LIVRO 3
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LIVRO 3
LIVRO 3 - 2013 LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS GATES E JOBS Quando as órbitas se cruzam PORTUGUÊS A questão racial parece um desafio do presente, mas trata-se de algo que existe desde há muito tempo. Modifica-se ao acaso das situações, das formas de sociabilidade e dos jogos das forças sociais, mas reitera-se continuamente, modificada, mas persistente. Esse é o enigma com o qual se defrontam uns e outros, intolerantes e tolerantes, discriminados e preconceituosos, segregados e arrogantes, subordinados e dominantes, em todo o mundo. Mais do que tudo isso, a questão racial revela, de forma particularmente evidente, nuançada e estridente, como funciona a fábrica da sociedade, compreendendo identidade e alteridade, diversidade e desigualdade, cooperação e hierarquização, dominação e alienação. IANNI, Octavio. Dialética das relações sociais. Estudos avançados, n. 50, 2004. 1. (FUVEST-2011) As palavras do texto cujos prefixos traduzem, respectivamente, ideia de anterioridade e contiguidade são (A) “persistente” e “alteridade”. (B) “discriminados” e “hierarquização”. (C) “preconceituosos” e “cooperação”. (D) “subordinados” e “diversidade”. (E) “identidade” e “segregados”. COMENTÁRIO: O prefixo “pre” significa “anterioridade”, “antecipação” no termo “preconceituosos”. Em “cooperação”, o prefixo “co” significa “contiguidade”, “junto a”. RESPOSTA: C 2. (UEL-2011) A questão refere-se ao romance O outro pé da sereia, de Mia Couto. A crítica literária tem aproximado o moçambicano Mia Couto do brasileiro Guimarães Rosa, em particular pelo fato de ambos empregarem neologismos em suas obras. No trecho “as mãos calosas, de enxadachim”, extraído do conto “Fatalidade”, de autoria do autor brasileiro, o neologismo “enxadachim” é construído pelo mesmo processo de formação de palavras utilizado pelo autor moçambicano para a criação de (A) vitupérios. (B) bebericava. (C) tamanhoso. (D) mudançarinos. (E) malfadado. COMENTÁRIO: Assim como “enxadachim” resulta da aglutinação dos substantivos enxada e espadachim, o neologismo mudançarinos” é formado pela junção e mudança e dançarinos. As palavras “vitupérios”, “bebericava” e “malfadado” não constituem neologismos, pois encontram-se dicionarizadas e “tamanhoso” é derivada por sufixação ( tamanh+oso), o que invalida as opções [A], [B], [C] e [E]. RESPOSTA: D 7 Em astronomia, quando as órbitas de duas estrelas se entrecruzam por causa da interação gravitacional, tem-se um sistema binário. Historicamente, ocorrem situações análogas quando uma era é moldada pela relação e rivalidade de dois grandes astros orbitando: Albert Einstein e Niels Bohr na física no século XX, por exemplo, ou Thomas Jefferson e Alexander Hamilton na condução inicial do governo americano. Nos primeiros trinta anos da era do computador pessoal, a partir do final dos anos 1970, o sistema estelar binário definidor foi composto por dois indivíduos de grande energia, que largaram os estudos na universidade, ambos nascidos em 1955. Bill Gates e Steve Jobs, apesar das ambições semelhantes no 5 ponto de convergência da tecnologia e dos negócios, tinham origens bastante diferentes e personalidades radicalmente distintas. À diferença de Jobs, Gates entendia de programação e tinha uma mente mais prática, mais disciplinada e com grande capacidade de raciocínio analítico. Jobs era mais intuitivo, romântico, e dotado de mais instinto para tornar a tecnologia usável, o design agradável e as interfaces amigáveis. Com sua mania de perfeição, era extremamente exigente, além de 3 administrar com carisma e intensidade indiscriminada. Gates era mais metódico; as reuniões para exame dos produtos tinham horário rígido, e ele chegava ao cerne das questões com uma habilidade ímpar. Jobs encarava as pessoas com uma intensidade cáustica e ardente; Gates às vezes não conseguia fazer contato visual, mas era essencialmente bondoso. 4 “Cada qual se achava mais inteligente do que o outro, mas Steve em geral tratava Bill como alguém levemente inferior, sobretudo em questões de gosto e estilo”, diz Andy Hertzfeld. “Bill menosprezava Steve porque ele não sabia de fato programar.” 6 Desde o começo da relação, Gates ficou fascinado por Jobs e com uma ligeira inveja de seu efeito hipnótico sobre as pessoas. Mas também o considerava “essencialmente esquisito” e “estranhamente falho como ser humano”, e se sentia desconcertado com a grosseria de Jobs e sua tendência a funcionar “ora no modo de dizer que você era um merda, ora no de tentar seduzi-lo”. Jobs, por sua vez, via em Gates uma estreiteza enervante. 2 1 Suas diferenças de temperamento e personalidade iriam levá-los para lados opostos da linha fundamental de divisão na era digital. Jobs era um perfeccionista que adorava estar no controle e se comprazia com sua índole intransigente de artista; ele e a Apple se tornaram exemplos de uma estratégia digital que integrava solidamente o hardware, o software e o conteúdo numa unidade indissociável. Gates era um analista inteligente, calculista e pragmático dos negócios e da tecnologia; dispunha-se a licenciar o software e o sistema operacional da Microsoft para um grande número de fabricantes. Depois de trinta anos, Gates desenvolveu um respeito relutante por Jobs. “De fato, ele nunca entendeu muito de tecnologia, mas tinha um instinto espantoso para saber o que funciona”, disse. Mas Jobs nunca retribuiu valorizando devidamente os pontos fortes de Gates. “Basicamente Bill é pouco imaginativo e nunca inventou nada, e é por isso que acho que ele 1 se sente mais à vontade agora na filantropia do que na tecnologia”, disse Jobs, com pouca justiça. “Ele só pilhava despudoradamente as ideias dos outros.” (ISAACSON, Walter. Steve Jobs: a biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2011. p. 189-191. Adaptado) coisa que role, como uma pedra, uma lata vazia ou a merendeira do seu irmão menor, que sairá correndo para se queixar em casa. (...) DAS GOLEIRAS – As goleiras podem ser feitas com, literalmente, o que estiver à mão. Tijolos, paralelepípedos, camisas emboladas, os livros da escola, a merendeira do seu irmão menor, e até o seu irmão menor, apesar dos seus protestos. (IV) Quando o jogo é importante, recomenda-se o uso de latas de lixo. Cheias, para aguentarem o impacto. (...) DO CAMPO – O campo pode ser só até o fio da calçada, calçada e rua, calçada, rua e a calçada do outro lado e – nos clássicos – o quarteirão inteiro. O mais comum é jogar-se só no meio da rua. DA DURAÇÃO DO JOGO – (V) Até a mãe chamar ou escurecer, o que vier primeiro. Nos jogos noturnos, até alguém da vizinhança ameaçar chamar a polícia. DO JUIZ – Não tem juiz. (...) 3. (Epcar (Afa) 2013) Assinale a opção correta quanto à análise das palavras abaixo, em destaque, retiradas do texto (A) Os termos indissociável e intransigente são formadas somente pelo processo de derivação prefixal. (B) As palavras ímpar e saída seguem a regra de acentuação gráfica das vogais i e u tônicas dos hiatos. (C) Na frase, “... tinham... personalidades radicalmente distintas.” (ref. 5), o termo distintas é sinônimo de notáveis. (D) Nas palavras destacadas em “... Gates ficou fascinado por Jobs e com uma ligeira inveja de seu efeito hipnótico...” (ref. 6), há, respectivamente, dígrafo, dígrafo e encontro consonantal. COMENTÁRIO: Existem afirmações incorretas nas opções [A], [B] e [C], pois [A] na formação dos termos “indissociável” e “intransigente” também estão presentes os sufixos “-vel” e “-nte”; [B] a palavra “ímpar” é acentuada por se tratar de paroxítona terminada em “r” e “saída”, porque o hiato constituído pela vogal “i” isolada e não seguida de “s” ou “nh” assim o exige; [C] no contexto, o termo “distintas” significa “diferentes”. Assim, é correta apenas [D], pois em “fascinado”, “inveja” e “hipnótico” há, respectivamente, dígrafo [s], dígrafo [ĩ] e encontro consonantal [pn]. RESPOSTA: D DAS SUBSTITUIÇÕES – Só são permitidas substituições: a) No caso de um jogador ser carregado para casa pela orelha para fazer a lição. b) Em caso de atropelamento. DO INTERVALO PARA DESCANSO – Você deve estar brincando. DA TÁTICA – Joga-se o futebol de rua mais ou menos como o Futebol de Verdade (que é como, na rua, com reverência, chamam a pelada), mas com algumas importantes variações. O goleiro só é intocável dentro da sua casa, para onde fugiu gritando por socorro. É permitido entrar na área adversária tabelando com uma Kombi. Se a bola dobrar a esquina é córner*. DAS PENALIDADES – A única falta prevista nas regras do futebol de rua é atirar um adversário dentro do bueiro. É considerada atitude antiesportiva e punida com tiro indireto. DA JUSTIÇA ESPORTIVA – Os casos de litígio serão resolvidos no tapa. *córner = escanteio (Publicado em Para Gostar de Ler. v.7. SP: Ática, 1981) 4. Futebol de rua Luís Fernando Veríssimo Pelada é o futebol de campinho, de terreno baldio. (I) Mas existe um tipo de futebol ainda mais rudimentar do que a pelada. É o futebol de rua. Perto do futebol de rua qualquer pelada é luxo e qualquer terreno baldio é o Maracanã em jogo noturno. (II) Se você é homem, brasileiro e criado em cidade, sabe do que eu estou falando. (III) Futebol de rua é tão humilde que chama pelada de senhora. Não sei se alguém, algum dia, por farra ou nostalgia, botou num papel as regras do futebol de rua. Elas seriam mais ou menos assim: DA BOLA – A bola pode ser qualquer coisa remotamente esférica. Até uma bola de futebol serve. No desespero, usa-se qualquer (G1 - ifpe 2012) Os enunciados abaixo analisam os processos de formação de palavras retiradas do texto. Leia-os e marque a alternativa correta. (A) “Futebol de rua” é uma palavra composta por justaposição. (B) “Embolada” e “merendeira” são termos formados por derivação sufixal. (C) “Intocável” é uma palavra formada por derivação prefixal e sufixal. (D) “Penalidades” é uma palavra formada por composição dos radicais “pena” mais “idades”. (E) “Antiesportiva” e “indireto” são palavras formadas por derivação prefixal. COMENTÁRIO: Apenas [C] é válida, pois as demais apresentam as seguintes incorreções: Em [A] a expressão “futebol de rua” é constituída de três palavras independentes; 2 Em [B] a palavra “embolada” é formada por derivação prefixal e sufixal, do verbo bolar que significa a que se pode dar formato de bola- (em + bol(o) + ada); Em [D], “penalidades” é uma palavra derivada por sufixação- (penal + (i)dades); Em [E] a palavra “antiesportiva” é formada por derivação prefixal e sufixal [ant (i)- + esporte + iv(a)]. RESPOSTA: C Reforma na corrupção 19 Como previsto, já arrefece o mais recente debate sobre corrupção. Ainda se discute, sem muito entusiasmo, a absolvição 3 de uma deputada que foi filmada recebendo um dinheirinho suspeito, mas isso aconteceu antes de ela ser deputada, de maneira que não vale. Além da forte tendência de os parlamentares não punirem os seus pares, havia o risco do precedente. Não somente o voto é indecentemente secreto nesses 5 casos, como o precedente poderia expor os pescoços de vários 15 outros deputados. O que o deputado faz enquanto não é deputado não tem importância, mesmo que ele seja tesoureiro dos ladrões de Ali Babá. 17 A realidade se exibe diante de nós e não a vemos. Em lugar de querer suprimir nossas práticas seculares, que hoje tanto 18 prosperam, por que não aproveitá-las em nosso favor? (...) O 14 brasileiro preocupado com o assunto já pode sonhar com uma corrupção moderna, dinâmica e geradora de empregos e renda. E não pensem que esqueci as famosas classes menos favorecidas, como se dizia antigamente. O mínimo que antevejo é o programa Fraude Fácil, em que qualquer um poderá habilitar-se ao exercício da boa corrupção, em seu campo de ação favorito. Acho que dá certo, é só testar. E ficar de olho, para não deixar que algum 9 corrupto corrupto passe a mão no fundo todo, assim também não vale. João Ubaldo Ribeiro, O Estado de São Paulo. Disponível em: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,reforma-nacorrupcao,768238,0.htm. Acesso em: 04-9-2011. 5. 4 Aliás, me antecipando um pouco ao que pretendo propor, me veio logo uma ideia prática para acertar de vez esse negócio de deputado cometendo crimes durante o exercício do mandato. Às 6 16 vezes - e lembro que errar é humano - o sujeito comete esses 2 crimezinhos distraído. Esquece, em perfeita boa-fé, que exerce um mandato parlamentar e aí perpetra a falcatrua. Fica muito chato para ele, se ele for flagrado, e seus atos podem sempre vir à tona, expostos pela imprensa impatriótica. Não é justo submeter o deputado a essa tensão permanente, afinal de contas, ele é gente como nós. 10 Minha ideia, como, modéstia à parte, costumam ser as grandes ideias, é muito simples: os deputados usariam uniforme. Não daria 20 muito trabalho contratar (com dispensa de licitação, dada a urgência do projeto), um estúdio de alta-costura francês ou italiano, ou ambos, para desenhar esse uniforme. Imagino que seriam mais de um: o de trabalho, usado só excepcionalmente, o de gala, o de visitar eleitores e assim por diante. Enquanto estiver de uniforme, o deputado é responsabilizado pelos seus atos ilícitos ou indecorosos. Mas, se estiver à paisana, não se encontra no exercício do mandato e, portanto, pode fazer o que quiser. (...) Mas isso é um mero detalhe, uma providência que melhor seria avaliada no conjunto de uma reforma séria, que levasse em conta nossas características culturais e nossas tradições. (...) 7 O que cola mesmo aqui são os ensinamentos de líderes como o ex1 presidente ( gozado, o "ex" enganchou aqui no teclado, quase não sai), que, em várias ocasiões, torceu o nariz para denúncias de 8 corrupção e disse que aqui era assim mesmo, sempre tinha sido feito assim e não ia mudar a troco de nada. E assumia posturas coerentes com esse ponto de vista. (...) 11 Contudo, quando se descobre mais um caso de corrupção, a vida republicana fica bagunçada, as coisas não andam, perde-se trabalho em investigações, gasta-se tempo prendendo e soltando 13 gente e a imprensa, que só serve para atrapalhar, fica cobrando explicações, embora já saibamos que explicações serão: primeiro desmentidos e em seguida promessas de pronta e cabal investigação, com a consequente punição dos culpados. Não 12 acontece nada e perdura essa situação monótona, que às vezes paralisa o País. (Upf 2012) O autor fala em “crimezinhos” (ref. 2), repetindo uma estratégia já usada, quando se refere a “dinheirinho” (ref. 3). No contexto em que aparecem, as duas ocorrências de diminutivo: (A) Representam uma minimização do destaque que a mídia tem dado aos episódios de corrupção. (B) Indicam a versão daquele que é flagrado em situações comprometedoras, tentando livrar-se do peso da infração. (C) Marcam a ironia em relação aos corruptos, que exploram a boa-fé do eleitor com vistas à sua promoção pessoal. (D) Deixam implícita a informação de que não se deve confiar nos dados apresentados pelos envolvidos em escândalos financeiros. (E) Denotam a avaliação do autor acerca da importância dos crimes perpetrados contra os cofres públicos. COMENTÁRIO: O autor usa o diminutivo para ilustrar a visão dos corruptos, que costumam minimizar as suas ações criminosas, alegando que elas não comprometem a boa execução do cargo que ocupam. RESPOSTA: B Quem nunca fotoxopou? FALA-SE HOJE em Facebook, Google e iPhone com a mesma combinação de fascínio e terror que um dia já se falou de Motorola e Nokia. Tudo se move rápido demais no mundo digital, e são poucas as empresas que conseguem permanecer competitivas ao longo dos anos. Apesar de o Vale do Silício ter aquele ar hollywoodiano de terra de oportunidades, contam-se nos dedos empresas longevas como uma Adobe, uma Dell, uma Amazon. Por ter grande mobilidade, a concentração de poder e influência no mundo digital surge tão rápido quanto desaparece, a ponto de ser cada vez mais difícil encontrar quem fique na liderança por uma mísera década. Na virada do século não havia Friendster, Myspace nem Orkut, o grande buscador era o Yahoo!, seguido pelo Lycos. E a internet móvel estava a cargo de empresas inovadoras como Palm e Kyocera. O usuário de produtos digitais é cada vez mais volúvel e pragmático. Novos produtos e serviços podem até seduzi-lo com propaganda, design e preço. Mas a relação dificilmente será mantida se a marca não se renovar com a velocidade esperada, pouco importa sua fatia de mercado. Kodak e Sony que o digam. Mesmo que ainda sejam gigantescas, já não têm o apelo de outrora. A melhor lição de empresas bem-sucedidas em relacionamentos de longo prazo é a do bom e velho Photoshop, vendendo saúde em seus 22 anos de idade e 12 plásticas (oops, versões). Como o Google, ele é sinônimo de categoria e verbo. Mas também é adjetivo, substantivo, pejorativo e indicativo de retoques 3 fotográficos, mencionado com familiaridade até por quem não faça ideia de como ele funciona. Ao contrário do AutoCAD, que é oito anos mais velho, mas desconhecido fora de seu nicho, o Photoshop é unanimidade. Folha de S. Paulo, 26/03/2012. 6. (Insper 2012) Quanto às variações exploradas a partir do termo "Photoshop", é correto afirmar que (A) o neologismo do título foi formado pelo mesmo processo que o termo "design", presente no texto. (B) como adjetivo, o valor depreciativo do termo “fotoxopado” decorre exclusivamente do sufixo “-ado” agregado ao radical. (C) as palavras formadas a partir do estrangeirismo “photoshop” constituem jargões restritos à área de informática. (D) a grafia abrasileirada de “fotoxopou”, diferentemente de “hollywoodiano”, no 1.º parágrafo, é uma prova de que o software se popularizou no mundo. (E) apesar de não ter sido mencionado no texto, também seria possível transformar “Photoshop” em advérbio de modo: “fotoxopalmente”. COMENTÁRIO: Os neologismos são criados a partir de processos que já existem na língua: justaposição, prefixação, aglutinação, verbalização e sufixação. O termo “fotoxopou” derivou da verbalização da palavra “Photoshop”, previamente aportuguesada, e muitos outros poderiam ser criados, como por sufixação para formar um advérbio de modo: “fotoxopalmente”. RESPOSTA: E 7. (Uel 2011) A questão refere-se ao romance O outro pé da sereia, de Mia Couto. Assinale a alternativa em que as palavras, retiradas do romance, correspondem a verbos originados de substantivos. (A) Anfitriando e parentear. (B) Bonitando e descrucificar. (C) Anfitriando e desanimista. (D) Bonitando e parentear. (E) Descrucificar e desanimista. COMENTÁRIO: Apenas em [A] existem dois neologismos originados de substantivos: o gerúndio “anfitriando” e o infinitivo “parentear”, derivados de anfitrião e parente. O gerúndio “Bonitando” tem origem em palavra de valor adjetivo (Bonito) e “desanimista” não apresenta configuração verbal. RESPOSTA: A A volta do caderno rabugento Não sei se vocês se lembram de quando lhes falei, acho que no ano passado, num caderninho rabugento que eu mantenho. Aliás, é um caderninho para anotações diversas, mas as únicas que consigo entender algum tempo depois são as rabugentas, pois as outras se convertem em hieróglifos indecifráveis (...), assim que fecho o caderno. Claro, é o reacionarismo próprio da idade, pois, afinal, as línguas são vivas e, se não mudassem, ainda estaríamos falando latim. Mas, por outro lado, se alguém não resistir, a confusão acaba por instalar-se e, tenho certeza, a língua se empobrece, perde recursos expressivos, torna- se cada vez menos precisa. Quer dizer, isso acho eu, que não sou filólogo nem nada e vivo estudando nas gramáticas, para não passar vexame. Não se trata de impor a norma culta a qualquer custo, até porque, na minha opinião, está correto o enunciado que, observadas as circunstâncias do discurso, comunica com eficácia. Não é necessário seguir receituários abstrusos sobre colocação de pronomes e fazer ginásticas verbais para empregar regras semicabalísticas, que só têm como efeito emperrar o discurso. Mas há regras que nem precisam ser formuladas ou lembradas, porque são parte das exigências de clareza e precisão - e essas deviam ser observadas. Não anoto, nem tenho qualificações para isto, com a finalidade de apontar o "erro de português", mas a má ou inadequada linguagem. E devo confessar que fico com medo de que certas práticas deixem de ser modismo e virem novas regras, bem ao gosto dos decorebas. É o que acontece com o, com perdão da má palavra, anacolutismo que grassa entre os falantes brasileiros do português. Vejam bem, nada contra o anacoluto, que tem nome de origem grega e tudo, e pode ser uma figura de sintaxe de uso legítimo. O anacoluto ocorre, se não me trai mais uma vez a vil memória, quando um elemento da oração fica meio pendurado, sem função sintática. Há um anacoluto, por exemplo, na frase "A democracia, ela é a nossa opção". Para que é esse "ela" aí? Está certo que, para dar ênfase ou ritmo à fala, isso seja feito uma vez ou outra, mas como prática universal é meio enervante. De alguns anos para cá, só se fala assim, basta assistir aos noticiários e programas de entrevistas. Quase nenhum entrevistado consegue enunciar uma frase direta, na terceira pessoa - sujeito, predicado, objeto - sem dobrar esse sujeito anacoluticamente (perdão outra vez). Só se diz "o policiamento, ele tem como objetivo", "a prevenção da dengue, ela deve começar", "a criança, ela não pode" e assim por diante. O escritor, ele teme seriamente que daqui a pouco isso, ele vire regra. (...) Finalmente, para não perder o costume, faço mais um réquiem para o finado "cujo". Tenho a certeza de que, entre os muito jovens, a palavra é desconhecida e não deverá ter mais uso, dentro de talvez uma década. A gente até se acostuma a ouvir falar em espécies em extinção, mas, não sei por que, palavras em extinção me comovem mais, vai ver que é porque vivo delas. E não é consolo imaginar que o cujo e eu vamos nos defuntabilizar juntos. (João Ubaldo Ribeiro, O Estado de São Paulo, 18/07/2010) 8. (Insper 2011) No processo de formação das palavras, os sufixos desempenham importante papel na produção dos efeitos de sentido. Identifique, dentre as palavras extraídas do texto, aquela em que o sufixo não tem sentido pejorativo. (A) reacionarismo (B) modismo (C) decorebas (D) anacolutismo (E) defuntabilizar COMENTÁRIO: Em “defuntabilizar”, o sufixo não tem sentido depreciativo. Tratase de um recurso linguístico gerador de um neologismo, verbo derivado a partir da adjunção do sufixo –izar à base adjetiva defunto e que exprime “ação de tornar-se” (o cujo e eu vamos nos tornar defuntos juntos). RESPOSTA: E 9. (Enem 2010) Carnavália Repique tocou O surdo escutou E o meu corasamborim Cuíca gemeu, será que era meu, quando ela passou por mim? […] ANTUNES, A.; BROWN, C.; MONTE, M. Tribalistas, 2002 (fragmento). 4 No terceiro verso, o vocábulo “corasamborim”, que é a junção coração + samba + tamborim, refere-se, ao mesmo tempo, a elementos que compõem uma escola de samba e a situação emocional em que se encontra o autor da mensagem, com o coração no ritmo da percussão. Essa palavra corresponde a um(a) (A) estrangeirismo, uso de elementos linguísticos originados em outras línguas e representativos de outras culturas. (B) neologismo, criação de novos itens linguísticos, pelos mecanismos que o sistema da língua disponibiliza. (C) gíria, que compõe uma linguagem originada em determinado grupo social e que pode vir a se disseminar em uma comunidade mais ampla. (D) regionalismo, por ser palavra característica de determinada área geográfica. (E) termo técnico, dado que designa elemento de área específica de atividade. COMENTÁRIO: A aglutinação dos três termos resulta no neologismo, palavra não registrada no dicionário, mas que é fruto de um comportamento espontâneo para designar uma situação específica. As opções a), c), d) e e) remetem a conceituações que não se aplicam à palavra da letra criada pelo grupo Tribalistas para designar a emoção do eu lírico. RESPOSTA: B Darwin passou quatro meses no Brasil, em 1832, durante a sua 2 célebre viagem a bordo do Beagle. Voltou impressionado com o 5 17 19 que viu: " Delícia é um termo insuficiente para exprimir as 28 8 emoções sentidas por um naturalista a sós com a natureza em 11 uma floresta brasileira", escreveu. O Brasil, porém, aparece de 21 27 forma menos idílica em seus escritos: "Espero nunca mais voltar 12 a um país escravagista. O estado da enorme população escrava deve preocupar todos os que chegam ao Brasil. Os senhores de escravos querem ver o negro romo outra espécie, mas temos todos a mesma origem." 6 Em vez do gorjeio do sabiá, o que Darwin guardou nos ouvidos foi 30 3 29 13 um som terrível que o acompanhou por toda a vida: " Até 39 22 hoje, se eu ouço um grito, lembro-me, com dolorosa e clara 43 memória, de quando passei numa casa em Pernambuco e ouvi 14 urros terríveis. Logo entendi que era algum pobre escravo que estava sendo torturado," 4 “ Segundo o biólogo Adrian Desmond, a viagem do Beagie, para 40 41 15 Darwin, foi menos importante pelos espécimes coletados do 16 25 que pela experiência de testemunhar os horrores da 23 47 escravidão no Brasil. De certa forma, ele escolheu focar na 20 descendência comum do homem justamente para mostrar que 32 31 44 todas as raças eram iguais e, desse modo, enfim, objetar 36 18 àqueles que insistiam em dizer que os negros pertenciam a uma 1 espécie diferente e inferior à dos brancos". Desmond acaba de 35 lançar um estudo que mostra a paixão abolicionista do cientista, 26 33 7 42 revelada por seus diários e cartas pessoais. “A extensão de 34 9 seu interesse no combate à ciência de cunho racista é 10 surpreendente, e pudemos detectar um ímpeto moral por trás de seu trabalho sobre a evolução humana - urna crença na ‘irmandade 38 37 45 46 24 racial’ que tinha origem em seu ódio ao escravismo e que o levou a pensar numa descendência comum." Adaptado de: HAAG, C. O elo perdido tropical. Pesquisa FAPESP, n. 159, p. 80 - 85, maio 2009. 10. (Ufrgs 2010) Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as afirmações a seguir sobre elementos de formação de palavras do texto. ( ) As palavras insuficiente (ref. 17) e insistiam (ref. 18) apresentam o mesmo prefixo em sua formação. ( ( ( ) A comparação da palavra exprimir (ref. 19) com imprimir e da palavra descendência (ref. 20) com ascendência permite que se postule um radical comum para cada um dos pares. ) As palavras idílica (ref. 21) e dolorosa (ref. 22) apresentam sufixos que formam adjetivos a partir de substantivos. ) O emprego de diferentes sufixos para o mesmo radical em escravidão (ref. 23) e escravismo (ref. 24) serve, no texto, para expressar, respectivamente, a ideia de "situação resultante de uma ação" e de "movimento socioideológico". A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é (A) F – V – V – V. (B) V – F – V – F. (C) V – V – F – F. (D) F – V – F – V. (E) F – F – V – V. COMENTÁRIO: Insuficiente Prefixo: In / Radical: Sufici / Sufixo: ente Exprimir e Imprimir Radical: prim Idílica (de idílio, radical: id(i/o)) O sufixo “ica” permite que saibamos que trata-se de adjetivo. Escravidão Radical: escrav Sufixo: idão Ambos os sufixos designam substantivos, no entanto, cada um forma uma palavra de significado diferente. RESPOSTA: A Insistiam Prefixo: não há / Radical: insist / Desinência verbal: iam Descendência e Ascendência Radical: scend Dolorosa (de dor, radical: dolor) O sufixo “osa” permite que saibamos que trata-se de adjetivo. Escravismo Radical: escrav Sufixo: ismo Ambos os sufixos designam substantivos, no entanto, cada um forma uma palavra de significado diferente. VESTIBULAR Vestibular, aquilo que o Ministério da Educação estuda agora extinguir, é um brasileirismo para algo que em Portugal costuma ser chamado de exame de acesso à universidade. Trata-se de um adjetivo que se substantivou, num processo semelhante ao que 2 3 ocorreu com celular, qualificativo de telefone, que tenta – e na maioria das vezes consegue – expulsar a palavra principal de cena sob uma pertinente alegação de redundância, tomando para si o lugar de substantivo. Pois o exame vestibular, de tão consagrado no vocabulário de gerações e gerações de estudantes brasileiros que perderam o sono por causa dele, acabou conhecido como 1 vestibular só. E qualquer associação remota com a palavra que está em sua origem – vestíbulo – se perdeu nesse processo. 4 Quando ainda era claramente um adjetivo, ficava mais fácil perceber a metáfora que, com certa dose de pernosticismo, levou a palavra vestibular a ser escolhida para qualificar o processo de seleção de candidatos ao ensino superior. Vestíbulo (do latim vestibulum) é, na origem, um termo de arquitetura que significa pórtico, alpendre ou pátio externo, mas que pode ser usado também, em sentido mais amplo, para designar um átrio, uma antessala, qualquer cômodo ou ambiente de passagem entre a 5 porta de entrada e o corpo principal de uma casa, apartamento, palácio ou prédio público. Para quem prefere uma solução anglófona, estamos falando de hall ou lobby. Como é um ambiente de transição entre o lado de fora e o lado de dentro, vestíbulo ganhou ainda por extensão, em anatomia, o sentido de “cavidade que dá acesso a um órgão oco” (Houaiss). Antes de ser admitido no vocabulário da educação, “sistema vestibular” já tinha aplicação na linguagem médica como nome dos pequenos órgãos situados na entrada do ouvido interno, responsáveis por nosso equilíbrio. (Adaptado de: RODRIGUES, S. Vestibular. Disponível em: <http://revistadasemana.abril.uol.com.br/edicoes/81/palavradasemana/ma teria_ palavradasemana_431845.shtml>. Acesso em: 6 jun. 2009.) 11. (Uel 2010) Com base no texto, considere as afirmativas a seguir: I. Ao afirmar que vestibular é um brasileirismo, o autor se posiciona contrariamente à sua extinção pelo Ministério da Educação. II. O autor não condena o uso do estrangeirismo “lobby” no lugar do brasileirismo “vestibular”. III. O adjetivo “vestibular” que, devido ao uso, acabou sendo substantivado, é derivado da palavra “vestíbulo”. IV. O autor considera pertinente a alegação de redundância para explicar o processo de substantivação do termo “celular”. Assinale a alternativa correta. (A) Somente as afirmativas I e II são corretas. (B) Somente as afirmativas II e IV são corretas. (C) Somente as afirmativas III e IV são corretas. (D) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. (E) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas. COMENTÁRIO: O autor do artigo não manifesta opinião a respeito da extinção do vestibular nem considera admissível ou tolerável o uso do termo lobby como substituto de vestibular. A intenção do autor é analisar o processo de transformação - de adjetivo a substantivo - do termo “vestibular”, à semelhança de outros, como “celular”. Assim, são inválidas as afirmativas I e II, e é correta a opção [C]. RESPOSTA: C Nós, escravocratas Há exatos cem anos, saía da vida para a história um dos maiores brasileiros de todos os tempos: o pernambucano Joaquim Nabuco. 1 Político que ousou pensar, intelectual que não se omitiu em agir, pensador e ativista com causa, principal artífice da abolição do regime escravocrata no Brasil. Apesar da vitória conquistada, Joaquim Nabuco reconhecia: 2 “ Acabar com a escravidão não basta. É preciso acabar com a obra da escravidão”, como lembrou na semana passada Marcos Vinicios Vilaça, em solenidade na Academia Brasileira de Letras. Mas a obra da escravidão continua viva, sob a forma da exclusão social: pobres, especialmente negros, sem terra, sem emprego, sem casa, sem água, sem esgoto, muitos ainda sem comida; sobretudo sem acesso à educação de qualidade. Cem anos depois da morte de Joaquim Nabuco, a obra da escravidão se mantém e continuamos escravocratas. 3 Somos escravocratas ao deixarmos que a escola seja tão diferenciada, conforme a renda da família de uma criança, quanto eram diferenciadas as vidas na Casa Grande ou na Senzala. Somos escravocratas porque, até hoje, não fizemos a distribuição do conhecimento: instrumento decisivo para a liberdade nos dias atuais. Somos escravocratas porque todos nós, que estudamos, escrevemos, lemos e obtemos empregos graças aos diplomas, beneficiamo-nos da exclusão dos que não estudaram. Como antes, os brasileiros livres se beneficiavam do trabalho dos escravos. Somos escravocratas ao jogarmos, sobre os analfabetos, a culpa por não saberem ler, em vez de assumirmos nossa própria culpa pelas decisões tomadas ao longo de décadas. Privilegiamos investimentos econômicos no lugar de escolas e professores. Somos escravocratas, porque construímos universidades para nossos filhos, mas negamos a mesma chance aos jovens que foram deserdados do Ensino Médio completo com qualidade. Somos escravocratas de um novo tipo: a negação da educação é parte da obra deixada pelos séculos de escravidão. A exclusão da educação substituiu o sequestro na África, o transporte até o Brasil, a prisão e o trabalho forçado. Somos escravocratas que não pagamos para ter escravos: nossa escravidão ficou mais barata, e o dinheiro para comprar os escravos pode ser usado em benefício dos novos escravocratas. Como na escravidão, o trabalho braçal fica reservado para os novos escravos: os sem educação. Negamo-nos a eliminar a obra da escravidão. Somos escravocratas porque ainda achamos naturais as novas formas de escravidão; e nossos intelectuais e economistas comemoram minúscula distribuição de renda, como antes os senhores se vangloriavam da melhoria na alimentação de seus escravos, nos anos de alta no preço do açúcar. Continuamos 4 escravocratas, comemorando gestos parciais. Antes, com a proibição do tráfico, a lei do ventre livre, a alforria dos sexagenários. Agora, com o bolsa família, o voto do analfabeto ou a aposentadoria rural. Medidas generosas, para inglês ver e sem a ousadia da abolição plena. Somos escravocratas porque, como no século XIX, não percebemos 5 a estupidez de não abolirmos a escravidão. Ficamos na mesquinhez dos nossos interesses imediatos negando fazer a revolução educacional que poderia completar a quase-abolição de 1888. Não ousamos romper as amarras que envergonham e impedem nosso salto para uma sociedade civilizada, como, por 350 anos, a escravidão nos envergonhava e amarrava nosso avanço. Cem anos depois da morte de Joaquim Nabuco, a obra criada pela escravidão continua, porque continuamos escravocratas. E, ao continuarmos escravocratas, não libertamos os escravos condenados à falta de educação. CRISTOVAM BUARQUE. Adaptado de http://oglobo.globo.com, 30/01/2000. 12. (Uerj 2013) Ficamos na mesquinhez dos nossos interesses imediatos negando fazer a revolução educacional que poderia completar a quase-abolição de 1888. (ref. 5) A criação da palavra composta, quase-abolição, cumpre principalmente a função de: (A) desfazer a contradição entre os termos (B) estabelecer a gradação entre os termos (C) enfatizar a abstração de um dos termos (D) restringir o sentido de um dos termos (E) ampliar a significação de um dos termos COMENTÁRIO: O advérbio “quase” restringe o significado do substantivo “abolição”, sugerindo que essa libertação não teria acontecido por completo. RESPOSTA: D Uma campanha alegre, IX Há muitos anos que a política em Portugal apresenta este singular estado: 6 Doze ou quinze homens, sempre os mesmos, alternadamente possuem o Poder, perdem o Poder, reconquistam o Poder, trocam * o Poder... O Poder não sai duns certos grupos, como uma pela que quatro crianças, aos quatro cantos de uma sala, atiram umas às outras, pelo ar, num rumor de risos. Quando quatro ou cinco daqueles homens estão no Poder, esses homens são, segundo a opinião, e os dizeres de todos os outros que lá não estão — os corruptos, os esbanjadores da Fazenda, a ruína do País! Os outros, os que não estão no Poder, são, segundo a sua própria opinião e os seus jornais — os verdadeiros liberais, os salvadores da causa pública, os amigos do povo, e os interesses do País. Mas, coisa notável! — os cinco que estão no Poder fazem tudo o que podem para continuar a ser os esbanjadores da Fazenda e a ruína do País, durante o maior tempo possível! E os que não estão no Poder movem-se, conspiram, cansam-se, para deixar de ser o mais depressa que puderem — os verdadeiros liberais, e os interesses do País! Até que enfim caem os cinco do Poder, e os outros, os verdadeiros liberais, entram triunfantemente na designação herdada de esbanjadores da Fazenda e ruína do País; em tanto que os que caíram do Poder se resignam, cheios de fel e de tédio — a vir a ser os verdadeiros liberais e os interesses do País. Ora como todos os ministros são tirados deste grupo de doze ou quinze indivíduos, não há nenhum deles que não tenha sido por seu turno esbanjador da Fazenda e ruína do País... Não há nenhum que não tenha sido demitido, ou obrigado a pedir a demissão, pelas acusações mais graves e pelas votações mais hostis... Não há nenhum que não tenha sido julgado incapaz de dirigir as coisas públicas — pela Imprensa, pela palavra dos oradores, pelas incriminações da opinião, pela afirmativa constitucional do poder moderador... E todavia serão estes doze ou quinze indivíduos os que continuarão dirigindo o País, neste caminho em que ele vai, feliz, abundante, ** rico, forte, coroado de rosas, e num chouto tão triunfante! (*) Pela: bola. (**) Chouto: trote miúdo. (Eça de Queirós. Obras. Porto: Lello & Irmão-Editores, [s.d.].) 13. (Unesp 2012) Assinale a alternativa cuja frase contém um numeral cardinal empregado como substantivo. (A) Há muitos anos que a política em Portugal apresenta... (B) Doze ou quinze homens, sempre os mesmos, alternadamente possuem o Poder... (C) ... os cinco que estão no Poder fazem tudo o que podem para continuar... (D) ... são tirados deste grupo de doze ou quinze indivíduos... (E) ... aos quatro cantos de uma sala... COMENTÁRIO: Na frase “os cinco que estão no Poder fazem tudo o que podem para continuar”, o cardinal “cinco” é determinado pelo artigo definido “os”, que, pelo processo de derivação imprópria, provoca a transformação do numeral em substantivo. RESPOSTA: C Correndo ao teu encontro. Na ilha noturna Tinham-se apenas acendido os lampiões a gás, e a clarineta De Augusto geralmente procrastinava a tarde. Era belo esperar-te, cidadão. O bondinho Rangia nos trilhos a muitas praias de distância... Dizíamos: “Ê-vem meu pai!”. Quando a curva * Se acendia de luzes semoventes , ah, corríamos Corríamos ao teu encontro. A grande coisa era chegar antes ** Mas ser marraio em teus braços, sentir por último Os doces espinhos da tua barba. Trazias de então uma expressão indizível de fidelidade e [paciência Teu rosto tinha os sulcos fundamentais da doçura De quem se deixou ser. Teus ombros possantes Se curvavam como ao peso da enorme poesia Que não realizaste. O barbante cortava teus dedos Pesados de mil embrulhos: carne, pão, utensílios Para o cotidiano (e frequentemente o binóculo Que vivias comprando e com que te deixavas horas inteiras Mirando o mar). Dize-me, meu pai Que viste tantos anos através do teu óculo de alcance Que nunca revelaste a ninguém? Vencias o percurso entre a amendoeira e a casa como o atleta [exausto no último lance da maratona. Te grimpávamos. Eras penca de filho. Jamais Uma palavra dura, um rosnar paterno. Entravas a casa humilde A um gesto do mar. A noite se fechava Sobre o grupo familial como uma grande porta espessa. Muitas vezes te vi desejar. Desejavas. Deixavas-te olhando [o mar Com mirada de argonauta. Teus pequenos olhos feios Buscavam ilhas, outras ilhas... — as imaculadas, inacessíveis Ilhas do Tesouro. Querias. Querias um dia aportar E trazer — depositar aos pés da amada as joias fulgurantes Do teu amor. Sim, foste descobridor, e entre eles *** Dos mais provectos . Muitas vezes te vi, comandante Comandar, batido de ventos, perdido na fosforência De vastos e noturnos oceanos Sem jamais. Deste-nos pobreza e amor. A mim me deste A suprema pobreza: o dom da poesia, e a capacidade de amar Em silêncio. Foste um pobre. Mendigavas nosso amor Em silêncio. Foste um no lado esquerdo. Mas Teu amor inventou. Financiaste uma lancha Movida a água: foi reta para o fundo. Partiste um dia Para um brasil além, garimpeiro sem medo e sem mácula. Doze luas voltaste. Tua primogênita — diz-se — Não te reconheceu. Trazias grandes barbas e pequenas [águas-marinhas. (Vinicius de Moraes. Antologia poética. 11 ed. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1974, p. 180-181.) (*) Semovente: “Que ou o que anda ou se move por si próprio.” (**) Marraio: “No gude e noutros jogos, palavra que dá, a quem primeiro a grita, o direito de ser o último a jogar.” (***) Provecto: “Que conhece muito um assunto ou uma ciência, experiente, versado, mestre.” (Dicionário Eletrônico Houaiss) Elegia na morte de Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, poeta e cidadão A morte chegou pelo interurbano em longas espirais metálicas. Era de madrugada. Ouvi a voz de minha mãe, viúva. De repente não tinha pai. No escuro de minha casa em Los Angeles procurei recompor [tua lembrança Depois de tanta ausência. Fragmentos da infância Boiaram do mar de minhas lágrimas. Vi-me eu menino 14. (Unesp 2012) Partiste um dia / Para um brasil além, garimpeiro sem medo e sem mácula. O emprego da palavra brasil com inicial minúscula, no poema de Vinicius, tem a seguinte justificativa: (A) O eu-poemático se serve da inicial minúscula para menosprezar o país. 7 (B) Empregar um nome próprio com inicial minúscula era comum entre os modernistas. (C) O eu-poemático emprega “brasil" como metáfora de “paraíso”, onde crê estar a alma de seu pai. (D) O emprego da inicial maiúscula em nomes de países é facultativo. (E) Na acepção em que é empregada no texto, a palavra “brasil" é um substantivo comum. COMENTÁRIO: A palavra “brasil” adquire no contexto a função de substantivo comum, sinônimo de lugar distante para onde partiu o pai como um explorador corajoso que parte à conquista de novas terras. RESPOSTA: E O leão e a raposa 11 1 Um leão envelhecido, não podendo mais procurar alimento por sua própria conta, julgou que devia arranjar um jeito de fazer isso. E, então, foi a uma caverna, deitou-se e se fingiu de doente. Dessa 8 13 4 forma, quando recebia a visita de outros animais, ele os pegava 5 14 6 e os comia. Depois que muitas feras já tinham morrido, uma 12 9 raposa, ciente da armadilha, parou a certa distância da caverna 2 e perguntou ao leão como ele estava. Como ele respondesse: 3 10 “Mal!” e lhe perguntasse por que ela não entrava, disse a raposa: 7 “Ora, eu entraria se não visse marcas de muitos entrando, mas de ninguém saindo”. Esopo - escritor grego do século VI a.C. 15. (Mackenzie 2012) Assinale a alternativa correta. (A) É indiferente o emprego das grafias se não (ref. 7) ou “senão” para a formação dos sentidos textuais. (B) A forma verbal recebia (ref. 8) exprime um fato passado já concluído, anterior a outro fato também passado. (C) A troca da posição da palavra certa (ref. 9) altera os sentidos: a uma certa distância / “a uma distância certa”. (D) O uso de por que (ref. 10) está de acordo com a norma culta, como em “Ele explicou novamente todos os exercícios por que os alunos pediram”. (E) As palavras leão (ref. 11) e raposa (ref. 12) apresentam sentido generalizado, enquanto animais (ref. 13) e feras (ref. 14) têm sentido mais específico. COMENTÁRIO: As opções [A], [B], [D] e [E] são incorretas, pois: [A] a conjunção “se” seguida do advérbio de negação “não” introduz uma oração subordinada condicional com verbo na negativa, enquanto que “senão” é elemento coesivo com significado equivalente a “de outro modo”, “de contrário”; [B] o pretérito imperfeito do indicativo, no contexto, exprime um fato passado contínuo e habitual; [D] o uso de “por que” é correto na frase da fábula de Esopo, pois trata-se de uma expressão formada por preposição e pronome relativo, diferente do que acontece na frase “Ele explicou novamente todos os exercícios por que os alunos pediram”, em que seria correto o emprego da conjunção subordinativa porque para exprimir noção de causa; [E] os termos “leão” e “raposa” são hipônimos, portanto têm sentido mais restrito que os hiperônimos “animais” e “feras” (com sentido mais abrangente). Assim, é correta apenas [C], pois a troca de posição da palavra “certa” alteraria o sentido para alguma e exata, respectivamente. RESPOSTA: C Leia o texto abaixo. Paraí-ba (Céceu) Pê - a - pá Erre - a - ra – í Bê - a – bá Paraíba Paraíba do norte, do caboclo forte Do homem disposto esperando chover Da gente que canta com água nos olhos Chorando e sorrindo, querendo viver Do sertão torrado, do gado magrinho Do açude sequinho, do céu tão azul Do velho sentado num banquinho velho Comendo com gosto um prato de angu Acende o cachimbo, dá uma tragada Não sabe de nada da vida do sul Pê - a – pá Erre - a - ra – í Bê - a – bá Paraíba Paraíba do norte que tem seu progresso Que manda sucesso pra todo país Que sente a presença da mãe natureza Que vê a riqueza nascer da raiz Que acredita em Deus, também no pecado Que faz do roçado a sua oração E ainda confia no seu semelhante E vai sempre avante em busca do pão O pão que é nosso, que garante a vida Terrinha querida do meu coração Pê - a – pá Erre - a - ra – í Bê - a - bá Paraíba (Em: Ramalho, Zé. Duetos. BMG. São Paulo, 2004. CD-ROM.) 16. (G1 - ifal 2012) Na frase: Do velho sentado num banquinho velho, observa-se: (A) Nas duas vezes em que a palavra VELHO aparece, tem a função de substantivo. (B) Nas duas vezes em que a palavra VELHO aparece, tem a função de adjetivo. (C) Primeiramente, VELHO tem a função de substantivo; depois, tem a função de adjetivo. (D) Primeiramente, VELHO tem a função de adjetivo; depois, tem a função substantivo. (E) No texto, nas duas vezes em que a palavra VELHO aparece não assume nem a função de adjetivo, nem de substantivo. COMENTÁRIO: Na primeira ocorrência, o termo “velho”, precedido do artigo “o”, é substantivo formado por derivação imprópria. Na segunda, é adjetivo qualificador do substantivo “velhinho”. RESPOSTA: C 8 Leia o poema de Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810). As palavras que aparecem na estrofe como adjetivos estão contidas apenas em: (A) I e II. (B) I e III. (C) I, II e III. (D) I, II e IV. (E) II, III e IV. Não vês aquele velho respeitável, que à muleta encostado, apenas mal se move e mal se arrasta? Oh! quanto estrago não lhe fez o tempo, o tempo arrebatado, que o mesmo bronze gasta! Enrugaram-se as faces e perderam seus olhos a viveza: voltou-se o seu cabelo em branca neve; já lhe treme a cabeça, a mão, o queixo, nem tem uma beleza das belezas que teve. Assim também serei, minha Marília, daqui a poucos anos, que o ímpio tempo para todos corre. Os dentes cairão e os meus cabelos. Ah! sentirei os danos, que evita só quem morre. Mas sempre passarei uma velhice muito menos penosa. Não trarei a muleta carregada, descansarei o já vergado corpo na tua mão piedosa, na tua mão nevada. As frias tardes, em que negra nuvem os chuveiros não lance, irei contigo ao prado florescente: aqui me buscarás um sítio ameno, onde os membros descanse, e ao brando sol me aquente. Apenas me sentar, então, movendo os olhos por aquela vistosa parte, que ficar fronteira, apontando direi: — Ali falamos, ali, ó minha bela, te vi a vez primeira. Verterão os meus olhos duas fontes, nascidas de alegria; farão teus olhos ternos outro tanto; então darei, Marília, frios beijos na mão formosa e pia, que me limpar o pranto. Assim irá, Marília, docemente meu corpo suportando do tempo desumano a dura guerra. Contente morrerei, por ser Marília quem, sentida, chorando meus baços olhos cerra. (Tomás Antônio Gonzaga. Marília de Dirceu e mais poesias. Lisboa: Livraria Sá da Costa Editora, 1982.) 17. (Unesp 2012) Observe os seguintes vocábulos extraídos da sétima estrofe do poema: I. ternos. II. frios. III. pia. IV. pranto. COMENTÁRIO: Os termos “ternos”, “frios” e “pia” são adjetivos, pois caracterizam os substantivos “olhos”, “beijos” e “mãos”, respectivamente, enquanto a palavra “pranto” configura um substantivo, pois designa um ser. RESPOSTA: C Texto I O silêncio incomoda 1 Como trabalho em casa, assisto a um grande número de jogos e programas esportivos, alguns porque gosto e outros para me manter atualizado, vejo ainda muitos noticiários gerais, filmes, programas culturais (são pouquíssimos) e também, por curiosidade, muitas coisas ruins. Estou viciado em televisão. 25 Não suporto mais ver tantas tragédias, crimes, violências, falcatruas e tantas politicagens para a realização da Copa de 2014. 20 Estou sem paciência para assistir a tantas partidas tumultuadas no Brasil, consequência do estilo de jogar, da tolerância com a 14 9 violência e do ambiente bélico em que se transformou o futebol, dentro e fora do campo. 30 Na transmissão das partidas, fala-se e grita-se demais. Não há um único instante de silêncio, nenhuma pausa. O barulho é cada dia maior no futebol, nas ruas, nos bares, nos restaurantes e em quase todos os ambientes. O silêncio incomoda as pessoas. 15 É óbvio que informações e estatísticas são importantíssimas. Mas 2 26 exageram. Fala-se muito, mesmo com a bola rolando. 18 10 Impressiona-me como se formam conceitos, dão opiniões, 13 baseados em estatísticas que têm pouca ou nenhuma importância. Na partida entre Escócia e Brasil, um repórter da TV 6 21 Globo deu a “grande notícia”, que Neymar foi o primeiro jogador brasileiro a marcar dois gols contra a Escócia em uma mesma partida. 22 19 Parece haver uma disputa para saber quem dá mais 3 informações e estatísticas, e outra, entre os narradores, para 23 24 11 16 saber quem grita gol mais alto e prolongado. Se dizem que a imagem vale mais que mil palavras, por que se fala e se grita tanto? 21 27 8 Outra discussão chata, durante e após as partidas, é se um jogador teve a intenção de colocar a mão na bola e de fazer pênalti, e se outro teve a intenção de atingir o adversário. Com raríssimas 4 exceções, ninguém é louco para fazer pênalti nem tão canalha para querer quebrar o outro jogador. 7 5 O que ocorre, com frequência, é o jogador, no impulso, sem pensar, soltar o braço na cara do outro. O impulso está à frente da consciência. Não sou também tão ingênuo para achar 17 que todas as faltas violentas são involuntárias. 12 Não dá para o árbitro saber se a falta foi intencional ou não. Ele precisa julgar o fato, e não a intenção. Eles precisam ter também bom senso, o que é raro no ser humano, para saber a 29 28 gravidade das faltas. Muitas parecem iguais, mas não são. Ter critério não é unificar as diferenças. (Tostão, Folha de S.Paulo, caderno D, “esporte”, p. 11, 10/04/2011.) 18. (Epcar (Afa) 2012) No contexto do seguinte trecho, extraído do 7º parágrafo do texto I, analise a classe gramatical a que pertencem os termos grifados: 9 “... para saber quem grita gol mais alto e prolongado.” (ref. 23 e 24) (D) Assinale a alternativa em que o termo sublinhado pertence àquela mesma classe. (A) “Não suporto mais ver tantas tragédias, crimes, violências...” (ref. 25, texto I) (B) “Fala-se muito, mesmo com a bola rolando.” (ref. 26, texto I) (C) “Outra discussão chata, durante e após as partidas...” (ref. 27, texto I) (D) “Muitas parecem iguais, mas não são.” (ref. 28, texto I) (E) “Na transmissão das partidas, fala-se e grita-se demais.” (ref. 30, texto I) COMENTÁRIO: Os termos “alto” e “prolongado” exercem função morfológica de advérbio, como acontece também na frase constante em [B]. Nas demais opções, “tantas” é pronome indefinido e “chata” e “iguais”, adjetivos relacionados aos substantivos “discussão” e “faltas”, respectivamente. RESPOSTA: B 19. (G1 - ifal 2011) Em apenas uma das imagens a seguir, o emprego do “porquê” está incorreto. Qual? (A) (B) (C) (E) COMENTÁRIO: A opção a) apresenta infração à gramática normativa, já que a frase, por ser interrogativa direta, deveria ser “ Por que ler Marx hoje?”. Na opção b), por estar em final da frase interrogativa direta, em c) e e) por serem conjunções subordinativas causaisl e em d,) por se tratar de um substantivo, as frases estão corretas. RESPOSTA: A 20. (G1 - ifal 2011) Assinale a alternativa cujas palavras destacadas pertencem à mesma classe gramatical. (A) “É incrível a importância do dedo indicador! Esse deve ser o tal indicador de desemprego de que tanto se fala!” (Quino, Mafalda) (B) Porque o verão está chuvoso, os agricultores verão prosperidade no campo. (C) Olhou o extrato bancário e viu que, além dos produtos que já levava, poderia ainda comprar um extrato de tomate. (D) Eu cedo meu lugar na fila ao primeiro que chegar cedo para a entrevista. (E) Leve esta sacola, pois ela está mais leve que as outras. COMENTÁRIO: Apenas em c), as palavras destacadas pertencem à mesma classe gramatical, pois ambas são substantivos. Em a), a palavra “indicador” é adjetivo e substantivo, em b), “verão” é substantivo e verbo, em d), “cedo” é verbo e advérbio e em e), “leve” é verbo e adjetivo, respectivamente. RESPOSTA: C Pais estão reavaliando sonhos de maternidade e paternidade Não é de hoje que o brasileiro dá sinais de que está diminuindo a resistência em adotar crianças que não sejam a sua imagem e semelhança. No estado de São Paulo, desde 2007, os pretendentes já não fazem mais tanta questão de que o filho adotivo seja uma menina recémnascida e branca. Os estudos também mostram que tem aumentado a aceitação para a adoção de irmãos, respeitando-se os vínculos afetivos existentes. A boa notícia é que, a partir de dados expressivos do Conselho Nacional de Justiça, essa tendência parece ser nacional. No entanto, se há uma verdadeira mudança em curso na cultura de se querer adotar a criança idealizada e não a real, ainda é cedo para saber. 10 É possível, por exemplo, que o aumento da preferência por crianças negras esteja relacionado de alguma forma ao comportamento de famosos (Madonna, Angelina Jolie, Sandra Bullock), mas não é só isso. Na avaliação de profissionais que atuam no campo da adoção, as pessoas começaram a reavaliar seus sonhos de maternidade e paternidade ao perceber que aquele bebê loiro e de olhos azuis não existe nos abrigos. Talvez estejam compreendendo melhor as verdadeiras motivações da adoção e superando a ideia de que um filho adotivo deva ser a cópia do que a biologia negou. Não existem pessoas sem desejos ou preferências, mas iniciativas de grupos de adoção e de integrantes dos Juizados da Infância, no sentido de desmistificar certas ideias equivocadas sobre a adoção, podem estar surtindo efeito. Mas ainda há outros mitos a serem derrubados, como a indiscutível preferência dos pretendentes por meninas. A adoção tardia também é outro desafio. Oitenta por cento dos pretendentes buscam crianças com até três anos de idade. Às mais velhas, resta uma eventual adoção por casais estrangeiros ou a permanência nos abrigos até se tornarem adultas, vivendo sem laços familiares e abandonadas à própria sorte. (Cláudia Collucci, Folha de S. Paulo, 08.08.2010. Adaptado) 21. (Ifsp 2011) Considere os trechos em destaque. Às mais velhas, resta uma eventual adoção por casais estrangeiros ou a permanência nos abrigos até se tornarem adultas, vivendo sem laços familiares e abandonadas à própria sorte. Eles expressam, correta e respectivamente, as circunstâncias de (A) intensidade, lugar e modo. (B) adição, meio e consequência. (C) contraste, tempo e intensidade. (D) tempo, modo e causa. (E) consequência, causa e meio. COMENTÁRIO: “Mais”, “nos abrigos” e “sem laços familiares” expressam circunstâncias de intensidade, lugar e modo, respectivamente. RESPOSTA: A 22. (G1 - col.naval 2011) Marque a opção que obedece às regras de emprego do termo destacado. (A) Por quê não há ainda uma dose ideal para o uso da internet os pais devem temê-la? (B) Os psiquiatras e psicólogos procuram saber por quê o jovem fica conectado à web por uma eternidade. (C) Investigar por que ter mais amigos na rede do que fora dela é um dos desafios levantados pelos psicólogos. (D) Em relação à dependência da web, é preciso investigar porquê isso acontece, mas sempre com a intenção de agir em busca de soluções, (E) Procura-se detectar porque alguém deixa de fazer uso saudável e produtivo da rede para estabelecer com ela uma relação doentia. COMENTÁRIO: Por que: início ou no meio da frase, em interrogações diretas ou indiretas, como pronome interrogativo (ou indefinido) preposicionado, equivalendo a: por qual razão. Por quê: final de frase ou oração, em interrogativa direta ou indireta, como pronome interrogativo (ou indefinido) preposicionado. Porquerespostas, introduzindo uma explicação ou uma causa, como uma conjunção coodenativa explicativa ou causal. Porquê: substantivo, sinônimo de motivo, razão, com um determinante. Assim, apenas c) está correta. Nas demais opções, os termos destacados deveriam ser todos substituídos por “por que” para obedecerem às regras gramaticais. RESPOSTA: C Como prevenir a violência dos adolescentes “(...) Quando deparo com as notícias sobre crimes hediondos envolvendo adolescentes, como o ocorrido com Felipe Silva Caffé e Liana Friedenbach, fico profundamente triste e constrangida. Esse caso é consequência da baixa valorização da prevenção primária da violência por meio das estratégias cientificamente comprovadas, facilmente replicáveis e definitivamente muito mais baratas do que a recuperação de crianças e adolescentes que comentem atos infracionais graves contra a vida. Talvez seja porque a maioria da população não se deu conta e os que estão no poder nos três níveis não estejam conscientes de seu papel histórico e de sua responsabilidade legal de cuidar do que tem de mais importante à nação: as crianças e os adolescentes, que são o futuro do país e do mundo. A construção da paz e a prevenção da violência dependem de como promovemos o desenvolvimento físico, social, mental, espiritual e cognitivo das nossas crianças e adolescentes, dentro do seu contexto familiar e comunitário. Trata-se, portanto, de uma ação intersetorial, realizada de maneira sincronizada em cada comunidade, com a participação das famílias, mesmo que estejam incompletas ou desestruturadas (...)” “(...) Em relação às crianças e adolescentes que cometeram infrações leves ou moderadas – que deveriam ser mais bem expressas – seu tratamento para a cidadania deveria ser feito com instrumentos bem elaborados e colocados em prática, na família ou próxima dela, com acompanhamento multiprofissional, desobstruindo as penitenciárias, verdadeiras universidades do crime. (...)” “(...) A prevenção primária da violência inicia-se com a construção de um tecido social saudável e promissor, que começa antes do nascer, com um bom pré-natal, parto de qualidade, aleitamento materno exclusivo até seis meses e o complemento até mais de um ano, vacinação, vigilância nutricional, educação infantil, principalmente propiciando o desenvolvimento e o respeito à fala da criança, o canto, a oração, o brincar, o andar, o jogar; uma educação para a paz e a nãoviolência. A pastoral da criança, que em 2003 completa 20 anos, forma redes de ação para multiplicar o saber e a solidariedade junto às famílias pobres do país, por meio de mais de 230 mil voluntários, e acompanhou no terceiro trimestre deste ano cerca de 1,7 milhão de crianças menores de seis anos e 80 mil gestantes, de mais de 1,2 milhão de famílias, que moram em 34.784 comunidades de 3.696 municípios do país. O Brasil é o país que mais reduziu a mortalidade infantil nos últimos dez anos; isso, sem dúvida, é resultado da organização e universalização dos serviços de saúde pública, da melhoria da atenção primária, com todas as limitações que o SUS possa ainda possuir, da descentralização e municipalização dos recursos e dos serviços de saúde. A intensa luta contra a mortalidade infantil, a desnutrição e a violência intrafamiliar contou com a contribuição dessa enorme rede de solidariedade da Pastoral da Criança. (...)” “(...) A segunda área da maior importância nessa prevenção primária da violência envolvendo crianças e adolescentes é a educação, a começar pelas creches, escolas infantis e de educação fundamental e de nível médio, que devem valorizar o desenvolvimento do raciocínio e a matemática, a música, a arte, o esporte e a prática da solidariedade humana. As escolas nas comunidades mais pobres deveriam ter dois turnos, para darem conta da educação integral das crianças e dos adolescentes; deveriam dispor de equipes multiprofissionais atualizadas e capacitadas a avaliar periodicamente os alunos. Urgente é incorporar os ministérios do Esporte e da Cultura às iniciativas da educação, com atividades em larga escala e simples, baratas, facilmente replicáveis e adaptáveis em todo o território nacional. (...)” 11 “(...) Com relação à idade mínima para a maioridade penal, deve permanecer em 18 anos, prevista pelo Estatuto da Criança e do Adolescente e conforme orientações da ONU. Mas o tempo máximo de três anos de reclusão em regime fechado, quando a criança ou o adolescente comete crime hediondo, mesmo em locais apropriados e com tratamento multiprofissional, que urgentemente precisam ser disponibilizados, deve ser revisto. Três anos, em muitos casos, podem ser absolutamente insuficientes para tratar e preparar os adolescentes com graves distúrbios para a convivência cidadã. (...)” (B) “Eram meninas do povo envolvidas nos seus vestidos empoados com suas fitinhas cor-de-rosa ao cabelo” (ref.2). (C) “Era enfim o povo, o povo variegado da minha terra.” (ref.3). (D) “As napolitanas baixas com seus vestidos de roda e suas africanas” (ref.4). (E) “e tudo isso muito me obrigou a pensar sobre o destino daquela gente.” (ref.5). Zilda Arns Neumann, 69, médica pediatra e sanitarista; foi fundadora e coordenadora nacional da Pastoral da Criança. (Folha de S Paulo, 26/11/2003.) COMENTÁRIO: Nas opções a), b), c) e d) existe adjetivação, o que imprime subjetividade à descrição ( público especial”, meninas do povo” , “povo variegado”, “napolitanas baixas”). Apenas em e) a caracterização está ausente. RESPOSTA: E 23. (G1 - ifal 2011) Na frase: “A intensa luta contra a mortalidade infantil...” (7º parágrafo), em relação às palavras que a constituem, temos presente, respectivamente, as seguintes classes ou categorias gramaticais: (A) artigo, substantivo, substantivo, verbo, artigo, substantivo, adjetivo. (B) artigo, adjetivo, substantivo, preposição, artigo, substantivo, adjetivo. (C) pronome, adjetivo, substantivo, verbo, artigo, substantivo, adjetivo. (D) artigo, substantivo, verbo, preposição, artigo, substantivo, adjetivo. (E) pronome pessoal oblíquo, adjetivo, substantivo. COMENTÁRIO: O substantivo “luta” é determinado pelo artigo “A” e caracterizado pelo adjetivo “intensa”. A preposição “contra” estabelece ligação com o restante da frase, constituída pelo substantivo “mortalidade” a que está associado o artigo “a” e o adjetivo “infantil”, conforme se transcreve em [B]. RESPOSTA: B 6 Viajam de bonde silenciosamente. Devia ser quase uma hora, pois o veículo já se enchia do público especial dos domingos. 2 Eram meninas do povo envolvidas nos seus vestidos empoados com suas fitinhas cor-de-rosa ao cabelo e o leque indispensável; eram as baratas casemiras claras dos ternos, [...] eram as velhas mães, prematuramente envelhecidas com a 7 maternidade frequente, a acompanhar a escadinha dos filhos, ao lado dos maiores, ainda moços, que fumavam os mais compactos charutos do mercado — era dessa gente que se enchia o bonde e se via pelas calçadas em direção aos jardins, aos teatros em matiné, aos arrabaldes e às praias. 3 4 Era enfim o povo, o povo variegado da minha terra. As napolitanas baixas com seus vestidos de roda e suas africanas, as portuguesas coradas e fortes, caboclas, mulatas e pretas — era tudo sim preto, às vezes todos exemplares em bando, às vezes 8 separados, que a viagem de bonde me deu a ver. E muito me fez meditar o seu semblante alegre, a sua força prolífica, atestada pela cauda de filhos que arrastavam, a sua despreocupação nas anemias que havia, em nada significando a 5 preocupação de seu verdadeiro estado — e tudo isso muito me obrigou a pensar sobre o destino daquela gente. 1 BARRETO, Lima. O domingo. Contos completos de Lima Barreto. Organização e introdução de Lília Moritz Schwarcz. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 589. 24. (Uesc 2011) No texto, faz-se presente a adjetivação, que é um traço avaliativo do narrador, mas que está ausente no fragmento transcrito em (A) “pois o veículo já se enchia do público especial dos domingos.” (ref.1). O padeiro Levanto cedo, faço minhas abluções, ponho a chaleira no fogo para fazer café e abro a porta do apartamento – mas não encontro o pão costumeiro. No mesmo instante me lembro de ter lido alguma coisa nos jornais da véspera sobre a “greve do pão dormido”. De resto não é bem uma greve, é um lock-out, greve dos patrões, que suspenderam o trabalho noturno; acham que obrigando o povo a tomar seu café da manhã com pão dormido conseguirão não sei bem o que do governo. Está bem. Tomo o meu café com pão dormido, que não é tão ruim assim. E enquanto tomo café vou me lembrando de um homem modesto que conheci antigamente. Quando vinha deixar o pão à porta do apartamento ele apertava a campainha, mas, para não incomodar os moradores, avisava gritando: – Não é ninguém, é o padeiro! Interroguei-o uma vez: como tivera a ideia de gritar aquilo? “Então você não é ninguém?” Ele abriu um sorriso largo. Explicou que aprendera aquilo de ouvido. Muitas vezes lhe acontecera bater a campainha de uma casa e ser atendido por uma empregada ou outra pessoa qualquer, e ouvir uma voz que vinha lá de dentro perguntando quem era; e ouvir a pessoa que o atendera dizer para dentro: “não é ninguém, não senhora, é o padeiro”. Assim ficara sabendo que não era ninguém... Ele me contou isso sem mágoa nenhuma, e se despediu ainda sorrindo. Eu não quis detê-lo para explicar que estava falando com um colega, ainda que menos importante. Naquele tempo eu também, como os padeiros, fazia o trabalho noturno. Era pela madrugada que deixava a redação de jornal, quase sempre depois de uma passagem pela oficina – e muitas vezes saía já levando na mão um dos primeiros exemplares rodados, o jornal ainda quentinho da máquina, como pão saído do forno. Ah, eu era rapaz, eu era rapaz naquele tempo! E às vezes me julgava importante porque no jornal que levava para casa, além de reportagens ou notas que eu escrevera sem assinar, ia uma crônica ou artigo com o meu nome. O jornal e o pão estariam bem cedinho na porta de cada lar; e dentro do meu coração eu recebi a lição de humildade daquele homem entre todos útil e entre todos alegre; “não é ninguém, é o padeiro!” E assobiava pelas escadas. BRAGA, Rubem. O padeiro. In: ANDRADE, Carlos Drummond de; SABINO, Fernando; CAMPOS, Paulo Mendes; BRAGA, Rubem. Para gostar de ler: v. 1. Crônicas. 12ª ed. São Paulo: Ática, 1982. p.63 - 64. 25. (G1 - ifsc 2011) Quanto à classe gramatical das palavras do texto, é correto afirmar que: (A) em “Ele me contou isso sem mágoa nenhuma”, a palavra “mágoa” é um pronome. 12 (B) em “recebi a lição de humildade”, a palavra “humildade” é um advérbio. (C) em “ainda que menos importante”, a palavra “menos” é um numeral. (D) em “não encontro o pão costumeiro”, a palavra “costumeiro” é um adjetivo. (E) em “Muitas vezes lhe acontecera”, a palavras “muitas” é um verbo. COMENTÁRIO: Ao contrário do que se afirma em [A], [B], [C] e [E], as palavras “mágoa” e “humildade” são substantivos, “menos” é um advérbio e “muitas”, um pronome indefinido. É correta a opção [D], pois, no contexto, a palavra “costumeiro” é um adjetivo. RESPOSTA: D O Outro Marido 14 Era conferente da Alfândega – mas isso não tem importância. Somos todos alguma coisa fora de nós; o eu irredutível nada tem a ver com as classificações profissionais. Pouco importa que nos 9 avaliem pela casca. Por dentro, sentia-se diferente, capaz de mudar sempre, enquanto a situação exterior e familiar não mudava. Nisso está o espinho do homem: ele muda, os outros não percebem. Sua mulher não tinha percebido. Era a mesma de há 23 anos, 3 quando se casaram (quanto ao íntimo, é claro). Por falta de filhos, os dois viveram demasiado perto um do outro, sem derivativo. Tão perto que se desconheciam mutuamente, como um objeto 10 desconhece outro, na mesma prateleira de armário. Santos doíase de ser um objeto aos olhos de Dona Laurinha. Se ela também era um objeto aos olhos dele? Sim, mas com a diferença de que Dona Laurinha não procurava fugir a essa simplificação, nem reparava; era de fato, objeto. Ele, Santos, sentia-se vivo e desagradado. 1 Ao aparecerem nele as primeiras dores, Dona Laurinha penalizouse, mas esse interesse não beneficiou as relações do casal. Santos 6 11 parecia comprazer-se em estar doente. Não propriamente em queixar-se, mas em alegar que ia mal. A doença era para ele ocupação, emprego suplementar. O médico da Alfândega disseralhe que certas formas reumáticas levam anos para ser dominadas, exigem adaptação e disciplina. Santos começou a cuidar do corpo como de uma planta delicada. E mostrou a Dona Laurinha a nevoenta radiografia da coluna vertebral com certo orgulho de estar assim tão afetado. – Quando você ficar bom... – Não vou ficar. Tenho doença para o resto da vida. Para Dona Laurinha, a melhor maneira de curar-se é tomar remédio e entregar o caso à alma de Padre Eustáquio, que vela por nós. 2 Começou a fatigar-se com a importância que o reumatismo 12 assumira na vida do marido. E não se amolou muito quando ele anunciou que ia internar-se no hospital Gaffré e Guinle. – Você não sentirá falta de nada – assegurou-lhe Santos. – Tirei licença com ordenado integral. Eu mesmo virei aqui todo começo de mês trazer o dinheiro. Hospital não é prisão. – Vou visitar você todo domingo, quer? – É melhor não ir. Eu descanso, você descansa, cada qual no seu canto. Ela também achou melhor, e nunca foi lá. Pontualmente, Santos trazia-lhe o dinheiro da despesa, ficaram até um pouco amigos 4 nessa breve conversa a longos intervalos. Ele chegava e saía curvado, sob a garra do reumatismo que nem melhorava nem matava. A visita não era de todo desagradável, desde que a doença deixara de ser assunto. Ela notou como a vida de hospital pode ser distraída: os internados sabem de tudo cá de fora. – Pelo rádio – explicou Santos. Um dia, ela se sentiu tão nova, apesar do tempo e das separações fundamentais, que imaginou uma alteração: por que ele não ficava até o dia seguinte, só essa vez? 5 – É tarde – respondeu Santos. E ela não entendeu se ele se referia à hora ou a toda a vida passada sem compreensão. É certo que vagamente o compreendia agora, e recebia dele mais que a mesada: uma hora de companhia por mês. 13 Santos veio um ano, dois, cinco. Certo dia não veio. Dona Laurinha preocupou-se. Não só lhe faziam falta os cruzeiros; ele também fazia. Tomou o ônibus, foi ao hospital pela primeira vez, em alvoroço. Lá ele não era conhecido. Na Alfândega informaramlhe que Santos falecera havia quinze dias, a senhora quer o endereço da viúva? – Sou eu a viúva – disse Dona Laurinha, espantada. O informante olhou-a com incredulidade. Conhecia muito bem a viúva do Santos, Dona Crisália, fizera bons piqueniques com o casal na Ilha do Governador. Santos fora seu parceiro de bilhar e de pescaria. Grande praça. Ele era padrinho do filho mais velho de Santos. Deixara três órfãos, coitado. E tirou da carteira uma foto, um grupo de praia. Lá estavam Santos, muito lépido, sorrindo, a outra mulher, os três garotos. Não havia 7 dúvida: era ele mesmo, seu marido. Contudo, a outra realidade de Santos era tão destacada da sua, que o tornava outro homem, completamente desconhecido, irreconhecível. 8 – Desculpe, foi engano. A pessoa a que me refiro não é esta – disse Dona Laurinha, despedindo- se. (Carlos Drummond de Andrade) 26. (Espcex (Aman) 2011) No trecho, “Por falta de filhos, os dois viveram demasiado perto, sem derivativo” (ref.3), o termo sublinhado pode ser classificado morfologicamente como (A) substantivo. (B) adjetivo. (C) advérbio. (D) verbo. (E) conjunção. COMENTÁRIO: O advérbio, palavra invariável que indica as circunstâncias em que ocorre a ação, modifica um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio, como acontece no segmento da oração “os dois viveram demasiado perto”, onde o termo “demasiado” estabelece relação de intensidade com o advérbio “perto”. RESPOSTA: C Arte suprema Tal como Pigmalião, a minha ideia Visto na pedra: talho-a, domo-a, bato-a; E ante os meus olhos e a vaidade fátua Surge, formosa e nua, Galateia. Mais um retoque, uns golpes... e remato-a; Digo-lhe: “Fala!”, ao ver em cada veia Sangue rubro, que a cora e aformoseia... E a estatua não falou, porque era estatua. Bem haja o verso, em cuja enorme escala Falam todas as vozes do universo, E ao qual também arte nenhuma iguala: Quer mesquinho e sem cor, quer amplo e terso, Em vão não e que eu digo ao verso: “Fala!” E ele fala-me sempre, porque e verso. (Júlio César da Silva. Arte de amar. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1961.) 13 27. (Unesp 2010) Aponte a alternativa que indica o número do verso em que aparecem dois adjetivos ligados por um conectivo aditivo: (A) Verso 3. (B) Verso 4. (C) Verso 5. (D) Verso 7. (E) Verso 11. ( ( COMENTÁRIO: A questão depende de conhecimento de morfologia e sintaxe. O candidato precisa conhecer a classe dos adjetivos e das conjunções. O domínio da nomenclatura referente aos elementos de coesão textual ajuda a pensar, pois a expressão conectivo aditivo, utilizada no enunciado, pode não ser conhecida pelo vestibulando, o que o prejudicaria. No quarto verso do poema - “Surge, formosa e nua, Galateia” – as palavras que caracterizam o substantivo “Galateia” concordam com ele em gênero e número. Isso demonstra que formosa e nua são adjetivos. Obs.: fátua significa presunçosa, com alta opinião de si própria. Terso: puro, limpo, lustroso. RESPOSTA: B Darwin passou quatro meses no Brasil, em 1832, durante a sua 2 célebre viagem a bordo do Beagle. Voltou impressionado com o 5 17 19 que viu: “ Delícia é um termo insuficiente para exprimir as 28 8 emoções sentidas por um naturalista a sós com a natureza em 11 uma floresta brasileira”, escreveu. O Brasil, porém, aparece de 21 27 forma menos idílica em seus escritos: “Espero nunca mais voltar 12 a um país escravagista. O estado da enorme população escrava deve preocupar todos os que chegam ao Brasil. Os senhores de escravos querem ver o negro romo outra espécie, mas temos todos a mesma origem.” 6 Em vez do gorjeio do sabiá, o que Darwin guardou nos ouvidos foi 30 3 29 13 um som terrível que o acompanhou por toda a vida: “ Até 39 22 hoje, se eu ouço um grito, lembro-me, com dolorosa e clara 43 memória, de quando passei numa casa em Pernambuco e ouvi 14 urros terríveis. Logo entendi que era algum pobre escravo que 4 estava sendo torturado,” Segundo o biólogo Adrian Desmond, “a 40 41 viagem do Beagie, para Darwin, foi menos importante pelos 15 16 25 espécimes coletados do que pela experiência de testemunhar 23 47 os horrores da escravidão no Brasil. De certa forma, ele 20 escolheu focar na descendência comum do homem justamente 32 31 para mostrar que todas as raças eram iguais e, desse modo, 44 36 18 enfim, objetar àqueles que insistiam em dizer que os negros pertenciam a uma espécie diferente e inferior à dos brancos”. 1 Desmond acaba de lançar um estudo que mostra a paixão 35 26 33 7 abolicionista do cientista, revelada por seus diários e cartas 42 34 pessoais. “A extensão de seu interesse no combate à ciência de 9 cunho racista é surpreendente, e pudemos detectar um ímpeto 10 moral por trás de seu trabalho sobre a evolução humana urna 38 37 45 crença na 'irmandade racial' que tinha origem em seu ódio 46 24 ao escravismo e que o levou a pensar numa descendência comum.” A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é (A) F - V- V - V. (B) V- F - V - F. (C) V- V- F- F. (D) F - V- F - V. (E) F - F - V - V. COMENTÁRIO: Insuficiente Prefixo: In / Radical: Sufici / Sufixo: ente Insistiam Prefixo: não há / Radical: insist / Desinência verbal: iam Exprimir e Imprimir Radical: prim Descendência e Ascendência Radical: scend Idílica (de idílio, radical: id(i/o)) O sufixo “ica” permite que saibamos que trata-se de adjetivo. Dolorosa (de dor, radical: dolor) O sufixo “osa” permite que saibamos que trata-se de adjetivo. Escravidão Radical: escrav Sufixo: idão Ambos os sufixos designam substantivos, no entanto, cada um forma uma palavra de significado diferente. Escravismo Radical: escrav Sufixo: ismo Ambos os sufixos designam substantivos, no entanto, cada um forma uma palavra de significado diferente. RESPOSTA: A 29. (UEL-2010) Com base no texto, considere as afirmativas a seguir: I. Ao afirmar que vestibular é um brasileirismo, o autor se posiciona contrariamente à sua extinção pelo Ministério da Educação. II. O autor não condena o uso do estrangeirismo “lobby” no lugar do brasileirismo “vestibular”. III. O adjetivo “vestibular” que, devido ao uso, acabou sendo substantivado, é derivado da palavra “vestíbulo”. IV. O autor considera pertinente a alegação de redundância para explicar o processo de substantivação do termo “celular”. Assinale a alternativa correta. (A) Somente as afirmativas I e II são corretas. (B) Somente as afirmativas II e IV são corretas. (C) Somente as afirmativas III e IV são corretas. (D) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. (E) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas. Adaptado de: HAAG, C. O elo perdido tropical. Pesquisa FAPESP, n. 159, p. 80 85, maio 2009. 28. (UFRGS-2010) Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as afirmações a seguir sobre elementos de formação de palavras do texto. ( ) As palavras insuficiente (ref. 17) e insistiam (ref. 18) apresentam o mesmo prefixo em sua formação. ( ) A comparação da palavra exprimir (ref. 19) com imprimir e da palavra descendência (ref. 20) com ascendência permite que se postule um radical comum para cada um dos pares. ) As palavras idílica (ref. 21) e dolorosa (ref. 22) apresentam sufixos que formam adjetivos a partir de substantivos. ) O emprego de diferentes sufixos para o mesmo radical em escravidão (ref. 23) e escravismo (ref. 24) serve, no texto, para expressar, respectivamente, a ideia de “situação resultante de uma ação“ e de “movimento socioideológico”. COMENTÁRIO: O autor do artigo não manifesta opinião a respeito da extinção do vestibular nem considera admissível ou tolerável o uso do termo lobby como substituto de vestibular. A intenção do autor é analisar o processo de transformação – de adjetivo a substantivo – do 14 termo “vestibular”, à semelhança de outros, como “celular”. Assim, são inválidas as afirmativas I e II, e é correta a opção. RESPOSTA: C 30. (FGV) O advérbio "não", em uma frase do texto, é empregado de modo enfático, sem o sentido negativo que lhe é próprio. Assinale a alternativa em que isso ocorre. (A) Na época não existia internet nem computadores, o mundo era totalmente diferente. (B) Não que eu seja contra livros, muito pelo contrário. (C) Quase metade das descobertas científicas surgiu não da lógica [...], mas da simples observação. (D) Quantas vezes não participamos de uma reunião e alguém diz "vamos parar de discutir" [...]? (E) Quantas vezes a gente simplesmente não "enxerga" a questão? COMENTÁRIO: A única frase em que o advérbio “não” foi empregado de modo enfático é a apontada na alternativa D. Quando é utilizado apenas para realçar termos da frase, este advérbio é descartável, isto é, sua ausência é indiferente do ponto de vista semântico. RESPOSTA: D 31. (FGV) Rebeldes tem como antônimo dóceis; tiranos tem como sinônimo autocratas. Assinale a alternativa em que o par de antônimos e o de sinônimos, nesta ordem, está correto. (A) Vangloriavam e orgulhavam; heresia e ateísmo. (B) Perpétuo e efêmero; súditos e vassalos. (C) Líder e ideólogo; engrenam e engatam. (D) Ônus e compromisso; esmigalha e esfacela. (E) Dilemas e certezas; insuflar e esvaziar. COMENTÁRIO: “Perpétua” é adjetivo referente ao que dura para sempre. “Efêmero” é sinônimo de passageiro, aquilo que se vai rapidamente. “Súditos” e “vassalos” são subalternos. RESPOSTA: B 32. (UNIFESP-2010) Considere a charge e as afirmações. (E) I, II e III. COMENTÁRIO: O “já” indica, com efeito, que se instaura uma nova situação (=mudança. Daí se deduz, também, que o patamar indicado nunca havia sido atingido (=inédito). A figura realmente dá a entender que há pouco banco para tanto velho (=aumento de idosos). RESPOSTA: E 33. (FGV-2004) Das alternativas abaixo, assinale aquela em que ao menos um plural NÃO está correto: (A) Mão, mãos; demão, demãos. (B) Capitão, capitães; ladrão, ladrões. (C) Pistão, pistões; encontrão, encontrões. (D) Portão, portões; cidadão, cidadães. (E) Capelão, capelães; escrivão, escrivães. COMENTÁRIO: O plural de cidadão é cidadãos. RESPOSTA: D 34. (FGV-2004) Assinale a alternativa em que a palavra sublinhada NÃO tem valor de adjetivo. (A) A malha azul estava molhada. (B) O sol desbotou o verde da bandeira. (C) Tinha os cabelos branco-amarelados. (D) As nuvens tornavam-se cinzentas. (E) O mendigo carregava um fardo amarelado. COMENTÁRIO: Verde, na alternativa b, deixa de ser adjetivo, pois está substantivado pelo artigo o, ou seja, é um caso de derivação imprópria ou conversão. RESPOSTA: B INTERPRETAÇÃO TEXTUAL 35. (Enem cancelado 2009) Observe a tirinha da personagem Mafalda, de Quino. O efeito de humor foi um recurso utilizado pelo autor da tirinha para mostrar que o pai de Mafalda (A) revelou desinteresse na leitura do dicionário. (B) tentava ler um dicionário, que é uma obra muito extensa. (C) causou surpresa em sua filha, ao se dedicar à leitura de um livro tão grande. (D) queria consultar o dicionário para tirar uma dúvida, e não ler o livro, como sua filha pensava. (E) demonstrou que a leitura do dicionário o desagradou bastante, fato que decepcionou muito sua filha. (www.acharge.com.br) I. O advérbio já, indicativo de tempo, atribui à frase o sentido de mudança. II. Entende-se pela frase da charge que a população de idosos atingiu um patamar inédito no país. III. Observando a imagem, tem-se que a fila de velhinhos esperando um lugar no banco sugere o aumento de idosos no país. Está correto o que se afirma em (A) I apenas. (B) II apenas. (C) I e II apenas. (D) II e III apenas. COMENTÁRIO: as outras afirmações somente seriam escolhidas pelos alunos desatentos, pois mesmo a leitura realizada em um nível superficial, leva ao entendimento da resposta D. Naturalmente, o único 15 conhecimento exigido do candidato seria a função do dicionário. Constitui-se em um livro para consulta de sinônimos. RESPOSTA: D No meio do caminho tinha uma pedra [...] 36. (Enem simulado 2009) Texto 2 ANDRADE, C. D. Antologia poética. Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 2000. (fragmento) O personagem Chico Bento pode ser considerado um típico habitante da zona rural, comumente chamado de “roceiro” ou “caipira”. Considerando a sua fala, essa tipicidade é confirmada primordialmente pela (A) transcrição da fala característica de áreas rurais. (B) redução do nome “José” para “Zé”, comum nas comunidades rurais. (C) emprego de elementos que caracterizam sua linguagem como coloquial. (D) escolha de palavras ligadas ao meio rural, incomuns nos meios urbanos. (E) utilização da palavra “coisa”, pouco frequente nas zonas mais urbanizadas. A comparação entre os recursos expressivos que constituem os dois textos revela que (A) o texto 1 perde suas características de gênero poético ao ser vulgarizado por histórias em quadrinho. (B) o texto 2 pertence ao gênero literário, porque as escolhas linguísticas o tornam uma réplica do texto 1. (C) a escolha do tema, desenvolvido por frases semelhantes, caracteriza-os como pertencentes ao mesmo gênero. (D) os textos são de gêneros diferentes porque, apesar da intertextualidade, foram elaborados com finalidades distintas. (E) as linguagens que constroem significados nos dois textos permitem classificá-los como pertencentes ao mesmo gênero. O personagem Chico Bento revela em sua fala traços característicos de alguém que habita uma comunidade rural. Um exemplo evidente disso é a troca da letra l pela letra r na palavra “arguma”. Essa justificativa corresponde à alternativa A. Resposta: A 37. (Enem 2009) A linguagem da tirinha revela (A) o uso de expressões linguísticas e vocabulário próprios de épocas antigas. (B) o uso de expressões linguísticas inseridas no registro mais formal da língua. (C) o caráter coloquial expresso pelo uso do tempo verbal no segundo quadrinho. (D) o uso de um vocabulário específico para situações comunicativas de emergência. (E) a intenção comunicativa dos personagens: a de estabelecer a hierarquia entre eles. COMENTÁRIO: As alternativas versam sobre o gênero literário. O texto 1 pertence ao gênero lírico – faz uma reflexão sobre a constância dos obstáculos encontrados ao longo da vida, a partir da repetição da palavra pedra e da repetição da estrutura. Há a presença do quiasmo – figura de estilo pela qual se repetem palavras invertendo - se – lhe a ordem; conversão: “No meio do caminho tinha uma pedra / Tinha uma pedra no meio do caminho...” Já o texto 2 é um cartoon (história em quadrinhos) que retoma o poema de Drummond, realizando a intertextualidade (diálogo entre textos). RESPOSTA: D COMENTÁRIO: Vê-se na tirinha uma linguagem informal: o verbo “ter” (“Pensei que você tinha consertado...”), na linguagem formal, deveria ser substituído por “haver” (“Pensei que você havia consertado...”. RESPOSTA: C 38. (Enem cancelado 2009) Texto 1 No meio do caminho No meio do caminho tinha uma pedra Tinha uma pedra no meio do caminho Tinha uma pedra 39. (Enem 2009) Tendo em vista a segunda fala do personagem entrevistado, constata-se que (A) o entrevistado deseja convencer o jornalista a não publicar um livro. (B) o principal objetivo do entrevistado é explicar o significado da palavra motivação. 16 (C) são utilizados diversos recursos da linguagem literária, tais como a metáfora e a metonímia. (D) o entrevistado deseja informar de modo objetivo o jornalista sobre as etapas de produção de um livro. (E) o principal objetivo do entrevistado é evidenciar seu sentimento com relação ao processo de produção de um livro. COMENTÁRIO: A fala do personagem entrevistado descreve os sentimentos e as dificuldades enfrentadas pelo escritor no processo de produção de um livro. RESPOSTA: E COMENTÁRIO: Trata-se de uma crítica irônica às relações impessoais das empresas do mundo moderno com os seus clientes, as quais usam comumente gravações automáticas para responder a diversas solicitações, ao invés de as atender pessoalmente. O personagem assusta-se quando percebe que está sendo atendido por um funcionário e desvaloriza a empresa por não seguir a regra padrão. RESPOSTA: A 42. (Enem 2005) Texto 1 40. (Enem 2008) Texto 2 SONHO IMPOSSÍVEL Sonhar Mais um sonho impossível Lutar Quando é fácil ceder Vencer o inimigo invencível Negar quando a regra é vender Sofrer a tortura implacável Romper a incabível prisão Voar num limite improvável Tocar o inacessível chão É minha lei, é minha questão Virar esse mundo Cravar esse chão Não me importa saber Se é terrível demais Quantas guerras terei que vencer Por um pouco de paz E amanhã se esse chão que eu beijei For meu leito e perdão Vou saber que valeu delirar E morrer de paixão E assim, seja lá como for Vai ter fim a infinita aflição E o mundo vai ver uma flor Brotar do impossível chão. Assinale o trecho do diálogo que apresenta um registro informal, ou coloquial, da linguagem. (A) "Tá legal, espertinho! Onde é que você esteve?!" (B) E lembre-se: se você disser uma mentira, os seus chifres cairão!" (C) "Estou atrasado porque ajudei uma velhinha a atravessar a rua..." (D) "... e ela me deu um anel mágico que me levou a um tesouro" (E) "mas bandidos o roubaram e os persegui até a Etiópia, onde um dragão..." COMENTÁRIO: A forma como foi usado o verbo “estar” (“tá”) e as palavras “legal” (gíria) e espertinho evidenciam a informalidade no trecho. RESPOSTA: A 41. (Enem 2005) (J. Darione - M. Leigh - Versão de Chico Buarque de Hollanda e Ruy Guerra, 1972.) A situação abordada na tira torna explícita a CONTRADIÇÃO entre a(s) (A) relações pessoais e o avanço tecnológico. (B) inteligência empresarial e a ignorância dos cidadãos. (C) inclusão digital e a modernização das empresas. (D) economia neoliberal e a reduzida atuação do Estado. (E) revolução informática e a exclusão digital. A tirinha e a canção apresentam uma reflexão sobre o futuro da humanidade. É correto concluir que os dois textos (A) afirmam que o homem é capaz de alcançar a paz. (B) concordam que o desarmamento é inatingível. (C) julgam que o sonho é um desafio invencível. (D) têm visões diferentes sobre um possível mundo melhor. (E) transmitem uma mensagem de otimismo sobre a paz. COMENTÁRIO: Na tirinha de Mafalda, há uma visão pessimista sobre a questão do desarmamento no mundo, pois o avião em que a tentativa é noticiada não resiste ao impulso inicial e estatela-se no chão. Já no poema “Sonho Impossível”, o eu lírico acredita que, apesar de todas as dificuldades e sofrimentos, o futuro será promissor, pois 17 “o mundo vai ver uma flor/Brotar do impossível chão”. A flor estabelece, assim, uma metáfora de um mundo melhor, contrastando com o pessimismo de Mafalda, como se afirma em D. RESPOSTA: D 43. (Enem 2004) (E) pela altura do ponto de observação. COMENTÁRIO: Na tirinha, confronta-se o saber empírico de Hagar e o que resulta do estudo teórico, expresso pelo filho no primeiro quadrinho. Hagar restringe a sua compreensão de mundo àquilo que pode observar, assim como Alberto Caeiro no seu poema: “Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo”. Se tomarmos o significado da palavra “cultura” como a soma das informações e conhecimentos de uma pessoa, ou de um grupo social, está correta a opção A. RESPOSTA: A 45. (Enem 2003) A conversa entre Mafalda e seus amigos (A) revela a real dificuldade de entendimento entre posições que pareciam convergir. (B) desvaloriza a diversidade social e cultural e a capacidade de entendimento e respeito entre as pessoas. (C) expressa o predomínio de uma forma de pensar e a possibilidade de entendimento entre posições divergentes. (D) ilustra a possibilidade de entendimento e de respeito entre as pessoas a partir do debate político de ideias. (E) mostra a preponderância do ponto de vista masculino nas discussões políticas para superar divergências. COMENTÁRIO: A expressão confusa de Mafalda, no segundo quadro, sinaliza já a conclusão manifesta no último: a decepção quanto ao futuro da humanidade. As respostas de Filipe e Manolito à sua pergunta inicial mostram perspectivas opostas, geradoras de soluções irreconciliáveis. RESPOSTA: A 44. (Enem 2004) O humor presente na tirinha decorre principalmente do fato de a personagem Mafalda: (A) atribuir, no primeiro quadrinho, poder ilimitado ao dedo indicador. (B) considerar seu dedo indicador tão importante quanto o dos patrões. (C) atribuir, no primeiro e no último quadrinhos, um mesmo sentido ao vocábulo "indicador". (D) usar corretamente a expressão "indicador de desemprego", mesmo sendo criança. (E) atribuir, no último quadrinho, fama exagerada ao dedo indicador dos patrões. COMENTÁRIO: O humor da tirinha deve-se ao fato de a palavra “indicador” ser usada com o mesmo significado no primeiro e último quadros. De fato, no primeiro, o vocábulo é usado com o sentido de “dedo da mão” e, no último, Mafalda confunde-se ao empregá-lo com outra acepção: “índice estatístico”. RESPOSTA: C 46. (Enem 2002) Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo... Por isso minha aldeia é grande como outra qualquer Porque sou do tamanho do que vejo E não do tamanho da minha altura... (Alberto Caeiro) De acordo com a história em quadrinhos protagonizada por Hagar e seu filho Hamlet, pode-se afirmar que a postura de Hagar (A) valoriza a existência da diversidade social e de culturas, e as várias representações e explicações desse universo. (B) desvaloriza a existência da diversidade social e as várias culturas, e determina uma única explicação para esse universo. A tira "Hagar" e o poema de Alberto Caeiro (um dos heterônimos de Fernando Pessoa) expressam, com linguagens diferentes, uma mesma ideia: a de que a compreensão que temos do mundo é condicionada, essencialmente, (A) pelo alcance de cada cultura. (B) pela capacidade visual do observador. (C) pelo senso de humor de cada um. (D) pela idade do observador. 18 (C) valoriza a possibilidade de explicar as sociedades e as culturas a partir de várias visões de mundo. (D) valoriza a pluralidade cultural e social ao aproximar a visão de mundo de navegantes e não-navegantes. (E) desvaloriza a pluralidade cultural e social, ao considerar o mundo habitado apenas pelos navegantes. COMENTÁRIO: O último quadro, onde Hagar aparece de braços cruzados, em uma atitude peremptória e arrogante, permite deduzir que a sua personalidade individualista dá origem a uma visão dualista da realidade, baseada em uma perspectiva única, desvalorizando a existência da diversidade social e de várias culturas. RESPOSTA: B COMENTÁRIO: A imagem das covas alinhadas conduz ao excerto do poema de João Cabral de Melo Neto que denuncia, em “Morte e Vida Severina”, o fim trágico dos que lutam pela divisão da terra: “Essa cova em que estás…É a parte que te cabe/deste latifúndio”. RESPOSTA: B 48. (Enem 1999) 47. (Enem 2000) Em muitos jornais, encontramos charges, quadrinhos, ilustrações, inspirados nos fatos noticiados. Veja o exemplo ao final da questão. O texto que se refere a uma situação semelhante à que inspirou a charge é: Observando as falas das personagens, analise o emprego do pronome se e o sentido que adquire no contexto. No contexto da narrativa, é correto afirmar que o pronome se, (A) em I, indica reflexividade e equivale a "a si mesmas". (B) em II, indica reciprocidade e equivale a "a si mesma". (C) em III, indica reciprocidade e equivale a "uma às outras". (D) em I e III, indica reciprocidade e equivale a "uma às outras". (E) em II e III, indica reflexividade e equivale a "a si mesma" e "a si mesmas", respectivamente. (A) Descansam o meu leito solitário Na floresta dos homens esquecida, A sombra de uma cruz, e escrevam nela - Foi poeta - sonhou - e amou na vida. (AZEVEDO, Álvares de. Poesias escolhidas. Rio de Janeiro/Brasília: José Aguilar/M,1971) (B) Essa cova em que estás Com palmos medida, é a conta menor que tiraste em vida. É de bom tamanho, Nem largo nem fundo, É a parte que te cabe deste latifúndio. (MELO NETO, João Cabral de. Morte e Vida Severina e outros poemas em voz alta. Rio de Janeiro: Sabiá, 1967) (C) Medir é a medida mede A terra, medo do homem, a lavra; lavra duro campo, muito cerco, vária várzea. (CHAMIE, Mário. Sábado na hora da escutas. São Paulo; Summums, 1978) (D) Vou contar para vocês um caso que sucedeu na Paraíba do Norte com um homem que se chamava Pedro João Boa-Morte, lavrador de Chapadinha: talvez tenha morte boa porque vida ele não tinha. (GULLAR, Ferreira. Toda poesia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1983) (E) Trago-te flores, - restos arrancados Da terra que nos viu passar E ora mortos nos deixa e separados. (ASSIS, Machado de. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1986) COMENTÁRIO: Em II, a pergunta de Susaninha revela que ela não entendeu a colocação de Mafalda, quando esta associou o natal a uma celebração coletiva em que as pessoas se amam mais umas às outras. Ao contrário, Susaninha expressa a sua personalidade narcisista e entende o pronome “se” com o sentido de reflexividade: “a si mesma” e “a si mesmas”, respectivamente. RESPOSTA: E LITERATURA 49. (FUVEST) Poderíamos sintetizar uma das características do Romantismo pela seguinte aproximação de opostos: (A) Aparentemente idealista, foi, na realidade, o primeiro momento do Naturalismo Literário. (B) Cultivando o passado, procurou formas de compreender e explicar o presente. (C) Pregando a liberdade formal, manteve-se preso aos modelos legados pelos clássicos. (D) Embora marcado por tendências liberais, opôs-se ao nacionalismo político. (E) Voltado para temas nacionalistas, desinteressou-se do elemento exótico, incompatível com a exaltação da pátria. COMENTÁRIO: A liberdade de criação propiciou ao romântico a amplitude temática, reforçada pela multiplicidade de assuntos que oferecia o mundo da época, com seus conflitos, transformações e interesses. RESPOSTA: B 50. Se uma lágrima as pálpebras me inunda, Se um suspiro nos seios treme ainda. É pela virgem que sonhei... que nunca Aos lábios me encostou a face linda! (Álvares de Azevedo) 19 A característica do Romantismo mais evidente desta quadra é: (A) o espiritualismo. (B) o pessimismo. (C) a idealização da mulher. (D) o confessionalismo. (E) a presença do sonho. Minha terra tem macieiras da Califórnia onde cantam gaturamos de Veneza. Os poetas da minha terra são pretos que vivem em torres de ametista, os sargentos do exército são monistas, cubistas, os filósofos são polacos vendendo a prestações. A gente não pode dormir com os oradores e os pernilongos. Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda. Eu morro sufocado em terra estrangeira. Nossas flores são mais bonitas nossas frutas mais gostosas mas custam mais de cem mil-réis a dúzia. Ai quem me dera chupar carambola de verdade e ouvir um sabiá com certidão de idade. COMENTÁRIO: A figura da mulher é quase sempre convertida em anjo, figura poderosa e inatingível, ou em demônio, capaz de mudar a vida do homem, de levá-lo à morte e à loucura. RESPOSTA: C 51. Minhalma é triste como a rola aflita Que o bosque acorda desde o albor da aurora, E em doce arrulo que o soluço imita O morto esposo gemedora chora. (Murilo Mendes) TEXTO 2 (Casimiro de Abreu) lá? ah sabiá... papá... maná... sofá... sinhá... cá? bah A estrofe apresentada revela uma situação caracteristicamente romântica. Aponte-a. (A) A natureza agride o poeta: neste mundo, não há amparo para os desenganos amorosos. (B) A beleza do mundo não é suficiente para mitigar a solidão do poeta. (C) A morte, impregnando todos os seres e coisas, tira do poeta a alegria de viver. (D) O poeta recusa valer-se da natureza, que só lhe traz a sensação da morte. (E) O poeta atribui ao mundo exterior estados de espírito que o envolvem. COMENTÁRIO: Casimiro de Abreu é quase sempre tido como ingênuo. Poeta de enorme popularidade, sua obra oferece um acesso fácil, musical, sem complexidade filosófica ou psicológica, que agrada os leitores menos exigentes. RESPOSTA: E 52. (FUVEST) "O indianismo dos românticos [...] denota tendência para particularizar os grandes temas, as grandes atitudes de que se nutria a literatura ocidental, inserindo-as na realidade local, tratando-as como próprias de uma tradição brasileira." (Antonio Candido, Formação da Literatura Brasileira) Considerando-se o texto acima, pode-se dizer que o indianismo, na literatura romântica brasileira: (A) procurou ser uma cópia dos modelos europeus. (B) adaptou a realidade brasileira aos modelos europeus. (C) ignorou a literatura ocidental para valorizar a tradição brasileira. (D) deformou a tradição brasileira para adaptá-la à literatura ocidental. (E) procurou adaptar os modelos europeus à realidade local. COMENTÁRIO: A alternativa é explicitada no texto de Antonio Candido, que se refere à inserção dos temas e atitudes da literatura romântica ocidental na realidade local, tratando-os como próprios de uma tradição brasileira. Segundo o crítico, a realidade local foi subordinante e os modelos europeus foram adaptados a ela. A alternativa B, que pode ter confundido o estudante, inverte a relação entre subordinante e subordinado, como proposta no fragmento transcrito. RESPOSTA: E (José Paulo Paes) Os textos acima parodiam importante poema de nossa literatura, cujo autor foi: (B) Álvares de Azevedo (C) Gonçalves Dias (D) Fagundes Varela (E) Gonçalves de Magalhães (F) Casimiro de Abreu COMENTÁRIO: Os textos apresentados pertencem à 1ª geração modernista, que tinha como uma de suas características parodiar as produções literárias dos primeiros movimentos literários nacionais. Neste caso, o poema "Canção do Exílio", de Gonçalves Dias. RESPOSTA: B 54. (FUVEST) Cantei o monge, porque ele é escravo, não da cruz, mas do arbítrio de outro homem. Cantei o monge, porque não há ninguém que se ocupe de cantá-lo. E por isso que cantei o monge, cantei também a morte. É ela o epílogo mais belo de sua vida: e seu único triunfo. O autor do trecho acima é um poeta da segunda geração romântica brasileira. Pelo fato de não utilizar frequentemente um tipo de linguagem própria da geração em que se encaixa, oscila, muitas vezes, entre a tradição clássica e o pessimismo. Trata-se de: (A) Castro Alves. (B) Junqueira Freire. (C) Gonçalves Dias. (D) Casimiro de Abreu. (E) Gonçalves de Magalhães. COMENTÁRIO: 53. TEXTO 1 20 Junqueira Freire, injustamente banido de nossas antologias escolares, é autor de Inspirações do Claustro e Contradições Poéticas, coletâneas de poemas românticos da 2ª geração, chamada individualista, mal-do-século, byroniana, gótica, ultraromântica. Conhecido como o "poeta-monge", Junqueira Freire tentou, na vida monástica, a superação das tensões adolescentes, enclausurando-se num mosteiro sob o nome eclesiástico de Frei Luís da Santa Escolástica. Sem vocação genuinamente mística e ascética, a solução escapista da vida monacal chocava-se com as pulsões eróticas e mórbidas da adolescência romântica. Sua poesia, por vezes próxima do melhor Álvares de Azevedo, é, em grande parte, projeção desse conflito, como demonstra o texto que encabeça a questão. RESPOSTA: B 55. Era um sonho dantesco... O tombadilho Que das luzernas avermelha o brilho, Em sangue a se banhar. Tinir de ferros... estalar do açoite... Legiões de homens negros como a noite, Horrendos a dançar... (Castro Alves) Aponte a alternativa que não se aplica ao texto: (A) O sonho dantesco a que se refere o poeta compõe-se de figuras humanas, os escravos. (B) Sonho dantesco remete às cenas horríveis do "Inferno", descritas na Divina Comédia, de Dante Alighieri. (C) O sonho dantesco expressa a indignação do eu-lírico diante do desajuste opressor/oprimido da sociedade brasileira do século XIX. (D) A expressão sonho dantesco conota a recusa em admitir que o que se via era real. (E) O sonho dantesco é o resultado da inadaptação do poeta ao mundo, devido a seus conflitos exclusivamente interiores. COMENTÁRIO: A obra de Castro Alves é marcada pela preocupação com questões cadentes de seu tempo, com o abolicionismo e a expansão do movimento republicano. RESPOSTA: E 56. Leia atentamente o texto abaixo Ontem plena liberdade... A vontade por poder... Hoje... cúm'lo de maldade! Nem são livres pra... morrer! Prende-os a mesma corrente Férrea, lúgubre serpente Nas roscas da escravidão... (...) Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me vós, Senhor Deus! Se eu deliro... ou se é verdade Tanto horror perante os céus... COMENTÁRIO: A alternativa e é equivocada, pois não se verificam no texto apresentado o pessimismo e o egocentrismo, características da 2ª geração romântica. O texto em questão corresponde à poesia da 3ª geração romântica, dita condoreira. RESPOSTA: E 57. (FUVEST) Oh! Bendito o que semeia Livros... livros à mão cheia... E manda o povo pensar! O livro caindo n'alma É germe - que faz a palma, É chuva - que faz o mar. Vós, que o templo das idéias Largo - abris às multidões, P'ra o batismo luminoso Das grandes revoluções, Agora que o trem de ferro Acorda o tigre no cerro E espanta os caboclos nus, Fazei desse "rei dos ventos" Ginete dos pensamentos, Arauto da grande luz!... (Castro Alves) O tratamento dado aos temas do livro e do trem de ferro, nesses versos de "O livro e a América", permite afirmar corretamente que, no contexto de Espumas Flutuantes, (A) o poeta romântico assume o ideal do progresso, abandonando as preocupações com a História. (B) o entusiasmo pelo progresso técnico e cultural determina a superação do encantamento pela natureza. (C) o entusiasmo pelo progresso cultural se contrapõe ao temor do progresso técnico, que agride a natureza. (D) o poeta romântico se abre ao progresso e à técnica, em que não vê incompatibilidade com os ciclos naturais (E) o poeta romântico propõe que literatura e natureza somem forças contra a invasão do progresso técnico. COMENTÁRIO: Ao aproximar metaforicamente o livro ao "germe" e à "chuva", na primeira estrofe, e, ao fazer o trem de ferro acordar o "tigre" e espantar "os caboclos nus", o poeta relaciona as imagens do progresso e da técnica às sugestões da natureza e não vê qualquer incompatibilidade entre esses dois universos, que outros românticos concebiam antagônicos e inconciliáveis. RESPOSTA: D 58. (FUVEST) LEITO DAS FOLHAS VERDES Por que tardas, Jatir, que tanto a custo À voz do meu amor moves teus passos? Da noite a viração. movendo as folhas, Já nos cimos do bosque rumoreja. Sobre esse texto, não é correto afirmar que: (A) mostra o traço romântico do inconformismo. (B) dá tratamento eloquente à linguagem para tratar do tema da escravidão. (C) pode ser identificado com a poesia abolicionista de Castro Alves. (D) pelo tema que explora classifica-se na corrente social da poesia romântica. (E) traduz o pessimismo e o egocentrismo do poeta romântico diante da impossibilidade de mudar o mundo. Eu sob a copa da mangueira altiva Nosso leito gentil cobri zelosa Com mimoso tapiz de folhas brandas, Onde o frouxo luar brinca entre flores. Do tamarindo a flor abriu-se, há pouco, Já solta o bogari mais doce aroma! Como prece de amor, como estas preces, No silêncio da noite o bosque exala. 21 Brilha a lua no céu, brilham estrelas, Correm perfumes no correr da brisa, A cujo influxo mágico respira-se Um quebranto de amor, melhor que a vida! COMENTÁRIO: Os dois poemas abordam idealizadamente o índio – tal característica é uma das relevantes da poesia de Gonçalves Dias [primeira geração] e do Romantismo como um todo. RESPOSTA: C A flor que desabrocha ao romper d'alva Um só giro do sol, não mais, vegeta: Eu sou aquela flor que espero ainda Doce raio do sol que me dê vida. (Gonçalves Dias) Assinale a alternativa correta com relação ao texto. (A) Principalmente pela manifestação de elementos simbólicos, tais como "luar", "vales", "bosque" e "perfumes", pode-se dizer que o poema muito se aproxima da estética simbolista. (B) O poema romântico indianista recupera as antigas cantigas de amigo medievais, para expressar o amor por meio da espera. (C) O poema de Gonçalves Dias demonstra profunda influência renascentista, recebida principalmente de Camões. (D) Apesar da intensa presença da natureza, o poema em questão já se aproxima do Parnasianismo, pela presença dos elementos mitológicos. (E) Mesmo sendo romântico, notam-se ainda no poema os aspectos marcantes do Arcadismo, principalmente no que diz respeito ao bucolismo. COMENTÁRIO: A alternativa b é a única que contempla corretamente uma característica relevante do poema de Gonçalves Dias: a presença de um emissor, de um eu-lírico feminino, à maneira das cantigas de amigo da tradição medieval lusa, de cunho provavelmente autóctone, pré-literário, anterior à influência mais refinada da poesia trovadoresca das Cortes ocitânicas. Mas, contrariamente à espontaneidade dos cantares de amigo, o poema de Gonçalves Dias resulta de uma sofisticada elaboração imagética, ocultando sob o ritmo prosaico dos versos brancos requintados jogos sonoros, que incluem o aproveitamento da sonoridade da língua indígena: "bagari", "arasóia" etc. RESPOSTA: B TEXTO PARA AS PROXIMAS DUAS QUESTÕES Considere os versos abaixo, do poeta Gonçalves Dias. “Tu choraste em presença da morte? Na presença de estranhos choraste? Não descende o cobarde do forte; Pois choraste, meu filho não és!" (" - Juca Pirama") "Não chores, meu filho; Não chores, que a vida É luta renhida: Viver é lutar. A vida é combate, Que os fracos abate, Que os fortes, os bravos Só pode exaltar." ("Canção do Tamoio") 59. Os dois textos possuem uma ideia comum: (A) a exaltação das belezas naturais do Brasil. (B) a negação da paternidade. (C) a fortaleza moral do índio diante da adversidade. (D) visão idealista e rósea da existência. (E) constatação da fragilidade espiritual do índio. 60. A principal característica do estilo de Gonçalves Dias é: (A) uso de arcaísmos. (B) vocabulário de natureza popular. (C) o profundo conhecimento do idioma. (D) a expressividade do ritmo. (E) o amor à natureza. COMENTÁRIO: Nos trechos fornecidos, o uso de vocábulos como cobarde [covarde] e renhida [difícil] atestam uma das principais características estilísticas de Gonçalves Dias, o uso de um vocabulário arcaico. Tal característica é afim ao midievalismo, um dos principais traços da primeira geração do romantismo no Brasil. RESPOSTA: A TEXTO PARA AS PROXIMAS DUAS QUESTÕES SONETO Álvares de Azevedo Pálida, à luz da lâmpada sombria, Sobre o leito de flores reclinada, Como a lua por noite embalsamada, Entre as nuvens do amor ela dormia! Era a virgem do mar! Na escuma fria Pela maré das águas embalada! Era um anjo entre nuvens d’alvorada Que em sonhos se banhava e se esquecia! Era mais bela! O seio palpitando... Negros olhos as pálpebras abrindo... Formas nuas no leito resvalando... Não te rias de mim, meu anjo lindo! Por ti – as noites eu velei chorando, Por ti – nos sonhos morrerei sorrindo. Disponível em: http://www.casadobruxo.com.br/poesia/a/palida.htm 61. (UFSM) Considere as afirmativas a respeito do soneto I. O fato de que, no poema, afetividade e natureza se relacionam situam-no claramente como produção barroca. II. As palavras virgem [v.5] e anjo [v.7 e v.12] indicam que a mulher observada se caracteriza pela pureza. III. A alusão à morte, encontrada no verso 14, é um traço frequente na produção poética de Álvares de Azevedo. Está(ão) correta(s): (A) apenas a afirmativa I. (B) apenas a afirmativa III. (C) apenas as afirmativas I e III. (D) apenas as afirmativas II e III. (E) as afirmativas I, II e III COMENTÁRIO: Os comentários pertinentes ao poema e à produção de Álvares de Azevedo encontram-se nas alternativas II e III. RESPOSTA: D 62. (UFSM) A respeito do “Soneto”, de Álvares de Azevedo, é INCORRETO afirmar que: (A) as palavras finais dos versos são oxítonas, sendo esse um recurso para regularizar o ritmo do poema. 22 (B) o poema contém elementos que constituem oposições no plano do significado: luz e sombria [v.1], chorando [v.13] e sorrindo [v.14]. (C) as marcas de pontuação contribuem para representar a situação emocional do sujeito lírico. (D) o verso 1 e o verso 2 se caracterizam pela recorrência do som /l/, e o verso 8 se caracteriza pela repetição do som /s/. (E) se encontram, na última estrofe, identificando o sujeito lírico, três pronomes de primeira pessoa, não havendo esse recurso nas outras estrofes. COMENTÁRIO: As rimas são paroxítonas Assinale-se, pois, a alternativa “a”. RESPOSTA: A NAVIO NEGREIRO [fragmento] Castro Alves Era um sonho dantesco... o tombadilho Que das luzernas avermelha o brilho. Em sangue a se banhar. Tinir de ferros... estalar de açoite... Legiões de homens negros como a noite, Horrendos a dançar... Disponível em: http://www.culturabrasil.org/navionegreiro.htm 63. (UFV) Aponte a alternativa que NÃO se aplica ao texto: (A) O sonho dantesco a que se refere o poeta compõe-se de figuras humanas, os escravos. (B) Sonho dantesco remete às cenas horríveis do “Inferno”, descritas na Divina comédia, de Dante Alighieri. (C) O sonho dantesco expressa a indignação do eu-lírico diante do desajuste opressor/oprimido da sociedade brasileira do século XIX. (D) A expressão sonho dantesco conota a recusa em admitir que o que se via era real. (E) O sonho dantesco é o resultado da inadaptação do poeta ao mundo, devido a seus conflitos exclusivamente interiores. COMENTÁRIO: A expressão em análise nesta questão intertextualiza com a Divina comédia, de Dante, e visa a expressar a indignação e o asco que o sujeito poético sente pela cena apresentada – o translado dos africanos [escravizados] para as terras americanas. No poema “Navio negreiro”, do qual se extraiu o trecho citado anteriormente, a expressão poética se volta para o mundo exterior e não para a interioridade, apesar de que, para falar do sofrimento dos negros, o locutor construa um discurso altamente subjetivo e emocional. RESPOSTA: E (B) “Iracema” é uma palavra que em guarani significa “lábios de mel”. (C) O romance acima mencionado é, indiscutivelmente, a obra-prima de Alencar no gênero dos romances regionalistas. (D) O romance foi descrito para narrar a origem do Ceará e dos cearenses. (E) Em Iracema, Alencar mostra claras influência do romance Atala et René, de Chateaubriand. COMENTÁRIO: Iracema é, sabidamente, uma das obras primas do romance romântico indianista. RESPOSTA: C 65. (ITAÚNA) Quanto à prosa romântica, é INCORRETO afirmar que: (A) O romance urbano amadureceu o próprio romance como gênero e preparou os caminhos do romance políticosocial, menos cultivado por outros movimentos literários. (B) O indianismo foi uma das principais tendências do Romantismo brasileiro. (C) Alguns escritores do romantismo criaram uma literatura fantasiosa, identificada com um universo de satanismo, mistério, morte, sonho, loucura e degradação. (D) O romance brasileiro assumiu o papel de um dos principais instrumentos no processo de redescoberta do país e de busca de uma identidade nacional. (E) Ao romance regionalista coube a missão nacionalista do Romantismo de dar ao país uma visão sobre si mesmo. COMENTÁRIO: Marque-se a letra “a”, porque o romance urbano [criado no romantismo] terá inúmeros desdobramentos de vívida conotação social, em momentos como o Naturalismo, o Pré-Modernismo e o Modernismo. RESPOSTA: A 66. Considere as seguintes afirmações a respeito do Romantismo no Brasil. I. As gerações românticas da poesia brasileira denominamse Indianista ou Nacionalista, Mal-do-Século e Condoreira ou Social. II. Iracema foi escrito por Machado de Assis. III. Pode-se considerar que o Romantismo brasileiro foi a manifestação artística que melhor expressou sentimento nacionalista desenvolvido com independência do Brasil. Está(ão) correta(s): (A) a alternativa I. (B) a alternativa II. (C) a alternativa III. (D) as alternativas I e III. (E) as alternativas II e III. IRACEMA [fragmento] José de Alencar Enterra o corpo de tua esposa ao pé do coqueiro que tu amavas. Quando o vento do mar soprar nas folhas, Iracema pensará que é a tua voz que fala entre seus cabelos. O doce lábio emudeceu para sempre; o último lampejo despediu-se dos olhos baços. Poti amparou o irmão na grande dor. Martim sentiu quanto um amigo verdadeiro é precioso na desventura. ALENCAR, José de. Iracema. São Paulo: Ática, 2005. 64. Referindo-se ao texto acima, assinale a alternativa ERRADA: (A) O trecho pertence ao romance-poema de José de Alencar, Iracema. o a COMENTÁRIO: A única alternativa incorreta é a II, pois quem escreveu o romance romântico Iracema foi o cearense José de Alencar. RESPOSTA: D Capítulo 48 Conclusão feliz 23 [...] Passado o tempo indispensável do luto, o Leonardo, em uniforme de Sargento de Milícias, recebeu-se na Sé com Luisinha, assistindo à cerimônia a família em peso. Daqui em diante aparece o reverso da medalha. Seguiu-se a morte de Dona Maria, a do Leonardo-Pataca, e uma enfiada de acontecimentos tristes que pouparemos aos leitores, fazendo aqui o ponto final. ALMEIDA, Manuel Antonio de. Memórias de um Sargento de Milícias. Rio de Janeiro: Ediouro, p. 121. 67. (Udesc 2012) Analise as proposições, tendo como base a obra Memórias de um Sargento de Milícias e o texto. I. No romance, Leonardo-Pataca é o pai de Leonardo. Embora no decorrer de toda a obra o filho se envolva com engodos e trapaças, no final este acaba recebendo o cargo de Sargento de Milícias e se casando com Luisinha. II. Da leitura da obra, infere-se que o luto ao qual o texto se refere fora motivado pelo falecimento da mãe de Leonardo, Dona Maria-da-Hortaliça. III. Se o “reverso da medalha” é o desfecho relativo à Dona Maria e a Leonardo-Pataca, o lado principal da medalha, por inferência, é o desfecho relativo ao personagem principal, Leonardo. IV. Permeia em todo o romance um espírito de comicidade e, por meio da sátira, vai relatando os costumes da sociedade no tempo do rei. Assinale a alternativa correta. (A) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras. (B) Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras. (C) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras. (D) Somente as afirmativas 3 e 4 são verdadeiras. (E) As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras. COMENTÁRIO: À semelhança de Marguerite Gautier, personagem de “Dama das Camélias” de Alexandre Dumas, Lúcia é uma prostituta de luxo que se redime através da entrega a um amor impossível. O sentimento de culpa pela pureza perdida e a consciência das barreiras sociais impedem-na de vivenciar esse amor de forma plena e conduzemna à morte prematura. José de Alencar faz inúmeras alusões a obras que reproduzem o idealismo romântico na literatura e opta pelo final trágico que pune a protagonista e preserva a honra burguesa. Todas as afirmativas são verdadeiras. RESPOSTA: E 69. (Ucs 2012) José de Alencar, um dos mais importantes ficcionistas brasileiros do século XIX, escreveu romances históricos, regionais, urbanos e indianistas. Leia o fragmento do romance O Guarani, de José de Alencar. Caía a tarde. No pequeno jardim da casa do Paquequer, uma linda moça se embalançava indolentemente numa rede de palha presa aos ramos de uma acácia silvestre [...]. Assinale a alternativa correta. (A) Somente as afirmativas II, III e IV são verdadeiras. (B) Somente a afirmativa I é verdadeira. (C) Somente as afirmativas I e II são verdadeiras. (D) Somente as afirmativas I, III e IV são verdadeiras. (E) Todas as afirmativas são verdadeiras. Os grandes olhos azuis, meio cerrados, às vezes se abriam languidamente como para se embeberem de luz [...]. Os lábios vermelhos e úmidos pareciam uma flor da gardênia dos nossos campos, orvalhada pelo sereno da noite [...]. Os longos cabelos louros, enrolados negligentemente em ricas tranças, descobriam a fronte alva, e caíam em volta do pescoço presos por uma rendinha finíssima de fios de palha cor de ouro. [...] COMENTÁRIO: Todas as proposições são corretas, exceto II, pois o luto ao qual o texto se refere era motivado pelo falecimento de José Manuel, marido de Luisinha. Assim, é correta apenas [D]. RESPOSTA: D Esta moça era Cecília. (ALENCAR, José de. O guarani. 25. ed. São Paulo: Ática, 2001. p. 32.) 68. (Ufpr 2012) “Incompreensível mulher! / A noite a vira bacante infrene, calcando aos pés lascivos o pudor e a dignidade, ostentar o vício na maior torpeza do cinismo, com toda a hediondez de sua beleza. A manhã a encontrava tímida menina, amante casta e ingênua, bebendo num olhar a felicidade que dera, e suplicando o perdão da felicidade que recebera.” Em relação à obra O Guarani, ou ao fragmento acima descrito, assinale a alternativa correta. (A) Neste trecho, a descrição de Cecília revela um ideal de beleza típico da sociedade do Brasil colonial. (B) A visão de mundo realista está posta no retrato harmonioso entre a beleza da jovem e a beleza da natureza brasileira. (C) No romance, um dos triângulos amorosos é formado por Cecília, Loredano e Isabel. (D) No fragmento, a languidez dos olhos de Cecília sugere um certo erotismo, desvinculando a obra do movimento romântico. (E) Na obra, além da idealização da mulher, há elementos da idealização do índio, personificado na figura de Peri. (José de Alencar, em Lucíola) Em relação ao romance Lucíola, considere as seguintes afirmativas: 1. Para Lúcia, a prostituição funciona como autopunição, na medida em que reforça o sentimento de culpa pela pureza perdida e valorizada. 2. O idealismo romântico convive com a aguda percepção da importância da posição social, do conflito entre dinheiro e virtude e com o realismo das descrições sem reticências. 3. O romance de Alencar coloca a literatura em relevo, através das obras citadas, da crítica de Lúcia à Dama das Camélias e da referência às leituras permitidas às mulheres. 4. O abandono da vida anterior não é purificação suficiente, razão pela qual o corpo manchado pelo vício deve morrer junto com o fruto do amor impossível. COMENTÁRIO: As opções [A], [B], [C] e [D] estão incorretas, pois [A] a descrição de Cecília corresponde ao ideal de beleza típico do Romantismo, estilo literário inserido no período nacional (1836 até os nossos dias); [B] a beleza da jovem e da paisagem brasileira constituem idealização romântica; [C] o triângulo amoroso, muito presente no Realismo, não faz parte do romance “O Guarani”, vinculado à estética romântica; 24 [D] a sensualidade, estimulada pelo uso da imaginação, é típica do Romantismo. RESPOSTA: E INGLÊS 70. COMENTÁRIO: O excerto em questão apresenta dois tempos verbais distintos: Present Perfect (has approved - aprovou) e Simple Past (said – disseram). A construção is expected (espera-se) e voz (passiva) e não tempo RESPOSTA: A 73. COMENTÁRIO: Os verbos doesn’t cry (não chora) e weaves (teve) estão no Simple Present (observe a presença do auxiliar does e da desinência –s junto ao verbo), has sucked (amamenta) e has got (tem aguentado) no Present Perfect (to have como auxiliar, seguido de verbo no Past Participle) e is crying (está chorando) no Present Continuous (to be como auxiliar, seguido de verbo o Present Participle). RESPOSTA: B 71. COMENTÁRIO: Apenas o verbo weave (tecer) apresenta as formas primitivas corretamente. RESPOSTA: D COMENTÁRIO: Observe os tempos verbais utilizados, bem como suas respectivas traduções e definições/justificativas: “Samuel Eto’o has rejected...” (Samuel Eto’o rejeitou… - Utiliza-se o Present Perfect pelo fato da acao ter ocorrido em um tempo indefinido no passado). “City were ready to offer...” (O [Manchester City estava disposto a oferecer… - O Simple Past representa uma ação finalizada no passado. A concordância no plural deve-se ao fato de que times/seleções são considerados substantivos com carga de plural). “But the Money wasn’t enough...” (mas o dinheiro não era o bastante…- Mais uma vez, o Simple Past representa uma ação finalizada no passado.) “The cameroon stiker, who would cost around 22 million...” (o atacante camaronês, que custaria em torno de 22 milhões de libras... – No caso, a Simple Conditional está sendo usada para representar uma estimativa); “But the lure of the Premier League could see him move to Chelsea or Liverpool” (mas o chamariz da Premier League pode vê-lo mudando-se para o Chelsea ou o Liverpool – Após Modal Verbs, o verbo principal deve ser usado no infinitivo sem a partícula to). RESPOSTA: C 72. 74. 25 COMENTÁRIO: A sequencia correta dos tempos verbais é: Present Continuous (are fishing – estamos pescando), Simple Past (made – fizeram), Simple Present (representes – representa) e Present Perfect (have resulted – resultaram). RESPOSTA: E 75. COMENTÁRIO: O texto deve ser completado pelos verbos, respectivamente, na Passive Voice (was read - foi lida), no Past Perfect Continuous (had been working - esteve trabalhando) e no Simple Past (lost perderam). RESPOSTA: A 77. COMENTÁRIO: O Present Perfect expressa ações que começam no passado e estendem-se até o presente: “Hey, pal.it has been a long time” (Ei, camarada. Há quanto tempo). RESPOSTA: B 78. COMENTÁRIO: Identifica-se o Present Perfect Continuous através da estrutura to be [Present Perfect] + verb [Present Participle]: “They have been working hard all night long” (Eles estiveram trabalhando intensamente durante a noite toda). RESPOSTA: A 79. COMENTÁRIO: Basta seguir as orientações dadas para o texto seja completado, corretamente: called (anunciou), has...had (teve), wasn’t making (não estava fazendo), was developing (estava desenvolvendo) e would...make (faria). RESPOSTA: B COMENTÁRIO: O Past Perfect é utilizado para expressar ações passadas que aconteceram antes de outras também passadas: “The plane had 76. 26 already taken off when we arrrived there” (O avião já havia decolado quando nós chegamos lá). RESPOSTA: C 81. TEXTO PARA AS PROXIMAS DUAS QUESTÕES COMENTÁRIO: Basta ler esta frase do texto: “We have a big, leftist (more or less) government but also a capitalista economy”. (Temos um grande governo (mais ou menos) de esquerda, mas também uma economia capitalista) RESPOSTA: B 82. COMENTÁRIO: No texto: “We also have the widest spread betweenn rich and poor in ther world, however, along with the ugliest shantytowns and probably the worst corruption scandals”. (Temos também a maior disparidade entre ricos e pobres no mundo, no entanto, juntamente com as mais horrendas favelas a, provavelmente, os piores escândalos de corrupção.) RESPOSTA: D 83. COMENTÁRIO: A resposta está em: “He may notice that we have Americanized, or McDonaldized, to a high degree”. (El epode notar que nós americanizamos ou mcdonaldizamos bastante.) RESPOSTA: A 80. 84. COMENTÁRIO: A resposta está no trecho “If Barack Obama came to visit Brazil – and he should – we would impress him with our bigness in everything”. (Se Barack Obama viesse visitor o Brasil – e ele deveria – nós impressionaríamos com nossa grandeza em tudo). RESPOSTA: D COMENTÁRIO: No título, temos “Brasil: o gigante bem ao sul” (Brazil: The Giant Down South). RESPOSTA: E 27 85. 88. COMENTÁRIO: A sequência correta das formas primitivas (infinitive, Past Form e Past Participle) do verbo saber, em inglês, é to know – knew – known. RESPOSTA: E COMENTÁRIO: A frase original se traduz por: “Se Obama viesse, nós lhe daríamos não apenas uma boa diversão, mas uma ótima diversão.” No passado, o correto é “Quando Obama veio, demos a ele não apenas uma boa diversão (...)” RESPOSTA: D 89. 86. Leia os quadrinhos para responder as próximas duas questões. COMENTÁRIO: A frase correta é: “Eu lhe ‘vi’ (saw) ontem. Você ‘estava tomando’ (were drinking) cerveja em um pub, mas você ‘não’ me ‘viu’ (didn’t see)”. RESPOSTA: C 2012’s Second Sun Earth is believed to be getting a second sun burning in the sky near the end of 2012, as the second biggest star in the universe, Betelgeuse, is dying, which will lead to “multiple days of constant daylight.” 4 Many ancient cultures have speculated about the appearance of a 1 second sun and this event appears to tie in very closely with the December 21 2012 predictions. 2 Betelgeuse is the second biggest star in the universe and the 3 5 eighth brightest in the night sky, Scientists have determined that the star is losing mass at a rapid rate, which indicates it will go supernova very soon. COMENTÁRIO: “Getting on my serves” equivale a “Making me very. RESPOSTA: C 87. The light emitted from this exploding star will be so bright that it will appear for a few weeks at the end of 2012 as a second sun in the sky. There may be little if no period of darkness or night according to senior lecturer of physics at the University of Southern Queensland, Brad Carter. Earth will experience “brightness for a brief period of time for a couple of weeks and then over the coming months it begins to fade and then eventually it will be very hard to see at all,” explained the Australian scientist Brad Carter to news.com.au. 6 COMENTÁRIO: “Wanna” é equivalente a “want to”. RESPOSTA: D Scientist have known about this dying star which is 640 light years away from Earth, since 2005. It is believed that as Betelgeuse goes supernova it will not be harmful to Earth. “There will be neutrinos emitted during the supernova process, said University of Minnesota physics professor Priscilla Cushman, but neutrinos, even lots and lots of them, are only weakly interacting, so they won't affect life on earth,” but that is only speculation at this point. 28 The fact is, we as human beings have never experienced anything like this before so close to our home planet, and to be honest, we just don’t know for sure what this event could bring. in production tests since March and the company plans to contract production equipment in 2011. www.ogfj.com (www.december212012.com) on 30/08/11 90. (Udesc 2012) The verb tenses “have speculated” (ref. 4), “have determined” (ref. 5) and “have known” (ref. 6) are: (A) Past perfect (B) Simple present (C) Present perfect (D) Past participle (E) Gerund COMENTÁRIO: O “Present Perfect” é usado para ações que aconteceram num passado indefinido, para ações que começaram no passado, continuam acontecendo e podem ou não continuar no futuro, e também para ações que aconteceram em qualquer momento do passado e ainda, de alguma forma, afetam o presente. A formação deste tempo verbal é: have/has + Past Participle Verb, exatamente o que temos em “have speculated”, “have determined” e “have known”. RESPOSTA: C 92. (Fgv 2010) Assinale a alternativa que completa, correta e respectivamente, a segunda coluna no texto. (A) would have seen (B) had been (C) were done (D) has been (E) was going COMENTÁRIO: Espera-se que o candidato entenda o uso do tempo verbal para expressar uma ação que teve início no passado e continua no presente (o campo de Siri está em testes de produção desde março) – presente perfeito. RESPOSTA: D ESPANHOL 93. Microsoft is buying Skype One is the giant business, whose software powers more than 90% of the world's computers. The other is the firm, which has revolutionised the way many communicate. Now Skype is being swallowed up by Microsoft. It's just eight years since Skype started helping people to make calls over the internet for nothing, and this is the third time it's been bought and sold. Microsoft has been struggling to prove it can compete with the likes of Google and Apple. Now as it tries to make an impact on the mobile-phone world, it wants Skype to help it become a bigger force. Skype is now used by 170 million people around the world (each month), not just on their computers, but on the move – on their mobile phones and even on their tablet devices. Microsoft wants to tap in to this connected community, but it's paying a huge price for a business that isn't even profitable. Rory Cellan-Jones, BBC News. Fonte: http://www.bbc.co.uk/worldservice/learningenglish/language/wordsinthen ews/2011/05/110511witn_skype_page.shtml COMENTÁRIO: No trecho destacado na questão, temos o encadeamento de enunciados por conexão com o uso de conectores. Em espanhol, os conectores no solo/sino correspondem a não só/mas também do português e promovem uma relação de soma de argumentos/idéias no texto. Para recordar como funciona o encadeamento por conexão, volte a página 57. RESPOSTA: D 94. 91. (Unioeste 2012) Em “it’s been bought and sold”, tem-se uma construção verbal no tempo: (A) Passado simples. (B) Passado contínuo. (C) Particípio passado. (D) Presente perfeito. (E) Passado perfeito contínuo. COMENTÁRIO: A formação do Presente Perfeito é composta de: Have (‘ve) ou Has (‘s) + Verbo Principal no Particípio Passado. RESPOSTA: D Petrobras approves first offshore heavy oil development COMENTÁRIO: No primeiro enunciado desse trecho do texto, Almódovar afirma que seu filme representa para ele vários tipos de retorno, enquanto no segundo enunciado especifica um deles, a volta às comédias. O texto da página 57 explica como funciona o encadeamento por justaposição; RESPOSTA: B Petrobras has approved the development project for its Siri field in the Campos basin, according to a news report from Brazil. The field will be the first in the world ________ extra heavy oil from an offshore site. Siri field, off the coast of Southeast Brazil, _________ 29 95. 97. COMENTÁRIO: Para retomar a conjugação dos verbos no pretérito indefinido, vá até a página 61. RESPOSTA: A COMENTÁRIO: A primeira forma verbal é de 1ª pessoa do singular (yo) e a segunda, de 3ª pessoa (El/desajuste). A conjungação dos verbos no dos verbos no peretérito indefinido está explicada na página 61. RESPOSTA: D 98. 96. COMENTÁRIO: No trecho citado, o conector sino estabelece entre os enunciados uma relação de correção da informação dada no primeiro enunciado, já anunciada pelo uso do advérbio no. Vimos que, neste caso, o conector sino tem valor diferente do visto na questão 5. Lá, compondo a expressão no solo... sino, esse conector estabelecia uma relação de soma de argumentos. RESPOSTA: E COMENTÁRIO: Para responder à questão é útil reler a conjugação destes tempos verbais na página 59. RESPOSTA: B 99. COMENTÁRIO: Temos, no trecho, uma relação de temporalidade entre os dois enunciados, marcada pelo conector cuando. RESPOSTA: A 100. COMENTÁRIO: A forma tuvieron está no pretérito indefinido. RESPOSTA: C 30 RESPOSTA: B 102. COMENTÁRIO: No texto, predomina a descrição de como eram filmados os capítulos da série televisiva, as circunstâncias que caracterizaram a filmagem e a apresentação da série na televisão nos anos 60 e nas décadas posteriores. RESPOSTA: A 103. 101. COMENTÁRIO: A resposta para esta questão se encontra no fim do texto, quando se informa acerca do trabalho febril que contribuía para que os argumentos de outras séries passassem a esta, e vice-versa. Também se fala sobre a dificuldade de rodar um episódio por semana de três séries simultâneas, o que demandava roteiros com pouca qualidade. COMENTÁRIO: O personagem não demonstra descontentamento porque os jornais e a televisão se esqueceram de editar notícias, mas sim por acreditar que existe uma padronização do comportamento dos leitores e espectadores causada pela exposição aos meios de comunicação, especialmente os jornais e televisão. A ilustração contribui para essa interpretação, pois mostra a expressão preocupada do protagonista e ilustra os meios de comunicação criticados. RESPOSTA: B 31 104. COMENTÁRIO: Você pode conferir a formação do plural dos substantivos na página 26 deste capítulo RESPOSTA: E COMENTÁRIO: É preciso ter cuidado com alguns verbos, como asustar, parecer e molestar, que fazem concordância com um sujeito sintático que corresponde a quem é afetado por esses verbos; ou seja, seu sujeito sintático é aquilo que assusta, parece, molesta. Para se aprofundar nesse tema, recomendamos a leitura da seção que trata dos verbos para expressar gostos e sensações, no capítulo 8 deste livro. RESPOSTA: E 105. COMENTÁRIO: Responda consultando as informações sobre colocação pronomonial que se encontram no quadro da página 59.; RESPOSTA: D 106. COMENTÁRIO: Como vimos neste capítulo, com verbos no pretérito indefinido do indicativo, os pronomes devem vir depois da forma verbal. A colocação correta seria La vimos ayer; RESPOSTA: A 107. 108. COMENTÁRIO: Essa alternativa é a única incorreta porque o verbo bajar (abaixar) está conjugado no presente do indicativo em vez de estar no imperativo na forma afirmativa. RESPOSTA: A 109. 32 Está(n) correcta(s) (A) I y II. (B) II. (C) III. (D) I. (E) II y III. COMENTÁRIO: Somente esta alternativa é correta. Nas demais, os verbos estão conjugados no presente do indicativo. RESPOSTA: C 110. COMENTÁRIO: O “se” que aparece em “se alimenta” é o “se” reflexivo, logo, é aquele utilizado em estruturas como: se peina, se afeita, se viste, se levanta. Alternativa [C], portanto. Resposta: C Maná en su tercera dimensión La banda mexicana abre en Murcia su nueva gira española por ocho ciudades COMENTÁRIO: Nas demais alternativas, os pronomes estão colocados na posição errada (antes do verbo no imperativo na forma afirmativa) ou o pronome empregado está errado, ou seja, não é adequado para substituir o complemento direto de terceira pessoa do plural. RESPOSTA: B Mujer indígena en Brasil sería la mujer más anciana del mundo Maná agitó un buen día el cóctel del rock latino y logró otra dimensión en la industria de la música. Una dimensión con la que el rock en español conquistó de manera masiva Estados Unidos y parte de Europa. Ayer regresaron a España donde no lo hacían desde 2007 para comenzar en Murcia La nueva gira que les llevará 1 por ocho ciudades. Y lo hicieron demostrando que habían entrado em una dimensión diferente. Otro paso más en una ya larga carrera que ha atravesado más de dos décadas. AFP – 30/08/2011 La organización Survival International afirmó este martes haber localizado en Brasil a una indígena brasileña que está a punto de cumplir 121 años y sería la persona más vieja del mundo. Maria Lucimar Pereira pertenece a la tribu de los Kaxinawá, que habitan en la Amazonia occidental, fronteriza con Perú. Su certificado de nacimiento, aprobado por el registro civil brasileño en 1985, muestra que nació el 3 de septiembre de 1890. Según el Grupo de Investigación Gerontológica de Los Ángeles (California, EEUU), la decana de la humanidad es actualmente una estadounidense, Betty Cooper, que el pasado 26 de agosto cumplió 115 años. La anciana brasileña piensa pasar su 121 cumpleaños, el próximo sábado, en compañía de su familia, y atribuye su longevidad a su saludable estilo de vida, precisó Survival International en um comunicado. Pereira sólo se alimenta de productos naturales procedentes de la selva amazónica, en particular carne asada, mono, pescado, yuca y plátano, y su dieta no contiene ni sal ni azúcar. Tampoco usa jabón u otros productos industriales. El director de la organización de defensa de los derechos de los indígenas establecida en Londres, Stephen Corry, está convencido de que en esta forma de vida está el secreto de su longevidad. "A menudo somos testigos de los efectos negativos que los cambios forzados pueden tener en los pueblos indígenas. Es reconfortante ver una comunidad que ha mantenido fuertes vínculos con su tierra ancestral y ha disfrutado los innegables beneficios de ello", dijo. A pesar de su avanzada edad, Maria Lucimar Pereira goza de buena salud y se mantiene relativamente activa, según el líder de su pueblo, Carlos, que presume de tener cuatro personas de más de 90 años entre una población de 80 habitantes. Disponível em: <eltiempo.com>. Acesso em: 30/08/2011. 111. (Upe 2012) En el fragmento “Pereira sólo se alimenta de productos naturales”, el “se” tiene función equivalente al “se” de la(s) oración(es) I. Se necesita vendedor. II. Se debe vestir ropa de invierno. III. Se levanta temprano. Conquistaron un concepto de pop global a principios de los noventa. Consistía en mezclar com habilidad la herencia pura de The Beatles con José Alfredo Jiménez, a The Police o U2 con Ruben Blades o Chavela Vargas y a los precursores del rock hispano - de Miguel Ríos a Mecano – com Bob Marley, Carlos Santana o Led Zeppelin. Explosivo. Con Drama y Luz, su nuevo disco, se han entregado al gótico y Le sacan un brillante partido en la puesta en escena diseñada junto AL español Luis Pastor para su nueva gira. Lo hacen mediante un sorprendente juego de luz e imagen que adentra la música en cielos, infiernos, conventos y hogueras para escenificar canciones como El espejo o Sor María. Rock en directo en busca de las tres dimensiones a la manera de lós grandes. Pero donde ya han alcanzado otra marca superior es en su virtuosismo rítmico imponente. La ejecución de Oye mi amor, nada más empezar donde brillaba el Maná puro, desnudo y juguetón, en el color ecléctico de sus himnos, de sus historias de amor comunes y desgarradas, de SUS denuncias sociales y ecológicas. Y donde ya se muestran inalcanzables es siguiendo a un tipo de brazos tatuados, que gasta 10 baquetas por concierto, rompe dos o tres y golpea los tambores hasta el punto de que deben ser recambiados en cada concierto. Se llama Álex González y es ya un baterista legendario en la historia Del rock. Los hay que son puros comparsas, los hay que destacan en la estela de Ian Pace, Phil Collins o Stewart Copeland su más directa influencia, pero es difícil encontrar hoy en los circuitos a alguien como González. Él impone en gran parte la marcha, la dirección del grupo con un sentido marcial, napoleónico, que sus compañeros siguen firme y disciplinadamente. Pero el cuarteto brilla también con el liderazgo carismático de Fher Olvera, un vocalista muy comprometido con el estilo personalísimo de su banda y luce con la guitarra cada vez más libre de Sergio Vallín o la base rítmica sobria pero efectiva de Juan Calleros. Los cuatro, acompañados de tres músicos más y un grupo de cámara sinfónico en algunos temas, han regresado a España para demostrar su atractivo pulso en el panorama de una industria cambiante y frágil. Crece Maná. Crece y se reinventa em nuevos caminos sin perder la frescura. La que demuestran en sus temas nuevos y en los clásicos, desde Oye mi amor a Rayando el sol, de 33 Clavado en un bar a El muelle de san Blas, una de las canciones más memorables y más vivas escritas en la historia del rock latino. http://www.elpais.com/articulo/cultura/Mana/tercera/dimension/elpepuc ul/20110910elpepucul_1/Tes 112. (Ufpa 2012) No fragmento “... lo hicieron demostrando...” (ref. 1), o elemento em negrito refere-se ao(à) (A) banda Maná. (B) turnê da banda. (C) regresso da banda a oito cidades em 2007. (D) dimensão na indústria da música. (E) retorno da banda à Espanha para nova turnê COMENTÁRIO: Para observarmos realmente a substituição do termo “lo”, verifiquemos todo o contexto: “Ayer regresaron a España donde no lo hacían desde 2007 para comenzar en Murcia la nueva gira que les llevará por ocho ciudades. Y lo hicieron demostrando que habían entrado en una dimensión diferente.” Percebemos que o “lo” se refere ao retorno da banda à Espanha na nova turnê. Resposta: E Un estudio vincula el uso excesivo de Internet con el riesgo de padecer depresión Las personas que pasan mucho tiempo navegando en 2 Internet son más propensas a mostrar síntomas depresivos, según un estudio de la Universidad de Leeds, en Reino Unido, que se publicará en la revista ‘Psycopathology’. Los investigadores descubrieron evidencias claras de que algunos usuarios han desarrollado un hábito compulsivo por Internet, por el que reemplazan la interacción social en la vida real con ‘chats’ y sitios web de redes sociales en Internet. Los resultados de su trabajo sugieren que este tipo de navegación adictiva puede tener un grave impacto sobre la salud mental. Según explica Catriona Morrison, directora del estudio, “Internet juega ahora un gran papel en la vida moderna pero sus 3 beneficios están acompañados por un lado oscuro. Aunque muchos de nosotros utilizamos la Red para pagar facturas, comprar y enviar mails, existe un subgrupo de la población que encuentra difícil controlar el tiempo que pasan conectados, hasta el punto 4 que esto interfiere con sus actividades diarias”. (…) En el estudio de Leeds, los jóvenes eran más propensos a la adicción a la Red que los usuarios de mediana edad y la media de edad para el grupo de adictos era de 21 años. El estudio es el primero a gran escala en personas jóvenes occidentales que considera la relación entre la adicción a Internet y la depresión. En el trabajo se evaluó el uso de Internet y los niveles de depresión en 1.319 personas de entre 16 y 51 años y, de ellas, 1 un 1,2 por ciento se clasificaron como adictos a Internet. (…) Adaptado de: http://www.elmundo.es/elmundo/2010/02/03/navegante/1265186144.ht ml. Acesso em 14 out 2011. 113. (Unisinos 2012) No texto, o vocábulo ‘esto’ (ref. 4) faz referência (A) ao pagamento de faturas, compras e envio de mails. (B) à dificuldade de controlar o tempo em que estão conectados à rede. (C) à interferência nas atividades diárias. (D) ao subgrupo da população. (E) ao tempo que passam realizando atividades diárias. 4 controlar el tiempo que pasan conectados, hasta el punto que esto interfiere con sus actividades diarias”. Nota-se, pela passagem, que “esto” se refere à dificuldade de controlar o tempo em que as pessoas estão conectadas à rede, tal como se afirma na alternativa [B]. Resposta: B TEXTO I La palabra clave hoy en el planeta es globalización. Mundialización. La tierra como aldea global. Se habla mucho de mercancías e información, pero el rasgo más característico de esta época son las migraciones, los éxodos masivos de gente de países pobres o en guerra hacia las fronteras de la abundancia. Galicia pertenece hoy a ese mundo de la abundancia, aunque sea como periferia del pastel. En cifras oficiales y en parámetros europeos, en Galicia hay medio millón de personas que viven en la pobreza relativa, y un 5% de la población en la extrema pobreza. Esto explica que la llegada de inmigrantes aún sea mínima. Es muy escasa la oferta de empleo.Y el inmigrante busca, en todas partes, pan y libertad. Así de simple. Como hizo el gallego. Es un momento muy contradictorio. Galicia paradójica. 1 Galicia oxímoron. Galicia está en el mismo lugar geográfico, pero ha cambiado de lugar en el mundo. Hace cincuenta años salían transatlánticos de Coruña y Vigo repletos de emigrantes hacia Buenos Aires. En la embajada y en los consulados de España en Argentina los descendientes de gallegos forman ahora largas filas. Se ha invertido, pues, la dirección de la flecha hacia la Tierra Prometida. Al mismo tiempo, miles de jóvenes gallegos se largan en los dos últimos años a trabajar en la construcción o en la hostelería. [...] Galicia es aldea global desde hace tiempo. Por la intensa emigración durante dos siglos, y hasta ayer mismo. Y por el trabajo en los mares. La flota pesquera es, a escala, la primera de Europa, y hay barcos gallegos, o de sociedades mixtas, allí donde hay algo 2 que pescar, y algunas veces donde no lo hay […]. Hay una cosa muy importante que también llegó por mar, en un barco inglés: el primer balón de fútbol. Es un planeta en miniatura. El fútbol fascina porque es una guerra simbólica. Es el gran deporte mundial […]. La vida es así, colega. Para crear una identidad hay gente que tiene que escribir una enciclopedia de cincuenta tomos a lo largo de cincuenta años. El fútbol, en cambio, crea una identidad en una tarde de gloria, en uma patada virtuosa. Fragmento de “Galicia contada a un extraterrestre”, de Manuel Rivas Adaptado de texto disponible en http://www.puntodelectura.com/uploads/ficheros/libro/primeraspaginas/200603/primeraspaginasuna-espi-reino-galicia.pdf (Consulta en 12 de julio de 2010) 114. (Uff 2011) Explicita a qué se refiere “lo” en la expresión “y a veces donde no lo hay” (ref. 2). (A) trabajo en los mares (B) flota pesquera (C) barcos gallegos (D) algo que pescar (E) algún pescador COMENTÁRIO: A estrutura completa é: “La flota pesquera es, a escala, la primera de Europa, y hay barcos gallegos, o de sociedades mixtas, allí donde 2 hay algo que pescar, y algunas veces donde no lo hay(...)” “Lo” significa, portanto, que algumas vezes não há o que pescar. Alternativa correta, [D]. Resposta: D COMENTÁRIO: 3 Vejamos toda a estrutura a que “esto” faz parte: “ Aunque muchos de nosotros utilizamos la Red para pagar facturas, comprar y enviar mails, existe un subgrupo de la población que encuentra difícil 34 115. (Ufrgs 2011) Assinale a alternativa que apresenta, no texto, uma palavra invariável (A) otras (q. 1) (B) misma (q. 1) (C) ese (q. 2) (D) sus (q. 4) (E) esto (q. 6). COMENTÁRIO: A palavra invariável apresentada nos quadrinhos é “esto”, que se refere a tudo o que o personagem central se refere nos quadrinhos anteriores. Resposta: E 35