fisioterapia em evidência

Transcrição

fisioterapia em evidência
issn 2178-1672
volume 2, Número 2,
julho/AGOSTO 2011
Revist a
FISIOTERAPIA
EM EVIDÊNCIA
Número 2, dezembro 2010
f a c u l d a d e
muito além do ensino
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 2, n. 2, julho/agosto 2011 | Revista Fisioterapia em Evidência
1
ISSN 2178-1672
Fisioter. Evid., Curitiba, v. 2, n. 2, p. 2, julho/agosto 2011
Revista
Informações básicas
A Revista Fisioterapia em Evidência, ISSN 2178-1672, é uma publicação semestral
do curso de Fisioterapia da Faculdade Dom Bosco. Publicada desde 2010, adota o
processo de revisão por especialistas (peer review), sendo cada artigo publicado após
a aceitação dos revisores, mantidos no anonimato. Os conceitos e opiniões emitidos
nos artigos são de inteira responsabilidade de seus autores. A submissão de artigos
pressupõe que, com exceção dos resumos ampliados, não tenham sido publicados
anteriormente nem submetidos a outra publicação.
O título abreviado da revista é Fisioter. Evid., forma que deve ser usada em bibliografias,
notas de rodapé, referências e legendas bibliográficas.
A revista encontra-se gratuitamente disponível no site da Faculdade Dom Bosco.
Missão
Publicar artigos originais de pesquisa cujo objetivo básico se refere ao campo de
atuação profissional da fisioterapia e da reabilitação.
Ficha catalográfica
Revista Fisioterapia em Evidência/Faculdade Dom Bosco. vol. 2, n. 2 (2011).
Curitiba: FDB, 2010
Semestral
Sumários em inglês e português
ISSN 2178-1672
1. Fisioterapia – Periódicos. I. Faculdade Dom Bosco.
CDD 615.82
CDU 615.8
2
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ISSN 2178-1672
Fisioter. Evid., Curitiba, v. 2, n. 2, p. 3, julho/agosto 2011
Revista
Editores responsáveis
Silvia Regina Valderramas (doutora)
[email protected]
Salete do Rocio Cavassin Brandalize (mestre)
[email protected]
Conselho editorial
Anna Raquel Silveira Gomes
Universidade Federal do Paraná – Curitiba-PR – Brasil
Ariani Cavazzani Szkudlarek (doutora)
Faculdade Dom Bosco – Curitiba-PR – Brasil
Cassio Preis (mestre)
Faculdade Dom Bosco e PUCPR – Curitiba-PR – Brasil
Claudia Chaguri de Oliveira Pellenz (mestre)
Faculdade Dom Bosco – Curitiba-PR – Brasil
Cristiane Gonçalves Ribas (mestre)
Faculdade Dom Bosco e PUCPR – Curitiba-PR – Brasil
Cristiane Regina Gruber (mestre)
Faculdade Dom Bosco – Curitiba-PR – Brasil
Francisco Ernesto H. Zanardini (mestre)
Faculdade Dom Bosco, Uniandrade e Faculdade Espírita – Curitiba-PR – Brasil
Gilda Maria Grasse Luck (doutora)
Faculdade Dom Bosco e Facel – Curitiba-PR – Brasil
Isabel Cristina Bini (mestre)
Faculdade Dom Bosco – Curitiba-PR – Brasil
Marcelo Kryczyk (doutor)
Faculdade Dom Bosco – Curitiba-PR – Brasil
Marcia Maria Kulczycki (mestre)
Faculdade Dom Bosco – Curitiba-PR – Brasil
Sandra Mara Meireles Adolph (doutora)
Universidade Federal de São Paulo – São Paulo-SP – Brasil
Editoração eletrônica
Comunicação Dom Bosco - [email protected]
INFORMAÇÕES PARA PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS
Todo o material a ser publicado deve ser submetido online por meio do site:
www.fisioterapia.com.br/revista
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ISSN 2178-1672
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Revista
Sumário
Editorial............................................................................................. 5
Artigo 1 ............................................................................................. 6
Atuação da fisioterapia na síndrome do assoalho pélvico – vulvodínia e vaginismo –
uma revisão da literatura
Physiotherapy in pelvic floor syndrome – vulvodynia and vaginismus – a literature review
Artigo 2 ........................................................................................... 19
Treinamento de força da musculatura inspiratória com o uso de carga linear
pressórica – Threshold®, em pacientes idosos institucionalizados: estudo
controlado randomizado
Training Muscle Strength using linear load pressor – Threshold® in institutionalized elderly patients:
randomized controlled trial
Artigo 3 ........................................................................................... 30
Treinamento somatossensorial da planta dos pés para melhora do equilíbrio em
idosos institucionalizados
Somatosensory training of the plant of foot for improvement of balance in institutionalized elderly
Artigo 4 ........................................................................................... 38
Estudo comparativo entre dois programas de fortalecimento para músculos do
complexo do joelho em jogadores de futebol de categoria amadora de Colombo –
fortalecimento muscular em jogadores de futebol
Comparative study of two programs for strengthening muscles of complex knee in soccer players of
the amateur category Colombo city – muscle strengthening in soccer players
Artigo 5 ........................................................................................... 51
Análise dos fatores de risco para hipertensão arterial em adolescentes de escola
pública comparada com escola particular de Curitiba
Analysis of the factors of risk for arterial hypertension in adolescents of compared public school with
private school of Curitiba
Normas para apresentação de artigos ........................................ 59
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ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 2, n. 2, julho/agosto 2011 | Revista Fisioterapia em Evidência
ISSN 2178-1672
Fisioter. Evid., Curitiba, v. 2, n. 2, p. 5, julho/agosto 2011
Revista
Editorial
P
esquisa-se não só por curiosidade, mas principalmente para ajudar
outras pessoas. Centenas de artigos são publicados a cada hora na
área de saúde. Não se espera que todos os fisioterapeutas sejam
pesquisadores, mas que 100% deles sejam leitores assíduos dos resultados
de pesquisas científicas.
A pesquisa em fisioterapia tem evoluído muito nos últimos anos. Apesar
de ser objeto de estudo relativamente novo, já colhemos os frutos dos
resultados de pesquisas brilhantes na área.
Essa edição da Revista Fisioterapia em Evidência traz cinco trabalhos
de extrema relevância. A saúde da mulher, assunto muito atual na
fisioterapia, está retratada em estudo sobre vulvodínia e vaginismo,
que podem alterar a saúde física, mental, emocional e social da mulher.
Chamando atenção para a grande demanda de pacientes idosos que
teremos em breve no Brasil, a revista traz dois estudos sobre essa
população. A fisioterapia desportiva, também em alta pelos eventos
esportivos dos próximos anos em nosso país, é contemplada nessa edição
por meio de artigo sobre futebol, de extrema importância científica.
Finalizando o número, a revista apresenta estudo sobre hipertensão, o
grande mal silencioso da vida moderna.
A qualidade dos estudos científicos deve ser observada com atenção, pois
mudam-se vidas a partir de resultados e conclusões publicadas. A Revista
Fisioterapia em Evidência leva isso muito a sério.
Sandra M. M. Adolph.
Editora responsável
Professora do curso de Fisioterapia da Faculdade Dom Bosco
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Artigo 1
Atuação da fisioterapia na síndrome do assoalho pélvico –
vulvodínia e vaginismo – uma revisão da literatura
Physiotherapy in pelvic floor syndrome – vulvodynia and
vaginismus – a literature review
Raciele Ivandra Guarda Korelo1
Cristiane Regina Gruber2
Amanda dos Santos Nagata3
Edlaine Y. Kuhnen, Eduardo Dutra3
Elys Fernanda N. dos Santos3
Marielli D. Xavier3
Poliane D. de Oliveira3
Tamara Antochecen3
1. Fisioterapeuta, mestre em Tecnologia em
Saúde pela PUCPR e docente da Faculdade
Dom Bosco e da Faculdade Evangélica do
Paraná.
2. Fisioterapeuta, mestre em Engenharia
Elétrica e Informática Industrial pela
UTFPR e docente da Faculdade Dom Bosco
e da Unibrasil.
3. Acadêmicos do 4º período de
Fisioterapia da Faculdade Dom Bosco.
Endereço para correspondência:
Raciele Ivandra Guarda Korelo
Faculdade Dom Bosco.
Rua Paulo Martins, 332. CEP: 80710-010.
Curitiba, PR, Brasil.
E-mail: [email protected]
RESUMO
A hiperatividade do assoalho
pélvico ocorre por diversos
fatores. Ela pode estar
diretamente relacionada com
o vaginismo e a vulvodínia,
disfunções que afetam a saúde
física, mental, emocional
e social da mulher. Este
estudo teve como objetivo
realizar uma revisão da
literatura sobre a atuação da
fisioterapia na síndrome da
hiperatividade do assoalho
pélvico, especificamente o
vaginismo e a vulvodínia.
Foram consultadas as bases de
dados Medline, Lilacs e Scielo,
com os seguintes descritores:
6
assoalho pélvico, vaginismo,
vulvodínia e períneo, sempre
associados à fisiopatologia e/ou
reabilitação, publicados no
período de 2002 a 2010. Foram
selecionados somente artigos
que pudessem ser obtidos
na íntegra e relacionados à
atuação do fisioterapeuta
na patologia, resultando
em nove publicações
analisadas, todas de revisão
bibliográfica. Observou-se
que todos os autores indicam
o tratamento fisioterapêutico
como intervenção primária
no tratamento da patologia,
do qual se destacam
diversas técnicas e recursos
fisioterapêuticos, entre eles
a cinesioterapia, as técnicas
manipulativas, a termoterapia,
a eletroestimulação e o
biofeedback eletromiográfico,
além de correções da
biomecânica. Entretanto, é
notória a escassez de estudos
clínicos randomizados
para comprovação dos
recursos utilizados e para a
definição de um protocolo de
tratamento adequado.
Palavras-chave: assoalho
pélvico, vaginismo,
vulvodínia, períneo,
fisioterapia.
ABSTRACT
Hyperactivity of the pelvic
floor occurs due to many
factors, which may be directly
related to vaginismus and
vulvodynia, disorders that
affect the physical, mental,
emotional and social woman.
This study aimed to conduct
a literature review on the
role of physiotherapy in the
syndrome of hyperactivity of
the pelvic floor, specifically
vaginismus and vulvodynia.
We consulted the Medline,
Lilacs and Scielo with the
following keywords:
pelvic floor, vaginismus,
vulvodynia and perineum,
always associated with the
pathophysiology and/or
rehabilitation, published
between 2002 to 2010. We
selected only articles that
could be obtained in full
and related to the role of
a physiotherapist in the
pathology, resulting in nine
refereed publications, all of
a literature review. It was
observed that all authors
indicate physical therapy
as primary intervention in
the treatment of disease,
which stand out various
physiotherapeutic técncicas
and resources, among them
the exercise, the manipulative
techniques, thermotherapy,
electrical stimulation,
electromyographic
biofeedback plus Corrections
biomechanics. However,
the scarcity of randomized
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Artigo 1
clinical trials to prove the
resources used and to define
an appropriate treatment
protocol.
Keywords: pelvic floor,
vaginismus, vulvodynia,
perineum, phisiotherapy.
Introdução
Segundo Henscher (2007),
a hiperatividade da
musculatura do assoalho
pélvico (MAP) pode ser
ocasionada por diversos
fatores, que decorrem desde
hábitos físicos inadequados
como adiar ou reter a micção
e a evacuação cronicamente
e/ou exagerar no treinamento
de força, sobrecarregando a
MAP a traumas emocionais
por incesto, estupro ou
abuso sexual. A autora
relata que a contração
reflexa da MAP se faz
inerente a essa musculatura
e consiste em resposta
de defesa e manutenção
fisiológica do organismo.
Complementa que várias
disfunções são ocasionadas
por essa síndrome, desde
sexuais e fisiológicas, como
instabilidade do músculo
detrusor da bexiga, cistite
intersticial, fissuras anais e
coccidinia, até disfunções
osteomusculares de cunho
maldefinido. Tanto a
vulvodínia como o vaginismo
são descritos como disfunção
sexual e consistem em
síndrome que causa impactos
significantes na saúde física
e na qualidade de vida
da mulher. (SÁNCHEZ
e CHALELA, 2007;
PRENDERGAST, RUMMER e
KOTARINOS, 2008; AVEIRO,
GARCIA e DRIUSSO, 2009).
Vulvodínia consiste em
uma dor crônica na região
vulvar que pode ser dividida
em dor vulvar associada
à doença específica,
dor localizada ou dor
generalizada. (LEIBOWITCH,
STAUGHTON, NEILL
et al., 1998; ÂNGULO e
CHALELA, 2006; ARNOLD,
BACHMANN, KELLY et al.,
2006; SÁNCHEZ e CHALELA,
2007; PRENDERGAST,
RUMMER e KOTARINOS,
2008; KANDEEL, 2008; RICCI,
2010). Em 2003, a Associação
Americana de Fisioterapia
concluiu que pode estar
relacionada com problemas
musculoesqueléticos, causas
neurológicas ou disfunções
miofasciais, com ou sem
incontinência urinária
(STEPHESON e O’CONNOR,
2004). Já o vaginismo é
descrito como uma contração
ou espasmo involuntário dos
músculos do terço inferior da
vagina. (BROSENS, TERRASA
e ASTOLFI, 2009; PINHEIRO,
2009). Essas duas síndromes,
de causa orgânica ou
psicogênica, fazem com que a
penetração do pênis se torne
impossível e o toque na região
seja extremamente doloroso
(PINHEIRO, 2009).
Estima-se que a prevalência
das duas patologias é de
aproximadamente 16%
(ARNOLD, BACHMANN
e KELLY et al., 2006; RICCI,
2010). Sánchez e Chalela
(2007) acrescentam que a
probabilidade de ocorrência
é igual entre mulheres
brancas e negras, entretanto,
levando em consideração
as latino-americanas, essa
porcentagem passa para
80%. Kandeel (2008) propõe
que aproximadamente uma
em cada seis mulheres pode
sofrer de vulvodínia em
algum momento de sua vida.
Cerca de 20% das consultas
ginecológicas são devidas
ao vaginismo (BROSENS,
TERRASA e ASTOLFI, 2009).
Mulheres que apresentam
vulvodínia sentem dor
crônica, queimação e
até mesmo prurido, que
podem ser provocados
pela relação sexual ou não.
(SÁNCHEZ e CHALELA,
2007; KANDEEL, 2008;
RICCI, 2010). No vaginismo, a
mulher sente dor no momento
da penetração, ou antes, e
podem ocorrer reações como
náusea, sudorese, falta de
ar e aumento da frequência
cardíaca devido ao medo
do espasmo muscular
involuntário e tensão. A dor
pode resultar em problemas
psicológicos como medo da
dor, ansiedade, depressão,
baixa autoestima, cefaleia
tensional, tristeza e distúrbios
do sono. (BROSENS,
TERRASA e ASTOLFI, 2009;
PINHEIRO, 2009).
De acordo com RICCI (2010),
a vulvodínia é diagnosticada
pelos critérios de Friedrich: 1)
dor severa ao tocar o vestíbulo
ou na tentativa de penetração
vaginal;
2) sensibilidade local à pressão
da região vestibulovulvar;
3) diferentes graus de
eritema local (SÁNCHEZ e
CHALELA, 2007; EDGARDH
e ABDELNOOR, 2007). Já
Brosens, Terrasa e Astolfi
(2009) descrevem que o
diagnóstico do vaginismo
é realizado por meio de
exame físico, verificando-se
alterações anatômicas, causas
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Artigo 1
infecciosas, lubrificação
inadequada, entre outros.
Devido ao espasmo muscular
presente em tal patologia,
torna-se dificultosa a
realização do exame (toque
vaginal e papanicolau).
Vários tratamentos são
propostos para vulvodínia
e vaginismo, sendo que
não se devem limitar à
região ginecológica, mas
serem multidisciplinares e
individualizados, levando-se
em consideração os múltiplos
fatores etiológicos envolvidos.
O tratamento pode incluir
desde técnicas cirúrgicas
(última opção de tratamento,
utilizada em caso de insucesso
terapêutico conservador),
uso de medicamentos
(anestésicos, antidepressivos,
anticonvulsivantes, injeções
botulínicas, cremes tópicos,
entre outros), terapia
cognitivo-comportamental
(hipnoterapia e acupuntura)
e terapias físicas, incluindo a
fisioterapia (MARIANI, 2002;
BARACAT E LIMA, 2005;
GRAZIOTIN E GIOVANNINI,
2005; ETIENNE E WAITMAN,
2006; DROUIN, DAMANT E
TURCOTTE, 2008, NEUBERN,
2009).
O tratamento fisioterapêutico
é indicado como intervenção
primária, e aborda
técnicas manipulativas,
exercícios para o assoalho
pélvico, estimulação
elétrica, termoterapia,
biorretroalimentação,
mobilizações neurais
e estruturais, além de
correções da biomecânica.
(PRENDERGAST, RUMMER e
KOTARINOS, 2008; AVIEIRO,
GARCIA e DRIUSSO, 2009).
8
Apesar de ser indicação
de intervenção primária,
a atuação da fisioterapia
na hiperatividade do
assoalho pélvico ainda
é pouco explorada em
estudos clínicos, devido à
complexidade da patologia,
referente a inúmeras
causas etiológicas e fatores
biomecânicos associados.
Portanto, faz-se necessário
o estudo dos recursos
e técnicas empregados
por fisioterapeutas para
esclarecimentos de quais
técnicas devem ser utilizadas
na terapêutica, bem como
seus mecanismos de atuação e
quando indicá-las.
tratamento da hiperatividade
do assoalho pélvico.
Resultados
Foram selecionados nove
artigos, por descrevem
alguma forma de atuação da
fisioterapia como recurso no
tratamento do vaginismo e/ou
vulvodínia, os quais poderão
ser verificados na tabela 1. É
possível constatar que todos
os artigos eram de revisão
bibliográfica, não sendo
encontrado nenhum estudo
clínico.
Baseado nessas premissas,
este estudo teve por objetivo
elucidar, como forma de
tratamento, a atuação da
fisioterapia na síndrome da
hiperatividade do MAP,
restringindo-se à vulvodínia e
ao vaginismo.
Materiais e métodos
Trata-se de uma pesquisa de
revisão de literatura realizada
nas bases de dados Medline,
Lilacs e Scielo. Os descritores
utilizados para a pesquisa
foram assoalho pélvico,
vaginismo, vulvodínia e
períneo, sempre associados
à fisiopatologia e/ou
reabilitação, publicados em
inglês, português ou espanhol,
durante os anos de 2002 a
setembro de 2010.
Foram selecionados e
incluídos nesta revisão apenas
estudos obtidos na íntegra que
discorressem sobre a atuação
da fisioterapia e/ou de seus
recursos e técnicas para o
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Artigo 1
TABELA 1 – Dados gerais dos artigos selecionados
Ref.
Objetivo
Metodologia
Resultados
Considerações
2*
Descrever as
principais alternativas
fisioterapêuticas que
visam minimizar as
disfunções sexuais da
mulher.
Revisão bibliográfica
Os métodos fisioterapêuticos
baseiam-se na contração
voluntária da MAP para reeducá-la
e aumentar seu tônus. Os recursos
utilizados foram: cones vaginais,
exercícios de Kegel, biofeedback,
eletroestimulação, trabalho
manual e orientações domiciliares.
A fisioterapia, associada a outras
opções terapêuticas, pode auxiliar no
restabelecimento de uma vida sexual
saudável. Entretanto, são necessárias
mais pesquisas, principalmente estudos
clínicos, que elucidem a eficácia dessa
forma de terapia.
3*
Avaliar a efetividade
de tratamentos
fisioterapêuticos
propostos para o
vaginismo.
Revisão bibliográfica
de estudos clínicos
que abordassem
opções de tratamento
fisioterapêuticos.
Apenas três estudos foram
incluídos e utilizavam terapia
cognitiva comportamental
associada à estimulação elétrica
funcional com biofeedback;
dessensibilização por dilatadores
de silicone; e a terapia sexual
proposta por Masters & Johnson
(1970), modificada por Kaplan
(1974).
Os autores afirmam que os estudos
são de baixa qualidade metodológica e
não fornecem evidências consistentes
de intervenção clínica no vaginismo.
Portanto, há necessidade de outros
estudos clínicos randomizados para a
comprovação de resultados.
12*
Verificar a taxa de
sucesso no tratamento
do vaginismo, e os
fatores que influenciam
essa taxa, por meio da
utilização da terapia
sexual de Masters
& Johnson (1970),
modificada por Kaplan
(1974).
Estudo clínico com
120 casais, realizando
terapia sexual (exercícios
de Kegel, dilatação
vaginal, relaxamento da
MAP, aconselhamento
e aplicação local de
xilocaína, analgésicos
orais e relaxantes
musculares antes da
penetração).
93,3% dos casais tiveram
penetração vaginal satisfatória
depois do tratamento e com três
meses de seguimento; 83,3%
também relataram orgasmos. Um
ano após a terapia, 63,3% das
mulheres estavam grávidas ou
tiveram o primeiro filho.
Devido à alta taxa de sucesso, os
autores encorajam as mulheres com
vaginismo a realizar a terapia proposta
no estudo.
14*
Apontar os recursos
mais utilizados para
o tratamento clínico
conservador da vestibulite
vulvar.
Revisão bibliográfica
Os procedimentos mais populares
encontrados foram cinesioterapia
para treinamento da MAP,
antidepressivos, tratamento
psicológico comportamental, uso
de Interferon e modificação da
dieta.
O tratamento deve, primeiramente,
abordar o uso de antidepressivos
e o treinamento da MAP. A terapia
psicológica deve ser complemento de
qualquer opção de tratamento.
17*
Estudar o vaginismo,
abordar sua etiologia
e alguns dos métodos
terapêuticos.
Revisão bibliográfica
O tratamento do vaginismo
pode ser realizado por diversos
profissionais (fisioterapeutas,
médicos e psicólogos), utilizando
abordagens específicas.
Destaca como tratamento
fisioterapêutico a cinesioterapia, o
biofeedback e o uso de dilatadores
vaginais.
19*
Relatar o manejo da
fisioterapia no tratamento
da vulvodínia.
Revisão bibliográfica
O fisioterapeuta pode utilizar da
cinesioterapia, da terapia manual
(toque bidigital e massagem),
além de técnicas manuais para
desativação de trigger points.
A fisioterapia é essencial para a
evolução do quadro da paciente, devido
ao componente musculoesquelético
estar presente.
20*
Citar aspectos gerais e
opções de tratamento
para vulvodínia.
Revisão bibliográfica
O tratamento pode envolver
cremes tópicos, antidepressivos,
dieta, cinesioterapia, psicoterapia
e até cirurgias. A fisioterapia pode
utilizar a eletroestimulação com
biofeedback, a eletroanalgesia e
até mesmo a acupuntura.
O tratamento deve ser multidisciplinar,
sendo que a eletroestimulação é um dos
recursos que têm causado boa evolução.
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9
Artigo 1
21*
Revisar a literatura
acerca da dor vulvar
para determinar sua
abordagem terapêutica.
Revisão bibliográfica
22*
Determinar a eficácia
de um protocolo de
tratamento em mulheres
com vaginismo, utilizando
estimulação elétrica
funcional (FES) e
biofeedback associado
à terapia cognitivo-comportamental sexual
(SCBT)
Estudo clínico com doze
mulheres diagnosticadas
com vaginismo,
realizando relaxamento
semanal com FES-biofeedback até que
se tornasse tolerável
à manipulação vaginal
para realizar a SCBT
em oito estágios de
dessensibilização vaginal
por oito semanas.
Por ser uma patologia multifatorial,
o tratamento inicialmente é clínico
(multidisciplinar), e o último
recurso deve ser cirúrgico.
Todos os casais puderam atingir
coito vaginal satisfatório.
O autor sugere um protocolo terapêutico
para vulvodínia, sendo a fisioterapia a
etapa quatro do protocolo, incluindo a
terapia física e o biofeedback, com taxas
de melhora de 60%.
FES e biofeedback associados à SCBT
podem ser eficazes para incrementar o
sucesso terapêutico de mulheres com
vaginismo.
Fonte: elaborada pelos autores, 2010.
*Autores numerados de acordo com as referências
Os recursos fisioterapêuticos mais utilizados apontados pelos
artigos podem ser visualizados na tabela 2.
Tabela 2- Modalidades terapêuticas abordadas pelos autores
Modalidades terapêuticas
2*
3*
12*
14*
17*
19*
20*
21*
22*
-
X
X
X
X
-
X
X
-
-
X
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X
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X
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-
-
X
X
-
X
-
-
-
Clínica
Farmacoterapia (antidepressivos,
anticonvulsivantes e hormonais)
Injeções de toxina botulínica
Infiltrações locais de anestésicos
Cirúrgico
Fisioterapêutica
Exercícios
Terapia manual
Cones vaginais
Dessensibilização associada ao
uso de dilatadores
Estimulação elétrica
Termoterapia
Biofeedback
Acupuntura
Psicológica
Terapia cognitiva
Comportamental (TCC)
Hipnoterapia
Psicanálise
Gestalt - Terapia
X
Fonte: elaborada pelos autores, 2010.
*Autores numerados de acordo com as referências
Discussão
De acordo com estudo realizado no Brasil por Abdo, Oliveira,
Moreira e Fittipaldi (2004) apud Aveiro, Garcia e Driusso
(2009), a vulvodínia e/ou vaginismo afetam as mulheres
10
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Artigo 1
significativamente, chegando
a uma prevalência de 49% de
uma amostra de 1.219 sujeitos.
Tais disfunções sexuais levam
à depreciação da qualidade
de vida da mulher, de seu
cônjuge e de todo o meio que
a cerca.
Apesar da alta prevalência
encontrada, ainda é escassa
a produção bibliográfica
acerca dos recursos e técnicas
terapêuticas para o tratamento
da hiperatividade do assoalho
pélvico, principalmente
estudos clínicos de qualidade,
controlados e randomizados,
que comprovem a eficácia do
tratamento fisioterapêutico
na patologia. Isso se deve
à complexidade de sua
etiologia e às diversas causas
biomecânicas associadas,
além do fato de se tratar de
área recente de atuação do
profissional.
Entretanto, evidências
sugerem, conforme
Prendergast, Rummer e
Kotarinos (2008), que o
tratamento fisioterapêutico
em mulheres com vulvodínia
deve objetivar devolver a
funcionalidade dos tecidos
envolvidos para o sucesso
terapêutico, para a redução ou
eliminação do quadro álgico
e restabelecimento da função
sexual.
A seguir, apresentam-se técnicas
e recursos fisioterapêuticos
encontrados na literatura,
demonstrando sua
aplicabilidade, justificativa e
possível efetividade.
Cinesioterapia
A terapia por meio de
exercícios físicos, com ou
sem o uso de recursos
auxiliares, é indicada para as
mulheres com o diagnóstico
de hiperatividade do assoalho
pélvico. Objetiva-se o controle
da MAP, promovendo
voluntariamente o relaxamento
quando necessário. Os
exercícios baseiam-se na
contração e no relaxamento
da musculatura, dando ênfase
a este, que é difícil de ser
obtido nas pacientes devido à
hiperatividade muscular.
A primeira etapa para a
prática consiste na busca
da percepção local, ou seja,
perceber a existência da
contração da MAP. Para isso,
posiciona-se adequadamente
a paciente em decúbito
dorsal, com membros
inferiores fletidos e apoiados
na maca. Solicita-se então
que a paciente coloque seus
dedos sob o centro tendíneo
do períneo e realize uma
contração seguida de um
relaxamento do mesmo.
Esse exercício pode ser
realizado em diversas
posições, dependendo das
dificuldades encontradas na
avaliação, como a presença
de sinergismos musculares
ou “contrações parasitas”
que impeçam a contração
isolada da MAP. O correto
posicionamento da paciente
deve buscar o isolamento da
ação muscular do períneo,
mantendo-o em posição de
alongamento para melhorar a
percepção da região. No caso
de sinergismo de adutores
de quadril, deve-se adotar a
posição de abdução de quadril
para a realização do exercício
(HENSCHER, 2007).
Os exercícios de percepção
local podem ser auxiliados
por um espelho, que melhora
a visualização do movimento,
pela bola terapêutica ou por
uma almofada pélvica, que
melhora a noção corporal,
e pelo fisioterapeuta,
associando-os à respiração.
Alguns autores sugerem
associar o exercício com o uso
de sondas ou cones vaginais,
entretanto não deve ser a
primeira opção se a causa
for de cunho psicológico,
pois tendo em vista a
impossibilidade de penetração
do recurso pelo quadro álgico,
sua utilização pode retardar
o processo de melhora e/ou
cura. Outros autores também
indicam, para a percepção
local, a interrupção do
fluxo urinário (POLDEN E
MANTLE, 2000) no momento
da micção, o que só deve ser
realizado uma única vez pela
paciente, pois pode ser motivo
de infecção urinária por
volume residual.
Após a mulher dominar o
movimento promovido pela
MAP sem o uso demasiado
de sinergismos musculares,
é indicada uma sequência de
exercícios locais, denominados
exercícios de Kegel, que
envolvem contração rápida,
lenta e/ou isométrica/
sustentada, respeitando
intervalos de tempo de acordo
o objetivo do tratamento.
Exercícios relacionados à
mobilização pélvica e de
tronco também devem ser
associados com os exercícios
de Kegel para potencializar os
resultados. O fisioterapeuta
pode utilizar de diversas
técnicas ou métodos para o
tratamento, como os exercícios
hipopressivos, de pilates
ou isostretching. Entretanto,
deve ter discernimento
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 2, n. 2, julho/agosto 2011 | Revista Fisioterapia em Evidência
11
Artigo 1
para sua escolha de acordo
com os achados do exame
físico e priorizar a fase de
relaxamento muscular para
não buscar feedback negativo,
agravando o quadro.
Dilatadores vaginais
Na técnica de dilatação
gradual, são inseridos
dilatadores de silicone ou
de material emborrachado
lubrificados no canal
vaginal como sondas que
podem ser insufladas
(exemplo é o epi-no: recurso
utilizado por mulheres
grávidas que consiste em
uma sonda que pode ser
insuflada gradativamente,
objetivando-se aumentar
a elasticidade do períneo).
Inicialmente, os dilatadores
devem ser pequenos; seu
tamanho deve ser aumentado
gradativamente, à medida
que a tolerância da paciente
o permita. A técnica de
dilatação pode também ser
praticada em casa, usando os
dedos em vez dos dilatadores
(MERCK SHARP e DOHME
2007 apud PINHEIRO, 2009).
No momento em que os
dilatadores estão inseridos
na vagina, exercícios de
fortalecimento da MAP
podem ser realizados.
Dessa forma, de acordo com
Pinheiro (2009), a utilização
da técnica nos casos de
vaginismo pode contribuir
para melhora do quadro,
diminuindo a sensibilidade
à penetração e favorecendo
a percepção da MAP pela
mulher, o que lhe possibilita
seu controle e relaxamento.
Apesar desta afirmativa,
apenas três estudos foram
encontrados citando o uso
12
de dilatadores vaginais
como opção de tratamento
(PRENDERGAST, RUMMER,
KOTARINOS, 2008; AVEIRO,
GARCIA, DRIUSSO, 2009;
PINHEIRO, 2009), e os
mesmos não forneceram
evidências consistentes de
intervenção no vaginismo.
Críticas podem ser feitas
a: 1) que pacientes podem
se beneficiar com o recurso
tendo em vista a presença
de hipertonia associada e
etiologia de cunho psicológico
que pode levar à recusa e à
sensação de agressão pelo
seu uso; 2) qual o momento
ideal para ser utilizado no
protocolo de reabilitação
para que não provoque algia;
3) qual deve ser a quantidade
de ar a ser insuflada; e ainda
4) como proceder com o
tempo, duração e frequência
de utilização. Essas dúvidas
ainda precisam ser objeto de
estudos futuros.
Terapia manual
Constituída por um conjunto
de procedimentos com
finalidade terapêutica ou
preventiva, no qual é aplicado
toque ou manobra manual
sobre os tecidos musculares,
ósseos, conjuntivos e
nervosos. Geralmente é
mais utilizada no alívio de
tensões (mobilização de
pontos gatilhos), restrição
de mobilidade, desvios
mecânicos ou bloqueios
funcionais.
No caso do vaginismo e
da vulvodínia, podem ser
indicados procedimentos
manuais com o intuito de
desativar os pontos gatilhos,
mas não devem ser a primeira
opção de tratamento, pois
as mulheres que possuem
essas patologias referem
muita dor ao toque. O mais
indicado seria utilizá-los após
outro procedimento, com o
princípio de alívio da dor e a
retirada de tensão muscular,
que são as principais causas
dos sintomas, como a
eletroanalgesia.
Segundo Prendergast,
Rummer e Kotarinos (2008), o
fisioterapeuta deve observar a
existência de pontos gatilhos
e se eles estão contribuindo
para seus sintomas. Os
músculos identificados como
principais causadores de
dor nos tecidos da vagina
ou vulvar, por possuírem
maior número de pontos
gatilhos, são isquiocavernoso,
bulboesponjoso e elevador
do ânus. Após a localização
dos pontos gatilhos, existem
técnicas a serem seguidas para
sua respectiva desativação,
dentre elas a de compressão
isquêmica, pela qual o
fisioterapeuta pressiona
manualmente o ponto de dor
por 60 a 90 segundos ou até
sentir a “liberação” dele.
Liberações miofasciais,
mobilização neural e
massagem local também
podem ser indicadas,
entretanto a literatura a
respeito do tratamento da
hiperatividade do assoalho
pélvico com o uso da terapia
manual é escassa e sem
especificações, devendo ser
objeto de futuros estudos
clínico.
Vale ressaltar que, da
mesma forma que o uso dos
dilatadores vaginais são
contestados no tratamento
do vaginismo associado
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Artigo 1
à hipertonia e causas
psicológicas, a massagem em
U invertido na vagina para
dessensibização do assoalho
pélvico também o é, pois pode
ser motivo de não aceitação do
tratamento e piora do quadro.
Biofeedback/
biorretroalimentação
Para Antoniolil e Simões
(2010), o biofeedback
consiste em um método
de reeducação que tem
efeito modulatório sobre
o sistema nervo­so central
(SNC) por meio da utilização
de uma retroalimentação
externa como meio de
aprendizado. Esse método
é realizado com a aplicação
de eletrodos acoplados na
musculatura do assoalho
pélvico e musculatura
sinergista (glúteo máximo,
adutores e abdominais), que
captam sinais de atividade
mioelétrica, e por meio de
comandos verbais dados pelo
fisioterapeuta ou visuais/
sonoros oferecidos pelo
equipamento, orientará
os músculos do assoalho
pélvico a realizar sua função
excluindo a contração
sinergista. O objetivo desse
tratamento é ajudar as
pacientes a desenvolver
maior percepção e controle
voluntário (contração/
relaxamento) dos músculos
do assoalho pélvico. Sua
contribuição consiste também
em garantir a aquisição
rápida, precisa, segura da
participação da paciente
em sua reeducação. O
treinamento do controle
voluntário eficiente da função
do assoalho pélvico é capaz
de reestabilizar os circuitos
neuronais e aperfeiçoar a
função dos alvos periféricos.
Pinheiro (2009) complementa
que o biofeedback tem como
natureza a abordagem que o
fisioterapeuta usa para gerar
a conscientização corporal
e funcional do corpo de
suas pacientes. Nesse caso,
como meio para alcançar tais
objetivos, os profissionais
utilizam de estímulos táteis,
visuais, auditivos ou elétricos
(perineômetro, toque digital
ou cones vaginais). Então
o biofeedback geralmente
é um aparelho que faz a
medição, avalia e trata as
disfunções neuromusculares.
É um eficiente recurso na
reabilitação dos músculos
do assoalho pélvico, devido
ao fato de monitorar
o tônus em repouso, a
força e a sustentação,
entre outros padrões de
atividade mioelétrica,
mostrando-se efetivo na
percepção da paciente,
que consequentemente
verifica melhora nas
contrações voluntárias dessa
musculatura, e por fim
favorece também o treino de
relaxamento.
Conforme apresentado na
tabela 2, a maioria dos estudos
cita a utilização do biofeedback
como forma de tratamento
para a hiperatividade do
assoalho pélvico. Em um
dos estudos, realizado por
Sánchez e Chalela (2007),
sugere-se que o biofeedback
pode reduzir a dor nos casos
de vulvodínia e/ou vaginismo,
com taxa de melhora em
torno de 60%. Aparelhos mais
sofisticados que não utilizam
sondas vaginais, somente
eletrodos de superfície,
podem ser indicados como
abordagem inicial de
tratamento, pois dessa forma
a paciente poderá visualizar
a avaliação da tensão
muscular (luzes coloridas ou
parar) e, assim, controlar o
desenvolvimento (contrações)
voluntário. Entretanto, mais
estudos devem ser realizados
para definir os padrões para
sua utilização.
Outro estudo associa
o biofeedback com a
eletroestimulação. Segundo
Ricci (2010), a associação dos
dois recursos é uma forma
de tratamento eficaz para
vulvodínia e/ou vaginismo,
pois a eletroestimulação pode
aumentar a percepção corporal
da mulher e ensiná-la a relaxar
voluntariamente a MAP.
Essa característica torna-se
mais importante quando,
além do vaginismo, por
exemplo, existir a associação
de hipertonia e fatores
psicossociais.
Estimulação elétrica
Segundo Kitchen (2003),
trata-se da utilização de
correntes elétricas para
fortalecimento e reeducação
muscular, redução de edema,
alívio da dor e reparo de
feridas. Quando se trata de
vulvodínia e/ou vaginismo a
literatura não é clara no que
se diz respeito à utilização
da eletroterapia em seu
tratamento.
Essa forma de terapia pode
ser utilizada de duas formas
diferentes:
1) a eletroestimulação busca
a contração muscular da
MAP evocada eletricamente
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13
Artigo 1
para o alcance posterior do
relaxamento. Os parâmetros
elétricos geralmente utilizados
são os de fortalecimento,
entretanto variam muito entre
os autores: transmissão da
corrente em trens de pulso,
forma de onda bifásica,
frequência entre 10 a 50 Hz,
duração de pulso entre
200 a 500 microssegundos,
intensidade em nível motor,
trens de pulso com o tempo de
repouso de no mínimo duas
vezes o tempo da contração.
2) a eletroanalgesia busca a
redução de impulsos elétricos
intrínsecos hiperativados
no caso de hipertonia, que
serão evocados por impulsos
elétricos externos sob o nervo
pudendo. Os parâmetros
elétricos sugeridos consistem
na transmissão de corrente
sem trens de pulso ou
convencional, forma de onda
bifásica e simétrica, frequências
entre 50 a 100 Hz, breve
duração de pulso entre 40 a 75
microssegundos, intensidade
variando entre sensorial e
motor. Os estímulos elétricos
podem ser transmitidos por
eletrodos de superfície ou por
sondas vaginais ou anais.
Antoniolil e Simões
(2010) afirmam que a
eletroestimulação deve
ser considerada eficaz
para proporcionar a
conscientização do assoalho
pélvico e reforço muscular,
sendo que sua vantagem é não
apresentar efeitos colaterais
se comparado ao tratamento
medicamentoso, apesar de
algumas pacientes relatarem
algum tipo de desconforto e
irritação local.
Ricci (2010) afirma que
alguns estudos demonstram
14
a eficácia da eletroanalgesia
no tratamento da patologia
em questão por reduzir a dor
da paciente e o espasmo local,
considerando o método como
seguro e eficaz.
Termoterapia
Segundo Kitchen (2003),
trata-se da utilização da
temperatura nos tecidos
corporais e em estímulos à
termorregulação corporal,
gerando benefícios
terapêuticos como a analgesia.
Diversos estudos elucidam
a ação da temperatura nos
quadros álgicos e portanto
pode ser utilizada no
tratamento da vulvodínia e/ou
vaginismo.
Para Prendergast, Rummer
e Kotarinos (2008), a
termoterapia deve ser a
opção para pacientes que
apresentam dificuldade em
tolerar a terapia manual e/ou
toque, devido à dor presente.
Os mesmos sugerem que
o programa de tratamento
pode ser modificado
incluindo-se a massagem
com gelo (crioterapia).
Já outros autores citam a
utilização da termoterapia
como uma das opções para o
tratamento da hiperatividade,
entretanto, sem definir os
padrões de utilização como
tempo, duração, frequência
e intensidade (AVEIRO,
GARCIA e DRIUSSO, 2009).
Acupuntura
Segundo (SINTAN, 2006),
acupuntura é o conjunto
de conhecimentos teórico-empíricos da medicina
chinesa tradicional que
visa à terapia e à cura
das doenças por meio da
aplicação de agulhas e moxas,
além de outras técnicas.
De acordo com a medicina
chinesa, a acupuntura
visa à normalização dos
órgãos doentes por meio
de um suporte funcional
que exerce um efeito
terapêutico. A acupuntura
é uma técnica segura e
prática que exige bom nível
técnico do terapeuta. Como
desvantagem, verificam-se
o medo dos pacientes em
relação à agulha e o longo
período de tratamento.
Angulo e Chalela (2006)
apenas citam a acupuntura
como forma de tratamento
para vulvodínia e/ou
vaginismo, sem informações
específicas no que se refere
a tal técnica. Entretanto,
Ricci (2010) afirma que a
acupuntura tem sido utilizada
para o controle da dor
crônica em várias síndromes,
inclusive para o tratamento da
vulvodínia e/ou vaginismo,
citando um estudo publicado
em 1999, em que a técnica foi
utilizada semanalmente em
doze pacientes, mostrando
que apenas pacientes (25% da
amostra) não apresentaram
efeito algum, em sete (58,3%
da amostra) houve diminuição
da intensidade da dor,
fazendo com que se sentissem
melhor, e em duas (16,7% da
amostra) houve erradicação
da dor. Esses são considerados
bons resultados, o que
incentiva os pesquisadores
a realizar novos estudos
referentes a esse recurso de
maneira mais abrangente para
definir se a acupuntura deve
ser mais um dos recursos
utilizados para a terapêutica
de dor crônica, em que se
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Artigo 1
enquadra a vulvodínia e/ou
o vaginismo.
CONCLUSÃO
Vários tratamentos são
propostos para a vulvodínia e
o vaginismo envolvendo uma
equipe multidisciplinar, sendo
o tratamento fisioterapêutico
indicado como intervenção
primária. A fisioterapia
envolve a aplicação de
cinesioterapia, técnicas
manipulativas, estimulação
elétrica, termoterapia,
biofeedback, acupuntura, além
de correções da biomecânica.
Entretanto, a efetividade das
técnicas/recursos ainda não
está elucidada e comprovada
por estudos clínicos,
demonstrando que sua
aplicabilidade ainda se baseia
em observações empíricas
clínicas e subjetivas, portanto,
não se pode afirmar de
forma completa os benefícios
relatados pelos diversos
autores em seus artigos.
Dessa forma, conclui-se que
diante de um problema com
alta prevalência na população
de mulheres e a escassez de
literatura acerca do assunto,
recomenda-se que pesquisas
sejam realizadas para
definição de um protocolo de
tratamento individualizado e
aceito perante a comunidade
científica, além de evidenciar a
necessidade da especialização
dos profissionais que atuam
na área da fisioterapia em
uroginecologia.
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16
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 2, n. 2, julho/agosto 2011 | Revista Fisioterapia em Evidência
Artigo 2
Treinamento de força da musculatura inspiratória com o
uso de carga linear pressórica – Threshold®, em pacientes
idosos institucionalizados: estudo controlado randomizado
Training Muscle Strength using linear load pressor – Threshold® in
institutionalized elderly patients: randomized controlled trial
Aldinéia Maria de Moraes
Callegarini1
Angélica Ferreira dos Santos2
Bárbara Carlins Czuika3
Elaine Maria dos Santos4
Valéria Cabral Neves Luszczynsk5
1. Graduanda da Faculdade Dom Bosco
[email protected]
2. Graduanda da Faculdade Dom Bosco
[email protected]
3. Graduanda da Faculdade Dom Bosco
[email protected]
4. Graduanda da Faculdade Dom Bosco
[email protected]
5. Professora mestre da Faculdade Dom Bosco
[email protected]
RESUMO
Objetivos: verificar se
o treinamento muscular
inspiratório auxilia no ganho
da pressão inspiratória
máxima (PImáx) em idosos
institucionalizados.
Métodos: A pesquisa foi
intervencional, experimental,
qualiquantitativa. A mostra
foi constituída por quatorze
gerontes de duas casas de
repouso de Curitiba, PR,
divididos de forma
randomizada, em grupo
experimental – GE (n = 8,
média de idade 74,25 anos)
e grupo controle – GC (n = 6,
média de idade 80,83). Os
grupos foram submetidos à
avaliação da PImáx e PEmáx por
meio da manovacuometria,
também sendo aplicado o
questionário de qualidade de
vida SF-36. O treinamento de
intervenção no GE constituiu
exercícios de padrão
ventilatório em grupo e treino
utilizando o Threshold®
por vinte minutos, com sete
séries de fortalecimento (dois
minutos cada) e intervalo de
um minuto entre as séries,
durante duas semanas, três
vezes na semana. A carga de
trabalho do Threshold® foi
instalada gradualmente (30%
da PImáx na primeira semana
e 40% da PImáx na segunda
semana). O GC realizou
apenas os exercícios de padrão
ventilatório em grupo.
Resultados: Houve diferença
significativa no domínio
da capacidade funcional,
avaliado pelo questionário
de qualidade de vida SF-36,
observado no GE, bem
como a melhora da PImáx em
ambos os grupos, porém sem
significância estatística.
Conclusão: Observa-se que
o treinamento muscular
utilizando o Threshold®
realizado com os idosos
interfere no aumento da
PImáx e consequentemente
proporciona melhor
qualidade de vida.
Palavras-chave: força
muscular respiratória, carga
linear prossórica, treino
muscular respiratório,
idosos intitucionalizados e
qualidade de vida.
ABSTRACT
Objectives: aim of this study
was to determine whether
inspiratory muscle training
helps to gain the maximum
inspiratory pressure (MIP) in
institutionalized elderly.
Methods: The study was
interventional, experimental,
qualitative and quantitative.
The show consisted of 14
Geronte two nursing homes
in Curitiba, PR, randomly
divided in experimental
group – EG (n = 8 mean age
74.25 years) and GC – control
group (n = 6 average age
80.83). The groups were
assessed for MIP and MEP
through the manometer,
which also applied the quality
of life questionnaire SF-36.
The training intervention
consisted GE ventilatory
pattern exercises and group
training using the Threshold®
for 20 minutes, with seven
sets of strengthening (2
minutes each) and 1 minute
between sets for two weeks,
three times a week . The
workload of the Threshold®
was installed gradually (30%
of MIP in the first week and
40% of MIP in the second
week). The GC has only held
the exercises in groups of
ventilatory pattern.
Results: There were
significant differences in
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 2, n. 2, julho/agosto 2011 | Revista Fisioterapia em Evidência
17
Artigo 2
physical functioning domain,
assessed by the Quality of Life
Questionnaire SF-36, observed
in the GE, as well as the
improvement in MIP in both
groups, but without statistical
significance.
Conclusion: It is noted that
the muscle training using
the Threshold® performed
interferes with the elderly for
the increase MIP and therefore
provides a better quality of life.
Keywords: respiratory muscle
strength, linear load pressure,
respiratory muscle training,
institutionalized elderly and
quality of life.
Introdução
Um conjunto de estudos
epidemiológicos indica que a
função pulmonar prejudicada,
especialmente a diminuição
nas taxas de fluxo expiratório,
é responsável por taxas altas
de mortalidade, tanto por
problemas pulmonares quanto
cardíacos, causas principais
de óbito em homens e
mulheres. No caso do idoso,
esses aspectos adquirem
tal importância que, muitas
vezes, a medida da função
respiratória é sugerida como
fator de qualidade de vida
(REBELATTO; MORELLI, 2007).
A manovacuometria é um
método de avaliação que
permite quantificar de
forma não invasiva, rápida,
simples e segura a força dos
músculos respiratórios. A
pressão inspiratória máxima
(PImáx) indica a força dos
músculos inspiratórios, e a
pressão expiratória máxima
(PEmáx), a força dos músculos
expiratórios. São graduados
18
em centímetros de água.
O Threshold® teve sua
validade testada nos estudos
de Johnson e Gosselink apud
Britto, Brant e Parreira (2009),
sendo muito utilizado no
treinamento da musculatura
respiratória (BRITTO; BRANT;
PARREIRA, 2009).
Sendo assim, o objetivo do
presente estudo foi verificar
se o treinamento muscular
inspiratório auxilia no ganho
da pressão inspiratória
máxima (PImáx) em idosos
institucionalizados.
Metodologia
Trata-se de um estudo
intervencional, experimental,
qualiquantitativo. Ele teve
abordagem intervencional,
por se tratar de uma
ação fisioterapêutica em
idosos institucionalizados.
Quantitativa, pois foram
avaliadas as medidas da
pressão inspiratória máxima
e da pressão expiratória
máxima desses indivíduos por
meio de manovacuometria,
bem como qualitativa, pois se
aplicou um questionário de
qualidade de vida.
Cálculo amostral
Para o cálculo do tamanho
da amostra, foi usada a
variável “manovacuômetro”
(parâmetro principal do
estudo). Foi considerado
o nível de significância de
5%, o poder do teste de 70%
e a variância do teste igual
a 5 cm. Para se detectarem
diferenças significativas de
5 cm, o número da amostra
foi de quatorze indivíduos
(Altman, 1991).
Tipo de amostra
A amostra desta pesquisa
foi probabilística, do tipo
aleatório estratificada, que
segundo Gil (2002, p.122)
é aquela em que ocorre a
seleção de uma amostra de
cada subgrupo da população
pesquisada.
População e participantes
Foram incluídos idosos com
idade acima de 60 anos, de
ambos os sexos, moradores
das instituições Asilo Santa
Clara e Casa de Repouso Sant’
Felicy, da cidade de Curitiba,
que compreendessem
e executassem os
comandos ensinados,
concordassem em assinar
o termo de consentimento
livre esclarecido e com
disponibilidade para a
realização dos atendimentos.
Foram excluídos
idosos hospitalizados,
traqueostomizados, sob uso
de oxigenioterapia ou suporte
ventilatório. Além disso,
foram excluídos indivíduos
com hipertensão arterial
não tratada e/ou com risco
de hemorragia (aneurisma
de aorta), infarto agudo do
miocárdio e angina instável
recente, pneumotórax,
fístulas pulmonares, hérnias
abdominais, cirurgia torácica
ou abdominal recente e
problemas agudos de ouvido
médio.
Foram excluídos também
pacientes com quadro
febril e álgico não tratável,
imunossupressão severa,
bem como aqueles sob
tratamento fisioterapêutico e/ou
submetidos à reabilitação
pulmonar nos últimos três
meses e que não preencheram
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Artigo 2
os critérios de inclusão.
Procedimentos
Os idosos foram
randomizados, de acordo
com os métodos de inclusão
e exclusão, sendo assim
apresentado o termo de
Consentimento Livre
Esclarecido, segundo a
resolução 196/96 do Conselho
Nacional de Saúde, que
esclarece o estudo, assim
como seus objetivos, riscos e
benefícios da técnica utilizada.
Após a assinatura do
termo de Consentimento
Livre Esclarecido, foram
selecionados dezoito idosos
da terceira idade, dos quais
foram excluídos três por
não adesão ao tratamento
e um por entrar em óbito
no decorrer da pesquisa.
Finalizou-se a pesquisa
com quatorze participantes.
Os idosos foram divididos
em dois grupos de forma
randomizada, sendo um grupo
experimental (GE, n = 8) e um
grupo controle (GC, n = 6).
Os atendimentos foram
realizados em uma sala
reservada no local onde os
idosos residem, Asilo Santa
Clara ou Casa de Repouso
Sant’ Felicy.
Os idosos passaram por
uma avaliação respiratória
fisioterapêutica contendo
dados pessoais, escala de
Borg, SpO2, PEmáx e PIMax.
Também responderam ao
questionário de qualidade
de vida validado (SF-36) no
primeiro e no último dia de
tratamento.
Os idosos foram submetidos
a uma avaliação de força
muscular respiratória por
meio do manovacuômetro.
O bocal utilizado para o
aparelho foi adaptado para
este estudo contendo uma
mangueira de silicone de 20 cm
de comprimento e um
adaptador de metal.
Conforme relata Nagakawa
e Barbabé (2006),
quando utilizados bocais
circulares obtêm-se valores
significativamente maiores
e são indicados para
idosos, pois estes possuem
dificuldade para realizar
preensão labial adequada ao
redor do bocal, o que facilita
o escape de ar durante a
manobra.
A pressão inspiratória máxima
(PImáx) foi avaliada com o
idoso na posição sentada,
estando o tronco em ângulo
de 90° com as coxas.
O indivíduo expirou até
alcançar seu volume residual,
conectou-se imediatamente
à peça bucal e com o nariz
ocluído por clipe nasal,
efetuou esforço inspiratório
máximo. O teste foi realizado
três vezes, com pausa de um
minuto, sendo utilizado o
valor de PImáx maior. Estando
o indivíduo na mesma
posição, foi avaliada também
a pressão expiratória máxima
(PEmáx); conectando-se a peça
bucal com o nariz ocluído por
clipe nasal, o idoso efetuou
inspiração máxima três vezes,
com pausa de um minuto
entre cada uma, obtendo-se o
valor máximo.
O GE realizou treinamento
muscular respiratório
utilizando o Threshold®
por vinte minutos, com sete
séries de fortalecimento (dois
minutos cada) e intervalo de
um minuto entre as séries,
durante duas semanas, três
vezes por semana. Também
realizou os exercícios
respiratórios a seguir em
grupo três vezes por semana,
por duas semanas.
Exercício respiratório
com inspiração máxima
sustentada
1º passo: paciente sentado em
cadeira com encosto, MMII a
90° e pés apoiados no chão;
2º passo: o paciente enche o
pulmão de ar, puxando-o pelo
nariz o máximo possível e de
forma lenta, o máximo que
conseguir;
3º passo: sustenta por cerca de
três a dez segundos;
4º passo: solta o ar
normalmente, sem esforço,
pela boca.
Exercício respiratório,
frenolabial
1º passo: paciente sentado em
cadeira com encosto, MMII a
90° e pés apoiados no chão;
2º passo: o paciente enche o
pulmão de ar, puxando-o pelo
nariz;
3º passo: solta o ar pela boca
contra a resistência dos lábios
franzidos ou fechamento dos
dentes;
4º passo: o tempo pode ser
longo ou curto, conforme a
capacidade de cada paciente.
Exercício de expiração
forçada
1º passo: paciente sentado em
cadeira com encosto, MMII a
90° e pés apoiados no chão;
2º passo: o paciente puxa pouco
ar, lentamente, pelo nariz;
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19
Artigo 2
O GC fez apenas exercícios
respiratórios em grupo,
orientados e realizados
juntamente às pesquisadoras
três vezes por semana, por
duas semanas.
Análise estatística
Foi utilizada estatística
descritiva com média e desviopadrão para SpO2, PImáx, PEmáx,
escala de Borg e em todos os
domínios do questionário
de qualidade de vida. Para a
análise das variáveis respostas,
foi utilizado na análise
intragrupos e intergrupos o
teste ANOVA one way. Adotouse o nível de p < 0,05 para
significância estatística. Para
avaliação dos resultados foram
utilizados o programa Excel e
software Minitab 15.
Resultados
Grupo experimental
Dos 29 idosos moradores da
casa de repouso Saint’ Felicy,
quatro (14%) foram incluídos
no grupo experimental. De
todos os moradores desta casa,
apenas dez (34%) preenchiam
os critérios de inclusão. Destes,
três gerontes não aderiram
ao tratamento por motivos
individuais e um entrou em
óbito por infarto fulminante.
No Asilo Santo Clara,
dos 26 moradores, quatro
(15%) foram incluídos no
grupo experimental. Foram
excluídos do estudo 18 idosos
por não preencherem os
critérios de inclusão e, em sua
maioria, não compreenderem
os comandos ensinados.
20
No total, o grupo experimental foi composto por oito
idosos (14%); seis (75%) do gênero feminino e dois (25%)
do masculino, sendo a média de idade desse grupo 74,25
anos.
O grupo experimental apresentou melhora na pressão
inspiratória máxima (PImáx), de modo que inicialmente era
–67,50 ± 42,68 cm H2O e após treinamento foi para –97,50
± 31,05 cmH2O. No entanto, não houve significância
estatística (p > 0,05).
Análise da pressão inspiratória máxima no grupo
experimental
Boxplot of PImáx (cmH2O) – GC
140
PImáx (cmH2O) – GC
3º passo: solta todo o ar
possível, forçadamente, pela
boca.
120
100
80
60
40
20
Avaliação
Fase
Reavaliação
Fonte: Dados da pesquisa.
Houve melhora também em dois domínios do questionário
de qualidade de vida SF-36: capacidade funcional e
aspectos sociais. Porém, não houve significância estatística.
A escala de Borg não obteve alteração na reavaliação
quando comparada à avaliação, observando-se que esse
treinamento não influenciou na melhora da dispneia.
Grupo controle
Constituíram o grupo controle dois idosos (7%) da casa de
repouso Saint’ Felicy e quatro (15%) do Asilo Santa Clara,
sendo finalizado com o total de seis indivíduos (11%).
Destes, cinco (83%) eram do gênero feminino e um (17%)
do masculino, com idade média de 80,83 anos.
O grupo controle apresentou aumento na PImáx e saturação
de pulso (SpO2) quando comparado com a avaliação. A
PImáx passou de –50,00 ± 20,00 para –54,67 ± 20,46, e a SpO2
foi de 0,9100 ± 0,07348 para 0,9350 ± 0,03937, porém não
houve significância estatística (p > 0,05).
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Artigo 2
Análise da PImáx no grupo controle
Boxplot of PImáx (cmH2O) – GC
PImáx (cmH2O) – GC
80
70
60
50
40
30
20
10
Avaliação
Fase
Reavaliação
Fonte: Dados da pesquisa.
Em relação ao questionário de qualidade de vida SF-36, os
domínios estado geral de saúde, vitalidade e saúde mental
melhoraram quando comparados à avaliação, no entanto sem
significância estatística (p > 0,05).
Grupo controle e grupo experimental
A média de idade dos dois grupos foi de 77,07 anos.
Com relação ao meio de locomoção dos idosos, no grupo
experimental um indivíduo (12%) era cadeirante, quatro (50%)
deambulavam e três (38%) usavam órteses. No grupo controle, um
indivíduo (17%) era cadeirante, dois (33%) deambulavam e três
(50%) usavam órteses.
A tabela a seguir mostra a média e o desvio-padrão da avaliação e
reavaliação dos grupos experimental e controle, nos quesitos SpO2,
PImáx e PEmáx, podendo também serem observados os níveis de
significância intragrupos e intergrupos.
Estatística descritiva da SpO2, PImáx e PEmáx entre grupo controle e
grupo experimental
Critérios
Grupo controle
Grupo experimental
Avaliados
n = 6
n = 8
AV
RE
P Intra
AV RE
P Intra
Grupos
Grupos
P Inter
Grupos
SpO2
PImáx
PEmáx
0,435
Média
DP
Média
DP
Média
DP
0,9100
(0,07348)
-50,00
(20,00)
51,67
(31,25)
0,9350
0,479
(0,03937)
-54,67
0,698
(20,46)
51,67
1
(29,94)
0,95500
(0,02673)
-67,50
(42,68)
70,00
(35,46)
0,95375 0,934
(0,03249)
-97,50
0,130
(31,05)
70,00
1
(26,19)
0,174
1
AV= Avaliação; RE= Reavaliação; DP= Desvio-Padrão; GE= Grupo Controle; GC= Grupo
Experimental; SpO2= Saturação de Oxigênio; PImáx= Pressão Inspiratória Máxima; PEmáx= Pressão
Expiratória Máxima; n= número da amostra.
Fonte: Dados da pesquisa.
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21
Artigo 2
As médias e desvio-padrão dos domínios do questionário de
qualidade de vida SF-36 estão apresentados na tabela a seguir,
bem como os níveis de significância intragrupo e intergrupos.
Estatística descritiva do questionário de qualidade
de vida SF-36 entre grupo controle e grupo experimental
Critérios
Grupo controle
Grupo experimental
Avaliados
n = 6
n = 8
AV
RE
P Intra
AV RE
P Intra
Grupos
Grupos
P Inter
Grupos
CP
AF
DOR
EGS
VIT
AS LAE
SM
0,91
*0,053
0,398
0,122
0,972
0,115
0,833
0,077
0,766
0,223
0,445
0,289
0,392
0,775
0,944
0,382
Média
DP
Média
DP
Média
DP
Média
DP
Média
DP
Média
DP
Média
DP
Média
DP
46,67
(28,58)
58,33
(40,82)
86,33
(14,990)
45
(25,42)
55,83
(29,90)
64,58
(33,93)
72,22
(25,10)
64,67
(21,97)
38,33
0,604
(25,23)
33,33
0,33
(43,78)
63
0,096
(27,24)
50,5
0,748
(31,97)
58,33
0,872
(22,06)
58,33
0,766
(36,80)
49,99
0,282
(40,82)
69,33
0,732
(23,82)
30
(30,59)
62,5
(44,32)
63
(42,47)
42,25
(27,53)
58,13
(22,51)
62,50
(37,20)
66,67
(39,83)
59,00
(27,69)
31,87
(34,12)
43,75
(41,73)
62,25
(41,97)
39,25
(28,34)
54,38
(26,65)
76,56
(34,35)
50,00
(35,63)
58,00
(27,96)
AV= Avaliação; RE= Reavaliação; DP= Desvio-Padrão; GE= Grupo Controle; GC= Grupo
Experimental; CP= Capacidade Funcional; AF= Aspecto Físico; DOR= Dor; EGS= Estado Geral
Saúde; VIT= Vitalidade; AS= Aspectos Sociais; LAE= Limitação por Aspectos Emocionais; SM=
Saúde Mental; n= número da amostra; *=p<0,005 (significância estatística).
Fonte: Dados da pesquisa.
Ambos os grupos aumentaram os valores da PImáx, porém sem
significância estatística. O grupo experimental apresentou
aumento da PImáx (–67,50 ± 42,68 cm H2O para –97,50 ± 31,05 cm
H2O), e o grupo controle (–50,00 ± 20,00 cmH2O para –54,67 ±
20,46 cmH2O). O grupo experimental obteve aumento maior do
que do grupo controle devido ao fortalecimento dos músculos
inspiratórios utilizando o Threshold®.
Comparação da PImáx entre o grupo controle
e grupo experimental
Boxplot of PI (cmH2O)
80
PI (cmH2O)
60
40
20
0
-20
-40
Grupo Controle
Tipo de Grupo
Grupo Experimental
Fonte: Dados da pesquisa.
22
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Artigo 2
O domínio capacidade funcional do questionário SF-36 apresentou
melhora significativa (p < 0,05) no grupo experimental quando
comparado ao grupo controle, sendo observado no gráfico a seguir.
Comparação da capacidade funcional
entre o grupo controle e o grupo experimental
Boxplot of Capacidade Funcional
20
Capacidade Funcional
10
0
-10
-20
-30
Controle
Tipo Grupo
Experimental
Fonte: Dados da pesquisa.
O fortalecimento dos músculos inspiratórios causou melhora
no domínio aspectos sociais do SF-36. No início do estudo,
os grupos controle e experimental apresentaram valores
de aspectos sociais próximos (64,58 ± 33,93 e 62,5 ± 37,20
respectivamente). Com o fortalecimento dos músculos
inspiratórios realizado somente pelo grupo experimental, os
aspectos sociais do grupo controle diminuíram para 58,33 ±
36,80, enquanto no grupo experimental aumentou para 76,56 ±
34,35, entretanto não houve significância estatística (p > 0,05).
A variável PEmáx em ambos os grupos não obteve alteração,
mantendo-se o mesmo resultado apresentado na avaliação,
lembrando que o estudo envolvia o treinamento da musculatura
inspiratória.
Discussão
O objetivo do presente estudo foi verificar se o treinamento
muscular utilizando o Threshold® é eficiente para a melhora
da função respiratória e da qualidade de vida em idosos
institucionalizados.
Diversos estudos comprovam a eficácia do fortalecimento
muscular respiratório realizado com carga linear pressórica,
indicando aumento no valor da pressão inspiratória máxima em
indivíduos submetidos a esse treinamento (RIBEIRO et al., 2007;
FONSECA et al., 2010)
A seguir estão relacionados
estudos que comparam os
diferentes itens explorados
por esta pesquisa, o que gera
discussões sobre a intervenção
da fisioterapia respiratória
em idosos institucionalizados,
principalmente no que
diz respeito à melhora da
qualidade de vida.
Função respiratória
O estudo de Neder e
colaboradores em 1999
buscou estabelecer valores
de referência de PImáx e PEmáx
para a população brasileira.
Esse estudo avaliou 100
indivíduos não fumantes
(50 homens e 50 mulheres),
de 20 a 80 anos. Os valores
mostraram-se influenciados
por gênero, idade e variáveis
antropométricas.
Segundo estudo sobre revisão
bibliográfica realizado por
Maior e Alves em 2003, o
treinamento de força possui
etapas distintas. No início
do treinamento, ocorrem
adaptações neurais essenciais
para os ganhos de força,
mas sem o devido aumento
da massa muscular. As
adaptações, de acordo com
relatos de estudos, ocorrem
durante o período de quatro
a oito semanas (O’BRYANT,
BYRD e STONE, 1988; in
HICKSON, HIDAKA e
FOSTER,1994). Deve-se
enfatizar que o treinamento
de força progressivo é
essencialmente necessário
para que se desenvolvam
melhorias na sincronização
das unidades motoras,
consequentemente, melhor
ativação dos motoneurônios
(CARROLL, RIEK e
CARLSON, 2001). Com base
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 2, n. 2, julho/agosto 2011 | Revista Fisioterapia em Evidência
23
Artigo 2
no estudo descrito, o não
ganho de força significativa
na musculatura diafragmática
realizado na presente pesquisa
pode ser justificado pelo
curto período de intervenção
realizado, de duas semanas.
Enright et al. (2004) realizaram
estudo com uma amostra
de 29 indivíduos com idade
média de 22,0 ± 4,2 anos,
sendo dezesseis homens. O
programa de tratamento teve
duração de oito semanas
de treinamento muscular
inspiratório em pacientes
com fibrose cística, que foram
divididos em três grupos:
grupo 1 (G1, n = 9), com
intensidade de 80% de esforço
máximo, grupo 2 (G2, n = 10),
com intensidade de 20% de
esforço máximo, e grupo 3 (G3,
n = 10), como controle, sem
realizar carga alguma. Após o
treinamento, houve aumento
significativo (p < 0,05) em
pressão inspiratória máxima
(PImáx), pressão inspiratória
máxima sustentada (SPImáx),
capacidade vital (CV) e
capacidade pulmonar total
(CPT) do G1 em relação ao
G3. O G2 apresentou melhora
significativa (p < 0,05) somente
na PImáx e SPImáx referente ao G3.
O G3 não apresentou melhora
em nenhum item avaliado. O
G1, quando comparado ao
G2, não apresentou diferença
significativa.
No que diz respeito à carga
linear pressórica, a literatura
relata que o treinamento
muscular específico tem
sido descrito como capaz de
aumentar a função muscular
inspiratória, quando a
intensidade é monitorada
e excede 30% da PImáx,
podendo ser gradualmente
24
aumentada de 60 a 70% da
PImáx. Descreve ainda que os
resultados desse treinamento,
quando realizado de três
a sete vezes por semana,
com duração de dez a trinta
minutos e intensidade de 30 a
70% da PImáx, geralmente são
observados entre cinco e doze
semanas.
Em comparação a esse estudo,
houve diferença nas cargas
aplicadas, sendo utilizada
uma carga menor no grupo
experimental, sendo 30 e
40% na primeira e segunda
semana, respectivamente,
apresentando melhora na PImáx
em ambos os grupos.
O aumento da PImáx no grupo
controle pode ser devido à
reeducação respiratória. No
grupo experimental justifica-se
o maior aumento da PImáx
devido ao treinamento com
o Threshold®. No entanto,
o tempo de treinamento
foi inferior ao realizado
na maioria dos estudos
semelhantes a esse e que
obtiveram resultados
satisfatórios, podendo-se
justificar o fato desse estudo
não apresentar uma diferença
significativa (p > 0,05).
Simões, Auad e Wilkins (2009)
realizaram um estudo com
56 idosas institucionalizadas,
divididas em três subgrupos
de acordo com a idade: 60-69
anos (n = 20); 70-79 anos (n = 18)
e 80-89 anos (n = 18). As
medidas de pressão máxima
coletadas foram comparadas
com os valores previstos
utilizando a fórmula de Neder
et al. (1999). Seu estudo relata
que não foram encontradas
diferenças significativas
quanto às pressões
inspiratória e expiratória
máxima (PImáx, p = 0,07 e PEmáx,
p = 0,31), e menores valores
significativamente (p = 0,001)
para os três subgrupos foram
encontrados para as pressões
respiratórias máxima em
relação aos previstos.
Relatam Simões, Auad e
Wilkins (2009) que as pressões
respiratórias apresentaram
correlação negativa moderada
com a idade e moderada
correlação positiva com o
índice de massa corporal.
Houve forte correlação
positiva em relação ao peso e
correlação positiva moderada
com a altura em relação à
pressão expiratória máxima
e forte correlação em relação
à pressão. Concluíram os
autores com esse estudo que
a força muscular respiratória
é marcantemente reduzida
em idosos institucionalizados
com idades de 60 a 89
anos, e que existe relação
entre características
antropométricas e os níveis
de força dos músculos
respiratórios.
Ribeiro et al. (2007) fizeram
um estudo com dezenove
pacientes com doença
pulmonar obstrutiva
crônica (DPOC), sendo estes
divididos aleatoriamente
em dois grupos: grupo de
reeducação respiratória (RR)
e grupo de treinamento
muscular inspiratório
(TMI) + RR. Ambos foram
submetidos a uma avaliação
antes e após o programa de
reabilitação pulmonar. A força
muscular foi avaliada por
meio de manovacuometria,
verificando-se a PImáx e PEmáx.
O protocolo de treinamento
realizado pelos autores teve
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 2, n. 2, julho/agosto 2011 | Revista Fisioterapia em Evidência
Artigo 2
duração de seis semanas, três
vezes por semana. O grupo
RR realizou trinta minutos
de exercícios em esteira
ergométrica, oito minutos de
treinamento para MMSS com
halteres e quinze minutos de
reeducação respiratória. O
grupo TMI + RR realizou os
mesmos exercícios do grupo
RR mais o treinamento com
Threshold®, obtendo melhora
significativa (p < 0,05) da PImáx
nos dois grupos (de –61 ±
18 para –78 ± 20 cm H2O no
grupo RR; de –63 ± 14 para
–90 ± 12 cm H2O no grupo
TMI + RR).
Comparando os resultados
desse estudo com o de nossa
pesquisa, encontraram-se
semelhaças, visto que ambos
os grupos apresentaram
aumento na PImáx (de 67,50
± 42,68 cm H2O para 97,50
± 31,05 cm H2O no grupo
experimental e de 50,00 ±
20,00 cm H2O para 54,67
± 20,46 cm H2O no grupo
controle), sendo esse aumento
maior no grupo que realizou
treino com o Threshold®.
Um estudo realizado por
Vecchia e participantes em
2005 descreve que a literatura
reflete sobre os instrumentos
utilizados para a análise da
qualidade de vida de modo
geral, e diz que estes não se
adaptam para os idosos. As
prováveis explicações para
esse ocorrido devem-se à
abordagem unidimensional
e/ou porque os idosos que
se autodenominam com boa
qualidade de vida não as
teriam segundo a interpretação
de um instrumento específico,
no nosso caso o SF-36, o que
pode explicar os domínios
do questionário de qualidade
de vida que não obtiveram
melhora com o aumento da
PImáx.
Luiz e Oliveira, em 2008,
verificaram em seu estudo
descritivo a força muscular
respiratória em idosos
institucionalizados de Foz
do Iguaçu. A amostra foi
formada por vinte indivíduos
com idade média de 70,5
anos, sendo sete mulheres
(35%) e treze homens (65%).
Os idosos são moradores da
Associação de Amparo aos
Idosos “Lar dos Velhinhos
Antônio Ayres de Aguirra”.
Os grupos foram divididos
por gênero. Nos participantes
do sexo feminino, somente
na PEmáx (46 cm H2O) houve
significância estatística; já nos
indivíduos do sexo masculino
notou-se significância nos
critérios PImáx (–69,1 cm H2O) e
PEmáx (62,1 cm H2O).
Os resultados encontrados,
comparados ao do presente
estudo, não obtiveram
similaridade, visto que não
era objetivo principal da
pesquisa a análise da PEmáx
nos indivíduos estudados e
a amostra de idosos do sexo
masculino (n = 3) era inferior
à do sexo feminino (n = 11). O
estudo, porém, demonstrou
aumento da PImáx em ambos
os grupos, sendo no grupo
controle de –50,00 cm H2O
para –54,67 cm H2O e no grupo
experimental –67,50 cm H2O
para –97,50 cm H2O, porém
esses resultados não obtiveram
significância estatística.
Fonseca et al. (2010)
estudaram o impacto na
autonomia funcional de
idosos que participaram de
programas de treinamento
muscular respiratório. O
estudo foi realizado com 42
idosos institucionalizados,
divididos, aleatoriamente,
em três grupos: grupo
Threshold®, grupo Voldyne®
e grupo controle. Todos
foram tratados com o mesmo
protocolo de exercícios
respiratórios. Ao grupo
Threshold® foi associado
protocolo de exercícios
com treino muscular com
equipamento Threshold®; ao
grupo Voldyne®, foi associado
ao protocolo o equipamento
Voldyne®; e o grupo controle
realizou apenas o protocolo de
exercícios respiratórios. Sendo
assim, o grupo Threshold®,
quando comparado pré e
pós intervenção, apresentou
diferença significativa
(p < 0,05) para todos os testes.
No grupo Threshold® os
resultados foram favoráveis
quando comparados (pré e
pós) em relação aos de forma
satisfatória.
A melhora da autonomia
funcional do grupo
Threshold® do estudo de
Fonseca e colaboradores
mostra similaridade ao
presente estudo, já que
este apresentou melhora
significativa (p < 0,05) na
capacidade funcional.
Qualidade de vida
Pacheco e colaboradores
(2005) realizaram estudo
comparativo sobre qualidade
de vida e performance
motora em dezoito idosos,
sendo o grupo treinado (GT)
composto por cinco idosos do
gênero masculino e quatro
do feminino, que praticavam
exercícios físicos três vezes
por semana com tempo de
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 2, n. 2, julho/agosto 2011 | Revista Fisioterapia em Evidência
25
Artigo 2
treinamento maior ou igual
a um ano. Os resultados
para o sexo masculino no
grupo treinado apresentaram
significância estatística para
os domínios capacidade
funcional, aspectos físicos
e dor do questionário SF-36
quando comparados aos
idosos sedentários. Em relação
ao sexo feminino no grupo
treinado, houve significância
nos domínios capacidade
funcional, dor e estado geral
de saúde.
Observando os resultados
do estudo de Pacheco e
participantes comparados a
este, houve similaridade no
domínio capacidade funcional,
e divergência quando
comparados aos outros
domínios que obtiveram
significância estatística,
visto que neste estudo foram
analisados indivíduos não
praticantes de atividade física;
salientam Resende, Rassi e
Viana (2008) que a atividade
física aprimora a qualidade de
vida.
Função respiratória e
qualidade de vida
Segundo estudo descritivo
de Souza (2003), cujo objetivo
era avaliar a capacidade
funcional de indivíduos da
terceira idade em diferentes
populações, os indivíduos
foram avaliados em um
único dia, sendo realizados
exame físico, espirometria,
manovacuometria e teste de
caminhada de seis minutos.
A amostra foi composta por
dez alunos da universidade
da experiência e dez internos
do Asilo de Tubarão, com
idade entre 57 e 77 anos.
De acordo com Carvalho,
26
Filho e Papaléo (1994), os
idosos institucionalizados
apresentam diminuição na
qualidade de vida devido
à falta de atividade física,
além do fator psicológico
de estarem asilados
e, consequentemente,
diminuição da funcionalidade.
Comparado ao estudo descrito
de Souza (2003), o presente
estudo mostra no grupo
experimental significância
na capacidade funcional
(p = 0,053), avaliada pelo
questionário de qualidade
de vida SF-36. O que é
justificado pelo treinamento
da musculatura respiratória
com carga linear pressórica ao
qual foi submetido o grupo
experimental.
A literatura relata que a
musculatura da respiração
enfraquece com o progredir
da idade. Isso ocorre devido
ao enfraquecimento dos
músculos esqueléticos
somado ao enrijecimento da
parede torácica, resultando
na redução das pressões
máximas inspiratórias
e expiratórias com um
grau de dificuldade maior
para executar a dinâmica
respiratória (CARVALHO;
LEME, 2002). Em 2003 um
estudo realizado por Souza
avaliou a PImáx e PEmáx através
da manovacuometria, sendo
apresentados valores menores
das pressões respiratórias
máximas (PImáx –57cm H2O e
PEmáx 70 cm H2O) nos idosos
do Asilo de Tubarão quando
comparados aos idosos da
Universidade da Experiência
(PImáx –72 cm H2O e PEmáx
97 cm H2O). Verificados os
dados da reavaliação do
estudo, observam-se valores
iguais da PEmáx e diferença
quando comparada a PImáx,
que na presente pesquisa
apresentou aumento, sendo
justificado pelo treinamento
realizado utilizando o
Threshold® .
No estudo comparativo
de Cader et al. (2006), foi
avaliada a PImáx através da
manovacuometria e a qualidade
de vida através do questionário
(WHOQOL-100). Eles tiveram
uma amostra de 24 voluntárias,
as quais foram divididas em
três grupos: sedentárias (n = 8,
média de idade 69 ± 2,06),
idosas asiladas (n = 8, média
de idade 80,38±2,93) e idosas
praticantes de hidroginástica
(n = 8, média de 65,63 ± 2,43).
Quando comparados os
grupos de hidroginástica e
asiladas, houve significância
estatística nas variáveis PImáx,
domínio psicológico, domínio
das relações sociais, domínio
do ambiente e domínio
da espiritualidade; e em
comparação com o grupo
de sedentárias, nas variáveis
domínio físico, domínio das
relações sociais e domínio do
ambiente.
Embora os questionários
utilizados sejam diferentes,
verificou-se em nossa
pesquisa, realizada pelo
questionário de qualidade
de vida SF-36, que o
domínio aspectos sociais,
relacionado com o aumento
da PImáx, obteve melhora,
e apresentou significância
estatística o domínio
capacidade funcional. Não se
observaram valores relevantes
nos demais domínios. Os
resultados em relação à
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Artigo 2
PImáx com a qualidade de
vida nos gerontes estudados
demonstram que, quanto
maior sua PImáx, melhor
poderá ser sua condição física
para obter melhor qualidade
de vida.
Em relação ao treinamento
com carga linear pressórica e
atividade física mencionada
por Cader et al. (2006),
observa-se a importância de
ambas para o aumento da
PImáx e consequentemente
a melhora da qualidade de
vida. Salientam Rodriguez e
Diogo (2000) que a atividade
física e movimentação são
funções vitais e essenciais
para o homem, pois mantêm a
mobilidade e a força muscular.
Relata a literatura que o
comportamento sedentário
que caracteriza a população
idosa exacerba os prejuízos no
sistema estrutural e fisiológico
frente ao envelhecimento, os
quais podem ser observados
no estudo realizado por Cader
et al. em 2006, que observaram
autonomia funcional fraca em
todos os testes do questionário
(WHOQOL-100), fora o
DOM-6 (espiritualidade).
Esse resultado mostrou-se
similiar ao da pesquisa, pois
também apresentou apenas
um domínio com dados
significativos. Segundo
a classificação de Vale
(2005), os idosos asilados
apresentam nível fraco
de autonomia funcional.
Hebert (1997), Andersen et
al. (2004) e Guimarães et al.
(2004) ainda acrescentam que
tal dependência funcional
repercute em piora na
qualidade de vida.
Limitação da pesquisa
O reduzido número da
amostra tornou-se fator
limitante para o presente
estudo, devido ao não
preenchimento dos critérios
de inclusão dos moradores
das instituições participantes,
sendo a maior causa
da exclusão a cognição
diminuída. Além disso, o
período de aplicação do
treinamento com carga
linear pressórica foi de duas
semanas. Autores relatam
que a maioria dos estudos
científicos utiliza treinamento
entre cinco a doze semanas
para obtenção de melhores
resultados.
O fator psicológico apresentou
influência negativa nas
respostas do questionário de
qualidade de vida SF-36, pois os
pacientes esperavam em algum
momento retornar ao convívio
familiar. Foi observado, no
momento da aplicação do
questionário, a expectativa de
que os familiares voltariam
para levá-los para casa, o que
não ocorreu.
Outra limitação do estudo foi
a heterogeneidade dos grupos
em relação à idade, ocasionando
diferentes respostas nos itens
avaliados. Foi verificada
sem cálculo estatístico a
heterogeneidade em quesitos
como idoso ativo/dependente e
em relação ao sexo.
CONCLUSÃO
diafragmática no grupo
experimental e parcialmente
satisfatória quanto à melhora
da qualidade de vida; talvez
isso se dê devido à sua ampla
definição e subjetividade.
Embora o grupo experimental
tenha apresentado melhora na
pressão inspiratória máxima
em relação ao grupo controle,
não foi observado melhora
em todos os domínios do
questionário de qualidade de
vida SF-36, tendo significância
apenas no domínio capacidade
funcional.
No entanto, o treinamento
diafragmático em idosos
institucionalizados se
mostrou importante para
compor um programa de
reabilitação pulmonar, visto
que a fraqueza muscular é
próprio da senescência, e
associada pouca mobilidade,
favorece o aparecimento
de doenças respiratórias
e cronicodegenerativas e,
consequentemente, perda da
qualidade de vida.
Vale salientar a necessidade de
mais estudos com número de
amostra maior e a aplicação de
um questionário de qualidade
de vida próprio para idosos.
Sugere-se um período de
doze semanas para aplicação
do treinamento com carga
linear pressórica partindo de
uma carga de 30%, podendo
ser graduada de 60 a 70% da
PImáx, o que relatam os autores
Brito; Brat e Parreira (2009).
Após análise dos resultados,
verificou-se que o treinamento
com carga linear pressórica
utilizando o Threshold® obteve
resultado favorável quanto ao
ganho de força da musculatura
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 2, n. 2, julho/agosto 2011 | Revista Fisioterapia em Evidência
27
Artigo 2
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29
Artigo 3
treinamento somatossensorial da planta dos
pés para melhora do equilíbrio em idosos
institucionalizados
Somatosensory training of the plant of foot for improvement of
balance in institutionalized elderly
Francisco Ernesto Halila Zanardini1
Amanda Carneiro Viechniewski2
Camilla C. Prachthäuser3
Carlos Eduardo Consentino Machado4
Francielle Paiva Lima5
1. Mestre docente da Faculdade Dom Bosco
[email protected]
2. Graduanda da Faculdade Dom Bosco
[email protected]
3. Graduanda da Faculdade Dom Bosco
[email protected]
4. Graduando da Faculdade Dom Bosco
[email protected]
5. Graduanda da Faculdade Dom Bosco
[email protected]
RESUMO
Introdução: As
alterações decorrentes do
envelhecimento alteram a
percepção cutânea-plantar,
o que interfere no equilíbrio
do indivíduo idoso e
consequentemente em sua
qualidade de vida. O objetivo
do presente estudo é avaliar
a melhora do equilíbrio e
da qualidade de vida de
idosos institucionalizados
após serem submetidos a um
programa de treinamento
somatossensorial plantar.
Material e método: avaliou-se
o equilíbrio e a qualidade
de vida de oito indivíduos
idosos (77,63 ± 9,2 anos)
residentes de uma instituição
asilar situada na cidade de
Curitiba por meio da escala
de equilíbrio de Berg (EEB)
30
e questionário de qualidade
de vida SF-36, 24 horas antes
e 24 horas após a aplicação
do protocolo de treinamento
somatossensorial plantar,
o qual foi aplicado durante
o período de três meses
com frequência de três
atendimentos semanais, com
duração de 45 minutos.
Resultados: Houve melhora
do equilíbrio conforme os
resultados obtidos pela
escala de equilíbrio de Berg
de 40 (±7,33) para 48 (±2,94),
assim p = 0,016, sendo este
menor que o p-valor adotado
para o presente estudo
(p < 0,05). Com relação à
qualidade de vida, houve
melhora significativa nos
itens limitação por aspectos
físicos (sendo a média antes
= 7,14 ± 18,9 e depois 85,71
± 24,4), p-valor = 0,016,
e limitação por aspectos
emocionais (sendo média
antes = 0 e depois 61,9 ± 40,5),
p-valor = 0,016, abordados
pelo questionário de
qualidade de vida SF-36. Para
os outros itens, os resultados
não tiveram significância
estatística.
Conclusão: A intervenção
aplicada promoveu a melhora
do equilíbrio e de alguns
aspectos de qualidade de
vida dos indivíduos da
pesquisa.
Palavras-chave: idoso,
equilíbrio, somatossensorial.
ABSTRACT
Introduction: The changes
associated with aging skin
alter perception-plant, which
interferes with the balance
of older and therefore in
their quality of life. The
purpose of this study is to
evaluate the improvement
of balance and quality of life
of elderly institutionalized
after undergoing a training
program somatosensory
plant.
Material and methods: We
evaluated the balance and
quality of life of 8 (eight)
elderly subjects (77.63 ± 9.2
years) residents of a nursing
home located in Curitiba by
Berg Balance Scale (BBS) and
Quality of Life Questionnaire
SF-36 24 hours before and
24 hours after application
of somatosensory training
protocol was applied to plant
during the 3 (three) months
at a rate of three (3) weekly
visits lasting 45 minutes.
Results: There was
improvement of balance
according to the results
obtained by the Berg Balance
Scale 40 (± 7.33) to 48 (± 2.94)
so p = 0.016 which is smaller
than the p-value adopted
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 2, n. 2, julho/agosto 2011 | Revista Fisioterapia em Evidência
Artigo 3
for this study (p <0.05),
with respect to quality of
life significantly improved
the items, physical aspects
limitation (with a mean
before = 18.9 ± 7.14 and after
85.71 ± 24.4) p-value = 0.016,
and Emotional Aspects of
Limitation (average before
being = 0, then 61.9 ± 40.5)
p-value = 0.016, addressed
by the Quality of Life
Questionnaire SF-36 for the
other items the results were
not significant statistics.
Conclusion: The applied
intervention promoted the
improvement of balance and
some aspects of quality of life
of research subjects.
Keywords: elderly, balance,
somatosensory.
Introdução
Segundo o IBGE, devido
ao avanço da ciência e
pesquisas na área de
geriatria e gerontologia, a
pirâmide demográfica vem
se invertendo na maioria
dos países desenvolvidos
e em desenvolvimento, ou
seja, a quantidade de idosos
cresce, enquanto o índice de
natalidade diminui (IBGE,
2009).
Nos últimos anos, o Brasil vem
apresentando um novo padrão
demográfico que se caracteriza
pela redução da taxa de
crescimento populacional e por
transformações profundas na
composição de sua estrutura
etária, com significativo
aumento do contingente de
idosos (KAUFFMAN, 2001).
Os desafios trazidos
pelo envelhecimento da
população têm diversas
dimensões e dificuldades,
mas nada é mais justo do
que garantir ao idoso a sua
integração na comunidade.
Envelhecer é um processo
normal, inevitável e
irreversível. Portanto, não
deve ser tratado apenas com
soluções médicas, e sim
multidisciplinares.
O aumento da expectativa
de vida da população leva
os profissionais de todas as
áreas do conhecimento a se
preocuparem com avanços que
possam servir e ajudar essa
grande parte da população
(KAUFFMAN, 2001).
Um dos grandes problemas
evidenciados na população
idosa é a deficiência do
equilíbrio, que predispõe
o idoso a riscos eminentes
de quedas, reclusão social e
perda de independência.
Nessa problemática, os
idosos institucionalizados
constituem, quase sempre,
um grupo privado de seus
projetos enquanto indivíduos,
pois se encontram afastados
da família, da casa, dos
amigos, das relações nas
quais sua história de vida foi
construída. Pode-se associar
a essa exclusão social as
marcas e sequelas de doenças
e quedas, motivos principais
de sua internação, inclusive
nas instituições de longa
permanência.
Um dos motivos da
institucionalização de
idosos são os agravamentos
decorrentes das quedas, as
quais em alguns casos podem
levar o indivíduo idoso
a óbito (KAUFFMAN, 2001).
A diminuição da sensação
da posição articular e da
sensação cutânea plantar
pode estar associada ao
aumento no risco de quedas
em idosos.
Segundo Ramos
(2003), as informações
somatossensoriais provêm
de receptores de toque e de
posição localizados na pele
(mecanoreceptores), nos
músculos (fuso muscular
e órgão tendinoso de
Golgi), tendões, ligamentos,
articulações e órgãos internos.
Esses receptores são sensíveis
à deformação mecânica
na superfície do corpo,
estimulando a sensação de
toque, e distorções físicas
como alongamento e flexão,
fornecendo a posição do
corpo no espaço, a direção e a
intensidade do movimento.
De acordo com Meyer et al.
apud Mochizuki e Amadio
(2006), as informações
sensoriais da região plantar
têm importância moderada
para a manutenção da
postura ereta, entretanto, o
impacto da perda sensorial
plantar pode ser aumentado
caso haja outro déficit
proprioceptivo associado,
o que é uma situação muito
comum na população idosa.
O presente estudo pretende
avaliar se há melhora
do equilíbrio do idoso
institucionalizado após
treinamento somatossensorial
da planta dos pés, o qual será
mensurado pelo questionário
de qualidade de vida SF-36 e
a escala de Berg.
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31
Artigo 3
Metodologia
Trata-se de um estudo clínico
experimental, qualitativo e
quantitativo, aprovado pelo
comitê de ética e pesquisa
da instituição de ensino
Faculdade Dom Bosco.
Participaram da pesquisa oito
residentes da casa de repouso
San’t Felicy, de ambos os
sexos. Os sujeitos avaliados
na pesquisa apresentaram
idade média de 77,63 anos,
com desvio-padrão de
9,2 anos. A maior idade
registrada foi de 97 anos,
enquanto a menor foi de 68
anos. Ainda com relação à
população, trata-se de 62,5%
de idosos do sexo feminino e
37,5% do sexo masculino.
Foram incluídos na pesquisa
indivíduos com idade igual
ou superior a 60 anos,
residentes da Casa de
Repouso Sant’ Felicy, que
apresentavam déficit de
equilíbrio leve e concordaram
com o Termo de Livre
Consentimento.
Os residentes da instituição
foram avaliados por meio da
escala de Berg para equilíbrio
e questionário de qualidade
de vida SF-36, ambos
aplicados individualmente.
A avaliação foi realizada
24 horas antes do início da
aplicação do tratamento
e refeita 24 horas após o
término do programa.
Os voluntários foram
divididos em dois grupos de
quatro indivíduos, os quais
foram submetidos ao mesmo
protocolo de tratamento. Tal
divisão foi realizada apenas
para que os participantes
pudessem ser monitorados
32
individualmente pelos
pesquisadores, minimizando
dessa maneira riscos
inerentes ao protocolo de
tratamento estudado. Ambos
os grupos foram submetidos
ao mesmo protocolo de
tratamento.
O programa de treinamento
somatossensorial plantar foi
aplicado com frequência de
três atendimentos semanais
com duração de 45 minutos
cada, no período vespertino
pelo período de três meses.
Os participantes aderiram
ao programa de tratamento
de forma voluntária
com consentimento livre
esclarecido, por meio de
documento devidamente
preenchido e assinado pelo
idoso ou seu responsável de
direito.
O protocolo de atendimento
foi realizado conforme
descrito a seguir.
- Dez minutos de
aquecimento e alongamento
muscular, compostos por
exercícios gerais como
caminhada rápida, jogar
bolas com os pés e com
as mãos, exercícios de
dissociação de cinturas em
pé e em decúbito dorsal;
exercícios de alongamento
dos grupos musculares
flexores, extensores,
adutores do quadril e
flexores e extensores do
joelho, flexores plantares e
paravertebrais, realizados
em decúbito dorsal e em pé;
sensorial da superfície
plantar, nos quais
realizaram caminhadas para
frente e para trás, para os
lados, com os olhos abertos
e fechados sobre diferentes
tipos de superfície, texturas
e densidades, como isopor,
colchonete, colchão casca de
ovo, flutuador de piscina,
almofadas com diferentes
espessuras. Todos os
exercícios foram realizados
com o paciente sem calçado.
Também foram solicitados
a transpor obstáculos como
bastões, cordas, entre
outros. Os voluntários
receberam comando para
caminhar ora lentamente,
ora rapidamente.
- Foram realizadas também
atividades sobre cama
elástica, balancim, disco
de gel e bola suíça para
propriocepção.
- Por fim, foram realizados
cinco minutos de
relaxamento muscular,
com exercícios de
respiração associados a
movimentos ativos lentos
das articulações dos MMSS
e MMII.
Resultados
A seguir, são apresentadas
as tabelas com os dados
descritivos, média e desvio-padrão (entre parênteses)
das variáveis coletadas.
- Trinta minutos de
exercício de estimulação
proprioceptiva plantar,
composto por atividades
que combinam estimulação
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 2, n. 2, julho/agosto 2011 | Revista Fisioterapia em Evidência
Artigo 3
Tabela 1 - Medidas de tendência e dispersão das variáveis ordinais
Variável
Média
Escala de Berg
SF-36 – Vitalidade
SF-36 – Aspectos sociais
p-valor(1)
48,57
2,94
0,016
68,57
15,47
67,14
9,51
0,871
7,14
18,9
85,71
24,4
0,016
49,86
23,72
46,86
8,17
> 0,055
48,14
6,12
51,71
4,54
0,1403
51,43
11,8
51,43
7,48
1,000
50
10,21
53,57
9,45
> 0,055
0
48,57
0,00
2,76
61,9
49,71
40,5
3,9
0,016
0,6314
SF-36 – Limitação por aspectos emocionais
SF-36 – Saúde mental
Depois
Média
DP
7,33
SF-36 – Dor
SF-36 – Estado geral de saúde
DP
40
SF-36 – Capacidade funcional
SF-36 – Limitação por aspectos físicos
Antes
Fonte: Pesquisa de campo.
(1) Comparação das variáveis antes e depois do tratamento referentes aos Testes de Walsh ou T de Student.
Pontos da Escala de Berg / Raw Scale
Gráfico 1 - Médias antes e depois do tratamento
100
90
85,71
80
70
60
50
61,90
68,57
48,57
49,86
51,71
51,57
53,57
49,71
48,14
51,43
50,00
48,57
40
30
20
10
0
40,00
67,14
46,86
7,14
0,00
1 23 45 67 89
Antes
Depois
As variáveis escala de Berg, limitação por aspectos físicos e
limitação por aspectos emocionais apresentaram, considerando
um nível de significância de 5%, diferenças estatisticamente
significativas após a aplicação do tratamento. Segue detalhamento
das conclusões a respeito das diferenças médias dessas variáveis.
A respeito da variável escala de Berg, os pacientes submetidos
ao tratamento apresentaram, em média, aumento estaticamente
significante, considerando um nível de significância igual a 5%, de
8,57 pontos na escala de Berg após o tratamento.
O tratamento também foi estatisticamente significativo em relação
à qualidade de vida, no que diz respeito às limitações por aspectos
tanto físicos quanto emocionais. No quesito físico, observa-se
aumento estaticamente significante, em média, de 78,57 pontos
após o tratamento. Já no quesito emocional, observa-se aumento
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 2, n. 2, julho/agosto 2011 | Revista Fisioterapia em Evidência
33
Artigo 3
estaticamente significante, em
média, de 61,9 pontos após
o tratamento; em ambos os
quesitos foi considerado nível
de significância igual a 5%.
Já as variáveis dor e aspectos
sociais não apresentaram
diferenças significativas, ou
seja, não rejeita-se H0, pois
não há evidências estatísticas
de que os valores desses testes
tenham se alterado após a
aplicação do tratamento,
considerando um nível de 5%
de significância.
Discussão
De acordo com Chiu (apud
BRETAN; PINHEIRO;
CORRENTE, 2010), o escore
de 45 pontos permite separar
indivíduos propensos ou
não à queda. No presente
estudo houve aumento na
média dos escores da escala
de equilíbrio de Berg de 40
com desvio-padrão de 7,33;
pré-intervenção para
48,57 com desvio-padrão
de 2,94; pós-intervenção
somatossensorial plantar, que
conforme o teste de Walsh
demonstra significância.
Estudos anteriores já haviam
demonstrado melhora no
equilíbrio do idoso após
intervenções proprioceptivas,
como é o caso de Carvalho et
al. (2010), em que se concluiu,
por meio de biofotogrametria
computadorizada, a
diminuição de oscilações
laterais de indivíduos
idosos após treinamento
proprioceptivo.
Por meio de avaliação
baropodométrica, observou-se
que após a estimulação
somatossensorial plantar
34
em idosos ocorreu aumento
significante da área de contato
da superfície plantar na
posição bipodal, o que torna o
indivíduo menos propenso a
queda (ALFIERI, 2008).
O presente estudo foi aplicado
em idosos institucionalizados
com o objetivo de contribuir
para as pesquisas nesse
segmento, uma vez que se
encontram poucos estudos
retratando essa “fatia”
da população. O idoso
institucionalizado, em geral,
dispõe de poucas atividades
físicas, o que pode agravar o
ciclo envelhecimento, perda
de capacidade funcional e
sedentarismo, como citam
Menezes e Bachion (2007).
A atividade física tem
influência positiva na melhora
da estabilidade postural e
na marcha do idoso, o que
pode reduzir as quedas nesta
faixa etária da população
(MESSIER apud PEDRINELLI;
GARCEZ LEME; NOBRE,
2009). Portanto, devem existir
programas de atenção à
saúde do idoso que visem
à melhora das capacidades
motoras, alcançando de igual
forma melhora dos aspectos
psicossociais (MENEZES;
BACHION, 2007).
De acordo com Nunes,
Medeiros e Alchieri (2010),
idosos moradores de
ILP (instituição de longa
permanência) encontram-se em
condições de vulnerabilidade
por estarem submetidos
a situações de abandono,
solidão falta de afetividade e
de independência para suas
atividades diárias, o que pode
afetar sua qualidade de vida.
O conceito de qualidade
de vida adotado pela OMS
(Organização Mundial de
Saúde) é “a percepção do
indivíduo de sua posição
na vida, no contexto da
cultura e sistema de valores
nos quais vive e em relação
aos seus objetivos, padrões
e preocupações”.
A qualidade de vida pode ser
indicada pela capacidade que
o idoso tem de desempenhar
as atividades básicas da
vida diária de modo que
seja independente (STREIT
MINCATO; FREITAS, 2007).
A perda da autonomia do
idoso pode proporcionar um
declínio da qualidade de vida
dele e de seus familiares.
No estudo realizado por
Ganança et al. (2004),
verificou-se que indivíduos
idosos com déficit sensorial,
que interfere no equilíbrio,
apresentam prejuízo na
qualidade de vida em relação
aos aspectos físicos, funcionais
e emocionas.
Com o objetivo de mensurar
a qualidade de vida dos
indivíduos do presente
estudo, foi aplicado o
questionário SF-36 antes
e após a intervenção
somatossensorial. Conforme
os resultados estatísticos,
apenas duas das oito
variáveis apresentaram
melhora significativa, sendo
elas: limitação por aspectos
físicos e limitação por
aspectos emocionais, as quais
apresentaram, em média,
aumento de 78,57 e 61,9
pontos respectivamente.
O item limitação por aspectos
físicos apresentava, antes da
intervenção, em média 7,14
pontos com desvio-padrão
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 2, n. 2, julho/agosto 2011 | Revista Fisioterapia em Evidência
Artigo 3
de 18,9; após a intervenção
somatossensorial, a média
passou a 85,71 com desvio-padrão de 24,4.
Essa melhora não significa
que a incapacidade física
foi totalmente extinta, e
sim, ganho de aptidão
muscular, no qual um dos
itens abordados é o equilíbrio
(OKUMA apud COSTA;
DUARTE, 2002). Com o
ganho de aptidão física, o
indivíduo torna-se mais
apto e seguro à realização
de suas tarefas cotidianas,
ocasionando benefício ao
aspecto psicoemocional,
principalmente na sua
autoimagem, e naturalmente
o resgate da sua autoconfiança
(COSTA; DUARTE, 2002).
Já no quesito limitação
por aspectos emocionais,
na avaliação anterior à
intervenção, a média dos
escores era 0 com desvio-padrão de 0; após o
treinamento somatossensorial
plantar aplicado neste estudo,
a média dos escores passou
a 61,9 com desvio-padrão de
40,5.
De acordo com Costa e Duarte
(2002), o componente aspecto
emocional na SF-36 tem como
objetivo avaliar o quanto as
alterações emocionais podem
interferir na realização de
atividades da vida diária de
um indivíduo. A limitação por
aspecto emocional apresenta
grande significância na vida
dos indivíduos avaliados, uma
vez que a média dos escores
aumentou 61,9 % após a
intervenção somatossensorial.
A atividade física sistemática
exerce ação positiva no aspecto
psicológico dos indivíduos,
proporcionando-lhes nova
postura com relação à sua
autoimagem, autopercepção
e autoestima, dando-lhes
mais segurança para suas
atividades de vida diária
(BRITTO apud COSTA;
DUARTE, 2002).
Com relação aos itens
capacidade funcional, dor,
estado geral de saúde,
vitalidade, aspectos sociais e
saúde mental, investigados
pelo questionário de
qualidade de vida SF-36,
os resultados não foram
significativos. Isso era
esperado pelos pesquisadores,
uma vez que se trata de
indivíduos moradores
de instituição de longa
permanência.
Em estudo realizado por
Mincato e Freitas (2007),
verificou-se que o nível
de qualidade de vida e da
capacidade funcional de
idosos institucionalizados é
menor do que dos indivíduos
residentes na comunidade.
Isso provavelmente se deve
ao fato de os indivíduos
institucionalizados terem
diminuição das suas
atividades rotineiras, devido à
escassa estimulação.
Conforme Nunes, Medeiros
e Alchieri (2010), os
idosos institucionalizados
apresentam sua capacidade
funcional diminuída, pois
são indivíduos passivos, sem
atividades ocupacionais,
tornando-se sem iniciativa.
No item dor, analisado no
estudo, não houve melhora
significativa. De acordo com
Andrade, Pereira e Souza
(2006), a alta prevalência
de dor no indivíduo idoso
está associada a desordens
crônico-degenerativas, além
de poder estar associada a
imagens negativas, tais como
sofrimento prolongado e
transtornos psiquiátricos.
Nos aspectos sociais, de
acordo com Havighurst apud
Siqueira (2002), o declínio em
atividades físicas e mentais
associado à velhice é fator
determinante do retraimento
social do idoso. De acordo
com os dados estatísticos
apontados nesta pesquisa, não
houve aumento significativo
nesse item, porém deve-se
levar em consideração o
contexto dos indivíduos,
uma vez que se encontram
institucionalizados e, como
já mencionado, na maioria
das vezes recebem pouco
estímulo.
No que se refere à saúde
mental, pesquisas apontam
que indivíduos fisicamente
ativos são menos propensos
a doenças mentais que os
não praticantes de atividade
física (BENEDETTI et al.,
2008). Isso também foi
evidenciado por Borges,
Benedetti e Mazo (2008) em
seu estudo envolvendo idosos
usuários dos centros de
saúde de Florianópolis, onde
indivíduos que frequentaram
assiduamente um programa
de atividade física proposto
tiveram redução de déficits
cognitivos, e os que não
participaram assiduamente
não apresentaram resultados
significativos após a
intervenção.
No estudo não houve
alteração significativa na
saúde mental dos indivíduos
avaliados, porém houve
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 2, n. 2, julho/agosto 2011 | Revista Fisioterapia em Evidência
35
Artigo 3
aumento na média dos escores
de 48,57 para 49,71.
Estudos realizados com
a população idosa após
intervenção no equilíbrio
vêm demonstrando
melhora na qualidade de
vida dessa população,
como demonstra Peres e
Silveira (2010) em estudo
envolvendo reabilitação
vestibular para melhora do
equilíbrio e qualidade de
vida de indivíduos idosos,
que apresentou, por meio
de mensurações estatísticas,
melhora significativa na
qualidade de vida dos
indivíduos submetidos
à reabilitação vestibular,
quando comparados a um
grupo controle.
De acordo com Paschoal
(2002), os idosos tornam-se,
com a velhice, particularmente
suscetíveis ao uso acrítico
de medidas de qualidade
de vida. Além disso, têm
dificuldade de trabalhar
conceitos de probabilidade
e tomar decisão, o que
afeta a confiabilidade dos
questionários que envolvem
qualidade de vida.
CONCLUSÃO
O resultado deste estudo
leva-nos a concluir que a
realização de um programa
bem estruturado de
treinamento somatossensorial
plantar em idosos residentes
de instituições de longa
permanência pode contribuir
para melhora do equilíbrio
e diminuição dos riscos de
quedas nessa população.
realizados com esse enfoque,
principalmente utilizando
um número maior de
participantes e comparando
os resultados com um grupo
controle.
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Sugerimos, portanto,
que novos estudos sejam
36
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Artigo 3
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ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 2, n. 2, julho/agosto 2011 | Revista Fisioterapia em Evidência
37
Artigo 4
Estudo comparativo entre dois programas de
fortalecimento para músculos do complexo do joelho em
jogadores de futebol de categoria amadora de Colombo –
fortalecimento muscular em jogadores de futebol
Comparative study of two programs for strengthening muscles of
complex knee in soccer players of the amateur category Colombo city –
muscle strengthening in soccer players
Henrique Pinto Santos¹
Larissa Cristina Benato²
Murilo Ricardo Dias Santos³
Cássio Preis4
¹ Acadêmico do curso de Fisioterapia da
Faculdade Dom Bosco.
[email protected]
² Acadêmica do curso de Fisioterapia da
Faculdade Dom Bosco.
[email protected]
³ Acadêmico do curso de Fisioterapia da
Faculdade Dom Bosco.
[email protected]
4
Fisioterapeuta graduado pela PUCPR,
professor da Faculdade Dom Bosco e
da PUCPR, responsável pelo Centro de
Dinamometria Isocinética e pelo Centro de
Baropodometria da PUCPR. Especialista em
Fisioterapia Ortopédica e Traumatológica
pela CBES. Mestre em Tecnologia em Saúde
pela PUCPR.
[email protected]
Resumo
O objetivo deste estudo foi
comparar dois programas de
fortalecimento muscular para
quadríceps e isquiotibiais,
analisando força muscular,
hipertrofia e amplitude de
movimento articular. Foram
selecionados 24 indivíduos,
jogadores de futebol,
maiores de dezoito anos, em
treinamento de, no mínimo,
três meses. Eles foram
divididos aleatoriamente
em três grupos, sendo grupo
supersérie (n = 8), série
intervalada (n = 8) e grupo
38
controle (n = 8). Na avaliação
e reavaliação foram realizados
a perimetria de coxa e perna,
goniometria de quadril e
joelho e teste RM estimado
pela equação proposta por
Brzycki. Os atendimentos
foram realizados duas
vezes por semana, durante
oito semanas, num total
de dezesseis encontros.
A análise dos dados foi
realizada utilizando o teste
Anova, teste de KruskalWallis, teste de comparações
múltiplas de Tukey e o
teste não paramétrico de
Walsh, considerando nível
de significância igual a 5%
(p = 0,05). Não houve
diferença significativa entre
os grupos em relação à força
muscular de quadríceps e
isquiotibiais, contudo, os
grupos supersérie e série
intervalada mostraram
diferença significativa no
teste de RM para quadríceps
após o treinamento. Não
houve diferença significativa
entre os grupos em relação
à perimetria e goniometria.
Os grupos série intervalada
e controle tiveram aumentos
significativos na perimetria
de perna direita, e o grupo
controle teve aumento
significativo na perna
esquerda. Houve aumento
significativo de amplitude
de movimento nos grupos
supersérie e controle em
algumas medidas. Concluímos
que não há diferença entre
os dois programas de
fortalecimento e que são
necessários novos estudos
comparando as duas técnicas.
Palavras-chave: músculo
quadríceps, músculo
isquiotibiais, força muscular,
técnicas de exercício e de
movimento, fisioterapia,
futebol.
Abstract
The aim of this study was
to compare two programs
for muscle strengthening
quadriceps and hamstring,
analyzing muscle strength,
hypertrophy, and joint range
of motion. We selected 24
individuals, soccer players,
over 18 years in training at
least 3 months. These were
divided randomly into three
groups, with group super-series (n = 8), serial intervals
(n = 8) and control group (n = 8).
In the evaluation and review
were conducted in girth of
the thigh and leg, hip and
knee goniometry and MR test
calculated by the equation
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 2, n. 2, julho/agosto 2011 | Revista Fisioterapia em Evidência
Artigo 4
proposed by Brzycki. The
meetings were held twice
a week for 8 weeks for a
total of 16 meetings. Data
analysis was performed using
ANOVA, Kruskal-Wallis test,
for multiple comparisons
Tukey test and nonparametric
Walsh, considering a
significance level of 5%
(p = 0.05). There was no
significant difference between
groups in relation to muscle
strength of quadriceps
and hamstring, however,
the super-series and series
intervals groups showed
significant differences in
MR test for quadriceps
after training. There was no
significant difference between
groups in terms of girth
and goniometry. The series
intervals and control groups
had significant increases in
the perimeter of the right leg
and the control group had a
significant increase in the left
leg. There were significant
increases range of motion in
the super-series and control
groups in some measures.
We conclude that there is no
difference between the two
building programs and that
further studies comparing the
two techniques.
Keywords: quadriceps
muscle, hamstring muscle,
muscle strength, exercise
techniques and moving,
physiotherapy, soccer.
Introdução
Segundo Keller et al. (1987)
apud Fonseca et al. (2007), o
futebol é responsável por
50 a 60% de todas as lesões
nos esportes. Fonseca et al.
(2007) dizem que as lesões
associadas ao futebol
podem acometer diversas
articulações do corpo.
Magalhães et al. (2001) afirma
que no futebol os grupos
musculares quadríceps
e isquiotibiais suportam
diversas habilidades motoras.
Esses grupos musculares
desempenham, igualmente,
importante papel na
estabilidade do joelho e na
prevenção de lesões. Silva
(2001) afirma que o futebol
apresenta características
que devem ser estudadas
para melhorar o rendimento
atlético, e tem sido dada
grande importância à
condição física específica.
Além disso, a manutenção
de trabalho físico utilizando
pesos parece ser de grande
relevância, pois possibilita
a manutenção do tônus
muscular e da estabilidade de
músculos e articulações. Fleck
e Kraemer (2006) afirmam
que a prescrição de exercícios
de treinamento de força
pode ser dirigida de modo a
aumentar a força e melhorar
a função do tecido, a fim
de que ele resista melhor à
lesão e se recupere quando
lesionado.
Segundo Hamill e Knutzen
(1999), é muito comum
em medicina esportiva
avaliar a força isocinética
dos grupos quadríceps e
isquiotibiais. Segundo os
autores, uma relação aceitável
tem sido que geralmente os
isquiotibiais têm a metade
da força do quadríceps.
Entretanto, Terreri, Greve
e Amatuzzi (2001) dizem
que a relação entre o pico
de torque dos flexores/
extensores é por volta de
60%. Segundo Aagaard et
al. (2000) apud Magalhães
(2001), a razão entre o torque
máximo dos isquiotibiais no
modo excêntrico e o torque
máximo do quadríceps no
modo concêntrico parece ser
mais específica do padrão
de movimentos de flexão e
extensão realizados em torno
da articulação do joelho em
determinadas ações motoras
comoo remate do futebolista.
Foss e Keteyian (2000)
definem força muscular
como a força ou tensão
que um grupo muscular
consegue exercer contra
uma resistência em esforço
máximo. Hall (2005)
complementa afirmando que,
mais especificamente, força
muscular é a capacidade
de determinado grupo
muscular gerar torque em
uma articulação específica.
Segundo Nascimento (2007),
dentre os principais testes
indiretos empregados para
avaliação da força muscular,
destacam-se os de uma
repetição máxima (1RM)
e de repetições múltiplas
(6-10 RM). O teste de 1RM
pode ser influenciado por
inúmeros fatores, uma vez
que exige do avaliado grande
concentração e conhecimento
prévio da técnica de execução.
Além disso, a execução de
esforços com carga máxima
pode acarretar elevado
estresse muscular, ósseo e
ligamentar, desencadeando
modificações metabólicas
importantes. Pereira e Comes
(2003) afirmam que as relações
entre testes de força máxima
e testes submáximos têm
sido investigadas com o
intuito de predizer a força
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39
Artigo 4
máxima sem que o indivíduo
tenha que ser submetido a
um teste de carga máxima,
evitando possíveis riscos de
lesão. Nascimento (2007) diz
que a validade de equações
preditivas para a obtenção
de valores de 1RM por meio
de testes submáximo tem
atraído o interesse de muitos
pesquisadores. O modelo
proposto por Brzycki é o
seguinte: 1RM = 100* carga /
(102,78 – 2,78* repetições).
Segundo Fleck e Kraemer
(2006), o treinamento de força
tornou-se uma das formas
mais populares de exercícios
para melhorar a aptidão
física de um indivíduo e
para condicionamento de
atletas. Foss e Keteyian (2000)
afirmam que o objetivo de
um programa de exercícios
para fortalecimento consiste
em fazer com que as fibras
musculares menores
adquiram o tamanho das
maiores. Só raramente a
hipertrofia das fibras até
então menores ultrapassa
a área em corte transversal
das maiores já existentes.
A hipertrofia relaciona-se
com o número e tamanho
das miofibrilas por fibra
muscular; aumento na
quantidade total de proteínas
contráteis; aumento na
densidade capilar por fibra;
aumento nas quantidades
e na força dos tecidos
conjuntivos, tendinosos
e ligamentares. Segundo
Wilmore e Costill (2001),
podem ocorrer dois tipos
de hipertrofia: transitória
e crônica. A hipertrofia
transitória é o aumento de
volume do músculo que
ocorre durante uma sessão
40
de exercício simples. Ela é
decorrente principalmente do
acúmulo de líquido (edema)
nos espaços intersticial e
intracelular do músculo,
originário do plasma
sanguíneo. A hipertrofia
transitória dura curto
período de tempo. O líquido
retorna ao sangue algumas
horas após o exercício. A
hipertrofia crônica refere-se
ao aumento do tamanho
muscular que ocorre com
o treinamento de força de
longa duração. Ela reflete as
alterações estruturais reais do
músculo como resultado de
aumento do número de fibras
musculares ou o tamanho das
fibras existentes. Segundo
Ghorayeb e Barros (1999), a
grande proliferação de tecido
conjuntivo que acompanha
a hipertrofia aumenta a
elasticidade do músculo
esquelético. Segundo o autor,
exercícios com pesos forçam
os limites das amplitudes
das articulações, o que em
conjunto com a proliferação
de tecido conjuntivo explica
os efeitos estimulantes
desses exercícios sobre a
flexibilidade.
Segundo Allsen, Harrison
e Vance (2001), o sistema
de séries é o tipo mais
popular de treinamento de
força. Segundo Fox (1991),
o treinamento intervalado
é uma série de turnos
repetidos de exercícios
alternados com períodos
de descanso. Segundo
o autor, existem muitas
vantagens para o sistema
de treinamento intervalado,
entre elas: controle preciso
da solicitação, abordagem
sistemática diária, o que
nos permite observar
o progresso com mais
facilidade e aprimoramento
mais rápido do potencial
energético. Segundo Fleck e
Kraemer (2006), essa técnica
envolve a utilização de carga
próxima à máxima (1RM)
em múltiplas repetições.
Brooks (2000) diz que a
supersérie permite que um
ou mais grupos musculares
se recuperem enquanto os
opostos trabalham. Segundo
Fleck e Kraemer (2006), a
supersérie usa várias séries e
dois exercícios para grupos
musculares agonistas e
antagonistas de uma parte do
corpo. Tipicamente envolve
séries de oito a dez repetições
com pouco ou nenhum
intervalo entre as séries e
os exercícios. Trata-se de
um método que resulta em
hipertrofia muscular, devido
aos curtos períodos entre as
séries e os exercícios, sendo
que a consideração de ácido
láctico sanguíneo aumenta
substancialmente.
Objetivo
O objetivo deste estudo foi
comparar dois programas de
fortalecimento muscular para
quadríceps e isquiotibiais
utilizando a supersérie e a
série intervalada, verificando
se ocorre aumento de força
do músculo esquelético após
o período de tratamento,
comparando amplitudes de
movimento e verificando se
ocorre aumento de volume
da área transversal da
musculatura de coxa e perna
após o período de tratamento.
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Artigo 4
Procedimentos /
materiais / métodos
Vinte e quatro homens
saudáveis participaram
voluntariamente deste estudo.
Como critérios iniciais de
inclusão, os participantes
deveriam ser jogadores de
futebol com idade acima
de dezoito anos, do sexo
masculino, saudáveis,
que estivessem treinando
regularmente há no mínimo
três meses, ou estivessem
fazendo outras atividades
físicas regularmente. Eles
não poderiam apresentar
lesões osteomioarticulares
de membros inferiores, fazer
uso de medicamentos, serem
asmáticos, cardiopatas ou
pós-cirúrgicos de membros
inferiores.
Os indivíduos, após serem
previamente esclarecidos
sobre os propósitos
da investigação e os
procedimentos aos quais
seriam submetidos, assinaram
um termo de consentimento
livre e esclarecido. Este
estudo foi aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa
da Faculdade Dom Bosco,
de acordo com as normas da
Resolução 196/96 do Conselho
Nacional de Saúde sobre
pesquisa envolvendo seres
humanos.
O estudo foi realizado no
período de julho a setembro
de 2010, na cidade de
Colombo-PR. A avaliação
dos atletas constou de dados
pessoais como nome, idade,
peso e altura. Para avaliação
física foi feita a goniometria
de quadril e joelho, perimetria
de membro inferior, avaliação
de força muscular pela
técnica de RM estimada
pela equação de Brzycki.
Antecedendo a avaliação
de RM estimado, os sujeitos
realizaram aquecimento
orgânico geral por cinco
minutos em cicloergômetro
da marca Figura® a 30 km/h,
livre de carga, e realizaram
aquecimento específico com
carga subjetiva segundo
esforço empenhado pela
escala de Borg conforme
Mendonça e Pereira (2007),
sendo este classificado como
fraco e repetido cinco vezes.
Então, após um minuto,
executaram o teste de RM
estimado.
Os sujeitos foram separados
aleatoriamente em três
grupos semelhantes (oito
em cada um), sendo um
deles grupo controle. Os
atletas foram divididos em
grupos conforme ordem de
chegada para a avaliação,
ou seja, cada indivíduo que
chegava ao local de avaliação
entrava em um dos grupos;
quando um entrava no grupo
A, por exemplo, o próximo
entrava do grupo B, e assim
sucessivamente, sem que
os avaliadores estivessem
cientes de nenhum dado
do indivíduo. Dois grupos
realizaram exercícios com 75%
da carga calculada, sendo que
o grupo A realizou exercícios
de supersérie, e o grupo B,
exercícios intervalados. Os
exercícios foram realizados
duas vezes por semana, num
período de oito semanas. No
primeiro dia de cada semana
foi realizada a técnica de RM
estimado. Após o término das
oito semanas de aplicação dos
programas de fortalecimento,
foi realizada uma reavaliação
conforme os padrões da
avaliação.
Antecedendo o treinamento,
foram repetidos os
procedimentos de
aquecimento orgânico geral e
específico. O primeiro grupo
(A) realizou um programa
de treinamento com quatro
séries, cada uma composta
por oito contrações em
extensão de joelho seguidas
de oito contrações em flexão
de joelho, sem intervalo
entre elas. Foi realizado um
intervalo de três minutos
ao final de cada série. O
segundo grupo (B) realizou
um programa de treinamento
com quatro séries de oito
repetições em extensão de
joelho, com intervalo de três
minutos entre cada série. Após
término das quatro séries,
foram realizadas novas quatro
séries de oito repetições em
flexão de joelho, também com
intervalo de três minutos entre
elas. O terceiro grupo foi o
controle, que realizou apenas
avaliação inicial e final. Após
o trabalho de fortalecimento,
os grupos realizaram exercício
de caminhada por 10 minutos
ao redor do campo, para
resfriamento.
Na avaliação e reavaliação,
primeiramente se realizou
a perimetria da coxa, onde
foi utilizada fita métrica
da marca FisioBras® com
medida proximal e distal.
Foram marcados, na coxa
dos voluntários, dois pontos
a 30 cm (coxa 1 direita e coxa
1 esquerda) e 10 cm (coxa
2 direita e coxa 2 esquerda)
respectivamente, acima da
borda superior da patela.
Realizou-se ainda a perimetria
da circunferência da perna
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 2, n. 2, julho/agosto 2011 | Revista Fisioterapia em Evidência
41
Artigo 4
no ponto a 10 cm abaixo da
borda inferior da patela.
Foi realizada a goniometria da
flexão e extensão de quadril
e flexão do joelho segundo
Marques (2003) e utilizou-se
um goniômetro grande da
marca Carci®. Para a flexão
do quadril, o indivíduo ficou
em decúbito dorsal; para
a extensão de quadril, em
decúbito ventral; para a flexão
do joelho, em decúbito dorsal.
O fortalecimento de
quadríceps e de isquiotibiais
foram executados utilizando
uma cadeira extensora da
marca Athletic Way® modelo
2001. O fortalecimento de
quadríceps foi realizado
com o indivíduo sentado,
conforme Carnaval (2001). O
fortalecimento de isquiotibiais
foi executado conforme
Grisogono (2000), adaptado
para a cadeira extensora,
com o indivíduo em posição
ortostática. O índice de massa
corporal foi calculado pela
fórmula IMC = peso/(altura)².
Para análise dos dados,
utilizou-se o software R versão
2.11.1. Os dados quantitativos
foram descritos por meio das
médias e medianas, além do
desvio-padrão. Para análise
dos dados foram utilizados
os testes de Shapiro-Wilk, de
Bartlett e paramétrico Anova
para averiguar a diferença
entre os treinamentos, teste
não paramétrico KruskalWallis, teste de comparações
múltiplas de Tukey e teste não
paramétrico de Walsh. Para
todos, foi considerado nível
de significância igual a 5%
(p ≤ 0,05).
42
Resultados
Na tabela 1 mostram-se os dados descritivos das variáveis
iniciais coletadas nos grupo A, B, e controle. Os grupos
apresentaram homogeneidade em todas as variáveis de idade,
peso, altura e IMC.
Tabela 1. Medidas de tendência e dispersão das variáveis básicas dos grupos
Variável
Medida
Média
Idade
IMC
p-valor
23,5
23,63
18
22,5
22
0,07886
4,23
4,24
5,42
73,88
70,75
76,13
73,5
72,5
75
0,5266
Desvio-padrão
9,4
9,45
9,31
Média
1,8
1,77
1,76
Mediana
1,81
1,81
1,78
0,6197
Desvio-padrão
0,06
0,11
0,04
Média
22,7
22,48
24,38
Mediana
22,5
21,7
23,55
0,1742
Desvio-padrão
1,71
2,11
2,61
Mediana
Média
Altura
Grupo B Grupo Controle
19,75
Desvio-padrão
Peso
Grupo A
Mediana
A tabela 2 mostra os dados do teste de RM estimados nos
músculos quadríceps, isquiotibiais direito e esquerdo, na
avaliação e reavaliação nos grupos A, B e controle.
O gráfico 1 mostra as médias do teste de força muscular para
quadríceps na avaliação e reavaliação nos três grupos. No teste
de 1RM estimada para quadríceps, as diferenças médias, tanto
para o grupo A quanto para o grupo B, foram significantes,
resultado que não foi observado no grupo controle. Não
houve diferença entre os grupos A e B após os atendimentos
de fortalecimento. Nos resultados do teste de 1RM estimada
para isquiotibiais direito e isquiotibiais esquerdo, não
houve diferença entre reavaliação e a avaliação em nenhum
grupo. Após o período de treinamento, não houve diferença
significativa entre os grupos, tanto para grupo muscular direito
quanto para grupo muscular esquerdo.
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Artigo 4
Tabela 2. 1RM estimada nos músculos quadríceps, isquiotibiais direito e esquerdo
Grupo A
Variável
Medida
Média
Quadríceps
Isquiotibiais
esquerdo
Reavaliação
p-valor
Intragrupo
Avaliação
Reavaliação
26,4
32
Grupo controle
p-valor
Intragrupo
Avaliação
Reavaliação
20,27
20,27
P-valor intergrupos
p-valor
Intragrupo
AxB
AxC
BxC
26,4
28,29
Mediana
34,67
38,58
0,0040
24
24
0,0080
21,6
21,6
>0,05
0,8122
0,8122
0,8122
Desvio-padrão
25,72
27,7
20,9
26,67
24,83
25,72
14,4
15,43
14,4
18,67
12,86
12,90
Mediana
20,57
22,34
0,3390
12
14,89
0,3390
12,86
12,90
0,3390
0,1672
0,1672
0,1672
Desvio-padrão
11,26
14,89
13,93
18
14,4
14,5
Média
13,31
15,57
12,43
15,54
13,18
13,08
Mediana
12,86
14,64
0,2448
11,98
15,08
0,2448
12,52
12,47
0,2448
0,2590
0,2590
0,2590
2,8
3,38
1,66
2,73
3,1
3,01
Média
Isquiotibiais
direito
Avaliação
Grupo B
Desvio-padrão
Gráfico 1. Médias do teste de 1RM para quadríceps
35,0
30,0
25,0
32,0
26,4
28,3
26,4
20,0
15,0
10,0
5,0
0,0
FONTE: Dados do estudo. Elaborado pelos autores (2010).
Os gráficos 2 e 3 mostram as médias do teste de força muscular para
isquiotibiais direito e esquerdo na avaliação e reavaliação nos três
grupos.
Na tabela 3 mostram-se dados relacionados à perimetria na avaliação
e reavaliação, nos três grupos. Na medida de coxa 1 direita, coxa 1
esquerda, coxa 2 direita e coxa 2 esquerda, não houve diferença entre
reavaliação e avaliação em nenhum grupo. Na medida de coxa 1
direita, o grupo controle obteve maior aumento de massa muscular
do que o grupo B, após o treinamento. Em relação à perna direita, as
diferenças médias entre avaliação e reavaliação, tanto para o grupo B
quanto para o grupo controle, foram significantes, resultado que não
foi observado no grupo A. Em relação à medida de perna esquerda,
somente a diferença média do grupo controle foi significante,
resultado que não foi observado nos grupos A e B. Não houve
diferença entre os grupos após o período de treinamento tanto para a
perna direita quanto para a perna esquerda.
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 2, n. 2, julho/agosto 2011 | Revista Fisioterapia em Evidência
43
Artigo 4
Gráfico 2. Médias do teste de 1RM para isquiotibiais direito
20,000
18,6
18,000
16,000
15,4
14,4
14,000
14,4
12,9
12,8
12,000
10,000
8,000
6,000
4,000
2,000
0,000
A
B
C
isquiotibiais direito reavaliação
isquiotibiais direito avaliação
FONTE: Dados do estudo. Elaborado pelos autores (2010).
Gráfico 3. Médias do teste de 1RM para isquiotibiais esquerdo
18,000
15,5
16,000
15,5
13,3
14,000
13,1
12,4
12,000
13,1
10,000
8,000
6,000
4,000
2,000
0,000
A
B
C
isquiotibiais esquerdo reavaliação
isquiotibiais esquerdo avaliação
FONTE: Dados do estudo. Elaborado pelos autores (2010).
Tabela 3. Medidas relacionadas à perimetria
Grupo A
Variável
Medida
Média
44
Avaliação
Reavaliação
53,09
53,59
Coxa 1
direita
Mediana
52,4
52,85
Desvio-padrão
2,62
2,58
Média
52,49
52,65
Coxa 1
esquerda
Mediana
52,75
53
Desvio-padrão
3,53
3,41
Média
45,03
45,29
Coxa 2
direita
Mediana
45,15
45,6
Desvio-padrão
3,28
3,36
Coxa 2
esquerda
Média
43,79
44,43
Mediana
43,05
43,55
Desvio-padrão
3,76
3,9
Perna
direita
37,15
37,4
Mediana
37,5
37,5
Desvio-padrão
4,33
4,55
Perna
esquerda
35,99
36,38
Mediana
35,5
36,5
Desvio-padrão
5,08
4,9
Média
Média
Grupo B
p-valor
Intragrupo
0,9916
0.0794
0.2896
Avaliação
Reavaliação
52,19
52,49
51,25
51,5
3,59
3,27
50,73
51,4
52,4
52,75
5,61
5,93
46,5
47,23
45,5
46,75
2,88
0,6089
>0,05
>0,05
0,0093
0.0794
0.2896
2,83 44,93
44,8
44,6
44,9
4,42
4,5
36,61
37,08
36,2
36,65
3,59
Grupo C
p-valor
Intragrupo
0,6089
0,0270
36,03
34
34,8
3,86
3,72
>0,05
Reavaliação
55,43
55,69
54,85
55,45
3,06
2,95
54,35
54,99
54,4
54,55
3,23
3,26
45,5
45,95
45,5
45,75
3,12
3,45 36
Avaliação
P-valor intergrupos
p-valor
Intragrupo
AxB
AxC
BxC
0,4921
0,1132
0,0073
0,9800
0,9800
0,9800
0.9774
0.9774
0.9774
0,0093
0.0794
0.2896
2,95 45,11
45,76
45,1
45,25
2,79
2,88
37,36
37,63
36,95
37
1,85
1,91
37,13
37,3
37,25
37,15
1,88
1,89
0,6089
0,9461
0,9461
0,9461
0,0270
0,8842
0,8842
0,8842
0,0270
0,8241
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0,8241
0,8241
Artigo 4
Na tabela 4 mostram-se dados descritivos das variáveis
relacionadas à goniometria na avaliação e reavaliação nos três
grupos. As diferenças médias, tanto para o grupo A quanto
para o grupo controle, foram significantes, resultado que não foi
observado no grupo B. Em relação à flexão do quadril esquerdo,
somente a diferença média do grupo controle foi significante,
resultado que não foi observado nos grupos A e B. Nas medidas de
extensão de quadril direito, extensão de quadril esquerdo, flexão
de joelho direito e flexão de joelho esquerdo, não houve diferença
estatística entre reavaliação e avaliação em nenhum grupo. Na
angulação de extensão de quadril direito e esquerdo, o grupo
controle obteve maior aumento de amplitude de movimento do que
o grupo B. Em relação à medida de flexão de quadril direito, flexão
de quadril esquerdo, flexão de joelho direito e flexão de joelho
esquerdo não houve diferença significativa entre os grupos após o
período de treinamento. A medida de extensão de joelhos não foi
realizada por ser o retorno do movimento de flexão de joelhos.
Tabela 4. Medidas relacionadas à goniometria
Grupo A
Variável
Flexão
quadril
direito
Flexão
quadril
esquerdo
Extensão
quadril
direito
Extensão
quadril
esquerdo
Flexão
joelho
direito
Flexão
joelho
esquerdo
Medida
Média
Mediana
Desvio-padrão
Média
Mediana
Desvio-padrão
Média
Avaliação
Reavaliação
Grupo B
p-valor
Intragrupo
Avaliação
Reavaliação
Grupo controle
p-valor
Intragrupo
Avaliação
Reavaliação
114,13
115,5
120,13
120,25
115,5
117,13
115
117,5
0,027
120
120
> 0,05
115,5
117,5
12,44
12,08
3,6
3,62
116,13
116,38
119,38
121,38
120
120
> 0,05
120
120
10,86
10,17
1,77
3,16
P-valor intergrupos
p-valor
Intragrupo
0,027
3,93
3,56 116,38
119,25 > 0,05
116
120
5,01
4,71
8,5
9,38
9,38
7,38
7,75
8,5
0,9123
9,5
9,5
0,9123
7
7,5
1,07
1,51
0,74
0,74
1,6
1,67
Média
8,5
8,5
9,63
9,13
7,63
7,88
Mediana
8,5
8,5
10
9,5
0,7052
7,5
8
Desvio-padrão
1,2
1,51
0,74
0,99
1,77
1,64
Média
0,7052
116,25
116,88
116,88
117,25
Mediana
115
115
> 0,05
115
116,5
Desvio-padrão
6,41
4,85
2,59
2,38
Média
119,13
> 0,05
BxC
0,3422
0,3422
0,3422
0,3184
0,3184
9
Desvio-padrão
AxC
0,008 0,3184
8,5
Mediana
AxB
0,9123
0,7052
0,1259
0,1414
0,1557
0,3313
0,3014
0,3014
0,8428
0,8428
0,8428
0,0008
0,0051
119,75 119
120
3,4
4,17
119,75
120,38
119,75
120,5
120
121
Mediana
120
120
> 0,05
120
120
> 0,05
120
120,5
Desvio-padrão
4,68
3,93
1,16
0,93
3,82
3,07
> 0,05 0,3014
> 0,05
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45
Artigo 4
Discussão
Na base de dados utilizada
pelos autores do presente
estudo não foram encontradas
pesquisas com relevância
científica comparando os dois
tipos de séries realizadas,
mas Higbie et al. (1996),
Silva (2001), Mjølsnes et al.
(2004) e Kaminski et al. (1998)
demonstraram, por meio de
estudos, que o treinamento
de força semelhante ao que
foi executado no presente
trabalho traz resultados de
relevância para o desempenho
esportivo. Os resultados do
presente estudo sugerem
que o período de oito
semanas de treinamento
concêntrico parece ser
suficiente para promover
modificações significantes na
força muscular no músculo
quadríceps, comparado a um
grupo controle, não havendo
diferença entre o treinamento
de supersérie e o treinamento
intervalado. Higbie et al.
(1996) verificaram os efeitos
do treinamento isocinético
sobre a força muscular de
quadríceps em 54 mulheres
durante dez semanas. O
torque máximo nos grupos
de treinamento aumentou
significativamente. Silva
(2001) comparou o efeito do
treinamento físico muscular
com pesos, realizando
exercícios de maneira
contínua e intermitente
para quadríceps em vinte
jogadores de futebol e após
doze semanas de treinamento
houve aumentos significativos
na força muscular.
Não houve diferença
significativa na força muscular
de isquiotibiais após o período
46
de treinamento no estudo
presente. Entretanto, Mjølsnes
et al. (2004) compararam os
efeitos de um treinamento
de dez semanas com dois
exercícios diferentes: um
exercício tradicional de
isquiotibiais e um exercício
excêntrico, na força muscular
de 21 jogadores de futebol.
No grupo de treinamento
excêntrico houve aumento
no torque excêntrico dos
isquiotibiais e aumento
na força isométrica dos
isquiotibiais. Kaminski et
al. (1998) compararam os
ganhos de força dos músculos
isquiotibiais na forma
concêntrica e excêntrica em
27 indivíduos saudáveis do
sexo masculino durante seis
semanas. Os sujeitos foram
divididos em três grupos
de treinamento: excêntrico,
concêntrico e controle. Os
grupos de treinamento
obtiveram aumento na
força e o grupo controle
não demonstrou qualquer
alteração.
Em relação à área transversal
da musculatura de coxa,
apenas uma medida de
perimetria (coxa 1 direita)
teve aumento significativo
no grupo controle, em
comparação com o grupo B.
O presente estudo mostrou
que na população participante
não ocorreu aumento de
volume da musculatura de
coxa de maneira geral. Em
contrapartida, Higbie et al.
(1996), no estudo já citado na
presente pesquisa, mostraram
que o treinamento de força
pode levar a aumento da
área transversal muscular de
quadríceps. Em seu estudo,
imagens de ressonância
magnética da coxa direita
em sete níveis foram obtidas
para avaliar a área de secção
transversal de quadríceps. As
medidas foram repetidas após
dez semanas de treinamento.
O aumento na área de secção
transversal do quadríceps
para o grupo de treinamento
excêntrico e para o grupo
de treinamento concêntrico
variou significativamente.
Narici et al. (1996) analisaram
a área transversal do músculo
quadríceps em sete homens
saudáveis durante seis
meses de musculação e,
após o treinamento, a área
transversal do quadríceps
aumentou significativamente.
Os resultados desses
estudos comprovam que um
programa de treinamento
com pesos é eficaz para a
hipertrofia muscular, ao
contrário do que nosso estudo
demonstrou. Na medida
de perna direita os grupos
B e controle mostraram
aumento significativo na área
transversal da musculatura.
O grupo controle mostrou
aumento significativo na
perimetria de perna esquerda.
Segundo Rasch (1991) e
Dangelo e Fattini (2007), o
músculo gastrocnêmio é um
sinergista do movimento de
flexão de joelho, realizado no
treinamento de isquiotibiais
no grupo B, o que pode
justificar o aumento de
perimetria de perna direita.
O aumento significativo
no grupo controle também
pode ser justificado pelo
fato de que alguns atletas
realizavam treinamento de
força além do utilizado no
estudo, e entre esses podem
estar os indivíduos do grupo
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 2, n. 2, julho/agosto 2011 | Revista Fisioterapia em Evidência
Artigo 4
controle, já que os atletas
foram divididos de maneira
aleatória entre os grupos.
Farthing e Chilibeck (2003)
verificaram os efeitos do
treinamento excêntrico e
concêntrico na hipertrofia
muscular em 24 voluntários,
por oito semanas. Em geral,
o treinamento excêntrico
resultou em maior hipertrofia
do que o treinamento
concêntrico. Bucci et al. (2005)
afirma que o exercício intenso
do músculo esquelético
resulta em hipertrofia
muscular. Entretanto, em
nosso estudo, não houve
aumento significativo
de massa muscular em
região de coxa ou perna,
mesmo com o aumento de
força de quadríceps, fato
que pode ser justificado
pelo aprimoramento da
capacidade de recrutamento
de unidades motoras
para contração; segundo
Ghorayeb e Barros (1999),
tal efeito de treinamento de
coordenação neuromuscular
justifica o aumento de força
na ausência de hipertrofia
muscular. Wilmore e Costill
(2001) afirmam que os
aumentos iniciais da força
voluntária, ou produção
de força máxima, estão
associados principalmente
às adaptações neurais
que acarretam aumento
da ativação voluntária do
músculo. O ganho de força
da musculatura extensora
de joelho também pode ser
justificado pelo aumento do
limiar do órgão tendinoso
de Golgi, que segundo
Ugrinowitsch e Barbanti
(1998), é responsável pela
detecção do grau de tensão
muscular, e suas respostas
reflexas causam o relaxamento
do músculo. Segundo
Wilmore e Costill (2001), os
órgãos tendinosos de Golgi
podem ser necessários para
impedir que os músculos
exerçam mais força do
que os ossos e o tecido
conjuntivo podem suportar.
O treinamento pode reduzir
gradualmente ou neutralizar
esses impulsos inibidores,
permitindo ao músculo atingir
níveis maiores de força. Isso
também pode explicar o
aumento de força na ausência
de hipertrofia.
O presente estudo mostrou
que um programa de
treinamento com pesos
pode contribuir para a
manutenção da flexibilidade
em diferentes articulações, o
que é confirmado por Thrash
e Kelly (1987) apud Fleck e
Kraemer (2006). Os resultados
da presente pesquisa
mostraram que em alguns
movimentos houve aumento
significativo da amplitude de
movimento no grupo controle.
O treinamento realizado em
campo supervisionado pelo
preparador físico do clube
era executado levando em
consideração a posição dos
atletas e a necessidade de
cada uma. Nosso estudo
não levou em consideração
a posição dos atletas, então
o aumento da amplitude
de movimento no grupo
controle pode ser justificado
pelo fato de que um número
elevado de atletas deste grupo
realizava treino específico,
e este pode ter influenciado
o aumento da amplitude de
quadril. Carvalho e Cabri
(2007) apud Weber et al.
(2010) e Tourny-Chollet et al.
(2000) apud Weber et al. (2010)
mostraram valores de pico
de torque significativamente
maiores para os atacantes em
comparação aos jogadores
de meio-campo. Ambos os
estudos justificaram essa
diferença com o treino
dos atacantes, realizado
principalmente com
movimentos técnicos de
sprints curtos, saltos e chutes.
Os resultados do presente
estudo vêm ao encontro
dos achados de Cyrino et
al. (2004), que analisaram
o comportamento da
flexibilidade de diferentes
articulações após dez
semanas de treinamento com
pesos em dezesseis homens
sedentários e aumento
significante na flexibilidade
foram encontrados em cinco
articulações. Em estudo
semelhante, Gonçalves
et al. (2007) analisaram o
efeito de oito semanas de
treinamento com pesos sobre
a flexibilidade em dezenove
idosos. Seus resultados
sugerem que o treinamento
com pesos pode contribuir
para a manutenção ou mesmo
aumento da flexibilidade em
diferentes articulações. Vale et
al. (2004) verificaram os efeitos
do treinamento resistido na
flexibilidade de 22 idosas,
que foram submetidas a um
treinamento de dezesseis
semanas, em vários exercícios
para membros superiores
e inferiores, e os resultados
foram significativos na força
máxima e na flexibilidade.
Como limitações do nosso
estudo, citam-se o número
pequeno da amostra e a
falta de pesquisas científicas
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 2, n. 2, julho/agosto 2011 | Revista Fisioterapia em Evidência
47
Artigo 4
comparando os dois tipos
de série de fortalecimento
utilizados. O método e os
pontos de referência usados
para realizar as medidas de
perimetria (borda superior
e inferior da patela) não são
completamente confiáveis,
pois a patela é um osso móvel
que pode ser deslocado
quando ocorre encurtamento
e/ou alongamento muscular
e tal fato pode ter ocorrido
no presente estudo, já que o
mesmo teve duração de oito
semanas. Kapandji (2000)
afirma que a patela realiza
deslocamentos sobre o fêmur e
sobre a tíbia nos movimentos
de flexão e extensão. Outro
fator a ser considerado em
estudos futuros é a relação
da temperatura do ambiente
com o desempenho do atleta
no treinamento de força
muscular. A presente pesquisa
foi realizada em período no
qual a temperatura ambiental
encontrava-se baixa.
Segundo Foss e Keteyian
(2000), se houver isolamento
insuficiente contra o frio no
local de treinamento, são
afetadas tanto a capacidade
de desenvolver força
muscular quanto a de realizar
movimentos coordenados.
CONCLUSÃO
Concluímos que não há
diferença entre os protocolos
de fortalecimento utilizando
a supersérie e a série
intervalada, contudo, pode-se
afirmar que os programas de
fortalecimento muscular são
eficientes para aumento de
força em músculo quadríceps,
quando comparados a
um grupo controle. Os
48
programas de fortalecimento
muscular são eficazes para
a manutenção da área
transversal da musculatura
de coxa e perna e para a
manutenção da amplitude
de movimento em quadril
e joelho, sendo que não há
diferença na utilização das duas
técnicas. Não se pode afirmar
que as técnicas utilizadas são
eficientes para aumento de
volume de musculatura de
coxa e perna e para aumento
da amplitude de movimento
em quadril nos movimentos
de flexão e extensão e joelho
no movimento de flexão.
Acredita-se que os resultados
obtidos podem ser atribuídos,
em parte, ao pequeno
número da amostra e que há
necessidade de mais estudos
científicos comparando as
técnicas de fortalecimento
utilizadas na presente pesquisa,
objetivando verificar se ocorre
aumento de força, hipertrofia
muscular e aumento de
amplitude de movimento nos
segmentos envolvidos.
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50
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 2, n. 2, julho/agosto 2011 | Revista Fisioterapia em Evidência
Artigo 5
Análise dos fatores de risco para hipertensão
arterial em adolescentes de escola pública
comparada com escola particular de Curitiba
Analysis of the factors of risk for arterial
hypertension in adolescents of compared public
school with private school of Curitiba
Jeferson André Bortolin1
Silvia Valderramas2
Raciele Ivandra Guarda Korelo3
1. Fisioterapeuta formado pela Faculdade
Evangélica do Paraná.
[email protected]
2. Fisioterapeuta, doutora, professora de
Fisioterapia da Faculdade Dom Bosco
e Faculdade Evangélica do Paraná.
[email protected]
3. Fisioterapeuta, Mestre, professora de
Fisioterapia da Faculdade Dom Bosco e
Faculdade Evangélica do Paraná.
[email protected]
RESUMO
Atualmente há uma
preocupação com o
diagnóstico e o tratamento
da hipertensão arterial
na infância, assim como a
identificação dos fatores de
risco cardiovasculares. Os
objetivos deste estudo foram
determinar a prevalência
de hipertensão arterial
em adolescentes de escola
pública comparados com
os de escola particular
de Curitiba e analisar os
possíveis fatores de risco
envolvidos nesta amostra.
Foram incluídos no estudo
221 escolares com média de
idade de 13,3 ± 1,55 anos,
sendo 111 de escola pública
e 110 de escola particular. Os
escolares responderam a um
questionário sobre fatores
de risco e posteriormente
foram submetidos à pesagem
e medida das estaturas
para cálculo do índice de
massa corpórea, análise de
bioimpedância e aferição
da pressão arterial. A
prevalência de hipertensão
foi de 21,62% em escolares
de ensino público e de 10%
em escolares de ensino
particular. Entre os fatores de
risco estudados, a renda per
capita baixa esteve associada a
hipertensão arterial (p < 0,01),
provavelmente devido ao
difícil acesso das pessoas mais
pobres à saúde, alimentação
adequada e por elas estarem
mais sujeitas a situações de
estresse.
Palavra-chave: hipertensão
infantil, obesidade infantil,
renda per capita e escolares.
ABSTRACT
Currently it has a concern
in the diagnosis and the
treatment of the arterial
hypertension and the
identification of the
cardiovascular factors of risk
in infancy. The objectives of
this study were: to analyze
prevalence of arterial
hypertension in adolescents
of compared public school
with private school of
Curitiba and analyzed
the factors of risk in this
sample The 221 pertaining
to school with average of
age of 13,3± 1,55 years had
been enclosed in the study
, being 111 of public school
and 110 of private school.
The pertaining to school had
answered a questionnaire
on risk factors pupils had
been after submitted to the
weighting and measure of its
statures for the calculation of
the index of corporal mass,
analysis of bioimpedância
and the gauging of the
arterial pressure. The
prevalence of hypertension
was of 21,62% in pertaining
to school of public education
and 10% in pertaining to
school of private education.
Among the risk factors
studied, the per capita
income was associated with
hypertension (p < 0.01),
probably due to difficult
access to health, adequate
food and be more subject to
stress.
Keywords: infantile
hypertension, infantile
obesity, per capita income
and pertaining to school.
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 2, n. 2, julho/agosto 2011 | Revista Fisioterapia em Evidência
51
Artigo 5
Introdução
A hipertensão é um dos
principais agravos à saúde no
Brasil. Eleva o custo médicosocial, principalmente pelas
suas complicações, como as
doenças cerebrovasculares,
cardiovasculares, além da
insuficiência cardíaca e da
insuficiência renal crônica.
Estudos epidemiológicos
de hipertensão arterial na
infância têm sido fonte
importante de subsídios,
fornecendo indícios
consistentes de que a
hipertensão arterial sistêmica
do adulto começa na
infância. Diversos estudos
longitudinais demonstram
que a criança com níveis
de pressão arterial mais
elevados, mesmo dentro de
limites considerados normais,
tende a uma evolução do
problema ao longo da vida,
mantendo pressão arterial
mais elevada que das demais
crianças e apresentando maior
probabilidade de se tornar
um adulto hipertenso. Todos
esses estudos longitudinais
têm em comum correlação
forte entre hipertensão
arterial e relação peso/altura
elevada, isto é, a hipertensão
arterial está associada a
sobrepeso e obesidade.
A prevenção primária da
elevação da pressão arterial
pode ocorrer por meio de
mudanças de estilo de vida,
que incluam controle do
peso, da ingestão excessiva
de álcool e sal, do hábito
de fumar e da prática de
atividade física. Levandose em conta que o aumento
da massa corporal está
fortemente associado
52
à elevação da pressão
arterial, apresentando altas
prevalências, tanto nos países
ricos como naqueles menos
desenvolvidos, podemos
considerar o excesso de peso
como o determinante da
ocorrência de hipertensão
arterial que pode ser
prevenido.
O período entre sete e
nove anos de idade é
provavelmente o mais
favorável para introdução
de estratégias de prevenção,
pois nessa idade a obesidade
é considerada um fator
preditivo da ocorrência dessa
patologia na idade adulta.
A adoção de medidas de
prevenção primária em
indivíduos jovens é hoje
reconhecida como de grande
importância para o cenário
das doenças cardiovasculares.
O sexo, a idade e algumas
variáveis socioeconômicas são
potenciais confundidos da
relação entre massa corporal
e pressão arterial, pois essas
variáveis estão associadas
à massa corporal. Logo, se
faz necessária a estimativa
ajustada da relação entre
massa corporal e pressão
arterial, para se conhecer sua
importância relativa como
determinante da hipertensão
arterial em uma população
específica.
A ingestão de sal é
fortemente influenciada pelo
nível socioeconômico e pode,
parcialmente, explicar a alta
prevalência de hipertensão
arterial nas classes
socioeconômicas mais baixas.
Diversos estudos
demonstram a importância
da obesidade no
desenvolvimento dos fatores
de risco cardiovasculares.
A distribuição central
da adiposidade corporal
destaca-se especialmente
como fator importante
no desenvolvimento da
hipertensão arterial.
Há evidências de que a
hipertrofia cardíaca seja um
fator de risco para várias
doenças cardiovasculares.
O custo social da hipertensão
arterial continua elevado
demais em termos de
sofrimento e morte por
doenças cardiovasculares,
e de recursos financeiros
despendidos pela população
para seu tratamento.
Estudos nacionais e
internacionais têm
encontrado valores de
prevalência com ampla
variação – de 1,2 a 13%.
Diferenças metodológicas,
número de medidas
utilizadas e critérios de
referência diferentes são
as principais causas dessa
variabilidade.
A maioria dos estudos
em populações jovens
enfatiza a participação do
desenvolvimento físico no
determinismo dos níveis
pressóricos. O peso e o índice
de massa corpórea são as
variáveis que apresentam
mais forte correlação com a
pressão arterial nessa faixa
etária, notadamente com a
pressão arterial sistólica.
Em estudos realizados com
funcionários do Complexo
Hospital das Clínicas de São
Paulo, houve prevalência
de 26%, principalmente em
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 2, n. 2, julho/agosto 2011 | Revista Fisioterapia em Evidência
Artigo 5
funcionários de ocupação
diferente de médico e
enfermagem. Os grupos de
maior risco foram homens,
de cor negra, baixa renda
familiar e obesos.
Como há suspeita de
hipertensão do avental
branco em crianças e
adolescentes, é indicada a
monitorização ambulatorial
da pressão arterial. Também
se recomenda a avaliação
e acompanhamento de
hipertensão primária e
secundária ou de doenças
com risco associado de
hipertensão arterial, como
diabetes mellitus, pielonefrite
crônica, insuficiência renal
crônica e doença policística
autossômica dominante,
porque apresentam
maior correlação com o
desenvolvimento de lesões
de órgãos-alvo que a medida
da pressão arterial no
consultório.
Em contrapartida, a
monitorização residencial da
pressão arterial em crianças e
adolescentes tem sido pouco
estudada, o que limita seu
uso clínico. Embora seja fonte
suplementar de informação,
não deve ser usada para
tomada de decisão nessa
população.
Os objetivos deste estudo
foram determinar a prevalência
de hipertensão arterial em
adolescentes de uma escola
pública comparados com
os de uma escola particular
de Curitiba e analisar os
possíveis fatores de risco (sexo,
obesidade, atividade física,
hereditariedade e renda per
capita) para hipertensão arterial.
Materiais e métodos
Foi realizado um estudo
transversal na Escola
Estadual Professor Teobaldo
Leonardo Hetemberg e no
Colégio Pirâmide do Saber.
O pré-projeto foi aprovado
pelo Comitê de Ética em
Pesquisa da Sociedade
Evangélica Beneficente de
Curitiba, de acordo com
as normas estabelecidas
pela Resolução 196/96 do
Conselho Nacional de Saúde.
Foram incluídos no estudo
escolares de ambos os sexos,
com idade entre 10 e 18 anos,
e que obtiveram o Termo
de Consentimento Livre e
Esclarecido assinado pelos
pais ou responsáveis.
Foram excluídos do estudo
escolares que não possuíam
idade entre 10 e 18 anos
e não obtiveram o Termo
de Consentimento Livre e
Esclarecido assinado pelos
pais ou responsáveis.
Inicialmente foram
realizadas orientações em
sala de aula sobre o que é
hipertensão arterial, suas
causas, consequências e
prevenção. Após explanação,
os alunos responderam
a um questionário para
avaliar a presença de fatores
de risco para hipertensão
arterial, como realização
de atividade física, história
de doenças na família,
condições nutricionais e
socioeconômicas.
Após responder ao
questionário, os alunos foram
submetidos à pesagem e
medida de suas estaturas
para cálculo do índice de
massa corpórea, análise de
bioimpedância e aferição da
pressão arterial.
A pesagem foi realizada
com uma balança Glicomed.
A estatura foi obtida com
uma fita métrica fixada
em parede sem rodapé,
estando o adolescente em
posição ortostática (com
os calcanhares unidos
e descalços). Os dados
antropométricos dos
adolescentes foram agrupados
nos índices de massa corporal
e avaliados seguindo a tabela
da Organização Mundial da
Saúde, que classifica o ponto
de corte para a classificação
do IMC utilizando a variável
do IMC pela idade da
seguinte maneira: baixo peso
menor ou igual ao percentil
5; normalidade maior que
o percentil 5 e menor que o
percentil 85; sobrepeso maior
ou igual ao percentil 85 e
menor que o percentil 95;
obesidade maior ou igual ao
percentil 95.
A impedância corporal foi
efetuada com o aparelho Body
Fat Monitor Omron BF 302,
e avaliada seguindo a tabela
de porcentagem de massa
corporal do Internacional
Journal of Obesity.
A pressão arterial sistólica
(PAS) e a diastólica
(PAD) foram aferidas
com esfigmomanômetro
pré-calibrado Missouri
e estetoscópios BD. Os
escolares ficaram sentados
e com o antebraço apoiado
a 90o sobre uma mesa. A
aferição da pressão arterial
foi realizada três vezes, com
intervalo mínimo de cinco
minutos a cada aferição.
Como parâmetros para a
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53
Artigo 5
avaliação foram utilizados
os valores da tabela de
valores de pressão arterial
referentes aos percentis
90 e 95 de pressão arterial
para crianças de 1 a 17 anos
de idade, de acordo com o
percentil da estatura: pressão
arterial normal (sistólica e/ou
diastólica) abaixo do percentil
90, pressão arterial normal
limítrofe com percentil entre
90 e 95 e hipertensão arterial
igual ou acima do percentil
95 .
Os dados foram digitados
e analisados através da
utilização do programa
estatístico Statistical Package
for the Social Sciences (SPSS)
software, versão 16.0 para
Windows.
Os dados foram submetidos
ao teste Shapiro-Wilk para
verificar a normalidade. A
análise estatística descritiva
(média, desvio-padrão) foi
utilizada para a caracterização
demográfica e antropométrica
das crianças avaliadas. Para
as correlações foi utilizado o
teste de correlação de Pearson.
O nível de significância
estatística adotado foi de
p < 0,05.
Resultados
Participaram do estudo 221
escolares com média de idade
de 13,3±1,55 anos, variando
entre 10 e 17 anos de idade,
sendo 111 de escola pública
e 110 de escola particular, de
ambos os sexos.
A prevalência de hipertensão
nessa amostra foi de 21,62%
em escolares de ensino
público (62,5% do sexo
masculino e 37,5% do sexo
54
feminino) e de 10% em escolares de ensino particular (63,64%
do sexo masculino e 36,36% do sexo feminino).
Figura 1. Prevalência de hipertensos
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
Geral
Sexo masculino
Escola pública
Sexo feminino
Escola particular
Em relação aos fatores de risco estudados, o estudo demonstrou
que 2,7% dos escolares de ensino público e 7,27% dos escolares
de ensino particular não realizam atividade física. Em relação a
alimentos gordurosos, 78,38% dos escolares do ensino público e
60,91% dos escolares de ensino particular o consomem.
Quanto à ingestão de bebida alcoólica, 25,23% dos adolescentes
do ensino público e 13,64% do ensino particular responderam
que a consomem. Os índices de escolares que são tabagistas
chegam a 6,31% no ensino público e 0,91% no ensino particular.
A prevalência de pais de alunos que possuem hipertensão
arterial é de 18,18% na escola de ensino particular e 25,23% na
de ensino público. A prevalência de parentes mais próximos
que possuem hipertensão é de 14,41% nos adolescente de
ensino público e 24,55% nos de ensino particular.
Figura 2. Fatores de risco para hipertensão arterial
Fumante
Consome bebida alcoólica
Consome comidas ricas em gordura
Parentes mais próximos possuem HAS
Pais possuem HAS
Não realiza atividade física
0%
10%
20%
30%
Escola pública
40%
50%
60%
70%
80%
Escola particular
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90%
Artigo 5
Em relação à prevalência de obesidade e sobrepeso nas
populações avaliadas, foram encontrados 0,9% de sobrepeso
e 9,01% de obesidade em alunos de ensino público e 2,73% de
sobrepeso e 12,73% de obesidade em alunos de ensino particular.
Gráfico 3. Prevalência de obesidade e sobrepeso em escolares
14%
12%
10%
8%
6%
4%
2%
0%
Sobrepeso
Obesidade
A média da renda per capita dos alunos de ensino público é de
0,85 salários; dos alunos de ensino particular é de 3,65 salários.
Figura 4. Renda per capita média dos escolares
4,0
3,5
3,0
2,5
2,0
1,5
1,0
0,5
0
Escola pública
Escola particular
Correlacionando os fatores de risco aos escolares que
apresentaram hipertensão, obtivemos uma correlação entre
hipertensão e o sexo masculino (p < 0,02), renda per capita < 3
salários (p < 0,01) e entre 3 e 5,99 salários (p < 0,01).
Discussão
O número exato de indivíduos adultos hipertensos em nosso
país não é conhecido. Diversos estudos nacionais e internacionais
realizados apresentam prevalência de hipertensão arterial
variando entre 14% a 47,9%. De acordo com estudos nacionais e
internacionais realizados, a prevalência de hipertensão arterial em
crianças e adolescentes varia de 1% a 25%.
Este estudo apresentou
prevalência de hipertensão
arterial de 21,62% em
estudantes de escola pública,
sendo 62,5% do sexo
masculino e 37,5% do sexo
feminino. Na população
de adolescentes de escola
particular, apresentou
prevalência de hipertensão
arterial de 10%, sendo 63,64%
do sexo masculino e 36,36%
do sexo feminino.
Com relação ao sexo, no Brasil
as taxas de hipertensão são
sempre superiores no sexo
feminino. Nos EUA, nas
primeiras idades, as taxas se
entrelaçam e somente a partir
de 45 anos as taxas masculinas
superam as femininas.
As mulheres são relativamente
protegidas de eventos
cardiovasculares antes da
menopausa. Entretanto,
estudos clínicos de longo
prazo têm demonstrado que
as mulheres não diferem dos
homens quanto à resposta
pressórica anti-hipertensiva e
ao prognóstico.
Em diversos estudos relatam
que não existe associação entre
hipertensão e sexo, resultados
que diferem do nosso, onde
demonstramos uma associação
entre hipertensão e o sexo
masculino.
Hipertensão arterial e
obesidade são condições
frequentemente associadas,
em especial, à obesidade
centrípeta, fazendo parte de
uma síndrome metabólica
caracterizada pela presença
de resistência periférica à
insulina e hiperinsulinemia.
A prevalência de obesidade
em nossa amostra foi de 9,01%
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55
Artigo 5
no ensino público e 12,73% no
ensino particular. Porém não
encontramos associação entre
obesidade e hipertensão.
A prevalência de obesidade
em diversos estudos é de 6,7%
a 36% em crianças. Um estudo
em Florianópolis encontrou
prevalência de 13,4% em
ensino particular e 6,5% em
ensino público em crianças de
7 a 10 anos.
A hipertensão arterial e o
grau de atividade física têm
relação inversa: o exercício
físico regular reduz a pressão
arterial1. Assim sendo,
caminhada, ciclismo, natação
e corrida, realizados numa
intensidade entre 50% e 70%
(leve/moderada) da frequência
cardíaca de reserva, ou entre
50% ou 70% do consumo
máximo de oxigênio, com
duração de 30 a 45 minutos de
três a cinco vezes por semana,
reduzem a pressão arterial de
indivíduos hipertensos.
CONCLUSÃO
O aumento da pressão arterial
com a idade não representa
um comportamento fisiológico
normal. A prevenção desse
aumento constitui o meio
mais eficiente de combater a
hipertensão arterial, evitando-se
as dificuldades e o elevado
custo social de seu tratamento e
de suas complicações.
As medidas preventivas
baseiam-se na identificação
dos grupos de maior risco e
nas modificações do estilo de
vida.
No estudo realizado,
22,86% dos escolares que
apresentaram hipertensão
têm pais com hipertensão
diagnosticada e 11,76% têm
parentes próximos com
hipertensão diagnosticada.
Atualmente, com a
globalização, modernização
e avanços culturais, é
importante dar atenção
especial à presença de
fatores de risco na infância
e na adolescência, tais como
história familiar, estresse
psicológico, obesidade, erros
dietéticos, tabagismo, etilismo
e sedentarismo.
A hipertensão arterial
correlacionada à renda per
capita apresentou em alguns
trabalhos prevalência de
hipertensão variando de
16,82% a 26,20%3,9. No estudo
realizado, a renda per capita
foi calculada com base no
salário mínimo vigente, com
isso foram encontrados os
seguintes valores:
Dados de prevalência de
hipertensão confirmam
os resultados de outros
estudos que mostram a
importância da hipertensão
no desenvolvimento
de complicações
cardiovasculares, como
acidente vascular encefálico,
insuficiência cardíaca e renal e
cardiopatia isquêmica.
Em relação à prática de
atividade física, 94,74%
realizavam exercícios.
56
Em relação à renda per
capita, nossos resultados
demonstraram uma clara
associação entre baixa
renda e hipertensão arterial,
provavelmente por essa
população não ter acesso
fácil à saúde, alimentação
adequada e por estar mais
sujeita a situações de estresse.
Com isso, há uma preocupação
em demonstrar esses dados e
orientar essa população sobre
a hipertensão: os riscos, as
complicações e como preveni-la.
Os resultados deste estudo
demonstram elevada
prevalência de hipertensão
arterial em adolescentes
de escola pública, e forte
associação entre hipertensão
arterial e sexo masculino e
baixa renda per capita.
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57
Artigo 5
ANEXOS
Data:___/___/___
Nº________
Questionário
Atividade física
Sim
Realiza atividade física?
Não
Se sim, qual(is) atividade(s) realiza?_________________________________
Frequência:______X/semana.
Histórico de doenças familiares
Você possui alguma doença? Sim
Não
Se sim, qual(is)?_________________________________________________
Seus pais possuem alguma doença?
Sim
Não
Se sim, qual(is)?_________________________________________________
Seus parentes mais próximos (avós, tios, primos, etc.) possuem alguma doença?
Sim
Não
Se sim, qual(is)?_________________________________________________
Nutricional
Sim
Não
Você consome comidas salgads (com sal adicional)?
Você consome comidas ricas em gordura (frituras)?
Sim
Não
Sim
Você consome bebida alcoólica? Não
Se sim, com que frequência?______X/semana
Você fuma? Sim
Não
Se sim, com que frequência?______X/semana. _____cigarros/dia.
Quantas refeições diárias? _____X ao dia.
Quais alimentos mais frequentes na sua alimentação?
Lanches
Salgados/bolachas
Frutas
Carnes
Vegetais /legumes
Massas
Outros______________________________________________________
Socioeconômico
Quantas pessoas trabalham em sua casa?________pessoas
Quantas pessoas vivem em sua casa?________pessoas
Qual a renda familiar?______salários.
Como é seu relacionamento com seus familiares?
Bom
Ruim Muito ruim
Ótimo Se ruim ou muito ruim, qual o motivo?________________________________
Ficha de avaliação (Por favor, não responda)
Pressão sistólica_______
Altura______cm
Pressão diastólica______
Peso______Kg
Homem
< 10%
< 10% - 19%
< 20% - 24%
< 25% - 30%
< 30%
Mulher
< 20%
< 20% - 29%
< 30% - 34%
< 35% - 40%
< 40%
Raça:____________
Muito obrigado.
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ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 2, n. 2, julho/agosto 2011 | Revista Fisioterapia em Evidência
NORMAS PARA APRESENTAÇÃO
DE ARTIGOS
A revista Fisioterapia em Evidência, editada
pelo curso de Fisioterapia da Faculdade Dom
Bosco, publica artigos originais e de revisão,
relatos de caso, editoriais e cartas ao editor.
Originais que não estiverem de acordo com
as normas desse gênero serão devolvidos
aos autores para adequação, antes de
ter o conteúdo examinado. Os que se
enquadrarem serão submetidos à apreciação
de dois editores, garantindo-se o anonimato
de autores e editores. Dependendo dos
pareceres recebidos, os autores poderão ser
solicitados a fazer ajustes, ainda sujeitos
à aprovação. Uma vez aceito, o texto
será submetido à edição, podendo haver
novamente solicitação de ajustes formais.
Responsabilidade e ética
O conteúdo e as opiniões expressas são
de inteira responsabilidade dos autores.
Artigos de pesquisa envolvendo sujeitos
humanos devem indicar expressa aprovação
do Comitê de Ética em Pesquisas com
Seres Humanos da instituição responsável.
Pesquisas referentes a animais precisam da
aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa
com Animais.
Formato e conteúdo
Os textos deverão ser digitados em Word 972003, em tamanho A4, com espaçamento de
linhas duplo e fonte 12 tipo Times New Roman.
Exige-se o formato ABNT em todo o texto.
Página de rosto – deve conter:
a) título do trabalho e sua versão para o
inglês;
b) nome completo dos autores com
indicação da titulação acadêmica e inserção
institucional, nome do departamento,
curso ou laboratório dessa instituição,
acompanhado de endereço completo,
incluindo cidade, estado e país;
c) título condensado (máximo de 50
caracteres) – running title;
d) endereços eletrônico e postal do autor
principal;
e) indicação de órgão financiador de parte
ou todo do projeto de estudo, se for o caso.
Resumo – deve permitir visão panorâmica
do trabalho, conter no máximo 250
palavras e versão em inglês. Para os artigos
originais, o resumo deve ser estruturado
em objetivos, métodos, resultados e
conclusões.
Unitermos ou palavras-chave – máximo
de seis, relacionados após o resumo e o
sumário. Como guia, consulte descritores
em ciências da saúde (http://decs.bvs.br).
Estrutura do texto
• Editoriais – a convite do editor, sob
tema específico, devem conter no máximo
duas mil palavras.
• Artigos originais – devem conter
estruturalmente as partes introdução,
objetivos, métodos, resultados, discussão
e conclusão. São contribuições destinadas
a divulgar resultados de pesquisa original
inédita, passíveis de ser replicadas e/ou
generalizadas. Devem atender aos princípios
de objetividade e clareza da questão
norteadora, conter o máximo de cinco
mil palavras; tabelas e figuras não podem
exceder a sete.
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• Relato de caso – com a mesma
estrutura dos artigos originais – no máximo
mil e quinhentas palavras e três tabelas.
Recomenda-se não citar iniciais do paciente.
• Artigos de revisão – compreende
avaliações críticas e ordenadas da literatura
sobre determinado assunto, devendo conter
objetivo (por que a revisão da literatura
foi realizada, indicando se ela enfatiza
algum fator em especial), fonte de dados
(critérios de seleção de artigos e métodos
de extração e avaliação da qualidade
das informações), síntese dos dados
(principais resultados quantitativos e/ou
qualitativos da pesquisa) e conclusões (com
as respectivas aplicações). Incluem-se os
procedimentos adotados e a delimitação
do tema. A extensão limita-se a três mil
palavras.
• Cartas ao editor – comentários,
discussões e críticas a artigos publicados
recentemente nesta revista, relatos de
pesquisas originais ou achados científicos
significativos. Extensão limítrofe de mil
palavras.
Referências
As referências devem seguir o modelo da
Associação Brasileira de Normas e Técnicas
(ABNT). Veja exemplos:
DAHER, S.; MATTAR, R.; SASS, N. Doença
hipertensiva específica da gravidez:
aspectos imunológicos. In: Sass N, Camano
L, Moron AF, editores. Hipertensão arterial
e nefropatias na gravidez. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2006. p. 45-56.
BLIDDAL, H.; HELLESEN, C.; DITLEVSEN,
P.; ASSELBERGHS, J.; LYAGER, L. Soft-laser
therapy of rheumatoid arthritis. Scand. J.
Rheumatol. 1987. 16(4):225-8.
60
HERZOG NETO, G.; CURI, R. L. N.
Características anatômicas das vias
lacrimais excretoras nos bloqueios
funcionais ou síndrome de Milder. Rev.
Bras. Oftalmol. [periódico eletrônico]. 2003
[citado 2006 jul. 22];62(1):[cerca de 5 p.].
Disponível em: <www.sboportal.org.br>.
FREIRE, M. Exercícios aeróbicos e lombalgia
[dissertação]. São Paulo: Disciplina de
Reumatologia, Universidade Federal de São
Paulo, Unifesp, 2000.
SACCO, I.C.N.; COSTA, P.H.L.; DENADAI,
R.C.; AMADIO, A.C. Avaliação biomecânica
de parâmetros antropométricos e dinâmicos
durante a marcha em crianças obesas. In:
VII Congresso Brasileiro de Biomecânica,
Campinas, 28-30 maio 1997. Anais.
Campinas: Editora Unicamp, 1997. p. 447-52.
Agradecimentos
Quando pertinentes, dirigidos a pessoas
ou instituições que contribuíram para a
elaboração do trabalho, são apresentados
ao final das referências.
Apresentação eletrônica da versão final
Após comunicação do aceite ao artigo, o
autor deverá proceder a eventuais ajustes
sugeridos pelos editores, no prazo de cinco
semanas. Com a versão final editada, o
editor poderá solicitar novos ajustes e
esclarecimentos. Neste caso, o prazo será
de duas semanas.
Enviar artigos para
[email protected].
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