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O desenvolvimento do ciclo arturiano
Aline Carvalho
A história da coleção dos contos galeses escritos depois do século X
Gauleses ( mais afortunados celtas do continente, fixaram 2000 ª C, arte de
fazer armas de bronze).
1800 – 1400 ª C – Ergueram na planície de Salisbury, sem nenhuma ajuda
mecânica - Stonehenge,
Marcavam (solstícios de Verão – Inverno)
Formada principalmente por grupos invasores provenientes da Itália e da
Gália, a população céltica
do sudoeste da Bretanha parece ter encontrado
na
atmosfera britânica, onde a luz é difusa e frequentemente nebulosa diferente da
claridade permanente da França e da Itália(...),
as qualidades mágicas e
fantasmagóricas adequadas as suas ideias, crenças e folclore.
A invasão do César
iniciada
noventa anos
antes agora está completa.
Submissa da costa sul até a linha Mersey e Humber, a Bretanha graças ao exército
das legiões romanas , está nas mãos de César , que se torna senhor do mundo; Artur
herdará dele suas tradições.
Por volta dos 50 anos a . c. Invasão Belga – Quatro anos mais tarde, ocorre
evento mais importante da história da Bretanha , formação da nação da qual Artur
seria herdeiro. Foi quando Júlio César decidiu que a Ilha se tornaria posse romana.
Primeira vez na história da Bretanha – O mar teria um papel importante.
1º tentativa de invasão romana – por causa do mar.
2º tentativa consegue no ano seguinte (mais armados).
César fica impressionado com a habilidade dos bretões na montaria e no
manejo dos cavalos (essas pessoas cujo os ancestrais constituíam o cavalo Branco no
Vale – Uffington)
Bretanha é denominada pelos romanos 43 d. c. Imperador Claúdio.
(Invasão de César iniciada 90 anos antes)
César se torna Sr. Do mundo – Artur herdará dele suas tradições.
59 d. c. O governador suetônio Paulino mandou esmagar primeiramente os
DRUÍDAS, antes de prosseguir seu ataque contra os galeses.
DRUÍDAS ( povo disseminador da resistência ao povo romano).
Massacrou sacerdotes. Derrubou bosques sagrados provocando com isso o
ESPÍRITO CÉLTICO, que Artur herdou.
ARTHUR
(herança)
Espirito céltico, caracterizado de temperamente céltico
demonstrar com
intensidade e avidez a busca pelo sucesso até que o inimigo o derrote e controle a
batalha ( resistência de Artur 400 mais tarde), disciplina romana.
Desafio britânico aos romanos.
Vieram dos Pictos – habitantes do Norte.
Escotos – Povo que veio da Irlanda.
117 e 138 d. C. – construída muralha pelo Imperador Adriano para conter os
povos rebeldes.
Introduziu-se na Bretanha o Panteão Romano, (divindades imemoriais do culto
céltico, deidades das florestas e rios).
Século II d. C. – A religião cristã foi introduzida na Bretanha, ( diz – se a
tradição, que José
de Arimatéia desembarcou em torno de 60
companheiros que ali construíram
d. c.
com 12
uma pequena igreja de argamassa, a vetus
ecclesia, inquestionavelmente um dos primeiros santuários do país posteriormente
anexada Glastonbury e destruída pelo fogo em 1186.
Cristianismo consolidou-se na Bretanha 20 d. c. Constantino III – O grande –
Eleito imperador pelo exército romano na Bretanha, foi quem possibilitou o avanço
da fé cristã nessa região.
313 d. C. concedia tolerância ao cristianismo no império romano, transferiu a
capital para Bizâncio, rebatizando – a de Constantinopla.
Teodósio – Primeiro oficial comandante da cavalaria do Império e Imperador
do Oriente.
Máximo – permaneceu na Bretanha, expulsando os Picto / Escotos.
Máximor – conquistou Roma – Dois anos mais tarde morreu assassinado por
Teodósio.
Teodósio – Constantinopla.
Observa-se que a história de Máximo é responsável pelas conquistas
extraordinárias aumentadas de Arthur.
Em 395, Invasão feira pela aliança barbara (saxões, pictos e escotos).
Enviado por Roma – Estilico que expulsou os invasores.
Em 407 (Constantino é eleito Imperador – marcha sobre Roma).
MORRE EM COMBATE
Em 410 – Alarico – O gado – saqueia Roma – favorece a invasão das hordas
bárbaras por toda a Europa... E os saxões correm novamente para o interior da
Bretanha.
Em 429, no século V A essência do Poder romano mudaria e, sob novos
auspícios enviaria
uma nova
expedição a
Bretanha ( O imperador Pontifex
Maximum), exigia a prática da adoração a sua figura.
O Bispo romano assumiria
a mesma postura , adotaria tal título (Poder
absoluto na igreja cristã).
Para estabelecer a supremacia da religião cristã era necessário manter
uniformidade absolta na Fé .
Monge Celta - Relógio nega a doutrina do pecado original. Idéia que teve
aceitação entre os cristãs da Bretanha.
O bispo Auxerre seguiu em missão para combater a heresa.
Primeira vitória que delínea a Imagem de Arthur.
A derrota dos Bárbaros (Pictos/Escotos), por um líder cristão.
425 – VORTIGEN - O mais poderoso dos reis britânicos locais.
Reinava no País de Gales sudoeste da Bretanha,
Quatro adversários:
Os Pictos, Os Escotos, Os saxões, Os Romano –
Britânicos (Restauração das leis da autoridade romana; esmagar os bárbaros e outros
líderes nativos.
Aliou-se as saxões contra os três, em troca de seus militares deu-lhes apoio e
terras.
442- saxões lutam contra vortigem – batalha de Aylesbury ( anos negros).
VORTIGEN – Morre
Ambrósio (contra VI) lidera – Coloca filho de (V), no trono
488 - Ambrósio mata líder saxão
Camponeses desesperados, inspirados em Ambrósio, resistiram (aos saxões).
Tiveram então um segundo comandante cuja a fama confirmou-se universal
e imortal.
FATOS E LENDAS
Anais - Páscoa (Bretanha), museu britânico
449 ou 518 d.c - batalha de Bandon (maior batalha do País) .
Ergueram e estruturaram a fama de Arthur
539 - Batalha de Camlann – Arthur e Madred morreram.
Coleção de Nênio – afirma que Arthur não foi rei ( história dos Bretões ) .
NÊNIO -
VORTIGEN
encontra
um menino clarividente, com poderes
proféticos chamado Ambrosius,
Conto dos “dragões”
488 – de acordo com a Crônica Anglo-Saxônica
A ascensão de Otha sob o nome de Aesc
Arthur lidera Bretões contra Saxões
Batalhas
1º - Rio Glen
2º /3º/4º/5º - Rio Dubglas
6º - Banas
7º - Caledonian wood
8º - Tor Guinnion (Arthur carregava a Ima da V.Maria)
9º - Legion
10º - Praia de Tribut
11º - Montanha de Agned
12º - Monte Bandon
50 Anos de Paz
Fatos Incontestáveis há muito conhecido sobre Arthur
A principal é que ele era um comandante da cavalaria
Camelot(nome) séc XII – Chretien de Tróyes
Não tem registros históricos
Se transforma quando Arthur
sobre a existência de tal capital
se transforma mito logicamente
em Rei
Supõe-se que o nome Camelot, referindo-se à suposta capital de Arthur, tenha
sido dado pela primeira vez, no século XII, pelo romancista francês Chrétien de
Troyes. Não há nenhuma garantia histórica sobre a existência de tal capital, e essa
idéia só entra na história depois que o general Arthur se transformou mitologicamente
na figura do rei. No século XVI Camelot fora aceita como a cidade capital de Arthur:
em 1542, quando o antiquário John Leland visitou Cadbury, viu a grande colina
rodeada por quatro elevações, ouviu os habitantes da vila chama-lo Palácio de Arthur
e ficou realmente convencido, o que o levou a chamá-la de Camelot e interpretar
erroneamente o nome da vila vizinha de Queen´s Camel, dizendo que poderia
originalmente ter-se chamado Queen´s Camellat.
Contos Arturianos – Inicio – escrito em Bretão ou Galês
Séc X – que Arthur, na imaginação popular, transformou-se de comandante a
Rei (38) – Culutich e Olwen
Onde Arthur e sua corte servirão apenas como base para aventuras de
cavaleiros solitários, aqui, neste conto, Arthur, como líder, desempenha uma função
enérgica. Essa imagem de prestígio, bravura e gentileza, amplamente desenvolvida
em meados do século X, provavelmente já existia, algumas centenas de anos antes,
em sua versão oral. Há um episódio no trecho final, repetido pelos próximos cinco
séculos, em que seus seguidores demonstram o respeito e o desejo que sentiam de
proteger Arthur.
Conto, que Arthur não só inspirou e encorajou os feitos de outros, mas
também assumiu para si aquilo que seus seguidores não tinham poder físico ou
mental para fazer.
Séc XII – É chamado de imperador – no conto Galês, The Dream of Rhonabuy
Esses dois contos manuscritos, um escrito entre 1300 e 1325, conhecido como
White Book of Rhydderch (“Livro Branco de Rhydderch”), e outro escrito 1315 e
1425, Red Book of Hergest (“Livro Vermelho de Hergest”), quatrocentos anos mais
tarde que Culwych and Olwen e talves duzentos anos mais tarde que The Dream of
Rhonabwy.
Séc XI – Outra versão Galesa sobre Arthur, encontra-se no Mabinogion. No
conto The Dream of.
O Desenvolvimento da Lenda
Os dinamarqueses eram um povo navegante que sem dúvida contribui, de
certa forma, para o desenvolvimento da construção naval inglesa, mas o
acontecimento que mais influi na consciência nacional não foi essa invasão, mas sim
a dos normandos. Esta teve uma grande repercussão no desenvolvimento da lenda de
Arthur. Havia um espetáculo onde o herói, o salvador, lutava contra um ogro ou um
tirano diabólico em uma cidadela vizinha que atraía espectadores entre a pequena
nobreza normanda. Isso porque, desde que tinham sido formalmente obrigados a
reconhecer o rei da França como senhor absoluto de seus Estados, os normandos
sentiam-se felizes em ouvir que Arthur, o rei britânico a cujo poder seu duque tinha
sucedido, havia conquistado a França. Assim eles podiam se sentir em posição
superior em relação ao rei francês.
Os primeiros registros
- 1135 uma nova revelação causaria impacto – havia um novo Artur diante do
mundo: um soldado profissional, rei coroado, famoso por sua generosidade e seu
exemplo cavalheiresco, estabelecido em uma corte, não em anônimo reino fantástico,
mas na real cidade galesa de Caerleon-on Usk. Alguém que presidia torneios em seus
país, e que no exterior, em vez de tomar parte em ridículas aventuras, em contos
populares, realizava conquistas formidáveis, anexando a Escócia, a Irlanda, a
Noruega, a Dinamarca e a Gália, e que só foi chamado de volta durante o ataque a
Roma devido a uma insurreição traiçoeira em seu país.
1º Relato História Regum Britanniae 1 , de Godofredo de Monmouth 2 , que
sobrivive em duzentos manuscritos e que já era conhecida antes do fim do século XII
na França, Espanha, Itália, Polônia e Bizâncio, é no mínimo tão interessante quanto as
histórias que relata.
O desfilar começa com o mitológico Brutus, que veio de Tróia para colonizar
a Bretanha, e termina com o mitológico Cadwallo. Fala de noventa e nove reis ao
todo, e um quinto do trabalho total é dedicado à história imaginária de Artur.
1
A história de Regum Britanniae (“História do Rei da Bretanha”) foi, pode-se dizer, o
primeiro do best-sellers internacionais. Sua popularidade ultrapassou fronteiras, considerando-se que a
parte responsável pelo sucesso, a história de Artur, não continha nenhum dos feitos que vieram mais
tarde a ser vistos como os mais importantes; Godofredo não fala nada sobre a Távola Redonda ou a
procura do Santo Graal, nem usa as duas grandes histórias que nos últimos séculos ofuscaram a de
Artur: Lancelote e Tristão foram personagens acrescidos mais tarde, por outras mãos.
2
Godofredo juntou uma miscelânea de tradições com relação à sobrevivência de Artur e ao
lugar de refúgio: tanto para britânicos, bretões ou galeses, o lugar é sempre um paraíso rodeado de
água, localizado na região costeira, que se chamava Avalon. E disse: “O renomeado rei Artur,
gravemente ferido, foi levado para a ilha de Avalon, para a cura de suas feridas, onde entregou a coroa
da Bretanha a seu parente Constantino, filho de Cador, duque da Cornualha, no ano de 542 de Nosso
Senhor”.
Os Anais da Páscoa registram “a Batalha de Camlann, na qual Artur e Modred pereceram, em
época de pragas na Bretanha” no ano de 537. É interessante notar que, enquanto Godofredo foi
fantasioso na maior parte de seu trabalho, na data da morte de Artur foi quase preciso.
“Sua contribuição para a história de Artur foi a afirmação de que ele era
filho de Uther Pendragon, que governava de Caerleon-on-Usk, que seu primeiroministro era mago Merlin e que foi conduzido para a ilha de Avalon, quando ferido
mortalmente.”
“ Loomis mostra que Godofredo descobriu uma lenda galesa de um vidente
chamdo Myrddin. E que encontrou em Nênio uma história que fala de um menino
maravilhoso chamado Ambrosius, com poderes de clarividência, que profetizara a
Vortigern a sua destruição e a vitória final dos saxões sobre os bretões. Em um golpe
de mestre, identificou esse menino como Merlin. (“Ambrosius, também chamado de
Merlin”.) Isso trouxe Merlin à órbita de Ambrósio Aureliano, estabelecendo portanto
uma ligação entre Merlin e Artur, pois Ambrósio Aureliano, dizia Godofredo, era
irmão do pai de Artur, Uther Pendragon. Estariam então combinados os dois
elementos básicos de lenda arturiana.
Loomis, posteriormente, diria que Godofredo encontrara um lenda córnica
sobre Artur sendo fecundado na terra de Tintagel por Uther Pendragon e Igerna, a
pudica e bela esposa de Gorlois, enganando a ingênua esposa de Gorlois, duque da
Cornualha. Isto aconteceu através dos poderes
de Merlin, que deu a Uther a
aparência do duque de Gorlois, enganando a inguênua esposa, com quem por fim
Uther se casa, depois de matar Gorlois em batalha. Artur foi, portanto, concebido
pelo encantamento de uma irrestível paixão e teve a vantagem de nascer filho
legítimo.
Os Anais da Páscoa dizem que, na Batalha de Camlann, Artur e Modred
morreram. A suposição (nascida em The Dream of Rhonabwy) é de que eles tenham
lutado um contra o outro; Godolfredo afirma que isso é verdade e que Modred forçou
Guinevere a se casar com ele na ausência de Artur. Usando a tradição do grande
interesse despertado por Camlann (o qual, entretanto ele não nomeia), Godofredo diz
que Artur perseguiu Modred “na Cornualha, até depois do rio Camel”. Nesse
encontro, Artur sofreu um ferimento mortal, e, apesar de o túmulo de Artur, uma das
mais interessantes figuras narrativas históricas, ser desconhecido (“por isso”, como
Guilherme de Malmesbury diz, “velhas cantigas dizem que ele ainda está por vir”),
Godofredo indica o refúgio para onde Artur foi levado; não identifica como um lugar
no mapa, mas diz que seria Avalon. O nome é algumas vezes explicado como oriundo
da “Ilha de Vidro”, às vezes da “Ilhas das Maças”. Godofredo lhe atribuiu o último
significado. Foi um dos primeiros grandes escritores a identifica-la pelo nome.
A decisão de Godofredo de dizer que Artur foi concebido em Tintagel (seu
lugar de nascimento não é citado, mas pose-se deduzir que também fosse Tintagel) é
um exemplo de sua genialidade e habilidade para impressionar os ouvintes. Tintagel
é um desses lugares que não é necessário ver para captar seu lado impressionante.
As imensas pedras côncavas parecendo escorregar de lá do alto para longe da praia,
além de um mar às vezes azul-pavâo, às vezes cor de chumbo, correndo terra adentro
e explodindo em espumas, trabalham tão poderosamente sobre a imaginação que
dizer que Artur foi concedido acima daquele mar, ao som daquela arrebentação, é
impregnar de magia tanto a história quanto o lugar. Hoje esse local é um
promontório cuja ligação com o continente foi parcialmente erodida. No tempo de
Godofredo as pedras unidas deviam formar uma cadeia de rochas espetacular.
Quando Uther pendragon 3 pediu conselho ao amigo Ulfin para chegar até
Igerna, ele disse: “E como podemos dar a ti algum conselho que possa ser mais forte
3
Godofredo diz que Artur, quando sucedeu Uther Pendragon, era um menino de quinze anos.
Determinado a libertar a terra do jogo saxão, juntou todos os jovens de sua confiança. Esse jovem
exército lutou muitas batalhas em York e Lincoln.A Batalha de Badon, Godofredo identifica como
tendo ocorrido em Bath. Na sua preparação, Artur, “vestindo um gibão de malhas de ferro digno de tão
nobre rei, colocou sobre a cabeça um elmo de ouro gravado com a imagem de um dragão”. Como
todos os cavaleiros do século XII; ma Godofredo retoma as lendas galesas quando dá nomes às partes
do que ir até ela, no Castelo de Tintagel? Pois ele está situado no mar, e por estar
cercado por todos os lados não há nenhuma outra estrada lá, exceto um rocha
estreita em que três cavaleiros podem deter-te mesmo que tivesses ao teu lado todo o
reino da Bretanha”.
Depois da batalha com os escotos, “Artur casou-se com Guinevere, nascida
de uma família romana nobre, que superava em beleza todas as outras mulheres da
ilha”. Isso mostra que desde cedo já se falava da impressionante beleza de Guinevere.
A próxima expedição marcial de Artur é a sua história nos castelos da nobreza anglonormanda. Descrevem-no invadindo a França, onde a questão foi decidida por um
simples combate entre ele e o tribuno romano Flollo. O relato é profissional:
“Tomando posição em lados opostos e com as lanças em repouso, deram sem demora
com as esporas nos cavalos e num violento choque se golperaram. Mas Artur, que
empunhava a lança com mais cuidado, desferiu-a no peito de Flollo, e, protegendo-se
de seu golpe, derrubou-o com toda a força que podia. Então, ao desembainhar a
espada e aproximar-se para golpear Flollo, este ficou de pé de novo num instante e
correu em direção a Artur com a lança levantada. Artur, com um golpe mortal no
peito do animal, adversário, derrubou cavalo e cavaleiro no chão”.
A luta continuou a pé até que Artur, excitado pela visão de seu próprio sangue
derramado, deu o golpe final no oponente. “Flollo caiu e, batendo os calcanhares no
chão, entregou sua alma ao vento”.
Pelos nove anos seguintes, Artur dedicar-se-ia à conquista de França. Quando
conseguiu, fez o que Guilherme, o Conquistador, faria na Inglaterra: concedeu muitas
da armadura: o escudo Pridwen(confundido com o navio Pryden), sua lança Ron e sua espada Caliburn,
embora dar nomes às espadas fosse uma prática antiga, vigente até a Idade Médias. A espada de Carlos
Magno era chamada de Joyeuse, e Godofredo diz, qualquer que seja a sua autoridade, que a espada de
Júlio César era chamada de Morte Açafrão, referindo-se à cor da lâmina de aço manchada de sangue
coagulado (expressão semelhante é empregada na balada Glasgerion quando se refere à “brilhante
lâmina marron”).
províncias aos nobres que o haviam servido em sua terra natal...Por fim, quando todas
as províncias, Estados e o povo estavam estabelecidos, e em paz, retornou à Bretanha,
no início da primavera. Godofredo descreve então a grande festa de Pentecostes que
Artur fez em Caerleon para celebrar seu retorno vitorioso e ser coroado.
Richard Barber salienta que apesar de, na descrição de Godofredo, Caerleon
estar corretamente situada, próximo a um rio onde chegavam navios vindos do mar,
rodeada de campinas e florestas, a cidade propriamente dita e algumas das cerimônias
festivas eram influenciadas por Bizâncio, a única cidade oriental de costumes cristãos.
MAIS SOBRE A LENDA
Alguns anos depois de escrever a História, Godofredo produziu um trabalho
final, a narrativa em versos Life of Merlin (“A Vida de Merlin”). Esta obra contém
uma passagem muito importante: nela, o bardo galês Taliesin faz um relato mais
completo do que aquele narrado na História, onde Artur é carregado para Avalon,
agora descrita como uma ilha fantástica, habitada por nove damas, um número
místico, uma das quais seria sua irmã, a fada Morgana. Morgana desempenha vários
papéis, muitos dos quais incoerentes, na história de Artur – às vezes revelando
hostilidade em relação a ele, às vezes afeição. Diz-se em certas versões que ela vivia
no meio de um lago. Nas vilas bretãs as fadas da água eram chamadas morgans. “Ela
colocou o rei em uma cama de ouro em seu próprio quarto, e com sua próprias mãos
descobriu a ferida e por muito tempo olhou-a fixamente. Por último, disse que a saúde
retornaria a Artur se ele ficasse com ela por muito tempo... Alegres, portanto,
entregamos o rei a ela”.
Godofredo diz na História4, confirmando a importância da transmissão oral, que
nunca encontrou nenhum relato escrito dos reis anteriores a Artur ou daqueles que
lhe sucederam, “apesar de sus feitos estarem guardados tão agradavelmente na
memória e através da palavra oral, nas tradições de muitas pessoas, como se tudo
estivesse escrito”.
HISTÓRICO COMPROVADO
O livro de Guilherme de Malmesbury, Deeds of the Kings of England
(“Façamos dos Reis da Inglaterra”), foi concluído dez anos antes da História de
Godofredo. Aí, como hábil historiador, ele já havia tratado de existência histórica de
Artur e do desenvolvimento da lenda em torno dele. Falando a respeito do
impedimento do avanço saxônico por Ambrósio Aureliano, diz que esse fato foi
realizado graças ao gênio militar de Artur e acrescenta: ”Este é aquele Artur de quem
os bretões futilmente dizem coisas tão sem sentido. Um homem de verdadeiro valor,
que não devia ser objeto de sonhos ou falsas fábulas, mas proclamado em histórias
verídicas como aquele que por longo tempo sustentou um país vacilante e deu às
mentes perturbadas de seus compatriotas um verdadeiro estímulo para as guerras”.
INTERPRETAÇÕES INGLESAS
INGLATERRA 2º TROCA
4
Esse artifício de simular uma fonte tão freqüentemente, usado hoje pelos escritores de ficção
- um diário encontrado em um baú ou um pacote de cartas em uma armário -, era naquela época tão
novo que sua referência trazia o poder de convencimento e investia de autoridade as afirmações de
Godofredo. A existência do tal livro britânico atualmente não é aceita como verdadeira; o estranho é
que, apesar de a História Ter sido concluída antes de 1140, o arquidiácono só morreu em 1151, o que
leva a crer que ele deve Ter participado da fraude.
O modo de pensar de Wace tornou confiável sua avaliação sobre o que
havia de lenda, o que era fato e o que havia sido preservado pelos contadores na
história de Artur. “Tais rimas”, dizia, “não são meras mentiras desprezíveis, tampouco
verdades evangélicas ... o menestrel cantava sua balada, o contador narrava sua
história, tão amiúde que, aos poucos, foi embelezando, pintando a realidade, até que
... a verdade ficasse escondida no estilo decorativo do conto”.
TÁVOLA REDONDA
A única contribuição de Wace à lenda escrita foi a Távola Redonda5. Diz ele
que isso não foi sua invenção e que a Távola Redonda já era famosa.
Por fim Artur entregou seu reino para Constantino, filho de Cador, conde da
Cornualha e seu parente mais próximo, obrigando-o a permanecer rei até que ele
voltasse para reassumir o reino. O conde manteve o país sob seu comando. Fez como
lhe fora mandado, mas Artur nunca mais voltou.
A história de Artur já havia sido contada em latim, galês e francês. No reino de
Ricardo Coração de Leão, entre os anos de 1189 e 1198, Layamon, um padre de Arley
Regis, em Worcestershire, faz em versos a primeira apresentação de Artur na língua
inglesas, baseada no Brut de Wace. Layamon tinha ficado bastante impressionado
5
“Artur”, afirma, “tornara a Távola Redonda muito conhecida entre os bretões. Era ordem
expressa de Artur que, quando seus fraternos companheiros se sentassem para a refeição, as cadeiras
deveriam estar na mesma altura e dispostas de forma eqüidistante, de tal maneira que o serviço fosse
igual para todos e que nenhum iniciasse antes ou depois do outro”. A versão de Wace da história
torna-se mais interessante na medida em que ele documenta o conjunto de contos sobre Artur,
transmitidos de boca a boca. As partes da história registradas pelos escritores permaneceram; o resto
desapareceu como o orvalho na madrugada. O próprio Wace diz que ouviu muitas histórias que, após
uma avaliação, preferiu descartar. Seu parágrafo final é o mais notável e, apesar de imparcial e sensato,
traz a tristeza de um lamento jacobita: “E vós não ides voltar? Mais amado não poderíeis ser”.: “Ele
ainda está em Avalon, sendo esperado pelos bretões, que dizem acreditar que Artur vai voltar e que daí
em diante viverá novamente... Os homens sempre duvidaram e, se estou certo, ficarão sempre em
dúvida se ele está vivo ou morto...
com a história e descreveu a si mesmo em terceira pessoa: “Veio à sua mente a idéia
feliz de que contaria os nobres feitos dos ingleses, como eram chamados, porque
tinham sido os primeiros a possuir as terras inglesas”.
Layamom diz que Artur “era encantador quando assim o desejava, mas também podia
ser excessivamente severo com seus inimigos”. Já Wace, o francês, para explicar
Artur, dizia que “ele era um dos amantes do amor e também um amante da glória”.
Layamon não tinha nada do ceticismo que Wace demonstrava. Aceitava sinceramente
o sobrenatural e ainda acrescentava, aos prodígios de Godofredo, outros por conta
própria, colhidos não se sabe de que recônditas e obscuras regiões desaparecidas.
Dizia que as fadas estavam presentes no nascimento de Artur.
As passagens poéticas de Layamon parecem fora dos limites se comparadas ao
elegante e sensível Wace. Uma das passagens famosas e mais estranhas da poética
inglesa é aquela na qual Artur exulta ante corpos dos saxões afogados que jaziam no
Avon “como os peixes de aço jazem na corrente... suas escamas flutuam como
escudos dourados, ali flutuam suas barbatanas como se fossem lanças.
Layamon tinha um prazer mordaz em imaginar a violência e a crueldade
desfechada contra pessoas que estavam do lado errado: “Os bretões os atacaram como
se deve fazer com os perversos; desfecharam, com machados e espadas, golpes
implacáveis”.
Confirma a idéia de que a história da távola era celta (diz que oriunda da
Cornualha) e pinta Artur com cores vivas, autoritário e feroz.
No caso da morte de Artur, segue Wace e Godofredo, dizendo que o rei tinha
sido levado para Avalon para ser curado e que depois voltaria: mas Layamon foi o
primeiro a falar ou talvez o primeiro a escrever que um barco veio do mar até a praia
“flutuando como as ondas” ( o Tamar é um rio no qual penetra a maré) e que dele
duas belas mulheres saíram e “sem demora, pegaram Artur, levaram-no depressa e ,
pousando suavemente no barco, para longe partiram”. Foi Layamon quem realmente
se mostrou inspirado pelo caso de Artur. Para ele não era somente uma simples
história, mas uma questão de fé. Wace dissera: “Artur não voltou mais”. As últimas
palavras de Layamon foram: ”Mas antigamente havia um sábio chamado Merlin que
dizia – e suas palavras eram verdadeiras – que um Artur ainda deveria vir, para ajudar
os ingleses”.
GLASTONBURY È AVALON
A grande abadia de Glastonbury foi fundada no século V (1º Santuário
construído na Bretanha), foi destruída pelo fogo em 1184.
Cmbrensis produziu, entre 1193 e 1199, uma obra denominada De Principis
Instructione, na qual registra que Artur havia sido um benfeitor da Abadia de
Glastonbury, e, embora fábulas tenham espalhado histórias fantásticas sobre seu fim6,
o corpo dele, de fato, foi encontrado queimado no recinto da abadia em 1190. Jazia
entre duas pirâmides de pedra que marcavam os locais de outros túmulos, a 5 metros
de profundidade, envolvido em um tronco de árvore oco. Do lado de baixo do tronco
que servia de caixão havia uma pedra, e abaixo dela uma cruz de chumbo na qual
6
Godofredo de Monmouth dissera que Artur fora levado embora, mortalmente ferido, para
Avalon. A partir do momento em que os ossos de Artur parecem Ter sido encontrados em Glastonbury,
junto com a cruz funerária que dizia que ele fora enterrado na ilha de Avalon, Glastonbury tornou-se
sempre Avalon.Guilherme de Malmesbury, em sua Gesta Regum Anglorum (“Gesta do Rei dos
Anglos”), de 1125, apenas menciona o fato de os britânicos chamarem Glastonbury de Inis Witrin, a
Ilha de Vidro. Cardoc de Lancafarn, em sua Life of Gildas, 1136, repetiu que os britânicos a chamavam
de Ynis Gutrin, Ilha de Vidro. Giraldus Cambrensis e Ralph, abade de Coggeshall, em sua Chronicon
Anglicanum (“Crônica Anglicana”), foram os dois primeiros escritores a dizer quer Glastonbury era
Avalon.
estavam gravadas as seguintes palavras em latim: “Aqui jaz enterrado o renomeado
rei Artur 7com Guinevere, sua Segunda esposa, na ilha de Avalon”.
SOBRE O HISTÓRICO DA LENDA DO SANTO GRAAL
Há uma gama de conhecimentos úteis e necessários que convém conhecer ao
se tratar desta lenda que é a busca do Santo Graal.
“A Demanda do Santo Graal, não é uma obra isolada e considerá-lo como tal
pode provocar erros de informação. A demanda do Santo Graal é uma novela de
cavalaria que integra o ciclo arturiano”.8
As lendas ligadas ao Santo Graal9, que chegaram ao século XIII como parte
importante da história da corte de Artur, apesar de fascinantes têm origem confusa e
7
U m dos poucos fatos que podemos afirmar saber sobre Artur é que ele não foi rei. O enigma
é que Giraldus Cambrensis, a primeira pessoa a declarar Ter visto a inscrição, é o único cujo registro
contém as palavras “cm Wennevaria uxore secunda”. Dois antiquários do século XVI, John Leland e
William Camden, viram a cruz ou uma cópia dela. Leland citou tal inscrição sem referência a
Guinevere.
8
E o ciclo arturiano é o conjunto dos textos, sejam romances em verso, sejam novelas em
prosa, que se ocupam da personagem do rei Artur, de seus cavaleiros, da távola redonda, do mito
arturiano. Essas estórias associam-se estreitamente com Merlim e com Tristão, personagens que têm
cada um a própria estória, mas muito cedo passaram a participar das estórias arturianas, integrando
seus textos.
9
O Santo graal da literatura medieval européia é o herdeiro senão o continuador de dois talismãs da religião celta précristã: o caldeirão do Dagda e a taça de soberania. O que explica que esse objeto maravilhoso seja muitas vezes um simples
prato côncavo levado por uma virgem. Nas tradições relativas aos cavaleiros da Távola Redonda, ele tem o poder de dar a cada
um deles o prato de carne da sua preferência: seu simbolismo é análogo ao da cornucópia. Dentre os inúmeros poderes que tem,
além do poder de alimentar (dom de vida), contam-se o de iluminar (iluminações espirituais) e de fazer invencível (julius Evola
em BOUM, 53).
A fora inumeráveis explicações mais ou menos delirantes, o Graal gerou interpretações diversas que correspondem ao
nível de realidade em que se colocava o comentador. Albert Béguin resume da seguinte forma o essencial do debate: o Graal
representa simultaneamente, e substancialmente, o Cristo morto pelos homens, o cálice da Santa Ceia, i. e. a graça divina dada
pelo Cristo aos seus discípulos e, por fim, o cálice da missa, que contém o verdadeiro sangue do Salvador. A mesa sobre a qual
repousa o vaso é, então, segundo esses três planos, o Santo Sepulcro, a mesa dos Doze Apóstolos e, finalmente, o altar em que se
celebra o sacrifício cotidiano. Essas três realidades, a Crucifixão, a Ceia e a Eucaristia, são inseparáveis, e a cerimônia do Graal
é a revelação delas, que dá, na comunhão, o conhecimento da pessoa do Cristo e a participação no seu Sacrifício Salvador
(BEGG, 18).
O que não deixa de Ter relação com a explicação analítica de Jung para quem o Graal simboliza a plenitude interior
que os homens sempre buscaram (JUNS, 215).
Mas a Demanda do Santo Graal exige condições de vida interior raramente reunidas. As atividades exteriores
impedem a contemplação que seria necessária e desviam o desejo. Ele está perto e não é visto. É o drama da cegueira diante das
realidades espirituais, tanto mais intensa quando mais se crê na sinceridade da busca. Na verdade, o homem está mais atento às
condições materiais da ‘demanda’ que às suas condições espirituais.
A Demanda do Graal inacessível simboliza, no plano místico que é essencialmente o seu, a aventura espiritual e a
exigência de interioridade, que só ela pode abria a porta da Jerusalém celeste em que resplandece o divino cálice. A perfeição
humana se conquista não a golpes de lança como um tesouro material, mas por uma transformação radical do espírito e do
coração. É preciso ir mais longe do que Lancelote, mais longe do que Persival, para chegar à transparência de Galahad, imagem
viva de Jesus Cristo.
obscura. A etimologia da palavra “Graal” é duvidosa; é algumas vezes considerada
oriunda da palavra medieval latina “gradalis” – cálice ou prato. As mais primitivas10
formas dessa lenda, apesar de ostensivamente cristãs, contêm elementos de folclore
tão irrelevantes para qualquer interpretação cristã que foram suprimidas pelos
escritores que se seguiram. Por volta do século XV, a imagem foi drasticamente
simplificada. Tornou-se o qual Jesus Cristo serviu o vinho para os apóstolos beberem
na Santa Ceia. O cálice, que tinha o brilho resplandecente das pedras preciosas
sobrenaturais, às vezes aparecia nas mãos de um anjo, às vezes aparecia sozinho,
movimentando-se por conta própria; porém, a experiência de vê-lo só poderia ser
conseguida por cavaleiros que se mantivessem castos.
Uma característica freqüente nas lendas celtas é a procura de um pote mágico. O
próprio Artur esteve à procura de um deles em The Spoils of Annwyn. Tal pote
produz comidas e bebidas deliciosas capazes de prolongar a vida. Outro elemento que
ocorre freqüentemente refere-se a uma região chamada Terra Deserta, que permanece
estéril e desolada porque seu dono foi ferido na genitália e, até que ele esteja curado, a
10
Nas versões mais primitivas, entretanto, como é contado por Chrétien de Troyes e outros
romancistas dos séculos XII e XIII, a aparição do Grall era o clímax de uma história complicada. Um
jovem cavaleiro, às vezes Gawain, às vezes Percival, é guiado a um rio onde vê um homem pescando.
Este é o rei Pescador. O cavaleiro é convidado pelo pescador a entrar em seu castelo, localizado acima
da margem do rio. Quando o visitante chega, seu anfitrião está deitado, defronte a ele, em um leito do
qual não pode mover-se sem ajuda. O rei fora ferido entre as pernas e, enquanto as feridas não
sarassem, suas terras permaneceriam áridas e estéreis. O rei Pescador é um anfitrião cortês e generoso.
Enquanto ele e seu hóspede estão jantando, um desfile ritual abre caminho pelo salão: uma donzela
leva um prato, em seguida outra donzela carrega um prato estalhado acompanhada por um escudeiro
que segura em suas mãos uma lança sangrando, e atrás deste passam criados carregando candelabros.
Eles estão indo alimentar o pai do rei Pescador, que é invisível e mantido vivo com uma hóstia
consagrada, levada pela donzela em um dos pratos. Essa inexplicável cena é transmitida com tamanha
magia por Chrétien de Troyes em Precavei ou Le Conte dl Grall, que o leitor é levado a acreditar que
essa história contém um significado oculto, além daquele que se pode perceber: “Duas tochas acesas na
sala – em nenhum outro canto do mundo se poderia encontrar lugar mais iluminado; um fogo forte, de
lenha seca, fazia uma chama clara... As colunas altas e firmes da lareira eram de latão maciço. Dois
criados carregavam, cada um, um castiçal esmaltado a ouro e em cada castiçal dez luzes de cera
estavam queimando”. A donzela carregava o Graal “em suas mãos” e pelo salão “tão grande
luminosidade se espalhava que as luzes das velas empalideciam como as estrelas ou como a própria lua
empalidece quando o sol nasce”. O Graal era de ouro puro, cravejado com pedras preciosas, “as mais
ricas e as mais variadas que podiam ser encontradas no céu e na terra. Nenhuma gema podia se
comparar àquelas encontradas no Graal.
terra não poderá reviver. Esse homem ferido é chamado rei Pescador 11 e habita o
Castelo do Graal, situado acima da margem de um rio. Nessa história o herói é
prodigiosamente entretido e durante o jantar vê um desfile passar pelo salão. O herói
observa com muda estupefação, e o rei Pescador não consegue se ver livre de seu
encanto maligno. Se o herói tivesse pedido uma explicação daquilo que estava vendo
o encantamento teria sido desfeito.
O trabalho mais antigo e conhecido que liga o Graal a Glastonbury é o livro
Joseph of Arimathea
12
(“José de Arimatéia), de Robert de Boron, escrito
aproximadamente em 1200. Histórias sobre José de Arimatéia eram correntes no
século VI. Ele se tornou mais conhecido naturalmente pela referência a ele, em todos
11
O rei Pescador tem sido identificado como um derivativo do deus irlandês Bran. Nas margens
do Dee, um rio de salmões, estão as ruínas de um castelo, Dinas Bran. Jessie Weston proprõe uma
conexão entre as origens do rei Pescador e as lendas cristãs. Por uma lado, ela aponta a existência do
peixe como símbolo predominante dos primórdios da fé cristã: o anagrama de Ichtvs (peixe) aplica-se à
palavra “Cristo”; Cristo chama os apóstolos de “pescadores de homens”; o “anel do pescador” do Papa.
Por outro lado, a Srta. Weston sustenta que as origens do rei Pescador são ainda mais antigas que as
cristãs: “O peixe é um símbolo da vida desde um tempo incomensurável, e o título de pescador, desde
os tempos primitivos, tem sido associado às divindades ligadas às origens e à preservação da vida. O
primeiro avara de Vishnu, o Criador, é um peixe, e o peixe era sagrado para essa divindade, que devia
levar o homem de volta das sombras da morte para a vida”.
O rei Pescador, Terra Deserta e o Pote Sagrado, são imagens bem conhecidas nas histórias
celtas, difundidas pelos “contadores de história” bretões por toda a França. Tal identificação do pote
sagrado com a Ultima Ceia, com o cálice no qual o vinho foi bebido ou mesmo com o prato no qual a
refeição da Páscoa dói servida talvez possa ser explicada pelo imenso impacto causado pela fé cristã
nos primeiros séculos d.C., cuja imaginação queria narrar uma história, e, para enriquecê-la, usou um
dos mais antigos mitos criados pelo homem.
A fonte conhecida mais antiga da lenda é o galês Bleheris, ligado aos romancistas franceses,
que viveu de 1100 a 1150. Filho de um fidalgo galês, tratava amigavelmente os normandos e ajudou-os
a defender o Castelo de Caernarvon contra os galeses. Embora galês, falava fluentemente o francês e
deu um dos mais notáveis presentes para a arte das histórias contadas. Mais tarde Bleheris foi chamado
por Giraldus Cambrensis como “fabulator famousus”, e o poeta inglês Tomás, autor da versão de
Tristão, disse que ele era a pessoa que mais conhecia a história de todos os condes e todos os reis da
Bretanha. Um dos acréscimos feitos ao Perceval ou Le Conte del Graal de Chrétien por outras mãos doi
um prólogo chamado Elucidação, que fala de “Blihis” como alguém que “sabia de todas as histórias do
Graal”, o que indica uma fonte galesa direta para aqueles romancistas franceses que escreviam sobre o
Grail.
12
O Joseph of Arimathea de Boron é o primeiro trabalho que liga o Graal ao cálice usado na
Ultima Ceia. Depois das aventuras reunidas a partir de antigos trabalhos cristãos The Gospel of
Nicodemus (“O Evangelho de Nicodemus”) e The Avenging of the Saviour (“A Vingança do
Salvador”), José de Arimatéia e seu cunhado Bron, acompanhado de doze filhos, lançam velas para o
oeste. No caminho o grupo é salvo de inanição por Bron (cujo o nome é uma derivação óbvia de Bran,
mas apresentado de uma forma racionalizada, afirmando-se que ele era, no início, chamado de
Hebron). Bron pesca um peixe grande, que, colocado sobre uma mesa do lado oposto ao Graal, fornece
alimento para todos. Doravante passa a ser identificado como o Rico Pescador ou o rei Pescador. Na
história de Boron, José de Arimatéia não vem para a Inglaterra; a missão evangélica é conduzida por
seus companheiros, que profetizam que alguém irá procurar “o vale de Avalon”.
os quatro testamentos, como o homem que recebeu permissão de Pilatos para tirar o
corpo de Jesus da cruz e enterrá-lo em seu próprio túmulo. A lenda diz que ele
recolheu em uma taça gotas de sangue dos pés de Jesus.
A contribuição de Boron, à lenda do Graal era a afirmação criada ou
repetida, de alguma outra fonte, de que o Graal era o Cálice da Ultima Ceia. Sua
história contém tantos elementos da mitologia celta, que Loomis pergunta: por que a
história foi mudada do século VI, época de Artur, à qual ela pertence, para o século I
d.C? Sua explicação para a conexão entre a história bíblica de José de Arimatéia e o
contexto da lenda celta é que a palavra galesa cors, cujo significado é “chifre” ou
“cornucópia” 13 , foi erradamente traduzida, como cors, do francês, que quer dizer
“corpo”.
The History of the Holy Graal, (“A História do Santo Graal”), do Ciclo
Popular (ou ciclo Bretão), é a fonte da afirmação de que José de Arimatéia veio a
Glastonbury e lá fundou a primeira igreja cristã da Bretanha. Mas mesmo essa história
não menciona realmente Glastonbury. È típico do crescimento da lenda arturiana que
uma afirmação leve à suposição, que por sua vez cria terreno para uma nova
afirmação. Se afirmava que seria nos arredores da Abadia de Glastonbury que
estariam as fundações do mais antigo santuário cristão da Bretanha, esse santuário
deveria Ter sido então aquele construído por José de Arimatéia. Por volta do século
XV, os delegados ingleses sentiam-se fortalecidos, tamanha força e convicção
provocava a lenda, que reivindicaram primazia sobre os delegados da França e da
Espanha para a eleição aos conselhos da Igreja de Pisa, Constança, Siena e Basiléia.
13
Os dois potes galeses da fartura, a cornucópia e a bandeja, foram convertidos, como resultado
da ambigüidade de cors, no Graal e no corpo de Cristo. O Castelo de Graal chamava-se Corbene, que
Loomis vê como a corruptela de Corbenoit, o Castelo da Cornucópia Abençoada.
EXISTEM
duas versões publicadas sobre a demanda. Os títulos que a
compõem a 1º prosificação , são cinco:
1 – Estória do Santo Graal
2- Merlim
3 – O livro de Lancelote do Lago
4 – As aventuras ou Demanda do Santo Graal
5 – A morte do Rei Artur
A ESTÓRIA DO SANTO GRAAL - relata as origens evangélicas do santo
vaso e a chegada de josefes ede seus companheiros à Inglaterra. José de Arimatéia
colhe o sangue de Cristo no santo vaso, depois da crucificação; sobrevive
milagrosamente na prisão, durante quarenta e três anos, e, depois de libertado, leva o
santo vaso para Sarras. Seu filho Josefes, cuja pureza e castidade o predispõem para
ser o primeiro bispo, é privilegiado com a visão de Cristo, ao contemplar o santo
vaso. Empreende então a tarefa de cristianizar o mundo e consegue importantes
conversões. O final de sua viagem o leva à Inglaterra, onde o Graal se torna
praticamente um elemento de articulação entre o povo escolhido e Deus. Morto
Josefes, sucede-o na guarda do Graal Alano, o primeiro rei pescador, que mora no
castelo Corberique, onde seus guardadores esperam a chegada do bom cavaleiro.
MERLIM – é o livro que conta a estória do mago profeta, cuja atuação é o elo
entre a cavalaria e o fio narrativo da matéria religiosa. Porque é filho de um incubo,
Merlim tem o conhecimento do passado, e, como sua mãe tinha méritos diante de
Deus, recebe o Dom divino de prever o futuro. Usando habilmente seus dons, trama a
chegada de Artur, desde sua concepção, quando propicia a Uter a relação carnal com
Igerne, a mulher do duque de Tintagel. Mais tarde, prepara o reconhecimento da
realeza de Artur, com a cena da retirada da espada fincada na pedra. Durante seu
reinado, assiste Artur, até o estabelecimento da távola redonda, estratégia capaz de
reunir no reino de Logres os melhores cavaleiros do mundo. A continuação de Merlim
apresenta em detalhes inúmeros sucessos guerreiros aproximando Merlim de O Livro
de Lancelote do Lago. Essa continuação traz o casamento de Artur com Genevra, o
amor de Merlim por Viviane e traz também o nascimento de Lancelote.
O LIVRO DE LANCELOTE DO LAGO – é matéria que sozinha perfaz a
metade do ciclo todo. Amplia enormemente a biografia do cavaleiro contando sua
educação e formação com a dama do lago, Viviane, a fada, que recebe os poderes
mágicos de Merlim e do Demônio. Apresenta a vida de Lancelote como modelo de
cavaleiro com atos de defesa da Igreja do dos pobres. A falta de instrução e de
orientação para a espiritualidade e para a castidade o dispõe para sua complicada vida
amorosa com Genevra. O cavaleiro vive intensamente a lealdade de cavaleiro
campeão do rei e da fidelidade de amante da rainha. Esse amor é ameaçado pela falsa
Genevra e por Morgana. À época dessas duas ameaças, bem como no tempo em que
Artur anda apaixonado pela bela Camila, Galeote é o intermediário entre a rainha e o
cavaleiro. Provocado por um encantamento, Lancelote faz na filha do rei Peles,
imaginando estar com Genevra, um filho que virá a ser o bom cavaleiro escolhido
para dar cabo às aventuras do reino de Logres, Galaaz.
A DEMANDA DO SANTO GRAAL – quarto título e penúltima parte do
ciclo, é, nesta primeira prosificação, um texto eminentemente alegórico: contém a
estória e a interpretação dos fatos, segundo um perspectiva cisterciense, com perfeitos
objetivos didáticos. As aventuras vão separando os cavaleiros entre um eleito, uns
poucos mais perto da perfeição dele e os demais. A alegoria chega à cena da última
celebração do Graal com essa distinção tão perfeita, quanto a mesa do Graal e da
última ceia. Não é esta A DEMANDA de que foram extraídos os episódios deste
volume.
A MORTE DO REI ARTUR – encerra o ciclo contando a estória posterior ao
arrebatamento do Graal para o céu. Os amores adúlteros de Genevra com Lancelote,
até então mantidos em segredo, são revelados e sua revelação precipita os
acontecimentos. Um movimento de inculpação do herói esvazia-se, quando ele vai ao
torneio de Wincestre disfarçado de cavaleiro novo, com armas todas de uma só cor,
vermelhas. De acusado de amores com a rainha, passa a suspeito de amar a donzela de
Escalote. Por ocasião da insuspeitável acusação de envenenamento de um cavaleiro
que pesa sobre a rainha, Lancelote torna-se seu defensor único. Em batalha, Lancelote
mata Gaeriete, um dos irmãos de Galvão, como este, sobrinho do rei.
Arthur e a Cavalaria
-
Início do séc XII – o crescimento de torneios (apesar da proibição papal).]
-
Séc XIII – o torneio mudou: de uma guerra em pequena escala e
transformou-se em uma competição dentro de uma área limitada que
exigia um alto grau de habilidade técnica.
-
1235 – foram encontrados registros da Távola Redonda.
-
Séc. XIII, XIX, XV - andança dos Cavaleiros14.
-
Séc XI – um terço da Inglaterra era dominado por florestas15.
-
1191 e 1212 – versão Francesa ( Per lesvaus le Gallois) – Nitze
O Declínio da Cavalaria
-
Séc XII – 1º poema escrito no vernáculo sobre a história arturiana foi
Brutus (“Brutus”), de Laymon.
-
Século XIII – relato sobre as façanhas militares de Arthur na conquista do
norte, auxiliado por Merlin, no conto Arthour and Merlin escrito em versos
no final deste século.
A figura de Arthur continuou a interessar, então, não só àqueles que queriam
ouvir uma história, mas também aos reis, que queriam como inspiração.
1344 – Froinart, nas sua crônicas sobre a Guerra dos Cem Anos, Quando
analisa tanto o ponto de vista dos franceses como o dos ingleses, diz que Eduardo III
jurou restabelecer a Távola Redonda em Windsor, “como Arthur a havia deixado,
para 300 cavaleiros”.
1341 – começo da Guerra dos Cem Anos.
Eduardo III perdeu todos os
territórios ingleses na França, exceto Bayonnhe e Bordeaux, mas ganhou Calais, que
os ingleses prezavam extremamente, por lhes dar o controle de parte do canal.
1346 – Batalha de Crécy – deu a vitória aos arqueiros ingleses, e não aos
cavaleiros montados.
XIV – O desenvolvimento no uso do corpo de arqueiros motivou uma grande
mudança nas sátiras militares.
14
...faz lembra frequentemente que uma grande parte dessa terra ainda era coberta por floresta.
...Os homens da Idade Média, viam a conquista das florestas como tarefa mais importante
para tornar e manter a terra habitável.
15
- Um poema inglês chamado Morte Arthur, de Thornton (devido ao
nome de seu copista Robert Thornton16).
1400 – Tradução da morte de artur – poema arturiano – do ciclo popular foi a
1º versão inglesa da história de Lancelot e da donzela de Astolat.
- Poema Sir Gawaine and the Green Knight, obra puramente inglesa
sem qualquer influência estrangeira17.
Artur no Contexto de Malory
- Entre 1469 e 1470 – “Durante o reinado de Eduardo IV, em seu nono ano”.
Foi assim que Thomas Malory concluiu Morte d’ Arthur (A morte de Artur – a maior
de todas as versões da história de Artur18).
Molory esteva na prisão provavelmente em 1468 e acredita-se que tenha
morrido neste local, pois foi enterrado na Igreja dos Franciscanos, ao lado da prisão
de newgate: Também é certo que tenha terminado o livro na prisão19 de newgate.
1474 – Caxton fundou a 1º editora inglesa20.
16
Artur parte para conquistar a França e Roma e, em seu sonho profético, é chamado de volta
para tratar da traiça de Madred. No entanto, neste poema, a descrição da emarcação de Artur é mais
completa e mais viva do que em qualquer outro e parece estar apoiada.
17
A história é uma daquelas em que o herói é ligado à corte de Artur, mas suas aventuras o
levam longe dali.
18
Um trabalho maravilhoso, cujo imenso sucesso popular demonstrara mais uma vez que, se o
público era receptivo a histórias que falavam de casos de amor e de acontecimentos sobrenaturais,
também se sentia atraído por histórias que contavam a vida de um rei que havia sido soldado. Na
versão britânica, o rei Artur era descrito como imponente e dono do seu destino. Buscando perfil
semelhante, Ricardo I, Eduardo I e Eduardo III e o príncipe negro fizeram o possível para ser
identificados com esse modelo de rei.
19
Também é certo que tenha terminado o livro na prisão, pois no final de sua última obra
escreve: “Rogo a todos vocês, cavalheiros e damas, que leiam este livro sobre Artur e seus cavaleiros,
do começo ao fim e que rezem por mim enquanto estiver vivo. Que Deus me dê a redenção e, rogolhes por minha alma quando eu estiver morto”.
As condições da prisão Malory devem ter sido no mínimo aborrecidas, mas, como quer que
tenham sido, foi-lhes permitido escrever um dos maiores trabalhos sobre Arthur em língua inglesa.
Uma coletânea de diversas fontes parte tradução, parte adaptação, que incluem versões metrificadas da
história arturiana: morte Arthur (“morte de Artur”), de Thornton, Arthour and Merlin (“Artur e
Merlin”) e a versão em estrofes de La morte Arthur (“A morte de Artur”); mas a principal fonte são as
5 histórias, imensamente longas, do ciclo Popular Francês (ou ciclo Bretão)
1934 – Após Caxton fazer sua versão, cujo o manuscrito desapareceu, nenhum
exemplar do texto de Malory foi encontrado, apesar de parecer que tinham sido feitos
vários exemplares desse trabalho. Somente após a descoberta de um exemplar do
texto de Malory na Fellow’s Library, no Wincheste College. Pode-se demonstrar,
como o fez o professor, o quanto Caxton mexeu na edição original de Malory21.
Os objetivos de Malory e Caxton eram essencialmente opostos. A experiência
de Caxton como editor, sua “intuição” em perceber o que venderia mais, levou-o a
acreditar que o livro, compacto em uma só edição venderia melhor do que se fosse
uma coleção de contos.
Malory – A Lenda Imortalizada
1423 – Dick Whitting construiu a biblioteca comunitária. É possível imaginar
que entre esses livros se incluíssem as histórias arturianas em prosa francesa, e em
versa na língua inglesa22.
20
A inteligência comercial de Caxton permitiu que ele escolhesse imprimir livros que tinham
certeza que as pessoas gostariam de ler. Caxton lembrou que muitos nobres e diversos cavalheiros
deste reino da Inglaterra, perguntaram-lhe, muitas e muitas vezes, por que ele não imprimia a “nobre
história do Santo Gaal e do mais famoso rei da Cristiandade...rei Artur, que deveria ser reverenciado
por nós, ingleses, como à frente de todos os reis cristãos”.
21
O vulgate cycle (“ciclo popular” ou ciclo Bretão), particularmente Lancelot, tem
características inconfundíveis: a incomum, desordenada e longa prolixidade, além de uma série, das
mais elaboradas, de intercomunicações entre as diferentes narrativas.
22
Como Malory disse que tinha perdido parte do enredo de Le Chevalier du Chariot, não
aparece que o exemplar usado de Lancelot do Ciclo Bretão fosse um livro precioso que lhe fora
emprestado como favor.
Ele deve Ter encontrado nessa tarefa algo absolutamente absorvente. Como que um lenitivo
para abrandar a miséria corrosiva de uma sentença de prisão com tempo indefinido ou interminável.
Em seu primeiro livro< The Noble Tale of King Artur and The Emperor Lucius (“O Conto
Nobre do Rei Artur e o Imperador Lúcio”), Malory seguiu de perto a morte Arthur, de Thornton, mas
alterou a rota de Artur na Gália para corresponder à marcha de Henrique V de Caux até Somme. O
segundo livro, para o qual usou o original francês Suite de Merlim do Ciclo Bretão, ele chamou The
Tale of King Arthur (“O Conto do Rei Artur”). Entre os dois certamente não havia ordem cronológica.
Os pontos mais importantes do The Tale of King Arthur são: o relato de como Artur foi concebido por
Uther Pedragon, sua aquisição do direito à coroa da Bretanha extraindo uma espada de uma pedra, o
recebimento da espada Excalibur entregue pela Dama do Lago e o nascimento de Modred, que nessa
altura Malory não revela tratar-se do filho de Artur com sua irmã Morgana. Conta somente que Merlin
havia dito a Artur que ele seria morto por alguém nascido no dia 1º de maio e que, portanto, Artur teria
Malory:
1º livro – The Noble Tale of King Artur and the Emperor Lucius (O conto
nobre do Rei Artur e o Imperador Lúcio).
2º livro – The Noble Tale of Sir Lancelot du Lake (O conto nobre de Sir
Lancelot do Lago).
3º livro – The Book of Gareth (O livro de Gareth).
4º livro – The Tale of Sir Lancelot and Queem Guinevere (O conto de Sir
Lancelot e da Rainha Guinevere).
5º livro – The Tale of the Death of King Artur (É uma transcrição de Morte
Artur)
O declínio
Drayton, como Gildas, sabendo o papel que a água representa na paisagem
inglesa, destaca os riachos, os córregos, os grandes rios que atravessam o país e os
mares onde deságuam. Lamb disse: “Para além dos sonhos da velha mitologia, ele
associou colinas e rios à vida e à paixão”.
Quando Drayton focaliza as regiões do sudoeste, palco da história de Artur,
relata uma parte importante da tradição arturiana. Faz o rio Teste clamar Winchester
como sede de Artur e “vangloriar-se de que a velha Távola Redonda também é sua”.
ordenado que todos os bebês nascidos nesse dia, fecundados por lordes e gerados por damas (alguns
deles com quatro semanas de vida, outros menos), fossem colocados em um navio e levados para o mar
onde o navio naufragou e todos os bebês se afogaram, exceto Modred, que carregado para a praia, foi
encontrado por um homem de bom coração que tomou conta do bebê. Há então um conto mórbido de
Balin e Balan, os irmãos que se matam um ao outro, sem saber com quem estavam lutando; o
casamento de Artur com Guinevere; o estabelecimento da Távola Redonda e a história de Merlim
encantado por Nimue, umass das damas do lago, que ficou tão cansada de seus gestou inoportunos que
fez com ele descesse embaixo de uma grande pedra para poder conhecer ali os seus poderes e então fez
um feitiço para Merlim, de tal forma que ele nunca mais pudesse voltar, por mais habilidade que
tivesse. Vinaver mostra que, quando Malory terminou The Tale of King Artur, não podia, naquele
momento, ter lido o restante do Ciclo Bretão porque diz: “Quem quiser algo mais, que vá procurar
outros livros do rei Artur”.
Descreve Glastonbury, devastada por ordem de Henrique VIII, cujas ruínas no século
XVII o impressionaram tanto quanto nos impressionam hoje.
1655 – Milto escreveu History of Britain (História Bretanha)23.
Reflorescimento
XVII – foi na metade deste século que Milton repudiou, de forma austera, a
idéia de transformar Artur em épica.
No final do século quem melhor expressava a opinião erudita era o
bispo Stillingfeet24.
XVII e XIII – O tema arturiano não inspirou nenhum grande trabalho.
Exceção da encantadora e engraçada brincadeira de Fielding: The Tragedy of
Tragedies, or The Life and Dead of Tom Thum The Great (“A Tragédia das
Tragédias, ou Vida e Morte de Tom Thumb, o Grande”)
1965 – Blackmore produziu seu trabalho em duas partes:
Prince Arthur (“Princípe Artur”).
23
O trabalho mostra que Milton havia se tornado não somente cético quanto à questão de Artur,
mas que também desrespeitava aqueles que não eram: “Saber quem foi Artur e se alguém como ele
reinou na Bretanha já foi alvo de muita dúvida no passado, e ainda há boas razões para duvidar. Por
causa de homens como o monge Malmesbury e outros, cuja credibilidade é discutível, apesar do estilo
erudito, podemos perceber que, passados quinhentos anos da suposta história de Artur, hoje não
conhecemos mais nem Artur nem seus feitos”.
É uma pena que falsificadores tivessem exposto Guilherme de Malmesbury aos comentários
de desprezo de Milton, mas quanto às críticas severas de Milton a Godofredo de Monmouth, estas
foram mereceidas e inevitáveis. Ele observa como parece estranho que um livro na antiga língua Bretã
pudesse ser completamente desconhecido do mundo depois de passados “mais de seiscentos anos da
época de Artur”.
Depois que Milton escreveu Epitaphium Damonis, sua opinião sobre esse assunto modificouse. A grande sublevação, a terrível decapitação do rei, o estabelecimento da República e sua queda,
mesmo esses fatos não eram, por si só, superiores às vitórias do Artur verdadeiro. Mas esse Artur
havia perdido no tempo. O mito o tinha substituído, e o mito era tudo o que Milton podia ver, com os
valores da monarquia, da guerra e do falso romantismo. As reivindicações históricas do mito foram
dissipadas pelas pesquisas do historiador e sua figura principal foi rejeitada, sendo considerada por ele
um assunto inadequado à obra-prima de um Republicano, o Regicida.
24
Culto, urbano, pregador popular, capelão de Carlos II e também um historiador erudito. O
bispo, a respeito daqueles que tomavam partido na questão de Artur, dizia: “Acho que ambos os lados
se enganam; refiro-me tanto àqueles que negam que tal pessoa tenha existido ou que um poder
considerável existisse entre os bretões.
1700 – King Arthut (“Rei Artur”) – Blackmore25.
1803 – Joseph Ritson termina Life of King Arthur (“Vida do Rei Artur”).
1825 – Vida do Rei Artur é publicada26.
1830 – Wordsworth escreveu um poema monótono, The Egiptian Maid (A
Donzela Egipcía”)27.
1819 – Ivanhoé28
1825 – The Talisman (“O Talismã”).
Os pré-rafaelitas
Na era vitoriana, época de grande renascimento do tema arturiano, o mito foi
tratado, pela primeira vez em toda sua história, de forma consciente e
intencionalmente artificial.
Malory, no cólofon da história do Graal, disse: “O conto do Santo Graal...é um
conto narrado por um dos mais santos e verdadeiros homens que há neste mundo”.
Os leitores de Spenser encontraram em The Faerie Queene descrições de cavaleiros
armados, como se fossem espectadores dos torneios, em Whitehall.
25
Supõe-se que o autor tenha usado Guilherme de Orange como modelo para desenvolver o
personagem antes de ele se tornar rei. Muito da narrativa é tomada de Godofredo de Monmouth, e
Blackmore também tomou muita coisa emprestada de The Faerie Queene (“A Rainha Encantada”) e
Paradise Lost (“Paraíso Perdido”). Mas o que causou violenta reação entre os católicos romanos e
apoiadores de Stuart foram as próprias idéias do autor, acrescentadas à história. Blackmore identificou
o campeão cristão Artur com o protestantismo e Satã com o catolicismo. Na chegada de Artur, o autor
mostra, alegoricamente, a restauração do culto protestante feita por Guilherme III, depois da tentativa
de Jaime II de restabelecer a supremacia católica.
26
É uma história infantil cujo personagem Tom Thumb (Tom Dedão) era filho de um lavrador
dos tempos de Artur do que este último por si mesmo no texto.
27
No qual um navio encantado, vindo do Egito, naufraga por artes de Merlin na costa da
Cornualha. Uma bela moça é arrastada sem sentidos para a praia, e Artur faz com que os cavaleiros se
enfileirem diante dela. Aquele que com seu toque acordá-la pode Tomá-la como noiva.
28
Ambos Ivanhoé e o Talismã passam-se no reinado de Ricardo I e são os únicos dois romances
nos quais ele entra em um período em que Artur poderia ter sido visto como uma realidade de época.
Mas uma vez, em verso, ele tratou de um tema no qual o próprio Artur era um personagem principal.
1951 – Peele, em Polymnia descreveu os cavaleiros como eles aparecem em
um grande torneio onde, entre os competidores em branco e azul-celeste, verde e
cinza, ouro e vermelho, o conde de Essex cavalgava nas liças com um cavalo negrocarvão, com armadura negra e elmo sombreado por uma plumagem negra29.
XVII – Na segunda metade do século, Artur ainda foi um nome usado para
chamar atenção.
XVIII – Artur era um assunto preservado por antiquários, não sendo levado
muito a sério por leitores comuns.
XIX – meados deste século (pintores/poetas) desejavam o retorno ao passado
heróico representado pela idade média, um mundo perdido, ideal para o qual tentavam
voltar em imaginação30.
1634 – Última edição da obra Morte d’Arthur, de Malory.
1808 – Scott – publica Marmion e cita na introdução o primeiro conto de
Lancelot31.
1816 – publicação de duas edições de Morte d’Arthur32.
1832 – Alfred Tennyson – já havia editado seu 2º livro de poemas33.
29
A cor usada de maneira tão cheia de imaginação, já era familiar aos leitores de Malory, que
descrevera o cavaleiro da Terra Vermelha, com a armadura vermelha e o cavalo coberto com manta
igualmente vermelha.
30
Eles não estavam interessados na Idade Média como historiadores sociais, pois o século XIV
teria então muito mais coisas para chocá-los do que o XIX, mas sua atenção estava focalizada nos
remanescentes tangíveis da arte medieval: a arquitetura ogival, que buscava as alturas, a beleza
resplandecente dos vitrais medievais, os manuscritos com iluminuras, os pratos e cálices religiosos de
ouro e prata, tão preciosos hoje em dia, que não podem ser usado e ficam guardados em cofres de
bancos. Eles eram naturalmente levados a ler Morte d’Arthur, de Malory.
31
Campeão do Lago, que, aventurando-se na Capela Perigosa, foi privilegiado com a visão do
Graal em sonho, uma vez que não era merecedor de vê-lo de olhos abertos. Nas notas a essa
introdução, Scott cita duas longas passagens de Malory, ilustrando suas alusões. O grande sucesso de
Marmion, pela publicação desses trechos, pode ter aguçado o interesse que resultou na publicação de
duas edições de Morte d’Arthur em 1816, uma em dois volumes, outra em três, e outra ainda no ano
seguinte, para qual Southey, então poeta laureado, escreveu o prefácio.
32
A edição de 1816, que estava na biblioteca de seu pai, chegou às mãos de um jovem que seria
o último dos escritores do tema arturiano e, cuja contribuição lhe conferiu um lugar na mente do
público, ao lado de Godofredo de Monmouth e Thomas Malory.
33
Um dos quais, baseado na história de Elaine, de Malory, ele chamara The Lady of Shalott (“A
Dama de Shalott”). O próprio Malory já havia chamado Astolat de “Ascalot”, e “Shalott” parece Ter
sido uma suavização do termo, feita por Tennyson.
A coleção de poemas que ele publicou em 1842 continha a Morte
d’Arthur, obra de força mágica que supera todas as obras sobre Artur depois de
Malory34.
1830 – Obra prima de Tennyson – coleção de poemas sobre Artur35.
A Fama de Tennyson 36 junto ao grande público firmou-se com a
publicação de In Memoriam, mas seus primeiros poemas, inclusive The Lady of
Shalott, Sir Galahad e Morte d’Arthur, ganharam um seguimento interessante.
Seu conto não traz nada de semelhante à narrativa original, mas é uma versão psicológica
extremamente interessante do tema, abordando a história de uma menina que vive em casa, em
segurança, até que o nascimento súbito de uma paixão a destrói. É significativo que o primeiro
tratamento de uma história arturiana por um grande poeta, após a Revolução Industrial, tivesse
transformando o esquema original da história, recriando-a de uma forma que se poderia pensar ter sido
baseada em um caso psicanalítico, embora elaborado, pela capacidade descritiva, emotiva e com a
sonoridade própria de Tennyson. Em outro poema da mesma coleção, The Palace of Art (“O Palácio
de Arte”), ele descreve gravuras do passado, pintadas nas paredes: “Tão ferido está o filho de
Pendragon, em bosques nevoentos, íngremes terrenos, dormitando no vale de Avilion, atendido por
rainhas coroadas”.
34
A coleção também continha depois de Sir Galahad, que novamente não só reproduz os
elementos da história do Graal apresentada por Malory, mas amplia sua esfera mágica: “Ah, abençoada
visão, sangue de Deus, meu espírito ultrapassa sua barreira mortal, glória que desliza sob tempos
negros, e, como luz, mistura-se às estrelas...Deixo a planície, escalo as alturas, nenhuma mata fornece
abrigo, mas formas abençoadas em sibilantes tempestades, voam sobre pântanos perdidos e campos
cheios de vento”.
35
É estranho que um dos assuntos mais importantes de sua vida, a perda aniquiladora de seu
amigo Artur Hallam, em 1833, sofresse um reflexo disso. Hallam tinha se tornado amigo de Tennyson
em Trinity; seu temperamento genital, confiável, e seu cálido afeto deram a Tennyson o apoio de que
ele tanto precisava. Hallam morreu durante o sono, devido a um rompimento de um vaso sangüíneo,
durante suas férias em Viena. Seu corpo foi levado à Inglaterra e enterrado em Clevedon. Nesse
mesmo ano Tennyson começou a escrever In Memoriam, mas só publicou-o dezessete anos depois, em
1850. Alguns dos versos descrevem a chegada do navio que trazia o caixão à costa da Inglaterra:
“Belo navio, que da costa italiana, navegas pelas plácidas planícies oceânicas, com os restos mortais do
meu querido Artur, estende tuas asas abertas e trazei-o docemente”.
O desejo de reunir-se com aquele que se foi, para que ele retornasse, é um dos trabalhos mais
emocionantes já escritos. O paralelo não é explícito, mas é óbvio: os dois heróis, ambos chamados
Artur, são carregados mortos ou morrendo, em um navio, e em ambos os casos seus acompanhantes
esperam seu retorno tentando se convencer de que ele está vivo: “Do céu tempestuoso, fala comigo!”
Esta linha, com certeza, seria compreendida por um poeta celta do século VI.
36
Millais, Holman Hunt, Rossetti, William Morris e Burne-Jones foram homens que colocaram
essas idéias em prática. William Morris e Burne-Jones, de vinte e dezenove anos respectivamente,
encontraram-se pela primeira vez no Exeter College, em 1853. Além de trocar opiniões sobre pintura,
mantinham uma admiração apaixonada por Tennyson. Burne-Jones, em seu primeiro ano em Oxford,
escreveu para um amigo que ainda estava na escola secundária: “Decore Sir Galahad; ele será o
patrono de nossa ordem”.
A idéia de pintura dos pré-rafaelitas, emprestada dos pintores italianos do século XIV e início
do século XV, levou-os naturalmente a estudar literatural medieval. Burne-Jones descobriu em uma
livraria uma cópia da edição de Southey, de Malory. Estava além de suas posses, mas Morris, que era
abastado, comprou-a, e essa obra tornou-se a sua bíblia. Em 1854, Rossetti pintou uma aquarela do
encontro de Lancelote com Guinevere, no túmulo de Artur. É intitulado: “Como Sir Lancelote se
separou da rainha Guinevere,no túmulo do rei Artur e a teria beijado, mas ela não quis”. O trabalho é
1858 – Morris aos 24 anos, publicou The Defense of Guinevere and Other
Poems (“A Defesa de Guinevere e outros poemas37”).
1859 – Tennyson publicou38 os primeiros quatro Idylls of the King: Merlim
and Vivien (“Idílios do Rei: Merlim e Vivien”), Feraint and Enid e Lancelot and
Elaine e Guinevere.
executado com uma intensidade selvagem. Guinevere, com o hábito de freira, tem o rosto marcado
pelo sofrimento, enquanto Lancelote inclina-se em direção a ela, curvado sobre o túmulo, com uma
impetuosidade feroz e sinistra. A efígie de Artur entre eles é a de um homem velho e cadavérico.
37
O poema que dá o título ao livro não é interessante enquanto imagem medieval. Em grande
parte é um monólogo no qual Guinevere faz a defesa de sua conduta perante Gawaine e sua companhia
de cavaleiros. A rainha, indignada por estar sendo acusada e envergonhada em admitir sua
responsabilidade, recorre à própria beleza e ao fato de ter sido comprada, como desculpa para o seu
caso amoroso
“Pelo Grande Artur e pelo seu pequeno amor”.
Esperando que o leitor se mantenha do lado dela, o poema é extraordinariamente moderno
diante da atitude relacionada ao adultério. Seu refrão é:
“Contudo você, Sir Gawaine, mente,
O que quer que possa ter acontecido nesses longos anos,
Deus sabe que falo a verdade, e que você mente”.
Mas teria ele mentido? Gawaine não fala no poema. Fica implícito que foi rude e impiedoso,
mas como poderia ter mentido? Somente pelos padrões de alguma verdade superior aos fatos. A
atitude não é surpreendente para nós, mas surpreendente tratando-se de um poema de 1858.
Morris adota na sua peça seguinte, Arthur’s Tomb (“Túmulo de Artur”), inspirado na pintura
de Rossetti, uma atitude mais convencional: Guinevere, desesperada, insulta Lancelote por sua traição
a Artur e faz com que ele caia desmaiado sobre o túmulo. Malory é a origem desse trabalho de Morris,
mas não poderia haver maior contraste do que as passagens detalhadamente efervescentes e sua beleza
e poder inconsciente.
Já Tennyson trabalhava com um padrão diferente e em uma escala bem mais ampla. Sua
melancolia interferiu em sua concepção da Távola Redonda, onde uma sociedade com força primitiva,
lealdade e cavalheirismo foi destruída pela fraqueza da natureza humana, pela sensualidade
sobrepujando a espiritualidade. Ele viu a aniquilação do bem, redimindo da absoluta desesperança
apenas pela possibilidade de haver um outro pálido amanhecer:
“Deus manifesta-se de várias maneiras,
Com receio de que um bom hábito corrompa o mundo”.
38
A era vitoriana foi uma época de grandes romancistas, e os primeiros quatro Idylls têm
atrativos como os de um romance psicológico. Sommerset Maugham define-os admiravelmente
quando diz que “o romance é uma história sobre pessoas ligadas emocionalmente”. Ao contrário dos
grandes romancistas, Tennyson tem a limitação de focalizar o passado do ponto de vista do presente; a
imagem de Artur como “um cavaleiro moderno, de porte grandioso” não é somente diferente do que
seria concebível, mas é completamente diferente de tudo aquilo já imaginado. Porém, os preconceitos
e críticas justificáveis que o leitor possa nutrir desvanecem-se quando se fecha um livro de tal porte.
Tennyson, pode-se afirmar, é, entre os grandes poetas, o mais fácil de ser lido. Em cada um dos
primeiros Idylls, a situação entre os dois personagens centrais é absorvente e mostrada com a incrível
capacidade de descrição de Tennyson. Em Merlin and Vivien, duas passagens revelam quase todo o
quadro:
“Grita a tempestade, arrebenta o galho
Com ímpeto o rio vai.
A chuva sobre eles cai. E da luz para a escuridão,
Resplandecente, seu dorso, seus olhos vêm e vão”.
Até que ele obteve o seu segredo –
“E correndo para longe a prostituta gritou: Louco!
A floresta, a mata atrás dela
Se fechou e do eco só se ouviu: Louco!”
Todo o episódio deriva de algumas poucas linhas de Malory, onde Tennyson substituiu a
perseguição de Merlin a uma dama que não o quer pela sedução relutante de Merlin por Vivien.
Também substituiu o nome Nimue por Vivien, alternativa que se dizia ser devida a um possível erro do
copista, porque Burne-Jones dizia que Nimue, a Dama do Lago, era muito graciosa para ter essa
história ligada a ela.
Geraint and Enid é uma história de amor, desentendimento e reconciliação, mantida quase
completamente como foi encontrada; mas em Lancelot and Elaine Tennyson modifica drasticamente a
personagem Elaine. Malory diz que, quando Lancelote rejeitou a oferta da donzela, “ela gritou em um
tom agudo e desmaiou, e então as mulheres a levaram para seu quarto”; Tennyson diz:
“Então como um passarinho inocente e desprotegido
Que só tem uma mensagem singela, de poucas notas
...assim esta simples donzela
Passou metade da noite repetindo: devo morre?...
Ele ou a morte, murmurava, a morte ou ele,
e de novo, como uma ordem: ele ou a morte”.
A versão completa é mais patética do que trágica. Mas após a aparição do cadáver da donzela
no barco, onde Tennyson se torna de novo mais suave que Malory, colocando uma flor-de-lis em suas
mãos, o rei diz a Lancelot:
“Agora rogo a Deus,
Vendo em teus olhos tamanha desolação
Tu poderias ter amado esta donzela...
Que poderia ter dado a ti, agora um homem solitário,
Sem esposa nem herdeiros, nobre descendência, filhos
Nascidos para a glória de teu nome e de tua fama,
Meu cavaleiro, grande Sir Lancelote do Lago”.
Os leitores que se devotam aos grandes romances encontrariam aqui uma atração similar.
O Idyll em que é necessária mais compreensão é Guinevere; é o mais intenso, mas também o
que tem contra si padrões diferentes dos tempos atuais. A tendência moderna de simpatizar com o
adúltero mais do que com sua vítima pode levar a maioria dos leitores a se colocar contra Artur antes
mesmo de ouvir o que ele tem a dizer, e mesmo em 1859 o ato de Artur reprovar sua esposa,
arruinando o trabalho de sua vida, enquanto ela permanece prostrada ao chão era desagradável para
algumas pessoas. Meredith diz que Artur repreendeu sua rainha como se fosse um clérigo. Se ele o
fez, os clérigos dos dias de Meridith deviam ter uma eloqüência surpreendente; mas a tarefa a que
Tennyson havia se proposto era formidável: buscar simpatia em relação a Artur, depois que ele, tão
brilhantemente, conseguira para os amantes. Guinevere ( em Lancelot and Elaine) diz a Lancelote:
“O crepúsculo faz a cor, eu sou sua,
Não de Artur”.
Ao elogiar Artur, ela somente pode dizer:
“Pensei que não pudesse respirar ar tão bom,
Ar puro, severo, de pura luz”.
Não seria impossível crias um personagem convincente de quem pudesse ser dito isso; o texto
poderia representar um homem pouco comum e frio, mas não irreconhecível; porém, dizer dele
“Que foste para teus cavaleiro
Como é a consciência de um santo
Em meio a seus sentidos em conflito”,
é fazer dele o rei, uma abstração, em vez de um homem ferido e que sofre. É mais fácil, com
certeza, conseguir a simpatia por alguém em agonia por seus remorsos do que por alguém, moralmente
superior, que fala e censura, e o sucesso do poema é justamente a fala de Guinevere. Tal é a habilidade
de Tennyson, que, mesmo na parte que envolve Artur, provoca alguns efeitos lancinantes. Quando o
rei diz do efeito destruidor do adultéiro:
“Os filhos nascidos de ti são espada e fogo,
A ruína vermelha e a decadência das leis”,
tais comentários seriam válidos para um homem cuja esposa o abandona por outro homem e é
então privado de seus filhos, porque a corte decidiu que seria melhor que os filhos ficassem com a mãe.
No entanto, as melhores palavras de Artur são aquelas nas quais ele faz um apelo pela união
deles em outro mundo, estampando uma profunda emoção em uma citação isolada e completa:
Tennyson emergiu nas fontes da Lenda Arturiana e produziu peças com
descrições fascinantes.
Tennyson continuou a traçar o mapa de Artur. Em 1860 ele foi a Tintagel, em
1864 à Britânia. Em 1869, publicou mais quatro Idylls: The Coming of Arthur (“A
Vinda de Artur”), The Holy Grail (“O Santo Graal”), Pelleas and Ettard e The Passing
of Arthur (“O Falecimento de Artur”), que era o seu original Morte d’Arthur, de 1842,
precedido por um novo texto. A visita a Tintagel produziu a invenção do nascimento
de Artur, uma combinação de Godofredo de Monmouth, que situava sua concepção
em Tintagel, com o conto em que Modred foi trazido para a praia quando era criança.
A descrição é terrível e fala de uma noite de tempestade na qual Merlin desce da porta
de entrada do castelo para a angra, onde o mar se agita tremendo, até que a nona onda
“Lentamente levantou e mergulhou
Bramindo, a chama da onda
Saiu e da onda na chama nasceu
Um bebê desnudo que foi conduzido aos pés de Merlin”.
“Nem Lancelote, nem outro”.
E quando ele parte na neblina mortal, ao encontro da morte, em sua última batalha, Guinevere
exclama:
“Os anos passarão entre séculos,
E meu será o nome do desprezo”....
Uma profecia que estranhamente se cumpriu, já que ainda hoje, nos vilarejos do oeste da
Inglaterra, uma mulher volúvel é chamada de “uma Guinevere comum”. Mas ela diz:
“Eu não devo insistir nessa triste fama”,
e, depois de três anos de trabalho penitente e dedicado para a comunidade que a acolheu,
segue
“Além dessas vozes, para onde há paz”.
Algumas das passagens contêm efeitos chocantes, porém o final é impecável. Colocando a
versão de Tennyson e de Malory lado a lado, é impressionante o contraste dos dois séculos. Malory
deixa forçosamente claro que foi o amor de Lancelote e de Guinevere que arruinou a sociedade da
Távola Redonda, e faz Guinevere condenar-se como responsável pela morte de Artur, em palavras que
nunca foram superadas em seu apóstrofo ao mês de maio. “Portanto, todos vocês que são amantes
tragam à lembrança o mês de maio, como também fez a rainha Guinever, a quem faço uma pequena
menção, pois, enquanto viveu, foi a verdadeira amante e portanto teve um bom termo”. Em 1469, uma
rainha condenada por adultério poderia ser julgada por alta traição e, se culpada, poderia legalmente ser
queimada viva, como Guinevere correu o risco de ser. Em 1859, tal penalidade seria completamente
impensável, mas a severidade moral dessas duas épocas parece estar em proporção inversa à severidade
de suas sentenças.
The Holy Grail história narrado por Percival, que se torna um monge, não tem
a magia de sir Galahad, escrita trinta anos antes, mas as descrições do cálice, cuja
visão era permitida à irmã freira de Percival, trazem as brilhantes imagens visuais de
Tennyson.
Tennyson não só conseguiu um público enorme, como também abriu o veio
para muitos outros que, desde então, usaram o assunto sob a forma de história,
arqueologia, teatro, cinema e ficção, e que continuam sendo sucesso hoje em dia,
realizando a predição que Godofredo de Monmouth conferiu a Artur nas Prophecies
of Merlin (“Profecias de Merlin”): “Renomeado ele será na boca do povo, e seus
feitos serão como alimento para eles, que os narrarão daí em diante”.
1870 – Dublin Review registrou que cavalheiros estavam chamando seus
cavalos de corrida com os nomes dos cavaleiros da Távola Redonda.
Tennyson terminou seu grande empreendimento com mais três obras: The Last
Tournamente (“O Último Torneio”), que escreveu em 1871; Gareth and Lynette, de
1872, e Balin and Balan, de 1873. E com isso completou uma coleção com doze
livros. Até então as obras haviam sido publicadas fora de uma ordem cronológica.
Agora era possível organizá-las, desde The Coming of Arthur, que conta a história de
seu nascimento, crescimento, o sucesso da Távola Redonda, e segue até o
envenenamento da sociedade pelo exemplo da aventura amorosa de Lancelote com a
rainha, chegando à destruição final e ao falecimento de Artur, como partes
conseqüentes de um todo, que envolveu o poeta por trinta anos.
1882 – Swinburne39 – Publicou Tristan of Lyon, esse, onde não se ocupa de
Artur, mas descreve o mar além da costa da cornualha e Tintagel40.
39
Embora numerosos escritores vitorianos fizessem versos sobre uma ou outra parte do tema
arturiano somente ele equiperiou-se a Tennyson.
Geralmente quando Tennyson altera o material de Malory ou foge dele
completamente, a mudança nos desagrada. É significativo que as descrições de The
Passing of Arthur, mórbidas mas de intensa beleza, sejam todas baseadas em Malory.
O detalhes originais são muito poucos, mas todos os traços brilhantes foram tirados de
pontos mencionados por Malory, retomados e ampliados, cheios de magia.
Malory diz que a batalha final foi travada “em uma baixada, perto de
Salisbury, não muito longe do mar”, o que demonstra que pessoalmente não conhecia
Salisbury. Southampton Water seria a costa marítima mais próxima de Salisbury,
separada dela por parte de Wiltshire e por parte de Hampshire. Sir Lucan saiu para
reconhecer o campo de batalha, “viu e ouviu, através do luar, como os ladrões e
saqueadores tinham vindo ao campo”. Tennyson diz:
“O bravo Sir Bedivere o levantou...
E o carregou a uma capela perto do campo,
Em um santuário destruído com um cruz quebrada,
Que ficava em um estreito escuro, em uma terra infecunda,
Onde de um lado corria o oceano, do outro
Um grande rio corria, e a lua estava cheia”.
Malory diz que Bedivere, tendo recebido a ordem de pegar a espada Excalibur
e lançá-la “naquela água”, “olhou para aquela nobre espada, cujo botão do cabo e o
próprio cabo eram cravejados de pedras preciosas, e pensou consigo mesmo que, se
40
A paixão de Swinburne pelo mar fez com que o evocasse como a terceira entidade da história
de Tristram and Iseult. Tennyson divinizou o significado da água no mito que se estabeleceu a partir
da figura real de Artur. A linha proferida por Merlin em The Coming of Arthur,
“Das profundezas ele veio e para as profundezas irá”.
é uma contribuição ao panteão de grandes elocuções sobre Artur, feita em uma época em que
se podia pensar que se tinha o poder de fazei-las.
lançasse tão rica espada na água, dali para a frente nunca mais haveria coisas boas, só
perdas e desgraças”. No que Tennyson assim transformou:
“Lua de inverno...
...faísca penetrante, como geada contra a espada
Onde o cabo cintila em lampejos de diamante,
Miríades de topázios e jacintos
Brilham em tão refinada jóia”.
Quando finalmente Sir Bedivere obedeceu ao rei, Malory diz que ele tomou a
espada, “aproximou-se da água e ali ele segurou o cinto em volta do cabo e lançou a
espada para a água, o mais longe possível”. E Tennyson assim viu:
“...A grande espada,
Iluminada pelo esplendor da lua,
Girou, formando um arco e flamejando por toda parte,
E lançou-se como faixo de luz da aurora boreal”.
Depois que Bedivere carregou o rei às costas para a beira da água, encontrou
uma barca flutuando ali, com senhoras vestidas em estolas negras que choravam e
gritavam, e Tennyson descreveu uma imagem sonora:
“E delas um grito surgiu
Um choro confesso às estrelas cintilantes...
Um lamento que lembra o vento que uiva
Por toda a noite, na terra perdida, de onde ninguém vem,
Para onde ninguém vai, desde a criação do mundo”.
Malory diz que Bedivere seguiu a barca com seus olhos tanto quanto pôde. “E
quando Sir Bedivere perdeu de vista a barca, chorou, lamentou-se e empenhou-se na
floresta”. Tennyson diz que ele subiu tão alto quanto pôde e de lá viu:
“Apertando os olhos, sob as mãos em arco,
Ele pensou ver um pequeno ponto que levava seu rei,
Por aquele grande rio abaixo, nas profundezas,
E que em algum lugar distante prosseguiria,
Ficando cada vez menor e menor até
Desvanecer em luz”.
São essas últimas grandes linhas escritas em nossa literatura sobre Artur.
“Um Artur ainda virá salvar os ingleses”.
O desenvolvimento do mito, a persistência com que as pessoas se apegaram a
ele, ávidas por repetir ou acrescentar algo e de ver nele o reflexo de seus próprios
interesses e necessidades, é um fato como nenhum outro na história desse povo.
ANEXOS
NOMEAÇÃO
DE CÉSAR
GÁLIA
IRLANDA
GALES
FUNÇÃO
MERCÚRIO
LUG
LUG
LLEW
POLITÉCNICO
JÚPITER
TARANIS
DAGDA
BRAN
SACERDOTE
MARTE
OGMIOS
OGME
GWYDYON
GUERRA,
MAGIA
RELAEZA
APOLO
MAPONOS
DIANCECHT
MANON
OENGUS
SAÚDE,
JUVENTUDE
MAC OC
MINERVA
BRIGANTIA
BRIGITT
ARIANRHOD
MÃE, ESPOSA,
ETAIN
IRMÃ,
FILHA
TAILTIU
DOS DEUSES
TÉCINCAS DE RITUAIS
DENOMINAÇÃO
“BATISMO” – druída nomeia de acordo com o nascimento ou de
acordo com os primeiros anos de vida.
FUNERAL – comporta lamentação, elogio fúnebre e gravação
dos OGANS.
GEIS
Série de interdições positivas e negativas, violar qualquer uma
delas significa a morte.
PREDIÇÃO
IMBAS FOROSNAI, DICHETAL DO CHENNEIB CNAIME
TENM LAEGDA, ciência exata da mesma natureza da divinação.
ELOGIO
Forma comum da poesia oficial da corte, louvava qualidades
físicas, morais, intelectuais, feitos heróicos, generosidade e
justiça.
CENSURA
Quase ausente das coletâneas poéticas.
SÁTIRA
Encantação mortal, provocava a degeneração física, moral e
intelectual; perigosa e pouco usada; envolvia o acusado e o
acusador.
Os Cavaleiros da Távola Redonda
Origens e Lendas
As aventuras dos Cavaleiros da Távola Redonda são relatos em verso ou em
prosa, escritos na Idade Média por diversos autores. São chamados também Lendas
Arturianas, porque se tratam de aventuras feéricas1 a que se mesclam personagens
parcialmente imaginárias: um punhado de supercavaleiros reunidos em torno do rei
bretão Artur e de sua Távola Redonda.
Como todas as lendas, esses relatos comportam um fundo de verdade. Assim,
o personagem central – o rei Artur – talvez seja inspirado num chefe bretão que lutou
no século VI, na Inglaterra, contra a invasão dos saxões.
Os fatos relatados
remontam, portanto, a tempos bem anteriores aos que foram realizados os escritos.
Vindos dos países celtas, seja ingleses (País de Gales, Cornualha), seja franceses
(Armórica), foram contados primeiro oralmente pelos harpistas e jograis (músicos e
cantores ambulantes que recitavam versos acompanhando-se de um instrumento).
1
Do mundo das fadas, mágico.
Mais tarde, foram anotados por autores, que projetavam seu mundo, sua sociedade,
seus códigos de vida nesses escritos.
Assim, por volta de 1135, o inglês Wace dedica seus relatos à rainha Alienor
de Aquitânia, que, separada do rei da França, Luís VII, acabava de se casar com o rei
da Inglaterra, Henrique II. Essa rainha, neta do trovador e duque guilherme de
Aquitânia, deu à corte inglesa grande brilho.
Do mesmo modo, Chrétien de Troyes – o mais célebre autor desses relatos –
vivia na corte de Champagne, por volta de 1170-80, na roda da condessa Maria, filha
de Alienor. Em seus romances mais conhecidos, Lancelot do Lago e Percival, o
Galês (inacabado), reproduz, idealizando-o, o mundo que tem diante dos olhos: o
mundo da cavalaria, feudal e cristão. Introdutor da noção de amor cortês – amor de
certa forma não carnal que o cavaleiro perfeito dedica a sua Dama, espécie de
princesa por quem realizará toda a sorte de façanhas – é também Chrétien de Troyes
quem evoca pela 1º vez o Graal.
Além dos relatos e romances, numerosos até o século XVI, os Cavaleiros da
Távola Redonda inspiraram espetáculos até a Renascença.
Soberanos como Eduardo III da Inglaterra ou Renato de Anjou organizaram
Távolas Redondas e cerimônias à maneira das da corte do rei Artur. Muitos meninos
nascidos então foram chamados Lancelot, Percival ou Artur, e bom número de
manuscritos foram ilustrados com cenas tiradas das lendas arturianas.
Enfim, alguns capitéis de colunas e mosaicos de igreja também mostram o rei
Artur.
Tábua Cronológica
(O Coração da Idade Média)
1152–Casamento de Henrique Plantageneta e Alienor de Aquitânia.
1154–1189 – Reinado de Henrique II Plantageneta (Inglaterra).
1155 – Wace: Roman the brut.
1159–1181 – Pontificado de Alexandre III.
1163–1182 – Construção da Igreja de Notre – Dame de Paris.
Cerca de 1165 a 1170 – Marie de France: Lais (Poemas Medievais).
Cerca de 1165 a 1175 –Thomas da Inglaterra: Tristam.
1170 – Assassinato de Thomas Becket.
Cerca de 1170 – Chrétien de Troys: Erec et Enide.
1171–1172 – Ocupação da Irlanda por Henrique II.
1175 – Reconstrução da Catedral de Canterbury.
Cerca de 1175 – Chrétien de Troyes: Cligès.
Cerca de 1175 – Primeiros poemas do Roaman de Renart.
1180-1223 – Reinado de Filipe II Agusto (França).
Cerca de 1180 – Chrétien de Troyes: Le chevalier de la charrette e Yvain.
Cerca de 1182-83 – Chrétien de Troyes inicia seu Conte du Graal.
1187 – Tomada de Jerusalém por Saladino.
1189-1199 – Reinado de Ricardo Coração de Leão (Inglaterra).
1189-1192 – Terceira Cruzada.
Cerca de 1190 a 1192 – Béroul: Tristam.
1194 – Batalha de Fréteval.
1194-1260 – Construção da Catedral de Chartres.
1196-1198 – Construção do Château-Gaillard.
1198-1216 – Pontificação do Inocêncio III.
1199-1216 – Reinado de João Sem Terra (Inglaterra).
1200 – Prerrogativas de Filipe Augusto à Universidade de Paris.
1202-1204 – Quarta Cruzada.
1202-1204 – Conquista e posse da Normandia por Filipe Augusto.
1204 – Morte de Alienor de Aquitânia.
1204 – Saque de Constantinopla pelos Cruzados.
1208 – Início da cruzada contra os albigenses.
1209 – Fundação da Ordem dos Frades Menores (capuchinhos).
1212 – Término da nova muralha ao redor de Paris.
1212 – Cruzada das “crianças”.
1213 – Batalha de Muret.
1214 – Primeiros privilégios concedidos à Universidade de Oxford.
1214 – Batalhas de La Roche-aux-Moines e Bouvines.
1215 – Fundação da Ordem dos Frades Pregadores (dominicanos).
1215 – Quarto Concílio de Latrão.
1215 – Concessão da Carta Magna por João Sem Terra.
1216-1227 – Pontificado de Honório III.
1216-1272 – Reinado de Henrique III (Inglaterra).
1217 – Expedição francesa na Inglaterra.
1218 – Cerco de Toulouse por Simon de Monfort.
Cerca de 1220 a 1230 – Comilação do Lancelot en prose.
1221 – Morte de São Domingos.
1223-1226 – Reinado de Luis IX (França).
1229 – Fundação da Universidade de Toulouse.
1229 – Tratado de Paris: Languedoc (Provença) anexado ao domínio real.
(Michel Pastoureau – No tempo dos Cavaleiros da Távola Redonda)
Pessoas, Personagens, Lugares, Coisas. Símbolos
A.
1. ÁGUA – Um dos quatro elementos do domínio dos druídas. Funcionava
como elemento fundamental da criação.
O ser humano vinha pela água ou se
transformava nela pela eterna condenação à primordialidade.
2. AILILL – Irlanda, ciclo de Ulster. Nome de vários soberanos míticos ou
pseudo-históricos. O principal deles é o rei Gaël do Connaught, casado com a rainha
Medb na Tain Bo Cuanlge. O sentido presumível do seu nome é “fantasma”.
3. ALBA – Nome gaélico da Escócia. Distinguia-se das regiões ocupadas pela
população bretã. Entretanto o nome podia designar toda a Grã-Bretanha, quando
tomado em oposição à Irlanda.
4. AMIZADE DAS COXAS (l’amitié de cuisses) – Termo que aparece em
vários textos. No domínio mitológico significava a iniciação sexual dispensada às
mulheres e que se complementava com a iniciação guerreira. No domínio quotidiano
dizia respeito ao direito que a mulher tinha de dispor do seu corpo e oferecê-lo aos
homens que ela escolhesse. Exemplo típico é o da rainha Medb.
5. AMORGEN – Irlanda, ciclo de Ulster. Nome do primeiro poeta mítico da
Irlanda. Seu nome significa “nascimento do canto”. Ele é filho do rei Conchobar.
6. ANA, ANU, DANA – Irlanda. Grande Deusa, mãe de todos os deuses.
Grande princípio da divindade feminina. Era deusa entre os Tûatha-Dé. Divindade
feminina na concepção neolítica, antes do aparecimento das sociedades patriarcais
indo-européias.
7. ANEURIN – Gales. Um dos quatro grandes bardos galeses (LlymarchHen, Taliesin, Myrddin). Personagem que oscila entre a história e o mito. Poeta
especializado em encantações para a glória dos heróis.
8.ARANROD, ARIANRHOD – Gales. Deusa Mãe, deusa do amor. Nome da
mãe de Llew. Seu nome significa “roda de prata”. Em galês corresponde também ao
nome de uma constelação.
9. ARMÓRICA – Nome antigo da Bretanha peninsular anterior à chegada dos
imigrantes de língua “britônica”. Esta região, na definição geográfica gaulesa, vai da
Aquitânia ao mar do Norte.
10. ARTHUR – Gales, Armórica, ilha de Bretanha. Fenômeno complexo,
tanto mitológico quanto histórico. Rei ou imperador supremo das duas Bretanhas
cujas aventuras e feitos são descritos por um imenso ciclo literário.
Os textos
fundamentais são todos celtas insulares, mas o tema arturiano invadiu a literatura
francesa, inglesa e alemã. O nome de Arthur pode ser simbolicamente ligado a
“urso”.
Casado com Guenièvre, fundador da ordem dos cavaleiros da Távola
Redonda na tardia versão cristianizada.
Encontra-se em hibernação na ilha de
Avallon, de onde um dia, os bretões acreditam, voltará.
11. ÁRVORE – Eixo primordial do mundo. Funcionava como traço de união
entre os três mundos (terrestre, celeste e subterrâneo). Representa o universo, sua
renovação periódica. Indica a regeneração permanente do Cosmo. Geralmente é
símbolo de sabedoria e ciência.
12. AVALLON (ABALLO, AFALLACH, EMAIN ABLACH) – Gales,
Armórica. Nome da ilha mítica, ilha das macieiras, ilha afortunada, onde vivem os
heróis e as divindades celtas.
Lugar para onde Arthut foi levado por sua irmã
Morgana após a batalha de Camlann e de onde retornará. Terra de abundância, onde
tudo cresce naturalmente. O nome é o mesmo que designa a maça, afal, aval, fruto da
ciência e da imortalidade.
13. AVELEIRA (coudrier) – Árvore que produz a noz. Fruto da ciência que,
ao cair numa fonte sagrada, era comigo pelo salmão. A madeira da aveleira serve
para a confecção das varinhas mágicas dos druídas.
B.
1. BAN – Prefixo que designa mulher.
2. BANBA – Irlanda. Primeira mulher que chega à Irlanda antes do dilúvio.
É rainha entre os Tûatha-Dé.
Seu nome é junto com Fotla e Eriu, uma das
representações da Irlanda. É a tripla soberania, a multiplicidade na unidade. O nome
significa javali.
3. BANDRUI – druidesa.
4. BANFAITH – profetisa.
5. BANFILE – poetisa.
6. BANSHEE – Mensageira do Outro Mundo. Aparecem sempre sob a forma
de cisnes ou outras aves. São mais poderosas que os druidas em matéria de amor.
7. BANSIDH – Mulheres do Sîd. Elas vêm sempre em busca do herói.
8. BARDO – Nome gaulês. O nome possui várias acepções conforme o lugar
e a época onde foi usado. Na Gália designava um alto personagem encarregado da
poesia de corte englobando o elogio e a blasfêmia. Na Irlanda o bard tem as mesmas
características, mas tem uma função do file, porque está impedindo de escrever. Na
Cornualha e Armórica, barth perdeu todo o valor religioso e literário.
9. BASTÃO (“varinha mágica”) – Instrumento mágico, símbolo do poder do
druída sobre os elementos. Os mais eficientes são confeccionados com madeira do
coudrier e do noisetier. Mas os druídas também os possuem em diferentes materiais:
em ouro, prata ou bronze, de acordo com a competência.
10. BATALHA DOS ARBUSTOS – Guerra vegetal. Tema celta de guerra.
Os druídas, pela magia, metamorfoseavam temporariamente em guerreiros as pedras e
os vegetais, provocando a exaustão das forças e da razão de suas vítimas. Gwydyon
usa deste artifício para construir um exército invencível.
11. BÉCUMA – Irlanda. Mulher maléfica do rei Conn Cetchathach. Viúva,
ela casa-se com Conn, que a escolhe por sua beleza. O país torna-se estéril por causa
de sua presença. Seu nome talvez signifique “mulher preocupação”.
12. BEL – Teônimo designado Lug no seu aspecto luminoso. Corresponde ao
gaulês Belenos.
13. BELENOS – Gália. Chamado o Brilhante ou Maponos, é equivalente do
Mabon galês e próximo do Apolo grego. Essa assimilação é constante em toda
epigrafia galo-romana. Ele não é o sol mas a luz solar, isto é, o princípio da luz. É a
quem se consagram os fogos rituais. Encontramos seu nome em Belenton, Barenton,
Bel Air. Os cristãos o fizeram S. Michel, para que seus fogos se perpetuassem em S.
João.
14. BITURIGES – Gália. O nome significa “rei do mundo” e designa o povo
do centro geográfico da Gália que ocupava o Berry e uma parte de Touraine e do
Bourbonnais.
15. BLODEUWEDD – Gales. Rosto ou aspecto de flores. Mulher que Math e
Gwydyon fizeram com flores e plantas para Llew, sobre quem pesa a maldição de
Arianrhod, sua mãe, de não conseguir mulher da espécie humana. Caso raro, ela é
metamorfoseada para sempre em coruja, o pássaro da noite.
16. BRANCO – A cor branca é característica do sacerdócio e da realeza. As
referências aparecem em numerosos textos.
Em irlandês o adjetivo find, finn,
significa branco, belo, brilhante e feliz.
17. BRANWEN – Gales. A “gralha branca”. Dama de companhia de Yseut.
É ela que dá por “engano” o filtro do amor a Tristan e Yseut, no barco que os leva à
Cornualha. É ela também que toma o lugar de Yseut junto ao rei Marc na noite de
núpcias.
18. BRIGIT, BRIGITT, BRIGHIT, BRIGANTIA - Irlanda, Armórica. É
chamada a tripla Brigit e diversos personagens míticos femininos designam a mesma
divindade sob aspectos e nomes diferentes. Mãe de todos os deuses e representante
das três funções, ela é curadora, deusa da divinação, da poesia, do trabalho em metal;
vela sobre o fogo sagrado da tribo e da casa; ela é a fecundidade e preside o parto.
Encarna a sutileza intelectual e a habilidade técnica. Filha do Dagda, é a única
divindade feminina do panteão celta.
19. BRITÂNIA – Nome latino da Bretanha insular ou Grã-Bretanha, cuja
língua era chamada “britônica”. A Bretanha peninsular é a antiga Armórica.
20. BRITÂO – Etnônimo às vezes utilizado na França para designar os
habitantes da Grâ-Bretanha de língua celta do fim da Antigüidade e início da Idade
Média. Considerando-se que o povoamento da Armórica e a língua são os mesmos
que os da Grã-Bretanha, a distinção torna-se dispensável.
21. BRUG NA BOINE – Irlanda.
Significa literalmente “albergue ou
fortaleza da Boyne”. É um dos numerosos Sîde irlandeses. Residência do Dagda
localizada nos túmulos pré-históricos de Newgrange.
C.
1. CACHORRO – No domínio celta o cachorro é associado ao mundo do
guerreiro. O cachorro é um animal benéfico e compará-lo ao herói é uma honra,
porque era o mesmo que homenagear seu valor guerreiro. Não há a idéia do cão
infernal como Cérbero. O maior herói irlandês, Cuchulainn, recebe este nome, que
significa “cão de Culann”, em homenagem à sua bravura guerreira.
2. CALDEIRÃO (chaudron) – Tema pancélito e, sob diversas formas, indoeuropeu. Proporciona a abundância, imortalidade, regeneração e conhecimento. Ele
jamais se esgota.
3. CALEDFWLCH – Gales. Primeira espada do rei Arthur. Significa “duro
entalhe”, “duro corte”. Ele a retirou da pedra para assumir a Realeza Suprema. Ela se
torna Excalibur nos romances arturianos posteriores e é com este nome que ficou
conhecida.
4. CÁLICE – Substituto e equivalente do caldeirão.
Contém a bebida
embriagadora que possibilita a embriaguez do poder, do conhecimento, e do amor. A
beberagem permite ascender ao êxtase do sagrado. É também o cálice da verdade que
se quebra diante de palavras mentirosas. O caldeirão e o cálice são os protótipos e
arquétipos do Graal.
5.CAMLANN, CAMELOT – Gales. Lugar da batalha lendária no curso da
qual Arthur foi mortalmente ferido.
6. CARLUTES - Nome do povo cujo território se localizava no centro da
Gália. Eles eram vizinhos dos Bituriges.
7. CARVALHO - Arvore sagrada dos druidas. Símbolo da realeza divina e do
sagrado.
8. CATHBAD - Irlanda, ciclo de Ulster. Primeiro druida de Ulster. É um
druida guerreiro. Seu nome significa “o que mata combatendo”.
9. CAVALO – Animal nobre entre os Celtas, porque é um animal
essencialmente servidor nas guerras. Os cavalos são vistos como possuidores de
inteligência humana. Eles vêm do Outro Mundo e retornam após a morte do herói.
Sendo assim, são vistos como condutores das almas através da fronteira dos dois
mundos e transportam os defuntos ao Outro Mundo.
10. CERDWENN, KERRIDWEN – Gales. É a equivalente da Brigit irlandesa.
Igualmente igual a mãe divina do bardo Taliesin. Mágica, detentora do caldeirão da
inspiração e da ciência, é também deusa dos poetas, dos ferreiros e dos médicos.
11. CERVEJA – Bebida dos deuses proporcionando a Soberania da
imortalidade. Conta a lenda que Lug, sob a forma de javali, deixou cair sua espuma
sobre o preparado de Ceraint, o bêbado. A beberagem fermentou e foi desta forma
que nasceu a cerveja.
12. CÉSAR – Caius Julios Caesar, general e homem de estado ( 101 a 404 a.C
). Excelente orador e historiógrafo, ele nos deixou os comentários da guerra com os
gauleses, Commentarii de bello gallico, e os da guerra civil, De bello civilii.
13. CESSAIR – Irlanda. Nome da mulher lendária que, segundo os anais,
ocupou na Irlanda durante cinqüenta dias antes do dilúvio. As genealogias a têm
como descendentes de Noé.
14. CIAN – Irlanda. Pai do deus Lug, assassinado pela facção rival dos
Tûatha-Dé, os três deuses de Dana, Brian, Iuchar e Iucharba. Seu nome significa
“longínquo”. Seus matadores o lapidam e a terra recusa seu cadáver. A terra conta a
Lug, que se vinga.
15. CINCO - Número particularmente importante na Irlanda. Símbolo da
totalidade do pais da Irlanda, na medida que o território e dividido em cinco
províncias; totalidade do panteão celta, considerado também como uma divisão de
cinco: Lug; Dagda; Ogma; e Nuada; Diancecht e Mac Oc; Brigit. Esta totalidade é,
entretanto obtida por um centro que reúne e integra quatro outros que também
participam.
16. CISNES – Nas batalhas e proibido caçá-los sob pena de desencadear a
infelicidade e a morte. O cisne é um dos aspectos mais freqüentes que tomam os
bansid, mensageiras dos deuses do Outro Mundo.
17. COLEIRA, COLAR – Atributo ou símbolo da justiça exercida pelo grande
druida-juiz Morann.
18. CONAIRE – Irlanda. Conaire, o Grande, recebe esse nome em virtude de
seu reinado sem problemas. Ele é portador de numerosas geasa, que lê viola uma a
uma. A única maneira de vencê-lo e através de uma outra magia – a sede sem fim que
ele e incapaz de suportar. Sua cabeça e cortada e enterrada em tara.
19. CONCHOBAR – Irlanda, ciclo de Ulster. Seu nome significa “socorro do
cão” por alusão metafórica à qualidade guerreira. Filho do druida Cathbad, com
Conchobar e um rei mítico de Ulster. Ele aparece freqüentemente como personagem
principal das epopéias ulsterianas. Ele representa a cristianização da idéias Irlandesas
sobre o papel do rei: pacificador, equilibrador, dispensador.
20. CONDLE, CONLE – Irlanda. Condle, o Bom é filho do rei Conn
Cetchathach. É igualmente chamado de Condle, o Vermelho. Ele é levado para
sempre para o Outro Mundo por uma jovem deusa que lhe oferece uma maçã.
21. CONN CETCHATHACH – Irlanda. Rei supremo de Tara, é chamado de
Conn das Cem Batalhas. Seu reinado e caracterizado pela prosperidade, justiça e
felicidade.
22. CORACLE – Pequena canoa de pele semelhante a dos esquimós.
23. CORMAC – Irlanda. Rei supremo da Irlanda. Faz parte de numerosas
narrativas. Seu nome se liga etimologicamente com o da cerveja cuirm.
24. CORVO – Animal sagrado entre os Celtas. Era o animal celeste, símbolo
do sol da luz, ao mesmo tempo que o animal das trevas e da parte escondida do ser
humano.
25. CRANN CHUR, CRAANN CHOR – Jogo da madeira. Nome das peças de
madeira que serviam para tirar a sorte nos textos jurídicos irlandeses.
26. CUCHULAINN – Irlanda, ciclo de Ulster. Seu nome primordial é Setanta,
que significa “o Caminho”. Seu nome definitivo e conseguido após seu primeiro feito,
que consiste em matar o cão de guarda ou combate de Culann o ferreiro. Cuchulainn é
o personagem mais importante de toda a mitologia Irlandesa. É também o personagem
principal da Tain Bo Cualnge. Tem três nascimentos e possui quatro pais
reconhecidos. É visto como arquétipo do herói mítico e épico.
27. CULANN – Irlanda, ciclo de Ulster. Ferreiro primordial sobre o reinado
de Conchobar. Educador de Cuchulainn.
D.
1. DA DERGA – Irlanda.
Significa o rei que tem a mesa posta
permanentemente, ou seja, o rei generoso.
2. DAGDA – Irlanda.
Dago-devos, literalmente “deus bom” ou “muito
divino”. Deus supremo, deus druida e deus dos druidas, seu verdadeiro nome é
Eochaid Ollathair, o deus todo poderoso. Ele é mestre dos elementos da ciência, do
tempo cronológico e atmosférico e da eternidade. Ser absoluto e portador da clava
que mata de um lado e dá a vida de outro.
Possui igualmente o caldeirão da
abundância, imortalidade e ressurreição.
3. DANA – Ver ANA.
4. DEIRDRE, DEIRDRIU – Irlanda, ciclo de Ulster.
É a própria
representação da Irlanda. Filha de Fedelmir, narrador de Conchobar. Seu nome
significa “perigo” e é Cathbad que profetiza sua beleza, seu poder de sedução e a
morte de muitos homens por sua causa.
5. DIANCECHT – Irlanda. Chefe dos Tûatha-Dé-Dânann. Deus significa
“expert” em medicina. É ele que fabrica a mão de prata de Nuada. É ele também que
ressuscita os mortos jogando-os na Fonte da Saúde.
6. DIARMAID O´DUIBHNE – Irlanda, ciclo de Leinster. Seu nome significa
“esquecimento”. Ele tem por pai espiritual Oengus, o Mac Oc. Seu irmão morto foi
transformado em javali, o que lhe impõe o tabu de não comer ou matar o animal.
7. DICHETAL, CETAL – É o nome de um dos cantos encantatórios
reservados aos filid. É a palavra cantada como expressão de poder e saber.
8. DIODORO DA SICÍLIA – Historiógrafo grego (90 a 20 a.C.). Sua obra se
compunha de quarenta livros de história universal, desde as origens até a conquista da
Gália por César.
Sobram poucos livros, onde o que sobressai são informações
precisas sobre a Roma antiga.
9. DION CRISÓSTOMO – Filósofo grego (30 ou 40 a 117). Restam-nos
vinte e quatro de seus discursos de inspiração estóica.
10. DIS PATER – Gália. Nome latino pelo qual César, em suas explicações,
designa o deus do qual os gauleses pretendem ser originários. Ele é o deus da riqueza
subterrânea. Seus atributos são a clava e o caldeirão.
11. DROSTAN – Druida picto cujo nome aparece várias vezes nos anais. O
sentido é indeterminado e o equivalente bretão é Tristan.
E E.
1.ELOQUÊNCIA – É a arte do bem falar e convencer e, na Irlanda, era
atribuída ao deus Ogme. Era ele que prendia pela palavra a quantos o escutavam ou
entendiam. A eloquência faz parte também das capacidades ordinárias dos guerreiros.
2. EMAN ABLACH – Ver AVALLON.
3. EMAIN MACHA – Irlanda, ciclo de Ulster. É a capital dos Ulates.
Residência do rei de Ulster, Conchobar. Lugar onde começam e acabam todas as
epopéias ulsterianas. Significa literalmente “os gêmeos de Macha”. Às vezes é
chamada Emain Ablach (a ilha das maçãs), que designa o Outro Mundo.
4. EMER, EMERE – Irlanda, ciclo de Ulster. Esposa de Cuchulainn, que quer
eliminar Fand, amante do marido.
Ela perdoa Cuchulainn, mas o druida de
Conchobar a faz beber o elixir do esquecimento. Seu nome aproxima-se de “mil
folhas” ou “ambrosia”.
5. EPONA – Gália. É a grande deusa cavaleira ou deusa-jumenta, porque
transporta as almas para o Outro Mundo. É a equivalente da Rhiannon galesa, da
Rigantona pré-celta e da Macha irlandesa. Seus atributos são a égua, o cesto de frutas
e a cornucópia. É símbolo da prosperidade agrícola. Pertence à função guerreira.
6. ERI, ERIU – É a Irlanda ela mesma.
7. ESPADA – Um dos quatro objetos mágicos trazido de Findias pelos
Tûatha-Dé. A espada é infalível e aquele que for ferido por ela morre.
8. ESPINHEIRO (aubépine) – Arbusto utilizado somente no ritual do glam
dicinn ou maldição suprema. É pelo espinheiro que os druidas obtêm a ajuda dos
deuses do Outro Mundo.
9. ESTRABÃO – Geógrafo grego (58 a 21 ou 25 a.C.). Sua geografia coloca
o problema dos povos, migrações, fundações e relações do homem com o meio
natural.
10. ETAINE – Irlanda.
Filha de Ailill.
Divindade feminina soberana.
Personificação da Soberania. Por ciúme, é transformada por Fuamnach em poça
d’água. A água seca, produz uma larva que se torna um inseto extraordinariamente
belo. Mac Oc a coloca como inseto no quarto de cristal ou de sol.
11. EVEMERO – Evemerismo. Mitógrafo grego (séc. IV e III a.C.). Ele
propõe uma revisão racional dos mitos religiosos. Na sua teogonia os deuses eram
homens superiores, divinizados pelo medo e admiração dos seus contemporâneos. O
sistema de Evemero deu origem a uma doutrina racionalista sobre a origem das
religiões, o evemerismo.
F.
1. FAND – Irlanda, ciclo de Ulster.
Seu nome significa “andorinha”,
embora alguns tenham traduzido por “lágrima”. É esposa do deus Manannan e
apaixonada por Cuchulainn. Ela consegue levá-lo por um mês ao Outro Mundo. O
fracasso da ligação de Fand e Cuchulainn significa que Cuchulainn não pode elevarse além de sua função guerreira. Ele não pode ascender à Soberania.
2. FEIRA – A palavra foire francesa que traduz o termo irlandês oenach
significa, na realidade, reunião. Afasta-se dessa forma da idéia moderna de feira ou da
medieval, excluindo qualquer transação comercial.
3.FERDORD – É um composto de fer que significa homem e de dord que
significa canto. O sentido não é porém muito claro. Talvez seja uma encantação do
homem pelo canto.
4. FETH FIADA – “Bruma ou véu mágico” que torna os deuses invisíveis.
Somente os Tûatha-Dé possuíam o segredo.
materialmente distintos dos humanos.
É esta característica que os torna
Era visto como um quinto elemento da
natureza.
5. FIANNA – Irlanda, ciclo de Leinster, Escócia. Ordem de cavaleiros
errantes comandados pelo rei Finn. A palavra é o plural do termo fian, que admite
várias etimologias, sendo que a mais provável é “família”, “clã”. Eles não estavam
presos a qualquer território e viviam da caça e da guerra. O recrutamento desses
homens era severo; além das qualidades físicas, morais e da coragem excepcional,
eram exigidos dos candidatos sólidos conhecimentos poéticos. Eles protegiam a
Irlanda mais pela força espiritual que pelas armas.
6. FINGEN – Irlanda, ciclo de Ulster. Druida médico do rei Conchobar.
Sabia praticar os três tipos de medicina – sangrante, vegetal e mágica. Sua ciência e
sabedoria eram tais que ele era capaz de saber o número de pessoas de uma casa e as
suas respectivas doenças observando somente a fumaça que saía do teto da casa.
7. FINN MAC CUMAIL – Irlanda, ciclo de Leinster. Seu nome significa
“branco”, “belo”, “santo”, “sagrado”. Mestre dos animais da floresta, designado
como o deus-cervo. Ele obtém o conhecimento comendo o salmão de Fintan. É o
personagem principal do seu ciclo. Finn repete as proezas de Cuchulainn e de Lug.
Ele é o chefe da milícia cavaleiresca dos Fianna.
8. FINTAN – Irlanda, ciclo de Ulster. Homem-druida primordial. O único
que escapou do dilúvio. Ele atravessa o tempo transformando-se em diversos animais
para transmitir o conhecimento, a história do mundo e das coisas. Seu nome significa
“branco antigo” e sua genealogia é sempre indicada em filiação matrilinear.
9. FIR BOLG – Irlanda. Povo mítico que povoou a Irlanda com os Fir
Domnann e os Fir Ga(i)lioin. A tradução usual do nome é “homem em saco”, mas
ela não procede, porque Bolg liga-se a “raio”.
10. FLAMEN DIALIS -

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