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IGREJA SIRÍACA ORTODOXA DE ANTIOQUIA
Cadernos de Estudos: ISOA Brasil – “Ortodoxia Siríaca para todos”
A ORIGEM DO CERCO DE JERICÓ E DO SHOFAR
INTRODUÇÃO
A Expressão Litúrgica da Fé da Igreja:
A liturgia é, sem dúvida, a forma mais importante em que a Igreja exprime a sua fé. Aqui
a Igreja vive com força total e em sua forma mais pura. A Igreja celebra os mistérios e manifesta
a sua fé com esta celebração. Esta é a razão pela qual as diferentes Igrejas particulares são
caracterizadas principalmente por suas liturgias. Embora a liturgia é a expressão culminante da
fé, há outras expressões de fé, como a teologia, a espiritualidade e a disciplina que todos juntos
constituem a Igreja Individual.
A Principal Fonte de Vida Cristã:
Para os Sírios, bem como para todos os Orientais, a liturgia é a principal fonte de vida
Cristã. Toda a vida de piedade dos fiéis orientais é centrada na sua liturgia. Eles não têm muitos
exercícios piedosos como os Cristãos da Igreja Ocidental. Sua vida de oração é vivida nas e
através das celebrações litúrgicas. Qualquer perspectiva litúrgica autêntica está tão
profundamente entrelaçada com a vida devocional dos Sírios que se sentem pessoalmente e
socialmente envolvidos em ações litúrgicas. Eles podem não serem capazes sempre de descrever
e expressar a sua participação de forma reflexiva; eles preferem viver existencialmente. Assim, a
liturgia é tão fundamental, tão co-extensiva à espiritualidade, à teologia e da vida autêntica da
Igreja. É como uma coesa realidade dinâmica que, para mudar a Liturgia seria quase o mesmo
que mudar a Igreja. Se entendida bem na perspectiva espiritual esse ponto de vista é realmente
tão grande como frutífera. No entanto, também poderia se prender a ritualismo, sentimentalismo
e juridicidade, tornando a Igreja uma simples comunidade de culto.
A questão é preenchida com o Espírito Santo:
Para os Sírios, tudo é mistério no âmbito da fé. Após a Encarnação de Cristo, as
cerimônias e ritos da Igreja têm um significado mais profundo do que sua aparência externa. Eles
são os meios de entrada para o mundo divino. Eles recebem esse significado especial do Espírito
de Deus. Nos mistérios da Igreja, a questão é preenchida com o Espírito Santo. A palavra
"mistério" tem fortes conotações salvíficos. Na Bíblia, a palavra designa o plano divino da
salvação, que foca a pessoa do Senhor (1˚ Cor. 2, 6; .3, 2; Rom. 16, 25-27; Ef. 1, 9; 3, 3; Col. 1,
26; 2, 2-5; 1˚ Tm 3, 16). O mistério indica o caráter transcendente da liturgia, bem como a
identidade mística entre o trabalho histórico e do ato litúrgico sempre ativo de Deus. Por isso, a
liturgia Síria é uma realidade que é, ao mesmo tempo celestial e terrena, divina e humana.
Realiza-se, ao mesmo tempo na terra e no céu, uma vez que, na verdade, transcende o tempo,
abrindo-se para a eternidade, já que ele pertence a um novo tempo, o tempo entre a ascensão e a
segunda vinda.
A ORIGEM DO CERCO DE JERICÓ E DO SHOFAR
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I – CERCO DE JERICÓ
)?
Você sabe como surgiu o Cerco de Jericó (
A prática do Cerco de Jericó tem origem no Antigo Testamento (Josué 5, 3ss).
Torna-se cada vez mais comum as comunidades adoradoras fazerem o Cerco de Jericó.
De que se trata?
Esta prática nasceu na Polônia. Consiste na oração incessante de Rosários, durante sete
dias e seis noites, diante do Santíssimo Sacramento exposto, na tradição latina (Igreja Católica).
De onde veio a inspiração para o “Cerco de Jericó”?
No Antigo Testamento, depois da morte de Moisés, Deus escolheu Josué para conduzir o
povo hebreu. Deus disse a Josué que atravessasse o Jordão com todo o povo e tomasse posse da
Terra Prometida. A cidade de Jericó era uma fortaleza inexpugnável. Ao chegar junto às
muralhas de Jericó, Josué ergueu os olhos e viu um Anjo, com uma espada na mão, que lhe deu
ordens concretas e detalhadas. Josué e todo Israel executaram fielmente as ordens recebidas:
durante seis dias, os valentes guerreiros de Israel deram uma volta em torno da cidade. No sétimo
dia, deram sete voltas. Durante a sétima volta, ao som da trombeta, todo o povo levantou um
grande clamor e, pelo poder de Deus, as muralhas de Jericó caíram… (cf. Js 6).
O Santo Padre João Paulo II devia ir à Polônia a 8 de maio de 1979, para o 91º
aniversário do martírio de Santo Estanislau, bispo de Cracóvia. Era a primeira vez que o Papa
visitava o seu país, sob o regime comunista; era uma visita importantíssima e muito difícil. Aqui
começaria a ruína do comunismo ateu e a queda do muro de Berlim.
Em fins de novembro de 1978, sete semanas depois do Conclave que o havia eleito Papa,
Nossa Senhora do Santo Rosário teria dado uma ordem precisa a uma alma privilegiada da
Polônia: “Para a preparação da primeira peregrinação do Papa à sua Pátria, deve-se organizar na
primeira semana de maio de 1979, em Jasna Gora (Santuário Mariano), um Congresso do
Rosário: sete dias e seis noites de Rosários consecutivos diante do Santíssimo Sacramento
exposto”.
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No dia da Imaculada Conceição (8 de dezembro de 1978), Anatol Kazczuck, daí em
diante promotor desses Cercos, apresentou a ordem da Rainha do Céu a Monsenhor Kraszewski,
bispo auxiliar da Comissão Mariana do Episcopado. Ele respondeu: “É bom rezar diante do
Santíssimo Sacramento exposto; é bom rezar o Terço pelo Papa; é bom rezar em Jasna Gora.
Podeis fazê-lo”.
Anatol apresentou também a mensagem de Nossa Senhora a Monsenhor Stefano Barata,
bispo de Czestochowa e Presidente da Comissão Mariana do Episcopado. Ele alegrou-se com o
projeto, mas aconselhou-os a não darem o nome de “Congresso”, para maior facilidade na sua
organização. Então, deu-se o nome de “Cerco de Jericó” a esta iniciativa.
O padre-diretor de Jasna Gora aprovou o projeto, mas não queria que se realizasse em
maio por causa dos preparativos para a visita do Santo Padre. Dizia ele: “Seria melhor em abril”.
“Mas a Rainha do Céu deu ordens para se organizarem esses Rosários permanentes na primeira
semana de maio”, respondeu o Sr. Anatol. O padre aceitou, recomendando-lhe que fossem
evitadas perturbações.
A Santíssima Virgem sabia bem que o Cerco de Jericó em maio não iria perturbar a visita
do Papa, porque ele não viria. E, logo a seguir, as autoridades recusaram o visto de entrada no
país ao Santo Padre, como tinham feito a Paulo VI em 1966. Consternação geral em toda a
Polônia! O Papa não poderia visitar a sua Pátria.
Foi, então, com redobrado fervor que se organizou o “assalto” de Rosários. E, no dia 7 de
maio, ao mesmo tempo que terminava o Cerco, caíram as “Muralhas de Jericó”. Um comunicado
oficial anunciava que o Santo Padre visitaria a Polônia de 2 a 10 de junho. Sabe-se como o povo
polonês viveu esses nove dias com o Papa, o “seu” Santo Padre, numa alegria indescritível!
No dia de 10 de junho, João Paulo II terminava a sua peregrinação, consagrando, com
todo Episcopado polonês, a nação polaca ao Coração Doloroso e Imaculado de Maria, diante de
um milhão e quinhentos mil fiéis reunidos em Blonic Kraskoskic. Foi a apoteose!
Depois dessa estrondosa vitória, a Santíssima Virgem ordenou que se organizassem
Cercos de Jericó todas as vezes que o Papa João Paulo II saísse em viagem apostólica. “O
Rosário tem um poder de exorcismo”, dizem os nossos amigos da Polônia, “ele torna o demônio
impotente”.
Por ocasião do atentado contra o Papa, em 13 de maio de 1981, os poloneses lançaram de
novo um formidável “assalto” de Rosários e obtiveram o seu inesperado restabelecimento. Mais
uma vez, as muralhas de ódio de Satanás se abatiam diante do poder da Ave-Maria.
Em várias partes do mundo estão sendo realizados agora Cercos de Jericó. A 2 de
fevereiro de 1986, aquela mesma alma privilegiada recebia outra mensagem da Rainha Vitoriosa
do Santíssimo Rosário: “Ide ao Canadá, aos Estados Unidos, à Inglaterra e à Alemanha para
salvar o que ainda pode ser salvo”. Nossa Senhora pede que se organizem os Rosários
permanentes e os Cercos de Jericó, se queremos ter certeza da vitória.
A ORIGEM DO CERCO DE JERICÓ E DO SHOFAR
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II – SHOFAR
Shofar (A Trombeta da Vitória): Shofar (do hebraico: ‫ שופר‬Shofar) é considerado um dos instrumentos de sopro mais
antigos. Somente a flauta do pastor – chamada Ugav, na Bíblia – tem registro da mesma época,
mas não tem função em serviços religiosos nos dias de hoje.
O Shofar não produz sons delicados como o clarim moderno, a trombeta ou outro
instrumento de sopro, mas para os Judeus, o Shofar não é apenas um instrumento "musical". É
um instrumento tradicionalmente sagrado.
Na tradição Judaica, lembra o carneiro sacrificado por Abrão no lugar de Isaac através da
história da Akedá (amarração de Yitschac), lida no segundo dia de Rosh Hashaná.
Ocasiões em que era tocado:
Nos tempos antigos, o Shofar era usado em ocasiões solenes. A palavra Shofar é
mencionada pela primeira vez em conexão à Revelação Divina no Monte Sinai, quando "a voz
do Shofar era por demais forte e todo o povo do acampamento tremeu". Assim, o Shofar em
Rosh Hashaná (ano novo Judaico) tem o dever de lembrar aos Judeus suas obrigações para com
seu serviços religiosos.
O Shofar também era tocado durante as batalhas contra inimigos perigosos. Portanto, o
Shofar de Rosh Hashaná serve como um grito de guerra contra o inimigo interior, impulsos maus
e paixões.
O Shofar no Midrash:
O Shofar é feito de um chifre de animal casher (considerado limpo). Qualquer chifre
pode ser usado para o Shofar, exceto vaca ou touro, pois estes chifres são chamados em hebraico
de "keren" e não Shofar, e também porque seu chifre poderia remeter ao Bezerro de Ouro que os
filhos de Israel fizeram no deserto, ao deixarem o Egito.
Geralmente, e de preferência, o Shofar é feito de um chifre de carneiro, em memória do
carneiro que foi oferecido em lugar de Isaac, que permitiu-se ser atado e colocado sobre o altar
como um sacrifício a Deus.
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O Shofar é tocado em Rosh Hashaná após a leitura da Torá, antes e durante a prece de
Mussaf. Embora uma mitsvá não deva ser adiada, havia uma boa razão para adiar o toque do
Shofar para depois da leitura da Torá. Isso aconteceu numa comunidade Judaica cercada por
inimigos, em que o Shofar foi tocado de manhã bem cedo. Os inimigos pensaram que os Judeus
estivessem convocando para uma rebelião contra eles, então os cercaram e os mataram. A partir
daí decidiu-se por tocar o Shofar após a leitura da Torá, pois quando os inimigos viam que os
Judeus já haviam feito parte de suas preces pacificamente, percebiam que era uma reunião
pacífica para a oração, e não uma rebelião contra eles.
Rashi explica que houve um tempo quando os judeus foram proibidos de tocar o Shofar.
Guardas eram postados para vigiá-los até que o serviço da prece de Shacharit estivesse
concluído. Os Judeus por isso tocavam o Shofar mais tarde, durante o serviço Mussaf, e assim
permaneceu esta regra, de tocar o Shofar após o serviço de Shacharit. Existe ainda outra razão:
pois naquele época os Judeus já eram coroados com mitsvot, os preceitos entre os quais tsitsit,
Shemá, e a leitura da Torá: então vem o Shofar e lhes traz o perdão.
As bênçãos que antecedem o toque:
O toque do Shofar em Rosh Hashaná é um mandamento da Torá. É um preceito como
todos os outros da fé Judaica e, portanto, deve ser feita uma bênção especial antes de cumpri-lo.
O propósito da bênção é agradecer a Deus por nos ter santificado com Seus mandamentos
e nos ter dado a oportunidade de cumprir a Sua vontade. Esta bênção, em geral, é um preparo
para que nossos atos não sejam realizados apenas pela força do hábito e, sim, conscientemente,
sabendo seu significado e perante Quem devemos agir. A bênção antes do toque do Shofar tem a
mesma finalidade.
Esta é a bênção: "Bendito és Tu, ó Senhor, nosso Deus, Rei do Universo, que nos
santificou com Seus mandamentos e nos ordenou ouvir a voz do Shofar". Começamos a bênção
na segunda pessoa – como se estivéssemos diretamente perante Deus – mas a terminamos na
terceira pessoa – pois Deus é Onipresente e Invisível, Santo e além da compreensão. Todas as
bênçãos apresentam esta mesma estrutura.
Em hebraico a palavra Lishmoa ("ouvir" ou "escutar") da mesma raiz de Shemá, possui
vários significados, entre eles, escutar ou ouvir com os nossos próprios ouvidos; além de
entender e obedecer.
Deste modo, quando o Baal Tokêa (aquele que toca o Shofar) faz a bênção por todos nós,
espera-se que não só o som do Shofar seja ouvido, como também compreendida e obedecida sua
mensagem. Lindo
Os toques:
O Shofar emite três sons característicos: Tekiá – um som contínuo, como um longo
suspiro; Shevarim – três sons interrompidos, como soluços; Teruá – nove (ou mais) sons
curtíssimos como suspiros entrecortados em prantos.
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Estes sons do Shofar evocam e expressam sentimentos de profundo pesar pelas más ações
que cometemos no passado. É também uma conclamação às armas, como um tambor de guerra.
O Shofar nos convoca a lutar contra tudo que impeça a pratica do Judaísmo em sua plenitude:
paixões, preguiça e negligência; contra a influência de maus amigos, etc., afirmando que todos os
preceitos são dignos para que lutemos por eles. E mesmo se no passado não os tenhamos
observado cuidadosamente, o Shofar diz que nunca é demasiado tarde para começar. Deus
sempre perdoa o passado ao tomarmos boas decisões para o futuro.
Esta é a mensagem final do Shofar, aquela do perdão Divino. Por isso, o último som do
Shofar é um toque longo, a Tekiá Guedolá (grande toque). Este som não representa soluço, nem
suspiro ou lamento, mas um grito de triunfo e alegria; pois estamos confiantes de que Deus
aceitou o nosso arrependimento.
Podemos notar esta expressão de alegria na melodia dos versos recitados logo após os
toques. Enquanto os versos recitados antes são solenes, os que os seguem falam da alegria, que
brota após um arrependimento sincero. Este é o real significado de ouvir, compreender e
obedecer a voz do shofar.
Esta é a ordem dos toques do Shofar:
Tekiá – Shevarim – Teruá – Tekiá
Tekiá – Shevarim – Tekiá
Tekiá – Teruá – Tekiá
O som de cada grupo é repetido três vezes, totalizando trinta toques. No total, durante o
serviço matinal de Rosh Hashaná, o Shofar é tocado cem vezes (cada um dos sons acima
mencionados é tocado três vezes e isto é repetido três vezes durante o serviço, somando noventa
toques; no final, toca-se mais uma vez o grupo de dez, perfazendo os cem toques).
Os sons quebrados de Shevarim e Teruá lembram estes suspiros e gemidos abafados que
penetram no coração, e servem para despertar a pessoa ao arrependimento e ao retorno. A Tekiá
Guedolá – o último toque longo do Shofar – soa como uma nota mais alegre e lembra o grande
dia, quando o grande Shofar será tocado para reunir do exílio todo o povo de Israel, com a
chegada de Mashiach.
Qual é o significado do toque do Shofar?
O Shofar nos chama para acordarmos de nossa letargia mental pelas coisas terrenas e
clama para que possamos despertar e nos envolver com as necessidades de nossa alma. É como
um alerta: nos inspira temor lembrando que este é o Dia de nosso Julgamento. A mensagem do
Shofar, segundo Maimônides, é:
"Acordai de vosso sono e ponderai sobre os vossos feitos; lembrai-vos do Criador e voltai
a Ele em penitência. Não sejais daqueles que perdem a realidade de vista ao perseguirem
sombras ou esbanjam anos buscando coisas vãs que não lhes trazem proveito. Olhai bem vossas
almas e considerai vossos atos; abandonai os caminhos errados e os maus pensamentos e voltai a
Deus, para que Ele tenha misericórdia para convosco!"
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Esta é a função mais importante dos sons do Shofar: inspirar a alma e provocar vibrações
extraordinárias no coração, ativando o sentimento do arrependimento e humildade.
O despertar de nosso sono:
O som do Shofar é como o chamado de uma trombeta, despertando-nos de nosso sono.
Estamos tão atarefados com os interesses do dia a dia – escola, trabalho, diversão – que
tendemos a ficar indiferentes ao nosso verdadeiro objetivo na vida, como se estivéssemos
imersos em sono profundo. Rosh Hashaná, o ano novo ano Judaico, nos desperta para
planejarmos o cumprimento de mitsvot e o estudo de Torá para o ano que se inicia.
Rabi Saadyá Gaon nos ensina aqui dez diferentes maneiras do Shofar nos inspirar a viver
uma vida melhor o ano inteiro:
Um:
Quando um novo rei começa a governar, é expedida uma proclamação, acompanhada por
toques de trombeta. A cada ano naquele dia, seu governo é novamente proclamado, também com
o som da trombeta.
A Criação do Mundo foi completada em Rosh Hashaná, e o reinado de Deus começou no
mundo. A cada ano neste dia, proclamamos novamente Seu governo com o toque do Shofar.
Dois:
Quando um rei emite um decreto, o chifre soa e um sinal de aviso é anunciado. Os Dez
Dias de Teshuvá (Penitência) começam com Rosh Hashaná. "Aperfeiçoe-se!" – somos
advertidos, e quando este decreto é emitido, o Shofar ecoa.
Três:
Quando recebemos a Torá nas encostas do Monte Sinai, o som do Shofar enchia os ares.
Neste dia de Rosh Hashaná nós nos dedicamos à vida de Torá novamente, e o som do Shofar
enche o ar.
Quatro:
As palavras de nossos profetas de antigamente soam como um toque do Shofar.
Lembramo-nos de suas palavras corretivas, quando ouvimos o toque do Shofar.
Cinco:
Nossos inimigos tocaram suas trombetas quando destruíram nosso Sagrado Templo – o
Bet Hamicdash.
Quando tocamos o Shofar em Rosh Hashaná, rezamos para que o novo ano traga a
reconstrução do Bet Hamicdash, para que nossos pecados sejam perdoados.
Seis:
Isaac de boa vontade se ofereceu em sacrifício, como Deus ordenou, mas no último
instante foi substituído por um carneiro.
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Em Rosh Hashaná tocamos um chifre de carneiro para lembrar-nos – e a Deus – da
devoção de nossos antepassados.
Sete:
"Poderá o Shofar soar na cidade e o povo não tremer de medo?"
O Shofar nos faz estremecer no temor do Julgamento de Deus.
Oito:
"Próximo está o Dia do (Julgamento) de Deus: perto, muito rápido, o Dia do Shofar".
O Shofar de Rosh Hashaná nos recorda do dia do Julgamento Final.
Nove:
"E será naquele dia, soará o Grande Shofar, e os desgarrados virão da Terra de Ashur, e
os rejeitados da terra do Egito".
O toque do Shofar nos lembra do grande chifre de Mashiach – esperamos e rezamos para
que soe este ano, para reunir todos os Judeus dispersos pelo mundo afora.
Dez:
"Os habitantes do pó… quando o Shofar será ouvido".
O Shofar nos lembra do Dia da Ressurreição dos Mortos, quando estes se levantarão de
seu sono.
Uma lição de humildade:
Rosh Hashaná chama-se também Yom Teruá (Dia do Toque). Neste dia, é obrigação de
cada Judeu ouvir o Shofar. Por ser finalidade do Shofar inspirar-nos humildade e sentimentos de
arrependimento, podemos compreender o porquê do Shofar não ser ricamente decorado.
Os ornamentos não o tornam inadequado, desde que fiquem apenas do lado externo sem
que suas paredes sejam perfuradas. Isto nos serve como lição da importância da simplicidade e
humildade. Como o Shofar que se torna inadequado se qualquer ornamento de ouro ou prata
atravessar o osso do qual é feito, assim também nos tornamos seres humanos insignificantes se
permitirmos que o ouro e prata sejam tão importantes na vida a ponto de "perfurar o osso" e se
apossar da mente e da alma.
Pai-Nosso... Ave-Maria... Glória ao Pai...
Amém!
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