Jornada de trabalho menor não cria emprego

Transcrição

Jornada de trabalho menor não cria emprego
Impresso
Especial
1000013823-DR/CE
FIEC
CORREIOS
Uma publicação do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará
Ano III n No 27 n agosto de 2009
Jornada de trabalho
menor não cria emprego
A experiência internacional e a teoria
econômica mostram que a geração de
emprego depende de vários fatores. Entre
os mais importantes estão a educação
de boa qualidade, os investimentos e o
crescimento econômico sustentável. Leis
sozinhas não criam empregos.
3
Uma publicação do Sistema Federação
das Indústrias do Estado do Ceará
AGOSTO 2009 | No 27
................................................................................................
P&D
8
INVESTINDO POUCO
O Brasil investe, anualmente,
cerca de 1% do Produto
Nacional Bruto (PNB) em
inovação.
Inovação
12
Editais
SENAI do Ceará aprova
projetos inovadores e lucrativos
nas áreas de inclusão social e
preservação ambiental.
Responsabilidade social
16
AGENTES
Fruto de programa desenvolvido
pelo FIRESO, Instituto Jandaia
abre oportunidade para jovens
no mercado de trabalho.
Reciclagem
25
CIC
28
FEIRA
Minimizando prejuízos
33
As fortes chuvas que castigaram o Ceará em
2009 trouxeram diversos prejuízos à economia
e as consequências devem perdurar por alguns
meses. Para tentar minimizar os efeitos gerados
pela dificuldade de acesso nas estradas que
cortam o estado, governo estadual e Dnit
iniciaram obras de recuperação.
Sindverde e INDI vão promover
o Recicla Nordeste mostrando
a evolução de equipamentos na
área de reciclagem industrial.
20 Credibilidade
DEBATES
Revista da FIEC completa
dois anos antecipando
tendências na indústria
cearense de forma
moderna e abrangente.
Programa televisivo da
entidade amplia espaço de
discussão, contribuindo para o
desenvolvimento social do estado.
Refis
30
CEARÁ
Compromisso
Recuperação
Publicação de Lei 11.941/2009
abre a perspectiva de futuro
para milhares de empresas de
vários segmentos e tamanhos.
................................................................................................
SEÇÕES
5 MENSAGEM DA PRESIDência
Mais emprego é com crescimento
6 Notas&Fatos
FIEC lança Guia Industrial 2009
15 Inovações&descobertas
Celulose na fabricação de pneus
19 Ponto de Vista
Estaleiro no Mucuripe
MensagemdaPresidência
Federação das Indústrias do Estado do Ceará — fiec
DIRETORIA Presidente Roberto Proença de Macêdo 1o Vice-Presidente Ivan Rodrigues Bezerra Vice-presidentes Carlos Roberto
de Carvalho Fujita, Pedro Alcântara Rego de Lima e Wânia Cysne Medeiros Dummar Diretor administrativo Affonso Taboza Pereira
Diretor financeiro Álvaro de Castro Correia Neto Diretor administrativo adjunto José Moreira Sobrinho Diretor financeiro adjunto José Carlos
Braide Nogueira da Gama. Diretores Verônica Maria Rocha Perdigão, Abraão Sampaio Sales, Antônio Lúcio Carneiro, Cândido Couto
Roberto Proença de Macêdo
Filho, Flávio Barreto Parente, Francisco José Lima Matos, Geraldo Bastos Osterno Júnior, Hercílio Helton e Silva, Jaime Machado da
Ponte Filho, José Sérgio França Azevedo, Júlio Sarmento de Meneses, Manuel Cesário Filho, Marco Aurélio Norões Tavares, Marcos
Veríssimo de Oliveira, Pedro Jorge Joffily Bezerra e Raimundo Alves Cavalcanti Ferraz CONSELHO FISCAL Efetivos Frederico Hosanan
Pinto de Castro, José Apolônio de Castro Figueira e Vanildo Lima Marcelo Suplentes Hélio Perdigão Vasconcelos,
Fernando Antonio de Assis Esteves e José Fernando Castelo Branco Ponte Delegados na CNI Efetivos Roberto Proença de Macêdo
e Jorge Parente Frota Júnior Suplentes Manuel Cesário Filho e Carlos Roberto de Carvalho Fujita
Superintendente geral do Sistema FIEC Paulo Rubens Fontenele Albuquerque
Serviço Social da Indústria — sesi
CONSELHO REGIONAL Presidente Roberto Proença de Macêdo Delegados das Atividades Industriais Efetivos Alexandre Pereira Silva,
Carlos Roberto Carvalho Fujita, José Moreira Sobrinho e Marcos Silva Montenegro Suplentes Flávio Barreto Parente, Geraldo Basto Osterno
Júnior, Vanildo Lima Marcelo e Verônica Maria Rocha Perdigão Representantes do Ministério do Trabalho e Emprego Efetivo Francisco
Assis Papito de Oliveira Suplente André Peixoto Figueiredo Lima Representantes do Governo do Estado do Ceará Efetivo Denilson
Albano Portácio Suplente Paulo Venício Braga de Paula Representantes do Sindicato das Indústrias de Frios e Pesca no Estado do
Ceará Efetivo Elisa Maria Gradvohl Bezerra Suplente Eduardo Camarço Filho Representante dos Trabalhadores da Indústria
Efetivo Aristides Ricardo Abreu Suplente Raimundo Lopes Júnior Superintendente Regional Francisco das Chagas Magalhães
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial — senai
CONSELHO REGIONAL Presidente Roberto Proença de Macêdo Delegados das Atividades Industriais Efetivos Affonso Taboza Pereira,
Álvaro de Castro Correia Neto, Pedro Jacson Gonçalves de Figueiredo e Ricardo Pereira Sales Suplentes José Carlos Braide Nogueira da Gama,
Francisco José Lima Matos e Hercílio Helton e Silva Representante do Ministério da Educação Efetivo Cláudio Ricardo Gomes de Lima
Suplente Samuel Brasileiro Filho Representante do Ministério do Trabalho Efetivo André Peixoto Figueiredo Lima Suplente Francisco Assis
Papito de Oliveira Delegado da Categoria Econômica da Pesca Efetivo Maria José Gonçalves Marinho Suplente Eduardo Camarço Filho
Representante dos Trabalhadores da Indústria Efetivo Francisco Antônio Ferreira da Silva Suplente Antônio Fernando Chaves de Lima
Diretor do Departamento Regional do SENAI-CE Francisco das Chagas Magalhães
Instituto Euvaldo Lodi — IEL
Diretor-presidente Roberto Proença de Macêdo Superintendente Vera Ilka Meireles Sales
Coordenação e edição Luiz Carlos Cabral de Morais ([email protected]) — DRT/CE Nº 53 Redação Ângela Cavalcante ([email protected]),
David Negreiros Cavalcante ([email protected]), G evan Oliveira ([email protected]) e Luiz Henrique Campos ([email protected]) Fotografia José Sobrinho
Diagramação Taís Brasil Millsap Coordenação Gráfica Marcograf Endereço e Redação Avenida Barão de Studart, 1980 — térreo. CEP 60.120-901.
Telefones (085) 3421.5435 e 3421.5436 Fax (085) 3421.5437 Revista da FIEC é uma publicação mensal editada pela Assessoria de Imprensa e Relações com
a Mídia (AIRM) do Sistema FIEC Coordenador da AIRM Luiz Carlos Cabral de Morais Tiragem 5.000 exemplares Impressão Celigráfica
Publicidade (85) 3421-5434 e 9187.5063 — [email protected] e [email protected]
Endereço eletrônico www.sfiec.org.br/publicacao/revistadafiec
Revista da FIEC. – Ano 3, n 27 (ago. 2009) – Fortaleza : Federação das Indústrias do Estado do Ceará, 2008 v. ; 20,5 cm.
Mensal.
ISSN 1983-344X
1. Indústria. 2. Periódico. I. Federação das Indústrias do
Estado do Ceará. Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia.
CDU: 67(051)
| RevistadaFIEC | Agosto de 2009
D
Mais emprego é
com crescimento
ada a relevância do tema referente à PEC dimensões continentais, tem tantas diversidades.
231/95, que trata da redução da jornada de OPor outro lado, o tema é igualmente inoportuno por estar
trabalho de 48 para 40 horas e do aumento sendo tratado no momento em que o Brasil está em vias
do valor adicional da hora extra de 50% para de retomar o curso do seu crescimento, interrompido pela
75%, abordado na edição anterior desta Revista da FIEC, crise econômica internacional, o que poderia prejudicar sigtrago mais algumas informações e reflexões, como contribui- nificativamente a consolidação da sua posição de destaque
ção à fundamentação da luta para que essa despropositada mundial como membro dos BRICs.
medida não venha a se efetivar. Para se ter uma ideia dos seus OSe para as grandes empresas essa medida poderia trazer
efeitos negativos, basta-se atentar para o fato de que uma grandes transtornos, imagine-se o que ela acarretaria para
aprovação dessa PEC resultaria
as pequenas e médias empresas, que
imediatamente em um aumento
constituem a esmagadora maioria
de 10% dos custos dos salários.
Em vez de engessar o dos empreendimentos empresariais
OAntes de tudo, quero reafirmar
brasileiros. No Ceará, onde o peso
regime de horas de
a minha convicção de que a redudos pequenos negócios é também
ção de jornada de trabalho não trabalho com mais
muito considerável, o impacto dessa
gera emprego. Ao contrário do
PEC afetaria gravemente a economia
que pensam os defensores dessa regulamentações legais, o que
estadual, com repercussões muito
PEC, a geração de emprego só é
negativas no nosso tecido social.
necessitamos
é
a
ampliação
possível pela via do crescimento
OEm vez de engessar o regime de hoeconômico. É um contrassenso das possibilidades de fixação da ras de trabalho com mais regulamenpensar em estímulo ao crescimentações legais, o que necessitamos é a
to econômico, que é desejo de em- carga horária, de acordo com
ampliação das possibilidades de fixapresários e trabalhadores, aumen- as características regionais e
ção da carga horária, de acordo com
tando-se os custos de produção.
as características regionais e setoriais,
Na verdade, a nossa produção já setoriais, por meio da livre
por meio da livre negociação entre
é sobrecarregada de impostos de
as partes. Afinal, empregados e emnegociação
entre
as
partes.
toda natureza e dos mais variados
pregadores são as pessoas que mais
encargos trabalhistas, que nos cobem conhecem as características, a
locam em desvantagem na competição global.
realidade e o potencial de seus setores de atividade. Por isso,
OEstá comprovado, com base em experiências e estudos de podem chegar juntos a acordos que busquem objetivos cooutros países, que as reduções de jornadas de trabalho ocor- muns, compartilhem resultados e garantam o crescimento
ridas não geraram aumento de emprego. Há casos de países econômico e a criação de empregos.
que, como a França, após terem reduzido suas jornadas estão OPolíticas adequadas para a geração de empregos são
tentando negociar a volta aos patamares anteriores, na tenta- aquelas voltadas para a redução do custo das empresas e da
tiva de recuperação da competitividade que perderam.
carga tributária. São elas que estimulam o empreendedorisOUm dos graves defeitos da proposta que está em questão mo, aliviam a folha de pagamento, colocam mais dinheiro
no Brasil é que, além de não aumentar emprego, ela não no bolso de quem trabalha, estimulam a qualificação proconsidera as particularidades e as necessidades das empre- fissional, enfim, promovem o crescimento econômico e o
sas, dos setores e das regiões, em um país que, por suas desenvolvimento do país.
Agosto de 2009 | RevistadaFIEC
|
q u e
Notas&Fatos
a c o n t e c e
n o
S is t ema
F I E C ,
na
P o l í t i c a
e
na
E c o n o mia
PRêMIO
Negócios
SENAI
Ginástica laboral
do SESI eleita a
melhor do país
FIEC lança Guia
Industrial 2009
Especialização
em qualidade dos
alimentos
PROXIMAR as
empresas industriais
cearenses a seus
clientes e fornecedores,
facilitando a realização
de negócios e
investimentos. Esse
é o objetivo do Guia
Industrial do Ceará,
publicação que
teve a edição 2009
lançada em julho
pela FIEC. Elaborado
pelo INDI, o Guia
Industrial é uma
fonte de informação
sobre as indústrias
cearenses ao alcance não apenas do
meio empresarial local, mas de investidores nacionais
e internacionais, fomentando negócios para o setor.
Sobre as 2.415 indústrias listadas, a publicação
informa a razão social, CNPJ, endereço completo,
telefone, produtos, número de funcionários e nome
do principal executivo, dentre outros dados. O Guia
Industrial 2009 conta com a parceria do Sebrae e da
CNI. Informações: (85) 3421-5490.
A Universidade,
Corporativa de
Alimentos do Brasil
(UNICA.br), ligada ao
SENAI/CE, está com
inscrições abertas para
a segunda turma do
curso de especialização
em Gestão da Qualidade
e Segurança dos
Alimentos, ministrado
e certificado pela
FEA/Unicamp. O curso
prepara especialistas
na área de alimentos,
da produção à mesa
do consumidor e áreas
correlatas, para que
possam desenvolver
ações e gerir negócios
orientados à qualidade
e segurança alimentar.
Informações: (85) 34215123/9944-4278 ou
[email protected].
O SESI venceu o 10º
Prêmio Marca Brasil.
A instituição foi eleita
a melhor marca de
ginástica laboral do país
no setor de segurança
no trabalho. O prêmio,
considerado um dos mais
importantes do setor
empresarial brasileiro,
reconhece e destaca os
fornecedores de produtos
e serviços que apresentam
o maior respeito entre
os consumidores. A
eleição das empresas e
instituições vencedoras
ocorreu via pesquisa
realizada com leitores
da revista Cipa. Essa é
a 4ª edição seguida que
o SESI vence a mesma
categoria do prêmio. Em
todo o país, o Ginástica
na Empresa atende
diariamente 750.000
trabalhadores de 2.500
indústrias. No Ceará,
o programa executado
pelo SESI/CE atende
atualmente 14.308
industriários de 42
indústrias.
>> Cartas à redação contendo
comentários ou sugestões de
reportagens podem ser enviadas
para a Assessoria de Imprensa
e Relações com a Mídia (AIRM)
Avenida Barão de Studart, 1980,
térreo, telefone: (85) 3421-5434.
E-mail: [email protected]
A
SST
CALÇADOS
SESI realiza
campanha de
conscientização
SENAI terá laboratório
móvel para MPEs
O SESI está desenvolvendo
em todo o país campanha
com foco na segurança e
saúde no trabalho. A ideia
é sensibilizar operários e
empresários para a busca
por melhorares condições
de trabalho nas indústrias,
a partir de mudanças
de comportamento,
possibilitando a prevenção
de acidentes e doenças do
trabalho e aumentando
a competitividade das
empresas. A sensibilização
se dará mediante material
educativo que já está
disponível gratuitamente
às indústrias. Para solicitálo, basta as empresas
acessarem o site da
campanha (www.sesi.
org.br/campanhasst).
Aprovada a solicitação,
a empresa receberá o
material gratuitamente.
Informações no SESI/CE
pelo telefone
(85) 3421-5808.
Cooperação
AGENDA
...................................................
SENAI e Itamaraty assinam convênio
n Em parceria com a
O SENAI Nacional e a Agência Brasileira
de Cooperação, do Ministério das
Relações Exteriores, assinaram convênio
para a construção de cinco centros de
formação profissional no exterior e para
o fortalecimento de outras parcerias
já existentes. Os novos centros serão
construídos na Guatemala, em São Tomé
e Príncipe, na Jamaica, no Haiti e em
Moçambique. Com isso, o SENAI aprofunda
os esforços de cooperação internacional
| RevistadaFIEC | Agosto de 2009
visando a formação técnica e profissional
de trabalhadores para a indústria de
países que não têm os mesmos recursos
que o Brasil. O convênio prevê ainda
o fortalecimento da cooperação com
nações em que já existem centros de
formação profissional instalados pelo
SENAI, como Paraguai, Guiné-Bissau,
Timor-Leste, Marrocos, Peru, Colômbia,
Suriname e Cabo Verde, esse último sob
responsabilidade do SENAI/CE.
Aduaneiras, o CIN/CE
realizará em 9 e 10
de setembro o curso
Assistente de Exportação
e Importação. O
objetivo é capacitar os
participantes para as
atividades de exportação
e de importação, nos
aspectos internacionais
e administrativos.
Informações e inscrições:
(85) 3421-5419 ou no site
www.sfiec.org.br/cin.
CURTAS
---------------------
n Encerrada a alta
Foto: José Paulo Lacerda / CNI
O
Notas&Fatos
M
ICRO e pequenas
indústrias de calçados
do Cariri terão
um novo estímulo à sua
competitividade a partir da
incorporação do controle de
qualidade em seus processos
produtivos. O novo serviço
será disponibilizado pelo
SENAI/CE por meio do
laboratório móvel do
Programa Unidades Móveis
(Prumo). Dezenas de
empresas terão acesso, em
suas próprias dependências,
a serviços especializados,
como testes de componentes
dos calçados, seleção
de matérias-primas e o
acompanhamento dos
processos de fabricação. A
iniciativa é fruto de parceria
entre o SENAI/CE, SENAI
Nacional, Finep e Sebrae.
Além do Ceará, mais nove
estados serão contemplados
com laboratórios móveis. Os
furgões foram apresentados
em julho ao presidente da
CNI, Armando Monteiro, e
a presidentes de federações
de indústrias, entre eles,
Roberto Proença de
Macêdo, da FIEC.
Vendas
Evento traz grandes nomes
da área a Fortaleza
G
RANDEs nomes
brasileiros das áreas
de vendas, marketing
e administração estarão
reunidos em Fortaleza para
o Congresso Brasileiro de
Vendas. O evento – que
conta com o apoio da FIEC
e de outras instituições
– será realizado em 20
e 21 de novembro no
Centro de Convenções do
Ceará. Após dez anos, essa
será a primeira vez que
o congresso é levado a
efeito fora de São Paulo. A
expectativa é reunir cerca
de 2.000 profissionais
das áreas de venda,
marketing e administração.
Informações e inscrições
no site da 2LA Eventos
(www.2la.com.br) ou pelo
telefone (85) 3444-3355.
estação do fluxo turístico
de meio de ano, Fortaleza
reafirmou sua posição
como destino preferencial,
tendo ocupação média
de 86% nos pequenos
hotéis e pousadas em
julho. Em toda a rede
hoteleira, a taxa média de
ocupação dos hotéis foi
de 81,06%. Os resultados
são levemente superiores
aos ocorridos em 2008,
quando a média de
ocupação se situou em
torno de 80%.
n O BRASIL gastou
cerca de R$ 50
bilhões em dinheiro
retirado diretamente
de seu orçamento para
combater os efeitos da
crise econômica global.
Segundo o ministro da
Fazenda, Guido Mantega,
a conta é “menos salgada”
do que a dos países ricos
e “valeu à pena”.
n MAIOR EMPRESA da
América Latina e terceira
empresa mais lucrativa
em 2008 entre todas as
petrolíferas das Américas,
a Petrobras deu cada vez
menos retorno a seus
investidores nos últimos
cinco anos, sob o impacto
do câmbio e da política
de não repassar grandes
variações no preço do
petróleo aos combustíveis.
Levantamento feito a
pedido do jornal Folha de
São Paulo mostra que,
em 2003, a Petrobras era
a empresa do setor mais
rentável das Américas para
seus investidores, com
índice de 45,96%. Em
2008, caiu para a sexta
posição, com índice de
retorno de 22,86%.
Agosto de 2009 | RevistadaFIEC
|
Pesquisa e desenvolvimento
Foto Miguel Angelo / CNI
também mudar a base do ensino no
país, que deve preparar um cidadão
completo, pronto para absorver as
tecnologias que surgem”.
Presidente da CNI, Armando Monteiro, participa da abertura do 3º Congresso de Inovação na Indústria, realizado em São Paulo
Inovação é essencial para o
Brasil conquistar mercados
Nosso país investe, anualmente, apenas cerca de 1% do Produto
Nacional Bruto (PNB) em inovação.
A
retomada do crescimento
econômico brasileiro no
pós-crise dependerá da
capacidade de inovar, disse o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI),
Armando Monteiro Neto, na abertura
do 3º Congresso Brasileiro de Inovação na Indústria, quarta-feira, 19 de
agosto. O evento teve a participação
de uma comitiva formada por 17 empresários e executivos do Ceará, liderada pelo presidente da FIEC, Roberto Proença de Macêdo.
Monteiro Neto ressaltou que o
investimento em inovação, principalmente na indústria de transformação, está diretamente ligado à
competitividade internacional do
setor. “Só por meio do intenso e
contínuo investimento em inovação é que a indústria brasileira terá
| RevistadaFIEC | Agosto de 2009
condições de aumentar sua participação no mercado externo.”
Ele enfatizou que não é pouco o que
o país faz em termos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). “Nosso esforço
não é pequeno, mas é muito distante
do que precisamos”, acrescentou.
O Brasil investe, anualmente, em
torno de 1% do Produto Nacional Bruto (PNB) em inovação, de acordo com
dados da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) e do Ministério de Ciência
e Tecnologia (MCT) de 2007. Metade
desse valor é investido pelo setor público e metade pelo setor privado.
O desafio, segundo Monteiro Neto,
é primeiro mobilizar o empresariado
a investir ainda mais, e depois afinar
a parceria com o setor público, de
modo a aplicar recursos em inovação
nos mesmos níveis dos vistos em paí-
ses avançados (acima de 3% do PNB).
“Podemos afirmar que o Brasil está
maduro para levar adiante a parceria
entre governo e setor privado na inovação”, concluiu o presidente da CNI.
Na avaliação do presidente da
FIEC, Roberto Macêdo, o congresso
promovido pela CNI marca o início de
uma mudança de mentalidade do empresário brasileiro em relação à inovação. “Essa é a única condição para
que nossas empresas sobrevivam.
Daqui para a frente, a tecnologia e a
velocidade com que ocorrem as mudanças nos hábitos e exigências dos
consumidores vão exigir que as empresas estejam preparadas para inovar permanentemente em produtos
e processos, reduzindo seus custos e
tendo competitividade em relação ao
resto do mundo”, disse o empresário
cearense, para completar: “É preciso
MANIFESTO. No Manifesto pela
Inovação nas Empresas, divulgado
no encontro, os industriais advertem
para a importância da inovação para
o desenvolvimento do país, mais essencial do que nunca neste período
de crise da economia mundial.
O Manifesto esclarece que “inovação é agregação de qualidade
– mas não só. É incorporação de
tecnologia – mas não só. Inovação
é o requisito para uma economia
competitiva, próspera e sustentável,
com maior produtividade, com melhores empregos e salários.”
“A crise internacional reforça
esse quadro”, assinala o documento. “O mundo mudará de forma
significativa nos próximos anos. As
economias desenvolvidas voltamse ainda mais para novos setores e
tecnologias, com ênfase na sustentabilidade. E temos fortes competidores entre os países emergentes.”
O Manifesto reconhece que o
Brasil, em especial as empresas brasileiras, avançou em inovação. “Inovamos mais que qualquer economia
latino-americana, com as empresas
respondendo por metade do gasto nacional com pesquisa. Mas são
avanços insuficientes. Nosso desempenho é muito inferior ao das economias desenvolvidas. Ou superamos
esse descompasso, ou corremos o
risco de agravar o nosso atraso.”
O documento esclarece que a Mobilização Empresarial pela Inovação,
uma iniciativa da CNI, foi criada
para estimular as empresas a investir
mais e melhor em inovação, consolidar a cultura inovadora nas empresas e fortalecer a parceria estratégica
entre o governo e o setor privado.
“O desenvolvimento requer políticas de Estado, de longo prazo,
em educação e inovação, e uma
estratégia de fortalecimento da capacidade produtiva. O Brasil quer
se integrar cada vez ao mundo.
Mas para isso precisa de empresas
capazes de competir globalmente.
Nenhum país abre mão de políticas de apoio ao conteúdo local e à
agregação de conhecimento à matriz industrial”, reforça o Manifesto
pela Inovação nas Empresas.
Investimento ainda
pequeno
M
etade de tudo o que se investe
em P&D no Brasil vem do
setor privado: em 2007, as
empresas aplicaram R$ 17,5 bilhões em
inovação. Desse total, 76,6% (R$ 13,4
bilhões) saíram diretamente do caixa
das empresas e 23,4% (R$ 4,1 bilhões)
tiveram apoio governamental, seja por
meio de incentivos fiscais, seja por
subvenção econômica.
No entanto, ainda se investe pouco em
inovação no país: 1% do Produto Nacional
Bruto (PNB), entre gasto público e privado,
ante 3,17% no Japão e 2,61% nos
Estados Unidos. O Brasil também fica
atrás de economias emergentes que
disputam mercado com o país, Em
2006, China e a Rússia investiram,
respectivamente, 1,36% e 1,38% dos seus
PNBs em Pesquisa e Desenvolvimento.
“Podemos e devemos avançar, até
porque inovação e P&D são determinantes
do aumento da competitividade”, defende
o diretor de operações da CNI, Rafael
Lucchesi. Ele afirma que só será possível
aumentar os investimentos no Brasil em
P&D, de modo a alcançar os percentuais
investidos pelas principais economias
do mundo, se houver integração entre o
poder público e as empresas. “Um dos
objetivos da Mobilização Empresarial
pela Inovação é fazer um esforço de
Rafael Lucchesi, diretor de operações da CNI
coordenação das ações entre os setores
público e privado para o desenvolvimento da
inovação no Brasil”, resume.
Essa parceria é necessária porque uma
parte do empresariado, notadamente os de
micro e pequeno portes, investe em P&D a
partir de incentivos fiscais ou de subvenção
econômica. O total de gasto público em
inovação cresceu de R$ 2,3 bilhões em
2006 para R$ 4,1 bilhões em 2007, de
acordo com dados do Ministério da Ciência
e Tecnologia (MCT). Apesar do crescimento,
os incentivos e as subvenções representam
somente 30% de tudo o que é investido em
inovação no Brasil.
Crédito para inovar
L
ançado no fim de julho do
corrente ano, o Programa BNDES
de Sustentação do Investimento
(BNDES PSI) é uma iniciativa com
a proposta de apoiar empresas no
desenvolvimento de capacidade para
empreender atividades inovadoras em
caráter sistemático, bem como apoiar
projetos de inovação de natureza
tecnológica que envolvam risco
tecnológico e oportunidades de mercado.
De acordo com Fernando Aragão,
coordenador do Posto Avançado do Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico
e Social (BNDES) na FIEC, essa é mais
uma iniciativa da instituição financeira
para fomentar a inovação nas empresas.
“O BNDES reconhece a importância da
inovação no desenvolvimento sustentável
das empresas. O PSI é mais uma iniciativa
nesse sentido”, diz.
Entre os itens financiáveis no
programa estão projetos de inovação
de natureza tecnológica que busquem
o desenvolvimento de produtos e/ou
processos novos ou significativamente
aprimorados (pelo menos para o
mercado nacional) e que envolvam risco
tecnológico e oportunidades de mercado.
Também estão inclusos investimentos em
capitais tangíveis, incluindo infraestrutura
física, e em capitais intangíveis, que
deverão ser consistentes com as
estratégias de negócios das empresas
e ser apresentados conforme modelo
de Plano de Investimento em Inovação
Agosto de 2009 | RevistadaFIEC
|
(PII) que capacitem as empresas a
desenvolver atividades inovadoras em
caráter sistemático.
O valor mínimo para apoio nos
projetos é R$ 1 milhão. Para a segunda
modalidade, os investimentos previstos
terão valor máximo de R$ 200 milhões,
por grupo econômico, no período de 12
meses. Em relação à taxa de juros, nos
financiamentos a projetos de inovação
tecnológica a taxa fixa é de 3,5% ao ano.
Para investimentos em capitais tangíveis,
a taxa fixa prevista é de 4,5% ao ano. O
prazo total para pagamento vai de 96 a
120 meses. Já o prazo de carência vai
de 24 a 36 meses. Até 100% do valor
dos itens financiáveis. As condições, diz
Fernando Aragão, não poderiam ser mais
atrativas. “Especialmente em tempos
de crise, quando as empresas devem
aproveitar para investir em inovação para
saírem desse momento mais fortalecidas
e competitivas”, reforça.
Monitor de semáforo
10 | RevistadaFIEC | Agosto de 2009
Ceará é exemplo
N
o Ceará, a cultura inovadora
faz parte do DNA de várias
empresas, ou seja, a inovação
está na origem delas. Em comum, além
do investimento contínuo em novos
produtos e/ou processos, elas possuem
trajetórias semelhantes de sucesso. É
o caso da Nuteral e da Fotosensores
Tecnologia Eletrônica Ltda., empresas
de base tecnológica, incubadas no
Parque de Desenvolvimento Tecnológico
(Padetec) da Universidade Federal do
Ceará (UFC), que continuam investindo
em inovação. A Nuteral, que chega a
destinar por ano 20% de seu faturamento
no desenvolvimento de novas pesquisas,
produz suplementos nutricionais e
biotecnologia em nutrição humana.
A empresa também vem ampliando
continuamente seu faturamento,
especialmente com lançamento de
inovações, numa média de dez inovações
a cada três anos.
A Fotosensores é especializada
na área de tecnologia eletrônica
e versatilidade em controle de
tráfego, fabricante de um Sistema
de Monitoramento de Tráfego (SMT
9010), compreendendo monitor
de semáforo, barreira eletrônica e
radar fixo. Entre 1998 e 2005, o
faturamento anual da Fotosensores
saltou de R$ 10 milhões para R$ 27
milhões, um crescimento de quase
200%. Desse faturamento anual, a
Fotosensores investe anualmente em
torno de 7% a 10% em pesquisas
e inovação tecnológica. Empresa de
capital aberto, segundo seu diretor
Francisco Baltazar Neto, a empresa tem
procurado, por meio da inovação, servir
à sociedade, contribuindo para a boa
formação de cidadãos, na reeducação dos
motoristas e principalmente no apoio à
administração pública no que diz respeito
à gestão de dados, engenharia de tráfego,
fiscalização das vias e na modificação do
comportamento dos maus condutores.
Outro exemplo de empresa cearense
que aposta na inovação é a Protensão
Impacto. Com larga experiência na
construção civil, sua estratégia
de comercialização também é
inovadora porque, além de venda
tradicional, aluga a maioria de
seus produtos e presta serviços de
consultoria na área da construção.
Explica seu proprietário, Joaquim Caracas,
que em 2006 a empresa apresentou
a primeira versão da casa popular
de plástico. Segundo Caracas, ela foi
construída a partir das experiências
anteriores da empresa com a utilização do
plástico na construção civil. De montagem
bastante simples, dispensa mão de obra
especializada para sua construção.
O resultado é uma casa com
baixo custo em relação à construção
convencional, além de possuir a vantagem
de ser facilmente transportada para
o local escolhido. O sistema inovador
desenvolvido pela Impacto é a construção
de formas de plástico para funcionarem
como vigas e pilares, em substituição
à madeira. “Hoje, já cortamos 80% da
madeira que utilizávamos nas obras”,
afirma Caracas. A casa de sua família, em
Guaramiranga, por exemplo, é 100% de
plástico reciclável. “Além disso, o uso das
formas de plástico é de fácil manuseio,
dispensando mão de obra especializada,
e ecologicamente sustentável porque
utiliza material reciclado”, completa.
Atualmente, a empresa atua no Distrito
Federal e nos estados do Rio Grande do
Sul, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais
e Paraná. Atende também, por meio de
outras empresas, as capitais Manaus,
Belém, Boa Vista, Natal, Rio de Janeiro,
São Luís, Teresina, João Pessoa, Maceió,
Aracaju, São Paulo e Vitória.
Hoje, já
cortamos 80%
da madeira que
utilizávamos nas
obras.
Joaquim Caracas, proprietário da
Protensão Impacto
Forno Cedan evita poluentes e reduz em dois terços o volume de lenha utilizado
Em Russas, na região do Vale do
Jaguaribe, outro bom exemplo de inovação
e sustentabilidade ambiental vem da
Cerâmica Dantas (Cedan), com um forno
à lenha que evita poluentes. O processo
utilizado pela empresa fabricante de
tijolos e telhas, o forno Cedan, reduz em
dois terços o volume de lenha utilizado
por intermédio de técnicas convencionais.
“Com a inovação, a cada mil telhas
produzidas são consumidos atualmente
700 gramas de lenha. Antes, o consumo
queimava cerca de dois quilos para
produzir a mesma quantidade”, ressalta o
proprietário da empresa, Paulo Dantas.
O produto é composto por 12 fornos,
que, acoplados uns aos outros, facilitam
a transferência do calor e dos gases
necessários para a combustão, com
a redução do tempo utilizado para a
produção das peças. Com o forno, são
necessárias apenas 18 horas para
produzir de 13.000 a 20.000 tijolos. Nos
fornos convencionais, esse processo pode
levar de 30 a 70 horas. O produto final é
mais homogêneo, devido à uniformidade
da temperatura que circula de um
forno ao outro, garantindo uma maior
competitividade na comercialização.
Evento discute inovação nas empresas
A
temática da inovação
continuará em pauta no
Ceará. De 21 a 23 de
setembro, sempre das 14 horas
às 20 horas, a sede da FIEC
será palco do 4º Seminário
da Inovação Tecnológica do
Nordeste (Inova 2009). Entre os
objetivos do evento está mostrar a
importância do papel da inovação
tecnológica no cotidiano das
empresas como um diferencial
competitivo de mercado. A
iniciativa é realizada pelo Instituto
de Desenvolvimento Industrial do
Ceará (INDI), órgão ligado à FIEC,
com promoção e organização da
Dinâmica Eventos.
A programação do Inova 2009
traz duas conferências magnas e
cinco painéis, abordando, entre
outros temas, os programas
de financiamento à inovação,
as estratégias para projetos e
os programas e instrumentos de
apoio às empresas que desejarem
seguir o caminho da inovação.
Outros destaques são as rodadas
de negócios e a apresentação
de trabalhos técnicos que
resultaram no desenvolvimento
de tecnologias, produtos ou
processos diferenciados. Cerca de
30 trabalhos de pesquisadores de
diversas universidades e centros de
pesquisa participarão do evento e
concorrerão ao Troféu Inova 2009.
No dia 22, entre os destaques
da programação estão o painel
promovido pela Mobilização
Empresarial pela Inovação (MEI) da
CNI, às 14 horas, e para o painel
Estratégias para Projetos de Inovação,
às 18 horas, a ser ministrado
por Clayton Campanhola, diretor
executivo da Agência Brasileira
de Desenvolvimento Industrial
(ABDI). Nesse mesmo dia, haverá
o painel Inovação na Empresa,
com a apresentação de casos de
sucesso das empresas SK Bombas,
Durametal, Dry Wash e Ibyte.
A programação do dia 23, entre
outras atividades, tem agendado
um painel sobre Programas de
Financiamento à Inovação, com
as participações de José Sydrião
de Alencar Júnior, superintendente
do Escritório Técnico de Estudos
Econômicos do Nordeste (Etene),
e Daniel Breda, representante da
Agência Comercial Holandesa
S ervi ç o
Mais informações sobre o
Inova 2009 pelos telefones:
(85) 3433-6959 e 3421-5490
Agosto de 2009 | RevistadaFIEC
|
11
Edital SESI-SENAI de Inovação
SENAI/CE aprova
dois projetos
Iniciativas cearenses
são inovadoras,
viáveis e lucrativas,
além de contribuir
para a inclusão social
e ambiental
O
Centro de Formação Profissional Waldyr Diogo de
Siqueira (CFP WDS) e o
Centro de Educação e Tecnologia Alexandre Figueira Rodrigues (CET AFR), unidades
do SENAI/CE, tiveram dois projetos
aprovados no sexto Edital SESI-SENAI
de Inovação Tecnológica. Criado em
2004 pela Confederação Nacional da
Indústria (CNI), por meio da gerência de Inovação e Difusão Tecnológica da Unidade de Inovação e Tecnologia (Unitec) do SENAI, a iniciativa
visa expandir a cultura da inovação
tecnológica para um maior número
de empresas brasileiras, incentivando
o processo de pesquisa e desenvolvimento com foco na indústria.
Na edição 2009 foram aprovados
55 projetos em todo o país. No Ceará, entre eles está o do CFP WDS,
em parceria com a empresa Icasol
Telecomunicações, e diz respeito ao
desenvolvimento e comercialização
de um novo tipo de torre de telecomunicações. O segundo, do CET AFR
e da empresa Hectoplast, denominase cadeira escolar ergonômica injetada com termoplásticos reciclados.
Apesar de concebidas em áreas sem
nenhuma relação entre si, as duas
propostas têm algo em comum: o fato
de serem inovadoras, viáveis e lucrativas, além de tencionar contribuir
para a inclusão social.
É o caso da iniciativa do empresário
12 | RevistadaFIEC | Agosto de 2009
Com a
produção da
cadeira Ecodesk,
empresas recicladoras
passarão a ter mais
um grande cliente
para abastecer,
gerando impostos ao
governo e trabalho
para famílias
carentes.
Rogério Augusto,
engenheiro da equipe do SENAI CET AFR
Alexandre
Mota, proprietário da Hectoplast,
que produzirá móveis escolares utilizando
plástico reciclado como matéria-prima. Estudo desenvolvido pela equipe do SENAI
CET AFR, sob a coordenação do
engenheiro Rogério Augusto, prevê
que no estágio inicial de produção da
cadeira serão necessárias aproximadamente 30 toneladas mensais de sucatas
plásticas, podendo chegar a cem.
Esse montante beneficiará em torno
de 130 empresas recicladoras da região metropolitana de Fortaleza, que
recolhem e trituram 1.500 toneladas
de sucata plástica anualmente, e que,
por não terem consumidores locais suficientes para esse material, são exportadas para outros estados com perdas
significativas de lucratividade. “Com a
produção da cadeira denominada Ecodesk, esses fornecedores passarão a
ter mais um grande cliente para abastecer, gerando impostos ao governo
e trabalho para famílias carentes”,
explica Rogério.
O empresário ressalta que, além
do impacto na geração de emprego e renda, sua inovação trará
vantagens relativas ao meio ambiente porque a reciclagem minimiza a utilização de fontes
naturais, muitas vezes nãorenováveis, e reduz a quan-
tidade de resíduos que necessitam de
tratamento final, como aterramento
ou incineração. “O mercado em que
a cadeira Ecodesk pretende se inserir possui uma grande capacidade
de crescimento, primeiro pela proposta inovadora da utilização da
matéria-prima prevista no produto
escolar e, segundo, pelo fato de colaborar com o meio ambiente inserindo um produto alternativo aos
atualmente utilizados, fabricados
em aço e madeira”, explica.
Além de beneficiar a empresa – e
a sociedade de forma geral –, o desenvolvimento do projeto também
trará vantagens ao SENAI/CE. Segundo Rogério Augusto, o trabalho
para tirar a ideia do papel até chegar à linha de montagem levará de
14 a 18 meses (período padrão para
todos os projetos) e demandará esforços em várias áreas, numa parceria empresa/instituição de ensino
rica em aprendizado para todos os
envolvidos. “Com o trabalho, vamos
adquirir experiência numa área até
então pouco estudada – a da utilização de termoplásticos no processo
industrial, ampliando, assim, a visibilidade do nome da instituição nesse mercado”, afirma Rogério. A proposta aprovada pelo SENAI Nacional
para o desenvolvimento da cadeira
Ecodesk será financiada da seguinte
forma: Departamento Nacional: R$
190.380; SENAI/CE: R$ 42.173 e
empresa: R$ 266.648.
Alexandre Mota, proprietário da Hectoplast, e Rogério Augusto, engenheiro da equipe do SENAI CET AFR
Rápido e eficiente
C
liente do Sistema FIEC há alguns
anos, o empresário Alexandre Mota
conta que tomou conhecimento do
Edital SESI-SENAI de Inovação durante as
reuniões do Programa Vínculos, promovidas
pelo IEL/CE, do qual a empresa participa
como fornecedora. “A partir da dica, resolvi
procurar o SENAI de Maracanaú, no final de
abril, a fim de expor minhas ideias. Fui muito
bem atendido pelos profissionais, que logo
identificaram potencial em um dos projetos.
Para minha surpresa, eles resolveram
adequá-lo e submetê-lo ao edital. Três
meses depois, fomos um dos escolhidos em
todo o país”, afirma Alexandre.
Nos dois projetos apresentados pelo
SENAI/CE, os relatórios produzidos
contemplam, entre outros assuntos, o plano
de negócio, orçamento financeiro, estudo
de mercado, impactos sociais, análise de
risco e estratégias de comercialização. “O
objetivo do Edital SESI-SENAI de Inovação
é financiar não apenas o desenvolvimento
de um produto inovador, mas fazer com que
ele apareça e se mantenha no mercado.
Por isso, o cuidado vai desde os aspectos
técnicos, financeiros e culturais, passando
pela linha de montagem, até chegar à
comercialização. Ou seja, é um trabalho
completo”, arremata Alexandre Mota.
Mundo virtual, sucesso real
f
oi pela internet que os empresários
Rubens Andrade e Antônio Vasconcelos
Vidal tiveram conhecimento do Edital
SENAI-SESI de Inovação. O ambiente virtual
tem sido, desde a fundação, o principal
meio de comercialização da Icasol, que
fabrica antenas para recepção de sinal de
rádio e internet. Eles contam que o negócio
de antenas nasceu por acaso, quando
atuavam como provedores de internet e
um dos seus antigos clientes reclamou de
defeitos na transmissão do sinal.
Indo ao local (Praia do Cumbuco,
município de Caucaia, na região
metropolitana de Fortaleza) para verificar
o que havia de errado, os dois detectaram
que o problema estava na ausência de uma
antena capaz de receber e transmitir o sinal
com eficiência. A procura pelo equipamento
durou dez dias, até eles confirmarem que
não havia no mercado local um fornecedor
que atendesse a tal demanda.
Dessa forma, tiveram de produzir
a própria antena. O resultado foi tão
bom que meses depois eles fecharam o
provedor e abriram o negócio de antenas
estaiadas (sustentadas por cabos). “Para
nossa surpresa, a carência do mercado de
antenas com as mesmas especificações
que necessitávamos não era apenas
do mercado cearense, mas nacional.
Hoje, vendemos pelo país afora e não
Agosto de 2009 | RevistadaFIEC
|
13
conseguimos atender todos os clientes”,
revelam Rubens e Antônio.
Apesar do sucesso garantido, com
crescimento superior a 100% em 2008,
em plena crise mundial de produção e
consumo, eles perceberam que seria
impossível ir adiante sem inovação.
Além disso, aos poucos detectaram um
outro filão de mercado: o de antenas
autoportantes de médio porte sem
estaios. “Chegamos no limite do nosso
conhecimento. Daí percebemos que, para
ampliar o negócio e aproveitar mais esse
nicho, somente contando com a ajuda
de uma instituição como o SENAI Waldyr
Diogo, reconhecido em todo o país como
um dos mais bem equipados na área
eletroeletrônica”, contam os empresários.
No SENAI, foram orientados pela
engenheira eletrônica Michelle Queiroz Silva.
Do mesmo modo que ocorreu com o caso
anterior, o discernimento da profissional
em perceber o grande potencial da ideia
foi fundamental para sua aprovação no
edital nacional. “Como era algo de fato
inovador, que requeria pesquisa de patente,
pesquisamos em bases oficiais de mais
de dez países, incluindo Estados Unidos e
Japão, considerados os maiores inventores
do mundo. Para nossa surpresa e alegria, o
projeto era inédito”, conta Michelle.
Sobre as vantagens do projeto, Rubens
explica que existem no mercado de
telecomunicações diversas torres com
características específicas, mas que
não satisfazem a todas as demandas.
As autoportantes de grande porte, por
exemplo, necessitam de uma infraestrutura
robusta para sua instalação e montagem,
além de matéria-prima onerosa, o que
torna inviável a sua utilização em alguns
projetos. Já as torres estaiadas têm custo
reduzido e facilidade na montagem e
instalação, porém necessitam de uma área
muito grande, além de possuir limites em
sua capacidade física, o que também a
torna inviável em muitos empreendimentos.
“O projeto que vamos desenvolver no
SENAI possui características intermediárias
entre as torres autoportantes e as
estaiadas. Suas características somam
custos reduzidos, facilidade de instalação
e redução da área de instalação. Com isso,
atenderemos a essa fatia de mercado,
que vem sofrendo prejuízos significativos
com a inviabilidade da execução de seus
projetos”, explica Antônio Vidal.
Rubens ressalta ainda que, com
a redução dos custos, a produção do
equipamento gerará oportunidades de
inclusão digital, além de emprego e renda.
“Por custarem cerca de 15% das torres
convencionais, moradores de localidades
no interior do país, por exemplo, poderão
adquirir o produto com certa facilidade,
possibilitando o acesso a serviços de
entrega de voz, dados e imagens via internet.
Outros beneficiados serão os pequenos
empreendedores, que poderão abrir seu
próprio negócio de provedor a partir dessa
torre”, finaliza Rubens Andrade.
Rubens Andrade e Antônio Vasconcelos Vidal e as novas antenas autoportantes
Novidades e recorde
O
Edital SENAI-SESI de Inovação
2009 bateu o recorde de
projetos aprovados e de recursos
direcionados para a inovação de processos,
produtos e tecnologias sociais. Das 267
propostas enviadas, 55 foram selecionadas.
A novidade este ano fica por conta da
parceria com o SESI, no fomento de
projetos na área de inovação social. As
duas entidades do Sistema Indústria vão
direcionar, juntas, R$ 10 milhões para o
custeio. Além desses recursos, o Ministério
da Ciência e Tecnologia, por meio do
Conselho Nacional Científico e Tecnológico
(CNPq), disponibilizou R$ 2,5 milhões para
bolsas de desenvolvimento tecnológico
industrial para atender aos projetos.
De acordo com o gerente-executivo
da Unidade de Tendências e Prospecção
(Unitep) do SESI, Fabrízio Machado
Pereira, essa parceria com o SENAI vai
14 | RevistadaFIEC | Agosto de 2009
ao encontro do novo posicionamento
da instituição, implementada desde
2008, que visa a aproximação com
as indústrias. “O SESI está migrando
de prestador de serviço para provedor
de soluções. E, para isso, requer uma
forte estratégia no campo da inovação.
Esse edital é uma grande oportunidade
para a instituição aprender a gerar
resultados e visibilidade para as
tecnologias sociais, com impacto no
setor produtivo industrial”, diz Pereira.
“Não temos um modelo como o SENAI
com seus centros de tecnologia, mas
temos as competências instaladas nas
unidades do SESI, que têm condições
de apresentar projetos inovadores em
parceria com empresas”, ressalta.
Neste ano, o aporte por proposta é
de R$ 200.000, em caso de projetos em
parceria com departamentos regionais
de apenas uma das instituições, ou
R$ 300.000, se a proposta envolver
unidades do SENAI e do SESI. Quanto
à divisão dos projetos, para a parceria
apenas com o SENAI, 32 foram
classificados. Na área de inovação
social, em parceria com o SESI, 18
propostas foram aprovadas, e para as
ações compartilhadas SENAI/SESI,
cinco projetos foram selecionados.
O desenvolvimento das iniciativas
será realizado em 17 departamentos
regionais e o repasse dos recursos está
previsto para este mês.
De acordo com o gerente-executivo
da Unitec, Orlando Clapp Filho, a carteira
de recursos, somada à contrapartida
das empresas, deve ser superior a R$
20 milhões, o dobro em relação ao ano
passado, quando foram apresentados 99
projetos e 24 foram selecionados.
Inovaçoes
&Descobertas
Nova tecnologia
promete proteger
prédios contra
terremotos
Cientistas ingleses e
franceses desenvolvem escudos
capazes de tornar casas,
prédios e outras estruturas
civis imunes a terremotos.
A tecnologia, que está em
fase de testes, usa anéis
concêntricos de plástico que
serão colocados na superfície
da terra nas proximidades das
construções, ou mesmo nas
fundações, a serem protegidas.
Segundo os pesquisadores,
controlando a dureza e a
elasticidade dos anéis, as
ondas sísmicas passariam
suavemente através do escudo
protetor, sendo comprimidas
em pequenas flutuações
de pressão e densidade. “O
caminho das ondas pode ser
dirigido para formar um arco
que as levaria para fora do
local a ser protegido”, explica
o matemático Sebastien
Guenneau, da Universidade
de Liverpool, na Inglaterra,
que desenvolveu a ideia em
conjunto com Stefan Enoch e
Mohamed Farhat, do Instituto
Fresnel, na França. Quando
ocorre um terremoto, são
gerados dois tipos de ondas
sísmicas: as ondas de corpo ou
volume, que viajam no interior
do planeta, sob a superfície; e
as ondas superficiais, que são
justamente as mais perigosas
e que os escudos prometem
eliminar. Os pesquisadores já
começaram os testes do seu
escudo antiterremotos em
pequena escala, usando ondas
geradas artificialmente.
Pesquisadores usam celulose na fabricação de pneus
Pesquisadores da universidade do
estado do Oregon, nos Estados Unidos,
estão tentando diminuir os impactos de
um dos maiores vilões do meio ambiente:
os pneus de automóveis. O trabalho
consiste em substituir parte da sílica usada
na fabricação por celulose. O professor
Kaichang Li e sua equipe descobriram
que a celulose microcristalina – fabricada
facilmente a partir de qualquer tipo de
planta – pode substituir uma parte da
sílica como carga de preenchimento
na fabricação de pneus. Os principais
benefícios são a diminuição da energia
consumida no processo produtivo e
redução de custos, além da produção de
um pneu mais eficiente. Os pesquisadores
conseguiram substituir até 12% da sílica,
mantendo todas as suas características de
resistência, flexibilidade e tração. “A única
variação detectada foi para melhor: sob altas
temperaturas, a resistência ao rolamento
do pneu com celulose é menor da que a
resistência do pneu tradicional, o que significa
que os veículos consumirão menos combustível
nos dias quentes”, afirma Li. A próxima fase é
a de testes de durabilidade. Mas eles afirmam
que a tecnologia está pronta para ser testada
por qualquer fabricante de pneu em escala real.
Vidro criado a partir de
resíduos de rochas ornamentais
Bioinseticida e adoçante serão
produzidos do sisal
O Instituto
Nacional de
Tecnologia (INT/MCT),
do Rio de Janeiro,
desenvolveu um
processo capaz
de transformar
resíduos de
rochas ornamentais, como mármore e granito, que
sobram depois da serragem para transformação
de blocos de pedra em chapas, em matéria-prima
para a indústria do vidro. As pesquisas foram
feitas pela física Michelle Babisk. Ela explica que a
transformação de resíduos de granito e mármore em
vidro é viabilizada pela presença de óxidos, como a
sílica, que são matérias-primas utilizadas em larga
escala na produção de vidros sodo-cálcicos. “Com a
utilização desses resíduos, haverá uma considerável
diminuição dos impactos ambientais, já que antes
eles eram descartados no solo. Por outro lado, o uso
do material reduz o consumo de areia, minimizando
outro problema, que é a extração excessiva desse
recurso”, justifica. O processo está sendo patenteado
e será apresentado no Rio de Janeiro entre os
dias 20 e 25 de setembro, na 11ª Conferência
Internacional de Materiais Avançados.
O Fundo Comum de Commodities (CFC) da
Organização das Nações Unidas para Agricultura e
Alimentação (FAO) financiará uma iniciativa, orçada
em US$ 1 milhão, que aproveitará resíduos líquidos
do sisal baiano para a produção de bioinseticida,
parasiticida e até adoçante. O bioinseticida será
utilizado para combater pragas na agricultura.
Segundo o engenheiro químico Adalberto Luiz
Cantalino, sua vantagem em relação aos inseticidas
disponíveis no mercado é a ausência de drogas
químicas nocivas ao meio ambiente e ao ser
humano. O projeto também prevê a produção de
um parasiticida para combater pragas comuns em
ovinos, bovinos e caprinos. O adoçante extraído
do sisal é a inulina, um produto de origem natural,
que pode ser utilizado em substituição ao açúcar
na indústria alimentícia e farmacêutica, pois não é
absorvido pelo organismo, ou seja, é uma solução
natural à substituição dos ciclamatos utilizados na
indústria dos dietéticos.
Agosto de 2009 | RevistadaFIEC
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15
Responsabilidade social
Agentes de transformação
POR GEVAN OLIVEIRA
Fruto do Programa Agentes de Responsabilidade Social desenvolvido
pelo SESI/CE, Instituto Jandaia de Educação dá oportunidade de
trabalho a centenas de jovens
Aulas de matemática, inglês, gestão de qualidade e informática fazem parte da capacitação teórica dos alunos
D
iz o ditado que sonho que
se sonha só é apenas um
sonho, mas o sonho que se
sonha junto se torna uma
realidade. Na prática, o
provérbio serve para mostrar que a
união em torno de um propósito comum pode tirar do papel uma bela
ideia e transformá-la em realidade. E
é exatamente isso que vem ocorren-
16 | RevistadaFIEC | Agosto de 2009
do no Instituto Jandaia de Educação.
Criado a partir do Programa Agentes
de Responsabilidade Social desenvolvido pelo SESI/CE, por meio do
Núcleo de Responsabilidade Social, o
instituto é hoje responsável por transformar a vida de 200 jovens oriundos
de escolas da rede pública nos municípios de Pacajus e Horizonte, na região metropolitana de Fortaleza.
O Programa Agentes de Responsabilidade Social foi lançado em
2006 na FIEC com o objetivo de
ampliar a atuação das empresas
cearenses no campo da responsabilidade social. O projeto funciona por
meio da sensibilização e formação
de profissionais, das mais diversas
áreas, em executores de projetos
sociais. Esses, por sua vez, engajam
as empresas onde trabalham em redes que atuam promovendo ações de
responsabilidade social. Até julho de
2009, foram formados 199 agentes,
representantes de 134 empresas.
A Sucos do Brasil S/A (Jandaia),
instalada no município de Pacajus, é
uma das que apostaram na iniciativa
e hoje lidera um grupo denominado
Teia da Educação, criado para atuar
na área de educação profissional de
jovens, visando inseri-los no mercado
de trabalho. Inicialmente, o grupo era
formado por cinco grandes empresas
(Cemec, Gerdau, Termoceará, Cagece
e Provider). O número cresceu. Hoje,
são 28 parceiros.
Para a responsável pelo setor de
Recursos Humanos da Sucos Jandaia e diretora executiva do instituto, Mônica Rabelo, entre os motivos
que fizeram com que o grupo escolhesse atuar na área de formação
profissional está o fato de existir,
somente em Pacajus, mais de 4.000
jovens, segundo o Sine, aguardando
uma oportunidade de participação
em programas de capacitação profissional. Enquanto isso, dezenas de
indústrias da região carecem de profissionais qualificados.
A coordenadora pedagógica do
instituto, Larissa Oliveira, explica que
o projeto foi desenvolvido não apenas
para formar mão de obra qualificada,
mas na intenção de “criar uma nova
forma de educar despertando e potencializando as várias dimensões de
atuação do ser humano na sociedade,
tais como profissional, cultural, política, cidadã, espiritual, tecnológica,
ambiental e educacional”, diz.
Esse trabalho vem sendo feito por
meio do programa Desenvolvendo Gerações, que oferece cursos de
aprendizagem industrial nas áreas de
eletromecânica, produção, qualidade
e logística. O público-alvo são jovens
de 14 a 21 anos matriculados ou que
tenham concluído os estudos em escola da rede pública. Inicialmente, os
alunos participam do módulo básico,
desenvolvido em parceria com Secretaria de Desenvolvimento Social do
Ceará, com carga de 240 horas/aula,
com o objetivo de revisar conhecimentos nas áreas de matemática, comunicação oral e escrita, informática
básica, inglês instrumental e noções
em gestão da qualidade.
Ao concluir essa fase, os alunos
iniciam a parte técnica dos cursos de
aprendizagem industrial, em parceria
com o SENAI/CE, e na área comercial, por meio do Serviço Nacional de
Aprendizagem Comercial (Senac).
Essas duas instituições enviam seus
docentes para ministrarem aulas no
próprio instituto. No caso do SENAI,
um laboratório móvel também foi disponibilizado para os cursos. Atualmente, 200 jovens estão engajados, sendo
que cem ingressaram em dezembro de
2008. Os outros cem em maio deste
ano. Da primeira turma, 83% estão
atuando como menor aprendiz em
uma das empresas parceiras. A formação da primeira turma está prevista
para julho de 2010.
Privilégio
P
ara as empresas parceiras, contribuir
com o Instituto Jandaia de Educação
proporciona mais do que a sensação
do dever cumprido. Trata-se, na verdade, de
um privilégio. É assim para o empresário
Edilson Santana Júnior, proprietário da
Serlares, empresa produtora de refeições
industriais. Ele é o responsável pelo
Fabíola Aguiar Peixoto coordena os Recursos
Humanos da Santana Têxtil
fornecimento diário das refeições a todos
os alunos. “Acreditamos nesse projeto
pela seriedade e consistência com que
vem sendo realizado. Nosso sentimento
em contribuir para a formação profissional
desses jovens é o de fazermos investimento
em um mundo melhor, mais humano e com
menos diferenças”, frisa Edilson Santana.
Além do ganho social, as empresas
parceiras também se beneficiam da utilização
de mão de obra qualificada. Na Santana
Têxtil, por exemplo, 38 jovens já foram
contratados como menores aprendizes nas
áreas de produção (5), compras e estoque
(7), mecânica de manutenção, manutenção
eletroeletrônica e gestão da qualidade. Para
a coordenadora de Recursos Humanos da
empresa, Fabíola Aguiar Peixoto, os alunos
têm bons conhecimentos teóricos, além do
interesse em aprender e mostrar serviço.
“Profissionais bem qualificados e com
interesse em crescer são difíceis no mercado.
É isso que temos visto nesses jovens”, afirma.
Fabíola explica que todos os alunos
são tratados como se fossem funcionários
efetivos. A ideia é proporcionar a melhor
experiência possível no primeiro emprego.
“Para a grande maioria, essa oportunidade
representa uma chance única que marcará
sua vida profissional. Portanto, eles precisam
O projeto criará uma nova forma de
educar despertando e potencializando as
várias dimensões de atuação do ser humano
na sociedade.
Larissa Oliveira, coordenadora pedagógica do Instituto Jandaia de Educação
Agosto de 2009 | RevistadaFIEC
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17
saber que a empresa se preocupa com a sua
formação”, encerra Fabíola Aguiar.
O secretário de Infraestrutura de Pacajus,
Elisaldo Luiz Guerreiro, que participou da
reunião bimestral de avaliação do projeto,
realizada no final de julho, informa que o
município está negociando a vinda de 19
novas indústrias, com potencial para gerar
5.000 empregos diretos. Nesse sentido,
ele afirma que o município ampliará sua
atuação no instituto a fim de contribuir
para a formação de mão de obra que
deverá trabalhar nessas empresas. Outra
ação será a implantação, em 2010, de
laboratórios de elétrica e mecânica, em
parceria com o município de Horizonte.
“Prevemos que em breve a demanda será tão
grande, ou maior que a oferta. Quando isso
ocorrer, esperamos que o instituto esteja
capacitando em grande escala. Esse será o
panorama ideal para todos”, comenta.
Até lá, segundo o diretor José Luís
Eduardo Figueiredo, as capacitações dos
cursos técnicos serão promovidas graças ao
laboratório móvel da unidade do SENAI em
Maracanaú, que suprirá as necessidades
até que outros parceiros invistam na
construção de unidades permanentes de
capacitação. “Nosso objetivo é montar
vários laboratórios/oficinas em parceria com
as empresas. Isso será possível se cada
unidade pensar no coletivo e acreditar que
essa ideia beneficiará a todos”, explica.
Segundo Luís Eduardo, o Instituto
Jandaia contratou uma empresa
especializada em marcas para alterar o
nome do programa. A intenção é deixar
claro que o projeto não pertence a
nenhuma empresa. “Por levar o nome
Jandaia, infelizmente alguns empresários
têm dificuldade em contribuir com a ideia.
Acreditamos que uma nova denominação
deixará claro que o objetivo não é aparecer,
mas transformar a vida de centenas de
jovens”, ratifica.
PontodeV ista
Construindo sonhos
P
ara os jovens que fazem parte do
projeto, ter sido escolhido entre
centenas de estudantes da rede
pública de ensino pode ser considerado
um grande passo para mudar de vida. É o
caso dos alunos Michael Douglas de Farias
(16) e Palloma Criz Silva (19), moradores
dos municípios de Horizonte e Pacajus,
respectivamente. Eles contam que passaram
por testes de português, matemática e até
representação teatral, entre outros.
“No meu caso, a seleção envolveu 120
alunos do Liceu de Horizonte. E posso
dizer que o esforço valeu a pena porque
estou me qualificando, de graça, numa
área que tem grande procura no mercado
atualmente”, diz Michael. Ele faz parte da
primeira turma que iniciou em dezembro
do ano passado e escolheu o curso Técnico
em Sistema da Qualidade. O estágio
é na Santana Têxtiles, onde espera ser
efetivado. “Vou me esforçar muito para ser
contratado, caso surja uma oportunidade.
No entanto, se não puder ser na Santana,
certamente será em outra empresa, pois
o curso habilita o profissional a atuar em
qualquer lugar”, anima-se.
Palloma Criz também está animada
com a futura profissão. Integrante da
segunda turma, ela ainda está na fase
de aulas teóricas, mas faz planos para os
Affonso Taboza
Estaleiro no Mucuripe
Michael Douglas: projeto é grande passo
para mudança de vida
próximos anos baseada nos ensinamento
recebidos. “Os professores nos dão
conselhos muito valiosos, sobretudo na área
da comunicação interpessoal. Eles afirmam
que manter um bom relacionamento e ser
sempre comunicativo é um importante
passo para o sucesso profissional”, frisa.
Palloma planeja fazer, no local, o curso
de logística. Sonha, ainda, em cursar
Psicologia. “Estudar é sempre necessário.
Quanto mais qualificado, mais oportunidades
surgirão”, garante
a estagiária.
Estudar é sempre
necessário. Quanto
mais qualificado, mais
oportunidades surgirão.
Palloma Criz Silva, jovem que faz parte do projeto
Pelo coletivo
A
o mesmo tempo em que prepara
empresas e profissionais para
agir em favor da população, o
Programa Agentes de Responsabilidade
Social cria um sistema de rede de
empresas, com encontros sistemáticos,
que facilita a implementação conjunta
das iniciativas. Para a coordenadora
do Núcleo de Responsabilidade Social
do SESI, Cybelle Borges, “o programa
não tem princípio, meio e fim como
outros treinamentos. Mesmo depois
de formados, os agentes continuam
18 | RevistadaFIEC | Agosto de 2009
se encontrando mensalmente. A
ideia é que a rede não tenha fim e
formemos um grande movimento de
responsabilidade social envolvendo
todo o Ceará”.
Segundo a facilitadora do Núcleo,
Loredana Sofia, os processos básicos
do programa incluem a nomeação dos
agentes pela direção das empresas, a
capacitação na metodologia teia da
vida, coaching individual de diagnóstico,
capacitação em responsabilidade social,
planejamento estratégico da rede e a
diplomação dos agentes. Ao todo, são 80
horas, sendo 50 horas de vivência prática e
30 de aprendizado teórico. “Em sala de aula,
os agentes estudam sobre responsabilidade
social corporativa e investimento social
privado, além de conhecerem ferramentas
de gestão”, explica.
Empresas e profissionais interessados
na formação de agentes, ou em ajudar
os projetos em andamento, devem
entrar em contato com o Núcleo de
Responsabilidade Social do SESI pelos
telefones (85) 3421-5850 e 3421-5851.
C
usta-me acreditar no que tem publicado a imprensa, nos últimos dias,
sobre a construção de um estaleiro
de porte médio no Mucuripe. Mesmo com ares de verdade absoluta,
de decisão definitiva por parte do governo do estado, do tipo prego batido e ponta virada, não
acredito na notícia.
A TV divulgou a informação com fartura de imagens, mostrando o lugar onde será perpetrado o crime contra a cidade, um belo sítio digno de melhor
destino. Só que o repórter não denunciou a ideia
como um atentado. Limitou-se
a noticiar friamente a construção, que estaria na ordem do
dia, como se fosse a coisa mais
natural do mundo plantar-se
uma indústria pesada, poluidora, em zona nobre de uma metrópole, num recanto de praia
belíssimo de uma cidade com
vocação turística.
Será um tiro de misericórdia na Praia Mansa! Um lugar
privilegiado, de onde se tem
a vista mais bonita da cidade, condenado ad aeternum a essa vizinhança
incômoda! Pelo que se ouve falar, a prática do
destempero só depende da aprovação dos órgãos
do meio ambiente. É essa a hora de tais órgãos
mostrarem lucidez.
Confio na sensatez dos nossos governantes, por
isso recuso-me a acreditar que tal projeto vá à
frente. Queremos indústrias, sim, e muitas, para o
desenvolvimento do nosso estado. E não poderia
ser outra a posição de um diretor da FIEC. Mas
não queremos indústria a qualquer preço.
Construção naval, do porte que se pretende instalar no Mucuripe, é indústria pesada, geradora de
tráfego pesado e intenso em suas proximidades.
Será que pensaram nos reflexos disso no nosso já
caótico tráfego? E que não se alegue a existência
da Via Expressa, ou a previsão de melhoramento
radical no sistema viário daquela região. Num horizonte de 20 anos, como estará a balbúrdia?
E a poluição das nossas já sofridas praias? A
sujeira que nelas será jogada, por mais cuidado
que se tenha...? Ou alguém imagina que um empreendimento desse tipo não suja qualquer praia
onde se instale, não degrada suas águas e as
águas do seu entorno...?
Alguns anos atrás falou-se
muito na construção de uma
torre esbelta de concreto na
Praia Mansa, uma obra majestosa com restaurante de luxo
no topo. Seria um ícone da cidade, uma obra monumental
que identificaria nossa terra,
como a Torre Eiffel identifica
Paris. A área em torno seria
ajardinada e preparada para
o turismo. Por que não se fala
mais nisso? Por que não se
pensa grande? Falta de dinheiro para uma obra que pessoas de visão curta tachariam de faraônica? Que se pense, então, numa
PPP. Ver-se-á que não faltarão empresários de visão, ávidos de arrancar lucros dessa obra “faraônica”. Mas, pelo amor de Deus, não pode ter a feiúra
de um estaleiro ao lado!
O Ceará tem 580 quilômetros de praia. Será que
não existe, em toda essa vastidão, um lugar adequado a tal tipo de empreendimento? Construir um
estaleiro no Mucuripe é despropósito. E o pior é
que não se vê debate na imprensa. A sociedade está
anestesiada. Nem os ecologistas se pronunciam.
Onde estão os “verdes”?
Queremos
indústrias, sim,
e muitas, para o
desenvolvimento do
nosso estado. Mas não
queremos indústria a
qualquer preço.
Affonso Taboza é engenheiro civil e militar, oficial reformado do Exército, empresário e diretor da FIEC
Agosto de 2009 | RevistadaFIEC
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19
Revista da FIEC
Marco na história da Federação
A
Sob a égide da união e do fortalecimento sindical, a Revista da FIEC completou em maio dois anos fiel ao
compromisso de se antecipar às demandas da indústria cearense, de forma moderna, participativa e abrangente
Revista da FIEC completou em maio dois anos
de existência. Mais do que
um novo meio de comunicação com a função de
divulgar informações sobre o Sistema
FIEC, o veículo é a personificação
da nova proposta para a entidade
presidida pelo empresário Roberto
Proença de Macêdo. Sob a égide da
união e do fortalecimento sindical, a
20 | RevistadaFIEC | Agosto de 2009
publicação tem sido fiel ao compromisso de se antecipar às demandas
da indústria cearense, de forma moderna, participativa e abrangente.
Mais que isso, ela corresponde a um
instrumento de defesa dos interesses da classe industrial, do estado e
da sociedade cearense.
Cumprindo o papel de dar vez e
voz a todos que compõem a indústria do Ceará, o veículo consolida o
objetivo traçado pelo presidente da
FIEC ao lançá-lo oficialmente durante a solenidade comemorativa ao
Dia da Indústria, em junho de 2007.
“Queremos que os empresários busquem na publicação informações
que interessam ao seu negócio. E
quanto mais os sindicatos participarem, melhor para todos nós”, afirmou Roberto Macêdo. O convite do
líder classista foi uma forma de rati-
ficar a promessa de reunificação feita
na cerimônia de posse, em setembro
de 2006: “A Casa é nossa, a FIEC é
dos industriais, temos que exercitar a
participação de todos”. O novo veículo de comunicação é ferramenta que
possibilita a maior participação dos
sindicatos. Foi pensando assim que
Roberto Macêdo anteviu: “Ela (a Revista da FIEC) será um marco na
história da nossa Federação”.
Desde então, temas como o crescimento industrial, atração de empreendimentos estruturantes para
o estado, infraestrutura, tecnologia,
educação, saúde, esporte, cultura,
arte, responsabilidade social e ambiental, formação profissional, desenvolvimento sustentável, mercado
livre de energia, agronegócio, turismo, exportações, inovação, carga
tributária, crise financeira e os res-
pectivos impactos gerados por cada
assunto enfocado permearam as páginas da publicação, demonstrando
o posicionamento do Sistema FIEC
sobre cada um deles. No âmbito do
Sistema Indústria, a revista tem contribuído para disseminar políticas da
Confederação Nacional da Indústria
(CNI), divulgar a implementação de
projetos, incentivar a participação e
valorizar o trabalho dos sindicatos.
Agosto de 2009 | RevistadaFIEC
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21
“Na nossa administração,
partimos de princípios e
O crescimento sustentável da
conceitos nos quais acreditaeconomia do Ceará depende da
mos e defendemos. Para que
pudessem ocorrer as mudanconsolidação de projetos estruturantes,
ças, precisaríamos usar fercomo a Siderúrgica Ceara Steel, as
ramentas estratégicas para
chegar aos objetivos preZonas de Processamento de
tendidos. A principal delas
é a comunicação. Sem uma
Exportação e a exploração da jazida
comunicação clara e precisa
junho de 2007
de urânio de Itataia.
dos princípios que defendemos e das regras definindo
limites, nosso trabalho não seria pos- nicação com os nossos sindicatos, a “Na comissão que trabasível. Sem um informativo capaz de comunidade industrial e a sociedade lhou na elaboração do estatuto e
transmitir tudo isso aos nossos asso- como um todo”.
do regulamento eleitoral do Sistema
ciados, seria difícil avançar em nosso
O empresário Carlos Prado, anti- FIEC, vemos pessoas antes oponentes
propósito de trabalho e gestão”, reco- go opositor que se tornou aliado da à direção da Casa da Indústria unidas
nhece Roberto Macêdo.
atual gestão da FIEC devido à políti- a nomes que disputaram a mesma
Segundo ele, além das reuniões, ca de reunificação empreendida pelo eleição que elegeu Roberto Macêdo”,
seminários e demais trabalhos para presidente Roberto Macêdo, diz que ressalta o empresário.
implementar o planejamento estra- a revista corrobora com a previsão do
Para ele, o clima de democracia e
conciliação hoje vivenciado na Federação é expresso, estimulado e consolidado mensalmente na revista.
No Ceará, há vários
Carlos Prado afirma não ter dúvida
exemplos de empresas que que está se confirmando o que Roberto Macêdo prometia: “Depois de
investiram em inovação e se deram
apaziguar os ânimos, o presidente
consolida a reunificação da Casa da
bem. Somente no Padetec, 14
Indústria”. E acrescenta: “Eu, que fui
empreendimentos já caminham com
um dos mais ativos na oposição, sinto-me gratificado em estar participanjulho de 2007
as próprias pernas.
do desse momento de concretização
das mudanças. Fico feliz em ver que a
Revista da FIEC completa dois anos
tégico no Sistema FIEC, bem como a presidente da FIEC. “Ela é o marco de de circulação, tendo inaugurado uma
abertura de espaço nas reuniões da um novo tempo na Casa da Indústria, nova fase em nosso Sistema”.
diretoria plena a fim de que os sin- que graças a Deus vem se firmando.
O industrial Fernando Cirino
dicatos expressem e divulguem suas Nesse momento em que está se con- Gurgel, presidente da Durametal e
conquistas, o veículo tem sido o me- cluindo o novo regulamento eleitoral ex-presidente da FIEC, reforça a imlhor meio para incentivar o processo da entidade, fecha-se com chave de portância da publicação no fortalede profissionalização dos sindicatos e ouro uma nova etapa da história da cimento dos sindicatos e do Sistema
para difundir a importância de serem Federação documentada desde o iní- Indústria, bem como a competência
representativos e não entidades de cio pela Revista da FIEC”, reconhe- com a qual ela é conduzida. “A reum só dono, que agem movidas por ce Carlos Prado, para quem a publica- vista é filha natural do jornal. Ela
interesses próprios.
ção traduz o espírito de participação representa o avanço de um
“Nesses dois anos, tivemos mo- e abertura da era Roberto Macêdo. trabalho bem
mentos de muita luta e todo o trabalho foi difundido na revista. Ela
A carga tributária
foi nosso campo de defesa na batalha contra a CPMF, contra a crise e
brasileira chegou a
outros fatores que atrapalham o deR$ 222,39 bilhões no primeiro
senvolvimento da indústria cearense.
Nela, ficam registradas a resistência,
trimestre deste ano, contra
a ação e as conquistas que obtivemos
até agora”, diz Roberto Macêdo, para
195,59 bilhões do mesmo
enfatizar: “Estamos felizes em ter
setembro de 2007
período de 2006.
um instrumento de qualidade, com o
qual conseguimos promover a comu-
22 | RevistadaFIEC | Agosto de 2009
Apesar das tentativas do governo federal em
tentar reverter uma situação que já se
pronunciava, a crise econômica internacional também
pegou no Brasil. Mas muitos consideram que nosso
país é a única grande economia que não terá uma
forte desaceleração de sua atividade econômica nos
dezembro de 2007
próximos seis meses.
conduzido que visa fortalecer o sistema sindical e as duas instituições
que são os pilares do Sistema CNI:
SESI e SENAI. A Revista da FIEC
tem sido o espaço de difusão dos
sindicatos e das empresas que fazem
algo merecedor de ser divulgado.
Por isso, fortalece o Sistema Indústria como um todo”, reforça.
O profissionalismo inerente à publicação também é reconhecido pela
classe jornalística cearense. O jornalista Ildefonso Rodrigues, diretoreditor do jornal Diário do Nordeste,
ressalta a importância do periódico
para a Federação e para o estado. “A
publicação é um produto de excelência a uma entidade com tamanha
representatividade no Ceará como
a FIEC. O seu conteúdo aprofunda
e apresenta um panorama de nossa economia, sempre balizado por
formadores de opinião. Por isso, é
imprescindível para a instituição no
sentido de a entidade se posicionar
ou mesmo apresentar o seu trabalho”, reconhece Rodrigues.
Para a jornalista e empresária
Wânia Dummar, também vice-presidente da FIEC, “a Revista da
FIEC tem ocupado um importante
papel no dia-a-dia da cultura empresarial cearense”. A qualidade da
publicação, segundo ela, é mérito
da equipe de profissionais que a
conduz. “Acredito muito na inteli-
gência coletiva. E esse grupo editor
da publicação nos coloca em rede
de conhecimento empresarial, nos
mantendo informados dos últimos
processos de inovação e transformação industrial”. E arremata: “Ela
(a revista) tem sido o radar da inteligência do empreendedorismo
corporativo cearense. E mais um
tento da gestão Roberto Macêdo”,
reforça Wânia Dummar.
O colunista econômico Egídio
Serpa vê a Revista da FIEC como
um canal de divulgação que une a
direção da entidade líder do empresariado cearense ao seu público externo, ao mesmo tempo em que propaga os atos e os fatos da indústria
para além das divisas estaduais. “É
uma iniciativa que marca a austera
e transparente gestão do empresário Roberto Macêdo na presidência
da FIEC”, enfatiza o jornalista. “No
momento em que a revista celebra
seus dois primeiros anos de vida intensa, saúdo seu editor-geral, jornalista Luiz Carlos Cabral de Morais,
e sua equipe de redatores, destacando a qualidade do produto e o
apuro da linha editorial, sempre
comprometida com o crescimento
da economia cearense e com a ampliação dos programas sociais, especialmente os voltados à educação
e à capacitação dos industriários”, resume.
Em março, a
Adece concluirá
estudo para identificar as
potencialidades da cadeia
produtiva do segmento.
O estado deverá se tornar
ainda este ano o principal
produtor do país, com
capacidade instalada
superior a 500
fevereiro de 2009
megawatts.
O Ceará saiu da quarta
colocação na exportação de mel
de abelha para o terceiro lugar no país,
com um total comercializado em 2008 de
março de 2009
US$ 6,74 milhões.
Agosto de 2009 | RevistadaFIEC
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23
Reciclagem
Trajetória vencedora
A
trajetória da Revista da FIEC
começou bem antes de seu primeiro
exemplar ser editado. Conforme
ressaltou Fernando Cirino Gurgel, o
periódico é filho natural do Jornal da FIEC.
O profissionalismo da publicação tem como
base o trabalho pioneiro empreendido
a partir de abril de 1988, quando foi
publicado o número um do jornal, até maio
de 2007, data de sua última veiculação.
Em comum, além da credibilidade, os
dois veículos de comunicação têm à frente
o mesmo profissional: o jornalista Luiz
Carlos Cabral de Morais. Editor do jornal
e da revista desde a primeira edição de
ambos e gestor da Assessoria de Imprensa
e Relações com a Mídia (AIRM), ele
acredita que a credibilidade da publicação
foi herdada do jornal, tendo por base o
profissionalismo e a seriedade com que o
trabalho é executado. A diferença, segundo
ele, é que o novo formato permite um
maior aprofundamento dos conteúdos
abordados. Para o jornalista, a Revista da
FIEC é uma publicação vencedora. “O que
mais nos gratifica é ver que ela venceu,
tornando-se uma publicação importante
para todo o estado porque não divulga
apenas o dia-a-dia do Sistema FIEC”, diz o
jornalista. “Em suas páginas, também são
tratadas as grandes questões que envolvem
o estado do Ceará, a Região Nordeste e o
país, sobretudo em matérias de natureza
econômica, que muitas vezes se antecipam
à realidade iminente”, destaca.
A matéria Doce Mel, publicada na
edição de março deste ano, retrata o
crescimento da participação do mel de
abelha na pauta de exportações cearenses,
à época, passando da quarta para a terceira
colocação do ranking. A revista alerta para o
potencial do produto e para a sua tendência
de ampliação nas vendas internacionais
brasileiras. Em 13 de agosto, pouco mais
Na contramão
da crise
financeira mundial que
ainda persiste, o estado
não vive o pior dos
mundos. Mas não é hora
de relaxar.
junho de 2009
de quatro meses depois, o jornal Diário do
Nordeste anuncia que mel de abelha foi
o maior destaque dos últimos sete meses
nas exportações cearenses, com alta de
153,8% nas exportações realizadas até
julho, de acordo com dados da Secretaria
de Comércio Exterior do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio
(MDIC). Em sete meses, a venda do produto
cearense no mercado externo obteve US$
8,1 milhões, frente ao resultado de US$ 3,2
milhões em 2008. “Apesar de ser mensal,
a Revista da FIEC publica muitas matérias
que trazem à tona a realidade cearense,
antecipando-se até mesmo aos informativos
diários”, afirma Luiz Carlos Morais.
Na edição de junho, por exemplo, o
veículo informativo teve a coragem de
afirmar que a indústria cearense reagiria
bem e se manteria este ano na contramão
da crise financeira internacional. Os jornais
de Fortaleza, na edição de 5 de agosto,
estamparam em suas páginas matérias
onde são feitas projeções de que nosso
estado terá em 2009 o maior crescimento
do país. Quando afirmou isso, cita Luiz
Carlos Morais, a publicação da Federação
das Indústrias enumerou nove razões
mostrando que o estado do Ceará seria o
menos afetado pela crise.
O editor chama a atenção para a
veracidade das matérias veiculadas.
Segundo ele, os textos mostram realidades
baseadas em constatações, em verdades
verdadeiras, porque o processo histórico
não pode ser construído em cima de
falácias. “Mesmo retratando a realidade,
a revista procura passar uma visão de
futuro e de otimismo”, observa o jornalista,
para quem o sucesso do veículo de
comunicação está baseado no trabalho
árduo, mas gratificante, desempenhado
pela equipe de profissionais que nele atua
e no apoio recebido da diretoria da FIEC,
especialmente da presidência da Casa.
“Desde seu nascedouro, quando o Jornal da
FIEC se transformou em revista, a publicação
tem contado com a parceria do presidente
Roberto Macêdo. Ouso até dizer que ele
nutre, tanto quanto eu, um carinho especial
pela Revista da FIEC”, arremata.
Apesar de ser
mensal, a
Revista da FIEC publica
muitas matérias que
trazem à tona a realidade
cearense, antecipando-se
até mesmo aos
informativos diários.
Luiz Carlos Morais, editor da revista e gestor da
Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia da FIEC
Cronologia da Revista da FIEC:
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Junho/2007 – Ceará potencial para crescer.
Julho/2007 – inovação, o Ceará que dá certo.
Agosto/2007 – Indústria pesqueira cearense.
Setembro/2007 – Brutalidade tributária.
Outubro/2007 – inovação, caminho para crescer.
Novembro/2007 – A força do caju.
Dezembro/2007 – O mercado de capitais.
Janeiro/2008 – Mercado livre de energia.
Fevereiro/2008 – Tributo a Luiz Esteves Neto.
Março/2008 – Plantio de algodão no Ceará.
Abril/2008 – Fruticultura em alta.
Maio/2008 – Mercado de tecnologia da informação.
Junho/2008 – Sistema tributário brasileiro.
24 | RevistadaFIEC | Agosto de 2009
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Julho/2008 – A refinaria, a siderúrgica e a ZPE no Ceará.
Agosto/2008 – Inovação, caminho para o desenvolvimento.
Setembro/2008 – Cultura exportadora.
Outubro/2008 – Energia para crescer.
Novembro/2008 – Novos caminhos para o turismo.
Dezembro/2008 – Enfrentando a crise com otimismo.
Janeiro/2009 – Alta carga tributária.
Fevereiro/2009 – Potencial da cadeia eólica.
Março/2009 – Exportação de mel de abelha cresce no Ceará
Abril/2009 – Revitalização da indústria naval brasileira.
Maio/2009 – Responsabilidade social.
Junho/2009 – Indústria reage e se mantém na contramão da crise.
Julho/2009 – investimentos para a Copa de 2014.
Sindverde e INDI vão
promover Recicla Nordeste
Foto: agência brasil
Evento deve trazer a Fortaleza as principais empresas da região
e mostrará a evolução de máquinas e equipamento, além de
soluções para a reciclagem industrial
O
Sindicato das Empresas
de Reciclagem de Resíduos Domésticos e Industriais do Estado do
Ceará (Sindverde) e o
Instituto de Desenvolvimento Industrial do Ceará (INDI), órgão da FIEC,
vão promover em Fortaleza, com data
prevista para novembro de 2010, no
Centro de Convenções, a Feira Recicla
Nordeste. O anúncio foi feito durante a 1ª Mostra de Reciclagem e Meio
Ambiente, realizada em junho no
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas (Sebrae). A feira
será uma oportunidade de as empre-
sas exporem o que o Ceará e o Nordeste fazem em termos de reciclagem
e preservação ambiental.
Segundo o presidente do sindicato, Marcos Augusto Nogueira de
Albuquerque, uma pessoa gera em
nossa capital por dia uma média de
0,8 quilo de lixo. Considerando a
Agosto de 2009 | RevistadaFIEC
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25
FORTALEZA PRODUZ
2,5 milhões
de quilos de resíduos sólidos diariamente
No Brasil, são
150.000 toneladas
DIÁRIAS, Mais de
60 milhões
POR ANO
população de Fortaleza, esse montante significa que a cidade produz
mais de 2,5 milhões de quilos de
resíduos sólidos diariamente. No
Brasil, são 150.000 toneladas diárias, mais de 60 milhões por ano.
Caso esse lixo fosse reciclado, seriam criados mais de dois milhões
de empregos e auferida uma renda
de R$ 40 bilhões para o país. “O lixo
é uma fonte de riqueza e de renda
muito grande, mas ainda não tem
sua importância reconhecida devidamente”, frisa Marcos Augusto.
Números do sindicato mostram
que no país são reciclados apenas
12% dos restos não-orgânicos. Nos
lixões, encontram-se pilhas de garrafas, sacos plásticos e latinhas, dentre
outros itens, que, acumulados, poluem o meio ambiente. No Ceará, de
acordo com o Sindverde, somente
84 indústrias trabalham com reciclagem em Fortaleza, dentro de um
universo de mais de 11.000 empresas industriais existentes. No total,
as recicladoras são responsáveis pela
compra mensal de cerca de 2.500 toneladas de sucatas plásticas, 1.500
toneladas de sucatas de papel e papelão e mais de 15.000 toneladas
de resíduos ferrosos.
Para Marcos Augusto, são grandes
as dificuldades por que passam as
empresas do estado. No meio delas
está a necessidade de equipamentos
modernos destinados à reciclagem
de embalagens que hoje vão para os
lixões, como as da Tetra Pak – por
ser composta de plástico, papel e
alumínio, necessita de uma máquina de tecnologia alemã, ainda muito
cara para a realidade local. “Estamos
com 100% de utilização da nossa
capacidade instalada e necessitamos
do apoio do governo para adquirir
novos equipamentos. Infelizmente,
as dificuldades de acesso ao crédito
impedem a entrada de novos investidores no setor e a ampliação dos
já existentes”, afirma.
Outro problema que afeta os empresários do ramo é a dupla tribu-
tação sobre os negócios. “Pagamos
impostos na compra das sucatas e
também quando vamos revender
para as indústrias beneficiadoras. É
um peso difícil de suportar, razão
pela qual pedimos a compreensão
das autoridades para rever essa situação”, reivindica Marcos Augusto.
Falta de mão de obra qualificada
e de incentivos fiscais também atrapalha o setor. Marcos Augusto argumenta que, por contribuírem com
a limpeza e a preservação do meio
ambiente, seria justo algum tipo de
compensação relativa a impostos.
“Por diversas vezes, procuramos os
órgãos competentes, mas não obtivemos retorno quanto ao nosso pleito
de ser instituído, por exemplo, um
ICMS ecológico, reduzindo a tarifa
de impostos para os recicladores”,
afirma o líder sindical.
Na opinião do presidente da FIEC,
Roberto Proença de Macêdo, a reciclagem dos resíduos industriais para
fins de preservação do planeta é estratégica. “O estado precisa ampliar
esse processo”, diz. E ressalta: “Tanto
em casa como nas indústrias ainda temos muito que crescer nesse sentido.
Portanto, todo o esforço visando criar
uma consciência ecológica é bem-vindo para que haja equilíbrio ambiental
e sustentabilidade dos negócios”.
Experiência de sucesso
Contradição
1ª Mostra de Reciclagem e Meio
Ambiente divulgou projetos de coleta
seletiva e algumas experiências
bem-sucedidas promovidas em Fortaleza e
em algumas cidades do interior do estado.
Já estão programadas mais duas outras
exposições: uma em novembro próximo
e outra em junho de 2010. O Programa
Ecoelce é uma das experiências com bom
resultado expostas na primeira mostra.
Trata-se de uma iniciativa desenvolvida
pela Companhia Energética do Ceará
(Coelce) que dá desconto na conta de
energia elétrica para clientes que levem
material reciclável a postos autorizados. A
ideia é simples, mas muito eficaz. Em vez
de jogar no lixo os resíduos sólidos que
aparentemente não têm mais utilidade, os
resíduos são levados aos postos de coleta
espalhados pelo estado. O material coletado
– vidro, papel, metal e outros produtos – não
é trocado por dinheiro. O consumidor ganha
da Coelce descontos na conta de energia.
O projeto registra atualmente acima de
quatro milhões de resíduos arrecadados
para reciclagem, tendo ultrapassado a
marca dos 80.000 clientes beneficiados.
São mais de R$ 503.000 em descontos, e
há casos de clientes que conseguiram, com
as constantes trocas, zerar suas faturas de
energia. O programa começou em Fortaleza,
mas agora se estende por vários municípios:
31 pontos na capital, 11 na região
metropolitana e 20 no interior, totalizando
62 locais de coleta. E está disponível para
clientes de todas as faixas de renda.
A iniciativa foi a única de nosso
país entre as dez vencedoras do World
Business and Development Awards (Prêmio
Empresas Globais e Desenvolvimento),
em 2008, concedido em Nova York pela
Câmara do Comércio Internacional, Fórum
Internacional de Líderes de Negócios
e Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (Pnud). A premiação
destaca ações do setor privado que
contribuam para o cumprimento dos
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio
(ODM) das Nações Unidas. Nessa edição,
foram inscritos 104 projetos de 44 países.
o Brasil, são mais de 150.000
toneladas de lixo urbano geradas
diariamente. 55% a 60% vão
para os lixões. Apenas cerca de 12%
desse total, de acordo com o último
levantamento do Compromisso
Empresarial para a Reciclagem (Cempre), é
enviado à reciclagem. Segundo a entidade,
ainda não existem no país sistemas de
incineração de lixo urbano com controle
ambiental e recuperação de energia. Só
1% do lixo é incinerado, incluindo aí os
resíduos de serviços de saúde. Quanto
ao lixo orgânico, a compostagem também
é muito incipiente, não ultrapassando os
3% de reaproveitamento para a
produção de fertilizantes.
Ao ano, a indústria de reciclagem
movimenta aproximadamente R$
10 bilhões, mantendo cerca de 550
cooperativas e emprego formal para mais
de 50.000 pessoas em indústrias que
reaproveitam o lixo seco. A Organização
Internacional do Trabalho (OIT) diz que pelo
menos outros 500.000 brasileiros tiram
seu sustento do lixo produzido nas grandes
cidades. Em 2008, o número de municípios
brasileiros com programas de coleta seletiva
foi de 405 – em torno de 7% do total.
Apesar do baixo número de municípios
engajados, o Brasil é campeão mundial
em reciclagem de latas de alumínio.
O último levantamento divulgado pela
Associação Brasileira do Alumínio
(Abal), em agosto de 2008, constatou
que em 2007 o país reciclou 96,5% do
total de latas de alumínio para bebidas
comercializadas no mercado interno.
Segundo a entidade, foram recicladas
naquele ano mais de 160.000 toneladas
A
N
reciclagem de latas de alumínio
em 2007 o BRASIL reciclou
96,5%
do total de latas de alumínio.
A atividade movimentou em 2007 cerca de
R$ 1,8 bilhão
Somente a etapa de coleta injetou cerca de
R$ 523 milhões
na economia nacional, o equivalente à
geração de emprego e renda para
180.000
Segundo o presidente do Sindverde, Marcos Augusto Nogueira de Albuquerque, as empresas recicladoras passam por dificuldades no estado
26 | RevistadaFIEC | Agosto de 2009
pessoas.
Foto: agência brasil
PRODUÇÃO DE LIXO
de sucata de latas, o que corresponde a
11,9 bilhões de unidades – 32,6 milhões
por dia ou 1,4 milhão por hora. Trata-se
do maior resultado registrado pelo índice,
desde que ele passou a ser calculado em
1990, mantendo o Brasil na liderança
mundial, pelo sétimo ano consecutivo,
em reciclagem de latas de alumínio. A
atividade movimentou em 2007 cerca de
R$ 1,8 bilhão. Somente a etapa de coleta
(compra de latas usadas) injetou cerca de
R$ 523 milhões na economia nacional, o
equivalente à geração de emprego e renda
para 180.000 pessoas.
Muito mais do que benefícios
socioeconômicos, a reciclagem de latas
de alumínio favorece o meio ambiente.
O processo de reciclagem de latinhas
libera somente 5% das emissões de gás
de efeito estufa, quando comparado
com a produção de alumínio primário.
Ao substituir um volume equivalente
de alumínio primário, a reciclagem
das 160.000 toneladas de latinhas
proporciona uma economia de 2.329
GWh/ano (gigawatt hora/ano) de
energia elétrica ao país, o suficiente para
abastecer por um ano uma cidade com
mais de um milhão de habitantes, como
Campinas, em São Paulo.
Agosto de 2009 | RevistadaFIEC
|
27
Fórum
Com o Ciclo de Debates,
as discussões que
realizamos na FIEC deixam o
espaço limitado do auditório,
contribuindo, assim,
para o surgimento
de novos
formadores de
opinião.
Robinson de Castro e
Silva, presidente do CIC
Senador Tasso Jereissati entre o apresentador Moacir Maia e representantes do CIC, Roseane Medeiros (vice-presidente) e Isabela Martin (diretora)
CIC amplia troca de
ideias com a sociedade
Programa televisivo da entidade, este ano completando 90
anos de fundação, promove discussões que contribuem para o
desenvolvimento social do estado
C
onsolidado como um fórum democrático de debates sobre os grandes temas
de interesse da sociedade, o Centro Industrial do
Ceará (CIC), que este ano completa
90 anos de fundação, celebra o sucesso de mais uma empreitada na sua
missão de promover as discussões que
possam contribuir para o desenvolvimento social do estado: o programa
televisivo Ciclo de Debates.
Criado em 2007, na gestão do presidente Francisco Baltazar Neto, o programa foi idealizado em formato de
28 | RevistadaFIEC | Agosto de 2009
fórum de debates, numa estrutura que
privilegia a participação de convidados
em uma bancada composta por especialistas, líderes classistas, acadêmicos,
empresários e dirigentes do CIC. Produzido e transmitido pela TV Ceará (TVC),
emissora pública (governo do estado
do Ceará), com veiculação semanal
(aos domingos, às 19 horas, e reprise
às quartas-feiras, às 22 horas), com duração de uma hora, o Ciclo de Debates
tem ainda a missão de preencher uma
lacuna na programação das emissoras
de televisão do estado em relação às
discussões de temas da atualidade.
“Hoje, o Ceará se ressente de um
fórum de debates que coloque em
pauta os grandes temas que nos remetam ao enorme desafio de remodelar e pensar esse novo perfil de estrutura social e seus aspectos políticos e
econômicos para o estado”, explica o
idealizador do programa, o então diretor e atual vice-presidente do CIC,
Ivo Machado. O formato do programa
envolve três debatedores, sendo dois
convidados de acordo com o tema
em pauta e um representante do CIC,
tendo como apresentador-âncora o
jornalista Moacir Maia.
Hoje, sob o comando da vice-presidente da
entidade, Roseane Medeiros, o programa vem
mantendo o seu objetivo de ser um espaço público de debate, reflexão e produção de conhecimento sobre os diversos temas da atualidade.
“A proposta do Ciclo de Debates é, por meio de
uma discussão plural, contribuir não apenas
para ampliar o conhecimento dos telespectadores sobre assuntos políticos, econômicos, sociais
e culturais, mas fazer com que o próprio debate
seja uma ferramenta de mudança na formação
de uma sociedade mais justa e mais democrática. Que das discussões possam surgir ideias que
ajudem na resolução de nossos principais problemas, com propostas sustentáveis de desenvolvimento e, sobretudo, no combate às desigualdades sociais”, ressalta Roseane.
Ela lembra que já passaram pelo programa autoridades políticas, especialistas em economia,
finanças e educação, dentre as mais de cem entrevistas realizadas. O destaque é a recente entrevista feita com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que veio ao Ceará a convite do CIC,
pelas comemorações dos 90 anos da entidade,
onde proferiu palestra sobre política e economia
nos cenários nacional e internacional.
Para o presidente do CIC, Robinson de Castro
e Silva, por ser a televisão uma mídia de grande
alcance, que promove a interação entre milhares de pessoas, o papel do CIC, como aglutinador de ideias e de debates, ganha uma dimensão maior mediante esse programa. “Com o
Ciclo de Debates, as discussões que realizamos
na FIEC deixam o espaço limitado do auditório
e chega às casas dos cearenses, contribuindo,
assim, para o surgimento de novos formadores
de opinião”, afirma.
E
Debate plural
ste ano, o programa
Ciclo de Debates
promoveu as discussões
sobre temas que envolvem
gestão de contas públicas e
políticas, desenvolvimento
sustentável, fenômenos da
indigência, inclusão digital,
perspectivas para a industrial
em 2009, crise econômica e
mercado securitário. Dentre
os entrevistados destacamse o senador Tasso Jereissati,
os deputados federais Ciro
Gomes e Ariosto Holanda, o
presidente nacional do PPS,
Roberto Freire, os secretários
de estado Mauro Filho
(Fazenda), Roberto Monteiro
(Segurança Pública e Defesa
Social) e Ferrucio Feitosa
(Esportes), representantes da
FIEC, como Roberto Proença
de Macêdo (presidente) e
Fernando Cirino Gurgel (expresidente), o educador Cláudio
de Moura Castro, o economista
Raul Velloso, o presidente do
Tribunal de Justiça do Ceará,
desembargador Ernani Barreira,
e o presidente da Allianz Seguros
no Brasil, Max Thiermann,
além dos empresários Ednilton
Soarez e Pio Rodrigues.
No ano passado, por
ocasião das eleições para
prefeito, o programa Ciclo de
Debates apresentou e discutiu
as propostas para Fortaleza,
por meio do debate com
candidatos a vice-prefeito.
Os concorrentes a prefeito
participaram de debates na
Casa da Indústria (sede do
Sistema FIEC), durante o mês de
setembro, promovidos pelo CIC.
anu_qua_assistencia_tecnica_01_02.ai
02.07.09
09:35:40
Débitos fiscais
O parcelamento é um
mecanismo paliativo.
Não é solução para a causa
crucial do problema que afeta
o empresariado: a elevada
carga tributária.
Fernando Castelo Branco, presidente do Conselho
Temático de Economia, Finanças e Tributação da FIEC
30 | RevistadaFIEC | Agosto de 2009
o brasIl estÁ eM
Japão
18,4%
Federal e Procuradoria em até 180
meses, com exceção das dívidas fiscais do Simples Nacional, excluídas
da lei. O contribuinte que efetuar o
pagamento à vista terá redução de
100% de multa de mora e de ofício,
de 40% de multas isoladas, de 45%
dos juros e de 100% sobre o valor
do encargo legal. As empresas com
prejuízos acumulados poderão ain-
Carga tributária imposta à economia nacional em 2008
estados unidos
28,3%
2009, publicada no Diário Oficial da
União de 24 de julho, regulamenta
a aplicação da Lei 11.941/2009 que
criou a quarta versão do Programa
de Recuperação Fiscal (Refis 4). O
prazo para adesão termina às 20
horas de 30 de novembro e quem
aderir, pessoas físicas e jurídicas,
poderá parcelar todas as dívidas
fiscais administradas pela Receita
A
s reflexões de Castelo Branco sobre
a questão tributária no Brasil são
um fato facilmente constatado.
“Em 2008, por exemplo, a carga tributária
imposta à economia nacional atingiu
36% do PIB, o que deixou o país em 7º
lugar no ranking mundial, superando a
de países desenvolvidos como Canadá
(33,3%), Suíça (29,7%), Estados Unidos
(28,3%) e Japão (18,4%). No mesmo ano,
ainda sob os efeitos da crise econômica
mundial deflagrada no último trimestre,
com reflexos na economia brasileira, o PIB
registrou crescimento de 5,1%, enquanto a
suiça
29,7%
A
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN)
e a Secretaria da Receita
Federal do Brasil (RFB)
iniciam em 28 de agosto o
processo de adesão ao pagamento ou
parcelamento dos débitos de qualquer natureza vencidos até 30 de novembro de 2008. A portaria conjunta
dos dois órgãos, de 23 de julho de
Reforma tributária: complexa e distante
canadá
33,3%
Com a publicação no Diário Oficial da União da Lei 11.941/2009, abriuse a perspectiva de recuperação ou de sobrevida para milhares de
empresas brasileiras de todos os tamanhos
Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002,
as reduções serão de acordo com a opção anterior do contribuinte.
O requerimento de adesão ao
parcelamento implicará confissão irrevogável e irretratável dos débitos
abrangidos pelo parcelamento em
nome do sujeito passivo, na condição de contribuinte ou responsável,
e sujeitará o requerente à aceitação
plena e irretratável de todas as condições estabelecidas na portaria nº
6. Segundo o diretor da FIEC e presidente do Conselho Temático de Economia, Finanças e Tributação (Cofin)
da instituição, economista Fernando
Castelo Branco, o novo modelo de
parcelamento proposto tornou-se realidade, mesmo com alguns vetos do
presidente Lula, graças à articulação
iniciada na FIEC, com a elaboração
de uma minuta de emenda à MP
449/08, estabelecendo a possibilidade de um amplo programa de renegociação de passivos tributários das
empresas com o governo federal.
Brasil
36%
Adesão ao Refis 4
começa em agosto
da compensar a base negativa do
IRPJ (25%) e da CSLL (9%), com as
multas e juros remanescentes após as
reduções gerais aplicáveis à forma de
pagamento escolhida.
A Lei 11.941/2009 também estabelece o perdão dos débitos com a
Receita Federal, Instituto Nacional do
Seguro Social (INSS) e Dívida Ativa
da União, cujo valor total consolidado, até 31 de dezembro de 2007,
seja igual ou inferior a R$ 10.000.
O contribuinte também terá que requerer o benefício protocolando requerimento diretamente nos sites da
PGNF (www.pgfn.fazenda.gov.br) ou
da RFB (www.receita.fazenda.gov.br).
Nos casos de dívidas já parceladas,
já que o Refis 4 permite incluir saldos
remanescentes dos débitos consolidados no Refis inicial (Lei 9.964, de 10
de abril de 2000), no Parcelamento
Especial (Paes), no Parcelamento Excepcional (Paex, da Medida Provisória
nº 303, de 29 de junho de 2006) e no
parcelamento previsto no art. 10 da
De acordo com Castelo Branco, “as
articulações promovidas pela FIEC,
por meio do Cofin e do Conselho
Temático de Assuntos Legislativos
(Coal), com o suporte da área jurídica da entidade, da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da Federação das Indústrias de Brasília (Fibra),
junto a parlamentares em Brasília, de
modo especial ao relator da matéria,
deputado Tadeu Filippelli, possibilitaram transformar o tímido e restrito
parcelamento inicialmente previsto
num amplo e abrangente programa
de renegociação, ensejando sua regularidade fiscal e operacional mediante
pagamento à vista, ou a prazos alongados, com reduções de multas, juros e outros encargos legais”. Isso se
fazia necessário, explica, porque em
muitos casos esses encargos acabam
por assumir valores bem maiores que
o do principal. Para Castelo Branco,
que também é membro do Conselho
Temático de Economia da CNI, mesmo com os vetos abriu-se a perspectiva de recuperação ou de sobrevida
para milhares de empresas brasileiras
de todos os portes.
Empresas que, por estarem inadimplentes com o fisco, figuram no Cadastro Informativo de Créditos não
Quitados do Setor Público Federal
(Cadin), um instrumento restritivo
que as mantém discriminadas e alijadas de operar normalmente. Mas
o dirigente da FIEC considera que “o
parcelamento é um mecanismo paliativo, não se constituindo solução para
a causa crucial do problema que afeta
todo o empresariado brasileiro: a elevada carga tributária”.
7º lugar No raNKINg MuNdIal
Agosto de 2009 | RevistadaFIEC
|
31
Ceará
arrecadação de tributos federais atingiu
R$ 660 bilhões, apresentando incremento
de 8,3 % em relação a 2007”, analisa.
Castelo Branco reforça sua análise
afirmando que, “para ficar a par da
gravidade dos problemas acarretados
pela complexa estrutura e perversa
concentração do sistema tributário
brasileiro, basta que se avaliem os dados
referentes ao atual status dos créditos
tributários da União. Somente na Dívida
Ativa, o montante inscrito supera a
cifra de R$ 651 bilhões, distribuída por
mais de dois milhões de contribuintes e
desdobrada em um número bem maior
de processos judiciais”. Ele acrescenta:
“Denote-se que desses números já
foram expurgados os créditos da União
considerados ‘podres’, bem como mais
de 1,1 milhão de contribuintes devedores
de até R$ 10.000, recentemente
beneficiados com o perdão contido na MP
449/08 e incorporado à Lei 11.941/09”.
Segundo Castelo Branco, “existe
também a ser considerado um estoque de
créditos tributários federais, em fase final
de cobrança administrativa pela Receita
Federal, em montante superior a R$ 100
bilhões, afora outros R$ 400 bilhões
aguardando o julgamento de recursos
administrativos”. O economista diz que o
somatório resultante disso é superior a R$
1,150 bilhão, correspondendo a quase
dois anos de arrecadação federal e a
40% do PIB brasileiro.
créditos tributários da União
na Dívida Ativa, o montante inscrito
supera a cifra de
R$ 651
bilhões
distribuída por mais de dois milhões de
contribuintes
Castelo Branco vai além:
“Lamentavelmente, a reforma tributária
em tramitação no Congresso Nacional,
embora apresente vários avanços, como
a unificação da legislação do ICMS, a
fusão de alguns tributos federais e a
introdução de um gatilho que acionaria a
calibragem de alíquotas para neutralizar
a elevação da carga de tributos,
sempre que ela viesse a ocorrer, não
proporcionaria a redução da carga vigente
ou o alargamento da base contributiva,
nem tampouco equacionaria sua má
distribuição”. E alerta: “O conflito político
e econômico existente entre governo
central, governos estaduais e municipais
tem impedido a viabilização da reforma
tributária necessária”.
Na visão de Castelo Branco, “a reforma
desejável teria que ser mais profunda
e somente teria eficácia se conjugada
com medidas complementares, austeras
e moralizadoras, capazes de conter a
gastança desenfreada dos recursos
públicos e de fechar os ralos de seus
vazamentos nos diferentes níveis e esferas
do poder público”. Ele ressalta que
somente o exercício da cidadania, pelo
voto responsável e consciente, poderia
varrer do cenário público brasileiro os
políticos viciados e desonestos que
nele proliferam, abrindo caminho para
governantes e parlamentares sérios e
comprometidos com o desenvolvimento
econômico e o bem-estar coletivo.
Fortes chuvas
prejudicam economia
POR LUIZ HENRIQUE CAMPOS
As atípicas chuvas deste ano trouxeram diversos transtornos
à economia cearense e as consequências perdurarão por
mais alguns meses
A
maioria dos setores produtivos cearenses não
conseguiu contabilizar
os possíveis prejuízos.
Um fato, porém, é quase
unânime. As fortes chuvas ocorridas
este ano no Ceará foram responsáveis por diversos transtornos para a
economia cearense. O pior é que as
complicações devem perdurar por
mais alguns meses. Da falta de trabalhadores a atrasos no cronograma
de entregas, passando pela queda de
safra e a dificuldade de acesso nas es-
tradas, o setor produtivo cearense foi
bastante castigado nos últimos meses
pelo período atípico de chuvas.
O segmento de transporte de cargas foi um mais prejudicados, atingido em cheio pela dificuldade de
acesso nas estradas. Segundo Clóvis
Nogueira Bezerra, presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de
Cargas e Logística do Estado do Ceará
(Setcarce), a consequência imediata
dos problemas nas estradas é o tempo de viagem alongado, atrasando o
cumprimento de prazos de entrega.
Para a região norte do estado, uma
viagem que era feita em 12 horas,
ida e volta, levava até julho um dia.
Clóvis ressalta, no entanto, que antes mesmo das enchentes de 2009 já
havia graves problemas nas estradas,
principalmente nas BRs. Com as chuvas, o quadro só agravou.
Ele critica ainda o Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes (Dnit), que anuncia
recuperação das estradas, mas as
obras não se concretizam. “O que
vemos é sempre o anúncio da libeAgosto de 2009 | RevistadaFIEC
|
33
ração de verbas, mas quase sempre
a benfeitoria não é concluída.” Para
Clóvis Nogueira, por causa dessa
situação, os transportadores lidam
com todo tipo de problema. Um deles é a carga perecível, sujeita à perda do produto. Outra situação difícil
diz respeito às muitas avarias que
os veículos sofrem. Os gastos com
pneus exemplificam bem: a vida útil
em estrada ruim é de apenas um terço em relação a trafegar em estrada
em boas condições. Um pneu custa
em torno de R$ 1.000.
Segundo Clóvis, as estradas federais que cortam o Ceará estão em pior
estado de conservação do que as de
outros estados do Nordeste, principalmente em comparação ao Piauí e
Maranhão, também fortemente atingidos pelas enchentes. “Apesar dessa
situação enfrentada pelos transportadores, o repasse dos custos dos fretes encontra resistência porque os
clientes alegam que não têm nada a
ver com a questão”, diz. O resultado,
destaca, é que os prejuízos são totalmente assumidos pelas transportadoras, já que as seguradoras não cobrem
perdas internas, como o estrago de
uma carga perecível, que não é segurada. “O contrato só cobre acidente
e roubo”, completa Clóvis Nogueira.
Ele afirma que aumentou o roubo de
cargas. “Existem trechos nas estradas
em que os veículos são obrigados a
reduzir sensivelmente a velocidade,
facilitando a ação dos meliantes.
“Mas esse fenômeno ocorre em todo
Seis pneus
cortados
P
aulo César Barbosa da Silva
transporta três vezes por
semana cargas de cestas
básicas para um supermercado
de Fortaleza. O produto sai de
Maracanaú e tem como principal
via de acesso a BR-116. Por conta
das estradas ruins, já cortou seis
pneus este ano. No começo de
julho, foi obrigado a enfrentar outro
problema: uma roda traseira do
caminhão soltou após cair em um
buraco. Por sorte, o carro vinha em
baixa velocidade, e não houve risco
de acidentes mais graves.
34 | RevistadaFIEC | Agosto de 2009
Existem
trechos nas
estradas em que os
carros são obrigados a
reduzir sensivelmente
a velocidade,
facilitando a ação dos
meliantes.
Clóvis Nogueira Bezerra,
presidente do Setcarce
o país”, destaca. A informação é confirmada por Francisco Rogério Galvão, diretor da Galvão Transportes e
Serviços, para quem a malha rodoviária federal e estadual, sobretudo
no Ceará, está literalmente destruída.
“O tempo de entrega de mercadorias
aumentou muito, bem como o custo
com combustível e mecânica em geral”, frisa Rogério Galvão.
Francisco Pontes, da Terminais Marítimos e Contêineres e Serviços Acessórios Ltda. (Termaco), diz que os
maiores prejuízos estão relacionados
ao aumento do custo de pneus, facilmente cortados nas estradas. Além
disso, com o tempo de viagem maior,
a produtividade dos veículos diminui.
O representante da Termaco aponta
ainda que muitas vias foram interditadas. Roberto Paulo, diretor administrativo da Transita Transportes Ltda.,
exemplifica: “Temos uma frente de
trabalho que transporta produtos
químicos e gás para as regiões Norte/
Nordeste e tivemos uma forte queda
de faturamento, principalmente pelo
bloqueio da BR-316 que liga o Ceará
ao Pará e a São Luís (MA)”.
No trecho interditado da BR-316,
vários veículos da frota da Transita
tiveram de parar por cerca de 15
dias, gerando desabastecimento de
cloro para tratamento de água no
Maranhão e paralisação no cronograma de requalificação de botijões
de GLP na base da Liquigás no Pará.
No Ceará, várias cidades foram prejudicadas no abastecimento de água
potável devido à falta de cloro nas
estações de tratamento da Cagece.
“Nossa perca de receita bruta devido às chuvas de abril a maio foi de
cerca de 40% do faturamento”, finaliza Roberto Paulo.
Além das estradas
A
dificuldade de acesso nas estradas
federais e estaduais não é o único
problema enfrentado pela economia
cearense por causa das fortes chuvas.
Para o presidente da Associação das
Empresas dos Distritos Industriais do
Ceará (Aedi), Edilson Teixeira, um dos
efeitos imediatos ocorreu com a mão
de obra das áreas mais atingidas. “São
pessoas em sua maioria de baixa renda
que, de alguma forma, foram atingidas
pelas enchentes. É natural que a situação
gere estresse e insegurança, o que
termina por refletir na produtividade desse
trabalhador”, ressalta Teixeira. Quanto às
estradas, o dirigente classista afirma que
como os compradores estão, em virtude
da crise, com estoque baixo, trabalham
com uma margem de risco, haja vista que
nem sempre se saberá se será possível
repor estoques no prazo determinado.
Com relação à queixa das
transportadoras sobre a dificuldade em
repassar custos dos fretes, o presidente
da Aedi diz que isso está ocorrendo
mais com os grandes clientes, com
poder de barganha. Mas houve repasse
para as pequenas e médias empresas.
Como a situação, segundo ele, deverá
melhorar nos próximos meses, acha que
não será necessário repassar custos
ao consumidor. Mesmo porque, e aí ele
concorda com as transportadoras, as
margens de lucro estão muito pequenas,
impossibilitando que haja qualquer
alteração significativa. Apesar da
dificuldade enfrentada pelas empresas,
Teixeira afirma que até agora não
houve – e nem deverá haver – redução
do quadro de pessoal. “Nós sabemos
que esse fenômeno é transitório e o
empresariado de hoje não tem mais essa
visão de curto prazo. Até porque, quando
voltar a contratar, terá gastos para formar
o profissional”, finaliza.
NO INTERIOR. Jaguaruana é um dos
principais fabricantes de redes de dormir
do estado. O município localizado no baixo
Jaguaribe, um dos mais atingidos pelas
enchentes deste ano, paralisou a produção
por quase dois meses. Resultado: atraso na
entrega de encomendas. Explica o presidente
do Sindicato das Indústrias de Redes do
Estado do Ceará (Sindredes), Antônio José
Carvalho de Vasconcelos, que muitas pessoas
ficaram impossibilitadas de trabalhar e
várias residências onde o acabamento
artesanal é feito foram alagadas.
Os empresários ceramistas das
regiões Norte tiveram de lidar, inclusive,
com dificuldades de acesso às próprias
empresas. Esse foi o caso da Cerâmica
Torres, do empresário e presidente do
Sindicato da Indústria de Cerâmica do
Estado do Ceará (Sindcerâmica), Fernando
Antônio Ibiapina. “Paramos alguns dias
em abril e maio. Era impossível ter acesso
à empresa porque a área em seu entorno
ficou completamente alagada”, diz. Ele
afirma, no entanto, que os prejuízos
ocorreram de forma mais localizada nas
empresas. “Cada um tem uma história
para contar”, resume Ibiapina. O problema
maior, considera, refere-se às estradas,
em virtude de os custos de entrega dos
produtos terem aumentado.
No município de Marco, grande polo
moveleiro do Nordeste, o presidente do
Sindicato da Indústria do Mobiliário do
Estado do Ceará (Sindmóveis), Geraldo
Bastos Osterno Júnior, conta que as
estradas causaram atraso na entrega
de insumos e produtos finalizados. Até
cancelamento de pedidos o segmento
teve de enfrentar. “A gente tem também
de negociar em desvantagem porque
adiamos as entregas por circunstâncias
que não nos dizem respeito.” Osterno
também confirma a falta de trabalhadores
por conta das enchentes.
No setor de embalagens, segundo
o presidente do Sindicato das
Indústrias de Papel, Papelão, Celulose
e Embalagens em Geral do Estado do
Ceará (Sindiembalagens), Hélio Perdigão
Vasconcelos, os reflexos das enchentes
implicam atraso da produção por uma
questão específica do segmento – o
aumento da umidade do papel, que afeta
Apesar da dificuldade
enfrentada pelas
empresas, até agora não
houve e nem deverá haver
redução do quadro de
pessoal.
Edilson Teixeira, presidente da Aedi
Agosto de 2009 | RevistadaFIEC
|
35
diretamente a qualidade do produto
final. “Atrasa a produção e aumenta o
desperdício, exigindo um maior rigor
nesse controle de qualidade”, destaca.
Apesar de dizer que não enfrentou
cancelamentos de pedidos, Perdigão
também se queixa do atraso das entregas
de insumos em função das dificuldades
de acesso das estradas.
Em Sobral, região do norte do estado,
de acordo com o diretor regional da
FIEC, Jocely Dantas, o grande impacto
das chuvas foi a destruição causada.
Como o interior depende muito da
circulação de pessoas dos distritos e
fazendas em direção às cidades, no
município sobralense o comércio varejista,
sobretudo, sentiu redução de demanda.
A indústria, por consequência, também
foi atingida porque não repôs o estoque.
“As que têm distribuição própria foram
mais prejudicadas ainda”, ressalta.
Segundo Jocely, a indústria de alimentos
sofreu muito, pois em muitas locais o
abastecimento tinha que ser feito de
barco. Mesmo não havendo números que
quantifiquem tais prejuízos, é possível
admitir que houve um determinado
período, de abril a maio, em que foi
notada uma redução significativa da
atividade econômica nas áreas mais
atingidas. Em Sobral, uma cidade-polo, a
falta de trabalhadores ocorreu com maior
intensidade. Ali, a mão de obra é oriunda
de várias localidades, acarretando
paralisação em alguns setores.
Perda da safra estimada em 29,60%
A
estimativa inicial da safra de
grãos do Ceará para este ano
era de 1.367.089 toneladas. As
chuvas, porém, reduziram essa previsão
em 29,60%, devendo agora atingir
962.367, afastando a possibilidade
de superar a maior safra da história
cearense, obtida em 2006 (1.145.558
toneladas). Os dados são do
Levantamento Sistemático da Produção
Agrícola (LSPA), realizado no período de
16 de junho a 15 de julho de 2009 pelo
Grupo de Coordenação de Estatísticas
Agropecuárias do Ceará (GCEA/CE).
Segundo o relatório, a continuidade das
chuvas em junho, embora em menor
frequência e intensidade, afetou ainda
na variação de vários produtos.
De acordo com a secretária do
GCEA, Regina Dias, as culturas de
sequeiro (que dependem das chuvas)
foram muito penalizadas. O milho,
considerado carro-chefe porque
representa 67% da colheita, teve
safra de grãos do Ceará
estimativa inicial para este ano era de
1.367.089
toneladas
As chuvas, porém, reduziram essa previsão em
29,60%
devendo agora atingir
962.367
toneladas
36 | RevistadaFIEC | Agosto de 2009
perda de cerca de 27% em relação à
estimativa de janeiro deste ano. Além
das inundações, que arrasaram muitos
plantios, houve perda de rendimento. A
queda de produção do feijão foi maior,
um pouco mais da metade, mas a
participação do produto é só de 22%.
Em relação à primeira expectativa do
ano, cresceram apenas o arroz irrigado, o
feijão de corda de segunda safra, que será
colhido agora no segundo semestre, e o
amendoim. A mandioca também terá safra
24,5% menor que a esperada. Em relação
à mamona, a estimativa é de crescimento
de mais de 100% na comparação com
a colheita passada. Entretanto, esse
resultado não é definitivo.
No caso da mandioca, como sofreu
muito com as excessivas chuvas, a
produção esperada para 2009 de
1.009.870 toneladas cairá 24,5%. O
levantamento do GCEA, por outro lado,
traz boas notícias para a cajucultura. A
safra deverá ser de mais de 149.000
toneladas, cerca de 23% maior que a
colhida em 2008. Com a continuidade
das chuvas até julho, embora com
menor intensidade e maiores intervalos
de dias, o cenário aponta para
variações em 23 produtos.
Os produtos que alteraram
positivamente foram algodão herbáceo
de sequeiro, arroz de sequeiro, feijão de
corda de segunda safra (Vigna), milho
(semente), sorgo granífero, castanha de
caju (anão), coco-da-baía (seco), cocoda-baía (água), limão, manga, mamão
e uva. Apresentaram queda: amendoim,
feijão de corda de primeira safra (Vigna),
girassol, milho (grão), cana-de-açúcar,
mamona, mandioca, acerola, banana,
castanha de caju e laranja.
Governo lança Proestradas
A
s más condições das estradas
cearenses após a quadra
invernosa fizeram o governo
estadual lançar em julho, de
forma emergencial, o Programa de
Recuperação das Estradas Estaduais
(Proestradas). A intenção é atuar
em mais de 11.000 quilômetros
de rodovias, sendo 6.563,88
pavimentados e 4.917,57 de
estradas de terra. A execução dos
trabalhos dividiu o Ceará em dez
distritos operacionais, com sede em
Fortaleza, totalizando 284 trechos
de obras pela frente. Em todo o
estado, estão previstas operações
tapa-buracos, restauração de
pavimentos e aterros, dentre outras.
As primeiras serão concluídas em
até cem dias, garante o governo do
estado, que priorizou as de maior
fluxo de veículo, de escoamento de
produção e as turísticas.
De acordo com o governador Cid
Gomes, mais de R$ 72,5 milhões
irão para o plano emergencial. Dos
recursos, cerca de R$ 27 milhões
são dos cofres do Ministério da
Integração e R$ 45,5 milhões
do Tesouro estadual. Segundo o
superintendente do Departamento
de Edificações e Rodovias
(DER), Quintino Vieira, as obras
começaram pelas áreas turística e
serrana em virtude do período de
férias. Além dos R$ 72,5 milhões
destinados, exclusivamente, para
a recuperação emergencial das
rodovias, o estado conta com mais
R$ 61 milhões (R$ 53 milhões da
União e R$ 8 milhões do estado)
para ações gerais de reparos após
as chuvas deste ano: R$ 50 milhões
serão repassados aos municípios
e R$ 11 milhões devem recuperar
barragens e adutoras.
Dnit elabora plano para
segundo semestre
N
o plano federal, começaram as
obras de restauração da BR-116
do quilômetro zero ao 12. A rodovia,
que há 29 anos só recebia intervenções de
manutenção, terá a pavimentação substituída
e receberá nova sinalização, construção
de cinco passarelas e ainda obras em três
viadutos. O orçamento do Departamento
Nacional de Infraestrutura de Transporte
(Dnit) para o pacote é de cerca de R$ 60,3
milhões. A pavimentação será concluída em
dez meses e os viadutos e passarelas em
dois anos. Outra medida será a reconstrução
das pistas laterais do quilômetro seis ao 12,
para facilitar a saída e a entrada nos trechos
mais urbanizados da rodovia.
Obras nas estradas do Ceará
Com relação aos viadutos, ficarão
localizados nos trechos de acesso ao
Cambeba, à Messejana e às avenidas
Presidente Costa e Silva e Jornalista Thomas
Coelho. Nesse último, serão erguidas alças
(vias de acesso à pista principal) para
facilitar o retorno. No viaduto de acesso ao
Cambeba, será construída uma rotatória.
Ainda na BR-116, entre os quilômetros 12 e
26, serão edificadas cinco passarelas, entre
Fortaleza e Itaitinga. A ordem de serviço
da primeira passarela a ser construída, em
Jabuti (Itaitinga), no quilômetro 20, já foi
assinada. Era uma reivindicação antiga da
comunidade, que chegou a fechar o trecho
em protesto no dia 25 de junho. Conforme
previsão do Dnit, a passarela deve ficar
pronta em 270 dias.
Os trabalhos de restauração da malha
viária contemplam ainda as BRs 020, 222
e 304. Em julho, teve início a reforma nos
trechos da BR-020 que vai de Canindé até
Itapebussu e na BR-304, que terá todos
os seus 102 quilômetros recuperados. Em
agosto, serão iniciadas as obras no trecho
da BR-222 que vai de Sobral até a divisa
com o Piauí; na BR-020, entre Tauá e Boa
Viagem; e na BR-116, na parte que liga
Jaguaribe a Pereiro.
Em outros trechos, as obras devem
começar em setembro porque o processo
licitatório ainda está em andamento.
Encontram-se nessa situação quatro pontos
da BR-116: de Pacajus a Russas; de Russas
a Jaguaribe; de Ipaumirim a Milagres e de
Milagres à divisa com Pernambuco. O último
trecho a entrar em reforma será o da BR-222
que vai de Croatá até Sobral, que se encontra
em estado crítico, com muitos buracos e
danos no pavimento.
Frases&Ideias
T I R A D A S
I N S P I R A D A S ,
F R A S E S
CO N C E I TU A I S
E
OUT R A S
Editado por: Luiz Carlos Cabral de Morais
e-mail [email protected]
Amor à vida
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Eu estou saindo de mais uma batalha, mas
consciente de que estou em uma guerra contra o câncer.
A guerra continua.
Vice-presidente José Alencar, afirmando aos jornalistas, na saída do hospital Sírio-Libanês, em São Paulo,
indo direto aos EUA, que precisava dar continuidade ao tratamento experimental naquele país. Ele e todos nós
estamos esperançosos de que o tratamento seja eficaz.
Ufa!
Projeção 2009
Com muita franqueza, não acho fácil a votação dessa
matéria. Há grande rejeição, há grande resistência a qualquer
hipótese de aumento de imposto.
Economia do Ceará terá
maior crescimento do país
Deputado Michel Temer (SP), presidente da Câmara Federal, reconhecendo que o governo terá
edição de 5/8/09, resumindo projeção do Banco
dificuldades para conseguir retomar a votação da proposta que cria a Contribuição Social para a Saúde
(CSS), um imposto voltado para a saúde e que substituiria a extinta CPMF.
Foto: Geraldo Magela/Agência Senado
Acredite se quiser
Manchete principal do jornal O Povo,
Central sobre a economia cearense.
FORTALEZA
Maracanaú
Horizonte
Recuperação
Conselho de Ética rejeita recursos e
enterra acusações contra Sarney.
É possível dizer que o
pior já passou.
Manchete da Folha Online de quarta-feira (19/8), sobre a
Armando Monteiro
Neto, presidente da CNI,
decisão do Conselho de Ética de rejeitar os 11 recursos da oposição
contra o arquivamento sumário de denúncias e representações contra
o presidente da Casa, José Sarney (PMDB/AP), mostrando claramente ao
país de que matéria-prima eles, os senadores, são feitos.
Sobral
dizendo que a economia
brasileira começa a
apresentar sinais de
Escola Móvel
recuperação.
Desigualdade e pobreza
Carga tributária
A crise econômica atual não
aumentou a taxa de pobreza nas
regiões metropolitanas do Brasil desde
o último trimestre de 2008.
Em menos de dez anos a carga
tributária deixou o patamar de 25%
da renda nacional, no qual havia se
mantido por mais de duas décadas,
e se aproxima da marca de 36%. A
mesma do Reino Unido.
Conclusão de estudo do Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) sobre
desigualdade e pobreza no Brasil durante a
crise internacional, divulgado em 4/8/09.
Competição
O nome do nosso jogo é
competição. Temos de ser mais
eficientes e mais competitivos que
nossos adversários.
Abílio Diniz, empresário paulista, dono da
Companhia Brasileira de Distribuição, que inclui
a rede de supermercados Pão de Açúcar, Extra,
CompreBem e Sendas, além da rede de varejo
Ponto Frio.
38 | RevistadaFIEC | Agosto de 2009
Jornalista Gustavo Patu, em seu livro A
Escalada da Carga Tributária.
Agora vai?
A economia parece estar
superando as expectativas de muitos
analistas à medida que se estabiliza.
Alan Krueger, chefe dos economistas do
Tesouro dos Estados Unidos, afirmando que a
economia americana superou as previsões dos
analistas e que se encontra num processo de
estabilização.
Até que enfim
Hoje podemos
anunciar que a obra do
projeto de transposição
do Rio São Francisco
começou no Ceará. Isso é
um registro histórico. São
mais de 150 anos de luta
por essa obra.
Deputado Welington Landim (PSB/CE),
durante pronunciamento na Assembleia
Legislativa, comemorando o início pelo
município de Mauriti, na região do Cariri,
das obras de transposição.
Juazeiro
Localização
do
SENAI
SENAI - levando conhecimento a todo o Ceará.
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