Eleições polémicas

Transcrição

Eleições polémicas
Dia 22 | Vitorino e Janita
Dia 23 | Francis Hime
Dia 26 | Off the Wall
Dia 27 | Mariza
Dia 28 | Vicente da Câmara
Dia 29 | Corais alentejanos
Dia 30 | Espectáculo Equestre
€1
José Ernesto
Oliveira
fala da ‘fileira
aeronáutica’
Ignacio
Sánchez Amor
defende mais
investimento
português
~ página 4
Entrevista ~ página 12
www.noticiasalentejo.pt
Ano I Nº 3 Julho 2006
Monsaraz
Museu Aberto
destaca «Cultura
Popular e Tradição
Oral». Mariza
e Francis Hime
no cartaz de
espectáculos
~ página 7
Reguengos
Câmara distinguiu
cante alentejano
~ página 6
Férias
Um roteiro de Viana
a Terena, passando
por Monsaraz
~ centrais
Portel
Câmara ensaia,
em Agosto,
Congresso da Açorda.
Edição inaugural
prevista para
o primeiro trimestre
de 2007
~ página 9
Eleições polémicas
A polémica em torno da Região
de Turismo de Évora (RTE) promete prolongar-se. A querela
poderá arrastar-se no Tribunal,
depois de um acto eleitoral conturbado e em que apenas 11 dos
24 membros do colégio eleitoral
exerceram o direito de voto.
João Andrade Santos, presidente da RTE há 16 anos, considera-se reeleito, mas a lista opositora, liderada por João Pombo,
assegura que a falta de quórum
é mais do que suficiente para
considerar «ilegal» a eleição.
Os apoiantes (12) de Pombo
recusaram participar no acto eleitoral depois da comissão executiva da RTE ter impedido José
Ernesto Oliveira de votar, por
considerar que o autarca não
tinha legitimidade para representar o município.
O Colégio eleitoral é composto
pelo presidente da RTE, pelos
representantes dos 14 municípios do distrito de Évora (sete de
maioria socialista, seis CDU e
um independente) e por representantes de organismos desconcentrados do Estado, dos
hoteleiros e das agências de viagens.
~ página 3
informação online em www.noticiasalentejo.pt ~ fresco todos os dias
2
entrada~
Notícias Alentejo
online desde 9 de Junho de 2003
www.noticias alentejo.pt
~@
nagávea
M. Ferreira Patrício
Sobre o mundial de futebol
[email protected]
Aí temos o grande espectáculo, que só não é visto naquelas partes do Mundo aonde
ainda não chegam as imagens
de televisão. Falo, evidentemente, do Mundial de
Futebol. A imprensa, a rádio,
a televisão encontram-se
desde há várias semanas (vários meses?!...) totalmente
mobilizadas para este acontecimento, de uma forma e com
uma intensidade que a
milhões fascinam mas que
também vão incomodando
muita gente. Porque, como o
meu pai me dizia e eu aprendi
depois estudando os gregos
clássicos, tudo o que é de
mais não presta. Eis a sentença de alguns dos sete sábios
helénicos: Nada em excesso.
E estamos a ser massacrados
pelo excesso.
O Mundial dá muito que
pensar. A começar pelo que é,
e de que ninguém fala, nem as
nem os fundamentalistas da
afirmação da mulher na sociedade. Porque se trata realmente do Mundial de Futebol
Masculino. Nesta hora em
que também se disputa
o Campeonato Mundial
Feminino - Masculino, que
significado devemos atribuir
a esta cabazada mediática
do Masculino sobre o
Feminino?!... Grandes são as
contradições que atravessam
de uma ponta à outra o corpo
da humanidade!... E, em particular, o da Europa e do
Ocidente!...
Outra coisa que dá que pensar é o fenómeno de alienação
que está a decorrer sob os nossos olhos, complacentes ou críticos. Dizia-se nos tempos ominosos de Salazar que o regime
manipulava e controlava a
consciência do povo através
do triângulo Futebol - Fátima
- Fado. Esperava-se que, com
a democracia, se limpasse o ar
das substâncias alienatórias.
Que vemos?... No tocante ao
futebol, a alienação aumentou
e está a atingir espaços e níveis insuportáveis. O povo português, que é jogado por múltiplos poderes mas não é tolo
- refiro-me ao povo genuíno,
não às falsas élites que mandam no País... -, já ganhou o
campeonato de resistência à
alienação: diz a comunicação
social que é aquele que tem
manifestado menos interesse
pelas transmissões maciças de
jogos do Mundial pela televisão. O lado económico do
acontecimento é tão dominador e tão agressivo que as pessoas fazem o seu manguito ao
negócio e cedem apenas ao
que realmente as interessa.
E o que é que as interessa?
Resposta: Portugal. Portugal
corporizado na Selecção
Nacional. Naquele grupo de
rapazes que, contra tudo e
contra todos - incluindo nesta
referência os povos que se
consideram "superiores" e
acham quase uma insolência
a capacidade de vencer da
selecção portuguesa e a qualidade excelsa dos seus jogadores - que com garra e categoria vai levando de vencida
todos os que lhe aparecem
pela frente (escrevo a 27 de
Sumário
Junho) com fair-play mas sem
medo, como fizemos à
Holanda no século dezassete,
no Brasil e em Angola, e agora
repetimos de forma apropriada no estádio de Nuremberga.
E o patriotismo saudável
do nosso povo renasce.
Poderoso mas equilibrado.
Saudável, não patológico.
Voltamos a acreditar em nós.
Sob o comando de um brasileiro, o que não deixa de ser
simbólico. Escreveu Fernando
Pessoa: Minha Pátria é a
Língua Portuguesa. A selecção portuguesa de futebol é já
uma realização em miniatura
da visão do grande poeta.
É uma selecção não apenas
portuguesa, mas lusófona.
Ai quem nos dera que fôssemos capazes de fazer da CPLP
(Comunidade de Povos de
Língua Portuguesa) uma
selecção assim! Daríamos
cartas ao Mundo. Sairíamos
desta apagada e vil tristeza
e rejubilaríamos na luminosa
e nobre alegria da nossa
realização como povo.
07.2006
José Ernesto Oliveira:
‘Revisão dos PDM's é muito demorada’
Páginas 4 e 5
Monsaraz Museu Aberto com
Francis Hime e Mariza
Página 7
Capa: David Prazeres
Portel prepara «Congreso da Açorda»
Página 9
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Entrevista a Ignacio Sanchez Amor
Páginas 12/13
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Ciência e & Tecnologia
Página 19
Opinião
Páginas 20 e 21
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notíciasalentejo~ Julho 2006
3
~destaque
Tema de capa
RTE em
disputa
acesa
David Prazeres
As eleições para a Região
de Turismo de Évora (RTE),
como se previa, ficaram
marcadas pela polémica.
O actual presidente,
Andrade Santos, reuniu 11
votos, mas os apoiantes do
candidato opositor, João
Pombo, contestam. Doze
dos 24 membros do colégio
eleitoral recusaram votar e
ameaçam recorrer administrativa e judicialmente.
O acto eleitoral, realizado no dia 26 de Junho, foi
disputado por João
Andrade Santos, presidente da RTE desde 1991, e
João Pombo, ex-presidente
da Associação Portuguesa
das Agências de Viagens e
Turismo (APAVT). O colégio eleitoral foi constituído
por um total de 24 elementos, em representação das
14 autarquias do distrito,
das estruturas empresariais, sindicatos e organismos desconcentrados do
Estado.
Uma única ausência: a
Associação dos Hotéis de
Portugal, que anunciou
publicamente que não exerceria o direito de voto.
E um novo dado numa
polémica já antiga: a
comissão executiva da
RTE impediu o presidente
da Câmara Municipal de
Évora, José Ernesto
Oliveira, de votar, discordando da sua legitimidade
para representar o
Município. Em causa estava, uma questão levantada
pela CDU na Câmara de
Évora, tendo esta força
política tentado agendar
na reunião do executivo
autárquico a escolha do
representante municipal
no colégio eleitoral da RTA.
Uma vez que José
Ernesto de Oliveira foi
impedido de votar, 12 membros do colégio eleitoral (entre oito autarcas, sete do
PS e um independente,
Alfredo Barroso) recusaram participar no acto elei-
Cada um
por si e os
tribunais
que decidam...
toral e consideraram que o
mesmo ficara ferido de
legalidade, por «falta de
quórum». Estes argumentos foram, contudo, contestados pela lista apoiante
de João Andrade Santos,
que se considerou vencedora das eleições, graças
aos 11 votos favoráveis,
contra zero da lista liderada por João Pombo.
O recurso aos tribunais é
cada vez mais um dado
seguro. Os autarcas da
CDU na Câmara de Évora
anunciaram uma providência cautelar junto do
Tribunal Administrativo
por considerarem «abusiva» a decisão de Ernesto
Oliveira se «auto-nomear»
representante da Câmara
na RTE e os apoiantes de
João Pombo deverão
seguir o mesmo caminho
por considerarem ilegal o
processo eleitoral. Fonte
contactada pelo Notícias
Alentejo adiantou que os
autarcas socialistas aguardam apenas que lhes seja
facultada a acta da assembleia eleitoral para seguir a
via judicial. Entretanto,
tencionam solicitar à tutela governamental uma «sindicância» à RTE e a nomeação de uma comissão administrativa.
Parecer
da DGAL
Um dos trunfos de José
Ernesto Oliveira na questão
da representatividade da
Câmara de Évora passa por
um parecer da Direcção-Geral
das Autarquias Locais, a que
o Notícias Alentejo teve acesso. O documento, assinado
pela directora-geral, Maria
Eugénia Santos, refere que
«compete ao presidente da
câmara municipal representar o município em juízo e
fora dele».
«Em nossa opinião, o legislador ao prever que a composição da comissão de turismo
integra um representante da
câmara municipal, deve
entender-se que quis referirse à representação do município e não do órgão 'câmara
municipal', uma vez que são
interesses do município,
enquanto pessoa colectiva,
que importa assegurar e
defender e não os interesses
do órgão». Desta forma, a
DGAL vem dar razão à posição sustentada por José
Ernesto Oliveira que, na qualidade de presidente da
Câmara, assumiu a representatividade do Município na
RTE.
O parecer da DGAL foi solicitado pela CME em 19 de
Junho «no sentido de se
esclarecer» a quem caberia a
representatividade da câmara
na comissão regional da RTA.
De acordo com um comunicado da CME e assinado por
José Ernesto Oliveira, o referido parecer foi apresentado
ao presidente da RTE, que,
apesar disso, não admitiu o
voto da autarquia eborense.
Neste novelo de interpretação das regras e das Leis, José
Ernesto Oliveira e Andrade
Santos são os verdadeiros protagonistas e esgrimem argumentos. Um é presidente da
CM Évora, ex-comunista que
em 2001 «derrubou» a CDU,
outro preside à RTE desde
1991 e é o líder da actual oposição comunista.
O primeiro fala de «atitude
de absoluto abuso de poder» e
o segundo de vitória para
«mais um mandato de quatro
anos à frente dos destinos da
RTA (…) com onze votos a
favor e zero votos contra,
visto a lista opositora, que pretendia eleger João Pombo, ter
desistido do acto eleitoral
minutos antes do encerramento das urnas».
Mais duro na linguagem,
o presidente da CME refere
que tenciona «participar às
entidades competentes»
(presume-se que ao secretário
de Estado que tutela o Turismo) e «recorrer junto dos
Tribunais».
...e os partidos
prolongam a “guerra”
pela “posse” de Évora
É velha a «guerra» entre PS (actualmente no poder) e o PCP (na
oposição desde 2002) pela maioria na Câmara de Évora. Não poderia, portanto, a polémica em
torno da RTE passar sem comunicados das estruturas distritais
dos dois partidos mais influentes
na cena política distrital.
Diz o PS: «Os eleitores decidiram nas últimas eleições autárquicas reflectir para a dimensão
distrital a maioria política que
nos últimos anos têm vindo a dar
inequivocamente ao PS no plano
Legislativo (…) Incapaz de aceitar
as regr as da demo crac ia, o
Partido Comunista com o apoio
do PSD tem vindo a recorrer a
expedientes e golpes administrativos cuja principal consequência
é o enfraquecimento ou a paralisação de instituições fundamentais para o desenvolvimento do
Distrito, como a Associação de
Municípios ou a Região de
Turismo de Évora. O último acto
deste processo traduziu-se no
impedimento da votação do
Presidente da Câmara Municipal
de Évora enquanto seu legitimo
representante nas eleições para a
Região de Turismo, contrariando
um parecer escrito da Direcção
Geral da Administração Local, o
que conduziu à impugnação judicial do acto e à apresentação
duma queixa crime contra o
Presidente cessante da Região de
Turismo e os outros membros da
Comissão Executiva»
E o PCP: «Foi ontem eleita pela
Comissão Regional da Região de
Tur is mo de Év or a a no va
Comissão executiva desta organização, encabeçada pelo Dr. João
Andrade Santos e integrando
autarcas, técnicos qualificados e
uma larga maioria de empresários turísticos com obra feita e
empreendimentos activos neste
território (…) Lamentavelmente o
PS par tida rizo u as elei ções ,
demonstrando mais uma vez incapacidade para uma convivência
democrática, e para partilhar o
poder com outras forças e sectores da região. A encenação patética e surrealista que ontem alguns
dos seus apoiantes protagonizaram ao longo do período de aber tura da urna de voto das 18h00 e
as 22h00 horas o acto eleitoral
ilustra claramente a vontade de
criarem situações de afrontamento, numa clara tentativa de criar
instabilidade e dificultar a realização do acto eleitoral».
notíciasalentejo~ Julho 2006
4
José Ernesto Oliveira
‘Os PDM's, em geral, particularmente no Alentejo, são instrumentos que infelizmente,
demoram por norma, quatro,
cinco, seis, sete, oito e mais anos
a serem revistos. O processo de
revisão do PDM de Évora já leva
oito anos (...). Esperamos que
o Governo tome medidas legislativas, porque não há competitividade territorial quando um
PDM demora este tempo a ser
revisto’, lamenta José Ernesto
Oliveira, presidente da Câmara
Municipal de Évora. Em entrevista
ao Notícias Alentejo - a primeira de
um conjunto de entrevistas a autarcas do Alentejo Central -, José
Ernesto Oliveira recusa uma visão
«fundamentalista» em matérias
como a revisão de instrumentos tão
importantes como o Plano Director
Municipal, defendendo soluções consensuais, de modo a desbloquear as
muitas propostas para instalação de
empresas em Évora.
mentos que integrarão a estrutura do avião
Skylander que, espero venha ser construído
em Évora.
O actual Governo, que tem demonstrado
um discurso muito virado para a inovação e tecnologia, tem assegurado os apoios necessários para o desenvolvimento
de projectos aeronáuticos em Évora?
Eu espero que esse discurso que tem sido
produzido encontre exactamente em Évora
a concretização, para que não fique apenas
um discurso.
Em entrevista ao NA, Flamínio Roza referiu que o aeródromo concelhio necessita
de uma 'alavanca'. Será que os próximos
meses vão mostrar que Évora pode corresponder às expectativas criadas pelas
notícias que nos últimos dois anos apontaram à criação de várias unidades
industriais no ramo da aeronáutica?
Nós já temos instalada no aeródromo uma
infra-estrutura de âmbito europeu que é a
Academia Aeronáutica, que for ma pilotos e
já se formam por ano cerca de 100 pilotos de
linha aérea comercial em Évora, a maioria
deles oriundos de outros países da Europa e
que, de acordo com a estratégica que o
grupo proprietário da Academia neste
momento em reunião recente veio apresentar à Câmara de Évora, a intenção é duplicar o número de alunos que naturalmente
tornará o aeródromo e Évora ainda mais
Os projectos aeronáuticos para Évora conhecido, já que estamos a falar de pilotos
foram apresentados como dinamizado- de várias nacionalidades e que vão exercer a
res da economia regional. Como se expli- sua actividade profissional nas linhas aéreca, por exemplo, o atraso em projectos as de todo o mundo. Estou de acordo com o
como o da Skylander?
Dr. Flamínio Roza. O projecto Skylander e os
Desde há muitos anos que todos os estudos outros projectos industriais são fulcrais, porrealizados no Alentejo sobre o tema do que o projecto Skylander traz, não só uma
desenvolvimento regional, da estratégia a unidade fabril, mas como disse há pouco,
seguir para atingir esse objectivo, apontam mais nove unidades fabris para Évora. Um
a fileira aeronáutica como uma das grandes avião não é construído por uma única fábripotencialidades que o Alentejo tem e que ca, um avião tem a sua estrutura repartida
deveria ser aproveitada. Assim, foi com por variadissimos elementos em que há
natural interesse e muito empenho que a especialidades concretas em que são várias
Câmara Municipal de Évora acompanhou unidades que as têm de produzir. De forma
desde o início o projecto Skylander porque que, sem dúvida nenhuma, a concretização
nos merece confiança, sabendo que é um do projecto Skylander em Évora seria a alaprojecto tecnologicamente avançado, vanca necessária para o desenvolvimento
suportado por uma instituição credível - da fileira aeronáutica no Alentejo e a conuma empresa de engenharia de âmbito cretização dessa velha aspiração e já
internacional aeronáutica que é a GECI demonstramos que temos condições para
Internacional - com pessoas, concretamen- acolher. Assim, aqueles que se preocupam
te no sector da engenharia aeronáutica, liga- com o desenvolvimento do Alentejo, ou que
das à Universidade de Toulouse e ao consór- têm a obrigação de se preocupar, entendam
cio Airbus. Têm feito um esforço imenso que é altura do Alentejo beneficiar da conpara concretizar esse projecto em Portugal, cretização de um projecto que, mesmo que
mais concretamente em Évora, desde há envolva algum risco, e certamente acabádois, três anos a esta parte e neste momento mos de assistir a um projecto instalado em
o projecto está apenas pendente da realiza- Portugal, no caso a Opel da Azambuja, e que
ção de um pequeno impulso do capital de ris- agora infelizmente vê pelo menos ameaçada
co. Com um projecto desta dimensão, esta- a sua continuidade, de facto hoje o investimos a falar de um impulso de 25 milhões de mento industrial encerra sempre algum riseuros, para um projecto de 60 milhões, isto co, mas apesar disso o Alentejo merece que
é, o projecto já reuniu por capitais próprios, esse risco seja aqui corrido em nome da susprivados, 35 milhões de euros. Esperamos tentabilidade, do desenvolvimento, da fixaapenas que esse impulso de 25 milhões de ção de populações, do combate ao desemeuros mereça a atenção das entidades com prego, do aumento da mais valia criada na
competência para decidirem sobre esta nossa região, por forma a podermos iniciar
matéria, nomeadamente o sector de investi- o caminho de recuperação de tantos anos de
mento de capital da Caixa Geral de abandono.
Depósitos e a possibilidade de se realizar
essa base de capital essencial à formação do
projecto. O atraso, se é que se pode chamar Também em entrevista ao NA, o escritor
assim, está apenas dependente da sua supe- Luís Carmelo disse que falta em Évora
ração pela realização desse capital de risco. 'contemporaneidade'. Concorda?
Quanto a todos os outros procedimentos, A afirmação de que falta em Évora contemnomeadamente a candidatura à Agência poraneidade é preciso ser integrada num
Portuguesa de Investimento, a base de contexto que é o que é que se entende por
licenciamento territorial - portanto o acor- essa 'contemporaneidade'. Se contemporado de princípios estabelecido com a neidade significa um modo de vida e de 'ocuFundação Eugénio de Almeida, proprietária pação' da nossa cidade por modos que condos terrenos - a definição do projecto técni- trariam e que inviabilizam a classificação
co de concretização do mesmo, tudo isso como cidade onde se privilegia a qualidade e
está realizado. Espero que não se tenha de a excelência, sobretudo reflectida na vida
aguardar já muito tempo para que se veja dos cidadãos, então essa contemporaneidaem Évora instalado um projecto que traz de julgo que não nos faz falta,. Agora, se estaconsigo, além do projecto de instalação da mos a falar de contemporaneidade no sentiSkylander Aircraft em Évora, mais nove do de uma nova dinâmica, de uma nova
empresas portuguesas constr utoras de ele- abertura ao mundo exterior, de uma nova
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’Revisão dos PDM’s é muito demorada’
‘Foi com natural interesse
e muito empenho que a
Câmara Municipal de Évora
acompanhou desde o início
o projecto Skylander porque
nos merece confiança, sabendo
que é um projecto
tecnologicamente avançado,
suportado por uma instituição
credível - uma empresa de
engenharia de âmbito
internacional aeronáutica
que é a GECI Internacional
- com pessoas, concretamente
no sector da engenharia
aeronáutica, ligadas à
Universidade de Toulouse
e ao consórcio Airbus’
‘Nós já temos instalada
no aeródromo uma infra-estrutura de âmbito europeu
que é a Academia Aeronáutica,
que forma pilotos e já se
formam por ano cerca de
100 pilotos de linha aérea
comercial em Évora, a maioria
deles oriundos de outros países
da Europa e que, de acordo
com a estratégica que o grupo
proprietário da Academia neste
momento em reunião recente
veio apresentar à Câmara de
Évora, a intenção é duplicar
o número de alunos que
naturalmente tornará o
aeródromo e Évora ainda mais
conhecido, já que estamos
a falar de pilotos de várias
nacionalidades e que vão
exercer a sua actividade
profissional nas linhas aéreas
de todo o mundo’
capacidade de atrair e de dialogar com
outras realidades sem que isso ponha em
causa a genuína traça daquilo que nos define como cidade com 2000 anos de história,
como cidade com património a defender e
com pergaminhos que queremos manter
porque esses pergaminhos são exactamente
a nossa mais-valia em relação ao futuro,
nesse aspecto não acho que falte essa contemporaneidade em Évora.
Frases como 'preço de ouro' e 'água castanha' (utilizadas recentemente pelo PCP)
fazem lembrar a sua campanha eleitoral
em 2001. Será que ainda fazem sentido?
Não estou minimamente de acordo que em
2001 se tenham utilizado frases desse tipo,
porque em 2001 fez-se uma campanha de
verdade, uma campanha em que se apontaram a falta de infra-estruturas que há
muito Évora merecia e que não estavam
construídas, nomeadamente a nível da qualidade, do transporte e da adução da água de
fornecimento. Portanto não é minimamente
verdade nem se pode estabelecer nenhuma
equiparação. Neste momento estamos
perante uma campanha desesperada de
quem tenta inventar problemas, porque é
claramente do que se trata, e sacar injustamente responsabilidades à autarquia quando não tem o mínimo fundamento. A questão da água a 'preço de ouro' está mais do
que demonstrado que a água de Évora, primeiro não é das mais caras do país e segundo, era demagógico e irresponsável e profundamente falso, manter-se a água com
preços de todo insuportáveis. A água que a
Câmara hoje cobra aos munícipes primeiro
tem de ser comprada, é uma das principais
despesas hoje no orçamento municipal,
temos de comprar a água, nós e todos os
outros municípios, que estamos de facto preocupados com a sustentabilidade deste
recurso. De forma que é profundamente
falso primeiro a questão do 'preço de ouro'
da água, até por que cada vez mais é dito
por toda a gente, a água no futuro vai ter de
ser equiparada ao ouro ou ao petróleo em
termos da raridade e da responsabilidade
com que será gerida. A questão do 'castanha'
deveu-se exactamente às condições de
implantação de novas tecnologias de tratamento da água que levaram alguns dias a
serem afinadas e por outro lado, às condições inatas da água da Albufeira do Monte
Novo que desde sempre mostra, nos anos
em que chove mais, níveis elevados de manganês e não é a primeira vez que isso acontece. Por último, a irresponsabilidade e a
demagogia é de que, no dia em que apareceram aqueles cartazes a que a notícia tenta
aludir, já estava o problema resolvido. Ou
seja, o problema da água castanha já estava
resolvido e porque já se tinham tomado as
medidas e entrado em funcionamento o
equipamento que a faz. De forma que rejeito em absoluto qualquer paralelismo entre a
campanha demagógica e falsa que actualmente é feita, aliás como é timbre do PCP,
com aquilo que em 2001 foi feito, diagnosticado e apresentado e apresentadas também
soluções, como por exemplo a construção
de 25 quilómetros de conduta nova desde o
Monte Novo até aos depósitos do Alto de S.
Bento, que já está concretizada.
É vulgar, ainda hoje, ouvir críticas ao
excesso de burocracia na Câmara
Municipal de Évora. Afinal, o que mudou
com a gestão socialista?
Olhe mudou por exemplo, para já, admitirse que ainda há excesso de burocracia na
Câmara Municipal de Évora. Isso, para já
mudou, o assumir frontalmente os nossos
problemas e assumir frontalmente também
a tentativa de correcção dos mesmos.
Aquilo que mudou é que reconhece-se que
ainda há excesso de burocracia e ao mesmo
tempo colocam-se em prática um conjunto
de acções, nomeadamente a implementação
que está em curso de um sistema de quali-
notíciasalentejo~ Julho 2006
5
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~évora
«Alentejo Elementar»
«Alentejo Elementar» é o tema
da exposição fotográfica patente nas instalações da Fundação
Alentejo - Terra Mãe, em Évora.
A mostra é o resultado de um
desafio lançado a doze dos mais
prestigiados fotógrafos nacionais contemporâneos, todos eles
naturais do Alentejo ou descendentes de alentejanos, reflectindo o carácter e a beleza do
património natural e humano
da Região. Cada um dos artistas
tratou os elementos essenciais
do universo: "A Terra", "O Fogo",
"A Água" e "O Ar".
Bonecos de Santo Aleixo
dade que obrigará a introduzir no procedimento dos serviços um conjunto de alterações que esperamos que, entre outras,
venham a produzir os resultados que se traduzam nessa diminuição da burocracia, no
atraso de apreciação de processos, etc.. Mas,
é justo também que se diga, e é justo que se
diga em relação aos serviços, que o enorme
esforço que tem sido feito para que, aos poucos é certo, mas de qual quer forma num
caminho seguro, se tenha vindo a progredir
muito na eliminação do passivo digamos
assim, de processos que estavam para apreciação. Ainda na última reunião de Câmara,
ocorrida no dia 14 de Junho, foram a reunião pública para apreciação cerca de 98
processos. São centenas os processos que
durante este mandato têm conhecido desbloqueamento e aprovação exactamente
mercê desse grande esforço que tem sido
feito e aqui relevo e torno público o meu
apreço pelo empenho com que os serviços,
nomeadamente os serviços que têm responsabilidade apreciar processos, têm vindo a
desenvolver no sentido de recuperar atrasos
e de implementar medidas que permitam
um procedimento mais ágil nessa questão.
Por exemplo, a revisão do Plano Director
Municipal (PDM) tem sido um processo
longo. Há empresários que falam, inclusivamente, de desalento. O que falta
para concretizar a revisão do PDM e que
razões explicam tanto tempo de espera?
Em primeiro lugar queria dizer que a
Câmara está neste momento a desenvolver
um grande projecto de expansão do Parque
Industrial, é a obra mais volumosa das grandes obras que temos em curso para que o
mais rapidamente possível, estou a falar de
finais deste ano princípios do ano que vem,
se possam começar a disponibilizar lotes
para acolhimento empresarial, ainda antes
da revisão do PDM. Há uma grande obra em
curso visando o acolhimento empresarial e
que espero, seja possível concretizá-la o
mais rápido possível também para combater esse desespero que eventualmente possa
surgir num ou noutro empresário. Queria
no entanto dizer que Évora continua a suscitar a atenção e o desejo de instalação por
muitas e variadas empresas e, de facto, a
não revogação do PDM constitui-se como
uma razão de bloqueio para que isso possa
vir a acontecer. Os PDM’s, em geral, particularmente no Alentejo, são instrumentos
que infelizmente, demoram por norma, quatro, cinco, seis, sete, oito e mais anos a
serem revistos. O processo de revisão do
PDM de Évora já leva oito anos. O Sr.
Secretário de Estado vem na próxima
segunda-feira (dia 19 de Junho) a Évora
fazer e animar um debate público em que a
questão dos planos regionais de ordenamento do território e dos planos municipais
de ordenamento do território serão apreciadas. Esperamos que o Governo tome medidas legislativas, porque não há competitividade territorial quando um PDM demora
este tempo a ser revisto. Estamos a falar do
PDM de Évora que foi aprovado em 1995. É
um PDM que já fez 20 anos e como tal justifica plenamente a necessidade da sua revisão, adequando o uso do solo numa perspectiva de sustentabilidade e de preservação de
elementos essenciais. Não se pode ter uma
leitura do uso do solo diferente, de que ela
funcione como elemento estratégico para o
desenvolvimento e o solo classificado como
elemento estratégico para o desenvolvimento respeitando aquilo que são valores
ambientais de ordenamento paisagísticos
que têm de ser respeitados, é perfeitamente
possível compatibilizar estas duas versões.
O que não podemos ter é uma visão fundamentalista que olha para o território como
qualquer coisa de intocável como se isso significasse a preservação, como se isso significasse a sustentabilidade. É falso que assim
seja e esperamos que o ambiente de consensualidade ou pelo menos de compreensão
que neste momento existe entre as várias
estruturas dependentes da Administração
Central e da Administração Local envolvidas na revisão do PDM, que este ambiente
continue e que rapidamente o Plano
Director Municipal possa entrar em debate
público e posteriormente ser aprovado.
Tenciona recandidatar-se às próximas
eleições autárquicas?
Ainda é muito cedo para ter essa decisão
tomada. Por enquanto estou preocupado,
empenhado e sinto-me com força de ânimo
e entusiasmo para continuar no trabalho de
concretização de um projecto que foi iniciado há quatro anos e meio e que ainda está
longe de estar concluído. Isso é aquilo que
me move, isso é aquilo que me determina e
é por isso que continuo todos os dias com
empenho e entusiasmo a trabalhar para
benefício dos nossos munícipes.
‘Por enquanto estou
preocupado, empenhado
e sinto-me com força de ânimo
e entusiasmo para continuar
no trabalho de concretização
de um projecto que foi iniciado
há quatro anos e meio e que
ainda está longe de estar
concluído. Isso é aquilo que me
move, isso é aquilo que me
determina e é por isso que
continuo todos os dias com
empenho e entusiasmo
a trabalhar para benefício dos
nossos munícipes’
O projecto de investigação sobre
«Os Bonecos de Santo Aleixo no
passado e presente do teatro em
Portugal», sedeado no Centro de
História de Arte da Universidade de Évora e realizado em
parceria com o Centro Dramático de Évora (CENDREV),
organiza a sua primeira iniciativa pública de 5 a 14 de
Julho. Candidatado em Julho
de 2005 como projecto autónomo no âmbito dos concursos
de projectos de investigação
e desenvolvimento abertos
pela Fundação para a Ciência
e a Tecnologia, o projecto beneficia de um financiamento atribuído no âmbito do programa
POCI ao abrigo do qual a equipa
constituída por actores-manipuladores e universitários pretende levar a cabo um trabalho
de investigação do espólio actualmente à guarda do Cendrev.
Os objectivos principais do projecto são a sistematização e disponibilização da informação
relativa aos "Bonecos de Santo
Aleixo" de modo a fazer e entender a sua história, a produção
e organização do registo do espólio existente e o estudo do
processo da sua preservação,
conservação e transformação
ao longo do tempo.
Assembleia Municipal
A Assembleia Municipal de
Évora empossou os membros
do Conselho Municipal de Segurança de Évora. Constituem
o Conselho os presidentes de
Junta de Freguesia, 14 entidades directamente relacionadas
com a matéria em causa e 10
cidadãos de reconhecida idoneidade, sendo o responsável máximo o presidente da Câmara
Municipal, José Ernesto
Oliveira. Esta entidade, de
natureza consultiva, tem como
principais objectivos promover
a articulação, a troca de infor mação e a cooperação entre
todas as entidades que no município de Évora estão envolvidas
na prevenção da marginalidade
e na garantia da segurança
e tranquilidade das populações.
notíciasalentejo~ Julho 2006
6
A Câmara Municipal
e a Assembleia Municipal
de Reguengos de Monsaraz aprovaram a classificação do Cante Alentejano
como Património Cultural
Imaterial de Interesse
Municipal. A proposta foi
apresentada pelo Grupo
Cultural e Desportivo da
Freguesia de Monsaraz.
Em comunicado, a CM
de Reguengos de Monsaraz refere que a classificação do Cante Alentejano
como Património Cultural
Imaterial de Interesse
Municipal «demonstra
a vontade do Município
em promover o seu conheA campanha «Escolha uma cimento aprofundado em
Causa», iniciativa da CARMIM, toda a sua complexidade
produtora de vinhos de Reguen- e não apenas na forma
gos de Monsaraz, para a consti- actual que corresponde
tuição de um Fundo de Apoio de a um determinado
Combate aos Incêndios, atingiu momento da sua história
o valor final de 317.531,90 euros, mais recente, mas também
CARMIM,
uma
cooperativa
com causas
cabendo à «causa» Reflorestação
217.5 mil euros, de acordo com
a escolha dos mais de 90 mil votantes que aderiram à iniciativa.
Os donativos foram entregues
no decorrer de uma cerimónia
realizada na sede da CARMIM
e presidida pelo secretário
de Estado do Desenvolvimento Rural e da Florestas, Rui
Gonçalves.
A Campanha da CARMIM
garantia à partida 50 mil euros
de donativo às entidades participantes, Serviço Nacional de
Bombeiros e Protecção Civil
(SNBPC), Câmara Municipal de
Pampilhosa da Serra e à Comissão Nacional de Reflorestação
(CNR), que inclui a DirecçãoGeral de Recursos Florestais,
cabendo ao público votar na
causa primeira da campanha,
entre Reflorestação de Áreas
Ardidas; Reconstrução da
Pampilhosa da Serra; Contribuição para um Helicóptero;
e Viaturas Auto-Tanque.
Assim, da verba apurada,
217.531 mil euros foram
entregues à CNR para aplicar na
recuperação da Mata Nacional
da Herdade da Parra, na Serra de
Monchique, inserida na rede
N a t u r a
2 0 0 0 ,
e destruída nos incêndios de
2003. Os restantes 100 mil euros
foram para o SNBPC,
destinando 50 mil euros para
a gestão da compra de equipamento de transporte para os bombeiros, enquanto outros
50 mil euros serão entregues
à Câmara Municipal de
Pampilhosa da Serra para
a recuperação das zonas mais
afectadas do concelho pelos
incêndios de 2005.
© direitos reservados
Cante Alentejano
classificado como
Património Cultural Imaterial
de Interesse Municipal
que esta importante manifestação cultural seja reconhecida e salvaguardada
pela sua diversidade
e riqueza histórica. Esta
classificação é igualmente
uma condição indispensável para um trabalho futuro de apresentação de uma
eventual candidatura
a Património Cultural
Imaterial de Interesse
Mundial da UNESCO».
O concelho tem actualmente três grupos corais
em actividade: Grupo
Coral de Perolivas, Grupo
Coral da Freguesia de Monsaraz e Grupo Coral "Gente Nova", de Campinho.
Nos últimos 60 anos existiram sempre grupos corais
em Reguengos de Monsaraz, assegurando a estreita
relação da população com
o cante, os seus executantes e os estudiosos.
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notíciasalentejo~ Julho 2006
7
~reguengos de monsaraz
«Cultura Popular e Tradição Oral»
tema do Festival Monsaraz - Museu Aberto
Francis Hime no
Monsaraz - Museu Aberto
«Cultura Popular e Tradição
Oral» é o tema dominante da edição 2006 do Monsaraz
- Museu Aberto (22 a 30 de
Julho), certame organizado pela
Câmara de Reguengos de
Monsaraz. Os grandes espectáculos na arena do castelo medieval (Mariza e Francis Hime,
entre outros), os espaços diários
dedicados à tradição oral (contadores de histórias, poetas populares, repentistas, músicos e
cante alentejano) e as artes (exposições de fotografia e cinema
documental) preenchem o dia a
dia do festival que, de dois em
dois anos, anima a vila medieval.
Depois da «Água», em 2002, e
da «Paisagem», em 2004, a «Cultura Popular e Tradição Oral»
passou a tema de um dos principais certames culturais do
Alentejo. «Há uma perspectiva
de futuro na programação escolhida», assegura Ana Paula
Amendoeira, chefe de da divisão
cultural da CM Reguengos de
Monsaraz.
Segundo Ana Paula
Amendoeira, o dia 29 de Julho
(aniversário do Grupo Coral de
Monsaraz) ficou guardado para a
realização de um seminário que
reunirá antropólogos nacionais e
estrangeiros para debate do
tema da cultura popular.
A programação, ainda por
fechar, vai incluir os seguintes
espectáculos:
Dia 22
Vitorino e Janita Salomé
Dia 23
Francis Hime
(primeira parte do espectáculo a cargo de Nuno do Ó)
Dia 24
Romano Drom
(grupo húngaro - Jazz)
Dia 25
Dinarke
(grupo polifónico da Sérvia)
Dia 26
Off the Wall
Tributo aos Pink Floyd
Dia 27
Mariza
Dia 28
Vicente da Câmara
Dia 29
Encontro de grupos corais
alentejanos
Dia 30
Espectáculo Equestre
O espectáculo de dia 29, com
Mariza (este Verão com uma
agenda internacional muito preenchida) deverá ser transmitido
em directo pela Antena 1. Em
aberto está igualmente a possibilidade de gravação vídeo para
transmissão do espectáculo no
Canal 2 da RTP.
Recorde-se que pelo palco de
Monsaraz, na arena do castelo
medieval, passaram, em anos
anteriores, nomes importantes
da música nacional e internacional, casos de Flora Purim e
Airto Moreira e dos moçambicanos Timbila Muzimba e Júlio
Pereira.
© direitos reservados
'Nunca ouvi um alentejano cantar sozinho' José Gomes Ferreira
O compositor Francis Hime
participa na edição deste ano
do festival Monsaraz - Museu
Aberto, que decorre no castelo
da vila medieval de 22 a 30 de
Julho. Francis Hime é um dos
compositores brasileiros mais
conhecidos dentro e fora do
Brasil. Está ligado aos grandes
sucessos de Chico Buarque.
Francis Victor Walter Hime,
nasceu em 1939, no Rio de
Janeiro. Neto de um pianista e
filho de uma pintora, pelos seis
anos era já aluno de piano.
Entre os 16 e os 20 estudou em
Lausanne, na Suiça, e daí dos
clássicos à m.p.b. foi um pulo.
Nos anos 60 iniciou a parceria com a referência principal
da sua geração - Vinicius de
Moraes - e compôs temas para
Elis Regina. Na década seguinte
trabalhou directa e intensamente com Chico Buarque "Trocando em Miúdos", "Passaredo", "Meu Caro Amigo", "Vai
Passar", "Quadrilha", "Atrás da
Porta" e "Pivete".
Discografia
2006 Arquitetura da Flor;
2005 Essas Parcerias; 2004
Álbum Musical; 2003 Brasil
Lua Cheia; 2002 Choro
Rasgado; 2001 Meus Caros
Pianistas; 2000 Sinfonia do
Rio de Janeiro de São
Sebastião; 1985 Clareando;
1982 Pau Brasil; 1981 Sonho
de Moço; 1981 Os Quatro
Mineiros; 1980 Francis; 1978
Se Porém Fosse Portanto;
1977 Passaredo; 1973 Francis
Hime; 1964 Os Seis em Ponto.
Mariza e Vitorino
Além de Francis Hime, estão já
confirmadas as participações de
Mariza e de Vitorino e Janita
Salomé.
Mariza, que deverá actuar
no dia 27 de Julho, integrou
Monsaraz na sua “mini-digressão” portuguesa. Deverá apresentar temas do último álbum,
mas também temas que têm
marcado a sua carreira. A fadista será acompanhada pela sua
formação habitual, constituída
pelos músicos Luís Guerreiro
(guitarra portuguesa), António
Neto (guitarra acústica) Vasco
de Sousa (baixo), António Barbosa (violino), Paulo Moreira
(violoncelo), Ricardo Mateus
(viola de arco) e João Pedro
Ruela (percussão).
notíciasalentejo~ Julho 2006
8
Susana Rodrigues
notícias~
Até Setembro
Férias com as TIC
A FDTI - Fundação para a
Divulgação das Tecnologias de
Informação anunciou mais uma
iniciativa no âmbito das
Tecnologias de Informação e
Comunicação para os mais
jovens, denominado Férias com
as TIC. Trata-se de uma iniciativa de ocupação de tempos
livres durante os períodos de
férias escolares e destinada, maioritariamente, a crianças dos 8
aos 14 anos.
O conteúdo base incide sobre
WinJúnior e NetJúnior complementado com actividades de
natureza lúdico-educativas,
nomeadamente, programas
didácticos, online e onsite, pesquisa de informação em sites
fidedignos de âmbitos: cultural,
cientifico, actualidade, desportiva, cidadania.
De acordo com um comunicado da Fundação para a
Divulgação das Tecnologias de
Informação/Delegação Distrital
de Évora, na componente lúdico-educativa da iniciativa
Férias com as TIC será utilizado
software disponibilizado pela
Porto Editora, oferecendo
diversos tipos de conteúdos, que
vão desde as actividades lúdicas, até às ligadas à aprendizagem de temas incluídos nos currículos escolares e adaptados a
várias idades. Serão utilizados
os seguintes títulos: "Diciopédia
2006", "Eu Adoro Matemática",
"Eu Adoro as Palavras", "Eu
Adoro Ciências - a Vida", "Eu
Adoro Ciências - Energia e
Forças", "Eu Adoro Ciências - a
Matéria", "Escola Virtual 3º ano"
e "Escola Virtual 4º ano".
Esta iniciativa está concebida para a ocupar os tempos
livres, tendencialmente, a
tempo parcial (manhã ou tarde),
podendo acontecer ocupação a
tempo inteiro, através da frequência dos dois meios tempos
diários. Será oferecida durante
os períodos de férias escolares,
que se concretiza de 26 de
Junho a 8/15 de Setembro, e de
Natal, previsivelmente de 18 de
Dezembro a 5 de Janeiro de
2007.
O preço, que inclui: formador, manuais, consumíveis, certificado e seguro de acidentes
pessoais, será de 50,00 €, estando previsto um desconto de 10%
para segundas inscrições,
irmãos e grupos.
http://juventude.gov.pt/
Portal/Tecnologia/FeriasTIC/
tel: 934 006 618
e-mail | [email protected]
Contacto Évora
tel: 932 638 033 | 266 748 011
e-mail | [email protected]
Universidade de Évora
homenageou professor
A Universidade de Évora
homenageou Manuel Ferreira Patrício, pedagogo,
Mestre de várias gerações
nos diversos níveis de ensino e personalidade multifacetada. A forma escolhida para a justa homenagem foi realização de um
colóquio - «Da Filosofia, da
Pedagogia, da Escola»
- organizado pelo Departamento de Pedagogia e
Educação. «A Humanidade
sempre nos surpreende!...
Há sempre alguém que se
projecta para além do insuperável. A cada passo
somos confrontados com
a existência de personalidades ímpares que marcam decisiva e determinantemente a nossa caminhada, o processo de crescimento de cada qual, nos
planos pessoal, académico
Parque EXPO colabora
com Câmara de Estremoz
A Parque EXPO e a
Câ ma ra Mu ni ci pa l de
Estremoz for malizaram
um contrato que aponta
para a constituição de
uma Sociedade de
Reabilitação Urbana
(SRU) para o centro histórico. De acordo com o contratado, a Parque EXPO
conjugará o novo eixo
urbano a constituir após a
desactivação da linha de
caminho de ferro e o alargamento, para Leste, da
zona histórica como tal
e profissional.
Manuel Ferreira Patrício
é uma dessas individualidades. Conhecemo-lo, convivemos com ele há décadas, apreciamo-lo. É uma
alma rica e rara de transbordante humanidade
e sabedoria. É uma personalidade multifacetada:
filósofo, pedagogo, educador, musicólogo, amigo,
em síntese, homo-culturalis», escreveu
a organização do evento
na apresentação do referido colóquio publicado no
jornal da Universidade
- www.ueline.pt.
Participaram, entre
outros, José Maria Quintana Cabanes - Universidade
Nacional de Enseñanza
a Distancia, Madrid,
e José Barata-Moura
- Universidade de Lisboa.
Câmara de
Évora com
as TIC
classificada, recuperando
os limites da muralha e
cosendo assim o tecido
urbano.
«A Parque EXPO é um entidade pública de grande
qualidade, que sabe pensar, planear e agir em termos de futuro», justifica o
presidente da CM
Estremoz, José Alberto
Fateixa. A Parque EXPO
tem contratos já assinados, ou a assinar, com os
Municípios de Vila Real de
Santo António e de Óbidos.
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A partir de Julho
deste ano entra em
funcionamento, em
Évora, um novo
recurso municipal de
apoio tecnológico e
informático aos agentes educativos e sociais do concelho, a que
a Câmara designou
de "Unidade de Apoio
Tecnológico do
Município de Évora" MUTIC. Este é um projecto cuja componen-
te mais visível é uma
unidade móvel, que
se materializa numa
viatura de apoio,
totalmente equipada
para intervenções
rápidas de apoio técnico, tecnológico e
informático aos jardins de infância, escolas básicas de 1º
ciclo, juntas de freguesia, centros de dia
e associações juvenis
do concelho.
notíciasalentejo~ Julho 2006
9
~portel
Uma simples açorda - pão, água,
azeite, alho, sal e coentros - pode
guardar os segredos da gastronomia alentejana, feita de sabores,
de saberes e também de cheiros.
E passa também, a partir de 2007,
a ter honras de Congresso, em
Portel, município que pretende
abordar a gastronomia regional
de uma nova forma.
O Congresso das Açordas, ainda
em fase de preparação, deverá surgir no primeiro trimestre do próximo ano, admitiu ao Notícias
Alentejo Norberto Patinho, presidente da Câmara de Portel.
Servirá, acrescenta o autarca,
para divulgar a gastronomia regional e as típicas açordas alentejanas.
A açorda alentejana é um dos
pratos mais típicos da região e
aquele que ao longo dos tempos
menos variação sofreu. «A açorda, que veio de um tempo préromano, atravessou o império, o
tempo árabe e chegou até aos nossos dias com a mesma pujança e
os mesmos ingredientes», escreve
Alfredo Saramago na introdução
de uma das obras mais completas
© direitos reservados
Açordas com honras de Congresso
sobre a diversidade da gastronomia do Alentejo - «Concurso de
Cozinha Alentejana, as melhores
receitas», editado pela Câmara
Municipal de Évora, em parceria
com a Confraria Gastronómica do
Alentejo.
A diversidade gastronómica
deve-se aos diversos povos que
ocuparam o sul da península, mas
também ao engenho e arte de
gente que foi obrigada a recorrer
aos saberes para melhorar os sabores e aos cheiros para estimular os
sentidos.
Aníbal Falcato Alves, no livro
«Os Comeres dos Ganhões Memória de Outros Sabores»
(Campo das Letras), recorda tempos de pouca fartura - «Claro que
as açordas comidas pelos trabalhadores não tinham os requintes
do bacalhau, da pescada ou de
qualquer outro acompanhamento. Mesmo o azeite não era
empregado na devida quantidade.
À açorda assim comida chamavase «açorda pelada». Às outras,
aquelas bem temperadas, só os
senhores tinham acesso».
notíciasalentejo~ Julho 2006
10
agenda~
ÉVORA
Estremoz promove
gravação multimédia
A Câmara Municipal de
Estremoz vai promover, durante os próximos quatro anos, a
gravação de CD´s Multimédia a
todas as Bandas Filarmónicas,
Ranchos Folclóricos, Orfeão,
Escolas do Concelho e
Orquestra de Percussão de
Estremoz - “Tocábombar”.
De acordo com a autarquia,
as gravações terão início no dia
2 de Julho, com a Banda da
Sociedade Filarmónica
Veirense, seguindo-se, nos dias
8 e 9, a gravação do Rancho
Folclórico As Azeitoneiras de
São Bento do Cortiço e Banda
da Sociedade Filarmónica
Luzitana, respectivamente.
As próximas gravações terão
lugar em 2007, com o Rancho
Folclórico A Convenção de
Evoramonte e Orquestra de
Percussão de Estremoz “TocáBombar”, em 2008, com a Banda da Sociedade Filarmónica
Artística Estremocense e Rancho Folclórico Rosas de Maio de
Veiros e em 2009, com o Orfeão
de Estremoz Tomaz Alcaide
e Agrupamento de Escolas de
Estremoz.
O CD para além da componente áudio, terá ainda uma
faixa multimédia onde se pode
apreciar em formato video, o trabalho destes grupos musicais.
Com esta iniciativa pretende o
Município de Estremoz divulgar
e promover o excelente trabalho
musical dos grupos do Concelho.
Galp apoia Festival
Músicas do Mundo
A Câmara Municipal de Sines
anunciou a celebração com a
Galp Energia - Refinaria de
Sines e com um conjunto de
entidades locais a assinatura de
protocolos de colaboração para
2006. No âmbito dos protocolos, a empresa apoia com 150
mil euros a realização da oitava
edição do Festival Músicas do
Mundo, a decorrer em Julho. A
Galp Energia concede igualmente um apoio global de 158
500 euros às seguintes entidades: Andebol Clube de Sines;
Associação Cabo-verdiana de
Sines e Santiago do Cacém;
Contra-Regra - Associação de
Animação Cultural; Associação
dos Bombeiros Voluntários de
Sines; Rádio Sines; A Gralha Associação para o
Desenvolvimento de Porto
Covo; Associação Recreativa de
Dança Sineense; Associação
Sócio-cultural de Porto Covo;
Centro Cultural Emmerico
Nunes; Cercisiago; Clube de
Natação do Litoral Alentejano;
Clube Desportivo e Recreativo
de Porto Covo; Clube Náutico
de Sines; Comissão de Carnaval
de Sines; Ginásio Clube de
Sines; Grupo Desportivo da
Baixa de S. Pedro;
Independentes Futsal
Associação; Junta de Freguesia
de Porto Covo; Santa Casa da
Misericórdia de Sines;
Sociedade Musical União
Recreio e Sport Sineense; Casa
do Benfica em Sines; Paróquia;
Vasco da Gama Atlético Clube.
Pintura e Instalação | António Angel
1 a 23 de Julho | Igreja de S. Vicente
| Largo de S. Vicente
Horário: 2ª a 6ª feira das 10h00 às
12h00 e das 14h00 às 18h00
Sábado: 14h00 às 18h00 | Encerra
ao Domingo
Org.: Câmara Municipal de Évora
Vídeo | "Escrita na Paisagem"
1 a 15 de Julho | Palácio de
D. Manuel | Jardim Público
Horário: 2ª a 6ª feira das 10h00 às
12h00 e das 14h00 às 18h00
Sábado: 14h00 às 18h00
Encerra ao Domingo
Org.: Associação Colecção B
Apoio: Câmara Municipal de Évora
Cerâmica | Delfim Manuel
Até 9 de Julho | Palácio de D.
Manuel | Jardim Público
Horário: 3ª a 6ª feira das 10h00 às
12h00 e das 14h00 às 18h00
Fim de Semana e Feriados, 14~18h
Org.: Câmara Municipal de Évora
Litografias | Picasso Litógrafo
Até 10 de Setembro, Fórum Eugénio
de Almeida, Rua Vasco da Gama, 13
Nesta exposição estão reunidas 62
litografias de Picasso, pertencentes
a diferentes épocas, desde as primeiras incursões no mundo da gravura,
em 1904, até à série "As Mulheres de
Argel", de 1955, numa fase de plena
maturidade artística.
Horário: Diariamente das 9h30 às
18h30 | Visitas Guiadas: 2ª a 6ª feira
das 9h30 às 18h30
Informações: Tel. 266 748 350
Email: [email protected]
Org.: Fundação Eugénio de Almeida
Gravura | Festival de Gravura
Até Outubro | Sala de Exposições do
Palácio do Vimioso
Largo Marquês de Marialva, 8
Horário: 2ª a 6ª feira das 10h00 às
12h00 e das 14h00 às 17h00
Informações através do Tel.: 266
702743 | Email: [email protected]
Org.: Centro de História da Arte da
Universidade de Évora
Escultura Naturalista do Museu
de Évora | Colecção Barahona
Até Maio de 2007 | Reunida por
Francisco Eduardo Barahona Fragoso
(1845-1905), a Colecção Barahona de
escultura deve ser entendida no âmbito de uma prática mas alargada
e diversificada de aquisição e encomenda de objectos artístico.
Delegação Regional da Cultura do
Alentejo | Rua de Burgos, 1
Horário: 9h30 às 12h30 e das 14h00
às 18h00
Informações: Tel. 266 702 604
Email: [email protected]
Org.: Museu de Évora
Apoios: Direcção Regional do
Ministério da Cultura | IPPAR
Termas Romanas
A área descoberta das Thermae ou
Balnea até ao momento de 200m 2,
sendo constituída por uma sala circula r de 9m de diâmet ro desti nada
a banhos quentes e de vapor
- Laconicum - e de uma fornalha
- Praefurnium. A sua atribuição cronológica é dos finais do séc. I d.C.
Subsolo do Edifício dos Paços do
Concelho | Praça de Sertório
Horários: Dias úteis das 9h00 às
18h00 | Sábados das 10h00 às 12h00
e das 14h30 às 17h00
Informações: Tel. 266 777 100
Org.: CM de Évora | DCHPC
Espólio do Museu de Évora
A exposição conta com uma selecção
das principais peças de pintura,
escultura e mobiliário. Em destaque,
são apresentadas pela primeira vez
ao público as obras recentemente
adqu iridos par a o Museu.
Igreja do Convento de Santa Clara,
Rua Serp a Pinto
Horários: 3ª feira das 14h00 às
18h00 | 4ª feira a Domingo das
10h00 às 18h00
Gratuito aos Domingos até às 14h00
Info: Tel. 266 702 604 | 266 708 095
Email: [email protected]
Site: www.ipmuseus.pt
Loja/Livraria: 3ª feira das 14h00 às
17h50 | 4ª feira a Domingo das
10h00 às 17h50
Org.: Museu de Évora
Galeria 21
Exposição Permanente de Pintura,
Escultura, Cerâmica, Fotografia e
ourivesaria.
Rua de Santa Maria, 21
Horário: Diariamente das 18 às 20h
Informações: Tel. 266 743 616
Email: [email protected]
Org.: Galeria 21
Galeria Oficina da Terra
Artesanato Contemporâneo de
Tiago Cabeça e Magda Ventura
Rua do Raimundo, 51 A
Horário: 10h00 às 19h00
Informações: Tel.: 266 746 049
Email: oficinadaterra
@oficinadaterra.com
Site: www.oficinadaterra.com
Org.: Oficina da Terra
O Mundo do Trabalho e a Oficina
de Aferição
Núcleo Museológico Metrologia
Largo do Chão das Covas, 15
Projecto no Campo da História da
Metrologia em Portugal - Casa da
Balança.
Horário: 2ª a 6ª feira das 9h30 às
13h00 | Encerrado aos Sábados,
Domingos e Feriados
Informações: Tel. 266 777 192
Email: [email protected]
Site: www.cm-evora.pt/casadabalanca
Org.: Câmara Municipal de Évora,
Núcleo Museológico de Metrologia
Nota: O horário poderá ser alterado.
Atelier Aberto | Artes Plásticas
Escola André de Resende | Atelier
da AGE
Horário: 2ª feira das 16h00 às 20h00
Informações: Tel. 266 739 560
Email: [email protected]
Site: agevora.no.sapo.pt
Org.: AGE - Associação de
Gravadores de Évora
Departamento de Escultura em
Pedra
A principal actividade do
Departamento é receber artistas,
escultores, ou provenientes de
outras áreas, arquitectos, designers,
etc. para aí desenvolverem projectos
em pedra.
Rua de Machede, 58
Informa ções: Tel. 266 708 339
Email: dep_esculturapedra@mail.
evora.net
Site: www.esculturapedra .org
Org.: Dep. de Escultura em Pedra
Museu de Carruagens dos Séculos
XVIII e XIX
Largo Dr. Mário Chicó, 4/6
Horário: 2ª a 6ª feira das 10h00 às
12h30 e das 14h30 às 18h00
Sábado das 10h00 às 12h30 e das
14h30 às 18h00 | Encerrado aos
Domingos e Feriados
Encerrado para Férias de 20 de
Julho a 14 de Agosto
Info: Tel. 266 741 080 | 2 66 743 712
Email: [email protected]
Site: www.icvv.no.sapo.pt
Org.: Instituto de Cultura Vasco Vill'Alva
Unidade Museológica CEA
Antiga Central Elevatória de Águas
da Cidade de Évora
Itinerário Expositivo - Arqueologia
Industrial e Património Hidráulico.
Unidade Museológica CEA | Rua do
Menino Jesus
Horário: 2ª a 6ª feira das 14h00 às
17h30 | Encerrado aos Sábados,
Domingos e Feriados
Informações: Tel. 266 752 954
Email: [email protected]
Site: www.cm-evora.pt/piphe
Marcações prévias para Escolas
e Jardins de Infância
Org.: Câmara Municipal de Évora
Apoio: Instituto de Turismo de
Portugal
Nota: O horário poderá ser alterado.
Ártifantasia Galeria/Atelier
Trabalhos de Pintura, Escultura,
Cerâmica, Azulejaria e Artesanato
Contemporâneo de Carlos Almeida.
Rua dos Mercadores, 48
Horário: Diariamente das 11 às 19h
Informações: Tm. 919 993 985
Org.: Ártifantasia
VII Ciclo de Concertos "Música
nos Claustros"
1 a 29 de Julho | Pretende ser um
contributo para a animação cultural
de verão utilizando e valorizando o
património edificado enquanto espaço com boas condições para a fr uição musical. Este ano dedicará grande parte do seu programa à apresentação de peças dos compositores
Wolfgang A. Mozart, Fernando
Lopes-Graça, R. Schumann
e Shostakovich dos quais se celebram efemérides no corrente ano.
Claustros do Convento dos Remédios
Música Coral pelo Coro Polifónico
"Eborae Mvsica"
1 de Julho | Homenagem
a Fernando Lopes-Graça
Direcção: Pedro Teixeira
Horário: 21h30
Recital de Canto e Piano
Homenagem a Mozart e Schumann
Sandra Medeiros, canto | Francisco
Sassetti, piano
8 de Julho | 21h30
Recital Instrumentos de Corda
Homenagem a Mozart
Quarteto Intermezzo
15 de Julho | 21h30
Marimba e Vozes
Pedro Carneiro, marimba
Grupo Vocal Voces Caelestes
Direcção: Sérgio Fontão
22 de Julho | 21h30
Concerto | Orquestra Gulbenkian
2 de Julho | Concerto integrado no
"XII Festival Évora Clássica 2006"
e das Comemorações dos 20 Anos
"Évora Património Mundial"
Teatro Municipal Garcia de Resende
Praça Joaquim António de Aguiar
Maestro: Cesário Costa | Cecília
Branco, violino | Gareguine
Arouthounian, concertino
Horário: 18h00 | Informações úteis
através do Tel.: 266 703 112
Org.: Casa Cadaval | Apoios: Câmara
Municipal de Évora | Fundação
Calouste Gulbenkian | Centro
Dramático de Évora
Molière, um dos grandes mestres da
dramaturgia francesa.
Encenação: Figueira Cid
Páteo de S. Miguel | Horário: 21h30
Informações: Tel. 266 748 350
Email: [email protected]
Site: www.forumea-evora.com.pt
Org.: Fundação Eugénio de Almeida
Produção: Comp. de Teatro A Bruxa
Largo 1.º de Maio
Feira de Velharias
2º Domingo de cada mês
Feira do Livro Usado
e do Coleccionismo
3º Domingo de cada mês
Mostra de Arte
1ºs e 3ºs Sábados de cada mês
Mostra de Artesanato
Trimestralmente, 2 dias
(6ª feira e Sábado)
Feira do Verde
e Agricultura Biológica
1ºs e 4ºs Sábados de cada mês
Horário: A partir das 8h00
Informação: Tel. 266 777 100
Org.: Câmara Municipal de Évora
MONTEMOR-O-NOVO
8/9 de Julho
Centro Hi pico de Mo ntemor-o -Novo
Concurso de Saltos Nacional C,
disputado por concorrentes nacionais e internacionais, no qual estará em disp uta entre outros pr émios
o troféu Dra. Ana Mota Vacas.
MORA
II ALENCAÇA
Feira de Caça do Alentejo
7 de Julho
17h45: Cerimónia de Abertura no
Auditório do Parque de Feiras
18h00: Inauguração da Feira
22h00: Espectáculo com «Os Anjos»
8 de Julho
XII Festival Évora Clássica 2006
4 a 8 de Julho | A Casa de Cadaval
com o seu "Festival Évora Clássica"
convidou um grupo diversificado de
artistas para fazerem justiça à rique za arquitectónica e histórica da cidade de Évora. A Duquesa de Cadaval
sente-se honrada por organizar mais
este histórico acontecimento e convida-o a juntar-se a esta celebração
da música e da vida durante quatro
dias de Música Tradicional Oriental.
Palácio das Cinco Quinas | Casa Cadaval
Intermezzo - Música no
Páteo do Fórum
Fórum Eugénio de Almeida,
Rua Vasco da Gama, 13
5 a 26 de Julho
Horário: Todos os espectáculos realizam-se às 19h00
Teatro | "O Efeito Laranja"
7 e 8 de Julho | Peça de João Quadros
Encenador: Nicolau Breyner
Elenco: Carlos Areia | Helena
Laureano | Marcantonio Del Carlo |
Nicolau Breyner | Patrícia Tavares |
Rita Salema
Teatro Municipal Garcia de Resende
| Praça Joaquim António de Aguiar
Horário: 21h30 | Informações
e reservas: Tel: 266 703 112
Produção: Nicomedia | Org.: Câmara
Municipal de Évora | Apoios: Ministério
da Cultura | Centro Dramático de Évora
| Hotel Santa Clara
Teatro | Escola de Maridos Comédia em três Actos de Molière
13 de Julho a 5 de Agosto
O Páteo de S. Miguel, sede da
Fundação Eugénio de Almeida, abre-se este Verão ao Teatro e apresentação a peça "Escola de Maridos", de
07h00: Cães de Parar
Campeonato de Portugal de
Santo Humberto
Local: Herdade da Barroca
09h00: Corrida de Galgos
1ª Grande Corrida de Mora
(a contar para o Campeonato
Nacional)
Local: Junto à antiga estação da CP
10h00: 3º Grande prémio de Tiro
aos Pratos de Cabeção e Pavia "
Homenage m ao Vereador Ca nelas"
Local: Herdade da Barroca
21h00: Ca mpeonato Mundial d e
Futebol | Apuramento para
o terceiro e quarto lugares
Local: Rec into da Feira
9 de Julho (Domingo)
07h00: Cã es de Parar
Campeonato de Portugal de
Santo Hu mberto
Local: He rdade da B arroca
10h00: 3º Grande pr émio de Tiro
aos Pratos de Cabeçã o e Pavia
"Homenag em ao Vereador C anelas"
Local: He rdade da B arroca
10h00: II Encontro de Caçado res
Local: Auditório do Parque de Feiras
12h 00: Al moç o d e
Confrate rnizaç ão de Caça dores
Sardinhas e Churrasco
19h00: Entrega de Prémios
Local: Auditório do
Parque de Feiras
20h00: Fina l do Campe onato
Mundial d e Futebol
Local: Rec into da Feira
notíciasalentejo~ Julho 2006
11
~cultura&espectáculos
PORTEL
Centro de Artes de Sines
Cinema
Exposição de Claudia Fischer e José M. Rodrigues
Rute Marques
[email protected]
O Código Da Vinci
2 e 3 de Julho | 21:30
Auditório Municipal
Realizador: Ron Howard,
Actores: Tom Hanks, Audrey
Tautou, Ian McKellen, Alfred
Molina, Paul Bettany;
Ano: 2006; Idade: M/12;
Duração: 135 minutos;
Género: Drama / Mistério / Thriller,
Distribuidora: Columbia,
País de Origem: EUA
10 de Julho | O Novo Mundo
17 de Julho | X-Men
24 de Julho | O Génio do Mal
31 de Julho | O Matulão da Vóvó
Dança | Auditório
7 de Julho | 21.30h
8 de Julho | 16.00h
Espectáculo de Dança pela Escola
de Dança da Câmara Municipal de
Portel no Auditório Municipal.
REGUENGOS DE MONSARAZ
Campeonatos Regionais de
Natação
1 de Julho | 17:00 | Piscina Municipal
Org: Associação de Natação do Sul
Município de Reguengos de
Monsaraz
Monsaraz Museu Aberto
22 a 30 de Julho
Município de Reguengos de Monsaraz
Ciclismo | Volta
a Portugal do Futuro
Dia 29 | Chegada da etapa
a Reguengos de Monsaraz
Dia 30 | Ultima etapa da Volta
a Portugal do Futuro c.r.
Org: PAD | Produções de Actividades
Desportivas S.A. | Município de
Reguengos de Monsaraz
VIANA DO ALENTEJO
Cinema
Sines inaugura, no Centro de
Artes, "Corredores Habitados", por
Claudia Fischer, numa abordagem
à condição impossível de habitar
os espaços. E, "Solo a Solo", de
José Manuel Rodrigues, série enigmática de cabeças à tona de água,
registadas pela objectiva do fotógrafo residente em Évora.
Entre 1 e 30 de Julho, os trabalhos de Claudia Fischer e de
José Manuel Rodrigues integram
o programa do Festival Músicas
do Mundo 2006. "Corredores
Habitados", trabalha os temas da
desterritorialização, do fluxo da
emigração, e da acumulação de
materiais na sociedade de consumo. Uma abordagem, assim definida pela artista plástica à "condição impossível de habitar deter minados espaços". Assim como ao
"trânsito de pessoas e de imagens"
em torno desse ter ritório indefinido e rico, "que é aquilo que se
situa na fronteira entre uma coisa
e outra".
Claudia Fischer apresenta as
séries "Bertolt-Brecht-Str. 22",
“O Passageiro Transparente", "Please wait at the yellow line" a
vídeo projecção "Bahnsteig Zwei".
A intervenção da ar tista que nasceu na Alemanha, e actualmente
vive entre Lisboa e Leipzig, é completada por uma instalação de
125 malas de ráfia, na sala central do foyer.
José Manuel Rodrigues, considerado um dos maiores fotógrafos
portugueses contemporâneos traz
até Sines um tema que sempre
lhe interessou, "o fragmento do
corpo na paisagem, ou a paisagem
enquanto fragmento e espelho",
como descreve Rui Oliveira,
comissário da exposição.
"Os retratados estendidos no
chão, cabeça vista de cima, a partir de trás, comportam uma inesperada frontalidade, rodeados de
água, pedra, areia, terra, cinza ou
erva".
Uma inquietante série de fotografias onde o público é interpela do pela aparente inversão da cabeça dos retratados.
Esta é uma aposta que tem também "em consideração o que foi
o sofrimento das populações", e
que, segundo o vereador, encara "o Alentejo como um todo",
a necessitar de investimentos
como o do Plano de Acção
Estratégica para a Mina de
S. Domingos (definido pela
Câmara de Mértola).
António Cunha, traz-nos os
registos fotográficos das casas,
hoje um espaço - fantasma e
também daqueles que ficaram,
a relembrar os milhares de
mineiros que percorreram o
povoado, desceram a mina e
lhe extraíram o minério.
Helena Lousinha, evoca em
duas séries de trípticos, em
1995," o lado da sombra, do
inconsciente, da simbologia do
cobre" e, num segundo conjunto de telas, de 2003, " o sofrimento pelo trabalho árduo mas
também pela morte da Mina".
Jean Pierre dos Santos reinventa "um som para esse lugar,
entre o imaginário do trabalho
e o canto ritual da meditação".
A Mina de S.Domingos chegou
a ser a maior exploração mineira portuguesa até 1930, quando
se desenvolve a exploração das
minas de volfrâmio na
Panasqueira. Dos registos existentes conclui-se que entre os
anos de 1855 e 1966, dela
foram retirados 25 milhões de
toneladas de minério.
Ainda em 2006, em percurso
itinerante, a exposição passará
por Alvito, de 1 de Agosto a
1 de Setembro, por Castro
Verde, de 7 de Setembro a 7 de
Outubro, e por Almodôvar,
entre 19 de Outubro e 7 de
Dezembro. 2007 | Serpa - 20 de
Janeiro a 20 de Fevereiro;
Sines - 3 de Março 29 de Abril;
Beja - 12 de Maio a 30 de
Junho; Estremoz - 14 de Julho
a 30 de Setembro; Mértola - 13
de Outubro a 18 de Novembro.
Olhar a Mina de S. Domingos
O passado de uma mina abandonada, retratado em "olhares
sobre um lugar". Vinte anos de
trabalho na Mina de S. Domingos, numa mostra conjunta dos
artistas António Cunha, Helena
Lousinha e Jean-Pierre dos
Santos, estão patentes em
Montemor-o-Novo, até 22 de
Julho, numa co-produção entre
nove autarquias e a Direcção
Regional da Cultura do
Alentejo.
Encerrada em 1965 pela companhia inglesa Mason & Barry,
que administrava os filões de
pirite e cobre, a mina esteve
associada à formação de um
operariado mineiro. Através da
pintura, da fotografia e do som,
esta é uma abordagem "de muitos olhares sobre aquele monumento abandonado, das memórias que se desprendem das
paredes e maquinarias em ruínas, das escórias que cobrem o
solo, pobre, privado da sua
riqueza", referencia a coorde-
nadora do projecto, Noémia
Cruz.
A cidade onde foi dado o
arranque de uma itinerância de
"olhares sobre um lugar", associou-se à chamada de atenção
dos autores sobre este património histórico e cultural, ao
encontro da "identidade de São
Domingos face à mina", como
referiu o vereador da cultura
da Câmara de Montemor-oNovo, João Marques. Deste
modo, a autarquia pretende
"dar a conhecer a estética da
exposição" numa mostra que
reúne 20 anos de trabalho dos
artistas envolvidos, mas que é
de alguma forma, "exemplar e
actual". Pela parceria criada
entre nove municípios em coprodução com a DRCA, foi criado "um movimento em conjunto e uma lógica de itinerância",
regional e nacional, "porque só
assim se deixa uma lógica local,
de trabalhar de costas voltadas
de uns para os outros", referiu.
cupão de assinatura
Não
perca
um
1 ano, 12 números, 12 €
Nome
Morada
Cód. Postal
Localidade
No Limiar da Verdade
7 de Julho | 21h30 | Cine-teatro
Thriller para maiores de 12 anos.
Com Demi Moore e James Cosmo.
Tel.
E-mail
9 de Julho | 16h00
Scary Movie 4 - Que susto de filme
14 de Julho | 21h30
Missão Impossível 3
21 de Julho | 21h30
Uma Família dos Diabos
23 de Julho | 16h00
O Rafeiro
Envie para: Rua S. João de Deus, 18 7200-376 Reguengos de Monsaraz ou para o Fax: 266 508 019
informações: Telefone: 266 508 012 Telemóvel: 967 032 441 E-mail: [email protected]
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e o jornal
vai ter consigo
notíciasalentejo~ Julho 2006
12
entrevista~
“Gostávamos de ter
mais investimento
empresarial português”
Sánchez Amor, na entrevista ao
Notícias Alentejo, admite que na
primeira fase nas relações
transfronteiriças, depois de anos de
afastamento e falta de comunicação,
«houve algum receio inicial» e que os
primeiros passos foram dados com
prudência. Mas, acrescenta,
«há muito tempo que ultrapassámos
essas dúvidas iniciais e agora
estamos numa outra fase,
caracterizada por uma cooperação
plena e sem reservas e um diálogo
franco e aberto».
A cooperação entre a Extremadura e as
regiões portuguesas do Alentejo e
Centro tem mais de dez anos. A aposta
no relacionamento transfronteiriço tem
andado a duas velocidades ou, pelo contrário, tem existido sempre um entendi mento fácil na definição de prioridades?
As duas partes apostaram forte desde o início na cooperação transfronteiriça, porque
todos estávamos convictos dos benefícios
que tiraríamos com o trabalho conjunto, e
não houve problemas para definir as prioridades. A recente reunião de Cooperação
Transfronteiriça, celebrada em Zamora no
dia 29 de Maio, na qual participaram todos
os presidentes de comunidades autónomas
espanholas fronteiriças, bem como os presidentes das Comissões de Coordenação das
regiões portuguesas da Raia, com a presença dos ministros dos Negócios Estrangeiros
português e espanhol, confirma que as rela-
no e aprendizagem do por tuguês na nossa
região. Os números são animadores e
aumentam de ano para ano.
Desde 1995, o GIT financia cursos de língua portuguesa em localidades ao longo de
toda a geografia regional, mesmo longe da
Raia. Quanto ao ensino oficial, quer no ensino básico quer no secundário, aumentaram
os estudantes de português. Relativamente
às Escuelas Oficiales de Idiomas, as nove da
região ministram os cursos de português
com uma duração de cinco anos, sendo a língua portuguesa a segunda mais procurada
depois da inglesa. No ensino superior, a
Universidade de Extremadura conta com
uma licenciatura de Filologia Portuguesa há
sete anos, de forma que confiamos que os
estudantes formados nela venham a satisfazer a demanda de professores de português existente na Extremadura.
Na Extremadura tem-se verificado nos
últimos anos um interesse crescente por
Portugal em geral e pela língua portuguesa
em particular. Neste quadro, o objectivo
dos diferentes cursos de por tuguês não
pode ser apenas linguístico, não nos podemos limitar a aprender outra língua com
fins práticos e de comunicação, o que já é
realmente importante. Acima de tudo, deveríamos usar a língua como um instrumento
para descobrir e perceber uma realidade
alheia e diferente, para aproximarmo-nos
do vizinho e para dester rar de vez compor tamentos e atitudes do passado. O objectivo
de sociedades bilingues entre o Alentejo e a
Extremadura pode ser demasiado ambicioso, mas seria desejável que todos nestas
duas regiões pudéssemos compreender sem
dificuldades a língua do vizinho.
‘Na Extremadura, não só não
temos medo com a cooperação
transfronteiriça como
desejamos contar com mais
presença portuguesa em todos
os âmbitos. Por exemplo,
gostávamos de ter mais
investimento empresarial
português na nossa região, que
poderia servir de experiência
e de porta de entrada para
o resto do mercado espanhol.
Neste sentido, seria bom
recordar que a primeira visita
oficial ao estrangeiro do
engenheiro José Sócrates foi
a Madrid, e que pouco antes
tinha declarado que as três
prioridades da política externa
portuguesa deviam ser
Espanha, Espanha e Espanha’
As Universidades da Extremadura e de
Évora poderão dar um importante contributo nas relações transfronteiriças.
É possível, com a adopção dos critérios
de Bolonha, melhorar a cooperação
entre as duas instituições de ensino
superior e avançar, por exemplo, para
projectos de investigação conjuntos?
A Universidade da Extremadura já tem assinados Protocolos de Cooperação com a
Un iv er si da de de Év or a e co m a
Universidade da Beira Interior, bem como
com os Institutos Politécnicos de Castelo
Branco e Beja. Todos estes centros de ensino superior, no seu âmbito de actuação, têm
um importante papel que desempenhar nas
relações transfronteiriças. A implantação a
partir de 2010 do Espaço Europeu de
Ensino Superior, fruto do Convénio de
Bolonha, fará com que a cooperação seja
ainda mais estreita, e professores e estudantes portugueses e espanhóis possam
tirar proveito da oferta de todas estas universidades. De facto, há poucos dias os responsáveis da Universidade da
Extremadura para o Convénio de Bolonha
mantiveram reuniões em Lisboa com
representantes dos ministérios portugueses
de Educação e da Ciência, Tecnologia e
Ensino Superior com o objectivo de partilharem experiências e informações, e de
estabelecerem as bases para um futuro diálogo e trabalho conjunto.
O que falta para completar a ideia de cooperação transfronteiriça?
Julgo que já estão reunidas as condições
mínimas e necessárias para trabalhar.
Agora resta aprofundar o que já foi feito e
continuar neste percurso.
‘A diferente organização
administrativa dos dois países
e a assunção de numerosas
competências por parte das
comunidades autónomas
espanholas fez com que
por vezes houvesse algum
desequilíbrio ou falta de
interlocução entre as regiões
transfronteiriças espanholas
e portuguesas’
ções bilaterais e a cooperação entre os dois
países são um assunto essencial, tanto para
os governos nacionais como para as regiões
transfronteiriças
No entanto, a diferente organização
administrativa dos dois países e a assunção
de numerosas competências por par te das
comunidades autónomas espanholas fez
com que por vezes houvesse algum desequilíbrio ou falta de interlocução entre as
regiões transfronteiriças espanholas e por tuguesas.
Por exemplo, a Extremadura mantém
nos últimos anos uma aposta forte no
apoio à realização de cursos de português, não se notando o mesmo esforço
no Alentejo. A aposta na aprendizagem
do português é para manter nos próximos anos? E qual o objectivo?
No que diz respeito à Junta da
Extremadura, não há dúvida que vamos
continuar com o fomento e estímulo do ensi-
Ignacio Sánchez Amor, vice-presidente da Junta da Extremadura, fala com entusiasmo das relações entre Alentejo
e Extremadura e defende uma maior presença portuguesa em Espanha Fotos: direitos reservados
notíciasalentejo~ Julho 2006
13
Ignacio Sánchez Amor
bio
‘Já na cimeira luso-espanhola
da Figueira da Foz, do ano
2003, para além da conexão
em alta velocidade LisboaBadajoz-Madrid, foi aprovada
uma linha para o trânsito de
mercadorias Sines-LisboaSetúbal. O intuito era
e continua a ser que esta
linha chegue até à fronteira
espanhola em Badajoz,
e a partir daí já está
operacional a linha que segue
para Puertollano, em CastillaLa Mancha, Madrid e Aragão’
Há diferentes níveis e agentes envolvidos neste processo. O mais importante é
que esta ideia seja assumida e interiorizada
como um facto normal pela população em
geral e, naturalmente, que conte com o
apoio político e económico das administrações. Estudantes, professores, empresários,
comerciantes, profissionais em geral, muni cípios e associações devem contar com os
parceiros do outro lado da Raia para desenvolverem as suas actividades e serem conscientes das vantagens que podem obter através da cooperação transfronteiriça. Se até
agora podíamos pensar que faltava o ingrediente do compromisso dos gover nos nacionais, entramos numa nova etapa com a reunião de Zamora, como acabei de referir.
Há, nos dois países, quem considere a
cooperação transfronteiriça lesiva da
coesão nacional…
Da parte espanhola, nomeadamente da
parte extremenha, não há obstáculos para
avançar na cooperação transfronteiriça e
ninguém considera que haja riscos para a
coesão nacional.
Quanto à parte por tuguesa, não sou eu a
pessoa mais apropriada para dar uma opinião, mas considero que também não haverá perigos para Portugal derivados da cooperação transfronteiriça, antes bem pelo
contrário, apenas vantagens.
Se calhar poderíamos falar de uma primeira fase nas relações transfronteiriças,
depois de anos de afastamento e falta de
comunicação, em que houve algum receio
inicial e em que os primeiros passos foram
dados com prudência. Todavia, há muito
tempo que ultrapassámos essas dúvidas inicias e agora estamos numa outra fase,
caracterizada por uma cooperação plena e
‘A implantação a partir de
2010 do Espaço Europeu de
Ensino Superior, fruto do
Convénio de Bolonha,
fará com que a cooperação
(transfronteiriça) seja ainda
mais estreita, e professores
e estudantes portugueses
e espanhóis possam tirar
proveito da oferta de todas
estas universidades’.
sem reservas e um diálogo franco e aberto.
Na Extremadura, não só não temos
medo com a cooperação transfronteiriça
como desejamos contar com mais presença
portuguesa em todos os âmbitos. Por exemplo, gostávamos de ter mais investimento
empresarial português na nossa região, que
poderia servir de experiência e de porta de
entrada para o resto do mercado espanhol.
Neste sentido, seria bom recordar que a primeira visita oficial ao estrangeiro do engenheiro José Sócrates foi a Madrid, e que
pouco antes tinha declarado que as três prioridades da política externa portuguesa
deviam ser Espanha, Espanha e Espanha.
Garantida a ligação ferroviária de alta
velocidade pelo Caia, fará sentido a criação de um roteiro turístico conjunto,
tendo em conta três cidades Património
Mundial, como Évora, Mérida e
Cáceres?
Com ou sem alta velocidade, faz todo o sentido potenciar este e outros roteiros turísti-
cos no Alentejo e na Extremadura.
Obviamente, estas três cidades conser vam
uma enorme riqueza artística e cultural,
que faz com que seja quase obrigatório tirar
proveito destes valores desde uma perspectiva turística.
Apesar do esforço da Junta da
Extremadura para assegurar a ligação
Lisboa-Madrid em ferrovia de alta velocidade pelo Caia, ficou sempre a sensação de que a prioridade passava pela
ligação de mercadorias ao porto de
Sines…
Antes de mais, neste ponto eu gostava de
sublinhar que já na cimeira luso-espanhola
da Figueira da Foz, do ano 2003, para além
da conexão em alta velocidade LisboaBadajoz-Madrid, foi aprovada uma linha
para o trânsito de mercadorias SinesLisboa-Setúbal. O intuito era e continua a
ser que esta linha chegue até à fronteira
espanhola em Badajoz, e a partir daí já está
operacional a linha que segue para
Puertollano, em Castilla-La Mancha,
Madrid e Aragão, que comunicaria Portugal
com Europa através de uma novo acesso
pelo Pirinéu Central. Neste momento, já
estão a decorrer obras de modernização do
troço extremenho desta linha, de for ma a
permitir que os comboios possam circular a
160 quilómetros por hora.
Quanto à futura ligação em alta velocidade entre Lisboa e Madrid, vai ser construída uma linha mista para o trânsito de
passageiros e mercadorias.
Quanto à futura ligação em alta velocidade
entre Lisboa e Madrid, vai ser construída
uma linha mista para o trânsito de passageiros e mercadorias.
Ignacio Sánchez Amor,
45 anos, nasceu em Cáceres,
e ocupa actualmente a vice-presidência da Junta da
Extremadura, depois de muitos
anos a liderar o Gabinete de
Iniciativas Transfronteiriças.
Pode considerar-se que, do lado
espanhol, foi o principal obreiro das relações com o Alentejo
e com a região Centro.
É um dos mais próximos colaboradores de Rodriguez Ibarra
e considera que as relações
entre Portugal e Espanha, às
quais atribui uma «importância estratégica», atravessam
«um dos seus melhores
momentos». Recentemente,
numa intervenção proferida
no almoço de empresários
promovido pela Câmara de
Comércio e Indústria Luso-Espanhola, defendeu que
a aproximação das empresas
portuguesas ao mercado espanhol deveria ser regional
- «Os portugueses devem participar mais nos concursos das
Comunidades Autonómicas e
menos nos concursos nacionais».
Licenciado em Direito pela
Universidad Complutense de
Madrid, Sanchez Amor esteve
entre 1986 e 1989 no Gabinete
Jurídico da Junta de Extremadura, de onde transitou
para o gabinete do ministro de
Justiça. Em 1993 (até 1996)
foi secretário-geral da Presidência da Junta e posteriormente assumiu a direcção do
Gabinete do Presidente Rodriguez Ibarra. Desenvolve actividade como académico, escritor, analista e político.
Profundo conhecedor das
especificidades de Portugal
e Espanha, é um dos políticos
espanhóis mais atentos às
questões que envolvem as relações luso-espanholas.
Membro da Associação
Espanhola de Ciência Política
e Direito Constitucional,
Sanchez Amor foi responsável
pela actividade exterior da
Junta de Extremadura e das
relações políticas, jurídicas
e institucionais com a União
Europeia e Portugal. Desde
1992 que ocupa uma vice-presidência da Associação de
Regiões Fronteiriças Europeias.
notíciasalentejo~ Julho 2006
14
roteiro~
Na Rota
do Fresco
Terena: 5 000 anos
Carlos Luna
[email protected]
Uma viagem pelos concelhos de
Alvito, Cuba, Portel, Vidigueira e
Viana do Alentejo leva-nos à «Rota
do Fresco» - um sistema de visitas
a uma selecção de exemplares de
pintura mural de capelas, ermidas
e igrejas, desde o século XV até aos
inícios do XIX.
O projecto «Rota do fresco, da
responsabilidade da Associação de
Municípios do Alentejo Central
(AMCAL), foi criada em 2001 e, presentemente, possibilita aos interessados a visita a alguns dos murais
restaurados nos últimos anos.
As visitas podem ser marcadas
recorrendo ao site da AMCAL www.amcal.pt - ou através do telefone - 284 419 020.
Proposta de visita interconcelhia:
Igreja Matriz de Cuba
Igreja de São Luís de Faro do
Alentejo
Núcleo arqueológico romano
e Santuário de São Cucufate
Capela de São Brás de Portel
Santuário de Nossa Senhora
de Aires (Viana do Alentejo)
Terena deixou de ser sede de Concelho
por volta de 1835, e, perdendo a atracção
de pólo administrativo, a sua população
foi diminuindo. Continua a ser, todavia,
extremamente recompensador percorrer
a Vila de Terena, com os seus 5000 anos
de História presentes um pouco por todo
o lado, na área do antigo Concelho. Para
além das casas (com destaque para a já
citada Rua Direita) e monumentos, a subida ao Castelo, com as suas quatro torres
semi-cilíndricas, e onde se podem obser var três materiais em har monia (granito,
mármore, e ardósia), dá-nos um soberbo
panorama, limitado, a Leste, pela Ser ra
de Alôr (ou Olôr, ou Lôr), e, a Noroeste,
pela Serra de Ossa.
ORIGENS
Terena, uma das mais antigas povoações
de Portugal, situa-se a 11 Km a Sul do
Alandroal, a 10 Km a oeste do Guadiana,
10 Km a Leste do Redondo, 29 Km a norte
de Reguengos de Monsaraz. Juromenha,
outra antiga vila hoje integrada no
Alandroal como a presente, dista 22 Km
em linha recta.
É notável a antiguidade desta antiga
vila, sede de Concelho até meio do Século
XIX. A região era habitada já por volta de
3000 a.C., pois, a cerca de 2 Km a leste, na
Ribeira de Lucefécit, encontramos o chamado "Castelo Velho", um recinto fortificado com 5000 anos. E, como se não bastasse, a 1 Km a Noroeste de Terena, temos
um outro recinto fortificado, o "Castelinho", datado de cerca de 1000 a.C..
Considerando que estamos numa região
alentejana rica em megalitos, é-nos difícil
afinal dizer em que remota data se produziu uma primeira ocupação humana na
região da antiga vila.
Entre outras coisas, encontrou-se a 4
Km ao norte da mesma um local de culto
datando da época romana; nele foram recolhidas noventa lápides, na maioria hoje no
Museu Arqueológico Nacional em Lisboa.
A divindade alvo de culto era aliás préromana, e denominava-se "Endovélico" (talvez do céltico "Andevellicos", significando
"muito bom"). Não muito longe, descobriuse recentemente um local de culto mais primitivo, talvez o primeiro dedicado a tal
divindade, "transferido" pelos romanos. No
século XVI, existiam ainda no local do
Templo Romano, 96 colunas de mármore
de Ordem Jónica, retiradas nesse século e
no seguinte para decorar edifícios em
Évora e Vila Viçosa. No local do antigo tem plo (séc. I ?), ergueu-se mais de mil anos
depois uma ermida (São Miguel da Mota).
Uma primitiva Terena ter-se-á, quase
certamente, erguido em redor ou próximo
do Templo de Endovélico. É pouco claro o
que lhe terá sucedido com as Invasões
Bárbaras no início do Século V. Consta que
no século VIII os muçulmanos a terão destruído, mas, por obra dos mesmos, surgiu
um grande povoado na região chamado,
tudo o indica, "Talanna". Se não ficava situado no local do antigo Templo Romano de
Endovélico, não deveria ficar longe,
mesmo porque tudo indica que o topónimo
moderno (Terena) terá tido origem na
designação árabe.
TERENA PORTUGUESA
Em 1262 Terena, decerto após destruições
resultantes da Reconquista, é (re)fundada,
cristãmente, por D. Gil Martins (Reinado
de D. Afonso III). O Foral dava-lhe quase
toda a área meridional do actual Concelho
do Alandroal. Terena deverá então ter sido
edificada, ou reedificada, junto da Igreja da
Boa Nova, recebendo o nome de Santa
Maria de Terena.
O Santuário de Nossa Senhora da Boa
Nova, vulgo Igreja da Boa Nova, é referido
já no Século XIII. A sua antiguidade poderá
ser muito grande mesmo, podendo prova velmente tratar-se da cristianização de um
culto muito, muito antigo mesmo. Todavia,
a sua forma actual remete-nos arquitectonicamente para o século XIV, e ainda assim
há sérias dúvidas. Talvez se esteja perante
um edifício sucessivamente reconstruído e
remodelado. Hoje, encontramo-nos perante um templo em for ma de fortaleza, com
ameias. Interiormente, alberga pinturas, e
de cada lado do altar-mor estão sumptuosos tocheiros. O conjunto é gótico. Uma tradição diz ter sido construído no século XIV,
mas, como há muitas dúvidas, tal só poderá estar parcialmente correcto.
O SÉCULO XVI
Terena recebe novo foral (manuelino) em
10 de Outubro de 1514. Contudo, fala-se
então de uma povoação chamada São
Pedro de Terena. Tudo indica que já no sécu-
pub
Abertos das 12h00 às 15h30
e das 18h00 às 22h00
Encerram à Segunda-Feira
www.aloendroeadegadocachete.com
Restaurante Aloendro
Estrada de Évora, 3 B
Reguengos de Monsaraz
E-mail: [email protected]
Telef. 266 502 109
Fax. 266 519 896
Tlm. 969 067 073
Restaurante Adega do Cachete
Rua do Grave, 9
S. Pedro do Corval
E-mail: [email protected]
Telef. 266 549 568
Fax. 266 519 896
Tlm. 969 067 073
notíciasalentejo~ Julho 2006
15
~férias
de história
foto cedida pela CM Alandroal | direitos reservados
Monsaraz medieval
lo XVI, portanto, Terena se terá "mudado"
para a sua actual localização, quiçá por
razões de salubridade. O Castelo, que parece datar do século XIII, e que portanto distava da aglomeração primitiva (sabe-se lá
porquê...), terá talvez tido influência na
mudança da povoação, da zona da Boa
Nova, para o outeiro onde as muralhas protegeriam melhor as suas gentes.
Sendo uma praça fronteiriça, Terena
teve uma História acidentada. O Castelo
terá sido fundado, ou restaurado, por
D.Dinis, sendo possível que tenha sido
reforçado na época de D.João I. D.João II
terá querido dar novo fôlego a Terena, restaurando uma vez mais o Castelo, que
ainda sofreu acrescentamentos manuelinos. Datará dessa época (séculos XV-XVI)
uma nova (?) Torre de Menagem, bem como
uma barbacã.
No numeramento de 1527-1531, Terena
surge como tendo cerca de 600 habitantes
(800, no máximo). Nos seus ar redores, o
Alandroal tinha cerca de 1 100 habitantes,
Juromenha 600, Vila Viçosa 3 000,
Monsaraz 2 500, Borba 2 300, Olivença 4
000, Estremoz 3 200. As maiores cidades
próximas eram Elvas (cerca de 7 000 habitantes) e Évora (entre 12 000 e 15 000).
No século XVI terão sido constr uídos os
Paços do Concelho, a Misericórdia, a Torre
do Relógio, e a já referida Torre de
Menagem. Outros monumentos se destacam em Terena, como o Pelourinho renascentista, a Igreja Matriz, e a Rua Direita no
seu conjunto, com portadas góticas, renascentistas, e barrocas, e ainda grades e chaminés típicas.
AS GUERRAS
Pouco se sabe sobre movimentações militares em redor de Terena em 1383-1385, ou
nos anos seguintes. Já na Guer ra da
Restauração (1640-1668), a vila esteve
em destaque. Por exemplo, em 1652 as tropas espanholas do Duque de S.Ger mán
saquearam os campos, recolhendo depois
a Barcarrota, escapando-se apesar de perseguidas por tropas da mesma Terena e de
Olivença. Tendo deixado, todavia, parte
do saque na circunvalação externa da
Praça espanhola, os portugueses recupe raram essa parte e levaram-na para
Olivença, onde os lavradores de Terena
foram recuperar os seus bens. Todavia,
em 1656 (noutro exemplo), Terena foi
cenário de violentos combates, e num
espaço de poucos dias foi ocupada por
espanhóis e recuperada custosamente
pelo exército português.
O Século XVIII viu um cer to declínio.
A sua economia foi enfraquecendo. Como
se não bastasse, Terena foi uma das povoações alentejanas que mais danos sofreu
com o terramoto de 1755. Não ficou destruída, claro, mas verificaram-se muitos
estragos.
DECLÍNIO
A época pombalina não parece ter sido
importante na região. A sua decadência
prosseguiu, e, já no século XIX, a sua economia foi ainda mais abalada com o corte
de ligações para além Guadiana depois de
1801, não tanto por ter ligações directas
com a região de Olivença, ainda que algumas existissem, mas sim porque tinha
laços com o Alandroal e com Juromenha,
estas directamente afectadas, em especial
esta última povoação.
Na primeira metade do século XIX, vários Concelhos com expressão reduzida acabaram por se unir em tor no do que foi o
único sobrevivente, o do Alandroal. Foram
eles Juromenha, Ferreira de Capelins (um
estranho Concelho de reduzida população,
hoje Santo António de Capelins), Terena, e,
obviamente, o próprio Alandroal. Tal junção de esforços não trouxe exactamente
progresso ou benefícios sensíveis, como
bem o sabem os seus actuais habitantes,
ainda que houvesse períodos de alguma
prosperidade.
Terena deixou de ser sede de Concelho
por volta de 1835, e, perdendo a atracção
de polo administrativo, a sua população foi
diminuindo. Para demonstrá-lo, temos os
números da segunda metade do século XX:
1986 habitantes em 1950, 1081 em 1960,
1119 em 1970 (uma ligeira recuperação,
logo contrariada), um pouco mais de 600
em 1991!
Continua a ser, todavia, extremamente
recompensador percorrer a Vila de Terena,
com os seus 5000 anos de História presentes um pouco por todo o lado, na área do
antigo Concelho. Para além das casas (com
destaque para a já citada Rua Direita) e
monumentos, a subida ao Castelo, com as
suas quatro torres semi-cilíndricas, e onde
se podem observar três materiais em harmonia (granito, mármore, e ardósia), dános um soberbo panorama, limitado, a
Leste, pela Serra de Alôr (ou Olôr, ou Lôr), e,
a Noroeste, pela Serra de Ossa.
A vila de Monsaraz é uma das mais antigas povoações do país. A sua ocupação
data dos tempos pré-históricos, estando
registados na região várias centenas de
sítios arqueológicos dos períodos paleolítico, neolítico, calcolítico, Idade do
Bronze e Idade do Ferro. Um vasto conjunto de monumentos faz da vila um dos
pontos mais atractivos do Alentejo.
Porta da Vila | Acesso principal da
Vila, cuja robusta estrutura defensiva
está protegida por dois cubelos semicilíndricos. O de poente, encimado pelo
campanil do relógio (provavelmente
construído no tempo de D. Pedro II), tem
um tecto nervurado e no cimo da cúpula
um sino fundido pelos artistas estrangeiros Diogo de Abalde e Domingos de lastra, com inscrição de 1692. Sobre o arco
ogival da porta, uma lápide de mármore
comemora a consagração do Reino à
Imaculada Conceição por D. João IV
(1646). No dorso da ombreira, insculpiram-se a vara e o côvado, para aferição
de medidas
Paços da Audiência | O mais antigo
imóvel adstrito a funções públicas, construído na transição do século XIV para o
século XV e profundamente remodelado
na primeira metade do séc. XIV. Revela
quer exterior, quer interiormente o
carácter principal conferido à prática da
justiça, ressaltada com o fresco moral
alusivo à justiça, obra pictórica única,
no seu género, em Portugal. Em termos
Gastronomia
De Viana do Alentejo ao Alandroal,
passando por Reguengos de
Monsaraz e Terena, o visitante
conta com alguns recantos da boa
cozinha tradicional alentejana.
Com opções para todas as bolsas,
aqui deixamos algumas sugestões:
Viana do Alentejo - O Rotunda
Preço Médio: 10,00
Especialidade da Casa: Bacalhau
com Natas, Migas Alentejana,
Ensopado de Borrego
Métodos de Pagamento: Cheque
Portel - S. Pedro
Preço Médio: 15,00
Especialidade da Casa: Pratos
Regionais Alentejanos, Mariscos
Vivos, Grelhados no Carvão.
Métodos de Pagamento:
Multibanco
Reguengos de Monsaraz Aloendro
Preço Médio: 15,00
Especialidade da Casa: Cação de
Coentrada, Lombinho de Porco
Preto c/Migas de Espargos, Polvo à
Aloendro.
Métodos de Pagamento:
Multibanco, Visa, …
Reguengos de Monsaraz - O Gato
Preço Médio: 15,00
Especialidade da Casa: Ensopado
arquitectónicos segue o contexto epocal,
embora volumetricamente tenha uma
especificidade, quer pela amplitude das
dimensões, quer pelo peculiar jogo de
componentes (profusão de janelas geminadas).
Igreja de Santiago | Já existia na
segunda metade do séc. XIII. Situada na
falda ocidental de Monsaraz, pertenceria a Martins Anes e ao Bispo de É
Durando Pais. A sua primitiva construção duocentista desapareceu, à excepção
da parte da moldura duma parte gótica.
A construção actual é obra tardia do reinado de D. José I.
(fonte: www.cm-reguengos-monsaraz.pt)
de Borrego, Migas Alentejana,
Carne de Porco com Amêijoas.
Métodos de Pagamento: Cheque,
Multibanco, Visa, American
Express, MasterCard
S. Pedro do Corval - Adega do
Cachete
Preço Médio: 15,00
Especialidade da Casa: Cabrito
Assado no Forno, Bacalhau de
Tomatada, Bochechas de Porco
Preto no Forno.
Métodos de pagamento:
Multibanco, Visa, …
Monsaraz - Casa do Forno
Preço Médio: 12,50
Especialidade da Casa: Migas,
Ensopado de Borrego, Borrego
Assado.
Métodos de Pagamento: Cheque,
Multibanco, Visa, American
Express, MasterCard, Diners Club
Monsaraz - Sem Fim
Preço Médio: 20,00 €
Especialidade da Casa: Bacalhau
de azeite, pataniscas com migas de
tomate, sopa de tomate com dois
queijos
Funciona de quinta-feira
a domingo
Alandroal - Maria
Preço Médio: 25,00
Métodos de Pagamento:
Multibanco, Visa, American
Express, MasterCard, Diners Club
notíciasalentejo~ Julho 2006
16
paisagem de cultura~
Destaques do mês
De Julho a Setembro
Sonic Kitchen
Cozinha em concerto
Numa cozinha instalada ao ar livre
prepara-se uma refeição destinada ao
público. Verifica-se o gume das facas,
batem-se ovos e massa, voam farinhas, repetem-se gestos sabidos com
varinhas e batedeiras, ligam-se
lumes e luzes. Desta cozinha saem
continuadamente sons, amplificados,
transformados, trabalhados, projectam-se imagens em redor. É assim o
concerto que os Sonic Kitchen trazem
a Portugal, integrado na terceira edição do Festival Escrita na Paisagem.
Uma cozinha com sons num espectáculo divertido e generoso. A encerrar
o espectáculo, os espectadores transformam-se em convidados de um banquete que viram e ouviram preparar.
E cozinhar não voltará a ser o que era!
20 de Julho, Odemira
22 de Julho, Alvito, Jardim dos Livros
(Biblioteca)
Sempre às 21h 30.
Ervas e Aromas
Instalação | Concerto
Uma sala na penumbra recebe ervas
e aromas da terra. Sob a forma de instalação, a proposta visa proporcinar
ao visitante uma experiência de imersão dos sentidos na intensa realidade
dos aromas do Alentejo. A instalação
integra uma banda sonora composta
e gravada para a ocasião, da autoria
de Amílcar Vasques Dias, compositor
português cuja importância tem sido
atestada pelos discursos críticos e
cujo trabalho, regularmente executado em Festivais internacionais por
intérpretes de superior qualidade,
tem frequentemente explorado a relação directa com o Alentejo e a sua paisagem, como neste caso.
Na abertura da instalação e do
Festival, a 2 de Julho, a composição é
apresentada em concerto, com obras
para violino, três sopranos e marimbas, além de elementos de música
electroacústica. Música de Amílcar
Vasques Dias. Textos de José
Rodrigues dos Santos. Com Luís
Cunha (violino), Cláudia Pinto, Luísa
Brandão e Natasa Pinto (sopranos),
Vasco Ramalho (marimbas).
2 de Julho, Oficinas de Comunicação
(Largo Mário Chicó, atrás da Sé), Évora.
Às 18h 30. A instalação é visitável todos
os dias, de 2 a 20, no local.
Co-produção 6º Encontro do Alentejo de
Música do Século XX.I
Picnic Mimi Oka & Doug Fitch
Escrita na Paisagem 2006 Ervas & Aromas
Programa | Julho
Instalação / Concerto
Música de Amílcar Vasques Dias
2 de Julho - Concer to de Abertura
Co-produção 6 - Encontro do
Alentejo de Música do Século XX.I
2 a 20 de Julho - Instalação
Oficinas de Comunicação
(Largo Mário Chicó, Évora)
Entrada Livre
Teatro do Vestido
Walden
7 de Julho - Lagar de Azeite de
Colos, Odemira
Preço: 5€
Sonic Kitchen Odemira, 20 e Alvito, 22
Sonic Kitchen
Concerto
20 de Julho - Odemira
22 de Julho - Jardim dos Livros
(biblioteca), Alvito
Preço: 15 €
Ensemble JER
Cozido à Portuguesa
26 de Julho _ Centro de Artes de
Sines
Uma co-produção com o Festival
Músicas do Mundo
Entrada Livre
Mostra de criação vídeo
Mostra de criação contemporânea
em vídeo, reúne trabalhos centrados
no tema do Festival. Apresentam-se
filmes em regime de instalação (exibição permanente, em loop) e filmes
em regime de exibição (projecção/exibição única ou calendarizada).
Distribuídos por secções (Gargântua,
Género, Narrativas), haverá propostas de criadores consagrados e novos
valores, criações originais em anteestreia e objectos já exibidos, todos
organizando um discurso atento ao
vídeo como linguagem de criação e
simultaneamente proporcionando
um tratamento, subordinado ao olhar
dos criadores, do tema do Festival.
Participam Daniel Blaufuks, Miguel
Clara Vasconcelos, João Garcia Miguel,
Regina Guimarães & Saguenail,
António Preto, Bobby Baker (UK), Mimi
Oka & Doug Fitch (USA), Tomas Aragay
(E), entre outros.
Local: Palácio D. Manuel, Évora
Data: 5 a 20 de Julho
Escrita na Paisagem, Festival
de Performance e Artes da Terra,
cruza as artes performativas e da
terra com a paisagem alentejana.
Nesta terceira edição, o tema do
Festival formula-se a partir de 3
palavras-chave: comer | cheirar |
agricultura. A especificidade do
lugar procura-se, aqui, na especificidade do comer / cheirar de um
território que tem ainda uma
forte matriz agrícola. E disso procuramos falar, enraizando os sentidos no rural alentejano.
Os espectáculos que integram a
programação são, em cada caso,
leituras do comer/cheirar específicos de muitos lugares, entre a fic-
Ensemble JER Sines, dia 26
Fruit Music
Concerto de música improvisada
com Franziska Schroeder, Pedro
Rebelo, Pedro Carneiro e Ulrich
Mitzlaf
28 de Julho - Centro de Artes de
Sines
29 de Julho - Praça 1º de Maio,
Évora
Uma co-produção com o Festival
Músicas do Mundo
Entrada Livre
Mostra de Criação Vídeo
5 a 20 de Julho - Palácio
D. Manuel, Évora
Trabalhos de Daniel Blaufuks,
Miguel Clara Vasconcelos, João
Garcia Miguel, Regina Guimarães
& Saguenail, António Preto, Bobby
Baker, Mimi Oka & Doug Fitch,
Tomas Aragay, entre outros
ção e a (nossa) realidade. Desde a
dimensão crítica (Pedro Almeida
em "critical food", 24 de Agosto e
20 de Setembro, Kubik com cineconcerto, 23 e 25 de Agosto), passando pela riquíssima experiência
de partilha que propõe o 'Teatro
de comer?' (Teatro delle Ariette,
23 e 24 de Setembro em Évora, de
28 de Setembro a 1 de Outubro
no Parque de Serralves, no Porto),
pela fantasia da cozinha como
lugar de excelência sonora (Sonic
Kitchen, 20 e 22 de Julho,
Odemira e Alvito), pela releitura
activa do Walden de Thoreau (autor do século XIX mas afinal bem
nosso contemporâneo) que nos
propõe o Teatro do Vestido (Colos,
Odemira, 7 de Julho), pelo humor
do 'Cozido à portuguesa' que o
Ensemble JER apresenta (26 de
Julho, em Sines), ou ainda pela
'Ùltima ceia' dos Reckless
Sleepers (Évora, 22 de Setembro),
todas as propostas tomam o
comer enquanto manifestação
dessa 'arquitectura dos sabores'
que pertence a cada lugar e a
todos os lugares.
Exposições, instalações, uma
Mostra de criação vídeo, andamentos, encontros, projecção de
filmes, oficinas de formação, refeições temáticas completam a programação desta edição que retoma a mesa como lugar convivial e
aproxima geografias e realidades
em que o comer, o cheirar e a agricultura marcam encontro.
O público é o grande convidado.
www.escritanapaisagem.net
notíciasalentejo~ Julho 2006
17
~debate
João Espinho
Alqueva
Turismo ou ambiente?
Os projectos turísticos previstos para
Alqueva motivaram, recentemente, as mais
variadas reacções e preocupações por parte de
sectores ligados à defesa do ambiente. A revisão do POAAP – Plano de Ordenamento das
Albufeiras de Alqueva e Pedrógão – abre caminho a empreendimentos turísticos à beira do
maior lago artificial da Europa, potenciadores
da actividade económica na região, mas provoca a desconfiança de ambientalistas.
Citado pelo Jornal de Notícias, o ministro do
Ambiente e do Ordenamento do Território,
Nunes Correia, salientou que a ocupação para
fins turísticos na bacia do Alqueva terá uma
«baixíssima densidade» - inferior a quatro habi-
tantes por hectare. O governante acrescentou
que em 2001 o POAAP teve uma versão «restritiva» porque a sua elaboração ocorreu num
período de enchimento da albufeira.
O titular da pasta do Ambiente defendeu, inclusivamente, que, neste momento, «o país tem
muito a ganhar com a existência de um turismo
de alta qualidade, numa região que é das mais
pobres da Europa».
A questão, como o próprio ministro admite,
passa por saber qual o tipo de turismo desejado
e qual a melhor forma de tornar a actividade
empresarial necessária na região compatível
com a defesa do ambiente.
O «novo» POAAP admite cerca de 15 mil camas.
Diamantino Dias
PCP
Norberto Patinho
PS
Palma Rita
PSD
‘Turismo e Ambiente
podem conviver’
‘Turismo será potenciado por
valores ambientais’
‘Turismo deve respeitar
equilíbrios ecológicos’
Primeira afirmação, Alqueva , é um projecto pensado e criado para ser base do desenvolvimento da
Região Alentejo. Este é um projecto sustentável de
base regional, que pretende apoiar o tecido social,
empresarial e institucional da região, manter e valorizar o caracter, cultura e identidade Regional. Alqueva
como paradigma da qualidade ambiental e gerar critérios de competitividade e de rentabilidade dos investimentos. Neste sentido é possível conviver em simultâneo, o Turismo e o Ambiente, para isso é preciso que
sejam tomadas medidas políticas por parte do
Governo, os projectos serem acompanhados muito de
perto pelo Instituto do Ambiente.
Parece não ser essa a linha do actual Governo quando em 13 de Maio a resolução do Conselho de
Ministros aponta para a Revisão do Plano de
Ordenamento das Albufeiras de Alqueva e Pedrogão
(POAAP) como se pode ler na Resolução, o Governo
quer introduzir grandes projectos, em detrimento de
projectos de media dimensão. Nos grandes projectos
divulgados pela Comunicação Social, não está claro um
sem numero de questões entre elas a utilização da
agua para os campos de golfe, pois estes devem ser
abastecidos por fontes próprias e não da barragem,
por outro lado nada é avançado sobre o controlo da
poluição e da gestão de resíduos destes grandes
emprendimentos.
Também a preservação da fauna e da flora autóctones é particularmente importante, já que em muitos
casos, a implantação de grandes empreendimentos
implica a destruição de habitates naturais, o que pode
acarretar consequências serias para a biodeversidade
da região.
Consideramos assim que é possivel não desvirtuando os princípios do Alqueva, apostar no Turismo e preservar o ambiente, mas para isso são precisas medidas
e políticas que o Governo já deu sinais de não querer
assumir. Por outro lado é necessário ter a noção das
consequências para as outras vertentes do Turismo na
Região face a estes investimentos junto á Barragem.
Além de poderem colidir com a preservação ambiental,
colidem inevitavelmente com outros investimentos já
feitos na Região do Alentejo.
O desenvolvimento do turismo é, no Alentejo interior, uma via fundamental de valorização da base
económica.
O surgimento do Empreendimento de Fins Múltiplos
de Alqueva veio reforçar o potencial turístico da nossa
região.
A progressiva desertificação humana e física da
nossa região, com importantes consequências negativas ambientais, sociais e económicas, pode e deve ser
contrariada com o contributo de um correcto desenvolvimento turístico potenciador de expectativas empresariais e criação de emprego.
O património, natural, cultural, arqueológico e histórico, constitui o elemento essencial de atracção.
O aproveitamento turístico em volta da albufeira de
Alqueva será potenciado pela preservação e promoção
dos valores ambientais, pela revitalização do interior e
pela recuperação ambiental e urbanística das aldeias
ribeirinhas.
Alqueva tem sido dos projectos nacionais em que a
preservação ambiental tem merecido a maior atenção.
Os concelhos envolventes à grande albufeira de
Alqueva constituem um território com forte identidade
cultural e ambiental.
Sendo um contributo fundamental para o desenvolvimento de uma região deprimida, o turismo tem que
ser tratado de forma sustentável. O turismo de grande
qualidade que defendemos exige um elevado rigor
ambiental.
Não se trata pois de uma aposta no turismo em prejuízo do ambiente ou uma aposta neste com prejuízo do
desenvolvimento turístico.
Alqueva deve apostar no turismo e no ambiente,
pois aquele só será um verdadeiro factor de desenvolvimento se assentar numa correcta preservação ambiental.
Alqueva deve apostar no turismo, preservando o ambiente, pois a afirmação do turismo alentejano deve passar por promover e acautelar a cultura e etnografia dos
lugares enquanto destinos turísticos que afirmem uma
identidade cultural própria.
O turismo será, num Alentejo de futuro, uma actividade crucial na geração de riqueza e criação de postos
de trabalho, dinamizando e diversificando a base económica, o crescimento económico, a coesão económica
e social regional, devendo saber afirmar o seu potencial de alternativa a partir dos contributos prestados à
protecção e valorização dos patrimónios natural e cultural específicos e diferenciadores, não reprodutíveis
em alguma outra parte do globo pelas produções industriais massificadas.
Por isso, a estratégia de afirmação turística do
Alentejo não pode por em causa o que a região de
melhor tem para oferecer, antes devendo construir um
produto turístico capaz de satisfazer um novo tipo de
turista, mais instruído e exigente quanto à necessidade
de ver respeitar os equilíbrios ecológicos e humanos.
Há que ter consciência que o turismo depende em
primeiro lugar dos recursos primários diferenciadores
(património cultural e natural) dos territórios, pelo que
só a sua preservação poderá garantir o futuro da actividade turística, numa óptica de sustentabilidade regional da mesma.
Há que apostar numa afirmação turística do
Alentejo baseada no que este oferece de condições privilegiadas, resistindo às tentações do lucro fácil e da
adulteração, fertilizando compensações de médio e
longo prazo, mantendo a autenticidade sócio-cultural e
ambiental com moderação e realismo: o turismo não
será a salvação do mundo rural se não conseguir estimular e consolidar, de forma duradoura, a diversificação da sua base produtiva, a identidade e vitalidade da
cultura autóctone.
notíciasalentejo~ Julho 2006
18
universidade~
Susana Rodrigues
«O Elogio ao
Estudante»
no número cinco
da REVUE
O painel de azulejos colocado nas novas instalações
do Pólo da Mitra, da autoria de Nuno Mendoça, ilustra a capa do número
cinco da REVUE - Revista
da Universidade de Évora.
De acordo com a directora
adjunta da publicação,
Sara Marques Pereira,
a imagem do painel «O Elogio ao Estudante»
- foi escolhida tendo em
conta que o Pólo da Mitra
é um dos temas em destaque na edição que reporta
a actividade do segundo
semestre de 2005, meses
de Julho a Dezembro.
Dossier especial neste
número da revista tem
também o Processo de
Bolonha, juntamente com
documentação considerada
fundamental, o "Guia mínimo de Bolonha", para
auxiliar o leitor. Sobre
Bolonha, a revista apresenta entrevistas a
Adriano Moreira, Barata
Moura, Jorge Araújo e
Carlos Braumann.
Nota de destaque
merece ainda o arranque
do jornal on-line da
Universidade de Évora,
Universidade de Évora
em projecto europeu de
Engenharia Biofísica
O primeiro centro de estudos
europeu dedicado às actividades de investigação e desenvolvimento de defesa do solo e
renaturalização e valorização
de espaços degradados, com técnicas de Engenharia Biofísica e
de baixo impacte ambiental, foi
criado em Nápoles. O centro
(Centro Internazionale di
Formazione e Ricerca "Ingegneria Naturalistica") foi criado, no
dia 29 de Maio, por iniciativa
da Ordem dos Engenheiros de
Nápoles, do Parque Nacional do
Vesúvio, das Universidades italianas Federico II e Regio
Calabria "Mediterranea", da
Universidade BodenKultur (Áustria) e da Universidade de Évora.
A Universidade de Évora
estabeleceu ainda um protocolo, no âmbito do Programa
Leonardo da Vinci, com o
Parque Nacional do Vesúvio,
que proporcionou a dez alunos
da Licenciatura em Engenharia
Biofísica - Ordenamento e
Gestão do Território (EB-OGA),
a realização de um estágio de
fim de curso no referido
Parque.
A Comissão de Curso da
Licenciatura em Engenharia
Biofísica - Ordenamento e
Gestão do Território (EB-OGA)
tem desenvolvido, desde 2004,
contactos com o Parque
Nacional do Vesúvio e com a
Ordem dos Engenheiros em
Nápoles no sentido de divulgar
e promover a Engenharia
Biofísica na Europa.
«Feira da Inovação»
mostrou trabalho de
investigação
Escreve Sara Marques
Pereira: «Importante foi
o nascimento do Ueline,
o jornal On-line da
Universidade de Évora,
em Abril de 2006. O (re)
aparecimento do jornal da
Universidade, desiderato
antigo da nova reitoria,
permitirá uma agilidade
noticiosa completamente
diferente, consentindo
também que a REVUE
- Revista da Universidade
de Évora - se estruture
cada vez mais em torno de
uma filosofia de artigos
científicos de fundo,
digests adequados a um
público cada vez mais
variado, mas interessado
no que a Universidade de
Évora vai produzindo».
Barata Moura fala de Bolonha
O projecto de Bolonha
passa pela constituição de
um «espaço europeu de
ensino superior e de investigação» implica um trabalho profundo ao nível europeu, diz Barata Moura em
entrevista à REVUE. Para o
ex-reitor da Universidade
de Lisboa, «não faz sentido
que haja regras de acesso
para as universidades diferentes das regras de acesso
para os politécnicos naqueles cursos que têm a
mesma designação e que
vão formar pessoas com o
mesmo perfil profissional».
Em entrevista conduzida por Mafalda Dourado,
José Adriano Rodrigues
Barata-Moura (filósofo e
escritor, que ocupou entre
Maio de 1998 e Maio de
2006 o cargo de reitor da
Universidade de Lisboa)
fala das mudanças em
curso no ensino superior
europeu e das universidades portuguesas.
«No meu ponto de vista
as universidades não são
apenas uma fábrica para
encher chouriços e neste
caso os chouriços serão os
licenciados, uma universi-
dade é muito mais do que
isso. É evidente que as universidades não são apenas
instituições de investigação, mas aquilo que caracteriza é a formação universitária é ser uma formação
num ambiente onde a
investigação está constitutivamente presente, isto é,
como alguma coisa que os
depar tamentos levam
acabo também, e é vivendo
nessa experiência e nesse
ambiente alargado que
depois se desenham e prospectam as diversas formações», sustenta.
Cinco dos 16 Centros de
Investigação da Universidade
de Évora estiveram em destaque na «Feira da Inovação». A
iniciativa decorreu em simultâneo com a Feira de S. João, em
Évora, de 23 de Junho a 2 de
Julho. A Universidade marcou
presença, a convite da
Associação de Jovens
Empresários (ANJE), no
Pavilhão de Inovação da Feira
do Empreendedor, em colaboração com a Comissão de
Coordenação da Região
Alentejo.
Em destaque, ou seja com
acções de demonstração, marcaramm presença o CEA (Centro de ecologia e Ambiente Laboratório da Água); ICAM
(Instituto de Ciências Agrárias
Mediterrânicas; CEM (Centro
de Engenharia Mecatrónica);
CITI (Centro de Investigação
em tecnologias de Informação);
e CGE (Centro de Geofísica de
Évora). No decorrer da Feira, o
Laboratório da Água | Centro
de Ecologia e Ambiente realizou
medições em real-time, com
recurso a sondas multiparametricas, em amostras fornecidas
pelo público.
notíciasalentejo~ Julho 2006
19
~ciência&tecnologia
A importância do traseiro
do cavalo
A bitola dos caminhos de ferro
(distância entre as linhas) nos
Estados Unidos é de 4 pés e 8,5
polegadas, a mesma dos ingleses. Os ingleses usaram esta
medida porque as empresas
inglesas que construíam os
vagões eram as mesmas que
construíam as carroças antes
dos caminhos de ferro, e usavam as mesmas ferramentas.
A distância entre eixos (4 pés e
8,5 polegadas) das carroças estavam adaptadas às estradas antigas da Europa construídas
pelos Romanos e que tinham
aquela medida porque estavam
adaptadas às medidas das suas
"bigas". As bigas eram feitas de
forma a acomodar os traseiros
de dois cavalos! O Space Shutle
(vai-vem espacial) norte americano utiliza dois tanques de
combustível sólido (Solid
Rocket Booster) que são fabricados pela Thiokol, no Utah. Os
engenheiros que os projectaram
queriam fazê-los mais largos.
Porém, tinham a limitação dos
túneis dos caminhos de ferro
por onde eles seriam transportados, os quais tinham as suas
medidas baseadas na bitola da
linha. Em conclusão: o exemplo
mais avançado em design e
engenharia foi afectado pelo
tamanho do traseiro do cavalo
da Roma antiga.
Perguntámos ao Físico
Por que não podemos meter um
recipiente metálico num microondas? Eis um útil resumo, muiiiiiito simplificado, da resposta.
O forno de microondas gera
radiações electromagnéticas
que provocam intensa agitação
das moléculas de água dos alimentos, e o seu consequente
aquecimento e cozedura do alimento. Mas não são só as moléculas de água que "reagem".
O metal também reage às
microondas. Os pratos em alumínio são susceptíveis de provocarem descargas eléctricas
sob a forma de faíscas. O vidro
de cristal, por conter quantidades importantes de chumbo,
também não são adequados
para uso no microondas. Os recipientes de barro cozido também
são inadequados porque absorvem microondas e atrasam o
tempo de cozedura. Como saber
então na prática se um recipiente é adequado ou não? Basta
colocá-lo no microondas, com
um pouco de água, durante 1
minuto. Se o recipiente aquecer
e a água permanecer fria, significa que o recipiente absorve a
energia das microondas e não
deve ser utilizado. Se, pelo contrário a água aquecer e o recipiente permanecer frio, serve perfeitamente.
Alguns números:
1884: descoberta das microondas
1947: invenção do forno de
microondas
2450 MHz: frequência das
microondas
2,45 milhares de milhão: número de oscilações em 1 segundo
das moléculas de água excitadas pelas microondas
Alimentos funcionais
Fomos falar com a Prof.a
Ofélia Bento e colaboradores,
que têm conduzido na U. de
Évora investigação sobre os efeitos de leguminosas, como o tremoço, no metabolismo do
colesterol. Retivemos dessa conversa algumas ideias chave.
Calcula-se que a influência
duma dieta desequilibrada tem
peso superior a 30% no desenvolvimento de doenças cardiovasculares, superior a 35% no
do cancro e superior a 50% no
caso da obesidade. A indústria
alimentar tem vindo a encher
as prateleiras dos supermercados com leite, margarina,
iogurte, bolachas e outros alimentos enriquecidos com substâncias diversas: fitosterois,
ácidos gordos ómega-3, vitamina E, peptídeos activos, etc. a
que se convencionou designar
por alimentos funcionais, ou
seja, que têm propriedades
benéficas para o organismo:
diminuição do mau colesterol
sanguíneo, prevenção de doenças cardiovasculares, luta contra a hipertensão e os radiais
livres, etc. Mas a ingestão destes alimentos enriquecidos
pode não ter apenas benefícios
se ingeridos em doses inadequadas ou pelas pessoas erradas. Iogurtes com peptídeos bio
activos só devem ser tomados
por hipertensos, mas estes não
devem tomar chá (rico em polifenóis) para combater os radicais livres, etc. Qualquer alimento natural, sem aditivos,
pode ser considerado como
"funcional". Depende da idade e
do estado de saúde de quem o
ingere. O conselho do médico
nutricionista é, pois, essencial.
Na sua ausência, deve-se privilegiar combinações de alimentos naturalmente ricos em substâncias benéficas: romãs,
morangos, cerejas ou uvas são
excelentes para combater os
radicais livres; o azeite, rico
em ácido oleico e substâncias
antioxidantes (compostos fenólicos, vitamina E...), contribui
para reduzir o mau colesterol;
as pectinas, gomas e outras "fibras" solúveis de leguminosas,
como o tremoço e a soja, são
também eficazes para aquela
redução. E a lista é imensa.
Combinar judiciosamente os
variados alimentos de origem
animal e vegetal, em proporções que devem variar com a
idade e o estado de saúde, constitui garantia de que se ingerimos os melhores alimentos funcionais que temos à disposição.
Edison (1847-19319) foi o maior inventor de todos os tempos:
registou 1093 patentes, recorde não superado até hoje
emdia
Afonso de Almeida
[email protected]
Patentes:
a outra face
da moeda
É consensual no mundo
empresarial que tecnologias
não protegidas não interessam
pois não facultam vantagens
competitivas nos seus negócios. Também para os governos o n.º de patentes surge
como indicador do esforço que
as instituições públicas fazem
para transferir para o sector
produtivo os resultados da
investigação. No entanto, de
acordo com Tony Smith, Prof.
de Filosofia da Universidade de
Iowa, nos E.U.A., o aumento
do n.º de patentes não serve
necessariamente o bem público. A comercialização de direitos de patentes é injusta para
as pequenas empresas (que
garantem mais de 75% da oferta de emprego) e beneficia as
grandes corporações económicas (hoje transformadas em
empresas "beduínas") que
podem pagar a legiões de advogados especializados para
defenderem as suas patentes.
Acresce que um grande número de avanços tecnológicos tem
origem em pequenas empresas
que depois não têm capacidade
económica para patentear ou
manter as patentes.
97% das patentes são concedidas a indivíduos ou corporações de países onde vive 20%
da população mundial. Ora,
estes países que se desenvolveram tirando partido de conhecimentos científicos e tecnológicos então considerados como
bens públicos, dizem agora aos
países onde vive 80% da população do planeta que não
podem usar os mesmos meios
que eles usaram para se desenvolverem. Mesmo para os próprios cidadãos da região ou do
país onde se situam os sistemas públicos de investigação a
protecção da propriedade intelectual surge como injusta, porque lhes é pedido que paguem
duas vezes: a primeira para
financiar a investigação nas
suas Universidades e Institutos
(investigação que, frequentemente, as empresas privadas
se negam a financiar) e a
segunda para aquisição de
bens e serviços de empresas
monopolistas cujos preços
incorporam taxas para manterem ou licenciarem as tecnologias resultantes de investigação com dinheiros públicos.
notíciasalentejo~ Julho 2006
20
Alentejo: um destino
turístico por excelência
...o grande desafio dos respon sáveis do Poder Local consiste
em promover o desenvolvimento económico e garantir a preservação integral da nossa iden tidade cultural e potenciar a
riqueza ambiental do Alentejo.
José Calixto
[email protected]
O sector do turismo constitui-se,
actualmente, no Concelho de
Reguengos de Monsaraz e na
Região Alentejo, como uma das
actividades económicas com maiores potencialidades de expansão e
desenvolvimento.
A concretização do
Empreendimento de Fins
Múltiplos de Alqueva veio criar
um vasto leque de opor tunidades,
quer para os muitos projectos de
turismo em espaço rural que vêm
sustentando este sector no
Alentejo, quer para o surgimento
de novos projectos.
Este facto inquestionável deverá traduzir-se num incremento
acentuado do nível de responsa bilização das Instituições da
Administração Central e do Poder
Local na correcta condução deste
verdadeiro processo de desenvolvimento regional assente num sec tor, digamos, com oportunidades
emergentes.
O quadro de factores críticos
de sucesso está definido:
1. Apoio e acompanhamento dos
inúmeros projectos turísticos de
qualidade já instalados no
Concelho de Reguengos de
Monsaraz, quer ao nível da
pequena e média Hotelaria
Tradicional, quer ao nível do
Turismo em Espaço Rural;
2. Melhoria e preservação da qualidade da água do 'Grande Lago
de Alqueva';
3. Rigoroso respeito pela natureza
como pressuposto para distinguir
claramente a excelência deste destino turístico, ou seja,
4. Definição de sólidas estr uturas
ecológicas para as áreas abrangi das por novos projectos;
5. Correcto ordenamento do território, tendo por base indicadores
urbanísticos e arquitectónicos
que respeitem integralmente a
nossa cultura e a ancestral forma
de organização das nossas comu nidades locais;
6. Envolvimento activo das nos sas gentes no processo de 'formação de conceitos' dentro dos quais
irão assentar os master plans destes novos projectos.
Em poucas palavras, o grande
desafio dos responsáveis do Poder
Local consiste em promover o
desenvolvimento económico e
garantir a preservação integral
da nossa identidade cultural e
potenciar a riqueza ambiental
do Alentejo.
Os promotores dos grandes
projectos do sector turístico que
se encontram em desenvolvimento no Concelho de Reguengos de
Monsaraz, sabem perfeitamente
todo o rigor que deverão assumir
em questões como o respeito pelo
ambiente, pela natureza e pela
qualidade da água.
Não é menos verdade que, eles
próprios, têm todo o interesse em
distinguir os seus empreendimentos com níveis de qualidade de
serviço bastante acima da média
doutros destinos turísticos já con solidados. Esse é o único caminho
para a rentabilização dos respec tivos projectos.
Sabemos o enorme esforço que
está a ser desenvolvido no sentido de incorporar nos planos
estratégicos da grande parte destes projectos uma significativa
redução das emissões de gases
com efeito de estufa, opções por
arquitectura bioclimática, utilização de energias renováveis, utili zação de equipamentos eficientes
em termos do seu consumo energético, eficaz gestão florestal que
permita aumentar o sequestro de
carbono...
A perspectiva temporal é
igualmente muito relevante na
análise destes projectos: estamos
a falar de programas de implementação de projectos que podem
chegar a duas ou três décadas.
Quando se refere um número
absoluto de camas como indicador da dimensão da carga turística que irá surgir à volta do
Alqueva, torna-se intelectualmente necessário analisar em
paralelo o período de desenvolvi mento e implementação desses
projectos.
O desenvolvimento turístico
do Alqueva irá certamente induzir alterações substantivas em
toda a Região, com o aumento da
carga urbanística, pelo que estes
projectos deverão ser entendidos
numa perspectiva regional e refe renciados a uma situação futura
e não só às características actuais
da população do Concelho de
Reguengos de Monsaraz e da própria Região.
Por outro lado, projectos com
dimensão estruturante com horizontes de concretização de várias
décadas, permitirão um aumento
populacional gradual, permitindo
que o nosso Concelho se possa
apetrechar, nomeadamente ao
nível das infra-estruturas e
dimensão e estrutura da população activa.
Não menos importante, é a salvaguarda da pequena e média
Hotelaria Tradicional e dos
Empreendimentos Turísticos em
Espaço Rural. Também este subsector, desde que devidamente
apoiado, enquadrado e institucionalmente promovido, poderá
beneficiar das sinergias e das economias de escala proporcionadas
pelos novos horizontes que se
abrem e avizinham.
O Alentejo merece que tenha mos a capacidade de 'pensar alto'
e ajudar a consolidar decisiva mente um destino turístico de
excelência, indutor de desenvolvimento e modernidade.
O Pecado
Maria Horta
‘O homem criou Deus à sua imagem e semelhança.
Por isso não abandona facilmente uma doutrina,
mesmo depois de saber que está errada.’
Vergílio Ferreira, "pensar”
Há também quem diga
que Deus criou o Homem.
E fê-lo à sua imagem e semelhança?!
Para o caso em apreço,
talvez a verdade se sente
dos dois lados, ou não seja
Jano o Deus bifronte que
nunca percebi se assim é
representado porque ouve e
vê todos para melhor ajuizar
ou para sucumbir aos seus
pedidos. O Leitor que decida.
A minha história é pura
ficção.
Começa assim:
O juiz era, há algum tempo, esperado na sala. Entrou
com passo apressado, carregando um dossier e dois códigos.
- Todos em pé!
- Já podem sentar-se!
- Você avança um pouco!
Às perguntas que lhe vou
fazer tem que responder
com verdade. São perguntas
sobre a sua identificação.
Às outras, só responde se
quiser, sendo certo que se
não quiser falar, não fala, e
o seu silêncio não o pode desfavorecer! Percebeu o que eu
disse?
Estava estabelecida a
comunicação entre duas criaturas de Deus, criadas à sua
imagem e semelhança, em
quase tudo aparentando ser
iguais: a mesma estatura
mediana, a mesma cor da
pele, a mesma cor dos olhos,
a mesma língua, mais ou
menos a mesma idade.
Mas, uma delas, sentada,
num plano superior, envergando traje preto, não por
um questão estética ou de
luto, mas para que nenhuma
cor permitisse, à imaginação
dos presentes, estabelecer
diferenças entre aqueles
dois seres humanos, tinha à
sua frente volumes de
papéis e livros, que lhe permitiriam, depois de ouvir o
considerado o suficiente, julgar a outra, que é como
quem diz, ditar o rumo da
sua vida, seriamente convencida que esse não pertence a Deus…
A outra permanecia em
pé, tinha as mãos caídas ao
longo do corpo frágil, o peito
metido para dentro, as vestes descuradas, o cabelo em
desalinho, e um brilhozinho
nos olhos de quem ainda
fazia o quatro, mas, a quem
o álcool, já entranhado, dera
a desenvoltura necessária
para responder laconicamente:
- Sim.
- Jura então dizer a verdade?
Resposta rápida:
- Só a verdade!
- O seu nome?
Resposta rápida:
- Fulano.
- Onde mora?
Hesitação súbita…
- Não sabe onde mora?
O nome da rua e o número
da porta?
Hesitação, olhar perdido,
resposta:
- A rua não tem nome,
não tem rua, não tem sequer
porta…Vivo numa barraca…
em folhas de lata, que eu próprio fiz… há anos que estamos à espera de uma casa
prometida pela câmara…
Aproveitando a hesitação
e ao mesmo tempo sacudindo a incomodidade da revelação, uma vez que estava
ali para julgar os factos e
não para ajuizar de outras
faltas ou fazer outras criticas, a outra diz:
- Pronto: então mora
numa barraca! É casado?
-Não sou, não senhor...
- O nome dos seu pais?
- Fulano e Fulana.
- Não tem filhos!
- Tenho, sim senhor!
- Não é casado e tem
filhos! Não pode ser!
Respondeu a outra que já
estava num plano superior,
elevando-se ainda mais.
- Pode, sim senhor, tenho
quatro, uma delas já está
casada e mora comigo também…
Como se não tivesse ouvido a última revelação, ou talvez para a impedir de se
registar na memória, a primeira disparou:
- E não sabe que vive em
pecado? O Santo Padre não
gosta! Não pode ter filhos se
não está unido pelos laços
sagrados do matrimónio!!!
Enquanto a afirmação
ribombava como um trovão
aos meus ouvidos, sustive a
respiração e os meus olhos
fixaram-se no inquiridor e
no inquirido.
O primeiro, numa postura
inclinada sobre a enorme
bancada, colocada sobre um
estrado, com os braços apoiados nos volumes de papéis,
tinha a face magra avermelhada e o olhar reprovador
procurava apoio entre os
olhares da assistência.
O segundo mexia-se
inquieta e hesitantemente.
Subitamente, como se tivesse descoberto a fórmula
mágica para serenar o primeiro, virar a página e passar adiante, ripostou:
- Mas, a que mora comigo
e dorme também no chão já
tem um filho! Eu já tenho
um neto!
O outro, para quem a
desenvoltura do primeiro
aparentava já uma séria ameaça à solenidade com que
tudo deve acontecer, escamoteou mais uma vez a revelação e perguntou:
- E de que vive?
Nova hesitação absoluta…
Elevando o tom de voz,
o outro repetiu:
- Não percebeu? Qual é
a sua profissão?
-Sou latoeiro…mas, hoje
em dia ninguém quer latas,
só plástico…eu ando por aí,
ninguém compra nada.
Tinha o rendimento mínimo,
mas, cortaram-no… não sei
porquê...
Visivelmente irritado com
tanta revelação incómoda
que não era para ali chamada e a que urgia pôr um
ponto final, o primeiro rematou:
- Muito bem: vamos aos
factos - agora só fala se quiser. Quer falar?
Eu, que assistia ao diálogo, esqueci-me dos factos e
andei a deambular pelo espaço por um longo período.
Subitamente, caí em mim,
ouvindo repetidamente "já
tenho um neto, já tenho um
neto, já tenho um neto"…
Dei-me, então, conta que
a vida irrompe inesperada e
teimosamente, apesar do
pecado!
Outra criatura de Deus
entrara no mundo para existir e dormir no chão.
Questionei-me, então, até
quando escreverá Deus direito por linhas tortas? Até
quando ignoraremos nós a
humana condição dos sub
humanos?
notíciasalentejo~ Julho 2006
21
~opinião
Joaquina Margalha
[email protected]
Nos últimos tempos
temos assistido a uma tendência sem precedentes
de descridibilização e desautorização dos professores. Ouvimos, argumentamos e opinamos sobre o
assunto na crença de que
estamos a discutir o futuro da educação.
Estaremos; contudo, fazemo-lo com base, apenas,
numa variável:
a classe docente. Ora, uma
discussão feita nestes termos é falaciosa porque
não tem em conta o problema na sua globalidade
e porque assenta em pressupostos discutíveis como
o de que a escola, através
dos professores, tem a
finalidade de resolver
todos os males da sociedade. Por isso, atribuímos
aos docentes a missão de
notasdaaldeia
Discutindo o futuro da
Educação...
serem, para além de professores: assistentes sociais, psicólogos, substitutos dos pais, …
Para o efeito, defendemos uma escola a tempo
inteiro, o que corresponde
a uma ideia que pode ser
bem intencionada, mas é
perigosa. É-o, em primeiro lugar, porque lhe conferimos uma tarefa de
intervenção social que,
por ser tão abrangente,
ela não poderá desenvolver. É-o, em segundo
lugar, porque, ao institucionalizarmos demasiado
a infância corremos o
risco de desresponsabilizarmos a família, retirando-lhe o papel primordial
que lhe cabe no desenvolvimento infantil.
Arriscamo-nos, assim, a
escamotear a importância
da família e a admitir que
ela não possui competências para educar os seus
filhos. Estamos a definir
medidas que terão resultados, apenas, a curto prazo, dando mais tempo à
família para outras actividades e assumindo que a
escola a pode substituir.
No entanto, a escola
nunca poderá substituir
a família e estas medidas
até poderão contribuir
para a melhoria do sucesso escolar, mas isso não é
suficiente porque a formação para uma cidadania participativa e consciente não se faz, somente,
através de bons resultados escolares. Ao desinvestirmos nas relações
familiares, alteramos as
referências necessárias
para que as crianças cres-
çam como membros activos da sociedade. Tudo
isto levanta algumas questões na obtenção de resultados a médio e longo prazo: Que cidadãos estamos
a formar? Que valores
lhes transmitimos? Que
tipo de pais serão?
A discussão sobre
o futuro da educação é
pertinente e necessária,
mas, não será razoável
realizá-la tendo como
suporte ideias negativas
como culpabilização e desresponsabilização porque
ela será tanto mais eficaz
quanto mais assentar em
factores como a credibilização e responsabilização
de todos os agentes educativos: pais, professores,
funcionários da escola,
sociedade.
Incursões agrícolas
Alberto Magalhães
[email protected]
Perguntados por mim
sobre o ministro da agricultura, dois ou três agricultores, que até têm a
cor política do governo,
foram-me dizendo que, na
guerra com a CAP, a (falta
de) razão estaria bem distribuída. O Presidente da
República parece ter ouvido opiniões semelhantes,
a julgar pelas observações
que fez na feira de
Santarém.
Também já tenho lido
que o ministro tem deixado a sua pouca habilidade
- ou vontade - diplomática
encobrir o seu programa
de acção que, no fundamental, seria correcto:
Por exemplo, acabar com
uma política de subsídios
que tem atribuído a maior
parte do bolo a uma minoria ou abandonar, nas
negociações com
Bruxelas, a defesa dos
cereais e concentrar-se no
desenvolvimento rural.
Claro que o pouco que
sei da matéria mal dá
para meter conversa com
os meus vizinhos que
ainda se dedicam à terra.
"Tenho um amigo que faz
agricultura biológica, não
usa pesticidas", disse eu
quando vim morar para a
aldeia, metendo conversa
com um vizinho, para
quem as máquinas agrícolas parecem não ter segredos. Sem misericórdia,
veio rápida a resposta que
me calou: "O seu amigo
poupa dinheiro, porque o
vento se encarrega de
levar para as culturas dele
o produto que os vizinhos
espalham".
Mais recentemente,
nova tentativa para tomar
o pulso à situação agrícola, desta vez às relações
do Ministério da
Agricultura - que para as
bandas de Évora toma o
nome de "Malagueira" com o pequeno agricultor
tradicional, já com alguns
anos em cima e pouca
escolaridade. O meu intuito, confesso, era recolher
testemunho de que os técnicos do ministério não
dão o seu apoio técnico a
estes agricultores, já que,
nos anos que levo de aldeia, nunca dei notícia da
sua presença por cá. Posta
a questão nestes termos,
entre um copo de tinto e
um naco de entrecosto, a
resposta veio, pelo menos
tão rápida como no caso
anterior. "E o que vinha
essa gente cá fazer?
Ensinar-nos? Mas que
sabem eles? O que aprenderam nos livros e mal
e porcamente".
Se juntarmos à irracionalidade da PAC - a que os
franceses continuam a
condenar a Europa - este
divórcio entre teóricos e
práticos da agricultura
portuguesa, teremos já
uma situação pouco virtuosa. Se a ela juntarmos os
saudosistas do proteccionismo salazarista, do
"Alentejo - celeiro de
Portugal", que restará?
Na aldeia, são cada vez
menos os que se interessam pelas coisas da terra.
Prefere-se a construção
civil, a fábrica ou a repartição pública.
É preciso um novo fôlego no mundo rural. Oxalá
a Europa perceba isso.
emoutrapátria
A. Sáez Delgado
[email protected]
O viajante
e o turista
"Qualquer existência é uma
carta enviada anonimamente.
A minha tem 3 selos: Paris,
Londres. Veneza". Com estas
palavras começa Venezas, um
dos livros de um dos autores
com maior prestígio entre
aqueles que pensam que viver
é a melhor viagem, a única
necessária. A viagem é, todos
sabemos disso, uma das for mas ocultas da memória. Por
isso, tantas vezes, as páginas
dos livros estão cheias de pessoas que vão e vêm, que
entram e saiem. Na literatura
de viagens, e em toda a literatura, existe uma superstição
que sempre me espantou.
Trata-se do prestígio do "viajante" sobre o "turista". O primeiro está bem informado,
viaja para se conhecer a si próprio, está aberto à aventura,
parte sem destino… … um
herói literário. O turista viaja
em grupo de cidade em cidade
sem saber bem o que está
a ver, nem por quê nem para
quê, deixa-se arrastar pela
monotonia do autocarro ou do
avião para, finalmente, fazer
umas compras e tirar umas
fotografias que mostrar ao seu
regresso como a peça conseguida no paraíso visitado.
Um segundo chega para
conhecer uma cidade, um ano
não é suficiente para conhecer
uma outra. Eis o argumento do
viajante, que constrói o seu discurso em volta duma viagem
em que nunca sai de si próprio. Quem diz que o turista
o faz? A minha existência tem
alguns selos, algumas vezes fui
viajante. E, no entanto, não
posso deixar de me sentir sempre, até quando não saio da
minha casa, um simples turista. Um turista que anda por
uns dias que quase não conhece, que os confunde com
outros visitados antes, que se
engana ao recordar os nomes
das pessoas e cidades conhecidas e que compra qualquer
coisa que lhe garanta mais um
segundo de felicidade. Quase
nunca sei por que vou ou
venho, nem para quê nem por
quê, como o mais castigado
dos turistas. Se estamos a falar
da vida, quem é que não tenta
fugir da aventura e segurar-se
às poucas coisas que conhece?
Quem não sabe o destino final
e tenta ficar distraído com
uma paisagem que é sempre
diferente e sempre a mesma?
notíciasalentejo~ Julho 2006
22
figuras&factos~
faça chuva
ou faça sol
Orquestra de Jazz da
Universidade de Évora
A Orquestra de Jazz da
Universidade de Évora tem
mostrado, garante quem já
assistiu a alguns dos concertos,
um alto nível técnico. Na estreia
(25 de Maio, na Universidade de
Évora) e posteriormente na
Cerimónia de Entrega de
Diplomas, os jovens dirigidos
pelo professor Eduardo Lopes,
interpretaram várias peças dos
mais conceituados compositores Norte-Americanos. Afinal,
não há assim tantas razões para
alguns cine-teatros da região
não exibirem uma programação
de espectáculos mais variada.
Festas de Santo António
e Martinho da Vila
Martinho da Vila e Rita Guerra
fizeram parte do cartaz de
espectáculos das Festas de
Santo António, em Reguengos
de Monsaraz (9-13 de Junho).
Martinho da Vila subiu ao
palco para um espectáculo que
teve por base alguns dos temas
mais importantes da sua carreira e justificou o entusiasmo
do público. Com um conjunto
de músicos de grande qualidade, o sambista mostrou a razão
de tão longa carreira e da
presença constante em palcos
portugueses.
Joaquim
Miranda
(1950-2006)
Militante comunista e defensor
da «renovação» do PCP, Joaquim
Miranda morreu no dia 17 de
Junho, vítima de doença prolon gada. Fica um percurso político ao
serviço do PCP e do distrito de
Portalegre, mas também um discurso contra algumas das decisões
da direcção partidária. Foi o eurodeputado português que durante
mais tempo desempenhou funções no Parlamento Europeu de
1986 a 2004, ano em que renunciou ao cargo por motivos de saúde.
Foi professor do ensino secundário em Portalegre e passou pelo
Ministério da Agricultura.
Militante comunista desde 1976,
chegou a integrar o secretariado
das UCP no Norte-Alentejano.
No período 1979-1985 passou
também pela Assembleia da
República e, em termos locais e
regionais, foi um dos militantes
mais activos do PCP. Em
Portalegre foi eleito vereador e foi
membro da Assembleia Municipal
de Portalegre.
Nos últimos anos foi um dos
protagonistas das críticas à direc ção do PCP e o seu nome surgiu
sempre ligado ao movimento dos
renovadores.
Tanto o PCP como a Renovação
comunista lamentaram a morte
de Joaquim Miranda. «Defensor
convicto da entrada de Portugal
na União Europeia e profundo
conhecedor da política comunitária, Joaquim Miranda foi um dos
mais activos e prestigiados euro deputados portugueses, a ele se
ficando a dever as tomadas de posição mais consequentes em defesa
da agricultura portuguesa», pode
ler-se numa nota de imprensa
publicada no site www.comunistas.info.
classificados
VENDEDOR/COMISSIONISTA
Novo projecto procura
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comunicação institucional.
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em Ciências da Comunicação.
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CURSOS PROFISSIONAIS
Escola Secundária
Conde de Monsaraz
Ano lectivo 2006/07
Cursos Profissionais de Nível III
preencha o cupão
de assinatura do
‘notícias alentejo’
~ pág. 11
Técnico de Vitivinicultura
e Enologia; Técnico de Turismo;
Técnico de Contabilidade.
Informações na
Escola Secundária
Conde de Monsaraz
Copianço e corrupção
Os países onde os alunos universitários mais admitem
copiar em exames são simultaneamente aqueles que apresentam um nível mais elevado de
corrupção. A conclusão é revelada por um estudo da Universidade do Porto, recentemente
citado pelo Diário de Notícias.
Foram inquiridos mais de sete
mil alunos dos cursos de
Economia e Gestão - 21 países
de quatro continentes.
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notíciasalentejo~ Julho 2006
23
~publicidade
notíciasalentejo~ Julho 2006
24
música&letra~
Os monstros
J. Alberto Ferreira
[email protected]
Monstros
José Gil
Lisboa, Relógio d'Água, 2006
Tradução de José Luís Luna
Cruzamos quotidianamente
caminho com eles, no cinema,
na literatura, na publicidade e
nos média, no teatro e na dança
contemporâneos, os monstros
estão por toda a parte, domesticados as mais das vezes, alimentando o imaginário infantil
e juvenil de forma indelével,
embora não já aterradora.
Quem não viu Monstros e companhia e não recorda a crise da
representação da mostruosidade? Quem viu recordará igualmente o final: o monstro tornase um dócil entertainer, o riso
revela-se o motor do mundo!
Vem isto tudo a propósito de
Monstros, tradução recente de
um título, primeiramente publicado em 1994, de José Gil.
Filósofo, autor que nos habituou ao rigor da reflexão e à clareza expositiva, como quando
nos revelou o que é ser português hoje e alcançou o feito de
um talvez) improvável bestseller (Portugal hoje o medo de
existir, também da Relógio
d'Água). Com este Monstros,
José Gil estabelece as linhas de
uma reflexão em boa medida
contígua com obras anteriores
(Metamorfoses do corpo, por
exemplo) e plasmada em dois
grandes vectores. De um lado
uma perspectiva histórica, que
o leva a percorrer o corpus literário, científico e metafísico da
monstruosidade. Lucrécio,
Santo Agostinho, os bestiários
medievais, Descartes,
Aldrovandi, Mandeville, são
alguns dos autores que historiaram, analisaram, fundaram
mesmo o lugar que o monstro
tem na nossa cultura. E que
lugar é esse?
É exactamente aí que
entronca o segundo vector da
reflexão de José Gil, e que nos
conduz à evidência da aceitação
(também necessidade, também
razão, até mesmo humanidade
paradoxal) do monstro. O autor
situa, com efeito, o monstro no
«limite interno da humanidade
do homem» (p. 17), isto é, o
monstro situa-se no espaço limite em que, ao afirmar a evidência do não-humano, obriga a
verificar a evidência do humano. Dito de outro modo, do discurso que constrói o monstro
(como espaço-limite, como fronteira, como excesso), resulta a
evidência do que permanece
dentro do limite, porque é dentro desse limite que exactamente se define (o humano é a evidência do não-monstro perante
o monstro). Diz José Gil: «o
homem procura nos monstros,
por contraste, uma imagem estável de si mesmo» (pág. 125).
No trânsito histórico que o
monstro (e a ideia de monstro e
a sua recepção) percorrem, José
Gil sublinha a radical transformação entre a ideia de monstro
até à Idade Média (dominada
pela narrativa das raças monstruosas) e a que no
Renascimento emerge, configurando uma muito reconhecível
evidência da constituição dos
sujeitos da Idade Moderna. No
deslocar da atenção narrativa
para os nascimentos monstruosos, «É o próprio corpo do
homem que muda, assim como
a sua representação e o seu
modo de viver o espaço e o tempo» (pág. 19). No capítulo que
dedica à representação, quer
dizer, àquela condição de superação do simbólico (que é também uma passagem do analógico ao digital), encontramos um
novo elemento deste processo:
o discurso da ciência, da colecção e do museu. Porquê aí os
monstros? «Porque são seres
descontextualizados por excelência; e porque, talvez mais
uns do que os outros, interpelam a curiosidade, requerem
um novo saber» (págs. 66-67) e
um teatro para esse saber (o
museu acolhe o monstro porque
este espelha o museu): o teatro
da autenticidade e da legitimação (do mundo).
Entre a reflexão cartesiana e
as muitas tipologias de categorização de que foram objecto os
monstros, o ensaio avança em
direcção ao pensamento sobre o
corpo e ao papel que o monstro
pode tomar como seu 'desvio', e
que José Gil caracteriza como
uma infralíngua: «o que, por
exemplo, no corpo […] permite
captar, sem recorrer à linguagem articulada, o sentido de um
gesto ou de uma forma» (pág.
142). O que é de novo uma
forma de dizer do interesse contemporâneo pelo monstro.
Depois das raças monstruosas,
depois do nascimento dos monstros, é irrevogavelmente do
corpo e no corpo que o problema do sentido se joga. Um rápido reconhecimento do lugar da
performance na segunda metade do século XX e das suas
declinações contemporâneas (a
estas podíamos acrescentar a
fotografia de, por exemplo,
David Nebreda ou Witkin,
muita dança, certas formas do
espectáculo tecnológico), que o
mesmo é dizer dos seus e nossos monstros, não faria senão
confirmar os termos desta
busca de sentido(s).
95.5fm104.7fm
Antena Sul
ALENTEJO
notíciasalentejo~ Julho 2006
25
~crónica
tópicos
O escritor e o seu fantasma
Luís Carmelo
[email protected]
‘O presente passou,
subitamente,
a ser o novo nome
da melancolia’
bilhete postal
Muito antes do advento da
'Cultura - Pós, Pós', os dispositivos expressivos centrados no
livro já interiorizavam, há
milénios, a ideia de 'fim'. Revi
isso em alguns dos meus próprios livros (Anjos e Meteoros,
Viragem Profética, etc.), li-o
em certos autores (como,
Baudrillard), vi-o em certas
épocas (guardo um bom conjunto de revistas do final de
1999) e fascinei-me com o
facto em projectos de investigação que já lá vão (como o da
UQAM de Montréal). Todo este
eco me parece hoje encoberto
por uma névoa bastante
espessa.
E porquê? Justamente porque a rede inventou um novo
modo de 'morrer e nascer ao
mesmo tempo', como se com
isso tivéssemos fundido a
anamnese platónica, o Nilo e a
redenção do Ganges com um
tipo de instantaneidade que
luz hoje no 'on-off' dos olhos já nada deslumbrados - das
nossas crianças. Essa invenção, que atravessa o modo de
vida da blogosfera de várias
maneiras (o modo como os blogues acabam e recomeçam, ou
como vivem da actualização
permanente) retirou da
expressão que vai dominando
o novo medium uma tradição
muito ligada à melancolia.
Essa tradição está ligada a um
tipo de história, cujo significado irradiava do passado por
razões míticas, canónicas ou
de domesticação moderna do
tempo. A história perdeu
entretanto as suas estruturas
subjacentes, tornou-se policentrada e deixou de ser
essencialmente territorial. O
presente passou, subitamente,
a ser o novo nome da melancolia. Já não uma melancolia
que se estrutura em objectos
fixos (na Carta do PseudoHipócrates a bílis era o humor
da melancolia), mas uma
melancolia que se dilui na
euforia da interacção e na acelerada 'des-referenciação' da
vida e do quotidiano.
Quando penso nos blogues e
os associo a esta superação de
um inevitável 'horizonte de
fim', ocorre-me quase sempre
Blanchot possuído pelo desespero apocalíptico de quem imaginou o último escritor sobre a
face da terra (sim, o escritor:
essa figura pós-romântica que
encarnaria um deus a passearse para sempre na brisa do
espaço público).
Quase no final do seu livro,
Le livre à venir (1959),
Blanchot pôs em cena a morte
do último escritor, perguntou
alarmado: O que resultaria de
um tal facto? A resposta não
se fez esperar: "Apparemment
un grand silence". É uma
daquelas frases que sempre
me perseguiu. A reflexão de
Blanchot é depois invadida por
um tom algo dramático. Com a
morte do último escritor, apareceria "um novo ruído" e com
ele anunciar-se-ia a era da não
palavra ("l´ère sans parole").
Este novo ruído ouvir-se-ia
para sempre. Mais: ele havia
de escapar a todo o tipo de distracção e transformar-se-ia
num verdadeiro vazio que fala
("un vide qui parle"): insistente, indiferente, sem segredos,
capaz de isolar e separar os
homens, capaz de separá-los
de si mesmos conduzindo-os a
labirintos sem fim.
Este ruído segundo o autor
- consistiria num novo figurino de palavra, mas uma palavra exilada e bizarra. A natureza estranha desta palavra
("l´etrangeté de cette parole")
revelar-se-ia pelo facto de
parecer querer dizer qualquer
coisa, quando, ao fim e ao
cabo, não diria, nem transmitiria absolutamente nada. É
como se nessa palavra se
exprimisse uma certa profundidade, embora com frieza,
sem intimidade e sem alegria.
E assim, desse modo fugaz, ela
acabaria por ocultar-se por
trás de tudo o que disséssemos
e por trás de cada pensamento
mais íntimo ("derrière chaque
pensée familière"). Essa palavra - continuava Blanchot
mais à frente, já no final do
penúltimo capítulo do livro (capítulo IV) - seria "essencialmente errante" e "toujours audehors", ao contrário, por
exemplo, do monólogo interior
que é movido por um centro:
"ce "Je" qui ramène tout à luimême, alors que l´autre n´a
pas de centre" (pp.296-302).
Não é fácil encontrar uma
premonição da rede, ao
mesmo tempo tão melancólica
e fascinante, quanto esta de
Blanchot (editada no ano em
que saíram a público a
Aparição de Vergílio Ferreira e
a "Teoria dos grafos aleatórios"
de Erdos e Rényi e um ano
antes da publicação da sintomática 'teoria da interacção
simbiótica homemcomputador' de Joseph
Licklider).
Fim por fim, ainda aqui
andamos a tentar entender a
metamorfose em que a palavra, afinal, se transformou.
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La Torada, por Pablo Picasso
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notíciasalentejo~ Julho 2006
26
Peugeot 407 agora com motor 2.2 HDi FAP 170cv
Nova motorização
para um prazer acrescido
Jorge Reis
[email protected]
Líder em 2005 no segmento médiosuperior português, a gama 407 da
Peugeot foi sucessivamente enriquecida desde o seu lançamento, em
Maio de 2004, com a silhueta SW (Outubro 2004) e com o 407 Coupé (Janeiro 2006). Agora continua o seu
desenvolvimento, propondo a partir
de Julho uma nova motorização na
berlina e na SW: o motor 2.2 HDi biturbo FAP de 170 cv, que faz a sua
estreia numa nova série especial.
Representando a quarta fase da
cooperação entre a PSA Peugeot
Citroën e a Ford Motor Company, este
motor beneficia da tecnologia do
duplo turbo sequencial paralelo, o
que constitui uma novidade mundial
num quatro cilindros. Além disso,
esta nova motorização vem coroar a
oferta de motores diesel de quatro
cilindros HDi FAP, proporcionando à
gama 407 os meios para continuar
um sucesso comercial que lhe permitiu atingir já a marca de 472.500
exemplares fabricados até ao final de
Março de 2006.
Em 2005, o primeiro ano completo
de comercialização, foram vendidos
em todo o mundo 257.600 exemplares
do 407. Em Portugal, a gama teve
uma aceitação notável que lhe atribuiu, no ano passado, a liderança do seu
segmento com uma quota de 14%. No
total, desde o lançamento, foram
comercializadas mais de 6.000 unidades no nosso país.
Produzido à cadência de 650 exemplares por dia, dos quais 59% na
silhueta berlina, 25% na silhueta SW
e 16% em Coupé, o 407 é maioritariamente vendido em versões diesel:
desde o seu lançamento, 79% dos 407
vendidos na Europa foram equipados
com motorizações diesel HDi.
No plano nacional, a importância
dos motores diesel é ainda mais relevante, ao representarem praticamente 100% do mix de 2/8 combustíveis
da gama 407. O destaque vai para a
motorização 1.6 HDi FAP de 110 cv
que, nos primeiros quatro meses do
ano, representou 56% das vendas,
seguido pelo 2.0 HDi FAP de 136 cv
com 43,5%.
407 2.2 HDi FAP 170 cv
Um novo quatro cilindros…
bi-turbo
Esta nova motorização bi-turbo dispõe de uma dotação tecnológica inovadora, capaz de oferecer aos 407 berlina e SW um brio e um prazer de utilização dignos de motores com cilindrada muito superior. As performances testemunham este facto, uma vez
que à berlina, só com o condutor a
bordo, bastam 30 segundos para percorrer o quilómetro de arranque,
enquanto que, em 5ª velocidade, a
recuperação de 80 a 120 km/h se faz
em 8,1 segundos. A velocidade máxima de 225 km/h é atingida em 6ª velocidade. Esta motorização topo de
gama surge associada a uma caixa
mecânica de 6 velocidades.
A tecnologia deste motor e a consequente disponibilidade de binário a
baixo regime influenciam favoravelmente o consumo de combustível (6,1
litros aos 100 km em ciclo misto) e a
contenção das emissões (160 g/km).
Em Portugal, esta nova motorização fará a sua estreia numa série especial com uma decoração interior desportiva específica, construída a partir
da versão Sport, à qual acrescenta, de
série, equipamentos valorizantes
como um interior meio-couro, o sistema Hi-Fi JBL, os faróis de Xénon ou o
sistema de ajuda ao estacionamento.
Mas vejamos então com mais pormenor este novo motor 2.2 HDi FAP
170 cv: Este quatro cilindros de 2.179
cm3 dispõe de uma cabeça de dezasseis válvulas e de duas árvores de
cames à cabeça. O binário e o tempo
de resposta a baixo regime foram particularmente cuidados, já que o motor
desenvolve 200 Nm a partir de 1.000
rpm e 280 Nm a 1.250 rpm. Além disso, o motor possui uma faixa de utilização muito alargada, com uma grande disponibilidade em qualquer regime (mais de 355 Nm a 3.000 rpm).
A potência máxima de 170 cv (125
kW) é atingida a 4.000 rpm e o binário máximo de 370 Nm a 1.500 rpm, o
que, ao mesmo regime, representa
mais 54% que na geração precedente
do 2.2 HDi.
Alguns objectivos ambiciosos presidiram à concepção deste novo
motor:
- Obter brio e prazer de utilização dignos de um motor de maior cilindrada,
conciliando este facto com níveis
reduzidos de consumo e de emissão
de CO2 (confirmação da política tecnológica de "downsizing") e, ainda,
com um desempenho ambiental de elevado nível (Euro 4 e Filtro de
Partículas).
- Corresponder às exigências de protecção dos peões, reduzindo a altura
do motor sob o capot.
- Assegurar um excelente conforto
acústico e vibratório, graças, em particular, à presença de dois veios de
equilíbrio contra-rotativos.
Uma câmara de combustão de um
novo tipo, o common rail de terceira
geração que eleva a pressão a 1.800
bar e, evidentemente, um duplo turbo
sequencial paralelo, constituem as
principais inovações tecnológicas que
permitiram vencer este desafio técnico.
diminuir a quantidade do mesmo que
é incompletamente queimada.
Aquele efeito é obtido através de
tratamentos específicos da geometria
e da concepção do pistão (realizado
em alumínio de grande capacidade
mecânica e térmica). Esta geometria
permite também diminuir significativamente o SWIRL (movimento de
rotação do ar na câmara de combustão), limitando assim as perdas térmicas contra as paredes.
Estas evoluções conduziram a
uma melhor homogeneidade da mistura ar/combustível, daí resultando
uma melhoria significativa do rendimento global do motor e uma combustão mais silenciosa.
O duplo turbo
sequencial paralelo
O novo 2.2 HDi revela-se exemplar
em matéria de respeito pelo ambiente. Desde logo, importa lembrar que o
motor diesel oferece um excelente rendimento termodinâmico e que a injecção directa HDi com a pressão muito
elevada do sistema de rampa comum
melhora ainda mais as suas performances, permitindo uma combustão
mais homogénea e completa, originando um melhor rendimento da combustão e reduz indo significativamente as emissões na origem.
Além disso, o funcionamento dos
dois turbo compressores e o sistema
de recirculação dos gases de escape
contribuem activamente para a protecção do ambiente e para o respeito
da norma EURO 4.
Mais especificamente, neste novo
2.2 HDi FAP, a associação da nova
câmara de combustão e de uma pressão de 1.800 bar permite uma redução das emissões na ordem de 30%,
comparativamente com a geração precedente.
O motor é naturalmente associado
à tecnologia FAP (filtro de partículas)
da última geração com filtro aditivado, que apresenta, no caso do 2.2 HDi,
uma periodicidade de mudança de
180.000 km, possível graças à melhoria do aditivo e do elemento filtrante.
O aditivo Eolys, cuja eficácia acrescida permite reduzir a sua dosagem no
combustível, diminui a quantidade de
resíduos armazenados nas paredes do
filtro.
O elemento filtrante apresenta
uma nova estrutura, na qual a geometria "octosquare" e o maior diâmetro dos canais de entrada aumentam
claramente a capacidade de armazenamento dos resíduos.
A tecnologia do duplo turbo sequencial paralelo constitui uma novidade
mundial num motor de quatro cilindros. O sistema (patenteado com a
Honeywell Turbo Technology) é composto por dois turbo compressores
idênticos de reduzidas dimensões.
A baixo regime, a reactividade do
motor é assegurada por um único turbo. Este é apoiado pela segunda unidade, que entra em acção paralelamente entre as 2.600 e as 3.200 rpm,
em função da carga solicitada e das
condições atmosféricas. Fica assim
coberta toda a gama de utilização do
motor. O comando do conjunto é inteiramente assegurado pelo processador
de controlo do motor.
Por outro lado, a reduzida inércia
dos turbos, devido ao seu pequeno formato, suprime o tempo de resposta
durante a entrada em funcionamento.
Estas inovações tecnológicas permitem melhorar o prazer de condução e
oferecem, em particular, uma grande
disponibilidade de binário. Além disso, o utilizador pode rodar mais frequentemente a baixo regime, reduzindo assim o consumo de combustível.
A câmara de
combustão ECCS
"Extreme Conventional
Combustion System”
O motor 2.2 HDi é equipado, em cada
um dos seus pistões, com uma novíssima câmara de combustão.
Comparativamente à da geração precedente, a câmara caracteriza-se por
uma taxa de compressão reduzida
(16,6 em vez de 18) e por um maior
diâmetro (+ 25%), o que, ao limitar a
proporção de combustível em contacto com as paredes, contribui para
Um common rail de terceira
geração
Este sistema de combustão ECCS é
associado a um novíssimo common
rail Bosch de terceira geração, cuja
pressão de injecção foi elevada para
1.800 bar (1.350 bar, na primeira geração).
A pressão de injecção elevada,
associada aos novos injectores piezoeléctricos em que cada injector é dotado de sete orifícios (em vez dos cinco
anteriores) com um diâmetro de 135
mícron, permite multiplicar o número de injecções (potencialmente, até
seis por ciclo) e está na origem de
uma pulverização muito fina do gasóleo. Com a optimização da mistura
ar/gasóleo, a combustão é mais completa e mais homogénea, reduzindose as emissões poluentes na origem.
O respeito absoluto
pelo ambiente
Motor mais compacto,
a acústica e as vibrações
A altura total do motor foi reduzida
em 4 cm relativamente à geração anterior. Muito compacto, este motor apresenta uma grande facilidade de adaptação aos veículos e oferece um acréscimo de protecção aos peões, ao libertar um espaço ainda mais importante
entre o capot e o bloco do motor, o
que permite uma melhor absorção de
energia em caso de colisão.
O cárter de cilindros com paredes
duplas, patenteado e realizado directamente por fundição, permite
melhorar as performances acústicas
do motor em 3dB, facto que é perceptível pelo cliente. Os dois veios de
equilíbrio contra-rotativos contribuem para um comportamento vibratório de bom nível, enquanto que o
amortecimento dos apoios do motor e
o volante duplo optimizado melhoram
a filtragem das vibrações.
Além disso, a borboleta colocada
no sistema de admissão, dotada de
um tempo de resposta muito curto, é
desengrenada na fase de paragem do
motor, de modo a evitar qualquer
vibração durante essa fase.
A manutenção...
e a caixa mecânica 6C
Um cárter de óleo de grandes dimensões, realizado em duas partes, permite aumentar a periodicidade das
mudanças de óleo para 30.000 km.
Dentro do mesmo espírito, a correia
de comando e os seus acessórios de
tracção são concebidos e dimensionados no sentido de evitar qualquer
manutenção durante a vida do veículo.
O motor do 407 2.2 HDi FAP é associado a uma caixa mecânica ML6C de
seis velocidades, justamente apreciada pelo prazer de utilização que proporciona, pela precisão e rapidez.
Compacta - uma das suas características mais marcantes -, apresenta
as mesmas dimensões de uma caixa
de cinco velocidades, mantendo o raio
de viragem. A caixa de velocidades é
ainda reforçada, principalmente ao
nível do cárter de embraiagem e do
grupo cónico, de modo a suportar o
binário de 370 Nm.
As ligações ao solo
As ligações ao solo foram adaptadas
em coerência com o dinamismo do
conjunto moto propulsor. Ligadas a
uma estrutura com uma elevada rigidez à torção, as suspensões constituem um conjunto tecnológico eficaz
que garante uma segurança activa e
um prazer de condução de elevado
nível.
O trem dianteiro, do tipo "duplo
triângulo com pivot desalinhado",
assegura, por exemplo, uma excelente
capacidade direccional e uma grande
precisão da direcção. O trem traseiro
multibraço garante também um controlo rigoroso de cada roda, independentemente das circunstâncias.
Os dois trens utilizam uma forte
proporção de alumínio, o que contribui para o seu desempenho mecânico
e para a redução do peso. Os 407 berlina e SW equipados com este motor
recebem jantes em liga leve de 17
polegadas e pneus 215/55 R 17 W, e a
travagem recorre a discos de 330x30
mm à frente e 290x12 mm atrás. O
dispositivo é completado por uma
repartição electrónica de travagem,
com gestão roda por roda, e por um
sistema de assistência à travagem de
emergência.
Tal como acontece em qualquer
dos 407, um sistema ESP ("Electronic
Stability Programm") da última geração, dotado com uma gestão particularmente elaborada, corrige qualquer
ameaça de "sub-viragem" ou "sobreviragem".
A série especial 407 2.2 HDi
FAP 170 CV
Para lançar em Portugal este novo
motor diesel HDi, a Peugeot criou
uma série especial topo de gama, cuja
comercialização arrancará no mês de
Julho. Muito valorizante, a série especial 407 2.2 HDi constituirá um dos
níveis de equipamento mais ricos do
407 e estará disponível nas silhuetas
berlina e SW.
Construído a partir do nível de
equipamento Sport, este novo reforço
da gama 407 alia da melhor forma o
carácter desportivo do modelo animado por esta motorização ao elevado
nível de conforto disponível a bordo.
Em particular, no que se refere ao
equipamento, os 407 2.2 HDi distinguem-se das versões Sport por incluírem uma decoração exclusiva de
ambiente desportivo e por enriquecerem uma oferta de equipamento já de
si muito completa, acrescentando, de
série, um interior meio-couro, o sistema Hi-Fi JBL, os faróis de Xénon e o
sistema de ajuda ao estacionamento.
Assim, da vasta panóplia de equipamentos de conforto, segurança e
tecnologia que oferecem, os 407 berlina e SW animados pelo motor 2.2 HDi
de 170 cv destacam-se por propor,
entre outros, os seguintes elementos
de série:
- 7 airbags (frontais, coluna de direcção, laterais dianteiros e tipo cortina)
- ABS com repartidor electónico de
travagem
- Alarme perimétrico e volumétrico +
supertrancamento
- ESP de última geração com gestão
integral de travagem por roda
- Indicador visual e sonoro (+15km/h)
para colocação dos cintos de segurança dianteiros
- Regulador e limitador de velocidade
- Sensor de baixa pressão dos pneus
ou furo
- Trancamento automático
(+10kms/h) das portas, tampa da
mala e tampão do depósito
- Ar condicionado automático com
regulação independente esquerda/direita com sensor bi-direccional
de exposição solar
- Banco do passageiro modulável (SW)
e regulável em altura
- Computador de bordo
- Interior específico meio-couro
- Sistema HI-FI JBL de 240 Wattts
com amplificador, 8 canais, equalizador, 10 altifalantes e leitor de ficheiros MP3
- Vidros dianteiros e traseiros com
comando eléctrico, sequenciais e antientalamento
- Volante desportivo de 3 raios em
couro, regulável em altura e profundidade
- Barras de tejadilho em cromado acetinado (SW)
- Faróis de Xénon com correcção automática da altura e lava-faróis
- Faróis de nevoeiro dianteiros
- Jantes em liga leve de 17'’
- Limpa-vidros dianteiro automático
com sensor de chuva
- Óculo traseiro escurecido de abertura independente (SW)
- Sistema "follow me home”
- Sistema de ajuda ao estacionamento
- Tecto panorâmico em vidro (SW)
Entre os opcionais desta série especial, destacam-se o tecto de abrir com
comando eléctrico (4p), kit mãoslivres Bluetooth, carregador de 6 CD's
no porta-bagagens e o Pack Couro,
Pack Navegação a Cores e Pack
Viagem.
notíciasalentejo~ Julho 2006
27
~prazeres
...dafotografia
...dapoesia
tos e a volumetria dos veraneantes abarca toda a fotografia. Se
quiser fazer umas fotografias da
prole a dar as primeiras braçadas, não se esqueça, em primeiro lugar, da máxima "há mar e
mar, há ir e voltar", certifique-se
depois que a bandeira não lhe
vai cobrar uns euros de multa,
e, por fim, decida-se: ou quer
[email protected]
que na fotografia apareçam os
petizes ou, se preferir, as ondas
do mar. Na praia, a solução 2 em
1 não é aconselhável: de tanto
mar se querer abarcar, as cabecinhas das nossas crianças vãose assemelhar a intraduzíveis
pontos negros no oceano. PoupeChegou o mês de Julho e com ele se a ter que explicar aos seus
colegas e amigos que aquele ponas constantes idas à praia.
tinho à direita é o Jonas e aqueAlguns irão passar um ou outro
le lá mais ao fundo é a Clarisse.
fim-de-semana, que os bolsos
O que fica mesmo bem é aprovazios não permitem pagar o
ximar-se o mais possível da criimposto do combustível quanto
ançada, tentar captar os seus
mais o próprio combustível,
movimentos de brincadeira e,
outros - muitos - conseguirão
com um pouco de jeito, registar
manter-se por lá uma ou duas
as inúmeras gotas que se forsemanas, alternando a areia
mam sempre que há uma crianquente com umas boas sardiça dentro de água e que tanto
nhadas, regadas com sangria
incomodam os adultos desespefeita de maus vinhos e outras
rados.
tantas bebidas de agressivos
Como este também é um mês
paladares.
Nesta ocasião a actividade "ti- de muito Sol, não se esqueça que
rar fotografias" invade os nossos as horas mais quentes não estragam só a pele. São também as
tempos livres e focamos as
fotografias que aparecem queiobjectivas em tudo o que tenha
madas, com um cromatismo
movimento.
pouco fiel à realidade e com conPrimeiro conselho: durante a
viagem não se ponha a tirar foto- trastes esquisitos, fazendo com
que os fotogramas fiquem sem
grafias à paisagem porque, por
qualidade.
mais linda que ela seja, o moviPara os apreciadores, este é
mento do carro vai trazer-lhe
resultados frustrantes. Ou domi- um período em que proliferam
as fotografias ao Sol a deitar-se.
na a técnica de fotografar em
Tenha cuidado, pois o astro pode
movimento ou então pare o
transformar-lhe as fotografias
carro na berma e tente fazer os
numa verdadeira bola de fogo e
seus "bonecos".
aí você vai mesmo pensar que
Já na praia se aconselha que
não tem queda para a arte. O
imprima algum movimento às
que pode ser verdade. Ou talvez
suas fotografias. Nas praias apinão!
nhadas de multidão é mais fácil,
pois os movimentos são mais lenBoas férias e boas fotografias!
E em 1972,
Sérgio Godinho escreveu:
Vieram profetas
Vieram Doutores
santos milagreiros, poetas,
cantores
cada qual com um discurso
diferente
p'ra curar a vida da gente
e a gente parada
fez orelhas moucas
que com falas dessas
as esperanças são poucas
mas quando o Bar nabé cá chegou
Toda a gente arribou [bis]
Que é que tem o Barnabé que é
diferente dos outros?
João Espinho
“na praia”
pub
Vieram peritos
em habilidades
dizer que a for tuna cresce nas
cidades
e que só ganha quem concorrer
e quem vai ser, quem vai ser
que vai ganhar, vai vencer?
E a gente parada
fez orelhas moucas
que com falas dessas
as esperanças são poucas
mas quando o Bar nabé cá chegou
Toda a gente ganhou [bis]
Que é que tem o Barnabé que é
diferente dos outros?
Vieram comerciantes
vender sabonetes
danças regionais, televisões,
rabanetes
em suaves prestações mensais
e quem dá mais, quem dá mais?
[bis]
E a gente parada
fez orelhas moucas
que com falas dessas
as esperanças são poucas
mas quando o Bar nabé cá chegou
quem tinha ouvidos ouviu
quem tinha pernas dançou
Que é que tem o Barnabé que é
diferente dos outros?
...damesa
Sabores de Monsaraz
Especialidade da Casa:
Medalhões de Porco Preto;
Arroz de Pato à Sabores;
Migas Gatas;
Bacalhau à Sabores.
Preço médio: 20 Euros
Aceita Reservas
Métodos de Pagamento:
Todos os cartões
Horário: 12h30 às 15h30
e das 19h30 às 22h30
Largo de São Bartolomeu
Monsaraz | 969 217 800
[email protected]
O Restaurante Sabores de
Monsaraz situa-se na Vila
Medieval de Monsaraz,
classificada como Monumento Nacional. A vista
sobre a albufeira de
Alqueva, a esplanada
e o parque infantil fazem
deste restaurante um
local apetecível para famílias em férias ou de visita
de fim-de-semana.
Na ementa, pratos da cozinha tradicional alentejana, incluindo entradas
variadas. Alguns destaques: Caldo de Aves com
Hortelã, Arroz de Lebre e
Calducho (por encomenda).
notíciasalentejo~ Julho 2006
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