Apresentação - Associação Betel de Evangelismo e Missões
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Apresentação - Associação Betel de Evangelismo e Missões
1 Revista Betel Apresentação D eus glorifica-Se a Si mesmo quando Se revela. Tudo isto, pois, é para louvor da glória da Sua graça, segundo a qual Ele nos fez aceitos no Amado; Para fazer brilhar a glória da sua graça, pela qual nos tornou agradáveis a Si (a seus olhos) em Seu amado Filho (Efésios 1:6). É por esta razão que Deus nosso Pai, nos torna interessados nos Seus planos quanto ao Seu propósito de glória para o Seu Filho. E, o Seu propósito é reunir todas as coisas na Pessoa do nosso Senhor Jesus Cristo; De fazer convergir nele, na dispensação da plenitude dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu, como as da terra. Efésios 1:10. E nós, como vasos, fomos chamados por Deus para cumprir o Seu propósito - a exaltação do Seu Filho. Portanto, que este propósito se realize em cada um de nós! Nada nesta vida pode satisfazer o coração dos filhos de Deus a não ser no conhecimento da Pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo. E, que Deus nos leve a fazer parte do Seu grande propósito. A nossa oração é para que Deus continue nos usando na divulgação destas mensagens para que, juntos, sejamos edificados no pleno conhecimento do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus. Os Editores 2 Revista Betel “Cristo é tudo em todos” • Ano 7 • Nº 2 • Primavera 2011 Sumário Apresentação, 1 Estudo Bíblico As Bem-aventuranças V, 3 O Pecado, 8 Humberto X. Rodrigues Glenio F. Paranaguá Riqueza da Graça Deus Responde Além do que Pedimos nas Orações!, 13 David Wilkerson O Sacrifício de Deus Pai, 25 Legado A Cruz: O Evangelho Universal ou a Lei do Sacrifício Cristão relacionado a Missões, 35 Unidade e Verdade, 41 William MacCallum Clow Henry Clay Mabie Dave Hunt Associação Betel, 47 Revista Betel Estudo Bíblico As Bemaventuranças V 3 Humberto X. Rodrigues Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus. Mateus 5:8. A palavra grega para limpos é katharos que agrega outros significados como: sem mancha, imaculado e puro. A palavra grega para coração é kardia, simbolizando o centro da vida interior como um todo: as emoções, a vontade e a mente. Ser puro de coração remete para o fato de que os nascidos de novo são possuidores de um amor não dividido. Eles consideram Cristo o seu maior bem. Esta bem-aventurança pode ser assim entendida: Bem- -aventurados aqueles que deixam ir a sua duplicidade e deixam que Deus seja a sua única visão. A pureza de coração corresponde à simplicidade dos olhos. Isto significa que o nosso Senhor é o único objeto de nossa atenção. Trata-se de uma vida que está totalmente voltada ou devotada ao Senhor. O salmista definiu e expressou o que significa ser puro de coração: Dispõe-me o coração para só temer o teu nome. Salmos 86:11. A dificuldade dos filhos de Deus é a duplicidade de seus 4 Estudo Bíblico corações. A batalha que se trava no íntimo de cada filho de Deus é o fato de possuir uma mente voltada unicamente para o Senhor e sob o seu governo. Por isso o salmista orou ao Senhor para que lhe dispusesse o coração “para só temer o teu nome”. É como se ele tivesse expressado assim: “faze meu coração tornar-se singelo; tira dele as duplicidades que lhe ofuscam a visão, e deixa-o puro, sincero, inteiramente isento de qualquer hipocrisia” O coração puro é o coração que não está dividido; um coração que vive para a glória de Deus em todos os aspectos da vida, sendo este o supremo propósito de nossa existência. Pureza de coração significa simplesmente um estado em que não há nada obstaculando ou nos impedindo de ver Deus. Mas, o que se faz necessário, antes que possamos ver Deus? Considerando que todos os homens nascem espiritualmente cegos, por causa do pecado. Então, o primeiro obstáculo a ser removido do homem é o pecado. A conseqüência logo após a queda do homem foi que os seus olhos foram abertos para si mesmos e fechados para Deus: Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais. Gênesis 3:7. Revista Betel Abriram os seus olhos para a sua própria condição. Condição esta de “desgraçado, miserável, pobre, cego, e nu. Tornaram-se aviltados, impotentes, escravos de Satanás, com uma consciência culpada, - triste fruto da árvore do conhecimento. Assim, no caso de Adão e Eva, a descoberta da sua nudez foi seguida por um esforço próprio para ocultá-la: ...e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais. É este o primeiro relato que temos do esforço do homem para remediar, por seu próprio expediente, a sua condição de cegos diante de Deus. Aqui, pois, está a posição terrível do homem diante de Deus: Impuros, maculados, sem olhos para ver Deus e essencialmente corruptos: Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá? Esse coração enganoso que herdamos de nossos pais (Adão e Eva), é a fonte de toda a desordem dos homens. O senhor Jesus se dirigiu aos fariseus que se limitavam apenas a observar estritamente certo número de formas exteriores e tradições, com estas palavras: Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias. Mateus 15:19. O Senhor, que conhece bem o coração do homem, não Se deixa enganar pelas aparências. Dirigindo-Se a Revista Betel Estudo Bíblico seus discípulos que também estavam desconcertados com Suas palavras, expõe a maldade do coração humano e a sua total ruína. Sim, as mãos podem estar impecavelmente lavadas, enquanto o coração está cheio de sujeiras. Esse coração, também nós o possuímos. Reconheçamos quão horrível é o conteúdo do coração humano, de nosso próprio coração, mesmo que o ocultemos sob uma aparência respeitável e agradável. As três primeiras bem-aventuranças discorrem sobre a nossa necessidade espiritual, sobre a nossa necessidade de um espírito humilde, um choro de lamento em face do estado de pacaminosidade que nos encontrávamos; sobre a necessidade de sermos mansos, isto é, a consciência de que não temos direitos a reivindicar. Depois se segue as bem-aventuranças que tem como propósitos satisfazer as nossas necessidades, “fome e sede”, serão “fartos”; Os “misericordiosos que alcançarão misericórdia; os limpos de coração, porque verão a Deus. Quem são esses que são puros de coração? Deus não vê como o homem, o homem vê o exterior, mas Deus vê o que está no interior do homem. O Evangelho do nosso Senhor Jesus se interessa pelo estado do coração; toda a sua ênfase recai sobre o coração. Basta lermos os ensinamen- 5 tos de Jesus que logo descobriremos a advertência: Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que limpais o exterior do copo e do prato, mas o interior está cheio de rapina e de iniqüidade. Fariseu cego! limpa primeiro o interior do copo e do prato, para que também o exterior fique limpo. Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda a imundícia. Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas interiormente estais cheios de hipocrisia e de iniqüidade. Mateus 23:25-26-27-28. A grande advertência de Jesus contra os fariseus é que eles estavam interessados no exterior de copos, pratos e vasos, mas ignoravam o interior. Estes homens vistos por fora pareciam sem defeitos, mas seus interiores cheios de cobiças e de iniqüidades. Por isso, o Evangelho concentra-se sobre o coração do homem. Aquele que deseja um coração puro descobre que não há forças em si mesmo para tal. E, é neste ponto que a cruz entra com o seu trabalho. Inicialmente a cruz opera a troca de coração ou da vida. Tudo que o homem precisa saber é que em Cristo ele encontra tal pureza. A cruz entra para fazer a cisão, isto é, tirar fora aquilo que não 6 Estudo Bíblico serve para nada: Mas é judeu o que o é no interior, e circuncisão a que é do coração, no espírito, não na letra; cujo louvor não provém dos homens, mas de Deus. Romanos 2:29; O processo de purificação começa pela justificação, na justificação se dá o início da nossa caminhada com Deus. Na justificação Deus nos leva ao fim de nós mesmos, isto significa que a nossa velha vida que herdamos de nossos pais é deixada para trás pela nossa morte com Cristo. E, juntamente com Ele somos ressuscitados para andarmos em novidade de vida. De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida. Romanos 6:4. A Justificação nos coloca no caminho, e a caminhada é o processo pelo qual a graça de Deus vai nos aperfeiçoar e nos purificar: Quem é injusto, faça injustiça ainda; e quem está sujo, suje-se ainda; e quem é justo, faça justiça ainda; e quem é santo, seja santificado ainda. Apocalipse 22:11. O que deve ser entendido acerca desta bem-aventurança quando diz que “veremos” a Deus? Em primeiro plano não é uma visão externa, não é uma visão dos olhos da carne. É uma visão espiritual. É uma visão subjetiva conferida pela palavra de Deus. Revista Betel O profeta Isaías expressou seu anelo por Deus assim: Com minha alma te desejei de noite, e com o meu espírito, que está dentro de mim, madrugarei a buscar-te; porque, havendo os teus juízos na terra, os moradores do mundo aprendem justiça. Isaías 26:9. A visão de Deus, como a busca por Ele, se dá em nosso espírito, “e com o meu espírito, que está dentro de mim”. O nascido de novo pode ver Deus em um sentido que ninguém mais pode vê-lo. Além de poder contemplar Deus no seu espírito, os nascidos de novo podem ver Deus nos acontecimentos históricos, podem ver Deus em cada situação de suas vidas. Uma visão que é possível pelos olhos da fé. Podemos dizer também que “hoje” estamos vendo Deus, e “amanhã” o veremos mais. “Agora vemos como um espelho, obscuramente” “amanhã” haveremos de vê-lo como Ele é: Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos. I João 3:2. Não podemos duvidar que essa é a mais maravilhosa declaração que nos foi dada , isto é, nós haveremos de ver Deus face a face. O apóstolo Paulo escrevendo aos crentes de Éfeso orou por eles, não porque eles não tinham uma expe- Revista Betel Estudo Bíblico riência com Deus, rogou por eles, não para pedir benções, pois eles já tinham sido informados que já as possuíam em Cristo. Mas, para que Deus iluminasse os seus olhos para ver as riquezas contidas em Cristo. Por isso, ouvindo eu também a fé que entre vós há no Senhor Jesus, e o vosso amor para com todos os santos, Não cesso de dar graças a Deus por vós, lembrando-me de vós nas minhas orações: Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação; Tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação, e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos. Efésios 1:15-18. Podemos dizer que os crentes de 7 Éfeso começaram a ver, mas precisavam ver mais, “tendo iluminados os olhos do vosso entendimento” ou “coração”. Eles possuíam olhos, mas precisavam de luz para ver mais. Eram puros, mas precisam de mais e mais pureza. Fomos justificados, isto é, recebemos a “Luz” nossos olhos foram abertos, mas precisamos crescer nessa visão, precisamos ver mais e mais a pessoa de Cristo. E quanto mais intensa a luz, mais claro fica o ambiente. E, o princípio que opera nessa pureza é o princípio da cruz. “levar o morrer de Jesus no viver diário”. Trazendo sempre por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus se manifeste também nos nossos corpos. II Coríntios 4:10. O que se percebe na pregação dos dias atuais é a falta de um sentido de urgência. Isto porque, o que tem sido pregado nada mais é do que uma mensagem sociológica. Ela parece sugerir que o Cristianismo é apenas um movimento destinado a melhorar as pessoas. O trabalho evangelístico tem sido claramente negligenciado. -- William McCallum Clow (1853-1930) “Eis uns homens: eles sabem tudo sobre Deus. Algumas das coisas preciosas que são ditas sobre Deus no livro de Jó são ditas, não por Jó, mas por seus amigos. Os amigos de Jó disseram algumas das passagens que você ama. Eles estavam certos, eles conheciam tudo a respeito de Deus; no entanto, quão absolutamente diferentes Dele eram: duros, cheios de censura e faltos de graça. Isto é um desafio para nós. Você pode conhecer tudo sobre Deus e, ainda assim, não ser como Ele.” -- T. Austin-Sparks, Discipline Unto Prayer 8 Estudo Bíblico O Pecado Revista Betel Glenio F. Paranaguá A vida estava nele e a vida era a luz dos homens. João 1:4. A palavra pecado, no original hebraico, chata’, significa errar a pontaria ou incidir fora do alvo. Teologicamente, pecar é discordar voluntariamente da vontade de Deus, em razão de uma vontade própria insurreta, insubmissa e insolente. É desobediência voluntária da criatura orgulhosa, arrogante e atrevida, favorecida pelo desejo incontrolável de ser como o Criador. Lúcifer, o querubim brilhante, foi o primeiro a pecar, e pecou no plano espiritual, de forma autógena ou autocentrada, isto é, sem qualquer causa externa de tentação. Ele mesmo tornou-se inconformado por ser apenas uma criatura e propôs ser o Criador. Quando Adão foi criado, no mundo material, já havia uma rebelião cósmica rolando pela esfera Revista Betel Estudo Bíblico espiritual. O pecado de Adão foi causado por tentação externa e induzido de fora para dentro; bem diferente do pecado de Lúcifer, que foi auto produzido de dentro para fora. Ainda que o pecado luciferiano seja o mais sério episódio negativo do cosmo, com os resultados mais desastrosos, em razão de sua origem, ambos são gravíssimos em suas consequências relacionais, pois o pecado é o único lance que separa a criatura do Criador. Adão, como uma pessoa genérica e cabeça de uma raça em processo de existência, despencou coletivamente quando descreu da palavra de Javé Elohim. O pecado, antes de tudo, é a incredulidade diante da palavra de Deus. A desobediência é desovada pela incredulidade, e esta, por uma vontade antagônica à do Criador. É a vontade rebelde que conduz a pessoa à descrença, mas é a incredulidade subjetiva quem financia a desobediência pessoal. Javé Elohim, encarnado no Jesus histórico, definiu o pecado com precisão ao demonstrar o ministério do Espírito Santo, nestes termos: Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo: do pecado, porque não creem em mim; João 16:8-9. Fica muito claro aqui, que o peca- 9 do é a incredulidade diante da pessoa de Cristo Jesus. É uma birra contra o Deus-Homem. Não se trata de uma aversão teológica em geral, mas de uma obstinação de cunho cristológica em particular, uma vez que, até os demônios creem em Deus, mas são avessos a Cristo. Uma vez que eu não sou Deus, não posso admitir que Deus se revele aqui na terra através de um homem. Se eu, como homem, não posso ser Deus, também não posso aceitar que Deus pouse neste mundo na estatura de um ser humano. As Escrituras Sagradas dizem que, tudo o que não é de fé, é pecado. Dizem, também, que a fé vem pelo ouvir a palavra de Cristo, além de apresentar Jesus como o autor e o executivo da fé. Elohim é o nome plural da Divindade, expressando o mistério da coesão coletiva. A Trindade é o segredo admirável da unidade na diversidade. Javé Elohim é um dos membros desta Divindade trinitária que fez Adão do pó da terra. Foi ele quem fez o homem e quem falou com Adão, dando-lhe uma ordem para não comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Segundo o apóstolo João, no seu Evangelho, quem deu a vida ao homem foi o Verbo e este Verbo era Deus. A vida estava nele e a vida era a 10 Estudo Bíblico luz dos homens. João 1:4. A vida estava no Verbo e o Verbo era a energia vital dos homens. De acordo com o livro de Gênesis, quem deu vida a Adão foi Javé Elohim, traduzido por Senhor Deus. Então, formou o SENHOR Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente. Gênesis 2:7. No Verbo divino achava-se arraigada a vida que dá vida aos seres humanos. Javé Elohim a soprou no homem genérico, isto é, em Adão, de uma maneira criada e provisória; portanto não eterna. Não se tratava da própria vida incriada do Criador. Tratava-se da vida criada e interina, embora adequada a capacitá-lo em sua decisão, quando Adão tivesse de eleger a sua existência como uma criatura divina, que era, ou como um filho de Deus, que poderia ser. Agora não é difícil concluir: o Verbo, em que estava a vida, era, nada mais e nada menos do que Javé Elohim, aquele que soprou a vida no barro, sendo ele mesmo, o Cristo, o Messias, o Filho eterno de Abba, que se encarnou no homem histórico, Jesus de Nazaré. E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai. João 1:14. Ora, se tudo o que não é de fé, é pecado; e, se a fé vem ao ouvir a pa- Revista Betel lavra de Cristo, então, o pecado de Adão é a incredulidade diante da ordem de Javé Elohim ou de Cristo, o Filho eterno de Deus, que é a segunda pessoa da Trindade Divina. Aqui temos a essência do pecado em sua origem. A rebeldia é a declaração de independência de Cristo feita por um homem incrédulo. Adão não creu na ordem de Javé Elohim, por isso a desobedeceu voluntariamente. A desobediência é fruto da descrença; a descrença veio da inveja e esta, do orgulho. No plano espiritual, foi o orgulho que levou Lúcifer a se rebelar contra o Criador. Ele não aceitou, intimamente, ser uma criatura. Para ele, ser apenas um querubim era pouco para quem almejava ser como Deus, o Criador de tudo. No plano material a palavra foi dada a Adão e não a Eva. Apesar de a mulher ter comido primeiro do fruto embargado, o pecado não entrou por ela, mas por ele. Quem ouviu a palavra de Deus foi Adão. Quem não creu foi Adão. Quem desobedeceu foi quem recebeu a ordem. Este é um princípio elementar do direito. Ainda que Eva tenha tomado todas as iniciativas da transgressão, a responsabilidade pela introdução do pecado no mundo recaiu sobre os ombros de quem foi instruído. A conversa da Javé Elohim, antes do Revista Betel Estudo Bíblico pecado, foi com Adão. Neste caso, a transgressão foi do homem e não da mulher. Veja como a Palavra de Deus demonstra a entrada do pecado no mundo. Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram. Romanos 5:12. Por um só homem. Mas, não foi Eva quem comeu primeiro do fruto? Sim. Todavia não foi ela quem transgrediu o mandamento, uma vez que a ordem não fora dada a ela. Mesmo sendo a primeira a saborear do fruto proibido, não havia sabotagem em sua violação, porquanto não havia nenhuma lei que a vedasse de comer do fruto, dirigida diretamente a ela. Temos que ler a Bíblia como ela está escrita. A proibição ao manjar foi dada a Adão, como homem coletivo, antes da própria criação de Eva. A Bíblia não assinala nenhum encontro agendado por Javé Elohim com Eva, antes do pecado. Tudo o que ela sabia sobre o bloqueio da árvore, provavelmente adivinhasse de sua conversa com Adão. Mesmo, porque, há algumas imprecisões grotescas em sua compreensão sobre o assunto. Deus não dá informações erradas a ninguém. Eva se referiu a árvore proibida como se fosse a árvore da 11 Vida, que se encontrava no meio do Jardim. Ela disse também que não deveria tocar no fruto. Omitiu o termo “livremente” da ordem divina, quando era para comer livremente de todas as árvores, bem como, excluiu o “certamente” do morreras, caso Adão comesse do fruto proibido; além do que, passou essa ordem para o plural, quando ela foi dada no singular, isto é, a proibição foi feita somente a Adão e não ao casal. Talvez, por estas razões, Eva não foi responsabilizada pela introdução do pecado na raça humana e acabou se tornando a alternativa para a solução de Deus, no que tange a salvação do pecado. Foi através do óvulo da mulher que o Pai pode fecundar Aquele que viria esmagar a cabeça da serpente. Adão, sendo o depositário da ordem proibitiva, foi quem a desobedeceu e quem causou a catástrofe do pecado na raça humana. Ele foi o representante universal da queda e o assassino pessoal de toda a humanidade, por meio de sua incredulidade particular. Apesar de o casal ter caído junto, a responsabilidade do pecado recaiu sobre a cabeça de Adão. Eva se tornou tão pecadora quanto Adão, no momento da transgressão, entretanto, segundo a Bíblia, o pecado é transmitido pelo espermatozóide de 12 Estudo Bíblico Adão e não pelo óvulo de Eva. Como você pode afirmar isto? Foi por um só homem, diz a Escritura. Ele e não ela é a matriz da pecaminosidade humana. Se as mulheres pecadoras transmitissem o pecado, então Jesus nasceria contaminado pelo pecado de Adão. Os homens da raça humana são os únicos transmissores do pecado e da morte. Jesus foi gerado pelo Pai através de sua Palavra ou a semente divina (esperma, no grego) e, consequentemente, você verá que ele não possuía pecado, nem era mortal em si mesmo. Jesus não continha o princípio da morte agindo em seu corpo físico. A raça adâmica é dirigida pelo pecado em suas entranhas e a prova Revista Betel deste fato é a morte comendo as suas vísceras. Eu posso até duvidar da pecaminosidade humana, só não posso negar a sua mortalidade. A questão capital agora é: como elucidar a aparição da morte sem a existência do pecado? O pecado de Adão é um pecado genérico, radical e com proporções funestas. Todos nós já nascemos, neste mundo, contaminados pelo egoísmo e debaixo da sombra tenebrosa da morte. Somos uma espécie insatisfeita, orgulhosa, presunçosa, mentirosa e cheia de uma multiplicidade de fobias por causa do pavor da morte. Extraído do livro A Tumba de Adão, Glenio F. Paranaguá, Editora IDE. Meu Amado é meu… A alma vê também que Jesus é um Salvador completo, perfeito, que oferece ao pecador, não apenas perdão, mas perdão abundante e sem medida; que não apenas lhe dá justiça, mas uma justiça maior que a justiça humana, uma justiça completamente divina; não apenas lhe dá o Espírito, mas dá rios de água viva e inundações sobre o sedento e árido terreno da alma dele. A alma descobre isso em Jesus, e nada pode fazer a não ser escolhê-Lo e deleitar-se Nele com um novo e particular amor, que diz: ‘Meu Amado é meu!’ E se alguém lhe pergunta: ‘Como tu te atreves, verme vil, a dizer que o Salvador é teu?’, a resposta é esta: ‘Porque eu sou Dele. Ele me escolheu desde antes da fundação do mundo, mesmo que eu nunca O houvesse escolhido; Ele derramou Seu sangue por mim, apesar de eu, por Ele, jamais ter derramado nem uma única lágrima; Ele clamou por mim, apesar de eu nunca ter-me preocupado com Ele; Ele me viu a mim, mesmo quando eu jamais houvesse me preocupado em conhecê-Lo. Ele me amou primeiro; por isso, eu O amo. Ele me escolheu; por isso eu O escolhi para sempre.’ Meu Amado é meu, e eu sou Dele. -- Robert McCheyne, em Mensajes Bíblicos, publicado por The Banner of Truth Trust. Traduzido por Francisco Nunes. Revista Betel Riqueza da Graça Deus Responde Além do que Pedimos nas Orações ! 13 David Wilkerson Uma das frases mais ouvidas na igreja é: “Deus responde as orações!”. Mas isto é só metade da verdade. A verdade inteira é: “Deus responde além do que pedimos nas orações!” V ou agora agir como se fosse um advogado. Produzirei um caso que vai lhe provar que em todas as gerações - em toda a Bíblia e até os dias atuais - Deus sempre responde em excesso à oração de Seus filhos. Continuamente Ele dá muito mais do que pedimos - e muitas vezes dá coisas que nem pensamos em Lhe pedir! Vou diretamente aos registros bíblicos para desenvolver esta minha produção. Será feita em cima de caso após caso na história - todos provando que Deus responde além do que 14 Riqueza pedimos nas orações! 1. Deus Respondeu Além do Que Foi Pedido por Israel em Oséias 14! Eis um quadro muito claro de como Deus não só respondeu as orações - mas respondeu além do que foi pedido! Oséias profetizou a Israel: Vocês se desviaram - mas ainda são o povo de Deus. Agora voltem para o Senhor e orem. Tomai convosco palavras, e... dizei-lhe: Expulsa toda a iniquidade, e recebe o bem...(Oséias 14:2). A oração deles era simples. Israel só pediu que Deus levasse o seu pecado e que o recebesse com graça. Senhor, tenha misericórdia. Limpe-nos; nos receba de volta em Sua graça. Contudo Deus não apenas perdoou as suas iniquidades - Ele não apenas os limpou e os recebeu graciosamente de volta: Ele também acrescentou bênçãos além do que se podia imaginar! Eu sararei a sua perversão, eu voluntariamente os amarei; porque a minha ira se apartou dele. Eu serei para Israel como orvalho; ele florescerá como o lírio, e espalhará as suas raízes como o Líbano. Estender-se-ão as suas da Graça Revista Betel vergônteas, e a sua glória será como a da oliveira, o seu odor como o do Líbano. Voltarão os que se assentarem à sua sombra; serão vivificados como o trigo, e florescerão como a vide; a sua memória será como o vinho do Líbano (Oséias 14: 4-7). Agora o orvalho do céu é a presença do Senhor. Até este ponto havia sequidão - tudo estava morrendo, pois o favor de Deus havia sido removido. Mas agora, devido a um arrependimento genuíno e ���������� à��������� uma oração vinda do fundo do coração, Deus disse que Ele faria com que a vida florescesse por todos os lados. Israel não só seria perdoado, mas também reavivado! Ele iria crescer, ficar bem enraizado, expandido, florescente! Eles só haviam pedido misericórdia, perdão e aceitação. Mas em vez disto, Deus abriu as janelas do céu e derramou sobre eles bênçãos que não ousavam sequer imaginar! Deus respondeu suas orações amplamente além do que foi pedido! Amado, Deus fez o mesmo por você! Ao se arrepender, tudo que você pediu a Deus era um coração limpo, perdão e paz. Porém veja como Ele respondeu além do que você havia pedido: Ele lhe deu um coração faminto, sede para mais e Revista Betel Riqueza mais de Jesus! Deu- lhe olhos para ver e ouvidos para ouvir. Ele lhe deu amor pelo Seu corpo. Ele colocou em você ódio pelo pecado. Ele lhe protegeu de um diabo raivoso e feroz. Ele inundou a sua alma com esperança, alegria e satisfação! Jesus tornou-se como o seu orvalho da manhã! Ele água diariamente a sua alma com a Sua palavra. E você está crescendo - você não morreu e não está morrendo, mas está muito vivo nEle! Você só pediu para ser salvo e ser limpo. Mas Deus derramou bênçãos e mais bênçãos sobre você! Ele respondeu além do que você havia pedido! 2. Deus Respondeu Além do Que Salomão Pediu Em Sua Oração ! Dá, pois, ao teu servo coração compreensivo para julgar a teu povo, para que prudentemente discirna entre o bem e o mal; pois quem poderia julgar a este grande povo? (I Reis 3: 9). Salomão orou : Senhor, tudo o que quero é sabedoria para saber como conduzir o Teu povo. Só desejo ser um rei e um senhor justo para com eles. da Graça 15 Era um pedido simples e direto. Mas Deus respondeu à oração de Salomão de uma maneira incrível: Disse-lhe Deus: Já que pediste esta cousa e não pediste longevidade, nem riquezas, nem a morte de teus inimigos; mas pediste entendimento, para discernires o que é justo; eis que faço segundo as tuas palavras: dou-te coração sábio e inteligente, de maneira que antes de ti não houve teu igual, nem depois de ti o haverá (I Reis 3: 11-12). Aqui vemos como Deus fica ansioso para responder “em excesso” às preces não egoístas! Salomão apenas pediu um coração compreensivo para ter discernimento. Mas Deus não apenas lhe deu o coração que pedira - mas também prometeu torná-lo mais sábio do que qualquer outro na história da humanidade! Mas Deus não parou por aqui. Ele disse a Salomão: Também até o que me não pediste eu te dou, tanto riquezas como glória; que não haja teu igual entre os reis, por todos os teus dias. Se andares nos meus caminhos e guardares os meus estatutos e os meus mandamentos, como andou Davi, teu pai, prolongarei os teus dias (I Reis 3: 13-14). Que resposta incrível! Deus acrescentou honra e riqueza às bênçãos de 16 Riqueza sabedoria para Salomão, tais como nenhum outro homem havia recebido. E ainda por cima, deu a ele uma vida longa: Prolongarei os teus dias. Mais uma oração com resposta além do que foi pedido! 3. Deus Respondeu Além do Que Foi Pedido por Israel em Relação aos Amonitas ! Os filhos de Amom passaram o Jordão para pelejar...de maneira que Israel se viu muito angustiado ( Juizes 10: 9). Amom havia sido usado por Deus para corrigir os pecados de Israel. E agora seu exército marchava contra Israel! O povo de Deus se encontrava perplexo e abatido - e começaram a confessar os seus pecados. Mas os filhos de Israel disseram ao Senhor: Temos pecado; faze-nos tudo quanto te parecer bem; porém livra-nos ainda esta vez, te rogamos (versículo 15). Eles estavam tão assombrados pelo pecado que não cogitavam de pedir a Deus nada além da salvação de suas vidas. A oração deles foi das mais simples: Senhor, livre-nos só esta vez! Não deixe que sejamos derrotados ou vencidos pelo inimigo! Oraram só por uma vitória. Mas da Graça Revista Betel Deus tinha algo mais em mente, e poderosamente respondeu em excesso às suas orações! Não só Israel recebeu proteção - como deram a palavra final! Eles aniquilaram totalmente os amonitas! Assim, Jefté foi de encontro aos filhos de Amom, a combater contra eles; e o Senhor os entregou nas mãos de Jefté. Este os derrotou desde Aroer até as proximidades de Minite (vinte cidades ao todo)...Assim, foram subjugados os filhos de Amom diante dos filhos de Israel ( Juizes 11:32-33). Deus não apenas livrou Israel, como também lhe deu a coragem e a orientação para derrotar os amonitas! Eles os subjugaram a partir daí - e nunca mais foram por eles importunados! Tiveram uma vitória absoluta! É exatamente assim que Deus deseja responder em excesso ao que é pedido pelo Seu povo hoje! A maioria dos cristãos ora assim: “Senhor, me dê a���������������������� vitória só nesta batalha”. Mas o Senhor responde: “Eu vou lhe dar o que pediu - contudo tenho muito mais aguardando por você! Quero aniquilar o seu inimigo de modo que você não precise ter uma vitória de cada vez. Desejo que você tenha uma vitória absoluta!” Revista Betel Riqueza Amado, Ele deseja lhe dar poder não apenas para vencer - mas para aniquilar qualquer inimigo! Ele deseja que você não apenas vença o pecado - mas que seja mais do que vencedor! Que tenha não apenas vida, mas vida em abundância! Que tenha não apenas alegria - mas tenha alegria indizível e plena de glória! Que esteja livre do medo não só por um dia, uma semana ou um mês, mas por todos os dias de sua vida! 4. Deus Respondeu em Excesso a Oração de Davi Para Que Lhe Salvasse a Vida! Ele te pediu vida... (Salmo 21: 4). O pedido de Davi era simples: ele pediu que Deus o salvasse da morte. E Deus respondeu sua oração: ...e tu lha deste; sim, longevidade para todo o sempre (verso 4). Mas Deus foi muito além ao responder a oração de Davi. Ele não só lhe deu vida - mas também colocou uma coroa sobre sua cabeça, tornando-o rei de Israel! E derramou sobre ele honra e majestade: ...pões-lhe na cabeça uma coroa de ouro puro...de esplendor e majestade o sobre vestiste (vs. 3, 5). Davi exclamou: Senhor, Tu realmente cobristes-me de bênçãos! da Graça 17 E ainda para culminar, Deus ...(enche) de gozo com a tua presença: Pois o puseste por bênção para sempre e o encheste de gozo com a tua presença (verso 6). Não é de se admirar que Davi tenha escrito: ...nele há abundante redenção (Salmo 130: 7). Ele estava dizendo: “Senhor, Tu não apenas me salvastes, mas derramastes a Tua redenção sobre mim!” Os patriarcas e os profetas do Velho Testamento conheciam bem esta inclinação tão amorosa da parte de Deus. Sabiam que Ele se deleita em ser pródigo, abundante, transbordante de bênçãos para conosco. Isaías diz: Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo, os seus pensamentos; converta-se ao Senhor, que se compadecerá dele, e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar. (Isaías 55: 7). Deus não apenas perdoa os pecados - mas responde em excesso à nossa súplica por aceitação com misericórdia abundante e com perdão! Não Deveríamos Nos Surpreender Com o Prazer que Deus tem em Responder e em Dar em Excesso Porque Homens e Mulheres Também Fazem Isto com Freqüência ! As pessoas têm respondido além do que é pedido em suas doações - 18 Riqueza quão muito mais o nosso Deus! Um casal piedoso em Suném preparou um quarto em seu lar para o profeta Eliseu usar. Eliseu ficou tão agradecido que mandou seu servo Geazi perguntar: Vocês têm se preocupado tanto conosco - o que poderíamos fazer por vocês? Mas a esposa respondeu: “Nada”. O servo voltou e disse a Eliseu que ela não desejava nada. Mas algo no coração do profeta não estava em paz. Ele disse: Ela fez tanto por mim! De repente o servo se lembrou: ela não tinha filhos e desejava ter um. Era isto! Então Eliseu a chamou: Disse Eliseu: Chama-a. Chamando-a ele, ela se pôs à porta. Disse-lhe o profeta: Por este tempo, daqui a um ano, abraçarás um filho... (2 Reis 4: 15-16). Eliseu se prendeu a Deus, o Senhor ouviu sua oração - e a mulher deu à luz um filho! Apesar de nunca haver pedido nada, teve satisfeito o desejo de seu coração! Talvez você se lembre de Naamã, que foi curado da lepra. Eliseu lhe disse: Não quero nada de você. Isto foi uma dádiva gratuita da parte de Deus. Porém mais tarde Geazi, ambicioso, parou Naamã e lhe disse: O meu mestre mudou de opinião. Ele gostaria da Graça Revista Betel de receber: um talento de prata e duas vestes festivais. (2 Reis 5:22). Ora, um talento era muito dinheiro naquele tempo. Possivelmente daria para comprar uma fazenda. Mas Naamã imediatamente respondeu: ...sê servido tomar dois talentos (v. 23). O Senhor havia tocado Naamã de tal maneira - ele estava tão feliz e abençoado, que desejou responder em excesso ao pedido! Algo em seu coração desejava abençoar Eliseu! Eu lhe pergunto: como podemos nós creditar a homens como Eliseu e Naamã a qualidade de dar em excesso, e ainda assim achar que Deus possa ser pior e amoroso conosco? Agimos muitas vezes como se Ele fosse avarento! Achamos que temos de arrancar as coisas dEle, que temos de agonizar para conseguir o que queremos. Não - o nosso Pai ama nos dar coisas! Ele ama nos dar além do que Lhe suplicamos! Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará boas cousas aos que lhe pedirem? (Mateus 7:11). Agora Vamos Para o Novo Testamento e Reflitamos Sobre Uma Visão Ainda Mais Gloriosa a Respeito da Natureza Que Revista Betel Riqueza Deus Tem de Responder Além do Pedido ! Veja estes exemplos: 1. E o homem paralítico, que foi trazido a Jesus sobre uma cama? E eis que lhe trouxeram um paralítico deitado num leito... (Mateus 9:2). Este paralítico procurou a Jesus em busca de cura - mas Jesus respondeu além do que lhe fora pedido em oração! Tem bom ânimo, filho; estão perdoados os teus pecados...disse então ao paralítico: Levanta-te, toma o teu leito e vai para tua casa (versículo 6). Este enfermo pediu cura - mas Jesus lhe deu muito mais do que isto. Ele acrescentou a maior dádiva que poderia dar! O homem se curou mas melhor do que isto, recebeu perdão, vida eterna, e bom ânimo para substituir seus anos de tristeza! Jesus sabia o tempo todo o que iria fazer; sabia que o homem iria andar outra vez. Mas disse: “Primeiro, quero lhe abençoar, quero lhe responder em excesso. Sim, curarei o seu corpo - mas também vou curar a sua alma e a sua mente. Agora pegue a sua cama e vá para casa!” 2. E o ladrão na cruz? O ladrão que estava pendurado da Graça 19 ao lado de Cristo só Lhe pediu uma coisa: ...lembra-te de mim quando vieres no teu reino (Lucas 23: 42). Seu pedido era simples: “pense em mim” Jesus verdadeiramente respondeu além do pedido feito por este homem: Jesus lhe respondeu: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso (v. 43). Ele disse: “Vou me lembrar de você - porque você virá comigo!” Eis uma oração respondida além do que foi pedido! Este ladrão malévolo não podia nem conceber a idéia de ser salvo. Mas foi lhe dito que em poucas horas estaria caminhando pelo paraíso - ao lado de Jesus! 3. e o mendigo coxo que pediu esmolas para Pedro e para João quando entravam no templo? ...um homem, coxo de nascença... vendo ele a Pedro e João, que iam entrar no templo, implorava que lhe dessem uma esmola (Atos 3: 2-3). Mais uma vez, um pedido simples - só um pouco de dinheiro. Contudo, que resposta gloriosa o mendigo recebeu! As escrituras dizem: Pedro, fitando-o (v. 4). O mendigo provavelmente pensou: “Agora eu ganho uns 25 centavos - talvez um dólar. Hoje é o meu dia de sorte”. Em vez disto, recebeu algo que todo o dinheiro no 20 Riqueza mundo não compraria: um corpo novo! Pedro, porém, lhe disse: Não possuo nem prata nem ouro, mas o que tenho, isto te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda!...imediatamente, os seus pés e tornozelos se firmaram; de um salto se pôs em pé, passou a andar e entrou com eles no templo, saltando e louvando a Deus (Atos 3: 6-8). Este pedinte não apenas foi curado - mas também recebeu um derramamento do Espírito Santo! O espírito de louvor veio sobre ele, e ele dançava e adorava. Esta é com certeza uma oração que foi respondida além do que foi pedido! 4. Cornélio orou diligentemente por uma revelação da palavra de Deus, e Deus maravilhosamente respondeu além do que pedira em oração! O Senhor havia falado com Cornélio a respeito de Pedro em uma visão. Então o centurião enviou três servos à Jope para buscar a Pedro, para ouvir as tuas palavras (Atos 10: 22). Eis o seu único pedido - ouvir o evangelho: “Queremos ouvir a palavra de Deus” Contudo, veja como Deus respondeu sua oração além do que foi pedido: Ainda Pedro falava estas cousas quando caiu o Espírito Santo sobre to- da Graça Revista Betel dos os que ouviam a palavra. E...também sobre os gentios foi derramado o dom do Espírito Santo; pois os ouviam falando em línguas e engrandecendo a Deus (Atos 10: 44-46). Foi como se Deus estivesse tão satisfeito, que não pudesse esperar Pedro parar de pregar - e Ele interveio com uma resposta acima do pedido! As pessoas que estavam lá não só receberam a palavra - como também receberam o Espírito Santo! E não só o Espírito Santo, mas também o dom de línguas. E não só as línguas, mas também o batismo em água! E (Pedro) ordenou que fossem batizados em nome de Jesus Cristo (v. 48). Cornélio queria só o evangelho mas Deus derramou o céu sobre ele! O Novo Testamento Está Cheio de Promessas Provando Que Deus Ama Responder em Excesso às Orações do Seu Povo ! A mais conhecida de todas as promessas é Efésios 3: 20. Todos a conhecem - mas só poucos de nós vivemos como se crêssemos nela: Ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu Revista Betel Riqueza poder que opera em nós.... Deus não é só poderoso para responder às nossas orações. Ele quer fazer por nós infinitamente mais do que tudo que possamos imaginar! Ele não deseja nos responder segundo os nossos insignificantes desejos, mas de acordo com as Suas riquezas e o Seu poder. Ele deseja nos dar em excesso! Em outro lugar a Bíblia diz que Ele é inclinado a nos responder mais do que em abundância: Dai, e dar-se-vos-á; boa medida, recalcada, sacudida, transbordante... (Lucas 6: 38). Mas, como está escrito: Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam. Mas Deus no-lo revelou pelo Espírito... (I Coríntios 2: 9-10). Pelas quais nos têm sido doadas as suas preciosas e mui grandes promessas, para que por elas vos torneis co-participantes da natureza divina, livrando-vos da corrupção das paixões que há no mundo (2 Pedro 1: 4). ...Em Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos (I Timóteo 6: 17). Deus está praticamente suplicando que peçamos coisas grandes! da Graça 21 Gostamos de chamar o Senhor de “nosso Rei”. Mas você ora com pedidos segundo a extensão da grandeza do nosso Rei? Um rei tem a obrigação de cuidar dos seus súditos. E o seu povo o honra com pedidos em grande escala, crendo que ele tem tudo que eles necessitam e lhes proverá com abundância. Prezado santo, você não pode chamar Deus de “rei” e depois acusá-lO de deixar que um dos Seus súditos continue tendo necessidades! Um filósofo muito conhecido aproximou-se de Alexandre o Grande para lhe fazer um pedido, em troca de lhe ter feito uma boa ação. Ele pediu ao rei um presente no valor de cem talentos - uma fortuna em prata - para as suas filhas. Todos os presentes ficaram horrorizados. Mas Alexandre mostrou um enorme sorriso. Disse: “Dêem-lhe o presente! É um pedido digno do rei Alexandre. É digno da minha riqueza e da minha capacidade de dar!” Eu lhe pergunto: será que você tem constrangido a Deus com os seus pedidos insignificantes? Provai-me nisto, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu e não derramar sobre vós bênção sem medida (Malaquias 3: 10). 22 Riqueza Podemos Entristecer a Deus - e Até Mesmo Encolerizá-lO - Por Não Pedirmos ! Achamos que é espiritual dizer: “Apenas adoro a Deus - não Lhe peço nada. Tudo que Ele quiser para mim está bom”. Isto pode soar muito santificado - mas não é, de acordo com a palavra de Deus! Vez após vez Jesus nos implora: “Peça! Peça em Meu nome! Peça e receberá. Peça qualquer coisa - seja o que for. Peça o que quiser. Você não tem porque não pede. Deus dá coisas boas àqueles que pedem. Ele sabe do que você necessita antes de pedir. Peça ao Pai em Meu nome, e Ele dará a você...” E será que, antes que clamem, eu responderei; estando eles ainda falando, eu os ouvirei (Isaías 65:24). Deus está dizendo: “Vocês não têm a fé ou a coragem para pedir aquilo que Eu realmente desejo lhes dar. Então vou chegar primeiro! Vou lhes responder antes mesmo que peçam, porque os seus pensamentos são muito pequenos. Sei que os seus pedidos não chegam nem perto do que desejo realizar!” E continuou o Senhor a falar com Acaz, dizendo: Pede ao Senhor, teu da Graça Revista Betel Deus, um sinal, quer seja embaixo, nas profundezas, ou em cima, nas alturas. Acaz, porém, disse: Não o pedirei, nem tentarei ao Senhor (Isaías 7: 10-12). A resposta de Acaz pode ter soado santificada - “Não tentarei a Deus”. Mas ela irritou o Senhor! Era hipócrita - porque Deus sabia que Acaz havia perdido a fé muito antes disto! Acaz representa a igreja desviada - os cristãos que perderam a fé em Deus, que não crêem em Seus grandes recursos; eles dizem assim: “Não peça cura para Deus. Você está tentando a Deus”. Soa bem - mas é hipocrisia! Acaz não queria que testassem a sua fé - porque não a possuía! E muitos cristãos hoje em dia não pedem nada a Deus porque isto vai testar uma fé que eles não têm! Veja, Israel estava precisando de libertação. Então Deus convidou Acaz para que pedisse confirmação da fidelidade dEle através de qualquer sinal que o rei quisesse - dos céus ao inferno. Mas Acaz já havia planejado chamar o rei ������� Tigath-Pilneser e a Samaria para ajudá-lo. Deus disse: Não! Eu lutarei em sua batalha. Quero que você confie em Mim! ...Ouvi, agora, ó casa de Davi: acaso, não vos basta fatigardes os ho- Revista Betel Riqueza mens, mas ainda fatigais também ao meu Deus (Isaías 7:13). Em hebraico a palavra “fatigar” significa “desgostar”. Deus estava dizendo: “Até quando vocês vão me deixar desgostoso por temerem se firmar na minha palavra? Quando será que aprenderão que possuo tudo aquilo que necessitam - e que cuidarei de vocês porque sou Rei e Senhor?” Isaías disse a Israel: Vocês não pediram um sinal - mas Deus mesmo assim vai lhes dar um”. “Portanto, o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe chamará Emanuel (v. 14). Amado, eis a maior resposta além do que foi pedido de todas as orações na história! O povo ficava pedindo: “Envie-nos um libertador” - na expectativa de algum homem, mas Deus respondeu: “Eu lhes darei um homem. E sim, Ele será um libertador - para toda a humanidade!” Deus respondeu além do que foi pedido trazendo a promessa do Emanuel! Em Jesus Cristo - Emanuel - temos a mais gloriosa de todas as respostas acima das expectativas. Ele é a plenitude de Deus. Nele abundam todas as riquezas e as bênçãos. Ele é a maior de todas as nossas fontes. E nEle há infinitamente mais do que da Graça 23 possamos pedir ou pensar! As escrituras dizem: Crescia Samuel, e o Senhor era com ele, e nenhuma de suas palavras deixou cair em terra (I Samuel 3: 19). Este versículo significa que as orações de Samuel, bem como as suas profecias - nenhuma caiu inutilmente sobre a terra! Nem uma oração deixou de ser respondida. Todas as palavras das promessas de Deus que Samuel repetia em oração eram uma semente que trazia infinitamente mais frutos! Prezado santo, ao se dirigir para o seu lugar secreto de oração, lembre-se: ...é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam (Hebreus 11: 6). Cite sempre este versículo; introjete-o em seu interior, orando: “Venho a Ti, Jesus, porque sei que és Deus Todo-Poderoso. Tu tens todas as fontes que necessito. Estás além da minha compreensão em grandeza - mas creio que recompensas aqueles que Te buscam!” Traga todos os seus pedidos ao Pai. Ore, crendo que Ele se deleita em lhe responder acima do que foi pedido, à Sua maneira, em Seu tempo. Comece pedindo hoje pela cura 24 Riqueza daqueles que você achava estarem desenganados. Confie nEle em relação à sua desesperada situação financeira, pelos seus queridos que não são salvos. da Graça Revista Betel Ele irá lhe dar - respondendo além do que foi pedido em sua oração - infinitamente mais do que tudo que você possa pensar ou imaginar! Comunhão, uma necessidade O que impede a comunhão? Quatro coisas, pelo menos. O primeiro obstáculo é a auto-suficiência. Não pode haver comunhão enquanto as pessoas não percebem que dependem umas das outras para receberem ajuda espritual. Uma atitude de auto-suficiência espiritual pode refletir o estado de morte espiritual do não-convertido, para quem todas as coisas espitiuais parecem irreais; ou pode refletir a miopia espiritual de crentes indolentes (Hebreus 5.12; Romanos 12.1-3) , os quais podem ser até mesmo velhos na fé. Esta atitude também pode ser a racionalização de alguém que, pelo orgulho, pelo senso de culpa ou pela hipocrisia consciente, ou mesmo por todos esses três defeitos, não está disposto a compartilhar suas necessidades espirituais e a pedir a ajuda de outros. Porém, qualquer que seja a causa, a autosuficiência exclui a comunhão desde o seu início. O segundo obstáculo é o formalismo. Alguns compreendem que a comunhão cristã se resume em envolver-se na adoração pública com uma postura correta, sobretudo na ocasião da Ceia do Senhor, e evitam qualquer comunhão mais íntima. Essa atitude tem diminuído em nossos dias, especialmente através do informalismo do movimento carismático, embora haja lugares onde ela persiste. Uma vívida adoração litúrgica, certamente é comunhão cristã, mas esta não se limita à adoração litúrgica, e eu espero que isto já esteja claro para meus leitores. O terceiro obstáculo é a amargura, que se expressa por constantes atitudes de hostilidade. Hebreus 12.15 nos adverte sobre a perturbação que uma raiz de amargura pode causar. A amargura parece derivar-se mais freqüentemente do orgulho ferido e da malícia defensiva, de algum senso de injustiça, de maus tratos ou de traição, ou então da inveja que se ressente em face dos dons, da posição ou do sucesso de outrem. A inveja, em particular, torna-se uma raiz oculta de amargura, expremindo-se em controvérsias, em frieza pessoal, em maledicência (que alguém definiu como a arte de confessar os pecados alheios), em protesto ou em divisionismo. Na comunhão autêntica, cujo alvo é tornar a outra pessoa mais hábil para Deus, há um lugar próprio para crítica construtiva. A crítica pode ser exigida pelo amor, como os pais o sabem, mas ela precisa ser construtiva, e não destrutiva, oferecida com gentileza e restrição, por alguém que esteja consciente de ser ele mesmo um pecador e que reconhece que todos nós aceitamos bem pouco qualquer crítica. Entretanto, quando o motivo por trás da crítica é a amargura, ela acontecerá de modo arrogante e desenfreado, que nega comunhão, ao invés de promovê-la. O quarto obstáculo é o elitismo, uma atitude de superioridade que produz “panelinhas” alicerçadas sobre o exclusivismo. Trata-se de uma imitação satânica da verdadeira comunhão, da qual nada é excluído, exceto a incredulidade. Quando grupos superentusiasmados se reúnem para formar associações baseadas em pequenas peculiaridades doutrinárias ou na atração magnética de um líder, o orgulho sobressai e a comunhão definha. Essa lista de obstáculos à comunhão poderia ser mais minuciosa, mas sem dúvida não há necessidade disso. -- Extraído do livro Vocábulos de Deus, J. I. Packer, Editora Fiel Revista Betel Riqueza O Sacrifício de Deus Pai da Graça 25 William MacCallum Clow A Igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue . Atos 20:28 A lguns momentos de ponderação serão suficientes para que possamos perceber o quanto é ousado e surpreendente este enunciado das Escrituras. A declaração de que a Igreja de Cristo foi comprada pelo sangue de Deus, parece não só ir além da reverência, mas também além da verdade. A leitura de vários manuscritos antigos evidencia o quanto os homens contribuíram para diminuir o significado dessas palavras. Assim sendo, em muitos manuscritos pode-se ler: A Igreja do Senhor, a qual ele comprou com o seu próprio sangue. Mas os revisores do Novo Testamento, com louvável coragem e sabedoria, olhando para o teste- 26 Riqueza munho da maioria dos manuscritos antigos, confiantes naquela regra segundo a qual a mais difícil, provavelmente, deva ser a leitura correta e, cientes da grande tentação que existe para se alterar tão “estranha palavra”, decidiram manter a expressão “a Igreja de Deus” na Versão Revisada. Eles admitiram a leitura anterior – a Igreja do Senhor – como uma concessão, e estabeleceram que as dificuldades interpretativas, ainda que ricas e sugestivas, indicam claramente que as palavras “a Igreja de Deus” realmente foram pronunciadas pelos lábios do apóstolo Paulo. Há outra razão que confirma esta decisão deles: estas palavras ocorrem no contexto de um grande e amplo pronunciamento. Elas são parte de um discurso de despedida, evidenciando ardente emoção do orador. Memórias do passado estão congestionando a sua mente. Sombrios pressentimentos do futuro estão sombreando o seu coração. Acima de tudo, ele está olhando nas faces de homens que ele não veria novamente. Não há tempo para lógica formal, para termos precisos, exatos e aprimoradamente equilibrados para definições que pudessem se ajustar apropriadamente à confissão de fé. É um momento de lágrimas, de intensa visão espiritual, e que expressa poeticamente a verdade em da Graça Revista Betel toda a sua grandeza. Paulo não está inventando argumentos para evidenciar a divindade de Cristo. A divindade de Cristo não é dependente de nenhum texto. É a contextura e a urdidura do Novo Testamento. Paulo está falando sob o poder do Espírito de Deus e, num momento de elevada inspiração, ele está referindo, direcionando e aproximando a obra da salvação à sua fonte. Ele está declarando que o grande sacrifício que comprou a Igreja é o sacrifício de Deus. Agora, esta declaração sepulta uma antiga e já morta heresia. Nos séculos imediatamente após a morte de Cristo, a Igreja cristã diligenciou esforços para entender e formular as verdades envolvidas em sua obra. Uma das heresias que então perturbou os cristãos era chamada de patripassionismo. Ela mantinha que foi Deus o Pai que sofreu na Cruz. O equívoco que subjaz ao raciocínio dessa heresia era o de que Cristo não tinha humanidade real; Ele era somente uma manifestação de Deus, e que, Ele não possuía vida real à parte de Deus. Portanto, era Deus o Pai que havia agonizado no Getsêmani. Era Deus o Pai que havia sofrido na cruz, à semelhança do Filho. Aquela heresia era um estereótipo da Igreja. Ela foi debatida em concílios. Ela foi exposta como falsidade Revista Betel Riqueza pelos fatos históricos. Ela foi expelida dos corações dos homens que tinham um conhecimento pessoal do Cristo vivo. Não obstante, ela tinha, como todas as heresias - ainda que os seus defensores não pudessem viver e capturar a mente dos homens - uma verdade a sugerir. É aquela verdade expressada com magnífica ousadia nas palavras de Paulo. Não que Deus o Pai morreu na Cruz, ou que Deus o Pai tenha derramado seu sangue por nós. Somos redimidos pelo precioso sangue de Cristo (1 Pedro 1:19). Carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados (1 Pedro 2:24). Porém, se o sacrifício visível foi o de Cristo, o sacrifício invisível foi o de Deus. Se houve uma cruz no lugar chamado calvário, também existiu uma cruz no céu. Se uma espada traspassou o coração de Cristo, uma espada traspassou o coração de Deus. Isto nos diz nada mais que, a fonte e a origem do sacrifício são encontradas no amor, na compaixão e na vontade de Deus Pai. Eis a verdade sugerida na velha heresia - a verdade da palavra de Deus: Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna ( João 3:16). Nisto consiste o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos da Graça 27 amou, e enviou o seu filho como propiciação pelos nossos pecados (1 João 4:10). Nisto conhecemos o amor de Deus, porque ele deu sua vida por nós (1 João 3:16). Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco, pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores (Romanos 5:8). Esta é a verdade sustentada nas arrebatadas palavras do apóstolo Paulo. Consideremos então, o sacrifício de Deus Pai na redenção da Igreja de Deus. Neste sacrifício percebo três elementos, os quais vamos considerar na seguinte ordem: 1 O primeiro elemento no sacrifício de Deus Pai foi o esvaziamento da divindade. Um estranho e repetido enunciado da Escritura é que, o Cordeiro foi imolado, desde a fundação do mundo. Este enunciado é suficientemente claro em seu significado, mas ele parece estar coberto por uma sombra de mistérios inescrutáveis. Os mistérios são aqueles envolvidos na criação do mundo, os quais requerem o sacrifício do cordeiro. Mas, o pleno significado é o propósito da redenção, carregado como uma carga, um sofrimento e um sacrifício no coração de Deus, muito antes das estrelas da manhã cantarem juntas, ou os filhos de Deus 28 Riqueza darem gritos de alegria.. Mas, o momento chegou quando o propósito que estava posto como uma peso no coração de Deus foi manifestado no tempo. Como Milton canta em seu nobre hino: “Os pastores no campo, Quase ao amanhecer, Falavam ao mesmo tempo, Produzido um ruído rude e indecifrável Quando, aquela música tão doce Acariciou os seus ouvidos de tal modo que, o dedo de um mortal jamais poderia tê-lo feito”, porque Cristo nasceu em Belém. Mas, que música tocava no coração de Deus Pai? O que significou para a divindade - Pai, Filho e Espírito Santo - quando o Filho partiu, deixando o Pai e o Espírito? Isto significou o empobrecimento da divindade. O sacrifício da encarnação não foi apenas a dor e a perda de Cristo, mas a dor e a perda de Deus o pai também. “Eis que vos mostro um mistério”. Contudo, apenas debilmente podemos conceber o empobrecimento da divindade quando o Filho esvaziou a si mesmo de Sua glória e deixou o trono. Diga-me você que tenha perdido um filho. Um filho “sobre o qual a da Graça Revista Betel morte anoiteceu”; não um bebê cuja palavra nunca respondeu às suas, mas um filho em cuja palavra e caráter você tenha começado a encontrar deleite, em cuja comunhão você tenha encontrado consolo? Diga-me se não houve empobrecimento? Empobrecimento, não somente em sua vida, em sua experiência interior, mas também em seu ser, quando o seu cordeiro foi imolado? Lembre-se daquela patética passagem em Vida do Dr. Pusey, a qual nos diz que sempre que ele cruzava o pátio onde ele tinha visto a mortalha que cobria o esquife de sua mulher, ele mantinha os olhos grudados ao chão a fim de que, em sua imaginação, ele pudesse rememorar os “ornamentos” do sofrimento, podendo assim, vivenciar novamente o “empobrecimento” de sua vida com uma agonia maior do que ele podia suportar. E assim, na manjedoura, estava não somente o objeto do labor feminino e a alegria de um coração materno, mas o sacrifício de um pai empobrecido e despojado da presença e comunhão do Filho. Mas, a plena verdade, nenhuma analogia humana pode representar. A comunhão e a intimidade de Deus o Pai e Deus o Filho nunca podem ser completamente figuradas por coisas terrenas. Por isso, isto não é simples Riqueza Revista Betel como a perda de um querido filho ou uma amada esposa. É uma parte de si mesmo que se vai, através da qual a divindade foi empobrecida. Entretanto, Paulo no arrebatamento de sua inspiração disse: A Igreja de Deus, a qual foi comprada com o seu próprio sangue. 2 O segundo elemento no sacrifício do Deus Pai repousa em sua infinita solidariedade com os sofrimentos de Cristo. Existe uma solidariedade que pode ser intensa, dolorosa beirando a tortura. Dando vazão à imaginação, no sentido de discernir a dor alheia vinda de um coração terno e altruísta, podemos avaliar que essa dor que é sentida por conta de um sofrimento solidário pode ser extremamente aguda e comovente; como um poderoso golpe, difícil de suportar. John Howard raramente entrava naqueles depressivos cárceres da Europa sem soltar lágrimas. ( John Howard é autor da obra: “O estado das prisões na Inglaterra e País de Gales - 1777) Com freqüência, ele permanecia algum tempo entre os prisioneiros, cujo estado era de miséria abjeta, e lá se sentia o mais miserável homem entre todos eles. Macaulay nos conta que seu pai, quando governador de Serra Leoa, sempre que via da Graça 29 um grupo de moças escravas passar por ele, não podia evitar em pensar, com sua vívida solidariedade, sobre a vida de vergonha e tortura à qual elas estavam submetidas. E, toda vez que via essa cena ficava atordoado e chocado por muitas horas.. O biógrafo da Senhora Booth assevera que ela não podia ver qualquer negligência quanto à dor alheia, ou testemunhar erros grosseiros, sem que sentisse dores físicas tão fortes a ponto de lhe causar náuseas. É de se questionar se o sofrimento do portador de solidariedade, muitas vezes não é maior do que o sofrimento real do seu próximo! Quando uma nação manda seus filhos à guerra, a dor mais aguda não é sentida pelos homens que marcham pelas ruas ao som da música, produzindo estrépitos selvagens em obediência à voz de comando, ou por aqueles que perecem todas as noites nos campos de batalha. O mais alto sacrifício pode ser daquelas mulheres e mães as quais nos lares distantes esperam e vigiam e oram com passiva agonia. Elas temem ler os relatórios com os nomes dos mortos, antevendo a dor que sentirão se porventura neles constarem os nomes daqueles que elas amam. Elas sofrem e são abatidas com o lamento que vão carregar com elas até suas sepulturas. Naquela antiga história, em que 30 Riqueza a mulher do vigilante do Farol da Marinha permaneceu imóvel sobre o penhasco, observando o marido que foi ao mar em meio a uma terrível tempestade, para salvar alguns náufragos que se batiam desesperadamente, o sacrifício e a dor pesava muito mais sobre ela do que sobre ele, que lutava para atravessar a arrebentação. Na verdade, toda a pressão daquele momento pesava sobre ela que olhava fixamente os movimentos do marido, apertando as mãos, com o coração em disparada, vendo, impassível, e orando enquanto o pequeno bote imergia e emergia ao sabor dos vagalhões. Isto porque, a dor passivamente sofrida é muitas vezes muito maior do que a dor real. O chamado para a ação, o conflito e o conseqüente ímpeto do pensamento e do sentimento pode entorpecer a dor, a qual se desvia e cai em um coração solidário, como uma dor que nada pode aliviar. Este era um elemento no sacrifício de Deus o Pai. Em todos os sofrimentos de Cristo, Deus participou com solidariedade infinita. Nós não temos necessidade e, não temos como dizer que o sacrifício de Deus Pai foi muito maior do que o do Cristo Filho. Ambos foram infinitos e, em se tratando de coisas infinitas, não há nada maior ou menor. Para nós é o suficiente não esquecer o cus- da Graça Revista Betel to do sacrifício de Cristo. Nenhum coração cristão pode em qualquer tempo ponderar sobre este fato sem uma santa reverência; uma adoração de gratidão, e um devoto e profundo amor. Mas, é muito importante para nós elevarmos nossos pensamentos a esse Custo Solidário de Deus Pai. Se um perfeito conhecimento, um completo discernimento e, um infinito amor, faz com que as agudas estocadas da solidariedade sejam muito intensas então, podemos imaginar a intensidade dos sofrimentos de Deus. Desde a hora em que a divindade de Cristo se revestiu de carne, através de todo o curso daquela vida de fome e sede, de fadiga e desamparo, de dor e desolação, o coração de Deus carregou o peso da aflição. Quando Cristo foi traído pelos homens, quando eles o abandonaram e o negaram, quando eles zombaram dele e cravaram nele uma coroa de espinhos; quando eles o golpearam e cuspiram nele, o coração de Deus foi dilacerado pela dor. No momento da crucificação a face invisível de Deus estava aflitivamente identificada com aquela agonia. Legiões de anjos voaram sobre ele contudo, Deus os conteve e os trouxe de volta ao circulo restrito dos Seus braços. Em todo o curso do Seu ministério de dores, Deus vigiou e esperou, Riqueza Revista Betel reteve sua poderosa mão auxiliadora, “repreendeu” o Seu coração e carregou Sua infinita dor, solidária com os sofrimentos de Cristo. Por esta razão, Paulo pode usar com admirável veracidade esta grandiosa palavra, a Igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue. 3 O terceiro elemento no sacrifício de Deus Pai é o seu compartilhar na agonia da cruz. A relação de Deus Pai com a Cruz de Cristo, tem sido deixada de lado; não tem sido levada devidamente em conta. Não somente nossas concepções sobre a expiação, mas também o caráter e o propósito de Deus têm sido desfigurados por esta negligência. Tem sido esquecido o segredo que subjaz oculto na cruz; ele não é lembrando quando da leitura da história da paixão. Nenhuma história tem sido contada de modo tão conciso e pleno, como aquela da Semana da Paixão e o ultimo dia da vida de Cristo aqui na terra. Nos Evangelhos a história da morte de Cristo é escrita com riquezas de detalhes em contraste com a resumida narrativa da vida de Cristo. O significado dessa história nunca foi e nunca será exaustivamente compreendido pelas mentes humanas. Nós temos lido esta história da Graça 31 com mais entendimento - quanto ao seu amor e graça - na medida em que os séculos passam. Nos dias atuais, o lado humano dessa história aparece e se firma diante de nós de modo muito mais claro. Podemos ver que morte de Cristo na Cruz era o desfecho inevitável daquela história. Sabemos que se algum homem lançar-se a si mesmo em confronto contra o Mal Moral, este mal, de modo colérico avançará sobre ele como um lobo atacando uma presa; percebemos que o curso dos eventos corre na direção de um desfecho natural. A inveja dos fariseus, o ódio dos saduceus, a esperteza de Caifas, a traição de Judas e os cuidados de Pilatos com seus próprios interesses; tudo isso trabalhando conjuntamente para que o mal seja direcionado contra Aquele que é o Amado de Deus. Mas, aquele que ler a historia novamente, olhando para ela à luz da própria Palavra de Deus, elevando o pensamento a Deus Pai, verá o trabalho de uma outra mão. Verá que era Deus Pai que sacrificava o Filho. Ele ouvirá o profeta dizer: Todavia, ao senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado (Isaías 53:10). Ele ouvirá o evangelista proclamar: sendo este entregue pelo deter- 32 Riqueza minado desígnio e presciência de Deus, vós o matastes, crucificando-o por mãos de iníquos (Atos 2:23). Ouvirá a própria voz de Cristo dizendo: Nenhuma autoridade terias sobre mim, se de cima não te fosse dada ( João 19:11). Poderá ver-se diante do mais profundo mistério que agora tem sido revelado ao homem; um mistério mais profundo do que o mistério da encarnação, mais difícil de ser crido do que o óbvio milagre da ressurreição – estabelecido nestas palavras: Aquele que não poupou a seu próprio filho, antes, por todos nós o entregou (Romanos:8:32). Que grande sacrifício foi para Deus! O que o sofrimento do Filho foi para o Pai nós não podemos expressar, mas existe um incidente no Velho Testamento dentro do qual podemos olhar e ver, ainda que de modo incipiente, como em um espelho, a imagem do sacrifício de Deus. Sigamos os passos de Abraão até o lugar onde ele entregou o seu filho “inocente”: Monte Moriá, o lugar do sacrifício. Podemos avaliar a dor derivada do propósito que ele guardava em seu coração; podemos conceber o empobrecimento e o esvaziamento de sua vida, que a perda do seu filho poderia lhe causar. Podemos imaginar o coração do pai quase desfalecido em solidariedade, quando tomou a lenha do holocaus- da Graça Revista Betel to e a colocou sobre seu filho Isaque. Mas, o momento de indizível agonia veio quando aquele velho homem tomou o cutelo para sacrificar o seu filho. Sua mão foi detida pelo misericordioso coração de Deus. Porém, quando Deus “pregou” o Seu Filho no altar mais alto do mundo, não houve nenhuma voz para impedir. Ao grito de: Meu Pai: se possível, passe de mim este cálice! (Mateus: 26:39), tudo o que se viu naquele momento foi somente a mais clara provisão da cruz, e a luz sobre o doloroso caminho até o Calvário. Abrão não estava depositando somente o seu filho, mas o seu coração, sua vontade, ele mesmo sobre o altar. O sacrifício e a agonia eram muito maiores para Abraão do que para Isaque. Então, será que não podemos perceber que Deus estava entregando o Seu coração, Sua vontade, Ele mesmo, sobre o altar do sacrifício de Cristo? E assim a grandiosa palavra de Paulo se justifica: “a Igreja de deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue”. Existem duas verdades fluindo deste rico manancial doutrinário, as quais tentarei expressar com a maior clareza possível. A primeira é a mais simples e, ao mesmo tempo, a mais profunda verdade do Evangelho, ou seja, a prova do amor inacreditável e inesgotável de Deus. Vede que grande Revista Betel Legado amor nos tem concedido o Pai, ao ponto de sermos chamados filhos de Deus ( 1 João 3:1) - através do sacrifício de seu Filho. Quando os homens aceitarão esta verdade com o coração íntegro, sem questionamento? Nós nos recusamos a crer nesta verdade por causa da nossa ignorância – nossa ignorância de Deus. Porque Deus ainda não é para nós o Nome mais amado, o Nome que é todo Santo, amável, o nosso refúgio e fortaleza, nossa esperança, nosso amparo, a eterna morada dos homens. Nós nos recusamos a crer Nele por cauda da nossa surdez e por causa de nossa estupidez. Nós não entendemos os caminhos do amor celestial. Nós não percebemos a mão amorosa de Deus em nossas dores e sofrimentos, que são nada mais do que os grandes dedos de Deus nos modelando. Nós nos recusamos a crer Nele, acima de tudo, por causa do nosso pecado. É o nosso pecado que deforma e deturpa a face de Deus e, ás vezes, nos cega completamente para não vê-lo. Entretanto, a verdade é que Deus tem um inacreditável e inextinguível amor por nós. Ele o ama, não somente porque você o conhece, ama e confia Nele, mas pelo amor que lhe é próprio. Ele o ama em sua ignorância, em sua estupidez e pecado. A maior prova do Seu amor pode ser encontrada, 33 não na ordem e beleza do mundo, no conforto que você possa ter diariamente ou, nos caminhos agradáveis que os seus pés percorrem. O amor de Deus pode ser encontrado, não em olhos que não precisam verter lágrimas, ou em faces não marcadas pela dor. Isto porque, Ele leva o seu povo para o deserto. Ele faz o seu povo experimentar a taça do sofrimento. Deus dá a Seu povo o pão da aflição. A prova do Seu amor está no esvaziamento da sua divindade; está no infinito sofrimento solidário com a aflição do Seu único Filho. A prova do seu amor está na verdade de que ele comprou a Igreja com o seu próprio sangue. A segunda verdade é a dor infinita de Deus com o pecado. Nós sempre estamos tentando lançar luz sobre o que significa o pecado para Deus. Desde os tempos do salmista os homens vêm pensando que Deus considera o pecado tal como eles mesmos, mas Deus diz: pensavas que eu era o teu igual? (Salmos 50:21). O pecado é um fardo - se eu posso tomar emprestada a ousada linguagem de Amós - o pecado é como que pisar em Deus. É um peso opressivo que faz os ombros de Deus arquear. Você tem alguma noção de como o pecado aflige o coração de Deus? Se você já testemunhou uma determinada ação de opressão ou injustiça 34 Legado impiedosa, contra alguém em posição mais fraca e, se este fato provocou profunda indignação moral, de tal modo a ser compelido a doar-se na tentativa de reparar o erro; se você passou por esta experiência, isto significa que agora está na condição de imaginar, ainda que impuramente e debilmente, a dor de Deus por causa do pecado. O pecado é um peso aflitivo para Deus, não somente porque ele colide com a ordem moral do universo, mas porque ele corrompe as almas dos homens. Pense na sua planta favorita, aquela que você cuida com todo zelo e carinho. Repentinamente, percebe que a sua beleza foi severamente ferida e sua vida destruída pelas mãos perversas e cruéis de um vândalo, fazendo você sentir uma mágoa ferver em seu coração. Se isto lhe aconteceu, novamente digo que você debilmente e timidamente experimentou, e impuramente entrou na dor infinita de Deus por causa do pecado. Mas, esse fardo alcança o seu clímax quando o pecado aflige e fere o amor infinito. Você já viu uma irmã Revista Betel sentada no banco de uma corte de leis tendo que ouvir as evidências vergonhosas sobre o seu irmão serem expostas sem piedade? Você já teve que abordar uma mãe para contar a ela todos os atos pervertidos e desonrosos praticados por seu filho? Estas experiências poderão, eventualmente, fazer você ver o amor aflitivo e entenderá quão aterrador pode ser a agonia do amor. Pelo fato de Deus ter em si essa infinita dor em face do pecado e, ao mesmo tempo, um inacreditável e inextinguível amor pelos pecadores é que Ele esvaziou-se da sua divindade. Ele suportou solidariamente as estocadas e feridas, Com Cristo. Ele afligiu o Seu único Filho para que pudesse vir à existência a Igreja de Deus, comprada com o seu próprio sangue, por isso deveis ser como os que vivem em santo procedimento e piedade (2 Pedro 3-11) Extraído do livro “A Cruz na experiência Cristã” de William MacCallum Clow. Publicado em Glasgow - Escócia – 1908. Cuidado com as pessoas que lhe dizem que a vida é simples. Aproximar-se de Jesus não simplifica a vida, mas simplifica o meu relacionamento com Deus. -- Oswald Chambers Revista Betel Estudo Bíblico 35 A Cruz: O Evangelho Universal ou a Lei do Sacrifício Cristão relacionado a Missões Henry Clay Mabie Em verdade, em verdade vos digo; se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, produz muito fruto. João 12:24 T A ocasião: erceiro dia da semana da paixão. O último dia do ministério público do Senhor ao seu próprio povo – Israel. O dia em que Ele retirou-se, ocultando-se deles ( João 12:36). Ele viera para o que era Seu, e os seus não O receberam ( João1:11). Porque a casa de Israel não conheceu o dia de sua visitação, ela fez de si mesmo uma desolação. Exatamente nessas circunstâncias ocorreu um evento de grande significado. Em meio à multidão que se deslocava para Jerusalém tendo em vista a festa da Páscoa, havia muitos gentios prosélitos que, em principio, haviam crido que Jesus era o “desejado das nações” (Ageu 2:7). Entre eles havia alguns gregos os quais queriam ver a Jesus. 36 Estudo Bíblico Jesus acabara de realizar sua entrada triunfal em Jerusalém, e o Seu nome era pronunciado por todas as línguas. Aqueles gregos não podiam perder a oportunidade para um encontro, uma audiência pessoal com Aquele a quem entoavam Hosanas. O anúncio desta visita veio sobre o espírito de Jesus em um momento psíquico. Era um momento histórico em que se podia antever o alvorecer de uma nova era – um tempo de evangelização universal. Aquela espécie de visita podia ter-se constituído numa tentação para Jesus. Todo o Império Romano estava historicamente próximo de se abrir aos tempos apostólicos. A futura Europa seria o Seu teatro de operações. O mundo britânico seria todo Seu para ser explorado. Jesus, antecipadamente, via um novo mundo para Ele. Sua visão estendia-se por todos os oceanos, envolvendo Japão, China, Índia, África e todas as ilhas do mar. – todos esperando por sua vinda. Era uma perspectiva e uma possibilidade, que nunca antes havia sido imaginada por qualquer estadista ou conquistador mundial. Porém, por mais fascinante pudesse ser aquele cenário, ele não se prestava para a realização de Sua carreira pessoal nesta terra. Um grande dia de verão, rico para colhei- Revista Betel ta, aguardava por outros segadores, além Dele mesmo. Mas, para Ele, o inverno, a morte, a morte de Cruz interveio. Não obstante aqueles novos magos estarem batendo à Sua porta, a Cruz apareceu mais alta no horizonte. Não havia sequer uma pequena pausa para dar resposta a um pedido tão incomum, Sua réplica foi imediata: E chegada a hora de ser glorificado o Filho do homem. Em verdade, em verdade vos digo; se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, produz muito fruto ( João 12: 23-24). Isso não significa que Jesus não apreciava o aparecimento desse novo dia estelar em seu escuro horizonte, ou que Ele não desse valor à espera da rica colheita futura – quando os frutos estivessem maduros. Ele simplesmente o afastou do momento presente. Naquele exato momento Ele estava simplesmente pondo as coisas mais importantes em primeiro lugar. A expiação tinha que ser realizada. Aquele era o momento supremo em que, tudo o que estava na vontade do Pai, como algo eternamente concebido, tinha de ser cumprido. Assim que, Jesus, desprezando outros prazeres que tentavam a Sua imaginação, num brado de completa autoentrega exclamou: Pai, glorifica o teu nome. Esta é a mais completa autorrendição jamais vista em toda Revista Betel Estudo Bíblico a história. É muito significativo que aqueles gregos aparecessem justamente no momento especifico em que Jesus se entregava à Sua Cruz. Até aquele momento Cristo havia magnificado sua mensagem “senão às ovelhas perdidas da casa de Israel” mas agora, antes do perfume se espalhar pelo mundo, o vaso de alabastro contendo o precioso Nardo tinha que ser quebrado. Os inimigos de Jesus pressionavam para que Ele fosse levado à Cruz Romana. Porém, a vontade do Pai trabalhando no Seu intimo O constrangia ao Seu sacrifício voluntário. Todas as muralhas que faziam separação entre Judeus e Gentios, agora tinham que ser demolidas. O Cristianismo tinha que ser universalizado. Os pés de Cristo estavam postos no limiar de um Novo Mundo que havia de nascer. Porém, antes Dele avançar um paço Ele tinha que experimentar a morte. Era algo muito amargo, mas era a salvação, assim como uma lealdade a toda a realidade moral implícita naquele momento. Aspectos do sacrifício: Estamos, agora, levando à consideração a oferta em si mesma, a favor do mundo, a qual é uma morte única, singular em seu valor e signi- 37 ficado, constituída na pessoa de Jesus. É sobre a lei que está subjacente àquela morte, usualmente chamada “A Lei do Sacrifício” que agora vamos falar. Vamos considerar esta lei em dois aspectos. Primeiro, como uma oferta redentora oferecida por Cristo em favor do mundo e, segundo, como um arquétipo do autossacrificio cristão em beneficio de outras pessoas. Primeiramente, vamos considerar aquela oferta objetiva feita por Cristo – de si mesmo – para a redenção do mundo. Na expressão do versículo 24, a não ser que o grão de trigo caia na terra e morra toda a redenção está implicada. Mas, nos versos 31 e 32 Jesus reitera este principio em linguagem inequívoca, como que estabelecendo o caráter e as relações significativas envolvidas no tipo de morte que Ele havia de suportar. Ele exclamou: Chegou o momento de ser julgado este mundo, e agora o seu príncipe será expulso. E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo. O pleno significado dessas passagens nos compele a concluir que o sacrifício de Cristo em favor do mundo foi uma ( Judgment-death) morte judicial. Mas, antes de definir a que isso diz respeito, algumas considerações preliminares são necessárias no sentido de dar claro entendimento aos termos. 38 Estudo Bíblico O termo “julgamento” na Escritura. O significado deste termo tem sido concebido de modo até mesmo grosseiro, e também superficial. Em conseqüência, existe uma infeliz aversão ao seu uso no pensamento contemporâneo. Para muitos o termo tem sido considerado como sinônimo de uma sentença de reprovação e condenação. Porém, isto acontece em razão de certo descuido quanto aos diferentes e graciosos sentidos nos quais a Bíblia usa o termo. Esta palavra é frequentemente empregada no sentido de intervenção, vindicação – considerada também uma vindicação da santidade divina. Por exemplo: No Salmo 54 encontramos a oração: “Ó Deus salva-me pelo teu nome, e faze-me justiça pelo teu poder”. O profeta Jeremias declara sobre o redentor que havia de vir: Ele julgará a causa do pobre e necessitado. Isto significa que, Ele os libertará do opressor, revertendo a falsa posição imposta sobre eles pelos cruéis perseguidores. Mateus citando Isaias diz: Ele anunciará juízo aos gentios ... não esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega, até que faça vencedor o juízo. E no seu nome esperarão os gentios. O que poderia ser mais afetivo? À semelhança de milhares de pombos formando uma nuvem após terem Revista Betel sido soltos de suas gaiolas, as almas prisioneiras dos pagãos são postas em liberdade podendo regressar à casa do Pai. Após Cristo ter curado um cego de nascimento, milagre descrito no nono capítulo de João, Ele promulgou Sua grande Lei da Graça com a seguinte expressão: Eu vim a este mundo para juízo, a fim de que os que não vêem vejam, e os que vêem se tornem cegos. Reconhecimento do fator moral na obra de Cristo: Mas, o que deve ser, necessariamente, posto como premissa é o reconhecimento do aspecto e do valor moral implicados na obra de Cristo, fato este que vai muito além da dor que Ele suportou. Em algumas concepções, supostamente mais ortodoxas da expiação, uma ênfase mais ampla tem sido dada aos sofrimentos de Cristo, como se as dores fossem a causa do perdão; ou como se o perdão decorresse dos sofrimentos. A velha visão de uma “expiação limitada” disseminou a convicção de que na mente divina existia uma avaliação exata da quantidade de sofrimentos requeridos para os pecados de um certo número de pessoas da raça humana..É o que algumas vezes foi chamada de, “ä visão comercial” da expiação. Esta visão recebe objeções por razão simi- Revista Betel Estudo Bíblico lar àquela em que, certa quantidade de sofrimento é concebida como uma compensação para um montante definido de pecados. Deste modo, a expiação seria apenas uma questão de pagamento de débitos. Mas, essa concepção é completamente incongruente com a necessidade de perdão de qualquer pecado. Quando Jesus estava entre nós, nas vezes em que fez referência à real profundidade de Suas dores, Ele nunca magnificou e tampouco apelou por piedade em face do volume de sofrimentos que havia de suportar. Até mesmo à caminho do Calvário quando, seguia-o numerosa multidão de povo, e também mulheres que batiam no peito e o lamentavam, Jesus, voltando-se para elas, disse: Filhas de Jerusalém, não choreis por mim; chorais antes por vós mesmas e por vossos filhos. Portanto, Jesus não teve mera compaixão. Algumas concepções medievais expressas em pinturas representam Jesus como um objeto de piedade, causando impressões enganosas. Muitas dessas obras O apresentavam uma figura afeminada e sicofântica. A verdade é que Cristo, a despeito dos enormes sofrimentos, mostrou-se como tal apenas incidentalmente. Até o último momento, em que o seu coração se rompeu, ele sempre agiu pelos princípios do mais 39 alto respeito próprio, sempre dando a clara impressão de autocomando, se movendo na direção do mais sublime objetivo moral. Havia algo inequivocamente mais profundo para ser despertado pela Cruz do que a simples simpatia do ser humano. O reconhecimento, no domínio moral, das justas e graciosas relações com as quais Jesus estava lidando era o fator fundamental. Disse o Dr. Godet: “Quando Cristo deu o Seu último grito de submissão sobre a Cruz, o fez com a consciência íntegra de que este julgamento do pecado do mundo, era o eco do que Deus pronunciava nos Céus. Porém, como existe apenas uma racionalidade em toda mente inteligente, do mesmo modo existe apenas uma mesma consciência em todos os seres morais e, deste modo, aquele grito veio daquela perfeita consciência para ecoar em todas as consciências humanas”. A coisa mais valiosa sobre a humilhação de Cristo é que Ele a assumiu com inquestionável submissão. Na Epístola aos Hebreus ela é chamada de “obediência”. Este é o seu ponto final: o reconhecimento daquela obediência realizada em sua inteireza, tal com o era vindicada por Deus. Deste modo, a oferta de Cristo era uma resposta a algo final no universo de Deus. O Dr. P.T. Forsyth, líder do Hackney College, London, em 40 Estudo Bíblico vários escritos recentes (ver Christian World Pulpit, Oct. 1, 1902, and may 20,1903) lançou muitas luzes sobre a expiação; mostrou que os mais recentes pensadores teológicos entendem o Principio do Sacrifício como um mero altruísmo, reduzindo o julgamento a um conceito limitado de justiça, contrariando o seu pleno sentido bíblico, o qual, está relacionado à Graça, tanto quanto à Revista Betel lei. Esta concepção é profundamente compartilhada por este escritor. ...continua na próxima edição. Secretário da União Missionário Americana, Boston, Mass. Pronunciado na sexta conferência missionária realizada na Igreja União Trinitária Metodista episcopal em 09 de março de 1904. Justificados, pois, mediante a fé, tenhamos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo; Romanos 5:1 Nestas palavras o aposto Paulo nos revela um lugar seguro. É um lugar de segurança, não apenas sustentado por seus argumentos, mas também por sua experiência. É a triunfante declaração de sua posição estável e segura diante de Deus – sua libertação do passado e sua segurança futura. Ele evidencia que acaba de passar para um novo mundo. Ele está em uma nova vida. Mas, a sua experiência não é, segundo o seu ponto de vista, uma experiência somente dele. “Nós estamos justificados”, ele disse, escrevendo a homens e mulheres que ele nunca havia visto antes. “Nós temos paz com Deus”. “Nós temos” acesso a esta graça na qual estamos firmes e, gloriamo-nos na esperança da glória de Deus. Esta é a única e universal experiência cristã.. -- Selecionado O sofrimento do Filho “O caminho que trilhava na terra era escabroso. Como poderia ser de outra maneira num mundo onde tudo estava em oposição direta à Sua natureza santa e pura? Ele teve de suportar a contradição dos pecadores contra Si mesmo. Teve de suportar a afronta dos que se opunham a Deus. O que não teve Ele de suportar? Foi mal compreendido, mal interpretado, injuriado, difamado, acusado de estar fora de Si e de ter demônio. Foi traído, negado, abandonado, escarnecido, esbofeteado, cuspido, coroado de espinhos, expulso, condenado e cravado entre dois malfeitores. Todas estas coisas Ele sofreu às mãos dos homens juntamente com os terrores indizíveis com que Satanás atormentou o Seu espírito; mas, deixai-me repetir mais uma vez e com ênfase, depois de os homens e Satanás terem esgotado o seu poder e inimizade o nosso bendito Senhor e Salvador tinha de suportar alguma coisa comparada com a qual tudo o mais era como nada, e isto era a ocultação da face de Deus – as três horas de trevas e terrível escuridão, durante as quais sofreu aquilo que ninguém senão Deus pode conhecer”. -- Mackintosh Revista Betel Estudo Bíblico Unidade e Verdade 41 Dave Hunt Um só Senhor, uma só fé e um só batismo. Efésios 4:5 D everia ser evidente para qualquer observador das notícias e tendências que estamos sendo levados (como previu a Bíblia) a um governo e uma religião mundiais - e que ambos serão unificados. Qualquer “separação entre Igreja e Estado” acabará. Deveria também estar claro que uma exigência básica da religião mundial (passos em cuja direção são recompensados pelo “Prêmio Templeton Para o Progresso na Religião”) é que seja inofensiva e universalmente aceita. Babel, o modelo de unidade A “correção político-religiosa” é essencial para a falsa unidade desejada por este mundo. A regra para isto será “espiritualidade” sem verdade. O mundo retornará a Babel, onde a “cidade” (o governo secular) e a “torre” (a religião) eram unificados: 42 Estudo Bíblico Vinde, edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo tope chegue até aos céus... (Gênesis 11.4). Aqueles que persistirem em afirmar que alguns ensinos são errados serão silenciados para o bem da sociedade. Essa tendência já é notada na “Trinity Broadcasting Network” (maior rede de TV evangélica dos EUA - N. R.) de Paul Crouch, cuja oração demanda imunidade à correção: “Deus, nós declaramos a destruição de qualquer coisa ou pessoa que se levante contra este ministério...”1 Esse tipo de unidade, integralmente estabelecida em Babel, agrada à sabedoria humana. Contudo, a resposta de Deus foi confundir ali a sua linguagem, ...e dispersá-los dali pela superfície da terra (vv. 7-8). No Areópago, Paulo explicou o propósito de Deus em fazer tal coisa: [Ele] havendo fixado... os limites da sua habitação; para buscarem a Deus... (Atos 17.26-27). Ao invés de buscar ao Senhor, o homem tem procurado tornar-se o senhor do Universo. A sua capacidade de invenção cumpre a declaração de Deus: é mau o desígnio íntimo do homem desde a sua mocidade (G���� ê��� nesis 8.21), e prova a exatidão do terrível aviso divino: não haverá restrição para tudo que intentam fazer������� (G���� ê��� ne- Revista Betel sis 11.6). A maldade e violência do mundo aumentaram com o desenvolvimento da educação, do conhecimento e da tecnologia humanos. De fato, somos “uma geração de gigantes nucleares, mas anões morais”. E agora, em rebelião contra o julgamento de Deus em Babel, o homem está determinado a unificar o mundo como foi naquela época. A Lockheed Corporation, num anúncio na revista Scientific American, vangloria-se de que através de seus computadores está “desfazendo o efeito Babel”, unificando, novamente, o mundo em uma linguagem. A IBM e outras corporações científicas têm feito alardes similares. Imagina-se que a unificação do mundo colocará um fim à competição e aos conflitos entre as nações, e conduzirá a uma era venturosa de paz e prosperidade. Na realidade, ela trará o reinado do anticristo e a ira de Deus derramada sobre a terra. A verdadeira unidade O mundo nunca terá unidade e paz até que Cristo, o Príncipe da Paz, governe em pessoa do trono de Davi. E mesmo assim, depois de 1.000 anos de Seu reinado, milhões e milhões daqueles que foram forçados a obedecer se rebelarão contra Ele Revista Betel Estudo Bíblico (Apocalipse 20.7-9). O Milênio será a prova final da incorrigível maldade do coração humano. A única esperança está na criação de uma nova raça que morreu em Cristo, aceitando a morte dEle como a sua própria, e que “nasceu de novo” do Espírito Santo para ser habitada pelo Espírito de Cristo. Cada um destes que herdam novos céus e nova terra pode dizer confiantemente: Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim... (G���� á��� latas 2.19b-20a). A verdadeira unidade só é encontrada em Cristo. Aqueles que pertencem a Ele são “um corpo”, tendo uma só esperança... um só Senhor, uma só fé , um só batismo, um só Deus e Pai de todos... (Efésios 4.4-6). Estes são o Seu corpo, Sua Igreja, Sua noiva. A respeito destes Jesus disse: Eles não são do mundo, como também eu não sou ( João 17.14,16). A verdadeira Igreja nunca poderia ser popular com o mundo, muito menos unida a ele numa causa comum. Cristo disse: Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como, todavia, não sois do mundo, pelo contrário, dele vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia... Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós outros... ( João 15.1920). 43 Estas poucas palavras das Escrituras são suficientes para condenar a igreja católica romana. Sua longa história de parceria com e até mesmo de domínio sobre os governos (como foi predito em Apocalipse 17.18), e o poder que ela exerce nos círculos seculares marcam-na como apóstata. O papa recebe embaixadores de todos os principais países que vêm suplicar favores, e por onde vai ele é recebido com muita pompa e cerimônia pelos chefes de Estado, do presidente Clinton a Arafat ou Fidel Castro. Do mesmo modo, reconhecemos o erro dos evangélicos que se esforçam para exercer influência política através de acordos com os ímpios, procurando ter domínio dentro de governos em cooperação com católicos e adeptos de outras religiões - e o fazem em nome de Cristo que foi odiado, zombado e crucificado pelas lideranças religiosas e políticas. “Não rogo pelo mundo” Na oração de Cristo por unidade, Ele disse especificamente: Não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste [fora do mundo], porque são teus ( João 17.9). Não existe na Bíblia qualquer referência de que os cristãos devam “mudar o mundo” 44 Estudo Bíblico (que está debaixo do julgamento de Deus) ou “atender às necessidades da comunidade”. Nós devemos chamar para sair deste mundo um povo para o seu nome (Atos 15.14). O interesse de Cristo foi por Sua Igreja: a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós... como nós o somos; eu neles, e tu em mim, a fim de que sej����������� am aperfeiçoados na unidade... ( João 17.21-23). A oração de Cristo foi respondida pelo fato do Filho e do Pai habitarem nos cristãos por meio do Espírito Santo. Tornando-nos filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus (G���� á��� latas 3.26), somos unidos à família de Deus para sempre. Essa unidade não pode ser compartilhada fora dessa família. Ela é expressa pela adesão em palavras e atos à Palavra de Deus e à verdade ( João 17.6, 8, 14, 17). Nunca nos foi ordenado estabelecer a unidade, mas preservar a unidade do Espírito (Efésios 4.3), que já temos em Cristo. Nossas vidas e a doutrina sobre a qual estão fundamentadas devem revelar a Palavra de Deus e a Sua verdade. Qualquer desvio disso nega a unidade que é nossa em Cristo. Aqueles que não são membros do corpo de Cristo por não crerem no Evangelho não podem fazer parte dessa família, Revista Betel e não há “unidade” que os crentes possam fabricar para conseguir tal coisa. Divisões entre “cristãos” Ao menos certas divisões entre os que se chamam cristãos são devidas a sérias diferenças doutrinárias. Há fartas evidências atestando a falsidade do evangelho de salvação do catolicismo romano por sacramentos, obras, sofrimentos no purgatório, indulgências, orações a Maria, etc.; e que ele, por sua própria natureza, não oferece nenhuma segurança. Tais diferenças doutrinárias criam uma barreira intransponível à unidade cristã; e, na verdade, mostram que os católicos romanos (e os ortodoxos cujas doutrinas de salvação são as mesmas) estão fora da família de Deus. Promover o engano destas almas perdidas, acolhendo-as como cristãs, é falta de bondade. Minha esposa Ruth e eu passamos recentemente um tempo muito proveitoso na Romênia com boas reuniões em cinco cidades, inclusive na Universidade de Bucareste, num anfiteatro esportivo e em outros lugares seculares. A reação foi boa, com vidas salvas e transformadas. Em todo lugar vimos o mal da igreja ortodoxa, que cooperou com o co- Revista Betel Estudo Bíblico munismo e agora está perseguindo os evangélicos. Esta igreja não faz objeção que seus membros sejam comunistas ateus. O último censo na Romênia teve duas categorias de ortodoxos: fiéis e ateus. Durante essa visita, vimos com tristeza os fiéis ortodoxos enfileirados numa grande catedral para beijar os ícones que acreditam serem janelas para o céu, e para tocar os sarcófagos dos “santos”, como um passo duvidoso para a salvação, ou para pagarem ao sacerdote por orações especiais que poderiam aproximá-los de merecerem o céu. Típica foi a conversa que tive com o principal sacerdote na catedral ortodoxa: Dave (D):Como posso ir para o céu? Sacerdote (S): Você tem de rezar. D: Quanto devo rezar? S: Você precisa rezar em todo tempo, em todo lugar. D: Posso ter certeza se conseguirei ir ao céu? S: Você nunca pode saber. As seitas, como os batistas, ensinam que você pode ter a certeza, mas a doutrina oficial da igreja ortodoxa é que você nunca sabe se irá para o céu. D: Mas o que Jesus fez na cruz? S (levando-me para o centro da 45 igreja e apontando para uma suposta pintura de Jesus no alto do teto): Ele está olhando por todos nós! (Neste momento, um grupo de convidados de um casamento entrou. Recém-casados no civil, precisavam da bênção da igreja, pela qual pagaram o salário de um mês. Tendo de atendê-los, o sacerdote terminou a nossa conversa - que me deixou interiormente triste pelo engano em que vivem os “fiéis” ortodoxos!) Fortes movimentos rumo ao ecumenismo É um despropósito total acolher o catolicismo romano e a ortodoxia oriental como verdadeiro evangelho, mas tal insensatez reflete a tendência atual. Até mesmo o mundo busca a unidade religiosa. Há algum tempo surgiu nos EUA o movimento Promise Keepers, uma organização que reuniu milhões de homens e dezenas de milhares de pastores em defesa do mais flagrante ecumenismo. No início de 1997 os Promise Keepers reuniram 39.000 pastores em Atlanta (Geórgia, EUA). A conferência juntou representantes dos apóstatas Conselho Mundial de Igrejas e Conselho Nacional de Igrejas, dos evangélicos, dos mórmons e dos católicos romanos, incluindo 46 Estudo Bíblico 600 padres. O vice-presidente do Ministério Pastoral dos Promise Keepers, Dale Schlafer, afirmou que esta nova unidade não está baseada em doutrinas (isto é, em verdade), mas em relacionamentos. Em contraste, a unidade bíblica é uma doutrina que deve ser definida. Algumas diferenças doutrinárias são tão vastas quan- Revista Betel to a distância entre o céu e o inferno. O que impressiona é o número de homens e pastores que se deixam levar por este e por movimentos semelhantes. Quanto a nós, “mantenhamos a unidade do Espírito” através do apego à sólida doutrina em obediência ao nosso Senhor. (Dave Hunt - TBC 4/98) Uma cruel profecia que se cumpriu na vida de Jesus foi dita pelo salmista Davi, como se lê a seguir: O opróbrio partiu-me o coração e desfaleci; esperei por piedade, por alguém que tivesse compaixão, mas debalde, por consoladores e não os achei, ninguém apareceu. Salmos 69:20. (As palavras escritas em negrito e itálico neste versículo foram emprestadas de outras versões e acrescentadas aqui). A profecia se refere à hora da prisão de Cristo, o que resultaria na sua crucificação e morte. Isso para os seus discípulos seria um teste de maior magnitude, porquanto se tornariam homens indefesos, em meio a uma comunidade hostil e carregada de ódio. Naquela hora os discípulos sumiram, cumprindo o que foi dito em João 1:11, Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. A ausência dos discípulos deve ter sido muito difícil para Jesus; a deserção mesmo temporária dos companheiros, na hora de maior necessidade, deve ter ferido no íntimo o seu ser. Contudo, a ausência do auxílio humano foi contrabalançada pela presença confortadora do Pai celeste; porque naquela hora Cristo se mostrou calmo e sereno acima das nuvens da solidão provocadas pela a infidelidade dos homens. Jesus teve de enfrentar sozinho o julgamento injusto de que foi vítima voluntária; enquanto os discípulos estavam ocultos na suposta segurança de seus lares, temerosos de se mostrarem ao público, e não suficientemente corajosos para saírem em seu socorro para testificarem em favor dele; ou pelo menos para estarem ao lado dele para mostrarem que simpatizavam com a sua causa. Até mesmo Pedro e João que antes mostravam tão amigos, ficaram de longe, nas proximidades da cena do julgamento. Foi nesta hora que a profecia se cumpriu: O opróbrio partiume o coração e desfaleci; esperei por piedade, mas debalde, por consoladores e não os achei, Salmos 69:20. Contudo, Cristo foi consolado, assistido e fortalecido unicamente pelo Pai. Porém, tão profunda seria a sua prova, que até mesmo essa presença confortadora do Pai haveria de desaparecer por alguns momentos – Mateus 27:46. Jesus morreu na mais profunda solidão, e no pior desamparo interior possível ao um ser humano. Mas, foi um abandono temporário, o Pai não o desamparou totalmente, tudo terminou numa brilhante vitória. Muita gente já sentiu na pele vários tipos de solidão. Porém, quero afirmar aqui com toda a certeza: Quem tem o Pai e o Filho, pode ser deixado – mas não está só. -- Sinval T. da Silva 47 Revista Betel Associação Betel A Associação Betel é uma entidade juridicamente organizada, sem quaisquer vínculos denominacionais ou fins lucrativos, mantida por recursos advindos de colaboração espontânea de pessoas que apóiam seus objetivos, cujo fim é viabilizar a pregação do Evangelho do nosso Senhor Jesus Cristo. Os objetivos da Associação Betel: a) Apoiar missionários e pregadores (uma vez confirmados em seus compromissos com a verdade do Novo Nascimento pela nossa morte e ressurreição com Cristo) para a pregação do Evangelho de Cristo; b) Produzir e adquirir literatura e material evangelístico para uso dos missionários e dos grupos por eles atendidos, como: folhetos, livretos, estudos dirigidos, livros evangelísticos, Bíblias, fitas de áudio e afins; c) Assistência Social, sempre vinculada ao Evangelismo, pois “a fé sem obras é morta em si mesma”. A Associação Betel é mantida por colaborações espontâneas de pessoas físicas ou jurídicas, que apóiam seus objetivos. São basicamente pessoas regeneradas, contribuintes muitas vezes anônimos, mas que se fazem participantes da pregação, para que também outras pessoas, até mesmo por eles desconhecidas, possam gozar da mesma graça e esperança. São aqueles que compreendem com amor e dedicação as Palavras do Senhor Jesus Cristo: “Indo por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda criatura”. 48 Revista Betel CNPJ 72219207/0001-62 Produção: Associação Betel Diagramação e fotos dos artigos André Henrique Santos Impressão Idealiza Gráfica REVISTA BETEL é uma publicação trimestral que visa a edificação dos cristãos. Contém artigos e estudos bíblicos centrados na pessoa do Senhor Jesus Cristo. Esta publicação é sustentada por doações voluntárias de irmãos em Cristo e distribuída aos leitores gratuitamente. 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