Fado de Coimbra

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Fado de Coimbra
Fado de Coimbra
Arquivo de letras de música
28 de Janeiro de 2002
1
Conteúdo
Adeus Sé velha . . . . . . .
À meia noite ao luar . . . . .
A minha capa rasgada . . . .
Ao cair da tarde . . . . . . .
Ao morrer os olhos dizem . .
Balada da despedida . . . . .
Balada da despedida (2) . . .
Balada do Mondego . . . . .
Balada do Outono . . . . . .
Capa negra, rosa negra . . .
Coimbra . . . . . . . . . . .
Coimbra é uma lição . . . .
Coimbra menina e moça . .
Contos Velhinhos . . . . . .
Esmeralda verde . . . . . . .
Fado das fogueiras . . . . .
Fado de Santa Cruz . . . . .
Fado Hilário . . . . . . . . .
Fado solitário . . . . . . . .
Feiticeira . . . . . . . . . .
Menina e moça . . . . . . .
Menino de oiro . . . . . . .
Menino d’oiro . . . . . . . .
Minho encantador . . . . . .
No lago do Breu . . . . . . .
O fado dos passarinhos . . .
Oh Coimbra do Mondego . .
O meu desejo . . . . . . . .
O meu menino . . . . . . . .
Ondas do mar . . . . . . . .
O sol anda lá no céu . . . . .
Os teus olhos são tão verdes
Pátria . . . . . . . . . . . .
Protesto . . . . . . . . . . .
Samaritana . . . . . . . . . .
Saudades de Coimbra . . . .
Senhor poeta . . . . . . . . .
Torre de Santa Cruz . . . . .
Vira de Coimbra . . . . . . .
2
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Adeus Sé velha
Letra e música: ?
(fado de Coimbra)
Fernando Carvalho
Adeus Sé velha saudosa
Com guitarras a rezar
Minh’alma parte chorosa
No dia em que te deixar
A hora da despedida
Só durará um minuto...
Mas fica na minha vida
Como cem anos de luto!... [bis]
3
À meia noite ao luar
Vira de Coimbra
Letra e música: ?
(fado de Coimbra)
Letra e música: ?
(fado de Coimbra)
Fernando Carvalho
Fernando Carvalho
Ré
Lá- Mi-
Lá
Coimbra p’ra ser Coimbra
À meia noite ao luar
La-
Três coisas há-de contar
Vai nas ruas a cantar
O boémio e sonhador
Sol
A recatada donzela
Mi-
Guitarras, tricanas lindas
La-
Ré
E rouxinóis a voar.
Lá
De mansinho abre a janela
À doce canção de amor.
Fui encher a bilha e trágo-a
Vazia como a levei
Mondego qu’é da tu’agua
qu’é dos prantos que eu chorei.
Ré
Ai como é belo
Lá
À luz da lua
Dizem que amor de estudante
Não dura mais que uma hora
Só o meu é tão velhinho
Inda não se foi embora.
Sol
Ouvir um fado
Ré
Em plena rua
Ré
O cantador
Lá
Apaixonado
Sol
Trinando as cordas
Ré
A cantar o fado.
Dão as doze badaladas
Ao ouvir-se as guitarradas
Surge um luar que é de prata [bis]
A recatada donzela
De mansinho abre a janela
Vem ouvir a serenata.
Ré
Ai como é belo
Lá
À luz da lua
Sol
Ouvir um fado
Ré
Em plena rua
Ré
O cantador
Lá
Apaixonado
Sol
Trinando as cordas
Ré
A cantar o fado.
4
45
Torre de Santa Cruz
A minha capa rasgada
Letra e música: ?
(fado de Coimbra)
Letra e música: ?
(fado de Coimbra)
Fernando Carvalho
Fernando Carvalho
O Mondego perdeu a majestade
O luar sobre si não mais se viu
O Mondego perdeu a majestade
O luar sobre si não mais se viu
A minha capa rasgada
É espelho de um coração
Porque te diz p’ra seres minha
E lhe dizes sempre que não.
E o famoso penedo da saudade
Tem saudades da torre que caiu
E o famoso penedo da saudade
Tem saudades da torre que caiu
Lá no alto junto a Deus
Ouvi os anjos rezar
Cá na Terra junto a ti
Passei a vida a penar.
A velha academia está de luto
Nos olhos das tricanas não há luz
A velha academia está de luto
Nos olhos das tricanas não há luz
Corroída p’los tempos longo e brutos
Caiu a Catedral de Santa Cruz
Corroída p’los tempos longo e brutos
Caiu a Catedral de Santa Cruz
Ré
Mi- La7 Ré
Fá#
Si- Fá#7 Mi- Fá#- Fá#7 Si-
44
5
Ao cair da tarde
Senhor poeta
Letra e música: ?
(fado de Coimbra)
Música: Zeca Afonso (?)
Letra: António Barahona; Manuel Alegre
Intérprete: Zeca Afonso
(fado de Coimbra)
Fernando Carvalho
Lá-
Fernando Carvalho (Gravação no mosteiro de Santa Clara (?))
Lá longe
Ré-
Ao cair da tarde
Sol
Vejo as nuvens de oiro
Ré- Fa
Que são os teus cabelos.
Mi
Meu amor é marinheiro,
E mora no alto mar,
Seus braços são como o vento,
Ninguém o pode amarrar.
Ré-
Fico mudo ao vê-los
Senhor poeta,
Vamos dançar,
Caem cometas,
No alto mar.
Lá-
São o meu tesoiro
Mi
Lá longe
Lá-
Ao cair da tarde.
Cavalgam Zebras,
Voam duendes,
Atiram pedras,
Arrancam dentes.
Lá longe
Ao cair da tarde
Quando a saudade
Se esvai ao sol poente.
Senhor poeta...
Como canção dolente
Duma mocidade
Lá longe
Ao cair da tarde.
Soltam as velas,
Vamos largar,
Caem cometas,
No alto mar.
6
43
Saudades de Coimbra
Ao morrer os olhos dizem
Letra e música: Edmundo Bettencourt (?)
Intérprete: Edmundo Bettencourt
(fado de Coimbra)
Letra e música: ?
(fado de Coimbra)
Fernando Carvalho
Fernando Carvalho
Lá- Mi
Fá
O Coimbra do Mondego
E dos amores que eu lá tive
Sol Do
Quem te não viu anda cego
Quem te não amar não vive
Ao morrer os olhos dizem
Para a morte espera aí
Vida não vás tão depressa
Q’eu’inda te não vivi
A vida vai e a morte
É quem responde em vez dela [bis]
Do Choupal até à Lapa
Foi Coimbra os meus amores
Mas que culpa tem a vida
De que não saibam vivê-la
A sombra da minha capa
Deu no chão abriu em Flores
42
7
Balada da despedida
Samaritana
Letra e música: ?
(fado de Coimbra)
Letra e música: Edmundo Bettencourt (?)
Intérprete: Edmundo Bettencourt
(fado de Coimbra)
Fernando Carvalho
Mi- La-
Azeituna
Coimbra tem mais encanto
Do
Dó
Si7
Dos amores do redentor
Na hora da despedida.
Ré#7dim
Re
não reza a história sagrada
Sol
Rém Fá
Não me tentes enganar,
mas diz uma lenda encantada
Si7 Mi-
Sol Sol7 Dó
Com a tua formosura,
que o bom Jesus sofreu de amor.
Si7 Mi-
Que para além do luar,
La- Si7
Há sempre uma noite escura.
Coimbra tem mais encanto
Na hora da despedida.
Sofreu consigo e calou
sua paixão divinal
assim como qualquer mortal
um dia de amor palpitou.
[Refrão]
Sol7 Dó
Mi-
E as lágrimas do meu pranto
Ré#7dim
Sol
Samaritana plebeia de Sical
Rém Sol7 Dó
Ré
Sol/si7
São a luz que me dão vida.
Alguém espreitando te viu Jesus beijar
Sol7 Dó
Dó7 Fá
De tarde quando foste encontrá-lo só
Dó
Coimbra tem mais encanto
Na hora da despedida.
Sol7 Dó
Morto de sede junto à fonte de Jacob.
Dó
Lá7 Rém
E tu risonha acolheste
Quem me dera estar contente,
Enganar a minha dor,
Mas a saudade não mente,
Se é verdade no amor.
Sol7 Dó
o beijo que te encantou
Lá7 Rém
Serena, empalideceste
Sol7 Dó
e Jesus Cristo corou
Dó7 Fá
Corou por ver quanta luz
Sol7 Dó
irradiava da tua fronte
Dó7 Fá
Quando disseste ò bom Jesus
Sol7 Dó
-’Que bem eu fiz, Senhor, em vir à fonte.’
[Refrão]
8
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sicais: uma cujo autor ignoro e ouvi pela primeira vez em
1970, por um dos ’trovadores’ anónimos que na época apareciam e de que não existem gravações em disco e uma outra que ouvi cantar numa sessão com o então Padre Francisco Fanhais , alguns anos depois. Suponho também que
Fanhais nunca chegou a gravá-la em disco (em CD muito menos, como é óbvio: ninguém sabia o que isso era).
Ouvi várias opiniões sobre o autor destes versos, que não
sei identificar. Em qualquer dos casos, o estilo musical das
versões que conheci não tinha raízes de Coimbra. Chamemoslhe apenas canção de protesto.
um abraço. Fernando Pais
Balada da despedida (2)
Letra e música: ?
(fado de Coimbra)
Fernando Carvalho
Quando passas nos meus olhos
Nunca és o que eu sonhei
Se és vida nunca vivi
Se és amor nunca te amei
Não podes negar-me um beijo
Senhora da minha vida
Nunca se nega um desejo
a uma alma perdida
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9
Balada do Mondego
Letra e música: ?
(fado de Coimbra)
discursos, salmão, lagosta
pão duro, desespero e crosta
e sorrisos de hospedeiras
e assassínios de ceifeiras
Fernando Carvalho
[Refrão]
Ai oh água do Mondego
Ai águas do mondeguinho
Num dos teus barcos à vela
Seguirei o meu caminho
Ai não há dúvida
continuam ainda a existir
até ao raio que há-de partir
até ao raio que os há-de partir
Ai oh água do Mondego
Ai águas do mondeguinho
Deixa-me beber-te as águas
Que me vou pôr a caminho
Nota: história deste Protesto
Para o caso de ter interesse a sua publicação, envio uma ’cantiga de protesto’. Escrevo-a de memória, pode eventualmente
faltar um ou outro verso.
A crise estudantil e de acentuada contestação ao regime
vigente culmina em Coimbra com a greve aos exames no ano
lectivo de 1968/69. A partir da visita do então Presidente
Américo Tomás à inauguração do edifício das Matemáticas
(17 de Abril, se não erro), sessão em que consegui então estar
presente, sendo presidente da Associação o actual deputado
Alberto Martins, meu colega de curso nesse ano, as coisas
complicaram-se. O presidente da Associação Académica pediu a palavra, que lhe foi recusada pelo Almirante. Depois,
já no exterior da sala, nos corredores do novo edifício, houve
vaias e recordo-me de um outro colega nosso, africano, lhe ter
chamado à sua passagem sepulcro caiado (o Almirante vestia
de branco). Isto para além de outros mimos. A polícia de
choque não interveio logo ali, o que teria tido consequências
muito graves, talvez pelo facto do Ministro da Justiça de então, prof. da Faculdade de Direito de Coimbra Mário Júlio
de Almeida e Costa), estar ali presente e ter evitado que tal
acontecesse. Esta foi pelo menos a versão que correu entre os
estudantes.
Uma das formas de mobilização dos estudantes passava
pelo convívio em que participavam alguns dos cantores de
protesto, como foi o caso de Adriano ou de José Afonso.
Como diz um poeta espanhol, a poesia é uma arma carregada
de futuro e os versos eram então uma das armas possíveis de
combate.
A par das canções do Adriano ou do Zeca, hoje conhecidas porque delas existem registos gravados, outras eram cantadas, algumas demasiado ’fortes’ para poderem ser sequer
gravadas.
Dos versos que escrevo a seguir conheci duas versões mu-
Adeus aulas, pesadelos
Da vida que vai findar
Vou-me embora adeus, adeus
Mas hei-de um dia voltar
Hei-de voltar naquele dia
Em que nos formos casar
Hei-de voltar naquele dia
Em que nos formos casar
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39
Protesto
Balada do Outono
Letra e música: ?
Intérprete: Francisco Fanhais
(canção de Coimbra)
Letra e música: Zeca Afonso
(fado de Coimbra)
Arménia Rua, jj
Fernando Pais
mim
Águas
’Palhaço lacrimogéneo’
Ai não há dúvida
vocês existem ,vocês persistem
vocês existem com grémios e tribunais
medidas de segurança e capitais
plenários, mercenários, festivais
grades torturas verbenas
cativeiros de longas penas
com vistas para o mar
para matar
para matar
[Refrão]
Palhaço lacrimogéneo capacete de aço
palhaço lacrimogéneo capacete de aço
Vocês existem,
baionetas e chá com bolos
cooperativas, clubes de mães
concursos de gatos e cães
cães de luxo para lamber
cães policias
polícias cães
para morder
barracas de lata para viver
trapos suor e lodo
amáveis conversas de casaca
e sobre as nossas cabeças
a matraca
a matraca
a matraca...
ré
mim
E pedras do rio
ré
mim
Meu sono vazio
ré
mim
Não vão Acordar
mim
Águas
ré
mim
Das fontes calai
ré
mim
Ó ribeiras chorai
sib7 ré
mim
Que eu não volto A cantar
Rios que vão dar ao mar
Deixem meus olhos secar
Águas
Das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto A cantar
Águas
Do rio correndo
Poentes morrendo
P’ras bandas do mar
Águas
Das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto A cantar
Rios que vão dar ao mar
Deixem meus olhos secar
Águas
Das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto A cantar
[Refrão]
Vocês existem
bordados a ponto cruz
fazendo a guerra
sugando o povo
sorvendo a luz
com Estoris, cocktails, recepções
whisky, cascatas e rallies
trapeiras e esconsos saguões
38
11
Capa negra, rosa negra
Pátria
Música: António Portugal; Adriano Correia de Oliveira
Letra: Manuel Alegre
Intérprete: Adriano Correia de Oliveira
(fado de Coimbra)
Música: António Portugal
Letra: António Ferreira Guedes
Intérprete: Adriano Correia de Oliveira
(Fado de Coimbra)
Fernando Carvalho
Fernando Pais
Capa negra, rosa negra
Rosa negra sem roseira
Abre-te bem nos meus ombros
Como o vento numa bandeira.
A minha boca é um cravo
na tua boca desfeito
outro cravo é o coração
desfolhado no teu peito
Abre-te bem nos meus ombros
Vira costas à saudade
Capa negra, rosa negra
Bandeira de liberdade.
O coração só desfolha
se lhe apodrece a raiz
triste destino o destino
da gente do meu país
Eu sou livre como as aves
E passo a vida a cantar
Coração que nasceu livre
Não se pode acorrentar.
A minha boca é um cravo
na tua boca desfeito
nascem cravos murcham cravos
desfolhados no teu peito
12
37
Os teus olhos são tão verdes
Coimbra
Letra e música: ?
(fado de Coimbra)
Letra e música: ?
(fado de Coimbra)
Fernando Carvalho
Fernando Carvalho
Os teus olhos são tão verdes
São duas Avé-Marias
Coimbra tem mais encanto
Na hora da despedida.
Um Rosário de amarguras
Que eu rezo todos os dias
Que as lágrimas do meu pranto
Ré- Sol-
Lá7 RéDó7 Fá
São amores que lhe dão vida
Os teus olhos não são teus
Desde o dia em que te vi
Coimbra tem mais encanto
Na hora da despedida
Os teus olhos são os meus
Que os meus cegaram por ti
Dó7
Quem me dera
Fá
Estar contente
Lá7 Ré-
Enganar a minha dor
Lá7 Ré-
Mas a saudade não mente
Lá# Lá7
Se é verdade no amor.
36
13
Coimbra é uma lição
O sol anda lá no céu
Música: Raul Ferrão
Letra: José Galhardo
(fado de Coimbra)
Letra e música: ?
(fado de Coimbra)
Fernando Carvalho
Fernando Carvalho, Arthur Reed
Dó
O Sol anda lá no céu
Tão pertinho atrás da Lua
Também trago a minha alma
De castigo atrás da tua
Lá- Láb Sol7
Intr:
Do-
Coimbra do Choupal,
Ainda és capital
Eu fui lavar ao Mondego
As penas da minhas mágoas
Minhas mágoas eram negras
Negras ficaram as águas
Do amor em Portugal,
Sol7
Ainda.
Coimbra, onde uma vez,
Com lágrimas se fez
A história dessa Inês
DoTão linda!
Oh estrelinha do Norte
Espera por mim que já vou
Ensina-me o caminho
Já que o luar me enganou.
Coimbra das canções,
Tão meiga que nos pões
Os nossos corações
A nu.
Coimbra dos doutores,
P’ra nós os teus cantores
A fonte dos amores
És tu.
Dó
Fá#dim
Coimbra é uma lição
Láb Sol7
De sonho e tradição
O lente é uma canção
Dó
E a lua a faculdade
Fá#dim
O livro é uma mulher
Láb Sol7
Só passa quem souber
E aprende-se a dizer
Dó
Saudade.
nota:
Esta canção teve também uma versão inglesa - April in Portugal
14
35
Ondas do mar
Coimbra menina e moça
Letra e música: Fernando Rolim
(fado de Coimbra)
Letra e música: ?
(fado de Coimbra)
Fernando Carvalho
Fernando Carvalho
Meu amor vem sobre as ondas
Meu amor vem sobre o mar
Ai quem me dera morrer
Nas águas do teu olhar
Meu amor vem sobre as ondas
Meu amor vem sobre o mar
Coimbra menina e moça
Rouxinol de Bernardim
Fá#
Não há terra como a nossa
Lá
Mi
SiMi
Não há no mundo outra assim. [bis]
Coimbra é de Portugal
Como a flor é do jardim
Como a estrela do céu
Como a saudade é de mim.
Dos meus olhos meu amor
Nascem as ondas do mar...
Lágrimas tristes que choro
Saudades do teu olhar!...
34
Ré
15
Lá
Contos Velhinhos
O meu menino
Letra e música: Ângelo Araújo
Intérprete: Zeca Afonso
(fado de Coimbra)
Letra e música: ?
(fado de Coimbra)
Fernando Carvalho
Fernando Pais
O meu menino é d’oiro
É d’oiro o meu menino
Contos velhinhos de amor
numa noite branca e fria
tantos trago para contar
são pétalas duma flor
desfolhadas ao luar
contos velhinhos de amor
numa noite branca e fria
tantos trago para contar
Hei-de levá-lo ao céu
Enquanto for pequenino [bis]
Enquanto for pequenino
Tão puro como o luar
Hei-de levá-lo ao céu
Hei-de ensiná-lo a cantar [bis]
Contos velhinhos os meus
são contos iguais a tantos
que tantos já nos contaram
são saudades de um adeus
de sonhos que já passaram
contos velhinhos os meus
são contos iguais a tantos
que tantos já nos contaram
16
33
O meu desejo
Esmeralda verde
Letra e música: ?
(fado de Coimbra)
Letra e música: ?
(fado de Coimbra)
Fernando Carvalho
Fernando Carvalho
Lá
Conheço a esmeralda verde
O verde d’água marinha
O meu desejo
Sol
É dar-te um beijo
É ter desejo
Nenhum verde é como o verde
Dos teus olhos Joaninha
Mi7
De te beijar
Sol(2v.Mi7)
Conheço a esmeralda verde
O verde d’água marinha
Perdidamente
Dó(2v.Lá-)
Como quem sente
Que o teu sorriso
Ai vou rezar à saudade
Este meu amor sem fim
Lá-
Vai acabar
São mágoas da mocidade
Que trago dentro de mim
O meu desejo
É dar-te um beijo
É ter desejo
De te beijar
Ai vou rezar à saudade
Este meu amor sem fim
Como quem ama
Do Sol a chama
Como quem reza
Sempre a chorar
32
17
Fado das fogueiras
Oh Coimbra do Mondego
Música: Francisco Menano
Letra: Augusto Gil
In: ?, 1909
Letra e música: Zeca Afonso (?)
(fado de Coimbra)
A. Guimarães
’Fado de Coimbra’
Entraste com ar cansado
Numa Igreja fria e triste.
Ajoelhei-me ao teu lado
(Ai) - E nem ao menos me viste ...
Oh Coimbra do Mondego
e dos amores que eu lá tive [bis]
quem te não viu anda cego
quem te não ama não vive [bis]
Do Choupal até à Lapa
foi Coimbra meus amores [bis]
e sombra da minha capa
deu no chão abriu em flores [bis]
Se aquilo que a gente sente,
Cá dentro, tivesse voz,
Muita gente ... toda a gente
Teria pena de nós!
18
31
O fado dos passarinhos
Fado de Santa Cruz
Música: António Menano
Letra: popular: Açores
(fado de Coimbra)
Música: Fortunato Roma da Fonseca
Letra: ?
Intérprete: Edmundo Bettencourt; António Menano
(fado de Coimbra)
Fernando Carvalho (Ilha das Flores)
Dó
Fernando Carvalho
Sol Dó
Passarinho da ribeira
Se não fores meu inimigo
Igreja de Santa Cruz
feita de pedra morena
Dentro de ti vão rezar
Uns olhos que me dão pena [bis]
Fá
Empresta-me as tuas asas
Sol Dó
Deixa-me ir voar contigo
Sol
Passarinho da ribeira
Fá
Ai!...Se não fores meu inimigo
Sol Dó
Quando estavas na igreja
A teus pés ajoelhei
À Virgem por mim rezava
À Virgem por ti rezei
Ao longe cruzando o espaço
Vai um bando de andorinhas [bis]
Que te leva um abraço
E muitas saudades minhas
Ao longe cruzando o espaço
Ai!...Vai um bando de andorinhas
30
19
Fado Hilário
Nota:
Letra e música: Augusto Hilário
Intérprete: António Menano
(fado de Coimbra)
Fernando Carvalho
A minha capa velhinha
É da cor da noite escura,
Nela quero amortalhar-me,
Quando for p’ra sepultura.
Balada de inspiração Brassens, define simultaneamente um
estado de espírito e uma autobiografia, uma crise de consciência (destruição do sentimento de remorso) e uma meio social
(os prostíbulos do ’Terreiro da Erva’ ou os seus sucedâneos
mais ou menos bem iluminados.
Zeca Afonso, ’Cantares’
A minha capa ondulante
Feita de negro tecido,
Não é capa de estudante
É mortalha de vencido.
Ai!... Eu quero que o meu caixão
Tenha uma forma bizarra,
A forma de um coração,
Ai!... A forma de uma guitarra.
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No lago do Breu
Fado solitário
Letra e música: Zeca Afonso
(fado de Coimbra)
Música: Francisco Menano
Letra: Horácio Menano
Intérprete: António Menano
(fado de Coimbra)
Fernando Carvalho, Fernando Pais
Ré
Fernando Carvalho
No lago do Breu,
Sem luzes no céu nem bom Deus
Lá
Que venha abrasar os ateus,
Lá- Ré-
Dizem que as mães querem mais
Ao filho que mais mal faz
Ré
No lago do Breu.
Ré- Lá-
Por isso te quero tanto
Que tantas mágoas me dás
No lago do Breu,
A noite não vem sem sinais
Que fazem tremer os mortais,
No lago do Breu.
Perguntas-me o que é morrer
Meu amor minha alegria
Morrer...passar um dia
Todo inteiro sem te ver
Lá
Mas quem não for mau, não vá
Ré
Que o céu não se comprará
Lá
Não vejo a razão p’ro ser
Ré
Quem teme e não quer viver
Sol- Ré
Sem luzes no céu só mesmo como eu
Lá
Ré
No lago do Breu.
No lago do Breu,
Os dedos da noite vão juntos
Para amortalhar os defuntos,
No lago do Breu.
No lago do Breu,
A lua nasceu mas ninguém
Pergunta quem vai ou quem vem
No lago do Breu.
Mas quem não for mau, não vá
Que o céu não se comprará
Não vejo a razão p’ro ser
Quem teme e não quer viver
Sem luzes no céu só mesmo como eu,
No lago do Breu.
No lago do Breu,
Meninas perdidas eu sei,
Mas só nestas vidas me achei,
No lago do Breu.
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Feiticeira
Minho encantador
Letra e música: ?
(fado de Coimbra)
Música: Paulo Sá
Letra: F. Vilela Passos
(fado de Coimbra)
Fernando Carvalho
Fernando Carvalho
Sol
Ó meu amor,
Sol
Ré
Ré
Adeus Minho encantador
Dó
Onde vive o meu amor
minha linda feiticeira,
Dó
Eu daria a vida inteira
Ré
Sol
Sol
Tão sozinho abandonado [bis]
Por um só beijo dos teus.
Mi
Mi
Lá-
E eu hei-de voltar um dia
Por teu amor,
Ré
Lá-
P’ra senhora da Agonia
A minha vida era pouca,
Ré
P’ra beberes da minha boca,
Sol
Há-de ser nosso noivado [bis]
Sol
Sol
Ré
O beijo do eterno adeus.
E se eu nunca mais voltar
Ó meu amor
Sonho lindo este que eu tive
Única esperança que vive
Na minha alma a soluçar.
Deixei meus olhos chorar
Dó
[bis]
Ré
Num adeus a despedida
Mi
Lá-
E fico a soluçar
Ré
Importa o mundo falar
Por teu amor
Eu morria de desejo
Deste-me a vida num beijo
Eu vivi por te beijar.
Sol
Sobre a minha alma perdida [bis]
Mi
Lá-
E adeus Minho encantador
Ré
Onde vive o meu amor...
Sol
Tão sozinho abandonado [bis]
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Menino d’oiro
Menina e moça
Letra e música: Zeca Afonso
In: ’As primeiras canções’
(canção de Coimbra)
Música: Fausto Frazão
Letra: popular
Intérprete: António Menano
(fado de Coimbra)
Aménia Rua
Fernando Pais
O meu menino é d’oiro
É d’oiro fino
Não façam caso
Que é, pequenino
Não façam caso
Que é pequenino
É preciso ter sofrido
e ter-se de amores chorado
para se entender o sentido
que há na tristeza do fado.
Numa noite de luar
sob um céu doce e calado
nada se pode igualar
à mágoa de um triste fado.
O meu menino é d’oiro
D’oiro fagueiro
Hei-de levá-lo
No meu veleiro
Hei-de levá-lo
No meu veleiro
Venham aves do céu
Pousar de mansinho
Por sobre os ombros
Do meu menino
Do meu menino
Do meu menino
Venham comigo venham
Que eu não vou só
Levo o menino
No meu ternó
Levo o menino
No meu ternó
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Menino de oiro
Que eu não vou só
Levo o menino no meu trenó.
Letra e música: Zeca Afonso
In: ’As primeiras canções’
(fado de Coimbra)
Fernando Carvalho
O meu menino é d’oiro
É d’oiro fino
Não façam caso que é pequenino
O meu menino é d’oiro
D’oiro fagueiro
Hei-de levá-lo no meu veleiro.
Venham aves do céu
Pousar de mansinho
Por sobre os ombros do meu menino
Do meu menino, do meu menino
Venha comigo venham
Que eu não vou só
Levo o menino no meu trenó.
Quantos sonhos ligeiros
p’ra teu sossego
Menino avaro não tenhas medo
Onde fores no teu sonho
Quero ir contigo
Menino de oiro sou teu amigo
Venham altas montanhas
Ventos do mar
Que o meu menino
Nasceu p’r’amar
Venha comigo venham
Que eu não vou só
Levo o menino no meu trenó.
O meu menino é d’oiro
É d’oiro é de oiro fino
Não façam caso que é pequenino
O meu menino é d’oiro
D’oiro fagueiro
Hei-de levá-lo no meu veleiro.
Venham altas montanhas
Ventos do mar
Que o meu menino
Nasceu p’r’amar
Venha comigo venham
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