LIVRO 3

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LIVRO 3
LIVRO 3 - 2013
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
GATES E JOBS
Quando as órbitas se cruzam
PORTUGUÊS
A questão racial parece um desafio do presente, mas trata-se de
algo que existe desde há muito tempo. Modifica-se ao acaso das
situações, das formas de sociabilidade e dos jogos das forças
sociais, mas reitera-se continuamente, modificada, mas
persistente. Esse é o enigma com o qual se defrontam uns e outros,
intolerantes e tolerantes, discriminados e preconceituosos,
segregados e arrogantes, subordinados e dominantes, em todo o
mundo. Mais do que tudo isso, a questão racial revela, de forma
particularmente evidente, nuançada e estridente, como funciona a
fábrica da sociedade, compreendendo identidade e alteridade,
diversidade e desigualdade, cooperação e hierarquização,
dominação e alienação.
IANNI, Octavio. Dialética das relações sociais.
Estudos avançados, n. 50, 2004.
1.
(FUVEST-2011) As palavras do texto cujos prefixos traduzem,
respectivamente, ideia de anterioridade e contiguidade são
(A) “persistente” e “alteridade”.
(B) “discriminados” e “hierarquização”.
(C) “preconceituosos” e “cooperação”.
(D) “subordinados” e “diversidade”.
(E) “identidade” e “segregados”.
COMENTÁRIO:
O prefixo “pre” significa “anterioridade”, “antecipação” no termo
“preconceituosos”. Em “cooperação”, o prefixo “co” significa
“contiguidade”, “junto a”.
RESPOSTA: C
2.
(UEL-2011) A questão refere-se ao romance O outro pé da
sereia, de Mia Couto.
A crítica literária tem aproximado o moçambicano Mia Couto
do brasileiro Guimarães Rosa, em particular pelo fato de
ambos empregarem neologismos em suas obras.
No trecho “as mãos calosas, de enxadachim”, extraído do
conto “Fatalidade”, de autoria do autor brasileiro, o
neologismo “enxadachim” é construído pelo mesmo processo
de formação de palavras utilizado pelo autor moçambicano
para a criação de
(A) vitupérios.
(B) bebericava.
(C) tamanhoso.
(D) mudançarinos.
(E) malfadado.
COMENTÁRIO:
Assim como “enxadachim” resulta da aglutinação dos substantivos
enxada e espadachim, o neologismo mudançarinos” é formado
pela junção e mudança e dançarinos. As palavras “vitupérios”,
“bebericava” e “malfadado” não constituem neologismos, pois
encontram-se dicionarizadas e “tamanhoso” é derivada por
sufixação ( tamanh+oso), o que invalida as opções [A], [B], [C] e [E].
RESPOSTA: D
7
Em astronomia, quando as órbitas de duas estrelas se
entrecruzam por causa da interação gravitacional, tem-se um
sistema binário. Historicamente, ocorrem situações análogas
quando uma era é moldada pela relação e rivalidade de dois
grandes astros orbitando: Albert Einstein e Niels Bohr na física no
século XX, por exemplo, ou Thomas Jefferson e Alexander Hamilton
na condução inicial do governo americano. Nos primeiros trinta
anos da era do computador pessoal, a partir do final dos anos 1970,
o sistema estelar binário definidor foi composto por dois indivíduos
de grande energia, que largaram os estudos na universidade,
ambos nascidos em 1955.
Bill Gates e Steve Jobs, apesar das ambições semelhantes no
5
ponto de convergência da tecnologia e dos negócios, tinham
origens bastante diferentes e personalidades radicalmente
distintas.
À diferença de Jobs, Gates entendia de programação e tinha
uma mente mais prática, mais disciplinada e com grande
capacidade de raciocínio analítico. Jobs era mais intuitivo,
romântico, e dotado de mais instinto para tornar a tecnologia
usável, o design agradável e as interfaces amigáveis. Com sua
mania de perfeição, era extremamente exigente, além de
3
administrar com carisma e intensidade indiscriminada. Gates era
mais metódico; as reuniões para exame dos produtos tinham
horário rígido, e ele chegava ao cerne das questões com uma
habilidade ímpar. Jobs encarava as pessoas com uma intensidade
cáustica e ardente; Gates às vezes não conseguia fazer contato
visual, mas era essencialmente bondoso.
4
“Cada qual se achava mais inteligente do que o outro, mas
Steve em geral tratava Bill como alguém levemente inferior,
sobretudo em questões de gosto e estilo”, diz Andy Hertzfeld. “Bill
menosprezava Steve porque ele não sabia de fato programar.”
6
Desde o começo da relação, Gates ficou fascinado por Jobs e com
uma ligeira inveja de seu efeito hipnótico sobre as pessoas. Mas
também o considerava “essencialmente esquisito” e
“estranhamente falho como ser humano”, e se sentia
desconcertado com a grosseria de Jobs e sua tendência a funcionar
“ora no modo de dizer que você era um merda, ora no de tentar
seduzi-lo”. Jobs, por sua vez, via em Gates uma estreiteza
enervante.
2
1
Suas diferenças de temperamento e personalidade iriam
levá-los para lados opostos da linha fundamental de divisão na era
digital. Jobs era um perfeccionista que adorava estar no controle e
se comprazia com sua índole intransigente de artista; ele e a Apple
se tornaram exemplos de uma estratégia digital que integrava
solidamente o hardware, o software e o conteúdo numa unidade
indissociável. Gates era um analista inteligente, calculista e
pragmático dos negócios e da tecnologia; dispunha-se a licenciar o
software e o sistema operacional da Microsoft para um grande
número de fabricantes.
Depois de trinta anos, Gates desenvolveu um respeito
relutante por Jobs. “De fato, ele nunca entendeu muito de
tecnologia, mas tinha um instinto espantoso para saber o que
funciona”, disse. Mas Jobs nunca retribuiu valorizando
devidamente os pontos fortes de Gates. “Basicamente Bill é pouco
imaginativo e nunca inventou nada, e é por isso que acho que ele
1
se sente mais à vontade agora na filantropia do que na tecnologia”,
disse Jobs, com pouca justiça. “Ele só pilhava despudoradamente as
ideias dos outros.”
(ISAACSON, Walter. Steve Jobs: a biografia. São Paulo: Companhia das
Letras, 2011. p. 189-191. Adaptado)
coisa que role, como uma pedra, uma lata vazia ou a merendeira
do seu irmão menor, que sairá correndo para se queixar em casa.
(...)
DAS GOLEIRAS – As goleiras podem ser feitas com, literalmente, o
que estiver à mão. Tijolos, paralelepípedos, camisas emboladas, os
livros da escola, a merendeira do seu irmão menor, e até o seu
irmão menor, apesar dos seus protestos. (IV) Quando o jogo é
importante, recomenda-se o uso de latas de lixo. Cheias, para
aguentarem o impacto. (...)
DO CAMPO – O campo pode ser só até o fio da calçada, calçada e
rua, calçada, rua e a calçada do outro lado e – nos clássicos – o
quarteirão inteiro. O mais comum é jogar-se só no meio da rua.
DA DURAÇÃO DO JOGO – (V) Até a mãe chamar ou escurecer, o
que vier primeiro. Nos jogos noturnos, até alguém da vizinhança
ameaçar chamar a polícia.
DO JUIZ – Não tem juiz.
(...)
3.
(Epcar (Afa) 2013) Assinale a opção correta quanto à análise
das palavras abaixo, em destaque, retiradas do texto
(A) Os termos indissociável e intransigente são formadas
somente pelo processo de derivação prefixal.
(B) As palavras ímpar e saída seguem a regra de acentuação
gráfica das vogais i e u tônicas dos hiatos.
(C) Na frase, “... tinham... personalidades radicalmente
distintas.” (ref. 5), o termo distintas é sinônimo de
notáveis.
(D) Nas palavras destacadas em “... Gates ficou fascinado por
Jobs e com uma ligeira inveja de seu efeito hipnótico...”
(ref. 6), há, respectivamente, dígrafo, dígrafo e encontro
consonantal.
COMENTÁRIO:
Existem afirmações incorretas nas opções [A], [B] e [C], pois
[A] na formação dos termos “indissociável” e “intransigente”
também estão presentes os sufixos “-vel” e “-nte”;
[B] a palavra “ímpar” é acentuada por se tratar de paroxítona
terminada em “r” e “saída”, porque o hiato constituído pela vogal
“i” isolada e não seguida de “s” ou “nh” assim o exige;
[C] no contexto, o termo “distintas” significa “diferentes”.
Assim, é correta apenas [D], pois em “fascinado”, “inveja” e
“hipnótico” há, respectivamente, dígrafo [s], dígrafo [ĩ] e encontro
consonantal [pn].
RESPOSTA: D
DAS SUBSTITUIÇÕES – Só são permitidas substituições:
a) No caso de um jogador ser carregado para casa pela orelha
para fazer a lição.
b) Em caso de atropelamento.
DO INTERVALO PARA DESCANSO – Você deve estar brincando.
DA TÁTICA – Joga-se o futebol de rua mais ou menos como o
Futebol de Verdade (que é como, na rua, com reverência, chamam
a pelada), mas com algumas importantes variações. O goleiro só é
intocável dentro da sua casa, para onde fugiu gritando por socorro.
É permitido entrar na área adversária tabelando com uma Kombi.
Se a bola dobrar a esquina é córner*.
DAS PENALIDADES – A única falta prevista nas regras do futebol de
rua é atirar um adversário dentro do bueiro. É considerada atitude
antiesportiva e punida com tiro indireto.
DA JUSTIÇA ESPORTIVA – Os casos de litígio serão resolvidos no
tapa.
*córner = escanteio
(Publicado em Para Gostar de Ler. v.7. SP: Ática, 1981)
4.
Futebol de rua
Luís Fernando Veríssimo
Pelada é o futebol de campinho, de terreno baldio. (I) Mas existe
um tipo de futebol ainda mais rudimentar do que a pelada. É o
futebol de rua. Perto do futebol de rua qualquer pelada é luxo e
qualquer terreno baldio é o Maracanã em jogo noturno. (II) Se você
é homem, brasileiro e criado em cidade, sabe do que eu estou
falando. (III) Futebol de rua é tão humilde que chama pelada de
senhora. Não sei se alguém, algum dia, por farra ou nostalgia,
botou num papel as regras do futebol de rua. Elas seriam mais ou
menos assim:
DA BOLA – A bola pode ser qualquer coisa remotamente esférica.
Até uma bola de futebol serve. No desespero, usa-se qualquer
(G1 - ifpe 2012) Os enunciados abaixo analisam os processos
de formação de palavras retiradas do texto. Leia-os e marque
a alternativa correta.
(A) “Futebol de rua” é uma palavra composta por
justaposição.
(B) “Embolada” e “merendeira” são termos formados por
derivação sufixal.
(C) “Intocável” é uma palavra formada por derivação prefixal
e sufixal.
(D) “Penalidades” é uma palavra formada por composição
dos radicais “pena” mais “idades”.
(E) “Antiesportiva” e “indireto” são palavras formadas por
derivação prefixal.
COMENTÁRIO:
Apenas [C] é válida, pois as demais apresentam as seguintes
incorreções:
Em [A] a expressão “futebol de rua” é constituída de três palavras
independentes;
2
Em [B] a palavra “embolada” é formada por derivação prefixal e
sufixal, do verbo bolar que significa a que se pode dar formato de
bola- (em + bol(o) + ada);
Em [D], “penalidades” é uma palavra derivada por sufixação- (penal
+ (i)dades);
Em [E] a palavra “antiesportiva” é formada por derivação prefixal e
sufixal [ant (i)- + esporte + iv(a)].
RESPOSTA: C
Reforma na corrupção
19
Como previsto, já arrefece o mais recente debate sobre
corrupção. Ainda se discute, sem muito entusiasmo, a absolvição
3
de uma deputada que foi filmada recebendo um dinheirinho
suspeito, mas isso aconteceu antes de ela ser deputada, de
maneira que não vale. Além da forte tendência de os
parlamentares não punirem os seus pares, havia o risco do
precedente. Não somente o voto é indecentemente secreto nesses
5
casos, como o precedente poderia expor os pescoços de vários
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outros deputados. O que o deputado faz enquanto não é
deputado não tem importância, mesmo que ele seja tesoureiro dos
ladrões de Ali Babá.
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A realidade se exibe diante de nós e não a vemos. Em lugar de
querer suprimir nossas práticas seculares, que hoje tanto
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prosperam, por que não aproveitá-las em nosso favor? (...) O
14
brasileiro preocupado com o assunto já pode sonhar com uma
corrupção moderna, dinâmica e geradora de empregos e renda. E
não pensem que esqueci as famosas classes menos favorecidas,
como se dizia antigamente. O mínimo que antevejo é o programa
Fraude Fácil, em que qualquer um poderá habilitar-se ao exercício
da boa corrupção, em seu campo de ação favorito. Acho que dá
certo, é só testar. E ficar de olho, para não deixar que algum
9
corrupto corrupto passe a mão no fundo todo, assim também não
vale.
João Ubaldo Ribeiro, O Estado de São Paulo. Disponível em:
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,reforma-nacorrupcao,768238,0.htm. Acesso em: 04-9-2011.
5.
4
Aliás, me antecipando um pouco ao que pretendo propor, me veio
logo uma ideia prática para acertar de vez esse negócio de
deputado cometendo crimes durante o exercício do mandato. Às
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16
vezes - e lembro que errar é humano - o sujeito comete esses
2
crimezinhos distraído. Esquece, em perfeita boa-fé, que exerce um
mandato parlamentar e aí perpetra a falcatrua. Fica muito chato
para ele, se ele for flagrado, e seus atos podem sempre vir à tona,
expostos pela imprensa impatriótica. Não é justo submeter o
deputado a essa tensão permanente, afinal de contas, ele é gente
como nós.
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Minha ideia, como, modéstia à parte, costumam ser as grandes
ideias, é muito simples: os deputados usariam uniforme. Não daria
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muito trabalho contratar (com dispensa de licitação, dada a
urgência do projeto), um estúdio de alta-costura francês ou
italiano, ou ambos, para desenhar esse uniforme. Imagino que
seriam mais de um: o de trabalho, usado só excepcionalmente, o
de gala, o de visitar eleitores e assim por diante. Enquanto estiver
de uniforme, o deputado é responsabilizado pelos seus atos ilícitos
ou indecorosos. Mas, se estiver à paisana, não se encontra no
exercício do mandato e, portanto, pode fazer o que quiser. (...)
Mas isso é um mero detalhe, uma providência que melhor seria
avaliada no conjunto de uma reforma séria, que levasse em conta
nossas características culturais e nossas tradições. (...)
7
O que cola mesmo aqui são os ensinamentos de líderes como o ex1
presidente ( gozado, o "ex" enganchou aqui no teclado, quase não
sai), que, em várias ocasiões, torceu o nariz para denúncias de
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corrupção e disse que aqui era assim mesmo, sempre tinha sido
feito assim e não ia mudar a troco de nada. E assumia posturas
coerentes com esse ponto de vista. (...)
11
Contudo, quando se descobre mais um caso de corrupção, a vida
republicana fica bagunçada, as coisas não andam, perde-se
trabalho em investigações, gasta-se tempo prendendo e soltando
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gente e a imprensa, que só serve para atrapalhar, fica cobrando
explicações, embora já saibamos que explicações serão: primeiro
desmentidos e em seguida promessas de pronta e cabal
investigação, com a consequente punição dos culpados. Não
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acontece nada e perdura essa situação monótona, que às vezes
paralisa o País.
(Upf 2012) O autor fala em “crimezinhos” (ref. 2), repetindo
uma estratégia já usada, quando se refere a “dinheirinho” (ref.
3). No contexto em que aparecem, as duas ocorrências de
diminutivo:
(A) Representam uma minimização do destaque que a mídia
tem dado aos episódios de corrupção.
(B) Indicam a versão daquele que é flagrado em situações
comprometedoras, tentando livrar-se do peso da
infração.
(C) Marcam a ironia em relação aos corruptos, que exploram
a boa-fé do eleitor com vistas à sua promoção pessoal.
(D) Deixam implícita a informação de que não se deve confiar
nos dados apresentados pelos envolvidos em escândalos
financeiros.
(E) Denotam a avaliação do autor acerca da importância dos
crimes perpetrados contra os cofres públicos.
COMENTÁRIO:
O autor usa o diminutivo para ilustrar a visão dos corruptos, que
costumam minimizar as suas ações criminosas, alegando que elas
não comprometem a boa execução do cargo que ocupam.
RESPOSTA: B
Quem nunca fotoxopou?
FALA-SE HOJE em Facebook, Google e iPhone com a mesma
combinação de fascínio e terror que um dia já se falou de Motorola
e Nokia. Tudo se move rápido demais no mundo digital, e são
poucas as empresas que conseguem permanecer competitivas ao
longo dos anos. Apesar de o Vale do Silício ter aquele ar
hollywoodiano de terra de oportunidades, contam-se nos dedos
empresas longevas como uma Adobe, uma Dell, uma Amazon.
Por ter grande mobilidade, a concentração de poder e
influência no mundo digital surge tão rápido quanto desaparece, a
ponto de ser cada vez mais difícil encontrar quem fique na
liderança por uma mísera década. Na virada do século não havia
Friendster, Myspace nem Orkut, o grande buscador era o Yahoo!,
seguido pelo Lycos. E a internet móvel estava a cargo de empresas
inovadoras como Palm e Kyocera.
O usuário de produtos digitais é cada vez mais volúvel e
pragmático. Novos produtos e serviços podem até seduzi-lo com
propaganda, design e preço. Mas a relação dificilmente será
mantida se a marca não se renovar com a velocidade esperada,
pouco importa sua fatia de mercado. Kodak e Sony que o digam.
Mesmo que ainda sejam gigantescas, já não têm o apelo de
outrora.
A melhor lição de empresas bem-sucedidas em
relacionamentos de longo prazo é a do bom e velho Photoshop,
vendendo saúde em seus 22 anos de idade e 12 plásticas (oops,
versões). Como o Google, ele é sinônimo de categoria e verbo. Mas
também é adjetivo, substantivo, pejorativo e indicativo de retoques
3
fotográficos, mencionado com familiaridade até por quem não faça
ideia de como ele funciona. Ao contrário do AutoCAD, que é oito
anos mais velho, mas desconhecido fora de seu nicho, o Photoshop
é unanimidade.
Folha de S. Paulo, 26/03/2012.
6.
(Insper 2012) Quanto às variações exploradas a partir do
termo "Photoshop", é correto afirmar que
(A) o neologismo do título foi formado pelo mesmo processo
que o termo "design", presente no texto.
(B) como adjetivo, o valor depreciativo do termo
“fotoxopado” decorre exclusivamente do sufixo “-ado”
agregado ao radical.
(C) as palavras formadas a partir do estrangeirismo
“photoshop” constituem jargões restritos à área de
informática.
(D) a grafia abrasileirada de “fotoxopou”, diferentemente de
“hollywoodiano”, no 1.º parágrafo, é uma prova de que o
software se popularizou no mundo.
(E) apesar de não ter sido mencionado no texto, também
seria possível transformar “Photoshop” em advérbio de
modo: “fotoxopalmente”.
COMENTÁRIO:
Os neologismos são criados a partir de processos que já existem na
língua: justaposição, prefixação, aglutinação, verbalização e
sufixação. O termo “fotoxopou” derivou da verbalização da palavra
“Photoshop”, previamente aportuguesada, e muitos outros
poderiam ser criados, como por sufixação para formar um advérbio
de modo: “fotoxopalmente”.
RESPOSTA: E
7.
(Uel 2011) A questão refere-se ao romance O outro pé da
sereia, de Mia Couto.
Assinale a alternativa em que as palavras, retiradas do
romance, correspondem a verbos originados de substantivos.
(A) Anfitriando e parentear.
(B) Bonitando e descrucificar.
(C) Anfitriando e desanimista.
(D) Bonitando e parentear.
(E) Descrucificar e desanimista.
COMENTÁRIO:
Apenas em [A] existem dois neologismos originados de
substantivos: o gerúndio “anfitriando” e o infinitivo “parentear”,
derivados de anfitrião e parente. O gerúndio “Bonitando” tem
origem em palavra de valor adjetivo (Bonito) e “desanimista” não
apresenta configuração verbal.
RESPOSTA: A
A volta do caderno rabugento
Não sei se vocês se lembram de quando lhes falei, acho que no ano
passado, num caderninho rabugento que eu mantenho. Aliás, é um
caderninho para anotações diversas, mas as únicas que consigo
entender algum tempo depois são as rabugentas, pois as outras se
convertem em hieróglifos indecifráveis (...), assim que fecho o
caderno. Claro, é o reacionarismo próprio da idade, pois, afinal, as
línguas são vivas e, se não mudassem, ainda estaríamos falando
latim. Mas, por outro lado, se alguém não resistir, a confusão acaba
por instalar-se e, tenho certeza, a língua se empobrece, perde
recursos expressivos, torna- se cada vez menos precisa.
Quer dizer, isso acho eu, que não sou filólogo nem nada e vivo
estudando nas gramáticas, para não passar vexame. Não se trata
de impor a norma culta a qualquer custo, até porque, na minha
opinião, está correto o enunciado que, observadas as
circunstâncias do discurso, comunica com eficácia. Não é
necessário seguir receituários abstrusos sobre colocação de
pronomes e fazer ginásticas verbais para empregar regras
semicabalísticas, que só têm como efeito emperrar o discurso. Mas
há regras que nem precisam ser formuladas ou lembradas, porque
são parte das exigências de clareza e precisão - e essas deviam ser
observadas. Não anoto, nem tenho qualificações para isto, com a
finalidade de apontar o "erro de português", mas a má ou
inadequada linguagem.
E devo confessar que fico com medo de que certas práticas deixem
de ser modismo e virem novas regras, bem ao gosto dos decorebas.
É o que acontece com o, com perdão da má palavra, anacolutismo
que grassa entre os falantes brasileiros do português. Vejam bem,
nada contra o anacoluto, que tem nome de origem grega e tudo, e
pode ser uma figura de sintaxe de uso legítimo. O anacoluto ocorre,
se não me trai mais uma vez a vil memória, quando um elemento
da oração fica meio pendurado, sem função sintática. Há um
anacoluto, por exemplo, na frase "A democracia, ela é a nossa
opção". Para que é esse "ela" aí?
Está certo que, para dar ênfase ou ritmo à fala, isso seja feito uma
vez ou outra, mas como prática universal é meio enervante. De
alguns anos para cá, só se fala assim, basta assistir aos noticiários e
programas de entrevistas. Quase nenhum entrevistado consegue
enunciar uma frase direta, na terceira pessoa - sujeito, predicado,
objeto - sem dobrar esse sujeito anacoluticamente (perdão outra
vez). Só se diz "o policiamento, ele tem como objetivo", "a
prevenção da dengue, ela deve começar", "a criança, ela não pode"
e assim por diante. O escritor, ele teme seriamente que daqui a
pouco isso, ele vire regra. (...)
Finalmente, para não perder o costume, faço mais um réquiem
para o finado "cujo". Tenho a certeza de que, entre os muito
jovens, a palavra é desconhecida e não deverá ter mais uso, dentro
de talvez uma década. A gente até se acostuma a ouvir falar em
espécies em extinção, mas, não sei por que, palavras em extinção
me comovem mais, vai ver que é porque vivo delas. E não é
consolo imaginar que o cujo e eu vamos nos defuntabilizar juntos.
(João Ubaldo Ribeiro, O Estado de São Paulo, 18/07/2010)
8.
(Insper 2011) No processo de formação das palavras, os
sufixos desempenham importante papel na produção dos
efeitos de sentido. Identifique, dentre as palavras extraídas do
texto, aquela em que o sufixo não tem sentido pejorativo.
(A) reacionarismo
(B) modismo
(C) decorebas
(D) anacolutismo
(E) defuntabilizar
COMENTÁRIO:
Em “defuntabilizar”, o sufixo não tem sentido depreciativo. Tratase de um recurso linguístico gerador de um neologismo, verbo
derivado a partir da adjunção do sufixo –izar à base adjetiva
defunto e que exprime “ação de tornar-se” (o cujo e eu vamos nos
tornar defuntos juntos).
RESPOSTA: E
9.
(Enem 2010) Carnavália
Repique tocou
O surdo escutou
E o meu corasamborim
Cuíca gemeu, será que era meu, quando ela passou por
mim?
[…]
ANTUNES, A.; BROWN, C.; MONTE, M. Tribalistas,
2002 (fragmento).
4
No terceiro verso, o vocábulo “corasamborim”, que é a
junção coração + samba + tamborim, refere-se, ao mesmo
tempo, a elementos que compõem uma escola de samba e a
situação emocional em que se encontra o autor da
mensagem, com o coração no ritmo da percussão.
Essa palavra corresponde a um(a)
(A) estrangeirismo, uso de elementos linguísticos originados
em outras línguas e representativos de outras culturas.
(B) neologismo, criação de novos itens linguísticos, pelos
mecanismos que o sistema da língua disponibiliza.
(C) gíria, que compõe uma linguagem originada em
determinado grupo social e que pode vir a se disseminar
em uma comunidade mais ampla.
(D) regionalismo, por ser palavra característica de
determinada área geográfica.
(E) termo técnico, dado que designa elemento de área
específica de atividade.
COMENTÁRIO:
A aglutinação dos três termos resulta no neologismo, palavra não
registrada no dicionário, mas que é fruto de um comportamento
espontâneo para designar uma situação específica. As opções a), c),
d) e e) remetem a conceituações que não se aplicam à palavra da
letra criada pelo grupo Tribalistas para designar a emoção do eu
lírico.
RESPOSTA: B
Darwin passou quatro meses no Brasil, em 1832, durante a sua
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célebre viagem a bordo do Beagle. Voltou impressionado com o
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que viu: " Delícia é um termo insuficiente para exprimir as
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emoções sentidas por um naturalista a sós com a natureza em
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uma floresta brasileira", escreveu. O Brasil, porém, aparece de
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forma menos idílica em seus escritos: "Espero nunca mais voltar
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a um país escravagista. O estado da enorme população escrava
deve preocupar todos os que chegam ao Brasil. Os senhores de
escravos querem ver o negro romo outra espécie, mas temos todos
a mesma origem."
6
Em vez do gorjeio do sabiá, o que Darwin guardou nos ouvidos foi
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um som terrível que o acompanhou por toda a vida: " Até
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hoje, se eu ouço um grito, lembro-me, com dolorosa e clara
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memória, de quando passei numa casa em Pernambuco e ouvi
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urros terríveis. Logo entendi que era algum pobre escravo que
estava sendo torturado,"
4
“
Segundo o biólogo Adrian Desmond, a viagem do Beagie, para
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Darwin, foi menos importante pelos espécimes coletados do
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que pela
experiência de
testemunhar os horrores da
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escravidão no Brasil. De certa forma, ele escolheu focar na
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descendência comum do homem justamente para mostrar que
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todas as raças eram iguais e, desse modo, enfim, objetar
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àqueles que insistiam em dizer que os negros pertenciam a uma
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espécie diferente e inferior à dos brancos". Desmond acaba de
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lançar um estudo que mostra a paixão abolicionista do cientista,
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revelada por seus diários e cartas pessoais. “A extensão de
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seu interesse no combate à ciência de cunho racista é
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surpreendente, e pudemos detectar um ímpeto moral por trás de
seu trabalho sobre a evolução humana - urna crença na ‘irmandade
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racial’ que tinha origem em seu ódio ao escravismo e que o
levou a pensar numa descendência comum."
Adaptado de: HAAG, C. O elo perdido tropical. Pesquisa FAPESP, n. 159, p.
80 - 85, maio 2009.
10. (Ufrgs 2010) Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as
afirmações a seguir sobre elementos de formação de palavras
do texto.
( ) As palavras insuficiente (ref. 17) e insistiam (ref. 18)
apresentam o mesmo prefixo em sua formação.
(
(
(
) A comparação da palavra exprimir (ref. 19) com imprimir
e da palavra descendência (ref. 20) com ascendência
permite que se postule um radical comum para cada um
dos pares.
) As palavras idílica (ref. 21) e dolorosa (ref. 22)
apresentam sufixos que formam adjetivos a partir de
substantivos.
) O emprego de diferentes sufixos para o mesmo radical em
escravidão (ref. 23) e escravismo (ref. 24) serve, no texto,
para expressar, respectivamente, a ideia de "situação
resultante de uma ação" e de "movimento
socioideológico".
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de
cima para baixo, é
(A) F – V – V – V.
(B) V – F – V – F.
(C) V – V – F – F.
(D) F – V – F – V.
(E) F – F – V – V.
COMENTÁRIO:
Insuficiente
Prefixo: In / Radical: Sufici
/ Sufixo: ente
Exprimir e Imprimir
Radical: prim
Idílica (de idílio, radical:
id(i/o))
O sufixo “ica” permite que
saibamos que trata-se de
adjetivo.
Escravidão
Radical: escrav
Sufixo: idão
Ambos
os
sufixos
designam
substantivos,
no entanto, cada um
forma uma palavra de
significado diferente.
RESPOSTA: A
Insistiam
Prefixo: não há / Radical:
insist / Desinência verbal:
iam
Descendência
e
Ascendência
Radical: scend
Dolorosa (de dor, radical:
dolor)
O sufixo “osa” permite que
saibamos que trata-se de
adjetivo.
Escravismo
Radical: escrav
Sufixo: ismo
Ambos os sufixos designam
substantivos, no entanto,
cada um forma uma palavra
de significado diferente.
VESTIBULAR
Vestibular, aquilo que o Ministério da Educação estuda agora
extinguir, é um brasileirismo para algo que em Portugal costuma
ser chamado de exame de acesso à universidade. Trata-se de um
adjetivo que se substantivou, num processo semelhante ao que
2
3
ocorreu com celular, qualificativo de telefone, que tenta – e na
maioria das vezes consegue – expulsar a palavra principal de cena
sob uma pertinente alegação de redundância, tomando para si o
lugar de substantivo. Pois o exame vestibular, de tão consagrado
no vocabulário de gerações e gerações de estudantes brasileiros
que perderam o sono por causa dele, acabou conhecido como
1
vestibular só. E qualquer associação remota com a palavra que
está em sua origem – vestíbulo – se perdeu nesse processo.
4
Quando ainda era claramente um adjetivo, ficava mais fácil
perceber a metáfora que, com certa dose de pernosticismo, levou a
palavra vestibular a ser escolhida para qualificar o processo de
seleção de candidatos ao ensino superior. Vestíbulo (do latim
vestibulum) é, na origem, um termo de arquitetura que significa
pórtico, alpendre ou pátio externo, mas que pode ser usado
também, em sentido mais amplo, para designar um átrio, uma
antessala, qualquer cômodo ou ambiente de passagem entre a
5
porta de entrada e o corpo principal de uma casa, apartamento,
palácio ou prédio público. Para quem prefere uma solução
anglófona, estamos falando de hall ou lobby.
Como é um ambiente de transição entre o lado de fora e o lado de
dentro, vestíbulo ganhou ainda por extensão, em anatomia, o
sentido de “cavidade que dá acesso a um órgão oco” (Houaiss).
Antes de ser admitido no vocabulário da educação, “sistema
vestibular” já tinha aplicação na linguagem médica como nome dos
pequenos órgãos situados na entrada do ouvido interno,
responsáveis por nosso equilíbrio.
(Adaptado de: RODRIGUES, S. Vestibular. Disponível em:
<http://revistadasemana.abril.uol.com.br/edicoes/81/palavradasemana/ma
teria_ palavradasemana_431845.shtml>. Acesso em: 6 jun. 2009.)
11. (Uel 2010) Com base no texto, considere as afirmativas a
seguir:
I. Ao afirmar que vestibular é um brasileirismo, o autor se
posiciona contrariamente à sua extinção pelo Ministério
da Educação.
II.
O autor não condena o uso do estrangeirismo “lobby” no
lugar do brasileirismo “vestibular”.
III. O adjetivo “vestibular” que, devido ao uso, acabou sendo
substantivado, é derivado da palavra “vestíbulo”.
IV. O autor considera pertinente a alegação de redundância
para explicar o processo de substantivação do termo
“celular”.
Assinale a alternativa correta.
(A) Somente as afirmativas I e II são corretas.
(B) Somente as afirmativas II e IV são corretas.
(C) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
(D) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
(E) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas.
COMENTÁRIO:
O autor do artigo não manifesta opinião a respeito da extinção do
vestibular nem considera admissível ou tolerável o uso do termo
lobby como substituto de vestibular. A intenção do autor é analisar
o processo de transformação - de adjetivo a substantivo - do termo
“vestibular”, à semelhança de outros, como “celular”. Assim, são
inválidas as afirmativas I e II, e é correta a opção [C].
RESPOSTA: C
Nós, escravocratas
Há exatos cem anos, saía da vida para a história um dos maiores
brasileiros de todos os tempos: o pernambucano Joaquim Nabuco.
1
Político que ousou pensar, intelectual que não se omitiu em agir,
pensador e ativista com causa, principal artífice da abolição do
regime escravocrata no Brasil.
Apesar da vitória conquistada, Joaquim Nabuco reconhecia:
2
“ Acabar com a escravidão não basta. É preciso acabar com a obra
da escravidão”, como lembrou na semana passada Marcos Vinicios
Vilaça, em solenidade na Academia Brasileira de Letras. Mas a obra
da escravidão continua viva, sob a forma da exclusão social: pobres,
especialmente negros, sem terra, sem emprego, sem casa, sem
água, sem esgoto, muitos ainda sem comida; sobretudo sem acesso
à educação de qualidade.
Cem anos depois da morte de Joaquim Nabuco, a obra da
escravidão se mantém e continuamos escravocratas.
3
Somos escravocratas ao deixarmos que a escola seja tão
diferenciada, conforme a renda da família de uma criança, quanto
eram diferenciadas as vidas na Casa Grande ou na Senzala. Somos
escravocratas porque, até hoje, não fizemos a distribuição do
conhecimento: instrumento decisivo para a liberdade nos dias
atuais. Somos escravocratas porque todos nós, que estudamos,
escrevemos, lemos e obtemos empregos graças aos diplomas,
beneficiamo-nos da exclusão dos que não estudaram. Como antes,
os brasileiros livres se beneficiavam do trabalho dos escravos.
Somos escravocratas ao jogarmos, sobre os analfabetos, a culpa
por não saberem ler, em vez de assumirmos nossa própria culpa
pelas decisões tomadas ao longo de décadas. Privilegiamos
investimentos econômicos no lugar de escolas e professores.
Somos escravocratas, porque construímos universidades para
nossos filhos, mas negamos a mesma chance aos jovens que foram
deserdados do Ensino Médio completo com qualidade. Somos
escravocratas de um novo tipo: a negação da educação é parte da
obra deixada pelos séculos de escravidão.
A exclusão da educação substituiu o sequestro na África, o
transporte até o Brasil, a prisão e o trabalho forçado. Somos
escravocratas que não pagamos para ter escravos: nossa
escravidão ficou mais barata, e o dinheiro para comprar os
escravos pode ser usado em benefício dos novos escravocratas.
Como na escravidão, o trabalho braçal fica reservado para os novos
escravos: os sem educação.
Negamo-nos a eliminar a obra da escravidão.
Somos escravocratas porque ainda achamos naturais as novas
formas de escravidão; e nossos intelectuais e economistas
comemoram minúscula distribuição de renda, como antes os
senhores se vangloriavam da melhoria na alimentação de seus
escravos, nos anos de alta no preço do açúcar. Continuamos
4
escravocratas, comemorando gestos parciais. Antes, com a
proibição do tráfico, a lei do ventre livre, a alforria dos
sexagenários. Agora, com o bolsa família, o voto do analfabeto ou a
aposentadoria rural. Medidas generosas, para inglês ver e sem a
ousadia da abolição plena.
Somos escravocratas porque, como no século XIX, não percebemos
5
a estupidez de não abolirmos a escravidão. Ficamos na
mesquinhez dos nossos interesses imediatos negando fazer a
revolução educacional que poderia completar a quase-abolição de
1888. Não ousamos romper as amarras que envergonham e
impedem nosso salto para uma sociedade civilizada, como, por 350
anos, a escravidão nos envergonhava e amarrava nosso avanço.
Cem anos depois da morte de Joaquim Nabuco, a obra criada pela
escravidão continua, porque continuamos escravocratas. E, ao
continuarmos escravocratas, não libertamos os escravos
condenados à falta de educação.
CRISTOVAM BUARQUE. Adaptado de http://oglobo.globo.com, 30/01/2000.
12. (Uerj 2013) Ficamos na mesquinhez dos nossos interesses
imediatos negando fazer a revolução educacional que poderia
completar a quase-abolição de 1888. (ref. 5)
A criação da palavra composta, quase-abolição, cumpre
principalmente a função de:
(A) desfazer a contradição entre os termos
(B) estabelecer a gradação entre os termos
(C) enfatizar a abstração de um dos termos
(D) restringir o sentido de um dos termos
(E) ampliar a significação de um dos termos
COMENTÁRIO:
O advérbio “quase” restringe o significado do substantivo
“abolição”, sugerindo que essa libertação não teria acontecido por
completo.
RESPOSTA: D
Uma campanha alegre, IX
Há muitos anos que a política em Portugal apresenta este singular
estado:
6
Doze ou quinze homens, sempre os mesmos, alternadamente
possuem o Poder, perdem o Poder, reconquistam o Poder, trocam
*
o Poder... O Poder não sai duns certos grupos, como uma pela que
quatro crianças, aos quatro cantos de uma sala, atiram umas às
outras, pelo ar, num rumor de risos.
Quando quatro ou cinco daqueles homens estão no Poder, esses
homens são, segundo a opinião, e os dizeres de todos os outros
que lá não estão — os corruptos, os esbanjadores da Fazenda, a
ruína do País!
Os outros, os que não estão no Poder, são, segundo a sua própria
opinião e os seus jornais — os verdadeiros liberais, os salvadores
da causa pública, os amigos do povo, e os interesses do País.
Mas, coisa notável! — os cinco que estão no Poder fazem tudo o
que podem para continuar a ser os esbanjadores da Fazenda e a
ruína do País, durante o maior tempo possível! E os que não estão
no Poder movem-se, conspiram, cansam-se, para deixar de ser o
mais depressa que puderem — os verdadeiros liberais, e os
interesses do País!
Até que enfim caem os cinco do Poder, e os outros, os verdadeiros
liberais, entram triunfantemente na designação herdada de
esbanjadores da Fazenda e ruína do País; em tanto que os que
caíram do Poder se resignam, cheios de fel e de tédio — a vir a ser
os verdadeiros liberais e os interesses do País.
Ora como todos os ministros são tirados deste grupo de doze ou
quinze indivíduos, não há nenhum deles que não tenha sido por
seu turno esbanjador da Fazenda e ruína do País...
Não há nenhum que não tenha sido demitido, ou obrigado a pedir
a demissão, pelas acusações mais graves e pelas votações mais
hostis...
Não há nenhum que não tenha sido julgado incapaz de dirigir as
coisas públicas — pela Imprensa, pela palavra dos oradores, pelas
incriminações da opinião, pela afirmativa constitucional do poder
moderador...
E todavia serão estes doze ou quinze indivíduos os que continuarão
dirigindo o País, neste caminho em que ele vai, feliz, abundante,
**
rico, forte, coroado de rosas, e num chouto tão triunfante!
(*) Pela: bola.
(**) Chouto: trote miúdo.
(Eça de Queirós. Obras. Porto: Lello & Irmão-Editores, [s.d.].)
13. (Unesp 2012) Assinale a alternativa cuja frase contém um
numeral cardinal empregado como substantivo.
(A) Há muitos anos que a política em Portugal apresenta...
(B) Doze ou quinze homens, sempre os mesmos,
alternadamente possuem o Poder...
(C) ... os cinco que estão no Poder fazem tudo o que podem
para continuar...
(D) ... são tirados deste grupo de doze ou quinze indivíduos...
(E) ... aos quatro cantos de uma sala...
COMENTÁRIO:
Na frase “os cinco que estão no Poder fazem tudo o que podem
para continuar”, o cardinal “cinco” é determinado pelo artigo
definido “os”, que, pelo processo de derivação imprópria, provoca
a transformação do numeral em substantivo.
RESPOSTA: C
Correndo ao teu encontro. Na ilha noturna
Tinham-se apenas acendido os lampiões a gás, e a clarineta
De Augusto geralmente procrastinava a tarde.
Era belo esperar-te, cidadão. O bondinho
Rangia nos trilhos a muitas praias de distância...
Dizíamos: “Ê-vem meu pai!”. Quando a curva
*
Se acendia de luzes semoventes , ah, corríamos
Corríamos ao teu encontro. A grande coisa era chegar antes
**
Mas ser marraio em teus braços, sentir por último
Os doces espinhos da tua barba.
Trazias de então uma expressão indizível de fidelidade e
[paciência
Teu rosto tinha os sulcos fundamentais da doçura
De quem se deixou ser. Teus ombros possantes
Se curvavam como ao peso da enorme poesia
Que não realizaste. O barbante cortava teus dedos
Pesados de mil embrulhos: carne, pão, utensílios
Para o cotidiano (e frequentemente o binóculo
Que vivias comprando e com que te deixavas horas inteiras
Mirando o mar). Dize-me, meu pai
Que viste tantos anos através do teu óculo de alcance
Que nunca revelaste a ninguém?
Vencias o percurso entre a amendoeira e a casa como o atleta
[exausto no último lance da maratona.
Te grimpávamos. Eras penca de filho. Jamais
Uma palavra dura, um rosnar paterno. Entravas a casa
humilde
A um gesto do mar. A noite se fechava
Sobre o grupo familial como uma grande porta espessa.
Muitas vezes te vi desejar. Desejavas. Deixavas-te olhando
[o mar
Com mirada de argonauta. Teus pequenos olhos feios
Buscavam ilhas, outras ilhas... — as imaculadas, inacessíveis
Ilhas do Tesouro. Querias. Querias um dia aportar
E trazer — depositar aos pés da amada as joias fulgurantes
Do teu amor. Sim, foste descobridor, e entre eles
***
Dos mais provectos . Muitas vezes te vi, comandante
Comandar, batido de ventos, perdido na fosforência
De vastos e noturnos oceanos
Sem jamais.
Deste-nos pobreza e amor. A mim me deste
A suprema pobreza: o dom da poesia, e a capacidade de amar
Em silêncio. Foste um pobre. Mendigavas nosso amor
Em silêncio. Foste um no lado esquerdo. Mas
Teu amor inventou. Financiaste uma lancha
Movida a água: foi reta para o fundo. Partiste um dia
Para um brasil além, garimpeiro sem medo e sem mácula.
Doze luas voltaste. Tua primogênita — diz-se —
Não te reconheceu. Trazias grandes barbas e pequenas
[águas-marinhas.
(Vinicius de Moraes. Antologia poética. 11 ed. Rio de Janeiro: José Olympio
Editora, 1974, p. 180-181.)
(*) Semovente: “Que ou o que anda ou se move por si próprio.”
(**) Marraio: “No gude e noutros jogos, palavra que dá, a quem
primeiro a grita, o direito de ser o último a jogar.”
(***) Provecto: “Que conhece muito um assunto ou uma ciência,
experiente, versado, mestre.”
(Dicionário Eletrônico Houaiss)
Elegia na morte de Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, poeta e
cidadão
A morte chegou pelo interurbano em longas espirais metálicas.
Era de madrugada. Ouvi a voz de minha mãe, viúva.
De repente não tinha pai.
No escuro de minha casa em Los Angeles procurei recompor
[tua lembrança
Depois de tanta ausência. Fragmentos da infância
Boiaram do mar de minhas lágrimas. Vi-me eu menino
14. (Unesp 2012) Partiste um dia / Para um brasil além,
garimpeiro sem medo e sem mácula.
O emprego da palavra brasil com inicial minúscula, no poema
de Vinicius, tem a seguinte justificativa:
(A) O eu-poemático se serve da inicial minúscula para
menosprezar o país.
7
(B) Empregar um nome próprio com inicial minúscula era
comum entre os modernistas.
(C) O eu-poemático emprega “brasil" como metáfora de
“paraíso”, onde crê estar a alma de seu pai.
(D) O emprego da inicial maiúscula em nomes de países é
facultativo.
(E) Na acepção em que é empregada no texto, a palavra
“brasil" é um substantivo comum.
COMENTÁRIO:
A palavra “brasil” adquire no contexto a função de substantivo
comum, sinônimo de lugar distante para onde partiu o pai como
um explorador corajoso que parte à conquista de novas terras.
RESPOSTA: E
O leão e a raposa
11
1
Um leão envelhecido, não podendo mais procurar alimento por
sua própria conta, julgou que devia arranjar um jeito de fazer isso.
E, então, foi a uma caverna, deitou-se e se fingiu de doente. Dessa
8
13
4
forma, quando recebia a visita de outros animais, ele os pegava
5
14
6
e os comia. Depois que muitas feras já tinham morrido, uma
12
9
raposa, ciente da armadilha, parou a certa distância da caverna
2
e perguntou ao leão como ele estava. Como ele respondesse:
3
10
“Mal!” e lhe perguntasse por que ela não entrava, disse a raposa:
7
“Ora, eu entraria se não visse marcas de muitos entrando, mas de
ninguém saindo”.
Esopo - escritor grego do século VI a.C.
15. (Mackenzie 2012) Assinale a alternativa correta.
(A) É indiferente o emprego das grafias se não (ref. 7) ou
“senão” para a formação dos sentidos textuais.
(B) A forma verbal recebia (ref. 8) exprime um fato passado
já concluído, anterior a outro fato também passado.
(C) A troca da posição da palavra certa (ref. 9) altera os
sentidos: a uma certa distância / “a uma distância certa”.
(D) O uso de por que (ref. 10) está de acordo com a norma
culta, como em “Ele explicou novamente todos os
exercícios por que os alunos pediram”.
(E) As palavras leão (ref. 11) e raposa (ref. 12) apresentam
sentido generalizado, enquanto animais (ref. 13) e feras
(ref. 14) têm sentido mais específico.
COMENTÁRIO:
As opções [A], [B], [D] e [E] são incorretas, pois:
[A] a conjunção “se” seguida do advérbio de negação “não”
introduz uma oração subordinada condicional com verbo na
negativa, enquanto que “senão” é elemento coesivo com
significado equivalente a “de outro modo”, “de contrário”;
[B] o pretérito imperfeito do indicativo, no contexto, exprime um
fato passado contínuo e habitual;
[D] o uso de “por que” é correto na frase da fábula de Esopo, pois
trata-se de uma expressão formada por preposição e pronome
relativo, diferente do que acontece na frase “Ele explicou
novamente todos os exercícios por que os alunos pediram”, em
que seria correto o emprego da conjunção subordinativa porque
para exprimir noção de causa;
[E] os termos “leão” e “raposa” são hipônimos, portanto têm
sentido mais restrito que os hiperônimos “animais” e “feras” (com
sentido mais abrangente).
Assim, é correta apenas [C], pois a troca de posição da palavra
“certa” alteraria o sentido para alguma e exata, respectivamente.
RESPOSTA: C
Leia o texto abaixo.
Paraí-ba (Céceu)
Pê - a - pá
Erre - a - ra – í
Bê - a – bá
Paraíba
Paraíba do norte, do caboclo forte
Do homem disposto esperando chover
Da gente que canta com água nos olhos
Chorando e sorrindo, querendo viver
Do sertão torrado, do gado magrinho
Do açude sequinho, do céu tão azul
Do velho sentado num banquinho velho
Comendo com gosto um prato de angu
Acende o cachimbo, dá uma tragada
Não sabe de nada da vida do sul
Pê - a – pá
Erre - a - ra – í
Bê - a – bá
Paraíba
Paraíba do norte que tem seu progresso
Que manda sucesso pra todo país
Que sente a presença da mãe natureza
Que vê a riqueza nascer da raiz
Que acredita em Deus, também no pecado
Que faz do roçado a sua oração
E ainda confia no seu semelhante
E vai sempre avante em busca do pão
O pão que é nosso, que garante a vida
Terrinha querida do meu coração
Pê - a – pá
Erre - a - ra – í
Bê - a - bá
Paraíba
(Em: Ramalho, Zé. Duetos. BMG. São Paulo, 2004. CD-ROM.)
16. (G1 - ifal 2012) Na frase: Do velho sentado num banquinho
velho, observa-se:
(A) Nas duas vezes em que a palavra VELHO aparece, tem a
função de substantivo.
(B) Nas duas vezes em que a palavra VELHO aparece, tem a
função de adjetivo.
(C) Primeiramente, VELHO tem a função de substantivo;
depois, tem a função de adjetivo.
(D) Primeiramente, VELHO tem a função de adjetivo; depois,
tem a função substantivo.
(E) No texto, nas duas vezes em que a palavra VELHO
aparece não assume nem a função de adjetivo, nem de
substantivo.
COMENTÁRIO:
Na primeira ocorrência, o termo “velho”, precedido do artigo “o”, é
substantivo formado por derivação imprópria. Na segunda, é
adjetivo qualificador do substantivo “velhinho”.
RESPOSTA: C
8
Leia o poema de Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810).
As palavras que aparecem na estrofe como adjetivos estão
contidas apenas em:
(A) I e II.
(B) I e III.
(C) I, II e III.
(D) I, II e IV.
(E) II, III e IV.
Não vês aquele velho respeitável,
que à muleta encostado,
apenas mal se move e mal se arrasta?
Oh! quanto estrago não lhe fez o tempo,
o tempo arrebatado,
que o mesmo bronze gasta!
Enrugaram-se as faces e perderam
seus olhos a viveza:
voltou-se o seu cabelo em branca neve;
já lhe treme a cabeça, a mão, o queixo,
nem tem uma beleza
das belezas que teve.
Assim também serei, minha Marília,
daqui a poucos anos,
que o ímpio tempo para todos corre.
Os dentes cairão e os meus cabelos.
Ah! sentirei os danos,
que evita só quem morre.
Mas sempre passarei uma velhice
muito menos penosa.
Não trarei a muleta carregada,
descansarei o já vergado corpo
na tua mão piedosa,
na tua mão nevada.
As frias tardes, em que negra nuvem
os chuveiros não lance,
irei contigo ao prado florescente:
aqui me buscarás um sítio ameno,
onde os membros descanse,
e ao brando sol me aquente.
Apenas me sentar, então, movendo
os olhos por aquela
vistosa parte, que ficar fronteira,
apontando direi: — Ali falamos,
ali, ó minha bela,
te vi a vez primeira.
Verterão os meus olhos duas fontes,
nascidas de alegria;
farão teus olhos ternos outro tanto;
então darei, Marília, frios beijos
na mão formosa e pia,
que me limpar o pranto.
Assim irá, Marília, docemente
meu corpo suportando
do tempo desumano a dura guerra.
Contente morrerei, por ser Marília
quem, sentida, chorando
meus baços olhos cerra.
(Tomás Antônio Gonzaga. Marília de Dirceu e mais poesias. Lisboa: Livraria
Sá da Costa Editora, 1982.)
17. (Unesp 2012) Observe os seguintes vocábulos extraídos da
sétima estrofe do poema:
I. ternos.
II. frios.
III. pia.
IV. pranto.
COMENTÁRIO:
Os termos “ternos”, “frios” e “pia” são adjetivos, pois caracterizam
os substantivos “olhos”, “beijos” e “mãos”, respectivamente,
enquanto a palavra “pranto” configura um substantivo, pois
designa um ser.
RESPOSTA: C
Texto I
O silêncio incomoda
1
Como trabalho em casa, assisto a um grande número de
jogos e programas esportivos, alguns porque gosto e outros para
me manter atualizado, vejo ainda muitos noticiários gerais, filmes,
programas culturais (são pouquíssimos) e também, por
curiosidade, muitas coisas ruins. Estou viciado em televisão.
25
Não suporto mais ver tantas tragédias, crimes, violências,
falcatruas e tantas politicagens para a realização da Copa de 2014.
20
Estou sem paciência para assistir a tantas partidas tumultuadas
no Brasil, consequência do estilo de jogar, da tolerância com a
14
9
violência e do ambiente bélico em que se transformou o futebol,
dentro e fora do campo.
30
Na transmissão das partidas, fala-se e grita-se demais.
Não há um único instante de silêncio, nenhuma pausa. O barulho é
cada dia maior no futebol, nas ruas, nos bares, nos restaurantes e
em quase todos os ambientes. O silêncio incomoda as pessoas.
15
É óbvio que informações e estatísticas são importantíssimas. Mas
2
26
exageram. Fala-se
muito, mesmo com a bola rolando.
18
10
Impressiona-me como se formam conceitos, dão opiniões,
13
baseados em estatísticas
que têm pouca ou nenhuma
importância.
Na partida entre Escócia e Brasil, um repórter da TV
6
21
Globo deu a “grande notícia”, que Neymar foi o primeiro jogador
brasileiro a marcar dois gols contra a Escócia em uma mesma
partida.
22
19
Parece haver uma disputa para saber quem dá mais
3
informações e estatísticas, e outra, entre os narradores, para
23
24
11
16
saber quem grita gol mais alto e prolongado. Se dizem que a
imagem vale mais que mil palavras, por que se fala e se grita tanto?
21
27
8
Outra discussão chata, durante e após as partidas, é se um
jogador teve a intenção de colocar a mão na bola e de fazer pênalti,
e se outro teve a intenção de atingir o adversário. Com raríssimas
4
exceções, ninguém é louco para fazer pênalti nem tão canalha
para querer quebrar o outro jogador.
7
5
O que ocorre, com frequência, é o jogador, no impulso,
sem pensar, soltar o braço na cara do outro. O impulso está à
frente da consciência. Não sou também tão ingênuo para achar
17
que todas as faltas violentas são involuntárias.
12
Não dá para o árbitro saber se a falta foi intencional ou
não. Ele precisa julgar o fato, e não a intenção. Eles precisam ter
também bom senso, o que é raro no ser humano, para saber a
29
28
gravidade das faltas. Muitas parecem iguais, mas não são. Ter
critério não é unificar as diferenças.
(Tostão, Folha de S.Paulo, caderno D, “esporte”, p. 11, 10/04/2011.)
18. (Epcar (Afa) 2012) No contexto do seguinte trecho, extraído do
7º parágrafo do texto I, analise a classe gramatical a que
pertencem os termos grifados:
9
“... para saber quem grita gol mais alto e prolongado.” (ref. 23
e 24)
(D)
Assinale a alternativa em que o termo sublinhado pertence
àquela mesma classe.
(A) “Não suporto mais ver tantas tragédias, crimes,
violências...” (ref. 25, texto I)
(B) “Fala-se muito, mesmo com a bola rolando.” (ref. 26,
texto I)
(C) “Outra discussão chata, durante e após as partidas...”
(ref. 27, texto I)
(D) “Muitas parecem iguais, mas não são.” (ref. 28, texto I)
(E) “Na transmissão das partidas, fala-se e grita-se demais.”
(ref. 30, texto I)
COMENTÁRIO:
Os termos “alto” e “prolongado” exercem função morfológica de
advérbio, como acontece também na frase constante em [B]. Nas
demais opções, “tantas” é pronome indefinido e “chata” e “iguais”,
adjetivos relacionados aos substantivos “discussão” e “faltas”,
respectivamente.
RESPOSTA: B
19. (G1 - ifal 2011) Em apenas uma das imagens a seguir, o
emprego do “porquê” está incorreto. Qual?
(A)
(B)
(C)
(E)
COMENTÁRIO:
A opção a) apresenta infração à gramática normativa, já que a
frase, por ser interrogativa direta, deveria ser “ Por que ler Marx
hoje?”. Na opção b), por estar em final da frase interrogativa
direta, em c) e e) por serem conjunções subordinativas causaisl e
em d,) por se tratar de um substantivo, as frases estão corretas.
RESPOSTA: A
20. (G1 - ifal 2011) Assinale a alternativa cujas palavras destacadas
pertencem à mesma classe gramatical.
(A) “É incrível a importância do dedo indicador! Esse deve
ser o tal indicador de desemprego de que tanto se fala!”
(Quino, Mafalda)
(B) Porque o verão está chuvoso, os agricultores verão
prosperidade no campo.
(C) Olhou o extrato bancário e viu que, além dos produtos
que já levava, poderia ainda comprar um extrato de
tomate.
(D) Eu cedo meu lugar na fila ao primeiro que chegar cedo
para a entrevista.
(E) Leve esta sacola, pois ela está mais leve que as outras.
COMENTÁRIO:
Apenas em c), as palavras destacadas pertencem à mesma classe
gramatical, pois ambas são substantivos. Em a), a palavra
“indicador” é adjetivo e substantivo, em b), “verão” é substantivo e
verbo, em d), “cedo” é verbo e advérbio e em e), “leve” é verbo e
adjetivo, respectivamente.
RESPOSTA: C
Pais estão reavaliando sonhos de maternidade e paternidade
Não é de hoje que o brasileiro dá sinais de que está diminuindo a
resistência em adotar crianças que não sejam a sua imagem e
semelhança.
No estado de São Paulo, desde 2007, os pretendentes já não fazem
mais tanta questão de que o filho adotivo seja uma menina recémnascida e branca. Os estudos também mostram que tem
aumentado a aceitação para a adoção de irmãos, respeitando-se os
vínculos afetivos existentes.
A boa notícia é que, a partir de dados expressivos do Conselho
Nacional de Justiça, essa tendência parece ser nacional. No
entanto, se há uma verdadeira mudança em curso na cultura de se
querer adotar a criança idealizada e não a real, ainda é cedo para
saber.
10
É possível, por exemplo, que o aumento da preferência por crianças
negras esteja relacionado de alguma forma ao comportamento de
famosos (Madonna, Angelina Jolie, Sandra Bullock), mas não é só
isso. Na avaliação de profissionais que atuam no campo da adoção,
as pessoas começaram a reavaliar seus sonhos de maternidade e
paternidade ao perceber que aquele bebê loiro e de olhos azuis
não existe nos abrigos. Talvez estejam compreendendo melhor as
verdadeiras motivações da adoção e superando a ideia de que um
filho adotivo deva ser a cópia do que a biologia negou.
Não existem pessoas sem desejos ou preferências, mas iniciativas
de grupos de adoção e de integrantes dos Juizados da Infância, no
sentido de desmistificar certas ideias equivocadas sobre a adoção,
podem estar surtindo efeito.
Mas ainda há outros mitos a serem derrubados, como a indiscutível
preferência dos pretendentes por meninas.
A adoção tardia também é outro desafio. Oitenta por cento dos
pretendentes buscam crianças com até três anos de idade. Às mais
velhas, resta uma eventual adoção por casais estrangeiros ou a
permanência nos abrigos até se tornarem adultas, vivendo sem
laços familiares e abandonadas à própria sorte.
(Cláudia Collucci, Folha de S. Paulo, 08.08.2010. Adaptado)
21. (Ifsp 2011) Considere os trechos em destaque.
Às mais velhas, resta uma eventual adoção por casais
estrangeiros ou a permanência nos abrigos até se tornarem
adultas, vivendo sem laços familiares e abandonadas à
própria sorte.
Eles expressam, correta e respectivamente, as circunstâncias
de
(A) intensidade, lugar e modo.
(B) adição, meio e consequência.
(C) contraste, tempo e intensidade.
(D) tempo, modo e causa.
(E) consequência, causa e meio.
COMENTÁRIO:
“Mais”, “nos abrigos” e “sem laços familiares” expressam
circunstâncias de intensidade, lugar e modo, respectivamente.
RESPOSTA: A
22. (G1 - col.naval 2011) Marque a opção que obedece às regras
de emprego do termo destacado.
(A) Por quê não há ainda uma dose ideal para o uso da
internet os pais devem temê-la?
(B) Os psiquiatras e psicólogos procuram saber por quê o
jovem fica conectado à web por uma eternidade.
(C) Investigar por que ter mais amigos na rede do que fora
dela é um dos desafios levantados pelos psicólogos.
(D) Em relação à dependência da web, é preciso investigar
porquê isso acontece, mas sempre com a intenção de agir
em busca de soluções,
(E) Procura-se detectar porque alguém deixa de fazer uso
saudável e produtivo da rede para estabelecer com ela
uma relação doentia.
COMENTÁRIO:
Por que: início ou no meio da frase, em interrogações diretas ou
indiretas, como pronome interrogativo (ou indefinido)
preposicionado, equivalendo a: por qual razão. Por quê: final de
frase ou oração, em interrogativa direta ou indireta, como
pronome interrogativo (ou indefinido) preposicionado. Porquerespostas, introduzindo uma explicação ou uma causa, como uma
conjunção coodenativa explicativa ou causal. Porquê: substantivo,
sinônimo de motivo, razão, com um determinante. Assim, apenas
c) está correta. Nas demais opções, os termos destacados deveriam
ser todos substituídos por “por que” para obedecerem às regras
gramaticais.
RESPOSTA: C
Como prevenir a violência dos adolescentes
“(...) Quando deparo com as notícias sobre crimes hediondos
envolvendo adolescentes, como o ocorrido com Felipe Silva Caffé e
Liana Friedenbach, fico profundamente triste e constrangida. Esse
caso é consequência da baixa valorização da prevenção primária da
violência por meio das estratégias cientificamente comprovadas,
facilmente replicáveis e definitivamente muito mais baratas do que
a recuperação de crianças e adolescentes que comentem atos
infracionais graves contra a vida.
Talvez seja porque a maioria da população não se deu conta e os
que estão no poder nos três níveis não estejam conscientes de seu
papel histórico e de sua responsabilidade legal de cuidar do que
tem de mais importante à nação: as crianças e os adolescentes, que
são o futuro do país e do mundo.
A construção da paz e a prevenção da violência dependem de como
promovemos o desenvolvimento físico, social, mental, espiritual e
cognitivo das nossas crianças e adolescentes, dentro do seu
contexto familiar e comunitário. Trata-se, portanto, de uma ação
intersetorial, realizada de maneira sincronizada em cada
comunidade, com a participação das famílias, mesmo que estejam
incompletas ou desestruturadas (...)”
“(...) Em relação às crianças e adolescentes que cometeram
infrações leves ou moderadas – que deveriam ser mais bem
expressas – seu tratamento para a cidadania deveria ser feito com
instrumentos bem elaborados e colocados em prática, na família ou
próxima dela, com acompanhamento multiprofissional,
desobstruindo as penitenciárias, verdadeiras universidades do
crime. (...)”
“(...) A prevenção primária da violência inicia-se com a construção
de um tecido social saudável e promissor, que começa antes do
nascer, com um bom pré-natal, parto de qualidade, aleitamento
materno exclusivo até seis meses e o complemento até mais de um
ano, vacinação, vigilância nutricional, educação infantil,
principalmente propiciando o desenvolvimento e o respeito à fala
da criança, o canto, a oração, o brincar, o andar, o jogar; uma
educação para a paz e a nãoviolência.
A pastoral da criança, que em 2003 completa 20 anos, forma redes
de ação para multiplicar o saber e a solidariedade junto às famílias
pobres do país, por meio de mais de 230 mil voluntários, e
acompanhou no terceiro trimestre deste ano cerca de 1,7 milhão
de crianças menores de seis anos e 80 mil gestantes, de mais de 1,2
milhão de famílias, que moram em 34.784 comunidades de 3.696
municípios do país.
O Brasil é o país que mais reduziu a mortalidade infantil nos últimos
dez anos; isso, sem dúvida, é resultado da organização e
universalização dos serviços de saúde pública, da melhoria da
atenção primária, com todas as limitações que o SUS possa ainda
possuir, da descentralização e municipalização dos recursos e dos
serviços de saúde. A intensa luta contra a mortalidade infantil, a
desnutrição e a violência intrafamiliar contou com a contribuição
dessa enorme rede de
solidariedade da Pastoral da Criança. (...)”
“(...) A segunda área da maior importância nessa prevenção
primária da violência envolvendo crianças e adolescentes é a
educação, a começar pelas creches, escolas infantis e de educação
fundamental e de nível médio, que devem valorizar o
desenvolvimento do raciocínio e a matemática, a música, a arte, o
esporte e a prática da solidariedade humana.
As escolas nas comunidades mais pobres deveriam ter dois turnos,
para darem conta da educação integral das crianças e dos
adolescentes; deveriam dispor de equipes multiprofissionais
atualizadas e capacitadas a avaliar periodicamente os alunos.
Urgente é incorporar os ministérios do Esporte e da Cultura às
iniciativas da educação, com atividades em larga escala e simples,
baratas, facilmente replicáveis e adaptáveis em todo o território
nacional. (...)”
11
“(...) Com relação à idade mínima para a maioridade penal, deve
permanecer em 18 anos, prevista pelo Estatuto da Criança e do
Adolescente e conforme orientações da ONU. Mas o tempo
máximo de três anos de reclusão em regime fechado, quando a
criança ou o adolescente comete crime hediondo, mesmo em locais
apropriados e com tratamento multiprofissional, que
urgentemente precisam ser disponibilizados, deve ser revisto. Três
anos, em muitos casos, podem ser absolutamente insuficientes
para tratar e preparar os adolescentes com graves distúrbios para a
convivência cidadã. (...)”
(B) “Eram meninas do povo envolvidas nos seus vestidos
empoados com suas fitinhas cor-de-rosa ao cabelo”
(ref.2).
(C) “Era enfim o povo, o povo variegado da minha terra.”
(ref.3).
(D) “As napolitanas baixas com seus vestidos de roda e suas
africanas” (ref.4).
(E) “e tudo isso muito me obrigou a pensar sobre o destino
daquela gente.” (ref.5).
Zilda Arns Neumann, 69, médica pediatra e sanitarista; foi fundadora e
coordenadora nacional da Pastoral da Criança. (Folha de S Paulo,
26/11/2003.)
COMENTÁRIO:
Nas opções a), b), c) e d) existe adjetivação, o que imprime
subjetividade à descrição ( público especial”, meninas do povo” ,
“povo variegado”, “napolitanas baixas”). Apenas em e) a
caracterização está ausente.
RESPOSTA: E
23. (G1 - ifal 2011) Na frase: “A intensa luta contra a mortalidade
infantil...” (7º parágrafo), em relação às palavras que a
constituem, temos presente, respectivamente, as seguintes
classes ou categorias gramaticais:
(A) artigo, substantivo, substantivo, verbo, artigo,
substantivo, adjetivo.
(B) artigo, adjetivo, substantivo, preposição, artigo,
substantivo, adjetivo.
(C) pronome, adjetivo, substantivo, verbo, artigo,
substantivo, adjetivo.
(D) artigo,
substantivo,
verbo,
preposição,
artigo,
substantivo, adjetivo.
(E) pronome pessoal oblíquo, adjetivo, substantivo.
COMENTÁRIO:
O substantivo “luta” é determinado pelo artigo “A” e caracterizado
pelo adjetivo “intensa”. A preposição “contra” estabelece ligação
com o restante da frase, constituída pelo substantivo
“mortalidade” a que está associado o artigo “a” e o adjetivo
“infantil”, conforme se transcreve em [B].
RESPOSTA: B
6
Viajam de bonde silenciosamente. Devia ser quase uma
hora, pois o veículo já se enchia do público especial dos domingos.
2
Eram meninas do povo envolvidas nos seus vestidos
empoados com suas fitinhas cor-de-rosa ao cabelo e o leque
indispensável; eram as baratas casemiras claras dos ternos, [...]
eram as velhas mães, prematuramente envelhecidas com a
7
maternidade frequente, a acompanhar a escadinha dos filhos, ao
lado dos maiores, ainda moços, que fumavam os mais compactos
charutos do mercado — era dessa gente que se enchia o bonde e
se via pelas calçadas em direção aos jardins, aos teatros em matiné,
aos arrabaldes e às praias.
3
4
Era enfim o povo, o povo variegado da minha terra. As
napolitanas baixas com seus vestidos de roda e suas africanas, as
portuguesas coradas e fortes, caboclas, mulatas e pretas — era
tudo sim preto, às vezes todos exemplares em bando, às vezes
8
separados, que a viagem de bonde me deu a ver.
E muito me fez meditar o seu semblante alegre, a sua
força prolífica, atestada pela cauda de filhos que arrastavam, a sua
despreocupação nas anemias que havia, em nada significando a
5
preocupação de seu verdadeiro estado — e tudo isso muito me
obrigou a pensar sobre o destino daquela gente.
1
BARRETO, Lima. O domingo. Contos completos de Lima Barreto.
Organização e introdução de Lília Moritz Schwarcz. São Paulo: Companhia
das Letras, 2010. p. 589.
24. (Uesc 2011) No texto, faz-se presente a adjetivação, que é um
traço avaliativo do narrador, mas que está ausente no
fragmento transcrito em
(A) “pois o veículo já se enchia do público especial dos
domingos.” (ref.1).
O padeiro
Levanto cedo, faço minhas abluções, ponho a chaleira no
fogo para fazer café e abro a porta do apartamento – mas não
encontro o pão costumeiro. No mesmo instante me lembro de ter
lido alguma coisa nos jornais da véspera sobre a “greve do pão
dormido”. De resto não é bem uma greve, é um lock-out, greve dos
patrões, que suspenderam o trabalho noturno; acham que
obrigando o povo a tomar seu café da manhã com pão dormido
conseguirão não sei bem o que do governo.
Está bem. Tomo o meu café com pão dormido, que não é
tão ruim assim. E enquanto tomo café vou me lembrando de um
homem modesto que conheci antigamente. Quando vinha deixar o
pão à porta do apartamento ele apertava a campainha, mas, para
não incomodar os moradores, avisava gritando:
– Não é ninguém, é o padeiro!
Interroguei-o uma vez: como tivera a ideia de gritar
aquilo?
“Então você não é ninguém?”
Ele abriu um sorriso largo. Explicou que aprendera aquilo
de ouvido. Muitas vezes lhe acontecera bater a campainha de uma
casa e ser atendido por uma empregada ou outra pessoa qualquer,
e ouvir uma voz que vinha lá de dentro perguntando quem era; e
ouvir a pessoa que o atendera dizer para dentro: “não é ninguém,
não senhora, é o padeiro”. Assim ficara sabendo que não era
ninguém...
Ele me contou isso sem mágoa nenhuma, e se despediu
ainda sorrindo. Eu não quis detê-lo para explicar que estava
falando com um colega, ainda que menos importante. Naquele
tempo eu também, como os padeiros, fazia o trabalho noturno. Era
pela madrugada que deixava a redação de jornal, quase sempre
depois de uma passagem pela oficina – e muitas vezes saía já
levando na mão um dos primeiros exemplares rodados, o jornal
ainda quentinho da máquina, como pão saído do forno.
Ah, eu era rapaz, eu era rapaz naquele tempo! E às vezes
me julgava importante porque no jornal que levava para casa, além
de reportagens ou notas que eu escrevera sem assinar, ia uma
crônica ou artigo com o meu nome. O jornal e o pão estariam bem
cedinho na porta de cada lar; e dentro do meu coração eu recebi a
lição de humildade daquele homem entre todos útil e entre todos
alegre; “não é ninguém, é o padeiro!”
E assobiava pelas escadas.
BRAGA, Rubem. O padeiro. In: ANDRADE, Carlos Drummond de; SABINO,
Fernando; CAMPOS, Paulo Mendes; BRAGA, Rubem. Para gostar de ler: v. 1.
Crônicas. 12ª ed. São Paulo: Ática, 1982. p.63 - 64.
25. (G1 - ifsc 2011) Quanto à classe gramatical das palavras do
texto, é correto afirmar que:
(A) em “Ele me contou isso sem mágoa nenhuma”, a palavra
“mágoa” é um pronome.
12
(B) em “recebi a lição de humildade”, a palavra “humildade”
é um advérbio.
(C) em “ainda que menos importante”, a palavra “menos” é
um numeral.
(D) em “não encontro o pão costumeiro”, a palavra
“costumeiro” é um adjetivo.
(E) em “Muitas vezes lhe acontecera”, a palavras “muitas” é
um verbo.
COMENTÁRIO:
Ao contrário do que se afirma em [A], [B], [C] e [E], as palavras
“mágoa” e “humildade” são substantivos, “menos” é um advérbio e
“muitas”, um pronome indefinido. É correta a opção [D], pois, no
contexto, a palavra “costumeiro” é um adjetivo.
RESPOSTA: D
O Outro Marido
14
Era conferente da Alfândega – mas isso não tem importância.
Somos todos alguma coisa fora de nós; o eu irredutível nada tem a
ver com as classificações profissionais. Pouco importa que nos
9
avaliem pela casca. Por dentro, sentia-se diferente, capaz de
mudar sempre, enquanto a situação exterior e familiar não
mudava. Nisso está o espinho do homem: ele muda, os outros não
percebem.
Sua mulher não tinha percebido. Era a mesma de há 23 anos,
3
quando se casaram (quanto ao íntimo, é claro). Por falta de filhos,
os dois viveram demasiado perto um do outro, sem derivativo. Tão
perto que se desconheciam mutuamente, como um objeto
10
desconhece outro, na mesma prateleira de armário. Santos doíase de ser um objeto aos olhos de Dona Laurinha. Se ela também era
um objeto aos olhos dele? Sim, mas com a diferença de que Dona
Laurinha não procurava fugir a essa simplificação, nem reparava;
era de fato, objeto. Ele, Santos, sentia-se vivo e desagradado.
1
Ao aparecerem nele as primeiras dores, Dona Laurinha penalizouse, mas esse interesse não beneficiou as relações do casal. Santos
6
11
parecia comprazer-se em estar doente. Não propriamente em
queixar-se, mas em alegar que ia mal. A doença era para ele
ocupação, emprego suplementar. O médico da Alfândega disseralhe que certas formas reumáticas levam anos para ser dominadas,
exigem adaptação e disciplina. Santos começou a cuidar do corpo
como de uma planta delicada. E mostrou a Dona Laurinha a
nevoenta radiografia da coluna vertebral com certo orgulho de
estar assim tão afetado.
– Quando você ficar bom...
– Não vou ficar. Tenho doença para o resto da vida.
Para Dona Laurinha, a melhor maneira de curar-se é tomar remédio
e entregar o caso à alma de Padre Eustáquio, que vela por nós.
2
Começou a fatigar-se com a importância que o reumatismo
12
assumira na vida do marido. E não se amolou muito quando ele
anunciou que ia internar-se no hospital Gaffré e Guinle.
– Você não sentirá falta de nada – assegurou-lhe Santos. – Tirei
licença com ordenado integral. Eu mesmo virei aqui todo começo
de mês trazer o dinheiro. Hospital não é prisão.
– Vou visitar você todo domingo, quer?
– É melhor não ir. Eu descanso, você descansa, cada qual no seu
canto.
Ela também achou melhor, e nunca foi lá. Pontualmente, Santos
trazia-lhe o dinheiro da despesa, ficaram até um pouco amigos
4
nessa breve conversa a longos intervalos. Ele chegava e saía
curvado, sob a garra do reumatismo que nem melhorava nem
matava. A visita não era de todo desagradável, desde que a doença
deixara de ser assunto. Ela notou como a vida de hospital pode ser
distraída: os internados sabem de tudo cá de fora.
– Pelo rádio – explicou Santos.
Um dia, ela se sentiu tão nova, apesar do tempo e das separações
fundamentais, que imaginou uma alteração: por que ele não ficava
até o dia seguinte, só essa vez?
5
– É tarde – respondeu Santos. E ela não entendeu se ele se referia
à hora ou a toda a vida passada sem compreensão. É certo que
vagamente o compreendia agora, e recebia dele mais que a
mesada: uma hora de companhia por mês.
13
Santos veio um ano, dois, cinco. Certo dia não veio. Dona
Laurinha preocupou-se. Não só lhe faziam falta os cruzeiros; ele
também fazia. Tomou o ônibus, foi ao hospital pela primeira vez,
em alvoroço. Lá ele não era conhecido. Na Alfândega informaramlhe que Santos falecera havia quinze dias, a senhora quer o
endereço da viúva?
– Sou eu a viúva – disse Dona Laurinha, espantada.
O informante olhou-a com incredulidade. Conhecia muito bem a
viúva do Santos, Dona Crisália, fizera bons piqueniques com o casal
na Ilha do Governador. Santos fora seu parceiro de bilhar e de
pescaria. Grande praça. Ele era padrinho do filho mais velho de
Santos. Deixara três órfãos, coitado.
E tirou da carteira uma foto, um grupo de praia. Lá estavam Santos,
muito lépido, sorrindo, a outra mulher, os três garotos. Não havia
7
dúvida: era ele mesmo, seu marido. Contudo, a outra
realidade de Santos era tão destacada da sua, que o tornava outro
homem, completamente desconhecido, irreconhecível.
8
– Desculpe, foi engano. A pessoa a que me refiro não é esta – disse
Dona Laurinha, despedindo- se.
(Carlos Drummond de Andrade)
26. (Espcex (Aman) 2011) No trecho, “Por falta de filhos, os dois
viveram demasiado perto, sem derivativo” (ref.3), o termo
sublinhado pode ser classificado morfologicamente como
(A) substantivo.
(B) adjetivo.
(C) advérbio.
(D) verbo.
(E) conjunção.
COMENTÁRIO:
O advérbio, palavra invariável que indica as circunstâncias em que
ocorre a ação, modifica um verbo, um adjetivo ou um outro
advérbio, como acontece no segmento da oração “os dois viveram
demasiado perto”, onde o termo “demasiado” estabelece relação
de intensidade com o advérbio “perto”.
RESPOSTA: C
Arte suprema
Tal como Pigmalião, a minha ideia
Visto na pedra: talho-a, domo-a, bato-a;
E ante os meus olhos e a vaidade fátua
Surge, formosa e nua, Galateia.
Mais um retoque, uns golpes... e remato-a;
Digo-lhe: “Fala!”, ao ver em cada veia
Sangue rubro, que a cora e aformoseia...
E a estatua não falou, porque era estatua.
Bem haja o verso, em cuja enorme escala
Falam todas as vozes do universo,
E ao qual também arte nenhuma iguala:
Quer mesquinho e sem cor, quer amplo e terso,
Em vão não e que eu digo ao verso: “Fala!”
E ele fala-me sempre, porque e verso.
(Júlio César da Silva. Arte de amar. São Paulo: Companhia Editora Nacional,
1961.)
13
27. (Unesp 2010) Aponte a alternativa que indica o número do
verso em que aparecem dois adjetivos ligados por um
conectivo aditivo:
(A) Verso 3.
(B) Verso 4.
(C) Verso 5.
(D) Verso 7.
(E) Verso 11.
(
(
COMENTÁRIO:
A questão depende de conhecimento de morfologia e sintaxe. O
candidato precisa conhecer a classe dos adjetivos e das conjunções.
O domínio da nomenclatura referente aos elementos de coesão
textual ajuda a pensar, pois a expressão conectivo aditivo, utilizada
no enunciado, pode não ser conhecida pelo vestibulando, o que o
prejudicaria.
No quarto verso do poema - “Surge, formosa e nua, Galateia” – as
palavras que caracterizam o substantivo “Galateia” concordam com
ele em gênero e número. Isso demonstra que formosa e nua são
adjetivos.
Obs.: fátua significa presunçosa, com alta opinião de si própria.
Terso: puro, limpo, lustroso.
RESPOSTA: B
Darwin passou quatro meses no Brasil, em 1832, durante a sua
2
célebre viagem a bordo do Beagle. Voltou impressionado com o
5
17
19
que viu: “ Delícia é um termo insuficiente para exprimir as
28
8
emoções sentidas por um naturalista a sós com a natureza em
11
uma floresta brasileira”, escreveu. O Brasil, porém, aparece de
21
27
forma menos idílica em seus escritos: “Espero nunca mais voltar
12
a um país escravagista. O estado da enorme população escrava
deve preocupar todos os que chegam ao Brasil. Os senhores de
escravos querem ver o negro romo outra espécie, mas temos todos
a mesma origem.”
6
Em vez do gorjeio do sabiá, o que Darwin guardou nos ouvidos foi
30
3
29
13
um som terrível que o acompanhou por toda a vida: “ Até
39
22
hoje, se eu ouço um grito, lembro-me, com dolorosa e clara
43
memória, de quando passei numa casa em Pernambuco e ouvi
14
urros terríveis. Logo entendi que era algum pobre escravo que
4
estava sendo torturado,” Segundo o biólogo Adrian Desmond, “a
40
41
viagem do Beagie, para Darwin, foi menos importante pelos
15
16
25
espécimes coletados do que pela experiência de testemunhar
23
47
os horrores da escravidão no Brasil. De certa forma, ele
20
escolheu focar na descendência comum do homem justamente
32
31
para mostrar que todas as raças eram iguais e, desse modo,
44
36
18
enfim, objetar àqueles que insistiam em dizer que os negros
pertenciam a uma espécie diferente e inferior à dos brancos”.
1
Desmond acaba de lançar um estudo que mostra a paixão
35
26
33
7
abolicionista do cientista, revelada por seus diários e cartas
42
34
pessoais. “A extensão de seu interesse no combate à ciência de
9
cunho racista é surpreendente, e pudemos detectar um ímpeto
10
moral por trás de seu trabalho sobre a evolução humana urna
38
37
45
crença na 'irmandade racial' que tinha origem em seu ódio
46
24
ao escravismo e que o levou a pensar numa descendência
comum.”
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de
cima para baixo, é
(A) F - V- V - V.
(B) V- F - V - F.
(C) V- V- F- F.
(D) F - V- F - V.
(E) F - F - V - V.
COMENTÁRIO:
Insuficiente
Prefixo: In / Radical: Sufici /
Sufixo: ente
Insistiam
Prefixo: não há / Radical: insist
/ Desinência verbal: iam
Exprimir e Imprimir
Radical: prim
Descendência e Ascendência
Radical: scend
Idílica (de idílio, radical:
id(i/o))
O sufixo “ica” permite que
saibamos que trata-se de
adjetivo.
Dolorosa (de dor, radical:
dolor)
O sufixo “osa” permite que
saibamos que trata-se de
adjetivo.
Escravidão
Radical: escrav
Sufixo: idão
Ambos os sufixos designam
substantivos, no entanto,
cada um forma uma palavra
de significado diferente.
Escravismo
Radical: escrav
Sufixo: ismo
Ambos os sufixos designam
substantivos, no entanto, cada
um forma uma palavra de
significado diferente.
RESPOSTA: A
29. (UEL-2010) Com base no texto, considere as afirmativas a
seguir:
I. Ao afirmar que vestibular é um brasileirismo, o autor se
posiciona contrariamente à sua extinção pelo Ministério
da Educação.
II. O autor não condena o uso do estrangeirismo “lobby” no
lugar do brasileirismo “vestibular”.
III. O adjetivo “vestibular” que, devido ao uso, acabou sendo
substantivado, é derivado da palavra “vestíbulo”.
IV. O autor considera pertinente a alegação de redundância
para explicar o processo de substantivação do termo
“celular”.
Assinale a alternativa correta.
(A) Somente as afirmativas I e II são corretas.
(B) Somente as afirmativas II e IV são corretas.
(C) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
(D) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
(E) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas.
Adaptado de: HAAG, C. O elo perdido tropical. Pesquisa FAPESP, n. 159, p.
80 85, maio 2009.
28. (UFRGS-2010) Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as
afirmações a seguir sobre elementos de formação de palavras
do texto.
( ) As palavras insuficiente (ref. 17) e insistiam (ref. 18)
apresentam o mesmo prefixo em sua formação.
( ) A comparação da palavra exprimir (ref. 19) com imprimir
e da palavra descendência (ref. 20) com ascendência
permite que se postule um radical comum para cada um
dos pares.
) As palavras idílica (ref. 21) e dolorosa (ref. 22) apresentam
sufixos que formam adjetivos a partir de substantivos.
) O emprego de diferentes sufixos para o mesmo radical em
escravidão (ref. 23) e escravismo (ref. 24) serve, no texto,
para expressar, respectivamente, a ideia de “situação
resultante de uma ação“ e de “movimento
socioideológico”.
COMENTÁRIO:
O autor do artigo não manifesta opinião a respeito da extinção do
vestibular nem considera admissível ou tolerável o uso do termo
lobby como substituto de vestibular. A intenção do autor é analisar
o processo de transformação – de adjetivo a substantivo – do
14
termo “vestibular”, à semelhança de outros, como “celular”. Assim,
são inválidas as afirmativas I e II, e é correta a opção.
RESPOSTA: C
30. (FGV) O advérbio "não", em uma frase do texto, é empregado
de modo enfático, sem o sentido negativo que lhe é próprio.
Assinale a alternativa em que isso ocorre.
(A) Na época não existia internet nem computadores, o
mundo era totalmente diferente.
(B) Não que eu seja contra livros, muito pelo contrário.
(C) Quase metade das descobertas científicas surgiu não da
lógica [...], mas da simples observação.
(D) Quantas vezes não participamos de uma reunião e
alguém diz "vamos parar de discutir" [...]?
(E) Quantas vezes a gente simplesmente não "enxerga" a
questão?
COMENTÁRIO:
A única frase em que o advérbio “não” foi empregado de modo
enfático é a apontada na alternativa D. Quando é utilizado apenas
para realçar termos da frase, este advérbio é descartável, isto é,
sua ausência é indiferente do ponto de vista semântico.
RESPOSTA: D
31. (FGV) Rebeldes tem como antônimo dóceis; tiranos tem como
sinônimo autocratas. Assinale a alternativa em que o par de
antônimos e o de sinônimos, nesta ordem, está correto.
(A) Vangloriavam e orgulhavam; heresia e ateísmo.
(B) Perpétuo e efêmero; súditos e vassalos.
(C) Líder e ideólogo; engrenam e engatam.
(D) Ônus e compromisso; esmigalha e esfacela.
(E) Dilemas e certezas; insuflar e esvaziar.
COMENTÁRIO:
“Perpétua” é adjetivo referente ao que dura para sempre.
“Efêmero” é sinônimo de passageiro, aquilo que se vai
rapidamente. “Súditos” e “vassalos” são subalternos.
RESPOSTA: B
32. (UNIFESP-2010) Considere a charge e as afirmações.
(E) I, II e III.
COMENTÁRIO:
O “já” indica, com efeito, que se instaura uma nova situação
(=mudança. Daí se deduz, também, que o patamar indicado nunca
havia sido atingido (=inédito). A figura realmente dá a entender
que há pouco banco para tanto velho (=aumento de idosos).
RESPOSTA: E
33. (FGV-2004) Das alternativas abaixo, assinale aquela em que ao
menos um plural NÃO está correto:
(A) Mão, mãos; demão, demãos.
(B) Capitão, capitães; ladrão, ladrões.
(C) Pistão, pistões; encontrão, encontrões.
(D) Portão, portões; cidadão, cidadães.
(E) Capelão, capelães; escrivão, escrivães.
COMENTÁRIO:
O plural de cidadão é cidadãos.
RESPOSTA: D
34. (FGV-2004) Assinale a alternativa em que a palavra sublinhada
NÃO tem valor de adjetivo.
(A) A malha azul estava molhada.
(B) O sol desbotou o verde da bandeira.
(C) Tinha os cabelos branco-amarelados.
(D) As nuvens tornavam-se cinzentas.
(E) O mendigo carregava um fardo amarelado.
COMENTÁRIO:
Verde, na alternativa b, deixa de ser adjetivo, pois está
substantivado pelo artigo o, ou seja, é um caso de derivação
imprópria ou conversão.
RESPOSTA: B
INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
35. (Enem cancelado 2009) Observe a tirinha da personagem
Mafalda, de Quino.
O efeito de humor foi um recurso utilizado pelo autor da
tirinha para mostrar que o pai de Mafalda
(A) revelou desinteresse na leitura do dicionário.
(B) tentava ler um dicionário, que é uma obra muito extensa.
(C) causou surpresa em sua filha, ao se dedicar à leitura de
um livro tão grande.
(D) queria consultar o dicionário para tirar uma dúvida, e não
ler o livro, como sua filha pensava.
(E) demonstrou que a leitura do dicionário o desagradou
bastante, fato que decepcionou muito sua filha.
(www.acharge.com.br)
I.
O advérbio já, indicativo de tempo, atribui à frase o
sentido de mudança.
II. Entende-se pela frase da charge que a população de
idosos atingiu um patamar inédito no país.
III. Observando a imagem, tem-se que a fila de velhinhos
esperando um lugar no banco sugere o aumento de
idosos no país.
Está correto o que se afirma em
(A) I apenas.
(B) II apenas.
(C) I e II apenas.
(D) II e III apenas.
COMENTÁRIO:
as outras afirmações somente seriam escolhidas pelos alunos
desatentos, pois mesmo a leitura realizada em um nível superficial,
leva ao entendimento da resposta D. Naturalmente, o único
15
conhecimento exigido do candidato seria a função do dicionário.
Constitui-se em um livro para consulta de sinônimos.
RESPOSTA: D
No meio do caminho tinha uma pedra [...]
36. (Enem simulado 2009)
Texto 2
ANDRADE, C. D. Antologia poética. Rio de
Janeiro/São Paulo: Record, 2000. (fragmento)
O personagem Chico Bento pode ser considerado um típico
habitante da zona rural, comumente chamado de “roceiro”
ou “caipira”. Considerando a sua fala, essa tipicidade é
confirmada primordialmente pela
(A) transcrição da fala característica de áreas rurais.
(B) redução do nome “José” para “Zé”, comum nas
comunidades rurais.
(C) emprego de elementos que caracterizam sua linguagem
como coloquial.
(D) escolha de palavras ligadas ao meio rural, incomuns nos
meios urbanos.
(E) utilização da palavra “coisa”, pouco frequente nas zonas
mais urbanizadas.
A comparação entre os recursos expressivos que constituem
os dois textos revela que
(A) o texto 1 perde suas características de gênero poético ao
ser vulgarizado por histórias em quadrinho.
(B) o texto 2 pertence ao gênero literário, porque as escolhas
linguísticas o tornam uma réplica do texto 1.
(C) a escolha do tema, desenvolvido por frases semelhantes,
caracteriza-os como pertencentes ao mesmo gênero.
(D) os textos são de gêneros diferentes porque, apesar da
intertextualidade, foram elaborados com finalidades
distintas.
(E) as linguagens que constroem significados nos dois textos
permitem classificá-los como pertencentes ao mesmo
gênero.
O personagem Chico Bento revela em sua fala traços característicos
de alguém que habita uma comunidade rural. Um exemplo
evidente disso é a troca da letra l pela letra r na palavra “arguma”.
Essa justificativa corresponde à alternativa A.
Resposta: A
37. (Enem 2009)
A linguagem da tirinha revela
(A) o uso de expressões linguísticas e vocabulário próprios de
épocas antigas.
(B) o uso de expressões linguísticas inseridas no registro mais
formal da língua.
(C) o caráter coloquial expresso pelo uso do tempo verbal no
segundo quadrinho.
(D) o uso de um vocabulário específico para situações
comunicativas de emergência.
(E) a intenção comunicativa dos personagens: a de
estabelecer a hierarquia entre eles.
COMENTÁRIO:
As alternativas versam sobre o gênero literário. O texto 1 pertence
ao gênero lírico – faz uma reflexão sobre a constância dos
obstáculos encontrados ao longo da vida, a partir da repetição da
palavra pedra e da repetição da estrutura. Há a presença do
quiasmo – figura de estilo pela qual se repetem palavras invertendo
- se – lhe a ordem; conversão: “No meio do caminho tinha uma
pedra / Tinha uma pedra no meio do caminho...”
Já o texto 2 é um cartoon (história em quadrinhos) que retoma o
poema de Drummond, realizando a intertextualidade (diálogo
entre textos).
RESPOSTA: D
COMENTÁRIO:
Vê-se na tirinha uma linguagem informal: o verbo “ter” (“Pensei
que você tinha consertado...”), na linguagem formal, deveria ser
substituído por “haver” (“Pensei que você havia consertado...”.
RESPOSTA: C
38. (Enem cancelado 2009) Texto 1
No meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
Tinha uma pedra
39. (Enem 2009) Tendo em vista a segunda fala do personagem
entrevistado, constata-se que
(A) o entrevistado deseja convencer o jornalista a não
publicar um livro.
(B) o principal objetivo do entrevistado é explicar o
significado da palavra motivação.
16
(C) são utilizados diversos recursos da linguagem literária,
tais como a metáfora e a metonímia.
(D) o entrevistado deseja informar de modo objetivo o
jornalista sobre as etapas de produção de um livro.
(E) o principal objetivo do entrevistado é evidenciar seu
sentimento com relação ao processo de produção de um
livro.
COMENTÁRIO:
A fala do personagem entrevistado descreve os sentimentos e as
dificuldades enfrentadas pelo escritor no processo de produção de
um livro.
RESPOSTA: E
COMENTÁRIO:
Trata-se de uma crítica irônica às relações impessoais das empresas
do mundo moderno com os seus clientes, as quais usam
comumente gravações automáticas para responder a diversas
solicitações, ao invés de as atender pessoalmente. O personagem
assusta-se quando percebe que está sendo atendido por um
funcionário e desvaloriza a empresa por não seguir a regra padrão.
RESPOSTA: A
42. (Enem 2005) Texto 1
40. (Enem 2008)
Texto 2
SONHO IMPOSSÍVEL
Sonhar
Mais um sonho impossível
Lutar
Quando é fácil ceder
Vencer o inimigo invencível
Negar quando a regra é vender
Sofrer a tortura implacável
Romper a incabível prisão
Voar num limite improvável
Tocar o inacessível chão
É minha lei, é minha questão
Virar esse mundo
Cravar esse chão
Não me importa saber
Se é terrível demais
Quantas guerras terei que vencer
Por um pouco de paz
E amanhã se esse chão que eu beijei
For meu leito e perdão
Vou saber que valeu delirar
E morrer de paixão
E assim, seja lá como for
Vai ter fim a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão.
Assinale o trecho do diálogo que apresenta um registro
informal, ou coloquial, da linguagem.
(A) "Tá legal, espertinho! Onde é que você esteve?!"
(B) E lembre-se: se você disser uma mentira, os seus chifres
cairão!"
(C) "Estou atrasado porque ajudei uma velhinha a atravessar
a rua..."
(D) "... e ela me deu um anel mágico que me levou a um
tesouro"
(E) "mas bandidos o roubaram e os persegui até a Etiópia,
onde um dragão..."
COMENTÁRIO:
A forma como foi usado o verbo “estar” (“tá”) e as palavras “legal”
(gíria) e espertinho evidenciam a informalidade no trecho.
RESPOSTA: A
41. (Enem 2005)
(J. Darione - M. Leigh - Versão de Chico Buarque de Hollanda e
Ruy Guerra, 1972.)
A situação abordada na tira torna explícita a CONTRADIÇÃO
entre a(s)
(A) relações pessoais e o avanço tecnológico.
(B) inteligência empresarial e a ignorância dos cidadãos.
(C) inclusão digital e a modernização das empresas.
(D) economia neoliberal e a reduzida atuação do Estado.
(E) revolução informática e a exclusão digital.
A tirinha e a canção apresentam uma reflexão sobre o futuro
da humanidade. É correto concluir que os dois textos
(A) afirmam que o homem é capaz de alcançar a paz.
(B) concordam que o desarmamento é inatingível.
(C) julgam que o sonho é um desafio invencível.
(D) têm visões diferentes sobre um possível mundo melhor.
(E) transmitem uma mensagem de otimismo sobre a paz.
COMENTÁRIO:
Na tirinha de Mafalda, há uma visão pessimista sobre a questão do
desarmamento no mundo, pois o avião em que a tentativa é
noticiada não resiste ao impulso inicial e estatela-se no chão. Já no
poema “Sonho Impossível”, o eu lírico acredita que, apesar de
todas as dificuldades e sofrimentos, o futuro será promissor, pois
17
“o mundo vai ver uma flor/Brotar do impossível chão”. A flor
estabelece, assim, uma metáfora de um mundo melhor,
contrastando com o pessimismo de Mafalda, como se afirma em D.
RESPOSTA: D
43. (Enem 2004)
(E) pela altura do ponto de observação.
COMENTÁRIO:
Na tirinha, confronta-se o saber empírico de Hagar e o que resulta
do estudo teórico, expresso pelo filho no primeiro quadrinho.
Hagar restringe a sua compreensão de mundo àquilo que pode
observar, assim como Alberto Caeiro no seu poema: “Da minha
aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo”. Se tomarmos
o significado da palavra “cultura” como a soma das informações e
conhecimentos de uma pessoa, ou de um grupo social, está correta
a opção A.
RESPOSTA: A
45. (Enem 2003)
A conversa entre Mafalda e seus amigos
(A) revela a real dificuldade de entendimento entre posições
que pareciam convergir.
(B) desvaloriza a diversidade social e cultural e a capacidade
de entendimento e respeito entre as pessoas.
(C) expressa o predomínio de uma forma de pensar e a
possibilidade de entendimento entre posições
divergentes.
(D) ilustra a possibilidade de entendimento e de respeito
entre as pessoas a partir do debate político de ideias.
(E) mostra a preponderância do ponto de vista masculino nas
discussões políticas para superar divergências.
COMENTÁRIO:
A expressão confusa de Mafalda, no segundo quadro, sinaliza já a
conclusão manifesta no último: a decepção quanto ao futuro da
humanidade. As respostas de Filipe e Manolito à sua pergunta
inicial mostram perspectivas opostas, geradoras de soluções
irreconciliáveis.
RESPOSTA: A
44. (Enem 2004)
O humor presente na tirinha decorre principalmente do fato
de a personagem Mafalda:
(A) atribuir, no primeiro quadrinho, poder ilimitado ao dedo
indicador.
(B) considerar seu dedo indicador tão importante quanto o
dos patrões.
(C) atribuir, no primeiro e no último quadrinhos, um mesmo
sentido ao vocábulo "indicador".
(D) usar corretamente a expressão "indicador de
desemprego", mesmo sendo criança.
(E) atribuir, no último quadrinho, fama exagerada ao dedo
indicador dos patrões.
COMENTÁRIO:
O humor da tirinha deve-se ao fato de a palavra “indicador” ser
usada com o mesmo significado no primeiro e último quadros. De
fato, no primeiro, o vocábulo é usado com o sentido de “dedo da
mão” e, no último, Mafalda confunde-se ao empregá-lo com outra
acepção: “índice estatístico”.
RESPOSTA: C
46. (Enem 2002)
Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no
Universo...
Por isso minha aldeia é grande como outra qualquer
Porque sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...
(Alberto Caeiro)
De acordo com a história em quadrinhos protagonizada por
Hagar e seu filho Hamlet, pode-se afirmar que a postura de
Hagar
(A) valoriza a existência da diversidade social e de culturas, e
as várias representações e explicações desse universo.
(B) desvaloriza a existência da diversidade social e as várias
culturas, e determina uma única explicação para esse
universo.
A tira "Hagar" e o poema de Alberto Caeiro (um dos
heterônimos de Fernando Pessoa) expressam, com linguagens
diferentes, uma mesma ideia: a de que a compreensão que
temos do mundo é condicionada, essencialmente,
(A) pelo alcance de cada cultura.
(B) pela capacidade visual do observador.
(C) pelo senso de humor de cada um.
(D) pela idade do observador.
18
(C) valoriza a possibilidade de explicar as sociedades e as
culturas a partir de várias visões de mundo.
(D) valoriza a pluralidade cultural e social ao aproximar a
visão de mundo de navegantes e não-navegantes.
(E) desvaloriza a pluralidade cultural e social, ao considerar o
mundo habitado apenas pelos navegantes.
COMENTÁRIO:
O último quadro, onde Hagar aparece de braços cruzados, em uma
atitude peremptória e arrogante, permite deduzir que a sua
personalidade individualista dá origem a uma visão dualista da
realidade, baseada em uma perspectiva única, desvalorizando a
existência da diversidade social e de várias culturas.
RESPOSTA: B
COMENTÁRIO:
A imagem das covas alinhadas conduz ao excerto do poema de
João Cabral de Melo Neto que denuncia, em “Morte e Vida
Severina”, o fim trágico dos que lutam pela divisão da terra: “Essa
cova em que estás…É a parte que te cabe/deste latifúndio”.
RESPOSTA: B
48. (Enem 1999)
47. (Enem 2000) Em muitos jornais, encontramos charges,
quadrinhos, ilustrações, inspirados nos fatos noticiados. Veja o
exemplo ao final da questão.
O texto que se refere a uma situação semelhante à que
inspirou a charge é:
Observando as falas das personagens, analise o emprego do
pronome se e o sentido que adquire no contexto. No contexto
da narrativa, é correto afirmar que o pronome se,
(A) em I, indica reflexividade e equivale a "a si mesmas".
(B) em II, indica reciprocidade e equivale a "a si mesma".
(C) em III, indica reciprocidade e equivale a "uma às outras".
(D) em I e III, indica reciprocidade e equivale a "uma às
outras".
(E) em II e III, indica reflexividade e equivale a "a si mesma" e
"a si mesmas", respectivamente.
(A) Descansam o meu leito solitário
Na floresta dos homens esquecida,
A sombra de uma cruz, e escrevam nela
- Foi poeta - sonhou - e amou na vida.
(AZEVEDO, Álvares de. Poesias escolhidas. Rio de Janeiro/Brasília:
José Aguilar/M,1971)
(B) Essa cova em que estás
Com palmos medida,
é a conta menor
que tiraste em vida.
É de bom tamanho,
Nem largo nem fundo,
É a parte que te cabe
deste latifúndio.
(MELO NETO, João Cabral de. Morte e Vida Severina e outros
poemas em voz alta. Rio de Janeiro: Sabiá, 1967)
(C) Medir é a medida
mede
A terra, medo do homem, a lavra;
lavra
duro campo, muito cerco, vária várzea.
(CHAMIE, Mário. Sábado na hora da escutas. São Paulo;
Summums, 1978)
(D) Vou contar para vocês
um caso que sucedeu
na Paraíba do Norte
com um homem que se chamava
Pedro João Boa-Morte,
lavrador de Chapadinha:
talvez tenha morte boa
porque vida ele não tinha.
(GULLAR, Ferreira. Toda poesia. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1983)
(E) Trago-te flores, - restos arrancados
Da terra que nos viu passar
E ora mortos nos deixa e separados.
(ASSIS, Machado de. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova
Aguilar, 1986)
COMENTÁRIO:
Em II, a pergunta de Susaninha revela que ela não entendeu a
colocação de Mafalda, quando esta associou o natal a uma
celebração coletiva em que as pessoas se amam mais umas às
outras. Ao contrário, Susaninha expressa a sua personalidade
narcisista e entende o pronome “se” com o sentido de
reflexividade: “a si mesma” e “a si mesmas”, respectivamente.
RESPOSTA: E
LITERATURA
49. (FUVEST) Poderíamos sintetizar uma das características do
Romantismo pela seguinte aproximação de opostos:
(A) Aparentemente idealista, foi, na realidade, o primeiro
momento do Naturalismo Literário.
(B) Cultivando o passado, procurou formas de compreender
e explicar o presente.
(C) Pregando a liberdade formal, manteve-se preso aos
modelos legados pelos clássicos.
(D) Embora marcado por tendências liberais, opôs-se ao
nacionalismo político.
(E) Voltado para temas nacionalistas, desinteressou-se do
elemento exótico, incompatível com a exaltação da
pátria.
COMENTÁRIO:
A liberdade de criação propiciou ao romântico a amplitude
temática, reforçada pela multiplicidade de assuntos que oferecia o
mundo da época, com seus conflitos, transformações e interesses.
RESPOSTA: B
50. Se uma lágrima as pálpebras me inunda,
Se um suspiro nos seios treme ainda.
É pela virgem que sonhei... que nunca
Aos lábios me encostou a face linda!
(Álvares de Azevedo)
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A característica do Romantismo mais evidente desta quadra é:
(A) o espiritualismo.
(B) o pessimismo.
(C) a idealização da mulher.
(D) o confessionalismo.
(E) a presença do sonho.
Minha terra tem macieiras da Califórnia
onde cantam gaturamos de Veneza.
Os poetas da minha terra
são pretos que vivem em torres de ametista,
os sargentos do exército são monistas, cubistas,
os filósofos são polacos vendendo a prestações.
A gente não pode dormir
com os oradores e os pernilongos.
Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda.
Eu morro sufocado em terra estrangeira.
Nossas flores são mais bonitas
nossas frutas mais gostosas
mas custam mais de cem mil-réis a dúzia.
Ai quem me dera chupar carambola de verdade
e ouvir um sabiá com certidão de idade.
COMENTÁRIO:
A figura da mulher é quase sempre convertida em anjo, figura
poderosa e inatingível, ou em demônio, capaz de mudar a vida do
homem, de levá-lo à morte e à loucura.
RESPOSTA: C
51. Minhalma é triste como a rola aflita
Que o bosque acorda desde o albor da aurora,
E em doce arrulo que o soluço imita
O morto esposo gemedora chora.
(Murilo Mendes)
TEXTO 2
(Casimiro de Abreu)
lá?
ah
sabiá...
papá...
maná...
sofá...
sinhá...
cá?
bah
A
estrofe
apresentada
revela
uma
situação
caracteristicamente romântica. Aponte-a.
(A) A natureza agride o poeta: neste mundo, não há amparo
para os desenganos amorosos.
(B) A beleza do mundo não é suficiente para mitigar a solidão
do poeta.
(C) A morte, impregnando todos os seres e coisas, tira do
poeta a alegria de viver.
(D) O poeta recusa valer-se da natureza, que só lhe traz a
sensação da morte.
(E) O poeta atribui ao mundo exterior estados de espírito
que o envolvem.
COMENTÁRIO:
Casimiro de Abreu é quase sempre tido como ingênuo. Poeta de
enorme popularidade, sua obra oferece um acesso fácil, musical,
sem complexidade filosófica ou psicológica, que agrada os leitores
menos exigentes.
RESPOSTA: E
52. (FUVEST) "O indianismo dos românticos [...] denota tendência
para particularizar os grandes temas, as grandes atitudes de
que se nutria a literatura ocidental, inserindo-as na realidade
local, tratando-as como próprias de uma tradição brasileira."
(Antonio Candido, Formação da Literatura Brasileira)
Considerando-se o texto acima, pode-se dizer que o
indianismo, na literatura romântica brasileira:
(A) procurou ser uma cópia dos modelos europeus.
(B) adaptou a realidade brasileira aos modelos europeus.
(C) ignorou a literatura ocidental para valorizar a tradição
brasileira.
(D) deformou a tradição brasileira para adaptá-la à literatura
ocidental.
(E) procurou adaptar os modelos europeus à realidade local.
COMENTÁRIO:
A alternativa é explicitada no texto de Antonio Candido, que se
refere à inserção dos temas e atitudes da literatura romântica
ocidental na realidade local, tratando-os como próprios de uma
tradição brasileira. Segundo o crítico, a realidade local foi
subordinante e os modelos europeus foram adaptados a ela. A
alternativa B, que pode ter confundido o estudante, inverte a
relação entre subordinante e subordinado, como proposta no
fragmento transcrito.
RESPOSTA: E
(José Paulo Paes)
Os textos acima parodiam importante poema de nossa
literatura, cujo autor foi:
(B) Álvares de Azevedo
(C) Gonçalves Dias
(D) Fagundes Varela
(E) Gonçalves de Magalhães
(F) Casimiro de Abreu
COMENTÁRIO:
Os textos apresentados pertencem à 1ª geração modernista, que
tinha como uma de suas características parodiar as produções
literárias dos primeiros movimentos literários nacionais. Neste
caso, o poema "Canção do Exílio", de Gonçalves Dias.
RESPOSTA: B
54. (FUVEST)
Cantei o monge, porque ele é escravo, não da cruz, mas do
arbítrio de outro homem.
Cantei o monge, porque não há ninguém que se ocupe de
cantá-lo.
E por isso que cantei o monge, cantei também a morte.
É ela o epílogo mais belo de sua vida: e seu único triunfo.
O autor do trecho acima é um poeta da segunda geração
romântica brasileira. Pelo fato de não utilizar frequentemente
um tipo de linguagem própria da geração em que se encaixa,
oscila, muitas vezes, entre a tradição clássica e o pessimismo.
Trata-se de:
(A) Castro Alves.
(B) Junqueira Freire.
(C) Gonçalves Dias.
(D) Casimiro de Abreu.
(E) Gonçalves de Magalhães.
COMENTÁRIO:
53. TEXTO 1
20
Junqueira Freire, injustamente banido de nossas antologias
escolares, é autor de Inspirações do Claustro e Contradições
Poéticas, coletâneas de poemas românticos da 2ª geração,
chamada individualista, mal-do-século, byroniana, gótica, ultraromântica. Conhecido como o "poeta-monge", Junqueira Freire
tentou, na vida monástica, a superação das tensões adolescentes,
enclausurando-se num mosteiro sob o nome eclesiástico de Frei
Luís da Santa Escolástica. Sem vocação genuinamente mística e
ascética, a solução escapista da vida monacal chocava-se com as
pulsões eróticas e mórbidas da adolescência romântica. Sua poesia,
por vezes próxima do melhor Álvares de Azevedo, é, em grande
parte, projeção desse conflito, como demonstra o texto que
encabeça a questão.
RESPOSTA: B
55. Era um sonho dantesco... O tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho,
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar do açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...
(Castro Alves)
Aponte a alternativa que não se aplica ao texto:
(A) O sonho dantesco a que se refere o poeta compõe-se de
figuras humanas, os escravos.
(B) Sonho dantesco remete às cenas horríveis do "Inferno",
descritas na Divina Comédia, de Dante Alighieri.
(C) O sonho dantesco expressa a indignação do eu-lírico
diante do desajuste opressor/oprimido da sociedade
brasileira do século XIX.
(D) A expressão sonho dantesco conota a recusa em admitir
que o que se via era real.
(E) O sonho dantesco é o resultado da inadaptação do poeta
ao mundo, devido a seus conflitos exclusivamente
interiores.
COMENTÁRIO:
A obra de Castro Alves é marcada pela preocupação com questões
cadentes de seu tempo, com o abolicionismo e a expansão do
movimento republicano.
RESPOSTA: E
56. Leia atentamente o texto abaixo
Ontem plena liberdade...
A vontade por poder...
Hoje... cúm'lo de maldade!
Nem são livres pra... morrer!
Prende-os a mesma corrente
Férrea, lúgubre serpente
Nas roscas da escravidão...
(...)
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se eu deliro... ou se é verdade
Tanto horror perante os céus...
COMENTÁRIO:
A alternativa e é equivocada, pois não se verificam no texto
apresentado o pessimismo e o egocentrismo, características da 2ª
geração romântica. O texto em questão corresponde à poesia da 3ª
geração romântica, dita condoreira.
RESPOSTA: E
57. (FUVEST)
Oh! Bendito o que semeia
Livros... livros à mão cheia...
E manda o povo pensar!
O livro caindo n'alma
É germe - que faz a palma,
É chuva - que faz o mar.
Vós, que o templo das idéias
Largo - abris às multidões,
P'ra o batismo luminoso
Das grandes revoluções,
Agora que o trem de ferro
Acorda o tigre no cerro
E espanta os caboclos nus,
Fazei desse "rei dos ventos"
Ginete dos pensamentos,
Arauto da grande luz!...
(Castro Alves)
O tratamento dado aos temas do livro e do trem de ferro,
nesses versos de "O livro e a América", permite afirmar
corretamente que, no contexto de Espumas Flutuantes,
(A) o poeta romântico assume o ideal do progresso,
abandonando as preocupações com a História.
(B) o entusiasmo pelo progresso técnico e cultural determina
a superação do encantamento pela natureza.
(C) o entusiasmo pelo progresso cultural se contrapõe ao
temor do progresso técnico, que agride a natureza.
(D) o poeta romântico se abre ao progresso e à técnica, em
que não vê incompatibilidade com os ciclos naturais
(E) o poeta romântico propõe que literatura e natureza
somem forças contra a invasão do progresso técnico.
COMENTÁRIO:
Ao aproximar metaforicamente o livro ao "germe" e à "chuva", na
primeira estrofe, e, ao fazer o trem de ferro acordar o "tigre" e
espantar "os caboclos nus", o poeta relaciona as imagens do
progresso e da técnica às sugestões da natureza e não vê qualquer
incompatibilidade entre esses dois universos, que outros
românticos concebiam antagônicos e inconciliáveis.
RESPOSTA: D
58. (FUVEST)
LEITO DAS FOLHAS VERDES
Por que tardas, Jatir, que tanto a custo
À voz do meu amor moves teus passos?
Da noite a viração. movendo as folhas,
Já nos cimos do bosque rumoreja.
Sobre esse texto, não é correto afirmar que:
(A) mostra o traço romântico do inconformismo.
(B) dá tratamento eloquente à linguagem para tratar do
tema da escravidão.
(C) pode ser identificado com a poesia abolicionista de
Castro Alves.
(D) pelo tema que explora classifica-se na corrente social da
poesia romântica.
(E) traduz o pessimismo e o egocentrismo do poeta
romântico diante da impossibilidade de mudar o mundo.
Eu sob a copa da mangueira altiva
Nosso leito gentil cobri zelosa
Com mimoso tapiz de folhas brandas,
Onde o frouxo luar brinca entre flores.
Do tamarindo a flor abriu-se, há pouco,
Já solta o bogari mais doce aroma!
Como prece de amor, como estas preces,
No silêncio da noite o bosque exala.
21
Brilha a lua no céu, brilham estrelas,
Correm perfumes no correr da brisa,
A cujo influxo mágico respira-se
Um quebranto de amor, melhor que a vida!
COMENTÁRIO:
Os dois poemas abordam idealizadamente o índio – tal
característica é uma das relevantes da poesia de Gonçalves Dias
[primeira geração] e do Romantismo como um todo.
RESPOSTA: C
A flor que desabrocha ao romper d'alva
Um só giro do sol, não mais, vegeta:
Eu sou aquela flor que espero ainda
Doce raio do sol que me dê vida.
(Gonçalves Dias)
Assinale a alternativa correta com relação ao texto.
(A) Principalmente pela manifestação de elementos
simbólicos, tais como "luar", "vales", "bosque" e
"perfumes", pode-se dizer que o poema muito se
aproxima da estética simbolista.
(B) O poema romântico indianista recupera as antigas
cantigas de amigo medievais, para expressar o amor por
meio da espera.
(C) O poema de Gonçalves Dias demonstra profunda
influência renascentista, recebida principalmente de
Camões.
(D) Apesar da intensa presença da natureza, o poema em
questão já se aproxima do Parnasianismo, pela presença
dos elementos mitológicos.
(E) Mesmo sendo romântico, notam-se ainda no poema os
aspectos marcantes do Arcadismo, principalmente no
que diz respeito ao bucolismo.
COMENTÁRIO:
A alternativa b é a única que contempla corretamente uma
característica relevante do poema de Gonçalves Dias: a presença de
um emissor, de um eu-lírico feminino, à maneira das cantigas de
amigo da tradição medieval lusa, de cunho provavelmente
autóctone, pré-literário, anterior à influência mais refinada da
poesia trovadoresca das Cortes ocitânicas. Mas, contrariamente à
espontaneidade dos cantares de amigo, o poema de Gonçalves Dias
resulta de uma sofisticada elaboração imagética, ocultando sob o
ritmo prosaico dos versos brancos requintados jogos sonoros, que
incluem o aproveitamento da sonoridade da língua indígena:
"bagari", "arasóia" etc.
RESPOSTA: B
TEXTO PARA AS PROXIMAS DUAS QUESTÕES
Considere os versos abaixo, do poeta Gonçalves Dias.
“Tu choraste em presença da morte?
Na presença de estranhos choraste?
Não descende o cobarde do forte;
Pois choraste, meu filho não és!"
(" - Juca Pirama")
"Não chores, meu filho;
Não chores, que a vida
É luta renhida:
Viver é lutar.
A vida é combate,
Que os fracos abate,
Que os fortes, os bravos
Só pode exaltar."
("Canção do Tamoio")
59. Os dois textos possuem uma ideia comum:
(A) a exaltação das belezas naturais do Brasil.
(B) a negação da paternidade.
(C) a fortaleza moral do índio diante da adversidade.
(D) visão idealista e rósea da existência.
(E) constatação da fragilidade espiritual do índio.
60. A principal característica do estilo de Gonçalves Dias é:
(A) uso de arcaísmos.
(B) vocabulário de natureza popular.
(C) o profundo conhecimento do idioma.
(D) a expressividade do ritmo.
(E) o amor à natureza.
COMENTÁRIO:
Nos trechos fornecidos, o uso de vocábulos como cobarde
[covarde] e renhida [difícil] atestam uma das principais
características estilísticas de Gonçalves Dias, o uso de um
vocabulário arcaico. Tal característica é afim ao midievalismo, um
dos principais traços da primeira geração do romantismo no Brasil.
RESPOSTA: A
TEXTO PARA AS PROXIMAS DUAS QUESTÕES
SONETO
Álvares de Azevedo
Pálida, à luz da lâmpada sombria,
Sobre o leito de flores reclinada,
Como a lua por noite embalsamada,
Entre as nuvens do amor ela dormia!
Era a virgem do mar! Na escuma fria
Pela maré das águas embalada!
Era um anjo entre nuvens d’alvorada
Que em sonhos se banhava e se esquecia!
Era mais bela! O seio palpitando...
Negros olhos as pálpebras abrindo...
Formas nuas no leito resvalando...
Não te rias de mim, meu anjo lindo!
Por ti – as noites eu velei chorando,
Por ti – nos sonhos morrerei sorrindo.
Disponível em: http://www.casadobruxo.com.br/poesia/a/palida.htm
61. (UFSM) Considere as afirmativas a respeito do soneto
I. O fato de que, no poema, afetividade e natureza se
relacionam situam-no claramente como produção
barroca.
II. As palavras virgem [v.5] e anjo [v.7 e v.12] indicam que a
mulher observada se caracteriza pela pureza.
III. A alusão à morte, encontrada no verso 14, é um traço
frequente na produção poética de Álvares de Azevedo.
Está(ão) correta(s):
(A) apenas a afirmativa I.
(B) apenas a afirmativa III.
(C) apenas as afirmativas I e III.
(D) apenas as afirmativas II e III.
(E) as afirmativas I, II e III
COMENTÁRIO:
Os comentários pertinentes ao poema e à produção de Álvares de
Azevedo encontram-se nas alternativas II e III.
RESPOSTA: D
62. (UFSM) A respeito do “Soneto”, de Álvares de Azevedo, é
INCORRETO afirmar que:
(A) as palavras finais dos versos são oxítonas, sendo esse um
recurso para regularizar o ritmo do poema.
22
(B) o poema contém elementos que constituem oposições
no plano do significado: luz e sombria [v.1], chorando
[v.13] e sorrindo [v.14].
(C) as marcas de pontuação contribuem para representar a
situação emocional do sujeito lírico.
(D) o verso 1 e o verso 2 se caracterizam pela recorrência do
som /l/, e o verso 8 se caracteriza pela repetição do som
/s/.
(E) se encontram, na última estrofe, identificando o sujeito
lírico, três pronomes de primeira pessoa, não havendo
esse recurso nas outras estrofes.
COMENTÁRIO:
As rimas são paroxítonas Assinale-se, pois, a alternativa “a”.
RESPOSTA: A
NAVIO NEGREIRO [fragmento]
Castro Alves
Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...
Disponível em: http://www.culturabrasil.org/navionegreiro.htm
63. (UFV) Aponte a alternativa que NÃO se aplica ao texto:
(A) O sonho dantesco a que se refere o poeta compõe-se de
figuras humanas, os escravos.
(B) Sonho dantesco remete às cenas horríveis do “Inferno”,
descritas na Divina comédia, de Dante Alighieri.
(C) O sonho dantesco expressa a indignação do eu-lírico
diante do desajuste opressor/oprimido da sociedade
brasileira do século XIX.
(D) A expressão sonho dantesco conota a recusa em admitir
que o que se via era real.
(E) O sonho dantesco é o resultado da inadaptação do poeta
ao mundo, devido a seus conflitos exclusivamente
interiores.
COMENTÁRIO:
A expressão em análise nesta questão intertextualiza com a Divina
comédia, de Dante, e visa a expressar a indignação e o asco que o
sujeito poético sente pela cena apresentada – o translado dos
africanos [escravizados] para as terras americanas. No poema
“Navio negreiro”, do qual se extraiu o trecho citado anteriormente,
a expressão poética se volta para o mundo exterior e não para a
interioridade, apesar de que, para falar do sofrimento dos negros, o
locutor construa um discurso altamente subjetivo e emocional.
RESPOSTA: E
(B) “Iracema” é uma palavra que em guarani significa “lábios
de mel”.
(C) O romance acima mencionado é, indiscutivelmente, a
obra-prima de Alencar no gênero dos romances
regionalistas.
(D) O romance foi descrito para narrar a origem do Ceará e
dos cearenses.
(E) Em Iracema, Alencar mostra claras influência do romance
Atala et René, de Chateaubriand.
COMENTÁRIO:
Iracema é, sabidamente, uma das obras primas do romance
romântico indianista.
RESPOSTA: C
65. (ITAÚNA) Quanto à prosa romântica, é INCORRETO afirmar
que:
(A) O romance urbano amadureceu o próprio romance como
gênero e preparou os caminhos do romance políticosocial, menos cultivado por outros movimentos literários.
(B) O indianismo foi uma das principais tendências do
Romantismo brasileiro.
(C) Alguns escritores do romantismo criaram uma literatura
fantasiosa, identificada com um universo de satanismo,
mistério, morte, sonho, loucura e degradação.
(D) O romance brasileiro assumiu o papel de um dos
principais instrumentos no processo de redescoberta do
país e de busca de uma identidade nacional.
(E) Ao romance regionalista coube a missão nacionalista do
Romantismo de dar ao país uma visão sobre si mesmo.
COMENTÁRIO:
Marque-se a letra “a”, porque o romance urbano [criado no
romantismo] terá inúmeros desdobramentos de vívida conotação
social, em momentos como o Naturalismo, o Pré-Modernismo e o
Modernismo.
RESPOSTA: A
66. Considere as seguintes afirmações a respeito do Romantismo
no Brasil.
I. As gerações românticas da poesia brasileira denominamse Indianista ou Nacionalista, Mal-do-Século e Condoreira
ou Social.
II. Iracema foi escrito por Machado de Assis.
III. Pode-se considerar que o Romantismo brasileiro foi a
manifestação artística que melhor expressou
sentimento
nacionalista
desenvolvido
com
independência do Brasil.
Está(ão) correta(s):
(A) a alternativa I.
(B) a alternativa II.
(C) a alternativa III.
(D) as alternativas I e III.
(E) as alternativas II e III.
IRACEMA [fragmento]
José de Alencar
Enterra o corpo de tua esposa ao pé do coqueiro que tu amavas.
Quando o vento do mar soprar nas folhas, Iracema pensará que é a
tua voz que fala entre seus cabelos. O doce lábio emudeceu para
sempre; o último lampejo despediu-se dos olhos baços. Poti
amparou o irmão na grande dor. Martim sentiu quanto um amigo
verdadeiro é precioso na desventura.
ALENCAR, José de. Iracema. São Paulo: Ática, 2005.
64. Referindo-se ao texto acima, assinale a alternativa ERRADA:
(A) O trecho pertence ao romance-poema de José de
Alencar, Iracema.
o
a
COMENTÁRIO:
A única alternativa incorreta é a II, pois quem escreveu o romance
romântico Iracema foi o cearense José de Alencar.
RESPOSTA: D
Capítulo 48
Conclusão feliz
23
[...]
Passado o tempo indispensável do luto, o Leonardo, em uniforme
de Sargento de Milícias, recebeu-se na Sé com Luisinha, assistindo
à cerimônia a família em peso.
Daqui em diante aparece o reverso da medalha. Seguiu-se a morte
de Dona Maria, a do Leonardo-Pataca, e uma enfiada de
acontecimentos tristes que pouparemos aos leitores, fazendo aqui
o ponto final.
ALMEIDA, Manuel Antonio de. Memórias de um Sargento de Milícias. Rio de
Janeiro: Ediouro, p. 121.
67. (Udesc 2012) Analise as proposições, tendo como base a obra
Memórias de um Sargento de Milícias e o texto.
I. No romance, Leonardo-Pataca é o pai de Leonardo.
Embora no decorrer de toda a obra o filho se envolva
com engodos e trapaças, no final este acaba recebendo o
cargo de Sargento de Milícias e se casando com Luisinha.
II. Da leitura da obra, infere-se que o luto ao qual o texto se
refere fora motivado pelo falecimento da mãe de
Leonardo, Dona Maria-da-Hortaliça.
III. Se o “reverso da medalha” é o desfecho relativo à Dona
Maria e a Leonardo-Pataca, o lado principal da medalha,
por inferência, é o desfecho relativo ao personagem
principal, Leonardo.
IV. Permeia em todo o romance um espírito de comicidade
e, por meio da sátira, vai relatando os costumes da
sociedade no tempo do rei.
Assinale a alternativa correta.
(A) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.
(B) Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.
(C) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.
(D) Somente as afirmativas 3 e 4 são verdadeiras.
(E) As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras.
COMENTÁRIO:
À semelhança de Marguerite Gautier, personagem de “Dama das
Camélias” de Alexandre Dumas, Lúcia é uma prostituta de luxo que
se redime através da entrega a um amor impossível. O sentimento
de culpa pela pureza perdida e a consciência das barreiras sociais
impedem-na de vivenciar esse amor de forma plena e conduzemna à morte prematura. José de Alencar faz inúmeras alusões a
obras que reproduzem o idealismo romântico na literatura e opta
pelo final trágico que pune a protagonista e preserva a honra
burguesa. Todas as afirmativas são verdadeiras.
RESPOSTA: E
69. (Ucs 2012) José de Alencar, um dos mais importantes
ficcionistas brasileiros do século XIX, escreveu romances
históricos, regionais, urbanos e indianistas. Leia o fragmento
do romance O Guarani, de José de Alencar.
Caía a tarde.
No pequeno jardim da casa do Paquequer, uma linda moça se
embalançava indolentemente numa rede de palha presa aos
ramos de uma acácia silvestre [...].
Assinale a alternativa correta.
(A) Somente as afirmativas II, III e IV são verdadeiras.
(B) Somente a afirmativa I é verdadeira.
(C) Somente as afirmativas I e II são verdadeiras.
(D) Somente as afirmativas I, III e IV são verdadeiras.
(E) Todas as afirmativas são verdadeiras.
Os grandes olhos azuis, meio cerrados, às vezes se abriam
languidamente como para se embeberem de luz [...].
Os lábios vermelhos e úmidos pareciam uma flor da gardênia
dos nossos campos, orvalhada pelo sereno da noite [...].
Os longos cabelos louros, enrolados negligentemente em ricas
tranças, descobriam a fronte alva, e caíam em volta do
pescoço presos por uma rendinha finíssima de fios de palha
cor de ouro. [...]
COMENTÁRIO:
Todas as proposições são corretas, exceto II, pois o luto ao qual o
texto se refere era motivado pelo falecimento de José Manuel,
marido de Luisinha. Assim, é correta apenas [D].
RESPOSTA: D
Esta moça era Cecília.
(ALENCAR, José de. O guarani. 25. ed. São Paulo: Ática, 2001. p. 32.)
68. (Ufpr 2012) “Incompreensível mulher! / A noite a vira bacante
infrene, calcando aos pés lascivos o pudor e a dignidade,
ostentar o vício na maior torpeza do cinismo, com toda a
hediondez de sua beleza. A manhã a encontrava tímida
menina, amante casta e ingênua, bebendo num olhar a
felicidade que dera, e suplicando o perdão da felicidade que
recebera.”
Em relação à obra O Guarani, ou ao fragmento acima descrito,
assinale a alternativa correta.
(A) Neste trecho, a descrição de Cecília revela um ideal de
beleza típico da sociedade do Brasil colonial.
(B) A visão de mundo realista está posta no retrato
harmonioso entre a beleza da jovem e a beleza da
natureza brasileira.
(C) No romance, um dos triângulos amorosos é formado por
Cecília, Loredano e Isabel.
(D) No fragmento, a languidez dos olhos de Cecília sugere um
certo erotismo, desvinculando a obra do movimento
romântico.
(E) Na obra, além da idealização da mulher, há elementos da
idealização do índio, personificado na figura de Peri.
(José de Alencar, em Lucíola)
Em relação ao romance Lucíola, considere as seguintes
afirmativas:
1. Para Lúcia, a prostituição funciona como autopunição, na
medida em que reforça o sentimento de culpa pela
pureza perdida e valorizada.
2. O idealismo romântico convive com a aguda percepção
da importância da posição social, do conflito entre
dinheiro e virtude e com o realismo das descrições sem
reticências.
3. O romance de Alencar coloca a literatura em relevo,
através das obras citadas, da crítica de Lúcia à Dama das
Camélias e da referência às leituras permitidas às
mulheres.
4. O abandono da vida anterior não é purificação suficiente,
razão pela qual o corpo manchado pelo vício deve morrer
junto com o fruto do amor impossível.
COMENTÁRIO:
As opções [A], [B], [C] e [D] estão incorretas, pois
[A] a descrição de Cecília corresponde ao ideal de beleza típico do
Romantismo, estilo literário inserido no período nacional
(1836 até os nossos dias);
[B] a beleza da jovem e da paisagem brasileira constituem
idealização romântica;
[C] o triângulo amoroso, muito presente no Realismo, não faz parte
do romance “O Guarani”, vinculado à estética romântica;
24
[D] a sensualidade, estimulada pelo uso da imaginação, é típica do
Romantismo.
RESPOSTA: E
INGLÊS
70.
COMENTÁRIO:
O excerto em questão apresenta dois tempos verbais distintos:
Present Perfect (has approved - aprovou) e Simple Past (said –
disseram). A construção is expected (espera-se) e voz (passiva) e
não tempo
RESPOSTA: A
73.
COMENTÁRIO:
Os verbos doesn’t cry (não chora) e weaves (teve) estão no Simple
Present (observe a presença do auxiliar does e da desinência –s
junto ao verbo), has sucked (amamenta) e has got (tem aguentado)
no Present Perfect (to have como auxiliar, seguido de verbo no Past
Participle) e is crying (está chorando) no Present Continuous (to be
como auxiliar, seguido de verbo o Present Participle).
RESPOSTA: B
71.
COMENTÁRIO:
Apenas o verbo weave (tecer) apresenta as formas primitivas
corretamente.
RESPOSTA: D
COMENTÁRIO:
Observe os tempos verbais utilizados, bem como suas respectivas
traduções e definições/justificativas:
“Samuel Eto’o has rejected...” (Samuel Eto’o rejeitou… - Utiliza-se o
Present Perfect pelo fato da acao ter ocorrido em um tempo
indefinido no passado).
“City were ready to offer...” (O [Manchester City estava disposto a
oferecer… - O Simple Past representa uma ação finalizada no
passado. A concordância no plural deve-se ao fato de que
times/seleções são considerados substantivos com carga de plural).
“But the Money wasn’t enough...” (mas o dinheiro não era o
bastante…- Mais uma vez, o Simple Past representa uma ação
finalizada no passado.)
“The cameroon stiker, who would cost around 22 million...” (o
atacante camaronês, que custaria em torno de 22 milhões de
libras... – No caso, a Simple Conditional está sendo usada para
representar uma estimativa);
“But the lure of the Premier League could see him move to Chelsea
or Liverpool” (mas o chamariz da Premier League pode vê-lo
mudando-se para o Chelsea ou o Liverpool – Após Modal Verbs, o
verbo principal deve ser usado no infinitivo sem a partícula to).
RESPOSTA: C
72.
74.
25
COMENTÁRIO:
A sequencia correta dos tempos verbais é: Present Continuous (are
fishing – estamos pescando), Simple Past (made – fizeram), Simple
Present (representes – representa) e Present Perfect (have resulted
– resultaram).
RESPOSTA: E
75.
COMENTÁRIO:
O texto deve ser completado pelos verbos, respectivamente, na
Passive Voice (was read - foi lida), no Past Perfect Continuous (had
been working - esteve trabalhando) e no Simple Past (lost perderam).
RESPOSTA: A
77.
COMENTÁRIO:
O Present Perfect expressa ações que começam no passado e
estendem-se até o presente: “Hey, pal.it has been a long time” (Ei,
camarada. Há quanto tempo).
RESPOSTA: B
78.
COMENTÁRIO:
Identifica-se o Present Perfect Continuous através da estrutura to
be [Present Perfect] + verb [Present Participle]: “They have been
working hard all night long” (Eles estiveram trabalhando
intensamente durante a noite toda).
RESPOSTA: A
79.
COMENTÁRIO:
Basta seguir as orientações dadas para o texto seja completado,
corretamente: called (anunciou), has...had (teve), wasn’t making
(não estava fazendo), was developing (estava desenvolvendo) e
would...make (faria).
RESPOSTA: B
COMENTÁRIO:
O Past Perfect é utilizado para expressar ações passadas que
aconteceram antes de outras também passadas: “The plane had
76.
26
already taken off when we arrrived there” (O avião já havia
decolado quando nós chegamos lá).
RESPOSTA: C
81.
TEXTO PARA AS PROXIMAS DUAS QUESTÕES
COMENTÁRIO:
Basta ler esta frase do texto: “We have a big, leftist (more or less)
government but also a capitalista economy”. (Temos um grande
governo (mais ou menos) de esquerda, mas também uma economia
capitalista)
RESPOSTA: B
82.
COMENTÁRIO:
No texto: “We also have the widest spread betweenn rich and poor
in ther world, however, along with the ugliest shantytowns and
probably the worst corruption scandals”. (Temos também a maior
disparidade entre ricos e pobres no mundo, no entanto, juntamente
com as mais horrendas favelas a, provavelmente, os piores
escândalos de corrupção.)
RESPOSTA: D
83.
COMENTÁRIO:
A resposta está em: “He may notice that we have Americanized, or
McDonaldized, to a high degree”. (El epode notar que nós
americanizamos ou mcdonaldizamos bastante.)
RESPOSTA: A
80.
84.
COMENTÁRIO:
A resposta está no trecho “If Barack Obama came to visit Brazil –
and he should – we would impress him with our bigness in
everything”. (Se Barack Obama viesse visitor o Brasil – e ele deveria
– nós impressionaríamos com nossa grandeza em tudo).
RESPOSTA: D
COMENTÁRIO:
No título, temos “Brasil: o gigante bem ao sul” (Brazil: The Giant
Down South).
RESPOSTA: E
27
85.
88.
COMENTÁRIO:
A sequência correta das formas primitivas (infinitive, Past Form e
Past Participle) do verbo saber, em inglês, é to know – knew –
known.
RESPOSTA: E
COMENTÁRIO:
A frase original se traduz por: “Se Obama viesse, nós lhe daríamos
não apenas uma boa diversão, mas uma ótima diversão.” No
passado, o correto é “Quando Obama veio, demos a ele não apenas
uma boa diversão (...)”
RESPOSTA: D
89.
86. Leia os quadrinhos para responder as próximas duas questões.
COMENTÁRIO:
A frase correta é: “Eu lhe ‘vi’ (saw) ontem. Você ‘estava tomando’
(were drinking) cerveja em um pub, mas você ‘não’ me ‘viu’ (didn’t
see)”.
RESPOSTA: C
2012’s Second Sun
Earth is believed to be getting a second sun burning in the sky near
the end of 2012, as the second biggest star in the universe,
Betelgeuse, is dying, which will lead to “multiple days of constant
daylight.”
4
Many ancient cultures have speculated about the appearance of a
1
second sun and this event appears to tie in very closely with the
December 21 2012 predictions.
2
Betelgeuse is the second biggest star in the universe and the
3
5
eighth brightest in the night sky, Scientists have determined that
the star is losing mass at a rapid rate, which indicates it will go
supernova very soon.
COMENTÁRIO:
“Getting on my serves” equivale a “Making me very.
RESPOSTA: C
87.
The light emitted from this exploding star will be so bright that it
will appear for a few weeks at the end of 2012 as a second sun in
the sky. There may be little if no period of darkness or night
according to senior lecturer of physics at the University of Southern
Queensland, Brad Carter.
Earth will experience “brightness for a brief period of time for a
couple of weeks and then over the coming months it begins to fade
and then eventually it will be very hard to see at all,” explained the
Australian scientist Brad Carter to news.com.au.
6
COMENTÁRIO:
“Wanna” é equivalente a “want to”.
RESPOSTA: D
Scientist have known about this dying star which is 640 light years
away from Earth, since 2005. It is believed that as Betelgeuse goes
supernova it will not be harmful to Earth. “There will be neutrinos
emitted during the supernova process, said University of
Minnesota physics professor Priscilla Cushman, but neutrinos, even
lots and lots of them, are only weakly interacting, so they won't
affect life on earth,” but that is only speculation at this point.
28
The fact is, we as human beings have never experienced anything
like this before so close to our home planet, and to be honest, we
just don’t know for sure what this event could bring.
in production tests since March and the company plans to contract
production equipment in 2011.
www.ogfj.com
(www.december212012.com) on 30/08/11
90. (Udesc 2012) The verb tenses “have speculated” (ref. 4),
“have determined” (ref. 5) and “have known” (ref. 6) are:
(A) Past perfect
(B) Simple present
(C) Present perfect
(D) Past participle
(E) Gerund
COMENTÁRIO:
O “Present Perfect” é usado para ações que aconteceram num
passado indefinido, para ações que começaram no passado,
continuam acontecendo e podem ou não continuar no futuro, e
também para ações que aconteceram em qualquer momento do
passado e ainda, de alguma forma, afetam o presente. A formação
deste tempo verbal é: have/has + Past Participle Verb, exatamente
o que temos em “have speculated”, “have determined” e “have
known”.
RESPOSTA: C
92. (Fgv 2010) Assinale a alternativa que completa, correta e
respectivamente, a segunda coluna no texto.
(A) would have seen
(B) had been
(C) were done
(D) has been
(E) was going
COMENTÁRIO:
Espera-se que o candidato entenda o uso do tempo verbal para
expressar uma ação que teve início no passado e continua no
presente (o campo de Siri está em testes de produção desde
março) – presente perfeito.
RESPOSTA: D
ESPANHOL
93.
Microsoft is buying Skype
One is the giant business, whose software powers more than 90%
of the world's computers. The other is the firm, which has
revolutionised the way many communicate. Now Skype is being
swallowed up by Microsoft.
It's just eight years since Skype started helping people to make calls
over the internet for nothing, and this is the third time it's been
bought and sold.
Microsoft has been struggling to prove it can compete with the
likes of Google and Apple. Now as it tries to make an impact on the
mobile-phone world, it wants Skype to help it become a bigger
force.
Skype is now used by 170 million people around the world (each
month), not just on their computers, but on the move – on their
mobile phones and even on their tablet devices.
Microsoft wants to tap in to this connected community, but it's
paying a huge price for a business that isn't even profitable.
Rory Cellan-Jones, BBC News.
Fonte:
http://www.bbc.co.uk/worldservice/learningenglish/language/wordsinthen
ews/2011/05/110511witn_skype_page.shtml
COMENTÁRIO:
No trecho destacado na questão, temos o encadeamento de
enunciados por conexão com o uso de conectores. Em espanhol, os
conectores no solo/sino correspondem a não só/mas também do
português e promovem uma relação de soma de
argumentos/idéias no texto. Para recordar como funciona o
encadeamento por conexão, volte a página 57.
RESPOSTA: D
94.
91. (Unioeste 2012) Em “it’s been bought and sold”, tem-se uma
construção verbal no tempo:
(A) Passado simples.
(B) Passado contínuo.
(C) Particípio passado.
(D) Presente perfeito.
(E) Passado perfeito contínuo.
COMENTÁRIO:
A formação do Presente Perfeito é composta de: Have (‘ve) ou Has
(‘s) + Verbo Principal no Particípio Passado.
RESPOSTA: D
Petrobras approves first offshore heavy oil development
COMENTÁRIO:
No primeiro enunciado desse trecho do texto, Almódovar afirma
que seu filme representa para ele vários tipos de retorno, enquanto
no segundo enunciado especifica um deles, a volta às comédias. O
texto da página 57 explica como funciona o encadeamento por
justaposição;
RESPOSTA: B
Petrobras has approved the development project for its Siri field in
the Campos basin, according to a news report from Brazil. The field
will be the first in the world ________ extra heavy oil from an
offshore site. Siri field, off the coast of Southeast Brazil, _________
29
95.
97.
COMENTÁRIO:
Para retomar a conjugação dos verbos no pretérito indefinido, vá
até a página 61.
RESPOSTA: A
COMENTÁRIO:
A primeira forma verbal é de 1ª pessoa do singular (yo) e a
segunda, de 3ª pessoa (El/desajuste). A conjungação dos verbos no
dos verbos no peretérito indefinido está explicada na página 61.
RESPOSTA: D
98.
96.
COMENTÁRIO:
No trecho citado, o conector sino estabelece entre os enunciados
uma relação de correção da informação dada no primeiro
enunciado, já anunciada pelo uso do advérbio no. Vimos que, neste
caso, o conector sino tem valor diferente do visto na questão 5. Lá,
compondo a expressão no solo... sino, esse conector estabelecia
uma relação de soma de argumentos.
RESPOSTA: E
COMENTÁRIO:
Para responder à questão é útil reler a conjugação destes tempos
verbais na página 59.
RESPOSTA: B
99.
COMENTÁRIO:
Temos, no trecho, uma relação de temporalidade entre os dois
enunciados, marcada pelo conector cuando.
RESPOSTA: A
100.
COMENTÁRIO:
A forma tuvieron está no pretérito indefinido.
RESPOSTA: C
30
RESPOSTA: B
102.
COMENTÁRIO:
No texto, predomina a descrição de como eram filmados os
capítulos da série televisiva, as circunstâncias que caracterizaram a
filmagem e a apresentação da série na televisão nos anos 60 e nas
décadas posteriores.
RESPOSTA: A
103.
101.
COMENTÁRIO:
A resposta para esta questão se encontra no fim do texto, quando
se informa acerca do trabalho febril que contribuía para que os
argumentos de outras séries passassem a esta, e vice-versa.
Também se fala sobre a dificuldade de rodar um episódio por
semana de três séries simultâneas, o que demandava roteiros com
pouca qualidade.
COMENTÁRIO:
O personagem não demonstra descontentamento porque os
jornais e a televisão se esqueceram de editar notícias, mas sim por
acreditar que existe uma padronização do comportamento dos
leitores e espectadores causada pela exposição aos meios de
comunicação, especialmente os jornais e televisão. A ilustração
contribui para essa interpretação, pois mostra a expressão
preocupada do protagonista e ilustra os meios de comunicação
criticados.
RESPOSTA: B
31
104.
COMENTÁRIO:
Você pode conferir a formação do plural dos substantivos na
página 26 deste capítulo
RESPOSTA: E
COMENTÁRIO:
É preciso ter cuidado com alguns verbos, como asustar, parecer e
molestar, que fazem concordância com um sujeito sintático que
corresponde a quem é afetado por esses verbos; ou seja, seu
sujeito sintático é aquilo que assusta, parece, molesta. Para se
aprofundar nesse tema, recomendamos a leitura da seção que
trata dos verbos para expressar gostos e sensações, no capítulo 8
deste livro.
RESPOSTA: E
105.
COMENTÁRIO:
Responda consultando as informações sobre colocação
pronomonial que se encontram no quadro da página 59.;
RESPOSTA: D
106.
COMENTÁRIO:
Como vimos neste capítulo, com verbos no pretérito indefinido do
indicativo, os pronomes devem vir depois da forma verbal. A
colocação correta seria La vimos ayer;
RESPOSTA: A
107.
108.
COMENTÁRIO:
Essa alternativa é a única incorreta porque o verbo bajar (abaixar)
está conjugado no presente do indicativo em vez de estar no
imperativo na forma afirmativa.
RESPOSTA: A
109.
32
Está(n) correcta(s)
(A) I y II.
(B) II.
(C) III.
(D) I.
(E) II y III.
COMENTÁRIO:
Somente esta alternativa é correta. Nas demais, os verbos estão
conjugados no presente do indicativo.
RESPOSTA: C
110.
COMENTÁRIO:
O “se” que aparece em “se alimenta” é o “se” reflexivo, logo, é
aquele utilizado em estruturas como: se peina, se afeita, se viste, se
levanta. Alternativa [C], portanto.
Resposta: C
Maná en su tercera dimensión
La banda mexicana abre en Murcia su nueva gira española por
ocho ciudades
COMENTÁRIO:
Nas demais alternativas, os pronomes estão colocados na posição
errada (antes do verbo no imperativo na forma afirmativa) ou o
pronome empregado está errado, ou seja, não é adequado para
substituir o complemento direto de terceira pessoa do plural.
RESPOSTA: B
Mujer indígena en Brasil sería la mujer más anciana del mundo
Maná agitó un buen día el cóctel del rock latino y logró otra
dimensión en la industria de la música. Una dimensión con la que el
rock en español conquistó de manera masiva Estados Unidos y
parte de Europa. Ayer regresaron a España donde no lo hacían
desde 2007 para comenzar en Murcia La nueva gira que les llevará
1
por ocho ciudades. Y lo hicieron demostrando que habían entrado
em una dimensión diferente. Otro paso más en una ya larga carrera
que ha atravesado más de dos décadas.
AFP – 30/08/2011
La organización Survival International afirmó este martes
haber localizado en Brasil a una indígena brasileña que está a punto
de cumplir 121 años y sería la persona más vieja del mundo.
Maria Lucimar Pereira pertenece a la tribu de los Kaxinawá,
que habitan en la Amazonia occidental, fronteriza con Perú. Su
certificado de nacimiento, aprobado por el registro civil brasileño
en 1985, muestra que nació el 3 de septiembre de 1890.
Según el Grupo de Investigación Gerontológica de Los
Ángeles (California, EEUU), la decana de la humanidad es
actualmente una estadounidense, Betty Cooper, que el pasado 26
de agosto cumplió 115 años.
La anciana brasileña piensa pasar su 121 cumpleaños, el
próximo sábado, en compañía de su familia, y atribuye su
longevidad a su saludable estilo de vida, precisó Survival
International en um comunicado.
Pereira sólo se alimenta de productos naturales procedentes
de la selva amazónica, en particular carne asada, mono, pescado,
yuca y plátano, y su dieta no contiene ni sal ni azúcar. Tampoco usa
jabón u otros productos industriales.
El director de la organización de defensa de los derechos de
los indígenas establecida en Londres, Stephen Corry, está
convencido de que en esta forma de vida está el secreto de su
longevidad.
"A menudo somos testigos de los efectos negativos que los
cambios forzados pueden tener en los pueblos indígenas. Es
reconfortante ver una comunidad que ha mantenido fuertes
vínculos con su tierra ancestral y ha disfrutado los innegables
beneficios de ello", dijo.
A pesar de su avanzada edad, Maria Lucimar Pereira goza de
buena salud y se mantiene relativamente activa, según el líder de
su pueblo, Carlos, que presume de tener cuatro personas de más
de 90 años entre una población de 80 habitantes.
Disponível em: <eltiempo.com>. Acesso em: 30/08/2011.
111. (Upe 2012) En el fragmento “Pereira sólo se alimenta de
productos naturales”, el “se” tiene función equivalente al “se”
de la(s) oración(es)
I. Se necesita vendedor.
II. Se debe vestir ropa de invierno.
III. Se levanta temprano.
Conquistaron un concepto de pop global a principios de los
noventa. Consistía en mezclar com habilidad la herencia pura de
The Beatles con José Alfredo Jiménez, a The Police o U2 con Ruben
Blades o Chavela Vargas y a los precursores del rock hispano - de
Miguel Ríos a Mecano – com Bob Marley, Carlos Santana o Led
Zeppelin. Explosivo. Con Drama y Luz, su nuevo disco, se han
entregado al gótico y Le sacan un brillante partido en la puesta en
escena diseñada junto AL español Luis Pastor para su nueva gira. Lo
hacen mediante un sorprendente juego de luz e imagen que
adentra la música en cielos, infiernos, conventos y hogueras para
escenificar canciones como El espejo o Sor María. Rock en directo
en busca de las tres dimensiones a la manera de lós grandes.
Pero donde ya han alcanzado otra marca superior es en su
virtuosismo rítmico imponente. La ejecución de Oye mi amor, nada
más empezar donde brillaba el Maná puro, desnudo y juguetón, en
el color ecléctico de sus himnos, de sus historias de amor comunes
y desgarradas, de SUS denuncias sociales y ecológicas. Y donde ya
se muestran inalcanzables es siguiendo a un tipo de brazos
tatuados, que gasta 10 baquetas por concierto, rompe dos o tres y
golpea los tambores hasta el punto de que deben ser recambiados
en cada concierto. Se llama Álex González y es ya un baterista
legendario en la historia Del rock.
Los hay que son puros comparsas, los hay que destacan en la estela
de Ian Pace, Phil Collins o Stewart Copeland su más directa
influencia, pero es difícil encontrar hoy en los circuitos a alguien
como González. Él impone en gran parte la marcha, la dirección del
grupo con un sentido marcial, napoleónico, que sus compañeros
siguen firme y disciplinadamente.
Pero el cuarteto brilla también con el liderazgo carismático de Fher
Olvera, un vocalista muy comprometido con el estilo personalísimo
de su banda y luce con la guitarra cada vez más libre de Sergio
Vallín o la base rítmica sobria pero efectiva de Juan Calleros. Los
cuatro, acompañados de tres músicos más y un grupo de cámara
sinfónico en algunos temas, han regresado a España para
demostrar su atractivo pulso en el panorama de una industria
cambiante y frágil. Crece Maná. Crece y se reinventa em nuevos
caminos sin perder la frescura. La que demuestran en sus temas
nuevos y en los clásicos, desde Oye mi amor a Rayando el sol, de
33
Clavado en un bar a El muelle de san Blas, una de las canciones más
memorables y más vivas escritas en la historia del rock latino.
http://www.elpais.com/articulo/cultura/Mana/tercera/dimension/elpepuc
ul/20110910elpepucul_1/Tes
112. (Ufpa 2012) No fragmento “... lo hicieron demostrando...”
(ref. 1), o elemento em negrito refere-se ao(à)
(A) banda Maná.
(B) turnê da banda.
(C) regresso da banda a oito cidades em 2007.
(D) dimensão na indústria da música.
(E) retorno da banda à Espanha para nova turnê
COMENTÁRIO:
Para observarmos realmente a substituição do termo “lo”,
verifiquemos todo o contexto: “Ayer regresaron a España donde no
lo hacían desde 2007 para comenzar en Murcia la nueva gira que
les llevará por ocho ciudades. Y lo hicieron demostrando que
habían entrado en una dimensión diferente.” Percebemos que o
“lo” se refere ao retorno da banda à Espanha na nova turnê.
Resposta: E
Un estudio vincula el uso excesivo de Internet con el riesgo de
padecer depresión
Las personas que pasan mucho tiempo navegando en
2
Internet son más propensas a mostrar síntomas depresivos, según
un estudio de la Universidad de Leeds, en Reino Unido, que se
publicará en la revista ‘Psycopathology’.
Los investigadores descubrieron evidencias claras de que
algunos usuarios han desarrollado un hábito compulsivo por
Internet, por el que reemplazan la interacción social en la vida real
con ‘chats’ y sitios web de redes sociales en Internet. Los resultados
de su trabajo sugieren que este tipo de navegación adictiva puede
tener un grave impacto sobre la salud mental.
Según explica Catriona Morrison, directora del estudio,
“Internet juega ahora un gran papel en la vida moderna pero sus
3
beneficios están acompañados por un lado oscuro. Aunque
muchos de nosotros utilizamos la Red para pagar facturas, comprar
y enviar mails, existe un subgrupo de la población que encuentra
difícil controlar el tiempo que pasan conectados, hasta el punto
4
que esto interfiere con sus actividades diarias”.
(…) En el estudio de Leeds, los jóvenes eran más
propensos a la adicción a la Red que los usuarios de mediana edad
y la media de edad para el grupo de adictos era de 21 años.
El estudio es el primero a gran escala en personas jóvenes
occidentales que considera la relación entre la adicción a Internet y
la depresión. En el trabajo se evaluó el uso de Internet y los niveles
de depresión en 1.319 personas de entre 16 y 51 años y, de ellas,
1
un 1,2 por ciento se clasificaron como adictos a Internet. (…)
Adaptado de:
http://www.elmundo.es/elmundo/2010/02/03/navegante/1265186144.ht
ml. Acesso em 14 out 2011.
113. (Unisinos 2012) No texto, o vocábulo ‘esto’ (ref. 4) faz
referência
(A) ao pagamento de faturas, compras e envio de mails.
(B) à dificuldade de controlar o tempo em que estão
conectados à rede.
(C) à interferência nas atividades diárias.
(D) ao subgrupo da população.
(E) ao tempo que passam realizando atividades diárias.
4
controlar el tiempo que pasan conectados, hasta el punto que esto
interfiere con sus actividades diarias”. Nota-se, pela passagem, que
“esto” se refere à dificuldade de controlar o tempo em que as
pessoas estão conectadas à rede, tal como se afirma na alternativa
[B].
Resposta: B
TEXTO I
La palabra clave hoy en el planeta es globalización.
Mundialización. La tierra como aldea global. Se habla mucho de
mercancías e información, pero el rasgo más característico de esta
época son las migraciones, los éxodos masivos de gente de países
pobres o en guerra hacia las fronteras de la abundancia.
Galicia pertenece hoy a ese mundo de la abundancia,
aunque sea como periferia del pastel. En cifras oficiales y en
parámetros europeos, en Galicia hay medio millón de personas que
viven en la pobreza relativa, y un 5% de la población en la extrema
pobreza. Esto explica que la llegada de inmigrantes aún sea
mínima. Es muy escasa la oferta de empleo.Y el inmigrante busca,
en todas partes, pan y libertad. Así de simple. Como hizo el gallego.
Es un momento muy contradictorio. Galicia paradójica.
1
Galicia oxímoron. Galicia está en el mismo lugar geográfico, pero
ha cambiado de lugar en el mundo. Hace cincuenta años salían
transatlánticos de Coruña y Vigo repletos de emigrantes hacia
Buenos Aires. En la embajada y en los consulados de España en
Argentina los descendientes de gallegos forman ahora largas filas.
Se ha invertido, pues, la dirección de la flecha hacia la Tierra
Prometida. Al mismo tiempo, miles de jóvenes gallegos se largan en
los dos últimos años a trabajar en la construcción o en la hostelería.
[...]
Galicia es aldea global desde hace tiempo. Por la intensa
emigración durante dos siglos, y hasta ayer mismo. Y por el trabajo
en los mares. La flota pesquera es, a escala, la primera de Europa, y
hay barcos gallegos, o de sociedades mixtas, allí donde hay algo
2
que pescar, y algunas veces donde no lo hay […].
Hay una cosa muy importante que también llegó por mar,
en un barco inglés: el primer balón de fútbol. Es un planeta en
miniatura. El fútbol fascina porque es una guerra simbólica. Es el
gran deporte mundial […]. La vida es así, colega. Para crear una
identidad hay gente que tiene que escribir una enciclopedia de
cincuenta tomos a lo largo de cincuenta años. El fútbol, en cambio,
crea una identidad en una tarde de gloria, en uma patada virtuosa.
Fragmento de “Galicia contada a un extraterrestre”, de Manuel Rivas
Adaptado de texto disponible en
http://www.puntodelectura.com/uploads/ficheros/libro/primeraspaginas/200603/primeraspaginasuna-espi-reino-galicia.pdf (Consulta en 12 de julio de 2010)
114. (Uff 2011) Explicita a qué se refiere “lo” en la expresión “y a
veces donde no lo hay” (ref. 2).
(A) trabajo en los mares
(B) flota pesquera
(C) barcos gallegos
(D) algo que pescar
(E) algún pescador
COMENTÁRIO:
A estrutura completa é: “La flota pesquera es, a escala, la primera
de Europa, y hay barcos gallegos, o de sociedades mixtas, allí donde
2
hay algo que pescar, y algunas veces donde no lo hay(...)” “Lo”
significa, portanto, que algumas vezes não há o que pescar.
Alternativa correta, [D].
Resposta: D
COMENTÁRIO:
3
Vejamos toda a estrutura a que “esto” faz parte: “ Aunque muchos
de nosotros utilizamos la Red para pagar facturas, comprar y enviar
mails, existe un subgrupo de la población que encuentra difícil
34
115. (Ufrgs 2011) Assinale a alternativa que apresenta, no texto,
uma palavra invariável
(A) otras (q. 1)
(B) misma (q. 1)
(C) ese (q. 2)
(D) sus (q. 4)
(E) esto (q. 6).
COMENTÁRIO:
A palavra invariável apresentada nos quadrinhos é “esto”, que se
refere a tudo o que o personagem central se refere nos quadrinhos
anteriores.
Resposta: E
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