O contexto das discussões em andamento no TRIPS será em relação a fármacos e saúde pública; entretanto, poderia haver algumas importantes implicações para a agricultura. Os EUA estão relutantes em abrandar os requisitos do TRIPS, mas um grupo de países em desenvolvimento, incluindo a África do Sul, o Brasil e a Índia estão procurando uma isenção do TRIPS para iniciativas de saúde pública, como o controle da AIDS. A renegociação do acordo TRIPS poderia ter implicações na facilidade de acesso, colocação e comércio de culturas transgênicas nos países em desenvolvimento, e a visão da China como um novo membro e país líder em culturas GM poderia ser vital. Quando esta revisão foi para o prelo, a última e encorajadora notícia da OMC foi que os membros chegaram a um consenso na Agenda de Desenvolvimento de Doha, com a África particularmente dando as boas vindas ao acordo por causa do potencial de maior abertura dos mercados para exportações. A questão mais difícil de resolver foi a dos subsídios da EU a agricultura, os quais ela concordou eliminar progressivamente, desde que não “prejudiquem o resultado” das negociações. Entretanto, alguns países em desenvolvimento manifestaram sua preocupação de que a EU possa usar restrições ambientais para impedir importações de produtos GM. Alcançar um consenso em comércio mais livre foi muito importante porque dará a OMC a necessária solidariedade entre os membros antes de tratar das importantes questões em aberto que necessitam ser resolvidas em relação à biotecnologia, que oferece aos países em desenvolvimento uma oportunidade única de aliviar a pobreza e alcançar a segurança alimentar. RELAÇÃO DE TABELAS E FIGURAS TABELAS Tabela 1 Área Global de Culturas Transgênicas, 1996 a 2000 Tabela 2 Área Global de Culturas Transgênicas em 1999 e 2000: Países Industrializados e em Desenvolvimento Tabela 3 Área Global de Culturas Transgênicas em 1999 e 2000: por País Tabela 4 Área Global de Culturas Transgênicas em 1999 e 2000: por Cultura Tabela 5 Área Global de Culturas Transgênicas em 1999 e 2000: por Característica Tabela 6 Culturas Transgênicas Predominantes Tabela 7 Área de Culturas Transgênicas em % da Área Global das Culturas Principais, 2000 Tabela 8 Valor Estimado do Mercado Mundial de Sementes Transgênicas, 1995 a 2000 Tabela 9 Mercado Mundial de Proteção de Culturas em 2000: por Produto (US$ milhões) Tabela 10 Valor Mundial das Culturas Transgênicas em 2000: por Cultura e Região (US$ milhões) Tabela 11 Mercado Mundial de Proteção de Culturas em 2000: por Região e Produto (US$ milhões) Tabela 12 Mercado Mundial de Proteção de Culturas em 2000: por País Expresso em Porcentagem do Mercado Total Tabela 13 Mercado Mundial de Proteção de Culturas em 2000: por Cultura (US$ milhões) Tabela 14 Últimos Valores Estimados (US$ milhões) dos Valores do Mercado Comercial de Sementes e Material de Plantio para as Principais 20 Culturas Tabela 15 Destaques Selecionados do Desenvolvimento da Biotecnologia De Culturas na Industria em 2000 Tabela 16 Resumo da Redução de Pesticidas para Culturas Transgênicas Selecionadas nos EUA, China e Canadá, 1998 a 2000 Tabela 17 Impacto Agregado do Milho Bt e do Algodão Bt nos EUA em 1998 e 1999: Aumentos na Produção (t métricas) Tabela 18 Resumo das Vantagens Econômicas no País aos Fazendeiros que Cultivaram Soja Transgênica Tolerante a Herbicidas (HT) nos EUA e na Argentina, 1996 a 2000 Tabela 19 Resumo das Vantagens Econômicas no País aos Fazendeiros que Cultivaram Algodão Bt Transgênico nos EUA, China e a Argentina, 1996 a 2000 Tabela 20 Estimativas das Vantagens Econômicas no País aos Fazendeiros que Cultivaram Canola Transgênica Tolerante a Herbicida no Canadá, 1996 a 2000 Tabela 21 Estimativas dos Ganhos (Perdas) Econômicos no País aos Fazendeiros Que Cultivaram Milho Bt Transgênico nos EUA, 1996 a 2000 Tabela 22 Vantagens Econômicas “Globais” aos Fazendeiros que Cultivaram Soja HT, Algodão Bt, Canola HT e Milho Bt em 1999 Tabela 23 Distribuição do Superávit Econômico Associado com O Algodão Bt Transgênico Plantado nos EUA em 1996 e 1997 Tabela 24 Distribuição do Superávit Econômico Associado com a Soja Transgênica Tolerante a Herbicida Plantada nos EUA em 1997 Tabela 25 Distribuição da Participação no Superávit Econômico das Culturas Transgênicas (Expressa em %), para os Diferentes Interessados FIGURAS Figura 1 Área Mundial das Culturas Trangênicas, 1996 a 2000 Figura 2 Área Mundial das Culturas Transgênicas, 1996 a 2000: Países Industrializados e em Desenvolvimento Figura 3 Área Mundial das Culturas Trangênicas, 1996 a 2000: por País Figura 4 Área Mundial das Culturas Trangênicas, 1996 a 2000: por Cultura Figura 5 Área Mundial das Culturas Trangênicas, 1996 a 2000:por Característica Figura 6 Taxas de Adoção no Mundo (%) para as Principais Culturas Transgênicas, 2000 Figura 7 Densidades da Broca Européia do Colmo em Illinois, 1943 – 2000 Apêndice Tabela 1A Últimas Estimativas da Exportação de Sementes no Mundo: por Cultura (US$ milhões) Tabela 2A Últimas Estimativas da Exportação de Sementes: Principais Países Exportadores (US$ milhões) Tabela 3A Culturas Transgênicas Aprovadas Segundo a Regra 90/220 Tabela 4A Culturas Transgênicas Pendentes de Aprovação na EU Segundo a Regra 90/220, até março de 2001 Revisão Global de Culturas Transgênicas Comercializadas: 2000 1. INTRODUÇÃO A população mundial passou dos 6 bilhões em 2000 e as Nações Unidas estima que alcançará 9,3 bilhões em 2050, quando aproximadamente 90% da população mundial residirá na Ásia, África e América Latina (http://www.unfpa.org) . O que é importante notar, entretanto, é que mesmo hoje 815 milhões de pessoas nos países em desenvolvimento sofrem de má nutrição e 1,3 bilhões são afligidos pela pobreza. As culturas transgênicas, freqüentemente referidas como culturas modificadas geneticamente (GM), representam tecnologias que prometem uma contribuição vital para a segurança em alimentos, rações e fibras. Durante os últimos cinco anos, 1996 a 2000, as taxas de adoção global de culturas transgênicas não tiveram precedentes e refletem a satisfação dos produtores com os produtos que oferecem benefícios significativos, indo de um manejo mais flexível e conveniente, maior produtividade ou rendimento líquido/hectare, um ambiente mais seguro através da diminuição do uso de pesticidas convencionais a uma agricultura mais sustentável. Revisões globais das culturas transgênicas têm sido publicadas pelo autor como Resumos ISAAA anualmente desde 1996. Esta publicação é a quinta do autor na série anual de revisões, para caracterizar e monitorar o status global das culturas transgênicas comercializadas. A primeira revisou as culturas transgênicas plantadas globalmente em 1996 (James e Krattiger 19996), a segunda para 1997 (James 1997), a terceira para 1998 (James 1998); a quarta para 1999 compreendeu uma Previsão antecipada (James 1999) seguida pela Revisão anual para as culturas de 1999 (James 2000a). A publicação atual apresenta a revisão anual global das culturas transgênicas para 2000; uma Previsão (James 2000b) desta publicação foi publicada previamente. Esta publicação fornece as últimas informações sobre o status global das culturas transgênicas comercializadas. Um conjunto detalhado de dados globais sobre a adoção das culturas transgênicas comercializadas para o ano 2000 é apresentado, com destaque para as mudanças que ocorreram entre 1999 e 2000. A tendências de adoção mundiais durante os últimos cinco anos, de 1996 a 2000, são também ilustradas. Dada a intensidade do debate sobre culturas transgênicas em 1999, principalmente no que se refere à aceitação pelo público, uma das principais questões no início de 2000 era se a área global de culturas transgênicas continuaria a aumentar em 2000; houve muita especulação, o que não foi surpresa. O principal objetivo deste trabalho é: • fornecer um panorama da adoção global das culturas transgênicas no período de 1996 a 2000; • documentar informações detalhadas sobre o status global e distribuição das culturas transgênicas comercializadas em 2000, por região, cultura e característica; • ordenar as culturas transgênicas dominantes/ combinações de características em 2000; • resumir e destacar as mudanças significativas entre 1999 e 2000; • revisar o valor do mercado de sementes transgênicas de 1995 a 2000 no contexto do mercado mundial de proteção a culturas e sementes. • relacionar os desenvolvimentos da industria de biotecnologia de culturas, particularmente as contínuas alianças, aquisições e desmembramentos no setor privado; • revisar destaques selecionados das culturas transgênicas, incluindo a ampliação do apoio à biotecnologia. • fornecer um panorama de atributos e benefícios associados com as culturas transgênicas, incluindo as vantagens econômicas para os produtores na fazenda, no nível nacional e “global”. Notar que as palavras “maize” e “corn” e “rapeseed” e “canola”, assim como transgênicas e geneticamente modificadas são usadas como sinônimos neste texto, refletindo o uso dessas palavras em diferentes regiões do mundo. Dados globais e hectares plantados comercialmente com culturas transgênicas foram arredondados para os 100.00 hectares mais próximos, e em alguns casos isso leva a aproximações insignificantes; pode haver pequenas variações nos dados, totais e estimativas de porcentagens. Também é importante notar que os países do hemisfério sul plantam suas culturas no último trimestre do ano calendário. As áreas de culturas transgênicas relatadas nesta publicação são as plantadas, não as colhidas, em hectares no ano citado. Portanto, as informações da Argentina, Austrália, África do Sul e Uruguai são dos hectares plantados no último trimestre de 2000, os quais serão colhidos no primeiro trimestre de 2001. 2. PANORAMA DO STATUS GLOBAL E DISTRIBUIÇÃO DAS CULTURAS TRANSGÊNICAS COMERCIAIS, 1996 A 2000 As informações sobre a adoção das culturas transgênicas comerciais foram fornecidas por muitas fontes independentes tanto do setor privado quanto do público. Múltiplas fontes de dados, bem como informações comerciais independentes adicionais sobre marketing, permitiram vários cruzamentos de controle, o que facilitou a rigorosa verificação das estimativas. Para a conveniência e facilidade de interpretação, os dados do status global e a distribuição das culturas transgênicas comerciais são apresentados em dois formatos complementares. Os dados são usados para melhor ilustrar as mudanças na área global transgênica entre 1996 e 2000. Tabelas complementares fornecem informações correspondentes mais detalhadas para 2000 e para ilustrar as mudanças que ocorreram entre 1999 e 2000. A área estimada global de culturas transgênicas para 2000 é de 44,2 milhões de hectares ou 109,2 milhões de acres (Tabela 1). Vale notar que 2000 é o primeiro ano em que a área global de culturas transgênicas excede 100 milhões de acres e quase chega a 45 milhões de hectares. Para colocar essa área de culturas transgênicas em perspectiva, 44,2 milhões de hectares são equivalentes a quase o dobro da área do Reino Unido. O aumento da área de culturas transgênicas entre 1999 e 2000 é cerca de um quarto do aumento correspondente de 12,1 milhões de hectares entre 1998 e 1999. Durante o período de cinco anos de 1996 a 2000, a área global de culturas transgênicas aumentou mais de 25 vezes, de 1,7 milhões de hectares em 1996 para 44,2 milhões de hectares em 2000 (Figura 1). Essa alta taxa de adoção reflete a crescente aceitação das culturas transgênicas pelos fazendeiros que usam tecnologia tanto nos países em desenvolvimento como nos industrializados. Durante o período de cindo anos 1996 – 2000, o número de países que cultivam culturas transgênicas mais do que dobrou, aumentando de 6 em 1996 para 9 em 1998, para 12 países em 1999 e 13 em 2000. 2.1 Distribuição das Culturas Transgênicas nos Países em Desenvolvimento e Industrializados A Figura 2 mostra a área em hectares das culturas transgênicas em países industrializados e em desenvolvimento no período de 1996 a 2000. Mostra claramente que, de 1996 a 2000 que, a maior parte, até 85% das culturas transgênicas no mundo está nos países industrializados. A proporção das culturas transgênicas cultivadas nos países em desenvolvimento, entretanto, aumentou consistentemente de 14% em 1997, a 16% em 1998, a 18% em 1999 e 24% em 2000. Portanto, em 2000, aproximadamente um quarto (Tabela 2) da área mundial de culturas transgênicas de 44,2 milhões de hectares, equivalentes a 10,7 milhões de hectares foi cultivado nos países em desenvolvimento, onde o crescimento continuou forte de 1999 a 2000, em contraste com o esperado nivelamento que é evidente nos países industrializados. Estima-se que a área de culturas transgênicas tenha aumentado de 39,9 milhões de hectares em 1999 para 44,2 milhões de hectares em 2000 (Tabela 2), resultando em um aumento global de 4,3 milhões de hectares em 2000, equivalentes a 11% de crescimento sobre 1999. Desses 4,3 milhões de hectares, 3,6 milhões, equivalentes a 84%, se deram nos países em desenvolvimento – comparados com apenas 16%, equivalentes a 0,7 milhões de hectares nos países industrializados. Portanto, a área de culturas transgênicas nos países em desenvolvimento cresceu 51%, de 7,1 milhões de hectares em 1999 a 10,7 milhões em 2000, comparados com um crescimento de 2% nos países industrializados, onde a área aumentou de 32,8 milhões de hectares em 1999 para 33,5 em 2000. _________________________________________________________________________ Tabela 1 Área Global de Culturas Transgênicas , 1996 a 2000 _________________________________________________________________________ Hectares (milhões) Acres (milhões) 1996 1,7 4,3 1997 11,0 27,5 1998 27,8 69,5 1999 39,9 98,6 2000 44,2 109,2 Aumento de 11%, 4,3 milhões de hectares ou 10,6 milhões de acres entre 1999 e 2000. Fonte: Clive James, 2000 Figura 1 Área Global das Culturas Transgênicas, 1996 a 2000 (milhões de hectares) Fonte: Clive James, 2000 Tabela 2. Área Globais das Culturas Transgênicas em 1999 e 2000: Países Industrializados e em Desenvolvimento (milhões de hectares ) 1999 Países % 2000 % +/- % 32,8 82 33,5 76 + 0,7 +2 7,1 18 10,7 + 3,6 + 51 Industrializados Países em 24 Desenvolvimento_ _________________________________________________________________________ Total 39,9 100 44,2 100 + 4,3 + 11 Fonte: Clive James, 2000 Figura 2 Área Global das Culturas Transgênicas, 1996 a 2000: Países em Desenvolvimento e Industrializados (milhões de hectares ) Industrial Em desenvolvimento Fonte: Clive James,2000 Tabela 3. Área Global das Culturas Transgênicas em 1999 e 2000: por País (Milhões de Hectares) País 1999 % 2000 % +/- % EUA 28,7 72 30,3 68 +1,6 +6 Argentina 6,7 17 10,0 23 +3,3 +49 Canadá 4,0 10 3,0 7 -1,0 -25 China 0,3 1 0,5 1 +0,2 +66 África do Sul 0,1 <1 0,2 <1 +0,1 --- Austrália 0,1 <1 0,2 <1 +<0,1 --- Romênia <0,1 <1 <0,1 <1 +<0,1 --- México <0,1 <1 <0,1 <1 +<0,1 --- Bulgária --- --- <0,1 <1 +<0,1 --- Espanha <0,1 <1 <0,1 <1 -<0,1 --- Alemanha --- --- <0,1 <1 -<0,1 --- França <0,1 <1 <0,1 <1 -<0,1 --- Portugal <0,1 <1 --- --- --- --- Ucrânia <0,1 <1 --- --- --- --- Uruguai --- --- <0,1 <1 +<0,1 --- Total 39,9 100 44,2 100 +4,3 +11% Fonte: Clive James,2000 2.2 Distribuição das Culturas Transgênicas, por País Em 2000, quatro países cultivaram 99% da área global de culturas transgênicas (Tabela 3). É interessante notar que são dois países industrializados, EUA e Canadá, e dois em desenvolvimento, Argentina e China. Consistente com o padrão desde 1996, os EUA cultivaram a maior área com culturas transgênicas em 2000. Os EUA cultivaram 30,3 milhões de hectares, seguidos da Argentina com 10 milhões de hectares, Canadá com 3 milhões, e a China com 0,5 milhões de hectares. Em 2000, a área com culturas transgênicas aumentou em três desses quatro países líderes que cultivam culturas transgênicas comercializadas. Os aumentos se deram nos EUA, Argentina e China, com decréscimo no Canadá (Figura 3). Os treze países que cultivaram culturas transgênicas em 2000 estão relacionados por ordem decrescente das áreas com culturas transgênicas (Tabela 3). Há 8 países industrializados e 5 em desenvolvimento. Em 2000, as culturas transgênicas foram cultivadas comercialmente em todos os seis continentes do mundo – América do Norte, América do Sul, Ásia, Oceania, Europa (Ocidental e Oriental), e África. Dos quatro países líderes que cultivaram 99% da área com culturas transgênicas no mundo, os EUA cultivaram 68%, a Argentina 23%, o Canadá 7% e a China 1%. O restante 1% foi cultivado pelos outros países, com a África do Sul e a Austrália sendo os únicos países nesse grupo que cultivam mais de 100.000 hectares ou 250.000 acres de culturas transgênicas. Figura 3 Área Global de Culturas Transgênicas, 1996 a 2000: por País (milhões de hectares) EUA Argentina Canadá China Fonte: Clive James, 2000. Na Argentina foi relatado um aumento de 3,3 milhões de hectares em 2000, como resultado do significativo crescimento da área de soja e milho, com um modesto ganho em algodão. Nos EUA houve um ganho líquido estimado de 1,6 milhões de hectares de culturas transgênicas em 2000; isso se deu como resultado de um aumento na área de soja, algodão e canola transgênicos, e um decréscimo na área de milho transgênico. Para o Canadá, estima-se um decréscimo líquido de 1 milhão de hectares, com a maior parte associada com o decréscimo na área plantada com canola transgênica. Para a China, estima-se que a área plantada com algodão Bt tenha aumentado em aproximadamente 0,2 milhões de hectares em 2000, para 0,5 milhões de hectares. Um aumento significativo de até 100.000 hectares de culturas transgênicas foi relatado na África do Sul, onde se espera que a área conjunta de algodão e milho transgênicos quase dobre. Na Austrália, foi plantada uma área de 150.000 hectares de algodão transgênico em 2000, com o México anunciando uma área modesta de algodão transgênico. Os países que cultivaram culturas transgênicas em 2000 incluem dois países do Leste Europeu, Romênia com soja e batata, e a Bulgária cultivando milho tolerante a herbicida. A Ucrânia, que cultivou batata transgênica em 1999, não confirmou área transgênica em 2000. Os três países da União Européia – Espanha, Alemanha e França – que cultivaram pela primeira vez pequenas área de milho Bt em 1999, cultivaram áreas reduzidas em 2000; Portugal, que cultivou milho Br em 1999, retirou o registro em 2000, e não houve relato de milho Bt em Portugal em 2000. Mais um país, o Uruguai, relatou a comercialização de culturas transgênicas pela primeira vez em 2000, cultivando uma pequena área, 3.000 hectares, de soja tolerante a herbicida. 2.3 Distribuição das Culturas Transgênicas, por Cultura A distribuição da área global de culturas transgênicas para as quatro principais culturas está ilustrada na Figura 4 para o período de 1996 a 2000. Mostra claramente a dominância da soja transgênica ocupando 58% da área global de culturas transgênicas em 2000; toda a soja transgênica é tolerante a herbicida. A soja transgênica manteve a posição em 2000 como a cultura transgênica que ocupa a maior área. Mundialmente, a soja transgênica ocupava 25,8 milhões de hectares em 2000, com o milho transgênico em segundo lugar com 10,3 milhões de hectares, algodão transgênico em terceiro com 5,3 milhões de hectares, e canola com 2,8 milhões de hectares (Tabela 4) Em 2000, estima-se que a área global de soja tolerante a herbicida tenha aumentado em 4,2 milhões de hectares, equivalentes a quase 20%. Ganhos de aproximadamente 2,7 milhões de hectares de soja transgênica foram relatados na Argentina, e 1,5 milhões de hectares nos EUA, com taxas de adoção estimada em 90% dos 10,2 milhões de hectares da soja plantada na Argentina, e 54% da área nacional de soja de 30,2 milhões de hectares nos EUA, em 2000. Estima-se que a área de milho transgênico em 2000 tenha diminuído globalmente em cerca de 800.00 hectares (Tabela 4) com o maior declínio nos EUA e um pouco no Canadá. Alguns observadores identificaram a principal causa da diminuição do milho transgênico nos EUA em 2000 como sendo a redução do plantio de milho Bt pelos fazendeiros que concluíram que a baixa infestação da broca européia do colmo em 1999 não justificaria o uso de milho Bt em 2000, com base na continuidade da baixa infestação. Outros sugeriram que a incerteza dos fazendeiros sobre o mercado do milho transgênico durante a época do plantio pode ter levado ao plantio reduzido do milho transgênico em 2000 por uma pequena parte deles. As reduções do milho transgênico nos EUA e Canadá foram compensadas por aumentos significativos do milho transgênico na Argentina, onde as taxas de adoção aumentaram de 5% a 20% na cultura nacional de milho, bem como por um aumento do milho transgênico na África do Sul. Tabela 4. Área Global de Culturas Transgênicas em 1999 e 2000: por Cultura (milhões de hectares) Cultura 1999 % 2000 % +/- % Soja 21,6 54 25,8 58 +4,2 +19 Milho 11,1 28 10,3 23 -0,8 -7 Algodão 3,7 9 5,3 12 +1,6 +43 Canola 3,4 9 2,8 7 -0,6 -18 Batata <0,1 <1 <0,1 <1 <0,1 --- Abóbora <0,1 <1 <0,1 <1 (---) --- Mamão <0,1 <1 <0,1 <1 (---) --- Total 39,9 100 44,2 100 +4,3 +11 Fonte: Clive James, 2000 Figura 4 Área Global das Culturas Transgênicas, 1996 a 2000: por Cultura (milhões de hectares) Soja Milho Algodão Canola Fonte: Clive James, 2000 Figura 5. Área Global das Culturas Transgênicas, 1996 a 2000: por Característica (milhões de hectares) Tolerância a herbicida Resistência a insetos Tolerância a herbicida/ Resistência a insetos Fonte: Clive James,2000 O aumento líquido da área mundial plantada com canola transgênica em 2000 é estimado em 600.000 hectares, com todo o decréscimo no Canadá, que compensado por um aumento modesto na canola transgênica nos EUA. Observadores canadenses atribuem a redução da canola transgênica a três fatores: primeiramente, a área nacional de canola diminuiu em 0,6 milhões de hectares, de 5,5 milhões em 1999 para 4,9 milhões de hectares em 2000; em segundo lugar, a canola transgênica tolerante a herbicida competiu com a canola tolerante a herbicida obtida por mutação, que aumentaram sua área e ocuparam 25% da área nacional em 2000 – comparado com 50% de canola transgênica em 2000; e em terceiro lugar o baixo preço da canola pode ter sido um desestímulo para os fazendeiros, que optaram por cortar custos plantando variedades convencionais. Em 2000, estima-se que a área mundial de algodão transgênico tenha aumentado em 1,6 milhões de hectares, de 3,7 milhões de hectares em 1999 para uma estimada em 5,3 milhões de hectares em 2000 – isto é equivalente a um aumento de um ano para o outro de mais de 40% na área mundial de algodão transgênico. O aumento mais significativo foi relatado nos EUA, onde a porcentagem de algodão transgênico aumentou de 55% em 1999 para 72% em 2000. A China relatou ter aumentado significativamente sua área de algodão transgênico para mais de 10% da área nacional de algodão, e aumentos modestos têm sido comunicados no México, Austrália, Argentina e África do Sul. 2.4 Distribuição das Culturas Transgênicas, por Característica Durante o período de cinco anos, de 1996 a 2000, a tolerância a herbicida tem sido considerada como a característica dominante, com a resistência a insetos em segundo (Figura 5). Em 2000, a tolerância a herbicida, colocada na soja, milho e algodão. Ocupava 74% dos 44,2 milhões de hectares (Tabela 5), com 8,3 milhões de hectares plantados com culturas Bt, equivalentes a 19%, e genes acumulados para tolerância a herbicida e resistência a insetos, colocados tanto no algodão como no milho ocupando 7% da área transgênica mundial em 2000. É importante notar que a área de culturas tolerantes a herbicida aumentou entre 1999 e 2000 (28,1 a 32,7 milhões de hectares), bem como as culturas com genes acumulados para tolerância a herbicida e Bt (2,9 milhões de hectares em 1999 a 3,2 milhões de hectares em 2000), enquanto a área de culturas resistentes a insetos diminuiu de 8,9 milhões de hectares em 1999 para 8,2 milhões de hectares em 2000 (Tabela 5 e Figura 5). A tendência para genes acumulados ganharem participação no mercado global de culturas transgênicas deve continuar. 2.5 Culturas Transgênicas Dominantes em 2000 A soja tolerante a herbicida foi a cultura mais dominante plantada comercialmente em seis países em 2000 – EUA, Argentina, Canadá, Romênia e Uruguai (Tabela 6). A soja tolerante a herbicida ocupou 25,8 milhões de hectares globalmente, representando 5% do total da área transgênica mundial de 44,2 milhões de hectares para todas as culturas. A segunda cultura mais dominante foi o milho Bt, que ocupou 6,8 milhões de hectares. Equivalentes a 15% da área global transgênica e plantados em seis países – EUA, Canadá, Argentina, África do Sul, Espanha e França. As outras seis culturas transgênicas relacionadas na Tabela 6 ocupam <10% da área global transgênica e incluem, em ordem decrescente de área: canola tolerante a herbicida, ocupando 2,8 milhões de hectares (6%); milho tolerante a herbicida em 2,1 milhões de hectares (5%); algodão tolerante a herbicida em 2,1 milhões de hectares (5%); algodão Bt/tolerante a herbicida em 1,7 milhões de hectares (4%); algodão Bt em 1,5 milhões de hectares (3%); milho Bt/tolerante a herbicida em 1,4 milhões de hectares (3%). Tabela 5 Área Global com Culturas Transgênicas em 1999 e 2000: por Característica (milhões de hectares) Característica 1999 % 2000 % +/- % Tolerância a herbicida 28,1 71 32,7 74 +4,6 +16 Resistência a insetos 8,9 22 8,3 19 -0,6 -7 Bt/Tolerância a herbicidas 2,9 7 3,2 7 +0,3 +10 Resistência a vírus <0,1 <1 <0,1 <1 <0,1 --- Total Global 39,9 100 44,2 100 +4,3 11 Fonte: Clive James, 2000 Tabela 6. Culturas Transgênicas Dominantes, 2000 Cultura Milhões de Hectares %Transgênicas Soja tolerante a herbicida 25,8 59 Milho Bt 6,8 15 Canola tolerante a herbicida 2,8 6 Milho tolerante a herbicida 2,1 5 Algodão tolerante a herbicida 2,1 5 Algodão Bt/tolerante a herbicida 1,7 4 Algodão Bt 1,5 3 Milho Bt/tolerante a herbicida 1,4 3 44,2 100 Total Fonte: Clive James,2000 2.6 Adoção Global de Soja, Milho, Algodão e Canola Transgênicos Uma maneira prática de mostrar a perspectiva global do status das culturas transgênicas é caracterizar as taxas globais de adoção das quatro principais culturas – soja, algodão,canola e milho – nas quais é utilizada a tecnologia transgênica (Tabela 7 e Figura 6). Os dados indicam que em 2000, 36% dos 72 milhões de hectares de soja plantada mundialmente eram transgênicos. Similarmente, 16% dos 34 milhões de hectares de algodão, 11% dos 25 milhões de hectares de canola, 17% dos 140 milhões de hectares de milho, eram transgênicos. Se as áreas mundiais dessas quatro culturas fossem somadas, a área total seria de 271 milhões de hectares, dos quais 16%, equivalentes a 44,2 milhões de hectares estima-se serrem transgênicos. É digno de nota que dois terços desses 271 milhões de hectares estejam em países em desenvolvimento onde as produtividades são mais baixas, as restrições são maiores, e a necessidade de uma maior produção de alimentos, rações e fibras é máxima. 2.7 Resumo das Mudanças Significativas Entre 1999 e 2000 As principais mudanças na área e na participação mundial das culturas transgênicas nos respectivos países, culturas e características, entre 1999 e 2000 estiveram relacionadas aos seguintes fatores: • Em 2000, a área global de culturas transgênicas aumentou de 11%, ou 4,3 milhões de hectares, para 44,2 milhões de hectares, de 39,9 milhões de hectares em 1999. Oito culturas transgênicas foram cultivadas em 13 países em 2000, três dos quais, Bulgária, Alemanha e Uruguai, cultivaram culturas transgênicas pela primeira vez. Dois países, Portugal e Ucrânia, que cultivaram apenas pequenas áreas introdutórias em 1999, não relataram culturas transgênicas em 2000. • Os quatro principais países que cultivaram a maioria das culturas transgênicas em 200 foram os EUA, com 30,3 milhões de hectares (68% da área mundial); Argentina, 10,0 milhões de hectares (23,3%), Canadá 3,0 milhões de hectares (7%); China 0,5 milhões de hectares (1%); o restante foi cultivado na África d Sul, Austrália, Romênia, México, Bulgária, Espanha, Alemanha, França e Uruguai. O maior aumento em área de culturas transgênicas foi relatado na Argentina (3,3 milhões de hectares), seguida pelos EUA (1,6 milhões de hectares), e a China e a África do Sul com 2,2 milhões de hectares, respectivamente. Uma diminuição de 1 milhão de hectares foi estimada no Canadá, principalmente devido à diminuição da área plantada com canola convencional e transgênica. Tabela 7. Área das Culturas Transgênicas em % da Área Global das Principais Culturas, 2000 (milhões de hectares) Cultura Área Global Área da Cultura Transgênica Área Transgênica em % da Área Global Soja 72 25,8 36 Algodão 34 5,3 16 Canola 25 2,8 11 Milho 140 10,3 7 Total 271 44,2 16 Fonte: Clive James, 2000 • Pela primeira vez nos últimos cinco anos o crescimento em área das culturas transgênicas entre 1999 e 2000 nos países em desenvolvimento excedeu, por mais de cinco vezes, o crescimento em área de culturas transgênicas nos países desenvolvidos (3,6 milhões de hectares versus 0,7 milhões de hectares). Dos 4,3 milhões de hectares mundiais de crescimento em 2000, 3,6 foram nos países em desenvolvimento. • Em termos de culturas, foi a que mais soja contribuiu para o crescimento global de culturas transgênicas, equivalente a 4,2 milhões de hectares entre 1999 e 2000, seguida pelo algodão, com um aumento de 1,6 milhões de hectares. O milho e a canola diminuíram em 0,8 e 0,6 milhões de hectares, respectivamente, devido a diminuições nos EUA e Canadá, que foram parcialmente compensadas pelos aumentos em culturas transgênicas nos países em desenvolvimento. • Houve três acontecimentos dignos de nota em termos de características; a tolerância a herbicidas foi a que mais contribuiu (4,6 milhões de hectares) para o aumento global entre 1999 e 2000; os genes acumulados para resistência a insetos e tolerância a herbicidas, tanto em milho com em algodão contribuíram com 0,3 milhões de hectares, com a resistência a insetos decrescendo em 0,6 milhões de hectares. • Das quatro culturas principais cultivadas em 12 países em 2000, soja e milho representam 59 e 23 %, respectivamente, de um total de 82% da área global transgênica, com os restante 18% repartido entre algodão (12%) e canola (6%). • Em 2000, a soja tolerante a herbicida foi a cultura transgênica predominante, (50%da área global transgênica, comparada com 54% em 1999) , seguida de milho resistente a insetos (15% comparado com 19% em 1999), canola tolerante a herbicida (6%), milho tolerante a herbicida e algodão tolerante a herbicida, ambos com 5%, algodão t/tolerante a herbicida com 4%, e algodão Bt e milho Bt/tolerante a herbicida,ambos com 3%. O efeito combinado dos sete fatores acima resultou numa área de culturas transgênicas em 2000 que foi 4,3 milhões de hectares, ou 11%,maior que a de 1999; isto é um aumento significativo de um ano para o outro, considerando a alta porcentagem das principais culturas já plantadas com transgênicos em 1999. 3. VALOR GLOBAL DO MERCADO DE SEMENTES TRANSGÊNICAS, 1995 A 2000 O valor do mercado de sementes transgênicas é baseado no preço de venda da semente transgênica mais as taxas de tecnologia aplicáveis. As estimativas aqui publicadas são as mais recentes estimativas revisadas pelos Wood Mackenzie Agrochemical Services (Wood Mackenzie Agrochemical Services, 2001, comunicação pessoal), o qual exclui sementes tolerantes a herbicida não geneticamente modificadas. As vendas globais de sementes transgênicas cresceram rapidamente a partir de 1995 (Tabela 8), As vendas mundiais iniciais de semente transgênica foram estimadas em US$ 1 milhão em 1995. As vendas aumentaram em valor, para US$ 156 milhões em 1996, e aumentaram de aproximadamente de US$ 702 milhões em 1997, para alcançar US$ 858 milhões. As vendas aumentaram em mais US$ 1,112 entre 1997 e 1998. Continuaram a aumentar substancialmente em 1999, em US$ 977 milhões, alcançando US$ 2,95 bilhões em 1999, e em 2000 estabilizaram-se em pouco mais de US$ 3 bilhões (US$3,044 bilhões). Figura 6 Taxas Mundiais de Adoção (%) para as Principais Culturas Transgênicas, 2000 (milhões de hectares) Não transgênicas Transgênicas Soja Algodão Canola Milho Fonte: Clive James, 2000 Tabela 8. Valor Estimado do Mercado Mundial de Sementes Transgênicas, 1995 – 2000 (US$ milhões) Ano Valor do Mercado Aumento US$ 1995 1 1996 156 155 1997 858 702 1998 1.970 1.112 1999 2.947 977 2000 3.044 97 Fonte: Wood Mackenzie Agrochemical Services. 2001 (Comunicação Pessoal) 4. MERCADO VALOR DAS CULTURAS TRANSGÊNICAS NO CONTEXTO DO GLOBAL DE PROTEÇÃO DE CULTURAS Considerando que todas as características introduzidas até hoje são características de proteção de culturas, é útil e apropriado discutir o valor total de vendas de culturas transgênicas como uma porcentagem do mercado global de proteção de culturas. Wood Mackenzie estimou que as sementes transgênicas em 1998 representaram 6,3% dos US$ 31,25 bilhões do mercado mundial de proteção de culturas no valor de mercado exdistributor. Entre 1998 e 2000, o valor do mercado de sementes transgênicas aumentou de 6,3% em 1998 para 9,5% em 2000 (Tabela 9) equivalentes a US$ 3,044 bilhões, de um total de US$ 32 bilhões. Vale notar que a categoria das culturas transgênicas é a única das cinco categorias a mostrar aumento em valor entre 1999 e 2000 (Tabela 9); as culturas transgênicas aumentaram +3,7%, enquanto herbicidas diminuíram de 3,8%, e fungicidas de 4,4%. A distribuição de vendas das sementes transgênicas, baseada no valor, é mostrada por região e produto na Tabela 10. Fica claro que o mercado principal está na América do Norte, com o valor se sua fatia em US$ 2,368 bilhões, equivalentes a 78% do mercado global; o segundo maior mercado está na América Latina, com US$ 542 milhões, equivalentes a 18% do mercado mundial, seguida pelo Extremo Oriente (países em desenvolvimento da Ásia) com US$109 milhões ou 4% de participação no mercado mundial. Em termos de produto, a soja tem a maior participação no mercado, com US$ 1,674 milhões, ou 55% do mercado mundial, seguida do milho com US$ 651 milhões (21%), algodão com US$ 479 milhões (16%) e canola com US$ 240 milhões (8%). Os dados da Tabela 11 é uma matriz do mercado das culturas transgênicas por região e produto. Também mostra a distribuição relativa entre países industrializados e em desenvolvimento, bem como os diferentes tipos de pesticidas. Vale notar que o valor de mercado das culturas transgênicas na América do Norte excede hoje o mercado correspondente a ambos os fungicidas (US$ 724 milhões) e os inseticidas (US$ 1,582 bilhões), mas é menos da metade do mercado de herbicidas (US$ 5,766 bilhões). Tabela 9. Mercado Mundial de Proteção de Culturas em 2000: por Produto (Valor em US$ milhões) Grupo US$ milhões % de Mudança, base 1999 Herbicidas 13.794 - 3,8 Inseticidas 8.009 - 3,0 Fungicidas 5.801 - 4,4 1.358 -7,8 Reguladores de crescimento De Plantas e outros Culturas transgênicas Total 3.044 + 3,7 32.006 - 3,2 Fonte: Wood Mackenzie Agrochemical Services, 2001 (Comunicação Pessoal) A realidade é que o valor das culturas transgênicas na América do Norte já é 22% do valor do mercado total de proteção de culturas de US$ 32 bilhões e continua a crescer anualmente – comparando-se com a América Latina com 11% (US$ 542 milhões de um total de US$ 4,980 bilhões, e 2% nos países em desenvolvimento do Extremo Oriente. É evidente nos dados da Tabela 11 que o valor de mercado das culturas transgênicas é maior nos países industrializados: US$ 2,373 bilhões, equivalentes a 78% do mercado mundial, comparado com US$ 671 milhões, equivalentes a 22%, nos países em desenvolvimento, com mais de 80% na América Latina e a maior parte do restante no Extremo Oriente. Do total do valor do mercado de proteção de culturas de US$ 20,513 bilhões nos países industrializados, US$ 2,373 bilhões, equivalentes a 12%, são de culturas transgênicas. Os números correspondentes para os países em desenvolvimento são de um valor total do mercado de proteção de culturas de US$11,493 bilhões, dos quais as culturas transgênicas são estimadas em US$ 675 milhões, equivalentes a 5%. Enquanto o valor do mercado de herbicidas nos países industrializados (US$ 9,3 bilhões) é mais do dobro do que nos países em desenvolvimento (US$ 4,4 bilhões), os países do Sul gastam mais em inseticidas (US$ 4,1 bilhões) do que os países do Norte. Entretanto, a significativa diferença entre o uso de herbicida entre os países industrializados e os em desenvolvimento deve tornar-se menos pronunciada no futuro. As práticas agronômicas tais com cultivo mínimo, disponibilidade e custo de mão de obra nos países em desenvolvimento oferecerão aos agricultores novas oportunidades para usar variedades tolerantes a herbicidas, que permitirão melhorar a conservação de umidade e nutrientes que coletivamente contribuem para uma agricultura mais sustentável. O uso eficiente da água tanto na agricultura irrigada como sem irrigação tornar-se-á crescentemente importante e a tecnologia de tolerância a herbicidas será vista pelos produtores com compatível com as mudanças e o surgimento de novas necessidades. Tabela 10. Valor Mundial das Culturas Transgênicas em 2000: por Cultura e Região US$ milhões Cultura US$ milhões Soja | Região US$ milhões 1.614 | América do Norte 2.368 Milho 651 | América Latina 542 Algodão 479 | Europa Ocidental Canola Total 240 3.044 | Leste Europeu | 2 3 | Extremo Oriente 109 | Restante do Mundo 20 3.044 Fonte: Wood Mackenzie Agrochemical Services, 2001 (Comunicação Pessoal) Do total do mercado mundial de proteção de culturas de US$ 32 bilhões, cerca de dois terços estão nos países industrializados (US$ 20,513 bilhões), com um terço (US$ 11,493 bilhões) nos países em desenvolvimento (Tabela 11). Os dados da Tabela 12 indicam a participação no mercado mundial de nove dos principais países em proteção de culturas; o restante está colocado na categoria “Outros”. Dos nove países líderes, seis são industrializados (EUA, Japão, França, Canadá, Alemanha e Austrália) e três são países em desenvolvimento (Brasil, China e Argentina). Expressos em porcentagem do mercado global, há cinco países com mais de 5% de participação no mercado. Os EUA são de longe o maior mercado de proteção de culturas (30% dos US$ 32 bilhões globais), seguidos pelo Japão (11%), Brasil (8%), China (6%), e França (5%). Os quatro países restantes listados na Tabela 12 têm participação no mercado mundial entre 2 e 5%. Não é surpreendente que os quatro países líderes que cresceram 99% em culturas transgênicas em 2000 (EUA, Argentina, Canadá e China) estão também entre os dez maiores do mercado de proteção de culturas. Conjuntamente, os quatro países líderes que cultivaram transgênicos em 2000 consumiram 44% do mercado mundial de pesticidas e já estão se beneficiando do uso reduzido ou mais eficiente de pesticidas. De maneira similar, as quatro principais culturas transgênicas, soja, milho, algodão e canola incluem três das quatro culturas que consomem a maior parte dos pesticidas no mundo (Tabela 13) Conjuntamente, as quatro culturas consomem 36% dos pesticidas mundiais e já estão se beneficiando do uso reduzido ou mais eficiente uso de pesticidas, particularmente em culturas como algodão Bt, onde estão as maiores reduções em termos de inseticidas e riscos à saúde dos produtores. Maiores reduções e aumentos na eficiência no uso de pesticidas Tabela 11. Mercado Mundial de Proteção de Culturas, 2000: por Região e Produto (US$ milhões) Herbicidas Inseticidas Fungicidas Outros Biotec. Total América do Norte 5.766 1.582 724 415 2.368 10.855 Europa Ocidental 2.188 872 1.992 468 2 5.552 Leste Europeu 344 Japão Países Industrializados América Latina Restante do Est.Oriente Restante do Mundo 249 1.023 9.311 2.241 1.806 436 Países em Desenvolvimento 4.483 Total 13.794 140 49 3 775 1.185 1.057 96 0 3.361 3.888 3.913 1.028 2.373 20.513 1.164 897 136 542 4.980 712 130 109 4.706 279 64 20 1.807 1.888 330 671 11.493 5.801 1.358 3.044 32.006 1.949 1.008 4.121 8.009 Fonte: Wood Mackenzie Agrochemical Services, 2001 ( Comunicação Pessoal) poderão acontecer à medida que mais culturas resistentes a insetos e tolerantes a herbicidas sejam disponíveis. Coincidentemente essas tecnologias proporcionarão importantes benefícios em termos de práticas de conservação e manejo melhores e mais flexíveis, às quais os produtores dão grande valor e que conjuntamente contribuem para sistemas agrícolas mais sustentáveis. O aumento significativo nas culturas transgênicas nos EUA e Canadá coincidiu com o primeiro declínio significativo e venda de pesticidas em 1999 na América do Norte de 10,9%, para US$ 7,19 bilhões. Muitos fatores, incluindo baixo valor das commodities foram responsáveis pelo declínio, mas o fator principal foi a maior área de culturas transgênicas. Em 1999, as rendas com herbicidas nos EUA caíram em 13,8%, para US$ 4,75 bilhões. O principal fator responsável por esse declínio em vendas de herbicidas foi o crescimento da soja, milho , algodão e canola transgênicos Round Up Ready e Liberty Link. O uso de inseticidas em 1999 nos EUA também decresceu em 5,3%, para US$ 1,38 bilhões, devido à adoção de milho e algodão Bt (Wood Mackenzie Agrochemical Services, 2001, Comunicação pessoal). 5. PANORAMA DA INDÚSTRIA DE SEMENTES COMERCIALIZADAS Os autores estimam que, expressas em proporção do mercado mundial de sementes comercializadas, as sementes transgênicas representam aproximadamente 10% dos pouco mais de US$ 30 bilhões do mercado de sementes comercializadas em 2000 (FIS 2001) Considerando-se que a semente é o veículo para a incorporação e disponibilidade das características transgênicas, é didático caracterizar o mercado mundial de sementes comercializadas para se chegar a uma idéia do objetivo, escala e tamanho dos subsegmentos relativos do mercado mundial classificado por país, ou semente, ou exportações. A última estimativa do mercado global de sementes é de aproximadamente US$ 30 bilhões (FIS 2001), com quase 30% do mercado nos países em desenvolvimento. Seis dos dez maiores países do mercado (Tabela 14) são países industrializados : EUA (US$ 5,5 bilhões), Japão (US$ 2,5 bilhões), Comunidade dos Estados Independentes (US$ 2 bilhões), França (US$ 1,4 bilhões), Alemanha (US$ 1 bilhão), e Itália (US$ 650 milhões). Os quatro países em desenvolvimento entre os dez maiores são: China (US$ 3 bilhões), Brasil (US$ 1,2 bilhões), Argentina (US$ 930 milhões), e Índia (US$ 900 milhões). Dos 13 países que cultivaram culturas transgênicas em 2000, nove estão entre os dez maiores em termos de vendas de sementes; as quatro exceções são a África do Sul, Romênia, Bulgária e Uruguai. Considerando as exportações mundiais de sementes, o mercado global tem um valor aproximado de US$ 3,5 bilhões, equivalentes a cerca de 10% do mercado global, estimado em US$ 30 bilhões (Tabela 1A do Apêndice). O milho é a semente de exportação mais importante do mercado, avaliada em US$ 530 milhões anualmente. As cinco maiores culturas que têm mais de US$ 75 milhões de vendas para exportação anualmente são milho (530 milhões), hortaliças (US$ 427 milhões), batata (US$400 milhões), beterraba (US$ 308 milhões) e trigo (US$ 75 milhões). Olhando-se o mercado de exportação de sementes por país, dos dez países líderes, os dez maiores são países industrializados, com exportações de sementes avaliadas em US$ 799 milhões a US$ 1,05 bilhões). Considerando o debate em curso na Europa com respeito às culturas trangênicas, e de se notar que aproximadamente metade das vendas mundiais de exportação são de países europeus. Do total do mercado global de US$ 3,5 bilhões, os EUA estão classificados como número 1, com US$ 799 milhões (Tabela 2A do Apêndice), seguidos por seis países europeus: Holanda (620 milhões), França (498 milhões), Dinamarca (190 milhões), Alemanha (US$ 185 milhões), Chile (US$ 144), Canadá (US$ 122), Bélgica (US$ 111), Itália (US$ 111), e Japão (US$ 105), num total de US$ 2,9 bilhões. Somente um dos dez maiores países exportadores de sementes é um país em desenvolvimento – Chile, com vendas anuais de US$ 144 milhões._ Tabela 12. Mercado Mundial de Proteção de Culturas em 2000: por País, expresso em porcentagem do mercado total País % do Mercado Global EUA 30,3 Japão 10,5 Brasil 7,9 China 6,2 França 5,4 Argentina 3,7 Canadá 3,6 Alemanha 3,0 Austrália 2,6 Outros Total 26,8 100 Fonte: Wood Mackenzie Agrochemical Services, 2001 (Comunicação Pessoal) Tabela 13. Mercado Mundial de Proteção de Culturas em 2000: por Cultura (US$ milhões) Mercado Total de Proteção de Culturas por Cultura US$ milhões Cereais 4.313 Algodão 2.995 Frutas e Hortaliças 8.092 Milho 3.604 Óleo de Colza/Canola 691 Arroz 3.109 Soja 4.179 Beterraba Açucareira 521 Outras Culturas 4.502 Total 32.006 Fonte: Wood Mackenzie Agrochemical Services, 2001 (Comunicação Pessoal) Tabela 14 Últimas Estimativas dos Valores (US$ Milhões) dos Mercados Comerciais de Sementes e Material de Plantio para os 20 Maiores Países País Mercado Comercial Interno EUA 5.700 China 3.000 Japão 2.500 CIS 2.000 França 1.370 Brasil 1.200 Alemanha 1.000 Argentina 930 Índia 900 Itália 650 Reino Unido 570 Canadá 550 Polônia 400 México 350 Espanha 300 Holanda 300 Austrália 280 Hungria 200 Dinamarca 200 Suécia 200 Total 22,600* • Este total representa a soma dos mercados de sementes comerciais do 20 países listados. O mercado mundial de sementes comerciais está avaliado em US$30 bilhões. Fonte: FIS 2001 6. STATUS DA REGULAMENTAÇÃO NA UNIÃO EUROPÉIA Em virtude do debate público corrente na Europa sobre culturas geneticamente modificadas, o cultivo de culturas transgênicas na União Européia (UE) continua a enfrentar restrições políticas/econômicas que contribuem para a incerteza e atrasos que resultaram na suspensão na aprovação de produtos comerciais na UE. No ano 2000, somente uma cultura transgênica, milho Bt, foi cultivado em três países; Espanha cultivou até 20.000 hectares, com menos de 500 hectares na Alemanha e na França. A comissão Européia recentemente reviu suas regras, sendo o que segue um panorama do status da regulamentação das culturas transgênicas na Europa (Anônimo 2001) 6.1 Status atual A legislação para as culturas transgênicas vigorou nos países da União Européia desde o início dos anos 90. A Diretriz 90/220/EEC é a legislação atual que governa a liberação ambiental para testes de campo e aprovação comercial para culturas transgênicas. Uma nova Diretriz 2001/18/EC foi adotada pelo Parlamento Europeu e o Conselho de Ministros em fevereiro de 2001, e se tornará efetiva em 17 de outubro de 2002. A atual Diretriz (90/220/EEC) é aplicada caso a caso. Os produtos derivados de culturas transgênicas (tais como massa de tomate transgênico) não são cobertos pela Diretriz 90/220, mas pela Regra EC 258/97. que regula Novos Alimentos e Ingredientes Alimentícios. Sob a Diretriz 90/220, o pedido para comercializar uma cultura transgênica precisa ser submetido à autoridade designada de um Estado Membro da UE; o pedido deve incluir uma completa avaliação do risco. Se o produto não apresenta risco à saúde humana ou ao ambiente, o Estado Membro comunica os outros Estados Membros da decisão através da Comissão. Se não há objeções de outros Estados Membros, o estado Membro inicial emite um consentimento para comercialização do produto, que então pode ser comercializado por toda a UE. Entretanto, se quaisquer objeções forem levantadas, a decisão deve ser tomada no nível da Comunidade, o que um longo e complexo processo. Isso primeiramente envolve consultas aos Comitês Científicos da Comissão, seguidas de uma proposta da Comissão, que é passada ao Comitê de Regulamentação, composto de representantes dos Estados Membros, para votação e subseqüente adoção pela Comissão. Se esse processo não resultar em uma decisão, a decisão preliminar da Comissão é passada ao Conselho de Ministros para adoção ou rejeição. Se o Conselho não decidir em três meses, então a Comissão pode adotar a decisão. Até hoje o Comitê Científico para Vegetais (CCV) emitiu 17 opiniões sobre culturas transgênicas sob a Diretriz 90/220, com somente uma opinião desfavorável, devido a informações insuficientes para uma completa avaliação de risco – que envolvia o gene para resistência ao antibiótico amikacina. O Comitê Científico para Alimentos (CCA) emitiu uma opinião favorável sobre um alimento de origem em uma planta transgênica – um tomate processado. 6.2 Novos Requisitos da Diretriz 2001/18 A nova Diretriz 2001/18 será entrará em vigor em 17 de outubro de 2002 é mais estrita e exigente em termos de avaliação de risco, do processo de tomada de decisão, e da liberação das culturas transgênicas no ambiente. A Diretriz requer consulta obrigatória aos Comitês Científicos da Comissão e introduz requisitos adicionais com relação à informação ao público, rotulagem, e rastreamento em todos os estágios do marketing de produtos transgênicos viáveis. As aprovações para a comercialização de culturas transgênicas serra limitada ao máximo de 10 anos e requer monitoramento pós-marketing obrigatório durante esse período. 6.3 Aprovação para Culturas Transgênicas e Produtos Derivados Foram emitidas permissões para catorze (14) produtos de plantas transgênicas na UE (11 dos quais por uma decisão da Comissão) desde que a Diretriz 90/220 entrou em vigor em outubro de 1991. Esses produtos estão relacionados na Tabela 3A do Apêndice e inclui as seguintes culturas, 4 de milho, 4 colza Swede, 3 cravos, e uma de cada para soja, fumo e chicória. Entretanto, em dois casos, o Estado Membro inicial (França) não implementou a decisão da Comissão. Além disso, sob a Diretriz 90/220 , Estados Membros individuais podem invocar uma cláusula de segurança (Artigo 16) para proibir temporariamente produtos transgênicos permitidos pela UE em seu território, desde que isso seja cientificamente justificado. Cinco países da UE, Áustria, Luxemburgo, França, Grécia e Alemanha, estão hoje utilizando esta cláusula para proibir a comercialização de oito produtos transgênicos específicos. É de se notar que o Comitê Científico para Vegetais da Comissão Européia reviu esses oito casos e determinou que a proibição existente nos cinco países não é cientificamente justificada. Como resultado desta situação burocrática, complexa, confusa e conflitante na Europa, os fazendeiros dos países da UE somente cultivaram uma única cultura transgênica. É o milho Bt, cultivado em 20.000 hectares estimados na Espanha em 2000, com menos de 500 hectares na França e na Alemanha. A União Européia não concedeu nenhuma permissão para culturas transgênicas desde outubro de 1998. Essa moratória nas aprovações resultou num atraso de um total de 12 pedidos que tem esperado pela aprovação por até três anos. Estes 12 pedidos estão relacionados na Tabela 4 A do Apêndice e inclui as seguintes culturas transgênicas: 4 de milho, 3 de colza swede, 2 de algodão e uma de cada para tomate, beterraba forrageira e chicória. Dez (10) culturas transgênicas foram aprovadas para uso alimentar na UE, de acordo com a regra de Novos Alimentos (Ver Tabela 3 A do Apêndice para detalhes). Notar que não há na UE regulamentação para autorizar rações processadas. Há em vigor na Comunidade legislação que cobre o uso de sementes, e essas regras precisam ser cumpridas antes que as sementes possam ser comercializadas na UE e registradas no “Catálogo Comum de Variedades de Espécies de Plantas Agrícolas”, da Comunidade. Desde 1997 a rotulagem de certos produtos geneticamente modificados tem sido obrigatória na UE. A Regulamentação do Conselho 1139/38 especifica os requisitos de rotulagem para alimentos derivados de uma variedade de milho transgênico e uma variedade de soja transgênica, e essa regulamentação estabeleceu os princípios para a rotulagem de outros alimentos transgênicos e ingredientes. Não há requisitos obrigatórios para rotulagem de ingredientes de alimentos derivados de culturas transgênicas, que não contenham DNA ou proteína transgênicos. A regulamentação EC 49/2000 determina um limite de até 1% de ingredientes transgênicos em alimentos, desde que medidas apropriadas tenham sido tomadas para evitar a presença de material transgênico. Sementes geneticamente modificadas deve ser rotulada. Embora não haja regulamentação específica que cubra a rotulagem de ração transgênica processada, as regras gerais de rotulagem sob a Diretriz 90/220 se aplica à rações, que são grãos viáveis. Em resumo, embora a Comissão Européia tentou aprovar regulamentação que facilite a adoção de culturas transgênicas, e seus Comitês Científicos tenham apoiado a segurança de muitos desses produtos, a complexidade do processo de autorização, que requer a participação de tantas entidades (particularmente nos Estados Membros), tem, com poucas exceções, resultado no fracasso em autorizar produtos e impedindo o cultivo de culturas transgênicas nos países da UE. Uma exceção, a Espanha, que está facilitando o plantio do milho Bt. Seus fazendeiros estão adotando crescentemente a cultura devido aos múltiplos benefícios que oferece, e o fato de que não os coloca em desvantagem tecnológica na sua procura para manter a competitividade na produção econômica do milho. 7. Alianças, aquisições, desmembramentos e atividades na indústria de agrobiotecnologia Desmembramentos, alianças, aquisições e reestruturação foram aspectos significativos que afetaram a indústria de biotecnologia em2000. Esses acontecimentos influenciam diretamente o nível de investimentos do setor privado na biotecnologia de culturas e afetam indiretamente a adoção futura e aceitação de culturas transgênicas em todo o mundo. Como nos anos anteriores, o ano 2000 testemunhou atividade contínua em alianças, e desdobramentos que contribuíram para a maior consolidação da indústria de biotecnologia. Como resultado do grande número de alianças, aquisições e fusões nos últimos cinco anos, a estrutura do setor privado envolvido em biotecnologia, sementes e produtos químicos para agricultura mudou drasticamente. Entretanto, em 2000, algumas companhias preferiram desdobrar seu componente de biotecnologia agrícola do seu componente farmacêutico, visando fundir o componente de biotecnologia com negócio de biotecnologia agrícola semelhante, pertencente a companhia com o mesmo ponto de vista. A reestruturação ocorreu em todas as multinacionais envolvidas em biotecnologia agrícola e isto resultou no novo foco dos recursos alocados a biotecnologia agrícola em todo o mundo. Isso afetará diretamente a rapidez com a qual novos produtos se tornarão disponíveis, e afetarão o lapso de tempo em que o público poderá se beneficiar com novos produtos. Este novo foco dos recursos alocados à biotecnologia agrícola tem implicações para os países em desenvolvimento, os quais tem necessidade urgente de culturas melhoradas que possam produzir mais e melhor alimento para combater a pobreza, fome e desnutrição. A reestruturação que ocorreu afetará nossa capacidade global de aumentar a quantidade e a qualidade de alimento de uma maneira sustentável. É altamente improvável que a nova focalização dos recursos alocados no setor privado seja eclipsada por maio alocação de recursos do setor público, que infelizmente continua a diminuir os recursos destinados à agricultura, tanto nos países industrializados como nos em desenvolvimento. Destaques selecionados nos acontecimentos em biotecnologia agrícola na indústria em 2000 estão relacionados na Tabela 15, para dar ao leitor um panorama dos acontecimentos recentes principais no setor privado. Vários dos destaques da biotecnologia agrícola em 2000 (Tabela 15) são discutidos em maiores detalhes em outros locais desta publicação; por conseguinte somente uma breve referência será feita a estas atividades nesta seção. Elas incluem o milho Starlink, discutido em maiores detalhes na seção 8.1.2; Genômica e Sequenciamento do Genoma do Arroz; Arabidopsis e Agrobacterium, seção 8.4; Compartilhamento de tecnologia privada de corporações com países em desenvolvimento em projetos filantrópicos, tais como Golden Rice, Golden Mustard e a tecnologia do gene marcador Positech ™ , seção 8.5. Para facilitar uma discussão mais coerente e sistemática das atividades do setor privado na biotecnologia agrícola em 2000, os comentários estão resumidos para as seguintes áreas específicas: Compartilhamento do conhecimento de informações e tecnologia com o público e com países em desenvolvimento; novos investidores em biotecnologia de culturas; aquisições; alianças; fusões e desdobramentos/OPIs; genômica; marcadores genéticos; e finalmente regulamentação e marketing. 7.1 Compartilhamento de Informações, Conhecimento e Tecnologia com o Público e com Países em Desenvolvimento Em resposta ao contínuo debate sobre culturas transgênicas e a necessidade e ser pró-ativo e informar a sociedade com o compartilhamento de informações e conhecimento com o público leigo sobre biotecnologia de culturas, as companhias formaram o Conselho de Informação em Biotecnologia, (CIB). O CIB foi estabelecido nos EUA em 2000, sendo os membros fundadores Aventis, BASF, BIO, Dow,DuPont, Monsanto, Novartis e Zeneca. A iniciativa visa compartilhar informações e conhecimento em biotecnologia agrícola com o público em geral. O programa está previsto para três a cinco anos. Muitas companhias estão colocando muitos recursos e esforços no engajamento do público e investindo em iniciativas que responderão as demandas da sociedade. Em novembro de 2000, a Monsanto anunciou seu “New Monsanto Pledge” (A Declaração da Nova Monsanto) que vincula a companhia ao diálogo, transparência, respeito, compartilhamento e prestação de benefícios, e responsabilidade ambiental. É de se notar o compromisso de não comercializar culturas transgênicas nos USA até que seja dada aprovação para os EUA e Japão, com a opção de incluir a Europa mais tarde. A Monsanto também não utilizar genes de animais ou humanos em culturas transgênicas, não desenvolver tecnologia de genes estéreis, e a companhia pretende estabelecer um Conselho Consultivo de Biotecnologia externo. A Novartis (Syngenta), bem como outras companhias, assumiu o compromisso de licenciar tecnologia privada para fazendeiros de subsistência livre de royalties. O desenvolvimento subseqüente do ‘Golden Rice’ para fins humanitários, discutido na seção 8.5 desta publicação, foi possível como resultado da doação das licenças da propriedade intelectual das seguintes corporações: Bayer, Monsanto, Orynova, Syngenta e Zeneca Mogen. Cada companhia licenciou a tecnologia usada na pesquisa que levou à invenção do ‘Golden Rice’ livre de royalties. Além disso, várias companhias, incluindo DuPont, Monsanto e Novartis, colocaram, como colaboração, as seqüências genômicas do arroz, Arabidopsis e Agrobacterium em sites para compartilhamento com o setor público e a comunidade científica internacional. Essas iniciativas são discutidas em maiores detalhes na seção 8.4 desta publicação. 7.2 Novos Investidores em Biotecnologia de Culturas Numa estratégia semelhante à dos competidores, a BASF anunciou em março de 2000 que investiria mais de 700 milhões de Euros (US$ 680 milhões) nos próximos 10 anos em biotecnologia de culturas, com capital adicional a ser destinado à aquisição de companhias de sementes. A nova subsidiária, BASF Plant Science, será separada do agroquímicos. Em dezembro de 2000, a BASF Plant Science adquiriu a ExSeed Genetics (EUA) que se especializa em milho com melhor valor nutritivo – alto teor de óleo, proteína e aminoácidos para rações animais, bem como amido melhorado em milho e batata. 7.3 Aquisições Refletindo a moderação nos investimentos na biotecnologia agrícola em 2000, ao contrário dos primeiros anos, houve poucas aquisições em 2000. A Ecogen adquiriu o setor de pesticidas Bt da Mycogen e licenciou alguns genes da Mycogen. A Dow AgroSciences adquiriu a companhia brasileira de sementes (EBS) que se especializa em milho e sorgo. Com esta última aquisição, o ativo da DowAgrosciences em sementes/biotecnologia no Brasil aumenta para cinco aquisições, incluindo EBS, Híbridos Colorado, FT BioGenética, Híbridos Hatã e Dinamilho. A Mycogen Seeds, de propriedade da Dow Chemical, adquiriu as operações de sementes nos EUA da Cargill. Isto faz da Dow/Mycogen a terceira maior produtora de sementes de milho nos EUA, com um total de vendas de aproximadamente US$ 300 milhões em 1999. 7.4 Alianças A busca para utilizar recursos da maneira mais eficiente exigiu das companhias se concentrar na colaboração e fazer alianças em vez de aquisições. Dessa maneira, a construção de alianças foi uma área muito ativa no setor privado em 2000. A DuPont e a Monsanto fizeram um acordo em que produtos de glifosato específicos e misturas da DuPont podem ser aplicados em algodão RR e soja RR. A Agrinomics, uma joint venture da Aventis Crop Science com a Agritope, assinou um acordo de US$ 7,5 milhões com a Vilmorin, Clause e Cie. (França) e a Biotech MAM Plant Genomic Fund de Israel para fazer melhoramento de hortaliças com melhor resistência a doenças de bactérias, nematóides e vírus, e melhor tolerância à seca. RhoBio, uma joint venture entre a Aventis e a Biogemma, e a Entomed fizeram um acordo pra desenvolver produtos de peptídeos de inseto para controlar patógenos bacterianos e fúngicos. A RhoBio vai utilizar os genes em culturas GM. Especula-se que, comparado com outros ingredientes ativos, é menos provável o desenvolvimento de resistência com o uso de peptídeos. A Aventis Crop Science, a Archer Daniels Midland e a SKW Trotsberg AG criaram um fundo de capital de risco de US$ 30 milhões com a Burril & Company para permitir o desenvolvimento de neutracêuticos. A Dow Chemical e a EPIcyte Farmaceuticals anunciaram uma aliança para desenvolver anticorpos monoclonais de plantas. Os anticorpos derivados de plantas podem ser produzidos mais eficientemente em termos de custo e serão usados com produtos baseados em anticorpos para a prevenção e tratamento de infecções em animais e em aplicações de segurança de alimentos. A BASF licenciou a característica não transgênica obtida por mutação que confere tolerância ao herbicida imidiazolinona (IMI) à Dow AgroScience/Mycogen para uso em milho. A característica IMI foi desenvolvida pela Cyanamid, que foi adquirida pela BASF no início de 2000. A característica IMI pode ser incorporada através de melhoramento convencional juntamente com características tais como as transgênicas Bt, de propriedade da Mycogen, ou em conjunção com uma resistência a insetos transgênica de base mais ampla, em desenvolvimento pela Dow AgroSciences. 7.5 Fusões e Desdobramentos/OPIs Várias companhias de ciências biológicas recentemente formadas que haviam apenas completado suas últimas fusões no início do ano, estavam explorando desdobramentos das atividades agrícolas/sementes antes do fim de 2000. A fusão entre a Monsanto e a Pharmacia recebeu aprovação da Comissão Européia em março de 2000. em maio de 2000, a Monsanto anunciou uma oferta pública inicial (OPI) equivalente a aproximadamente 20% de suas ações, com os remanescentes 80% permanecendo com a Pharmacia. Em setembro de 2000, a Aventis anunciou que a abordagem conjunta de fármacos/ciências agrícolas poderia não ser um modelo apropriado de negócios, com uma das opções sendo o desmembramento dos negócios agrícolas com uma OPI. Em novembro, a Aventis anunciou que sairia seus negócios agrícolas, Aventis Crop Science, antes do fim de 2001. A fusão da Novartis com a Zeneca para formar Syngenta foi aprovada pela Comissão Européia em julho de 2000, e agora administra suas atividades de sementes separadamente. 7.6 Genômica A genômica continuou sendo uma área muito ativa e central de pesquisas e desenvolvimento. Os anos 2000 e 2001 foram os divisores de água para a genômica, com vários projetos de sequenciamento importantes atingindo marcos de destaque. Estes incluem completar o sequenciamento de Arabidopsis thaliana e Agrobacterium tumefasciens, bem como o esquema preliminar de trabalho do genoma completo do arroz. Estes sucessos são discutidos na seção 8.5 desta publicação. A genômica atraiu investimentos significativos em 2000 e continuou a catalizar mais alianças do que qualquer outra área da biotecnologia, e estimulou mais colaboração entre os setores público e privado. Algumas das alianças relacionadas à genômica estão descritas abaixo. A Novartis Research Foundation assinou um acordo não exclusivo com a Companhia de genômica Novalon Pharmaceutical Corporation. A aliança dá à Novartis acesso aos ensaios de genômica da BioKey, pertencente à Novalon para herbicidas e fungicidas. A EraGen concordou em fornecer à Novartis o “Na Expanded Genetic Information System” (AEGIS), para identificar Single Nucleotides Polymorphisms (SNP) (Polimorfismos de Nucleotídeo Único) em plantas de culturas da mesma espécie. A identificação de SNPs em genes permitirá o desenvolvimento de culturas com características melhoradas que contribuem para a produtividade e resistência a estresses bióticos e abióticos. A Zeneca e a GeneData AG fizeram acordo para colaborar em genômica, mais especificamente na análise de dados sobre expressão de arranjos de genes para diminuir perdas em culturas devido a ervas daninhas, insetos e doenças. Affymetrix desenvolveu o GeneChip Arabidopsis Gene Array. O GeneChip é capaz de analisar a expressão de mais de 8.000 sequencias de genes de Arabidopsis. O Arabidopsis Genome Array foi desenvolvido conjuntamente pela Affymetrix e a Novartis. A companhia de genômica Paradigm Genetics e a Monsanto assinaram um acordo de US$ 55 milhões para analisar sequenciamento de genes, bio-informática e dados de genômica funcional da Monsanto. A Monsanto e a Rosetta Inpharmatics assinaram um acordo de US$ 15 milhões e três anos de duração para desenvolver milho, arroz e trigo melhorados. O conhecimento da Rosetta é na genômica informática, que analisa mega-bancos de dados gerados com altos volumes de análises de expressão de genes. Finalmente, BASF Plant Science e Omniviz assinaram um acordo de três anos para analisar dados genômicos. Metanomics, uma subsidiária da BASF, colaborando com Max Planc, investiu aproximadamente US$ 25 milhões nas novas instalações em Berlin, para trabalhar com pesquisa genômica. 7.7 Marcadores Genéticos Os genes marcadores permitem a seleção das células transgênicas que podem exprimir as características melhoradas. Os sistemas de seleção com marcadores usam atualmente genes marcadores resistentes a antibióticos ou a herbicidas. Houve muito debate sobre marcadores por antibióticos e preocupações levantadas por críticos da biotecnologia sobre seu uso continuado. Embora os sistemas de marcadores por antibióticos não constituam risco para as pessoas, o setor privado dedicou recursos para desenvolver alternativas para genes marcadores por antibióticos para futuras culturas transgênicas. E maio de 2000, a Novartis anunciou o desenvolvimento do marcador Positech ™, que é discutido em maiores detalhes na seção 8.5.3. Positech™ é um marcador por manose e um substituto potencial para os marcadores mais controvertidos resistentes a antibióticos e a herbicidas. O marcador está sendo incorporado pela Novartis em milho e trigo e deve estar comercialmente disponível em um ou dois anos. A Novartis planeja tornar o Positech™ disponível gratuitamente para os fazendeiros carentes de recursos. A Room & Haas e a Agritope fizeram um acordo para desenvolver um novo sistema de marcadores baseado no receptor de ecdisona e na química indutora de ligandos, que resulta num pigmento visível nas células transformadas. Da mesma maneira, este marcador é destinado a ser um substituto para os marcadores controvertidos de resistência a antibióticos e herbicidas, e pode ser removido antes da comercialização. 7.8 Regulamentação e Marketing Para diminuir a probabilidade de exportação dos EUA de milho GM não aprovado na União Européia, a Pioneer adiou a liberação de seis híbridos com os genes Bt e Liberty Link (LL) acumulados, que ainda não foram aprovados para os países da UE. Entretanto, os mesmos genes Bt e LL foram aprovados na UE quando incorporados como genes únicos per se e estes híbridos estão sendo comercializados nos EUA. A Aventis anunciou que introduzirá canola Liberty Link (LL) nos EUA em 2000, quando serão liberadas três variedades. Sujeito a aprovação, a Aventis planeja liberar nos EUA o algodão LL em 2003, e algodão LL/Bt em 2004/2005. Tabela 15. Destaques Selecionados dos Acontecimentos no Ramo da Biotecnologia Agrícola em 2000 Mês Ano Companhias Envolvidas e Natureza do Acontecimento Janeiro 2000 Eocene adquire os pesticidas Bt da Mycogen e licença sobre alguns de seus genes Bt. Janeiro 2000 DuPont e Monsanto assinam contrato para que produtos e misturas específicos de glifosato da DuPont possam ser aplicados em algodão RR e soja RR. Janeiro 2000 A Agricultural Information Technology (AIT) concorda em testar a comercialização de kits de milho GM desenvolvidos pela Strategics Diagnostics (SDI) . Os kits são para detecção de Cry1A(b) nas construções da Monsanto MON810 e Novartis Bt11. Janeiro 2000 A companhia de genômica Novalon Pharmaceutical Corporation e a Novartis Research Foundation assinam um acordo não exclusivo que dá acesso à BioKey da Novalon aos ensaios genômicos para herbicidas e fungicidas Tabela 15. (cont.) Destaques Selecionados dos Acontecimentos no Ramo da Biotecnologia Agrícola em 2000 Mês Ano Companhias Envolvidas e Natureza do Acontecimento Fevereiro 2000 A companhia de genômica Paradigm Genetics e a Monsanto assinam um acordo de US$ 55 milhões para analisar dados de sequenciamento de genes, bio-informática e genômica funcional da Monsanto. Fevereiro 2000 A Agrinomics (joint venture da Aventis Crop Science e Agritope) assina um acordo de US$ 7,5 com a Vilmorin, Clause et Cie. (França) e a Biotech MAM Plant Genomic Fund of Israel para fazer melhoramento de hortaliças com mais resistência a doenças bacterianas, nematóides, vírus e mais resistência à seca. Março 2000 Em uma estratégia semelhante aos seus competidores, a BASF deve investir mais de 700 milhões de Euros (US$680 milhões) nos próximos s10 anos em biotecnologia agrícola, com capital adicional a ser destinado a aquisição de companhias de sementes. A nova subsidiária, a BASF Plant Science será separada da dos agroquímicos. Março 2000 A fusão entre a Monsanto e a Pharmacia recebe a aprovação final da Comissão Européia. Abril 2000 A Monsanto revela o primeiro “esquema preliminar de trabalho” do Arroz e fornece meios para acessar a informação. Abril (continua) 2000 RhoBio (joint venture entre Aventis e Biogemma) e Entomed fazem acordo para desenvolver produtos de peptídeos de insetos para controle de patógenos fúngicos e bacterianos. A RhoBio vai utilizar os genes em culturas GM. Em comparação com outros ingredientes ativos, especula-se que a resistência a peptídeos tem menor probabilidade de se desenvolver. Tabela 15. (cont) Destaques Selecionados dos Acontecimentos no Ramo da Biotecnologia Agrícola em 2000 Mês Ano Companhias Envolvidas e Natureza do Acontecimento Abril 2000 O Council for Biotechnology Information (CBI) foi formado nos EUA pela Aventis, BIO, Dow, DuPont, Monsanto, Novartis, e Zeneca, para apoiar uma campanha pública de informação de 3-5 anos e US$ 50 milhões para tornar públicos os benefícios da biotecnologia agrícola. Maio 2000 A Monsanto anuncia oferta pública inicial (OPI) equivalente a 19,9% de suas ações – os 80,1% remanescentes permanecerão com sua companhia de origem, Pharmacia. Maio 2000 A Novartis anuncia o Positech™ que é um marcador de manose e um potencial substituto para os marcadores de antibióticos e herbicidas mais controvertidos. O marcador está sendo incorporado pela Novartis em milho e trigo e deve estar disponível comercialmente em um a dois anos. A Novartis planeja tornar o Positech™ disponível gratuitamente para fazendeiro carentes de recursos. Maio 2000 A Aventis introduz canola Liberty Link (LL) nos EUA, com planos de liberar três variedades. Sujeito a aprovação, a Aventis planeja liberar algodão LL em 2003 e algodão LL/Bt em 2004/2005. Junho 2000 BASF Plant Science e Omnviz assinam um acordo de três anos para analisar dados genômicos. A BASF Plant Science é uma joint venture com Svalof Weibull, da Escandinávia. Junho 2000 A fusão da Novartis com a Zeneca, para formar a Syngenta é aprovada pela Comissão Européia. Julho 2000 A Aventis Crop Science, Archer Daniels Midland e SKW Trotsberg AG estabelecem um fundo de capital de risco de US$ 30 milhões com a Burril & Company para apoiar o desenvolvimento de neutraceuticos. Tabela 15. (cont) Destaques Selecionados dos Acontecimentos no Ramo da Biotecnologia Agrícola em 2000 Mês Ano Companhias Envolvidas e Natureza do Acontecimento Agosto 2000 A Monsanto IPO provavelmente terá uma porcentagem menor (13,7%) que a esperada (19,9%) dos 255 milhões de ações avaliadas em US$ 20 a US$ 25 por ação. A renda da Monsanto em 1999 foi de US$ 5,2 bilhões, aumentando de 6% para 3,3 bilhões nos primeiros seis meses de 2000. Agosto 2000 A Dow Agrosciences adquire a companhia brasileira de sementes Empresa Brasileira de Sementes (EBS) que se especializa em Milho e sorgo. Os ativos em sementes/biotecnologia da Dow no Brasil aumenta para 5 aquisições, incluindo EBS, Híbridos Colorado, FT Biogenética, Híbridos Hatã e Dinamilho. Agosto 2000 A Zeneca e a GeneData AG vão colaborar em genômica, mais especificamente na análise de expressão de arranjos genéticos para diminuir perdas culturais devido a ervas daninhas, insetos e doenças. Agosto 2000 A Affymetrix cria o GeneChip Gene Array. Esse GeneChip é capaz de analisar a expressão de mais de 8.000 sequências gênicas de Arabidopsis. O Arabidopsis Genome Array foi desenvolvido conjuntamente pela Affymetrix e pela Novartis. Setembro 2000 A Mycogen Seeds, de propriedade da Dow Chemical adquire as operações de sementes na América do Norte da Cargill. Isso faz da Dow/Mycogen a terceira maior produtora de sementes dos EUA, com volume de vendas de US$ 300 milhões em 1999. Setembro 2000 A Room & Haas e Agritope fazem acordo para desenvolver um novo sistema marcador baseado em um receptor de ecdisona e química indutora de ligandos, que resulta em um pigmento visível nas células transformadas. O marcador será um substituto para os controvertidos marcadores de antibióticos e herbicidas, e podem ser removidos antes da comercialização. Tabela 15. (cont) Destaques Selecionados dos Acontecimentos no Ramo da Biotecnologia Agrícola em 2000 Mês Ano Companhias Envolvidas e Natureza do Acontecimento Setembro 2000 A Aventis anuncia que a abordagem conjunta fármacos/ciências agrícolas pode não ser um modelo apropriado de negócios, sendo uma das opções desmembrar os negócios agrícolas como uma OPI. Setembro 2000 A Austrália aprova o algodão RR da Monsanto para produção comercial. O algodão Bt é cultivado na Austrália desde 1996 e ocupa 150.000 hectares em 2000. Setembro 2000 Starlink, um produto de milho Bt da Aventis, é aprovado nos EUA para uso como ração apenas, e não para alimentação. A Aventis Crop Science suspende as vendas do milho Bt Starlink após a detecção de milho Starlink em tacos nos EUA. A Aventis financiará um programa do USDA para comprar o milho Starlink cultivado em 128.000 hectares nos USA em 2000, uma área equivalente a pouco menos que 1% da área de milho dos EUA. Setembro 2000 A Dow Chemical e a EPIcyte Pharmaceuticals vão desenvolver anticorpos monoclonais a partir de plantas. Os anticorpos derivados de plantas podem ser produzidos com maior eficiência de custo e serão finalmente usados como produtos baseados em anticorpos para a prevenção e tratamento de infecções em animais e em aplicações de segurança em alimentos. Setembro 2000 Metanomics, uma subsidiária da BASF, colaborando com Max Planc, investe aproximadamente US$ 25 milhões em novas instalações para trabalhar com pesquisa de genomas vegetais. Tabela 15. (cont) Destaques Selecionados dos Acontecimentos no Ramo da Biotecnologia Agrícola em 2000 Mês Ano Companhias Envolvidas e Natureza do Acontecimento Setembro 2000 A BASF licencia a característica não transgênica obtido por mutação que confere tolerância ao herbicida imidiasolinona para a Dow AgroSciences/Mycogen para uso no milho. A característica IMI foi desenvolvida pela Cyanamid, que foi adquirida pela BASF no início de 2000. A característica IMI pode ser incorporada através de melhoramento convencional, juntamente com características transgênicas, tais como Bt, de propriedade da Mycogen, ou junto com uma base mais ampla de resistência transgênica a insetos em desenvolvimento na Dow AgroSciences. Novembro 2000 A Aventis venderá sua companhia agrícola, Aventis Crop Science antes do fim de 2000. Uma das opções é uma OPI chamada AgrEva Novembro 2000 EraGen fornecerá à Novartis um “Um Sistema Expandido de Informação Genética” (AEGIS) para identificar Polimorfismos de Nucleotídeo Único (PNU) em plantas da mesma espécie de cultura. A identificação de PNUs em genes permitirá o desenvolvimento de culturas melhoradas que contribuirão para produtividade e resistência a estresses bióticos e abióticos. Novembro 2000 A “Declaração da Nova Monsanto” vincula a companhia ao diálogo, transparência, respeito, compartilhamento e fornecimento de benefícios e responsabilidade ambiental. É digno de nota o compromisso de não comercializar culturas GM nos EUA até a completa aprovação para alimentos e rações nos EUA e no Japão, com a opção de incluir a Europa mais tarde. A Monsanto também se compromete a não usar genes humanos ou de animais em culturas GM, nem desenvolver tecnologia de genes para esterilidade e estabelecerá um Conselho Consultivo de Biotecnologia externo. Tabela 15. (cont) Destaques Selecionados dos Acontecimentos no Ramo da Biotecnologia Agrícola em 2000 Mês Ano Companhias Envolvidas e Natureza do Acontecimento Dezembro 2000 A Monsanto, a Tata Energy Research Institute (TERI), Delhi, Índia, e a Michigan State University, EUA, vão colaborar no desenvolvimento da Golden Mustard, com óleo de alto teor de betacaroteno (precursor da Vitamina A). O projeto está sendo financiado pela USAID. Dezembro 2000 Um decreto presidencial ratifica uma lei no Brasil que confere autoridade a Comissão Técnica Nacional de Biosegurança (CTNBio) para aprovar a comercialização de culturas GM. A CTNBio aprovou a soja RR da Monsanto em 1998, mas a autoridade da CTNBio foi contestada e a aprovação adiada. Sujeito à aprovação pelo Congresso, essa decisão de dezembro de 2000 pode levar a comercialização da soja RR no Brasil em 2002, e abrir oportunidade para o milho e algodão Bt, também sob consideração da CTNBio. Dezembro 2000 Para diminuir a probabilidade da exportação pelos EUA de milho GM não aprovado na UE, a Pioneer adia a liberação de 6 híbridos com genes acumulados Bt e LL, que ainda não foram aprovados pela UE. Entretanto, os mesmos genes Bt e LL foram aprovados na UE quando incorporados como genes únicos, e estes híbridos estão sendo comercializados nos EUA. Dezembro 2000 A BASF Plant Science adquire a ExSeed Genetics (US) que tem especialidade em milho de melhor valor nutritivo – alto teor de óleo, proteína e aminoácidos para rações, bem como amido melhorado nas culturas de milho e batata. Fonte: Compilado por Clive James de várias fontes, 2000 Em resumo, 2000 foi o ano em que a indústria da biotecnologia tomou fôlego após anos e altos investimentos, o que levou à consolidação e a criação de algumas grandes companhias de ciências biológicas. A característica principal foi o fato de as grandes companhias decidiram que a estratégia das companhias de ciências biológicas de administrar produtos farmacêuticos e agrícolas numa estrutura de uma única companhia pode não oferecer tantas vantagens como se pensava no início e pode não ser o melhor modelo de negócios para o futuro. Portanto, as companhias iniciaram o desdobramento dos componentes agrícolas, simultaneamente procurando parceiros semelhantes na agricultura para criar complementaridade e massa crítica necessária para a operação eficiente em custos para a operação de uma companhia no mercado global. As alianças foram o mecanismo para o fortalecimento da eficiência em custos das operações internas com aportes externos, de modo cooperativo A genômica continuou a atrair novos investimentos e parece que continuará a ser central na pesquisa e desenvolvimento a médio e curto prazo. As iniciativas como o Golden Rice ofereceu à indústria uma oportunidade para participar coletivamente, como cidadãos corporativos do mundo, num projeto filantrópico de alta relevância que pode contribuir com alimentos de maior valor nutritivo para os doentes e pobres dos países em desenvolvimento – isto teve boa repercussão na indústria e é uma das muitas oportunidades onde o setor privado, a custo reduzido, pode ter um papel especial através de doações de tecnologia privada que possa contribuir para a segurança alimentar mundial e para o alívio da pobreza. 8. DESTAQUES SELECIONADOS DAS CULTURAS TRANSGÊNICAS Esta seção revê alguns dos destaques das culturas transgênicas desde a publicação da última Revisão Global das Culturas Transgênicas da ISAAA (James Clive 2000a ). A literatura sobre culturas transgênicas cresceu exponencialmente, por isso esta revisão de destaques é seletiva. Os itens que foram selecionados são os de particular interesse dos associados da ISAAA entre os países em desenvolvimento no sul, e são discutidos sob os seis tópicos seguintes. • Status das aprovações para a comercialização de culturas transgênicas. • Biosegurança • Regulamentação de importação e exportação de alimentos • Sequenciamento de genomas • Compartilhamento de tecnologia transgênica particular com países em desenvolvimento • Destaques selecionados de culturas transgênicas em países em desenvolvimento • Documentação de declarações e relatórios de políticos, determinadores de políticas, e organizações que refletem a ampliação do apoio político e institucional e o reconhecimento da importância crescente da contribuição para a segurança alimentar mundial e para uma agricultura mais sustentável 8.1 Status das Aprovações para a Comercialização de Culturas Transgênicas 8.1.1 A EPA aprova a renovação do registro de algodão Bt e milho Bt. Em outubro de 2001 a Agência de Proteção Ambiental (EPA) estendeu o registro do algodão Bt por cinco anos, e do milho Bt por sete. A decisão de estender o registro desses dois produtos segue-se a quase dois anos de revisão científica extensiva e avaliação de todas as plantas comercializadas com protetores Bt incorporados (PIPs), consultas a peritos científicos independentes em questões chave, e consideração a comentários públicos. Em 2 de outubro de 2001, a EPA estendeu o registro condicional para o algodão Bt. De acordo com Stephen Johnson, Administrador da EPA, “Houve grande contribuição do público ao processo de revisão, e o resultado é um registro que atende a preocupações ambientais importantes, e ao mesmo tempo proporcionando aos produtores uma importante opção para resolver suas necessidades no controle de pragas”. A 16 de outubro de 2001 a EPA aprovou a renovação do registro do milho Bt e Johnson declarou: “O milho Bt foi profundamente avaliado pela EPA, e estamos confiantes que não apresenta riscos à saúde humana ou ao ambiente... As medidas de segurança incorporadas a esses registros vão assegurar que os produtores possam continuar a usar uma alternativa de controle de pragas eficiente e de baixo risco, que ajuda a preservar o ambiente pela redução da quantidade de pesticidas convencionais empregados”. Maiores informações sobre as reavaliações do algodão e do milho Bt está disponível no site da (EPA 2001): <http://www.epa.gov/pesticides/biopesticides/reds/brad_bt_pip.htm Segundo Val Giddings, Vice-Presidente para Alimentos e Agricultura da Biotechnology Industry Organization (BIO), “ o milho Bt é uma importante ferramenta para os produtores de alimentos, que podem aumentar a produtividade da cultura e proteger o ambiente pela redução do uso de pesticidas convencionais. A aprovação da EPA para o uso continuado desses produtos envia um forte sinal para o restante do mundo que eles são seguros e oferecem benefícios para os produtores, consumidores e para o ambiente. De particular importância é a descoberta de que não há evidência científica que o milho Bt tenha impacto sobre as borboletas Monarca. Esperamos que isso ponha fim nesse ‘mito urbano’.” A declaração completa da BIO está disponível em http://www.bio.org/newsroom/newsitem.asp?id=2001_1016_01 A National Corn Growers Association (NCGA) nos EUA declarou que “ a aprovação pela EPA de Bacillus thuringiensis (Bt) por mais sete anos é uma dupla vitória para os produtores de milho” Em um press release da NCGA, Leon Corzine, membro de um grupo de trabalho de Biotecnologia da NCGA disse que a decisão foi uma vitória do sistema regulador com base na ciência, que dá aos produtores acesso à tecnologia, e que as exigências do Manejo da Resistência a Insetos (IRM) da EPA são baseadas nas diretrizes iniciais que a NCGA desenvolveu com a EPA. Maiores informações sobre a NCGA e biotecnologia (NCGA 2001) estão disponíveis em seu site: http://www,ncga.com 8.1.2 Milho Starlink Em setembro de 2000, foi encontrado um produto, milho Starlink, em um alimento produzido pela Kraft, tortilhas Taco Bell . O acontecimento iniciou um recolhimento voluntário de todos os produtos contendo milho Starlink. O milho Starlink é um produto transgênico da Aventis CropScience e contem o gene da proteína Cry9C, derivado de Bacillus thuringiensis e que confere resistência a importantes pragas do milho, tais como a broca européia do colmo. Embora outras variedades de milho com o gene Bt tenham sido aprovadas nos EUA, e cultivados comercialmente com resistência à praga, as variedades de milho Starlink eram as únicas cultivadas comercialmente com a proteína Cry9c. O milho Starlink foi cultivado em aproximadamente apenas 0,5% da área total de milho dos EUA em 2000; era a única variedade aprovada para uso em rações animais sem a concomitante aprovação para uso em alimentos para consumo humano. Embora não haja riscos conhecidos associados com o Starlink, houve algumas dúvidas quanto ao seu potencial alergênico, que ficaram sem esclarecimento. O produto não está mais à venda e o registro para o milho Starlink foi retirado. Maiores informações podem ser encontradas no site de CAST 2000 : www.cast-science.org/biotechnology/20000925.htm A reunião do Scientific Advisory Panel da EPA (SAP) foi feita em julho de 2001 para avaliar as últimas informações disponíveis sobre o milho Starlink. O relatório final confirmou as conclusões anteriores do painel e dá novas recomendações. O painel ainda concluiu que há uma “baixa probabilidade de alergenicidade” na população exposta no níveis de milho Starlink na dieta dos EUA. O Painel apoiou a conclusão da EPA que o processo de moagem a úmido remove quase toda a proteína Cry9C dos produtos feitos com esse processo. O Painel também afirmou que não há informações suficientes para estabelecer certeza científica que a exposição não seria danosa à saúde pública e que não poderia estabelecer um nível de tolerância específico para Cry9C. Portanto, baseado nas recomendações do painel, não houve apoio ao estabelecimento de uma tolerância a Starlink em produtos para alimentação humana. O SAP também concordou com as estimativas da EPA que o milho Starlink será praticamente eliminado do suprimento de grãos dos EUA em 2002 (EPA 2001b). http://www.epa.gov/oppbppd/biopesticides/index.htm Baseado na experiência com o milho Starlink, aplica-se agora o novo protocolo: a EPA dos EUA somente dará registro a produto de biotecnologia se a sua isenção de tolerância para protetores incorporados em plantas (PIPs) tanto para rações como para alimentos tiverem apoio científico. Também foi proposto que: a EPA dos EUA exige que os métodos de detecção para os PIPs sejam validados para grãos e porções processadas, e estejam disponíveis antes do registro do produto; e que o USDA estabeleça laboratórios para validar métodos comercialmente disponíveis para detecção de PIPs em grãos commodities destinado tanto para uso doméstico como para exportação. A regra do PIP, em vigor em setembro de 2001 esclarece que o DNA do PIP está isento da exigência de tolerância. 8.1.3 Novas aprovações para cultivo e comercialização de culturas transgênicas Tanto o número de países que comercializam como o número de produtos aprovados para comercialização continua a crescer, refletindo a confiança e o crescente apoio dos programas nacionais nas novas tecnologias. Em 2000 o Uruguai introduziu a soja tolerante a herbicida. No Leste Europeu, a Bulgaria cultivou uma cultura transgênica, o milho tolerante a herbicida, pela primeira vez em 2000, tornando-se o décimo quinto país no mundo a cultivar plantas transgênicas. A Indonésia, o terceiro país mais populoso da Ásia, plantou uma cultura transgênica pela primeira vez em 2001, somando 4.000 hectares da algodão Bt no sul de Sulawesi. É digno de nota que os dois mais populosos países da Ásia, a China e a Indonésia, já estão cultivando algodão Bt, esperando-se que o terceiro, a Índia, comercialize o mesmo produto no início de 2002. É significativo que a população total somente desses três países seja de 2,5 bilhões, mais de 40% da população mundial, e que milhões de fazendeiros nesses países ganharão benefícios agronômicos, econômicos e para a saúde/ambiente com a adoção do algodão Bt. Em agosto de 2002, a Argentina expandiu seu rol de culturas transgênicas para três, com a aprovação do plantio comercial para os produtores de algodão tolerante a herbicidas, para a safra 2001/2002. O produto de algodão aprovado é tolerante ao herbicida glifosato de amplo espectro. Há agora sete países cultivando algodão transgênico no mundo e espera-se que esse número cresça significativamente nos próximos cinco anos. 8.2 Biosegurança 8.2.1 As borboletas Monarca e o milho Bt A especulação prematura e as extrapolações por críticos da biotecnologia com relação ao trabalho relatado há dois anos por Losey e co-autores (Losey et al. 1999) levaram a inferências alarmantes e muito danosas muito publicadas que as larvas das borboletas Monarca estavam sendo envenenadas e mortas por pólen de milho Bt comercial plantado nos EUA (Anônimo, 2001b). Um recente conjunto de seis trabalhos publicados pela Academia Nacional de Ciências dos EUA (Hellmich et al 2001, Oberhauser et al 2001, Pleasants et al 2001, Sears et al 2001, Stanley Horn et al 2001 e Zangerl et al 2001) concluíram coletivamente que, ao contrário das alegações anteriores, o milho Bt plantado nos EUA não é uma ameaça às borboletas Monarca que se alimentam no leiteiro sobre o qual o pólen está depositado. Mais especificamente, há cinco verificações no conjunto dos seis trabalhos em apoio ao fato de que o pólen de milho Bt não é uma ameaça às borboletas Monarca. Em primeiro lugar, com a possível exceção de um evento Bt (que ocupava apenas 2% da área de milho Bt nos EUA, e está sendo agora retirado do mercado por outras razões), o milho cultivado comercialmente nos EUA não constitui ameaça significativa para as larvas da borboleta Monarca (Hellmich et al 2001). Em segundo, foi demonstrado (Pleasants et al 2001) que o pólen do milho tende a acumular-se nas folhas médias do leiteiro, enquanto as lagartas tendem a se alimentar na folhas superiores. Em terceiro, a densidade mais baixa na folhas superiores não resultou em qualquer toxidez para as lagartas (Sears et al, 2001). Em quarto, a prática atual de se aplicar inseticidas de amplo espectro para controlar pragas de insetos do milho foi reconhecida como tendo o mesmo potencial de afetar as Monarcas como outras tecnologias, incluindo culturas transgênicas (Oberhausen et al 2001). Finalmente, o efeito destrutivo dos inseticidas de amplo espectro foi confirmado por Stanly-Horn et al 2001, que mostraram que o atual e amplamente usado inseticida, lambda cialotrina, tem, ao contrário do milho Bt, um efeito prejudicial às borboletas Monarca. Coletivamente, os resultados do conjunto dos seis trabalhos confirmam as avaliações originais da EPA dos riscos potenciais do milho Bt a borboletas e mariposas não alvo (Ortman et al 2001). A EPA conduziu avaliações rotineiras de risco de toxidez ecológica, sobre possível impacto do milho Bt sobre outros organismos potenciais não alvo, que incluíram espécies de aves (codorna), aquáticas (bagre de canal e dáfnia), insetos benéficos (abelha melífera, vespa parasita, crisopa verde, besouro joaninha), invertebrados do solo (saltadores e minhocas) e mamíferos (camundongos) EPA dos EUA, 1995,2000,2001). Esses testes fornecem uma base para avaliação da toxidez potencial a espécies não alvo e organismos indicadores, e servem de ponto de partida para estudos de longo prazo (Ortman et al, 2001) Em um acontecimento paralelo, um grupo de 22 eminentes ecologistas e entomologistas de milho escreveram recentemente uma carta conjunta ao editor de Bioscience (Ortman et al 2001) discordando de algumas conclusões de um estudo anterior (Obrycki 2001) na Bioscience, que era sobre culturas protegidas por Bt, crítico ao milho Bt. O grupo de cientistas afirmou que a comunidade científica examinou rigorosamente os riscos e benefícios das plantas Bt mais do que qualquer outra aplicação da biotecnologia, como fica evidente pela vasta literatura, discussões científicas, e numerosas reuniões públicas sobre o assunto propiciadas pela EPA dos EUA, pelo Ministério da Agricultura dos Estados Unidos (USDA) e a Food and Drug Administration dos EUA. Os 22 cientistas relataram que “a evidência até o presente apoiou o uso adequado do milho Bt como um componente de um manejo econômica e ecologicamente sadio de pragas de lepidópteros.” O grupo concluiu que o comportamento do milho Bt validou uma avaliação positiva anterior da tecnologia e reforçou que os efeitos negativos e positivos de novas tecnologias precisam ser comparados com a melhor prática em uso e alertou contra a rejeição de tecnologias simplesmente porque são novas. Um trabalho publicado recentemente (Shelton e Sears 2001) reflete sobre as interpretações científicas da controvérsia sobre as borboletas Monarca. Os autores concluem que “acreditamos que uma visão em retrospectiva pode ser útil para dar idéias sobre os papeis e responsabilidades adequados dos cientistas, da media e dos órgãos públicos, e das conseqüências quando saem errados”. As lições a serem aprendidas da experiência com as borboletas Monarca são que as inferências sobre o impacto de novas tecnologias no nível de campo são prematuras se baseadas em extrapolações de experimentos de laboratório, e que tais alegações devem ser verificadas no campo antes de se tirar conclusões. Além disso, essa informação enganosa pode resultar em danos de longa duração ou permanentes, que podem atrasar ou impedir a adoção de uma tecnologia útil como o milho Bt, que oferece à sociedade significativos benefícios ambientais e para produção de culturas. O milho Bt oferece benefícios significativos reais para os ecossistemas e à saúde humana, incluindo aqueles devidos à redução do uso de inseticidas foliares de amplo espectro (AMA 2000a , APS 2001a, NAS 2000 a). 8.2.2 A UE lança Mesa Redonda sobre Pesquisa de Segurança em Biotecnologia Em outubro de 2001, a Comissão Européia (CE) lançou uma mesa redonda sobre segurança de OGM (organismos geneticamente modificados) (UE 2001a). A mesa redonda reuniu pesquisadores europeus em biosegurança e outros interessados, inclusive organizações de consumidores, administrações nacionais, e a indústria. A mesa redonda também visava elevar a voz da ciência no debate sobre biotecnologia com o estabelecimento um fórum para a discussão em curso sobre a pesquisa relacionada com os benefícios e riscos das culturas provenientes da biotecnologia. Segundo um press release da Comissão Européia sobre essa iniciativa: “A pesquisa sobre plantas GM e produtos derivados até hoje desenvolvidos e comercializados, segundo avaliações de risco costumeiras, não mostrou nenhum risco novo à saúde humana ou ao ambiente, além das incertezas usuais do melhoramento de plantas convencional. Na verdade o uso de tecnologia mais precisa e a maior exame para regulamentação provavelmente os faz mais seguros que as plantas e alimentos convencionais.” A CE também publicou um relatório que ver~e os últimos 15 anos da pesquisa de biosegurança financiada pela CE. O relatório cobre 81 projetos conduzidos de 1985 a 2000 envolvendo mais de 400 equipes de diferentes disciplinas (UE 2001a). Esse release está disponível em: http://www.europa.eu.int/rapid/start/cgi/guesten.ksh?p_action.gettxt-gt&doc e todo o relatório em http://europa.eu.int/comm/research/quality-of-life/gmo/index.html 8.2 Regras para Importação de Alimentos e Rações 8.3.1 Propostas da UE para regras de rotulagem e detecção de culturas GM e alimentos e rações GM Em julho de 2001, a comissão Européia propôs um importante pacote legislativo sobre organismos geneticamente modificados (OGMs) que estabeleceria um sistema da comunidade para detectar e rotular OGMs e regulamentaria a colocação no mercado e a rotulagem de produtos alimentares e rações derivados de OGMs. A nova legislação visa fortalecer mais ainda a regulamentação dos OGMs, e alimentos e rações GM processados, para aumentar a confiança dos consumidores europeus na tecnologia. O pacote consiste de uma proposta de detecção e rotulagem dos OGMs e detecção dos produtos derivados de OGMs e de uma segunda proposta regulamentando a autorização e rotulagem de alimentos e rações GM. A proposta exigiria a detecção dos OGMs através do processamento desde a fazenda até a mesa, e a rotulagem de todos os alimentos e rações constituídas por, contendo ou produzidas com um OGM. Ela estabeleceria um procedimento “uma porta, uma chave” para a autorização de produtos GM para uso como alimento e rações, incluído seu uso no ambiente. Esse procedimento consistirá em uma única avaliação científica, conduzida por um comitê científico da European Food Authority. Como foi proposto, o novo sistema assegura um enquadramento rigoroso para o uso de OGMs na Europa, fechando as lacunas legais existentes. Atende aos requisitos do governos dos Estados Membros e das organizações de consumidores e foi redigido após diálogo com todos os interessados e Estados Membros. Estas propostas estão sujeitas à decisão conjunta com o Parlamento Europeu e o Conselho, e deve entrar em vigor no máximo em 2003. As provisões de rotulagem com relação a alimentos e rações serão revistas após dois anos de operação. Maiores detalhes (EU 2001b) podem ser encontrados no site: http://europa.eu.int/comm/press_room/index_em.cfm Vários governos, incluindo os da Argentina de dos Estados Unidos, e a United Kingdom Foods Standards Agency (Agência de Padrões de Alimentos do Reino Unido) levantaram sérias preocupações sobre as propostas da Comissão sobre rotulagem e detecção, incluindo dificuldades de cumprimento, praticalidade, custo e seu impacto potencial no comércio internacional. 8.3.2 A UE e o Japão propõem o limite de 1% para a presença de grão GM adventício Em agosto de 2001, o Ministério da Agricultura japonês propôs o limite d e1% para ingredientes GM em rações importadas, desde que estes houvessem sido aprovados no país exportador. Um limite semelhante para a presença adventícia de componentes geneticamente modificados me alimentos e rações foi sugerido nas propostas de lei da Comissão Européia, desde que o produto GM tenha sido verificado por um comitê científico na UE. Para maiores detalhes, ver (EU 2001c) e (USDA 2001): http://europa.eu.int/comm/press_room/index_em.cfm ; e USDA, 2001: http://www.faz.usda.gov/scriptsw/attacherep/default.asp 8.3.3 Japão – Novas Regras A partir de agosto de 2001, o Japão aprovou 37 variedades derivadas de biotecnologia para uso como alimento. Nova legislação entrou em vigor em primeiro de Abril de 2001, o que tornou ilegal a importação de produtos para uso alimentar contendo produtos de biotecnologia que não houvessem sido aprovados no Japão. O Ministério da Agricultura, Florestas e Pesca (MAFP) é responsável pela aprovação de segurança ambiental, aprovação de segurança em rações e rotulagem de produtos de biotecnologia. Em primeiro de abril de 2001, o MAFP estabeleceu um esquema de rotulagem que exige a rotulagem de produtos de biotecnologia para alimentação se o DNA ou proteína do produto pode ser cientificamente detectada nos alimentos acabados. Para os 24 produtos atingidos por este programa são obrigatórios rótulos orientadores sobre biotecnologia se o seu contudo excede 5%. 8.4 Sequenciamento de Genomas 8.4.1 Arroz Três bilhões de pessoas dependem do arroz como alimento principal; em 2020 esse número aumentará para 4 bilhões, mais da metade da população mundial. O desafio de garantir segurança alimentar através de maior produção de arroz pode ser bastante acelerado e facilitado pela biotecnologia, particularmente através da genômica, que é central para um melhor entendimento e aplicação da genética do arroz em programas de melhoramento que usam as ferramentas da trangenia e do melhoramento molecular. Também se espera enormes benefícios para o melhoramento e pesquisa em milho, trigo, sorgo, milheto, etc., em virtude do relacionamento do genoma do arroz com o de outros cereais gramíneas. Isso permitirá o desenvolvimento de meios mais duráveis e eficientes de proteção das culturas contra doenças e pragas. Em abril de 2000, a Monsanto anunciou que a seqüência do genoma do arroz havia sido decodificado ao ponto de um “rascunho de trabalho”, fornecendo informações básicas sobre a estrutura e localização de quase todos os genes do arroz. Esta foi a primeira vez que o genoma de uma cultura foi caracterizado neste nível e deve levar a um melhor entendimento da genética do arroz e a uma aceleração no desenvolvimento e variedades de arroz melhores e mais produtivas. O projeto de sequenciamento foi executado pelo Dr. Leroy Hood, da Universidade de Washington Seattle, sob contrato com a Monsanto. A Monsanto generosamente colocou seus dados de sequenciamento do arroz e os materiais e arquivos relacionados disponíveis ao Rice Genome Sequencing Project (IRGSP) – um consórcio global de 11 membros do setor público, liderados pelo Ministério da Agricultura, Florestas de Pesca do Japão. Baseado na disponibilidade dos dados da Monsanto, o Projeto Japonês do Genoma do Arroz empreendeu o sequenciamento de três cromossomos adicionais. O IRGSP anunciou uma aceleração importante no Projeto como um todo, e agora espera terminar pelo menos a Fase II de cobertura do genoma total no fim de 2002. Grandes porções da seqüências da Monsanto, combinadas com as novas seqüências do membros do IRGSP, foram depositadas nos bancos de dados públicos por membros do IRGSP. Como apoio à aceleração do projeto, a Monsanto continuou a fornecer dados atualizados ao IRGSP. A Monsanto colocou seus dados do sequenciamento do genoma do arroz amplamente disponíveis para os pesquisadores do setor público em todo o mundo. Em junho de 2000, foi lançado o site da Internet www.rice-research.org , através do qual a Monsanto comunica sua seqüência preliminar do genoma do arroz como os pesquisadores do setor público. Mais de 700 pesquisadores registraram acesso aos dados preliminares do genoma do arroz da Monsanto através desse site. Alguns de relatos de pesquisa foram publicados por cientistas que usaram os dados da Monsanto e esses cientistas depositaram as seqüências relevantes em bancos de dados públicos, como parte de suas publicações. A Monsanto anunciou em outubro de 2000 a liberação de outro importante conjunto de dados do genoma do arroz que pode ser usado para identificar características genéticas do arroz. Espera-se que esses novos dados, consistindo em aproximadamente 6.700 arquivos de seqüências derivados da seqüência preliminar do genoma, e conhecidos como Simple Sequence Repeats (SSRs), sejam usados para expandir o conhecimento da genética do arroz e acelerem a pesquisa de melhoramento de arroz em todo o mundo. O arquivo de dados (Monsanto 2000) foi colocado no site externo da seqüência do genoma do arroz da Monsanto (www.rice-research.org). Esses dados de SSR pode ser baixado facilmente do banco de dados rice_research.org ou do GenBank. O Torrey Mesa Research Institute (TMRI), o centro de pesquisa genômica da Syngenta, anunciou em janeiro de 2001 que havia completado o Mapa do Genoma do Arroz, em colaboração com a Myriad Genetics Inc. Esta é o primeiro genoma vegetal importante a ser completado nesse nível de detalhe. Além de determinar a seqüência do DNA de virtualmente todos os genes, o TMRI iniciou a análise da expressão gênica e das proteínas do arroz. Como o arroz é um modelo para outros cereais, o conhecimento desse mapa genético trará oportunidades para o melhoramento de outros alimentos básicos. Assim como a seqüência de DNA, a nova informação inclui as seqüências do DNA regulador que controlam a atividade gênica e a localização da maioria dos genes. Está a caminho uma análise mais detalhada da atividade e função gênicas e das proteínas resultantes. Portanto, a iniciativa não apenas identificou os genes, mas suas funções e como agem. A Syngenta está tornando essa informação disponível ao setor público através de acordos com as universidades. Para os países em desenvolvimento, onde o arroz é uma cultura vital, a Syngenta está trabalhando com os institutos de pesquisa locais para explorar como essa informação pode ser melhor usada para apoiar programas de melhoramento que beneficiem a agricultura de sobrevivência. A generosa política da Syngenta é fornecer essa tecnologia e informações para uso em produtos para a agricultura de subsistência, sem royalties ou taxas de tecnologia. A Syngenta apoiou a liberação pública das informações sobre a seqüência do genoma do arroz. Mis de 100.000 seqüências desse programa com o Clemson University Genome Institute (CUGI) foram colocadas no site do CUGI. 8.4.2 Arabidopsis A Arabidopsis thaliana é uma planta modelo importante para a pesquisa genômica. Foi o primeiro genoma vegetal a ser completamente seqüenciado e abre o caminho para a caracterização da funções gênicas e para estabelecer métodos sistemáticos rápidos para identificar genes para o melhoramento de plantas. O sequenciamento do genoma de Arabidopsis foi completado após anos de pesquisa e colaboração global. Um artigo em Nature destaca esse marco chave e outros esforços no sequenciamento de genomas vegetais (Institute for Genomic Research 2000). Uma edição especial de Plant Physiology é totalmente devotada a Arabidopsis. Seis artigos na edição revêem “Recursos e Oportunidades” da pesquisa genômica de Arabidopsis. http://www.plantphysiol.org/content/vol124/issue4/ 8.4.3 Agrobacterium tumefaciens A seqüência do genoma de Agrobacterium tumefaciens, uma bactéria que pode transferir naturalmente DNA para células vegetais, foi liberado por dois grupos de cientistas trabalhando em projetos de colaboração dos setores público e privado. Um grupo é constituído por pesquisadores do Hiram College, OH, da Universidade de Richmond, VA, e a Monsanto. Um segundo grupo (com financiamento parcial da Academia Nacional de Ciências) é composto de pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Washington, MO, da Universidade de Campinas, Brasil, e da DuPont. O grupo da Monsanto/U. Richmond/Hiram College/ (Genome Group 2001) tornou seu genoma disponível no National Center for Biotechnology Information (Centro Nacional de Informação em Biotecnologia) (NCBI) no US National Institutes of Health (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/PMGifs/Genomes/micr.html). O grupo da U.Washington/U.Campinas/DuPont tornou sua seqüência disponível em www.agrobacterium.org . Os dois grupos estão agora coordenando publicações em revistas e a comparação das seqüências derivadas independentemente. 8.5 Compartilhando a Tecnologia da Transgenia com os Países em Desenvolvimento Há muitos projetos colaborativos entre as instituições públicas nacionais e internacionais e companhias através dos quais as aplicações biotecnológicas e o conhecimento desenvolvido no setor privado estão sendo doados ou compartilhados sem royalties ou em bases humanitárias para o benefício dos países em desenvolvimento. Esses projetos têm acontecido na última década e os detalhes podem ser encontrados em várias publicações (James 2001, MSU 2001, e ADB 2001). Como parte da Declaração da Nova Monsanto feita em novembro de 2000, a Monsanto se comprometeu a compartilhar seu conhecimento e tecnologia com instituições públicas, não com grupos visando lucro e companhias locais em todo o mundo, para beneficiar os fazendeiros nos países em desenvolvimento, para ajudar a melhorar a segurança alimentar e proteger o ambiente (www.monsanto.com). O programa Monsanto Technical Cooperation inclui meia dúzia de projetos colaborativos em pesquisa de biotecnologia agrícola em todo o mundo. A Syngenta Foundation for Sustainable Agriculture (Syngenta Foundation 2000) foi lançada em outubro de 2001. A nova fundação apoia projetos de pesquisa em segurança alimentar sustentável nas mais pobres regiões do mundo. A Fundação está atualmente promovendo três projetos na África Sub-Sahara com foco em suprimentos de alimentos produzidos por pequenos fazendeiros. O Prof. Klaus M. Leisinger, Diretor em Exercício da Fundação, vê o objetivo do trabalho apoiado pela fundação como de desenvolvimento e apoio aos esforços existentes, capacitando as pessoas a finalmente conduzir essas iniciativas por si próprias (www.syngenta.com) . Além disso, a Syngenta Seeds apóia vários projetos de biotecnologia os quais tecnologia privada foi doada a várias organizações para uso na agricultura de sobrevivência nos países em desenvolvimento. Vários exemplos específicos de projetos de transferência de biotecnologia que doam tecnologia privada que aconteceram no último ano estão relacionados abaixo. 8.5.1 ‘Golden Rice’ A vitamina A é um importante nutriente e essencial à boa saúde, particularmente em crianças. A deficiência de vitamina A (DVA) pode causar cegueira irreversível e morte, principalmente em crianças. Estima-se que no Sudeste Asiático cinco milhões de crianças desenvolvem sintomas que podem levar a cegueira a cada ano. A DVA pode ser igualmente importante em algumas regiões da África, América Latina e no Caribe. Anualmente, cerca de 500.000 crianças em todo o mundo ficam irreversivelmente cegas como resultado da DVA. Segundo o UNICEF, estima-se que 124 milhões de crianças em todo o mundo sofram de deficiência de vitamina. Uma nutrição melhorada com vitamina A poderia prevenir 1 a 2 milhões de mortes anuais entre crianças na idade de 1 a 4 anos, e um adicional de 0,25 a 0,5 milhões de mortes mais tarde na infância. O ‘Golden Rice’ é um arroz transgênico que contém beta-caroteno e outros carotenóides, precursores da Vitamina A, e é uma solução potencial para a DVA. Estratégias alternativas para aliviar a DVA incluem dieta melhorada, através do consumo de hortaliças verdes e produtos animais, ou o uso de pílulas vitamínicas. Os inventores do ‘Golden Rice’ são o Professor Ingo Potrykus, do Institute for Plant Sciences, Swiss Federal Institute of Technology (ETH), Zurique, Suíça, e o Professor Peter Beyer, do Centre for Applied Biosciences, University of Freiburg, Alemanha. A tecnologia do ‘Golden Rice’ foi desenvolvida com financiamento da Rockefeller Foundation (1991-2002), do Swiss Institute of Technology (1993-1996), da União Européia sob o Programa de Biotecnologia da Comunidade Européia (1996-2000) e o Escritório Federal Suíço para Ciência e Educação (1996-2000). Em 2000, os inventores investigaram os meio pelos quais o Golden Rice poderia ser doado para fins humanitários para aliviar a pobreza em países do Terceiro Mundo. O acontecimento seguinte para o ‘Golden Rice’ para fins humanitários está sendo facilitado como resultado da doação das licenças de propriedade intelectual pelas seguintes companhias, relacionadas em ordem alfabética: Bayer, Monsanto, Orynova, Syngenta e Zeneca Mogen. Cada companhia licenciou sem cobrar taxas a tecnologia empregada na pesquisa que levou à invenção do ‘Golden Rice’. Sujeito a outras pesquisas, inicialmente no países em desenvolvimento da Ásia, assim como a concessão das permissões locais, o ‘Golden Rice’ pode ser disponível gratuitamente para fins humanitários por qualquer país em desenvolvimento. Em janeiro de 2001, amostra de ‘Golden Rice’ foram fornecidas ao International Rice research Institute (IRRI), em Los Baños, nas Filipinas. Os cientistas do IRRI começara a pesquisa, que é parte de um programa internacional para investigar a segurança e a utilidade do ‘Golden Rice’ no combate a deficiência de vitamina A (DVA). O IRRI conduzirá a pesquisa e os testes necessários usando variedades locais para explorar a possibilidade de finalmente dar aos milhões de produtores pobres de arroz no mundo e aos consumidores um produto mais nutritivo e termos de vitamina A. Para acelerar ainda mais a introdução do ‘Golden Rice’ nos países em desenvolvimento, foi estabelecido um Conselho Humanitário, composto de algumas organizações dos setores público e privado. O Conselho Humanitário tem quatro objetivos principais: apoiar os inventores a tornar o ‘Golden Rive’ plenamente disponível aos que necessitam dele, consistentemente com os mais altos padrões de avaliação de segurança; assegurar uma pesquisa adequada sobre o ‘Golden Rice como uma solução potencial contra a Deficiência de vitamina a; apoiar países em desenvolvimento individualmente e seus institutos nacionais de pesquisa em suas avaliações do ‘Golden Rice’; e facilitar a troca de informações entre os projetos ‘Golden Rice’ em diferentes partes do mundo. Este é um excelente exemplo de colaboração entre o setor público e o privado. Deveria ser encorajado e ampliado para dar aos países em desenvolvimento acesso a aplicações patenteadas de biotecnologia que podem fornecer alimentos mais nutritivos para aliviar as doenças que ameaçam a vida dos pobres e seus filhos nos países do Terceiro Mundo. 8.5.2 ‘Golden Mustard’ Um projeto colaborativo foi lançado em dezembro de 2000 entre o Tata Energy Research Institute (TERI) com fins não lucrativos, na Índia, e a Monsanto e a Michigan State University (MSU) para desenvolver uma ‘golden mustard’ que produziria óleo comestível com alto teor de beta-caroteno (pro-vitamina A). Estima-se que mais de 18% das crianças na Índia sofram de algum nível de deficiência de vitamina A. A Organização Mundial da Saúde estima que aproximadamente 250 milhões de pessoas sofram doenças graves, incluindo deficiências visuais, incapacidade de absorver proteínas e nutrientes, e função imunológica reduzida por causa da deficiência de vitamina A. O projeto tem potencial de ajudar centenas de milhares de crianças que sofrem de deficiência de vitamina A, particularmente no norte e no leste da Índia, onde o óleo de mostarda é geralmente usado na preparação de alimentos. A Monsanto tem trabalhado desde os meados dos anos 90 para aumentar os níveis de carotenóides das culturas oleaginosas, focalizando no beta-caroteno na semente de canola/colza. Portanto, os pesquisadores conseguiram alcançar concentrações de beta-caroteno em semente esmagada de canola maiores que quaisquer outras atualmente encontradas em outro óleo ou hortaliça (Shewmaker et al 1999). A Monsanto anunciou em março de 1999 que iria compartilhar sua tencologia sem custo, e simultaneamente se uniu a uma associação dos setores público e privado com a Agência para o Desenvolvimento Internacional dos EUA (USAID) e a Global Vitamin A Alliance. Além do apoio técnico e financeiro da Monsanto, a USAID também está financiando o projeto com uma doação ao Projeto de Apoio a Biotecnologia Agrícola da MSU. Espera-se que a tecnologia usada para desenvolver o golden rice e a golden mustard seja um dia ampliada para outras culturas tais como milho, um alimento básico nos países africanos, onde também é prevalente a deficiência de vitamina A. Coletivamente, projetos com estes podem colocar a biotecnologia a serviço do melhoramento da qualidade nutritiva de alimentos básico cultivados e consumidos nos lares mais pobres. Maiores informações podem ser obtidas na home page da Tata Energy Research Institute (TERI 2001) : http://www.teriin.org 8.5.3 Positech™ - Um novo sistema de marcadores baseado em manose Os genes marcadores permitem a seleção de células que podem expressar características melhoradas. Os sistemas de seleção com marcadores atualmente usam a resistência a antibióticos ou herbicidas e um produto químico para eliminar células indesejáveis. Muito foi escrito sobre marcadores de antibióticos e a preocupação dos críticos da biotecnologia com seu uso continuado. Enquanto os sistemas de marcadores de antibióticos não criam risco para fazendeiros ou consumidores, tais sistemas são freqüentemente confundidos com os antibióticos usados na medicina. Em maio de 2000, a Novartis, agora Syngenta, anunciou o desenvolvimento do Positech™, um novo sistema de marcadores. O Positech™ fornece um sistema de seleção baseado em um gene marcador que permite as células vegetais usar um açúcar simples (manose) para crescer e formar novas plantas. O Positech™ é uma alternativa aos genes de resistência a antibióticos como marcadores em culturas transgênicas do futuro. A Novartis assumiu um compromisso de deixar de usar os genes marcadores resistentes a antibióticos onde for possível. O Positech™ foi usado com sucesso em mandioca. A Novartis afirmou que o Positech™ será oferecido gratuitamente para uso em produtos para a agricultura de subsistência, desde que haja regulamentação adequada para garantir a segurança do usuário e do consumidor e proteger o ambiente local das culturas modificadas com o uso de Positech™. 8.6 8.6.1 Destaques selecionados das Culturas Transgênicas nos Países em Desenvolvimento China – Produção recorde de algodão esperada em 2001 em seguida a adoção generalizada do algodão Bt e tempo favorável. O USDA alega que a produtividade do algodão na China vem crescendo devido a adoção generalizada de variedades de algodão Bt transgênico resistente a insetos. Espera-se que a grande adoção de algodão Bt de alta produtividade e tempo favorável mais quente levem a produção de algodão da China a estimados 23 milhões de fardos em 2001. Essa previsão pelo Ministério da Agricultura dos EUA (USDA) sugere que isso deve resultar na maior produção de algodão na China em dez anos. A produção esperada para 2001/02 está prevista para ser 2,7 milhões de fardos maior que a colheita do ano passado. 8.6.2 A África do Sul reafirma seu compromisso com a biotecnologia A África do Sul é o único país do continente africano que comercializa culturas transgênicas. Atualmente cultiva algodão Bt, que é de particular importância para os pequenos fazendeiros de Makhatini Flats da Província KwaZulu Natal; milho Bt amarelo para rações e planeja acrescentar milho Bt branco para alimentação humana à sua seleção de culturas transgênicas em 2001. O governo da África do Sul reafirmou seu compromisso com a biotecnologia na agricultura e na medicina. O Ministério das Artes, Cultura , Ciência e Tecnologia da África do Sul (DACST) publicou um documento sobre estratégia de biotecnologia. O Diretor-geral do DACST, Dr. Rob Adam, ressaltou a importante contribuição que a biotecnologia pode dar para a segurança alimentar e sustentação ambiental. O Gerente de Projeto da Organização Nacional Sul Africana de Sementes, Dr. Winand van der Walt, também ressaltou a importância da biotecnologia para a agricultura da África do Sul e notou que o país precisa capitalizar os recentes avanços em genômica. A publicação recente pela África do Sul de sua política preliminar para biotecnologia aloca R 45 milhões (US$ 4,5 milhões) para uma estratégia total em biotecnologia e R182 milhões (US$ 18,2 milhões) para a pesquisa em biotecnologia. A política publicada tem o apoio da União dos Produtores, que vê a estratégia como um passo importante para assegurar que a biotecnologia da África do Sul satisfaça as necessidades econômicas, políticas e sociais e as condições da nação. A política preliminar declara que a biotecnologia vai melhorar o acesso e o custo dos alimentos e dar suficiente nutrição a custos razoáveis, criar empregos de manufaturas, e proteger e enriquecer o ambiente. A estratégia preliminar, que tem o apoio do Ministério da Agricultura do país, requer rotulagem obrigatória dos produtos e alimentos GM, incluindo especificações com relação à composição, modo de armazenamento, níveis de alergênicos e toxinas, e diretrizes relacionadas com genes humanos e animais. A AfricaBio é uma organização que focaliza as aplicações da biotecnologia em alimentos, rações e fibras; procura fornecer informações e diretrizes em todos os aspectos da biotecnologia. A ÁfricaBio colabora com a ISAAA na disseminação de conhecimento em biotecnologia de culturas. (AfricaBio 2001a . www.africabio.com). Na safra 1999-2000, os pequenos fazendeiros que cultivaram o algodão Bt em Makhatini flats relataram aumentos de produtividade de 40%, uma vantagem bruta de 35%, equivalente a 249 Rand/ha (US$ 25) e um decréscimo no custo de pesticidas de 46 Rand/ha , equivalente a 36% menos do que o dos fazendeiros que cultivaram algodão convencional (Ismael et al 2001). 8.6.3 A Nigéria dá alta prioridade para a agrobiotecnologia A Nigéria é o país mais populoso da África, com uma população de 120 milhões. O aumento da produção de alimentos recebeu alta prioridade para atender as necessidades sua população de rápido crescimento. A Nigéria está procurando se tornar um participante chave e um líder entre os países em desenvolvimento em biotecnologia na próxima década. O Ministério aprovou recentemente uma política de biotecnologia e uma estratégia para sua implementação. O programa proposto dá uma prioridade muito alta a alimentos, agricultura, o ambiente e as área relacionadas com a saúde. A Nigéria estabeleceu a Agência Nacional de Desenvolvimento da Biotecnologia (ANDB), que fornecerá o apoio e capacidade de organização para os contactos nacionais e internacionais, coordenação, criação de consciência, gerenciamento de P&D e ligações com o setor privado. O governo nigeriano alocou um orçamento de US$ 263 milhões por ano para a ANDB por três anos para apoiar programas de desenvolvimento de biotecnologia com foco especial na agricultura. A Nigéria tem um acordo de cooperação com a Rutgers University New Jersey, EUA, para desenvolver um programa colaborativo em biotecnologia. O Presidente da Nogéria, Olusegun Obasanjo, assumiu um compromisso pessoal com a biotecnologia e declarou que “a aquisição da capacitação em biotecnologia no país é hoje crucial para o avanço da Nigéria em direção a auto-suficiência em alimentos e na erradicação de doenças”. (AfricaBio 2001b). www.africabio.com/biolines/9.html A Nigéria procura construir uma rede internacional de colaboração para atingir suas metas em biotecnologia durante a próxima década. O Ministro da Agricultura da Nigéria, Hassan Adamu, declarou recentemente “Negar ao povo desesperado e faminto os meios de controlar seu futuro presumindo saber o que é melhor para eles não é somente paternalista, mas moralmente errado”. 8.6.4 Projeto de Lei na Índia trata das questões emergentes da biotecnologia com perspectivas de comercializar algodão Bt a médio prazo O Projeto de Lei de Proteção de Variedades de Plantas e Direitos dos Fazendeiros da Índia (Jayaraman 2001) foi aprovado pelo Parlamento indiano em agosto de 2001. O projeto recebeu total apoio dos fazendeiros, melhoristas do setor público, companhias de biotecnologia, e ONGs porque foi bem sucedido em integrar e atender as diversas necessidades das várias partes envolvidas. O Dr. M.S. Swaminathan, o pai da Revolução Verde na Índia e recebedor do primeiro World Food Prize, reconheceu a unicidade do projeto e notou que “ Os fazendeiros e melhoristas são aliados na luta para a segurança alimentar sustentável e portanto seus direitos devem ser mutuamente fortalecidos e não antagônicos. O projeto contém esse importante aspecto”. Mais importante sob o aspecto da biotecnologia, o projeto atende a necessidade do melhorista que procura um sistema de “pista livre” para a aprovação de culturas transgênicas. Os melhoristas têm a obrigação de demonstrar que o germoplasma foi adquirido legalmente e que a nova variedade “não contém qualquer gene ou seqüência gênica envolvendo a tecnologia terminator.” Sobre a controversa questão dos direitos dos fazendeiros, o projeto prevê a proteção para os 500 milhões de fazendeiros da Índia, reconhecendo seu direito de guardar e vender as sementes produzidas em suas fazendas. O Fundo Nacional Genético será usado para compensar os fazendeiros em caso de frustração de safra e outras necessidades relacionadas com as áreas rurais. O artigo (Jayaraman 2001) nota que o novo projeto preenche a obrigação da Índia para com a Organização Mundial do Comércio de prover proteção de variedades para os melhoristas e fornece um modelo útil para os outros países em desenvolvimento estudarem. O Comitê de Aprovação de Engenharia Genética da Índia exigiu em junho de 2001 que a Mahico, que desenvolveu o algodão Bt na Índia, conduza ensaios de campo em maior escala antes que o algodão Bt possa ser recebido para aprovação. A Mahico completou os testes e está atualmente preparando dados adicionais e informações para submeter à consideração do Comitê antes do fim do ano. Alguns observadores esperam que a comercialização do algodão Bt na Índia será aprovada no início do ano 2002. 8.6.5 China – Sequenciamento preliminar do genoma do super híbrido de arroz perto de ser completado Os pesquisadores da Academia de Ciências da China (ACC) estão perto de completar a seqüência preliminar do genoma do “super híbrido de arroz”, desenvolvido pelo Prof. Yuan Longping. O trabalho de sequenciamento pelos pesquisadores da ACC foi facilitado e acelerado como resultado da experiência com o projeto do genoma humano. O trabalho foi iniciado em maio de 2000 e espera-se estar pronto no fim de 2001. A seqüência preliminar do genoma do “super híbrido de arroz” irá complementar a informação sobre sequenciamento do arroz que já foi tornada disponível pela Monsanto e pela Syngenta e pelo trabalho em curso do setor público do IRGSP, liderado pelo Japão. A trabalho de sequenciamento espera identificar os genes envolvidos com a reprodução, resistência a pragas e produtividade no super híbrido de arroz. Este trabalho também beneficiará os especialistas em melhoramento de plantas que trabalham com outras culturas, tais como milho e trigo. A ACC planeja publicar os resultados e colocar o mapa final do genoma do arroz híbrido no domínio público quando o trabalho estiver completo. 8.6.6 As Filipinas desenvolvem seu próprio arroz transgênico, resistente à podridão bacteriana, pronto para testes de campo As Filipinas se juntam dos países em desenvolvimento que inclui a China, México, Cuba, Argentina, África do Sul, Tailândia e Malásia que desenvolveram suas próprias culturas transgênicas até o estágio de estarem prontas para testes de campo. Isto é uma realização muito importante, com implicações tecnológicas e políticas para a adoção de culturas transgênicas, assim como uma clara indicação da capacidade e sustentação dos programas nacionais em biotecnologia de culturas. Os pesquisadores do Instituto de Pesquisa de Arroz das Filipinas (PhilRice) desenvolveram e testaram em estufa um arroz transgênico em cooperação com pesquisadores do Instituto Internacional de Pesquisa de Arroz (IRRI). O arroz transgênico, IR 72, incorpora o gene Xá-21 e foi cuidadosamente verificado em testes de inoculação em estufa, onde provou ser existente a nove tipos do organismo da podridão bacteriana. O plano é testar o novo arroz transgênico em dois locais de teste em Laguna e Nueva Ecija. Os testes de campo começarão tão logo as exigências do Comitê Nacional de Biosegurança sejam satisfeitas e a aprovação confirmada. As Filipinas já testou com sucesso variedades de milho Bt em testes de campo no país. 8.6.7 Brasil – status da aprovação da soja transgênica O sistema brasileiro de regulamentação da biosegurança foi estabelecido em 1995 com a criação da Lei de Biosegurança e o estabelecimento de um comitê técnico nacional de biosegurança, a CTNBio. Por um decreto presidencial ligado à Lei de Biosegurança, foi criado um comitê (CTNBio) com autoridade para estabelecer regras relacionadas com todos os aspectos técnicos dos organismo geneticamente modificados. À CTNBio foi dada a autoridade/supervisão de regulamentar os experimentos com plantas GM, no nível de laboratório e campo e fornecer uma ‘opinião técnica final conclusiva’ sobre a segurança ambiental e alimentar das plantas e alimentos derivados de culturas GM. Em 1998 a CTNBio apresentou sua primeira ‘opinião técnica final conclusiva’ positiva sobre a segurança ambiental e alimentar de uma soja transgênica resistente ao herbicida glifosato. Para a liberação comercial de produtos transgênicos, a lei brasileira requer a aprovação de outros ministros do Governo, os Ministros da Agricultura, Saúde e Ambiente. O último pode exigir um estudo de impacto ambiental antes de julgar a aprovação do produto. A ‘opinião técnica final conclusiva’ sobre a soja resistente ao glifosato não requeria esse estudo. Isso resultou em ações legais e injunções por organizações não governamentais opostas à biotecnologia vegetal, um debate constitucional e um impasse na comercialização de culturas derivadas de biotecnologia, que ainda não foi resolvido. Uma ‘medida provisória’ foi assinada pelo Presidente do Brasil e quatro membros do ministério em dezembro de 2000. Esta lei modificou as exigências de biosegurança e estabeleceu a autoridade da CTNBio ao mesmo tempo reconhecendo a supervisão e autoridade dos Ministros da Agricultura, Ambiente e Saúde. Até o presente, a aprovação comercial da soja tolerante ao glifosato ainda está pendente, aguardando decisão de autoridades do Governo sobre a necessidade de estudo de impacto ambiental e o status da aprovação da soja tolerante ao herbicida para comercialização. 8.6.8 Indonésia – comercializa com sucesso o algodão Bt – sua primeira cultura transgênica O Ministro da Agricultura da Indonésia, Bungaran Arigih, confirmou que a primeira experiência do governo com culturas transgênicas comerciais foi bem sucedida. Os plantios comerciais introdutórios da algodão Bt ocuparam 4.000 hectares de campos comerciais de algodão Bt em Sulawesi, e resultou em produtividade superior de 2,2 t por hectare, em contraste com 1,4 t por hectare do algodão Kanesia normalmente plantado em Sulawesi. O Ministro declarou que o Governo prosseguirá com o plantio de algodão geneticamente modificado (GM) no sul de Sulawesi. “Prometemos editar um novo decreto ministerial para continuar o cultivo de algodão transgênico no sul de Sulawesi desde que não seja danoso ao ambiente” , declarou. O novo decreto não estabelecerá um limite na área a ser plantada com o algodão GM. A produção atual de algodão na Indonésia fornece menos de 1% do consumo doméstico e a Indonésia importa 500.000 t de algodão por ano. A Indonésia se junta aos EUA, China, Austrália, México, Argentina e África do Sul no cultivo comercial de algodão Bt. A área plantada com algodão Bt no mundo cresceu consistentemente a cada ano desde sua introdução em 1996. Em 2001 espera-se que até 20% dos 34 milhões de hectares de algodão do mundo sejam plantados com variedades transgênicas, uma fração das quais é portadora de um gene para resistência a insetos, outra de um gene para tolerância a herbicida e o restante será portadora de dois “genes acumulados”, - um para resistência a insetos e também um gene para tolerância a herbicida. Uma análise dos dados existentes sobre variedades transgênicas de algodão não encontrou evidência que o algodão geneticamente modificado tenha qualquer efeito sobre a qualidade da fibra. 8.6.9 Quênia – Primeiros testes de campo com uma cultura transgênica – batata doce resistente a vírus Para milhões de pessoas nos países em desenvolvimento do leste da África e outras regiões, a batata doce se constitui na maior parte da dieta porque é nutritiva e fácil de cultivar. Igualmente importante é o fato de poderem ser convenientemente armazenadas sob o solo por um longo período de tempo. A batata doce é uma fonte confiável de alimento, mesmo em com seca. Entretanto, o ataque de pragas e doenças pode reduzir significativamente a produtividade. Uma das doenças importantes no leste da África é causada pelo vírus feathery mottle. Começando em 1991, após extensiva pesquisa e desenvolvimento, uma associação foi intermediada pela ISAAA e a USAID (trabalhando com o Projeto de Apoio à Biotecnologia Agrícola da Michigan State University , ABSP), entre pesquisadores do Instituto de Pesquisa Agrícola do Quênia (IPAQ) e a Monsanto nos Estados Unidos. O objetivo era desenvolver variedades de batata doce resistentes ao vírus feathery mottle. Uma licença da Monsanto sem pagamento de royalties deu gratuitamente a tecnologia ao IPEQ. A ISAAA, que tem um posto no Quênia, assistiu as autoridades no desenvolvimento de regulamentação de biosegurança para permitir testes de campo seguros e eficientes com a culturas transgênicas, em harmonia com os padrões internacionais. No início de 2000, Quênia conduziu seus primeiros testes de campo com uma cultura transgênica – batata doce resistente a vírus. Isso é um divisor de águas para um país como o Quênia, que deu grande prioridade para a biotecnologia e tem liderança na região, desempenhando um papel modelo no Leste da África quanto a culturas transgênicas. Um novo acontecimento importante no projeto é que o Centro de Pesquisa Agrícola (CPA) em Roodeplaat, África do Sul, também se juntou ao projeto para desenvolver variedades sul-africanas resistentes ao vírus. 8.7 8.7.1 A ampliação do apoio político e institucional à biotecnologia de culturas Os líderes da APEC apoiam o uso da biotecnologia para aumentar a produção de alimentos Na reunião de outubro de 2001 da APEC em Shangai, China, os líderes da APEC confirmaram seu “apoio ao desenvolvimento da biotecnologia para ajudar a alimentar a crescente população e seu uso seguro baseado em ciência sadia. A biotecnologia pode ajudar as economias em desenvolvimento a aumentar a produtividade das culturas, usando menos pesticidas e menos água que os métodos convencionais” (Dept. de Estado dos EUA 2001) http://usinfo.state.gov/topical/global/biotech/01102101.htm. A APEC liberou a seguinte declaração (APEC 2001): “Verificando que o crescimento sustentável da região da APEC também exige a habilidade para alimentar a crescente e cada vez mais próspera população, os líderes pedem a aceleração da implementação da iniciativa APEC Food System (Sistema de Alimentos da PAEC). Reconhecendo os benefícios da biotecnologia no aumento da produtividade, melhor nutrição, e redução do impacto ambiental da produção agrícola, reafirmamos a importância da introdução segura e o uso de produtos da biotecnologia, baseados em ciência sadia. Também damos as boas vindas à iniciativa de manter um diálogo no nível de políticas sobre biotecnologia agrícola e pedimos mais atividades visando aumentar a capacitação a ela relacionada” http://www.apec-china.org.cn/apec2001/20011021/927933.htm Os líderes da APEC apoiaram a proposta dos EUA de estabelecer um novo Diálogo de Alto Nível em Política de Biotecnologia. A maioria das economias da APEC está desenvolvendo políticas de regulamentação, comércio e científicas para lidar com o campo emergente da biotecnologia agrícola. O diálogo permitirá aos que estabelecem as políticas a troca de opiniões e a busca de atividades cooperativas em uma ampla gama de questões relacionadas com o desenvolvimento da biotecnologia, regras que governam novos produtos, implicações sobre o comércio, e eficiente estratégia de comunicações. Os titulares da APEC planejam ter sua primeira sessão do Diálogo sobre Biotecnologia na Cidade do México, em fevereiro de 2002. Os Estados Unidos acreditam que o Diálogo de Alto Nível em Política de Biotecnologia ajudará aos líderes a aproveitar a nova tecnologia e capitalizar seus benefícios. O diálogo também facilitará a discussão dessas questões em outros fora internacionais. A Declaração dos Líderes da APEC pede mais atividades de capacitação para ajudar as economias participantes a desenvolver a biotecnologia agrícola. 8.7.2 O Presidente dos Estados Unidos, George W. Bush advoga a biotecnologia em discurso no Banco Mundial Em um discurso de julho de 2001 ao Banco Mundial (White House 2001), o Presidente Bush declarou “O mundo também precisa começar a se dar conta do enorme potencial da biotecnologia em ajudar a acabar com a fome”. O Presidente Bush também se referiu à Relatório sobre Desenvolvimento Humano e “a necessidade para avançar baseados em ciência sadia, para trazer esses benefícios a 800 milhões de pessoas, incluindo 300 milhões de crianças, que ainda sofrem fome e desnutrição”. http://www.whitehouse.gov 8.7.3 O Presidente do Quênia busca cooperação em biotecnologia O Presidente da República do Quênia, Presidente Moi, pediu em agosto de 2000 ao Presidente Clinton dos EUA cooperação em biotecnologia agrícola. 8.7.4 O Relatório de Desenvolvimento Humano da UNDP destaca o uso e benefícios potenciais da biotecnologia De todos os relatórios de agências internacionais que avaliaram os benefícios potenciais da biotecnologia para os países em desenvolvimento, este relatório da UNDP teve o maior impacto em influenciar a opinião em relação a contribuição criticamente importante que a tecnologia oferece à sociedade. O relatório da UNDP “Relatório de Desenvolvimento Humano 2001 – Fazendo Novas Tecnologias Trabalhar para o Desenvolvimento Humano” (UNDP 2001) faz um análise consciente e profissional do potencial da biotecnologia e da tecnologia da informação e comunicação (ICT) para os países em desenvolvimento. O relatório destaca o ponto criticamente importante que a biotecnologia, e a tecnologia de informação e comunicação podem fazer grandes contribuições para reduzir a pobreza no mundo. O administrador as UNDP, Mark Malloch Brown declara: “Ignorar avanços tecnológicos em medicina, agricultura e informação significará perder oportunidades para transformar as vidas das pessoas pobres”. As principais questões tratadas no relatório incluem: • Gerenciando os riscos da mudança tecnológica • Potencial das culturas e alimentos provenientes da biotecnologia em ajudar os países em desenvolvimento • Potencial de culturas melhoradas com o uso da biotecnologia para maior produtividade e outras melhoras, tais como resistência à seca e tolerância a pragas. • Potencial para culturas melhoradas com o uso da biotecnologia para maior facilidade nas práticas agrícolas nos países em desenvolvimento • Potencial da biotecnologia para melhorar a segurança alimentar na África Ásia e América Latina. O relatório também clama por maior investimento público na pesquisa e desenvolvimento para assegurar que a biotecnologia atinja as necessidades agrícolas dos pobres do mundo, pede por mais pesquisas sobre o impacto de longo prazo dos OGMs e advoga a rotulagem dos produtos geneticamente modificados. Resumos das áreas principais incluem • Novas tecnologias chaves para reduzir a pobreza no mundo • Embora controvertidos, os OGMs podem ser um avanço tecnológico para os países em desenvolvimento • Alguns países em desenvolvimento se tornam líderes em tecnologia de ponta enquanto outros ficam para trás • O relatório pede P&D, preços diferenciados e apoio IPR para ajudar os países em desenvolvimento atravessar o abismo da tecnologia • A “drenagem de cérebros” (brain drain) custa bilhões aos países em desenvolvimento. 8.7.5 Relatório Conjunto sobre Plantas Transgênicas e Agricultura Mundial por Sete Academias de Ciência, representado o Norte e o Sul Em julho de 2000, o relatório conjunto (National Academy of Sciences 2000) de sete Academias de Ciência foi elaborado sob os auspícios da Real Sociedade de Londres, da Academia Nacional de Ciências dos EUA, da Academia Brasileira de Ciências, da Academia Chinesa de Ciências, da Academia Nacional de Ciências da Índia, da Academia Mexicana de Ciências, e da Academia de Ciências do Terceiro Mundo. O relatório é uma declaração muito importante sobre biotecnologia e as culturas GM da comunidade científica internacional, por representar cinco academias do sul e duas do norte. O resumo ipsis literis que se segue sintetiza o sentido principal da declaração das sete academias: “É fundamental que melhoremos a produção e distribuição de alimentos para alimentar e livrar da fome a crescente população mundial, ao mesmo tempo que reduzimos os impactos ambientais, criando empregos produtivos em áreas de baixa renda. Isso vai requerer uma utilização adequada e responsável das descobertas científicas e novas tecnologias. Os que desenvolvem e supervisionam a tecnologia aplicada de plantas e microorganismos GM devem estar seguros que seus esforços atendem essas necessidades. Podem ser produzidos alimentos mais nutritivos, estáveis no armazenamento, e em princípio promotores de saúde através da tecnologia GM – trazendo benefícios aos consumidores, tanto nos países em desenvolvimento como não industrializados. São necessários novos esforços do setor público para criar culturas transgênicas que beneficiem fazendeiros pobres nos países em desenvolvimento e melhore seu acesso aos alimentos através da produção mão de obra intensiva de alimentos básicos como o milho, arroz, trigo , mandioca, inhames, sorgo, bananas e batata doce. São necessários esforços cooperativos entre os setores público e privado para desenvolver novas culturas transgênicas que beneficiem os consumidores, especialmente nos países em desenvolvimento. Devem ser feitos esforços coordenados e organizados para pesquisar os efeitos ambientais potenciais – positivos e negativos – das tecnologias GM em suas aplicações específicas. Estas devem ser avaliadas em comparação com os efeitos das tecnologias agrícolas convencionais atualmente em uso. Sistemas reguladores de saúde pública precisam ser instalados em todos os países para identificar e monitorar qualquer efeito adverso à saúde humana das plantas transgênicas, assim como para qualquer nova variedade. Companhias privadas e instituições de pesquisa devem fazer gestões para compartilhar a tecnologia GM, atualmente mantida sob patentes estritas e acordos de licenciamento, com cientistas responsáveis para aliviar a fome e melhorar a segurança alimentar nos países em desenvolvimento. Além disso, isenções especiais devem ser dadas aos fazendeiros pobre do mundo para protege-los das restrições inapropriadas na propagação de suas culturas” (National Academy of Sciences, 2000) 8.7.6 A Comissão Européia produz relatório sobre o status da biotecnologia e os países em desenvolvimento O relatório de 2001 da Comissão Européia “Rumo a uma Visão Estratégica das Ciências Biológicas e Biotecnologia: Documento de Consulta”. Afirma que as ciências biológicas e a biotecnologia entraram numa fase de crescimento exponencial, abrindo um vasto potencial para levar a economia da Europa e do mundo para um desenvolvimento mais sustentável e melhor qualidade de vida. O relatório (European Comission 2001) continua indicando que a Europa não pode perder a oportunidade que a nova ciência e a tecnologia oferecem se quer se tornar uma economia líder baseada no conhecimento no relatório de 32 páginas constam alguns tópicos, incluindo os impactos potenciais das ciências biológicas e a biotecnologia, uma seção sobre inovação e competitividade, bem como seções sobre ética, pesquisa, opiniões do público, regulamentação, colaboração internacional e política de desenvolvimento. http://europa.eu.int/comm/biotechnology/pdf/doc_em.pdf 8.7.7 Relatório da Comissão Real da Nova Zelândia sobre Biotecnologia A Comissão Real da Nova Zelândia publicou suas recomendações sobre biotecnologia ao Ministério em agosto de 2001. A Comissão era um painel de revisão independente estabelecido para relatar ao governo as opiniões disponíveis na Nova Zelândia sobre modificação genética, e aconselhar sobre mudanças apropriadas na política governamental, legislação reguladora, instituições públicas, e sobre a futura direção da biotecnologia e pesquisa relacionada. O relatório completo da Comissão Real sobre Modificação Genética (New Zealand Commission on Biotechnology 2001) está disponível em http://www.gmcommission.govt.nz A Comissão concluiu que “ é (GM) uma promessa interessante, não somente por dominar doenças, eliminar pragas e contribuir para a economia do conhecimento, mas por realçar a competitividade das indústrias primárias, tão importantes para nosso bem estar econômico”. A conclusão principal feita pela Comissão foi que a Nova Zelândia deve manter as opiniões abertas e encorajar todas as formas de agricultura. A Comissão mostrou satisfação com o quadro básico de regulamentação executado por instituições chave, incluindo a Administração de Gerenciamento de Risco Ambiental (AGRA) e a Administração Australiano-Neozelandesa de Alimentos (AANZA) Os líderes das oito universidades do país manifestaram seu total apoio às conclusões da Comissão. O Prof. James McWha, presidente do Comitê Neozelandês de Vice-reitores afirmou que “as Universidades apoiam o rigor da e análise ponderada da Comissão das complexas considerações cientificas, culturais e éticas envolvidas”. Também alertou o governo a não ser influenciado por alguns grupos de interesses que estavam distorcendo as questões envolvidas com modificação genética pela disseminação de informações errôneas. “Este país tem considerável sabedoria em ciências biológicas e os cientistas envolvidos estão frustrados com as falácias que os opositores de GM estão atualmente propondo. A liderança responsável não deve ser influenciada por argumentos baseados em emoção em vez de fatos... Acima de tudo, deve ser lembrado que a Comissão Real sobre GM ouviu a melhor informação disponível e baseou suas conclusões em opiniões de toda a comunidade”. A Sociedade Real, a academia de ciências da Nova Zelândia, também aconselhou o governo da Primeira Ministra Helen Clark a permitir a continuação dos testes de campo de animais e plantas GM. “Os testes de campo são um elemento essencial na avaliação de riscos e benefícios,” aconselharam os cientistas à Primeira Ministra. O Chefe Executivo da Sociedade Real Steve Thompson afirmou que os cientistas acreditam que a Nova Zelândia deve ter um papel de liderança no trato com as tecnologias GM. A sociedade tem “graves preocupações” que os oponentes da tecnologia que circulam material com informações errôneas estejam agora sabotando o trabalho da Comissão Real. “Muitos de nossos membros com conhecimento de ciências biológicas se sentem frustrados vendo essas distorções e inverdades emocionais em circulação” afirmou Thompson, que ressaltou ser a Comissão independente do Governo. O grupo representava pelo menos 15.000 cientistas e outros pesquisadores através de uma grande variedade de campos, tinha o papel de dar conselhos independentes sobre política em questões científicas. O chefe executivo da Sociedade Real conclamou os membros do Parlamento a “dar o maior peso possível às conclusões da Comissão Real na tomada de decisões sobre o estabelecimento de políticas governamentais e legislação relacionadas com modificação genética”. O Ministro das Finanças Michael Cullen alertou sobre declínio econômico se a Nova Zelândia adotar uma abordagem excessivamente cautelosa sobre engenharia genética. Disse ele que decidir se e até onde a Nova Zelândia deve abraçar a biotecnologia seria provavelmente “a decisão sobre política estratégica mais importante que os governos farão nos próximos 20 anos” 8.7.8 A Associação Norte-Americana de Medicina apóia a biotecnologia para a produção de alimentos A ANAM emitiu em resumo executivo, “Culturas e Alimentos Geneticamente Modificados”, em apoio à biotecnologia. As declarações da ANAM foram recomendadas pelo Conselho de Assuntos Científicos e adotada como política da ANAM na reunião de 2000. AS recomendações da ANAM foram baseadas em 11 relatórios emitidos nos últimos dois anos por várias instituições científicas e governamentais, referências científicas relacionadas com segurança, regulamentação, impacto ambiental dos alimentos e culturas transgênicas, e informações obtidas em sites de ciência e regulamentação. De acordo com os resultados liberados pela ANAM, “Mais de 40 variedades de culturas transgênicas foram liberadas através do processo de revisão federal, com características agronômicas e/ou nutritivas melhoradas, ou com um ou mais aspectos de proteção de pragas, (insetos ou vírus) ou tolerância a herbicidas. Alimentos e culturas produzidos com técnicas de DNA recombinante estão disponíveis por menos de dez anos e até o presente nenhum efeito de longo prazo foi detectado. Esses alimentos são substancialmente equivalentes a seus correspondentes convencionais”. A declaração original (AMA 2000b) pode ser encontrada em: http://www.ama-assn.org/ama/pub/article/2036-3604.html. A Associação Norte-Americana de Medicina convocou uma entrevista coletiva em Nova York em 4 de outubro de 2001 para promover a biotecnologia de alimentos. Peritos em biotecnologia apresentaram os benefícios e potencial da biotecnologia em algumas áreas, incluindo: culturas planejadas beneficiam o homem e o ambiente; melhoria genética protege contra alergias a alimentos; vacinas baseadas em vegetais são promessas contra doenças infecciosas; um mundo sem fome pode ser alcançado; novos estudos mostram que a biotecnologia oferece benefícios significativos para diversas culturas. Resumos dessas apresentações (AMA 2001) podem ser acessados em http://www.ama-assn.org/ama/pub/article/4197-5322.html 8.7.9 O Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA) afirma que a biotecnologia pode aliviar a pobreza O Relatório sobre Pobreza Rural do FIDA afirma peremptoriamente que o uso efetivo da biotecnologia pode ser essencial para o alívio da pobreza rural nos países em desenvolvimento (IFAD 2001). 8.7.10 Relatório sobre Biotecnologia do Banco de Desenvolvimento da Ásia recomenda maiores investimentos em biotecnologia O Relatório sobre Biotecnologia do Banco de Desenvolvimento da Ásia (ADB 2001) reconhece que pelos próximos 25 anos a Ásia enfrentará um sério desafio em como reduzir a pobreza e atingir a segurança alimentar. O relatório afirma que a biotecnologia moderna traz novas possibilidades para se conseguir aumentos sustentáveis na produtividade agrícola que será necessária para atender a demanda projetada de alimento da crescente população da Ásia. Nota que a biotecnologia tem o potencial para aumentar a produção agrícola e melhorar o processamento. Usando a moderna biotecnologia, podem ser desenvolvidas novas variedades de alta produtividade mais rapidamente e com maior precisão do que com métodos de melhoramento convencionais. A conclusão principal do relatório do BDA é que as agências financiadoras, incluindo o BDA, seriam sábias se continuassem e aumentassem seus investimentos em aplicações seguras de biotecnologia, como um meio de conseguir a diminuição da pobreza e segurança alimentar da Ásia nos próximos 25 anos. Mais especificamente, o relatório recomenda que o BDA deveria assistir seus países membros em “estabelecimento de políticas e prioridades para aumentar os investimentos em aplicações seguras em biotecnologia ; aumentar o diálogo para identificar benefícios potenciais e oportunidades no uso de diferentes biotecnologias para atingir alvos específicos; reforçar a avaliação de risco e gerenciamento de capacidades através de uma formação sistemática de capacitação; facilitar acesso a tecnologias privadas e encorajar maior cooperação entre os setores público e privado no desenvolvimento e disseminação de novos produtos a preços acessíveis para os pobres; e apoiar uma agenda estratégica de P&D e o desenvolvimento dos recursos humanos associados na Ásia para gerar novos conhecimentos em biotecnologia e divulgar os resultados para o bem público”. O relatório completo (ADB 2001) pode ser acessado em http://www.adb.org/Documents/Books/Agri_Biotech/default.asp 8.7.11 O Instituto Internacional de Pesquisa de Política de Alimentos advoga a biotecnologia como uma opção O livro “Seeds of Contention” (Pinstrup-Andersen e Schioler 2001a) e Food Policy Statement Nº 33 (Pinstrup-Andersen e Schioler 2001b) do IIPPA discutem como resolver o debate sobre culturas transgênicas para aliviar a fome nos países em desenvolvimento. O relatório conclui que a redistribuição dos estoques de alimentos e o aumento da produção de grãos através do melhoramento convencional não são suficientes para atender às demandas de alimentos dos países em desenvolvimento. Como uma opção alternativa o relatório propõe a adoção de culturas transgênicas usando procedimentos científicos sadios para garantir a segurança para a população e o ambiente. Para assegurar que os países em desenvolvimento mais pobres se beneficiem da biotecnologia e culturas transgênicas, o relatório propõe que os governos e organizações do país industrializado doador permitam que o mundo em desenvolvimento faça sua “própria decisão sobre o uso de tecnologia de engenharia genética baseado em sua própria percepção doméstica sobre riscos e benefícios”. O relatório pede que companhias que possuem a propriedade intelectual da aplicação de biotecnologia sejam menos restritivas em compartilhar a tecnologia com os países em desenvolvimento, de modo que as culturas transgênicas possam contribuir para a segurança alimentar para os pobres nos países em desenvolvimento. 8.7.12 A Sociedade Norte-Americana de Fitopatologia apóia a biotecnologia A Sociedade Norte-Americana de Fitopatologia (SNAF), a maior organização de cientistas de sanidade vegetal do mundo, com mais de 5.000 membros, emitiu uma declaração em apoio à biotecnologia (APS 2001b) http://www.apsnet.org/members/ppb/os/APS%20Biotech%20Statement.pdf. A Dra. Sue Tolin, fitopatologista do Instituto Politécnico da Virgínia e Universidade Estadual, declara que “Virtualmente todos os aspectos da fitopatologia são afetados pela biotecnologia. Os avanços nessa área tiveram um papel importante na nossa habilidade de identificar e controlar patógenos vegetais que causam bilhões de dólares de prejuízos a cada ano, particularmente nos países em desenvolvimento, onde as doenças destroem rotineiramente culturas de alimentos importantes”. Entre os benefícios indicados na declaração da SNAF está o fato de a biotecnologia ser uma ferramenta importante na redução de pesticidas sintéticos para controlar doenças de plantas, e minimizar os impactos ambientais dos pesticidas agrícolas modernos. A SNAF concorda que a consideração dos riscos associados com o manejo de doenças de plantas através da biotecnologia também precisa ser levada em conta. “A biotecnologia deve ser praticada de uma maneira responsável, respeitando os impactos humanos, econômicos e ambientais”, declara Noel Keen, atual Presidente da SNAF. Para a declaração completa, contate Molly CERN (APS 2001b) em [email protected]. O press release da Associated Press (Associated Press 2001) pode ser acessado em http://www.apsnet.org/media/press/biotech2.asp. 8.7.13 Declaração da Sociedade Americana de Fisiologia Vegetal/ Sociedade Americana de Biólogos Vegetais sobre biotecnologia vegetal Uma declaração de posicionamento sobre biotecnologia vegetal foi emitida em 2001 pelo Comitê Executivo da Sociedade Americana de Fisiologia Vegetal/ Sociedade Americana de Biólogos Vegetais (ASPP/ASPB 2001). A organização de 6.000 membros declara: “A SAFV realmente acredita que, com continuada regulamentação e supervisão responsáveis, a biotecnologia trará muitos benefícios significativos à saúde e ao ambiente para o mundo e sua população”. A declaração completa está disponível em http://www.aspb.org/publicaffaisrs/aspb_statement_on_genetic_modifi.cfm 8.7.14 Reino Unido - Relatório encorajador sobre culturas transgênicas/GM Um relatório da Comissão Britânica de Biotecnologia Agrícola e Ambiental (BAEBC 2001) não apenas diminuiu a barreira ambiental para a comercialização de culturas geneticamente modificadas (GM), mas também reconheceu a necessidade de uma maior aceitação pelo público. A comissão reconhece que qualquer impacto ambiental que as culturas GM possam ter não é necessariamente negativo. Portanto, esse aspecto, juntamente com a pesquisa sobre práticas culturais que favorecem o ambiente, deve ser levado em conta na análise final da tomada de decisões. Recomenda-se, além disso, clareza e precisão nos press releases e publicações do governo, “de maneira que as mensagens não sejam distorcidas e não possam ser facilmente interpretadas erroneamente”. A comissão, estabelecida em 2000, recebeu a tarefa de “oferecer conselhos estratégicos ao Governo em assuntos de biotecnologia com impacto na agricultura e no ambiente” e fazer ligação com outras organizações governamentais. Mais informações sobre o relatório (BAEBC 2001) podem ser obtidas em http://www.openi.co.uk/oi010917.htm 8.7.15 Comissão do Senado Alemão apóia culturas transgênicas A Comissão do Senado Alemão sobre Pesquisa Genética declarou que o uso de plantas e microorganismos geneticamente modificados (GM) na produção de alimentos ajuda a garantir a segurança alimentar à população mundial e proteger a agricultura sustentável. A principal organização financiadora de pesquisa acadêmica na Alemanha, a Deutsche Forschungsgemeinschaft (DFG), emitiu uma declaração sobre engenharia genética e alimentos. A declaração está agora sendo disseminada entre as comunidades política e científica. Ernst-Ludwig Winnacker, Presidente da DFG, disse que o relatório chega em uma hora em que a produção de alimentos baseados em animais e plantas provenientes de engenharia genética é matéria controvertida no debate público. O relatório comenta os concebíveis riscos resultantes do cultivo e consumo de plantas ou alimentos geneticamente modificados e refere-se às precauções de segurança para proteger o consumidor. Com respeito aos testes obrigatórios por lei para engenharia genética e alimentos, recomenda manter-se nas “regras experimentadas e testadas”. A comissão está pedindo com urgência a implementação uniforme das diretrizes nacionais e européias suplementadas por provisões que cobrem sementes GM para rações animais e alimentos. O texto completo (German Senate Commission on Biotechnology 2001) está disponível em http://www.dfg.de/aktuell/publikationen.html 8.7.16 A Fundação REDBIO – A declaração de Goiânia sobre Biotecnologia A recentemente liberada declaração de posicionamento em biotecnologia de Goiânia, uma organização Latino-Americana, define-se “rumo a uma biotecnologia a serviço do desenvolvimento sustentável dos setores florestais e agrícolas da América Latina e do Caribe”. Esta declaração foi apoiada pela Fundação REDBIO. http://www.ric.fao.org/redes/redbio/pdf/ingles.pdf 8.7.17 Declaração sobre Biotecnologia da Associação do Congresso de Ciência da Índia Seguem-se trechos da declaração oficial do Congresso sobre o tópico “Alimentos, Nutrição e Segurança Ambiental” em Nova Delhi, janeiro de 2001: “Atingir a segurança alimentar tem sido um grande desafio para o país desde a independência. Para atender a demanda de nossa sempre crescente população à taxa de 1,8 por cento, precisaríamos de 260-264 milhões de toneladas métricas de grãos alimentícios em 2030. Adicionalmente, 130-152 toneladas métricas de leite, 151-193 toneladas métricas de hortaliças, 84-106 toneladas métricas de frutas, 10-14 toneladas métricas de carne, 4-5 toneladas métricas de ovos e 12 toneladas métricas de óleo comestível para dar nutrição adequada a uma população de 1,3 bilhões de pessoas”. “A agricultura da Índia teve persistência principalmente por causa de tecnologias melhoradas, melhores variedades de culturas, melhor infraestrutura, irrigação, previsão do tempo e uma agricultura diversificada. Uma agricultura eficiente depende muito do gerenciamento de recursos naturais, tais como o solo, água, energia e diversidade biológica. Ao atender as necessidades da pressão de população, a produção agrícola deve satisfazer objetivos duplos, como produzir mais e conservar recursos naturais. Obviamente isto seria conseguido através do papel da ciência e interação efetiva entre os cientistas para gerar as tecnologias necessárias”. “As estratégias para conseguir a segurança alimentar e nutricional envolveriam a utilização de novas tecnologias, tais como a biotecnologia, tecnologia da informação, meteorologia, microeletrônica, comunicação, etc. de maneira total. Embora essas tecnologias sejam uma poderosa ferramenta de nosso arsenal para enfrentar desafios emergentes,precisam ser usadas com grande cuidado científico e discrição”. “Estando no limiar de um novo milênio, face a face com desafios formidáveis e equipados com igualmente poderosas ferramentas, a questão para a nossa comunidade científica não é” vamos vencer o desafio?” mas “podemos fazê-lo sem prejudicar nossos bens ambientais, ou melhor, podemos fazê-lo conservando nosso bens ambientais?.” 8.7.18 Opiniões de Líderes em Biotecnologia da Índia – políticos, elaboradores de políticas, cientistas renomados e fazendeiros Em 2050 a Índia se tornará o país mais populoso da Terra, com uma população estimada em 1,53 bilhões, comparada com a China com 1,48 bilhões de pessoas (FAO 2001). Para concluir esta seção, abaixo segue uma coleção de citações sobre biotecnologia de líderes indianos – representando políticos, elaboradores de políticas, cientistas renomados e por fim, mas certamente não menos importante, fazendeiros – os guardiões da agricultura, que é a mãe de todas a ciências. Opinião de um político – Primeiro Ministro Atal Behari Vajpayee “Meu governo está determinado a dar passos que nos ajudem dobrar nossa produção de alimentos e livrem a Índia da fome em dez anos. É realmente alarmante que a disponibilidade per capita de grãos alimentícios, que já é abismal, tenha decrescido. È um assunto que causa grande preocupação.” (Primeira irradiação à Nação, 22 de março de 1998) “A biotecnologia é uma área da fronteira da ciência, com grande promessa para o bem estar da humanidade. A nova geração da biotecnologia que se desenvolveu como resultado do trabalho intensivo na Índia, criou uma pesquisa de relevância nacional. Estou confiante que os frutos dessa biotecnologia será empregado para o benefício de milhões de nossos pobres, ao entrarmos no novo milênio.” O objetivo do elaborador de políticas – Dr. R. S. Paroda, Diretor Geral, Conselho de Pesquisa Agrícola da Índia “Queremos aproveitar todas as vantagens da biotecnologia e reforçar as bases dos setores privado e público para pesquisa e desenvolvimento de tais culturas.” (The Times of Índia, 27 de setembro de 2000) Reflexões de um renomado cientista agrícola – Dr. M.S. Swaminathan, um renomado cientista, Pai da Revolução Verde na Índia e ganhador do primeiro World Food Prize “Os cientistas têm agora oportunidades únicas para projetar sistemas agrícolas para conseguir os triplos objetivos de mais alimentos, mais renda e mais bem estar por hectare de terra, desde que domemos as ferramentas das eco-tecnologias, resultantes da mistura do conhecimento tradicional com tecnologias de fronteira. Tais ferramentas incluem a biotecnologia, e tecnologia da informação e comunicações... Aqueles que advogam a volta aos velhos métodos de cultivo ignoram o fato de apenas há um século, quando a população da Índia não dividida era de 281 milhões, a fome ceifou 30 milhões de vidas entre 1870 e 1900... Novas tecnologias apoiadas por serviços adequados e políticas públicas ajudaram a desmentir predições de dia do juízo e levaram à revolução na agricultura (a revolução verde) a se tornar uma das mais significativas das revoluções científicas e sociais deste século” (The Hindu Survey of Indian Agriculture, 2000) Preocupações de um fazendeiro – P. Chengal Reddy, Presidente da Federação de Associações de Fazendeiros de Andhra Pradesh “Nega-se aos fazendeiros o direito de escolher por si próprios, com grupos urbanizados de advocacia decidindo o que é bom para eles.” (Hindu Business Line, 21 de julho de 2001) 9. PANORAMA DE ATRIBUTOS E BENEFÍCIOS ASSOCIADOS COM CULTURAS TRANSGÊNICAS O objetivo desta seção não é fornecer uma análise exaustiva dos atributos e benefícios associados como as culturas transgênicas, mas dar uma visão geral, com foco em uma relação selecionada de referências recentes e estudos de casos. As estimativas dos benefícios econômicos associados com culturas transgênicas nesta publicação (seção 9.5) são baseadas inteiramente em informações geradas por estudos de instituições independentes do setor público. Os estudos que geraram as estimativas empregaram uma gama de metodologias e devem ser considerados como indicativos da ordem de magnitude dos benefícios econômicos. Espera-se que este panorama vá estimular mais estudos independentes sobre os benefícios associados com a grande área de 45 milhões de hectares de culturas transgênicas cultivadas mundialmente em 2000. A primeira geração de culturas transgênicas introduzidas durante o período de cinco anos (1996 – 2000) apresentava duas características de proteção de culturas – tolerância a herbicidas (TH) e resistência a insetos (RI). As duas características, TH e RI podem ser independentemente ou como genes acumulados (HT/RI) em mais de 99% dos 44,2 milhões de hectares de culturas transgênicas globalmente em 2000. As plantas tolerantes a herbicidas de soja, canola, milho e algodão ocupavam 74% dos 44,2 milhões de hectares, com algodão ocupando 19% com a combinação de genes TH /RI em mais de 99% dos 44,2 milhões de hectares, enquanto milho e algodão resistentes a insetos ocupavam 7% em 2000. O saldo de <1% era ocupado por características menores, tais como resistência a vírus em culturas como batata e abobrinha. A primeira geração de culturas transgênicas tem atributos que resultaram e, melhor controle de insetos e ervas daninhas, que conjuntamente podem reduzir a produtividade em até 24%. As pragas de insetos são responsáveis por 13,8% da produção potencial, doenças 11,6% e ervas daninhas 9,5%, para um total de 35,9% (James et al 1972, Cramer 1967). As culturas transgênicas que apresentam os genes TH e RI oferecem um sistema de manejo de pragas bastante simplificado, que contribuiu para o aumento da eficiência geral da produção da cultura. Da mesma maneira, ou ainda mais importante por algumas perspectivas, culturas transgênicas TH e RI levaram a benefícios ambientais significativos, resultantes do menor uso de pesticidas, melhor qualidade da água subterrânea e de superfície, e um aumento da biodiversidade. A adoção das culturas GM também facilitou a adoção de sistemas de cultivo mínimo, que por sua vez contribui para a conservação de recursos naturais e sustentação. Além disso, o milho Bt é menos suscetível à infecção da espécie de fungo Fusário que produz micotoxinas tais como a fumonisina, que é carcinogênica quando alimentada experimentalmente a ratos (NTP 1999). Portanto, os atributos das culturas transgênicas oferecem vantagens significativas aos produtores, incluindo benefícios econômicos substanciais. Os consumidores também se beneficiam indiretamente com os custos mais baixos de produção e diretamente através do acesso a alimentos e rações de menor custo, e produtos de milho Bt, que tem menor probabilidade de conter níveis de micotoxina que pode ser danosa em milho convencional. 9.1 Redução no Uso de Pesticidas Durante o período de cinco anos de 1996 a 2000, quando as primeiras culturas transgênicas foram adotadas, tem havido uma constante redução na quantidade de pesticidas usada na produção de culturas transgênicas. Variedades de culturas Bt e tolerantes a herbicidas de soja, milho , algodão e canola contribuíram para uma redução no uso total de pesticidas em muitos países diferentes. A Tabela 16 resume as reduções de pesticidas associadas com culturas transgênicas nos EUA, China e Canadá. Os estudos têm mostrado que os produtores dos EUA que plantaram algodão Bt eliminaram 900 toneladas métricas de ingredientes ativos de inseticidas em 1998, e 1200 toneladas métricas em 1999 (Carpenter e Gianessi 2001). Reduções significativas também foram relatadas na China e na Argentina, onde a reduções de pesticidas resultantes do uso de algodão Bt variaram de 60 a 80 (Pray et al 2001, Xia et al 1999. Elena 2001,Jia 1998). A China usou 15.000 toneladas métricas menos inseticidas em 1999 devido ao uso de algodão Bt (Tabela 16). No Canadá, um estudo de 2000 indicou que os produtores de canola que plantaram variedades tolerantes a herbicida eliminaram 6.000 toneladas métricas de herbicida (Tabela 16). (Canola Council of Canadá 2001). Tabela 16. Resumo das Reduções de Pesticidas para Culturas Transgênicas Selecionadas nos EUA, China e Canadá, 1998 a 2000 País/Ano/Cultura EUA/1998/Algodão Bt Mercado Comercial Interno Redução de 900 toneladas métricas de inseticida (ingrediente ativo, i.a)¹ EUA/1999/Algodão Bt Redução de 1200 toneladas métricas de inseticida (ingrediente ativo, i.a)¹ China/1999/Agodão Bt Redução de 15.000 toneladas métricas de inseticida (formulado)² Canadá/2000/ Canola Tolerante Redução de 6.000 toneladas de herbicida³ Fonte: Compilado por Clive James, 2001 dos seguintes dados: ¹ Carpenter & Gianessi 2001; ² Pray et al 2001; ³ Canola Council of Canadá 2001 Estudos sobre o impacto de soja tolerante a herbicida no uso de herbicidas relataram resultados variáveis, com alguns indicando ausência de variação no uso de herbicidas, enquanto outros indicaram uma pequena redução no uso geral de herbicida na soja (Carpenter 2001a , Carpenter e Gianessi 2001, Fernandez-Cornejo e McBride 2000, Helmich et al 2000, e USDA 2000). Em resumo, o principal benefício da soja tolerante a herbicida é que permite aos produtores controlar convenientemente as ervas daninhas geralmente com uma pulverização a custo mais baixo que antes, quando várias pulverizações eram necessárias, algumas das quais danificavam a soja e deixavam resíduos que eram prejudiciais à próxima cultura, tal como milho. 9.2 Melhor Controle de Pragas e Produtividade 9.2.1 Melhor manejo de pragas de insetos O benefício mais importante da primeira geração de culturas transgênicas Bt é que dão ao produtor melhores métodos de controle de pragas de insetos. As pragas de insetos reduzem a produtividade das culturas, com perdas significativas estimadas em cerca de 14% da produção total de milho. Os fazendeiros usam uma variedade de programas para proteger suas culturas, incluindo culturas Bt, que dão proteção por toda a safra contra vários insetos que causam danos. Como notado acima, o uso de culturas Bt elimina a perda de produtividade que resulta do controle de pragas muito aquém do ótimo por inseticidas e permite ao fazendeiro mais flexibilidade e tempo para outras tarefas agrícolas (Carpenter e Gianessi 2001). Os fazendeiros, sob algumas circunstâncias, controlam melhor as pragas de insetos com culturas Bt do que com pulverizações de inseticidas convencionais, e esse controle mais eficiente resulta em produtividade mais alta (Carpenter e Gianessi 2001). Por exemplo, devido ao melhor controle da broca européia do colmo (BEC), os fazendeiros produziram com milho Bt nos EUA 1,5 e 1,7 milhões de toneladas a mais de milho em 1998 e 1999, respectivamente (Tabela 17). Em 1998, os produtores de algodão nos EUA produziram 80.704 toneladas a mais de algodão plantando algodão Bt e concomitantemente eliminaram 900 toneladas métricas de inseticidas (ingrediente ativo). De modo semelhante, os produtores de algodão produziram 117.935 toneladas a mais em 1999, ao mesmo tempo eliminando 1.200 toneladas métricas de inseticida (ingrediente ativo). Os produtores que plantaram milho Bt nos EUA evitaram a necessidade de tratar 800.000 hectares de milho com inseticidas em 1998 e também 400.000 hectares em 1999 (Carpenter e Gianesse 2001). Benefícios semelhantes foram relatados para o algodão Bt na China, onde a quantidade de inseticida formulado aplicado em algodão não Bt em 1999 foi de 48 kg pro hectare, o que é mais que 5 vezes a quantidade aplicada em algodão Bt - uma redução de 80% em inseticidas em algodão Bt (Pray et al 2001, Pray et al 2000, Huang et al 2001). Estimou-se que a quantidade de inseticidas formulados aplicada no algodão Bt na China em 1999 foi reduzida em pelo menos 15.000 toneladas (Pray et al 2001, Pray et al 2000, Huang et al 2001). Em grandes experimentos na Índia, em 1998 – 1999 (James 2000, com informações fornecidas pelo Dr. R. Barwale) o Tabela 17. Impacto Agregado do Milho Bt e do Algodão Bt Transgênicos nos EUA em 1998 e 1999: Aumentos na Produção (toneladas métricas) Cultura 1998 1999 Milho Bt 1.500.000 1.700.000 Algodão Bt 80.000 117.935 Fonte: Carpenter e Gianessi 2001, Modificado _ algodão não Bt necessitou 7 pulverizações com inseticidas em todas as 40 localidades, enquanto o algodão Bt não necessitou inseticidas em38 localidades e proteção mínima nas outras duas. 9.2.2 Melhor controle de ervas daninhas As culturas tolerantes a herbicidas oferecem ao produtor opções muito melhores par o controle de ervas daninhas. Em alguns casos, uma única aplicação de um herbicida em uma cultura tolerante a herbicidas pode substituir aplicações múltiplas de misturas de dois ou mais herbicidas. Portanto, as culturas tolerantes a herbicidas simplificam e facilitam a logística da aplicação de herbicidas, dando mais flexibilidade à época de aplicação e evitam erros nas misturas de herbicidas diferentes e na dosagem correta para cada produto (Canola Council of Canadá 2001, Carpenter e Gianessi 2001, Kalaizandonakes et al 2001). Por exemplo, para soja, algodão ou colza (canola) tolerantes a herbicida, o produtor usará freqüentemente uma única aplicação de herbicida par controle de ervas daninhas, em vez de uma mistura de vários herbicidas que podem ser aplicados em seqüência. Os herbicidas usados para culturas tolerantes a herbicidas geralmente controlam um amplo espectro de espécies de plantas daninhas. Anteriormente à introdução de soja, algodão, milho e canola tolerantes a herbicida, os fazendeiros tinham que aplicar vários herbicidas de pré e pós-emergência, que requeriam recursos significativos, com limitada flexibilidade de manejo. O advento de culturas tolerantes a herbicidas permitiu pela primeira vez aos fazendeiros controlarem as ervas daninhas mais eficientemente geralmente com uma única aplicação de herbicida, com custo significativamente menor – portanto, o principal ganho para os fazendeiros foi o controle de ervas daninhas mais eficiente, mais barato e mais flexível. O decréscimo no número de herbicidas usados indica que os produtores estão usando menos ingredientes ativos, que freqüentemente requerem menos passagens sobre o campo, o que por sua vez contribui para a economia de combustível e energia e eficiência no uso de recursos e para a menor demanda de gerenciamento agrícola (Carpenter e Gianessi 2001). Em um estudo com canola no Canadá, no ano 2000, mais de 80% dos produtores relataram que o controle de ervas daninhas foi mais eficiente com as variedades de canola tolerantes a herbicida, comparadas com a convencional e que a produtividade das canolas HT era 10% mais alta que a da canola convnecional (Canola Council of Canadá 2001) 9.2.3 Tolerância a herbicidas e sistemas de plantio direto As culturas transgênicas também podem dar uma contribuição para sistemas agrícolas mais sustentáveis. Por exemplo, o uso de culturas tolerantes a herbicida é compatível com os sistemas de produção que reduzem ou eliminam a necessidade de aração ou cultivo. Os sistemas de cultivo mínimo. Os sistemas de aração reduzida são benéficos porque reduzem significativamente a erosão do solo e enxurradas de sedimentos dos campos para as bacias. A aração reduzida também conserva umidade, nutrientes e estrutura do solo. Dado que a aração é um dos principais de controle de ervas daninhas, alguns especularam que a redução da quantidade de arações criaria problemas de manejo de ervas daninhas para os produtores. Entretanto, a experiência mostra que o inverso é verdade, e que as culturas tolerantes a herbicidas são um modo alternativo eficiente de controlar as ervas daninhas, e portanto dão aos produtores uma nova solução sustentável para sistemas de cultivo melhorados. Na verdade, o uso de culturas tolerantes a herbicidas e culturas resistentes a insetos é um poderoso e importante componente Manejo Integrado de Pragas (MIP) dos sistemas de cultivo, que permite aos fazendeiros implementar sistemas de produção de culturas sustentáveis de longo prazo. Na Argentina, desde a introdução da soja tolerante a herbicidas em conjunção com o plantio direto, os fazendeiros ganharam benefícios substanciais e flexibilidade de manejo (AAPRESID 2001). Com tais benefícios significativos, não é surpreendente que a taxa de adoção de soja tolerante a herbicida na Argentina esteja perto de 100% (95%) e que a taxa de adoção do plantio direto esteja crescendo rapidamente, não apenas em soja, mas em outras culturas tais como milho e trigo. Em 1999/2000, houve 5 milhões de hectares de soja em plantio direto na Argentina, juntamente com 4 milhões de hectares de outras culturas em plantio direto, para um total de 9 milhões de hectares (AAPRESID 2001) A adoção de sistemas de plantio direto será governada pelas características do agro-sistema específico. Os fazendeiros que quiserem utilizar sistemas de plantio direto podem fazê-lo usando culturas convencionais ou culturas tolerantes a herbicidas, sendo as últimas totalmente compatíveis com o plantio direto. Para algumas culturas tais como algodão e canola, onde os programas de controle químico das ervas daninhas não são adequados ou podem requerer cultivo mecânico, as culturas tolerantes a herbicidas podem ser particularmente apropriadas. No Canadá, os produtores que plantaram canola tolerante a herbicida têm maior probabilidade de usar plantio direto ou cultivo mínimo que produtores que usam canola convencional (Canola Council do Canada 2001). Similarmente, os produtores dos EUA que plantam algodão tolerante a herbicida usam plantio direto mais freqüentemente que seus correspondentes que usam algodão convencional. 9.2.4 Tolerância a herbicida e produtividade A produção é o indicador chave da produtividade da cultura e é uma função de muitas interações complexas, governadas por muitos genes. Entretanto, em relação ao manejo de ervas daninhas, a produtividade é diretamente afetada pela eficácia do herbicida que impede a redução da produtividade devida à competição das ervas daninhas e pelo nível da fitotoxidez do herbicida, ou do dano causado pela remoção mecânica das ervas daninhas. As comparações de produtividade entre as culturas tolerantes a herbicidas e culturas convencionais são freqüentemente complicadas por vários fatores que confundem a análise dos dados. Por exemplo, estudos de produtividade que são feitos sob condições livres de ervas daninhas para comparar o potencial genético de produtividade das variedades testadas, podem não refletir os benefícios do controle superior de ervas daninhas com culturas tolerantes a herbicidas que podem afetar a produtividade sob condições comerciais em escala de fazenda. Há evidências que quando testadas sob condições de fazenda, as variedades de canola tolerantes a herbicida produziram 10% a mais comparadas com as variedades convencionais (Canola Council of Canadá 2001). Um outro fator de confusão são as variedades que são selecionadas por comparação num teste de produtividade com uma variedade tolerante a herbicida com uma convencional. Nos primeiros anos de plantio comercial, a característica de tolerância não era freqüentemente disponível em todas as variedades de melhor comportamento em cada região, devido ao atraso nos retrocruzamentos para o mais recente germoplasma de melhor desempenho. Como resultado, as comparações de produtividade entre as melhores variedades convencionais e as primeiras variedades tolerantes a herbicidas resultavam em diferenças mais relacionadas com o maior potencial genético da melhor variedade convencional do que com o efeito da característica tolerância a herbicida. Essa discrepância era mais notavelmente relatada nos primeiros anos de testes de soja tolerante a herbicidas, mas agora está decrescendo (Carpenter 2001), dado que a característica foi incorporada em todas as variedades de melhor comportamento. As futuras comparações de produtividade, usando-se essas variedades, devem dar uma informação mais significativa, que não será confundida com as diferenças devido a maior potencial genético. A análise dos dados experimentais para comparar o potencial de produtividade de soja convencional com soja tolerante a herbicida tem gerado resultados inconsistentes e tem sido objeto de muita discussão. A maioria dos estudos publicados tem analisado dados de experimentos com base nas universidades. Carpenter 2001 recomenda cautela na extrapolação da análise dos dados desses experimentos com base nas universidades, onde as condições não são comparáveis aos campos dos fazendeiros e onde a comparação entre convencional e tolerante a herbicida pode não ter significado devido a vários fatores, incluindo os discutidos acima. Basta notar que devido a variação e questões de representatividade, é necessária cautela quando se tiram conclusões sobre o potencial respectivo de produtividade da soja tolerante a herbicida e a convencional. É digno de nota que os fazendeiros, que são juízes implacáveis e de bom discernimento sobre comportamento de culturas, têm aumentado consistentemente seus plantios de soja tolerante a herbicida de 1996 a 2000. Na Argentina, a adoção de soja TH alcançou 95% em 2000, a mais alta taxa de adoção para qualquer cultura GM no mundo, e 54% nos EUA, com maiores aumentos em adoção esperados para 2001. 9.2.5 Contribuição à conservação do solo, melhor qualidade da água e sustentação Um recente estudo pela Sociedade Americana de Soja (ASA 2001 http://www.soygrowers.com) envolveu um levantamento de práticas agrícolas de 452 fazendeiros em 19 estados. O levantamento acusou que os produtores de soja nos EUA aumentaram significativamente o volume de cultivo para conservar o solo e que a razão primária para essa adoção era a disponibilidade de soja tolerante a herbicida (Roudup Ready soybean). Cultivo mínimo e plantio direto reduzem consideravelmente a necessidade de preparo de solo e conserva a umidade e nutrientes, e reduz significativamente a erosão do solo. Portanto, o uso da soja tolerante a herbicida nos EUA contribui significativamente para a sustentação e é o fator principal que facilitou a adoção de preparo do solo conservador em soja nos EUA. Esses resultados são muito semelhantes aos do Brasil, onde a soja tolerante a herbicida deu uma contribuição importante para práticas agrícolas sustentáveis que conservam combustível, solo, umidade, nutrientes e controlam a erosão (AAPRESID 2001). Mais especificamente, o levantamento nos EUA relata que: • 53% dos produtores de soja nos EUA fazem menos passagens para preparo de solo desde 1996 • 73% dos produtores de soja nos EUA deixam agora mais resíduo de colheitas em seus campos comparado com 1996 • 54% dos fazendeiros creditam a adoção da soja tolerante a herbicida (soja RR) como o principal fator que teve o maior impacto na sua adoção de plantio direto ou cultivo mínimo na soja Vários estudos recentes nos EUA usaram modelos de computador, usados pela EPA, para estudar os efeitos potenciais da comercialização de culturas transgênicas na qualidade da água e aqüíferos e bacias. As predições sugerem que a substituição dos pesticidas convencionais (inseticidas e herbicidas) por culturas Bt e tolerantes a herbicidas teria um impacto positivo na qualidade da água. Alguns experimentos iniciais para monitorar a qualidade da água confirmaram as predições que as culturas transgênicas têm o potencial de causar um impacto positivo na qualidade da água. Os seguintes trabalhos estão em curso: • Modelos de computador predizem que a substituição de herbicidas préemergentes para milho por pós-emergentes (Round up ou Liberty) usados com milho tolerante a herbicida reduziria significativamente a concentração de herbicidas em bacias vulneráveis no Meio oeste. (Wauchope et al In press) Os herbicidas usados com milho tolerante a herbicida tem dosagens de aplicação mais baixas que os pesticidas convencionais, e têm maior habilidade para se ligar ao solo, dois fenômenos que resultam em menos resíduos de herbicida na água. • As predições do modelo de computador de Estes et al 2001 sugere que a substituição de pesticidas convencionais por algodão Bt, milho Bt e milho tolerante a herbicida tem boa probabilidade de causar impacto positivo na qualidade da água por reduzir significativamente as concentrações de pesticidas na água do subsolo e da superfície. • Um estudo de monitoramento com milho Bt no Delta do Mississipi (Cullum e Smith 2001) confirmou as predições do computador que, comparado com algodão convencional, o nível de inseticidas piretróides era substancialmente mais baixo nos plantios de algodão Bt • A pesquisa mostrou que a substituição dos herbicidas para milho de préemergência pelos produtos de pós-emergência glufosinato e glifosato deve reduzir o nível de escape de herbicida e ter um impacto positivo no ambiente (Shipitalo e Malone 2000). 9.3 Proteção a organismos não alvo Estudos com algodão Bt e batata confirmaram que as populações registradas de insetos não alvo, incluindo espécies de predadores economicamente importantes, são maiores em culturas Bt do que em campos convencionais tratados com inseticidas de espectro amplo. Os estudos com algodão nos EUA relataram que as populações dos hemípteros predadores (espécies de Orius e Geocoris), aranhas e formigas são todas significativamente maiores em campos de algodão Bt que campos de algodão convencional tratados com inseticidas (Head e t al 2001, Roof e DuRant 1997). A biodiversidade dos insetos é realçada com a adoção do algodão Bt na China (Pray et al 2001). Cerca de 31 espécies de insetos foram registradas nos campos de algodão Bt, dos quais 23 eram benéficas, comparado com somente 14 espécies nos campos não Bt, dos quais 5 eram benéficas. Outros dados da China corroboram o fato que o menor uso de inseticidas nos campos de algodão Bt está associado às populações de predadores, que é 24% maior do que em campos de algodão convencional (Xia et al 1999). Similarmente, verificou-se que as populações de hemípteros predadores, besouros joaninha e aranhas eram maiores nos campos de batata Bt que em campos de batatas convencionais tratadas com pulverizações de inseticida (Reed et al 2001). As populações de artrópodes predadores nas culturas Bt podem controlar pragas secundárias, reduzindo portanto a necessidade de aplicação de pesticidas para seu controle, os quais, ao contrário das pragas alvo, não são controlados pela proteína Bt expressa na planta. Nos EUA, as populações de pragas de afídeos foram relatadas como sendo menores em campos de algodão Bt comparadas com campos de algodão convencional tratados com inseticidas, refletindo os efeitos do controle biológico (Head et al 2001). Em outro estudo, certas pragas secundárias de lepidópteros (espécie Spodoptera) eram menos prováveis de ocorrer em níveis econômicos em algodão Bt que em algodão convencional, fato atribuído a maior número de predadores generalistas nos campos de algodão Bt (Smith 1997). Foi relatado que artrópodes benéficos sozinhos mantêm afídeos abaixo dos níveis de dano em campos de batata Bt (Reed et al 2001). O recente conjunto de trabalhos (Hellmich e t al 2001, Oberhauser et al 2001, Pleasant et al 2001, Sears et al 2001, Stanley-Horn et al 2001 e Zanger et al 2001) discutidos em outro local deste documento (8.2), publicado pela Academia Nacional de Ciências dos EUA, fornece evidência confortadora provando ser infundada a precoce e amplamente divulgada alegação por parte de críticos que a borboleta Monarca estava sendo ameaçada pelo milho Bt. 9.4 9.4.1 Segurança dos Alimentos e Riscos à Saúde Milho Bt mais seguro, com menores níveis de micotoxinas O Fusarium é um fungo patogênico que está associado ao milho em todas as regiões do mundo. O Fusarium pode infectar todas as parte do milho, incluinod as espigas, onde pode provocar podridão da espiga e produzir micotoxinas. Algumas espécies de Fusarium, e.g. F. verticillioides e F. proliferatum, entram no milho através de ferimentos primários causados pela broca européia do milho (Ostrinia nubilalis) e produzem metabolitos secundários chamados fumonisinas, que são tóxicos (SCF 2000). As fumonisinas são detectadas no milho em qualquer lugar que seja cultivado, com alta prevalência em países com condições quentes e subtropicais (Miller 1999). Aproximadamente 59% das amostras de milho em grão coletadas em todo o mundo são contaminadas com fumonisinas (Visconti 2000), com a maior incidência de contaminação ocorrendo na Oceania (82%), seguida da África (77%), Américas do Norte e do Sul (63%). A incidência de contaminação dos grãos em milho em produtos disponíveis comercialmente para consumo humano variou de 47 a 82%. Essas amostras eram freqüentemente contaminadas com a fumonisina FB1 (a mais prevalente fumonisina produzida por Fusaria) em níveis perto de 1mg/kg, embora níveis excepcionalmente altos tenham sido encontrados na África do Sul (até 117 mg/kg) e na China (até 150 mg/kg), onde há também alta incidência de câncer esofagiano (Visconti 2001). As fumonisinas podem causar danos fatais ao cérebro (leucoencefalomalácia) em cavalos, quando alimentados em níveis de 10 mg/kg ou maiores em milho, equivalente a uma dosagem diária de 0,1 a 0,2 mg/kg de peso corporal (USFDA 2000). As fumonisinas causam edema pulmonar em suínos, e danos ao fígado e rins de muitas espécies, e câncer do fígado e dos rins em roedores quando alimentados com uma dieta de até 150 mg/kg (NTP 1999). Em regiões da África e da China onde há altos níveis de contaminação com fumonisina em milho, taxas mais altas de câncer esofagiano e do fígado foram relatados em fazendeiros de subsistência que consomem milho como a principal dieta básica (Marasas 1999). Embora haja alguns fatores de risco presentes nessas populações, alguns epidemiologistas propuseram que as altas taxas de câncer podem estar relacionadas com a exposição à fumonisina (SCF 2000). Uma vez que as fumonisinas são encontradas rotineiramente no milho cultivado em diferentes regiões do mundo, foi avaliado o risco à saúde humana e dos animais domésticos expostos a essa toxina na dieta, e alguns países estabeleceram tolerâncias. A Suíça estabeleceu um limite para fumonisina de 1 mg/kg de milho importado (FAO 1997). A FDA dos EUA propôs recentemente os limites de 3-4 mg/kg de fumonisinas em milho usado para alimentação humana, 5 mg/kg em milho para cavalos, e níveis mais altos em milho para outros animais domésticos (US FDA 2000). O Comitê Conjunto de Peritos em Aditivos de Alimentos FAO/ WHO recentemente estabeleceu um máximo tolerável provisional de ingestão diária (PMDTI) de 2 mg/kg/dia de ingestão de fumonisinas para consumo humano (FSO/WHO 2001). O mesmo TDI foi proposto anteriormente pelo Comitê Científico de Alimentos da UE (SCF 2000). Fungos micotoxígenos, tais como Fusaria, que produzem fumonisinas, entram nas plantas de milho através de tecidos danificados por brocas. As brocas estão entre as pragas de insetos mais importantes do milho em todo o mundo. As plantas de milho que foram geneticamente modificadas para produzir a proteína de controle de insetos CryIAb de Bacillus thuringiensis (Bt) são protegidas contra o dano causado pelas brocas do milho. Munkvold, da Universidade Estadual de Iowa, foi o primeiro a relatar que o milho que expressava a proteína Cry1Ab por toda a planta, tinha podridão de espiga e níveis de fumonisina significativamente reduzidos (até 90% de redução) comparado com plantas de milho convencionais. Isso foi demonstrado consistentemente por vários anos de testes de campo (Munkvold et al 1999). Mais recentemente as conclusões de Munkvold foram corroboradas pelo USDA, que encontrou uma redução significativa similar nos níveis de Fumonisina em variedades de milho que expressavam as proteínas de controle de insetos por toda a planta (Dowd 2000). Relatos recentes confirmaram níveis semelhantes de redução de contaminação por fungos e níveis de fumonisinas em milho Bt cultivado na Itália, França e Espanha que produzem a proteína Cry!Ab por toda a planta (Cahagnier e Melxion 2000; Pietri e Piva 2000). Ensaios adicionais estão em curso em outros países para verificar se reduções semelhantes (3 a 4 vezes) em fumonisinas são observadas em países onde alta pressão de insetos e alta contaminação por fumonisinas são comuns. A proteção contra danos por insetos e subseqüente infecção fúngica pode ter implicações importantes na saúde para fazendeiros e animais domésticos que são rotineiramente expostos a fumonisinas no milho que cultivam. A tecnologia dos transgênicos oferece o potencial de reduzir a ocorrência de outras micotoxinas contaminadoras tais como aflatoxina e ocratoxinas em culturas alimentares. Isso pode ser conseguido pela incorporação de genes para resistência a insetos em culturas para controlar um espectro mais amplo de pragas de insetos que causam danos e portanto impedir os fungos toxígenos de invadir as plantas. Alternativamente, outros modos podem ser descobertos para reduzir o crescimento de fungos nas plantas ou destoxificar as micotoxinas produzidas. 9.4.2 O algodão Bt diminui os envenenamentos por pesticidas Há 50.000 envenenamentos por pesticidas por ano na China, dos quais 50 resultam em morte. Há evidências preliminares que os fazendeiros que usam algodão Bt sofrem menos envenenamentos por pesticidas (5% dos fazendeiros que relataram envenenamentos) que os que cultivam algodão convencional, os quais relataram mais de quatro vezes mais envenenamentos, 22% (Pray et al 2001, Pray et al 2000,Huang et al 2001). Os fazendeiros que plantaram algodão Bt usaram 80% menos inseticidas que os 48 kg por hectare de inseticidas formulados usados pelos que plantaram variedades de algodão convencional. Essas descobertas preliminares têm importantes implicações, dado que mais da metade da área global está nos países em desenvolvimento, onde pequenos fazendeiros correm risco especial quando aplicam inseticidas com pulverizadores manuais, em condições difíceis e muitas vezes inseguras. 9.5 Vantagens Econômicas dos Fazendeiros que Cultivam Culturas Transgênicas A vantagem econômica (ou desvantagem) dos fazendeiros, expressa em termos de ganhos (ou perdas), respectivamente, para a produção de uma cultura específica é um índice útil e integrador para comparar o comportamento geral de qualquer cultura com outras opções de culturas, e.g. comparar culturas convencionais com transgênicas. A vantagem econômica é sempre predominante na mente de todos os fazendeiros, pequenos ou grandes, reconhecendo que os pequenos freqüentemente darão mais valor ao valor material do que ao econômico. Todos os fazendeiros, incluindo os pobres com poucos recursos, que podem ser analfabetos, são juízes implacáveis e com bom discernimento do comportamento das culturas, que podem literalmente ter impacto na capacidade dos fazendeiros de subsistência em sobreviver. A taxa de aceitação e adoção sem precedentes das culturas transgênicas por pequenos e grandes fazendeiros nos países em desenvolvimento e industriais é, talvez, do ponto de vista do fazendeiro, a mais importante testemunha em favor da tese que as culturas transgênicas dão vantagens econômicas maiores e mais estáveis que suas correspondentes convencionais. A comunidade científica, compreensivelmente, confia em estudos sistemáticos que medem as vantagens econômicas para estabelecer se as culturas transgênicas resultam em maiores benefícios econômicos que as culturas convencionais correspondentes. Estudos para medir vantagens econômicas das culturas GM usaram uma variedade de abordagens analíticas, indo de análises de regressão a estudos de criação de arrendamento, experimentos e levantamentos nas fazendas. Os estudos tipicamente calculam a vantagem (perda) econômica por hectare e também expressam os benefícios ou (perdas) no nível nacional, que leva em consideração a área plantada com culturas transgênicas no país. Estudos recentes tanto nos países em desenvolvimento como nos industrializados para medir a vantagem econômica nacional (ou perda) associada com culturas transgênicas estão resumidos, e aqui referenciados, para quatro culturas transgênicas principais: soja tolerante a herbicida (Tabela 18), algodão Bt (Tabela 19), canola tolerante a herbicida (Tabela 20) e milho Bt (Tabela 21). Para ganhar uma perspectiva “global” da vantagem econômica dos fazendeiros que cultivam as culturas transgênicas principais, com dados de 1999, o conjunto mais recente de dados completos para as quatro culturas mais importantes está resumido numa tabela com vários países (Tabela 22). Finalmente, vários estudos são apresentados para caracterizar a distribuição dos benefícios entre os vários interessados – fazendeiros, consumidores, os que desenvolveram e distribuíram as culturas transgênicas. É importante realçar que o objetivo aqui, de acordo com o contexto global desta revisão, é dar um panorama geral dos benefícios econômicos das culturas transgênicas em vez de uma análise detalhada dos estudos individuais que estão referenciados, de modo que o leitor possa acessar maiores informações para satisfazer suas necessidades específicas. Os estudos de benefícios econômicos aqui apresentados incluem soja tolerante a herbicida nos EUA e Argentina; estudos com algodão Bt nos EUA, China e Argentina; canola tolerante a herbicida no Canadá; e milho Bt nos EUA. Reunidas, elas cobrem 92% dos 39,9 milhões de hectares cultivados mundialmente com culturas transgênicas em 1999. Estudos publicados sobre os benefícios econômicos de milho e algodão tolerantes a herbicida não estavam disponíveis e portanto essa informação não pode ser incluída. Espera-se que a publicação nesta revisão das informações sobre benefícios econômicos associados com as culturas transgênicas sirva para estimular estudos adicionais e mais compreensivos no futuro. 9.5.1 Soja Tolerante a Herbicida A soja tolerante a herbicida foi a mais dominante cultura transgênica em 2000, ocupando 25,8 milhões de hectares e equivalente a 59% da área global transgênica de 44,2 milhões de hectares (James 2000a ). Os dados da Tabela 18 mostram que houve benefícios crescentes e consistentemente significativos para os produtores de soja tolerante a herbicida nos EUA de 1996 a 1999, com os benefícios variando de US$ 12 milhões em 1996 a US$ 216 milhões em 1999. Os EUA e a Argentina cultivaram 99% da soja TH em 1999. A soja tolerante a herbicida foi primeiramente cultivada nos EUA em 1996, quando ocupou apenas 2% da área de soja e os benefícios nacionais foram estimados em US$ 12 milhões (James 1998). À medida que a área da soja transgênica tolerante a herbicida cresceu de 2% em 1996 a 13% em 1997, os benefícios cresceram da mesma maneira, que aumentaram em 9 vezes, para US$ 109 milhões (Carpenter e Gianessi 2001). Um segundo estudo (FalkZepeda et al 2000 a) dos benefícios da soja transgênica nos EUA em 1997 estimou a vantagem econômica dos fazendeiros variando de US$ 127 milhões a US$ 808 milhões – informação recente não publicada para reavaliar algumas das premissas desse estudo (Traxler 2001) indicam que a vantagem econômica real está mais perto da estimativa mais baixa (US$ 127 milhões), o que é da mesma ordem de magnitude (US$ 109 milhões) do outro estudo com soja tolerante a herbicida nos EUA em 1997 (Carpenter e Gianessi 2001). Entre 1997 e 1998 a taxa de adoção da soja tolerante a herbicida triplicou nos EUA de 13% em 1997 a 37% em 1998. Um aumento significativo correspondente a US$ 220 milhões (Carpenter e Gainessi 2001) foi relatado em 1998 (Tabela 18). Diferentemente da triplicação da área de soja tolerante a herbicida entre 1997 e 1998 (13% a 37%), o aumento na taxa de adoção entre 1998 e 1999 foi modesto (37% a 47%) e os benefícios para 1999 foram estimados em US$ 216 milhões (Carpenter e Gianessi 2001) quando aproximadamente 15 milhões de hectares de soja tolerante a herbicida foram cultivados nos EUA, com um retorno econômico entre US$ 14 a US$ 15 por hectare. A única revisão independente das vantagens econômicas da soja tolerante a herbicida na Argentina em 1999 é um estudo inicial conduzido pela Universidade de Austral, na Argentina (Gunningham 2000). O trabalho comparou custos de cultivo de soja tolerante a herbicida e convencional em 1998/1999 e concluiu que, comparada com a soja convencional, a soja tolerante a herbicida proporcionou um decréscimo significativo no custo de produção, e que a soja tolerante a herbicida era complementar com sistemas de plantio direto que permitia aos fazendeiros usar significativamente mais área para produção de soja. Os ganhos por hectare para a soja tolerante a herbicida, comparada com a soja convencional eram de US$ 35/hectare, com virtualmente todo o ganho associado aos custos mais baixos de herbicida. Uma estimativa aproximada da vantagem econômica nacional para os fazendeiros argentinos que cultivam soja tolerante a herbicida em 1999 é de US$ 214 milhões para os 6,1 milhões de hectares de soja tolerante a herbicida relatados pelo Ministério da Agricultura para 1998/1999. A maior eficiência de produção da soja tolerante a herbicida , que requer apenas um herbicida, comparado com vários para a soja convencional, permite que mais terra seja plantada com soja e proporciona uma época mais flexível para a aplicação do herbicida. Essa vantagem em flexibilidade, juntamente com a adoção coincidente do plantio direto foi correlacionada com aumento de produtividade e um aumento na área plantada com soja, de 6 milhões de hectares em 1996 para 7,8 milhões de hectares em 1999. Portanto, a área de soja na Argentina aumentou em 30% em um período de três anos, de 1996 a 1998. A área de soja na Argentina continua a crescer, alcançando 10,2 milhões de hectares em 2000, o que é um aumento de mais de dois terços comparados com os 6 milhões de hectares de 1996. Este aumento significativo não teria sido possível sem a introdução da soja tolerante a herbicida em conjunção com os sistemas de plantio direto e cultivo mínimo, que permitem a semeadura direta da soja na Argentina e a conservação de umidade e nutrientes do solo, assim como o controle da erosão. Um segundo estudo na Argentina na safra seguinte, 1999/2000, conduzido por uma companhia do setor privado, documentou detalhadamente os custos de produção e renda correspondente de uma área de 1000 hectares de soja com plantio direto e cultivo mínimo (Rossi 2000). Os resultados desse estudo mostraram que as vantagens econômicas aos produtores em 1999/2000 com o cultivo de soja tolerante a herbicida era equivalente a US$ 55,64 por hectare, novamente com virtualmente toda a economia devida aos custos mais baixos associados com controle de ervas daninhas. Tabela 18. Resumo das Vantagens Econômicas Nacionais aos Fazendeiros que Cultivam Soja Transgênica Tolerante a Herbicida (HT) nos EUA e Argentina, 1996 a 1999 País / Ano US$ milhões EUA 1996 12¹ 1997 109² 1997 127 – 808 ³ 1998 220² 1999 216² Argentina 1999 214¹ Total para os EUA e Argentina em 1999 430 Fonte: compilado por Clive James, 2001, dos seguintes dados: ¹ James 1998; ² Carpenter e Gianessi 2001; ³ Falk-Zepeda et al 2000 a) 4 Gunningham 2000 Baseado nesse estudo, os ganhos econômicos nacionais com o cultivo de soja tolerante a herbicida na Argentina em 1999/2000, quando 6,1 milhões de hectares de soja tolerante a herbicida foi plantada, é estimado em US$ 356 milhões. Esse benefício é mais alto que a estimativa de US$ 214 milhões para 1998/1999, quando ambos os ganhos por hectare (US$ 35) e a área plantada com soja tolerante a herbicida (6,1 milhões de hectares) eram mais baixos. Para os fins de estimar o ganho econômico nacional para os fazendeiros que cultivaram soja tolerante a herbicida em 1998/1999, e os ganhos “globais” (Tabela 22) para os EUA e a Argentina, foi usada a estimativa de US$ 214 milhões do estudo independente (Tabela 18), com o conhecimento que é mais baixo que os benefícios estimados de 356 milhões em 1999/2000. De acordo com observadores na Argentina, a vantagem econômica aos fazendeiros pro cultivar soja tolerante a herbicida pode variar de US$ 35 a US$ 55 por hectare, dependendo da safra. Os EUA e a Argentina cultivaram 99% da soja tolerante a herbicida em todo o mundo em 1000 e a vantagem econômica conjunta estimada de US$ 430 milhões é a vantagem econômica “global” para os produtores que cultivaram soja tolerante a herbicida nos EUA e Argentina em 1999 (Tabelas 18 e 22). Das quatro principais culturas transgênicas , a soja, que ocupou 54% da área total mundial de transgênicos em 1999, gerou, de longe, a maior vantagem econômica (US$ 430 milhões) aos produtores. Benefícios da Soja Tolerante a Herbicida Estudos nos EUA (Carpenter e Gianessi 2001) relatam que os benefícios da soja tolerante a herbicida em 1999 eram principalmente associados aos seguintes fatores: • um programa simples e flexível de controle de ervas daninhas, com um preço significativamente mais baixo quando comparado co soja convencional; • aplicação de um herbicida, em oposição a vários para soja convencional; • menos toxidez para a soja e as culturas que a seguem, que freqüentemente é o milho; • em resumo, o benefício principal foi a redução no custo de manejo de ervas daninhas, estimado em US$216 milhões para os produtores de soja dos EUA e US$ 214 milhões para os produtores argentinos. A vantagem econômica associada à soja tolerante a herbicida é principalmente devida aos custos de produção mais baixos associados com menores custos de controle de ervas daninhas e a um controle de ervas daninhas mais efetivo e eficiente (Carpenter e Gianessi 2001. Gunningham 2000). As vantagens gerais descritas acima se aplicam tanto nos EUA como na Argentina, onde há uma complementaridade sinérgica entre a soja tolerante a herbicida e o plantio direto ou o cultivo mínimo. Em 1996, a área de soja tolerante a herbicida foi de apenas 50.000 hectares na Argentina, enquanto a área de cultivo mínimo foi de 2,86 milhões de hectares. No curto período de três anos, a área de soja tolerante a herbicida aumentou rapidamente de 50.000 hectares em 1996 para 6,1 milhões em 1999, com o plantio direto tendo também aumentado para 4,5 milhões de hectares, equivalentes a 58% da área total de soja. A compatibilidade do plantio direto com a soja transgênica tolerante a herbicida facilitou a rápida e coincidente adoção da soja tolerante a herbicida e o plantio direto. O sistema plantio direto e soja tolerante a herbicida permite a conservação da umidade, estrutura, nutrientes e controle da erosão do solo, que são importantes elementos na sustentação da agricultura. O trabalho do Dr. Victor Trucco na Argentina (APRRESID 2001) ilustra a existência de vantagens agronômicas e econômicas significativas na combinação das duas tecnologias de soja tolerante a herbicida e plantio direto, a quais, conjuntamente, dão uma importante contribuição para a sustentação da agricultura na Argentina. 9.5.2 Algodão Bt Foram plantados 1,5 milhões de hectares de algodão no mundo todo em 2000, com um adicional de 1,7 milhões de hectares de algodão com os genes acumulados Bt e tolerância a herbicidas (TH). Juntos, algodão Bt e Bt/TH compreendem 3% e 4%, respectivamente, da área total de 44,2 milhões de hectares de culturas transgênicas em 2000 (James 2000 a). Em 2000, o algodão Bt foi cultivado nos seis países seguintes, relacionados em ordem decrescente de área de algodão transgênico Bt – EUA, China, Austrália,Argentina, México e África do Sul. É digno de nota que quatro são países em desenvolvimento representando cada um dos três continentes do Sul, África, Ásia e América Latina, com um industrializado da América do Norte e outro da Ásia – Pacífico. A maioria da área mundial de algodão é plantada em países do mundo em desenvolvimento, o que requer quantidades substanciais de inseticidas para controlar as principais pragas de lepidópteros do algodão, que podem ser efetivamente controladas pelo uso de algodão Bt. O algodão consome mais inseticidas do que qualquer outra cultura, Com um valor de US$ 1,5 bilhões em 2000 (Wood Mackenzie Agrochemical Service 2001). As avaliações dos benefícios associados com o algodão Bt plantado em 1999 estão disponíveis para três países, EUA, China e Argentina, que representam 92% da área de algodão Bt plantado em 1999. Os EUA plantaram algodão Bt em 1996, quando ocupava 12% da área total de algodão. Nos anos seguintes o algodão Bt (Bt e Bt/tolerância a herbicida) aumentaram consistentemente, de 12% em 1996 para 18% em 1997,23% em 1998, 32% em 1999, e 39% em 2000. Os produtores de algodão nos EUA foram os primeiros a plantar uma proporção significativa da cultura com transgênicos, que incluíram variedades Bt, Bt/TH, e TH. O algodão Bt é usado para controlar três pragas importantes, a lagarta do capulho do fumo, a lagarta do broto do fumo e a lagarta rosada. Anteriormente ao advento das culturas Bt, os fazendeiros se valiam de programas intensivos de pulverizações de inseticidas que não eram só danosos ao ambiente, mas estavam constantemente perdendo eficiência devido ao desenvolvimento de linhagens resistentes das pragas de insetos. Subseqüentemente ao advento do algodão Bt, os fazendeiros foram capazes de utilizar programas mais eficientes de manejo de pragas, com menos pulverizações de inseticidas, maiores produtividades e maiores vantagens econômicas. Em 1998 e 1999 os produtores de algodão dos EUA reduziram em 900 toneladas métricas a quantidade de inseticidas (ingrediente ativo) em 1998 e em 1.200 toneladas métricas em 1999 (Carpenter e Gianessi 2001). Os dados da Tabela 19 mostram que os fazendeiros de algodão dos EUA obtiveram consistentemente grandes vantagens econômicas desde a introdução do algodão Bt em 1996. A vantagem econômica nacional para os fazendeiros dos EUA em 1996 foi estimada em US$ 142 milhões (Falck-Zepeda et al 2000b). Os mesmos autores estimaram a vantagem econômica aos fazendeiros de algodão dos EUA em 1997 em US$ 80 milhões (Falck-Zepeda et al 2000a). A vantagem econômica aos fazendeiros de algodão dos EUA em 1998 e 1999 foi estimada em US$ 92 milhões e US$99 milhões, respectivamente (Carpenter e Gianessi 2001). Portanto, por cinco anos consecutivos, de 1996 a 1999, os fazendeiros de algodão dos EUA obtiveram uma vantagem/benefício econômico nacional de US$ 100 milhões em média por ano. Tabela 19. Resumo das Vantagens Econômicas Nacionais aos Fazendeiros que Plantaram Algodão Bt Transgênico nos EUA, China e Argentina, de 1996 a 1999 País/ano US$ Milhões EUA 1996 142¹ 1997 80² 1998 92³ 1999 99³ China 1999 139 4 Argentina 1999 1 5 Fonte: Compilado por Clive James, 2001 das seguintes fontes: ¹ Falck-Zepeda et al 2000b; ² Falck-Zepeda et al 2000a ; ³ Carpenter e Gianessi 2001; 4 Pray et al 2001; 5 Elena 2001 O algodão é a cultura comercial mais importante da China, mas está sujeita a prejuízos substanciais devido à lagarta do capulho. No passado, a área algodoeira na China era constituída por 6,7 milhões de hectares, porém fortes prejuízos ocorreram devido à lagarta do capulho (Helicoverpa armigera), reduzindo esse total em 40%, para uma estimativa de 4,0 milhões de hectares em 1999. Uma implicação importante é que, atualmente, a China é um país importador de algodão, considerando que era um país exportador no passado. Os prejuízos causados pela lagarta do algodão em 1992 (Jia 1998) foram estimados, em nível nacional, em 10 milhões de RMB, equivalentes a US$ 1,2 bilhões (cálculo efetuado com a taxa cambial oficial de 8,27 RMB = US $1,00). Há dois fornecedores de algodão Bt na China. O primeiro é a Academia Chinesa de Ciências Agrícolas (ACCA), juntamente com as academias provincianas e com as organizações de distribuição de sementes. O primeiro plantio comercial da variedade de algodão Bt da ACCA em 1998 caracterizou somente o gene Bt (Cry1B/Cry1C) plantando em 10.000 hectares, localizados em quatro províncias (Anhui, Shangdong, Shanxi e Hubei) (Jia 1998, James 1998). Em 1999, as variedades de algodão somente com o gene Bt da Academia Chinesa de Ciências Agrícolas e as variedades de algodão com genes acumulados Bt/CpTi (projetados para oferecer uma resistência mais duradoura) ocupavam uma área 12 vezes maior do que a de 1998, para cobrir um total de 120.000 hectares. Estima-se que, pelo menos, 750.000 pequenos agricultores cultivavam variedades de algodão Bt da ACCA em 1999, sendo que a maioria possuía o somente o gene Bt. As estimativas dos benefícios associados ao algodão Bt em 1998 (Jia 1998, James 1998) indicaram que os benefícios para os agricultores ocorreram devido a uma redução substancial na necessidade de pulverização de inseticidas e dos custos de mão de obra associados à aplicação dos mesmos. Estimou-se uma economia conservadora, de 1.200 RMB para 1.500 RMB por hectare, de US$ 145 a US$ 182 por hectare, o que representa um sólido aumento na receita de um pequeno agricultor que possui pouco acesso a recursos e que planta uma média aproximada de 0,15 hectare de algodão Bt. Essas estimativas de ganhos econômicos não incluem os benefícios expressivos nas áreas sociais, ambientais e de saúde associados à redução das aplicações de pesticidas, as quais expõem os pequenos agricultores a sérios perigos de saúde ao aplicarem uma grande quantidade de pulverizadores de inseticida para o controle da lagarta do algodão na China. O segundo fornecedor do algodão Bt da China é a Monsanto/Delta Pine, cujo produto está baseado na variedade 33B, que porta o gene Cry1A(c). Em 1998 ele ocupava 53.000 hectares na província de Hubei e aumentou quase 2,5 vezes, para aproximadamente 125.000 hectares em 1999. Estima-se que é cultivado por 750.000 pequenos agricultores e ocupa a mesma área que o algodão Bt Chinês ocupava em 1999 e 2000, quando a área total atingiu 500.000 hectares. Considerando que as variedades de algodão Bt foram liberadas pela ACCA assim como pela Monsanto/Delta Pine na China, houve um progresso notável em relação a ambos os produtos desde que as variedades do algodão Bt foram lançadas. No curto prazo de três anos houve um aumento do algodão Bt na China, de pequenas áreas introdutórias em 1997, para 63.000 hectares em 1998, para 245.000 hectares em 1999 (um aumento de 3,9 vezes em um ano) e 500.000 hectares em 2000. Um total estimado de até 3 milhões de pequenos agricultores se beneficiou dos produtos do algodão Bt da ACCA e da Monsanto em 2000. Os primeiros 400.000 pequenos agricultores que adotaram o algodão Bt em 1998 obtiveram múltiplos benefícios substanciais da tecnologia. Em função dos agricultores que adotaram o algodão Bt em 1998 estarem muito satisfeitos com a experiência, eles quiseram continuar com a prática em 1999, e mais de 1 milhão de outros pequenos agricultores de algodão se uniram a eles. Como conseqüência, aproximadamente 3 milhões de pequenos agricultores plantaram 245.000 hectares de algodão Bt em 1999 e 500.000 hectares em 2000. Um total estimado de até 3 milhões de pequenos fazendeiros beneficiaram-se dos produtos de algodão da ACCA e da Monsanto em 2000. Os 400.000 pequenos fazendeiros iniciais, que primeiro adotaram od algodão Bt em 1998 receberam benefícios múltiplos e significativos dessa tecnologia. Como os fazendeiros que adotaram o algodão Bt em 1998 ficaram muito satisfeitos com a experiência, foram rápidos em continuá-la em 1999 e a eles se reuniram mais de um milhão de pequenos fazendeiros de algodão, o que por sua vez levou ao plantio de 245.000 hectares de algodão Bt 1m 1999 e 500.000 hectares em 2000, plantados por aproximadamente 3 milhões de pequenos fazendeiros. Em 1999, foi realizada uma pesquisa detalhada e uma análise econômica da produção do algodão Bt na China como um projeto de colaboração da Academia Chinesa de Ciências e da Universidade de Rutgers (Pray et al 2001, e Huang et al 2001). A pesquisa envolvia uma amostra de 283 agricultores de algodão do norte da China. As principais descobertas foram as seguintes: os agricultores que plantavam algodão Bt foram capazes de reduzir substancialmente o número de aplicações de inseticidas e, coincidentemente, puderam se beneficiar de altos lucros e de uma alta qualidade de fibra de algodão. Na China, o principal impacto econômico do algodão Bt é a redução significativa do custo da produção do algodão de 20 a 23% (Pray et al 2001, e Huang et al 2001). Os benefícios derivados por hectare para pequenos agricultores que cultivam o algodão Bt na China em 1999 variaram de $ 330 para $ 400. Isso é equivalente a um benefício nacional econômico coletivo de $ 139 milhões (Tabela 19) para os 1,5 milhões de agricultores chineses de pequeno porte que cultivaram o algodão Bt em 1999. É notável que os pequenos agricultores, cujas fazendas possuíam menos de 1 hectare, ganharam mais do que o dobro em receita por unidade de terra do algodão Bt ($ 400 por hectare) em comparação com os grandes agricultores ($ 185 por hectare), cultivando 1 hectare ou mais. O terceiro e último estudo aqui relatado foi realizado na Argentina, onde a maioria da produção algodoeira é cultivada em fazendas de médio a grande porte, com aproximadamente apenas 10% da produção de algodão proveniente de pequenas fazendas. A Argentina cultiva até 750.000 hectares de algodão, e o primeiro algodão Bt transgênico foi introduzido em 1998, quando uma área introdutória de aproximadamente 5.000 hectares foi plantada. A área do algodão Bt aumentou vagarosamente. Uma pesquisa junto aos cultivadores de algodão Bt na Argentina mostrou que o algodão Bt gerava um benefício incremental médio de $ 65,05 / hectare (Elena 2001), o qual é equivalente a um modesto benefício nacional de menos de $ 1 milhão nos 10.000 hectares plantados em 1999 (Tabela 19). As plantações de algodão Bt na Argentina aumentaram de 10.000 hectares em 1999 para 30.000, 40.000 hectares em 2000. Benefícios do algodão Bt • Controle efetivo do inseto mais destrutivo das pragas do milho: as brocas do colmo; • Uma redução significativa em quantidade de inseticidas (ingrediente ativo); nos Estados Unidos uma redução de 900 toneladas métricas de inseticida (i.a.) em 1998, e 1.200 toneladas métricas (i.a.) em 1999; de maneira semelhante na China: uma redução de 15.000 toneladas métricas de inseticida (formulados) em 1999; • Um aumento nos lucros e na produtividade, isto é, uma produção adicional de 80.740 toneladas métricas do algodão Bt nos Estados Unidos em 1998 e 117.935 em 1999; • Um meio ambiente mais seguro com menos resíduos de pesticidas; • Menos riscos à saúde e menos envenenamentos por pesticidas na China; esse fator foi especialmente importante para os pequenos agricultores que utilizam os pulverizadores manuais para a aplicação de pesticidas em países em desenvolvimento; • Uma vantagem econômica significativa para os agricultores, totalizando $ 92 milhões nos Estados Unidos em 1998 e $ 99 milhões em 1999; de maneira semelhante na China, um benefício de $ 139 milhões em 1999 com uma vantagem econômica por hectare com variação de $ 330 a $ 400. 9.5.3 Canola Tolerante a Herbicida no Canadá A canola tolerante a herbicida foi a terceira cultura transgênica mais dominante globalmente em 2000, ocupando 2,8 milhões de hectares, o equivalente a 6% da área global de culturas transgênicas com 44,2 milhões de hectares (James 2000a). Os dados da Tabela 20 mostram os benefícios para os produtores da canola tolerante a herbicida no Canadá de 1996 até 1999. Aproximadamente 2,5 milhões de hectares da canola TH foram cultivadas no Canadá em 2000, em comparação com aproximadamente 0,3 milhões de hectares nos Estados Unidos. A canola TH foi inicialmente cultivada no Canadá em 1996, quando ocupava apenas 4% da área de cultivo da canola, entretanto isso aumentou rapidamente para 12% em 1997, 35% em 1998, 53% em 1999 e 55% em 2000 (Conselho de Canola do Canadá 2001). Os dados da Tabela 20 mostram que a vantagem econômica para os agricultores em 1996 foi de $ 5 milhões, quando apenas 4% da canola plantada correspondia a canola HT, aumentando para $ 18 milhões em 1997, quando a adoção havia triplicado para 35%. A vantagem econômica associada com a canola transgênica TH continuou a aumentar para $ 46 milhões em 1998 e para $ 66 milhões em 1999, quando mais da metade da área de cultivo da canola no Canadá era de canola transgênica HT. Benefícios da Canola Tolerante a Herbicida Os estudos canadenses (Conselho de Canola do Canadá 2001) indicaram que em 1999 os agricultores canadenses da canola transgênica TH ganharam um adicional de $Can 13,51/acre (Booth 2001), o equivalente a $Can 33,37 ou $US 22,02 por hectare (com uma taxa cambial de US $0,66 = Can $ 1,00), comparados aos agricultores que plantavam variedades convencionais. Esse ganho de $ 22,02 por hectare equivale a um benefício nacional de US $ 66 milhões em 1999 para aproximadamente 3 milhões de hectares da canola TH no Canadá em 1999. Os benefícios da canola tolerante a herbicida no Canadá em 1999 foram principalmente associados aos seguintes fatores: Tabela 20. Estimativas de Vantagens Econômicas Nacionais para os Agricultores que Plantavam a Canola Tolerante a Herbicida Transgênico no Canadá, 1996 até 1999 Ano $ milhões 1996 5¹ 1997 18² 1998 46² 1999 66² Total no Canadá em 1999 66 Fonte: Compilado por Clive James, 2001 a partir dos seguintes dados: ¹James 1998; ²Conselho de Canola do Canadá 2001 • um controle mais eficiente e eficaz da erva daninha –um manejo mais fácil e flexível foi a principal vantagem mencionada pelos agricultores; • uma semeadura antecipada, um acesso a variedades mais produtivas e disponibilidade de umidade, além de uma colheita mais precoce foram os três principais fatores para a adoção da canola HT; • um aumento na produtividade de aproximadamente 200 kg por hectare, equivalente a um aumento de mais de 10% em produtividade; • uma colheita mais limpa, com menos necessidade de armazenamento para o grão antes de sua limpeza; • a maioria dos agricultores de canola TH relatou que usou plantio direto ou cultivo mínimo com apenas 18% dos agricultores de canola TH deixando terra em pousio no verão, comparado a 36% para a canola convencional; • mais de 1 milhão de hectares sofreram um impacto positivo devido ao aumento do cultivo mínimo, desde a introdução da canola HT; • o custo do controle de ervas daninhas para a canola TH foi 40% mais baixo do que o do convencional, embora o número de pulverizações de herbicidas tenha sido levemente mais alto para transgênicos (2,07 versos 1,78); • a redução de herbicida foi estimada em 1.500 toneladas em 1997 e 6.000 toneladas em 2000; • uma economia de combustível, associada com a canola HT, de 9,5 milhões de litros em 1997 e 31,2 milhões de litros em 2000; • uma vantagem econômica de $ 22,02 por hectare equivalente a um benefício nacional econômico para os agricultores canadenses de canola TH de $ 66 milhões em 1999; • em suma, o impacto total econômico e agrícola da canola transgênica tem sido positivo, com vantagens econômicas excedendo os ganhos econômicos significativos para os agricultores de canola HT. 9.5.4 Milho Bt O milho Bt foi a segunda cultura transgênica mais dominante em 2000, ocupando 6,8 milhões de hectares, equivalente a 15% da área global de culturas transgênicas de 44,2 milhões de hectares (James 2000a). Os Estados Unidos são os maiores produtores mundiais de milho, ocupando 32 milhões de hectares, aproximadamente um quarto de toda área de todas as culturas americanas. A cultura do milho dos Estados Unidos está estimada em aproximadamente $ 18 bilhões anualmente, equivalente a 20% do valor de todas as culturas nos Estados Unidos (Carpenter e Gianessi 2001). Em 2000, os Estados Unidos foram responsáveis por 92% de todo o milho Bt cultivado mundialmente. Em 1999, os Estados Unidos cultivaram 8,9 milhões de hectares do milho Bt (26% da cultura americana de milho), dos quais 7 milhões de hectares eram Bt e 1,9 milhões de hectares eram genes acumulados Bt e tolerantes a herbicida. Os dados da Tabela 21 indicam que a vantagem econômica nos Estados Unidos para os agricultores de Bt foi positiva para 1996 e 1997, e negativa para 1998 e 1999. Tabela 21. Estimativas dos Ganhos Econômicos Nacionais (Perdas) para os Agricultores que Cultivam o Milho Bt Transgênico nos Estados Unidos, 1996 até 1999 Ano $ milhões 1996 12¹ 1997 89² 1998 (26)² 2000 Total nos Estados Unidos em 1999 (35)² (35) Fonte: Compilado por Clive James, 2001 a partir dos seguintes dados: ¹James 1998; ²Carpenter e Gianessi 2001 O milho Bt foi introduzido nos Estados Unidos para controlar a praga broca européia do colmo (BEC), considerada economicamente importante, e que pode causar perdas anuais na produção de até 7,5 milhões de toneladas, estimadas em até $ 1 bilhão por ano. Uma vez que o nível de infestação da BEC varia de maneira significativa de ano para ano, pode-se esperar que a vantagem econômica para os agricultores que cultivam o milho Bt seja positiva nos anos em que as infestações são altas (1996 e 1997) e seja negativa quando as infestações são baixas (1998 e 1999). Foi exatamente isso que aconteceu nos Estados Unidos durante o período de 1996 e 1999 (Tabela 21). O milho Bt foi inicialmente cultivado nos Estados Unidos em 1996, quando ocupava 1% da área de culturas de milho. Em 1996, o nível de infestação da BEC foi moderadamente alto (1,4 brocas / colmo – veja Figura 7) e os benefícios nacionais foram estimados em $ 12 milhões (James 1998), como mostrado na Tabela 21). A área transgênica do milho Bt nos Estados Unidos aumentou 6 vezes, de 1 % em 1996 para 6% em 1997, quando a infestação da BEC foi um pouco mais alta do que a de 1996, com uma razão de 1,6 brocas / colmo; como resultado do aumento da área do milho Bt e de uma infestação da BEC mais alta em 1997, comparado a 1996, os benefícios para os agricultores aumentaram para $ 89 milhões em 1997 (Carpenter e Gianessi 2001). Entre 1997 e 1998 a área do milho Bt triplicou de 6 para 18%, porém o nível de infestação da BEC caiu subitamente, para um nível historicamente baixo de 0,3 brocas / colmo. Como resultado, os agricultores que cultivavam o milho Bt em 1998 obtiveram um retorno negativo de $ 26 milhões (Carpenter e Gianessi 2001). A área de milho Bt cresceu modestamente entre 1998 e 1999, de 18 para 26%, entretanto a infestação da BEC se manteve no mesmo baixo nível histórico de 1998 (0,3 brocas / colmo). Os agricultores que cultivavam o milho Bt em 1999 obtiveram um retorno negativo de $ 35 milhões comparados aos $ 26 milhões de 1998 (Tabela 21). Esperava-se que a vantagem econômica fosse mais alta em 1999 do que em 1998 porque o milho Bt foi cultivado em uma área maior (26%) em 1999, comparado com 18% em 1998. Dessa maneira, o padrão de vantagens econômicas para os agricultores que cultivavam o milho Bt durante o período de 1996 e 1999 está muito correlacionado com o nível de infestação da BEC; quanto mais alta for a infestação da BEC, mais alta será a vantagem econômica para os agricultores. Historicamente, os níveis de infestação da BEC foram monitorados para o período de 1986 a 1998 em Illinois (Figura 7). Durante esse período, os agricultores esperavam obter lucro da cultura do milho Bt nos 10 dos 13 anos, equivalente a 77% de probabilidade de um retorno econômico positivo para o milho Bt (Carpenter e Gianessi 2001). Figura 7. Densidades para a Broca Européia de Colmo em Illinois, 1943 a 2000 - BEC/Colmo Fonte: Janet Carpenter, 2001 (Comunicação Pessoal). Atualizado a partir de Carpenter e Gianessi 2001). Benefícios do milho Bt Os benefícios estarão diretamente relacionados ao nível de infestação das brocas do colmo – há diferentes tipos de brocas, cuja importância econômica variará geograficamente. Estudos detalhados nos Estados Unidos (Carpenter e Gianessi 2001) relatam que os benefícios para os agricultores que cultivarem o milho Bt nos Estados Unidos estão principalmente associados com as seguintes circunstâncias: • Pela primeira vez, o milho Bt ofereceu acesso à tecnologia aos agricultores, permitindo um controle com custos compensatórios da broca européia de colo, considerada muito difícil de ser controlada com inseticidas e, que para tal, há um nível inadequado de resistência de pragas nas variedades convencionais de milho. • Aumentos na produtividade e na produção de milho dos Estados Unidos como resultado da eliminação de perdas significativas na produtividade em função da broca européia do colmo. Aumentos anuais na produção de até 7,5 milhões de toneladas por ano quando há infestações severas da broca européia do colmo. Os agricultores de milho Bt nos Estados Unidos notaram aumentos na produção de 1,5 milhões de toneladas em 1998 e 1,7 milhões de toneladas em 1999, até mesmo quando a infestação da broca européia de colmo estava no seu mais baixo nível historicamente. Há uma especulação de que baixos níveis da BEC em 1998 e 1999 poderiam ter ocorrido parcialmente devido ao controle efetivo da BEC no milho Bt em 1996 e 1997, quando os níveis da BEC estavam altos no milho convencional, entretanto estavam efetivamente controlados no milho Bt. • Espera-se que a cultura do milho Bt resulte em ganhos econômicos para os agricultores em 3 de cada 4 anos nos Estados Unidos. • A eliminação da necessidade de inseticidas para controlar a BEC – isso é equivalente a uma modesta redução na utilização dos inseticidas no milho em nível nacional, resultando em um meio ambiente mais seguro. A cultura do milho Bt evitou que houvesse a necessidade de tratamento com inseticidas de 800.000 hectares de milho Bt em 1998, e 400.000 hectares em 1999. • Níveis mais baixos de micotoxinas comparados com os do milho convencional, resultando em um alimento e em produtos derivados do milho Bt mais seguros e saudáveis. • Em suma, o benefício principal é o controle de custo compensatório de uma praga principal e economicamente importante com aumentos concomitantes e significativos na produtividade / produção e um alimento e ração mais seguros e saudáveis. 9.5.5 Panorama “global” da vantagem econômica para os agricultores de culturas geneticamente modificadas em 1999 Tabela 22. Vantagens Econômicas “Globais” para Agricultores que Cultivam Soja, Algodão Bt, Canola TH e Milho Bt em 1999 Cultura/Países Soja TH (EUA e Argentina) $ milhões $ Lucro (Perda) por Hectare 430 20 Algodão Bt (EUA, China e Argentina)249 104 Canola TH (Canadá) 22 66 Milho Bt (EUA) Total (35) (4) 710 Fonte: Compilado por Clive James 2001 das Tabelas 18, 19, 20 e 21. Com o objetivo de se obter uma perspectiva “global” da vantagem econômica para os agricultores que plantam culturas transgênicas, os dados referentes a 1999 foram resumidos em uma tabela com multipaíses (Tabela 22). Esses são os mais recentes e completos dados disponíveis para as quatro culturas principais. Os estudos referentes às vantagens econômicas acima revisadas são representativos das culturas transgênicas globais em função de: cobrirem uma alta porcentagem (>90%) da área global, onde cada uma das quatro principais culturas transgênicas é plantada; incluírem os quatro principais países industriais e em desenvolvimento (USA, Canadá, Argentina e China) que cultivaram 99% das culturas transgênicas em 1999 e representarem pequenos e grandes agricultores. Os dados na Tabela 22 indicam que, em termos absolutos, a soja TH ofereceu a maior vantagem econômica “global” para os agricultores. A vantagem econômica para a soja tolerante a herbicidas foi de $ 430 milhões, que também ocupou a proporção mais alta (54%) da área global das culturas transgênicas em 1999. Os estudos anuais sobre a vantagem econômica, os quais foram realizados nos Estados Unidos sobre a soja TH de 1996 até 1999, indicam que os retornos econômicos nos Estados Unidos foram consistentemente altos durante o período de quatro anos (Tabela 18). Embora a vantagem econômica global da soja TH seja a mais alta de todas as culturas, a vantagem econômica por hectare ($20) está aproximadamente no mesmo nível da canola ($22), entretanto representa somente 20% da vantagem econômica do algodão Bt, que possui a vantagem econômica mais alta por hectare a $ 104. Em 1999, a vantagem econômica “global” para os agricultores referente ao algodão Bt foi o montante expressivo de $ 249 milhões. Os estudos realizados nos Estados Unidos demonstram que a vantagem econômica nacional anual para os agricultores do algodão Bt foi razoavelmente consistente em $ 128 milhões, $ 80 milhões, $ 92 e $ 99 milhões de 1996 até 1999 respectivamente. Entretanto, é provável que a vantagem econômica dos agricultores do algodão Bt varie com o tempo, simplesmente devido à conhecida variação anual inerente das infestações de pragas que, até hoje, tem sido razoavelmente consistente, com a vantagem econômica mais alta por hectare ($ 330 a $ 400) registrada para a China (Pray et al 2001). A vantagem econômica “global” e por hectare para o algodão Bt é positiva para a cultura e é provável que esses benefícios significativos aumentem tanto o número de países que cultivam a cultura, assim como taxas de adoção Bt no próximo período. O fato de o algodão ser principalmente uma cultura de fibra, e não uma cultura principal de alimentos e rações, também a torna uma atraente cultura transgênica piloto para países que desejam cultivar culturas transgênicas pela primeira vez. Finalmente, além de sua vantagem econômica significativa , o algodão Bt causou um impacto considerável na redução de inseticidas e, dessa maneira, diminuiu os riscos à saúde, além dos envenenamentos por inseticidas para os pequenos agricultores. Esse é um benefício extremamente importante, uma vez que as considerações ambientais estão se tornando cada vez mais importantes em um mundo que se preocupa cada vez mais com a segurança, a saúde e o meio ambiente. O Conselho de Canola do Canadá finalizou um estudo de quatro anos (Canola Council of Canadá 2001) para qualificar e quantificar os benefícios agrícolas e econômicos associados com a canola transgênica no Canadá, durante o período de 1997 e 2000. Os dados da Tabela 20 resumem a vantagem econômica da canola TH para os agricultores no Canadá em 1999 e mostram que o ganho econômico nacional para os agricultores foi de $ 66 milhões, com base na vantagem econômica de $ 22 por hectare para os agricultores da canola TH. O estudo do conselho confirma que os benefícios para os agricultores foram consistentes durante os quatro últimos anos, com uma vantagem econômica para os agricultores aumentando de Can$ 27 milhões (US$ 18) em 1997, para Can$ 69 milhões (US$ 46) em 1998 e US$ 66 milhões em 1999. O estudo do Conselho também concluiu que o impacto econômico cumulativo da produção de canola transgênica no Canadá durante o período de quatro anos, de 1997 a 2000, atingirá Can$ 464 milhões (o equivalente a US$ 300 milhões em uma taxa cambial de 0,66) incluindo os benefícios diretos e indiretos à sociedade. Isso é equivalente a uma vantagem econômica anual direta/indireta média de $ 77 milhões. Em suma, a vantagem econômica dos agricultores da canola TH no Canadá tem sido positiva e consistente desde sua introdução em 1996. Enquanto os dados da Tabela 21 indicam que os agricultores de milho Bt nos Estados Unidos geraram retornos econômicos positivos tanto em 1996 ($ 12 milhões) como em 1997 ($119 milhões), dados da Tabela 21 demonstram que o milho Bt é o único das quatro principais culturas transgênicas a resultar em um retorno econômico negativo para os agricultores dos Estados Unidos em 1999. A razão para tal é que o baixo nível histórico de infestação da BEC em 1999 nos Estados Unidos resultou em perdas de produtividade que estavam abaixo do limite econômico para o controle de custos compensatórios. É esperado que, em um período de quatro anos, isso ocorra em somente um. De fato, em 1999, considerando que os EUA registraram um retorno econômico negativo de $ 35 milhões, o equivalente a $ 4 por hectare, em seus 8,9 milhões de hectares de milho Bt (Carpenter e Gianessi 2001), a Argentina estimou um retorno econômico positivo em seus 250.000 hectares de milho Bt, como resultado de um aumento estimado na produtividade de 10 a 20% (ASA 2001). Vale notar que variações na população da broca do colmo continuarão a ocorrer entre anos e entre países e as técnicas atuais de previsão não permitem uma antecipação confiável em relação à probabilidade de danos, antes do plantio. A vantagem econômica negativa para 1999 não implica que a tecnologia Bt não ofereça vantagens econômicas significativas para os agricultores de milho tanto em países industriais como em países em desenvolvimento. Pelo contrário, os agricultores dos EUA podem esperar uma vantagem econômica positiva de três anos dentro de um período de quatro anos. Além disso, a tecnologia Bt aumentou a produção de milho para os agricultores usando o milho Bt nos EUA em 1998 e 1999 em 1,5 e 1,7 milhões de toneladas respectivamente. Em anos de altas infestações da BEC, a produção de milho poderia ser aumentada em 7,5 milhões de toneladas. Em geral, as populações da broca do colmo causam mais prejuízos em países em desenvolvimento do que em países industriais. Vários países em desenvolvimento, incluindo a China e as Filipinas, concluíram testes de campo avançados e promissores com o milho Bt, e outros países, como a Argentina e a África do Sul, já estão colhendo benefícios significativos e estão permanentemente expandindo a área cultivada com o milho Bt transgênico comercial. Dada a importância do milho como um dos três principais alimentos básicos e, dada as vantagens significativas que o milho Bt oferece, a cultura pode dar uma contribuição única ao controle de pragas que não são favoráveis a um controle eficiente por outros modos. O milho Bt pode fazer uma contribuição vital para o alimento, ração e para a segurança, e é menos provável que contenha níveis de micotoxinas que podem ser prejudiciais no milho convencional. Em suma, as vantagens econômicas “globais” para os agricultores que plantam a soja TH, o algodão Bt, a canola TH e o milho Bt em 1999 são estimadas na ordem de $ 710 milhões (Tabela 22); dos $ 710 milhões, aproximadamente 60% é derivado da soja TH, 30% do algodão Bt e 10% da canola TH. A estimativa de $ 710 milhões tem como objetivo oferecer uma avaliação da ordem de grandeza da vantagem econômica direta para 2 milhões de pequenos e grandes agricultores, que plantaram 39,9 milhões de hectares de culturas transgênicas em 1999. Além das vantagens econômicas que os agricultores geram a partir de culturas transgênicas, vários estudos demonstraram que há outros benefícios indiretos significativos para outros na sociedade, os quais são da mesma ordem de grandeza. Assim, é provável que a vantagem econômica “global” direta e indireta associada aos 39,9 milhões de hectares de culturas transgênicas em 1999 esteja na ordem de $ 1 bilhão ou mais. Mais estudos sobre o impacto econômico das culturas transgênicas devem ser encorajados, os quais permitirão o monitoramento e a avaliação contínua do impacto social, ambiental e econômico das culturas transgênicas. Isso gerará informações que permitirão que a sociedade esteja mais bem informada e instruída sobre a continuação das culturas geneticamente modificadas para a segurança global alimentar. 9.5.6 Distribuição dos benefícios econômicos para os interessados Uma das preocupações “corporativas” freqüentemente relatadas pelos críticos de biotecnologia está relacionada à percepção de que os responsáveis pelo desenvolvimento das culturas transgênicas (normalmente, mas não exclusivamente corporações transnacionais do setor privado) são os principais e únicos beneficiários das mesmas. Uma análise do algodão Bt nos Estados Unidos, em um período de três anos, 1996 até 1998, (Falck-Zepeda et al 1999) demonstra que “os agricultores compartilham quase que igualmente as rendas criadas pela tecnologia com as empresas inovadoras, até mesmo quando se considera uma estrutura monopolística para o mercado de insumos”. Um resumo das descobertas desses estudos dos EUA, assim como de outros estudos, está aqui apresentado para caracterizar a distribuição de benefícios para os vários interessados associados às culturas transgênicas – agricultores, consumidores, responsáveis pelo desenvolvimento da tecnologia, fornecedores de sementes, consumidores e a sociedade global como um todo, como representado pela categoria Restante do Mundo na Tabela 23. Tabela 23. Distribuição do Excedente Econômico Associado ao Algodão Bt Transgênico Plantado nos Estados Unidos de 1996 até 1997 __________________________________________________________________ Beneficiário 1996¹ 1997 $milhões % total $milhões % total Excedente dos Agricultores dos EUA 142 59 80 42 Responsável pelo Desenvolvimento³ da 50 21 67 35 Fornecedores de Sementes 12 5 18 9 Consumidores Americanos 22 9 14 7 Restante do Mundo 14 6 11 7 Total de Excedente 240 100 190 100 Tecnologia Fonte: Modificado a partir de Falck-Zepeda et al 2000b¹ e 2000a², ³Receita bruta – P & D, marketing e outros custos não estão inclusos Dois estudos realizados pelos mesmos autores sobre o algodão Bt nos Estados Unidos em 1996 e 1997 estão resumidos na Tabela 23. O primeiro estudo (Falck-Zepeda et al 2000b) indica que do total de excedente econômico de $ 240 milhões gerados a partir da utilização do algodão Bt nos Estados Unidos em 1996, as vantagens econômicas relativas para os vários interessados foram as seguintes: a maior fatia do excedente econômico foi para os agricultores americanos, ou seja, 59% ($ 142 milhões), para o responsável pelo desenvolvimento da tecnologia 21% ($ 50 milhões), para o fornecedor de sementes 5% ($ 12 milhões), para os consumidores americanos 9% ($ 22 milhões) com um saldo de 6% ( $14 milhões) de excedente econômico para o restante do mundo. Observe também que a fatia do excedente do responsável pelo desenvolvimento e do fornecedor de sementes está estimada em renda bruta, com P & D, marketing e outros custos não deduzidos, enquanto que a fatia para os agricultores e consumidores está em ganhos líquidos. Isso subestima os ganhos relativos para os agricultores e consumidores em contraposição ao responsável pela tecnologia e fornecedores de sementes. As descobertas do segundo estudo (Falck-Zepeda et al 2000a) sobre a distribuição do excedente econômico associada com o algodão transgênico plantado nos Estados Unidos em 1997 também está resumido na tabela 23. Esse estudo demonstrou que do total de excedente de $ 190 milhões, a maior fatia do excedente econômico foi para os agricultores novamente, 42% ($80 milhões), para o responsável pela tecnologia 35% ($67 milhões), para os fornecedores de sementes 9% ($ 18 milhões), para os consumidores americanos 9%. O saldo de 14% foi igualmente dividido entre os consumidores americanos ($ 14 milhões) e com outros na sociedade ($ 11 milhões) são representados pelo item restante do mundo (Tabela 23). Tabela 24. Distribuição do Excedente Econômico Associado à Soja Transgênica Tolerante a Herbicida, Plantada nos Estados Unidos em 1997 Beneficiário Elasticidade do Excedente = Elasticidade do Excedente = 0,22 0,92 $milhões % total $milhões % total 808 76 127 29 78 7 78 18 Fornecedores de Sementes¹ 32 3 32 7 Restante do Mundo 99 9 124 29 Consumidores Americanos 44 5 76 17 1.061 100 437 100 Excedente dos Agricultores dos EUA Responsável pelo Desenvolvimento¹ da Tecnologia Total de Excedente Fonte: Modificado a partir de Falck-Zepeda et al 2000a, ¹Receita bruta – P & D, marketing e outros custos não estão inclusos Um terceiro estudo realizado pelos mesmos autores avaliou a distribuição dos benefícios econômicos associados com a soja TH nos Estados Unidos em 1997. Os autores estimaram os benefícios utilizando duas suposições diferentes: os agricultores obtiveram 76% do excedente econômico em comparação com 7% dos responsáveis pela tecnologia e 3% dos fornecedores de semente. O saldo de 14% foi dividido entre o resto do mundo (9%) e os consumidores americanos (5%). Para o modelo mais alto de elasticidade, os agricultores obtiveram 29% do excedente econômico em comparação com 18% para os responsáveis pelo desenvolvimento e 7% para os fornecedores de sementes; o saldo de 44% foi dividido entre o resto do mundo (29%) e os consumidores americanos (17%). O último estudo de caso aqui resumido refere-se à China (Pray et al 2001), o qual fornece informações sobre as vantagens econômicas para os pequenos agricultores na China, que adquirem o algodão Bt de dois diferentes responsáveis pelo desenvolvimento da tecnologia: uma fonte é o setor público e a outra é o setor privado. No caso do algodão Bt desenvolvido tanto pelo setor público como pelo privado, a fatia do excedente dos agricultores (Tabela 25) foi 83% (Pray et al 2001). Uma outra descoberta importante do estudo do algodão Bt da China indicou que os menores agricultores, aqueles cujas fazendas continham menos de 1 hectare, obtiveram mais do que a metade do rendimento por unidade de terra ($ 400 por hectare) do algodão Bt, em comparação com os agricultores maiores ($ 185 por hectare). Essa descoberta é importante do ponto de vista de participação e distribuição e merece maiores investigações para o algodão Bt e outras culturas transgênicas que oferecem uma promessa para os pequenos agricultores com pouco acesso a recursos. Também possui implicações importantes em relação à freqüente alegação dos críticos das culturas transgênicas, de que ela é inadequada para os pequenos agricultores. De fato, os maiores benefícios até hoje e aqui relatados foram para os pequenos agricultores, que tinham menos recursos para pagar as perdas na produtividade devido às pragas, e devem ser os que mais ganharão aumentos na receita e sofrerão menos riscos de saúde provenientes de implicações de inseticidas convencionais. Tabela 25. Distribuição da Partcipação no Excedente Econômico das Culturas transgênicas (expressa em %), para Diferentes Interessados Algodão Algodão Algodão Soja Algodão Algodão Algodão Algodão Agricultores Bt¹ Bt² Bt³ HT4 Bt 5 Bt 6 Bt 7 Bt 8 1996 1997 1998 1997 1997 1998 Público Privado EUA EUA EUA EUA México México 1999 1999 China China 59 42 46 29 61 90 83 83 21 35 34 18 31 8 - 12 5 9 9 7 8 2 17 5 Consumidores 9 7 7 17 - - - - Restante do Mundo 6 7 4 29 - - - - 100 100 100 100 100 100 100 100 Responsável pelo 7 Desenvolvimento da Tecnologia Fornecedores de Sementes7 Total Fonte: Compilado por Clive James, 2001 a partir das seguintes fontes: ¹ Falck-Zepeda et al 2000b; ² Falck-Zepeda et al 2000a; ³ Falck-Zepeda et al 1999; 4 Falck-Zepeda et al 2000a; 5 Traxler et al in Press; 6 Pray et al 2001. 7 Receita Bruta P & D, marketing e outros custos não estão incluídos Levando em consideração todos os oito estudos de caso sobre a distribuição dos benefícios para os interessados, não há provas (Tabela 25) que apóie a percepção dos críticos de biotecnologia de que os responsáveis pelo desenvolvimento corporativos transnacionais de culturas transgênicas são os principais e únicos beneficiários das culturas transgênicas. Pelo contrário, o resumo dos benefícios relativos expressos em % de excedentes econômicos na Tabela 25 confirmam que os agricultores não eram apenas beneficiários significativos em todos os estudos, eles também eram os principais beneficiários constantemente em todos os oito estudos, com uma fatia média de 1/3 para 1/5 ou substancialmente mais do excedente econômico. Até hoje, os estudos indicam que as vantagens econômicas relativas não são desiguais para as razões de benefícios dos agricultores / fornecedores de insumo que aplicam os produtos agrícolas convencionais e não são altamente favoráveis de desenvolvimentos de culturas transgênicas como alguns críticos sugeriram. É notável que a distribuição dos benefícios econômicos para os cinco estudos do algodão Bt na Tabela 25 indica que a fatia de benefícios dos consumidores / resto do mundo é pequena (15% ou menos) de uma maneira consistente. Isso não se aplica para o único estudo de caso da soja, onde os consumidores americanos compartilham 17% do excedente e o resto do mundo 29% para um total de 46%. Isso é esperado, além de ser causado em função das características de elasticidade do preço da cultura de soja, a qual é fortemente comercializada para exportação no mercado internacional. Nos últimos cinco anos a área e a produção de soja aumentaram substancialmente, além de sofrerem o impacto dos transgênicos tanto nos Estados Unidos como na Argentina. A área de produção da soja TH na Argentina quase dobrou nos últimos cinco anos, com aumentos significativos de área também registrados para os Estados Unidos. Isso resultou em benefícios substanciais, senão visíveis, para os consumidores globalmente – 54% da área global de culturas transgênicas de 39,9 milhões de hectares em 1999 foram ocupadas por soja tolerante a herbicida. Esse aspecto de distribuição de benefícios para os consumidores, associado às culturas de transgênicos, tal como a soja TH, é uma área que merece ser estudada por economistas especializados nessa área de pesquisa. 9.6 Resumo Em suma, a adoção rápida e inédita das culturas transgênicas durante o período de cinco anos, 1996 a 2000, reflete os benefícios múltiplos significativos obtidos por pequenos e grandes agricultores em 15 países industriais e em desenvolvimento, que cultivaram as culturas transgênicas para fins comerciais. Há um crescente número de evidências que confirmam que controles aprimorados de ervas daninhas e pragas são obtidos por meio de culturas Bt resistentes a pragas e tolerantes a herbicidas transgênicos. Essas culturas geneticamente modificadas também se beneficiam dos custos mais baixos de produção e insumos, equivalentes às vantagens econômicas significativas para os agricultores se comparados às culturas convencionais correspondentes. A severidade das ervas daninhas e das pragas varia de ano para ano e, conseqüentemente, causa impacto direto nos custos relacionados ao controle de pragas e na vantagem econômica líquida. Apesar do debate contínuo sobre as culturas geneticamente modificadas, especialmente em países da União Européia, milhões de pequenos e grandes agricultores, em países industriais e em desenvolvimento, continuam a aumentar suas plantações de culturas geneticamente modificadas devido aos múltiplos benefícios significativos oferecidos por elas. Desde 1996, quando as primeiras culturas geneticamente modificadas foram plantadas, a área global de cultura GM cresceu 25 vezes mais. Este alto índice de adoção significa um forte voto de confiança nas culturas GM, refletindo uma satisfação de cultivo. Vários estudos confirmaram que os agricultores que plantam culturas Bt tolerantes a herbicidas e resistentes a pragas são mais eficientes no manejo de ervas daninhas e pragas. Especificamente, a utilização de culturas transgênicas resulta em: mais práticas de manejo de culturas sustentáveis e o uso eficiente de recursos que exigem menos energia e conservam os recursos naturais; um controle mais efetivo das pragas e ervas daninhas; menor dependência de pesticidas convencionais que podem representar um perigo à saúde dos pequenos agricultores, por meio de um número reduzido de aplicações convencionais de herbicidas e inseticidas; maior flexibilidade operacional; conservação da umidade, estrutura e nutrientes do solo e controle da erosão do solo através de práticas de plantio direto, assim como melhoria da qualidade da água subterrânea e de superfície com menos resíduos de pesticidas; controle aprimorado de pragas, custo compensatório de produção e produtividade aprimorada. Todos esses aspectos contribuem para uma vantagem econômica maior para os agricultores, que podem utilizar a tecnologia para desenvolver mais sistemas agrícolas sustentáveis. A adoção de culturas provenientes da biotecnologia contribui para uma redução significativa na quantidade geral de pesticidas utilizados na produção de culturas, causando assim um impacto positivo na biodiversidade, nas espécies e nos predadores não alvo e no meio ambiente de um modo geral. O uso do milho Bt reduziu os níveis da micotoxina fumonisina no grão de milho, oferecendo assim produtos mais saudáveis e seguros. Os benefícios em potencial para a saúde associados com menos envenenamentos por pesticidas no algodão Bt na China é uma descoberta importante, com implicações significativas para outros países em desenvolvimento, onde especialmente os pequenos agricultores podem estar correndo um risco semelhante pela utilização excessiva de pesticidas convencionais. Há um número cada vez maiores evidências de que as culturas transgênicas estão oferecendo benefícios econômicos significantes e algumas delas foram documentadas nesse resumo. Estima-se que a vantagem econômica “global” para os agricultores que cultivam a soja TH, o algodão Bt, a canola TH e o milho Bt estava na ordem de $ 700 milhões em 1999, dos quais aproximadamente 50% se encontra no mundo em desenvolvimento. A estimativa tem como objetivo uma avaliação da ordem de grandeza das vantagens econômicas diretas para 2 milhões de pequenos e grandes agricultores, que plantaram 39,9 milhões de hectares de culturas transgênicas em 1999. Além dessas vantagens econômicas diretas que os agricultores obtêm das culturas transgênicas, todos os estudos confirmaram que também há benefícios indiretos significativos para outros na sociedade. Para culturas como a soja tolerante a herbicida, esses benefícios indiretos para os consumidores globalmente podem ser da mesma ordem de grandeza do que a ordem de grandeza das vantagens econômicas diretas, ou seja, $ 700 milhões para os agricultores em 1999. Sendo assim, é provável que as vantagens econômicas “globais” diretas e indiretas associadas aos 39,9 milhões de hectares de culturas transgênicas em 1999 sejam da ordem de 1 bilhão ou mais. Não há evidências que apóiem a percepção dos críticos de biotecnologia de que os responsáveis pelo desenvolvimento de culturas transgênicas são os principais e únicos beneficiários das culturas transgênicas. Pelo contrário, até hoje, os estudos confirmam que os agricultores não eram apenas beneficiários significativos, eles também eram os principais beneficiários, tomando-se uma média de 1/3 para 1/5 ou mais do excedente econômico gerado pelas culturas transgênicas. Reconhecendo que há uma necessidade contínua de monitoração do lançamento de qualquer tecnologia nova, os países que não estão cultivando culturas transgênicas comercialmente nesse momento, deveriam tirar vantagem dessa oportunidade para reavaliar suas políticas e determinar se também poderiam se beneficiar dessa tecnologia. Países industriais e em desenvolvimento que já estão comercializando culturas transgênicas encontram-se na melhor posição para compartilhar suas experiências práticas de primeira mão em uma troca aberta. O mandato da ISAAA, por meio de seu Centro Global de Informações e do portfólio dos projetos de transferência biotecnológica de cultura, tem por finalidade facilitar o compartilhamento de tais informações e conhecimentos com países em desenvolvimento e, quando solicitados, auxiliá-los em acessar as aplicações adequadas que podem contribuir para um alimento, ração e fibras mais seguros, para um meio ambiente mais seguro e para uma agricultura mais sustentável. Documentar os benefícios, assim como as restrições, associados às culturas transgênicas é um passo necessário no compartilhamento de informações que apóia um processo decisório com base no conhecimento, no qual a sociedade deveria participar, estar bem informada e completamente envolvida nas tomadas de decisão sobre culturas transgênicas. 10. O FUTURO – COMENTÁRIO CONCLUSIVO Uma estimativa de 3,5 milhões de agricultores cultivaram culturas transgênicas em 2000 e obtiveram múltiplos benefícios, que incluíram vantagens significativas nas seguintes áreas: agrícola, ambiental, saúde e econômica. Estima-se que o número de agricultores plantando culturas GM em 2001 cresça substancialmente para 5 milhões ou mais. Espera-se que a área global plantada com culturas transgênicas continue a crescer em 10% ou mais em 2001, apesar da alta porcentagem inédita de culturas transgênicas já cultivadas nos Estados Unidos, Argentina, Canadá e China. Espera-se que esses quatro países principais registrem um aumento significativo na área de culturas transgênicas em 2001. Os outros dez países que cultivam culturas transgênicas em 2000 devem registrar um crescimento modesto na área de cultura GM, exceto a França e a Alemanha, que provavelmente continuarão a cultivar uma pequena área de milho Bt. Espera-se que a África do Sul continue a diversificar e a expandir seu portfólio de culturas transgênicas, com a Austrália aprovando e comercializando mais características em algodão. A Indonésia comercializará o algodão Bt pela primeira vez. A Índia está em processo de aprovação para o algodão Bt, que poderá ocorrer em 2002. A comercialização de soja tolerante a herbicidas no Brasil dependerá da resolução de assuntos pendentes dos Ministérios da Agricultura, do Meio Ambiente e da Justiça. A comercialização de culturas GM na Índia e no Brasil representará um divisor de águas para os países em desenvolvimento, que possuem os três países mais populosos – China, Índia e Indonésia, com 2,5 bilhões de habitantes, assim com as três principais economias da América Latina. Argentina, Brasil e México, e África do Sul estarão comercializando e se beneficiando das culturas transgênicas. A questão que regulará a adoção de produtos específicos em alguns países em 2001 será a aceitação pública, que direciona a demanda e as regulamentações do mercado, além dos preços de commodities. Essas questões serão os fatores que causarão impacto na plantação comercial de culturas transgênicas e no consumo de alimentos provenientes de modificações genéticas em países da União Européia. Entretanto, espera-se um progresso de curto a médio prazo em países do Leste Europeu, que possuem testes de campo em andamento. Espera-se que vários países em desenvolvimento dêem continuidade aos testes de campo de algodão Bt, os quais já ofereceram benefícios substanciais para os pequenos e grandes agricultores em vários países, principalmente a China, onde aproximadamente 3 milhões de pequenos agricultores obtiveram benefícios significativos em 2000. Espera-se que a mudança da geração atual de características agrícolas de ‘insumo’ para a próxima geração de características de qualidade de ‘produto’ prossiga vagarosamente e seja regulamentada pelas leis nacionais e, possivelmente, pelas próximas rodadas de negociações na Organização Mundial do Comercio (OMC). Com a aceitação dos produtos de primeira “qualidade”, os quais aumentarão o valor nutricional dos produtos alimentícios, um valor substancial será adicionado ao mercado de culturas GM e deverá oferecer um estímulo para “descommoditização” dos mercados de grão e de oleaginosas. Essa mudança não servirá para aumentar significativamente o valor do mercado de cultura transgênica, entretanto ela ampliará o perfil beneficiário de cultivadores a processadores e consumidores. Os produtos alimentícios derivados das culturas transgênicas consideradas mais saudáveis e nutritivas poderiam causar um impacto na aceitação pública, especialmente na Europa. Um progresso significativo foi atingido no primeiro período de cinco anos, 1996 até 2000, com uma área acumulada de 125 milhões de hectares de culturas transgênicas plantadas em 15 países industriais e em desenvolvimento. À medida que produtos novos e recentes com características de insumo e produto se tornarem disponíveis para a comercialização nos próximos cinco anos, é de suma importância que esses produtos sejam lançados com uma estratégia integrada, onde tanto as aplicações convencionais como as de biotecnologia são aplicadas para se obter o objetivo desafiante de segurança alimentar global. A adoção de tal estratégia permitirá que a sociedade continue a se beneficiar das contribuições vitais que ambos melhoramento de plantas convencional e moderno oferecem. A biotecnologia pode desempenhar um papel crítico em se atingir a segurança alimentar em um mundo em desenvolvimento, em países como a China, que determinou alta prioridade e um valor estratégico para a biotecnologia, e foi o primeiro país no mundo a comercializar as culturas transgênicas no início da década de 90. A experiência da China, onde 3,0 milhões de pequenos agricultores se beneficiaram do plantio do algodão Bt em 2000, a Argentina e a África do Sul devem compartilhar suas experiências com outros países do terceiro mundo, que enfrentam os mesmos desafios. Os Governos, apoiados pela comunidade global de desenvolvimento internacional e científico, devem garantir testes contínuos, seguros e efetivos, além da introdução de culturas transgênicas e devem implantar programas regulamentares que inspirem a confiança pública. A liderança em nível internacional deve ser manifestada pela comunidade científica internacional e por instituições de desenvolvimento para estimular discussões e para compartilhar informações sobre as culturas transgênicas com a sociedade. A população deve estar bem informada e engajada em diálogos sobre o impacto que a tecnologia causa no meio ambiente, na segurança alimentar, na sustentação e na segurança alimentar global. As sociedades dos países com excedente alimentar devem garantir que o acesso à biotecnologia não seja negado ou retardado para os países em desenvolvimento que necessitam acessar novas tecnologias em suas buscas por segurança alimentar, porque o caso mais motivador para a biotecnologia, mais especificamente para as culturas transgênicas, é a sua principal contribuição vital para a segurança alimentar global e a mitigação da fome no Terceiro Mundo. Em suma, devemos garantir que a sociedade continuará a se beneficiar da contribuição vital das ofertas do melhoramento de plantas, utilizando ferramentas convencionais e biotecnológicas, porque as variedades de culturas melhoradas são, e continuarão a ser a mais eficientes em custo, ambientalmente seguras, e uma maneira sustentável para garantir a segurança alimentar global no futuro. Antes de essa revisão ser encaminhada para a media, dois eventos importantes, de significância global, causaram impacto em nossa capacidade contínua, como uma sociedade, de mitigar a pobreza e a má nutrição. Após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, o Banco Mundial previu que a pobreza mundial cresceria com mais milhões de pessoas condenadas à pobreza em 2002 (Banco Mundial 2001). Mais especificamente, o Banco prevê que a pobreza mundial aumentará em mais 10 milhões de pessoas em 2002. Os índices de cultivo dos países em desenvolvimento devem ser tão baixos quanto 2,9% em 2001, comparados com 5,5% de 2000. Para 2002, são projetados índices mais baixos de cultivo para os países em desenvolvimento, na casa de 3,5 – 3,8 %, comparados com a previsão de 4,3% feita antes do acontecimento de 11 de setembro. Espera-se que a África sofra a maior parte dos danos econômicos causados pela contínua queda econômica de países industriais, com 2 milhões adicionais de africanos sobrevivendo com menos de $ 1 por dia. A África é tida como particularmente vulnerável em função de muitas nações africanas não possuírem condições para estabilizarem suas economias quando os preços do commodities agrícolas, do quais eles dependem, cair. Conseqüentemente, “agricultores, trabalhadores rurais e outros indivíduos ligados à agricultura terão que arcar com a maior parte desse ônus” (Banco Mundial 2001). O Banco recomendou que países doadores aumentassem seu subsídio, reduzindo as barreiras de comércio para os países em desenvolvimento, e recomendou insistentemente à comunidade doadora que coordenasse suas políticas de reforma econômica. O Papel Potencial da Organização Mundial do Comércio (OMC) Um outro evento global importante que causará impacto mais direto na contribuição das culturas transgênicas para a mitigação da pobreza e da fome nos países em desenvolvimento é a conferência ministerial da Organização Mundial do Comércio em Doha, Catar, de 9 a 13 de Novembro de 2001, com 142 membros participantes. É notável que a China, um país líder mundial em culturas transgênicas, foi admitida como membro da OMC no dia 10 de novembro de 2001. A participação da China como membro da OMC possui muitas implicações significativas para a sua própria estratégia futura sobre culturas GM, entretanto esse fato também pode ser considerado fundamental para outros países em desenvolvimento e industriais comprometidos com a utilização das culturas GM para atingirem um alimento, ração e fibra mais seguros. Diferente das duas últimas conferências em Seattle, dessa vez os principais parceiros de troca, incluindo os Estados Unidos e a Europa, participaram de pré-reuniões de troca para discutirem o esboço de um novo acordo de troca que aborda a liberação de troca na agricultura e na área têxtil, que abrange 70% das exportações dos países em desenvolvimento; o acordo TRIPS (Aspectos Relacionados à Troca dos Direitos de Propriedade Intelectual) também está sendo revisado, embora seja na área de saúde pública e farmacêutica. Pode ser que haja algumas implicações sérias para a área agrícola. Isso representa um enorme progresso, que traz esperança para muitos países em desenvolvimento que sofreram com os termos da Rodada Uruguai finalizada em 1994. A OMC é uma organização internacional chave que pode garantir que as culturas GM sejam acessíveis para aqueles países em desenvolvimento que buscam utilizá-las para mitigar a pobreza e a fome, além de obter segurança alimentar. Na nova rodada de discussões sobre a troca, a OMC deve abordar os assuntos chave que facilitariam a implantação da principal recomendação do esperado Relatório de Desenvolvimento Humano UNDP 2001, a utilização da tecnologia de informações e biotecnologia para a mitigação da pobreza em países em desenvolvimento. Mais especificamente, a OMC pode abordar vários tópicos críticos que causam impacto nos países em desenvolvimento que buscam utilizar a biotecnologia para alcançar a segurança alimentar. Para a OMC, os assuntos mais urgentes e importantes a serem abordados e remediados são: • A liberação dos negócios agrícolas. Ao abolir todas as barreiras de troca, a receita global poderia aumentar em $ 2,8 trilhões na próxima década (Banco Mundial 2001), com mais da metade dos benefícios direcionados para os pobres. O Banco Mundial previu que a liberação da troca global poderia reduzir 300 milhões pessoas dos 1,3 bilhões de pessoas que sofrem de pobreza hoje, reduzindo o total para 1 bilhão em 2015. Uma alta prioridade é determinada para a remoção e redução de barreiras de troca na agricultura pelos Estados Unidos e pelos países em desenvolvimento. Entretanto, os europeus e asiáticos continuam a se opor em relação a uma troca mais livre na agricultura, especialmente relacionada aos subsídios de exportação, e estão preocupados que as questões ambientais não recebam a atenção devida. Alguns observadores interpretam a posição européia sobre o meio ambiente como uma maneira indireta de se re-introduzir políticas de proteção para a agricultura. • A instituição de um Conselho Consultivo exemplar para dar direcionamento e liderança à implantação da política da OMC de basear todas suas decisões referentes ao uso e transferência de materiais transgênicos em fatos científicos e evidência objetiva - isso está totalmente em contraste com a tomada de decisão subjetiva do Protocolo de Biosegurança, que não requer nenhuma justificativa científica para a aplicação do princípio de precaução. Aplicar o princípio de precaução para retardar ou negar o acesso às culturas transgênicas para os países em desenvolvimento que buscam usá-las para a segurança alimentar, estará claramente aumentando o risco de se ter segurança alimentar para os pobres, famintos e mal nutridos em países em desenvolvimento, em vez de se reduzir o risco. A instituição de um conselho consultivo pela OMC pareceria adequado nesse momento, especialmente para se alinhar e racionalizar as decisões frente às contradições no Protocolo da Biosegurança referentes à transferência de material genético • Supervisionar a implantação de um acordo TRIPS que seja adequado para todas as partes. O atual acordo OMC sobre os direitos de propriedade intelectual (TRIPS) negociado durante a Rodada Uruguai é um assunto chave e causa um impacto direto no lançamento das culturas transgênicas em países em desenvolvimento. O contexto da atual discussão sobre o TRIPS estará relacionado à saúde pública e farmacêutica, entretanto há a possibilidade de haver sérias implicações para a agricultura. Os Estados Unidos estão relutantes em afrouxar as exigências do TRIPS, porém um grupo de países em desenvolvimento, incluindo a África do Sul, o Brasil e a Índia, está buscando uma isenção do TRIPS para as iniciativas de saúde pública, tal como o controle da AIDS. O acordo TRIPS renegociado poderia causar implicações para a facilidade de acesso, lançamento e troca de culturas transgênicas para os países em desenvolvimento, e os pontos de vista da China como um novo membro e como um país líder em culturas GM poderia ser fundamental. Quando essa revisão foi entregue para impressão, as últimas notícias da OMC eram encorajadoras, e relatavam que os membros haviam chegado a um consenso sobre a Agenda de Desenvolvimento de Doha, com a África, em especial, dando as boas vindas ao acordo, devido ao potencial de se obter mais mercados abertos para a exportação. O assunto mais difícil a ser resolvido estava relacionado aos subsídios agrícolas dos Estados Unidos, que concordaram em interrompê-los, uma vez que não “prejudicassem o resultado final” das negociações. Entretanto, alguns países em desenvolvimento demonstraram preocupação de que os Estados Unidos podem vir a utilizar restrições ambientais para impedir a importação de produtos GM. Atingir um consenso sobre o livre comércio foi muito importante porque oferecerá a OMC a solidariedade necessária entre seus membros antes de abordarem assuntos de extrema importância que necessitam ser resolvidos em relação à biotecnologia, a qual oferece aos países em desenvolvimento uma oportunidade única de mitigar a pobreza e alcançar a segurança alimentar. AGRADECIMENTOS É um prazer agradecer a tantos colegas, muito numerosos para mencioná-los, dos setores público e privado, em países em desenvolvimento e industrializados, por sua gentileza em dar conselhos e dados. Agradecimentos especiais para Wood Mackenzie Agrochemical Services, Edinburgh, Scotland (courtesy of Fred Mathisen), Dale Adolphe, Ariel Alvarez, Klaus Amman, Simon Barber, Gary Barton, Raju Barwale, Sheena Bethell-Cox, Wally Beversdorf, Joanne Booth, Norman Borlaug, Kyd Brenner, Moises Burachik, Janet Carpenter, Victor Castro, Zhangliang Chen, Nam-Hai Chua, Ronnie Coffman, Barry Coleman, Michel Colling, Philip Dale, Greg Dana, Willy De Greef, Juan Dellacha, Keith Downey, Sam Dryden, Adrian Dubock, Don Duvick, Eva Erisgen, Shereen El Feki, Richard Flavell, Roy Fuchs, Michael Gale, Leonard Gianessi, Val Giddings, Harvey Glick, Krater Hake, Randy Hautea, James Herman, Ken Hougugh, Dafang Huang, Jikun Huang, David Hume, John Huppatz, Suasan ilis, Bob Ingratte, Shi-Rong Jia, Wojciech Kaniweski, Juan Kiekebusch, Quentin Kubicek, Leila Macedo Oda, Magdy Madkour, Barbara Mazur, Morven McLean, Terry Medley, Ron Meeusen, Elizabeth Owens, Monica Pequeno Araujo, Gabriele Persley, John Pierce, Ernesto Pineiro, Martin Pineiro, Carl Prey, Sanjaya Rajaram, Ernst Rasche, Mark Rosegrant, Clara Rubenstein, Paul Teng, Barry Thomas, Jennifer Thomson, Gary Toenniessen, Rd Townsend, Greg Traxler, Eduardo Trigo, Victor Trucco, Wynand van der Walt, Jasper Van Zanten, Marin Velcev, sally von Wert, Mark Wall, Florence Wambugu, Grant Watson, Jocelyn Webster, e Robin Woo. Last, mas certamente não menso importante, eu gostaria de agradecer muito especialmente à minha mulher, Glenys James, pelo seu encorajamento, diligência e paciência elaborar todo o manuscrito e a Randy Hautea, Mariechel Navarro, Clement Dionglay, John Philip Magbanua, Fely Almasan, e Teresita Victoria pela supervisão e agilização do preparo do manuscrito para publicação. Embora a assistência de todos os mencionados acima é sinceramente reconhecida, o autor assume inteira responsabilidade pelas opiniões expressas nesta publicação e por quaisquer erros de omissão ou interpretação. REFERÊNCIAS AAPRESID. 2001. (Personal Communication), Buenos Aires, Argentina. AfricaBio. 2001a. Biolines www.africabio.com/biolines/9.html AfricaBio.2001b.AfricaBio’s [email protected] Biotechnology Headlines “BioLines” at Agrobacterium Genomic Group. 2001. Genome sequence for Agrobacterium tumefaciens at www.agrobacterium.org American Medical Association. 2001. Presentations on biotechnology http://www.amaassn.org/ama/pub/article/4197-5322.html American Medical Association (AMA) Council on Scientific Affairs (CSA). 2000a. Genetically Modified Crops and Foods (1-00). CSA Report 10 at the 2000 Interim AMA Meeting. http://www.ama-assn.org/ama/pub/article/2036-4030.html#Recommendations American Medical Association. 200b. Statement on biotechnology.http://www.amaassn.org/ama/pub/article/2036-3604.html American Phytopathological Society (APS). 2001a. Genetically modified insect resistant corn: implications for disease management.http://www.scisoc.org./feature/BtCorn/Top.html.Accessed June 30, 2001. American Phytopathological Society 2001b. Statement on biotechnology.http://www.apsnet.org/members/pps/ps/APS%20Biotech%20Statement.pdf and [email protected] American Society of Plant Physiologists/American Society of Plant Biologists (ASPP/ASPB). 2001. Statement on Plant Biotechnology.http://www.aspb.org/publicaffairs/aspb_statement_on_genetic_modifi_cfm American Soybean Association http://www.soygrowers.com (ASA) 200. Conservation Tillage Study. Anonymous. 2001a. Questions and Answers on the Regulation of GMOs in the EU. Memo/01/2777 of the EU, 24, July, Brussels, Belgium. Anonymous. 201b. GM Crops and Insects; Butterfly balls. September 21 edition, p 65. The Economist, London, UK. REFERÊNCIAS APEC. 2001. Press Release on biotechnology from APEC Leadres in Shanghai, China, October 2001. http://www.apec-china.org.cn/APEC2001/20011021/927933.htm Argentinian Seed Association (ASA). 2001. Personal Communication. Buenos Aires, Argentina. Asian Development Bank (ADB). 2001. Agricultural Biotechnology, Poverty Reduction and Food Security. Pp213.ADB, Manila, Philippines.http://www.adb.org/Documents/Books/Agri_Biotech/defaut.asp Associated Press.2001.Statement from American Phytopathological biotechnology. http://www.apsnet.org.media.press/biotech2.asp. Society on Biotechnology Industry Organization.001. Statement on re-registration of Bt com and BT cotton in the US by EPA http://www.bio.org/newsroom/newsitem.asp?id=2001_1016_01 Booth, J. 2001. Personal Communication. Canola Council of Canada, Winnipeg, Canada. British Agriculture and Evironment Biotechnology Commission (BAEBC). 2001. Report on Trangenic Crops. http:// www.openi.co.uk/oi010917.htm Cahagnier, B. e D. Melcion. 2000. Mycotoxines de Fusarium dans les mais-grains a la recolte; relation entre la presense d’insects (pyrale, sesamie) et la teneur em mycotoxines. Proceedings of the 6th International Feed Conference, Food Safety: current situation and perspectives in the European Community. Piacenza, Italy (G. Piva, F. Masoero edits) 27-28 November, 2000:237-249. Canola Council of Canada. 2001. An Agronomic and Economic Assessment of Transgenic Canola. January 2001. Carpenter, J.E. 2001a. Comparing Roundup Ready and Conventional Soybean Yields. National Center for Food and Agricultural Policy. Washington DC. Carpenter, J.E. e 2001b. Personal Communication. National Center for Food and Agricultural Policity. Washington DC. Carpenter, J.E. e L.P.Gianessi. 2001. Agricultural Biotechnology: Updated Benefit Estimates. January 2001. National Center for Food and Agricultural Policy. Washington DC. REFERÊNCIAS CAST, 2000. Voluntary recall of taco bell taco shells containing StarLink Corn, which had been approved for animal feed but not for human consumption.www.castsciense.org/biotechnology/20000925.htm Cramer, H. H. 1967. Plant Protection and World Crop Production, Bayer, Leverkusen Germany. Pp 524. Cullum, R.F. e S. Smith Jr. 2001. Bt cotton in Mississippi Delta management systems evaluation area: Insecticides in run-off, 1996-1999. Oxford, MS:U.S. Departament of Agriculture, Agricultural Research Service. Dowd, P. 2000. Indirect Reduction of Era Molds and Associated Mycotoxins in Bacillus thuringiensis Corn Under Controlled and Open Field Conditions: utility and Limitations. Journal of Economic Entomology 93: 1669-1679. Elena, M.G. 2001. Economic Advantage of Transgenic Cotton in Argentina. In Proceeding of the 2001 Beltwilde Cotton Conference, Anaheim California. EPA. 2001a. Extended registration for BT cotton http://www.epa.gov/pesticides/biopesticides/reds/brad_bt_pip.htm and BT corn. Estes, T.L., R. Allen, R.L. Jones, D.R. Buckler, K.H. Carr, D.I. Gustafson C. Gustin, M.J. Mckee, A.G. Hornsby e R.P. Richards. 2001. Predicted impact of trangenic crops on water quality and related ecosystems in vulnerable watersheds in the United Sates. Paper peented a the Soil and Walter Mini-Symposium, British Crop Protection Council Conference, Weeds 2001. Brighton, UK. European Commission. 2001. European Commission. Report on the Status of Biotechnology and Developing Countries. http://european.eu.int/comm/biotechnology/pdf/doc_en.pdf European Union (EU). 2001. Launch of Round Table on Biotech Safety Research EU release at http://www.europa.eu.int/rapid/star/cgi/guesten.ksh?p_action.gettxt=gt&doc and complete copy life/gmo/ondex.html of report at http://europa.eu.it/comm/research/quality-of- European Union (EU). 2001b. EU proposals for labeling, traceability and liability of GM crops. http://europa.eu.int/comm/press_roon/index_en.cfm. European Union (EU). 2001c. Proposals for adventitious presence of GM grain. http://europa.eu.int/comm/press_room/index_en.cfm; REFERÊNCIAS Falck-Zepeda, J.B., G. Traxler, e R. G. Nelson. 2000a. Rent Creation and Distribution from Biotechnology Innovations: The Case of Bt Cotton and Herbicide-Tolerant Soybeans in 1997. Agribusiness. Vol. 16 No 1, p 21-32 2000. Falck-Zepeda, J.B., G. Traxler, e R.G. Nelson. 2000b. Surplus Distribution from the Introduction of a Biotechonology Innovation. Amrican Journal of Agricultural Economics 1999, May 2000. Falck-Zepeda, J.B., G. Traxler, e R.G. Nelson. 1999. Rent Creation and Distribution from the First Three Years of Planting Bt Cotton. ISAAA Briefs No. 14. ISAAA, Ithaca, NY. FAO.2001.Population Statistics www.fao.org FAO/WHO 2001. Joint FAO/WHO Expert Committee on Food Additives. Fifty-Sixth Meeting. Geneva 6-15, February 2001 FAO Food and Nutrition Papaer # 64. 1997. Worldwide Regulations for Mycotoxins 1995. A Compendium. Fernandez-Cornejo, J. and W. McBride. Genetically Engineered Crops for Pest Management in US Agriculture. USDA ERS Agricultural Economics Report No. 786, May 2000 pp. 28 FIS. 2001. World Seed Statistics. www.worldseed.org/stat.html Genomes Group. 2001. Genome sequence for Agrobacterium tumefaciens. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/PMGifsc/Genomes/micr.html German Senate Commission on http://www.dfg.de/aktuell/publikationen.html Genetic Research. 2001. Gunnighan, 2001. Impacto de la Introduction del Sistema de Production de Soja Roundup Reday en el Mercado Argentino. (In Spanish) IAE Universidad, Austral, Argentina Head, G., B. Freeman, W. Moar, J.Ruberson, e S. Turnipseed. 2001. Natural enemy abundance in commercial Bollgard and conventional cotton fields. In Proceedings of the Beltwide Cotton Conference. National Cotton Council, Memphis, TN. Heimlich R.E., J. Fernandez-Cornejo, W. McBride, S.J. Klotz-Ingram, N. Brooks. 2000. Genetically Engineered Crops: Hás Adoption Reduced Pesticide Use? ISDA Publication ERA-786. REFERÊNCIAS http://www.ers.usda.gov/epubs/pdf/aer786/ Hellmich, R.L., B. D. Siegfried, M. K. Sears, D. E. Stanley-Horn, M. J. Daniels, H. R. Mattila, T. Spencer, K. G. Bidne, e L. C. Lewis 2001. Monarch larvae sensibility to Bacillus thuringiensis-purified proteins and pollen. PNAS 10.1073/pnas.211297698. Huang J., Hu R., C. E. Pray, F. Qiao, S. Rozelle. 2001. Biotechnology as an Alternative to Chemical Pesticides: A Case Study of Bt Cotton in China. Conference on Biotechnology, Science and Modern Agriculture: a New Industry at the Dawn of the Century. Ravello, Italy, 2001. Institute for Genomic Research. 2000. Analysis of the genomic sequence of the flowering plant Arabidopsis thaliana Nature 408:792-793. International Fund for Agricultural Development (IFAD). 2001. Rural Poverty Report 2001, IFAD, Rome, Italy. Ismael, Y., R. Bennett e S. Moise. 2001. Can farmers in the developing countries benefit from modern biotechnology? ISAA Crop Biotechnology Brief Vol 1, 5, 2001 James, C. 2001. The activities of the International Services for the Acquisition of Agribiotech Applications (ISAAA) in crop biotechnology transfer. Journal of Science and Food Agriculture, 81L813-821. James, C. 2000a. Global Review of Commercialized Transgenic Crops: 1999. ISAAA Briefs No. 17: ISAAA: Ithaca, NY. pp. 65. James, C. 2000b. Global Review of Commercialized Transgenic Crops: 2000. ISAAA Briefs No.21: Preview. ISAAA: Itchaca, NY. pp.8. James, C. 1999. Global Review of Commercialized Transgenic Crops: 1999. ISAAA Briefs No. 8. 12: Preview. ISAAA: Ithaca, NY. USA. James, C. 1998. Global Reviwe of Commercialized Transgenic Crops: 1998. ISAAA Briefs No. 8. ISAAA: Itchaca, NY. pp. 43. James, C. 1997. Global Status of Transgenic Crops in 1997 ISAAA Briefs No. 5. ISAAA: Itchaca, NY. USA. James, C. And A.F.Krattiger. 1996.Global Review of the Field Testing and Commercialization of Transgenic Plants, 1986 to 1995: The First REFERÊNCIAS Decade of Crop Biotechonology. ISAAA Briefs No. 1. ISAAA: Ithaca, NY. USA. pp.31. James, W.C., P.C.Teng e F.W. Nutter. 1972. Estimated Losses of Crops from Plant Pathogens. In CRC Hadbook of Pest Management in Agriculture, (D. Pimentel, ed.) CRC, Press, Florida USA. pp. 15-51. Jayaraman, K. S., 2001. Indian Seed Bill forges new ground. Nature Biotechnology Vol. 19, No. 10, pp. 895-896 Jia, S.R. 1998. Development of Resistance Management Strategies for Commercial Cultivation of Bt Cotton in China. In Proceedings of 5th International Symposium on the Biosafety Results of Field Tests of Genetically Modified Plants and Microoganisms, Braunschweig, Germany. Kalaitzandonake, N. e P. Suntornpithug. 2001. Why do farmers adopt biotech cotton? In: Proceedings of the 2001 Beltwide Cotton Conference, Anahein California. Losey, J. E., L.S. Rayor, e M.E. Carter. 1999. Transgenic pollen harms monarch larvae. Nature 399:214. Marasas, W.F.O. 1999. Discovery and Occurrence of the Fumonisins, A Historical Perpective. ILSI North America International Conference on the Toxicology of Fumonisin. June 28-30, 1999. Miller, J. D. 1999. Factors Affecting the Occurence of Fumonisin in Corn. ILSI North America International Conference on the Toxicology of Fumonisin. June 28-30, 1999. Michigan State University (MSU). 2001. An Inventory of Agricultural Biotechnology for Eastern and Central Africa Region. Michigan State University Agricultural Biotechnology Support Project. March 2001. Michigan, USA. Mosanto. 2000. Web site for rice sequences www.rice-research.org<http://www.riceresearch.org Munkvold, G.P., R. L. Hellmich e L. G. Rice. 1999. Comparison of Fumonisin Concentrations in Kernels of Transgenic Bt Maize hybrids and Nontransgenic hybrids. Plant Disease 83 (2): 130-138. National Academy of Sciences (NAS). 200a. The Future Role of Pesticides in US Agriculture. (Pool, R., Esnayra, J., eds.) Washington DC: Board of REFERÊNCIAS Agriculture and Natural Resources. 301 pp. http://nooks.nap.edu/books/0309065267/html National Acdemy of Sciences (NAS). 200b. Transgenic Plants and World Agriculture. Joint report of seven Academies of Science prepared under the auspices of the Royal Society of London, the U.S. National Academy os Sciences, the Brazilian Academy of Sciences, the Chinese Academy of Sciences, the Indian National Science Academy, the Mexican Academy of Sciences. National Academy Press, Washington D.C. National Corn Growrs Association. 2001. Statement on re-registration of Bt corn and Bt cotton in the US by EPA. http://www.ncga.com New Zealand Royal Commission http://www.gmcommission.govt.nz on Biotechonology. 2001. NTP.1999.Technical Report on the Toxicology and Carcinogenesis of Fumonisin B1 in F334/N Rats and B6C3F1 Mice. NTP TR 496. NIH Publication No. 99-3955 (1999 draft). Oberhauser, K. S., M. D. Prysby, H. R.Matila, D. E. Stanley-Horn, M. K. Sears, G. Dively, E. Olson, J. M. Pleasants, W. F. Lam, e R. L.Hellmich. 2001. Temporal and spatial overlap between monarch larvae and corn pollen. PNAS 10.1073/pnas.211234298. Obrycki, J., J. E. Losey; O. R.Taylor; e L.C.H. Jesse. 2001. Transgenic Insecticidal Corn: Beyond Insecticidal Toxity to Ecological Complexity BioScience Volume:51 Number: 5 Page: 353 – 361 Ortman E.E. et al. 2001. Transgenic Insecticidal Corn: Agromonic and Ecological Rationale for Its Use. Letter to Editor of BioScience Nov 1 Volume Pietri, A. e G. Piva. 2000. Occurrence and control of my mycotoxins in maize grown in Italy. Proceedings of th 6th International Feed Conference, Food Safety: current situation and perspectives in the European Community. Piacenza, Italy (G. Piva, F. Masoero edits) 27-28:226-236. Pinstrup-Andersen P., e E. Schioler. 2001a. Seeds of Contention. Jhons Hopkins University Press, Baltimore, USA. Pinstrup-Andersen P., e E. Schioler. 2001b. Seeds of Contention. IFPRI Food Policy Statement Number 33, October 2001, Washington D.C, USA. REFERÊNCIAS Pleasants, J. M., R. L. Hellmich, G. P. Dively, M. K. Sears, D. E. Stanley-Horn, H. R. Mattila, J. E. Foste, T. L. Clark, e G. D. Jones. 2001. Corn pollen deposition on milkweesd in and near cornfields. PNAS10.1073/pnas.211287498. Pray, C.E., Huang, J., D.Ma, e F.Qiao.2001.Impact of Bt Cotton in China. World Development Vol.29, No.5, pp.813-825.2001. Pray, C.E., Huang, J., D. Ma e F. Qiao.2000. Impact of Bt Cotton in China. Conference on the Economics of Agricultural Biotechnology. Ravello, Italy.2000. REDBIO Foundation. 2001. Endorsment of the Goiania DeclaRATION ON Biotechnology. http://www.ric.fao.org/redes/redbio/pdf/ingles.pdf Reed, G. L., A. S. Jensen, J. Riebe, G. Head, e J. J. Duan. 2001. Transgenic Bt potato and Conventional insecticides for Colorado potatc beetle management: comparative efficacy and non-target impacts. Entomologia Experimentalis et Applicata. Roof, M. E., e J. A. DuRant. 1997. On-farm experiences with Bt inSout Carolina. Pp. 861 In Proceedings of the Belwide Cotton Conference. National Cotton Council, Memphis, TN. Rossi, R.2000.Competitiveness and Technology of Soybean Production in the Global Market. Roundtable: Differences in Agricultural Policies for the Major Worldwide Soybean Producers Presentation at Conference organized by Matto Grosso Foudation, Cuiaba, Brazil.28 August, 2000. Scientific Committee on Food (SCF). 2000. Opinion of the Scientific committee on Food on Fusarium Toxins Part 3: Fuminisis B1 (FB1) (October, 17, 2000) SCF/CS/CNTM/MYC/24. Final. Sears, M. K., L. Hellmich, D. E. Stanley-Horn, K. S. Oberhauser, J. M. Pleasants, H. R. Mattila, B. D. Siegfried, E G. P. Dively. 2001. Impact of Bt corn pollen on monarch butterfly populations: A risk assessment. PNAS 10.1073/pnas.211329998. Shewmaker, C., J. Sheehy, M. Daley, S. Colburn, e D.Y. Ke. 1999. Seed-specific overexpression of phytoene synthase: increase in carotenoids and other metabolic effects. The Plant Journal. 20(4), 401-412. REFERÊNCIAS Shelton, A.M. e M.K. Sears. 2001. The Monarch butterfly controversy: scientific interpretations of a phenomenon. The Plant Journal 27 (6), 483-488. Shipitalo, M.J. e R.W. Malone. 2000. Runoff losses of pre-and post-emergence herbicides fron watersheds in a corn-soybean rotation. Coshocton, Ohio: USDA-ARS, North Appalachian Experimental Watershed. Smith, R. H. 1997. An extension entomologist’s 1996 observations of Bolgard technology. Pp. 856-858 In Proceedings of the Beltwide Cotton Conference. National Cotton Council, Memphis, TN. Stanley-Horn, D. E., G. P. Dively, R. L. Hellmich, H. R. Mattila, M. K. Sears, R. Rose, L. C. H. Jesse, J. E. Losey, J. J. Obrycki, e L. Lewis. 2001. Assessing the impact of Cry1 Abexpressing corn pollen on monarch butterfly larvae in fiel studies. PNAS 10.1073/PNAS.211277798. Syngenta Foudation. 2001 Launching of the Foudation. www.syngenta.com Tata Energy Research Institute (TERI). 2001. Web site for Home page of TERI, New Delhi, India. http://www.teriin.org Traxler, G. 2001. Personal Communication. Dept. Of Agricultural Economics and Rural Sociology, Auburn University, Alabama. Trucco, F. 2001. Soja Transgenico: Argentina y Brasil; evaluacion de los estrategias differenciadas. Thesis presented at San Andrés Uiversity, Argentina. UNDP. 2001. Human Development Report 2001. UNDP. New York. Oxford University Press. United Nations Population Fund. 2001. The State of the World Population 2001. http://www.unfpa.org. USDA. 2001. Adventitious presence http://www.fas.usda.gov/scriptsw/attacherep/defaut.asp of GM grain. USDA. 2000. Geneticaly Engineered Crops: Has Adoption Reduced Pesticides? http://www.ers.usda.gov/publications/agoutlook/aug2000/ao273f.pdf. US Departament of state, 2001. APEC Leaders endorse US proposal on biotechnology. Office of International Information Programs, US Dept. Of State. Web Site: REFERÊNCIAS http://usinfo.state.gov/topical/global/biotech/01102101.htm USEPA. 2001. Office of Pesticide Programs, Biopesticides and Pollution Prevention Division. Biopesticides registration action document; Revised Risks and Benefits Sections; Bacillus thuringiensis Plant-Pesticides. U.S. Environmental Protection Agency, Washington, DC. USEPA. 2000. Office of Pesticide Programs, Biopesticides and Population Prevention Division. Biopesticides registration document; preliminary risks and benefits sections; Bacillus thuringiensis plant-pesticides. Environmental Protection Agency, Washington, DC. USEPA. 1995. Pesticide fact sheet for Bacillus thuringiensis susp. Kurstaki Cry(A)b deltaendotoxin and the genetic material necessary for the production (plasmid vector pCIB4431) in corn. EPA publication number EPA 731-F-95-004. USFDA Guidance for industry. 2000. Fuminisin Levels in Human Foods and Animal Feeds; Draft Gudance. Center for Food Safety and Applied Nutrition, Center for Veterinary Medicine. Visconti, A. 2000. Fumonisin Levels in Corn and Products – Global Perspectives. FDA Fumonisins Risk Assessment Workshop. January 10-12, 2000. Wauchope, R.D. e R.P. Richards, J.L. Baker, T.L. Estes, A.G. Hornsby, R.Allen, D.I. Gustafson and R.L. Jones. (In Press) Predicated impact of transgenic, herbicide-tolerant corn on drinking water quality in vulnerable watersheds of the Midwestern United States. Pest Management Science. White House. 2001. President http://www.whitehouse.gov> Bush speech to World Bank July 2001. World Mackenzie Agrochemical Services. 2001. (Personal Communication). Edinburg, Scotland. World Bank. 2001. Poverty to Rise in Wake of Terrorist Attacks in US. Millions More People Condemned to Povery in 2002. News Release No.: 2002/093/S. Xia, J. Y., J. Cui-Jin.,L.. Ma. S. Dong, e X. F. Cui. 1999. The role of transgenic Bt cotton in integrated insect pest management. Acta Gossypii Sinica 11: 57-64. REFERÊNCIAS Xinji. 1997. County Board of Agriculture. Report on Transgenic cotton Varieties (in Chinese). China. Zangerl, A. R., D. Mckenna, C. L. Wraight, M. Carroll, P. Ficarello, R. Warner, e M. R. Berenbaum. 2001. Effects of exposure to event 176 Bacillus thuringiensis corn pollen on monarch and black swallowtail caterpillars under field conditions. PNAS 10.1073/pnas.171315698.